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AO JUÍZO DE DIREITO DA _ VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DO TERMO

JUDICIÁRIO DE SÃO LUÍS DA COMARCA DA GRANDE ILHA DO ESTADO DO


MARANHÃO

MARIA, BRASILEIRA, SOLTEIRA, DESEMPREGADA INSCRITA

NO RG SOB Nº ________ E CPF SOB O Nº ________, RESIDENTE

E DOMICILIADA NA CIDADE DE SÃO LUÍS/MA, vem mui

respeitosamente à presença de Vossa Excelência por meio do seu

Advogado, infra assinado, ajuizar

AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS C/C ALIMENTOS

PROVISÓRIOS

EM FACE DE JOÃO, BRASILEIRO, SOLTEIRO, JOGADOR DE

FUTEBOL, INSCRITO NO RG SOB Nº ________ E CPF SOB Nº

________ , RESIDENTE E DOMICILIADO NA CIDADE DO RIO DE

JANEIRO, vem à presença de Vossa Excelência, por meio do seu

Advogado, infra assinado, ajuizar

DOS FATOS:

A Requerente conheceu e manteve breve relacionamento com o Requerido na cidade


de São Luís/MA durante viagem feita pelo mesmo em seu período de férias. Neste interim,
inclusive, foram pública e amplamente postadas pelo casal suas fotos nas redes sociais,
em demonstrações claras e calorosas de afeto um para com o outro.

Findadas suas férias, o Requerido retornou ao Estado do Rio de Janeiro, onde exerce
reconhecida e notável atividade como jogador profissional de futebol, desse modo
naturalmente interrompendo aquela relação.
A partir daí, passados 03 (três) meses, a Requerente comunica ao Requerido que
estava grávida, ao passo em que este responde afirmando que, mesmo diante da
possibilidade de ser o pai, não desejava exercer essa função naquele momento e que, por
conseguinte, não tão somente não reconheceria a paternidade, como também não
contribuiria financeiramente para o transcurso da sua gestação e do desenvolvimento digno
da futura criança, em outros termos, devendo essa ser criada e mantida unicamente sob o
esforço da mãe.

Instalaram-se, então, dias de profunda angústia para a Requerente, que recebeu com
grande desespero tal posição. Mesmo porque, trata-se de uma gestante em situação de
desemprego, deparando-se com a possibilidade de gerar e posteriormente manter uma
criança sem amparo.

Tal condição angustiante sofre piora quando, em uma consulta, a Requerente recebe
do seu médico a notícia de que sua gravidez seria considerada de risco, portanto fazendo-
se necessária a viabilização de um plano de saúde para adequado acompanhamento a fim
de possibilitar, a ela e à criança, um parto seguro.

Por fim, isto posto, depreende-se que a Requerente não dispõe de condições
suficientes para prover seu sustento e saúde enquanto grávida, tampouco podendo custear
a futura criança em sua subsistência e desenvolvimento, não restando então alternativa
senão recorrer em sede deste juízo.

DA PATERNIDADE:

A paternidade fica evidenciada mediante fotos compartilhadas do casal nas redes


sociais, com diversas manifestações de afeto, evidenciando que o casal estava junto nos 3
meses que antecedem a notificação do Requerido da gravidez da Requerente. O
dispositivo da CF elucida uma ideia interessante ao fato, mais precisamente o art. 226,
dizendo que “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.” Dessa forma,
há uma raiz principiológica e moral na matéria, uma vez que falamos de uma estrutura
basilar da sociedade.

DA VERDADE NASCE A URGÊNCIA:


A tutela de urgência aqui se faz necessária, tendo em vista pois, os riscos que corre na
gravidez, da Requerente, conforme perícia médica. Além disso, há necessidade de
recursos para uma boa gestação.

O art. 300 do novo CPC trabalha que “A tutela de urgência será concedida quando
houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou
o risco ao resultado útil do processo.”

Tal prerrogativa se faz presente pelos elementos já trabalhados desde o fato.

A demora da decisão judicial pode causar um dano grave ou de difícil reparação


a gestação da Requerente, tendo em vista que sua gravidez é de risco, assim como
as dificuldades financeiras para uma boa gestação, pondo em destaque a vida do
feto.Tal condição angustiante sofre piora quando, em uma consulta, a Requerente
recebe do seu médico a notícia de que sua gravidez seria considerada de risco,
portanto fazendo-se necessária a viabilização de um plano de saúde para adequado
acompanhamento a fim de possibilitar, a ela e à criança, um parto seguro,
configurando PERICULUM IN MORA.

