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2022
Brasília
2ª edição
ISBN 978-65-5701-030-3
ORGANIZADO POR CP IURIS
BRUNO BETTI COSTA. Procurador do Estado de São Paulo. Mestrando em Direito Público pela
O livro de improbidade administrativa é direcionado para você que quer se atualizar com um
material direto e didático e, ao mesmo tempo, profundo. O livro passará pelas alterações
promovidas pela Lei nº 14.230/21 na Lei nº 8.429/92. Além disso, a obra também contém as
relevantes e recentes jurisprudências do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça
sobre improbidade administrativa.
Desse modo, você, leitor, estará com um material que irá direto ao ponto, sem perder a
qualidade necessária para o seu estudo.
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SUMÁRIO
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - À LUZ DA LEI N.º 14.230/21 ................................................................................. 6
1. COMENTÁRIOS INICIAIS...................................................................................................................................... 6
2. COMPETÊNCIA ................................................................................................................................................... 8
3. SUJEITO PASSIVO ................................................................................................................................................ 9
4. SUJEITO ATIVO ................................................................................................................................................... 9
5. COMENTÁRIOS RELEVANTES..............................................................................................................................10
6. AGENTES POLÍTICOS ..........................................................................................................................................12
7. RESPONSABILIDADE SUCESSÓRIA.......................................................................................................................12
8. TIPOLOGIA DE IMPROBIDADE ............................................................................................................................12
8.1. Enriquecimento Ilícito .............................................................................................................................13
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JURISPRUDÊNCIA IMPORTANTE.................................................................................................................................38
BRUNO BETTI
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BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
1. COMENTÁRIOS INICIAIS
jurisprudência do STJ. 1
Contudo cabe observar que o próprio STJ entendeu que a tortura de preso custodiado em
delegacia praticada por policial constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os
princípios da administração pública.2
O art. 37, § 4º, da Constituição Federal de 1988 é o dispositivo constitucional que consagra
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Ademais, observe-se que, no caso concreto, o juiz não precisa aplicar todas as sanções previstas
Silva Martin
constitucionalmente. Ainda, a Lei n.º 8.429/92, que regula a improbidade administrativa, elenca
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outras sanções.
Luiza Lages
A Lei de Improbidade não é aplicada a fatos ocorridos anteriores a sua edição, conforme
Ana Luiza
entendimento do STJ3.
Ana
Observe-se ainda que a ação de improbidade administrativa não configura uma ação penal.
Sempre se pontuou que a ação de improbidade era uma ação civil. Todavia o art. 17-D estabelece
que a ação seria repressiva, de caráter sancionatório.
1
Informativo 573 STJ. REsp 1.558.038-PE, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 27/10/2015, DJe
9/11/2015.
2
STJ REsp 1.177.910-SE, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 26/8/2015, DJe 17/2/2016.
3
STJ. REsp 1129121/GO, rel. Min. Eliana Calmon, 2ª Turma, julgado em 03/05/2012.
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BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
De toda forma, assim como já vigorava anteriormente, não há que se falar em foro por
prerrogativa de função nessas ações. Isso ocorre pelo fato de que Constituição Federal de 1988
prevê foro apenas para as ações penais, como se depreende da leitura dos artigos 102 e 105.4
ATENÇÃO!
Posicionamento do STJ - Ação Civil de perda de cargo de Promotor de Justiça cuja causa de
pedir não esteja vinculada a ilícito capitulado na Lei n.º 8.429/1992 deve ser julgada pelo Tribunal
de Justiça.5 STJ. 2ª Turma. REsp 1.737.900-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 19/11/2019
(Info 662).
exercício da função pública, estando este atualmente em disponibilidade. Ademais, o STJ possui
precedente no sentido de que "a Ação Civil com foro especial não se confunde com a ação civil
pública de improbidade administrativa, regida pela Lei n. 8.429/1992, que não prevê tal
Martin -- CPF:
prerrogativa"6.
Silva Martin
Por fim, nos termos do art. 1º, da Lei n.º 8.429/92, o sistema de responsabilização por atos
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2. COMPETÊNCIA
Ana
4
STF. Plenário. Pet 3240/DF, Rel. para acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 10/05/2018.
5
STJ. REsp 1.737.900-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 19/11/2019, DJe
19/12/2019
6
STJ. REsp 1.627.076/SP, Rel. Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, DJe 14/8/2018
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3. SUJEITO PASSIVO
ATENÇÃO!
Não há mais a diferença se a contribuição estatal foi superior ou inferior a 50% do
patrimônio ou receita atual da entidade.
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Pode-se dar como exemplo dos sujeitos passivos secundários as universidades privadas que
Silva Martin
Interesse Público.
Luiza Lages
Ana Luiza
4. SUJEITO ATIVO
Ana
O sujeito ativo é aquele que pratica o ato de improbidade administrativa ou aquele que
concorre para sua prática ou dele se beneficia, nos termos do art. 2º e 3º da LIA. Inclusive,
importante observar, o art. 2º estabelece um conceito amplo de agente público.
Assim, de acordo com o art. 2º, reputa-se agente público, o agente político, o servidor
público e todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
cargo, emprego ou função públicos.
Ademais, nos termos do parágrafo único, também será considerado sujeito e se submeterá
às sanções legais, no tocante a recursos de origem pública, o particular, pessoa física ou jurídica,
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BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
que celebra com a Administração Pública convênio, contrato de repasse, contrato de gestão, termo
de parceria, termo de cooperação ou ajuste administrativo equivalente.
Ainda, faz-se necessário pontuar que o particular pode responder por atos de improbidade
administrativa, conforme prevê o art. 3º, segundo o qual aquele que, mesmo não sendo agente
público, induza ou concorra dolosamente para a prática do ato de improbidade, responderá pelos
atos ímprobos praticados.
