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DIREITO PENAL | PONTO 1

Noções gerais de Direito Penal. Doutrinas e


Escolas Penais

1
CURSO MEGE

Site para cadastro: www.mege.com.br


Celular / Whatsapp: (99) 982622200 (Tim)
Turma: Clube da Magistratura
Material: Ponto 1 (Direito Penal)
Professora: Bárbara Saraiva

MATERIAL DE APOIO 2
(Ponto 1)
SUMÁRIO

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA RODADA ...................................................................... 4

DIREITO PENAL ................................................................................................................. 5

1. DOUTRINA (RESUMO)................................................................................................... 6

1.1. CONCEITOS DE DIREITO PENAL ................................................................................. 6

1.2. ESCOLAS PENAIS ........................................................................................................ 7

1.3. MODELOS DE DIREITO PENAL.................................................................................. 11

1.4. VELOCIDADES DO DIREITO PENAL ........................................................................... 12

1.5. DIREITO PENAL DO INIMIGO ................................................................................... 13

1.6. BEM JURÍDICO ......................................................................................................... 14

2. QUESTÕES ................................................................................................................... 16

3. GABARITO COMENTADO ............................................................................................ 19


3
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA RODADA
(Conforme Edital Mege)

DIREITO PENAL – Professora Bárbara Saraiva


Noções gerais de Direito Penal. Doutrinas e Escolas Penais. (Ponto 1)

4
DIREITO PENAL (conteúdo atualizado em 21-07-2023)

APRESENTAÇÃO

Oie!
Neste primeiro ponto, tratei de aspectos introdutórios do Direito Penal. A
parte histórica de Direito Penal vem sendo cobrada em concursos públicos. Vista disto,
procuramos destacar exatamente os itens que mais caíram nas últimas provas. De
todo modo, alguns pontos serão retomados e até aprofundados ao longo do nosso
estudo, nos próximos materiais.
Ademais, saliento que, neste ponto, não há legislação a ser destacada nem
jurisprudência a ser apresentada. Trata-se de tema eminentemente doutrinário, o que
passaremos a estudar juntos nas páginas que seguem.
Bárbara Saraiva.

5
1. DOUTRINA (RESUMO)
1.1. CONCEITOS DE DIREITO PENAL

Direito Penal Conjunto de normas voltadas a disciplinar a proibição de


sob o aspecto determinados comportamentos humanos, dando-lhes os
formal ou contornos de crime ou de contravenção penal, fixando as sanções
estático aplicáveis em caso de descumprimento.

O Direito Penal refere-se a comportamentos humanos


Direito Penal
considerados como altamente reprováveis ou danosos ao
sob o aspecto
organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à
material
conservação e progresso da sociedade.

Instrumento de controle social visando a assegurar a necessária


disciplina para a harmônica convivência dos membros da
sociedade. A manutenção da paz social demanda a existência de
Direito Penal
normas destinadas a estabelecer diretrizes de conduta.
sob o aspecto
sociológico ou OBS.: Na tarefa de controle social atuam vários outros ramos do
dinâmico direito. No entanto, se determinada conduta atentar contra bens
jurídicos de especial importância, haverá a incidência do Direito
Penal pelo Estado.
6
Direito Penal Conjunto de normas penais (incriminadoras e não incriminadoras)
Objetivo positivadas pelo Estado.

Direito de punir do estado (jus puniendi).

Jus puniendi positivo Jus puniendi negativo

Decorre do art. 102, §2º, da


Direito Penal Poder estatal de criar normas CF/88, que atribui ao STF a
Subjetivo penais incriminadoras e competência para declarar a
executar as decisões inconstitucionalidade de uma
condenatórias delas norma penal com efeitos
decorrentes. vinculantes e eficácia erga
omnes.

Hipertrofia do Direito Penal (expansão do Direito Penal) com a


criação de novos tipos penais (legislação excepcional), com vistas
Direito Penal de
ao combate da alta criminalidade, mas com flexibilização de
Emergência
garantias penais e processuais penais. Ex.: Lei dos Crimes
Hediondos e Lei das Organizações Criminosas.
Utilização do Direito Penal para produção de uma falsa sensação
de paz social e geração de sentimento de segurança e
tranquilidade (aspecto positivo). Nesse sentido, a criação da lei
Direito Penal
penal incriminadora não modifica a realidade social, fazendo com
Simbólico
que o Direito Penal exerça apenas uma função simbólica (aspecto
negativo). Ex.: punição dos jogos de azar (art. 50 da Lei de
Contravenções Penais).

O Direito Penal é utilizado com um viés político exercendo uma


função promocional. Assim, o Estado se utiliza das normas penais
Direito Penal
incriminadoras, já que é um excelente “instrumento” de
Promocional
desenvolvimento e transformação social, para consecução de
suas finalidades políticas. Ex.: Lei de Crimes Ambientais.

O Estado se comporta de duas formas diferentes ao aplicar o seu


poder de punir: a) o Direito Penal do Inimigo é aplicado ao
Direito Penal do “delinquente-inimigo”, sujeitos contumazes e nocivos que
Inimigo ameaçam a convivência em sociedade e violam o contrato social;
b) o Direito Penal do Cidadão é aplicado ao “delinquente-
cidadão”, com respeito às garantias dos cidadãos.

