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Ana Luiza Aguilar * Fernanda Castro* Fernanda* Gabriel Paraízo Braz *Isabel Cristina Prazeres * Isabela Santana* Ilzyane

Lima Silva * Licia Reis * Lucas Gabriel* Marcus Vinicius


Soares * Mariana Malta *Pedro Klein* Tatiane Barreto *Thiago Pinheiro

RESUMOS – PROVA ORAL MPSE

GRUPO:

TEMA: Crimes contra a Administração Pública e Prefeitos

PALAVRAS-CHAVES CONCEITOS, CLASSIFICAÇÃO, NATUREZA JURÍDICA, EXEMPLOS,


EXCEÇÕES, TRATAMENTO LEGAL E JURISPRUDENCIAL
I- DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO
PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Art. 327 - Considera-se
funcionário público, para os
Crimes funcionais.
efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem Sujeito ativo: funcionários públicos, são crimes próprios. Admite
remuneração, exerce cargo, coautoria ou participação de pessoa alheia aos quadros
emprego ou função pública.
administrativos.
§ 1º - Equipara-se a
funcionário público quem exerce Sujeito passivo: Administração Pública em geral – direta, indireta e
cargo, emprego ou função em empresas privadas prestadoras de serviços públicos, contratadas
entidade paraestatal, e quem ou conveniadas.
trabalha para empresa
prestadora de serviço contratada
ou conveniada para a execução
Bem jurídico: probidade administrativa, princípios da legalidade,
de atividade típica da impessoalidade, moralidade e eficiência.
Administração
Pública. (Incluído pela Lei nº Art. 33, parágrafo 4º, CP condicionou a progressão de regime
9.983, de 2000) prisional à prévia reparação do dano causado ou à devolução do
produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. (Há
§ 2º - A pena será
aumentada da terça parte
doutrina pela inconstitucionalidade)
quando os autores dos crimes
previstos neste Capítulo forem Princípio da insignificância: não se admite, pois atinge a
ocupantes de cargos em moralidade administrativa. Súmula 599 STJ: “o princípio da
comissão ou de função de
insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração
direção ou assessoramento de
órgão da administração direta, Pública”.
sociedade de economia mista,
empresa pública ou fundação Crimes funcionais próprios: faltando a qualidade de funcionário
instituída pelo poder público, o fato passa a ser indiferente penal (ex. art. 319 –
público. (Incluído pela Lei nº
6.799, de 1980)
prevaricação).

Crimes funcionais impróprios: desaparecendo a qualidade de


servidor do agente, desaparece o crime funcional, desclassificando
a conduta para outro delito, de natureza diversa (ex. peculato furto
– art. 312, paráf. 1º).

Informante do bem ou Whistleblower (Lei 13.608/2018, alterada


pela Lei 13.964/19) pessoa que, a despeito da inexistência de dever
legal de reportar a ocorrência de atos ilícitos de que tenha
conhecimento, noticia à autoridade competente, voluntariamente
e com vistas à proteção do interesse coletivo, a ocorrência de
crimes ou de outras condutas ilegais. – Alguém que não tem
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participação ou envolvimento nos fatos ilícitos, por isso não se


confunde com autor de colaboração premiada.

A causa de aumento prevista no § 2º do art. 327 do Código Penal


não pode ser aplicada aos dirigentes de autarquias (ex: a maioria
dos Detrans) porque esse dispositivo menciona apenas órgãos,
sociedades de economia mista, empresas públicas e fundações.
STF. 2ª Turma. AO 2093/RN, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
3/9/2019 (Info 950).

O diretor de organização social pode ser considerado funcionário


público por equiparação para fins penais (art. 327, § 1º do CP). Isso
porque as organizações sociais que celebram contratos de gestão
com o Poder Público devem ser consideradas “entidades
paraestatais”, nos termos do art. 327, § 1º do CP.
STF. 1ª Turma. HC 138484/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
11/9/2018 (Info 915).

Depositário judicial não é funcionário público para fins penais,


porque não ocupa cargo público, mas a ele é atribuído um munus,
pelo juízo, em razão do fato de que determinados bens ficam sob
sua guarda e zelo.
STJ. 6ª Turma. HC 402949-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, julgado em 13/03/2018 (Info 623).

O advogado que, por força de convênio celebrado com o Poder


Público, atua de forma remunerada em defesa dos
hipossuficientes agraciados com o benefício da assistência
judiciária gratuita, enquadra-se no conceito de funcionário público
para fins penais. Sendo equiparado a funcionário público, é
possível que responda por corrupção passiva (art. 317 do CP).
Art. 312 - Apropriar-se o STJ. 5ª Turma. HC 264459-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da
funcionário público de dinheiro, Fonseca, julgado em 10/3/2016 (Info 579).
valor ou qualquer outro bem
móvel, público ou particular, de
que tem a posse em razão do
cargo, ou desviá-lo, em proveito Art. 312- Peculato
próprio ou alheio: Espécies de peculato:
a. Peculato apropriação (art. 312, caput, 1ª parte, CP);
Pena - reclusão, de dois a b. Peculato desvio (art. 312, caput, 2ª parte, CP);
doze anos, e multa. c. Peculato furto (art. 312, parágrafo 1º)
d. Peculato culposo (art. 312, parág. 2º)
§ 1º - Aplica-se a mesma
e. Peculato mediante erro de outrem (peculato-estelionato –
pena, se o funcionário público,
embora não tendo a posse do art. 313)
dinheiro, valor ou bem, o subtrai, f. Peculato eletrônico (art. 313-A e 313-B).
ou concorre para que seja
subtraído, em proveito próprio
ou alheio, valendo-se de
facilidade que lhe proporciona a a- Peculato próprio (caput)
qualidade de funcionário. Sujeito ativo: crime próprio, só cometido por funcionário público.
Admite concurso de pessoas estranhas aos quadros da
Peculato culposo administração (art. 30 CP), que devem conhecer a condição
pessoal do autor para responder pelo peculato.
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§ 2º - Se o funcionário Sujeito passivo: Estado e o particular proprietário do bem.


