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Quem escreveu
este ebook ?

Ruth Araújo Viana


@rutharaujoviana

Docente desde 2012, juíza do Estado do Rio Grande do Norte, graduada


pela Universidade de Fortaleza, Mestra e Doutora em Direito Constitu-
cional. Ex-advogada e ex-Promotora de Justiça, já foi aprovada nos

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concursos do Ministério Público do Estado do Tocantins, da Magistra-
tura do Estado do Rio Grande do Norte, de Cartório do Estado de Per-
nambuco, Rio Grande do Norte e Ceará e para advogada da Empresa
de Correios e Telégrafos. É também palestrante, autora de livros e
e-books.

Augusta Diniz
@prof.augustadiniz

Docente, juíza do Distrito Federal, graduada pela Universidade Católica


de Pernambuco e pós graduada em Direito Público e Direito Penal. É
também pós-graduanda em Psicologia do Desenvolvimento e da
Aprendizagem e em Comunicação e Oratória. Aprovada em diversos
concursos como Defensoria Pública do Distrito Federal, Magistratura
do Distrito Federal, Procurador de Assistência Judiciária do DF, Analis-
ta Judiciário do MPU e TRE/CE.

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SUMÁRIO PÁG.
1. Considerações iniciais sobre estudos para a Magistratura 5

2. Requisitos para o ingresso no cargo de juiz substituto 7

3. Inscrição preliminar 9

4. Fases do concurso 13

5. Prova objetiva seletiva 27

5.1. Estudando pela lei seca 30

5.2. Estudando pela doutrina para a Magistratura 34

5.3. Estudando pela jurisprudência para a Magistratura 40

5.4. Faça questões! 43

5.5. Revisão para a prova objetiva (faltando 15 dias) 46

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5.6. Teste de aprendizagem para a Magistratura 51

6. Prova escrita – discursiva e sentença 143

6.1. Prova discursiva 146

6.2. Sentença 148

6.2.1. Sentença cível 153

6.2.2. Sentença criminal 207

7. Inscrição definitiva e a prática jurídica 264

8. Saúde e psicotécnico 274

9. Sindicância da vida pregressa e investigação social 276

10. Prova oral 280

10.1. Treinando a voz e a dicção 288

11. Prova de títulos para a carreira de Magistratura 295

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13. Referências
12. O estudante que persiste passará!
302
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1. Considerações iniciais sobre estudos
para a Magistratura
POR: RUTH ARAÚJO VIANA

Primeiro queremos dizer que não será fácil. Você abdicará de muitos
momentos preciosos para poder enfrentar a maratona de estudos e se tornar
um magistrado ou uma magistrada.

Em segundo lugar, enfatizamos que valerá a pena. Você não irá se


arrepender de ter lutado pelo seu sonho com unhas e dentes.

A conquista pode demorar, mas grandes vitórias exigem grande


dedicação. No futuro, você colherá os frutos de todo o seu sacrifício.

Para ser aprovado no concurso para juiz, você precisará desafiar uma

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prova objetiva de múltipla escolha, uma prova subjetiva, elaborando sentenças
e resolvendo questões com assuntos jurídicos complexos, além de uma prova
oral, que avaliará sua postura e inteligência emocional, o conteúdo jurídico, a
argumentação jurídica e o uso do vernáculo.

Estudar para a magistratura, definitivamente, não é para todos, mas


certamente é um caminho possível e somos provas vivas disso. Desafiamos nossos
limites e conquistamos nosso sonho: você fará o mesmo.

Fazer parte do Poder Judiciário é ser representante da interpretação e


aplicação da lei, pela resolução de conflitos e boa condução dos processos. Ser
magistrado é ter uma posição de prestígio social e, portanto, de muita respon-
sabilidade.

A concorrência nos concursos da magistratura, no ato de inscrição, gira


em torno de, pelo menos, 5.000 candidatos, mas já vimos concursos com mais
de 20.000 inscritos.

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Então, queremos dizer que seu sonho é grande, e você terá que agir
com consistência e compromisso. Deverá ser forte e resiliente e ESTE LIVRO
será seu braço direito nesta jornada. Aqui, colocamos tudo o que sabemos e que
foi imprescindível para nossa aprovação.

Hoje sua jornada começa. Mas se lembre:


ela terminará com a VITÓRIA DA APROVAÇÃO.

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2. Requisitos para o ingresso no cargo de
juiz substituto
POR: MARIA AUGUSTA DINIZ

São requisitos para o ingresso na carreira:

a) ser aprovado no concurso público;

b) ter a nacionalidade brasileira ou portuguesa e, no caso de nacionalida-


de portuguesa, estar amparado pelo Estatuto de Igualdade entre Brasi-
leiros e Portugueses, com reconhecimento do gozo dos direitos políticos,
nos termos do § 1º do artigo 12 da Constituição Federal;

c) estar em gozo dos direitos civis e políticos;

d) estar quite com as obrigações militares, em caso de candidato do sexo


masculino;

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e) estar quite com as obrigações eleitorais;

f) ser bacharel em Direito, no mínimo, há 3 (três) anos, graduado em insti-


tuição de ensino superior oficial ou reconhecida pelo órgão competente,
com diploma registrado no MEC;

g) possuir três anos de atividade jurídica até a data da inscrição definitiva,


exercida a partir da conclusão do curso de Direito, na forma definida no
artigo 93, inciso I, da Constituição Federal e na Resolução n.º 75/2009 e
suas alterações do CNJ, comprovada por intermédio de documentos e
certidões;

h) ter idade mínima de 21 (vinte e um) anos e máxima de 65 (sessenta e


cinco) anos na data da posse;

i) ter aptidão física e mental para o exercício das atribuições do cargo;

j) ser moralmente idôneo;

k) não registrar antecedentes criminais;

l) cumprir as determinações do edital de abertura.

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Exceto os itens referidos nas letras “f” e “g”, os documentos compro-
batórios dos requisitos citados devem ser comprovados por ocasião da posse,
ou seja, após findas todas as etapas do concurso. Já a graduação no curso de
Direito por 3 (três) anos e o exercício da atividade jurídica, também por 3 (três)
anos (posteriores à graduação), devem ser comprovados quando da inscrição
definitiva, pelos candidatos que forem aprovados na segunda etapa do certame.

O exercício dos 3 (três) anos de atividade jurídica é requisito estabe-


lecido pela Constituição Federal (artigo 93, inciso I). Segundo a Resolução n.º
75/2009 do CNJ, quando da inscrição preliminar (aquela inicial, antes da prova
objetiva), o candidato deve preencher uma declaração, atestando, sob as penas
da lei, que é bacharel em Direito e que irá, até a data da inscrição definitiva, atender
à exigência de 3 (três) anos de atividade jurídica, exercidos após a obtenção do
grau de bacharel em Direito.

Segundo o CNJ, tais requisitos, inseridos na Carta Magna por meio da


Emenda Constitucional n.º 45/2004, são uma “tentativa de se obter candidatos

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com maior maturidade e evitar problemas com a excessiva juvenilização da
magistratura” (Pedido de Providências n.º 50, julgado em 31 de janeiro de 2006).

É sempre bom lembrar que os atos referentes à prática jurídica devem,


necessariamente, ser praticados de forma distribuída nos 3 (três) anos, não exis-
tindo “crédito” de um ano para outro. Ou seja, não adianta, por exemplo, atuar
em quinze processos em um único ano, sendo necessária a participação, por
ano, em cinco atos privativos de advogado, durante três anos.

Se o candidato, na inscrição definitiva, não apresentar o diploma e os


documentos que comprovem a atividade jurídica pelo prazo mencionado, será
excluído do processo seletivo.

Mas nada impede (e é até recomendável) que alguém se inscreva e realize


as provas antes de completar os 3 (três) anos de conclusão do curso de Direito
e da aquisição da prática jurídica. Caso seja aprovado na segunda fase, todavia,
não conseguirá realizar a inscrição definitiva, a não ser se obtenha liminar judicial
(que, como é sabido, tem caráter precário).

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3. Inscrição preliminar
POR: MARIA AUGUSTA DINIZ

A inscrição preliminar, no caso do concurso para o ingresso na Magis-


tratura de primeiro grau, deve ser requerida, por meio de preenchimento de
formulário próprio, ao presidente da Comissão de Concurso, seja pelo interessa-
do, seja por procurador habilitado. É importantíssimo que você observe o prazo
estabelecido no edital de abertura, para que não perca a data.

Além do formulário preenchido, o candidato deverá apresentar os


seguintes documentos:

I – Prova de pagamento da taxa de inscrição, exceto nos casos de dispen-


sa, que são: a) em favor de candidato que, mediante requerimento espe-
cífico, comprovar não dispor de condições financeiras para suportar tal

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encargo; b) nos casos previstos em lei. A prova de tais situações caberá
ao candidato e deve ocorrer até o término do prazo para a inscrição pre-
liminar.

II – Cópia autenticada de documento que comprove a nacionalidade


brasileira. Esse documento deve ser oficial e conter fotografia e assinatura
de seu portador.

III – Duas fotos coloridas tamanho 3x4 (três por quatro) e datadas recen-
temente. Tais fotografias poderão ser obtidas em lojas de produtos fo-
tográficos. Como a Resolução não estabelece o que seria “data recente”,
recomendamos que a foto esteja com data retroativa de, no máximo, 6
(seis) meses.

IV – Instrumento de mandato com poderes especiais e firma reconhecida


para requerimento de inscrição, no caso de inscrição por procurador.

Ademais, ao preencher o formulário mencionado, o candidato deve


firmar declaração, sob as penas da lei de:

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a) que é bacharel em Direito e de que deverá atender, até a data da ins-
crição definitiva, a exigência de 3 (três) anos de atividade jurídica exerci-
da após a obtenção do grau de bacharel em Direito;

b) estar ciente de que a não apresentação do respectivo diploma, devi-


damente registrado pelo Ministério da Educação, e da comprovação da
atividade jurídica, no ato da inscrição definitiva, acarretará a sua exclu-
são do processo seletivo;

c) que aceita as demais regras pertinentes ao concurso consignadas no


edital;

d) que é pessoa com deficiência e, se for o caso, que carece de atendi-


mento especial nas provas.

Caso não sejam atendidas essas regras, o pedido de inscrição preliminar


sequer será recebido.

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Havendo indeferimento, o candidato poderá apresentar recurso à
Comissão de Concurso, no prazo de 2 (dois) dias úteis, ou até mesmo ajuizar ação.

A inscrição do candidato implicará o conhecimento e a tácita aceitação


das normas e condições estabelecidas no edital de abertura, das quais não
poderá alegar desconhecimento.

Veja que o diploma de graduação e a comprovação da prática jurídica


não são exigidos nesse momento, mas apenas quando da inscrição definitiva,
que se dá após a segunda fase do concurso (provas dissertativa e de sentenças).
Por isso, sempre recomendamos que os estudantes com uma base mínima de
estudo se submetam, mesmo antes do período de 3 (três) anos da colação de
grau, aos concursos que forem surgindo. Assim agindo, você, no mínimo, ad-
quirirá familiaridade com o concurso, treinando o emocional e a resolução de
questões.

Além disso, como não há ainda um posicionamento firme no que tange


ao início da contagem do tempo da prática jurídica, sendo o tema é divergente,

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findo o concurso e dependendo da tese que se adote, o período de 3 (três) anos
já pode estar completo.

A propósito, trazemos o seguinte julgado, bastante exemplificativo, do


Superior Tribunal de Justiça, por meio do qual se entendeu que o início do prazo
da atividade jurídica é a data da obtenção do Grau de Bacharel em Direito.

RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO


PÚBLICO. JUIZ SUBSTITUTO. TRÊS ANOS DE ATIVIDADE JURÍDICA.
REQUISITO PREVISTO NO ART. 93, I DA CF E NA RESOLUÇÃO
75/2009 DO CNJ. TERMO INICIAL DA CONTAGEM: COLAÇÃO DE
GRAU. TEMPO DE ATIVIDADE JURÍDICA COMPROVADA.
RECURSO ORDINÁRIO DO PARTICULAR A A QUE SE DÁ PROVIMENTO,
PARA CONSIDERAR CUMPRIDO O REQUISITO DE TRÊS ANOS DE
ATIVIDADE JURÍDICA PELO CANDIDATO, COM OS EFEITOS DAÍ
DECORRENTES.
1. A exigência dos três anos de atividade jurídica para a aprovação
em concurso de Magistratura, a que se refere a Resolução 75/2009/
CNJ, devem ser contados da data da conclusão do Curso de Direito
e o momento da comprovação desse requisito deve ocorrer na

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data da inscrição definitiva no concurso.
2. O art. 59 da Resolução 75/2009/CNJ não exige como termo
inicial para a contagem da atividade jurídica a inscrição na OAB,
como entendeu o acórdão recorrido, mas sim a data da obtenção
do Grau de Bacharel em Direito. No caso, a conclusão do Curso de
Direito ocorreu em 24.10.2013, sendo este o termo inicial para a
contagem dos três anos de prática jurídica.
3. No caso, considerando que o impetrante colou grau em 24
de outubro de 2013, e a inscrição definitiva no concurso de Juiz
Substituto do Tribunal de Justiça do Estado do Pará foi realizada
em 25 de outubro de 2016 e tendo havido a comprovação da
atividade jurídica nesse interstício, é evidente que o requisito do
prazo mínimo de três anos foi cumprido pelo candidato, já que
este possuía três anos de formado.
4. Recurso Ordinário do Particular a que se dá provimento para
considerar cumprido o requisito de três anos de atividade jurídica
pelo candidato, com os efeitos daí decorrentes.
(RMS 55.677/SE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 12/06/2018, DJe 19/06/2018).

No mesmo sentido, é o resultado de Consulta formulada ao CNJ, o qual


estabeleceu:

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CONSULTA. CONCURSO PÚBLICO PARA INGRESSO NA
MAGISTRATURA NACIONAL. ATIVIDADE JURÍDICA. CONTAGEM
DO PRAZO. 03 (TRÊS) ANOS COMPLETOS. RESOLUÇÃO 75 DO
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA.
O período exigido no regramento constitucional poderá ser
completado na data do aniversário da colação de grau, observando-
se, contudo, o efetivo desempenho, nesse interregno, da atividade
jurídica.
Os três anos de atividade jurídica contam-se da conclusão do
curso de Direito e o fraseado “atividade jurídica” é significante de
atividade para cujo desempenho se faz imprescindível a conclusão
do curso de bacharelado em Direito, portanto, para fins de cômputo
do período mínimo exigido na norma constitucional (art. 93, inciso
I), deve-se observar não o ano civil, mas sim o efetivo desempenho
da atividade jurídica que pode ser exercida a partir da colação de
grau no curso de bacharelado em direito.
(CNJ - CONS - Consulta - 0004579-64.2013.2.00.0000 - Rel. DEBORAH
CIOCCI - 175ª Sessão Ordinária - julgado em 23/09/2013).

Portanto, o mais interessante é que o candidato se organize para,
assim que colar grau, inicie o efetivo desempenho da atividade jurídica para fins

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de comprovação da prática jurídica.

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4. Fases do concurso
POR: MARIA AUGUSTA DINIZ E RUTH ARAÚJO VIANA

O artigo 93, inciso I, da Constituição Federal determina que o ingresso


na magistratura brasileira ocorre mediante concurso público de provas e títulos.
O Conselho Nacional de Justiça, por sua vez, valendo-se das atribuições previstas
no artigo 103-B, § 4º, inciso I, da Carta Magna, editou a Resolução n.º 75, de 12 de
maio de 2009, dispondo sobre esses certames.

A padronização foi importante, uma vez que havia bastante divergência


nas normas e procedimentos adotados pelo Tribunais pátrios, o que ocasionava
frequentes impugnações na esfera administrativa e/ou jurisdicional, acarretan-
do comprometimento e prolongamento do certame.

Segundo essa regulamentação, o prazo máximo para a duração do


concurso é de 18 (dezoito) meses, contado da inscrição preliminar até a homolo-

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gação do resultado final. E o de validade do certame é de até 2 (dois) anos, pror-
rogável, a critério do tribunal, apenas uma vez (por igual período) e será contado
da data da publicação da homologação do resultado final do concurso.

O artigo 5º da Resolução mencionada estabelece que o concurso desen-


volver-se-á sucessivamente de acordo com as seguintes etapas: a) primeira
etapa, por meio de uma prova objetiva seletiva, de caráter eliminatório e clas-
sificatório; b) segunda etapa, por meio de duas provas escritas, de caráter eli-
minatório e classificatório; c) terceira etapa, de caráter eliminatório, composta
das seguintes fases: c.1) sindicância da vida pregressa e investigação social; c.2)
exame de sanidade física e mental; c.3) exame psicotécnico; d) quarta etapa,
por meio de uma prova oral, de caráter eliminatório e classificatório; e) quinta
etapa, quando será feita a avaliação de títulos, de caráter classificatório.

Importante lembrar que a participação do candidato em cada etapa


ocorrerá necessariamente após habilitação na etapa anterior e que os tribunais
poderão realizar, como etapa do certame, curso de formação inicial, de caráter
eliminatório ou não. No entanto, os Tribunais pátrios costumam dar posse aos

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aprovados e, somente após, iniciar o curso de formação inicial. Ou seja, os juízes
substitutos são submetidos ao curso, e não os candidatos ao correspondente
concurso.

A prova objetiva seletiva será composta de três blocos de questões (I, II


e III), discriminados nos Anexos I, II, III, IV, V e VI da Resolução nº 75/2009 do Con-
selho Nacional de Justiça, conforme o segmento do Poder Judiciário nacional.

Assim, vejamos cada segmento:

RELAÇÃO MÍNIMA DE DISCIPLINAS DO CONCURSO PARA PROVIMENTO DO


CARGO DE JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO DA JUSTIÇA FEDERAL
Direito Constitucional;
Direito Previdenciário;
Direito Penal;
Direito Processual Penal;
Direito Econômico e de Proteção ao Consumidor.
Direito Civil;

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Direito Processual Civil;
Direito Empresarial;
Direito Financeiro e Tributário;
Noções gerais de Direito e formação humanística (incluído pela Resolução n.
423, de 5.10.2021)

BLOCOS DE DISCIPLINAS PARA AS QUESTÕES DA PROVA OBJETIVA SELETIVA


DA JUSTIÇA FEDERAL
BLOCO UM
Direito Constitucional;
Direito Previdenciário;
Direito Penal;
Direito Processual Penal;
Direito Econômico e de Proteção ao Consumidor.

BLOCO DOIS
Direito Civil;
Direito Processual Civil;
Direito Empresarial;
Direito Financeiro e Tributário.

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BLOCO TRÊS
Direito Administrativo;
Direito Ambiental;
Direito Internacional Público e Privado;
Noções gerais de Direito e formação humanística (incluído pela Resolução n.
423, de 5.10.2021)

RELAÇÃO MÍNIMA DE DISCIPLINAS DO CONCURSO PARA PROVIMENTO DO


CARGO DE JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO DA JUSTIÇA DO TRABALHO
Direito Individual e Coletivo do Trabalho;
Direito Administrativo;
Direito Penal;
Direito Processual do Trabalho;
Direito Constitucional;
Direito Civil;
Direito Processual Civil;
Direito Internacional e Comunitário;
Direito Previdenciário;
Direito Empresarial;

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Direito da Criança e do Adolescente;
Noções gerais de Direito e formação humanística (incluído pela Resolução n.
423, de 5.10.2021)

BLOCOS DE DISCIPLINAS PARA AS QUESTÕES DA PROVA OBJETIVA SELETIVA


DA JUSTIÇA DO TRABALHO
BLOCO UM
Direito Individual e Coletivo do Trabalho;
Direito Administrativo;
Direito Penal;
Noções gerais de Direito e formação humanística (incluído pela Resolução n.
423, de 5.10.2021)

BLOCO DOIS
Direito Processual do Trabalho;
Direito Constitucional;
Direito Civil;
Direito da Criança e do Adolescente

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BLOCO TRÊS
Direito Processual Civil;
Direito Internacional e Comunitário;
Direito Previdenciário;
Direito Empresarial.

RELAÇÃO MÍNIMA DE DISCIPLINAS DO CONCURSO PARA PROVIMENTO DO


CARGO DE JUIZ AUDITOR MILITAR SUBSTITUTO DA JUSTIÇA MILITAR DA
UNIÃO
Direito Penal Militar e Direito Internacional Humanitário;
Direito Constitucional e Direitos Humanos;
Processo Penal Militar e Organização Judiciária Militar;
Forças Armadas, Legislação Básica: Organização, Disciplina e Administração;
Direito Administrativo.

RELAÇÃO MÍNIMA DE DISCIPLINAS DO CONCURSO PARA PROVIMENTO DO


CARGO DE JUIZ AUDITOR SUBSTITUTO DA JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO
Direito Penal Militar e Direito Internacional Humanitário; Direito Constitucional e

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Direitos Humanos; Processo Penal Militar e Organização Judiciária Militar;
Forças Armadas, Legislação Básica: Organização, Disciplina e Administração; Di-
reito Administrativo e Direito Processual Civil. (Redação dada pela Emenda no
01). Noções gerais de Direito e formação humanística. (Redação dada pela Reso-
lução n. 423, de 5.10.2021)

BLOCO UM
Direito Penal Militar e Direito Internacional Humanitário;
Noções gerais de Direito e formação humanística (incluído pela Resolução n.
423, de 5.10.2021)
BLOCO DOIS
Direito Constitucional e Direitos Humanos;
Processo Penal Militar e Organização Judiciária Militar;
BLOCO TRÊS
Forças Armadas, Legislação Básica: Organização, Disciplina e Administração;
Direito Administrativo e Direito Processual Civil. (Incluído pela Emenda nº 01)

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RELAÇÃO MÍNIMA DE DISCIPLINAS DO CONCURSO PARA PROVIMENTO DO
CARGO DE JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO DA JUSTIÇA ESTADUAL, DO DISTRITO
FEDERAL E TERRITÓRIOS
Direito Civil;
Direito Processual Civil;
Direito Eleitoral;
Direito Ambiental;
Direito do Consumidor;
Direito da Criança e do Adolescente;
Direito Penal;
Direito Processual Penal;
Direito Constitucional;
Direito Empresarial;
Direito Tributário;
Direito Administrativo;
Noções gerais de Direito e formação humanística (incluído pela Resolução n.
423, de 5.10.2021)

BLOCOS DE DISCIPLINAS PARA AS QUESTÕES DA PROVA OBJETIVA SELETIVA

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DA JUSTIÇA ESTADUAL E DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
BLOCO UM
Direito Civil;
Direito Processual Civil;
Direito do Consumidor
Direito da Criança e do Adolescente

BLOCO DOIS
Direito Penal;
Direito Processual Penal;
Direito Constitucional;
Direito Eleitoral;

BLOCO TRÊS
Direito Empresarial;
Direito Tributário;
Direito Ambiental;
Direito Administrativo;
Noções gerais de Direito e formação humanística (incluído pela Resolução n.
423, de 5.10.2021)

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RELAÇÃO MÍNIMA DE DISCIPLINAS DO CONCURSO PARA PROVIMENTO DO
CARGO DE JUIZ-AUDITOR SUBSTITUTO DA JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL
Direito Penal Militar
Direito Constitucional
Direito Processual Penal Militar
Direito Administrativo
Organização Judiciária Militar
Legislação Federal e Estadual relativa às organizações militares do Estado.

RELAÇÃO MÍNIMA DE DISCIPLINAS DO CONCURSO PARA PROVIMENTO DO


CARGO DE JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO DA JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL
Direito Penal Militar; Direito Constitucional; Direito Processual Penal Militar; Di-
reito Administrativo; Organização Judiciária Militar; Legislação Federal e Estadual
relativa às organizações militares do Estado. (Redação dada pela Emenda no 01).
Noções gerais de Direito e formação humanística. (Redação dada pela Resolução
n. 423, de 5.10.2021)

BLOCOS DE DISCIPLINAS PARA AS QUESTÕES DA PROVA OBJETIVA SELETIVA

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DA JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL
BLOCO UM
Direito Penal Militar;
Direito Constitucional e Direitos Humanos; (Incluído pela Emenda nº 01)
Noções gerais de Direito e formação humanística (incluído pela Resolução n.
423, de 5.10.2021)

BLOCO DOIS
Direito Processual Penal Militar;
Direito Administrativo.

BLOCO TRÊS
Organização Judiciária Militar;
Legislação Federal e Estadual relativa às organizações militares do Estado;
Direito Processual Civil. (Incluído pela Emenda nº 01)

Observe, portanto, qual concurso da Magistratura você tem como


objetivo final, pois isso pode alterar o planejamento de estudos!

As provas da primeira (objetiva), segunda (subjetivas) e quarta (oral)


fases, no que tange ao concurso para provimento do cargo de Juiz de Direito

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Substituto da Justiça Estadual, do Distrito Federal e Territórios, versarão, no
mínimo, sobre as seguintes disciplinas: a) Bloco um: Direito Civil, Direito
Processual Civil, Direito do Consumidor, Direito da Criança e do Adolescente, b)
Bloco dois: Direito Penal, Direito Processual Penal, Direito Constitucional, Direito
Eleitoral, c) Bloco três: Direito Empresarial, Direito Tributário, Direito Ambiental
e Direito Administrativo.

Nas provas subjetivas e na oral, também é obrigatória a cobrança de


Noções Gerais de Direito e Formação Humanística, o que engloba a) Sociologia
do Direito, b) Psicologia Judiciária, c) Ética e Estatuto Jurídico da Magistratura Na-
cional, d) Filosofia do Direito, e) Teoria Geral do Direito e da Política.

Há, no CNJ, uma proposta de alteração da Resolução n.º 75/20091, para


que se inclua um item “f” no programa referente a Noções Gerais de Direito e
Formação Humanística, nominado “Direito da Antidiscriminação”, que engloba:
“1. Conceitos Fundamentais do Direito da Antidiscriminação. 2. Modalidades de
Discriminação. 3. Legislação antidiscriminação (nacional e internacional). 4. Con-

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ceitos Fundamentais do Racismo. 5. Modalidades de Racismo. 6. Ações Afirmati-
vas. 7. Legislação Antirracista 8. Direitos dos Povos indígenas e das comunidades
tradicionais”.

Conquanto a Resolução permita a cobrança de outras disciplinas,


como, por exemplo, português e informática, os tribunais optam por incluir, no
conteúdo programático dos certames, apenas as acima referidas.

É comum, outrossim, que a prova objetiva (primeira fase) seja com-


posta de 100 (cem questões) de múltipla escolha, cada uma com cinco alterna-
tivas. O candidato deverá marcar apenas uma opção correta, de acordo com o
respectivo comando. Como não há anulação de uma resposta correta para cada
errada, recomendamos que o candidato, mesmo que não saiba a resposta, eleja
a mais razoável e assinale-a na Folha de Respostas. Afinal, em provas com essa
estrutura, não há qualquer vantagem em se deixar a resposta em branco.

1 Disponível em: https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2020/10/Relatorio_Igualdade-Ra-


cial_2020-10-02_v3-2.pdf. Acesso em 20 de setembro de 2021.

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Demais disso, é corriqueira a contratação de serviços de instituição
especializada para a execução da primeira fase, o que torna essa prova mais
previsível e uniforme, independentemente do Tribunal que está realizando o
certame.

Durante essa fase, não é permitida a comunicação entre candidatos ou


entre eles e pessoas estranhas, nem o uso de livros, códigos, manuais ou anota-
ções ou mesmo o porte de arma.

É importante que você tome cuidado para não rasurar a Folha de


Respostas e para que não coloque qualquer dado que o identifique, pois isso o
eliminará automaticamente do certame. Além disso, tenha bastante cautela ao
transcrever as respostas para a correspondente folha, pois qualquer rasura ou
o não preenchimento será interpretado como resposta errada. E, em nenhuma
hipótese (a não ser que contenha vício, erro ou omissão proveniente da instituição
que elabore o certame), a Folha de Respostas será substituída.

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Será considerado habilitado, para a segunda fase, o candidato que
obtiver, no mínimo, 30% (trinta por cento) de acerto das questões em cada bloco
e a média final de 60% (sessenta por cento) de acertos no total referente à soma
das notas dos três blocos. Mas, estar habilitado não significa que irá participar
da segunda fase (provas escritas).

Nos concursos com mais de 1.500 (mil e quinhentos) inscritos, farão a


segunda etapa apenas os 300 (trezentos) candidatos habilitados que obtiverem
as maiores notas (quantidade que poderá ser ultrapassada em caso de empa-
tes). Naqueles com menos de 1.500 (mil e quinhentos) inscritos, farão as provas
discursiva e de sentença apenas os 200 (duzentos) que atingirem tal marco.

Importante lembrar que os candidatos que se habilitarem às vagas


reservadas aos portadores de deficiência e que alcançarem os patamares acima
estabelecidos serão convocados à segunda fase tanto pela lista geral, quanto
pela lista específica referente às correspondentes vagas reservadas.

20
A segunda fase, por sua vez, será composta por 2 (duas) provas escritas,
podendo haver consulta à legislação, desde que desacompanhada de anotação
ou comentário, sendo vedada a consulta a obras doutrinárias, súmulas e orien-
tação jurisprudencial.

Nessa etapa, recomendamos que o candidato utilize um vade mecum


a cujo manuseio esteja acostumado, justamente para que o uso seja facilitado
no momento da prova. Além disso, para facilitar, você já pode grampear
antecipadamente a parte referente às súmulas, apondo-se papel em branco.
Toda a legislação será conferida pelos fiscais no momento da identificação.

O número de questões varia de acordo com cada Estado/Distrito Federal,


variando, normalmente, entre 4 (quatro) e 10 (dez).

A primeira prova escrita será discursiva e abrangerá, obrigatoriamente,


questões referentes a noções gerais de Direito e formação humanística, além de
quesitos sobre quaisquer pontos cobrados no conteúdo programático do edital.

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A segunda prova escrita será prática de sentença, envolvendo temas
jurídicos constantes do programa e consistirá na elaboração, em dias sucessi-
vos, de 2 (duas) sentenças, sendo uma de natureza cível e, outra, criminal.

Destaque-se que, nessa etapa, a Comissão Examinadora deverá consi-


derar não só o conhecimento sobre o tema, mas também a utilização correta do
idioma oficial, o conhecimento do vernáculo e a capacidade de exposição. Assim
sendo, é importantíssimo que o candidato esteja familiarizado com o português,
apresentando raciocínio coeso e coerente.

O tempo de duração de cada prova costuma ser de 4 (quatro) horas


(conquanto a Resolução estabeleça esse prazo como sendo o mínimo). Aten-
ção, pois não haverá tempo extra para preenchimento dos cadernos definitivos.
Por isso, o candidato deve calcular o momento em que preencherá a Folha de
Respostas ou o Caderno Definitivo. E por isso é tão importante a resolução de
questões durante a preparação.

21
O preenchimento, ademais, deverá ser feito com caneta azul ou preta
indelével (inapagável), vedado o uso de líquido corretor de texto ou caneta
hidrográfica fluorescente.

Para a aprovação, o candidato deverá tirar nota mínima de 6 (seis),


dentre uma pontuação entre 0 (zero) e 10 (dez), em cada sentença e nas questões.

Os candidatos classificados às vagas reservadas aos portadores de


deficiência que obtiverem nota para serem classificados na concorrência geral
constarão das duas listagens, habilitando-se a fazer inscrição definitiva tanto
para as vagas reservadas aos portadores de deficiência quanto para as vagas
gerais, sendo-lhes facultado fazer inscrição para ambas as concorrências.

A terceira fase refere-se à inscrição definitiva e o candidato aprovado


na segunda etapa deverá preencher formulário próprio, juntando a documenta-
ção exigida no correspondente edital de convocação.

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Consistirá em exames de sanidade física e mental, além do psicotécnico,
recebendo o candidato, no ato da apresentação da inscrição definitiva, as
instruções correspondentes. Haverá, ainda uma sindicância da vida pregressa e
investigação social dos candidatos.

Sendo deferida a inscrição definitiva, o presidente da Comissão de


Concurso fará publicar edital com a relação dos candidatos aprovados, ao tempo
em que convocará para a realização do sorteio dos pontos para a prova oral,
bem como para a realização das arguições (quarta fase).

As disciplinas que serão objeto de arguição na prova oral serão aquelas


cobradas na segunda fase e o programa específico deve ser divulgado, pelo
Tribunal, até 5 (cinco) dias antes da etapa. Esse programa específico trará
agrupamentos de pontos referentes às disciplinas.

A título ilustrativo, confiram-se os pontos 1, 2 e 3 (no total de vinte),


todos referentes a Direito Constitucional e correspondentes ao XLIII Concurso

22
Público para provimento de cargos de Juiz de Direito Substituto da Justiça do
Distrito Federal:

Ponto 1
DIREITO CONSTITUCIONAL:
Constituição: conceito, objeto, estrutura, classificação e fontes. Supremacia da Consti-
tuição. Controle de constitucionalidade. Ação Declaratória de Constitucionalidade.
Emendas à Constituição. Princípios constitucionais do Estado Brasileiro e da República
Federativa do Brasil. Poder e Divisão dos Poderes. O Estado Democrático de Direito.
Aplicabilidade e interpretação das normas constitucionais. Ação Popular. Reforma do
Poder Judiciário: a Emenda Constitucional nº 45/2004.

Ponto 2
DIREITO CONSTITUCIONAL:
Princípios constitucionais positivos. Conceito e conteúdo dos princípios fundamentais.
Princípios gerais do Direito Constitucional. Função e relevância dos princípios funda-
mentais. Constitucionalidade e inconstitucionalidade. Lei inconstitucional: fundamen-
tos da declaração da inconstitucionalidade. Mandado de Injunção. Tribunal de Contas
da União e Tribunal de Contas do Distrito Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade.

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Ponto 3
DIREITO CONSTITUCIONAL:
Princípio Democrático e Garantia dos Direitos Fundamentais. Regime Político e Demo-
cracia. Direitos e Garantias Fundamentais. Poder Legislativo Federal e Poder Legisla-
tivo do Distrito Federal: funções legislativas. Estrutura e funcionamento do Poder Le-
gislativo Federal e do Distrito Federal. Atribuições do Congresso Nacional. Atribuições
da Câmara Legislativa do Distrito Federal e da Câmara dos Deputados. Atribuições do
Senado Federal. Imunidades e vedações parlamentares. Comissões Parlamentares de
Inquérito: instalação, funcionamento e atribuições. Controle de Constitucionalidade.

Como se percebe, cada ponto trará matérias agrupadas referentes às


diversas disciplinas que serão arguidas. Quando faltarem 24 (vinte e quatro) horas
para o início da prova oral, o candidato deverá comparecer ao local indicado no
edital acima mencionado, quando haverá o sorteio público do ponto que lhe
será questionado.

Essa metodologia, de certa forma, facilita a revisão, pois o candidato


saberá, de antemão, o que lhe poderá ser arguido, havendo restrição em relação
ao conteúdo programático inicial.

23
No dia e hora marcados para a etapa oral, a ordem de arguição dos
candidatos será definida por sorteio. E a arguição versará sobre conhecimen-
to técnico acerca dos temas relacionados ao ponto sorteado, sendo avaliado o
domínio do conhecimento jurídico, a adequação da linguagem, a articulação do
raciocínio, a capacidade de argumentação e o uso correto do vernáculo.

Cada examinador disporá de até 15 (quinze) minutos para a arguição


do candidato, atribuindo-lhe nota na escala de 0 (zero) a 10 (dez). Durante a
arguição, o candidato poderá consultar códigos ou legislação esparsa não
comentados ou anotados, a critério da Comissão Examinadora. A nota final da
prova oral será o resultado da média aritmética simples das notas atribuídas
pelos examinadores.

Considerar-se-ão aprovados e habilitados para a próxima etapa os


candidatos que obtiverem nota não inferior a 6 (seis).

A quinta etapa, de caráter apenas classificatório, corresponde à ava-

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liação de títulos, os quais deverão ser comprovados no momento da inscrição
definitiva.

O candidato que for habilitado em todas essas fases será considerado


aprovado para provimento do cargo.

Por outro lado, ocorrerá a eliminação do candidato que:

“I - não obtiver classificação, observado o redutor previsto no ar-


tigo 44 da Resolução n.º 75/2009 (farão a segunda fase apenas os
candidatos que obtiverem as 200 ou 300 maiores notas, a depen-
der do caso), ficando assegurada a classificação dos candidatos
empatados na última posição de classificação;
II - for contraindicado na terceira etapa;
III - não comparecer à realização de qualquer das provas escritas
ou oral no dia, hora e local determinados pela Comissão de Con-
curso, munido de documento oficial de identificação;
IV - for excluído da realização da prova por comportamento
inconveniente, a critério da Comissão de Concurso.”

24
Aprovado pela Comissão de Concurso o quadro classificatório, será o
resultado do concurso submetido à homologação do Tribunal.

Atualmente, a Resolução n.º 75/2009 do CNJ estabelece que a ordem de


classificação prevalecerá para a nomeação dos candidatos. Todavia, registramos
que existe proposta de alteração da norma nessa parte, para estabelecer que “a
ordem de classificação prevalecerá para a nomeação dos candidatos, observando-
se que, a cada 4 (quatro) candidatos da lista geral, deverá ser nomeado 1 (um)
candidato da lista de vagas destinadas aos negros e 1 (um) candidato da lista
reservada às pessoas com deficiência”.

Por fim, destacamos que existe proposta de alteração da Resolução


também no tocante às cotas raciais, que levou em consideração pesquisas reali-
zadas pelo CNJ e o que foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal na ADPF 186/
DF, nos seguintes termos:

EMENTA : ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDA-

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MENTAL. ATOS QUE INSTITUÍRAM SISTEMA DE RESERVA DE VAGAS
COM BASE EM CRITÉRIO ÉTNICO-RACIAL (COTAS) NO PROCESSO
DE SELEÇÃO PARA INGRESSO EM INSTITUIÇÃO PÚBLICA DE ENSI-
NO SUPERIOR. ALEGADA OFENSA AOS ARTS. 1º, CAPUT, III, 3º, IV,
4º, VIII, 5º, I, II XXXIII, XLI, LIV, 37, CAPUT, 205, 206, CAPUT, I, 207,
CAPUT, E 208, V, TODOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. AÇÃO JUL-
GADA IMPROCEDENTE.
I – Não contraria - ao contrário, prestigia – o princípio da igualdade
material, previsto no caput do art. 5º da Carta da República, a pos-
sibilidade de o Estado lançar mão seja de políticas de cunho univer-
salista, que abrangem um número indeterminados de indivíduos,
mediante ações de natureza estrutural, seja de ações afirmativas,
que atingem grupos sociais determinados, de maneira pontual,
atribuindo a estes certas vantagens, por um tempo limitado, de
modo a permitir-lhes a superação de desigualdades decorrentes
de situações históricas particulares.
II – O modelo constitucional brasileiro incorporou diversos me-
canismos institucionais para corrigir as distorções resultantes de
uma aplicação puramente formal do princípio da igualdade.
III – Esta Corte, em diversos precedentes, assentou a constitucio-
nalidade das políticas de ação afirmativa.
IV – Medidas que buscam reverter, no âmbito universitário, o qua-
dro histórico de desigualdade que caracteriza as relações étnico-

25
raciais e sociais em nosso País, não podem ser examinadas apenas
sob a ótica de sua compatibilidade com determinados preceitos
constitucionais, isoladamente considerados, ou a partir da even-
tual vantagem de certos critérios sobre outros, devendo, ao revés,
ser analisadas à luz do arcabouço principiológico sobre o qual se
assenta o próprio Estado brasileiro.
V - Metodologia de seleção diferenciada pode perfeitamente levar
em consideração critérios étnico-raciais ou socioeconômicos, de
modo a assegurar que a comunidade acadêmica e a própria socie-
dade sejam beneficiadas pelo pluralismo de ideias, de resto, um
dos fundamentos do Estado brasileiro, conforme dispõe o art. 1º,
V, da Constituição.
VI - Justiça social, hoje, mais do que simplesmente redistribuir
riquezas criadas pelo esforço coletivo, significa distinguir,
reconhecer e incorporar à sociedade mais ampla valores culturais
diversificados, muitas vezes considerados inferiores àqueles
reputados dominantes.
VII – No entanto, as políticas de ação afirmativa fundadas na discri-
minação reversa apenas são legítimas se a sua manutenção esti-
ver condicionada à persistência, no tempo, do quadro de exclusão
social que lhes deu origem. Caso contrário, tais políticas poderiam

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converter-se benesses permanentes, instituídas em prol de deter-
minado grupo social, mas em detrimento da coletividade como
um todo, situação – é escusado dizer – incompatível com o espírito
de qualquer Constituição que se pretenda democrática, devendo,
outrossim, respeitar a proporcionalidade entre os meios emprega-
dos e os fins perseguidos.
VIII – Arguição de descumprimento de preceito fundamental
julgada improcedente.

Portanto, fique atento às possíveis mudanças, principalmente se você


pretender concorrer nessas condições.

26
5. Prova objetiva seletiva
POR: MARIA AUGUSTA DINIZ E RUTH ARAÚJO VIANA.

A prova objetiva seletiva, de caráter eliminatório e classificatório, é apli-


cada na primeira fase do concurso para o ingresso na Magistratura. Ela possui
peso 1 (um) e será composta de três blocos de questões (I, II, e III), discriminados
nos Anexos da Resolução n.º 75/2009 do CNJ, conforme o segmento do Poder
Judiciário nacional.

As questões da prova objetiva seletiva serão formuladas de modo que,


necessariamente, a resposta reflita a posição doutrinária dominante ou a juris-
prudência pacífica dos Tribunais Superiores. Isso não impede que seja cobrado,
do candidato, o conhecimento acerca das divergências doutrinária e jurispru-
dencial sobre determinado tema. Mas a resposta tida como correta não poderá
refletir entendimentos controversos ou posições minoritárias.

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Durante o período de realização da prova objetiva, não serão permitidos:

a) qualquer espécie de consulta ou comunicação entre os candidatos ou


entre estes e pessoas estranhas, oralmente ou por escrito;

b) o uso de livros, códigos, manuais, impressos ou anotações;

d) c) o porte de arma.

Iniciada a prova, é obrigatória a permanência do candidato no local


por, no mínimo, 1 (uma) hora.

Muita atenção, pois é de inteira responsabilidade do candidato o


preenchimento da folha de respostas, conforme as especificações nela cons-
tantes, não sendo permitida a sua substituição em caso de marcação incorreta.
Demais disso, o candidato deverá apor apenas seu número de inscrição, nome
ou assinatura no lugar especificamente indicado para essa finalidade. Portanto,
fique atento para não inserir qualquer outro dado, em especial aqueles que o
identifiquem.

27
Serão consideradas erradas as questões que contenham mais de uma
resposta e as rasuradas, ainda que inteligíveis. Para evitar esses tipos de erro,
geralmente decorrentes da ansiedade em razão da falta de tempo adequado,
separe cerca de trinta minutos para o preenchimento da folha de respostas.

O candidato que obtiver o mínimo de 30% (trinta por cento) de acerto


das questões em cada bloco, concomitantemente com a média final de 60% (ses-
senta por cento) de acertos do total referente à soma das notas dos três blocos
será considerado habilitado a participar da segunda fase do certame.

Todavia, isso não é suficiente. É necessário também que, nos concursos


com até 1.500 (mil e quinhentos) inscritos, o candidato fique entre os 200
(duzentos) que obtiverem as maiores notas após o julgamento dos recursos.
Nos concursos que contarem com mais de 1.500 (mil e quinhentos) inscritos (o
que é a regra), serão habilitados os 300 (trezentos) candidatos que obtiverem as
maiores notas após o julgamento do recurso.

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Ou seja, para ser aprovado para as provas escritas, você deve acertar,
pelo menos, 30% (trinta por cento) das questões de cada grupo e 60%
(sessenta por cento) do total de questões, assim como sua classificação
deve ficar entre as 200 (duzentas) ou 300 (trezentas) primeiras, conforme
o caso.

Todos os candidatos empatados na última posição de classificação serão


admitidos para fazer as provas escritas, mesmo que não fiquem nas posições
200 (duzentos) ou 300 (trezentos).

Após a resolução 476 de 2022 do CNJ classificar-se-ão para a segunda


etapa também nos concursos nacionais ou naqueles em que haja mais de 10.000
(dez mil) inscritos, a critério do tribunal, até 1.500 (mil e quinhentos) candidatos
que obtiverem as maiores notas após o julgamento dos recursos. Todos os
candidatos empatados na última posição de classificação serão admitidos às
provas escritas, mesmo que ultrapassem o limite previsto referido.

28
Os candidatos que estiverem concorrendo para as vagas destinadas
às pessoas com deficiência ficam sujeitos apenas às notas mínimas, não se lhes
aplicando os redutores referentes às primeiras 200 (duzentas) ou 300 (trezen-
tas) classificações, pois serão convocados para a segunda fase em lista específi-
ca, sem prejuízo dos demais 200 (duzentos) ou 300 (trezentos) primeiros classi-
ficados, conforme o caso1.

Ademais, aqueles que se habilitarem às vagas reservadas aos portado-


res de deficiência e que ficarem classificados entre os primeiros 200 (duzentos)
ou 300 (trezentos) concorrentes, conforme o caso, serão convocados à segunda
fase tanto pela lista geral, quanto pela lista específica dos candidatos às vagas
reservadas aos portadores de deficiência2.

Apurados os resultados da prova objetiva seletiva e identificados os


candidatos que lograram classificar-se, o presidente da Comissão de Concurso
fará publicar edital com a relação dos habilitados a submeterem-se à segunda
etapa do certame3.

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1 Redação dada pela Resolução n. 457, de 27.4.2022.


2 Incluído pela Resolução nº 208, de 10.11.2015
3 Art. 45 da Resolução nª 75 de 2009 do CNJ.

29
5.1. Estudando pela lei seca
POR: MARIA AUGUSTA DINIZ E RUTH ARAÚJO VIANA.

O conhecimento do regramento jurídico pátrio é necessário para o


desenvolvimento de qualquer atividade jurídica. Por isso, ele é um dos principais
objetos de cobrança em provas de concurso. Para que você tenha um bom
desempenho em certames de carreiras jurídicas, é imprescindível que você
conheça a letra da lei.

Uma breve análise das provas objetivas é bastante para que se observe
que mais de 60% das alternativas das questões exige o conhecimento literal dos
dispositivos legais. É, inclusive, extremamente comum o examinador apenas
mudar palavras, expressões ou até prefixos de verbetes, o que torna a alternativa
errada.

Como exemplos, trazemos as seguintes questões:

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(Ano: 2022 / Banca: FGV / Órgão: TJ-AP / Prova: FGV - 2022 - TJ-AP - Juiz de Direito
Substituto) Joseane, adolescente de 12 anos, é vítima de estupro praticado por
seu padrasto, Francisco. Após análise do inquérito policial, o Ministério Público
oferece denúncia em face de Francisco, requerendo, em sede de produção
antecipada de prova, o depoimento especial da adolescente. Na data da
audiência, a profissional especializada que participa do ato processual na sala
de depoimento especial lê a denúncia para a adolescente, questionando-a
sobre a veracidade dos fatos. Joseane informa à profissional especializada
que se sente intimidada ao saber que o padrasto está presente na sala de
audiências e, em virtude disso, permanece calada. O magistrado suspende o ato
processual e Joseane manifesta o desejo de prestar depoimento diretamente
ao juiz, sem a presença do réu na sala de audiências.

Considerando os fatos narrados e o disposto na Lei nº 13.431/2017, é correto


afirmar que:

a) o depoimento especial seguirá o rito cautelar de antecipação de prova


somente nos casos de crianças com idade inferior a 7 anos, não sendo aplicável
à adolescente Joseane;
B) a leitura da denúncia e de outras peças processuais para a adolescente pode
ser autorizada pelo magistrado, ouvido o Ministério Público;

30
C) a profissional especializada deverá comunicar ao juiz que a presença do réu
pode prejudicar o depoimento especial, sendo possível que o magistrado o
afaste;
D) é vedado pela Lei nº 13.431/2017 que a adolescente preste depoimento
diretamente ao magistrado, se assim entender, razão pela qual o requerimento
deve ser indeferido;
E) a Lei nº 13.431/2017 não autoriza o afastamento do réu da sala de audiências
em qualquer hipótese, em observância aos princípios do contraditório e da
ampla defesa.

(CEBRASPE/TJPA/2020) É circunstância que agrava a pena pela condição pessoal


do autor:
a) a reincidência.
b) o fato de o crime ter sido praticado contra criança.
c) a consequência do crime.
d) o comportamento da vítima.
e) o fato de o crime ter sido praticado com abuso de autoridade.

(CEBRASPE/TJSC/2019) Conforme o Código Penal e a legislação aplicável,


constitui efeito automático da condenação criminal, que independe de expressa

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motivação em sentença,
a) nos casos de crime doloso sujeito à pena de reclusão cometido contra filho,
tutelado ou curatelado, a incapacidade para o exercício do poder familiar, da
tutela ou da curatela.
b) nos casos de crimes praticados com violação de dever para com a
administração pública, a perda de cargo ou função pública, quando aplicada
pena privativa de liberdade igual ou superior a um ano.
c) nos casos de servidor público condenado pela prática de crime resultante de
discriminação ou preconceito de raça, cor, religião ou procedência nacional, a
perda do cargo ou da função pública.
d) nos casos de condenação pela prática de crime falimentar, a inabilitação
para o exercício de atividade empresarial, pelo prazo de cinco anos após a ex-
tinção da punibilidade.
e) no caso de servidor público condenado pela prática de crime de tortura, a
perda do cargo ou da função pública e a interdição para seu exercício pelo do-
bro do prazo da pena aplicada.

(TJSP/2021/Banca própria) São excludentes de ilicitude,


a) a coação irresistível e o aborto terapêutico.
b) a obediência hierárquica e a legítima defesa.
c) o estrito cumprimento do dever legal e o aborto terapêutico.
d) a obediência hierárquica e o estrito cumprimento do dever legal.

31
Por isso, é imprescindível que você leia e releia, por várias vezes, os
dispositivos das leis. Claro que você não precisa decorar Códigos e artigos; mas
precisa conhecer o seu teor.

Aliás, a repetida leitura faz com que você estranhe eventual alternativa
errada de sua prova. Acontece, inclusive, de você, embora não saiba exatamente
o que está errado na afirmação, perceba que algo está estranho, diferente. E,
por critério de eliminação, terá grandes chances de acertar a questão.

Além do mais, o conhecimento da letra da lei não é importante apenas


na primeira fase do concurso (prova objetiva).

Nas provas discursivas e de sentença, conquanto seja permitida a con-


sulta à legislação, quando não se conhece o regramento aplicável se perde mui-
to tempo em busca da resposta. E, como é sabido, o tempo de prova é escasso
e deve ser aproveitado da melhor forma possível.

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O mesmo ocorre na fase oral. Nessa etapa, há uma agravante: além
de não haver tempo suficiente para pesquisas na legislação, o seu desconheci-
mento ou insegurança acerca do regramento pátrio será percebido pelos exami-
nadores. E certamente a busca apressada será motivo de ansiedade. Então, re-
corde-se que a leitura da lei seca é uma prioridade nos estudos para concursos
em geral, e, para magistratura. É da lei que surgem, em regra, os fundamentos
básicos para uma resposta.

Por tudo isso, nunca deixe de estudar a doutrina em conjunto com a


letra de lei, nem de separar, em seu cronograma, períodos para que você leia e
releia os dispositivos, um a um. Bem sabemos que é cansativo e desanimador,
mas acredite: é necessário!

E um recurso que ajuda bastante a memorização é a marcação do texto


com canetas coloridas, em especial quando se tratar de exceções, expressões
e enumerações. Fazer anotações ao lado do dispositivo também pode ajudar,
servindo, inclusive, como resumo para revisão.

32
Outra metodologia de estudo que pode te auxiliar no estudo pela lei
seca, é a resolução de questões. Isso vai deixar o estudo menos cansativo, mais
dinâmico, além de entregar teus resultados sobre o estudo da lei.

Assim sendo, nunca deixe a leitura dos artigos de lado, pois ela é parte
importante do estudo.

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5.2. Estudando pela doutrina para a
Magistratura
POR: RUTH ARAÚJO VIANA

A Magistratura exige amplo conhecimento doutrinário para a aprovação.

A profundidade dessa cobrança depende da importância do assunto


para a carreira, das divergências de entendimentos e dos conceitos e nomencla-
turas “chaves”.

Não se afirma, contudo, que o estudo da doutrina é preponderante


para conseguir a nota de corte de 60%. O que se afirma é que o concurso da
magistratura, por ser altamente complexo, com diversas fases, não permitirá
que você seja aprovado somente com a leitura da lei seca.

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Entenda que estudar a doutrina será um “plus” necessário. Pois, as
diversas fases do concurso não vão exigir somente a cobrança de lei seca para
aprovação.

Raramente, haverá cobrança aprofundada de um conhecimento doutri-


nário em uma prova objetiva; por outro lado, para uma prova subjetiva e oral é
possível que o conteúdo seja melhor explorado e, portanto, o examinador destrin-
che o conhecimento que você adquiriu ao longo dos estudos e não só decorou.

Então, vamos separar o estudo pela doutrina em três fases:

x Prova objetiva;
x Prova discursiva e de sentença;
x Prova oral.

Na prova objetiva, ou seja, na prova de múltipla escolha com questões


de 1 a 100, o candidato será cobrado em conteúdo doutrinário, principalmente
sobre história e evolução dos ramos do Direito e sobre a correspondência correta

34
de conceitos. Esses pontos (em específico) precisam ser estudados para provas
objetivas e dependem quase que exclusivamente da doutrina

Você não pode, por exemplo, querer ir para uma prova objetiva de
Magistratura sem conhecer a Evolução da Teoria do Direito Administrativo, a
Evolução do Direito Empresarial, o Histórico do Constitucionalismo, entre outros
assuntos que exigem compreensão teórica e não legal.

Do mesmo modo, é comum que a prova objetiva cobre a correta


correspondência do conceito jurídico e, muitas vezes, essa compreensão não
está escrita no ordenamento jurídico, mas nas doutrinas, como, por exemplo,
princípios hermenêuticos, princípios da Administração Pública, princípios do
direito penal, tipos de sistemas, tipos de teorias, entre outros.

Ainda, aspectos doutrinários possuem baixa incidência em prova obje-


tiva. Na verdade, chegam a ser cobrados entre 10% e 30% do exame da magis-
tratura. Aí você pergunta, vale a pena, então, estudar doutrina?

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SIM! Não há como enfrentar um concurso do porte da carreira da
magistratura com conhecimento raso. Lembrando que, até mesmo para provas
objetivas, a nota de corte da magistratura é, em regra, superior a 70 (setenta)
pontos, apesar de o edital prever nota mínima de 60 pontos. Isso significa que os
pontos sobre conhecimentos doutrinários são necessários para que você possa
ir para a segunda fase.

Agora lembre-se de que você pode executar um bom planejamento de


prova objetiva estudando os pontos doutrinários que mais são cobrados.

Na prova discursiva e de sentença, o conhecimento doutrinário será


utilizado, com recorrência, para exposição da argumentação e fundamentação
jurídica que não dependa de lei. Para aqueles que fizeram o dever de casa, o
conhecimento aprofundado da doutrina facilitará o desenvolvimento da resposta
escrita.

35
Na prova subjetiva, não há possibilidade de consultar a doutrina, apesar
de ser possível ter acesso ao VADE MECUM. Aqui, o examinador não está mais
preocupado com a quantidade de conhecimento que você adquiriu, mas com a
qualidade da exposição do conhecimento, ou seja, a capacidade de você explanar
o que aprendeu.

No caso, a comissão do concurso deverá considerar, em cada questão,


o conhecimento do candidato sobre o tema, a utilização correta do idioma oficial
e a sua capacidade de exposição. Esse último requisito declara a necessidade
de o candidato conhecer os temas doutrinários com a profundidade exigida.

Na prova oral, há outro momento de cobrança de conhecimento


doutrinário com os mesmos elementos já trabalhados até aqui, porém de uma
forma mais livre. Você não se preocupará mais com o número de linhas, mas
deverá ter outras atenções, como o uso correto do vernáculo e, principalmente,
deverá lembrar conceitos.

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A avaliação dependerá do domínio do conhecimento jurídico, da ade-
quação da linguagem, da articulação do raciocínio, da capacidade de argumen-
tação e do uso correto do vernáculo. Observe que a doutrina auxiliará a utilizar
verbetes jurídicos adequados, a expor posicionamentos a favor e contra, traba-
lhando a sua capacidade argumentativa, e certamente ajudará a fixar o conheci-
mento jurídico necessário para a sabatina.

Também queremos ressaltar que livros voltados para concursos são


mais indicados do que doutrinas práticas e de academia científica. Lembre-se
que, apesar de ser indiscutível que excelentes doutrinadores merecem ser lidos,
quando há pouco tempo, é necessário fazer uma escolha de material voltada
para a aprovação para concurso, não é possível distribuir o estudo entre diver-
sos tipos de doutrina. Pelo contrário, é recomendado concentrar as energias em
um material por meio do qual se extraia o maior número de informações cobra-
das em prova de concurso, de forma elucidativa e assertiva sobre como aquilo
vem sendo cobrado com frequência.

36
Superado, portanto, os três momentos distintos de estudo pelo uso da
doutrina apresentaremos a seguir, a título de sugestão, alguns livros doutriná-
rios para os concursos da magistratura estadual:

DIREITO CONSTITUCIONAL

x Direito Constitucional Esquematizado – Pedro Lenza;


x Curso de Direito Constitucional – Marcelo Novelino;
x Curso de Direito Constitucional – Bernardo Gonçalves;

DIREITO ADMINISTRATIVO
x Manual de Direito Administrativo - Matheus Carvalho;
x Direito Administrativo Descomplicado - Marcelo Alexandrino e Vicente;
x Curso de Direito Administrativo – José dos Santos Carvalho Filho;
DIREITO CIVIL
x Direito Civil: Manual de Direito Civil Vol. Único – Flávio Tartuce;
x Sinopse para concursos – Luciano e Roberto (05 volumes);
x Curso de Direito Civil – Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves (07 volumes);

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
x Manual de Direito Processual Civil - Daniel Assumpção
x Curso de Direito Processual Civil – Fredie Didier (05 volumes)
x Direito Processual Civil Esquematizado – Marcos Vinicius Rios Gonçalves;
DIREITO DO CONSUMIDOR
x Leis Especiais para Concursos – Direito do Consumidor – Leonardo de
Medeiros:
x Manual de Direito do Consumidor – A luz da jurisprudência do STJ - Felipe
Peixoto Braga Neto:
x Código de Defesa do Consumidor Comentado - Leonardo de Medeiros:
DIREITO EMPRESARIAL
x Direito Empresarial: Direito Empresarial: Volume Único - André Luiz Santa
Cruz Ramos:
x Manual de Direito Empresarial – Fabio Ulhôa Coelho
x Sinopse para Concursos – André Luiz Santa Cruz Ramos:

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DIREITO ELEITORAL
x Direito Eleitoral: Sinopses para Concursos – Jaime Barreiros Neto
x Direito Eleitoral – José Jairo Gomes;
x Curso de Direito Eleitoral – Roberto Moreira;
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
x Direito da Criança e do Adolescente: Sinopses para Concursos – Guilherme
Freire
x Estatuto da Criança e do Adolescente – Rossato, Lepore e Sanches:
x Leis Especiais para Concursos, Volume 2 Guilherme Freire de Melo Barros:
DIREITO PENAL PARTE GERAL E ESPECIAL
x Direito Penal – Parte Geral: Direito Penal - Parte Geral – Volume 1 – Cleber
Masson:
x Manual de Direito Penal – Parte Geral – Rogério Sanches:
x Sinopses para Concursos – Parte Geral – Marcelo e Alexandre
x Direito Penal – Parte Especial: Manual de Direito Penal – Parte Especial –
Rogério Sanches;

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x Direito Penal - Parte Especial – Volumes 2 e 3 - Cleber Masson:
x Sinopses para Concursos – Parte Especial – Volumes 2 e 3 – Marcelo e
Alexandre;
DIREITO PROCESSUAL PENAL
x Manual de Processo Penal – Vol. Único - Renato Brasileiro:
x Sinopses para Concursos – Processo Penal – Partes Geral e Especial – Leo-
nardo Barreto:
x Processo Penal– Norberto Avena;
DIREITO TRIBUTÁRIO
x Direito Tributário – Ricardo Alexandre:
x Manual de Direito Tributário – Eduardo Sabbag:
x Sinopse para Concursos – Direito Tributário – Roberval Rocha;
DIREITOS HUMANOS
x Resumos para Concursos - Direitos Humanos - Diego Pereira Machado
x Leis Especiais para Concursos - Direitos Humanos - Rafael Soares Leite;

A seguir, apresentaremos algumas dicas para facilitar sua escolha:

38
x Se você tem pouco tempo, procure os livros de um volume;

x Folheie e leia algumas páginas dos livros antes de adquiri-los (vá à


biblioteca, peça o livro emprestado, vá a uma livraria...)

x Não mude de doutrina durante os estudos! É muito importante


manter o material durante a trajetória. Salvo, claro, incompatibilidade
de aprendizagem pelo método do professor utilizado no livro.

x Opte por livros doutrinários voltados para a aprovação em


concursos públicos.

