Você está na página 1de 13

ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Turma: CPIII C 12023


Disciplina/Matéria: DIREITO PENAL
Sessão: 02 - Dia 16/03/2023 - 18:00 às 19:50
Professor: GUILHERME GRANDMASSON FERREIRA CHAVES

02 Tema: Dosimetria. 1) O processo trifásico de aplicação da pena: circunstâncias judiciais,


atenuantes e agravantes e causas de aumento e de diminuição: critérios de aplicação da pena. 2) O
concurso entre as circunstâncias atenuantes e agravantes: controvérsias; 3) A pena de multa:
critérios para sua fixação. 4) O concurso de crimes: Formas de cálculo da pena. 5) A dosimetria
para o concurso de pessoas. 6) Questões controvertidas na jurisprudência e na doutrina.

1ª QUESTÃO:
No dia 12 de maio de 2018, JOÃO estava em sua motocicleta Honda/ Tomado realizando entrega de
pizzas na companhia de sua mãe, quando foram fechados por um veículo Logan, de onde
desembarcou FERNANDO e mais duas outras pessoas não identificadas.
Ato contínuo, FERNANDO, portando arma de fogo do tipo revólver, rendeu JOÃO e sua mãe, e
JOÃO disse aos assaltantes que a motocicleta estava com defeito.
Porém, ainda assim, FERNANDO e seus comparsas tentaram levar a motocicleta de JOÃO.
Ocorre que, nesse exato momento, FERNANDO e seus comparsas visualizaram a existência de
policiais civis próximos e imediatamente empreenderam fuga sem levar consigo nenhum bem de
JOÃO ou de sua mãe.
Enquanto fugiam, FERNANDO e os demais meliantes dispararam projéteis de arma de fogo contra a
guarnição policial por diversas vezes, tendo os policiais revidado à injusta agressão.
Após a perseguição, os policiais lograram prender FERNANDO, que estava escondido no quintal de
uma casa próxima.
Em razão dos fatos narrados, o Ministério Público denunciou FERNANDO como incurso nas penas
dos artigos 157, §2º, II, e §2º-A, na forma do artigo 14, II; artigo 329, § 1º, na forma do artigo 69,
todos do Código Penal.
Durante a instrução criminal, FERNANDO confessou sua própria participação no delito de roubo
mediante o emprego de arma de fogo e concurso de agentes.
Consta na folha de antecedentes criminais de FERNANDO o registro de uma condenação ao
cumprimento de 21 (vinte e um) anos de reclusão em regime fechado pela prática de homicídio
qualificado e ocultação de cadáver, com sentença proferida em 15/07/2007 e trânsito em julgado em
02/10/2008.
Considerando que a tipificação penal foi corretamente feita pelo parquet, aplique a correspondente
pena de FERNANDO.

DIREITO PENAL - CP03 - 03 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 16/03/2023 - Página 1 de 13


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

RESPOSTA:
TJRJ
APELAÇÃO 0111475-26.2018.8.19.0001
Des(a). PAULO BALDEZ
Julgamento: 29/10/2020
QUINTA CÂMARA CRIMINAL
APELAÇÃO CRIMINAL. DENÚNCIA E CONDENAÇÃO PELA PRÁTICA DOS CRIMES
PREVISTOS NOS ARTIGOS 157, §2º, II, E §2º-A, NA FORMA DO ARTIGO 14, II, ARTIGO 329,
§ 1º, E ARTIGO 180, CAPUT, NA FORMA DO ARTIGO 69, TODOS DO CÓDIGO PENAL.
RECURSO DO RÉU LUIZ FERNANDO OBJETIVANDO A ABSOLVIÇÃO QUANTO AO
CRIME DE RECEPTAÇÃO SOB ALEGAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA, OU A
DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DE RECEPTAÇÃO CULPOSA COM ABSOLVIÇÃO
POR INFRINGÊNCIA AO PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO E, QUANTO AO DELITO DE
ROUBO, A APLICAÇÃO SOMENTE DA FRAÇÃO DE AUMENTO DE PENA DE 2/3 (DOIS
TERÇOS) POR INCIDÊNCIA DO ARTIGO 68, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO PENAL, OU
A EXCLUSÃO DA MAJORANTE DO EMPREGO DE ARMA DE FOGO EM RAZÃO DE SUA
NÃO APREENSÃO, BEM COMO A FIXAÇÃO DE REGIME PRISIONAL MAIS BRANDO.
APELO DO ACUSADO ANANIAS DE LIMA PRETENDENDO SUA ABSOLVIÇÃO COM
AMPARO NA TESE DE CARÊNCIA PROBATÓRIA E, SUBSIDIARIAMENTE, O
AFASTAMENTO DAS MAJORANTES DO ROUBO TENTADO.