concorre culposamente para o
crime de outrem:
Servidor público que recebe seus vencimentos mas não presta o
Pena - detenção, de três
serviço não comete crime de peculato, que pressupõe
meses a um ano. apropriação, desvio ou subtração. A conduta do servidor é atípica,
embora possa ensejar punição disciplinar e improbidade
§ 3º - No caso do parágrafo administrativa.
anterior, a reparação do dano, se
precede à sentença irrecorrível, Apropriação: o agente apodera-se de dinheiro, valor ou qualquer
extingue a punibilidade; se lhe é
posterior, reduz de metade a outro bem móvel que tem sob sua posse legítima, passando a
pena imposta. comportar-se como se dono fosse. --- Tipo especial de apropriação
indébita, qualificada pelo fato de ser o agente funcionário público,
Peculato mediante erro de no exercício da sua função.
outrem
Desvio: dar destinação diversa à coisa, em benefício próprio ou de
Art. 313 - Apropriar-se de outrem, podendo o proveito ser material ou moral.
dinheiro ou qualquer utilidade
que, no exercício do cargo, STJ: reiterados desvios oriundos da mesma causa (ex. contrato
recebeu por erro de outrem: administrativo) não podem ser considerados como crime único
com sucessivos exaurimentos. Identificadas as circunstâncias do
Pena - reclusão, de um a art. 71 do CP, há crime continuado.
quatro anos, e multa.
Elemento subjetivo: dolo na modalidade apropriação e dolo com
especial fim de agir no desvio (“proveito próprio ou alheio”).

Consumação: no momento da apropriação ou da alteração do


destino normal da coisa, não reclama lucro efetivo por parte do
agente, pouco importando se a vantagem visada é conseguida ou
não.

Admite tentativa.

“A reparação do dano antes do recebimento da denúncia não


exclui o crime de peculato doloso, diante da ausência de previsão
legal. Poderá influir, no entanto, quando da fixação da pena, nos
termos do art. 16 do CP”.

“É devido o reconhecimento da causa de diminuição de pena do


arrependimento posterior, previsto no art. 16 do CP, ao crime de
peculato doloso, em suas diversas vertentes, desde que procedida
pelo agente, de forma voluntária, a restituição da coisa, apropriada
ou desviada, ou reparado o dano o Erário, até o recebimento da
denúncia, sob pena de se configurar aplicação da atenuante
genérica estatuída no art. 65, III, b, do CP”. STJ AgRg no AREsp
1.467.975/DF. Min Laurita Vaz. 2020.

O administrador que desconta valores da folha de pagamento dos


servidores públicos para quitação de empréstimo consignado e
não os repassa a instituição financeira pratica peculato-desvio,
sendo desnecessária a demonstração de obtenção de proveito
próprio ou alheio, bastando a mera vontade de realizar o núcleo
do tipo.
Peculato-desvio é crime formal para cuja consumação não se exige
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que o agente público ou terceiro obtenha vantagem indevida


mediante prática criminosa, bastando a destinação diversa
daquela que deveria ter o dinheiro.
Caso concreto: diversos servidores estaduais possuíam
empréstimos consignados. Assim, todos os meses a Administração
Pública estadual fazia o desconto das parcelas do empréstimo da
remuneração dos servidores e repassava a quantia ao banco que
concedeu o mútuo. Ocorre que o Governador do Estado
determinou ao Secretário de Planejamento que continuasse a
descontar mensalmente os valores do empréstimo consignado, no
entanto, não mais os repassasse ao banco, utilizando essa quantia
para pagamento das dívidas do Estado. Esta conduta configurou o
crime de peculato-desvio (art. 312 do CP), gerando a condenação
do Govenador, com a determinação, inclusive, de perda do cargo
(art. 92, I, do CP).
STJ. Corte Especial. APn 814-DF, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha, julgado em
06/11/2019 (Info 664).

b- Peculato furto (Peculato impróprio)


O agente, valendo-se da facilidade que a condição de funcionário
lhe concede, subtrai (ou concorre para que seja subtraída) coisa do
ente público ou de particular sob custódia da administração.

Atua com animus furandi – vontade consciente de subtrair ou


concorrer para que seja subtraída. Intenção de não devolver a
coisa ao real proprietário.

Consumação: efetiva subtração da coisa, dispensando posse


mansa e pacífica do bem (teoria da amotio).

