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 #costurandoatoga

 Apostila 02 – Direito Penal


 Lei penal

Elaborado dia 09/03/2018

Resumo extraído dos Pontos da Magistratura Federal do TRF1


*Atualizado por Gabriel Zago Capanema Vianna de Paiva (27/7/2014)
*Atualizado por Diovane Franco Rodrigues em 2018, com base no livro do Masson e
jurisprudências STF/STJ até a presente data - 02/2018.

SUMÁRIO
1. A Lei Penal ..................................................................................................................................... 1
1.1. Divisões da lei penal: ................................................................................................................... 1
1.2. Características ............................................................................................................................. 2
1.3. Princípio da Legalidade e a Lei Penal: ......................................................................................... 2
1.3.1. Diferença entre princípio da legalidade e da reserva legal: ............................................... 2
1.3.2. Origem do princípio da legalidade: .................................................................................... 3
1.3.3. Fundamentos: .................................................................................................................... 3
1.4. Norma penal incompleta – Lei penal em branco. ....................................................................... 5
1.5. Fontes do Direito Penal ............................................................................................................... 6
1.6. Interpretação da lei penal ........................................................................................................... 7
1.7. Aplicação no tempo e no espaço................................................................................................. 9
1.7.1. Lei penal no tempo/tempo do crime ................................................................................. 9
1.7.1.1. Abolitio Criminis ........................................................................................................... 10
1.7.1.2. Sucessão da lei penal ................................................................................................... 11
1.7.2. Lei penal no espaço/lugar do crime ................................................................................. 15
1.8. Imunidades e foros por prerrogativa ........................................................................................ 19
1.8.1. Diplomática: ................................................................................................................. 20
1.8.2. Parlamentar: ................................................................................................................ 20

1 1.8.2.1. Imunidade Parlamentar ABSOLUTA ........................................................................ 21


1.8.2.2. IMUNIDADE RELATIVA ou imunidade formal: ......................................................... 22
Trata-se de imunidade processual e de prisão. ................................................................................. 22
1.9. Disposições finais sobre aplicação da lei penal ......................................................................... 26
2. Conflito aparente de normas. ...................................................................................................... 27

1. A Lei Penal
1.1. Divisões da lei penal:
a) Incriminadoras: criam crimes e cominam penas.
b) Não incriminadoras: não criam crimes e nem cominam penas.
a. Permissivas: autorizam a prática de condutas típicas – exclusão de ilicitude.
b. Exculpantes: estabelecem a não culpabilidade do agente ou a impunidade de
determinados delitos – inimputabilidade, reparação do dano antes da
sentença em peculato, retratação antes da sentença no caso de falso
testemunho/perícia.
c. Interpretativas: esclarecem conteúdo e significado de outras leis penais.
d. Complementares, de aplicação: delimitam o campo de validade da lei
incriminadora.
e. Diretivas: estabelecem princípios a serem seguidos.
f. Integrativas ou de extensão: complementam a tipicidade no tocante ao nexo
causal nos crimes omissivos impróprios, à tentativa, à participação.
c) Completas ou perfeitas: apresentam todos os elementos da conduta criminosa.

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d) Incompletas ou imperfeitas: reservam a lei/ato normativo ou ao julgador a definição


completa da conduta criminosa.
a. Leis penais em branco: quando a definição completa fica reservada à lei ou
outro ato normativo.
b. Tipos penais abertos: quando a definição fica reservada ao julgador.
1.2. Características
Estas são as características da Lei Penal, segundo Cleber Masson:
a) Exclusividade: somente a lei pode criar delitos e cominar penas (CF, art. 5º, XXXIX, e
CP, art. 1º).
b) Imperatividade: o seu descumprimento acarreta a imposição de pena ou de medida de
segurança, tornando obrigatório o seu respeito;
c) Generalidade: dirige-se indistintamente a todas as pessoas, inclusive aos inimputáveis.
Destina-se a todas as pessoas que vivem sob a jurisdição do Brasil, estejam no
território nacional ou no exterior. Justifica-se pelo caráter de coercibilidade que devem
ter todas as leis em vigor, com efeito imediato e geral (Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro, art. 6º).
d) Impessoalidade: projeta-se os seus efeitos abstratamente a fatos futuros, para
qualquer pessoa que venha a praticá-los. Há duas exceções, relativas ás leis que
prevêem anistia e abolitio criminis, as quais alcançam fatos concretos.

2 e) Anterioridade: as leis penais incriminadoras apenas podem ser aplicadas se estavam


em vigor quando da prática da infração penal, salvo no caso da retroatividade da lei
benéfica.

1.3. Princípio da Legalidade e a Lei Penal:


Princípio da legalidade: (pilar do garantismo) art. 1º do CP (Art. 1º - Não há crime sem lei
anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal – constitui uma real limitação
ao Poder Estatal de interferir na esfera de liberdades individuais (art. 5º, XXXIX, CF - XXXIX -
não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;).
Em síntese é uma contenção ao poder punitivo (art. 9º da CADH – ninguém poderá ser
condenado por atos ou omissões que, no momento em que foram cometidos, não constituam
delito, de acordo com o direito aplicável. Tampouco poder-se-á impor pena mais grave do que
a aplicável no momento da ocorrência do delito. Se depois de perpetrado o delito, a lei
estipular a imposição de pena mais leve, o delinquente deverá dela se beneficiar.).
1.3.1. Diferença entre princípio da legalidade e da reserva legal:
1ª corrente: diz que princípio da legalidade é sinônimo de reserva legal.
2ª corrente: diz que não se confundem. Na legalidade, considera-se lei em sentido amplo –
todas as espécies normativas do art. 59, CF, bem como, atos infralegais. Já a reserva legal,
considera-se a lei em sentido estrito – abrangendo lei ordinária e lei complementar. Assim,
para essa corrente o art. 1º adota o princípio da reserva legal (FMB).
3ª corrente: diz que princípio da legalidade é reserva legal + anterioridade. Assim, o art. 1º
adotou o princípio da legalidade (Fernando Capez). Esta é a corrente que prevalece.
Esse princípio é a viga mestra para o garantismo.
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O princípio da legalidade constitui uma real limitação ao poder estatal de interferir na


esfera de liberdades individuais (garantia do indivíduo contra o Estado, jamais pode ser usado
pelo Estado contra o indivíduo). Este princípio está previsto no art. 5°, XXXIX da CF, no art. 1°
do CP e na Convenção Americana sobre Direitos Humanos (CADH) no art. 9°, Estatuto de Roma
art. 22 e 23.
1.3.2. Origem do princípio da legalidade:
1° corrente: o princípio da legalidade nasceu no Direito Romano;
2° corrente: nasceu na Carta de João Sem Terra (1215).
3° corrente: nasceu no Iluminismo, tendo sido recepcionado pela Revolução Francesa. (prevê
reserva legal + anterioridade - Cesare Becaria).

1.3.3. Fundamentos:
1°) Político: exigência de vinculação do Executivo e Judiciário à leis formuladas de forma
abstrata. Impede o poder punitivo com base no livre arbítrio.
2°) Democrático: respeito ao princípio da divisão de poderes/funções. Só o Parlamento,
representante do povo, pode criar crimes.
3°) Jurídico: uma lei prévia e clara produz importante efeito intimidativo.
 É aplicável às contravenções penais? SIM.
R.: A doutrina pacificamente entende que onde o art. 1º escreve crime é infração penal
(crimes e contravenções).
3  É aplicável às Medidas de Segurança? Majoritariamente, SIM.
R.: A 1ª corrente considera a finalidade da MS (curativa) e não punitiva, não está
submissa ao princípio da legalidade (Francisco de Assis Toledo); 2ª corrente diz que sendo
espécie de sanção penal submete-se ao princípio da legalidade (onde escreve pena quis
dizer sanção penal), porém pena e medida de segurança são institutos diferentes, porém
ambas soa espécies de sanção penal. É a majoritária.
OBS.: O art. 1° dever ser lido: “Não há infração penal sem lei que o defina, nem sanção penal
sem prévia cominação legal.”
OBS.: O art. 3° do CPM não obedeceu ao princípio da legalidade, visto que apesar de respeitar
a reserva legal não respeita a anterioridade, vez que admite a aplicação da lei não vigente a
época do fato, mas a época da sentença e até mesmo vigente a época da execução, assim, não
foi recepcionado pela CF/88.
OBS.: Princípio da legalidade para ser garantia do cidadão deve começar dizendo que não há
crime ou pena sem lei (em seu sentido restrito – ordinária e complementar).
 Assim, medida provisória (ato normativo com forca normativa) não cria crime, porque não é
lei em sentido estrito. Assim, direito penal incriminador não pode ser objeto de medida
provisória. Mas pode legislar sobre direito penal não incriminador?
1ª corrente: não, seja ele incriminador ou não - art. 62, § 1º, I, b, CF;
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
I – relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

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b) direito penal, processual penal e processual civil; (Incluído pela


Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
2ª corrente: entende que pode ser objeto de medida provisória se tratar de direito penal
não incriminador (LFG), em favor do réu. Um exemplo é o Estatuto do Desarmamento (Lei nº.
11.706), tendo a MP prorrogado o período para licenciamento da arma de fogo. É o
entendimento do STF. O STF no RE 254.818-PR, discutindo os efeitos benéficos trazidos pela
MP 1571/97 (permitiu o parcelamento de débitos tributários e previdenciários, com efeitos
extintivos da punibilidade) proclamou sua admissibilidade em favor do réu.
Pela importância do tema, segue a ementa do referido julgado: Medida provisória: sua
inadmissibilidade em matéria penal - extraída pela doutrina consensual - da interpretação
sistemática da Constituição -, não compreende a de normas penais benéficas, assim, as que
abolem crimes ou lhes restringem o alcance, extingam ou abrandem penas ou ampliam os
casos de isenção de pena ou de extinção de punibilidade.
 Resolução do TSE, CNJ, CNMP pode versar sobre direito penal?
R.: Não pois não é lei em sentido estrito, portanto não pode versar sobre direito penal.
Lei delegada pode versar sobre direito penal (incriminador ou não incriminador)?
R.: Art. 68, § 1°, II da CF – Não. A vedação do artigo está na expressão “direitos
individuais”, visto que direito penal é eminentemente individual.
 Princípio da legalidade – para ser garantia do cidadão contra a ingerência arbitrária do Estado,
a lei deve ser:
4 a) Anterior – aos fatos que busca incriminar (veda-se a retroatividade maléfica).
Ex.: art. 213 do CP passou a tipificar o antigo estupro e o atentado violento ao
pudor como figura única, ou seja, foram reunidos e geraram um crime de ação
múltipla, assim retroagirá para beneficiar o réu;
b) Escrita – veda-se o costume incriminador;
c) Estrita – veda-se a analogia incriminadora;
d) Certa – taxatividade na determinação das condutas. Ex.: art. 20, art. 7.179/83
(crimes contra segurança nacional) – terrorismo é crime no Brasil? R.: o art. 20
não é claro em definir a conduta, usando somente a expressão “atos de
terrorismo” – não trazendo fácil compreensão, fere a segurança jurídica,
dizendo a maioria da doutrina que este dispositivo não foi recepcionado pela
CF;
e) Necessária – é desdobramento do princípio da intervenção mínima.
Rogério Greco: em síntese, pode-se delimitar quatro funções fundamentais ao princípio da
legalidade:
1ª) proibir a retroatividade da lei penal (nullum crimen nulla poena sine lege praevia);
2ª) proibir a criação de crimes e penas pelos costumes (nullum crimen nulla poena sine
lege scripta);
3ª) proibir o emprego da analogia para criar crimes (nullum crimen nulla poena sine lege
stricta);
4ª) proibir incriminações vagas e indeterminadas (nullum crimen nulla poena sine lege
certa).
É preciso acrescentar ao art. 1º a anterioridade – lei anterior que o defina. A retroatividade
maléfica não é possível, mas a benéfica é.
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Exige lei escrita (proibindo o costume incriminador). É possível, no entanto, costume


interpretativo.
Exige também lei anterior escrita estrita (proíbe a analogia incriminadora). Mas é possível
a analogia “in bonan parte”.
Exige, também, lei anterior, escrita, estrita e certa (de fácil entendimento).
Princípio da taxatividade ou mandado de certeza.
Exige lei anterior, escrita, estrita, certa e necessária (princípio da intervenção mínima)
O princípio da legalidade é o pilar do GARANTISMO – poder punitivo mínimo do Estado em
face ao máximo de garantias aos indivíduos. Para o bom cidadão, o máximo de bem-estar para
o mau cidadão o mínimo de mal-estar.
OBS.: Lei penal
1) Completa: dispensa complemento normativo (dado por outra norma) ou valorativa
(dado pelo juiz). Ex. art. 121 do CP.
2) Incompleta: necessita de complemento normativo ou valorativo.

1.4. Norma penal incompleta – Lei penal em branco.


A norma penal incompleta se divide em:
a- Norma penal em branco: lei que depende de complemento normativo (dado por outra
5 norma). Que se divide em:
a.1- Norma penal em branco própria (em sentido estrito/heterogênea): complemento
normativo de natureza jurídica diversa e emana de órgão distinto daquele que
elaborou a lei. Ex: Portaria do Ministério da Saúde.
a.2- Norma penal em branco imprópria (em sentido amplo/homogênea):
complemento normativo que emana do legislador.
a.2.1- Homovitelina (homologa): o complemento emana da mesma instancia
legislativa (mesmo estatuto). Ex.: funcionário público.
a.2.2- Heterovitelina (heteróloga): o complemento emana de instancia
legislativa diversa (estatutos diferentes). Ex.: art. 236 do CP, onde o complemento está
no CC.
a.2.3 – Norma penal em branco ao revés, inverso ou avesso – neste caso, o
complemento normativo diz respeito a sanção e não ao conteúdo proibitivo. Ex.: Lei
2.889/55, art. 1° - (Lei do genocídio). Na norma penal em branco ao revés o
complemento só pode ser através de lei. OBS: só pode ter como complemento outra
lei, jamais outra espécie normativa. Fundamentos: político (impede o poder punitivo
com base no livre arbítrio); democrático (parlamento, representante do povo, deve ser
responsável pela criação de crimes); jurídico (uma lei prévia e clara produz importante
poder intimidativo).
a.2.4 – Norma penal em branco de fundo constitucional: o complemento do preceito
primário constitui-se em norma constitucional.
a.2.5 – Norma penal em branco² ao quadrado: é aquela cujo o complemento também
precisa de complementação. O tipo é duplamente complementado.

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b- Tipo aberto: depende de comportamento valorativo dado pelo juiz. Ex.: crimes
culposos (negligencia, imprudência e imperícia).
 Norma penal em branco heterogênea é constitucional? SIM.
R.: Para Rogério Greco a norma penal em branco heterogênea é inconstitucional,
ofendendo o princípio da reserva legal. Argumento o referido autor que seu conteúdo é criado
e modificado sem que haja uma discussão amadurecida da sociedade a seu respeito, como
acontece quando os projetos de lei são submetidos à apreciação do Congresso.
Prevalece, no entanto, a constitucionalidade da norma penal em branco heterogênea.
Neste caso, há um tipo penal incriminador que traduz os requisitos básicos do delito, pois o
legislador não pode deixar a descrição típica essencial por conta da autoridade administrativa.
O que a autoridade administrativa pode fazer é explicitar um dos requisitos típicos dados pelo
legislador.
- Art. 269 CP (doença de notificação compulsória) – norma penal em branco
incompleta própria/em sentido estrito/heterogênea.
 Lex mitior, vacatio legis e princípio da extra-atividade da lei penal:
Rogério Greco defende que, tratando-se de lei penal benéfica, uma vez promulgada e
publicada, deve ser de imediato aplicada em benefício do réu, não sendo necessário aguardar
o início de sua vigência.
1.5. Fontes do Direito Penal
É a origem jurídica.
6 A) Fonte material (produção/criação): órgão encarregado da criação do Direito Penal. Em
regra, somente a União está autorizada a produzir (art. 22, I da CF), mas o § único diz que LC
pode autorizar o Estado em matéria de interesse local.

B) Fonte formal (revelação/divulgação): processo de exteriorização da fonte material.


A doutrina clássica divide em: imediata (lei) e mediata (costumes e princípios gerais de
direito).
A doutrina moderna também em imediata e mediata, mas divide a imediata em direito
penal incriminador (lei) e não incriminador (CF, tratados internacionais, lei e jurisprudência,
súmula vinculante). As mediatas são os costumes e Princípio Gerais de Direito.

Fontes em espécie:
Costume: comportamentos uniformes e constantes (prática reiterada) pela convicção de sua
obrigatoriedade e sua necessidade jurídica – não existe no Brasil o costume incriminador – não
se cria crime, nem se comina pena.
Costume revoga infração penal?
R.: 1°) corrente: não, pois lei somente pode ser revogada por outra lei (LINDB) – Jogo de bicho
é contravenção e será punido.
2°) corrente: revoga, em especial quando a infração penal é tolerada pela sociedade – Jogo
do bicho não é mais contravenção penal.
3°) corrente: costume não revoga formalmente infração penal, mas não pune o
comportamento quando perde eficácia social – Jogo do bicho é contravenção que não mais se
pune.

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Prevalece a primeira corrente.


A utilidade do costume no direito penal brasileiro é o costume interpretativo
(costume secundum legem), aclarar o sentido na norma jurídica penal. Ex.: art. 155, § 1° -
repouso noturno - período que determinada a sociedade retira para descanso diário; ato
obsceno.
Princípios Gerais do Direito: Direito que vive na consciência comum de um povo. Como ocorre
com os costumes, também o PGD não pode ser fonte de norma incriminadora, atuando
somente no campo da interpretação.
FONTES DO DIREITO PENAL ANTES DA EMENDA CONSTITUCIONAL 45/04
- IMEDIATA: Lei
- MEDIATAS: Costumes e princípios gerais do direito
FONTES DO DIREITO PENAL APÓS A EMENDA CONSTITUCIONAL 45/04
- IMEDIATAS:
1) Lei (única que pode versar sobre norma penal incriminadora).
2) Constituição Federal
3) Tratados Internacionais de Direitos Humanos
4) Atos administrativos
5) Jurisprudência (súmula vinculante)
- MEDIATA: doutrina
OBS.: Costume passou a ser fonte informal do direito penal.
7 Atos Administrativos: Os atos administrativos, no Direito Penal, funcionam como
complemento das normas penais em branco. (Fonte Formal Mediata)
OBS: STATUS DOS TRATADOS INTERNACIONAIS:
O STF firmou o seu entendimento nos seguintes termos:
 tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos e desde que aprovados
por 3/5 dos votos de seus membros, em cada casa do Congresso Nacional e em 2
turnos de votação – paridade com as normas constitucionais;
 tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos aprovados pela regra
anterior à Reforma e não confirmados pelo quórum qualificado – natureza supralegal;
 tratados e convenções de outra natureza – força de lei ordinária.
Obs2: STF, HC 96007 (j. 12/06/2012, Inf. 670) -> em caso anterior à Lei 12.683/12, o STF
afastou a possibilidade de extrair o conceito de organização criminosa (previsto como crime
antecedente no revogado art. 1ª, VII, da Lei 9.618/98) da Convenção das Nações Unidas contra
o Crime Organizado Transnacional (Convenção de Palermo), sob pena de violação do art. 5º,
XXXIX, da CF/88, tendo em vista que somente lei em sentido estrito pode definir crimes ou
cominar penas. Do contrário, afirma Renato Brasileiro, “esvaziar-se-ia o princípio da reserva
legal, que, em sua garantia da lex populi, exige obrigatoriamente a participação dos
representantes do povo na elaboração e aprovação do texto que cria ou amplia o ius puniendi
do Estado brasileiro”.

1.6. Interpretação da lei penal


Explicar, explanar ou aclarar o significado de palavra, expressão ou texto.