Caracteriza-se pela punição do homem pelos seus pensamentos,


Direito Penal do
condições pessoais, modo de ser ou características, ainda que
Autor
não tenha praticado nenhuma conduta. 7
É o que temos no Direito Penal Brasileiro, em que as leis penais,
Direito Penal do
pelo menos em tese, punem fatos, ou seja, manifestações
Fato
exteriores do homem.

1.2. ESCOLAS PENAIS

Conjunto de doutrinas que, em dado momento histórico-político,


investigaram os institutos do crime, do delinquente e da pena.

1.2.1. ESCOLA CLÁSSICA OU IDEALISTA OU PRIMEIRA ESCOLA

No final do século XVIII, verifica-se uma tendência de reforma nas leis e na


administração da justiça, propiciada por um extraordinário movimento de ideias,
denominado de Iluminismo.
A escola Clássica surge na Itália, de onde se espalhou para todo o mundo,
principalmente para a Alemanha e França. Os clássicos, baseados na ciência
dogmática, adotavam o método dedutivo de trabalho no estudo do Direito Penal, pois
a análise do jurista deveria partir do direito positivo vigente, para, então, passar às
questões jurídico-penais.
Seu marco ocorre em 1764, em Milão, com a publicação da obra Dos delitos e
das penas, de Cesare Bonesana, o Marquês de Beccaria, considerado o fundador da
moderna ciência do Direito Penal. O livro deu origem ao período teórico ou teórico-
filosófico da chamada Escola Clássica de Direito Penal.
A obra constitui um libelo contra leis draconianas, excessivamente rigorosas e
de penas desproporcionais, tipos vagos e arbitrariedades da época, pregando a
humanização das penas, que não poderiam ter caráter meramente retributivo. Afirma
o autor, ainda, que o fundamento para a punição do delinquente é o contrato social.
A imagem do homem como ser racional, igual e livre, a teoria do pacto social,
como fundamento da sociedade civil e do poder, assim como a concepção utilitária do
castigo, não desprovida de apoio ético, constituem os três sólidos pilares do
pensamento clássico.
Outro expoente da escola clássica foi o italiano Francesco Carrara (período
prático ou ético-jurídico da escola clássica). O autor fixou, como princípio fundamental,
do qual poderia ser deduzido toda a ciência criminal, a ideia do crime como ente
jurídico, e não ente de fato (definido como “uma infração, por ato humano externo,
positivo ou negativo e moralmente imputável, de uma lei do Estado promulgada para
proteger a segurança dos cidadãos”).
Heleno Cláudio Fragoso resume os princípios fundamentais, tidos como
postulados da escola clássica: a) O crime é um ente jurídico, é a violação do direito,
como exigência racional (e não como norma jurídica do direito positivo); b)
Responsabilidade penal fundada no livre arbítrio, sendo a liberdade de querer um 8
axioma fundamental para todo o sistema do direito punitivo; c) A pena é retribuição
jurídica e restabelecimento da ordem externa violada pelo delito; (Lições de direito
penal: parte geral, 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, p. 52-53).

1.2.2. ESCOLA POSITIVA

Surge no final do século XIX, com avanço das ciências humanas e biológicas e
época de predomínio do pensamento positivista. Também há, nesta fase, crescente
preocupação com o fenômeno da criminalidade.
Os positivistas utilizam-se do método indutivo e de observação dos fatos
(método empírico) no estudo do Direito Penal. A Escola Positiva encarava o crime
como fato social e humano, contemplando o delito em seu aspecto real. Além disso, o
estudo da ciência criminal foi voltado para a figura do ‘delinquente’.
A Escola Positiva passou por três fases:
1) A Fase Antropológica, com Cesare Lombroso:
O início desta fase ocorre com a publicação de O Homem Delinquente (1876),
de Cesare Lombroso. Lombroso introduziu a aplicação do método experimental no
estudo da criminalidade, desenvolvendo a teoria do criminoso nato (atavismo), cujas
características morfológicas constituiriam um tipo antropológico específico. Apesar do
fracasso da sua teoria, Lombroso teve o mérito de fundar a Antropologia Criminal, que
visa a encontrar, por meio do estudo antropológico do criminoso, uma explicação
causal de seu comportamento.
2) A Fase Sociológica, com Enrico Ferri:
Enrico Ferri, por sua parte, representa a diretriz sociológica do positivismo. O
delito, para Ferri, não é produto exclusivo de nenhuma patologia individual (o que
contraria a tese antropológica de Lombroso), senão – como qualquer outro
acontecimento natural ou social – resultado da contribuição de diversos fatores:
individuais, físicos e sociais. Entende, pois, que a criminalidade é um fenômeno social
como outros, que se rege por sua própria dinâmica, de modo que o cientista poderia
antecipar o número exato de delitos e a classe deles, em uma determinada sociedade
e em um momento concreto, se contasse com todos os fatores individuais, físicos e
sociais antes citados e fosse capaz de quantificar a incidência de cada um deles,
porque, sob tais premissas, não se comete nenhum delito a mais nem a menos (lei da
“saturação criminal”).
3) A Fase Jurídica, com Rafael Garófalo:
Garófalo, embora fiel às premissas metodológicas do positivismo (método
empírico), distanciou-se tanto da Antropologia lombrosiana como do sociologismo de
Ferri. O autor se destacou pelo seu conceito de delito natural, sua teoria da
criminalidade e pela fundamentação do castigo (ou teoria da pena).
Por fim, cumpre ressaltar que para essa escola, a pena (baseada, sobretudo,
na periculosidade do agente) não tinha papel retributivo, mas fundamentalmente
preventivo, ou seja, era instrumento de defesa social, já que a correção dos criminosos 9
era impossível.