Admite tentativa.

c- Peculato culposo
O funcionário, através de negligência, imprudência ou imperícia,
infringe o dever de cuidado objetivo, criando condições favoráveis
à prática do peculato doloso.

Consuma quando se aperfeiçoa a conduta dolosa do terceiro. Deve


haver nexo causal entre os delitos.

Inviável tentativa, por ser modalidade culposa.

Reparação do dano e ação penal: livra-se totalmente da pena o


negligente, se ressarcir o dano antes que sobrevenha sentença
condenatória irrecorrível. Acima do interesse à punição do
culpado, deve prevalecer o interesse ao restabelecimento do
equilíbrio patrimonial alterado.

d- Peculato mediante erro de outrem


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Conduta: inverter o agente, no exercício do seu cargo, a posse de


valores recebidos por erro de terceiro. O bem apoderado não está
naturalmente na posse do agente.
O erro deve ser espontâneo, pois, se provocado pelo funcionário,
poderá configurar estelionato.

Elemento subjetivo: dolo – vontade consciente de apropriar-se de


algo que recebeu por erro de outrem, ciente do engano cometido.
--- Dolo no momento da apropriação, não do recebimento da coisa.
O agente público nem sempre percebe, desde logo, que lhe estão
transmitindo dinheiro ou utilidade, por equívoco. A consciência do
erro alheio pode advir posteriormente.

Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o Consumação: momento em que o agente, percebendo o erro de
funcionário autorizado, a terceiro, não o desfaz, apropriando-se da coisa recebida.
inserção de dados falsos, alterar
ou excluir indevidamente dados
corretos nos sistemas Admite-se a tentativa.
informatizados ou bancos de
dados da Administração Pública
com o fim de obter vantagem
Art. 313-A – Inserção de dados falsos em sistema de informações
indevida para si ou para outrem
ou para causar dano: (Incluído (Peculato eletrônico)
pela Lei nº 9.983, de 2000)) Tutela-se a Administração Pública no que concerne à guarda de
dados.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a
12 (doze) anos, e multa. (Incluído Sujeito ativo: funcionário público autorizado (aquele que estiver
pela Lei nº 9.983, de 2000)
lotado na repartição encarregada de cuidar dos sistemas
informatizados ou banco de dados da Administração Pública).
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o
funcionário, sistema de Admite-se concurso de agentes (Art. 30 do CP).
informações ou programa de
informática sem autorização ou Conduta: inserir (introduzir, implantar) ou facilitar a inserção de
solicitação de autoridade dados falsos; ou alterar ou excluir, indevidamente, os dados
competente: (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000)
corretos.

Pena – detenção, de 3 (três) Elemento subjetivo: dolo, com fim específico de obter vantagem
meses a 2 (dois) anos, e indevida para si ou para outrem ou de causar dano. Não se pune
multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, modalidade culposa.
de 2000)

Consumação: com a prática de qualquer um dos núcleos do tipo,


Parágrafo único. As penas
são aumentadas de um terço até independentemente da obtenção da indevida vantagem ou dano
a metade se da modificação ou buscado pelo agente (delito formal ou de consumação
alteração resulta dano para a antecipada).
Administração Pública ou para o
administrado.(Incluído pela Lei nº
A tentativa é possível.
9.983, de 2000)

Art. 313-B – Modificação ou alteração não autorizada de sistema


de informações
Tutela o sistema de informações ou programa de informática.

Sujeito ativo: funcionário público, típico ou por equiparação,


independente do cargo que ocupa. Admite-se concurso de pessoas
(art. 30 CP).
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Conduta: modificar o sistema, dando-lhe nova forma; alterar o


sistema, conturbando a sua forma original. Neste tipo o
funcionário altera a própria programação a fim de modificar o
meio e modo de geração e criação de arquivos e dados.

Elemento subjetivo: dolo. Não existe forma culposa.

Consumação: com a modificação ou alteração do sistema ou


programa de informática.

A tentativa é teoricamente possível.

Art. 314 – Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou


documento

Art. 315 – Emprego irregular de verbas ou rendas públicas


Art. 316- Exigir, para si ou para
outrem, direta ou indiretamente, Art. 316- Concussão
ainda que fora da função ou Sujeito ativo: funcionário público. Admite concurso com particular.
antes de assumi-la, mas em razão
dela, vantagem indevida.
Conduta: exigir vantagem indevida. Há algum tipo de constrição,
Pena: reclusão, de 2 a 12 anos, e influência intimidativa sobre o particular ofendido, havendo
multa. necessariamente algo de coercitivo. (Exigir é diferente de solicitar
– no caso de mero pedido, o crime será corrupção passiva – art.
317 do CP). O agente deve ter competência para a prática do mal
temido pela vítima.

Vantagem indevida: admite qualquer tipo de proveito proibido,


ainda que não econômico e patrimonial (há divergência na
doutrina, no sentido de que seria necessariamente econômica).

É diferente do crime previsto no art. 33 da Lei de Abuso de


Autoridade. --- Nele o benefício consiste na obtenção de
informação exigida ou no cumprimento de obrigação sem amparo
legal. Ex. carteirada – o agente, valendo-se ou invocando sua
condição funcional, busca vantagem ou tratamento diferenciado
que extrapola seus direitos, como, por exemplo, ser tratado por
determinados pronomes de tratamento, não enfrentar filas, não
ser autuado por infrações de trânsito, ficar isento do valor de
ingresso etc. No art. 33 não há coerção ou intimidação.

