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Flávio

Flávio Sousa
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2023
Brasília
3ª edição
Organizado por CP Iuris

ISBN 978-65-5701-062-4

MEDICINA LEGAL
Apresentação

Este material foi desenvolvido com o intuito de auxiliar o aprofundamento e a organização do


estudo da disciplina de Medicina Legal para concursos de delegado de polícia. Assim, propõe-se dar ênfase
na simplicidade e na objetividade, a fim de facilitar o entendimento.

Este e-book é fruto de diversas doutrinas, quais sejam, Hygino de C. Hércules; Genival Veloso de
França; Roberto Blanco; Wilson Palermo; Neusa Bittar; Professor Malthus; Delton Croce Junior etc.
Também foram utilizados os cursos dos professores Roberto Blanco, André Uchoa, Luciana Gazzola, entre
outros.

Deixo meu agradecimento pessoal aos meus amigos Alessandro Gabri e Caroline Freitas, que
contribuíram para que esse material se tornasse melhor.

Por fim, estude para ser o primeiro colocado. Acredite em você! Crenças limitam o potencial. Seja
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disciplinado. A disciplina é o medidor do seu comprometimento com os seus projetos. Se você anda
indisciplinado, é porque não tem dado importância suficiente para o que você quer.

Bons estudos!
Sousa Nogueira
Flávio Sousa
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Sobre o autor

FREDERICO ALVES MELO. Delegado de Polícia Civil do Estado de São Paulo. Ex-perito papiloscopista da
PCERJ. Ex-oficial de Cartório. Aprovado para Delegado de Polícia Federal (fases objetiva, subjetiva e oral).
Flávio Sousa
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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À MEDICINA LEGAL ........................................................................................................19

1. CONCEITO..............................................................................................................................................................20

2. NOÇÕES HISTÓRICAS .............................................................................................................................................20

2.1. NOÇÕES HISTÓRICAS NO BRASIL ........................................................................................................................22

3. SUBDIVISÕES DA MEDICINA LEGAL .......................................................................................................................22

3.1. MEDICINA LEGAL GERAL ....................................................................................................................................22

3.2. MEDICINA LEGAL ESPECIAL ................................................................................................................................22

4. RELAÇÕES DA MEDICINA LEGAL COM OUTRAS CIÊNCIAS .....................................................................................23

4.1. COM A CIÊNCIA MÉDICA ....................................................................................................................................24

4.2. COM A CIÊNCIA JURÍDICA...................................................................................................................................24


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CAPÍTULO 2. PERITOS E PERÍCIAS ..............................................................................................................................27

1. PERÍCIA ..................................................................................................................................................................28

1.1. FACE OBJETIVA ...................................................................................................................................................28

1.2. FACE SUBJETIVA .................................................................................................................................................28

1.3. LOCAL .................................................................................................................................................................28

1.4. LOCAL RELACIONADO.........................................................................................................................................29


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1.5. PERÍCIA COMPLEXA ............................................................................................................................................29

1.6. PRAZO DO LAUDO PERICIAL ...............................................................................................................................29

1.7. PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO DO JUIZ ............................................................................29


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1.8. REQUISIÇÃO DA PERÍCIA ....................................................................................................................................30


Sousa Nogueira

2. PERITO...................................................................................................................................................................30

2.1. FUNÇÃO .............................................................................................................................................................30


Flávio Sousa

2.2. PERITO OFICIAL ..................................................................................................................................................30


Flávio

2.3. PERITO NÃO OFICIAL ..........................................................................................................................................30

2.4. OBRIGATORIEDADE DA ACEITAÇÃO DO ENCARGO ............................................................................................31

2.5. IMPEDIMENTOS .................................................................................................................................................31

2.6. COMPROMISSO COM A VERDADE .....................................................................................................................31

2.7. ASSISTENTE TÉCNICO NA PERÍCIA ......................................................................................................................31

2.8. OITIVA DOS PERITOS E PARECER TÉCNICO .........................................................................................................32

3. VESTÍGIOS .............................................................................................................................................................32

3.1. DELITO NÃO TRANSEUNTE .................................................................................................................................32

3.2. DELITO TRANSEUNTE .........................................................................................................................................32

4. CORPO DE DELITO .................................................................................................................................................32


4.1. CONCEITO...........................................................................................................................................................32

4.2. EXAME DE CORPO DE DELITO .............................................................................................................................33


CAPÍTULO 3. CRIMINALÍSTICA ...................................................................................................................................41

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS .....................................................................................................................................42

2. PROVA ...................................................................................................................................................................42

2.1. FONTE DE PROVA ...............................................................................................................................................42

2.2. MEIO DE PROVA .................................................................................................................................................42

2.3. MEIO DE OBTENÇÃO DA PROVA ........................................................................................................................42

2.4. OBJETO DA PROVA .............................................................................................................................................43

2.5. PROVA TÍPICA.....................................................................................................................................................43

2.6. PROVA ATÍPICA ..................................................................................................................................................43

2.7. PROVA NOMINADA ............................................................................................................................................43

2.8. PROVA INOMINADA ...........................................................................................................................................43


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2.9. PROVA ANÔMOLA..............................................................................................................................................43

2.10. PROVA IRRITUAL ..............................................................................................................................................43

2.11. PROVA DIRETA .................................................................................................................................................43

2.12. PROVA INDIRETA ..............................................................................................................................................43

2.13. TIPOS DE PROVA ..............................................................................................................................................45

3. PERÍCIA ..................................................................................................................................................................45

3.1. FACE OBJETIVA ...................................................................................................................................................45


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3.2. FACE SUBJETIVA .................................................................................................................................................45

3.3. LOCAL .................................................................................................................................................................46


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3.4. LOCAL RELACIONADO.........................................................................................................................................46

3.5. PERÍCIA COMPLEXA ............................................................................................................................................46


Sousa Nogueira

3.6. PRAZO DO LAUDO PERICIAL ...............................................................................................................................48


Flávio Sousa

3.7. PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO DO JUIZ ............................................................................48

3.8. REQUISIÇÃO DA PERÍCIA ....................................................................................................................................48


Flávio

4. PERITO...................................................................................................................................................................48
4.1. FUNÇÃO .............................................................................................................................................................48

4.2. PERITO OFICIAL ..................................................................................................................................................48

4.3. PERITO NÃO OFICIAL ..........................................................................................................................................49

4.4. OBRIGATORIEDADE DA ACEITAÇÃO DO ENCARGO ............................................................................................49

4.5. IMPEDIMENTOS .................................................................................................................................................49

4.6. COMPROMISSO COM A VERDADE .....................................................................................................................49

4.7. ASSISTENTE TÉCNICO NA PERÍCIA ......................................................................................................................50

4.8. OITIVA DOS PERITOS E PARECER TÉCNICO .........................................................................................................50

5. VESTÍGIOS .............................................................................................................................................................50

5.1. DELITO NÃO TRANSEUNTE .................................................................................................................................50


5.2. DELITO TRANSEUNTE .........................................................................................................................................50

6. CORPO DE DELITO .................................................................................................................................................51

6.1. CONCEITO...........................................................................................................................................................51

6.2. EXAME DE CORPO DE DELITO .............................................................................................................................51

7. PRESUNÇÃO ..........................................................................................................................................................54

8. INDÍCIO .................................................................................................................................................................54

8.1. INDÍCIO DE IDENTIDADE .....................................................................................................................................54

8.2. INDÍCIO DE CAUSA .............................................................................................................................................54

8.3. INDÍCIOS E O PROCESSO PENAL .........................................................................................................................54

8.4. INDÍCIO POSITIVO ..............................................................................................................................................55

8.5. INDÍCIO NEGATIVO OU CONTRA INDÍCIO ...........................................................................................................55


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9. MODALIDADES DE PERÍCIAS CRIMINAIS ...............................................................................................................55

9.1. CORPO DE DELITO ..............................................................................................................................................56

9.2. AUTÓPSIA...........................................................................................................................................................56

9.3. EXUMAÇÃO ........................................................................................................................................................56

9.4. IDENTIFICAÇÃO DE CADÁVER .............................................................................................................................56

9.5. LOCAL DE CRIME ................................................................................................................................................56

9.6. LABORATÓRIO ....................................................................................................................................................56


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9.7. OBJETOS E INSTRUMENTOS ...............................................................................................................................56

9.8. AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE DANOS .................................................................................................................57


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9.9. INCÊNDIOS .........................................................................................................................................................57

9.10. DOCUMENTOS..................................................................................................................................................57
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9.11. PERÍCIAS NO NOVO CPC ...................................................................................................................................57


Flávio Sousa

10. LOCAIS DE CRIME ................................................................................................................................................57

10.1. DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO ...........................................................................................................................57


Flávio

10.2. PRESERVAÇÃO DE LOCAIS DE CRIME ................................................................................................................57


11. VESTÍGIOS E INDÍCIOS ENCONTRADOS NOS LOCAIS DE CRIME ...........................................................................58

11.1. IMPRESSÕES DIGITAIS ......................................................................................................................................58

11.2. MANCHAS DE ESPERMA ...................................................................................................................................60

11.3. MANCHAS DE SANGUE .....................................................................................................................................60

12. REAÇÕES PARA IDENTIFICAR SANGUE ................................................................................................................62

12.1. REAÇÕES DE PROBABILIDADE OU ORIENTAÇÃO ..............................................................................................62

12.2. REAÇÕES DE CERTEZA ......................................................................................................................................63

12.3. PROVAS ESPECÍFICAS .......................................................................................................................................63

12.4. PROVAS INDIVIDUAIS .......................................................................................................................................65

CAPÍTULO 4. CADEIA DE CUSTÓDIA ..........................................................................................................................67


1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS .....................................................................................................................................68

1.1. CONCEITO...........................................................................................................................................................68

1.2. IMPORTÂNCIA MÉDICO-LEGAL...........................................................................................................................68

1.3. PRINCÍPIO DA MESMIDADE ................................................................................................................................68

1.4. PRINCÍPIO DA DESCONFIANÇA ...........................................................................................................................69

1.5. CADEIA DE CUSTÓDIA E CORPO DE DELITO ........................................................................................................69

2. INÍCIO DA CADEIA DE CUSTÓDIA ...........................................................................................................................69

2. 1. CONCEITO DE VESTÍGIO .....................................................................................................................................69

2.2. VESTÍGIO E INDÍCIO ............................................................................................................................................71

2.3. PRESERVAÇÃO DE EVENTUAL VESTÍGIO NA CADEIA DE CUSTÓDIA....................................................................71

3. FASES DA CADEIA DE CUSTÓDIA ...........................................................................................................................71


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3.1. FASE EXTERNA ....................................................................................................................................................71

3.2. FASE INTERNA ....................................................................................................................................................71

3.3. ETAPAS DO RASTREAMENTO DO VESTÍGIO NA CADEIA DE CUSTÓDIA ..............................................................71

3.4. INVERSÃO DE FASES ...........................................................................................................................................75

4. CONSEQUÊNCIAS DA QUEBRA DA CADEIA DE CUSTÓDIA .....................................................................................76

5. COLETA DOS VESTÍGIOS ........................................................................................................................................78

6. EXAMES PERICIAIS NO LOCAL DE CRIME ...............................................................................................................78


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6.1. EM LINHA ...........................................................................................................................................................78

6.2. EM LINHA CRUZADA...........................................................................................................................................79


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6.3. EM QUADRANTE ................................................................................................................................................79

6.4. EM ESPIRAL ........................................................................................................................................................79


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7. DETALHAMENTO DO CUMPRIMENTO DO TRATAMENTO DOS VESTÍGIOS ............................................................79


Flávio Sousa

7.1. ENTRADA EM LOCAIS ISOLADOS OU REMOÇÃO DE VESTÍGIOS ANTES DE LIBERADOS PELO PERITO
RESPONSÁVEL ..............................................................................................................................................................80
Flávio

7.2. ACONDICIONAMENTO DE VESTÍGIOS.................................................................................................................80

7.3. ROMPIMENTO DO LACRE DO RECIPIENTE QUE CONTÉM OS VESTÍGIOS ............................................................81

7.4. CENTRAL DE CUSTÓDIA ......................................................................................................................................82

CAPÍTULO 5. DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS ...........................................................................................................89

1. CONCEITO..............................................................................................................................................................90

2. ESPÉCIES DE DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS........................................................................................................90

2.1. NOTIFICAÇÃO OU COMUNICAÇÃO COMPULSÓRIA ............................................................................................90

2.2. ATESTADO ..........................................................................................................................................................91

2.3. PRONTUÁRIOS ...................................................................................................................................................95

2.4. DEPOIMENTO ORAL ...........................................................................................................................................95

2.5. RELATÓRIO MÉDICO-LEGAL ................................................................................................................................95

2.6. PARECER MÉDICO-LEGAL ...................................................................................................................................98


CAPÍTULO 6. ANTROPOLOGIA FORENSE .................................................................................................................104

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...................................................................................................................................105

1.1. CONCEITO.........................................................................................................................................................105

1.2. IDENTIDADE E IDENTIFICAÇÃO .........................................................................................................................105

2. MÉTODO DE VUCETICH .......................................................................................................................................106

2.1. A CLASSIFICAÇÃO DE VUCETICH .......................................................................................................................107

2.2. TIPOS FUNDAMENTAIS DA CLASSIFICAÇÃO DE VUCETICH ...............................................................................109

2.3. DESENHO DIGITAL ............................................................................................................................................110

3. FÓRMULA DATILOSCÓPICA .................................................................................................................................110

3.1. OS TIPOS FUNDAMENTAIS NA FÓRMULA DATILOSCÓPICA..............................................................................111

3.2. SÍMBOLOS “X” E “0” NA FÓRMULA DATILOSCÓPICA .......................................................................................111


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3.3. COMO SE VERIFICA A FÓRMULA DATILOSCÓPICA............................................................................................112

4. REGRA DE LOCARD ..............................................................................................................................................112

5. ALGUNS PONTOS CARACTERÍSTICOS EXISTENTES NO DESENHO DIGITAL ...........................................................114

6. TIPOS DE IMPRESSÃO DIGITAL ............................................................................................................................114

6.1. VISÍVEL .............................................................................................................................................................114

6.2. LATENTE ...........................................................................................................................................................114

6.3. MOLDADA ........................................................................................................................................................114


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7. ALBODATILOGRAMA ...........................................................................................................................................114

8. SÍNDROME DE NAEGELLI OU NAGALI ..................................................................................................................115


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9. OUTROS “MÉTODOS” DE IDENTIFICAÇÃO EXISTENTES .......................................................................................115

9.1. MUTILAÇÕES, MARCAS E TATUAGENS .............................................................................................................116


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9.2. ORLA DE BURTON.............................................................................................................................................116


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9.3. ANTROPOMETRIA OU BERTILHONAGEM .........................................................................................................116

9.4. RUGOPALATOSCOPIA .......................................................................................................................................116


Flávio

9.5. POROSCOPIA ....................................................................................................................................................116


9.6. FLEBOGRAFIA ...................................................................................................................................................116

9.7. FOTOGRAFIA SIMPLES ......................................................................................................................................116

9.8. ASSINALAMENTO SUCINTO ..............................................................................................................................116

9.9. RETRATO FALADO ............................................................................................................................................116

10. PRINCIPAIS BALIZADORES DE IDADE NOS VIVOS ..............................................................................................117

11. IDENTIFICAÇÃO DE SANGUE ..............................................................................................................................117

11.1. REAÇÕES QUE INDICAM CERTEZA DE SER SANGUE (HUMANO OU NÃO) ......................................................117

11.2. REAÇÕES QUE INDICAM PROBABILIDADE DE SER SANGUE HUMANO ...........................................................117

11.3. REAÇÕES QUE INDICAM CERTEZA DE SER SANGUE HUMANO .......................................................................117

12. IDENTIFICAÇÃO POR DNA .................................................................................................................................118


12.1. EXAMES DE DNA CROMOSSOMIAL/NUCLEAR ................................................................................................118

12.2. EXAMES DE DNA MITOCONDRIAL ..................................................................................................................118

12.3. DNA EM ERITOBLASTOS, LEUCOBLASTOS E LEUCÓCITOS (CÉLULAS BRANCAS) .............................................118

12.4. DNA EM FÂNEROS DA PELE ............................................................................................................................118

13. OSTEOLOGIA .....................................................................................................................................................120

13.1. FUNÇÕES DO SISTEMA ESQUELÉTICO.............................................................................................................120

13.2. NÚMERO DE OSSOS DO CORPO HUMANO.....................................................................................................120

13.3. DIVISÃO DO ESQUELETO ................................................................................................................................120

14. OSSO .................................................................................................................................................................121

14.1. OSTEOBLASTO ................................................................................................................................................121

14.2. OSTEÓCITO .....................................................................................................................................................121


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14.3. OSTEOCLASTO ................................................................................................................................................121

14.4. TIPOS DE OSSOS .............................................................................................................................................121

14.5. CLASSIFICAÇÃO DOS OSSOS ...........................................................................................................................122

14.6. ESTRUTURA DOS OSSOS .................................................................................................................................123

14.7. CRESCIMENTO DOS OSSOS .............................................................................................................................125

14.8. ÓSTEON, SISTEMA DE HAVERS, CANAL DE HAVERS E CANAL DE VOLKMANN ...............................................125

14.9. OSSO HUMANO OU NÃO HUMANO ...............................................................................................................126


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15. IDENTIFICAÇÃO DE SEXO MASCULINO OU FEMININO.......................................................................................128

15.1. DIFERENÇA MORFOLÓGICA ............................................................................................................................129


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15.2. DIFERENÇA CROMOSSOMIAL .........................................................................................................................129

15.3. DIFERENÇA GONADAL ....................................................................................................................................129


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15.4. DIFERENÇA CROMATÍNICO .............................................................................................................................129


Flávio Sousa

15.5. DIFERENÇA DA GENITÁLIA INTERNA ..............................................................................................................129

15.6. DIFERENÇA DA GENITÁLIA EXTERNA ..............................................................................................................129


Flávio

15.7. DIFERENÇA JURÍDICA......................................................................................................................................129


15.8. DIFERENÇA DE IDENTIFICAÇÃO OU PSÍQUICO ................................................................................................129

15.9. DIFERENÇA MÉDICO-LEGAL ............................................................................................................................129

16. IDENTIFICAÇÃO DE RAÇA HUMANA ..................................................................................................................133

16.1. CAUCÁSICO.....................................................................................................................................................133

16.2. MONGÓLICO ..................................................................................................................................................133

16.3. NEGRÓIDE ......................................................................................................................................................133

16.4. INDIANO .........................................................................................................................................................133

16.5. AUSTRALÓIDE .................................................................................................................................................134

17. IDENTIFICAÇÃO PELA FORMA DO CRÂNIO: FÓRMULA DE RETZIUS...................................................................134

17.1. BRAQUICÉFALOS ............................................................................................................................................134


17.2. MESOCÉFALOS................................................................................................................................................134

17.3. DOLICOCÉFALO ...............................................................................................................................................134

18. IDENTIFICAÇÃO PELO ÍNDICE NASAL .................................................................................................................134

18.1. PLATIRRINOS ..................................................................................................................................................134

18.2. MESORRINOS .................................................................................................................................................134

18.3. LEPTORRINOS OU CATARRINOS .....................................................................................................................134

19. IDENTIFICAÇÃO PELO ÂNGULO DA FACE: ÂNGULOS DE JACQUART ..................................................................135

19.1. PROGNATA .....................................................................................................................................................135

19.2. MESOGNATA ..................................................................................................................................................135

19.3. ORTOGNATA ..................................................................................................................................................135

CAPÍTULO 7. TRAUMATOLOGIA FORENSE...............................................................................................................138


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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...................................................................................................................................139

2. PELE .....................................................................................................................................................................139

2.1. EPIDERME.........................................................................................................................................................139

2.2. DERME .............................................................................................................................................................140

2.3. ANEXOS CUTÂNEOS .........................................................................................................................................141

3. TRAUMA..............................................................................................................................................................141

3.1. HOMEOSTASIA .................................................................................................................................................141


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3.2. REAÇÃO LOCAL .................................................................................................................................................142

3.3. REAÇÃO SISTÊMICA OU GERAL ........................................................................................................................142


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4. LESÃO ..................................................................................................................................................................142

4.1. CRITÉRIO CRONOLÓGICO DAS LESÕES .............................................................................................................144


Sousa Nogueira

4.2. OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DAS LESÕES .............................................................................................................144


Flávio Sousa

5. LESÕES CORPORAIS E O CÓDIGO PENAL .............................................................................................................146

5.1. ANÁLISE DE DOLO NAS PERÍCIAS ......................................................................................................................147


Flávio

5.2. LESÃO CORPORAL LEVE ....................................................................................................................................147


5.3. LESÃO CORPORAL GRAVE OU GRAVÍSSIMA? ...................................................................................................147

5.4. DEBILIDADE FUNCIONAL E CLASSIFICAÇÃO DE FRANÇOIS BARRÊME ...............................................................148

6. SIMULAÇÃO.........................................................................................................................................................150

6.1. SIMULAÇÃO......................................................................................................................................................150

6.2. DISSIMULAÇÃO ................................................................................................................................................150

6.3. METASSIMULAÇÃO ..........................................................................................................................................150

6.4. PARASSIMULAÇÃO ...........................................................................................................................................150

6.5. FORMAS DE VERIFICAR A SIMULAÇÃO LATU SENSU ........................................................................................150

7. AGENTES VULNERANTES .....................................................................................................................................151

6.1. FÍSICA ...............................................................................................................................................................151


6.2. QUÍMICA ..........................................................................................................................................................152

6.3. BIOLÓGICA .......................................................................................................................................................152

6.4. MISTA ...............................................................................................................................................................152

8. ENERGIA DE ORDEM FÍSICA.................................................................................................................................152

8.1. ENERGIA DE ORDEM FÍSICA NÃO-MECÂNICA...................................................................................................152

8.2. ENERGIA DE ORDEM FÍSICA MECÂNICA ...........................................................................................................152

9. ENERGIA CINÉTICA ..............................................................................................................................................152

9.1. PRINCÍPIO GERAL DA CONSERVAÇÃO DA ENERGIA .........................................................................................153

9.2. GRAVIDADE ......................................................................................................................................................153

9.3. LESÃO CAUSADA POR AGENTE MECÂNICO PARADO .......................................................................................153

9.4. PRESSÃO...........................................................................................................................................................153
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9.5. DENSIDADE E DISSIPAÇÃO DE ENERGIA ...........................................................................................................153

9.6. CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES VULNERANTES .................................................................................................154

10. AGENTE CONTUNDENTE....................................................................................................................................154

10.1. MECANISMOS DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA CINÉTICA DOS AGENTES VULNERANTES ...............................156

10.2. LESÕES FECHADAS ..........................................................................................................................................156

10.3. LESÕES ABERTAS ............................................................................................................................................180

11. AGENTE PERFURANTE .......................................................................................................................................184


CPF: 037.820.231-61

11.1. INSTRUMENTOS DE CALIBRE PEQUENO .........................................................................................................184

11.2. INSTRUMENTOS DE CALIBRE MÉDIO ..............................................................................................................184


Nogueira -- CPF:

12. AGENTE CORTANTE ...........................................................................................................................................187

12.1. ESGORJAMENTO ............................................................................................................................................189


Sousa Nogueira

12.2. DEGOLAMENTO ..............................................................................................................................................189


Flávio Sousa

12.3. LESÕES DE DEFESA .........................................................................................................................................190

12.4. FERIDA HIATROGÊNICA ..................................................................................................................................191


Flávio

13. AGENTE PÉRFUROCORTANTE ............................................................................................................................191


13.1. UM GUME ......................................................................................................................................................192

13.2. DOIS GUMES ..................................................................................................................................................193

13.3. TRÊS GUMES ...................................................................................................................................................194

13.4. CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES PÉRFUROCORTANTES .......................................................................................194

14. AGENTE PÉRFURO-CONTUNDENTE ...................................................................................................................195

14.1. ENCRAVAMENTO ...........................................................................................................................................195

14.2. EMPALAMENTO .............................................................................................................................................195

14.3. PRECIPITAÇÃO E DEFENESTRAÇÃO .................................................................................................................196

15. AGENTE CORTO-CONTUNDENTE .......................................................................................................................196

15.1. CHAVE DE FENDA ...........................................................................................................................................196


15.2. DECAPITAÇÃO ................................................................................................................................................197

15.3. ESQUARTEJAMENTO ......................................................................................................................................197

15.4. ESPOSTEJAMENTO .........................................................................................................................................197

15.5. LESÃO EM SACABOCADO OU LACERO-CONTUSA. ..........................................................................................197

CAPÍTULO 8. PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO ...........................................................................................................205

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...................................................................................................................................206

2. CLASSIFICAÇÃO ...................................................................................................................................................206

2.1. QUANTO AO PORTE .........................................................................................................................................206

2.2. QUANTO À FINALIDADE ...................................................................................................................................208

2.3. QUANTO À ALMA DO CANO .............................................................................................................................208

2.4. QUANTO À VELOCIDADE ..................................................................................................................................209


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2.5. QUANTO AO FUNCIONAMENTO ......................................................................................................................210

2.6. QUANTO AO CALIBRE .......................................................................................................................................210

2.7. QUANTO À LEGISLAÇÃO ...................................................................................................................................212

3. MUNIÇÃO ............................................................................................................................................................212

3.1. PROJÉTIL ...........................................................................................................................................................213

3.2. ESTOJO .............................................................................................................................................................216

3.3. CARGA PROPELENTE ........................................................................................................................................217


CPF: 037.820.231-61

3.4. ESPOLETA .........................................................................................................................................................217

3.5. BUCHA PNEUMÁTICA .......................................................................................................................................218


Nogueira -- CPF:

4. BALÍSTICA ............................................................................................................................................................219

4.1. MOVIMENTOS DO PAF .....................................................................................................................................219


Sousa Nogueira

4.2. ANÁLISE DA DISTÂNCIA ALCANÇADA PELO PROJÉTIL ......................................................................................221


Flávio Sousa

4.3. EFEITOS PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS DO TIRO ................................................................................................223

4.4. TIROS A LONGA DISTÂNCIA ..............................................................................................................................223


Flávio

4.5. ORLAS CAUSADAS PELO PAF ............................................................................................................................224


4.6. TIROS A CURTA DISTÂNCIA ..............................................................................................................................227

4.7. POSSIBILIDADE DE MAIS PROJÉTEIS, NO INTERIOR DO CORPO, DO QUE ORIFÍCIOS DE ENTRADA ..................229

4.8. TIROS ENCOSTADOS .........................................................................................................................................230

4.9. DIÂMETRO DO BURACO DE ENTRADA NA PELE ...............................................................................................234

4.10. TRAJETO E TRAJETÓRIA ..................................................................................................................................235

4.11. FERIDAS ..........................................................................................................................................................236

4.12. LESÕES EM ÓRGÃOS — HALLO DE BONNET ...................................................................................................236

4.13. COEFICIENTE BALÍSTICO .................................................................................................................................236

4.14. TIRO PENETRANTE E TRANSFIXANTE ..............................................................................................................236

4.15. ESTABILIDADE DO PAF: CENTRO DE MASSA E PRESSÃO.................................................................................237


4.16. RESIDUOGRAFIA .............................................................................................................................................238

4.17. TEMPO DO DISPARO ......................................................................................................................................238

4.18. VALOR DE RESÍDUOS NA MÃO .......................................................................................................................238

4.19. ONDAS DE CHOQUE E ONDAS DE PRESSÃO ...................................................................................................239

4.20. CAVIDADES FORMADAS .................................................................................................................................240

4.21. LESÕES DE SAÍDA PROVOCADAS POR PAF .....................................................................................................242

4.22. LESÕES PROVOCADAS POR PAF DE ALTA ENERGIA ........................................................................................243

4.23. LESÕES EM ÓRGÃOS MACIOS PROVOCADAS POR PAF ..................................................................................243

CAPÍTULO 9. LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS ..........................................................................250

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...................................................................................................................................251

2. BLAST ..................................................................................................................................................................251
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2.1. AÉREO ..............................................................................................................................................................251

2.2. AQUÁTICO OU LÍQUIDO ...................................................................................................................................251

2.3. TERRESTRE OU SÓLIDO ....................................................................................................................................251

2.4. BLAST PRIMÁRIO, SECUNDÁRIO, TERCIÁRIO E QUATERNÁRIO ........................................................................251

3. LESÕES CAUSADAS EM FUNÇÃO DE EXPLOSÕES .................................................................................................252

3.1. EFEITOS DO BLAST ............................................................................................................................................252

4. GRANADA............................................................................................................................................................252
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4.1. GRANADA DEFENSIVA E OFENSIVA ..................................................................................................................253

CAPÍTULO 10. AGENTES TÉRMICOS .........................................................................................................................255


Nogueira -- CPF:

1. CONCEITOS INICIAIS ............................................................................................................................................256

2. ANIMAIS HOMEOTÉRMICOS E PECILOTÉRMICOS................................................................................................256


Sousa Nogueira

3. SENSORES TÉRMICOS ..........................................................................................................................................256


Flávio Sousa

4. FORMAS DE CONSERVAÇÃO E DISSIPAÇÃO DO CALOR .......................................................................................256

4.1. CONDUÇÃO ......................................................................................................................................................258


Flávio

4.2. IRRADIAÇÃO .....................................................................................................................................................258


4.3. CONVECÇÃO .....................................................................................................................................................258

4.4. EVAPORAÇÃO OU TRANSPIRAÇÃO ..................................................................................................................258

5. LESÕES PELA AÇÃO TÉRMICA ..............................................................................................................................258

5.1. TERMONOSES ...................................................................................................................................................258

5.2. QUEIMADURAS ................................................................................................................................................260

6. PÉROLAS ÓSSEAS.................................................................................................................................................265

7. SINAIS DECORRENTES DA AÇÃO DO CALOR ........................................................................................................266

7.1. SINAL DE MONTALTI.........................................................................................................................................266

7.2. SINAL DE DERVEGIE, BOXEUR, ESGRIMISTA OU SALTIMBANCO ......................................................................267

8. FOTODERMATOFITOSES ......................................................................................................................................268
9. REGRA DOS NOVE DE WALLACE ..........................................................................................................................268

10. CAUSAS DE MORTE NOS INCÊNDIOS .................................................................................................................269

11. OUTROS FATORES QUE LEVAM À MORTE .........................................................................................................270

12. DIAGNÓSTICO DO AGENTE VULNERANTE FOGO ...............................................................................................271

13. QUEIMADURA POR LÍQUIDO FERVENTE ...........................................................................................................271

14. QUEIMADURA POR SÓLIDO INCANDESCENTE ...................................................................................................271

15. QUEIMADURA POR VAPORES SUPERAQUECIDOS .............................................................................................271

16. LESÕES E MORTES CAUSADAS PELO FRIO .........................................................................................................272

16.1. HIPOTERMIA ..................................................................................................................................................272

16.2. GELADURAS ....................................................................................................................................................273

17. QUEIMADURAS PELO FRIO ................................................................................................................................273


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CAPÍTULO 11. AGENTES ELÉTRICOS .........................................................................................................................278

1. ENERGIA ELÉTRICA ..............................................................................................................................................279

1.1. CONDUTORES E ISOLANTES..............................................................................................................................279

1.2. ATERRAMENTO ................................................................................................................................................279

1.3. CORRENTE ELÉTRICA ........................................................................................................................................279

1.4. METALIZAÇÃO OU ELETROFORESE ...................................................................................................................279

1.5. EFEITO JOULE ...................................................................................................................................................279


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1.6. ELETROPERFURAÇÃO OU ELETROPERMEABILIZAÇÃO ......................................................................................279

1.7. PERÍODO REFRATÁRIO DA CÉLULA ...................................................................................................................280


Nogueira -- CPF:

2. FONTES DA ENERGIA ELÉTRICA ...........................................................................................................................280

2.1. NATURAL ..........................................................................................................................................................280


Sousa Nogueira

2.2. INDUSTRIAL ......................................................................................................................................................282


Flávio Sousa

3. ÓRGÃOS COM MAIOR PERIGO DE LESÃO ............................................................................................................288

3.1. ENCEFÁLO.........................................................................................................................................................288
Flávio

3.2. CÉREBRO ..........................................................................................................................................................288


3.3. TRONCO CEREBRAL OU ENCEFÁLICO ................................................................................................................288

3.4. CORAÇÃO .........................................................................................................................................................288

3.5. MUSCULATURA RESPIRATÓRIA ........................................................................................................................288

4. CADEIRA ELÉTRICA ..............................................................................................................................................288

5. CAUSAS DA MORTE X CORRENTE ELÉTRICA ........................................................................................................289

5.1. ALTA AMPERAGEM ..........................................................................................................................................289

5.2. MÉDIA AMPERAGEM .......................................................................................................................................289

5.3. BAIXA AMPERAGEM.........................................................................................................................................290

6. SINAL DE PIACENTINO .........................................................................................................................................290

CAPÍTULO 12. AGENTES CÁUSTICOS........................................................................................................................295


1. CONCEITO............................................................................................................................................................296

1.1. PH ÁCIDO E BÁSICO ..........................................................................................................................................296

2. AGENTES ÁCIDOS ................................................................................................................................................296

2.1. ÁCIDO SULFÚRICO — H2SO4............................................................................................................................296

2.2. ÁCIDO NÍTRICO — HNO3..................................................................................................................................298

2.3. ÁCIDO CLORÍDRICO — HCL...............................................................................................................................298

3. AGENTES BÁSICOS OU ALCALINOS ......................................................................................................................298

3.1. SODA CÁUSTICA — NAOH ................................................................................................................................298

3.2. POTASSA CÁUSTICA — KOH .............................................................................................................................298

4. CHUVA ÁCIDA......................................................................................................................................................298

CAPÍTULO 13. ASFIXIOLOGIA FORENSE ...................................................................................................................300


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1. CONCEITO............................................................................................................................................................301

2. METABOLISMO DA GLICOSE................................................................................................................................301

2.1. COM A PRESENÇA DE OXIGÊNIO OU AERÓBICA ...............................................................................................301

2.2. SEM A PRESENÇA DE OXIGÊNIO OU ANAERÓBICA ...........................................................................................301

3. PH DO SANGUE ...................................................................................................................................................302

4. HEMATOSE ..........................................................................................................................................................302

5. ASFIXIA: APARELHO RESPIRATÓRIO E CIRCULATÓRIO ........................................................................................303


CPF: 037.820.231-61

5.1. CONCEITOS BÁSICOS DO APARELHO CIRCULATÓRIO .......................................................................................303

5.2. GRANDE CIRCULAÇÃO ......................................................................................................................................304


Nogueira -- CPF:

5.3. PEQUENA CIRCULAÇÃO ....................................................................................................................................305

5.4. ASFIXIA .............................................................................................................................................................305


Sousa Nogueira

5.5. CONTROLE DE RESPIRAÇÃO .............................................................................................................................306


Flávio Sousa

5.6. EXPIRAÇÃO .......................................................................................................................................................306

6. ENERGIA VULNERANTE NAS ASFIXIAS MECÂNICAS: ENERGIA FISÍCO-QUÍMICA OU MISTA ................................306


Flávio

7. SINAIS GERAIS DE ASFIXIA (TRÍADE ASFÍXICA) ....................................................................................................307


7.1. SANGUE FLUIDO E ESCURO ..............................................................................................................................307

7.2. CONGESTÃO POLIVISCERAL ..............................................................................................................................307

7.3. MANCHAS DE TARDIEU ....................................................................................................................................307

7.4. OUTRAS CARACTERÍSTICAS (PALERMO) ...........................................................................................................307

8. CLASSIFICAÇÃO DAS ASFIXIAS DE AFRÂNIO PEIXOTO .........................................................................................308

8.1. ASFIXIAS PURAS ...............................................................................................................................................308

8.2. ASFIXIAS COMPLEXAS ......................................................................................................................................308

8.3. ASFIXIAS MISTAS ..............................................................................................................................................308

9. MODALIDADES DE ASFIXIA .................................................................................................................................310

10. IMPEDIR O FLUXO DE AR AOS PULMÕES ..........................................................................................................310


10.1. SUFOCAÇÃO DIRETA.......................................................................................................................................310

10.2. SUFOCAÇÃO INDIRETA ...................................................................................................................................311

11. CONSTRIÇÃO NO PESCOÇO ...............................................................................................................................314

11.1. ENFORCAMENTO ............................................................................................................................................314

11.2. ESTRANGULAMENTO .....................................................................................................................................317

11.3. ESGANADURA ................................................................................................................................................319

12. ASFIXIA POR MODIFICAR O AMBIENTE RESPIRÁVEL .........................................................................................323

12.1. AFOGAMENTO ...............................................................................................................................................323

12.2. SOTERRAMENTO ............................................................................................................................................327

12.3. CONFINAMENTO ............................................................................................................................................329

13. OUTRAS FORMAS DE ASFIXIA............................................................................................................................331


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13.1. ENVENENAMENTO PELO CIANETO .................................................................................................................331

13.2. ENVENENAMENTO PELO CURARE ..................................................................................................................332

13.3. INTOXICAÇÃO POR MONÓXIDO DE CARBONO ..............................................................................................332

13.4. ELETROPLESSÃO .............................................................................................................................................332

14. ASFIXIOFILIA ......................................................................................................................................................332

15. SÍNDROME DO CAFÉ CORONARY ......................................................................................................................332

16. FORMAS SECUNDÁRIAS DE ASFIXIAS ................................................................................................................332


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17. ASFIXIA E RIGIDEZ CADAVÉRICA ........................................................................................................................333

CAPÍTULO 14. LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR ENERGIA RADIANTE ............................................................339


Nogueira -- CPF:

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...................................................................................................................................340

2. IRRADIAÇÃO E CONTAMINAÇÃO ........................................................................................................................340


Sousa Nogueira

2.1. IRRADIAÇÃO .....................................................................................................................................................340


Flávio Sousa

2.2. CONTAMINAÇÃO..............................................................................................................................................340

3. PERIGO DAS RADIAÇÕES .....................................................................................................................................341


Flávio

3.1. RADIAÇÃO ALFA ...............................................................................................................................................341


3.2. RADIAÇÃO BETA ...............................................................................................................................................341

3.3. RADIAÇÃO GAMA .............................................................................................................................................341

3.4. RAIO-X ..............................................................................................................................................................342

4. COMPRIMENTO DA ONDA RADIOATIVA E GRAU DE PENETRAÇÃO ....................................................................343

5. UNIDADE DE RADIAÇÃO ......................................................................................................................................343

5.1. SIEVERT (SV OU MSV).......................................................................................................................................343

5.2. GRAY (GY).........................................................................................................................................................343

5.3. BECQUEREL (BQ) ..............................................................................................................................................344

6. EFEITOS DA ENERGIA RADIANTE NO CORPO .......................................................................................................344

6.1. FORMA AGUDA DA RADIODERMITE ................................................................................................................344


6.2. CARACTERÍSTICAS DAS QUEIMADURAS ...........................................................................................................345

6.3. FORMA CRÔNICA DA RADIODERMITE ..............................................................................................................345

6.4. ÚLCERA DE ROENTGEN .....................................................................................................................................345

6.5. SEPTICEMIA ......................................................................................................................................................345

7. MEIA-VIDA DOS ELEMENTOS RADIOATIVOS .......................................................................................................345

8. O CASO CÉSIO-137 DE GOIÂNIA ..........................................................................................................................346

CAPÍTULO 15. LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR ENERGIA BAROMÉTRICA .....................................................347

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...................................................................................................................................348

2. PORCENTAGEM DE GASES NO AR EM QUALQUER ALTURA ................................................................................348

3. LEIS DAS BAROPATIAS .........................................................................................................................................348

3.1. LEI DE BOYLE-MARIOTTE ..................................................................................................................................349


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3.2. LEI DE DALTON .................................................................................................................................................349

3.3. LEI DE HENRY ....................................................................................................................................................349

4. PRESSÃO EM GRANDES ALTITUDES .....................................................................................................................349

4.1. MAL DAS MONTANHAS OU AVIADORES ..........................................................................................................350

5. BAROTRAUMAS ORIUNDOS DE MERGULHOS .....................................................................................................352

5.1. MERGULHO EM APNEIA ...................................................................................................................................352

5.2. MERGULHO COM SCUBA..................................................................................................................................353


CPF: 037.820.231-61

CAPÍTULO 16. MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE ...........................................................................................356

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...................................................................................................................................357


Nogueira -- CPF:

1.1. IMPUTÁVEL ......................................................................................................................................................357

1.2. SEMI-IMPUTÁVEL .............................................................................................................................................357


Sousa Nogueira

1.3. INIMPUTÁVEL ...................................................................................................................................................357


Flávio Sousa

2. IMPUTABILIDADE ................................................................................................................................................357

2.1. IMPUTABILIDADE É ANALISADA AO TEMPO DA CONDUTA .............................................................................357


Flávio

2.2. EXAME DE SANIDADE MENTAL ........................................................................................................................357


3. ISENÇÃO DE PENA E LEI DE DROGAS ...................................................................................................................358

3.1. ISENÇÃO DE PENA E EMBRIAGUEZ NO CÓDIGO PENAL ....................................................................................358

4. DEPENDÊNCIA FÍSICA OU PSÍQUICA ....................................................................................................................358

4.1. TOLERÂNCIA .....................................................................................................................................................360

4.2. SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA ............................................................................................................................360

4.3. DEPENDÊNCIA ..................................................................................................................................................360

5. CRITÉRIOS RELACIONADOS À INIMPUTABILIDADE ..............................................................................................360

5.1. CRITÉRIO BIOLÓGICO DE INIMPUTABILIDADE. .................................................................................................360

5.2. CRITÉRIO BIOPSICOLÓGICO OU MISTO DE INIMPUTABILIDADE .......................................................................360

6. DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO OU RETARDADO ...........................................................................363


6.1. RETARDADO .....................................................................................................................................................364

6.2. SÍNDROME DE DOWN ......................................................................................................................................364

6.3. SÍNDROME DE TURNER ....................................................................................................................................364

6.4. EMBRIAGUEZ....................................................................................................................................................364

7. SEMI-IMPUTABILIDADE .......................................................................................................................................365

7.1. NÃO EXCLUDENTE DE IMPUTABILIDADE ..........................................................................................................365

7.2. FASES DA EMBRIAGUEZ ...................................................................................................................................367

7.3. EXAMES VERIFICADORES DE EMBRIAGUEZ ......................................................................................................369

7.4. TOLERÂNCIA AO ÁLCOOL .................................................................................................................................370

7.5. ALCOOLISMO E O MEIO AMBIENTE ..................................................................................................................370

7.6. SÍNDROME DE KORSAKOFF ..............................................................................................................................371


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7.7. DECORRÊNCIAS DO ALCOOLISMO ....................................................................................................................371

7.8. ABSORÇÃO DO CÉREBRO .................................................................................................................................371

8. MENINGES DO CÉREBRO .....................................................................................................................................372

8.1. PIA-MÁTER .......................................................................................................................................................372

8.2. ARACNÓIDE ......................................................................................................................................................372

8.3. DURA-MÁTER ...................................................................................................................................................373

9. LEI DE DROGAS ....................................................................................................................................................374


CPF: 037.820.231-61

9.1. LEI DE DROGAS E O INIMPUTÁVEL ...................................................................................................................374

9.1.1. SEMI-IMPUTÁVEL ..........................................................................................................................................376


Nogueira -- CPF:

10. INTOXICAÇÕES E ENVENENAMENTO.................................................................................................................376

10.1. HIDRARGIRISMO ............................................................................................................................................376


Sousa Nogueira

10.2. MITRIDATISMO ..............................................................................................................................................376


Flávio Sousa

10.3. SATURNISMO .................................................................................................................................................377

10.4. CHUMBINHO (CARBAMATO) ..........................................................................................................................377


Flávio

10.5. PESTICIDAS ORGANOFOSFORADOS ...............................................................................................................377


10.6. MONÓXIDO DE CARBONO .............................................................................................................................378

10.7. CIANETO .........................................................................................................................................................378

11. DROGAS PSICOATIVAS OU PSICOTRÓPICAS ......................................................................................................378

11.1. PSICOLÉPTICAS OU PSICOCATALÉPTICAS .......................................................................................................378

11.2. PSICODISLÉPTICAS ..........................................................................................................................................378

11.3. PSICOANALÉPTICAS ........................................................................................................................................379

11.4. LEGAL HIGHS ..................................................................................................................................................380

11.5. SÍNDROME DO CORPO EMBALAGEM .............................................................................................................380

11.6. FORMAS DE INTRODUÇÃO DAS DROGAS NO CORPO HUMANO ....................................................................382

11.7. ASSOCIAÇÃO DE DROGAS OU FARMACOCINÉTICA ........................................................................................382


CAPÍTULO 17. TANATOLOGIA FORENSE ..................................................................................................................389

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...................................................................................................................................390

1.1. OLHAR DE CABEÇA DE BONECA, REFLEXO ÓCULO-ENCEFÁLICO OU REFLEXO OCULOCEFALÓGIRO .................390

1.2. SINAL DA BONECA OU SINAL ÓCULO-VESTIBULAR...........................................................................................390

1.3. REFLEXO PUPILAR.............................................................................................................................................390

2. PERINECROSCOPIA ..............................................................................................................................................390

2.1. TANATOPSIA ....................................................................................................................................................392

2.2. AUTÓPSIA.........................................................................................................................................................392

2.3. LOCAL RELACIONADO.......................................................................................................................................392

3. EXAME DE CORPO DE DELITO ..............................................................................................................................392

4. TIPOS DE MORTE .................................................................................................................................................392


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4.1. MORTE NATURAL .............................................................................................................................................392

4.2. MORTE VIOLENTA ............................................................................................................................................393

4.3. MORTE SUSPEITA .............................................................................................................................................393

4.4. MORTE SÚBITA .................................................................................................................................................393

4.5. MORTE REAL ....................................................................................................................................................393

4.6. MORTE APARENTE ...........................................................................................................................................393

5. ALTERAÇÕES CELULARES .....................................................................................................................................394


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6. ESTRUTURA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL ....................................................................................................394

6.1. CÉREBRO ..........................................................................................................................................................394


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6.2. CEREBELO .........................................................................................................................................................394

6.3. PONTE OU PROTUBERÂNCIA ............................................................................................................................394


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6.4. BULBO ..............................................................................................................................................................394


Flávio Sousa

7. DIAGNÓSTICO DE MORTE FEITO NA RUA ............................................................................................................395

8. MORTE FETAL E NECESSIDADE DE DECLARAÇÃO DE ÓBITO ................................................................................395


Flávio

8.1. MORTE FETAL PREMATURA OU PRECOCE ........................................................................................................395


8.2. MORTE FETAL INTERMEDIÁRIA ........................................................................................................................396

8.3. MORTE FETAL TARDIA ......................................................................................................................................396

8.4. FÓRMULA DE HAASE ........................................................................................................................................396

9. SINAIS ABIÓTICOS IMEDIATOS DE MORTE ..........................................................................................................396

9.1. PERDA DE CONSCIÊNCIA ..................................................................................................................................397

9.2. IMOBILIDADE ...................................................................................................................................................398

9.3. INSENSIBILIDADE ..............................................................................................................................................398

9.4. ABOLIÇÃO DO TÔNUS MUSCULAR ...................................................................................................................398

9.5. RELAXAMENTO DO ESFÍNCTER .........................................................................................................................398

9.6. FACES HIPOCRÁTICA, CADAVÉRICA OU MÁSCARA DA MORTE ........................................................................398


9.7. INEXCITAÇÃO ELÉTRICA ....................................................................................................................................398

9.8. CESSAÇÃO DA RESPIRAÇÃO .............................................................................................................................398

9.9. CESSAÇÃO DA CIRCULAÇÃO .............................................................................................................................398

10. PERÍODO DE INCERTEZA DE TOURDES ..............................................................................................................399

11. PERÍODO SUPRA VITAL DO ÓRGÃOS .................................................................................................................399

12. PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA ...........................................................................................................................399

13. SINAIS ABIÓTICOS CONSECUTIVOS OU MEDIATOS DE MORTE .........................................................................400

13.1. EVAPORAÇÃO TEGUMENTAR .........................................................................................................................400

13.2. RESFRIAMENTO DO CORPO CADAVÉRICO OU ALGOR MORTIS ......................................................................401

13.3. LIVORES CADAVÉRICOS, HIPÓSTASES OU LIVOR MORTIS ..............................................................................404

13.4. RIGIDEZ CADAVÉRICA OU RIGOR MORTIS ......................................................................................................407


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14. REAÇÃO INFLAMATÓRIA ...................................................................................................................................411

15. ALTERAÇÕES CELULARES MICROSCÓPICAS QUE APARECEM HORAS APÓS A MORTE: TIPOS DE MORTE CELULAR
...................................................................................................................................................................................411

15.1. APOPTOSE ......................................................................................................................................................411

15.2. NECROSE ........................................................................................................................................................411

15.3. AUTÓLISE........................................................................................................................................................411

16. FENÔMENOS CADAVÉRICOS TRANSFORMATIVOS ............................................................................................412


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16.1. CONSERVADORES ...........................................................................................................................................412

16.2. DESTRUTIVOS .................................................................................................................................................414

17. EXUMAÇÃO .......................................................................................................................................................422


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17.1. ADMINISTRATIVAS .........................................................................................................................................423


Sousa Nogueira

17.2. JUDICIAIS ........................................................................................................................................................423

17.3. ARQUEOLÓGICAS ...........................................................................................................................................423


Flávio Sousa

18. MORTE FETAL ....................................................................................................................................................423


Flávio

18.1. MORTE FETAL PREMATURA OU PRECOCE ......................................................................................................423

18.2. MORTE FETAL INTERMEDIÁRIA ......................................................................................................................424

18.3. MORTE FETAL TARDIA ....................................................................................................................................424

CAPÍTULO 18. SEXOLOGIA FORENSE .......................................................................................................................432

1. A VIDA SEXUAL FEMININA ..................................................................................................................................433

1.1. MENARCA OU CATAMENIL ...............................................................................................................................433

2. GRAVIDEZ ............................................................................................................................................................433

2.1. CONCEPÇÃO, FERTILIZAÇÃO OU FECUNDAÇÃO ...............................................................................................434

2.2. NIDAÇÃO OU GRAVIDEZ TÓPICA ......................................................................................................................435

2.3. GRAVIDEZ ECTÓPICA ........................................................................................................................................436

2.4. CÉLULAS TROFOBLÁSTICAS ..............................................................................................................................437

3. PARTO .................................................................................................................................................................437
3.1. INÍCIO DO PARTO .............................................................................................................................................437

3.2. EXPULSÃO DO CONCEPTO ................................................................................................................................438

3.3. FIM DO PARTO .................................................................................................................................................438

3.4. PUERPÉRIO .......................................................................................................................................................438

3.5. LÓQUIOS ..........................................................................................................................................................439

4. COLO DO ÚTERO .................................................................................................................................................440

4.1. TUMOR DO PARTO OU CAPUT SUCEDANEUM .................................................................................................440

5. GEMÊOS ..............................................................................................................................................................440

5.1. GEMÊOS UNIVITELINOS, VERDADEIROS OU MONOZIGÓTICOS .......................................................................440

5.2. GEMÊOS BIVITELINOS, FALSOS OU FRATERNOS ...............................................................................................441

6. PROVA DE PARTO VAGINAL ANTERIOR ...............................................................................................................441


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6.1. CARÚNCULAS MIRTIFORMES ...........................................................................................................................441

6.2. VERIFICAÇÃO DO COLO DO ÚTERO ..................................................................................................................441

6.3. MULHER NULÍPARA, PRIMÍPARA E MULTÍPARA...............................................................................................442

7. RECÉM-NASCIDO .................................................................................................................................................442

7.1. ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO ....................................................................................................................442

8. CONJUNÇÃO CARNAL ..........................................................................................................................................442

9. HIMENOLOGIA ....................................................................................................................................................442
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9.1. FACE VULVAR ...................................................................................................................................................443

9.2. FACE VAGINAL ..................................................................................................................................................443


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9.3. ALTERAÇÕES CONGÊNITAS DO HÍMEN .............................................................................................................445

9.4. ALTERAÇÕES CONGÊNITAS ESPECÍFICAS DO HÍMEN ........................................................................................445


Sousa Nogueira

9.5. TIPOS DE HÍMEN...............................................................................................................................................446


Flávio Sousa

9.6. ALTERAÇÕES TRAUMÁTICAS DO HÍMEN ..........................................................................................................447

9.7. OUTRAS PROVAS DE CONJUNÇÃO CARNAL .....................................................................................................448


Flávio

8. ABORTO ..............................................................................................................................................................449
8.1. O ABORTO NO CÓDIGO PENAL .........................................................................................................................450

8.2. EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE ............................................................................................................450

8.3. PROVAS DE ABORTO ........................................................................................................................................451

9. PROVAS DE ABORTO NA MULHER VIVA ..............................................................................................................461

10. IDADE GESTACIONAL .........................................................................................................................................461

10.1. FÓRMULA DE HAASE ......................................................................................................................................462

11. IMPRESSÕES DIGITAIS .......................................................................................................................................462

12. PONTO DE BECLARD ..........................................................................................................................................462

13. INFANTICÍDIO ....................................................................................................................................................462

13.1. ESTADO PUERPERAL .......................................................................................................................................462


13.2. LOGO APÓS O PARTO .....................................................................................................................................462

13.3. DEPRESSÃO PUERPERAL .................................................................................................................................464

14. PSEUDOCIESE ....................................................................................................................................................464

15. HERMAFRODITISMO VERDADEIRO ...................................................................................................................464

16. PSEUDO-HERMAFRODITISMO ...........................................................................................................................464

17. PARAFILIAS ........................................................................................................................................................464

CAPÍTULO 19. TOXICOLOGIA FORENSE ...................................................................................................................484

1. CONCEITO............................................................................................................................................................485

2. VENENOS .............................................................................................................................................................485

2.1. CAMPO DE AÇÃO DOS VENENOS .....................................................................................................................485

2.2. ETAPAS DA FISIOPATOLOGIA DOS VENENOS ...................................................................................................485


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3. INTOXICAÇÕES E ENVENENAMENTO...................................................................................................................485

3.1. HIDRARGIRISMO ..............................................................................................................................................486

3.2. MITRIDATISMO ................................................................................................................................................486

3.3. SATURNISMO ...................................................................................................................................................486

3.4. CHUMBINHO (CARBAMATO)............................................................................................................................488

3.5. PESTICIDAS ORGANOFOSFORADOS .................................................................................................................488

3.6. MONÓXIDO DE CARBONO ...............................................................................................................................488


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3.7. CIANETO ...........................................................................................................................................................488

3.8. GASES TÓXICOS ................................................................................................................................................488


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4. DROGAS ..............................................................................................................................................................489

4.1. TOLERÂNCIA .....................................................................................................................................................489


Sousa Nogueira

4.2. SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA ............................................................................................................................489


Flávio Sousa

4.3. DEPENDÊNCIA ..................................................................................................................................................489

5. DROGAS PSICOATIVAS OU PSICOTRÓPICAS ........................................................................................................489


Flávio

5.1. PSICOLÉPTICAS OU PSICOCATALÉPTICAS .........................................................................................................490


5.2. PSICODISLÉPTICAS ............................................................................................................................................490

5.3. PSICOANALÉPTICAS ..........................................................................................................................................490

5.4. LEGAL HIGHS ....................................................................................................................................................492

6. SÍNDROME DO CORPO EMBALAGEM ..................................................................................................................492

6.1. BODY PACKER...................................................................................................................................................492

6.2. BODY PUSHER ..................................................................................................................................................492

6.3. FORMAS DE INTRODUÇÃO DAS DROGAS NO CORPO HUMANO ......................................................................492

7. ASSOCIAÇÃO DE DROGAS OU FARMACOCINÉTICA .............................................................................................493

7.1. EFEITO ADITIVO ................................................................................................................................................493

7.2. SINERGISMO.....................................................................................................................................................493
7.3. ANTAGONISMO ................................................................................................................................................493
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FREDERICO ALVES MELO

1 INTRODUÇÃO À MEDICINA LEGAL


INTRODUÇÃO À MEDICINA LEGAL• 1

19
FREDERICO ALVES MELO INTRODUÇÃO À MEDICINA LEGAL• 1

1. CONCEITO

A doutrina no geral define medicina legal como arte e ciência, a um só tempo.

É arte porque a realização de uma perícia médica requer habilidade (instinto), na prática do exame,
e estilo de redação do laudo. Essa arte se sujeita à ciência que se vale de todo o conhecimento oferecido
pelas demais especialidades médicas, além de ter campo próprio de pesquisa.

A definição de medicina legal varia de autor para autor, podendo ser apontada como principais
definições:

• Ambroise Paré (Pai da medicina legal): “É a arte de fazer relatórios em juízo.”


• Tourdes: “É a aplicação dos conhecimentos médicos às questões que concernem aos direitos
dos homens reunidos em sociedade.”
• Genival Veloso França: “É a contribuição da medicina, e da tecnologia e outras ciências afins, as
questões do Direito na elaboração das leis, na administração judiciária e na consolidação da
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doutrina.”
• Bonnet: “É uma disciplina que a totalidade das ciências médicas para dar respostas a questões
judiciais.”
• Lacassagne: “A arte de pôr os conceitos médicos legais a serviço da administração da justiça.”
• Legrand Du Saulle: “A aplicação das ciências médicas ao estudo e solução de todas as questões
especiais, que podem suscitar a instituição das leis e a ação da justiça.”

A medicina legal é uma especialidade médica, pois há tarefas que são exclusivas dos médicos
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legistas. Além disso, o modo de informar as autoridades que solicitam perícias é especial, devendo observar
algumas peculiaridades.

2. NOÇÕES HISTÓRICAS
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Em que pese relatos históricos mais antigos, podem ser apontados como marcos da medicina legal:
Sousa Nogueira

• Código de Hamurábi: O mais antigo Código Penal, promulgado no séc. XVIII a.C., trouxe
dispositivos que tratam da relação jurídica entre médico e paciente, sendo considerado o
Flávio Sousa

primeiro marco da relação médico-legal.


Flávio

• Século XVI — Ano 1532: Primeira publicação — “Constitutio Criminalis Carolina” —, que passou
a exigir a presença de peritos em certos delitos.
• Ano 1575 — Ambroise Paré: Considerado o marco formal inicial, cuidou-se do primeiro tratado
de medicina legal que tratava de técnicas de embalsamento, gravidade de feridas, virgindade
etc.

OBSERVAÇÃO

Em que pese o Tratado Ambroise Paré ser considerado o marco formal inicial, a primeira obra
escrita de medicina legal ocorreu na China em 1248, tratando da aplicação de conhecimentos médicos à
solução de casos criminais.

20
FREDERICO ALVES MELO INTRODUÇÃO À MEDICINA LEGAL• 1

• Ano 1602 — Fortunatus Fidelis: Primeiro tratado de medicina legal tido como completo —
lançado em Palermo.
• Primeira Revista de medicina legal: surgiu na Alemanha, em 1821. O País foi pioneiro ao
inaugurar a primeira Escola de Medicina Legal.
• Segunda Revista de medicina legal: surgiu na França, em 1829.
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21
FREDERICO ALVES MELO INTRODUÇÃO À MEDICINA LEGAL• 1

2.1. Noções Históricas no Brasil

A evolução da medicina legal no Brasil passou por 3 fases: estrangeira; de transição e de


nacionalização:

• A fase estrangeira ocorreu do Período Colonial até o ano de 1877. As principais influências da
medicina legal brasileira são oriundas da França (principal), Alemanha e Itália. É quase nula a
influência da medicina legal portuguesa sobre a brasileira;
• A fase de transição se deu em 1877 com Agostinho José de Souza Lima, por meio do ensino da
medicina legal;
• A fase de nacionalização foi inaugurada em 1895 por Raimundo Nina Rodrigues — conhecido
como “Lombroso dos trópicos”—, que iniciou a fase de pesquisa científica médico-legal,
principalmente relacionada à psiquiatria forense e à antropologia criminal na faculdade de
Medicina da Bahia. Outros nomes importantes para nacionalização da medicina legal vieram
em seguida, tais como, Oscar Freire e Afrânio Peixoto, que seguiram os estudos de Raimundo
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Nina Rodrigues.
• Em 1832, houve a inclusão da medicina legal como matéria nas faculdades de medicina da Bahia
e do Rio de Janeiro, além de ter sido estabelecido regramento para o exame de corpo de delito
no processo penal.

3. SUBDIVISÕES DA MEDICINA LEGAL

A medicina legal se subdivide em:


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• Medicina legal geral; e


• Medicina legal especial.

3.1. Medicina Legal Geral


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A medicina legal geral vai além do estudo do ser humano e divide-se em:

• Deontologia; e
Flávio Sousa

• Diceologia.
Flávio

3.1.1. Deontologia

A deontologia se ocupa das normas éticas a que o médico está sujeito no exercício da profissão.

3.1.2. Diceologia

A diceologia está ligada aos direitos dos profissionais.

3.2. Medicina Legal Especial

A medicina legal especial liga-se ao estudo do ser humano e tem como principais subdivisões:

• Patologia Forense;
• Toxicologia Forense;
• Infortunística;
• Antropologia Forense;

22
FREDERICO ALVES MELO INTRODUÇÃO À MEDICINA LEGAL• 1

• Sexologia Forense; e
• Psiquiatria Forense.

Há ainda sub-ramos específicos dentro da medicina legal especial que infelizmente não é uma
realidade em todos os institutos. São eles a odontologia forense; radiologia forense; entomologia forense;
psicologia forense; medicina legal desportiva etc.

3.2.1. Patologia Forense

A patologia forense é responsável pelo estudo da traumatologia forense e da tanatologia.

Na traumatologia, são estudadas as energias vulnerantes, seus mecanismos de ação e suas


consequências.

Na tanatologia, estuda-se a morte, sua causa jurídica e os fenômenos cadavéricos.


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3.2.2. Toxicologia Forense


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A toxicologia forense tem por objeto de estudo as substâncias tóxicas; os efeitos delas sobre o ser
humano; os mecanismo de ação delas; o modo de detecção delas, em casos concretos; e o esclarecimento
de aspectos de repercussão jurídica.

3.2.3. Infortunística

A infortunística se ocupa dos acidentes de trabalho, da etiologia destes; da dinâmica e das


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consequências deles. Estabelece o nexo entre os acidentes e as incapacidades laborativas.

3.2.4. Antropologia Forense


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A antropologia forense estuda os restos mortais com objetivo de esclarecer sua identidade, causa
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de morte e ascendência.

3.2.5. Sexologia Forense


Flávio Sousa
Flávio

A sexologia forense abrange aspectos relacionados com o diagnóstico de virgindade, violência


sexual, gravidez, puerpério, aborto e problemas médico-legais relativos ao casamento.

3.2.6. Psiquiatria Forense

A psiquiatria forense tem por finalidade a avaliação da responsabilidade penal e da capacidade


civil, que podem estar alteradas em função de distúrbios mentais. Nesse ramo da medicina legal são
abordados os aspectos médico-legais da embriaguez e das toxicomanias.

3.2.7. Policiologia Científica

Estuda os métodos científicos utilizados pela medicina legal no auxílio das investigações policiais.

4. RELAÇÕES DA MEDICINA LEGAL COM OUTRAS CIÊNCIAS

A medicina legal pode se relacionar com a ciência médica ou, ainda, com a ciência jurídica.

23
FREDERICO ALVES MELO INTRODUÇÃO À MEDICINA LEGAL• 1

4.1. Com a ciência médica

A medicina legal busca seus temas nos mais diversos ramos da ciência médica, como o da
traumatologia, da psicologia, da ginecologia e das demais especialidades médicas.

4.2. Com a ciência jurídica

• Direito Penal e Processual Penal: Trata-se de estudo relacionado a crimes;


• Direito Civil e Processual Civil: Trata-se de estudo relacionado a questões do casamento,
paternidade etc.;
• Direito Trabalhista: Trata-se de estudo relacionado à infortunística;
• Direito Desportivo: Trata-se de estudo relacionado ao desempenho esportivo;
• Direito Administrativo: Trata-se de estudo relacionado a atestados médicos utilizados por
servidores.
Flávio Sousa
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24
FREDERICO ALVES MELO INTRODUÇÃO À MEDICINA LEGAL• 1

APLICAÇÃO EM CONCURSO

1) De acordo com Afrânio Peixoto, a Medicina Legal pode ser definida como “A aplicação de conhecimentos
científicos dos misteres da justiça”. Do ponto de vista didático tradicional, a Medicina Legal pode ser
dividida em Geral e Legal. No caso da Geral, seu campo de ação se ocupa de várias áreas do conhecimento,
como

a) Antropologia Forense.

b) Honorários Médicos.

c) Asfixiologia Forense.

d) Genética Forense.

e) Sexologia Forense.
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2) Sob o ponto de vista didático, a medicina legal está dividida em medicina geral e medicina especial. A
respeito da medicina legal especial, assinale a opção correta.

a) A antropologia forense é o estudo da identidade e da identificação, seus métodos, processos e técnicas.

b) A infortunística trata da análise racional da participação da vítima na eclosão e justificação das infrações
penais.

c) A tanatologia versa sobre os fenômenos volitivos, afetivos mentais, a periculosidade do alienado, as


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socioneuropatias em face de problemas judiciários, a simulação e a dissimulação.

d) A vitimologia estuda os diferentes aspectos da gênese e da dinâmica dos crimes.

e) A asfixiologia forense é o estudo dos cáusticos e dos envenenamentos.


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3) A Medicina Legal é uma ciência de grandes proporções e muita diversificação. A respeito do conceito de
Flávio Sousa

Medicina Legal, analise as afirmativas.

I. A Medicina Legal é a ciência a serviço das ciências jurídicas e sociais.


Flávio

II. Embora se relacione estreitamente com o Direito Processual Penal, a Medicina Legal não apresenta
relação com o Direito Processual Civil.

III. Uma das definições de Medicina Legal é que esta é a arte de pôr os conhecimentos médicos a serviço da
administração da Justiça.

IV. A Medicina Legal tem recebido diversas denominações, como: Medicina Judiciária, Medicina Política e
Medicina Forense.

Estão corretas as afirmativas:

a) I, II e III, apenas

b) I, III e IV, apenas

c) II, III e IV, apenas

25
FREDERICO ALVES MELO INTRODUÇÃO À MEDICINA LEGAL• 1

d) I, II e IV, apenas

e) III e IV, apenas

4) De acordo com Ambroise Paré, a medicina legal é a arte de produzir relatórios na justiça.

( ) Certo ( ) Errado

5) Entre os conceitos a seguir, assinale a alternativa que apresenta uma definição de medicina legal.

a) Disciplina que defende os interesses sociais e individuais indisponíveis.

b) Especialidade que estuda dados oriundos de experimentos clínicos.

c) Arte de fazer relatórios em juízo.


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d) Estudo da origem das propriedades físicas e químicas.

e) Ciência que estuda os processos químicos que ocorrem nos organismos vivos.

GABARITO

1) Resposta: Letra “b”


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2) Resposta: Letra “a”

3) Resposta: Letra “b”


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4) Resposta: Certo
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5) Resposta: Letra “c”


Flávio Sousa
Flávio

26
Flávio
Flávio Sousa
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2
FREDERICO ALVES MELO

PERITOS E PERÍCIAS
PERITOS E PERÍCIAS• 2

27
FREDERICO ALVES MELO PERITOS E PERÍCIAS• 2

1. PERÍCIA

A perícia médico-legal é definida como sendo “um conjunto de procedimentos médicos e técnicos
que tem como finalidade o esclarecimento de um fato de interesse da justiça”.

A perícia é o exame dos elementos materiais de interesse de um processo, cuja realização é feita
por perito. Assim, a perícia é uma diligência com a finalidade de se estabelecer a veracidade ou a
falsidade de situações, fatos ou acontecimentos, por meio de prova, com a análise de toda a matéria
colhida como vestígio de uma infração, ou seja, do exame de corpo de delito. Portanto, perícia tem como
finalidade provar atos de interesse da justiça.
Quando os fatos alegados, em um processo, deixam vestígios materiais e estes se perdem no
mesmo instante em que ocorre — ou logo após—, sua comprovação em juízo só poderá ser feita pela
prova testemunhal. Porém, o relato dessas testemunhas pode, por diversas razões, não corresponder
fielmente à realidade. No entanto, se resultam vestígios duradouros, com a possibilidade de serem
detectados, o seu exame e registro devem ser feitos obrigatoriamente. O exame desses elementos
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materiais, quando feito por técnico, é chamado de perícia. Nesse sentido, para o processo penal, a perícia
é um meio de prova, pois é a forma que as fontes de prova são introduzidas na ação penal.

A perícia possui duas faces: uma objetiva e outra subjetiva.

1.1. Face objetiva

Trata-se de alterações visíveis verificadas pelo perito objetivamente. É encontrada no laudo pericial
na parte denominada “descrição”.
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1.2. Face subjetiva

É a análise da parte objetiva. É encontrada no laudo pericial na parte chamada “discussão”.


Nogueira -- CPF:
Sousa Nogueira

1.3. Local

Segundo o art. 6º do Código de Processo Penal (CPP), ao ocorrer um delito, deve a autoridade
Flávio Sousa

policial comparecer ao local, e preservá-lo até a chegada dos peritos criminais.


Flávio

Art. 6º, CPP Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade
policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das
coisas, até a chegada dos peritos criminais;

O local em que será realizada a perícia poder ser classificado como local idôneo e local inidôneo.

1.3.1. Local idôneo

O local será considerado idôneo quando se encontrar preservado.

1.3.2. Local inidôneo

O local será considerado inidôneo caso não esteja preservado, ou seja, foi alterado.

28
FREDERICO ALVES MELO PERITOS E PERÍCIAS• 2

1.4. Local relacionado

É o local que não tem ligação direta com o local objeto da perícia imediata, mas indiretamente
pode conter ou ser útil para análise de prova.

ATENÇÃO!

Embora o artigo 6º do CPP trate apenas das perícias em local de crime, elas podem ocorrer em
qualquer coisa que esteja relacionada ao delito, como em seres humanos, cadáveres, coisas, animais etc.

OBSERVAÇÃO

Perinescroscopia: é o exame corpo de delito que é feito em volta do cadáver.


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1.5. Perícia complexa

Se a perícia for tida como complexa, ou seja, se abranger mais de uma área de conhecimento
especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial. Caso haja divergência entre os
peritos, a autoridade nomeará um terceiro. Se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar
proceder novo exame por outros peritos.

Art. 159, CPP.


CPF: 037.820.231-61

[...]
§ 7º Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento
especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar
mais de um assistente técnico.
Nogueira -- CPF:

Art. 180, CPP. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do
exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente
Sousa Nogueira

o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a


autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos.
Flávio Sousa

1.6. Prazo do laudo pericial


Flávio

O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo esse prazo ser prorrogado,
em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.

Art. 160, CPP. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o
que examinarem, e responderão aos quesitos formulados.
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo
este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.

1.7. Princípio do livre convencimento motivado do juiz

O juiz não está vinculado ao laudo apresentado pelo perito, e, em caso de não acatar o laudo, no
todo ou parte, deverá motivar objetivamente.

Art. 182, CPP. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo
ou em parte.

29
FREDERICO ALVES MELO PERITOS E PERÍCIAS• 2

1.8. Requisição da perícia

A requisição da perícia pode ocorrer em dois momentos: na fase pré-processual e na fase


processual.

1.8.1. Fase de inquérito

Na fase pré-processual, a requisição da perícia é feita pela autoridade policial. Salvo no tocante ao
exame de constatação de sanidade mental do indiciado, pois, mesmo em sede pré-processual, caberá
apenas à autoridade judiciária determinar.

1.8.2. Fase processual

Na fase processual, a perícia será requisitada pela autoridade judiciária. Não cabe às partes
intervirem na nomeação do perito.
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Art. 276, CPP. As partes não intervirão na nomeação do perito.

2. Perito

O perito é um auxiliar da justiça devidamente compromissado, estranho às partes, portador de


conhecimento técnico altamente especializado e sem impedimentos para atuar no processo.

2.1. Função
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A função do perito limita-se a verificar o fato, indicando a sua respectiva causa.

2.2. Perito oficial


Nogueira -- CPF:

Conforme art. 159 do CPP, as perícias serão realizadas por perito oficial.
Sousa Nogueira

Art. 159, CPP. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito
Flávio Sousa

oficial, portador de diploma de curso superior. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
Flávio

Perito oficial é o perito concursado, que, no ato de sua posse, presta compromisso de realizar o
mister com ética e relatar com veracidade o que aprecia, não sendo necessário prestar esse compromisso a
cada perícia. Vale ressaltar que, sendo perito oficial, a regra é que a perícia seja realizada por apenas um
perito.

2.3. Perito não oficial

Excepcionalmente, caso não se tenha perito oficial na localidade, permite-se a realização da


perícia por duas pessoas idôneas, denominadas peritos não oficiais, ad hoc ou gracioso. Elas devem ser
portadoras de diploma em curso superior, não necessariamente na área de especialidade da perícia, mas,
sim, preferencialmente. Além disso, devem prestar compromisso.

Art. 159, CPP. [...]


§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as
que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.

30
FREDERICO ALVES MELO PERITOS E PERÍCIAS• 2

§ 2º Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o


encargo.

2.4. Obrigatoriedade da aceitação do encargo

Segundo o art. 277 do CPP, o perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo,
sob pena de multa, salvo se apresentar justo motivo para a escusa.

Art. 277, CPP. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo, sob
pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível.
Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que, sem justa causa, provada
imediatamente:
a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade;
b) não comparecer no dia e local designados para o exame;
c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos
estabelecidos.
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2.5. Impedimentos

Segundo o art. 279 do CPP:

Art. 279, CPP. Não poderão ser peritos:


I - os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada nos ns. I e IV do art. 69
do Código Penal;
II - os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o
objeto da perícia;
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III - os analfabetos e os menores de 21 anos.

2.6. Compromisso com a verdade

Qualquer posição em que esteja o perito, seja ele oficial ou não, seu compromisso com a verdade
Nogueira -- CPF:

constitui-se dever ético e obrigação legal. A declaração falsa ou a ocultação da verdade constitui o delito
Sousa Nogueira

de falsa perícia, previsto no art. 342 do Código Penal (CP).

Art. 342, CP - Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha,
Flávio Sousa

PERITO, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo,


inquérito policial, ou em juízo arbitral:
Flávio

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850,
de 2013)

2.7. Assistente técnico na perícia

É possível a indicação de assistente técnico, que só será admitido pelo juiz após a conclusão dos
exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais.

Art. 159, CPP.


[...]
§ 3º Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao
querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico.
§ 4º O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão
dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta
decisão.

31
FREDERICO ALVES MELO PERITOS E PERÍCIAS• 2

2.8. Oitiva dos peritos e parecer técnico

Segundo o § 5o do art. 159 do CPP, durante o curso do processo judicial, é permitido às partes,
quanto à perícia:

Art. 159, CPP.


[...]
§ 5º Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia:
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a
quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem
esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo
apresentar as respostas em laudo complementar;
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado
pelo juiz ou ser inquiridos em audiência.
§ 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à
perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua
guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for
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impossível a sua conservação.

3. VESTÍGIOS

Os vestígios podem ter caráter permanente ou passageiro. Podendo ser:

• Delito não transeunte (delicta factis permanentis); e


• Delito transeunte (delicta factis transeuntes).
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3.1. Delito não transeunte

O delito não transeunte ocorre quando a infração penal deixa vestígios. São vestígios duradouros,
chamados delicta factis permanentis.
Nogueira -- CPF:

São exemplos de crimes não transeuntes: homicídio, estupro, lesões corporais etc.
Sousa Nogueira

3.2. Delito transeunte


Flávio Sousa

O delito transeunte ocorre quando a infração penal não deixa vestígios. São denominados delicta
Flávio

factis transeuntes.

São exemplos de crimes transeuntes: calúnia, difamação, injúria, se praticados por meio verbal.

4. CORPO DE DELITO

4.1. Conceito

Quando o fato delituoso produz alterações materiais no ambiente, dá-se o nome de corpo de
delito ao conjunto de elementos sensíveis denunciadores do fato criminoso. Assim, pode-se definir corpo
de delito como sendo:

• Os elementos materiais, perceptíveis pelos nossos sentidos, resultantes da infração penal;


• Corpus criminis;
• Toda coisa ou pessoa sobre a qual incide a conduta delitiva, nos crimes contra a pessoa;
• Corpus instrumentorium;
• Meios, instrumentos utilizados pelo agressor para produzir o delito.

32
FREDERICO ALVES MELO PERITOS E PERÍCIAS• 2

4.2. Exame de corpo de delito

O corpo de delito, elemento sensível e objetivo, deve ser alvo de prova, obtida por meios que o
direito fornece. Assim, os peritos dirão natureza do corpo de delito e estabelecerão o nexo entre ele e o
ato ou omissão do acusado. Dessa maneira, tem-se o exame de corpo de delito.

ATENÇÃO!

Não se deve confundir corpo de delito com exame de corpo de delito. O primeiro é o elemento
objetivo que o crime deixou. O segundo, por sua vez, é o exame realizado sobre aquele elemento.

Exemplo: Suponha que tenha ocorrido um homicídio e que, no local, foi encontrado um projetil e
uma arma de fogo. Neste caso, o corpo de delito é o projetil e a arma de fogo coletados no local do delito.
O exame de corpo de delito é o trabalho realizado pelo perito para comparar se o projetil foi disparado por
uma determinada arma de fogo.
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OBSERVAÇÃO

Nem toda perícia é um exame de corpo de delito, mas todo exame de corpo de delito é uma
perícia. Exemplo: Perícia para avaliação de valor.

Portanto, conclui-se que há mais perícias do que exames de corpo de delito.


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O exame de corpo de delito pode ocorrer de forma direta ou indireta.


Nogueira -- CPF:

Art. 158, CPP. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Sousa Nogueira

4.2.1. Exame de corpo de delito direto


Flávio Sousa

O corpo de delito é objeto da atividade pericial. Há um contato direto do perito com a pessoa ou
Flávio

coisa a ser periciada.

Exemplo: Perito que tem contato direto com um cadáver, em um delito de homicídio.

4.2.2. Exame de corpo de delito indireto

Há duas correntes em relação ao corpo de delito indireto:

• 1ª Corrente: É a substituição do exame objetivo pela prova testemunhal, subjetiva. É chamado


indevidamente de exame corpo de delito indireto, pois não há corpo — embora exista o delito
— faltam os sinais, os vestígios, os elementos materiais (art. 158 CPP).

Segundo o Professor Wilson Palermo, o exame de corpo de delito indireto é aquele realizado
quando inexistentes vestígios materiais, sendo suprido pela informação testemunhal. Assim, observa-se o
art. 167 CPP, o qual dispõe que, se houver desaparecimento dos vestígios, a prova testemunhal poderá
suprir a falta.

33
FREDERICO ALVES MELO PERITOS E PERÍCIAS• 2

Art. 167, CPP. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido
os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

• 2ª Corrente: Entende que o exame de corpo de delito indireto é aquele em que não é mais
possível a perícia direta no corpo de delito, por este ter desaparecido. Porém, apesar disso, o
médico legista terá acesso aos prontuários médicos do paciente e elaborará o documento
médico-legal.

4.2.3. Obrigatoriedade do exame de corpo de delito

Sempre que o delito deixar vestígios, é obrigatório que se faça o exame de corpo de delito, seja
ele direito ou indireto, conforme preceitua o Código de Processo Penal.

Art. 158, CPP. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
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Art. 184, CPP. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial
negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da
verdade.

4.2.4. Exceção à obrigatoriedade do exame de corpo de delito

Segundo a Lei n.º 9.099/1995, nas infrações penais de menor potencial ofensivo, é dispensado o
exame corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova
equivalente.
CPF: 037.820.231-61

Art. 77, Lei 9.099/95. [...]


§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de
ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á
Nogueira -- CPF:

do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim
médico ou prova equivalente.
Sousa Nogueira

Ainda, a Lei Maria da Penha (Lei n.º 11.340/2006) prenuncia que:


Flávio Sousa

Art. 12, Lei 11.340/06. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a
mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os
Flávio

seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:


[...]
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar
outros exames periciais necessários;
[...]
§ 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos
por hospitais e postos de saúde.

4.2.5. Ausência do exame de corpo de delito

O art. 564 do CPP traz hipóteses de nulidade do processo, estando a ausência do exame de corpo
de delito entre elas.

Art. 564, CPP. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:


[...]
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
[...]

34
Flávio
Flávio Sousa
Sousa Nogueira
Nogueira -- CPF:
CPF: 037.820.231-61
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FREDERICO ALVES MELO

Art. 167;
PERITOS E PERÍCIAS• 2

b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no

35
FREDERICO ALVES MELO PERITOS E PERÍCIAS• 2

4.2.6. Prioridade na realização do exame de corpo de delito (Lei n.º


13.721/2018)

Segundo o CPP, quando o delito envolver violência doméstica e familiar contra mulher, violência
contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência, deve ser dada prioridade na realização do
exame de corpo de delito.

Art. 158, CPP. [...]


Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se
tratar de crime que envolva: (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018)
I - violência doméstica e familiar contra mulher;
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.

4.2.7. Momento do exame de corpo de delito

Como regra, o exame de corpo de delito pode ser realizado em qualquer dia e horário.
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Art. 161, CPP. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer
hora.

Como exceção:

• a autopsia deve ser feita pelo menos seis horas após a morte, pois é o tempo que aparecem os
sinais de certeza de morte;
• a autopsia poderá ocorrer antes se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, tiverem
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certeza do óbito.

Art. 162, CPP. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os
peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele
prazo, o que declararão no auto.
Nogueira -- CPF:

Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do
cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas
Sousa Nogueira

permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para
a verificação de alguma circunstância relevante.
Flávio Sousa
Flávio

36
FREDERICO ALVES MELO PERITOS E PERÍCIAS• 2

APLICAÇÃO EM CONCURSO

1) No que tange à perícia oficial e em acordo com o CPP, é CORRETO afirmar:

a) É facultada ao acusado a indicação de assistente técnico, após admissão pela autoridade policial.

b) Entende-se por perícia complexa aquela que abrange mais de uma área de conhecimento especializado.

c) Faculta-se ao Ministério Público e ao assistente técnico do querelante a formulação de quesitos a


qualquer tempo do inquérito policial.

d) Na falta de perito oficial, qualquer contribuinte poderá exercer o mister, desde que não inadimplente
com impostos públicos, e que seja admitido pelo delegado de polícia presidente do inquérito.

2) Jovem do sexo masculino é encontrado morto no seu quarto, aparentemente um caso de suicídio por
enforcamento. Logo ao chegar no local de morte, a equipe pericial encontra a vítima na cama, com o objeto
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usado como elemento constritor removido. Nessa situação, o perito criminal deve

a) avaliar detalhadamente o local, buscar pistas de envolvimento de terceiros, não realizar o exame pericial
do cadáver e registrar a alteração notada no laudo final.

b) fazer o boletim de ocorrência com a alteração notada, isolar e preservar o local de morte, e solicitar o
envio de equipe pericial do instituto médico-legal para realização de perícia conjunta.

c) informar à autoridade policial sobre a alteração do local de morte, emitir o laudo de impedimento e
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determinar a remoção imediata do cadáver para o instituto médico-legal.

d) realizar o exame externo do cadáver, de tudo que é encontrado em torno dele ou que possa ter relação
com o fato em questão, e registrar no laudo a alteração notada no local de morte.
Nogueira -- CPF:

e) realizar o registro fotográfico do local, investigar as circunstâncias da morte, não realizar o exame
pericial do cadáver, coletar o provável instrumento utilizado e descrever no laudo a alteração do local de
Sousa Nogueira

morte.
Flávio Sousa

3) No que se refere às perícias e aos laudos médicos em medicina legal, assinale a opção correta.
Flávio

a) As perícias podem consistir em exames da vítima, do indiciado, de testemunhas ou de jurado.

b) A perícia em antropologia forense permite estabelecer a identidade de criminosos e de vítimas, por meio
de exames de DNA, sem, no entanto, determinar a data e a circunstância da morte.

c) A opção pela perícia antropológica deve ser conduta de rotina nos casos em que a família da vítima
manifestar suspeita de morte por envenenamento.

d) As perícias médico-legais são restritas aos processos penais e civis.

e) Laudo médico-legal consiste em narração ditada a um escrivão durante o exame.

4) Com relação aos conhecimentos sobre corpo de delito, perito e perícia em medicina legal e aos
documentos médico-legais, assinale a opção correta.

37
FREDERICO ALVES MELO PERITOS E PERÍCIAS• 2

a) Perícia é o exame determinado por autoridade policial ou judiciária com a finalidade de elucidar fato,
estado ou situação no interesse da investigação e da justiça.

b) O atestado médico equipara-se ao laudo pericial, para serventia nos autos de inquéritos e processos
judiciais, devendo ambos ser emitidos por perito oficial.

c) Perito oficial é todo indivíduo com expertise técnica na área de sua competência incumbido de realizar o
exame.

d) É inválido o laudo pericial que não foi assinado por dois peritos oficiais.

e) Define-se corpo de delito como o conjunto de vestígios comprobatórios da prática de um crime


evidenciado no corpo de uma pessoa.

5) Julgue os itens a seguir, acerca do exame pericial.


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I A perícia médica direta se dá quando está presente o objeto da perícia.

II A perícia médica indireta ocorre quando é baseada em informações trazidas ao perito, seja pelos
documentos dos autos, por pesquisa de campo ou por novos documentos.

III Em sentido amplo, perícia médica é todo e qualquer ato propedêutico ou exame feito por médico com a
finalidade de colaborar com as autoridades administrativas, policiais ou judiciárias na formação de juízo a
que estão obrigadas.
CPF: 037.820.231-61

IV De acordo com o código de processo penal, quando a infração deixar vestígios, será dispensável o exame
de corpo de delito, sendo suficiente a confissão do acusado.

Assinale a opção correta.


Nogueira -- CPF:

a) Apenas o item I está certo.


Sousa Nogueira

b) Apenas II e III estão certos.

c) Apenas I, II, III estão certos.


Flávio Sousa

d) Apenas II, III e IV estão certos.


Flávio

e) Todos os itens estão certos.

6) Qual deve ser a resposta ao 1º quesito oficial, no exame de conjunção carnal, em multípara, com história
de estupro há 7 dias, sem vestígios?

a) Não.

b) Sem elementos.

c) Prejudicado.

d) Sim.

e) Rotura antiga.

38
FREDERICO ALVES MELO PERITOS E PERÍCIAS• 2

7) Em se tratando de exame de corpo de delito (ECD) lesão corporal, é INCORRETO afirmar:

a) em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame
complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do
Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.

b) a falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.

c) não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova
testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

d) o exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.

e) a necropsia médico-legal será sempre feita pelo menos seis horas depois do óbito.

8) Numa infração penal com vestígios, o exame de corpo de delito (ECD) torna-se indispensável, conforme
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artigo 158 do CPP (Código de Processo Penal). Assinale a alternativa INCORRETA.

a) O laudo médico-legal constitui a prova material que, originalmente como prova, tem por finalidade
demonstrar ou verificar a verdade, sendo importantíssima para o processo, pois fundamenta o
convencimento do juiz.

b) Deve ser realizado por peritos oficiais médico-legistas, que responderão no laudo, às dúvidas suscitadas
pela autoridade policial ou judicial.
CPF: 037.820.231-61

c) Pode ser substituído pelo prontuário da vítima quando este for anexado ao inquérito policial, por
solicitação direta ao hospital, pela autoridade policial.

d) Os ECDs realizados pelos peritos médicolegistas são incorporados no inquérito policial e servem como
elemento probatório.
Nogueira -- CPF:

e) Em algumas situações, no exame necroscópico, o perito médico legista examinará apenas os ferimentos
Sousa Nogueira

externos para determinar a causa da morte.


