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CURSO MEGE
MATERIAL DE APOIO 2
(Ponto 1)
SUMÁRIO
1. DOUTRINA (RESUMO)................................................................................................... 6
2. QUESTÕES ................................................................................................................... 16
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DIREITO PENAL (conteúdo atualizado em 21-07-2023)
APRESENTAÇÃO
Oie!
Neste primeiro ponto, tratei de aspectos introdutórios do Direito Penal. A
parte histórica de Direito Penal vem sendo cobrada em concursos públicos. Vista disto,
procuramos destacar exatamente os itens que mais caíram nas últimas provas. De
todo modo, alguns pontos serão retomados e até aprofundados ao longo do nosso
estudo, nos próximos materiais.
Ademais, saliento que, neste ponto, não há legislação a ser destacada nem
jurisprudência a ser apresentada. Trata-se de tema eminentemente doutrinário, o que
passaremos a estudar juntos nas páginas que seguem.
Bárbara Saraiva.
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1. DOUTRINA (RESUMO)
1.1. CONCEITOS DE DIREITO PENAL
Surge no final do século XIX, com avanço das ciências humanas e biológicas e
época de predomínio do pensamento positivista. Também há, nesta fase, crescente
preocupação com o fenômeno da criminalidade.
Os positivistas utilizam-se do método indutivo e de observação dos fatos
(método empírico) no estudo do Direito Penal. A Escola Positiva encarava o crime
como fato social e humano, contemplando o delito em seu aspecto real. Além disso, o
estudo da ciência criminal foi voltado para a figura do ‘delinquente’.
A Escola Positiva passou por três fases:
1) A Fase Antropológica, com Cesare Lombroso:
O início desta fase ocorre com a publicação de O Homem Delinquente (1876),
de Cesare Lombroso. Lombroso introduziu a aplicação do método experimental no
estudo da criminalidade, desenvolvendo a teoria do criminoso nato (atavismo), cujas
características morfológicas constituiriam um tipo antropológico específico. Apesar do
fracasso da sua teoria, Lombroso teve o mérito de fundar a Antropologia Criminal, que
visa a encontrar, por meio do estudo antropológico do criminoso, uma explicação
causal de seu comportamento.
2) A Fase Sociológica, com Enrico Ferri:
Enrico Ferri, por sua parte, representa a diretriz sociológica do positivismo. O
delito, para Ferri, não é produto exclusivo de nenhuma patologia individual (o que
contraria a tese antropológica de Lombroso), senão – como qualquer outro
acontecimento natural ou social – resultado da contribuição de diversos fatores:
individuais, físicos e sociais. Entende, pois, que a criminalidade é um fenômeno social
como outros, que se rege por sua própria dinâmica, de modo que o cientista poderia
antecipar o número exato de delitos e a classe deles, em uma determinada sociedade
e em um momento concreto, se contasse com todos os fatores individuais, físicos e
sociais antes citados e fosse capaz de quantificar a incidência de cada um deles,
porque, sob tais premissas, não se comete nenhum delito a mais nem a menos (lei da
“saturação criminal”).
3) A Fase Jurídica, com Rafael Garófalo:
Garófalo, embora fiel às premissas metodológicas do positivismo (método
empírico), distanciou-se tanto da Antropologia lombrosiana como do sociologismo de
Ferri. O autor se destacou pelo seu conceito de delito natural, sua teoria da
criminalidade e pela fundamentação do castigo (ou teoria da pena).
Por fim, cumpre ressaltar que para essa escola, a pena (baseada, sobretudo,
na periculosidade do agente) não tinha papel retributivo, mas fundamentalmente
preventivo, ou seja, era instrumento de defesa social, já que a correção dos criminosos 9
era impossível.
Por fim, cabe ressaltar que, segundo essa corrente, a sanção penal não pode
ser fixa, ou seja, deve ser aplicada por tempo indeterminado, enquanto perdurar o
estado de perigo do agente.
Marcada também por duas distintas fases, a Defesa Social surgiu no século XX
e foi capitaneada por Fillipo Gramatica, Marc Ancel, Von Liszt, Van Hamel e Adolphe
Prins.
1) Primeira Fase, desenvolvida por Fillipo Gramatica, que em 1945, fundou o
Centro Internacional de Estudos de Defesa Social
No primeiro momento, sustentava-se que o Direito Penal deveria somar
esforços na luta contra a criminalidade, mas vista como fenômeno social. Em vista do
ideal de defesa da sociedade, praticava-se a utilização de medidas de neutralização do
indivíduo por prazo indeterminado, o que protege a sociedade, mas marginaliza e
segrega o agente.