Tratamento penal da conduta do médico servidor do SUS: se o


médico exige do paciente custo adicional para realizar a operação
médica, não há que se negar a efetiva prática do crime de
concussão. A orientação da jurisprudência é de que se trata de
crime da competência da justiça estadual, pois direcionada a
conduta delitiva exclusivamente ao patrimônio particular de
paciente do SUS.

Concussão cometida por policial civil autoriza exasperação da


pena, pois é mais grave a conduta do policial, encarregado da
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segurança pública, em quem se espera que a população possa


depositar maior confiança.

Elemento subjetivo: dolo.

Consumação: delito formal, perfazendo-se com a mera coação,


independente da obtenção da vantagem. O recebimento é
exaurimento.

Admite-se tentativa se fracionado o iter criminis. Ex. carta


interceptada antes de chegar ao conhecimento do lesado.

Art. 317 – Solicitar ou receber, Art. 316, parágrafo 1º - Excesso de Exação


para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la,
mas em razão dela, vantagem Art. 317- Corrupção passiva
indevida, ou aceitar promessa de Sujeito ativo: funcionário público.
tal vantagem:
Pena: reclusão, de 2 a 12 anos, e A conduta do corruptor subsumir-se-á ao art. 333 do CP,
multa.
excepcionando-se a teoria monista ou unitária do concurso de
pessoas (art. 29 do CP).
§ 1º - A pena é aumentada de um
terço, se, em conseqüência da Conduta: solicitar (pedir), receber e aceitar promessa de
vantagem ou promessa, o vantagem.
funcionário retarda ou deixa de
praticar qualquer ato de ofício ou
o pratica infringindo dever Corrupção imprópria visa a prática de algo legítimo; corrupção
funcional. própria tem por finalidade a realização de ato injusto.

§ 2º - Se o funcionário Elemento subjetivo: dolo, com elemento subjetivo específico “para


pratica, deixa de praticar ou si ou para outrem”.
retarda ato de ofício, com
infração de dever funcional,
cedendo a pedido ou influência
de outrem: Não comete crime o médico do SUS que cobra do paciente um
valor pelo fato de utilizar, na cirurgia, a sua máquina particular de
Pena - detenção, de três videolaparoscopia (que não é oferecida na rede pública).
meses a um ano, ou multa. Para tipificação do art. 317 do Código Penal - corrupção passiva -,
deve ser demonstrada a solicitação ou recebimento de vantagem
indevida pelo agente público, não configurada quando há mero
ressarcimento ou reembolso de despesa.
STJ. 5ª Turma. HC 541447-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha,
julgado em 14/09/2021 (Info 709).

Uma determinada empresa havia prestado serviços para a


Petrobrás e não tinha recebido todo o valor que entendia devido.
Essa empresa entrou em contato com determinado Deputado
Federal para que ele resolvesse a situação.
Este Deputado comprometeu-se a falar com o diretor de
abastecimento da Petrobrás, mas solicitou o pagamento de
vantagem indevida.
O Deputado conseguiu que a Petrobrás pagasse, por meio de um
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acordo extrajudicial, R$ 69 milhões para a empresa e, em troca,


recebeu R$ 3 milhões de propina.
O STF entendeu que esta conduta se enquadra no crime de
corrupção passiva (art. 317 do CP).
STF. 2ª Turma. AP 1002/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
9/6/2020 (Info 981).

É possível que se configure o crime de corrupção passiva (art. 317


do CP) na conduta de Deputado Federal (líder do seu partido) que
receba vantagem indevida para dar sustentação política e apoiar a
permanência de determinada pessoa no cargo de Presidente de
empresa pública federal.
STF. 1ª Turma. Inq 3515/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
8/10/2019 (Info 955).

O crime de corrupção passiva consuma-se ainda que a solicitação


ou recebimento de vantagem indevida, ou a aceitação da
promessa de tal vantagem, esteja relacionada com atos que
formalmente não se inserem nas atribuições do funcionário
público, mas que, em razão da função pública, materialmente
implicam alguma forma de facilitação da prática da conduta
almejada.
Ao contrário do que ocorre no crime de corrupção ativa, o tipo
penal de corrupção passiva não exige a comprovação de que a
vantagem indevida solicitada, recebida ou aceita pelo funcionário
público esteja causalmente vinculada à prática, omissão ou
retardamento de “ato de ofício”.
A expressão “ato de ofício” aparece apenas no caput do art. 333
do CP, como um elemento normativo do tipo de corrupção ativa,
e não no caput do art. 317 do CP, como um elemento normativo
Art. 319 - Retardar ou deixar de
do tipo de corrupção passiva. Ao contrário, no que se refere a este
praticar, indevidamente, ato de
ofício, ou praticá-lo contra último delito, a expressão “ato de ofício” figura apenas na
disposição expressa de lei, para majorante do art. 317, § 1.º, do CP e na modalidade privilegiada do
satisfazer interesse ou § 2.º do mesmo dispositivo.
sentimento pessoal: (Vide STJ. 6ª Turma. REsp 1745410-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
ADPF 881)
Rel. Acd. Min. Laurita Vaz, julgado em 02/10/2018 (Info 635).
Pena - detenção, de três
meses a um ano, e multa. Art. 318 – Facilitação de contrabando ou descaminho

