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SUMÁRIO
1. A Lei Penal ..................................................................................................................................... 1
1.1. Divisões da lei penal: ................................................................................................................... 1
1.2. Características ............................................................................................................................. 2
1.3. Princípio da Legalidade e a Lei Penal: ......................................................................................... 2
1.3.1. Diferença entre princípio da legalidade e da reserva legal: ............................................... 2
1.3.2. Origem do princípio da legalidade: .................................................................................... 3
1.3.3. Fundamentos: .................................................................................................................... 3
1.4. Norma penal incompleta – Lei penal em branco. ....................................................................... 5
1.5. Fontes do Direito Penal ............................................................................................................... 6
1.6. Interpretação da lei penal ........................................................................................................... 7
1.7. Aplicação no tempo e no espaço................................................................................................. 9
1.7.1. Lei penal no tempo/tempo do crime ................................................................................. 9
1.7.1.1. Abolitio Criminis ........................................................................................................... 10
1.7.1.2. Sucessão da lei penal ................................................................................................... 11
1.7.2. Lei penal no espaço/lugar do crime ................................................................................. 15
1.8. Imunidades e foros por prerrogativa ........................................................................................ 19
1.8.1. Diplomática: ................................................................................................................. 20
1.8.2. Parlamentar: ................................................................................................................ 20
1. A Lei Penal
1.1. Divisões da lei penal:
a) Incriminadoras: criam crimes e cominam penas.
b) Não incriminadoras: não criam crimes e nem cominam penas.
a. Permissivas: autorizam a prática de condutas típicas – exclusão de ilicitude.
b. Exculpantes: estabelecem a não culpabilidade do agente ou a impunidade de
determinados delitos – inimputabilidade, reparação do dano antes da
sentença em peculato, retratação antes da sentença no caso de falso
testemunho/perícia.
c. Interpretativas: esclarecem conteúdo e significado de outras leis penais.
d. Complementares, de aplicação: delimitam o campo de validade da lei
incriminadora.
e. Diretivas: estabelecem princípios a serem seguidos.
f. Integrativas ou de extensão: complementam a tipicidade no tocante ao nexo
causal nos crimes omissivos impróprios, à tentativa, à participação.
c) Completas ou perfeitas: apresentam todos os elementos da conduta criminosa.
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Apostila 02 – Direito Penal
Lei penal
1.3.3. Fundamentos:
1°) Político: exigência de vinculação do Executivo e Judiciário à leis formuladas de forma
abstrata. Impede o poder punitivo com base no livre arbítrio.
2°) Democrático: respeito ao princípio da divisão de poderes/funções. Só o Parlamento,
representante do povo, pode criar crimes.
3°) Jurídico: uma lei prévia e clara produz importante efeito intimidativo.
É aplicável às contravenções penais? SIM.
R.: A doutrina pacificamente entende que onde o art. 1º escreve crime é infração penal
(crimes e contravenções).
3 É aplicável às Medidas de Segurança? Majoritariamente, SIM.
R.: A 1ª corrente considera a finalidade da MS (curativa) e não punitiva, não está
submissa ao princípio da legalidade (Francisco de Assis Toledo); 2ª corrente diz que sendo
espécie de sanção penal submete-se ao princípio da legalidade (onde escreve pena quis
dizer sanção penal), porém pena e medida de segurança são institutos diferentes, porém
ambas soa espécies de sanção penal. É a majoritária.
OBS.: O art. 1° dever ser lido: “Não há infração penal sem lei que o defina, nem sanção penal
sem prévia cominação legal.”
OBS.: O art. 3° do CPM não obedeceu ao princípio da legalidade, visto que apesar de respeitar
a reserva legal não respeita a anterioridade, vez que admite a aplicação da lei não vigente a
época do fato, mas a época da sentença e até mesmo vigente a época da execução, assim, não
foi recepcionado pela CF/88.
OBS.: Princípio da legalidade para ser garantia do cidadão deve começar dizendo que não há
crime ou pena sem lei (em seu sentido restrito – ordinária e complementar).
Assim, medida provisória (ato normativo com forca normativa) não cria crime, porque não é
lei em sentido estrito. Assim, direito penal incriminador não pode ser objeto de medida
provisória. Mas pode legislar sobre direito penal não incriminador?
1ª corrente: não, seja ele incriminador ou não - art. 62, § 1º, I, b, CF;
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
I – relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
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Apostila 02 – Direito Penal
Lei penal
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Apostila 02 – Direito Penal
Lei penal
b- Tipo aberto: depende de comportamento valorativo dado pelo juiz. Ex.: crimes
culposos (negligencia, imprudência e imperícia).
Norma penal em branco heterogênea é constitucional? SIM.
R.: Para Rogério Greco a norma penal em branco heterogênea é inconstitucional,
ofendendo o princípio da reserva legal. Argumento o referido autor que seu conteúdo é criado
e modificado sem que haja uma discussão amadurecida da sociedade a seu respeito, como
acontece quando os projetos de lei são submetidos à apreciação do Congresso.
Prevalece, no entanto, a constitucionalidade da norma penal em branco heterogênea.
Neste caso, há um tipo penal incriminador que traduz os requisitos básicos do delito, pois o
legislador não pode deixar a descrição típica essencial por conta da autoridade administrativa.
O que a autoridade administrativa pode fazer é explicitar um dos requisitos típicos dados pelo
legislador.
