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DIREITO PENAL

EXERCÍCIOS: CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

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QUESTÕES

01. Um indivíduo invadiu um órgão público, no horário de um jogo da Copa do


Mundo, durante o dia, quando todos os servidores públicos tinham ido em-
bora. Para adentrar o imóvel, contou com a ajuda de dois outros homens.
Após uma hora, evadiram-se do local levando computadores e impressoras.
Com o auxílio das câmeras de segurança, a Guarda Municipal conseguiu iden-
tificar os infratores. Nos termos do Código Penal, a subtração de coisa alheia,
no caso apresentado, sujeita-se à pena de reclusão de dois a oito anos, em
função de:

A) Ser o local um órgão público.


B) Ser praticada em um feriado.
C) Ser praticada em concurso de pessoas.
D) Os bens subtraídos serem computadores.

02. Carlos, com 18 anos, e Tadeu, com 17 anos, abordaram uma pessoa na via
pública e, mediante ameaça verbal, subtraíram, para proveito comum, o apa-
relho de telefone celular e a carteira da vítima. É correto afirmar que:

A) Carlos e Tadeu serão processados pelo crime de roubo” com a causa de au-
mento de pena de concurso de agentes.
B) Carlos será processado pelo crime de roubo com a causa de aumento de pena
de concurso de agentes e Tadeu será processado pelo ato infracional análogo ao
roubo.
C) Carlos será processado pelo crime de roubo sem a causa de aumento de pena
de concurso de agentes e Tadeu não será processado.
D) Carlos será processado pelo crime de roubo sem a causa de aumento de pena
de concurso de agentes e Tadeu será processado pelo ato infracional análogo ao
roubo.

03. Mévio, após hipnotizar Alberto, anulando sua resistência, realizou a sub-
tração de seus bens. Considerando a situação hipotética, o agente respon-
derá por:

A) estelionato consumado.
B) furto consumado.
C) roubo consumado.
D) roubo tentado.
E) furto tentado.

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04. O roubo simples, a extorsão simples e a omissão de socorro são classifica-
dos, respectivamente, como crime:

A) material, formal, formal.


B) material, material, formal.
C) material, formal, de mera conduta.
D) formal, material, de mera conduta.
E) material, de mera conduta, de mera conduta.

05. O delito de roubo, previsto no artigo 157 do Código Penal, criminaliza a


seguinte conduta: “subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, medi-
ante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer
meio, reduzido à impossibilidade de resistência”. Uma das causas de au-
mento previstas pelo legislador incide quando a violência ou grave ameaça
para a prática do roubo é exercida com emprego de arma branca.
Assinale a opção que mencione uma arma branca imprópria.

A) espada
B) soco-inglês
C) tesoura
D) punhal

06. O crime de extorsão mediante sequestro:

A) Permite a delação premiada com a redução da pena de um a dois terços, apli-


cável ao coautor denunciante somente em caso de efetiva libertação do seques-
trado.
B) É qualificado quando praticado com o emprego de arma de fogo ou contra
pessoa idosa, desde que comprovada essa condição nos autos.
C) Por ser entendido pela jurisprudência dos tribunais superiores como crime for-
mal, não admite tentativa.
D) Por ter como elemento ínsito à sua tipicidade a restrição de liberdade, inad-
mite o maior rigor punitivo pelo desvalor implicado ao resultado pelo tempo do
sequestro, dada a raiz finalista de nosso Código Penal.
E) Em razão do princípio da legalidade, demanda, além da extorsão, o sequestro
em sentido estrito, inviabilizada sua tipicidade em caso de cárcere privado, como
a restrição em um porta-malas de veículo.

07. A conduta consistente em subtrair coisa móvel alheia, para si ou para ou-
trem, mediante grave ameaça ou violência à pessoa, da qual resulte morte
corresponde ao fato típico do crime de:

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A) furto qualificado.
B) roubo qualificado.
C) homicídio simples.
D) extorsão qualificada.
E) homicídio qualificado.

08. Os sequestros do empresário Abílio Diniz, em 11 de dezembro de 1989, e


do publicitário Roberto Medina, em 6 de junho de 1990, estão na gênese da
Lei de Crimes Hediondos (Lei 8072/90). De acordo com o Código Penal,

A) a extorsão mediante sequestro tem pena de reclusão, de quatro a dez anos.


