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Alimentos gravídicos

Os alimentos gravídicos podem ser compreendidos como aqueles devidos ao nascituro e


percebidos pela gestante, ao longo da gravidez. Sintetizando, tais alimentos abrangem os
valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez  e que sejam
dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial,
assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto,
medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do
médico, além de outras que o juiz considere pertinentes.”

O artigo 6º da Lei 11.804/2008 reza que:


“Art. 6º  Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará
alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as
necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré”.  
Procedimento

A hipótese se assemelha aos casos de requerimentos de alimentos provisórios, a


título de antecipação de tutela, nas ações de investigação de paternidade cumulada
com alimentos, em que a concessão da pretensão antecipada está diretamente
condicionada à existência de provas minimamente seguras do parentesco, ou ao
menos, da grande probabilidade do parentesco.

 Neste sentido:
  “AGRAVO DE INSTRUMENTO – INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE FIXAÇÃO DE
ALIMENTOS PROVISÓRIOS – PROVA SEGURA ACERCA DA PATERNIDADE –
INEXISTÊNCIA – RECURSO PROVIDO – Somente é admitida a fixação de alimentos
provisórios em sede de ação de investigação de paternidade, quando presentes
provas seguras do parentesco alegado. Recurso a que se dá provimento”. (TJMG
– AG 000.238.966-6/00 – 3ª C. Cív. – Rel. Des. Kildare Carvalho – J. 08.11.2001) 
jurisprudência
 “ALIMENTOS – Provisórios – Concessão no curso de ação investigatória de paternidade, cumulada
com pedido de alimentos – Admissibilidade – Caso de antecipação de tutela – Elementos sérios de
probabilidade da existência do vínculo genético – Recurso não provido – Aplicação do artigo 273
do Código de Processo Civil. No curso de ação de investigação de paternidade, cumulada com
pedido de alimentos, podem estes concedidos a título de antecipação de tutela, se há elementos
sérios que indiquem probabilidade da existência do vínculo genético”. (TJSP – AI 087.212-4 – São
Paulo – 2ª CDPriv. – Rel. Cezar Peluso – J. 15.12.1998 – v.u.) 

A concessão da liminar requer, como mencionado, um juízo de probabilidade da paternidade,


consoante expressa dicção do artigo 6º da Lei 11.804/2008

A prestação jurisdicional deve ser célere e respeitar a garantia do devido processo legal. O exame do
pleito em cognição sumária pelo juiz devido a uma situação de urgência (o período de gestação
materna) e perigo de dano irreparável ou de difícil reparação (não pagamento das despesas pelo suposto
pai) é baseado num juízo de verossimilhança (probabilidade), cabendo à gestante fazer prova da relação
alimentar, no caso em discussão, a prova da paternidade, que leve a um juízo de probabilidade dos
fatos alegados.
  
Alimentos provisórios

 Alimentos provisórios são aqueles arbitrados liminarmente pelo juiz, ou seja,


sem ouvir o réu (lei 5.478/68). Este tipo de alimentos é possível quando
houver prova pré-constituída do parentesco, casamento ou união estável.
 Art. 4º Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios
a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que
deles não necessita.
 Parágrafo único. Se se tratar de alimentos provisórios pedidos pelo cônjuge,
casado pelo regime da comunhão universal de bens, o juiz determinará
igualmente que seja entregue ao credor, mensalmente, parte da renda
líquida dos bens comuns, administrados pelo devedor.
Obrigação de prestar os alimentos

 Imperioso destacar que a obrigação alimentar em relação aos filhos pertence a ambos os
genitores, na proporção de suas possibilidades financeiras (artigo 1.568 do Código Civil):
 “Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens e rendimentos do trabalho,
para o sustento da família e a educação dos filhos, qualquer que seja o regime patrimonial”.

•Exigem-se prova pré-constituída do parentesco (certidão de nascimento) ou do casamento


(certidão de casamento).
•Tem natureza de antecipação dos efeitos da sentença (tutela de urgência satisfativa), antecipando
os efeitos da sentença definitiva.
Alimentos provisionais

• São aqueles estipulados em outras ações que não seguem o rito especial
previsto na Lei de Alimentos (Lei 5.478/1968), visando manter a parte que os
pleiteia no curso da lide (ad litem).
• São fixados por meio de antecipação de tutela ou em liminar concedida em
medida cautelar de separação de corpos em ações em que não há a prova
pré-constituída do parentesco (certidão de nascimento) ou do casamento
(certidão de casamento), caso da ação de investigação de paternidade ou da
ação de reconhecimento e dissolução da união estável.
• Dispõe o artigo 1.706 do CC: "os alimentos provisionais serão fixados pelo juiz,
nos termos da lei processual".
• Tem natureza satisfativa, antecipando os efeitos da sentença definitiva (igual
aos alimentos provisórios da Lei de Alimentos).
Revisional de alimentos