- Art. 269 CP (doença de notificação compulsória) – norma penal em branco
incompleta própria/em sentido estrito/heterogênea.
Lex mitior, vacatio legis e princípio da extra-atividade da lei penal:
Rogério Greco defende que, tratando-se de lei penal benéfica, uma vez promulgada e
publicada, deve ser de imediato aplicada em benefício do réu, não sendo necessário aguardar
o início de sua vigência.
1.5. Fontes do Direito Penal
É a origem jurídica.
6 A) Fonte material (produção/criação): órgão encarregado da criação do Direito Penal. Em
regra, somente a União está autorizada a produzir (art. 22, I da CF), mas o § único diz que LC
pode autorizar o Estado em matéria de interesse local.
Fontes em espécie:
Costume: comportamentos uniformes e constantes (prática reiterada) pela convicção de sua
obrigatoriedade e sua necessidade jurídica – não existe no Brasil o costume incriminador – não
se cria crime, nem se comina pena.
Costume revoga infração penal?
R.: 1°) corrente: não, pois lei somente pode ser revogada por outra lei (LINDB) – Jogo de bicho
é contravenção e será punido.
2°) corrente: revoga, em especial quando a infração penal é tolerada pela sociedade – Jogo
do bicho não é mais contravenção penal.
3°) corrente: costume não revoga formalmente infração penal, mas não pune o
comportamento quando perde eficácia social – Jogo do bicho é contravenção que não mais se
pune.
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Apostila 02 – Direito Penal
Lei penal
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Apostila 02 – Direito Penal
Lei penal
OBS.: Exposição de motivos do código penal é interpretação doutrinária, vez que dada pelos
doutrinadores que elaboraram o projeto. A exposição de motivos do código de processo penal
é autêntica ou legislativa.
B) Quanto ao modo:
- Literal ou gramatical: leva em conta o sentido literal das palavras;
- Lógica ou Teleológica: indaga-se a vontade ou intenção objetivada na lei;
- Histórica: procura-se a origem da lei;
- Sistemática: a lei é interpretada com o conjunto da legislação e dos princípios gerais de
direito.
- Progressiva: a lei é interpretada de acordo com o progresso da ciência.
- Declarativa: a letra da lei corresponde exatamente aquilo que o legislador quis dizer.
- Extensiva: amplia-se o alcance das palavras da lei para corresponder ao alcance/vontade
do texto. A lei disse menos do que desejava (lex minus dixit quam voluit).
- Restritiva: reduz-se o alcance das palavras da lei para corresponder ao alcance/vontade
do texto. A lei disse mais do que desejava (lex plus dixit quam voluit)..
- Progressiva/adaptativa/evolutiva: busca amoldar a lei à realidade atual.
Art. 157, § 2° do CP – expressão “arma” gera controvérsia – 1°) corrente: sentido próprio:
instrumento fabricado com finalidade bélica. Ex.: revólver. 2°) corrente: sentido impróprio:
instrumentos com ou sem finalidade bélica, capaz de servir ao taque/defesa. Ex.: faca de
cozinha. A primeira corrente utiliza a interpretação restritiva e a segunda extensiva.
Analogia:
Não se trata de interpretação de lei penal, mas sim de integração ou colmatação do
ordenamento jurídico. A lei pode ter lacunas, mas o ordenamento jurídico não.
a) Analogia in malam partem: aplica-se ao caso omisso uma lei maléfica ao réu, disciplinadora
de caso semelhante. É vedado pelo STF, em homenagem ao princípio da reserva legal.
b) Analogia in bonam partem: aplica-se ao caso omisso uma lei benéfica ao réu, disciplinadora
de caso semelhante. É aceita pela jurisprudência e doutrina, exceto no que diz respeito às leis
excepcionais, justamente pelo seu caráter extraordinário.
c) Analogia legal ou legis: se aplica ao caso omisso uma lei de caso semelhante. STJ diz que não
cabe ao magistrado aplicar uma norma por assemelhação, substituindo uma validamente
existente, simplesmente por entender que o legislador deveria ter regulado a situação de
forma diferente da que adotou.
d) Analogia jurídica ou iuris: é aquela que se aplica ao caso omisso um princípio geral de
direito.
9
A interpretação extensiva e analógica não se confundem com a analogia (esta não é
interpretação, mas regra de integração), neste caso, ao contrário dos anteriores, partimos do
pressuposto de que não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto, motivo pelo qual,
socorre-se daquilo que o legislador previu para outro similar.
Interpretação analógica é quando a lei traz exemplos e permite que o intérprete encontre
outros casos. Ex: art. 121, § 2º, CP.
A analogia, por sua vez, é quando há uma lacuna na lei. É, portanto, regra de integração. No
direito penal ela só ocorre se for em bonan parte – a favor do réu.
1.7. Aplicação no tempo e no espaço
1.7.1. Lei penal no tempo/tempo do crime
A lei busca regular os atos praticados na sua vigência, mas a lei penal pode ser retroativa ou
ultrativa quando for benéfica ao réu.
Em regra, vige o “tempus regit actum”.
Qual a teoria adotada pelo CP em relação ao tempo do crime?