1.2.3. TERCEIRA ESCOLA OU ESCOLA ECLÉTICA

Posteriormente, surgiram movimentos ecléticos, que buscaram conciliar os


postulados das duas escolas penais anteriores. Assim, a chamada Terceira Escola
(Terza Scuola) defendia a manutenção da autonomia do Direito Penal, mas aliada à
Filosofia do Direito, ao mesmo tempo em que se deveriam promover investigações
antropológicas e sociológicas do crime.
A Terceira Escola prestigia o método lógico-abstrato e dedutivo, em
contraposição ao experimental, além de negar a existência do criminoso nato.

1.2.4. ESCOLA CORRECIONALISTA

A Escola Correcionalista, também conhecida como Correcionalismo Penal,


surgiu na Alemanha, em 1839, pautada nas contribuições de Karl David Augusto
Röeder e de sua obra “Comentatio na poena malum esse debeat”.
As duas principais colaborações da Escola Correcionalista podem ser descritas
como uma nova visão sob infrator e sob a pena, da seguinte maneira:
1 - O infrator é um ser incapaz, munido de debilidade,
perversidade e que, ao cometer o delito, pratica uma injustiça
social.
2 - A pena é, assim, um meio para a realização do bem social,
baseada em uma política correcional e pedagógica, com a
finalidade terapêutica de corrigir a injusta e a perversa vontade
do criminoso. Dessa forma, a pena possui uma função de
prevenção especial e tem como consequência a regeneração do
criminoso.

Por fim, cabe ressaltar que, segundo essa corrente, a sanção penal não pode
ser fixa, ou seja, deve ser aplicada por tempo indeterminado, enquanto perdurar o
estado de perigo do agente.

1.2.5. TECNICISMO JURÍDICO-PENAL

O tecnicismo nasceu a partir das ideias de Arturo Rocco, em 1910, na Itália, e


tem como principal diretriz o estudo do Direito Penal com fundamento em método
dogmático ou técnico-jurídico.
O Tecnicismo passou por dois momentos históricos:
1) Primeira Fase
10
Teve como colaboradores Arturo Rocco, Vicenzo Manzini, Massari e Delitala e
se caracterizou pela ideia de que análise do Direito Penal deve ser estritamente
dedicada às leis e à exegese, de forma que deve ser afastado o seguimento causal-
explicativo inerente à antropologia, à sociologia e à filosofia. Por consequência, nega-
se a existência do direito natural, bem como da análise do livre arbítrio.
O estudioso do direito deve, então, largar a investigação filosófica e passar a
se dedicar aos estudos do direito positivo, com base em técnicas de exegese,
dogmática e crítica.
2) Segunda Fase
Teve como colaboradores Maggiore, Giuseppe Bettiol, Petrocelli e Giulio
Battaglini, e, apesar de continuar com uma vertente bem teórica, diferentemente da
primeira fase, passou a admitir a existência do direito natural, acolhendo o livre-
arbítrio a reestruturando a pena em sua perspectiva retributiva.

1.2.6. DEFESA SOCIAL

Marcada também por duas distintas fases, a Defesa Social surgiu no século XX
e foi capitaneada por Fillipo Gramatica, Marc Ancel, Von Liszt, Van Hamel e Adolphe
Prins.
1) Primeira Fase, desenvolvida por Fillipo Gramatica, que em 1945, fundou o
Centro Internacional de Estudos de Defesa Social
No primeiro momento, sustentava-se que o Direito Penal deveria somar
esforços na luta contra a criminalidade, mas vista como fenômeno social. Em vista do
ideal de defesa da sociedade, praticava-se a utilização de medidas de neutralização do
indivíduo por prazo indeterminado, o que protege a sociedade, mas marginaliza e
segrega o agente.
2) Segunda Fase, desenvolvida por Marc Ancel
Com a maturação da sociedade após o período das duas grandes Guerras
Mundiais, a Defesa Social, já sob uma perspectiva de profilaxia criminal, passou a
objetivar o aprimoramento da sociedade, partindo do melhoramento do indivíduo.
Isso porque entendia-se que a delinquência era produto de uma disfuncionalidade da
organização social.
Assim, o dever de punir do Estado passou a ser estudado como o dever de
agir de forma preventiva e pautado no respeito pela dignidade da pessoa humana (ex.:
prevenção de crimes, tratamento do menor delinquente e reforma penitenciária).
Nesse prisma, pregava-se a utilização de medidas educativas, curativas e
dosadas em conformidade com as características pessoais do infrator.