a) A Ação Revisional de Alimentos, tem rito especial, pois fundada na Lei de Alimentos (Lei nº 5.478
/68) e no novo CPC (Lei nº 13.105/ 15);b) A competência para a propositura da ação revisional é a
do domicílio do alimentando, ou seja, daquele que recebe a verba alimentar, nos termos do artigo 53,
II, do CPC, artigo 147 do ECA e Súmula nº 383 do STJ (ver julgado do STJ, AgRg no AREsp
240.127/SP); c) Deve ser livremente distribuída a uma das Varas de Família e Sucessões da
comarca do domicílio do alimentando. Não cabe distribuição por dependência à ação principal que
fixou ou homologou os alimentos, tendo em vista que aquela ação já foi extinta, com trânsito em
julgado, razão pela qual não se observa justificativa apta a atrair a distribuição por dependência
regulada no artigo 286, do novo CPC. No mesmo sentido a Súmula 235 do STJ, que diz: “A
conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado”. Dessa forma,
restando julgada a ação na qual foram fixados alimentos, fulminada a hipótese de eventual risco de
decisões conflitantes, devendo a ação revisional ser julgada pelo juízo a que foi aleatoriamente
distribuído
 d) A Intervenção do Ministério Público é obrigatória, sob pena de nulidade,
por força do art. 178, II, do novo CPC, quando envolver interesse de
incapazes. A doutrina entende necessária a intervenção ministerial mesmo
em caso de filho maior; e) O valor da causa deve corresponder ao proveito
econômico pretendido, sendo ditado na ação revisional pelo valor anual da
diferença entre o valor da pensão já fixada e o valor pretendido, nos termos
do art. 292, III, e § 3º, do CPC; ef) O efeito da sentença que majora, reduz
ou exonera os alimentos, retroage à data da citação, por força do art. 13, § 2º
, da Lei nº 5.478/ 1.968, ressalvada a irrepetibilidade dos valores adimplidos
e a impossibilidade de compensação do excesso pago com prestações
vincendas (art. 1.707, do Código Civil).
Fundamento legal
 a) Direito Material = artigo 1.699, do Código Civil, que prescreve: “Se, fixados
os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou
na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as
circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo”
Direito processual

b) Direito Processual = artigo 15, da Lei nº 5.478/ 1.968, que traz: “A decisão judicial sobre
alimentos não transita em julgado e pode a qualquer tempo ser revista, em face da modificação da
situação financeira dos interessados”, e artigo 505, do NCPC, que prescreve:
"Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas relativas à mesma lide, salvo: I - se,
tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de fato ou de
direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença; II - nos
demais casos prescritos em lei."
jurisprudência
TJSP ="ALIMENTOS. REVISIONAL. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. REDUÇÃO DA VERBA
ALIMENTAR. ADMISSIBILIDADE. BEM DEMONSTRADA A PROBABILIDADE DO DIREITO.
Alimentante que possui obrigação alimentar perante três filhos, no valor equivalente a 1,6 salários
mínimos. INJUSTIFICÁVEL DIFERENÇA DE TRATAMENTO EM RELAÇÃO AOS OUTROS FILHOS.
Dever de sustento da prole que deve ser efetivado com base no princípio da isonomia. Perigo de
dano. Irrepetibilidade da verba alimentar. razoabilidade da minoração, embora não no patamar
pretendido. Decisão reformada. Recurso parcialmente provido."(TJ-SP -
Agravo de Instrumento nº 2153029-46.2017.8.26.0000, 6ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de
Justiça de SP, Relator: Vito Guglielmi, Julgado em 28/11/2017).
Efeitos da sentença que modifica os
alimentos
 PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO EM RECURSO ESPECIAL. REEXAME DE
PROVAS. SÚMULA N. 7/STJ. ALIMENTOS PROVISÓRIOS. EXECUÇÃO. SENTENÇA
DE IMPROCEDÊNCIA DOS ALIMENTOS. EFEITOS. PRECEDENTES.1. Os efeitos da
sentença proferida em ação de alimentos - seja em caso de redução,
majoração ou exoneração - retroagem à data da citação (Lei 5.478/68, art.
13, § 2º), ressalvada a irrepetibilidade dos valores adimplidos e a
impossibilidade de compensação do excesso pago com prestações
vincendas (STJ - EREsp 1181119/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Rel.
p/ Acórdão Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
27/11/2013, DJe 20/06/2014).2. Agravo interno a que se nega provimento.
(STJ - AgInt no REsp 1689450/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI,
QUARTA TURMA, julgado em 02/08/2018, DJe 10/08/2018)
Alimentos entre ex-cônjuges

 O STJ decidiu, recentemente, em mais um Recurso Especial, tendo


por objeto demanda de exoneração de alimentos, que deve ser
extinta a "obrigação alimentar quando a alimentada for pessoa
saudável, com condições de exercer sua profissão e tiver recebido a
pensão alimentícia por tempo suficiente para que pudesse se
restabelecer e seguir a vida sem o apoio financeiro da ex-cônjuge".
Isso aconteceu no julgamento do REsp 1.531.920 - DF relatado pela
ministra Nancy Andrighi1. A mesma 3ª Turma do STJ já havia
decidido, em fevereiro deste ano, que "os alimentos devidos entre
ex-cônjuges devem ser fixados por prazo certo, suficiente para,
levando-se em conta as condições próprias do alimentado, permitir-
lhe uma potencial inserção no mercado de trabalho em igualdade de
condições com o alimentante2."

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