B) no caso de extorsão mediante sequestro que dura mais de 48 (quarenta e oito)
horas, a pena é de reclusão de doze a vinte anos.
C) a extorsão mediante sequestro é a conduta de sequestrar pessoa com o fim de
obter vantagem econômica.
D) em caso de extorsão mediante sequestro cometido em concurso, o concor-
rente que a denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá
sua pena reduzida de um a dois terços.

09. Adalberto e Paulo abordaram a vítima Francisca, que dirigia seu veículo,
e anunciaram o assalto. Após renderem a vítima, utilizando arma de fogo,
subtraíram-lhe 500 reais, bem como a obrigaram a entregar o cartão bancá-
rio, além da senha para que pudessem realizar saque. Após liberarem a ví-
tima, Adalberto e Paulo foram presos, sem, contudo, terem conseguido efe-
tuar o saque pretendido. Nessa situação hipotética, ambos praticaram:

A) roubo majorado continuado.


B) roubo majorado consumado e extorsão qualificada tentada em continuidade.
C) roubo majorado consumado e extorsão qualificada consumada em continui-
dade.
D) roubo majorado consumado e extorsão qualificada consumada em concurso
material.
E) roubo majorado consumado e extorsão qualificada tentada em concurso ma-
terial.

10. Assinale a alternativa INCORRETA.

A) O Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de que o emprego


de empurrão contra a vítima, para fins de lhe subtrair bem móvel, configura vio-
lência física apta à caracterização do crime de roubo.

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B) O crime de extorsão tem sua pena dobrada se a violência ou grave ameaça é
exercida com o emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido.
C) O Superior Tribunal de Justiça consolidou a adoção da teoria da amotio, se-
gundo a qual se considera consumado o delito de furto quando, cessada a clan-
destinidade, o agente detenha a posse de fato sobre o bem, ainda que seja pos-
sível à vítima retomá-lo, por ato seu ou de terceiros, em virtude de perseguição
imediata.
D) A difamação de funcionário público com ofensas relacionadas a sua vida fami-
liar não admite a exceção da verdade.
E) Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize
o agente a subtração de bens da vítima.

11. Jamil telefonou para Lurdes simulando o sequestro da neta dela. Ambos
localizavam-se em Brasília – DF. Ludibriada, Lurdes enviou dinheiro à conta
de Jorge, nascido e residente no Paraguai e comparsa de Jamil. Jorge foi con-
denado e cumpriu pena no estrangeiro pelos fatos narrados. No que se refere
a essa situação hipotética, julgue o item que se segue. Jamil praticou o crime
de estelionato.

( )CERTO ( )ERRADO

12. No que se refere aos crimes contra o patrimônio, julgue o item que se se-
gue. Em se tratando do crime de roubo impróprio, embora seja ele material e
plurissubsistente, não se admite a tentativa, pois a consumação ocorre antes
do emprego de grave ameaça ou violência.

( )CERTO ( )ERRADO

13. Com relação ao direito penal, julgue o item a seguir. O crime de roubo pró-
prio se consuma com a inversão da posse, desde que o objeto subtraído saia
da esfera de vigilância da vítima.

( )CERTO ( )ERRADO

14. Acerca dos crimes patrimoniais, julgue o item seguinte. Não há crime de
latrocínio quando a vítima reage ao roubo e mata um dos comparsas do
crime.

( )CERTO ( )ERRADO

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15. Agenor conduzia sua motocicleta em via pública sem usar capacete
quando foi parado e abordado, em blitz, pelo agente de trânsito Roberto, fun-
cionário público do Departamento de Trânsito (DETRAN). Para que não fosse
multado pelo agente, Agenor prometeu a Roberto vantagem indevida, com-
prometendo-se a entregar 400 reais ao agente na semana seguinte ao ocor-
rido.

Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir.

Roberto incorrerá em crime de extorsão se empregar violência ou grave ame-


aça para exigir o dinheiro prometido, caso este tenha sido aceito, mas não
tenha sido pago.

( )CERTO ( )ERRADO

16. Com relação aos crimes previstos na Parte Especial do Código Penal, jul-
gue o próximo item. É atípica a conduta de subtração de objeto ilícito medi-
ante grave ameaça.

( )CERTO ( )ERRADO

17. Com relação ao direito penal, julgue o item a seguir.

Suponha que uma pessoa tenha subtraído para si, mediante grave ameaça, o
celular de outra pessoa. Nessa situação, para que o crime de roubo seja con-
figurado, é necessária a posse mansa e pacífica ou desvigiada do celular, não
bastando a posse de fato, ainda que por breve espaço de tempo e seguida de
perseguição.