Os fatos já narrados trazem de forma clara e intensa uma aproximação com um


direito existente, ainda que não se saiba ao certo qual esse seja; o sentimento de que
algo falta, ou ainda, que certo lado (Requerente) esta prejudicado em face de outro
(Requerido), melhor dizendo, a razão já prevalece de um lado. Depreende-se que a
Requerente não dispõe de condições suficientes para prover seu sustento e saúde
enquanto grávida, tampouco podendo custear a futura criança em sua subsistência
e desenvolvimento, não restando então alternativa senão recorrer em sede deste
juízo, configurando FUMUS BONI IURIS,

DOS ALIMENTOS GRAVÍDICOS:

Os alimentos gravídicos tratam dos “valores suficientes para cobrir as despesas


adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto,
inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames
complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e
terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere
pertinentes” (art. 2º, da lei n.11.804/2008).

Os indícios tornam evidente a paternidade do Requerido, devendo este prestar os


alimentos, sendo necessários para um bom período de gestação, reforçando a deficiência
da Requerente em arcar com as custas, se valendo tal direito, no que diz respeito, a vida
do feto.
"Basta o juiz reconhecer a existência de indícios da paternidade para a
concessão dos alimentos, (...). Para a concessão dos alimentos, não é necessária
a prova da necessidade da gestante. Ainda que o valor dos alimentos deva atentar
às possibilidades do alimentante, o encargo não guarda proporcionalidade com os
seus ganhos, tal como ocorre com os alimentos devidos ao filho. Existe um limite:
as despesas decorrentes da gravidez. Além do pagamento de prestações mensais,
possível impor o atendimento de encargos determinados, como, por exemplo,
exames médicos." (BERENICE DIAS, Maria. Manual de direito das famílias. 12 ed.
Editora RT, 2017. versão ebook, 28.14)

Pede-se ainda, que os alimentos sejam convertidos em pensão alimentícia após o


nascimento da criança. Havendo previsão, como se encontra no art.6º da Lei 11.804/2008:

Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que


perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as
possibilidades da parte ré.
Parágrafo único. Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em
pensão alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão.

O referido dispositivo traz em sua essência a total natureza do caso, que para
concessão dos alimentos gravídicos, basta a existência de indícios da paternidade,
independente da comprovação de vínculo de parentesco.
Proferidas pelos nossos Tribunais de Justiça demonstradas in verbis:

DIREITO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS.


GENITOR QUE CONTRIBUI SEM OMISSÕES AO SUSTENTO DA PROLE.
ELEVADO VALOR DE CONTRIBUIÇÃO PARA O SUSTENTO E MANUTENÇÃO
DAS CRIANÇAS. NECESSIDADE DE CONTEMPLAR A PARIDADE NA
OBRIGAÇÃO DA GENITORA, COMO COROLÁRIO DO MELHOR INTERESSE
DOS INFANTES DE CONTAR COM OS AMBOS OS GENITORES NA SUA
ASSISTÊNCIA. NÃO MAJORAÇÃO DO QUANTUM DA PRESTAÇÃO ALIMENTAR.
RECURSO NÃO PROVIDO.
1.Da análise das provas colacionadas, vislumbra-se que o pai, ora apelado, não
tem se furtado do dever de contribuir com a subsistência da prole, como
demonstram os inúmeros comprovantes relacionados a diversas despesas por ele
assumidas ao longo dos anos. 2.Os autos apontam para a concentração da maior
parte das despesas das crianças ao genitor varão, que desenvolve atividade
autônoma, já que encontra-se atualmente licenciado de cargo público sem
vencimento, sem que haja informações sobre a atual condição financeira da mãe,
eis que a notícia do seu desemprego data de abril de 2015, quando a exordial foi
distribuída. 3.Atendendo aos princípios que informam o arbitramento de pensão
alimentícia (solidariedade, responsabilidade e paridade entre os genitores) e ao
binômio que rege a matéria, o valor da prestação deve ser mantido, sob pena de
comprometer a própria subsistência do genitor ora apelado, sem olvidar de que as
necessidades materiais da prole não ficarão desassistidas. 4. Recurso não
provido. (TJMA, Acórdão n.41874/2017, 0017839-60.2015.8.10.0001, Relator:
Desembargador JAMIL DE MIRANDA GEDEON NETO, 3ª Câmara Cível, Julgado
em: 21 de fevereiro de 2019, Dje: 28 de fevereiro de 2019)

Relembrando sobre o Risco da Demora, fica caracterizado a natureza alimentar da


ação, sendo indispensável para a subsistência da autora, tal situação oferece risco de
perecimento ao resultado útil do processo.

Tendo sido comprovado a necessidade da Requerente dos alimentos para uma boa
gestação, a sua hipossuficiência econômica, os indícios de paternidade do Requerido e sua
condição financeira, são pedidos os alimentos no valor de R$ XXXX.

NECESSIDADE X POSSIBILIDADE:

A fixação dos alimentos devem ocorrer de acordo com a relação da necessidade da


Requerente e os recursos dos Requeridos, ou seja, é necessário que a pessoa de quem se
reclamam os alimentos possa fornecê-los sem privação do necessário ao seu sustento. No
Código Civil brasileiro encontra-se um dispositivo que trabalha o fato.

