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FAPAN
Curso de Direito
CRIME DE TORTURA
São Paulo
2022
NATHÁLIA MELISSA DA SILVA FERMINIO
CRIME DE TORTURA
São Paulo
2022
2
FOLHA DE APROVAÇÃO
E atribui a nota:
Professor (a):
Ana Paula Gragnano
Data:
3
DEDICATÓRIA
Agradeço primeiramente a Deus pois sem ele nada seria possível, que fez com que
meus objetivos fossem alcançados
Agradeço a minha mãe por todo apoio nessa jornada acadêmica, foi quem me motivou
diariamente a não desistir.
Agradeço aos docentes por todos os conselhos e aprendizagem, pela ajuda e pela
paciência durante toda jornada
RESUMO
Tendo em vista o crime de tortura previsto na lei 9.455/1997, esta pesquisa tem como objetivo
analisar a extravagante legislação penal, pois em seu contexto, possui grande valor. Tornando o
crime de tortura um dos atos mais cruéis e bárbaros cometido pela vítima. Portanto, esclarece
os pontos mais importantes e contraditórios do próprio crime, bem como as formas como
inúmeras torturas foram cometidas e as contradições nas disposições legais, bem como analisar
o momento histórico da tortura, seu problema tendo como tema mais importante a proteção dos
direitos humanos, visando sempre proteger a dignidade humana desses danos brutais e cruéis
6
ABSTRACT
In view of the crime of torture provided for in law 9.455/1997, this research aims to
analyze the extravagant criminal legislation, because in its context, it has great value. Making
the crime of torture one of the cruelest and most barbaric acts committed by the victim.
Therefore, it clarifies the most important and contradictory points of the crime itself, as well
as the ways in which numerous tortures were committed and the contradictions in the legal
provisions, as well as to analyze the historical moment of torture, its problem having as its
most important theme the protection of human rights, always aiming to protect human dignity
from these brutal and cruel damages.
INTRODUÇÃO............................................................................................................................9
CAPÍTULO 1 TORTURA..........................................................................................................11
1 CONCEITO.......................................................................................................................11
CAPÍTULO 2 TORTURA ATRAVÉS DOS TEMPOS.................................................................14
CAPÍTULO 3 O CÓDIGO PENAL E O CRIME DE TORTURA..................................................17
3.1 FORMA DE TORTURAS.............................................................................................23
CAPÍTULO 4 A CRIMINALIZAÇÃO DA TORTURA NO BRASIL.....................................26
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................29
REFERÊNCIAS..........................................................................................................................31
INTRODUÇÃO
9
CAPÍTULO 1
TORTURA
1 CONCEITO
A tortura, é um dos assuntos mais polêmicos da sociedade porque tem como objetivo
obter uma confissão, ou mesmo condenar outra pessoa, vem sendo utilizada desde a idade
média.
Existem vários conceitos de tortura, o mais importante dos quais é a lei da tortura
listada no artigo 1, e a lei da tortura citada por muitos grandes doutrinadores, no Brasil
Constituição enfoca a contradição da tortura, em 1824, de acordo com o Artigo 179, parágrafo
19.
Dessa forma, o crime de tortura foi abolido antes mesmo do artigo 5º da Constituição
de 1988.
Wolgran Ferreira (1991, p. 23), narra1:
Pode haver uma definição mais precisa de tortura listada em sua própria lei no artigo 1
(Lei nº 9455/97):
1
Wolgran FERREIRA. A tortura: sua história e seus aspectos jurídicos na constituição. São Paulo: Julex
Livros, 1991;
10
I - Constranger alguém com emprego de violência ou grave
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da
vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de
violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de
aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de
segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto
em lei ou não resultante de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las
ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de
quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
Desta forma, a tortura é incluída no rol das violações dos direitos humanos.
No que diz respeito ao princípio da dignidade humana, é também um ato que viola a
constituição, pois afeta diretamente a integridade física e psicológica das pessoas, na maioria
dos casos, a discriminação racial é perpetrada por pessoas com as mesmas características
biológicas (raça, sociedade e religião).