( )CERTO ( )ERRADO

18. Em relação às alterações promovidas pela Lei n.º 13.964/2019, que modifi-
cou, entre outros normativos, o Código Penal e o Código de Processo Penal,
julgue o item subsequente. Cidadão que, mediante o uso de uma faca de co-
zinha, ameaçar uma vítima, subtraindo-lhe um aparelho celular, sem, no en-
tanto, provocar qualquer dano corporal na vítima, responderá pelo crime de
roubo simples, em razão da ausência de lesão à integridade corporal da ví-
tima.

( )CERTO ( )ERRADO

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19. Com fulcro no Código Penal Brasileiro, observadas as alterações promovi-
das pela Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), julgue o item a seguir:

No crime de roubo, se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego


de arma branca, a pena aumenta-se de 2/3 (dois terços).

( )CERTO ( )ERRADO

20. Pedro pegou um táxi e não quis pagar a corrida, puxou uma faca e desferiu
um golpe no taxista, que morreu no local. Segundo o STJ Pedro incorreu no
crime de roubo com resultado morte.

( )CERTO ( )ERRADO

COMENTÁRIOS + GABARITOS

COMENTÁRIO QUESTÃO 01:

O fundamento do tratamento legislativo mais severo consiste na maior facilidade


para o aperfeiçoamento do furto com a reunião de duas ou mais pessoas (CP, art.
155, § 4º, inciso IV). Cuida-se de crime acidentalmente coletivo: pode ser praticado
por uma única pessoa, mas a pluralidade de sujeitos acarreta a elevação da pena.

Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
[...]

Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

GABARITO: LETRA C.

COMENTÁRIO QUESTÃO 02:

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A causa de aumento de pena do inciso II do § 2º do art. 157 do CP é aplicável ainda
que um dos envolvidos seja inimputável (pela menoridade ou qualquer outra
causa) ou desconhecido. Além disso, quando uma pessoa, maior e capaz, comete
o roubo em concurso com um menor de 18 anos de idade, a ela devem ser impu-
tados dois crimes: roubo circunstanciado (CP, art. 157, § 2º, inciso II) e corrupção
de menores, definido pelo art. 244-B da Lei 8.069/1990 (ECA).

De acordo com o art. 103 do ECA, ato infracional é a conduta prevista na lei penal
como crime ou contravenção penal, que respeita ao princípio da reserva legal, e
representa pressuposto do acionamento do Sistema de Justiça da Infância e da
Juventude.

Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ame-
aça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência:
[...]
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;

GABARITO: LETRA B.

COMENTÁRIO QUESTÃO 03:

De fato, o delito de roubo se consuma com a subtração de bens, mediante a uti-


lização de violência ou grave ameaça, ou depois de havê-la, por qualquer meio,
reduzido à impossibilidade de resistência, vejamos:

Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ame-
aça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência:
Com efeito, a utilização da hipnose reduz a possibilidade de resistência da vítima,
caracterizando, assim, espécie de violência imprópria.

Além disso, o delito restou consumado na medida em que houve a subtração dos
bens, em consonância com a teoria da amotio, isto é, ocorrendo a inversão da
posse do bem, ainda que momentaneamente ou vigiada.

GABARITO: LETRA C.

COMENTÁRIO QUESTÃO 04:

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O roubo é crime material (exige resultado naturalístico para se consumar) e de
lesão (exige lesão efetiva ao bem jurídico patrimônio). A extorsão é crime formal,
pois consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida.

Por fim, crimes de mera conduta são aqueles em que o tipo penal se limita a des-
crever uma conduta, ou seja, não contém resultado naturalístico, razão pela qual
ele jamais poderá ser verificado. Como acontece no crime de omissão de socorro,
previsto no artigo 135 do CP, que resta consumado pela simples ausência de so-
corro. O agente se omite quando deve e pode agir.

GABARITO: LETRA C.

COMENTÁRIO QUESTÃO 05:

Inicialmente, para a resolução da presente questão é imperioso conhecer a dis-


tinção entre arma branca própria e imprópria, vejamos:

- Arma branca própria: é aquela criada para a lesão, de modo que o potencial
ofensivo é de sua própria natureza, como a espada, punhal e o soco-inglês.
- Arma branca imprópria: é qualquer instrumento que embora tenha sido criado
com finalidade diversa, acaba sendo eficaz à prática delitiva, como a tesoura.