Art. 319-A. Deixar o Diretor 319 - Prevaricação


de Penitenciária e/ou agente Protege a administração contra os comportamentos de
público, de cumprir seu dever de funcionários desidiosos, que ignoram cumprir o seu dever,
vedar ao preso o acesso a
aparelho telefônico, de rádio ou
preferindo satisfazer interesse próprio em detrimento da
similar, que permita a coletividade.
comunicação com outros presos
ou com o ambiente Sujeito ativo: funcionário público.
externo: (Incluído pela Lei nº
11.466, de 2007).
A Lei 1,079/50 traz figuras específicas de prevaricação, aplicadas
Pena: detenção, de 3 (três) ao Presidente da República, Ministros de Estados, Ministros do STF
meses a 1 (um) ano. e Procurador-Geral da República. Tratando-se de Prefeitos, não
somente o Decreto-lei 201/67, mas também a Lei 6766/79.
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Art. 320- Condescendência Conduta: prevaricação consiste essencialmente no fato de


criminosa espontaneamente o funcionário se desgarrar do sentido de
finalidade pública para, no caso, ter a sua ação norteada para o
Art. 321 –Advocacia
administrativa
que se lhe afigure o seu interesse ou lhe pareça condizente com
sentimento seu, pessoal.
Art. 322 – Violência arbitrária Espécie de autocorrupção.
Formas de praticar: retardando (atrasar, procrastinar) ato de
Art. 323 – Abandono de ofício; deixando de praticá-lo (omissão); praticando de forma
função ilegal; ato contra disposição de lei.

Art. 324- Exercício funcional Elemento subjetivo: dolo, acrescido do intuito de satisfazer
ilegalmente antecipado ou
prolongado
interesse ou sentimento pessoal, colocando o seu interesse
particular acima do interesse público.
Art. 325- Violação de sigilo
funcional Consumação: com o retardamento, a omissão ou a prática do ato,
sendo dispensável a satisfação do interesse visado pelo servidor.
Art. 326- Violação do sigilo de
proposta de concorrência

Art. 330- Desobediência


CAPÍTULO II
DOS CRIMES PRATICADOS POR Comete crime de desobediência (art. 330 do CP) o indivíduo que
PARTICULAR CONTRA A não atende a ordem dada pelo oficial de justiça na ocasião do
ADMINISTRAÇÃO EM GERAL cumprimento de mandado de entrega de veículo, expedido no
juízo cível. O indivíduo, depositário do bem, recusou-se a entregar
Art. 328- Usurpação de o veículo ou a indicar sua localização.
função pública
Essa conduta configura ato atentatório à dignidade da justiça (art.
77, IV, do CPC/2015), havendo a previsão de multa processual (art.
Art. 329- Resistência
77, § 2º). Ocorre que a Lei afirma expressamente que a aplicação
Desobediência da multa ocorre sem prejuízo de responsabilização na esfera penal.
STF. 1ª Turma. HC 169417/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/
Art. 330 - Desobedecer a o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/4/2020 (Info 975).
ordem legal de funcionário
público:
A desobediência à ordem legal de parada, emanada por agentes
Pena - detenção, de quinze públicos em contexto de policiamento ostensivo, para a prevenção
dias a seis meses, e multa.
e repressão de crimes, constitui conduta penalmente típica,
Desacato
prevista no art. 330 do Código Penal Brasileiro.
STJ. 3ª Seção. REsp 1859933-SC, Rel. Min. Antonio Saldanha
Art. 331 - Desacatar Palheiro, julgado em 09/03/2022 (Recurso Repetitivo – Tema
funcionário público no exercício 1060) (Info 732).
da função ou em razão dela:

Pena - detenção, de seis Art. 331- Desacato


meses a dois anos, ou multa.

Tráfico de
A norma do art. 331 do Código Penal, que tipifica o crime de
Influência (Redação dada pela Lei desacato, foi recepcionada pela Constituição de 1988.
nº 9.127, de 1995) Trata-se de arguição de descumprimento de preceito fundamental
em que se questiona a conformidade com a Convenção Americana
Art. 332 - Solicitar, exigir, de Direitos Humanos, bem como a recepção pela Constituição de
cobrar ou obter, para si ou para 1988, do art. 331 do Código Penal, que tipifica o crime de desacato.
outrem, vantagem ou promessa
De acordo com a jurisprudência da Corte Interamericana de
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Soares * Mariana Malta *Pedro Klein* Tatiane Barreto *Thiago Pinheiro

de vantagem, a pretexto de influir Direitos Humanos e do Supremo Tribunal Federal, a liberdade de