Trechos do acórdão:
I - Recurso do réu Luiz Fernando.
a) Art. 180, caput, do Código Penal:
Trata-se de imputação de que este apelante e o corréu receberam de terceiro não identificado veículo
que sabiam ser produto de crime.
Entretanto, nenhuma prova foi produzida nos autos de que Luiz Fernando e o corréu Ananias
receberam o veículo de terceiro. Com efeito, nenhum deles conduzia o veículo, o que torna ainda
mais frágil a prova em relação à imputação e até mesmo de que sabiam a origem ilícita do veículo,
tendo o motorista logrado se evadir da ação policial. Não há aqui a certeza que se exige para a
condenação criminal, impondo-se a absolvição nos termos do art. 386, VII, do Código de Processo
Penal.
b) Artigo 157, §2º, II e § 2º-A, I, na forma do artigo 14, II, ambos do Código Penal:
A Defesa de Luiz Fernando não se insurge contra a condenação. No ponto, a prova é suficiente,
consubstanciada nos depoimentos das vítimas, dos policiais civis e na própria confissão deste réu. A
dosimetria, entretanto, deve ser refeita para a aplicação tão-só da fração referente à causa de
aumento de pena de maior gravidade, e não de ambas, mantido o regime fechado por força da
reincidência.
Portanto, na terceira fase da dosimetria, deve ser operada a readequação do percentual de incremento
das penas pela incidência das majorantes relativas ao concurso de agentes e ao emprego de arma de
fogo.
Verifica-se que o magistrado sentenciante optou por aplicar frações de aumento de pena de maneira
individual e sucessiva, operando primeiro o acréscimo da pena em 1/3 pelo concurso de agentes, nos
termosdo

DIREITO PENAL - CP03 - 03 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 16/03/2023 - Página 2 de 13


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

inciso II do §2º do art. 157 do Código Penal, e, em seguida, o incremento de 2/3 pelo emprego de arma,
conforme previsto no inciso I do §2º-A do art. 157 do mesmo Código.
Todavia, consoante disposto no parágrafo único do art. 68 do Código Penal, "no concurso de causas de
aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só
diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua", até mesmo a fim de que se
assegure a proporcionalidade e razoabilidade da resposta penal a ser concretamente designada.
No caso em comento, observa-se que ao menos três indivíduos participaram da empreitada criminosa,
ocupando o veículo utilizado no crime, e embora não tenha ocorrido a apreensão da arma de fogo, houve
sua efetiva utilização, consoante prova testemunhal e laudo de exame em veículo com impactos de
projetil de arma de fogo (e-doc. 000321), o qual aponta disparos ocorridos também de dentro para fora do
automóvel. Entretanto, as circunstâncias da ação não fogem ao comum à espécie criminosa. Ademais, em
que pese a norma do referido art. 68 do Código Penal estabelecer que "pode" o juiz limitar-se a um só
aumento ou a uma só diminuição, impõe-se a exposição da devida fundamentação, mormente caso o
julgador opte pela solução mais gravosa de cumular as causas de aumento de pena. Não se vê do julgado,
todavia, qualquer justificação para a sucessiva cumulação das majorantes.
Assim, em observância ao princípio da razoabilidade, e também ao enunciado 443 da Súmula da
Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, uma vez inexistente motivação apta a justificar a
incidência de mais de uma majorante, deve incidir apenas a fração de aumento de 2/3 (dois terços), mais
gravosa no caso.

c) Art. 329, § 1º, do Código Penal:


A Defesa de Luiz Fernando não se insurge contra a condenação e nem contra a dosimetria. Verifica-se
que a prova é suficiente e a pena-base foi aplicada no patamar mínimo legal, com moderado aumento na
segunda fase em função da reincidência, pelo que deve ser mantida.

Trechos da sentença:
III.A - DOSIMETRIA DA PENA EM RELAÇÃO AO ACUSADO LUIZ FERNANDO
III.A.1 - DOSIMETRIA QUANTO AO CRIME PREVISTO NO ARTIGO 157, §2º, II E § 2º, A-1,
DO CP
Na primeira fase, serão consideradas as circunstâncias previstas no artigo 59 do Código Penal.
Inicialmente, serão verificados os antecedentes criminais. Constituem antecedentes criminais, práticas de
fatos criminosos anteriores ao presente, ou seja, a vida pregressa do acusado em matéria penal. Tal
verificação se depreende da folha de antecedentes criminais de fls. 153/159, na qual consta outra anotação
com sentença condenatória transitada em julgado no qüinqüídio anterior aos fatos apurados na presente
ação penal (anotação nº 02). Trata-se de réu reincidente. Maus antecedentes se configuram por meio das
condenações transitadas em julgado que já não se revelamaptas a gerar reincidência. Mais

DIREITO PENAL - CP03 - 03 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 16/03/2023 - Página 3 de 13


