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CENTRO UNIVERSITÁRIO NOBRE

PRESCRIÇÃO

FEIRA DE SANTANA
2021
ANDREZA ARAUJO SILVA
CINTIA DUARTE DE OLIVEIRA
FELIPE SANTOS
JOÃO HENRIQUE LOPES ALVES
JANDERSON MEDEIROS DE SANTANA
PALOMA DO VALE SOBRINHO
VINICIUS DE JESUS NUNES
LAIO VINICIUS SOUZA E SOUZA

PRESCRIÇÃO

Trabalho solicitado pelo professor Yuri Carneiro como avaliação


parcial da II unidade da disciplina de Direito Penal – Teoria do
Crime na instituição de ensino Centro Universitário Nobre

FEIRA DE SANTANA

2021
SUMÁRIO
OBJETIVO GERAL ............................................................................................................................. 5
OBJETIVO ESPECÍFICO ................................................................................................................... 5
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 6
DESENVOLVIMENTO......................................................................................................................... 7
PARTE 1 ............................................................................................................................................ 7
CONCEITO .................................................................................................................................... 7
ORIGEM E EVOLUÇÃO.............................................................................................................. 8
NATUREZA JURÍDICA DA PRESCRIÇÃO .............................................................................. 9
ESPÉCIES DA PRESCRIÇÃO ................................................................................................. 10
Prescrição da Pretensão Punitiva ................................................................................................ 10
Prescrição Intercorrente ................................................................................................................ 11
Prescrição Retroativa..................................................................................................................... 12
Prescrição da Pretensão Executória ........................................................................................... 12
PRESCRIÇÃO DA MULTA ....................................................................................................... 13
REDUÇÃO DOS PRAZOS DE PRESCRIÇÃO ..................................................................... 13
CAUSAS SUSPENSIVAS OU IMPEDITIVAS DA PRESCRIÇÃO ...................................... 13
CAUSAS INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO ................................................................... 14
PARTE 2 .......................................................................................................................................... 15
CASO CONCRETO.................................................................................................................... 15
CONCLUSÃO ..................................................................................................................................... 17
ANEXOS .............................................................................................................................................. 18
A) Prescrição ............................................................................................................................ 18
B) Vítima do acidente .............................................................................................................. 18
C) Agente do crime .................................................................................................................. 18
D) Carro conduzido pelo agente no acidente ...................................................................... 19
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 19
RESUMO
No direito penal, a prescrição criminal é o fim do direito do Estado de punir qualquer
pessoa por qualquer comportamento considerado ilegal, desse modo, as ações
punitivas do mesmo devem ser executadas no prazo prescrito por lei e o não
cumprimento deste prazo resultará em prescrição, que nada mais é do que a perda
do direito do Estado de aplicar a pena. O objetivo do trabalho é discutir a respeito da
prescrição penal, tendo em vista a visão da teoria do delito e observada a literatura
bibliográfica além de expor o caso do jogador de futebol Edmundo Alves de Souza
Neto que ao conduzir um carro e chocar-se com outro veículo ocasiona a morte de 3
(três) pessoas e lesiona outras 3 (três), correlacionando com o tema proposto
Palavras chaves: Prescrição. Direito de punir

ABSTRACT
In criminal law, criminal statute of limitations is the end of the State's right to punish
any person for any behavior considered illegal, thus, the punitive actions of the same
must be carried out within the period prescribed by law and failure to comply with this
period will result in statute of limitations, which is nothing more than the loss of the
State's right to apply the penalty. The objective of the work is to discuss about the
penal prescription, in view of the view of the theory of the crime and observing the
bibliographical literature, besides exposing the case of the soccer player Edmundo
Alves de Souza Neto who, when driving a car and collided with another vehicle causes
the death of 3 (three) people and injuries another 3 (three) correlating with the
proposed theme.
Key words: Prescription. right to punish
OBJETIVO GERAL

Explanar sobre o tema “Prescrição”, assim como, extrair da realidade um caso


concreto que se enquadre.

