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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE

CHAPECÓ – SANTA CATARINA

SAMUEL PRESTES DA SILVA e EMANUEL


PRESTES DA SILVA, brasileiros, menores
impúberes, neste ato representado por sua
genitora CATARINA PRESTES, brasileira,
farmacêutica, solteira, inscrita no CPF sob o nº
123.456.789-10 e RG nº 12345, residente e
domiciliada na rua Jundiaí, nº 123, Centro,
Chapecó/SC, CEP: 898000,
catarinaprestes@gmail.com, vem
respeitosamente à presença de vossa
excelência, através de seu advogado infra-
assinado, procuração em anexo, propor:

AÇÃO DE ALIMENTOS C/C PEDIDO DE FIXAÇÃO DE ALIMENTOS PROVISÓRIOS

Em face de RICARDO ALMEIDA DA SILVA,


brasileiro, servidor público estadual, casado,
inscrito no CPF sob nº 987.654.321-10, e RG nº
98765, residente e domiciliado na Av.
Fernando Machado, nº 1000, Centro,
Chapecó/SC, CEP: 898000,
ricardoalmeida@gmail.com, em razão dos
fatos e fundamentos a seguir expostos:
I.DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Cumpre inicialmente destacar que a requerente não possui condições


de arcar com os custos do processo sem prejuízo do seu sustento e de sua família,
conforme declaração de hipossuficiência, razão peça qual requer os benefícios da
justiça gratuita, na forma do art. 98 e seguintes do Código de Processo Civil e do inciso
LXXIV do artigo 5º da Constituição Federal.

II.DOS FATOS

Os menores são gêmeos e legítimos filhos do requerido, conforme


certidões de nascimento em anexo, nascidos em decorrência de um breve
relacionamento entre a genitora e o requerido.

Ocorre, Excelência, que o requerido prestou auxílio somente nos


primeiros 3 meses de vida dos menores. Após esse período, nunca mais buscou
contato ou auxílio aos filhos.

Importante destacar que em decorrência de complicações durante a


gestação, Emanuel apresentou má formação no membro inferior direito, necessitando
de acompanhamento médico constante, conforme atestados e prescrições médicas
anexados.

Depois do abandono dos filhos por parte do requerido, a


responsabilidade de cria-los ficou com a genitora, o que exerce com muitas
dificuldades, visto que o salário mensal não comporta todos os gastos com os filhos,
uma vez que são recém-nascidos, necessitando maior atenção e cuidados, o que se
agrava ainda mais pelo motivo de um dos gêmeos ter má formação, o que aumenta os
custos com exames e acompanhamento médico semanal.

A maior assistência da requerida são seus pais, o fato de morarem


todos juntos facilita nos cuidados aos menores enquanto a mãe está trabalhando. Os
avós, mesmo aposentados, também ajudam financeiramente.

Diante disso, não restou alternativa à autora, senão a propositura da


presente ação com objetivo de ver satisfeito o seu direito como medida de justiça.

III.DO DIREITO

O direito a alimentos está expresso em nossa Constituição Federal,


mais precisamente em seu artigo 299, vejamos:

Art. 229. Os pais têm dever de assistir, criar e


educar os filhos menores, e os filhos maiores
têm o dever de ajudar e amparar os pais na
velhice, carência ou enfermidade.

A ação de alimentos é regulada pela lei 5.478/68 e prevista no artigo


1.696 do CC, que assim prevê:
Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é
recíproco entre pais e filhos, e extensivo a
todos os ascendentes, recaindo a obrigação
nos mais próximos em grau, uns em falta de
outros.

Mais incisivo ainda é o artigo 1.695 do mesmo diploma legal:

Art. 1695. São devidos os alimentos quando


quem os pretende não tem bens suficientes,
nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria
mantença, e aquele, de quem se reclamam,
pode fornecê-los, sem desfalque no necessário
ao seu sustento.

Ora, está claro o dever de prestação de alimentos não é exclusivo na


genitora, e sim também do seu pai, é óbvio que o réu deve cumprir com suas
obrigações, de forma a contribuir para que os autores tenham qualidade de vida
razoável.

Não bastasse isso, a Lei 5.478/68, em seu parágrafo 2º prevê que o


credor “exporá suas necessidades, provando apenas, o parentesco ou a obrigação de
alimentar do devedor...”

No caso dos requerentes, resta demonstrado o estado de necessidade


e o fato de sua representante não poder prover o sustento.

IV.DA NECESSIDADE E POSSIBILIDADE

A genitora dos requerentes, no momento, não possui condição de


arcar com despesas que proporcionem uma qualidade de vida justa a seu filho.

Por outro lado, a situação financeira do réu é boa, uma vez que o
mesmo é servidor público estadual, lotado junto à Fazenda Estadual de Santa Catarina,
exercendo a função de auditor fiscal, recebendo a quantia bruta de R$ 30.000,00
(trinta mil reais) mensais, conforme Portal da Transparência, o que demonstra total
possibilidade de arcar com as despesas mínimas necessárias a proporcionar uma
qualidade de vida digna a seus filhos.

V.DO VALOR DOS ALIMENTOS

Os alimentos devem ser fixados na exata do binômio necessidade do


requerente e capacidade econômica do requerido, nos termos do §1 do art. 1.694.

