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DIREITO

PENAL
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curso, a que temos dedicado todas nossas energias nos últimos meses.

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o Código Civil) e pela legislação penal (especialmente pelo art. 184 do Código Penal).

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Bons estudos!
Aula revista e atualizada em 17/11/2021

DIREITO PENAL – AULA 01


APLICAÇÃO DA LEI PENAL

APLICAÇÃO DA LEI PENAL.................................................................................................................... 3


PRINCÍPIOS RELACIONADOS AS PENAS ................................................................................................ 4
Princípio da Legalidade .................................................................................................................. 4
Princípio da Anterioridade .............................................................................................................. 4
LEI PENAL ............................................................................................................................................... 5
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ............................................................................................................. 5
FONTES DA LEI PENAL ................................................................................................................... 5
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL.................................................................................................... 6
Interpretação quanto às fontes, origem ou sujeito .......................................................................... 7
Interpretação quanto aos meios ..................................................................................................... 8
Interpretação quanto aos resultados .............................................................................................. 8
Analogia e sua aplicação ................................................................................................................ 9
Lei Penal em Branco ....................................................................................................................... 9
SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NO TEMPO ..................................................................................... 10
Lei Nova Benéfica ......................................................................................................................... 11
Crime permanente e continuado................................................................................................... 12
Lei intermediária .......................................................................................................................... 13
Combinação de Leis (Lex Tertia).................................................................................................... 13
Lei Nova Prejudicial ...................................................................................................................... 14
Lei Excepcional e Lei Temporária .................................................................................................. 14
CONFLITO APARENTE DE LEIS PENAIS ...................................................................................... 15
Princípios para a solução do conflito ............................................................................................. 15
TEMPO DO CRIME ........................................................................................................................ 16
LUGAR DO CRIME ......................................................................................................................... 16
Princípios que norteiam a Aplicação da Lei Penal no Espaço .......................................................... 17
EXTRADIÇÃO ................................................................................................................................. 19
IMUNIDADES DIPLOMÁTICAS ..................................................................................................... 20
IMUNIDADES PARLAMENTARES ................................................................................................. 20
Frações não computáveis na Pena ................................................................................................ 21
Pena Cumprida no Estrangeiro ..................................................................................................... 21
PRINCÍPIOS RELACIONADOS AS PENAS

Veremos dois princípios relacionados as penas (existem outros).

Princípio da Legalidade

O princípio da legalidade incide sobre os pressupostos de incriminação de


comportamentos e sobre as consequências jurídicas do delito (Schunemman,
2002). Assim, é fundamental que a lei reduza a discricionariedade do
magistrado no momento de prolação da decisão, bem como na fixação da
quantidade de pena e a forma pela qual essa pena aplicada será cumprida.

Proíbe, portanto, a criação de faltas disciplinares, penas ou sanções por outros


meios contrários à lei (nullum crimem, nulla poena sine lege scripta e nullun
crimen, nulla poena sine lege stricta), bem como veda a criação de tipos penais
indeterminados (nullun crimen, nulla poena, sine lege certa).

Princípio da Anterioridade

É a consagração de uma das funções do princípio da legalidade.

Sua aplicação culmina também no princípio da irretroatividade da lei penal.


Entretanto, a lei penal pode retroagir quando ela beneficia o réu, seja
estabelecendo uma sanção menos grave, seja para deixar de considerar
determinada conduta como criminosa.
LEI PENAL

NOÇÕES INTRODUTÓRIAS

A lei penal pode ser estruturada de duas formas: a primeira, que traz a forma
pela qual o tipo penal incriminador será formado, como o sistema penal será
estruturado, denominadas de leis penais não incriminadoras. Dividem-se em:

Permissivas: justificantes (ou eximentes), quando afastam a ilicitude da


conduta, ou exculpantes, conforme afastem a culpabilidade;

Explicativas: esclarecem conceitos (exemplo: art. 327 do CP, que


conceitua funcionários públicos para fins penais);

Complementares: abarcam princípios que devem ser utilizados no


momento da aplicação da lei (exemplo: art. 59, do CP – “O juiz, atendendo
à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do
agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem
como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime (...)”.

A segunda, denominada tipo penal incriminador, cria infrações penais que se


constituem a partir da junção do preceito primário e do preceito secundário.