A) Teoria da atividade: tempo da conduta; ADOTADA
a. Atenção: em prescrição pela pena em abstrato, antes do trânsito em julgado
(art. 111, I, CP), o prazo só começa a correr quando se consumou o crime, e
não do momento da ação ou omissão! #fiqueligado
B) Teoria do resultado: tempo da consumação;
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Apostila 02 – Direito Penal
Lei penal
Estado. Ainda, em virtude da natureza excepcional da lei temporária, a abolitio criminis não
alcança as leis temporárias ou excepcionais.
Não há que se falar em abolitio criminis nas hipóteses em que, nada obstante a revogação
formal do tipo penal, o fato criminoso passa a ser disciplinado perante dispositivo legal
diverso. Verifica-se a incidência do princípio da continuidade normativo-típica.
Princípio da continuidade normativo-típica x “abolitio”:
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Apostila 02 – Direito Penal
Lei penal
Lei penal no tempo e continuidade delitiva: Súmula 711, STF (aplica sempre a última lei
mesmo que mais gravosa – “a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”).
É possível combinação de leis??? – Lex tertia - NÃO!
Não se admite a combinação de leis penais, pois o juiz, assim agindo, eleva-se a legislador,
criando uma terceira lei, havendo verdadeira usurpação dos Poderes da União. Há uma
verdadeira violação do princípio da legalidade. (Nelson Hungria, Fragoso, Aníbal Bruno e o STF,
Inf. 727 – RE 600817);
STF (RE 600817): a Constituição dispõe apenas que a lei penal deve retroagir para beneficiar o
réu, mas não faz menção sobre a incidência do postulado para autorizar que algumas partes de
diversas leis possam ser aplicadas separadamente para favorecer o acusado. Assim, deve-se
realizar a dosimetria de acordo com cada uma das leis, para aplicar-se, na íntegra, a legislação
mais favorável ao réu. Trata-se da teoria da ponderação unitária ou global.
Súmula STJ 501: É cabível a aplicação retroativa da lei 11343, desde que o resultado da
incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da
aplicação da lei 6368, sendo VEDADA a combinação de leis.
2) é possível a combinação de leis penais para favorecer o réu, se o juiz pode o mais pode o
12 menos (Basileu Garcia, Delmanto). entendimento não aplicado. Doutrina atual que está
preconizando os direitos fundamentais e direitos humanos, informando que, entre as
interpretações possíveis, deve-se conferir aquela hermenêutica constitucional que dê maior
amplitude aos direitos fundamentais.
Por isso, na eventualidade de provas de caráter objetivo, se questionado, marcar que não é
possível combinar partes benignas de leis para formar uma nova. Se a questão for discursiva,
argumentar que essa sempre foi a posição dominante no Supremo Tribunal Federal, ao
fundamento de que a combinação implicaria em violação ao princípio da legalidade, e ao juiz
não é dado criar uma Lei, mas simplesmente aplicar uma Lei que foi editada, tal como criada,
e ainda ressalvaria a inquietação doutrinária a respeito do tema que já vem produzindo
efeitos jurisprudenciais, inclusive dentro do próprio Supremo Tribunal Federal QUE JÁ
PROFERIU DECISÕES PELA POSSIBILIDADE.
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Apostila 02 – Direito Penal
Lei penal
6.368/76, sob pena de se estar criando uma nova Lei que conteria o mais benéfico dessas
legislações."
De outro lado, o STJ possui outra solução: a aplicação integral da lei 11.343, de modo que se
mais benéfica, poderá retroagir.
Há julgados que permitem, ainda, a combinação de preceito primário com preceito
secundário. Entretanto, majoritariamente é inconstitucional, por estar violando a legalidade ao
criar uma nova lei. Trata-se de manifesta lex tertia.
Na fase de execução quem aplica a lei (após o trânsito em julgado)?
Se for de ordem matemática é o juízo da execução. Porém, se não for, precisa de Revisão
Criminal, pois depende de juízo de valor. Caso a matéria esteja em ainda em conhecimento,
em ação penal, competirá ao juiz da causa aplicar a lei nova.
Súmula 611, STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das
execuções a aplicação da lei mais benigna.
Aplicação da lei benigna, Lex Mitior – Análise em concreto e em abstrato
Não é possível abstratamente definir o grau de benigdade de uma lei para saber se ela é ou
não favorável à situação do agente. Deve-se analisar o texto da lei e a situação pessoal do
agente para ver se é possível que a pena seja melhor ou pior.
O complemento da norma penal em branco que sofre alteração retroage?
R.: A alteração benéfica da norma penal em branco imprópria (homogênea/amplo) sempre
retroage, é uma situação normal de supressão.
13 O problema está para a norma penal em branco própria (heterogênea/estrito). Quando o
complemento for norma infralegal, o decisivo é saber se a alteração da norma extrapenal
implica, ou não, na supressão do caráter ilícito do fato em caráter de normalidade. Por
exemplo, no art. 269 do CP a exclusão de doença de notificação compulsória torna a omissão
do médico um indiferente penal (abolitio criminis). Nesta hipótese o que se alterou foi a
própria matéria da proibição, com redução da área de incidência do tipo.
De outro lado, se for alterado uma situação de anormalidade, ainda que a alteração seja
benéfica, não pode retroagir. Fundamenta-se pela ultratividade das normas penas
excepcionais, que devem ser utilizadas para punir o momento em questão. Ex: tabelamento de
preços em determinado período de tempo.
