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TJPA - 2º Grau

PJe - Processo Judicial Eletrônico

10/02/2021

Número: 0800924-79.2021.8.14.0000
Classe: HABEAS CORPUS CRIMINAL
Órgão julgador colegiado: Seção de Direito Penal
Órgão julgador: Desembargadora MARIA DE NAZARE SILVA GOUVEIA DOS SANTOS
Última distribuição : 10/02/2021
Valor da causa: R$ 0,00
Processo referência: 0807183-68.2020.8.14.0051
Assuntos: Liberdade Provisória, Habeas Corpus - Cabimento
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
SANDRO CORREA DE CARVALHO (PACIENTE) RAIMUNDO NONATO SOUSA CASTRO (ADVOGADO)
KARINA ALMEIDA WIEGERT (ADVOGADO)
MEUBA CRISTINA DE MIRANDA FREIRE (ADVOGADO)
MM. JUIZ DA 3ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE
SANTARÉM - PARÁ (AUTORIDADE COATORA)
PARA MINISTERIO PUBLICO (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data Documento Tipo
4491807 08/02/2021 HABEAS CORPUS COM PEDIDO DE LIMINAR Petição
20:16
4504506 10/02/2021 Decisão Decisão
12:54
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ.

Decreto de prisão carente de fundamentação


concreta, estando baseado em argumentos genéricos,
frágeis e na alegação de “protestos e pedidos de
“Justiça” por essa sociedade”. 1
Ausência de verificação, justificativa ou qualquer
menção sobre o cabimento ou não das medidas
cautelares substitutivas da prisão – manifesta
violação ao art. 282, § 6º, do CPP, e art. 93, IX, da CF;
contrariedade à clara orientação jurisprudencial.

Processo de origem n.º 0807183-68.2020.8.14.0051

Os advogados RAIMUNDO NONATO SOUSA CASTRO, brasileiro, casado,


inscrito na OAB/AM nº 3829; OAB/PA 13.032-A; e OAB/DF 60.534, KARINA ALMEIDA
WIEGERT, brasileira, casada, inscrita na OAB/PA 20.762 e MEUBA CRISTINA DE
MIRANDA FREIRE, brasileira, solteira, advogada inscrita na OAB/PA 20.731, todos com
escritório na Av. Mendonça Furtado nº: 1113, sala A, Santa Clara, Santarém – Pará, CEP
68005-100, vêm, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 5°, inciso
LXVIII, da Constituição Federal e art. 647 e seguintes do Código de Processo Penal,
impetrar

HABEAS CORPUS
com pedido liminar

em favor de SANDRO CORREA DE CARVALHO, brasileiro, empresário, nascido em


28.09.1978, portador do RG nº 2821908 (PC/PA) e inscrito no CPF nº 744.528.432-04,
com domicílio em TV D, S/N, Maracanã, CEP: 68.035-015, desde já apontando como
autoridade coatora o MM. Juízo da 3ª Vara Criminal de Santarém/PA, em razão de decreto
de prisão preventiva, bem como decisão que indeferiu pedido de revogação da custódia
cautelar (doc. 01 e 02 – ato coator), que impõem ao paciente manifesto constrangimento
ilegal nos autos do processo n.º 0807183-68.2020.8.14.0051, ao decidir pelo
encarceramento e a sua manutenção sem sequer analisar a (in)suficiência da aplicação
das medidas cautelares alternativas, pelas razões de fato e fundamentos jurídicos a seguir
aduzidos.

I) DOS FATOS.
Av. Mendonça Furtado, nº: 1113-A, Bairro Santa Clara, CEP 68005-100, Santarém – PA. Fone:
(093) 99191-1401/99189-8788/99124-6100 - Email: drrn@hotmail.com/
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Assinado eletronicamente por: MEUBA CRISTINA DE MIRANDA FREIRE - 08/02/2021 20:15:50 Num. 4491807 - Pág. 1
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Número do documento: 21020820155045800000004359634
1. Trata-se de constrangimento ilegal perpetrado pelo Juízo da
3ª Vara Criminal de Santarém/PA, consubstanciado no decreto de prisão preventiva e na
decisão que a manteve, indeferindo pedido de revogação da custódia cautelar, por
entender estarem demonstrados requisitos do art. 312, do CPP [garantia da ordem
pública e aplicação da lei penal].
2
2. Com efeito, ambas as decisões carecem de fundamentação
válida e suficiente para a extrema ratio da ultima ratio que é a prisão preventiva, bem
como deixam de analisar e tampouco mencionar a não aplicação das medidas cautelares
diversas da segregação cautelar previstas no art. 319 do CPP.

3. De início, ressalte-se que não se almeja aqui a discussão de


questões atinentes ao meritum causae e que importem valoração de matéria fático-
probatória, insuscetível de detecção in primus ictus oculi, mormente inviável tal análise
em sede de habeas corpus, marcado por cognição sumária e rito célere.

4. De início, ressalta-se que a aferição da ausência de


fundamentação idônea das decisões em questão não implica em qualquer discussão
atinente ao meritum causae ou que importe em valoração de matéria fático-probatória,
mas pura e simplesmente a análise ‘crua’ do teor das decisões e dos parâmetros ali
estabelecidos.

5. As decisões não guardam qualquer proporcionalidade ou


necessidade à situação jurídico-processual de SANDRO CORREA, apesar da gravidade
abstrata do delito.

6. Situação esta que poderia ser satisfatoriamente resolvida


pela imposição de outras medidas cautelares diversas do encarceramento, tendo em vista
a ausência do mínimo plausível de fundamento fático, jurídico e de necessidade que
sustente a custódia cautelar.

7. Portanto, o cerne da flagrante ilegalidade aqui invocada


reside na completa ausência de justificativa idônea para fundamentar o decreto prisional,
bem como para mantê-lo. Somado a isso, importa ressaltar a perfeita possibilidade de
aplicação ao caso de medidas cautelares diversas da prisão, que restaram solenemente
ignoradas, nem sequer mencionadas ou afastadas.

8. Assim, restaram manifestamente violados os artigos 93, IX, da


Constituição Federal, 282, § 6º e 315 do Estatuto de Processo Penal.

9. Pois bem. Para fins de contextualização, faz-se necessário


delinear o panorama fático-processual referente ao presente HC.

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10. O paciente fora denunciado em 14 de dezembro de 2020 pela
suposta prática do crime de homicídio qualificado, que teria ocorrido no dia 15 de
novembro de 2020.

11. Antes disso, dois dias após o ocorrido, o próprio denunciado


se apresentou à autoridade policial espontaneamente no dia 17 de novembro de 2020 às
13 horas, quando fora qualificado e interrogado, entregou a sua arma de fogo –
3
devidamente inscrita no SINARM sob o nº 2019/902713053-85 – e 1 (um) carregador
contendo 3 munições intactas, e se colocou à disposição da Justiça.

12. Em seu depoimento perante a autoridade policial, SANDRO


CORREA reconheceu a autoria de disparo acidental e afirmou estar arrependido de ter
sacado a arma no intuito de intimidar MANOEL APOLINÁRIO.

13. Ainda em sede policial, prestaram depoimentos na qualidade


de testemunhas: FREDILANA ASSUNÇÃO DE VASCONCELOS, então casada com a vítima,
além de KELVIN LOPES BEZERRA, RENATO REBOUÇAS COELHO, ANTÔNIO DARLAN
ALMEIDA CARDOSO, JOSÉ VALDIVAN ALMEIDA CARDOSO, que se encontravam no local
do fato.