Teoria das normas (Karl Binding): A lei penal é descritiva, apenas descreve a
conduta criminosa, não proíbe a sua prática. A isso se deu o nome de proibição
indireta.

FONTES DA LEI PENAL

Fonte material (substancial ou de produção) é a responsável por criar,


elaborar as leis penais.
Nos termos do art. 22, I, da CF/88, compete à União legislar sobre Direito
Penal, embora o constituinte tenha conferido a tal ente a possibilidade de, por
meio de lei complementar, autorizarem aos Estados-membros a normatização
de questões específicas (art. 22, parágrafo único).

Fonte formal (cognitiva ou de conhecimento), por sua vez, traduz o modo pelo
qual o Direito Penal se revela, ou seja, diz respeito à aplicação da norma penal.
Divide-se em:

Fonte formal imediata: a lei; única que pode criar infrações penais e
respectivas penas;

Fontes formais imediatas (secundárias): Constituição Federal,


costumes, princípios gerais de direito e atos administrativos.

Sobre os costumes:

Costume incriminador: não é admitido. Somente a lei é fonte formal


imediata do Direito Penal;

Costume interpretativo (secundum legem): possibilita que o intérprete


compreenda o tipo penal. O conceito de ato obsceno, por exemplo, pode
mudar, acompanhando as transformações da sociedade;

Costume integrativo (praeter legem): objetiva suprir uma lacuna na lei.


Admite-se apenas em relação às leis penais não incriminadoras. O
costume integrativo só pode ser aplicado in bonam partem.

Costume negativo (contra legem): também chamado de desuetudo ou


abolicionista. Apesar de contrariar a lei, não tem o condão de revogá-la.
Exemplo clássico diz respeito à contravenção penal do jogo do bicho, que
continua configurando conduta típica até ser revogado por outra lei (e
não pelo costume

INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL

Interpretar é determinar o significado da lei penal.


Pode ser abordada sob três pontos de vista: semântico (define o significado
isolado das palavras de lei); sintático, que define o significado conjunto das
palavras nas frases empregadas na lei; pragmático, que define a adequação
prática do significado da lei.

Interpretação quanto às fontes, origem ou sujeito

Interpretação autêntica/interpretativa/legislativa: tem natureza cogente e


dela o intérprete não poderá se afastar, porque advém do próprio legislador
que edita a norma com o fim de esclarecer o conceito e o alcance de outra.
Possui eficácia retroativa e divide-se em:

Contextual: presente no próprio corpo da lei;

Posterior: lei posterior é editada para esclarecer a lei interpretada.

Interpretação jurisprudencial: orientação sustentada pelos Tribunais quanto


a determinada forma interpretativa, não possui força vinculante, não possui
natureza de coerção, porém orientam os juízes quanto à melhor aplicação da
lei ao caso concreto.

Há duas situações de força obrigatória do entendimento jurisprudencial:


a súmula vinculante e o caso concreto decidido e alcançado pela coisa
julgada material.

Interpretação doutrinária: produzida pelos estudiosos do Direito, que se


utilizam de suas capacidades técnicas para interpretar a lei. Não possui força
vinculante, contudo é utilizada como parâmetros para a fundamentação de
decisões judiciais.

A Exposição de Motivos do Código Penal é considerada intepretação


doutrinária, não autêntica, pois não faz parte da lei.
Interpretação quanto aos meios

Interpretação gramatical (literal, sintática ou filológica): busca o significado


das palavras contidas no texto legal; procura o sentido da lei através da função
gramatical dos vocábulos, do significado literal que a gramática normalmente
lhe empresta.

Interpretação histórica: compreensão das razões e fundamentos de


determinada lei penal, razões e fundamentos que marcaram o contexto da
edição de determinada lei penal.

Interpretação lógica: (teleológica): objetiva compreender a vontade


manifestada na lei.

Interpretação sistemática: leva em consideração o conjunto de normas do


ordenamento jurídico;

Interpretação lógico-sistemática: o intérprete se envolve com a lógica e busca


descobrir os fundamentos político-jurídico da norma em exame.

Interpretação quanto aos resultados

Interpretação declarativa: não há ampliação, tampouco redução do sentido e


alcance da lei penal, intérprete se limitará a encontrar e declarar a vontade da
lei, que coincidirá com as palavras contidas no texto penal.