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

especificamente sobre o instituto da reincidência, ´Não prevalece a condenação anterior, se entre a data do
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5
(cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional se não ocorrer
revogação´ (Artigo 64, inciso I do Código Penal). Da análise de sua FAC, verifica-se que o réu é
reincidente, conforme já mencionado. Entretanto, tal não merece ser sopesado nesta oportunidade, pelo
que se trata de agravante analisada na segunda fase da aplicação da pena, conforme se depreende do
artigo 61, inciso I do Diploma Repressivo. A conduta social e a personalidade do agente são elementos
subjetivos a compor esta análise, quanto às suas definições, respectivamente, preleciona brilhantemente
Guilherme de Souza Nucci in Código Penal Comentado 11ª ed., Revista dos Tribunais, 2012: ´...é o papel
do réu na comunidade, inserido no contexto da família, do trabalho, da escola, da vizinhança etc [...]
Deve-se observar como se comporta o réu em sociedade, ausente qualquer figura típica incriminadora. ´
´...trata-se do conjunto de caracteres exclusivos de uma pessoa, parte herdada, parte adquirida. ´. Nesse
aspecto, o julgador se vale de ciências como a psicologia, a psiquiatria, entre outros, na formação de sua
convicção. ´ Ante tais diretrizes, não vislumbro nos presentes autos elementos seguros que me permitam
afirmar negativamente a conduta social e a personalidade do réu. No tocante à culpabilidade, pode-se
dizer que está atrelada à responsabilização penal, seja a título de dolo ou culpa, pelo que consiste no grau
de censurabilidade do injusto praticado e de outros requisitos como: a capacidade de receber pena, a
presunção de conhecimento da oposição da conduta à lei e impossibilidade de ser exigida conduta
distinta. Nesse sentido, trata Davi de Paiva Costa Tangerino (2011, p. 255): ´Trata-se de um juízo de
reprovabilidade dirigido contra aquele que escolheu agir em contrariedade ao ordenamento jurídico.
Compõe-se da imputabilidade, do potencial conhecimento da ilicitude e da inexigibilidade da conduta
diversa. ´ Isto posto, verifica-se que o réu comporta capacidade de autodeterminação e imputabilidade,
ciente do seu comportamento, deve e pode dele ser exigida conduta de acordo com a norma proibitiva
implicitamente prevista no tipo por ele praticado, sendo assim, sua culpabilidade é normal ao tipo. Por
motivos do crime podem ser entendidas as situações precedentes ao cometimento do crime. De forma
autoexplicativa, os motivos consistem nas ações que dão causa, que levam o agente a agir de determinada
maneira. Os motivos trazidos aos autos são aqueles inerentes ao tipo praticado e, por isso, não concorrem
para o recrudescimento da sanção. A contrário sensu, as consequências do crime são os efeitos gerados
pela prática deste, sejam eles físicos ou psíquicos, e devem exceder ao resultado típico por vezes
necessário para a consumação do delito. Pelo que se pode perceber no presente caso, as consequências
são normais ao tipo. As circunstâncias são analisadas no modo ou conjuntura de cometimento do crime,
não podendo ser consideradas quando se tratarem de circunstâncias elementares do delito sob pena de
ocorrer em bis in idem. Vale trazer aslições da obra Código Penal

DIREITO PENAL - CP03 - 03 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 16/03/2023 - Página 4 de 13


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Comentado, Celso Delmanto ...[et al], 6ª ed., 2002: ´São as circunstâncias que cercaram a prática da
infração penal e que podem ser relevantes no caso concreto (lugar, maneira de agir, ocasião etc.). Note-se,
também quanto a estas, que não devem pesar aqui certas circunstâncias especialmente previstas, no
próprio tipo, ou como circunstâncias legais ou causas especiais (exemplos: repouso noturno, lugar ermo
etc.), para evitar dupla valoração.´ Desta feita, o crime foi cometido sob circunstâncias comuns ao tipo. O
comportamento da vítima se torna relevante quando, com conduta extremada, o lesado injustamente
provoca o agente, levando-o à prática do ilícito penal. Nesta última circunstância judicial a ser analisada
verifica-se que a vítima em nada contribuiu para o cometimento do crime. Assim sendo, fixo a pena-base
no mínimo legal, qual seja, em 04 (quatro) anos de reclusão e 10 (dez) dias-multa.