14. Segundo o laudo de perícia de necropsia médico-legal, após o


ocorrido, MANOEL APOLINÁRIO “foi atendido no PSM e submetido a cirurgia abdominal
de urgência. Recebendo alta médica cinco dias depois. Retornou no 30/11/2020, ao PSM
de Santarém com complicação pós operatória, onde foi submetido a nova cirurgia no dia
01/12/2020, evoluindo com parada cardio respiratória no pós operatório imediato, vindo
a falecer por volta das 13:35 horas.”

15. Pois bem. A denúncia fora recebida em 07 de janeiro de 2021


e, em cota, o digno representante ministerial requereu a decretação da prisão preventiva
de SANDRO CORRÊA, o que foi atendido em 03 de dezembro de 2020, por meio de decisão
proferida pelo magistrado que respondia ao Juízo.

16. Posteriormente, após pedido de revogação da prisão


preventiva, o juiz titular da 3ª Vara Criminal manteve o decreto prisional, entendendo,
contudo, que estariam não três, mas dois dos requisitos autorizadores da prisão
preventiva.

17. Ocorre, Excelência, que, com a devida vênia, a decisão merece


ser reconsiderada, uma vez que não se trata de caso excepcional a demandar a imposição
da medida extremada, não havendo argumento suficiente a atender aos requisitos
autorizadores da prisão preventiva.

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18. A par disso, o presente caso, muito embora de sensível
expressão local, com repercussão midiática, jamais poderá ser tratado sob o manto da
exceção, muito pelo contrário(!).

19. Apesar das diversas menções à “protestos e pedidos de


Justiça pela sociedade”, “terror a sociedade local”, “perigo para a sociedade”, “abalo que
esse tipo de delito gera”, com o devido respeito ao sentimento público que pauta o sistema
4
de Justiça, os requisitos autorizadores da prisão preventiva não podem ser confundidos
com o suposto clamor social ou vingança coletiva, hipótese em que a prisão perde seu
caráter de cautelariedade e se converte em antecipação de pena.

20. É justamente nesses momentos, em que o Poder Judiciário é


tentado e forçado a flexibilizar seus mais caros e inabaláveis corolários, que a democracia
há de se firmar ainda mais, pelo respeito e acatamento aos direitos e garantias que a
Constituição estabelece.

21. Cabe, aqui, destacar o trecho da seguinte decisão proclamada


pelo saudoso jurista MENEZES DIREITO: “antes de ser poesia, a alma limpa de um Juiz, a
austeridade que impõe a toga que veste, a reclusão de sua consciência para decidir longe
das pressões de toda sorte (...)”.1

22. Ora, não se renuncia, aqui, a necessidade da prestação


jurisdicional com a imposição de medidas necessárias e excepcionais em casos cuja ordem
pública encontra-se efetivamente em risco em razão de figuras que, de fato, a ameaça, ou
em caso de ser imprescindível para assegurar a aplicação da lei penal.

23. Ocorre que, não havendo a demonstração de elementos aptos


a legitimar tais decisões, resta incontroversa a necessidade de revogação da prisão
preventiva.

24. Subsidiariamente, não entendendo pela ilegalidade da prisão


preventiva, requer-se a substituição por uma ou mais das medidas cautelares
substitutivas do artigo 319 do Código Processo Penal.

II) DO ATO COATOR. DAS DECISÕES PROFERIDAS EM JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU.

25. Como dito, são duas decisões que ensejam o presente


petitório. Além da decisão, de 03.12.2020, que decretou a prisão preventiva do paciente,
o mesmo MM. Juízo da 3ª Vara Criminal de Santarém também proferiu decisão em

1
(TJRJ, AC 763/95 - Cód. 95.001.00763, 1ª C.Cív., Rel. Des. C. A. Menezes Direito, j. 11/04/1995).
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01.02.2021, que rechaçou o pedido de revogação da custódia cautelar formulado pela
defesa.

26. Embora se trate do mesmo Juízo, as decisões foram proferidas


por magistrados distintos, sendo o decreto de prisão assinado pelo Dr. Manuel Carlos de
Jesus Maria, que respondia pela 3ª Vara, enquanto o segundo decisum fora proferido pelo
magistrado titular, Dr. Gabriel Veloso de Araújo.
5
27. O decreto prisional se baseia em três argumentos que
descumprem frontalmente o binômio proporcionalidade e adequação, sendo contrários à
orientação legal e jurisprudencial, estando baseados em:

(I – quanto à garantia da ordem pública)


(i.i.) “abalo que esse tipo de delito gera a sociedade santarena”: a
acusação é de “crime de homicídio qualificado, delito esse com
gravidade reconhecida por toda nossa sociedade” [p. 4 do decreto];
(i.ii.) discutíveis motivação e circunstâncias do delito: “ainda mais
na forma como lançada no procedimento investigatório, que indica
ter sido cometido por motivação fútil (...) Ademais, verifica-se no
vídeo juntado aos autos de que a vítima estava parada sem
demonstrar qualquer ato de ameaça ou agressão ao investigado
(...)” [p. 4 do decreto];
(i.iii.) ser o réu “um perigo para a sociedade” e um “terror a
sociedade local”: “vez que do nada, caso tenha acesso a qualquer
outro tipo de arma de fogo ou branca poderá atacar pessoas
inocentes lesionando-as ou retirando a vida, tal qual fez com a
vítima” [p. 4 do decreto].

(II – quanto à conveniência da instrução criminal)


(ii.i.) “evitar que o acusado tente atrapalhar a instrução do
processo”, pois o próprio paciente reconheceu a autoria do delito
[p. 4 do decreto];
(ii.i.) embora as testemunhas tenham prestado depoimento
perante a autoridade policial, estariam “tendenciosas a não
colaborar com as investigações (...), eis que não comparecem em
sede ministerial para prestarem maiores esclarecimentos” [p. 4 do
decreto.

(III – quanto à garantia da aplicação penal)


(iii.i.) o paciente teria informado o seu domicílio “de forma
imprecisa”.

28. Esses foram os argumentos.

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29. Segundo o magistrado titular, além de ratificar a decisão
anterior, quanto à garantia da ordem pública, “o réu está sendo acusado de crime de
homicídio qualificado, delito esse com gravidade reconhecida por toda nossa sociedade e
de grande repercussão para toda sociedade brasileira, ainda mais na forma como lançada
na denúncia que gerou comoção em toda a cidade de Santarém, sendo até hoje motivo de
protestos e pedidos de “Justiça” por essa sociedade”.”
6
30. Sustentar a segregação cautelar de qualquer pessoa com base
na opinião pública é de extremo perigo, quiçá, é atitude de extremo descuido com as
regras jurídicas que foram elaboradas, principalmente as penais, parar que não houvesse
exagero na punição dispensada ao réu.

31. Considerou ainda que a periculosidade foi demonstrada pelo


réu e “apurada pela análise de seus antecedentes e pela maneira de execução do crime”.
Um antecedente, Excelências. Um antecedente relacionado a disparo de arma de fogo em
via pública, arma esta que foi entregue pelo paciente à autoridade policial.

32. Quanto à aplicação da lei penal, o juiz titular indica que “o réu
não se entregou espontaneamente”. SANDRO CORREA se apresentou espontaneamente à
delegacia para prestar depoimento e entregar a sua arma de fogo.