Interpretação restritiva: reduz ou limita o alcance do texto objeto de


interpretação com a finalidade de encontrar o seu verdadeiro sentido,
considera-se que a lei penal indica um sentido mais amplo no seu querer.

Interpretação extensiva: considera-se que o texto legal disse menos do que


sua vontade real, ou seja, a norma fica aquém da sua expressão literal.

A doutrina majoritária entende que é admissível a interpretação extensiva.

STF e STJ, todavia, já chegaram a decidir que o princípio da estreita legalidade,


impede a interpretação extensiva para ampliar o objeto descrito na lei penal
(STJ, REsp 476.315/DF e STF, RHC 85.217-3/SP).
Analogia e sua aplicação

Importante instrumento utilizado sempre que houver a necessidade de o


sistema jurídico estender sua força reguladora a situações não previstas, para
o fim de buscar uma solução que lhe seja imanente.

A analogia (integração analógica ou suplemento analógico), diz respeito à


ausência de lei criada para regular o caso. Cria-se, então, uma nova norma a
partir de outra existente (analogia legis) ou de princípio geral do direito
(analogia iuris).

Admite-se a analogia benéfica ao acusado (in bonam partem) para quaisquer


tipos de lei, exceto as leis excepcionais.

Enquanto a interpretação analógica busca a vontade da lei, a analogia supre


essa vontade.

Na interpretação analógica há lei criada para o caso concreto. Busca-se,


todavia, ampliar um conceito legal quando o texto é encerrado de forma
genérica, o que permite alcançar outras hipóteses. A doutrina chama essa
possibilidade de interpretação intra legem. Existe, portanto, no tipo penal,
uma fórmula casuística + uma fórmula genérica.

Exemplo: é qualificado o homicídio quando cometido mediante paga ou


promessa de recompensa ou por outro motivo torpe, esta expressão final
abrangente é considerada uma fórmula genérica.

As leis penais não incriminadoras podem ter suas lacunas integradas pela
analogia, desde que não haja prejuízo para o agente e por isso são
denominadas de analogia in bonam partem.

Lei Penal em Branco

É modalidade de lei penal, cuja definição do preceito primário (conduta) é


genérica ou indeterminada, e, portanto, necessita de complementação.
Lei penal em branco em sentido lato (homogênea ou imprópria):
complementada por norma de mesmo status normativo, emanada da mesma
fonte de produção. O complemento é uma lei. Divide-se em: homovitelínea
(complemento está na mesma lei penal) ou hetorivitelínea (outra lei, portanto,
não penal).

Lei penal em branco em sentido estrito (heterogênea, própria, fragmentária


ou em sentido estrito): complementada por norma de status normativo
distinto, emanada de outra fonte de produção.

Lei penal em branco inversa (ao avesso, ao revés, invertidas ou


secundariamente remetidas): preceito secundário (pena) precisa de
complementação, somente outra lei poderá complementá-la, sob pena de
ofensa ao princípio da reserva legal.

Lei penal em branco ao quadrado: próprio complemento depende de


complementação.

Lei penal em branco de fundo constitucional: complemento do preceito


primário está inserido na Constituição Federal.

Norma penal em preto é aquela que não necessita de complemento.

SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NO TEMPO

O princípio da continuidade das leis rege a aplicação da lei penal no tempo,


pois as leis penais incriminadoras e não incriminadoras após entrarem em
vigor, permanecem vigentes até que lei posterior as modifique ou revogue.

Em regra, tem-se que a lei penal regerá os fatos que foram praticados
durante a sua vigência, ou seja, tempus regit actum.

Excepcionalmente, haverá a possibilidade de extra atividade da lei penal mais


benéfica, que se manifesta ora como retroatividade, ora como ultratividade.

Retroatividade: a lei alcança fatos praticados antes de sua entrada em


vigor;
Ultratividade: a lei, ainda que revogada, continua a regular fatos
ocorridos enquanto possuía vigência.

Lei Nova Benéfica

Prevê que a lei posterior mais benéfica deve ser aplicada aos fatos anteriores,
ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

Com base na teoria da ponderação concreta, para a determinação de qual lei


seja a mais favorável, é necessário que se faça exame cuidadoso do efeito da
aplicação das leis – anterior e posterior-, e utilizar-se da que se apresente mais
favorável no caso concreto.