2) Segunda Fase, desenvolvida por Marc Ancel
Com a maturação da sociedade após o período das duas grandes Guerras
Mundiais, a Defesa Social, já sob uma perspectiva de profilaxia criminal, passou a
objetivar o aprimoramento da sociedade, partindo do melhoramento do indivíduo.
Isso porque entendia-se que a delinquência era produto de uma disfuncionalidade da
organização social.
Assim, o dever de punir do Estado passou a ser estudado como o dever de
agir de forma preventiva e pautado no respeito pela dignidade da pessoa humana (ex.:
prevenção de crimes, tratamento do menor delinquente e reforma penitenciária).
Nesse prisma, pregava-se a utilização de medidas educativas, curativas e
dosadas em conformidade com as características pessoais do infrator.
1.3.1.1. Garantismo
DIREITO PENAL DE
Consiste numa mistura das características acima, utilizando-
se da pena privativa de liberdade (Direito Penal de primeira
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TERCEIRA velocidade), mas permitindo a flexibilização de direitos e
VELOCIDADE garantias (Direito Penal de segunda velocidade). Compatível
com o denominado Direito Penal do Inimigo.
Para uma compreensão inicial, segundo lição de Roxin, bens jurídicos podem
ser definidos como circunstâncias reais dadas ou finalidades necessárias para uma vida
segura e livre, que garanta a todos os direitos humanos e civis de cada um na
sociedade ou para o funcionamento de um sistema estatal que se baseia nestes
objetivos. Cabe ao legislador, na sua propícia função, proteger os mais diferentes tipos
de bens jurídicos, cominando as respectivas sanções, de acordo com a sua importância
para a sociedade. Assim, haverá o ilícito administrativo, o civil, o penal etc.
O bem jurídico-penal, por seu turno, compreende os bens existenciais
valorados positivamente pelo Direito e protegidos dentro e nos limites de uma
determinada relação social conflitiva por uma norma penal.
No entanto, a elevação de um bem jurídico aos status de bem jurídico-penal
não pode se afastar da execução de uma atividade seletiva dos valores existenciais
estritamente ligados ao caráter fragmentário e subsidiário do Direito Penal, pois
somente assim a atuação legiferante penal poderá ser considerada legítima e em
consonância com os valores do Estado Democrático de Direito.
O Direito Penal, assim, somente atua e protege os bens jurídicos mais
importantes para o corpo social (vida, liberdade, patrimônio, liberdade sexual,
administração pública etc.).
OBSERVAÇÃO: Bem jurídico não se confunde com objeto material. Objeto material é a
pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa.
FUNÇÃO
O tipo penal deve ser interpretado conforme o bem jurídico.
INTERPRETATIVA
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3. GABARITO COMENTADO
1. “C”
O Funcionalismo sistêmico (ou radical), defendido por Gunther Jakobs, ensina que a
função do Direito Penal é de assegurar o império da norma, ou seja, resguardar o
sistema, mostrando que o direito posto existe e não pode ser violado, de modo que
sua função primordial não pode ser a segurança de bens jurídicos, mas sim a garantia
da validade do sistema.
Já para o funcionalismo teleológico (ou moderado), que tem como maior expoente
Claus Roxin, a função do Direito Penal é assegurar bens jurídicos indispensáveis à
convivência harmônica em sociedade. A teoria vale-se de diversas medidas de política
criminal.
O modelo penal garantista estabelece critérios de racionalidade e civilidade à
intervenção penal, deslegitimando normas ou formas de controle social que se
sobreponham aos direitos e garantias individuais. O garantismo exerce a função de
estabelecer o objeto e os limites do Direito Penal nas sociedades democráticas,
utilizando-se dos direitos fundamentais, que adquirem status de intangibilidade.
O objetivo da teoria da tipicidade conglobante é harmonizar os diversos ramos do
Direito, partindo-se da premissa de unidade do ordenamento jurídico. É uma
incoerência o Direito Penal estabelecer proibição de comportamento determinado ou
incentivado por outro ramo do direito. 19
Por fim, para a teoria constitucionalista do direito, os princípios, regras e valores
constitucionais condicionam os fins do Direito Penal; a teoria do delito está
diretamente atrelada ao modelo de Estado vigente, que é o Constitucional e
Democrático de Direito.
2. “A”
(A) CORRETA.