33. Além disso, é profundamente sabido e reconhecido pela


jurisprudência pátria que a ausência do distrito da culpa não é motivo suficiente para a
manutenção do decreto de prisão preventiva que se encontra completamente
desfundamentado.

34. Apesar de ter tido duas oportunidades de justificar a mesma


decisão, o Juízo de origem não apresentou motivos suficientes para o encarceramento de
SANDRO CORREA.

III) DA COMPLETA AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO CONCRETA E FUNDAMENTADA


DA NECESSIDADE E POSSIBILIDADE DA PRISÃO.
Decreto de prisão baseado em supostos “protestos e pedidos de justiça por essa
sociedade”.

35. Excelências, é inegável e é impossível – para a defesa – ignorar


a repercussão midiática do caso, pois a espetacularização do direito penal provoca
reflexos terríveis na vida do denunciado e em eventual julgamento futuro.

36. Além da própria gravíssima acusação com denúncia recebida,


dado o infeliz acontecimento, o denunciado já possui a privacidade, a intimidade e a

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presunção de não culpabilidade sobrepujadas pelas manchetes da imprensa e da mídia
‘sem rosto’ que contempla as redes sociais e os respectivos usuários e páginas.

37. Além da exposição de quem integra o sistema de Justiça, bem


como dos depoimentos, pedidos e decisões que envolvem o caso até aqui, por meio das
páginas da imprensa, SANDRO CORREA não apenas é noticiado, mas já carrega consigo a
pecha de ‘assassino’ dada antes mesmo de apresentar qualquer resposta à acusação no
7
bojo do processo.

38. Tais considerações estão aqui destacadas não para afastar a


responsabilidade de SANDRO CORREA estar à disposição e ter o caso analisado de forma
técnico-jurídica pela Justiça, mas porque argumentos como “motivo de protestos e pedidos
de Justiça por essa sociedade”, “repercussão social”, “terror a sociedade local”, “abalo que
esse tipo de delito gera a sociedade santarena” foram intensamente abordados para
justificar o decreto de prisão.

39. Embora possam ser legítimos quando devidamente


fundamentados, com a devida vênia, a “garantia da ordem pública”, mesmo diante de sua
maleabilidade conceitual, não pode ser confundida com clamor social ou vingança
coletiva, hipótese em que a prisão perde seu caráter de cautelariedade e se converte em
antecipação de pena.

40. Daí a clara análise do Supremo Tribunal Federal, que tem sido
reiterada em diversos julgados, no sentido de que se revela absolutamente
inconstitucional a utilização, com fins punitivos, da prisão cautelar, pois esta não se
destina a punir o suspeito, o indiciado ou o réu, sob pena de manifesta ofensa às garantias
constitucionais da presunção de inocência e do devido processo legal, com a consequente
(e inadmissível) prevalência da ideia – tão cara aos regimes autocráticos – de supressão
da liberdade individual, em um contexto de julgamento sem defesa e de condenação sem
processo (HC 93.883/SP, Rel. Min. Celso de Mello).

41. Nesse sentido, veja-se julgado da col. SUPREMA CORTE:

“A Prisão Preventiva – Enquanto medida de natureza


cautelar – Não tem por objetivo infligir punição antecipada
ao indiciado ou ao réu. - A prisão preventiva não pode – e
não deve – ser utilizada, pelo Poder Público, como
instrumento de punição antecipada daquele a quem se
imputou a prática do delito, pois, no sistema jurídico
brasileiro, fundado em bases democráticas, prevalece o
princípio da liberdade, incompatível com punições sem
processo e inconciliável com condenações sem defesa
prévia. A prisão preventiva – que não deve ser confundida
com a prisão penal – não objetiva infligir punição àquele
que sofre a sua decretação, mas destina-se, considerada a
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função cautelar que lhe é inerente, a atuar em benefício da
atividade estatal desenvolvida no processo penal.” (RTJ
180/262-264, Rel. Min. Celso de Mello)

42. Fundamentar a manutenção do decreto de prisão, bem como


a não aplicação das medidas cautelares diversas da segregação cautelar, infelizmente, não
foi o que se propôs a fazer o Juízo de origem, provavelmente porque não tem motivos 8
suficientes e concretos para tanto.

43. Na verdade, alguns fatos incontestes revelam não só a


insubsistência de tais fundamentos, mas também a suficiência da aplicação de medidas
cautelares diversas da prisão.

44. Passa-se à análise individualizada dos argumentos.

45. No que diz respeito ao fundamento da garantia da ordem


pública, entende o digno Juízo de origem, que “é verificado de maneira concreta, vez o
investigado está sendo acusado de crime de homicídio qualificado, delito esse com
gravidade reconhecida por toda nossa sociedade”.

46. Em decisão que manteve o decreto, aduz o magistrado que o


suposto crime é “motivo de protestos e pedidos de “Justiça”.

47. Após argumentar a presença de tal fundamento com base na


gravidade do delito, o Magistrado adianta a sua compreensão quanto à suposta motivação
e já afasta qualquer possibilidade de legítima defesa por parte de SANDRO CORREA,
embora o próprio tenha alegado ter sido ameaçado previamente, in verbis:

“[...] ainda mais na forma como lançada no procedimento


investigatório, que indica ter sido cometido por motivação fútil,
eis que os fatos ocorreram por conta de discussão envolvendo
um animal doméstico (cão), não podendo ser negado o abalo que
esse tipo de delito gera a sociedade santarena. Ademais, verifica-
se no vídeo juntado aos autos de que a vítima estava parada sem
demonstrar qualquer ato de ameaça ou agressão ao investigado,
e este, por sua vez sacou a arma e lhe alvejou, sem estar dessa
forma resguardado sob o manto da legitima (sic) defesa.”

48. Tudo o quanto fora transcrito da decisão acima, vale dizer, foi
destacado em negrito e sublinhado pelo eminente Magistrado.

49. Em primeiro lugar, não se prestam para fundamentar a prisão


preventiva somente a existência de indícios de autoria e (até mesmo prova da)
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materialidade do suposto delito ou a mera alusão a requisito legal da segregação cautelar,
sem apresentação de fato concreto categórico.

50. Do mesmo modo, não basta a gravidade do crime e a afirmação


abstrata de que o delito sobre o qual o paciente supostamente tem participação oferece
perigo à sociedade para justificar a imposição da prisão cautelar.
9
51. Também há constrangimento ilegal quando a preventiva
encontra-se fundada na gravidade dos fatos criminosos denunciados, isso com base na
própria conduta denunciada. (STJ - RHC: 35784 SP 2013/0050030-0, Relator: Ministro
JORGE MUSSI, Data de Julgamento: 04/06/2013, T5 - QUINTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 13/06/2013)

52. Excelências, é patente que houve a morte de MANOEL


APOLINÁRIO e o próprio denunciado reconheceu a autoria de disparo acidental. No
entanto, com a devida vênia, as circunstâncias ainda discutíveis relacionadas à motivação
e a possibilidade do reconhecimento ou não da legítima defesa não cabem principalmente
para impor a medida mais extrema do Direito, que é o encarceramento, o que configura
uma verdadeira antecipação de julgamento.

