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Alimentos – Artigos 1.694, ss, CC/2002 e Lei n.

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1. Solidariedade passiva;
Conforme artigo 1.698, CC não há solidariedade passiva nos
alimentos, uma vez que dispõe que é proporcional o cálculo da
responsabilidade pelo pagamento, de acordo com o rendimento de
cada devedor.

Ademais, no mencionado artigo determina que poderão ser


chamados a integrar a lide aqueles que estão na mesma linha, como
por ex. proposta ação contra os avós paternos, estes poderão
chamar o avós maternos na proporção de seus respectivos recursos.

No entanto, a Lei nº 10.741/03 (Estatuto do Idoso), em seu artigo 12,


de forma expressa diz que os alimentos são solidários. Assim, muitos
entenderam que esta Lei havia revogado o Código Civil de 2002, ledo
engano, pois a referida Lei é Especial, tendo validade apenas para
os idosos, como por ex. um pai maior de 60 anos, que não está em
condições de trabalho e não tem como sobreviver, poderá pleitear
alimentos contra os seus filhos, artigos 1.696 e 1.697, CC. Assim, o
idoso tem o benefício da solidariedade passiva, ou seja ao invés de
propor ação contra os 4 filhos, poderá optar em propor somente
contra 1 filho e este arcará com a totalidade do valor e poderá propor
ação de regresso contra os demais, mas não poderá chama-los a
integrar a lide.

2. Espécies:
- Naturais ou necessários;

Estes alimentos são caracterizados pelo binômio: necessidade e


possibilidade (necessidade de quem irá pleitear e possibilidade de
quem irá pagar), bem como o trinômio: necessidade, possibilidade e
proporcionalidade (proporcional ao rendimento de cada um).

- Civis, sociais ou côngruos;

Esta modalidade consiste em manter no nível social, ou seja o padrão


social de como o alimentado vivia. Portanto, neste caso não importa
a necessidade, mas sim somente a possibilidade. São aqueles
valores altos: R$ 50.000,00, R$ 100.000,00 mensais ou mais.

- Legais;

São aqueles que definem quem tem legitimidade para pleitear e para
pagar, artigo 1.697, CC.

- Voluntários;

Nesta espécie o alimentante oferta os alimentos espontaneamente,


parece estranho a primeira vista, mas não, pois este pode antecipar
o valor que pode pagar, do que arriscar esperar o outro pleitear um
valor que não poderá ser pago e que muitas vezes é aceito pela
justiça.
- Indenizatórios;

Decorrentes de ato ilícito e tem como consequência a


responsabilidade civil, por ex. A atropela B que possui 30 anos de
idade e um filho menor, com 2 anos de idade. A foi culpado pelo
acidente e B falece, assim além de A ser condenado por danos
morais e matérias, poderá ser também condenado por alimentos
indenizatórios, ou seja o valor do custo mensal para criar o seu filho
arbitrado pelo juiz, e será multiplicado pelos anos até que o filho de
B complete 24 anos de idade.

- Gravídicos – Lei n. 11.804/08

Consiste em alimentos para a mulher grávida, que poderá pleitear em


face do futuro pai e que inicia a partir da concepção.

Lei n. 11.804/08 - Art. 2o Os alimentos de


que trata esta Lei compreenderão os
valores suficientes para cobrir as despesas
adicionais do período de gravidez e que
sejam dela decorrentes, da concepção ao
parto, inclusive as referentes a
alimentação especial, assistência médica
e psicológica, exames complementares,
internações, parto, medicamentos e
demais prescrições preventivas e
terapêuticas indispensáveis, a juízo do
médico, além de outras que o juiz
considere pertinentes.

Parágrafo único. Os alimentos de que


trata este artigo referem-se à parte das
despesas que deverá ser custeada pelo
futuro pai, considerando-se a contribuição
que também deverá ser dada pela mulher
grávida, na proporção dos recursos de
ambos.

3. Classificação dos alimentos:

Definitivos;

São aqueles arbitrados em sentença ou numa homologação de


acordo e não tem efeito suspensivo, se houver recurso.