1.3. MODELOS DE DIREITO PENAL


11
Direito Penal
Mínimo Direito Penal
Abolicionismo
(Minimalismo Máximo
(Política criminal
penal ou (Eficientismo
verde)
Abolicionismo penal)
moderado)

1.3.1. DIREITO PENAL MÍNIMO (MINIMALISMO PENAL OU ABOLICIONISMO


MODERADO)

Intimamente ligado à ideia de intervenção mínima, segundo a qual o Direito


Penal deve ser utilizado apenas em se tratando dos ataques mais graves aos bens
jurídicos mais relevantes e apenas quando outros instrumentos, jurídicos ou não,
forem insuficientes à sua tutela.

1.3.1.1. Garantismo

Nesse contexto, surge o garantismo, cujo maior expoente é Luigi Ferrajoli. O


garantismo é um modelo normativo de Direito Penal e Processual Penal, caracterizado
pela estrita legalidade, voltado a minimizar a violência e a maximizar a liberdade. O
garantismo prega a intervenção mínima do Direito Penal.
Dez axiomas garantistas desenvolvidos por Ferrajoli:

1. Não há pena sem crime.


2. Não há crime sem lei.
3. Não há lei sem necessidade.
4. Não há necessidade sem ofensa a bem jurídico.
5. Não há ofensa a bem jurídico sem conduta.
6. Não há conduta sem culpabilidade.
7. Não há culpabilidade sem o devido processo legal.
8. Não há processo sem acusação.
9. Não há acusação sem provas.
10. Não há provas sem defesa.

1.3.2. ABOLICIONISMO PENAL (POLÍTICA CRIMINAL VERDE)

Os abolicionistas pretendem a eliminação do Direito Penal, considerando que 12


a sua existência traz mais prejuízos que benefícios. O Direito Penal serviria apenas para
legitimar injustiças sociais, sendo caracterizado pelo seletivismo e pelo elitismo. Alguns
dos expoentes do abolicionismo são Louk Hulsman, Thomas Mathiesen e Nils Christie.

1.3.3. DIREITO PENAL MÁXIMO (EFICIENTISMO PENAL)

Associado aos movimentos “Lei e ordem” e “Tolerância zero”, parte da ideia


de que, se o Direito Penal não é eficaz, é porque não é suficientemente severo. Deve-
se punir as pequenas infrações, para evitar infrações maiores, bem como recrudescer
as sanções penais. Nenhum culpado deve sair impune, ainda que às custas do sacrifício
de algum inocente. Trata-se, portanto, de um modelo antigarantista, que visa ao uso
do Direito Penal em busca da máxima efetividade do controle social.

1.4. VELOCIDADES DO DIREITO PENAL

Segundo Silva Sánchez, três são as “velocidades” do Direito Penal:


Modelo de Direito Penal clássico, que utiliza
DIREITO PENAL DE preferencialmente a pena privativa de liberdade, mas se
funda em direitos e garantias individuais. Nesta velocidade, o
PRIMEIRA Direito Penal se restringe ao seu núcleo central (Direito Penal
VELOCIDADE Nuclear). Há respeito às garantias constitucionais básicas, o
que gera um procedimento mais lento.

Admite a flexibilização de determinadas garantias penais e


processuais, porém, aliadas à adoção das medidas
alternativas à prisão (penas restritivas de direito, pecuniárias
etc.). Ou seja, há uma expansão do Direito Penal para uma
zona lateral ao Direito Penal Nuclear. Temos, então, o Direito
Penal Periférico. Trata-se de um procedimento mais célere e
DIREITO PENAL DE
flexível.
SEGUNDA
A Lei n. 9.099/95 é reflexo do Direito Penal de segunda
VELOCIDADE
velocidade, introduzindo institutos despenalizadores e um
procedimento mais simplificado, destinado aos crimes de
menor potencial ofensivo. Nela, há uma flexibilização de
direito e garantias penais e processuais em face da
persecução de delitos cujos preceitos secundários não
implicam na privação da liberdade do acusado.

DIREITO PENAL DE
Consiste numa mistura das características acima, utilizando-
se da pena privativa de liberdade (Direito Penal de primeira
13
TERCEIRA velocidade), mas permitindo a flexibilização de direitos e
VELOCIDADE garantias (Direito Penal de segunda velocidade). Compatível
com o denominado Direito Penal do Inimigo.

Há quem fale, ainda, do Direito Penal de quarta velocidade (ou


neopunitivismo). De acordo com esse modelo, há restrição e supressão de garantias
penais e processuais penais de réus que foram chefes de Estado e, nesta condição,
foram responsáveis pela violação grave a tratados internacionais de direitos humanos.
Os graves crimes cometidos contra a humanidade por líderes de governo estão
enquadrados na quarta velocidade do Direito Penal. O neopunitivismo possui relação
com o Direito Penal Internacional. Nesse sentido, a criação do Tribunal Penal
Internacional, relaciona-se com a presente velocidade do Direito Penal.