Lei nova mais benéfica não abolidora (novatio legis in mellius ou lex mitior):
quer indicar apenas que houve uma alteração legislativa que de certo modo
favoreceu o agente.

Abolitio criminis ou lei nova abolidora: descriminalização de condutas.


Portanto, deixa de considerar determinado fato como infração penal, é
aplicável inclusive durante a execução da pena, art. 2º, do CP.

Abolitio criminis temporária, também denominada abolitio criminis indireta,


surgiu com o Estatuto do Desarmamento (Lei n. 10.826/03), pois estabeleceu
um prazo para que possuidores e proprietários de armas de fogo entregassem
ou regularizassem os respectivos registros das armas.

Para que haja abolitio criminis, o fato, antes objeto da lei penal incriminadora,
deve se tornar irrelevante, não apenas revogado, pois caso passe a ser
disciplinado em outro dispositivo legal, será o caso de continuidade normativo
típica (ou típico-normativa), ou seja, alteração meramente topográfica da
conduta.

É causa de extinção da punibilidade. Isso quer dizer que são cancelados os


efeitos penais e afasta-se a reincidência no caso de o agente cometer outro
crime. Os efeitos extrapenais, por sua vez, se mantêm, a exemplo da
obrigação de indenizar o dano gerado pelo crime.
Alteração do complemento da norma penal em branco: Quando há
revogação do complemento da norma penal em branco e ela é:

Homogênea: o complemento é lei, se ela é modificada há retroatividade


benéfica;

Heterogênea:

Situação de normalidade: a modificação retroage e beneficia o réu;

Situação de anormalidade: a modificação NÃO retroage e o


complemento produz efeitos ultrativos.

Atenção para o fato de que dependendo da fase processual ou de execução na


qual o processo criminal se encontra será competente outro Juízo.

Fase de Conhecimento: juízo sentenciante.

Fase recursal: Se a decisão da Câmara Criminal for atingida pela lex


mitior, que o teor dessa lei interferir na metodologia de cálculo da pena,
a Câmara remeterá os autos para o Juízo retificar a sentença; Caso a
decisão da Câmara seja atingida pela lex mitior nova mais benéfica, a Lei
nova deverá ser aplicada pela Câmara.

Fase de execução de pena: posicionamento majoritário nos tribunais


sustenta que caberá a aplicação pelo Juízo da execução.

Crime permanente e continuado

Nos termos da súmula 711 do STF, “a lei penal mais grave aplica-se ao crime
continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação
da continuidade ou da permanência”.

Assim, ainda que uma lei mais benéfica esteja vigente ao tempo do início da
conduta, a lei mais grave será aplicada se sua vigência for anterior à cessação
da continuidade ou permanência.
Lei intermediária

Podemos estar diante de situação na qual a sucessão de leis penais envolva a


aplicação de uma lei intermediária, mais benéfica, ainda que não estivesse em
vigor na data da conduta ou esteja em vigor na data do julgamento.

STF: incidência da norma intermediária mais favorável. Dada a garantia


constitucional de retroatividade da lei penal mais benéfica ao réu, é
consensual na doutrina que prevalece a norma mais favorável, que tenha tido
vigência entre a data do fato e a da sentença: o contrário implicaria retroação
da lei nova, mais severa, de modo a afastar a incidência da lei intermediária
(RE 418.867/MT).

Combinação de Leis (Lex Tertia)

Ocorre nas hipóteses em que a lei nova é, apenas em parte, mais benéfica que
a lei antiga;

Atualmente, o entendimento majoritário é no sentido da impossibilidade da


combinação de leis.

Aplica-se a chamada teoria da ponderação unitária (ou global), segundo a


qual a lei deve ser aplicada na totalidade de suas disposições, afastando-se a
possibilidade de combinação de leis.

O STJ sumulou o entendimento: “É cabível a aplicação retroativa da Lei n.


11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na
íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n.
6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis”.
Lei Nova Prejudicial

A aplicação da lei penal mais gravosa se manifesta sob as formas de lei nova
incriminadora (novatio legis incriminadora) e lei nova prejudicial (novatio
legis in pejus).

Lei nova incriminadora: define como crime determinado contexto fático que
antes da sua entrada em vigor não era considerado um comportamento
criminoso. Cria um crime que antes não existia.