Por sua vez, o § 1º do art. 3º afirma que os sócios, cotistas, diretores e colaboradores de
pessoa jurídica de direito privado não respondem pelo ato de improbidade a que venha ser
imputado à pessoa jurídica, salvo se, comprovadamente, houver participação e benefícios diretos,
hipótese em que responderão nos limites da sua participação.
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O § 2º afirma que as sanções de improbidade não se aplicarão à pessoa jurídica, caso o ato
de improbidade administrativa seja também sancionado como ato lesivo à administração pública
de que trata Lei n.º 12.846, de 1º de agosto de 2013 (Lei Anticorrupção).
5. COMENTÁRIOS RELEVANTES
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1. Importante observar o que afirma o STJ sobre a responsabilidade dos sujeitos ativos: É
inviável a propositura de ação civil de improbidade administrativa exclusivamente contra o
particular, sem a concomitante presença de agente público no polo passivo da demanda .7. Por
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outro lado, faz-se necessário se atentar ao fato de que não há litisconsórcio passivo necessário entre
Silva Martin
ATENÇÃO!
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o particular, sem a concomitante presença de agente público no polo passivo da demanda. STJ. 1ª
Ana
Turma. REsp 1.171.017-PA, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 25/2/2014 (Info 535).
Não há litisconsórcio passivo necessário entre o agente público e o particular. AREsp n.º
1579273 / SP (2019/0270948-5).
7
STJ AgRg no AREsp 574500/PA, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA,Julgado em 02/06/2015,DJE
10/06/2015.
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STJ. AgRg no REsp 1421144/PB,Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, Julgado em 26/05/2015,DJE
10/06/2015.
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BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
2. Atente-se que, de acordo com o STJ 9, dirigente de entidade privada que administra
recursos públicos pode responder sozinho por improbidade. O fato de receber recursos públicos é
circunstância que equipara o dirigente da referida ONG a agente público para os fins de improbidade
administrativa
3. Outro ponto relevante é firmar posição de que a pessoa jurídica também pode ser sujeito
ativo do ato de improbidade, de acordo com o entendimento do STJ 10. Esse posicionamento do STJ
foi positivado de maneira expressa na Lei n.º 8.429/92, por meio da Lei n.º14.230/2021.
4. Não comete ato de improbidade administrativa o médico que cobra honorários por
procedimento realizado em hospital privado que também seja conveniado à rede pública de saúde,
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desde que o atendimento não seja custeado pelo próprio sistema público de saúde. Isso porque,
nessa situação, o médico não age na qualidade de agente público e, consequentemente, a cobrança
não se enquadra como ato de improbidade.11
público. O Estado, geralmente, não destina aos delegatários de serviço público benefícios, auxílios
ou subvenções. Contudo, caso o Poder Público destine-lhes algum benefício, a LIA certamente
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incidirá.
Silva Martin
6. Importante também é saber se agentes públicos com atribuição consultiva, aqueles que
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parecer, por si só, não é suficiente para legitimar o parecerista a praticar atos de improbidade
Ana Luiza
administrativa, haja vista que do parecer extrai-se apenas a opinião pessoal e técnica daquele que
Ana
o produz. Contudo, o parecerista pode ser sujeito ativo de improbidade administrativa, caso haja
com dolo ou erro grave ou inescusável.
7. A Segunda Turma do STJ 12 que “o estagiário que atua no serviço público, ainda que
transitoriamente, remunerado ou não, está (SIM) sujeito a responsabilização por ato de
improbidade administrativa (Lei 8.429/1992)”.
9
AgInt no REsp 1845674/DF, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro GURGEL DE
FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 01/12/2020, DJe 18/12/2020.
10
STJ. REsp 970.393/CE, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/06/2012
11
STJ, REsp 1.414.669-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 20/2/2014.
12
REsp 1.352.035-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 18/8/2015, DJe 8/9/2015 (Informativo 568).
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BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
6. AGENTES POLÍTICOS
7. RESPONSABILIDADE SUCESSÓRIA
De acordo com o art. 8º, o sucessor ou herdeiro daquele que causar dano ao erário ou se
enriquecer ilicitamente está sujeito apenas à obrigação de repará-lo, até o limite do valor da herança
ou do patrimônio transferido.
A alteração realizada pela Lei n.º 14.230/2021 tem por objetivo delimitar qual será a
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societária.
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Atente-se que, nos termos do parágrafo único, especificamente nas hipóteses de fusão e
Luiza Lages
dano causado, até o limite do patrimônio transferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções
Ana
decorrentes de atos e fatos ocorridos antes da data da fusão ou incorporação, exceto no caso de
simulação ou evidente intuito de fraude, devidamente comprovados.
8. TIPOLOGIA DE IMPROBIDADE
De acordo com o art. 1º, § 1º, da Lei n.º 8.429/92, consideram-se atos de improbidade
administrativa as condutas dolosas tipificadas nos artigos 9º (enriquecimento ilícito), 10 (lesão ao
erário) e 11 (violação a princípios) da Lei, ressalvados tipos previstos em leis especiais.
Importante pontuar que o dolo é elemento necessário para a configuração de qualquer dos
três atos de improbidade administrativa, de modo a não mais se admitir a figura da culpa, como era
possível no caso de lesão ao erário. Nesse sentido, o art. 1º, § 2º, afirma que se considera dolo a
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BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
vontade livre e consciente de alcançar o resultado ilícito tipificado nos artigos 9º, 10 e 11, não
bastando a voluntariedade do agente.
ATENÇÃO!
Ademais o art. 1º, § 3º, propõe que o mero exercício da função ou desempenho de
competências públicas, sem comprovação de ato doloso com fim ilícito, afasta a responsabilidade
por ato de improbidade administrativa.
