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Processo Judicial Eletrônico - 1º Grau

PJe - Processo Judicial Eletrônico

03/06/2023

Número: 7027470-89.2023.8.22.0001
Classe: MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA (LEI MARIA DA PENHA) - CRIMINAL
Órgão julgador: Porto Velho - 1º Juizado da Violência Doméstica
Última distribuição : 03/05/2023
Assuntos: Contra a Mulher
Juízo 100% Digital? NÃO
Segredo de justiça? SIM
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
MICHAELA SANTOS COSTA (REQUERENTE)
Ministério Público do Estado de Rondônia (REQUERENTE)
YGOR YAN CASTILLO DE AGUIAR (REQUERIDO)
PCRO - Porto Velho - Delegacia Especializada no
Atendimento à Mulher - DEAM (AUTORIDADE POLICIAL)
Polícia Militar - PMRO - NUPEVID - Núcleo de Prevenção e
Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher (AUTORIDADE POLICIAL)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
91330 29/05/2023 12:31 DECISÃO DECISÃO
502
1º Juízo do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da Comarca de Porto Velho/RO
Fórum Geral Desembargador César Montenegro
Avenida Pinheiro Machado, n.º 777, Bairro: Olaria, CEP 76801-235, Porto Velho/RO (Seg à sex - 07h às
14h), 69 3309-7107, e-mail: juizadomulher@tjro.jus.br

Vara: 1° Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher

Processo:7027470-89.2023.8.22.0001

Classe: Medidas Protetivas de urgência (Lei Maria da Penha) Criminal

REQUERENTES: M. P. D. E. D. R., M. S. C.

REQUERIDO: Y. Y. C. D. A.

DECISÃO

O MINISTÉRIO PÚBLICO representou pela prisão preventiva do requerido YGOR YAN


CASTILLO DE AGUIAR, já qualificado nos autos, com fundamento no art. 313, inciso III do
Código de Processo Penal e art. 20 da lei n. 11.340/2006, em razão de este demonstrar
descaso com a justiça, ocultando-se para não ser intimado das medidas protetivas de urgência,
ao passo em que continua a perseguir e ameaçar a ofendida.

É o breve relato. Decido.

Analisando os autos, observo que que houve a concessão de medidas protetivas em favor da
ofendida em 03/05/2023 (ID n. 90243197), tendo a vítima sido devidamente intimada no dia
04/05/2023 (ID n. 90516668). Todavia, o requerido não foi localizado, restando prejudicada sua
intimação.

Ocorre que no dia 10/05/2023, ao entrar em contato com a requerente através do do WhatsApp
Institucional (69) 984859602 a fim de averiguar se Micaela estava em segurança, a Central de
Monitoramento de Medidas Protetivas foi surpreendida pelo fato de Ygor quem ter respondido
às mensagens, fato que motivou o plantonista a realizar contato como o Centro de Operação 190 e
solicitar que uma viatura da Policia Militar realizasse deslocamento até a residência da requerida, todavia
nenhum dos dois foi localizado no local (ID n. 90647901).

Já no dia 11/5/2023, Micaela entrou em contato com a Central de Monitoramento solicitando ajuda
urgente, no sentido de encaminhar uma viatura até a Av. Guaporé, n. 4098, Bairro Igarapé, pois estava
correndo risco de morte em razão da presença de Ygor no local (prints e vídeo em anexo - ID n. 90647902
e 90647903), porém o referido sujeito não foi mais localizado.

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Ressalte-se que houve a tentativa de intimação do representado através do WhatsApp (tel: 99378-3197),
cuja diligência restou infrutífera (ID n. 90673250).

No dia 17/05/2023, o NUPEVID informou nos autos que após contato com a ofendida, esta
esclareceu que vem sendo ameaçada pelo representado através do WhatsApp (tel:
99311-8511) - ID n. 90673250, conforme respectivo print da conversa (ID n. 90886765). Já no dia
21/05/2023, Ygor teria ingressado na casa da ofendida, batido na janela do imóvel e levado o veículo por
Micaela (ID n. 91011628), conforme respectivo print da conversa (ID n. 91011629).

Assim, considerando que o representado ainda não havia sido formalmente intimado da MPU, o órgão
ministerial requereu nova tentativa de intimação de Ygor pelo contato telefônico fornecido pela ofendida
(tel: 99311-8511). Na ocasião, sustentou que caso não localizado, o decreto prisional do
representado era medida impositiva, sobretudo diante das ameaças de morte externadas à
vítima e da gravidade dos fatos noticiados, a fim de garantir a execução das medidas protetivas
de urgência (ID n. 91122136).

Dessa forma, houve nova tentativa de intimação do representado, porém sem êxito mais uma
vez (ID n. 91257247).

Pois bem.

O pressuposto do decreto da prisão preventiva é a presença de indícios suficientes de autoria e


materialidade para o tipo do delito perpetrado.