53. Como visto, o Magistrado, desde já, sem haver sequer uma
resposta à acusação, tampouco instrução processual no caso, assenta e justifica qual seria
a motivação e o motivo pelo qual não poderia se falar em legítima defesa, de modo a
fundamentar o decreto prisional.

54. Conforme a jurisprudência atual e sedimentada, inclusive no


âmbito do col. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, as circunstâncias do delito e a gravidade
em abstrato do mesmo, não são admissíveis para impor o encarceramento. Veja-se, pois,
in verbis, julgado do último 07 de dezembro de 2020 em um caso da suposta prática de
organização criminosa, tráfico e associação para o tráfico de drogas:

HABEAS CORPUS. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA, TRÁFICO E


ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO
PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO. APREENSÃO DE PÉS
DE MACONHA. DECISÃO QUE DECRETOU A SEGREGAÇÃO
CAUTELAR BASEADA UNICAMENTE NA GRAVIDADE EM
ABSTRATO DO DELITO. IMPOSSIBILIDADE. ACRÉSCIMO
DE MOTIVAÇÃO PELO TRIBUNAL A QUO.
IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE CONFIRMAÇÃO DA
LIMINAR ANTERIORMENTE DEFERIDA. EXISTÊNCIA DE
CORRÉU EM SITUAÇÃO FÁTICO-PROCESSUAL IDÊNTICA
(ART. 580 DO CPP). EXTENSÃO DOS EFEITOS.
POSSIBILIDADE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
MANIFESTO.

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1. No caso, apesar das circunstâncias do delito, o
Magistrado singular não apontou fundamento concreto
para a imposição da medida extrema, baseando-se somente
na gravidade em abstrato do delito, o que é inadmissível.
2. Ademais, o Tribunal de origem, embora tenha
considerado relevantes os argumentos para a manutenção
da custódia, acrescentou fundamentos em ação exclusiva
da defesa, o que também é inadmissível. 10
3. Com o advento da Lei n. 12.403/2011, a prisão cautelar
passou a ser, mais ainda, a mais excepcional das medidas,
devendo ser aplicada somente quando comprovada a
inequívoca necessidade, devendo-se sempre verificar se
existem medidas alternativas à prisão adequadas ao caso
concreto. Precedente.
4. Evidenciada a existência de corréu em situação fático-
processual idêntica, devem ser estendidos os efeitos da
presente decisão nos termos do art. 580 do Código de
Processo Penal.
5. Ordem concedida, confirmando-se a decisão liminar
anteriormente deferida, para assegurar ao paciente o
direito de aguardar em liberdade o julgamento do mérito
da ação penal, podendo o Juiz singular manter as medidas
cautelares porventura impostas, devendo os efeitos da
presente decisão ser estendidos ao corréu Robson Benites.
(HC 609.038/BA, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR,
SEXTA TURMA, julgado em 07/12/2020, DJe
17/12/2020)

55. Adiante, o decisum traz a compreensão de que o investigado


é um “perigo para a sociedade, vez que “do nada”, caso tenha acesso a qualquer outro tipo
de arma de fogo ou branca poderá atacar pessoas inocentes lesionando-as ou retirando a
vida, tal qual fez com a vítima”.

56. Tal conclusão de periculosidade é tida a partir do fato de o


denunciado ser investigado em procedimento criminal relativo ao disparo de arma de
fogo em via pública, cuja arma fora entregue pelo próprio ora requerente.

57. Excelência, com a devida vênia, supor que SANDRO CORREA


irá “atacar pessoas inocentes” se estiver qualquer arma sob a sua posse não é razoável,
nem suficiente. Se assim fosse, o simples fato de alguém ser acusado de um crime e ter
alguma investigação diversa em curso seria suficiente, por si só, para mantê-lo encarcerado,
pois se solto estaria sujeito a ‘atacar’ alguém.

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58. A propósito, vale trazer à baila relevante e recentíssimo
julgado, de 17/11/2020, proferido no âmbito do col. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, sob
a relatoria do Ministro ROGÉRIO SCHIETTI, que, em um caso também referente à suposta
prática de homicídio qualificado, didaticamente afasta a prisão em casos de presunção
genérica de periculosidade ou de reiteração delitiva do agente. In verbis:

RECURSO EM HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO


QUALIFICADO. PRISÃO PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO 11
ABSTRATA. ACRÉSCIMO DE FUNDAMENTOS PELO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO
PROVIDO.
1. A prisão preventiva é compatível com a presunção de
não culpabilidade do acusado desde que não assuma
natureza de antecipação da pena e não decorra,
automaticamente, do caráter abstrato do crime ou do ato
processual praticado (art. 313, § 2º, CPP). Além disso, a
decisão judicial deve apoiar-se em motivos e fundamentos
concretos, relativos a fatos novos ou contemporâneos, dos
quais se possa extrair o perigo que a liberdade plena do
investigado ou réu representa para os meios ou os fins do
processo penal (arts. 312 e 315 do CPP).
2. É inidônea a motivação da custódia cautelar lastreada na
presunção genérica de periculosidade ou de reiteração
delitiva do agente, se dissociada de elemento
individualizado que demonstre essas conclusões.
3. O acréscimo de fundamentos, pelo Tribunal a quo, não
se presta a suprir a ausente motivação do Juízo natural,
sob pena de, em ação concebida para a tutela da liberdade
humana, legitimar-se o vício do ato constritivo ao direito
de locomoção do paciente.
4. Embora a conduta imputada ao recorrente seja, ao menos
em tese, de alta gravidade, não foram indicadas, no decreto
da prisão preventiva, quaisquer circunstâncias concretas e
idôneas que a justificassem, o que invalida a custódia
cautelar.
5. Recurso em habeas corpus provido.
(RHC 133.151/MG, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI
CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 17/11/2020, DJe
04/12/2020)

59. Aliás, o eminente Magistrado analisa que o réu em liberdade


poderá trazer “terror a sociedade local” e que o suposto crime é “motivo de protestos e
pedidos de “Justiça” pela nossa sociedade”.

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60. O próprio Supremo Tribunal Federal (STF) em Habeas
Corpus relatado pelo decano ministro Celso de Mello já assentou que o “clamor público”,
bem como o “estado de comoção social” e a “indignação popular”, não bastam por si só para
decretação da medida extremada.

Ementa: “Habeas Corpus” – Decisão de Pronúncia – Prisão


decretada com fundamento no clamor público e na
suposta tentativa de evasão. Caráter extraordinário da 12
privação cautelar da liberdade individual. Utilização, pelo
magistrado, na manutenção da prisão cautelar, de critério
incompatíveis com a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal – Situação de injusto constrangimento
configurada – Afastamento, em caráter excepcional, no
caso concreto, da incidência da Sumula 691/STF – Habeas
Corpus concedido de ofício.
O clamor público não basta para justificar a decretação ou a
manutenção da prisão cautelar – O estado de comoção
social e de eventual indignação popular, motivado pela
repercussão de prática de infração penal, não pode
justificar, só por si, a decretação ou a manutenção da prisão
cautelar do suposto autor do comportamento delituoso, sob
pena de completa e grave aniquilação do postulamento
fundamental da liberdade. O clamor público – precisamente
por não constituir causa legal de justificação da prisão
processual – não se qualifica como fator de legitimação da
privação cautelar da liberdade do réu. (Habeas Corpus
96.483-4 / ES - Relator: Ministro Celso de Mello. No
mesmo sentido HC 96.095)

61. Se a prisão preventiva tem caráter cautelar e excepcional,


como já reconheceu o STF e a melhor doutrina, não podendo se demudar em antecipação
da tutela penal e nem se confundir com a prisão pena, não pode esta ser decretada no caso
em apreço.