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5.3. Estudando pela jurisprudência para a
Magistratura
POR: RUTH ARAÚJO VIANA

A jurisprudência é essencial para a aprovação no concurso da


magistratura. Apesar de não ser a mais cobrada dentro das questões de prova
(pois não supera a lei seca) é ela que destrincha o raciocínio e a argumentação
jurídica, apresentando a exposição do pensamento consolidado dos Tribunais
Superiores.

E por que é tão importante entender a jurisprudência? Porque ela vai


ser cobrada na prova objetiva, na subjetiva e na oral e você precisa entender as
razões que estão dentro da decisão para acertar a resposta.

Entender a jurisprudência é compreender a lei e saber interpretá-la. Pode

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parecer um desafio, mas ela é a “alma” das decisões judiciais.

Novamente iremos desdobrar o estudo de jurisprudência pelas fases


do concurso:

x Prova objetiva;
x Prova discursiva e de sentença;
x Prova oral.

A prova objetiva exige, segundo determinação da Resolução n.75 de


20091 do Conselho Nacional de Justiça, que as questões reflitam a posição dou-
trinária dominante ou a jurisprudência pacificada dos Tribunais Superiores.

Então, o primeiro ponto que você precisa saber é que, para provas de
magistratura, a regra é a cobrança da jurisprudência consolidada dos Tribunais
Superiores: Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça. Se houver

1 Art. 33. As questões da prova objetiva seletiva serão formuladas de modo a que, necessaria-
mente, a resposta reflita a posição doutrinária dominante ou a jurisprudência pacificada dos Tribunais
Superiores.

40
divergência dentro desses Tribunais para fins de prova objetiva, o ideal é que
não seja objeto de cobrança, pois dará ensejo a recursos.

Por outro lado, observa-se, pelos editais de concurso da Magistratura,


que a cobrança de jurisprudência consolidada no Tribunal para o qual você está
prestando o concurso também poderá ser cobrada. Registre-se, por exemplo,
que o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, no 189º Concurso, cobrou, em
seu edital, conhecimento da Jurisprudência local das Câmaras Reservadas ao
Meio Ambiente do Tribunal.

Mas calma! Você não deve “quebrar a cabeça” com receio de que seja
cobrada, na prova objetiva, a divergência entre julgados, pois o que é exigido é a
jurisprudência pacificada.

Então, sempre verifique, em cada edital, se haverá cobrança da juris-


prudência local, e não apenas daquela referente ao STF e ao STJ.

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Por outro lado, na prova subjetiva, será cobrado conhecimento
detalhado acerca do conhecimento jurídico referente ao tema e, portanto,
poderá haver questionamento acerca da divergência jurisprudencial. Lembre-se
que, nessa fase, não é autorizada consulta à jurisprudência ou aos enunciados
de súmulas, sob pena de eliminação.

É na fase de provas escritas que seu conhecimento será realmente ava-


liado, principalmente em relação ao posicionamento dos Tribunais Superiores.
Em alguns casos, o examinador pode estar interessado também na exposição
da contraposição de raciocínio entre acusação e defesa, por exemplo, dentro
dos memoriais escritos, para que você possa redigir a sentença expondo sua
convicção.

Afinal, como já mencionado, na fase de prova escrita, não há nenhuma


previsão que impeça a cobrança de jurisprudência divergente, tal como expres-
samente prevista na Resolução n. 75 do CNJ para a prova objetiva.

41
E é nesse momento específico que o estudo básico da jurisprudência
não irá ser suficiente, sendo altamente recomendado que você leia os julgados
mais importantes por completo e não somente a exposição do enunciado, pois
são os fundamentos sobre o caso em concreto que auxiliarão na elaboração
do raciocínio. Existem, inclusive, sites que explicam os julgados dos Tribunais
Superiores, sendo uma excelente alternativa à cansativa leitura dos informativos
(confira-se, por exemplo, o site www.dizerodireito.com.br).

Por fim, para a prova oral, também pode ser exigida profundidade
no conhecimento da jurisprudência, mas será cobrada, preponderantemente, a
jurisprudência consolidada. No entanto, aqui, diferentemente da prova objetiva,
a exposição do conhecimento jurídico requer argumentação jurídica e, portanto,
não é suficiente conhecer somente o enunciado dela, sendo necessário discorrer
sobre o julgado, declarando ser conhecedor do raciocínio jurídico.

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42
5.4. Faça questões!
POR: MARIA AUGUSTA DINIZ.

Uma das melhores formas de você testar seu aprendizado é


resolvendo questões. É por meio delas que você terá a noção da eficácia de seu
estudo. Além disso, somente assim você perceberá como a banca se comunica,
o que e como ela costuma cobrar a matéria. Isso sem contar que não é raro a
repetição de questões em concursos distintos.

Lembre-se, também, de que a resolução de questões e os simulados


não se prestam apenas para medição de conhecimento. São “termômetros” para
que você avalie não só o percentual de acertos, mas para que haja um redirecio-
namento dos estudos. Por isso, é imprescindível que, após resolver uma prova,
você analise os equívocos cometidos.

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A resolução de questões deve ser dar ao longo dos estudos e não apenas
após vencido determinado capítulo. O ideal é que, a cada tema estudado e após
a devida revisão (seja por resumos, sublinhados nos livros, apontamentos por
tópicos, etc.), você resolva questões referentes àquela matéria.

Somado a isso, é importante que separe um tempo semanal ou


quinzenal para esse tipo de estudo. Aqui, a resolução dar-se-á não por matéria,
mas sim por disciplina ou, pelo menos, por um conjunto maior de temas. É,
inclusive, um bom estudo para aqueles dias em que a leitura de doutrina não
está rendendo.

Existem livros específicos de questões, como também sites especiali-


zados. As provas também costumam ficar depositadas nos sítios eletrônicos das
bancas organizadoras, sendo facilmente obtidas. Estas são muito importantes
para que se obtenha o perfil da organizadora e do concurso.

Ao separar uma prova para responder, não deixe de fazer a triagem


das matérias que mais caem e também da forma como elas estão sendo cobradas

43
(letra de lei, jurisprudência, doutrina, casos hipotéticos, etc.). Isso balizará seu
estudo, informando o que merece uma atenção maior e que talvez você esteja
ignorando.

Após resolver todas as questões separadas, analise os resultados. Em


um momento inicial, não se preocupe com o percentual de acerto, pois ele irá
aumentar à medida em que você repete esse tipo de estudo com constância.

Ao ler o enunciado de questão, sempre vá sublinhando as informações


fornecidas antes mesmo de olhar as alternativas (para que não haja indução a
erro). Nunca ignore esses dados. Somente após, tente encontrar a resposta certa.

Terminada a resolução, inicia-se o momento da análise de seu desem-


penho. Observe e anote tudo.

Se foram trazidas informações jurídicas que você não conhecia, não


deixe de adicioná-las em seu material de estudo.

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Da mesma forma, não ignore aquelas questões que você acertou, mas
que não tinha certeza da resposta. Diferencie se houve “sorte”, uma boa estraté-
gia no “chute” ou uma boa interpretação das informações dadas no enunciado.

Os erros, por sua vez, deverão ser sempre verificados e eles poderão
se dar por vários fatores como: leitura apressada ou desatenta; interpretação
equivocada; aprendizagem errada ou por desconhecimento da matéria.

A leitura apressada ou desatenta é bastante comum quando atrelada a


sintomas de ansiedade e, quando isso acontece, é importantíssimo que se ado-
tem técnicas de relaxamento durante a preparação, sendo indicada, em alguns
casos, a busca por apoio profissional (médico ou psicológico).

Ela também pode acontecer quando há desinteresse pela matéria,


pensamentos intrusivos (quando você não costuma focar no que está fazendo
e começa a pensar em outras coisas), separação de tempo inadequado para
esse estudo, etc. Nestes casos, a sugestão é que toda vez que você for realizar

44
essa forma de estudo, reserve um tempo adequado para ele e que você tente se
policiar, treinando a leitura. Aqui, uma forma de prender a atenção é ir, durante
ela (que deve se dar de forma calma e tranquila), sublinhando ou circulando as
informações trazidas no enunciado ou nas alternativas.

O mesmo ocorre quando se faz interpretações equivocadas do enun-


ciado. Por isso, sempre o leia (assim como cada alternativa) por duas ou três
vezes antes de assinalar a resposta. Traga à memória as informações adquiridas
sobre o tema durante seu processo de aprendizado. Relembre as questões polê-
micas, as exceções e as “pegadinhas” referentes àquele assunto. Somente após,
passe à análise.

Um dos indícios de aprendizagem errada, por seu turno, ocorre quando


você acreditava ter acertado a questão, mas errou. Esse erro pode ser corrigido
com um novo estudo da matéria, não apenas pela doutrina já adotada mas,
principalmente, por outras. Afinal, outro autor pode explicar aquele tema de
uma forma que você entenda melhor.

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Por fim, quando for o caso de desconhecimento da matéria, a única
solução é o estudo dela.

É, como se observa, um estudo que exige tempo e paciência, mas


importantíssimo para quem presta concursos públicos. E não se preocupe,
com a repetição e a auto-observação, sua taxa de acerto vai aumentando
gradativamente e você vai se familiarizando com as provas.

45
5.5. Revisão para a prova objetiva
(faltando 15 dias)
POR: RUTH ARAÚJO VIANA

Este capítulo se dedica tão somente à revisão de véspera de prova e


não ao estudo com o edital publicado.

Opta-se por adequar o método de revisão conferindo uma estimativa


de 15 (quinze) dias, pois ele se encaixa dentro do tempo do edital publicado
até a data da prova objetiva e é geralmente o período em que os candidatos se
sentem mais desnorteados sobre como estudar e o quê estudar.

Mas esse método de revisão também pode ser utilizado faltando 21


(vinte e um) dias para a prova, 1 (um) mês ou até mesmo um pouco mais de
tempo. Adeque-o da maneira que julgar mais conveniente.

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A verdade é que, quanto mais se aproxima a data da prova, mais começa
a “bater o desespero” no candidato. Pois, apesar de ter se preparado bem e
estudado com afinco, a ansiedade aumenta à medida que o candidato percebe
que, mesmo dando o seu melhor, ainda assim, não será capaz de vencer todo
o edital. Além disso, é comum que o candidato não esteja se sentindo capaz e
seguro frente à imensidão de conteúdo que é exigido.

Lembre-se, neste momento, que ninguém vai para a prova objetiva


da magistratura sabendo tudo.

Na verdade, desconhece-se qualquer candidato que tenha atingido a


nota máxima (100) na prova objetiva. Mas, mesmo que esse feito aconteça (um
feito louvável, diga-se de passagem), ressaltamos que estarão aptos para as pro-
vas escritas os candidatos que alcançaram as 300 (trezentas) maiores notas e
todos aqueles que empatarem em último lugar desta classificação.

46
Pouquíssimos atingem nota superior a 90 (noventa) e, outros poucos,
nota superior a 85 (oitenta e cinco), obtendo na faixa de 70 (setenta) a 84 (oitenta e
quatro) pontos a maior parte dos candidatos que conseguem superar a primeira
fase e seguir para a segunda.

Por que é tão importante contar isso? Porque, na véspera da prova,


muitos candidatos caem na cilada de estudar o que nunca enfrentaram, e,
portanto, optam por ler leis secas não tão conhecidas ou aquele material não
visto por falta de tempo. Outros preferem estudar as teorias mais difíceis e
tentam, a todo custo, decorar o que elas significam.

Ou seja, você tenta, em poucos dias, vencer a matéria que seria estudada
durante meses. Porém, para um exame de magistratura, não é suficiente um
conhecimento raso e dificilmente você irá conseguir decorar os pontos difíceis
nos últimos 15 (quinze) dias para a prova. É uma tentativa que visa massagear o
ego, mas pouco eficaz.

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Lembre-se que teorias difíceis e leis pouco cobradas são apenas cerca
de 10% ou menos de sua prova. Portanto, vale mais a pena não errar o básico
que está escrito na Constituição Federal, por exemplo, do que arriscar aprender
algo novo em tão pouco tempo. É mais certeiro conferir solidez ao conteúdo
estudado do que se bombardear com conteúdo novo nunca aprendido ou estu-
dado antes.

A prova objetiva é como se fosse um filtro de entrada para saber quais


candidatos possuem conteúdo mínimo suficiente para se tornar um membro
da magistratura. Nesta etapa, diferentemente das posteriores, a memorização
é bastante importante, não se exigindo argumentação ou formulação de convic-
ções para fins de decisão.

Vale a pena lembrar que as provas objetivas de magistratura tem peso


1! O que isso significa? Significa que o teu desempenho somente será somado
uma única vez para aferir a classificação final no teu concurso, enquanto a prova
escrita tem peso 3, ou seja, a nota será multiplicada por 3x para aferir sua classi-
ficação final no concurso e já a prova oral tem peso 2, ou seja, será multiplicada
por 2x para aferir sua classificação final no concurso. Observe:

47
PROVA PESO
I. Prova objetiva seletiva 1
II. Primeira e segunda provas escritas 3 (para cada prova)
III. Prova oral 2
IV. Prova de título 1

Portanto, é uma boa tática na revisão de véspera se concentrar em


revisar o máximo do conteúdo já estudado, facilitando a assimilação e evitando
erros por descuidos e esquecimentos da lei seca. Afinal, o que você quer mesmo
é atingir a nota de corte para a segunda fase e seguir adiante no concurso e,
eventual mau desempenho na classificação do certame poderá ser superado na
prova escrita e na prova oral.

Então, vamos ao que interessa? Afinal, como elaborar uma eficaz


revisão para a prova objetiva?

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Primeiro ponto: você já deve ter um esboço dos principais assuntos a
serem cobrados em prova, para facilitar o direcionamento do estudo nessa con-
tagem regressiva. Não se trata de tentar adivinhar o que vai cair, mas observar
o que vem sendo cobrado nas provas da magistratura, incluindo esses assuntos
no planejamento de estudo de revisão.

Só temos poucos dias e, portanto, devemos ser objetivos!

Então, as chaves para a revisão de prova objetiva para o concurso da


magistratura estadual são:

SIMULADO + LEI SECA + JURISPRUDÊNCIA

Mas, cadê a doutrina, professora? Lembre-se que este é um estudo de


revisão e não o estudo de prova. Você estudou várias vezes a doutrina até aqui e
temos que fazer escolhas trágicas para potencializar o rendimento. ESQUEÇA A
DOUTRINA nesse momento. Não dá para fazer tudo em 15 (quinze) dias.

48
Você poderá focar, por outro lado, em entender seus pontos fracos do
simulado, o que você errou e poderia ter acertado, estudando estes pontos de
erro através de lei seca e se necessário doutrina. Lembrando que é diferente
buscar a doutrina como um método de estudo para a revisão, do que buscar a
doutrina como método de estudo para compreender o que errou no simulado.
São situações diferentes.

Então, vamos destrinchar ponto a ponto.

Sobre simulados é bem provável que você já tenha feito alguns antes
de iniciar a sua revisão de 15 dias! Porém, este será diferenciado, será um simu-
lado em que você literalmente reservará o tempo previsto no edital para respon-
der a prova, tal como se estivesse em prova. Separe um lanche, uma água, pro-
cure um espaço isolado, avise seus familiares de que se submeterá a uma prova.

Este simulado será tua métrica de bom e mau desempenho. Foque nos
erros e direcione seu estudo para os erros que poderiam ter sido evitados, seja

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por falta de atenção, seja porque não houve assimilação devida de um conteúdo
já estudado, ou seja porque você mal compreendeu o conteúdo.

Esse simulado é o teu parâmetro sobre o que estudar na contagem


regressiva, evitando erros óbvios e aumentando a tua nota de corte.

Sobre a Lei Seca, há algumas leis que OBRIGATORIAMENTE devem


constar do teu estudo de revisão final, como a:

x Constituição Federal;
x Código Penal (parte geral);
x Código Civil;
x Lei de Introdução as Normas de Direito Brasileiro;
x Lei de Improbidade Administrativa;
x Código de Processo Civil;
x Código de Processo Penal;
x Estatuto da Criança e do Adolescente;
x Código de Defesa do Consumidor.

49
Atenção, no entanto, para a revisão do Código Civil, Código de Processo
Civil e do Código de Processo Penal, pois esses diplomas normativos são deveras
extensos, sendo necessário o recorte do estudo de acordo com os assuntos mais
cobrados para provas da magistratura.

Outro ponto crucial sobre a revisão na contagem regressiva é que você


deve ficar atento às alterações legislativas que podem ser cobradas na prova.

Lembre-se que cursinhos e estatísticas não tem como prever o que


nunca foi cobrado e, portanto, caso exista uma nova inclusão de lei ou altera-
ção de lei é primordial que você reserve um tempo para estudá-las, observando
principalmente os pontos que costumam ser cobrados em prova objetiva e que
são descritos na lei seca como prazos, características do instituto, natureza jurídica.

Por fim, a jurisprudência que vem sendo cada vez mais cobrada em
provas da magistratura. Ela não é só rica em fundamentação como em exposição
de argumentação jurídica o que te auxiliará sobremaneira na segunda fase.

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Porém, para a primeira fase ler a jurisprudência pode ser cansativo
caso você opte por fazer a leitura completa do julgado, sendo recomendado
para o período de revisão que você estude somente o enunciado que apresenta
o teor do convencimento dos Tribunais Superiores para fins de uma leitura mais
rápida e dinâmica. Então, foque na leitura do informativo resumido!

As súmulas do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de


Justiça também precisam ser lidas e relidas, pois costumam ser cobradas em
prova com frequência alta.

Adotando esse método de revisão para os últimos dias antes da prova


objetiva você se sentirá mais seguro e terá ferramentas suficientes para realizar
uma boa avaliação.

50
5.6. Teste de aprendizagem para a
Magistratura
POR: RUTH ARAÚJO VIANA

Chega-se finalmente a um dos momentos mais importantes deste


e-book. Realizar um teste de prova objetiva para que você analise como está
o seu rendimento hoje, quais são os seus pontos fortes e fracos e o que você
precisa melhorar.

Recorde-se que para ser considerado habilitado, na prova objetiva


seletiva do concurso da magistratura, o candidato deve obter o mínimo de 30%
(trinta por cento) de acerto das questões em cada bloco e média final de 60%
(sessenta por cento) de acertos do total referente à soma algébrica das notas
dos três blocos.

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O seu objetivo com este teste, portanto, é analisar seus resultados
“friamente”. Por isso, não fique triste ou decepcionado com o resultado. O
importante é continuar a estudar e observar nos seus erros o que pode ser
melhorado.

A falha de vários alunos é acreditar que um resultado pode definir a


aprovação. Não é assim. Nunca será. Somos um conjunto de falhas, porém, toda
pessoa que persiste e resiste, estará fadada ao sucesso, simplesmente, porque
insistiu, observou os seus erros, não os admitiu como uma verdade absoluta e
prosseguiu, acreditando que na próxima oportunidade os resultados serão me-
lhores.

Este é um simulado que irá analisar o teu rendimento presente. Não o


teu futuro. Agora, é necessário levar ele a sério, mas não tão a sério ao ponto de
achar que a magistratura não é para você. Você está iniciando o sonho. Iniciando
a trajetória. Depois do início vem a continuidade, a persistência.

51
Agora saber que o resultado aquém das nossas expectativas pode
acontecer é totalmente diferente de não fazer o seu melhor para que esse teste
de aprendizagem seja realmente fiel ao momento em que você está, ao momen-
to em que você se encontra.

Portanto, antes de iniciar, separe um local isolado para realizar seu si-
mulado, coloque um cronômetro. O ambiente de teste deve ficar longe de qual-
quer barulho ou preparado para evitar qualquer interrupção. Também, não se
permita intervalos durante o simulado, além daqueles já previstos para o dia de
prova. O ideal é chegar o mais próximo possível da realidade do dia de prova.

Lembre-se! As provas escritas são manuscritas, com utilização de


caneta de tinta azul ou preta indelével, de qualquer espécie, vedado o uso de
líquido corretor de texto ou caneta hidrográfica fluorescente. Assim, utilize esse
mesmo material para realizar o seu simulado.

Não é necessário dizer que não será admitida a consulta enquanto

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você realiza o simulado. Portanto, nada de livros, e-books, celulares, computa-
dores por perto. Não facilite este momento! Caso contrário, você não obterá
resultados fiéis.

O tempo mínimo de duração de cada prova será de 4 (quatro) horas,


de acordo com a Resolução nº 75/2009, art. 51 do CNJ. Para este simulado será
reservado o mesmo tempo de duração.

Foram selecionadas 100 questões objetivas para você, tal como ocorre
nos concursos da magistratura. As questões foram selecionadas a partir das úl-
timas provas para o cargo de juiz substituto da carreira federal e estadual, para
que você tenha uma ideia de nível de prova e do que é cobrado nos concursos
da magistratura.

Aqui vai uma dica para um melhor aproveitamento dos resultados do


teste. O gabarito apenas deve ser consultado 1 (um) dia após a prova. Isso evi-
tará que você apresse o processo de aprendizagem e te permitirá refletir por um
dia completo sobre o seu desempenho e as disciplinas e assuntos que teve mais
dificuldade.

52
Está preparado?

Então, comece o seu simulado!

53
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CIVIL

QUESTÃO 1

Ano: 2021 | Banca: FGV | Órgão: TJ-PR | Prova: FGV - 2021 - TJ-PR - Juiz Substituto

Augusto, em fevereiro de 1992, alugou de Breno imóvel urbano para fins resi-
denciais, pelo prazo de trinta meses, tendo sido prorrogado automaticamente
o contrato até o falecimento do locador Breno, em junho de 1996, sendo este o
último mês de pagamento do aluguel. Em agosto de 2020, o espólio de Breno
ajuizou ação de despejo cumulada com cobrança em face de Augusto. O juiz
determina a citação e, na forma da lei, faculta ao réu a purga da mora a fim de
evitar o desalijo forçado. Augusto contesta, alegando que houve a interversão
do caráter da posse e que teria adquirido o imóvel anteriormente locado por
usucapião. Nesse contexto, é correto afirmar que:

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A ) o prazo de usucapião somente se inicia a partir da entrada em vigor no atual
Código Civil;
B ) a tese defensiva não é possível no ordenamento jurídico, posto que a posse,
no caso, não pode modificar o seu caráter precário;
C ) o locatário somente evitará o despejo se purgar a mora durante todo o perío-
do em que deixou de pagar o aluguel;
D ) o locatário poderá evitar o despejo se pagar os últimos meses em débito, ob-
servada a prescrição quinquenal;
E ) a usucapião poderá ser reconhecida em favor do locatário se este provar ato
exterior e inequívoco de oposição ao locador, tendo por efeito a caracterização
do animus domini.

54
QUESTÃO 2

Ano: 2021 | Banca: FGV | Órgão: TJ-PR | Prova: FGV - 2021 - TJ-PR - Juiz Substituto

Antônio prometeu vender unidade autônoma em condomínio edilício para


Bárbara. Após a transferência da posse em favor do adquirente, este não levou
a promessa de compra e venda para o competente registro imobiliário e não
houve mais pagamento de cota condominial em favor do condomínio edilício.
Diante da inadimplência, o condomínio ajuíza ação tendente a cobrar as cotas
condominiais em atraso. Sendo assim, é correto afirmar que:

A ) por se tratar de obrigação propter rem, apenas a pessoa cujo nome consta
como proprietária no cartório do registro de imóveis pode ser eficazmente de-
mandada;
B ) a ciência do condomínio acerca do ato de alienação é irrelevante para definir
a responsabilidade do adquirente pelo pagamento das cotas condominiais após

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o ato de alienação;
C ) ainda que não haja a imissão na posse do imóvel, o promitente comprador
tem exclusiva responsabilidade de pagar as cotas condominiais a partir do mo-
mento em que a escritura de promessa de compra e venda é realizada;
D ) não sendo a promessa de compra e venda um título registrável, apenas após
a realização da escritura definitiva de compra e venda é que o adquirente pode
ser responsabilizado pelo inadimplemento das cotas condominiais;
E ) a inexistência de registro da promessa de compra e venda pode levar a que
o condomínio, conforme determinadas circunstâncias do caso, tenha o legítimo
direito de exigir tanto do alienante como do adquirente o pagamento das cotas
condominiais em atraso.

55
QUESTÃO 3

Ano: 2021 | Banca: FGV | Órgão: TJ-PR | Prova: FGV - 2021 - TJ-PR - Juiz Substituto

João e Amália chegaram a um consenso de que o nome de sua filha seria


Cláudia. Entretanto, após o nascimento, aproveitando-se de que sua esposa
estava se recuperando da cesárea, João foi ao Registro Civil de Pessoas Naturais
e registrou a filha do casal como Maria Cláudia, em homenagem à sua mãe,
que se chamava Maria. Meses depois, Amália veio a descobrir o prenome
duplo da filha registrado ao precisar utilizar sua certidão de nascimento. À luz
dos ensinamentos doutrinários e jurisprudenciais atuais, é correto afirmar que
Amália:

A ) não poderá pleitear que o prenome “Maria” seja excluído do registro da fi-
lha, em virtude do princípio da imutabilidade do nome, pois tanto o pai quanto
a mãe podem proceder ao registro do filho perante o Registro Civil de Pessoas

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Naturais;
B ) poderá pleitear que o prenome “Maria” seja excluído do registro da filha, se
provar que o genitor agiu, por ocasião do registro civil da criança, de má-fé, com
propósito de vingança ou com o escopo de, pela prole, atingir a genitora;
C ) poderá pleitear que o prenome “Maria” seja excluído do registro da filha, por-
que o exercício do poder familiar pressupõe bilateralidade e consensualidade,
ocorrendo, no caso, violação da boa-fé e da lealdade;
D ) não poderá pleitear que o prenome “Maria” seja excluído do registro da filha,
porque somente esta, no primeiro ano após atingir a maioridade, poderá fazê-lo
pessoalmente ou por procurador bastante;
E ) poderá pleitear que o prenome “Maria” seja excluído do registro da filha so-
mente se comprovar que na declaração de nascido vivo emitida pela maternida-
de figurava “Cláudia” em lugar de “Maria Cláudia”.

56
QUESTÃO 4

Ano: 2021 | Banca: FGV | Órgão: TJ-PR | Prova: FGV - 2021 - TJ-PR - Juiz Substituto

Em março de 2015, Cristiano causou acidente de trânsito em razão de sua dire-


ção negligente, gerando lesões em Daniela. Em dezembro de 2015, Daniela ajui-
zou ação indenizatória em face de Cristiano, pleiteando a reparação dos danos
sofridos. Citado em março de 2016, Cristiano foi condenado ao pagamento de
vinte mil reais, com juros e atualização monetária, por sentença prolatada em
outubro de 2019 e transitada em julgado em dezembro de 2019. No que tange à
obrigação de indenizar, Cristiano encontra-se em mora desde:

A ) março de 2015;
B ) dezembro de 2015;
C ) março de 2016;
D ) outubro de 2019;

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E ) dezembro de 2019.

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QUESTÃO 5

Ano: 2021 | Banca: FCC | Órgão: TJ-GO | Prova: FCC - 2021 - TJ-GO - Juiz Substituto

Na Lei n° 14.010, de 10 de junho de 2020, que entrou em vigor na data de sua


publicação, há a seguinte disposição: Art. 3° − Os prazos prescricionais consideram-
se impedidos ou suspensos, conforme o caso, a partir da entrada em vigor desta Lei
até 30 de outubro de 2020. Referida Lei classifica-se como

A ) temporária e especial e, findos seus efeitos, as disposições do Código Civil


sobre a mesma matéria foram repristinadas.
B ) temporária, e os efeitos desta disposição se extinguiram em 30 de outubro de
2020, independentemente de outra lei que a revogasse, subsistindo as regras do
Código Civil sobre suspensão e óbice da fluição dos prazos prescricionais.
C ) permanente, no que diz respeito ao impedimento do prazo, mas temporária,
no que se refere à suspensão do prazo prescricional.

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D ) permanente, por tratar de matéria disciplinada no Código Civil e cuja perda
de eficácia dependerá de outra lei que a revogue.
E ) temporária, e seus efeitos se extinguiram em 30 de outubro de 2020, mas é
necessária outra lei que restabeleça as regras do Código Civil sobre a matéria,
porque não existe repristinação automática da lei.

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QUESTÃO 6

Ano: 2021 | Banca: FCC | Órgão: TJ-GO | Prova: FCC - 2021 - TJ-GO - Juiz Substituto

O juiz poderá desconsiderar a personalidade de pessoa jurídica de fins econômi-


cos, a requerimento da parte ou do Ministério Público,

A ) somente quando se verificar a utilização da pessoa jurídica com o propósito


de lesar credores ou para a prática de atos ilícitos.
B ) se, cobrada judicialmente, os bens da pessoa jurídica não forem suficientes
para o pagamento do credor.
C ) se ocorrer a transferência, entre os sócios e a sociedade, de ativos ou de
passivos, sem efetivas contraprestações, salvo se de valor proporcionalmente
insignificante.
D ) se houver grupo econômico e uma das sociedades que o integra deixar de
cumprir obrigação pecuniária.

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E ) quando houver expansão ou alteração da finalidade original da atividade
específica da pessoa jurídica.

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QUESTÃO 7

Ano: 2021 | Banca: FCC | Órgão: TJ-GO | Prova: FCC - 2021 - TJ-GO - Juiz Substituto

Quando o direito à indenização fundada na responsabilidade civil extracontra-


tual originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, o prazo prescricional

A ) será considerado também esgotado, se o juízo criminal considerar extinta a


punibilidade pela prescrição.
B ) começa a fluir com o trânsito em julgado da sentença no processo criminal.
C ) será idêntico àquele estabelecido para a pena mínima do crime cometido
pelo autor do dano.
D ) considerar-se-á suspenso apenas se a sentença proferida no juízo criminal
for condenatória.
E ) é interrompido com o recebimento da denúncia ou da queixa crime e volta a
fluir integralmente com a sentença transitada em julgado, absolutória ou conde-

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natória.

60
QUESTÃO 8

Ano: 2021 | Banca: FCC | Órgão: TJ-GO | Prova: FCC - 2021 - TJ-GO - Juiz Substituto

Carlos é proprietário de dois imóveis rurais, sendo que na Fazenda Água Suja
planta soja, e na Fazenda Água Limpa, milho. Rafael adquiriu de Carlos, para a
entrega futura, toda a safra de soja, pagando antecipadamente e assumindo
o risco de a produção atingir somente 30% do esperado, bem como toda a sa-
fra de milho, também com pagamento antecipado, assumindo o risco de nada
ser colhido. Em virtude de problemas climáticos, nada produziram as fazendas.
Diante disto, Carlos

A ) nada terá de restituir a Rafael, do que recebeu pela venda de milho, mas terá
de restituir o valor recebido pela venda de soja.
B ) terá de restituir tudo o que recebeu de Rafael, sem juros, mas com correção
monetária.

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C ) nada terá de restituir a Rafael, tanto pela venda de soja, como pela venda de
milho.
D ) terá de restituir a Rafael 50% do que recebeu pelas vendas.
E ) terá de restituir a Rafael o que recebeu pela venda de milho, mas nada terá
de restituir pelo que recebeu pela venda de soja.

61
QUESTÃO 9

Ano: 2021 | Banca: FCC | Órgão: TJ-GO | Prova: FCC - 2021 - TJ-GO - Juiz Substituto

João, proprietário de um imóvel rural, denominado Fazenda São João, de difícil


acesso a estrada, adquiriu servidão de passagem com dois mil metros de ex-
tensão, pela Fazenda dos Coqueiros, de propriedade de Pedro, levando o título
aquisitivo ao Registro de Imóveis. Falecendo João, sua Fazenda foi partilhada
entre seus filhos Antônio e José, que promoveram a divisão geodésia, passando,
cada qual, a ser dono de um imóvel com registro distinto no Registro Imobiliário.
Em seguida, José vendeu seu imóvel para Joaquim. Nesse caso, a servidão

A ) subsiste, em benefício de cada porção do prédio dominante, salvo se a servidão


se aplicar apenas a certa parte de um dos imóveis resultantes da divisão.
B ) não subsiste, salvo se houver ratificação por escritura pública, outorgada pelo
dono do prédio serviente, aos sucessores do proprietário do prédio dominante.

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C ) não subsiste, porque a alienação do prédio dominante ou do prédio serviente
sempre implica extinção da servidão.
D ) subsiste para Antônio, que é dono do imóvel dominante por sucessão heredi-
tária, mas não subsiste para Joaquim, tendo em vista o princípio da relatividade
do contrato, não prejudicando nem beneficiando terceiro.
E ) não subsiste, porque as servidões são intransmissíveis, salvo se outra coisa se
dispuser em testamento ou contrato.

62
QUESTÃO 10

Ano: 2021 | Banca: FCC | Órgão: TJ-GO | Prova: FCC - 2021 - TJ-GO - Juiz Substituto

Na imputação do pagamento, havendo capital e juros

A ) a escolha sobre se primeiro imputará nos juros ou no capital cabe exclusiva-


mente ao credor.
B ) a imputação será proporcionalmente distribuída entre o capital e os juros.
C ) o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos e depois no capital,
salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do
capital.
D ) a imputação ocorrerá primeiro no capital, salvo se a somatória dos juros for
maior, hipótese em que primeiro será destinada a amortização dos juros.
E ) o pagamento imputar-se-á primeiro no capital e depois nos juros vencidos,
salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta dos

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juros.

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PROCESSO CIVIL

QUESTÃO 11

Ano: 2021 | Banca: FGV | Órgão: TJ-PR | Prova: FGV - 2021 - TJ-PR - Juiz Substituto

José ajuizou ação em face de João com três pedidos autônomos: a) declaração da
relação jurídica mantida entre as partes; b) obrigação de fazer; e c) indenização
por danos materiais. A sentença julgou integralmente procedentes os três
pedidos de José, fixando a indenização no valor de R$ 100.000,00. João não
recorreu da sentença, que transitou em julgado no dia 21/01/2018. Porém, dois
anos e dois meses depois do trânsito em julgado, João tomou conhecimento
da existência de um documento antigo (que até então desconhecia), da época
em que mantinha com José a relação jurídica objeto da lide e que não integrou
sua defesa. Tal documento, na visão de João, poderia acarretar a improcedência

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do pedido indenizatório formulado por José. Diante dessa situação jurídica, é
correto afirmar que:

A ) considerando que o documento é antigo, contemporâneo à relação outrora


existente entre as partes, cabia a João apresentar o documento no curso do pro-
cesso, não podendo, agora, após o trânsito em julgado, se beneficiar dele;
B ) considerando que transcorreu o prazo de dois anos e dois meses do trânsito
em julgado, João perdeu o direito de ajuizar a ação rescisória;
C ) não cabe ação rescisória para impugnar apenas um dos fundamentos da de-
cisão transitada em julgado;
D ) cabe mandado de segurança para invalidar o título executivo e suspender o
cumprimento de sentença;
E ) cabe ação rescisória, pois o prazo, nessa hipótese, será contado a partir da
data de descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de cinco anos,
contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo.

64
QUESTÃO 12

Ano: 2021 | Banca: FGV | Órgão: TJ-PR | Prova: FGV - 2021 - TJ-PR - Juiz Substituto

Sobre as tutelas provisórias, é correto afirmar que:

A ) as tutelas de evidência concedidas liminarmente demandam a comprovação


da urgência pela parte interessada;
B ) o indeferimento da tutela cautelar não obsta que a parte formule o pedido
principal nem influi no julgamento desse, salvo se o motivo do indeferimento for
o reconhecimento de decadência ou de prescrição;
C ) em relação à tutela cautelar requerida em caráter antecedente, não poderá
haver alteração da causa de pedir no momento de formulação do pedido
principal;
D ) na tutela antecipada requerida em caráter antecedente, a decisão que concede
a tutela não faz coisa julgada, mas pode ser desafiada por ação rescisória;

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E ) em caso de revogação da tutela de urgência, a parte será responsabilizada
por dano processual, além de responder pelo prejuízo causado à parte contrária
em ação própria.

65
QUESTÃO 13

Ano: 2021 | Banca: FCC | Órgão: TJ-GO | Prova: FCC - 2021 - TJ-GO - Juiz Substituto

A homologação da desistência da ação

A ) pode ser apresentada somente até a contestação.


B ) faz coisa julgada material.
C ) não resolve o mérito e impõe, ao desistente, o dever de arcar com as despesas.
D ) obsta o prosseguimento da reconvenção.
E ) deve ser precedida de anuência do réu, ainda que revel.

QUESTÃO 14

Ano: 2021 | Banca: FCC | Órgão: TJ-GO | Prova: FCC - 2021 - TJ-GO - Juiz Substituto

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A reconvenção

A ) prossegue mesmo que ocorra causa extintiva que impeça o exame de mérito
da ação principal.
B ) dispensa a atribuição de valor à causa.
C ) pode ser proposta apenas pelo réu contra o próprio autor.
D ) não leva, se improcedente, à condenação em honorários advocatícios, os
quais são devidos apenas pela procedência do pedido principal.
E ) só pode ser proposta se oferecida contestação.

66
QUESTÃO 15

Ano: 2021 | Banca: FCC | Órgão: TJ-GO | Prova: FCC - 2021 - TJ-GO - Juiz Substituto

No que tange às relações de consumo, a desconsideração da personalidade


jurídica

A ) só se admite a desconsideração direta, não a desconsideração inversa da


pessoa jurídica.
B ) poderá ocorrer sempre que a personalidade da pessoa jurídica for, de alguma
forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores, no
que é doutrinariamente denominada a teoria menor do instituto.
C ) aplica-se também a sociedades consorciadas somente por culpa e subsidia-
riamente.
D ) regula-se apenas pelas normas do Código Civil, somente não se exigindo a
caracterização de confusão patrimonial.

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E ) só será aplicada se houver a falência da empresa em face da qual se operou
a desconsideração.

67
QUESTÃO 16

Ano: 2021 | Banca: VUNESP | Órgão: TJ-SP | Prova: VUNESP - 2021 - TJ-SP - Juiz
Substituto

Interpostos embargos de declaração de natureza manifestamente protelatória e


subvertendo a verdade dos fatos, o juízo de primeira instância

A ) poderá condenar o embargante a pagar a multa por embargos de declaração


manifestamente protelatórios, que não pode ser cumulada com as penalidades
da litigância de má fé.
B ) poderá condenar o embargante como litigante de má fé a indenizar o embar-
gado, condenação esta que não pode ser cumulada com a multa por embargos
de declaração protelatórios.
C ) não poderá o juiz de primeiro grau aplicar nenhuma penalidade ou fixar
indenização, pois estas somente são de competência do Tribunal.

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D ) poderá condenar o embargante como litigante de má fé a indenizar o
embargado, podendo ser cumulada a indenização com a multa por embargos
de declaração manifestamente protelatórios.

68
QUESTÃO 17

Ano: 2022 | Banca: FGV | Órgão: TJ-AP | Prova: FGV - 2022 - TJ-AP - Juiz de
Direito Substituto

André, domiciliado em Macapá, ajuizou ação de reintegração de posse de imóvel


de sua propriedade, situado em Laranjal do Jari, em face de Paulo, domiciliado
em Santana.

Considerando que a demanda foi intentada perante juízo cível da Comarca de


Macapá, o magistrado, tomando contato com a petição inicial, deve:

A ) declinar, de ofício, da competência em favor do juízo cível da Comarca de


Laranjal do Jari;
B ) declinar, de ofício, da competência em favor do juízo cível da Comarca de
Santana;

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C ) determinar a citação de Paulo, já reconhecendo que a competência é do juízo
cível da Comarca de Macapá;
D ) determinar a citação de Paulo e, caso este suscite a incompetência, ordenar
a remessa dos autos ao juízo cível da Comarca de Santana;
E ) reconhecer a incompetência do juízo cível da Comarca de Macapá e extinguir
o feito, sem resolução do mérito.

69
QUESTÃO 18

Ano: 2022 | Banca: FGV | Órgão: TJ-AP | Prova: FGV - 2022 - TJ-AP - Juiz de
Direito Substituto

Em uma demanda entre particulares na qual se discute a metragem de um


imóvel para fins de acertamento de um direito, as partes somente protestaram
por provas orais. O juiz, de ofício, determinou a produção de prova pericial e
documental, para exercer seu juízo de mérito sobre a causa.

Nesse cenário, pode-se afirmar que o julgador agiu de forma:

A ) correta, uma vez que cabe ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte,


determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito;
B ) incorreta, uma vez que viola o princípio da inércia, já que cabe às partes a
iniciativa da produção probatória de seus direitos;

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C ) incorreta, uma vez que o julgamento deve ser feito de acordo com as provas
produzidas nos autos, não se admitindo ao juiz determinar as provas;
D ) correta, pois só cabe ao julgador verificar a quem ele deve atribuir o ônus da
prova, não sendo mais ônus do autor a prova do seu direito;
E ) incorreta, uma vez que cabe ao réu a prova de que a afirmativa do autor
sobre a metragem do imóvel não representa a veracidade dos fatos.

70
QUESTÃO 19

Ano: 2022 | Banca: FGV | Órgão: TJ-AP | Prova: FGV - 2022 - TJ-AP - Juiz de
Direito Substituto

Em uma demanda judicial proposta por um único autor em face de dois réus,
em litisconsórcio passivo comum, apenas um deles ofereceu contestação, não
obstante ter o revel constituído procurador distinto e de outro escritório de
advocacia.

Tratando-se de autos eletrônicos, e sabendo-se que o juízo julgou procedente o


pedido, é correto afirmar que:

A ) será contado em dobro o prazo para que qualquer um dos litisconsortes


ofereça o recurso de apelação;
B ) não será admissível a apelação do réu revel, uma vez que a revelia gerou

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presunção de certeza do direito do autor;
C ) o prazo para o réu contestante oferecer o recurso de apelação não será
contado em dobro;
D ) o prazo para o réu contestante recorrer será contado em dobro, e para o réu
revel será contado de forma simples;
E ) o prazo para o autor recorrer será contado em dobro, caso entenda existir
interesse recursal.

71
QUESTÃO 20

Ano: 2022 | Banca: FGV | Órgão: TJ-MG | Prova: FGV - 2022 - TJ-MG - Juiz de
Direito Substituto

A. aforou ação cominatória contra B. para que o réu seja obrigado a construir
um muro de arrimo na divisa dos imóveis deles. Há risco iminente de desaba-
mento do barranco lá existente e provocado por desaterro irregular promovido
pela parte passiva. Requereu e obteve tutela provisória de urgência diante de
perícia feita pela Defesa Civil que comprova o mencionado risco e o aterro irre-
gular. Citado para a ação e intimado quanto à tutela provisória de urgência, o
réu propalou, na região, que não estava obrigado a cumprir a ordem judicial por-
que o juiz não tinha conhecimento técnico para determinar a realização da obra.
A conduta do réu

A ) deve ser rejeitada.

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B ) revela resistência civil justificada.
C ) constitui violação de dever processual.
D ) não constitui violação de dever processual.

72
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE

QUESTÃO 21

Ano: 2020 | Banca: FCC | Órgão: TJ-MS | Prova: FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto

A impugnação do Plano Individual de Atendimento, no âmbito da execução das


medidas socioeducativas, conforme previsão expressa da Lei n° 12.594/2012
(Lei do Sinase),

A ) no que ultrapassa os aspectos meramente formais, deve ser fundamentada


em laudo técnico.
B ) uma vez admitida, obriga a designação de audiência para oitiva do adolescen-

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te, seus pais e técnicos do programa.
C ) suspende o prazo de reavaliação obrigatória da medida socioeducativa até
que seja decidido o mérito da impugnação.
D ) não suspenderá a execução do plano individual, salvo determinação judicial
em contrário.
E ) precede a homologação da guia de execução nas medidas socioeducativas
privativas de liberdade.

73
QUESTÃO 22

Ano: 2020 | Banca: FCC | Órgão: TJ-MS | Prova: FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto

Maria, não desejando ficar com seu filho João, que não tem pai registral, entre-
ga-o a um casal de amigos, Marta e Vicente, os quais desejam adotá-lo. Segundo
previsão expressa de lei,

A ) Maria, Marta e Vicente, estando de acordo, poderão requerer ao Cartório de


Registro Civil o reconhecimento de Marta e Vicente como pais socioafetivos de
João, com prejuízo da filiação registral originária.
B ) Marta e Vicente não poderão adotar João, exceto se já tiverem sido previa-
mente habilitados a adotar e incluídos no cadastro de adoção.
C ) Maria pode perder, por decisão judicial, o poder familiar sobre o filho por
tê-lo entregue de forma irregular a terceiros para fins de adoção.
D ) Marta e Vicente, ainda que não habilitados, têm prioridade para a adoção da

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criança porque foram indicados pela própria genitora de João como adotantes
de sua preferência.
E ) sendo do interesse de João, sua adoção pode ser concedida a Marta e Vicente,
os quais sujeitam-se, em tese, às penas do crime de burla de cadastro adotivo.

74
QUESTÃO 23

Ano: 2021 | Banca: FGV | Órgão: TJ-PR | Prova: FGV - 2021 - TJ-PR - Juiz Substituto

Jennifer é mãe de Pablo, de 6 anos, sendo o genitor desconhecido. Jennifer


combina com suas amigas de ir a um evento noturno no final de semana,
deixando Pablo sozinho em casa. Durante a madrugada, em razão do choro
intenso de Pablo, vizinhos acionam o Conselho Tutelar, que comparece ao local
e aplica a medida protetiva emergencial de acolhimento institucional à criança.
Na segunda-feira, após deliberação do colegiado, a Conselheira Tutelar ajuíza
Representação por Infração Administrativa em face de Jennifer, com fulcro no
Art. 249 da Lei nº 8.069/1990. A respeito desses fatos e considerando o disposto
na Lei nº 8.069/1990, é correto afirmar que o acolhimento emergencial realizado
pela Conselheira Tutelar é:

A ) incabível, porque não houve decisão judicial prévia determinando o

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afastamento da criança do convívio familiar;
B ) cabível, e Jennifer poderia requerer diretamente ao Ministério Público a
revisão da decisão colegiada do Conselho Tutelar que decidiu pelo acolhimento
de Pablo;
C ) incabível, porque não houve ajuizamento de ação contenciosa em face da
genitora pelo Ministério Público;
D ) cabível, e o Conselho Tutelar possui legitimidade ativa para propor a
Representação por Infração Administrativa;
E ) incabível, configurando sanção disciplinar e crime previsto na Lei nº 8.069/1990.

75
QUESTÃO 24

Ano: 2021 | Banca: FGV | Órgão: TJ-PR | Prova: FGV - 2021 - TJ-PR - Juiz Substituto

Fabiano, adolescente de 17 anos, pratica ato infracional análogo ao crime de


roubo com o emprego de arma de fogo, cumprindo medida socioeducativa de
internação pelo prazo de seis meses. Após a realização de audiência de reavalia-
ção de medida e havendo relatórios favoráveis, o Magistrado progride a medida
de internação para semiliberdade. Decorridos três meses do início do cumpri-
mento da medida progredida, chega ao conhecimento do Magistrado que, dois
anos antes, Fabiano praticou ato infracional análogo ao crime de estupro em
outra comarca. No referido caso, a Representação foi julgada procedente por
sentença, em que foi determinada a aplicação de medida socioeducativa de in-
ternação, cujo cumprimento não foi iniciado, em razão da impossibilidade de
localização do adolescente à época. Em virtude da ciência acerca do julgamento
do processo anterior, o Magistrado determina a imediata regressão da medida
socioeducativa de semiliberdade em execução para a de internação. Conside-

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rando o que dispõe a Lei nº 12.594/2012, e tendo em vista a hipótese narrada, é
correto afirmar que:

A ) em razão da gravidade do ato infracional anterior, ao término do cumpri-


mento da medida de semiliberdade, se iniciará o cumprimento da medida de
internação;
B ) as medidas socioeducativas de internação pelo ato infracional anterior e a de
semiliberdade deverão ser cumuladas, com o cumprimento de medida de inter-
nação por prazo não inferior a três anos;
C ) a medida de semiliberdade deve ser imediatamente substituída por medida
de internação, em razão do não cumprimento da decisão do ato infracional
anterior;
D ) o ato infracional anterior está absorvido por aquele em que se impôs a medida
socioeducativa de internação, sendo vedada a aplicação de nova medida dessa
natureza;
E ) considerando a prática de dois atos infracionais de natureza grave, caso o
adolescente complete 18 anos durante a execução da medida socioeducativa,
poderá ser transferido para cumprimento em estabelecimento prisional.

76
QUESTÃO 25

Ano: 2021 | Banca: FGV | Órgão: TJ-PR | Prova: FGV - 2021 - TJ-PR - Juiz Substituto

Juiz da Infância e Juventude de comarca localizada no interior do Estado do Paraná


julga procedente o pedido em ação de destituição do poder familiar ajuizada pelo
Ministério Público em face de Luisa e Manoel, pais da criança Emily, em razão
da prática de graves violações dos deveres inerentes ao poder familiar, sendo
a criança acolhida. Os réus, por meio de seu advogado constituído, interpõem
recurso de apelação, requerendo ao magistrado a reconsideração da decisão
ou, caso não entenda cabível, a remessa ao Tribunal de Justiça. O magistrado
profere decisão considerando incabível o juízo de retratação, por ausência de
previsão legal, e remete os autos ao Tribunal para julgamento do recurso. Após
a interposição do recurso, os réus requerem ao magistrado o deferimento da
guarda da criança acolhida, alegando que a apelação tem efeito devolutivo e
suspensivo nessa hipótese. Considerando o sistema recursal previsto na Lei nº

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8.069/1990 e as peculiaridades do caso narrado, é correto afirmar que:

A ) a realização do juízo de retratação pelo magistrado em recurso de apelação é


incabível, sendo correta a decisão proferida;
B ) nas ações de destituição do poder familiar, o recurso de apelação deve ser
recebido apenas no efeito devolutivo, conforme previsão legal;
C ) cabe ao advogado comprovar o recolhimento do preparo no recurso de
apelação, que será processado com prioridade absoluta;
D ) o recurso de apelação será recebido nos efeitos devolutivo e suspensivo,
razão pela qual é cabível o deferimento da guarda da criança aos réus;
E ) a autoridade judicial poderá manter ou reformar a sua decisão, no prazo
de dez dias, aguardando-se oportuna distribuição do recurso pelo Tribunal de
Justiça.

77
QUESTÃO 26

Ano: 2021 | Banca: FGV | Órgão: TJ-PR | Prova: FGV - 2021 - TJ-PR - Juiz Substituto

Maria cuida de Joaquim, criança com 3 anos de vida, que lhe foi entregue ainda
bebê pela genitora Laura, amiga de infância, logo após sair da maternidade.
Joaquim não tem a paternidade reconhecida em seu registro de nascimento.
Maria, com a concordância de Laura, ajuíza pedido de adoção na Vara da Infância,
da Juventude e Adoção de Curitiba, requerendo a guarda provisória de Joaquim.
O Ministério Público, em seu parecer, requereu a busca e apreensão liminar da
criança, pois caracterizada a burla ao Cadastro Nacional de Adoção. De acordo
com o Estatuto da Criança e do Adolescente, o juiz deve:

A ) determinar a realização dos estudos técnicos e designar a audiência para


oitiva da genitora e da requerente;
B ) efetuar a busca e apreensão e aplicar a medida de proteção de acolhimento

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institucional;
C ) efetuar a busca e apreensão e encaminhar a criança para o primeiro habilitado
interessado do Cadastro Nacional de Adoção;
D ) determinar a emenda da petição inicial para fins de ser convolado o pedido
de adoção em guarda;
E ) efetuar a busca e apreensão e aplicar a medida de proteção de acolhimento
familiar.

78
QUESTÃO 27

Ano: 2021 | Banca: FCC | Órgão: TJ-GO | Prova: FCC - 2021 - TJ-GO - Juiz Substituto

No procedimento de apuração de ato infracional, conforme determina a lei, a


autoridade judiciária, ao proferir a sentença, convencida da existência de provas
suficientes de autoria e materialidade da infração,

A ) determinará a realização de estudo psicossocial polidimensional para orientar


a fixação da medida socioeducativa mais adequada.
B ) poderá aplicar remissão judicial se o adolescente for primário e não se tratar
de fato passível de aplicação de medida de internação ou semiliberdade.
C ) fixará a medida socioeducativa mais adequada para o adolescente, individua-
lizando, em qualquer caso, seu tempo de duração.
D ) levará em conta a capacidade de cumprimento do adolescente, entre outros
critérios, ao aplicar-lhe a medida socioeducativa.

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E ) decidirá o cabimento de medida socioeducativa de acordo com a idade e a
maturidade do adolescente.

79
QUESTÃO 28

Ano: 2021 | Banca: VUNESP | Órgão: TJ-SP | Prova: VUNESP - 2021 - TJ-SP - Juiz
Substituto

A respeito do instituto da adoção, é correto afirmar que:

A ) a adoção pode ser feita por meio de procuração, quando os adotantes forem
estrangeiros.
B ) será sempre precedida de estágio de convivência.
C ) o adotado só poderá ter acesso ao processo de adoção após completar 18
anos.
D ) os avós do adotando são impedidos de adotar.

QUESTÃO 29

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Ano: 2021 | Banca: VUNESP | Órgão: TJ-SP | Prova: VUNESP - 2021 - TJ-SP - Juiz
Substituto

Entre os direitos fundamentais previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente,


assinale quais se relacionam mais diretamente à importância do papel do núcleo
familiar na formação e criação dos filhos menores.

A ) Princípio da responsabilidade parental e da prevalência da família.


B ) Princípio da prevalência da família e princípio da obrigatoriedade da informa-
ção.
C ) Princípio da obrigatoriedade da informação e princípio da responsabilidade
parental.
D ) Princípio do interesse superior da criança e do adolescente e princípio da
intervenção mínima.

80
QUESTÃO 30

Ano: 2021 | Banca: VUNESP | Órgão: TJ-SP | Prova: VUNESP - 2021 - TJ-SP - Juiz
Substituto

Tratando-se de recursos apresentados contra decisões proferidas em processos


que digam respeito à proteção dos direitos das crianças e dos adolescentes, é
correto afirmar que:

A ) é dispensado o preparo.
B ) deverá ser observada a ordem cronológica de conclusão para julgamento,
prevista no Código de Processo Civil.
C ) o prazo recursal será contado em dias úteis.
D ) o prazo recursal será de 15 dias, exceto para embargos de declaração.

QUESTÃO 31

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Ano: 2020 | Banca: FCC | Órgão: TJ-MS | Prova: FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto

Laura compareceu a uma loja de departamentos, onde comprou um aparelho


de som, que seria entregue na sua casa no prazo de dez dias. Ao chegar em casa,
pesquisou o preço do produto na internet, vindo então a descobrir que o mes-
mo aparelho de som estava em promoção numa outra loja, sendo anunciado
pela metade do preço que pagou. Então, no mesmo dia, voltou à loja onde havia
feito a compra, pleiteando o desfazimento do negócio e a restituição integral do
preço. Nesse caso, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, Laura

81
A ) tem direito ao desfazimento do negócio, pois o consumidor pode desistir do
contrato no prazo de 7 (sete) dias contados da sua celebração.
B ) tem direito ao desfazimento do negócio, pois o consumidor pode desistir do
contrato no prazo de 7 (sete) dias contados da data do recebimento do produto.
C ) tem direito ao desfazimento do negócio, pois se reputa prática abusiva a venda
de produto por preço igual ou superior ao dobro do praticado por concorrente.
D ) tem direito ao desfazimento do negócio, mas somente se provar ter adquirido
o produto anunciado pelo outro fornecedor.
E ) não tem direito ao desfazimento do negócio por mero arrependimento.

QUESTÃO 32

Ano: 2020 | Banca: FCC | Órgão: TJ-MS | Prova: FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto

Renato, cliente de determinada operadora de telefonia, recebeu fatura cobrando

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valor muito superior ao contratado. Percebendo o equívoco, Renato deixou de
pagar a fatura e contatou a operadora, requerendo o envio de outra, com o
valor correto. No entanto, apesar de reconhecer a falha, a operadora enviou
nova fatura cobrando o mesmo valor em excesso, razão pela qual Renato
novamente se recusou a pagar. Nesse caso, de acordo com o Código de Defesa
do Consumidor, Renato

A ) tem direito de receber o dobro do valor cobrado em excesso na primeira


fatura, apenas.
B ) tem direito de receber o dobro do valor cobrado em excesso em cada uma
das duas faturas.
C ) tem direito de receber o dobro do valor total da primeira fatura, apenas.
D ) tem direito de receber o dobro do valor total de cada uma das duas faturas.
E ) não tem direito de receber o dobro do valor cobrado em excesso ou do total
de nenhuma das faturas.

82
QUESTÃO 33

Ano: 2020 | Banca: FCC | Órgão: TJ-MS | Prova: FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto

De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, a garantia legal de adequação


do produto

A ) sempre depende de termo expresso, podendo ser excluída ou atenuada


contratualmente, mediante desconto do preço, desde que isso não coloque o
consumidor em situação de exagerada desvantagem.
B ) depende de termo expresso apenas no caso de produtos duráveis, sendo
vedada, em qualquer hipótese, a exoneração contratual do fornecedor.
C ) independe de termo expresso, podendo ser excluída ou atenuada contratual-
mente, mediante desconto do preço, desde que isso não coloque o consumidor
em situação de exagerada desvantagem.
D ) independe de termo expresso, sendo vedada, em qualquer hipótese, a

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exoneração contratual do fornecedor.
E ) independe de termo expresso, mesmo que se trate de produtos duráveis,
podendo ser excluída contratualmente, mediante desconto do preço, desde que
isso não coloque o consumidor em situação de exagerada desvantagem.