Nesse sentido, observa-se que o único instrumento que constitui arma branca
imprópria é a tesoura, eis que possui finalidade diversa, mas pode ser eficaz na
empreitada delitiva.

GABARITO: LETRA C.

COMENTÁRIO QUESTÃO 06:

É o que dispõe o art. 159, §4º do Código Penal, senão vejamos:

Art. 159, § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar


à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de
um a dois terços.

GABARITO: LETRA A.

COMENTÁRIO QUESTÃO 07:

Para a resolução da presente questão é imperioso o conhecimento do artigo 157,


§ 3º, inciso II, do Código Penal, observe:

Roubo

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Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ame-
aça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência:
(...)
§ 3º Se da violência resulta:
(...)
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.
Dessa forma, a conduta consistente em subtrair coisa móvel alheia, para si ou
para outrem, mediante grave ameaça ou violência à pessoa, da qual resulte
morte corresponde ao fato típico do crime de roubo qualificado (latrocínio), nos
termos do artigo 157, § 3º, inciso II, do Código Penal.

GABARITO: LETRA B.

COMENTÁRIO QUESTÃO 08:

De acordo com o art. 159, § 4º, do CP:


Extorsão mediante sequestro
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate:
[...]
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à auto-
ridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a
dois terços.

GABARITO: LETRA D.

COMENTÁRIO QUESTÃO 09:

Adalberto e Paulo abordaram a vítima Francisca, que dirigia seu veículo, e anun-
ciaram o assalto. Após renderem a vítima, utilizando arma de fogo, subtraíram-
lhe 500 reais.

Eis o momento consumativo do crime de roubo majorado.

Roubo
CP, Art. 157, § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
§ 2º- A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;

Ademais, obrigaram a vítima a entregar o cartão bancário, além da senha para


que pudessem realizar saque.

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Eis o momento consumativo do crime de extorsão qualificada.

Extorsão
CP, Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o
intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer,
tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma,
aumenta-se a pena de um terço até metade.

Eis o que se denomina de concurso material de crimes, nos moldes do art. 69,
caput, do Código Penal, senão vejamos:

Concurso material
CP, Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas pri-
vativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de
penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.

Sobre o tema, registre o entendimento do STF e do STJ:


A prática sucessiva de roubo e, no mesmo contexto fático, de extorsão, com sub-
tração violenta de bens e posterior constrangimento da vítima a entregar o car-
tão bancário e a respectiva senha, revela duas condutas distintas, praticadas com
desígnios autônomos, devendo-se reconhecer, portanto, o concurso mate-
rial. STF. 1ª Turma. HC 190909, rel. org. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias
Toffoli, julgado em 26/10/2020.

Não há continuidade delitiva entre os crimes de roubo e extorsão, ainda que pra-
ticados em conjunto. Isso porque, nos termos da pacífica jurisprudência do STJ,
os referidos crimes, conquanto de mesma natureza, são de espécies diversas, o
que impossibilita a aplicação da regra do crime continuado, ainda quando prati-
cados em conjunto. STJ. 6ª Turma. HC 77467-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado
em 2/10/2014 (Info 549).

Dando sequência, após liberarem a vítima, Adalberto e Paulo foram presos, sem,
contudo, terem conseguido efetuar o saque pretendido.

Sobre o crime de extorsão, registre:


Súmula nº 96 STJ - O crime de extorsão consuma-se independentemente da ob-
tenção da vantagem indevida.

E a razão é a seguinte: o estelionato é crime formal, que se consuma indepen-


dentemente da efetiva obtenção da vantagem ilícita, bastando à sua consuma-

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ção o emprego de artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento. Essa obten-
ção da vantagem constitui mero exaurimento, que só interessa para a fixação da
pena.

Do exposto, encontramos a nossa resposta, qual seja, nessa situação hipotética,


ambos praticaram roubo majorado consumado e extorsão qualificada consu-
mada em concurso material. Eis a nossa resposta.

GABARITO: LETRA D.

COMENTÁRIO QUESTÃO 10:

Ao contrário do afirmado, caso o crime de extorsão seja cometido mediante o


emprego de arma, a pena será aumentada de 1/3 até a metade, vejamos:

Extorsão
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o in-
tuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, to-
lerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de
arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.

GABARITO: LETRA B.