62. Ora, Excelência, com a devida vênia, não se trata de


terrorismo, tampouco de alguém que faz do crime meio de vida, ou de alguém que
possua extensa ficha criminal com crimes dessa natureza, mas de um acontecimento
que não é comum na vida de SANDRO CORREA.

63. Também se faz necessário ressaltar que tecnicamente


SANDRO CORREA é primário, haja vista que não possui em seu desfavor qualquer
condenação penal, muito menos transitada em julgado, sendo que a outra investigação a
respeito de disparo de arma de fogo em via pública ainda se encontra em tramitação e não

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possui relação com o caso em apreço, e também empresário (possui comprovadamente
comércio de eletrônicos e equipamentos de telefone).

64. O presente caso é bastante sensível, envolve a triste morte de


MANOEL APOLINÁRIO, mas não justifica tamanha marca de combate ao “terror” como foi
dada pelo digno Magistrado, principalmente para fundamentar o encarceramento de
SANDRO.
13
65. André Luis Callegari e Maiquel Ângelo Dezordi Wermuth
destacam que

“o medo é inserido no Direito Penal, ou seja, no sentido de


dar a uma população cada vez mais atemorizada diante do
medo generalizado da violência e das inseguranças da
sociedade líquida pós-moderna, uma sensação de
“tranquilidade”, restabelecendo a confiança no papel das
instituições e na capacidade do Estado em combatê-los por
meio do Direito Penal, ainda que permeado por um caráter
meramente simbólico. Não se buscam, portanto, medidas
eficientes no controle da violência ou da criminalidade,
mas tão somente medidas que “pareçam” eficientes e que,
por isso, tranquilizam a sociedade como um todo”.
(Pensar, Fortaleza, v. 15, n. 2, p. 337-354, jul/dez. 2010)

66. Ainda, entende o eminente Magistrado que o fato de SANDRO


CORREA ter reconhecido a autoria acidental do disparo é motivo para vislumbrar a
presença do fundamento da conveniência da instrução criminal.

67. Ora, Excelência, o fato de o denunciado ter se apresentado à


polícia, entregado a sua arma, ter sido interrogado e se colocado à disposição da Justiça,
demonstra e fundamenta justamente o contrário.

68. Não seria essa a postura de quem está disposto a atender a


qualquer chamado da Justiça, tampouco deve ser tal atitude de SANDRO utilizada para
fins de justificar como necessária a decretação da sua segregação.

69. Além disso, chama atenção na decisão o fato de SANDRO


CORREA ter que ser preso preventivamente em razão de uma suposta informação de que
as testemunhas estariam “tendenciosas a não colaborar com as investigações”, pois não
teriam comparecido em sede ministerial para prestarem maiores esclarecimentos, até
porque já se apresentaram e prestaram depoimento perante a autoridade policial.

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70. Nesse sentido, o digno Magistrado ressalta que a autoridade
policial teria informado que as testemunhar estariam “temerosas, pois o investigado é
supostamente violento”.

71. Tal argumento foi ignorado em segunda decisão pelo juiz


titular, sendo tacitamente desconsiderado.
14
72. Ainda assim, Excelência, a defesa faz questão de novamente
refutá-lo, eis que tais considerações não guardam qualquer compatibilidade com a
realidade.

73. Não existe e obviamente não foi mencionado qualquer fato


concreto contra SANDRO CORREA apto a assentar que este impõe temor a qualquer
testemunha, tampouco que o fato de não se apresentarem no MP teria qualquer relação com
o mesmo.

74. Aliás, a justificativa formal apresentada pelas testemunhas


pelo não comparecimento junto ao MP fora o fato de já terem comparecido e prestado
depoimento perante a autoridade policial, não havendo qualquer constrangimento,
temeridade ou ameaça por parte do paciente.

75. SANDRO CORREA jamais atrapalhou ou dificultou em qualquer


sentido a busca pela verdade real dos fatos, jamais intimidou ou constrangeu qualquer
testemunha, e não existirá qualquer indício nesse sentido, pois a sua intenção é defender-
se tecnicamente da acusação e confiar no sistema de Justiça.

76. O Paciente entende que o melhor meio de se defender é se


apresentar à Justiça. Foi o que fez junto à autoridade policial e é o que pretende fazer junto
a esse Juízo, requerendo que esse Tribunal reconheça a nulidade do decreto de prisão e
da decisão que a manteve.

77. Infelizmente, a decisão incidiu em meras especulações


relacionadas à atividade policial e ministerial que apontam o acusado como um sujeito
que aspira ‘terror’ e que não guardam compatibilidade com o grau de tecnicidade e
esmero que deve carregar uma decisão que impõe a mais grave das medidas do processo
criminal.

78. A propósito, vale destacar trecho da ementa de julgado


proferido no âmbito do col. STJ, sob a relatoria do Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, in
verbis:

[...] 1. Segundo a jurisprudência desta Corte Superior de


Justiça, toda prisão imposta ou mantida antes do trânsito
em julgado de sentença penal condenatória, por ser
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medida de índole excepcional, deve vir sempre baseada em
fundamentação concreta, isto é, em elementos vinculados à
realidade. Nem a gravidade abstrata do delito nem meras
conjecturas servem de motivação em casos que tais.
[...] (HC n. 362.072/MG, Rel. Ministro Sebastião Reis
Júnior, 6ª T., DJe 16/2/2017, grifo nosso)

15
79. Quanto à garantia da aplicação da lei penal, após
desconsiderar tacitamente o argumento inicial de indicação do endereço de forma
imprecisa, a decisão de manutenção da prisão indica que “o réu não se entregou
espontaneamente, estando inclusive ausente do distrito da culpa.

80. SANDRO CORREA se apresentou espontaneamente à


delegacia para prestar depoimento e entregar a sua arma de fogo.

81. Além disso, é profundamente sabido e reconhecido pela


jurisprudência pátria que a ausência do distrito da culpa não é motivo suficiente para a
manutenção do decreto de prisão preventiva que se encontra completamente
desfundamentado.

82. Nesse sentido, os seguintes precedentes basilares do STF:

“I. Prisão por pronúncia: sedimentada a jurisprudência do STF


em que, se a pronúncia, para conservar preso o réu, cinge-se à
remissão aos fundamentos do decreto de prisão preventiva
anterior, a eventual inidoneidade destes contamina de nulidade
a prisão processual; a fortiori, a orientação é de seguir-se,
quando a pronúncia silencia totalmente a respeito ou se remete
a decreto anterior, como no caso. II. Prisão preventiva:
apresentação espontânea à autoridade policial de outra
Comarca: irrelevância. Conforme a jurisprudência do Supremo
Tribunal, não pode justificar uma ordem de prisão a fuga
posterior à sua decretação, cuja validade se contesta em juízo: do
contrário, seria impor ao acusado, para questioná-la, o ônus de
submeter-se à prisão processual que entende ser ilegal ou
abusiva. Precedentes. Se a fuga, nessas circunstâncias, não é
válida para legitimar a ordem de prisão, também não se pode,
com maior razão, invocar, para o mesmo fim, a apresentação
espontânea à autoridade policial de outra Comarca. III. Prisão
preventiva: decisão que a decreta por conveniência da instrução
criminal sem invocar fatos concretos que a justifique:
inidoneidade. IV. Prisão preventiva: não podendo a prisão
preventiva constituir antecipação da pena, não basta a legitimá-
la o apelo à gravidade do tipo ou, em concreto, do fato criminoso:

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precedentes.” (HC 85583/MG, DJ 16/09/2005, Rel. Min.
SEPÚLVEDA PERTENCE).

“HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO.


RECEPTAÇÃO QUALIFICADA. PRISÃO PREVENTIVA PARA
SALVAGUARDAR A ORDEM PÚBLICA. INIDONEIDADE.
ACRÉSCIMO DE FUNDAMENTOS NAS INSTÂNCIAS
SUBSEQÜENTES. IMPOSSIBILIDADE. 1. A prisão preventiva para 16
salvaguarda da ordem pública, sem alusão a fato concreto que a
justifique, não encontra amparo na jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal. 2. Às instâncias subseqüentes não é dado
suprir o decreto de prisão cautelar, de modo que não pode ser
considerada a assertiva de que a fuga do paciente constitui
fundamento bastante para enclausurá-lo preventivamente.
Ordem concedida.” (HC 84448/SP, DJ 19/08/20005, Rel. Min.
CARLOS BRITTO).

83. Excelência, é preciso deixar bem claro que a intenção do


denunciado sempre foi de não se furtar à Justiça e assim demonstrou, sendo que o fato de
estar ausente do distrito da culpa não pode obstar o reconhecimento da nulidade da
decisão.

84. Ademais, diante da atual crise sanitária, quando o contexto da


pandemia do coronavírus tem no ambiente prisional um dos seus maiores redutos de
aumento de casos e de óbitos decorrentes da doença, a manutenção do denunciado no
cárcere, além de desnecessário, é também um risco a sua saúde.

85. Diante do exposto, requer-se a revogação da decisão que


decretou a prisão preventiva, bem como do decisum que a manteve, dada a sua nulidade.

86. Aliás, o comando do art. 282, § 6º, do CPP, é claro no sentido


de que “a prisão preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição
por outra medida cautelar (art. 319)”. Reforça-se, aqui, a natureza subsidiária da prisão
preventiva em relação às medidas cautelares diversas da prisão (art. 319, do CPP).

87. Subsidiariamente, não entendendo pela ilegalidade da prisão


preventiva, requer-se a substituição por uma das medidas cautelares substitutivas do artigo
319 do Código Processo Penal, não há dúvidas, Excelência, que a imposição de medidas
cautelares seriam pertinentes e suficientes para a manutenção da ordem pública, para a
conveniência da instrução criminal e para a aplicação da lei penal.

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IV) DA AUSÊNCIA DE VERIFICAÇÃO OU SEQUER MENÇÃO ACERCA DA
(IN)SUFICIÊNCIA DAS MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS. MANIFESTA VIOLAÇÃO
AO ART. 282, § 6º, DO CPP E CONTRARIEDADE À ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL.

88. Talvez Vossas Excelências estejam diante de um dos casos


mais paradigmáticos acerca do tema: aplicação das medidas cautelares diversas da prisão,
simplesmente porque a consideração a elas inexiste.
17
89. Excelentíssimos(as) Senhores(as) Desembargadores(as), o
Código de Processo Penal é categórico ao dispor, em seu art. 282, § 6º, que "a prisão
preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida
cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não cabimento da substituição por outra
medida cautelar deverá ser justificado de forma fundamentada nos elementos presentes
do caso concreto, de forma individualizada (art. 319)".

90. Na hipótese, nenhum dos magistrados, em qualquer das


decisões, avaliou a suficiência ou não da adoção de medidas alternativas.

91. Nenhuma das decisões proferidas no âmbito do Juízo de


primeiro grau analisa a aplicabilidade ou não das providências menos gravosas para
acautelar a ordem pública e assegurar a garantia da aplicação da lei penal, muito menos
justifica de forma fundamentada e individualizada.

92. Pois bem. O que se verifica no presente caso é a total ausência


de fundamentação e o patente constrangimento ilegal quando o magistrado não
fundamenta a escolha pela não aplicação de tais cautelares diversas da prisão.

93. Para a decretação da prisão preventiva do paciente, o magistrado


deveria ter afastado, com fundamentos, a impossibilidade da aplicação das medidas previstas
no artigo 319 do CPP, pois é assim que determina o artigo 282 §6º do CPP, respeitando o
princípio da presunção da inocência.

94. Ademais, sustentar a segregação cautelar de qualquer pessoa


com base na opinião pública é de extremo perigo, quiçá, é atitude de extremo descuido com
as regras jurídicas que foram elaboradas, principalmente as penais, parar que não houvesse
exagero na punição dispensada ao réu.

95. Resta indubitável no referido acórdão o constrangimento ilegal,


na medida em que não é favorável ao cabimento de medidas alternativas à prisão do
denunciado, sem fundamentadamente explicar seu não cabimento. Impossível, Excelências,
que o simples cabimento da prisão preventiva afaste o maior interesse do direito, que pode
ser satisfeito de forma plena com medidas menos radicais.

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96. Portanto, de plano, da simples leitura das decisões em
questão, vê-se a grave e manifesta violação aos arts. 93, IX, da CF, 282, § 6º, e 315, do CPP,
pela qual se requer a revogação do decreto de prisão.

97. Infelizmente, isso acontece, porque provavelmente o Juízo


não tem motivos concretos para deixar de aplicar as medidas alternativas. Aliás, a
consideração às medidas cautelares diversas da prisão fatalmente indicaria a suficiência
18
destas para os fins acautelatórios pretendidos.

98. Não há dúvidas de que a garantia da ordem pública estaria


resguardada a partir da apreensão da arma de fogo, que foi entregue voluntariamente
pelo paciente, aliado à proibição de acesso ou frequência a determinados lugares, bem
como o recolhimento domiciliar no período noturno.

99. O comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas


condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades, bem como a proibição de
ausentar-se da Comarca, seriam suficientes para assegurar a aplicação da lei penal.

100. Ainda quanto à conveniência da instrução criminal, o fato de o


paciente reconhecer a autoria do disparo aliado ao compromisso de comparecimento,
sendo-lhe vedado manter contato com as testemunhas do processo, sem sombra de
dúvidas garantiria o alcance de tal fim. E não o contrário.

101. Importante salientar que, com o advento da Lei n.


12.403/2011, a prisão cautelar passou a ser, mais ainda, a mais excepcional das medidas,
devendo ser aplicada somente quando comprovada a inequívoca necessidade, devendo-
se sempre verificar se existem medidas alternativas à prisão adequadas ao caso concreto.