Flávio Sousa

9) Nas mortes violentas ou suspeitas, já previstas por lei, os peritos nomeados ou oficiais, por solicitação da
Flávio

autoridade competente, só poderão realizar a necropsia após 6 h de verificado o óbito. Sobre o exame
necroscópico, é CORRETO afirmar que

a) é um exame que pode ser realizado no indivíduo vivo ou morto.

b) não pode ser documentado por meio de um relatório médico-legal.

c) não pode ser realizado em indivíduos menores de um ano de idade.

d) um dos objetivos é destacar a causa da morte.

10) Em se tratando de exame de corpo de delito (ECD) lesão corporal, é INCORRETO afirmar:

a) em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame
complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do
Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.

39
FREDERICO ALVES MELO PERITOS E PERÍCIAS• 2

b) a falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.

c) não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova
testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

d) o exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.

e) a necropsia médico-legal será sempre feita pelo menos seis horas depois do óbito.

GABARITO

1) Resposta: Letra “b”

2) Resposta: Letra “d”


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3) Resposta: Letra “a”

4) Resposta: Letra “a”

5) Resposta: Letra “c”

6) Resposta: Letra “b”

7) Resposta: Letra “e”


CPF: 037.820.231-61

8) Resposta: Letra “c”

9) Resposta: Letra “d”

10) Resposta: Letra “e”


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40
Flávio
Flávio Sousa
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Nogueira -- CPF:
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3
FREDERICO ALVES MELO

CRIMINALÍSTICA
CRIMINALÍSTICA • 3

41
FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Hans Gross, juiz criminal e professor de direito penal, foi o primeiro a utilizar a expressão
“criminalística”, no ano de 1893.

A criminalística, que é uma disciplina autônoma, possui leis, métodos e princípios próprios. ela tem
por objetivo entender os indícios materiais extrínsecos do delito ou identificar o criminoso,
diferentemente da medicina legal, que estuda os vestígios intrínsecos do crime e está interligada a outras
ciências, como química, física, biologia, toxicologia etc. Por isso os peritos criminais possuem formações
específicas.

2. PROVA

Prova é todo meio de se demonstrar/evidenciar uma verdade. No processo penal, está ligada ao
princípio da verdade processual dos fatos ocorridos.
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Em regra, as provas são produzidas na fase judicial. Excepcionalmente, existe a possibilidade de


produção de provas na fase investigatória: provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.

Na produção de provas, é obrigatória a observância da ampla defesa e do contraditório, ainda


que diferido.

O destinatário da prova é o juiz, pois visa formar o seu convencimento.

São aspectos importantes relacionados à prova: fonte de prova, meio de prova e meio de
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obtenção de prova.

2.1. Fonte de prova


Nogueira -- CPF:

Fonte de prova refere-se às pessoas ou coisas das quais se consegue a prova. Em outras palavras,
uma vez cometido o fato delituoso, tudo aquilo que possa servir para esclarecê-lo pode ser conceituado
Sousa Nogueira

como fonte de prova.

A fonte de prova deriva do fato delituoso e sua existência independe do processo. A introdução no
Flávio Sousa

processo se dá por meio dos meios de prova.


Flávio

2.2. Meio de prova

O meio de prova, também chamado de meio de prova de 1º grau — na medida em que se destina
à produção da prova de maneira imediata e em sentido estrito —, é o instrumento por meio do qual as
fontes de prova são introduzidas no processo. Enquanto a fonte de prova ocorre antes do processo, o meio
de prova é uma atividade endoprocessual. É por isso que deve ser observado o contraditório quanto aos
meios de prova.

OBSERVAÇÃO

Devido ao princípio da liberdade probatória, é possível a utilização de quaisquer meios de prova,


estejam eles previstos ou não na legislação, ressalvada a vedação do uso de provas ilícitas.

2.3. Meio de obtenção da prova

42
FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

O meio de obtenção da prova, também chamado de meio de prova de 2º grau, refere-se a certos
procedimentos, em regra, extraprocessuais, cujo objetivo é a identificação de fontes de prova, geralmente
realizados por outros funcionários que não o juiz. Não é obrigatória a observância do contraditório, tendo
como elemento fundamental a surpresa.

2.4. Objeto da prova

É a veracidade ou não acerca dos fatos que interessam à solução do processo.

Havendo revelia no processo penal, os fatos não se presumem verdadeiros, devendo a acusação
provar a autoria.

2.5. Prova típica

A prova típica é aquela cujo procedimento probatório está previsto em lei.


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2.6. Prova atípica

A prova atípica é aquela que o procedimento não está previsto em lei.

2.7. Prova nominada

Prova nominada é aquela que é prevista em lei, com ou sem procedimento probatório. Exemplo:
Reprodução simulada dos fatos é uma prova nominada e atípica, pois, embora tenha previsão no CPP, não
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existe previsão de seu procedimento de produção.

2.8. Prova inominada


Nogueira -- CPF:

A prova inominada é a prova que não possui previsão em lei. Como visto, no processo penal, vigora
o princípio da busca da verdade pelo juiz, em virtude do qual, ainda que não haja previsão legal, a prova
Sousa Nogueira

inominada pode ser utilizada, desde que não seja ilícita ou imoral.
Flávio Sousa

2.9. Prova anômola


Flávio

A prova anômola é a utilizada para fins diversos daqueles que lhe são próprios, com características
de outra prova típica. Ou seja, existe meio de prova legalmente previsto, porém ele é deixado de lado,
valendo-se a parte de outro.

2.10. Prova irritual

Prova irritual é a prova típica colhida sem a observância do procedimento probatório previsto em
lei. A prova irritual é uma prova ilegítima, sujeita à declaração de nulidade.

2.11. Prova direta

Segundo Neusa Bittar, ocorre quando recai diretamente sobre o fato, permitindo uma conclusão
direta e objetiva.

2.12. Prova indireta

43
FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

Segundo Neusa Bittar, ocorre quando se afirma um outro fato para que, por raciocínio indutivo,
chegue-se a uma conclusão.

A prova indireta envolve indícios e presunções.


Flávio Sousa
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FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

2.13. Tipos de prova

2.13.1. Prova pericial

Sobre a prova pericial, sugere-se a leitura dos arts. 158 a 184 CPP.

2.13.2. Prova confessional

Sobre a prova confessional, sugere-se a leitura dos arts. 197 a 200 do CPP.

2.13.3. Prova testemunhal

Sobre a prova testemunhal, sugere-se a leitura dos arts. 202 a 225 do CPP.

2.13.4. Prova documental


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Sobre a prova documental, sugere-se a leitura dos arts. 231 a 238 do CPP.

3. PERÍCIA

A perícia médico-legal é definida como sendo “um conjunto de procedimentos médicos e técnicos
que tem como finalidade o esclarecimento de um fato de interesse da justiça”.

A perícia é o exame dos elementos materiais de interesse de um processo, cuja realização é feita
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por perito. Assim, a perícia é uma diligência com a finalidade de se estabelecer a veracidade ou a
falsidade de situações, fatos ou acontecimentos, por meio de prova, com a análise de toda a matéria
colhida como vestígio de uma infração, ou seja, do exame de corpo de delito. Portanto, perícia tem como
finalidade provar atos de interesse da justiça.
Nogueira -- CPF:

Quando os fatos alegados, em um processo, deixam vestígios materiais e estes se perdem no


Sousa Nogueira

mesmo instante em que ocorre — ou logo após—, sua comprovação em juízo só poderá ser feita pela
prova testemunhal. Porém, o relato dessas testemunhas pode, por diversas razões, não corresponder
fielmente à realidade. No entanto, se resultam vestígios duradouros, com a possibilidade de serem
Flávio Sousa

detectados, o seu exame e registro devem ser feitos obrigatoriamente. O exame desses elementos
Flávio

materiais, quando feito por técnico, é chamado de perícia. Nesse sentido, para o processo penal, a perícia
é um meio de prova, pois é a forma que as fontes de prova são introduzidas na ação penal.

A perícia possui duas faces: uma objetiva e outra subjetiva.

3.1. Face objetiva

Trata-se de alterações visíveis verificadas pelo perito objetivamente. É encontrada no laudo pericial
na parte denominada “descrição”.

3.2. Face subjetiva

É a análise da parte objetiva. É encontrada no laudo pericial na parte chamada “discussão”.

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FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

3.3. Local

Segundo o art. 6º do Código de Processo Penal (CPP), ao ocorrer um delito, deve a autoridade
policial comparecer ao local, e preservá-lo até a chegada dos peritos criminais.

Art. 6º, CPP Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade
policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das
coisas, até a chegada dos peritos criminais;

O local em que será realizada a perícia poder ser classificado como local idôneo e local inidôneo.

3.3.1. Local idôneo

O local será considerado idôneo quando se encontrar preservado.


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3.3.2. Local inidôneo

O local será considerado inidôneo caso não esteja preservado, ou seja, foi alterado.

3.4. Local relacionado

É o local que não tem ligação direta com o local objeto da perícia imediata, mas indiretamente
pode conter ou ser útil para análise de prova.
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ATENÇÃO!

Embora o artigo 6º do CPP trate apenas das perícias em local de crime, elas podem ocorrer em
Nogueira -- CPF:

qualquer coisa que esteja relacionada ao delito, como em seres humanos, cadáveres, coisas, animais etc.
Sousa Nogueira
Flávio Sousa

OBSERVAÇÃO
Flávio

Perinescroscopia: é o exame corpo de delito que é feito em volta do cadáver.

3.5. Perícia complexa

Se a perícia for tida como complexa, ou seja, se abranger mais de uma área de conhecimento
especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial. Caso haja divergência entre os
peritos, a autoridade nomeará um terceiro. Se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar
proceder novo exame por outros peritos.

Art. 159, CPP.


[...]
§ 7º Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento
especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar
mais de um assistente técnico.

Art. 180, CPP. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do
exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente

46
FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a


autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos.
Flávio Sousa
Flávio Nogueira -- CPF:
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FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

3.6. Prazo do laudo pericial

O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo esse prazo ser prorrogado,
em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.

Art. 160, CPP. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o
que examinarem, e responderão aos quesitos formulados.
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo
este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.

3.7. Princípio do livre convencimento motivado do juiz

O juiz não está vinculado ao laudo apresentado pelo perito, e, em caso de não acatar o laudo, no
todo ou parte, deverá motivar objetivamente.

Art. 182, CPP. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo
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ou em parte.

3.8. Requisição da perícia

A requisição da perícia pode ocorrer em dois momentos: na fase pré-processual e na fase


processual.

3.8.1. Fase de inquérito


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Na fase pré-processual, a requisição da perícia é feita pela autoridade policial. Salvo no tocante ao
exame de constatação de sanidade mental do indiciado, pois, mesmo em sede pré-processual, caberá
apenas à autoridade judiciária determinar.
Nogueira -- CPF:

3.8.2. Fase processual


Sousa Nogueira

Na fase processual, a perícia será requisitada pela autoridade judiciária. Não cabe às partes
intervirem na nomeação do perito.
Flávio Sousa

Art. 276, CPP. As partes não intervirão na nomeação do perito.


Flávio

4. Perito

O perito é um auxiliar da justiça devidamente compromissado, estranho às partes, portador de


conhecimento técnico altamente especializado e sem impedimentos para atuar no processo.

4.1. Função

A função do perito limita-se a verificar o fato, indicando a sua respectiva causa.

4.2. Perito oficial

Conforme art. 159 do CPP, as perícias serão realizadas por perito oficial.

Art. 159, CPP. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito
oficial, portador de diploma de curso superior. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

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FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

Perito oficial é o perito concursado, que, no ato de sua posse, presta compromisso de realizar o
mister com ética e relatar com veracidade o que aprecia, não sendo necessário prestar esse compromisso a
cada perícia. Vale ressaltar que, sendo perito oficial, a regra é que a perícia seja realizada por apenas um
perito.

4.3. Perito não oficial

Excepcionalmente, caso não se tenha perito oficial na localidade, permite-se a realização da


perícia por duas pessoas idôneas, denominadas peritos não oficiais, ad hoc ou gracioso. Elas devem ser
portadoras de diploma em curso superior, não necessariamente na área de especialidade da perícia, mas,
sim, preferencialmente. Além disso, devem prestar compromisso.

Art. 159, CPP. [...]


§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as
que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.
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§ 2º Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o


encargo.

4.4. Obrigatoriedade da aceitação do encargo

Segundo o art. 277 do CPP, o perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo,
sob pena de multa, salvo se apresentar justo motivo para a escusa.

Art. 277, CPP. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo, sob
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pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível.


Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que, sem justa causa, provada
imediatamente:
a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade;
Nogueira -- CPF:

b) não comparecer no dia e local designados para o exame;


c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos
Sousa Nogueira

estabelecidos.

4.5. Impedimentos
Flávio Sousa

Segundo o art. 279 do CPP:


Flávio

Art. 279, CPP. Não poderão ser peritos:


I - os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada nos ns. I e IV do art. 69
do Código Penal;
II - os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o
objeto da perícia;
III - os analfabetos e os menores de 21 anos.

4.6. Compromisso com a verdade

Qualquer posição em que esteja o perito, seja ele oficial ou não, seu compromisso com a verdade
constitui-se dever ético e obrigação legal. A declaração falsa ou a ocultação da verdade constitui o delito
de falsa perícia, previsto no art. 342 do Código Penal (CP).

Art. 342, CP - Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha,
PERITO, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo,
inquérito policial, ou em juízo arbitral:

49
FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850,
de 2013)

4.7. Assistente técnico na perícia

É possível a indicação de assistente técnico, que só será admitido pelo juiz após a conclusão dos
exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais.

Art. 159, CPP.


[...]
§ 3º Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao
querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico.
§ 4º O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão
dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta
decisão.

4.8. Oitiva dos peritos e parecer técnico


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Segundo o § 5o do art. 159 do CPP, durante o curso do processo judicial, é permitido às partes,
quanto à perícia:

Art. 159, CPP.


[...]
§ 5º Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia:
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a
quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem
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esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo


apresentar as respostas em laudo complementar;
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado
pelo juiz ou ser inquiridos em audiência.
§ 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à
Nogueira -- CPF:

perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua
guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for
Sousa Nogueira

impossível a sua conservação.

5. VESTÍGIOS
Flávio Sousa
Flávio

Os vestígios podem ter caráter permanente ou passageiro. Podendo ser:

• Delito não transeunte (delicta factis permanentis); e


• Delito transeunte (delicta factis transeuntes).

5.1. Delito não transeunte

O delito não transeunte ocorre quando a infração penal deixa vestígios. São vestígios duradouros,
chamados delicta factis permanentis.

São exemplos de crimes não transeuntes: homicídio, estupro, lesões corporais etc.

5.2. Delito transeunte

O delito transeunte ocorre quando a infração penal não deixa vestígios. São denominados delicta
factis transeuntes.

50
FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

São exemplos de crimes transeuntes: calúnia, difamação, injúria, se praticados por meio verbal.

6. CORPO DE DELITO

6.1. Conceito

Quando o fato delituoso produz alterações materiais no ambiente, dá-se o nome de corpo de
delito ao conjunto de elementos sensíveis denunciadores do fato criminoso. Assim, pode-se definir corpo
de delito como sendo:

• Os elementos materiais, perceptíveis pelos nossos sentidos, resultantes da infração penal;


• Corpus criminis;
• Toda coisa ou pessoa sobre a qual incide a conduta delitiva, nos crimes contra a pessoa;
• Corpus instrumentorium;
• Meios, instrumentos utilizados pelo agressor para produzir o delito.
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6.2. Exame de corpo de delito

O corpo de delito, elemento sensível e objetivo, deve ser alvo de prova, obtida por meios que o
direito fornece. Assim, os peritos dirão natureza do corpo de delito e estabelecerão o nexo entre ele e o
ato ou omissão do acusado. Dessa maneira, tem-se o exame de corpo de delito.

ATENÇÃO!
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Não se deve confundir corpo de delito com exame de corpo de delito. O primeiro é o elemento
objetivo que o crime deixou. O segundo, por sua vez, é o exame realizado sobre aquele elemento.
Nogueira -- CPF:

Exemplo: Suponha que tenha ocorrido um homicídio e que, no local, foi encontrado um projetil e
uma arma de fogo. Neste caso, o corpo de delito é o projetil e a arma de fogo coletados no local do delito.
Sousa Nogueira

O exame de corpo de delito é o trabalho realizado pelo perito para comparar se o projetil foi disparado por
uma determinada arma de fogo.
Flávio Sousa
Flávio

OBSERVAÇÃO

Nem toda perícia é um exame de corpo de delito, mas todo exame de corpo de delito é uma
perícia. Exemplo: Perícia para avaliação de valor.

Portanto, conclui-se que há mais perícias do que exames de corpo de delito.

O exame de corpo de delito pode ocorrer de forma direta ou indireta.

Art. 158, CPP. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

6.2.1. Exame de corpo de delito direto

51
FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

O corpo de delito é objeto da atividade pericial. Há um contato direto do perito com a pessoa ou
coisa a ser periciada.

Exemplo: Perito que tem contato direto com um cadáver, em um delito de homicídio.

6.2.2. Exame de corpo de delito indireto

Há duas correntes em relação ao corpo de delito indireto:

• 1ª Corrente: É a substituição do exame objetivo pela prova testemunhal, subjetiva. É chamado


indevidamente de exame corpo de delito indireto, pois não há corpo — embora exista o delito
— faltam os sinais, os vestígios, os elementos materiais (art. 158 CPP).

Segundo o Professor Wilson Palermo, o exame de corpo de delito indireto é aquele realizado
quando inexistentes vestígios materiais, sendo suprido pela informação testemunhal. Assim, observa-se o
art. 167 CPP, o qual dispõe que, se houver desaparecimento dos vestígios, a prova testemunhal poderá
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suprir a falta.

Art. 167, CPP. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido
os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

• 2ª Corrente: Entende que o exame de corpo de delito indireto é aquele em que não é mais
possível a perícia direta no corpo de delito, por este ter desaparecido. Porém, apesar disso, o
médico legista terá acesso aos prontuários médicos do paciente e elaborará o documento
médico-legal.
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6.2.3. Obrigatoriedade do exame de corpo de delito

Sempre que o delito deixar vestígios, é obrigatório que se faça o exame de corpo de delito, seja
Nogueira -- CPF:

ele direito ou indireto, conforme preceitua o Código de Processo Penal.


Sousa Nogueira

Art. 158, CPP. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Flávio Sousa

Art. 184, CPP. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial
Flávio

negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da
verdade.

6.2.4. Exceção à obrigatoriedade do exame de corpo de delito

Segundo a Lei n.º 9.099/1995, nas infrações penais de menor potencial ofensivo, é dispensado o
exame corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova
equivalente.

Art. 77, Lei 9.099/95. [...]


§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de
ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á
do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim
médico ou prova equivalente.

Ainda, a Lei Maria da Penha (Lei n.º 11.340/2006) prenuncia que:

52
FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

Art. 12, Lei 11.340/06. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a
mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os
seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:
[...]
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar
outros exames periciais necessários;
[...]
§ 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos
por hospitais e postos de saúde.

6.2.5. Ausência do exame de corpo de delito

O art. 564 do CPP traz hipóteses de nulidade do processo, estando a ausência do exame de corpo
de delito entre elas.

Art. 564, CPP. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:


[...]
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III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:


[...]
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no
Art. 167;

6.2.6. Prioridade na realização do exame de corpo de delito (Lei n.º


13.721/2018)

Segundo o CPP, quando o delito envolver violência doméstica e familiar contra mulher, violência
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contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência, deve ser dada prioridade na realização do
exame de corpo de delito.

Art. 158, CPP. [...]


Nogueira -- CPF:

Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se


tratar de crime que envolva: (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018)
I - violência doméstica e familiar contra mulher;
Sousa Nogueira

II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.


Flávio Sousa

6.2.7. Momento do exame de corpo de delito


Flávio

Como regra, o exame de corpo de delito pode ser realizado em qualquer dia e horário.

Art. 161, CPP. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer
hora.

Como exceção:

• a autopsia deve ser feita pelo menos seis horas após a morte, pois é o tempo que aparecem os
sinais de certeza de morte;
• a autopsia poderá ocorrer antes se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, tiverem
certeza do óbito.

Art. 162, CPP. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os
peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele
prazo, o que declararão no auto.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do
cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas

53
FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para
a verificação de alguma circunstância relevante.

7. PRESUNÇÃO

Segundo Neusa Bittar, presunção é a convicção na consciência sobre a existência real de um fato
ou circunstância desconhecida, que, por sua natureza, permitem relação com um fato conhecido. Este fato
conhecido e provado é chamado de indício.

8. INDÍCIO

Indícios são circunstâncias conhecidas, as quais estão provadas, mas, a partir delas, deduzir-se-á
outras. Isto é, a partir dessas circunstâncias é possível chegar à conclusão sobre fato determinado.

Segundo Neusa Bittar, a relação entre o indício (fato conhecido) e a presunção (fato desconhecido),
pode ser:
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• de identidade; e
• de causa (causal).

Conforme o autor, se as relações de causa e efeito ou de identidade forem necessárias e


constantes, o indício dá origem a uma prova certa ou indiciária. Mas, se essa relação for relativa, há
apenas uma probabilidade, que, ainda assim, pode auxiliar na formação da convicção.
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ATENÇÃO!

Toda presunção se origina a partir de um indício ou circunstância.

Indício não se confunde com vestígio, sendo este último qualquer elemento detectado no local de
Nogueira -- CPF:

crime. Aquele é resultado do vestígio analisado, que se verifica associado com o fato criminoso.
Sousa Nogueira

8.1. Indício de identidade


Flávio Sousa

O indício de identidade ocorre quando o fato conhecido é atributo próprio do desconhecido,


Flávio

permitindo a identificação.

Exemplo: Raiamento no projétil oriundo dos cheios do cano da arma de fogo.

8.2. Indício de causa

O indício de causa (causal) ocorre quando o fato desconhecido é a causa do fato conhecido (“onde
há fumaça, há fogo” — efeito e causa).

8.3. Indícios e o Processo Penal

Indícios podem possuir dois significados:

• prova indireta; e
• prova semiplena.

54
FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

8.3.1. Prova indireta

Segundo o art. 239 do CPP, considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo
relação com o fato, autorize, por indução, concluir a existência de outra ou outras circunstâncias. Pode ser
valorada com as demais provas para formar a convicção do julgador.

DOS INDÍCIOS
Art. 239, CPP. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo
relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras
circunstâncias.

8.3.2. Prova semiplena

É a prova de menor valor persuasivo, ou seja, é uma prova que não consegue formar um juízo de
certeza, mas que atinge a formação de juízo de probabilidade.
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Exemplo: A prova semiplena autoriza o oferecimento da denúncia, medidas cautelares etc.

8.4. Indício positivo

Quando o indício for positivo, indica a presença do fato ou elemento que se pretenda provar.

8.5. Indício negativo ou contra indício

Quando o indício for negativo (contra indícios), indica circunstâncias indiretas que, uma vez
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provadas, invalidam os indícios.

OBSERVAÇÃO
Nogueira -- CPF:

É possível o uso de indícios para condenação?


Sousa Nogueira

O indício, quando tem valor de prova indireta, é equivalente a qualquer outro meio de prova, pois a
Flávio Sousa

certeza pode deles provir.


Flávio

9. MODALIDADES DE PERÍCIAS CRIMINAIS

Segundo Neusa Bittar, são as modalidades de perícias criminais:

• corpo de delito;
• autópsia;
• exumação;
• identificação de cadáver;
• local de crime;
• laboratório;
• objetos e instrumentos;
• avaliação econômica de danos;
• incêndios;
• documentos; e
• perícias no novo CPC.

55
FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

9.1. Corpo de delito

Art. 158, CPP. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

9.2. Autópsia

Art. 162, CPP. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os
peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele
prazo, o que declararão no auto.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do
cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas
permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a
verificação de alguma circunstância relevante.

9.3. Exumação
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Art. 163, CPP. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará
para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará
auto circunstanciado.
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da
sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a
sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a
autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto.

9.4. Identificação de cadáver


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Art. 166, CPP. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao
reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou
pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no
qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações.
Nogueira -- CPF:

Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os objetos


encontrados, que possam ser úteis para a identificação do cadáver.
Sousa Nogueira

9.5. Local de crime


Flávio Sousa

Art. 169, CPP. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a
autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a
Flávio

chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou
esquemas elucidativos.
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e
discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos.

9.6. Laboratório

Art. 170, CPP. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a
eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com
provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas.

9.7. Objetos e instrumentos

Art. 171, CPP. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a
subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios,
indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o fato
praticado.

56
FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

Art. 175, CPP. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da
infração, a fim de se Ihes verificar a natureza e a eficiência.

9.8. Avaliação econômica de danos

Art. 172, CPP. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas,


deterioradas ou que constituam produto do crime.
Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à avaliação por
meio dos elementos existentes nos autos e dos que resultarem de diligências.

9.9. Incêndios

Art. 173, CPP. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver
começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a
extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação
do fato.
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9.10. Documentos
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Art. 174, CPP. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra,
observar-se-á o seguinte:
I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se
for encontrada;
II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa
reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre
cuja autenticidade não houver dúvida;
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que
CPF: 037.820.231-61

existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se


daí não puderem ser retirados;
IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a
autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a
pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que
Nogueira -- CPF:

se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever.


Sousa Nogueira

9.11. Perícias no novo CPC


Flávio Sousa

Faça a leitura dos arts. 156 a 158; 422; 371 e 464 a 480 do CPP.
Flávio

10. LOCAIS DE CRIME

10.1. Definição e classificação

Segundo Neusa Bittar, locais de crime são os locais em que ocorrem fatos que levam ao interesse
policial ou Judiciário. Nesses locais, será feita a análise de vestígios, para buscar saber se se trata de crime,
de suicídio ou de acidente.

No local de crime, é feita a classificação do local — quanto a área interna e externa —; a


observação de indícios; e o levantamento do local por meio de descrição, desenhos, fotografias e
cinegrafias.

10.2. Preservação de locais de crime

Ao ocorrer um delito, cabe à autoridade policial a preservação imediata do local, para que não se
altere o estado das coisas, até a chegada dos peritos. Isso salvo no caso de existir vítima a ser sorrida em

57
FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

acidente de trânsito, com a possibilidade, inclusive, de remoção de veículos envolvidos (art. 1º da Lei n.º
5.970/1973).

Art. 6º, CPP. Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade
policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das
coisas, até a chegada dos peritos criminais;

Art 1º, Lei 5.970/73. Em caso de acidente de trânsito, a autoridade ou agente policial que
primeiro tomar conhecimento do fato poderá autorizar, independentemente de exame do
local, a imediata remoção das pessoas que tenham sofrido lesão, bem como dos veículos
nele envolvidos, se estiverem no leito da via pública e prejudicarem o tráfego.

Os locais de crime, em relação aos vestígios e indícios, podem ser classificados como:

• local preservado;
• local contaminado; e
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• local referido.

10.2.1. Local preservado

O local será considerado preservado quando os indícios, no local da infração penal, foram
preservados da ocorrência dos fatos, até o completo registro.

10.2.2. Local contaminado


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O local será considerado contaminado quando houve, no local, a adulteração por adição, subtração
ou substituição de algum elemento incriminador.

10.2.3. Local referido


Nogueira -- CPF:
Sousa Nogueira

O local será considerado referido quando, na infração penal, duas áreas se associam ou se
completam.
Flávio Sousa

11. VESTÍGIOS E INDÍCIOS ENCONTRADOS NOS LOCAIS DE CRIME


Flávio

Segundo Neusa Bittar, são os vestígios e indícios encontrados em locais de crime:

• impressões digitais;
• manchas de esperma;
• manchas de sangue.

11.1. Impressões digitais

Segundo Neusa Bittar, as impressões digitais podem ser imperfeitas, com pouca nitidez, e
fragmentadas. No entanto, elas podem resultar no sucesso da investigação.

As impressões digitais podem ser:

• coloridas;
• moldadas; e
• latentes.

58
FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

11.1.1. Coloridas

Quando as impressões digitais são fruto de mão “sujas”.

Exemplo: sangue, graxa, tinta etc.

11.1.2. Moldadas

Ocorrem quando a impressão é deixada em material depressível.

Exemplo: gordura, manteiga etc.

11.1.3. Latentes

São as deixadas por descuido pelas mãos desprotegidas, em decorrência da água e ácidos graxos
presentes no suor. São transformadas em impressões coloridas para serem analisadas.
Flávio Sousa
Flávio Nogueira -- CPF:
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FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

OBSERVAÇÃO

O uso de luvas impede que objetos tocados tenham impressão digital?

A depender do material da luva, da espessura, e do objeto tocado é possível que se encontre


impressão digital. Assim, ao se verificar que foi utilizada luva ou se ela foi encontrada, deve-se seguir a
seguinte ordem:

1) verificar se há impressões digitais nos objetos tocados;

2) verificar impressões deixadas nos objetos pelo material empregado na confecção de luvas;

3) verificar se há impressões visíveis ou latentes no interior das luvas; e

4) verificar se há impressões na parte externa das luvas.

11.2. Manchas de esperma


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O esperma é fruto da secreção de várias glândulas masculinas (uretra, próstata e vesícula seminal).
O eventual encontro de espermatozoides, na substância coletada, dá a certeza de se tratar de esperma,
pois o esperma é fluido orgânico responsável por transportar os espermatozoides.

Não estando presentes espermatozoides, é possível se verificar se se trata de esperma pela


dosagem da fosfatase ácida prostática. A presença de fosfatase ácida, em alta quantidade, no canal vaginal,
é indicativo de certeza de conjunção carnal. Contudo, é necessário que o material esteja presente em alta
quantidade, pois as mulheres também possuem fosfatase ácida, porém, em baixa quantidade. Assim, a
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presença de fosfatase ácida em altos índices (acima de 300 unidades) é indicativo da presença de sêmen.

11.3. Manchas de sangue


Nogueira -- CPF:

A dinâmica de um delito pode ser avaliada pela presença de manchas de sangue. Essas manchas
podem ser:
Sousa Nogueira

• manchas de projeção;

Flávio Sousa

manchas de escorrimento;
• manchas de contato;
Flávio

• manchas por impregnação; e


• manchas por limpeza

11.3.1. Manchas de projeção

Ocorrem em função apenas da gravidade. Assim podem ser em:

• gotas; e
• salpicos.

a. Gotas

O formato das gotas irá variar de acordo com a altura do gotejamento. Assim, é indicativo de ser:

• pequena altura (5 a 10 cm): quando a gota possuir formato circular;


• altura de cerca de 40 cm: quando a gota possuir forma estrelada com bordos irregulares;

60
FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

• altura superior a 125 cm: quando a gota possuir forma estrelada com bordos denteados e gotas
satélites (gotas menores em volta da principal);
• grande altura (superior a 2m): quando a gota ficar em formato de gotículas.
Flávio Sousa
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FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

b. Salpicos

Há salpicos quando há a atuação de outra força anterior seguida da força posterior da gravidade,
sendo causadas, por exemplo, pela movimentação de uma arma, do indivíduo ou ambos, que resultam em
salpicos com forma alongada no final.

11.3.2. Manchas de escorrimento

São vistas como filetes ou poças devido à maior intensidade do sangramento, estando a vítima
parada.

11.3.3. Manchas de contato

Ocorrem quando mãos, pés, calçados ensanguentados da vítima ou do agressor deixam impressões
onde tocam. Neste caso, o sangue deve estar na forma líquida. Caso esteja coagulado, poderá deixar
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impressões moldadas.
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11.3.4. Manchas por impregnação


Nogueira -- CPF:
Sousa Nogueira

Ocorrem diante de grande sangramento, que se fixa em vestes, toalhas etc., em razão da absorção.

11.3.5. Manchas por limpeza


Flávio Sousa

São as manchas presentes em tecidos utilizados pelo agressor para a limpeza do local, da arma etc.
Flávio

A olho nu, as manchas de sangue parecem ter desaparecido. Com a ajuda de luz forense, essas
manchas podem ser observadas.

12. REAÇÕES PARA IDENTIFICAR SANGUE

Para saber se se trata de sangue verdadeiro, são utilizadas algumas reações, que podem ser de
probabilidade ou de certeza.

12.1. Reações de probabilidade ou orientação

1Imagem retirada do site: https://kasvi.com.br/hematologia-


forense/#:~:text=Gotas%3A%20forma%20circular%20%3D%20pequena%20altura,got%C3%ADculas%20%3D%20altura%20superior
%20a%202m

62
FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

As reações de probabilidade (provas de orientação), devem ser interpretadas da seguinte forma:

• negativas: tem-se a certeza de que não se trata de sangue.


• positivas: indica que pode ser sangue ou não.
São as reações de probabilidade:

12.1.1. Reação de Kastle-meyer

Utiliza uma substância chamada fenolftaleína, a qual indica a probabilidade de ser sangue, se ela
tomar cor rósea.

12.1.2. Reação de Adler-ascarelli

Utiliza-se uma substância chamada benzidina, a qual indica a probabilidade de ser sangue, se ela
tomar cor azulada.
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12.1.3. Luminol

Trata-se da emissão de luz, que toma a cor azul, se a substância tiver a presença de ferro (Fe).
Assim, como o sangue possui ferro, será indicativo de ser sangue, se tomar a cor azulada.

É possível a utilização do produto até mesmo com anos passados. Possui eficácia ainda que o local
seja lavado ou até mesmo após o uso de substâncias químicas.
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O material que teve contato com luminol não é servível para testes de certeza, pois a intensidade
para resultados fica diminuída. Ainda que diminuída, é possível verificar a cadeia de DNA por meio do uso
da técnica PCR.
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12.2. Reações de certeza


Sousa Nogueira

As reações de certeza devem ser interpretadas da seguinte forma:

• negativas: tem-se a certeza de que não se trata de sangue;


Flávio Sousa

• positivas: é sangue, não afirmando se tratar de sangue humano ou não humano.


Flávio

São as reações de certeza de sangue:

12.2.1. Teste de Teichmann

Detecta a formação de cristais de hemina nos glóbulos vermelhos, sendo utilizado no material
concentrado ou em crostas.

12.2.2. Teste de Takayama

Detecta a formação de cristais de hemocromogênio nos glóbulos vermelhos, sendo utilizado em


uma mancha de tecido ou em um raspado de crosta.

12.3. Provas específicas

63
FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

São utilizados antissoros específicos para identificar a origem do sangue, os quais reagem com
sangue específico humano ou não humano.

A reação que indica certeza de ser sangue humano é a chamada Reação de Uhlenhuth ou
Albuminorreação.
Flávio Sousa
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FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

12.3.1. Reação de Uhlenhuth ou Albuminorreação

Faz-se a mistura do sangue com o soro de animais de várias espécies. Se houver reação antígeno-
anticorpo, o resultado será positivo sangue humano.

Indica certeza de sangue humano, ainda, pela forma e tamanho das células sanguíneas (anucleação
das hemácias).

12.4. Provas individuais

São utilizadas para a identificação de grupo sanguíneo, após já se ter certeza de se tratar de sangue
humano.
Flávio Sousa
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FREDERICO ALVES MELO CRIMINALÍSTICA • 3

APLICAÇÃO EM CONCURSO

1) O pacote anticrime (Lei nº 13964/19) alterou a legislação penal e processual penal.


Sobre as medidas adotadas atualmente na preservação das provas, assinale a afirmativa correta.

a) O isolamento da área é a primeira medida a ser adotada.

b) O reconhecimento é a parte em que a vítima é identificada ainda na cena de crime.

c) O reconhecimento corresponde à distinção dos elementos como de potencial interesse para a


investigação.

d) A fixação é a fase em que os elementos de potencial interesse para a investigação são levados aos
laboratórios, onde serão fixados e estudados.

e) O rastreamento dos elementos de interesse se inicia após iniciado seu transporte para a unidade onde
serão analisados (laboratórios).
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2) Acerca dos vestígios, indícios e de outros elementos encontrados nos locais de crime, julgue os itens
seguintes.

I - A nulidade por falta do exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios é absoluta.

II - No caso de haver o crime deixado vestígio, a queixa ou a denúncia não será recebida se não for instruída
com o exame pericial dos objetos que constituam o corpo de delito.
CPF: 037.820.231-61

III - Os cadáveres, as lesões externas e os vestígios deixados no local do crime serão sempre fotografados
na posição em que forem encontrados.

Assinale a opção correta.


Nogueira -- CPF:

a) Apenas o item I está certo.


Sousa Nogueira

b) Apenas o item II está certo.


Flávio Sousa

c) Apenas os itens I e III estão certos.


Flávio

d) Apenas os itens II e III estão certos.

e) Todos os itens estão certos.

GABARITO

1) Resposta: Letra “c”

2) Resposta: Letra “d”.

66
Flávio
Flávio Sousa
Sousa Nogueira
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4
FREDERICO ALVES MELO

CADEIA DE CUSTÓDIA

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CADEIA DE CUSTÓDIA • 4
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 4

1. Considerações iniciais

Essa sistemática é nova no Código de Processo Penal, ela foi inserida pela Lei n.º 13.964/2019
(Pacote Anticrime), tratando da documentação de uma evidência. A preocupação do legislador foi a de
tecer todo um procedimento para garantir a integridade da prova, a fim de que essa prova, quando
submetida ao contraditório, chegasse absolutamente íntegra.

A cadeia de custódia da prova pode responder a um binômio, que é a autenticidade e integridade.

Exemplo: Ao se fazer um exame de sangue, existe todo o procedimento a ser seguido pelo
atendente, como lavar as mãos, usar as luvas, mostrar a seringa e a agulha, bem como que ambas estão
lacradas, mostrar a etiqueta com os respectivos dados, e, por fim, fazer a coleta do sangue. Todo esse
procedimento visa a dar segurança. Nesse mesmo sentido, deve haver a documentação da evidência, com
fim de dar segurança.

1.1. Conceito
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É o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história


cronológica do vestígio, coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio, a
partir de seu reconhecimento, até o descarte.

“Segundo Geraldo Prado, a cadeia de custódia representa justamente o importante


‘dispositivo que pretende assegurar a integridade dos elementos probatórios’. Trata-se de
mecanismo fundamental à regular utilização de uma evidência em juízo, garantindo-se a
respectiva ‘história cronológica’ ou ‘rastreabilidade probatória’ e, por consequência, a sua
CPF: 037.820.231-61

autenticidade e confiabilidade. Revela, no fundo, uma preocupação com ‘o controle da


decisão judicial em um Estado democrático de direito” por meio de sistemas de controles
epistêmicos”.

Art. 158-A, CPP. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos


Nogueira -- CPF:

utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais


ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu
Sousa Nogueira

reconhecimento até o descarte. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

1.2. Importância médico-legal


Flávio Sousa
Flávio

Segundo o Professor Wilson Palermo, a importância médico-legal reside na preservação dos


vestígios que futuramente poderão se transformar em verdadeiras provas, no curso do processo penal.
Assim, garantindo-se a idoneidade e integridade.

1.3. Princípio da mesmidade

O princípio da mesmidade dispõe que a prova é exatamente aquela que foi colhida, ou seja, é a
mesma prova. A autoridade policial, ao colher e custodiar a prova, deve obedecer ao princípio da
mesmidade, sem manipular, alterar ou filtrar.

“Ex. 1: A defesa deve ter acesso à integralidade da prova, na sua originalidade, em casos
de interceptação telefônica (manifestação do contraditório = direito à informação e
paridade de armas), não podendo ser filtrado apenas aquilo que interessa à acusação.

68
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 4

Ex. 2: o elemento colhido em cadeia de custódia deve ser o mesmo a título de prova no
processo.”2

1.4. Princípio da desconfiança

A prova deve ser acreditada, submetida a um procedimento que demonstre que tais elementos
correspondem ao que a parte alega ser. Nem tudo que ingressa no processo pode ter valor probatório (há
que ser acreditado, desde sua coleta até a produção em juízo, para daí então ter valor probatório).3

1.5. Cadeia de custódia e corpo de delito

Segundo o Professor Wilson Palermo, cadeia de custódia e corpo de delito não se confundem,
pois:

• a cadeia de custódia representa todos os procedimentos que são utilizados para manter,
preservar, rastrear a posse e o manuseio dos vestígios desde o seu reconhecimento até o
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descarte.
• o corpo de delito é a base residual do crime, sem o que ele não existe (Genival França).

Vale lembrar que, se a infração penal deixar vestígio, é indispensável o corpo de delito, conforme o
art. 158 do CPP.

2. Início da cadeia de custódia

O início da cadeia de custódia ocorre quando detectado o vestígio e ocorrido um dos


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procedimentos abaixo:

• preservação do local de crime ou


• procedimentos policiais ou
Nogueira -- CPF:

• procedimentos periciais.
Sousa Nogueira

Note que o início da cadeia de custódia pode se dar por qualquer agente público envolvido nas
diligências.
Flávio Sousa

Segundo o Professor Wilson Palermo, não necessariamente um objeto reconhecido como vestígio
Flávio

estará na cena do delito, e, por esse motivo, abriu-se a possibilidade de se iniciar uma cadeia de custódia
com procedimentos policiais ou periciais, nos quais seja detectada a existência de vestígio.

Art. 158-A, CPP [...]


§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com
procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

2. 1. Conceito de vestígio

2Fonte: Dizer o Direito. Disponível em:


https://www.buscadordizerodireito.com.br/download/verPdf/e083259a7c0c5e90cf1745c26fa73c74.pdf
3 Fonte: Dizer o Direito.

69
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 4

Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, relacionado
com a infração penal. O vestígio é matéria-prima na produção da prova pericial.

Segundo o Professor Wilson Palermo, a existência de um vestígio pressupõe a existência de:

• um agente provocador, que causou ou contribui para causar; e


• um suporte adequado, que é o local em que o vestígio se materializa.

O vestígio pode ser:

• vestígio visível;
• vestígio latente.
Flávio Sousa
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FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 4

Art. 158-A, CPP [...]


§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido,
que se relaciona à infração penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

2.1.1. Vestígio visível

É vestígio que é detectável a olho nu.

2.1.2. Vestígio latente

É aquele que precisa ser revelado por técnicas especiais para que possa ser coletado.

2.2. Vestígio e indício

Segundo o Professor Wilson Palermo, vestígio não se confunde com indício.


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Vestígio é a matéria, indício é a circunstância, conforme o art. 239 do CPP.


037.820.231-61 -- flaviosousanogueira@gmail·com

Art. 239, CPP. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo
relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras
circunstâncias.

2.3. Preservação de eventual vestígio na cadeia de custódia

A responsabilidade pela preservação do eventual vestígio é do agente público que reconhecer um


CPF: 037.820.231-61

elemento como de potencial interesse para a produção da prova pericial, ficando este responsável por sua
preservação.

Art. 158-A, CPP. [...]


§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a
Nogueira -- CPF:

produção da prova pericial fica responsável por sua preservação. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
Sousa Nogueira

3. FASES DA CADEIA DE CUSTÓDIA


Flávio Sousa

Segundo o Professor Wilson Palermo, no que diz respeito às fases da cadeia de custódia, elas
Flávio

podem ser externa ou interna.

3.1. Fase externa

É a fase que abrange o local de crime e eventual áreas relacionadas.

3.2. Fase interna

Diz respeito ao tratamento do vestígio e sua perícia, englobando o armazenamento ou descarte do


material.

3.3. Etapas do rastreamento do vestígio na cadeia de custódia

Segundo o art. 158-B do Código de Processo Penal, a cadeia de custódia compreende o


rastreamento do vestígio nas seguintes etapas cronológicas:

71
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 4

1) RECONHECIMENTO 2) ISOLAMENTO 3) FIXAÇÃO 4) COLETA


FIXAÇÃOHECIMENTO

5) ACONDICIONAMENTO 6) TRANSPORTE 7) RECEBIMENTO 8) PROCESSAMENTO


FIXAÇÃOHECIMENTO

9) ARMAZENAMENTO 10) DESCARTE

Art. 158-B, CPP. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas


seguintes etapas: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a
produção da prova pericial; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar
o ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime; (Incluído pela
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Lei nº 13.964, de 2019)


III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou no
corpo de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias,
filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo
perito responsável pelo atendimento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando
suas características e natureza; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado
de forma individualizada, de acordo com suas características físicas, químicas e biológicas,
para posterior análise, com anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o
CPF: 037.820.231-61

acondicionamento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)


VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as
condições adequadas (embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a
garantir a manutenção de suas características originais, bem como o controle de sua
posse; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Nogueira -- CPF:

VII - recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser
documentado com, no mínimo, informações referentes ao número de procedimento e
Sousa Nogueira

unidade de polícia judiciária relacionada, local de origem, nome de quem transportou o


vestígio, código de rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo,
assinatura e identificação de quem o recebeu; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Flávio Sousa

VIII - processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a


metodologia adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de se
Flávio

obter o resultado desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito;
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IX - armazenamento: procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do
material a ser processado, guardado para realização de contraperícia, descartado ou
transportado, com vinculação ao número do laudo correspondente; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
X - descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação
vigente e, quando pertinente, mediante autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)

3.3.1. Reconhecimento

É o ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a produção da prova pericial,
ou seja, ato de verificar-se que algo interessa para produção da prova pericial.

3.3.2. Isolamento

72
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 4

É o ato de evitar que se altere o estado das coisas (preservação), devendo isolar e preservar o
ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e o local de crime.

a. Ambiente imediato

É a área abrangida pelo corpo de delito e seu entorno. É o local que se encontra a maioria dos
vestígios materiais.

Exemplo: quarto da casa em que ocorreu o homicídio.

b. Ambiente mediato

É adjacente ao local imediato. Há um vínculo físico/geográfico com o local do delito.

Exemplo: criminoso deixou uma blusa no quintal da casa.


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c. Ambiente relacionado

Não tem conexão física/geográfica com a cena do crime, mas guarda relação com a prática
delituosa.

Exemplo: Arma do homicídio que pode estar na casa do criminoso.

3.3.3. Fixação
CPF: 037.820.231-61

É a descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou no corpo de delito,


e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui, sendo
indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito responsável (um) pelo atendimento.
Nogueira -- CPF:

3.3.4. Coleta
Sousa Nogueira

É o ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando suas características
e natureza.
Flávio Sousa

Segundo o art. 158-C do CPP, a coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por
Flávio

perito oficial (1 perito), que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo quando
for necessária a realização de exames complementares.

Art. 158-C, CPP. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito
oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo quando
for necessária a realização de exames complementares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019

Segundo o Professor Wilson Palermo, a coleta deve ser feita necessariamente por perito oficial ou
por peritos ad hoc. Isso admite uma única exceção que seria aquela justificada por questões de segurança,
determinadas no próprio local, diante de eventual comprometimento da integridade física dos
componentes da equipe que participa das diligências, devendo ter autorização do delegado de polícia e
liberação do perito, com a sua supervisão, para ter ciência da forma como o material foi coletado.

3.3.5. Acondicionamento

73
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 4

É o procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado de forma individualizada,
de acordo com suas características físicas, químicas e biológicas, para posterior análise, com anotação da
data, hora e nome de quem realizou a coleta e o acondicionamento.
Flávio Sousa
Flávio Nogueira -- CPF:
Sousa Nogueira flaviosousanogueira@gmail·com
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CPF: 037.820.231-61

74
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 4

3.3.6. Transporte

É o ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as condições adequadas


(embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a garantir a manutenção de suas
características originais, bem como o controle de sua posse.

3.3.7. Recebimento

É o ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser documentado com, no mínimo,
informações referentes ao número de procedimento e à unidade de polícia judiciária relacionada, ao
local de origem, ao nome de quem transportou o vestígio, ao código de rastreamento, à natureza do
exame, ao tipo do vestígio, ao protocolo, à assinatura e à identificação de quem o recebeu.

Segundo o Professor Wilson Palermo, o ato de transferência da posse do vestígio pode não estar
presente em todas as situações, já que o próprio perito que coletou, pode efetuar o transporte e submetê-
flaviosousanogueira@gmail·com

lo ao exame pertinente.
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3.3.8. Processamento

É o exame pericial em si, ou seja, a manipulação do vestígio de acordo com a metodologia


adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o resultado desejado, que
deverá ser formalizado em laudo produzido por perito.

3.3.9. Armazenamento
CPF: 037.820.231-61

É o procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do material a ser processado,


guardado para a realização de contraperícia, descartado ou transportado, com vinculação ao número do
laudo correspondente.
Nogueira -- CPF:

Contraperícia é uma nova perícia realizada em material depositado em local seguro e isento, que
Sousa Nogueira

já teve a parte anteriormente analisada, originando a prova que está sendo contestada (Senasp, Anexo II da
Portaria 82/2014).
Flávio Sousa

Contraprova é o resultado da contraperícia.


Flávio

3.3.10. Descarte

É o procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação vigente e, quando


pertinente, mediante autorização judicial.

Ao tratar da cadeia de custódia, os arts. 158-A, 158-B, 158- C, 158-D, 158-E e 158-F, do
CPP, introduzidos pela Lei 13.964/19, não condicionam a realização de exames periciais à
necessidade de prévia autorização judicial, a qual se faz necessária, quando pertinente,
tão somente para eventual descarte, assim compreendido como o procedimento
referente à liberação do vestígio (Renato Brasileiro de Lima, Comentário à Lei 13.964/19,
Juspodivm, 2021, p. 135).

3.4. Inversão de fases

75
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 4

Segundo o Professor Wilson Palermo, embora a lei tenha previsto sequencialidade, deve-se se ater
a critérios lógicos, entendendo ser possível pequenas inversões, desde que não comprometa a
integridade, nem se perca a história do vestígio, atendendo, assim, ao princípio da eficiência.

4. CONSEQUÊNCIAS DA QUEBRA DA CADEIA DE CUSTÓDIA

Hoje, existem 3 correntes sobre o tema:

4.1. 1ª corrente

A quebra da cadeia de custódia leva à ilicitude da prova. A quebra fere o princípio do contraditório
da parte que não tem acesso à prova integral.

Considerando a teoria dos frutos da árvore envenenada, os elementos remanescentes serão


contaminados, logo, ilícitos. Por violação do contraditório, esta corrente defende a ilicitude da prova
remanescente (art. 157 do CPP).
flaviosousanogueira@gmail·com
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Art. 157, CPP. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas
ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.
(Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem
ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. (Incluído pela Lei nº 11.690, de
2008)
§ 2º Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e
CPF: 037.820.231-61

de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato


objeto da prova. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 3º Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será
inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. (Incluído pela
Lei nº 11.690, de 2008)
Nogueira -- CPF:

§ 4º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)


§ 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá proferir
Sousa Nogueira

a sentença ou acórdão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vide ADI 6.298) (Vide ADI
6.299) (Vide ADI 6.300) (Vide ADI 6.305)
Flávio Sousa

4.2. 2ª corrente
Flávio

Segundo Renato Brasileiro, a quebra da cadeia de custódia leva à ilegitimidade da prova, pois
haveria violação às regras de direito processual, assim, devendo ser observada a teoria das nulidades.

No mesmo sentido, para o Professor Wilson Palermo, a cadeia de custódia é um verdadeiro meio
de obtenção de provas, já que viabiliza eventuais exames nos vestígios que, por si só, já constituem corpo
de delito. Assim, entende que eventual violação à cadeia de custódia será de natureza processual,
portanto, será tratada como prova ilegítima, merecendo tutela da teoria das nulidades, na forma do art.
564, IV, do CPP. Wilson Palermo ensina ainda que se trata de nulidade relativa (deve demonstrar prejuízo
e ser alegada em momento oportuno, sob pena de preclusão) e que pode ser sanada, conforme art. 572
do CPP.

Art. 564, CPP. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:


[...]
IV- por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato.

76
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 4

Art. 572, CPP. As nulidades previstas no art. 564, III, d e e, segunda parte, g e h, e IV,
considerar-se-ão sanadas:
I - se não forem arguidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no artigo
anterior;
II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim;
III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos.

4.3. 3ª corrente

O posicionamento atual do STJ é de que a quebra da cadeia de custódia não leva,


obrigatoriamente, à ilicitude ou à ilegitimidade da prova, devendo ser analisado o caso concreto.

STJ, Inf. 720


As irregularidades constantes da cadeia de custódia devem ser sopesadas pelo
magistrado com todos os elementos produzidos na instrução, a fim de aferir se a prova é
confiável.
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STJ, Inf. 648


Durante uma investigação para apurar tráfico de drogas, o juiz da vara criminal decretou a
interceptação telefônica dos suspeitos. Durante os diálogos, constatou-se a participação
de um militar. O militar foi, então, denunciado na Justiça Militar. Os diálogos
interceptados foram juntados aos autos do processo penal militar como prova
emprestada, oriundos da vara criminal. Ocorre que o juiz da vara criminal não remeteu à
Justiça Militar a integralidade dos áudios, mas apenas os trechos em que se entendia que
havia a participação do militar. O STJ entendeu que esse procedimento não foi correto.
Isso porque “quebra da cadeia de custódia da prova”. A cadeia de custódia da prova
consiste no caminho que deve ser percorrido pela prova até a sua análise pelo
CPF: 037.820.231-61

magistrado, sendo certo que qualquer interferência indevida durante esse trâmite
processual pode resultar na sua imprestabilidade (RHC 77.836/PA, Rel. Min. Ribeiro
Dantas, julgado em 05/02/2019). A defesa deve ter acesso à integralidade das conversas
advindas nos autos de forma emprestada, sendo inadmissível que as autoridades de
persecução façam a seleção dos trechos que ficarão no processo e daqueles que serão
Nogueira -- CPF:

extraídos. A apresentação de somente parcela dos áudios, cuja filtragem foi feita sem a
presença do defensor, acarreta ofensa ao princípio da paridade de armas e ao direito à
Sousa Nogueira

prova, porquanto a pertinência do acervo probatório não pode ser realizada apenas pela
acusação, na medida em que gera vantagem desarrazoada em detrimento da defesa.
Flávio Sousa

STJ, RHC 104.176/RJ


Não obstante a observância da cadeia de custódia da prova seja imprescindível ao devido
Flávio

processo legal, a alegação de quebra de referida documentação cronológica acompanhada


de mais de uma versão dos eventos empíricos não pode ser reconhecida nos limites da
ação de habeas corpus.

STJ – AgRg no RHC 153.823/RS,


Em sendo nulidade, é necessário que se comprove o prejuízo, sob pena dessa nulidade
não ser reconhecida. Mesmo os vícios capazes de ensejar nulidade absoluta não
dispensam a demonstração de efetivo prejuízo, em atenção ao princípio do pas de
nullité sans grief.

STJ, HC 574.103/MG
Com relação à ilegalidade referente à cadeia de custódia do material genético enviado
para exame de DNA, tem-se que, apesar de o ofício ter sido elaborado de maneira concisa,
sem indicação de número do pacote, não restou comprovada a quebra da cadeia de
custódia, uma vez que a simples concisão do ofício e a ausência de indicação do número
do pacote não são suficientes para reconhecer a ilegalidade.

STJ, AgRg no HC 615.321/PR

77
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 4

“O instituto da quebra da cadeia de custódia diz respeito à idoneidade do caminho que


deve ser percorrido pela prova até sua análise pelo magistrado, sendo certo que
qualquer interferência durante o trâmite processual pode resultar na sua
imprestabilidade. Tem como objetivo garantir a todos os acusados o devido processo
legal e os recursos a ele inerentes, como a ampla defesa, o contraditório e
principalmente o direito à prova lícita. (...) In casu, embora tenha inicialmente sido
dispensada a realização de laudo pericial das drogas apreendidas e determinada a sua
incineração, antes da destruição das drogas, foi constatada a necessidade da retirada de
amostragem para posterior confecção de laudo pericial definitivo, o que, efetivamente, foi
realizado e o laudo foi devidamente juntado aos autos. Tal situação não induz à
imprestabilidade da prova, não passando de mera conjectura a afirmação de que há
dúvidas sobre se a droga pertence mesmo ao processo no qual o paciente figura como
réu”

5. COLETA DOS VESTÍGIOS

Segundo o art. 158-C do CPP, a coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por
perito oficial (um perito), que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo
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quando for necessária a realização de exames complementares.

Art. 158-C, CPP. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito
oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo quando
for necessária a realização de exames complementares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

Segundo o Professor Wilson Palermo, a coleta deve ser feita necessariamente por perito oficial ou
por peritos ad hoc. Contudo, admite uma única exceção: a justificada por questões de segurança,
CPF: 037.820.231-61

determinadas no próprio local, diante de eventual comprometimento da integridade física dos


componentes da equipe que participa das diligências, devendo ter autorização do Delegado de Polícia e
liberação do perito, com a sua supervisão, para ter ciência da forma como o material foi coletado.
Nogueira -- CPF:

6. EXAMES PERICIAIS NO LOCAL DE CRIME


Sousa Nogueira

Segundo o Professor Wilson Palermo, o perito criminal irá eleger o melhor método para a busca
detalhada de vestígios. Cita que os métodos existentes podem ser:
Flávio Sousa

• em linha;
Flávio

• em linha cruzada;
• em quadrante; e
• em espiral.

6.1. Em linha

É varredura potencializada pois é feita de forma contínua. Quando a linha se movimenta e encontra
um vestígio, obrigatoriamente, todos param até que o vestígio seja marcado. Neste método, sempre se tem
um líder, que é a pessoa base da busca.

78
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 4

6.2. Em linha cruzada

É também chamada de grade. É o mesmo sistema da linha, no entanto, é feita uma segunda busca
em linha em sentido perpendicular à primeira busca em linha. É uma busca mais completa, porém
demorada.
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6.3. Em quadrante
CPF: 037.820.231-61

É utilizada quando a área imediata é de maior extensão. Faz-se a divisão em quadrantes de maneira
que cada área seja analisada individualmente. Dentro de cada quadrante, pode ser utilizado algum dos
demais métodos. Em áreas externas, os quadrantes são delimitados por fitas, cones etc.
Nogueira -- CPF:

Segundo o Professor Wilson Palermo é a técnica aplicada no RJ, e, por vezes, é combinada com o
Sousa Nogueira

método em espiral.
Flávio Sousa
Flávio

6.4. Em espiral

Quando a área imediata é de menor extensão utiliza-se o método em espiral, que consiste na busca
de vestígios na área mais periférica, após, contorna-se todo local até chegar na área central.

7. DETALHAMENTO DO CUMPRIMENTO DO TRATAMENTO DOS VESTÍGIOS

79
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 4

O Órgão Central de Perícia Oficial de Natureza Criminal é responsável por detalhar a forma do
cumprimento do tratamento dos vestígios coletados no curso do inquérito ou processo.

A disciplina da cadeia de custódia deve ser observada tanto na fase pré-processual, como na fase
processual penal.

Art. 158-C, CPP


§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser tratados
como descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza criminal
responsável por detalhar a forma do seu cumprimento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

7.1. Entrada em locais isolados ou remoção de vestígios antes de liberados pelo


perito responsável

De acordo com o § 2º do art. 158-C do CPP, é proibida a entrada em locais isolados, é proibida a
remoção de qualquer vestígio do local de crime, salvo, se o local for liberado pelo perito responsável, sob
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pena de responder pelo crime de fraude processual.

Deve o delegado de polícia analisar o dolo do agente que promove a retirada de vestígios do local
do crime, pois pode haver remoção justamente para uma preservação do vestígio.

Art. 158, CPP


[...]
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer vestígios
de locais de crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada
CPF: 037.820.231-61

como fraude processual a sua realização. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

7.1.1. Fraude processual


Nogueira -- CPF:

Art. 347, CP - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o


estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:
Sousa Nogueira

Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.


Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda
que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro.
Flávio Sousa

7.2. Acondicionamento de vestígios


Flávio

Os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada, de forma a garantir
a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte. O recipiente ainda deverá individualizar
o vestígio, preservar suas características, impedir contaminação e vazamento, ter grau de resistência
adequado e espaço para registro de informações sobre seu conteúdo.

O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise, e, motivadamente, por
pessoa autorizada.

Art. 158-D, CPP. O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela
natureza do material. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada,
de forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas características, impedir
contaminação e vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço para registro de
informações sobre seu conteúdo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

80
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 4

§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e,
motivadamente, por pessoa autorizada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

7.3. Rompimento do lacre do recipiente que contém os vestígios

Cada vez que houver rompimento do lacre deve se fazer constar na ficha de acompanhamento de
vestígio: o nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade, bem como as informações
referentes ao novo lacre utilizado. Se houver rompimento do lacre, este deverá estar presente no novo
recipiente.

Art. 158-D, CPP.


§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de acompanhamento
de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade, bem como as
informações referentes ao novo lacre utilizado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo recipiente. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
Flávio Sousa
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81
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 4

7.4. Central de custódia

Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia destinada à guarda e
controle dos vestígios.

Art. 158-E, CPP. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia
destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente
ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para
conferência, recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a
classificação e a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar
condições ambientais que não interfiram nas características do vestígio. (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019)
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser protocoladas,
consignando-se informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se relacionam.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
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§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser


identificadas e deverão ser registradas a data e a hora do acesso. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser
registradas, consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a destinação,
a data e horário da ação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

O material periciado será encaminhado para central de custódia após a realização da perícia. No
período entre a realização da perícia e o armazenamento, o material é devolvido à central de custódia. Se a
central de custódia não possuir espaço ou condições de armazenar determinado material, deverá a
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autoridade policial ou judiciária determinar as condições de depósito do referido material em local diverso,
mediante requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial de natureza criminal.

Art. 158-F, CPP. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central de
Nogueira -- CPF:

custódia, devendo nela permanecer. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)


Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de
Sousa Nogueira

armazenar determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as


condições de depósito do referido material em local diverso, mediante requerimento do
diretor do órgão central de perícia oficial de natureza criminal. (Incluído pela Lei nº
Flávio Sousa

13.964, de 2019)
Flávio

82
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 4

APLICAÇÃO EM CONCURSO

1) De acordo com o Código de Processo Penal, assinale a alternativa que indica corretamente a etapa
consistente no ato de acondicionamento da cadeia de custódia.

a) Ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando suas características e
natureza.

b) Ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar o ambiente imediato, mediato
e relacionado aos vestígios e local de crime.

c) Procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do material a ser processado, guardado


para realização de contraperícia, descartado ou transportado, com vinculação ao número do laudo
correspondente.

d) Procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado de forma individualizada, de acordo
com suas características físicas, químicas e biológicas, para posterior análise, com anotação da data, hora e
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nome de quem realizou a coleta.

e) Exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a metodologia adequada às suas
características biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o resultado desejado, que deverá ser
formalizado em laudo produzido por perito.

2) O Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/2019) introduziu no Código de Processo Penal brasileiro, a chamada
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“cadeia de custódia”. Sobre o referido instituto, assinale a alternativa correta.

a) Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e


documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear
sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o trânsito em julgado do processo criminal.
Nogueira -- CPF:

b) O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com procedimentos policiais
Sousa Nogueira

ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio.

c) O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a produção da prova
Flávio Sousa

pericial deverá comunicar a autoridade que ficará responsável por sua preservação.
Flávio

d) A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito oficial, que dará o
encaminhamento necessário para a central de custódia, exceto quando for necessária a realização de
exames complementares.

e) É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer vestígios de locais de crime
antes da liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada como crime de desobediência a sua
realização.

3) André foi aprovado em concurso público para o cargo de auxiliar de necropsia da Polícia Civil do Estado
Alfa. Durante seu curso de formação na Acadepol, André e os demais novos policiais foram orientados a
atender todas as normas sobre a cadeia de custódia. De acordo com o Código de Processo Penal,
considera(m)-se cadeia de custódia:

83
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 4

a) as prisões localizadas no interior das delegacias de polícia, que se destinam a receber e manter
recolhidos, até ordem judicial de soltura, os presos provisórios;

b) o controle feito pelo juiz das garantias, que é responsável pela análise da legalidade da investigação
criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais do indiciado;

c) a fase de colheita da prova oral em um inquérito policial, consistente no interrogatório do investigado


perante a autoridade policial e no depoimento de testemunhas;

d) as penitenciárias, que se destinam a receber e manter recolhidos, até ordem judicial de soltura, os
detentos condenados com trânsito em julgado à pena privativa de liberdade, com início de cumprimento
em regime fechado;

e) o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do


vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu
reconhecimento até o descarte.
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4) Uma das alterações mais significativas que o Pacote Anticrime (Lei 13.964/2019), de autoria do então
Ministro Sérgio Moro, trouxe ao Direito Penal, seja ele substantivo ou adjetivo, foi a inserção da “Cadeia de
Custódia”, cujo escopo é de assegurar a preservação do local do crime e da prova em si. Sobre a cadeia de
custódia e a cronologia de algumas de suas etapas, é CORRETO afirmar:

a) Reconhecimento, Isolamento, Fixação, Coleta e Acondicionamento.

b) Reconhecimento, Coleta, Fixação, Processamento e Recebimento.


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c) Coleta, Processamento, Armazenamento, Fixação e Transporte.

d) Isolamento, Reconhecimento, Coleta, Fixação e Acondicionamento.


Nogueira -- CPF:
Sousa Nogueira

5) Conforme a doutrina de Renato Brasileiro de Lima, a “cadeia de custódia, que consiste, em termos
gerais, em um mecanismo garantidor de autenticidade das evidências coletadas e examinadas,
Flávio Sousa

assegurando que correspondem ao caso investigado, sem que haja lugar para qualquer tipo de
adulteração”. (DE LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. Volume único. 9ª ed. ver., ampl.,
Flávio

atual, Salvador/BA. Editora Juspodvm, 2021. pg. 608)Assim, acerca da cadeia de custódia e recentes
alterações introduzidas pela Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), assinale a alternativa correta.

a) Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e


documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes.

b) O início da cadeia de custódia dá-se apenas com a preservação do local de crime.

c) A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio apenas na etapa da coleta.

d) A coleta dos vestígios deverá ser realizada obrigatoriamente por perito oficial.

e) É permitida remoção de quaisquer vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do perito
responsável.

6) Em relação à chamada “quebra da cadeia de custódia”, é correto afirmar que:

84
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 4

a) a incompletude dos documentos importa em quebra da cadeia de custódia, ainda que hígidos o exercício
da ampla defesa e do contraditório;

b) a quebra da cadeia de custódia refere-se à idoneidade do caminho que deve ser percorrido pela prova
até sua análise pelo perito;

c) a quebra da cadeia de custódia importa no reconhecimento de interferência circunstancial durante o


trâmite processual, resultando na imprestabilidade da prova;

d) a comprovação acerca de qualquer adulteração no procedimento probatório e consequente quebra da


cadeia de custódia compete ao Ministério Público;

e) a não identificação de elementos que demonstrem cabalmente a adulteração de documentos não leva à
quebra da cadeia de custódia, caso viável o exercício da ampla defesa e do contraditório.

7) Marcos foi aprovado, em primeiro lugar, no concurso para Perito Criminal da Polícia Civil do Estado X. Em
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entrevista ao jornal local especializado em concursos públicos, Marcos esclareceu que estudava mais de
quatro horas por dia e, entre as suas técnicas de estudo, estavam os mnemônicos (consiste na elaboração
de suportes como esquemas, gráficos, símbolos, palavras ou frases relacionadas com o assunto que se
pretende memorizar). Instado pela repórter a revelar aos assinantes a questão que mais tinha tomado
tempo dele na prova, em virtude do nível de dificuldade, Marcos mencionou a questão que tratava do tema
exame de corpo de delito e perícias em geral. A respeito desse tema, assinale a afirmativa INCORRETA.

a) Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e


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documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear
sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.

b) Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à
Nogueira -- CPF:

infração penal.
Sousa Nogueira

c) Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para conferência, recepção,
devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a classificação e a distribuição de materiais,
devendo ser um espaço seguro e apresentar condições ambientais que não interfiram nas características do
Flávio Sousa

vestígio.
Flávio

d) Na falta de perito oficial, o exame será realizado por uma pessoa idônea, portadora de diploma de curso
superior preferencialmente na área específica, entre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a
natureza do exame.

e) Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto,
não podendo supri-lo a confissão do acusado.

8) Acerca da cadeia de custódia e recentes alterações introduzidas pela Lei 13.964/2019 (Pacote Anticrime)
no Código de Processo Penal, assinale a alternativa correta.

a) O início da cadeia de custódia dá-se somente com a preservação do local de crime.

b) Vestígio é todo objeto ou material bruto, apenas visível e constatado, que se relaciona à infração penal.

c) A coleta dos vestígios deverá ser realizada obrigatoriamente por perito oficial.

85
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 4

d) É permitida a entrada em locais isolados, bem como a remoção de quaisquer vestígios de locais de
crime, antes da liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada como fraude processual a sua
realização.

e) O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela natureza do material, e todos os
recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada, de forma a garantir a
inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte.

9) Uma das maiores inovações no âmbito probatório foi a inclusão da Cadeia de Custódia no Processo
Penal. Sobre a Cadeia de Custódia, pode-se afirmar que:

a) a Cadeia de Custódia foi recentemente introduzida no Código de Processo Penal pela Lei n.º 13.964 de
2020.

b) o processamento é procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é isolado de forma a evitar
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que se altere o estado das coisas.

c) se considera cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e


documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear
sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.

d) na etapa da coleta, cada vestígio coletado é embalado de forma individualizada, de acordo com suas
características físicas, químicas e biológicas, para posterior análise, com anotação da data, hora e nome de
quem realizou a coleta e o acondicionamento.
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10) Em tema de indispensabilidade do controle epistêmico da prova penal, assinale a opção correta.
Nogueira -- CPF:

a) A cadeia de custódia da prova penal é composta pela sequência das etapas de “coleta do vestígio”,
“exame pericial” e “elaboração do respectivo laudo”.
Sousa Nogueira

b) A coleta dos vestígios deve ser realizada obrigatoriamente por perito oficial, que dará o
encaminhamento necessário para a central de custódia.
Flávio Sousa

c) No exame toxicológico para constatar substância entorpecente proibida, a atuação de perito único revela
Flávio

quebra da cadeia de custódia, e resulta ilegalidade da prova produzida.

d) A remoção de quaisquer vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do perito responsável,
pode ser tipificada como fraude processual.

11) Sobre a necessidade de preservação da cadeia de custódia, de acordo com as alterações normativas
advindas da Lei nº 13.964/2019, considere as seguintes afirmativas:

1. Como forma de preservação da cadeia de custódia, é proibida a remoção de quaisquer vestígios de locais
de crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo tal remoção tipificada como fraude
processual.

2. Todos os recipientes utilizados para acondicionamento de vestígios deverão ser selados com lacres, com
numeração individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o
transporte.

86
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 4

3. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio em quatro etapas, sendo a primeira delas o
acondicionamento e a última, o processamento.

4. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia destinada à guarda e ao
controle de vestígios.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.

b) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.

c) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.

d) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.

e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.


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12) A Lei 13.964/2019, mais conhecida como “pacote anticrime”, alterou o Código de Processo Penal para
incluir no capítulo do exame de corpo de delito o tema cadeia de custódia da prova penal. Trata-se de
importante dispositivo processual com a finalidade de assegurar a integridade dos elementos probatórios.
Acerca do tema, assinale a afirmativa INCORRETA.

a) Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à
infração penal.
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b) O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a produção da prova
pericial encaminhará ao Delegado de Polícia, que ficará responsável por sua preservação.

c) É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer vestígios de locais de crime
Nogueira -- CPF:

antes da liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada como fraude processual a sua
realização.
Sousa Nogueira

d) Todos os recipientes para acondicionamento dos vestígios deverão ser selados com lacres, com
numeração individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o
Flávio Sousa

transporte.
Flávio

e) Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser identificadas e deverão ser
registradas a data e a hora do acesso.

87
FREDERICO ALVES MELO CADEIA DE CUSTÓDIA • 4

GABARITO

1) Resposta: Letra “d”;

2) Resposta: Letra “b”;

3) Resposta: Letra “e”;

4) Resposta: Letra “a”;

5) Resposta: Letra “a”;

6) Resposta: Letra “e”;

7) Resposta: Letra “d”;

8) Resposta: Letra “e”;

9) Resposta: Letra “c”;


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10) Resposta: Letra “d”;

11) Resposta: Letra “d”;

12) Resposta: Letra “b”


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Flávio
Flávio Sousa
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5
FREDERICO ALVES MELO

DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS
DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS • 5

89
FREDERICO ALVES MELO DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS • 5

1. CONCEITO

Documentos médico-legais são expressões (gráficas, públicas ou privadas) baseadas em critérios


médico legais, que tem o caráter representativo de um fato a ser avaliado em juízo.

2. Espécies de documentos médico-legais

São seis espécies de documentos que podem interessar ao juízo:

• notificação ou comunicação compulsória;


• atestado;
• prontuários;
• depoimento oral;
• relatórios; e
• pareceres.
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2.1. Notificação ou comunicação compulsória

A notificação ou comunicação compulsória são comunicações compulsórias feitas pelo médico à


autoridade competente de um fato profissional, em razão de necessidade social ou sanitária. São
notificados compulsoriamente: acidentes de trabalho, doenças infectocontagiosas, morte encefálica etc.

OBSERVAÇÃO
CPF: 037.820.231-61

Se o médico verificar que o paciente se encontra com o Covid-19, deve notificar a autoridade
competente, por ser doença infectocontagiosa.
Nogueira -- CPF:
Sousa Nogueira

A Lei n.º 13.931/2019, passou a disciplinar que o médico deve notificar a autoridade policial em
até 24 horas, no caso de indícios ou confirmação de violência contra a mulher.
Flávio Sousa
Flávio

ATENÇÃO!

Não constitui notificação compulsória o conhecimento, pelo médico, de pessoa viciada em droga.

A notificação compulsória não viola o dever de sigilo médico, diante de justa causa ou dever legal
(art. 73 do Código de Ética Médico).

As notificações compulsórias foram regulamentas pela Portaria n.º 104/2011 do SUS. A ausência de
notificação, quando exigida, faz com que o médico incorra no delito de omissão de notificação de
doença, previsto no art. 269 do Código Penal.

Art. 269, CP - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação
é compulsória:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

90
FREDERICO ALVES MELO DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS • 5

2.2. Atestado

É a afirmação simples e por escrito de um fato médico e suas possíveis consequências. É também
chamado de certificado médico. Sendo um documento unilateral e singelo, que não possui forma pré-
definida e, ainda, não pode se sobrepor ao laudo médico.

Pode ser o atestado médico classificado:

2.2.1. Quanto a finalidade

• atestado judiciário;
• atestado administrativo;
• atestado oficioso.

a. Atestado judiciário
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São os atestados requisitados por juiz. Só os atestados que interessam à justiça constituem
documentos médico-legais.

b. Atestado administrativo

São os reclamados pelo servidor público para efeito de licenças, aposentadoria, abono etc.

c. Atestado oficioso
CPF: 037.820.231-61

São os requisitados por particulares para justificar ausências, seja no trabalho, escola etc.

2.2.2. Quanto ao conteúdo


Nogueira -- CPF:

• atestado idôneo;
Sousa Nogueira

• atestado gracioso (complacente ou de favor);


• atestado imprudente;
Flávio Sousa

• atestado falso;

Flávio

atestado de óbito.

a. Atestado idôneo

É o atestado verdadeiro, honesto, correto.

b. Atestado gracioso, complacente ou de favor

Aquele que a pessoa que pede é do círculo de amizade, mas não esteve sob os cuidados do
profissional. O ato de dar atestado médico falso constitui ilícito penal.

Art. 302, CP - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso:


Pena - detenção, de um mês a um ano.
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.

c. Atestado imprudente

91
FREDERICO ALVES MELO DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS • 5

É aquele que o médico não toma as medidas para verificar a veracidade do afirmado pelo paciente,
ou seja, confia na palavra deste.

d. Atestado falso

É o atestado que é feito dolosamente para não corresponder a verdade, correspondendo a um


ilícito penal do art. 302 do Código Penal.

Art. 302, CP - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso:


Pena - detenção, de um mês a um ano.
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.

ATENÇÃO!

Atestado não se confunde com declaração, sendo o primeiro apenas um relato de testemunho.

Com a Lei n.º 9.099/99 (art. 77, § 1º), o atestado médico assumiu a posição de substituto
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eventual da perícia médico-legal nos casos de lesão corporal leve.

Art. 77, Lei 9.099/95


§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de
ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á
do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim
médico ou prova equivalente.

e. Atestado de óbito
CPF: 037.820.231-61

O atestado de óbito está regulado pela Resolução n.º 1.779/05 do CFM. O atestado é uma
declaração padronizada, que é elaborada por médico, que indica a causa médica da morte. É composta por
8 blocos de informações e indispensável para assentamento do óbito no cartório de registro civil.
Nogueira -- CPF:

Em relação às condições que ocorre, a morte pode ser:


Sousa Nogueira

• natural: é a morte proveniente de causas internas (doença ou envelhecimento). Ela pode ser
Flávio Sousa

uma morte natural assistida ou não assistida.


• assistida: quando a pessoa possui um médico assistente, em vida, sendo este obrigado a dar a
Flávio

declaração de óbito (art. 1º da RES. 1.779/06), desde que não veja nenhum sinal de morte
violenta. O médico não precisa estar no momento que a pessoa morreu, e, sim, ter a
acompanhado em vida.
• não assistida: se não tiver médico assistente, a declaração de óbito deve ser feita pelo Serviço
de Verificação de Óbito (SVO). Se não houver este serviço no local, deve ser requerida a
remoção pela autoridade policial do cadáver para o IML (art. 2º da RES. 1.779/06).
• violenta: é a proveniente de causas externas, como homicídio, suicídio, acidente etc., que são as
causas jurídicas da morte. Neste caso, o médico-legista do IML é quem vai fornecer a declaração
de óbito (art. 3º da RES. n.º 1.779/2006).
• suspeita: é a morte que não se sabe se a causa foi interna (natural) ou externa (violenta). Neste
caso, o médico-legista do IML é quem vai fornecer a declaração de óbito. De acordo com o
professor Hygino de C. Hercules, será considerada morte suspeita sempre que houver a
possibilidade de não ter sido natural a causa.

2.2.3. Situações em que o médico particular não pode atestar o óbito

92
FREDERICO ALVES MELO DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS • 5

• Morte natural: se não deu assistência ou se não tem diagnóstico da causa da morte, antes de 24
horas após o período de internação.

Segundo o professor Hygino de C. Hercules, no caso de uma pessoa falecer, em um hospital, que
estava em um curto período (24 horas), deve o hospital realizar a autopsia.

• Morte violenta: Neste caso, o médico-legista do IML é quem vai fornecer a declaração de óbito.
• Morte suspeita: Neste caso, o médico legista do IML é quem vai fornecer a declaração de óbito.
Flávio Sousa
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93
FREDERICO ALVES MELO DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS • 5

2.2.4. Morte fetal e necessidade de declaração de óbito

No caso de ocorrer a morte fetal, o atestado de óbito pode ser obrigatório ou dispensado, a
depender se a morte é:

• morte fetal prematura ou precoce;


• morte fetal intermediária;
• morte fetal tardia.

a. Morte fetal prematura ou precoce

A morte do feto será prematura se este tiver:

• menos de 500 gramas ou


• menos de 25 centímetros ou
• menos de 5 meses (20 semanas).
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Se a morte fetal é prematura, o médico não é obrigado a expedir declaração de óbito, ou seja, pode
ser dispensada (facultativo).

Se a morte fetal é prematura e criminosa, o feto deve ser encaminhado ao IML, e deve ser expedida
a declaração de óbito indicando a causa da morte.

b. Morte fetal intermediária


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O feto deve ter:

• mais de 500 gramas e menos de 1000 gramas ou


• mais de 25 centímetros e menos de 35 centímetros ou
Nogueira -- CPF:

• mais de 5 meses e menos de 6 meses.


Sousa Nogueira

Se a morte fetal é intermediária, há obrigação de o médico expedir declaração de óbito.


Flávio Sousa

ATENÇÃO!
Flávio

Grave que, a partir do 5º mês, há obrigação de o médico expedir declaração de óbito.

c. Morte fetal tardia

O feto deve ter:

• mais de 1000 gramas ou


• mais de 35 centímetros ou
• mais de 6 meses.

Se a morte fetal é tardia, há obrigação de o médico expedir declaração de óbito.

A Lei de Registros Públicos cita, em seu artigo 53, a obrigatoriedade de se realizar o atestado de
óbito fetal em todos os casos. Mas, para a doutrina médico-legal, essa obrigação só se dá a partir da
morte fetal intermediária.

94
FREDERICO ALVES MELO DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS • 5

Se houve a morte fetal, houve um aborto, que pode ter sido natural ou provocado (criminoso ou
legal).

2.3. Prontuários

Trata-se de todo acervo (padronizado, organizado e conciso), referente aos cuidados médicos
prestados ao paciente, sendo um verdadeiro “dossiê”. O prontuário é de propriedade do paciente.

STF
A instituição ou médico não é obrigada a atender requisição de prontuários – apenas ao
perito cabe o direito de consultá-los, e mesmo assim, obrigando-se ao sigilo.

2.4. Depoimento oral

Trata-se do depoimento em juízo do perito que foi intimado para audiência. Neste ato, ele irá
explicar de forma clara e sem termos científicos o que ele procedeu à elaboração de seus laudos, dirimindo
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dúvida das partes.

Alguns doutrinadores não relacionam o depoimento como documento médico-legal, sendo-o feito
pelo professor Delton Croce.

2.5. Relatório médico-legal

É o documento médico-legal que possui forma escrita e minuciosa de todas as operações de uma
perícia médica determinada por autoridade policial ou judiciária.
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O relatório médico-legal é gênero, do qual são espécies o laudo e o auto:

• Auto: Se ditado pelo perito ao escrivão, chama-se de auto.


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O professor Genival Veloso de França diz que, para ser auto, deve existir testemunha.
Sousa Nogueira

• Laudo: Se feito pelo perito, após terminada a perícia, chama-se laudo. O laudo é mais elaborado
e mais demorado do que o auto.
Flávio Sousa

2.5.1. Divisão do relatório médico-legal


Flávio

O relatório médico-legal é dividido em 7 partes (nesta ordem):

• preâmbulo;
• quesitos;
• histórico ou comemorativo;
• descrição (é a parte mais importante);
• discussão;
• conclusão;
• resposta aos quesitos.

MNEMÔNICO

Repita algumas vezes e não esqueça:

95
FREDERICO ALVES MELO DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS • 5

PREQUE - HIDE - DISCONRE

OBSERVAÇÃO

Alguns doutrinadores citam a assinatura do perito como sendo integrante do relatório médico
legal.

a. Preâmbulo

É uma espécie de introdução na qual constam: a qualificação (da autoridade requisitante, do perito
requisitado, do examinado), o local em que deve ser feito o exame, data e a hora e o tipo de perícia a ser
feita.

A data do exame pode constar no preâmbulo, no início da descrição, ou ser colocada antes das
assinaturas finais.
Flávio Sousa
Flávio Nogueira -- CPF:
Sousa Nogueira flaviosousanogueira@gmail·com
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CPF: 037.820.231-61

96
FREDERICO ALVES MELO DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS • 5

b. Quesitos oficiais

São perguntas, cuja finalidade é a caracterização de fatos relevantes que deram origem ao
processo. Não existem no foro cível. No foro penal, são padronizadas e têm o fim de caracterizar os
elementos de um fato típico. Contudo, em que pese existir um rol padronizado, não impede que a
autoridade formule outros quesitos.

Exemplo de padronização de quesitos em um laudo cadavérico:

1) Houve morte?

2) Qual a causa médica da morte?

3) Qual o instrumento ou meio que causou a morte?

4) Se a morte foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel?
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c. Histórico ou comemorativo

Pode ser encontrada também com o termo de anamnese médico-legal (entrevista). São dados
referentes aos antecedentes obtidos pelo próprio examinando, exceto no caso de autopsia, nos quais
precisam ser transcritos, não endossados, da guia de remoção que acompanha o corpo.

d. Descrição
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É a descrição minuciosa e precisa do que se foi observado pelo perito; como ali se chegou;
métodos; formas; tempo; velocidade etc., ilustrando com desenhos, gráficos, plantas, fotografias, dentre
outras formas.
Nogueira -- CPF:

É a parte mais importante do relatório médico-legal, pois não pode ser refeita com a mesma
riqueza de detalhes em um exame posterior, por isso deve ser minuciosa, correspondendo ao chamado
Sousa Nogueira

visum et repertum (é a vista do que é encontrado).


Flávio Sousa

A data do exame pode constar no preâmbulo, no início da descrição ou ser colocada antes das
assinaturas finais.
Flávio

e. Discussão

Quando surge alguma discrepância entre a descrição e o histórico, torna-se imperiosa. Nesses
casos, os achados têm que ser analisados sob novos ângulos, tentando encontrar uma explicação para as
diferenças.

Segundo o Professor Hygino de C. Hercules, se não houver contradições aparentes, pode não ser
necessária.

f. Conclusão

Terminadas a descrição e a discussão, se houver, o perito assume uma posição quanto à


ocorrência ou não do fato com base nas informações do histórico, nos achados do exame objetivo e no
seu confronto. As conclusões serão objetivas e podem ser afirmativas, negativas ou inconclusivas.

97
FREDERICO ALVES MELO DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS • 5

g. Resposta aos quesitos

Deve ser sucinta e objetiva, não sendo admissível falta de clareza nem interpretação dúbia. Em
caso de dúvida, o perito dirá que não têm dados para esclarecê-la. Terminado o relatório, o perito deve
assiná-lo.

A data do exame pode constar no preâmbulo, no início da descrição ou ser colocada antes das
assinaturas finais.

2.6. Parecer médico-legal

É o documento elaborado por uma instituição, cujo corpo técnico tem competência inquestionável
ou a um perito ou professor cuja autoridade na matéria seja reconhecida acerca de divergências
importantes constantes na consulta médico-legal.

O parecer será solicitado por uma consulta médico-legal (que envolve divergências importantes
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quanto à interpretação dos achados de uma perícia, de modo a pedir uma orientação correta dos
julgadores).

O julgador ou qualquer das partes interessadas podem solicitar esclarecimentos a uma instituição
ou a um perito.

2.6.1. Consulta médico-legal

É um documento que exprime dúvida sobre um relatório médico-legal, no qual, a autoridade ou


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mesmo um outro perito solicita esclarecimento sobre pontos controvertidos constantes no documento,
em geral, formulando quesitos complementares. Decorre da não compreensão de algum aspecto do
relatório ou pela superveniência de um fato novo no decorrer do processo.
Nogueira -- CPF:

Alguns doutrinadores, inclusive o Professor Hygino de C. Hercules, citam que a consulta médico-
legal é um documento médico-legal.
Sousa Nogueira

Divisão do parecer médico-legal:


Flávio Sousa

• preâmbulo;

Flávio

exposição;
• discussão;
• conclusão.

ATENÇÃO!

Não existe a “descrição” no parecer médico-legal.

2.7.1. Preâmbulo

O preâmbulo é onde ficam as qualificações das autoridades que fazem a consulta e a do


parecerista.

2.7.2. Exposição

98
FREDERICO ALVES MELO DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS • 5

Compreende o motivo da consulta, os quesitos formulados e o histórico do caso em análise.

No parecer médico-legal, a parte da exposição contém os quesitos e histórico.


Flávio Sousa
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FREDERICO ALVES MELO DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS • 5

2.7.3. Discussão

A discussão é a parte mais importante do parecer médico legal. O parecerista demonstra nela seu
poder de argumentação. Não há, como no relatório, o dever cívico de servir à justiça.