A tortura corporal é um dos exemplos importantes do horror que deixa marcas no corpo
ou na mente, sejam elas físicas ou psicológicas. A definição de tortura pode ser encontrada na
ratificada "Convenção Internacional contra a Tortura" e outros tratamentos ou penas cruéis,
desumanos ou degradantes foi ratificada em 1991:
o termo “tortura” designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos
ou mentais, que são infligidos intencionalmente a uma pessoa, a fim de obter, dela ou
de uma terceira pessoa, informações ou confissões; de castigá-la por ato cometido; de
intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em
discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimento são infligidos
por um funcionário público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por
sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência.
O texto da mesma convenção também inclui conteúdo que não é considerado tortura:
2
Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997
11
Não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos consequência unicamente de
sanções legítimas, ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram.
A Constituição Federal também estipula em seu Artigo 5º, Artigo XLIII, que a lei
considerará crimes inafiançáveis e insustentáveis, incluindo tortura, tráfico ilegal de
entorpecentes e drogas afins, terrorismo definidos como ato criminoso hediondo.
12
CAPÍTULO 2
13
crimes contra o país.
Como Wolgran Ferreira (1991, p.39) relatou3: “A aplicação da tortura baseava-se no
“louvável costume” porque se acreditava que ela é para o bem das almas e maior glória de
Deus, permitindo-se, então, o castigo de quem o ofendia gravemente e colocavam, a outros,
em perigo de condenação eterna.”
No entanto, o sistema de investigação é eficaz para todos os crimes, especialmente
todos os tipos de hereges, e nada mais do que aqueles que afirmam ser hereges, não dogmas
católicos. Mais tarde, no século XV, foi realmente criado o tribunal do Sagrado Ofício, que
aplicou medidas punitivas tanto em Portugal como em Espanha.
Nos tempos modernos, a tortura tornou-se um meio de segurança nacional,
enfraquecendo os direitos dos cidadãos. No século XIV, os direitos dos cidadãos eram a
famosa "fonte de provas". Neste novo momento dos tempos modernos, a tortura é plena
balanço. Ao longo dos séculos, no que diz respeito às instruções do julgamento, restringiu
ainda mais essas garantias pessoais, e agora o julgamento é confidencial.
Valéria Diez (2002, p. 29), narra:
Portanto, durante este período, muitas torturas ocorreram em muitos países, incluindo
Itália, França, Espanha, Grã-Bretanha, Áustria, Suécia, Alemanha e até mesmo Portugal.
Tem aplicabilidade extraordinária, porque esse processo é realizado em conjunto com
a promotoria, tem o mesmo sistema estrito e sempre confidencial, e determina o cargo e o
nome do juiz. país que sofre com esses tormentos tem suas peculiaridades processuais.
A forma mais utilizada é também a vigília noturna, utilizada na coluna vertebral para
suportar o peso de todo o corpo e causar inúmeros sofrimentos entre os torturados, sendo
assim, Espanha e Itália são os países com mais relatos de tortura.
Michel Foucault (2007, p. 13), narra4:
3
Wolgran FERREIRA. A tortura: sua história e seus aspectos jurídicos na constituição. São Paulo: Julex
Livros, 1991
14
A punição vai-se torando, pois, a parte mais velada do processo penal, provocando
várias consequências: deixa o campo da percepção quase diária e entra no da
consciência abstrata; sua eficácia é atribuída à sua fatalidade não sua intensidade
visível; a certeza de ser punido é que deve desviar o homem do crime e não mais o
abominável teatro; a mecânica exemplar da punição muda as engrenagens. Por essa
razão, a justiça não mais assume publicamente a parte de violência que está ligada a
seu exercício. [...] é a própria condenação que marcará o delinquente com sinal
negativo e unívoco: publicidade, portanto, dos debates e da sentença; quanto à
execução, ela é como uma vergonha suplementar que a justiça tem vergonha de impor
ao condenado
Cabette, afirma:
15
CAPÍTULO 3
Em primeiro lugar, o código penal que trata do agravamento geral está estipulado no
Artigo 61 II, d. Portanto, uma vez que tortura é o mesmo que este agravamento, os
procedimentos para a aplicação das disposições para vários crimes hediondos vão desde abuso
de poder até causado por crimes tais como lesões corporais, que podem então ser usadas para
usar métodos cruéis e degradantes por meio de tortura.
