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AO JUÍZO DE DIREITO DA VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA

DE CACHOEIRA-BA

Eduardo Durães Ourique Sacramento, Brasileiro, menor


absolutamente incapaz, com 12 anos, nestes atos representado por
Marília Valentine Durães Baía Sacramento, Brasileira, Solteira,
portador da cédula de identidade n° 26.359.941-3, inscrito no CPF n°
959.121.239-95, ambos residentes e domiciliados na Travessa Tabelião
Manoel Fernandes, 539, São Sebastião, na Cidade de Cachoeira, Bahia,
44300-000, vem respeitosamente, por meio do seu Advogado, infra
assinado, ajuizar

AÇÃO DE ALIMENTOS C/C ALIMENTOS PROVISÓRIOS

em face de Leo Ventura Castro Ourique, Brasileiro, Solteiro, residente


e domiciliado na Rua Samuel Reis de Oliveira na cidade de Cachoeira -
Ba, pelos fatos e motivos que passa a expor.

DOS FATOS
As partes constituíram um relacionamento por mais de 10 anos, rompida em
15/07/2020, momento em que o Requerido deixou a residência onde morava junto com os
Autores. Nesse rompimento, foi acordado entre as partes que o Requerido auxiliaria na
manutenção do Autor com a quantia que lhe fosse possível. Porém, por mais de 10 meses, o
requerido não deposita qualquer valor, dificultando o sustento e formação das crianças. O
Requerido deixou de cumprir a sua parcela de responsabilidade no sustento dos menores,
obrigando a interposição desta ação. Trata-se de ação que busca resguardar a dignidade e
subsistência do Autor. A fixação de alimentos é medida urgente e indispensável à garantia de
condições mínimas de sobrevivência, razão pela qual busca a intervenção estatal.

DOS ALIMENTOS
A lei estabelece sabiamente os parâmetros a serem seguidos para que a prestação de Alimentos
seja firmada, devendo atender ao binômio Necessidade/Possibilidade. Nas palavras da
doutrinadora Maria Berenice Dias:

"O fundamento do dever de alimentos se encontra no princípio


da solidariedade, ou seja, a fonte da obrigação alimentar são os
laços de parentalidade que ligam as pessoas que constituem uma
família, independentemente de seu tipo: casamento, união
estável, famílias monoparentais, homoafetivas, socioafetivas
(eudemonistas), entre outras." (Maria Berenice Dias, Manual de
Direito das Famílias - Edição 2017, e-book, 28. Alimentos)

Ou seja, o direito a alimentos busca preservar o bem maior da vida e assegurar a existência do
indivíduo que depende deste auxílio para sobreviver.

Filho,

A criança tem resguardada os direitos inerentes à pessoa humana no escopo dos artigos 227 e
229 da Constituição Federal/1988:
Art. 227. E dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à
criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização,
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores,
e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice,
carência ou enfermidade.
Trata-se de proteção disposta ainda no Estatuto da Criança e pelo Código
Civil que não exclui a responsabilidade de ambos os pais na manutenção
e desenvolvimento da criança, mesmo diante da separação:
Art. 1.579. O divórcio não modificará os direitos e deveres dos pais em
relação aos filhos.
Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação
conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto
aos filhos:
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem
bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença,
e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do
necessário ao seu sustento.
Art. 1696. O direito a prestação de alimentos é recíproco entre pais e
filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais
próximos em grau, uns em falta de outros.

A jurisprudência, assegurando este direito destaca:

ALIMENTOS. FIXAÇÃO. Ação ajuizada pela filha em face do


pai. Sentença de parcial procedência. Apelo do réu buscando a
redução dos alimentos, binômio necessidade- possibilidade.
Presunção da necessidade da filha menor. Ausência de
comprovação de despesas extraordinárias que impeçam o
pagamento do pensionamento já fixado em valor baixo. Princípio
da paternidade responsável. Valor dos alimentos mantido. Base
de cálculo. Adicionais que possuem natureza salarial
(remuneratória). Incidência da porcentagem devida. Precedentes.
Verbas de natureza indenizatória não incorporam a remuneração.
Participação nos lucros e resultados possui natureza
indenizatória. Precedentes do STJ. Exclusão que se impõe.
Sentença alterada. Recurso provido em parte L-NTJSP; Apelação
Cível 1005162- 92.2017.8.26.0347; Relator (a): Mary Grün;
Órgão Julgador: 7a Câmara de Direito Privado: Foro de Matão -
Ia Vara Cível; Data do Julgamento: 04/02/2020; Data de Registro:
04/02/2020, #40)

Assim, considerando que o réu mantém hoje, um emprego apto a garantir sua
subsistência e dos Autores, é de bom alvitre que os alimentos provisórios sejam determinados
no patamar de 25% do seu salário base.
DAS NECESSIDADES DO ALIMENTADO
As necessidades do alimentado ficam perfeitamente demonstradas diante das despesas fixas
mensais inerentes à subsistência do Autor:
Aluguel RS 550
Alimentação: R$ 400
Remédios RS: 150

DA POSSIBILIDADE FINANCEIRA DO ALIMENTANTE


Considerando que o réu mantém hoje vínculo empregatício com renda em média de R$ 5000,
ou seja, apto a garantir sua subsistência e do autor, é de bom alvitre que os alimentos sejam
determinados no patamar de 25 % dos rendimentos líquidos do réu, contemplando 13o salário,
férias, horas extras, verbas rescisórias, com a expedição de ofício ao seu empregador, a fim de
que promova o desconto na folha de pagamento e repasse o valor, mediante depósito bancário,
ao autor da ação.