OBJETIVO ESPECÍFICO

• Discutir a respeito da prescrição penal, tendo em vista a visão da teoria do


delito e observada a literatura bibliográfica;
• Expor o caso do jogador de futebol Edmundo Alves de Souza Neto que ao
conduzir um carro o qual choca-se com outro veículo ocasiona a morte de
3 (três) pessoas e lesiona outras 3 (três).
INTRODUÇÃO
O Direito surge no grupo social que se altera frequentemente no decorrer dos
anos. A essas mudanças são atribuídos diversos fatores econômicos, culturais,
políticos e religiosos. É notório, portanto, que é parte das ciências humanas
caminhando em paralelo á evolução da sociedade como um todo além de ser um
produto final dessas influências sociais. Ou seja, para exemplificar atualmente os
crimes digitais se enquadram pela Lei Penal no Brasil tendo como consequência
prisões e indenizações por ser retrato de uma sociedade a qual instiga cada vez mais
a utilização e aumento de ambientes virtuais para atender as exigências e vontades
como lazer pessoal ou profissional. Com uso contínuo e incidente cresce em paralelo
os crimes cibernéticos contribuindo para que o Direito Penal se adapte socialmente
as mudanças, nesse sentido cabe dizer: “A história do direito penal é a história da
humanidade. Ele surge com o homem e o acompanha através dos tempos, isso
porque o crime, qual sombra sinistra, nunca dele se afastou” segundo Magalhães
Noronha.
Quando um indivíduo comete determinada conduta considerado crime é
estabelecido ao Estado por ser o responsável para manter a ordem social a
possibilidade de puni-lo conforme o que diz a lei com relação a ação considerada
criminosa. Portanto, trata-se de prescrição penal, tendo em vista a visão da teoria do
delito. Diante do percurso do tempo é perceptível as alterações e mudanças, tanto no
campo legislativo ou até mesmo no modo que a prescrição é interpretada pelo
judiciário brasileiro. Cezar Roberto Bitencourt, diz que: “Para alguns autores, a
prescrição é instituto de direito material; para outros, é de direito processual.
Atualmente, a sociedade é responsável pela segurança e sobrevivência da
população, tendo um conjunto de regras que na qual, são usadas para amenizar os
conflitos, sendo assim, o Estado não faz uso das leis para que desapareça os conflitos,
tendo uma forma de “conciliação” entre si. O Estado exerce seu ius puniendi de
maneira limitada, uma vez que seu direito de punir não é para sempre, contudo, a
persecução é limitada por várias regras que visam garantir os direitos fundamentais,
entre elas está a prescrição, hipótese que limita o direito de punir em virtude do tempo
transcorrido.
A prescrição encontra-se nas causas extintivas de punibilidade, que estão
descritas logo abaixo conforme o art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato
como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito,
nos crimes de ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a
admite;
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
Pelo exposto, o inciso IV do artigo 107 código penal retrata de forma clara
sobre a prescrição que no direito processual, refere-se à perda do direito de processar
alguém em razão do decurso do prazo para que se faça o pedido. No direito penal, a
prescrição criminal é o fim do direito do Estado de punir qualquer pessoa por qualquer
comportamento considerado ilegal, desse modo, as ações punitivas do Estado devem
ser executadas no prazo prescrito por lei. O não cumprimento deste prazo resultará
em prescrição, que nada mais é do que a perda do direito do Estado de aplicar a pena.