83
QUESTÃO 34

Ano: 2020 | Banca: FCC | Órgão: TJ-MS | Prova: FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto

De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, a publicidade que explora a


superstição dos consumidores é:

A ) abusiva e enganosa.
B ) abusiva, apenas.
C ) enganosa, apenas.
D ) enganosa por omissão.
E ) permitida, desde que não seja contrária aos bons costumes.

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QUESTÃO 35

Ano: 2021 | Banca: FGV | Órgão: TJ-PR | Prova: FGV - 2021 - TJ-PR - Juiz Substituto

Durante a viagem de lua de mel, João e Maria visitaram cidades históricas do


velho mundo, trazendo consigo souvenirs e diversos produtos típicos para
guarnecerem o novo lar com lembranças da feliz data. Ao desembarcarem do
voo internacional no Brasil, foram surpreendidos com o extravio das bagagens
despachadas que continham aqueles bens materiais. O extravio das bagagens
agravou a indignação do casal, que já se encontrava revoltado em decorrência
de atraso do voo causado pela companhia aérea. Nessas circunstâncias, à luz do
Código de Defesa do Consumidor e dos entendimentos do Supremo Tribunal
Federal e do Superior Tribunal de Justiça, em relação ao extravio de bagagens e
quanto ao atraso do voo, João e Maria poderão ser indenizados:

A ) com base no Código de Defesa do Consumidor, para a reparação integral,

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por ser norma posterior à Convenção de Varsóvia, e o atraso do voo gera dano
extrapatrimonial presumido, cuja responsabilidade somente pode ser afastada
por culpa exclusiva de terceiro;
B ) no limite da responsabilidade civil fixada por meio da Convenção de Varsóvia
em detrimento do Código de Defesa do Consumidor, e o atraso do voo somente
gera dano moral se comprovada lesão extrapatrimonial;
C ) na totalidade da extensão do dano em decorrência de ilícito na execução do
contrato de transporte, com base no Código Civil, por não se configurar relação
de consumo, e o atraso do voo gera dano moral presumido;
D ) de acordo com a extensão do dano, à lógica do Código de Defesa do Consu-
midor, para a reparação integral, e o atraso do voo não gera dano extrapatrimo-
nial, posto que configura mero dissabor;
E ) no limite da responsabilidade civil fixada por meio da Convenção de Varsóvia,
e o atraso do voo gera dano moral in re ipsa, bastando comprovar a desídia da
companhia aérea.

85
QUESTÃO 36

Ano: 2021 | Banca: FCC | Órgão: TJ-GO | Prova: FCC - 2021 - TJ-GO - Juiz Substituto

Em relação às práticas comerciais e à publicidade nas relações consumeristas, o


Código de Defesa do Consumidor estabelece:

A ) Tratando-se de produtos refrigerados oferecidos ao consumidor, suas infor-


mações gerais, legalmente previstas, serão gravadas de forma indelével.
B ) É proibida a publicidade de bens e serviços por telefone, ainda que a chamada
seja gratuita ao consumidor, sem anuência prévia deste.
C ) O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação
publicitária cabe a quem alega sua falsidade ou incorreção.
D ) Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes
e peças de reposição por todo o período de vida útil do produto, limitado ao
tempo que constar no manual de garantia respectiva.

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E ) A publicidade pode ser veiculada como notícia, sem necessidade de ser
identificada como propaganda, desde que se refira a aspectos técnicos do
produto.

86
QUESTÃO 37

Ano: 2021 | Banca: FCC | Órgão: TJ-GO | Prova: FCC - 2021 - TJ-GO - Juiz Substituto

De acordo com a definição do Código de Defesa do Consumidor, uma cláusula


contratual em avença consumerista que estabeleça a ambas as partes a utilização
compulsória de arbitragem será:

A ) anulável, por se tratar de direitos disponíveis, havendo o consumidor que


provar prejuízo.
B ) válida, pois a imposição foi bilateral.
C ) nula de pleno direito, sendo irrelevante que se imponha a ambas as partes a
compulsoriedade.
D ) tida por inexistente, por ser contrária ao princípio constitucional da inafasta-
bilidade da jurisdição.
E ) ineficaz, por caracterizar condição juridicamente impossível.

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QUESTÃO 38

Ano: 2021 | Banca: FCC | Órgão: TJ-GO | Prova: FCC - 2021 - TJ-GO - Juiz Substituto

Em relação à responsabilidade por vício do produto, o Código de Defesa do


Consumidor prevê:

A ) Relativamente aos vícios de quantidade, o fornecedor imediato será respon-


sável quando fizer a pesagem ou a medição e o instrumento utilizado não estiver
aferido segundo os padrões oficiais, nesse caso afastando-se a responsabilidade
da fabricante.
B ) A ampliação do prazo para sanar o vício, ou sua redução, podem ser conven-
cionadas, salvo na hipótese de contrato de adesão.
C ) Na hipótese de fornecimento de produtos in natura, o único responsável
perante o consumidor é o fornecedor imediato, ainda que identificado claramente
o produtor, cabendo àquele voltar-se regressivamente contra este.

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D ) Os prazos para reclamar o vício do produto, seja de qualidade ou de quanti-
dade, são prescricionais, uma vez que as ações são de ressarcimento material e
ou moral.
E ) A contagem do prazo para demandar o reconhecimento do vício inicia-se
sempre a partir da aquisição do produto.

88
QUESTÃO 39

Ano: 2021 | Banca: FCC | Órgão: TJ-GO | Prova: FCC - 2021 - TJ-GO - Juiz Substituto

No que se refere à proteção contratual disciplinada pelo Código de Defesa do


Consumidor, considere: I. As declarações de vontade constantes de escritos
particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações de consumo vinculam
o fornecedor, ensejando inclusive execução específica. II. O consumidor pode
desistir do contrato no prazo de 30 dias a contar de sua assinatura ou do ato de
recebimento do produto ou serviço sempre que a contratação de fornecimento
de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial. III. Nos
contratos de compra e venda de bens móveis ou imóveis mediante pagamento em
prestações, bem como na alienação fiduciária em garantia deles, consideram-se
nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações
pagas em benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a
resolução do contrato e a retomada do produto alienado. IV. Nos contratos do

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sistema de consórcio de produtos duráveis, a compensação ou a restituição das
parcelas quitadas, terá descontada, além da vantagem econômica auferida com
a fruição, os prejuízos que o desistente ou inadimplente causar ao grupo. Está
correto o que se afirma APENAS em:

A ) II e III.
B ) III e IV.
C ) I e II.
D ) I e IV.
E ) I, III e IV.

89
QUESTÃO 40

Ano: 2021 | Banca: FCC | Órgão: TJ-GO | Prova: FCC - 2021 - TJ-GO - Juiz Substituto

Cabe ao Departamento Nacional de Defesa do Consumidor, na qualidade


de organismo de coordenação da política do Sistema Nacional de Defesa do
Consumidor:

A ) levar ao conhecimento dos órgãos competentes crimes contra os interesses


difusos e coletivos dos consumidores.
B ) fiscalizar, direta e exclusivamente, preços, abastecimento, quantidade e
segurança de bens e serviços.
C ) receber, analisar, avaliar e julgar consultas, denúncias ou sugestões apresen-
tadas por entidades representativas ou pessoas jurídicas de direito público ou
privado.
D ) planejar, elaborar, propor, coordenar e executar a política nacional de

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proteção ao consumidor.
E ) informar, conscientizar e motivar o consumidor através de portarias, decre-
tos e informativos.

90
DIREITO CONSTITUCIONAL

QUESTÃO 41

Ano: 2021 | Banca: FCC | Órgão: TJ-GO | Prova: FCC - 2021 - TJ-GO - Juiz Substituto

Um dos municípios do Estado de Goiás editou lei dispondo sobre a distância mí-
nima exigida para a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo,
como medida de facilitação de acesso aos respectivos serviços pelos consumi-
dores, tendo previsto a imposição de multa aos infratores. Considerando o teor
da Constituição Federal e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, esse
ato normativo mostra-se:

A ) inconstitucional, uma vez que a matéria encontra-se inserida no âmbito da


competência legislativa reservada aos Estados.

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B ) constitucional, uma vez que cabe ao poder público municipal fixar a políti-
ca de desenvolvimento urbano, tendo por objetivo ordenar o pleno desenvolvi-
mento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.
C ) inconstitucional, uma vez que ofende o princípio da livre concorrência.
D ) inconstitucional, uma vez que cabe privativamente à União legislar em
matéria de consumo, cabendo aos municípios apenas o exercício da atividade
de fiscalização.
E ) constitucional, uma vez que cabe ao poder público exercer, como agente
normativo e regulador da atividade econômica, as funções de fiscalização,
incentivo e planejamento.

91
QUESTÃO 42

Ano: 2021 | Banca: VUNESP | Órgão: TJ-SP | Prova: VUNESP - 2021 - TJ-SP - Juiz
Substituto

A garantia, aos litigantes, em processos judicial ou administrativo, e aos acusados


em geral, do direito ao contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a
ele inerentes, leva ao reconhecimento:

A ) admite-se a utilização de informações obtidas com quebra de sigilo, no


processo administrativo, independente de autorização judicial, desde que haja a
devida motivação para a prática do ato.
B ) o protesto de certidão de dívida ativa constitui meio coercitivo indevido para
o pagamento de tributos.
C ) é sempre legítima cláusula do edital de concurso que restrinja participação
do candidato em razão de responder a inquérito ou ação penal.

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D ) é inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro
ou bens para a admissibilidade de recurso administrativo.

92
QUESTÃO 43

Ano: 2015 | Banca: CESPE / CEBRASPE | Órgão: TRF - 5ª REGIÃO Prova: CESPE -
2015 - TRF - 5ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto

A prática constitucional brasileira, por se tornar a cada dia mais complexa, exige
o incremento do estudo da teoria da Constituição com o objetivo de se com-
preender e justificar a atuação cada vez mais proeminente do Poder Judiciário.
Acerca desse assunto, assinale a opção correta.

A ) De acordo com o positivismo de Hans Kelsen, a escolha de uma interpretação


dentro da moldura de possibilidades proporcionada pela norma jurídica realiza-
-se segundo a livre apreciação do tribunal, e não por meio de qualquer espécie
de conhecimento do direito preexistente.
B ) Para Ronald Dworkin, princípios constitucionais são conceituados como
mandamentos de otimização que conduzem à única resposta correta.

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C ) A corrente doutrinária denominada não interpretacionismo defende que os
juízes, ao decidirem questões constitucionais, devem limitar-se a fazer cumprir
as normas explícitas ou claramente implícitas na Constituição escrita.
D ) A teoria da Constituição dirigente, por conceber um projeto bastante ambi-
cioso e totalizante da Constituição, implica a adoção de uma concepção procedi-
mentalista do papel institucional das cortes constitucionais
E ) Segundo a teoria substancialista, o Poder Judiciário deve decidir os casos
constitucionais de maneira estreita e rasa, utilizando-se apenas dos argumentos
estritamente necessários para a solução do litígio, deixando de parte questões
morais controversas.

93
QUESTÃO 44

Ano: 2021 | Banca: VUNESP | Órgão: TJ-SP Prova: VUNESP - 2021 - TJ-SP - Juiz
Substituto

A respeito da constitucionalidade das normas, é possível afirmar:

A ) o Estado-membro dispõe de competência para instituir, na sua própria


Constituição, cláusulas tipificadoras de crimes de responsabilidade e regras que
disciplinem o processo e o julgamento dos agentes públicos estaduais.
B ) a sanção de projeto de lei convalida o vício de inconstitucionalidade resultante
da usurpação do poder de iniciativa. A ulterior aquiescência do chefe do poder
executivo, mediante sanção do projeto de lei, tem o condão de sanar o vício.
C ) a autonomia orgânico-administrativa do Poder Judiciário não implica a inicia-
tiva de lei que organize seu serviço.
D ) a iniciativa de leis que estabeleçam as atribuições dos órgãos pertencentes

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à estrutura administrativa da respectiva unidade federativa compete aos
Governadores dos Estados-membros, à luz do artigo 61, § 1º , II, da Constituição
Federal, que constitui norma de observância obrigatória pelos demais entes
federativos, em razão do princípio da simetria.

QUESTÃO 45

Ano: 2022 | Banca: FGV | Órgão: TJ-AP | Prova: FGV - 2022 - TJ-AP - Juiz de
Direito Substituto

Com o objetivo de incentivar o desenvolvimento econômico estadual, o


governador do Estado X propõe projeto de lei de regulamentação de atividade
garimpeira e de exploração mineral, simplificando o licenciamento ambiental,
tornando-o de fase única.

Sobre o caso, é correto afirmar que a lei é inconstitucional:

94
A ) por vício de iniciativa, tendo em vista que a iniciativa de lei de licenciamento
ambiental é de competência exclusiva da Câmara dos Deputados;
B ) por vício de competência, tendo em vista que compete privativamente à União
legislar sobre jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
C ) tendo em vista que atividade garimpeira e de exploração mineral exige licen-
ça prévia, licença de fixação, licença de instalação, licença de operação e licença
de controle ambiental;
D ) tendo em vista que novas atividades garimpeiras e de exploração mineral são
vedadas no Brasil, sendo permitidas apenas as já existentes;
E ) tendo em vista que apenas são permitidas atividades garimpeiras e de explo-
ração mineral em território indígena, com prévia aprovação da Funai.

QUESTÃO 46

Ano: 2022 | Banca: FGV | Órgão: TJ-MG | Prova: FGV - 2022 - TJ-MG - Juiz de

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Direito Substituto

Um servidor público municipal foi exonerado em 2021, e, no mesmo ano, ingres-


sou com ação de cobrança, em face da Fazenda Municipal, objetivando a percep-
ção de gratificação durante o período de 10 (dez) anos em que trabalhou para
a municipalidade. A gratificação foi criada e aprovada pela Câmara Municipal e
entrou em vigor em 2015.

Com base nestes dados hipotéticos, analise as afirmativas a seguir.

I. Deve ser incidentalmente reconhecida a inconstitucionalidade da lei munici-


pal, pois a iniciativa compete ao prefeito e houve usurpação de competência.
II. Deve ser enviado o processo ao Tribunal de Justiça, a quem compete exami-
nar e declarar qualquer pedido de declaração de inconstitucionalidade de lei
municipal.
III. Deve ser decretada a prescrição, porque não houve ajuizamento da ação no
prazo de 5 (cinco) anos, da data em que a lei entrou em vigor contra o poder
público municipal.

95
IV. Deve ser extinto o processo, pois o autor deveria apresentar a sua pretensão
perante a Câmara Municipal, e o requerente não tem mais legitimidade, pois
não é mais servidor público.
Está correto o que se afirma em:

A ) I, II, III e IV.


B ) II, III e IV, apenas.
C ) I apenas.
D ) I, II e III, apenas.

QUESTÃO 47

Ano: 2022 | Banca: FGV | Órgão: TJ-MG | Prova: FGV - 2022 - TJ-MG - Juiz de
Direito Substituto

Em relação à Constituição Federal de 1988 e a Lei Complementar nº 35/79 (Lei

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Orgânica da Magistratura Nacional-LOMAN), são deveres dos magistrados:

A ) não exceder os prazos para decidir ou despachar, a fim de assegurar a razoá-


vel duração dos processos, exceto se responder por unidade jurisdicional que
possua mais de 500 (quinhentos) processos em andamento.
B ) residir na comarca onde é titular, salvo se a comarca tiver mais de duas varas.
C ) não manifestar opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de
outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de órgãos
judiciais.
D ) dedicar-se à Magistratura, sendo-lhe vedada somente a participação em so-
ciedade com fins lucrativos.

96
QUESTÃO 48

Ano: 2022 | Banca: CESPE / CEBRASPE | Órgão: TJ-MA | Prova: CESPE / CEBRASPE
- 2022 - TJ-MA - Juiz Substituto de Entrância Inicial

Em relação ao controle de constitucionalidade, à súmula vinculante e à jurispru-


dência do Supremo Tribunal Federal, assinale a opção correta.

A ) A arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) não é instru-


mento eficaz de controle da inconstitucionalidade por omissão.
B ) O efeito vinculante em ação direta de inconstitucionalidade (ADI) e em ação
declaratória de constitucionalidade (ADC) não atinge o Poder Legislativo no exer-
cício de sua função típica de legislar, em observância à proibição de fossilização
constitucional.
C ) O defensor público-geral da União não tem legitimidade para propor nem
ação direta de inconstitucionalidade (ADI), nem a edição, a revisão ou o cancela-

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mento de súmula vinculante.
D ) Exige-se a observância da cláusula de reserva de plenário nas hipóteses em que
o tribunal decida pela não recepção de determinada norma pré-constitucional.
E ) Não cabe ação direta de inconstitucionalidade (ADI) contra lei que viole a
Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, por esta
possuir status normativo supralegal.

97
QUESTÃO 49

Ano: 2022 | Banca: TRF - 3ª REGIÃO | Órgão: TRF - 3ª REGIÃO | Prova: TRF - 3ª
REGIÃO - 2022 - TRF - 3ª REGIÃO - Juiz Substituto

Sobre as prerrogativas constitucionais atuais dos parlamentares federais no


Brasil, assinale a alternativa CORRETA:

A ) a prisão em flagrante delito de Senador da República só é possível em crimes


relacionados ao exercício do mandato ou abuso do cargo.
B ) após a prisão em flagrante delito, os autos devem ser remetidos à respectiva
Casa legislativa à qual pertença o parlamentar, para deliberação parlamentar
sobre a prisão.
C ) qualquer processo e investigação ficam suspensos até que o Congresso
Nacional delibere sobre a conveniência de sua continuidade durante o exercício
do mandato parlamentar.

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D ) tem-se a imunidade material, que se aplica aos parlamentares e seus
suplentes, independentemente de estarem nas dependências físicas do
Congresso Nacional.

98
QUESTÃO 50

Ano: 2022 | Banca: TRF - 3ª REGIÃO | Órgão: TRF - 3ª REGIÃO | Prova: TRF - 3ª
REGIÃO - 2022 - TRF - 3ª REGIÃO - Juiz Substituto

Quanto à “Reforma do Judiciário”, realizada pela Emenda Constitucional nº 45,


de 2004, assinale a alternativa CORRETA:

A ) foi alterada a estrutura do recurso extraordinário, que passou a assumir sem-


pre caráter rescisório e, quanto ao controle difuso-concreto da constitucionali-
dade dos atos normativos, houve objetivização dos processos comuns.
B ) foram alteradas as competências expressas de alguns tribunais e foi admitida
a edição de súmula vinculante, de ofício, pelo Supremo Tribunal Federal, ou seja,
sem qualquer provocação de legitimados ou partes interessadas.
C ) a ação declaratória de constitucionalidade teve sua legitimidade ativa reduzi-
da e a reclamação constitucional foi renomeada para representação constitucio-

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nal, mantendo as mesmas hipóteses de cabimento.
D ) extinguiu-se a possibilidade de que em ação direta de inconstitucionalidade
por omissão o Supremo Tribunal Federal determine ao órgão administrativo que
adote, em trinta dias, as providências necessárias para tornar efetiva a norma.

99
DIREITO ELEITORAL

QUESTÃO 51

Ano: 2021 | Banca: FGV | Órgão: TJ-PR | Prova: FGV - 2021 - TJ-PR - Juiz Substituto

João requereu o registro de sua candidatura, perante a Justiça Eleitoral, para


concorrer a cargo eletivo no âmbito da União. Maria ingressou com ação
de impugnação ao registro, sob o argumento de que João estaria com a sua
cidadania passiva restringida, por estar cumprindo pena restritiva de direitos,
em substituição à pena privativa de liberdade, aplicada, pela Justiça Estadual, em
processo penal no qual fora condenado com sentença transitada em julgado. A
tese de Maria:

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A ) deve ser acolhida, pois a condenação penal, ainda que aplicada pena restriti-
va de direitos nos termos descritos, configura óbice, enquanto produzir efeitos,
a que João concorra a um cargo eletivo;
B ) não deve ser acolhida, pois a cidadania passiva, por ter estatura constitucional,
é insuscetível de ser restringida, sendo certo que a condenação criminal produz
efeitos outros que não este;
C ) não deve ser acolhida, pois a condenação penal, para que produza os efeitos
pretendidos por Maria, deve ser proferida por órgão jurisdicional do mesmo
nível federativo do cargo em disputa;
D ) não deve ser acolhida, pois apenas o cumprimento de pena privativa de
liberdade constitui óbice a que o agente concorra a mandato eletivo, qualquer
que seja o nível federativo;
E ) deve ser acolhida, pois, para que uma pessoa concorra a cargo eletivo, não
pode ter qualquer condenação penal inscrita em sua folha de antecedentes
criminais.

100
QUESTÃO 52

Ano: 2021 | Banca: FCC | Órgão: TJ-GO | Prova: FCC - 2021 - TJ-GO - Juiz Substituto

A respeito da organização da Justiça Eleitoral, considere: I. A Justiça Eleitoral é


composta pelos seguintes órgãos: Tribunal Superior Eleitoral, Tribunais Regio-
nais Eleitorais, Juízes Eleitorais, Juntas Eleitorais, Zonas Eleitorais e Seções Elei-
torais. II. A Justiça Eleitoral desempenha, além das funções administrativa, juris-
dicional e normativa, a função consultiva. III. Os juízes de direito que exercem
funções eleitorais são designados pelo Tribunal Regional Eleitoral em caráter
vitalício. IV. A zona eleitoral é o espaço territorial sob a jurisdição do juiz eleitoral
para fins de organização do eleitorado, ao passo que a seção eleitoral é a menor
unidade na divisão judiciária eleitoral. Está correto o que se afirma APENAS em:

A ) I e IV.
B ) II e IV.

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C ) I e II.
D ) I e III.
E ) II e III.

101
QUESTÃO 53

Ano: 2021 | Banca: VUNESP | Órgão: TJ-SP | Prova: VUNESP - 2021 - TJ-SP - Juiz
Substituto

José da Silva, cidadão brasileiro, regular e corretamente inscrito em partido


político, mas não obtendo a indicação de sua candidatura ao pleito majoritário de
sua cidade, resolve lançar sua candidatura de modo avulso, buscando o registro
junto à Justiça Eleitoral, invocando o artigo 23, 1.b, da Convenção Interamericana
dos Direitos Humanos (Pacto de São José), que dispõe ter todo cidadão direito
de votar e de ser eleito nas eleições periódicas. Diante desse quadro, é correto
afirmar que:

A ) embora respaldado em norma prevista em direito internacional, de votar e


ser votado, sua candidatura não pode ser admitida, uma vez que o Brasil não é
signatário do pacto invocado.

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B ) sua candidatura deve ser admitida, uma vez que a única condição de elegibi-
lidade, nos termos do nosso sistema eleitoral, é ter filiação partidária (artigo 14,
§ 3º , da Constituição Federal).
C ) sua candidatura deve ser admitida, pois, além de ter a filiação partidária, está
se habilitando para cargo majoritário e não proporcional, não dependo, assim,
de votos de outros candidatos, ou soma de votos, destinados ao partido.
D ) embora a norma constitucional estipule como condição de elegibilidade tão só
a filiação partidária, delegou à lei ordinária a sua regulamentação, a qual prevê a
impossibilidade da candidatura avulsa, privilegiando os partidos políticos e suas
indicações.

102
QUESTÃO 54

Ano: 2021 | Banca: VUNESP | Órgão: TJ-SP | Prova: VUNESP - 2021 - TJ-SP - Juiz
Substituto

José da Silva, prefeito municipal eleito duas vezes consecutivas em sua cidade
natal, candidata-se, na sequência, ao cargo de prefeito municipal da cidade vizi-
nha, para onde se mudou e transferiu seu domicílio eleitoral de forma regular
e dentro do prazo legal das inscrições. Diante desse quadro, é possível afirmar
que:

A ) a vedação legal atinge somente os cargos de presidente e governador,


excluindo o cargo de prefeito, em respeito à soberania dos munícipios.
B ) prevista está a vedação que atinge todos os cargos majoritários e estabelece
não ser possível o exercício de terceiro mandato seguido, referindo-se ao cargo
pleiteado, independentemente de ser ele exercido na mesma cidade ou em

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municípios diferentes.
C ) a vedação à reeleição para mais de um período é hipótese de inelegibilidade
relativa e somente poderá ser positivada se houver impugnação ao pedido de
registro de sua candidatura.
D ) é válida sua candidatura, uma vez que a norma que prevê a reeleição para
cargos majoritários é omissa, donde é permitido concluir que ela veda a reelei-
ção para mais de um período para a mesma cidade.

103
QUESTÃO 55

Ano: 2022 | Banca: FGV | Órgão: TJ-AP | Prova: FGV - 2022 - TJ-AP - Juiz de
Direito Substituto

Campanha eleitoral designa o conjunto de atos e procedimentos adotados pelos


candidatos e agremiações políticas para conquistar o voto do eleitor a fim de
vencer a disputa eleitoral. A captação dos votos, objetivo principal das campanhas
eleitorais, deve obedecer a diretrizes ético-jurídicas para que o processo eleitoral
se desenvolva num clima de tolerância democrática. Entretanto, no Brasil, é
recorrente a captação ilícita de sufrágio, especialmente nas camadas mais
carentes da população.

Sobre o tema, é correto afirmar que:

A ) o oferecimento de bem ou vantagem pessoal ou de qualquer natureza,

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inclusive emprego ou função pública, pelo candidato, com o fim de obter o voto,
constitui captação ilícita de sufrágio;
B ) para caracterização de captação ilícita de sufrágio não se admite presunção,
por isso, o pedido de voto deve ser explícito e formulado pelo próprio candidato;
C ) embora genericamente chamadas de Ações de Investigação Judicial Eleitoral
(AIJE), a ação de investigação judicial eleitoral por abuso de poder, a ação de
captação ilícita de sufrágio e a ação de conduta vedada seguem ritos distintos;
D ) a distribuição de sopas e remédios em centros assistenciais ou comitês de
campanha, por seu caráter humanitário, descaracteriza a captação ilícita de
sufrágio;
E ) o eleitor que solicita ao candidato bem ou vantagem em troca de seu voto
pode responder por captação ilícita de sufrágio.

104
QUESTÃO 56

Ano: 2022 | Banca: FGV | Órgão: TJ-MG | Prova: FGV - 2022 - TJ-MG - Juiz de
Direito Substituto

Para relacionar o Direito Eleitoral com os partidos políticos, assinale a afirmativa


correta:

A ) A partir da edição da Lei dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096/95) e da altera-


ção do Código Civil Brasileiro pela Lei nº 10.825/2003, os partidos políticos são
considerados pessoas jurídicas de direito privado; todavia, sendo relevante seu
papel no Estado Democrático de Direito, os partidos políticos ocupam posição
de destaque no campo do Direito Eleitoral.
B ) A partir da edição da Lei dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096/95) e da altera-
ção do Código Civil Brasileiro pela Lei nº 10.825/2003, os partidos políticos são
considerados pessoas jurídicas de direito público e estão abrangidos de modo

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integral no campo do Direito Eleitoral.
C ) A partir da edição da Lei dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096/95) e da alteração
do Código Civil Brasileiro pela Lei nº 10.825/2003, os partidos políticos são con-
siderados pessoas jurídicas de direito público; não obstante, sua abrangência ao
campo do Direito Eleitoral é parcial.
D ) A partir da edição da Lei dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096/95) e da alteração
do Código Civil Brasileiro pela Lei nº 10.825/2003, os partidos políticos são consi-
derados pessoas jurídicas de direito privado; todavia, sendo relevante seu papel
no Estado Democrático de Direito, toda a matéria relativa aos partidos políticos
está no âmbito da competência da Justiça Eleitoral.

105
PENAL, PROCESSO PENAL E
EXECUÇÃO PENAL

QUESTÃO 57

Ano: 2020 | Banca: FCC | Órgão: TJ-MS | Prova: FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto

Em matéria de concurso de pessoas, correto afirmar que

A ) inadmissível nos crimes monossubjetivos.


B ) haverá único crime para os coautores e partícipes, segundo a teoria monista
adotada pelo Código Penal, todos por ele respondendo em absoluta igualdade
de condições.
C ) admissível a coautoria nos crimes omissivos impróprios ou comissivos por

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omissão.
D ) inadmissível nos crimes próprios, embora possível nos delitos culposos.
E ) indispensável prévia combinação entre os agentes e adesão subjetiva à von-
tade do outro.

106
QUESTÃO 58

Ano: 2020 | Banca: FCC | Órgão: TJ-MS | Prova: FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto

No tocante à prescrição, correto afirmar que:

A ) cometido o homicídio qualificado para ocultar outro crime, a prescrição deste


impede a qualificação daquele.
B ) os crimes mais leves prescrevem com os mais graves, se cometidos em con-
curso de delitos.
C ) é regulada pelo total da pena nos casos de evasão do condenado ou de revo-
gação do livramento condicional.
D ) não se aplicam às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos
para as privativas de liberdade.
E ) a sua ocorrência em relação ao crime de furto não alcança a receptação que
o tinha como pressuposto.

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QUESTÃO 59

Ano: 2022 | Banca: FGV | Órgão: TJ-MG | Prova: FGV - 2022 - TJ-MG - Juiz de
Direito Substituto

Leia o trecho a seguir.

O crime de racismo, constante na Lei nº. 7.716/1989, é de ação penal _____, _____
e _____. Por sua vez, o crime de injúria racial, disposto no Art. 140, § 3º, do Código
Penal, é de ação penal _____, _____ e _____, conforme entendimento atual do Su-
premo Tribunal Federal.

Assinale a opção cujos itens completam corretamente as lacunas do trecho acima.

107
A ) pública incondicionada, inafiançável, imprescritível, privada personalíssima,
afiançável e prescritível.
B ) pública incondicionada, inafiançável, imprescritível, pública condicionada à
representação, inafiançável e imprescritível.
C ) pública condicionada à representação, afiançável, prescritível, pública incon-
dicionada, inafiançável e prescritível.
D ) pública incondicionada, inafiançável, imprescritível, pública condicionada à
representação, afiançável e imprescritível.

QUESTÃO 60

Ano: 2022 | Banca: CESPE / CEBRASPE | Órgão: TJ-MA | Prova: CESPE / CEBRASPE
- 2022 - TJ-MA - Juiz Substituto de Entrância Inicial

Com relação aos crimes contra a honra, assinale a opção correta.

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A ) Admite-se a configuração de injúria contra pessoa jurídica.
B ) A imunidade material dos vereadores pelos discursos que proferem restrin-
ge-se aos dizeres emanados por eles nos limites do município onde possuem
mandato, além de ter estrita pertinência com o exercício do mandato.
C ) A intenção de caçoar da vítima é suficiente para a configuração da difamação.
D ) A imputação de um fato que não seja verdadeiro é pressuposto da difamação.
E ) Tanto a calúnia quanto a difamação exigem resultado material.

108
QUESTÃO 61

Ano: 2020 | Banca: FCC | Órgão: TJ-MS | Prova: FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto

No que toca às sanções disciplinares na fase de execução penal, correto afirmar


que

A ) a advertência verbal e a repreensão serão aplicadas por ato do diretor do


estabelecimento, desnecessárias motivação e comunicação ao juiz da execução.
B ) compete ao juiz da execução a aplicação da suspensão ou restrição de direitos.
C ) a autorização para inclusão de preso em regime disciplinar diferenciado
dependerá de requerimento circunstanciado elaborado pelo diretor do
estabelecimento, decidindo o juiz no prazo máximo de quinze dias, ouvida
apenas a defesa.
D ) o isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos estabelecimentos
que possuam alojamento coletivo, será determinado pelo diretor do presídio e

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comunicado ao juiz da execução.
E ) cabe exclusivamente ao juiz da execução decretar o isolamento preventivo do
faltoso pelo prazo de até dez dias.

109
QUESTÃO 62

Ano: 2021 | Banca: FCC | Órgão: TJ-GO | Prova: FCC - 2021 - TJ-GO - Juiz Substituto

Segundo tese fixada pelo Superior Tribunal de Justiça, os apenados que, embora
tenham cometido crime hediondo ou equiparado sem resultado morte, e que
não sejam reincidentes em delito de natureza semelhante, poderão progredir
de regime prisional quando tiverem cumprido ao menos:

A ) sessenta por cento da pena.


B ) oitenta por cento da pena.
C ) cinquenta por cento da pena.
D ) quarenta por cento da pena.
E ) setenta por cento da pena.

QUESTÃO 63

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Ano: 2021 | Banca: VUNESP | Órgão: TJ-SP | Prova: VUNESP - 2021 - TJ-SP - Juiz
Substituto

Sobre o instituto do livramento condicional, é correto afirmar que

A ) deverá ser revogado no caso de nova condenação à pena privativa de liberda-


de, ainda que a decisão esteja sujeita a recurso.
B ) para sua concessão, é de rigor que o condenado não tenha cometido falta
grave nos últimos 12 meses.
C ) obriga o recolhimento do egresso ao seu local de moradia em horário deter-
minado.
D ) é cabível para as penas restritivas de direitos e penas pecuniárias.

110
QUESTÃO 64

Ano: 2022 | Banca: FGV | Órgão: TJ-MG | Prova: FGV - 2022 - TJ-MG - Juiz de
Direito Substituto

Com base na redação atual do Art. 112 da Lei nº 7.210/1984, a pena privativa de
liberdade será executada de forma progressiva, com a transferência para regi-
me menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido
ao menos

I. 30% (trinta por cento) da pena,


II. 40% (quarenta por cento) da pena,
III. 25% (vinte e cinco por cento) da pena,
IV. 20% (vinte por cento) da pena,

( ) se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com violência à

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pessoa ou grave ameaça.
( ) se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou
grave ameaça.
( ) se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado,
se for primário.
( ) se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou
grave ameaça.

Assinale a opção que apresenta a associação correta, segundo a ordem apresen-


tada.

A ) III, IV, I e II.


B ) III, IV, II e I.
C ) IV, III, II e I.
D ) IV, III, I e II.

111
QUESTÃO 65

Ano: 2021 | Banca: FCC | Órgão: TJ-GO | Prova: FCC - 2021 - TJ-GO - Juiz Substituto

A ação penal é pública condicionada:

A ) no crime de dano cometido por motivo egoístico.


B ) no crime de exercício arbitrário das próprias razões, se não há emprego de
violência.
C ) no crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas
funções, admitindo-se, porém, a legitimidade concorrente do ofendido para
oferecimento de queixa.
D ) nos crimes contra a liberdade sexual, se a vítima é maior de quatorze e menor
de dezoito anos.
E ) no crime de estelionato, salvo, entre outras situações, se a vítima for maior
de sessenta anos.

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QUESTÃO 66

Ano: 2021 | Banca: VUNESP | Órgão: TJ-SP | Prova: VUNESP - 2021 - TJ-SP - Juiz
Substituto

São excludentes de ilicitude:

A ) a coação irresistível e o aborto terapêutico.


B ) a obediência hierárquica e a legítima defesa.
C ) o estrito cumprimento do dever legal e o aborto terapêutico.
D ) a obediência hierárquica e o estrito cumprimento do dever legal.

112
QUESTÃO 67

Ano: 2021 | Banca: VUNESP | Órgão: TJ-SP | Prova: VUNESP - 2021 - TJ-SP - Juiz
Substituto

Durante a abordagem a três pessoas que se encontravam em um ponto de


ônibus, mediante grave ameaça verbal de morte, Caio, que completara 18 anos
naquela data e Tácio, que iria completar 18 anos no dia seguinte, subtraíram,
para proveito comum, um aparelho de telefone celular da vítima A e a carteira
da vítima B. Em razão de reação da vítima C, ambos a agrediram e, em seguida,
dali se evadiram, sem nada subtrair de C.

A dupla foi localizada e identificada um mês após os fatos, sendo apreendido em


poder de Caio um revólver, calibre 38, com numeração visível, desmuniciado,
que trazia em sua cintura. O revólver foi periciado, constatando-se que a arma
estava apta para efetuar disparos.

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Nessa hipotética situação, é correto afirmar que:

A ) Caio será processado criminalmente pelo delito de roubo com incidência da


causa de aumento de pena pelo concurso de agentes, cometido contra três ví-
timas, observada a regra do cúmulo formal de infrações e pelo crime de porte
irregular de arma de fogo de uso permitido.
B ) Caio será processado criminalmente pelo delito de roubo com incidência da
causa de aumento de pena pelo concurso de agentes, contra três vítimas, obser-
vada a regra do cúmulo formal de infrações, não caracterizado o delito de porte
ilegal de arma de fogo de uso permitido, dado que o revólver com ele apreendi-
do estava desmuniciado.
C ) Caio e Tácio serão processados criminalmente pelo delito de roubo com inci-
dência da causa de aumento de pena pelo concurso de agentes, cometido con-
tra três vítimas, observada a regra do cúmulo material de infrações.
D ) Caio e Tácio serão processados criminalmente pelo delito de roubo com inci-
dência da causa de aumento de pena pelo concurso de agentes, cometido con-
tra três vítimas, observada a regra do cúmulo formal de infrações.

113
QUESTÃO 68

Ano: 2021 | Banca: VUNESP | Órgão: TJ-SP | Prova: VUNESP - 2021 - TJ-SP - Juiz
Substituto

A respeito do tráfico ilícito de drogas na sua forma privilegiada (artigo 33, pará-
grafo 4º , da Lei nº 11.343/06), é correto afirmar que

A ) impede a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.


B ) não se aplica a réus reincidentes.
C ) trata-se de crime equiparado a hediondo.
D ) apenas a reincidência específica impede o reconhecimento da causa de
redução de pena.

QUESTÃO 69

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Ano: 2022 | Banca: FGV | Órgão: TJ-AP | Prova: FGV - 2022 - TJ-AP - Juiz de
Direito Substituto

A prisão do agente em local conhecido por venda de drogas:

A ) faz incidir causa de aumento de pena;


B ) faz incidir agravante genérica;
C ) faz incidir agravante específica;
D ) impõe a exasperação da pena-base;
E ) não afasta a possibilidade de aplicação de tráfico privilegiado.

114
QUESTÃO 70

Ano: 2022 | Banca: CESPE / CEBRASPE | Órgão: TJ-MA | Prova: CESPE / CEBRASPE
- 2022 - TJ-MA - Juiz Substituto de Entrância Inicial

No crime tipificado no artigo 33 da Lei n.º 11.343/2006, o fato de o agente admitir


que possuía a droga no momento da apreensão pela polícia, sem, contudo,
confessar que a droga era para eventual prática de tráfico de drogas:

A ) constitui atenuante penal.


B ) não constitui nenhuma circunstância que altere a pena.
C ) constitui causa de diminuição de pena.
D ) constitui agravante penal.
E ) constitui outro tipo penal.

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115
DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 71

Ano: 2021 | Banca: FGV | Órgão: TJ-PR | Prova: FGV - 2021 - TJ-PR - Juiz Substituto

Em sede de processo administrativo disciplinar (PAD) instaurado após sindicân-


cia patrimonial em face de servidor público federal, foi-lhe aplicada a penalidade
de demissão do serviço público, tendo em vista a constatação de variação patri-
monial a descoberto. Inconformado, o servidor demitido impetra mandado de
segurança visando a anular o ato demissório e argumenta, preliminarmente, a
nulidade do PAD por ter sido instaurado com base em denúncia anônima; por
não lhe ter sido assegurada defesa técnica; e por ter havido a posterior alteração
da capitulação legal. Além disso, o impetrante também sustenta a inexistência
de provas inequívocas das irregularidades e a incongruência entre a conduta

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apurada e a pena de demissão. Considerando a narrativa fática hipotética aci-
ma, é correto afirmar que:

A ) na via do mandado de segurança, admitem-se a discussão e o exame a res-


peito da suficiência do conjunto fático-probatório constante do PAD;
B ) na via do mandado de segurança, não se admite a valoração da congruência
entre a conduta apurada e a capitulação da pena de demissão aplicada no PAD;
C ) no PAD, a alteração da capitulação legal imputada ao indiciado enseja sua
nulidade, com fundamento no princípio da tipicidade fechada;
D ) desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindi-
cância, admite-se a instauração de PAD com base em denúncia anônima;
E ) é nula a decisão adotada em PAD no qual não tenha sido assegurada ao in-
diciado a defesa técnica por advogado, conforme jurisprudência dos Tribunais
Superiores.

116
QUESTÃO 72

Ano: 2021 | Banca: VUNESP | Órgão: TJ-SP | Prova: VUNESP - 2021 - TJ-SP - Juiz
Substituto

Diante de uma arguição de inconstitucionalidade de Lei Municipal que trata de


contratação temporária de servidores, por burla ao princípio da obrigatoriedade
do concurso público, é forçoso concluir que:

A ) não é possível admissão de servidores sem concurso público, na medida em


que o artigo 37, inciso II, da Constituição Federal impõe essa forma de seleção
para atendimento aos princípios da eficiência, da impessoalidade e da moralida-
de administrativa.
B ) as contratações temporárias, quando excepcionalmente admitidas, não po-
dem ser prorrogadas.
C ) as regras que admitem a contratação sem concurso público devem ser inter-

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pretadas restritivamente, impondo previsão em lei, interesse público excepcio-
nal e necessidade indispensável.
D ) quando admitidos servidores em caráter temporário, fora das hipóteses es-
tritas em que permitido pela Constituição, é cabível ação de improbidade, com
determinação de devolução das quantias pagas, sem prejuízo das demais pena-
lidades.

QUESTÃO 73

Ano: 2022 | Banca: FAURGS | Órgão: TJ-RS | Prova: FAURGS - 2022 - TJ-RS - Juiz
Substituto

No processo administrativo, tem-se o artigo 54, da Lei nº 9.784, de 29/01/1999,


que dispõe: “O direito da administração de anular os atos administrativos de
que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, con-
tados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.” Com base
nesse dispositivo legal, quais princípios são preponderantes:

117
A ) Eficiência, eficácia e efetividade.
B ) Segurança jurídica, proteção à confiança e boa-fé.
C ) Moralidade, improbidade e desvio de poder.
D ) Legalidade, legitimidade e continuidade dos serviços públicos.
E ) Impessoalidade, igualdade e isonomia.

QUESTÃO 74

Ano: 2022 | Banca: FAURGS | Órgão: TJ-RS | Prova: FAURGS - 2022 - TJ-RS - Juiz
Substituto

No tocante à licitação, assinale a afirmativa INCORRETA:

A ) O princípio da vinculação ao instrumento convocatório é garantia do admi-


nistrador e dos administrados e daqueles que participam do certame. Assim, as

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regras traçadas para o procedimento devem ser fielmente observadas por todos
os interessados.
B ) A dispensa de licitação caracteriza-se pela circunstância de que, em tese,
poderia o procedimento ser realizado, mas que, pela peculiaridade do caso,
decidiu o legislador não o tornar obrigatório.
C ) A inexigibilidade caracteriza-se pela inviabilidade de competição, especial-
mente, nas seguintes hipóteses: fornecedor exclusivo, atividades artísticas de
profissionais consagrados e serviços técnicos especializados com profissionais
de notória especialização.
D ) A nulidade da licitação é decretada quando existe, no procedimento, vício de
legalidade.
E ) O princípio da licitação sustentável não será observado pela Administração
Pública direta.

118
QUESTÃO 75

Ano: 2022 | Banca: FAURGS | Órgão: TJ-RS | Prova: FAURGS - 2022 - TJ-RS - Juiz
Substituto

À luz do sistema jurídico brasileiro, assinale a alternativa INCORRETA.

A ) A publicidade pode ser empregada como instrumento de propaganda pessoal


dos agentes públicos.
B ) A Lei de Acesso à informação pública (Lei nº 12.527/2011) prevê a publicidade
como regra, mas admite exceções quando houver: ofensa à intimidade ou
privacidade do titular da informação ou quando for indispensável à segurança
da sociedade e do Estado.
C ) O tombamento incide sobre bens móveis e imóveis.
D ) A desapropriação-confisco (conforme denominação doutrinária) tem como
pressupostos: cultura ilegal de substância psicotrópica ou exploração de traba-

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lho escravo na propriedade rural ou urbana.
E ) O município tem competência privativa para promover a desapropriação
urbanística sancionatória.

119
QUESTÃO 76

Ano: 2022 | Banca: FGV | Órgão: TJ-MG | Prova: FGV - 2022 - TJ-MG - Juiz de
Direito Substituto

O direito ao contraditório e à ampla defesa é consagrado no inciso LV, do Art.


5º da Constituição Federal. Em relação ao processo administrativo, assinale a
afirmativa correta.

A ) Não há necessidade de descrever o motivo da instauração na portaria inau-


gural, pois o servidor necessariamente terá acesso aos autos e conhecimento da
imputação administrativa.
B ) A nomeação de presidente da comissão processante pode recair sobre
servidor não estável, porque tal fato não se mostra relevante para a defesa, que
atuou desde o início do processo.
C ) Se for decorrido o prazo para a instrução, o procedimento é sempre nulo, se

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esgotado o prazo para a administração buscar a aplicação da sanção adminis-
trativa.
D ) O servidor público estável poderá perder o cargo, mediante procedimento de
avaliação periódica de desempenho, desde que observados os princípios cons-
titucionais.

120
QUESTÃO 77

Ano: 2022 | Banca: FGV | Órgão: TJ-MG | Prova: FGV - 2022 - TJ-MG - Juiz de
Direito Substituto

A Administração Pública pode:

A ) anular os próprios atos, se estiverem eivados de nulidade, desde que isso não
atinja a segurança jurídica.
B ) anular os próprios atos, se estiverem eivados de nulidade, a qualquer tempo.
C ) revogar os próprios atos, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos.
D ) revogar os próprios atos, por motivo de conveniência ou oportunidade, sem
que isso possa gerar quaisquer direitos.

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121
DIREITO EMPRESARIAL
QUESTÃO 78

Ano: 2021 | Banca: VUNESP | Órgão: TJ-SP | Prova: VUNESP - 2021 - TJ-SP - Juiz
Substituto

Sobre as sociedades limitadas, assinale a alternativa correta:

A ) É possível que as quotas possuam valores desiguais.


B ) As omissões do seu regime legal são, em qualquer hipótese, supridas pelas
normas de sociedades anônimas.
C ) Por falta grave no cumprimento de suas obrigações, pode o sócio ser excluído
judicialmente mediante iniciativa de titulares de, no mínimo, 75% do capital
social.

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D ) Qualquer sócio minoritário pode eleger, separadamente, um membro do
conselho fiscal.

122
QUESTÃO 79

Ano: 2022 | Banca: CESPE / CEBRASPE | Órgão: TJ-MA | Prova: CESPE / CEBRASPE
- 2022 - TJ-MA - Juiz Substituto de Entrância Inicial

Acerca das disposições comuns à recuperação judicial e à falência, assinale a


opção correta:

A ) É permitido ao devedor, em processo de recuperação judicial, distribuir lucros


ou dividendos a sócios e acionistas até a aprovação do plano de recuperação.
B ) São exigíveis do devedor as despesas que os credores fizerem para tomar
parte na recuperação judicial ou na falência, exceto as custas judiciais decorrentes
de litígio com o devedor.
C ) O curso da prescrição das obrigações do devedor sujeitas ao regime da Lei de
Falências e Recuperação Judicial prossegue mesmo que ocorra a decretação da
falência ou o deferimento do processo da recuperação judicial.

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D ) A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial torna preventa
a jurisdição para qualquer outro pedido de falência ou de recuperação judicial
relativo ao mesmo devedor.
E ) O processamento da recuperação judicial ou a decretação da falência autoriza
o administrador judicial a recusar eficácia à convenção de arbitragem.

123
DIREITO TRIBUTÁRIO

QUESTÃO 80

Ano: 2020 | Banca: FCC | Órgão: TJ-MS | Prova: FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto

A respeito do princípio da anterioridade tributária, é correto afirmar:

A ) Medida provisória pode instituir ou majorar imposto e, neste caso, a obe-


diência à anterioridade anual tributária pressupõe a sua conversão em lei até o
último dia do exercício financeiro em que for editada, para que a nova norma
possa ser aplicada no ano seguinte.
B ) A lei estadual que implique em postergação de novas hipóteses de credita-
mento relativo ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)

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sujeita-se à regra da anterioridade tributária.
C ) Há tributos que podem ser majorados sem precisar observar o principio da
anterioridade anual, todavia essas exceções se aplicam apenas a alguns impos-
tos federais.
D ) O Senado Federal pode majorar alíquotas do Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS) sem que seja aplicável o princípio da anteriorida-
de anual.
E ) A majoração da base de cálculo do Imposto Sobre Propriedade Territorial
Urbana (IPTU) deve respeitar o princípio da anterioridade nonagesimal.

124
QUESTÃO 81

Ano: 2020 | Banca: FCC | Órgão: TJ-MS | Prova: FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto

A respeito das isenções tributárias, é correto afirmar:

A ) Nos termos do Código Tributário Nacional, a isenção é causa de extinção do


crédito tributário.
B ) Nos termos da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, lei ordinária
posterior não pode revogar isenção concedida por lei complementar.
C ) São inconstitucionais tratados internacionais que prevejam isenção de tributos
estaduais, por serem firmados por órgãos da União.
D ) A concessão da isenção por despacho da autoridade administrativa dispensa
também do cumprimento das obrigações acessórias.
E ) A isenção, quando condicionada e por prazo certo, não pode ser livremente
revogada pelo ente tributante.

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125
QUESTÃO 82

Ano: 2020 | Banca: FCC | Órgão: TJ-MS | Prova: FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto

A respeito do tema decadência e prescrição tributárias, é correto afirmar:

A ) Quando previsto em lei, é possível confessar e parcelar débito tributário.


Nesse caso, o contribuinte não mais poderá discutir a ocorrência da decadência,
em razão da novação da dívida.
B ) A Constituição Federal impõe que lei complementar trate de normas gerais de
direito tributário. Assim, é constitucional lei ordinária que trate especificamente
de prazos de decadência e prescrição de forma distinta do Código Tributário Na-
cional, dilatando estes prazos.
C ) Na hipótese de tributo sujeito a lançamento por homologação, se o contri-
buinte realizar o depósito judicial com vistas à suspensão da exigibilidade do
crédito tributário, não se considera realizada a constituição do crédito tributário

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por homologação, cabendo ao Fisco realizar o lançamento por homologação,
sob pena de ocorrer a decadência.
D ) Nos tributos lançados por homologação, a entrega de declaração pelo
contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada
qualquer outra providência por parte do fisco. Assim, não pago o tributo em
seu vencimento, passa a contar o prazo prescricional para a cobrança do débito
tributário.
E ) Nos termos do Código Tributário Nacional, diferencia-se a prescrição da deca-
dência, pois com a decadência ocorre a extinção do crédito tributário, já com a
prescrição não se extingue o crédito tributário, mas o direito de ação da Fazenda
pública.

126
QUESTÃO 83

Ano: 2020 | Banca: FCC | Órgão: TJ-MS | Prova: FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto

A empresa Móveis Ltda., empresa de grande porte, em boa saúde financeira e


com vários estabelecimentos, vende um de seus estabelecimentos para a em-
presa Sofás Ltda., em 10/01/2015. A atividade do estabelecimento é mantida,
assim como a da empresa Móveis Ltda. No instrumento do trespasse, a empresa
Móveis Ltda. se compromete a pagar todos os tributos referentes aos fatos ge-
radores ocorridos até o dia 31/12/2014. Em janeiro de 2018, houve uma fiscali-
zação na qual foi lançado tributo referente a fatos geradores de agosto de 2014
referentes ao estabelecimento em questão. Após o contencioso administrativo,
o tributo é inscrito em dívida ativa. A respeito desses fatos, à luz do Código Tri-
butário Nacional:

A ) ambas as empresas poderão ser cobradas em ação de execução fiscal, mas

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Sofás Ltda. somente subsidiariamente.
B ) somente a empresa Móveis Ltda. poderá ser cobrada em ação de execução
fiscal, pois assim se comprometeu no trespasse.
C ) somente a empresa Sofás Ltda. poderá ser cobrada em ação de execução
fiscal, pois era a empresa titular do estabelecimento no momento da fiscalização.
D ) somente a empresa Móveis Ltda. poderá ser cobrada em ação de execução
fiscal, pois era a titular do estabelecimento no momento da ocorrência do fato
gerador.
E ) somente a empresa Sofás Ltda. poderá ser cobrada em ação de execução
fiscal, pois houve substituição tributária.

127
QUESTÃO 84

Ano: 2021 | Banca: FGV | Órgão: TJ-PR | Prova: FGV - 2021 - TJ-PR - Juiz Substituto

Marcos, domiciliado em imóvel próprio localizado no Município Alfa (Estado


Beta), recebeu notificação em 2021 referente ao pagamento de taxa municipal
de combate a incêndio quanto a esse imóvel, bem como outra notificação do
Estado Beta cobrando taxa estadual de combate a incêndio. À luz do conceito
de taxa presente na Constituição da República de 1988 e no Código Tributário
Nacional, bem como do entendimento do Supremo Tribunal Federal, tal taxa de
combate a incêndio:

A ) não poderia ser cobrada nem pelo Município Alfa nem pelo Estado Beta;
B ) poderia ser cobrada pelo Município Alfa, por ser o local da situação do imóvel;
C ) poderia ser cobrada pelo Município Alfa, em razão da atuação da Defesa Civil
Municipal;

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D ) poderia ser cobrada pelo Estado Beta, ente federado que mantém o Corpo
de Bombeiros;
E ) poderia ser cobrada tanto pelo Município Alfa como pelo Estado Beta.

QUESTÃO 85

Ano: 2021 | Banca: FGV | Órgão: TJ-PR | Prova: FGV - 2021 - TJ-PR - Juiz Substituto

Decreto do Governador do Estado X de 30/12/2020 majorou o valor a ser pago


de IPVA por meio da incorporação de índices oficiais de atualização monetária
à base de cálculo do imposto. O Decreto também determinou que produziria
efeitos a partir de 01/01/2021. Diante desse cenário e à luz do entendimento do
Superior Tribunal de Justiça, tal Decreto:

128
A ) não viola o princípio da legalidade tributária nem o da anterioridade tributária;
B ) não viola o princípio da legalidade tributária, mas sim o da anterioridade
tributária nonagesimal;
C ) viola o princípio da legalidade tributária, mas não o da anterioridade tributária;
D ) viola o princípio da anterioridade tributária, mas não o da legalidade tributária;
E ) viola o princípio da legalidade tributária e o princípio da anterioridade tribu-
tária.

QUESTÃO 86

Ano: 2021 | Banca: FGV | Órgão: TJ-PR | Prova: FGV - 2021 - TJ-PR - Juiz Substituto

O Estado X, dentro do prazo prescricional, ajuizou, em 10/01/2015, execução


fiscal contra José por dívidas de tributos estaduais no valor de R$ 50.000,00.
Não encontrados bens penhoráveis, o juiz, em 10/04/2015, suspendeu o curso
da execução pelo prazo de 1 ano. Nenhum bem foi encontrado, mas o juiz abs-

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teve-se de ordenar o arquivamento do feito. Em 15/04/2021, José requereu que
fosse reconhecida a prescrição da dívida, pedido esse negado pelo juiz. Diante
desse cenário e à luz do entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é correto
afirmar que:

A ) o prazo para consumação da prescrição intercorrente é de cinco anos, conta-


dos a partir do ajuizamento da ação;
B ) a ausência da determinação judicial de arquivamento impede o curso do
prazo da prescrição intercorrente;
C ) a prescrição intercorrente deve ser decretada de ofício, independentemente
da oitiva da Fazenda Pública;
D ) o prazo para consumação da prescrição intercorrente é de cinco anos, conta-
dos a partir da decisão que suspendeu o curso da execução;
E ) o prazo para consumação da prescrição intercorrente é de cinco anos, conta-
dos a partir do fim da suspensão do curso da execução.

129
QUESTÃO 87

Ano: 2021 | Banca: FCC | Órgão: TJ-GO | Prova: FCC - 2021 - TJ-GO - Juiz Substituto

De acordo com o Código Tributário Nacional, a lei tributária que deve ser inter-
pretada da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto à
capitulação legal do fato, e quanto a outras situações previstas, é aquela que:

A ) tenha sido declarada parcialmente inconstitucional, sem redução de texto,


em controle concentrado de constitucionalidade.
B ) define infrações ou que comina penalidades ao infrator.
C ) tem cunho expressamente interpretativo e que produz efeitos retroativos.
D ) estabelece os efeitos e o alcance da decadência e da prescrição tributárias.
E ) identifica, de modo impreciso, o contribuinte do tributo ou o respectivo
responsável.

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130
QUESTÃO 88

Ano: 2021 | Banca: FCC | Órgão: TJ-GO | Prova: FCC - 2021 - TJ-GO - Juiz Substituto

Relativamente aos impostos lançados de ofício, tal como ocorre com o IPTU, em
diversos Municípios brasileiros, o Código Tributário Nacional estabelece que o
direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após cinco
anos, contados:

A ) do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia


ter sido efetuado, ou da data da ocorrência do fato gerador, de acordo com a
maior ou menor proximidade com o momento da ocorrência do fato gerador,
configurando-se, assim, a prescrição tributária.
B ) da data da ocorrência do fato gerador, desde que não tenha ocorrido dolo,
fraude ou simulação do sujeito passivo, configurando-se, assim, a decadência
tributária.

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C ) do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia
ter sido efetuado, ou da data da ocorrência do fato gerador, de acordo com o
que for mais favorável, em cada caso, ao sujeito passivo, configurando-se, assim,
a decadência tributária.
D )da data da ocorrência do fato gerador, configurando-se, assim, a prescrição
tributária.
E ) do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia
ter sido efetuado, configurando-se, assim, a decadência tributária.

131
QUESTÃO 89

Ano: 2021 | Banca: VUNESP | Órgão: TJ-SP | Prova: VUNESP - 2021 - TJ-SP - Juiz
Substituto

No que tange ao princípio da anterioridade, podemos afirmar:

A ) é admissível invocar a supremacia do interesse público pra justificar a exigên-


cia fiscal e postergar a repetição do indébito tributário.
B ) o princípio da anterioridade nonagesimal não é de observância obrigatória na
hipótese de incidência de tributo por retirada de benefícios fiscais.
C ) não se sujeitam ao princípio da anterioridade o imposto sobre importação
de produtos estrangeiros; o imposto sobre exportação, para o exterior, de pro-
dutos nacionais ou nacionalizados; o IPI; o imposto sobre operações de crédito,
câmbio e seguro, ou relativos a títulos e valores mobiliários; os impostos lança-
dos por motivo de guerra; os empréstimos compulsórios para atender despesas

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extraordinárias decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua
iminência.
D ) considerada a redação dada ao artigo 150, § 1º , da CF pela EC 42/2003, tem
respaldo jurídico a tese de que lei que vier a majorar o IR pode entrar em vigor
no dia 31 de dezembro e ser aplicada aos fatos ocorridos a partir de 1º de janeiro
do mesmo exercício financeiro, não configurando “retroatividade in pejus”.

