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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA DA

FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE SÃO PAULO – SP

Processo nº: 1019223-07.2023.8.26.0004

JEFFERSON SANTOS LIMA, já devidamente qualificado


nos autos do processo sob o número em epígrafe, vem, por intermédio de sua advogada
(procuração em anexo), com endereço eletrônico “janaina_goncalvess@outlook.com”
onde recebe as notificações e intimações, respeitosamente perante Vossa Excelência
apresentar

CONTESTAÇÃO A AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS

que lhe move NYCOLAS PIRES LIMA, menor, neste ato


representado por sua genitora GILIANE PIRES LIMEIRA, pelas razões de fato e de
direito aduzidas a seguir.

PRELIMINARMENTE

1. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

O Requerido requer, inicialmente, os benefícios da Justiça


Gratuita por ser pobre na forma da Lei. Destarte, não obtém renda suficiente para tais
despesas, conforme declaração de hipossuficiência, e os comprovantes de despesas
mensais em anexo, no qual comprova que o requerido não pode arcar com as despesas
processuais, sem comprometer a sua subsistência e de sua família.

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Nos dispositivos do Novo Código de Processo Civil, mais
precisamente os artigos 98º a 102º, em especial, nos termos do artigo 98º, assevera que,
a pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para
pagar as custas, as despesas processuais e honorários advocatícios tem direito à
gratuidade da justiça, na forma da lei, assim como assegura a Constituição Federal no
artigo 5º, inciso LXXIV.

2. BREVE SÍNTESE DOS FATOS

Trata-se de Ação Revisional de Alimentos com Pedido de Tutela


Antecipada promovida por seu filho menor, neste ato representado por sua genitora,
sustentando que em seu divórcio consensual ficou estabelecido que a guarda do menor
ficaria com a genitora e o Requerido pagaria pensão mensal no percentual de 35%
(trinta e cinco por cento) do salário-mínimo nacional vigente a época, no valor de R$
308,00 (trezentos e oito reais) e que não houve, até então, o reajuste da pensão.

Requereu, então, que os valores fixados fossem elevados ao


patamar de 1 salário-mínimo mensal (hoje R$ 1.320,00 – mil, trezentos e vinte reais),
embasando seu pedido em documentos juntados aos autos, e requerendo que os efeitos
fossem concedidos em sede de tutela antecipada.

Sobreveio então o parecer do Ministério Público pela majoração


dos alimentos, inaldita altera pars, para 80% (oitenta por cento) do salário-mínimo
vigente.

O pedido liminar fora então concedido por este juízo de forma


parcial para majorar provisoriamente os alimentos devidos pelo Requerido ao filho, ora
requerente, em 80% (oitenta por cento) do salário-mínimo vigente, em caso de trabalho
sem vínculo empregatício, até que venham aos autos maiores elementos de convicção a
respeito da capacidade financeira do requerido.

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3. DO DIREITO

No que tange o pedido de majoração dos alimentos ofertados


pelo requerido ao seu filho, é de suma importância fazer uma análise do caso a partir
dos seguintes fatos:

O requerido sempre cumpriu com seu dever de pai entre eles o


de prover parte dos alimentos, contudo, o fazendo nos termos da decisão inicial
proferida no processo de nº 1011406-67.2015.8.26.0004.

No mais, o Requerido contraiu novo casamento, e teve mais dois


filhos – Sophia, filha de sua esposa, e Murilo filho do casal. É bem verdade que o
Requerido teve um acréscimo em seus rendimentos, após tornar-se Microempreendedor
Individual no ramo da Serralheria, mas, também é verdade que empreender requer
investimento, gastos mensais, e é um trabalho autônomo, sem garantias fixas de que
mensalmente existirá o valor “x” em conta.

No fim, o empreendedor é refém dos contratos firmados, e da


época do ano – para os autônomos, existe a máxima de que se vive um dia pelo outro,
pois, existem meses em que terão alguns e bons contratos, e em outros, que contrato
nenhum surgirá, devendo-se levar em conta ainda, que não é proprietário de uma grande
empresa, e não é tão conhecido no mercado e nem em sua região.

