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05/09/2022
Número: 5002360-03.2022.8.13.0327
Classe: [CRIMINAL] AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE
Órgão julgador: Vara Criminal, da Infância e da Juventude e de Precatórias Cíveis e Criminais da
Comarca de Itambacuri
Última distribuição : 17/08/2022
Assuntos: Prisão em flagrante
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Advogados
PCMG - POLICIA CIVIL DE MINAS GERAIS (AUTORIDADE)
WILLIAM MARTINS PEREIRA ROCHA AVILA
(FLAGRANTEADO(A))
Outros participantes
Ministério Público - MPMG (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Assinatura Documento Tipo
9592176138 30/08/2022 15:33 PJE - 5002360-03 - PEDIDO DE HC - William Petição
Martins Avila
Dra. Joicilane Esteves de Matos
OAB/MG 176.071
URGENTE
REU PRESO
COMARCA-VARA: Vara Criminal, da Infância e da Juventude e de Precatórias
Cíveis da Comarca de Itambacuri/MG
PROCESSO NÚMERO: 5002360-03.2022.8.13.0327
2. DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
Também foi citado pelo Magistrado que o agente é tido em meio policial como
um daqueles que controla o tráfico de entorpecentes daquela região. No entanto,
sabemos que isto não é fundamento para essa medida tão extrema, tendo em vista que
pela FAC e CAC do paciente não há sequer registro anterior, constatando-se que a
prisão atual é única registrada, sendo assim, não é possível aferir uma habitualidade
delitiva da suposta conduta do paciente, tampouco, qualquer tipo de chefia ou controle
sobre o tráfico.
Ademais, o paciente possui residência fixa, ocupação lícita, família constituída,
réu primário, portador de bons antecedentes, e como visto foi um caso isolado em sua
vida, pois nunca se envolveu com algum tipo ilícito. Dessa forma, a fundamentação
usada pelo Magistrado não pode justificar a prisão preventiva quando é aplicável outra
medida cautelar alternativa, sendo evidente que as providências menos gravosas seriam
suficientes para a manutenção da ordem pública e resguardo do bom andamento do
processo.
Quanto ao tráfico de drogas, fundamentos vagos, aproveitáveis em qualquer
outro processo, como o de que se trata de delito ligado à insegurança, repúdio social ou
o de que se trata de crime que causa temor, não são idôneos para justificar a decretação
de prisão preventiva, porque nada dizem acerca da real periculosidade do agente.
Em vista da natureza excepcional da prisão preventiva, somente se verifica a
possibilidade da sua imposição quando evidenciado, de forma fundamentada e com base
em dados concretos, o preenchimento dos pressupostos e requisitos previstos no
art. 312 do Código de Processo Penal CPP.
Para sua decretação, necessário se faz a presença de três requisitos: fumaça do
cometimento do crime (a materialidade e indício de autoria) + perigo na liberdade do
agente (um dos fundamentos trazidos na parte final no artigo 312) + cabimento
(hipóteses descritas no artigo 313).
No que diz respeito ao segundo requisito, a fundamentação deverá ser
demonstrada que a liberdade do agente colocará em risco a efetividade do processo, o
periculum libertatis. Para fundamentar, deverá o magistrado trazer elementos concretos
presente nos autos, que façam demonstrar que a liberdade do paciente trará prejuízo
para o tramitar processual, o que não ocorreu. E com a devida vênia, o paciente nem
sequer pode se locomover devido o grave estado de saúde, anda de muleta e ficaria em
casa para receber os devidos cuidados, em nada prejudicará a instrução.
O terceiro e último requisito é o previsto no artigo 313 do CPP, que são as
hipóteses de cabimento da prisão preventiva. Caso não esteja enquadrado em nenhuma
das hipóteses ali presentes, não há que se falar em prisão preventiva, mesmo que os
outros dois requisitos estejam presentes. Portanto, percebe-se que a ausência de
qualquer um dos requisitos fará com que a prisão preventiva não possa ser decretada, ou
deverá ser objeto de impugnação.
Ademais, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça decidiu que a prisão
preventiva não deve ser amparada na mera gravidade abstrata do delito, e elementos
inerentes aos tipos penais não devem conduzir a um juízo adequado acerca da
Sendo assim, com a devida vênia, não há presente nenhum dos fundamentos
que ensejam prisão preventiva, uma vez não há qualquer registro de que o acusado
cause algum óbice à conveniência da instrução criminal, muito menos teve alguma
fundamentação plausível para a decretação desta. Senão vejamos o que preconiza as
fartíssimas jurisprudências a respeito da matéria:
Ora Excelência, o paciente possui residência fixa, sem qualquer indícios de que
atrapalhará as investigações ou se locomoverá para local incerto, portanto, sem justa
causa para a mantença da prisão preventiva, só se pode presumir que se trata de coação
ilegal.
Neste mesmo entendimento, há de se invocar o instituído no art. 282, par. 6º e
art. 319 do CPP:
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão
ser aplicadas observando-se a:
(...)
§ 6o A prisão preventiva será determinada quando não for
cabível a sua substituição por outra medida cautelar.
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas
condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar
atividades;
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares
quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o
indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para
evitar o risco de novas infrações;
III - proibição de manter contato com pessoa determinada
quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o
indiciado ou acusado dela permanecer distante;
4. DO PEDIDO DE LIMINAR
5. DO PEDIDO
Nestes termos,
Pede deferimento.
OAB/MG 176.071
OAB/MG 215.065