132
DIREITO AMBIENTAL

QUESTÃO 90

Ano: 2020 | Banca: FCC | Órgão: TJ-MS | Prova: FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto

O Ministério Público ajuizou uma ação civil pública visando à declaração de


nulidade de licenciamento ambiental conduzido por estudo ambiental diverso
do Estudo de Impacto Ambiental e Respectivo Relatório (EIA-RIMA). O Magistrado
deverá:

A ) julgar, de forma antecipada, a ação procedente, uma vez que o EIA-RIMA é


obrigatório no licenciamento ambiental.
B ) julgar, de forma antecipada, a ação improcedente, diante da presunção de

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legalidade do ato administrativo.
C ) determinar a produção de prova pericial para aferir a necessidade de elabo-
ração do EIA-RIMA no licenciamento ambiental.
D ) determinar a produção de prova testemunhal para aferir a necessidade de
elaboração do EIA-RIMA.
E ) extinguir o processo, sem resolução de mérito, por verificar a ausência de
interesse processual.

133
QUESTÃO 91

Ano: 2020 | Banca: FCC | Órgão: TJ-MS | Prova: FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto

A audiência pública no processo de licenciamento ambiental:

A ) é obrigatória, independentemente do grau de impacto do empreendimento


ou da atividade licenciada.
B ) deve ser realizada no início do processo de licenciamento ambiental para co-
lheita de críticas e sugestões e, ao final do processo, para a respectiva devolutiva.
C ) será realizada na sede do órgão ambiental responsável pelo licenciamento
ambiental.
D ) não obriga o órgão responsável pelo licenciamento ambiental a acolher as
contribuições dela decorrentes, desde que apresente justificativa.
E ) ocorre em momento anterior à elaboração do EIA-RIMA.

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QUESTÃO 92

Ano: 2020 | Banca: FCC | Órgão: TJ-MS | Prova: FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto

Em mandado de segurança impetrado contra ato de fiscal ambiental que apreen-


deu animal silvestre (papagaio-verdadeiro) adquirido irregularmente, o impe-
trante confessa a origem ilícita da ave, mas alega que a adquiriu para sua filha
pequena há 01 (um) ano, sendo a ave um verdadeiro membro da família. Alega,
por fim, que a menina sente muita falta do papagaio. A ordem deverá ser:

A ) negada, diante da origem ilícita do animal silvestre.


B ) concedida, tendo em vista a adaptabilidade do animal ao convívio humano.
C ) concedida em parte para permitir visitas da família ao cativeiro do animal.
D ) concedida em parte para permitir a permanência do animal com a família por
mais 02 (dois) anos.
E ) negada com fundamento no princípio da pessoalidade da sanção.

134
QUESTÃO 93

Ano: 2021 | Banca: FGV | Órgão: TJ-PR | Prova: FGV - 2021 - TJ-PR - Juiz Substituto

João, motorista da sociedade empresária Beta, transportava, em caminhão alu-


gado, madeira oriunda de desmatamento de vegetação nativa, sem licença váli-
da e sem nota fiscal. Fiscais do meio ambiente abordaram João e, constatada a
ilegalidade ambiental, no exercício de sua competência, apreenderam a madeira
e o veículo utilizado para a prática da infração ambiental. Inconformada, a socie-
dade empresária locadora do caminhão utilizado por João impetrou mandado
de segurança, alegando e comprovando que o veículo é de sua propriedade e
apenas estava alugado para a sociedade empresária Beta, que foi a responsável
pelo ilícito, razão pela qual pleiteou liminar com imediata restituição do cami-
nhão. À luz da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a liminar deve ser:

A ) deferida, pois o princípio da intranscendência subjetiva das sanções impede

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que a sociedade empresária locadora seja penalizada por infração administrati-
va ou crime ambiental praticado por terceiro;
B ) deferida, pois o poder público não comprovou que o caminhão instrumento
do ilícito era utilizado de forma específica, exclusiva ou habitual para a prática
de infrações ambientais;
C ) deferida, pois não é razoável se exigir daquele que realiza a atividade de loca-
ção de veículos a adoção de garantias para a prevenção e o ressarcimento dos
danos causados pelo locatário
D ) indeferida, pois, seja em razão do conceito legal de poluidor, seja em função
do princípio da solidariedade que rege o direito ambiental, a responsabilidade
administrativa pelo ilícito recai sobre quem, de qualquer forma, contribuiu para
a prática da infração ambiental, por ação ou omissão;
E ) indeferida, pois não se aplica a responsabilidade administrativa ou civil obje-
tiva em matéria ambiental e, mesmo não tendo a locadora agido com culpa ou
dolo, deve ser responsabilizada de forma solidária com a sociedade empresária
Beta.

135
QUESTÃO 94

Ano: 2021 | Banca: FCC | Órgão: TJ-GO | Prova: FCC - 2021 - TJ-GO - Juiz Substituto

José Bento, que cursou até a terceira série do ensino fundamental, foi denun-
ciado por adentrar, sem autorização, um Refúgio da Vida Silvestre portando um
facão. Confessou que sabia da ilegalidade da conduta, mas sua intenção era
colher sementes para confecção de artesanato. A ação penal deverá ser julgada:

A ) procedente com circunstância atenuante.


B ) procedente com aplicação do perdão judicial.
C ) improcedente pela atipicidade formal do fato.
D )improcedente pela ausência de dolo.
E ) procedente com aplicação da pena dentro do balizamento trazido pelo tipo
penal, sem circunstâncias agravantes ou atenuantes.

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QUESTÃO 95

Ano: 2021 | Banca: VUNESP | Órgão: TJ-SP | Prova: VUNESP - 2021 - TJ-SP - Juiz
Substituto

No que tange aos princípios em matéria ambiental, é correto afirmar que

A ) o princípio do desenvolvimento sustentável mereceu destaque na Constitui-


ção Cidadã.
B ) os princípios do poluidor pagador e do usuário pagador confundem-se.
C ) o princípio do ambiente ecologicamente equilibrado constitui extensão do
direito à vida, cláusula pétrea e direito-dever fundamental.
D ) o princípio da equidade intergerencial decorre das competências comparti-
lhadas entre os entes federativos, em matéria ambiental.

136
QUESTÃO 96

Ano: 2022 | Banca: FGV | Órgão: TJ-AP | Prova: FGV - 2022 - TJ-AP - Juiz de
Direito Substituto

Tendo em vista a grande especulação imobiliária do Município X, o prefeito


decide reduzir a área de determinada Unidade de Conservação, para permitir a
construção de novas unidades imobiliárias.

Sobre o caso, é correto afirmar que o prefeito:

A ) não pode mudar as dimensões da Unidade de Conservação por decreto, o


que apenas pode ser feito por lei específica;
B ) pode reduzir as dimensões da Unidade de Conservação caso ela tenha sido
criada por decreto do chefe do Poder Executivo municipal;
C ) apenas pode alterar as dimensões da Unidade de Conservação caso ela tenha

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sido criada após 05 de outubro de 1988;
D ) pode reduzir as dimensões da Unidade de Conservação caso não haja derru-
bada de vegetação nativa e não atinja área de proteção integral;
E ) não pode alterar a área da Unidade de Conservação, o que depende de estudo
prévio de impacto ambiental e de licenciamento ambiental.

137
NOÇÕES DE DIREITO
HUMANÍSTICO

QUESTÃO 97

Ano: 2019 | Banca: CESPE / CEBRASPE | Órgão: TJ-PR | Prova: CESPE - 2019 - TJ-
PR - Juiz Substituto

Entre os princípios gerais previstos no texto da Convenção Internacional sobre


Direitos das Pessoas com Deficiência inclui-se, expressamente, o princípio:

A ) da tolerância.
B ) da igualdade entre homem e mulher.
C ) do cuidado em tempo integral.

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D ) da prioridade de atendimento.

138
QUESTÃO 98

Ano: 2022 | Banca: FGV | Órgão: TJ-MG | Prova: FGV - 2022 - TJ-MG - Juiz de
Direito Substituto

No que diz respeito à aplicação dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos


no Brasil, assinale a afirmativa correta.

A ) Depende de integração ao sistema interno, bastando a celebração feita pelo


Congresso Nacional, que detém competência para tanto.
B ) Independe de aprovação pelo Poder Legislativo, por se tratar de ato de sobe-
rania, de atribuição do Chefe do Poder Executivo, integrando o direito interno
automaticamente, através da publicação da ratificação.
C ) Ainda que referendados pelo Congresso Nacional, somente integram o siste-
ma interno se não conflitarem com a Constituição Federal, ou com outro tratado
já aprovado anteriormente.

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D ) Após a celebração pelo Presidente da República e referendo do Congresso
Nacional, são incorporados ao direito interno e têm tratamento diferenciado na
Constituição Federal, pois são incluídos nos direitos fundamentais.

139
QUESTÃO 99

Ano: 2022 | Banca: TRF - 4ª REGIÃO | Órgão: TRF - 4ª REGIÃO | Prova: TRF - 4ª
REGIÃO - 2022 - TRF - 4ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto

Assinale a alternativa INCORRETA:

A ) Para a Corte Interamericana de Direitos Humanos, as disposições da Lei de


Anistia brasileira que impedem a investigação e a sanção de graves violações de
direitos humanos são incompatíveis com a Convenção Americana sobre Direitos
Humanos.
B ) No Brasil, possui hierarquia constitucional a norma convencional que proíbe
a publicação, a circulação ou a difusão, por qualquer forma e/ou meio de comu-
nicação, inclusive a internet, de qualquer material racista ou racialmente discri-
minatório que defenda, promova ou incite o ódio, a discriminação e a intolerân-
cia; e tolere, justifique ou defenda atos que constituam ou tenham constituído

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genocídio ou crimes contra a humanidade.
C ) Segundo entendimento da Corte Interamericana de Direitos Humanos, a ju-
risdição penal militar não é competente para investigar, julgar e sancionar os
autores de violações de direitos humanos de civis.
D ) O Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos em
Matéria de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais “Protocolo de São Salvador”,
promulgado no Brasil por meio de decreto presidencial, enuncia que toda pes-
soa tem direito à Previdência Social que a proteja das conseqüências da velhice e
da incapacitação que a impeça física ou mentalmente de obter os meios de vida
digna e decorosa.
E ) O Conselho de Direitos Humanos está vinculado, na Organização das Nações
Unidas, ao Conselho de Segurança, o qual poderá determinar a suspensão de
seus membros em caso de grave e sistemática violação de direitos humanos.

140
QUESTÃO 100

Ano: 2022 | Banca: FGV | Órgão: TJ-PE | Prova: FGV - 2022 - TJ-PE - Juiz Substituto

O Brasil é signatário de diferentes convenções de direitos humanos que vedam


várias formas de discriminação direta. Você, contudo, se depara com uma situa-
ção que caracteriza discriminação indireta ou disparate impact.

Tal situação se caracteriza quando:

A ) ocorre alguma distinção, exclusão, restrição ou preferência que tenha o pro-


pósito ou o efeito de anular ou prejudicar o reconhecimento, gozo ou exercício
em pé de igualdade de direitos humanos e liberdades fundamentais em qual-
quer campo da vida humana;
B ) um ato deliberado e intencional do administrador público limita o acesso de
um grupo vulnerável específico a determinados direitos fundamentais, sejam

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eles de natureza civil, política, econômica, social ou cultural;
C ) certas políticas, práticas e normas, com natureza universal e neutras em rela-
ção aos seus destinatários, produzem consequências menos gravosas para um
grupo e mais gravosas para outro grupo, sem que haja uma justificação razoável
para isso;
D ) existe a violação ou restrição de direitos humanos ou liberdades públicas das
gerações futuras, como consequência de medidas adotadas pelas autoridades
da geração presente, caracterizando, assim, uma situação de preferência gera-
cional;
E ) determinadas ações ou omissões praticadas por indivíduos ou grupos priva-
dos produzem como resultado indireto a restrição ou privação de direitos pró-
prios da esfera pública, contribuindo para um cenário de maior precarização das
camadas hipossuficientes da sociedade.

141
GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
E E C A B C B A A C
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
E B C A B D A A C C
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
D C D D B A D D A A
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
E E D B B A C A E D
41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
C D A D B C C B B B
51 52 53 54 55 56 57 58 59 60
A B D B A A C E B B

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61 62 63 64 65 66 67 68 69 70
D D B B C C A B E B
71 72 73 74 75 76 77 78 79 80
D C B E A D C A D A
81 82 83 84 85 86 87 88 89 90
E D A A A C B E C C
91 92 93 94 95 96 97 98 99 100
D A D A C A B D E C

142
6. Prova escrita – discursiva e sentença
POR: MARIA AUGUSTA DINIZ.

A segunda etapa do concurso é composta de 2 (duas) provas escritas,


podendo haver pesquisa à legislação, desde que desacompanhada de anotação
ou comentário. É também vedada a consulta a obras doutrinárias, súmulas e
orientação jurisprudencial.

Dependendo do concurso, a Banca Examinadora não aceita a utilização


de cópias reprográficas ou de qualquer documento obtido na internet. Foi o caso,
por exemplo, do Edital do concurso para o cargo de Juiz Substituto da Bahia,
realizado em em 2018, realizado pelo Cebraspe (Cespe). Já aquele referente ao
concurso para Juiz Substituto de São Paulo, de 2021, realizado pela Vunesp, não
trouxe essa limitação.

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Por isso, recomendamos que o candidato faça uso de vade mecum a
que está acostumado.

A propósito, não podemos deixar de fazer a seguinte observação:


durante a preparação, é comum que o estudante utilize sites da internet para
a pesquisa da legislação (como o famoso site do Planalto). Afinal, é bem mais
rápido e prático. Ocorre que a falta de habilidade no manuseio de códigos escritos
pode acarretar a perda de tempo quando da realização das provas escritas. Daí
a importância de o estudo também se dar com base no material impresso.

Há diversas opções de vade mecum no mercado. A escolha por cada um


deles é bastante pessoal e varia de acordo com a organização, tamanho da letra,
etc. Por exemplo, alguns deles utiliza “papel bíblia”, tornando-os mais leves. No
entanto, algumas pessoas têm mais dificuldade em manusear materiais assim,
pois são mais suscetíveis a rasgamentos.

143
É importante que o estudante busque aqueles mais completos e que
faça uso, no momento da prova, daquele a que está habituado (ou de um igual,
sem anotações).

Sempre consulte o edital, para saber se poderá usar material com


evidências de utilização anterior, tais como trechos destacados por marca texto,
sublinhados, etc.; simples remissão a artigos ou a texto de lei; separação de
códigos por cores, marcador de página, post-it, clipes ou similares.

Nas provas, é permitida a utilização de códigos, decretos, resoluções,


instruções normativas, portarias, regimento interno dos tribunais e conselhos,
leis de introdução ao código e exposições de motivos dos códigos. Da mesma
forma, é autorizada a utilização de índices remissivos, desde que não contenham
trechos de súmulas, o que facilita bastante no momento da consulta.

Esteja sempre habituado a fazer consulta a esse índice remissivo. Ele


poderá ajudar quando você não souber a resposta a uma questão. Em regra, os

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Vade Mecum trazem referências e índices remissivos, ou seja, com anotações do
organizador referentes às legislações correlatas.

Assim, com uma palavra-chave sobre um determinado assunto, é


possível saber os artigos de lei que lhe são correspondentes. Não se esqueça
de separar duas ou três palavras-chaves sobre o tema trazido pela questão e
de consultar o índice remissivo. Assim a resposta ficará mais completa e você
poderá alcançar maior pontuação. Com maior razão, o índice remissivo poderá
ser uma saída quando você não souber a resposta.

As provas da segunda etapa são manuscritas, em letra legível, e devem


ser realizadas com caneta esferográfica de tinta preta (ou azul, a depender do
edital) fabricada em material transparente. Por isso, é muito importante que
você escreva de forma que a Comissão entenda. Afinal, se os seus integrantes
não compreenderem o que estiver escrito, não considerarão o conteúdo, o que
acarretará o desconto na pontuação.

144
Se você é daquelas pessoas cuja letra ninguém entende, recomendamos
que treine em casa, para que tenha maior agilidade na hora da prova. Aqui,
aqueles cadernos de caligrafia poderão ser úteis.

Na correção das provas, será considerado não só o conhecimento sobre


o tema, mas também a utilização correta do idioma oficial e a capacidade de
exposição. Como se observa, a utilização correta do português é importantíssima.
Há, inclusive, em alguns espelhos utilizados no método Cespe, a “capacidade de
expressão na modalidade escrita e uso das normas do registro formal culto da
língua portuguesa”, com valor máximo de 1 (um) ponto, ou seja, 10% (dez por
cento) da pontuação total.

Assim sendo, durante sua preparação, é interessante que você treine a


escrita e o uso correto da língua portuguesa, atentando para o emprego correto
das análises sintática e morfológica. Jamais use gírias ou linguagem informal e
tome cuidado para que a formação das frases se dê de forma coerente e coesa.
Períodos muito longos devem ser evitados, para que não fiquem confusos (a

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não ser quando necessários). As regras de pontuação também devem ser rigo-
rosamente obedecidas.

Algumas dicas importantes: as preposições devem ser utilizadas


corretamente e não mude os tempos verbais no mesmo texto, o
qual deve ser claro e limpo. Afinal, tudo isso será analisado pelo exa-
minador. Ora, estamos diante de uma seleção para o cargo de Juiz
de Direito. Uma boa escrita é o mínimo que se espera do candidato.

Embora toda a fase subjetiva seja realizada de uma só vez (em dias
distintos), para que as sentenças corrigidas, é necessário que o candidato
obtenha, nas questões, a pontuação mínima de 6 (seis).

Não se esqueça, portanto, de fazer as revisões (principalmente de dou-


trina e jurisprudência) e de treinar as peças práticas. Uma boa dica é pesquisar,
no site do Tribunal correspondente, as teses mais julgadas, buscando sentenças
semelhantes. Assim, você terá noção dos assuntos mais discutidos, da jurispru-
dência da Corte e ainda poderá observar a linguagem técnico-jurídica e os tópi-
cos a serem tratados na sentença.

145
6.1. Prova discursiva
POR: MARIA AUGUSTA DINIZ.

A prova discursiva versará sobre a) questões relativas a noções gerais de


Direito e formação humanística; b) questões sobre quaisquer pontos do programa
específico.

Haverá um dia para a realização da prova discursiva (além dos dias


referentes às sentenças cível e criminal). Todavia, a critério da Comissão
Examinadora, a segunda etapa poderá ocorrer em apenas dois dias de prova,
sendo divididos em: a) sentença cível e questões correlatas; b) sentença penal e
questões correlatas. O primeiro modelo é o mais comum.

A Resolução n.º 75/2009 do CNJ não estabelece o número de questões, o


que variará de acordo com cada Tribunal ou Banca Examinadora.

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No Distrito Federal, por exemplo, a prova discursiva geralmente é
composta por 10 (dez) questões, abrangendo todas as disciplinas do conteúdo
programático. Em São Paulo, o concurso de 2021 (realizado pela Vunesp) contou
com uma dissertação e 4 (quatro) questões. Na Bahia, o concurso de 2018
(Cebraspe) exigiu 4 (quatro) questões. No Paraná, em 2018 (Cebraspe), foram
2 (duas) dissertações e 6 (seis) questões. No Ceará, em 2018 (Cebraspe), foram
apenas 4 (quatro) questões.

Algumas dicas importantes a serem observadas nessa fase são:

x atente-se para o uso correto do vernáculo e para a linguagem


formal.

x não faça rascunho. O tempo de prova não é suficiente para que você
redija e, posteriormente, passe a limpo. Utilize a folha de rascunho
para anotar o esqueleto da sua resposta, assim como as ideias que
forem surgindo à medida em que você escreve no caderno definitivo.

146
x inicie pelas questões cujas respostas você sabe, garantindo essa
pontuação. Com o tempo restante, você poderá despender tempo
procurando respostas nos códigos e leis.

x a tendência dos examinadores é questionar acerca de assuntos que


eles dominam. Assim sendo, ultrapassada a fase objetiva, busque livros
e artigos de cada examinador. Se der para incluir o posicionamento
dele na resposta, mesmo que a pergunta não seja exatamente sobre
o tema, faça. Apenas tenha cuidado para que sua resposta não fique
desconexa ou forçada.

x assuntos decididos pela jurisprudência e classificações doutrinárias


costumam cair bastante nessa etapa.

x busque, no site do Tribunal correspondente, informativos de juris-


prudência referentes a lides que estão em evidência.

x se não souber a resposta, procure o tema no índice remissivo. Se


nada encontrar, escreva algo relacionado, margeando o tema. Se

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der, inclua princípios jurídicos correlacionados com a matéria. Assim
fazendo, você não irá zerar a questão.

x se a pergunta trazida na questão for genérica, primeiro defina o


instituto. Em seguida, discorra sobre a doutrina relacionada (indicando
as correntes existentes sobre o tema) e a posição jurisprudencial
firmada no STF, STJ e no Tribunal correspondente (se você souber).

x se a questão for específica (por exemplo: “quais as causas que


interrompem a prescrição no Código Civil?”), faça um breve parágrafo
introdutório e responda diretamente, sem maiores floreios.

147
6.2. Sentença
POR: RUTH ARAÚJO VIANA

Chegamos à mais temida fase das provas escritas: a sentença. Na etapa


da prova escrita o candidato irá se deparar com dois tipos de sentenças, uma de
natureza cível e uma de natureza criminal.

A prova de sentença não poderá ter duração inferior à 4 (quatro)


horas e a nota mínima a ser alcançada deve ser 6 (seis) pontos do total de 10
1

(dez) pontos2. A prova de sentença cível acontecerá em data diversa da prova de


sentença criminal e ambas as provas acontecerão, preferencialmente, nos finais
de semana3.

Em ambas as provas o conhecimento jurídico será avaliado bem como


a utilização correta do idioma oficial e a capacidade de exposição dos argumentos

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jurídicos pelo candidato.

Nas provas de sentença é possível a consulta à legislação desacom-


panhada de anotações e comentários, portanto não é possível a utilização de
obras doutrinárias súmulas e jurisprudências durante o certame.

Lembre-se que a banca examinadora não é obrigada a fornecer


qualquer material de consulta ao candidato, podendo apenas dirimir dúvidas
durante a prova. Por isso cabe ao candidato a responsabilidade de levar seu
material de consulta livre de quaisquer das restrições já mencionadas, sob pena
de ter seu material recolhido ou pior durante a execução da prova você ser
eliminado do certame.

1 Resolução nº 75 de 2009. Art. 51. O tempo mínimo de duração de cada prova será de 4 (quatro)
horas.
2 Resolução nº 75 de 2009. Art. 54. A nota final de cada prova será atribuída entre 0 (zero) e 10
(dez). Parágrafo único. Na prova de sentença, se mais de uma for exigida, exigir-se-á, para a aprovação,
nota mínima de 6 (seis) em cada uma delas.
3 Resolução nº 75 de 2009. Art. 52. As provas escritas da segunda etapa do concurso realizar-se-ão
em dias distintos, preferencialmente nos finais de semana.

148
Portanto, muito cuidado.

Afinal quais métodos podem ser aplicados para facilitar a busca no


Vade Mecum e a leitura de enunciados?

x Clipes;
x Marca-texto;
x Sublinhados;

Vamos continuar.

Assim como acontece na prova discursiva, em nenhuma hipótese serão


considerados os textos escritos na área de rascunho e não haverá substituição
das folhas de textos definitivos por erro do candidato. Também não será avaliado
qualquer fragmento de texto escrito em local indevido ou que ultrapassar a
extensão máxima de linhas disponibilizadas.

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Esmiuçamos, portanto, detalhes sobre permissões e não permissões na
prova de sentença, limites de tempo e exigências.

Vamos agora entender em que consiste uma prova de sentença!

O primeiro passo para saber o que é preciso fazer em uma sentença


é conhecer o que é uma sentença! Conforme § 1º do artigo 203 do Código de
Processo Civil4 sentença é o pronunciamento em que o juiz encerra a fase de
conhecimento do procedimento comum, ou seja, encerra o processo na 1ª
instância, analisando ou não o mérito, ou seja, a questão principal da ação.

Em outras palavras, você será chamado a decidir na prova sobre um


caso em concreto, pondo fim a um processo ou a uma fase de um procedimento
e apresentar os cumprimentos devidos inerentes a essa decisão.

4 Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e


despachos.
§ 1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento
por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487 , põe fim à fase cognitiva do procedimento
comum, bem como extingue a execução.

149
A partir daí você pode perceber o quão difícil é redigir uma sentença.
Pois você terá que analisar os pontos controvertidos informados pelo enunciado
da questão e combatê-los um por um, afinal você não sabe quais deles consta
no seu espelho.

Por via das dúvidas, o melhor é enfrentar todos os debates jurídicos.


Mas para isso você precisa ser:

x Conciso;
x Assertivo;

Ou seja, falar em poucas palavras aquilo que seu examinador busca


conhecer.

Em TODA E QUALQUER sentença você trabalhará com:

x Fundamentação

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x Dispositivo

Em alguns casos, o relatório poderá ser dispensado! Como ocorre nos


Juizados Especiais, em que é possível a prolação de sentença sem relatório5.
Quando o relatório não for dispensado a sentença deverá ter: relatório, funda-
mentação e dispositivo!

O relatório conterá os nomes das partes, exposição do caso concreto,


com a informação do pedido da exordial e da contestação, bem como o registro
das principais ocorrências durante o processo.

O relatório não é um desafio para o estudante durante a execução


da sentença, basicamente o desafio é a gestão de tempo pela necessidade de
transcrever o que já foi dito no enunciado.

5 Lei 9.099/95 Art. 38. A sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz, com breve re-
sumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório.

150
Por isso, uma dica preciosa é não perder tanto tempo treinando como
redigir um bom relatório de sentença. Raramente essa parte da peça processual
traz pontos no espelho e o básico é suficiente para cumprir com integralidade o
que quer o examinador.

Durante a fundamentação o candidato irá analisar as questões de


fato e de direito6 trazidas pelo caso. Cuidado, para não criar situações jurídicas
não requisitadas pelo examinador. Do mesmo modo, é imperioso que o candi-
dato durante sua fundamentação fique atento para não incorrer em ausência de
fundamentação nos termos do Código de Processo Civil.

É que não é suficiente expor o artigo de lei ou o princípio que orienta o


raciocínio, é necessário falar sobre ele e relacioná-lo com o caso prático.

Portanto, sua fundamentação não poderá7:

x se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo,

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sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;

x empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo


concreto de sua incidência no caso;

x invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;

x não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes


de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;

x se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identi-


ficar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob
julgamento se ajusta àqueles fundamentos;

6 Art. 93, IX da CF/88. todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e funda-
mentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados
atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do
direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação.
Art. 11 do Código de Processo Civil. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos,
e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.
7 Art. 489, § 1º do CPC.

151
x deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente
invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso
em julgamento ou a superação do entendimento.

Portanto, é na fundamentação que o candidato irá expor as razões


pelas quais formou seu convencimento e quais são os dispositivos jurídicos
aplicáveis. Este é o momento em que o candidato perderá mais tempo, expondo
o conhecimento jurídico, o raciocínio e a argumentação jurídica.

Com certeza será o momento que deve demandar mais tempo durante
a execução da prova, salvo o dispositivo em sentença criminal que pode retirar
um pouco do tempo do candidato.

Na fundamentação o candidato irá falar sobre ônus de prova, provas,


requerimentos das partes, dispositivos jurídicos, os pontos controvertidos e
exposição dos motivos que irão dar ensejo ao dispositivo (próxima etapa da sua

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sentença).

No dispositivo o candidato irá proferir sua decisão, expondo as


questões dirimidas em alusão aos pedidos das partes. Essa é a parte da sentença
que ficará acobertada pela coisa julgada material.

Cabe ao candidato ter especial atenção na redação deste ponto da


prova. Pois apesar de escrita fundamentação, a conclusão deve ser novamente
detalhada no dispositivo sob pena de não pontuação. É o dispositivo da matéria
vinculante de direito que subjuga as partes à ordem do julgador.

Agora, que entendemos os pontos cruciais que devem constar em toda


e qualquer sentença, vamos iniciar o estudo pormenorizado da sentença cível e,
em seguida, da sentença criminal.

152
6.2.1. Sentença cível
POR: RUTH ARAÚJO VIANA

A sentença cível1 é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com


fundamento nos artigos. 4852 e 4873, põe fim à fase cognitiva do procedimento
comum, bem como extingue a execução.

Portanto, para a sua prova de sentença cível você não poderá esquecer
esses dois dispositivos! Lembre-se que durante a prova o examinador quer
analisar se você tem capacidade de síntese para solucionar uma demanda por
meio da resolução judicial que põe fim ao processo.

Portanto, ou você irá acolher o pedido, acolher em parte, ou rejeitar


o pedido ou deixar de apreciar o pedido extinguindo o feito sem resolução do
mérito.

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Tratando-se de uma prova você deve buscar na narrativa do enunciado
o direito invocado pelo demandante e demandado, você deverá apreciar os
argumentos jurídicos trazidos pelas partes aliados ao contexto fático em que se
insere a situação problema.

Sua sentença deverá conter:

1 Art. 203, § 1º do CPC.


2 Art. 485 do CPC. O juiz não resolverá o mérito quando:
I - indeferir a petição inicial; II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das
partes; III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por
mais de 30 (trinta) dias; IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento
válido e regular do processo; V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa
julgada; VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; VII - acolher a alegação de
existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência; VIII -
homologar a desistência da ação; IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível
por disposição legal; e X - nos demais casos prescritos neste Código.
3 Art. 487 do CPC. Haverá resolução de mérito quando o juiz: I - acolher ou rejeitar o pedido
formulado na ação ou na reconvenção; II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de
decadência ou prescrição; III - homologar: a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na
ação ou na reconvenção; b) a transação; c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconven-
ção. Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1º do art. 332 , a prescrição e a decadência não serão
reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se.

153
x o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso,
com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais
ocorrências havidas no andamento do processo;

x os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de


direito;

x o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as


partes lhe submeterem.

O relatório deverá expor os principais fatos que ocorreram durante o


processo. Ex: Data de citação, juntada de provas etc.

Lembre-se que a Lei nº 9.099/1995 dispensa expressamente o relatório


no procedimento dos Juizados Especiais Cíveis (art. 38, Lei nº 9.099/1995), porém
é necessário expor para o examinador que você conhece essa possibilidade.
Indicando de forma sucinta os seguintes dizeres: “Dispensado o relatório nos

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termos do art. 38 da Lei nº 9.099/95”.

Também é bastante comum que a banca dispense o relatório expres-


samente! Portanto, não existirão dúvidas quanto a não exigência do relatório.

Dispensado o relatório pela banca recomendamos que não optem por


fazer o relatório. A sentença é uma disputa não só por espaço para redigir o
máximo de conteúdo jurídico possível, mas também de tempo. Por isso, não
perca um segundo sequer fazendo algo que não te garantirá nenhum ponto!

No caso de dispensa do relatório pela banca você pode iniciar a sua


sentença com os seguintes dizeres: “Relatório dispensado. Fundamento e decido”.

Sendo caso de redigir o relatório, seja objetivo e aproveite para enume-


rar fatos essenciais que contribuirão para a construção da tua fundamentação
jurídica. Facilite seu trabalho!

154
Lembre-se que o relatório descreve fatos do processo. Não há neste
momento juízo de valor a ser proferido pelo magistrado.

Uma vez exposto o relatório, apresente uma frase de encerramento


antes de prosseguir para a fundamentação, como: “É o relatório. Fundamento e
decido”.

A título de exemplo te apresentaremos como teu texto irá ficar:

Processo nº
I – RELATÓRIO
Relatório dispensado. Fundamento e decido.
II – FUNDAMENTAÇÃO

A fundamentação serve para que o juiz analise as questões de fato e


de direito. Portanto, tudo que estiver no enunciado da prova pode ser relevan-
te. Trata-se de uma obrigação imposta pela Constituição Federal (art. 93, IX da

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CF/88). Também é uma exigência do Código de Processo Civil (art. 11, caput e art.
489, §1º).

Esses dispositivos são de suma importância para que você compreenda


o que é em essência fundamentar. Portanto, queremos que você faça a leitura
destes dispositivos atentamente:

Art. 93, IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário


serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena
de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados
atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a
estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade
do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à
informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45,
de 2004)
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nuli-
dade.
Art. 489. § 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão
judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:

155
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato norma-
tivo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o
motivo concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra
decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo ca-
pazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem
identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que
o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou pre-
cedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de dis-
tinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
§ 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o ob-
jeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as
razões que autorizam a interferência na norma afastada e as pre-
missas fáticas que fundamentam a conclusão.

Observe que fundamentar vai muito além de indicar dispositivos,


apresentar princípios, mas criar uma narrativa argumentativa racional

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que declare quais normas devem ser aplicadas ao caso em concreto. Este é o
momento que te exigirá mais atenção e tempo durante a prova. Afinal, é a partir
dos fundamentos que você irá decidir!

Portanto, como elaborar a fundamentação?

Primeiro você deve buscar as teses levantadas pelas partes e refletir


sobre elas. É interessante que você circule ou sublinhe no enunciado cada
uma das teses e raciocine como irá enfrentá-las antes de passá-las para o texto
definitivo.

Nem sempre a narrativa cronológica do texto conferirá mais lógica


ao raciocínio, por isso, certifique-se de ter esboçado na folha de rascunhos ou
enumerado a ordem de preferência com que você irá analisar cada uma das
teses arguidas.

Lembre-se que nem toda sentença é complexa e possui várias prelimi-


nares ao mérito e pedidos de mérito. Porém, em provas de concurso é comum

156
que existam vários pontos a serem analisados. O ideal é que você não deixe de
analisar nenhum desses “possíveis” pontos que poderão estar previstos no teu
espelho, por isso a estruturação sobre como você irá desenvolver a tua funda-
mentação, conforme supramencionado, é tão importante.

Então, qual é a possível ordem de fundamentação?

1. Análise de julgamento simultâneo de dois ou mais processos;


2. Análise de questões que estão pendentes de decisão; Ex:
requerimento de prova.
3. Análise de julgamento antecipado da lide;
4. Análise de preliminares ao mérito;
5. Análise de preliminares de mérito. Ex: prescrição e decadência.
6. Mérito;
7. Análise de tutelas provisórias;
8. Análise de sanções processuais;
9. Ônus sucumbencial;

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Agora vamos trabalhar os principais pontos de fundamentação cobrados
em prova de sentença cível.

TÓPICO 1: Análise do julgamento simultâneo

A consequência da reunião de processos é o julgamento simultâneo.


A reunião acontecerá em hipóteses de conexão e continência. Lembramos que
com o advento do Código de Processo Civil de 2015 busca-se evitar decisões
conflitantes de modo que seja possível a modificação da competência.

Leia atentamente os seguintes dispositivos:

Art. 54. A competência relativa poderá modificar-se pela conexão


ou pela continência, observado o disposto nesta Seção.
Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes
for comum o pedido ou a causa de pedir.
§ 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão
conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado.

157
Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando
houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o
pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.
Art. 57. Quando houver continência e a ação continente tiver sido
proposta anteriormente, no processo relativo à ação contida será
proferida sentença sem resolução de mérito, caso contrário, as
ações serão necessariamente reunidas.
Art. 58. A reunião das ações propostas em separado far-se-á no
juízo prevento, onde serão decididas simultaneamente.
Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento
o juízo.

Fique atento, portanto, para o enunciado que indica que houve


prevenção em relação a mais de um processo ou explícita um dos casos dos
dispositivos supra, pois em caso de necessidade de julgamento simultâneo
o julgador deve informar logo no início da sua fundamentação que irá julgar
simultaneamente ambos os processos, expondo quais processos são.

A título de exemplo te apresentaremos como teu texto poderá ficar:

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Tratando-se de ações conexas, promovo o julgamento simultâneo dos
processos de nº e nº , na forma do art. 54, §1º do CPC.

TÓPICO 2: Análise de questões que estão pendentes de decisão

Pode ocorrer de um processo ser concluso para sentença sem que


algum requerimento das partes tenha sido decidido. Como o requerimento para
reconhecimento da revelia, retificação do nome da parte, etc.

Não se tratando de pedido de implique na impossibilidade do


julgamento do mérito ( a ser avaliado pelo julgador quando da análise dos autos)
é suficiente que o magistrado, explicite na fundamentação sua decisão sobre o
pleito, sanando a omissão.

A título de exemplo te apresentaremos como teu texto poderá ficar:

158
Houve requerimento de prova pericial, porém observo que se trata de fato
ocorrido no ano de 2015 de modo que na presente data a prova pericial seria
inservível, já que o local em que a obra fora realizada já foi modificado. Portanto,
indefiro o pedido de prova pericial.

TÓPICO 3: Julgamento antecipado da lide

É possível que o juiz julgue antecipadamente o mérito por sentença


quando4:

x não houver necessidade de produção de outras provas;


x o réu for revel e ocorrer a revelia com a presunção dos fatos alegados
pelo autor;
x quando o réu não requerer a produção de outras provas;

Nas hipóteses supracitadas o juiz julgará definitivamente o mérito (art.
487, I do CPC), independente de audiência de instrução. Observe que o objetivo

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do julgamento antecipado é garantir a celeridade no processo já que as provas
constantes dos autos são suficientes ou existindo decretação dos efeitos da
revelia for possível entender como verdadeiros as alegações do autor ou quando
se verificar que em contestação o réu não teve interesse na produção de outras
provas. É uma modalidade que abrevia o processo.

Perceba, então, que nem sempre a sentença falará sobre julgamento


antecipado. Somente quando uma das hipóteses elencadas for utilizada pelo
julgador para abreviar o julgamento.

A título de exemplo te apresentaremos como teu texto poderá ficar:

Promovo o julgamento antecipado do mérito nos termos do art. 355, II do CPC,


já que a parte ré foi citada (fls. ), porém não ofereceu contestação e foi decre-
tada a sua revelia (fls. )

4 Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito,
quando: I - não houver necessidade de produção de outras provas; II - o réu for revel, ocorrer o efeito
previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, na forma do art. 349 .

159
TÓPICO 4: Preliminares ao mérito

As questões preliminares podem ser analisadas antes da sentença


pelo julgador na fase de saneamento dos autos, porém é comum que elas sejam
combatidas na sentença. Observe o enunciado da questão, caso as preliminares
já tenham sido decididas basta fazer referência a essa decisão, caso não, a
sentença é o momento oportuno para isso.

Atenção! Há algumas preliminares que independente do pedido das


partes precisam ser analisadas de ofício pelo juízo, como inexistência
ou nulidade da citação, incompetência absoluta, incorreção do valor da
causa, inépcia da petição inicial, perempção, litispendência, coisa julgada,
conexão, incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de
autorização, ausência de legitimidade ou de interesse processual, falta de
caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar, indevida
concessão do benefício de gratuidade de justiça.

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Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o
juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas acima5.

Veja que são várias preliminares, mas não haverá necessidade de men-
cionar todas elas no corpo da sentença, salvo quando o enunciado expuser um
fato relevante que indique se trata de um ponto que precisa ser resolvido. Então,
você deve sempre ficar atento ao que o enunciado diz.

Sobre a inexistência ou nulidade da citação é comum, por exemplo,


que o examinador indique que na contestação o réu arguiu que não havia sido
citado. Caberá neste ponto recobrar a jurisprudência dos Tribunais Superiores
e até mesmo de dispositivo do Código de Processo Civil que explica quando é
sanada a citação nula ou inexistente. Vejamos, a título de exemplo:

Art. 239. Para a validade do processo é indispensável a citação do


réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento
da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido.

5 Art. 337, §5º do CPC.

160
§ 1º O comparecimento espontâneo do réu ou do executado su-
pre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data
o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à exe-
cução.

Sobre a incompetência absoluta que pode ser reconhecida em qualquer


momento processual cumpre ler o seguinte dispositivo jurídico:

Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como


questão preliminar de contestação. § 1º A incompetência abso-
luta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e
deve ser declarada de ofício.

Perceba que o reconhecimento da incompetência absoluta terá como


consequência o declínio dos autos e, portanto, não é a modalidade mais cobrada
em provas. Por outro lado, a incompetência relativa (que não pode ser declarada
de ofício) é comumente apresentada com o objetivo (em regra) de que o candi-
dato entenda pelo não reconhecimento dela. Tal como ocorre na hipótese de
prorrogação da competência por não apresentação oportuna da incompetência

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relativa na contestação6.

Sobre a materia de competência é importante que o candidato conheça


as seguintes súmulas:

Súmulas do Superior Tribunal de Justiça:

Súmula 1 - O foro do domicílio ou da residência do alimentando é


o competente para a ação de investigação de paternidade, quan-
do cumulada com a de alimentos. (SÚMULA 1, SEGUNDA SEÇÃO,
julgado em 25/04/1990, DJ 02/05/1990, p. 3619)(DIREITO CIVIL - IN-
VESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE)
Súmula 15 - Compete à Justiça Estadual processar e julgar os lití-
gios decorrentes de acidente do trabalho. (SÚMULA 15, CORTE ES-
PECIAL, julgado em 08/11/1990, DJ 14/11/1990, p. 13025)(DIREITO
PREVIDENCIÁRIO - AÇÃO ACIDENTÁRIA)
Súmula 34 - Compete à Justiça Estadual processar e julgar cau-
sa relativa a mensalidade escolar, cobrada por estabelecimento
particular de ensino. (SÚMULA 34, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em

6 Art. 65 do CPC. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a incompetência em


preliminar de contestação.

161
13/11/1991, DJ 21/11/1991, p. 16774)(DIREITO PROCESSUAL CIVIL -
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL)
Súmula 42 - Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar
as causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e
os crimes praticados em seu detrimento. (SÚMULA 42, CORTE ES-
PECIAL, julgado em 14/05/1992, DJ 20/05/1992, p. 7074)(DIREITO
PROCESSUAL CIVIL - COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL)
Súmula 122 - Compete à Justiça Federal o processo e julgamento
unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual,
não se aplicando a regra do art. 78, II, “a”, do Código de Processo
Penal. (SÚMULA 122, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 01/12/1994, DJ
07/12/1994, p. 33970)(DIREITO PROCESSUAL PENAL - COMPETÊN-
CIA DA JUSTIÇA FEDERAL)
Súmula 137 - Compete à Justiça Comum Estadual processar e jul-
gar ação de servidor público municipal, pleiteando direitos relati-
vos ao vínculo estatutário. (SÚMULA 137, CORTE ESPECIAL, julgado
em 11/05/1995, DJ 22/05/1995, p. 14446)(DIREITO ADMINISTRATI-
VO - SERVIDOR PÚBLICO CIVIL)
Súmula 161 - É da competência da Justiça Estadual autorizar o le-
vantamento dos valores relativos ao PIS / PASEP e FGTS, em decor-
rência do falecimento do titular da conta. (SÚMULA 161, PRIMEIRA

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SEÇÃO, julgado em 12/06/1996, DJ 19/06/1996, p. 21940) (DIREITO
ADMINISTRATIVO - FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO)
Súmula 206 - A existência de vara privativa, instituída por lei es-
tadual, não altera a competência territorial resultante das leis de
processo. (SÚMULA 206, CORTE ESPECIAL, julgado em 01/04/1998,
DJ 16/04/1998, p. 44)(DIREITO PROCESSUAL CIVIL - COMPETÊNCIA
DA JUSTIÇA FEDERAL)
Súmula 209 - Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito
por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio mu-
nicipal. (SÚMULA 209, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 27/05/1998, DJ
03/06/1998, p. 68)(DIREITO PROCESSUAL PENAL - COMPETÊNCIA
DA JUSTIÇA ESTADUAL)
Súmula 218 - Compete à Justiça dos Estados processar e julgar
ação de servidor estadual decorrente de direitos e vantagens esta-
tutárias no exercício de cargo em comissão. (SÚMULA 218, TERCEI-
RA SEÇÃO, julgado em 10/02/1999, DJ 24/02/1999, p. 106)(DIREITO
ADMINISTRATIVO - SERVIDOR PÚBLICO CIVIL)

Súmulas do Supremo Tribunal Federal:

SÚMULA 235 - É competente para a ação de acidente do trabalho


a Justiça cível comum, inclusive em segunda instância, ainda que
seja parte autarquia seguradora.

162
SÚMULA 501 - Compete à Justiça ordinária estadual o processo e
o julgamento, em ambas as instâncias, das causas de acidente do
trabalho, ainda que promovidas contra a União, suas autarquias,
empresas públicas ou sociedades de economia mista.
SÚMULA 508 - Compete à Justiça Estadual, em ambas as instân-
cias, processar e julgar as causas em que fôr parte o Banco do
Brasil S. A.
SÚMULA 511 - Compete à Justiça Federal, em ambas as instâncias,
processar e julgar as causas entre autarquias federais e entida-
des públicas locais, inclusive mandados de segurança, ressalvada
a ação fiscal, nos termos da Constituição Federal de 1967, art. 119,
§ 3º.
SÚMULA 516 - O Serviço Social da Indústria – S. E. S. I. – está sujeito
à jurisdição da Justiça Estadual.
SÚMULA 517 -As sociedades de economia mista só têm foro na
Justiça Federal, quando a União intervém como assistente ou
opoente.

Observe que basta, portanto, que durante a sentença o candidato se


pronuncie sobre o ponto do enunciado que aventa preliminares.

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Lembre-se que há uma tendência de cobrança de entendimentos que
entendem pela rejeição das preliminares exatamente para que não reste preju-
dicada a elaboração da sentença.

A fundamentação também é o local apropriado para exposição de


princípios processuais. Pois não é raro que se exponha possíveis nulidades du-
rante o processo. É sabido que a lei determina as formas para a prática dos atos
processuais e há momentos em que o desrespeito a essa formalidade gerará
nulidades.

Em regra, o examinador cobra do candidato entendimento que indefira


a nulidade de um ato justamente para não prejudicar a elaboração da sentença.

É possível que a nulidade contamine somente um ato processual, assim


como é possível que ela contamine todos os demais atos processuais.

163
Quanto à alegação de nulidade, as normas mais utilizadas para acolhê-
-las ou rejeitá-las, estão previstas no próprio Código de Processo Civil e são ex-
postas com nomenclaturas principiológicas pela doutrina e pela jurisprudência.

Assim, estudaremos princípios basilares que podem ser expostos na


sua sentença para fins de garantir a convicção ao examinador de que o candi-
dato detém base jurídica e é capaz de fundamentar e argumentar alegações de
nulidade.

x Princípio da finalidade e instrumentalidade das formas: consiste


em declarar que o juiz não deverá decretar a invalidade do ato, quando
realizado de outro modo, ele atingir a sua finalidade. É um princípio que
está explícito no artigo 277 do código de processo civil. Vejamos:

Art. 277. Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz


considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar
a finalidade.

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A seguinte jurisprudência elucida caso concreto em que este princípio
foi utilizado:

EREsp 1510503 ver inteiro teor 19/11/2019


RECURSO ESPECIAL Nº 1.510.503 - ES (2015/0006573-0) RELATOR:
MINISTRO RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA R.P/ACÓRDÃO; EMBAR-
GOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURI-
DADE. NÃO OCORRÊNCIA. INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS.
VALIDADE DE ATO PRATICADO DE FORMA DIVERSA DA PREVISTA
EM LEI SE ATINGIDA A FINALIDADE. CONTRATO DE LOCAÇÃO. SUB-
-ROGAÇÃO LEGAL. FIADOR. POSSIBILIDADE DE EXONERAÇÃO DE
SUAS RESPONSABILIDADES NO PRAZO DE 30 DIAS CONTADO DA
CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA SUB-ROGAÇÃO. SÚMULA 214/STJ NÃO
APLICÁVEL NA HIPÓTESE DE SUB-ROGAÇÃO LEGAL DE PACTO LO-
CATÍCIO.
1. Ação de exoneração fiança distribuída em 05/08/2011. Autos
conclusos para esta Relatora em 18/09/2019. Julgamento sob a égi-
de do CPC/73. 2. A ausência de fundamentação ou a sua deficiência
importa no não conhecimento do recurso quanto ao tema. 3. Au-
sentes os vícios do artigo 535 do CPC/73, rejeitam-se os embargos
de declaração. 4. É possível manter a validade do ato realizado de
forma diversa do previsto na lei, quando for alcançada sua fi-

164
nalidade, em razão da aplicação do princípio da instrumenta-
lidade das formas, consoante o 244 do CPC/73 (277 do CPC/15).
5. Ocorrendo a sub-rogação legal de contrato de locação, o fiador
do locatário original poderá exonerar-se das suas responsabilida-
des em relação ao negócio jurídico locatício, no prazo de 30 dias
contado da ciência inequívoca da referida sub-rogação, nos ter-
mos do artigo 12, § 2º, da Lei 8.245/91 c/c 244 do CPC/73 (277 do
CPC/15). 6. Não há aditamento em contrato de locação sub-rogado
por lei, nos termos do artigo 12, caput, §§ 1º e 2º, da Lei 8.245/91,
sendo - portanto - inaplicável a Súmula 214/STJ (O fiador na loca-
ção não responde por obrigações resultantes de aditamento ao
qual não anuiu) nessas situações. 7. Recurso especial parcialmente
conhecido e, nessa extensão, parcialmente provido.

x Princípio da comprovação do prejuízo (pas de nullité sans grief):


consiste em declarar que o juiz não deverá decretar a nulidade do ato,
quando não houver prejuízo à parte. Este princípio é cabível nas hipóteses
de nulidades relativas! É um princípio que autoriza o aproveitamento
do ato processual e que está explícito no artigo 282, §1 º do Código de

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Processo Civil. Vejamos:

Art. 282. Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são


atingidos e ordenará as providências necessárias a fim de que se-
jam repetidos ou retificados.
§ 1º O ato não será repetido nem sua falta será suprida quan-
do não prejudicar a parte.

A seguinte jurisprudência elucida caso concreto em que este princípio


foi utilizado:

AREsp 1507645 ver inteiro teor 14/08/2020. AgInt no AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL Nº 1507645 - MA (2019/0144532-5) RELATOR :
MINISTRO GURGEL DE FARIA AGRAVANTE. EMENTA PROCESSUAL
CIVIL. AÇÃO CAUTELAR DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS.
ANULAÇÃO DA SENTENÇA DE OFÍCIO. CERCEAMENTO DE DEFESA.
INEXISTÊNCIA. REEXAME DE FATOS E PROVAS. DESNECESSIDADE.
1. Conforme estabelecido pelo Plenário do STJ, aos recursos inter-
postos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publi-
cadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisi-
tos de admissibilidade recursal na forma nele prevista (Enunciado
Administrativo n. 3).

165
2. Hipótese em que o Juiz de primeiro grau julgou procedente o
pedido de produção de prova antecipada e homologou a perícia
realizada, condenando o Estado do Maranhão ao pagamento dos
honorários periciais e advocatícios, sendo a sentença anulada pelo
Tribunal de origem.
3. À luz do disposto no artigo 282, §1º, do CPC/2015, não se vislum-
bra nenhum prejuízo que justifique a anulação do processo, por
cerceamento defesa ou suposta ofensa ao artigo 421 do CPC/1973
(correspondente ao artigo 465 do CPC/2015), pois, apesar de in-
timado para indicação dos assistentes técnicos e formulação
dos quesitos, o Estado permaneceu inerte quanto a tal ônus
por opção sua, mesmo após a substituição do perito.
4. As disposições do artigo 421, do § 1º, I e II, do CPC/1973 são
dirigidas às partes e não ao magistrado («incumbe às partes...»),
razão pela qual o Tribunal a quo não poderia ter anulado o proces-
so, ex ofício, sob o fundamento de que teria havido cerceamento
do direito de defesa do expropriante, em razão de o Juiz proces-
sante não ter reiterado/renovado expressamente a possibilidade
das partes indicarem assistentes técnicos na fase final da perícia
(complementar).
5. Ao contrário do alegado, não há necessidade de incursionar no

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acervo fático-probatorio para se constatar que a Corte de origem
contrariou os princípios do tantum devolutum quantum appella-
tum, do pas de nullité sans grief e da duração razoável do proces-
so, além do instituto da preclusão consumativa, bastando, pois, a
simples leitura do acórdão recorrido, que descreveu a cronologia
dos acontecimentos relativos à presente demanda. 6. Agravo in-
terno desprovido.

x Princípio do interesse: consiste em declarar que o juiz não deverá


decretar nulidade quando a própria parte que a alega foi quem lhe deu
causa. É um princípio que tem base na boa-fé objetiva e no princípio do
venire contra factum proprium non potest. É um princípio que está explíci-
to no artigo 276 do CPC. Vejamos:

Art. 276. Quando a lei prescrever determinada forma sob pena


de nulidade, a decretação desta não pode ser requerida pela
parte que lhe deu causa.

166
x Princípio da causalidade: consiste em declarar que o reconhecimen-
to da nulidade de um ato pelo julgador invalidará somente os demais
atos que dele dependam, não alcançando os atos subsequentes que se-
jam independentes. É um princípio que está explícito no artigo 281 do
CPC. Vejamos:

Art. 281. Anulado o ato, consideram-se de nenhum efeito todos


os subsequentes que dele dependam, todavia, a nulidade de uma
parte do ato não prejudicará as outras que dela sejam indepen-
dentes.

x Princípio do aproveitamento dos atos processuais: consiste em de-


clarar que somente será declarada a anulação dos atos que não possam
ser aproveitados. É um princípio que está explícito no artigo 283 do CPC
e tem amparo no princípio da instrumentalidade das formas e é sinteti-
zado pelo brocardo pas de nullité sans grief. Vejamos:

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Art. 283. O erro de forma do processo acarreta unicamente a anu-
lação dos atos que não possam ser aproveitados, devendo ser
praticados os que forem necessários a fim de se observarem as
prescrições legais.
Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados
desde que não resulte prejuízo à defesa de qualquer parte.

TÓPICO 5: Preliminares de mérito

As preliminares de mérito quando alcançam a integralidade do pedido


impedem o julgamento dos requerimentos de mérito. Em outras palavras, o
julgador não decidirá pela procedência ou improcedência da demanda, tal como
ocorre na análise da prescrição e decadência.

Essas preliminares podem ser discutidas no ponto das preliminares ao


mérito caso o candidato perceba que se trata de hipótese de não reconhecer a
preliminar de mérito suscitada.

As preliminares de mérito podem ser:

167
x o reconhecimento do pedido pelo réu;
x a transação;
x a renúncia à pretensão pelo autor;
x decadência;
x prescrição;

O reconhecimento do pedido pelo réu é ato de disposição unilateral.


É um modelo de autocomposição. Portanto, não será mais necessário julgar o
pedido, devendo apenas o julgador resolver o mérito homologando o reconhe-
cimento do pedido pelo demandado. Trata-se de sentença com resolução de
mérito. Vejamos:

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: III - homologar:


a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação
ou na reconvenção;

Da mesma maneira, a transação também é modelo de autocomposi-

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ção. Porque nela há concessões recíprocas. Ela se sujeita a sentença com reso-
lução de mérito:

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: III - homologar:


b) a transação;

A renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção tam-


bém sujeitará o processo a uma sentença com resolução de mérito. Ela não se
confunde com a desistência da ação que é uma hipótese de julgamento sem
resolução do mérito. Neste caso o autor estará sujeito a coisa julgada material,
portanto, não poderá exigir novamente o direito em outra demanda:

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: III - homologar:


c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

A decadência e a prescrição correspondem a extinção do direito pelo


decurso do tempo e sujeitará o processo a uma sentença com resolução de mérito.

168
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: II - decidir, de
ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou
prescrição;

A título de exemplo te apresentaremos como seu texto poderá ficar


caso seja necessário reconhece a extinção do direito pelo decurso do tempo:

Ante o exposto, decreto a prescrição da pretensão da parte autora em sua


integralidade e resolvo o mérito na forma do art. 487, II do CPC.

Observe que a preliminar de mérito põe fim ao processo caso seja aco-
lhida e se trate de hipótese de reconhecimento integral dos pedidos. Porém, é
possível que o examinador queira que você reconheça somente a prescrição de
um capítulo da sentença e prossiga analisando os demais pedidos. Vejamos:

Ante o exposto:
a) decreto a prescrição da pretensão da parte autora em relação as parcelar

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anteriores a 5 aos do ajuizamento da ação, na forma do art. 3º do Decreto-lei
20.910/1932 e da Súmula 85 do STJ;
b) julgo procedentes os pedidos de ... na forma do art. 487, I do CPC.

Caberá, portanto, total atenção do candidato para compreender como


desenvolver a conclusão de sua sentença.