VALORES QUE DEVEM COMPOR A BASE DE CÁLCULO


Toda parcela que compõe algum tipo de remuneração do alimentante e compõem sua renda
devem compor a base de cálculo, tais como salários, horas extras, gratificações, prêmios,
participação nos lucros, 13o salário, 1/3 de férias e adicionais.

Em recente entendimento o STJ proferiu entendimento que:

"o valor recebido a título de horas extras integra a base de


cálculo da pensão alimentícia fixada em percentual sobre os
rendimentos líquidos do alimentante" (REsp 1.741.716-SP).

Tratam-se de valores que integram a remuneração do Executado, e como tal, devem compor os
cálculos apresentados, conforme precedentes sobre o tema:

ALIMENTOS GRAVÍDICOS - Parcial procedência - Insurgência do


Ministério Público e do réu - Promotoria que alega cerceamento de
defesa e que o polo ativo da demanda deve ser alterado -(...)- Título
executivo que deve ser formado em nome do menor nascido vivo -
Horas extras que devem integrar a base de cálculo,
independentemente de seu caráter eventual ou habitual - Precedente
do STJ - Incidência da pensão sobre verbas rescisórias, excluindo- se
apenas as rubricas que não integram, ordinariamente, a base de cálculo
dos alimentos - (...) - RECURSOS PARCIALMENTE PROVIDOS.
(TJSP; Apelação Cível 1006649-50.2020.8.26.0361; Relator (a): Miguel
Brandi; Órgão Julgador: 7a Câmara de Direito Privado; Foro de Mogi
das Cruzes - 2a Vara da Família e das Sucessões; Data do Julgamento:
28/04/2021; Data de Registro: 28/04/2021, #30)

Portanto, requer sejam considerados na base de cálculo dos alimentos todos os valores que
compõem a remuneração, tais como salários, horas extras, gratificações, prêmios, participação
nos lucros, 13o salário, 1/3 de férias e adicionais.
DOS PEDIDOS
Por todo o exposto, REQUER:
1. A concessão da gratuidade de justiça, nos termos do art. 98 do Código de Processo
Civil;
2. O arbitramento de ALIMENTOS PROVISÓRIOS, ao equivalente o 25 dos
rendimentos líquidos do réu, contemplando 13o
salário, férias, horas extras, verbas rescisórias;
2.1 A expedição de ofício ao seu empregador BRADESCO S.A, a fim de que promova o
desconto na folha de pagamento e repasse o valor, mediante depósito bancário, ao autor da
ação;
2.2 No caso de desemprego, requer seja fixado o valor de alimentos ao equivalente os dois
salários mínimo;
3. A citação do réu para responder a presente ação, querendo;
4. A notificação à empresa BRADESCO S.A para fins de obter prova da renda do
requerido e que promova o desconto na folha de pagamento e repasse o valor, mediante
depósito bancário, ao autor da ação;
5. A PROCEDÊNCIA TOTAL da ação para fins de que sejam fixados alimentos,
equivalente o 25% dos rendimentos líquidos do réu, contemplando 13o salário, férias, horas
extras, verbas rescisórias, mediante depósito bancário, ao autor da ação;
5.1 A expedição de oficio ao seu empregador BRADESCO S.A, a fim de que promova o
desconto na folha de pagamento e repasse o valor, mediante depósito bancário, ao autor da
ação;
5.2 No caso de eventual desemprego ou trabalho autônomo, desde já requer seja fixado o
valor de dois salários mínimos;
6. A produção de todas as provas admitidas em direito, em especial a testemunhai
mediante designação de audiência;
7. Seja designada audiência de conciliação, e não havendo êxito, seja designada audiência
de Instrução e Julgamento para a oitiva das partes e testemunhas;
8. Intimação do Ministério Público para intervir no feito, nos moldes do artigo 698, do
CPC;
9. A condenação do réu ao pagamento de honorários advocatícios nos parâmetros
previstos no art. 85, §2° do CPC.
10. Requer que as intimações ocorram EXCLUSIVAMENTE em nome do Advogado Igor
Fernando de Jesus Barbosa, OAB - BA 58970

Dá-se à causa o valor R$ 15.000


Nestes Termos, Pede-se Deferimento

Cachoeira -Ba, 30/11/2021

Dr. Igor Fernando de Jesus Barbosa, OAB - BA 58970

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