COMENTÁRIO QUESTÃO 11:

No estelionato (CP, art. 171), a vítima efetivamente deseja entregar a coisa, pois ela
foi, mediante artifício, ardil ou outro meio fraudulento, induzida ou mantida em
erro pelo golpista. Por outro lado, na extorsão (CP, art. 158), a vítima se livra de
parcela do seu patrimônio contra sua vontade, pois o faz em decorrência da vio-
lência ou grave ameaça contra ela dirigida.

Desse modo, a conduta de Jamil caracteriza o delito de extorsão com a incidên-


cia da causa de aumento de pena pelo concurso de pessoas (CP, art. 158, § 1º).

Extorsão
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o in-
tuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, to-
lerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
[...]
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma,
aumenta-se a pena de um terço até metade.

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GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIO QUESTÃO 12:

Justificativa da Banca: "Enquanto não ocorrer a violência ou grave ameaça, estar-


se-á diante do furto, não se consumando o crime de roubo impróprio".

No que se refere aos crimes contra o patrimônio, julgue o item que se segue.

Em se tratando do crime de roubo impróprio, embora seja ele material e pluris-


subsistente, não se admite a tentativa, pois a consumação ocorre antes do em-
prego de grave ameaça ou violência.
(ERRADA). A consumação do crime de roubo impróprio (CP, art. 157, § 1º) ocorre
no momento em que, após a retirada do bem, emprega-se a violência ou grave
ameaça contra a pessoa, é dizer, o roubo impróprio consuma-se com o emprego
da violência ou grave ameaça à pessoa, após a subtração. Se o sujeito não empre-
gar a violência ou grave ameaça contra a pessoa, há furto tentado ou consumado.

Desse modo, temos duas hipóteses, nos dizeres de Fernando Capez: (a) o sujeito,
após a retirada do bem, emprega violência ou grave ameaça contra a pessoa, e
há a consumação do crime de roubo impróprio; (b) o sujeito, após a retirada do
bem, não emprega violência ou grave ameaça contra a pessoa, e há somente a
consumação do crime tentado ou consumado de furto. Por essa razão, não há
como, no caso, falar em tentativa de roubo impróprio.

Esse é o entendimento dominante na doutrina e na jurisprudência.

Veja-se a seguir.

"O roubo impróprio não admite a figura da tentativa. Ou o sujeito emprega vio-
lência contra a pessoa ou grave ameaça, e o delito está consumado, ou não em-
prega esses meios de execução, permanecendo o fato como furto tentado ou
consumado.
[...]
De acordo com os tribunais superiores, não cabe tentativa de roubo impróprio,
pois o delito se consuma no momento em que a violência ou grave ameaça são
empregadas, logo após a subtração da coisa." (Parte especial: crimes contra a
pessoa a crimes contra o patrimônio – arts. 121 a 183 do CP / Damásio de Jesus;
atualização André Estefam. – Direito penal vol. 2 – 36. ed. – São Paulo: Saraiva Edu-
cação, 2020).

GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIO QUESTÃO 13:

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Na roubo próprio, a posição dos Tribunais Superiores é a de que o crime se con-
suma com a subtração (o apoderamento) do bem mediante violência ou grave
ameaça, dispensando o locupletamento do agente (se, após o emprego da vio-
lência pessoal, não puder o agente, por circunstâncias alheias à sua vontade, exe-
cutar a subtração, reconhece-se a tentativa).

Súmula 582, STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do


bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve
tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa
roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.

GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIO QUESTÃO 14:

Não haverá latrocínio (CP, art. 157, § 3º, inciso II) quando a própria vítima reage e
mata um dos assaltantes. A eventual morte de comparsa em virtude de reação
da vítima, que age em legítima defesa, não constitui ilícito penal algum, sendo
paradoxal pretender, a partir de uma conduta lícita da vítima, agravar a pena dos
autores.

Veja-se a seguir.

"[...] Morte de comparsa: inocorrência de latrocínio


A morte de qualquer dos participantes do crime (sujeito ativo) não configura la-
trocínio." (Tratado de direito penal: parte especial 3: crimes contra o patrimônio
até crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos / Cezar
Roberto Bitencourt. – 14. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018).

GABARITO: CERTO.

COMENTÁRIO QUESTÃO 15:

Na concussão (CP, art. 316), o funcionário público faz a exigência de vantagem


indevida aproveitando-se do temor provocado pelo exercício da sua função. Isto
é, não há emprego de violência à pessoa ou grave ameaça, meios de execução da
extorsão (CP, art. 158).