2.7.4. Conclusão

O parecerista deve sintetizar os pontos relevantes da discussão de modo claro e sucinto.


Flávio Sousa
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100
FREDERICO ALVES MELO DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS • 5

APLICAÇÃO EM CONCURSO

1) Segundo a melhor doutrina, pode-se considerar que “Documento é toda anotação escrita que tem a
finalidade de reproduzir e representar uma manifestação de pensamento”.
Dentre os documentos médico-legais temos as seguintes descrições:

- É declaração simples, por escrito, de um fato médico e de suas possíveis consequências, feitas por
qualquer médico que esteja no exercício regular de sua profissão e que tem o propósito de sugerir um
estado de doença, para fim de licença, dispensa ou justificativa de falta de serviço.

- Comunicações compulsórias feitas às autoridades competentes, pelo médico, de um fato profissional, por
necessidade sanitária e social sobre moléstia infectocontagiosa, doença de trabalho e a morte encefálica.

- Intercessão no decurso de um processo, por estudioso médico legal, nomeado para intervir na qualidade
de perito, para emitir suas impressões e responder aos quesitos formulados pelas partes.

- Descrição minuciosa de uma perícia médica, feita por peritos oficiais, requisitada por autoridade policial
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ou judiciária frente a um inquérito policial. É constituído de preâmbulo, quesitos, histórico ou


comemorativo, descrição, discussão conclusão e resposta dos quesitos.

As definições acima se referem, respectivamente, a:

a) atestado, notificação, parecer médico-legal e relatoria médico-legal.

b) parecer médico-legal, notificação, atestado e relatoria médico-legal.

c) atestado, parecer médico-legal, relatoria médico-legal e notificação.


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d) relatoria médico-legal, notificação, relatoria médico-legal e atestado.

e) atestado, relatoria médico-legal, parecer médico-legal e notificação.


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Sousa Nogueira

2) A respeito dos documentos médico-legais, tem-se o seguinte:

a) relatório médico somente poderá ser elaborado por médico legista.


Flávio Sousa

b) laudo e auto são documentos idênticos.


Flávio

c) o atestado de óbito poderá ser assinado por profissional não médico.

d) notificação é uma comunicação feita pelo médico ao delegado de polícia sobre um fato relevante na
investigação.

3) Os documentos médico-legais são mecanismos de comunicação com as autoridades e, portanto, devem


ser elaborados com metodologia, de forma a obedecer a uma configuração preestabelecida. Constituem
parte comum ao relatório ou laudo e ao parecer, EXCETO:

a) descrição.

b) discussão.

c) conclusão.

d) preâmbulo.

101
FREDERICO ALVES MELO DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS • 5

e) quesitos.

4) Em um relatório médico-legal, o chamado visum et repertum refere-se:

a) ao histórico.

b) ao preâmbulo

c) à descrição.

d) à discussão e conclusão

e) à resposta aos quesitos.

5) O documento médico legal, ditado ao escrivão logo após a realização do exame pericial, é denominado
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a) Auto.

b) Parecer.

c) Atestado.

d) Relatório.

e) Notificação.
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6) A correta análise da evolução das complicações de um trauma que conduz a vítima ao óbito é essencial
para o preenchimento adequado da declaração de óbito. Em uma vítima de agressão por projétil de arma
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de fogo penetrante do abdome com lesão hepática, hemorragia que evolui com choque hipovolêmico,
insuficiência renal e que faz uma parada cardiorrespiratória irreversível, a causa básica correta da morte a
Sousa Nogueira

ser anotada na declaração de óbito pelo médico-legista é:


Flávio Sousa

a) ferida por projétil de arma de fogo;

b) homicídio doloso;
Flávio

c) choque hipovolêmico;

d) parada cardiorrespiratória;

e) lesão hepática hemorrágica.

7) O documento odontolegal que pode ser definido como “a resposta escrita a uma consulta formulada
com o intuito de esclarecer questões de interesse jurídico, feita pela parte ou pelo advogado de uma das
partes em processo judicial, procurando interpretar e esclarecer dúvidas levantadas em relação a um
relatório odontoloegal” é chamado

a) laudo.

b) parecer.

102
FREDERICO ALVES MELO DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS • 5

c) consulta.

d) auto.

e) notificação.

GABARITO

1) Resposta: Letra “a”

2) Resposta: Letra “c”

3) Resposta: Letra “a”

4) Resposta: Letra “c”


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5) Resposta: Letra “a”

6) Resposta: Letra “a”

7) Resposta: Letra “b”


Sousa Nogueira
Flávio Sousa
Flávio CPF: 037.820.231-61
Nogueira -- CPF:

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Flávio
Flávio Sousa
Sousa Nogueira
Nogueira -- CPF:
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6
FREDERICO ALVES MELO

ANTROPOLOGIA FORENSE
ANTROPOLOGIA FORENSE • 6

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FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 6

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.1. Conceito

A Antropologia forense estuda os restos mortais com objetivo de esclarecer sua identidade, causa
de morte e ascendência.

1.2. Identidade e identificação

Inicialmente é importante diferenciar identidade e identificação.

1.2.1. Identidade

A identidade é a qualidade de ser a mesma coisa e não diversa. Traduz-se pelo conjunto de
características peculiares que lhe dão a individualidade, ou seja, o torna único, diferente de qualquer
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outro. São atributos que tornam alguém ou alguma coisa igual apenas a si próprio.

Possui respaldo na imutabilidade e unicidade dos caracteres individuais.

1.2.2. Identificação

A identificação é o processo ou método pelo qual se estabelece a identidade (objetivo da


identificação) de uma pessoa ou coisa. A identificação há que se basear em sinais e dados peculiares ao
indivíduo, que, em seu conjunto, possam excluí-lo de todos os demais.
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Os sinais e dados utilizados na identificação são chamados de elementos sinaléticos (Ex.: cor e o
tipo de cabelo).
Nogueira -- CPF:

ATENÇÃO!
Sousa Nogueira

A identificação não deve ser confundida com o simples reconhecimento.


Flávio Sousa
Flávio

O reconhecimento se baseia na comparação entre a experiência da sensação visual, auditiva ou


tátil — proporcionada no passado (que já se conhece)—, com a mesma experiência renovada no presente
pelo elemento a ser reconhecido.

IDENTIDADE IDENTIFICAÇÃO RECONHECIMENTO

É a qualidade da pessoa ser Processo pelo qual se identifica Por método de comparação,
única, não existindo outra igual. pessoa ou algo. uma pessoa reconhece outra. A
primeira, conhecendo as
Tem como características a Como exemplos, podemos citar a
características físicas da segunda,
unicidade e imutabilidade. identificação de um cadáver em
compara os dados memoriais
decomposição, por meio da
que possui com a imagem que
realização de exame de DNA.
lhe apresenta. Portanto, um
Baseados em métodos método não científico,

105
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 6

científicos, técnicos. subjetivo, opinativo, precário.

Exemplo: reconhecimento
fotográfico.

Em termos de condições para um método de identificação, o conjunto de elementos sinaléticos,


para ser considerado bom, deve preencher os seguintes requisitos:

• unicidade ou individualidade;
• imutabilidade;
• perenidade;
• praticabilidade; e
• classificabilidade.

a. Unicidade ou individualidade
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A unicidade é o conjunto dos elementos que deve ser exclusivo do indivíduo, de modo a distingui-
lo de todos os demais.

b. Imutabilidade

A imutabilidade pressupõe que os elementos não podem modificar-se facilmente (capacidade de


resistência) pela ação do meio ambiente, tempo etc. Portanto, o peso do corpo não deve ser considerado
CPF: 037.820.231-61

elemento sinalético, por estar sujeito a grandes variações, por exemplo.

c. Perenidade
Nogueira -- CPF:

A perenidade é a capacidade de os elementos resistirem à ação do tempo. Há quem trate como


Sousa Nogueira

sinônimo de imutabilidade.

O Professor Wilson Palermo, que integra a Banca de Delegado do RJ, cita como característica
Flávio Sousa

autônoma, não sendo sinônimo de imutabilidade.


Flávio

d. Praticabilidade

Esses elementos não podem expor as pessoas a vexame quando elas precisarem ser identificadas,
ou seja, sua coleta deve ser de maneira simples e fácil, sem ser invasiva a pessoa.

e. Classificabilidade

Os processos de identificação devem valer-se de elementos e sinais de fácil classificação, de modo


a orientarem a busca prontamente nos arquivos e a qualquer momento (é a rapidez e a facilidade na busca
dos registros).

2. MÉTODO DE VUCETICH

106
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 6

Existem diversos métodos de identificação. No entanto, convencionou-se que o que melhor atende
aos elementos propostos, é o Método Vucetich, adotado no Brasil a partir de 1903, que toma como
elemento básico a presença, a ausência e a posição de uma figura chamada de delta nos dedos da mão.

As papilas dérmicas que vão dar origem aos desenhos digitais surgem com 6 meses de vida
intrauterina.

2.1. A classificação de Vucetich

A classificação de Juan Vucetich é baseada na presença, na ausência e na posição de uma figura


chamada delta nos dedos da mão.

Inicialmente, entenda como é formado o delta.


Flávio Sousa
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2.1.1. Delta

O delta são pequenos ângulos ou triângulos formados pelas cristas papilares. É a característica
fundamental no sistema de Juan Vucetich, sendo formado no ponto de encontro dos sistemas basilar,
nuclear e marginal.

2.1.2. Sistema Basal

É o conjunto de linhas paralelas ao sulco que separa a segunda da terceira falange, ou seja ,
compreende as linhas abaixo do ramo inferior das linhas diretrizes, ficam na base da impressão digital, isto
é, abaixo do núcleo.

2.1.3. Sistema Marginal

É o conjunto de linhas das bordas e extremidades da terceira falange, ou seja, é formado pelas
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linhas que estão acima do ramo superior das linhas diretrizes que se sobrepõe ao núcleo.

2.1.4. Sistema Nuclear

Localiza-se entre os sistemas anteriores, sendo o sistema de linhas central.


Sousa Nogueira
Flávio Sousa
Flávio CPF: 037.820.231-61
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O Delta pode ainda ser subclassificado, quanto sua forma em:

• Delta tripódico ou negro;


• Delta cavado ou branco;

108
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 6

2.2. Tipos fundamentais da classificação de Vucetich

São quatro as classificações possíveis:


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• arco;
• presilha interna;
• presilha externa;
• verticilo;

2.2.1. Arco

É chamado de arco, quando há ausência de deltas.


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2.2.2. Presilha interna

Há a presença do delta à direita do observador.


Nogueira -- CPF:

2.2.3. Presilha externa


Sousa Nogueira

Há a presença do delta à esquerda do observador.


Flávio Sousa

2.2.4. Verticilo
Flávio

Há a presença de dois deltas.

4 Imagem retirada do Manual Técnico de Datiloscopia do Instituto de Identificação Félix Pacheco — RJ

109
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 6

ATENÇÃO!

Não confunda desenho digital com impressão digital.

2.3. Desenho digital


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O desenho digital é o que está na pele, sem que haja contato com a superfície. Por outro lado,
quando há o ajuntamento de linhas (pretas e brancas) sobre determinada superfície, tem-se a impressão
digital, em que o delta das presilhas se inverte. Assim, o desenho de uma da presilha interna, na impressão
digital passa a ser à esquerda, e o da presilha externa passa a ser à direita.

ATENÇÃO!
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Para identificar uma impressão digital, deve-se analisar a posição do delta. Assim, o delta deve
ser avaliado na superfície.
Nogueira -- CPF:

Porém, deve-se lembrar que — uma pessoa que olha seu dedo (desenho digital) e vê um delta à
esquerda —, no momento que tocar uma superfície (gerando uma impressão digital), ao olhar para a
Sousa Nogueira

impressão gerada, o delta estará do lado oposto, devendo, assim, ser classificado. Portanto, uma pessoa
que olha, no seu dedo, e vê um delta à esquerda, não tem como classificação de sua impressão digital
Flávio Sousa

presilha externa, mas, sim, presilha interna, devido a essa inversão no momento do toque.
Flávio

A banca pode induzir o candidato ao erro, quando a questão trouxer que “Analisando o local de
crime, os peritos encontraram um desenho digital que continha um delta à esquerda”. Neste caso, apesar
de constar o termo desenho, na verdade, tem-se uma impressão digital, pois não se analisou o dedo do
criminoso ou vítima. A consequência disso é que, ao responder a questão, o candidato não deverá inverter
o lado do delta encontrado, afirmando que a classificação da impressão digital (ou desenho digital, como a
banca trouxe) é presilha externa.

3. FÓRMULA DATILOSCÓPICA

Na fórmula datiloscópica, cada tipo de classificação é representado por um número ou uma letra.
Veja:

• Terá a representação de letra quando corresponder ao dedo polegar.


• Terá a representação de número quando corresponder aos demais dedos (indicador, médio,
anular, mínimo).

110
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 6

3.1. Os tipos fundamentais na fórmula datiloscópica


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• arco
• presilha interna
• presilha externa
• verticilo

3.1.1. Arco

A presença de arco no polegar é representada pela letra “a”.


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A presença de arco, nos demais dedos, é representado pelo número “1”.

3.1.2. Presilha interna


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A presença de presilha interna no polegar é representada pela letra “i”.


Sousa Nogueira

A presença de presilha interna, nos demais dedos, é representado pelo número “2”.
Flávio Sousa

3.1.3. Presilha externa


Flávio

A presença de presilha externa no polegar é representada pela letra “e”.

A presença de presilha externa, nos demais dedos, é representado pelo número “3”.

3.1.4. Verticilo

A presença de verticilo no polegar é representada pela letra “v”.

A presença de verticilo, nos demais dedos, é representado pelo número “4”.

3.2. Símbolos “x” e “0” na fórmula datiloscópica

3.2.1. “X”

O “x” é indicativo de dificuldade de classificação. Assim, não se consegue afirmar qual a


classificação do dedo analisado.

111
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 6

3.2.2. “0”

O “0” (zero) indica ausência de falange distal.

Exemplo: dedo amputado.

3.3. Como se verifica a fórmula datiloscópica

É feita a análise na forma de uma fração, veja, por exemplo, a fração abaixo:
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Análise da fórmula datiloscópica acima:

3.3.1. Numerador

O numerador é chamado de série e refere-se à fórmula da mão direita. A série é formada por: V-
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3241.

O polegar, quando na série, é chamado de fundamental. Os demais dedos, quando na série, é


chamado de divisão.
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3.3.2. Denominador
Sousa Nogueira

O denominador ou seção refere-se à mão esquerda. A seção é formada por: A-2213.


Flávio Sousa

O polegar, quando na seção, é chamado de subclassificação. Os demais dedos, quando na seção, é


chamado de subdivisão.
Flávio

Caso seja apresentada a seguinte fórmula datiloscópica: Série A-4X01:

• Trata-se da mão direita, pois série é sinônimo de numerador. Assim, conclui-se que se refere à
mão direita;
• A classificação do dedo polegar é um arco, pois, em relação ao polegar, é analisado a presença
de letras, que, no caso, é a letra A;
• O dedo indicador possui dois deltas, pois é indicado com o número 4, que é o verticilo.
• O dedo médio com X indica dificuldade na classificação.
• O dedo anelar com 0 indica ausência da falange distal.
• O dedo mínimo com 1 indica presença de arco.

4. REGRA DE LOCARD

112
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 6

Segundo Edmond Locard, tudo que se toca deixa uma marca. Assim, ao se analisar uma impressão
digital, deve-se verificar um número mínimo de pontos durante um confronto de análise de verificação da
identidade do portador da digital analisada.

No Brasil, o número de pontos característicos que deve se ter para ter a certeza do confronto
positivo (certeza de ser aquela pessoa) é de 12 pontos.
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Este é um exemplo do cotejamento (na imagem: meu polegar direito), feito pelo Perita
Papiloscopista Estephânia Medeiros, do Instituto de Identificação Félix Pacheco — PCERJ. Note que foi
preciso localizar 12 pontos característicos, para que pudesse ser feita a identificação, com a certeza de que
Nogueira -- CPF:

não é de outra pessoa.


Sousa Nogueira
Flávio Sousa
Flávio

113
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 6

5. ALGUNS PONTOS CARACTERÍSTICOS EXISTENTES NO DESENHO DIGITAL


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5
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6. TIPOS DE IMPRESSÃO DIGITAL

• Visível;
• latente; e
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• moldada.
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6.1. Visível
Flávio Sousa

É a impressão que pode ser percebida diretamente com a visão natural.


Flávio

6.2. Latente

A impressão digital só pode ser observada após o uso de técnicas especiais, como o uso de agentes
químicos (reveladores).

6.3. Moldada

São as que ficam moldadas em alguma superfície mole.

7. ALBODATILOGRAMA

5 Imagem retirada do Manual Técnico de Datiloscopia do Instituto de Identificação Félix Pacheco — RJ.

114
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 6

É o conjunto de linhas brancas que atravessam as negras que representam as cristas papilares.
Podem ter qualquer direção e tamanho, mas, geralmente, são transversais. Na verdade, representam
pequenas pregas superficiais à maneira de rugas, adquiridas com o passar dos anos, que se tornam mais
visíveis quando se faz a flexão da terceira falange. São mais frequentes nos polegares e nos indivíduos mais
idosos.
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Note ainda a presença de poros no meio das linhas pretas. Tais poros são utilizados para
idenficação pela poroscopia.

8. SÍNDROME DE NAEGELLI OU NAGALI


Nogueira -- CPF:
Sousa Nogueira

Os portadores da Síndrome de Nagali não têm nenhuma impressão digital. É um defeito genético
raríssimo que impede a formação das digitais no feto. Além da falta das impressões digitais, as pessoas
Flávio Sousa

portadoras da síndrome costumam ter unhas, dentes e cabelos mais frágeis e a pele apresenta manchas
marrons irregulares pelo corpo. Neste caso, a identificação do portador da Síndrome de Nagali, deve ser
Flávio

feito por outros meios, como pela arcada dentária, biometria etc.

9. OUTROS “MÉTODOS” DE IDENTIFICAÇÃO EXISTENTES

Em que pese citado como métodos de identificação, não preenchem os requisitos citados:

• mutilações, marcas e tatuagens


• orla de Burton
• antropometria ou bertilhonagem
• antropometria ou bertilhonagem
• rugopalatoscopia
• poroscopia
• flebografia
• fotografia simples
• assinalamento sucinto

115
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 6

• retrato falado

9.1. Mutilações, marcas e tatuagens

São conhecidas, pela doutrina, como “cicatrizes que falam”.

9.2. Orla de Burton

A Orla de Burton é típica de indivíduos que trabalham com chumbo, onde existe coloração escura
na orla gengival.

9.3. Antropometria ou bertilhonagem

Esse sistema de identificação foi desenvolvido por Alphonse Bertillon, sendo considerado o
primeiro método de identificação. A identificação de pessoas se dá por uma descrição física baseada em
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medições antropométricas. Bertillon realizava medições na orelha direita, dedo mínimo esquerdo e pé
esquerdo. Além disso, fotografava a pessoa de frente e de perfil (lado direito), o que se denomina
fotografia sinalética (com redução de 1/7). Para identificar bastavam de 9 a 11 sinais característicos.

Este método carece de unicidade, imutabilidade e classificabilidade. Ele acabou sendo superado
pelo Distema Dactiloscópico de Vucetich, em virtude dos seus atributos ideais para a identificação.

9.4. Rugopalatoscopia
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É analisado o palato duro ou céu da boca. O rugograma é obtido através da moldagem da massa do
dentista.

9.5. Poroscopia
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Tem por base a posição dos poros onde as glândulas sudoríparas se abrem nas cristas papilares.
Sousa Nogueira

Vale lembrar que o registro de recém-nascidos é feito pela podoscopia (planta dos pés) e a sua
Flávio Sousa

ausência é considerada crime.


Flávio

9.6. Flebografia

Consiste em fotografar as veias do dorso da mão.

9.7. Fotografia simples

Faz a análise de uma foto 3x4. É considerado um método antigo utilizado para identificação
judiciária.

9.8. Assinalamento sucinto

Descrição e anotação de certos dados, como estatura, raça e compleição física. É considerado um
método antigo utilizado para identificação judiciária.

9.9. Retrato falado

116
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 6

Embora auxilie na captura de criminosos, não é considerado um método de identificação, ademais


de ser um método antigo utilizado para identificação judiciária.

10. PRINCIPAIS BALIZADORES DE IDADE NOS VIVOS

São os principais balizadores:

• 2 anos: surge a primeira dentição.


• 2 a 6 anos: ocorre o aparecimento dos pontos de ossificação.
• 6 a 12 anos: surge a segunda dentição.
• 12 a 25 anos: ocorre o fechamento das zonas de crescimento dos ossos longos (metáfises).
• Acima dos 25 anos: há o fechamento das suturas do crânio.

11. IDENTIFICAÇÃO DE SANGUE


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Na identificação pelo sangue, deve o perito, inicialmente, verificar se realmente é sangue, para
depois buscar saber se esse sangue é humano ou não.

Existem diversas reações para verificar se é sangue humano ou não. As reações podem ser de
probabilidade ou de certeza.

11.1. Reações que indicam certeza de ser sangue (humano ou não)

São reações que indicam certeza de ser sangue, humano ou não:


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• Cristais de Teichmann
• Cristais de Strzywsky

11.2. Reações que indicam probabilidade de ser sangue humano


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Sousa Nogueira

São reações que indicam probabilidade de ser sangue humano, pois indicam a presença de ferro
(Fe++) da hemoglobina:
Flávio Sousa

• Reação de Adler

Flávio

Reação de Amado Ferreira


• Reação de Kastle-Meyer
• Reação de Van-Deen
• Luminol: é uma substância que, em contato com o sangue, apresenta uma cor intensa azul
esverdeado, sendo chamado de teste de elite.

11.3. Reações que indicam certeza de ser sangue humano

São reações que indicam certeza de ser sangue humano:

11.3.1. Reação de Uhlenhuth ou Albuminorreação

Faz-se a mistura de sangue com soro de animais de várias espécies. Se houver reação antígeno-
anticorpo, o resultado será positivo para o soro do ser humano, que indica ser sangue humano.

117
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 6

Indica certeza de sangue humano, ainda, pela forma e tamanho das células sanguíneas (anucleação
das hemácias).

12. IDENTIFICAÇÃO POR DNA

A identificação por DNA pode ocorrer:

12.1. Exames de DNA cromossomial/nuclear

Só é possível em células nucleadas. É impossível realizar DNA em eritrócitos adultos (células


responsáveis pelo transporte de oxigênio e gás carbônico pelo corpo), pois não possuem núcleo.

12.2. Exames de DNA mitocondrial

É possível a realização em células anucleadas.


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12.3. DNA em eritoblastos, leucoblastos e leucócitos (células brancas)

É possível a realização de DNA nuclear e mitocondrial nas células brancas.

12.4. DNA em fâneros da pele

Fâneros, fâneros cutâneos ou fâneros são as estruturas visíveis da pele. Compreendem os cabelos,
pelos e unhas.
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O DNA cromossomial e mitocondrial deve ser feito nas células nucleadas na raiz dos fâneros. Nas
partes mais externas dos fâneros, as células são anucleadas, sendo possível, assim, só o DNA mitocondrial.
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QUESTÃO DE CONCURSO
Sousa Nogueira

Prova discursiva Delegado RJ (2022): DNA e princípio elementar da reação em cadeia de polimerase
Flávio Sousa

Equipe de investigação da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) deparou-se com uma


situação na qual os parâmetros papiloscópicos e antropométricos não poderiam ser aplicados de modo
Flávio

inequívoco, cabendo, então, a análise do material genético. Nesse caso, para subsidiar a investigação de
uma informação válida em conformidade, o ensaio ou exame de perfil do ácido desoxirribonucleico (DNA)
deve atender a critérios mínimos.

Tendo como referência a situação hipotética anterior, disserte, de forma justificada, com base em
conhecimentos de medicina legal, sobre o princípio elementar da reação em cadeia de polimerase (PCR),
comumente utilizada para determinar o perfil de DNA. Em seu texto, aborde, ainda, cinco aplicações
práticas dessa importante técnica na investigação criminal e, por fim, responda qual tipo de exame deve ser
solicitado pela autoridade policial na situação narrada, em função do encontro de tais vestígios, nos termos
do Código de Processo Penal (CPP).

A reação em cadeia de polimerase (PCR) é a técnica laboratorial mais sensível e moderna,


largamente utilizada na medicina legal e na criminalística, que possibilita a análise de uma região
específica do DNA, por meio da amplificação bioquímica ou molecular de uma sequência-alvo capaz de
gerar, com eficácia e precisão, grande número de cópias de um dado segmento específico de DNA a partir

118
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 6

de pequena quantidade de material genético. Essa relevante e já consagrada técnica pode ser aplicada
com certa plausibilidade nos casos de identificação de vítima em que outros métodos se mostrarem
ineficazes. Podem ser citados, como exemplo, dentre outros igualmente pertinentes para fins de
identificação humana, as situações de grandes mutilações/encontro de despojos ou nos carbonizados
parcial ou quase totalmente, ou ainda nas exumações. Na investigação de paternidade e maternidade,
hoje, com esses novos recursos, obtêm-se respostas a situações antes impossíveis, como nos casos de
investigação de pais falecidos a partir de familiares diretos. Nos casos de prática de infração penal, a
autoridade policial deve solicitar o exame de corpo de delito direto (art. 158 do CPP). Todavia, nada
impede que requeira exame pericial específico, com vistas à pesquisa de DNA, modalidade genética
forense.
Flávio Sousa
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13. OSTEOLOGIA

Como já visto, a antropologia forense é um ramo da antropologia física (biológica) que tem por
finalidades: estabelecer a identidade do sujeito por meio da individualização da idade, do sexo, do padrão
racial e da estatura; e determinar a causa, a data e as circunstâncias da morte. É subdividida em:

• osteologia;
• arqueologia;
• tafonomia;

a. Osteologia

A osteologia estuda a anatomia do esqueleto.

b. Arqueologia
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A arqueologia abrange os processos de escavação e arrecadação controlada de restos humanos e


outras evidências pertinentes ao local de encontro ou ao contexto da cena em situação de crime.

c. Tafonomia

É o conhecimento das alterações que ocorrem sobre os despojos a partir do momento da morte ao
longo do tempo, incluindo trauma, decomposição e modificações climáticas, ressaltando-se o papel do
patologista forense na diagnose diferencial entre trauma, fenômenos tafonômicos e doenças ósseas.
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13.1. Funções do sistema esquelético

São as principais funções do sistema esquelético:


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• Sustentação do organismo (apoio para o corpo);


Sousa Nogueira

• Proteção de estruturas vitais (coração, pulmões, cérebro);


• Base mecânica para o movimento;
Flávio Sousa

• Armazenamento de sais (cálcio, por exemplo);


• Hematopoiética (suprimento contínuo de células sanguíneas novas).
Flávio

13.2. Número de ossos do corpo humano

A doutrina aponta o número de 206 ossos no corpo humano.

13.3. Divisão do esqueleto

• esqueleto axial; e
• esqueleto apendicular.

A união do esqueleto axial com o apendicular se faz por meio das cinturas escapular e pélvica.

13.3.1. Esqueleto axial

O esqueleto axial é composto pelos ossos da cabeça, pescoço e do tronco.

120
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 6

13.3.2. Esqueleto apendicular

O esqueleto apendicular é composto pelos membros superiores e inferiores.

14. OSSO

É um órgão formado por tecido ósseo que, juntamente com a cartilagem, compõe o esqueleto dos
vertebrados.

Os tecidos ósseos são constituídos por células (osteócitos, osteoblastos e osteoclastos) e matriz
intercelular (fibras colágenas e glicoproteínas — material orgânico que confere resistência e elasticidade).

14.1. Osteoblasto

O osteoblasto é uma célula jovem, que não se divide. Ele produz secreção da parte orgânica da
matriz óssea, chamada de osteóide ou pré-osso.
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14.2. Osteócito

O osteócito é o osteoblasto maduro, cuja função é manutenção da matriz óssea.

14.3. Osteoclasto

O osteoclasto é a célula gigante, multinucleada, que não se divide, responsável pela reabsorção do
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excesso da matriz óssea, participando da remodelação, do reparo e da remoção da matriz mal constituída
ou fragmentada.

14.4. Tipos de ossos


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Em relação aos tipos de ossos, macroscopicamente dois tipos de tecido ósseo podem ser
Sousa Nogueira

diferenciados:

• osso compacto; e
Flávio Sousa

• osso esponjoso.
Flávio

14.4.1. Osso compacto

O osso compacto se apresenta sólido e forma a parede óssea em toda a extensão da diáfise
(haste), podendo estar presente também nas epífises (extremidades).

14.4.2. Osso esponjoso

O tecido ósseo esponjoso tem aspecto poroso e é composto por um conjunto de espículas ou
trabéculas irregulares, finas e interligadas em ramificações, formando uma trama cujos espaços são
preenchidos pela medula óssea vermelha (tecido hematopoiético). Ele ocorre na epífise dos ossos longos e
na parte central dos ossos curtos e é envolto por uma fina camada externa de osso compacto.

Constitui a maior parte do tecido ósseo dos ossos curtos, chatos e irregulares. A maior parte é
encontrada nas epífises.

121
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14.5. Classificação dos ossos

• Ossos longos;
• ossos curtos;
• ossos chatos; e
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• ossos irregulares.

14.5.1. Ossos longos

É composto pela diáfise (haste) com duas epífases (extremidades), ou seja, possuem o
comprimento maior que a largura. São pouco encurvados, garantindo maior resistência.

Os ossos longos têm suas diáfises formadas por tecido ósseo compacto e apresentam grande
quantidade de tecido ósseo esponjoso em suas epífises. Exemplo: fêmur, úmero.
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As partes de um osso longo são as seguintes:

• Diáfise: é a haste longa do osso. É constituída principalmente de tecido ósseo compacto,


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proporcionando, considerável resistência ao osso longo.


• Epífise: são as extremidades alargadas de um osso longo. A epífise de um osso o articula,
Sousa Nogueira

ou une a um segundo osso, em uma articulação. Cada epífise consiste em uma fina camada
de osso compacto que reveste o osso esponjoso e recobertas por cartilagem.
Flávio Sousa

• Metáfise: é a parte dilatada da diáfise mais próxima da epífise.


Flávio

14.5.2. Ossos curtos

São como os longos, só que em miniaturas, assim, seus comprimentos são próximos às suas
larguras. Eles são compostos por osso esponjoso, exceto na superfície, em que há fina camada de tecido
ósseo compacto.

Exemplos: Metacarpos; metatarso.

14.5.3. Ossos chatos

Os ossos chatos possuem superfícies planas para proteção ou fixação muscular.

Exemplos: Crânio; escápula, inominado (bacia).

14.5.4. Ossos irregulares

122
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 6

Os ossos irregulares são os que possuem formas complexas, como as vértebras, esfenoide (face
lateral abaixo do crânio). Ainda, tem quantidades variáveis de osso esponjoso e de osso compacto.

14.6. Estrutura dos ossos

Os ossos possuem duas estruturas, uma interna, outra externa.

14.6.1. Estrutura interna

A estrutura interna do osso é constituída por:

• uma porção interna porosa que corresponde à cavidade medular;


• uma camada externa lisa e compacta que compõe ao córtex do osso.

Nos ossos longos, o córtex forma um tubo circundando a cavidade medular.


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Nos ossos chatos, o espaço medular é totalmente preenchido por osso esponjoso, sem cavidade
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presente.

As cavidades medulares internas são delimitadas pelo endósteo (no interior da cavidade medular
do osso, revestido por tecido conjuntivo).

Nos espaços intrabeculares do osso esponjoso, existe a medula óssea vermelha (tecido
hematopoiético), a qual forma células sanguíneas e fica nas extremidades dos ossos (epífases).

A cavidade medular (diáfase) pode servir como um sítio para armazenamento de tecido adiposo,
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chamado de medula amarela.

14.6.2. Estrutura externa


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A estrutura externa possui membrana que recobre o osso, que é o chamado periósteo,
constituindo um revestimento forte e fibroso (protegem o osso), que reveste a superfície externa da
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diáfise, exceto nas superfícies articulares (nas epífases), que são protegidas por cartilagem.
Flávio Sousa

Tanto o periósteo quanto o endósteo contêm células que podem fabricar osso.
Flávio

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Flávio
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14.7. Crescimento dos ossos

O crescimento dos ossos pode ser longitudinal ou radial, a depender se se trata da diáfise ou
epífise:

• Diáfise: o crescimento do osso ocorre no sentido longitudinal e em espessura;


• Epífise: o crescimento ósseo ocorre no sentido radial.

14.7.1. Disco epifisário

O disco epifisário ou metáfise, localizado entre a epífise e a diáfise, permite o aumento do osso em
comprimento até atingir a idade adulta, ou seja, permanece até o término do crescimento, em altura, do
indivíduo (aproximadamente 20 anos de idade), quando se torna ossificado, cessando o alongamento
ósseo.
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14.8. Ósteon, Sistema de Havers, Canal de Havers e Canal de Volkmann


Flávio Sousa

Os ósteons são o conjunto de Sistema de Havers e estão organizados ao longo das linhas de
Flávio

estresse mecânico, relacionadas à atividade de suporte de peso.

Cada Sistema de Havers é um cilindro com um canal central, que é o Canal de Havers, ao redor do
qual se distribuem lâminas ósseas concêntricas.

Os pequenos espaços entre os Sistemas de Havers são preenchidos por lamelas ósseas de
disposição diversa, formando as lamelas intersticiais.

Os sistemas de canais de um osso formam um verdadeiro labirinto que se estende da região


periférica e fibrosa (periósteo) até a região interna (endósteo, que reveste a cavidade medular).

Os Canais de Havers de sistemas vizinhos são conectados pelos Canais de Volkmann. No interior
desses canais, estende-se uma rede de capilares sanguíneos e nervos.

Uma alteração nos padrões de estresse em um osso durante a vida resulta em um realinhamento
dos ósteons. Essa é a única propriedade adaptativa do osso conhecida como Lei de Wolff.

Tome nota:

125
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 6

14.8.1. Ósteons

Os ósteons são o conjunto de Sistema de Havers.

14.8.2. Sistema de Havers

O sistema de Havers é o cilindro como um todo, que rodeia o canal de Havers.

14.8.3. Canais de Havers

São tubos estreitos dentro dos ossos por onde passam vasos sanguíneos e células nervosas. Canais
que são conectados por canais de Volkman e juntos formam o sistema de Havers.

14.8.4. Canais de Volkmann


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São responsáveis por conectar os canais de Havers.


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14.9. Osso humano ou não humano


Flávio Sousa

Quando os restos se encontram extremamente fragmentados, o diagnóstico só poderá ser


realizado pelo aspecto microscópico do osso cortical. Em geral, os ossos humanos adultos, em relação aos
Flávio

ossos animais, são bem menos grosseiros. Porém, tal diagnostico não é valido para não-adultos.

Em humanos, os ósteons (unidade do osso cortical) acham-se espalhados, dispersos, com certo
espaçamento no interior do osso, o qual exibe disposição em camadas.

Em outros animais, os ósteons tendem a se alinhar em fileiras limitadas por estruturas de formato
retangular, chamadas de osso plexiforme (emaranhada/disforme).

Os ósteons secundários ou Sistemas de Havers constituem pequenos pacotes de osso lamelar, que
circundam um canal de Havers. Embora a maioria dos vertebrados não exiba um padrão de osso haversiano
denso, como nos seres humanos, estudos comparativos revelam que nem sempre é possível uma
identificação positiva pelo encontro desse padrão.

14.9.1. Osso humano

126
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 6

Osso haversiano denso (ósteons — forma concêntrica, espalhados e espaçados, dispostos em


camadas).

Os canais de havers possuem diâmetro maior que os animais, logo, o número de canais é menor.
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Canais concêntricos

14.9.2. Osso animal

Os animais possuem osso com estrutura plexiforme, com os ósteons em forma retangular, regular e
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horizontal, alinhados, dispostos em fileiras.

O Canal de Havers possui diâmetro menor que os humanos, logo, o número de canais é maior.
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Índice cortical medular

6 Imagem retirada do livro de Medicina legal do Professor Hygino de C. Hécules.

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A medula humana, que fica no interior dos ossos, é mais fina que a medula animal, logo, o índice
cortical medular é pequeno. O mesmo se aplica na identificação de pelos, que também possuem a parte
externa e interna, sendo a parte interna (medula) do pelo humano mais fina que a do animal.

15. IDENTIFICAÇÃO DE SEXO MASCULINO OU FEMININO

Inicialmente, deve ser elencado diferenças entre os tipos de sexo:


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15.1. Diferença morfológica

É representada pela configuração fenótipa (manifestação visível ou detectável de um genótipo) do


indivíduo.

15.2. Diferença cromossomial

Os cromossomos masculinos são: 46 XY (23 pares) e tem corpúsculos fluorescentes.

Os cromossomos femininos são: 46 XX (23 pares) e não tem corpúsculos fluorescentes.

15.3. Diferença gonadal

É a designação genérica das glândulas sexuais que, a depender, irão produzir óvulos ou
espermatozoides. O sexo masculino possui testículos. O sexo feminino possui ovários.
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15.4. Diferença cromatínico

Analisa a presença de corpúsculos de Barr (cromatina sexual) para definição do sexo. O sexo
masculino não possui. O sexo feminino possui.

15.5. Diferença da genitália interna

O sexo masculino possui ductos de Wolff. A função desse sistema é a de estoque, maturação do
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esperma e provimento fluidos seminais acessórios.

O sexo feminino possui ducto de Muller, que se originam as trompas uterinas, o útero e a parte
superior da vagina.
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15.6. Diferença da genitália externa


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O sexo masculino possui pênis e escroto. O sexo feminino possui vagina e mamas.
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15.7. Diferença jurídica


Flávio

É designado no registro civil.

15.8. Diferença de identificação ou psíquico

É o sexo moral, o que o indivíduo faz de si próprio.

15.9. Diferença médico-legal

Constatado por meio da perícia. Quando há dificuldade em se determinar o sexo, como em


despojos humanos, pode ser verificado o sexo através de diversas análises, como as citadas a seguir:

15.9.1. Crâniometria

O crânio é formado por 8 ossos: frontal, parietal (dois), occipital, temporal (dois), esfenoide e
etmóide. Verifica-se as medidas anteroposterior (comprimento), altura e laterolateral do crânio (largura).

129
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 6

O crânio masculino possui o osso frontal mais inclinado, a mastoide e a estiloide (são apófises, ou
seja, extensões de osso) são mais desenvolvidas e o supercilio também é mais desenvolvido.

O crânio feminino possui o osso frontal mais vertical, a mastoide e a estiloide são menos
desenvolvidas e o supercilio também é menos desenvolvido.

O crânio de uma pessoa mais jovem apresenta as suturas cranianas visíveis (ligações entre os ossos
do crânio), com o tempo, o crânio que é adulto vai ossificando, e as suturas ficam menos visíveis.
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15.9.2. Prosopometria

É efetivamente a análise das medidas anteroposterior (comprimento), altura e laterolateral da face


(largura).
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É indicativo de ser crânio masculino:


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• Osso do crânio mais pesado;


• Arcada superciliar mais protuberante;
• Mastóide mais evoluída.

O professor Wilson Palermo cita, como meio identificador, os pontos craniométricos de Galvão, que
seria uma análise de medidas a partir do meato acústico externo (M.A.E), que é uma estrutura que compõe
o ouvido externo (orelha).

130
FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 6

15.9.3. Côndilos occiptais — Índice de Baudoin

O buraco occipital fica na base do crânio, e por ele passa a medula espinhal. Esse buraco está
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ladeado por duas saliências ósseas, chamados de côndilos occiptais. Esses côndilos se encaixam na faceta,
dando encaixe ao pescoço.

A primeira vértebra que apoia o crânio é chamada de atlas, e, nela, estão as facetas que apoiam os
côndilos.

Pelo cumprimento e largura é possível saber se o crânio é de homem ou de mulher.


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• Índice de Baudoin masculino: O buraco occipital possui largura pequena e comprimento maior.
• Índice de Baudoin feminimo: O buraco occipital possui largura grande e comprimento menor.

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15.9.4. Pelve
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Trata-se do osso da bacia, também chamado de ilíaco ou osso inominado. A pelve feminina indica
uma bacia larga. A pelve masculina indica uma bacia estreita.
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7 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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15.9.5. Púbis

O púbis é resultado da união dos ilíacos, e sua angulação indica ser masculino ou feminino. O púbis
feminino possui o ângulo formado pela união dos ilíacos superior que 90º. O púbis masculino possui o
ângulo formado pela união dos ilíacos inferior que 90º.
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16. IDENTIFICAÇÃO DE RAÇA HUMANA

São tipos étnicos fundamentais:

• caucásico;
• mongólico;

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negróide;
• indiano;
• australóide.
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16.1. Caucásico
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É aquele que possui pele branca, cabelos lisos ou crespos, louros ou castanhos e íris azuis ou
castanhas. O perfil facial pode ser ortognata ou ligeiramente prognata.
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16.2. Mongólico
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É aquele que possui pele amarela, cabelos lisos, face achatada de diante para trás e maxilares
salientes.

16.3. Negróide

É aquele que possui pele negra, cabelos crespos, crânio pequeno, íris castanha, nariz largo e
achatado.

16.4. Indiano

Não é um tipo racial definido. Possui estatura alta, pele amarela-trigueira, orelhas pequenas,
cabelos pretos e lisos e barba escassa.

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FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 6

16.5. Australóide

É aquele que possui estatura alta, pele trigueira, dentes fortes, nariz curto e largo e arcadas
superciliares salientes.

17. IDENTIFICAÇÃO PELA FORMA DO CRÂNIO: FÓRMULA DE RETZIUS

É a classificação feita através da análise do crânio — índice cefálico horizontal —, que, de acordo
com Malthus Galvão, é verificado pela seguinte fórmula matemática:

ICH = 100 X largura crânio

comprimento do crânio

17.1. Braquicéfalos
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São os “cabeças chatas”, que possuem crânio curto e largo. Seu índice maior que 80 indica ser da
raça branca ou negra.

17.2. Mesocéfalos

É o crânio médio, que possui índice maior que 74,9 e menor que 80. Indica ser da raça asiática ou
amarela.

17.3. Dolicocéfalo
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É o possuidor de crânio longo (diâmetro anteroposterior) e afinado, possuindo índice menor que
74,9. Pode ser da raça branca ou negra.
Nogueira -- CPF:

18. IDENTIFICAÇÃO PELO ÍNDICE NASAL


Sousa Nogueira

O índice nasal é um dos mais importantes parâmetros antropométricos para se sugerir a raça:
Flávio Sousa

• platirrinos;
• mesorrinos;
Flávio

• leptorrinos ou catarrinos.

18.1. Platirrinos

O índice nasal é maior que 85. O nariz é achatado. Indicam raça negra (Melanodermos).

18.2. Mesorrinos

O índice nasal fica entre 70 e 85. Indicam asiáticos ou amarelos (Xantodermos).

18.3. LEPTORRINOS ou CATARRINOS

O índice nasal é menor que 70. O nariz é fino. Indicam raça branca (Leucodermos)

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FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 6

19. IDENTIFICAÇÃO PELO ÂNGULO DA FACE: ÂNGULOS DE JACQUART

É a identificação de raça por meio do ângulo da face, tendo como ponto anterior a base da fenda
nasal.

19.1. Prognata

Possui um ângulo menor que 83º (maxilar está mais para fora, mais saliente). Normalmente indica
ser da raça negra.

19.2. Mesognata

Ângulo igual a 83º, que indica uma mandíbula mediana.

19.3. Ortognata
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Ângulo maior que 83º (maxilar está mais para dentro, mais retraída). Normalmente indica da raça
branca.
Sousa Nogueira
Flávio Sousa
Flávio CPF: 037.820.231-61
Nogueira -- CPF:

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APLICAÇÃO EM CONCURSO

1) A respeito da identificação criminal, assinale a alternativa correta:

a) A fotografia sinalética constitui um método bastante eficaz de identificação e, por sua precisão, pode ser
utilizada como método isolado de identificação de pessoas.

b) A rugopalatoscopia é um método de identificação que leva em consideração as cristas sinuosas


existentes do palato duro.

c) As tatuagens não possuem valor significativo no processo de identificação de pessoas.

d) Ilhotas, forquilhas e bifurcações são espécies de pontos característicos existentes nos desenhos digitais,
sendo que a presença de ao menos quatro destes pontos, sem nenhum ponto de divergência, indica
confronto positivo para a identificação do suspeito.

e) A datiloscopia se constitui um excelente método de identificação e tem como principais características a


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unicidade, a mutabilidade, a praticidade e a classificabilidade.

2) A respeito de identificação médico-legal, de aspectos médico-legais das toxicomanias e lesões por ação
elétrica, de modificadores da capacidade civil e de imputabilidade penal, julgue o item que se segue.

O procedimento de identificação de uma pessoa baseia-se na comparação entre a experiência da sensação


proporcionada no passado com a mesma experiência renovada no presente pela pessoa a ser identificada.
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( ) Certo ( ) Errado

3) Em relação à identificação policial ou judiciária podem ser destacados vários métodos de identificação,
Nogueira -- CPF:

entre eles, o sistema dactiloscópico de Vucetich, que se baseia na disposição das cristas papilares que se
encontram na polpa dos dedos. A presença de um, ou dois, ou nenhum delta numa impressão digital
Sousa Nogueira

estabelece os quatro tipos fundamentais do Sistema dactiloscópico de Vucetich, assim qual a alternativa
CORRETA em relação a esse sistema?
Flávio Sousa

a) Presilha externa: presença de um delta à direita do observador e de núcleo voltado à esquerda.


Flávio

b) Verticilo: presença de dois deltas e um núcleo central.

c) Presilha interna: presença de um delta à esquerda do observador e de núcleo voltado em sentido


contrário ao delta.

d) Arco: presença de dois deltas e um núcleo central.

e) Presilha externa: ausência de deltas e apenas com sistema de linhas basilares e marginais. Não tem
núcleo.

4) No que se refere ao tema “identificação", os ângulos de Jacquart, Cloquet e Curvier são verificados:

a) no tórax.

b) nas pernas.

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FREDERICO ALVES MELO ANTROPOLOGIA FORENSE • 6

c) nos braços.

d) na bacia.

e) no crânio.

5) A antropologia forense utiliza tabelas que relacionam medidas de partes do corpo para estimar a
estatura dos indivíduos. Em esqueletos completos ou ossos isolados, podem ser utilizadas para tal as
medidas dos ossos longos do esqueleto apendicular superior, como:

a) o úmero e o rádio;

b) o fêmur e a tíbia;

c) a tíbia e o úmero;
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d) a escápula e a clavícula;
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e) a clavícula e a fíbula.

GABARITO

1) Resposta: Letra “b”

2) Resposta: Errado
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3) Resposta: Letra “b”

4) Resposta: Letra “e”


Nogueira -- CPF:

5) Resposta: Letra “a”


Sousa Nogueira
Flávio Sousa
Flávio

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Flávio
Flávio Sousa
Sousa Nogueira
Nogueira -- CPF:
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FREDERICO ALVES MELO

TRAUMATOLOGIA FORENSE
TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A traumatologia ou lesionologia forense faz parte da patologia forense, sendo uma das
subdivisões da medicina legal especial. É responsável pelo estudo das energias vulnerantes, seus
mecanismos de ação e suas consequências (lesões). Segundo o professor Genival de Veloso de França: “É
um ramo da medicina legal que estuda os estados patológicos imediatos ou tardios oriundos de uma
violência que atinja o corpo humano, causando uma lesão.”

2. PELE

A pele é o maior órgão do corpo humano e é a primeira barreira contra a lesão. Por ser a primeira
barreira, faz com que a maioria das lesões apareçam na pele.

A pele é formada por camadas, quais sejam:

• epiderme;
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• derme.

2.1. Epiderme

É a parte superficial da pele, que possui uma camada mais externa (que só possui células mortas) e
uma camada mais profunda (que possui células vivas).

A parte superficial é composta de células mortas, para que o organismo possa reagir com o meio
ambiente. Na epiderme não tem vasos sanguíneos, tampouco filetes nervosos.
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A epiderme é composta por 5 (cinco) camadas, sendo elas:

• camada córnea;
Nogueira -- CPF:

• camada lúcida;
• camada granulosa;
Sousa Nogueira

• camada espinhosa e
• camada basal.
Flávio Sousa

2.1.1. Camada córnea


Flávio

As células desta camada são mortas (a fim de poder reagir com o meio ambiente), não possuem
núcleo e são completamente achatadas em forma de lâminas. As células mortas exercem função de
proteção contra agentes externos, além de impedir a evaporação de água. É uma camada completamente
queratinizada, o que a torna impermeável.

Como as células da camada córnea são anucleadas, não há DNA nuclear. Contudo, em que pese a
ausência do núcleo, é possível a verificação do DNA mitocondrial. No entanto, o DNA mitocondrial só
possui o DNA materno, porque a célula reprodutora masculina, ao fecundar a célula reprodutora feminina,
não entra com o DNA mitocondrial do pai, que se localiza no citoplasma (flagelo) da célula (só entra o
núcleo, a cabeça do espermatozoide, que não possui mitocôndria).

2.1.2. Camada lúcida

É a camada imediatamente inferior a camada córnea, com menor queratinização e constituída por
uma fina camada de células achatadas, cujos núcleos celulares apresentam sinais de degeneração,

139
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

existindo pouquíssimas organelas citoplasmáticas. Existe certa quantidade de queratina, tornando-a


impermeável a fluidos.

Nem todas as regiões do corpo possuem essa camada, sendo mais comuns nas regiões
palmoplantares (mãos e pés).

2.1.3. Camada granulosa

Nesta camada, há a presença de células poligonais e achatadas com núcleo central. Há produção de
grânulos de queratina, que impedem a passagem de compostos e água.

2.1.4. Camada espinosa

É formada por 4 a 10 fileiras de células cuboides ou ligeiramente achatadas com núcleo central e
pequenas expansões no citoplasma (separam o núcleo da membrana), que dá o aspecto espinhoso. Na
camada espinosa, ainda existe a produção de queratina. A camada espinosa se localiza acima da camada
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basal.

2.1.5. Camada basal

É a camada que possui a parte proliferativa e que dá origem às células das outras camadas
(responsável pela renovação da epiderme).

As células (única fileira de células prismáticas) presentes possuem núcleo, logo, é possível
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identificar o DNA materno e paterno. É a camada mais profunda, estando acima da derme. Também é
chamada de camada germinativa ou geradora.

2.1.6. Camada de malpighi


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É a camada presente acima das papilas dérmicas. A camada de malpighi ou camada epidérmica, é
Sousa Nogueira

constituída por das três últimas camadas da epiderme: camada granulosa; camada espinosa; e camada
basal.
Flávio Sousa

2.1.7. Ciclo de tempo da célula da epiderme


Flávio

O processo das células da camada basal (camada geradora) até a camada córnea dura o período de
21 a 28 dias. As células vão sendo produzidas através do processo de mitose (processo de divisão de células
eucarióticas), e, ao ir subindo de camadas, as células vão se achatando, perdendo núcleo, citoplasma etc.,
até chegar na camada córnea morta.

2.2. Derme

A derma se localiza abaixo da epiderme e é composta exclusivamente por células vivas. É macia,
cheia de filetes nervosos, vasos sanguíneos e rica em gordura. É formada por tecido conjuntivo com as
funções de oferecer sustentação e nutrir a epiderme. Está dividida funcional e anatomicamente em duas
camadas distintas:

• derme superficial (ou papilar); e


• derme profunda (reticular).

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

2.2.1. Derme superficial

A derme superficial é constituída por tecido pouco denso, provido de vascularização e inervação
abundantes.

2.2.2. Derme profunda

A derme profunda é formada por tecido mais denso, mais resistente às trações, por seu maior teor
em fibras elásticas e colágenas. Nessa camada, estão os músculos eretores dos pelos e suas hastes com
glândulas sebáceas.

2.2.3. Papilas dérmicas

As papilas dérmicas é o local onde a derme e a epiderme se encontram. Elas são entrelaçadas
(formam o desenho digital através das cristas dérmicas), logo, são irregulares, pois se interpenetram
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formando ondulações.

Em razão da derme papilar (cristas dérmicas do entrelaçamento), juntamente com o suor e a


gordura da pele vão resultar no desenho digital, que, quando tocado em objetos, pode deixar a impressão
digital (quando o desenho digital é colocado em algum local).
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Sousa Nogueira

2.3. Anexos cutâneos


Flávio Sousa

São estruturas anexas da pele, que são constituídas pelas glândulas sudoríparas, sebáceas e os
Flávio

pelos. Este órgão importante tem as seguintes funções: sensibilidade, regulação térmica e proteção.

3. TRAUMA

É a atuação de uma energia traumatizante (segundo o Professor Hygino C. Hércules, de ordem


física, química ou mista) externa (exógena) sobre determinado indivíduo, com intensidade capaz de causar
um desvio de normalidade (lesão) no corpo humano, com ou sem expressão morfológica (pode ser
imperceptível).

3.1. Homeostasia

8 Imagem retirada do site: http://www.papiloscopia.com.br/estudo_das_papilas.html.

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

Homeostasia é o corpo em equilíbrio. O trauma deve causar um desvio nesse equilíbrio do corpo
humano.

A reação do corpo ao trauma pode ser:

• reação local;
• reação sistêmica ou geral.

3.2. Reação local

Quando a reação é local, há uma reação inflamatória que leva ao aumento da circulação local,
causando, assim, uma vasodilatação (hiperemia), que leva ao rubor, calor e edema. Em razão desta reação,
tem-se um aumento de glóbulos brancos, que é uma função de defesa, para a região.

3.2.1. Síndrome compartimental


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Segundo o Professor Hygino de C. Hercules, o edema (resultado da reação inflamatória juntamente


com calor e rubor) pode comprimir os vasos da microcirculação local (em razão do aumento da pressão),
desde que seja muito intenso e situado em área delimitada (área restrita) por paredes pouco distensíveis. O
aumento da pressão nos tecidos bloqueia a circulação e, por isso, prejudica os mecanismos de defesa
(chegada dos glóbulos brancos), com o agravamento da lesão inicial. Ocorre, por exemplo, nos
traumatismos musculares graves.

3.3. Reação sistêmica ou geral


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Na reação sistêmica, inicialmente, há a liberação de adrenalina, levando ao aumento da pressão


arterial e dos batimentos cardíacos (taquicardia), dos movimentos respiratórios e hiperglicemia (aumento
da quantidade de açúcar no sangue para produzir mais energia).
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3.3.1. Balanço nitrogenado negativo


Sousa Nogueira

O funcionamento adequado do nosso do corpo depende da integração do catabolismo e


Flávio Sousa

anabolismo. O Professor Hygino de C. Hercules ensina que, com a reação sistêmica, há um aumento do
catabolismo, em função do aceleramento do metabolismo orgânico. Assim, predomina o catabolismo
Flávio

(perda de substância corporal) sobre o anabolismo (ganho ponderal, de peso). Dessa forma, a recuperação
costuma ser mais longa que o desvio. Quando a pessoa volta ao equilíbrio, com a alimentação regular, o
balanço volta a ser positivo.

3.3.2. Síndrome do estresse pós-traumático

Segundo o Professor Hygino de C. Hercules, é uma desordem mental caracterizada por sintomas de
ordem mental e física, em que predomina suscetibilidade a ameaças a sua integridade física, irritabilidade e
pouca socialidade. Há distúrbios físicos, como tremores, dificuldade de respiração pela simples evocação da
violência sofrida. Algumas pessoas chegam a mudar sua rotina.

4. LESÃO

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

A lesão é a consequência, isto é, a alteração traumática resultante da agressão sofrida pelo corpo
humano. Segundo o professor Hygino de C. Hercules, a lesão é uma alteração estrutural proveniente de
uma agressão, só se considerando lesão se demonstrável morfologicamente.

O trauma causa a lesão, assim, verifica-se a maioria das lesões na pele — maior órgão do corpo
humano, que é objeto do trauma.
Flávio Sousa
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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

4.1. Critério cronológico das lesões

Segundo o Professor Hygino de C. Hercules, pelo critério cronológico, a lesão pode ser:

• recente;
• intermediária;
• consolidada.

4.1.1. Recente

Se diz que a lesão é recente, é possível fazer a verificação de tempo da lesão. O Professor Hygino de
C. Hercules critica tal classificação, pois, o limite entre o conceito de recente e intermediário é abstrato e
subjetivo, não havendo padrão consensual.

4.1.2. Intermediária
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As lesões intermediárias são aquelas que não são mais recentes, mas ainda não chegaram à
consolidação. É possível fazer a verificação de tempo da lesão.

4.1.3. Consolidada

A lesão consolidada não se confunde com “curada”, sendo definida como a lesão que parou de
evoluir. Assim, a consolidação pode ocorrer porque houve cicatrização ou ainda por ter parado de evoluir
sem cicatrizar (exemplo: pseudoartrose).
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É extremamente difícil se verificar o tempo das lesões consolidadas.

É possível ter uma lesão consolidada, seja curada ou não curada.


Nogueira -- CPF:

4.2. Outras classificações das lesões


Sousa Nogueira

A lesão pode ser classificada como:


Flávio Sousa

• direta;
• indireta;
Flávio

• fechada;
• aberta ou exposta;
• mortal;
• não mortal;
• com assinatura.

4.2.1. Direta

É a lesão no local de contato entre a parte do corpo atingida e o agente vulnerante.

4.2.2. Indireta

A lesão indireta, também chamada de lesão a contragolpe, ocorre quando, no lado oposto ao
trauma, há lesão reflexa ou indireta. Exemplo: lesões na cabeça, em que o deslocamento do cérebro causa
lesões do lado oposto ao trauma.

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

4.2.3. Fechada

Quando a lesão é fechada, não há rompimento da pele.

Exemplos: rubefação, tumefação, equimose, bossa, entorse, luxação, fratura não exposta etc.

4.2.4. Aberta ou exposta

Ocorre quando a lesão é aberta havendo o rompimento da pele.

Exemplos: escoriação, ferida, fratura exposta etc.


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4.2.5. Mortal
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São as lesões que culminam em morte e podem ser fruto de suicídio, acidente ou crime.

4.2.6. Não mortal


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Sousa Nogueira

São as lesões criminosas, que podem ser dolosas ou culposas, podendo se ajustar a algum tipo
penal, por exemplo, ao art. 129 do CP.
Flávio Sousa

4.2.7. Com assinatura


Flávio

A lesão com assinatura ocorre quando a lesão denuncia o instrumento que a causou, ou seja, ao
visualizar a lesão, é possível determinar qual objeto foi utilizado para causar a lesão.

Exemplos: queimadura causada com um garfo na pele, com ferro de passar.

OBSERVAÇÃO

Lesão patognomônica: Quando for possível dizer o instrumento vulnerante utilizado para causar a
lesão, diz-se que a lesão é patognomônica.

9 Imagem retirada do site: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/fraturas.htm

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

5. LESÕES CORPORAIS E O CÓDIGO PENAL

As lesões corporais encontram-se no art. 129 do Código Penal (CP). Anote que, apesar de o artigo
ser composto por diversos parágrafos, para medicina legal, apenas os parágrafos 1º e 2º são importantes,
pois são os artigos relacionados à gravidade da lesão, não se analisando o dolo pelo perito médico-legista.
Flávio Sousa
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5.1. Análise de dolo nas perícias

Os peritos médico-legislas não devem analisar o dolo do agente ativo na lesão, devendo analisar
apenas a lesão existente.

Nos demais parágrafos, o dolo da lesão será analisado pelos agentes jurídicos atuantes, que será
você, delegado de polícia.

5.2. Lesão corporal leve

A lesão corporal será considerada leve quando não se encaixa nem no § 1º, nem o § 2º do art. 129
do Código Penal.

ATENÇÃO!
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Existe lesão leve qualificada nos arts. 129, §§ 9º e 13 do CP.

5.3. Lesão corporal grave ou gravíssima?

Apesar de não constar no art. 129 do CP a diferenciação, o § 1º se refere à forma grave da lesão
(sentido estrito), enquanto o § 2º se refere à forma gravíssima da lesão (sentido amplo, extenso, amplo).
Essa interpretação se faz da leitura dos arts. 122 do CP, art. 1º, § 3ºda Lei de Tortura (Lei n.º 9.455/1997) e
art. 303, § 2º do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
CPF: 037.820.231-61

LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE


Art. 129, CP [...]
§ 1º Se resulta:
I – Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
Nogueira -- CPF:

II – perigo de vida;
III – debilidade permanente de membro, sentido ou função;
Sousa Nogueira

IV – aceleração de parto:
Pena – reclusão, de um a cinco anos.
Flávio Sousa

§ 2° Se resulta:
I – Incapacidade permanente para o trabalho;
Flávio

II – enfermidade incurável;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV – deformidade permanente;
V – aborto:
Pena – reclusão, de dois a oito anos.

Art. 122, CP. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou


prestar-lhe auxílio material para que o faça: (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.968, de
2019)
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza
grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: (Incluído pela Lei
nº 13.968, de 2019)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)

Art. 1º, Lei 9.455/97. Constitui crime de tortura:


[...]
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de
quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

Art. 303, CTB. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:
[...]
§ 2º A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das
outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade
psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa
que determine dependência, e se do crime resultar lesão corporal de natureza grave ou
gravíssima. (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017)

5.3.1. Situações específicas

a. Membro

Pode ser qualquer membro. Pode ser superior, braço, antebraço e mão, e pode ser inferior, coxa,
perna e pé.

b. Perda de pênis
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Para a medicina legal, o pênis não é considerado membro.

c. Sentido

Os sentidos são cinco: visão, audição, paladar, tato e olfato.

d. Função
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São exemplos: função renal, respiratória etc.

e. Sentidos ou funções duplas


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Será, na forma gravíssima, apenas se houver a perda do sentido ou função em sua forma dupla.
Sousa Nogueira

São exemplos: ouvidos, olhos, rins, testículos, ovários etc.


Flávio Sousa

OBSERVAÇÃO
Flávio

A perda do baço se enquadra na debilidade de função (lesão grave), pois ele possui funções
imunológicas e hematopoiéticas, que também são exercidas pelo fígado e pela medula óssea vermelha (art.
129, § 1º, III, CP).

5.4. Debilidade funcional e classificação de François Barrême

5.4.1. Lesão leve

Há uma perda funcional de até 3%.

5.4.2. Lesão grave

Há uma perda funcional acima de 3% até 70%.

5.4.3. Lesão gravíssima

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Flávio
Flávio Sousa
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FREDERICO ALVES MELO

Há uma perda funcional acima de 70%.


TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

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5.4.4. Perda de dentes

Segundo o STJ, há uma debilidade, incidindo no § 1º do art. 129 do CP.

5.4.5. Debilidade permanente de membro, sentido ou função

É analisada pelo perito como uma lesão duradoura, podendo, com o tempo, retomar as
normalidades. Essa lesão é analisada dentro do prazo de um ano.

6. SIMULAÇÃO

ATENÇÃO!

O perito, ao examinar o indivíduo, para fins de classificação do art. 129 do CP, deve tomar cuidado
para eventuais simulações. Essas simulações podem ser as seguintes:
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• simulação
• dissimulação
• metassimulação
• parassimulação

6.1. Simulação

Sempre que alguém tenta imitar, agravar ou criar intencionalmente sintomas. Em resumo, diz ter o
CPF: 037.820.231-61

que não tem.

6.2. Dissimulação
Nogueira -- CPF:

O agente possuidor de algo busca dar a impressão que é saudável. Em resumo, diz não ter o que
tem.
Sousa Nogueira

6.3. Metassimulação
Flávio Sousa

O agente possuidor da doença exagera nos sintomas para parecer que o quadro é mais grave.
Flávio

6.4. Parassimulação

O agente possuidor da doença adiciona, conscientemente, sinais e sintomas de outras doenças.

6.5. Formas de verificar a simulação latu sensu

• Sinal de Levy
• Sinal de Muller
• Sinal de Mankoff
• Sinal de Imbert

150
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

6.5.1. Sinal de Levy

É feita a observação da pupila (parte negra do olho). Ao se apertar o local que o examinando diz
sentir dor, se ocorrer a midríase, a pupila dilata, se ocorrer a miose, ela se contrai, e indica a verdade. Se a
pupila não se alterar, indica que há mentira.

6.5.2. Sinal de Muller

São feitos círculos na região apontada com dor, e, após, sem a pessoa olhar, com uma caneta,
aperta os diversos círculos, para buscar se o examinando está falando a verdade ou mentindo.

6.5.3. Sinal de Mankoff

Observa-se o ritmo cardíaco na artéria radial através da pressão do local indicado como doloroso.
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6.5.4. Sinal de Imbert


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Há um aumento da carga de peso no membro que o examinando diz sentir dor analisando a reação.

6.5.5. Síndrome de Munchausen

Trata-se da pessoa que mente deliberadamente a ponto de acreditar na própria mentira. Por vezes,
isso ocorre com a pessoa que mente diante do perito.
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6.5.6. Síndrome de Munchausen por transferência

É a situação em que o responsável por alguém, com o objetivo de chamar a atenção e apresentar
uma imagem de cuidador diligente, busca ajuda médica para a pessoa que está sob seus cuidados, mesmo
Nogueira -- CPF:

que essa pessoa não precise de ajuda. De tanto o responsável falar que a pessoa sob sua tutela precisa de
Sousa Nogueira

ajuda médica, faz com que o próprio paciente sinta psicologicamente os sintomas.

7. AGENTES VULNERANTES
Flávio Sousa

Será estudado agora sobre os agentes ou elementos que, por meio de contato direto ou indireto,
Flávio

causam as lesões no corpo.

Os agentes vulnerantes são aqueles que atuam no organismo e são capazes de causar alterações.

Inicialmente, as energias vulnerantes podem ser de ordem:

• física;
• química;
• biológica; e
• mista.

6.1. Física

A composição de átomos, que compõe o agente, ao ser transferida, não se altera.

151
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

6.2. Química

A composição de átomos, que compõe o agente, ao ser transferida, se altera. São energias
relacionadas a substâncias ácidas e bases.

6.3. Biológica

A energia depende de seres vivos para ser transferida. São energias relacionadas a vírus, bactérias,
protozoários etc.

O professor Hygino de C. Hercules não cita essa modalidade de energia.

6.4. Mista

Na energia mista, há uma reunião de mais de um tipo de energia.


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O professor Hygino de C. Hercules cita como a reunião da energia física e química.

8. ENERGIA DE ORDEM FÍSICA

A energia de ordem física se divide em:

• Energia de ordem física não-mecânica


• Energia de ordem física mecânica
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8.1. Energia de ordem física não-mecânica

São aqueles agentes que, para causar lesão, não precisam de movimento. Exemplo: eletricidade,
calor, luz, som, pressão, radiação.
Nogueira -- CPF:

8.2. Energia de ordem física mecânica


Sousa Nogueira

A energia é mecânica, pois, necessariamente, há movimento, deslocamento no espaço seja do


Flávio Sousa

objeto para o copo (deslocamento ativo) seja do corpo para o objeto (deslocamento passivo). A energia de
ordem mecânica é capaz de lesar, porque transfere toda a sua energia cinética ou parte dela à área da
Flávio

superfície com que entra em contato.

O professor Hygino de C. Hércules cita que as energias de ordem física são as energias: cinéticas,
barométricas, elétricas, térmicas e radiantes.

Neste momento, serão estudadas as energias de ordem cinética e seus efeitos no corpo humano.

9. ENERGIA CINÉTICA

A energia cinética é a energia dos corpos em movimento. Não se confunde com energia em
potencial, que é a energia armazenada nos corpos e objetos, a depender de sua posição. Na energia
cinética, são analisadas as lesões causadas por instrumentos contundentes, perfurantes, cortantes,
pérfurocortantes, pérfuro-contundentes e corto-contundentes.

152
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

Exemplo: Uma pessoa, em uma janela, a 30 metros de altura, possui uma energia potencial. Caso
essa pessoa caia ou pule, a gravidade irá aumentar a velocidade durante a queda, assim, a energia
potencial, que estava acumulada, se transformará em energia cinética.

A energia cinética é expressa pela equação:

E = m.v²
2
E é a energia;
m é a massa do agente;
v é a sua velocidade.

Quanto maior o peso do objeto e a velocidade de movimento, maior será a energia cinética.
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9.1. Princípio geral da conservação da energia

O princípio geral da conservação da energia diz que a quantidade de energia antes do choque de
dois corpos tem que ser igual à energia presente após a colisão. A energia não pode ser criada nem
destruída: a energia pode apenas transformar-se.

9.2. Gravidade

A gravidade é responsável pelo direcionamento de todos os corpos ao centro da terra. É a chamada


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força centrípeta.

9.3. Lesão causada por agente mecânico parado


Nogueira -- CPF:

Pode um agente mecânico causar lesão estando parado, desde que o alvo esteja em movimento.
Sousa Nogueira

As lesões são separadas em ativa, passiva ou mista.

• Ativa: O agente vulnerante está em movimento. Exemplo: disparo de arma de fogo,


Flávio Sousa

paulada, pancada etc.


Flávio

• Passiva: O alvo está em movimento. Exemplo: se um preso bate com a cabeça na cela.
• Mista: Ambos estão em movimentos. Exemplo: colisão.

9.4. Pressão

A produção de lesões depende também da extensão da área sobre aquela que atua um agente
mecânico. A pressão de um corpo sobre a superfície é diretamente proporcional à sua força e
inversamente à extensão da área com que entre em contato (Pressão = Força/Superfície). Por isso, um
alfinete precisa de pouca força para penetrar na pele, pois a pressão é maior em função da pouca extensão
da zona de contato.

Uma mesma força sobre uma superfície menor = a pressão no ponto de impacto aumenta.

Uma mesma força sobre uma superfície maior = a pressão no ponto de impacto diminui.

9.5. Densidade e dissipação de energia

153
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

O impacto irá depender também da densidade do alvo, assim temos que:

• quanto menor a densidade do meio, maior a transferência de energia para o alvo.

Exemplo: Um disparo de arma de fogo, no meio gasoso, irá fazer com que o PAF chegue ao alvo
com muita energia cinética.

• quanto maior a densidade do meio, menor a transferência de energia para o alvo.

Exemplo: Um disparo de arma de fogo no meio líquido irá fazer com que o PAF chegue ao alvo com
menor energia cinética que no meio gasoso, por ter maior densidade.

9.6. Classificação dos agentes vulnerantes

Os agentes vulnerantes podem ser classificados como:

• Agente contundente: o agente contundente gera uma lesão contusa.


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• Agente perfurante: o agente perfurante gera uma lesão punctória.


• Agente cortante: o agente cortante gera uma lesão incisa.

Nos três primeiros casos, temos agentes simples, visto que seu uso principal tem uma única
finalidade.

• Agente pérfurocortante: o agente pérfurocortante gera uma lesão pérfuro-incisa.


• Agente pérfuro-contundente: o agente pérfuro-contundente gera uma lesão pérfuro-contusa.
• Agente corto-contundente: o agente corto-contundente gera uma lesão corto-contundente.
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Os três últimos casos são classificados como agentes mistos, pois sua ação gera dois tipos de lesões.

Veja a análise de cada agente vulnerante.


Nogueira -- CPF:

10. AGENTE CONTUNDENTE


Sousa Nogueira

O agente contundente é aquele que só contunde. Ele resulta da atuação de agentes que
transferem sua energia cinética através de pressão para o corpo, por meio de uma superfície, uma área,
Flávio Sousa

que interessa a todos os planos da pele, inclusive os subcutâneos.


Flávio

O agente contundente não possui ponta, nem gume. O agente é classificado como sendo
contundente. A lesão é classificada como sendo contusa (lesão em plano).

Segundo o Professor Genival V. de França e o Professor Wilson Palermo, não existe lesão
dilacerante ou lacerante (mesmo se oriunda de explosões), portanto, não existe lesão lacero-contusa. Isso
porque não há instrumentos com os mesmos nomes (dilacerantes, corto-dilacerantes, pérfuro-dilacerantes
nem contuso-dilacerantes), sendo, na verdade, uma variação da lesão contusa.

ATENÇÃO!

Outros professores admitem a lesão lacerante, assim, seria possível a lesão lacero-contusa.
Portanto, atente-se ao perfil da banca.

154
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

Veja, a banca Fumarc, ao aplicar a prova de Delegado de Minas Gerais, adotou a posição do
Professor Genival V. de França (citado expressamente no edital): Um indivíduo foi vítima da explosão de
uma bomba ao implantá-la num caixa eletrônico, tendo evoluído para óbito imediatamente. Qual das
feridas tem mais probabilidade de tê-lo acometido?

a) Contusodilacerantes

b) Cortocontusas

c) Cortodilacerantes

d) Dilacerantes.

Resposta: Letra “B”

Um exemplo clássico de atuação contundente é a lesão causada pelo martelo, que causa lesões
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contusas.

Por já ter sido cobrado em provas, a ação do martelo, na calota craniana, pode gerar três tipos de
lesões:

• Sinal de Mapa-Mundi de Carrara: A lesão causada é em mapa-múndi, que são várias


minifraturas, que lembram um mapa-múndi.
Sousa Nogueira
Flávio Sousa
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• Sinal de Strassman: Trata-se do afundamento parcial com fissuras na calota craniana.

• Sinal de Terraza de Hoffman: A ação tangencial do objeto produz fratura em formato triangular,
com a base ligada ao tecido ósseo adjacente e o vértice solto, voltado para o interior da
cavidade craniana

155
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

10.1. Mecanismos de transmissão de energia cinética dos agentes vulnerantes

Segundo o professor Hygino de C. Hercules, só são os mecanismos de ação de agentes vulnerantes:

10.1.1. Compressão

O agente incide diretamente sobre a superfície e comprime os tecidos (soco, martelada, pedrada).
É a forma mais comum.

10.1.2. Tração

Ocorre quando uma parte do corpo, por exemplo, o cabelo, é preso e puxado por alguma
engrenagem. Nesses casos, pode ocorrer o escalpe, que é o arrancamento do couro cabeludo.

Torções articulares provocam lesões por força de tração exercida sobre os ligamentos da face
oposta à flexão ou extensão exagerada.
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10.1.3. Deslizamento

Deve-se ao atrito entre o agente e a pele. São chamadas de lesão em linha. O exemplo mais
comum são as escoriações.

São encontradas na doutrina outras formas de mecanismos:

• pressão;
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• sucção;
• torção;
• flexão;
• cisalhamento.
Nogueira -- CPF:

Em relação ao cisalhamento, trata-se de forças que atingem o mesmo ponto em sentidos opostos,
Sousa Nogueira

como a ação de uma tesoura. A tesoura fechada é um agente perfurante. Já a tesoura aberta, cada ramo é
um agente pérfurocortante de um gume. O mecanismo de ação quando a tesoura funciona é o
Flávio Sousa

cisalhamento.
Flávio

Lembrando que as lesões podem ser fechadas ou abertas, assim, serão analisadas as hipóteses de
cada uma.

10.2. Lesões fechadas

• Rubefação
• Tumefação (classificação citada pelo do professor Hygino de C. Hercules)
• Equimose
• Bossa
• Hematoma ou tumor de sangue
• Entorse
• Luxação
• Fratura

10.2.1. Rubefação

156
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

A rubefação é a lesão produzida por ação contundente mais leve, mais simples que existe. É o
rubor, a vermelhidão na pele.

É constituída por hiperemia, que é aumento da circulação sanguínea local, sendo o efeito anti-
inflamatório e normalizador circulatório, observada no local de impacto, ou seja, há uma vermelhidão,
não havendo extravasamento de sangue.

Conforme o Professor Hygino de C. Hercules, resultante da dilatação de capilares e vênulas locais


desencadeada pela liberação de mediadores químicos como a histamina (envolvida em processos
bioquímicos de respostas imunológicas, tais como extravasamento de plasma que acarreta o aparecimento
de edemas, vermelhidão, coceira dentre outros).

Segundo o Professor Hygino de C. Hercules, a rubefação aparece nos primeiros instantes e alcança
o máximo em cerca de um minuto, persistindo por até cerca de dez minutos. Ainda, o professor aponta que
é fugaz (temporária), e sua comprovação pericial é quase impossível, pois a vítima de uma agressão que lhe
tenha produzido apenas uma rubefação, como no caso de uma bofetada, se for a exame de corpo de delito,
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provavelmente receberá um laudo negativo quanto à existência da lesão.

ATENÇÃO!

Não esqueça: na rubefação não há extravasamento de sangue local.


Sousa Nogueira
Flávio Sousa
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Nogueira -- CPF:

157
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

CUIDADO!

Apesar de determinadas doutrinas apontarem a rubefação como eritema (Wilson Palermo), não
confunda com eritema causado pelo agente vulnerante calor. Ambos são semelhantes visualmente, mas a
lesão na rubefação é causada por ação contundente, enquanto a lesão chamada de eritema é causada pelo
calor (agente térmico). “Eritro” significa vermelho, “ema”, formação. Assim, a rubefação seria uma
formação de uma área vermelha.

Em provas, deve ser evitado o uso do termo eritema para se referir às rubefações, a fim de se
evitar eventuais confusões para o examinador.

• Valor médico-legal da rubefação: caracteriza que houve uma ação contundente em vida.

10.2.2. Tumefação
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A tumefação é citada pelo Professor Hygino de C. Hercules como sendo um trauma um pouco mais
intenso que a rubefação, portanto, demora um pouco mais para desaparecer. A tumefação consta de
elevação local e palidez da pele na área do impacto, surgindo, depois de um a três minutos, junto com a
rubefação, que sempre a acompanha. Segundo o Professor, faz parte da Tríplice Reação de Lewis, que
possui três momentos:

• 1º momento: ocorre a hiperemia, que é o aumento da quantidade de sangue circulante em um


determinado local, do ponto de impacto.
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• 2º momento: ocorre a extensão da hiperemia para pequena área ao redor.


• 3º momento: ocorre palidez da zona central causada por edema, que é o acúmulo anormal de
líquidos no espaço intersticial — espaço localizado entre os vasos e as células dos tecidos.
Flávio Sousa
Flávio Nogueira -- CPF:
Sousa Nogueira

10

10.2.3. Equimose

Nas equimoses, o trauma causa o extravasamento do sangue dos vasos sanguíneos, pois sofreu
rotura, secção, havendo, assim, infiltração do sangue nas malhas dos tecidos (superficiais ou profundos),
de maneira que a equimose é vista através de uma lâmina de tecido (em regra, a pele, mas pode ser
através do pulmão, coração etc.).

10 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor André Uchoa

158
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

a. Equimose espontânea

Equimose espontânea são equimoses que não são fruto de um trauma. A doutrina aponta algumas
possibilidades.

Segundo o professor Hygino de C. Hercules, seria possível ter uma equimose sem o seccionamento
de um vaso sanguíneo (com o vaso íntegro), através da diapedese, ou seja, com a passagem do fluxo
sanguíneo através dos poros das paredes dos vasos. Cita também que se pode ter equimoses espontâneas
oriundas de doenças ou, ainda, podem aparecer em pessoas idosas que possuem a pele fragilizada (pouca
resistência).

O Professor Delton Croce cita a possibilidade de uma equimose ter fundo emocional. Neste caso, o
professor denomina a equimose de fundo emocional de enquimose.

b. Equimose tardia
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Segundo o professor Hygino de C. Hercules, a equimose tardia são lesões que aparecem longe do
ponto de impacto após algum tempo, sendo decorrentes da migração do sangue extravasado, em focos de
fratura, e das necroses isquêmicas (coagulação) por secção ou compressão arterial. Exemplo: fraturas no
teto orbitário costumam aparecer na região da pálpebra superior.

A equimose pode ser classificada também de acordo com sua forma, veja:


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petéquia;
• sugilação;
• víbice;
• sufusão ou equimoma.
Nogueira -- CPF:

c. Petéquia
Sousa Nogueira

Na petéquia, geralmente há um pontilhado hemorrágico. É uma hemorragia em tamanho de um


Flávio Sousa

ponto de uma cabeça de alfinete. A literatura médico-legal diz que é comum em mortes rápidas. A reunião
de várias petéquias é chamada de sugilação.
Flávio

11

11 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

159
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

Petéquias subconjuntivais

• Manchas de Tardieu: Por volta de 1800, um perito chamado Tardieu disse que, quando uma
pessoa aparecia morta e tinha esses pontos sanguinolentos subconjuntivais, ela havia sido
morta asfixiada por sufocação. Assim, esses pontos passaram a ser chamados de Manchas de
Tardieu. Hoje, sabe-se que essas manchas podem aparecer nas asfixias em geral, mas também
nas mortes naturais. Essas manchas não são patognomônicas.

d. Sugilação

É formada por confluência de numerosas (milhares ou centenas) lesões puntiformes em uma área
bem delineada (forma de pequenos grãos). Portanto, é uma equimose formada por vários pontinhos
aglomerados. Geralmente, é fruto de atos libidinosos decorrente de sucção, no entanto, também pode ser
fruto de pancadas. Segundo a doutrina médico-legal, pode surgir em vida ou após a morte.
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12
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e. Víbice
Sousa Nogueira

Trata-se de petéquias, em faixa dupla paralela, causadas por agente contundente que possui
forma cilíndrica e que, ao colidir com a pele, desloca o sangue para linha paralela ao instrumento, como é o
Flávio Sousa

caso de um taco de beisebol ou cassetete. Para o Professor Hygino de C. Hercules, essas faixas seriam
quase paralelas — convergindo para o punho (borda proximal) do instrumento e divergentes para a
Flávio

ponta do instrumento (esse posicionamento já foi cobrado na prova de Delegado de Polícia do RJ).

f. Víbices estriadas

A víbice pode ocorrer, ainda, quando o pneu de um automóvel passa por um corpo, sendo
chamado de víbices estriadas ou Estrias Pneumáticas de Simonin, não sendo paralelas neste caso
específico.

12 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

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14

g. Sufusão ou equimoma
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A sufusão representa uma hemorragia que possui maior extensão; uma equimose em proporção
maior e de tamanho variado. É o que se denomina de lençol hemorrágico ou de “mancha de sangue”.
Flávio Sousa
Flávio Nogueira -- CPF:
Sousa Nogueira

15

sufusão subconjutival

h. Manchas decorrentes de equimoses

13 Imagem retirada do site do Professor Malthus.


14 Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.
15 Imagem retirada do site do Professor Malthus.

161
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

São manchas decorrentes das equimoses:

• Mancha de Tardieu

Trata-se de petéquias subconjuntivais (pequenas e violáceas), ou seja, atingem abaixo da


membrana conjuntiva que recobre o globo ocular, a chamada esclerótica — que é a parte branca dos
olhos, indicando que pode ter ocorrido asfixia por sufocação, afogamento, entre outras causas. São
frequentes em adolescentes e crianças.

A Mancha de Tardieu não é patognomônica, ou seja, não indica certeza de algum tipo de morte,
pois pode aparecer em diversos tipos de mortes, inclusive, nos naturais.

Podem ocorrer ainda abaixo das pleuras (subpleurais) ou do pericárdio (subpericárdicas).

Segundo a literatura médico-legal, decorre do CO2, que pode causar a excitação bulbar ou danificar
diretamente o capilar.
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• Mancha de Paltauf
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Trata-se de equimoses subpleurais de ordem físico-química, ocorrendo quando há aspiração de


água, causando o rompimento dos alvéolos (asfixia por afogamento) e o extravasamento do sangue.
Sousa Nogueira

A Mancha de Paltauf é um sinal patognomônico (indica certeza) de afogamento.


Flávio Sousa
Flávio

162
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

16

• Máscara Equimótica de Morestin ou Cianose Cérvico-facial

É a mancha arroxeada formada por um conjunto de milhares de petéquias que atinge ao rosto.
Ocorre normalmente diante de soterramentos, compressão de tórax etc.
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Veja, a circulação fica prejudicada, pois o sangue bombeado que foi para a região da cabeça fica
impedido de voltar para o coração, pois o átrio direito que recebe o sangue, encontra-se comprimido, não
conseguindo receber o sangue retornado. Diante do acúmulo de sangue na região da face, ele irá
extravasar dos vasos, formando assim milhares de petéquias, que é chamada de máscara equimótica de
Morestin. É indicativo de lesão intra vitam.
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17
Flávio Sousa

i. Equimoses específicas
Flávio

• Equimoses de etiologia, não mecânicas ou espontâneas

Nem toda equimose é fruto de trauma, podendo aparecer, segundo o professor Hygino de C.
Hercules, através da diapedese, ou seja, com a passagem do fluxo sanguíneo através dos poros das paredes
dos vasos. Cita também que se pode ter equimoses espontâneas oriundas de doenças ou, ainda, podem
aparecer em pessoas idosas que possuem a pele fragilizada (pouca resistência).

O professor Delton Croce cita a possibilidade de uma equimose ter fundo emocional. Neste caso, o
professor chama a equimose de fundo emocional de enquimose.

16 Imagem retirada do Livro de Medicina Legal do Professor Hygino de C. Hércules.


17 Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

163
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

• Equimoses perianais e vulvovaginais

São localizadas nas regiões anais e vaginal, devendo ter atenção para que não seja confundida com
lesões dermatológicas ou parasitoses.

• Equimose retrofaringeana de Brouardel

É a macha equimótica, na parte posterior da faringe, em razão da pressão da faringe contra a


coluna vertebral.

• Equimose a distância

Às vezes, a equimose aparece no lugar do impacto, mas, às vezes, a equimose aparece a distância.
Exemplo: quando uma pessoa é asfixiada (enforcada, esganada), a lesão pode ser no pescoço, mas
aparecem petéquias espalhadas pelo corpo todo. Essas petéquias espalhadas são equimoses a distância.

• Sinal do Zorro ou guaxinim


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Quando se tem uma lesão no couro cabeludo, há extravasamento de sangue, que, em razão da
gravidade, vai parar na região dos olhos (lembre-se de que, nos olhos, não se observa o espectro
equimótico de Legrand Du Saulle). Assim, a região dos olhos fica arroxeada sem que tenha sofrido uma
lesão nos olhos.
CPF: 037.820.231-61
Nogueira -- CPF:

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Sousa Nogueira
Flávio Sousa
Flávio

18 Imagem retirada do site: http://www.fisiocti.com/site/traumatismo-cranioencefalico/

164
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

• Mobilidade equimótica

É o deslocamento da equimose para regiões mais afastadas do ponto de contusão.

• Sinal de Batlle

É a equimose, na região da mastoide, oriunda de fratura na base do crânio. É acompanhada de


otorragia (sangramento do ouvido médio).
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19

• Sinal de Cullen

Ocorre nos casos de pancreatite que levam a equimose periumbilical.


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j. Diferenciando uma equimose feita em pessoa viva ou feita em pessoa


morta
Nogueira -- CPF:

• Equimose em pessoa morta: livores


Sousa Nogueira

Quando o coração para de bater, o sangue (não coagulado) irá se acumular nas regiões de maior
declive do corpo, devido à gravidade. Em razão da pressão exercida nos vasos, o sangue irá extravasar,
Flávio Sousa

formando uma série de pontos. Assim, se o sangue estiver saindo de vasos que estão íntegros, trata-se de
“equimose falsa” em pessoa morta, pois não há hemorragia. São os denominados livores, que, com o
Flávio

passar do tempo, irão se fixar nos tecidos, não sendo mais possível a movimentação do sangue.

• Equimose em pessoa viva

Se a equimose for fruto de um trauma, e o sangue (coagulado) estiver fora dos vasos (infiltração
hemorrágica), trata-se de equimose verdadeira, ou seja, foi feita em vida.

OBSERVAÇÃO

19 Imagem retirada do site: http://www.fisiocti.com/site/traumatismo-cranioencefalico/

165
Flávio
Flávio Sousa
Sousa Nogueira
Nogueira -- CPF:
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FREDERICO ALVES MELO

A equimose pode ocorrer em qualquer lugar do corpo.


TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

166
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

• Técnica de verificação de Bonnet

Deve-se fazer um corte no local e jogar água corrente. Se a área for limpa, indica que foi feito após
a morte, pois não infiltrou. Se não limpar, indica que foi feita em vida, pois há sangue acumulado na região
(infiltrou).

20
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Diferenciando uma equimose feita em pessoa viva ou feita em pessoa morta

• Índice de Verderau

É uma forma de verificar se a equimose foi produzida intra vitam ou post mortem, consistindo na
divisão do número de glóbulos vermelhos (hemácias) pelo número de glóbulos brancos (ligados à defesa do
organismo). Se houver alteração do índice, em função do aumento do número de glóbulos brancos, indica
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que houve reação inflamatória, logo, uma lesão produzida em vida. Se o índice se mantiver sem alteração,
indica uma falsa equimose, ou seja, post mortem.

k. Evolução cromática das equimoses


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Quando o sangue sai dos vasos, ele tem como principal componente a hemoglobina, que é um
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pigmento vermelho. Quando a hemoglobina sai dos vasos, ela começa a se degradar (Ferro: Fe++) e
transforma-se em outros compostos (Biliverdina, que tem coloração esverdeada; e Bilirrubina, que tem cor
Flávio Sousa

amarelada) e vai variando de coloração.


Flávio

Para se verificar o tempo aproximado (nexo temporal) em que as lesões foram produzidas,
verifica-se a coloração delas: é o que se denomina de Espectro Equimótico de Legrand Du Saulle (um
perito chamado LeGrand Du Saulle comparou esse fenômeno ao espectro solar, às cores do arco-íris), no
qual se tem as seguintes variações de colorações, nesta ordem:

• Vermelho bronzeado: A cor avermelha ocorre no 1º dia. Essa coloração se dá em razão da cor
da hemoglobina.
• Violáceo/arroxeado: A cor violácea ocorre no 2º e 3º dias. A cor violácea se dá em razão da
hemossiderina.
• Azul: A cor azulada ocorre nos dias 4º, 5º e 6º. A cor azulada se dá em razão da hematoidina.

20 Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

• Esverdeado: A cor esverdeada ocorre nos dias 7º, 8º, 9º e 10º. Essa cor esverdeada se dá em
razão da hematina.
• Amarelado: A cor amarelada ocorre a partir do 11º dia. A cor amarelada se dá em razão da
hematina.

Após cerca de 20 dias, a macha some completamente (há doutrina que indica a partir do 15º dia).
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OBSERVAÇÃO

A doutrina aponta que pode haver variação no tempo da alteração de cor, em razão de
vascularização da região, idade etc., ou seja, é uma cronologia relativa.

Exemplo: a variação de cor será mais rápida na região da face de jovens do que em membros
inferiores de idosos.
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• Sinal de Kunckel

Pode auxiliar na busca do tempo aproximado da lesão após a mancha equimótica desaparecer em
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função da rede ganglionar e resquícios da equimose (vestígios).

• Sinal de Nevus Azul

Segundo Hygino de C. Hercules, é uma lesão de cor azulada, geralmente congênita, que costuma
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situar-se nas imediações da região sacra, sendo formada pela deposição do pigmento da melanina por
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entre as fibras conjuntivas da derme profunda e hipoderme.


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Flávio

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Flávio
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l. Causa da mudança de cor

A causa da mudança de cor é a progressiva reabsorção da hemorragia pela ação dos macrófagos
(células de limpeza do tecido conjuntivo local) através da fagocitose. O sangue extravasado passa a ser
considerado corpo estranho ao tecido e desperta reação de defesa, com a finalidade de removê-lo. Logo,
nos primeiros dias, as hemácias são fagocitadas (processo de ingestão e destruição de partículas) pelos
macrófagos, em cujo interior sua membrana é destruída e a hemoglobina digerida.

m. Locais que não há a variação de cor nas equimoses

Na bolsa escrotal e na região da conjuntiva ocular (equimoses subconjuntivais), a equimose se


mantém sempre avermelhada. Alguns autores dizem que isso se dá porque se trata de tecido muito
oxigenado. Contudo, Hygino de C. Hercules não acredita nessa teoria e diz não existir explicação aceitável.

Há doutrina que também cita a ausência de variação cromática nas regiões palmares, plantares e
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subungueais.
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Segundo Hygino de C. Hércules, admite-se que a evolução total, de uma equimose de 5 cm de


diâmetro termine em cerca de 15 dias.

Há divergência dos dias decorridos em relação à respectiva coloração, havendo outras tabelas
(Tourdes e Devergie), mas a de Legrand Du Saulle é a que prevalece no estudo da matéria.

n. Valor médico-legal das equimoses


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Segundo o Professor Hygino de C. Hercules:

• atestam que houve ação contundente;


• demonstram que havia vida no momento da sua produção;
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• podem identificar o agente traumatizante;



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pela localização e distribuição, podem sugerir o tipo de agressão;


• pela sua cor, permitem saber a época da agressão.
Flávio Sousa

10.2.4. Bossa
Flávio

Segundo Hygino de C. Hercules, a bossa ocorre quando há o aumento de volume dos tecidos por
coleção (não há extravasamento) de líquido, que os infiltra intensamente, decorrente de distúrbio
circulatório localizado. Em síntese, a bossa é uma lesão que iria formar uma equimose, no entanto, por
existir um plano ósseo abaixo do local de contato, o líquido empurra a pele para cima, formando um
“galo”.

A bossa pode ser sanguínea ou linfática:

• Bossa sanguínea: é formada por sangue tendo coloração arroxeada.


• Bossa linfática: é a bossa serosa, que é incolor e pode ensejar o Descolamento Traumático de
Morrel-Lavalée, que é o derrame linfático, o qual pode levar a separação traumática
(descolamento) da pele e a fáscia subjacente.

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

21

• Tumor do Parto ou Caput Succedaneum

Segundo Hygino de C. Hercules, trata-se da bossa na cabeça da criança, pois a pressão exercida pela
cabeça sobre o orifício interno do colo uterino é acompanhada por uma reação igual e contrária, conforme
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as leis da física.

À medida que vão sucedendo as grandes contrações uterinas, a cabeça vai aflorando na cavidade
vaginal, aparecendo primeiro o setor occipital. Assim, a porção do couro cabeludo que já está insinuada fica
voltada para a cavidade vaginal e não recebe pressão. No anel que circunscreve essa porção, a pressão é
forte o suficiente para barrar a saída do sangue venoso, mas não o fluxo de sangue arterial para aquela
porção circular do couro cabeludo. Por isso, o sangue venoso fica sob pressão aumentada, o que
desequilibra a microcirculação, fazendo com que se forme a bossa. Quanto mais demorar o parto, maior
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será a bossa formada. O aumento de volume do setor occipital do couro cabeludo é chamado vulgarmente
de Tumor do Parto ou Caput Succedaneum.

a. Valor médico-legal do Tumor do Parto ou Caput Succedaneum


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É o de atestar que o feto estava vivo durante o trabalho de parto.


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10.2.5. Hematoma ou tumor de sangue


Flávio Sousa

Segundo o Professor Hygino de C. Hercules, o hematoma ou tumor de sangue é a hemorragia que,


Flávio

pelo seu volume e velocidade de formação, afasta os tecidos vizinhos e ocupa um espaço próprio,
formando uma neocavidade.

O que acontece com o hematoma é que o vaso que se rompe é um pouco mais calibroso, então o
sangue sai do vaso com uma certa pressão é empurra os tecidos para o sangue poder passar. O tecido se
afasta e o sangue se acumula entre os tecidos, formando uma bolsa de sangue, em uma cavidade que não
existia.

O Professor Hygino de C. Hercules diz que não há, como nas equimoses, uma infiltração do sangue
nas malhas dos tecidos, a não ser em pequena extensão, em sua periferia. Os tecidos vizinhos são
deslocados e comprimidos.

Características do hematoma:

21 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

• Leva ao relevo da pele;


• Tem delimitação mais ou menos nítida;
• Sua reabsorção é mais lenta do que a equimose;
• Não se considera hematoma a coleção de sangue nas cavidades naturais, ou seja,
necessariamente, deve haver uma cavidade neoformada.

a. Hematomas nas meninges do cerébro

O hematoma que é mais cobrado em provas é o que ocorre na região da cabeça.

As meninges são o sistema das membranas que revestem e protegem o sistema nervoso central,
medula espinhal, tronco encefálico e o encéfalo. A meninge consiste em três camadas:

• dura-máter;
• aracnóide;
• piamater.
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Essas meninges são vivas, elas têm vasos sanguíneos. Se uma pessoa leva uma pancada na cabeça,
pode romper vasos da pia-máter, vasos da aracnóide e, às vezes, da dura-máter. No local que esse vaso
romper, o sangue não terá para onde ir e acumular-se-á entre as membranas ou entre o crânio e a pia-
Flávio Sousa

máter. No local de acúmulo do sangue, o hematoma crescerá e empurrará o cérebro para dentro. Se não
Flávio

houver socorro rápido, pode levar à morte.

b. Dura-máter

A dura-mater é a camada mais externa e mais espessa. O hematoma que ocorre fora da dura-
máter é chamado de hematoma extradural ou epidural.

Entre a dura-máter e o crânio, há a Zona Descolável de Gerard Marchand, que permite a formação
do hematoma.

OBSERVAÇÕES

Às vezes, leva horas para se formar. Quatro, dez, doze horas depois, começam a aparecer os
problemas. Os sinais apresentados são muito parecidos com a embriaguez alcoólica (fala desconexa; andar
desiquilibrado etc.).

173
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

A literatura ensina que basta fazer um pequeno furo no local e drenar o sangue para salvar a
pessoa.

O hematoma que ocorre entre a dura-máter e a aracnóide é chamado de hematoma subdural.

c. Aracnóide

A aracnóide se localiza entre a dura-máter e a pia-máter, ou seja, é a meninge do meio das demais
meninges.
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OBSERVAÇÃO

O hematoma que ocorre entre a pia-máter e a aracnóide é chamado de hematoma sub-aracnóide.

Entre a pia-máter e a aracnoide existe uma substância chamada de liquor, que tem por função a
drenagem local, e o amortecimento.

d. Pia-máter

A pia-mater é a mais fina das meninges. É o envelope meníngeo que firmemente adere à superfície
do cérebro e à medula espinhal (feixes nervosos). Ela segue os menores contornos do cérebro

e. Leptomeninges

Leptomeninges são as duas meninges mais internas de tecido que cobrem o cérebro e a medula
espinhal. As duas meninges são: aracnóide e pia-máter. São finas e transparentes, e, por isso, são
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chamadas de leptomeninges.

f. Síndrome do bebê sacudido

A Síndrome do bebê sacudido ocorre quando alguém chacoalha intensamente uma criança. Se um
bebê é sacudido com força, seu cérebro frágil se move para frente e para trás dentro do crânio. Essa
movimentação do cérebro pode causar hemorragias nos vasos delicados da aracnóide e pia-máter, gerando
hematomas.
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OBSERVAÇÕES
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Não causa hemorragia extra-dural.


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Pode levar à hemorragia na retina de ambos os olhos, com uma macha branca no centro da
hemorragia (Manchas de Roth), não sendo um indicativo patognomônico da Síndrome do bebê sacudido.
Flávio Sousa

Até os quadros mais leves da Síndrome do bebê sacudido podem causar danos irreversíveis ao
cérebro, podendo levar até ao óbito. Os sobreviventes podem apresentar complicações permanentes,
Flávio

como cegueira parcial ou total; atrasos no desenvolvimento, problemas de aprendizagem ou problemas


de comportamento; deficiência intelectual; convulsões; paralisia cerebral.

• Hemorragia nos vasos da retina

Com o sacudir, é possível que ocorra o rompimento dos vasos sanguíneos da retina da criança.

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• Lesões intracranianas
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Hemorragias subdurais ou sub-aracnóide (meninges do cérebro) podem ser causadas em função do


sacudir a criança.

CUIDADO!

Ambas (hemorragias subdurais ou subracnóide) podem ser fruto de trauma ou doença.


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• Fraturas com idades diversas

A criança pode apresentar lesões que ocorreram em tempos diversos. Isso se verifica pelo tempo
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de consolidação das lesões.


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• Síndrome da Criança Espancada, Síndrome de Kempe, Síndrome de Caffey Ou Síndrome de


Silverman
Flávio Sousa

O professor Hygino de C. Hercules cita como gênero de abuso contra a criança, a Síndrome da
Flávio

criança maltratada, não se restringindo a agressões, propriamente ditas, abrangendo, ainda, negligências
no geral, como alimentação, higiene, saúde etc. Por isso, o mestre prefere a expressão “Síndrome da
criança maltratada”, por ser mais abrangente, quando comparada à expressão usualmente utilizada
“Síndrome da criança espancada”.

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Nesse caso, há uma ausência de cuidado com a criança, devendo o agente garantidor ser
responsabilizado.

10.2.6. Entorse

Segundo o Professor Hygino de C. Hercules, a entorse é o estiramento da cápsula de uma


articulação. A cápsula pode ser rompida, em um ou vários pontos, total ou parcial, mantendo-se o contato
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ósseo.

A entorse está relacionada aos ligamentos. Estes podem sofrer arrancamento, rotura ou
alongamento (que é o mais comum). A entorse aparece sempre que a amplitude normal dos movimentos
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articulares é ultrapassada em decorrência de forças externas.


Sousa Nogueira
Flávio Sousa
Flávio

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

a. Importância médico-legal

A importância médico-legal das entorses ocorre pelo fato de ela poder levar à incapacidade
permanente, por exemplo.

b. Graus da entorse

A entorse pode ser de 1º, 2º ou 3º grau:

• 1º Grau: Os ligamentos esgarçam, estiram, mas não rompem;


• 2º Grau: Ocorre rompimento parcial, podendo curar com tratamento fechado (gelo e cuidados
locais);
• 3º Grau: Há rotura total do ligamento, sendo necessária cirurgia para recuperação.

c. Regeneração da entorse
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Por ser pouco vascularizada, a capacidade de regeneração de uma entorse é escassa.

10.2.7. Luxação

Segundo o Professor Hygino de C. Hercules, a luxação é o deslocamento permanente das


superfícies articulares. A luxação pode ser completa ou parcial. Será completa quando houver perda
anatômica total das superfícies articulares. Será parcial ou incompleta (sub-luxação) quando restar algum
contato entre as duas peças.
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A luxação é mais grave que a entorse, assim, sempre que houver luxação ou sub-luxação, haverá
entorse (o contrário não é recíproco).
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OBSERVAÇÃO
Sousa Nogueira

Se a luxação se der nas vertebras, pode causar a compressão da medula, o que pode comprometer
Flávio Sousa

todo o sistema nervoso do local da luxação para baixo.


Flávio

10.2.8. Fratura

A fratura é a interrupção de continuidade dos ossos decorrente, em regra, por uma ação
contundente. Na maioria dos casos, tem origem traumática, mas pode ocorrer espontaneamente, quando
o osso está enfraquecido por alguma doença, que são chamadas de fraturas patológicas (como no caso de
uma osteoporose).

O mecanismo de produção pode ser direto, quando o agente contundente incide sobre o osso e o
rompe no local do impacto, ou indireto, por flexão exagerada, por torção, por arrancamento ou por
esmagamento.

A fratura pode ser classificada como:

• fratura direta
• fratura indireta
• fratura completa

178
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

• fratura incompleta
• fratura múltipla
• fratura comutativa

a. Fratura direta

Na fratura direta, a perda de solução de continuidade dos ossos ocorre no local onde incidiu a
energia vulnerante.

b. Fratura indireta

A fratura será indireta quando ocorrer a perda de solução de continuidade dos ossos em local
diverso de onde incidiu a energia vulnerante.

c. Fratura completa
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A fratura será completa quando o seu traço separa uma parte do osso ou divide-o em mais de um
segmento.

OBSERVAÇÃO

Os arrancamentos ósseos que ocorrem na zona de inserção de tendões e ligamentos não chegam a
dividir o osso, são fraturas parciais, mas destacam completamente pequenos fragmentos. As que chegam a
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dividir o osso são referidas como fraturas totais.

d. Fratura incompleta
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A fratura será incompleta quando a fratura não chega a dividir o osso. É o caso dos afundamentos
Sousa Nogueira

de ossos esponjosos, como o díploe, osso esponjoso da calota craniana, das fissuras e das fraturas em ramo
verde das crianças (o osso "dobra" e só quebra de um lado).
Flávio Sousa

e. Fratura em galho verde


Flávio

Ocorre quando o osso não quebra, havendo apenas rachadura, possuindo tendência de ocorrer em
jovens e crianças, vez que os ossos são mais flexíveis.

f. Fratura múltipla

Será múltipla a fratura em que há mais de um foco de fratura no mesmo osso.

g. Fratura comutativa

Será comutativa a fratura em que osso apresenta numerosos fragmentos e focos de fratura. Ocorre
o estilhaçamento ósseo.

h. Fratura em mapa-múndi

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

A fratura em mapa-múndi (Sinal de Carrara) é uma fratura na cabeça, em que os fragmentos ósseos
ficam separados um do outro, sendo um tipo de fratura cominutiva, na qual cada parte de osso isolada é
chamada de esquírola.

Fratura em mapa-múndi
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i. Fratura: consolidação e risco de contaminação

Quando a fratura for externa, constitui séria ameaça à consolidação pelo risco de contaminação.
Quando ocorre em decorrência do próprio impacto que a produziu, pela ação direta do agente
contundente, a ferida cutânea tem bordas escoriadas e irregulares. Se resulta de atuação do fragmento
ósseo de dentro para fora, como nas fraturas por flexão, a ferida é mais regular e não apresenta escoriação
nas bordas. Neste caso, o risco de infecção é um pouco menor.
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j. Pseudoartrose

Ocorre quando os ossos que foram fraturados não voltam a se unir.


Nogueira -- CPF:

k. Calo ósseo e cronologia da lesão


Sousa Nogueira

O estudo do calo ósseo pode ser utilizado para definir a idade da lesão.
Flávio Sousa

10.3. Lesões abertas


Flávio

As lesões abertas podem ser:

• escoriação, arranhamento, erosão epidérmica, abrasão ou esfolamento;


• ferida;
• esmagamento.

10.3.1. Escoriação, arranhamento, erosão epidérmica, abrasão ou


esfolamento

Na escoriação, há o arrancamento traumático da epiderme com exposição da derme. O agente


contundente desliza sobre a pele e, devido ao atrito, arranca as camadas celulares da epiderme em
profundidade variada, expondo a derme. O professor Genival Veloso de França ensina que a escoriação não
ultrapassa a epiderme, ou seja, não há exposição da derme.

180
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

Na escoriação, haverá regeneração, através de um processo de reepitalização, que ocorre em de


cerca de 20 a 30 dias, a depender de fatores como o local da escoriação, a vascularização etc. Durante o
processo de reparação da escoriação, tem-se a formação da crosta. A presença crosta (cerca de 24 horas
após a escoriação) é indicativo que a lesão foi feita em vida.

O tempo necessário ao deslocamento da crosta depende de fatores locais do tecido como a sua
vascularização e a velocidade de renovação normal do epitélio. Assim, as escoriações da face evoluem mais
rapidamente que outra de mesma profundidade situada na perna.

O deslocamento da crosta deixa ver uma superfície de cor rósea, muito mais clara que a pele
vizinha, resultado da ausência de pigmento de melanina no epitélio jovem e da presença de maior número
de capilares. Essa zona hipocrômica é chamada de marca de escoriação e tende a desaparecer com o
tempo, sem deixar cicatriz.

a. Valor médico-legal das escoriações


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As escoriações confirmam a existência de reação vital e que houve atuação de um agente


contundente. Pelo aspecto de sua crosta, podem dar ideia de tempo em que foram produzidas. Ainda,
pela sua localização e forma, sugerem certos tipos de agressão.

A doutrina aponta que, por se tratar de regeneração, haverá uma consolidação da lesão com cura.

b. Crosta sérica

As escoriações que desgastam até a derme papilar (o professor Wilson Palermo diz que só atinge a
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epiderme) traduzem-se macroscopicamente por exsudação (migração, para o foco inflamatório, de líquidos
e células, provenham eles de vasos ou de tecidos vizinhos) de líquido seroso incolor, que evapora, deixando
pequeno coágulo amarelado que produz uma crosta sérica por evaporação (escoriação típica, só com a
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presença de linfa).
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c. Crosta serossanguinolenta
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As escoriações que passam em plano intermediário entre o ápice e a base das papilas dérmicas
aparecem como um pontilhado hemorrágico em meio a exsudação serosa e formam crosta
Flávio

serossanguinolenta (há presença de linfa e sangue).

d. Crosta hemática

Já as lesões mais profundas, que passam em plena derme por toda a sua extensão, formam um
lençol hemorrágico uniforme que dá origem a uma crosta hemática (ressecamento do sangue na derme
reticular).

e. Arrancamento da epiderme em cadáver

Quando o arrancamento da epiderme é feito em cadáver, o desnudamento da derme não produz a


exsudação que ocorreria em vida, por falta de pressão dos líquidos teciduais. A evaporação da umidade da
superfície da derme exposta gera uma placa amarelada, de consistência firme ao toque, semelhante a
couro, que se chama de placa pergaminhada. Portanto, apenas a presença de crosta indica que a lesão foi
feita em vida, pois é possível ocorrer a escoriação no cadáver, e, neste caso, não teremos a presença da

181
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

crosta. Segundo o Professor Wilson Palermo, essa placa poderá aparecer em vivos que sofreram pressão
em razão de enforcamento.

22

Em razão da cor avermelhada, é possível afirmar que se trata de escoriação recente.


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Com o passar do tempo, a crosta vai escurecendo e soltando, entrando na fase de regeneração. Na
imagem, temos uma escoriação com crosta na fase quase final de regeneração.
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10.3.2. Ferida
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Na ferida, haverá lesão tanto da epiderme quanto da derme, atingindo inclusive os planos
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subcutâneos, pois a ação contundente foi capaz de ultrapassar os tecidos moles. Há cicatrização, havendo a
substituição de um tecido funcional por um tecido fibroso. A cicatriz é para sempre, não desaparece.
Flávio

A doutrina aponta que, na ferida, há consolidação sem cura. No entanto, o professor Hygino de C.
Hercules diz que pode haver cicatrização com cura, se as funções permanecem, independente da presença
de cicatriz.

ATENÇÃO!

Na ferida, a lesão ultrapassa a derme.

22
Imagem retirada do site do Professor Malthus.

182
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

A epiderme é arrancada e as fibras da derme deslocadas lateralmente e se rompem quando a


pressão ultrapassa seu limite de resistência.

A ferida acima foi feita por instrumento irregular. O instrumento rasgou, então, provavelmente, era
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um instrumento contundente. As bordas são completamente irregulares (as retrações mostram reação
vital), indicando que a pele não foi cortada, e sim que foi uma ferida contusa. Essa ferida contusa sangra
pouco, porque, com a pancada, os vasos sanguíneos são esmagados, portanto, o sangramento é menor que
uma ferida incisa.

A ferida pode ser contusa, e, neste caso, os mecanismos que causam a ferida contusa são:

• Compressão: A superfície do agente força, inicialmente, a epiderme de encontro à derme, e


esta de encontro ao plano subjacente, geralmente, um osso. A epiderme é arrancada, e as fibras
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da derme deslocadas lateralmente e rompidas, quando a pressão ultrapassa seu limite de


resistência.
• Tração: O agente contundente traciona a pele fortemente, de modo continuado e lento, ou faz
movimento de deslizamento sobre o segmento. O atrito faz com que a pele seja puxada até o
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limite de sua elasticidade e comece a se romper aos poucos em várias fendas irregulares e
paralelas, até que uma delas interessa toda a espessura e a pele é rompida. São exemplos
Sousa Nogueira

desse mecanismo o escalpe produzido por correias que prendem os cabelos e os tracionam de
modo violento; e o estiramento da pele por pneu de viatura que passe sobre um segmento
Flávio Sousa

corporal.
Flávio

A doutrina cita ainda a possibilidade de ocorrer por torção e flexão.

a. Valor médico-legal das feridas contusas

Servem para atestar a ação contundente e, em alguns casos, por sua forma sui generis, indicar o
agente vulnerante.

10.3.3. Esmagamento

São lesões em que todos os planos anatômicos (é o grau máximo da ação contundente) de um
segmento do corpo são comprimidos e triturados pelo agente contundente.

O agente causador dos esmagamentos é sempre um agente dotado de excessiva energia cinética,
em geral, de grande massa. Prensas, veículos, polias de máquinas em movimento, marretas, martelos,
todos podem causar esmagamento na dependência do segmento lesado. As partes moles são
extensamente laceradas e os ossos sofrem fratura do tipo cominutiva.

183
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

a. Síndrome do esmagamento ou Síndrome de Crush

Diante de um esmagamento, há liberação, pelo músculo, de uma proteína (mioglobina), que entra
na circulação até chegar aos rins. Assim, há o bloqueio dos canais urinários, podendo causar a morte por
insuficiência renal aguda.

11. AGENTE PERFURANTE

Os agentes perfurantes transferem sua energia cinética por meio de uma ponta, pressionando e
afastando os elementos do tecido, pois a ponta atua por pressão e vai afastando as fibras dos tecidos à
medida que se faz a penetração da haste. Por isso, possuem abertura pequena de raro sangramento.

São formados por uma ponta continuada e por uma haste cilíndrica. Conforme o diâmetro dessa
haste, pode ser classificada como de calibre pequeno (alfinetes, agulhas e espinhos) ou de calibre médio
(furador de gelo e sovela).
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A ação do instrumento perfurante pode ser ativa (quando o instrumento atingir o corpo em
repouso ou quase em repouso) ou passiva (quando o corpo em movimento se chocar com o instrumento
localizado em um anteparo).

O agente perfurante gera uma lesão punctória.

ATENÇÃO!
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Não existe instrumento perfurante de grande calibre, sendo, neste caso, classificado como
pérfuro-contundente. Exemplo: vergalhão.
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• Lesão em sedenho: Quando o agente perfurante não atinge as cavidades, é chamada de lesão
Sousa Nogueira

em sedenho.
Flávio Sousa

Os agentes perfurantes só podem ser de pequeno ou médio calibre:


Flávio

11.1. Instrumentos de calibre pequeno

Os instrumentos de pequeno calibre produzem feridas punctórias ou puntiformes. Essas feridas


têm forma aproximadamente circular e diâmetro muito pequeno, em geral, menor que 1 milímetro. Há
grande predomínio da profundidade em comparação com o aspecto externo.

11.2. Instrumentos de calibre médio

Causam lesões diferentes das feridas punctórias quando penetram nos tecidos. São chamadas de
lesões fusiformes ou em casa de botoeira. Como exemplo, a doutrina aponta o picador de gelo:

184
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

As feridas pelos instrumentos perfurantes de calibre médio podem ser classificadas em:

• Superficiais: as lesões não chegam a atingir as grandes cavidades do corpo.


• Penetrantes: a lesão tem entrada, mas não tem saída. Neste caso, é chamada de ferida cega ou
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em fundo de saco.
• Transfixantes: a lesão atravessa qualquer segmento do corpo de uma face à outra, ou seja,
possui entrada e saída.

A profundidade varia de acordo com a penetração da haste, podendo ser igual, maior ou menor
do que o cumprimento dela:

a. Lesão em acordeom ou em sanfona


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A profundidade será maior do que o cumprimento da haste, se houver compressão dos planos
superficiais pela empunhadura do instrumento, como nos golpes mais violentos desferidos no abdômen
(Lacassagne).
Flávio Sousa
Flávio Nogueira -- CPF:
Sousa Nogueira

23

O aspecto das feridas causadas pelos instrumentos perfurantes de calibre médio obedece a três
princípios (Leis de Edourd Filhós), que o diferencia das lesões incisas:

• Princípio ou Lei da Semelhança de Filhós

23 Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

185
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

• Princípio ou Lei do Paralelismo de Filhós


• Lei de Langer ou do Polimorfismo

b. Princípio ou Lei da Semelhança de Filhós

As lesões produzidas por instrumentos perfurantes de médio calibre têm aspecto semelhante (não
são iguais) às produzidas por instrumento pérfurocortante de dois gumes (lesão em casa de botoeira ou
fusiformes). Observa-se feridas em forma de botoeira, tendo a mesma direção em uma mesma região do
corpo, sempre acompanhando as linhas de força.

Em ambos os casos (instrumentos perfurantes de médio calibre e pérfurocortantes), tem-se lesão


em forma de casa de botoeira, com ângulos menores que 90º e bordas regulares. Ocorre que, nas lesões
produzidas por instrumentos perfurantes de médio calibre, os ângulos encontram-se afastados, já, nos
instrumentos pérfurocortantes, estão cortados.
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24
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c. Princípio ou Lei do Paralelismo de Filhós

As lesões produzidas por instrumento perfurante de médio calibre têm sempre a mesma direção,
Nogueira -- CPF:

em uma mesma região do corpo (paralelas), em razão das linhas de força das fibras elásticas do corpo.
Sousa Nogueira
Flávio Sousa
Flávio

25

24 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor André Uchoa


25 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

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Lei de Karl Ritter Von Langer


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d. Lei de Langer ou do Polimorfismo

As lesões produzidas por instrumentos perfurantes de médio calibre podem ter forma diferente,
bizarra, anômala e/ou polimórfica, nos pontos de entrecruzamentos de linhas de força das fibras elásticas
da pele.

12. AGENTE CORTANTE


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Os instrumentos cortantes transferem energia cinética por deslizamento e leve pressão através de
uma borda aguçada a que se dá o nome gume ou fio.

O instrumento de ação cortante causa ferida incisa. O exemplo típico desses instrumentos é a
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navalha, podendo outros objetos agir desta forma, como, inclusive, uma folha de papel.
Sousa Nogueira

Existe mais deslizamento que pressão. As fibras dos tecidos são seccionadas e os vasos
permanecem abertos nas vertentes das feridas, e em razão disso, há abundância em sangramento.
Flávio Sousa

São características das lesões produzidas por instrumentos cortantes típicos:


Flávio

• bordas regulares;
• predomínio da extensão sobre a profundidade (geralmente são artificiais, mas nada impede de
atingir planos mais profundos);
• profundidade é maior na porção correspondente ao terço inicial;
• a lesão termina com uma escoriação linear que se chama Cauda de Rato de Lacasagne, que
indica o sentido do deslocamento do instrumento, no momento do golpe, pela posição da cauda
de saída. Há ainda a presença da Cauda de Escoriação de Romanese. Ambas representam a
direção de saída do instrumento.
• quando, em função da ação do agente cortante, a vítima fica com uma cicatriz no rosto,
denomina-se Sinal de Gilvaz.

26 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor André Uchoa

187
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

• podem causar mutilação se atingirem extremidades sem esqueleto, tais como o nariz, as
orelhas, a ponta dos dedos, o pênis etc.;
• no cadáver, as feridas incisas ficam menos abertas que em vivos, pois a pele do cadáver sofre
desidratação e se torna menos elástica.
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Note maior profundidade no terço inicial e a Cauda de Rato indicando o sentido da ação.
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Flávio Sousa
Flávio

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27 Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.


28 Imagem retirada da Livro de Medicina Legal do Professor Hygino de C. Hércules.

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

Algumas feridas incisas recebem nomes especiais de acordo com a sua localização no corpo:

• esgorjamento;
• degolamento;
• lesões de defesa;
• ferida hiatrogênica.

12.1. Esgorjamento

Esgorjar é colocar a garganta para fora. São chamadas de esgorjamento as feridas que ocorrem nas
regiões laterais ou anterior do pescoço, podendo ser fruto de ação incisa ou corto-contundente.

No caso de esgorjamento, a causa da morte pode ser:

• Anemia aguda: Há redução no volume de sangue circulante, levando à queda da pressão arterial
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e consequente estado de choque.


• Asfixia: é provocada pela aspiração do sangue extravasado através da laringe ou da traqueia
seccionados.
• Embolia gasosa: Os gases entram na região e obstruem determinado vaso sanguíneo.
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Causa jurídica da morte no esgorjamento:

• Pode ser homicídio: é orientada pela disposição, pelo número e pela localização das lesões ou
• Pode ser suicídio: Geralmente estão presentes lesões de hesitação, que se verifica na presença
de múltiplos entalhes nos lábios da ferida ou mesmo feridas menores e mais superficiais
paralelas à ferida principal. O agente busca testar sua sensibilidade à dor.

Autópsia suicida ou psicológica: é o estudo retrospectivo da vida do suicida, analisando se a pessoa


possuía motivos para buscar o suicídio.

• Sinal de Bonnet no esgorjamento: Em função da presença dos vasos sanguíneos seccionados na


região lateral ou posterior do pescoço, há um borrifamento de sangue, que, se feito no espelho,
é chamado de Sinal de Bonnet no espelho.

12.2. Degolamento

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

Ocorre quando as lesões se situam na região da gola do pescoço, ou seja, na parte posterior do
pescoço, sem que haja o arrancamento da cabeça. Se houver o arrancamento da cabeça, haverá a
decapitação.

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12.3. Lesões de defesa

Localizados na mão ou no antebraço, principalmente na borda ulnar (não no rádio, que é o osso
interno do antebraço). Se situadas na palma da mão, traduzem a tentativa de a vítima segurar a arma do
agressor.
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Sousa Nogueira

30
Flávio Sousa
Flávio

29 Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.


30 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

COMO DETERMINAR A ORDEM DAS LESÕES QUANDO HÁ CRUZAMENTO DE DUAS


FERIDAS INCISAS?

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Para saber qual incisão foi feita primeiro, deve-se tentar a aproximação das bordas separadas. Se a
escolha tiver sido correta, poderemos suturar as bordas da segunda ferida ao longo de duas direções
defasadas, mas paralelas. É chamado Sinal de Chavigny.
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12.4. Ferida hiatrogênica


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É aquela oriunda de um procedimento cirúrgico. As bordas são alinhadas/paralelas, permitindo


Sousa Nogueira

melhor cicatrização.
Flávio Sousa
Flávio

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13. AGENTE PÉRFUROCORTANTE

31 Imagem retirada da Livro de Medicina Legal do Professor Hygino de C. Hércules.


32 Imagem retirada da Livro de Medicina Legal do Professor Hygino de C. Hércules.

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

Os instrumentos pérfurocortantes podem transferir sua energia cinética por pressão e por
deslizamento. Quando por pressão, irá gerar a perfuração através da ponta. Quando por deslizamento será
através dos gumes que seccionam as fibras dos tecidos.

Os instrumentos pérfurocortantes possuem uma ponta e um ou mais gumes. Eles são aqueles que
perfuram e cortam. Eles geram uma lesão pérfuro-incisa. Exemplo: faca de cozinha, que possui apenas um
gume, punhal, baioneta, espada que possuem dois gumes, e lima de serralheiro que possui três gumes.

O professor Hygino de C. Hercules cita como instrumentos pérfurocortantes a serra e o serrote,


mesmo que, ao aumentar a velocidade de ação, a lesão seja mais parecida com uma lesão cortante.

Características das lesões pérfuro-incisas:

• Há predomínio da profundidade sobre a extensão.


• A forma irá variar de acordo com o número de gumes:

13.1. Um gume
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Se o instrumento for de um gume, irá formar lesões em forma de casa de botoeira, com um dos
ângulos bem mais agudo que o outro. Assim temos que:

• se o instrumento estiver inclinado, formam-se dois ângulos agudos;


• se o instrumento estiver reto, forma-se um ângulo agudo.

a. Entalhe
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A presença do entalhe, que consiste no ato de girar o instrumento no interior do corpo indica,
segundo o Professor Hygino de C. Hercules, animus necandi.
Flávio Sousa
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33

33 Imagem retirada da Livro de Medicina Legal do Professor Hygino de C. Hércules

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

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13.2. Dois gumes

Se o instrumento for de dois gumes, a lesão terá forma de fenda e ângulos bastante agudos e
semelhantes. Na porção central, o afastamento das bordas tem alcance máximo, atenuando-se
gradualmente em direção aos ângulos.
Flávio Sousa
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34 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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13.3. Três gumes

Por fim, o instrumento de três gumes possui forma estrelada com tantas pontas quantas forem as
arestas do instrumento. Suas bordas são curvas e convexas em direção ao centro da ferida.

13.4. Classificação das lesões pérfurocortantes

As lesões causadas por instrumento pérfurocortante podem ser:

• superficiais;
• penetrantes;
• transfixantes.

a. Superficiais

As lesões superficiais são atípicas, pois, há o predomínio da ação cortante, e a regra é que a ação
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perfurante predomine.

b. Penetrantes

Nas lesões penetrantes, a profundidade não imita necessariamente o comprimento da lâmina do


instrumento, pois tanto pode ter havido penetração apenas parcial (em fundo-de-saco ou cega), como ter
sido o golpe muito violento de modo que a mão do agressor empurre as partes moles superficiais,
produzindo trajeto maior do que o comprimento da lâmina, que é a chamada lesão em acordeom ou em
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sanfona.
Flávio Sousa
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c. Transfixantes

Por fim, as lesões transfixantes são as que possuem entrada e saída.

35 Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

14. AGENTE PÉRFURO-CONTUNDENTE

As lesões por instrumentos pérfuro-contundentes são produzidas por instrumentos de haste,


consistente e afiado, que atuam por pressão, e causam lesões em forma de túnel.

O agente pérfuro-contundente gera uma lesão pérfuro-contusa.

São lesões típicas causadas por instrumentos pérfuro-contundentes:

• encravamento;
• empalamento.

14.1. Encravamento

Se houver penetração do instrumento pérfuro-contundente (instrumento que possui forma longa e


de haste), em qualquer parte do corpo (salvo na região do períneo), chama-se a lesão de encravamento.
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Encravamento
Sousa Nogueira

14.2. Empalamento
Flávio Sousa

Se houver penetração do instrumento pérfuro-contundente (instrumento que possui forma longa e


Flávio

de haste), especificamente na região do períneo, a lesão será chamada de empalamento.

Empalamento

195
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

14.3. Precipitação e defenestração

É comum ocorrer encravamento ou empalamento em quedas de lugares com certa altura. As


quedas de lugares altos (ações contundentes passivas) são chamadas de precipitação, no entanto, se a
queda se der por meio de uma janela, será chama de defenestração.

a. Lesão em saco de noz

Este tipo de lesão ocorre na queda de grande altura, em que o corpo cai de cabeça e o couro
cabeludo se mantém integro ou quase integro com múltiplas fraturas calvária e laceração da massa
encefálica.

b. Quedas acidentais, homicídio e suicídio

Nas quedas acidentais, o corpo tende a ficar próximo do ponto de lançamento. Nos homicídios, a
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distância tende a ser maior, pois há alguém empurrando. Nos suicídios, o corpo tende a ficar ainda mais
longe do ponto do lançamento, em razão do impulso.

15. AGENTE CORTO-CONTUNDENTE

Os agentes corto-contundentes são instrumentos que, dotados de grande massa, transferem a sua
energia por meio de um gume, causando lesões corto-contusas. Por isso causam lesões muito profundas e
graves, geralmente causando mutilações (fruto de ações traumáticas). Esses instrumentos agem
principalmente por pressão (parte que contunde) e, ainda, por deslizamento (em virtude de possuir gume).
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Exemplos: machados, enxadas, foices, facões, alfanjes e, inclusive, rodas de trem e guilhotina,
arcada dentária.
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O agente corto-contundente gera uma lesão corto-contundente.


Sousa Nogueira

O professor Hygino de C. Hercules cita como instrumento corto-contundente a goiva (instrumento


de marcenaria).
Flávio Sousa

15.1. Chave de fenda


Flávio

Há dúvidas sobre a classificação da chave de fenda. O professor Hygino de C. Hercules ensina que
não há um enquadramento de classificação e que o melhor a ser feito pelo perito é classificar a ação e não
o instrumento. Pois a chave de fenda não é perfurante, em razão da ausência de ponta, e não seria pérfuro-
contundente.

196
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

Houve uma mutilação: a retratitibilidade da pele é uma característica que indica que a lesão foi
feita em vida.
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Lesão produzida por instrumento corto-contundente


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Tipos especiais de lesões corto-contudentes:


Sousa Nogueira

15.2. Decapitação
Flávio Sousa

Quando o instrumento corto-contundente incide sobre a cabeça ou o pescoço, pode produzir tanto
Flávio

fratura exposta de crânio como decapitação, que é o destacamento da cabeça do corpo, podendo ser
homicida ou acidental.

15.3. Esquartejamento

Ocorre o esquartejamento quando o corpo é dividido em 4 partes.

15.4. Espostejamento

No espostejamento o corpo é dividido em mais de 4 partes, ou seja, ao menos 5 partes.

15.5. Lesão em sacabocado ou lacero-contusa.

Essa lesão é causada pela mordedura de animais, que leva ao dilaceramento da pele, pois o animal
morde, sacode e puxa, não havendo regularidade nas lesões.

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Flávio
Flávio Sousa
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FREDERICO ALVES MELO


TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

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FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

APLICAÇÃO EM CONCURSO

1) Um faxineiro de um hospital público, ao manusear o lixo da unidade cirúrgica, sofreu uma lesão que foi
descrita no prontuário médico como incisa. Com base nessas informações, é correto afirmar que, na
situação hipotética apresentada, a lesão foi causada por instrumento:

a) cortocontundente.

b) perfurante.

c) pérfurocontundente.

d) contundente.

e) cortante.
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2) Policiais civis do Grupo Especial de Local de Crime da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo
(DHNSG) foram acionados para proceder à perinecroscopia em função do encontro dos cadáveres de
Beatriz e Rodrigo, recém-casados. No interior do apartamento do casal, localizado no décimo terceiro
andar do imóvel A, tanto o delegado de polícia quanto o perito criminal perceberam o seguinte: sobre a
cama da suíte principal, havia uma mala com diversas roupas femininas dentro e fora dela; a sala estava em
desalinho; a distância máxima do parapeito da varanda em relação à parede oposta do interior do
apartamento era de seis metros; na varanda deste imóvel, cujo chão não estava sujo de sangue, foi notada
a presença de um estilete limpo e de um vaso de plantas quebrado, com terra derramada. Beatriz e Rodrigo
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foram encontrados além do muro limítrofe entre os imóveis A e B, já na área externa deste último,
respectivamente e de modo perpendicular, a três e a sete metros de distância a partir da linha de projeção
traçada com base nos parapeitos das varandas da mesma coluna que o apartamento do casal no imóvel A.
Beatriz estava com múltiplas escoriações e equimoses, protusão do globo ocular esquerdo, diversas
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fraturas da calvária, laceração da massa encefálica, além de uma amputação na altura do terço médio do
fêmur da perna direita, cujas bordas eram irregulares, com equimoses ao redor da lesão, tendo sido
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encontrada a peça anatômica amputada a quinze metros do local em que o cadáver de Beatriz estava.
Rodrigo tinha múltiplas escoriações, midríase bilateral e fraturas expostas nos ossos da pelve, na fíbula e na
Flávio Sousa

tíbia, além de ter sido constatada, pelo perito legista, a presença da substância
metilenodioximetanfetamina no sangue de Rodrigo. A partir de análises das filmagens do circuito fechado
Flávio

de monitoramento do imóvel A, ficou comprovado que o casal estava sozinho no apartamento. Com base
nas informações apresentadas nessa situação hipotética, assinale a opção correta.

a) As fraturas expostas nos ossos da pelve de Rodrigo são incompatíveis com a dinâmica do evento de
defenestração.

b) Os elementos obtidos nas perícias e no exame do local dos fatos, em conjunto com a distância entre os
cadáveres e a linha de projeção dos parapeitos das varandas do imóvel A, permitem distinguir as causas
jurídicas das mortes de Beatriz e Rodrigo.

c) A metilenodioximetanfetamina encontrada no cadáver de Rodrigo é uma substância entorpecente que


provoca depressão do sistema nervoso central, sendo estudada e categorizada na classe dos barbitúricos.

d) As lesões na perna direita de Beatriz, conforme descritas pelo perito criminal, permitem que o delegado
de polícia conclua a investigação afirmando que a amputação foi provocada pela ação cortante do estilete
encontrado na varanda do apartamento do casal.

199
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

e) As lesões no cadáver de Rodrigo descritas pelo perito criminal não permitem indicar a provável região
anatômica que primeiro tocou o solo após a defenestração.

3) O corpo de um personal trainner que praticava habitualmente exercícios exenuantes matinais na praia
foi encontrado caído sobre a areia sem sinais externos de violência. Após análises periciais e do legista,
constatou-se que a morte desse indivíduo ocorreu em consequência de choque cardiogênico
(tamponamento cardíaco), o qual decorre da ação de energias de ordem

a) física.

b) mista.

c) bioquímica.

d) físico-química.
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e) biodinâmica.

4) Traumatologia Forense descreve as diversas modalidades de energias causadoras de danos.

Relacione o tipo de energia listado na coluna 1 com seu respectivo exemplo de lesão na coluna 2.

Coluna 1
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Tipo de energia

1. Energia de ordem mecânica

2. Energia de ordem física


Nogueira -- CPF:

3. Energia de ordem química


Sousa Nogueira

4. Energia de ordem biodinâmica


Flávio Sousa

Coluna 2
Flávio

Exemplos de lesões

( ) Lesão por eletricidade e radiotividade

( ) Lesão por punhais e revólveres

( ) Lesão por ácido sulfúrico ou nítrico

( ) Lesão no choque e na coagulação intravascular disseminada

Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.

a) 1 • 2 • 3 • 4

b) 2 • 1 • 3 • 4

200
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

c) 2 • 1 • 4 • 3

d) 3 • 1 • 2 • 4

e) 3 • 1 • 4 • 2

5) As lesões complexas ou mistas são geralmente causadas por um instrumento cujas características de
atuação têm mais de um mecanismo de lesão. Por exemplo, lesões causadas por punhais, estiletes, facas e
similares, caracterizam uma lesão por:

a) Instrumento corto-contundente, produzindo lesão corto contusa.

b) Instrumento pérfuro-contundente, produzindo lesão pérfuro contusa.

c) Instrumento contundente, produzindo fraturas e luxações.


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d) Instrumento pérfurocortante, produzindo lesão pérfuro incisa.


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e) Instrumento contundente, produzindo hematomas e equimoses.

6) O abuso e negligência contra crianças e adolescentes é um problema recorrente em nosso meio.


Crianças pequenas com atendimentos repetidos em pronto atendimentos ou emergências dos hospitais, e
que apresentam hemorragia de retina, hemorragia subdural ou aracnoide, sem sinais externos de
traumatismo e na ausência de justificativa adequada, devem ser interpretadas como uma agressão do tipo:
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a) Abuso físico.

b) Violência emocional.
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c) Síndrome de Munchausen.
Sousa Nogueira

d) Negligência e maus-tratos.

e) Síndrome do bebê sacudido.


Flávio Sousa

7) As equimoses sofrem alteração de coloração que varia do vermelho ao amarelado ao longo do tempo
Flávio

nos diversos tecidos atingidos, tais como:

I couro cabeludo.

II supercílio.

III conjuntiva ocular.

IV região palpebral.

V região periorbicular.

Estão certos apenas os itens

a) I e II.

b) III e IV.

c) I, III e V.

201
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

d) I, II, IV e V.

e) II, III, IV e V.

8) São considerados instrumentos corto-contundentes

a) projetil de arma de fogo, vergalhões de construção civil.

b) furador de gelo, prego.

c) foice, facão.

d) punhal, faca peixeira.

e) faca de cozinha, canivete.


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9) Periciado vítima de acidente automobilístico apresentou fratura exposta de fêmur direito em ambas as
tíbias, extensa equimose em tórax anterior, hematoma subgaleal em região frontoparietal direita. O
instrumento que provocou as referidas lesões é do tipo

a) perfurante.

b) contundente.

c) pérfurocortante.
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d) pérfurocontundente.

e) cortante.
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10) Uma luxação patelar é consequência da ação de

a) asfixia por gases.


Flávio Sousa

b) um instrumento contundente.
Flávio

c) um instrumento cortante.

d) afogamento.

e) um instrumento perfurante.

11) Uma ferida de forma linear, bordas regulares, predominância do comprimento sobre a profundidade,
afastamento das bordas da ferida, regularidade do fundo da lesão, hemorragia quase sempre abundante,
presença de cauda de escoriação, centro da ferida mais profundo que as extremidades é denominada
ferida

a) contusa.

b) pérfurocontusa.

c) punctória.

202
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

d) cortante.

e) pérfurocortante.

12) As petéquias equimóticas de Tardieu são produzidas:

a) à distância, por asfixia.

b) por instrumentos contundentes, tipo cascalho.

c) por compressão da superfície com a polpa digital.

d) pelo garroteamento de um membro.

e) na ferida de entrada de projétil de arma de fogo.


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13) Uma ferida de entrada de projétil de arma de fogo que apresenta a câmara de mina de Hoffman resulta
de tiro:

a) na boca.

b) encostado.

c) à queima-roupa.
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d) a distância.

e) embutido.
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14) No exame do encéfalo em caso de traumatismo craniencefálico, observam-se zonas de hemorragia e


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destruição do tecido cortical no polo frontal e no polo occipital, provocadas pelo efeito de movimentação
do encéfalo no interior do crânio. Tais achados caracterizam a chamada lesão de:
Flávio Sousa

a) polos opostos;
Flávio

b) bate-bate;

c) Chamberlain;

d) chacoalhamento;

e) golpe e contragolpe.

GABARITO

1) Resposta: Letra “e”;

2) Resposta: Letra “b”;

3) Resposta: Letra “e”;

203
FREDERICO ALVES MELO TRAUMATOLOGIA FORENSE • 7

4) Resposta: Letra “b”;

5) Resposta: Letra “d”;

6) Resposta: Letra “e”;

7) Resposta: Letra “d”;

8) Resposta: Letra “c”;

9) Resposta: Letra “b”;

10) Resposta: Letra “b”;

11) Resposta: Letra “d”;

12) Resposta: Letra “a”;

13) Resposta: Letra “b”;


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14) Resposta: Letra “e”.


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Flávio
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8
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PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO


PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

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FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O projétil de arma de fogo é agente pérfuro-contundente, mas que, diferente dos já apontados,
não possui haste.

O PAF (projétil de arma de fogo) consiste em um pedaço de chumbo, que pode ter forma
arredondada, afilada e bem fina. Esse chumbo pode ser duro ou mole, e, por isso, pode interferir no fato
de alguns PAF transfixarem e outros só penetrarem.

Veja alguns exemplos de PAF:


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As armas de fogo, são equipamentos capazes de disparar um PAF, por meio da força expansiva dos
gases liberados, pela queima de pólvora.
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2. CLASSIFICAÇÃO
Flávio Sousa

Segundo o Professor Hygino de C. Hercules, as armas de fogo podem ser classificadas:


Flávio

2.1. Quanto ao porte

• fixa;
• móvel;
• semiportátil;
• portátil.

2.1.1. Fixa

São as que possuem mobilidade restrita, ou seja, os deslocamentos verticais e horizontais são
limitados.

Exemplo: as peças de artilharia pesada montadas em navios, construções etc.

2.1.2. Móvel

206
FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

São as que podem ser deslocadas de acordo com a conveniência. São montadas em carros de
combate ou dispositivos com rodas.
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2.1.3. Semiportátil

As que podem ser montadas e desmontadas do suporte com facilidade para uso, mas que não
podem ser carregadas por um só homem.

2.1.4. Portátil

São as que atraem a atenção da medicina legal, podendo ser:

• Longas: Por exemplo, fuzil, espingarda etc.


• Curtas: Por exemplo, pistolas, revólveres etc.

2.2. Quanto à finalidade

• Arma própria;
• Arma imprópria.
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2.2.1. Arma própria

É a arma que que é feita para ataque e/ou defesa.

Exemplo: arma de fogo.

2.2.2. Arma imprópria


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É o instrumento que não é feito para ataque e/ou defesa, mas que pode ser utilizado para tal
finalidade.

Exemplo: faca de cozinha, taco de beisebol etc.


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2.3. Quanto à alma do cano


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A face interna do cano das armas de fogo pode ser:


Flávio Sousa

• lisa;
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• raiada.

2.3.1. Lisa

O cano da arma de fogo não possui raiamento interno.

2.3.2. Raiada

O cano da arma de fogo possui raiamento interno. As raias (produzem cavados nos projéteis) são
depressões, de forma helicoidal, cavadas ao longo do cano, separadas por cristas paralelas em que o metal
não está rebaixado.

Os cheios ou cristas são responsáveis por produzir o raiamento nos projéteis.

208
FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

a. Finalidade das raias

O raiamento do cano serve para imprimir um movimento de rotação ao projétil, tornando seu
deslocamento, através das camadas do ar, mais regular e estável.

b. Raias e rotação do PAF


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O raiamento irá dar movimento de rotação (causa as estrias), e será chamada de raias:

• Dextrógiras: quando o projétil rodar da esquerda para a direita em torno do seu eixo
longitudinal (sentido horário).
• Sinistrógiras: quando o projétil rodar em sentido contrário, da direita para esquerda
(sentido anti-horário).

c. Estriamento primário, secundário e terciário


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• Primário: representa as ranhuras maiores (raias originárias).


• Secundário ou lateral: representa as ranhuras microscópicas (defeitos das raias).
• Terciário: resulta do desgaste das raias provocado pelo uso intenso ou inadequado.
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d. Número de raias
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O número de raias varia de um fabricante para outro, mas são, no mínimo, cinco. Pode ser par ou
Flávio Sousa

ímpar. Algumas armas possuem raias mais estreitas e em maior número (microrraiação).
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e. Passo

A distância necessária para um giro de 360° do projétil é chamada de passo. A velocidade angular
do movimento de rotação do projétil depende do passo e da carga propelente.

2.4. Quanto à velocidade

O parâmetro para se verificar a velocidade do PAF é a velocidade do som, podendo ser de:

• baixa velocidade;
• média velocidade;
• alta velocidade.

2.4.1. Baixa velocidade

209
FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

A velocidade do som inferior a:

• 340 m/s à velocidade do som no ar;


• 1.500 m/s à velocidade do som nos líquidos;
• 5.000 m/s à velocidade do som nos sólidos.

2.4.2. Média velocidade

É o que se encontra no intervalo entre a baixa e a alta velocidade.

2.4.3. Alta velocidade

Acima de duas vezes à velocidade do som, ou seja:

• Acima de 680 m/s à velocidade do som no ar;


• 3.000 m/s à velocidade do som nos líquidos;
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• 10.000 m/s à velocidade do som nos sólidos.

2.5. Quanto ao funcionamento

• Tiro único;
• De repetição

2.5.1. Tiro único


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As armas de tiro único têm que ser alimentadas (municiadas) e carregadas para cada disparo, pois
só comportam um cartucho para cada cano; existem aquelas com dois ou três canos.
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2.5.2. De repetição
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As armas de repetição, depois de alimentadas, podem carregar vários cartuchos, sucessivamente,


para a câmara de combustão, sem necessidade de serem novamente municiadas.
Flávio Sousa

O mecanismo de repetição pode ser simples, como na maioria dos revólveres, ou executado por
Flávio

parte da energia proveniente do disparo. Neste caso, se puderem disparar todos os projéteis sem
necessidade de aliviar o dedo do gatilho serão chamadas de armas automáticas. Se precisarem de um
movimento completo do gatilho para cada disparo, serão consideradas semiautomáticas.

Nas armas semiautomáticas, o mecanismo de disparo é independente de carregamento. De um


modo geral, as metralhadoras são automáticas e as pistolas, semiautomáticas. Mas, há pistolas
automáticas e metralhadoras que podem comportar-se como semiautomáticas.

2.6. Quanto ao calibre

• Calibre real;
• Calibre nominal.

2.6.1. Calibre real

210
FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

É verificado pelo diâmetro da boca das armas de fogo raiadas, quando medido entre dois cheios
opostos, no caso de raiamento par. Se o raiamento for de número ímpar, deve ser utilizado um
equipamento especial.

Segundo a doutrina médico-legal, a estabilidade do projetil é alcançada quando este atinge a


distância de 6 mil vezes o seu calibre.

OBSERVAÇÃO

O aparelho utilizado para medição do diâmetro do projetil é chamado paquímetro.


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36

• Calibre do projétil: medida entre as raias


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• Calibre real: medida entre os cheios


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2.6.2. Calibre nominal


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Quando ele é referido de acordo com o número dado pelo fabricante (que se encontra na caixa).
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Mais de um calibre nominal pode corresponder a um mesmo calibre real, seja da arma seja do projétil.

O calibre nominal é um referencial necessário, pois cartuchos de calibre nominal diferente


destinam-se a armas diferentes, em função de suas diferentes qualidades balísticas, embora os projéteis
possam ter o mesmo diâmetro.

a. Calibre nominal das espingardas

A designação de calibre nominal das espingardas segue referencial diferente, medido pelo
cartucho, e não pela boca da arma.

O número de calibre da espingarda é igual ao número de esfera de chumbo com o mesmo


diâmetro da câmara da arma que são necessárias para formar a massa de uma libra peso (1 libra= 453g).

36 Imagem retirada do Curso do Professor Roberto Blanco.

211
FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

Os calibres encontrados no comércio são, do maior para o menor: 36; 32; 28; 24; 20; 16 e 12. Neste
caso, conforme for maior o calibre, menor é o diâmetro dos balins.

OBSERVAÇÃO

A espingarda calibre 12, quando tem o cano amputado em cerca de 1/3 do seu comprimento para
transporte clandestino, é vulgarmente chamada de escopeta.
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2.7. Quanto à legislação

A Lei n.º 10.826/2003 estabelece que o Sistema Nacional de Armas (Sinarm) é o órgão controlador
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do registro e cadastro de armas e de emissão de portes, de modo a ter o controle do número de armas em
Flávio

poder da sociedade civil e de seu fluxo. Esse controle não abrange as armas das Forças Armadas e
Auxiliares, pois continua competente o Comando do Exército para a fiscalização dos chamados produtos
controlados.

A competência para a fiscalização de todas as operações que envolvam a produção,


comercialização e o emprego de armas de fogo é do Comando do Exército.

3. MUNIÇÃO

A munição ou cartucho é o artefato fruto da conjunção de projétil, estojo, carga propelente e


espoleta.

Assim, as armas usam cartuchos, e estes compreendem:

• projétil;
• estojo;
• carga propelente;

212
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• espoleta;
• no caso específico de espingardas, tem-se a bucha.
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37
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3.1. Projétil
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É a parcela de metal que fica localizada na ponta do estojo e que é expelida.


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Segundo o professor Hygino de C. Hercules todas as armas raiadas usam cartuchos com projétil
Flávio

único, enquanto as espingardas usam, preferencialmente, cartuchos com projéteis múltiplos, embora
possam usar cartucho de projétil único.

ATENÇÃO!

Armas raiadas usam cartuchos com projétil único.

Espingardas usam, preferencialmente, cartuchos com projéteis múltiplos.

37 Imagem retirada do Curso do Professor Roberto Blanco.

213
FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

Conforme o tipo de arma raiada, os projéteis têm características diferentes, na dependência da


finalidade para a qual foram construídas. As armas de guerra, que são desenhadas para longo alcance,
usam projéteis de ponta afilada, aerodinâmicos, formados por um núcleo de chumbo revestido por uma
capa de liga metálica dura (blindagem). Esses projeteis são feitos para transfixar. Ao transfixar, vai embora
com uma grande quantidade de energia que ele não transferiu para o corpo.

Em relação as armas de uso civil, os revólveres costumam usar projéteis de chumbo nu. A ponta
desses projéteis pode ser do tipo ogival, truncada (cilindro-tronco-cônico) ou plana (canto vivo).
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3.1.1. Stopping power ou poder de parada

Quanto mais plana a extremidade do projétil menos ele penetra e mais transfere energia cinética
para o alvo. Denomina-se poder de parada (stopping power) a capacidade que tem um projétil de
incapacitar um oponente ao atingi-lo. Assim, os projéteis que transferem sua energia cinética rapidamente
têm maior poder de parada do que os que penetram mais rápido e chegam a transfixar o alvo.

OBSERVAÇÃO

O stopping power será maior se atingir órgão vital. Logo, será menor se não atingir órgão vital.

3.1.2. Modificações introduzidas pelos fabricantes

Existem modificações introduzidas pelos fabricantes de cartucho que podem ser utilizadas para
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aumentar a capacidade de projétil transferir a sua energia ao tocar o alvo. Isso se consegue construindo
projéteis que se deformem e se expandam ao entrarem em contato com os tecidos do corpo humano,
ampliando o diâmetro da área de contato. Outro modo é fazê-lo fragmentar-se.

• Projéteis deformáveis (“bala dundum”)

Para aumentar a deformidade dos projéteis, os fabricantes os fazem com a ponta formada por liga
de chumbo mais mole, truncada (soft nose) ou não (soft point) ou com a ponta escavada (hollow point).

Os projéteis deformáveis costumam ser parcialmente blindados, tendo a parte apical nua. Sua
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blindagem, com frequência, é serrilhada longitudinalmente na metade próxima da ponta, para que se abra
como aletas no momento do impacto, de modo a ampliar em muito a transferência de energia e a
destruição dos tecidos. Alguns são totalmente blindados, mas revelam fendas na ponta ou nas laterais da
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blindagem com o mesmo intuito.

• Projéteis hollow point


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Também são destinados a penetrar, sendo revestidos por uma capa de cobre. Além disso, têm um
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orifício na ponta (chumbo mole, ponta oca, sem revestimento metálico). Quando atingem o alvo, eles se
abrem como se fossem um cogumelo, perdendo a capacidade de transfixar, ancorando dentro alvo. A
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vantagem é que toda a energia que o projétil hollow point traz é transferida para o corpo, com
probabilidade de causar lesões maiores.

215
FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

38

3.1.3. A batalha de Miami de 1986

Na cidade de Miami, em 1986, houve um confronto entre agentes do Federal Bureau of


Investigation (FBI) e marginais. Os agentes do FBI estavam com projéteis de ponta oca, com a ideia de
aumentar o poder de parada. Os marginais foram atingidos, mas, ainda assim, não se feriram com
gravidade, pois não houve penetração, de maneira que seguiram atirando contra os agentes do FBI,
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levando a óbito alguns desses agentes. A partir desse episódio, os projéteis foram melhorados no sentido
de buscar a penetração, sem que houvesse a transfixação.

O tema já foi cobrado na prova de Delegado de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro.

3.1.4. Balins ou bagos

Os projéteis de espingardas são chamados de balins ou bagos. Seu formato é esférico e o seu
diâmetro não tem muita relação com o calibre da arma. Uma espingarda 12 pode usar cartuchos com
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qualquer tipo de bagos, dependendo do fabricante.

Existem, contudo, projéteis de espingarda únicos, que apresentam forma cilindro-ogival, sulcos
cavados de modo helicoidal na face externa e corpo escavado pela base. São chamados de balote ou de
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bala ideal. Disparados sobre o ser humano, penetram menos que os projéteis comuns de revólver, mas
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levam energia muito maior, com grande poder de parada (stopping power).

3.1.5. Rodizonato de sódio


Flávio Sousa

Como os projéteis, em regra, possuem chumbo, é feita uma reação com o fim de verificar se
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determinada pessoa possui chumbo nas mãos: a reação do rodizonato de sódio, sem ficar avermelhado,
indica a presença de chumbo. Isso não é indicativo de certeza que a pessoa efetuou um disparo, pois o
chumbo pode ser proveniente de outra fonte.

3.2. Estojo

O estojo é a parte do cartucho que recebe e acomoda as demais partes componentes. Ele
apresenta um orifício pequeno na base, onde se aloja a espoleta. Na munição de armas raiadas, o estojo é
formado por latão.

38 Imagem retirada do Curso do Professor Roberto Blanco.

216
FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

Quanto à base, borda ou culote, o estojo difere-se conforme se trate de munição para revólver ou
para pistola. Nos cartuchos para revólver, existe uma orla saliente onde se encaixa o extrator para removê-
los das câmaras de combustão do tambor. No caso das pistolas, não há orla e sim um sulco, também
chamado trilho, em que o extrator atua, deixando marcas, também importantes para identificação da arma
que efetuou o disparo. Algumas pistolas adotam munição com trilhos e discreta orla.

3.3. Carga propelente

A energia que empurrará o PAF para frente é proveniente dos gases da queima de um propelente
(qualquer substância que, quando queimada, produz gás). A tendência do gás é se expandir em todas as
direções e sentidos. Dessa maneira, se esse gás queimar dentro de um recipiente, o gás não terá para onde
se expandir, assim, só poderá se expandir numa direção, que está arrolhada por um projétil. Portanto, este
projétil impulsionado por esse gás será arremessado a distância em direção ao alvo.

É preciso esclarecer o significado dos termos combustão, deflagração e denotação:


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• Combustão é uma reação química exotérmica em que há queima da substância de modo lento,
ao ar livre, na qual o calor despendido pode dissipar-se e os gases produzidos não exercem
pressão sobre o combustível.
• Deflagração consiste em uma combustão rápida de modo que haja aquecimento progressivo do
combustível e aumento da pressão ambiente pelo desprendimento dos gases. É o que ocorre
com as pólvoras balísticas.
• Denotação resulta de um processo extremamente rápido que propaga, quase
instantaneamente, toda a massa de combustível como uma onda de choque explosiva. É o caso
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das espoletas e da dinamite.

Atualmente, os cartuchos usam ou uma mistura de nitroglicerina e nitrocelulose (pólvora de base


dupla) ou celulose coloidal (pólvora de base simples).
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3.4. Espoleta
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A espoleta ou cápsula de espoletamento localiza-se abaixo do estojo. Quando o pino percutor bate
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na espoleta, gera uma faísca na mistura iniciadora. Essa faísca incendeia a pólvora, que virará gás e expelirá
o projétil. Segundo o Professor Wilson Palermo, neste composto químico, geralmente estão presentes
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estifnato de chumbo, tetrazeno, nitrato de bário, tissulfato de antimônio e chumbo. O níquel costuma não
integrar a mistura.

217
FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

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Qualquer que seja o tipo de pólvora de um cartucho, sua queima tem que ser iniciada a partir de
um dispositivo com material que se inflame e transmita sua chama à pólvora.
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3.4.1. Primer ou mistura iniciadora

Primer ou mistura iniciadora é a substância que inicia a combustão, para posterior deflagração do
projétil. Essa combustão se dá em função de, após a espoleta ser acionada pelo percutor, o primer, em
contato com a bigorna, produzir faísca, que passa pelos eventos, com sua posterior combustão.
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• Espoleta do tipo boxer: tem 1 evento


• Espoleta do tipo berdan: tem 2 eventos

3.5. Bucha pneumática

Bucha pneumática é uma espécie de tampão de cartão, cortiça ou serragem prensada que separa a
carga de pólvora dos balins, nos cartuchos para espingardas. Nos mais modernos, a bucha é de plástico, em
forma de copo, e tem também a função de manter os balins juntos durante pequena porção inicial do

39 Imagem retirada do Curso do Professor Roberto Blanco.

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FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

trajeto. A resistência do ar, contudo, faz com que ela se abra e fique a meio caminho do alvo nos tiros de
meia distância.

Nos tiros de curta distância, a bucha também atinge o alvo, podendo ser encontrada no interior da
ferida. Quanto mais denso o material que é feita, maior a distância que ela atinge. Sendo encontrada, a
bucha serve para verificar o calibre da espingarda.
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3.5.1. Rosa de tiro de Cevidalli

É o conjunto de feridas produzidas pela entrada de projéteis múltiplos disparados pela espingarda.
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Em regra, quanto maior a distância entre as entradas das feridas, maior foi a distância do disparo.

O professor Hygino de C. Hercules ensina que o diâmetro, em centímetros, da rosa de tiro


corresponde à distância de 2 a 3 vezes em metros. Exemplo: Distância de 2 cm das feridas — o disparo foi
realizado de 4 a 6 metros de distância.
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4. BALÍSTICA
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Balística é a parte da mecânica que estuda o movimento dos projéteis e as forças envolvidas na
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sua impulsão, trajetória e feitos finais.


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• Balística interna: abrange o conhecimento dos propelentes e do mecanismo das armas.


• Balística externa: estuda as trajetórias dos projéteis.
• Balística terminal: estuda os efeitos produzidos no alvo.

4.1. Movimentos do PAF

O impulso dado a um PAF depende da potência da carga, que determina a velocidade com que sai
da boca da arma. Por sua vez, a velocidade é o elemento mais importante na fórmula da energia cinética.

Iniciada a deflagração, os gases forçam o estojo em todos os sentidos. Por trás, ele é projetado
sobre a culatra; lateralmente, não explode por causa da resistência da câmara de combustão, restando,

40 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

para seu escape, a base do projétil. Pequena parcela de gases passa na junção entre o tambor e o orifício
posterior do cano, no caso dos revólveres.

O projétil é forçado a girar em torno do seu eixo longitudinal pelos cheios da raiação, ao ser
empurrado ao longo do cano da arma, já que seu diâmetro externo é ligeiramente superior ao calibre real
da arma. Assim, os cheios fazem um sulco oblíquo no corpo do projétil.

São os movimentos que ocorrem com o projétil:

• rotação;
• translação;
• báscula;
• nutação;
• precessão.

4.1.1. Rotação
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Um dos movimentos do projétil é o de rotação sobre seu próprio eixo, que é fundamental para sua
estabilidade ao longo do trajeto em direção ao alvo.

Não fosse a rotação, a resistência do ar faria desviar esse eixo com relação à trajetória, de modo
que, a meio caminho, entre a boca da arma e o alvo, o projétil ficaria de lado ou mesmo com a base para
diante, o que reduziria o seu alcance.

4.1.2. Translação
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O movimento de translação é o movimento da boca da arma até o alvo, ou seja, é a trajetória em


que o projétil sofre a influência da força da gravidade. Por isso, quando o atirador faz pontaria com a
arma, a direção do cano aponta para um ponto um pouco acima do local onde se situa o alvo. Essa
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compensação é calculada pelo fabricante quando constrói o aparelho de pontaria da arma. Existem
Sousa Nogueira

revólveres em que a alça de mira é ajustável conforme a distância do disparo.

4.1.3. Báscula
Flávio Sousa
Flávio

Em razão de ter forma cilíndrico-ogival, e de ter o peso da base diferente em relação a ponta, o
projétil evidencia o movimento de báscula, que é a oscilação (entre a ponta e a base), que se integra aos
outros dois já citados.

4.1.4. Nutação

Os movimentos de nutação são os pequenos círculos que a ponta do projetil realiza.

4.1.5. Precessão

O movimento de precessão consiste na formação de círculos maiores, constituídos pela sucessão


ininterrupta de círculos menores: os pequenos círculos que originam o movimento de nutação.

Quanto maior o movimento de rotação, menor serão os movimentos de nutação e precessão,


assim, maior será a estabilidade.

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41

4.2. Análise da distância alcançada pelo projétil


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A análise da distância alcançada pelo projétil depende de alguns fatores, tais como:

• massa do projétil;
• comprimento do cano da arma;
• quantidade e tipo de propelente etc.

É necessário juntar essas características para saber o que se quer fazer com aquele disparo. Por
isso, há arma de cano curto e arma de cano longo; propelente do tipo A e do tipo B; propelente que faz
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muito gás e que faz pouco gás etc.

4.2.1. Cone de dispersão


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Se o material do cone de dispersão atingir o alvo, indica que o disparo foi a curta distância ou a
queima roupa. Logo, como regra (há exceção), se não houver fragmentos do cone de dispersão no alvo,
Sousa Nogueira

esse tiro foi a distância (o professor Hygino de C. Hercules chama de a longa distância).
Flávio Sousa
Flávio

41 Imagem do livro do Professor Hygino de C. Hercules.

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Veja que o cone de dispersão é formado pelos gases superaquecidos, micropartículas etc.
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4.2.2. Sinal de Telão de Raffo


Sousa Nogueira

Ocorre quando o material do cone de dispersão sujar as vestes da vítima.


Flávio Sousa
Flávio

42 Imagens retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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4.2.3. Residuograma
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É o estudo dos resíduos provenientes do tiro. É feita pela microscopia eletrônica de varredura.
Esses resíduos podem ser provenientes do propelente que está dentro do estojo, do material que está
dentro da espoleta, do próprio projétil de arma de fogo e do cano da arma. Tudo isso vai impregnar a
vítima ou a mão do atirador.

4.3. Efeitos primários e secundários do tiro

4.3.1. Primários
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Efeitos primários do tiro são resultantes da ação direta do projétil, ou seja, são característicos do
ponto de impacto deste com o alvo. Independem da distância do tiro.

Exemplo: Orla de enxugo.


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4.3.2. Secundários
Sousa Nogueira

Os efeitos secundários resultam dos tiros encostados ou a curta distância, pois são oriundos do
Flávio Sousa

cone de dispersão
Flávio

Exemplo: Vapor superaquecido, língua de fogo, pólvora (in) combusta, micropartículas de metais do
cano da arma etc. Dependem da distância do tiro.

Exemplo: Zona de tatuagem.

4.4. Tiros a longa distância

Quando não se encontra os resíduos do cone de dispersão no alvo, pode ser indicativo de que o tiro
foi a longa distância, pois apenas o projétil produziu efeitos no alvo.

43 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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CUIDADO!

O tiro pode ser de curta distância e não deixar resíduos do cone de dispersão se houver a
presença de um anteparo. Exemplo: travesseiro.

4.5. Orlas causadas pelo PAF

São as orlas formadas pela entrada de PAF:

• orla de enxugo ou limpadura;


• orla de escoriação ou contusão ou desepitelização;
• orla de equimose.

4.5.1. Orla de enxugo ou limpadura

É a primeira das orlas. Nela, ocorre a limpeza dos resíduos e impurezas que o PAF trouxe ao deslizar
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pelo cano da arma. Essa limpeza, segundo o Professor Hygino de C. Hércules, ocorre na derme.

A orla de enxugo é um indicativo de certeza de tiro de entrada, assim, auxilia a indicar a direção do
projétil. É também chamada de Sinal de Chavigny ou orla de Canuto e Tovo.

É possível se ter um orifício de entrada sem a orla de enxugo em razão de:

• existir um anteparo (como um travesseiro); ou


• PAF que transfixem o corpo mais de uma vez, em que a segunda entrada não terá a referida orla
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de enxugo (lesão em chuleio).

A ausência do Sinal de Chavigny não garante que seja um orifício de saída. Por vezes a orla de
enxugo pode só ser observada nas roupas da vítima.
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4.5.2. Orla de escoriação ou contusão ou desepitelização


Sousa Nogueira

A epiderme é o primeiro plano a entrar em contato com a entrada de um PAF. Assim, ocorre o
arrancamento da epiderme, deixando a derme à mostra, ou seja, uma lesão de escoriação. Essa orla
Flávio Sousa

independe de o projétil ser raiado ou liso.


Flávio

OBSERVAÇÃO — Diâmetro de entrada

O diâmetro de entrada na pele é menor que o calibre do projetil em função da elasticidade da pele.

4.5.3. Orla de escoriação na saída

O professor Hygino de C. Hercules aponta que é possível verificar a orla de escoriação na saída,
desde que exista um anteparo, por exemplo, a pessoa esteja encostada na parede, em um cinto etc. Além
disso, ensina que é possível a lesão de entrada não possuir orla de escoriação — desde que localizada nas
regiões palmares/plantares —, em função da camada córnea dessas regiões ser mais espessa/rígida,
podendo a lesão ter forma estrelada e sem orla de escoriação.

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FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

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4.5.4. Orlas de escoriação excêntricas

Nas escoriações excêntricas, o local que houver maior escoriação, é indicativo da incidência do PAF.
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45
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Essa análise da direção do tiro é feita com o cadáver em decúbito dorsal (posição anatômica), o que
Flávio Sousa

não se confunde com a posição da vítima no momento do delito.


Flávio

44 Imagem retirada do Livro de Medicina Legal do Professor Hygino de C. Hércules.


45 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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46

4.5.5. Anel de Fisch

O anel de Fisch é formado pelo somatório da orla de enxugo ou alimpadura com a orla de
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escoriação, sendo uma característica de lesão de entrada de PAF. Ainda, o anel de Fisch indica a incidência
do disparo.

ATENÇÃO!

Anel de Fisch = orla de enxugo + orla de escoriação


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47

4.5.6. Orla de equimose

Trata-se de mancha arroxeada formada pelo rompimento dos vasos, durante o trajeto no corpo,
devido à ação contundente do projétil, que leva ao extravasamento do sangue e à sua posterior infiltração
nas bordas da lesão.

46 Imagem do Professor Eraldo Rabelo.


47 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

O professor Hygino de C. Hercules diz que a orla de equimose não é constante nem exclusiva da
entrada, podendo ser observada nos tecidos vizinhos ao orifício de saída.

ATENÇÃO!

A orla de equimose é indicativa de reação vital na ferida.


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48

4.6. Tiros a curta distância


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Quando o tiro é dado a curta distância, além das lesões causadas pela entrada do projétil, tem-se
ainda os efeitos causados pelo cone de dispersão (efeitos secundários). A presença desses efeitos (zonas),
dependerá da distância do tiro, podendo ser verificada três, duas ou apenas uma dessas zonas.
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Assim, esses efeitos secundários são:


Sousa Nogueira

• zona de chamuscamento ou orla de queimadura;


• zona de esfumaçamento ou tisnado (sujo); e
Flávio Sousa

• zona de tatuagem.
Flávio

4.6.1. Zona de chamuscamento ou orla de queimadura

Trata-se da queimadura produzida pelos gases nos tiros de curta distância. Pode levar a
queimaduras de 1º e 2º graus.

Das três zonas, é a que possui menor alcance.

4.6.2. Zona de esfumaçamento ou tisnado (sujo)

48 Imagem retirada do Livro de Medicina Legal do Professor Hygino de C. Hércules.

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FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

Trata-se da fuligem formada pela fumaça nos tiros de curta distância. É também conhecida como
zona de falsa tatuagem. Essa zona é produzida, porque os resíduos da combustão, por possuírem pouca
densidade, possuem mais dificuldade de atravessar o ar, mas vão mais longe que a zona de queimadura.

A zona de esfumaçamento pode ser removida da pele através da limpeza de água e sabão.

Nos disparos oblíquos, as zonas de esfumaçamento e de tatuagem serão maiores no lado oposto do
disparo.

De acordo com o Professor Genival França, o disparo que ocorreu em até 10 centímetros de
distância é considerado tiro a queima roupa.
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ATENÇÃO!

A ausência das zonas de chamuscamento, tisnado ou tatuagem não indica certeza de que o tiro
foi a longa distância, vez que é possível que seja feito a curta distância, com a presença de um anteparo.
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4.6.3. Zona de tatuagem


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Os micros resíduos do cone de dispersão, grãos de pólvora em combustão ou ainda não queimados,
atravessam a epiderme e impregnam-se na derme, nos tiros a curta distância.

A zona de tatuagem só pode ser removida através de cirurgia plástica. Assim, a limpeza local com
água em sabão não irá alterar a zona de tatuagem.
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4.7. Possibilidade de mais projéteis, no interior do corpo, do que orifícios de


entrada

É possível se ter mais projéteis, no interior do corpo, do que orifícios de entrada em duas hipóteses:

• se houver entrada de projétil por orifício natural;


• dois projéteis entrando pelo mesmo orifício.

49 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Delton Croce.

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FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

4.8. Tiros encostados

Todos os componentes do projétil irão interagir com a pele nos tiros efetuados com a boca da
arma encostada nela. Os efeitos que serão causados dependerão da existência de plano ósseo ou não
embaixo da pele, além da pressão exercida na região.

De acordo com a doutrina, são os sinais presentes em tiros efetuados encostados na pele:

• Sinal de boca de mina de Hoffman


• Sinal de Puppe Werkgartner
• Sinal de Benassi
• Sinal de Schusskanol
• Sinal de Bonnet (Tronco de Cone de Bonnet)
• Sinal de Tovo e Lattes
• Sinal de Richter

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Sinal do rasgão crucial de Nerio Rojas


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• Sinal de Escarapela

4.8.1. Sinal de boca de mina de Hoffman

Se o tiro for disparado encostado na pele, e existir plano ósseo subjacente, os gases não terão para
onde se expandir, fazendo com que a pele fique evertida, estrelada de forma irregular, pois os gases fazem
com que ela estoure de dentro para fora. Ainda, os resíduos de pólvora ficam impregnados na região.
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Existe doutrina que aponta haver, na boca de mina, zona de tatuagem, mas o tema não é pacífico.

ATENÇÃO!
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O Sinal de boca de mina de Hoffman é na pele. Não confunda com o Sinal de Benassi, que é no
Sousa Nogueira

plano ósseo.
Flávio Sousa
Flávio

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50 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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4.8.2. Sinal de Puppe-Werkgartner


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Se o tiro for disparado encostado na pele, sem plano ósseo subjacente, é possível que a massa de
mira e o cano da arma fiquem marcadas na pele, em razão da ação contundente e do aquecimento (ação
termomecânica). Neste caso, os gases entram na pele, ficando invertida.
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Flávio

51 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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4.8.3. Sinal de Benassi


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O Sinal de Benassi é o sinal de esfumaçamento no osso, nos tiros encostados com plano ósseo.
Esse sinal desaparece com a putrefação.

CUIDADO!

Não confunda com o Sinal de boca de mina de Hoffman, pois, neste, o sinal é na pele.
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O professor Genival Veloso de França usa o termo esfumaçamento ou falsa-tatuagem, mas existem
outros autores que usam o termo tatuagem no osso.
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4.8.4. Sinal de Schusskanol

É representado pelo esfumaçamento das paredes do conduto (canal do tiro) produzido pelos
gases que vem atrás do projétil entres as lâminas interna e externa de um osso chato (crânio, externo,
costelas, escápula e ilíaco ou pelve). É indicativo de tiro encostado e, excepcionalmente, à queima-roupa.

Para Genival Veloso de França, é uma orla de esfumaçamento.

52 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

4.8.5. Sinal de Bonnet ou Tronco de cone de Bonnet

Este sinal, que é o tronco de um cone, aparece em ossos achatados. Normalmente, é verificado no
crânio, pois este possui duas tábuas ósseas compactas separadas por um osso esponjoso. Na entrada, a
tábua mais externa possui orifício menor que a da tábua interna, sendo chamada de cortada em bisel. Sua
importância médico-legal é indicar a direção do projetil.

Vale lembrar que, na saída, haverá inversão: a tábua interna terá o orifício menor que a tábua
externa.

ATENÇÃO!

Tronco de cone de Bonnet com base maior para dentro do crânio indica lesão de entrada.

Tronco de cone de Bonnet com base maior para fora do crânio indica lesão de saída.
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É chamado de cortada em bisel.


Sousa Nogueira
Flávio Sousa
Flávio

Tronco de cone de Bonnet

Note que, na entrada do projétil, a lesão, na tábua externa, é menor do que na tábua interna; e, na
saída do projetil, a lesão na tábua externa é maior do que na tábua interna.

4.8.6. Sinal de Tovo e Lattes

Indica a presença de pele no interior do corpo.

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FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

4.8.7. Sinal de Richter

Indica a presença de esquirolas ósseas próximas ao orifício de passagem.

4.8.8. Sinal do rasgão crucial de Nerio Rojas

Indica aspecto cruciforme nas roupas nos tiros a curta distância.

4.8.9. Sinal de escarapela

São dois anéis concêntricos de esfumaçamento intercalados por um halo claro nos locais onde
ocorreu tiro à queima roupa.

4.9. Diâmetro do buraco de entrada na pele


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O diâmetro do buraco de entrada na pele é, normalmente, menor do que o diâmetro do projétil,


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uma vez que a pele é elástica e volta para o lugar (salvo no Sinal de boca de mina de Hoffman).
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Flávio Sousa
Flávio

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53 Imagem retirada do Livro de Medicina Legal do Professor Delton Croce.


54 Imagem retirada do Livro de Medicina Legal do Professor Delton Croce.

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4.10. Trajeto e trajetória

4.10.1. Trajeto

O trajeto se inicia com a entrada do projétil no corpo, ou seja, é o percurso interno do projétil no
alvo. O trajeto se finaliza com a parada no interior do corpo ou com a saída do PAF.

4.10.2. Trajetória

Trata-se do percurso externo ao alvo do projetil, ou seja, fora do corpo da vítima. Durante a
trajetória, o PAF sofre influência da gravidade e da resistência do ar.

4.10.3. Força de arrasto e gravitacional

Durante o trajeto ou durante a trajetória, o projetil sofre a força de arrasto, que é a dificuldade de
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progressão no geral, e a força gravitacional, que é a atuação da gravidade. Ambas as forças podem alterar
a estabilidade do PAF.
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4.11. Feridas

4.11.1. Ferida em sedenho

Trata-se de uma ferida superficial, sem atingir planos e cavidades corporais.

4.11.2. Ferida cega ou fundo de saco

Trata-se da ferida causada pelo PAF que possui entrada, trajeto, mas não possui saída, ou seja, o
projétil fica dentro da cavidade corporal.

4.12. Lesões em órgãos — Hallo de Bonnet

As lesões em órgãos dependem da densidade do órgão, assim: se em órgãos de maior a densidade,


o órgão fica lacerado (fígado, rins etc.). Isso ocorre em função da onda de pressão que possui atuação
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centrífuga. Se em órgãos de menor densidade, a lesão é menos exuberante, como nos pulmões, em razão
da capacidade de absorção das energias da onda de pressão.

4.13. Coeficiente balístico

O coeficiente balístico representa o poder de penetração do projétil. É expresso pela fórmula:

CB=m
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----------------------------------
I . d²
m=massa; I=fator de forma; d= densidade
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O fator de forma é um número que expressa o quão pontiagudo é o projétil. Seu valor é menor,
Sousa Nogueira

nos projéteis com ponta afilada, tornando-se maior nos de ponta truncada, e máximo nos de ponta plana,
tipo canto vivo.
Flávio Sousa

Assim temos que, quanto maior o coeficiente balístico, maior a chance de transfixar, e quanto
Flávio

maior o calibre, menor a chance de transfixar, pois possui maior poder de parada.

Sendo constantes os outros parâmetros, ao dobrarmos o calibre de um projétil reduziremos seu


poder de penetração à quarta parte do que possuía antes (2² = 4). Por outro lado, quanto maior a massa
do projétil, maior a sua inércia e maior a sua capacidade de atravessar o alvo.

4.14. Tiro penetrante e transfixante

4.14.1. Tiro penetrante

É aquele que o PAF entra, mas não sai, uma vez que busca que toda sua energia cinética seja
transferida para o alvo. São normalmente os PAFs que possuem pontas rombas (deformáveis), sendo
conhecido como “bala dum dum”, “hollowpoint” etc.

4.14.2. Tiro transfixante

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FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

É aquele feito para entrar e sair, ou seja, neste caso, não haverá a transferimento total da energia,
uma vez que o PAF segue sua trajetória com energia cinética. Sua ponta deve ser fina.

4.15. Estabilidade do PAF: centro de massa e pressão

Um projétil tem estabilidade na trajetória quando o seu centro de massa e o seu centro de pressão
estão alinhados horizontalmente com trajetória.

4.15.1. Centro de pressão

É o ponto ideal de aplicação das forças de arrasto (força que oferece resistência ao deslocamento
do projétil sendo diretamente proporcional à densidade do meio atravessado). Ou seja, centro de pressão é
o ponto imaginário onde as partículas de ar colidem contra o projétil.

4.15.2. Centro de massa


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É o ponto médio (geométrico) de equilíbrio de um corpo.

Quanto maior a distância entre o centro de massa e o centro de pressão, mais estável é o projétil.