102. A propósito, em recentíssimo [julgado em 7/12/2020] caso


julgado no âmbito do col. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, cuja acusação envolvia a
suposta prática dos crimes de organização criminosa, tráfico de drogas e associação para o
tráfico, assim ficou decidido:

HABEAS CORPUS. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA, TRÁFICO E


ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO
PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO. APREENSÃO DE PÉS DE
MACONHA. DECISÃO QUE DECRETOU A SEGREGAÇÃO
CAUTELAR BASEADA UNICAMENTE NA GRAVIDADE EM
ABSTRATO DO DELITO. IMPOSSIBILIDADE. ACRÉSCIMO DE
MOTIVAÇÃO PELO TRIBUNAL A QUO. IMPOSSIBILIDADE.
NECESSIDADE DE CONFIRMAÇÃO DA LIMINAR
ANTERIORMENTE DEFERIDA. EXISTÊNCIA DE CORRÉU EM
SITUAÇÃO FÁTICO-PROCESSUAL IDÊNTICA (ART. 580 DO CPP).
EXTENSÃO DOS EFEITOS. POSSIBILIDADE.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL MANIFESTO.
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1. No caso, apesar das circunstâncias do delito, o Magistrado
singular não apontou fundamento concreto para a imposição da
medida extrema, baseando-se somente na gravidade em
abstrato do delito, o que é inadmissível.
2. Ademais, o Tribunal de origem, embora tenha considerado
relevantes os argumentos para a manutenção da custódia,
acrescentou fundamentos em ação exclusiva da defesa, o que
também é inadmissível. 19
3. Com o advento da Lei n. 12.403/2011, a prisão cautelar passou
a ser, mais ainda, a mais excepcional das medidas, devendo ser
aplicada somente quando comprovada a inequívoca necessidade,
devendo-se sempre verificar se existem medidas alternativas à
prisão adequadas ao caso concreto. Precedente.
4. Evidenciada a existência de corréu em situação fático-
processual idêntica, devem ser estendidos os efeitos da presente
decisão nos termos do art. 580 do Código de Processo Penal.
5. Ordem concedida, confirmando-se a decisão liminar
anteriormente deferida, para assegurar ao paciente o direito de
aguardar em liberdade o julgamento do mérito da ação penal,
podendo o Juiz singular manter as medidas cautelares
porventura impostas, devendo os efeitos da presente decisão ser
estendidos ao corréu Robson Benites.
(HC 609.038/BA, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA
TURMA, julgado em 07/12/2020, DJe 17/12/2020)

103. É impossível não repisar a orientação do col. STJ: “a prisão


cautelar passou a ser, mais ainda, a mais excepcional das medidas, devendo ser aplicada
somente quando comprovada a inequívoca necessidade, devendo-se sempre verificar se
existem medidas alternativas à prisão adequadas ao caso concreto.”

104. O fato é que existem medidas alternativas adequadas ao caso,


a justificativa não foi feita de forma alguma, muito menos fundamentada e individualizada,
e a decisão deve ser revogada, dada a sua nulidade.

105. Ainda fazendo referência à jurisprudência da Corte Cidadã,


outro julgamento, coloca uma pá de cal no assunto, firmando entendimento de que é
indiscutível que a prisão preventiva deve ser a última medida a ser aplicada, preferindo
sempre a aplicação das medidas alternativas à prisão:

HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO ORIGINÁRIA. SUBSTITUIÇÃO AO


RECURSO ORDINÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. RESPEITO AO SISTEMA
RECURSAL PREVISTO NA CARTA MAGNA. NÃO CONHECIMENTO.
1. O Supremo Tribunal Federal, buscando dar efetividade às
normas previstas na Constituição Federal e na Lei 8.038/90, passou
a não mais admitir o manejo do habeas corpus originário em
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substituição ao recurso ordinário cabível, entendimento que foi
adotado por este Superior Tribunal de Justiça.
2. O constrangimento apontado na inicial será analisado, a fim de
que se verifique a existência de flagrante ilegalidade que justifique
a atuação de ofício por este Superior Tribunal de Justiça.
ESTELIONATO E FORMAÇÃO DE QUADRILHA. PRISÃO
PREVENTIVA. EXCESSO DE PRAZO NA FORMAÇÃO DA CULPA.
MATÉRIA NÃO APRECIADA PELA CORTE DE ORIGEM NO 20
ACÓRDÃO COMBATIDO. NÃO CONHECIMENTO.
1. Inviável a apreciação, diretamente por esta Corte Superior de
Justiça, do alegado excesso de prazo para a custódia cautelar, tendo
em vista que tal questão não foi analisada pelo Tribunal impetrado
no aresto combatido.
CUSTÓDIA CAUTELAR. NEGATIVA DE PARTICIPAÇÃO.
INVIABILIDADE DE EXAME NA VIA ELEITA. PREVENTIVA.
DESNECESSIDADE. MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS.
PROPORCIONALIDADE, ADEQUAÇÃO E SUFICIÊNCIA. CONDIÇÕES
PESSOAIS FAVORÁVEIS. COAÇÃO ILEGAL EM PARTE
DEMONSTRADA. HABEAS CORPUS CONCEDIDO DE OFÍCIO.
1. A negativa de autoria é questão que não pode ser dirimida em
sede de habeas corpus, por demandar o reexame aprofundado das
provas colhidas no curso da instrução criminal, vedado na via
sumária eleita.
2. A aplicação de medidas cautelares, aqui incluída a preventiva,
requer a análise, pelo julgador, de sua necessidade e adequação, a
teor do art. 282 do CPP, observando-se, ainda, se a constrição é
proporcional ao gravame resultante de eventual condenação
posterior.
3. A prisão somente será determinada quando não for cabível a sua
substituição por outra medida cautelar e quando realmente mostre-
se necessária e adequada às circunstâncias em que cometido o delito
e às condições pessoais do agente. Exegese do art. 282, § 6º, do CPP.
4. Evidenciado que os fins acautelatórios almejados quando da
ordenação da preventiva podem ser alcançados com a aplicação de
medidas cautelares diversas, presente o constrangimento ilegal
apontado na inicial.
5. Observado o binômio proporcionalidade e adequação, devida e
suficiente, diante das particularidades do caso concreto, a imposição
de medidas cautelares diversas à prisão para garantir a ordem
pública, evitando-se a reiteração delitiva, para assegurar a
conveniência da instrução criminal e a aplicação da lei penal.
6. Condições pessoais favoráveis, mesmo não sendo garantidoras de
eventual direito à soltura, merecem ser devidamente valoradas,
quando demonstrada a possibilidade de substituição da prisão por
cautelares diversas, proporcionais, adequadas e suficientes ao fim a
que se propõem.
7. Habeas corpus não conhecido, concedendo-se, contudo, a ordem
de ofício, para revogar a prisão preventiva do paciente, mediante a
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imposição das medidas alternativas previstas no art. 319, incisos I,
IV, V e VII, do CPP, arbitrando-se a fiança no valor de 10 (dez)
salários mínimos.
(HC 287.208/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA,
julgado em 15/05/2014, DJe 22/05/2014)

106. Por essa razão, subsidiariamente, não entendendo pela 21


ilegalidade da prisão preventiva, requer-se a substituição por uma das medidas cautelares
substitutivas do artigo 319 do Código Processo Penal, eis que completamente compatíveis
e suficientes para o caso em tela, ressaltando-se que tal pleito é comum ao requerimento
realizado pelo Ministério Público quando impetrada ordem anterior a essa, bem como
quando feito pedido de revogação da prisão após o recebimento da inicial acusatória.

107. Diante do exposto, nos termos dos dispositivos legais e


constitucionais invocados e, ainda, da melhor doutrina e dos expressivos precedentes
jurisprudenciais, não há outro caminho, sob pena de perpetuar o constrangimento ilegal
aqui demonstrado, que não a revogação do decreto de prisão preventiva, o que desde já
se requer.

V) DO PEDIDO LIMINAR.

