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SENTENÇA
Cuida-se de pedido de guarda de menor em que figura como requerente Gerci Pedro Da Silva e
requerida Cleane Pereira Da Silva, em relação aos menores Cleivsson Pereira da Silva e Cleirianhe Pereira da
Silva, oportunamente qualificados.
Alinha o autor em preambular, que é avô paterno dos menores, os quais encontram-se sob sua
guarda de fato desde o ano de 2014, quando o genitor e os menores foram residir com o avô, vindo o pai a
falecer em 28.07.2017, alegando que a requerida sempre foi omissa em seus deveres de genitora,
abandonando os menores à sorte.
Relata que, atualmente, possui melhores condições para zelar pelos interesses dos menores, onde
busca a tutela jurisdicional a fim de regularizar a situação fática, pugnando ao final pela procedência do pedido,
regulamentando a guarda, a convivência e os alimentos em 52,41% do salário mínimo.
No e. 14, a parte autora apresentou emenda a inicial, informando que a menor Cleirianhe não reside
mais com o avô, requerendo a sua exclusão, bem como a inclusão da tia paterna no pólo ativo, vez que reside
também com o autor e o menor, e auxilia na criação e sustento deste.
Regularmente citada (e. 86), a requerida não opôs resistência ao pedido inicial, tampouco
compareceu a audiência.
Manifestação da representante do Ministério Público, pugnando pelo deferimento do pedido (e. 95).
É o relatório. Decido.
Sobreleva acentuar, inicialmente, que o feito teve tramitação regular, com a intervenção do
representante do Ministério Público, a requerida embora devidamente citada (e.86), não apresentou
contestação, onde decreto-lhe a revelia formal.
Em compulso a matéria trazida a baila, verifica-se que a pretensão encampada pelos autores
merece ser acolhida, diante dos elementos probatórios coligidos, os quais demonstram que os interesses do
menor permanecerão resguardados em suas companhias.
A lide ora travada pelas partes, em que se discute a guarda de menor, está legitimada no direito de
família, facultando ao interessado vir a juízo pleitear a solução para o conflito, posto que não houve consenso
entre as partes.
Estando os requerentes legalmente habilitados, por tratarem-se de avô e tia da criança e, não
havendo a colidência de interesses pelas partes, haja vista que a requerida não opôs resistência, incumbe ao
Estado-Juiz, neste ato interventivo, imiscuir na demanda, perquirindo uma solução mais adequada, pautado no
princípio do melhor interesse da criança (the best interest of child) e da proteção integral, concluindo que, ao
momento, os pretendentes é que reúnem as melhores condições de exercer os encargos da guarda,
apresentando-se a visitação livre com a mais salutar para o caso presente, posto que a convivência com
a genitora é direito do filho.
Embora a situação não perdure para sempre, podendo ser modificada posteriormente, o que
interessa é o momento em que se encontra a criança, que está em formação, cuja presença da família de
ambos os genitores nesse momento é imprescindível para fins de constituição de uma base sólida,
necessitando da convergência do esforço de todos para que o menor tenha uma boa educação, saúde, carinho
e afeto.
Percebe-se ainda da inicial, que os autores buscam envidar os esforços necessários no sentido de
proporcionar à criança os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, conforme preconizado no artigo
227, da Carta Maior e artigo 3º, do ECA.
O contexto fático delineado nos autos demonstra que desde o ano de 2014, o menor encontra-se
sob a sua guarda de fato, não havendo a manifestação da mãe no sentido de cuidar do filho, devendo, assim,
permancer sob os cuidados dos autores, os quais vem empreendendo os esforços no sentido de zelar pelos
interesses do neto/sobrinho.
Contudo, é direito da criança o convívio com os genitores, nada havendo no estudo que desabone o
estabelecimento de convivência da mãe com o filho de forma livre, sendo que assim deverá permanecer.
Sabe-se que os alimentos são recíprocos entre pais e filhos, extensivo a todos os ascendentes,
recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns na falta dos outros e, na falta dos ascendentes, cabe a
obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos
como unilaterais.
Observa-se que os alimentos são fixados com atenção ao binômio necessidade/possibilidade, aliada
à cláusula rebus sic stantibus, ou seja, perdurando a obrigação alimentar enquanto não houver modificação no
estado das partes.
Analisando os autos verifica-se dos documentos acostados que não existe prova da renda efetiva da
requerida, constando apenas a qualificação desta como "do lar", o que torna necessário estabelecer os
alimentos segundo consta do contexto probatório coligido, não se afastando das regras de experiência
amplamente aplicada nesses casos.
Importante salientar que a citação da requerida efetivou-se de forma regular, não comparecendo aos
autos a fim de opor resistência ao pedido e demonstrar de forma efetiva sua possibilidade de arcar com os
alimentos na forma vindicada na inicial.
Assim, evidente a necessidade da requerida em proceder ao custeio do requerente nas suas mais
básicas necessidades vitais como, educação, saúde, moradia, lazer, dentre outros, haja vista a impossibilidade
Condeno a requerida ao pagamento das custas e honorários que fixo em R$ 400,00 em benefcio do
Fundo de Manutenção e Reaparelhamento da Defensoria Pública do Estado de Goiás – FUNDEPEG, Caixa
Econômica Federal, Agência 4204, Conta 00001446 - 9, Operação 006, CNPJ 16.628.259/0001-11.
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