Outro ponto relevante é que, nos termos do art. 1º, § 8º, não configurará improbidade a
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Art. 1º, § 8º. Não configurará improbidade a ação ou omissão decorrente de divergência
interpretativa da lei, baseada em jurisprudência, ainda que não pacificadas, mesmo que não venha
a ser posteriormente prevalecente nas decisões dos órgãos de controle ou dos Tribunais do Poder
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Judiciário.
Silva Martin
patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas
entidades sujeitas a sofrer atos de improbidade.
Atente-se para o fato de que o caput estabelece a conduta genérica. Os incisos, por sua vez,
retratam as condutas específicas, sendo apenas um rol exemplificativo.
Observe que a LIA se preocupou em preservar aquele que se enriquece licitamente. A este
não há qualquer ato de improbidade. O que a lei proíbe é o enriquecimento ilícito, isto é, aquele
que ofende a moralidade e a probidade administrativa.
O art. 9º estabelece, ainda, como pressuposto exigível a percepção de vantagem patrimonial
ilícita. Dessa forma, o pressuposto dispensável é o dano ao erário. O que se quer dizer é que, caso haja
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BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
o enriquecimento ilícito, independe de dano ao erário. Ex.: Servidor que recebe propina de terceiros
para conferir-lhe vantagem indevida.
Importante observar que o art. 9º exige que o agente público atue com dolo. Dessa forma,
caso o agente público esteja sofrendo uma ação de improbidade administrativa com base no art. 9º
da LIA ele deve, necessariamente, ter agido com o dolo. Caso tenha agido com culpa, será excluída
sua responsabilidade.
A conduta prevista no art. 9º é uma conduta comissiva, isto é, uma ação.
OBSERVAÇÃO!
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra
vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou
presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado
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ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior
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ao valor de mercado;
Luiza Lages
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ATENÇÃO!
Atenção aos verbos dos incisos do art. 9º, pois eles se repetem. São verbos que dão a ideia
de que o agente público está ganhando algo, uma vez que o ato é de enriquecimento ilícito.
De acordo com o art. 10 da LIA, constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão
ao erário qualquer ação ou omissão dolosa, que enseje efetiva e comprovadamente, perda
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O pressuposto exigível, nessa conduta, é o dano ao patrimônio público. Caso a conduta não
Ana
O ato de lesão ao erário somente poderá ocorrer na modalidade DOLOSA, não sendo mais
admissível a modalidade culposa desse ato.
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A conduta aqui estudada é uma conduta comissiva ou omissiva, de acordo com o próprio art.
10, caput da LIA.
Outra alteração do caput do mesmo dispositivo que chama atenção é a exigência da efetiva
e comprovada perda patrimonial do ente público. Trata-se de alteração para alinhar ao
entendimento do STJ13.
Por sua vez, das alterações dos incisos do art. 10, chama-se atenção para o inciso VIII que,
em sua parte final, exige a perda patrimonial efetiva no caso de frustração de processo licitatório
ou de processo seletivo para celebração de parcerias.
Isso porque, a jurisprudência do STJ 14 estabelecia que, especificamente, na fraude à licitação,
haveria um dano in re ipsa ao patrimônio público. Dessa forma, a alteração legislativa é uma clara
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ATENÇÃO!
Exige-se a efetiva e comprovada perda patrimonial do ente público, inclusive nos casos de
fraude à licitação
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Ademais, de acordo com o art. 10, § 1º, nos casos em que a inobservância de formalidades
legais ou regulamentares não implicar perda patrimonial efetiva, não ocorrerá imposição de
ressarcimento, vedado o enriquecimento sem causa das entidades referidas no art. 1º.
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Por fim, o § 2º do art. 10 afirma que a mera perda patrimonial decorrente da atividade
Silva Martin
econômica não acarretará improbidade administrativa, salvo se comprovado ato doloso praticado
Lages ee Silva
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AgInt no REsp 1542025/MG, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 05/06/2018, DJe
12/06/2018
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AgRg nos EDcl no AREsp 419.769/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/10/2016,
DJe 25/10/2016; REsp 728.341/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 14/03/2017, DJe
20/03/2017.
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BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins
educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das
entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades legais e
regulamentares aplicáveis à espécie;
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio
de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por
parte delas, por preço inferior ao de mercado;
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço
superior ao de mercado;
VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou
aceitar garantia insuficiente ou inidônea;
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais
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qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor
público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades.
Luiza Lages
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços
Ana Luiza
públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei;
Ana
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Atente-se aos verbos dos incisos do art. 10, pois muitos se repetem. São verbos que NÃO
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dão a ideia de que o agente público está ganhando algo. Pelas condutas, quem ganha algo é um
particular (terceiro) ou há apenas dano ao erário.
O art. 10-A foi revogado pela Lei n.º 14.230/2021, de modo que se tornou o inciso XXII, do
art. 10.
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De acordo com o art. 11 da LIA constitui ato de improbidade administrativa que atenta
contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão dolosa que viole os deveres
Luiza Lages
Importa se atentar para o fato de que o caput também estabelece a conduta genérica e os
Ana
incisos, por sua vez, retratam as condutas específicas e estabelecem um rol taxativo. Trata-se de
grande mudança comparada à versão original da Lei n.º 8.429/1992 e também em relação aos
demais tipos de improbidade.
Observe-se que o art. 11 listou alguns princípios administrativos. Contudo, há apenas um rol
exemplificativo de princípios. “O legislador disse menos do que queria”. 15 Dessa forma, o que a LIA
protege são os princípios constitucionais.
15
CARVALHO FILHO, José Santos. Manual de Direito Administrativo. 26ª ed. rev. ampl. atual. São Paulo: Atlas, 2012. p.