Nos PAFs, o centro de pressão está em direção à base do PAF, e o centro de massa fica na ponta
dele, como na flecha abaixo:
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Flávio Sousa

De acordo com o Professor Hygino de C. Hercules, nos tiros de fuzis, o centro de massa é anterior
(base do PAF) ao centro de pressão (próxima à ponta), e, por esse motivo, possui maior facilidade de perda
Flávio

de estabilidade frente ao atrito.

Os projéteis de fuzis mantêm sua estabilidade a partir dos 100 metros.

55 Imagem retirada do Livro de Medicina Legal do Professor Hygino de C. Hércules.

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4.16. Residuografia

O exame residuográfico analisa a pele da mão de quem efetuou o disparo, com o fim de verificar a
presença de resíduos provenientes:

• do primer;
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• da queima da pólvora;
• do atrito do PAF com o cano;
• micro partículas dos PAFs;
• micro partículas do cano.

4.16.1. Exame microscópico de varredura

É o método mais correto e eficaz de residuografia. A chamada microscopia eletrônica de varredura,


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além de dizer o tipo de resíduo que existe, estabelece os percentuais de cada um.

São citados ainda como métodos de análise as reações de Difenilamina, de Griess e o teste de
parafina ou prova de Iturrioz.
Nogueira -- CPF:

4.17. Tempo do disparo


Sousa Nogueira

Em relação ao tempo do disparo, tem-se que o disparo feito com:


Flávio Sousa

• Pólvora negra: indica que o cheiro persiste por 12 horas e, em mais de 5 dias, causa ferrugem
no cano da arma.
Flávio

• Pólvora branca: os nitratos são evidenciados pela reação de Griess.

4.18. Valor de resíduos na mão

A presença dos resíduos na mão pode indicar um autor ou uma vítima que tentou se defender.

56 Imagem retirada do Livro de Medicina Legal do Professor Hygino de C. Hércules.

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4.19. Ondas de choque e ondas de pressão

4.19.1. Ondas de choque


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Ao ultrapassar a velocidade do som, a interação de um avião com o ar leva à formação de ondas de


Sousa Nogueira

choque, que são ouvidas como um estrondo e resultam da incapacidade das moléculas gasosas de
transmitirem as vibrações com a mesma velocidade com que chegam, o que gera um acúmulo de energia,
Flávio Sousa

que depois é liberado de modo abrupto.


Flávio

4.19.2. Ondas de pressão

As ondas de pressão são diferentes, pois, resultam do deslocamento dos tecidos percutidos pelo
projétil. O deslizamento de partículas do meio ao longo do projétil tende a ser paralelo a sua direção, mas,
quando elas esbarram em uma curva da sua superfície, afastam-se de modo centrífugo. Isso leva que se
forme uma zona de vazio e de baixa pressão atrás do projétil, embora o deslocamento dos tecidos se deva
a ondas de pressão positivas. Assim, a cavidade permanente, representada pelos tecidos lacerados e
esmagados pelo contato direto com o projétil, é ampliada temporariamente (cavidade temporária) pelo
afastamento de suas paredes.

57 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.


58 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

Segundo o professor Hygino de C. Hercules, a gravidade da lesão é fruto da onda de pressão, pois o
efeito da onda de choque é ineficaz devido a sua brevidade/curta duração (tanto que são utilizadas na
destruição de cálculos renais).
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59

4.20. Cavidades formadas

O trajeto do PAF irá formar duas cavidades:

• cavidade permanente; e
• cavidade temporária
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4.20.1. Cavidade permanente

Na cavidade permanente, há um esmagamento, em que se rompem as fibras e células, formando,


assim, um túnel um pouco menor que o diâmetro do calibre do projétil (devido à elasticidade dos tecidos).
Flávio Sousa
Flávio Nogueira -- CPF:
Sousa Nogueira

59 Imagem retirada do Livro de Medicina Legal do Professor Hygino de C. Hércules.

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FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

4.20.2. Cavidade temporária

Na formação da cavidade temporária, que pode ter amplitudes variadas, há um estiramento que
resulta do deslocamento centrífugo que os tecidos sofrem pelo contato do projetil, em razão da onda de
pressão. Ela é resultante do alargamento da cavidade permanente, estando presente em todos os tipos de
tiro.

ATENÇÃO!

As cavidades temporárias são pulsáteis ao longo do trajeto, ou seja, de amplitudes variáveis.

Levando em consideração as mesmas constantes, o PAF de maior velocidade, vai gerar uma maior
cavidade temporária, pois maior será a energia cinética, e, por consequência, maior será a onda de pressão.
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OBSERVÇÃO — PRINCÍPIO DE PASCAL

Diz que a pressão se expande em todos os sentidos.

São fatores que influenciam na cavidade temporária:


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• onda de pressão;
• estabilidade do PAF; e
• tamanho do trajeto.
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Essa série de fatores contribuirá para a lesão de saída.


Sousa Nogueira

A ponta do projetil reflete no tamanho da cavidade temporária, em que, quanto menor a ponta
desta, menor será a cavidade.
Flávio Sousa

Segundo o professor Hygino de C. Hercules, a cavidade temporária pode chegar de 13 a 30 vezes o


Flávio

diâmetro do projetil.

Normalmente, a cavidade temporária é menor no início e no fim, mas, caso a amplitude máxima da
cavidade coincida com o limite do corpo, poderá ser muito maior que a de entrada.

O início da lesão formadora da cavidade é chamado colo.

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FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

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Flávio Sousa
Flávio Nogueira -- CPF:
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4.21. Lesões de saída provocadas por PAF

60 Imagem do livro do Professor Hygino de C. Hercules.

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FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

Como regra, as lesões de saída possuem forma irregular e bordas evertidas, com maior
sangramento do que no orifício de entrada. Não apresentam as orlas e zonas já estudadas.

ATENÇÃO!

Lembre-se de que um único projetil, com um orifício de entrada, pode causar mais de uma lesão de
saída, desde que este se desfragmente.

• Saída de PAF secundário: ocorre quando a lesão de saída é causada por fragmentos de ossos
que foram fraturados, ou seja, não é causada pelo PAF.
• Sinal de Rommanesi: trata-se da ferida que se observa no orifício de saída de PAF, quando o
plano cutâneo se acha contatado externamente com um anteparo duro. Exemplo: encostado na
parede; carteira no bolso etc.
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4.22. Lesões provocadas por PAF de alta energia

É considerado projetil de alta energia aquele que possui a velocidade inicial acima de 600 m/s
(metros por segundo). Em relação aos PAFs de baixa energia, tem-se que os de alta energia possuem uma
maior cavitação (assim, maiores cavidades são formadas) e ainda, em condições iguais, maior capacidade
de causar lesões de saída mais exuberantes.

O professor Hygino de C. Hercules diz que as lesões de entrada sem anteparo são circulares
CPF: 037.820.231-61

(ovalares) de acordo com o ângulo de penetração, com bordas talhadas a pique.

Como regra, as lesões de entrada sem anteparo são menores que o diâmetro do projetil, no
entanto, é possível que seja maior em razão de alta velocidade do projetil.
Nogueira -- CPF:

Se houver anteparo (osso) a ferida de entrada tende a ser muito mais exuberante, a ponto de
Sousa Nogueira

causar dúvida de qual seria a lesão de entrada e a de saída.

Normalmente, a cavidade temporária é menor no início e no fim, mas, caso a amplitude máxima da
Flávio Sousa

cavidade coincida com o limite do corpo, poderá ser muito maior que a de entrada.
Flávio

4.23. Lesões em órgãos macios provocadas por PAF

Em mesmas condições, os órgãos de maior densidade tendem a ter lesões mais exuberantes do que
em órgãos de menor densidade, pois apresentam uma maior resistência.

Exemplo: o fígado é mais rígido do que o pulmão, e, nas mesmas condições, tende a apresentar
lesões mais exuberantes.

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FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

61
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Sousa Nogueira
Flávio Sousa
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Nogueira -- CPF:

61 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.


62 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

APLICAÇÃO EM CONCURSO

1) No dia 31/1/2022, Paulo compareceu à delegacia de polícia em Itaperuna – RJ para registrar o


desaparecimento de Joaquina, sua irmã, ocorrido no dia anterior. Durante a oitiva dele, policiais civis
daquela unidade foram informados por policiais militares sobre o encontro de um cadáver do sexo
feminino no interior de uma residência, com as mesmas características de Joaquina. Durante a
perinecroscopia, o perito criminal descreveu que a vítima estava manietada, com diversas equimoses,
escoriações nos joelhos e amputação bilateral dos pés, correlacionadas ao evento morte. Foi descrita a
presença, na região da nuca, de orla/zona excêntrica de grânulos incombustos de pólvora ao redor de lesão
circular provocada por projétil de arma de fogo, na qual ficou evidenciada aréola equimótica. Tais fatos
foram corroborados pelo laudo do perito legista, que, por sua vez, destacou a presença do sinal de Jellinek
na região do tórax e da face. Nessa situação hipotética, o delegado de polícia responsável pela investigação
deve

a) compreender que a lesão observada na nuca é oriunda da utilização de arma de fogo com cano de alma
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raiada, uma vez que a produção de orla/zona de tatuagem é exclusiva da utilização desse tipo de
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armamento.

b) considerar que a orla/zona de tatuagem advém do emprego de um tipo especial de munição com balins
e bucha plástica nas armas de fogo com cano de alma lisa, razão pela qual não será observada por ocasião
da utilização de armas de fogo com cano de alma raiada.

c) compreender que a ocorrência da orla/zona de tatuagem é um elemento que auxilia na definição da


distância aproximada entre atirador e vítima, podendo ser observado no caso da utilização de arma de fogo
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com cano de alma lisa ou de alma raiada.

d) instaurar inquérito policial para apurar homicídio simples e compreender que as lesões descritas pelos
peritos foram produzidas por ação vulnerante perfurante e pérfuro-cortante, além de ter sido utilizada
eletricidade industrial.
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e) instaurar inquérito policial para apurar homicídio qualificado, haja vista a impossibilidade de defesa de
Sousa Nogueira

Joaquina, considerando que a orla/zona de tatuagem excêntrica indica perpendicularidade da incidência do


projétil de arma de fogo na vítima.
Flávio Sousa
Flávio

2) Nas lesões produzidas por disparo de arma de fogo, o projétil atinge o organismo, penetra e pode ficar
retido ou atravessar o corpo. Em relação às orlas que são formadas no orifício de entrada do projétil, a orla
de contusão é aquela que:

a) É também chamada zona de tatuagem falsa, pois ocorre simples depósito de pólvora incombusta e
impurezas, e é facilmente removível.

b) Apresenta características mistas devido a menor energia cinética, perda das impurezas no percurso e
aquisição de material orgânico.

c) É gerada quando o projétil penetra, a pele se invagina como um dedo de luva e se rompe, devido à
diferença de elasticidade existente entre a epiderme e a derme.

d) É gerada pela rotação do projétil sobre o seu próprio eixo e revestida com impurezas provenientes da
pólvora e dos meios anteriormente atravessados, deixando impurezas trazidas do exterior.

245
FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

e) É também chamada de tatuagem verdadeira pois deixa incrustação dos grânulos e poeiras que
acompanham o projétil em disparos próximos.

3) O fator mais importante no grande poder lesivo dos projéteis de fuzil é seu/sua:

a) massa maior;

b) estabilidade no trajeto;

c) poder de penetração;

d) formato;

e) energia cinética.
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4) Lesões por projéteis de arma de fogo (PAF) são um tipo de ferida pérfuro-contusa frequentemente vistas
no cotidiano de um perito legista. A esse respeito, assinale a alternativa correta em relação aos orifícios de
entrada das lesões por PAF.

a) Sempre contêm orla de equimose.

b) Pode conter orlas de equimose, enxugo e escoriação, formando o anel de fish.

c) Sempre contêm orla de enxugo, mesmo quando o PAF sai e entra novamente.
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d) Sempre contêm orla de escoriação de formato arredondado.

e) A presença de anel de Fish caracteriza disparo a curta distância.


Nogueira -- CPF:

5) Após disparo de arma de fogo, o cone de dispersão, contendo os ferimentos causados por projéteis de
Sousa Nogueira

arma de fogo, apresentam características relativas à distância entre o atirador e a vítima. Nesse contexto, é
correto afirmar que
Flávio Sousa

a) ferimentos causados por disparos com cano encostado têm aspecto semelhante em locais com tecidos
Flávio

moles ou com anteparos rígidos.

b) a orla de tatuagem é formada pelo chamuscamento dos gases em combustão.

c) a orla de tatuagem é formada por grânulos de pólvora em combustão, que causam queimaduras na pele.

d) a orla de escoriação está presente no orifício de saída, sempre, em suas bordas evertidas.

e) a orla de queimadura está presente em todos os orifícios de entrada.

6) A respeito dos disparos a curta distância, NÃO é correto afirmar que:

a) a orla de tatuagem é formada por grãos de pólvora incombusta que queimam a epiderme.

b) a presença de orla de tatuagem faz com que não sejam visíveis as demais orlas, uma vez que, por se
tratar de uma área extensa de queimadura, inviabiliza a exposição das demais.

246
FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

c) a orla de chamuscamento corresponde à queimadura de pelos por gases superaquecidos.

d) a presença de orla de queimadura descrita no laudo pericial caracteriza disparo a distância inferior a um
metro.

e) o disparo à queima-roupa é sinônimo de curta distância.

7) Nos tiros dados em crânio, costelas e escápulas, principalmente quando a arma está sobre a pele, pode-
se encontrar um halo fuliginoso na lâmina externa do osso referente ao orifício de entrada. Esse sinal é
conhecido como

a) sinal de Werkgaertner.

b) sinal do funil de Bonet.

c) sinal de Benassi.
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d) sinal da câmara de mina de Hoffmann.

e) sinal do halo de enxugo.

8) A balística forense ocupa-se do estudo das armas de fogo, munições e efeitos dos tiros desencadeados
por elas. Nesse sentido, acerca do tema, assinale a alternativa correta.
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a) À pistola possui tambor giratório e número variado de câmaras, geralmente cinco ou seis.

b) O revólver é uma arma de fogo não portátil que não tem tambor.

c) Arma de fogo portátil é aquela que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, pode ser transportada por
Nogueira -- CPF:

uma pessoa, tal como fuzil, carabina e espingarda.


Sousa Nogueira

d) A munição ou cartucho é o artefato constituído pelo estojo, espoleta e pólvora, apenas.

e) A orla de escoriação é representada pela orla de detritos e impurezas que ficam retidas na pele quando o
Flávio Sousa

projétil passa por elas.


Flávio

9) É formada pelos resíduos maiores (sólidos) de pólvora incombusta ou parcialmente comburida e


pequenos fragmentos que se desprendem do projétil que, ao atingirem o alvo, nele se incrustam ao redor
do orifício de entrada. (Tochetto, 2011) Trata-se da:

a) zona de esfumaçamento.

b) zona de tatuagem.

c) zona de chama.

d) orla de contusão.

e) orla de enxugo.

247
FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

10) Em estudos de balística, observa-se que, num disparo de arma de fogo, ao atingir um corpo,
frequentemente,

a) o orifício de entrada é pouco maior do que o de saída.

b) o orifício de entrada é igual ao de saída.

c) o orifício de entrada mede 50% do de saída.

d) orifício de entrada é 50% maior do que o de saída.

e) o orifício de entrada é menor do que o de saída.

11) Os fuzis, armas militares utilizadas pelo crime organizado, disparam projéteis de alta energia cinética.
Em relação às características desses projéteis, é correto afirmar que:
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a) mantêm sua estabilidade a partir dos 100m;


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b) pela sua alta velocidade, mantêm-se íntegros quando retirados do cadáver;

c) por terem ponta afilada, os orifícios de entrada são sempre de pequeno diâmetro;

d) pela sua alta velocidade, não permitem realizar exame de microcomparação balística;

e) por possuírem revestimento metálico, não costumam se fragmentar.


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12) Um dos métodos mais fidedignos para a pesquisa de pólvora na mão do atirador, também chamado de
residuograma, é realizado por meio da:

a) diafanoscopia;
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b) reação de residronato;
Sousa Nogueira

c) microscopia eletrônica de varredura;


Flávio Sousa

d) pesquisa química de chumbo, bário e antimônio;


Flávio

e) microscopia ótica para detecção de grânulos de chumbo.

248
FREDERICO ALVES MELO PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO • 8

GABARITO

1) Resposta: Letra “c”;

2) Resposta: Letra “c”;

3) Resposta: Letra “e”;

4) Resposta: Letra “b”;

5) Resposta: Letra “c”;

6) Resposta: Letra “b”;

7) Resposta: Letra “c”;

8) Resposta: Letra “c”;

9) Resposta: Letra “b”;


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10) Resposta: Letra “e”;

11) Resposta: Letra “a”;

12) Resposta: Letra “c”


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Flávio
Flávio Sousa
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EXPLOSIVOS
LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR

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LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 9
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 9

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O estudo dos explosivos trata do conjunto de manifestações violentas causadas pela expansão dos
gases de uma grande explosão, que causa a onda de choque e de pressão, e assim leva ao deslocamento
bruto de ar em todas as direções.

Segundo o professor Wilson Palermo, há uma reação exotérmica acompanhada de intenso


deslocamento de ar em todas as direções. Cita ainda que, esse deslocamento do ar pode se dar de forma:
centrífuga (onda positiva), que é inicial, ou centrípeta (onda negativa), que segue a forma positiva.

2. BLAST

O blast ocorre diante de uma explosão de qualquer artefato explosivo, ou seja, é resultante da
liberação de gases comprimidos. Essa liberação de gases é chamada de onda de choque. A velocidade
dessa onda irá variar de acordo com a potência da carga explosiva.
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O blast pode ser:

• aéreo;
• aquático ou líquido;
• terrestre ou sólido.

2.1. Aéreo

Neste caso, a energia produzida propaga-se rapidamente através do ar. Para se verificar o blast, a
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onda de choque gerada deve ser superior a 340 m/s (metros por segundo).

2.2. Aquático ou líquido


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A energia produzida propaga-se rapidamente através da massa líquida. A onda de choque gerada é
Sousa Nogueira

superior a 1.500 m/s (metros por segundo).

2.3. Terrestre ou sólido


Flávio Sousa
Flávio

Ocorre quando a onda de choque gerada é superior a 5.000 metros por segundo.

2.4. Blast primário, secundário, terciário e quaternário

Em relação à proximidade do alvo ao centro da explosão, o blast pode ser primário, secundário ou
terciário:

2.4.1. Blast primário

O blast será primário quando o alvo se encontra no centro da explosão. Neste caso, o alvo poderá
ser carbonizado, espostejado, reduzidos a pedaços, conforme a força da explosão.

O blast primário atua por três tipos de força: de fragmentação, de implosão e de inércia. A
primeira lasca e rompe as estruturas da parede do espaço aéreo. A de implosão é o resultado da
reexpansão do ar que foi comprimido; e a de inércia é representada pela resistência dos diversos tecidos
dos órgãos ao deslocamento, sendo maior em órgãos mais densos.

251
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 9

Exemplo: homem bomba.

2.4.2. Blast secundário

Ocorre quando o alvo está um pouco afastado do centro da explosão. Assim, o alvo é atingido
pelos estilhaços oriundos da expansão do centro da explosão.

2.4.3. Blast terciário

Ocorre quando a onda de choque projeta a pessoa contra o chão, ou algum anteparo, podendo
causar lesões contundentes. Aqui, o alvo encontra-se mais afastado que no blast secundário.

2.4.4. Blast quaternário

A doutrina, por outros, Hygino C. Hércules refere que seriam todos os efeitos não causados
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diretamente pelos tipos anteriores, logo, tudo que não se encaixa nos blasts primário, secundário ou
terciário.

Roberto Blanco afirma que seriam as lesões ou mortes decorrentes da explosão sem terem sido
causadas diretamente por ela.

Exemplo: síndrome do pânico por ter estado envolvido naquela situação de estresse.

3. LESÕES CAUSADAS EM FUNÇÃO DE EXPLOSÕES


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Podem levar a lesões contusas ou corto-contusas. Segundo o Professor Genival V. de França e o


Professor Wilson Palermo, não existe lesão dilacerante (mesmo se oriunda de explosões), pois não há
instrumentos com os mesmos nomes, sendo, na verdade, uma variação da lesão contusa.
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3.1. Efeitos do blast


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3.1.1. Blast auditivo


Flávio Sousa

É comum que ocorra a rotura do tímpano, causando a surdez passageira.


Flávio

3.1.2. Blast nos órgãos

É possível que ocorram efeitos do blast nos órgãos, como no pulmão, podendo inclusive não existir
lesões externas.

4. GRANADA

É um artefato metálico, com a carapaça metálica de ferro fundido, que é serrilhada, estando pronta
para se fragmentar. Possui um sistema que tem um pino de segurança, e uma vez retirado o pino, o
percursor é acionado, começando a desenrolar uma mola que toca em uma espoleta, e assim, liga o
detonador, fazendo com que em alguns segundos (temporizador) ele se comunique com a carga explosiva,
causando a explosão da granada.

Com a explosão, dezenas de estilhaços sãos dispersados. Cada estilhaço desse é um projetil de
arma de fogo.

252
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 9

Os estilhaços da granada partem em todas as direções, porém em apenas um sentido, que é o


centrífugo (do centro para periferia).

A trajetória inicial dos estilhaços inicia sendo retilínea, mas com a ação da gravidade, se torna
curvilínea. Atenção, pois os projeteis que vão para baixo, vão possuir trajetória retilínea a todo tempo.

4.1. Granada defensiva e ofensiva

A granada que é utilizada para ataque, ou seja, destinada a causar lesões (seja pelos estilhaços,
pelo calor que causa queimaduras ou substâncias tóxicas), é classificada como granada defensiva.

As granadas ofensivas são destinadas a defender os arremessadores, como aquelas que produzem
fumaças para indicar a presença de alguém, ou para dissipar tumultos.
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Flávio

APLICAÇÃO EM CONCURSO

1) No dia 13/6/2021, no munícipio de Santo Antônio de Pádua – RJ, por ocasião dos festejos de seu
padroeiro, houve uma explosão acidental de um artefato explosivo composto exclusivamente por pólvora,
que havia sido acionado pela vítima numa região descampada, o que culminou no despedaçamento de
parte do seu membro superior direito, bem como em queimaduras extremas diversas, conforme descrição
no laudo da necropsia.

Nessa situação hipotética, com base nas lesões descritas pelo perito legista, a autoridade policial deverá
afirmar que se trata dos efeitos do blast de nível

Alternativas

63 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Processor Roberto Blanco.

253
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS • 9

a) quaternário.

b) primário.

c) terciário.

d) secundário.

e) quinquenário.

GABARITO

1) Resposta: Letra “b”


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FREDERICO ALVES MELO

10 AGENTES TÉRMICOS
AGENTES TÉRMICOS • 10

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FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 10

1. CONCEITOS INICIAIS

Agente térmico trata-se de energia vulnerante física não mecânica, pois não é necessário que se
tenha movimento para causar a lesão.

O calor é a fonte de transmissão de energia. Segundo o Professor Hygino de C. Hercules, calor é a


variação na quantidade de energia térmica transferida de um sistema para outro, quando as
temperaturas dos sistemas são diferentes entre si.

O calor pode ser:

• quente; ou
• frio.

Segundo o Professor Hygino de C. Hercules, energia térmica é medida em calorias, em que 1


caloria é a quantidade necessária de calor para elevar 1 grau centigrado à temperatura de 1 grama de
água sob pressão constante.
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2. ANIMAIS HOMEOTÉRMICOS E PECILOTÉRMICOS

2.1. Animais homeotérmicos

Animais homeotérmicos possuem um sistema de manutenção da temperatura interna mais ou


menos constante. Exemplo: mamíferos e aves.
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2.2. Animais pecilotérmicos

Em animais pecilotérmicos, a temperatura interna varia de acordo com o ambiente. Exemplo:


peixes, anfíbios e répteis.
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OBSERVAÇÃO
Flávio Sousa

Segundo o Professor Hygino de C. Hercules, o recém-nascido, por não ter um sistema


termorregulador maduro, seria classificado como pecilotérmico.
Flávio

3. SENSORES TÉRMICOS

Segundo o Professor Hygino de C. Hercules, sensores térmicos são estruturas nervosas capazes de
detectar a alteração da temperatura, sendo encontrados:

• na pele, predominando sensores para o frio;


• no sistema nervoso, predominando sensores para o calor; e
• na parede de grandes vasos.

4. FORMAS DE CONSERVAÇÃO E DISSIPAÇÃO DO CALOR

São as formas de conservação e dissipação de calor entre o corpo humano e o meio ambiente:

• condução;
• irradiação;

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Flávio
Flávio Sousa
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FREDERICO ALVES MELO

• convecção; e
• evaporação/transpiração.
AGENTES TÉRMICOS • 10

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FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 10

4.1. Condução

A condução se dá por meio do contato íntimo, ou seja, há contato com a fonte do calor. Através da
condução é possível ocorrer a queimadura.

4.2. Irradiação

A fonte (emissão) de calor vem de longe, não há contato com a fonte de calor. Através da
irradiação é possível ocorrer a termonose.

4.3. Convecção

Ocorre quando há várias camadas, em que as camadas mais quentes perdem calor na superfície,
em função de ondas sucessivas (que podem ser pela passagem de líquido, ar etc.) que vão diminuindo o
calor. Exemplo: xícara de café quente, ventilador etc.
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4.4. Evaporação ou transpiração

A perda de água pelo calor se dá com a passagem do estado líquido para o gasoso, sendo
responsável pela manutenção da temperatura corporal (suor refresca a pele).

5. LESÕES PELA AÇÃO TÉRMICA

As lesões fruto de ação térmica, podem ser oriundas da ação difusa do calor, ou da ação direta.
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Assim, as lesões ocorrerão por:

• termonoses; ou
• queimaduras.
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5.1. Termonoses
Sousa Nogueira

Trata-se da ação difusa do calor, ou seja, a fonte do calor, não toca na vítima (quadro sistêmico).
Flávio Sousa

Diferente da queimadura, que deve haver contato, sendo uma ação local.
Flávio

A ação difusa do calor pode ocorrer das seguintes formas:

• insolação; ou
• intermação, exaustão térmica ou prostração

5.1.1. Insolação

A insolação ocorre quando a fonte de calor é proveniente do sol.

5.1.2. Intermação, exaustão térmica ou prostração

A intermação ocorre quando a fonte de calor é proveniente de outra fonte térmica que não o sol.
Geralmente, ocorre em lugares pouco arejados. Segundo o Professor Hygino de C. Hercules, uma vez
envolvido o hipotálamo — que abriga o centro termorregulador do corpo —, será insolação (forma mais

258
FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 10

grave); caso não seja afetado o hipotálamo, sendo apenas distúrbio cardiovascular, trata-se de intermação
(independe da fonte térmica).

Afirma-se que, se a intermação for grave, incidirá numa insolação, pois, fatalmente o hipotálamo
será atingido. Assim, para o Professor, toda morte por meio da ação difusa do calor acabará em insolação.

Ainda, segundo o Professor, a forma mais eficiente de se combater os efeitos gerados pelo modo
difuso é a prevenção, mas, caso já tenha ocorrido, devem ser utilizados métodos de resfriamento externo e
de evaporação formada.

Hipotálamo
O hipotálamo, localizado na base do cérebro, contém os centros termorreguladores centrais
(manutenção da temperatura). Ele está relacionado com a insolação, além de produzir e secretar
hormônios, sendo ligado à hipófise (que coloca em circulação os hormônios produzidos pelo hipotálamo).

De acordo com a temperatura são emitidas as seguintes ordens pelo hipotálamo:


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• diâmetro vascular (frio: contraídos; calor: dilatação);


• posição dos pelos (frio: arrepiados; calor: abaixados);
• estímulo a sudorese;
• tremores (para produção de calor);
• tireoide (metabolismo);
• alteração do ritmo respiratório, e cardíaco.

A vasodilatação é a forma de compensar a perda de calor para o ambiente;


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Sincopes térmicas
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Há síndromes clínicas que se relacionam com as variações bruscas e intensas da temperatura


Sousa Nogueira

ambiental ou corporal, sem que o organismo consiga adaptar-se a tempo de evitar os sinais e sintomas
delas ou, ainda, fruto de sudorese excessiva. São sintomas: tonteira, mal-estar, dor de cabeça, visão turva,
Flávio Sousa

náusea, enjoo, desmaio etc.

Veja algumas:
Flávio

• câimbra térmica;
• sincope térmica;
• exaustão pelo calor;
• mialária;
• edema.

a. Câimbra térmica

Quando há sudorese abundante, tem-se a perda de líquido e sais minerais (sódio, potássio), e, com
a perda desses sais, afetar-se-á diretamente o perfeito funcionamento dos músculos.

A mera reposição de água não repõe os sais, de maneira que não se evita as câimbras musculares
(espasmos musculares intensos).

b. Sincope térmica

259
FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 10

Trata-se do apagamento brusco (desmaio) da pessoa, em virtude da progressão da hipertermia,


causando sudorese intensa. Com a perda de líquido e sais minerais, há a perda de consciência, náuseas,
vômitos etc.

Ocorre porque o cérebro dá o comando de desligamento para que cesse determinado tipo de
atividade.

c. Exaustão pelo calor

Trata-se de intensa prostração, vertigens, vômitos e sincopes que comprometem principalmente


pessoas idosas e crianças não adaptadas às ondas periódicas de calor.

d. Mialária

Trata-se da infiltração do suor retido nos tecidos vizinhos, sendo mais comum em crianças.
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e. Edema

Ocorre em indivíduos que ficam por muito tempo numa posição, em um clima que não está
acostumado.

5.2. Queimaduras

Nas queimaduras, a fonte térmica toca ao corpo, ou seja, ocorre uma ação local, e, diante da
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intensidade da transmissão de calor, poder-se-á ter diversos graus.

Difere-se das termonoses, que o calor não tem contato, sendo uma ação difusa.

A doutrina classifica a queimadura em graus, levando em consideração a profundidade e não a


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extensão, existindo algumas formas de classificação, sendo as principais:


Sousa Nogueira

• Lussena-Hoffman;
• Krisek.
Flávio Sousa

A classificação de Krisek é adotada pelo Professor Hygino de C. Hercules, mas a de Lussena-


Flávio

Hoffman é a mais cobrada nas provas.

5.2.1. Classificação de Lussena-Hoffman

• 1º grau: eritema
• 2º grau: flictena
• 3º grau: escarificação da derme
• 4º grau: carbonização

a. 1º grau: eritema

Trata-se da vermelhidão ocorrida na pele em razão do aumento de temperatura, dada a


vasodilatação periférica. É também chamada de Sinal de Christinson. Não se confunde com a rubefação,
que é oriundo de uma energia física mecânica.

260
FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 10

O hipotálamo dá comandos a fim de manutenção de temperatura, tais quais: aumento da sudorese


e abaixamento dos pelos.

A pele ainda está integra.


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261
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b. 2º grau: flictena

Com o aumento do calor, surgem as bolhas, pois os líquidos corporais — linfa —, ao tentar
diminuir a ação do calor, extravasam. O 2º grau pode ainda ser caracterizado quando ocorre o
arrancamento da epiderme, com exposição da derme. Nesta fase, a derme ainda não é atingida.
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64

Reação de Chambert positiva (+)


A reação de Chambert busca a verificação de proteínas no líquido presente no interior da bolha, de
maneira que a presença dessa proteína (resultado positivo) caracteriza que a lesão foi feita em vida.
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Assim, diferencia-se das bolhas presentes na putrefação (Reação de Chambert negativa).

Sinal de Janesic-Jeliac ou Janesie-Jeliac


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É uma bolha com conteúdo aéreo (não possui conteúdo líquido), indicando que foi formada em
Sousa Nogueira

pessoa viva, pois, em seu interior, há a presença de exudato leucocitário (produzido pelos glóbulos
brancos).
Flávio Sousa

Não se confunde com as bolhas da putrefação.


Flávio

c. 3º grau: escarificação da derme

A queimadura de 3º grau leva à lesão da derme, deixando os pelos crestados (queimados e


esturricados).

A cicatriz da escarificação da derme, pode evoluir em deformidade permanente, pois há retração


da pele, podendo juntar, por exemplo, dedos, braço no tronco etc.

d. 4º grau: carbonização

64 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

262
FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 10

Em regra, há a carbonização com a destruição da pele e dos planos profundos. Contudo, a


carbonização pode agir como isolante térmico e elétrico: não raro, os órgãos internos permanecem
íntegros, enquanto a parte externa está completamente carbonizada.

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Faciostomia
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Quando há carbonização, a pele sofre uma retração, em virtude da ação do calor. Essa retração
pode comprimir determinadas partes, vasos e artérias do corpo. Assim, o profissional pratica uma secção
Flávio Sousa

local para aliviar a referida tensão.


Flávio

65 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.


66 Imagem retirada do Livro de Medicina Legal do Professor Hygino de C. Hércules.

263
FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 10

5.2.2. Classificação de Krisek

Segundo a classificação de Krisek, utilizada pelo professor Hygino de C. Hercules, as queimaduras


são classificadas como:
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• superficial;
• parcial;
• total.

a. Superficial

Corresponde à queimadura de 1º grau de Lussena: eritema, ou seja, é a vermelhidão ocorrida na


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pele em razão do aumento de temperatura, em função da vasodilatação periférica.

b. Parcial
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A parcial se subdivide em:

• Parcial superficial: corresponde à queimadura de 2º grau de Lussena: flictena. Localiza-se acima


Sousa Nogueira

da camada de malpighi;
• Parcial profunda: corresponde à queimadura de 2º grau de Lussena: flictena. Localiza-se abaixo
Flávio Sousa

da camada de malpighi.
Flávio

OBSERVAÇÃO

Existem autores que tratam a queimadura parcial profunda como sendo de 3º grau.

c. Total

Quando a queimadura for total, corresponderá à queimadura de 3º grau de Lussena, ainda que haja
carbonização.

Observação: a carbonização existente na classificação de Lussena não está presente na


classificação de Krisek, pois esta classificação é utilizada para fins de transplantes.

264
FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 10

6. PÉROLAS ÓSSEAS

O professor Genival Veloso de França cita que, diante de altas temperaturas (calor muito intenso
seja pela ação do fogo seja pela corrente elétrica), o fosfato de cálcio do osso queima e calcina, formando
pequeninas bolinhas de cálcio fundido.
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67 Imagem retirada do Curso do Professor Roberto Blanco

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FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 10

7. SINAIS DECORRENTES DA AÇÃO DO CALOR

Os sinais mais comuns, para fins de concurso, são:

• Sinal de Montalti;
• Sinal de Dervegie, Boxeur, esgrimista ou saltimbanco.

7.1. Sinal de Montalti

Nas mortes ocorridas em razão de fogo, normalmente, a morte ocorre por asfixia. Em razão disso,
há inspiração de fuligem, que ficará agarrada na mucosa da árvore respiratória.

OBSERVAÇÃO

A presença do Sinal de Montalti é indicativo de que a pessoa estava viva na hora do incêndio.
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Outro indicativo de que o cadáver estava vivo na hora do incêndio é a presença de carboxihemoglobina
(indica intoxicação por monóxido de carbono) no teor acima de 50%.
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68

68 Imagens retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

266
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OBSERVAÇÕES

Nos indivíduos completamente carbonizados, é possível buscar o DNA nos órgãos internos, tecidos,
ossos, polpa dentária etc. Também são importantes para a identificação: próteses, cirurgias anteriores,
grupo sanguíneo etc.

Os dentes suportam o calor de até mil graus Celsius.

7.2. Sinal de Dervegie, Boxeur, Esgrimista ou Saltimbanco

Em razão do aumento da temperatura, ocorre desidratação e a musculatura do cadáver sofre


contração post-mortem, assim, os membros superiores e inferiores, sofrem acentuada flexão e podem
causar fraturas diversas.
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A presença do sinal de Dervegie é indicativo de uma lesão post-mortem.


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69 Imagens retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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Cor dos ossos e altas temperaturas

a. Até 400º Celsius

Os ossos, quando submetidos a uma temperatura de até 400º Celsius, apresentam cor pardacenta
e escurecida pela cor do sangue.

b. Acima de 400º C

Acima de 400º Celsius, os ossos apresentam cor esbranquiçada e ficam quebradiços.

8. FOTODERMATOFITOSES

Trata-se de uma reação química exotérmica causada pela luz solar, que leva a queimaduras no
corpo, devido a exposição.
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9. REGRA DOS NOVE DE WALLACE


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Quando uma pessoa da entrada no hospital com queimaduras, devem ser analisadas as áreas
Sousa Nogueira

atingidas (extensão). De acordo com a Regra dos Nove, estabelece-se o percentual de queimadura, e, a
depender do grau, estabelece-se o tratamento a ser aplicado.
Flávio Sousa

A Regra dos Nove do Wallace pode ser encontrada com o nome de Regra de Pulaski e Tennison,
Flávio

que foram os inventores da técnica. No entanto, foi Wallace que a publicizou.

Percentual de cada parte do corpo:

• Cabeça: representa 9% do corpo.


• Tórax e abdômen: representam 18% do corpo;
• Membros superiores frente: representam 9% do corpo.
• Membros inferiores frente: representam 18% do corpo.
• Membros superiores dorso: representam 9% do corpo.
• Membros inferiores dorso: representam 18% do corpo.
• Dorso: representa 18% do corpo.
• Genitais: representam 1% do corpo.

70 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 10

OBSERVAÇÃO

Nas crianças, a percentagem é superior do que a do adulto, assim, alguns doutrinadores dizem
ser Regra dos 11.
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10. CAUSAS DE MORTE NOS INCÊNDIOS


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As principais causas de morte no incêndio são:

• asfixia;
• intoxicação;
Nogueira -- CPF:

• envenenamento; e
• queimaduras.
Sousa Nogueira

No incêndio, pode haver a combustão de muitos compostos que geram resíduos altamente tóxicos
Flávio Sousa

para o corpo, tais como:


Flávio

• Gás cianídrico (HCN);


• Monóxido de carbono (CO);
• Oxido sulfuroso (HSO2).

Por vezes, o que mata é a ação desses gases tóxicos, e não o fogo, por causar asfixia.

Carboxi-hemoglobina
É derivada do monóxido de carbono e, em função da inalação da fumaça tóxica, pode levar à morte
por asfixia, deixando uma tonalidade carminada (cereja) nas vísceras.

É indicativo que a morte foi causada pela carboxi-hemoglobina se houver a presença acima de 50%
do sangue circulante.

Inibição de enzimas mitocondriais

269
FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 10

É causada pela presença de cianeto, que é produzido pela queima de acrílico. O cianeto atua nas
células bloqueando a enzima citocromo-oxidase.

11. OUTROS FATORES QUE LEVAM À MORTE

• desidratação intensa e perda de sais minerais;


• disseminação de infecções nas áreas queimadas;
• lesões de inalação;
• hemorragia digestiva com anemia aguda e choque hipovolêmico;
• insuficiência renal;
• pulmão de choque (resultado de intenso edema local e congestão que atinge os pulmões).

Desidratação
A desidratação pode levar a intermação, pois o hipotálamo está funcionando corretamente diante
do calor, determinando o aumento dos canais sanguíneos para melhor circulação, mas diante da falta de
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líquido, o sistema cardiovascular atua defeituosamente causando um distúrbio térmico.

Lesões de inalação
Se o indivíduo sobrevive, mas inala a fumaça tóxica, pode ter complicações respiratórias, podendo
causar infecções graves, em razão da formação de ácidos cáusticos na mucosa respiratória, que levam a
uma reação exotérmica que geram queimaduras nas vias aéreas. Podem causar pneumonia, e até mesmo
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levar a morte.

Úlcera de Curling
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São micro ulcerações gastroduodenais causadas pelo estresse pós-queimadura, que levam à
Sousa Nogueira

hemorragia digestiva, a qual pode levar à anemia aguda e ao choque hipovolêmico.

• A Úlcera de Curling só ocorre diante de calor quente.


Flávio Sousa

• Se o estresse for em virtude do calor frio, é chamada de Úlcera de Wischnewski.


Flávio

Hemorragia epidural

270
FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 10

Trata-se de da ação do fogo na região do crânio, em que, a dura-máter (meninge do cérebro), tem
os vasos rompidos, levando à fervura do cérebro, que expulsa o sangue por este caminho.

12. DIAGNÓSTICO DO AGENTE VULNERANTE FOGO

• Causa lesões em todos os graus;


• É mais geral que local;
• É comum a carbonização;
• Os pelos normalmente crestam;

É comum ter áreas íntegras em meio a outras queimadas, o que pode levar ao aspecto de mapa
geográfico.

13. QUEIMADURA POR LÍQUIDO FERVENTE


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É mais geral que local;


• Apresenta gravidade decrescente à medida que o líquido escorre;
• Não carboniza;
• Não cresta os pelos;
• Só vai até o terceiro grau (não carboniza);
• Comum em condutas culposas.

14. QUEIMADURA POR SÓLIDO INCANDESCENTE


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• Queima em todos os graus (inclusive carbonização);


• Ação local;
• Cresta os pelos;
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• Reproduzem a forma do sólido, ou seja, geralmente são lesões com assinaturas


(patognomônicas).
Sousa Nogueira
Flávio Sousa
Flávio

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15. QUEIMADURA POR VAPORES SUPERAQUECIDOS

• Não carboniza;

71 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 10

• Não cresta os pelos;


• Mais geral que local;
• Mais acidental que criminosa.
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16. LESÕES E MORTES CAUSADAS PELO FRIO

As lesões podem ocorrer de forma difusa ou direta.

16.1. Hipotermia

Quando se fala em calor frio, em sua forma difusa, fala-se em hipotermia, pois há o impedimento
de produção de calor. Segundo o Professor Hygino de C. Hercules, fala-se em hipotermia quando a
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temperatura corporal se encontra abaixo de 35º Celsius. Diz, ainda, que, na temperatura compreendida
entre 28ºC e 32ºC, o coração pode sofrer fibrilação ventricular.

Segundo o doutrinador a medição da temperatura deve ser feita preferencialmente, nesta ordem:
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esôfago e ânus.
Sousa Nogueira

16.1.1. Classificação da hipotermia


Flávio Sousa

• Leve: 35ºC a 32ºC


• Moderada: 32ºC a 28ºC
Flávio

• Grave: Abaixo de 28ºC

A hipotermia pode ser:

• Acidental: não há uma conduta dolosa.


• Provocada, induzida ou terapêutica: ocorre normalmente em procedimento médicos.
• Decorrente de doença: como o hipotireoidismo.

No frio, em função das ordens do hipotálamo (centro termorregulador) o indivíduo fica:

• Pelos arrepiados (eriçamento): permite a formação de camada de ar, que é um isolante


térmico;
• Vasos periféricos contraídos (vasoconstricção): evita com que o sangue perca calor, devido ao
menor fluxo. Gera isquemia nas extremidades (necrose em função de não ter o devido fluxo
sanguíneo. Assim, as células na região morrem);
• Não ocorre sudorese;

272
FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 10

• Tremores para produção de calor interno: devido à excitação do sistema adrenérgico (Sistema
que libera mediadores químicos que produzem energia. Ex. Adrenalina);

Com a redução intensa da temperatura corporal, esgota-se a fase excitatória e inicia-se a fase de
decompensação (momento em que, com o abaixamento da temperatura, aumenta-se a afinidade entre a
hemoglobina e o oxigênio — oxihemoglobina), dificultando a liberação do oxigênio para os tecidos,
ficando prejudicada a respiração celular, podendo levar à acidez celular, e, consequentemente, à morte.

OBSERVAÇÕES

A roupa é um meio de armazenar camada de ar entre a pele e a roupa, aumentando a proteção ao


frio.

Nas grandes alturas (montanhas), há hipotermia e hipoxia.

Nas grandes alturas a percentagem dos gases se mantém a mesma, em que pese as quantidades
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serem inferiores:

• Oxigênio: 21%
• Nitrogênio: 78%
• Outros gases: 1%

Nas grandes profundidas pode ocorrer hipotermia e barotraumas.

16.1.2. Úlcera de Wischnewski


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É semelhante à úlcera de Curling. Se o estresse for em virtude do calor frio, é chamada Úlcera de
Wischnewski, ou seja, leva a infiltração hemorrágica na mucosa gástrica.
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16.1.3. Rigidez precoce


Sousa Nogueira

A morte em razão do frio, pode levar à rigidez cadavérica precoce e intensa.

16.1.4. Efeito after drop


Flávio Sousa
Flávio

Ocorre quando o indivíduo se encontra em situação de hipotermia e é submetido a aquecimento.


Com o aquecimento, há uma vasodilatação periférica dos vasos que estão constritos. Assim, com a
dilatação, o sangue frio, que se encontra na periferia, é levado para o interior do corpo, agravando a
situação interna (levando à queda de temperatura ainda maior).

16.2. Geladuras

É a forma de lesão provocada pelo frio, na forma direta, que pode ocorrer por gelo seco ou objetos
em baixas temperaturas.

17. QUEIMADURAS PELO FRIO

Segundo a doutrina, quando a queimadura é produzida pelo frio, ela poderá ser de até 3º grau:

• 1º grau: Eritema
• 2º grau: Flictena

273
FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 10

• 3º grau: Necrose ou Gangrena (não cresta os pelos).

O professor Hygino de C. Hercules considera que a queimadura causada pelo frio pode ter 4 graus:

• 1º grau: Equivalente ao Eritema.


• 2º grau: Seria a presença de Flictenas com aspecto mais maleável (depressível), sem conteúdo
de sangue.
• 3º grau: É a presença de Flictenas mais endurecidas com conteúdo sanguinolento.
• 4º grau: Quando se chega à necrose.

O professor Hygino de C. Hercules ainda faz a seguinte classificação:

• Superficiais: 1º e 2º Grau;
• Profundas: 3º e 4º Grau
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Dedos necrosados: “Pé de trincheira”


Flávio Sousa
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274
FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 10

APLICAÇÃO EM CONCURSO

1) A classificação das queimaduras, que considera a profundidade das lesões, é definida em graus, do
primeiro ao quarto. Uma queimadura que apresenta vesículas ou flictenas, contendo líquido seroso,
remete-se:

a) primeiro grau.

b) segundo grau.

c) terceiro grau.

d) quarto grau.

2) Em caso de incêndio em edificações, o agente causador que sempre explica a morte de pessoas é o
físico, o calor, provocando, nos cadáveres, sempre, queimaduras graves - de segundo e terceiro grau.
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( ) Certo

( ) Errado

3) Um cadáver, encontrado em uma pequena cabana de uma praia pouco movimentada, ao ser analisado
pelo legista, apresentava os seguintes sinais: rigidez cadavérica precoce e bem acentuada; manchas
hipostáticas de cor lívida, distribuindo-se pelo tórax, costas e braços; e espuma abundante na boca. A
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temperatura do corpo era de 25 ºC. Ele constatou, ainda, que o encéfalo apresentava hiperemia e
congestão das meninges; coração com consistência muito aumentada; pulmões com equimoses
subpleurais e edema interno; notou, em outras vísceras, a presença de hipertermia interna e de grande
quantidade de sangue no sistema venoso. O perito criminal, ao examinar o local, verificou condições do
Nogueira -- CPF:

tempo e certificou-se de não ter havido testemunhas. Deteve-se, então, na busca da causa das lesões
Sousa Nogueira

observadas.Nessa situação hipotética, não tendo encontrado causa diversa de morte, o perito
diagnosticará que as lesões estão mais relacionadas a óbito decorrente de
Flávio Sousa

a) eletroplessão.
Flávio

b) insolação.

c) intermação.

d) inanição.

e) fulguração.

4) Com relação às queimaduras, lesões resultantes da atuação direta do calor que podem ser simples ou
complexas, assinale a opção correta.

a) Cadáveres com queimaduras de terceiro grau podem apresentar grande redução de peso e de volume.

b) Nas queimaduras de segundo grau, ocorre carbonização superficial ou profunda de todos os tecidos.

c) Bordas regulares, ausência de pontes de tecido no fundo da lesão e hemorragia abundante são
características de queimaduras.

275
FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 10

d) Nas queimaduras de primeiro grau, somente a pele é atingida e, no cadáver, a coagulação fixa o eritema
após a morte.

e) Há comprometimento e necrose de todo o tecido dermoepidérmico e da tela celular subcutânea nas


queimaduras de quarto grau.

5) A lesão característica decorrente de fulminação ou fulguração denomina-se

a) sinal de Etienne Martin.

b) sinal de Lichtemberg.

c) mancha de Tardieu.

d) manchas de Paltauf.
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e) marca de Jellineck.
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6) Acerca de traumatologia forense, julgue os itens a seguir.

i Fulminação corresponde à morte instantânea decorrente de descargas elétricas ou raios.

ii Fulguração refere-se às lesões causadas pela eletricidade natural.

iii Eletroplessão é a denominação que se dá às lesões causadas pela energia elétrica artificial ou industrial.
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iv O tipo de corrente, o tempo de contato com a fonte elétrica, o isolamento, a densidade da corrente
elétrica, o trajeto da corrente e a presença de cardiopatias podem interferir no resultado dos acidentes
elétricos.
Nogueira -- CPF:

Assinale a opção correta.


Sousa Nogueira

a) Apenas os itens I, II e III estão certos.


Flávio Sousa

b) Apenas os itens I, II e IV estão certos.

c) Apenas os itens I, III e IV estão certos.


Flávio

d) Apenas os itens II, III e IV estão certos.

e) Todos os itens estão certos.

7) Nas mortes por calor (queimaduras), o sinal de Montalti corresponde à(às)

a) coleção hemática no espaço extradural.

b) flictenas simulando bolhas da putrefação.

c) posição de boxer ou boxeador da vítima de carbonização.

d) presença de fuligem nas vias aéreas.

276
FREDERICO ALVES MELO AGENTES TÉRMICOS • 10

8) A ação do calor difuso pode levar a diversas alterações, sendo a mais grave:

a) lipotimia;

b) intermação;

c) síncope térmica;

d) insolação;

e) queimadura.

GABARITO

1) Resposta: Letra “b”


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2) Resposta: Errado

3) Resposta: Letra “c”

4) Resposta: Letra “d”

5) Resposta: Letra “b”

6) Resposta: Letra “d”


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7) Resposta: Letra “d”

8) Resposta: Letra “d”


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277
Flávio
Flávio Sousa
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11
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AGENTES ELÉTRICOS
AGENTES ELÉTRICOS• 11

278
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1. ENERGIA ELÉTRICA

É uma energia vulnerante não mecânica, em que uma determinada forma de energia (água, ar,
calor etc.) será transformada em energia elétrica.

O átomo é formado por nêutrons, prótons (carga positiva) e elétrons (carga negativa). Quando há
desequilíbrio nas cargas elétricas, tem-se o íon, que pode ser positivo, quando possui mais prótons que
elétrons (cátion) ou negativo, quando possui mais elétrons que prótons (ânions).

Geradores de energia, por meio do atrito entre superfícies, conseguem separar os elétrons
negativos dos positivos (prótons). Assim, através de um fio condutor, essas cargas negativas fazem com
que haja vibração e escoamento dos elétrons, gerando a corrente elétrica.

1.1. Condutores e isolantes

Existem materiais que são condutores: facilitam a passagem da corrente elétrica, pois os elétrons
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escoam com facilidade — Ex.: Tecido do corpo; e materiais que são isolantes: dificultam a passagem da
corrente elétrica — elétrons não escoam com facilidade.

1.2. Aterramento

A corrente elétrica só entra se ela tiver por onde sair. Para sair, deve-se escoar os elétrons para a
terra, pois todos os corpos são atraídos para o centro da terra. Assim, se ela não tiver como sair (Ex.: em
pés isolados), ela não chega a entrar.
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1.3. Corrente elétrica

A corrente elétrica sempre tende a passar pelo meio “mais fácil”. Dessa forma, onde há resistência
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(OHM), a corrente elétrica buscará o local em que esta seja a menor possível.
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Em condições iguais, a corrente elétrica tende a passar pelo caminho mais curto.

1.4. Metalização ou eletroforese


Flávio Sousa
Flávio

Toda corrente elétrica, ao passar em um local, gera um campo magnético. Assim, os metais
eventualmente atingidos por esse campo magnético ficam imantados (imã) e passam a gerar um campo
magnético. No entanto, se esses metais resultam em fusão com o corpo (metais impregnam na pele),
ocorre a chamada metalização ou eletroforese.

1.5. Efeito Joule

A transformação da energia elétrica em calor é chamada de Efeito Joule, podendo causar


queimaduras em todos os graus.

1.6. Eletroperfuração ou eletropermeabilização

A corrente elétrica altera o diâmetro dos poros da membrana das células, assim, permite que
substâncias importantes, que não deveriam sair, saiam, e que substâncias, que não deviam entrar,
entrem, causando, dessa forma, desiquilíbrio entre sódio (deve ficar fora da célula) e potássio (deve ficar
dentro da célula), podendo acarretar a morte das células.

279
FREDERICO ALVES MELO AGENTES ELÉTRICOS• 11

1.7. Período refratário da célula

Quando a célula é excitada com a entrada da corrente elétrica, e a sofre uma despolarização, não
respondendo a excitação. O período da despolarização até o restabelecimento da normalidade é chamado
de período refratário da célula.

2. FONTES DA ENERGIA ELÉTRICA

A energia elétrica pode surgir de fonte:

• natural; ou
• industrial.

2.1. Natural

A energia elétrica se dá através de raios.


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As lesões causadas no corpo humano, quando oriundas de energia natural, são chamadas de
eletrofulguração.

2.1.1. Fulguração

Denomina-se fulguração quando a fonte de energia elétrica for natural, cósmica ou meteórica
(raios).
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A literatura médico-legal diz que, diante de carga de energia elétrica natural, se a vítima:

• sobreviver. tem-se a fulguração;


• morrer, tem-se a chamada de fulminação.
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OBSERVAÇÃO
Flávio Sousa

Segundo o professor Hygino de C. Hercules, será fulguração independente de levar a óbito ou não.
Flávio

a. Sinal de Lichtenberg

Quando a energia elétrica de ordem natural penetra no corpo, produz um sinal, o Sinal de
Lichtenberg, que possui forma de galho, arborifome, rabo de andorinha ou samambaia, que é verificado
na pele (reproduz o trauma vascular subjacente — vasculite), mas a lesão se dá nos vasos sanguíneos.

ATENÇÃO!

O Sinal de Lichitemberg é visível na pele; mas a lesão se dá nos vasos sanguíneos (vasculite).

Características do Sinal de Lichitemberg:

280
FREDERICO ALVES MELO AGENTES ELÉTRICOS• 11

• É um sinal temporário e fugaz;


• A gravidade costuma ser maior que o recebimento da corrente elétrica artificial;
• Por vezes, a morte por corrente elétrica pode ocorrer alguns dias depois do recebimento da
descarga, pois pode ter atingido algum vaso importante, e ele vir a sofrer uma hemorragia nos
dias seguintes.
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281
FREDERICO ALVES MELO AGENTES ELÉTRICOS• 11

Flash over
Trata-se do recebimento pelo corpo de uma corrente elétrica total vinda do raio, em que a
passagem desta corrente pelo corpo não atinge os planos profundos.
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72
Flávio Sousa

2.2. Industrial
Flávio

A energia elétrica se dá através de energia industrial.

As lesões causadas no corpo humano, oriundas de energia industrial, são chamadas de


eletroplessão.

2.2.1. Eletroplessão

Chama-se eletroplessão, quando a fonte de energia elétrica for industrial ou artificial.

a. Sinal de Jellinek

72 Imagens retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

282
FREDERICO ALVES MELO AGENTES ELÉTRICOS• 11

Trata-se do sinal de entrada da corrente elétrica artificial, na pele, sendo uma lesão de entrada
dura, seca, elevada, indolor e de profundidade variável. Pode, ainda, ser patognomônica, pois é possível
reproduzir a forma do condutor elétrico.
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283
FREDERICO ALVES MELO AGENTES ELÉTRICOS• 11

ATENÇÃO!

Diferente da energia natural, na industrial a lesão ocorre na pele.

• Lesão de entrada: fazendo um exame histopatológico, as células do local apresentam-se como


uma colmeia, sendo alongadas e dispostas lado a lado (paliçadas, com núcleo e citoplasma
alongados). Não há flictenas, sendo a lesão seca e dura.
• Lesão de saída: segundo o Professor Hygino de C. Hercules, a lesão de saída pode ser mole ou
dura a depender do tipo de corrente:
o Contínua ou galvânica: A lesão de saída provocada pela corrente contínua (os elétrons
movem-se em um único sentido no condutor) será alcalina e úmida (mole);
o Em ciclos, alternada ou farádica: A lesão de saída provocada pela corrente alternada (os
elétrons variam sua direção constantemente no condutor) será dura, como a de entrada,
em razão de fluxo de elétrons que oscila.
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OBSERVAÇÕES

A marca de Jellinek é eventual, ou seja, pode aparecer ou não.

A energia elétrica industrial que causa a morte é chamada de eletrocussão.

Segundo o Professor Hygino de C. Hercules, com o passar do tempo, surge uma reação inflamatória
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nas áreas subjacentes à marca elétrica.

São as características do Sinal de Jellinek:


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• A lesão ocorre na pele;


Sousa Nogueira

• Possui entrada dura, seca, elevada, indolor e de profundidade variável;


• As células atingidas ficam paliçadas.
Flávio Sousa

• A lesão de saída pode ser mole ou dura.


Flávio

284
FREDERICO ALVES MELO AGENTES ELÉTRICOS• 11

73

b. Lesões eletromecânicas de Jellinek

Ocorre em caso de acidente com descarga elétrica que, em primeiro momento, não levou à morte.
A vítima sofre lesão oriunda de ação contundente por se chocar com o solo na queda e sofre traumatismo
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cranioencefálico, o que pode levar ao óbito.

c. Arco voltaico

Este fenômeno é tão forte que consegue romper a isolação feita pelo ar, conduzindo elétrons de
um eletrodo ao outro através de um fluxo de corrente de ar.

A corrente elétrica pode estar acumulada, em geradores de alta tensão, e pode permitir a corrente
a saltar no ar, atingindo uma fonte condutora próxima, como o corpo humano.
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VOLTAGEM
Voltagem é a resistência multiplicada pela intensidade (V= R.I).

Volt que é força geradora da corrente, é o resultado da resistência (OHM) vezes amperagem, que é
a corrente passando propriamente.

73 Imagens do Livro de Medicina Legal do Professor Hygino de C. Hércules

285
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AGENTES ELÉTRICOS• 11

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FREDERICO ALVES MELO AGENTES ELÉTRICOS• 11

OBSERVAÇÕES
O que leva a óbito não é a voltagem, e sim a amperagem.

O estado da pele reflete na resistência, assim, quanto maior a resistência da pele (seca, áspera,
espessa etc.), menor será a amperagem, e quanto menor a resistência (úmida, lisa, suada etc.), maior será a
amperagem.

O local que houver maior resistência será o que terá maior temperatura.

d. Associação em paralelo e em série

• Associação em paralelo

Na associação em paralelo, o principal cabo transmissor da corrente elétrica mostra variadas


subdivisões (há uma bifurcação da corrente elétrica, que só receberá parte desta corrente).
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Há uma variação da intensidade da corrente elétrica em cada setor de uma associação em paralelo.
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74
Sousa Nogueira
Flávio Sousa

A corrente procura sempre o melhor caminho, assim, a depender da resistência do indivíduo, a


tendência é que ele receba a maior parte da corrente.
Flávio

• Associação em série

Na associação em série, há o recebimento total da corrente elétrica, pois a energia elétrica segue
um caminho único, sem desvio.

A mesma intensidade de amperagem (corrente) aparece em todos os segmentos que estão ligados
em série.

74 Imagem do Livro de Medicina Legal do Professor Hygino de C. Hércules

287
FREDERICO ALVES MELO AGENTES ELÉTRICOS• 11

75

3. ÓRGÃOS COM MAIOR PERIGO DE LESÃO

São órgãos em que a passagem da corrente elétrica pode levar a óbito instantaneamente:


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encefálo
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• cérebro
• tronco cerebral ou encefálico
• coração
• musculatura respiratória

3.1. Encefálo

O encéfalo é formado por:


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• Cérebro
• Cerebelo
• Ponte
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• Bulbo
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3.2. Cérebro
Flávio Sousa

O cérebro é a maior parte do encéfalo.


Flávio

3.3. Tronco cerebral ou encefálico

Local que se encontra o nervo vago, responsável pela função respiratória.

3.4. Coração

É o responsável por determinar o ritmo circulatório.

3.5. Musculatura respiratória

4. CADEIRA ELÉTRICA

75 Imagem do Livro de Medicina Legal do Professor Hygino de C. Hércules

288
FREDERICO ALVES MELO AGENTES ELÉTRICOS• 11

Na cadeira elétrica, é feito com que a corrente entre pela cabeça e saia pela perna esquerda. Isso
ocorre porque a intenção é que atinjam os órgãos principais, encéfalo e coração, levando à morte.

76
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5. CAUSAS DA MORTE X CORRENTE ELÉTRICA

A causa da morte pode variar de acordo com o grau da amperagem (não da voltagem), que pode
ser alta, média ou baixa.

5.1. Alta amperagem

É considerado alta amperagem quando a voltagem for acima de 1200 Volts.


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5.2. Média amperagem

É considerado média amperagem quando a voltagem for entre a baixa amperagem e até 1200
Volts.
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A corrente de alta e média amperagem levam à morte pela mesma causa, a depender do órgão
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atingido, veja:
Flávio Sousa

5.2.1. Coração
Flávio

Neste caso, se a morte ocorrer, será por parada cardíaca periférica (assistolia).

5.2.2. Tronco encefálo

Pode causar parada cardiorrespiratória central, por atingir o bulbo (nervo vago). Causando
também hipertemia.

5.2.3. Tronco/gradil costal

Há a paralisação (tetanização) dos músculos por minutos (musculatura voluntária), levando à


parada respiratória periférica, com espasmos que levam a asfixia.

76
Imagens do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

289
FREDERICO ALVES MELO AGENTES ELÉTRICOS• 11

5.3. Baixa amperagem

É considerado baixa amperagem quando a voltagem for até 220 Volts.

Só leva à morte se passar pelo coração ou pelo tronco encefálico.

5.3.1. Coração

Neste caso, se a morte ocorrer, será pela fibrilação ventricular (alteração do ritmo de batimentos
cardíacos, levando o batimento a 50 a 60 vezes por segundo — quase imperceptível, alterando o
organismo, não conseguindo bombear o sangue).

Leva ao estado de choque cardiogênico, ou seja, a pressão atinge níveis mínimos, pois o coração
não consegue bombear, não havendo pulsação arterial periférica ou central.

Desfibrilador
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É o aparelho que faz com que o coração reinicie, e possa retomar os batimentos normais.
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5.3.2. Tronco encefálico


Flávio Sousa

A passagem pelo tronco encefálico pode causar parada cardiorrespiratória de origem central, se
vier a passar pelo bulbo (nervo vago).
Flávio

6. SINAL DE PIACENTINO

É uma equimose puntiforme (petéquias) que ocorre no encéfalo, pescoço ou tórax, em virtude da
passagem de corrente elétrica.

Está associado à marca de Jellinek e permite o diagnóstico de certeza de morte por efeito da
eletricidade artificial (eletrocutado azul).

290
FREDERICO ALVES MELO AGENTES ELÉTRICOS• 11

APLICAÇÃO EM CONCURSO

1) O termo eletroplessão é utilizado para se referir a lesões produzidas por eletricidade industrial,
enquanto o termo fulguração é empregado para se referir a lesões produzidas por eletricidade natural.

( ) Certo

( ) Errado

2) Com relação às lesões provocadas por ação elétrica, analise as afirmativas a seguir.

I. Nos acidentes com correntes elétricas de baixa voltagem, a morte é geralmente provocada por fibrilação
ventricular.

II. A morte por parada respiratória central é causada pela contração involuntária da musculatura
respiratória, durante a passagem da corrente elétrica pelo tronco da vítima.
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III. A marca elétrica de Jellineck é uma lesão vascular, de aspecto arborescente, tipicamente observada nos
acidentes de fulguração.

Assinale:

a) se somente a afirmativa I estiver correta.

b) se somente a afirmativa II estiver correta.


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c) se somente a afirmativa III estiver correta.

d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.

e) se todas as afirmativas estiverem corretas.


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3) Um adolescente conversava com seu amigo em uma quadra de esportes pública, quando, ao encostar-se
nas cercas da quadra, que estavam em péssimo estado de manutenção, recebeu uma descarga elétrica,
Flávio Sousa

que lhe resultou em lesão corporal. Apesar de ter sido socorrido, ele veio a óbito no caminho do hospital.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta, acerca de lesão ocasionada por energia
Flávio

elétrica artificial.

a) Nesse caso, ocorreu fulminação.

b) Nesse caso, ocorreu fulguração.

c) Úlceras de Röentgen aparecem em lesões causadas por eletricidade industrial.

d) Nesse caso, ocorreu eletroplessão.

e) A marca elétrica de Jellineck caracteriza a lesão de saída da corrente elétrica no organismo.

4) A perturbação causada no corpo de vítimas que sofreram descargas elétricas cósmicas ou raios, sem
ocorrência de êxito letal, é denominada

a) fulguração.

291
FREDERICO ALVES MELO AGENTES ELÉTRICOS• 11

b) inanição.

c) eletroplessão.

d) insolação.

e) intermação.

5) Acerca de traumatologia forense, julgue os itens a seguir.

I Fulminação corresponde à morte instantânea decorrente de descargas elétricas ou raios.

II Fulguração refere-se às lesões causadas pela eletricidade natural.

III Eletroplessão é a denominação que se dá às lesões causadas pela energia elétrica artificial ou industrial.

IV O tipo de corrente, o tempo de contato com a fonte elétrica, o isolamento, a densidade da corrente
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elétrica, o trajeto da corrente e a presença de cardiopatias podem interferir no resultado dos acidentes
elétricos.

Assinale a opção correta.

a) Apenas os itens I, II e III estão certos.

b) Apenas os itens I, II e IV estão certos.

c) Apenas os itens I, III e IV estão certos.


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d) Apenas os itens II, III e IV estão certos.

e) Todos os itens estão certos.


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6) As figuras de Lichtenberg são achados característicos, tanto no vivo quanto no cadáver, da ação da
energia:
Flávio Sousa

a) radioativa industrial;
Flávio

b) elétrica natural;

c) mecânica industrial;

d) luminosa natural;

e) térmica industrial.

7) Uma pessoa sofreu um acidente doméstico, ficando interposta num circuito de 220v por ter tocado o
chuveiro com uma das mãos, enquanto tomava banho. Ela soltou um grito e caiu. Quando chegou o
socorro, três minutos após o fato, já estava em parada cardiorrespiratória irreversível. O mecanismo letal,
no caso, foi:

a) hemorragia interna;

b) hiperaquecimento do sistema nervoso central;

292
FREDERICO ALVES MELO AGENTES ELÉTRICOS• 11

c) parada respiratória periférica;

d) parada respiratória central;

e) fibrilação ventricular.

8) A eletricidade é o conjunto de fenômenos que ocorre graças ao desequilíbrio ou à movimentação das


cargas elétricas, uma propriedade inerente aos prótons e elétrons, assim como também dos corpos
eletricamente carregados. Lesões podem ser ocasionadas tanto como efeito da eletricidade natural, quanto
da eletricidade artificial. Com relação às lesões por eletricidade, analise as afirmativas a seguir:

I. A fulguração é a síndrome desencadeada pela eletricidade artificial. Entre as lesões produzidas pela
corrente, observavam-se lesões localizadas, cutâneas, ou internas, além dos efeitos gerais sobre o
organismo.

II. A eletroplessão é a lesão localizada, não letal, produzida pela eletricidade cósmica ou querauranográfica,
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sendo a mais conhecida como Sinal de Lichtenberg.

III. A lesão sistêmica, letal, produzida pela eletricidade cósmica ou querauranográfica é denominada
fulminação.

Assinale

a) se somente a afirmativa III estiver correta.


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b) se nenhuma afirmativa estiver correta.

c) se somente a afirmativa I estiver correta.

d) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.


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e) se somente a afirmativa II estiver correta.


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293
FREDERICO ALVES MELO AGENTES ELÉTRICOS• 11

GABARITO

1) Resposta: Certo

2) Resposta: Letra “a”

3) Resposta: Letra “d”

4) Resposta: Letra “a”

5) Resposta: Letra “d”

6) Resposta: Letra “b”

7) Resposta: Letra “e”

8) Resposta: Letra “a”


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12
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AGENTES CÁUSTICOS

295
AGENTES CÁUSTICOS• 12
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1. CONCEITO

Cáusticos ou corrosivos são substâncias que modificam os tecidos com que são postos em contato
de modo a provocar necrose química, que pode ser coagulativa e seca ou úmida e liquefacientes. Os
cáusticos possuem ação local.

Entre as substâncias coagulantes incluem-se os ácidos fortes como o clorídrico (ácido muriático —
lesão negra); o sulfúrico (óleo de vitríolo — lesão pardo escura) e o nítrico (água régia — lesão amarelada).

Os cáusticos liquefacientes são as bases (básicos) fortes, como, por exemplo, a soda cáustica, a
potassa e a amônia.

Assim temos que o agente cáustico pode ser dividido em:

• ácido ou não alcalino


• básico ou alcalino
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1.1. PH ácido e básico

Qualquer substância com um valor de:

• pH entre 0 até 7 é considerada ácido;


• pH de 7 a 14 é uma base;
• O valor 7 é o neutro, que corresponde à água.

Tais agentes, ao entrar em contato com a pele, queimam, em razão das reações exotérmicas que
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ocorrem imediatamente.

Quando em baixa concentração, uma substância corrosiva é geralmente irritante, causando danos
reversíveis na pele e nos tecidos.
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2. AGENTES ÁCIDOS
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Os agentes ácidos são ávidos por água e, por isso, causam rápida desidratação local e inativação
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das enzimas, em razão da modificação intensa do pH. Eles causam lesões secas, duras e de contorno
preciso.
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São os principais ácidos:

• Ácido sulfúrico – H2SO4


• Ácido nítrico – HNO3
• Ácido clorídrico – HCL

2.1. Ácido sulfúrico — H2SO4

O ácido sulfúrico, que é um agente corrosivo, é conhecido como óleo de vitríolo. Ao entrar em
contato com a pele, causa uma reação de exotérmica, libera calor, e leva à coagulação das proteínas,
podendo causar lesões que atinjam, inclusive, o plano muscular. A lesão causada pelo ácido sulfúrico possui
escaras anegradas e secas.

a. Vitriolagem

296
FREDERICO ALVES MELO AGENTES CÁUSTICOS• 12

Pode dar origem ao crime de vitriolagem (no caso de dolo), que se encaixaria na deformidade
permanente, no caso de lesão corporal (art. 129, § 2º, IV do CP — pena: 2 a 8 anos de Reclusão).
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297
FREDERICO ALVES MELO AGENTES CÁUSTICOS• 12

2.2. Ácido nítrico — HNO3

O ácido nítrico é conhecido como água régia. Diferente do ácido sulfúrico, a lesão causada pelo
ácido nítrico possui escaras amareladas.

2.3. Ácido clorídrico — HCl

O ácido clorídrico é conhecido como ácido muriático. Diferente dos anteriores, a lesão causada
pelo ácido clorídrico possui escaras avermelhadas.

3. AGENTES BÁSICOS OU ALCALINOS

Os agentes básicos causam escaras esbranquiçadas e úmidas (liquefazem). Essas lesões úmidas e
moles possuem contorno impreciso.

São exemplos de agentes básicos:


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• Soda cáustica — NaOH


• Potassa cáustica — KOH

3.1. Soda cáustica — NAOH

A soda cáustica é o hidróxido de sódio.

3.2. Potassa cáustica — KOH


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A potassa caustica é o hidróxido de potássio.

4. CHUVA ÁCIDA
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É derivada da reação de óxidos eliminados por fábricas com o vapor d’água das nuvens.
Flávio Sousa

APLICAÇÃO EM CONCURSO
Flávio

1) A respeito de lesões, cáusticos e venenos, assinale a opção correta.

a) As lesões cáusticas provocadas por ácido forte são úmidas porque há formação de sabões.

b) A ação dos cáusticos é principalmente interna, com alterações da coagulação sanguínea.

c) São formas de se classificar os cáusticos: estado físico, origem, funções químicas e finalidade de uso.

d) As fases do percurso do veneno através do organismo são penetração, absorção, distribuição, fixação,
transformação e eliminação.

e) As lesões descritas como vitriolagem são causadas por envenenamento crônico.

GABARITO

298
Flávio
Flávio Sousa
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1) Resposta: Letra “d”


FREDERICO ALVES MELO

299
AGENTES CÁUSTICOS• 12
Flávio
Flávio Sousa
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13
FREDERICO ALVES MELO

ASFIXIOLOGIA FORENSE
ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

300
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

1. CONCEITO

Etimologicamente, asfixia significa falta de pulso. Tecnicamente, a asfixia se dá com a hipoxia, ou


seja, baixa ou ausência de quantidade de oxigênio, e a hipercapnia ou hipercarbia, que é aumento da
quantidade de gás carbônico no sangue arterial.

Quadro da asfixia
O denominado quadro da asfixia se dá com a hipoxia e hipercapnia.

2. METABOLISMO DA GLICOSE

O oxigênio é necessário para que haja a queima dos alimentos, cuja principal fonte é a glicose,
fenômeno este que ocorre na mitocôndria da célula.

A glicose é uma molécula formada por 6 (seis) carbonos (C). Com a queima (oxidação), os
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carbonos liberam energia (ATP), que permitem as funções biológicas.


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O organismo pode queimar/oxidar a molécula de glicose de duas formas:

2.1. Com a presença de oxigênio ou aeróbica

Neste caso, libera-se muito ATP (38 moléculas). Em virtude da quebra da molécula de carbono
formadora da glicose em 6 moléculas de CO2 H2O, produz-se energia, a qual é armazenada na mitocôndria
(veja que há a presença de H2O, que impede o processo de acidose).
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2.2. Sem a presença de oxigênio ou anaeróbica

Ocorre em situações emergenciais, que não podem ser prolongadas, pois produz produtos tóxicos.
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Nesta situação, há oxidação parcial da glicose, e pouca liberação de ATP (4 moléculas) e hidrogênio (12
moléculas), o que leva ao processo de acidose.
Sousa Nogueira

Nos casos em que a queima de glicose ocorre sem a presença de oxigênio (anaeróbica), essa
queima (C6H12O6) gera pouco ATP, além de ácido lático, pois restam hidrogênios. Diante da falta de
Flávio Sousa

oxigênio, não se produz, então, água, assim, deixando o corpo em processo de acidose (pH fica abaixo de
Flávio

7). Uma vez no cenário de ambiente ácido, a célula tende à morte.

ATENÇÃO!

A captação do oxigênio é essencial para que o pH permaneça neutro (=7), pois, com a formação de
água, impede-se que o pH fique ácido (<7).

301
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

77

Note: ao quebrar a ligação entre os carbonos, é formada energia, a qual é armazenada na molécula
de ATP, dentro da mitocôndria, que fica no citoplasma da célula. Com a quebra, restam 12 moléculas de
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Hidrogênio positivo (+), que são ácidos, logo, formam ácido lático (processo de acidose que leva à morte da
célula). Por isso a importância da manutenção de captação de Oxigênio.

OBSERVAÇÃO

As células mais sensíveis a hipoxia são as que apresentam maior atividade metabólica, como os
neurônios.
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3. PH DO SANGUE
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O pH sanguíneo pose ser:


Sousa Nogueira

• Neutro: quando igual a 7;


• Alcalino: quando maior que 7;
Flávio Sousa

• Ácido: quando menor que 7.


Flávio

4. HEMATOSE

Hematose é o processo de troca (processo de difusão) de gases nos alvéolos pulmonares, em que
o sangue venoso, concentrado em CO2, é convertido para O2 (há uma troca em razão da diferença de
concentração), e o CO2 é expirado.

77 Imagem retirada do curso de Medicina Legal do Professor André Uchoa

302
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

A hemácia (eritrócito), está com a cor azul, em razão do transporte de CO2. Após liberar o CO2 e
receber o O2, passa a ser vermelha vivo e é levada para todo corpo.

5. ASFIXIA: APARELHO RESPIRATÓRIO E CIRCULATÓRIO


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Todo processo de asfixia vai envolver o aparelho respiratório e circulatório.


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5.1. Conceitos básicos do aparelho circulatório


Sousa Nogueira

5.1.1. Veia
Flávio Sousa

Veia é todo vaso sanguíneo que se aproxima do coração e, em regra, transporta sangue rico em gás
Flávio

carbônico.

ATENÇÃO!

EXCEÇÃO: VEIA PULMONAR.

As veias pulmonares são vasos sanguíneos que carregam sangue rico em oxigênio dos pulmões até
o átrio esquerdo do coração. Elas são as únicas veias da circulação do corpo humano que carregam
sangue oxigenado (vermelho).

5.1.2. Artéria

Artéria é todo vaso sanguíneo que se afasta do coração. Em regra, transportam sangue rico em
oxigênio.

303
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

ATENÇÃO!

EXCEÇÃO: ARTÉRIA PULMONAR.

As artérias pulmonares são os vasos sanguíneos que, partindo do ventrículo direito do coração,
alcançam os pulmões, penetrando no hilo pulmonar e se ramificando junto aos brônquios. São as únicas
artérias que transportam sangue pobre em oxigénio e rico em gás carbono (sangue venoso).

5.1.3. Coração

É formado por dois átrios (esquerdo e direito) e dois ventrículos (esquerdo e direito):

a. Átrio
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São duas cavidades do coração, localizadas uma em cada lado, acima dos ventrículos, dos quais são
separadas por válvulas cardíacas.

Os átrios recebem, através das veias, o sangue da grande e da pequena circulação, que não se
misturam, pois, cada aurícula é separada da outra. A cada batimento cardíaco, os átrios contraem-se
primeiro, impulsionando o sangue para os ventrículos, o que corresponde à sístole atrial.

O coração humano possui dois átrios: esquerdo e direito.

b. Ventrículo
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O ventrículo refere-se a uma câmara inferior do coração. O coração humano possui dois
ventrículos, esquerdo e direito:
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• Ventrículo esquerdo: Sua função é bombear o sangue para a circulação sistêmica (para o
Sousa Nogueira

corpo), através da artéria aorta (sístole ventricular).


• Ventrículo direito: Sua função é bombear o sangue para a circulação pulmonar, através da
artéria pulmonar (sístole ventricular).
Flávio Sousa
Flávio

5.2. Grande circulação

304
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

A grande circulação é a que ocorre entre o coração e o corpo.

5.3. Pequena circulação

A pequena circulação é a que ocorre entre o coração e o pulmão.

5.4. Asfixia

Asfixia é o impedimento, de algum modo, de que a célula utilize oxigênio. Assim, sem o oxigênio,
a queima da glicose fica muito reduzida, e a produção de ATP tende a zero, levando as células à morte em
função do processo de acidose.

A asfixia deve ser:

• primária;
• violenta;
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• mecânica.
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Flávio Sousa
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305
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

5.4.1. Primária

É primária quanto ao tempo. A causa primária da morte é a asfixia, ou seja, primeiro vem a asfixia,
depois a morte.

5.4.2. Violenta

É violenta quanto ao modo. Deve ser entendida em seu sentido amplo, ou seja, pode ser fruto de
agentes mecânicos, elétricos, químicos etc. É a causa jurídica da morte (suicídio, acidente ou crime).

As asfixias naturais, como as de origem de doença, não são de interesse da Medicina Legal.

5.4.3. Mecânica

É mecânica quanto ao meio.


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5.5. Controle de respiração

O controle da respiração é feito por centros respiratórios, quais sejam:

• dorsal;
• pneumotáxico;
• ventral.

5.5.1. Dorsal
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O controle dorsal é responsável pelo mecanismo da inspiração. A inspiração ocorre em função da


excitação causada pela presença em excesso da CO2. É localizado no Bulbo.
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5.5.2. Pneumotáxico
Sousa Nogueira

O controle pneumotáxico é responsável por interromper a inspiração. Quando a atividade do


Flávio Sousa

centro pneumotáxico diminui, a inspiração e expiração ficam mais longas.


Flávio

5.5.3. Ventral

O controle ventral só é ativado quando o estímulo sobre o mecanismo dorsal é muito intenso. Sua
função é aumentar a ventilação em razão do aumento do vigor de inspiração e expiração

5.6. Expiração

Em condições normais, a expiração é puramente passiva, pois é resultado da elasticidade do


pulmão e da caixa toráxica.

6. ENERGIA VULNERANTE NAS ASFIXIAS MECÂNICAS: ENERGIA FISÍCO-


QUÍMICA OU MISTA

A asfixia mecânica abrange dois momentos:

• Física: É a parte mecânica, que depende de movimento.

306
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

• Química: Se dá pela falta de oxigênio (hipoxia) e o excesso de gás carbônico (hipercapnia ou


hipercarbia), levando à respiração anaeróbica.

7. SINAIS GERAIS DE ASFIXIA (TRÍADE ASFÍXICA)

Três são os sinais apontados como característicos de asfixia:

• sangue fluido e escuro;


• congestão polivisceral;
• Manchas de Tardieu.

7.1. Sangue fluido e escuro

O sangue não coagula, ou seja, segue líquido. Fica escuro, pois, com a ausência de oxigênio, diminui
a oxihemoglobina (que possui cor vermelha vivo) e aumenta, assim, a quantidade de hemoglobina reduzida
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(devido à respiração anaeróbica), que possui cor escura.


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7.2. Congestão polivisceral

Ocorre um processo de vasodilatação generalizada e, assim, as vísceras incham (por ficarem


repletas de sangue).

7.3. Manchas de Tardieu


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São petéquias que podem aparecer no pulmão, coração, nas regiões subconjuntivais e crânio,
que, a depender dos vestígios, permitem pensar que houve asfixia. Permitem apenas pensar, pois, podem
aparecer em qualquer tipo de morte, inclusive nas mortes naturais.
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7.4. Outras características (Palermo)


Sousa Nogueira

Com presença dos três sinais acima, tem-se a chamada tríade asfíxica. No entanto, ela (a tríade
asfíxica) não é um sinal de certeza (patognomônico) de asfixia.
Flávio Sousa

O Professor Wilson Palermo, cita ainda as seguintes características em relação à asfixia:


Flávio

• cogumelo de espuma;
• cianose facial;
• protusão da língua;
• livores de hipóstase;
• equimoses na pele e mucosas;

7.4.1. Cogumelo de espuma

A presença do cogumelo de espuma é mais comum em afogamentos.

7.4.2. Cianose facial

Quando existe mais de 5% de Hemoglobina reduzida (não oxigenada) na circulação, diz-se que há
cianose, em que o sangue fica com tom azulado. É mais frequente em estrangulamento e esganaduras.

307
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

7.4.3. Protusão da língua

Que ocorrem nas asfixias mecânicas.

7.4.4. Livores de hipóstase

Que seriam precoces e escuras.

7.4.5. Equimoses na pele e mucosas

Que costumam ocorrer nas pálpebras, lábios e mais raro no nariz.

8. CLASSIFICAÇÃO DAS ASFIXIAS DE AFRÂNIO PEIXOTO

Segundo Afrânio Peixoto, as asfixias podem ser puras, complexas ou mistas.


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8.1. Asfixias puras

A asfixia pura somente altera o sistema respiratório. São manifestadas pela hipoxia e hipercapnia,
podendo ocorrer nas seguintes situações:

8.1.1. Obstaculação à penetração do ar nas vias respiratórias:

• Sufocação direta: há obstrução da boca e das narinas pelas mãos ou das vias aéreas mais
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inferiores.
• Sufocação indireta: ocorre quando os movimentos respiratórios estão impedidos, como quando
há compressão do tórax.
• Transformação do meio gasoso em meio líquido: neste caso, tem-se o afogamento.
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• Transformação do meio gasoso em meio sólido: neste caso, tem-se o soterramento.


Sousa Nogueira

8.1.2. Asfixias que ocorrem em ambientes por gases irrespiráveis


Flávio Sousa

• Confinamento;
Flávio

• Asfixia por monóxido de carbono;


• Asfixias por outros vícios de ambiente.

8.2. Asfixias complexas

A asfixia complexa compromete o sistema respiratório e circulatório. Ocorre a interrupção da


entrada de ar em razão de uma força externa atuante, levando à interrupção primária da circulação
cerebral, hipoxia, hipercapnia e inibição por compressão dos elementos nervosos do pescoço. São
exemplos:

• Enforcamento: ocorre com a constrição passiva do pescoço exercida pelo peso do corpo.
• Estrangulamento: ocorre com a constrição ativa do pescoço exercida pela força muscular.

8.3. Asfixias mistas

308
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

Asfixia mista altera, de forma superposta, o sistema respiratório, circulatório e nervoso. Há a


constrição do pescoço pelas mãos que impede a entrada de ar. É exemplo de asfixia mista:

• Esganadura: a causa jurídica da morte na esganadura é sempre homicídio.


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9. MODALIDADES DE ASFIXIA

• Impedir o fluxo de ar aos pulmões:


o Sufocação direta
o Sufocação indireta
• Constrição no pescoço:
o Esganadura
o Enforcamento
o Estrangulamento
• Modificar o ambiente respirável:
o Afogamento
o Soterramento
o Confinamento
• Outras formas de asfixia:
o Via cianeto
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o Via curare
o Via monóxido de carbono
o Via eletroplessão

Será analisada cada modalidade citada.

10. IMPEDIR O FLUXO DE AR AOS PULMÕES


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• Sufocação direta; e
• Sufocação indireta.

10.1. Sufocação direta


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A sufocação direta é o impedimento da entrada de ar nos orifícios naturais respiratórios (nariz e


Sousa Nogueira

boca) e nas vias aéreas (como na aspiração de algo que obstrua a faringe, laringe, traqueia, brônquios etc.,
a passagem de ar).
Flávio Sousa

A sufocação direta pode ou não deixar vestígios, como por exemplo, podem ser verificados
Flávio

estigmas ungueais ao redor dos orifícios naturais.

310
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

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79

O saco amniótico pode romper e obstruir os orifícios naturais do feto.


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10.2. Sufocação indireta

Os orifícios e vias aéreas estão livres, no entanto, a vítima é asfixiada em razão do impedimento dos
movimentos respiratórios, como quando há compressão toráxica e paralisia da musculatura respiratória.
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São hipóteses de sufocação indireta:


Sousa Nogueira

• Crucificação;
• eletroplessão de média amperagem;
Flávio Sousa

• compressão do tórax;
• fratura do gradil costal;
Flávio

• envenenamento por carbamato ou chumbinho e inseticidas organofosforados.

10.2.1. Crucificação

A crucificação é conhecida como a asfixia posicional. É a forma de asfixia mecânica produzida pela
posição em que o indivíduo se encontra no momento. A posição leva à incapacidade de ventilação
pulmonar, em razão da falência muscular respiratória (exaustão da musculatura).

78 Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.


79 Imagem retirada da Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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Com o apoio para os pés, o peso é dividido em três pontos, fazendo com que o indivíduo demore
mais tempo para o óbito.

10.2.2. Eletroplessão de média amperagem

Com a passagem da corrente elétrica pelo corpo (tronco), leva ao espasmo muscular generalizado,
e impede os movimentos respiratórios (relaxamento e contração), podendo causar a morte.
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10.2.3. Compressão do toráx

Quando se tem um peso contra o tórax, o sangue bombeado para a cabeça não consegue retornar
para o coração, assim, acumula-se e acaba por extravasar na região da face, causando milhares de
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petéquias (chamada de Máscara Equimótica de Morestin).


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Flávio Sousa

Máscara Equimótica de Morestin ou Cianose Cervico-facial de Le Dentut


É a mancha arroxeada formada por um conjunto de milhares de petéquias que atinge o rosto.
Flávio

Ocorre normalmente diante de soterramentos, compressão de tórax etc.