Na segunda fase, reconheço a existência da agravante genérica da reincidência, prevista no artigo 61, I,
do Código Penal, em face da anotação de número 02 (dois) de sua FAC de fls. 153/159, bem como da
atenuante da confissão prevista no artigo 65, III, ´d´, do Código Penal, ainda que esta tenha sido parcial
no tocante à participação do corréu Ananias. Isto porque o réu confessou sua própria participação no
delito mediante o emprego de arma de fogo e concurso de agentes, ou seja, confirmou a autoria e a
existência de ambas as causas de aumento de pena, ainda que o segundo elemento tenha denominado
como ´menino´. Por força do concurso entre circunstâncias agravantes e atenuantes e considerando que
ambas são igualmente preponderantes, a teor do disposto no art. 67 do CP, verifica-se a possibilidade de
compensação entre ambas. A esse respeito: ´APELAÇÃO CRIMINAL. SENTENÇA CONDENATÓRIA
DO RÉU COMO INCURSO NAS PENAS DO ARTIGO 157, CAPUT, 3X, NA FORMA DO ARTIGO
71, DO CP. PLEITO DA DEFESA DE RECONHECIMENTO DO CRIME NA FORMA TENTADA;
ABRANDAMENTO DA PENA-BASE; COMPENSAÇÃO DA AGRAVANTE RELATIVA À
REINCIDÊNCIA COM A CONFISSÃO DO APELANTE E ABRANDAMENTO DE REGIME. Réu
que, livre e conscientemente, subtraiu para si ou para outrem, mediante grave ameaça exercida com um
simulacro de arma de fogo, bens de três vítimas diferentes, em continuidade delitiva. Pedido de
reconhecimento do crime na forma tentada. Descabimento. Apelante que foi capturado logo após ter
subtraído bens de três vítimas diferentes. Desnecessidade de posse mansa e pacífica dos bens.
Consolidação da teoria da apprehensio (ou amotio) no âmbito do STF e STJ. Pleito de abrandamento da
pena-base que se acolhe. Pena-base majorada, em primeira instância, com base na intenção de obter
´lucro fácil´ e em razão da prática anterior de crime. A mencionada motivação do delito é inerente aos
crimes contra o patrimônio, como o roubo em questão. No que tange ao crime anterior com trânsito em
julgado, este foi levando em consideração para fins de reconhecimento da reincidência. Pedido da Defesa
para que a confissãoespontânea prepondere sobre a reincidência.

DIREITO PENAL - CP03 - 03 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 16/03/2023 - Página 5 de 13


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Possibilidade de compensação entre a agravante da reincidência e a atenuante da confissão espontânea,


por serem, na forma do artigo 67, do Código Penal, igualmente preponderantes. No caso, contudo, aplica-
se o verbete sumular n.º 231, do STJ, que impede a redução da pena intermediária aquém do mínimo
legal. Abrandamento do regime inicial de cumprimento da pena para o semiaberto. Recurso provido, em
parte. Unânime.´ (APELACAO nº 0163088-27.2014.8.19.0001 - DES. ANTONIO CARLOS AMADO -
TERCEIRA CAMARA CRIMINAL - Data de Julgamento: 28/07/2016) Desta forma, mantenho a pena
intermediária em 04 (quatro) anos de reclusão e 10 (dez) dias-multa.

Na terceira fase, verifico que não há causas de diminuição de pena a serem ponderadas. Considerando a
presença de duas causas especiais de aumento de pena estabelecidas, temos o seguinte: Com relação à
causa de aumento de pena prevista no inciso II, do § 2º do art. 157 do CP, aumento a pena em 1/3 (um
terço), totalizando 05 (CINCO) ANOS E 04 (QUATRO) MESES DE RECLUSÃO E 13 (TREZE) DIAS-
MULTA. Tendo em vista a Lei nº 13.654/2018, a qual alterou a redação do §2º do artigo 157 do Código
Penal, trazendo novo quantum de aumento para os delitos cometidos mediante o emprego de arma de
fogo, aumento a pena em 2/3 (dois terços), totalizando 08 (OITO) ANOS, 10 (DEZ) MESES E 20
(VINTE) DIAS DE RECLUSÃO E 21 (VINTE E UM) DIAS-MULTA.
Em razão do reconhecimento do crime na forma tentada, reduzo a pena em 1/3, vez que o crime ficou
próximo de sua consumação, tendo sido a motocicleta retirada da posse da vítima, pelo que ajusto a pena
em 05 (CINCO) ANOS, 11 (ONZE) MESES E 03 (TRÊS) DIAS DE RECLUSÃO E 14 (QUATORZE)
DIAS-MULTA.

III.A.2 - DOSIMETRIA QUANTO AO CRIME PREVISTO NO ARTIGO 180, CAPUT, DO CP


(...)

III.A.3 - DOSIMETRIA QUANTO AO CRIME PREVISTO NO ARTIGO 329, §1º, DO CP


Na primeira fase, serão consideradas as circunstâncias previstas no artigo 59 do Código Penal.
Inicialmente, serão verificados os antecedentes criminais. Constituem antecedentes criminais, práticas de
fatos criminosos anteriores ao presente, ou seja, a vida pregressa do acusado em matéria penal. Tal
verificação se depreende da folha de antecedentes criminais de fls. 153/159, na qual consta outra anotação
com sentença condenatória transitada em julgado no qüinqüídio anterior aos fatos apurados na presente
ação penal (anotação nº 02). Trata-se de réu reincidente. Maus antecedentes se configuram por meio das
condenações transitadas em julgado que já não se revelam aptas a gerar reincidência. Mais
especificamente sobre o instituto da reincidência, ´Não prevalece a condenação anterior, se entre a data do
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5
(cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional se não ocorrer
revogação´ (Artigo 64, inciso I do Código Penal). Da análise de sua FAC, verifica-se que o réu é
reincidente, conforme já mencionado. Entretanto, tal não merece ser sopesado nesta oportunidade, pelo
que se trata deagravante analisada na segunda fase da aplicação