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A) Quanto ao sujeito (origem):


- Autêntica/legislativa: dada pela lei – art. 327 do CP, conceito de funcionário público;
possui eficácia retroativa, uma vez que interpretativa, ainda que mais gravosa, não atingindo
os casos transitados em julgado. Pode ser contextual (no próprio texto da lei) ou posterior
(surge posteirormente).
- Doutrinária ou científica: dada pelos estudiosos. É a doutrina e estudos científicos, bem
como, a “Exposição de Motivos” dos códigos, vez que não integra o texto de lei.
- Jurisprudencial: fruto das decisões reiteradas dos tribunais, como regra não vinculantes,
exceção: súmulas vinculantes editadas pelo STF;

OBS.: Exposição de motivos do código penal é interpretação doutrinária, vez que dada pelos
doutrinadores que elaboraram o projeto. A exposição de motivos do código de processo penal
é autêntica ou legislativa.

B) Quanto ao modo:
- Literal ou gramatical: leva em conta o sentido literal das palavras;
- Lógica ou Teleológica: indaga-se a vontade ou intenção objetivada na lei;
- Histórica: procura-se a origem da lei;
- Sistemática: a lei é interpretada com o conjunto da legislação e dos princípios gerais de
direito.
- Progressiva: a lei é interpretada de acordo com o progresso da ciência.

Transexual pode ser vítima de estupro?


R.: Interpretação literal – não; Interpretação progressiva – sim.
8
C) Quanto ao resultado:

- Declarativa: a letra da lei corresponde exatamente aquilo que o legislador quis dizer.
- Extensiva: amplia-se o alcance das palavras da lei para corresponder ao alcance/vontade
do texto. A lei disse menos do que desejava (lex minus dixit quam voluit).
- Restritiva: reduz-se o alcance das palavras da lei para corresponder ao alcance/vontade
do texto. A lei disse mais do que desejava (lex plus dixit quam voluit)..
- Progressiva/adaptativa/evolutiva: busca amoldar a lei à realidade atual.

OBS.: É possível a interpretação extensiva no Brasil?


R.: 1° corrente: O Brasil, diferentemente de outros países (Equador), não proíbe a
interpretação extensiva. O STF E O STJ admitem a interpretação extensiva, seja favorável ou
não ao réu, pois o princípio do in dubio pro reo é aplicado apenas sobre aspectos probatórios.
2° corrente: Admite-se no Brasil a interpretação extensiva, somente quando favorável ao
réu (in dubio pro reo – princípio das provas). Doutrina democratizou o princípio do in dubio pro
reo aplicando-o na interpretação.

Art. 157, § 2° do CP – expressão “arma” gera controvérsia – 1°) corrente: sentido próprio:
instrumento fabricado com finalidade bélica. Ex.: revólver. 2°) corrente: sentido impróprio:
instrumentos com ou sem finalidade bélica, capaz de servir ao taque/defesa. Ex.: faca de
cozinha. A primeira corrente utiliza a interpretação restritiva e a segunda extensiva.

OBS.: Interpretação extensiva não se confunde com a interpretação analógica. Nesta, o


significado que se extrai do próprio dispositivo (existe norma a ser aplicada ao caso concreto),
levando-se em conta as expressões genéricas e abertas utilizadas pelo legislador.
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Analogia:
Não se trata de interpretação de lei penal, mas sim de integração ou colmatação do
ordenamento jurídico. A lei pode ter lacunas, mas o ordenamento jurídico não.
a) Analogia in malam partem: aplica-se ao caso omisso uma lei maléfica ao réu, disciplinadora
de caso semelhante. É vedado pelo STF, em homenagem ao princípio da reserva legal.
b) Analogia in bonam partem: aplica-se ao caso omisso uma lei benéfica ao réu, disciplinadora
de caso semelhante. É aceita pela jurisprudência e doutrina, exceto no que diz respeito às leis
excepcionais, justamente pelo seu caráter extraordinário.
c) Analogia legal ou legis: se aplica ao caso omisso uma lei de caso semelhante. STJ diz que não
cabe ao magistrado aplicar uma norma por assemelhação, substituindo uma validamente
existente, simplesmente por entender que o legislador deveria ter regulado a situação de
forma diferente da que adotou.
d) Analogia jurídica ou iuris: é aquela que se aplica ao caso omisso um princípio geral de
direito.

9
A interpretação extensiva e analógica não se confundem com a analogia (esta não é
interpretação, mas regra de integração), neste caso, ao contrário dos anteriores, partimos do
pressuposto de que não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto, motivo pelo qual,
socorre-se daquilo que o legislador previu para outro similar.
Interpretação analógica é quando a lei traz exemplos e permite que o intérprete encontre
outros casos. Ex: art. 121, § 2º, CP.
A analogia, por sua vez, é quando há uma lacuna na lei. É, portanto, regra de integração. No
direito penal ela só ocorre se for em bonan parte – a favor do réu.
1.7. Aplicação no tempo e no espaço
1.7.1. Lei penal no tempo/tempo do crime
A lei busca regular os atos praticados na sua vigência, mas a lei penal pode ser retroativa ou
ultrativa quando for benéfica ao réu.
Em regra, vige o “tempus regit actum”.
Qual a teoria adotada pelo CP em relação ao tempo do crime?
A) Teoria da atividade: tempo da conduta; ADOTADA
a. Atenção: em prescrição pela pena em abstrato, antes do trânsito em julgado
(art. 111, I, CP), o prazo só começa a correr quando se consumou o crime, e
não do momento da ação ou omissão! #fiqueligado
B) Teoria do resultado: tempo da consumação;
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C) Teoria mista/ubiquidade: tempo da conduta e da consumação.


O CPB preferiu a teoria da atividade – art. 4º (Art. 4º - Considera-se praticado o crime no
momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado).
Repercussões práticas sobre o tempo do crime:
1) Analisar a capacidade/imputabilidade do agente. O tempo do crime repercute na
imputabilidade do agente, uma vez que no momento do crime afere-se a
imputabilidade ou não do agente
2) Análise das qualidades ou condições da vítima. Ex.: 121 do CP.
a. Ex: STJ: Qualificadora de lesão corporal gravíssima que causa deformação
permanente aplica-se mesmo que feito cirurgia reparadora pela vítima, uma
vez que o fato criminoso é valorado no momento de sua consumação, não o
afetando as providências posteriores.
3) Sucessão de leis penais no tempo. A regra extraída do art. 1° do CP é a
irretroatividade. A exceção está no art. 2° do CP, qual seja, a retroatividade. Ainda, há
que se falar dos crimes continuado (várias condutas), permanentes (o a consumação
se prolonga) e habituais (estilo de vida permanente, cujo um ato isolado não é crime),
cuja lei aplicável será a lei nova, ainda que mais severa. Súmula 711 STF.
4) Atenção: em matéria de prescrição a lei penal adota a teoria do resultado, pois o
início desta se dá com a consumação da infração penal. Ex: crimes de estelionato
previdenciário.

10 Regras gerais sobre a retroatividade/irretroatividade/ultratividade


a- Lei posterior incriminou o fato – novatio legis incriminadora = irretroativa (art. 1°).
b- Momento do fato havia o crime, lei posterior aboliu o crime - abolitio criminis =
retroativa (art. 2°). Ex.: crime de adultério que foi abolido pela Lei 11.106/05.
c- Momento do fato havia crime, lei posterior continua encarando como crime, porém
elevou a pena - novatio legis in pejus = irretroativa (art. 1°). Ex.: art. 217 do CP
modificada pela Lei 10.763/03.
d- Momento do fato era crime, lei posterior diminui a pena – novatio legis in melius=
retroage (art. 2°).

1.7.1.1. Abolitio Criminis


O art. 2° é uma exceção na sucessão de leis penais no tempo. Este artigo traz o instituto da
“abolitio criminis” sendo hipótese de supressão da figura criminosa.
Qual a natureza jurídica da abolitio criminis?
R.: 1° corrente: causa extintiva da punibilidade – adotada pelo CP no art. 107, III do CP.
2° corrente: causa de exclusão da tipicidade, consequentemente extingue o direito do
Estado de punir. (Flávio Monteiro de Barros e Basileu Garcia).
Lei abolicionista não respeita coisa julgada. Se ocorrer na fase de execução, esta será extinta.
Sendo que cessa os efeitos penais (reincidência e maus antecedentes), e os extrapenais
permanecem (sentença condenatória continua servindo como título executivo judicial e perda
do cargo, efeitos civis também). O art. 2 ° do CP não infringe o art. 5° XXXVI da CF, pois o
mandamento constitucional tutela a garantia individual do cidadão e não o direito de punir do

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Estado. Ainda, em virtude da natureza excepcional da lei temporária, a abolitio criminis não
alcança as leis temporárias ou excepcionais.
Não há que se falar em abolitio criminis nas hipóteses em que, nada obstante a revogação
formal do tipo penal, o fato criminoso passa a ser disciplinado perante dispositivo legal
diverso. Verifica-se a incidência do princípio da continuidade normativo-típica.
Princípio da continuidade normativo-típica x “abolitio”:

Abolitio criminis Princípio da continuidade normativo-típica


Supressão formal + supressão do conteúdo Alteração formal, porém com a manutenção
criminoso do conteúdo criminoso
A intenção do legislador é não mais A intenção do legislador é manter criminoso o
considerar o fato como crime fato
Ex.: art. 217, 220, 240, todos do CPB Ex.: art. 214 do CP – 213 do CP.

Em se tratando de extinção da punibilidade pela abolitio criminis, persiste o efeito civil da


reparação do dano.
o Efeitos penais: extinguem-se – reincidência e antecedentes penais, salvo se a
pena já foi cumprida, caso em que a certidão do executado permanecerá suja.
o Efeitos extrapenais: persistem – art. 91 e 92, bem como os efeitos civis, de
11 reparação de dano.

Aplicação de lei em período de vacatio legis.


 1° corrente: lei na vacatio não retroage, pois carece de eficácia jurídica ou social
(majoritária).
 2° corrente: lei na vacatio retroage desde que o réu demonstre conhecer a alteração
(Alberto Silva Franco).

Horário de verão e aplicação da lei penal.


OBS: horário de verão: a jurisprudência diz que o horário de verão é transitório, é uma ficção,
tem função de economizar energia. Aplica o ECA (Nucci) se pelo horário convencional ainda
era inimputável.