DESENVOLVIMENTO

PARTE 1

CONCEITO
No direito processual, a prescrição refere-se à perda do direito de processar
alguém em razão do decurso do prazo para fazer o pedido. Portanto, no direito penal,
a prescrição criminal é o fim do direito do Estado de punir qualquer pessoa por
qualquer comportamento considerado ilegal. Quando uma pessoa comete um ato
considerado crime, o Estado, como figura responsável pela manutenção da ordem
social, abre a possibilidade de punir a pessoa de acordo com as disposições legais
que determinam que o ato é crime.
No entanto, as ações punitivas do Estado devem ser executadas no prazo
prescrito por lei. O não cumprimento deste prazo resultará em prescrição, que nada
mais é do que a perda do direito do Estado de aplicar a pena.
ORIGEM E EVOLUÇÃO
A palavra prescrição origina-se do termo latino paraescripitio, que deriva do
verbo prescrever, que significa “escrito posto antes”. A doutrina de modo geral sugere
que o instituto da prescrição penal surgiu no Direito Romano com o objetivo de que os
processos penais não se dilatassem excessivamente nos seus prazos. A prescrição
penal, então, se estendeu no tempo, integrando vários ordenamentos jurídicos, ou
seja, o presente instituto se eternizou após a sua criação pelo Direito Romano, como
vários outros institutos jurídicos que se originaram deste clássico sistema.
No Brasil, o prazo de prescrição está previsto na Lei de Processo Penal de
1832 e nas leis posteriores, e acredita-se que o período dos crimes inafiançáveis é
maior e o dos crimes fiáveis é menor, o que é afetado pela presença ou ausência do
réu. Com tal disposição, os legisladores baseiam-se na presunção de negligência na
aplicação das penas pelo poder público. Com a promulgação da Lei nº 261 de 3 de
dezembro de 1841 e do Regulamento nº 120 de 31 de janeiro de 1842, passou-se a
regulamentar a prescrição mais rigorosa, foi estabelecido o prazo único de 20 anos, e
o crime de prescrição manteve a hipótese e a obrigatoriedade da presença do
criminoso para confessar a prescrição. O prazo de prescrição para condenações só
foi estipulado em 1890 pelo Decreto nº 774, que distinguia o prazo de prescrição com
base na duração da pena. Nos códigos penais de 1890 e 1940, foram incluídos os
dois tipos de prescrições e o código penal que entrou em vigor em 1984.
Antes do direito penal, a prescrição se baseava na passagem do tempo. O
Estado não tem interesse em investigar fatos ocorridos há muitos anos ou em punir
os perpetradores, correções criminais sem repetição de crimes devido ao passar do
tempo, e a negligência das autoridades em função da punição da inércia.
Conforme julgado pelo STF- AG REG. NO AGRAVO DE INSTRUMENTO: AI 794971
RJ
• Ementa
PRESCRIÇÃO - RECURSO - INADMISSIBILIDADE. Enquanto não
proclamada a inadmissão de recurso de natureza excepcional, tem-se o curso da
prescrição da pretensão punitiva, e não a da pretensão executória. PRESCRIÇÃO
PRETENSÃO PUNITIVA. Transcorrido, entre os fatores interruptivos, período previsto
no artigo 109 do Código Penal, tem-se prescrição da pretensão punitiva do Estado.
PRESCRIÇÃO - PRETENSÃO EXECUTÓRIA - TERMO INICIAL. A prescrição da
pretensão executória, no que pressupõe quadro a revelar a possibilidade de execução
da pena, tem como marco inicial o trânsito em julgado, para ambas as partes, da
condenação.
• Acórdão
Por indicação do relator, a Turma decidiu afetar o julgamento do agravo
regimental no agravo de instrumento ao Plenário. Unânime. Ausentes,
justificadamente, os Senhores Ministros Marco Aurélio, Presidente, e Luiz Fux.
Presidiu o julgamento o Senhor Ministro Dias Toffoli. Primeira Turma, 4.11.2014.
Decisão: Após o voto do Ministro Roberto Barroso (Relator), que dava provimento ao
agravo regimental interposto pelo Ministério Público Federal, para negar provimento
ao agravo de instrumento, mantendo a inadmissibilidade do recurso extraordinário e
afastando a ocorrência da prescrição tanto da pretensão punitiva quanto da pretensão
executória, e o voto do Ministro Marco Aurélio, que desprovia o agravo regimental, o
julgamento foi suspenso, por indicação do Relator, a fim de se aguardar o julgamento,
no Plenário virtual, do ARE 848.107. Ausentes, justificadamente, os Ministros Cármen
Lúcia, Dias Toffoli e Teori Zavascki. Presidência do Ministro Ricardo Lewandowski.
Plenário, 26.11.2014. Decisão: Em continuidade de julgamento, após o voto do
Ministro Nunes Marques, que negava provimento ao agravo regimental e, mantida a
decisão proferida pelo Ministro Joaquim Barbosa, declarava extinta a punibilidade do
agravado (Edmundo Alves de Souza Neto), em razão da ocorrência, no caso, da
prescrição, no que foi acompanhado pelos Ministros Gilmar Mendes e Cármen Lúcia,
pediu vista dos autos o Ministro Alexandre de Moraes. Plenário, Sessão Virtual de
19.2.2021 a 26.2.2021. Decisão: O Tribunal, por maioria, negou provimento ao agravo
regimental, nos termos dos votos proferidos, vencidos os Ministros Roberto Barroso
(Relator), Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Luiz Fux (Presidente) e Rosa Weber.
Redigirá o acórdão o Ministro Marco Aurélio. Plenário, Sessão Virtual de 9.4.2021 a
16.4.2021.