Veja, a circulação fica prejudicada, pois o sangue bombeado que foi para a região da cabeça fica
impedido de voltar para o coração, pois o átrio direito, que recebe o sangue, encontra-se comprimido,
não conseguindo receber o sangue retornado. Diante do acúmulo de sangue, na região da face, ele irá
extravasar dos vasos, formando, assim, milhares de petéquias, que é chamada de Máscara Equimótica de
Morestin.

312
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

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81
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80 Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.


81 Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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10.2.4. Fratura do gradil costal

No total, há 12 costelas no gradil costal. Com as fraturas do gradil (a maioria das costelas), não há
obediência aos movimentos respiratórios, o que, gradativamente, pode levar à asfixia.

10.2.5. Envenenamento por carbamato ou chumbinho e inseticidas


organofosforados

Esses envenenamentos bloqueiam a enzima acetilcolinesterase, causando espasmo muscular. A


acetilcolina é liberada após cada transmissão dos impulsos nervosos aos diversos órgãos do corpo, que
fazem os músculos contrair. A acetilcolinesterase faz com que o músculo, após a contração, relaxe.

Assim, com a acetilcolinesterase inibida, não se consegue relaxar os músculos o que leva a
espasmos musculares generalizados, podendo levar à morte por sufocação indireta (asfixia).

11. CONSTRIÇÃO NO PESCOÇO


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• Enforcamento;
• Estrangulamento;
• Esganadura.
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No pescoço, temos a artéria carótida, responsável por levar o sangue oxigenado para a cabeça e a
veia jugular, que é responsável por levar o sangue rico em gás carbônico de volta para o coração.

OBSERVAÇÃO

A constrição do pescoço pode levar à morte por outras causas, como: impedir o sangue de chegar
ao cérebro e a constrição do nervo vago (Sinal de Dotto).

11.1. Enforcamento

No enforcamento, há um laço no pescoço e uma força que aperta esse laço. Para que seja
considerado enforcamento, essa força deve ser o peso do corpo.

No enforcamento, a causa jurídica da morte pode ser:

314
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

• homicídio
• acidente
• suicídio

11.1.1. Sulco de enforcamento

O laço em volta do pescoço causa uma pressão desigual em todos os pontos de contato. Assim, a
doutrina diz que esse laço é descontínuo, incompleto e com profundidade distintas, ademais de ter
posição oblíqua e se localizar acima do osso hioide e da laringe.

• Alça: chama-se alça a parte do laço que circunscreve o pescoço.

OBSERVAÇÕES

Em regra, o laço é descontínuo, mas a doutrina aponta que, excepcionalmente, se o laço for de
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“correr”, será contínuo (para provas objetivas, marque a regra).

O enforcamento causa hemorragias subconjuntivais;

O laço mais fino deixa vestígios marcantes, diferente do laço largo que deixa quase imperceptível.
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Note que o laço é descontínuo, incompleto e com profundidade distinta, tendo posição oblíqua, e
localizando-se acima do osso hioide e da laringe.
Flávio

11.1.2. Sinal de Bonnet

315
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

O Sinal de Bonnet no enforcamento é o decalque da marca do material do laço.

11.1.3. Apergaminhamento da pele

No enforcamento ocorre o apergaminhamento da pele, ou seja, há uma desidratação local em


função do tempo prolongado. No fundo do apergaminhamento, pode aparecer a chamada linha argentina,
que é uma linha prateada ao fundo.

11.1.4. Causa médica da morte nos enforcarmentos

A causa médica da morte no enforcamento, pode ser por:

• Fator respiratório: É o impedimento da entrada do ar ambiental em função do fechamento da


laringe. Assim, o ar não chega na intimidade dos pulmões. É mais intenso em enforcamentos
típicos.
• Fator circulatório: Em função de eventual pressão da artéria carótida e da veia jugular. Por essa
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razão, o enforcado típico perde a consciência rapidamente.


• Fator neurológico: Em função de eventual pressão do nervo vago.

11.1.5. Classificação do enforcamento

• Enforcamento completo;
• Enforcamento incompleto;
• Enforcamento típico;
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• Enforcamento atípico;
• Enforcamento branco;
• Enforcamento azul.
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a. Enforcamento completo
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No enforcamento completo, o corpo fica totalmente suspenso, ou seja, não existe contato com
Flávio Sousa

superfície.
Flávio

b. Enforcamento incompleto

No enforcamento incompleto, ocorre o contato do corpo com a superfície.

c. Enforcamento típico

No enforcamento típico, tem-se nó na parte posterior do pescoço. Assim, a cabeça irá ficar virada
para o lado contrário do nó.

d. Enforcamento atípico

No enforcamento atípico, tem-se nó na parte anterior ou lateral do pescoço. Assim, a cabeça irá
ficar virada para o lado contrário ao nó.

Enforcamento típico e incompleto

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FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

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Enforcamento atípico

O sulco aparece na parte posterior


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e. Enforcamento branco

Ocorre em enforcamentos típicos, em que a cabeça vai para o lado oposto ao nó e impede
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completamente a circulação.
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f. Enforcamento azul
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Ocorre quando a face fica muito escura, azulada (cianosada), pois a constrição das veias e artérias
do pescoço é grande.
Flávio

11.2. Estrangulamento

No estrangulamento, há um laço no pescoço e uma força que aperta esse laço. Para que seja
considerado estrangulamento, essa força deve ser diferente do peso do corpo.

No estrangulamento, a causa jurídica da morte pode se dar por:

• homicídio;
• acidente;

82 Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.


83 Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

• suicídio.

OBSERVAÇÕES

Chama-se alça a parte do laço que circunscreve o pescoço.

O estrangulamento pode causar hemorragias subconjuntivais

11.2.1. Sulco de estrangulamento

O laço em volta do pescoço causa uma pressão igual em todos os pontos, pois ele é contínuo,
completo e com mesma profundidade em todos os pontos de contato. Assim, possui posição horizontal, e
localiza-se abaixo do osso hioide e da laringe.

Em regra, não há apergaminhamento da pele, por não ser o tempo prolongado.


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11.2.2. Sinal de Bonnet

O Sinal de Bonnet no estrangulamento é o possível decalque da marca do material do laço.


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318
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11.3. Esganadura

Como regra, a literatura médico-legal, diz que a esganadura pode se dar pelo emprego das mãos,
antebraço ou pernas, diretamente no pescoço. Aqui, não há laço, alça e sulco. Na parte interna, há
equimoses, lesões no osso hioide, laringe etc. Pode, ainda, causar equimoses subconjuntivais.

Segundo o Professor Hygino de C. Hercules, a esganadura é uma espécie de estrangulamento, que


se dá por meio da ação das mãos diretamente no pescoço.

Em regra, a pressão é exercida sobre a laringe, havendo o fechamento da glote, impedindo a


entrada de ar (fator respiratório). Essa obstrução costuma ser intermitente, pois, em regra, há luta e assim,
é possível eventuais inspirações.

O fator neurológico é o mais importante, pois há excitação dos seios carotídeos, que produz
resposta reflexa através do nervo vago. O fator circulatório é o menos importante.

Na esganadura, a causa jurídica da morte somente ocorre por:


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• homicídio

11.3.1. Lesões na esganadura

As lesões causadas na esganadura podem ser internas ou externas.

Lesões externas na esganadura:

• Estigmas ungueais: Os estigmas ungueais são os provocados com a unha. São as marcas das
CPF: 037.820.231-61

unhas, em forma de meia lua, deixadas no pescoço (podendo ser uma escoriação).
• Estigmas digitais: Na ausência de unha, é possível formação de equimoses causadas pela
constrição com ausência de unha (com a polpa digital).
Flávio Sousa
Flávio Nogueira -- CPF:
Sousa Nogueira

84

Lesões internas na esganadura:

84 Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco

319
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

• Sinal de França: trata-se da lesão causada no interior da carótida exclusivamente pela


esganadura (não confundir com Sinal de Amussat);
• Fratura do osso hióide;
• Fratura da cartilagem cricóide;
• Equimose retrofaringeana de brouardel: macha equimótica na parte posterior da faringe em
razão da pressão da faringe contra a coluna vertebral.
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85

11.3.2. Sinais nas asfixias por constricção do pescoço

• Sinal de Bonnet
• Sinal de Amussat
• Sinal de Friedberg

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Sinal de Zienke
• Sinal de Dotto
• Sinal de Thoinot
• Sinal de Ponsold
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• Sinal de Azevedo Neves


• Sinal de Neyding
Sousa Nogueira

• Sinal de Ambroise Paré


• Sinal de Lesser
Flávio Sousa

• Sinal de Schulz
Flávio

• Sinal de França
• Sinal de Linha Argentina
• Sinal de Orso’s

a. Sinal de Bonnet

É o sulco no pescoço que indica o tipo de laço que apertou o pescoço e a rotura das cordas vocais.

85 Imagem retirada da Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

320
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

b. Sinal de Amussat

Trata-se da lesão causada no interior da carótida (túnica interna). Esse sinal ocorre no
enforcamento e no estrangulamento. Se em virtude de esganadura, chama-se Sinal de França.

c. Sinal de Friedberg
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Trata-se da lesão causada na parte exterior da carótida (túnica externa).

d. Sinal de Zienke

É a lesão na parte intima das jugulares.

e. Sinal de Dotto
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É a rotura na bainha de mielina, que isola o nervo vago.

f. Sinal de Thoinot
Nogueira -- CPF:

É a zona violácea em cima e embaixo do sulco.


Sousa Nogueira

g. Sinal de Ponsold
Flávio Sousa

São os livores em placas que aparecem em cima a embaixo do sulco.


Flávio

h. Sinal de Azevedo Neves

São livores puntiformes por cima e por baixo das bordas do sulco.

i. Sinal de Neyding

É a infiltração hemorrágica no fundo do sulco.

j. Sinal de Ambroise Paré

É o apergaminhamento da pele em função do laço.

k. Sinal de Lesser

É o aparecimento de vesículas sanguinolentas no fundo do sulco.

321
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

l. Sinal de Schulz

É a borda superior do sulco que fica saliente e violácea.

m. Sinal de França

É similar ao Sinal de Amussat, mas este decorre exclusivamente da esganadura (feito pela unha).

n. Sinal de Linha Argentina

No fundo do apergaminhamento, o subcutâneo (derme) se condensa e expõe uma linha prateada.


Só é possível no enforcamento e no estrangulamento.
Flávio Sousa
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Sousa Nogueira flaviosousanogueira@gmail·com
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322
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

o. Sinal de Orso’s

Trata-se da gota de gordura no tecido subcutâneo.

12. ASFIXIA POR MODIFICAR O AMBIENTE RESPIRÁVEL

• Afogamento;
• Soterramento;
• Confinamento;

12.1. Afogamento

No afogamento ocorre a troca do ar por líquido. O que causa o afogamento é o excesso de CO2 no
corpo, que estimula o nervo vago a inspirar.
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12.1.1. Classificação do afogamento

Segundo a doutrina o afogamento pode ser:

• real, úmido ou azul


• falso, seco, por inibição ou branco
• completo
• incompleto
• semiafogamento ou quase afogamento
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• secundário

a. Real, úmido ou azul


Nogueira -- CPF:

Trata-se do afogamento verdadeiro, pois encontram-se os sinais de certeza de afogamento, como


Sousa Nogueira

as manchas de Paltauf, que são roturas nos alvéolos em função da presença de líquidos.

Essas equimoses são vistas no pulmão através da transparência da pleura.


Flávio Sousa

b. Falso, seco, por inibição ou branco


Flávio

Trata-se do afogamento branco de Parrot, que, embora a pessoa tenha morrido no interior da
água, não se verificam sinais de afogamento (não há água nas intimidades dos pulmões etc.).

Há doutrina que aponta que a morte é fruto de reflexo vagal/choque térmico.

Segundo o Professor Hygino de C. Hercules, o tempo em que a vítima cai na água e o tempo que
submerge é tão curto que não seria suficiente para morrer por asfixia.

c. Completo

O afogamento será completo quando o corpo se encontrar totalmente submerso.

d. Incompleto

O afogamento será incompleto quando o corpo não se encontra completamente submerso.

323
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

e. Semiafogamento ou quase afogamento

No quase afogamento, a pessoa se afogou, mas sobreviveu. Ocorre que vem a óbito cerca de 24
horas após, em função dos efeitos do afogamento.

f. Secundário

A vítima está na água, e vem a se afogar em virtude de outras causas, como por exemplo, uso de
drogas.

12.1.2. Sinais de certeza de afogamento

• Manchas de Paltauf;
• Alteração das densidades do sangue nos átrios;
• Alteração do ponto de congelamento do sangue no átrio ou ponto de congelamento de
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Carrara
• Efisema hidroaéreo;
• Presença de algas diatomáceas na medula óssea dos ossos longos ou no interior da polpa
dentária;

a. Manchas de Paltauf

São manchas decorrentes das roturas (rompimento) nos alvéolos em função da presença de
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líquidos. Essas equimoses são vistas no pulmão através da transparência da pleura. Trata-se de um sinal
patognomônico de afogamento.

b. Alteração das densidades do sangue nos átrios


Nogueira -- CPF:

O sangue possui cerca de 55% de parte líquida e 45% de parte sólida. E a água do sangue possui
Sousa Nogueira

menos sal (menos densa) que a água salgada e mais sal que a água doce (mais densa).

Ao se afogar, a água que ingressa no alvéolo, e em contato com a água causara alteração na
Flávio Sousa

densidade do sangue.
Flávio

c. Alteração do ponto de congelamento do sangue no átrio

O chamado ponto de congelamento de Carrara diz que a água congela a 0º celsius. Ao se colocar
sal, o ponto de congelamento irá abaixar (negativo). Assim, na água salgada, o átrio esquerdo terá o ponto
de congelamento abaixo de zero. O contrário ocorre na água doce.

d. Efisema hidroaéreo

Ocorre a mistura da água com ar no pulmão, formando espuma, que volta pelo aparelho
respiratório, saindo por narinas e boca.

324
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

e. Presença de algas diatomáceas na medula óssea dos ossos longos ou no


interior da polpa dentária

É importante para analisar em cadáver em avançado estágio de putrefação, pois dentro da água há
algas microscópicas que são jogadas para dentro do pulmão, e em função do seu tamanho, caem na
corrente sanguínea, e chegam aos ossos longos e na polpa dentária que possuem vasos sanguíneos.

MANCHA VERDE DA PUTREFAÇÃO

Um dos sinais de certeza de morte, é o aparecimento da mancha verde abdominal na fossa ilíaca
direita do cadáver. Quando se trata de afogados, essa mancha verde tende a aparecer nos terços médios
superiores do corpo.

12.1.3. Sinais de probabilidade de afogamento


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a. Presença do cogumelo de espuma

A presença de espuma no estômago é chamada de Sinal de Widler. Só se observa em cadáveres


retirados com maior brevidade da água.

b. Pele anserina

É o arrepiamento da pele. É chamado de Sinal de Bernt.


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c. Cabeça de negro de Lecha-Marzo.

É a coloração verde escura que se observa na face do cadáver do afogado depois de vários dias
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submerso.
Sousa Nogueira

d. Lesões de arraste
Flávio Sousa

São lesões decorrentes do deslocamento do cadáver pela correnteza, fazendo ele se chocar rochas,
Flávio

corais etc.

e. Corpos estranhos na árvore respiratória

A presença de elementos estranhos na árvore respiratória também é indicativa de probabilidade de


afogamento.

12.1.4. Hemorragias cranianas em razão do afogamento

a. Temporal

Consiste no extravasamento de sangue no ouvido médio. É conhecido por Sinal de Niles, e possui
uma coloração azulada na região temporal.

325
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

b. Etmoidal

Consiste no extravasamento de sangue no osso etmoide, que é o osso localizado atrás do nariz. É
conhecido como Sinal de Vargas-Alvarado, e se revela por zonas azuladas no compartimento anterior da
base do crânio.

12.1.5. Afogamento em água doce e salgada

O sangue possui cerca de 55% de parte liquida e 45% de parte sólida. E a água do sangue possui
menos sal (menos densa) que a água salgada e mais sal que a água doce (mais densa). Ao se afogar, a água
que ingressa no alvéolo, e em contato com a água causara alteração na densidade do sangue, pois tudo
tende ao equilíbrio.

a. Afogamento em água doce


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Quando a água doce chega nos alvéolos, a tendência é que esta água passe para o sangue, pois
este tem mais sal em relação a água. Assim, o sangue torna-se mais diluído, de maneira que chega no
átrio esquerdo menos denso (mais diluído) que o átrio direito (todo sangue que vem do pulmão vai para o
átrio esquerdo).

Em relação ao ponto crioscópico (de congelamento) irá se aproximar de zero grau.

Hemólise
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O sangue que fica diluído com água, os poros arrebentam e liberam potássio (K+), e o excesso de
potássio pode afetar o coração, levando à fibrilação ventricular.
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b. Afogamento em água salgada


Sousa Nogueira

Quando a água salgada chega nos alvéolos, a tendência é que a água do sangue passe para os
alvéolos, pois estes têm mais sal em relação a sangue. Dessa forma, o sangue torna-se menos diluído, de
Flávio Sousa

maneira que chega no átrio esquerdo mais denso que o átrio direito (todo sangue que vem do pulmão vai
para o átrio esquerdo).
Flávio

Em relação ao ponto crioscópico (de congelamento) se afasta de zero graus: 4 graus negativos em
média.

Prova de Plazac

Forma pela qual se verifica as densidades do sangue, e, assim, observa-se que o afogamento foi em
água doce ou salgada.

12.1.6. Fases do afogamento

a. Luta

O indivíduo tenta não se afogar, buscando algum apoio para não se afundar e acaba engolindo
água.

326
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

b. Apnéia voluntária

Ao afundar, o indivíduo prende a respiração.

c. Aspiração involuntária

Em determinado momento, e em razão do excesso de CO2, há excitação bulbar que leva a aspiração
involuntária.

d. Reflexo de tosse com mais aspiração e vômito

Aqui, podem ocorrer convulsões.

e. Perda da consciência ou desfalecimento

f. Morte real
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O professor Hygino de C. Hercules abdica de citar as fases por falta de uniformidade na doutrina e
em razão de o afogamento humano não equivaler aos afogamentos experimentais feito em animais.

12.1.7. Lesões de arrastamento

O corpo que se encontra no mar, tende a sofrer lesões em função do arraste/contato com certas
superfícies.
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De acordo com o professor Hygino de C. Hercules, conforme o princípio de Arquimedes, devido à


estrutura do corpo, os gases intestinais deixam o abdômen menos denso, dessa forma, os locais que
tendem a sofrer lesões de arrastamento são: testa, mãos, joelhos e parte superior dos pés.
Nogueira -- CPF:
Sousa Nogueira

Princípio de Arquimedes
Flávio Sousa
Flávio

86

12.2. Soterramento

86 Imagem retirada da Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

327
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

A asfixia decorrente do soterramento ocorre quando há a troca ar por substância sólida ou


semissólida, pulverulenta ou granular, ou seja, há a referida substância na árvore respiratória. Como regra,
é acidental, mas pode caracterizar-se como homicídio.

Ainda, é possível a presença de cogumelo de espuma, o que indica que a pessoa estava viva no
momento do soterramento.
Flávio Sousa
Flávio Nogueira -- CPF:
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328
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

12.2.1. Soterramento amplo e restrito

O soterramento pode ser em sentido amplo ou estrito:

a. Sentido amplo

A pessoa encontra-se totalmente debaixo dos escombros, terra etc. Neste caso, a morte pode se
dar por compressão do tórax (sufocação indireta). Assim, é possível que não haja sólido pulverulento no
interior do aparelho respiratório.

b. Sentido estrito

Para afirmar ser soterramento em sentido estrito, deve haver necessariamente na árvore
respiratória e no aparelho digestório resíduos pulverulentos (houve aspiração). A presença de sólido
pulverulento na intimidade da faringe é indicativa que a pessoa estava viva.
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Segundo o Professor Wilson Palermo, a morte no soterramento pode se dar por: asfixia por
compressão toráxica; sufocação direta; confinamento; ação contundente e soterramento em sentido
estrito.
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87
Nogueira -- CPF:

12.3. Confinamento
Sousa Nogueira

É modalidade de asfixia pura, em que se troca o ar respirável por outro ar não usado na
Flávio Sousa

respiração, podendo ocorrer em locais em que não há renovação de ar.


Flávio

O confinamento pode se dar em local aberto ou fechado. Em local aberto, pode ocorrer se não for
possível a renovação de ar, como em um poço artesiano que esteja a muitos metros de profundidade.

87 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Hygino de C. Hércules.

329
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

Confinamento em local fechado

As Geladeiras antigas só abriam por fora


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Confinamento em local aberto


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Grandes poços artesianos


Sousa Nogueira

12.3.1. O que leva a morte no confinamento?


Flávio Sousa

Existem duas teorias que versam sobre o tema:


Flávio

a. Teoria físico-química

O corpo humano normalmente é mais quente que o ambiente, e, sem a renovação do ar, a
temperatura ambiental tende a aumentar, pois o corpo perde calor para o ambiente através do suor.
Ocorre que o suor evapora e aumenta a umidade do ar ambiental. Com a umidade do ar, ocorre o
retardamento a evaporação do suor, e a temperatura corporal aumenta. Causa a morte por hipertermia
(aumento da temperatura interna), com a hipoxia e hipercapnia (pois não se tem a renovação do ar
ambiental).

b. Teoria química

Sem a renovação do ar ambiental, os níveis de gás carbônico aumentam, com isso, o centro
respiratório bulbar, estimulado pelo CO2, aumenta o ritmo respiratório, e, por consequência, o consumo de
O2 aumenta, causando a morte pelo quadro de hipercapnia e hipoxia.

330
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

13. OUTRAS FORMAS DE ASFIXIA

• Via cianeto
• Via curare
• Via monóxido de carbono
• Via eletroplessão

13.1. Envenenamento pelo cianeto

O cianeto faz com que a enzima citocromooxidase, que atua no interior das mitocôndrias, fique
inibida, e, assim, fique impedida de retirar os hidrogênios, impedindo de reagir com o oxigênio (que está na
célula, mas não reage), podendo levar à morte instantânea por excesso de hidrogênio nas células.
Flávio Sousa
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13.2. Envenenamento pelo curare

O curare é um relaxante muscular que impede a realização dos movimentos respiratórios, e assim,
pode levar a asfixia.

13.3. Intoxicação por monóxido de carbono

O monóxido de carbono possui maior afinidade (cerca de 250 vezes mais que o oxigênio) com a
hemoglobina (formando a carboxihemoglobina). Dessa forma, o CO se fixa com maior facilidade, sendo
muito mais estável que a oxihemoglobina, e por isso, impede que haja fixação do oxigênio, e pode levar à
morte por asfixia.

• Quando a concentração de CO2 está superior a 50%, o perigo de morte é iminente.


• Se o cadáver apresentar carboxihemoglobina acima de 50% indica que a morte foi causada por
monóxido de carbono.
• Cadáver carbonizado com carboxihemoglobina em níveis baixos indica que não morreu
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carbonizado.
• As vísceras ficam com cor carminada diferente da oxihemoglobina que tem a coloração
vermelha vivo.

13.4. Eletroplessão

Em se tratando de corrente de alta ou média amperagem, caso a passagem ocorra pelo


tronco/gradil costal, pode causar asfixia, em razão da paralisação (tetanização) dos músculos respiratórios
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(parada respiratória periférica).

14. ASFIXIOFILIA
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A asfixia autoerótica é a restrição intencional de oxigênio ao cérebro para fins de excitação sexual.
Sousa Nogueira

Ao apertar o pescoço, causa baixa de oxigênio no cérebro, e o acúmulo de dióxido de carbono aumentaria a
sensação de prazer.
Flávio Sousa

Essa asfixia provoca uma vasodilatação generalizada (que levaria a uma melhor ereção) que pode
levar a desmaiar, uma vez que pode atingir o nervo vago, causando uma parada respiratória, e
Flávio

consequentemente a morte por asfixia.

15. SÍNDROME DO CAFÉ CORONARY

Trata-se de oclusão inesperada das vias aéreas em decorrência da ingestão de alimentos. Logo,
trata-se de uma sufocação direta.

16. FORMAS SECUNDÁRIAS DE ASFIXIAS

No esgorjamento, o sangue aspirado pode levar ao afogamento, deixando os alvéolos cheios de


sangue (mosaico sanguinolento):

332
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A morte, em razão do sangue, poderá ocorrer por anemia aguda (perda) ou ingestão de sangue
(aspiração).
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17. ASFIXIA E RIGIDEZ CADAVÉRICA

Segundo a doutrina, a morte por asfixia leva a uma rigidez cadavérica mais rápida, em razão da
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acelerada redução de oxigênio e ATP.


Sousa Nogueira
Flávio Sousa
Flávio

333
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

APLICAÇÃO EM CONCURSO

1) As asfixias mecânicas se enquadram na categoria dos traumas de natureza fisicoquímica. Nos casos das
constrições cervicais – enforcamento, estrangulamento e esganadura – as asfixias demonstram sinais
característicos que as diferenciam entre si. Nesse sentido, verifica-se o seguinte:

a) num enforcamento, diferentemente de um estrangulamento, é possível reconhecer o material


empregado no laço, a partir da marca deixada na pele.

b) a esganadura só ocorre na forma dolosa, uma vez que as formas acidental e culposa são afastadas pelo
mecanismo de ação empregado.

c) nos estrangulamentos, os sinais são constituídos de equimose facial associada a marcas ungueais, os
quais permitem a identificação do agressor.
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d) uma suspensão incompleta, num caso de enforcamento, aponta, direta e inquestionavelmente, para um
homicídio por execução da vítima.

e) dentre as asfixias por constrição cervical, a mais rápida delas em termos de ocorrência da morte é
representada pelo estrangulamento.

2) Em relação às asfixias por constrição cervical, analise as afirmações abaixo, assinalando V, se


verdadeiras, ou F, se falsas.
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( ) O enforcamento, de acordo com sua definição médico-legal, quando diagnosticado indica a ocorrência
de suicídio.

( ) O enforcamento, de acordo com sua definição médico-legal, necessita que o peso do corpo da vítima
Nogueira -- CPF:

acione o laço. Desta forma, os casos descritos como enforcamento, mas nos quais a vítima não estava
Sousa Nogueira

completamente suspensa (pés não tocando o solo) devem ser classificados como “montagem” (tentativa de
ocultação de homicídio).
Flávio Sousa

( ) O enforcamento, de acordo com sua definição médico-legal, não necessita do peso do corpo da vítima
para ocorrer.
Flávio

( ) A esganadura pode ser consequência de suicídio ou de homicídio.

A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:

a) V – V – F – F.

b) V – F – V – V.

c) F – V – F – F.

d) F – F – V – V.

e) F – F – F – F.

3) Diante de notícia sobre a ocorrência de crime de homicídio, policiais civis foram ao local para investigar o
fato. Ao chegarem, foi possível observar que a vítima estava com o corpo totalmente em contato com o

334
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

solo, em decúbito ventral, com as mãos amarradas para trás. Na região do pescoço, foi possível observar
que havia um fio que circulava a região por três vezes. A perícia no material revelou que nas duas pontas do
fio havia um pedaço de madeira amarrado, o que possibilitava o tracionamento para lados opostos. O sulco
provocado pelo fio era contínuo, com profundidade uniforme e em sentido horizontal, tendo lesionado a
região inferior ao osso hioide. Diante das informações apresentadas acima, pode-se afirmar que houve:

a) soterramento.

b) enforcamento.

c) esganadura.

d) estrangulamento.

e) afogamento
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4) De acordo com a classificação de Afrânio Peixoto, as asfixias podem ser definidas como puras, complexas
e mistas. Acerca desta classificação, é um exemplo de asfixia pura a(o):

a) esganadura.

b) enforcamento.

c) confinamento.

d) empalamento.
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e) estrangulamento.
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5) Com relação às asfixias, tem-se o seguinte:


Sousa Nogueira

a) esganadura tem origem homicida, sendo rara sua forma acidental.

b) o sulco comumente encontrado nos enforcados e estrangulados é produzido por um instrumento corto-
Flávio Sousa

contundente.
Flávio

c) soterramento é um tipo de asfixia em que ocorre a substituição do meio aéreo por terra.

d) estrangulamento braquial é forma comum de asfixia em suicídios e requer desproporção de forças.

6) No dia 2/1/2022, Juliana compareceu à delegacia de polícia em Paraty – RJ para registrar ocorrência de
desaparecimento dos seus pais, Sebastião e Maria Eugênia, por eles terem extrapolado o horário previsto
para retorno de um passeio que faziam sozinhos naquele mesmo dia, numa luxuosa embarcação com
piscina de água potável. Poucas horas depois do registro, policiais civis daquela unidade receberam a
notícia do encontro de um cadáver do sexo feminino às margens de uma das praias da cidade. Feita a
perinecroscopia, o perito criminal relatou equimose periorbital, pele anserina, cogumelo de espuma na
boca e narinas, assim como a presença de estigmas ungueais nos antebraços. No dia seguinte ao relato do
desaparecimento, os policiais civis souberam que pescadores haviam encontrado um cadáver do sexo
masculino em alto-mar. Comparecendo ao local, o perito criminal relatou que o cadáver estava em
decúbito ventral, com ausência do cogumelo de espuma, sem sinais aparentes de violência e sem sinais de

335
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

putrefação. Os dois cadáveres foram submetidos a exame necroscópico, necropapiloscópico e a testes


laboratoriais específicos, confirmando-se que eram, respectivamente, de Maria Eugênia (cadáver C1) e
Sebastião (cadáver C2). Em relação a C1, o perito legista confirmou as lesões descritas pelo perito criminal.
Em relação a C2, foi relatada a presença do sinal de Niles, do sinal de Vargas-Alvarado, além de manchas de
Paltauf. Quanto à prova das densidades comparadas e ao ponto crioscópico do sangue, foram destacadas
alterações na diluição do sangue no hemicoração esquerdo dos dois cadáveres, sendo relatadas
hemodiluição/hidremia em C1 e hemoconcentração em C2, com as respectivas características, tais como
descritas por Mario Carrara.A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta.

a) O cogumelo de espuma é um sinal patognomônico de afogamento, de modo que a sua ausência em C2,
relatada pelo perito criminal, é suficiente para que o delegado de polícia conclua a investigação excluindo a
ocorrência dessa modalidade de asfixia no caso de C2.

b) As lesões descritas pelo perito criminal nos antebraços de C1 não permitem que o delegado de polícia
requisite ao perito legista a coleta de material subungueal de C2 para eventual confronto genético.
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c) A verificação da diferença na diluição do sangue nos hemicorações esquerdos dos cadáveres permite que
o delegado de polícia considere que as duas mortes ocorreram por afogamento em água salgada, uma vez
que a informação quanto ao ponto crioscópico do sangue seria irrelevante, pois tal achado seria idêntico
tanto em água doce quanto em água salgada.

d) Em relação a C2, enquanto o sinal de Niles faz referência ao encontro de água doce no átrio esquerdo do
coração, o sinal de Vargas-Alvarado diz respeito à presença de plâncton na corrente sanguínea.

e) Os achados periciais permitem que o delegado de polícia considere que as duas mortes foram
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provocadas por afogamento, tendo a de Sebastião ocorrido em água salgada e a de Maria Eugênia, em
água doce, ainda que C1 tenha sido encontrado numa praia.
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7) Um médico legista, ao chegar à sala de necropsia, deparou-se com três cadáveres cuja causa da morte
Sousa Nogueira

foi asfixia. Durante o exame necroscópico, foi identificado no primeiro corpo, sulco único, com
profundidade variável e direção oblíqua ao eixo do pescoço; no segundo, os sulcos são duplos, de
profundidade constante e transversais ao eixo do pescoço; no terceiro, em vez de sulcos, havia equimoses
Flávio Sousa

e escoriações nos dois lados do pescoço. A causa da morte mais provável em cada um deles é,
Flávio

respectivamente:

a) esganadura, enforcamento e estrangulamento.

b) enforcamento, estrangulamento e esganadura.

c) esganadura, estrangulamento e enforcamento.

d) estrangulamento, esganadura e enforcamento.

8) Há, segundo vários autores, diferenças entre a evolução dos afogados em água do mar e a dos afogados
em água doce. Assim, é correto afirmar que:

a) em ambos os casos, o sangue do ventrículo esquerdo está diluído, quando comparado ao sangue normal;

b) só ocorre asfixia nos afogados em água do mar;

c) a morte dos afogados em água doce deve-se a parada cardíaca em assistolia;

336
FREDERICO ALVES MELO ASFIXIOLOGIA FORENSE• 13

d) é possível dar certeza de morte por afogamento comparando a densidade do sangue nas cavidades
cardíacas direitas e esquerdas, em ambas as hipóteses;

e) a pesquisa de algas no sangue dos afogados nada informa aos peritos quanto ao mecanismo de morte,
tanto nos de água doce como nos de água salgada.

9) Uma pessoa está em um churrasco com amigos em casa que tem piscina. De repente, um colega a
empurra, por brincadeira, para dentro dessa piscina. Está uma tarde fria. Ela cai na parte mais funda,
demora a vir à tona e morre em consequência da brincadeira. Houve um afogamento:

a) incompleto;

b) branco;

c) verdadeiro;
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d) secundário;

e) idiopático.

10) O mecanismo de morte nas intoxicações pelo monóxido de carbono é por:

a) inibição do sistema de citocromo oxidases A;


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b) bloqueio das peroxidases das hemácias;

c) competição com o oxigênio na ligação com a hemoglobina reduzida;

d) substituição da carboxi-hemoglobina;
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e) aumento da concentração da carbamino-hemoglobina.


Sousa Nogueira
Flávio Sousa

GABARITO
Flávio

1) Resposta: Letra “b”

2) Resposta: Letra “e”

3) Resposta: Letra “d”

4) Resposta: Letra “c”

5) Resposta: Letra “a”

6) Resposta: Letra “e”

7) Resposta: Letra “b”

8) Resposta: Letra “d”

9) Resposta: Letra “b”

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Flávio
Flávio Sousa
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FREDERICO ALVES MELO

10) Resposta: Letra “c”


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Flávio
Flávio Sousa
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RADIANTE
LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR ENERGIA
LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR ENERGIA RADIANTE• 14

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FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR ENERGIA RADIANTE• 14

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Trata-se dos efeitos resultantes em toda a atmosfera, ambiental etc., de partículas radioativas, por
exemplo, usinas nucleares).

A radiação pode levar até a morte, e, para entender a radiação, é preciso entender o átomo. O
átomo possui um núcleo, e, nele, contem prótons (carga positiva), sendo circundados por elétrons (carga
negativa), possuindo ainda os nêutrons, que não possuem carga elétrica.
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Quando um átomo que está no espaço é atingido por um raio cósmico, que bate no núcleo, pode
fazer com que um nêutron ou próton seja eliminado. Ou seja, esse raio cósmico, ao bater nesse átomo,
pode emprestar toda a sua energia para esse átomo, e este fica altamente energizado. Essa energia
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cumulada dentro do átomo vai aos poucos sendo eliminada. Essa eliminação da energia é que confere a
radioatividade a esse átomo.

A alteração nuclear (prótons e nêutrons), em razão do recebimento de uma carga de energia, faz
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com que prótons e nêutrons sejam eliminados do núcleo. Após o recebimento dessa energia, esta é
eliminada do núcleo aos poucos e assim confere-se radioatividade ao átomo.
Sousa Nogueira

Essa dissipação da energia (radioatividade) pelo átomo, é feita através da liberação de partículas
alfa, beta e gama.
Flávio Sousa
Flávio

2. IRRADIAÇÃO E CONTAMINAÇÃO

2.1. Irradiação

Segundo o Professor Roberto Blanco, sempre que alguém ficar exposto a alguma substância
química capaz de emitir partículas radioativas alfa ou beta, bem como ondas eletromagnéticas com
determinados comprimentos de onda, como os raios X, e principalmente os raios gama, essa pessoa estará
irradiada. Quando essa pessoa se afasta do foco de radiação, os efeitos lesivos provenientes da fonte de
radiação deixam de continuar a afetar a pessoa, embora os efeitos produzidos na pessoa permaneçam.

ATENÇÃO!

Na irradiação, a pessoa irradiada não é uma fonte de energia radiante, sendo apenas uma vítima.

2.2. Contaminação

340
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR ENERGIA RADIANTE• 14

Em relação a contaminação, o Professor Roberto Blanco ensina que, quando a pessoa é


contaminada por uma substância radioativa (ingestão, toque etc.), considerando que a substância
radioativa está fixada no corpo, percebe-se dois problemas:

• A pessoa está em permanente contato com o agente radioativo, sofrendo as consequências do


progressivo tempo de exposição à radiação.
• Qualquer outra pessoa que se aproximar para tratamento ou cuidados desta pessoa
contaminada, também ficara exposta ao agente radioativo.

ATENÇÃO!

Na contaminação, a pessoa contaminada é uma fonte de energia radiante.


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3. PERIGO DAS RADIAÇÕES

O perigo da radiação, vai variar do tipo de radiação, sendo elas:

• Radiação Alfa
• Radiação Beta
• Radiação Gama
• Raio-X
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3.1. Radiação Alfa

A radiação Alfa é a mais fraca das radiações, sendo incapaz de ultrapassar uma folha de papel.
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Assim, se o indivíduo estiver exposto a um produto radioativo que está eliminando partículas alfa, mas
estiver protegido por uma roupa, essa partícula alfa não atravessa a roupa. Ela não tem poder de
Sousa Nogueira

penetração.

Haverá problema se a pessoa ingerir algo contaminado pela partícula alfa, pois ao ingressar no
Flávio Sousa

corpo, pode causar lesões internas.


Flávio

3.2. Radiação Beta

A radiação Beta, atravessa o papel, mas não alumínio. Podem penetrar superficialmente na pele
causando queimaduras.

3.3. Radiação Gama

A radiação Gama, desloca-se na velocidade da luz, atravessa a pele e atravessa até mesmo o aço, o
chumbo, mas não é capaz de ultrapassar o concreto.

Se o agente for ficar perto de uma substância radioativa que emite uma radiação gama, deve
atentar para o tempo de exposição, pois os efeitos da radiação gama estão relacionados com o tempo de
exposição.

341
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR ENERGIA RADIANTE• 14

Em contato com o corpo, essa radiação vai direto para os órgãos produtores de sangue (glóbulos
vermelhos, glóbulos brancos, e plaquetas), causando assim anemia, infecções e sangramentos, levando a
morte.

3.4. Raio-X

O raio-X, ultrapassa o papel, pele, alumínio, mas não passa pelo chumbo.

Em resumo: é mais penetrante que a radiação beta e menos penetrante que a radiação gama.
Flávio Sousa
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FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR ENERGIA RADIANTE• 14

4. COMPRIMENTO DA ONDA RADIOATIVA E GRAU DE PENETRAÇÃO

Quanto menor o comprimento da onda radioativa, mais rápida é a vibração e mais penetrante ela
é, logo, quanto maior o comprimento da onda radioativa, menos rápida é a vibração e menos penetrante
ela é.
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88

5. UNIDADE DE RADIAÇÃO
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São unidades de verificação de radiação:

• Sievert (Sv ou mSv)


• Gray (Gy)
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• Becquerel (Bq)
Sousa Nogueira

5.1. Sievert (Sv ou mSv)


Flávio Sousa

Faz a análise de quanto tempo o indivíduo pode receber a radiação.


Flávio

Dose anual permitida de radiação: 2,4 mSv/ano, no máximo. Na proporção que essa quantidade
começa a aumentar, problemas podem surgir.

Se apresentam de forma não visual, pois nós apenas enxergamos do vermelho ao violeta.

OBSERVAÇÃO

Esta unidade está para radiação como o kg está para a massa, como o litro está para o volume.

5.2. Gray (Gy)

88 Imagem retirada do Curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

343
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR ENERGIA RADIANTE• 14

É a unidade que mede os danos físicos causados pela radiação.

5.3. Becquerel (Bq)

É a unidade que mede a atividade da fonte radioativa.

Às vezes a partícula é liberada em segundos, às vezes é liberada em dias, ou anos. Cada substância
radioativa tem uma velocidade de eliminação.

6. EFEITOS DA ENERGIA RADIANTE NO CORPO

6.1. Forma aguda da radiodermite

A forma aguda pode ser verificada com queimaduras, que, a depender da proximidade, irá variar,
podendo ser:
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• 1º grau
• 2º grau
• 3º grau

6.1.1. 1º grau

Consiste no eritema e depilação da área afetada. Forma-se uma mancha avermelhada que, aos
poucos escurece.
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6.1.2. 2º grau

Formam-se pápulas avermelhadas que podem chegar à ulceração, em geral dolorosa e recoberta
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por crosta purulenta pois infeccionam com facilidade; sua cicatrização é difícil. Há também flictenas (bolhas
de conteúdo rico em proteínas).
Sousa Nogueira

6.1.3. 3º grau
Flávio Sousa

Constituem-se as zonas de necrose de gravidade progressiva, aprofundando-se podendo levar a


Flávio

amputação do segmento afetado.

OBSERVAÇÃO

Não causa lesão de 4º grau

Segundo o Professor Roberto Blanco, embora a maioria dos autores não considerem esse grau de
lesão nas radiodermites (melhor orientação em prova objetiva), não resta dúvida que as lesões mais
intensas e profundas equivalem as típicas lesões de carbonização, muito comuns nos demais tipos de
queimaduras por agentes térmicos.

ATENÇÃO!

344
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR ENERGIA RADIANTE• 14

As queimaduras provocadas pela radiodermite da irradiação são classificadas em graus, sendo de 1°


e 2° graus semelhantes às provocadas pelo fogo, porém as de 3° grau, provocam necrose e gangrena.

6.2. Características das queimaduras

As características dessas queimaduras são:

• Não crestam os pelos.


• Há mais alterações sistêmicas que locais.
• Causam alterações hematológicas e infecções generalizadas.
• Podem levar ao choque séptico.
• Estando a energia longe, apesar de não queimar, afetam a medula óssea e paramos de
produzir os glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas, gerando anemia intensa, baixa
imunidade e dificuldade em coagulação.
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• Afetando órgãos sexuais, passam o defeito genético provocado aos descendentes.

6.3. Forma crônica da radiodermite

Podem afetar a pele ou órgãos internos, produzindo síndromes digestivas, genitais, cancerígenas,
graves alterações sanguíneas (na medula óssea vermelha), podendo causar até a morte.

6.4. Úlcera de Roentgen


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Segundo o Professor Roberto Blanco, estas úlceras quando derivadas de doença profissional ou de
doenças das condições de trabalho, em radiologistas ou pessoas eventualmente expostas, no trabalho, à
radiação, recebem este nome, sendo comumente visualizadas nas mãos.
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6.5. Septicemia
Sousa Nogueira

Geralmente é a morte atingida por radiação, após a perda dos glóbulos vermelhos e glóbulos
Flávio Sousa

brancos, quando não se tem mais defesa no organismo e as infecções se instalam no organismo.
Flávio

7. MEIA-VIDA DOS ELEMENTOS RADIOATIVOS

Meia vida é o tempo que o elemento radioativo demora para perder a metade da radiação que
carrega. As principais meia-vidas são:

• Iodo-131: 8 dias
• Césio-137: 30 anos
• Carbono-14: 5.730 anos

OBSERVAÇÃO

O Carbono-14 é o mais utilizado para cálculo da idade dos fósseis que viveram há mais de 5.730
anos.

345
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR ENERGIA RADIANTE• 14

8. O CASO CÉSIO-137 DE GOIÂNIA

O acidente radiológico de Goiânia, amplamente conhecido como acidente com o Césio-137, foi um
grave episódio de contaminação por radioatividade ocorrido no Brasil. A contaminação teve início em 13 de
setembro de 1987, quando um aparelho utilizado em radioterapias foi encontrado dentro de uma clínica
abandonada, no centro de Goiânia, em Goiás.

O instrumento foi encontrado por catadores de um ferro velho do local, que entenderam tratar-se
de sucata. Foi desmontado e repassado para terceiros, gerando um rastro de contaminação, o qual afetou
seriamente a saúde de centenas de pessoas. O acidente com Césio-137 foi o maior acidente radioativo do
Brasil e o maior do mundo ocorrido fora das usinas nucleares.

O professor Blanco realizou este procedimento com roupas adequadas que apenas o protegiam dos
raios alfa e beta, logo, sua proteção contra os raios gama seria a duração de contato de acordo com os
Sieverts medidos na irradiação do cadáver.
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APLICAÇÃO EM CONCURSO

1) Goiânia foi sede do maior acidente radioativo do Brasil. Várias pessoas sofreram ações diretas e indiretas
do elemento radioativo. Sobre radioatividade, tem-se que:

a) são fontes comuns de radioatividade o ultrassom, o infravermelho e as lâmpadas fluorescentes.

b) diariamente recebemos exposição radioativa mínima não lesiva ao corpo humano.


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c) a ação local da radioatividade causa as radiodermites que possuem curta duração, em média três dias.

d) nas radiodermites de primeiro grau, aparecem as úlceras de Roentgen.


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GABARITO
Flávio Sousa

1) Resposta: Letra: “b”


Flávio

346
Flávio
Flávio Sousa
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15
FREDERICO ALVES MELO

BAROMÉTRICA
LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR ENERGIA

347
LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR ENERGIA BAROMÉTRICA• 15
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR ENERGIA BAROMÉTRICA• 15

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O estudo das lesões e mortes causadas por baropatias está ligado ao aumento ou diminuição da
pressão atmosférica. Trata-se de uma energia física não mecânica de origem barométrica.

O ser humano está adaptado para viver em uma mistura gasosa, a atmosfera, que exerce sobre o
seu corpo uma pressão de 760 mm Hg (milímetros de mercúrio) ao nível do mar.

Apesar de seus aparelhos respiratório e circulatório estarem preparados para dar o máximo de
rendimento nessas condições, guardam certa reserva funcional, que permite ao indivíduo suportar
pressões um pouco maiores, ou menores, sem prejuízos para o organismo. Ultrapassado o limite da
tolerância, surgem distúrbios, a princípio reversíveis. Aumentando a variação barométrica ainda mais,
aparecem, então, alterações funcionais e estruturais em diversos tecidos. Podemos chamar o conjunto
dessas alterações de baropatia, ou seja, doenças causadas pela pressão atmosférica.

Ao nível do mar, o indivíduo sofre pressão do ar de 1 atmosfera (ATM), ao aumentar de altura


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(subir montanhas) essa pressão diminui, ao mergulhar, a massa liquida da água atua sobre o mergulhador
(pressão hidroestática) e a cada 10 metros de profundidade, aumenta 1 ATM.

É comum verificar-se baropatias entre mergulhadores, uma vez que, a cada 10 metros de
profundidade, a pressão ambiente eleva-se de 1 atmosfera. Assim, a 10 metros de profundidade, o corpo
do mergulhador está submetido a 2 atmosferas de pressão (uma do ar e outra dos 10 m de água); a uma
profundidade de 20 metros, está sob 3 atmosferas, e assim por diante.
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OBSERVAÇÃO

Na subida, o mergulhador para evitar a descompressão, deve fazer 1/10 de ATM a cada 10 minutos.
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Sousa Nogueira

2. PORCENTAGEM DE GASES NO AR EM QUALQUER ALTURA


Flávio Sousa

Em qualquer altura, o ar ambiental é composto por:

• Oxigênio: 21%
Flávio

• Nitrogênio ou azoto: 78%


• Outros gases: 1%

ATENÇÃO!

Mesmo em grandes altitudes, com quantidades absolutas menores, o percentual dos gases se
mantém.

3. LEIS DAS BAROPATIAS

São as leis que determinam o comportamento dos gases nos diversos fenômenos físicos, veja:

• Lei de Boyle-Mariotte
• Lei de Dalton

348
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR ENERGIA BAROMÉTRICA• 15

• Lei de Henry

3.1. Lei de Boyle-Mariotte

Segundo a lei de Boyle-Mariote, sob temperatura constante, o volume ocupado por uma massa de
gás é inversamente proporcional à pressão suportada. Assim, quando dobramos a pressão sobre uma
massa gasosa, seu volume reduz-se a metade, desde que se mantenha a temperatura.
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Note que conforme maior a pressão maior é a distância da água.

3.2. Lei de Dalton


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Segundo a Lei de Dalton, a pressão exercida por uma mistura gasosa é igual à soma das pressões
parciais de cada componente da mistura.

A pressão parcial corresponde à pressão que exerceria qualquer dos componentes, se estivesse
disperso sozinho por todo o espaço ocupado pela mistura. Além do mais, “a concentração de um gás
Nogueira -- CPF:

dissolvido em uma massa líquida é diretamente proporcional a pressão exercida pela fase gasosa da
Sousa Nogueira

mistura líquido-gás”.

3.3. Lei de Henry


Flávio Sousa
Flávio

Segundo a Lei de Henry, é analisada a quantidade de gás que se pode dissolver em uma massa
líquida.

A Lei de Henry diz que, se aumentar a pressão parcial de um dos gases do ar inspirado, sua
quantidade dissolvida em uma massa líquida (Ex. sangue) aumentará na mesma proporção; e que
variações para menos também serão acompanhadas com a mesma intensidade.

Lei do refrigerante

A Lei de Henry é também chamada de Lei do refrigerante. Por isso que, se os mergulhadores não
voltarem lentamente, os gases se expandem rapidamente (similar a abertura de uma lata de
refrigerante), podem causar o apagamento brusco do mergulhador. É chamado de mal dos
mergulhadores ou dos escafandristas.

4. PRESSÃO EM GRANDES ALTITUDES

349
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR ENERGIA BAROMÉTRICA• 15

A pressão e temperatura em grandes altitudes diminui, causando o mal das montanhas. O


percentual dos gases se mantém, em que pese as quantidades absolutas serem menores.

4.1. Mal das montanhas ou aviadores

O mal das montanhas pode ocorrer de duas formas:

• Forma aguda;
• Forma crônica.

4.1.1. Mal das montanhas ou aviadores em sua forma aguda

Quando o indivíduo sobe a grandes altitudes (acima de 3 mil metros em que o ar é rarefeito) ou um
piloto de avião em cabines despressurizadas, estão sujeitos a alterações em seu quadro normal em função
da diminuição da pressão.
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São características que configuram o mal das montanhas ou aviadores, em sua forma aguda:

• Hipoxia relativa (baixa quantidade de oxigênio no sangue arterial);


• Edemas cerebral e pulmonal;
• Dor de cabeça;
• Náuseas;
• Tonteiras;
• Dispneia (dificuldade de respirar caracterizada por respiração rápida e curta);
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• Retenção de líquidos;
• Espessamento perí-alveolar.
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OBSERVAÇÃO
Sousa Nogueira

É equivalente ao mal dos aviadores, pois antigamente os aviadores voavam em cabines


despressurizadas, e podiam sofrer os mesmos efeitos do mal das montanhas.
Flávio Sousa

4.1.2. Mal das montanhas em sua forma crônica ou Doença de monge


Flávio

A doença de monge é a forma crônica do mal das montanhas que ocorre em pessoas que vivem
em grandes altitudes, normalmente acima de 3 mil metros de altura, onde se tem o ar rarefeito (estão
ambientadas a baixa pressão).

Em função do corpo humano buscar se adaptar ao ambiente, e podem surgir características que
configuram a doença de monge:

• Atividade de eritropoietina (EPO)


• Aumento da hematopoiese
• Poliglobulia compensadora
• Risco de tromboses
• Dedos em baqueta de tambor
• Aumento do teor de mioglobina nos tecidos

a. Atividade de eritropoietina (EPO)

350
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR ENERGIA BAROMÉTRICA• 15

Aumento da produção do eritropoetina (determinada a maior produção de hemácias) pelos rins,


estimulada pela hipoxia do sangue, hormônio que atua na medula óssea, fazendo com que haja maior
produção de glóbulos vermelhos (hemácias) para o sangue, que passa a capturar e transportar maior
quantidade de oxigênio para os tecidos (o que vai levar ao espessamento do sangue, pois há um
aumento da parte sólida do sangue e uma diminuição da parte líquida).

b. Aumento da hematopoiese

Há aumento do processo de formação do sangue.


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351
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR ENERGIA BAROMÉTRICA• 15

c. Poliglobulia compensadora

É o fenômeno adaptativo de pessoas que vivem em grandes altitudes, pois o ar disponível é mais
rarefeito, que leva a hipoxia, e assim para compensar essa hipoxia, tem-se a poliglobulia compensadora,
que é marcada pelo aumento da atividade da eritropoietina e da hematopoiese (o que leva a um aumento
de glóbulos vermelhos para aumentar a capacidade de transporte de oxigênio).

d. Risco de tromboses

Pois com o aumento de glóbulos vermelhos (para capturar mais oxigênio), o sangue fica mais
espesso e a circulação mais lenta, podendo levar a obstrução de alguns vasos.

O sangue é formado por: Plasma ou parte líquida do sangue que correspondem a 55% e
elementos figurados que correspondem a 45% do sangue.

Os elementos figurados são: glóbulos vermelhos (eritrócitos ou hemácia), que possuem função de
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capturar e transportar o oxigênio; glóbulos brancos (leucócitos), que possuem função de defesa e as
plaquetas.

Como há o aumento dos elementos figurados, através de glóbulos vermelhos, há diminuição da


parte líquida.

e. Dedos em baqueta de tambor

Alteração morfológica que ocorre nas extremidades dos dedos que ficam alargados.
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f. Aumento do teor de mioglobina nos tecidos

Mioglobina é proteína que ajuda molecularmente o deslocamento do oxigênio para o interior das
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células.
Sousa Nogueira

5. BAROTRAUMAS ORIUNDOS DE MERGULHOS


Flávio Sousa

Trata-se do aumento da pressão sofrida pelo corpo, pois a cada dez metros de profundidade, há o
Flávio

aumento de uma atmosfera.

O mergulho pode ser feito em apneia ou com scuba:

5.1. Mergulho em apneia

É o mergulho feito sem o auxílio de aparelhos. Na subida, há risco de apagamento, de afogamento


e barotraumas no ouvido (tímpano), que levam a perda do equilíbrio.

5.1.1. Lei de Boyle Mariote

O perigo se dá na subida em função da Lei de Boyle Mariote, pois a pressão vai diminuir e o volume
do pulmão aumenta (pressão e volume tem reação inversa), assim o oxigênio não renovado (e sem
pressão), não consegue passar para o sangue, levando a hipoxia aguda, e ao apagamento. Com o desmaio,
o indivíduo pode ingerir água podendo ocorrer a morte por afogamento.

352
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR ENERGIA BAROMÉTRICA• 15

5.1.2. Barotrauma pulmonar

Segundo o Professor Hygino de C. Hercules nesses casos de subida brusca, causa a hiperdistensão
alveolar, podendo levar ao rompimento das paredes do pulmão.

5.1.3. Barotrauma de ouvido

Ocorrem nas descidas, devido ao aumento da pressão, que pode levar ao rompimento do tímpano.

5.1.4. Manobra de valsava

Forma de igualar a pressão interna (que é menor) com a pressão externa (que é maior), através do
sopro com nariz e boca fechados, que faz com que o tímpano seja empurrado para fora.

Se o indivíduo estiver gripado, a manobra de valsalva não é eficaz devido a inflamação atingir o
ouvido interno.
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5.1.5. Manobra de Toynbee

Consiste na deglutição com a boca e nariz tapados, o que provoca uma diminuição da pressão na
nasofaringe e na caixa timpânica.

5.2. Mergulho com scuba


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Na proporção que a pressão externa aumenta, o aparelho injeta ar com uma pressão para dentro,
e assim as pressões de fora para dentro e de dentro para fora, se igualam.

O perigo encontra-se na volta, pois se o mergulhador ao subir rapidamente haverá expansão dos
Nogueira -- CPF:

gases (deve subir de forma lenta e gradual para melhor descompressão) que ao cair na circulação
sanguínea, podem causar obstruções.
Sousa Nogueira

Podendo assim surgir:


Flávio Sousa

5.2.1. Embolia traumática causada pelo ar


Flávio

É a forma aguda da doença, que leva a roturas das paredes alveolares durante a subida, diante de
uma descompressão dos gases, causando uma hemorragia intrapulmonar (também levará ao
aparecimento das manchas de paltauf nos pulmões).

5.2.2. Doença da descompressão

É a forma crônica da doença, devido ao ar comprimido seguir no corpo, ou seja, foi feita uma
descompressão inadequada, o que leva a acúmulo de gases que, no dia a dia, são descomprimidos nas
articulações, causando dores, sendo chamado de “BEND”.

353
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Quantidade de ar diminui conforme a profundidade. O oxigênio que entrou foi gasto. O nitrogênio não é
gasto, e começa a expandir, causando problemas.

Trilix

O ar inserido na scuba é composto por três gases (nitrôgênio, oxigênio e outro gás, que
normalmente é o gás hélio - heliox), pois, se mantiver a quantidade normal de nitrogênio (78%), pode
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causar efeitos similar a embriaguez.


Nogueira -- CPF:

Nitrox
Sousa Nogueira

O nitrox é resultado da mistura de nitrogênio e oxigênio apenas.


Flávio Sousa
Flávio

APLICAÇÃO EM CONCURSO

1) Um mergulhador que sai do fundo de um rio e sobe muito rápido pode estar sujeito aos efeitos da
descompressão. Tal fato é considerado um:

a) fenômeno abiótico imediato

b) afogamento

c) fenômeno abiótico consecutivo

354
FREDERICO ALVES MELO LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR ENERGIA BAROMÉTRICA• 15

d) fenômeno cadavérico transformativo

e) barotrauma

GABARITO

1) Resposta: Letra “e”


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355
Flávio
Flávio Sousa
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FREDERICO ALVES MELO

16 MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE
MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

356
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O indivíduo, ao tempo da conduta, pode ser considerado:


• imputável
• semi-imputável
• inimputável

1.1. Imputável

É o agente, que ao tempo da conduta, possui plena capacidade de entender o caráter ilícito do
fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento.

1.2. Semi-imputável

É o indivíduo que possui alguma alteração ou falha no entendimento ou na sua autodeterminação.


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1.3. Inimputável

É o agente, que ao tempo da conduta, era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

2. IMPUTABILIDADE
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A imputabilidade é a possibilidade de se atribuir a alguém determinada conduta criminosa. A


depender da situação concreta, pode ser afastada. Os limitadores e modificadores da imputabilidade são
estudados pela psicologia e psiquiatria forense.
Nogueira -- CPF:

A psiquiatria forense, que faz parte da Medicina Legal especial, tem por finalidade a avaliação da
responsabilidade penal e a capacidade civil, que podem estar alteradas em função de distúrbios mentais.
Sousa Nogueira

Nela são abordados os aspectos médico-legais da embriaguez e as toxicomanias.

2.1. Imputabilidade é analisada ao tempo da conduta


Flávio Sousa
Flávio

Segundo o Código Penal, a imputabilidade é analisada ao tempo da conduta, portanto, a perícia


possui um caráter retrospectivo.

2.2. Exame de sanidade mental

É o exame técnico com o fim de analisar a imputabilidade ao tempo da conduta e somente o juiz
pode determinar o exame de sanidade mental do indiciado ou acusado.

O Delegado deve representar pelo exame de sanidade mental do indiciado ou acusado.

OBSERVAÇÃO

No caso de estupro de vulnerável, o Delegado pode requisitar diretamente o exame de sanidade


mental da vítima.

357
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

ATENÇÃO!

Os artigos a seguir são de leitura obrigatória: art. 26, 27 e 28 do CP; art. 45 e 46 da Lei n.º
11.343/2006.

3. ISENÇÃO DE PENA E LEI DE DROGAS

O art. 45 da Lei n.º 11.343/2006 que será isento de pena o agente que , em razão da
dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da
ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Art. 45, Lei n.º 11.343/06. É isento de pena o agente que, em razão da dependência,
ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da
ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
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entendimento.

Ainda, segundo o art. 46 da Lei de Drogas, as penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços
se, por força das circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou
da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.

Art. 46, Lei n.º 11.343/06. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços se, por
força das circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da
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ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de


determinar-se de acordo com esse entendimento.

3.1. Isenção de pena e embriaguez no Código Penal


Nogueira -- CPF:

Segundo o art. 28 do Código Penal, é isento de pena o agente que, por embriaguez completa,
Sousa Nogueira

proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Flávio Sousa

Art. 28, CP [...]


Flávio

§ 1º- É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso
fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Ainda, diz o §2º que a pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez,
proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena
capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

§ 2º- A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez,
proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da
omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.

4. DEPENDÊNCIA FÍSICA OU PSÍQUICA

São elementos importantes relacionados a dependência do indivíduo:

• tolerância

358
Flávio
Flávio Sousa
Sousa Nogueira
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FREDERICO ALVES MELO

• dependência
• síndrome de abstinência
MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

359
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

4.1. Tolerância

É a necessidade de doses crescentes da droga para obter o mesmo efeito, em função de um


hábito.

Exemplo: A pessoa bebia uma dose de uísque para se sentir “alegre”, e com o tempo passa a beber
mais doses para atingir o mesmo efeito.

4.2. Síndrome de abstinência

São efeitos psíquicos e somáticos (nervosismo, alucinações, agitação, tremores etc.) da ausência do
uso da droga. Em resumo, é um conjunto de sintomas e sinais que ocorrem ao mesmo tempo causados
pela carência da droga.

OBSERVAÇÃO
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Quando é atestada a síndrome de abstinência, esse indivíduo é tido como dependente da droga.

4.3. Dependência

A dependência está relacionada a conflitos sociais, como, familiares, trabalho, polícia, justiça, na
vida cotidiana no geral.
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CUIDADO!

Para isenção de pena pela dependência da droga, independe de ser proveniente de caso fortuito
Nogueira -- CPF:

ou força maior, restando apenas a análise de estar inteiramente incapaz ou não.


Sousa Nogueira

5. CRITÉRIOS RELACIONADOS À INIMPUTABILIDADE


Flávio Sousa

A inimputabilidade pode estar ligada ao critério:


Flávio

• biológico;
• biopsicológico ou misto.

5.1. Critério biológico de inimputabilidade.

Quando o critério for biológico, leva-se em conta a idade da pessoa. No Brasil, são considerados
inimputáveis os menores de 18 anos.

Art. 27, CP - Os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às


normas estabelecidas na legislação especial.

5.2. Critério biopsicológico ou misto de inimputabilidade

No critério misto, é indispensável que se comprove o nexo de causalidade entre o aspecto


biológico (doença), e a alteração do psiquismo do indivíduo que permitiu a realização da conduta
delituosa.

360
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

Art. 26, CP - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

No critério biopsicológico estão incluídos os que possuem:

• perturbação da saúde mental


• desenvolvimento mental incompleto
• desenvolvimento mental retardado
• perturbação da saúde mental.
• doença mental

São exemplos de doença mental:

• Psicóticos;

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Portadores de esquizofrenia;
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• Psicoses (deve ser seguido da palavra que define a psicose);


• Portadores de demência.

Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude
de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou
retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
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Note a ausência do termo doente mental no parágrafo único. Isso ocorre porque a doença mental
encontra-se inserida dentro do gênero perturbado mental.

Aqui, além dos doentes mentais, são também considerados perturbados mentais os:
Nogueira -- CPF:

• neuróticos;
• psicopatas;
Sousa Nogueira

• epilépticos.
Flávio Sousa

5.2.1. Neuróticos
Flávio

Os neuróticos são os que possuem transtornos do mundo psíquico.

Eles se utilizam de mecanismos de defesa de maneira inconsciente para não ter que enfrentar uma
realidade que está recalcada no âmago de sua mente.

Como regra, são os portadores de fobias, filias e manias.

Por vezes esses portadores de neuroses tentam maquiar suas neuroses, podendo ocorrer por:

• simulação
• dissimulação
• metassimulação
• parassimulação

a. Simulação

361
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

Segundo Bonnet, sempre que alguém tenta imitar, agravar ou criar intencionalmente sintomas de
uma doença para buscar eventual reconhecimento de inimputabilidade.

b. Dissimulação

O agente possuidor da doença, busca dar a impressão que é saudável.


Flávio Sousa
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362
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

c. Metassimulação

O agente possuidor da doença, exagera nos sintomas para parecer que o quadro é mais grave.

d. Parassimulação

O agente possuidor da doença, adiciona conscientemente sinais e sintomas de outras doenças.

5.2.2. Psicopatas

Os psicopatas não são doentes mentais e sim perturbados mentais. Locados no art. 26 parágrafo
único do CP, possuem capacidade de entendimento e autodeterminação reduzidas.

É um perturbado mental que tem um desvio social (sociopata ou personalidades anormais), que
acredita que o mundo deve-se reger pelas suas regras, fazendo isso com a maior naturalidade. Ele é
desprovido de afeto. É egocêntrico e possui convicção de que seus pares o devem servir, sem os contrariar.
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O indivíduo nasce psicopata. Ele não vira psicopata com o passar do tempo.

5.2.3. Epilépticos

Segundo o professor Roberto Blanco, o epilético não é doente mental, e sim portadores de
alteração neurológica que gera reflexos musculares. Os epilépticos possuem distúrbios no sistema nervoso
central e costumam ter crises convulsivas, tendo comportamento agressivo e desproporcional.
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Para o referido mestre, a epilepsia será classificada como doença mental quando for epilepsia
catatônica, ou seja, que tem o condão de retirar totalmente a capacidade de entendimento e
determinação.
Nogueira -- CPF:

O “crime epilético” é marcado por multiplicidade de golpes, sem motivação, sem premeditação,
amnésia anterior e não há preocupação em esconder os elementos do crime.
Sousa Nogueira

Os epilépticos, segundo Hygino C. Hércules, são doentes mentais. Possuem alteração neurológica
que gera reflexos neuromusculares. Distúrbios no sistema nervoso central, que podem levar a crises
Flávio Sousa

convulsivas. Na forma mais grave, pode gerar comportamento agressivo e desproporcional levando a
Flávio

pessoa a praticar crimes com características específicas. Há multiplicidade de golpes, ausência de


motivação e premeditação, amnésia posterior. O agente não foge do local do fato e não se livra dos
vestígios do crime. A doutrina denomina essa manifestação da patologia como crise catatônica.

a. Criminoso epiléptico e epiléptico criminoso

O criminoso epiléptico é o agente criminoso que possui epilepsia, sendo, portanto, imputável.

O epiléptico criminoso é o agente que não é criminoso, mas em razão das alterações psicomotoras,
acabam por cometer um delito. Neste caso, deve ser comprovado o nexo entre a epilepsia e a conduta
ilícita, podendo ser reconhecida sua semi-imputabilidade.

6. DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO OU RETARDADO

São os que não possuem o desenvolvimento mental completo. Os surdos e mudos que não
conseguem exprimir sua vontade, podem se enquadrar nesta categoria.

363
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

6.1. Retardado

São os oligofrênicos, ou seja, os que possuem desenvolvimento mental deficiente (podendo ser
congênita ou adquirida), tendo afetada a sua capacidade intelectual. São classificados de acordo com que
Q.I. em:

• idiotas
• imbecis
• débeis mentais

6.1.1. Idiotas

Os idiotas possuem o Q.I. de 0 a 25% de uma pessoa normal, com uma idade mental até 3 anos.
Esse indivíduo, possui um retardo profundo e é dependente de outra pessoa.

6.1.2. Imbecis
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Os imbecis possuem o Q.I. de 25% a 50% de uma pessoa normal, tendo a idade mental de 3 a 7
anos. Diz-se que possui um retado moderado, sendo um independente treinável.

6.1.3. Débeis mentais

Possuem o Q.I. de 50% a 75% de uma pessoa normal, tendo a Idade mental até 7 a 12 anos.
Possuem retardo mental leve, sendo uma independente educável.
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FENILCETONÚRIA
Nogueira -- CPF:

Há deficiência na metabolização da fenilalanina, o que pode provocar retardo mental. É chamada


de oligofrenia difenilpirúvida.
Sousa Nogueira

6.2. Síndrome de Down


Flávio Sousa

Os cromossomos são distribuídos em pares. 23 do pai, 23 da mãe totalizando 46. Assim, a síndrome
Flávio

de Down é uma anomalia causada pela presença de três cromossomos 21 (trissomia 21). As células destas
pessoas possuem 47 cromossomos, e não 46.

O portador de Síndrome de Down sofre alterações no físicas e psíquicas e seu desenvolvimento


mental deve ser analisado isoladamente, pois os níveis podem variar desde a idiotia até os limites da
normalidade.

6.3. Síndrome de Turner

A Síndrome de Turner é causada pela mutação genética, onde ocorre a falta de um segundo
cromossomo sexual. Os indivíduos afetados usualmente têm 45 cromossomos, com os 22 pares de
autossomos e mais um cromossomo X.

6.4. Embriaguez

364
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

A embriaguez consiste na alteração temporária, aguda (a forma crônica é o alcoolismo) do


comportamento individual, com reflexos nas diversas formas de percepção sensorial, no curso do
pensamento, na memória, bem como na coordenação motora e do ritmo cardiorrespiratório em
decorrência da ação do álcool ou substância de efeitos análogos (que não estão na portaria 344).

Em relação a embriaguez e seus efeitos em relação a inimputabilidade, observa-se o critério


biopsicológico.

Critério biopsicológico ou misto

No critério misto, é indispensável comprovar o nexo de causalidade entre o aspecto biológico (embriaguez),
e a alteração do psiquismo que permitiu a realização da conduta delituosa.

Assim, o agente a depender do caso concreto poderá ser considerado:


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inimputável
• semi-imputável
• inimputabilidade

Para ser considerado inimputável, a embriaguez deve ser completa, proveniente de caso fortuito ou força
maior e ao tempo da ação ou da omissão, o agente deve estar inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Art. 28 § 1º, CP - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente
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de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente


incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

7. SEMI-IMPUTABILIDADE
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Sousa Nogueira

Se reconhecida a semi-imputabilidade, o agente pode ter reduzida de um a dois terços, se o agente,


por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da
omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
Flávio Sousa

entendimento.
Flávio

§ 2º A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez,


proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da
omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.

7.1. Não excludente de imputabilidade

Segundo o art. 28 do CP, não excluem a imputabilidade: a emoção, a paixão e a embriaguez,


voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.

Art. 28, CP - Não excluem a imputabilidade penal:


I - a emoção ou a paixão;
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.

7.1.1. Embriaguez voluntária

365
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

A embriaguez voluntária ocorre quando o agente ingere bebida alcoólica com a finalidade de se
embriagar.
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366
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

Agravante de embriaguez pré-ordenada

A busca da embriaguez é para cometer um crime, e, neste caso, incidirá a agravante da embriaguez
pré-ordenada.

No caso de pré-ordenada, se concluir o plano inicial, essa embriaguez é tida como incompleta, pois
se completa fosse, não tem nem consciência nem vontade sob o domínio dele.

Art. 61, CP - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime:
l) em estado de embriaguez preordenada.

7.1.2. Embriaguez culposa

O agente ingere bebida voluntariamente, mas fica embriagado culposamente, ou seja, o agente não
tinha a intenção de ficar embriagado.
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Neste caso, observa-se a teoria da actio libera in causa.

Teoria da Actio libera in causa

O livre arbítrio do agente é analisado no momento da ingestão do álcool ou substância de efeitos


análogos. Assim, o estado de inconsciência no momento do crime decorre de uma ação antecedente em
que o agente atuou livre na sua vontade de ingerir álcool ou substância de efeito análogo.
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Portanto, a análise de imputabilidade e voluntariedade do agente é verificada neste momento


anterior de ingestão. Essa teoria é chamada de actio libera in causa.

A teoria da actio libera in causa vem solucionar casos nos quais, embora considerado inimputável, o
Nogueira -- CPF:

agente tem responsabilidade pelo fato.


Sousa Nogueira

7.1.3. Embriaguez patológica


Flávio Sousa

É uma forma de alteração transitória e inesperada da vontade ou da consciência, desencadeada


pela ação de pequena quantidade de álcool ou substância de efeitos análogos.
Flávio

Há uma verdadeira idiossincrasia, que pode levar ao cometimento de delitos. Não havendo
consciência e vontade, o agente será tratado como inimputável.

Idiossincrasia

Trata-se do efeito inesperado gerado em razão de alguma substância que foi ingerida pela pessoa
(Ex. bebida, medicamento etc.).

7.2. Fases da embriaguez

A ingestão de bebida alcoólica pode levar a embriaguez, e essa embriaguez pode ser
classificada em fases.

367
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

• Fase do macaco ou da excitação


• Fase do leão ou da confusão
• Fase do porco ou comatosa
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368
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

7.2.1. Fase do macaco ou da excitação

Nesta fase inicial há uma excitação, uma desinibição inicial do agente. O álcool é uma substância
depressora, atuando no sistema nervoso central, deprimindo assim, a censura, causando a desinibição
inicial.

7.2.2. Fase do leão ou da confusão

Com a progressão dos efeitos do álcool, há uma agitação, uma confusão no agente que leva a ficar
agressivo.

É a considerada a fase médico legal, em razão da prática de crimes comissivos.

7.2.3. Fase do porco ou comatosa

O agente encontra-se em uma situação de embriaguez profunda (embriaguez siderativa), não


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conseguindo se manter em pé. Nesta fase o agente encontra-se em sono profundo, podendo estar em
coma, vomitar, urinar etc.

Na fase do porco o agente pode cometer crimes de omissão, desde que esteja na condição de
garantidor.

7.3. Exames verificadores de embriaguez


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No Instituto Médico Legal – IML, os exames de embriaguez que podem ser feitos em nos indivíduos
vivos, são os seguintes:

• clínico
• neurológico
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• psíquico
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7.3.1. Clínico
Flávio Sousa

No exame clínico, é feita uma análise da como a pessoa se apresenta. Assim, é verificado o ritmo
Flávio

cardiorrespiratório acelerado; conjuntivas vermelhas; hálito com odor alcoólico; pele com suor etc.

7.3.2. Neurológico

Se a pessoa está sob o efeito de álcool, há alteração no cerebelo, que afeta a coordenação motora
e o equilíbrio (parte neurológica), assim o exame clínico, neurológico é feito através do Sinal de Romberg e
o Sinal de Quatro.

a. Sinal de Romberg

Periciado fica em pé, com pés juntos, membros superiores juntos ao corpo, e olhar em direção ao
horizonte.

b. Sinal de Romberg Sensibilizado

Na mesma posição do anterior, mas neste deve-se fechar os olhos e inclinar a cabeça para trás.

369
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

c. Sinal de Quatro

Colocar o tornozelo direito à frente do joelho esquerdo e vice-versa (4).

7.3.3. Psíquico

São feitas perguntas sobre a pessoa, família, dia a dia, atualidades etc. Não se faz exame de sangue
ou de urina no IML.

7.4. Tolerância ao álcool

É a capacidade, a facilidade de as pessoas ficarem embriagadas, que devem ser analisadas por
diversos fatores, tais como: peso, frequência que ingere álcool, estado de saúde etc.

Vale lembrar que no Estado do RJ, há o enunciado 09 do 1º CDPCERJ, que diz:


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A embriaguez ao volante, em que pese a sua classificação como crime de perigo abstrato,
exige prova de efetiva alteração da capacidade psicomotora para sua configuração, não
sendo suficiente, portanto, a aferição através de etilômetro, embora dispensável o exame
pericial.

ATENÇÃO!

Se a pessoa possuir doença cerebelar (labirintite), pode dar a impressão de estar bêbado, pois esta
causa perda do equilíbrio.
CPF: 037.820.231-61

7.5. Alcoolismo e o meio ambiente


Nogueira -- CPF:

O meio ambiente pode influir no alcoolismo, podendo essa influência ser classificada, segundo o
Sousa Nogueira

Professor Roberto Blanco, da seguinte forma:

• Alfa
Flávio Sousa

• Beta

Flávio

Gama
• Delta
• Epsilon

7.5.1. Alfa

O ambiente social é apenas uma desculpa para ingestão do álcool. Em qualquer situação a ingestão
do álcool passa a ser necessária.

7.5.2. Beta

É resultado da influência cultural. O agente faz consumo regularmente sem se embriagar. Por
vezes, acabam por causar doenças como cirrose, pancreatite, etc.

7.5.3. Gama

370
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

É o alcoolismo patológico, sem controle, estando presente a tolerância e a síndrome de


abstinência.

7.5.4. Delta

É o agravamento do alcoolismo Beta. Pois se houver interrupção do consumo, levará a crise de


abstinência.

7.5.5. Epsilon

Decorre da dipsomania ou alcoolismo periódico. O agente fica sem beber por algum tempo, mas
periodicamente, por algum motivo, faz o consumo exagerado.

7.6. Síndrome de Korsakoff


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Trata-se de síndrome decorrente da ação lesiva do álcool no sistema nervoso central, provocando:

• Amnésia lacunar
• Palimpsesto
• Alucinose alcoólica
• Flash-back
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7.6.1. Amnésia lacunar

É o blecaute, que ocorre em geral nas intoxicações crônicas.


Nogueira -- CPF:

7.6.2. Palimpsesto
Sousa Nogueira

São os esquecimentos lacunares repetitivos. Caso o agente venha a cometer um delito, agredido
alguém, não se recorda e não acredita que tenha feito.
Flávio Sousa

7.6.3. Alucinose alcoólica


Flávio

São psicoses que ocorrem diante do quadro de abstinência após anos de consumo. É chamado de
delirium tremens.

7.6.4. Flash-back

O agente apresenta repetição de sintoma, mesmo sem o uso da substância.

7.7. Decorrências do alcoolismo

São decorrentes do alcoolismo, a polineurite (comprometimento dos neurônios) e a Síndrome de


Wernicke (focos hemorrágicos nos nervos cranianos).

7.8. Absorção do cérebro

371
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

O álcool ao entrar no corpo humano, segue um determinado caminho. Inicialmente vai para o
estômago, após intestino, e posteriormente vai para o sangue até chegar ao cérebro.

Se o estômago está vazio, o álcool chega mais rápido ao cérebro. Se está com alimentos
(principalmente gordurosos), o álcool demora mais a passar para o intestino e logo mais para chegar ao
cérebro.

Assim, o caminho do álcool até ser eliminado é: ingestão, absorção, metabolização e eliminação.

Na pessoa viva, em cerca de 8 a 10 horas há toda metabolização do álcool, não restando vestígios
do álcool no corpo.

Se a pessoa bebeu e morreu, a metabolização cai quase a zero, assim, mantém altos níveis de
álcool no corpo. Os melhores locais para se verificar a presença de álcool no sangue do cadáver são:

• veias cavas inferiores


• veias femorais
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OBSERVAÇÃO

O coração não é indicado, pois o álcool pode passar do estomago para o coração (em razão da
proximidade), dando um falso diagnóstico.

Deve ser analisado todos os órgãos para analisar o percurso da droga no corpo.
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8. MENINGES DO CÉREBRO

As meninges são membranas protetoras do cérebro ao osso. São três as meninges:


Nogueira -- CPF:

• Pia-máter
• Aracnóide
Sousa Nogueira

• Dura-máter
Flávio Sousa

8.1. Pia-máter
Flávio

A pia-máter é a primeira membrana que envolve o cérebro, sendo das três, a mais fina.

8.1.1. Liquor

Entre a pia-máter e a aracnoide, existe uma substância chamada de liquor, que tem por função a
drenagem local, e o amortecimento.

8.2. Aracnóide

A aracnóide é a meninge do meio, que fica entre a pia-máter e a dura-máter.

É possível o rompimento de vasos sanguíneos entre a pia-máter e a aracnóide, onde se tem a


hemorragia sub aracnóide.

8.2.1. Lepto meninges

372
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

As meninges aracnoide e pia-máter, são finas e transparentes, e por isso são chamadas de lepto
meninges.

8.3. Dura-máter

A dura-máter é a membrana mais externa, sendo a mais resistente.

Se o rompimento de vasos sanguíneos entre a aracnoíde e a dura-máter, onde se tem a hemorragia


sub dural.
Flávio Sousa
Flávio Nogueira -- CPF:
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373
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8.3.1. Hemorragia extra-dural

Se o rompimento for entre a dura-máter e o osso, tem-se a hemorragia extra-dural. O hematoma


extra dural pode comprimir o cérebro e levar a óbito.
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89

Hematoma extra dural

ATENÇÃO!

Com o hematoma extra dural, o cérebro fica comprimido e a pessoa pode apresentar sintomas de
quem ingeriu bebida (fala desconexa, andar cambaleando etc.), podendo dar um diagnóstico falso de
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embriaguez.

9. LEI DE DROGAS
Nogueira -- CPF:

Quando se trata de drogas, a substância proibida deve estar relacionada na Portaria 344 da Anvisa.
Sousa Nogueira

9.1. Lei de drogas e o inimputável


Flávio Sousa

Diz o art. 45 que será isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito,
Flávio

proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer
que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.

Se o agente for DEPENDENTE, independe de ser proveniente de caso fortuito ou força maior,
restando apenas a análise de estar inteiramente incapaz ou não.

Art. 45, CP. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito,
proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da
omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

89 Imagem retirada do curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco

374
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

Segundo o parágrafo único, quando o agente for absolvido, sendo reconhecido por força pericial,
que este apresentava, à época do fato, as condições referidas no caput deste artigo, poderá determinar o
juiz, na sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico adequado.

Não se trata de medida de segurança, e sim encaminhamento para tratamento médico adequado.
Flávio Sousa
Flávio Nogueira -- CPF:
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375
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

9.1.1. Semi-imputável

Ainda, segundo o art. 46 da Lei de Drogas, as penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços
se, por força das circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou
da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.

Art. 46, CP. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços se, por força das
circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou
da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento.

10. INTOXICAÇÕES E ENVENENAMENTO

Segundo o professor Genival Veloso, a intoxicação é caracterizada como sendo um quadro de


reações do metabolismo que tem origem acidental, assim, diferente do envenenamento que teria origem
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intencional e exógena. São tipos de intoxicação e envenenamento:

• Hidrargirismo
• Mitridatismo
• Saturnismo
• Chumbinho (carbamato)
• Pesticidas organofosforados
• Monóxido de carbono
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• Cianeto
• Drogas psicoativas ou psicotrópicas

10.1. Hidrargirismo
Nogueira -- CPF:

O hidrargirismo ou mercuralismo é uma intoxicação/envenenamento, que pode ser aguda ou


Sousa Nogueira

crônica, se dá pelo contato com o mercúrio (Hg).

O hidrargirismo causa complicações neurológicas, afeta o sistema nervoso causando paralisias,


Flávio Sousa

pode causar erupções na pele, problemas de memória, e inclusive levar a óbito, sendo muito comum em
Flávio

áreas de garimpo.

10.2. Mitridatismo

No mitridatismo, o envenenamento ocorre por arsênico, que em doses mínimas pode matar.

O arsênico possui grande afinidade com a pele, e mesmo após anos da morte, é possível verificar a
presença de arsênico nos fâneros da pele.

São características do arsênico: inodoro, incolor e insipido.

São sinais caraterísticos que indicam envenenamento por arsênico: eritema na pele sem exposição
ao sol, dores abdominais, vômitos esbranquiçados, diarreia, fígado amarelado (forma crônica), etc.

10.2.1. Linhas de Meegs

São ranhuras, estrias, esbranquiçadas que surgem nas unhas em razão do arsênico.

376
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

Historicamente era usado para matar reis. Por isso, o Rei Mitridates, buscou imunizar-se contra um
eventual envenenamento, tomando doses crescentes (mas nunca letais) de arsênico =, até que fosse capaz
de tolerar até mesmo uma dose mortal. Curiosamente, morreu envenenado.

10.3. Saturnismo

No saturnismo a intoxicação/envenenamento se dá por chumbo. Geralmente afeta pessoas que


trabalham com vidraçaria, cerâmica etc.

O saturnismo afeta o cérebro, causando psicoses tóxicas, além de ser causador de anemia, por não
permitir a fixação do ferro na hemoglobina.

Se um PAF ficar alojado por muito tempo dentro do corpo, é possível que ocorra o saturnismo.

10.3.1. Orla de Burton


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A orla do encaixe do dente na gengiva vai ficando anegrada e indica a intoxicação por chumbo.
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90
Nogueira -- CPF:
Sousa Nogueira

10.4. Chumbinho (carbamato)

O chumbinho é um inibidor da enzima acetilcolinesterase, que é responsável por destruir os efeitos


Flávio Sousa

a acetilcolina.
Flávio

Entenda: A acetilcolina é liberada após cada transmissão dos impulsos nervosos aos diversos órgãos
do corpo, que fazem os músculos contrair. A acetilcolinesterase faz com que o músculo após a contração,
relaxe. Assim, com a acetilcolinesterase inibida, não se consegue relaxar os músculos o que leva a
espasmos musculares generalizados, podendo levar à morte por sufocação indireta (asfixia).

10.5. Pesticidas organofosforados

Esses pesticidas feitos por organofosforados tem a finalidade de matar as pragas da lavoura. Por
vezes, a ingestão destes alimentos sem a adequada higiene, leva a contaminação, levando a problemas
neurológicos, de controle da musculatura, náuseas etc.

90 Imagem retirada do livro de Medicina Legal do Professor Hygino de C. Hércules

377
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

É também é inibidor da acetilcolinesterase. Afetam as terminações nervosas, ou seja, o comando


do corpo é feito através de ordens do nervo para o músculo, através de um composto químico chamado
acetilcolina. Ocorre que uma enzima chamada acetilcolenesterase, tira os efeitos da acetilcolina. Mas com
a intoxicação a ordem de retirar feita pela acetilcolenesterase, fica inibida, e assim, a ordem de movimento
fica mantida, causando desarranjo do corpo, levando a espasmos musculares generalizados.

10.6. Monóxido de carbono

O monóxido de carbono normalmente está presente na fumaça negra que ocorre pela queima de
determinados produtos. Ele possui uma afinidade muito grande com hemoglobina, e em razão disso,
forma-se a carboxihemoglobina, que impede o transporte de oxigênio, e leva a intoxicação por monóxido
de carbono.

Quando a concentração de monóxido de carbono no sangue é maior que 50%, há perigo de morte
iminente. Ainda, no caso de morte, verifica-se que as vísceras ficam com a cor carminada.
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10.7. Cianeto

O cianeto é um tóxico que age em nível intracelular (ação química). Ele faz com que a enzima
citocromooxidase (que atua no interior das mitocôndrias), fique inibida, e assim, fique impedida de retirar
os hidrogênios e como consequência impede a reação com o oxigênio (que está na célula, mas não reage),
podendo levar a morte instantânea por excesso de hidrogênio nas células. Leva a hemorragia da mucosa
gástrica (lembrando uma polpa de goiaba).
CPF: 037.820.231-61

É característica da intoxicação via cianeto: odor de amêndoas amargas.

11. DROGAS PSICOATIVAS OU PSICOTRÓPICAS


Nogueira -- CPF:

As drogas psicoativas podem ser classificadas, quanto aos seus efeitos, em drogas:
Sousa Nogueira

• Psicolépticas ou psicocatalépticas
• Psicodislépticas
• Psicoanalépticas
Flávio Sousa
Flávio

11.1. Psicolépticas ou psicocatalépticas

As drogas psicolépticas são drogas tranquilizantes, DEPRESSIVAS do sistema nervoso central,


gerando a diminuição dos batimentos cardíacos, da respiração etc.

São exemplos de drogas psicolépticas, o álcool, sedativos, morfina, ópio, papoula, heroína,
barbitúricos etc.

11.2. Psicodislépticas

As drogas psicodislépticas são drogas que distorcem o pensamento, causando alucinações no


usuário.

São exemplos drogas psicodislépticas, o LSD, psilocibina, mascalina, cogumelos, maconha, haxixe
etc.