1.7.1.2. Sucessão da lei penal


No caso de sucessão de lei penal no tempo existe uma regra geral – art. 1º, CP
(irretroatividade), mas usa-se também a exceção – art. 2º e 3º, CP.
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
Lei penal no tempo
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando
em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

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Lei excepcional ou temporária


Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

Lei penal no tempo e continuidade delitiva: Súmula 711, STF (aplica sempre a última lei
mesmo que mais gravosa – “a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”).
É possível combinação de leis??? – Lex tertia - NÃO!
Não se admite a combinação de leis penais, pois o juiz, assim agindo, eleva-se a legislador,
criando uma terceira lei, havendo verdadeira usurpação dos Poderes da União. Há uma
verdadeira violação do princípio da legalidade. (Nelson Hungria, Fragoso, Aníbal Bruno e o STF,
Inf. 727 – RE 600817);
STF (RE 600817): a Constituição dispõe apenas que a lei penal deve retroagir para beneficiar o
réu, mas não faz menção sobre a incidência do postulado para autorizar que algumas partes de
diversas leis possam ser aplicadas separadamente para favorecer o acusado. Assim, deve-se
realizar a dosimetria de acordo com cada uma das leis, para aplicar-se, na íntegra, a legislação
mais favorável ao réu. Trata-se da teoria da ponderação unitária ou global.
Súmula STJ 501: É cabível a aplicação retroativa da lei 11343, desde que o resultado da
incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da
aplicação da lei 6368, sendo VEDADA a combinação de leis.
2) é possível a combinação de leis penais para favorecer o réu, se o juiz pode o mais pode o
12 menos (Basileu Garcia, Delmanto). entendimento não aplicado. Doutrina atual que está
preconizando os direitos fundamentais e direitos humanos, informando que, entre as
interpretações possíveis, deve-se conferir aquela hermenêutica constitucional que dê maior
amplitude aos direitos fundamentais.
Por isso, na eventualidade de provas de caráter objetivo, se questionado, marcar que não é
possível combinar partes benignas de leis para formar uma nova. Se a questão for discursiva,
argumentar que essa sempre foi a posição dominante no Supremo Tribunal Federal, ao
fundamento de que a combinação implicaria em violação ao princípio da legalidade, e ao juiz
não é dado criar uma Lei, mas simplesmente aplicar uma Lei que foi editada, tal como criada,
e ainda ressalvaria a inquietação doutrinária a respeito do tema que já vem produzindo
efeitos jurisprudenciais, inclusive dentro do próprio Supremo Tribunal Federal QUE JÁ
PROFERIU DECISÕES PELA POSSIBILIDADE.

Caso importante sobre a Lei de Drogas e Lex Tertia


A lei de drogas atual previu no §4º do artigo 33 o tráfico privilegiado, não previsto na
legislação anterior. Aí a pergunta: é possível que os condenados, que já tenham trânsito em
julgado usufruam de tal benesse? O STF entende que não: O Supremo Tribunal Federal tem
entendimento fixado no sentido de que não é possível a combinação de leis no tempo. Entende
a Suprema Corte que, agindo assim, estaria criando uma terceira Lei (lex tertia). 4. Com efeito,
extrair alguns dispositivos, de forma isolada, de um diploma legal, e outro dispositivo de outro
diploma legal implica alterar por completo o seu espírito normativo, criando um conteúdo
diverso do previamente estabelecido pelo legislador. 5. Consoante já decidiu esta Suprema
Corte, "não é possível aplicar a causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º, da Lei
11.343/06 à pena-base relativa à condenação por crime cometido na vigência da Lei

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6.368/76, sob pena de se estar criando uma nova Lei que conteria o mais benéfico dessas
legislações."
De outro lado, o STJ possui outra solução: a aplicação integral da lei 11.343, de modo que se
mais benéfica, poderá retroagir.
Há julgados que permitem, ainda, a combinação de preceito primário com preceito
secundário. Entretanto, majoritariamente é inconstitucional, por estar violando a legalidade ao
criar uma nova lei. Trata-se de manifesta lex tertia.
Na fase de execução quem aplica a lei (após o trânsito em julgado)?
Se for de ordem matemática é o juízo da execução. Porém, se não for, precisa de Revisão
Criminal, pois depende de juízo de valor. Caso a matéria esteja em ainda em conhecimento,
em ação penal, competirá ao juiz da causa aplicar a lei nova.
Súmula 611, STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das
execuções a aplicação da lei mais benigna.
Aplicação da lei benigna, Lex Mitior – Análise em concreto e em abstrato
Não é possível abstratamente definir o grau de benigdade de uma lei para saber se ela é ou
não favorável à situação do agente. Deve-se analisar o texto da lei e a situação pessoal do
agente para ver se é possível que a pena seja melhor ou pior.
O complemento da norma penal em branco que sofre alteração retroage?
R.: A alteração benéfica da norma penal em branco imprópria (homogênea/amplo) sempre
retroage, é uma situação normal de supressão.
13 O problema está para a norma penal em branco própria (heterogênea/estrito). Quando o
complemento for norma infralegal, o decisivo é saber se a alteração da norma extrapenal
implica, ou não, na supressão do caráter ilícito do fato em caráter de normalidade. Por
exemplo, no art. 269 do CP a exclusão de doença de notificação compulsória torna a omissão
do médico um indiferente penal (abolitio criminis). Nesta hipótese o que se alterou foi a
própria matéria da proibição, com redução da área de incidência do tipo.
De outro lado, se for alterado uma situação de anormalidade, ainda que a alteração seja
benéfica, não pode retroagir. Fundamenta-se pela ultratividade das normas penas
excepcionais, que devem ser utilizadas para punir o momento em questão. Ex: tabelamento de
preços em determinado período de tempo.
Lei penal intermediária
Lei penal intermediária caracteriza hipótese em que ocorre, ao mesmo tempo, ultratividade e
retroatividade da lei penal mais benéfica. Assim, ela preservará seus efeitos para o futuro.

Lei A: maléfica. Fatos ocorreram aqui.


Lei B: benéfica.  Lei intermediária
Lei C: maléfica.  O julgamento ocorreu aqui. Entretanto, consoante o entendimento do STF,
deve-se aplicar a lei B, lei intermediária maléfica. Ela retroage ao fato e
possui ultratividade ao julgamento.

Ultratividade maléfica. Lei temporária e lei excepcional.


O art. 3º do CP, excepcionalmente prevê uma ultratividade maléfica, ou seja, em prejuízo do
agente, nos casos de lei temporária e lei excepcional.

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Artigo 3º. A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua
vigência.

A) Lei temporária/lei temporária em sentido estrito: é aquela que tem prefixado no seu texto
o tempo de sua vigência.
B) Lei excepcional/lei temporária em sentido amplo: é a que atende a transitórias
necessidades estatais, tais como, guerras, calamidades, epidemias etc., perdurando por todo o
tempo excepcional. Configura uma situação de anormalidade, de modo que enquanto durar a
anormalidade, vigerá a lei excepcional. O princípio tempus regit actum explica tal fenômeno
(já fiz questão de prova que perguntava qual princípio poderia explicar a lei excepcional).
A importância do art. 3° é reconhecida pela doutrina. Se não houvesse a disposição legal do
art. 3° se sancionaria o absurdo de reduzir as leis temporárias e excepcionais a uma espécie de
ineficácia preventiva, instalando a impunidade em relação aos fatos praticados durante a sua
vigência (Bettiol).
Se não fosse assim (ultrativo) elas estariam fadadas ao insucesso.
É importante, assim, que sua eficácia perdure no tempo.
Este art. 3º, CP, foi recepcionado pela CF/88?
-1°) corrente: Zaffaroni e Rogério Greco entendem que não foi recepcionado, porque a CF não
prevê qualquer exceção a proibição da ultra-atividade maléfica; entendem que o art. 3° do CP
não recepcionado, porém esta corrente é minoritária.
-2°) corrente: a lei nova excepcional não revoga a anterior (não há uma verdadeira sucessão de
14 leis penais) porque não trata exatamente da mesma matéria, do mesmo fato típico, mas de
um fato típico excepcional, praticado naquelas condições de anormalidade (é lei a anterior que
deixa de ter vigência em razão da excepcionalidade da lei nova), logo não se trata de sucessão
de leis penais no tempo, de modo que o art. 3° foi recepcionado pela CF – esta é a corrente
que prevalece, sendo adotada pelo LFG.
Alteração de entendimento jurisprudencial retroage?
R.: Súmula 174 (cancelada), que entendia pela aplicação da causa de aumento no roubo com
arma de brinquedo. Prevalece que não existe retroatividade de entendimento jurisprudencial,
ainda que mais benéfico. STF: “para efeito de direito intertemporal, jamais se cogitou de assimilar a
mudança da orientação jurisprudencial dominante à superveniência da Lei nova: para nós, em cada caso
decidido, a interpretação aplicada se reputa válida desde a vigência da norma em que se pretenda
fundamentada.”
Ainda, ganha força a corrente de que se a jurisprudência for construtiva, deve haver retroação.
Jurisprudência construtiva ocorre nos casos em que o intérprete não se limita a aplicar os
termos da lei, mas vai além. Em alguns casos, nesses que se chamam de jurisprudência
construtiva, a atividade do intérprete edifica um novo conceito, novo entendimento, novo
significado, nova extensão do texto legal.
PARA EFEITOS DE PROVA, ASSINALAR, EM QUESTÃO FECHADA, QUE NÃO SE PODE UTILIZAR
JURISPRUDÊNCIA EM FAVOR DO RÉU PARA ALTERAR SUA PENA DEFINITIVAMENTE FIXADA.
Se a questão for aberta, expor o entendimento do STF, mas suscitar a discussão doutrinária
quanto à modificação de entendimento jurisprudencial acerca de jurisprudência construtiva
Sobre a súmula vinculante 24, em seara de direito penal tributário é muito importante saber
discussão sobre sua aplicabilidade a fatos anteriores.

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O STJ entende que é possível a aplicação da Súmula Vinculante n. 24 a fatos ocorridos antes da
sua publicação, por se tratar de consolidação da interpretação jurisprudencial e não de caso de
retroatividade da lei penal mais gravosa.

A súmula 24 determina que a fluência do prazo prescricional dos crimes contra a ordem
tributária, previstos no art. 1º, incisos I a IV, da Lei n. 8.137/90, somente tem início após a
constituição do crédito tributário, o que se dá com o encerramento do procedimento
administrativo-fiscal e o lançamento definitivo. SV 24: Não se tipifica crime material contra a
ordem tributária, do inciso I a IV do art. 1º da Lei 8137, antes do lançamento definitivo do
tributo. Logo, é algo negativo para o réu, entretanto, o STF entende que se aplica
retroativamente a súmula vinculante 24, pois interpretação judicial não é lei penal, podendo
retroagir.