1086.
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BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
em qualquer outra que institua ato de improbidade, conforme dispõe o art. 11, § 2º.
O enquadramento de conduta funcional pressupõe a demonstração objetiva da prática de
ilegalidade no exercício da função pública, indicando-se as normas constitucionais, legais ou
infralegais violadas, nos termos do art. 11, § 3º.
Os atos de improbidade aqui tratados exigem lesividade relevante ao bem jurídico tutelado,
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se configurará improbidade a mera nomeação ou indicação política por parte dos detentores de
Silva Martin
mandatos eletivos, sendo necessária a aferição de dolo com finalidade ilícita por parte do agente.
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I - (Revogado);
Ana Luiza
II - (Revogado)
Ana
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva
permanecer em segredo, propiciando beneficiamento por informação privilegiada ou
pondo em risco a segurança da sociedade e do Estado;
IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em razão de sua imprescindibilidade para a
segurança da sociedade e do Estado, ou em outras hipóteses instituídas em lei;
V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial de concurso público,
chamamento ou procedimento licitatório, visando à obtenção de benefício próprio, direto
ou indireto, ou de terceiros;
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo, desde que disponha das
condições para tanto, visando a ocultar irregularidades;
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ATENÇÃO!
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Frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração de parcerias com
entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente, acarretando perda patrimonial efetiva é ato de
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Por sua vez, frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial de concurso público,
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VIOLAÇÃO DE
TIPO DE ENRIQUECIMENTO PREJUÍZO AO
PRINCÍPIOS
IMPROBIDADE ILÍCITO (art. 9º) ERÁRIO (art. 10)
(art. 11)
Conduta:
Conduta Ação Ação ou Omissão
Ação ou Omissão
Elemento subjetivo Dolo Dolo Dolo
Pressuposto exigível Enriquecimento ilícito Efetivo dano ao erário Violação a princípios
Pressuposto Enriquecimento ilícito e
Dano ao erário Enriquecimento ilícito
dispensável dano ao erário
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9. SANÇÕES
PRINCÍPIOS
Perda dos bens ou valores acrescidos Perda dos bens ou valores
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*
patrimônio, se concorrer esta
Ana
circunstância
Perda da função pública Perda da função pública *
Suspensão dos direitos políticos até 14 Suspensão dos direitos
*
anos políticos até 12 anos
Pagamento de multa civil equivalente Pagamento de multa civil Pagamento de multa civil de até
ao valor do acréscimo patrimonial equivalente ao valor do dano 24 vezes o valor da
remuneração percebida pelo
agente
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BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Proibição de contratar com o Poder Proibição de contratar com o Proibição de contratar com o
Público ou receber benefícios, pelo Poder Público ou receber Poder Público ou receber
prazo não superior a 14 anos benefícios, pelo prazo não benefícios, pelo prazo não
superior a 12 anos. superior a 4 anos
aposentadoria. Em outras palavras, o que se quer saber é se a expressão “perda de cargo” abarcaria
Silva Martin
STF, assentou que o magistrado não tem competência para aplicar a sanção de cassação de
Ana
4. A multa pode ser aumentada até o dobro, se o juiz considerar que, em virtude da situação
econômica do réu, o valor calculado é ineficaz para reprovação e prevenção do ato de improbidade
(art. 12, § 2º).
16
STJ. STJ. 2ª Turma. RMS 32.378/SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 05/05/2015.
17
STJ. 1ªSeção. EREsp nº 1496347. Rel. Min. Herman Benjamin. 24/02/2021
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BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
7. Em se tratando de atos de menor ofensa aos bens jurídicos tutelados pela Lei, a sanção se
limitará à aplicação de multa, sem prejuízo do ressarcimento do dano e da perda dos valores
obtidos, quando for o caso (art. 12, § 5º).
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9. As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com base nesta Lei e na Lei nº 12.846, de 1º de
CPF: 903.588.994-00
agosto de 2013, deverão observar o princípio constitucional do non bis in idem. (art. 12, § 7º)
10. A sanção de proibição de contratação com o Poder Público deverá constar no Cadastro
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Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas - CEIS de que trata a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de
Silva Martin
2013, observando-se as limitações territoriais contidas em decisão judicial (art. 12, § 8º).
Lages ee Silva
sentença condenatória, nos termos do art. 12, § 9º. Trata-se de nítida alteração se comparada à
Ana Luiza
redação anterior da Lei 8.429/92, segundo a qual apenas a perda da função e a suspensão dos
Ana
ATENÇÃO!
Com a Lei n.º 14.230/2021, TODAS as sanções de improbidade só podem ser executadas com
o trânsito em julgado da sentença condenatória.
12. Para efeitos de contagem do prazo da sanção de suspensão dos direitos políticos,
computar-se-á retroativamente o intervalo de tempo entre a decisão colegiada e o trânsito em
julgado da sentença condenatória (art. 12, § 10)
23
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
13. Observe-se que o juiz não precisa aplicar todas as penalidades. Ele irá analisar o caso
concreto para aplicar as penalidades. Ademais, o caput do art. 12 da LIA estabelece que as penas
podem ser aplicadas de forma isolada ou cumulativa.
14. A LIA aumenta as sanções previstas no art. 37, § 4º da CF/88. Contudo não há qualquer
inconstitucionalidade na previsão legal, do que se conclui que a atual Constituição Federal apenas
estabeleceu uma relação mínima.