NATUREZA JURÍDICA DA PRESCRIÇÃO


Quando se trata da natureza jurídica da prescrição, observa-se que existe uma
grande discussão entre doutrinadores, nesse caso, observa-se Cezar Roberto
Bitencourt, que diz: “Para alguns autores, a prescrição é instituto de direito material;
para outros, é de direito processual. Para o ordenamento jurídico brasileiro, contudo,
é instituto de direito material, regulado pelo Código Penal, e, nessas circunstâncias,
conta-se o dia do seu início”. (Bitencourt, 2020, p. 2163).
Tal afirmação pode-se facilmente deduzida, visto estar à prescrição
elencada no art. 107, IV, CP, embora leve a extinção do processo, mas como mera
consequência do direito de punir do estado. Desta forma posicionamos plenamente
pela corrente que afirma ter a prescrição natureza jurídica de direito material, em
consonância com os fundamentos supracitados.

ESPÉCIES DA PRESCRIÇÃO
O Código Penal vigente trata da prescrição da pretensão punitiva (art. 109 CP),
da prescrição da pretensão executória (art. 110 CP), da prescrição superveniente ou
intercorrente (art. 110 §1º CP) e por fim da prescrição retroativa. Vejamos em detalhes
cada uma delas a seguir.

Prescrição da Pretensão Punitiva


A prescrição penal é a perda do poder – dever de punir o infrator por inércia
do Estado durante certo lapso temporal estabelecido em lei. A prescrição da pretensão
punitiva tem efeito extintivo da punibilidade, conforme o art. 107, IV, CP. Com a prática
do crime o Estado aciona o criminoso deduzindo uma pretensão punitiva contra ele,
se ocorrer à prescrição, o Estado está proibido de aplicar qualquer sanção. Sendo
reconhecida a prescrição, esta será declarada, encerrando o processo, declarando
extinta a punibilidade.
Segundo Bitencourt (2020, p. 2170), a prescrição da pretensão punitiva só
poderá ocorrer antes de a sentença penal transitar em julgado e tem como
consequência a eliminação de todos os efeitos do crime: é como se este nunca tivesse
existido.
Nesse sentido, pode-se dizer que anteriormente ao trânsito em julgado da
sentença penal condenatória, poderá então trazer a declaração da extinção da
punibilidade àquele a quem foi imputada o crime.
O lapso temporal é calculado em cima do máximo da pena em abstrato do
delito cometido, observando o art. 109 do Código Penal, conforme mostra o anexo A
do presente trabalho. Esta é a regra aplicada à prescrição da pretensão punitiva. De
acordo com a pena máxima do crime deve-se atentar para as causas de aumento e
as causas de diminuição da pena, tanto da parte geral, quanto da parte especial.
O termo inicial da prescrição está disposto no artigo 111 do Código Penal,
que dispõe:
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a
correr:
I - do dia em que o crime se consumou;
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade
criminosa;
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a
permanência;
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de
assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou
conhecido.
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e
adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial,
da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a
esse tempo já houver sido proposta a ação penal;
Nos casos de concurso de crime, tanto formal quanto material, cada
conduta tipificada incidirá a prescrição de forma isolada, conforme artigo 119 do
Código Penal. Os efeitos dessa espécie de prescrição, nada mais são do que, a
extinção da punibilidade e por consequência a extinção do processo.

