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CIDADE – XX
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BANCA EXAMINADORA:
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ORIENTADOR
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MEMBRO
__________________________________________
MEMBRO
XXXXXX
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SUMÁRIO
RESUMO..................................................................................................................... 3
ABSTRACT................................................................................................................. 4
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5
2 CONCEITOS E PREVISÕES LEGAIS ..................................................................... 7
2.1 CONCEITUAÇÃO .............................................................................................. 8
2.2 CLASSIFICAÇÕES .......................................................................................... 10
2.2.1QUANTO À EXTENSÃO ............................................................................ 10
2.2.2 QUANTO À FORMA.................................................................................. 12
2.3 PREVISÃO DO INDULTO NO DIREITO BRASILEIRO ................................... 12
3. HISTÓRIA DO INDULTO ...................................................................................... 14
4. PRÁTICA NO BRASIL E JURISPRUDÊNCIA SOBRE O ASSUNTO .................. 20
5. INDULTO E A INCOMPATIBILIDADE COM O ESTADO DE DIREITO E A
CONSTITUIÇÃO FEDERAL ..................................................................................... 26
5.1 A SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO ............................................................ 27
5.2 A SEPARAÇÃO DOS PODERES .................................................................... 29
5.3 A SUPERIORIDADE DA LEI ........................................................................... 30
5.4 A GARANTIA DOS DIREITOS INDIVIDUAIS .................................................. 34
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 37
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 39
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RESUMO
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO
O texto está divido em quatro partes, além desta introdução. O capítulo dois
trabalha a conceituação dos institutos aqui tratados e as previsões legais que
abordam o tema. O terceiro estuda a história do poder de perdão do presidente,
além de abordar a verdadeira finalidade do perdão extrajudicial. O quarto apresenta
a prática do indulto no Brasil. Já o capítulo cinco expõe os conflitos da manutenção
do indulto com os princípios e normas constitucionais vigentes. Finalmente, as
conclusões se encontram no capítulo seis.
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O perdão judicial (...) pode ser definido como o instituto jurídico pelo qual o
juiz, reconhecendo a existência de todos os elementos para condenar o
acusado, não o faz, declarando-o não passível de pena, atendendo a que,
agindo por essa forma, evita um mal injusto, por desnecessário, e o
acusado não tornará a delinquir.
2.1 CONCEITUAÇÃO
2.2 CLASSIFICAÇÕES
2.2.1Quanto à extensão
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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou
anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
Art. 192. Concedido o indulto e anexada aos autos cópia do decreto, o Juiz
declarará extinta a pena ou ajustará a execução aos termos do decreto, no
caso de comutação.
Art. 193. Se o sentenciado for beneficiado por indulto coletivo, o Juiz, de
ofício, a requerimento do interessado, do Ministério Público, ou por iniciativa
do Conselho Penitenciário ou da autoridade administrativa, providenciará de
acordo com o disposto no artigo anterior.
3. HISTÓRIA DO INDULTO
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Mais tarde este tema foi incluído nas leis dos reis Alfred (871-901), Ethelred
(978-1016) e Cnut (1017-1035) e, provavelmente, servia muito mais para facilitar a
segurança do rei do que para poupar a vida dos transgressores.
Após a conquista da Inglaterra pelos normandos, o poder de perdão foi
incorporado nos códigos de “Willliam o Conquistador” (1066-1087) e seu filho, Henry
I, aumentou a abrangência do perdão no intuito de facilitar a administração rápida da
justiça.
Sob a tutela de Henry I crimes considerados graves e importantes foram
atribuídos à justiça e misericórdia do soberano sozinho, porque o perdão seria mais
abundante para aqueles que retribuíssem ao rei de forma mais abundante pela
transgressão que praticaram.
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Artigo 62
Compete ao Rei:
i) Exercer o direito de graça com apoio na lei, que não poderá autorizar
indultos coletivos.
Na Itália, como na maior parte dos países, o Presidente tem poder para
conceder apenas o Indulto Individual, enquanto a graça e a anistia são competência
do poder legislativo. Veja-se os artigos 79 e 87 da Constituição Italiana (grifos
nossos):
Art. 79.
A anistia e o indulto são concedidos com lei deliberada pela maioria
dos dois terços dos membros de cada uma das Câmaras, em cada um
dos seus artigos e na votação final. A lei que concede a amnistia ou o
indulto estabelece o termo para a sua aplicação. Todavia, a anistia e o
indulto não se podem aplicar aos crimes cometidos sucessivamente à
apresentação do desenho de lei.
Art. 87.