Nesse sentido, constata-se que, muito embora o requerido nunca


tenha se importado em saber das necessidades do requerente, estas são crianças com
um a série de gastos inerentes as suas idades, como saúde, alimentação, vestuário etc.

Fabio Ulhoa Coelho, em seu Curso de Direito Civil, vol. 5, Família e


Sucessões, nos ventila o tema e suas nuances:
“Nos horizontes delineáveis pelo modo de produção capitalista, a
família ainda deve exercer a função assistencial por muito tempo.
Num sistema econômico de crises periódicas e injustiças permanentes,
é difícil construir-se um programa eficiente de Seguridade Social, e, por isso, a família
tende a não se desvencilhar tão cedo do encargo de amparo aos seus, nas
enfermidades e velhice.
Além da função assistencialista, a família provê o sustento, educação,
lazer e cultura de seus membros compatíveis com a sua condição econômica.
Na maioria das vezes, os vínculos (afetivos ou não) estabelecidos pela
família entre seus membros são suficientes para a garantia do cumprimento dessas
funções.
Pais se sacrificam para dar estudo aos filhos, irmão ajuda a irmã
desempregada com as despesas do supermercado, tia custeia o tratamento dentário
da sobrinha, filhos se cotizam para pagar o seguro-saúde dos pais — essas ações
acontecem, em geral, porque os familiares se gostam ou pelo menos se consideram
responsáveis uns pelos outros; no mínimo, nutrem a expectativa de merecerem igual
auxílio de um familiar, se vierem a necessitar.” (2012, p. 181)

Pois bem, sabe-se que o requerido é servidor público, ocupando uma


função notável, retendo o valor bruto de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), conforme
Portal da transparência, tendo assim condições para arcar com os custos dos
requerentes.

Importante destacar as despesas das crianças. Em média esses são os


custos mensais, tudo comprovado através de notas e cupons fiscais anexos:

Produto Valor médio gasto mensalmente


Fraldas R$ 300,00
Talco R$ 120,00
Suplemento alimentar R$ 200,00
Leite R$ 300,00
Vestuário R$ 400,00
Produtos de higiene em geral R$ 400,00
Consultas semanais de fisioterapia R$ 600,00
Consultas médicas gerais mensais R$ 300,00
TOTAL: R$ 2.620,00

Dessa forma, requer que o valor dos alimentos seja fixado em 10%
sobre o valor dos rendimentos brutos do requerido, bem como os valores dos
alimentos retroativos referentes aos 12 últimos meses, a ser depositado na Conta da
Caixa Econômica Federal – Agencia 1234, Conta corrente 54321, de titularidade da
representante.

VI.DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS


Diante do exposto, mostra-se necessária a fixação de alimentos
provisórios em favor dos autores, ante a necessidade urgente de obtenção de recursos
financeiros destinados a prover uma justa qualidade de vida.

Por outro lado, está evidente que nossa legislação protege aquele que
necessita de alimentos, no caso, está demonstrado a filiação dos autores, a
necessidade e possibilidade de pagamentos dos valores pleiteados, fazendo-se
imperiosa a fixação de alimentos provisórios em favor das crianças,

Diz assim o artigo 300, caput do CPC:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida


quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou
risco ao resultado útil do processo.

Mais certeiro ainda é o artigo 4º da Lei 5.478/68:

Art. 4º. As despachar o pedido, o juiz fixará


desde logo alimentos provisórios a serem
pagos pelo devedor, salvo se o credor
expressamente declarar que deles não
necessita.

Logo, os autores tem plena confiança e espera serenamente que Vossa


Excelência, ao analisar a presente inicial, de pronto, defira os alimentos requeridos,
como medida da mais pura e lídima justiça.

VII.DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer de Vossa Excelência:

a) Recebimento da presente peça inicial juntamente com os documentos que o


instruem;
b) Concessão de alimentos provisórios na porcentagem de 10% (dez por cento) do
rendimento bruto do requerido, a serem pagos até o dia 10 (dez) de cada mês na
conta bancária da representante, a saber: Caixa Econômica Federal – Agencia
1234, Conta corrente 54321;
c) O deferimento do benefício da justiça gratuita por não ter condições de arcar com
as despesas processuais sem privar-se do seu próprio sustento e de sua família;
d) Determinar a citação do requerido, no endereço informado na qualificação, para,
querendo, responder a presente ação, no prazo legal, sob pena de revelia;
e) Designação de audiência prévia de conciliação;
f) A intimação do representante do Ministério Público para intervir no feito;
g) A procedência da presente ação, condenando o requerido na prestação de
alimentos definitivos, na proporção de 10% (dez por cento) do rendimento bruto
do requerido, a serem pagos até o dia 10 (dez) de cada mês na conta bancária da
representante, a saber: Caixa Econômica Federal – Agencia 1234, Conta corrente
54321;
h) Condenar o réu nos consectários da sucumbência, principalmente em honorários
advocatícios no importe de 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, e nas
custas processuais finais em ressarcimento.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova, em especial a
testemunhal, documental, bem como todas aquelas necessárias à obtenção da
justiça.
Dá-se a causa o valor de R$ 3.0000,00 (três mil reais) para efeitos
fiscais.

Nestes termos, pede deferimento.

Chapecó, 19 de junho de 2020.

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