17. O STJ tem mitigado o Princípio da Congruência (juiz atrelado ao pedido), ou seja, o juiz
Martin -- CPF:
poderá aplicar sanção distinta daquela pedida na ação. Todavia, a Lei 14.230/21 trouxe o art. 17,
Silva Martin
§10-F, segundo o qual será nula a decisão de mérito total ou parcial da ação de improbidade
Lages ee Silva
administrativa que o requerido por tipo diverso daquele definido na petição inicial. Assim, há
Luiza Lages
Não é possível a fixação das penas aquém do mínimo legal, de acordo com o STJ.19
Ana
18. Uma só conduta pode ofender simultaneamente os artigos 9º, 10 e 11 da LIA. Quando
isso acontecer, deverá o aplicador da sanção utilizar do princípio da subsunção, de modo que a
conduta e a sanção mais graves absorvam as de menor gravidade.20
18
STJ, REsp nº 324.282, 1ª turma, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros.
19
STJ. REsp 1582014/CE, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/04/2016, DJe
15/04/2016
20
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 25ª ed São Paulo: Atlas, 2012. p.730.
24
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Secretaria da Receita Federal, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal competente (art. 13,
caput).
20. A declaração de bens será atualizada anualmente e na data em que o agente público
deixar o exercício do mandato, cargo, emprego ou função (art. 13, § 1º).
21. Será apenado com a pena de demissão, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente
público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a
prestar falsa (art. 13, § 2º).
22. A apuração e a sanção de atos de improbidade administrativa podem ser efetuadas pela
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via administrativa, não se exigindo a via judicial, em razão da independência das instâncias civil,
penal e administrativa.21
23. Outro ponto relevante é o referente ao ressarcimento ao erário. De acordo com o STJ,
não configura bis in idem a coexistência de título executivo extrajudicial (acórdão do TCU) e
sentença condenatória em ação civil pública de improbidade administrativa que determinam o
CPF: 903.588.994-00
ressarcimento ao erário e se referem ao mesmo fato, desde que seja observada a dedução do valor
da obrigação que primeiramente foi executada no momento da execução do título
remanescente.22
Martin -- CPF:
Silva Martin
24. De acordo com o STJ23, são cabíveis medidas executivas atípicas de cunho não patrimonial
no cumprimento de sentença proferida em ação de improbidade administrativa. Exemplos dessas
Lages ee Silva
25. O STF, no julgamento da ADI n.º 6.678, por decisão monocrática do Ministro Gilmar
Ana
Mendes, entendeu que a sanção de suspensão de direitos políticos não se aplica a atos de
improbidade culposos que causem dano ao erário, bem como suspendeu a vigência da expressão
suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos do inciso III do art. 12 da Lei n.º 8.429/1992.
Dessa forma, o STF entende que não há que se falar em suspensão dos direitos políticos por
atos culposos de improbidade, nem nos atos que causem violação a princípios.
21
STJ, MS 15.054-DF, STJ – Inf. 474, 23/05/2011.
22
STJ. 1ª Turma. REsp 1.413.674-SE, julgado em 17/5/2016.
23
STJ. REsp 1.929.230-MT.
25
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
No que tange aos atos culposos de dano ao erário, com a nova redação da Lei n.º 8.429/92,
dada pela Lei n.º 14.230/2021, de fato não há mais falar-se em improbidade administrativa, uma
vez que se exige a figura do dolo para configurar ato de improbidade.
Todavia ganha relevância a inviabilidade de se condenar a suspensão dos direitos políticos
nos casos de atos que configuram violação a princípios.
ATENÇÃO!
Não há que se falar em suspensão dos direitos políticos nos atos de improbidade que violem
princípios.
O art. 52 da Lei n.º 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) estabeleceu que, sem prejuízo da
punição de outros agentes públicos e da aplicação de outras sanções cabíveis, o prefeito incorre em
improbidade administrativa nos termos da Lei n.º 8.429/92, em várias situações em que desrespeita
obrigações impostas pelo referido Estatuto:
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Art. 52. Sem prejuízo da punição de outros agentes públicos envolvidos e da aplicação de
outras sanções cabíveis, o Prefeito incorre em improbidade administrativa, nos termos da
Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, quando:
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I – (VETADO)
II – deixar de proceder, no prazo de cinco anos, o adequado aproveitamento do imóvel
Silva Martin
III – utilizar áreas obtidas por meio do direito de preempção em desacordo com o disposto
Luiza Lages
26
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
representante, as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha
conhecimento.
A autoridade administrativa rejeitará a representação, em despacho fundamentado, se esta
não contiver as formalidades estabelecidas trazidas no art. 14, caput. A rejeição não impede a
representação ao Ministério Público.
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De acordo com o art. 15, a comissão processante dará conhecimento ao Ministério Público
Silva Martin
Ademais, nos termos do seu parágrafo único, o Ministério Público ou Tribunal ou Conselho
Ana Luiza
administrativo.
ATENÇÃO!
27
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Assim, diante da nova redação do art. 17, a Fazenda Pública, por meio de sua procuradoria,
não tem mais legitimidade para a propositura da ação de improbidade. Nesse sentido, no prazo de
1 ano a partir da data de publicação da Lei n.º 14.230/2021, o Ministério Público manifestará
interesse no prosseguimento das ações por improbidade administrativa em curso ajuizadas pela
Fazenda Pública, inclusive em grau de recurso, de modo que, nesse prazo de 1 ano, suspende-se o
processo, sendo vedado praticar qualquer ato processual, podendo o juiz, todavia, determinar a
realização de atos urgentes a fim de evitar dano irreparável, salvo no caso de arguição de
impedimento e de suspeição, nos termos do art. 314 do Código de Processo Civil.
Caso o Ministério Público, nesse prazo de 1 ano, não se manifeste, o processo em questão
será extinto sem resolução do mérito.
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Atente-se, pois, que a ação de improbidade deverá ser proposta perante o foro do local onde
ocorrer o dano ou de domicílio da pessoa jurídica prejudicada.