1.5. DIREITO PENAL DO INIMIGO

O Direito Penal do Inimigo está situado na terceira velocidade do Direito


Penal. O modelo concebido por Günther Jakob, sustentando que determinados
indivíduos, como terroristas e membros do crime organizado, que se afastam de modo
permanente do Direito e não oferecem garantias cognitivas de que vão continuar fiéis
à norma, perdem o estado de cidadania e, por conseguinte, não podem usufruir dos
mesmos benefícios processuais concedidos às demais pessoas.
Segundo Masson, na concepção de Jakobs é possível observar “a convivência
de dois direitos em um mesmo ordenamento jurídico. Em primeiro lugar, um Direito
Penal do Cidadão, amplo e dotado de todas as garantias constitucionais, processuais e
penais, típico de um Estado Democrático de Direitos. Sem prejuízo, em parcela menor
e restrita a grupos determinados, com ele coexiste o Direito Penal do Inimigo, no qual
o seu sujeito deve ser enfrentado como fonte de perigo e, portanto, a sua eliminação
da sociedade é o fim último do Estado.” (MASSON, Cleber. DIRETO PENAL
ESQUEMATIZADO – Parte Geral. Editora: Método. Vol. 1. p. 114. Ano 2016).
As principais características do Direito Penal para esses inimigos são:
antecipação da punibilidade com a tipificação de atos preparatórios; condutas
descritas em tipos de mera conduta de perigo abstrato, flexibilizando o princípio da
ofensividade; descrição vaga dos crimes e das penas; preponderância do Direito Penal
do autor em contraposição ao Direito Penal do fato; surgimento das chamadas “leis de
luta ou de combate”; endurecimento da execução penal.
Principais linhas de ataque ao Direito Penal do inimigo:

- Quem é o inimigo e a quem caberia elegê-lo? Esse conceito


nunca foi bem estabelecido e pode dar margem a injustiças. Na
inquisição, os inimigos eram os hereges; para os nazistas, os
inimigos eram os judeus etc.
- Quais os princípios a que se deve submeter esse ramo do
Direito Penal? 14
- O Direito Penal do Inimigo é uma contradição em seus
próprios termos. Se não há regras, não é Direito. O Direito
Penal é concebido justamente para impor limites ao arbítrio
estatal.

OBSERVAÇÃO: Jakobs é adepto do funcionalismo sistêmico, segundo o qual a função


do Direito Penal não é a proteção de bens jurídicos, mas, sim, reafirmar a validade da
própria norma.

1.6. BEM JURÍDICO


1.6.1. NOÇÕES

Para uma compreensão inicial, segundo lição de Roxin, bens jurídicos podem
ser definidos como circunstâncias reais dadas ou finalidades necessárias para uma vida
segura e livre, que garanta a todos os direitos humanos e civis de cada um na
sociedade ou para o funcionamento de um sistema estatal que se baseia nestes
objetivos. Cabe ao legislador, na sua propícia função, proteger os mais diferentes tipos
de bens jurídicos, cominando as respectivas sanções, de acordo com a sua importância
para a sociedade. Assim, haverá o ilícito administrativo, o civil, o penal etc.
O bem jurídico-penal, por seu turno, compreende os bens existenciais
valorados positivamente pelo Direito e protegidos dentro e nos limites de uma
determinada relação social conflitiva por uma norma penal.
No entanto, a elevação de um bem jurídico aos status de bem jurídico-penal
não pode se afastar da execução de uma atividade seletiva dos valores existenciais
estritamente ligados ao caráter fragmentário e subsidiário do Direito Penal, pois
somente assim a atuação legiferante penal poderá ser considerada legítima e em
consonância com os valores do Estado Democrático de Direito.
O Direito Penal, assim, somente atua e protege os bens jurídicos mais
importantes para o corpo social (vida, liberdade, patrimônio, liberdade sexual,
administração pública etc.).

OBSERVAÇÃO: Bem jurídico não se confunde com objeto material. Objeto material é a
pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa.

Exemplo (1): homicídio – o bem jurídico tutelado, ou seja, o que se busca


proteger com o tipo penal é a vida. O objeto material (ou seja, aquilo contra quem se
volta o agente) é a pessoa.
Exemplo (2): furto – o bem jurídico tutelado é o patrimônio. O objeto material
é a coisa subtraída.
15
1.6.2. FUNÇÕES DESEMPENHADAS PELO BEM JURÍDICO

FUNÇÃO Não existe crime sem bem jurídico. Este dá fundamento,


FUNDAMENTADORA substrato, ao crime.

O sistema é montado a partir de bens jurídicos. No próprio


FUNÇÃO
Código Penal, os crimes são classificados por bem jurídicos
SISTEMÁTICA
(crimes contra a pessoa, crimes contra o patrimônio etc.).

FUNÇÃO
O tipo penal deve ser interpretado conforme o bem jurídico.
INTERPRETATIVA

O bem jurídico atingido orienta a própria determinação da


competência. Ex.: se o crime é contra o trabalhador individual,
FUNÇÃO
a competência, em princípio, é da Justiça Estadual. Se há lesão
PROCESSUAL
à organização do trabalho, como um todo, a competência
passa a ser da Justiça Federal.
2. QUESTÕES

1. (TJM/SP/ VUNESP/2016) A corrente/teoria penal que se funda na ideia de que as


normas jurídicas devem ser protegidas por si mesmas, pouco importando o bem
jurídico por trás delas, é:
a) a teoria do garantismo penal, de Luigi Ferrajoli.
b) o funcionalismo teleológico-racional, de Claus Roxin.
c) o funcionalismo sistêmico, de Günther Jakobs.
d) a teoria da tipicidade conglobante, de Eugenio Zaffaroni.
e) a teoria constitucionalista do delito.