Lei nova prejudicial (lex gravior): atinge tipo penal incriminador já existente,
para o fim de inserir, ou alterar, de forma mais severa, novas qualificadoras e
causas de aumento de pena.

As duas modalidades de lei penal prejudicial não se aplicam aos fatos ocorridos
antes da sua entrada em vigor.

A lei mais benéfica, por sua vez, vigente ao tempo da conduta, será aplicada
(ultratividade).

O emprego de arma branca voltou a ser uma causa de aumento de pena do


roubo (inciso VII do § 2º do art. 157 do CP, com base na Lei 13.964/2019 -
"Pacote Anticrime"). A nova norma se trata de novatio legis in pejus ou lex
gravior, a qual não poderá retroagir para prejudicar o agente

Lei Excepcional e Lei Temporária

Já trazem em seu texto o período de vigência, seja por meio de prazo de


vigência estabelecido em seu corpo (lei temporária), seja pelo período de
determinado acontecimento (excepcional).

Nesse sentido o art. 3º, do CP, estabelece que a lei excepcional ou temporária,
embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que
a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

Ambas as normas penais terão o efeito de ultratividade.


CONFLITO APARENTE DE LEIS PENAIS

O conflito aparente de leis penais ocorre quando há a atribuição de tipificações


penais diversas para um mesmo contexto fático.

Requisitos: unidade do fato, pluralidade de leis penais, vigência simultânea


de todas elas.

É aparente porque haverá a incidência de princípios que funcionarão de baliza


para o intérprete da lei penal, para a consubstanciação da norma penal
adequada, tudo para que se evite a ocorrência de bis in idem.

Princípios para a solução do conflito

Princípio da Especialidade: para a doutrina majoritária, esse é o mais


importante de todos os princípios. A norma especial derroga a lei geral. A
norma especial possui os elementos da norma penal incriminadora geral e
ainda outros elementos, denominados de especializantes, que podem ou não
trazer mais severidade ao regulamentar determinados fatos. Análise no plano
abstrato.

Princípio da Subsidiariedade: lei subsidiária será excluída pela lei principal,


mais grave, eventual aplicação deve ocorrer mediante a análise do caso
concreto. A subsidiariedade pode ser expressa ou tácita. É expressa quando a
própria lei descreve a subsidiariedade explicitamente, e tácita quando a lei
menos grave não condiciona de forma taxativa a respectiva aplicação no caso
de impossibilidade de incidência da lei mais grave.

Princípio da Consunção ou Absorção: a norma definidora de um crime


constitui meio necessário ou fase normal de preparação ou execução de outro
crime, ou seja, há consunção quando o fato previsto em determinada norma é
compreendido em outra, mais abrangente, aplicando-se somente esta.
Aplicado nas hipóteses de: progressão criminosa, crime progressivo, crime
complexo, fase posterior não punível.
O STJ, por exemplo, possui entendimento no sentido de que “quando o
falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este
absorvido” (súmula 17).

Princípio da Alternatividade: situações de tipos penais incriminadores que


possuem em seu preceito primário mais de um verbo nuclear, e por essa razão
esses crimes são denominados de tipos mistos alternativos.

TEMPO DO CRIME

Aplicação da lei penal é definida quando o sujeito pratica a conduta, mesmo


que outro seja o momento do resultado. Em razão da previsão legal, aplica-se,
portanto, a teoria da atividade.

Se for o caso de crime continuado haverá a incidência da lei penal somente aos
fatos cometidos quando o agente era imputável.

No caso de crime permanente (aquele cujo momento consumativo se prolonga


no decurso do tempo, caso o agente tenha praticado o verbo do tipo
(sequestrar) ainda adolescente, mas antes da sua prisão em flagrante ele já
estiver completado 18 anos, haverá a aplicação apenas do Código Penal.

LUGAR DO CRIME

De acordo com a teoria da ubiquidade (adotada pelo Código Penal), considera-


se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou
em parte, bem como se produziu ou deveria produzir-se o resultado (art. 6º,
do CP).

Esse regramento somente se afigura importante nos crimes à distância,


também denominados de espaço máximo, que são aqueles cuja execução se
inicia no território de outro país e a consumação ocorre ou deveria ocorrer em
outro. Trata-se de conflito internacional de jurisdição.
O art. 6º também é aplicado aos crimes em trânsito, ou seja, que percorrem o
território de mais de dois países.