Prescrição Intercorrente
Entende-se como prescrição intercorrente, a espécie de prescrição da
pretensão punitiva do estado, ao qual já há sentença condenatória, mas ainda não
transitou em julgado para a defesa, isto é, ainda cabe recurso da sentença. Contudo,
para a sua ocorrência, a sentença tem de ter transitado em julgado para a acusação
ou, em caso de recurso do MP, este tem de ser improvido ou não visar ao aumento
da pena imposta em primeiro grau. Como exemplo deste último caso pode-se
enxergar aquele recurso da acusação que tenha como objetivo somente mudar o
regime de cumprimento de pena, o que não importa aumento de pena
Caso o órgão acusatório tenha recorrido para aumentar a pena, tendo a defesa
também recorrido, por hipótese, caberá ao Tribunal apreciar primeiramente o recurso
da acusação. Caso seja negado provimento (o que importa não haver aumento de
pena), passará, então, a analisar – antes da apreciação do recurso da defesa – se
ocorreu a prescrição intercorrente. Isto porque a decisão que reconhece a prescrição
impede a análise do mérito da causa.

Prescrição Retroativa
Embora algumas doutrinas definam Prescrição da Pretensão Punitiva
Retroativa como uma espécie de prescrição contada “de trás para a frente”, entende-
se que tal expressão não esteja tão correta, visto que o cálculo da prescrição não se
dá desta maneira. Não se conta, necessariamente, da publicação da sentença
condenatória recorrível até o recebimento da denúncia, por exemplo. O nome refere-
se, em verdade, ao cálculo da prescrição em intervalos processuais que “já ficaram
para trás”, ou seja, que antes foram analisados com base na pena máxima
abstratamente prevista e que, agora, passarão a ser verificados com base na pena
em concreto estabelecida pelo Poder Judiciário.
Em suma, a prescrição retroativa consiste na verificação posterior dos
intervalos processuais antecedentes (entre a data do fato e o recebimento da
denúncia e entre o recebimento da denúncia até a publicação da sentença
condenatória), só que desta feita, realizado com base na pena imposta e não na
prevista in abstracto.

Prescrição da Pretensão Executória


A prescrição da pretensão executória é a perda do direito de aplicar
efetivamente à pena, tendo em vista a pena em concreto, com trânsito em julgado
para as partes, mas com o lapso temporal percorrido entre a data de trânsito em
julgado da decisão condenatória para a acusação e o início do cumprimento da pena
ou a ocorrência de reincidência.
O artigo 110 do Código Penal regula a prescrição da pretensão executória,
nos seguintes termos:
Art. 110. A prescrição depois de transitar em julgado a
sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se
nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de
um terço, se o condenado é reincidente.
Ao contrário da prescrição da pretensão punitiva, que extingue todos os
efeitos da condenação, a prescrição da pretensão executória só extingue a pena
principal, permanecendo, com isso, inalterados os efeitos secundários, penais e
extrapenais da condenação. Assim, mesmo reconhecida a prescrição da pretensão
executória, desde que não decorridos cinco anos da decretação da extinção da pena
(período depurador), será o criminoso tido como reincidente.