Sobre a matéria de prescrição e decadência é importante que o candi-


dato conheça as seguintes súmulas:

Súmulas do Superior Tribunal de Justiça:

Súmula 85 - Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a


Fazenda Pública figure como devedora, quando não tiver sido ne-
gado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as
prestações vencidas antes do quinquênio anterior a propositura
da ação. (SÚMULA 85, CORTE ESPECIAL, julgado em 18/06/1993, DJ
02/07/1993, p. 13283)(DIREITO ADMINISTRATIVO - PRESCRIÇÃO E
DECADÊNCIA)

169
Súmula 101 - A ação de indenização do segurado em grupo con-
tra a seguradora prescreve em um ano. (SÚMULA 101, SEGUNDA
SEÇÃO, julgado em 27/04/1994, DJ 05/05/1994, p. 10379)(DIREITO
CIVIL - CONTRATO DE SEGURO)
Súmula 106 - Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício,
a demora na citação, por motivos inerentes ao mecanismo da Jus-
tiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição ou de-
cadência. (SÚMULA 106, CORTE ESPECIAL, julgado em 26/05/1994,
DJ 03/06/1994, p. 13885)(DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CITAÇÃO)
Súmula 291 - A ação de cobrança de parcelas de complementa-
ção de aposentadoria pela previdência privada prescreve em cinco
anos. (SÚMULA 291, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 28/04/2004, DJ
13/05/2004, p. 201)(DIREITO PREVIDENCIÁRIO - PREVIDÊNCIA PRI-
VADA)
Súmula 314 - Em execução fiscal, não localizados bens penhorá-
veis, suspende-se o processo por um ano, findo o qual se inicia o
prazo da prescrição qüinqüenal intercorrente. (SÚMULA 314, PRI-
MEIRA SEÇÃO, julgado em 12/12/2005, DJ 08/02/2006, p. 258)(DI-
REITO TRIBUTÁRIO - EXECUÇÃO FISCAL)
Súmula 398 - A prescrição da ação para pleitear os juros progressi-
vos sobre os saldos de conta vinculada do FGTS não atinge o fundo

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de direito, limitando-se às parcelas vencidas. (SÚMULA 398, PRI-
MEIRA SEÇÃO, julgado em 23/09/2009, DJe 07/10/2009)(DIREITO
ADMINISTRATIVO - FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO)
Súmula 405 - A ação de cobrança do seguro obrigatório (DPVAT)
prescreve em três anos. (SÚMULA 405, SEGUNDA SEÇÃO, julgado
em 28/10/2009, DJe 24/11/2009)(DIREITO CIVIL - DPVAT)
Súmula 409 - Em execução fiscal, a prescrição ocorrida antes da
propositura da ação pode ser decretada de ofício (art. 219, § 5º,
do CPC). (SÚMULA 409, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/10/2009,
REPDJe 25/11/2009, DJe 24/11/2009)(DIREITO TRIBUTÁRIO - EXE-
CUÇÃO FISCAL)
Súmula 427 - A ação de cobrança de diferenças de valores de com-
plementação de aposentadoria prescreve em cinco anos contados
da data do pagamento. (SÚMULA 427, SEGUNDA SEÇÃO, julgado
em 10/03/2010, DJe 13/05/2010)(DIREITO PREVIDENCIÁRIO - PRE-
VIDÊNCIA PRIVADA)
Súmula 467 - Prescreve em cinco anos, contados do término do
processo administrativo, a pretensão da Administração Pública de
promover a execução da multa por infração ambiental. (SÚMULA
467, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/10/2010, DJe 25/10/2010)(DI-
REITO AMBIENTAL - MULTA)
Súmula 477 - A decadência do art. 26 do CDC não é aplicável à
prestação de contas para obter esclarecimentos sobre cobrança

170
de taxas, tarifas e encargos bancários. (SÚMULA 477, SEGUNDA
SEÇÃO, julgado em 13/06/2012, DJe 19/06/2012)(DIREITO BANCÁ-
RIO - AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS)
Súmulas do Supremo Tribunal Federal:
SÚMULA VINCULANTE 8 - São inconstitucionais o parágrafo único
do artigo 5º do Decreto-Lei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da
Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de cré-
dito tributário.
SÚMULA 149 - É imprescritível a ação de investigação de paterni-
dade, mas não o é a de petição de herança.
SÚMULA 150 - Prescreve a execução no mesmo prazo de prescri-
ção da ação.
SÚMULA 151 - Prescreve em um ano a ação do segurador subro-
gado para haver indenização por extravio ou perda de carga
transportada por navio.
SÚMULA 153 - Simples protesto cambiário não interrompe a pres-
crição.
SÚMULA 230 - A prescrição da ação de acidente do trabalho conta-
-se do exame pericial que comprovar a enfermidade ou verificar a
natureza da incapacidade.
SÚMULA 383 - A prescrição em favor da Fazenda Pública reco-

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meça a correr, por dois anos e meio, a partir do ato interrup-
tivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos, embora o titular
do direito a interrompa durante a primeira metade do prazo.
SÚMULA 443: A prescrição das prestações anteriores ao período
previsto em lei não ocorre, quando não tiver sido negado, antes
daquele prazo, o próprio direito reclamado, ou a situação jurídica
de que ele resulta.
SÚMULA 600 - Cabe ação executiva contra o emitente e seus ava-
listas, ainda que não apresentado o cheque ao sacado no prazo
legal, desde que não prescrita a ação cambiária.
Súmula 632 - É constitucional lei que fixa o prazo de decadência
para a impetração de mandado de segurança.

TÓPICO 6: Do mérito

O juiz deverá analisar o mérito com base nas provas dos autos trata-
-se de um momento que diz respeito ao direito propriamente dito, discutido no
caso em concreto Lembre-se de que durante sua prova é necessário estruturar
as razões do decidir com clareza, portanto, utilize a folha de rascunho ou algum
outro método para facilitar a ordem da estruturação das teses arguidas pela
parte autora e ré.

171
Cada tese arguida deverá ser enfrentada pelo julgador com a apresen-
tação da legislação aplicável e em seguida com o desenvolvimento do raciocínio
que expõe a comprovação da tese ou não pelas partes.

É necessário que a valoração das provas seja sempre dialética, ou seja,


o julgador observará a exposição do que foi dito pelo autor e pela defesa e a
cada encerramento sobre o enfrentamento do direito inerente ao ponto arguido
deverá o julgador concluir pela procedência ou não do pedido.

Então, a fundamentação de cada mérito deverá apresentar os seguintes


pontos:

1. Qual a legislação aplicável?


2. Exposição dos argumentos das partes.
3. Valoração das provas que comprovam ou não os argumentos.
4. Conclusão/decisão.

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Vejamos um modelo de fundamentação para melhor percepção sobre
a exposição jurídica dos fatos e dos pedidos:

Do mérito
Destaca-se ao caso as regras protetivas do Código de Defesa do Consu-
midor, eis que patente uma relação de consumo que vincula as partes,
trazendo à inteligência os arts. 2º e 3º, da Lei nº 8.078/90.
1. Da inexistência do débito
Toda a argumentação trazida da fundamentação da petição inicial gira
em torno da legalidade dos lançamentos na fatura do cartão de crédito
do requerente.
Reconhecida a situação de hipossuficiência e vulnerabilidade da autora
frente ao Banco réu, o qual ostenta grande porte no cenário econômico
nacional. Ademais, associando-se a situação de hipossuficiência e vulne-
rabilidade do consumidor e a verossimilhança da alegação por ele invo-
cada, foi invertido o ônus probatório, a teor do que dispõe o art. 6º, VIII,
do CDC.

172
Além do mais, o Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90), con-
sagra em seu art. 14 a responsabilidade objetiva do fornecedor de serviço,
não interessando investigar a sua conduta, mas, tão somente, se foi res-
ponsável pela colocação do serviço no mercado de consumo. Prescreve
o art. 14 da Lei nº 8.078/90 (C.D.C.), in verbis:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da exis-
tência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informa-
ções insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Por sua vez, o § 3º, e seus incisos, do aludido dispositivo legal, prevê
as causas de não-responsabilização do fornecedor, quais sejam: a) que,
tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; b) a culpa exclusiva do con-
sumidor ou de terceiro.
Feitas essas observações iniciais, na espécie sub judice, a questão é de
fácil deslinde, posto que compulsando os autos, observo a omissão das
requeridas no seu ônus probandi, nos termos do art. 373, inciso II, do
Código de Processo Civil, pelo que se ressalta a ausência de documento

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comprobatório que ateste a realização, pelo Requerente, da compra ob-
jeto da presente demanda. Aqui, destaco, que os requeridos não com-
provaram sequer a origem de tais cobranças.
Já quanto a alegação do banco requerido – de que a culpa é exclusiva
do consumidor, uma vez que a compra teria sido realizada utilizando o
cartão magnético com chip e senha – esta também não merece guarida,
pois a compra não foi realizada por meio físico, mas sim por meio vir-
tual, através da loja de aplicativos da outra requerida. Ademais, a própria
Apple afirma que a compra foi vinculada a ‘Apple Id’ de terceiro, o que
aponta para possível fraude na utilização do cartão do requerente.
Assim, no caso em debate incumbia aos réus demonstrar ter havido a
regular utilização do cartão de crédito do demandante e a realização da
compra, por meio de documentos evidenciando a aposição ou informa-
ção do número, senha e código de segurança corretos para a concreti-
zação das compras realizadas, e mesmo de dados de identificação do
local e origem da transação, por possuir melhores condições técnicas de
produção de provas.

173
Se a instituição financeira e a empresa disponibilizam aos seus consumi-
dores a possibilidade de realizar compras por diversos meios, e com me-
nos formalidade, deve oferecer a segurança suficiente para que sejam
evitadas fraudes por terceiros, sob pena de arcar com os prejuízos.
Urge destacar que nas relações cotidianas faz-se necessária a observân-
cia de algumas regras de cautela essenciais à continuidade da transação
comercial, buscando-se evitar o acometimento de situações prejudiciais
e constrangedoras aos cidadãos de bem e aos próprios estabelecimen-
tos contratantes. Eis que no momento da formação de negócios jurídicos
devem as empresas usar de prudência e cuidados na averiguação de
dados e checagem da documentação e informações apresentadas pelo
consumidor, já que a inobservância de algumas normas de resguardo
quando da contratação acarreta a incidência da Teoria do Risco da Ativi-
dade, de forma que, restando caracterizada uma fraude, a qual não te-
nha o consumidor dado causa, se impõe a responsabilidade da empresa
junto a qual se fez o negócio.
Dessa forma, tenho como ilegal e abusiva qualquer cobrança referente a

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um serviço não contratado pela parte autora, devendo esta ser reparada
por eventuais danos ocasionados pela requerida, conforme art. 6º, VI, do
CDC, os quais por força da responsabilidade objetiva estabelecida no art.
14 do CDC, serão suportados pelo requerido, uma vez que assumiu os
riscos advindos de sua atividade lucrativa.
Portanto, considero inexistente a origem do débito imputado ao autor,
referente ao crédito pessoal lançado na fatura de seu cartão de crédito,
mister a declaração de sua nulidade. Configurada pois a responsabilida-
de do requerido.
2. Da repetição do indébito
Quanto a repetição de indébito, analisando os autos, verifica-se que a
autora efetuou o pagamento da quantia de R$ 200,00 (duzentos reais).
Sobre a cobrança indevida o Código de Defesa do Consumidor versa em
seu art. 42:
Art. 42 - Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será
exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangi-
mento ou ameaça.

174
Parágrafo único - O consumidor cobrado em quantia indevida tem di-
reito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro ao que pagou em
excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese
de engano justificável.
Considerando a inexistência do débito já discutida, por disciplina legal,
entendo pela concessão do pedido para que seja restituído em dobro a
quantia, perfectibilizando o total de R$ 400,00 (quatrocentos reais) a títu-
lo de repetição do indébito.
3. Do dano moral
Concernente aos danos morais enfrentados notórios os aborrecimentos
e transtornos suportados pelo Requerente em razão da cobrança indevi-
damente realizada e da ausência de qualquer solução ao caso, não obs-
tante requeresse o posicionamento da empresa Ré.
A cobrança indevida, sem dúvidas, gera efeitos deletérios, sentimento de
impotência, dentre outros desgastes emocionais e psicológicos enseja-
dores do dano moral. Esse é o entendimento do Egrégio Tribunal deste
Estado.

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Ademais, restou sedimentado o entendimento de que as instituições fi-
nanceiras respondem pelos prejuízos oriundos de fortuito interno relati-
vo a fraudes e delitos praticados por terceiros, no âmbito das operações
disponibilizadas aos seus clientes, com a edição da súmula sob nº Súmu-
la 479, do Superior Tribunal de Justiça, com o seguinte teor:
As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gera-
dos por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por tercei-
ros no âmbito de operações bancárias.
Diante disso, e como decorrência lógica dos argumentos acima expos-
tos, tenho materializado os danos morais suscitados na peça exordial,
uma vez que a cobrança indevida é fato gerador de singulares constran-
gimentos na rotina diária do consumidor.
Observe-se também que o consumidor tentou solucionar o problema
por via extrajudicial, mas nenhuma resolução foi encontrada. De modo
que só poderia ele obter o ressarcimento dos valores perdidos por via
judicial. Isso, per si, demonstra, que as intercorrências advindas do litígio
transbordam o mero aborrecimento.

175
O nexo de causalidade entre a conduta do agente e o dano ocorrido, por
sua vez, resta plenamente caracterizado. Não apenas restaram eviden-
tes os aborrecimentos ocasionados pela cobrança indevida de valores
como também pela falta de atenção, prudência e cuidados necessários
na prestação de serviços do demandado.
Reconhecendo que a dor e a ofensa à honra não se medem monetaria-
mente, a importância a ser paga terá de se submeter ao poder discricio-
nário do julgador quando da apreciação das circunstâncias do dano para
a fixação do quantum da condenação.
O julgador deve zelar para que haja moderação no arbitramento da in-
denização. O valor da indenização pretendida deve ser proporcional ao
abalo sofrido, mediante quantia razoável, que leve em conta a necessi-
dade de satisfazer o constrangimento e angústia causados à vítima e a
desencorajar a reincidência do autor do ato lesivo.
Deve o julgador, ao fixar o quantum, levar em conta as circunstâncias
em que se deu e o grau de culpabilidade do agente, de tal forma que não
seja tão grande a ponto de se converter em fonte de enriquecimento,

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nem tão irrisória a ponto de desnaturar a sua finalidade, desestimulando
a conduta.
Levando em consideração todo o exposto entendo pela procedência do
pedido de danos morais e fixo a indenização pelos danos sofridos pela
parte Autora na importância de R$ 3.000,00 (três mil reais).

Atenção! Alguns pontos merecem destaque na fundamentação. O ônus


da prova incumbe ao autor enquanto ao réu cabe comprovar os fatos
modificativos extintivos ou impeditivos do direito do autor. Essa é a regra
do ônus probatório. Vejamos:

Art. 373. O ônus da prova incumbe:


I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito do autor.

Mas a prova sempre deverá ser valorada! Cabendo também ao can-


didato entender questões como inversão do ônus probatório comprometimen-
to das provas pela falsidade documental entre outros.

176
A legislação processual civil vigente manteve o princípio da persuasão
racional do juiz (artigos 370 e 371), o qual preceitua que cabe ao magistrado
dirigir a instrução probatória por meio da livre análise das provas e da rejeição
da produção daquelas que se mostrarem protelatórias:

Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte,


determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito.
Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as
diligências inúteis ou meramente protelatórias.
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, indepen-
dentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na deci-
são as razões da formação de seu convencimento.

A revelia, por exemplo, costuma ser objeto de cobrança nas provas,


pois poderá afetar diretamente a construção do ônus probatório7. Quando o
réu não contesta a ação, será considerado revel e presumir-se-ão verdadeiras as
alegações de fato formuladas pelo autor.

Somente não haverá a produção dos efeitos, por exemplo, quando

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havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação, o litígio versar sobre
direitos indisponíveis, a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento
que a lei considere indispensável à prova do ato e as alegações de fato
formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em contradição com
prova constante dos autos.

Perceba que caso o enunciado da sentença apresente a hipótese de


revelia, não sendo explicitado que foram aplicados os efeitos da revelia, caberá
ao candidato durante a redação de sua sentença, analisar todos os pontos
supracitados a fim de decidir pela aplicação ou não desses efeitos.

Atenção: a decretação da revelia na sentença deverá ser realizada ainda


no início da fundamentação por imperativo lógico para a valoração das
provas.

7 Art. 344 do CPC.

177
TÓPICO 7: Do dispositivo

Finalmente chegamos ao comando da sentença. Em outras palavras,


a decisão final do julgador. O dispositivo é parte da sentença que faz a coisa
julgada e por essa mesma razão ela deve ser clara e precisa. No dispositivo, o
juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem8.

A ausência do dispositivo torna a sentença um ato inexistente. Perceba,


portanto, a importância do candidato de elaborar um bom dispositivo.

Ocorre que a fundamentação, muitas vezes, exige tanto tempo do


candidato que ao chegar no dispositivo, lhe falta precisão para discorrer sobre
todos os elementos necessários. Isso não pode acontecer com você. Lembre-se
de estruturar sua fundamentação de forma lógica para que fique mais fácil a
estruturação do dispositivo. Lembre-se de deixar linhas suficientes para elaborar
seu dispositivo.

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O princípio da congruência fornece as balizas para a decisão jurisdi-
cional, em outras palavras a sentença não poderá decidir mais do que for pedido,
não poderá decidir além do que foi pedido e nem poderá deixar de decidir sobre
algum pedido.

Segundo esse princípio, também conhecido como princípio da adstrição,


deve haver necessária correlação entre o pedido/causa de pedir e o provimento
judicial, sob pena de nulidade por julgamento citra, extra ou ultra petita9.

Segundo o Superior Tribunal de Justiça10, agindo o juiz fora dos limites


definidos pelas partes e sem estar amparado em permissão legal que o autorize

8 Art. 489, III do CPC.


9 A sentença extra petita ocorre quando a decisão concede algo diferente do que foi pedido pelo
autor.
A sentença ultra petita ocorre quando a decisão concede mais do que foi pedido. A sentença citra petita
ou infra petita ocorre quando a decisão fica aquém dos pedidos arguidos..
10 STJ - RECURSO ESPECIAL REsp 1793637 PR 2019/0019483-5 (STJ). Jurisprudência•Data de publi-
cação: 19/11/2020. Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1206243227/recurso-espe-
cial-resp-1793637-pr-2019-0019483-5.

178
examinar questões de ofício, haverá violação ao princípio da congruência, haja
vista que o pedido delimita a atividade do juiz, que não pode dar ao autor mais
do que ele pediu, julgando ultra petita.

O princípio da congruência está previsto em dois dispositivos do


CPC/2015:

Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas par-
tes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo
respeito a lei exige iniciativa da parte.
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da
pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou
em objeto diverso do que lhe foi demandado.

O Código de Processo Civil de 2015 contém, contudo, expressa ressal-


va aos limites do pedido, permitindo ao juiz considerar fatos supervenientes que
constituam o direito envolvido na lide, na forma do art. 493 do CPC/15.

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Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitu-
tivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do
mérito, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a
requerimento da parte, no momento de proferir a decisão.
Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá as
partes sobre ele antes de decidir.

Segundo o STJ, cabe ao julgador, a interpretação lógico-sistemática


do pedido formulado na petição inicial a partir da análise dos fatos e da causa
de pedir, o que atende à necessidade conceder à parte o que foi efetivamente
requerido por ela, interpretando o pedido a partir de um exame completo da
petição inicial, e não apenas da parte da petição destinada aos requerimentos
finais, sem que isso implique decisão extra ou ultra petita.

O nosso ordenamento jurídico processual adotou a Teoria da Subs-


tanciação segundo a qual apenas os fatos vinculam o julgador, que poderá atri-
buir-lhes a qualificação jurídica que entender adequada ao acolhimento ou à
rejeição do pedido, como fulcro no brocardo iura novit curia11 e no art. 493 do
CPC/2015 já supracitado.

11 “O juiz conhece a lei”.

179
Por exemplo, há possibilidade de conversão da ação possessória
em indenizatória, em respeito aos princípios da celeridade e economia proces-
suais, a fim de assegurar ao particular a obtenção de resultado prático corres-
pondente à restituição do bem, quando situação fática consolidada no curso da
ação exigir a devida proteção jurisdicional12.

Também há outras exceções jurisprudenciais ao princípio da congruên-


cia. Por exemplo, conforme o STJ13, em matéria previdenciária, deve-se flexibili-
zar a análise do pedido contido na petição inicial, não entendendo como julga-

12 Superior Tribunal de Justiça. RECURSO ESPECIAL Nº 1.442.440 - AC (2014⁄0058286-4). EMENTA


PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. CASO CONCRETO. IMPOSSIBILIDADE.
INVASÃO DO IMÓVEL POR MILHARES DE FAMÍLIAS DE BAIXA RENDA. OMISSÃO DO ESTADO EM FORNE-
CER FORÇA POLICIAL PARA O CUMPRIMENTO DO MANDADO JUDICIAL. APOSSAMENTO ADMINISTRATI-
VO E OCUPAÇÃO CONSOLIDADA. AÇÃO REINTEGRATÓRIA. CONVERSÃO EM INDENIZATÓRIA. POSTE-
RIOR EXAME COMO DESAPROPRIAÇÃO JUDICIAL. SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO E SOCIAL SOBRE
O PARTICULAR. INDENIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO ESTADO E DO MUNICÍPIO. JULGAMENTO EX-
TRA PETITA E REFORMATIO IN PEJUS . NÃO OCORRÊNCIA. LEGITIMIDADE AD CAUSAM. JUSTO PREÇO.
PARÂMETROS PARA A AVALIAÇÃO. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. CÁLCULO DO VALOR. LIQUIDAÇÃO DE

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SENTENÇA.1. [...] 2. Hipótese em que a parte autora, a despeito de ter conseguido ordem judicial de
reintegração de posse desde 1991, encontra-se privada de suas terras até hoje, ou seja, há mais de
2 (duas) décadas, sem que tenha sido adotada qualquer medida concreta para obstar a constante inva-
são do seu imóvel, seja por ausência de força policial para o cumprimento do mandado reintegratório,
seja em decorrência dos inúmeros incidentes processuais ocorridos nos autos ou em face da constante
ocupação coletiva ocorrida na área, por milhares de famílias de baixa renda.3. Constatada, no caso con-
creto, a impossibilidade de devolução da posse à proprietária, o Juiz de primeiro grau converteu, de ofí-
cio, a ação reintegratória em indenizatória (desapropriação indireta), determinando a emenda da inicial,
a fim de promover a citação do Estado e do Município para apresentar contestação e, em consequência,
incluí-los no polo passivo da demanda. 4. O Superior Tribunal de Justiça já se manifestou no sentido
da possibilidade de conversão da ação possessória em indenizatória, em respeito aos princípios
da celeridade e economia processuais, a fim de assegurar ao particular a obtenção de resultado
prático correspondente à restituição do bem, quando situação fática consolidada no curso da
ação exigir a devida proteção jurisdicional, com fulcro nos arts. 461, § 1º, do CPC⁄1973.5. A conver-
são operada na espécie não configura julgamento ultra petita ou extra petit a, ainda que não haja
pedido explícito nesse sentido, diante da impossibilidade de devolução da posse à autora, sendo
descabido o ajuizamento de outra ação quando uma parte do imóvel já foi afetada ao domínio pú-
blico, mediante apossamento administrativo, sendo a outra restante ocupada de forma precária
por inúmeras famílias de baixa renda com a intervenção do Município e do Estado, que implanta-
ram toda a infraestrutura básica no local, tornando-se a área bairros urbanos.6. Não há se falar
em violação ao princípio da congruência, devendo ser aplicada à espécie a teoria da substancia-
ção, segundo a qual apenas os fatos vinculam o julgador, que poderá atribuir-lhes a qualificação
jurídica que entender adequada ao acolhimento ou à rejeição do pedido, como fulcro nos brocar-
dos iura novit curia e mihi factum dabo tibi ius e no art. 462 do CPC⁄1973 .[...] Disponível em: https://
stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/549845496/recurso-especial-resp-1442440-ac-2014-0058286-4/intei-
ro-teor-549845507.
13 STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1367825-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 18/4/2013
(Info 522).

180
mento extra ou ultra petita a concessão de benefício diverso do requerido na
inicial, desde que o autor preencha os requisitos legais do benefício deferido.

Outra exceção ao princípio da adstrição está prevista no art. 536 do CPC


que informa que no cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de
obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento,
para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado
prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do
exequente. Cabe ao julgador determinar as medidas necessárias ao efetivo
cumprimento do comando judicial, conforme previsto expressamente nos
artigos 536, §1º, e 139, IV, do CPC.

Do mesmo modo, a aplicação de multa independe de requerimento da


parte e poderá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela provisória ou na
sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e compatível com
a obrigação e que se determine prazo razoável para cumprimento do preceito.

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Pedidos implícitos (conforme a natureza de sua nomenclatura enun-
cia) também poderão ser objeto de decisão no dispositivo, independentemente
de requerimento da parte. Tal como acontece nos juros de mora e na correção
monetária. Ambos são considerados como pedidos implícitos.

A jurisprudência também é pacífica sobre o tema:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. JUROS DE MORA. CORRE-


ÇÃO MONETÁRIA. PEDIDOS IMPLÍCITOS. OBSERVÂNCIA. 1. O STJ
entende que os juros de mora e a correção monetária integram os
chamados pedidos implícitos, razão pela qual sua alteração não
configura julgamento extra ou ultra petita, tampouco se sujeitam
à preclusão. 2. Agravo interno desprovido. STJ - AGRAVO INTERNO
NO RECURSO ESPECIAL AgInt no REsp 1907798 PE 2020/0318430-4
(STJ) Jurisprudência•Data de publicação: 07/10/2021

O pedido implícito está presente no mérito da questão controvertida, e


por essa razão cabe ao julgador decidir sobre ele, independentemente de reque-
rimento das partes. Os honorários de advogado também constituem pedido
implícito, por força do art. 322, § 1º, do CPC/2015:

181
Art. 322. O pedido deve ser certo.
§ 1º Compreendem-se no principal os juros legais, a correção
monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários
advocatícios.

Assim, todas as hipóteses listadas no art. 322, §1º podem ser fixados na
decisão, independentemente de pedido expresso.

Vejamos ainda o que diz o art. 491 do CPC/2015:

Art. 491. Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, ainda que


formulado pedido genérico, a decisão definirá desde logo a exten-
são da obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de ju-
ros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da capitaliza-
ção dos juros, se for o caso, salvo quando:
I - não for possível determinar, de modo definitivo, o montante
devido;
II - a apuração do valor devido depender da produção de prova de
realização demorada ou excessivamente dispendiosa, assim reco-
nhecida na sentença.

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TÓPICO 8: Do dispositivo na sentença terminativa

A sentença terminativa extinguirá o processo sem resolução do mérito,


devendo o candidato utilizar na desenvoltura do dispositivo a seguinte norma:

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:


I - indeferir a petição inicial;
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negli-
gência das partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o
autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de de-
senvolvimento válido e regular do processo;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de
coisa julgada;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem
ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação;

182
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmis-
sível por disposição legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código.

A título de exemplo te apresentaremos como seu texto poderá ficar:

Ante o exposto, julgo extinto o processo sem resolução do mérito, por verificar
ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular
do processo, na forma do artigo 485, IV do CPC.

TÓPICO 9: Do dispositivo na sentença definitiva

A sentença definitiva ou sentença de mérito resolve o mérito da


demanda devendo o candidato utilizar na desenvoltura do dispositivo a seguinte
norma:

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:


I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconven-

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ção;
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de
decadência ou prescrição;
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação
ou na reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

No dispositivo da sentença definitiva você deverá apreciar os pedidos


imediatos e mediatos. Naquele você irá definir se o caso é de procedência, pro-
cedência parcial ou improcedência dos pedidos. Já neste você irá desenvolver
a qual fato a decisão jurisdicional se refere.

Observe, portanto, que no dispositivo além do julgador decidir sobre a


procedência ou não (pedido imediato), deve dizer sobre o quê a procedência ou
não recai (pedido mediato).

A título de exemplo te apresentaremos como seu texto poderá ficar:

183
Assim sendo, julgo procedente a pretensão formulada na inicial, extinguindo o
feito com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I do CPC, para nomear a
sra. ___no encargo de curadora de ____, a qual deverá prestar o compromisso,
a fim de que exerça os poderes e deveres próprios do encargo que ora lhe é
conferido, e zele pela pessoa e pelos bens da incapaz a partir desta data.

No caso de mais um pedido é interessante que o candidato exponha


de forma separada sobre a procedência ou improcedência de cada um deles.
Cuidado com a hipótese de cumulação imprópria dos pedidos, quando somente
um dos pedidos cumulados pode ser deferido.

TÓPICO 10: Do dispositivo na sentença homologatória

No caso de uma sentença homologatória não há enfrentamento de


mérito na fundamentação, razão pela qual, não é ordinariamente cobrada em
provas de concurso público para a segunda fase.

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A título de exemplo te apresentaremos como seu texto poderá ficar:

Assim sendo, homologo a transação formalizada e resolvo o mérito, nos termos


do art. 487, III, b) do CPC.

TÓPICO 11: Da correção monetária e dos juros no dispositivo

No dispositivo da sentença o julgador deverá quando não cumprida a


obrigação impor perdas e danos, mais juros e atualização monetária, além dos
honorários advocatícios14.

A correção monetária, também conhecida como atualização monetá-


ria, é o ajuste financeiro do real, a moeda brasileira, com o objetivo de evitar a
desvalorização da moeda.

14 Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atua-
lização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.

184
Já os juros decorrem da mora pelo não cumprimento da obrigação.
É uma penalidade arbitrada contra o devedor, independente do prejuízo que
possa ser causado ao credor. Vejamos:

Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados,


ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de deter-
minação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor
para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacio-
nal.
Art. 407. Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor
aos juros da mora que se contarão assim às dívidas em dinheiro,
como às prestações de outra natureza, uma vez que lhes esteja
fixado o valor pecuniário por sentença judicial, arbitramento, ou
acordo entre as partes.

Mas afinal, a partir de qual momento começará a contar o termo


inicial para o pagamento de juros e correção monetária?

Depende de cada caso!

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Quando não se tratar de evento danoso, seguirá as seguintes regras:

x Quando é estipulado termo de vencimento: Art. 397. O inadimplemento


da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em
mora o devedor.

x Quando não é estipulado data de vencimento: Art. 397. Parágrafo único.


Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou
extrajudicial.

x Quando não é estipulado termo e não há interpelação judicial: Art. 405.


Contam-se os juros de mora desde a citação inicial. Atenção: a citação tem
que ser válida (art. 240 do CPC15).

Tenha bastante atenção para esta última hipótese de contagem do


termo para a mora e o juros quando existir pluralidade de demandados, pois

15 Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência,
torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei nº
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) .

185
o Superior Tribunal de Justiça16 já se posicionou informando que os efeitos da
citação não podem ser confundidos com o início do prazo para a defesa dos li-
tisconsortes.

Não se aplica, portanto, para a constituição em mora, regra processual


disciplinadora do termo inicial do prazo para contestar (CPC/2015, art. 231, § 1º),
em detrimento da regra geral de direito material pertinente (Código Civil, art.
280).

Em outras palavras, quando existir pluralidade de demandados, inde-


pendentemente de a obrigação ser solidária, a data da primeira citação válida é
o termo inicial para contagem dos juros de mora nos termos do art. 280 do CC17.

Quando se tratar de ato ilícito ou evento danoso, casos em que


a responsabilidade civil for extracontratual os juros de mora serão contados
desde a prática do ato danoso ou ilícito! Vejamos:

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Art. 398 do CC. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-
se o devedor em mora, desde que o praticou.

Este entendimento foi sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça:

Súmula 54 - Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso,


em caso de responsabilidade extracontratual.

DANOS MORAIS E MATERIAIS DA OBRIGAÇÃO EXTRACONTRATUAL


Os juros fluem a partir do evento danoso (Súmula 54 do STJ e art. 398 do CC).

Quando se tratar de indenização por dano moral e dano material e a


responsabilidade for contratual os juros fluirão a partir do vencimento quando
a obrigação for líquida e quando a obrigação for ilíquida a partir da citação.

16 Superior Tribunal de Justiça STJ - RECURSO ESPECIAL : REsp 1868855 RS 2020/0073228-7 - In-
teiro Teor. Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1101127604/recurso-especial-resp-
-1868855-rs-2020-0073228-7/inteiro-teor-1101127614?ref=juris-tabs.
17 Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido pro-
posta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida.

186
DANOS MORAIS E MATERIAIS DA OBRIGAÇÃO CONTRATUAL
Obrigação ilíquida é contada a partir da Obrigação líquida é contada a partir
citação. do vencimento.

Quanto à correção monetária do dano moral, ela incidirá desde a data


do arbitramento. Este entendimento foi sumulado pelo STJ:

Súmula 362: A correção monetária do valor da indenização do


dano moral incide desde a data do arbitramento.

A justificativa para essa diferença se dá pelo fato de ser a determinação


judicial o termo inicial que passa a indicar o dever de indenizar.

Já a correção monetária do dano material incidirá a partir da data do


efetivo prejuízo. Inteligência da súmula 43 do STJ:

Súmula 43 - Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito


a partir da data do efetivo prejuízo. (SÚMULA 43, CORTE ESPECIAL,

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julgado em 14/05/1992, DJ 20/05/1992, p. 7074)

Sobre a materia de juros e correção monetária é importante que o


candidato conheça as seguintes súmulas:

Súmulas do Superior Tribunal de Justiça:

Súmula 580 - A correção monetária nas indenizações do seguro


DPVAT por morte ou invalidez, prevista no § 7º do art. 5º da Lei n.
6.194/1974, redação dada pela Lei n. 11.482/2007, incide desde a
data do evento danoso
Súmula 426 - Os juros de mora na indenização do seguro DPVAT
fluem a partir da citação.
Súmula 411 – É devida a correção monetária ao creditamento do
IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de re-
sistência ilegítima do Fisco.
Súmula 362 - A correção monetária do valor da indenização do
dano moral incide desde a data do arbitramento
Súmula 289 - A restituição das parcelas pagas a plano de previ-
dência privada deve ser objeto de correção plena, por índice que
recomponha a efetiva desvalorização da moeda

187
Súmula 271 - A correção monetária dos depósitos judiciais inde-
pende de ação
específica contra o banco depositário.
Súmula 204 - Os juros de mora nas ações relativas a benefícios
previdenciários incidem a partir da citação válida.
Súmula 188 - Os juros moratórios, na repetição do indébito tribu-
tário, são devidos a partir do trânsito em julgado da sentença.
Súmula 162 - Na repetição de indébito tributário, a correção mone-
tária incide a partir do pagamento indevido.
Súmula 54 - Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso,
em caso de responsabilidade extracontratual. Falsificação de che-
que.
Súmula 43 - Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito
a partir da data do efetivo prejuízo.
Súmula 36 - A correção monetária integra o valor da restituição,
em caso de adiantamento de cambio, requerida em concordata
ou falência.
Súmula 35 - Incide correção monetária sobre as prestações pagas,
quando de sua restituição, em virtude da retirada ou exclusão do
participante de plano de consorcio.
Súmula 30 - A comissão de permanência e a correção monetária

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são inacumuláveis.
Súmula 29 - No pagamento em juízo para elidir falência, são devi-
dos correção monetária, juros e honorários de advogado.

TÓPICO 12: Da multa e outras medidas coercitivas no dispositivo

Quando a sentença impuser a obrigação de fazer ou não fazer é pos-


sível que o julgador arbitre também modalidades de coerção direta e indireta
afim de garantir o cumprimento da obrigação. O Código de Processo Civil assim
determina:

Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibili-


dade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício
ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a ob-
tenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as
medidas necessárias à satisfação do exequente.
§ 1º Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar,
entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão,
a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impe-
dimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar
o auxílio de força policial.

188
Trata-se de uma facultatividade da sentença judicial, que, por vezes,
é cobrada no espelho de concursos da magistratura e, portanto, não pode ser
esquecida. O rol descrito no art. 536, § 1º é meramente exemplificativo!

A multa é o meio de coerção indireta mais utilizada na prática judicial


e ela pode ser arbitrada independentemente de pedido do autor e será devida
ao exequente18. Vejamos:

Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá


ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela provisória ou na
sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e com-
patível com a obrigação e que se determine prazo razoável para
cumprimento do preceito.
§ 1º O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor
ou a periodicidade da multa vincenda ou excluí-la, caso verifique
que:
I - se tornou insuficiente ou excessiva;
II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da
obrigação ou justa causa para o descumprimento.

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§ 2º O valor da multa será devido ao exequente.

A multa cominatória ou “astreintes” pode ser aplicada, então, como


forma de pressionar o devedor a cumprir obrigação de fazer que lhe é imposta e
depende de prévia intimação pessoal do devedor para constituir a condição ne-
cessária para a cobrança de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer
ou não fazer19.

A título de exemplo te apresentaremos como seu texto poderá ficar:

Assim sendo, julgo procedente a pretensão formulada na inicial, extinguindo


o feito com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I do CPC, para confir-
mar a decisão que deferiu o pedido de tutela de urgência e desconstituir o dé-
bito que levou o nome da parte requerente ao serviço de proteção ao crédito,

18 “A finalidade da multa é coagir (...) ao cumprimento do fazer ou do não fazer, não tendo cará-
ter punitivo. Constitui forma de pressão sobre a vontade”, destinada a convencer o seu destinatário ao
cumprimento. (MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; e MITIDIERO, Daniel. Novo Código
de Processo Civil comentado. 3ª ed. São Paulo: RT, 2017, pp. 684-685).
19 Súmula 410 do STJ: “A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a
cobrança de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.”

189
a pedido da parte requerida, referentes ao registro constante da consulta ane-
xa aos autos, devendo a parte ré, no prazo de 05 dias, adotar as necessárias
providências, no âmbito de seu sistema interno, para o cumprimento deste
comando, sob pena de multa diária no valor de R$ 100,00 (cem reais);

TÓPICO 13: Da confirmação da tutela antecipada no dispositivo

Acaso tenha sido concedida tutela provisória em momento anterior à


sentença é necessário que o julgador a confirme ou não na sentença.

A título de exemplo te apresentaremos como seu texto poderá ficar:

Ante o exposto, julgo procedente a pretensão formulada na inicial, extinguindo


o feito com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I do CPC, e confirmo a
decisão que deferiu o pedido de tutela de urgência às fls. para retirar o nome
da autora dos órgãos de proteção ao crédito.

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TÓPICO 14: Da sucumbência no dispositivo

No dispositivo o juiz também deve fixar a sucumbência. A regra geral é


que o vencido deverá pagar as despesas processuais. Vejamos o que diz o Código
de Processo Civil:

Art. 82. Salvo as disposições concernentes à gratuidade da jus-


tiça, incumbe às partes prover as despesas dos atos que realiza-
rem ou requererem no processo, antecipando-lhes o pagamento,
desde o início até a sentença final ou, na execução, até a plena
satisfação do direito reconhecido no título.
[...]
§ 2º A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as
despesas que antecipou.

A condenação em custas processuais e honorários advocatícios rege-


-se, em regra, pelo princípio da sucumbência, sendo certo que é consequência

190
imposta à parte vencida e independe de qualquer requerimento da parte con-
trária, uma vez que se trata de norma que tem por destinatário o próprio Juiz20.

Em alguns casos, entretanto, aquele que der causa ao ajuizamento


da ação responderá pelos ônus da sucumbência, devendo arcar com as custas
processuais e honorários de advogado, tal como ocorre com o devedor inadim-
plente que reconhece somente após o ajuizamento de ação judicial a dívida e a
quita21.

O princípio da causalidade também pode ser aplicada em hipótese de


prescrição. Vejamos a seguinte jurisprudência22:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECUR-


SO ESPECIAL. AÇÃO DE EXECUÇÃO. SENTENÇA QUE RECONHECEU
A OCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. FIXAÇÃO DE
HONORÁRIOS EM FAVOR DO PATRONO DOS EXECUTADOS. DES-
CABIMENTO. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. PRECEDENTES. SÚMU-
LA 83/STJ. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. 1. A jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça firmou-se no sentido de que, em se

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tratando de processo de execução extinto pela ocorrência da
prescrição intercorrente, a observância ao princípio da cau-
salidade não poderá favorecer o executado, por ser ele quem
deu causa ao ajuizamento da ação ao não efetuar o pagamen-
to ou não cumprir a obrigação de forma espontânea. 2. Agravo
interno a que se nega provimento.

20 TJ-DF - Apelação Cível APC 20120111890578 (TJ-DF).


21 STJ - AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL AgInt no REsp 1918923 PB 2021/0030221-0 (STJ)
Jurisprudência•Data de publicação: 18/08/2021. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ES-
PECIAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. PERDA SUPERVENIENTE DO OBJETO. PU-
BLICAÇÃO DA MP 753/2016. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. PRECEDENTES.
1. A jurisprudência do STJ é no sentido de que nas hipóteses de extinção do processo sem resolução de
mérito, decorrente de perda de objeto superveniente ao ajuizamento da ação, a parte que deu causa à
instauração do processo deverá suportar o pagamento dos honorários advocatícios, por força do prin-
cípio da causalidade. Precedente: AgInt no REsp 1.824.811/BA, Rel. Min. Sergio Kukina, Primeira Turma,
DJe 28/8/2020. 2. Agravo interno não provido.
22 STJ - AGRAVO INTERNO NO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL AgInt no
AgInt no AREsp 1825083 MS 2021/0017247-1 (STJ). Jurisprudência•Data de publicação: 25/06/2021. Dis-
ponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1248775442/agravo-interno-no-agravo-interno-
-no-agravo-em-recurso-especial-agint-no-agint-no-aresp-1825083-ms-2021-0017247-1.

191
Tal como ocorre em processos em que ambas as partes são vencedo-
ras e vencidas na lide, devendo elas arcarem com os encargos processuais, na
proporção de suas sucumbências.

De regra, os ônus sucumbenciais são estabelecidos conforme o prin-


cípio da sucumbência e quando houver, portanto, necessidade de reajustar os
valores de sucumbência em ocasiões nas quais a aplicação pura e simples deste
causaria uma situação de injustiça, o princípio da causalidade será aplicado.

Em outras palavras, a regra é que se aplique o princípio da sucumbên-


cia e de forma subsidiária o princípio da causalidade.

Atenção! Para os casos de Ação Civil Pública (art. 18) e Ação Popular
(art.5º, LXXIII da CF/88) é necessário rememorar os seguintes dispositivos
que impactam diretamente na fixação da sucumbência pelo julgador:

Art. 18 da Lei 7.347/1985. Nas ações de que trata esta lei, não ha-

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verá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e
quaisquer outras despesas, nem condenação da associação auto-
ra, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e
despesas processuais. (Redação dada pela Lei nº 8.078, de 1990)
Art. 5º, LXXIII da CF/1988- qualquer cidadão é parte legítima para
propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cul-
tural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência.

Outro cuidado a ser tomado pelo julgador deve acontecer nas ações
em que concedida a gratuidade judiciária, pois quando a parte for sucumben-
te o juiz deve condená-la, porém, deve suspender a exigibilidade, na forma do
art. 98, §§2º e 3º do CPC. Vejamos:

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas pro-
cessuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da
justiça, na forma da lei.

192
§ 2º A concessão de gratuidade não afasta a responsabilidade
do beneficiário pelas despesas processuais e pelos honorários
advocatícios decorrentes de sua sucumbência.
§ 3º Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua su-
cumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e
somente poderão ser executadas se, nos 5 (cinco) anos subse-
quentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o cre-
dor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência
de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-
-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.

A título de exemplo, apresentaremos como seu texto poderá ficar:

Condeno a parte autora beneficiária da justiça gratuita, aos pagamentos das


custas processuais e honorários advocatícios que fixo em 10% (dez por cento)
do valor da causa, na forma do art. 85, §2º do CPC e suspendo a exigibilidade
do ônus sucumbencial em atenção ao artigo 98, §3º do CPC.

Atenção! No caso de sentença com fundamento em desistência, em

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renúncia ou em reconhecimento do pedido, as despesas e os honorários
serão pagos pela parte que desistiu, renunciou ou reconheceu23.

TÓPICO 15: Das despesas processuais no dispositivo

Incumbe às partes prover as despesas dos atos que realizarem ou


requererem no processo, antecipando-lhes o pagamento, desde o início até a
sentença final ou, na execução, até a plena satisfação do direito reconhecido no
título24.

Somente não haverá o adiantamento dos pagamentos das despesas


processuais em caso de gratuidade judiciária. Vejamos:

Art. 82. Salvo as disposições concernentes à gratuidade da


justiça, incumbe às partes prover as despesas dos atos que
realizarem ou requererem no processo, antecipando-lhes o

23 Art. 90 do CPC.
24 Art. 82 do CPC.

193
pagamento, desde o início até a sentença final ou, na execução,
até a plena satisfação do direito reconhecido no título.

TÓPICO 16: Dos honorários advocatícios no dispositivo

Conforme dispõe o art. 85, § 2º do CPC, os honorários advocatícios se-


rão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o
valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível
mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa25.

Lembre-se que é possível fugir desses parâmetros legais quando for


inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o valor da causa
for muito baixo. Nestes casos o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação
equitativa. Vejamos:

Art. 85 § 8º Nas causas em que for inestimável ou irrisório o provei-


to econômico ou, ainda, quando o valor da causa for muito baixo,
o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação equitativa, ob-

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servando o disposto nos incisos do § 2º.

A apreciação equitativa tem caráter residual, devendo ser aplicada a


hipótese do art. 85, § 2º do CPC como regra26.

25 Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. § 2º Os


honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da con-
denação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da
causa, atendidos:
26 STJ - AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL AgInt no REsp 1879418 SP 2020/0143737-3 (STJ)
Jurisprudência•Data de publicação: 06/04/2021. PROCESSUAL CIVIL. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE.
EXCESSO. ACOLHIMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. FIXAÇÃO. PERCENTUAL SOBRE O VALOR DE-
COTADO. APRECIAÇÃO EQUITATIVA. IMPOSSIBILIDADE. 1. O Código de Processo Civil de 2015 , em seu
art. 85 , dedicou amplo capítulo aos honorários advocatícios, estabelecendo novos parâmetros objetivos
para a sua fixação, com a estipulação de percentuais mínimos e máximos sobre a dimensão econômica
da demanda (§ 2º), inclusive nas causas que envolvem a Fazenda Pública (§ 3º), de modo que, na maioria
dos casos, a avaliação subjetiva dos critérios legais a serem observados pelo magistrado servirá apenas
para que ele possa justificar o percentual escolhido dentro do intervalo permitido. 2. Nesse novo regi-
me, a fixação dos honorários advocatícios mediante juízo de equidade ganhou caráter residual, a ser
exercido nas causas de inestimável ou irrisório proveito econômico (art. 85, § 8º). 3. Hipótese em que
o significativo proveito econômico obtido em caráter definitivo com o acolhimento da exceção de pré-
-executividade é perfeitamente identificável e quantificável, concernente ao decote do excesso de juros
moratórios indevidamente cobrados, de modo que os honorários advocatícios sucumbenciais devem
ser fixados com base em percentual incidente sobre o referido sucesso alcançado (§ 3º), não havendo
espaço para o arbitramento mediante apreciação equitativa (§ 8º). 4. Agravo interno desprovido. Dispo-
nível em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1205697791/agravo-interno-no-recurso-especial-a-
gint-no-resp-1879418-sp-2020-0143737-3.

194
Alguns requisitos subjetivos deverão ser levados em consideração pelo
julgador para a fixação dos honorários. São eles:

x o grau de zelo do profissional;


x o lugar de prestação do serviço;
x a natureza e a importância da causa;
x o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu
serviço.

Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorá-
rios observará além dos critérios supramencionados os seguintes percentuais
de acordo com o Código de Processo Civil:

Art. 85 § 3º Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixa-


ção dos honorários observará os critérios estabelecidos nos inci-
sos I a IV do § 2º e os seguintes percentuais:
I - mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da
condenação ou do proveito econômico obtido até 200 (duzentos)

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salários-mínimos;
II - mínimo de oito e máximo de dez por cento sobre o valor da
condenação ou do proveito econômico obtido acima de 200 (du-
zentos) salários-mínimos até 2.000 (dois mil) salários-mínimos;
III - mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor
da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 2.000
(dois mil) salários-mínimos até 20.000 (vinte mil) salários-mínimos;
IV - mínimo de três e máximo de cinco por cento sobre o valor
da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 20.000
(vinte mil) salários-mínimos até 100.000 (cem mil) salários-míni-
mos;
V - mínimo de um e máximo de três por cento sobre o valor da
condenação ou do proveito econômico obtido acima de 100.000
(cem mil) salários-mínimos.

Em qualquer dessas hipóteses os percentuais previstos nos incisos I


a V devem ser aplicados desde logo, quando for líquida a sentença. Não sendo
líquida a sentença, a definição do percentual, nos termos previstos nos incisos I
a V, somente ocorrerá quando liquidado o julgado;

195
Quando não houve condenação principal ou não for possível mensurar
o proveito econômico obtido, a condenação em honorários dar-se-á sobre o va-
lor atualizado da causa27.

Sempre será considerado o salário-mínimo vigente quando prolatada


sentença líquida ou o que estiver em vigor na data da decisão de liquidação.

Quando, conforme o caso, a condenação contra a Fazenda Pública ou


o benefício econômico obtido pelo vencedor ou o valor da causa for superior
ao valor previsto no inciso I do § 3º, a fixação do percentual de honorários deve
observar a faixa inicial e, naquilo que a exceder, a faixa subsequente, e assim
sucessivamente (art. 85, § 5º do CPC).

Os limites e critérios previstos nos §§ 2º e 3º aplicam-se independente-


mente de qual seja o conteúdo da decisão, inclusive aos casos de improcedência
ou de sentença sem resolução de mérito (art. 85, § 6º do CPC).

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Atenção para a súmula 201 do Superior Tribunal de Justiça que de-
termina que não podem ser fixados os honorários advocatícios em salários-mí-
nimos28.

Não é possível a compensação de honorários em caso de sucumbência


recíproca. Vejamos29:

PROCESSUAL CIVIL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA


RECÍPROCA. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. 1. Na hipótese dos
autos, a Corte a quo entendeu que houve sucumbência recíproca,
mas concluiu pela impossibilidade de compensação dos honorá-
rios advocatícios, tendo em vista a ausência de fundamento legal
para adoção de tal procedimento, ainda que a parte autora não
litigasse sob o pálio da justiça gratuita. 2. O art. 21 do CPC /1973
preconiza, in verbis: “Se cada litigante for em parte vencedor e
vencido, serão recíproca e proporcionalmente distribuídos e com-
27 Art. 85 § 4º, III do CPC.
28 SÚMULA Nº 201 do STJ - Os honorários advocatícios não podem ser fIxados em salários mínimos.
29 STJ - RECURSO ESPECIAL REsp 1657063 RS 2017/0044738-0 (STJ)Jurisprudência•Data de publica-
ção: 12/05/2017. Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/465694779/recurso-especial-
-resp-1657063-rs-2017-0044738-0

196
pensados entre eles os honorários e as despesas”. 3. O Superior
Tribunal de Justiça entende que “A Lei nº 8.906 /94 assegura ao ad-
vogado a titularidade da verba honorária incluída na condenação,
sendo certo que a previsão, contida no Código de Processo Civil ,
de compensação dos honorários na hipótese de sucumbência re-
cíproca, não colide com a referida norma do Estatuto da Advoca-
cia. É a ratio essendi da Súmula 306 do STJ”. 4. Ademais, “o defe-
rimento da gratuidade da justiça não constitui, em regra, óbice à
compensação de honorários advocatícios no caso de sucumbência
recíproca” ( AgRg no AREsp 442.443/RS , Rel. Ministro Humberto
Martins, Segunda Turma, julgado em 6/2/2014, DJe 17/2/2014). 5.
Recurso Especial provido.

Essa também é a inteligência do art. 85, § 14 que afirma que os hono-


rários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mes-
mos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a
compensação em caso de sucumbência parcial.

Em caso de litisconsórcio os vencidos respondem proporcionalmente

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pelas despesas e pelos honorários. A sentença, então, deverá distribuir entre os
litisconsortes, de forma expressa, a responsabilidade proporcional pelo paga-
mento das verbas. Se essa distribuição não for feita, os vencidos responderão
solidariamente pelas despesas e pelos honorários30.

Há também necessidade de impor honorários caso o réu seja parte


ilegítima, hipótese em que o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a altera-
ção da petição inicial para substituição do réu. Uma vez realizada a substituição,
o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários ao procurador do réu
excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou,
sendo este irrisório fixará por apreciação equitativa31.

Lembre-se que a fixação de honorários advocatícios deve ser arbitrada


pelo juízo independentemente de requerimento da parte, trata-se de pedido
implícito! Vejamos:

30 Art. 87 do CPC.
31 Art. 338, parágrafo único do CPC.

197
Art. 322. O pedido deve ser certo.
§ 1º Compreendem-se no principal os juros legais, a correção mo-
netária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários ad-
vocatícios.

Os honorários advocatícios também são devidos aos advogados que


atuam em causa própria32.

Sobre a materia algumas súmulas merecem destaque:

Súmulas do Superior Tribunal de Justiça:

SÚMULA N. 105 - Na ação de mandado de segurança não se admite


condenação em honorários advocatícios.
SÚMULA N. 111 - Os honorários advocatícios, nas ações
previdenciárias, não incidem sobre as prestações vencidas após a
sentença.
SÚMULA N. 141 - Os honorários de advogado em desapropriação
direta são calculados sobre a diferença entre a indenização e a

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oferta, corrigidas monetariamente.
SÚMULA N. 326 - Na ação de indenização por dano moral, a con-
denação em montante inferior ao postulado na inicial não implica
sucumbência recíproca.
SÚMULA N. 421 - Os honorários advocatícios não são devidos à
Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de
direito público à qual pertença.
SÚMULA N. 517: São devidos honorários advocatícios no cumpri-
mento de sentença, haja ou não impugnação, depois de escoado
o prazo para pagamento voluntário, que se inicia após a intimação
do advogado da parte executada.
SÚMULA N. 519: Na hipótese de rejeição da impugnação
ao cumprimento de sentença, não são cabíveis honorários
advocatícios.

Súmulas do Supremo Tribunal Federal:

SÚMULA N. 450 - São devidos honorários de advogado sempre


que vencedor o beneficiário de justiça gratuita.
SÚMULA N. 512 - Não cabe condenação em honorários de advoga-
do na ação de mandado de segurança.

32 Art. 85 § 17 do CPC. Os honorários serão devidos quando o advogado atuar em causa própria.

198
SÚMULA N. 617 - A base de cálculo dos honorários de advogado
em desapropriação é a diferença entre a oferta e a indenização,
corrigidas ambas monetariamente.

Atenção! Para os casos de Ação Civil Pública (art. 18), Ação Popular
(art.5º, LXXIII da CF/88), Mandado de Segurança (art. 25, Lei 12.016/2009)
em que é necessário rememorar os seguintes dispositivos que impactam
diretamente na fixação dos honorários pelo julgador:

Art. 18 da Lei 7.347/1985. Nas ações de que trata esta lei, não ha-
verá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e
quaisquer outras despesas, nem condenação da associação auto-
ra, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e
despesas processuais. (Redação dada pela Lei nº 8.078, de 1990)
Art. 5º, LXXIII da CF/1988- qualquer cidadão é parte legítima para
propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cul-
tural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência;

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Art. 25 da Lei nº 12.016/2009 - Não cabem, no processo de manda-
do de segurança, a interposição de embargos infringentes e a con-
denação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo
da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé.

Outro cuidado a ser tomado pelo julgador deve acontecer nas ações
em que concedida a gratuidade judiciária, pois quando a parte for sucumbente
o juiz deve condená-la a fixação de honorários advocatícios, porém, deve sus-
pender a exigibilidade, na forma do art. 98, §§2º e 3º do CPC. Vejamos:

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas pro-
cessuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da
justiça, na forma da lei.
§ 2º A concessão de gratuidade não afasta a responsabilidade
do beneficiário pelas despesas processuais e pelos honorários
advocatícios decorrentes de sua sucumbência.
§ 3º Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua su-
cumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e
somente poderão ser executadas se, nos 5 (cinco) anos subse-
quentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o cre-

199
dor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência
de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-
-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.

A título de exemplo, apresentaremos como seu texto poderá ficar:

Condeno a parte autora beneficiária da justiça gratuita, aos pagamentos das


custas processuais e honorários advocatícios que fixo em 10% (dez por cento)
do valor da causa, na forma do art. 85, §2º do CPC e suspendo a exigibilidade
do ônus sucumbencial em atenção ao artigo 98, §3º do CPC.

TÓPICO 17: Hipóteses de isenção do pagamento de custas judiciais

A União, suas autarquias e fundações, são isentas de custas e emo-


lumentos e demais taxas judiciárias, bem como de depósito prévio e multa em
ação rescisória, em quaisquer foros e instâncias. Essa regra se aplica para todos
os processos administrativos e judiciais em que for parte o Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço - FGTS, seja no polo ativo ou passivo, extensiva a isenção à

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pessoa jurídica que o representar em Juízo ou fora dele33.

A lei 9.289 de 04 de julho de 1996 afirma que são isentos de paga-


mento de custas:

Art. 4º São isentos de pagamento de custas:


I - a União, os Estados, os Municípios, os Territórios Federais, o
Distrito Federal e as respectivas autarquias e fundações;
II - os que provarem insuficiência de recursos e os beneficiários da
assistência judiciária gratuita;
III - o Ministério Público;
IV - os autores nas ações populares, nas ações civis públicas e nas
ações coletivas de que trata o Código de Defesa do Consumidor,
ressalvada a hipótese de litigância de má-fé.
Parágrafo único. A isenção prevista neste artigo não alcança as
entidades fiscalizadoras do exercício profissional, nem exime as
pessoas jurídicas referidas no inciso I da obrigação de reembolsar
as despesas judiciais feitas pela parte vencedora.

33 Art. 24-A da Lei nº 9.028, DE 12 DE ABRIL DE 1995. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/


ccivil_03/leis/l9028.htm

200
TÓPICO 18: Da remessa necessária

Também conhecida como reexame necessário e duplo grau de jurisdi-


ção obrigatório, a remessa necessária é uma imposição legal de encaminhamen-
to dos autos a outro grau de jurisdição, no caso o Tribunal, para que o processo
transite em julgado.

Segundo o artigo 496 do CPC estão sujeitos ao duplo grau de jurisdição:

x a sentença proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal,


os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito
público;
x a sentença que julgar procedentes, no todo ou em parte, os
embargos à execução fiscal.

Nesses casos, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará


a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo

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tribunal avocá-los-á.

Há exceções a remessa necessária. São elas34:

x quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa


for de valor certo e líquido inferior a 1.000 (mil) salários-mínimos para
a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público;
x quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa
for de valor certo e líquido inferior 500 (quinhentos) salários-míni-
mos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e
fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais
dos Estados;
x quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa
for de valor certo e líquido inferior 100 (cem) salários-mínimos para
todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de
direito público.
x quando estiver fundada em súmula de tribunal superior;

34 Art. 496, §§3ºe 4º do CPC.

201
x quando o acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou
pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repeti-
tivos;
x quando o entendimento firmado em incidente de resolução de de-
mandas repetitivas ou de assunção de competência;
x quando existir entendimento coincidente com orientação vincu-
lante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, con-
solidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.

Deverá ser aplicada a remessa necessária35 a sentença ilíquida profe-


rida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as respectivas
autarquias e fundações de direito público. Posicionamento esse que deu origem
ao enunciado 490 da Súmula do STJ com o seguinte teor:

Súmula nº 490 - A dispensa de reexame necessário, quando o valor


da condenação ou do direito controvertido for inferior a sessenta
salários-mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas.

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Assim, a jurisprudência do Superior Tribunal não tem admitido o
afastamento do reexame necessário com fundamento em estimativa do valor
da condenação.

O reexame necessário, no entanto, não será aplicado quando a ação


proposta pela Fazenda Pública for julgada extinta sem resolução do mérito.
Vejamos36:

35 STJ - RECURSO ESPECIAL REsp 1849806 SP 2019/0348458-0 (STJ). Jurisprudência • Data de pu-
blicação: 01/12/2020. PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. REMESSA NECESSÁRIA. SENTENÇA ILÍQUI-
DA. OBRIGATORIEDADE. SÚMULA 490 DO STJ.1. A Corte Especial, no julgamento do REsp 1.101.727/PR,
proferido sob o rito de recursos repetitivos, firmou o entendimento de que é obrigatório o reexame da
sentença ilíquida proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as respectivas
autarquias e fundações de direito público (art. 475, § 2º, CPC/73). Posicionamento esse que deu origem
ao enunciado 490 da Súmula do STJ: “A dispensa de reexame necessário, quando o valor da condenação
ou do direito controvertido for inferior a sessenta salários mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas.”
2 “A jurisprudência deste Superior Tribunal não tem admitido o afastamento do reexame necessário
com fundamento em estimativa do valor da condenação” (AgInt no REsp 1.789.692/RS, Rel. Ministro Og
Fernandes, Segunda Turma, DJe 24/09/2019). 3. Recurso Especial não provido. Disponível em: https://stj.
jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1136288299/recurso-especial-resp-1849806-sp-2019-0348458-0.
36 (AgRg no REsp 335.868/CE, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 9/12/2013)

202
PROCESSUAL CIVIL. REEXAME NECESSÁRIO. ART. 475, INCISO I, DO
CPC. SENTENÇA QUE EXTINGUE O PROCESSO SEM JULGAMENTO
DE MÉRITO E CONDENA A FAZENDA NACIONAL AO PAGAMENTO
DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. INAPLICABILIDADE.
1. Não está sujeita ao reexame necessário (art. 475 do CPC) a sen-
tença que extingue o processo sem julgamento de mérito. Prece-
dentes.
2. A condenação da Fazenda Nacional ao pagamento de
honorários advocatícios em sentença extintiva do processo,
sem julgamento de mérito, não tem o condão de impor a
observância à remessa necessária. O ônus sucumbencial decorre
do princípio da causalidade. O duplo grau obrigatório é proteção
que se destina a conferir maior segurança aos julgamentos de
mérito desfavoráveis à Fazenda Pública. REsp 640.651/RJ, Min.
Castro Meira, Segunda Turma, DJ 7.11.2005.
3. Agravo Regimental não provido.