No caso de crimes plurilocais (ou de espaço mínimo), ou seja, cuja prática


envolve duas ou mais comarcas/seções judiciárias de um mesmo país, a regra
não é aplicada. Nesse caso, estaremos diante de conflito interno de
competência.

Princípios que norteiam a Aplicação da Lei Penal no


Espaço

Princípio da Personalidade ou da Nacionalidade: se se tratar da personalidade


ativa (o nacional é o autor do fato), aplica-se a lei brasileira
independentemente da nacionalidade do sujeito passivo e do bem jurídico
atingido. Por outro lado, a personalidade passiva estabelece que o autor do
crime será julgado de acordo com a lei brasileira quando a vítima for brasileira.

Princípio do Domicílio: o autor do fato deverá ser julgado nos termos da


legislação do país em que for domiciliado, ainda que seja de nacionalidade
diversa.

Princípio da Defesa Real, da Proteção ou da Nacionalidade do bem jurídico


lesado: aplicar-se-á a lei brasileira aos crimes praticados fora do Brasil sempre
que houver ofensa a bens jurídicos que pertencerem ao Brasil.

Princípio da Justiça Universal/da Justiça Cosmopolita (competência


universal, jurisdição mundial, repressão mundial ou universalidade do
direito do país): todos os Estados soberanos poderão punir os autores de
determinados crimes, desde que tenham sido praticados em seu território, de
acordo com os regramentos trazidos pelos tratados ou convenções
internacionais, ainda que os autores sejam nacionais de outro país.

Princípio da Representação/Pavilhão/Bandeira (princípio subsidiário ou da


substituição): Assevera que deverá ser aplicada a lei penal brasileira aos
crimes cometidos em embarcações ou aeronaves brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, quando estiverem em território estrangeiro e ali não
sejam julgados.

Princípio da territorialidade: regra geral e está prevista no art. 5º, do Código


Penal, a saber, “aplica-se a lei brasileira sem prejuízo de convenções, tratados
e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.”

Território Nacional por Extensão: consideram-se como extensão do território


nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a
serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as
aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou
em alto-mar. Apesar de invioláveis, as embaixadas não são consideradas
extensão do território dos países que representam.

Extraterritorialidade: aplicação da lei brasileira a fatos ocorridos fora do


território nacional e do território nacional por extensão. Pode se manifestar
sob a forma de extraterritorialidade condicionada ou incondicionada.

Extraterritorialidade Incondicionada: Está prevista no art. 7º, inciso I, do


Código Penal. Nas hipóteses elencadas nas alíneas deste inciso, haverá a
possibilidade de instauração de processo criminal no Brasil, sem nenhuma
outra exigência.

Extraterritorialidade Condicionada: Além da prática do fato considerado


como criminoso, existe a necessidade do preenchimento de algumas
condicionantes. Estão previstas no art. 7º inciso II e §3º, do Código Penal. A
aplicação da lei penal brasileira será subsidiária em relação aos crimes
praticados fora do território nacional.

Extraterritorialidade Hipercondicionada: Caso o fato seja praticado por


estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, além das condições elencadas no
art. 7º, II e §3º, é necessário que haja a requisição do Ministro da Justiça e que
a extradição não tenha sido feita por parte do país originário ou caso tenha
havido a solicitação, tal pedido tenha sido negado pelo Brasil.

Ainda sobre local do crime, precisamos lembrar de dois pontos:


Crime tentado: O lugar do crime é aquele onde se desenvolveram os atos
de execução da infração, bem como aquele em que deveria ser produzido
o resultado (ubiquidade);

Coautoria/participação: Operando-se o concurso de pessoas no


território brasileiro, aplica-se a lei penal nacional ainda que o crime tenha
sido integralmente executado no exterior.

EXTRADIÇÃO

Processo pelo qual um Estado entrega o autor de um fato a outro Estado, este
último, competente para aplicar ou para executar a pena criminal respectiva,
desde que haja entre ambos, tratados bilaterais ou promessa de
reciprocidade, mediante a observância de algumas condições.