O Presidente da República é o chefe de Estado e representa a unidade
nacional. Pode enviar mensagens às Câmaras. Convoca as eleições das
novas Câmaras e fixa a primeira reunião. Autoriza a apresentação às
Câmaras dos desenhos de lei de iniciativa do Governo. Promulga as leis e
emana os decretos com valor de lei e os regulamentos. Convoca o
referendo popular nos casos previstos pela Constituição. Elege, nos casos
indicados pela lei, os funcionários do Estado. Credita e recebe os
representantes diplomáticos, ratifica os tratados internacionais, requerendo,
quando necessário, a autorização das Câmaras. Tem o comando das
Forças Armadas, preside o Conselho supremo de defesa constituído
segundo a lei, declara o estado de guerra deliberado pelas Câmaras.
Preside o Conselho superior da magistratura. Pode conceder graça e
comutar as penas. Confere as condecorações da República.
Perdoa aos presos que se acharem por causas crimes nas cadeias publicas
deste Reino do Brasil com exceção dos crimes que enumera.
Sendo muito próprio do paternal amor com que tenho regido e rejo os meus
vassalos, que neste faustissimo dia da minha coroação e solene exaltação
ao trono dos meus Reinos, eu faça experimentar os efeitos da minha real
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b) indulto para condenados a penas entre seis e doze anos que tenham
cumprido 2/5 (se primário) ou 3/5 (se reincidente), estando em regime aberto ou
semiaberto e usufruído cinco saídas temporárias (artigo 1º, inciso V);
c) indulto passou a ser deferido mesmo para paciente em cumprimento
de medida de segurança ainda considerado portador de periculosidade (artigo
1º, inciso VIII);
d) indulto deferido para condenados cumprindo pena em regime aberto
com pena remanescente em 25/12/2009 não superior a seis anos (se não
reincidente) ou quatro anos (se reincidente), se cumprido 1/3 (se não
reincidente) ou 1/2 (se reincidente) (artigo 1º, inciso X);
e) indulto ou comutação postulados com amparo no Decreto de 2009
na hipótese de cometimento de falta grave sem apuração ou homologação
em juízo (artigo 4º e parágrafo único);
Em 2010 o Decreto nº 7.420/2010 não só repetiu as inovações de 2009
como as ampliou:
a) como várias vezes os pedidos eram negados por Juízes que
decidiam ser o condenado não merecedor do benefício, eis que no preâmbulo
dos decretos (até 2009) constava a expressão: “...considerando a tradição de
conceder indulto e comutar penas às pessoas condenadas ou submetidas à
medida de segurança em condições de merecê-lo, por ocasião das
festividades comemorativas do Natal...” houve alteração do preâmbulo,
passando a ter a seguinte redação: “...considerando a tradição, por ocasião
das festividades comemorativas do Natal, de conceder indulto às pessoas
condenadas ou submetidas à medida de segurança e comutar penas às
pessoas condenadas, que cumpram os requisitos expressamente previstos
neste Decreto...”;
b) indulto para condenados a penas entre oito e doze anos, cometidos
sem violência ou grave ameaça, se cumprido até 25/12/2010 1/3 (se não
reincidente) ou 1/2 (se reincidente) (artigo 1º, inciso II);
c) indulto para condenado a pena superior a oito anos que tenha
completado 60 anos até 25/12/2010 e cumprido 1/3 (se não reincidente) ou
1/2 (se reincidente) (artigo 1º, inciso III);
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Como não há espaço nas prisões para abrigar todos os apenados com
dignidade e não se percebe um verdadeiro interesse político em adequar as
penitenciárias às exigências humanitárias, a solução à brasileira acaba
sendo a concessão anual de indulto e de comutação de pena aos
sentenciados por crimes menos graves, liberando vagas e diminuindo o
custo de manutenção do sistema carcerário.
O poder soberano não encontra limitação, quer interna, quer externa. Será,
por isso, insuscetível de qualquer controle. Parecia, ao espírito da época,
que quem detinha o poder - de impor normas, de julgar, de administrar - não
poderia ser pessoalmente sujeito a ele: ninguém pode estar obrigado a
obedecer a si próprio. (SUNDFELD, p.34)
a) a supremacia da Constituição;
b) a separação dos Poderes;
c) a superioridade da lei; e
d) a garantia dos direitos individuais.
Se para editar medidas provisórias, que têm força de lei, o Presidente não
pode tratar sobre Direito Penal e Direito Processual, é porque tal matéria é
reservada ao poder legislativo.
Sendo assim, por tratar-se de norma que inova na seara da execução penal,
concedendo direitos que superam os já previstos na Lei de Execução Penal, o
Decreto de Indulto atenta contra a separação dos poderes.
O decreto que concede o indulto, expedido todo ano na época do natal, não
se constitui um ato em que o Presidente da República age exercendo a função
atípica de legislar por vezes dada ao Poder Executivo. Consiste, em suma, em um
ato discricionário, ou seja, que depende da observância da supremacia das leis em
nosso ordenamento. Assim, o regulamento em questão, pela sua natureza jurídica,
não pode inovar as leis já existentes.