Do mesmo modo, a sentença que é favorável à Fazenda Pública também


não se submete a remessa necessária.

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Atenção para os mandados de segurança, pois a sentença que conce-
der a segurança estará sujeita ao duplo grau de jurisdição de acordo com a Lei
do Mandado de Segurança! Vejamos:

Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe


apelação.
§ 1o Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoria-
mente ao duplo grau de jurisdição.

Por outro lado, as disposições previstas no art. 496 do CPC podem


impedir a remessa necessária. Esse é o entendimento firmado pelo Fórum
Permanente de Processualistas Civis:

Enunciado nº 312 - (art. 496) O inciso IV do §4º do art. 496 do CPC


aplica-se ao procedimento do mandado de segurança.

Também haverá remessa necessária em ação civil pública e ação


popular quando houver carência ou improcedência da ação! Observe que
no caso de ação civil pública e ação popular que for extinta sem julgamento do
mérito haverá remessa necessária!

203
Vejamos o que diz o art. 19 da Lei de Ação Popular:

Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improce-


dência da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não pro-
duzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que
julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo.

Este dispositivo também será aplicado para a ação civil pública em caso
de improcedência da ação conforme entendimento pacífico do Superior Tribunal
de Justiça37:

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚ-


BLICA POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. REEXAME NECESSÁ-
RIO. CABIMENTO. APLICAÇÃO, POR ANALOGIA, DO ART. 19 DA LEI
4.717⁄65. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CÓDIGO DE PROCESSO CI-
VIL À LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ART. 475 DO CÓDI-
GO DE PROCESSO CIVIL DE 1973. PRECEDENTES.
I - Petição inicial que não traz, expressamente, a nominação da
ação como civil pública por ato de improbidade administrativa,
mas que contém menção clara à pretensão de aplicabilidade de

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sanções previstas na Lei n. 8.429⁄92, além do ressarcimento do
dano causado ao erário. Independentemente do nome que lhe foi
conferida, há se reconhecer que se trata, portanto, de ação civil
pública por ato de improbidade administrativa.
II - Tese recursal que se restringe à aplicabilidade do art. 19 da Lei
da Ação Popular — que sujeita ao duplo grau de jurisdição senten-
ças que concluírem pela carência da ação ou improcedência dos
pedidos — nos casos de ações civis públicas por ato de improbida-
de administrativa.
III - Jurisprudência do STJ firme no sentido de que o Código de
Processo Civil deve ser aplicado subsidiariamente à Lei de Impro-
bidade Administrativa. Precedentes: REsp 1217554⁄SP, Rel. Mi-
nistra ELIANA CALMON, Segunda Turma, DJe 22⁄08⁄2013; EREsp
1098669⁄GO, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, Primeira Tur-
ma, DJe 12⁄11⁄2010.
IV - Admite-se, também, a aplicação analógica do art. 19 da Lei n.
4.717⁄65 em relação às ações civil públicas por ato de improbidade
administrativa. Precedentes: REsp 1.108.542⁄SC, Rel. Ministro CAS-
TRO MEIRA, DJe 29.5.2009; AgRg no REsp 1219033⁄RJ, Rel. Ministro

37 RECURSO ESPECIAL Nº 1.605.572 - MG (2016⁄0148176-1). Disponível em: https://stj.jus-


brasil.com.br/jurisprudencia/861188166/recurso-especial-resp-1605572-mg-2016-0148176-1/intei-
ro-teor-861188176?ref=feed

204
HERMAN BENJAMIN, Segunda Turma, DJe 25⁄04⁄2011; Embargos de
Divergência em REsp n. 1.220.667-MG, Rel. Ministro HERMAN BEN-
JAMIN, DJe 30⁄06⁄2017.
V - As sentenças de improcedência de pedidos formulados em
ação civil pública sujeitam-se indistintamente ao reexame ne-
cessário, seja por aplicação subsidiária do Código de Processo
Civil (art. 475 do CPC⁄1973), seja pela aplicação analógica do Lei
da Ação Popular (art. 19 da Lei n. 4.717⁄65).
VI - Recurso especial conhecido e provido para determinar a
devolução dos autos ao Tribunal de origem, a fim de proceder ao
reexame necessário da sentença.

A título de exemplo, apresentaremos como seu texto poderá ser redigido:

Sentença sujeita a reexame necessário nos termos do art. 19 da Lei de Ação


Popular.

Sentença sujeita a remessa necessária conforme o art. 496 do CPC.

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TÓPICO 19: Do epílogo

Após a conclusão do dispositivo, o magistrado deverá conferir clareza aos


cumprimentos e a transparência do ato. Chamamos isso de epílogo da sentença.
O modelo comumente utilizado é o que segue:

Publique-se. Registre-se. Intime-se.

TÓPICO 20: Do encerramento da sentença

Ao final da sentença deverá ser exposto local, data e assinatura do jul-


gador. Muito cuidado para não identificar sua prova! Não é autorizada a criação
de dados pelo candidato de modo que caso o examinador não tenha fornecido
elementos para concluir sobre local e data em que se operou o julgamento, o
candidato deverá apenas mencionar “local, data”. Tal como o modelo a seguir:

Local, data.
Assinatura do Juiz.
Nome do Juiz.

205
O candidato não deve assinar a prova, nem apresentar qualquer sinal
gráfico a título de assinatura, sob pena de identificação de prova e ser eliminado
do certame.

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206
6.2.2. Sentença criminal
POR: MARIA AUGUSTA DINIZ.

Essa prova exige um bom conhecimento do Direito Penal e do Direito


Processual Penal. Por isso, o estudo para o concurso da Magistratura é inte-
grado, não sendo aconselhada a “compartimentalização” por fases. Ou seja, o
direcionamento é o mesmo, devendo o candidato aprofundar-se nas matérias
desde o início (até porque ele disponibilizará de pouco tempo entre a primeira
e segunda etapas). E, a cada etapa, ele deverá dedicar-se às peculiaridades dela
decorrentes.

Como já dito, para a habilitação para a terceira fase, é necessário que


se atinja, no mínimo, 6 (seis) pontos em cada sentença e nas questões. Aqui, ao
contrário do que acontece na prova oral, não se somam todas as notas para que
se obtenha a média aritmética. Por isso, todo cuidado é pouco.

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Ademais, o ideal é que você treine bastante a estrutura formal da sen-
tença, preocupando-se, no momento da prova, tão-somente com o seu conteúdo.
Ora, com o tempo e a prática, a redação de peças jurídicas – dentre elas, a sen-
tença – torna-se “automática”, mecânica.

Pois bem, para que se elabore uma boa sentença, com técnica, é preciso
que se tenha um bom conhecimento do conteúdo penal e processual penal, das
técnicas de sentença e que, com prática, consiga-se, em tempo adequado, dirimir
a lide do caso prático proposto.

Para isso, como já dito, é muito importante que você, após ser apro-
vado(a) para a segunda fase, treine bastante e que conheça as matérias
que estão mais sendo julgadas no respectivo Tribunal. Cada Corte costuma
disponibilizar, em seu sítio eletrônico, teses de jurisprudência uniformizada e
casos de maior evidência. Jamais ignore esse conteúdo.

207
Da mesma forma, a jurisprudência e as súmulas do Supremo Tribunal
Federal e do Superior Tribunal de Justiça são exaustivamente cobradas nessa
fase, razão pela qual esse estudo deve ser intensificado.

Durante a preparação específica para essa prova, utilize o material a


que você esteja familiarizado(a). Não é o momento para que se adote novas
doutrinas. Da mesma forma, eleja um vade mecum (o mais completo possível) e
acostume-se com o seu manuseio.

Treine a escrita e, principalmente, o uso correto do português e


das expressões jurídicas. Com o tempo, ela vai se “automatizando” e colocar as
ideias no papel vai se tornando uma tarefa genuína e automática, o que faz com
que você aproveite o tempo da melhor forma possível. Não se esqueça de que,
na sentença penal, deverá ser feita a dosimetria da pena, o que exige atenção
especial no que tange à gestão do tempo.

Não há uma uniformidade das Bancas Examinadoras em relação à

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proposição da lide a ser solucionada. Assim, por exemplo, nos concursos para
a Magistratura do Distrito Federal e Territórios, é comum que já se traga o
relatório completo, os depoimentos das testemunhas e a folha de passagens
do denunciado. É um modelo comumente utilizado pelo Cebraspe (Cespe). Mas
a Banca poderá trazer o resumo da questão, determinando, expressamente,
que o candidato dispense a elaboração do relatório. Quando for proposta essa
estrutura, já inicie a prova fundamentando a decisão.

Já a Fundação Vunesp formula a questão de variadas maneiras. No


concurso do TJMG/2012, foi apresentado o relatório completo. No do TJSP/2014,
por outro lado, a Organizadora trouxe um resumo do processo-crime hipotético,
determinando a elaboração da sentença nos moldes do artigo 381 e seguintes
do Código de Processo Penal. Quando for assim, aconselhamos que se faça, con-
quanto de forma resumida, um relatório.

De qualquer forma, sempre confira o enunciado, o qual poderá,


expressamente, determinar que o candidato já passe a fundamentar e decidir,
sendo dispensada a elaboração do relatório.

208
No momento da prova, leia atentamente, por três vezes, o enunciado
proposto. Durante essa leitura, sublinhe os dados importantes, prestando aten-
ção em todos os detalhes e fazendo anotações no caderno de rascunhos. Faça
as anotações pertinentes, mas, jamais, o rascunho da sentença, uma vez que
não há tempo hábil para que se passe a limpo.

Não ignore nenhum fato ou prova mencionados. Não invente ou crie


dados que não foram trazidos pelo enunciado. Anote todas as teses minis-
teriais e defensivas alegadas. Após tudo isso, faça um esquema no caderno de
rascunho, registrando essas alegações e as palavras-chaves referentes à funda-
mentação e à procedência (ou não) dos argumentos. Esse roteiro é o que deverá
ser seguido quando da elaboração da sentença.

Se, durante a redação definitiva, você se equivoque, não se desespere.


Apenas isole o trecho entre parênteses e risque-o. Não borre ou pinte essa parte
que deseja eliminar. A escrita deverá, por exemplo, ficar assim:

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“A culpabilidade do agente não ultrapassou o juízo de censurabili-
dade já abstratamente considerado pelo legislador.
(Tício mantém, contra si, 05 (cinco) condenações, que maculam
seus antecedentes e, por isso, são aptas a majorar a pena-base
em 08 (oito) meses.)
Tício m,;.antém, contra si, 05 (cinco) condenações, das quais 02
(duas) estão transitadas em julgado, enquanto que as demais ain-
da não são definitivas e, por isso, não são aptas a configurar a
reincidência ou a macular os antecedentes, nos moldes da Súmula
444 do Superior Tribunal de Justiça.
Assim sendo, reservo a condenação de id. (ou folhas, ou núme-
ro do processo, a depender de como o enunciado trouxer) para a
configuração da reincidência, a ser tratada na segunda etapa da
dosimetria, enquanto que a de id. (ou folhas, ou número do pro-
cesso) será utilizada nesta fase da individualização, como maus
antecedentes, razão pela qual majoro a pena-base em 03 (três)
meses.”

A partir de agora, traremos os pontos que necessariamente deverão


ser tratados na sentença penal. Não se esqueça de nenhum deles. Para uma
melhor didática, dividiremos a explicação em tópicos, mas, na sua sentença, a
redação deve ser contínua, sem essa divisão.

209
Antes, porém, não custa lembrar que, segundo o artigo 381 do Código
de Processo Penal, a sentença criminal deverá conter: a) os nomes das partes
ou, quando não possível, as indicações necessárias para identificá-las; b) a ex-
posição sucinta da acusação e da defesa; c) a indicação dos motivos de fato e de
direito em que se fundar a decisão; d) a indicação dos artigos de lei aplicados; e)
o dispositivo; f) a data e a assinatura do juiz.

TÓPICO 1: FUNDAMENTAÇÃO.

Como é cediço, toda decisão judicial deverá ser fundamentada, em


especial quando se trata de aplicação de uma sanção penal.

O artigo 315, § 2º, do Código de Processo Penal (com a redação dada


pela Lei n.º 13.964/2019 (conhecida por “Pacote Anticrime”) estabelece que não
se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória,
sentença ou acórdão que: a) limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase
de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;

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b) empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto
de sua incidência no caso; c) invocar motivos que se prestariam a justificar qual-
quer outra decisão; d) não enfrentar todos os argumentos deduzidos no proces-
so capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; e) limitar-se
a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamen-
tos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àque-
les fundamentos; f) deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no
caso em julgamento ou a superação do entendimento.

Relembradas essas regras, passemos ao início da sua prova de sentença,


que deverá iniciar assim:

“É o relatório.
Passo a decidir.

Trata-se de ação pública incondicionada, por meio da qual se busca apurar a


responsabilidade criminal de TÍCIO pela prática do delito previsto no artigo X
do Código Penal, nos moldes descritos na denúncia.”

210
Se a ação for pública condicionada à representação do ofendido (ou de
quem tiver qualidade para representá-lo) ou à requisição do Ministro da Justiça
(artigo 100, § 1º, do Código Penal e artigo 24 do Código de Processo Penal), não se
esqueça de registrar, aqui, o preenchimento dessa condição de procedibilidade.

Inicialmente, você deverá enfrentar as questões preliminares e preju-


diciais alegadas pelas partes, uma vez que eventual procedência de alguma(s)
dela(s) irá interferir no julgamento do mérito da demanda.

TÓPICO 2: DAS QUESTÕES PRELIMINARES E PREJUDICIAIS.

As questões e processos incidentes, tratadas no Título VI do Livro I do


Código de Processo Penal, são aqueles argumentos secundários que surgem ao
longo do processo principal e que interferem no seu deslinde, razão pela qual
devem ser decididos antes. São:

“a) questões prejudicais: devem ser resolvidas previamente por-

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quanto ligadas ao mérito da questão principal (CPP, arts. 92 a 94);
b) processos incidentes em sentido estrito: relacionados ao
processo, razão pela qual podem ser resolvidos pelo próprio juí-
zo criminal. Compreendem as exceções (CPP, arts. 95 a 111), as
incompatibilidades e impedimentos (CPP, art. 112), o conflito de
competência (CPP, arts. 113 a 117), a restituição de coisas apreen-
didas (CPP, art. 118 a 124), as medidas assecuratórias (CPP, arts.
125 a 144), o incidente de falsidade (CPP, arts. 145 a 148) e o inci-
dente de insanidade mental do acusado (CPP, arts. 149 a 154). Se-
gundo a doutrina, estes processos incidentes, que devem tramitar
em autos apartados, de modo a não comprometer o curso normal
do processo principal, podem ser classificados da seguinte forma:
b.1) questões tipicamente preliminares: exceções de suspei-
ção, incompatibilidade ou impedimento; exceções de incompe-
tência de juízo, de litispendência, de ilegitimidade de parte e de
coisa julgada, bem como conflito de competência, que devem
ser resolvidas antes do exame do mérito da ação principal;
b.2) questões de natureza acautelatória de cunho patrimo-
nial, sem maiores interferências na solução do caso penal:
restituição de coisas apreendidas e medidas assecuratórias, tais
como o sequestro, especialização e registro de hipoteca legal e
o arresto;

211
b.3) questões tipicamente probatórias: podem ocorrer no
âmbito da aferição de culpabilidade (incidente de insanidade
mental) e no da materialidade do delito (incidente de falsidade
documental).”1

Além das questões prejudiciais (que se relacionam com o direito ma-


terial) e dos processos incidentes em sentido estrito (matéria processual), o Có-
digo de Processo Penal regula as questões preliminares, que são atinentes ao
direito processual e dizem respeito aos pressupostos processuais (de existência
e de validade) e às condições da ação.

Em provas de sentença do concurso para o ingresso na Magistratura,


é mais corriqueira a cobrança do conhecimento relativo às questões prejudiciais
e às questões preliminares, cujas diferenças são, segundo elucidativo esquema
elaborado pelo professor Renato Brasileiro, em seu Manual de Processo Penal –
Volume Único2:

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QUESTÕES PREJUDICIAIS QUESTÕES PRELIMINARES
Dizem respeito ao direito material. Dizem respeito ao direito processual.
Estão relacionadas à própria existên- Estão relacionadas aos pressupostos
cia da infração penal. processuais (de existência e de valida-
de) e às condições da ação.
São dotadas de existência autônoma, Não são dotadas de existência autô-
ou seja, existem independentemente noma, ou seja, não havendo o proces-
do processo penal em que houve o re- so criminal, não haverá questão preli-
conhecimento da prejudicialidade. minar.
Podem ser objeto da análise pelo juí- Só podem ser objeto de análise pelo
zo penal ou extrapenal, a depender juízo penal.
de sua natureza.

1 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal – Volume Único. Salvador: ed. Juspodivm,
2020, pág. 1.199).
2 Idem. Ibidem, pág. 1.202.

212
Condicionam o conteúdo das deci- Impedem as decisões sobre as ques-
sões acerca das questões prejudicadas tões principais (p. ex.: reconhecida a
(v.g., a decisão acerca da existência do incompetência absoluta do juízo, este
crime de bigamia está condicionada à não poderá apreciar o mérito da cau-
decisão no processo de anulação do sa).
primeiro casamento).

Todas essas questões, se trazidas, deverão ser abordadas em tópico


próprio e antes da análise do mérito.

Passemos, então, à exemplificação:

“Das preliminares:

Em alegações preliminares, a Defesa sustenta a nulidade da prova pericial pro-


duzida no aparelho celular do denunciado, apreendido durante a prisão em
flagrante, uma vez que não houve prévia decisão judicial que autorizasse a

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quebra de dados.
Como será demonstrado a seguir, a tese merece guarida.
As provas carreadas aos autos demonstram que o celular de Tício foi apreendi-
do pela polícia quando da abordagem e prisão em flagrante e posteriormente
periciado sem prévia autorização judicial.
Ora, segundo entendimento já pacificado no Superior Tribunal de Justiça, é
ilícita a devassa de dados, incluindo as conversas de whatsapp, obtidos direta-
mente pela polícia em celular apreendido por ocasião da prisão em flagrante,
sem prévia autorização judicial.
Ou seja, após a regular apreensão do objeto, era imprescindível que fosse re-
querida autorização judicial para que os dados constantes no dispositivo mó-
vel fossem analisados.
Dessa forma, acolho a preliminar de nulidade da prova pericial relativa à que-
bra do sigilo dos dados do aparelho celular do denunciado, deixando de consi-
derar quaisquer informações trazidas no correspondente laudo.”.

Aqui, recomendamos que você tome bastante cuidado no que concerne


à correta análise das questões e, principalmente, em relação à fundamentação.

213
Isso porque são considerados erros graves: a) afastamento de preliminar/pre-
judicial que deveria ser acatada; b) acolhimento de preliminar/prejudicial que
deveria ser afastada; c) afastamento/acolhimento de preliminar/prejudicial com
fundamentação inidônea. Por sua vez, haverá desconto da pontuação se houver
corretamente o acolhimento/afastamento da questão, mas com fundamenta-
ção deficiente ou incompleta.

Não custa lembrar que, para uma boa análise dessas questões, é im-
prescindível que você tenha uma boa base da teoria das nulidades no processo
penal. Assim sendo, após a aprovação na prova objetiva, intensifique esse estudo.

TÓPICO 3: MATERIALIDADE E AUTORIA.

“DO MÉRITO.
Presentes as condições da ação e os pressupostos processuais, passo ao exa-
me do mérito.
1) Do crime de roubo.”

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No presente ponto, recomendamos que você trate cada crime em
um tópico próprio (o que, inclusive, é o mais corriqueiro na prática judicial).
Isso facilitará a análise das provas e dos fundamentos jurídicos, deixando a
sentença mais organizada. Se houver mais de um denunciado, faça a análise
conjunta de todos os coautores e partícipes. Ou seja: a separação por tópicos,
na fundamentação, será por fatos e não por autores.

A partir daí serão tratadas, separadamente, a materialidade e a autoria


delitivas. Dificilmente a prova trará situação em que não há comprovação da
materialidade dos fatos. Então, esse tópico da sentença, referente a cada crime,
deverá iniciar-se da seguinte forma:

“A materialidade dos fatos descritos na denúncia está suficientemente com-


provada por meio das provas produzidas nos autos, em especial: Auto de Pri-
são em Flagrante de fls. x; Boletim de Ocorrência Policial de fl. x; Auto de Apre-
sentação e Apreensão de Objetos de fl. x; Termo de Restituição de fl. x; e pela
prova oral colhida sob o crivo do contraditório.”.

214
Preste bastante atenção para não esquecer nenhum dos documentos
descritos no enunciado, desde que sejam adequados à comprovação da mate-
rialidade delitiva. Assim sendo, a Folha de Antecedentes Penais, por exemplo,
não deverá constar nessa lista.

Em seguida, deverá ser analisada a autoria criminosa. Caso haja provas


de que o denunciado, de fato, praticou o delito mencionado no enunciado, o
parágrafo deverá ter a seguinte redação (sugerida):

“Da mesma forma, a autoria de TÍCIO encontra-se estreme de dúvidas.”.

Em seguida, as provas deverão ser analisadas, como no seguinte exem-


plo (cuja redação deverá ser adaptada às particularidades trazidas no enunciado):

“Ao ser interrogado em juízo, TÍCIO confessou a prática criminosa, explicando


que... (se o depoimento for grande, apenas o resuma).
Conforme se observa, a confissão se deu de forma livre e espontânea e encon-

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tra-se em conformidade com os demais depoimentos e provas produzidos.
Com efeito, a vítima CAIO, em juízo, reconheceu TÍCIO, com absoluta certeza,
como sendo a pessoa que, no dia, horário e local mencionados na denúncia,
abordou-o, juntamente com outro indivíduo, na posse de uma arma de fogo,
exigindo-lhe os bens. Em juízo, o ofendido informou:
(depoimento, que pode ser transcrito, caso curto, ou resumido, caso seja grande).
Registre-se, por oportuno, que, consoante a jurisprudência desta ilustre Corte
de Justiça, as palavras das vítimas de crimes patrimoniais merecem relevante
valor probatório, uma vez que elas, em regra, possuem o escopo de auxiliar na
elucidação criminosa e não o de acusar inocentes. Não ficou, no caso vertente,
demonstrada qualquer motivação para que o ofendido atribuísse indevida-
mente, ao denunciado, a prática do roubo descrito na denúncia.
Como se percebe, as declarações da vítima são firmes e coerentes, apresen-
tando-se críveis e verossímeis, além de estarem em conformidade com o de-
poimento dos policiais militares FULANO e BELTRANO, os quais verberaram
em juízo:
FULANO: “...”
BELTRANO: “...”

215
A propósito, destaque-se que a jurisprudência pátria, em especial a do Supe-
rior Tribunal de Justiça e a deste Tribunal de Justiça, admite o valor probante
do depoimento dos policiais, já que seus atos são revestidos de fé pública. No
caso em comento, os agentes estatais depuseram mediante compromisso le-
gal de falar a verdade e suas declarações mostram-se compatíveis e coerentes
com as demais provas dos autos.”.

Destacamos que a redação acima é apenas uma sugestão e você pode


adaptá-la à sua forma de escrever. No entanto, a ordem e o conteúdo devem ser
seguidos.

Se os depoimentos forem grandes, não os transcreva. Explique, com


suas próprias palavras, o que cada vítima ou testemunha falou, mas não esqueça
de relatar tudo o que for importante para o deslinde da causa. Por outro lado,
se forem curtos, você poderá copia-los. Nesse caso, após a transcrição, faça
um resumo explicando, com suas próprias palavras, o teor do depoimento de
cada testemunha, principalmente as partes em que há comprovação da autoria

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criminosa.

Tome bastante cuidado com o tempo! Caso opte por transcrever as


declarações, suprima as partes que não forem relevantes, substituindo-as por
reticências entre parêntesis – (...) – ou entre colchetes – [...].

E, sempre que for pertinente, mostre conhecimento acerca da juris-


prudência dos Tribunais Superiores e daquele correspondente ao concurso que
você está prestando (como no exemplo acima).

Se houver prova documental/pericial comprovando o alegado pelas


vítimas e testemunhas, faça essa correlação, como no exemplo a seguir:

“Observa-se que o celular da vítima foi localizado na casa do denunciado,


conforme demonstra o Auto de Apresentação e Apreensão de fl. x.”

Não se esqueça de tratar expressamente todas as causas de aumento


e de redução de pena, nem de mencionar a comprovação das circunstâncias

216
agravantes (exceto reincidência) e atenuantes a serem reconhecidas quando da
dosimetria da pena.

TÓPICO 4: TESES ALEGADAS PELAS PARTES.

Esgotada a análise probatória, passe às teses alegadas pelas partes.


Primeiro, aquelas referentes à tipicidade, seguidas das correspondentes à anti-
juridicidade (por exemplo, descriminantes) e, por fim, as que dizem respeito à
culpabilidade (como excludentes). Em seguida, as concernentes às qualificado-
ras e às causas de aumento ou redução de pena. É muito importante que você
siga essa ordem.

Não trate de duas ou mais teses em um mesmo parágrafo. Faça a


análise separada de cada uma delas. Exemplificando:

“A Defesa alega que a conduta é atípica, por ser insignificante, uma vez que a
vítima não sofreu prejuízo financeiro, pois seu celular, avaliado em R$ 100,00

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(cem reais) foi restituído. No entanto, não se aceita, à luz da jurisprudência
pátria, a aplicação do Princípio da Insignificância ao delito de roubo, o qual
possui, como elementar, a grave ameaça ou violência à pessoa, havendo, as-
sim, o alto grau de reprovabilidade da conduta. Ademais, o roubo em análise
foi perpetrado com o emprego de uma arma de fogo, não podendo ser consi-
derado insignificante.”.

E nunca utilize fundamentação per relationem, que sequer é admitida


pela maioria da doutrina pátria no caso de sentença condenatória ou absolutória.

TÓPICO 5: “EMENDATIO LIBELLI”.

Na análise acima, seja de ofício, seja em razão de alegação das partes,


pode ser o caso de aplicação do instituto da emendatio libelli, para que haja uma
perfeita relação entre o fato narrado na denúncia e aquele pelo qual o réu será
condenado (Princípio da Correlação ou Congruência da Condenação).

217
Se houver desclassificação, observe: a) se o juiz é competente para o
julgamento do “novo” crime; b) se cabe suspensão condicional do processo; c) se
cabe transação. Tudo isso deverá ser registrado em um parágrafo.

Se, com a desclassificação, a competência para processamento e


julgamento do feito for dos Juizados Especiais, determine, no dispositivo, o
desmembramento do feito (em relação a esse crime) e a remessa dos autos
(para o Juizado Especial Criminal), tudo de forma fundamentada.

Se a competência permanecer no juízo, justifique a desclassificação


(por exemplo: de roubo para furto, de tráfico de drogas para uso) e, no disposi-
tivo, condene de acordo com a tipificação adequada.

Lembre-se de que há três situações, segundo a doutrina, que podem


acarretar a emendatio libelli3:

a) Emendatio libelli por defeito da capitulação: a capitulação, na

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sentença, ocorre em conformidade com o fato descrito na denúncia, mas o
juiz entende que a classificação jurídica é diversa daquela eleita pelo Ministério
Público na inicial.

Não se esqueça de que o STF entende que, para que o Princípio da


Congruência seja respeitado, é necessário apenas que haja a correlação entre o
fato descrito na peça acusatória e aquele pelo qual o réu foi condenado, sendo
irrelevante a menção expressa, na denúncia, de eventuais causas de aumento
ou diminuição de pena” (STF – 2ª Turma; HC 129284/PE; Rel. Min. Ricardo Lewan-
dowski; julgado em 17/10/2017).

Por exemplo, se, na denúncia, eventuais causas de aumento ou de


redução de pena estiverem descritas, você deverá incluí-las na condenação,
mesmo que a correspondente capitulação não conste na inicial acusatória.

3 Idem. Ibidem, pág. 1.659/1.660.

218
b) Emendatio libelli por interpretação diferente: a imputação fática
constante na denúncia não é alterada, mas o juiz entende que o crime prati-
cado (tipo a que se subsome os fatos) é diverso daquele eleito pelo Ministério
Público ou querelante.

c) Emendatio libelli por supressão de elementar e/ou circunstância:


aqui, o juiz atribui nova capitulação ao fato em razão de a instrução probatória
ter demonstrado a ausência de alguma elementar ou circunstância descrita na
denúncia. É cabível a emendatio libelli nessa hipótese apenas para subtrair ele-
mentares ou circunstâncias descritas, jamais para acrescentá-las.

TÓPICO 6: CONCLUSÃO DA FUNDAMENTAÇÃO.

Superadas todas as fases anteriores e chegando à conclusão de que o


denunciado realmente praticou o delito descrito na denúncia, termine a funda-
mentação da seguinte forma (ou com a redação que preferir), adaptando-a ao
caso trazido no enunciado da prova:

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“Como se percebe, finda a fase instrutória, não restam dúvidas de que o de-
nunciado TÍCIO praticou os fatos descritos na denúncia, os quais se mostram
típicos e antijurídicos, estando ausentes quaisquer causas excludentes da ili-
citude. Da mesma forma, restou comprovado que o denunciado era, à época
dos fatos, imputável, tinha plena consciência da ilicitude de suas ações e que
conduta diversa lhe era exigida. Assim sendo, a condenação é medida que se
impõe.”.

TÓPICO 7: DISPOSITIVO.

O dispositivo deve dar-se de acordo com as conclusões a que você


chegou na fundamentação. Abaixo, seguem três exemplos:

219
“DO DISPOSITIVO.
Ante o exposto, julgo PROCEDENTE a pretensão punitiva estatal deduzida na
denúncia e CONDENO TÍCIO como incurso nas penas do artigo 157, § 2º, inciso
II, e § 2º-A, do Código Penal e artigo 244-B do Estatuto da Criança e do Adoles-
cente, em concurso material de crimes (artigo 69 do Estatuto Repressivo).”.

“DO DISPOSITIVO.
Ante o exposto, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE a pretensão punitiva estatal
deduzida na denúncia, para:
a) CONDENAR TÍCIO como incurso nas penas do artigo 157, § 2º, inciso II, e §
2º-A, do Código Penal.
b) ABSOLVÊ-LO em relação à prática do crime previsto no artigo 244-B do Código
Penal, com fulcro no artigo 386, inciso VII, do Código de Processo Penal.”.

“DO DISPOSITIVO.
Ante o exposto, julgo IMPROCEDENTE a pretensão punitiva estatal deduzida

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na denúncia e ABSOLVO TÍCIO, com fulcro no artigo 386, inciso VII, do Código
de Processo Penal.”.

Se estiverem caracterizados dois ou mais crimes em concurso formal


ou material, após o tipo penal, coloque a quantidade deles e a modalidade do
concurso. Por exemplo: “(...) como incurso nas penas do artigo 157, § 2º, inciso
II, do Código Penal, por três vezes, na forma do artigo 70 do mesmo Estatuto”.

TÓPICO 8: DOSIMETRIA DA PENA.

Essa parte da sentença é de suma relevância e todo cuidado é pouco na


hora de escrevê-la. É nela que o juiz fará a individualização da sanção, chegando
ao quantum de pena imposta, a qual deverá ser adequada e suficiente para a
retribuição punitiva do delinquente, para promover a sua readaptação social e
para prevenir novas transgressões pela intimidação dirigida à sociedade4.

Inicia-se da seguinte forma:

4 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: Parte Especial. 12 ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 358.

220
“Passo à dosimetria da pena, em estrita observância ao disposto no artigo 68,
caput, do Código Penal.”.

Cada crime em cujas penas restou o réu incurso (ou seja, pelo que foi
condenado) deverá ter uma dosimetria individualizada. Ao final, as penas serão
somadas ou exasperadas, em se tratando, respectivamente, de concurso mate-
rial (ou formal impróprio) ou de concurso formal (próprio) de crimes.

E, se for o caso de concurso de crimes, faça tantas dosimetrias quanto


forem os crimes. Por exemplo: no caso de roubo cometido em concurso formal
contra quatro vítimas, faça quatro individualizações diferentes. Ao final, majore
a maior pena (ou qualquer uma delas, caso iguais) de acordo com o percentual
adequado.

Recomendamos que você evite cálculos complexos, tentando, sempre


que possível, eleger percentuais mais simples. Lembre-se de que o tempo de
prova é curto em relação à complexidade da técnica de sentença penal.

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TÓPICO 9: PENA DE MULTA.

Não há consenso doutrinário a respeito da dosimetria da pena de mul-


ta. Enquanto alguns doutrinadores entendem que a individualização deve seguir
o sistema trifásico, da mesma forma que a pena privativa de liberdade, outros
defendem que a aplicação obedece ao sistema bifásico.

No sistema trifásico, a multa inicial deverá ser proporcional à pena-ba-


se aplicada. Essa proporcionalidade deverá ser mantida na segunda e terceira
fases da dosimetria, quando serão analisadas, respectivamente, as circunstân-
cias agravantes/atenuantes e as causas de aumento/diminuição de pena. So-
mente ao final, o magistrado estabelecerá o valor do dia-multa. Recomendamos
que, na prova, você adote esse sistema.

Diferentemente, no sistema bifásico, a aplicação da multa obedecerá


apenas duas fases distintas e sucessivas. Inicialmente, será estabelecido o nú-
mero de dias-multa, que devem variar entre 10 (dez) e 360 (trezentos e sessenta),

221
conforme o artigo 49, caput, parte final, do Código Penal. Em seguida, será fixado
o valor de cada dia-multa, que não pode ser inferior a um trigésimo do maior sa-
lário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a cinco vezes esse
salário, consoante determina o artigo 49, § 1º, do Estatuto Repressivo. Para esse
valor, deverá ser levada em consideração a situação econômica do réu.

Segundo o artigo 60, § 1º, do Código Penal, a multa pode ser aumentada
até o triplo se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é
ela ineficaz, embora tenha sido aplicada no máximo. No entanto, só aplique essa
norma se a questão trouxer expressamente esses dados.

Caso nada se fale em relação à situação econômica do sentenciado,


utilize o menor valor do dia-multa, que é 1/30 (um trinta avos) do salário mínimo
vigente à época dos fatos.

Atenção: na Lei de Drogas (Lei n.º 11.343/06), há regras específicas para


a aplicação da pena de multa. Os números mínimo e máximo de dias-

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-multa está previsto em cada tipo penal e a fixação deverá levar em con-
ta, com preponderância sobre o artigo 59 do Código Penal, a natureza e
a quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a conduta
social do agente. Para a escolha do valor do dia-multa, deverão ser con-
sideradas as condições econômicas do réu, não podendo ser inferior a
1/30 (um trinta avos), nem superior a cinco vezes o salário mínimo (artigo
43, caput).

Ademais, o juiz poderá aumentar o valor da pena-multa até o décuplo


se, em virtude da situação econômica do acusado, considerá-las ineficazes, ain-
da que aplicadas no máximo (artigo 43, parágrafo único, parte final).

TÓPICO 10: PRIMEIRA FASE DA DOSIMETRIA – A PENA-BASE.

Nessa fase, para a fixação da pena-base, deverão ser analisadas as


seguintes circunstâncias judiciais: culpabilidade, antecedentes, conduta social,
personalidade do agente, motivos, circunstâncias e consequências do crime e
comportamento da vítima.

222
Antes, porém, verifique o preceito secundário da norma incriminadora.
Caso haja a cominação de penas alternativas, primeiro opte por uma delas (por
exemplo: o crime do artigo 130 do Código Penal – perigo de contágio venéreo –
comina as penas de detenção de três meses a um ano ou multa). Somente após
inicie a dosimetria.

Como se percebe, são oito as circunstâncias judiciais e todas elas deve-


rão ser expressamente consideradas. Nos crimes previstos na Lei n.º 11.343/06
(Lei de Drogas), considere, com preponderância sobre o previsto no art. 59 do
Código Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a perso-
nalidade e a conduta social do agente, conforme determina o artigo 42.

Também não se esqueça de que a atividade de aplicação da pena é um


ato discricionário juridicamente vinculado, pois o juiz está vinculado aos parâ-
metros estabelecido pela lei.

Assim sendo, a consideração negativa de quaisquer dessas circunstân-

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cias deverá ser fundamentada em dados que não tenham sido considerados
pelo legislador quando da elaboração do tipo e das penas. Ou seja, a justificativa
não pode constituir elementar do tipo. Não é idônea, por exemplo, a fundamen-
tação de que a culpabilidade do agente que praticou um homicídio é acentuada,
pois suas consequências (morte) serão eternas. Por outro lado, se a vítima dei-
xou filhos de tenra idade órfãos, tal fato poderá ser utilizado para negativar as
consequências do delito.

Segundo a jurisprudência, cada circunstância negativamente conside-


rada pode acarretar o aumento da pena-base em 1/6 (um sexto). Já a doutrina
sugere a majoração no percentual de 1/8 (um oitavo)5. Mas nada impede que o
aumento ou redução se dê em dias ou meses.

A título de esclarecimentos, o percentual de 1/6 (um sexto) foi esco-


lhido, pela jurisprudência, por ser o quantum mínimo previsto no Código Penal
para as majorantes e minorantes. Já a doutrina prefere o de 1/8 (um oitavo), pois

5 CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: Volume Único. São Paulo: Juspodivm, 2021,
pág. 547.

223
o Estatuto Repressivo prevê oito circunstâncias judicias. Assim sendo, cada uma
delas teria, em regra, igual peso.

Havendo circunstâncias favoráveis e desfavoráveis, utilize, por analo-


gia, o artigo 67 do Código Penal, que estipula: “no concurso de agravantes e
atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias
preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos deter-
minantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência”. Isso, claro,
apenas se favorecer o réu, pois não é permitida, em Direito Penal, a analogia in
malam partem.

Se se tratar de crime majorado com mais de uma qualificadora (por


exemplo: artigo 121, § 2º, incisos II e IV, do Código Penal), separe uma delas para
caracterização da modalidade qualificada do delito e utilize as demais, como
agravantes genéricas, na segunda etapa da dosimetria, desde que haja corres-
pondência nos artigos 61 e 62 do Código Penal. Caso não haja, utilize-as como
circunstâncias judiciais desfavoráveis na primeira fase da individualização.

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A seguir, faremos um breve resumo dessas circunstâncias judiciais.

1) Culpabilidade do agente.

Não confunda a culpabilidade do agente com aquela integrante do


conceito de crime (fato humano típico, antijurídico e culpável). Na dosimetria, a
culpabilidade refere-se ao grau de reprovabilidade (censura) da conduta pratica-
da pelo agente no caso concreto.

Assim, por exemplo, o STJ já considerou que o fato de o agente ter


premeditado a ação de forma fria, abordando a vítima em plena via pública e em
horário de grande movimentação constitui fundamento idôneo para macular a
culpabilidade (AgRg no REsp 1.753.304/PA).

224
2) Antecedentes.

Representam a vida pregressa do sentenciado, no que tange aos cri-


mes cometidos antes daquele que ora se julga. Em razão do princípio da pre-
sunção de inocência, não podem ser considerados como maus antecedentes:
inquéritos policiais em andamento ou já arquivados, ações penais em curso e
ações em que o réu foi absolvido. Aliás, esse posicionamento encontra-se na
súmula 444 do STJ: “É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais
em curso para agravar a pena-base”.

Os atos infracionais constantes na Folha de Passagens do sentenciado,


praticados quando da adolescência, também não servirão para macular os an-
tecedentes do agente, mesmo que ele tenha recebido medidas socioeducativas.

Também não podem ser consideradas maus antecedentes as senten-


ças homologatórias de transações penais efetuadas anteriormente pelo agente6.
Pela mesma razão, também não caracterizará maus antecedentes a celebração

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e o cumprimento de acordo de não persecução penal, nos moldes do artigo 28-
A, § 12, do Código de Processo Penal.

Não se esqueça de que, segundo a Súmula 636 do STJ, “A folha de ante-


cedentes criminais é documento suficiente a comprovar os maus antecedentes
e a reincidência”.

Apenas as condenações transitadas em julgado e, portanto, definitivas,


que não caracterizem a reincidência poderão majorar a pena-base às custas de
maus antecedentes. Condenações definitivas que não caracterizam reincidência
ocorrem quando: a) entre a extinção da pena do delito anterior e a prática do
novo crime decorreram 5 (cinco) anos; b) a condenação anterior for pela práti-
ca de crime militar próprio ou político (artigo 64, inciso II, do Código Penal); c) o
novo crime foi cometido antes do trânsito em julgado da condenação pela práti-
ca de delito anterior. Portanto, fique atento(a) às datas constantes no enunciado
da questão.

6 STJ – Sexta Turma; HC 13.525/MS, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, julgado em 24/10/2000,
DJ 04/12/2000, p. 110.

225
Em relação à hipótese trazida na alínea “c” acima, destacamos que o
que se exige é a existência de uma condenação definitiva por fato anterior àque-
le que ora se julga.

Ao contrário do que ocorre com a reincidência, o Plenário do STF deci-


diu, em sede de repercussão geral7, que não há prazo para que uma condenação
definitiva deixe de ser considerada maus antecedentes (sistema da perpetuida-
de). Por isso, as condenações muito antigas poderão caracterizar a circunstância
em comento.

Contudo, como lembra Rogério Sanches, “o aumento é admissível, não


obrigatório em todas as situações nas quais a folha de antecedentes revela con-
denações passadas”8. Nesse sentido, o STJ já decidiu que: “quando os registros
da folha de antecedentes do réu são muito antigas, deve ser feita uma valoração
com cautela, na primeira fase da pena, para evitar uma condenação perpétua, e
ser possível aplicar a teoria do direito ao esquecimento”9.

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Também tenha em mente que o STJ tem firmado seu posicionamento
no sentido de que a prévia condenação do agente pela conduta de porte de
drogas para consumo próprio (art. 28 da Lei de Drogas) não constitui maus
antecedentes10.

3) Conduta social.

É a forma como o réu se comporta na comunidade onde vive, no seu


ambiente familiar e de trabalho, quem é seu círculo de amizades. Diz respeito,
enfim, à sua vida e à forma como ele se relaciona com as pessoas.

7 STF – Tribunal Pleno; RE 593.818, Relator(a): ROBERTO BARROSO, julgado em 18/08/2020,


PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-277 DIVULG 20-11-2020 PUBLIC 23-11-
2020
8 CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: Volume Único. São Paulo: Juspodivm, 2021,
pág. 553.
9 STJ – Sexta Turma; AgRg no HC 613.578/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, julgado em
23/03/2021, DJe 29/03/2021.
10 STJ - 6ª Turma; AgRg no HC 480.011/SC, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, julgado em
15/12/2020, DJe 18/12/2020

226
Para a aferição dessa circunstância, o juiz se vale dos depoimentos das
chamadas “testemunhas de beatificação”, que nada sabem a respeito dos fatos,
mas conhecem bem o acusado.

O STF11 entende que condenações anteriores transitadas em julgado


não podem ser utilizadas como conduta social desfavorável. Essa tese foi, inclu-
sive, firmada pelo STJ após julgamento de Recurso Repetitivo12, nos seguintes
termos: “Condenações criminais transitadas em julgado, não consideradas para
caracterizar a reincidência, somente podem ser valoradas, na primeira fase da
dosimetria, a título de antecedentes criminais, não se admitindo sua utilização
para desabonar a personalidade ou a conduta social do agente”.

Da mesma forma, o STJ já entendeu que a condição de usuário de dro-


gas não constitui motivação idônea para valorar negativamente a condição so-
cial ou a personalidade13.

4) Personalidade do agente.

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Segundo leciona Cléber Masson, “personalidade do agente é o perfil
subjetivo do réu, nos aspectos moral e psicológico, pelo qual se analisa se tem
ou não o caráter voltado à prática de infrações penais”14.

Segundo o STJ, para aferir a personalidade do condenado, o juiz deve


se utilizar de elementos concretos inseridos nos autos, não sendo necessária a
elaboração de laudo técnico especializado15.

11 STF – 2ª Turma; RHC 130132; Rel. Min. Teori Zavascki; julgado em 10/5/2016.
12 STJ – 3ª Seção; REsp 1794854/DF; Rel. Ministra LAURITA VAZ; julgado em 23/06/2021, DJe
01/07/2021.
13 STJ – 5ª Turma; AgRg no HC 529.624/SP; Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS; julgado em 17/09/2019;
DJe 23/09/2019
14 MASSON, Cléber. Direito Penal: Parte Geral (arts. 1º a 120) – v. 1; 15ª ed.; Rio de Janeiro: Forense –
Método, 2021, p. 584.
15 STJ – 5ª Turma; AgRg no REsp 1840088/PR, Rel. Ministro FELIX FISCHER, julgado em 30/03/2021,
DJe 09/04/2021.

227
Como já mencionado quando da análise da conduta social, condena-
ções, embora anteriores e definitivas, assim como passagens pela prática de atos
infracionais não podem ser utilizadas para macular a personalidade do agente.

É certo que, em fevereiro de 2019, o STJ entendeu que “embora regis-


tros de atos infracionais não possam ser utilizados para fins de reincidência ou
maus antecedentes, por não serem considerados crimes, podem ser sopesados
na análise da personalidade do recorrente, reforçando os elementos já suficien-
tes dos autos que o apontam como pessoa perigosa e cuja segregação é neces-
sária”16.

Todavia, sugerimos que você adote a posição majoritária, no sentido


de que “atos infracionais não podem ser considerados maus antecedentes para
a elevação da pena-base, tampouco podem ser utilizados para caracterizar per-
sonalidade voltada para a pratica de crimes ou má conduta social”17.

5) Motivos do crime.

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São as razões pelas quais o agente praticou o crime e só são aptos a
majorar a pena-base caso não constituam elementares do tipo, qualificadora,
causa de aumento ou diminuição da pena, agravante ou atenuante genérica.

6) Circunstâncias do crime.

São os dados acidentais que gravitam em torno do crime, que não cons-
tituem elementares típicas e que aumentam a reprovabilidade da conduta (caso
diminuam, efetue a redução na segunda fase da dosimetria, como atenuante
inominada). Ou seja, são as condições de tempo e local em que ocorreu o crime,
a relação entre ofensor e ofendido, os instrumentos utilizados, etc.

16 STJ – 5º Turma; RHC 106.136/DF, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, julgado em
19/02/2019, DJe 01/03/2019.
17 STJ - 5ª Turma; HC 499.987/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, julgado em 30/05/2019, DJe
04/06/2019.

228
7) Consequências do crime.

São os efeitos danosos resultantes do crime e que atingem a vítima,


seus familiares e a coletividade.

Aqui, você pode, por exemplo, levar em conta o fato de a vítima do ho-
micídio ter entre 14 (quatorze) e 18 (dezoito) anos18 (se tiver menos que quatorze
anos, estará configurada a causa de aumento de pena prevista no artigo 121, §
4º, do Código Penal); os danos psicológicos severos causados à vítima19; o fato de
o prejuízo material experimentado pela vítima ser exacerbado, extrapolando o
previsto pelo legislador, quando da elaboração do preceito secundário do tipo20.

8) Comportamento da vítima.

É a conduta da vítima, no sentido de provocar ou facilitar a prática do


crime. Como é sabido, em Direito Penal não há compensação de culpas. No en-

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tanto, a culpa concorrente da vítima pode ser utilizada para reduzir a pena-base.

A dosimetria, na primeira fase, ficaria assim:

“DO DISPOSITIVO.
Ante o exposto, julgo PROCEDENTE a pretensão punitiva estatal deduzida na
denúncia e CONDENO TÍCIO como incurso nas penas do artigo 157, § 2º, inciso
II, e § 2º-A, do Código Penal.
Passo à dosimetria da pena, em estrita observância ao disposto no artigo 68,
caput, do Código Penal.
Na primeira fase da dosimetria, tenho que a culpabilidade do agente não ex-
trapola a reprovabilidade considerada pelo legislador quando da elaboração
da norma proibitiva.

18 STJ – 6ª Turma; AgRg no REsp 1904091/PR, Rel. Ministro OLINDO MENEZES (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), julgado em 01/06/2021, DJe 07/06/2021.
19 STJ – 5ª Turma; AgRg no HC 659.896/SC, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, julgado em 08/06/2021,
DJe 11/06/2021.
20 STJ – 5ª Turma; AgRg no HC 659.896/SC, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, julgado em 08/06/2021,
DJe 11/06/2021.

229
TÍCIO mantém, contra si, duas condenações transitadas em julgado em datas
anteriores à da prática do delito em comento (processos X e Y). Assim sendo,
reservo uma delas para a utilização na segunda fase da dosimetria, a título de
reincidência, enquanto que considero a remanescente como maus anteceden-
tes, de forma de aumento a pena-base em 1/6 (um sexto).
Não há, nos autos, elementos aptos a demonstrar a conduta social desviada
do agente ou a configuração da personalidade delitógena.
Os motivos do crime foram normais à espécie.
As circunstâncias do delito pesam em desfavor do agente, que se aproveitou
da vulnerabilidade da vítima, do sexo feminino e que estava sozinha, para, em
plena luz do dia e em via pública, roubar-lhe os bens. Esse aspecto concreto do
modus operandi delitivo não é inerente ao tipo penal e demonstra uma maior
reprovabilidade da conduta21. Por essa circunstância, aumento a pena-base
em mais 1/6 (um sexto).
As consequências do crime não foram exacerbadas.
Por fim, a vítima em nada contribuiu para a prática delituosa.
Assim sendo, fixo a pena base em 5 (cinco) anos, 3 (três) meses e 28 (vinte e

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oito dias) e 13 (treze) dias-multa.”

TÓPICO 11: SEGUNDA FASE DA DOSIMETRIA – A PENA INTERMEDIÁRIA:


CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES E ATENUANTES.

Nessa etapa, você deverá verificar todas as circunstâncias agravantes e


atenuantes mencionadas no enunciado da prova. Muito cuidado para não consi-
derar o mesmo fato em mais de uma fase da dosimetria, incidindo, assim, em bis
in idem. Antes de proceder aos correspondentes aumentos ou reduções, anote
todas as circunstâncias na folha de resumos, para não esquecer nenhuma delas.

É comum, na jurisprudência pátria, a adoção do percentual de 1/6 (um


sexto) para cada circunstância (quantum mínimo previsto no Código Penal para
as majorantes e minorantes). Mas, nada impede que o aumento/redução se dê
em meses ou dias. Com a fração, no entanto, você correrá menos riscos de ser
muito rigoroso(a) ou benevolente.

21 STJ – 6ª Turma; AgRg no REsp 1871333/SC, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, julgado em
18/05/2021, DJe 26/05/2021.

230
De qualquer forma, a base de cálculo para a incidência das agravantes
e atenuantes é sempre a pena-base. Vale dizer: havendo duas ou mais agravan-
tes, por exemplo, o aumento de cada uma delas será sobre a pena-base e, so-
mente após, eles serão somados. Jamais haverá a incidência de uma agravante
sobre a pena já aumentada em razão de outra agravante.

Na ausência de circunstâncias agravantes, a pena-base deverá ficar no


mínimo legalmente cominado. Lembre-se que, nessa etapa da dosimetria, em
nenhuma hipótese, a pena-base deverá ficar acima ou aquém do estabelecido
pelo legislador no preceito secundário.

Se optar por usar a fração, recomendamos que utilize o percentual de


1/6 (um sexto). Caso esteja configurado mais de um dado que caracterize a mes-
ma agravante ou atenuante, separe um deles para a configuração da circunstân-
cia nessa fase e utilize os demais quando da fixação da dosimetria.

Por exemplo: se a questão disser que o sentenciado tem três condena-

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ções definitivas (com trânsito em julgado em data anterior à da prática do crime
que está sendo julgado), separe uma delas para caracterizar a reincidência (se-
gunda fase) e utilize as demais como maus antecedentes (primeira fase).

Se optar por utilizar as três condenações na segunda fase, justifique o


aumento em percentual maior do que 1/6 (multireincidência).

Nessa etapa, o juiz também não poderá ultrapassar os limites mínimo


e máximo da pena abstratamente cominados. É, inclusive, o que dispõe a Súmu-
la n.º 231 do STJ (“A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à
redução da pena abaixo do mínimo legal”).

Por isso, embora o artigo 68 do Código Penal dê a entender que as


circunstâncias atenuantes sejam analisadas antes das agravantes, o julgador
deverá, primeiro, proceder ao aumento em razão destas, para, somente após,
efetuar as reduções por circunstâncias atenuantes.

231
Se houver agravantes e atenuantes, a pena intermediária deverá apro-
ximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, que são aque-
las relacionadas com os motivos determinantes do crime, a personalidade do
agente e a reincidência (artigo 67 do Código Penal).

Segundo a doutrina, a ordem de preponderância no concurso de agra-


vantes e atenuantes é a seguinte: 1) atenuantes da menoridade técnica e da
senilidade; 2) agravante da reincidência; 3) agravantes e atenuantes subjetivas;
4) agravantes e atenuantes objetivas22.

O STJ, no julgamento do HC 177.566/MS, foi mais preciso, ao dispor que


“a doutrina majoritária e a jurisprudência dos Tribunais Superiores definiram
que há uma escala de preponderância inclusive em relação as hipóteses previs-
tas no artigo 67 do Código Penal, sendo assim apresentada na ordem decrescen-
te: 1º - menoridade (personalidade do agente); 2º - reincidência; 3º - confissão
(personalidade do agente); e 4º - motivos determinantes”23.

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Ainda segundo o STJ, reconhecida a menoridade do condenado, bem
como o fato de ele ser reincidente, sem que tenha sido explicitada a presença de
mais de uma sentença condenatória transitada em julgado, deve ser promovida
a compensação integral entre as referidas circunstâncias24.

Da mesma forma, o STJ admite a compensação do aumento acarretado


pela agravante da reincidência com a redução resultante da confissão espon-
tânea, uma vez que ambas são igualmente preponderantes, de acordo com o
artigo 67 do Código Penal25. Afinal, demonstra uma personalidade favorável o
fato de o réu, mesmo tendo o direito de não se autoincriminar, contribuir para a

22 CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: Volume Único. São Paulo: Juspodivm, 2021,
pág. 560.
23 STJ - 5ª Turma; HC 177.566/MS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, julgado em 18/08/2011, DJe
29/08/2011.
24 STJ – 5ª Turma; HC 646.844/ES, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, julgado em 06/04/2021, DJe
09/04/2021.
25 STJ – 5ª Turma; AgRg no HC 677.978/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, julgado
em 10/08/2021, DJe 16/08/2021.

232
elucidação criminosa. Caso o réu seja multirreincidente, é admissível a compen-
sação proporcional26.

É certo que o STF tem decisões divergentes, entendendo que, a teor do


artigo 67 do Código Penal, a circunstância agravante da reincidência, como pre-
ponderante, prevalece sobre a confissão27. No entanto, nada impede que você
adote o entendimento do STJ, mencionando-o expressamente.

De qualquer forma, se você separar apenas uma condenação definiti-


va para ser utilizada como reincidência, utilizando as demais na primeira fase, a
compensação será total, pois estará desconsiderada a multirreincidência28.

O artigo 61 do Código Penal trata das circunstâncias agravantes. Só as


utilize se o crime for doloso ou preterdoloso (exceto a reincidência, que também
majorará a reprimenda do crime culposo). O artigo 62 do mesmo Diploma cuida
das agravantes no concurso de pessoas. Todas essas agravantes estão previstas
em rol taxativo, não sendo permitida a analogia para agravar a situação do réu.

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Por fim, o artigo 65 traz as circunstâncias atenuantes, enquanto que o artigo 66
prevê a incidência das atenuantes genéricas.

Lembre-se que, segundo dispõe o artigo 385 do Código de Processo


Penal, “Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenató-
ria, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como re-
conhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada”. Por isso, proceda
ao aumento toda vez que restar configurada a agravante, embora ela não esteja
descrita na denúncia.

26 STJ – 6ª Turma; AgRg no HC 663.271/SC, Rel. Ministro OLINDO MENEZES (DESEMBARGADOR


CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), julgado em 24/08/2021, DJe 31/08/2021.
27 STF – 2ª Turma; HC 96061, Relator(a): TEORI ZAVASCKI, julgado em 19/03/2013, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-060 DIVULG 02-04-2013 PUBLIC 03-04-2013.
28 STJ – 6ª Turma; AgRg no REsp 1904290/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, julgado em
15/06/2021, DJe 21/06/2021.

233
1) Circunstâncias agravantes:

Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando


não constituem ou qualificam o crime:
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impuni-
dade ou vantagem de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro
recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro
meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações do-
mésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência
contra a mulher na forma da lei específica;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo,
ofício, ministério ou profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou

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mulher grávida;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autori-
dade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer
calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.

Agravantes no caso de concurso de pessoas

Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que:


I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a ativi-
dade dos demais agentes;
II - coage ou induz outrem à execução material do crime;
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua
autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade
pessoal;
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa
de recompensa.

Nesta obra, nosso intento não é tratar ou esgotar o estudo das circuns-
tâncias agravantes e atenuantes. No entanto, faremos, a seguir, algumas consi-
derações sobre alguns pontos que podem causar equívocos no momento em

234
que você estiver fazendo a dosimetria da pena. Destacamos que o estudo, por
meio de obras de Direito Penal – Parte Geral, é extremamente necessário para
que você domine a matéria e não erre.

Em razão das suas peculiaridades, trazemos, a seguir, algumas consi-


derações a respeito da reincidência.

x Reincidência ou recidiva.

A reincidência está disciplinada no artigo 63 do Código Penal e no ar-


tigo 7º da Lei de Contravenções Penais. Dessa forma, verifica-se a reincidência
quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença
que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior ou quan-
do o agente comete uma contravenção depois de passar em julgado a sentença
que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no
Brasil, por motivo de contravenção.

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Se o crime em julgamento foi cometido na data do trânsito em julgado
da sentença anterior, não estará caracterizada a reincidência (a lei estabelece
expressamente que deverá ser “depois”).

Em síntese:

Infração penal Infração penal


Circunstância
anterior posterior
Crime Crime Reincidência
Contravenção penal Contravenção penal Reincidência
Crime Contravenção penal Reincidência
Contravenção penal Crime Primariedade

Embora a última hipótese (contravenção penal + crime) não gere rein-


cidência, caracterizará maus antecedentes.

235
Ademais, a configuração dessa agravante independe do cumprimento
ou não da pena, bastando que a condenação anterior esteja transitada em julga-
do (reincidência presumida, ficta, imprópria ou falsa). Da mesma forma, pouco
importa se a reincidência é específica (os crimes praticados encontram-se pre-
vistos no mesmo tipo penal) ou genérica.