Cuidado!!! Ganhava força o entendimento que se for súmula vinculante retroagirá, se mais
benéfica (não é entendimento dominante, as discussões estão em fase embrionárias).

1.7.2. Lei penal no espaço/lugar do crime

Sabendo que um fato punível pode, eventualmente, atingir os interesses de dois ou


mais Estados igualmente soberanos, o estudo da lei penal no espaço visa a descobrir qual é o
âmbito territorial (o espaço) de aplicação da lei penal brasileira, bem como de que forma o
Brasil se relaciona com outros países em matéria penal.
15 -Teorias acerca do lugar do crime:
a) Teoria da atividade: o local do crime é onde ocorreu o fato.
b) Teoria do resultado: o local do crime é onde produziu houve o resultado.
c) Teoria da ubiquidade/mista: é onde ocorreu o fato ou produziu o resultado. Foi a adotada
pelo CP.
O artigo 6º do CP é uma norma de Direito Penal Internacional, e não regra de
competência interna das ações penais no Brasil. Serve para determinar
Aqui, exige-se a pluralidade de países, e não de comarca, uma vez que ao direito
interno aplica-se o CPP. Portanto, qualquer ato executório feito em território nacional é
punível pela lei brasileira, ainda que o resultado ocorra no estrangeiro, e vice-versa.
Inaplicabilidade da teoria da ubiquidade: (i) crimes conexos: deve cada um dos crimes
serem julgados nos países em que foram cometidos; (ii) crimes plurilocais: a conduta e o
resultado ocorre em locais diversos, mas no mesmo país, aplicando-se o CPP: local em que se
consumar a infração ou, em tentativa, onde ocorreu o último ato executório. (iii) IMPO: lugar
em que for consumada a infração; (iv) crimes falimentares: local em que for decretada a
falência, concedida a recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação
extrajudicial; (vi) atos infracionais: lugar da ação ou omissão.

Princípios aplicáveis:
A) Princípio da territorialidade: aplica-se a lei penal do território do delito (não importa a
nacionalidade dos envolvidos ou dos bens jurídicos lesados). Quanto aos crimes, foi adotada a

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territorialidade relativa, e para as contravenções, territorialidade absoluta, pois não julga


contravenções ocorridas fora do Brasil;
B) Principio da nacionalidade ativa: aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente (não
importa o local do crime ou a nacionalidade da vítima ou dos bens jurídicos lesados),
fundamentado na impossibilidade relativa de extraditar brasileiro nato.
C) Princípio da nacionalidade passiva: aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente apenas
quando atingir um co-cidadão (não importa o local do crime) é a ativa + vítima co-cidadã;
D) Princípio do domicílio: julgado de acordo com a lei do país em que for domiciliado, pouco
importando sua nacionalidade (genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no
Brasil);
E) Princípio da defesa, da proteção ou real: aplica-se a lei da nacionalidade da vítima ou do
bem jurídico (não importa local ou nacionalidade do agente)
F) Princípio da Justiça universal/cosmopolita: o agente fica sujeito à lei do país em que for
capturado (não importa o local do crime, nem a nacionalidade do agente ou da vítima) (Crimes
que o Brasil se obrigou a reprimir por tratados)
G) Princípio da representação/da bandeira/subsidiário: a lei penal nacional aplica-se aos
crimes praticados em embarcações e aeronaves privadas, quando no estrangeiro e aí não são
julgados. O país em que o crime ocorreu não age.
a. ATENÇÃO: se a embarcação/aeronave pública estiver à SERVIÇO, não incide o
princípio da representação, mas sim o da TERRITORIALIDADE POR EXTENSÃO.

16 O Brasil adotou o princípio da territorialidade como regra (art. 5º, CP).

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde
quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-
mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou
embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território
nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

O art. 5° adotou a territorialidade temperada/mitigada pela intraterritorialidade. Ex.:


imunidade diplomática. Diferentemente do processo penal que adota o princípio da
territorialidade relativa/temporária (intraterritorialidade – tratados e convenções).
Devemos lembrar que, em relação às contravenções, adota-se a teoria da territorialidade
absoluta, uma vez que o Decreto que trata sobre as convenções dispõe que somente se aplica
a Lei de contravenções penais aos atos praticados no território Brasileiro.
Podem ocorrer três fenômenos:
TERRITORIALIDADE EXTRATERRITORIALIDADE INTRATERRITORIALIDADE
Lei do Brasil Lei do Brasil Lei do estrangeiro
Local Brasil Local estrangeiro Local Brasil (imunidade
diplomática)

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Território Nacional: espaço em que o Estado exerce sua soberania política. É o limite de
aplicação da lei. Não apenas o espaço físico, mas, também, um espaço jurídico por
ficção/equiparação/extensão, previsto no art. 5º, § 1º, CP. Aeronave e navio público ou a
serviço do Brasil onde quer que se encontre. Se for privada ou mercante somente se tiver em
auto-mar (aplica-se a bandeira).
Território físico; mar territorial (12 milhas marítimas); a ZEE não é considerada
território nacional, não obstante o Brasil tenha direitos econômicos sobre tal área; navios
particulares brasileiros em alto mar; navios e aeronaves de natureza pública, em qualquer
lugar;
Embaixada não é extensão do território que representa. No entanto, ela é inviolável.
A contrario sensu, o Brasil obedece ao princípio da reciprocidade/simetria/paralelismo
– art. 5º, § 2º, CP.
Teorias
Onde o crime se considera praticado no Brasil? Art. 6º, CP (teoria da ubiquidade ou mista);
mesmo quando o resultado deveria acontecer no Brasil, sendo indispensável que no Brasil
tenha tido início a execução (tem que iniciar ou terminar no Brasil).

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou


omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se
17 o resultado.

OBS.: Cogitação, planejamento, atos preparatórios no Brasil, não fazem o Brasil lugar do crime.
O crime não se considera praticado no território brasileiro, é imprescindível o início da
execução.
De acordo com o CP o crime cometido dentro do território nacional, a bordo de navio que
apenas passava pelo mar territorial brasileiro aplica-se a lei nacional, porque o crime tocou o
nosso território. Hoje, porém, em casos tais, aplica-se a chamada passagem inocente, quando
um navio passa no território nacional somente como passagem necessária para chegar ao seu
destino não se aplica a lei brasileira. Há que se atentar que o navio nunca atracaria ao
território nacional. A passagem inocente somente se refere a navio, a doutrina brasileira utiliza
o instituto também para as aeronaves que aqui não pousariam.
Art. 5º, § 2º - “Instituto da Passagem Inocente”: crime cometido dentro do território
nacional, à bordo de avião que apenas sobrevoou o país, não aplica a lei penal brasileira, mas
sim o instituto da passagem inocente (aplicado quando a aeronave passa pelo território
nacional apenas como passagem necessária para chegar ao seu destino final).
Não confundir crime plurilocal com crime à distância.
Crime à distância (espaço máximo): é quando um fato punível percorre territórios de dois ou
mais Estados soberanos (conflito internacional de jurisdição que se resolve com o art. 6º, CP –
teoria da ubiquidade).
Crime plurilocal: quando um fato punível percorre pluralidade de locais de um mesmo Estado
Soberano (conflito interno de competência). Para dirimir conflito de competência aplica-se o
art. 70, do CPP (teoria do resultado) na lei dos juizados aplica-se a teoria da atividade.

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Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou,
no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
§ 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a
competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de
execução.
§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente
o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu
resultado.
§ 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a
jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a
competência firmar-se-á pela prevenção.

Hipóteses de extraterritorialidade:
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: INCONDICIONADA
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (princípio da defesa ou real)
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo
Poder Público; (princípio da defesa ou real)
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (princípio da defesa ou real)
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (três correntes. A
primeira diz que o Brasil adotou o Princípio da Justiça Universal, visto ser crime que o Brasil se
comprometeu a reprimir; A segunda diz que é da defesa ou real quando for contra brasileiro; a
terceira diz que é princípio da nacionalidade ativa (esta é a menos correta, visto que pode também
ser pessoa domiciliada no Brasil). Prevalece a primeira.)
18 II - os crimes:CONDICIONADA
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (princípio da justiça universal)
b) praticados por brasileiro; (nacionalidade ativa)
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (princípio da representação)
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou
condenado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes
condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora
do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.

Art. 7º, § 3º: a primeira corrente diz que é princípio da nacionalidade passiva (FMB e LFG).
Porém, não está correto, visto que necessita de ser concidadãos – vítima brasileira – princípio
da defesa ou real (maioria).
Se aderir LFG, o Brasil adota todos os princípios; mas pela maioria da doutrina o único não
adotado é o princípio da nacionalidade passiva.
OBS: não existe extraterritorialidade em contravenção penal.