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ainda que o sentenciado cometa inúmeras faltas poderá obter indulto ou comutação
se permanecer por apenas um ano sem cometer falta grave, que esteja devidamente
homologada em juízo;
b) para obter livramento condicional o sentenciado também precisa atender
requisitos objetivos e subjetivos e, na hipótese de faltas graves reiteradas, poderá
ser submetido a exame criminológico, para aferir se poderá cumprir pena em
liberdade condicionada e sujeita a cumprimento de todo o período de pena acaso
cometa novo crime. Porém, para a comutação ou indulto, mesmo a reiteração no
cometimento de faltas permitirá o perdão da pena, total ou parcial,
independentemente de exame criminológico e de forma incondicional. Assim, o
sentenciado obtém o perdão e, se cometer novo crime, nada irá acontecer.
c) a lei exige do condenado a cumprir penas elevadas (superiores a 30 anos)
que cumpra no mínimo 30 anos de pena (artigo 75, do Código Penal) para obter sua
extinção, todavia se viabiliza o indulto depois de cumpridos 15 ou 20 anos,
independentemente de qualquer requisito objetivo ou subjetivo – com exceção de
ausência de falta grave no último ano;
d) a medida de segurança sequer é considerada pena, no sentido estrito do
termo, tornando-se discutível a aplicação de indulto, pois ao paciente de medida de
segurança é feita determinação judicial para um tratamento médico com objetivo de
sua recuperação ou atenuação de uma doença para permitir o convívio social, sendo
este tratamento realizado em hospitais apropriados para isto porque o paciente ali
estará por ter se envolvido em ato perigoso que pode gerar risco a ele próprio ou a
terceiros. Paciente de medida de segurança é considerado portador de
periculosidade, todavia o decreto permite desinternar este paciente pelo simples
decurso de tempo, independentemente de êxito do tratamento, levando, com esta
situação, grande risco ao próprio paciente e sérios problemas administrativos porque
não se pode simplesmente liberá-lo e, dificilmente, se encontra outro ambiente
hospitalar apto (ou com administradores dispostos) a receber paciente com este
histórico;
e) o decreto também está permitindo indulto ou comutação para sentenciados
desde que cumpram apenas uma fração da pena de crime hediondo ou equiparado
(artigo 7º, § único, dos decretos), quando a Constituição Federal e Lei de Crimes
Hediondos vedam quaisquer destes benefícios a autores destes crimes. Assim, o
decreto está contrariando a norma maior e legislação federal.
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Se o aparelho do Estado agir de modo que tal violação fique impune e não
se restabeleça, enquanto possível, a vítima na plenitude dos seus direitos,
pode-se afirmar que não cumpriu o dever de garantir o livre e pleno
exercício às pessoas sujeitas à sua jurisdição. O mesmo é válido quando
tolerar que os particulares ou grupos dos mesmos ajam livre ou
impunemente em menoscabo dos direitos humanos reconhecidos na
Convenção.
Vale lembrar que os crimes mais graves quase sempre representam violações
aos direitos fundamentais. Por exemplo, um homicídio brutal, praticado com
crueldade e frieza, é uma violação clara ao direito fundamental à vida. Um estupro é
um manifesto desrespeito à integridade física e moral da mulher e, portanto, uma
afronta à sua dignidade. Um sequestro viola a liberdade; um roubo, a propriedade.
Uma apropriação indevida de verbas públicas significa privar boa parcela da
população de receber os direitos sociais garantidos constitucionalmente. E assim por
diante.
O direito penal é, nesse sentido, um instrumento de proteção de direitos
fundamentais, sobretudo nos casos em que o bem jurídico-penal protegido for um
valor constitucional.
Quando um indivíduo pratica um crime no qual o bem jurídico é um valor
ligado à dignidade da pessoa humana é dever do Estado (dever de proteção) agir
para que essa violação a direitos fundamentais seja punida. E quanto mais
importante for o bem jurídico violado, mais intensa deve ser a punição.
Se o próprio Estado, responsável por aplicar a sanção de forma a garantir a
segurança e a adequada reparação à vítima perdoa penas indiscriminadamente, ele
mesmo está causando impunidade e ferindo os direitos individuais, quando deveria
garanti-los.
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CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas. Edição Eletrônica: Ed. Ridendo
Castigat Mores, 1764.
MARCÃO, Renato. Execução penal. / Renato Marcão. – São Paulo : Saraiva, 2012.
– (Coleção saberes do direito ; 9) 1. Direito penal. – Brasil I. Título. II. Série
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 6. ed. São
Paulo: Malheiros, 2006.
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SÃO PAULO. Tribunal de Justiça (2ª Câmara Criminal). Agravo em Execução Penal
nº 0023660-04.2015.8.26.0000. Agravante: Rodolfo Suffredini de Morais. Agravado:
Ministério Público do Estado de São Paulo. Relator: Desembargador J. Martins. São
Paulo, 29 de junho de 2015.
43
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo:
Malheiros Editores, 2005.