PRESCRIÇÃO DA MULTA
O art. 114 do Código Penal estabelece como a pena de multa prescreve no
que tange à prescrição da pretensão punitiva: em dois anos quando for aplicada
isoladamente ou for a única cominada in abstracto; no mesmo prazo estabelecido para
a prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou
cumulativamente aplicada ou cominada com aquela prevista no tipo penal.
Com o trânsito em julgado desta ação, entendemos que não caberá mais
enviar a execução da multa à Procuradoria da Fazenda, nem tampouco julgar extinta
a punibilidade, quando o réu ainda não pagou a multa, mas cumpriu a pena privativa
de liberdade.

REDUÇÃO DOS PRAZOS DE PRESCRIÇÃO


Tanto a prescrição da pretensão punitiva quanto a prescrição da pretensão
executória têm seus prazos prescricionais reduzidos pela metade no caso de o
agente ser menor de 21 anos à época dos fatos ou maior de 70 anos na data da
sentença. Conforme Art. 115, CP:
Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de
prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime,
menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença,
maior de 70 (setenta) anos.

CAUSAS SUSPENSIVAS OU IMPEDITIVAS DA PRESCRIÇÃO


Designa-se suspensão da prescrição a paralisação do seu curso, sem perda
do tempo já calculado. Portanto, se, recebida a denúncia, após seis meses de trâmite
processual, ocorre a suspensão do processo por conta de uma questão prejudicial a
ser solucionada na esfera cível, paralisa a prescrição nesse caso tornando a correr a
partir da solução da causa suspensiva. As causas impeditivas inibem o nascimento
de tal prazo, impedindo que o mesmo seja inicializado. O artigo 116 do Código Penal
estabelece as causas de suspensão ou impedimento da prescrição. Assim é a dicção
do mencionado artigo:
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a
prescrição não corre:
I - Enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que
dependa o reconhecimento da existência do crime;
II – Enquanto o agente cumpre pena no exterior;
II - Enquanto o agente cumpre pena no exterior;
III - Na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos
Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e
IV - Enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não
persecução penal.
Contudo o conjunto de causas suspensivas da prescrição do artigo 116 do
Código Penal é exemplificativo, ou seja, não esgota todas as possibilidades de
suspensão do prazo prescricional.

CAUSAS INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO


Diferente das causas suspensivas ou impeditivas, as causas interruptivas,
zeram todo o período decorrido, começando novamente a fluir. A interrupção do prazo
prescricional não deve ser confundida com a suspensão, pois como explicado no
tópico acima a suspensão aproveita o período anterior, já a interrupção, o prazo
começará do zero.
As causas interruptivas da prescrição estão perfeitamente delineadas no
Artigo 117 do Código Penal:
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
I - Pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
II - Pela pronúncia;
III - Pela decisão confirmatória da pronúncia;
IV - Pela sentença condenatória recorrível;
IV - Pela publicação da sentença ou acórdão
condenatórios recorríveis;
V - Pelo início ou continuação do cumprimento da
pena;
V - Pelo início ou continuação do cumprimento da
pena;
VI - Pela reincidência.
Vale ressaltar que quando houver o recebimento da denúncia ou queixa a
pronúncia, a decisão confirmatória de denúncia ou a sentença condenatória recorrível,
com relação a um dos coautores (ou partícipes) de um delito, a interrupção se
comunica a todos, art. 117, §1, CP.