em ato praticado por funcionário expressão não é um direito absoluto e, em casos de grave abuso,
público no exercício da
função: (Redação dada pela Lei nº é legítima a utilização do direito penal para a proteção de outros
9.127, de 1995) interesses e direitos relevantes.
A diversidade de regime jurídico – inclusive penal – existente entre
Pena - reclusão, de 2 (dois) a agentes públicos e particulares é uma via de mão dupla: as
5 (cinco) anos, e multa. (Redação consequências previstas para as condutas típicas são diversas não
dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
somente quando os agentes públicos são autores dos delitos, mas,
de igual modo, quando deles são vítimas.
Parágrafo único - A pena é
aumentada da metade, se o A criminalização do desacato não configura tratamento
agente alega ou insinua que a privilegiado ao agente estatal, mas proteção da função pública por
vantagem é também destinada ao ele exercida.
funcionário. (Redação dada pela Vale ressaltar, no entanto, que, considerando que os agentes
Lei nº 9.127, de 1995)
públicos em geral estão mais expostos ao escrutínio e à crítica dos
cidadãos, deles se exige maior tolerância à reprovação e à
Corrupção ativa
insatisfação, limitando-se o crime de desacato a casos graves e
Art. 333 - Oferecer ou evidentes de menosprezo à função pública.
prometer vantagem indevida a STF. Plenário. ADPF 496, Rel. Roberto Barroso, julgado em
funcionário público, para 22/06/2020 (Info 992).
determiná-lo a praticar, omitir ou
retardar ato de ofício:
No voto do Ministro Relator, foi mencionado que a interpretação
do art. 331 do CP deve ser restritiva, com a fixação de quatro
Pena – reclusão, de 2 (dois) a
12 (doze) anos, e multa. (Redação critérios interpretativos:
dada pela Lei nº 10.763, de 1) o crime deve ser praticado na presença do funcionário público;
12.11.2003) 2) não há crime se a ofensa não tiver relação com o exercício da
função;
Parágrafo único - A pena é 3) é necessário que o ato perturbe ou obstrua a execução das
aumentada de um terço, se, em
razão da vantagem ou promessa,
funções do funcionário público;
o funcionário retarda ou omite 4) devem ser relevados, portanto, eventuais excessos na expressão
ato de ofício, ou o pratica da discordância, indignação ou revolta com a qualidade do serviço
infringindo dever funcional. prestado ou com a atuação do funcionário público.

Art. 334- Descaminho


Art. 333- Corrupção ativa
Art. 334-A Contrabando
Caso concreto: João foi surpreendido por policiais com drogas para
consumo próprio. Ele ofereceu um aparelho celular para os
Art. 335 Impedimento,
perturbação ou fraude de
policiais com a finalidade de não ser preso em flagrante e
concorrência conduzido à delegacia de polícia. O MP alegou que João praticou
corrupção ativa:
Aet. 336- Inutilização de Art. 333. Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário
edital ou de sinal público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de
ofício: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Art. 337 Subtração ou A defesa argumentou que não havia ato de ofício a ser praticado
inutilização de livro ou
documento
por policiais porque não caberia prisão em flagrante. Logo, o
oferecimento do celular seria fato atípico.
Art. 337-A Sonegação de O STJ não concordou com a defesa.
contribuição O art. 28 da Lei de Drogas, ainda que não preveja pena privativa de
previdenciária (Incluído pela Lei liberdade, permanece como crime. Não houve descriminalização
nº 9.983, de 2000) da conduta, mas tão somente sua despenalização, vez que a norma
especial conferiu tratamento penal mais brando aos usuários de
drogas.
Em casos dessa natureza, muito embora não se imponha a prisão
Ana Luiza Aguilar * Fernanda Castro* Fernanda* Gabriel Paraízo Braz *Isabel Cristina Prazeres * Isabela Santana* Ilzyane Lima Silva * Licia Reis * Lucas Gabriel* Marcus Vinicius
Soares * Mariana Malta *Pedro Klein* Tatiane Barreto *Thiago Pinheiro

(....) em flagrante, é obrigação do policial conduzir o autor do fato


diretamente ao juízo competente ou, na falta deste, à delegacia,
lavrando-se, neste caso, o respectivo termo circunstanciado e
providenciando-se as requisições dos exames e perícias
necessários, nos termos do art. 48, §§ 2º e 3º da Lei nº
11.343/2006.
Denunciação caluniosa STJ. 5ª Turma. AREsp 2007599-RJ, Rel. Min. Jesuíno Rissato
(Desembargador convocado do TJDFT), julgado em 03/05/2022
Art. 339. Dar causa à (Info 735).
instauração de inquérito policial,
de procedimento investigatório
criminal, de processo judicial, deArt. 339 – Denunciação caluniosa
processo administrativo
Se, em razão da comunicação falsa de crime, houve a instauração
disciplinar, de inquérito civil ou de
ação de improbidade de inquérito policial, sendo a falsidade descoberta durante os atos
administrativa contra alguém, investigatórios nele realizados, o delito cometido é o de
imputando-lhe crime, infração denunciação caluniosa, previsto no art. 339 do CP.
ético-disciplinar ou ato ímprobo O fato de o indivíduo apontado falsamente como autor do delito
de que o sabe
inocente: (Redação dada pela
inexistente não ter sido indiciado no curso da investigação não é
Lei nº 14.110, de 2020) motivo suficiente para desclassificar a conduta para o crime do art.
340.
Pena - reclusão, de dois a STJ. 6ª Turma. REsp 1482925-MG, Rel. Min. Sebastião Reis, julgado
oito anos, e multa. em 6/10/2016 (Info 592).