No mesmo entendimento da “Lei da Tortura”, o artigo 121, parágrafo 2º, inciso III da
“Lei Penal” também trata do crime de homicídio qualificado pela tortura.
Com isso, cumpre narrar sobre um dos doutrinadores que “participaram” da fase dos
crimes de tortura no passar dos anos.
Beccaria sugeriu que, idealmente, deveria haver uma distribuição justa dos benefícios
entre os membros da sociedade. No entanto, os privilégios estavam realmente concentrados no
poder de algumas pessoas. Portanto, somente a lei em si poderia prevenir ou impedir esses
abusos.
No decorrer de um século, ficou demonstrado que o nascimento da lei é uma ferramenta
para a paixão de poucas pessoas. Eles não são descritos como convenções estabelecidas entre
homens livres. O autor ficou indignado com o comportamento bárbaro das sentenças proferidas
nos tribunais da época, carecendo de críticas a esta situação e aos erros acumulados ao longo
dos séculos.
Beccaria sugeriu apontar os princípios gerais do crime e apontou uma série de
questões relacionadas ao propósito, eficácia e influência dos costumes sobre a lei. Com a
chegada da obra de Beccaria, iniciou-se a luta pelos direitos humanos, portanto, as ideias
desse jurista invadiram a Constituição brasileira.
Embora a Constituição se baseie na Carta Magna, foi somente após o surgimento da
obra de Cesaria Bonasena que surgiram as ideias sobre os direitos humanos e o respeito aos
criminosos.
Na monarquia constitucional de 1824 de autoria de Dom Pedro I, é possível observar o
desempenho marcante da obra de Beccaria, pois o texto constitucional imprimiu a primeira
norma da lei penitenciária. Na Constituição, a pena de morte, o exílio e a punição ainda eram
16
permitidos, mas já eram descritos os princípios da legalidade e do devido processo.
Neste sentido, com a influência de Beccaria, foram incluídos os princípios delimitados
pelo mesmo na Constituição;
Anterioridade “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal”
Legalidade; “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei”
Irretroatividade da Lei Penal, “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”
Neste sentido, demonstra-se que Beccaria aplicou esses princípios em sua obra,
enquadrando-se na Carta Magna do Brasil.
Será feita uma análise em face dos artigos 121 do CP ao artigo 129 do CP, ao estudo do
entendimento do autor, os artigos em questão retratam alguns dos piores crimes cometidos,
neste sentido, em comparado com o entendimento de Beccaria, visa-se fazer uma análise dos
crimes atribuindo a ideologia do mesmo.
Beccaria possuía o entendimento de que as penas deveriam ser proporcionais aos delitos,
assim ligando este entendimento com os artigos em questão se busca analisar que os meios
utilizados pela legislação para prevenir o crime devem ser mais fortes, quanto mais prejudicial
ao interesse público, procurando uma relação entre crime e punição, se não houver essa
proporção, os criminosos não serão tratados de forma diferente na mente das pessoas. É
necessário estabelecer uma pena a cada delito, importante analisar todo o “grau” do crime
cometido.
No caso dos crimes ora mencionados, deve fazer uma “divisão”, exemplo entre roubo
com violência e não violência fornece uma base para a distinção entre agressão e roubo. Neste
sentido deve se ponderado evidentemente o crime ocorrido com a legislação pertinente, dando
ao criminoso a pena correta com a junção do delito, dos fatos e do grau do crime cometido.
17
Além disso a duração do processo é importante, “Cabe tão-somente às leis determinar o
espaço de tempo que se deve utilizar para a investigação das provas do crime, e o que se deve
conceder ao acusado para que se defenda.”
Em face dos crimes hediondos por exemplo, não se deve haver qualquer prescrição em
favor do culpado.
Uma vez que a gravidade do crime deve ser investigada, o tempo gasto na investigação
de evidências e na determinação de prescrições não deve ser aumentado.