PARTE 2

CASO CONCRETO
Na madrugada do dia 3 de dezembro de 1995 o jogador de futebol Edmundo
Alves de Souza Neto conduzia um carro que colidiu com outro veículo na zona Sul
do Rio de Janeiro. O acidente causou a morte de três pessoas e lesionou outras
três (A batida de carro resultou nas mortes de Joana Maria Martins Couto, Carlos
Frederico Britis Tinoco e Alessandra Cristini Pericier Perrota. Ainda ficaram feridas
Roberta Rodrigues de Barros Campos, Débora Ferreira da Silva e Natascha
Marinho Ketzer). O laudo policial indicava que Edmundo dirigia em alta velocidade,
e com base nisso o jogador foi denunciado no ano seguinte por triplo homicídio
culposo e lesão corporal culposa.
Em 1999, ele foi condenado em primeira instância a quatro anos e seis
meses de detenção em regime semiaberto por homicídio culposo e lesão corporal
culposa, mas conseguiu a liberdade provisória. No mesmo ano, o Tribunal de
Justiça do Rio de Janeiro manteve a sentença e determinou a detenção imediata,
mais tarde revogada por uma liminar do Superior Tribunal de Justiça.
Temos que em concurso formal próprio em que com uma só ação Edmundo
ocasionou mais de um crime (homicídio e lesão corporal) o aumento que seria
proveniente não é levado em consideração para análise da prescrição, ou seja, o
seu prazo que é analisado de forma separada em cada crime que foi cometido pelo
agente, ignorando assim, o acréscimo decorrente do concurso formal. Por esse
mesmo percurso caminhou Joaquim Barbosa ao aplicar no caso de Edmundo o
Art. 119 do Código Penal que prescreve no caso de concurso de crimes, a extinção
da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente. Sendo assim, é
totalmente aceitável que se enquadre ao caso de Edmundo Alves por homicídio
culposo uma pena máxima é igual a 3 (três) anos e de acordo com Art. 109, inciso
IV do Código Penal a pena fixada entre dois e quatro anos prescreve dentro do
lapso temporal de oito anos. Ocorreu, portanto, uma prescrição intercorrente que
conforme as palavras de BITENCOURT (2004, p.774), "o prazo da prescrição
intercorrente, superveniente ou subsequente começa a correr a partir da sentença
condenatória, até o trânsito em julgado para a acusação".
Para melhor entendimento, no ano de 2009 Edmundo foi condenado pelos
crimes cometidos: homicídio culposo e lesão corporal com pena aumentada de
metada (18 meses) devido ao que se chama de concurso de crimes, totalizando 4
anos e 6 meses para cumprir em regime semi-aberto. Contudo, é sabido que na
prescrição relativa a concurso formal próprio ignora-se esse aumento de pena (18
meses) pois é visto apenas a quantidade que foi fixada na sentença condenatória
sem o aumento, que foi de 3 (três) anos.
Outrossim, a prescrição dos crimes de pena máxima igual 2 e não superior
a 4 prescrevem em 8 (oito) anos de acordo com o art.109, IV, do Código Penal. È
o caso judice, pena de 3(três) anos em face do desprezo do aumento decorrente
do concurso formal próprio. O prazo prescricional intercorrente se inicia com a
prolação da sentença condenatória recorrível, nesse caso do ex jogador Edmundo,
teve início do dia 26 de outubro de 1999 e já que não houve nenhuma suspensão
da prescrição nesse período em 25 de outubro de 2007 findou-se o prazo tendo a
extinção da punibilidade do agravante pela prescrição intercorrente por já se ter
consumado o lapso prescricional.
Em 2011, destarte, o então ministro do STF Joaquim Barbosa determinou
que a prescrição do crime teria ocorrido em 2007, ou seja, oito anos após a
condenação do atleta.
No dia 13/04/2021 em julgamento do plenário virtual o Supremo Tribunal
Federal julgou o recurso do ministério público do Rio de Janeiro contra a decisão
de 2011 e declarou a prescrição dos crimes e a extinção da punibilidade do ex-
jogador de futebol Edmundo pelo acidente de trânsito no qual esteve envolvido em
1995.
A maioria dos ministros decidiu manter o entendimento do ex-ministro
Joaquim Barbosa, que, em 2011, considerou que Edmundo não poderia mais ser
punido.
Votaram neste sentido os ministros Nunes Marques, Marco Aurélio, Gilmar
Mendes, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli. Nunes Marques
lembrou em seu voto que até 2009 o STF considerava a decisão de segundo grau
como marco para o cálculo da prescrição.
O relator, ministro Luís Roberto Barroso, ficou vencido. Ele considerou que
a prescrição não teria ocorrido, já que o prazo deveria valer a partir do trânsito em
julgado do processo. Seu voto foi acompanhado pelos ministros Alexandre de
Moraes, Edson Fachin, Luiz Fux e Rosa Weber.