No final do século XIX, via-se um predomínio das ideias sociológicas no campo da
explicação causal do delito (Lacassagne, Tarde e Durkheim). Suas obras encontraram
grande aceitação, enxergando o crime como fenômeno coletivo, cujas raízes poderiam
ser encontradas nas mais variadas causas sociais, como a pobreza, a educação, a
família, o ambiente moral. Investigando--se esses focos, poderia se prever, com
alguma segurança, o aumento da criminalidade e, então, combatendo--se essas
causas, seria possível obter algum sucesso em sua redução. (André Estefam e Victor
Eduardo Rios Gonçalves - Direito penal esquematizado: parte geral)
(B) INCORRETA.
Pontua uma profunda mudança de foco na Ciência do Direito Penal, que deixa de se
voltar para o sistema legal (Escola Clássica), deslocando-se para o delinquente e a
pesquisa das causas do crime. Enquanto a Escola Clássica empregava o método
dedutivo, de lógica abstrata, a Escola Positiva se socorria do método indutivo e
experimental. A pena deveria cumprir um papel eminentemente preventivo, atuando
como instrumento de defesa social. A sanção, portanto, não se balizava somente pela
gravidade do ilícito, mas, sobretudo, pela periculosidade do agente. (André Estefam e
Victor Eduardo Rios Gonçalves - Direito penal esquematizado: parte geral)
(C) INCORRETA.
A Criminologia socialista (Marx e Engels) considerava que as causas do crime
prendiam-se à miséria, à cobiça e à ambição, que eram as bases do sistema capitalista
e, portanto, ao combatê-lo, por meio do socialismo, se poria um fim às tragédias
sociais e ao crime. (André Estefam e Victor Eduardo Rios Gonçalves - Direito penal
esquematizado: parte geral)
(D) INCORRETA.
Cuida-se de uma abordagem que não enxerga no comportamento criminoso razões
ontológicas ou intrínsecas para sua qualificação como tal, mas o encara como o
resultado de uma abordagem decorrente do sistema de controle social. As instituições,
portanto, é que rotulam ou “etiquetam” um agir como desviante. A sociedade torna o
agente criminoso, pois decide o que é aceito e o que é proibido. Inexiste, nesta
perspectiva, o delinquente, senão como personagem social que, por critérios eleitos
pelas forças dominantes, dita normativamente o agir conforme as regras e o agir
desviante. (André Estefam e Victor Eduardo Rios Gonçalves - Direito penal
esquematizado: parte geral)
(E) INCORRETA.
A Ecologia Criminal, expressão também utilizada para se referir ao pensamento da
Escola de Chicago, é o próprio princípio ecológico que, aplicado aos problemas
humanos e sociais, postula o seu equacionamento na perspectiva do equilíbrio duma
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comunidade humana com o seu ambiente concreto. Respeitável setor da doutrina
considera a Escola de Chicago um dos focos de expansão mais poderosos e influentes
da Sociologia criminal. Dentro da perspectiva da Escola de Chicago, a compreensão do
crime sistematiza-se a partir da observação de que a gênese delitiva relacionava-se
diretamente com o conglomerado urbano que, muitas vezes, estruturava-se de modo
desordenado e radical, o que favorecia a decomposição da solidariedade das
estruturas sociais. Não por outra razão, seus teóricos desenvolviam uma “sociologia da
grande cidade”. (Eduardo Viana – Criminologia)
3. “B”
(I) CORRETA.
A Escola Clássica teve como seus principais adeptos Paul Feuerbach e Francesco
Carrara. Tinha o livre arbítrio como seu fundamento indeclinável, sendo o homem
moralmente imputável em razão dos seus atos externos, que podem ser praticados
por ação ou omissão.
(II) INCORRETA.
A Escola Técnico-Jurídica teve Arturo Rocco como seu nome principal, pregando que
nenhuma ciência jurídica deveria intervir no Direito Penal, que deve resumir-se ao que
positivado. O Direito Penal não sofre intervenção da Antropologia e da sociologia. Tais
intervenções são vistas na Escola Positiva (Lombroso, Ferri e Garofalo), que possui as
fases antropológica, sociológica e jurídica.
(III) INCORRETA.
A Escola correcionalista almeja a correção ou emenda do delinquente, buscando a sua
compreensão, proteção e a recuperação para o convívio em sociedade, em vez de
intimidação.
(IV) CORRETA.