§ 1º - A pena é aumentada
de sexta parte, se o agente se
serve de anonimato ou de nome
Art. 345 – Exercício arbitrário das próprias razões
suposto. O crime do art. 345 do CP pune a conduta de “fazer justiça pelas
próprias mãos, para satisfazer pretensão”.
§ 2º - A pena é diminuída de O tipo penal afirma que o sujeito age “para satisfazer”. Logo,
metade, se a imputação é de conclui-se ser suficiente, para a consumação do delito, que os
prática de contravenção.
atos que buscaram fazer justiça com as próprias mãos tenham
Art. 340 - Comunicação visado obter a pretensão, mas não é necessário que o agente
falsa de crime ou de tenha conseguido efetivamente satisfazê-la, por meio da
contravenção conduta arbitrária. A satisfação, se ocorrer, constitui mero
exaurimento da conduta.
Art. 341- Auto-acusação
falsa
Ex: o credor encontrou a devedora na rua e tentou tomar o seu
aparelho de celular como forma de satisfazer o débito. Chegou
Art. 342 Falso testemunho a puxar seu braço e seu cabelo, mas a devedora conseguiu fugir
ou falsa perícia levando o celular. O crime está consumado mesmo ele não
tendo conseguido o resultado pretendido.
Art. 344- Coação no STJ. 6ª Turma. REsp 1860791, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em
curso do processo
09/02/2021 (Info 685).
Art. 345- Exercício
arbitrário das próprias razões

Art. 345 - Fazer justiça pelas


próprias mãos, para satisfazer
pretensão, embora legítima, salvo
quando a lei o permite:
Ana Luiza Aguilar * Fernanda Castro* Fernanda* Gabriel Paraízo Braz *Isabel Cristina Prazeres * Isabela Santana* Ilzyane Lima Silva * Licia Reis * Lucas Gabriel* Marcus Vinicius
Soares * Mariana Malta *Pedro Klein* Tatiane Barreto *Thiago Pinheiro

Pena - detenção, de quinze


dias a um mês, ou multa, além da
pena correspondente à violência.

Parágrafo único - Se não há


emprego de violência, somente se
procede mediante queixa.
Art. 349- A Introdução de Aparelho de comunicação, sem
Art. 346 - Tirar, suprimir, autorização legal, em estabelecimento prisional
destruir ou danificar coisa A conduta de ingressar em estabelecimento prisional com chip de
própria, que se acha em poder de
terceiro por determinação judicial celular não se subsome ao tipo penal previsto no art. 349-A do
ou convenção: Código Penal.
STJ. 5ª Turma. HC 619776/DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
Pena - detenção, de seis 20/04/2021 (Info 693).
meses a dois anos, e multa.
Cuidado para não confundir:
Art. 347 - Fraude
A posse de chip de telefone celular pelo preso, dentro de
processual
estabelecimento prisional, configura falta disciplinar de natureza
Art. 348- Favorecimento
grave, ainda que ele não esteja portando o aparelho (STJ. 5ª
pessoal Turma. HC 260122-RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
21/3/2013).
Art. 349- Favorecimento real

Art. 349-A
Art. 359-C – Assunção de obrigação no último ano do mandato ou
Art. 350 - Exercício legislatura
arbitrário ou abuso de poder
João, prefeito de um Município do interior de São Paulo, foi
condenado pelo art. 359-C do CP porque, nos dois últimos
Art. 350 - (Revogado pela
Lei nº 13.869, de quadrimestres de seu mandato, contraiu diversas obrigações sem
2019) (Vigência) a necessária disponibilidade de caixa, o que fez com que o déficit
de caixa da prefeitura avançasse de R$ 1 milhão em 30/04/2012
(..._ para R$ 6 milhões em 31/12/2012.
Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois
CAPÍTULO IV últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatura,
DOS CRIMES CONTRA AS
cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou,
FINANÇAS PÚBLICAS
(Incluído pela Lei nº 10.028, de caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha
2000) contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Art. 359-A Contratação de Vale ressaltar, contudo, que não se especificou, nem na denúncia,
operação de crédito nem nas decisões condenatórias, a ou as obrigações, autorizadas
ou ordenadas, que não puderam ser pagas naquele último
Art. 359-B Inscrição de
exercício financeiro do mandato, ou no exercício seguinte, por
despesas não empenhadas em
restos a pagar (Incluído pela Lei falta de contrapartida suficiente de caixa.
nº 10.028, de 2000) Diante disso, o STJ entendeu que não foram preenchidas todas as
elementares do art. 359-C do CP.
Art. 359-C Assunção de A condenação pelo art. 359-C do Código Penal deve especificar
obrigação no último ano do despesas contraídas nos dois últimos quadrimestres do mandato,
mandato ou legislatura (Incluído
pela Lei nº 10.028, de 2000)
que não puderam ser pagas no mesmo exercício financeiro ou no
exercício seguinte. Essa análise não pode ser global,
Art. 359-C. Ordenar ou considerando a iliquidez total do caixa, sob pena de prejudicar a
autorizar a assunção de ampla defesa.
obrigação, nos dois últimos STJ. 6ª Turma. HC 723644-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
quadrimestres do último ano do julgado em 7/3/2023 (Info 766).
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mandato ou legislatura, cuja