CONCLUSÃO
A prescrição penal é uma garantia contra o excesso punitivo e um dos institutos
jurídicos mais antigos do Direito Penal, bem como sua gradação de transformação e
aplicação. Com esta inferência, os estudiosos perceberam que a aplicação da
prescrição penal pode variar em concordância com a teoria do delito adotada pelo
ordenamento jurídico. Então, faculta-se numa visão do Direito Penal. Em uma, a teoria
é a funcionalista, na outra, se refere a sistemas extremamente formalísticos, como as
teorias do crime. Vale ressaltar que a prescrição da pena sempre se mostrou
questionável, uma vez que já ocorreram imposições de jurisperito que entendiam que
ela deveria ser aniquilada do ordenamento jurídico, mas mesmo nos períodos de
maior irrequietação acerca de sua existência, externou-se resistente e apta a
mudanças, a fim de possibilitar melhorias para a sociedade e manter-se útil a esta.
Em suma, não obstante, constata-se que nosso pensamento criminal está em
evolução, pois, aos poucos, vem abrangendo institutos jurídicos fomentados por
teorias do delito com anseios de maior grau acerca do Direito Penal, das quais visam
a priorizar os aspectos humanitários que circundam a sociedade, capaz de interligar
a ciência jurídica com outras ciências, o que vem a prestar maior solidez ao princípio
da dignidade da pessoa humana, cujo fundamento encontra-se nas Constituições.
Cabe dizer que o cálculo do prazo prescricional não se dá em relação ao todo de uma
denúncia ou uma condenação, mas isoladamente em relação a cada um dos crimes
referidos.
Pelo exposto, a prescrição tem a função de preservar as relações sociais ao
garantir e preservar o uso de mecanismos públicos punitivos ao exercer suas funções
além de não permitir que o Estado possa a qualquer momento destinar uma pena sem
observar o fator temporal entre o crime que fora cometido e a pena aplicada.
ANEXOS
A) Prescrição

Fonte: https://www.comunicacaojuridica.com.br/2018/02/prescricao-direito-penal.html

B) Vítima do acidente

Foto: Uma das vítimas do acidente, Joana Martins.


Fonte: https://www.uol.com.br/esporte/album/110614edmundo01_album.htm#fotoNav=6

C) Agente do crime

Fonte: https://www.uol.com.br/esporte/album/110614edmundo01_album.htm#fotoNav=6
D) Carro conduzido pelo agente no acidente

Fonte : https://www.uol.com.br/esporte/album/110614edmundo01_album.htm#fotoNav=1

REFERÊNCIAS

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral volume 1 –


26. ed. - São Paulo: Saraiva Educação, 2020.

BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário


Oficial da União, Rio de Janeiro, 31 dez. 1940

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de


1988.Brasília.Disponível
em>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em:
30 out.2021

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. Parte geral. 17ª. ed. rev.
ampl e atual. São Paulo: Saraiva, 2012.

CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. v.1. Parte geral.12ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2008.

CAVALIERI FILHO, S. Programa de Sociologia Jurídica. 15. Ed. São Paulo: Atlas,
2019.

COÊLHO, Yuri Carneiro. Manual de Direito Penal. v. único. 5ª ed. Salvador:


JusPODIVM, 2021.

MASSON, Cleber. Direito penal esquematizado. Parte geral. v. 1. 9ª. ed. rev. atual
e ampl. Rio de Janeiro: Forense. São Paulo: Método, 2015.

NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal comentado. 9ª ed. rev. atual e ampl.
São Paulo: Revistas dos tribunais, 2008.
THOMAZ, Paulo Amador; BUENO, Alves da Cunha. Direito Penal: Parte Geral. São
Paulo: Manole, 2012.

O instituto da prescrição penal. Âmbito Jurídico, 2006. Disponível em


<https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/o-instituto-da-prescricao-
penal>Acesso em: 28 de out.2021

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