O movimento surge após a Segunda Guerra Mundial, liderado por Fillipo Gramatica e
Marc Ancel. O Direito Penal deve ser um instrumento preventivo, tendo como foco
evitar que o criminoso volte a delinquir, rejeitando-se o viés meramente retributivo
4. “A”
De fato, a legislação diferenciada para aqueles considerados “inimigos” é uma das
características do Direito Penal do Inimigo de Gunther Jakobs (ex.: Lei de Crimes
Hediondos, Lei de Terrorismo etc). O Direito Penal do Inimigo também prevê a punição
a partir de atos preparatórios. É possível a utilização de medidas de segurança. As
garantias processuais penais tradicionais são flexibilizadas ou suprimidas e não há
abrandamento das penas.
5. “C”
I – INCORRETA. A Nova Defesa Social é um movimento com traços de uma política
criminal humanista, na busca de um Direito Penal de caráter preventivo e protetor da
dignidade humana. Em sentido diametralmente oposto ao da Defesa Social, existem os
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chamados Movimentos de Lei e Ordem, cuja ideologia estabelecida é a repressão,
pautada no regime punitivo-retributivo. A Despenalização das Contravenções, por seu
turno, não é considerada como instrumento de endurecimento do Estado no combate
ao crescimento da criminalidade.
II – INCORRETA. Os defensores deste movimento acreditam que os criminosos
somente poderão ser controlados através de leis severas, que imponham a pena de
morte e longas penas privativas de liberdade. Estes seriam os únicos meios eficazes
para intimidar e neutralizar os criminosos e, além disso, capazes de fazer justiça às
vítimas.
III – CORRETA. Tal movimento parte da premissa de que os pequenos delitos devem
ser rechaçados, o que inibiria os mais graves (fulminar o mal em seu nascedouro),
atuando como prevenção geral; os espaços públicos e privados devem ser tutelados e
preservados.
a) Incorreta.
b) Incorreta.
c) Correta.
d) Incorreta.
e) Incorreta.
6. “D”
a) Incorreta. Primeira velocidade: Modelo de Direito Penal clássico, que utiliza
preferencialmente a pena privativa de liberdade, mas se funda em direitos e garantias
individuais. Nesta velocidade, o Direito Penal se restringe ao seu núcleo central
(Direito Penal Nuclear). Há respeito às garantias constitucionais básicas, o que gera um
procedimento mais lento.
b) Incorreta. Segunda velocidade: Admite a flexibilização de determinadas garantias
penais e processuais, porém, aliadas à adoção das medidas alternativas à prisão (penas
restritivas de direito, pecuniárias etc.). Ou seja, há uma expansão do Direito Penal para
uma zona lateral ao Direito Penal Nuclear. Temos, então, o Direito Penal Periférico.
Trata-se de um procedimento mais célere e flexível.
c) Incorreta. Terceira velocidade: Consiste numa mistura das características acima,
utilizando-se da pena privativa de liberdade (Direito Penal de primeira velocidade),
mas permitindo a flexibilização de direitos e garantias (Direito Penal de segunda
velocidade). Compatível com o denominado Direito Penal do Inimigo.
d) Correta. Quarta Velocidade: Há quem fale, ainda, do Direito Penal de quarta
velocidade (ou neopunitivismo). De acordo com esse modelo, há restrição e supressão
de garantias penais e processuais penais de réus que foram chefes de Estado e, nesta
condição, foram responsáveis pela violação grave a tratados internacionais de direitos
humanos. Os graves crimes cometidos contra a humanidade por líderes de governo
estão enquadrados na quarta velocidade do Direito Penal. O neopunitivismo possui
relação com o Direito Penal Internacional. Nesse sentido, a criação do Tribunal Penal
Internacional, relaciona-se com a presente velocidade do Direito Penal.
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e) Incorreta. Vide alternativa “c”.
7. “E”
A) FALSO. Previsão legal de punição no art. 168 do CP.
B) FALSO. Embora a Lei de Imprensa tenha sido revogada, os crimes contra a honra
continuam punidos no Capítulo V do Código Penal.
C) FALSO. Em que se pese a revogação do art. 219 do CP, as condutas nele previstas
não constituem indiferentes penais, porquanto a sua responsabilização pode ser
amoldada aos tipos penais previstos no art. 148, §1º, IV e V, no caso de rapto violento.
Quanto ao rapto fraudulento, houve efetiva descriminalização.
D) FALSO. Previsão legal de punição na Lei 9.279/96.
E) VERDADEIRO. A alteração promovida pela Lei 13.654/2018 restou por configurar
uma situação peculiar: apenas o emprego de arma de fogo continuava a ser uma
hipótese de roubo circunstanciado. O uso de arma branca passou a ser punido apenas
pelo roubo em seu tipo fundamental, com base no art. 157, caput, do Código Penal.