Lei penal intermediária
Lei penal intermediária caracteriza hipótese em que ocorre, ao mesmo tempo, ultratividade e
retroatividade da lei penal mais benéfica. Assim, ela preservará seus efeitos para o futuro.
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Apostila 02 – Direito Penal
Lei penal
Artigo 3º. A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua
vigência.
A) Lei temporária/lei temporária em sentido estrito: é aquela que tem prefixado no seu texto
o tempo de sua vigência.
B) Lei excepcional/lei temporária em sentido amplo: é a que atende a transitórias
necessidades estatais, tais como, guerras, calamidades, epidemias etc., perdurando por todo o
tempo excepcional. Configura uma situação de anormalidade, de modo que enquanto durar a
anormalidade, vigerá a lei excepcional. O princípio tempus regit actum explica tal fenômeno
(já fiz questão de prova que perguntava qual princípio poderia explicar a lei excepcional).
A importância do art. 3° é reconhecida pela doutrina. Se não houvesse a disposição legal do
art. 3° se sancionaria o absurdo de reduzir as leis temporárias e excepcionais a uma espécie de
ineficácia preventiva, instalando a impunidade em relação aos fatos praticados durante a sua
vigência (Bettiol).
Se não fosse assim (ultrativo) elas estariam fadadas ao insucesso.
É importante, assim, que sua eficácia perdure no tempo.
Este art. 3º, CP, foi recepcionado pela CF/88?
-1°) corrente: Zaffaroni e Rogério Greco entendem que não foi recepcionado, porque a CF não
prevê qualquer exceção a proibição da ultra-atividade maléfica; entendem que o art. 3° do CP
não recepcionado, porém esta corrente é minoritária.
-2°) corrente: a lei nova excepcional não revoga a anterior (não há uma verdadeira sucessão de
14 leis penais) porque não trata exatamente da mesma matéria, do mesmo fato típico, mas de
um fato típico excepcional, praticado naquelas condições de anormalidade (é lei a anterior que
deixa de ter vigência em razão da excepcionalidade da lei nova), logo não se trata de sucessão
de leis penais no tempo, de modo que o art. 3° foi recepcionado pela CF – esta é a corrente
que prevalece, sendo adotada pelo LFG.
Alteração de entendimento jurisprudencial retroage?
R.: Súmula 174 (cancelada), que entendia pela aplicação da causa de aumento no roubo com
arma de brinquedo. Prevalece que não existe retroatividade de entendimento jurisprudencial,
ainda que mais benéfico. STF: “para efeito de direito intertemporal, jamais se cogitou de assimilar a
mudança da orientação jurisprudencial dominante à superveniência da Lei nova: para nós, em cada caso
decidido, a interpretação aplicada se reputa válida desde a vigência da norma em que se pretenda
fundamentada.”
Ainda, ganha força a corrente de que se a jurisprudência for construtiva, deve haver retroação.
Jurisprudência construtiva ocorre nos casos em que o intérprete não se limita a aplicar os
termos da lei, mas vai além. Em alguns casos, nesses que se chamam de jurisprudência
construtiva, a atividade do intérprete edifica um novo conceito, novo entendimento, novo
significado, nova extensão do texto legal.
PARA EFEITOS DE PROVA, ASSINALAR, EM QUESTÃO FECHADA, QUE NÃO SE PODE UTILIZAR
JURISPRUDÊNCIA EM FAVOR DO RÉU PARA ALTERAR SUA PENA DEFINITIVAMENTE FIXADA.
Se a questão for aberta, expor o entendimento do STF, mas suscitar a discussão doutrinária
quanto à modificação de entendimento jurisprudencial acerca de jurisprudência construtiva
Sobre a súmula vinculante 24, em seara de direito penal tributário é muito importante saber
discussão sobre sua aplicabilidade a fatos anteriores.
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Apostila 02 – Direito Penal
Lei penal
O STJ entende que é possível a aplicação da Súmula Vinculante n. 24 a fatos ocorridos antes da
sua publicação, por se tratar de consolidação da interpretação jurisprudencial e não de caso de
retroatividade da lei penal mais gravosa.
A súmula 24 determina que a fluência do prazo prescricional dos crimes contra a ordem
tributária, previstos no art. 1º, incisos I a IV, da Lei n. 8.137/90, somente tem início após a
constituição do crédito tributário, o que se dá com o encerramento do procedimento
administrativo-fiscal e o lançamento definitivo. SV 24: Não se tipifica crime material contra a
ordem tributária, do inciso I a IV do art. 1º da Lei 8137, antes do lançamento definitivo do
tributo. Logo, é algo negativo para o réu, entretanto, o STF entende que se aplica
retroativamente a súmula vinculante 24, pois interpretação judicial não é lei penal, podendo
retroagir.
Cuidado!!! Ganhava força o entendimento que se for súmula vinculante retroagirá, se mais
benéfica (não é entendimento dominante, as discussões estão em fase embrionárias).
Princípios aplicáveis:
A) Princípio da territorialidade: aplica-se a lei penal do território do delito (não importa a
nacionalidade dos envolvidos ou dos bens jurídicos lesados). Quanto aos crimes, foi adotada a
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Apostila 02 – Direito Penal
Lei penal
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde
quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-
mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou
embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território
nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
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Apostila 02 – Direito Penal
Lei penal
Território Nacional: espaço em que o Estado exerce sua soberania política. É o limite de
aplicação da lei. Não apenas o espaço físico, mas, também, um espaço jurídico por
ficção/equiparação/extensão, previsto no art. 5º, § 1º, CP. Aeronave e navio público ou a
serviço do Brasil onde quer que se encontre. Se for privada ou mercante somente se tiver em
auto-mar (aplica-se a bandeira).