Valéria Diez (2002, p. 48), narra5:
Ante a ausência de um tipo penal específico, que somente passou a existir com a Lei
nº 9.455/97, a punição da tortura dava-se pela adequação do fato a outros tipos penais
do ordenamento jurídico, normalmente de pouca gravidade. Dessa forma, era muito
comum o enquadramento da tortura nos crimes de lesão corporal dolosa e abuso de
autoridade, salvo quando praticado como meio de execução de outro delito, hipótese
em que caracterizava agravante ou qualificadora de homicídio (artigos 61, II, d e 121,
§ 2º, III, do Código Penal). Nesse caso, justificava-se a elevação da pena em razão do
grande sofrimento causado à vítima durante a prática do crime. [...]. Na maioria das
vezes, o fato não era punido com rigor. Embora a tortura tivesse sido equiparada aos
crimes hediondos pela Constituição, seu enquadramento em outros tipos, não
considerados/equiparados aos hediondos, livrava o agente dos rigores da Lei nº
8.072/90. Assim, se o agente tivesse torturado a vítima, resultando apenas lesão leves,
não seria acusado de crime hediondo e teria direito até a transação penal (Lei nº
9.099/95).
Temos outro artigo sobre tortura, mas enfoca o tratamento de prisioneiros no Artigo 38
do Código Penal: “O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade,
impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e moral.”
Portanto, vemos que este artigo é totalmente desrespeitado, porque nas prisões
acontecem mais inúmeras rebeliões. Isso porque há muitos presos, o que ultrapassa o número
mínimo de presos em cada cela, de modo que os direitos dos presos não são obtidos.
Respeitar, ser humilhado e descumprir a ética do criminoso correspondente, e tratar os
criminosos de maneira tão cruel e degradante, porque a prisão não tem nem assistência
médica adequada, melhores condições, e até falta de serviços básicos.
Observou um entendimento do doutrinador Júlio Fabbrini Mirabete (2000; p. 272)6:
A prisão não deve impor restrições que não sejam inerentes à própria natureza da
pena privativa de liberdade e, por essa razão, impõe-se a todas as autoridades o
respeito à integridade física e moral do detento ou presidiário (art. 5º, XLIX da CF e
art. 40 da LEP).
18
5
GOULART, Valéria Diez Scarance Fernandes. Tortura e prova no processo penal. São Paulo: Atlas, 2002.
19
A Resolução nº 7, de 11/07/94, do Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária, reitera o ‘princípio fundamental de que qualquer pessoa presa ou sujeita à
medida de segurança tem direito à preservação de sua integridade física e moral, não devendo
ser submetida a tortura, a tratamento desumano ou degradante, nem ficar exposta à execração
pública’(art.6º).
Neste sentido, verifica-se jurisprudência do Tribunal de Justiça7:
6
MIRABETE, Julio Fabbrini. Código Penal Interpretado. São Paulo: Jurídica Atlas, 2000.
7
TJ-RS, 70047451026, Rel. Leonel Pires Ohlweiler
20
SEGUNDO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO.
DANOS MORAIS E MATERIAIS. ACIDENTE DE MENOR SOB GUARDA.
FALTA DO NECESSÁRIO PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282 DO STF.
MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA REFLEXA. 1. O requisito
do
prequestionamento é indispensável, por isso que inviável a apreciação, em sede de
recurso extraordinário, de matéria sobre a qual não se pronunciou o Tribunal de
origem, incidindo o óbice da súmula 282 do Supremo Tribunal Federal, verbis: é
inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada na decisão recorrida, a
questão federal suscitada. 2. A simples oposição dos embargos de declaração, sem
o efetivo debate acerca da matéria versada pelo dispositivo constitucional apontado
como malferido, não supre a falta do requisito do prequestionamento, viabilizador
da abertura da instância extraordinária. 3. O estado responde objetivamente por
danos sofridos por detentos, no caso, menores sob sua guarda. Teoria do risco
administrativo. Configuração do nexo de causalidade em função do dever
constitucional de guarda (art. 5º, XLX). (RE n. 481.110-AgR). 4. In casu, o
acórdão recorrido assentou: RESPONSABILIDADE CIVIL - danos morais e
materiais- Dano causado a menor detido em instituição Estadual -
Responsabilidade do Poder Público -Estando o autor interno em reformatório para
menores infratores, com óbvia custódia e proteção direta do Poder Público, este é
responsável por sua integridade física - Artigo 5º, XLIX da CF -Redução dos danos
morais-13º salário- Exclusão - Recursos parcialmente providos. 5. Agravo
regimental desprovido. (AI 782903 AgR-segundo, Relator(a): Min. LUIZ FUX,
Primeira Turma, julgado em 13/03/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-066
DIVULG 30-03-2012 PUBLIC
02-04-2012)
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO PODER PÚBLICO -
ELEMENTOS ESTRUTURAIS – PRESSUPOSTOS LEGITIMADORES DA
INCIDÊNCIA DO ART. 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA -
TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO - INFECÇÃO POR
CITOMEGALOVÍRUS - FATO DANOSO PARA O OFENDIDO (MENOR
IMPÚBERE) RESULTANTE DA EXPOSIÇÃO DE SUA MÃE, QUANDO
GESTANTE, A AGENTES INFECCIOSOS, POR EFEITO DO DESEMPENHO,
POR ELA, DE ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM HOSPITAL PÚBLICO, A
SERVIÇO DA ADMINISTRAÇÃO ESTATAL - PRESTAÇÃO DEFICIENTE,
PELO DISTRITO FEDERAL, DE ACOMPANHAMENTO PRÉ-NATAL -
PARTO TARDIO - SÍNDROME DE WEST - DANOS MORAIS E MATERIAIS -
RESSARCIBILIDADE - DOUTRINA - JURISPRUDÊNCIA - RECURSO
DE
AGRAVO IMPROVIDO. - Os elementos que compõem a estrutura e delineiam o
perfil da responsabilidade civil objetiva do Poder Público compreendem (a)
a alteridade do dano, (b) a causalidade material entre o "eventus damni" e o
comportamento positivo (ação) ou negativo (omissão) do agente público, (c) a
oficialidade da atividade causal e lesiva imputável a agente do Poder Público que
tenha, nessa específica condição, incidido em conduta comissiva ou omissiva,
independentemente da licitude, ou não, do comportamento funcional e (d) a
ausência de causa excludente da responsabilidade estatal. Precedentes. A omissão
do Poder Público, quando lesiva aos direitos de qualquer pessoa, induz à
responsabilidade civil objetiva do Estado, desde que presentes os pressupostos
primários que lhe determinam a obrigação de indenizar os prejuízos que os seus
agentes, nessa condição, hajam causado a terceiros. Doutrina. Precedentes.
8
TJ-RS, 70047934237, Rel. Tasso Caubi Soares Delabary
21
9
STF, AI 782903 AgR-segundo, Rel. Min. LUIZ FUX
STF, RE 495740 AgR, Rel. Min. CELSO DE MELLO
STJ, REsp 936.342/ES, Rel. Ministro LUIZ FUX
22
A jurisprudência dos Tribunais em geral tem reconhecido a responsabilidade civil
objetiva do Poder Público nas hipóteses em que o "eventus damni" ocorra em
hospitais públicos (ou mantidos pelo Estado), ou derive de tratamento médico
inadequado, ministrado por funcionário público, ou, então, resulte de conduta
positiva (ação) ou negativa (omissão) imputável a servidor público com atuação na
área médica. - Servidora pública gestante, que, no desempenho de suas atividades
laborais, foi exposta à contaminação pelo citomegalovírus, em decorrência de suas
funções, que consistiam, essencialmente, no transporte de material potencialmente
infectocontagioso (sangue e urina de recém-nascidos). - Filho recém-nascido
acometido da "Síndrome de West", apresentando um quadro de paralisia cerebral,
cegueira, tetraplegia, epilepsia e malformação encefálica, decorrente de infecção
por citomegalovírus contraída por sua mãe, durante o período de gestação, no
exercício de suas atribuições no berçário de hospital público. - Configuração de
todos os pressupostos primários determinadores do reconhecimento da
responsabilidade civil objetiva do Poder Público, o que faz emergir o dever de
indenização pelo dano pessoal e/ou patrimonial sofrido. (RE 495740 AgR,
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 15/04/2008,
DJe-152 DIVULG 13-08-2009 PUBLIC 14-08-2009 EMENT VOL- 02369-07
PP01432 RTJ VOL-00214- PP- 00516)
23
Penitenciária.”