Compulsando os autos, infere-se através dos relatos da vítima, acima referenciados, indícios de autoria e
materialidade dos delitos tipificados nos art. 147 e 147-A do CP, os quais recaem sobre a pessoa do
representado.

Através dos elementos angariados no feito, percebe-se que após o deferimento da MPU houve uma
escalada de incidentes envolvendo ambos, de modo que ficou evidenciado a reiteração de violências
praticadas por Ygor em desfavor da ofendida e sua nítida tentativa de se esquivar do cumprimento da
decisão proferida, ocultando-se para não ser formalmente intimado da medida protetiva.

Além disso, das declarações prestadas pela vítima, denota-se o fundado temor em relação à situação de
vulnerabilidade por ela vivenciada, demonstrando-se preocupada e abalada psicologicamente.

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Assim, conclui-se que, devido à suposta prática reiterada de delitos dessa natureza (perseguição e ameaça)
a ordem pública necessita ser acautelada e a integridade física e psicológica da vítima resguardada,
pois demonstra estar abalada emocionalmente e requer providências judiciais para sua segurança,
enquanto o requerido demonstra total descaso com a ordem legal deste Juízo ao esquivar-se da
intimação.

A prisão, nessa ocasião, lamentavelmente, é medida que se impõe, evitando-se, assim, possível reiteração
de conduta criminosa.

Nesse sentido, temos:

Habeas corpus. Lesão corporal. Violência doméstica e familiar. Prisão


preventiva. Decisão motivada. Constrangimento ilegal. Configuração.
Ausência. Revogação. Impossibilidade. Não há ilegalidade quando
presentes os requisitos autorizadores para a manutenção da prisão
preventiva, sobretudo em razão da gravidade concreta do delito,
evidenciada pelo risco concreto de reiteração delitiva. Eventual
retratação feita pela vítima não tem o condão de obstar ou interromper
a prisão, tampouco de impedir o prosseguimento da ação penal.
(Habeas Corpus 0001306-20.2020.822.0000, Rel. Des. José Jorge R.
da Luz, Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia: 2ª Câmara
Criminal, julgado em 20/05/2020. Publicado no Diário Oficial em
02/06/2020.)

HABEAS CORPUS. AMEAÇA. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. PRISÃO


PREVENTIVA. POSSIBILIDADE. DESCUMPRIMENTO DE MEDIDA
PROTETIVA. REQUISITOS PRESENTES. CONDIÇÕES
FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA. ORDEM DENEGADA. É legítima a
prisão preventiva, pois realizada em harmonia com a legislação
processual penal, consoante art. 313, inc. III, do CPP, notadamente
por ter o paciente descumprido medida protetiva, continuando a
importunar a vítima, inclusive em outra cidade. (Habeas Corpus
0001451-13.2019.822.0000, Rel. Des. Valdeci Castellar Citon, Tribunal
de Justiça do Estado de Rondônia: 2ª Câmara Criminal, julgado em
24/04/2019. Publicado no Diário Oficial em 06/05/2019)

Além disso, a Lei Maria da Penha alterou o dispositivo 313, III do Código de Processo Penal, para que
seja admitida a prisão preventiva se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, com
a finalidade de garantir a execução das medidas protetivas de urgência, dispondo da seguinte
forma:

Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação
da prisão preventiva:

(...)

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III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher,
criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para
garantir a execução das medidas protetivas de urgência;

Isto posto, acolho o pedido do MP e, com fundamento no art. 313, III e 312, ambos do Código de
Processo Penal c/c art. 20 da LMP, DECRETO A PRISÃO PREVENTIVA do requerido:

YGOR YAN CASTILLO DE AGUIAR, brasileiro, inscrito no CPF 015.069.592-61,


residente na Rua Manoel Laurentino de Souza, 2123, Porto Velho.

Isso com fundamento na garantia da ordem pública, para assegurar o cumprimento das medidas
protetivas e resguardar a integridade física e psíquica da vítima.

SIRVA A PRESENTE DECISÃO COMO MANDADO DE PRISÃO PREVENTIVA, válido até


03/11/2023, e como Ofício(s) à POLÍNTER, DEAM e NUPEVID para o seu cumprimento.

Após o cumprimento do mandado de prisão, deverá o preso ser apresentado a este Juízo, mediante prévia
comunicação de quem realizar a prisão, para a designação e realização da audiência de custódia em até
24h, nos termos do art. 287 do CPP c/c art. 171, §4º das DGJ e Provimento n. 25/2020, bem como
Parecer-CGJ n. 1/2020.

Ciência ao MP e eventual advogado habilitado nos autos ou DPE.

Intime-se, oficie-se e cumpra-se.

Porto Velho/RO segunda-feira, 29 de maio de 2023

Keila Alessandra Roeder Rocha de Almeida

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