A propositura da ação prevenirá a competência do juízo para todas as ações posteriormente
intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
A petição inicial observará o seguinte:
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A petição inicial será rejeitada nos casos do art. 330 do CPC, bem como quando não
Ana Luiza
improbidade imputado.
Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a citação dos
requeridos para que a contestem no prazo comum de 30 dias, iniciando-se o prazo na forma do art.
231 do CPC.
Assim, observe que não há mais a defesa prévia, que estava prevista no antigo art. 17, § 7º,
da Lei n.º 8.429/92.
Da decisão que rejeita questões preliminares suscitadas pelo réu em sua contestação, cabe
agravo de instrumento.
28
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Após a réplica do Ministério Público, o juiz proferirá decisão indicando com precisão a
tipificação do ato de improbidade administrativa imputável ao réu, sendo-lhe vedado modificar o
fato principal e a capitulação legal apresentada pelo autor.
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Sem prejuízo da citação dos réus, intimar-se-á a pessoa jurídica interessada para, querendo,
Lages ee Silva
intervir no processo.
Luiza Lages
A assessoria jurídica que emitiu o parecer atestando a legalidade prévia dos atos
administrativos praticados pelo administrador público ficará obrigada a defende-lo judicialmente,
caso este venha a responder ação por improbidade administrativa, até que a decisão transite em
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agentes privados.
Silva Martin
propositura da ação;
Ana Luiza
30
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O acordo poderá ser celebrado no curso das investigações de apuração do ilícito, no curso
da ação de improbidade ou quando da execução da sentença condenatória.
As negociações para a celebração do acordo ocorrerão entre o Ministério Público, de um
lado, e, de outro, o investigado ou demandado e o seu defensor.
O acordo poderá contemplar a adoção de mecanismos e procedimentos internos de
integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de códigos de
ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica, se for o caso, bem como de outras medidas em
favor do interesse público e de boas práticas administrativas.
Em caso de descumprimento do acordo, o investigado ou demandado ficará impedido de
celebrar novo acordo pelo prazo de 5 (cinco) anos, contados do conhecimento pelo Ministério
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públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos administrados e das circunstâncias
práticas que houverem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente;
Silva Martin
31
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A ilegalidade, sem a presença de dolo que a qualifique, não configura ato de improbidade.
Na hipótese de litisconsórcio passivo, a condenação ocorrerá no limite da participação e
benefícios diretos, vedada qualquer solidariedade.
Não haverá remessa necessária nas sentenças de improbidade.
Outro dispositivo relevante é o art. 17-D, segundo o qual a ação por improbidade
administrativa é repressiva, de caráter sancionatório, destinada à aplicação de sanções de caráter
pessoal, e não constitui ação civil, sendo vedado seu ajuizamento para o controle de legalidade de
políticas públicas e para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros
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Nesse sentido, o parágrafo único do art. 17-D estabelece que, o controle de legalidade de
políticas públicas e a responsabilidade de agentes públicos, inclusive políticos, entes públicos e
governamentais, por danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
Martin -- CPF:
estético, histórico, turístico e paisagístico, a qualquer outro interesse difuso ou coletivo, à ordem
Silva Martin
Portanto, o objetivo da lei é deixar claro que esses bens jurídicos não poderão ser objeto da
Ana Luiza
Ademais, de acordo com o art. 18, a sentença que julgar procedente a ação fundada nos arts.
9º e 10, da Lei, condenará ao ressarcimento dos danos e à perda ou à reversão dos bens e valores
ilicitamente adquiridos, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.
Havendo a necessidade de liquidação do dano, a pessoa jurídica prejudicada procederá a
essa determinação e ao ulterior procedimento para cumprimento da sentença referente ao
ressarcimento do patrimônio público ou à perda ou reversão dos bens.
Caso a pessoa jurídica prejudicada não adote as providências acima, no prazo de seis meses
a contar do trânsito em julgado da sentença de procedência, caberá ao Ministério Público proceder
à respectiva liquidação do dano e ao cumprimento da sentença, sem prejuízo de eventual
responsabilização pela omissão verificada.
32
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Por fim, nos termos do parágrafo único, as sanções de suspensão de direitos políticos e
proibição de contratar ou receber incentivos fiscais ou creditícios do Poder Público observarão o
limite máximo de 20 (vinte) anos.
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12. PRESCRIÇÃO
De acordo com o art. 23 da LIA, a ação para a aplicação das sanções dos atos de improbidade
Martin -- CPF:
administrativa prescreve em 8 anos, contados a partir da ocorrência do fato ou, no caso de infrações
Silva Martin
referidos nesta Lei suspende o curso do prazo prescricional, por no máximo 180 dias corridos,
Ana Luiza
recomeçando a correr após a sua conclusão ou, caso não concluído o processo, esgotado o prazo de
Ana
suspensão.
O inquérito civil para apuração do ato de improbidade será concluído no prazo de 365 dias
corridos, podendo ser prorrogado uma única vez por igual período, mediante ato fundamentado,
submetido à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva
lei orgânica.
Encerrado o prazo de 365 dias, e não sendo o caso de arquivamento do inquérito civil, a ação
deverá ser proposta no prazo de 30 dias.
A prescrição será interrompida:
33
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
anos.
O STF reafirmou essa imprescritibilidade estabelecendo a seguinte tese de repercussão
geral: “São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso
Martin -- CPF:
IMPRESCRITÍVEL PRESCRITÍVEL
Ana Luiza
Ana
24
Recurso Extraordinário (RE) 852475. Julgamento dia 08 de agosto de 2018.
25
STJ AgRg no REsp 1510589/SE, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, Julgado em 26/05/2015,DJE
10/06/2015
26
STJ. REsp 1230550/PR, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/02/2018, DJe 26/02/2018.
34
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
ATENÇÃO!