378
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

A maconha, é a droga mais consumida no mundo, e tem o princípio ativo através do THC
(tetrahidrocanabinol), que só está presente na flor das plantas da maconha feminina.

11.3. Psicoanalépticas

As drogas psicoanalépticas, são estimulantes do sistema nervoso central, gerando euforia,


agitação, respiração ofegante, pupilas dilatadas etc.

São exemplos de drogas psicoanalépticas, a cocaína, anfetaminas, ecstaxy, oxi, crack, merla etc.
Flávio Sousa
Flávio Nogueira -- CPF:
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379
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

Metabólicos da cocaína
O exame de sangue do usuário de cocaína pode apresentar as seguintes substâncias como
metabolismo:

• Ecgonina: Indica que a cocaína foi consumida.


• Benzoil-ecgonina: Indica que a cocaína foi consumida recentemente.
• Metil-ecgonina: Indica que a cocaína foi consumida na forma de crack.
• Cocaetileno: É indicativo que a cocaína foi consumida junto com álcool.

OBSERVAÇÃO

Os pelos do corpo podem acusar o uso de drogas por até 6 meses após o indivíduo parar o uso da
substância ilícita.
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11.4. Legal highs

São drogas sintéticas produzidas em laboratório, que causam (mimetizam) os mesmos efeitos das
drogas ilícitas (psicoléptica, psicodisléptica ou psicoanaléptica), mas com componentes químicos que não
estão elencados na portaria 344 da Anvisa.

“Droga digital” que imita os efeitos de LSD é considerada ilícita?


A RDC (resolução da diretoria colegiada da Anvisa) permite aos peritos a análise da
CPF: 037.820.231-61

similaridade estrutural, com lavratura de laudo positivo para drogas ilícitas. A defesa pode
ponderar infringência ao princípio da legalidade, legalidade estrita e taxatividade.
Princípios caros para direito penal.
O STJ refuta esta alegação sob o fundamento de que a droga tem mesma estrutura de
Nogueira -- CPF:

uma que já há na tabela, sendo assim substancialmente já está na lista.


Política criminal recrudescedora com vistas a adequar a persecução penal à “sagacidade”
Sousa Nogueira

da criminalidade que manipula a estrutura da droga justamente para lhe deferir o status
de “legal hights” burlando a lei.
O STJ utiliza o princípio da proporcionalidade na sua vertente da vedação à proteção
Flávio Sousa

deficiente. À luz do princípio geral de que o Estado não pode admitir que o agente se
valha da própria torpeza e preservando a saúde pública, bem jurídico tutelado pela lei
Flávio

11.343/06.

11.5. Síndrome do corpo embalagem

A síndrome do corpo embalagem ocorre quando pacotes de drogas são inseridos em um corpo para
serem transportados (mulas) e se rompem seu interior deste corpo. A depender do local do corpo em que
são transportados, pode ser classificado como:

• Body packer
• Body pusher

11.5.1. Body packer

Os pacotes são ingeridos e transportados no estômago.

11.5.2. Body pusher

380
Flávio
Flávio Sousa
Sousa Nogueira
Nogueira -- CPF:
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FREDERICO ALVES MELO

Os pacotes são inseridos e transportados nos orifícios naturais.


MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

381
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

11.6. Formas de introdução das drogas no corpo humano

São as formas de se introduzir drogas no corpo humano:

• Via oral;
• Injetar;
• Via inalação.

OBSERVAÇÃO

A forma de introdução via inalação, possui os efeitos mais rápidos, pois não precisa passar pelo
coração para chegar as artérias.

11.7. Associação de drogas ou farmacocinética


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A associação de mais de uma droga pode ter os seguintes efeitos:

• Aditivo;
• Sinergismo;
• Antagonismo.

11.7.1. Efeito aditivo


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Quando ocorre o consumo de mais de uma droga e os efeitos individuais de cada uma se somam.

11.7.2. Sinergismo
Nogueira -- CPF:

Há potencialização de determinada droga diante da presença de outra droga.


Sousa Nogueira

Ex.: Droga A, será mais toxica em doses menores, em função da presença de outra droga.

11.7.3. Antagonismo
Flávio Sousa
Flávio

Há o consumo de mais de uma droga e os efeitos dessas substâncias se neutralizam.

382
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

APLICAÇÃO EM CONCURSO

1) Maria compareceu à delegacia para registrar ocorrência de que a esposa do seu irmão vinha ameaçando
matar o próprio filho, que nasceu havia três dias. Disse que sua cunhada vinha enfrentando dificuldades
para dormir e para amamentar a criança. Acrescentou que a cunhada apresentava agitação e raiva, que
estava sempre confusa na hora de conversar e que manifestava delírios e alucinações. Considerando-se
essa situação hipotética, é correto afirmar que a provável patologia mental apresentada pela cunhada de
Maria, que pode levar ao infanticídio, é a(o)

a) blues puerperal.

b) depressão pós-parto.

c) transtorno da ansiedade.

d) transtorno do pânico.
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e) psicose puerperal.

2) Em relação à condição de pessoas com transtornos mentais perante a justiça, assinale a opção correta.

a) A deficiência auditiva é motivo de desqualificação do testemunho, da confissão e da acareação.

b) A falha na capacidade de controle da impulsividade não é atributo justificável para considerar condição
de inimputabilidade às pessoas com cleptomania, transtorno explosivo e piromania.
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c) A epilepsia, por implicar comprometimento neurológico crônico e grave, deve ser considerada como
causa de inimputabilidade, no mínimo, parcial.

d) Na medicina legal, o desenvolvimento mental incompleto aplica-se às pessoas que não alcançaram sua
Nogueira -- CPF:

maturidade psíquica ou que não conseguirão alcançá-la.


Sousa Nogueira

e) A condição de pessoa com deficiência mental moderada e profunda inviabiliza a condição de


testemunho.
Flávio Sousa
Flávio

3) No que concerne aos transtornos de personalidade na prática da psiquiatria forense, assinale a opção
correta.

a) A embriaguez admite natureza atenuante em crimes cometidos por pessoas com transtorno de
personalidade borderline, não havendo necessidade de análise, visto que essas pessoas têm por
característica primária um déficit na autorregulação e no autocontrole.

b) Em razão da natureza crônica e incurável da condição psicopatológica, nos casos de transtornos de


personalidade antissocial invariavelmente, é responsabilidade do perito a indicação de medida de
segurança.

c) Não há previsão de inimputabilidade para os transtornos de personalidade, visto que, nessas condições,
não há comprometimento da capacidade de julgamento.

d) Nos exames periciais em psiquiatria, os transtornos de personalidade mais frequentemente encontrados


são o paranoide, o antissocial e o narcisista.

383
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

e) Na avaliação psiquiátrica de situações criminais violentas, deve-se considerar a possibilidade de


existência de aspectos desadaptativos na personalidade do agressor.

4) A respeito do exame pericial em psiquiatria, assinale a opção correta.

a) O exame psiquiátrico forense pode ser realizado por ordem do juiz ou da autoridade policial ou
administrativa que esteja instruindo o processo.

b) É importante que a doença mental, se existente, seja constatada antes da condenação, pois, uma vez
deferida a sentença, ela não poderá ser sujeita a reforma em sua natureza.

c) O relatório de exame pericial em psiquiatria fica impedido de ser realizado no caso de o examinado
reservar-se ao seu direito de manter-se em silêncio.

d) Os critérios empregados na avaliação pericial forense são, basicamente, os mesmos aplicados na


psiquiatria clínica geral, ou seja, um exame psíquico detalhado para apreciação do estado mental atual do
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periciado.

e) Uma vez estabelecido o status de inimputabilidade ao réu por condição patológica irreversível, fica
dispensada a periodicidade do exame de cessação de periculosidade.

5) De acordo com Greco (2010), para que o agente possa ser responsabilizado pelo fato típico e ilícito por
ele cometido, é preciso que ele seja imputável. Considerando os conceitos relacionados a essa afirmação,
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assinale a opção correta.

a) A função do perito é traduzir a linguagem jurídica para a linguagem médica, cabendo-lhe decidir sobre as
consequências legais decorrentes de estados mentais alterados ou relacionadas a eles.
Nogueira -- CPF:

b) No exame pericial, a inimputabilidade é a regra e a imputabilidade, a exceção.


Sousa Nogueira

c) A doença mental por si só caracteriza inimputabilidade.

d) A inimputabilidade encontra-se respaldada sempre nas psicoses, nas síndromes mentais orgânicas e na
Flávio Sousa

oligofrenia.
Flávio

e) A qualificação da imputabilidade requer apreciação da capacidade do indivíduo de discernir o que faz, de


entender a ilicitude do ato praticado no momento da ação sob apreciação e de se autodeterminar.

6) A respeito da avaliação da imputabilidade penal na perícia psiquiátrica, assinale a opção correta.

a) A capacidade de autodeterminação, um elemento intrinsecamente cognitivo da ação humana, deve ser


apreciada da mesma forma que nas avaliações de imputabilidade penal, realizadas de acordo com o Código
Penal (CP).

b) A avaliação da imputabilidade do agente que cometeu um delito em razão de dependência ou sob o


efeito de droga é realizada de acordo com o critério biopsicológico.

c) No delírium tremens, uma consequência da abstinência do álcool, geralmente não há prejuízo da


capacidade de entendimento da realidade.

384
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

d) Não há relação entre consumo de álcool e criminalidade, conforme recentes pesquisas.

e) O uso frequente de opioides e crack, substâncias que geralmente causam dependência apenas psíquica,
não causa prejuízos à capacidade de autodeterminação.

7) No que se refere às aplicações forenses relativas ao retardo mental, assinale a opção correta.

a) Pessoas portadoras de retardo mental que exibem características de personalidade passiva e submissa
apresentam maior potencial para cometer crimes.

b) Em pessoas com retardo mental, o desenvolvimento mental retardado pode comprometer tanto a
capacidade de entendimento como de determinação, bem como afetar sua capacidade civil.

c) Verifica-se que indivíduos mentalmente retardados raramente entram em conflito com as leis penais.

d) Quanto mais grave o retardo mental, maior a probabilidade de o indivíduo envolver-se em uma prática
delituosa.
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e) Transtornos do caráter, com respostas inadequadas aos estímulos recebidos, são raros em portadores de
retardo mental.

8) Em relação à responsabilidade penal nas perícias psiquiátricas, assinale a opção correta.

a) Se o agente, por embriaguez voluntária ou culposa, não possuía, ao tempo da ação ou omissão, a plena
capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento,
CPF: 037.820.231-61

sua pena será reduzida de um a dois terços.

b) A esquizofrenia determina incapacidade civil ou irresponsabilidade penal, mesmo que não exista nexo
causal com os fatos processuais.
Nogueira -- CPF:

c) indivíduos que recebem curatela total sempre serão inimputáveis na esfera criminal.
Sousa Nogueira

d) No transtorno de personalidade antissocial, o indivíduo compreende o significado, as implicações e as


consequências de seus atos antissociais.
Flávio Sousa

e) Para que uma pessoa seja considerada inimputável, é necessário que tenha rebaixada a sua capacidade
de entendimento e/ou reduzida a sua capacidade de autodeterminação.
Flávio

9) Na avaliação pericial, ocorrem situações em que o periciado pode simular doenças. A respeito da
simulação, assinale a opção correta.

a) Em situação em que haja acentuada discrepância entre o sofrimento apontado pelo paciente e os
achados objetivos, falta de cooperação durante a avaliação e presença de um transtorno de personalidade,
deve-se suspeitar de simulação.

b) A simulação é o resultado de uma decisão com motivação consciente em certo momento da vida, sendo
classificada, nos manuais diagnósticos, como um transtorno mental.

c) A presença de exageros acentuados de sintomas já existentes não configura quadro de simulação.

d) Entre as condições psiquiátricas mais simuladas estão os transtornos pelo uso de substâncias, o
transtorno obsessivo compulsivo e os transtornos de personalidade.

385
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

e) A comunicação de ideação suicida é forte indício de que o indivíduo não seja um simulador.

10) Um doente mental que apresenta os seguintes sinais neurológicos: tremores de língua, ataxia na
marcha, disartria, anisocoria e sinal de Argyll-Roberson é portador de:

a) epilepsia.

b) paranoia.

c) paralisia geral progressiva.

d) esquizofrenia.

e) psicose alcoólica.
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11) Supondo que um indivíduo, por engano, tomasse uma bebida considerada inócua e se tratasse de uma
com grande teor alcoólico, ou que ingerisse um remédio que potencializasse os efeitos de uma pequena
dose de bebida considerada inócua, quando caracterizado o ato, o agente pode gozar de benefício de
isenção de responsabilidade. Isso é um exemplo de:

a) embriaguez preordenada.

b) embriaguez por força maior.


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c) embriaguez acidental.

d) embriaguez culposa.

e) embriaguez dolosa.
Nogueira -- CPF:
Sousa Nogueira

12) O Art. 26 do Código Penal brasileiro descreve as situações de inimputabilidade penal. Conforme a nossa
lei penal e a doutrina médico-legal vigente, são considerados sempre penalmente inimputáveis os:
Flávio Sousa

a) criminosos passionais;
Flávio

b) surdos socializados;

c) psicopatas de qualquer tipo;

d) hipertímicos com prodigalidade;

e) deficientes mentais profundos.

13) Quando alguém for considerado inimputável, não cumprirá pena se delinquir, mas serão aplicadas as
medidas de segurança previstas na lei penal. A interrupção dessas medidas será feita:

a) quando houver cura aparente;

b) quando cessar sua periculosidade;

c) depois de um ano de aplicação das medidas;

386
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

d) quando o surto do transtorno mental durar mais de um ano;

e) quando o agente tiver cumprido o tempo correspondente a 1/6 da pena a que deveria ser condenado se
fosse imputável.

14) Um homem é conduzido ao IML, para exame de corpo de delito de embriaguez, por ter se envolvido em
colisão de veículos ocorrida há cerca de quatro horas, sendo atendido em hospital da rede pública antes.
Ao exame, informa que bebeu uma lata de cerveja depois que saiu do trabalho; diz estar um pouco tonto e
nauseado, porém, responde com coerência às questões formuladas pelo perito; sem mais alterações de
interesse médico-legal. Colhida urina para pesquisa de álcool, o exame foi negativo. Nesse caso, é correto
afirmar que:

a) o resultado do exame de urina é incoerente;

b) o tempo transcorrido entre o fato e o exame médico-legal permitiu a eliminação do álcool;


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c) o atendimento hospitalar interferiu no resultado do exame de urina;

d) os sintomas referidos pelo homem indicam que ele está sob efeito do álcool;

e) o exame de urina foi negativo porque o álcool não começou a ser eliminado.

15) Quando cometem um delito, de acordo com o Código Penal brasileiro, os oligofrênicos podem sofrer
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punição ou não. O que modifica sua imputabilidade é o(a):

a) natureza do delito;

b) uso de violência;
Nogueira -- CPF:

c) nível de comprometimento mental;


Sousa Nogueira

d) causa da oligofrenia;

e) extensão do dano causado.


Flávio Sousa
Flávio

16) É considerado agravante penal o seguinte tipo de embriaguez:

a) habitual;

b) preordenada;

c) patológica;

d) voluntária;

e) fortuita.

387
FREDERICO ALVES MELO MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE• 16

GABARITO

1) Resposta: Letra “e”

2) Resposta: Letra “e”

3) Resposta: Letra “e”

4) Resposta: Letra “d”

5) Resposta: Letra “e”

6) Resposta: Letra “b”

7) Resposta: Letra “b”

8) Resposta: Letra “d”

9) Resposta: Letra “a”


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10) Resposta: Letra “c”

11) Resposta: Letra “c”

12) Resposta: Letra “e”

13) Resposta: Letra “b”

14) Resposta: Letra “b”


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15) Resposta: Letra “c”

16) Resposta: Letra “b”


Flávio Sousa
Flávio Nogueira -- CPF:
Sousa Nogueira

388
Flávio
Flávio Sousa
Sousa Nogueira
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17
FREDERICO ALVES MELO

TANATOLOGIA FORENSE
TANATOLOGIA FORENSE• 17

389
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A tanatologia faz parte da patologia forense e estuda os sinais que se relacionam com a evolução da
morte, sua causa médica e os fenômenos cadavéricos.

Atualmente, considera-se morto aquele que tem diagnosticado a morte encefálica, dada a
irreversibilidade da situação.

O moderno conceito de “morte clínica” ou “morte encefálica” se caracteriza pelo que preconiza a
Resolução CFM Nº 2.173/2017, a qual considera “que a perda completa e irreversível das funções
encefálicas, definida pela cessação das atividades corticais e de tronco encefálico, caracteriza a morte
encefálica e, portanto, a morte da pessoa”
É apontado que, após inicialmente diagnosticada a morte, é possível serem feitos exames
complementares. Entre a primeira e a segunda avaliação, deve ser observado um espaço temporal que vai
variar de acordo com a faixa etária:
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• De 7 dias a 2 meses: 48 horas


• De 2 meses a 1 ano: 24 horas
• De 1 ano a 2 anos: 12 horas
• De 2 anos em diante: 6 horas

Existem ainda, alguns exames clínicos que são utilizados para auxiliar no diagnóstico de morte
encefálica, sendo eles:

• Olhar de cabeça de boneca, reflexo óculo-encefálico ou reflexo oculocefalógiro


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• Sinal da boneca ou sinal óculo-vestibular


• Reflexo pupilar

1.1. Olhar de cabeça de boneca, reflexo óculo-encefálico ou reflexo


Nogueira -- CPF:

oculocefalógiro
Sousa Nogueira

Realiza-se um giro rápido da cabeça nos sentidos, vertical e horizontal do pescoço, em que, se
houver movimentos oculares no sentido contrário do giro, indica resposta esperada para morte.
Flávio Sousa

1.2. Sinal da boneca ou sinal óculo-vestibular


Flávio

Injeta-se certa quantidade de água no canal auditivo, e a resposta esperada é a ocorrência do


nistagmo, que são movimentos laterais no sentido oposto ao ouvido estimulado.

1.3. Reflexo pupilar

Com uma fonte luminosa direcionada para os olhos, espera-se resposta ao estímulo como
indicativo de vida.

2. PERINECROSCOPIA

A perinecroscopia é o exame corpo de delito que é feito em volta do cadáver.

Art. 6º, CPP-Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade
policial deverá:

390
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

I - Dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das
coisas, até a chegada dos peritos criminais;
Flávio Sousa
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391
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

2.1. Tanatopsia

É o exame daquele que está morto (cadáver).

2.2. Autópsia

É o termo usado no CPP, para o exame do cadáver. Normalmente é usado o termo necropsia, como
sinônimo de autopsia.

2.3. Local relacionado

É o local que não tem ligação direta com o local do cadáver, mas indiretamente pode conter, ou ser
útil para análise de prova.

3. EXAME DE CORPO DE DELITO


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O corpo de delito é o elemento objetivo que o crime deixou, o exame de corpo de delito, é o
exame realizado sobre este elemento.

CPP
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

Lei n.º 9.099/95


Art. 77, § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de
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ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á
do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim
médico ou prova equivalente.
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4. TIPOS DE MORTE
Sousa Nogueira

As mortes podem ser classificadas como sendo:

• Morte natural
Flávio Sousa

• Morte violenta
• Morte suspeita
Flávio

• Morte súbita
• Morte real
• Morte aparente

4.1. Morte natural

A morte natural é a morte proveniente de causas internas. Ela pode ser uma morte natural assistida
ou não assistida.

4.1.1. Morte assistida

É assistida quando a pessoa possui um médico assistente em vida sendo este obrigado a dar a
declaração de óbito (Art. 1º da RES. 1.779/06), desde que não veja nenhum sinal de morte violenta. O
médico não precisa estar no momento que a pessoa morreu, e sim ter a acompanhado em vida.

392
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

4.1.2. Morte não assistida

Se não tiver médico assistente, a declaração de óbito deve ser feita pelo serviço de verificação de
óbito (SVO). Se não houver este serviço no local, deve ser requerida a remoção pela autoridade policial do
cadáver para o IML (Art. 2º da RES. 1.779/06).

4.2. Morte violenta

A morte violenta é proveniente de causas externas, como homicídio, suicídio, acidente etc., que
são as causas jurídicas da morte. Nesse caso, o médico legista do IML quem vai fornecer a declaração de
óbito (Art. 3º da RES. 1.779/06).

4.3. Morte suspeita

É a morte que não sabe se a causa foi interna (natural) ou externa (violenta). Neste caso, o
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médico legista do IML quem vai fornecer a declaração de óbito.

De acordo com o professor Hygino de C. Hercules, será considerada morte suspeita, sempre que
houver a possibilidade de não ter sido natural a causa.

4.4. Morte súbita

Para ser considerada morte súbita, essa morte tem que ser natural (logo, não poder ser violenta),
tem que ser inesperada, podendo ser:
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• Fulminante (Ex.: infarto que mata na hora) ou;


• Agônica (em que leva horas, dias etc., como uma hemorragia que ocorre há dias).
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De acordo com o professor Hygino de C. Hercules, tal conceito prende-se mais a inexistência de um
quadro patológico prévio que pudesse explicá-la do que ao tempo de evolução rápido da causa da morte.
Sousa Nogueira
Flávio Sousa

Docimasia hepática química (Lacassagne e Martin)


Flávio

Se verifica pelo nível de glicogênio medido no fígado, que se for alta ou normal, indica a morte
rápida, se for baixa, morte agônica.

Dosagem de adrenalina suprarrenal

Quando a glândula suprarrenal, que produz adrenalina, estiver abarrotada de adrenalina, indica
que a morte foi rápida. Se a adrenalina estiver em níveis baixos, indica que a morte foi agônica.

4.5. Morte real

É a morte verdadeira, completa, absoluta: é a morte da pessoa, ou seja, quando pode-se afirmar
existir cadáver.

4.6. Morte aparente

393
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

Segundo o professor Hygino de C. Hercules, é um estado profundo de embotamento das funções


vitais, em que se torna muito difícil escutar os batimentos cardíacos, pois estão bem fracos, ou perceber os
movimentos respiratórios.

Tríade de Thoinot

Define clinicamente o estado de morte aparente, sendo caracterizado pela presença de:

• imobilidade;
• ausência aparente de respiração;
• ausência aparente de circulação.

5. ALTERAÇÕES CELULARES
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As alterações celulares que podem indicar que houve a morte só aparecem algumas horas após a
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morte da célula.

6. ESTRUTURA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

O encéfalo é formado por:

• cérebro
• cerebelo
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• ponte ou protuberância
• bulbo

6.1. Cérebro
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O cérebro é a região que se encontra consciência e vontade.


Sousa Nogueira

6.2. Cerebelo
Flávio Sousa

O cerebelo é responsável por controlar o equilíbrio e a coordenação motora.


Flávio

6.3. Ponte ou protuberância

É responsável por reunir importantes centros nervosos.

6.4. Bulbo

É o responsável pelo controle dos centros cardiorrespiratórios (batimentos cardíacos e movimentos


respiratórios).

6.4.1. Tronco cerebral ou tronco encefálico

O tronco encefálico é formado por ponte e bulbo.

a. Nervo vago

394
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

É parte do tronco encefálico (precisamente do bulbo), que dá os movimentos cardiorrespiratórios.

b. Morte encefálica

Segundo a Lei n.º 9.434/97, apenas com a morte encefálica (tronco encefálico) tem-se o cadáver.

Veja, morte encefálica e morte cerebral não são a mesma coisa, pois, o cérebro é apenas uma parte
do encéfalo (estado de coma).

7. DIAGNÓSTICO DE MORTE FEITO NA RUA

O diagnóstico de morte feito na rua, leva em consideração os pulsos arteriais, e os movimentos


respiratórios.
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8. MORTE FETAL E NECESSIDADE DE DECLARAÇÃO DE ÓBITO


Nogueira -- CPF:

No caso de ocorrer a morte fetal, o atestado de óbito pode ser obrigatório ou dispensado, a
Sousa Nogueira

depender se a morte é:

• morte fetal prematura ou precoce;


Flávio Sousa

• morte fetal intermediária;


Flávio

• morte fetal tardia.

8.1. Morte fetal prematura ou precoce

A morte do feto será prematura se este tiver:

• menos de 500 gramas ou


• menos de 25 centímetros ou
• menos de 5 meses (20 semanas).

Se a morte fetal é prematura, o médico não é obrigado a expedir declaração de óbito, ou seja, pode
ser dispensada (facultativo).

Se a morte fetal é prematura e criminosa, o feto deve ser encaminhado ao IML, e deve ser expedida
a declaração de óbito indicando a causa da morte.

395
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

8.2. Morte fetal intermediária

O feto deve ter:

• mais de 500 gramas e menos de 1000 gramas ou


• mais de 25 centímetros e menos de 35 centímetros ou
• mais de 5 meses e menos de 6 meses.

Se a morte fetal é intermediária, há obrigação de o médico expedir declaração de óbito.

ATENÇÃO!

Grave que, a partir do 5º mês, há obrigação de o médico expedir declaração de óbito.


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8.3. Morte fetal tardia

O feto deve ter:

• mais de 1000 gramas ou


• mais de 35 centímetros ou
• mais de 6 meses.
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Se a morte fetal é tardia, há obrigação de o médico expedir declaração de óbito.

A Lei de Registros Públicos cita, em seu artigo 53, a obrigatoriedade de se realizar o atestado de
óbito fetal em todos os casos. Mas, para a doutrina médico-legal, essa obrigação só se dá a partir da
morte fetal intermediária.
Nogueira -- CPF:

Se houve a morte fetal, houve um aborto, que pode ter sido natural ou provocado (criminoso ou
Sousa Nogueira

legal).
Flávio Sousa

8.4. Fórmula de Haase


Flávio

É o meio pelo qual se verifica o tempo de gestação através da estatura do feto. Se verifica o tempo
de gestação através da raiz quadrada da estatura do feto. Assim, se o feto tiver:

• 4 cm é indicativo de 2 meses de gestação, pois 2² = 4;


• 9 cm é indicativo de 3 meses de gestação, pois 3² = 9;
• 16 cm é indicativo de 4 meses de gestação, pois 4² = 16;
• 25 cm é indicativo de 5 meses de gestação, pois 5² = 25;
• A partir dos 25 cm, deve-se dividir por 5,6.

A partir da fórmula de Haase é possível verificar o tempo de gestação. Assim possível verificar
eventual estupro de vulnerável de uma menor de idade.

Ex.: Uma menor de 14 anos e 3 meses sofre um aborto espontâneo e o feto possui 25 cm. Isso
indica que o feto já possui 5 meses, logo houve um estupro de vulnerável.

9. SINAIS ABIÓTICOS IMEDIATOS DE MORTE

396
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

Os sinais abióticos imediatos, são indicativos de probabilidade de morte, sendo os apontados pela
doutrina:

• Perda de consciência
• Imobilidade
• Insensibilidade
• Abolição do tônus muscular
• Relaxamento do esfincter
• Facies hipocrática, cadavérica ou máscara da morte
• Inexcitação elétrica
• Cessação da respiração
• Cessação da circulação

9.1. Perda de consciência


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Ocorre o fim da consciência humana.


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397
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9.2. Imobilidade

O corpo passa a ficar imóvel.

9.3. Insensibilidade

O corpo passa a não ter mais sensibilidade.

9.3.1. Sinal de Josat

Faz-se estímulo do mamilo não havendo resposta.

9.4. Abolição do tônus muscular

Sem o tônus muscular o corpo permanece em total repouso.


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9.4.1. Sinal de Rebouillat

Injeta-se 1 ml de éter na coxa, se houver absorção, indica vida, se refluir, indica morte.

9.5. Relaxamento do esfíncter

Com o relaxamento do esfíncter, urina e fezes são expelidos.


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9.6. Faces hipocrática, cadavérica ou máscara da morte

As rugas se atenuam, deixando um semblante de profunda serenidade.


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9.7. Inexcitação elétrica


Sousa Nogueira

Não há resposta diante de energia elétrica.


Flávio Sousa

9.8. Cessação da respiração


Flávio

Se a parada for irreversível tem-se a morte.

9.8.1. Sinal de Winslow

É a imobilidade da chama de uma vela na proximidade do nariz.

9.9. Cessação da circulação

São os testes de verificação da morte por ausência de circulação:

• Teste de Magnus
• Teste de Halluin
• Teste de Rebouillat
• Teste de Icard

398
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

9.9.1. Teste de Magnus

Amarra-se um torniquete ao redor de um dedo com pressão suficiente para barrar o sangue venoso
sem bloquear o arterial. Se houver circulação, em poucos minutos a parte distal fica arroxeada e congesta.

9.9.2. Teste de Halluin

Aplica-se uma gota de éter no fundo-de-saco conjuntival de um dos olhos. Se estiver vivo, haverá
congestão.

9.9.3. Teste de Rebouillat

A injeção de éter no tecido subcutâneo reflui pela ferida punctória da pele, caso não haja
circulação; caso contrário, é absorvido e desperta reação inflamatória.
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9.9.4. Teste de Icard


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Produz uma coloração verde-esmeralda na esclerótica (parte branca do olho) pela injeção
endovenosa ou intramuscular de uma solução de fluoresceína esterilizada.

ATENÇÃO!

Com os sinais abióticos imediatos, não é possível afirmar que houve a morte encefálica (tronco
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cerebral).

10. PERÍODO DE INCERTEZA DE TOURDES


Nogueira -- CPF:

No período de incerteza de Tourdes, tem-se a presença dos sinais abióticos imediatos de morte.
Sousa Nogueira

Trata-se do período em que não se pode afirmar se o indivíduo está morto ou não, devendo buscar neste
momento a reanimação.
Flávio Sousa

É o período entre o aparecimento dos sinais imediatos e os sinais tardios, consecutivos ou


mediatos.
Flávio

Segundo o Professor Wilson Palermo, é o período quantificado entre cerca de 6 horas antes e 6
horas depois da morte.

Ainda, segundo o professor diz que durante este período, se forem produzidas lesões no cadáver,
não é possível afirmar com precisão se as lesões foram feitas em vida ou após a morte.

11. PERÍODO SUPRA VITAL DO ÓRGÃOS

Após a morte, os órgãos permanecem funcionando por algum tempo, ou seja, não param
imediatamente.

12. PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA

É o período entre o evento danoso e a morte.

399
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

13. SINAIS ABIÓTICOS CONSECUTIVOS OU MEDIATOS DE MORTE

Neste caso, trata-se de sinais tardios ou reais, que indicam a certeza da morte. São eles:

• Evaporação tegumentar;
• Resfriamento do corpo cadavérico ou algor mortis;
• Livores cadavéricos, hipóstases ou livor mortis;
• Rigidez cadavérica ou rigor mortis;

13.1. Evaporação tegumentar

Trata-se de um fenômeno físico, no qual a água do corpo começa a evaporar, ou seja, ocorre a
desidratação dos tecidos, levando ao apergaminhamento da pele, a dessecação das mucosas, a perda de
peso, sendo mais acentuado em recém-nascidos.

A desidratação tem início nos locais em que a pele é mais delgada, como a bolsa escrotal.
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13.1.1. Fenômenos oculares

Com olhos abertos, a evaporação ocorrerá mais rápido, podendo ocorrer os seguintes fenômenos
oculares:

• Macha negra ocular de Larcher-Sommer


• Tela albuninóide ou viscosa de Stenon-Louis

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Sinal de Louis
• Sinal de Ripault
• Sinal de Bouchut
Nogueira -- CPF:

a. Macha negra ocular de Larcher-Sommer


Sousa Nogueira

Com a evaporação, a esclerótica (parte branca do olho) fica transparente, deixando o tecido
subjacente, conhecido como coroide (que é mais escura) à mostra. Em média, aparece com cerca de 3 a 5
Flávio Sousa

horas após a morte, podendo variar de acordo com as condições ambientais.


Flávio

91
.

91 Imagem retirada do curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco

400
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

b. Tela Albuninóide ou viscosa de Stenon-Louis

A poeira que está no ar, ao cair em cima dos olhos, mistura-se com a lágrima, com as células dos
olhos e gera uma sujeira (lama), que cobre a íris deixando a córnea menos transparente.

O tempo de aparecimento varia de acordo com as condições ambientais, por exemplo, se o olho
estava aberto ou fechado, local ventilado ou não. A doutrina aponta o tempo médio de aparecimento de 3
a 5 horas após a morte.
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92

c. Sinal de Louis

Em função da desidratação, ocorre a diminuição da pressão intraocular, levando a uma flacidez do


globo ocular.
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d. Sinal de Ripault

Trata-se da deformação da íris e da pupila que ocorre cerca de 8 horas após a morte.
Nogueira -- CPF:

e. Sinal de Bouchut
Sousa Nogueira

• É o enrugamento da córnea em função da desidratação.


Flávio Sousa

13.2. Resfriamento do corpo cadavérico ou algor mortis


Flávio

Trata-se de um fenômeno físico, que ocorre diante da morte. O sistema de aquecimento do corpo é
interrompido, e, como o corpo é mais quente que o meio ambiente (regra), o calor do corpo passa para o
meio ambiente e começa a esfriar. Neste caso, não existe perda de calor por transpiração.

• Fatores intrínsecos do resfriamento: camada de gordura subcutânea retarda o início do


resfriamento cadavérico;
• Fatores extrínsecos do resfriamento: roupas, condições ambientais (lugares úmidos, secos,
abertos ou fechados), interferem na perda de calor.

13.2.1. Cronotanatognose pelo algor mortis

92 Imagem retirada do curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco

401
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

É a busca do tempo em que a morte ocorreu pela temperatura corporal. É possível se utilizar de
duas fórmulas:

• Fórmula de Moritz
• Fórmula de Rentoul e Smith
Flávio Sousa
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402
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

a. Fórmula de Moritz

A fórmula de Moritz estabelece o tempo da morte pela temperatura retal, tendo como parâmetro a
temperatura de 37,2º (trinta e sete) graus, e, após, deve-se diminuir a temperatura retal, e por fim, somar
3 (três), em que o resultado será o tempo aproximado da morte.

Exemplo: temperatura retal de 30ºC: 37 – 30 + 3 = 10 horas aproximadamente.


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b. Fórmula de Rentoul e Smith

Aponta que a temperatura corporal diminui de 1,5º por hora, devendo ser observada a seguinte
fórmula:
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H=N.C

1,5
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• H = Tempo calculado
• N = Temperatura normal (37,2º)
Flávio Sousa

• C = Temperatura do cadáver
• 1,5 = é a média em graus de resfriamento a cada hora.
Flávio

OBSERVAÇÃO

Em alguns livros as temperaturas são calculadas em graus Farenheit. A forma de conversão para
graus Celsius é:

ºF = (ºC . 1,8) + 32

13.2.2. Sinais auxiliares para auxiliar na cronotanatognose

• Perda de peso;
• Mancha verde abdominal;

93 Imagem retirada do curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco

403
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

• Presença de cristais no sangue – CRISTAIS DE WESTENHOFFER-ROCHA-VERDE (surgem após o


terceiro dia de morte);
• Circulação póstuma de Brouardel;
• Crescimento de pêlos;
• Conteúdo estomacal (varia de acordo com a digestão, que em média tem-se que: alimentação
pesada – 5 a 7 horas; média – 3 a 4 horas; leve – 1 hora e 30 minutos a 2 horas);
• Entomologia forense (analisa a presença de insetos e larvas = legiões de Méguin), entre outros.

13.3. Livores cadavéricos, hipóstases ou livor mortis

Trata-se de um fenômeno físico, em que manchas arroxeadas são formadas em função do acúmulo
de sangue no interior dos vasos sanguíneos das regiões de maior declive do cadáver (em razão da ação da
gravidade).

Ex.: Se um indivíduo morrer enforcado, a região das hipóstases será a região dos membros
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inferiores.

Os livores cadavéricos podem ser cutâneos (pele) ou viscerais (órgãos), e permanecem até surgirem
os fenômenos da putrefação.

As partes que ficarem no aclive ou que ficar pressionada, ficarão sem acúmulo de sangue.
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94

Note que as regiões de contato não apresentam acúmulo de sangue.

13.3.1. Cronotanatognose pelos livores

• Cerca 30 minutos: aparecem pontos arroxeados nas regiões de declive.

94 Imagens retiradas do curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

404
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• Cerca de 2 horas: os pontos se juntam e formam manchas.


• Cerca de 6 horas: toda área de declive ficar arroxeada (salvo as áreas de contato por
compressão).

OBSERVAÇÃO

Neste momento, o livor é móvel, ou seja, se mudar o cadáver ou ele for manipulado, o livor vai
mudar de posição

• Cerca de 8 a 12 horas: Com a autólise, o sangue que está dentro do vaso passa para o exterior e
mancha os tecidos, e, mesmo que mude o cadáver de posição, o livor não irá sair do lugar, pois
encontram-se fixados.
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13.3.2. Livor ou equimose

Quando o coração para de bater, o sangue irá se acumular nas regiões de maior declive do corpo,
devido à gravidade. Em razão da pressão exercida nos vasos, o sangue irá extravasar, formando uma série
de pontos. Assim, se o sangue estiver saindo dos vasos, trata-se de “equimose falsa” em pessoa morta, que
são chamados de livores (que, com o passar do tempo, irão se fixar nos tecidos, não sendo mais possível a
movimentação do sangue).

Se a equimose for fruto de um trauma e estiver fora dos vasos (infiltração hemorrágica), trata-se de
equimose verdadeira, ou seja, foi feita em vida.

Como verificar?

Para verificar se se está diante de um livor ou equimose, deve ser utilizada a Técnica de Bonnet,
que consiste em realizar uma incisão no local e jogar água corrente: se limpar a área, indica que foi feito
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após a morte (pois não infiltrou); e se não limpar, indica que foi feita em vida, pois há sangue acumulado na
região.

Para fixar:

Se estiver saindo sangue pontilhado dos vasos: trata-se de livor. Assim, ao se jogar água no local, irá
limpar a região.

Se houver infiltração hemorrágica (tecidos manchados/impregnados): trata-se de equimose. Assim,


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ao se jogar água não irá limpar a área.


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95

13.3.3. Cores do livor e possível causa da morte

A cor do livor pode indicar a possível causa de morte:

• Cor violácea: indica possível causa de morte por asfixia.


• Vermelho claro: indica possível causa de morte por baixas temperaturas (frio).

95 Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco

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FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

• Vermelho vivo: indica possível causa de morte por cianeto.


• Carmin: indica possível causa de morte por monóxido de carbono.

13.4. Rigidez cadavérica ou rigor mortis

A rigidez cadavérica é um fenômeno químico decorrente das reações entre as proteínas


musculares, actina e miosina, que ficam no interior do sarcômero (unidade da fibra muscular responsável
por contrair e relaxar a musculatura) e os líquidos cadavéricos.

Com a ausência de oxigênio, o corpo fica ácido, e o pH cai, assim, é impossível a manutenção de
vida no meio ácido, o que faz com que se perca a mobilidade muscular, pois a actina e a miosina coagulam.

Esse processo que ocorre entre actina e miosina é chamado de Teoria química de Brucke e Kuhne.

13.4.1. Cronologia da rigidez cadavérica


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a. Até cerca de 2 horas

Nas primeiras duas horas após a morte, o corpo ainda se encontra em flacidez total.

b. Aproximadamente 2 horas

A partir de duas horas da morte, a região do masseter é a primeira a ficar endurecida.


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c. Entre 2 e 6 a 8 horas

No período a partir das 2 horas até as 6 a 8 horas após a morte, a região do pescoço e membros
superiores encontra-se rígida e os membros inferiores encontram-se em flacidez. É o período de chamado
de semirrigidez.

d. Cerca de 6 a 8 horas

Após o período intermediário, ou seja, após 6 a 8 horas, o cadáver se encontra em rigidez


generalizada.

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Flávio
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e. Acima de 24 a 36 horas

Há o desfazimento da rigidez (o corpo volta a ficar maleável, em flacidez), pois se tem o início da
decomposição dos tecidos (putrefação).

Os sinais da putrefação indicam que não se trata de uma morte recente.

Se determinada região, após estar em rigidez, for manipulada e ficar flácida, a rigidez dessa região
não voltará a ser instalada.

• Período de estado: é o tempo que o cadáver permanece rígido.

13.4.2. Lei de Nysten-Sommer-Larcher

A rigidez cadavérica se instala no sentido céfalo-caudal ou crânio-podálico (direção da cabeça para


os pés). As massas musculares menores endurecem primeiro do que as massas musculares maiores. A
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musculatura que entrou em rigidez primeiro também será a primeira a entrar em flacidez, ou seja, segue o
sentido céfalo-caudal.

13.4.3. Espasmo cadavérico, rigidez estatuária ou cataléptica (sinal de Kossu)

Trata-se de uma rigidez cadavérica instantânea localizada, ou seja, assim que ocorre a morte,
determinada região mantem a última posição até o início da putrefação.

Segundo o Professor Roberto Blanco, no Sinal de Kossu, a rigidez normalmente é localizada,


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embora possa ser generalizada.


Flávio Sousa
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97

13.4.4. Rigidez cadavérica precoce

No caso de mortes violentas, acompanhadas de intensa luta ou casos de mortes causadas por
asfixia mecânica (eletroplessão de média amperagem que causa parada respiratória periférica), pode-se
acelerar o curso de rigidez cadavérica, dado que houve um alto consumo de energia. Assim, faltará energia
para os tecidos flácidos (a falta do oxigênio, faz o processo de rigidez ser mais rápido que o normal).

97 Imagem retirada do curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco

409
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A rigidez cadavérica precoce se verifica pelo nível de glicogênio medido no fígado, que, se for alta,
indica a morte rápida.
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14. REAÇÃO INFLAMATÓRIA

Se existe reação inflamatória na lesão, a pessoa sobreviveu algum tempo após a lesão. Se não
possui sinal de reação inflamatória, ou a lesão foi feita após o óbito ou estava vivo e morreu
instantaneamente, e não houve tempo para a reação iniciar.

São exemplos de lesões feitas em vida:

• Infiltração hemorrágica nas lesões;


• Coagulação do sangue nas lesões;
• Crosta nas escoriações;
• Espectro equimótico;
• Calo nos ossos fraturados.

15. ALTERAÇÕES CELULARES MICROSCÓPICAS QUE APARECEM HORAS APÓS


A MORTE: TIPOS DE MORTE CELULAR
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As alterações celulares só aparecem alguns momentos após a morte. São as principais:

• Apoptose;
• Necrose;
• Autólise.

15.1. Apoptose
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São células normais, que, em determinado momento, sem ser em decorrência de inflamação ou
doença, involuem (diminuem de tamanho e ficam mais densas pela perda de líquido) e morrem
isoladamente, cedendo espaço para que o organismo se utilize daquela área para outra finalidade.
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OBSERVAÇÃO
Flávio Sousa

A apoptose é muito mais frequente no período embrionário.


Flávio

15.2. Necrose

Ocorre quando um grupo de células morre em função de uma doença ou trauma que comprometa
o organismo. Pode atingir membros e órgãos, no todo ou em parte.

Na necrose sempre existe a reação inflamatória, que será em função de um trauma ou doença.

15.3. Autólise

É a autodestruição da célula, após cumprir seu ciclo vital. Há liberação de enzimas de seus
lisossomos e autodestrói-se. Seus resíduos servem de alimento para as demais células locais. É um processo
natural, que não decorre de doença ou trauma (não é reação inflamatória no local).

OBSERVAÇÃO

411
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

A autólise é exclusiva após a morte do organismo.

16. FENÔMENOS CADAVÉRICOS TRANSFORMATIVOS

Os fenômenos cadavéricos podem ser conservadores ou destrutivos:

16.1. Conservadores

São fenômenos conservadores naturais, que começam a se instalar dois ou mais meses depois da
morte. São eles:

• mumificação
• saponificação
• corificação

16.1.1. Mumificação
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É um fenômeno químico que ocorre em ambiente muito arejado, seco e quente, favorecendo a
perda de líquidos. Com a acentuada perda de líquidos, cessa a proliferação de bactérias, impedindo que a
putrefação prossiga. Assim, em razão da desidratação, o cadáver fica mumificado.

A mumificação pode ocorrer de modo natural ou artificial (embalsamento), geral ou local,


superficial ou profundo.

O professor Roberto Blanco cita a possibilidade de ocorrer mumificação no gelo, desde que o
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cadáver esteja exposto a ventos gelados (não haverá se estiver coberto com neve).
Flávio Sousa
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98

16.1.2. Saponificação ou adipocera

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412
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É um fenômeno químico, que ocorre em ambiente quente, úmido e pouco arejado. Surge da
reação da gordura, do tecido gorduroso, com os metais do solo, formando um produto químico
semelhante ao sabão ou a uma cera, que cobre o cadáver, impedindo a proliferação das bactérias.

Este fenômeno pode começar a partir de 2 meses, após o falecimento (durante a putrefação), pois
a massa de adipocera passa a apresentar uma coloração mais escura, tornando-se mais dura e quebradiça.

Segundo o professor Hygino de C. Hercules, este processo é marcado por um odor de queijo
rançoso e adocicado.

O professor Genival Veloso de França cita que o cadáver que se encontra no mar terá uma primeira
flutuação, em função dos gases produzidos, mas volta a afundar. Dessa forma, ocorre uma segunda
imersão, em função da eventual saponificação que ocorre no fundo do mar. Assim, em função da diferença
de densidades, o cadáver flutua novamente.
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Cadáver Saponificado
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16.1.3. Corificação
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É um tipo especial da mumificação, pois há desidratação, com os tecidos secos e duros. Exige um
ambiente especial, qual seja, no interior de urnas lacradas e forradas com zinco. Os tecidos de
Flávio Sousa

revestimento endurecem e ficam parecidos com couro ressecado.


Flávio

100

99 Imagem retirada do curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco


100 Imagem retirada do curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco

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FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

Plastinação
Trata-se de ação da ciência, para a conservação de cadáveres (desenvolvida por Gunther Von
Hagens), em que os tecidos corporais são substituídos por resinas sintéticas, sendo impregnados com
silicone e variados tipos de polímeros, que permitem a plasticidade, resistência e durabilidade (não
possuem o odor natural do cadáver). Essa medida é comum em museus.

16.2. Destrutivos

São os fenômenos destrutivos:

• autólise
• putrefação
• maceração
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16.2.1. Autólise

É um fenômeno químico que ocorre em nível celular, tratando-se da autodestruição da célula.

A célula é composta por núcleo e citoplasma. No citoplasma estão os lisossomos (que seriam os
“estômagos das células”) e dentro deles há enzimas, que são liberadas e destroem a célula.

Essa liberação e consequente destruição, ocorre, pois, a célula já cumpriu seu ciclo vital, está
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adoecida ou em função de seu funcionamento ruim.

16.2.2. Putrefação
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A putrefação é a decomposição da matéria orgânica. Essa destruição do cadáver, é um fenômeno


químico, que se dá em virtude da ação de bactérias, germes e larvas.
Sousa Nogueira

A depender do ambiente, esse processo de putrefação pode ser mais rápido ou mais lento,
podendo inclusive variar para um quadro de conservação.
Flávio Sousa

Locais quentes, secos e muito arejados dificultam a putrefação.


Flávio

Fases da putrefação:

• 1. Fase cromática ou de coloração


• 2. Enfisematosa ou gaseificação
• 3. Fase redutora ou coliquação
• 4. Esqueletização

OBSERVAÇÃO

Nada impede que, no mesmo corpo, ocorra simultaneamente mais de uma fase da putrefação.

1) Fase cromática ou de coloração

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O cadáver, ao entrar em putrefação, começa a apresentar uma tonalidade esverdeada, aparecendo


a mancha verde de Brouardel, que se instala na fossa ilíaca direita (local do intestino grosso/ceco).

A mancha verde abdominal de Brouardel é resultante da produção do gás sulfídrico (pelas


bactérias), que, entrando em reação com a hemoglobina (que é vermelha, mas com a degeneração do
Ferro, fica vermelha escuro), forma a sulfoxi-hemoglobina, que dá aspecto esverdeado na coloração. Após,
poderá ter progressão para todo o corpo.

Esta mancha aparece cerca de 18 a 24 horas da morte, a depender das condições do corpo e do
local. O professor Wilson Palermo cita que o aparecimento ocorre com cerca de 24 horas da morte, que
coincidiria com o momento do desfazimento da rigidez cadavérica. No frio, pode o tempo de aparecimento
ser maior que em condições normais.

OBSERVAÇÃO
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A mancha verde abdominal de Brouardel é o marco inicial da putrefação.


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101

Mancha Verde Abdominal


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• Aparecimento da mancha verde em outros locais do corpo: Nos fetos (natimortos), a mancha
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verde de Brouardel aparece na entrada dos orifícios naturais (boca, narina e ânus), pois é o local
que há presença bactérias.
Flávio Sousa

• Cabeça de negro de Lecha-Marzo: Nos afogados (verdadeiro/azul), a mancha verde de


Brouardel aparece na cabeça, no pescoço ou na parte alta do tórax.
Flávio

O professor Wilson Palermo ensina que, nos afogados, essa mancha verde tende a aparecer nos
terços médios superiores do corpo.

2) Enfisematosa ou gaseificação
Nesta segunda fase, os órgãos tendem a ir para fora, em função dos gases, assim, tem-se a
protusão da língua e dos olhos, o intestino a sair pelo ânus, o útero a sair pela vagina, o pênis a ficar ereto.

A fase gasosa ocorre cerca de 48 a 72 horas da morte, a depender das condições do corpo e do
local.

101 Imagem retirada do curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

102

• Circulação póstuma de Brouardel: à medida em que os gases da putrefação evoluem, há uma


distensão dos vasos sanguíneos no cadáver, dando impressão de circulação sanguínea, pois
surge na pele o desenho das veias.

Em resumo, em função da ação dos gases, o sangue é empurrado para as regiões periféricas,
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preenchendo vasos que estavam vazios, dando a impressão de circulação sanguínea. Há doutrina que diz
poder ser perceptível ainda na fase cromática, no entanto, há maior percepção da circulação póstuma de
Brouardel na fase gasosa.
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103
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• Parto póstumo de Brouardel: em razão do aumento da quantidade de gases, se a mulher estiver


grávida, é possível que ocorra o parto póstumo de Brouardel, ou seja, o feto ser expelido em
Flávio

função dos gases.


• Bolhas da putrefação: Na fase enfisematosa, aparecem bolhas da putrefação, que se diferem
das bolhas feitas em vida por queimadura, pois, nas bolhas da putrefação, não há a presença ou
há muito pouca presença de proteína nos líquidos (reação de Chambert dando negativo).
• Sinal de Janesic-Jeliac ou Janesie-Jeliac: é uma bolha com conteúdo aéreo (não possui conteúdo
líquido), indicando que foi formada em pessoa viva, pois, em seu interior, há a presença de
exudato leucocitário (produzido pelos glóbulos brancos).

Não se confunde com as bolhas da putrefação.

102 Imagem retirada do curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco


103 Imagem retirada do curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco

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• Teste De Ícard: a bolha da putrefação, ao entrar em contato com determinado papel


impregnado de chumbo, fica com a cor negra.

104
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Os gases da putrefação podem ser combustíveis ou não

No 1º dia, os gases não são inflamáveis, ou seja, não são combustíveis, pois há uma alta presença
de CO2, nitrogênio, gás sulfídrico e amônia.

No 2º, 3º e 4º dia, ensina a doutrina que os gases são combustíveis em função da presença dos
gases metano e hidrogênio.
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Do 5º dia, em diante, os gases voltam a ser não combustíveis.

Cadáver flutuando
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Se um cadáver estiver flutuando, indica que há a presença da fase de gaseificação, que ocorre
Sousa Nogueira

normalmente a partir de 72 horas da morte.


Flávio Sousa

• Técnica do desluvamento: a epiderme tende a ser destruída nesta fase, assim, se ainda estiver
Flávio

presente, é possível a retirada dela como se fosse uma luva, preservando-a com glicerina para
posterior coleta das digitais.

104 Imagem retirada do site do Professor Malthus.

417
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

105

3) Fase redutora ou coliquação


Nesta fase, há dissolução pútrida dos tecidos moles, tornando-os massa líquida pútrida, perdendo
características morfológicas, até o esqueleto aparecer. O aspecto final dependerá da posição em que o
cadáver se encontra no local. Embora seja extremamente variável, indica-se como parâmetro de início 3
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semanas após o óbito (assim aponta o Professor Wilson Palermo).

Entomologia forense

As larvas e insetos são os maiores causadores de destruição do tecido mole do corpo.

É possível cronotanatognose pela entomologia forense, que irá variar conforme o tipo de inseto
presente no cadáver (puppa).
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Sombra cadavérica
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É a mancha decorrente da dissolução dos tecidos moles que se impregna no local que se encontra o
cadáver. Sendo possível a análise desse material para relacioná-lo com a morte.
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4) Esqueletização
Flávio

A última fase é marcada pela exposição do esqueleto. É possível que a esqueletização ocorra
gradativamente em certas partes do corpo, assim, pode ser total ou parcial. Geralmente, esta etapa ocorre
em cerca de 3 anos, podendo variar de acordo com a ambiente.

Fauna cadavérica

A fauna cadavérica pode acelerar o processo de esqueletização.

105 Imagem retirada da Apostila de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

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16.2.3. Maceração
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Trata-se da destruição dos tecidos moles em virtude da ação de um líquido (geralmente a água). É
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um fenômeno químico.

A maceração pode ser séptica ou asséptica:

• Maceração séptica: é a maceração com contaminação de bactérias (típica dos afogados).


• Maceração asséptica: é a maceração sem contaminação de bactérias.
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a. Maceração fetal

Os fetos ficam dentro do saco amniótico. O líquido contido no saco pode destruir as células da pele.
Ocorre que, quando feto está vivo, a pele é sempre regenerada, impedindo a maceração. Mas, se o feto
vier a morrer, no interior do saco amniótico (aborto retido), a pele não regenera, e os tecidos moles sofrem
maceração. É uma maceração asséptica, se não houver infecção.

São características da maceração fetal:

• Destacamento da epiderme visível;


• Derme vermelha em função da hemoglobina (inclusive o cordão umbilical);
• Membros com amplitude ampliada.
• Abdômen fica achatado como de anfíbios.

Se o feto, quando sair, já estiver macerado, indica que tem mais de 24 horas dentro do útero.

A maceração só ocorre a partir do 5º mês de gestação. Se anterior ao 5º mês, haverá calcificação


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do feto, denominada litopédio (aborto retido em função dos sais minerais).

Ao ser expulso, o feto macerado apresenta coloração róseo-avermelhada universal, tem cabelos
destacados e o couro cabeludo muito frouxo, deslizando amplamente sobre os ossos da calota, os quais se
mostram frouxos, por vezes soltos uns dos outros, se a retenção durar mais alguns dias (Sinal de Spalding).
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106

Epônimos relacionados à maceração:

106 Imagens retirada do curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

420
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• Sinal de Spalding: é o cavalgamento das calotas cranianas que indica mais de 7 dias da morte
fetal.
• Sinal de Hartley: é a perda da configuração da coluna vertebral.
• Sinal de Tager: ocorre diante da curvatura acentuada da coluna vertebral.
• Sinal de Spangler: ocorre quando há achatamento da abóboda craniana.
• Sinal de Horner: é representado pela assimetria craniana.
• Sinal de Robert: é a presença de gases nos grandes vasos e vísceras.
• Sinal de Brakeman: quando ocorre a queda do maxilar (boca aberta).
• Sinal de Damel: trata-se do halo pericraniano translúcido.

b. Graus da maceração: classificação de Laugley

Segundo Laugley, a maceração pode ser do grau zero até o grau três:

• Grau zero (até 8 horas da morte): Há a presença de pequenas bolhas espalhadas na epiderme.
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• Grau um (de 8 a 24 horas da morte): Há o agrupamento de bolhas com o início do


destacamento da pele. A derme fica embebida por hemoglobina, pois os glóbulos vermelhos se
abrem (hemólise) e a hemoglobina, que é vermelha, sai e mancha os tecidos.
• Grau dois (de 24 a 48 horas da morte): Tem-se o acentuado destacamento da derme e a
presença de líquido avermelhado acentuado nas cavidades.
• Grau três (mais de 48 horas da morte): Além das alterações anteriores, há a presença de líquido
acastanhado (pardacento) nas cavidades corporais.
CPF: 037.820.231-61

O professor Wilson Palermo, seguindo o professor Genival Veloso de França, cita apenas graus 1, 2
e 3:

• 1º grau: dá-se com a presença de flictenas, que aparecem de 1 a 3 dias após a morte.
Nogueira -- CPF:

• 2º grau: rompe-se as bolhas, e a epiderme fica com cor arroxeada. A partir do 8º dia da morte.
• 3º grau: apresenta deformidade craniana e infiltração de hemoglobina nas vísceras. O feto
Sousa Nogueira

apresenta uma tonalidade marrom. Ocorre a partir da terceira semana.


Flávio Sousa
Flávio

107

Feto macerado

107 Imagem retirada do site do Professor Malthus.

421
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

c. Litopédio

O litopédio, que ocorre antes do quarto mês, é um fenômeno transformativo conservador, pois,
diante da ausência de líquido amniótico, os sais minerais começam a aderir ao feto, petrificando-o.
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d. Feto papiráceo

Exige a presença de pelo menos outro feto na cavidade uterina, para que um deles seja papiráceo.
Com a evolução da gestação, um dos fetos, o que vai sobreviver, impede o desenvolvimento do outro que
se torna progressivamente atrofiado, e morre. Morto e atrofiado, progressivamente vai sendo comprimido
pelo irmão-parasita até o final da gestação.
Sousa Nogueira
Flávio Sousa CPF: 037.820.231-61
Nogueira -- CPF:

108
Flávio

17. EXUMAÇÃO

Exumação é retirada do cadáver ou restos mortais da terra ou outro local onde tenha sido feita a
inumação para verificação de circunstância juridicamente relevante, ou de interesse administrativo ou
arqueológico.

A exumação pode ser:

• administrativa;
• judicial; e
• arqueológica.

108 Imagem retirada do curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco

422
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

17.1. Administrativas

É feita pelo próprio cemitério para sepultamento de outros cadáveres. Ocorre, normalmente, após
3 anos.

17.2. Judiciais

Ocorre a qualquer tempo. O delegado de polícia pode, de ofício, realizar a exumação.

O delegado faz o auto de exumação, em que todas as pessoas que participaram da exumação,
assinam. E o perito legista faz o laudo de exumação, que apenas o legista assina.

Art. 163, CPP. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará
para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará
auto circunstanciado.
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Segundo o Professor Hygino de C. Hercules, deve o juiz preferencialmente autorizar, no entanto, se


o juiz não determinar, nada impede que o delegado atue de ofício.

Art. 163, CPP. [...]


Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da
sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a
sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a
autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto.

Art. 164, CPP. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem
CPF: 037.820.231-61

encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e vestígios


deixados no local do crime.

Art.165, CPP. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando


possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos,
Nogueira -- CPF:

devidamente rubricados.
Sousa Nogueira

Art. 166, CPP. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao
reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou
Flávio Sousa

pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no


qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações.
Flávio

Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os objetos


encontrados, que possam ser úteis para a identificação do cadáver.

17.3. Arqueológicas

Possui finalidades arqueológicas, ou seja, destinada a pesquisar fósseis históricos.

18. MORTE FETAL

No caso de ocorrer a morte fetal, o atestado de óbito pode ser obrigatório ou dispensado, a
depender se a morte é:

• morte fetal prematura ou precoce;


• morte fetal intermediária;
• morte fetal tardia.

18.1. Morte fetal prematura ou precoce

423
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

A morte do feto será prematura se este tiver:

• menos de 500 gramas ou


• menos de 25 centímetros ou
• menos de 5 meses (20 semanas).

Se a morte fetal é prematura, o médico não é obrigado a expedir declaração de óbito, ou seja, pode
ser dispensada (facultativo).

Se a morte fetal é prematura e criminosa, o feto deve ser encaminhado ao IML, e deve ser expedida
a declaração de óbito indicando a causa da morte.

18.2. Morte fetal intermediária

O feto deve ter:

• mais de 500 gramas e menos de 1000 gramas ou


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• mais de 25 centímetros e menos de 35 centímetros ou


• mais de 5 meses e menos de 6 meses.

Se a morte fetal é intermediária, há obrigação de o médico expedir declaração de óbito.

ATENÇÃO!
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Grave que, a partir do 5º mês, há obrigação de o médico expedir declaração de óbito.

18.3. Morte fetal tardia


Nogueira -- CPF:

O feto deve ter:

• mais de 1000 gramas ou


Sousa Nogueira

• mais de 35 centímetros ou
• mais de 6 meses.
Flávio Sousa

Se a morte fetal é tardia, há obrigação de o médico expedir declaração de óbito.


Flávio

A Lei de Registros Públicos cita, em seu artigo 53, a obrigatoriedade de se realizar o atestado de
óbito fetal em todos os casos. Mas, para a doutrina médico-legal, essa obrigação só se dá a partir da
morte fetal intermediária.

Se houve a morte fetal, houve um aborto, que pode ter sido natural ou provocado (criminoso ou
legal).

424
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

APLICAÇÃO EM CONCURSO

1) Assinale a opção em que os dois tipos de fenômenos transformativos verificados nos cadáveres em
estado de decomposição estão correta e respectivamente exemplificados

a) conservadores: autólise, putrefação e maceração; destrutivos: mumificação e saponificação

b) conservadores: mumificação e saponificação; destrutivos: autólise, putrefação e maceração

c) conservadores: mumificação e maceração; destrutivos: saponificação e autólise

d) conservadores: putrefação e maceração; destrutivos: autólise e maceração

e) conservadores: autólise, mumificação e saponificação; destrutivos: putrefação e maceração

2) Flictenas rompidos, córion a descoberto, apergaminhado, liso e brilhante, constatados em vítimas de


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acidentes com álcool 93 GL, são características externas de queimaduras

a) de primeiro grau.

b) comuns em corpos com vida e em cadáveres.

c) de segundo grau.

d) comuns em corpos ainda com vida.

e) típicas de cadáveres.
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3) A putrefação, geralmente, tem como primeira manifestação visível a “mancha verde” que se localiza na
região inguinoabdominal direita.Aparece cerca de 20 a 24 horas após a morte e é devida à ação do gás
Nogueira -- CPF:

sulfídrico sobre a hemoglobina. Da fossa ilíaca se espalha para o resto do abdome, tórax, pescoço e face.A
Sousa Nogueira

“mancha verde” na região inguinoabdominal representa a evidência da decomposição dos tecidos


justamente na região que corresponde à(ao):
Flávio Sousa

a) bexiga, onde o acúmulo de urina inicia o processo;


Flávio

b) duodeno, onde a acidez vinda do estômago inicia o processo;

c) intestino grosso, onde há abundância de bactérias que iniciam o processo;

d) duodeno, onde a bile e o suco pancreático iniciam o processo;

e) intestino grosso, onde há abundância de enzimas da digestão que iniciam o processo.

4) A necropsia é facultativa em caso de morte:

a) violenta.

b) acidental domiciliar.

c) natural com assistência médica.

d) decorrente de acidente em serviço.

425
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

e) resultante de crime ou de suspeita de crime.

5) Julgue os itens que se seguem relativos Tanatologia forense.

i A morte agônica é precedida de doença grave, com perda da consciência, e de estados pré-comatoso e
comatoso prolongados.

ii Sobrevivência é o período de tempo transcorrido desde o instante em que o indivíduo recebe a lesão
mortal até que faleça.

iii Comoriência é a morte simultânea, ao mesmo tempo, de duas ou mais pessoas que foram partícipes do
mesmo evento.

iv Premoriência é a morte de um dos partícipes de um mesmo evento, instantes antes do(s) outro(s); isto é,
a morte de um dos participantes precede a do(s) outro(s).
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Assinale a opção correta.

a) Apenas os itens I e II estão certos.

b) Apenas os itens I e IV estão certos.

c) Apenas os itens II e III estão certos.

d) Apenas os itens III e IV estão certos.


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e) Todos os itens estão certos.

6) Quanto à determinação do tempo de morte, assinale a opção correta.


Nogueira -- CPF:

a) O nível de potássio do humor vítreo é de grande auxílio para se calcular a hora da morte.
Sousa Nogueira

b) Os livores cadavéricos fixam-se a partir da 60.ª hora da morte.


Flávio Sousa

c) Os livores cadavéricos surgem de regra após a 24.ª hora da morte.

d) Os cristais de Westenhöffer-Rocha-Valverde são encontrados no sangue em putrefação a partir do 35.º


Flávio

dia da morte.

e) O crescimento do pelo é de 50 micra por hora, de acordo com Balthazard.

7) Um fenômeno imediato da morte

a) é a apneia.

b) é o resfriamento do corpo.

c) é a rigidez cadavérica.

d) são os livores hipostáticos.

e) é a autólise.

426
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

8) Julgue os itens a seguir, referentes a Tanatologia forense.

i A morte aparente é um estado profundo de embotamento dos sinais vitais, que geram grande dificuldade
de se escutar os batimentos cardíacos ou perceber os movimentos respiratórios.

ii O coma epiléptico, os estados sincopais e a morte aparente do recém-nascido são exemplos de causas
naturais de morte aparente.

iii Casos de asfixia, envenenamento, eletroplessão, fulguração são exemplos de causas de morte aparente
por fatores externos.

Assinale a opção correta.

a) Apenas o item I está certo.

b) Apenas o item II está certo.

c) Apenas os itens I e III estão certos.


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d) Apenas os itens II e III estão certos.

e) Todos os itens estão certos.

9) A necropsia

a) não pode ser realizada nas vítimas de morte violenta.


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b) pode ser realizada com objetivo de identificar a causa da morte.

c) não pode ser documentada por meio de um relatório médicolegal.

d) é um exame que pode ser realizado no indivíduo vivo ou morto.


Nogueira -- CPF:

e) não pode ser realizada em indivíduos menores de um ano de idade


Sousa Nogueira
Flávio Sousa

10) Assinale a opção que apresenta a sequência correta das fases da putrefação.
Flávio

a) gasosa, coliquativa, da coloração, da esqueletização

b) da esqueletização, gasosa, da coloração, coliquativa

c) da coloração, gasosa, coliquativa, da esqueletização

d) coliquativa, gasosa, da esqueletização, da coloração

e) da coloração, gasosa, da esqueletização, coliquativa

11) É um exemplo de fenômeno cadavérico abiótico consecutivo:

a) Putrefação.

b) Relaxamento dos esfíncteres.

c) Rigidez cadavérica.

427
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

d) Saponificação.

12) A cronotanatognose é utilizada para:

a) determinar o tempo aproximado de morte da vítima.

b) determinar o tempo médio de duração da gestação.

c) indicar a idade da vítima no momento da morte.

d) indicar o tempo médio de vida da vítima.

13) A necropsia médico-legal não precisa ser realizada quando a morte resulta de:

a) enfermidade consequente a trauma ocorrido há mais de 5 (cinco) anos.


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b) suicídio.

c) acidente ofídico.

d) traumatismo raquimedular por queda de cavalo.

e) queda da própria altura, devido à fratura patológica de fêmur.


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14) Sobre os fenômenos transformativos destrutivos, assinale a alternativa INCORRETA.

a) Autólise é o mais precoce dos fenômenos cadavéricos.

b) Putrefação cadavérica consiste na decomposição fermentativa da matéria orgânica por ação de diversos
Nogueira -- CPF:

germes e alguns fenômenos daí decorrentes.


Sousa Nogueira

c) No período cromático ou de coloração da putrefação, de maneira geral, a mudança de cor se inicia pelos
pés do cadáver, quando estes estiverem presos ao corpo.
Flávio Sousa

d) No período de esqueletização, a atuação do meio ambiente e dos elementos que surgem do trabalho da
Flávio

desintegração do corpo fazem com que os ossos se apresentem quase livres, presos apenas por alguns
ligamentos articulares.

e) Maceração é um processo especial de transformação que sofre o cadáver do feto no útero materno, do
sexto ao nono mês de gravidez. Esse fenômeno pode ser séptico de acordo com as condições do meio onde
o corpo permanece.

15) Baseado nos fenômenos cadavéricos estudados, é possível estabelecer um calendário de morte.
Assinale a alternativa INCORRETA:

a) Corpo flácido, quente e sem livores: menos de 2 horas.

b) Rigidez de membros superiores da nuca e da mandíbula, livores relativamente acentuados e anel


isquêmico de ½ do diâmetro papilar no fundo de olho: de 4 a 6 horas

428
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

c) Rigidez generalizada, manchas de hipóstase, sem mancha verde abdominal e desaparecimento das
artérias do fundo de olho: mais de 8 horas e menos de 16 horas.

d) Presença de mancha verde abdominal, início de flacidez e papilas e máculas não localizáveis em fundo de
olho: 24 a 48 horas.

E) Fundo de olho irreconhecível: a partir de 12 horas.

16) Brouardel, perfurando o abdome dos cadáveres com trocarte e aproximando a chama de uma vela,
observou diferentes comportamentos dos gases e criou uma classificação para a putrefação. Ele justificou a
existência de atividades de bactérias aeróbias produtoras de gás carbônico, hidrogênio, hidrocarbonetos,
azoto e amônias compostas, caracterizando cada fase. Segundo Brouardel, assinale a opção que caracteriza
corretamente essa classificação.

a) 1º dia: gases inflamáveis.


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b) 1º dia: gases não inflamáveis.

c) Do 2º ao 4º dia: gases não inflamáveis.

d) Do 5º dia em diante: gases inflamáveis.

e) Do 7º dia em diante: gases inflamáveis.


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17) Uma das características de um crime doloso pode ser a mudança de local da vítima. Qual das
alternativas contém vestígio(s) dessa mudança?

a) Presença de restos infra ungueais e sinal de Brosmann.


Nogueira -- CPF:

b) Presença de manchas hipostáticas vistas em regiões inversas ao decúbito.


Sousa Nogueira

c) Presença de sangue fluido e escurecido.

d) Manchas de Tardieu em órgãos internos.


Flávio Sousa

e) Teste de Iturrioz positivo.


Flávio

18) Durante a investigação de um crime, alguns fatores auxiliam o perito na pesquisa da hora provável da
morte, cuja determinação pode ser de grande valia, por meio da observação de alguns fenômenos
cadavéricos, tais como:

a) desidratação; resfriamento do corpo; flacidez muscular;

b) espasmo cadavérico; livores de hipóstase; mancha negra da esclerótica;

c) resfriamento do corpo; livores de hipóstase; rigidez muscular;

d) relaxamento dos esfíncteres; resfriamento do corpo; livores de hipóstase;

e) mancha negra da esclerótica; resfriamento do corpo; rigidez muscular.

429
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

19) O cadáver de um homem sepultado há cerca de seis meses foi exumado para localizar projétil de arma
de fogo, que deixou de ser recolhido durante a necropsia por falta de condições técnicas. Cumpridos os
trâmites de praxe, a abertura do caixão revelou aos peritos e autoridades presentes: odor rançoso e
desagradável; tronco e membros inferiores preservados e de tonalidade pardo-amarelada. O achado
possibilitou aos peritos revisar as lesões descritas no laudo de necropsia e concluir seu trabalho. O caso
relatado permite concluir que o corpo:

a) possivelmente passou por algum método de conservação antes do sepultamento, por isso a putrefação
ainda não se completou;

b) está mumificado, por isso tronco e membros inferiores estão preservados;

c) está na fase gasosa, por isso o odor exalado e a conservação de tronco e membros inferiores;

d) está na fase coliquativa que antecede a esqueletização, por isso tronco e membros inferiores ainda estão
preservados;
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e) apresenta o fenômeno de adipocera ou saponificação, por isso tronco e membros inferiores estão
preservados.

20) Diversos fatores podem interferir na evolução da putrefação cadavérica, EXCETO:

a) Espasmo cadavérico.

b) Idade do morto.
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c) Temperatura ambiente.

d) Umidade do ar.
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Sousa Nogueira

21) Cadáver de 40 anos foi encontrado em casa em putrefação na chamada “mancha verde abdominal” que
ocorre no(a)
Flávio Sousa

a) fossa ilíaca esquerda, pela presença do sigmoide.


Flávio

b) fossa ilíaca direita, pela presença do ceco.

c) hipocôndrio direito, pela presença da bile na vesícula biliar.

d) hipocôndrio esquerdo, pela presença do cólon descendente.

22) Um cadáver, que estava sem identificação, foi achado por moradores. A vítima estava próxima ao
riacho local. Apresentava as partes moles se decompondo, transformando-se em uma massa pastosa,
semilíquida, escura e de intensa fetidez. Havia a presença de larvas e insetos necrófagos em grande
número. A fase de putrefação em que o corpo se encontrava é denominada período

a) cromático.

b) enfisematoso.

c) gasoso.

430
FREDERICO ALVES MELO TANATOLOGIA FORENSE• 17

d) de esqueletização.

e) coliquativo.

GABARITO

1) Resposta: Letra “b”

2) Resposta: Letra “e”

3) Resposta: Letra “c”

4) Resposta: Letra “c”

5) Resposta: Letra “e”


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6) Resposta: Letra “a”

7) Resposta: Letra “a”

8) Resposta: Letra “e”

9) Resposta: Letra “b”

10) Resposta: Letra “c”


CPF: 037.820.231-61

11) Resposta: Letra “c”

12) Resposta: Letra “a”


Nogueira -- CPF:

13) Resposta: Letra “e”

14) Resposta: Letra “c”


Sousa Nogueira

15) Resposta: Letra “e”


Flávio Sousa

16) Resposta: Letra “b”


Flávio

17) Resposta: Letra “b”

18) Resposta: Letra “c”

19) Resposta: Letra “e”

20) Resposta: Letra “a”

21) Resposta: Letra “b”

22) Resposta: Letra “e”

431
Flávio
Flávio Sousa
Sousa Nogueira
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FREDERICO ALVES MELO

18 SEXOLOGIA FORENSE
SEXOLOGIA FORENSE• 18

432
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

1. A VIDA SEXUAL FEMININA

O início da vida sexual feminina tem como marco a primeira menstruação, que é chamada de
menarca.

1.1. Menarca ou catamenil

Trata-se da primeira menstruação, que vem após à primeira ovulação (eliminação do ovócito —
nome técnico do óvulo), decorrente da estrutura chamada folículo de Graaf ou ovariano. Esse folículo
protege o óvulo, no período de ovulação da mulher, até o momento que o óvulo é expelido. Ao ser
expelido, o óvulo vai para a trompa uterina, e neste local, pode ser ou não fecundado pelo espermatozoide.
Se não houver fecundação, haverá a descamação da parede, que levará à menstruação.
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109
CPF: 037.820.231-61

Note que, após óvulo ser expelido, a célula de Graff permanece sendo chamado de corpo amarelo
ou corpo lúteo (responsável por produzir a progesterona).
Nogueira -- CPF:

1.1.1. Corpo amarelo ou lúteo


Sousa Nogueira

O corpo amarelo ou lúteo é responsável pela produção de progesterona, que atua no útero,
Flávio Sousa

mantendo a camada do endométrio ilesa, evitando a descamação. Se não houver a fecundação, o corpo
amarelo irá retrair e cessará a produção de progesterona, com o consequente descamamento do
Flávio

endométrio. Assim, ocorre a menstruação.

Se houver a nidação, o próprio feto irá produzir o Beta-HCG, que irá agir sobre o corpo amarelo,
mantendo a produção de progesterona e a manutenção do endométrio sem sua descamação (por isso
durante a gravidez não há menstruação).

2. GRAVIDEZ

É estado resultante da fecundação de um óvulo pelo espermatozoide, que envolve o subsequente


desenvolvimento, no útero, do feto gerado, até a sua expulsão.

109 Imagem retirada do curso de Medicina Legal do Professor André Uchoa

433
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

2.1. Concepção, fertilização ou fecundação

É o fenômeno em que o espermatozoide (célula sexual masculina produzida pelos testículos)


penetra no ovócito secundário (óvulo — célula sexual feminina produzida pelo ovário).

O óvulo é envolto por um conjunto de células denominadas folículo de Graaf ou ovariano (envolve
o óvulo dentro do ovário). O folículo protege o óvulo, no período de ovulação da mulher, até o momento
que o óvulo é expelido. Ao ser expelido, o óvulo, que está envolto de células foliculares, vai para a trompa
uterina, e, neste local, pode ser ou não fecundado pelo espermatozoide. Se o espermatozoide fecundar o
óvulo, formar-se-á o zigoto (ovo), o qual se implantará no endométrio (parede do útero).

2.1.1. Penetração do espermatozoide no óvulo

O óvulo é coberto por células foliculares que o protegem contra invasores indesejáveis. Essa
barreira de células é unida por ácido hialurônico. Ocorre que apenas o espermatozoide consegue penetrar
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nessa barreira de células foliculares, em razão da enzima hialunoridase.


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2.1.2. Local em que ocorre a fecundação

A fecundação ocorre no terço médio ou superior da trompa uterina (túnel que liga o ovário e o
útero). Ocorre, neste local, pois o ovócito secundário sobrevive cerca de 24 a 36 horas, e o percurso pela
trompa uterina leva de 5 a 7 dias. Assim, o espermatozoide, que possui um período de vida superior,
percorre maior trajeto para chegar, na parte superior da trompa uterina, e fecundar o óvulo.
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2.1.3. Estrutura do espermatozoide e mitocôndrias no concepto

Quando ocorre a fecundação, isto é, ao penetrar o óvulo, apenas a cabeça do espermatozoide (que
tem sua estrutura formada por cabeça e flagelo) entra. Uma espécie de guilhotina secciona seu corpo
Nogueira -- CPF:

fechando o orifício existente no óvulo, o que deixa o flagelo de fora.


Sousa Nogueira

No flagelo do espermatozoide, encontra-se a mitocôndria. Por essa razão, o produto da união do


espermatozoide com o o óvulo só possui mitocôndrias maternos.
Flávio Sousa

Para fixar: Segundo o Delegado de Polícia Alessandro Gabri, é o único momento em que a máxima
Flávio

“só entra a cabecinha” é real.

110

110 Imagem retirada do curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco

434
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

Estrutura do espermatozoide

2.2. Nidação ou gravidez tópica

Após a concepção ou fecundação, que antecede a nidação, tem-se a formação do embrião zigoto
(embrião). A nidação é o momento em que esse embrião se implanta no endométrio, que é a parede
interna do útero (não confundir com perimétrio ou miométrio).
Flávio Sousa
Flávio Nogueira -- CPF:
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435
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

ATENÇÃO!

Perimétrio é parte externa do útero, sendo formada por tecido conjuntivo. É a camada mais
espessa.

Miométrio é camada intermediária do útero e possui musculatura lisa. Essa musculatura permite as
contrações no momento do parto.

Endométrio é o tecido que reveste o útero internamente. Ele é formado por tecido epitelial
altamente vascularizado. É o local onde ocorre a fixação do embrião, para que a gestação tenha início e
produza a placenta onde então o embrião será preservado durante toda a gestação.

CUIDADO!

Para o direito penal, a nidação marca o início da gravidez. Por isso, mesmo após a concepção, se o
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concepto for eliminado antes de se fixar no endométrio, não há crime de aborto.

O mesmo pensamento se aplica na análise do uso de pílula anticoncepcional, pílula do dia seguinte
etc.

2.3. Gravidez ectópica

É possível que o embrião se fixe em outro ponto que não seja no endométrio: início do ovário, na
trompa etc. Neste caso, tem-se a gravidez ectópica ou tubária, o que pode levar a perigo de vida (como
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quando ocorre o rompimento da trompa).

A gravidez ectópica pode ser: abdominal ou uterina. Será abdominal se for ovariana (ovário),
mesentérica (une o intestino com o abdômen), hepática ou tubária (trompa). Será uterina se for miometrial
Nogueira -- CPF:

ou cervical.
Sousa Nogueira

Se houver perigo de vida da mulher, é possível a realização do aborto na mulher com fundamento
no aborto necessário, terapêutico ou profilático (art. 128 do Código Penal111).
Flávio Sousa
Flávio

111 Art. 128, CP - Não se pune o aborto praticado por médico:(Vide ADPF 54)

Aborto necessário

I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

436
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

2.4. Células trofoblásticas

Quando o embrião se forma, ele é constituído por células trofoblásticas, que inicialmente
protegem o zigoto e posteriormente formam a placenta. Dessa maneira, é possível verificar aborto em
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mulher morta: inicialmente, é verificado se ela passou por período de gravidez, e, após, é averiguada a
presença de células trofoblásticas na corrente sanguínea (pois ao se retirar o concepto, essas células se
misturam com as células da mãe).

O tema é tratado pelo professor Hygino de C. Hercules (análise de células trofoblásticas no


parênquima pulmonar) e já foi cobrado em questão discursiva no RJ.
Sousa Nogueira
Flávio Sousa
Flávio CPF: 037.820.231-61
Nogueira -- CPF:

3. PARTO

O parto é dividido em 3 etapas:

• Início do parto
• Expulsão do concepto
• Fim do parto

3.1. Início do parto

Há três posicionamentos na doutrina sobre o marco inicial do início do parto:

Uma primeira corrente diz que o marco do início do parto se dá no momento da dilatação do
orifício colo uterino.

Uma segunda corrente aponta que o início como sendo a rotura do saco amniótico.

437
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

Por fim, uma última corrente diz que o início do parto se dá com o início das contrações expulsivas.

3.1.1. Parto cesariana (via abdominal)

Se o parto ocorrer via cesariana, o início do parto se dá com o rompimento do saco amniótico.

A partir do início do parto, não é possível mais se falar em aborto.

3.2. Expulsão do concepto

É o momento em que o concepto é retirado do interior da genitora.

3.3. Fim do parto

O momento que marca o fim do parto é a eliminação da placenta (que é um órgão do concepto,
responsável pela alimentação) pela mãe.
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A placenta também é chamada de secundina. Por isso pode a eliminação da placenta também pode
ser chamado de dequitação ou secundamento.
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Nogueira -- CPF:

112
Sousa Nogueira

3.4. Puerpério
Flávio Sousa

Trata-se do período imediato entre o fim do parto e retorno das condições pré-gestacionais (média
de 40 dias, e é vulgarmente chamado de resguardo), que se dá com a nova ovulação.
Flávio

ATENÇÃO!

O puerpério não se confunde com estado puerperal, pois este é um estado anímico que ocorre
após o parto, podendo haver, inclusive, o cometimento do crime de infanticídio (matar o próprio filho,
durante ou logo após, sob influência do estado puerperal — art. 123, CP113).

112 Imagem retirada do livro de Medicina Legal do Professor Hygino de C. Hércules


113 Infanticídio

Art. 123, CP - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:

Pena - detenção, de dois a seis anos.

438
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

3.4.1. Blues puerperal

O blues puerperal, também conhecido como melancolia da maternidade ou baby blues, chega a
afetar até 50% das novas mães. Trata-se de uma tristeza que surge pelo 3º até o 5º dia após o parto, porém
costuma se resolver sozinha após algumas semanas e não necessita de tratamento.

Nesses dias, o humor se torna tão instável e depressivo, possivelmente, por conta de flutuações
hormonais. Neste sentido, tanto as alterações dos hormônios sexuais (estrogênio e progesterona) quanto
os hormônios da tireoide podem ser os “culpados”. Depois que o organismo da mulher entra em equilíbrio
novamente após o parto, essa condição tende a desaparecer.

Os principais sintomas do blues puerperal são a vontade frequente de chorar, sensibilidade


emocional, mudanças bruscas de humor, insegurança, ansiedade, insônia, entre outros. Todos esses
sintomas estão presentes em uma depressão, mas, no caso do blues puerperal, são mais leves e tendem a
se resolver sozinhos.114
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3.5. Lóquios

Após o parto, a mulher expulsa uma secreção que é resultado do desligamento da placenta com o
endométrio. Esse desligamento resulta em feridas no endométrio. Essas feridas são chamadas de lóquios.

Através dos fragmentos (lóquios) do local onde a placenta estava inserida, é possível verificar se o
puerpério é:

• imediato
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• intermediário ou recente
• tardio
• longínquo
Nogueira -- CPF:

3.5.1. Imediato
Sousa Nogueira

O parto acabou nesse momento. Os lóquios estão mais sangrentos.


Flávio Sousa

3.5.2. Intermediário ou recente


Flávio

Ocorre alguns dias após o parto. Os lóquios estão mais avermelhados.

3.5.3. Tardio

Ocorre em média de 30 a 40 dias após o parto. Os lóquios encontram-se mais brancacentos em


função do plasma.

3.5.4. Longínquo

114Fonte: <http://institutodepsiquiatriapr.com.br/blog/depressao-pos-parto-e-blues-puerperal-qual-a-
diferenca/#:~:text=O%20blues%20puerperal%2C%20tamb%C3%A9m%20conhecido,e%20n%C3%A3o%20necessita%20de%20trata
mento>.

439
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

Quando ultrapassado em média 40 dias e o puerpério ainda encontra-se presente. Os lóquios


desaparecem.

4. COLO DO ÚTERO

É a parte do útero localizada no final da vagina. Sendo o local de:

• entrada dos espermatozoides;


• de saída da menstruação;
• de saída da criança no parto vaginal.

4.1. Tumor do parto ou caput sucedaneum

À medida em que a criança vai sendo expelida, no parto vaginal — no qual a cabeça é a primeira a
sair —, a cabeça do bebê pode ficar presa no colo do útero, recebendo pressão dele. Assim, a cabeça
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receberá o sangue normalmente, mas, devido à compressão, a volta sanguínea fica dificultada, levando ao
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acúmulo de sangue local, causando a chamada bossa serinossaguinolenta occiptal ou tumor do parto.

A presença do tumor do parto ou caput sucedaneum indica a presença de vida, mesmo que
expelida morta. Logo, se há vida tem-se personalidade, cadeia sucessória etc.

Em regra, ocorre no primeiro filho por parto vaginal, pois, nos seguintes, a musculatura está menos
rígida.
Sousa Nogueira
Flávio Sousa
Flávio CPF: 037.820.231-61
Nogueira -- CPF:

5. GEMÊOS115

Gestação gemelar é uma gravidez de mais de um feto, que são chamados de gêmeos. Os gêmeos
podem ser univitelinos ou bivitelinos.

5.1. Gemêos univitelinos, verdadeiros ou monozigóticos

São gêmeos que são quase idênticos em razão de serem oriundos do mesmo óvulo, e este embrião
se divide em dois, se implantando no mesmo local do útero.

ATENÇÃO

115 Imagem retirada do curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco

440
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

• 1) Impressão digital e arcada dentária se diferem.


• 2) Se a divisão não for completa, é possível que nasçam gêmeos siameses ou xifópagos.

5.2. Gemêos bivitelinos, falsos ou fraternos

Quando a mulher elimina dois ou mais óvulos e esses óvulos são fecundados por espermatozoides
diversos. Se implantam em locais diversos do útero.

É possível que sejam fecundados por espermatozoides de homens diferentes, se as conjunções


carnais tenham sido a mesma época.

São gêmeos pois nasceram no mesmo parto, mas as características físicas são diversas.

6. PROVA DE PARTO VAGINAL ANTERIOR

São formas de se verificar se houve parto anterior:


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• carúnculas mirtiformes
• verificação do colo do útero

6.1. Carúnculas mirtiformes

São retalhos de hímen roto pelo parto vaginal, os quais se retraem constituindo verdadeiros
tubérculos em sua implantação. Em resumo, são diversos resíduos de hímen que ficam na mucosa
vaginal.
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6.2. Verificação do colo do útero


Nogueira -- CPF:

Se a saída do orifício do colo do útero estiver lacerada, tem-se um dado positivo de parto vaginal
anterior. Chama-se de focinho de tenca a saída do colo uterino que indica parto anterior.
Sousa Nogueira

Se o focinho de tenca estiver sangrante, o parto vaginal foi recente.