No entanto, se o funcionário público, em vez de se aproveitar da intimidação pro-


porcionada pelo cargo por ele ocupado, fizer a exigência de vantagem inde-
vida mediante grave ameaça ou violência à pessoa, haverá extorsão. Além disso,
a extorsão é crime formal, ou seja, consuma-se independentemente da obtenção
da vantagem indevida.

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"[...] Resumidamente, duas situações podem ocorrer:
(1) Concussão: o agente é funcionário público e, sem utilizar violência à pessoa ou
grave ameaça, exige vantagem indevida em razão da sua função; e
(2) Extorsão: o funcionário público, para obter uma indevida vantagem econô-
mica, emprega violência à pessoa ou grave ameaça contra a vítima.

Súmula 96, STJ: O crime de extorsão consuma-se independentemente da obten-


ção da vantagem indevida.

GABARITO: CERTO.

COMENTÁRIO QUESTÃO 16:

Na verdade, a natureza licita ou ilícita da coisa subtraída é irrelevante para a tipi-


cidade dos crimes contra o patrimônio.

"[...] 4. Inexistindo no tipo penal dos crimes contra o patrimônio qualquer análise
concernente à ilicitude da coisa alheia, não há como se dispensar tratamento res-
tritivo na aplicação da norma, já que não há na lei essa limitação concernente ao
objeto material." (STJ, REsp 1.645.969/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 6ª
Turma, j. 06-12-2018, DJe 01-02-2019).

GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIO QUESTÃO 17:

O crime de roubo (CP, art. 157) consuma-se quando o agente, após subtrair coisa
alheia móvel, mediante o emprego de violência, passa a ter a posse da res fur-
tiva fora da esfera de vigilância da vítima, não se exigindo, todavia, a posse tran-
quila do bem.

Súmula 582, STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem
mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e
em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa rou-
bada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.

GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIO QUESTÃO 18:

No roubo praticado com arma branca (por exemplo, faca ou punhal), a pena é
elevada de um terço à metade (majorante), com base no art. 157, § 2º, inciso VII,
do CP.

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Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ame-
aça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência:
[...]
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
[...]
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca;

GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIO QUESTÃO 19:

Neste caso, a pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade. De acordo com o
Código Penal:
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ame-
aça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega


violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do
crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:


II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal
circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para
outro Estado ou para o exterior;
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta
ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca;
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 2º-A. A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):


I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explo-
sivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.

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§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo
de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste
artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 3º Se da violência resulta:
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e
multa;
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.

GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIO QUESTÃO 20:

Pelos seguintes fundamentos:


Não houve, no contexto delitivo, nenhuma subtração ou tentativa de subtração
de coisa alheia móvel, o que afasta a conduta de roubo qualificado pelo resultado
morte, podendo caracterizar homicídio qualificado.
Embora a dívida do réu para com o motorista tenha, obviamente, valor econô-
mico, não se pode equiparar “dívida de transporte” com a “coisa alheia móvel”
prevista no tipo do art. 157 do Código Penal, sob pena de violação dos princípios
da tipicidade e da legalidade estrita, que regem a aplicação da lei penal.
Portanto a dívida de corrida de táxi não pode ser considerada coisa alheia móvel
para fins de configuração da tipicidade dos delitos patrimoniais.

Segue trecho do Informativo nº 658/STJ:

“No caso, o agente se negou a efetuar o pagamento da corrida de táxi e desferiu


um golpe de faca no motorista, sem (tentar) subtrair objeto algum, de modo a
excluir o animus furandi, o que afasta a conduta do núcleo do tipo de roubo qua-
lificado pelo resultado, composto pelo verbo subtrair e pelo complemento "coisa
alheia móvel". A equiparação da dívida de transporte com a coisa alheia móvel
prevista no tipo do art. 157 do Código Penal não pode ser admitida em razão dos
princípios elementares da tipicidade e da legalidade estrita que regem a aplica-
ção da lei penal.

A doutrina conceitua coisa como "tudo aquilo que existe, podendo tratar-se de
objetos inanimados ou de semoventes". Ademais, embora a dívida do agente
para com o motorista tenha valor econômico, de coisa não se trata, ao menos
para fins de definição jurídica exigida para a correta tipificação da conduta. Aliás,
de acordo com a doutrina, "os direitos reais ou pessoais não podem ser objeto de
furto”.

(STJ. 6ª Turma. REsp 1.757.543-RS, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em
24/09/2019)

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GABARITO: ERRADO.

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