2. (TJBA/CESPE/2019) A explicação do crime como fenômeno coletivo cuja origem


pode ser encontrada nas mais variadas causas sociais, como a pobreza, a educação, a
família e o ambiente moral, corresponde à perspectiva criminológica denominada:
a) sociologia criminal.
b) criminologia da escola positiva.
c) criminologia socialista.
d) labeling approach, ou etiquetamento.
e) ecologia criminal.
16

3. (TJPR/CESPE/2019) Com relação às escolas e tendências penais, julgue os itens


seguintes:
I. De acordo com a escola clássica, a responsabilidade penal é lastreada na
imputabilidade moral e no livre-arbítrio humano.
II. A escola técnico-jurídica, que utiliza o método indutivo ou experimental, apresenta
as fases antropológica, sociológica e jurídica.
III. A escola correcionalista fundamenta-se na proposta de imposição de pena, com
caráter intimidativo, para os delinquentes normais, e de medida de segurança para os
perigosos. Para essa escola, o direito penal é a insuperável barreira da política criminal.
IV. O movimento de defesa social sustenta a ressocialização do delinquente, e não a
sua neutralização. Nesse movimento, o tratamento penal é visto como um
instrumento preventivo.
Estão certos apenas os itens:
a) I e III.
b) I e IV.
c) II e III.
d) II e IV.
4. (TJSC/CESPE/2019) Constitui uma das características do direito penal do inimigo:
a) a legislação diferenciada.
b) a punição a partir de atos executórios.
c) a não utilização de medidas de segurança.
d) a observância das garantias processuais penais.
e) o abrandamento das penas na antecipação da tutela penal.

5. (TJPA/FCC/2019) Considerável parcela de doutrinadores compreende a política


criminal como o conjunto de princípios e atividades que tem por fim reagir contra o
fenômeno delitivo, através do sistema penal, determinando os meios mais
adequados para o controle da criminalidade. A partir dessa afirmação, julgue os itens
a seguir.
I - Os movimentos sociais conhecidos por Tolerância Zero, Nova Defesa Social e
Despenalização das Contravenções são considerados instrumentos de endurecimento
do Estado no combate ao crescimento da criminalidade.
II - Os defensores do movimento Lei e Ordem reconhecem que o agravamento das
penas é medida necessária para combater a violência, embora acreditem que não faça
justiça às vítimas.
III - O movimento Tolerância Zero parte da ideia de que o Estado não deve negligenciar
fatos criminosos, por mais insignificantes que sejam, já que esses fatos contêm em si 17
uma fonte de irradiação da criminalidade.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas o item III está certo.
d) Apenas os itens I e II estão certos.
e) Apenas os itens II e III estão certos.

6. (TJMS/PUC-PR/2012) Marque a alternativa CORRETA sobre as teorias das


velocidades do direito penal:
a) A teoria da primeira velocidade do direito penal é ligada à ideia do direito penal do
inimigo, ou seja, tem como proposição a aplicação de um direito penal máximo, com
penas privativas de liberdades e de caráter perpétuo.
b) A teoria da segunda velocidade do direito penal é ligada à ideia do direito penal do
inimigo, ou seja, tem como proposição a aplicação de um direito penal máximo, com
penas privativas de liberdades e de caráter perpétuo.
c) A teoria da terceira velocidade do direito penal tem como fundamento a aplicação
de penas alternativas ou de multa, ou seja, está ligada à ideia de um direito penal de
mínima intervenção.
d) A teoria da quarta velocidade do direito penal está ligada à ideia do neopunitivismo.
e) A terceira velocidade do direito penal, idealizada por Jesus María Silva Sánchez, está
ligada à ideia do Tribunal Penal Internacional, ou seja, à proposição de um direito
penal para julgar crimes de guerra, de agressão, genocídio e de lesa humanidade.

7. (TJAP-FGV-2022) Sobre o chamado “direito penal transitório”, houve quebra do


princípio da continuidade normativo-típica, com a consequente abolitio criminis por
meio da revogação de um tipo penal no caso de:
a) apropriação indébita previdenciária;
b) crimes contra a honra praticados por meio da imprensa;
c) rapto violento ou mediante fraude;
d) crimes contra a propriedade industrial;
e) roubo majorado pelo emprego de arma branca.