Território físico; mar territorial (12 milhas marítimas); a ZEE não é considerada
território nacional, não obstante o Brasil tenha direitos econômicos sobre tal área; navios
particulares brasileiros em alto mar; navios e aeronaves de natureza pública, em qualquer
lugar;
Embaixada não é extensão do território que representa. No entanto, ela é inviolável.
A contrario sensu, o Brasil obedece ao princípio da reciprocidade/simetria/paralelismo
– art. 5º, § 2º, CP.
Teorias
Onde o crime se considera praticado no Brasil? Art. 6º, CP (teoria da ubiquidade ou mista);
mesmo quando o resultado deveria acontecer no Brasil, sendo indispensável que no Brasil
tenha tido início a execução (tem que iniciar ou terminar no Brasil).
OBS.: Cogitação, planejamento, atos preparatórios no Brasil, não fazem o Brasil lugar do crime.
O crime não se considera praticado no território brasileiro, é imprescindível o início da
execução.
De acordo com o CP o crime cometido dentro do território nacional, a bordo de navio que
apenas passava pelo mar territorial brasileiro aplica-se a lei nacional, porque o crime tocou o
nosso território. Hoje, porém, em casos tais, aplica-se a chamada passagem inocente, quando
um navio passa no território nacional somente como passagem necessária para chegar ao seu
destino não se aplica a lei brasileira. Há que se atentar que o navio nunca atracaria ao
território nacional. A passagem inocente somente se refere a navio, a doutrina brasileira utiliza
o instituto também para as aeronaves que aqui não pousariam.
Art. 5º, § 2º - “Instituto da Passagem Inocente”: crime cometido dentro do território
nacional, à bordo de avião que apenas sobrevoou o país, não aplica a lei penal brasileira, mas
sim o instituto da passagem inocente (aplicado quando a aeronave passa pelo território
nacional apenas como passagem necessária para chegar ao seu destino final).
Não confundir crime plurilocal com crime à distância.
Crime à distância (espaço máximo): é quando um fato punível percorre territórios de dois ou
mais Estados soberanos (conflito internacional de jurisdição que se resolve com o art. 6º, CP –
teoria da ubiquidade).
Crime plurilocal: quando um fato punível percorre pluralidade de locais de um mesmo Estado
Soberano (conflito interno de competência). Para dirimir conflito de competência aplica-se o
art. 70, do CPP (teoria do resultado) na lei dos juizados aplica-se a teoria da atividade.
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Apostila 02 – Direito Penal
Lei penal
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou,
no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
§ 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a
competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de
execução.
§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente
o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu
resultado.
§ 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a
jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a
competência firmar-se-á pela prevenção.
Hipóteses de extraterritorialidade:
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: INCONDICIONADA
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (princípio da defesa ou real)
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo
Poder Público; (princípio da defesa ou real)
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (princípio da defesa ou real)
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (três correntes. A
primeira diz que o Brasil adotou o Princípio da Justiça Universal, visto ser crime que o Brasil se
comprometeu a reprimir; A segunda diz que é da defesa ou real quando for contra brasileiro; a
terceira diz que é princípio da nacionalidade ativa (esta é a menos correta, visto que pode também
ser pessoa domiciliada no Brasil). Prevalece a primeira.)
18 II - os crimes:CONDICIONADA
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (princípio da justiça universal)
b) praticados por brasileiro; (nacionalidade ativa)
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (princípio da representação)
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou
condenado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes
condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora
do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Art. 7º, § 3º: a primeira corrente diz que é princípio da nacionalidade passiva (FMB e LFG).
Porém, não está correto, visto que necessita de ser concidadãos – vítima brasileira – princípio
da defesa ou real (maioria).
Se aderir LFG, o Brasil adota todos os princípios; mas pela maioria da doutrina o único não
adotado é o princípio da nacionalidade passiva.
OBS: não existe extraterritorialidade em contravenção penal.
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Apostila 02 – Direito Penal
Lei penal
1.8.1. Diplomática:
são imunidades de direito público de que gozam: 1) chefes de governo ou Estado estrangeiro,
sua família e membros de sua comitiva; 2) embaixador e família; 3) funcionários do corpo
diplomático e sua família; 4) funcionários das organizações internacionais (ONU) quando em
serviço.
A imunidade do diplomata o livra das consequências jurídicas previstas no preceito
secundário da lei penal, ficando sujeito as consequências jurídicas de seu país de origem caso
ele descumpra o preceito primário (conteúdo criminoso). Assim, o diplomata deve obediência
à lei brasileira, visto que sofrerá as consequências de seu país.
A imunidade não pode ser renunciada pelo diplomata, visto que a imunidade não é dele,
mas do cargo, porém o país que ele representa poderá retirar esta imunidade.
A imunidade não subtrai o diplomata da investigação, principalmente a investigação para
materializar o delito.
A esposa do embaixador tem imunidade, menos no seu próprio país.
Os diplomatas estrangeiros não podem ser detidos ou presos pelas autoridades do Estado
onde se encontram.