De acordo com o art. 21, a aplicação das sanções previstas na lei independe:
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de
ressarcimento e aos casos de dano ao erário;
É em razão do inciso I que o STJ não aplica o Princípio da Insignificância nos casos de
improbidade administrativa.
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou
Conselho de Contas.
De acordo com o art. 21, § 1º, os atos do órgão de controle interno ou externo serão tomados
em consideração pelo juiz quando tiverem servido de fundamento para a conduta do agente
público.
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Por sua vez, o § 2º estabelece que as provas produzidas perante os órgãos de controle e as
correspondentes decisões deverão ser consideradas na formação da convicção do juiz, sem prejuízo
da análise acerca do dolo na conduta do agente.
O § 3º afirma que as sentenças civis e penais produzirão efeitos em relação à ação de
improbidade quando decidirem pela inexistência da conduta ou pela negativa da autoria.
O § 4º estabelece que a absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fatos,
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confirmada por decisão colegiada, impede o trâmite da ação da qual trata esta lei, havendo
comunicação com todos os fundamentos de absolvição previstos no art. 386 do Decreto-Lei n.º
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O § 5º apregoa que eventuais outras sanções aplicadas em outras esferas deverão ser
compensadas com as sanções aplicadas nos termos desta lei.
Lages ee Silva
Luiza Lages
incidente, pedido de indisponibilidade de bens dos réus, a fim de garantir a integral recomposição
do erário ou do acréscimo patrimonial resultante de enriquecimento ilícito.
Diante da nova redação legal, a indisponibilidade de bens pode ser decretada diante de
qualquer dos atos tipificados como improbidade administrativa, alinhando-se à jurisprudência do
STJ.
O pedido de indisponibilidade pode ser formulado independentemente da representação da
autoridade junto ao Ministério Público.
O pedido de indisponibilidade apenas será concedido mediante a demonstração no caso
concreto de perigo de dano irreparável ou de risco ao resultado útil do processo, desde que o juiz
35
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
se convença da probabilidade da ocorrência dos atos descritos na petição inicial à luz dos seus
respectivos elementos de instrução, após a oitiva do réu em 5 (cinco) dias.
Assim, há clara superação do entendimento de que a indisponibilidade de bens seria uma
tutela de evidência, passando a se configurar como uma tutela de urgência. Nesse sentido, a lei
estabelece que será aplicado à indisponibilidade de bens, no que for cabível, o regime da tutela
provisória de urgência previsto no CPC.
A medida pode ser decretada sem a oitiva prévia do réu, sempre que o contraditório prévio
possa comprovadamente frustrar a efetividade da medida ou que haja outras circunstâncias que
recomendem a proteção liminar, não podendo a urgência ser presumida.
Havendo mais de um réu na ação, a somatória dos valores declarados indisponíveis não
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poderá superar o montante indicado na petição inicial como dano ao erário ou enriquecimento
ilícito.
O valor da indisponibilidade levará em conta a estimativa de dano indicada na petição inicial,
permitindo-se a sua substituição por caução idônea, fiança bancária ou seguro-garantia judicial, a
requerimento do réu, bem como a sua readequação durante a instrução do processo.
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Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas
Silva Martin
bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos
Lages ee Silva
tratados internacionais.
Luiza Lages
36
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
De acordo com o ar. 23-A, é dever do Poder Público oferecer contínua capacitação aos
agentes públicos e políticos que atuem com prevenção ou repressão de atos de improbidade
administrativa.
Por sua vez, o art. 23-B estabelece que, nas ações e acordos regidos pela Lei n.º 8.429/92,
não haverá adiantamento de custas, preparo, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras
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despesas.
No caso de procedência da ação, as custas e demais despesas processuais serão pagas ao
final.
Martin -- CPF:
O art. 24 prevê que os atos que ensejem enriquecimento ilícito, perda patrimonial, desvio,
Luiza Lages
27
REsp 1461882/PA, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, Julgado em 05/03/2015,DJE 12/03/2015.
37
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
JURISPRUDÊNCIA IMPORTANTE
DIREITO ADMINISTRATIVO. CARACTERIZAÇÃO DE TORTURA COMO ATO DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA.
A tortura de preso custodiado em delegacia praticada por policial constitui ato de improbidade
administrativa que atenta contra os princípios da administração pública. O legislador estabeleceu
premissa que deve orientar o agente público em toda a sua atividade, a saber: "Art. 4° Os agentes
públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos".
Em reforço, o art. 11, I, da mesma lei, reitera que configura improbidade a violação a quaisquer
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a rigidez da interpretação literal dos dispositivos acima, porque "não se pode confundir improbidade
com simples ilegalidade. A improbidade é ilegalidade tipificada e qualificada pelo elemento
Silva Martin
subjetivo da conduta do agente. Por isso mesmo, a jurisprudência do STJ considera indispensável,
Lages ee Silva
para a caracterização de improbidade, que a conduta do agente seja dolosa, para a tipificação das
Luiza Lages
condutas descritas nos artigos 9º e 11 da Lei 8.429/92, ou pelo menos eivada de culpa grave, nas do
Ana Luiza
artigo 10" (AIA 30-AM, Corte Especial, DJe 28/9/2011). A referida mitigação, entretanto, ocorre
Ana
apenas naqueles casos sem gravidade, sem densidade jurídica relevante e sem demonstração do
elemento subjetivo. De qualquer maneira, a detida análise da Lei n. 8.429/1992 demonstra que o
legislador, ao dispor sobre o assunto, não determinou expressamente quais seriam as vítimas
mediatas ou imediatas da atividade desonesta para fins de configuração do ato como ímprobo.