DIREITO PENAL - CP03 - 03 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 16/03/2023 - Página 6 de 13


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

da pena, conforme se depreende do artigo 61, inciso I do Diploma Repressivo. A conduta social e a
personalidade do agente são elementos subjetivos a compor esta análise, quanto às suas definições,
respectivamente, preleciona brilhantemente Guilherme de Souza Nucci in Código Penal Comentado 11ª
ed., Revista dos Tribunais, 2012: ´...é o papel do réu na comunidade, inserido no contexto da família, do
trabalho, da escola, da vizinhança etc [...] Deve-se observar como se comporta o réu em sociedade,
ausente qualquer figura típica incriminadora. ´ ´...trata-se do conjunto de caracteres exclusivos de uma
pessoa, parte herdada, parte adquirida. ´. Nesse aspecto, o julgador se vale de ciências como a psicologia,
a psiquiatria, entre outros, na formação de sua convicção. ´ Ante tais diretrizes, não vislumbro nos
presentes autos elementos seguros que me permitam afirmar negativamente a conduta social e a
personalidade do réu. No tocante à culpabilidade, pode-se dizer que está atrelada à responsabilização
penal, seja a título de dolo ou culpa, pelo que consiste no grau de censurabilidade do injusto praticado e
de outros requisitos como: a capacidade de receber pena, a presunção de conhecimento da oposição da
conduta à lei e impossibilidade de ser exigida conduta distinta. Nesse sentido, trata Davi de Paiva Costa
Tangerino (2011, p. 255): ´Trata-se de um juízo de reprovabilidade dirigido contra aquele que escolheu
agir em contrariedade ao ordenamento jurídico. Compõe-se da imputabilidade, do potencial
conhecimento da ilicitude e da inexigibilidade da conduta diversa. ´ Isto posto, verifica-se que o réu
comporta capacidade de autodeterminação e imputabilidade, ciente do seu comportamento, deve e pode
ser exigida dele conduta de acordo com a norma proibitiva implicitamente prevista no tipo por ele
praticado, sendo assim, sua culpabilidade é normal, inexistindo quaisquer causas de exclusão de
antijuridicidade ou culpabilidade aplicáveis ao caso dos autos. Por motivos do crime podem ser
entendidas as situações precedentes ao cometimento do crime. De forma autoexplicativa, os motivos
consistem nas ações que dão causa, que levam o agente a agir de determinada maneira. Os motivos
trazidos aos autos são aqueles inerentes ao tipo praticado e, por isso, não concorrem para o
recrudescimento da sanção. A contrário sensu, as consequências do crime são os efeitos gerados pela
prática deste, sejam eles físicos ou psíquicos, e devem exceder ao resultado típico por vezes necessário
para a consumação do delito. Pelo que se pode perceber no presente caso, as consequências são aquelas
normais ao tipo penal. As circunstâncias são analisadas no modo ou conjuntura de cometimento do crime,
não podendo ser consideradas quando se tratarem de circunstâncias elementares do delito sob pena de
ocorrer em bis in idem. Vale trazer as lições da obra Código Penal Comentado, Celso Delmanto ...[et al],
6ª ed., 2002: ´São as circunstâncias que cercaram a prática da infração penal e que podem ser relevantes
no caso concreto (lugar, maneira de agir, ocasião etc.). Note-se, também quanto a estas, que não devem
pesar aqui certas circunstâncias especialmente previstas, no próprio tipo, ou como circunstâncias legais
ou causas especiais (exemplos: repouso noturno, lugar ermo etc.), para evitar dupla valoração.´Desta
feita, o crime foi cometido sob circunstâncias comuns

DIREITO PENAL - CP03 - 03 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 16/03/2023 - Página 7 de 13


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

ao tipo. O comportamento da vítima se torna relevante quando, com conduta extremada, o lesado
injustamente provoca o agente, levando-o à prática do ilícito penal. Nesta última circunstância judicial a
ser analisada verifica-se que o comportamento da vítima é aquele inerente ao tipo penal praticado, ou
seja, agente público no exercício do seu múnus. Assim sendo, considerando que as circunstâncias do
artigo 59 são inteiramente favoráveis ao apenado, fixo a pena-base no mínimo abstratamente cominado,
ou seja, em 01 (um) ano de reclusão.

Na segunda fase, não há atenuantes a serem consideradas. Reconheço a presença da circunstância


agravante genérica da reincidência, prevista no artigo 61, I, do Código Penal, motivo pelo qual aumento a
pena em 1/6 (um sexto), perfazendo o total intermediário de 01 (um) ano e 02 (dois) meses e reclusão. Na
terceira fase, ausentes quaisquer causas especiais de aumento ou diminuição de pena a serem
consideradas. Desse modo, a sanção é concretizada em 01 (UM) ANO E 02 (DOIS) MESES DE
RECLUSÃO.