18
3. GABARITO COMENTADO

1. “C”
O Funcionalismo sistêmico (ou radical), defendido por Gunther Jakobs, ensina que a
função do Direito Penal é de assegurar o império da norma, ou seja, resguardar o
sistema, mostrando que o direito posto existe e não pode ser violado, de modo que
sua função primordial não pode ser a segurança de bens jurídicos, mas sim a garantia
da validade do sistema.
Já para o funcionalismo teleológico (ou moderado), que tem como maior expoente
Claus Roxin, a função do Direito Penal é assegurar bens jurídicos indispensáveis à
convivência harmônica em sociedade. A teoria vale-se de diversas medidas de política
criminal.
O modelo penal garantista estabelece critérios de racionalidade e civilidade à
intervenção penal, deslegitimando normas ou formas de controle social que se
sobreponham aos direitos e garantias individuais. O garantismo exerce a função de
estabelecer o objeto e os limites do Direito Penal nas sociedades democráticas,
utilizando-se dos direitos fundamentais, que adquirem status de intangibilidade.
O objetivo da teoria da tipicidade conglobante é harmonizar os diversos ramos do
Direito, partindo-se da premissa de unidade do ordenamento jurídico. É uma
incoerência o Direito Penal estabelecer proibição de comportamento determinado ou
incentivado por outro ramo do direito. 19
Por fim, para a teoria constitucionalista do direito, os princípios, regras e valores
constitucionais condicionam os fins do Direito Penal; a teoria do delito está
diretamente atrelada ao modelo de Estado vigente, que é o Constitucional e
Democrático de Direito.

2. “A”
(A) CORRETA.
No final do século XIX, via-se um predomínio das ideias sociológicas no campo da
explicação causal do delito (Lacassagne, Tarde e Durkheim). Suas obras encontraram
grande aceitação, enxergando o crime como fenômeno coletivo, cujas raízes poderiam
ser encontradas nas mais variadas causas sociais, como a pobreza, a educação, a
família, o ambiente moral. Investigando--se esses focos, poderia se prever, com
alguma segurança, o aumento da criminalidade e, então, combatendo--se essas
causas, seria possível obter algum sucesso em sua redução. (André Estefam e Victor
Eduardo Rios Gonçalves - Direito penal esquematizado: parte geral)
(B) INCORRETA.
Pontua uma profunda mudança de foco na Ciência do Direito Penal, que deixa de se
voltar para o sistema legal (Escola Clássica), deslocando-se para o delinquente e a
pesquisa das causas do crime. Enquanto a Escola Clássica empregava o método
dedutivo, de lógica abstrata, a Escola Positiva se socorria do método indutivo e
experimental. A pena deveria cumprir um papel eminentemente preventivo, atuando
como instrumento de defesa social. A sanção, portanto, não se balizava somente pela
gravidade do ilícito, mas, sobretudo, pela periculosidade do agente. (André Estefam e
Victor Eduardo Rios Gonçalves - Direito penal esquematizado: parte geral)
(C) INCORRETA.
A Criminologia socialista (Marx e Engels) considerava que as causas do crime
prendiam-se à miséria, à cobiça e à ambição, que eram as bases do sistema capitalista
e, portanto, ao combatê-lo, por meio do socialismo, se poria um fim às tragédias
sociais e ao crime. (André Estefam e Victor Eduardo Rios Gonçalves - Direito penal
esquematizado: parte geral)
(D) INCORRETA.
Cuida-se de uma abordagem que não enxerga no comportamento criminoso razões
ontológicas ou intrínsecas para sua qualificação como tal, mas o encara como o
resultado de uma abordagem decorrente do sistema de controle social. As instituições,
portanto, é que rotulam ou “etiquetam” um agir como desviante. A sociedade torna o
agente criminoso, pois decide o que é aceito e o que é proibido. Inexiste, nesta
perspectiva, o delinquente, senão como personagem social que, por critérios eleitos
pelas forças dominantes, dita normativamente o agir conforme as regras e o agir
desviante. (André Estefam e Victor Eduardo Rios Gonçalves - Direito penal
esquematizado: parte geral)
(E) INCORRETA.
A Ecologia Criminal, expressão também utilizada para se referir ao pensamento da
Escola de Chicago, é o próprio princípio ecológico que, aplicado aos problemas
humanos e sociais, postula o seu equacionamento na perspectiva do equilíbrio duma
20
comunidade humana com o seu ambiente concreto. Respeitável setor da doutrina
considera a Escola de Chicago um dos focos de expansão mais poderosos e influentes
da Sociologia criminal. Dentro da perspectiva da Escola de Chicago, a compreensão do
crime sistematiza-se a partir da observação de que a gênese delitiva relacionava-se
diretamente com o conglomerado urbano que, muitas vezes, estruturava-se de modo
desordenado e radical, o que favorecia a decomposição da solidariedade das
estruturas sociais. Não por outra razão, seus teóricos desenvolviam uma “sociologia da
grande cidade”. (Eduardo Viana – Criminologia)

3. “B”
(I) CORRETA.
A Escola Clássica teve como seus principais adeptos Paul Feuerbach e Francesco
Carrara. Tinha o livre arbítrio como seu fundamento indeclinável, sendo o homem
moralmente imputável em razão dos seus atos externos, que podem ser praticados
por ação ou omissão.
(II) INCORRETA.
A Escola Técnico-Jurídica teve Arturo Rocco como seu nome principal, pregando que
nenhuma ciência jurídica deveria intervir no Direito Penal, que deve resumir-se ao que
positivado. O Direito Penal não sofre intervenção da Antropologia e da sociologia. Tais
intervenções são vistas na Escola Positiva (Lombroso, Ferri e Garofalo), que possui as
fases antropológica, sociológica e jurídica.
(III) INCORRETA.
A Escola correcionalista almeja a correção ou emenda do delinquente, buscando a sua
compreensão, proteção e a recuperação para o convívio em sociedade, em vez de
intimidação.
(IV) CORRETA.
O movimento surge após a Segunda Guerra Mundial, liderado por Fillipo Gramatica e
Marc Ancel. O Direito Penal deve ser um instrumento preventivo, tendo como foco
evitar que o criminoso volte a delinquir, rejeitando-se o viés meramente retributivo