Para saber se o agente é reincidente, consulte a folha de antecedentes


penais trazida no enunciado da questão29. Sempre verifique se já decorreu o pe-
ríodo depurador (entre a extinção da pena resultante do crime anterior e a prá-
tica do novo delito não pode haver decorrido mais de cinco anos). Computa-se,
nesse prazo, o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se
não houve revogação (artigo 64, inciso I, do Código Penal).

E, para efeitos da reincidência, não se consideram os crimes militares


próprios, nem os políticos (artigo 64, inciso II, do Código Penal).

Lembre-se, por outro lado, que o agente tecnicamente primário é aque-

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le que possui, contra si, condenação definitiva, sem ser reincidente (por isso, a
pena não deve ser aumentada na segunda fase da dosimetria, mas apenas na
primeira, a título de maus antecedentes). Ocorre, por exemplo, quando vencido
o período depurador.

Cuidado com uma situação: se houve a extinção da punibilidade do


delito anterior após o trânsito em julgado da correspondente condenação, es-
tará configurada, em regra, a reincidência (por exemplo: por prescrição da pre-
tensão executória). Há, no entanto, três exceções: abolitio criminis, anistia (pois
ambas apagam os efeitos penais da condenação) e perdão judicial (uma vez que
o artigo 120 do Código Penal estabelece que a sentença que conceder o perdão
judicial não será considerada para efeitos de reincidência).

Não custa lembrar que “A reincidência penal não pode ser considerada
como circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial”
(Súmula 241 do STJ).

29 Súmula 636 do STJ: “A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a comprovar os


maus antecedentes e a reincidência”.

236
Se o antecedente penal for por porte de drogas para consumo próprio
(artigo 28 da Lei n.º 11.343/06), desconsidere-a, uma vez que o STJ tem entendido
que a condenação por esse delito não constitui causa geradora de reincidência30.

Lembramos que é indiferente, para a caracterização da reincidência,


a espécie da pena anteriormente imposta (privativa de liberdade, restritiva de
direitos ou multa).

Por fim, destaque-se que o STF, em julgamento de RE com repercussão


geral, firmou a tese de que é harmônico com o princípio constitucional da indi-
vidualização da pena o inciso I do artigo 61 do Código Penal, que prevê, como
agravante, a reincidência”31. Isso porque há maior reprovabilidade do agente
que reitera na prática delitiva.

2) Circunstâncias atenuantes:

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:

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I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou
maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença;
II - o desconhecimento da lei;
III - ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo
após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter,
antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cum-
primento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência
de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a auto-
ria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se
não o provocou.

Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circuns-


tância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não
prevista expressamente em lei.

30 STJ – 5ª Turma; AgRg no REsp 1845722/SP, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, julgado em
04/08/2020, DJe 13/08/2020.
31 STF – Tribunal Pleno; RE 453000, Relator(a): MARCO AURÉLIO, julgado em 04/04/2013, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-194 DIVULG 02-10-2013 PUBLIC 03-10-2013.

237
Da mesma forma que fizemos quando da análise da reincidência, fare-
mos algumas considerações a respeito de ponto que entendemos importantes
no que se refere às atenuantes.

x Ter o agente procurado, por sua espontânea vontade e com


eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as
consequências x arrependimento eficaz.

Não confunda as duas previsões. O arrependimento eficaz é uma causa


de atipicidade prevista no artigo 15 do Código Penal, que se caracteriza quando
o agente esgota os atos executórios e, posteriormente, impede a consumação
do crime.

Diferentemente, na atenuante genérica, o delito se consuma, mas o


agente, logo após, procura, por sua espontânea vontade e com eficiência, impe-
dir ou reduzir suas consequências.

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x Ter o agente, antes do julgamento, reparado o dano x arrepen-
dimento posterior.

Da mesma forma, o arrependimento posterior é uma causa obrigató-


ria de redução da pena, mas que ocorre nos crimes cometidos sem violência ou
grave ameaça à pessoa, quando o agente, voluntariamente, repara o dano ou
restitui a coisa até o recebimento da denúncia ou queixa (artigo 16 do Código
Penal).

Para a caracterização da atenuante em comento, noutro giro, a repara-


ção do dano deve ocorrer até o julgamento em 1ª instância.

Se o crime que está sendo julgado é de estelionato na modalidade de


emissão de cheques sem fundos, a reparação do dano antes do recebimento da
denúncia impede a instauração da ação penal, não sendo aplicáveis o arrepen-
dimento posterior ou a atenuante em comento (Súmula 554 do STJ, a contrario
senso).

238
Nos crimes contra a ordem tributária previstos nos artigos 1º e 2º da
Lei n.º 8.137/90 e artigos 168-A e 337-A do Código Penal, o pagamento integral
do débito extingue a punibilidade do agente, nos termos do artigo 69 da Lei n.º
11.941/09.

No caso de peculato culposo, a reparação do dano, se precede à sen-


tença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a
pena imposta, nos termos do artigo 312, § 3º, do Código Penal.

Nos delitos de menor potencial ofensivo, haverá a extinção da punibi-


lidade se houver, após a composição civil dos danos, a reparação do dano ou a
restituição da coisa, nos termos do artigo 74 da Lei n.º 9.099/95.

x Cometido o crime sob coação a que podia resistir x coação moral


ou física irresistível.

Diferentemente do que ocorre na coação moral irresistível (quando o

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agente atua sem culpabilidade em razão da inexigibilidade de conduta diversa),
e da coação física irresistível (situação em que não há conduta, sendo o fato
atípico), na atenuante vertente, a vontade estava presente, conquanto viciada.
Neste caso, haverá concurso de pessoas entre o coator (que terá a pena agrava-
da – artigo 62, inciso II, do Código Penal) e o coagido (que terá a pena reduzida
em razão da atenuante em comento).

x Em cumprimento de ordem de autoridade superior x obediência


hierárquica a ordem não manifestamente ilegal.

No caso de o fato ter sido cometido em estrita obediência a ordem,


não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da or-
dem, uma vez que estará afastada a culpabilidade do autor imediato (artigo 22
do Código Penal).

Por outro lado, se a ordem for manifestamente ilegal, tanto o superior


hierárquico, quanto o subalterno respondem pelo delito, em concurso de pes-
soas. Aquele, com a pena agravada em razão da circunstância prevista no artigo

239
62, inciso III, do Código Penal; este, com a sanção atenuada pela circunstância
prevista no artigo 65, inciso III, alínea “c”, do Estatuto Repressivo.

x Sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto


da vítima.

Muita atenção com essa atenuante (prevista na parte final da alínea


“c” do inciso III do artigo 65 do Código Penal), pois ela pode ser confundida com
as causas de diminuição de pena previstas nos artigos 121, § 1º (no homicídio) e
129, § 4º (nas lesões corporais), do Código Penal (as quais deverão ser conside-
radas na terceira fase da dosimetria).

Veja bem a diferença: os artigos 121, § 1º, e 129, § 4º, do Código Penal
estabelecem, com idêntica redação, que, se o agente comete o crime (...) sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação da vítima, o
juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

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Ora, o domínio é mais forte do que a influência e é capaz de fazer com
que o agente perca completamente o controle da situação. Para que reste con-
figurada a causa de redução de pena, a reação deve ser imediata. Ao contrário,
para a configuração da atenuante (que deverá reduzir a pena na segunda fase
da dosimetria), basta um ato injusto da vítima apto a perturbar o ânimo do agen-
te. Ademais, não se exige que a reação seja imediata.

E a agressão injusta por parte da vítima, atual ou iminente, dará azo à


legítima defesa por parte do agente, o qual atuará acobertado por essa causa de
exclusão da ilicitude de sua conduta.

x Confissão espontânea.

Essa atenuante é bastante comum, não só nas provas de concursos


públicos para a Magistratura, quanto na própria prática forense, havendo diver-
sos entendimentos jurisprudenciais sobre o tema.

240
De logo, devemos ressaltar que a confissão apta a reduzir a pena-base
é aquela prestada de forma espontânea, sincera, não bastando ser voluntária
(livre de coação). Por isso, o STF entende (embora haja decisões mais antigas
em sentido contrário) que a confissão qualificada (que se dá quando o agente
admite que praticou o fato típico, mas alega fato impeditivo ou modificativo do
direito, como uma causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade) não é apta
a reduzir a pena na segunda fase da dosimetria. Afinal, o escopo do autor não
seria o de colaborar com a elucidação dos fatos, mas sim o de exercer a autode-
fesa32.

No entanto, o STJ tem entendimento diverso, no sentido de que, quando


o juiz usa as declarações do réu (embora baseadas em confissão qualificada) na
formação do juízo de certeza sobre a autoria delitiva, deve ser reconhecida a
atenuante da confissão espontânea33.

Inclusive, o STJ editou a Súmula 545, nos seguintes termos: “Quando a


confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará

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jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal”.

A confissão deve ser relativa à autoria ou participação e deve ser pres-


tada perante a autoridade pública envolvida na persecução penal (Delegado de
Polícia ou juiz).

Segundo o STJ, a confissão parcial, em que o acusado necessariamen-


te admite parte dos fatos criminosos a ele imputados, negando, por exemplo,
eventuais qualificadoras ou causas de aumento de pena, deve ser reconhecida,
de modo a ensejar a atenuação da sanção, caso haja influenciado o convenci-
mento judicial34.

32 STF – 1ª Turma; RHC 190420 AgR, Relator(a): ROSA WEBER, julgado em 29/03/2021, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-066 DIVULG 08-04-2021 PUBLIC 09-04-2021.
33 STJ - 6ª Turma; AgRg no AREsp 1763911/MG, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, julgado em
15/06/2021, DJe 24/06/2021.
34 STJ - 6ª Turma; AgRg no AgRg no AREsp 1631702/MG, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO,
SEXTA TURMA, julgado em 01/06/2021, DJe 07/06/2021.

241
Por outro lado, o STJ entende que, não sendo utilizada a confissão par-
cial do imputado, na sentença, como elemento de convicção na condenação, não
estará configurada a correspondente atenuante, sendo descabida a diminuição
da pena por essa circunstância35. Porém, recomendamos que, presente a confis-
são, seja ela utilizada tanto na fundamentação, quanto na dosimetria da pena.

Não confunda a confissão parcial caracterizadora da atenuante com


aquelas situações em que o réu admite uma parte dos fatos (principalmente
quando inquestionáveis), negando outras, com a finalidade de eximir sua res-
ponsabilização criminal. Tome-se, como exemplo, o fato de o denunciado ter
sido preso em flagrante na posse de drogas. Caso ele admita a propriedade, mas
afirme que a substância se destinava ao consumo pessoal, restando comprovado
o tráfico, ele não será beneficiado com a atenuante da confissão espontânea.

Essa, aliás, é a orientação prevista na Súmula 630 do STJ: “A incidência


da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de entorpecentes
exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera

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admissão da posse ou propriedade para uso próprio”.

O mesmo ocorre quando o agente confessa que constrangeu a vítima,


mediante violência ou grave ameaça, a fazer algo a que não estava obrigada,
negando, contudo, o intuito de obter indevida vantagem econômica. Sua intenção
era a de safar-se da condenação pela prática do crime de extorsão (cuja pena
privativa de liberdade varia de quatro a dez anos, segundo o artigo 158 do Código
Penal), tentando uma mais leve, qual seja, pelo delito de constrangimento ilegal
(com pena privativa de liberdade de três meses a um ano, consoante o artigo
146 do Código Penal).

Ou mesmo no caso em que ele assume a subtração do bem, negando


o emprego de violência ou grave ameaça, buscando a condenação por furto.

Vale dizer: caso o agente confesse parcialmente para tentar modificar


a imputação (resultando na atipicidade da conduta ou na desclassificação para

35 STJ – 6ª Turma; AgRg no HC 664.829/SP, Rel. Ministro OLINDO MENEZES (DESEMBARGADOR


CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), julgado em 24/08/2021, DJe 30/08/2021.

242
crime mais brando), não incidirá a atenuante. Isso porque a atenuante em comento
pressupõe que o réu reconheça a autoria do fato típico que lhe é imputado36.

É certo que, em 2016, o STJ decidiu de forma diversa, entendendo que,


“embora a simples subtração configure crime diverso (furto), também constitui
uma das elementares do delito de roubo (crime complexo), consubstanciado na
prática de furto, associado à prática de constrangimento, ameaça ou violência,
daí a configuração de hipótese de confissão parcial”37.

No entanto, recomendamos que você adote o entendimento anterior,


por ser majoritário no próprio STJ.

Também estará configurada a confissão espontânea apta a acarretar a


redução da pena-base aquela prestada na fase inquisitiva (perante a autoridade
policial) e que foi utilizada, pelo magistrado, como fundamento para a condena-
ção, mesmo que o réu tenha se retratado em juízo, passando a negar a prática
criminosa38.

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x Atenuantes inominadas (artigo 66 do Código Penal).

São as chamadas atenuantes de clemência. Somente pode ser reconhe-


cida a existência dessa atenuante quando houver uma circunstância, anterior
ou posterior ao delito, não prevista expressamente em lei, que permita ao juiz
verificar a ocorrência de um fator indicativo de uma menor culpabilidade do
agente39.

36 STJ - 5ª Turma; HC 255.542/MG, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, julgado em 15/09/2015, DJe
01/10/2015.
37 STJ – 6ª Turma; HC 348.607/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Rel. p/ Acórdão
Ministro NEFI CORDEIRO, julgado em 26/04/2016, DJe 03/05/2016.
38 STJ - 5ª Turma; AgRg no HC 676.162/RO, Rel. Ministro JESUÍNO RISSATO (DESEMBARGADOR CON-
VOCADO DO TJDFT), julgado em 14/09/2021, DJe 27/09/2021.
39 STJ – 5ª Turma; AgRg no AREsp 1809203/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, julgado em 9/3/2021,
DJe 22/3/2021.

243
Por isso, nesse conceito, não podem ser considerados os bons ante-
cedentes do agente, uma vez que os antecedentes criminais já foram previstos
como circunstância judicial do artigo 59 do Código Penal40.

Da mesma forma, “a complexidade do sistema tributário, a alta carga


tributária e o suposto ineficiente emprego dos tributos arrecadados em nada
diminuem a culpabilidade do recorrente para fins de aplicação da atenuante
inominada do art. 66 do CP, pois não são circunstâncias específicas do caso con-
creto, vez que alcançam a todos que exercem atividade econômica e se subme-
tem ao regime tributário nacional”41.

Também o fato de o réu ser paraplégico, segundo o STJ, não constitui


circunstância relevante que possa levar à atenuação da pena nos termos do ar-
tigo 66 do Código Penal42.

Por fim, não se tem aceito a Teoria da Coculpabilidade como atenuante


genérica. Segundo o STJ, essa teoria não pode ser erigida à condição de verda-

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deiro prêmio para agentes que não assumem a sua responsabilidade social e
fazem da criminalidade um meio de vida43.

Segundo essa teoria, como o Estado não cumpriu com seu dever de
propiciar, a todos seus cidadãos, os direitos sociais mínimos, havendo uma enor-
me discrepância entre ricos e miseráveis, toda a sociedade deve arcar com os
prejuízos decorrentes da prática de crimes por esses “excluídos”. Isso porque, a
eles, não foi dada a oportunidade de estudar e trabalhar de forma digna. Assim
sendo, a teoria poderia ser utilizada como redutor da culpabilidade, dando azo à
redução de pena na segunda fase da dosimetria, funcionando como atenuante
inominada. No entanto, como já mencionado, essa tese não tem sido aceita e,
por isso, recomendamos que você adote o posicionamento do STJ sobre o tema.
40 STJ - 6ª Turma; AgRg no AREsp 1534503/SP, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, jul-
gado em 03/09/2019, DJe 10/09/2019.
41 STJ - 5ª Turma; AgRg no AREsp 1648761/RS, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, julgado em
06/10/2020, DJe 13/10/2020.
42 STJ – 5ª Turma; AgRg no HC 504.043/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, julgado em 15/08/2019,
DJe 20/08/2019.
43 STJ - 6ª Turma; AgRg no REsp 1770619/PE, Rel. Ministra LAURITA VAZ, julgado em 06/06/2019, DJe
18/06/2019.

244
Vistos tais conceitos, a pena intermediária, em nosso exemplo, ficaria
assim:

“Na segunda fase da dosimetria, verifico que TÍCIO é reincidente (processo


x). Por outro lado, como ele confessou espontaneamente a prática criminosa,
compenso o aumento acarretado pela circunstância agravante da reincidência
(artigo 61, inciso I, do Código Penal) com a redução operada pela confissão
espontânea (artigo 65, inciso III, alínea ‘d’, do Estatuto Repressivo), fixando a
pena intermediária em 5 (cinco) anos, 3 (três) meses e 28 (vinte e oito dias) e
13 (treze) dias-multa.”

TÓPICO 12: TERCEIRA FASE DA DOSIMETRIA: CAUSAS DE AUMENTO


(MAJORANTES) E DE DIMINUIÇÃO (MINORANTES) DA PENA – A REPRIMENDA
DEFINITIVA.

Jamais confunda as majorantes e minorantes com as qualificadoras e


privilégios. Estes fazem parte do próprio tipo penal, que acarretam novos limites

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de pena, o quais são analisados quando da fixação da pena-base. (dão surgi-
mento aos tipos derivados). Aquelas são causas modificadoras das penas, em
razão de fatores que tornam a conduta mais ou menos reprovável.

As causas de aumento e de diminuição da pena podem estar previstas


na Parte Geral (quando são chamadas de genéricas) ou na Parte Especial/legisla-
ção extravagante (específicas) do Código Penal.

São frações estabelecidas pela lei. Primeiro, aplicam-se as causas de


aumento e, só depois, as de redução da sanção.

Outrossim, entende o STJ que as causas de aumento ou de redução


podem ser reconhecidas na sentença mesmo que não indicadas expressamente
na denúncia, desde que elas estejam descritas na narração fática da inicial acu-
satória. Tal procedimento não acarreta a violação ao princípio da congruência
ou correlação, pois o réu se defende dos fatos e não da classificação jurídica da
conduta a ele imputada44.

44 STJ - 6ª Turma; REsp 1621899/SP, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, julgado em
17/11/2020, DJe 07/12/2020.

245
Diferentemente das agravantes e atenuantes, as majorantes e mino-
rantes poderão conduzir a pena acima ou abaixo dos limites previstos pelo legis-
lador no preceito secundário da norma.

Sempre que o Código Penal estabelecer uma fração variável (por exem-
plo, 1/3 a 2/3), você deverá justificar a aplicação acima do mínimo (para a causa
de aumento) ou abaixo do máximo (para a de diminuição).

Segundo o parágrafo único do artigo 68 do Código Penal, “no concurso


de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o
juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia,
a causa que mais aumente ou diminua”.

Assim sendo, se existirem duas ou mais majorantes ou minorantes na


Parte Geral, todas devem ser obrigatoriamente aplicadas.

Existem dois critérios de aplicação dessas causas, quando existirem

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duas ou mais delas da mesma espécie (por exemplo, duas causas de aumento).
Segundo o critério cumulativo, sucessivo, de efeito cascata ou “dos juros so-
bre juros”, as causas de aumento ou de diminuição incidirão uma após a outra
e sobre o resultado obtido na operação anterior. Ou seja, o primeiro aumento/
redução dar-se-á sobre a pena-intermediária. Obtido esse resultado, sobre ele
incidirá a outra majoração/diminuição.

Para o critério da incidência isolada, todas as causas deverão incidir


sobre a pena-intermediária, somando-se os aumentos ou as diminuições. Vale
dizer, se, por exemplo, a pena-provisória é de 6 (seis) anos e restaram configura-
das duas majorantes, uma de 1/3 e, a outra, de 1/2. Para que se chegue à pena
definitiva, calculam-se os aumentos sobre a pena-intermediária, o que resulta
em 2 (dois) anos e 3 (três) anos. Em seguida, haverá a soma final, chegando-se a
uma pena definitiva de 11 (onze) anos.

Observe-se que, no exemplo anterior, se utilizássemos o critério cumu-


lativo, a sanção final seria de 12 (doze) anos, uma vez que o aumento de 1/3
incidiria sobre 6 (seis) anos, resultando em 8 (oito) anos, sobre os quais haveria
a majoração de 1/2.

246
Para as causas de diminuição, é pacífico, na doutrina e na jurisprudência,
que o critério utilizado será o cumulativo, para que se evite uma pena igual a
zero ou mesmo negativa. A divergência ocorre quando se está diante do concurso
de duas ou mais causas de aumento.

No entanto, a jurisprudência inclina-se para a aplicação do sistema


cumulativo também em relação às majorantes concorrentes, pois os critérios
utilizados para as causas de aumento deverão ser os mesmos daqueles referentes
às de redução.

Por outro lado, nos termos do parágrafo único do artigo 68 do Código


Penal, se ambas as causas de aumento forem previstas na Parte Especial ou
na legislação extravagante, você poderá aplicar apenas uma delas (necessaria-
mente a que mais aumente). As demais deverão ser utilizadas como agravantes
genéricas (se houver correspondência com alguma das circunstâncias previstas
nos artigos 61 e 62 do Código Penal) ou, subsidiariamente, como circunstâncias
judiciais desfavoráveis. Da mesma forma, as de diminuição residuais funciona-

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rão como atenuantes genéricas (artigo 65 do Código Penal) e, subsidiariamente,
como atenuantes inominadas (artigo 66 do Código Penal).

Por exemplo, no caso de um roubo que foi praticado em concurso de


pessoas (aumento de 1/3, segundo o artigo 157, § 2º, inciso II, do Código Penal)
e com o emprego de arma de fogo (aumento de 2/3, consoante o artigo 157, §
2º-A, inciso I, do Código Penal), você poderá majorar a pena, na terceira fase da
dosimetria, em 2/3 (fração que mais aumenta) e utilizar o concurso de pessoas
na primeira fase da dosimetria, como circunstâncias judiciais negativas (artigo
59 do Código Penal).

Se existirem duas causas de aumento, uma prevista na Parte Geral e, a


outra, na Parte Especial, ambas devem ser aplicadas (segundo o critério da inci-
dência cumulativa, consoante a jurisprudência majoritária).

Noutro giro, caracterizada uma causa de aumento e outra de redução,


independentemente de estarem previstas na Parte Geral ou Especial do Código
Penal (ou na legislação extravagante), ambas devem ser necessariamente aplica-

247
das de acordo com o sistema da incidência cumulativa (sendo que aquelas serão
calculadas primeiro). Para alguns autores, o sistema isolado poderá ser aplicado
sempre que for mais benéfico ao réu45.

Em razão do princípio da especialidade, em primeiro lugar, deverá ser


aplicada a causa prevista na Parte Especial; após, aquela especificada na Parte
Geral.

Sempre esteja atento(a) à jurisprudência dos Tribunais superiores.


Por exemplo, havia divergência, no STJ, se o registro de atos infracionais é apto
a impedir a caracterização da causa de diminuição de pena prevista na Lei n.º
11.343/06 (Lei de Drogas). No HC 647.525/SP, julgado em abril de 2021 pela 6ª
Turma, o STJ entendeu que “a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal,
em recentes julgados, tem reafirmado que ‘(a) prática de atos infracionais não é
suficiente para afastar a minorante do tráfico privilegiado, pois adolescente não
comete crime nem recebe pena”46.

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Contudo, em fevereiro de 2021, no AgRg no HC 628.288/SP, a 5ª Tur-
ma entendeu que, “conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o
registro de atos infracionais é elemento idôneo para afastar a figura do tráfico
privilegiado, quando evidenciar a propensão do agente a práticas criminosas”47.
Entendimento modificado, por essa Turma, em setembro de 202148, o que fez
com que o STJ firmasse sua posição no mesmo sentido do STF.

Outro exemplo de posicionamento comumente cobrado em provas de


sentença é aquele inserido na Súmula 443 do STJ: “o aumento na terceira fase da
aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação con-
creta, não sendo suficiente para sua exasperação a mera indicação do número
de majorantes”.

45 QUEIROZ, Paulo. Direito Penal: Parte Geral. 13. ed. Salvador: Juspodivm, 2018. v. 1. p. 473-474.
46 STJ - 6ª Turma; AgRg no HC 647.525/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Rel. p/ Acórdão
Ministra LAURITA VAZ, julgado em 06/04/2021, DJe 25/05/2021.
47 STJ – 5ª Turma; AgRg no HC 628.288/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, julgado em 23/02/2021,
DJe 26/02/2021.
48 STJ – Quinta Turma; HC 664.284/ES, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, julgado em 21/09/2021, DJe
27/09/2021

248
No cálculo, você deve desprezar, nas penas privativas de liberdade, as
frações de dia (que são as horas), nos termos do artigo 11 do Código Penal.

Confira-se, por oportuno, um exemplo de como ficará a sentença nessa


fase:

“Fixo a pena-intermediária em 6 (seis) anos de reclusão e 12 (doze) dias-multa.


Na terceira etapa da individualização, em razão do concurso de pessoas (artigo
157, § 2º, inciso II, do Código Penal), aumento a sanção em 1/3, alcançando o
patamar de 8 (oito) anos de reclusão e 16 (dezesseis) dias-multa.
Por outro lado, como já registrado na fundamentação, a consumação não se
deu em razão de circunstâncias alheias à vontade do agente. Como é sabido, o
quantum de redução em razão da tentativa deverá ser eleito de acordo com o
iter criminis percorrido. Quanto mais próximo da consumação, havendo mais
atos de execução praticados, menor deverá ser a redução. Ao contrário, quan-
to menos atos de execução cometidos e mais distante de se consumar o delito,
maior deve ser a fração redutora.

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No caso sub examine, os agentes foram surpreendidos na fase inicial do iter
criminis, quando empregavam a grave ameaça contra a vítima, sem que esta
lhes tenha entregado quaisquer de seus bens. Assim sendo, redução a pena
em 2/3, chegando à sanção de 5 (cinco) anos, 3 (três) meses e 18 (dezoito) dias
de reclusão e 6 (seis) dias-multa, as quais torno definitivas, ante a ausência de
outras causas de aumento ou redução.
Ausentes elementos sobre a condição econômica do acusado, fixo o valor do
dia-multa em 1/30 (um trinta avos) do salário-mínimo vigente à época dos fa-
tos, devidamente corrigido.”

Não se esqueça de aplicar as frações referentes à continuidade delitiva


e ao concurso formal, quando caracterizados no enunciado da prova, ao final de
todas as operações. Após a dosimetria individual de cada crime, abra um tópi-
co chamado: “DO CONCURSO MATERIAL DE CRIMES”, “DO CONCURSO FORMAL
PRÓPRIO DE CRIMES”, etc. Nele, some ou exaspere (a depender do caso) as pe-
nas resultantes das dosimetrias dos crimes em cujas penas restou o denunciado
condenado.

249
Exemplo:

“Passo à dosimetria das penas.


1) DO CRIME DE LESÃO CORPORAL (ARTIGO 129, § 1º, INCISO I, DO CÓDIGO
PENAL).
Na primeira fase da dosimetria, (...).
Na segunda etapa da individualização da pena, (...).
Na terceira e derradeira fase da dosimetria, (...).
2) DO CRIME DE AMEAÇA (ARTIGO 147 DO CÓDIGO PENAL).
Na primeira fase da dosimetria, (...).
Na segunda etapa da individualização da pena, (...).
Na terceira e derradeira fase da dosimetria, (...).
DO CONCURSO FORMAL DE CRIMES.
Evidenciada a prática dos delitos de lesão corporal e ameaça, levados a efeito
por condutas autônomas, somo as sanções acima, restando a pena definitiva
em 1 (um) ano de reclusão, e 6 (seis) meses de detenção.”

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A propósito, caso esteja configurada a continuidade delitiva, utilize os
seguintes percentuais, que foram definidos pelo STJ49:

Número de infrações Fração de aumento


2 1/6
3 1/5
4 1/4
5 1/3
6 1/2
7 ou mais 2/3

Nunca se esqueça de verificar, no preceito secundário dos tipos incri-


minadores, a espécie de pena cominada. Observe se a multa é alternativa ou
cumulamente cominada e se a pena privativa de liberdade é de reclusão ou de
detenção. Lembre-se que estas não são somadas e devem ser aplicadas de for-
ma individual!
49 STJ – 6ª Turma; AgRg no REsp 1902209/PR, Rel. Ministra LAURITA VAZ, julgado em 15/06/2021,
DJe 03/08/2021.

250
TÓPICO 13: DETRAÇÃO.

Segundo o artigo 387, § 2º, do Código de Processo Penal, o tempo de


prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no
estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de
pena privativa de liberdade.

Por isso, esteja sempre atento(a) ao enunciado da questão. Se for men-


cionado que o denunciado encontra-se (ou esteve) preso cautelarmente, sempre
reduza, do tempo total da pena a que foi condenado, aquele correspondente à
segregação provisória. Com base no resultado, fixe o regime inicial de cumpri-
mento da pena.

Para a melhor compreensão do tema, exemplificaremos no tópico a


seguir.

TÓPICO 14: REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DA PENA PRIVATIVA DE

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LIBERDADE.

Para a fixação do regime inicial para o cumprimento da sanção priva-


tiva de liberdade, o juiz deverá levar em consideração: a) espécie de pena; b)
quantidade da pena definitiva; c) condições especiais do condenado, em espe-
cial, a reincidência; d) circunstâncias judiciais do artigo 59 do Código Penal.

À luz do artigo 33, § 2º, do Código Penal, a) o condenado à pena supe-


rior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado; b) o conde-
nado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a
8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto; c) o conde-
nado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá,
desde o início, cumpri-la em regime aberto.

Para tanto, havendo concurso de crimes, deve-se levar em considera-


ção o total das penas impostas.

251
Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de
regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta,
com base apenas na gravidade abstrata do delito (Súmula 440 do STJ). Ademais,
“a opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui mo-
tivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido para
a pena aplicada” (Súmula 718 do STF). E “a imposição do regime de cumprimento
mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea” (Súmula
719 do STF).

Não se esqueça de, antes de fixar o regime inicial de cumprimento da


pena privativa de liberdade, efetuar a detração. Digamos que o enunciado da
questão silencie ou traga a informação de que o denunciado respondeu o pro-
cesso em liberdade. A sentença, então, ficaria assim:

“TÍCIO respondeu o processo em liberdade, razão pela qual não há que ser
procedida a detração prevista no artigo 387, § 2º, do Código de Processo Penal.
Fixo, portanto, o regime fechado para o início do cumprimento da pena, nos

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termos do artigo 33, §, ‘a’, a contrario sensu (haja vista o condenado ser reinci-
dente) e § 3º, do Código Penal”.

Se, por exemplo, o enunciado disser que Tício encontra-se preso pre-
ventivamente há 2 (dois) anos e que suas condições judiciais são favoráveis, a
redação seria da seguinte forma:

“TÍCIO encontra-se preso preventivamente desde o dia dd/mm/aaaa, ou seja,


há 2 (dois) anos. Por isso, nos termos do artigo 387, § 2º, do Código de Proces-
so Penal, efetuo a detração penal, restando a ser cumprida a pena de 3 (três)
anos, 3 (três) meses e 18 (dezoito) dias de reclusão.
Fixo, portanto, o regime semiaberto para início de cumprimento da pena, nos
moldes do artigo 33, § 2º, “c”, e § 3º, do Código Penal, em conjunto com a
Súmula 269 do STJ”.

Observe que o regime semiaberto foi aplicado em razão da detração e


da aplicação da Súmula 269 do STJ, a qual estabelece: “É admissível a adoção do
regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados à pena igual ou infe-

252
rior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais”. Caso as circunstân-
cias do artigo 59 do Código Penal não sejam favoráveis, mesmo com a detração,
Tício iniciaria a pena no regime fechado.

Atenção para as seguintes regras:

x se o crime for punido com detenção, sendo o condenado reinci-


dente, o cumprimento da pena terá início no regime semiaberto, independen-
te da quantidade da sanção. Lembre-se de que a pena de detenção não é
cumprida em regime fechado (artigo 33, caput, do Código Penal).

x o STF declarou a inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º, da Lei n.º


8.072/90, que determina que a pena privativa de liberdade imposta em razão
da prática de crimes hediondos e equiparados (tortura, tráfico ilícito de en-
torpecentes e drogas afins e terrorismo) deverá ser cumprida em regime ini-
cialmente fechado, independentemente da sua quantidade ou das condições
subjetivas do réu50. Por isso, para a fixação do regime inicial, leve em conta
os fatores acima citados, sendo possível a escolha do aberto, semiaberto ou

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fechado.

x o STF, por outro lado, reconheceu a constitucionalidade do artigo


1º, § 7º, da Lei n.º 9.455/97, que impõe o regime inicial fechado para o conde-
nado pelo crime de tortura.

x O artigo 2º, § 8º, da Lei n.º 12.850/2013 (Lei do Crime Organizado),


com a redação que lhe foi dada pela Lei n.º 13.964/2019 (“Pacote Anticrime”),
determina que “as lideranças de organizações criminosas armadas ou que
tenham armas à disposição deverão iniciar o cumprimento da pena em es-
tabelecimentos penais de segurança máxima”. Ora, consoante ensina Cléber
Masson, criou-se uma nova espécie de regime inicial obrigatoriamente fecha-
do, “pois a inclusão em estabelecimento penal de segurança máxima será em
regime fechado de segurança máxima, a teor da regra contida no artigo 3º, §
1º, da Lei n.º 11.671/2008”. Afinal, “não existe cumprimento da pena em esta-
belecimento penal de segurança máxima em regime semiaberto ou aberto”51.

50 STF – Tribunal Pleno; HC 111840, Relator(a): DIAS TOFFOLI, julgado em 27/06/2012, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-249 DIVULG 16-12-2013 PUBLIC 17-12-2013.
51 MASSON, Cléber. Direito Penal: Parte Geral (arts. 1º a 120) – v. 1; 15ª ed.; Rio de Janeiro: Forense –
Método, 2021, p. 480.

253
x O STF e o STJ entendem que o tráfico de drogas privilegiado (artigo
33, § 4º, da Lei n.º 11.343/06) não é equiparado a hediondo52/53.

TÓPICO 15: SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR


RESTRITIVA DE DIREITOS.

As penas privativas de liberdade serão substituídas por restritivas de


direitos quando, cumulativamente: a) aplicada pena privativa de liberdade não
superior a 4 (quatro) anos e o crime não for cometido com violência ou grave
ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
b) o réu não for reincidente em crime doloso; c) a culpabilidade, os antecedentes,
a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as
circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente (artigo 44 do
Código Penal).

Todavia, se o condenado for suficiente, o juiz poderá aplicar a substi-

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tuição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente
recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do
mesmo crime (artigo 44, § 3º, do Código Penal).

Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita


por multa ou por uma restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privati-
va de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa
ou por duas restritivas de direitos (artigo 44, § 2º, do Código Penal).

No entanto, o artigo 17 da Lei n.º 11.340/06 (Lei Maria da Penha) veda a


aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas
de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de
pena que implique o pagamento isolado de multa.

52 Inclusive, a Súmula 512 do STJ foi cancelada.


53 Em reforço, o artigo 112, § 5º, da Lei n.º 7.210/84 (Lei de Execuções Penais), com a redação que
lhe foi dada pela Lei n.º 13.964/2019 (Pacote Anticrime), estabelece que, para fins de progressão de
regime prisional, o crime de tráfico privilegiado de drogas não é considerado hediondo.

254
Não se esqueça, por outro lado, que o Tribunal Pleno do STF, em julga-
mento com repercussão geral, decidiu que é inconstitucional a vedação à con-
versão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos, prevista nos arti-
gos 33, § 4º, e 44, caput, ambos da Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas).

A seguir, dois exemplos acerca da comutação da pena privativa de


liberdade por restritiva de direitos:

“Deixo de proceder à substituição da pena privativa de liberdade por multa


ou restritiva de direitos, na forma preconizada pelo artigo 44 do Código Penal,
pois o sentenciado é reincidente em crime doloso, não satisfazendo os requi-
sitos legais (artigo 44, inciso II, do Código Penal)”.

Sempre que não houver a substituição, fundamente o porquê.

“Presentes os requisitos previstos no artigo 44 do Código Penal, substituo a


pena privativa de liberdade imposta por 2 (duas) restritivas de direitos, a serem

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especificadas pelo juízo da Vara de Execuções Penais”.

TÓPICO 16: SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA.

A execução da pena privativa de liberdade não superior a 2 (dois) anos


poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: a) o condenado
não seja reincidente em crime doloso; b) a culpabilidade, os antecedentes, a
conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as
circunstâncias autorizem a concessão do benefício; c) não seja indicada ou
cabível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos
(artigo 77 do Código Penal).

A condenação anterior à pena de multa não impede a concessão do


benefício (artigo 77, § 1º, do Código Penal). E, se o condenado tiver mais de 70
(setenta) anos de idade ou se as razões de saúde justificarem a suspensão,
poderá ser concedido o sursis desde que a pena aplicada não seja superior a 4
(quatro) anos. Nesse caso, a suspensão dar-se-á por 4 (quatro) a 6 (seis) anos
(artigo 77, § 2º, do Código Penal).

255
Como exemplos:

“Deixo de suspender a execução da pena privativa de liberdade aplicada, uma


vez que ultrapassa o quantum descrito no artigo 77 do Código Penal, sendo
incabível o benefício”.

“Presentes os requisitos previstos no artigo 77 do Código Penal, suspendo a


execução da pena privativa de liberdade aplicada por 2 (dois) anos, devendo
o sentenciado, no primeiro ano do prazo, prestar serviços à comunidade, na
forma especificada pelo juízo das Execuções Penais, nos termos do artigo 78,
§ 1º, do Código Penal”.

Não se esqueça de que, se o condenado tiver reparado o dano, salvo


impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do artigo 59 do Código Pe-
nal lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência de
prestação de serviços à comunidade, no primeiro ano do prazo, pelas seguintes,
aplicadas cumulativamente: a) proibição de frequentar determinados lugares;

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b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e
justificar suas atividades (artigo 78, § 2º, do Código Penal). Por isso, fique sempre
atento(a) ao que diz o enunciado da prova.

Demais disso, a sentença poderá especificar outras condições a que


fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pes-
soal do condenado (artigo 79 do Código Penal). Todavia, evite, na prova, estabe-
lecer outras condições, que não as legalmente previstas.

Por fim, atente-se que a suspensão não se estende às penas restritivas


de direitos, nem à multa (artigo 80 do Código Penal).

256
TÓPICO 17: INDENIZAÇÃO MÍNIMA À VÍTIMA.

O artigo 387, inciso IV, do Código de Processo Penal determina que o


juiz, ao proferir a sentença condenatória, fixará valor mínimo para reparação
dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofen-
dido.

Segundo a jurisprudência consolidada do STJ, “em relação à fixação de


valor mínimo de indenização a título de danos morais, nos termos do art. 387,
IV, do Código de Processo Penal, entende que se faz indispensável o pedido ex-
presso do ofendido ou do Ministério Público, este firmado ainda na denúncia,
sob pena de violação ao princípio da ampla defesa”54.

Ou seja, na prova de sentença, sempre verifique, na denúncia, se houve


pedido expresso do Ministério Público, do ofendido ou, se for o caso, do quere-
lante. Não basta que o pedido tenha sido feito nas alegações finais. Afinal, para
a fixação do quantum debeatur (valor da indenização), faz-se necessária instru-

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ção específica acerca da questão, dando oportunidade, ao acusado, de produzir
contraprova.

Outrossim, nas decisões mais recentes, o STJ tem entendido que “a fi-
xação de valor mínimo para reparação dos danos materiais causados pela infra-
ção exige, além de pedido expresso na inicial, a indicação de valor e instrução
probatória específica”55.

Por outro lado, a lei processual penal não exige manifestação do ofen-
dido em concordância com o pedido de reparação de danos formulado pelo
Ministério Público56.

54 STJ - 5ª Turma; AgRg no REsp 1938835/MG, Rel. Ministro JESUÍNO RISSATO (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TJDFT), julgado em 17/08/2021, DJe 24/08/2021.
55 STJ - 6ª Turma; AgRg no REsp 1856026/SC, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, julgado em 16/06/2020,
DJe 23/06/2020.
56 STJ - 6ª Turma; AgRg no REsp 1899179/RJ, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, julgado em
27/04/2021, DJe 30/04/2021.

257
Para a fixação do valor referente aos danos patrimoniais, leve em
consideração todos os dados que a questão trouxer, como depoimento da vítima,
valores orçados e juntados aos autos, autos de avaliação direta ou indireta, etc.

É pacífico, na jurisprudência do STJ, que a reparação civil dos danos


sofridos pela vítima do fato criminoso, prevista no artigo 387, inciso IV, do Código
de Processo Penal, inclui também os danos de natureza moral57.

Da mesma forma, o STJ, por unanimidade, no REsp 1.643.051/MS e no


REsp 1.683.324/DF, julgados sob o rito dos recursos repetitivos, firmou a tese de
que, nos casos de condenações envolvendo violência cometida contra a mulher
no âmbito doméstico e familiar, havendo pedido expresso da vítima ou do
Ministério Público, não se fazem necessárias a indicação de valores ou mesmo a
produção de prova, pois, nesses casos, o dano moral exsurge in re ipsa.

Exemplificando, a sentença, nessa parte, ficaria assim:

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“DA REPARAÇÃO PREVISTA NO ARTIGO 387, INCISO IV, DO CÓDIGO DE
PROCESSO PENAL.
Como é assente na jurisprudência do STJ e desta ilustre Corte de Justiça, para
que haja a condenação à reparação material mínima prevista no artigo 387,
inciso IV, do Código de Processo Penal, deve haver, na denúncia ou na queixa,
pedido formal por parte do Ministério Público, do ofendido ou do querelante,
assim como deve ter sido comprovado, nos autos, o prejuízo sofrido pela víti-
ma, o que não ocorreu na espécie.
Assim sendo, deixo de condenar TÍCIO ao pagamento de indenização mínima
pelos danos causados pela infração, nada impedindo que a vítima busque o
ressarcimento na seara cível.”

57 STJ - 6ª Turma; AgRg no REsp 1615913/RS, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, julgado
em 19/05/2020, DJe 25/05/2020.

258
“DA REPARAÇÃO PREVISTA NO ARTIGO 387, INCISO IV, DO CÓDIGO DE
PROCESSO PENAL.
Durante a instrução probatória, restou comprovado que a vítima sofreu o pre-
juízo de R$ 1.000,00 (mil reais), valor constante no Auto de Avaliação Indireta
de fl. x, uma vez que não teve seu aparelho celular restituído.
Assim sendo, nos termos do artigo 387, inciso IV, do Código de Processo Pe-
nal, condeno TÍCIO ao pagamento, à vítima CAIO, do valor de R$ 1.000,00 (mil
reais), referente ao celular subtraído não restituído, quantia que deverá ser
corrigida monetariamente pelo INPC, a partir do evento danoso e acrescida de
juros de mora de 1% ao mês, a contar da data do fato danoso (Súmulas 43 e
54, ambas do STJ).
Poderá o ofendido, ademais, buscar a complementação da indenização na
seara própria e adequada, se assim entender conveniente, nos termos do arti-
go 63, parágrafo único, do Código de Processo Penal.”

Se a condenação for por danos morais, a correção monetária será pelo


IGPM, a partir do arbitramento (Súmula 362 do STJ), com juros de mora de 1% ao

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mês, a partir da data dos fatos (Súmula 54 do STJ).

TÓPICO 18: PRISÃO PREVENTIVA (ARTIGO 387, § 1º, DO CÓDIGO DE PROCESSO


PENAL) E MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO (ARTIGOS 319 E 320
DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL).

Segundo dispõe o § 1º do artigo 387 do Código de Processo Penal, o


juiz decidirá fundamentadamente sobre a manutenção ou, se for o caso, impo-
sição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhe-
cimento da apelação que vier a ser imposta.

Recomendamos que, a não ser que a questão traga informações pre-


cisas em sentido contrário, você mantenha o condenado na situação em que se
encontra.

Ou seja, se ele respondeu ao processo preso:

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“Mantenho o réu na prisão em que se encontra, por não ter havido mudança
do quadro fático-processual e por ainda estarem presentes os pressupostos
que acarretaram a segregação cautelar (artigos 312 e 313 do Código de Pro-
cesso Penal), nos moldes da decisão de fl. x”.

Ou, se respondeu em liberdade:

“Permito ao réu que recorra em liberdade, uma vez que não estão configura-
dos os pressupostos que acarretaram a segregação cautelar (artigos 312 e 313
do Código de Processo Penal”.

O mesmo se dá em relação às medidas cautelares diversas da prisão,


constantes nos artigos 319 e 320 do Código de Processo Penal. Se a questão
mencionar pedido do Ministério Público no sentido da concessão de tais medi-
das, você deverá fundamentar a sua decisão.

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Não se esqueça de se manifestar a respeito das medidas protetivas de
urgência, se se tratar de crime no âmbito de violência doméstica e familiar con-
tra a mulher.

TÓPICO 19: EFEITOS DA CONDENAÇÃO.

Os efeitos da condenação estão previstos nos artigos 91 (efeitos gené-


ricos) e 91-A e 92 (efeitos específicos) do Código Penal. Os primeiros (obrigação
de reparar o dano e o confisco) são automáticos e não precisam constar expres-
samente da sentença.

Lembre-se que a sentença penal é um título executivo judicial, nos


termos do artigo 515, inciso VI, do Código de Processo Civil. Ou seja, estará
reconhecida a obrigação de indenizar (an debeatur), não sendo necessário que
haja condenação específica na sentença criminal.

Para apuração do quantum debeatur, a vítima ou seus sucessores


deverá promover, no juízo cível, a liquidação por artigos, para posterior execução.

260
Caso conste o valor da reparação mínima e a vítima não pretenda indenização
complementar, basta que ajuíze diretamente a execução, sem prévia liquidação
da sentença.

Conquanto o confisco previsto no artigo 91 do Código Penal constitua


efeito genérico da condenação e, portanto, não precise constar expressamente
na sentença, o confisco alargado ou ampliado¸ previsto no artigo 91-A do mes-
mo Diploma (incluído pela Lei n.º 13.964/2019 – “Pacote Anticrime”) perfaz efeito
específico, devendo estar expressamente determinado.

Para tanto, é necessário que tenha sido requerido pelo Ministério Pú-
blico quando do oferecimento da denúncia. Nesse caso, deverá o órgão acusa-
dor, além da imputação criminal (exposição do fato criminoso com todas suas
circunstâncias), apresentar a imputação patrimonial, consistente na indicação
dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do conde-
nado e aquele que seja compatível com seus rendimentos lícitos, cuja perda se
pretende seja decretada na sentença58.

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Se o crime tratado em sua prova de sentença estiver previsto na Lei
n.º 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), decrete o perdimento nos seguintes
termos:

“Proceda-se, em relação à arma apreendida, conforme o estabelecido no arti-


go 25 da Lei n.º 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento)”.

Se o crime estiver tipificado na Lei n.º 11.343/06 (Lei de Drogas), caso as


drogas não tenham sido apreendidas quando do flagrante delito (quando serão
incineradas por procedimento acompanhado pelo Delegado de Polícia compe-
tente, segundo o artigo 50, § 4º, da Lei de Drogas), coloque o seguinte parágrafo:

“Em relação às drogas, proceda-se à incineração, conforme artigo 50-A Lei n.º
11.343/06 (Lei de Drogas)”.

58 MASSON, Cléber. Direito Penal: Parte Geral (arts. 1º a 120) – v. 1; 15ª ed.; Rio de Janeiro: Forense –
Método, 2021, p. 724.

261
Da mesma forma, os demais efeitos, previstos no artigo 92 do Código
Penal e na legislação extravagante, não são automáticos e deverão constar
expressamente na sentença.

Assim, exemplificando, dispõe o artigo 296 da Lei n.º 9.503/97 (Código


de Trânsito Brasileiro) que, se o réu for reincidente na prática de crime previsto
neste Código, o juiz aplicará a penalidade de suspensão da permissão ou habi-
litação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções penais
cabíveis. Tal penalidade deverá constar, expressamente, na sentença.

TÓPICO 20: CUSTAS PROCESSUAIS (ARTIGO 804 DO CÓDIGO DE PROCESSO


PENAL), COMUNICAÇÃO À VÍTIMA (ARTIGO 201, § 2º DO CÓDIGO DE
PROCESSO PENAL), PROVIDÊNCIAS A SEREM TOMADAS APÓS O TRÂNSITO
EM JULGADO E PARTE AUTENTICATIVA (ARTIGO 381, VI, DO CÓDIGO DE
PROCESSO PENAL).

“Condeno o sentenciado ao pagamento das custas processuais. Eventual

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pedido de isenção deverá ser formulado perante o juízo da Vara de Execuções
Penais.
Comunique-se à vítima, nos termos do artigo 201, § 2º, do Código de Processo
Penal.
Ficam intimados os interessados para que manifestem se possuem interesse
na restituição de eventual bem apreendido nos autos. Em caso de pedido de
restituição, dê-se vistas ao Ministério Público (artigo 120, § 3º, do Código de
Processo Penal).
Decorrido in albis o prazo de 90 (noventa) dias após o trânsito em julgado da
sentença, caso eventual bem apreendido não seja reclamado, fica, desde já,
decretado o seu perdimento, na forma do artigo 123 do Código de Processo
Penal.
Oportunamente, após o trânsito em julgado, extraia-se carta de guia de execu-
ção penal, oficie-se ao Instituto de Criminalística e comunique-se ao TER, para
fins do artigo 15, inciso III, da Constituição Federal. Após, dê-se baixa e arqui-
vem-se estes autos, com as comunicações de praxe.

262
Dê ciência ao Ministério Público.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Local/data.
Assinatura do juiz.”

Memorize todos esses parágrafos, pois eles deverão constar de sua


sentença criminal.

Se o delito envolver violência doméstica e familiar contra a mulher,


quando determinar a comunicação à ofendida, além do artigo 201, § 2º, do Código
de Processo Penal, faça menção ao artigo 21 da Lei n.º 11.340/06.

E jamais assine seu nome ou coloque qualquer forma que leve à sua
identificação. Se isso ocorrer, você será excluído do certame.

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7. Inscrição definitiva e a prática jurídica
POR: RUTH ARAÚJO VIANA

A inscrição definitiva é a inscrição que garante o prosseguimento no


concurso por critérios já conhecidos pelo candidato através do edital.

Ela é diferente da inscrição preliminar!

A inscrição definitiva somente é exigida quando divulgado o resulta-


do da segunda fase. Ou seja, você tem que ter sido aprovado na primeira e na
segunda fase para entregar os documentos pertinentes à inscrição definitiva.
Trata-se de uma terceira fase do concurso e o candidato lá no início, quando se
inscreveu para o concurso sabia que teria que comprovar certos requisitos na
fase de inscrição definitiva, sob pena de exclusão do processo seletivo1!

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Assim, somente serão convocados para a inscrição definitiva os apro-
vados na prova escrita, após julgados os eventuais recursos. No caso, o presi-
dente da Comissão de Concurso publicará edital de convocação dos candidatos
habilitados a requerer a inscrição definitiva, que deverá ser feita no prazo de 15
(quinze) dias úteis.

É importante mencionar que os candidatos classificados às vagas re-


servadas aos portadores de deficiência que obtiverem nota para serem classifi-
cados na concorrência geral, constarão das duas listagens, se habilitando a fazer
inscrição definitiva tanto para as vagas reservadas aos portadores de deficiência
quanto para as vagas gerais, sendo-lhes facultado fazer inscrição para ambas as
concorrências2.

1 Resolução nº 75 de 2009 do CNJ. Art. 23. A inscrição preliminar será requerida ao presidente
da Comissão de Concurso pelo interessado ou, ainda, por procurador habilitado com poderes especiais,
mediante o preenchimento de formulário próprio, acompanhado de: [...] § 1º O candidato, ao preencher
o formulário a que se refere o “caput”, firmará declaração, sob as penas da lei: b) de estar ciente de que
a não apresentação do respectivo diploma, devidamente registrado pelo Ministério da Educação, e da
comprovação da atividade jurídica, no ato da inscrição definitiva, acarretará a sua exclusão do processo
seletivo;
2 Resolução nº 75 de 2009 do CNJ.Art. 57-A (Incluído pela Resolução nº 208, de 10.11.15)

264
Esse é o momento, portanto, em que o candidato novamente diz ter in-
teresse no concurso e comprova ter cumprido todos os requisitos exigidos pelo
concurso para futuramente assumir o cargo.

Na inscrição definitiva o candidato deverá:

x Preencher e encaminhar formulário de pedido de inscrição definitiva;

x Encaminhar cópia autenticada de diploma de bacharel em Direito,


devidamente registrado pelo Ministério da Educação;

x Encaminhar certidão ou declaração idônea que comprove haver com-


pletado, à data da inscrição definitiva, 3 (três) anos de atividade jurí-
dica, efetivo exercício da advocacia ou de cargo, emprego ou função,
exercida após a obtenção do grau de bacharel em Direito;

x Encaminhar cópia autenticada de documento que comprove a quitação


de obrigações concernentes ao serviço militar, se do sexo masculino;

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x Encaminhar cópia autenticada de título de eleitor e de documento
que comprove estar o candidato em dia com as obrigações eleitorais
ou certidão negativa da Justiça Eleitoral;

x Encaminhar certidão dos distribuidores criminais das Justiças Federal,


Estadual ou do Distrito Federal e Militar dos lugares em que haja
residido nos últimos 5 (cinco) anos;

x Encaminhar folha de antecedentes da Polícia Federal e da Polícia


Civil Estadual ou do Distrito Federal, onde haja residido nos últimos 5
(cinco) anos;

x Encaminhar os títulos que serão utilizados como etapa classificatória


no concurso.

x Encaminhar declaração firmada pelo candidato, com firma reconhecida,


da qual conste nunca haver sido indiciado em inquérito policial ou
processado criminalmente ou, em caso contrário, notícia específica
da ocorrência, acompanhada dos esclarecimentos pertinentes;

265
x Encaminhar formulário fornecido pela Comissão de Concurso, em que
o candidato especificará as atividades jurídicas desempenhadas, com
exata indicação dos períodos e locais de sua prestação bem como
as principais autoridades com quem haja atuado em cada um dos
períodos de prática profissional, discriminados em ordem cronológica;

x Encaminhar certidão da Ordem dos Advogados do Brasil com infor-


mação sobre a situação do candidato advogado perante a instituição.

O requisito que gera maior dúvidas ao candidato diz respeito à com-


provação da prática jurídica. O estudante deverá no ato de inscrição definitiva
comprovar ter 3 (três) anos de atividade jurídica exercida após a obtenção do
grau de bacharel em Direito3;

O Conselho Nacional de Justiça normatizou o que se considera atividade


jurídica (conceito mais amplo do que o de prática jurídica), indicando:

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x aquela exercida com exclusividade por bacharel em Direito.

Nesse caso, inclui-se o exercício em todos os concursos que tragam,


por pressuposto, a conclusão do curso de Direito, com a apresentação do cor-
respondente Diploma.

Para saber se algum cargo é privativo de bacharel em Direito, basta a


consulta do correspondente edital do concurso ou da lei que o regula. Pois não é
qualquer diploma, devidamente registrado de conclusão de curso de graduação
de nível superior, fornecido por instituição de ensino reconhecida pelo Ministé-
rio da Educação, e registro no órgão de classe específico. Deve ser a exigência
exclusiva do bacharelado em Direito. Assim, por exemplo, o cargo de Analista

3 Resolução nº 75 de 2009 do CNJ. Art. 23. A inscrição preliminar será requerida ao presidente da
Comissão de Concurso pelo interessado ou, ainda, por procurador habilitado com poderes especiais,
mediante o preenchimento de formulário próprio, acompanhado de: [...] § 1º O candidato, ao preencher
o formulário a que se refere o “caput”, firmará declaração, sob as penas da lei: a) de que é bacharel em
Direito e de que deverá atender, até a data da inscrição definitiva, a exigência de 3 (três) anos de ativida-
de jurídica exercida após a obtenção do grau de bacharel em Direito;

266
Judiciário – especialidade jurídica contará como prática, mas não aquele de Ana-
lista Judiciário – especialidade administrativa, por exemplo.

Da mesma forma, os cargos de Técnico Judiciário que são geralmente


de nível médio e, portanto, não impõe o bacharelado para a assunção do cargo,
não sendo suficiente para comprovar a prática jurídica.

Atenção! O início da contagem da prática jurídica se dá com a entrada


em exercício no concurso, e não com a posse ou nomeação.

A comprovação será feita por meio de certidão obtida junto ao Setor


de Recursos Humanos do órgão para o qual o candidato trabalhou e, por pre-
caução, deve descrever os requisitos de acesso ao cargo, com as funções priva-
tivas de bacharel em Direito.

Caso o ocupante de cargo não privativo de bacharel em Direito exerça


funções eminentemente jurídicas, poderá solicitar, à chefia ou ao setor compe-

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tente do órgão, uma certidão circunstanciada que indique as atribuições e a prá-
tica reiterada de atos que exijam a utilização preponderante de conhecimento
jurídico.

No caso supramencionado o candidato deve ter o cuidado de analisar


se a descrição da certidão está o mais detalhada possível expondo claramente
qual a atividade jurídica desempenhada e como ela é realizada, porque as ban-
cas e comissões dos concursos têm a discricionariedade para aceitar, ou não, a
atividade.

x o efetivo exercício de advocacia, inclusive voluntária, mediante


a participação anual mínima em 5 (cinco) atos privativos de
advogado, em causas ou questões distintas.

As atividades privativas de advocacia são: a postulação a órgão do Poder


Judiciário e aos juizados especiais; e as atividades de consultoria, assessoria e
direção jurídicas (artigo 1º da Lei n.º 8.906/1994).

267
Registre-se, ainda, que os 3 (três) anos de atividade jurídica no efetivo
exercício de advocacia poderão ser consecutivos ou não.

Destaca-se que não se inclui, na atividade privativa de advocacia, a im-


petração de habeas corpus em qualquer instância ou tribunal, o que pode acarre-
tar a não aceitação do ato, a depender da Comissão Examinadora. Isso porque,
essa ação constitucional pode ser ajuizada por qualquer pessoa e, portanto, não
é uma peça privativa de advogado.

No que tange ao exercício dos atos privativos de advogado, é indicado


que o nome do candidato esteja não só na peça produzida, mas também na pro-
curação. Isso, para que se evite a recusa da Banca Examinadora, sob o pressu-
posto de que não há certeza se o documento foi produzido com o único escopo
de configurar a atividade jurídica.

Outros documentos que podem ser utilizados para comprovar a prá-


tica jurídica são aqueles referentes a atos e contratos constitutivos de pessoas

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jurídicas, uma vez que, sob pena de nulidade, só podem ser admitidos a registro,
nos órgãos competentes, quando visados por advogados.

Da mesma forma, é obrigatória a presença de advogado em todos os


atos do divórcio extrajudicial e como assistente jurídico das partes nas escrituras
de inventário (extrajudiciais).

Geralmente, petição de mera ciência não conta como um ato, uma vez
que não apresenta conteúdo substancialmente jurídico. Ademais, a Resolução
exige que a atuação se dê em causas e questões distintas.