Flávio Sousa

Se o focinho de tenca estiver cicatrizado, o parto vaginal foi antigo.


Flávio

116

116 Imagem retirada do curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco

441
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117

Imagem A: Indica não ter tido parto anterior.

Imagem B e C: Indica ter tido parto anterior.

6.3. Mulher nulípara, primípara e multípara


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• Mulher nulípara: é a mulher que nunca teve um filho por via vaginal.
• Mulher primípara: é a mulher que teve um filho por via vaginal.
• Mulher multípara: a mulher que teve mais de um filho por via vaginal.

7. RECÉM-NASCIDO

Para a Medicina Legal, o recém-nascido é a criança que, durante o parto ou logo após, não recebeu
ainda nenhum cuidado médico. Assim, é a criança que o corpo ainda se encontra acobertado por sangue do
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parto, estando ligada à placenta pelo cordão umbilical, e que está suja de induto sebáceo (gosma que
recobre o corpo para melhor passagem pelo canal vaginal).

7.1. Abandono de recém-nascido


Nogueira -- CPF:
Sousa Nogueira

Exposição ou abandono de recém-nascido


Art. 134, CP - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria:
Flávio Sousa

8. CONJUNÇÃO CARNAL
Flávio

É a penetração do pênis na vagina. A membrana que delimita o início da vagina é o hímen.


Qualquer outro ato que aflore a libido é considerado ato libidinoso. Ambos os casos, penetração e ato
libidinoso, servem para configurar o delito de estupro.

Art. 213, CP. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção
carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.

9. HIMENOLOGIA

A himenologia é responsável pelo do estudo do hímen.

117 Imagem retirada do livro do Professor Hygino de C. Hércules

442
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

ATENÇÃO!

Não confundir com himeneologia, que é o estudo das questões médico legais do casamento.

O hímen é uma membrana que limita a entrada da vagina, onde há a presença de uma orla (“D”) e
o óstio (“C”). Há ainda a borda livre (“B”) e a borda fixa ou de inserção (“A” — presa a vagina).
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A membrana do hímen, que limita a entrada da vagina, possui duas faces:

• face vulvar; e
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• face vaginal.

9.1. Face vulvar


Nogueira -- CPF:

A face virada para fora (face externa) é chamada de vulvar ou vestibular.


Sousa Nogueira

Do hímen para fora, ou seja, a face externa é chamada de vestíbulo ou vulva.


Flávio Sousa
Flávio

118

9.2. Face vaginal

A face virada para dentro (face interna) é chamada de face vaginal.

118 Imagem retirada do curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco

443
Flávio
Flávio Sousa
Sousa Nogueira
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FREDERICO ALVES MELO

Do hímen para dentro, ou seja, na face interna tem-se a vagina.


SEXOLOGIA FORENSE• 18

444
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9.3. Alterações congênitas do hímen

Alterações congênitas são as que já existem desde o nascimento, podendo ser hereditárias ou não
hereditárias. São os tipos de alteração congênitas:

• Agenésia de hímen: nota-se a ausência de hímen.


• Hímen imperfurado: é o hímen que não tem óstio. Não possui ângulos.
• Hímen único: há a presença de um único hímen.
• Hímen duplo: há a presença de dois hímenes.
• Hímen comissurado: há divisões no hímen (imagem nº 1 e 3). Segundo a doutrina, há ângulos na
borda livre.
• Hímen policomissurado: é o que se verifica na imagem nº 5.
• Hímen cribiforme: é o que se verifica na imagem nº 4.
• Hímen acomissurado: Não há divisão no hímen. Segundo a doutrina, não há ângulos na borda
livre.
Flávio Sousa
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119

9.4. Alterações congênitas específicas do hímen

São alterações congênitas específicas do hímen:

• entalhes;
• chanfradura.

9.4.1. Entalhes

119 Imagem retirada do livro de Medicina Legal do Professor Hygino de C. Hércules

445
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São caraterísticas dos entalhes:

• não cicatrizam;
• geralmente não atingem toda a orla;
• geralmente são simétricas;
• não coapta (não é possível juntar).
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9.4.2. Chanfradura

São caraterísticas das chanfraduras:

• são dezenas de pequenos entalhes, como se a borda do hímen fosse repleta de fragmentos.
• não cicatrizam.
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• pouco profundas e muito numerosas.


• localizada na borda livre do hímen.
Flávio Sousa
Flávio Nogueira -- CPF:
Sousa Nogueira

9.5. Tipos de hímen

O hímen pode ser:

• hímen não complacente;


• hímen complacente.

9.5.1. Hímen não complacente

É o hímen que possui óstio pequeno e orla ampla.

446
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9.5.2. Hímen complacente

É o hímen que possui óstio amplo e orla estreita.


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120
Flávio

9.6. Alterações traumáticas do hímen

As alterações traumáticas do hímen são aquelas que não nascem com a mulher. Podendo ser
classificada como:

• carúnculas mirtiformes
• roturas do hímen

9.6.1. Carúnculas mirtiformes

Trata-se de resíduos de hímen, o que é indicativo de parto vaginal anterior.

120 Imagem retirada do livro de Medicina Legal do Professor Hygino de C. Hércules

447
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A carúncula mirtiforme é traumática e assimétrica.

Alguns autores apontam a prática intensa de atividade sexual como possível causa da presença das
carúnculas mirtiformes.

9.6.2. Roturas do hímen

São lesões traumáticas, podendo ser recentes (sangrantes) ou antigas (cicatrizadas).

As roturas do hímen:

• geralmente atingem toda a orla (da borda livre à borda fixa);


• geralmente são assimétricas;
• decorrem da conjunção carnal;
• é possível coaptar (juntar).
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a. Lâmpada de Woods

É um equipamento utilizado para verificar se a rotura é recente ou antiga.

9.6.3. Posição da rotura do hímen

a. Relógio de Lacassagne

Para se analisar o local da rotura do hímen, Lacassagne faz analogia ao mostrador de um relógio (0
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a 12 horas), para apontar em que posição ocorreu a rotura do hímen. Na imagem acima de nº 6 há uma
rotura às 6 horas.

b. Quadrantes de Oscar Freire


Nogueira -- CPF:
Sousa Nogueira

Os Quadrantes de Oscar Freire aponta a rotura do hímen. No entanto, diferentemente da técnica


anterior (Relógio de Lacassagne), dividiu-se o hímen em quadrantes, apontando a rotura em ângulos (de 0º
a 360º). Na imagem acima de nº 6, há uma rotura a 180º.
Flávio Sousa

9.7. Outras provas de conjunção carnal


Flávio

• Presença de espermatozoide no interior da cavidade vaginal;


• Gravidez;
• Parto vaginal anterior;
• Rotura do hímen.

9.7.1. Presença de espermatozoide no interior da cavidade vaginal

A presença de espermatozoides no canal vaginal é indicativo de certeza de conjunção carnal.


Existem diversas reações químicas que apontam pela certeza (Reação de Corin-Stokis) ou probabilidade da
presença de espermatozoides.

Para identificar de quem é o espermatozoide, é importante buscar o DNA no esperma. No


espermatozoide só existem cromossomos do pai, e, se o indivíduo tiver feito vasectomia, haverá esperma,
sem a presença de espermatozoide. No entanto, o esperma possui outras células onde é possível a

448
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

identificação, tais como leucócitos tipo linfócitos T e células da mucosa da uretra (em ambos há
cromossomos do pai e da mãe).

a. Reação de Corin-Stokis

É a única reação que aponta certeza da presença de espermatozoide, tratando-se de uma


verificação microscópica.

b. Reações indicadoras de probabilidade de esperma

São reações que apontam a probabilidade de ser esperma, pois também podem apontar
probabilidade de ser outras substâncias:

• Cristais de Florence;
• Cristais de Barbério;

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Cristais de Baechi;
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• Critais de Bokarius.
• Lâmpada de Woods: Lâmpada de raio ultravioleta serve também para indicar probabilidade de
existir sêmen, através da luminescência local.

c. Análises específicas no espermatozoide

• Presença da proteína P30: A proteína P30 é uma glicoproteína produzida pelo homem que se
encontra no sêmen, indicativo de conjunção anterior. Assim, a presença da proteína P30 indica a
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presença de antígeno prostático específico, que aponta ser espermatozoide.


• Presença PSA: PSA é uma substância produzida pelo homem que está no líquido prostático, que
faz parte do sêmen, e, uma vez encontrado no canal vaginal, tem-se a certeza de conjunção
Nogueira -- CPF:

carnal.
• Fosfatase ácida prostática: A presença de fosfatase ácida em alta quantidade no canal vaginal é
Sousa Nogueira

indicativo de certeza de conjunção carnal. É necessário que esteja presente em alta quantidade,
pois as mulheres também possuem fosfatase ácida, porém em baixa quantidade. A fosfatáse
Flávio Sousa

ácida em altos índices (acima de 300 unidades) indica a presença de espermatozoide.


Flávio

9.7.2. Gravidez

Para a medicina legal, a gravidez indica conjunção carnal anterior, mesmo que hoje existam
possibilidades diversas de se engravidar.

9.7.3. Parto vaginal anterior

A presença de carúnculas mirtiformes indicam o parto vaginal anterior.

9.7.4. Rotura do hímen

A presença de hímen roto é indicativa de certeza de conjunção carnal anterior.

8. ABORTO

449
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

É a morte do concepto, com ou sem expulsão, decorrente de uma ação interna ou externa, a
qualquer tempo da gestação. Esse concepto é chamado de natimorto.

8.1. O aborto no Código Penal

No Direito Penal, para ser criminoso, o aborto deve ser doloso, sendo tratado nos arts. 124 a 128
do Código Penal.

8.1.1. Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento

Segundo o art. 124 do CP, provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque é
apenado com de detenção, de 1 a 3 anos.

Art. 124, CP - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.
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8.1.2. Aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante

O aborto provocado por terceiro, sem o consentimento da gestante, é a forma mais grave.

Art. 125, CP - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:


Pena - reclusão, de três a dez anos.

Art. 126, CP. [...]


Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de
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quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante


fraude, grave ameaça ou violência

8.1.3. Provocar aborto com o consentimento da gestante


Nogueira -- CPF:

A gestante deverá consentir, de maneira que ela responde pela forma do art. 124 CP e o terceiro
Sousa Nogueira

provocador pelo art. 126 do CP, tratando-se de exceção pluralista a teoria monista.
Flávio Sousa

Art. 124, CP - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.
Flávio

8.1.4. Forma qualificada

Segundo o art. 127 do CP, as penas cominadas ao aborto provocado por terceiro com
consentimento da gestante e o crime de aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante
são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a
gestante sofre lesão corporal de natureza grave. Serão duplicadas se, por qualquer dessas causas, lhe
sobrevém a MORTE.

Art. 127, CP - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um
terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a
gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas
causas, lhe sobrevém a morte.

8.2. Excludentes de responsabilidade

De acordo com o art. 128 do CP, não se pune o aborto necessário e aborto fruto de estupro.

450
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

8.2.1. Aborto necessário

É o aborto feito quando não há outro meio de salvar a vida da gestante. O agente não será punido
em função da excludente de ilicitude estado de necessidade.

O aborto necessário é chamado de aborto terapêutico ou profilático.

8.2.2. Aborto no caso de gravidez resultante de estupro

Se a gravidez resulta de estupro é permitido que se faça o aborto. Esse aborto deve ser precedido
de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. É uma excludente de
ilicitude em função do exercício regular do direito.

O aborto em razão de estupro é chamado de É chamado de aborto sentimental, humanitário ou


ético.
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Art. 128, CP - Não se pune o aborto praticado por médico:


Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante
ou, quando incapaz, de seu representante legal.

8.3. Provas de aborto

São provas de que o concepto nasceu morto:


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• maceração fetal;
• litopédio;
• feto papiráceo;
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• mola hidatiforme;
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• docimasias negativas.

8.3.1. Maceração
Flávio Sousa
Flávio

Trata-se da destruição dos tecidos moles em virtude da ação de um líquido (geralmente a água). É
um fenômeno químico.

A maceração pode ser séptica ou asséptica:

• Maceração séptica: é a maceração com contaminação de bactérias (típica dos afogados).


• Maceração asséptica: é a maceração sem contaminação de bactérias.

a. Maceração fetal

Os fetos ficam dentro do saco amniótico. O líquido contido no saco pode destruir as células da pele.
Ocorre que, quando feto está vivo, a pele é sempre regenerada, impedindo a maceração. Mas, se o feto
vier a morrer, no interior do saco amniótico (aborto retido), a pele não regenera, e os tecidos moles sofrem
maceração. É uma maceração asséptica, se não houver infecção.

São características da maceração fetal:

451
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

• Destacamento da epiderme visível;


• Derme vermelha em função da hemoglobina (inclusive o cordão umbilical);
• Membros com amplitude ampliada.
• Abdômen fica achatado como de anfíbios.

Se o feto, quando sair, já estiver macerado, indica que tem mais de 24 horas dentro do útero.

A maceração só ocorre a partir do 5º mês de gestação. Se anterior ao 5º mês, haverá calcificação


do feto, denominada litopédio (aborto retido em função dos sais minerais).

Ao ser expulso, o feto macerado apresenta coloração róseo-avermelhada universal, tem cabelos
destacados e o couro cabeludo muito frouxo, deslizando amplamente sobre os ossos da calota, os quais se
mostram frouxos, por vezes soltos uns dos outros, se a retenção durar mais alguns dias (Sinal de Spalding).
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121
Flávio

Epônimos relacionados à maceração:

• Sinal de Spalding: é o cavalgamento das calotas cranianas que indica mais de 7 dias da morte
fetal.
• Sinal de Hartley: é a perda da configuração da coluna vertebral.
• Sinal de Tager: ocorre diante da curvatura acentuada da coluna vertebral.
• Sinal de Spangler: ocorre quando há achatamento da abóboda craniana.
• Sinal de Horner: é representado pela assimetria craniana.
• Sinal de Robert: é a presença de gases nos grandes vasos e vísceras.

121 Imagens retirada do curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco.

452
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• Sinal de Brakeman: quando ocorre a queda do maxilar (boca aberta).


• Sinal de Damel: trata-se do halo pericraniano translúcido.

b. Graus da maceração: classificação de Laugley

Segundo Laugley, a maceração pode ser do grau zero até o grau três:

• Grau zero (até 8 horas da morte): Há a presença de pequenas bolhas espalhadas na epiderme.
• Grau um (de 8 a 24 horas da morte): Há o agrupamento de bolhas com o início do
destacamento da pele. A derme fica embebida por hemoglobina, pois os glóbulos vermelhos se
abrem (hemólise) e a hemoglobina, que é vermelha, sai e mancha os tecidos.
• Grau dois (de 24 a 48 horas da morte): Tem-se o acentuado destacamento da derme e a
presença de líquido avermelhado acentuado nas cavidades.
• Grau três (mais de 48 horas da morte): Além das alterações anteriores, há a presença de líquido
acastanhado (pardacento) nas cavidades corporais.
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O professor Wilson Palermo, seguindo o professor Genival Veloso de França, cita apenas graus 1, 2
e 3:

• 1º grau: dá-se com a presença de flictenas, que aparecem de 1 a 3 dias após a morte.
• 2º grau: rompe-se as bolhas, e a epiderme fica com cor arroxeada. A partir do 8º dia da morte.
• 3º grau: apresenta deformidade craniana e infiltração de hemoglobina nas vísceras. O feto
apresenta uma tonalidade marrom. Ocorre a partir da terceira semana.
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Flávio Sousa
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122

Feto macerado

8.3.2. Litopédio

O litopédio, que ocorre antes do quarto mês, é um fenômeno transformativo conservador, pois,
diante da ausência de líquido amniótico, os sais minerais começam a aderir ao feto, petrificando-o.

122 Imagem retirada do site do Professor Malthus.

453
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8.3.3. Feto papiráceo

Exige a presença de pelo menos outro feto na cavidade uterina, para que um deles seja papiráceo.
Com a evolução da gestação, um dos fetos, o que vai sobreviver, impede o desenvolvimento do outro que
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se torna progressivamente atrofiado, e morre. Morto e atrofiado, progressivamente vai sendo comprimido
pelo irmão-parasita até o final da gestação.
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123
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Flávio Sousa
Flávio

123 Imagem retirada do curso de Medicina Legal do Professor Roberto Blanco

454
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8.3.4. Gravidez em mola, molar ou mola hidatiforme

É uma complicação rara da gravidez que leva ao aborto espontâneo e que pode ser classificada em
completa ou parcial.

Na completa o feto recebe apenas as células do pai duplicadas e na parcial também receberá
células duplicadas do pai e as da mãe. Essas alterações formam um emaranhado de células semelhantes a
cachos de uva no útero da mulher, causando a má formação da placenta e do feto, o que impede o
desenvolvimento deste feto.
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8.3.5. Docimasias
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São exames feitos pela Medicina Legal que tem o intuito de provar que houve o nascimento do feto
com vida. As docimasias podem ser:
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• respiratórias ou
• não respiratórias.
Sousa Nogueira

a. Docimasias respiratórias
Flávio Sousa

• Pulmonares: a análise de entrada de ar no organismo ocorre nos pulmões.


Flávio

• Extrapulmonares: é feita a análise de entrada de ar no organismo em órgãos diversos dos


pulmões.

Docimasia respiratórias pulmonares

São as docimasias respiratórias pulmonares:

• Docimasia microscópica ou histopatológica de Baltazar-Lebrum: é única docimasia que indica


certeza, em que se verifica no microscópio:
o Se os alvéolos estiverem abertos em razão do gás da respiração, indica nascimento com
vida;

455
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124

Docimasia hidrostática pulmonar de galeno

Galeno dizia que o pulmão de um vivo flutua em água. Assim, indica a análise do bloco respiratória
em água, veja:
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1) Pega-se o bloco respiratório, e coloca-o na água: Se flutuar, é indicativo que respirou, se afundar,
provavelmente não respirou, e segue para etapa seguinte.

2) Após, deixa apenas o pulmão dentro d’água: Se flutuar é indicativo que respirou, se não flutuar,
provavelmente não respirou, e segue para etapa seguinte.

3) Corta-se pedaços do pulmão dentro d’água: Se flutuar é indicativo que respirou, se não flutuar,
provavelmente não respirou.
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4) Por fim, ao se esmagar os fragmentos do pulmão, sem tirá-los d’água, se houver bolhas, é
indicativo que houve respiração, logo, nasceu com vida.

O perito ao analisar deve ter cuidado com os possíveis gases de putrefação.


Flávio Sousa
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Docimasia óptica ou visual de Buchout

124 Imagem retirada do livro de Medicina Legal do Professor Hygino de C. Hércules

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Visualmente, o pulmão que respirou é arredondado e, ao toque, crepita, enquanto o que não
respirou apresenta-se com bordas finas e achatados, com consistência firme (como se fosse um fígado).
Assim, o pulmão que se encontra arredondado, crepitado, indica o nascimento com vida.

• Docimasia diafragmática de Ploquet

Quando aberta a cavidade toráxico-abdominal, se houve respiração, observa-se o diafragma


próximo da horizontalidade. Se ele apresentar convexidade exagerada, é indicativo que respiração não
ocorreu.
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• Docimasia táctil de Nerio Rojas

Quando da palpação interdigital, o parênquima pulmonar dá a sensação de fofura e crepitação,


caso tenha havido respiração.

• Docimasia óptica de Icard

Esta prova se realiza por meio de pequenos cortes de fragmento de pulmão, de dimensão reduzida,
esmagado entre duas lâminas de modo a transformá-lo num esfregaço. Nos casos em que houve
respiração, nota-se inúmeras bolhas de ar no esfregaço. Porém, esta prova não tem valor para pulmões
putrefeitos, pois os gases da putrefação podem simular um resultado falsamente positivo.

• Docimasias hidrostáticas de Icard

Docimasia pode ser realizada para complementar a prova de Galeno (nos casos de dúvida, ou
quando apenas a 4ª fase deu positiva), pois necessita de quantidade mínima de ar nos fragmentos de
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pulmão.

• Docimasia epimicrocópica pneumo-arquitetônica de Hiário Veiga de Carvalho

Fundamenta-se no estudo da superfície externa do pulmão por meio do ultra-opak. Para isso, o
pulmão deve ser lavado em formalina, depositado em uma placa de Petri, cortado em fragmentos, unido a
uma gota de glicerina e visualizado com a lente objetiva de imersão. Quando houve respiração, as
cavidades cheias de ar mostram-se arredondadas com refringência contrastada em fundo negro. O pulmão
que não respirou, mostra apenas um fundo negro uniforme e sem imagens. No pulmão putrefeito, as
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bolhas são grandes, disformes e de distribuição irregular.

• Docimasia química de Icard

Consiste em colocar um fragmento de pulmão da parte central de um lobo, que foi previamente
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lavado em álcool puro, em uma solução alcoólica de potassa cáustica a 30%. Inicialmente, o fragmento fica
Sousa Nogueira

preso ao fundo do frasco, porém, se houve respiração, deverão se desprender bolhas de ar originadas do
parênquima destruído pelo líquido. Se o pulmão estiver putrefeito, a dissolução da víscera será rápida e as
Flávio Sousa

bolhas grandes, decorrentes do enfisema putrefativo.


Flávio

Docimasias respiratórias extrapulmonares

• Docimasia gastrointestinal de Breslau

É similar ao docimasia de Galeno. Diferencia-se, pois, o exame é feito com estômago, intestino
delgado e intestino grosso. Assim, se houver flutuação, a docimasia é positiva.

CUIDADO!

Pode ocorrer um falso negativo, pois é possível que ocorra a flutuação em função da presença de
gases da putrefação.

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• Docimásia auricular de Vreden, Wendt e Gelé

É uma docimasia respiratória extrapulmonar que se baseia na ocorrência de ar na cavidade do


ouvido médio (local logo após o tímpano) que ingressara através da tuba timpânica (trompa de Eustáquio),
que liga boca ao ouvido. Assim, se houve respiração do recém-nascido, ao se mergulhar a cabeça na água,
surgirá uma bolha de ar que sobe até a superfície do recipiente.

Essa docimasia é utilizada quando só está presente a cabeça do feto.

• Docimásia Hematopneumo-Hepática De Severi

Consiste em determinar as taxas de oxiemoglobina do sangue existente no pulmão e no fígado. Se


essas taxas forem idênticas, significa que não houve hematose, logo, não houve respiração; pois se
houvesse respiração, a taxa de oxiemoglobina no sangue pulmonar deveria ser obrigatoriamente mais
elevada.

• Docimásia Plêurica De Placzek


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Baseia-se no fato fisiológico de que quando houve respiração, deve haver, portanto, uma pressão
negativa na cavidade pleural (membrana que envolve o pulmão).

• Docimásia Traqueal De Martin

Liga-se a traqueia na parte superior e coloca-se um manômetro bem sensível por corte transversal.
Em seguida, faz-se pressão nos pulmões, e, caso haja ar em seu interior devido à respiração, o líquido do
manômetro irá oscilar. Porém, esta prova não tem valor em pulmões putrefeitos.
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• Docimásia Hematopulmonar De Zalesk

Procura estabelecer se houve ou não respiração pelo estudo do conteúdo hemático dos pulmões.
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• Docimásia Ponderal De Pulcquet


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Baseia-se na diferença de peso relativo dos pulmões e do corpo do infante que respirou ou não.
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• Docimásia Do Volume D’água Deslocado De Bernt


Flávio

O diagnóstico da respiração, neste caso, é dado pelo grau de deslocamento do líquido quando
neste estão imersos o pulmão e o coração.

• Docimásia Radiológica De Bordás

Através de exame de Raio-X, a presença de manchas negras nos pulmões, estômago e intestino,
indicam a presença de ar.

b. Docimasias não respiratórias

São docimasias não relacionadas a entrada de ar no organismo. São as docimasias não


respiratórias:

• Docimásia Siálica De Souza Diniz

Consiste na pesquisa de saliva no estômago do feto. A reação positiva é um indicativo de que


existiu vida extrauterina.

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• Docimásia Do Nervo Óptico De Mirto

Fundamenta-se no estado de mielinização do nervo óptico, a qual se inicia logo após o nascimento.
Tem muito mais valor como determinante do tempo de sobrevivência do recém-nascido. Este fenômeno se
inicia 12h após o nascimento e se completa dentro de 4 dias aproximadamente.

• Docimásia Alimentar De Beoth

Consiste na pesquisa de leite ou outros alimentos no estômago do feto; referidos elementos não
existem no natimorto. Porém, neste caso, é importante não confundir estes restos de alimentos com o
induto sebáceo que pode ter sido deglutido pelo feto antes de nascer.

• Docimásia Bacteriana De Malvoz

Os fenômenos putrefativos, no feto natimorto, começam pelos orifícios da boca, nariz e ânus. Nos
casos em que o feto teve vida extrauterina, a putrefação se inicia pelo tubo digestivo e pelo sistema
respiratório. Procura-se também pela presença de bactérias Bacterium Colli como evidência de que houve
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respiração, porém, sua presença é um tanto contraditória, pois fala a favor da deglutição de alimentos do
que propriamente à respiração.

• Docimásia Úrica De Budin-Ziegler

Esta docimasia será positiva se forem encontrados uratos nos condutos renais, como marca da
respiração do recém-nascido. Esses sedimentos se apresentam sob a forma de estrias amareladas dispostas
radialmente na zona medular. Esta docimasia é baseada no conceito de que a presença de sedimentos de
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ácido úrico é muito comum naqueles que sobreviveram por um ou dois dias (Virchow).

• Tumor do Parto ou Caput Sucedaneum

À medida que a criança vai sendo expelida no parto vaginal, e a cabeça é a primeira a sair, esta
Nogueira -- CPF:

pode ficar presa no colo do útero, recebendo pressão dele. Assim, a cabeça vai receber o sangue
Sousa Nogueira

normalmente, mas devido à compressão, a volta fica dificultada, levando ao acúmulo de sangue local,
causando a chamada Bossa serinosaguinolenta occiptal ou Tumor do parto.
Flávio Sousa

A presença do Tumor do parto ou Caput sucedaneum indica a presença de vida (mesmo que
expelida morta).
Flávio

9. PROVAS DE ABORTO NA MULHER VIVA

Segundo a doutrina, são provas de aborto em mulher viva:

• células placentárias na mulher;


• feridas punctórias no colo do útero;
• presença de Beta HCG na mulher não grávida;
• restos embrionários nas secreções uterinas;
• exame microscópico no lóquios (resíduos no endométrio em função do arrancamento da
placenta).

10. IDADE GESTACIONAL

A idade gestacional pode ser aferida através da Fórmula de Haase.

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10.1. Fórmula de Haase

É o meio pelo qual se verifica o tempo de gestação por meio da estatura do feto. Esse tempo se
verifica através da raiz quadrada da estatura do feto. Assim, se o feto tiver:

• 4 cm é indicativo de 2 meses de gestação, pois 2² = 4;


• 9 cm é indicativo de 3 meses de gestação, pois 3² = 9;
• 16 cm é indicativo de 4 meses de gestação, pois 4² = 16;
• 25 cm é indicativo de 5 meses de gestação, pois 5² = 25;
• A partir dos 25 cm, deve-se dividir por 5,6.

A partir da fórmula de Haase é possível verificar o tempo de gestação. Assim, é possível conferir
eventual estupro de vulnerável ou de uma menor de idade.

Exemplo: Uma menor de 14 anos e 3 meses sofre um aborto espontâneo e o feto possui 25 cm. Isso
indica que o feto já possui 5 meses, logo, houve um estupro de vulnerável.
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11. IMPRESSÕES DIGITAIS

As impressões digitais aparecem no feto a partir do 6º mês de gestação.

12. PONTO DE BECLARD

Ponto de ossificação da epífise distal do fêmur, que ocorre a partir do 8º mês de gestação.
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13. INFANTICÍDIO

É a conduta de matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo
após. Historicamente, o delito de infanticídio tinha o especial fim de agir, que era “ocultar desonra
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própria”. Trata-se na realidade de um homicídio em uma modalidade privilegiada em um tipo autônomo.


Sousa Nogueira

Para ocorrer o infanticídio, o feto deve ter nascido com vida, por isso é importante o estudo das
docimasias.
Flávio Sousa

13.1. Estado puerperal


Flávio

É um conceito jurídico ligado ao estado psíquico (durante ou logo após o parto), não se
confundindo com puerpério (que se dá com o fim do parto, expulsão da placenta, até a volta das condições
pré-gestacionais, ou seja, voltar a ovular).

Trata-se de um critério físico-psíquico, pois, em seu aspecto físico, tem-se estar no estado
puerperal, e no aspecto psíquico, agir sob a influência dele.

Segundo o Professor Roberto Blanco é o conjunto de sinais e sintomas provocados pelas ações
hormonais, sangramentos, lesões e dores decorrentes do parto e do puerpério.

13.2. Logo após o parto

Para a Medicina Legal, é o momento até os primeiros cuidados do recém-nascido.

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Art. 123, CP - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto
ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS PARTE ESPECIAL DO CÓDIGO PENAL


Item 40. O infanticídio é considerado um delictum exceptum quando praticado pela
parturiente sob a influência do estado puerperal. Esta cláusula, como é óbvio, não quer
significar que o puerpério acarrete sempre uma perturbação psíquica: é preciso que fique
averiguado ter esta realmente sobrevindo em conseqüência daquele, de modo a diminuir
a capacidade de entendimento ou de auto-inibição da parturiente. Fora daí, não há por
que distinguir entre infanticídio e homicídio. Ainda quando ocorra a honoris causa
(considerada pela lei vigente como razão de especial abrandamento da pena), a pena
aplicável é a de homicídio.
Flávio Sousa
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13.3. Depressão puerperal

Ocorre quando a capacidade mental da mulher é alterada a ponto de ela ser considerada
inimputável. A depressão puerperal é uma doença mental. Não ocorre sob a influência do estado
puerperal. Assim, caso venha a matar o próprio filho logo após o parto, cometerá homicídio, sendo
absolvida sumariamente em razão dessa inimputabilidade.

Pode ser chamada também de febre puerperal, infecção puerperal ou psicose puerperal.

14. PSEUDOCIESE

É a falsa gravidez, em que a mulher acredita sinceramente estar grávida (neurose). Não se trata
de simulação, pois sente os sintomas como se gravida estivesse. Pode ser encontrada como o nome de
gravidez psicológica.

15. HERMAFRODITISMO VERDADEIRO


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Hermafroditismo é o nome de uma condição na qual a pessoa nasce com dois órgãos sexuais,
tanto do sexo masculino, como do feminino. Verifica-se a presença de gônadas que mostram, no mesmo
órgão, tecidos masculinos e femininos, constituindo ovotestis (é uma das gônadas tanto com aspectos
testiculares como ovarianos). Assim, no ovotestis, são encontrados setores com:

• Túbulos seminíferos: componente masculino.


• Folículos de Graff: componente feminino.
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Conforme a predominância de produção hormonal, o indivíduo irá apresentar características


somáticas em um ou outro sentido.

A genitália pode ter qualquer aspecto, desde masculino normal, estágios intermediários, ao
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feminino normal.
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Hermafroditas verdadeiros são classificados como:

• Unilaterais: Ovotestis de um lado e gônada normal do outro lado.


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• Bilaterais: Ovotestis em ambos os lados.


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• Alternos ou Laterais: Com testículo de um lado e ovário do outro.

16. PSEUDO-HERMAFRODITISMO

Apresentam gônadas normais ou atróficas, porém, com histologia compatível com somente um dos
sexos, ou seja, apresentam genitália externa oposta ao da gônada que apresentam. Podem ser:

• Masculino: se a gônada for testículo.


• Feminino: se a gônada for ovário.

17. PARAFILIAS

Parafilias são fantasias ou comportamentos frequentes, intensos e sexualmente estimulantes que


envolvem objetos inanimados, crianças ou adultos sem consentimento, ou o sofrimento ou humilhação
de si próprio ou do parceiro.

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FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

Transtornos parafílicos são parafilias que causam angústia ou problemas com o desempenho de
funções da pessoa com parafilia ou que prejudicam ou podem prejudicar outra pessoa.

Segundo o professor Malthus, são as principais parafilias (serão destacadas em negrito as mais
importantes para provas objetivas):
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Acomoclitismo Preferência por orgãos genitais sem pêlos

Condição de quem se sente sexualmente excitado com as alturas ou com locais


Acrofilia
altos

Acrotomofilia Preferência sexual por pessoas com amputações (ver Amelotasis)

Actirastia Condição de quem se sente sexualmente excitado por expor o corpo ao sol

Acusticofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com sons

Condição de quem assume o papel de um adolescente ou é tratado enquanto tal


Adolescentilismo
por um parceiro sexual

Agalmatofilia Atração por estátuas

Condição de quem se sente sexualmente excitado por ter um parceiro que finge
Agonofilia
lutar ou resistir
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Condição de quem se sente sexualmente excitado com espaços abertos ou tem


Agorofilia
uma preferência por ter relações em espaços públicos

Condição de quem se sente sexualmente excitado por saber que terceiros sabem
Agrexofilia
que se está a ter relações sexuais

Agrofilia Excitação em fazer sexo no campo (mato)

Aiquemofilia Prazer pelo uso de objetos pontudos e cortantes


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Albutofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado através da água

Alcalfilia Fetiche por saltos altos


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Condição de quem se sente sexualmente excitado por ter um parceiro de um grupo


Alfamegamia
etário diferente
Sousa Nogueira

Condição de quem se sente sexualmente excitado por experimentar dor (ver


Algofilia
Masoquismo)
Flávio Sousa

Aloerastia Utilização da nudez de terceiros para excitar o parceiro sexual


Flávio

Alopelia Ato de ter um orgasmo por observar outros a terem relações sexuais

Condição de quem se sente sexualmente excitado por ter fantasias com outras
Alorgasmia
pessoas que não o actual parceiro

Condição de quem se sente sexualmente excitado por ter parceiros de outras


Alotriorastia
nações e raças

Alvinolagnia Fetiche por barrigas

Atração por indivíduos que não têm um ou vários dos membros do corpo (ver
Amalotasis
Acrotomofilia)

Preferência pela prática da masturbação através da fricção dos lábios vaginais, na


Amatripsis
mulher

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FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

Condição de quem se sente sexualmente excitado por ter um parceiro cego ou


Amaurofilia
vendado

Amiquesis Ato de arranhar o parceiro durante o ato sexual

Condição de quem se sente sexualmente excitado por mutilar ou por matar


Amocoscisia
mulheres

Amomaxia Ato de ter relações sexuais dentro de um carro estacionado

Anafrodisia Diminuição da libido masculina

Analinctus Ato de lamber o ânus (ver Analingus Anulingus)

Analingus Ato de lamber e penetrar o ânus com a língua (ver Analinctus Anulingus)

Anastemafilia Atração sexual por parceiros mais altos ou mais baixos


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Androfilia Atração sexual por homens (em mulheres ou em homens)


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Androfobia Medo irracional e excessivo por homens

Androginofilia Atração sexual e amorosa por indivíduos de ambos os sexos (ver Bissexualidade)

Condição de quem se sente sexualmente excitado com robôs que tenham uma
Androidismo
forma humana

Andromania Ninfomania (ver Ninfomania)


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Andromimetofilia ouCondição de quem se sente sexualmente excitado por ter uma parceira que se
Androminetofilia veste como homem

Androsodomia Sexo anal realizado com um homem


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Excitação sexual com vento ou sopro (corrente de ar) nos genitais ou em outra zona
Anemofilia
Sousa Nogueira

erógena

Anfifilia Preferência sexual por parceiros bissexuais


Flávio Sousa

Anfissexualidade Bissexualidade
Flávio

Anililagnia Condição de quem se sente sexualmente excitado com parceiras mais velhas

Aninsertia coital Medo irracional e excessivo da penetração

Anisonogamismo Atração sexual direccionada a um parceiro mais novo ou mais velho

Anocratismo Sexo anal

Anofilemia Ato de beijar o anus (ver Anulingus, Analinctus e Analingus)

Anomeatia Sexo anal com uma mulher

Anoraptus Violador que ataca preferencialmente mulheres mais velhas

Antolagnia Condição de quem se sente sexualmente excitado por cheirar flores

Antropofagolagnia Violação com canibalismo

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FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

Anuptafobia Medo irracional e excessivo relativamente à possibilidade de permanecer solteiro

Apistia (ver Adultério)

Apodisofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com a prática do exibicionismo

Apotemnofilia Fantasias sexuais sobre ser amputado de um ou de vários membros do corpo

Apotemnofilia Desejo de se ver amputado

Aracnofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com aranhas

Arenotigmofilia Ninfomania

Arsometria Sexo anal

Auto-indução da privação de oxigénio para a masturbação. A privação de oxigénio é


efectuada até ao momento imediatamente anterior ao orgásmo, altura em que o
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Asfixia auto-erótica fluxo de oxigénio ao cérebro provoca um intensificar das sensações de prazer. É, no
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entanto, uma prática perigosa que pode provocar a morte caso o indivíduo não
consiga controlar o seu comportamento

Asfixiofilia Fetiche por ser asfixiado pela parceira(o)

Asinofilia Celibato, em particular quando induzido por uma Disfunção Eréctil no homem

Condição de quem se sente sexualmente excitado com o fato de se sentir fraco ou


Astenolagnia
de ser humilhado
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Astifia Disfunção eréctil

Prática em que o parceiro ativo, após o coito anal, leva seu pênis à boca da pessoa
ATM (ass to mouth)
penetrada
Nogueira -- CPF:

Aulofobia Medo irracional e excessivo de instrumentos musicais com uma forma fálica
Sousa Nogueira

Condição de quem se sente sexualmente excitado pelo fato de estar a ser


Auto-agonistofilia
observado, filmado ou no palco a ter relações sexuais
Flávio Sousa

Condição de quem se sente sexualmente excitado com a concepção e encenação da


Flávio

Auto-assassinofilia
sua própria morte (ver Autonecrofilia)

Auto-erotismo Aumento da libido apenas psíquica

Auto-erotismo Erotismo do indivíduo dirigido a si próprio masturbação

Condição em que o amor e o desejo sexual são dirigidos ao próprio e não em


Autofila
relação aos outros

Ato de chicotear-se a si próprio como forma de obtenção de prazer sexual ou, pelo
Autoflagelação
contrário, de o mitigar

Condição de quem se sente sexualmente excitado por vestir roupas de elementos


Autoginefilia
do sexo oposto (ver Travestismo)

Autogonistofilia (ver Exibicionismo)

468
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

Automasoquismo Auto-indução de dor com o objectivo de obter excitação sexual (ver Masoquismo)

Automisofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado por estar sujo

Medo irracional e excessivo de estar ou ficar sujo, nomeadamente através da


Automisofobia
actividade sexual

Auto-indução de mutilações (queimaduras, cortes, etc) com o objectivo de obter


Automutilação
prazer sexual

Condição de quem se sente sexualmente excitado por se imaginar ou fingir de


Autonecrofilia
morto (ver auto-assassinofilia)

Condição de quem se sente sexualmente excitado por assumir o papel de um bebé


Autonepiofilia
e por ser tratado enquanto tal por um parceiro (ver Autopedofilia)

Autopederastia Inserção do pénis no próprio ânus


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Condição de quem se sente sexualmente excitado por assumir o papel de um bebé


Autopedofilia
e por ser tratado enquanto tal (ver Autonepiofilia)

Auto-sadismo Excitação sexual induzida pela auto-indução de dor (ver Sadismo)

Condição de quem se sente sexualmente excitado por olhar para o seu próprio
Autoscopofilia
corpo, em particular para os órgãos genitais)

Auto-sexualidade Masturbação
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Avisodomia Penetração de uma ave partindo-lhe o pescoço durante essa prática

Axialismo Estimulação do pénis na axila

Barosmia Excitação sexual induzida por cheiros


Nogueira -- CPF:

Basoexia Excitação sexual induzida pelo ato de beijar


Sousa Nogueira

BBW Atração por mulheres obesas


Flávio Sousa

Belonefilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com a utilização de agulhas


Flávio

Bestialismo Prazer em relação sexual com animais - ver zoofilia

Condição de quem se sente sexualmente excitado com a crueldade para com os


Bestialsadismo
animais

Biastofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado por atacar e por violar alguém

Bissexualidade Atração amorosa e sexual por individuos de ambos os sexos

Bivarismo Relação sexual entre uma mulher e dois homens

Blastolagnia Condição de quem se sente sexualmente excitado com jovens do sexo feminino

Bondagismo Fetiche por ser amarrado, imobilizado

Botulinonia Penetração com salsichas

Bradicubia Movimentos lentos durante a penetração

469
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

Bromidrosifobia Medo irracional e excessivo de odores corporais

Masturbação feminina com objectos, tais como vibradores, que alargam o tamanho
Buginonia
da vagina

modalidade de sexo grupal praticado com uma pessoa que "recebe" no rosto a
Bukkake
ejaculação de diversos homens

Candaulismo Observação do cônjuge a ter relações sexuais com terceiros

Condição de quem se sente sexualmente excitado pela observação de terceiros a


Capnolagnia
fumar

Catatasis Alongamento do pénis

Condição de quem se sente sexualmente excitado pela inserção de um catéter na


Cateterofilia
uretra
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Chezolagnia Masturbação durante a defecção

Ciesolagnia Condição de quem se sente sexualmente excitado com mulheres grávidas

Cimbalismo (ver Lesbianismo)

Cinofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com cães

Medo irracional e excessivo relativamente à possibilidade de contrair uma doença


Cipridofobia
sexualmente transmissível
CPF: 037.820.231-61

Ciprieunia Actividade sexual com prostitutas

Claustrofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado por estar em locais fechados
Nogueira -- CPF:

Condição de quem se sente sexualmente excitado por roubar um estranho ou um


Cleptofilia
parceiro sexual
Sousa Nogueira

Clismafilia ouCondição de quem se sente sexualmente excitado por fazer um clister (a si próprio
Clismofilia ou a um parceiro sexual)
Flávio Sousa

Clitorilingus Ato de acariciar o clítoris com a língua


Flávio

Clitoromania (ver Ninfomania)

Coito a tergo Relação sexual em que o homem penetra a mulher por trás

Estimulação do pénis entre as pernas de um parceiro, sem que chegue a ocorrer


Coito anteportas
qualquer tipo de penetração

Coito femural (ver Coito anteportas)

Coito in ano Penetração anal (ver Sexo anal)

Coito in os Sexo oral realizado ao homem (ver Felação)

Coito incompletus (ver Coito interrompido)

Coito interruptus O mesmo que Coito Interrompido

470
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

Coito perineal O mesmo que Coito anteportas

Relação sexual em que, através da utilização de diversas técnicas e exercícios, se


Coito prolongatus
aumenta a sua duração (ver Sexo Tântrico)

Coitobalnismo Relações sexuais dentro de uma banheira

Coitofobia Medo irracional e excessivo de penetração

Coitolimia Desejo Sexual intenso

Coitus a mammilla Estimulação do pénis entre os seios de uma mulher

Coitus a unda Relação sexual dentro de água

Coitus analis Coito anal (ver Sexo anal)

Coitus intrafermoris Penetração entre as pernas


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Coitus reservatus (ver Coito interrompido)

Colobosis Mutilação ou castração do pénis

Colpeurintomania Práticas de alargamento da cavidade vaginal

Comasculação (ver Homossexualidade)

Coprofagia Fetiche pela ingestão de fezes


CPF: 037.820.231-61

Condição de quem se sente sexualmente excitado por cheirar, ingerir ou manipular


Coprofilia
fezes, bem como por observar alguém a defecar

Coprofobia Medo irracional e excessivo da defecação e de excrementos


Nogueira -- CPF:

Ato de escrever palavras ou frases obscenas, particularmente nas casas de banho


Coprografia
públicas
Sousa Nogueira

Coprolagnia (ver Coprofilia)


Flávio Sousa

Coprolalia Fetiche em pronunciar ou ouvir, durante o coito, palavras obcenas


Flávio

Coprolália Utilização de uma linguagem sexual obscena, em particular durante o ato sexual

Coproscopia Condição de quem se sente sexualmente excitado por observar alguém a defecar

Corefalismo Prática de sexo anal com uma rapariga

Coreofilia Experiência do orgasmo enquanto se dança

Coreofilia excitação sexual pela dança

Corvus (ver Felação)

Cratolagnia Condição de quem se sente sexualmente excitado com a força do parceiro

Condição de quem se sente sexualmente excitado pelo fato de ter que pagar ao
Crematistofilia
parceiro para ter relações sexuais ou de por ele ser roubado

Crematistofilia excitação sexual ao dar dinheiro, ser roubado, chantageado ou extorquido pelo

471
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

parceiro

Crinofilia excitação sexual por secreções (saliva, suor, secreções vaginais, etc)

Cromo-inversão Libido voltada para pessoas com cor de pele diferente

Condição de quem se sente sexualmente excitado pelo fato de ter um parceiro cuja
Cronofilia
idade é discordante da sua

Cunilália Prática de falar sobre os órgãos sexuais femininos

Cunnilingus Prática de sexo oral a uma mulher

Dacnolagnomania Crime passional

Condição de quem se sente sexualmente excitado por ver lágrimas nos olhos de um
Dacrilagnia ou Dacrifilia
parceiro
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Defecolagnia Condição de quem se sente sexualmente excitado por defecar


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Dendrofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com árvores e plantas

Dermafilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com a pele

Dipoldismo Excitação sexual provocada por abusar sexualmente de crianças (ver Pedofilia)

Condição de quem se sente sexualmente excitado com parceiros que têm


Dismorfofilia
deformidades físicas ou algum outro tipo de deficiência
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Dolismo Fetiche por bonecas e manequins

Donjuanismo Fetiche por seduzir os outros

Condição de quem se sente sexualmente excitado com peles de animais, com o


Nogueira -- CPF:

Dorafilia
cabedal ou com a pele humana
Sousa Nogueira

Ecdemolagnia Condição de quem se sente sexualmente excitado por estar longe de casa
Flávio Sousa

Condição de quem se sente sexualmente excitado por se despir em frente de


Ecdiose
terceiros (ver Exibicionismo),
Flávio

Ecdiseísmo Fetiche por se despir a fim de provocar outrem

ato de ouvir descrições de encontros sexuais ou sons provenientes de práticas


Ecuterismo
sexuais

Edipismo Tendência ao incesto de filho com mãe - Complexo de Édipo

Condição de quem se sente sexualmente excitado por parceiros sexuais


Efebofilia
adolescentes

Electrofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com estímulos elétricos

Eletrismo Tendência ao incesto de filha com pai - Complexo de Eletra

Condição de quem se sente sexualmente excitado com o vomitado ou com o ato de


Emetofilia
vomitar

472
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

Emetofilia excitação obtida com o ato de vomitar ou com o vômito de outro

Enditolagnia ou
Condição de quem se sente sexualmente excitado com parceiros vestidos
Enditofilia

Medo irracional e excessivo relativamente à possibilidade de pecar, em particular


Enosiofobia
de forma sexual

Condição de quem se sente sexualmente excitado com insectos ou sua utilização


Entomofilia
durante o ato sexual

Situação em que um homem se veste com roupas de mulher. Este nome advém de
Eonismo Chevalier d´Eon (1728-1810), diplomata francês que se passou por mulher na corte
de Catarina (ver Travestismo e Cross-dresser)

Eproctofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com a flatulência

Medo irracional e excessivo da cor vermelha ou da ruborização, em particular da


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Eritrofobia
que ocorre quando se fica sexualmente excitado

Erotismo
Penetração do ânus com o braço
braquiopróctico

Erotismo
Penetração da vagina com o braço
braquiovaginal

Medo irracional e excessivo do sexo da sexualidade, em geral, e das suas próprias


CPF: 037.820.231-61

Erotofobia
respostas sexuais, em específico

Condição de quem se sente sexualmente excitado com a preparação e efectiva


Erotofonofilia
realização do assassinato de um parceiro sexual
Nogueira -- CPF:

Condição de quem se sente sexualmente excitado por escrever cartas ou poemas


Erotografomania
Sousa Nogueira

de amor

Utilização de uma linguagem sexualmente explícita com o objectivo de provocar


Erotolália
Flávio Sousa

excitação sexual, nomeadamente durante a actividade sexual


Flávio

Erotomania Idéia fixa de amor etéreo, sem desejo carnal

Erotomania Preocupação ou interesse excessivo relativamente à sexualidade

Condição de quem se sente sexualmente excitado por falar de uma forma obscena
Escatofilia
e sexualizada com desconhecidos

Escatofobia Medo irracional e intenso da atividade defecatória ou de excrementos

Condição de quem se sente sexualmente excitado por observar terceiros ou por ser
Escoptofilia
observado a ter relações sexuais (ver Exibicionismo e Voyeurismo)

Escoptofobia Medo irracional e intenso de ser observado enquanto despido

Condição de quem se sente sexualmente excitado por olhar para os genitais de


Escoptolagnia
outras pessoas do sexo oposto

Espectofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado por se imaginar envolvido em

473
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

actividade sexual com seres espirituais condição de quem se sente sexualmente


excitado através da imagem reflectida em espelhos

Prática medieval que consiste na excitação por fantasias com fantasmas, espíritos
Espectrofilia
ou deuses

Espermatofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com o esperma

Espermatofobia Medo irracional e intenso de esperma

Estatuofilia (ver Agalmatofilia)

Estenolagnia Condição de quem se sente sexualmente excitado por mostrar os seus músculos

Condição de quem se sente sexualmente excitado por parceiros que tenham


Estigmatofilia
tatuagens ou piercings, especialmente na região genital

Etno-inversão Libido voltada para pessoas com etnia diferente


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Eurotofobia Medo irracional e excessivo dos órgãos genitais femininos

Condição de quem se sente sexualmente excitado com a exposição de partes do


Exibicionismo
seu corpo, incluindo os seus órgãos sexuais, a terceiros

Exofilia Fetiche pelo invulgar ou pelo bizarro

Felação Sucção bucal peniana


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Fetiche por balões Excitação ao tocar balões de látex (usadas em festas)

Fetichismo Fetiche por certo tipo de vestimenta, objetos ou situações específicas

Prazer com a a inserção da mão ou antebraço na vagina (brachio vaginal) ou no


Fisting
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ânus (brachio procticus)


Sousa Nogueira

Flagelantismo Fetiche por ser flagelado, palmadas, chicotadas, etc

Flatofilia Prazer erótico em escutar, cheirar e apreciar gases intestinais próprios e alheios
Flávio Sousa

Frigidez Diminuição da libido feminina


Flávio

Frotteurismo prazer em friccionar os órgãos genitais no corpo de uma pessoa vestida

Gerontofilia Atração sexual de não-idosos por idosos

Preferência sexual e erótica de homens maduros por meninas adolescentes (ver


Hebefilia
lolismo)

Hipofilia Desejo sexual por equinos

Latofilia Fetiche por observar ou sugar leite saindo dos seios

Lolismo Preferência sexual e erótica de homens maduros por meninas adolescentes

Lubricidade senil Libido exacerbada em idosos, ainda que impotentes

Maieusofilia Fetiche por mulheres grávidas e/ou pela observação de partos - ver pregnofilia

Masoquismo Prazer ao sentir dor ou imaginar que a sente

474
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

Masturbação Excitação através das mãos ou dedos próprios

Menofilia Atração ou excitação por mulheres menstruadas

Mixoscopia Fetiche por ver o coito de outrem

Nanofilia Atração sexual por anões

Narcisismo Libido por si próprio, se ver ao espelho

Necrofilia Aração por pessoas mortas

Nesofilia Atração pela cópula em ilhas, geralmente desertas

Ninfomania Aumento da libido feminina - desejo físico

Odaxelagnia Fetiche por mordidas

Onanismo Masturbação masculina


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Orquifilia Fetiche por testículos

Partenofilia Fixação sexual por pessoas virgens

Pedofilia Atração de adultos por crianças e pré-púberes

Pigmalianismo Fetiche por estátuas (Pigmaleão)

Pigofilia Excitação sexual por nádegas


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Pirofilia Prazer sexual com fogo, vendo-o, queimando-se ou queimando objetos com ele

Pluralismo Sexo entre três ou mais pessoas

Podolatria Fetiche por pés


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Pogonofilia Fetiche por barba


Sousa Nogueira

Pregnofilia ou
fetiche por mulheres grávidas e/ou pela observação de partos ver maieusofilia
Flávio Sousa

maieusofilia

Pseudopeolagnia Fetiche por usar em si, ou em outrem, um ou mais dildos


Flávio

Quirofilia Excitação sexual por mãos

Riparofilia Preferência por parceiros sujos, mulheres menstruadas

Sadismo Prazer erótico com o sofrimento alheio, dor, humilhação

Sadomasoquismo Prazer por sofrer e, ao mesmo tempo, impingir dor a outrem

Sarilofilia Fetiche por saliva ou suor

Satiríase Aumento da libido masculina - desejo físico

Sodomia Sexo anal

Teleagnia Fetiche por visualizar a distância cenas sexuais

Timofilia Excitação pelo contato com metais preciosos

475
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

Trampling Fetiche onde o indivíduo sente prazer ao ser pisado pelo parceiro

Tricofilia Fetiche por cabelos e pelos

Troilismo Fetiche por sexo a três (ménage a trois)

Excitação ao urinar no parceiro ou receber dele o jato urinário, ingerindo-o ou não -


Urofilia
ver urognalia

Excitação ao urinar no parceiro ou receber dele o jato urinário, ingerindo-o ou não -


Urognalia
ver urofilia

Vampirismo Fetiche por sexo envolvendo sangue

Vorarefilia Atração por um ser vivo engolindo ou devorando outro

Prazer pela observação da intimidade de outras pessoas, que podem ou não estar
Voyeurismo
nuas ou praticando sexo
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Zoofilia Prazer em relação sexual com animais - ver bestialismo


Sousa Nogueira
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476
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

APLICAÇÃO EM CONCURSO

1) No dia 4/2/2022, H. A. S., com 24 anos de idade, do sexo masculino, foi encontrado morto em quarto de
hotel. Na perinecroscopia, o perito criminal descreveu que a vítima foi encontrada com um laço no
pescoço, nua, apontando preliminarmente para a possibilidade de suicídio por estrangulamento, pois as
câmeras do hotel não haviam registrado entrada ou saída de pessoas do apartamento da vítima, e a porta
estava fechada por dentro. Posteriormente, conforme a investigação avançou, a família relatou dados
específicos sobre o comportamento sexual da vítima, o que levou o delegado de polícia a considerar a
hipótese de morte acidental. Com base nas informações apresentadas nessa situação hipotética, é correto
considerar a hipótese da parafilia denominada

a) coprolalia.

b) frotteurismo.

c) dolismo.
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d) hipoxifilia.

e) clismafilia.

2) Suponha que traficantes tenham submetido uma adolescente a violência sexual, em uma comunidade
carente do Rio de Janeiro. Nesse contexto, na perícia de casos de conjunção carnal, para o exame objetivo,
de natureza específica, deve ser fornecida a informação de
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a) peso e altura da vítima.

b) estado geral da vítima.

c) estado civil da vítima.


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d) aspecto e disposição dos elementos da genitália da vítima.


Sousa Nogueira

e) lesões externas gerais na vítima (como equimoses, hematomas e escoriações).


Flávio Sousa
Flávio

3) Entre os fenômenos cadavéricos, aquele que pode atingir o feto morto retido do quinto ao nono mês de
gravidez no útero materno é chamado de

a) mumificação.

b) saponificação.

c) corificação.

d) litopédio.

e) maceração.

4) O chamado tumor do parto (caput succedaneum), encontrado em um nascituro, consiste em um dos


mais importantes sinais de

a) esgorjamento acidental no canal do parto.

477
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

b) prova de vida durante o parto cefálico.

c) feto natimorto.

d) infecção pós-aborto.

e) aborto retido (intrauterino).

5) À luz do conceito adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), abortamento consiste na

a) interrupção da gestação com menos de 21 semanas ou com produto da concepção (embrião ou feto)
pesando menos de 500 g.

b) interrupção da gestação com menos de 20 semanas ou com produto da concepção (embrião ou feto)
pesando menos de 500 g.
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c) interrupção da gestação com menos de 21 semanas ou com produto da concepção (embrião ou feto)
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pesando menos de 600 g.

d) interrupção da gestação com menos de 23 semanas ou com produto da concepção (embrião ou feto)
pesando menos de 600 g.

e) interrupção da gestação com menos de 22 semanas ou com produto da concepção (embrião ou feto)
pesando menos de 500 g.
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6) O aborto é considerado crime quando cometido em decorrência de

a) gravidez resultante de estupro.


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b) gravidez ectópica íntegra.


Sousa Nogueira

c) malformação genética fetal.

d) cardiopatia grave materna.


Flávio Sousa

e) câncer do colo do útero materno.


Flávio

7) Assinale a opção que corresponde à denominação do ato intencional de esfregar os órgãos genitais no
corpo ou tocar com a mão os seios e as genitais, principalmente de mulheres, aproveitando-se de
aglomerações em locais apertados, como ônibus, trem etc.

a) dolismo

b) pigmalionismo

c) riparofilia

d) erotismo

e) frottismo

478
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

8) O crime de infanticídio será descaracterizado caso se constate

a) maceração do concepto.

b) presença de reação vital nas lesões do concepto.

c) docimásia hidrostática de Galeno positiva.

d) que a mãe estava sob influência do estado puerperal.

e) que tenha sido cometido durante ou logo após o parto.

9) Assinale a alternativa INCORRETA. As docimasias para constatar a presença de vida extra-uterina são:

a) tátil de Nério Roja.

b) óptica de Bouchut ou de Cásper.


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c) hidrostática de Galeno-Rayger-Schreger.

d) acidopirática de Middeldorf.

e) hidrostáticas de Icard.

10) Um indivíduo adulto manteve conjunção carnal consentida com uma menina, sabidamente de 13 anos
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de idade. Assinale a alternativa correta.

a) Não houve violência.

b) A violência foi psíquica.


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c) A violência foi presumida.


Sousa Nogueira

d) A violência foi física.


Flávio Sousa

e) Houve apenas crime por atentado ao pudor.


Flávio

11) Sobre o teste Docimásia de Galeno, assinale a alternativa correta.

a) Ela é considerada negativa quando o pulmão boia e o coração afunda.

b) Ela é considerada negativa quando o pulmão e o coração boiam.

c) Ela é considerada positiva quando o pulmão e o coração afundam.

d) Manobras de reanimação com insuflação pulmonar artificial podem gerar falsos positivos.

e) A putrefação não influencia no teste.

12) Pais de uma menor de 13 anos procuram a delegacia e fazem um boletim de ocorrência após esta
relatar que foi “molestada uma vez pelo primo de 18 anos há 2 anos atrás, inclusive com relação sexual
vaginal”. Ela é, então, encaminhada para exame sexológico no IMOL a pedido do delegado, a fim de

479
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

constatar ou não o fato. Após examinar, você, o médico perito do caso, relata que não é possível saber se
houve coito vaginal, devido:

a) à vítima possuir membrana complacente.

b) à vítima possuir hímen imperfurado.

c) à vítima apresentar membrana himenal rota.

d) à vítima apresentar carúncula himenal.

e) à vítima ser impúbere na época.

13) Mulher sofreu conjunção carnal mediante grave ameaça, sem registrar a ocorrência policial. Dois meses
depois, percebe que está grávida. Sabendo-se que ela era e permanece casada e que já tem um filho
saudável, resulta que:
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a) ela não pode interromper a gestação legalmente, pois não corre risco de vida;

b) o marido tem que autorizar para que ela realize o aborto legalmente;

c) ela não tem direito de interromper legalmente a gestação por falta de registro;

d) essa situação típica é um bom exemplo de aborto eugênico lícito;

e) ela pode interromper legalmente a gestação, se assim o desejar.


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14) Ainda hoje, apesar das enormes mudanças comportamentais e do aumento da tolerância com as
diferenças, os transtornos da sexualidade podem gerar consequências penais e civis na vida do indivíduo
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que os apresenta. O curioso transtorno que se caracteriza pelo desejo da prática sexual com um parceiro
sujo, mal asseado, com má higiene, é denominado:
Sousa Nogueira

a) dolismo;
Flávio Sousa

b) riparofilia;
Flávio

c) mixoscopia;

d) frotteurismo;

e) masoquismo.

15) No crime de infanticídio, previsto no Art. 123 do Código Penal brasileiro, o estudo do cadáver deve
verificar se houve respiração extrauterina. Existem vários métodos para examinar os pulmões, dentre eles,
um que observa macroscopicamente o desenho do mosaico alveolar denominado docimasia:

a) hidrostática;

b) diafragmática;

c) óptica;

d) plêurica;

480
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

e) ponderal.

16) Mulher de 40 anos comparece ao exame de corpo de delito em investigação de crime sexual. Conta
que, estando hospedada na casa de amigos, na noite anterior, acreditando tratar-se de seu marido na
cama, já tarde da noite, teve relação sexual vaginal com outro homem, somente percebendo o engano
após o fato, tendo prontamente prestado queixa na Delegacia de Polícia. Esse breve relato do ocorrido
permite ao perito pensar na possibilidade de:

a) ausência de crime sexual real;

b) caso típico de estupro;

c) crime de assédio sexual;

d) violação sexual mediante fraude;


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e) forma de estupro de vulnerável.

17) Em que pese o conceito de estupro atualmente ser mais amplo que outrora, ainda é de interesse
médico-legal o estudo do hímen. Um cuidado especial deve ser dado à distinção entre entalhe e rotura da
membrana himenal. Favorece o diagnóstico de entalhe a característica de apresentar:

a) profundidade completa;
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b) fibrose nas bordas;

c) aspecto em letra “V”;

d) simetria;
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e) hemorragia e edema.
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Flávio Sousa

18) A causa de morte mais frequente de infanticídio é:


Flávio

a) associação de vários meios;

b) traumatismo craniencefálico;

c) afogamento;

d) ação pérfurocortante;

e) asfixia.

19) No texto do Art. 123 do Código Penal brasileiro (infanticídio), a expressão “sob a influência do estado
puerperal" significa que:

a) a mãe está na vigência de um surto psicótico no momento do crime;

b) as condições hormonais e a dor do parto modificam a compreensão da mãe com relação ao crime;

481
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

c) o estado puerperal representa um fator de exclusão da ilicitude do fato;

d) a capacidade de entendimento da mãe está diminuída pelo sentimento de desonra relativo à gestação;

e) a pena é reduzida quando comparada à prevista para o homicídio porque há perda da autodeterminação
da mãe.

20) Mulher comparece ao IML para exame de conjunção carnal e de ato libidinoso diverso da conjunção
carnal, que apura: genitália externa sem lesões violentas; hímen com duas roturas cicatrizadas nos
quadrantes anterior e posterior direitos; ânus com tônus pouco diminuído, mostrando equimoses violáceas
na região perianal e rotura disposta radialmente ao plano da mucosa anal, no quadrante anterior esquerdo;
a pesquisa de espermatozoides foi negativa para o material colhido em ambas as cavidades. Em relação ao
exame, é correto afirmar que:

a) foi negativo para conjunção carnal e positivo para ato libidinoso diverso da conjunção carnal;
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b) foi negativo para conjunção carnal e indeterminado para ato libidinoso diverso da conjunção carnal;

c) foi positivo para conjunção carnal e positivo para ato libidinoso diverso da conjunção carnal;

d) não há como afirmar ou negar a conjunção carnal; foi positivo para ato libidinoso diverso da conjunção
carnal;

e) foi indeterminado para conjunção carnal e indeterminado para ato libidinoso diverso da conjunção
carnal.
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21) Uma mulher está no sétimo mês de gestação de uma gravidez resultante de adultério. Ingere uma
droga abortiva e elimina um concepto que consegue sobreviver. Do ponto de vista penal, houve:
Nogueira -- CPF:

a) autoaborto;
Sousa Nogueira

b) aborto necessário;
Flávio Sousa

c) aborto terapêutico;
Flávio

d) tentativa de aborto;

e) conduta isenta de pena (não tipificada).

22) O médico legista deve estar atento ao diagnóstico diferencial entre as rupturas himenais por coito e os
retalhos de hímen roto pelo parto vaginal. Os retalhos himenais se retraem, constituindo verdadeiros
tubérculos em sua implantação, e correspondem a:

a) carúnculas mirtiformes.

b) chanfraduras vulvo-himenais.

c) entalhes himenais.

d) hímens cribriformes.

482
FREDERICO ALVES MELO SEXOLOGIA FORENSE• 18

GABARITO

1) Resposta: Letra “d”

2) Resposta: Letra “d”

3) Resposta: Letra “e”

4) Resposta: Letra “b”

5) Resposta: Letra “b”

6) Resposta: Letra “c”

7) Resposta: Letra “e”

8) Resposta: Letra “a”


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9) Resposta: Letra “d”

10) Resposta: Letra “c”

11) Resposta: Letra “d”

12) Resposta: Letra “a”

13) Resposta: Letra “e”


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14) Resposta: Letra “b”

15) Resposta: Letra “c”

16) Resposta: Letra “d”


Nogueira -- CPF:

17) Resposta: Letra “d”


Sousa Nogueira

18) Resposta: Letra “e”


Flávio Sousa

19) Resposta: Letra “b”


Flávio

20) Resposta: Letra “d”

21) Resposta: Letra “d”

22) Resposta: Letra “a”

483
Flávio
Flávio Sousa
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FREDERICO ALVES MELO

19 TOXICOLOGIA FORENSE
TOXOLOGIA FORENSE• 17

484
FREDERICO ALVES MELO TOXOLOGIA FORENSE• 17

1. CONCEITO

A toxicologia forense é o estudo quantitativo da ação das drogas no organismo. Ela envolve os
estudos de energias de ordem química, englobando assim venenos e drogas.

O estudo da ação química, é dividido em duas partes: ação cáustica (estudo dos cáusticos) e ação
sistêmica (estudo dos venenos).

ATENÇÃO!

Importante salientar que as drogas ilícitas de uso abusivo e seus efeitos deletérios são estudados
na ação sistêmica.

2. VENENOS
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Pode-se conceituar veneno como toda substância que, por sua natureza, ministrada em dose
relativamente pequena tem o condão de gerar desequilíbrio das funções orgânicas e desorganizar
tecidos, acarretando grave perturbação da saúde ou a morte. Os venenos possuem ação sistêmica.

• São substâncias mineral ou orgânica que podem ser de origem mineral, vegetal, animal ou
sintética e, quando administradas no organismo em pequenas quantidades, causam alterações
substanciais no funcionamento do corpo, podendo inclusive levar a morte.
• São circunstâncias preponderantes no envenenamento a pequena dose da substância, e
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observância do efeito nocivo primordialmente em pessoas sadias. Com base nessas premissas, é
possível observar que todo envenenamento é uma intoxicação exógena, mas nem toda
intoxicação exógena é um envenenamento. Diversas substâncias podem causar intoxicação, mas
nem toda substância é considerada veneno.
Nogueira -- CPF:

• Não se confunde com a substância tóxica, pois esta, deve ser administrada em grandes
quantidades.
Sousa Nogueira

2.1. Campo de ação dos venenos


Flávio Sousa

O sistema capilar é o campo de ação dos venenos, assim, a rapidez de ação dos venenos é
Flávio

verificada pelo trajeto até chegar aos vasos capilares.

2.2. Etapas da fisiopatologia dos venenos

• Penetração;
• Absorção;
• Distribuição;
• Fixação;
• Transformação;
• Eliminação pelo sistema urinário, digestivos (vômitos), suor, saliva, bile ou leite.

3. INTOXICAÇÕES E ENVENENAMENTO

485
FREDERICO ALVES MELO TOXOLOGIA FORENSE• 17

Segundo o professor Genival Veloso, a intoxicação é caracterizada como sendo um quadro de


reações do metabolismo que tem origem acidental, assim, diferente do envenenamento que teria origem
intencional e exógena.

3.1. Hidrargirismo

O hidrargirismo ou mercuralismo é uma intoxicação/envenenamento, que pode ser aguda ou


crônica, se dá pelo contato com o mercúrio (Hg).

O hidrargirismo causa complicações neurológicas, afeta o sistema nervoso causando paralisias,


pode causar erupções na pele, problemas de memória, e inclusive levar a óbito, sendo muito comum em
áreas de garimpo.

3.2. Mitridatismo

No mitridatismo, o envenenamento ocorre por arsênico, que em doses mínimas pode matar.
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O arsênico possui grande afinidade com a pele, e mesmo após anos da morte, é possível verificar a
presença de arsênico nos fâneros da pele.

São características do arsênico: inodoro, incolor e insipido.

São sinais caraterísticos que indicam envenenamento por arsênico: eritema na pele sem exposição
ao sol, dores abdominais, vômitos esbranquiçados, diarreia, fígado amarelado (forma crônica), etc.
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3.2.1. Linhas de Meegs

São ranhuras, estrias, esbranquiçadas que surgem nas unhas em razão do arsênico.

Historicamente era usado para matar reis. Por isso, o Rei Mitridates, buscou imunizar-se contra um
Nogueira -- CPF:

eventual envenenamento, tomando doses crescentes (mas nunca letais) de arsênico =, até que fosse capaz
Sousa Nogueira

de tolerar até mesmo uma dose mortal. Curiosamente, morreu envenenado.

3.3. Saturnismo
Flávio Sousa
Flávio

No saturnismo a intoxicação/envenenamento se dá por chumbo. Geralmente afeta pessoas que


trabalham com vidraçaria, cerâmica etc.

O saturnismo afeta o cérebro, causando psicoses tóxicas, além de ser causador de anemia, por não
permitir a fixação do ferro na hemoglobina.

Se um PAF ficar alojado por muito tempo dentro do corpo, é possível que ocorra o saturnismo.

3.3.1. Orla de Burton

A orla do encaixe do dente na gengiva vai ficando anegrada e indica a intoxicação por chumbo.

486
Flávio
Flávio Sousa
Sousa Nogueira
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Imagem retirada do livro de Medicina Legal do Professor Hygino de C. Hércules


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TOXOLOGIA FORENSE• 17

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FREDERICO ALVES MELO TOXOLOGIA FORENSE• 17

3.4. Chumbinho (carbamato)

O chumbinho é um inibidor da enzima acetilcolinesterase, que é responsável por destruir os efeitos


a acetilcolina.

Entenda: A acetilcolina é liberada após cada transmissão dos impulsos nervosos aos diversos órgãos
do corpo, que fazem os músculos contrair. A acetilcolinesterase faz com que o músculo após a contração,
relaxe. Assim, com a acetilcolinesterase inibida, não se consegue relaxar os músculos o que leva a
espasmos musculares generalizados, podendo levar à morte por sufocação indireta (asfixia).

3.5. Pesticidas organofosforados

Esses pesticidas feitos por organofosforados tem a finalidade de matar as pragas da lavoura. Por
vezes, a ingestão destes alimentos sem a adequada higiene, leva a contaminação, levando a problemas
neurológicos, de controle da musculatura, náuseas etc.
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É também é inibidor da acetilcolinesterase. Afetam as terminações nervosas, ou seja, o comando


do corpo é feito através de ordens do nervo para o músculo, através de um composto químico chamado
acetilcolina. Ocorre que uma enzima chamada acetilcolenesterase, tira os efeitos da acetilcolina. Mas com
a intoxicação a ordem de retirar feita pela acetilcolenesterase, fica inibida, e assim, a ordem de movimento
fica mantida, causando desarranjo do corpo, levando a espasmos musculares generalizados.

3.6. Monóxido de carbono


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O monóxido de carbono normalmente está presente na fumaça negra que ocorre pela queima de
determinados produtos. Ele possui uma afinidade muito grande com hemoglobina, e em razão disso,
forma-se a carboxihemoglobina, que impede o transporte de oxigênio, e leva a intoxicação por monóxido
de carbono.
Nogueira -- CPF:

Quando a concentração de monóxido de carbono no sangue é maior que 50%, há perigo de morte
Sousa Nogueira

iminente. Ainda, no caso de morte, verifica-se que as vísceras ficam com a cor carminada.

3.7. Cianeto
Flávio Sousa
Flávio

O cianeto é um tóxico que age em nível intracelular (ação química). Ele faz com que a enzima
citocromooxidase (que atua no interior das mitocôndrias), fique inibida, e assim, fique impedida de retirar
os hidrogênios e como consequência impede a reação com o oxigênio (que está na célula, mas não reage),
podendo levar a morte instantânea por excesso de hidrogênio nas células. Leva a hemorragia da mucosa
gástrica (lembrando uma polpa de goiaba).

É característica da intoxicação via cianeto: odor de amêndoas amargas.

3.8. Gases tóxicos

• Lacrimogêneos: levam ao lacrimejamento, podendo causar conjuntivite.


• Vesicantes: produz lesões na córnea e na mucosa da traqueia.
• Sufocantes: é causado pelo cloro.
• Tóxicos: causam intoxicação.

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FREDERICO ALVES MELO TOXOLOGIA FORENSE• 17

4. DROGAS

O conceito de drogas é um conceito legal, sendo considerado droga todas as substâncias que se
encontram elencadas na Portaria 344 da Anvisa. No entanto, há doutrina que conceitua no sentido de
que é a substância natural ou sintética, que causa tolerância, dependência ou crise de abstinência.

São elementos importantes relacionados a dependência do indivíduo:

• Tolerância;
• Síndrome de abstinência;
• Dependência

4.1. Tolerância

É a necessidade de doses crescentes da droga para obter o mesmo efeito, em função de um


hábito.
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Exemplo: A pessoa bebia uma dose de uísque para se sentir “alegre”, e com o tempo passa a beber
mais doses para atingir o mesmo efeito.

4.2. Síndrome de abstinência

São efeitos psíquicos e somáticos (nervosismo, alucinações, agitação, tremores etc.) da ausência do
uso da droga. Em resumo, é um conjunto de sintomas e sinais que ocorrem ao mesmo tempo causados
pela carência da droga.
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OBSERVAÇÃO
Nogueira -- CPF:

Quando é atestada a síndrome de abstinência, esse indivíduo é tido como dependente da droga.
Sousa Nogueira

4.3. Dependência
Flávio Sousa

A dependência está relacionada a conflitos sociais, como, familiares, trabalho, polícia, justiça, na
Flávio

vida cotidiana no geral.

CUIDADO!

Para isenção de pena pela dependência da droga, independe de ser proveniente de caso fortuito
ou força maior, restando apenas a análise de estar inteiramente incapaz ou não.

5. DROGAS PSICOATIVAS OU PSICOTRÓPICAS

As drogas psicoativas podem ser classificadas, quanto aos seus efeitos, em drogas:

• Psicolépticas ou psicocatalépticas
• Psicodislépticas
• Psicoanalépticas

489
FREDERICO ALVES MELO TOXOLOGIA FORENSE• 17

5.1. Psicolépticas ou psicocatalépticas

As drogas psicolépticas são drogas tranquilizantes, depressivas do sistema nervoso central,


gerando a diminuição dos batimentos cardíacos, da respiração etc.

São exemplos de drogas psicolépticas, o álcool, sedativos, morfina, ópio, papoula, heroína,
barbitúricos etc.

5.1.1. Álcool

Sua absorção começa na mucosa oral, segue no estômago e é máxima no intestino delgado.Sua
absorção começa na mucosa oral, segue no estômago e é máxima no intestino delgado.

Quando não for possível verificar a dosagem de álcool no sangue, deve ser analisado o humor
vítreo (parte atrás do globo ocular).
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O álcool é a droga depressora mais usada no mundo.


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O álcool deprime a censura (superego), e a pessoa se “solta”.

O consumo do álcool possui três fases:

• 1ª) Fase do macaco: que leva a excitação ou desinibição;


• 2ª) Fase do leão: que leva a agitação ou confusão e
• 3ª) Fase do porco: que leva ao sono ou coma.
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5.1.2. Heroína

A heroína é fruto da transformação da morfina, que é uma droga natural. Assim, a doutrina
aponta a heroína como sendo uma droga semissintética ou seminatural (uma parte natural e outra parte
Nogueira -- CPF:

feita em laboratório).
Sousa Nogueira

O professor Genival Veloso de França trata a heroína como sendo uma droga sintética.
Flávio Sousa

5.2. Psicodislépticas
Flávio

As drogas psicodislépticas são drogas que distorcem o pensamento, causando alucinações no


usuário.

São exemplos drogas psicodislépticas::::: o LSD, psilocibina, mascalina, cogumelos, maconha, haxixe
etc.

A maconha, é a droga mais consumida no mundo e tem o princípio ativo através do THC
(tetrahidrocanabinol), que só está presente na flor das plantas da maconha feminina.

5.3. Psicoanalépticas

As drogas psicoanalépticas são estimulantes do sistema nervoso central, gerando euforia, agitação,
respiração ofegante, pupilas dilatadas etc.

São exemplos de drogas psicoanalépticas, a cocaína, anfetaminas, ecstaxy, oxi, crack, merla etc.

490
FREDERICO ALVES MELO TOXOLOGIA FORENSE• 17

Metabólicos da cocaína
O exame de sangue do usuário de cocaína pode apresentar as seguintes substâncias como
metabolismo:

• Ecgonina: Indica que a cocaína foi consumida.


• Benzoil-ecgonina: Indica que a cocaína foi consumida recentemente.
• Metil-ecgonina: Indica que a cocaína foi consumida na forma de crack.
• Cocaetileno: É indicativo que a cocaína foi consumida junto com álcool.

OBSERVAÇÃO

Os pelos do corpo podem acusar o uso de drogas por até 6 meses após o indivíduo parar o uso da
substância ilícita.
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5.4. Legal highs

São drogas sintéticas produzidas em laboratório, que causam (mimetizam) os mesmos efeitos das
drogas ilícitas (psicoléptica, psicodisléptica ou psicoanaléptica), mas com componentes químicos que não
estão elencados na portaria 344 da Anvisa.

“Droga digital” que imita os efeitos de LSD é considerada ilícita?


A RDC (resolução da diretoria colegiada da Anvisa) permite aos peritos a análise da
similaridade estrutural, com lavratura de laudo positivo para drogas ilícitas. A defesa pode
ponderar infringência ao princípio da legalidade, legalidade estrita e taxatividade.
Princípios caros para direito penal.
O STJ refuta esta alegação sob o fundamento de que a droga tem mesma estrutura de
uma que já há na tabela, sendo assim substancialmente já está na lista.
Política criminal recrudescedora com vistas a adequar a persecução penal à “sagacidade”
da criminalidade que manipula a estrutura da droga justamente para lhe deferir o status
de “legal hights” burlando a lei.
O STJ utiliza o princípio da proporcionalidade na sua vertente da vedação à proteção
deficiente. À luz do princípio geral de que o Estado não pode admitir que o agente se
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valha da própria torpeza e preservando a saúde pública, bem jurídico tutelado pela lei
11.343/06.

6. SÍNDROME DO CORPO EMBALAGEM

A síndrome do corpo embalagem ocorre quando pacotes de drogas são inseridos em um corpo para
serem transportados (mulas) e se rompem seu interior deste corpo. A depender do local do corpo em que
são transportados, pode ser classificado como:
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• Body packer
• Body pusher

6.1. Body packer


Nogueira -- CPF:

Os pacotes são ingeridos e transportados no estômago.


Sousa Nogueira

6.2. Body pusher


Flávio Sousa

Os pacotes são inseridos e transportados nos orifícios naturais.


Flávio

6.3. Formas de introdução das drogas no corpo humano

São as formas de se introduzir drogas no corpo humano:

• Via oral;
• Injetar;
• Via inalação.

OBSERVAÇÃO

A forma de introdução via inalação, possui os efeitos mais rápidos, pois não precisa passar pelo
coração para chegar as artérias.

492
FREDERICO ALVES MELO TOXOLOGIA FORENSE• 17

7. ASSOCIAÇÃO DE DROGAS OU FARMACOCINÉTICA

• Efeito aditivo
• Sinergismo
• Antagonismo

7.1. Efeito aditivo

Há o consumo de mais de uma droga e os efeitos individuais de cada uma se somam.

7.2. Sinergismo

Há potencialização de determinada droga diante da presença de outra droga.

Exemplo: Droga A será mais toxica em doses menores, em função da presença de outra droga....
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7.3. Antagonismo

Há o consumo de mais de uma droga e os efeitos dessas substâncias se neutralizam.


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APLICAÇÃO EM CONCURSO

1) Um casal de jovens foi encontrado sem vida em cômodo doméstico (banheiro), confinado (com pouca
ventilação). Na necropsia, evidenciaram-se, em ambos, a pele e face rosadas, vísceras de cor de cereja,
livores carminados, sangue fluido e róseo. A partir dos achados descritos nessa situação hipotética, é
correto afirmar que o tipo de agente químico, a via de exposição e o biomarcador a ser investigado pelo
exame complementar são, respectivamente,

A) cocaína, via inalatória e benzoilecgonina e cocaetileno.

B) parationa metílica, via dérmica e oxon análogo (metilparaoxon).

C) monóxido de carbono, via inalatória e carboxi-hemoglobina (CO-Hb).

D) chumbo, via oral e ácido delta amino levulínico (ALA-D).

E) benzeno, via inalatória e ácido hipúrico ou fenilmercaptúrico.


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2) Em relação à toxicologia forense, julgue os itens seguintes.

I O cianeto, ao reagir com a citocromoxidase, inibe a respiração celular, o que resulta em hipóxia citotóxica.

II Constatação, à necropsia, de conteúdo gástrico avermelhado e com odor de amêndoas amargas sugere
intoxicação por arsênico.

III O etanol, psicoléptico, depressor do sistema nervoso central, inibe a liberação do hormônio
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antidiurético.

IV A biotransformação da cocaína, que tem propriedade anestésica geral, gera metabólitos ativos.

V A maconha aumenta a pressão intraocular nos indivíduos com glaucoma.


Nogueira -- CPF:

Estão certos apenas os itens:


Sousa Nogueira

A) I e II.
Flávio Sousa

B) I e III.
Flávio

C) II e IV.

D) III e V.

E) IV e V.

3) Assinale a alternativa que apresenta corretamente drogas com menores índices ou que não apresentam
crises de abstinência.

A) Maconha, cocaína e LSD.

B) Maconha, crack e ópio.

C) Morfina, maconha e crack.

D) Cocaína, LSD e ópio.

494
FREDERICO ALVES MELO TOXOLOGIA FORENSE• 17

E) Cocaína, morfina e ópio.

4) Além de serem empregados como veneno, os compostos de arsênio começaram a ser utilizados na
agricultura como ingredientes em inseticidas, venenos de ratos, herbicidas e conservantes de madeira,
além de pigmentos em tintas, papel de parede e cerâmica. Sobre a Toxicologia Forense, quais os materiais
corporais têm mais vestígios e são coletados para pesquisa de intoxicação por arsênio?

A) Estômago, pâncreas e vesícula biliar.

B) Estomago e fragmento do fêmur.

C) Sangue e fragmento do fêmur.

D) Fígado, cabelo e unhas.

E) Pele e globo ocular.


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5) Para se conceituar uma substância como um veneno, o mais importante é ter a ação:

A) lesiva intensa em dose baixa, na maioria das pessoas saudáveis;

B) da dose letal muito próxima da ação da dose tóxica;

C) semelhante na mesma dose, tanto em pessoas saudáveis como nos doentes;


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D) paradoxal em dose semelhante, em alguns grupos de pessoas;

E) tóxica dependente da quantidade absorvida pelo indivíduo.


Nogueira -- CPF:

6) Na perícia de indivíduo sob efeito de prováveis drogas ilícitas, pode-se realizar a pesquisa de drogas no
Sousa Nogueira

sangue ou urina. No caso de suspeita do uso de psicodislépticos, deve-se pesquisar, dentre outros, o
princípio ativo:
Flávio Sousa

A) diacetilmorfina;
Flávio

B) dietilamida do ácido lisérgico;

C) tetra-hidrocanabinol;

D) dextrometorfano;

E) tetracaína.

7) Em relação à via de administração de substâncias tóxicas, é correto afirmar que

A) a introdução de substâncias tóxicas por via parenteral não é uma via de escolha frequente para
administração de tóxicos em casos de homicídios.

B) a maioria das substâncias administradas por via oral passa a atuar antes da passagem pelo metabolismo
hepático.

495
FREDERICO ALVES MELO TOXOLOGIA FORENSE• 17

C) as substâncias inaladas precisam passar pelo coração para atingir o sangue arterial.

D) a presença de gorduras na pele favorece a absorção de substâncias tóxicas, pois elas costumam ser
lipossolúveis.

E) a via de administração mais frequente é a respiratória, pela facilidade de administração, e a oral é a mais
grave pela rapidez na ação na substância.

8) Agentes vulnerantes de ordem química são substâncias tóxicas que podem agir de formas diferentes. Em
relação às noções de toxicologia, é correto afirmar que

A) venenos são substâncias que agem em meio ácido ou básico.

B) cáusticos são substâncias que agem internamente.

C) na maceração, os músculos e tendões do cadáver viram pó.as lesões causadas por cáusticos sempre
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causam necroses escuras.

D) venenos causam lesões escuras por degradação de hematina.

E) cáusticos têm ação tópica, e venenos têm ação sistêmica

9) As drogas, de modo geral, têm uma classificação de acordo com os seus princípios ativos e seus
efeitos. São substâncias psicolépticas somente:
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A) anfetamina, ácido lisérgico e mescalina;

B) anfetamina, álcool etílico e psilocibina;


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C) maconha, anfetamina e álcool etílico;


Sousa Nogueira

D) barbitúrico, anfetamina e opiáceo;

E) barbitúrico, álcool etílico e benzodiazepínico.


Flávio Sousa
Flávio

10) Sobre toxicologia forense, assinale a alternativa INCORRETA.

A) Maconha é uma droga psicodisléptica.

B) Durante a realização da autopsia, a coleta de sangue extravasado para a cavidade abdominal deve ser a
preferida para a realização do exame toxicológico.

C) A sequência do exame cadavérico em caso de suposta intoxicação exógena inclui o exame externo do
cadáver, o exame interno do cadáver e a coleta de material para exame toxicológico.

D) Em vítima de intoxicação por monóxido de carbono, é possível encontrar focos de hemorragia petequial
e focos de necrose no encéfalo, principalmente nos núcleos da base, corpo caloso e cápsula interna.

E) O achado de intensa gastrite aguda, na ausência de outras lesões, é indicativo de que o médico legista
deve solicitar exame toxicológico.

496
FREDERICO ALVES MELO TOXOLOGIA FORENSE• 17

GABARITO

1) Resposta: Letra “c”

2) Resposta: Letra “b”

3) Resposta: Letra “a”

4) Resposta: Letra “d”

5) Resposta: Letra “a”

6) Resposta: Letra “b”

7) Resposta: Letra “a”

8) Resposta: Letra “e”

9) Resposta: Letra “e”


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10) Resposta: Letra “b”


Sousa Nogueira
Flávio Sousa
Flávio CPF: 037.820.231-61
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BITTAR, Neusa. Medicina Legal e Noções de Criminalística - 11ª ed. Editora Foco, 2022

FERREIRA, Wilson Luiz Palermo. Sinopses Para Concursos - V.41 - Medicina Legal Editora
Juspodivm, 2023

HYGINO, de C. Hercules. Medicina legal - Texto e atlas - 2ª ed. - Editora Atheneu, 2014.

FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal - 11º ed. Editora Gen, 2017.

UCHOA, André Luís Alves. Medicina Legal Decifrada - André Luís Alves Uchoa - Editora Alfacon,
2021.

CROCE JR, Delton. Manual de Medicina Legal Editora Saraiva, 2012.

BLANCO, Roberto. Apostila de Medicina Legal


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BLANCO Roberto, GAZZOLA Luciana, UCHOA André. E Cursos dos professores

GALVÃO, Malthus Fonseca. Consulta ao site do professor: https://www.malthus.com.br/ acessado


no dia 26/01/2023.
Sousa Nogueira
Flávio Sousa
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498

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