Destarte, sua nova composição familiar também lhe custa


financeiramente falando, pois se trata de uma residência por ele mantida em que moram
quatro pessoas que comem, bebem, vestem, assim como a parte Requerente.

Portanto, ser proprietário de uma Serralheria, e ter declarado


uma renda de R$ 10.100 (dez mil e cem reais) não lhe aufere maior possibilidade
econômica, muito pelo ao contrário, o requerido encontra-se com dívidas, inclusive,
vem sendo alvo de uma Ação de Cobrança em que fez um acordo, e ainda assim, não
conseguiu cumpri-lo, e tal revelação é de grande sofrimento, vez que sempre honrou
com os seus compromissos.

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Como é sabido, o dever de alimentar é vislumbrado no binômio,
necessidade e possibilidade, as necessidades são adequadas ao padrão de vida daqueles
que têm o dever de alimentar, ou seja, no caso analisado, os genitores. Esse dever é
proporcional a possibilidade. Vejamos:

Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns


aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível
com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua
educação. § 1º. Os alimentos devem ser fixados na proporção das
necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.

Conforme pode-se constatar, no dispositivo supracitado, as


necessidades devem ser vistas sobre a ótica da condição social. No caso em discurso
não há outra opção ao requerido que não seja ir contra o valor pedido em revisional de
R$ 1.320,00 (mil trezentos e vinte reais), pois, não tem condições de arcar com esse
valor, sem comprometer o sustento de sua família, a sua própria subsistência conforme
demostra a tabela de gastos do requerido abaixo:

DESPESA MENSAL VALOR


Financiamento do Terreno Adquirido R$ 6.000,00
Refinanciamento do Carro R$ 1.557,20
Água R$ 93,30
Luz R$ 240,00
Internet e Telefone R$ 117,42
Supermercado R$ 1.100,00
Plano Odontológico R$ 131,56
Sem Parar (Pedágio) R$ 200,00
Pensão Alimentícia R$ 308,00
TOTAL R$ 9.747,48

Ressalte-se que não foram incluídos na tabela acima os gastos


com combustível, farmácia, hortifruti, médicos, bem como, os gastos de seu negócio
como insumos, frete, prestadores de serviço etc.

Aqueles que possuem sua família e a sustenta com o suor de seu


trabalho, sabem quão duro é trabalhar um mês inteiro e ter de escolher quais contas
deixará de pagar.

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Resta claro que ainda que a situação financeira do Requerido
esteja melhor do que aquela do momento do divórcio, isso não é base concisa para
majorar a pensão para o valor de um salário-mínimo.

Além do mais, é importante analisar que a obrigação alimentar é


de ambos os genitores. Assim, urge salientar que a obrigação é compartilhada entre os
genitores, ou seja, a responsabilização é conjunta e o exercício de direitos e deveres do
pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos
filhos comuns.

O chamado binômio alimentar (ou trinômio, para alguns) tem


como referência as necessidades do beneficiário e as possibilidades do obrigado. E esse
balizamento deve ser levado em conta no momento de sua fixação (art. 1.694, § 1º,
CC/02) ou em caso de revisão, quando sobrevier mudança na situação financeira de
quem supre ou de quem recebe os alimentos, conforme estipula o Código Civil (art.
1.699).

Corroborando com tal entendimento leciona Carlos Roberto


Gonçalves que:

“ O fornecimento de alimentos depende, também, das possibilidades do


alimentante. Não se pode condenar ao pagamento de pensão alimentícia
quem possui somente o estritamente necessário à própria subsistência. Se,
como acentua Silvio Rodrigues, ‘enormes são as necessidades do alimentário,
mas escassos os recursos do alimentante, reduzida será a pensão; por outro
lado, se se trata de pessoa de amplos recursos, maior será a contribuição
alimentícia...”