20 E, os agentes consulares, são imunes? São imunes só quanto aos crimes relacionados com a
sua função, porque não representam, exercem apenas papel administrativo.
Embaixador tem imunidade absoluta, para crime funcional ou comum, já o agente consular
sua imunidade é relativa, somente para crimes funcionais. Tanto é assim que os cônsules não
poderão ser detidos ou presos preventivamente, exceto em caso de crime grave e em
decorrência de decisão de autoridade judiciária competente, fato que já ocorreu no Brasil,
com a prisão do cônsul de Israel no Rio de Janeiro, em 2002.
Esta imunidade tem natureza de uma causa pessoal de isenção de pena (para maioria). LFG
entende a natureza jurídica da imunidade diplomática é causa impeditiva da punibilidade.
Pode renunciar a imunidade? Não pode renunciar, mas seu país pode despi-lo da
imunidade. E não pode renunciar porque as imunidades pertencem ao Estado e não ao
funcionário.
As embaixadas não são extensão do território que representam, mas são invioláveis, i.e,
gozam de imunidade de jurisdição frente aos Estados onde se encontram.
As imunidades diplomáticas fundamentam-se na teoria do interesse da função, ou seja,
fundamentam-se na necessidade de garantir que os diplomatas exerçam as funções de
defender os interesses dos Estados que representam sem coação de qualquer espécie.
STF: A cautelar fixada de proibição para que agente diplomático acusado de homicídio se
ausente do país sem autorização judicial não é adequada na hipótese em que o Estado de
origem do réu tenha renunciado à imunidade de jurisdição cognitiva, mas mantenha a
competência para o cumprimento de eventual pena criminal a ele imposta. INFO 618 / 2017
1.8.2. Parlamentar:
Imunidades parlamentares podem ser de duas espécies: imunidades absolutas ou relativas.
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Apostila 02 – Direito Penal
Lei penal
O STF ampliou o sentido do caput para abranger a imunidade civil, penal, administrativa e
política, estas últimas não expressas na CF.
Justificativas (existem 6 correntes sobre a natureza jurídica da indenidade);
1) Causa excludente de crime (Pontes de Miranda);
2) Causa que se opõe à formação do crime (Basileu Garcia);
3) Causa pessoal de exclusão de pena (Aníbal Bruno);
4) Causa de irresponsabilidade (Magalhães Noronha);
5) Causa de incapacidade pessoal penal por razões políticas (Frederico Marques);
6) Causa de atipicidade (Zaffaroni e LFG) – entendimento STF.
O STF entende que é causa de atipicidade e o partícipe vai ser penalmente beneficiado.
E a súmula 245 do STF? A maioria da doutrina restringe para a imunidade relativa
(processual) e não absoluta. Nucci discorda.
SÚMULA 245, STF: A IMUNIDADE PARLAMENTAR NÃO SE ESTENDE AO CO-RÉU SEM ESSA
PRERROGATIVA.
A imunidade material tem limite? A imunidade material pressupõe nexo causal entre
as afirmações e o exercício do cargo. A imunidade parlamentar é aferida através da ligação das
palavras com a atividade parlamentar, não importando o meio de veiculação das palavras.
1) Quanto ao foro: art. 53, § 1° da CF. O STF é seu foro natural. Não alcança processos cíveis
somente penais.
Crime doloso contra a vida? Vai a Júri? Não, são julgados pelo STF.
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Apostila 02 – Direito Penal
Lei penal
O foro especial só existe durante o mandato e alcança crimes praticados antes e depois da
legislatura.
Súmula 394, STF – foi CANCELADA (caráter pessoal).
2) Quanto à prisão: art. 53, § 2º, CF, regra geral, parlamentar não pode ser preso, salvo em
flagrante delito de crime inafiançável (EXCEÇÃO).
“Resolver quanto a prisão”: a decisão é política - conveniência e oportunidade - e não uma
análise técnica, jurídica.
- Prisão pena com trânsito em julgado? Pode prender? Pode, porque a prerrogativa
somente alcança prisão cautelar, mas não a definitiva (STF).
- A imunidade abrange prisão civil.
Atenção: Dizer o Direito 2017: Não há necessidade de prévia autorização da Assembleia
Legislativa para que o STJ receba denúncia criminal contra o Governador de Estado. Ainda,
recebida a denúncia, o governador não ficará automaticamente suspenso de suas funções,
uma vez que o afastamento do cargo não se dá de forma automática. É necessária a prévia
decisão judicial fundamentada do STJ.
o Esse entendimento é recente, pois antes entendia que era válido a autorização
das Assembleias Legislativas para afastamento do cargo de Governador, após a
decisão do STJ. TESE: “É vedado às unidades federativas instituírem normas
que condicionem a instauração de ação penal contra o Governador, por
crime comum, à prévia autorização da casa legislativa, cabendo ao Superior
Tribunal de Justiça dispor, fundamentadamente, sobre a aplicação de
23 medidas cautelares penais, inclusive afastamento do cargo".
o Em relação aos parlamentares federais, a EC 35 produziu modificação de
relevo: excluiu a necessidade de autorização da Casa Legislativa para o
processamento do parlamentar, só sendo deliberada a prisão em flagrante
pelo parlamento. Isso não mudou nada em relação aos governadores. Só em
2017, com mudança de entendimento, ficou sedimentado a desnecessidade
de autorização legislativa e o afastamento do cargo pelo recebimento de
denúncia.