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OBS: o art. 7º está dividido em 3 partes. No inciso I é a extraterritorialidade incondicionada (§


1º). Já o inciso II e § 3º são extraterritorialidade condicionada.
Quais são as condições cumulativas da extraterritorialidade condicionada? Art. 7º, § 2º, CP.
Alínea “a”: passar os limites da fronteira não precisa permanece, somente tocar. Território
físico ou jurídico, essa condição é chamada de condição de procedibilidade, sendo sua
natureza jurídica;
Aliena “b”: natureza de condição objetiva de punibilidade, ou seja, sua ausência gera a
absolvição;
Alínea “c”: natureza de condição objetiva de punibilidade (a lei utilizou como parâmetro o
Estatuto do Estrangeiro, qual seja, pena máxima superior a um ano);
Alínea “d”: o Brasil respeita coisa julgada estrangeira. Condição objetiva de punibilidade.
Alínea “e”: o perdão judicial que impede a punição do crime sujeito à extraterritorialidade
condicionada deve ser formalmente outorgado, não pode ser tácito.
Para o § 3º, além dessas, ainda, existem mais duas condições, chamada de
extraterritorialidade hipercondicionada, visto que além de obedecer aos casos previstos no
inciso II, também tem que observar os requisitos do § 3°.:
Existe extraterritorialidade incondicionada em lei especial? Lei de tortura (art. 2º da Lei nº.
9.455/97) – “o disposto nesta lei ainda quando o crime não tenha sido cometido em território
nacional, sendo a vítima brasileira, ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição
brasileira”
19 Art. 8º do CP atenua o “bis in idem”.
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo
mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Ex: condenado por 10 anos no estrangeiro e 15 no Brasil, cumpre só mais 05 anos aqui. Mas,
se tiver pena privativa de liberdade com pena pecuniária fica a critério do juiz (decisão
fundamentada).
OBS.: O art. 8° do CP não evita o bis in idem, ele o atenua (Assis Toledo considera que evita,
mas é posicionamento isolado). Há 02 processos, 02 condenações – atenuam-se os efeitos
deste bis in idem.
1.8. Imunidades e foros por prerrogativa
Fere o princípio da isonomia? Não, porque a imunidade não é pessoal, mas em razão do
cargo ou função que a pessoa desempenha.
PRIVILÉGIO PRERROGATIVA
Exceção da lei comum deduzida da situação Conjunto de precauções que rodeiam a
de superioridade das pessoas que a função e que servem para o exercício desta
desfrutam
É subjetivo e anterior a lei Objetiva e deriva da lei
Tem uma essência pessoal Anexa a qualidade do órgão
É poder frente a lei Conduto para que a lei se cumpra
Aristocracia das ordens sociais Aristocracia das instituições governamentais
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Não se fala em foro privilegiado, mas foro por prerrogativa de função.


Existem duas grandes espécies de imunidades:

1.8.1. Diplomática:
são imunidades de direito público de que gozam: 1) chefes de governo ou Estado estrangeiro,
sua família e membros de sua comitiva; 2) embaixador e família; 3) funcionários do corpo
diplomático e sua família; 4) funcionários das organizações internacionais (ONU) quando em
serviço.
A imunidade do diplomata o livra das consequências jurídicas previstas no preceito
secundário da lei penal, ficando sujeito as consequências jurídicas de seu país de origem caso
ele descumpra o preceito primário (conteúdo criminoso). Assim, o diplomata deve obediência
à lei brasileira, visto que sofrerá as consequências de seu país.
A imunidade não pode ser renunciada pelo diplomata, visto que a imunidade não é dele,
mas do cargo, porém o país que ele representa poderá retirar esta imunidade.
A imunidade não subtrai o diplomata da investigação, principalmente a investigação para
materializar o delito.
A esposa do embaixador tem imunidade, menos no seu próprio país.
Os diplomatas estrangeiros não podem ser detidos ou presos pelas autoridades do Estado
onde se encontram.

20 E, os agentes consulares, são imunes? São imunes só quanto aos crimes relacionados com a
sua função, porque não representam, exercem apenas papel administrativo.
Embaixador tem imunidade absoluta, para crime funcional ou comum, já o agente consular
sua imunidade é relativa, somente para crimes funcionais. Tanto é assim que os cônsules não
poderão ser detidos ou presos preventivamente, exceto em caso de crime grave e em
decorrência de decisão de autoridade judiciária competente, fato que já ocorreu no Brasil,
com a prisão do cônsul de Israel no Rio de Janeiro, em 2002.
Esta imunidade tem natureza de uma causa pessoal de isenção de pena (para maioria). LFG
entende a natureza jurídica da imunidade diplomática é causa impeditiva da punibilidade.
Pode renunciar a imunidade? Não pode renunciar, mas seu país pode despi-lo da
imunidade. E não pode renunciar porque as imunidades pertencem ao Estado e não ao
funcionário.
As embaixadas não são extensão do território que representam, mas são invioláveis, i.e,
gozam de imunidade de jurisdição frente aos Estados onde se encontram.
As imunidades diplomáticas fundamentam-se na teoria do interesse da função, ou seja,
fundamentam-se na necessidade de garantir que os diplomatas exerçam as funções de
defender os interesses dos Estados que representam sem coação de qualquer espécie.
STF: A cautelar fixada de proibição para que agente diplomático acusado de homicídio se
ausente do país sem autorização judicial não é adequada na hipótese em que o Estado de
origem do réu tenha renunciado à imunidade de jurisdição cognitiva, mas mantenha a
competência para o cumprimento de eventual pena criminal a ele imposta. INFO 618 / 2017

1.8.2. Parlamentar:
Imunidades parlamentares podem ser de duas espécies: imunidades absolutas ou relativas.
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1.8.2.1. Imunidade Parlamentar ABSOLUTA


Também chamada de imunidade material, substancial, real, inviolabilidade ou indenidade
(Zaffaroni). Art. 53, caput CF. Trata-se de afastar o tipo penal, de modo que não haja
punição.
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas
opiniões, palavras e votos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento
perante o Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos,
salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e
quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a
prisão. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação,
o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela
representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o
andamento da ação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de
quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 35, de 2001)
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas
ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles
receberam informações. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
21 § 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda
que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só
podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos
de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução
da medida. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)

O STF ampliou o sentido do caput para abranger a imunidade civil, penal, administrativa e
política, estas últimas não expressas na CF.
Justificativas (existem 6 correntes sobre a natureza jurídica da indenidade);
1) Causa excludente de crime (Pontes de Miranda);
2) Causa que se opõe à formação do crime (Basileu Garcia);
3) Causa pessoal de exclusão de pena (Aníbal Bruno);
4) Causa de irresponsabilidade (Magalhães Noronha);
5) Causa de incapacidade pessoal penal por razões políticas (Frederico Marques);
6) Causa de atipicidade (Zaffaroni e LFG) – entendimento STF.

O interesse prático é saber se esta imunidade se estende ao partícipe ou ao coautor.


Existem quatro teorias sobre a participação:
1)Teoria da acessoridade mínima: basta que o fato principal seja típico;
2)Teoria da acessoridade média ou limitada: basta que o fato principal seja típico + ilícito;
3)Teoria da acessoridade máxima: o fato principal tem que ser típico + ilícito + culpável;
4)Teoria da hiperacessoridade: o fato principal tem que ser típico+ ilícito + culpável + punível.
O Brasil adotou a média ou limitada (TÍPICO E ILÍCITO). Se for pelas que excluem a
punibilidade o partícipe pode ser punido e se for causa de atipicidade, não é possível.
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O STF entende que é causa de atipicidade e o partícipe vai ser penalmente beneficiado.
E a súmula 245 do STF? A maioria da doutrina restringe para a imunidade relativa
(processual) e não absoluta. Nucci discorda.
SÚMULA 245, STF: A IMUNIDADE PARLAMENTAR NÃO SE ESTENDE AO CO-RÉU SEM ESSA
PRERROGATIVA.
A imunidade material tem limite? A imunidade material pressupõe nexo causal entre
as afirmações e o exercício do cargo. A imunidade parlamentar é aferida através da ligação das
palavras com a atividade parlamentar, não importando o meio de veiculação das palavras.

Como funciona a imunidade absoluta? O STF tem entendido que:


1) Ofensa proferida nas dependências da casa legislativa/recinto parlamentar: aqui o nexo
funcional é presumido (relativa – o ofendido deve comprovar a inexistência de nexo).
2) Ofensa proferida fora das dependências da casa legislativa/recinto parlamentar: o nexo
funcional não é presumido, ou seja, o parlamentar terá que comprovar o nexo.
Vejamos exemplos recentes da hipótese 2, em que o STF não reconheceu a imunidade de
parlamentar federal em crime praticado fora do recinto parlamentar sem nexo de causalidade
com o exercício das funções: (Inq. 2915/PA. Relator Min Luiz Fux. Julgamento 09/05/2013.
Pleno). Ainda, lembrar do caso Jair Bolsonaro, que disse para outra parlamentar “você não
merece ser estuprada”, e foi condenado.
5. Imunidade parlamentar. Inexistência, quando não se verificar liame entre o
22 fato apontado como crime contra a honra e o exercício do mandato parlamentar
pelo ofensor. Os atos praticados em local distinto do recinto do Parlamento
escapam à proteção absoluta da imunidade, que abarca apenas manifestações
que guardem pertinência, por um nexo de causalidade, com o desempenho das
funções do mandato (Precedentes). (...)
O Deputado Federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) afirmou que a também Deputada
Federal Maria do Rosário (PT-RS), “não merece ser estuprada por ser muito
ruim, muito feia, não faz meu gênero”. E acrescentou que, se fosse estuprador,
"não iria estuprá-la porque ela não merece".
O STJ entendeu que a conduta do parlamentar não está abrangida pela
imunidade parlamentar e que, portanto, ele deveria ser condenado a pagar
indenização por danos morais em favor da Deputada. Decidiu o Tribunal:
As opiniões ofensivas proferidas por deputados federais e veiculadas por meio
da imprensa, em manifestações que não guardam nenhuma relação com o
exercício do mandato, não estão abarcadas pela imunidade material prevista no
art. 53 da CF/88 e são aptas a gerar dano moral.
STJ. 3ª Turma.REsp 1642310-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
15/8/2017 (Info 609).

1.8.2.2. IMUNIDADE RELATIVA ou imunidade formal:


Trata-se de imunidade processual e de prisão.