Assevera também a ilustre Maria Berenice Dias que:

“Tradicionalmente, invoca-se o binômio necessidade- possibilidade, ou


seja, perquirem-se as necessidades do alimentando e as possibilidades do
alimentante para estabelecer o valor da pensão. No entanto, essa mensuração
é feita para que se respeite a diretriz da proporcionalidade. Por isso, se
começa a falar, com mais propriedade, em trinômio: proporcionalidade-
possibilidade-necessidade.”

Vejamos, ainda, a jurisprudência pertinente:

AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS. MINORAÇÃO. MUDANÇA


NO BINÔMIO ALIMENTAR. REDUÇÃO DA CAPACIDADE
FINANCEIRA DO ALIMENTANTE. NASCIMENTO DE NOVO

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FILHO. REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA. O autor postula revisão
da verba alimentar, alegando alteração em sua capacidade econômica, face
constituição de nova família, nascimento de outro filho, e gastos com
aluguel residencial. A procedência de pedido revisional de alimentos
exige prova de mudança em alguma das variáveis da obrigação
alimentar necessidade de quem a recebe ou possibilidade de quem as
paga. O alimentado é menor de idade, não possuindo necessidades
especiais que justifiquem o aumento dos alimentos. Quanto às
possibilidades, restou provado o nascimento de outro filho do alimentante,
caracterizando alteração na sua capacidade de arcar com a verba alimentar.
Assim, contando o alimentante com outra obrigação alimentar, os
alimentos fixados quando formalmente empregado, demonstram-se
onerosos. Razão pela qual vão reduzidos para 20% dos rendimentos
líquidos do apelante. Em relação ao percentual fixado sob o salário-
mínimo, quando o alimentante se encontrar desempregado ou em trabalho
informal, mantenho o patamar de 30% determinado em sentença. Deram
parcial provimento ao apelo [...] (TJ-RS - AC: 70076705540 RS, Relator:
Rui Portanova, Data de Julgamento: 12/04/2018, Oitava Câmara Cível,
Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 17/04/2018)

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE REVISIONAL DE


ALIMENTOS - FILHO MENOR - PENSÃO ALIMENTÍCIA-
NECESSIDADES PRESUMIDAS - FIXAÇÃO - TRINÔMIO
ALIMENTAR - PROPORCIONALIDADE-NECESSIDADE-
POSSIBILIDADE -REDUÇÃO - IMPOSSIBILIDADE. EMENTA:
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE REVISIONAL DE ALIMENTOS -
FILHO MENOR - PENSÃO ALIMENTÍCIA- NECESSIDADES
PRESUMIDAS - FIXAÇÃO - TRINÔMIO ALIMENTAR -
PROPORCIONALIDADE-NECESSIDADE-POSSIBILIDADE -
REDUÇÃO - IMPOSSIBILIDADE EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL -
AÇÃO DE REVISIONAL DE ALIMENTOS - FILHO MENOR -
PENSÃO ALIMENTÍCIA- NECESSIDADES PRESUMIDAS -
FIXAÇÃO - TRINÔMIO ALIMENTAR - PROPORCIONALIDADE-
NECESSIDADE-POSSIBILIDADE -REDUÇÃO - IMPOSSIBILIDADE.
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE REVISIONAL DE
ALIMENTOS -- FILHO MENOR - PENSÃO ALIMENTÍCIA-
NECESSIDADES PRESUMIDAS - FIXAÇÃO - TRINÔMIO
ALIMENTAR - PROPORCIONALIDADE-NECESSIDADE-
POSSIBILIDADE -REDUÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - O equilíbrio da
pensão alimentícia, de acordo com a situação dos envolvidos, deve
garantir a observância permanente e contínua do trinômio
necessidade-possibilidade-proporcionalidade, podendo a qualquer
momento que sobrevenha alteração no estado de fato ou de direito das
partes ocorrer a alteração do valor fixado - Para que se proceda à revisão
do encargo alimentício é mister que o postulante comprove a alteração
financeira de quem os presta ou de quem os recebe, instruindo o feito com
as provas necessárias ao provimento do pedido, a teor do que dispõe o
artigo 1.699 do Código Civil - Ausente a demonstração nos autos a
alteração das possibilidades do alimentante e levando em consideração
a necessidade presumida do filho menor, deve a verba alimentar ser
mantida no patamar anteriormente fixado para melhor atender o
trinômio alimentar proporcionalidade-necessidade-possibilidade. (TJ-