OBS: não confundir injúria qualificada (art. 140, § 3º, CP) com o racismo. Na injúria o agente
atribui qualidade negativa (“xingamento”). E o racismo há segregação (apartaid social) é
proibir alguém de realizar algo por sua cor, raça, etc. A injúria é afiançável e o racismo é
inafiançável podendo prender, inclusive, o parlamentar. Ademais o racismo é imprescritível e é
promovido por Ação Penal Pública Incondicionada.
A doutrina tem chamado a injúria de racismo impróprio.
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Lei penal
vida.
Deputados estaduais Imunidade absoluta e relativa Julgados pelo TJ, inclusive nos
crimes dolosos contra a vida.
Vereadores Tem imunidade absoluta Julgados pelo juiz ou TJ, mas
nos crimes dolosos contra a
Obs.: foro especial depende
vida são submetidos ao
da CE.
julgamento popular.
SÚMULA 721, STF: A COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL DO JURI PREVALECE SOBRE O FORO POR
PRERROGATIVA DE FUNÇÃO ESTABELECIDO EXCLUSIVAMENTE PELA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL.
Quanto ao Júri, súmula 721 do STF, diz que o Júri prevalece sobre o TJ estabelecido somente
na CE. Quando a prerrogativa de foro é prevista pela própria CF, prevalece o TJ.
Regra geral (art. 53, §8º) as imunidades permanecem no estado de sítio no recinto; fora do
recinto, pode ser suspenso nos moldes do artigo citado.
Um autor de crime que possui uma imunidade pode ser oposta frente ao Tribunal Penal
Internacional? R.: Não. Art. 27 e 28 do Estatuto de Roma – irrelevância da qualidade oficial.
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Lei penal
Princípios Orientadores:
A) Princípio da especialidade: pelo princípio da especialidade a lei especial derroga a lei geral.
27 A lei é especial quando contém todos os elementos típicos da lei geral e mais alguns
específicos, chamados de especializantes.
A norma especial não quer dizer que é mais grave que a norma geral. Pode-se ter uma
norma mais benéfica. Ex.: infanticídio.
Mas veja. Não se encontra o critério da especialidade só quando um crime está
compreendido em outro. É possível que um tipo penal possa ter uma descrição mais minuciosa
do que o outro tipo para determinado fato punível, como no caso de calúnia e difamação.
Ambos atentam contra a honra e exigem imputação de fato determinado, mas são diferentes.
Lei mais grave: homicídio culposo e homicídio culposo no trânsito. O art. 121, §3º pune
homicídio culposo; mas o art. 302 do CTB também pune o homicídio culposo no trânsito com
veículo automotor. Há uma relação de especialidade. Aplica-se a norma especial, que, neste
caso, é mais grave.
Deve ser feita a análise no plano abstrato, para verificar se a conduta preenche os
elementos especiais do tipo.
B) Princípio da subsidiariedade: tem doutrina que diz que esse princípio não precisaria existir,
poderia estar encaixado no princípio da especialidade ou no princípio da consunção.
Uma lei tem caráter subsidiário (-) relativamente a lei principal (+) quando o fato por ela
incriminado é também incriminado de maneira mais grave pela lei principal, tendo âmbito de
aplicação comum.
Como aponta Cleber Masson, há subsidiariedade entre duas leis penais quando se trata de
estágios ou graus diversos de ofensa a um mesmo bem jurídico, de forma que a ofensa mais
ampla e dotada de maior gravidade, descrita pela lei primária, engloba a menos ampla, contida
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Lei penal
Norma Norma
– +
grave
A subsidiariedade graveou implícita (tácita):
pode ser expressa
(subsidiária)
28
Perigo para a vida ou saúde de outrem
Art. 132. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena – detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais
grave.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da
vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a
prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo
com as normas legais.
Falsa identidade
Art. 307. Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem,
em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui
elemento de crime mais grave.
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Apostila 02 – Direito Penal
Lei penal
C) Princípio da consunção:
Verifica-se a relação de consunção quando o crime previsto por uma norma (consumida)
não passa de uma fase de realização do crime previsto em outra norma (consuntiva) ou é uma
norma de transição para o último (crime progressivo – queria o mais grave, não mudou o
dolo).
No princípio da especialidade, a relação é de espécie/gênero, comparando-se no campo
abstrato.
Aqui, a relação é de parte para todo ou de meio para fim. As normas aqui não se acham em
relação de espécie e gênero, mas de parte a todo, de meio a fim. Comparam-se os fatos
ocorridos (sucessão de fatos), inferindo-se que o fato mais completo consome os demais.
29 Um crime que é parte de um todo, prevalece o todo. O crime mais grave consome o menos
grave.
O crime consumido e o crime consuntivo devem proteger o mesmo bem jurídico, bem
como, o crime consuntivo deve ter pena maior do que o crime consumido. (REGRA)
O STJ entende que é inaplicável o princípio da consunção entre os crimes de receptação e
porte ilegal de arma de fogo, por serem delitos autônomos e de natureza jurídica distinta,
devendo o agente responder por ambos os delitos em concurso material.
Cuidado, porque a jurisprudência não observa isso de maneira absoluta. Se observasse
jamais diria que a falsidade documental fica absorvida pelo estelionato. Na súmula abaixo há
dupla impropriedade técnica: a uma, porque a pena do crime meio (falso) é maior do que o
crime fim (estelionato); a duas porque falsificação e estelionato são crimes que atingem bens
jurídicos diversos.