É tácito afirmar que a Constituição Federal em vigor reserva especial atenção do


Estado à família, assim como também à criança e ao adolescente, conforme podemos notar
na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (ECA), que ressalta no capítulo I dos Direitos
Fundamentais, o direito à vida e à saúde, conforme podemos notar no Art.7º:
“A criança e o adolescente têm direito a proteção, à vida e à saúde, mediante a
efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o
desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.”

Vale afirmar que no ato do relacionamento conjugal entre requerente e requerido,


ambos gozavam de plena autonomia de suas atitudes, inclusive o requerido, que a todo
momento esteve ciente da sua condição de jogador famoso, e, somado a isso, de que
estava na capital maranhense apenas por período de férias. Sendo assim, o mesmo
podendo se utilizar dos vários métodos contraceptivos disponíveis no mercado, não o fez.
Dessa forma, o mesmo assumia alí a responsabilidade dos resultados posteriores. No caso,
a gravidez da requerente.

Art. 1.695: “São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens
suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de
quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu
sustento”.

Mediante exposto, destacasse:

PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS.


EXAME DE DNA. RESULTADO POSITIVO. ALEGAÇÃO DO AUTOR DE QUE A
DECISÃO FOI CONTRÁRIA AOS DEMAIS ELEMENTOS DE PROVA DOS AUTOS.
INOCORRÊNCIA. ALIMENTOS. PERCENTUAL DE 20% DO SALÁRIO MÍNIMO.
BINÔMIO NECESSIDADE/POSSIBILIDADE. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO
DESPROVIDO. Não há falar-se em decisão contrária à prova dos autos, quanto o
julgador se vale de prova técnica para decidir sobre o deve de prestar alimentos,
em razão da condição de genitor devidamente comprovada em exame de DNA. A
mera alegação de impossibilidade de pagamento sem s substrato em elementos
hábeis a evidenciar tal circunstância, não é suficiente para determinar a redução do
valor da pensão alimentícia, mormente quando o montante fixado pelo juiz insere-
se dentro dos padrões da razoabilidade e da proporcionalidade1. Recurso
conhecido e desprovido. Unanimidade. (ApCiv 0601992015, Rel. Desembargador(a)
MARCELINO CHAVES EVERTON, 4ª CÂMARA CÍVEL, julgado em 08/11/2016,
DJe 24/11/2016)

A JUSTIÇA É CEGA E GRATUITA:


A Requerente apresenta uma situação de hipossuficiência, não tendo condições de
arcar com as custas do processo devido à vulnerabilidade econômica e para não prejudicar
a sua subsistência e da futura criança, existe a garantia de justiça gratuita, conforme
inteligência do art. 1º, § 2º da lei n. 5.478/1968 c/c caput do art. 98 do Código de Processo
Civil.
Para tal benefício o autor junta declaração de hipossuficiência e comprovante de
renda, os quais demonstram a inviabilidade de pagamento das custas processuais, pois
comprometeria sua subsistência, conforme redação do art.99 do Código de Processo Civil
de 2015:
Art. 99.O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na
contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.

§ 1º.Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido


poderá ser formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, e não
suspenderá seu curso.

§ 2º.O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que
evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade,
devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do
preenchimento dos referidos pressupostos.

§ 3º.Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente


por pessoa natural.

A gratuidade da justiça é um dos mecanismos de viabilização do acesso à justiça,


não se exige miserabilidade, estado de necessidade ou faturamentos máximos, não se
pode exigir que para ter acesso à justiça, o indivíduo tenha de comprometer
significativamente sua qualidade de vida ou desfazer-se de seus bens, tão pouco
comprometer sua subsistência.

DOS PEDIDOS:

1) a citação do réu para, querendo, responder à ação sob pena de incidir os efeitos
da revelia;

2) a produção de provas por todos os meios em direito admitido, mormente prova


documental;
3) intimação do Ministério Público para acompanhamento do feito;

4) a concessão do benefício da Gratuidade de Justiça;

5) antecipação de tutela com a observância do binômio: necessidade da requerente


e possibilidade do requerido;

6) no mérito, a fixação de alimentos gravídicos com a procedência do pedido


formulado pela autora;

7) a conversão dos alimentos gravídicos em pensão alimentícia para o menor após o


seu nascimento;

8) a condenação do réu em custas e honorários advocatícios.

Dá-se á causa o valor R$ xxxxx


Nestes termos, Pede Deferimento

Advogado_____, Data_____
OAB______

ANEXOS:
Comprovante de Renda
Declaração de Hipossuficiência
Documentos de identidade do Autor, RG e CPF
Comprovante de Residência
Procuração
Planilhas Demonstrativas das Despesas e Rendimentos

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