No caso de advocacia consultiva, sugerimos o reconhecimento de


firma do parecer, com o fim de comprovar a data do ato (o que é dispensável
caso seja ele juntado a processo administrativo ou judicial, quando se poderá
apresentar o protocolo). Esses são cuidados preventivos, para que se evitem
aborrecimentos futuros. Afinal, quando estiver na fase de inscrição definitiva,
tudo o que o candidato quer é estudar para a prova oral, e não despender tempo
com a comprovação de fatos.

268
Poderão ser utilizados, outrossim, atos correspondentes à advocacia
em causa própria, o que é bastante comum. E as certidões de comparecimento
em audiência (em causa própria ou alheia) também são válidas, sendo interes-
sante também juntar a ata da respectiva audiência que registrará a natureza
do processo, o objeto de discussão se a audiência realmente aconteceu entre
outros elemento necessários aptos a aferir a prática jurídica.

Para quem não advoga de forma privada, uma forma de se adquirir a


prática jurídica é na colaboração com a Defensoria Pública. A maioria delas aceita
advogados colaboradores para atuar em algumas causas, principalmente em
razão da alta demanda e do deficitário quadro de Defensores Públicos.

Por fim, o edital deve sempre ser consultado, para que se verifique
como realizar a comprovação da prática jurídica que, em regra, é feita com a
apresentação de certidão da secretaria ou cartório.

x o exercício de cargos, empregos ou funções, inclusive de

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magistério superior, que exija a utilização preponderante de
conhecimento jurídico. 

Aqui, deve-se atentar para a descrição normativa das atividades. Por


exemplo, o cargo de analista judiciário (sem especialidade) tem, como requisito,
o diploma, devidamente registrado, de conclusão de curso de graduação em
Administração, Direito ou Economia, fornecido por instituição de ensino superior
reconhecida pelo MEC.

Para que o exercício seja contado como atividade jurídica, será neces-
sária uma declaração do correspondente órgão, que ateste que o candidato tem,
por atribuição, fornecer suporte técnico jurídico ao exercício da atividade judi-
cante por magistrado ou daqueles referentes às funções de promotor de justiça
ou defensor público. Isso também serve para o cargo de técnico judiciário.

Deve-se atentar para que a comprovação informe que a função utiliza


preponderantemente o conhecimento jurídico. Nesses casos, é recomendável
que a certidão descreva, da forma mais minuciosa possível, a relação das atribui-

269
ções jurídicas (inclusive com a indicação normativa, se possível) do cargo/função
exercidos.

x o exercício da função de conciliador junto a tribunais judiciais,


juizados especiais, varas especiais, anexos de juizados especiais
ou de varas judiciais, no mínimo, por 16 (dezesseis) horas mensais
e durante 1 (um) ano.
x o exercício da atividade de mediação ou de arbitragem na
composição de litígios.

Para atuar como mediador judicial, é preciso que a pessoa seja gra-
duada há, pelo menos, 2 (dois) anos, em qualquer área de formação, consoante
disciplina o artigo 11 da Lei n.º 13.140/2015 (Lei da Mediação). Já para que atue
como conciliador, basta ter recebido a adequada capacitação, mesmo antes da
conclusão do curso superior.

Os interessados em participar do curso de formação de mediadores

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judiciais e/ou de conciliadores devem entrar em contato com o Núcleo Perma-
nente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (NUPEMEC) ou com os
Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSCs) dos tribunais.

Para a atuação como mediador ou conciliador, é necessária a prévia


capacitação por meio de curso realizado pelos tribunais ou por entidades for-
madoras reconhecidas pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
Magistrados (ENFAM).

Em regra, a remuneração devida aos mediadores e conciliadores será


custeada pelas partes, sendo assegurada, aos necessitados, a gratuidade, na for-
ma da lei.

A inscrição no Cadastro Nacional de Mediadores Judicias e Conciliado-


res (CCMJ), por sua vez, deve ser feita no portal do CNJ (https://www.cnj.jus.br/
ccmj/). Os tribunais podem utilizar-se desse cadastro ou criar cadastros próprios
para apresentar os mediadores judiciais, os conciliadores e/ou as câmaras priva-
das credenciadas que atuarão em sua jurisdição.

270
A Resolução n.º 75/2009 também deixa claro que é vedada, para efeito
de comprovação de atividade jurídica, a contagem do estágio acadêmico ou qual-
quer outra atividade anterior à obtenção do grau de bacharel em Direito (o que
vale, inclusive, para a atividade de conciliador). Da mesma forma, o exercício, por
estudantes de Direito, de monitoria nas faculdades não é considerado atividade
jurídica.

Já a comprovação do tempo de atividade jurídica relativamente a car-


gos, funções ou empregos não privativos de bacharel em Direito será realizada
mediante certidão circunstanciada, expedida pelo órgão competente, indicando
as respectivas atribuições e a prática reiterada de atos que exijam a utilização
preponderante de conhecimento jurídico, cabendo à Comissão de Concurso, em
decisão fundamentada, analisar a validade do documento.

Vale dizer, nesses casos, há a discricionariedade da Comissão de


Concurso, que poderá aceitar, ou não, a atividade indicada como sendo jurídica.

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O CNJ, porém, tem algumas manifestações sobre o tema. Por exemplo,
no Pedido de Providências n.º 1438, julgado em 12 de junho de 2007, o Órgão
entendeu que são computáveis no tempo de atividade jurídica exigido para in-
gresso na Magistratura os cargos de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil
(criado pela Lei n.º 11.457/2007), de Auditor-Fiscal do Trabalho e os antigos car-
gos de Auditor-Fiscal da Previdência Social e de Auditor-Fiscal da Receita Federal.

Já no Pedido de Providências n.º 0002629-88.2011.2.00.0000, julgado


em 21 de junho de 2011, o CNJ entendeu que “policiais militares desempenham
um conjunto de atividades que nem sempre se subsume à experiência jurídica
exigida para os concursos da carreira da magistratura. Isso não exclui a possibi-
lidade de que atividade eventualmente desempenhada por militares seja equi-
parada à atividade jurídica”. No entanto, o Órgão julgador deixou claro que é das
Comissões de Concurso a atribuição para a análise.

Há uma maior chance de a atividade policial ser aceita se o agente de-


sempenhar atividade jurídica, como no caso de integrar comissão de processo
administrativo disciplinar, elaborar pareceres nos procedimentos referentes a

271
licitações, confeccionar atos normativos ou atuar como juiz militar. Já a lavratura
de termo circunstanciado, por si só, não é considerada atividade jurídica.

Na Consulta n.º 0000063-54.2020.2.00.0000, o CNJ explicitou que a ati-


vidade policial constitui função típica de segurança pública. As missões encarre-
gadas ao profissional ocupante do cargo de Investigador, em geral, não envol-
vem o uso preponderante de conhecimento jurídico.

Todavia,  o Plenário do Conselho tem reconhecido o desempenho de


atividade jurídica quando há a comprovação cumulativa do período de três anos
de bacharelado em Direito e do exercício de cargo, emprego ou função pública
que exija utilização preponderante de conhecimento jurídico, inclusive no âmbi-
to do inquérito policial.

Assim sendo, regulamentou que o cargo de Investigador Policial pode


ser considerado para a comprovação de atividade jurídica, nos termos do art.
59, III, da Resolução nº 75/2009, desde que, cumulativamente, o profissional seja

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bacharel em Direito há mais de três anos e haja a comprovação, em certidão
emitida pelo órgão competente, das respectivas atribuições e da prática reitera-
da de atos que exijam a utilização preponderante de conhecimento jurídico, ca-
bendo à Comissão de Concurso, em decisão fundamentada, analisar a validade
do documento.

O mesmo raciocínio é empregado quando se tratar do cargo de escri-


vão de polícia (Consulta CNJ n.º 0009079-37.2017.2.00.0000) e, em similitude, de
agente de polícia.

O Supremo Tribunal Federal, noutro giro, julgou improcedente a Ação


Direta de Inconstitucionalidade n.º 4219, ajuizada pelo Conselho Federal da Ordem
dos Advogados do Brasil, considerando constitucional a contagem do tempo dos
cursos de pós-graduação para comprovação de atividade jurídica em concursos
para o Ministério Público. O mesmo, contudo, não vale para a Magistratura,
uma vez que a Resolução n.º 75/2009 do CNJ não traz essa possibilidade.

272
Tanto, que o artigo 90 da mencionada norma revogou a Resolução n.º
11/2006 do mesmo órgão, cujo artigo 3º admitia, no cômputo do período de
atividade jurídica, os cursos de pós-graduação na área jurídica reconhecidos
pelas Escolas Nacionais de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados ou pelo
Ministério da Educação, desde que integralmente concluídos com aprovação.

Assegurou-se, porém, o cômputo de atividade jurídica decorrente


da conclusão, com frequência e aproveitamento, de curso de pós-graduação
comprovadamente iniciado antes da entrada em vigor da Resolução n.º 75/2009.

Os demais casos serão avaliados individualmente pela Comissão de


Concurso e o indeferimento poderá ser objeto de ação judicial, o que não é
incomum.

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8. Saúde e psicotécnico
POR: RUTH ARAÚJO VIANA

Os exames de saúde destinam-se a apurar as condições de higidez físi-


ca e mental do candidato. Assim, o exame psicotécnico consiste na aplicação de
testes os quais podem fornecer subsídios para o candidato ser considerado apto
ou não ao cargo de juiz substituto. Também é uma terceira etapa do concurso
público de natureza eliminatória.

O candidato, no ato de apresentação da inscrição definitiva, receberá,


da secretaria do concurso, instruções para submeter-se aos exames de saúde e
psicotécnico, por ele próprio custeados1.

Observe que os exames de saúde, segundo a resolução do CNJ, devem


ser custeados pelo próprio candidato e, portanto, você deve se preparar finan-
ceiramente para essa fase do concurso.

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Lembre-se que os exames não poderão ser realizados por profissio-
nais que tenham parente até o terceiro grau dentre os candidatos!

Por outro lado, o exame psicotécnico avaliará as condições psicológi-


cas do candidato, devendo ser realizado por médico psiquiatra ou por psicólogo
com profissional do próprio tribunal ou por ele indicado, que encaminhará lau-
do à Comissão de Concurso2.

Os testes para o exame psicotécnico podem abranger o perfil profis-


siográfico do cargo e as condições para o porte de arma3.

Recordamos o enunciado da súmula vinculante nº 44 do Supremo


Tribunal Federal que afirma que só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico
a habilitação de candidato a cargo público.

1 Art. 60 da Resolução nº 75 de 2009 do CNJ.


2 Art. 60 da Resolução nº 75 de 2009 do CNJ.
3 Candidatos passam por exame psicotécnico. Disponível em: https://www.tjpa.jus.br/PortalExter-
no/imprensa/noticias/Informes/1096125-candidatos-passam-por-exame-psicotecnico.xhtml

274
Há um precedente representativo da Corte Suprema que declara a
necessidade de preenchimento de dois requisitos para o exame psicotécnico:

x Previsão em lei;
x Previsão no edital;

Segundo o STF4, a exigência de avaliação psicológica ou teste psicotéc-


nico, como requisito ou condição necessária ao acesso a determinados cargos
públicos de carreira, somente é possível, nos termos da CF/1988, se houver lei
em sentido material (ato emanado do Poder Legislativo) que expressamente a
autorize, além de previsão no edital do certame.

Ademais, o exame psicotécnico necessita de um grau mínimo de obje-


tividade e de publicidade dos atos em que se procede. A inexistência desses re-
quisitos torna o ato ilegítimo, por não possibilitar o acesso à tutela jurisdicional
para a verificação de lesão de direito individual pelo uso desses critérios.

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4 [AI 758.533 QO-RG, voto do rel. min. Gilmar Mendes, P, j. 23-6-2010, DJE 149 de 13-8-2010, Tema
338.]. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp?sumula=2358.

275
9. Sindicância da vida pregressa e
investigação social
POR: RUTH ARAÚJO VIANA

Em todo e qualquer concurso da magistratura será realizada a etapa


de investigação social e sindicância de vida pregressa, com o objetivo de avaliar
se a conduta pessoal do candidato é compatível com o cargo da magistratura.

A sindicância da vida pregressa e investigação social do candidato será


realizada pela Comissão do Concurso e pelo órgão competente do Tribunal, a
partir da documentação encaminhada, sendo possível também a verificação de
informações e dados públicos divulgados, tal como ocorre nas redes sociais.

Essa etapa do certame é ELIMINATÓRIA!

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Os concursos da magistratura apresentam uma ficha que deverá ser
preenchida pelo candidato para analisar a vida pregressa e realizar a investiga-
ção social:

O candidato irá preencher:

x Dados pessoais;

x Dados familiares;

x Endereço atual e endereços anteriores;

x Trabalho atual e trabalhos anteriores;

x Dados escolares do ensino médio, ensino superior, pós-graduação

x Antecedentes criminais e cíveis;

x Títulos protestados e restrições de créditos;

x Dados patrimoniais;

276
x Informações sobre a nacionalidade do candidato, do cônjuge e dos
pais;

x Outros dados de filiação e recreação, bem como vícios;

Buscam-se várias informações dos candidatos que visam a magistra-


tura, dentre elas condenações criminais transitadas em julgado e sanção por
inidoneidade aplicada por qualquer órgão ou entidade de qualquer dos poderes
de qualquer dos entes federados.

São essas condutas capazes de eliminar o candidato do certame?


Dependerá do caso em concreto. Recordamos que o Supremo Tribunal Federal
já decidiu que como regra geral (ou seja, admite exceções), a simples existência
de inquéritos ou processos penais em curso não autoriza a eliminação de candi-
datos em concursos públicos.

Portanto, pressupõe-se para a eliminação:

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x condenação por órgão colegiado ou definitiva;

x relação de incompatibilidade entre a natureza do crime em questão e


as atribuições do cargo concretamente pretendido, a ser demonstrada
de forma motivada por decisão da autoridade competente.

Porém no Recurso Extraordinário 560900/DF, o STF informa que a lei


pode instituir requisitos mais rigorosos para determinados cargos, em razão da
relevância das atribuições envolvidas, como é o caso, por exemplo, das carreiras
da magistratura, das funções essenciais à justiça e da segurança pública
(CRFB/1988, art. 144).

Ao mesmo tempo a Corte Superior cria uma exceção à regra, informan-


do que apesar de ser vedada, em qualquer caso, a valoração negativa de simples
processo em andamento, essa situação poderá ser excepcionada quando de in-
discutível gravidade1.

1 RE 560900/DF.

277
Mas nem toda conduta ou dado informado pelo candidato, à primeira
vista, desabonadora de conduta, como o registro do nome nos cadastros de pro-
teção ao crédito2 poderá resultar na eliminação do candidato do certame.

Lembre-se que essa etapa do concurso busca conhecer o candidato,


quem ele é, o que já fez, como ele construiu sua trajetória de ensino e profissão,
entre outros fatores que permitam aferir a lisura necessária para o cargo de
magistrado.

Assim, não é porque você disse “SIM” para uma das indagações sobre
antecedentes no certame que imediatamente você será eliminado do concurso.

Por outro lado, é, imperioso dizer, NUNCA EXCLUA informação reque-


rida pelo concurso. Não omita dados. Isso sim poderá caracterizar fato elimi-
natório. O edital é a lei do concurso, razão pela qual suas regras obrigam os
candidatos e precisam ser obedecidas. Os candidatos não podem por receio da
valoração a ser realizada pela fiscalização “esconder” dados.

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Lembramos que ao final do preenchimento da ficha de investigação
social o candidato irá assiná-la, declarando, sob as penas da lei, em conformida-
de com o art. 299 do Código Penal Brasileiro (crime de falsidade ideológica), que
todas as informações prestadas são verdadeiras e que não foi omitido nenhum
fato que impossibilite o ingresso no cargo pretendido.

2 RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 30.734 - DF (2009/0204848-9);.RELATORA : MINIS-


TRA LAURITA VAZ. RECORRENTE : PAULO RICARDO SILVA DE ALMEIDA ADVOGADO : EDUARDO DA SILVA
CAVALCANTE E OUTRO(S). RECORRIDO : DISTRITO FEDERAL . PROCURADOR : ISABEL PAES DE ANDRADE
BANHOS E OUTRO(S)EMENTA. ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. INABILITAÇÃO . NA FASE DE
INVESTIGAÇÃO SOCIAL. EXISTÊNCIA DE INQUÉRITOS . POLICIAIS, AÇÕES PENAIS EM ANDAMENTO OU
INCLUSÃO DO NOME DO CANDIDATO EM SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. . PRINCÍPIO DA PRE-
SUNÇÃO DE INOCÊNCIA. 1. Não havendo sentença condenatória transitada em julgado, o princípio da
presunção de inocência resta maculado, ante a eliminação de candidato a cargo público, ainda
na fase de investigação social do certame, por ter sido verificada a existência de inquérito ou ação
penal.2. É desprovido de razoabilidade e proporcionalidade o ato que, na etapa de investigação social,
exclui candidato de concurso público baseado no registro deste em cadastro de serviço de proteção
ao crédito.3. Recurso ordinário em mandado de segurança conhecido e provido

278
De modo que a omissão de dados e informações pode sujeitar o
candidato a apuração criminal, bem como, inevitavelmente, irá eliminá-lo do
certame3.

Isso por si, é razão suficiente para entender que o candidato não pode
continuar no concurso. Afinal, como se pode admitir um candidato que não é
transparente com o Tribunal que irá recebê-lo como futuro magistrado?

Em caso de possíveis arbitrariedades, lembre-se, a defesa correta é o


recurso.

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3 AgInt no RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 60984 - RO (2019/0159256-2)RELATOR
: MINISTRO BENEDITO GONÇALVES AGRAVANTE : ARLINDO DALMERON CABRAL DE LIMAADVOGADO
: JOSÉ MARIA DE SOUZA RODRIGUES - RO001909AGRAVADO : ESTADO DE RONDÔNIAPROCURADOR :
CARLOS ROBERTO BITTENCOURT SILVA E OUTRO(S) - RO006098. EMENTA PROCESSUAL CIVIL E ADMIN-
SITRATIVO. RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. DELEGADO DE POLÍCIA.
INVESTIGAÇÃO SOCIAL. OMISSÃO ACERCA DE FATOS DESABONADORES DO CANDIDATO. DESCUM-
PRIMENTO DO EDITAL. NÃO RECOMENDAÇÃO PARA O CARGO. LEGALIDADE DE SUAEXCLUSÃO DO
CERTAME. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO.1. Jurisprudência desta Corte é firme no sentido
de que: i) a omissão em prestar informações, conforme demandado por edital, na fase de investigação
social ou de sindicância da vida pregressa, enseja a eliminação de candidato do concurso público; e ii)
a investigação social para admissão de candidato a cargos sensíveis, como o de delegado policial, não
se restringe a aferição de existência ou não de condenações penais transitadas em julgado, abrangendo,
também, a conduta moral e social do candidato, a fim de verificar a sua adequação ao cargo
almejado, que requer retidão e probidade. Precedentes: RMS 56.376/DF, Rel.Min. Herman Benjamn,
Segunda Turma, DJe 13/11/2018; AgInt no RMS 63.110/GO, Rel. Min. Francisco Falcão, Segunda
Turma, DJe 03/06/2020; e AgInt no RMS 53.856/AC, Rel. Min. Regina Helena Costa, Primeira Turma, DJe
05/12/2017. 2. Sob esse contexto, não se vislumbra o alegado direito líquido e certo, haja vista que, como
bem assentado pelo acórdão de origem, o candidato foi excluído do certame, na fase de investigação
social, por ter omitido informações relevantes à Comissão, em desconformidade com o disposto no
item 21.1 do edital, sendo que, embora tenha posteriormente complementado tais informações,
não o fez de forma integral, deixando de informar fatos desabonadores, capazes de concluir que
o candidato não satisfaz às exigências de vida pregressa necessárias aos Delegados de Polícia.3. Agravo
interno não provido.

279
10. Prova oral
POR: MARIA AUGUSTA DINIZ.

A prova oral é prestada em sessão pública, na presença de todos os


membros da Comissão Examinadora, sendo vedado o exame simultâneo de
mais de um candidato. Ela será gravada, possibilitando a posterior reprodução,
o que é importante para que o candidato possa, futuramente, recorrer adminis-
trativa ou judicialmente.

O local da realização dependerá do que estabelecer cada Tribunal/


Comissão Organizadora.

Assim, por exemplo, a prova oral poderá ser realizada na sede do


Tribunal, em auditório ou em sala destinada à realização das sessões. Como
a sabatina é pública, qualquer pessoa poderá assisti-la. E, com a evolução

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tecnológica (e principalmente após a pandemia por covid-19), vem se tornando
comum a transmissão via youtube.

Os temas e disciplinas cobrados serão os mesmos da segunda fase,


mas a Comissão pode agrupá-los em pontos, para efeito de sorteio. Alguns temas
(mais importantes) são trazidos em vários pontos, para que todos os candidatos
sejam arguidos acerca deles. Esse programa específico será divulgado no sítio
eletrônico do Tribunal até 5 (cinco) dias antes da realização da prova oral.

E, com 24 (vinte e quatro) horas de antecedência, haverá o sorteio de


um ponto para cada candidato. Ou seja, 24 (vinte e quatro) horas antes do início
da sabatina, o candidato comparecerá ao local indicado no edital de convoca-
ção e terá conhecimento de qual ponto será arguido (o que facilitará a revisão).
Nunca é demais lembrar que o candidato deverá ir devidamente vestido, com
roupas sociais, para a solenidade do sorteio.

Nessa fase, a arguição versará sobre o conhecimento técnico acerca


dos temas relacionados ao ponto sorteado, quando serão avaliados o domínio

280
do conhecimento jurídico, a adequação da linguagem, a articulação do raciocínio, a
capacidade de argumentação e o uso correto do vernáculo.

Como se observa, é uma prova diferente das demais, uma vez que,
além dos critérios de avaliação utilizados na segunda fase, exige-se, do candidato,
velocidade de raciocínio, capacidade oral de argumentação e, principalmente,
inteligência emocional para lidar com certas situações.

Por isso, por maior que seja o conhecimento jurídico do candidato,


deverá ele, durante a preparação, trabalhar o controle da situação, alcançando
um patamar de controle emocional e desenvoltura adequados. Até porque,
durante o exercício da magistratura, o juiz é constantemente testado nas
audiências, passando por adversidades, devendo ter o equilíbrio necessário
para reagir em determinadas conjunturas. Além de que serão corriqueiras as
vezes em que deverá, oral e imediatamente, decidir fundamentadamente, o que
exige velocidade de raciocínio.

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Por isso, alguns examinadores costumam, propositalmente, questionar
duramente o candidato, fazendo perguntas cujas respostas não serão sabida-
mente conhecidas, justamente para verificar o equilíbrio emocional.

Assim sendo, a preparação específica para essa etapa merece atenção


especial, devendo o candidato acostumar-se a falar em público (o que não é
comum aos profissionais do Direito, que se comunicam, em regra, por escrito),
de forma segura e firme. Para tanto, são importantes cursos preparatórios
específicos, simulados (preferencialmente com pessoas desconhecidas) e, se for
o caso, tratamento com fonoaudiólogo e psicólogo.

Um curso especializado propiciará o treinamento individualizado, com


adaptação da postura e gesticulação, correção de vícios de linguagem e ensina-
mento de técnicas de oratória.

Se você estiver nessa etapa, recomendamos que estude por meio


do material com o qual está acostumado, intensificando as revisões. Não é o
momento de adotar doutrinas ou materiais novos. Além disso, é indicado que

281
busque livros e artigos publicados por cada examinador, pois é normal que eles
tendem a questionar aquelas matérias que mais dominem.

No dia e hora marcados para a prova, a ordem de arguição será definida


por sorteio. Os candidatos que ainda não forem sabatinados ficarão recolhidos
em sala própria.

Durante a concentração, o candidato terá consigo seu material de


estudo, uma vez que poderá levar resumos e apontamentos para leitura,
enquanto esperam sua vez. Recomendamos que você leve sua comida (a que
esteja acostumado), se possível, uma vez que a alimentação fornecida varia
por Tribunal. Alguns deles fornecem refeições completas, enquanto que outros
disponibilizam apenas lanches.

Tome cuidado com a alimentação no dia anterior e naquele marcado


para a prova, evitando qualquer mal-estar físico. Até porque, com a ansiedade e
o nervosismo, você já estará mais propenso a isso.

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Da mesma forma, não faça uso de qualquer medicação (principalmente
ansiolítica ou para déficit de atenção), salvo se já estiver acostumado com ela.

Outro cuidado importante é com o sono na noite anterior ao dia da


prova. Descanse por período suficiente, pois uma mente cansada dificilmente
irá racionar com clareza. E essa etapa, em especial, exige que o candidato esteja
muito atento e descansado, principalmente porque ele não saberá quanto será
seu tempo de espera.

Afinal, você poderá ser o primeiro ou o último a ser arguido, depen-


dendo do sorteio. E a espera nas salas de concentração costumam ser bastante
exaustivas.

Para aqueles que farão prova em cidades diversas da de sua residência,


é indicada a reserva em hotel confortável, com mesa adequada ao estudo,
serviço de quarto (para que possa pedir as refeições) e que seja perto do local da

282
prova. Alguns candidatos optam por levar abajures de casa, pois a iluminação,
em hotéis, não costuma ser boa.

Recomendamos também que se chegue à cidade com certa antece-


dência. A viagem pode ser cansativa e, assim agindo, você poderá resolver even-
tuais imprevistos. Lembre-se que é uma etapa decisiva e que você está muito
próximo da aprovação. Por isso, essas recomendações podem fazer a diferença.

Outra questão que deve ser observada é o traje utilizado no dia da


prova oral. O mais adequado é que os homens vistam terno escuro (preto, cinza
chumbo, azul marinho), camisa clara, gravata e sapatos discretos. Além disso, a
barba deve estar bem feita.

Já para as mulheres, é indicado o uso de terninhos, blazers (até para


que não passem frio), saia lápis no joelho, vestidos compostos, sapatos fecha-
dos (modelo scarpin), além de maquiagem e acessórios discretos. Não são bem
vistos os decotes e as roupas curtas. Algumas candidatas preferem prender o

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cabelo, por se sentirem mais confortáveis. Mas isso é pessoal.

Evite brincos ou adornos muito chamativos, em especial aqueles que


fazem barulho. Alguns microfones são bastante sensíveis e captarão o barulho
produzido pelo chacoalhado desses acessórios.

Uma dúvida bastante comum é a referente a tatuagens. Afinal, esse é


um critério de desclassificação do candidato?

É certo que as tatuagens já foram mal vistas, principalmente por aque-


las pessoas ditas mais “tradicionais”. No entanto, no mundo multifacetado em
que vivemos hoje, tal discussão caiu por terra. Ou seja, a existência de tatuagens
não é critério para desclassificação ou para atribuição de uma menor nota.

No entanto, para que o candidato se sinta mais seguro, indicamos que


utilize roupas que cubram os desejos, principalmente aqueles muito grandes.
Assim agindo, evitará mais uma preocupação e incerteza.

283
Durante o confinamento, é comum que se façam exercícios para a voz
e o famoso “gargarejo” com soro fisiológico, além da aplicação de técnicas de
respiração. Afinal, a espera pode ser muito angustiante e o candidato precisa
manter a calma e a tranquilidade.

Ao ser chamado para a sabatina, adentre a sala com confiança e simpa-


tia, olhando e cumprimentando todos os componentes da banca examinadora.
Evite olhar para a plateia e nunca entre mirando o chão, pois isso pode passar a
ideia de insegurança.

Após se dirigir à mesa, sente, de forma ereta, e ajeite o microfone, ajus-


tando-o a uma altura confortável. Tome cuidado para não esbarrar no copo de
água ou no vade mecum que estarão sobre a mesa.

Mantenha as mãos sobrepostas à mesa, de forma natural. As pernas


poderão ficar cruzadas (de forma elegante) ou com ambos os pés apoiados no
chão, da forma que ficar mais confortável. Qualquer gesticulação deverá se dar

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de forma harmônica e natural, sem exageros.

A seguir, listamos um roteiro comportamental que deverá ser adotado:

x Refira-se aos integrantes da Banca sempre por “Excelência” ou


“Vossa Excelência”.

x Espere o examinador terminar de perguntar. Jamais o interrompa.


Escute atentamente, respire e inicie sua resposta, mantendo um padrão.
Afinal, se você responder rapidamente as questões cujas respostas têm
conhecimento, todos saberão aquelas que você não tem.

x Se o examinador expressar qualquer “careta” ou parar de prestar


atenção no que você está falando, prossiga firmemente. Se ficar muito
incomodado, olhe alternadamente para os demais integrantes da Banca, sem
parar de responder. Lembre-se de que isso poderá ser um teste para verificar
como é sua reação nesse tipo de situação.

284
x Se o examinador o interromper, escute atentamente e adapte
sua resposta. Não demonstre aborrecimento em razão da conduta.

x Utilize sempre o vernáculo correto, qual seja, linguagem técnica e


culta. Jamais use gírias ou linguagem informal.

x Não seja arrogante.

x Se precisar organizar as ideias antes de responder, beba água.

x Responda naturalmente, de forma firme, em altura e velocidade


razoáveis. Mantenha um padrão.

x Responda olhando para o examinador, mirando também os de-


mais. Jamais responda olhando para baixo, para o teto ou para espaços vazios.

x Se a pergunta for direta, a resposta também deverá o ser.

x Responda de forma completa. Por exemplo; se o examinador


questionar “Quais são os requisitos do crime?”, responda: “Os requisitos do
crime são: tipicidade, antijuridicidade ou ilicitude e potencial consciência da

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ilicitude”. Em seguida, desenvolva sua resposta, a não ser que o examinador
se dê por satisfeito.

x Se a pergunta for genérica, inicie sempre pelo conceito do ins-


tituto, passando para a previsão legal, discussão doutrinária (com todas as
correntes acerca do tema) e entendimento jurisprudencial (principalmente
dos tribunais superiores). Ao final, adote, justificadamente, uma das posições.
Mesmo se não concordar com aquela adotada pelo examinador, faça questão
de demonstrar que tem conhecimento dela, mas que, data vênia, entende
que outra é mais adequada.
Orientamos, no entanto, que você busque concordar com aquela
corrente adotada pelos integrantes da Banca Examinadora. Só tome cuidado
para não se contradizer quando for responder a outra questão. De qualquer
forma, sempre se posicione a favor de uma das correntes.

x Não responda com exemplos (por exemplo: “intimação é quando


a pessoa é cientificada da sentença”). Primeiro conceitue; após, exemplifique.

285
x Mantenha sua resposta se você estiver certo dela, mesmo se o
examinador perguntar se você tem certeza. Nem sempre essa atitude é para
ajudar, podendo ser para testar sua segurança ao falar sobre um tema.

x Se você não souber a resposta, tente tangenciar o tema, mostrando


conhecimento sobre o assunto, em especial, em relação aos princípios que
norteiam a matéria. Ou mesmo tente relacionar com algum assunto que você
conheça. Pode ser que o examinador o direcione. Mas jamais responda, de
pronto, que não sabe a resposta. Como já mencionado, são inúmeros os cri-
térios de pontuação e, margeando o tema, você poderá não zerar os pontos.

x Você também pode perguntar se o examinador pode reformular


a pergunta ou se há algum sinônimo para aquele instituto. Alguns candidatos
pedem dicas ou direcionamentos, mas não é raro que o examinador mostre
descontentamento com a conduta. Caso isso aconteça, não demonstre abalo
emocional.

x Ultrapassados esses direcionamentos, caso você não saiba a

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resposta, fale apenas: “Não me recordo, Excelência”.

x Se o examinador pedir sua opinião, expresse-a, sempre de forma


fundamentada.

x Evite a utilização de termos que demonstrem insegurança, como


verbos no pretérito imperfeito ou expressões como “acho que”, a não ser que
você esteja dando a sua opinião.

x Se o examinador pedir para você consultar o vade mecum antes


de elaborar o questionamento, busque a regra com calma e atenção. Se ele
indicar o instituto sem mencionar o dispositivo, e caso você não o encontre,
pergunte-o, educadamente, qual o dispositivo correspondente (por exemplo:
“Excelência, o senhor/a pode me dizer o artigo?”).

x caso não entenda ou ouça a pergunta, peça, cordialmente, que


o examinador a repita (por exemplo: “Excelência, pode, por favor, repetir a
questão?”).

286
x Caso você vá mal em uma matéria, mantenha a calma e tente
melhorar na seguinte. Lembre-se que, para ser aprovado, você precisará
alcançar a nota 6 (seis) resultante da média aritmética de todas elas, e não
individualmente.

x Ao final, agradeça e diga: “Foi uma honra ter sido arguido por
Vossas Excelências”.

E o mais importante: tenha consciência de que você fez o seu melhor


e que nem tudo está sob seu controle. Caso seja reprovado, não desista, pois
você está muito perto da aprovação.

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287
10.1. Treinando a voz e a dicção
POR: MARIA AUGUSTA DINIZ.

Como é sabido, na fase oral, comunicar-se bem é de extrema impor-


tância. E um dos fatores que atrapalham essa comunicação é a má articulação
das palavras. Com uma boa dicção, você transmite segurança sobre o assunto,
tornando-o mais agradável e prendendo a atenção do espectador. Isso porque
uma boa dicção oferece leveza, clareza, objetividade e assertividade à mensa-
gem transmitida.

Para isso, é importante que se mantenha uma fala bem estruturada,


limpa, com pronúncia de todas as sílabas, uma boa entonação vocal e pausas
adequadas. E tudo isso é treinável.

Registramos que melhorar a dicção não significa perder ou amenizar

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sotaques. Como sabemos, o Brasil possui vasta área territorial, com múltiplas
culturas e diversos sotaques. Desconhecemos situação em que o candidato foi
prejudicado ou eliminado em razão de apresentar sotaque de região diferente.
O que se espera é uma comunicação limpa, sem gírias e vícios de linguagem.

A seguir, trazemos alguns exercícios que você poderá realizar durante


a preparação para a prova oral e que vão ajudar a melhorar sua voz e dicção1.

1 – MOVIMENTOS FACIAIS.

Leia textos em voz alta, articulando os músculos faciais, abrindo bem


a boca (de forma exagerada), pausadamente, pronunciando todas as sílabas.
Force bastante os movimentos faciais. Com a prática, a fala vai se tornando mais
“limpa” e as palavras saem de forma mais nítida, tornando o discurso eficaz e
agradável.

1 Disponível em: https://www.clubedafala.com.br/blog/como-melhorar-a-diccao/. Acesso em 20


de setembro de 2021.

288
2 – DESACELERANDO A FALA.

Sabe aquelas pessoas que falam rápido, “engolindo” sílabas? A gente


precisa fazer um esforço enorme para entender tudo, não é? Em uma prova
oral, isso pode ser bem desconfortável para os examinadores, os quais, além
de ter que entender o que o candidato está falando, precisam concentrar-se no
conteúdo. E falar muito rápido pode passar a ideia de ansiedade e nervosismo,
prejudicando a performance na prova oral.

Por isso, se você é daquelas pessoas que falam rápido, tente, durante
seu dia-a-dia, falar calma e pausadamente.

Você pode, também, fazer um exercício simples, mas muito eficaz, con-
sistente na leitura (em voz alta) lenta e pausada das seguintes sílabas:

- as, es, ês, is, os, ôs, us.


- mua, meu, mui, muo, um.

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- pra, ca, tra, cha, nha, lha, gua, qua.

Repita a leitura por cerca de cinco vezes, prestando bastante atenção


na pronúncia das sílabas.

3 – TREINANDO A RESPIRAÇÃO.

Como é cediço, o som emitido quando falamos ocorre em razão da


passagem de ar pelas cordas vocais. Por isso, o desempenho da linguagem oral
está diretamente ligado à maneira como se respira. Por exemplo, quando se
está ofegante, dificilmente a fala vai se dar de maneira harmônica.

E não é difícil que nos sintamos ofegantes quando estamos nervosos


ou ansiosos, principalmente durante a prova oral. Por isso, é de suma importân-
cia que você treine a respiração diafragmática, a qual, junto com a meditação, é
uma excelente técnica de controle da ansiedade.

289
Para isso, deite-se e coloque uma das mãos sobre o peito e, a outra,
na barriga, abaixo das costelas. Inspire e expire profundamente, direcionando
o ar para a parte inferior do abdômen. A mão que está sobre a barrida, durante
a inspiração, deve ficar acima do nível da mão que está sobre o peito. Durante
esse treinamento, tente não pensar em nada, mas apenas na sua respiração.

Depois, fique de pé, com postura alinhada. Inspire profundamente, até


que a região diafragmática (abaixo das costelas) infle ao máximo. Expire lenta-
mente, emitindo o som da letra “F”. Em seguida, inspire profundamente nova-
mente e expire, pausando algumas vezes, e emitindo o som da letra “S”. Repita
o processo por cinco vezes.

3 – TRABALHE A POSTURA.

Não importa o que você fale, sua linguagem corporal dirá muito so-
bre você. Imagine alguém que ministre uma palestra de forma travada, curvada,
sem movimentos. Agora pense em alguém que fala em público de forma leve,

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gesticulando delicadamente, com a postura ereta. Inegavelmente essa segunda
pessoa transmitirá mais confiança no seu discurso e prenderá mais a atenção
do público.

O mesmo ocorre durante a prova oral. Se você adota postura acanha-


da, “presa”, “corcunda”, passará a ideia de que não tem muita certeza do que
está falando. Uma gesticulação exagerada, por sua vez, transmite a imagem de
uma pessoa ansiosa.

Por isso, é muito importante que você mantenha, durante a prova, pos-
tura fluida e natural, não demonstrando qualquer vestígio de tensão. Para isso,
faça alongamentos diários, mantenha a postura ereta no dia-a-dia (principal-
mente enquanto estiver sentado, estudando) e ensaie, como se estivesse expli-
cando algo para alguém.

Você pode, inclusive, responder a questões jurídicas em voz alta, en-


saiando a gesticulação. Assim, você estará não só treinando a postura corporal

290
para a apresentação, mas também o raciocínio jurídico rápido e continuado, tão
necessário para um bom desempenho na prova oral.

4 – FAZENDO GARGAREJOS.

O gargarejo com água é um excelente exercício para a dicção, pois


trabalha a faringe, a base da língua e o “ceu” da boca, que são locais chamados
de pontos articulatórios, utilizados durante a fala.

Ele também ajuda na emissão de um som mais limpo durante a fala,


uma vez que aciona a musculatura responsável pela pronúncia de sílabas como
“ão”, “grão”, “cão” e “uma. Deve, inclusive, ser praticado antes da prova oral.

5 – TRAVA-LÍNGUAS.

É um excelente exercício, que trabalha a articulação da língua e dos


músculos bucais. Propicia uma fala com a pronúncia limpa de todas as sílabas e

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palavras, sem que haja emenda do final de uma com o início de outra. Por isso,
acarreta uma maior fluidez do discurso, o que é imprescindível para uma boa
apresentação durante a prova oral.

Para tanto, leia devagar as seguintes frases2, tendo o cuidado de


pronunciar todas as sílabas:

1 – O prestidigitador prestativo e prestatário está prestes a prestar a prestidi-


gitação prodigiosa e prestigiosa.

2 – A prataria da padaria está na pradaria prateando prados prateados.

3 – Os quebros e requebros do samba quebram os quebrantos dos falsos


santos.

4 – Brito britou brincos de brilhantes brincando de britador.

2 Exercício retirado do Curso de Oratória ministrado pela ABELINE – Associação Brasileira de


Educação Online.

291
5 – Branca branqueia as cabras brabas nas barbas das bruacas e bruxas bran-
quejantes.

6 – Trovas e trovões trovejam trocando quadros trocados entre os trovadores


esquadrinhados nos quatro cantos.

7 – O grude da gruta gruda a grua da gringa que grita e, gritando, grimpa a


grade da grota grandiosa.

8 – Plana o planador em pleno céu e, planando por cima do platô contempla


as plantas plantadas na plataforma do plantador.

9 – O cricrilar do grilo é devido ao atrito de seus élitros.

10 – O lavrador é livre na palavra e na lavra mas não pode ler o livro que o
livreiro quer vender.

11 – O bispo de Constantinopla é bom constantinopolizador. Quem o


desconstantinopolizar, bom constantinopolizador será.

12 – Num ninho de mafagafos tem cinco mafagafinhos. Tem também maga-

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faços, maçagafas, maçagafinhos, mafafagos, magaçafas, maçafagas, magafi-
nhos, magafafos e magafagafinhos.

13 – Uma rua paralelepipezada por um paralelepipezador, Quem quiser


desparalelepipezá-la, bom desparalelepipezador será.

14 – Padre Pedro partiu a pedra no prato de prata. A pedra partiu o prato de


prata do padre Pedro.

15 – A aranha arranha a rã. A rã arranha a aranha Nem a aranha arranha a rã,


nem a rã arranha a aranha.

16 – Iara amarra a arara rara. A rara arara de Araraquara.

17 – Um tigre, dois tigres, três tigres comem trigo de um trago.

18 – A frota de frágeis fragatas, fretada por um franco frustrado, enfreado de


frio, naufragou na refrega, por frêmitos flecheiros africanos.

19 – O desinquivincavacador das caravelarias desinquivincavacaria as


cavidades, que deveriam ser desinquivincavacadas.

292
20 – Cinco bicas, cinco pipas, cinco bombas. Tira da boca da bica Bota na boca
da bomba.

21 – É um dedo, é um dado, é um dia.


É um dia, é um dado, é um dedo.
É um dedo, é um dia, é um dado.
É um dado, é um dedo, é um dia.
É um dia, é um dedo, é um dado.
É um dado, é um dia, é um dedo.

22 – O tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem. O tempo res-


pondeu ao tempo pra dizer ao tempo que o tempo do tempo é o tempo que
o tempo tem.

23 – Meio milhão, dez limões, dois milhões; nove limões, três milhões, oito
limões; quatro milhões, sete limões, cinco milhões; seis limões, seis milhões,
cinco limões; sete milhões, quatro limões, oito milhões; três limões, nove mi-
lhões, dois limões; dez milhões, meio limão.

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24 – Não tem truque troque o trinco traga o troco e tire o trapo do prato.

Tire o trinco, não tem truque, troque o troco e traga o trapo do prato.

25 – Amanda, anda catibirianda serramatutanda firifirianda.

26 – Marcela, ela catibiriela serramatutela firifiriela.

27 – Angélica, élica catibiriélica serramatutélica firifiriélica.

28 – Natália, ália catibiriália serramatutália firifiriália.

29 – Clara, ara catibiriara serramatutara firifiriara.

30 – Pedro Augusto, usto catibiriusto serramatutusto firifiriusto.

31 – Eva, eva catibirieva serramatuteva firifirieva .

32 – -Raquel, el catibiriel serramatutel firifiriel.

33 – Ian, an catiriban serramatutan fifirian.

34 – Tomaz, az catibiribaz serramatutaz firifiriaz.

35 – Zé Paulo, aulo catibiriaulo serramatutaulo firifiriaulo.

293
36 – Tainara, ara catibiriara serramatutara firifiriara.

37 – Laura, aura catibiriaura serramatutaura firifiriaura.

38 – Margarida, ida catibiriida serramamtutida firifiriida.

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294
11. Prova de títulos para a carreira de
Magistratura
POR: RUTH ARAÚJO VIANA

A prova de títulos é uma maneira do examinador conseguir selecionar


os candidatos mais bem qualificados em vista da formação educacional e profis-
sional. Porém ela é limitada ao peso 1 de prova e com máximo de atribuição de
10,0 pontos.

Assim, a nota máxima que poderá ser atribuída para cada candidato é
10,0 pontos na prova de títulos, ainda que a pontuação seja superior.

A prova de títulos é DECISIVA na classificação dos aprovados no


concurso da Magistratura. Ela tem peso 1 e é equivalente a 5ª etapa do certame.

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ETAPA TIPO DE PROVA CARÁTER
ELIMINATÓRIO E
1ª ETAPA PROVA OBJETIVA
CLASSIFICATÓRIO
ELIMINATÓRIO E
2ª ETAPA PROVA ESCRITA
CLASSIFICATÓRIO
INSCRIÇÃO DEFINITIVA;
SINDICÂNCIA DA VIDA
PREGRESSA INVESTIGAÇÃO
SOCIAL DO (A) CANDIDATO (A);
3ª ETAPA EXAMES DE APENAS ELIMINATÓRIO
SANIDADE FÍSICA
E MENTAL;
AVALIAÇÃO
PSICOLÓGICA
ELIMINATÓRIO E
4ª ETAPA PROVA ORAL
CLASSIFICATÓRIO
5ª ETAPA PROVA DE TÍTULOS APENAS CLASSIFICATÓRIO

295
Frise-se que o próprio Supremo Tribunal Federal já decidiu que as pro-
vas de títulos em concursos públicos para provimento de cargos efetivos no seio
da Administração Pública brasileira, qualquer que seja o Poder de que se trate
ou o nível federativo de que se cuide, não podem ostentar natureza eliminatória,
prestando-se apenas para classificar os candidatos, sem jamais justificar sua eli-
minação do certame, consoante se extrai consoante se extrai, a contrário sensu,
do art. 37, II, da Constituição da República1.

Em que pese não se trate de uma fase eliminatória, ou seja, apenas


influirá na ordem de classificação do candidato, é importante registrar que em
Tribunais pequenos nem sempre os aprovados no concurso da magistratura são
nomeados.

É exatamente isso que você leu. Nem todo concurseiro aprovado no


concurso para juiz de direito será de fato um magistrado. Porque além da apro-
vação você precisa da nomeação e para ser nomeado você precisa estar bem
classificado.

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Por isso, todo e qualquer bom competidor deve levar a sério essa fase
do concurso.

E partir de qual momento os títulos deverão ser comprovados? A com-


provação dos títulos far-se-á no momento da inscrição definitiva, considerados,
para efeito de pontuação, os obtidos até então.

Mas se lembre de SEMPRE conferir seu edital! Certo?

É possível que os editais detalhem aspectos importantes para a obten-


ção dos pontos e, portanto, você deve ser precavido e conferir as especificações
exigidas do edital do seu concurso.

Os títulos comumente aceitos para os concursos da Magistratura com


a respectiva carga de pontuação são:

1 (MS 31176, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 02/09/2014, PROCESSO ELE-
TRÔNICO DJe-218 DIVULG 05-11-2014 PUBLIC 06-11-2014)

296
TÍTULO
Exercício de cargo de juiz pelo período mínimo de 1 ano e até 3
2,0 pontos
anos;
Exercício de cargo de juiz por período superior a 3 anos; 3,0 pontos
Exercício de cargo de Pretor, Membro do Ministério Público, De-
fensoria Pública, Advocacia-Geral da União, Procuradoria (Pro-
curador/a) de qualquer órgão ou entidade da Administração
1,5 pontos
Pública direta ou indireta de quaisquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: até 03 (três)
anos
Exercício de cargo de Pretor, Membro do Ministério Público, De-
fensoria Pública, Advocacia-Geral da União, Procuradoria (Pro-
curador/a) de qualquer órgão ou entidade da Administração
2,0 pontos
Pública direta ou indireta de quaisquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: acima de 03
(três) anos

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Exercício do magistério superior na área jurídica pelo período
mínimo de 5 (cinco) anos mediante admissão no corpo docente 1,5 pontos
por concurso ou processo seletivo público de provas e títulos
Exercício do magistério superior na área jurídica pelo período
mínimo de 5 (cinco) anos mediante admissão no corpo docente 0,5 pontos
sem concurso ou processo seletivo público de provas e títulos;
Exercício de outro cargo, emprego ou função pública privativa
de bacharel(a) em Direito pelo período mínimo de 1 (um) ano, 0,5 pontos
mediante admissão por concurso: até 3 (três) anos
Exercício de outro cargo, emprego ou função pública privativa
de bacharel(a) em Direito pelo período mínimo de 1 (um) ano, 1,0 pontos
mediante admissão por concurso: acima de 3 (três) anos
Exercício de outro cargo, emprego ou função pública privativa
de bacharel(a) em Direito pelo período mínimo de 1 (um) ano, 0,25 pontos
mediante admissão sem concurso: até 3 (três) anos
Exercício de outro cargo, emprego ou função pública privativa
de bacharel(a) em Direito pelo período mínimo de 1 (um) ano, 0,5 pontos
mediante admissão sem concurso: acima de 3 (três) anos

297
Exercício efetivo da advocacia pelo período mínimo de 3 (três)
0,5 pontos
até 5 (cinco) anos
Exercício efetivo da advocacia pelo período entre 5 (cinco) e 8
1,0 pontos
(oito) anos
Exercício efetivo da advocacia pelo período acima de 8 (oito)
1,5 pontos
anos
Aprovação em concurso público para juiz, pretor, Promotor,
Defensor Público, judicatura Advocacia-Geral da União, Procu-
radoria (Procurador/a) de qualquer órgão ou entidade da Admi- 0,5 pontos
nistração Pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
Aprovação em outros concursos públicos para cargo, emprego
0,25 pontos
ou função privativa de bacharel (a) em Direito
Diplomas em Cursos de Pós-Graduação doutorado reconhecido
2,0 pontos
ou revalidado em Direito ou em Ciências Sociais ou Humanas
Diplomas em Cursos de Pós-Graduação mestrado reconhecido
1,5 pontos

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ou revalidado em Direito ou em Ciências Sociais ou Humanas
Diplomas em Cursos de Pós-Graduação especialização em Di-
reito, na forma da legislação educacional em vigor, com carga
0,5 pontos
horária mínima de 360 (trezentos e sessenta) horas-aula, cuja
avaliação considerou monografia de final de curso
Graduação em qualquer curso superior reconhecido ou curso
regular de preparação à magistratura ou ao Ministério Público,
com a duração mínima de 1 (um) ano, carga horária mínima de 0,5 pontos
720 (setecentas e vinte) horas-aula, frequência mínima de 75%
(setenta e cinco por cento) e nota de aproveitamento
Curso de extensão sobre matéria jurídica de mais de cem (100)
horas-aulas, com nota de aproveitamento ou trabalho de con-
0,25 pontos
clusão de curso e frequência mínima de 75% (setenta e cinco
por cento)
Publicação de livro jurídico de autoria exclusiva do candidato
0,75 pontos
com apreciável conteúdo jurídico

298
Publicação de artigo ou trabalho publicado em obra jurídica co-
letiva ou revista jurídica especializada, com conselho editorial, 0,25 pontos
de apreciável conteúdo jurídico
Láurea universitária no curso de Bacharelado em Direito 0,5 pontos
Participação em banca examinadora de concurso público para
o provimento de cargo da magistratura, Ministério Público, Ad-
0,75 pontos
vocacia Pública, Defensoria Pública ou de cargo de docente em
instituição pública de ensino superior
Exercício, no mínimo, durante 1 (um) ano, das atribuições de
conciliador nos juizados especiais, ou na prestação de assistên- 0,5 pontos
cia jurídica voluntária

Lembre-se que é ônus do candidato produzir prova documental


idônea de cada título por ele apresentado.

Isso significa que os documentos devem ser suficientes e ter eficácia

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probatória, anunciando data, autoridade subscritora, evento a que se refere e
correspondência com todos os elementos exigidos para a comprovação do título.

Observe que a pontuação de cada título tem atribuição máxima e, por-


tanto, é vedado cumular os títulos apresentados da mesma natureza, como, por
exemplo, dois títulos de mestrado somente equivalerão a pontuação máxima de
1,5 pontos e não 3,0 pontos.

Cuidado! Não constituem títulos:

x Simples prova de desempenho de cargo público ou função eletiva;

x Trabalhos que não sejam de autoria exclusiva do candidato;

x Atestados de capacidade técnico-jurídica ou de boa conduta profissional;

x Certificado de conclusão de cursos de qualquer natureza, quando a


aprovação do candidato resultar de mera frequência;

x Trabalho forense (sentenças, pareceres, razões de recursos etc.).

299
12.  O estudante que persiste passará!
“A cada novo desafio, o obstáculo ficará menor e você ficará maior!”

POR AUGUSTA E RUTH

Alguns falam que estudar para a magistratura é como um sonho


impossível, que poucos alcançam. Os obstáculos são inúmeros e começam com
a necessidade de três anos de prática jurídica para poder se desafiar nesse
mundo. Depois, batem à porta as dificuldades financeiras, o tempo, a ansiedade,
a procrastinação, a necessidade de um emprego, ser mãe, ser pai... Enfim, cada
concurseiro, com sua realidade, enfrenta vários desafios para poder sentir-se
preparado para um concurso do nível da magistratura.

Queremos, no entanto, relembrar você que o SONHO É POSSÍVEL e


REAL. Somos magistradas e batalhamos muito para estar onde estamos, enfren-
tando dificuldades diversas. Ousamos ir além dos obstáculos e “vestir a camisa”

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de concurseiro para, um dia, podermos “vestir a toga” de magistradas”. Foi o que
fizemos e é o que você pode fazer!

A cada dia, a realidade dos concursos nos surpreende com histórias


de superação, uma mais inédita do que a outra, demonstrando que é possível o
êxito. Porém, alguns teimam em permitir que o pensamento malicioso de que
esse “sonho está muito distante de mim” finque raízes.

Queremos arrancar de você as ideias de pessimismo, de impossibilida-


des, de erros e, assim, trazer à tona o seu melhor! Pois, o seu melhor é suficien-
te para a realização do seu sonho. Cumprindo o passo a passo da preparação
deste livro, você estará mais do que capacitado para enfrentar o concurso da
magistratura. Basta persistir e resistir.

Sim. Você precisará de persistência e resistência.

Persistência porque o sonho exige compromisso, abdicação e se tra-


ta de uma trajetória de longo prazo. Você ficará um pouco cansado de recusar

300
convites para sair e nem sempre poderá comparecer aos encontros de família.
Muitas vezes, terá vontade de largar tudo para o alto. Quando isso acontecer,
lembre-se que a renúncia é por tempo limitado. Um dia você passará! E tudo isso
ficará para trás.

Resistência porque a vida acontece. A gente adoece, amores se vão e,


muitas vezes, sentimos que não temos como continuar a estudar com um turbi-
lhão de emoções atravessando o nosso dia a dia. Mas você tem capacidade para
resistir e enfrentar o que não está sob seu controle com resiliência. A inteligência
emocional é um fator chave para a sua vitória, por isso, resistir é crucial.

Sempre acredite em você!

“Lute por seu sonho todos os dias. Você não precisa vencer sempre, mas você
precisa lutar pelo seu objetivo todos os dias!”

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Por Augusta e Ruth

301
13.  Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível
em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>
Acesso em: 04 jan. 2023

BRASIL. Emenda Constitucional nº 45, de 30 de dezembro de 2004.


Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/
emc/emc45.htm> Acesso em 15 dez. 2022

BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em:


<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm>
Acesso em: 04 jan. 2023

BRASIL. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Disponível em:


<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm> Acesso em: 04

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jan. 2023

BRASIL. Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Disponível em: <https://www.


planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm> Acesso em: 04 jan. 2023

BRASIL. Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. Disponível em: <https://www.


planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7347orig.htm> Acesso em: 20 dez. 2022

BRASIL. Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994. Disponível em: <https://www.


planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8906.htm> Acesso em: 03 jan. 2023

BRASIL. Lei nº 9.028, de 12 de abril de 1995. Disponível em: <http://www.


planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9028.htm> Acesso em: 20 dez. 2022

BRASIL. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Disponível em: <https://


www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9099.htm> Acesso em 15 dez. 2022

302
BRASIL. Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9289.htm> Acesso em: 20 dez. 2022

BRASIL. Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Disponível em: <https://


www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503compilado.htm> Acesso em: 03 jan.
2023

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: <https://www.


planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm> Acesso em: 04 jan.
2023

BRASIL. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Disponível em: <http://www.


planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm> Acesso em: 03
jan. 2023

BRASIL. Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. Disponível em: <https://www.


planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm>. Acesso em: 22

Licensed to Weber Lima de Deus - weberdedeus70@gmail.com - HP154416748220226


dez. 2022

BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Disponível em: <https://www.


planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm> Acesso em: 04
jan. 2023

BRASIL. Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015. Disponível em: < https://www.


planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13140.htm> Acesso em: 03
jan. 2023

BRASIL. Lei nº 13.964, de 24 de Dezembro de 2019. Disponível em: <https://


www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/l13964.htm> Acesso em:
04 jan. 2023

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Relatório de atividade Igualdade


Racional no Judiciário. Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/wp-content/
uploads/2020/10/Relatorio_Igualdade-Racial_2020-10-02_v3-2.pdf>. Acesso em:
20 set. 2021

303
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução n.º 75, de 12
de maio de 2009. Disponível em: <https://atos.cnj.jus.br/files/
resolucao_75_12052009_29032019150755.pdf> Acesso em: 15 dez. 2022

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução nº 476, de 22 de


setembro de 2022. Disponível em: <https://atos.cnj.jus.br/files/
original22092320220924632f8013ba18d.pdf> Acesso em 15 dez. 2022

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução nº 457, de 22


de abril de 2022. Disponível em: <https://atos.cnj.jus.br/files/
original160200202205026270007840766.pdf> Acesso em 16 dez. 2022

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução nº 208, de 10 de


novembro de 2015. Disponível em: <https://atos.cnj.jus.br/files/
resolucao_208_10112015_11112015160259.pdf> Acesso em: 15 dez. 2022

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Consulta - 0004579-64.2013.2.00.0000 -

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Relatora Deborah Ciocci. 2 de setembro de 2013. Disponível em: <https://www.
cnj.jus.br/InfojurisI2/Jurisprudencia.seam;jsessionid=63DEBF1BE2C9C1DCCB-
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firstResult=3125&tipoPesquisa=BANCO> Acesso em: 13 jan. 2023

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Pedido de Providências n.º 1438, julgado


em 12 de junho de 2007. Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/InfojurisI2/
Jurisprudencia.seam;jsessionid=FDC5A8A83D4C5D5E6598F33B28BE86A4?juris-
prudenciaIdJuris=45080&indiceListaJurisprudencia=0&firstResult=2750&tipo-
Pesquisa=BANCO> Acesso em: 13 jan. 2023

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Pedido de Providências n.º 0002629-


88.2011.2.00.0000, julgado em 21 de junho de 2011. Disponível em: <https://
www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/cnj/418493373/inteiro-teor-418493382>
Acesso em: 13 jan. 2023

304
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Consulta n.º 0000063-54.2020.2.00.0000.
Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/InfojurisI2/Jurisprudencia.seam;jses-
sionid=F37429238F4384FC866C719AC008E998?jurisprudenciaIdJuris=52348>
Acesso em: 13 jan. 2023

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Consulta n.º 0009079-37.2017.2.00.0000.


Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/InfojurisI2/Jurisprudencia.
seam?jurisprudenciaIdJuris=50458&indiceListaJurispru> Acesso em: 13 jan.
2023

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Interno no Agravo Interno


no Agravo em Recurso Especial nº 1825083 MS 2021/0017247-1. Data
de publicação: 25/06/2021. Disponível em: <https://stj.jusbrasil.com.br/
jurisprudencia/1248775442/agravo-interno-no-agravo-interno-no-agravo-
em-recurso-especial-agint-no-agint-no-aresp-1825083-ms-2021-0017247-1.>
Acesso em: 20 dez. 2022

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BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Interno no Recurso em
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Diagramação: rafaela.kando@gmail.com | Imagem capa: Freepik.com

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