A última parte da "Lei de Proibição da Tortura" contém os artigos 3º e 4º, sendo o art.
3º: “Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação”. Esta é uma cláusula na data de
entrada em vigor desta cláusula, pelo que é de extrema importância o combate a estas
terríveis torturas: “Revogasse o art. 233 da Lei nº 8.089, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da
Criança e do Adolescente.”
24
Portanto, a tortura deve ter uma conexão entre os vestígios e os meios de denúncia das
vítimas de tal tortura para ter forma e resultado, causando lesões graves e lesões graves.
Muito sérios e podem até levar à morte ou resultados ainda menos graves, como ferimentos
leves.
Alguns deles são mais graves do que outros e nunca podem ser reparados em caso de
sofrimento psíquico ou sequelas irreparáveis (que ficarão gravadas na vítima física e
mentalmente). Portanto, após vários anos de etapas, cada etapa tem seus próprios métodos e
formas.
Wolgran Junqueira Ferreira (1991, p. 50):
Por fim, neste caso, é importante a elaboração de laudo pericial que comprove a
existência de tortura por meio dos vestígios físicos do abuso cometido pela vítima, por isso
é muito importante como prova desse processo.
No caso das investigações criminais, visto que na maioria dos casos é difícil de
provar, porque os vestígios desapareceram, é porque o detido não pode contactar o médico
para realizar tais investigações, pelo que a fiscalização do sujeito penal é determinada de
acordo com o disposto no artigo 158 do CPP o crime de tortura foi cometido: “Quando a
infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto,
não podendo supri-lo a confissão do acusado.”
26
CAPÍTULO 4
27
e que criminalizou a prática da tortura no inciso III do artigo 5º, em que estabelece que
“ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante”.
A prática da tortura tornou-se, com a Constituição de 1988, crime inafiançável e
insuscetível de graça ou anistia (art. 5º, inciso XLIII). Além disso, ela também reconheceu
como integrante dos direitos constitucionalmente consagrados os tratados internacionais de
proteção internacional de direitos humanos, que, assim sendo, passam a ser direta e
imediatamente exigível no plano do ordenamento jurídico interno (art. 5º, § 2º).
28
Em 1990, o Estatuto da Criança e Adolescente (Lei nº 8.069/90) apresentou um artigo
que versava acerca do crime de tortura contra criança e adolescente. Este artigo era o 233º, que
estabelecia pena para aqueles que submetessem criança ou adolescente, sob sua autoridade,
guarda ou vigilância a tortura.
29
CONSIDERAÇÕES FINAIS
30
REFERÊNCIAS
Análise dos artigo 121, 122, 123, 124, 125, 126, 127 e 128, do Código Penal, , disponível
em: https://beatrizpbarbosa.jusbrasil.com.br/artigos/406736418/analise-dos-artigo-121-122-
123-124-125-126-127-e-128-do-codigo-penal
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: legislação penal especial. 5 ed. São Paulo:
Saraiva, 2010;
Convenção contra tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes,
disponível em: https://jus.com.br/artigos/47454/convencao-contra-tortura-e-outros-
tratamentos-ou-penas-crueis-desumanos-ou-degradantes
Dos Delitos e das Penas: a Análise de Cesare Beccaria Que Resolveria Grande Parte da Crise
no Direito Penal Brasileiro, disponível em: https://www.megajuridico.com/dos-delitos-e-das-
penas-a-analise-de-cesare-beccaria-que-resolveria-grande-parte-da-crise-no-direito-penal-
31
brasileiro/#:~:text=A%20obra%20Dos%20Delitos%20e,por%20parte%20da%20sociedade%2
0atual
GOULART, Valéria Diez Scarance Fernandes. Tortura e prova no processo penal. São Paulo:
Atlas, 2002.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Código Penal Interpretado. São Paulo: Jurídica Atlas, 2000.
SILVA, Magna Meire de Oliveira. Tortura. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 06 abr. 2012.
Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.36374&seo=1
SILVA, Magna Meire de Oliveira. Tortura. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 06 abr. 2012.
Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.36374&seo=1
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