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MG - AC: 10000220379739001 MG, Relator: Ângela de Lourdes
Rodrigues, Data de Julgamento: 12/05/2022, Câmaras Especializadas
Cíveis / 8ª Câmara Cível Especializada, Data de Publicação: 18/05/2022)

Ante todo o exposto, o Requerido requer seja julgado


improcedente o pedido de majoração do pensionamento para o valor de um salário-
mínimo, pois isso faria com que fosse prejudicada sua subsistência e a de sua família,
bem como, de sua empresa, que é de onde saem os recursos para as despesas aqui
elencadas.

Subsidiariamente, caso Vossa Excelência entenda pela


majoração, o Requerido pleiteia, portanto, que seu reajuste ocorra em 65% do valor do
salário-mínimo vigente, passando de R$ 308,00 (trezentos e oito reais) mensais
para R$ 858,00 (oitocentos e cinquenta e oito reais) mensais, com reajuste
automático de acordo com o salário-mínimo vigente a época.

Ou, suplementarmente, o que se admite apenas por extrema


cautela e amor a argumentação, que seja majorada seguindo o parecer ministerial, no
percentual de 80% do valor do salário-mínimo vigente.

4. DA TUTELA ANTECIPADA

Compulsando os autos, se constata que fora concedida a tutela


antecipada, autorizando a majoração da pensão alimentícia paga ao alimentante para
80% do salário-mínimo.

No entanto, a mencionada tutela deverá ser revogada, uma vez


que, conforme comprovado nos autos pelo próprio Requerente não houve mudança
drástica nas necessidades do alimentado.

Por todo o exposto, visto que não está comprovado nos autos a
modificação drástica das necessidades do Requerente, sendo utilizadas apenas poucas
notas de mercado, tem-se como medida de rigor a imediata revogação da tutela
concedida.

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Salienta-se, por cautela que a referida tutela vem sendo
cumprida em seus estritos termos desde o dia 29/11/2023 conforme comprovante anexo
aos autos.

5. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Diante do exposto, considerando que a pretensão do Requerido


encontra arrimo no Ordenamento Jurídico Brasileiro, requer a vossa Excelência:

a. A concessão dos benefícios da gratuidade da justiça integral,


para todos os atos processuais, por ser pobre, na acepção
jurídica da palavra, conforme prova a declaração de
hipossuficiência e comprovantes de despesas mensais, em
anexo;
b. O acolhimento da peça contestatória em todos os seus
termos;
c. A revogação da tutela antecipada concedida ao requerente
para majoração da pensão alimentícia em 80% do salário-
mínimo;
d. A improcedência do pedido autoral em todos os termos
contestados, a fim de garantir a veracidade dos fatos, e a
tutela jurisdicional integra;
e. Que, por excesso de cautela, caso entenda pela majoração,
que esta seja sob o percentual de 65% do valor do salário-
mínimo vigente ou ainda, em último caso, que siga o parecer
ministerial para majorar a 80% do salário-mínimo;
f. Condenar o Requerente ao pagamento das verbas de
sucumbenciais, isto é, honorários advocatícios

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sucumbenciais, estes na base de 20% (vinte por cento) sobre
o valor da condenação;
g. Por derradeiro, que todas as intimações e publicações lanças
em Diário Oficial sejam enviadas única e exclusivamente em
nome da JANAÍNA GONÇALVES DE ARAÚJO
devidamente inscrita na OAB/SP sob o nº 460.712, sob pena
de nulidade.

Por fim, provará o que for necessário, usando de todos os meios


permitidos em direito, em especial a juntada de documentos em anexos, oitiva de
testemunhas, bem como quaisquer outras providencias que Vossa Excelência julgue
necessária a resolução do pleito.

Termos em que,

Pede Deferimento.

São Paulo, datado digitalmente.

JANAÍNA GONÇALVES DE ARAÚJO

OAB/SP 460.712

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