Impôs, sim, que o agente público respeite o sistema jurídico em vigor e o bem comum, que é o fim
último da Administração Pública. Essa ausência de menção explícita certamente decorre da
compreensão de que o ato ímprobo é, muitas vezes, um fenômeno pluriofensivo, ou seja, ele pode
atingir bens jurídicos diversos. Ocorre que o ato que apenas atingir bem privado e individual jamais
terá a qualificação de ímprobo, nos termos do ordenamento em vigor. O mesmo não ocorre,
38
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
entretanto, com o ato que atingir bem/interesse privado e público ao mesmo tempo. Aqui, sim,
haverá potencial ocorrência de ato de improbidade. Por isso, o primordial é verificar se, dentre
todos os bens atingidos pela postura do agente, existe algum que seja vinculado ao interesse e ao
bem público. Se assim for, como consequência imediata, a Administração Pública será vulnerada de
forma concomitante. No caso em análise, trata-se de discussão sobre séria arbitrariedade praticada
por policial, que, em tese, pode ter significado gravíssimo atentado contra direitos humanos. Com
efeito, o respeito aos direitos fundamentais, para além de mera acepção individual, é fundamento
da nossa República, conforme o art. 1º, III, da CF, e é objeto de preocupação permanente da
Administração Pública, de maneira geral. De tão importante, a prevalência dos direitos humanos,
na forma em que disposta no inciso II do art. 4º da CF, é vetor de regência da República Federativa
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do Brasil nas suas relações internacionais. Não por outra razão, inúmeros são os tratados e
convenções assinados pelo nosso Estado a respeito do tema. Dentre vários, lembra-se a Convenção
Americana de Direito Humanos (promulgada pelo Decreto n. 678/1992), que já no seu art. 1º, dispõe
explicitamente que os Estados signatários são obrigados a respeitar as liberdades públicas. E, de
forma mais eloquente, os arts. 5º e 7º da referida convenção reforçam as suas disposições
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mais, é injustificável pretender que os atos mais gravosos à dignidade da pessoa humana e aos
Silva Martin
direitos humanos, entre os quais a tortura, praticados por servidores públicos, mormente policiais
Lages ee Silva
armados, sejam punidos apenas no âmbito disciplinar, civil e penal, afastando-se a aplicação da Lei
Luiza Lages
todos, sob pena de inúmeros reflexos jurídicos, inclusive na ordem internacional. Pondere-se que o
agente público incumbido da missão de garantir o respeito à ordem pública, como é o caso do
policial, ao descumprir com suas obrigações legais e constitucionais de forma frontal, mais que
atentar apenas contra um indivíduo, atinge toda a coletividade e a própria corporação a que
pertence de forma imediata. Ademais, pertinente reforçar que o legislador, ao prever que constitui
ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública
qualquer ação ou omissão que viole os deveres de lealdade às instituições, findou por tornar de
interesse público, e da própria Administração em si, a proteção da imagem e das atribuições dos
entes/entidades públicas. Disso resulta que qualquer atividade atentatória a esse bem por parte de
agentes públicos tem a potencialidade de ser considerada como improbidade administrativa. Afora
39
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
isso, a tortura perpetrada por policiais contra presos mantidos sob a sua custódia tem outro reflexo
jurídico imediato. Ao agir de tal forma, o agente público cria, de maneira praticamente automática,
obrigação ao Estado, que é o dever de indenizar, nos termos do art. 37, § 6º, da CF. Na hipótese em
análise, o ato ímprobo caracteriza-se quando se constata que a vítima foi torturada em instalação
pública, ou melhor, em delegacia de polícia. Por fim, violência policial arbitrária não é ato apenas
contra o particular-vítima, mas sim contra a própria Administração Pública, ferindo suas bases de
legitimidade e respeitabilidade. Tanto é assim que essas condutas são tipificadas, entre outros
estatutos, no art. 322 do CP, que integra o Capítulo I ("Dos Crimes Praticados por Funcionário
Público contra a Administração Pública"), que por sua vez está inserido no Título XI ("Dos Crimes
contra a Administração Pública"), e também nos arts. 3º e 4º da Lei n. 4.898/1965, que trata do
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IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
Luiza Lages
contidas na Lei n. 9.504/1997 (Lei das Eleições) não impede a imposição de nenhuma das sanções
Ana
previstas na Lei n. 8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa - LIA), inclusive da multa civil,
pelo ato de improbidade decorrente da mesma conduta. Por expressa disposição legal (art. 12 da
LIA), as penalidades impostas pela prática de ato de improbidade administrativa independem das
demais sanções penais, civis e administrativas previstas em legislação específica. Desse modo, o fato
de o agente ímprobo ter sido condenado pela Justiça Eleitoral ao pagamento de multa por
infringência às disposições contidas na Lei das Eleições não impede sua condenação em quaisquer
das sanções previstas na LIA, não havendo falar em bis in idem. AgRg no AREsp 606.352-SP, Rel.
Min. Assusete Magalhães, julgado em 15/12/2015, DJe 10/2/2016.
40
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
restaria configurada se o serviço tivesse sido custeado pelos cofres públicos. Por consequência, se
Lages ee Silva
o ato não foi praticado por agente público ou por pessoa a ele equiparada, não há falar em ato de
Luiza Lages
improbidade administrativa. REsp 1.414.669-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
Ana Luiza
20/2/2014.
Ana
41
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
Configura ato de improbidade administrativa a conduta de professor da rede pública de ensino que,
aproveitando-se dessa condição, assedie sexualmente seus alunos. Isso porque essa conduta atenta
contra os princípios da administração pública, subsumindo-se ao disposto no art. 11 da Lei
8.429/1992. REsp 1.255.120-SC, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 21/5/2013 (Informativo
CPF: 903.588.994-00
nº 0523).
Luiza Lages
Ana Luiza
Ana Martin -- CPF:
Silva Martin
Lages ee Silva
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BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
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Ana Luiza
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Ana
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