1) Quanto ao foro: art. 53, § 1° da CF. O STF é seu foro natural. Não alcança processos cíveis
somente penais.
Crime doloso contra a vida? Vai a Júri? Não, são julgados pelo STF.
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O foro especial só existe durante o mandato e alcança crimes praticados antes e depois da
legislatura.
Súmula 394, STF – foi CANCELADA (caráter pessoal).
2) Quanto à prisão: art. 53, § 2º, CF, regra geral, parlamentar não pode ser preso, salvo em
flagrante delito de crime inafiançável (EXCEÇÃO).
“Resolver quanto a prisão”: a decisão é política - conveniência e oportunidade - e não uma
análise técnica, jurídica.
- Prisão pena com trânsito em julgado? Pode prender? Pode, porque a prerrogativa
somente alcança prisão cautelar, mas não a definitiva (STF).
- A imunidade abrange prisão civil.
Atenção: Dizer o Direito 2017: Não há necessidade de prévia autorização da Assembleia
Legislativa para que o STJ receba denúncia criminal contra o Governador de Estado. Ainda,
recebida a denúncia, o governador não ficará automaticamente suspenso de suas funções,
uma vez que o afastamento do cargo não se dá de forma automática. É necessária a prévia
decisão judicial fundamentada do STJ.
o Esse entendimento é recente, pois antes entendia que era válido a autorização
das Assembleias Legislativas para afastamento do cargo de Governador, após a
decisão do STJ. TESE: “É vedado às unidades federativas instituírem normas
que condicionem a instauração de ação penal contra o Governador, por
crime comum, à prévia autorização da casa legislativa, cabendo ao Superior
Tribunal de Justiça dispor, fundamentadamente, sobre a aplicação de
23 medidas cautelares penais, inclusive afastamento do cargo".
o Em relação aos parlamentares federais, a EC 35 produziu modificação de
relevo: excluiu a necessidade de autorização da Casa Legislativa para o
processamento do parlamentar, só sendo deliberada a prisão em flagrante
pelo parlamento. Isso não mudou nada em relação aos governadores. Só em
2017, com mudança de entendimento, ficou sedimentado a desnecessidade
de autorização legislativa e o afastamento do cargo pelo recebimento de
denúncia.

OBS: não confundir injúria qualificada (art. 140, § 3º, CP) com o racismo. Na injúria o agente
atribui qualidade negativa (“xingamento”). E o racismo há segregação (apartaid social) é
proibir alguém de realizar algo por sua cor, raça, etc. A injúria é afiançável e o racismo é
inafiançável podendo prender, inclusive, o parlamentar. Ademais o racismo é imprescritível e é
promovido por Ação Penal Pública Incondicionada.
A doutrina tem chamado a injúria de racismo impróprio.

Injúria qualificada – art. 140, § 3° do CP Racismo da Lei 7.716/89


Atribui qualidade negativa fazendo referência Segrega a vítima do convívio social
a raça, cor, etnia, religião
Ação Penal de iniciativa privada Ação Penal Pública
Prescritível Imprescritível
Afiançável Inafiançável

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3) Quanto ao processo: art. 53, §§ 3º, 4º e 5º da CF.

§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido


após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva,
que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de
seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo
improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o
mandato. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)

ANTES EC/35 DEPOIS


Abrangia qualquer crime Abrange qualquer crime praticado
praticado antes ou depois da após a diplomação.
diplomação.
O STF necessita de autorização da O STF dispensa autorização para
casa legislativa respectiva para processar o parlamentar, mas a
processar o parlamentar. casa respectiva pode, no entanto,
24 sustar o andamento do processo.
Não autorizava, suspendia-se o Sustado o andamento do
processo e a prescrição. processo, suspende a prescrição.
A imunidade abrangeria crimes A imunidade só alcança delitos
praticados antes ou depois da praticados após a diplomação.
diplomação.
A imunidade abrangeria crimes A imunidade abrange crimes
comuns ou funcionais. comuns e funcionais.

A imunidade permite suspender o processo, jamais a investigação – posição recente do


Ministro Celso de Melo.
Essa EC/35 é irretroativa? Prevalece que esta EC é irretroativa, só alcançando os fatos a
partir da sua vigência em diante (garantia). Uma segunda corrente diz que são normas
processuais regidas pela norma “tempus regit acto”.
Essa imunidade impede o parlamentar de ser investigado? É uma prerrogativa
extraordinária que não alcança inquéritos policiais.
A imunidade só alcança delitos e não atos de improbidade.
4) Quanto ao dever de testemunhar: art. 53, § 6º, CF (para não incorrer em falso
testemunho). Mas é apenas restrito ao exercício do mandato.
O parlamentar tem a prerrogativa do art. 221 do CPP? Só quando for testemunha, não se
estendendo ao parlamentar indiciado ou processado.

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Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e deputados


federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e Territórios, os secretários
de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos Municípios, os deputados às Assembléias
Legislativas Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais
de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo
serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz. (Redação
dada pela Lei nº 3.653, de 4.11.1959)
§ 1o O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presidentes do Senado Federal, da
Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela prestação de
depoimento por escrito, caso em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas
pelo juiz, Ihes serão transmitidas por ofício. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de
24.5.1977)
§ 2o Os militares deverão ser requisitados à autoridade superior. (Redação dada pela Lei
nº 6.416, de 24.5.1977)
§ 3o Aos funcionários públicos aplicar-se-á o disposto no art. 218, devendo, porém, a
expedição do mandado ser imediatamente comunicada ao chefe da repartição em que
servirem, com indicação do dia e da hora marcados. (Incluído pela Lei nº 6.416, de
24.5.1977)

Se o parlamentar se licenciar para exercer cargo no Executivo perde todas as


imunidades absolutas e relativas, recebendo as do novo cargo se tiver. Decisão do Ministro
Celso de Melo, recente, que diz que mantém, destoando do entendimento do STF.

25 A súmula 4, STF está CANCELADA. “Não perde a imunidade parlamentar o congressista


nomeado Ministro de Estado”. Embora ocorra a perda da imunidade parlamentar, não perde a
prerrogativa de foro, uma vez que permanece o vínculo que o une ao mandato legislativo, pois
pode retomar o exercício. Ademais, Ministro tem foro de prerrogativa de função para ser
julgado no STF, só não possuindo imunidade absoluta dos parlamentares STF. Pleno. MS-MC
25579/DF. Rela. Min. Joaquim Barbosa. 24/08/2007.
Deputado estadual tem as mesmas imunidades do Federal? Sim, art. 27, § 1º, CF (§ 1º -
Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta
Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de
mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas) (princípio da simetria). O
foro especial do deputado estadual é o TJ para crimes não federais e TRF para crimes federais.
Para o deputado estadual a imunidade se estende ao Brasil todo? Súmula 3, STF
(CANCELADA). “A imunidade concedida a deputados estaduais e restrita a justiça do estado.”
Assim, a imunidade se estende a todo território nacional.
Vereador tem imunidade? Em regra, vereador só tem imunidade material/absoluta
(opinião, palavras e votos) e limitada ao limites territoriais do Município em que exerce a
vereança. Em regra, não tem imunidade relativa, salvo se revisto na CE que pode prever
imunidade relativa quanto ao foro de julgamento.
Imunidade quanto ao foro X crime doloso contra a vida.

Deputados e Senadores Tem imunidade absoluta e Julgados pelo STF, inclusive


relativa. nos crimes dolosos contra a

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Elaborado dia 09/03/2018

vida.
Deputados estaduais Imunidade absoluta e relativa Julgados pelo TJ, inclusive nos
crimes dolosos contra a vida.
Vereadores Tem imunidade absoluta Julgados pelo juiz ou TJ, mas
nos crimes dolosos contra a
Obs.: foro especial depende
vida são submetidos ao
da CE.
julgamento popular.

SÚMULA 721, STF: A COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL DO JURI PREVALECE SOBRE O FORO POR
PRERROGATIVA DE FUNÇÃO ESTABELECIDO EXCLUSIVAMENTE PELA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL.
Quanto ao Júri, súmula 721 do STF, diz que o Júri prevalece sobre o TJ estabelecido somente
na CE. Quando a prerrogativa de foro é prevista pela própria CF, prevalece o TJ.
Regra geral (art. 53, §8º) as imunidades permanecem no estado de sítio no recinto; fora do
recinto, pode ser suspenso nos moldes do artigo citado.
Um autor de crime que possui uma imunidade pode ser oposta frente ao Tribunal Penal
Internacional? R.: Não. Art. 27 e 28 do Estatuto de Roma – irrelevância da qualidade oficial.

1.9. Disposições finais sobre aplicação da lei penal

26 1) Eficácia da sentença estrangeira (artigo 9, CP): só serve para obrigar o condenado à


reparação do dano, a restituições e outros efeitos civis, bem como para sujeita-lo à medida de
segurança.
Súm 420 STF: Não se homologa sentença estrangeira sem prova do trânsito em julgado.
- Para produção de reincidência no Brasil, por crime cometido no estrangeiro, não há
necessidade
- Compete ao STJ o exaquatur
- É necessário tratado sobre extradição ou requisição do Ministro da Justiça para que seja a
sentença homologada.
Atenção: não é possível homologação de uma sentença estrangeira para que o condenado
cumpra a pena AQUI no Brasil. Ele pode, entretanto, solicitar a homologação da sentença no
STJ e requerer a extradição da pessoa. O que não é possível é requerer ao Superior Tribunal de
Justiça a homologação da sentença para que aquele criminoso cumpra aqui no Brasil a pena
que o juiz estrangeiro impôs.
Mas e medida de segurança? Só se homologa medida de segurança se essa tiver
característica de pena. Se no estado estrangeiro o inimputável age por excludente de ilicitide,
mas o juiz entende ele por inimputável e ainda assim quer aplicar medida de segurança, essa
medida não poderá ser adotada no Brasil.
2) Contagem de prazo penal material
- O dia do começo inclui-se no cômputo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo
calendário comum.

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2. Conflito aparente de normas.


Ao ler o assunto por 3 livros, um é diferente do outro.
Conceito: ocorre conflito aparente de normas quando a um só fato, aparentemente, duas ou
mais normas vigentes são aplicáveis.
Requisitos: Fato único; - Duas ou mais normas penais; - Vigência simultânea das normas.
Se não estão vigentes, o assunto é o conflito da lei penal no tempo, que se resolve, em
regra, pela posterioridade; e, excepcionalmente, pela lei penal mais benéfica (art. 4º do CP).
Finalidade:
- O direito penal é um sistema coerente. Logo, ele tem que ter instrumentos para resolver os
conflitos;
- Ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato (princípio do non bis in idem).
OBS: o conflito aparente de normas não se confunde com o concurso de crimes: no
primeiro, temos duas leis vigentes e um só fato; no segundo temos vários crimes ajustando-se
a várias normas.