É necessário que o Estado requerente da extradição não prenda ou julgue o


extraditando por fato diverso do que fora praticado; computar o tempo de
prisão no Brasil, caso esteja nessa condição; não entregar o extraditando a
outro Estado, exceto com consentimento do Brasil; excluir a agravação da
pena que será imposta no país solicitante por motivos políticos; e comutar
eventual pena de morte ou pena corporal em pena privativa de liberdade.

Deportação: Trata-se da retirada compulsória de pessoa que se encontre em


situação migratória irregular em território nacional, com a observância do
contraditório e da ampla defesa, mediante a instauração de processo
administrativo (Lei de Migração, nº 13.445/17). Inexiste na lei condicionantes
para o reingresso do deportado.

Expulsão: há a condenação definitiva pelos crimes de guerra, genocídio, contra


a humanidade, por crime doloso comum passível de pena privativa de
liberdade, consideradas a gravidade e as possibilidades de socialização em
território nacional e crime de agressão, desde que definidos pelo Estatuto de
Roma do Tribunal Penal Internacional.
IMUNIDADES DIPLOMÁTICAS

As imunidades abrangem agentes diplomáticos e seus familiares e


funcionários das organizações internacionais quando em serviço. Esta
imunidade é motivada pelo fato de que os diplomatas possuem cultura
diferente da brasileira, de modo a facilitar o trabalho desses agentes.

Os cônsules possuem apenas imunidade administrativa e jurídica, desde que


realizado no exercício das funções consulares. Assim, cônsules são
considerados agentes administrativos.

Entretanto, essa imunidade poderá ser renunciada pelo Estado acreditante e


não pelo agente diplomático.

IMUNIDADES PARLAMENTARES

Abrange Deputados Federais e Senadores e não se estendem aos suplentes.

Quanto aos Deputados Estaduais, serão aplicadas as mesmas regras sobre o


sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda do
mandato, licença, impedimentos e incorporação às forças armadas aplicáveis
aos Deputados Federais e Senadores (art. 27, §1º, CRFB).

Por outro lado, os municípios serão regidos por lei orgânica que deverá
estabelecer a inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e
votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município (art. 29, caput
e VIII, ambos da CRFB). Assim, inexiste previsão constitucional para a
imunidade formal para vereadores, de tal modo que lei orgânica não poderá
prever tais garantias.

A diplomação é o termo inicial a partir do qual a imunidade parlamentar se


materializa.

Na imunidade material, também chamada de absoluta, substantiva, o


parlamentar possui inviolabilidade (senador, deputados federal e estadual, e
vereadores) quanto ao exercício do mandato, quanto a suas opiniões, palavras
e voto.

A imunidade formal, também denominada relativa ou processual, cuida da


prisão e do processo instaurado contra deputados federais e senadores (art.
53, §1º ao §5º, da CRFB). Assim, esses congressistas não poderão ser presos,
seja a prisão de natureza civil (ex. decorrente de alimentos), seja de natureza
penal (em qualquer das modalidades da prisão provisória), com exceção da
prisão em flagrante por crime inafiançável.

Se for o caso de denúncia criminal contra o parlamentar – desde que por crime
cometido posteriormente à diplomação -, o STF dará ciência a casa respectiva
(não é necessária licença prévia da casa respectiva), que por iniciativa do
partido político nela representado e pelo voto da maioria dos seus membros,
poderá, até a final decisão, sustar o andamento da ação.

Frações não computáveis na Pena

Na aplicação das penas privativas de liberdade e das penas restritivas de


direitos, as frações de dia serão desprezadas (CP, Art. 11).

Quando se tratar da aplicação da pena de multa, as frações de unidade


monetária vigente serão desprezadas.

Esse conhecimento relacionado a pena de multa, é importante, visto que nas


provas de procuradorias, essa natureza de pena tem muita relevância, pois o
inadimplemento gerará execução fiscal.

Pena Cumprida no Estrangeiro

A sentença estrangeira – nas hipóteses em que a aplicação da lei brasileira


produza as mesmas consequências - poderá ser homologada no Brasil para
obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos
civis; e para sujeitar o condenado a medida de segurança (CP, art. 9º).
Nesse particular, caberá ao STJ a homologação de sentença estrangeira, que
nos casos de obrigar o condenado a reparação do dano, dependerá de
requerimento da parte interessada; para os demais efeitos dependerá da
existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária
emanou a sentença, ou, na ausência de tratado, de requisição do Ministro da
Justiça.

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