III.A.4 - DO CONCURSO DE CRIMES


De acordo com as regras estabelecidas no artigo 69 do Código Penal, a hipótese é de aplicação
cumulativa de penas privativas de liberdade em razão do concurso material de crimes, totalizando 08
(NOVE) ANOS, 03 (TRÊS) MESES E 3 (TRÊS) DIAS DE RECLUSÃO E 25 (VINTE E CINCO)
DIAS-MULTA, a qual torno definitiva por ausência de outras moduladoras. O REGIME INICIAL para o
cumprimento da pena será o FECHADO, com fulcro no artigo 33, caput e nos seus §§ 2º, ´a´, e 3º do
Código Penal, ante o quantitativo de pena aplicado e o emprego de arma de fogo. O reconhecimento do
emprego de arma de fogo na empreitada criminosa demonstra maior grau de periculosidade do acusado,
tornando sua conduta ainda mais grave, bem como ante o maior risco à integridade física e vida da vítima
devido ao uso de tal artefato, mostra-se necessária a adoção de regime mais gravoso. Desta sorte, embora
primário e de bons antecedentes, a conduta do apelante, em razão do grau de culpabilidade demonstrado
na reprovabilidade intensa de sua conduta audaz e destemida, que elevou em muito a intensidade de
periculosidade aos bens jurídicos protegidos no delito por ele perpetrado, isto em relação a outras
modalidades de roubos que poderiam ocorrer, se faz presente a inevitável aplicação do regime fechado
para o cumprimento da pena, por ser o necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do delito.
RECURSO CONHECIDO E, PARCIALMENTE, PROVIDO, na forma do voto do relator, com
expedição de MANDADOS DE PRISÃO.´ (APELAÇÃO 0001722-36.2013.8.19.0058 - Des(a).
GILMAR AUGUSTO TEIXEIRA - Julgamento: 11/04/2018 - OITAVA CÂMARA CRIMINAL)
Eventual alteração do regime inicial de cumprimento em razão da detração, no presente caso, é de
competência do Juízo da Vara de Execuções Penais, pois será necessário unificar a pena aplicada neste
feito com aquela aplicada no processo nº 0008963-98.2014.8.19.0002, onde o mesmo foi condenado, para
posteriormente se verificar se o réu faz jus à progressão Incabível a substituição da pena, já que o crime
foi cometido mediante grave ameaça a pessoa (art. 44, I, doCP). Também inaplicável o benefício previsto
no

DIREITO PENAL - CP03 - 03 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 16/03/2023 - Página 8 de 13


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

art. 77 do CP, tendo em conta o quantitativo de pena aplicado. O réu não poderá recorrer em
liberdade, eis que respondeu ao processo preso, sendo também evidente a periculosidade e a
necessidade da manutenção da custódia cautelar para resguardar a ordem pública e evitar a reiteração
criminosa

2ª QUESTÃO:
No dia 20 de novembro de 2017, ELANO, nascido em 25 de novembro de 1998, na companhia de um
adolescente não identificado, mediante a utilização de um simulacro de arma de fogo, subtraiu o
automóvel Renault Duster e diversos bens pessoais de CARLOS, motorista do aplicativo Uber, além
de outros pertences do passageiro que se encontrava no interior do veículo no momento do fato.
Ato contínuo, os meliantes empreenderam fuga a bordo do carro subtraído. Policiais Militares em
patrulhamento, contudo, tiveram a atenção despertada para o veículo e deram ordem de desembarque,
logrando encontrar as rei furtivae no interior do veículo.
ELANO e seu comparsa, então, foram presos em flagrante e encaminhados à delegacia de polícia.
Em razão disso, o Ministério Público apresentou denúncia em face de ELANO como incurso nas
penas do art. 157, § 2º, II, do CP, por duas vezes (duas vítimas), na forma do art. 70, caput, do Código
Penal.
Na folha de antecedentes criminais de ELANO, constam duas anotações, uma delas referente à
infração criminal praticada por ELANO antes de ele completar 18 anos de idade. A outra anotação diz
respeito à infração criminal praticada depois do crime objeto do processo em julgamento, ainda não
julgada definitivamente.
Considerando que a tipificação penal foi corretamente feita pelo parquet, aplique a correspondente
pena de ELANO.

DIREITO PENAL - CP03 - 03 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 16/03/2023 - Página 9 de 13