108. A seguir, destaque-se a evidência a presença dos requisitos


que autorizam o deferimento da liminar para a revogação da prisão preventiva, sem
prejuízo da fixação das medidas cautelares diversas da prisão.

109. Não há necessidade da prisão cautelar do paciente, conforme


o art. 282, do CPP. Ao contrário, a situação pessoal a afasta, como demonstrado.

110. De outro lado, são uníssonas as vozes dos nossos Tribunais


Superiores no que diz com o afastamento de conjecturas para legitimar a preventiva
porque “A prisão cautelar não pode apoiar-se em juízos meramente conjecturais. - A mera
suposição, fundada em simples conjecturas, não pode autorizar a decretação da prisão
cautelar de qualquer pessoa” (HC n. 362.072/MG, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, 6ª
T., DJe 16/2/2017; HC nº 93.352/RJ, rel. min. CELSO DE MELLO, DJe 06.11.09; no mesmo
sentido: HC nº 95.866, rel. min. CELSO DE MELLO, DJe 04.12.09; HC nº 92.914, rel. Min.
MARCO AURÉLIO, DJe 15.05.09 e HC nº 100.828, rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, DJe
04.06.10).

111. E mais: “A decisão que ordena a privação cautelar da


liberdade não se legitima quando desacompanhada de fatos concretos que lhe justifiquem
a necessidade, não podendo apoiar-se, por isso mesmo, na avaliação puramente subjetiva

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do magistrado de que a pessoa investigada ou processada, se em liberdade, poderá gerar
insegurança ou intranquilidade nas testemunhas”.

112. É certo que a manutenção da segregação cautelar – medida


extrema e desnecessária à vista da situação concreta – é não só desproporcional, mas
ilegal.
22
113. Máxima diante da previsão do artigo 319, do CPP que prevê a
imposição de medidas alternativas à prisão, as quais são absolutamente pertinentes ao
caso em discussão, e que foram solenemente ignoradas, não merecendo uma sequer
menção ou verificação do seu cabimento, o que impõe a nulidade da decisão (HC
609.038/BA, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em
07/12/2020, DJe 17/12/2020).

114. Lembre-se que o descumprimento de qualquer das condições


alternativas tem como resposta o retorno ao cárcere, maior castigo que poderia receber
o paciente, o que é mais do que suficiente para demonstrar que não há qualquer risco de
isto acontecer.

115. O que se vê, eminentes Ministros(as), é que a r. decisão


vergastada resgatou a ideia de prisão obrigatória, há muito expungida de nosso Direito
Penal, quando se consagrou a lição emanada do colendo Superior Tribunal de Justiça de
que “é necessário que a sociedade compreenda que permitir que alguém responda solto a
um processo-crime é apenas cumprir a constituição federal” (HC n.º 41.182, Rel. Min.
NILSON NAVES, DJ 05/09/2005).

116. Como já decidiu o em. Min. CELSO DE MELLO:

“A medida liminar, no processo penal de habeas corpus, tem o


caráter de providência cautelar. Desempenha importante função
instrumental, pois destinase a garantir – pela preservação cautelar
da liberdade de locomoção física do indivíduo – a eficácia da
decisão a ser ulteriormente proferida quando do julgamento
definitivo do writ constitucional” (RTJ 147/962).

117. Insista-se, o paciente se compromete, caso seja determinado,


se submeter a qualquer medida alternativa à prisão a fim de que possa permanecer em
liberdade.

118. Assim, em caráter liminar, requer sejam aplicadas as medidas


alternativas dos artigos 319 e 320 do CPP, determinando-se a imediata revogação do
decreto prisional em seu favor e, no mérito, aguarda-se seja reconhecida a ilegalidade do
decreto de prisão preventiva.

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VI) DO PEDIDO.

108. Ex positis, a defesa requer:


23
A) Liminarmente, seja revogado o decreto de prisão até o
julgamento definitivo deste writ, sem prejuízo da fixação de
uma ou mais das medidas cautelares previstas no art. 319 do
CPP;
B) Sejam solicitadas informações à autoridade coatora;
C) Seja colhido o parecer do Ministério Público;
D) No mérito, pede-se a concessão da ordem, a fim de que
seja reconhecida a ilegalidade do decreto de prisão
preventiva contra o paciente, ratificada por decisão do
mesmo Juízo de origem, em razão da absoluta ausência de
fundamentação e elementos suficientes aptos a justifica-la;
E) Subsidiariamente, seja aplicada a substituição da
segregação cautelar por uma ou mais das medidas cautelares
diversas da prisão;

Nesses termos,
Pede deferimento.

Santarém - Pará, 08 de fevereiro de 2021.

Raimundo Nonato Sousa Castro


OAB/PA 13.032; OAB/AM 3829; OAB/DF 60534

Karina Almeida Wiegert


OAB/PA 20.762

Meuba Cristina de Miranda Freire


OAB/PA 20.731

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ

GABINETE DA DESEMBARGADORA MARIA DE NAZARÉ SILVA GOUVEIA DOS SANTOS

Classe: HABEAS CORPUS COM PEDIDO DE LIMINAR

Número: 0800924-79.2021.8.14.0000
Paciente: SANDRO CORREA DE CARVALHO

Impetrante: ADV. RAIMUNDO NONATO SOUSA CASTRO E OUTRAS

Autoridade coatora: JUÍZO DE DIREITO DA 3ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE


SANTARÉM

Órgão julgador colegiado: SEÇÃO DE DIREITO PENAL

Órgão julgador: DESEMBARGADORA MARIA DE NAZARE SILVA GOUVEIA DOS SANTOS

DECISÃO INTERLOCUTÓRIA

Para a concessão da medida liminar, torna-se indispensável que o constrangimento ilegal esteja
indiscutivelmente delineado nos autos (fumus boni juris e periculum in mora). Constitui medida
excepcional por sua própria natureza, justificada apenas quando se vislumbrar a ilegalidade
flagrante e demonstrada primo ictu oculi, o que não se verifica no caso sub judice, sobretudo ao
se apreciar os termos da decisão atacada.

Ademais, confundindo-se com o mérito, a pretensão liminar deve ser submetida à análise do
órgão colegiado, oportunidade na qual poderá ser feito exame aprofundado das alegações
relatadas na exordial após as informações do juízo a quo e a manifestação da Procuradoria de
Justiça.

Ante o exposto, sem prejuízo de exame mais detido quando do julgamento de mérito, indefiro o
pedido de liminar.

Solicitem-se informações à autoridade coatora acerca das razões suscitadas na


impetração, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas, nos termos do artigo 3º, do
Provimento Conjunto n° 008/2017 – CJRMB/CJCI –.

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Número do documento: 21021012542107800000004372059
Certifique a Secretaria o recebimento das informações pelo juízo a quo a fim de
garantir maior celeridade ao presente writ.

Sirva a presente decisão como ofício.

Após as informações prestadas, encaminhem-se os autos à Procuradoria de


Justiça para emissão de parecer.

Em seguida, conclusos à desembargadora originária Vânia Valente do Couto


Fortes Bitar Cunha (ex vi do despacho de ordem de fl. 124 ID nº 4495410), nos termos do §2º
do artigo 112 do Regimento Interno deste TJPA.

Belém (PA), 10 de fevereiro de 2021.

Desembargadora Maria de Nazaré Silva Gouveia dos Santos


Relatora

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