4. “A”
De fato, a legislação diferenciada para aqueles considerados “inimigos” é uma das
características do Direito Penal do Inimigo de Gunther Jakobs (ex.: Lei de Crimes
Hediondos, Lei de Terrorismo etc). O Direito Penal do Inimigo também prevê a punição
a partir de atos preparatórios. É possível a utilização de medidas de segurança. As
garantias processuais penais tradicionais são flexibilizadas ou suprimidas e não há
abrandamento das penas.

5. “C”
I – INCORRETA. A Nova Defesa Social é um movimento com traços de uma política
criminal humanista, na busca de um Direito Penal de caráter preventivo e protetor da
dignidade humana. Em sentido diametralmente oposto ao da Defesa Social, existem os
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chamados Movimentos de Lei e Ordem, cuja ideologia estabelecida é a repressão,
pautada no regime punitivo-retributivo. A Despenalização das Contravenções, por seu
turno, não é considerada como instrumento de endurecimento do Estado no combate
ao crescimento da criminalidade.
II – INCORRETA. Os defensores deste movimento acreditam que os criminosos
somente poderão ser controlados através de leis severas, que imponham a pena de
morte e longas penas privativas de liberdade. Estes seriam os únicos meios eficazes
para intimidar e neutralizar os criminosos e, além disso, capazes de fazer justiça às
vítimas.
III – CORRETA. Tal movimento parte da premissa de que os pequenos delitos devem
ser rechaçados, o que inibiria os mais graves (fulminar o mal em seu nascedouro),
atuando como prevenção geral; os espaços públicos e privados devem ser tutelados e
preservados.
a) Incorreta.
b) Incorreta.
c) Correta.
d) Incorreta.
e) Incorreta.

6. “D”
a) Incorreta. Primeira velocidade: Modelo de Direito Penal clássico, que utiliza
preferencialmente a pena privativa de liberdade, mas se funda em direitos e garantias
individuais. Nesta velocidade, o Direito Penal se restringe ao seu núcleo central
(Direito Penal Nuclear). Há respeito às garantias constitucionais básicas, o que gera um
procedimento mais lento.
b) Incorreta. Segunda velocidade: Admite a flexibilização de determinadas garantias
penais e processuais, porém, aliadas à adoção das medidas alternativas à prisão (penas
restritivas de direito, pecuniárias etc.). Ou seja, há uma expansão do Direito Penal para
uma zona lateral ao Direito Penal Nuclear. Temos, então, o Direito Penal Periférico.
Trata-se de um procedimento mais célere e flexível.
c) Incorreta. Terceira velocidade: Consiste numa mistura das características acima,
utilizando-se da pena privativa de liberdade (Direito Penal de primeira velocidade),
mas permitindo a flexibilização de direitos e garantias (Direito Penal de segunda
velocidade). Compatível com o denominado Direito Penal do Inimigo.
d) Correta. Quarta Velocidade: Há quem fale, ainda, do Direito Penal de quarta
velocidade (ou neopunitivismo). De acordo com esse modelo, há restrição e supressão
de garantias penais e processuais penais de réus que foram chefes de Estado e, nesta
condição, foram responsáveis pela violação grave a tratados internacionais de direitos
humanos. Os graves crimes cometidos contra a humanidade por líderes de governo
estão enquadrados na quarta velocidade do Direito Penal. O neopunitivismo possui
relação com o Direito Penal Internacional. Nesse sentido, a criação do Tribunal Penal
Internacional, relaciona-se com a presente velocidade do Direito Penal.
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e) Incorreta. Vide alternativa “c”.

7. “E”
A) FALSO. Previsão legal de punição no art. 168 do CP.
B) FALSO. Embora a Lei de Imprensa tenha sido revogada, os crimes contra a honra
continuam punidos no Capítulo V do Código Penal.
C) FALSO. Em que se pese a revogação do art. 219 do CP, as condutas nele previstas
não constituem indiferentes penais, porquanto a sua responsabilização pode ser
amoldada aos tipos penais previstos no art. 148, §1º, IV e V, no caso de rapto violento.
Quanto ao rapto fraudulento, houve efetiva descriminalização.
D) FALSO. Previsão legal de punição na Lei 9.279/96.
E) VERDADEIRO. A alteração promovida pela Lei 13.654/2018 restou por configurar
uma situação peculiar: apenas o emprego de arma de fogo continuava a ser uma
hipótese de roubo circunstanciado. O uso de arma branca passou a ser punido apenas
pelo roubo em seu tipo fundamental, com base no art. 157, caput, do Código Penal.

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