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

RESPOSTA:
TJRJ
Apelação n.º 0296164-45.2017.8.19.0001 - Des(a). ROSA HELENA PENNA MACEDO GUITA
Julgamento: 18/02/2020
SEGUNDA CÂMARA CRIMINAL
E M E N T A APELAÇÃO CRIMINAL. IMPUTAÇÃO DOS DELITOS DE ROUBO MAJORADO
PELO CONCURSO DE AGENTES, POR DUAS VEZES; E CORRUPÇÃO DE MENORES, EM
CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO. PARCIAL PROCEDÊNCIA DA PRETENSÃO PUNITIVA
ESTATAL. CONDENAÇÃO APENAS PELOS DELITOS PATRIMONIAIS, EM CONCURSO
FORMAL PRÓPRIO. RECURSOS DEFENSIVOS. PRELIMINARES DE NULIDADE DO
PROCESSO POR INÉPCIA DA DENÚNCIA E AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. MÉRITO.
PEDIDOS: 1) ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS; 2) REDUÇÃO DA PENA-
BASE AO MÍNIMO LEGAL; 3) INCIDÊNCIA DA CIRCUNSTÂNCIA ATENUANTE DA
MENORIDADE RELATIVA EM BENEFÍCIO DO SEGUNDO APELANTE; 4) AFASTAMENTO
DA MAJORANTE REFERENTE AO EMPREGO DE ARMA DE FOGO; 5) RECONHECIMENTO
DA TENTATIVA; 6) RECONHECIMENTO DE CRIME ÚNICO; 7) ABRANDAMENTO DO
REGIME PRISIONAL; 8) SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR
RESTRITIVAS DE DIREITOS; 9) CONCESSÃO DO DIREITO DE RECORRER EM
LIBERDADE OU DE PRISÃO DOMICILIAR EM FAVOR DO SEGUNDO APELANTE.
I. Preliminares. I.1. Inépcia da inicial. Inocorrência. Narrativa concreta e objetiva e que contém todas
as elementares do delito imputado. Entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça de que "a
superveniência da sentença penal condenatória torna esvaída a análise do pretendido reconhecimento
de inépcia da denúncia, isso porque o exercício do contraditório e da ampla defesa foi viabilizado em
sua plenitude durante a instrução criminal" (AgRg no AREsp 537.770/SP, Rel. Min. ROGERIO
SCHIETTI CRUZ, Sexta Turma, julgado em 04/08/2015, DJe. 18/08/2015), a obstar, também por
esse motivo, o acolhimento da preliminar. I.2. Justa causa fundada em depoimentos prestados pelas
vítimas e pelos policiais militares responsáveis pela prisão em flagrante, devidamente confirmados
em Juízo. Preliminar que se rejeita.
II. Pretensão absolutória que não merece prosperar. Existência do delito e respectiva autoria na pessoa
dos apelantes cabalmente comprovadas ao longo da instrução criminal. Acusados que, consciente e
voluntariamente, em comunhão de ações e desígnios entre si e com um adolescente, mediante grave
ameaça, exercida com emprego de simulacro de arma de fogo, subtraíram o automóvel Renault
Duster, de cor preta, e diversos bens pessoais da primeira vítima, motorista de aplicativo, além de
outros pertences do segundo lesado, passageiro que se encontrava no interior do veículo no momento
dos fatos. Ato contínuo, empreenderam fuga a bordo do carro subtraído. Policiais Militares, em
patrulhamento, tiveram a atenção despertada para o veículo, pois encontrava-se estacionado em um
terreno baldio e aparentava estar desligado, entretanto, com a aproximação da guarnição, a luz interna
acendeu, quando os agentes da lei deram ordem de desembarque aos acusados, logrando encontrar as
rei furtivae no interior do veículo, sendo os apelantes presos em flagrante e encaminhados à Delegacia
de Polícia. Reconhecimento extrajudicial realizado por uma das vítimas confirmado em Juízo pelo
ofendido, que, sob o crivo do contraditório, não hesitou ao reconhecer os réus, desta vez
pessoalmente. Depoimento de policiais. Validade como meio de prova. Verbete 70 das Súmulas deste
Tribunal. Prova oral acusatória consistente e coesa. Convergência entre os depoimentos

DIREITO PENAL - CP03 - 03 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 16/03/2023 - Página 10 de 13


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

dospoliciais e declarações da vítima. Versão autodefensiva completamente isolada nos autos. Ausência de
elementos aptos a infirmar a robusta prova produzida pela acusação. Condenação que se mantém,
inclusive com o reconhecimento da causa especial de aumento de pena relativa ao concurso de agentes.
III. Tentativa não evidenciada. Réus que ingressaram na posse mansa, pacífica e desvigiada da res.
Adoção, ademais, da Teoria da Amotio, consagrada pelo Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do
julgamento do REsp n.º 1.524.450, submetido à sistemática dos Recursos Repetitivos e em prestígio ao
Sistema de Precedentes Obrigatórios inaugurado pelo Novo Código de Processo Civil (artigos 3º do CPP
c/c artigos 927 e 489, parágrafo 1º, ambos do CPC/15 e artigo 93, inciso X, da CF/88). Situação concreta
na qual houve a inequívoca inversão da posse das res.
IV. Dosimetria.
IV.1. Pena-base já fixada no mínimo legal.
IV.2. Circunstância atenuante já reconhecida na sentença apelada. Impossibilidade de redução a
patamar inferior ao mínimo legal. Inteligência do artigo 59, inciso II, do Código Penal e do verbete
231 das Súmulas do STJ, que se acha em perfeita consonância com a Constituição Federal,
conforme entendimento do Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE
597.270/RS, cuja repercussão geral foi reconhecida.
IV.3. Causa especial de aumento de pena relativa ao emprego de arma de fogo que não foi sequer
imputada. Incremento de 1/3 (um terço), na terceira fase do cálculo, oriundo do reconhecimento do
concurso de agentes, perfeitamente comprovado nos autos.
V. Pedido de reconhecimento de crime único. Rejeição. Violação a dois patrimônios distintos. Uma
das vítimas, em seu depoimento, afirmou