Princípios Orientadores:
A) Princípio da especialidade: pelo princípio da especialidade a lei especial derroga a lei geral.
27 A lei é especial quando contém todos os elementos típicos da lei geral e mais alguns
específicos, chamados de especializantes.
A norma especial não quer dizer que é mais grave que a norma geral. Pode-se ter uma
norma mais benéfica. Ex.: infanticídio.
Mas veja. Não se encontra o critério da especialidade só quando um crime está
compreendido em outro. É possível que um tipo penal possa ter uma descrição mais minuciosa
do que o outro tipo para determinado fato punível, como no caso de calúnia e difamação.
Ambos atentam contra a honra e exigem imputação de fato determinado, mas são diferentes.
Lei mais grave: homicídio culposo e homicídio culposo no trânsito. O art. 121, §3º pune
homicídio culposo; mas o art. 302 do CTB também pune o homicídio culposo no trânsito com
veículo automotor. Há uma relação de especialidade. Aplica-se a norma especial, que, neste
caso, é mais grave.
Deve ser feita a análise no plano abstrato, para verificar se a conduta preenche os
elementos especiais do tipo.

B) Princípio da subsidiariedade: tem doutrina que diz que esse princípio não precisaria existir,
poderia estar encaixado no princípio da especialidade ou no princípio da consunção.
Uma lei tem caráter subsidiário (-) relativamente a lei principal (+) quando o fato por ela
incriminado é também incriminado de maneira mais grave pela lei principal, tendo âmbito de
aplicação comum.
Como aponta Cleber Masson, há subsidiariedade entre duas leis penais quando se trata de
estágios ou graus diversos de ofensa a um mesmo bem jurídico, de forma que a ofensa mais
ampla e dotada de maior gravidade, descrita pela lei primária, engloba a menos ampla, contida
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na subsidiária, ficando a aplicabilidade desta condicionada à não incidência da outra. A figura


subsidiária atua como um “soldado de reserva” (expressão de Nelson Hungria”.
Aqui a relação é de menos grave para mais grave.
Difere da especialidade no sentido que, na subsidiariedade, se analisa a gravidade da
norma. Aqui, a norma subsidiária menos grave é sempre excluída, aplicando-se a mais grave.
Na especialidade, não importa se a pena é mais grave ou mais branda, aplica-se a lei especial
que coaduna com o fato realizado.
Deve-se fazer a comparação no caso concreto, de modo que se deve aplicar a lei mais grave.
Roubo e lesão corporal/ameaça.
A relação entre as normas subsidiária e principal é de maior e menor gravidade (e não de
espécie e gênero como na especialidade).

Norma Norma

– +

grave
A subsidiariedade graveou implícita (tácita):
pode ser expressa
(subsidiária)

a) Expressa ou explícita: quando a lei expressamente dita a subsidiariedade;


Ex.: art. 132 do CP e art. 307 do CP.

28
Perigo para a vida ou saúde de outrem
Art. 132. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena – detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais
grave.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da
vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a
prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo
com as normas legais.

Falsa identidade
Art. 307. Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem,
em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui
elemento de crime mais grave.

Cuidado: substituir fotografia em documento público, por qual crime responde? Há


jurisprudência dizendo que é falsa identidade. Mas o certo é que é falsidade documental,
porque é um crime mais grave. Em 2 crimes com um ponto comum, aplica-se sempre o mais
grave. A fotografia é requisito/parte integrante do documento.

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b) Tácita ou implícita: quando um delito de menor gravidade integra a descrição de um delito


de maior gravidade. Essa é encontrada sempre partindo do crime de perigo indo para o crime
de dano.
Ex.: a ameaça (art. 147) integra o crime de constrangimento ilegal (art. 146), de maneira que o
agente, cometendo o crime de constrangimento ilegal mediante grave ameaça, não
responderá também por esta.
Em ambas as hipóteses (subsidiariedade expressa ou tácita), ocorrendo o delito principal (+
grave), afasta-se a aplicação da regra subsidiária. Aqui se aplica o princípio de que a lei
primária derroga a lei subsidiária.

C) Princípio da consunção:
Verifica-se a relação de consunção quando o crime previsto por uma norma (consumida)
não passa de uma fase de realização do crime previsto em outra norma (consuntiva) ou é uma
norma de transição para o último (crime progressivo – queria o mais grave, não mudou o
dolo).
No princípio da especialidade, a relação é de espécie/gênero, comparando-se no campo
abstrato.
Aqui, a relação é de parte para todo ou de meio para fim. As normas aqui não se acham em
relação de espécie e gênero, mas de parte a todo, de meio a fim. Comparam-se os fatos
ocorridos (sucessão de fatos), inferindo-se que o fato mais completo consome os demais.

29 Um crime que é parte de um todo, prevalece o todo. O crime mais grave consome o menos
grave.
O crime consumido e o crime consuntivo devem proteger o mesmo bem jurídico, bem
como, o crime consuntivo deve ter pena maior do que o crime consumido. (REGRA)
O STJ entende que é inaplicável o princípio da consunção entre os crimes de receptação e
porte ilegal de arma de fogo, por serem delitos autônomos e de natureza jurídica distinta,
devendo o agente responder por ambos os delitos em concurso material.
Cuidado, porque a jurisprudência não observa isso de maneira absoluta. Se observasse
jamais diria que a falsidade documental fica absorvida pelo estelionato. Na súmula abaixo há
dupla impropriedade técnica: a uma, porque a pena do crime meio (falso) é maior do que o
crime fim (estelionato); a duas porque falsificação e estelionato são crimes que atingem bens
jurídicos diversos.
A súmula 17 do STJ ignora isso: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais
potencialidade lesiva, é por este absorvido.

São 4 as hipóteses principais de aplicação do princípio da consunção:

1. Crime complexo ou composto: fusão de dois ou mais crimes que passam a ser elementar do
crime complexo. Ex: Roubo = furtar + ameaça ou lesão corporal. Há a tutela de mais de um
bem jurídico, como neste exemplo, o patrimônio e a pessoa.
2. Crime progressivo: se dá quando o agente para alcançar um resultado/ou crime + grave
passa, necessariamente, por um crime menos grave, tendo o dolo inicial de atingir o resultado

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mais grave. Pressupõe um crime plurissubsistente, com uma única conduta fracionável em
diversos atos. Assim, o ato final, gerador do evento originariamente desejado, consome os
anteriores, que produzem violações mais brandas ao bem jurídico finalmente atingido,
denominadas “crimes de ação de passagem”. Não há uma mudança de dolo no iter criminis.
- Possui dois requisitos:
1. Unidade de elemento subjetivo (vontade originária) e de conduta, composta de vários atos;
2. Progressividade de dano ao bem jurídico.
Ex.: tem como matar sem ferir ou ofender a sua integridade física? Não tem. Para se matar
alguém, necessariamente, passa-se pelo crime de lesão corporal. Lesão e homicídio.
Cuidado: crime progressivo não se confunde com progressão criminosa. No primeiro a
vontade do agente sempre foi uma só; desde o início, o crime mais grave é o desejado; na
progressão criminosa, o agente primeiro quer uma coisa e, depois de alcançar o resultado,
resolve praticar outra conduta, produzindo um evento mais grave; é uma nova vontade que
surge na execução.
Bizuzinho para não esquecer:
 Crime Progressivo = C vem antes de P. A vontade vem antes.
Progressão Criminosa = C vem depois de P. A vontade vem depois.

30 2. Progressão criminosa
Na progressão criminosa, o agente pretende inicialmente produzir um resultado e, depois
de alcançá-lo opta por prosseguir na prática ilícita e reinicia outra conduta, produzindo um
evento mais grave. Há, assim, uma pluralidade de desígnios, com alteração do dolo. O fato
inicial fica absorvido.
3. Fato anterior impunível (ante factum impunível): são fatos anteriores que estão na linha de
desdobramento da ofensa + grave (relação crime-meio para crime-fim).
A diferença é que no crime progressivo o crime anterior era necessário; aqui o crime
anterior (meio) foi o escolhido dentre os possíveis. Ex: Seria possível roubar uma bolsa sem
quebrar o vidro do carro, mas não seria possível matar sem ferir.
Aqui entra a súmula 17 do STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais
potencialidade lesiva, é por este absorvido. Sobre a súmula, é importante ressaltar que a
doutrina a critica, uma vez que tratam de bens jurídicos diversos, sendo que o falso possui
pena maior do que estelionato. A doutrina deseja que fosse denominado concurso material de
crimes.
Aqui se absorve o crime meio.
Ex: quebrar vidro de carro para roubar bolsa; porte ilegal de arma de fogo e homicídio.
4. Fato posterior impunível (post factum impunível): o fato posterior impunível retrata o
exaurimento do crime principal praticado pelo agente, por ele não podendo ser punido.
Aqui se absorve o crime praticado, após exaurido o crime querido.

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Ex.: Rogério furtou um talão de cheques; mas ele, por si só, não dá lucro. Para isso, utilizam-se
os cheques no comércio. O estelionato fica absorvido pelo furto. Estelionato posterior ao
furto.
OBS: isso, para Francisco de Assis Toledo, é concurso material de delitos. Ele não reconhece a
absorção. E há jurisprudência que segue isso.
Fatos anteriores e posteriores impuníveis e o crime conexo: Define-se o crime conexo como
aquele ligado a outro delito. A conexão pode ser teleológica, quando o crime é praticado para
assegurar a execução de outro, ou consequencial, se visa garantir a ocultação, impunidade ou
vantagem de delito anterior. Na conexão há autêntico concurso material. Se o agente mata o
segurança e sequestra o empresário para obter resgate, responde por homicídio e extorsão
mediante sequestro. Na conexão, a prática do crime-meio e do crime fim não é o que
normalmente acontece na vida cotidiana, ao passo que no ante factum e no post factum
impuníveis o crime principal e os demais são consequências naturais, no sentido de que o
desrespeito de uma lei tem por resultado normal a posterior violação de outra.
D) Princípio da alternatividade:
Para maioria (doutrina moderna), o princípio da alternatividade resolve o conflito aparente
interno de uma norma, e não conflito aparente de normas.
Aqui não há pluralidade de normas; há uma norma só.
Tem aplicação nos crimes plurinucleares (=de ação múltipla ou conteúdo variado), que são
crimes compostos de pluralidade de verbos nucleares (ações típicas). Ex.: art. 33 da Lei de
Drogas.
31 Nesses casos, a prática de pluralidade de núcleos dentro do mesmo contexto fático, o
crime permanece único, não desnaturando a unidade do crime.
Ex.: importa, guarda, depois transporta e vende a droga.

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