A súmula 17 do STJ ignora isso: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais
potencialidade lesiva, é por este absorvido.
1. Crime complexo ou composto: fusão de dois ou mais crimes que passam a ser elementar do
crime complexo. Ex: Roubo = furtar + ameaça ou lesão corporal. Há a tutela de mais de um
bem jurídico, como neste exemplo, o patrimônio e a pessoa.
2. Crime progressivo: se dá quando o agente para alcançar um resultado/ou crime + grave
passa, necessariamente, por um crime menos grave, tendo o dolo inicial de atingir o resultado
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Apostila 02 – Direito Penal
Lei penal
mais grave. Pressupõe um crime plurissubsistente, com uma única conduta fracionável em
diversos atos. Assim, o ato final, gerador do evento originariamente desejado, consome os
anteriores, que produzem violações mais brandas ao bem jurídico finalmente atingido,
denominadas “crimes de ação de passagem”. Não há uma mudança de dolo no iter criminis.
- Possui dois requisitos:
1. Unidade de elemento subjetivo (vontade originária) e de conduta, composta de vários atos;
2. Progressividade de dano ao bem jurídico.
Ex.: tem como matar sem ferir ou ofender a sua integridade física? Não tem. Para se matar
alguém, necessariamente, passa-se pelo crime de lesão corporal. Lesão e homicídio.
Cuidado: crime progressivo não se confunde com progressão criminosa. No primeiro a
vontade do agente sempre foi uma só; desde o início, o crime mais grave é o desejado; na
progressão criminosa, o agente primeiro quer uma coisa e, depois de alcançar o resultado,
resolve praticar outra conduta, produzindo um evento mais grave; é uma nova vontade que
surge na execução.
Bizuzinho para não esquecer:
Crime Progressivo = C vem antes de P. A vontade vem antes.
Progressão Criminosa = C vem depois de P. A vontade vem depois.
30 2. Progressão criminosa
Na progressão criminosa, o agente pretende inicialmente produzir um resultado e, depois
de alcançá-lo opta por prosseguir na prática ilícita e reinicia outra conduta, produzindo um
evento mais grave. Há, assim, uma pluralidade de desígnios, com alteração do dolo. O fato
inicial fica absorvido.
3. Fato anterior impunível (ante factum impunível): são fatos anteriores que estão na linha de
desdobramento da ofensa + grave (relação crime-meio para crime-fim).
A diferença é que no crime progressivo o crime anterior era necessário; aqui o crime
anterior (meio) foi o escolhido dentre os possíveis. Ex: Seria possível roubar uma bolsa sem
quebrar o vidro do carro, mas não seria possível matar sem ferir.
Aqui entra a súmula 17 do STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais
potencialidade lesiva, é por este absorvido. Sobre a súmula, é importante ressaltar que a
doutrina a critica, uma vez que tratam de bens jurídicos diversos, sendo que o falso possui
pena maior do que estelionato. A doutrina deseja que fosse denominado concurso material de
crimes.
Aqui se absorve o crime meio.
Ex: quebrar vidro de carro para roubar bolsa; porte ilegal de arma de fogo e homicídio.
4. Fato posterior impunível (post factum impunível): o fato posterior impunível retrata o
exaurimento do crime principal praticado pelo agente, por ele não podendo ser punido.
Aqui se absorve o crime praticado, após exaurido o crime querido.
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Apostila 02 – Direito Penal
Lei penal
Ex.: Rogério furtou um talão de cheques; mas ele, por si só, não dá lucro. Para isso, utilizam-se
os cheques no comércio. O estelionato fica absorvido pelo furto. Estelionato posterior ao
furto.
OBS: isso, para Francisco de Assis Toledo, é concurso material de delitos. Ele não reconhece a
absorção. E há jurisprudência que segue isso.
Fatos anteriores e posteriores impuníveis e o crime conexo: Define-se o crime conexo como
aquele ligado a outro delito. A conexão pode ser teleológica, quando o crime é praticado para
assegurar a execução de outro, ou consequencial, se visa garantir a ocultação, impunidade ou
vantagem de delito anterior. Na conexão há autêntico concurso material. Se o agente mata o
segurança e sequestra o empresário para obter resgate, responde por homicídio e extorsão
mediante sequestro. Na conexão, a prática do crime-meio e do crime fim não é o que
normalmente acontece na vida cotidiana, ao passo que no ante factum e no post factum
impuníveis o crime principal e os demais são consequências naturais, no sentido de que o
desrespeito de uma lei tem por resultado normal a posterior violação de outra.
D) Princípio da alternatividade:
Para maioria (doutrina moderna), o princípio da alternatividade resolve o conflito aparente
interno de uma norma, e não conflito aparente de normas.
Aqui não há pluralidade de normas; há uma norma só.
Tem aplicação nos crimes plurinucleares (=de ação múltipla ou conteúdo variado), que são
crimes compostos de pluralidade de verbos nucleares (ações típicas). Ex.: art. 33 da Lei de
Drogas.
31 Nesses casos, a prática de pluralidade de núcleos dentro do mesmo contexto fático, o
crime permanece único, não desnaturando a unidade do crime.
Ex.: importa, guarda, depois transporta e vende a droga.
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