DIREITO PENAL - CP03 - 03 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 16/03/2023 - Página 11 de 13


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

queos apelantes, juntamente com o adolescente infrator, subtraíram tanto os pertences do


motorista quanto do passageiro que era conduzido. Concurso formal devidamente configurado.
VI. Substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos. Pedido sem amparo
legal. Crime cometido mediante grave ameaça à pessoa. Pena que ultrapassou o limite máximo
compatível com o benefício reclamado. Ausência dos requisitos previstos pelo artigo 44 do Código
Penal.
VII. Regime inicialmente fechado que se mantém, considerando a gravidade concreta da conduta
praticada. Crime de roubo contra motorista de aplicativo, com a subtração do seu instrumento de
trabalho, a demandar resposta penal mais severa. Inteligência do artigo 33, parágrafo 3º, do Código
Penal.
VIII. Prisão preventiva. Manutenção como garantia da ordem pública. Decisão devidamente
fundamentada nos autos. Artigo 312 do Código de Processo Penal.
IX. Prisão domiciliar. Pretensão igualmente descabida, uma vez que não preenchidas quaisquer das
hipóteses previstas no artigo 318 do Código de Processo Penal. Recurso ao qual se nega provimento.

Trechos da sentença: Considerando as circunstâncias judiciais do art. 59, caput, do CP, verifico que a
pena base deve ser fixada no mínimo legal. A culpabilidade é normal ao tipo penal. O réu não tem maus
antecedentes, diante da FAC de fls. 214/219. Não há nos autos informe seguro com relação à conduta
social do réu e à sua personalidade, de modo que ambas não podem prejudicá-lo. As circunstâncias e as
consequências dos crimes são ordinárias. Os motivos dos crimes e os comportamentos das vítimas não
impõem o aumento da pena. Por isso, fixo a pena base em 4 anos de reclusão e 10 dias-multa, no valor
mínimo unitário, de acordo com o art. 60, caput, do CP, para cada um dos dois crimes.
Deixo de considerar a

DIREITO PENAL - CP03 - 03 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 16/03/2023 - Página 12 de 13


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

circunstânciaatenuante prevista no art. 65, I, do CP, porque incapaz de levar a pena para patamar
abaixo do mínimo legal (neste sentido: STJ, súmula 231). Assim, considerando a inexistência de
circunstância atenuante e considerando a inexistência de circunstância agravante, mantenho a
reprimenda. Por isso, fixo a pena intermediária em 4 anos de reclusão e 10 dias-multa, no valor
mínimo unitário, de acordo com o art. 60, caput, do CP, para cada um dos dois crimes.
Considerando a ausência de causa de diminuição de pena e considerando a presença da causa de
aumento de pena prevista no art. 157, § 2º, II, do CP, aumento a reprimenda em 1/3, diante do número
de causas. Assim, fixo a pena definitiva em 5 anos e 4 meses de reclusão e 13 dias-multa, no valor
mínimo unitário, de acordo com o art. 60, caput, do CP, para cada um dos dois crimes. Considerando
o concurso formal de crimes, aplico uma das penas privativas de liberdade, acrescida de um sexto,
diante do número de crimes, com base no art. 70, caput, do CP. Além disso, aplico as penas de multa
de maneira cumulativa, com base no art. 72, caput, do CP. Por isso, com relação ao réu Ericles Aguiar
da Silva, fixo a pena total em 6 anos, 2 meses e 20 dias de reclusão e 26 dias-multa, no valor
mínimo unitário, com base no art. 60, caput, do CP.
Considerando as normas do art. 33, caput, do CP, fixo o regime fechado para o início do cumprimento
da pena privativa de liberdade. No que atine à fixação do regime fechado, cabe salientar que este
Magistrado adere ao seguinte ensinamento jurisprudencial. ´(...) Não há que se falar em fixação de
regime semiaberto para início do cumprimento da pena. Trata-se de crime de roubo qualificado. As
consequências que este tipo de delito gera em nossa sociedade são graves, pois leva medo e
intranquilidade a todas as pessoas, que são obrigadas a transitar sobressaltadas pela cidade, criando
instabilidade social. Regime fechado se mostra o mais adequado para a prevenção e repressão do
delito de roubo imputado ao apelante (...)´ (TJRJ. Quarta Câmara Criminal, Relatora Des. Gizelda
Leitão Teixeira, Apelação Criminal 0117947-87.2011.8.19.0001, julgado em 20/09/2016).

DIREITO PENAL - CP03 - 03 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 16/03/2023 - Página 13 de 13

Você também pode gostar