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ESPECIAL
07/02/2021 06:00
Endurecimento legal
Foi no embalo do clamor popular por maior repressão aos criminosos que o Congresso
aprovou a Lei 13.964/2019, conhecida como Pacote ou Lei Anticrime. Em vigor
desde janeiro do ano passado, o pacote alterou dispositivos de 17 leis penais, a
exemplo do Código Penal (CP), do Código de Processo Penal (CPP) e da Lei de
Execução Penal (LEP).
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delitos como genocídio, roubo com restrição de liberdade da vítima e furto com uso de
explosivo – e limitou as hipóteses de progressão de regime e de livramento
condicional.
Somente duas regras ainda não entraram em vigor. Uma delas é a criação do juiz das
garantias, com o acréscimo dos artigos 3ª-A a 3º-F no CPP. A outra é a exigência de
realização de audiências de custódia no prazo máximo de 24 horas após a prisão em
flagrante, conforme nova redação dada ao artigo 310 do CPP. Ambas as normas estão
suspensas por liminar do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux,
relator das ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs) 6.298, 6.299, 6.300 e 6.305.
Contemporaneidade
O princípio da contemporaneidade foi aplicado pela Sexta Turma para conceder, por
unanimidade, habeas corpus (HC 553.310) relatado pela ministra Laurita Vaz a uma
então vereadora de Bertioga (SP), denunciada pela suposta prática do crime de
concussão no seu gabinete parlamentar.
Segundo o Ministério Público de São Paulo, entre 2013 e 2014, ela teria exigido de
dois assessores parte de sua remuneração mensal, totalizando cerca de R$ 42 mil. Em
razão da denúncia, a ex-vereadora foi afastada do cargo pelo juízo de primeiro grau.
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Ex officio
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Revisão periódica
No caso concreto, a Sexta Turma, por unanimidade, negou habeas corpus (HC
589.544) em que um homem condenado em primeira e segunda instâncias pelo
cometimento do crime de extorsão questionava o fato de o Tribunal de Justiça de
Santa Catarina não ter revisado a prisão preventiva decretada pelo juízo de primeiro
grau.
A relatora do habeas corpus, ministra Laurita Vaz, enfatizou que o Pacote Anticrime é
literal ao atribuir exclusivamente ao órgão emissor da decisão o dever de reavaliar a
prisão cautelar. "A inovação legislativa se apresenta como uma forma de evitar o
prolongamento da medida cautelar extrema, por prazo indeterminado, sem formação
da culpa", comentou.
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Esse posicionamento das turmas de direito penal foi reforçado por precedente do
Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento da Suspensão de Liminar
1.395. Em outubro passado, por maioria, a corte manteve a suspensão da eficácia de
liminar que havia colocado em liberdade André Oliveira Macedo, apontado como um
dos líderes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). André do Rap,
como é conhecido, está foragido.
Antes do julgado do STF, a Quinta Turma do STJ, por unanimidade, adotou a mesma
interpretação ao manter a custódia cautelar contra um homem condenado na Justiça
Federal da 1ª Região por tráfico internacional de entorpecentes e organização
criminosa, depois de ter sido apreendido na posse de 257 quilos de cocaína. Ele
permanecia preso provisoriamente desde dezembro de 2017, sem que a medida fosse
revista, como prevê o Pacote Anticrime.
Progressão prisional
Em relação aos condenados, a Lei Anticrime promoveu nova disciplina no artigo 112
da Lei de Execução Penal, por meio de uma escala com percentuais de observância da
pena para a progressão de regime, a depender da natureza da sanção e do perfil do
apenado. Contudo, conforme a jurisprudência das turmas penais, resta uma lacuna
legal no caso de quem cumpre pena por crime hediondo e possui condenação anterior
pela prática de delito comum.
A matéria foi examinada pela Sexta Turma, por exemplo, em habeas corpus (HC
607.190) no qual a Defensoria Pública de São Paulo pleiteava que um condenado em
regime fechado por tráfico de drogas e furto qualificado, reincidente simples, tivesse
direito à progressão com base em prazo mais vantajoso previsto na Lei 13.964/2019.
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Livramento condicional
Os julgados do tribunal vêm asseverando ainda que, além do período de um ano sem
falta grave, a Lei 13.964/2019 demanda a existência de circunstâncias pessoais
favoráveis para se autorizar o benefício. Exemplo de tal posição foi o julgamento em
que, por unanimidade, a Quinta Turma não conheceu de habeas corpus (HC 616.951)
no qual a Defensoria Pública de São Paulo contestava a exigência de exame
criminológico para a concessão de livramento condicional a um homem apenado por
cinco roubos qualificados e que cometeu nove faltas graves durante o cumprimento da
pena.
A última falta grave havia sido cometida há mais de dois anos. Mas, de acordo com o
relator, ministro Felix Fischer, além das faltas, o réu apresentou indicativos
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Tráfico privilegiado
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Estelionato
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"Parece notório que o parágrafo 5º do artigo 171 do Código Penal, inserido pela Lei
13.694/2019, é norma mais benéfica em relação ao regime anterior. E, pelo caráter
misto, alcança casos anteriores à sua vigência", declarou.
A Sexta Turma afetou a matéria para julgamento na Terceira Seção. O habeas corpus
(HC 596.340) em análise foi impetrado pela defesa de um homem denunciado pelo
crime de furto qualificado, que confessou o delito, mas teve negado o pedido para
negociar um acordo de não persecução penal após parecer contrário do Ministério
Público do Tocantins. Em liminar, o relator do processo, ministro Rogerio Schietti
Cruz, suspendeu a ação penal até o exame de mérito do caso.
A Quinta Turma, por sua vez, vem firmando a tese de que a retroatividade do acordo
de não persecução penal só é válida se a denúncia não tiver sido recebida. Esse
entendimento embasou a decisão do colegiado que, por unanimidade, manteve o
desprovimento de recurso especial (AgRg no REsp 1.886.717) interposto contra
acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região contrário à retroatividade do
acordo.
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"Da simples leitura do artigo 28-A do CPP se verifica a ausência dos requisitos para a
sua aplicação, porquanto o recorrente, em momento algum, confessou formal e
circunstancialmente a prática de infração penal, pressuposto básico para a
possibilidade de oferecimento de acordo de não persecução penal", complementou.
HC 553310
HC 611940
HC 590039
RHC 131263
HC 589544
HC 605590
HC 607190
HC 616951
HC 596603
HC 573093
HC 583837
HC 596340
REsp 1886717
+55 61 3319.8000
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