Provisórios;

São arbitrados em sede de liminar na petição inicial de ação de


alimentos, haja vista o caráter sumário da ação.

Provisionais.

Também são arbitrados em sede de liminar, no entanto em


procedimento cautelar ou em outra ação, cuja consequência seja o
arbitramento de alimentos, por ex. ação de investigação de
paternidade.

4. Características:
- Personalíssimos;
trata-se de direito pessoal e intransferível.

- Transmissíveis;

O atual Código Civil prevê a transmissão da obrigação de


alimentar herdeiros do devedor (art. 1.700). A regra circunscreve os
alimentos devidos decorrentes do parentesco, casamento e união
estável. No entanto, deve ser observado o enunciado n. 1 dos Juízes
das Varas de Família e Sucessões do Estado de São Paulo, que foi
publicado dia 17/11/2017.

- Incessíveis;

Porque não permite cessão de crédito alimentar.

- Impenhoráveis;

Em razão de seu caráter de subsistência (art. 1.707 do Código


Civil);

- Irrestituíveis ou irreptíveis;

Uma vez pagos não se restituem mais os alimentos, pois são de


caráter de subsistência e assistência do ser humano

- Irrenunciáveis;
O direito é irrenunciável, mas o exercício não (art. 1.707 do Código
Civil e Súmula 379 STF: “No acordo de desquite não se admite
renúncia aos alimentos, que poderão ser pleiteados ulteriormente” –
ora, portanto, aplica-se aos separados judicialmente, mas não para
os divorciados (art. 226, § 5° da Constituição Federal).

- Incompensáveis;

Tendo em vista que não se permite a sua extinção e como a


compensação é uma forma de extinção da obrigação, não é
permitido;

- Imprescritíveis;

a propositura da ação em juízo para conhecimento dos alimentos


é imprescritível, no entanto, a sua cobrança prescreve em dois anos,
conforme art. 206, § 2° do Código Civil. Vale ressaltar que não corre
prescrição entre pessoas que estão sob o poder familiar, ou seja,
entre pais e filhos até os 18 anos completos, artigo 197, II, CC.
Portanto, fixados os alimentos para o filho com 10 anos de idade e o
pai alimentante não vem pagando desde esta época, hoje o filho
alimentado possui 15 anos de idade, este poderá executar a
totalidade, e não somente os últimos 2 anos, conforme inteligência
do artigo 197, II, do Código Civil;

5. Cessação dos alimentos:

- Casamento, União Estável ou União Homoafetiva e Concubinato


O credor dos alimentos casando novamente ou constituindo união
estável, união homoafetiva ou ainda concubinato perde o seu direito
de receber alimentos (art. 1.708 do Código Civil).

- Atos de indignidade

Neste caso terá que ser comprovado o ato de indignidade, artigo


1.708, pu, CC, mas quais são os casos de indignidade ? será que
são aqueles contidos no artigo 1.814, CC ? Uma vez, indaguei esta
pergunta para um professor que é desembargador e me disse:
“entendo que este rol não é taxativo, portanto uma infidelidade por
parte de um cônjuge poderia ser declarado indigno e perderia o
direito a pensão alimentícia do cônjuge inocente.”

6. Procedimento – Lei n. 5.478/68

Foro Competente (do alimentando)

PI – Provisórios – Liminar

Ministério Público – opinar sobre os provisórios

Cls. – Fixar alimentos provisórios – designar audiência de


conciliação, instrução, debates e julgamento.

Contestação – No dia da audiência

Audiência de Conciliação, instrução, debates e julgamento (3


testemunhas no máximo)
Embargos declaração – 5 dias

Apelação – 15 dias

Embargos declaração – 5 dias

Resp ou/e Rextr – 15 dias

Obs. Sempre importante verificar o mandado de citação, pois existem


alguns juízes que não seguem a lei e determina um prazo para
apresentar a contestação, assim neste caso seguir o que o juiz
determinou para evitar preclusão.

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