despesa não possa ser paga no Decreto-Lei nº 201/1967 – Crimes de responsabilidade penal dos
mesmo exercício financeiro ou,
caso reste parcela a ser paga no prefeitos
exercício seguinte, que não tenha
contrapartida suficiente de O STF decidiu que é válida a criação de tipo penal por DL, devendo
disponibilidade de caixa: (Incluído ser apreciado o aspecto formal de acordo com a regra
pela Lei nº 10.028, de 2000)
constitucional então vigente.
Pena - reclusão, de 1 (um) a
Súmula 496 do STF: “São válidos, porque salvaguardados pelas
4 (quatro) anos.(Incluído pela Lei
nº 10.028, de 2000) Disposições Transitórias da Constituição Federal de 1967, os
decretos-leis expedidos entre 24 de janeiro e 15 de março de
Art. 359-D Ordenação de 1967”.
despesa não autorizada (Incluído
pela Lei nº 10.028, de 2000)
Crimes previstos no art. 1º - são crimes comuns, julgados pelo
Poder Judiciário (TJ ou TRF), chamados de crimes de
Art. 359-E Prestação de
garantia graciosa (Incluído pela responsabilidade impróprios. Não dependem de pronunciamento
Lei nº 10.028, de 2000) da Câmara Municipal.

Art. 359-F Não Sancionados com pena de 02 a 12 anos de reclusão, no caso dos
cancelamento de restos a incisos I e II; e com 03 meses a 03 anos de detenção nos demais
pagar (Incluído pela Lei nº 10.028,
de 2000)
incisos.

Art. 359-G Aumento de Crimes de responsabilidade próprios: infrações político-


despesa total com pessoal no administrativas, julgadas pelo Poder Legislativo Municipal,
último ano do mandato ou puníveis com a perda do mandato - impeachment (art. 4º do Dec.-
legislatura (Incluído pela Lei nº Lei 01).
10.028, de 2000)

Art. 359-H Oferta pública


Bem jurídico: bom andamento da administração pública.
ou colocação de títulos no
mercado (Incluído pela Lei nº Aplica-se insignificância? Para o STF, sim, com base no princípio da
10.028, de 2000) proporcionalidade. Para o STJ, não, tendo em vista a proteção do
patrimônio público e da moralidade administrativa, que não
comporta quantificação.

Sujeito ativo: prefeito municipal ou quem esteja no exercício do


cargo. Crime próprio. Admite coautoria e participação, caso em
que a qualidade de prefeito, por ser elementar do delito,
comunica-se aos demais (art. 30 do CP).

Sujeito passivo: ente público.

Súmula 703 do STF e Súm. 164 do STJ: o término do mandato não


impede que o agente seja processado pelos fatos cometidos
durante o exercício.

Elemento subjetivo: dolo. Não há previsão de forma culposa.

Competência: Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal, em


decorrência do art. 29, X, da CF.

Súm. 702 STF: “a competência do tribunal de justiça para julgar


prefeitos restringe-se aos crimes de competência da justiça
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Soares * Mariana Malta *Pedro Klein* Tatiane Barreto *Thiago Pinheiro

comum estadual; nos demais casos, a competência originária


caberá ao respectivo tribunal de segundo grau”.

Súmula 208 STJ: “compete a justiça federal processar e julgar


prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de
contas perante órgão federal”.

Súmula 209 do STJ; “compete à justiça estadual processar e julgar


prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao
patrimônio municipal”.

Juris:
(...) se revela imprópria a locução constitucional ‘crimes de
responsabilidade’, que compreende, na realidade, infrações de
caráter político-administrativo, em oposição à expressão
(igualmente inscrita no texto da Constituição) ‘crimes comuns’.
Com efeito, o crime comum e o crime de responsabilidade são
figuras jurídicas que exprimem conceitos inconfundíveis. O crime
comum é um aspecto da ilicitude penal. O crime de
responsabilidade refere-se à ilicitude político-administrativa. O
legislador constituinte utilizou a expressão crime comum,
significando ilícito penal, em oposição a crime de responsabilidade,
significando infração político-administrativa. (...) O Código Penal
está em vigor, cuidando dos crimes contra a administração pública,
que podem ser cometidos, inclusive por Prefeitos. O Prefeito pode
perfeitamente ser julgado, pelo Tribunal de Justiça, no caso de
cometer peculato, emprego irregular de verbas públicas,
concussão, prevaricação, tudo isso não é crime de
responsabilidade; tudo isso é crime comum que o Prefeito pode
cometer e ser julgado pelo Poder Judiciário. Ao lado disso, existe o
crime de responsabilidade, que é uma infração político-
administrativa (...)” (ADI 4.190-MC, Rel. Min. Celso de Mello,
decisão monocrática, DJE de 4-8-2009).

Quanto aos VEREADORES, o Dec.-Lei 201/67 NÃO PREVÊ


INFRAÇÕES DE CUNHO PENAL, mas SOMENTE AS DE NATUREZA
POLÍTICO-ADMINISTRATIVAS previstas no art. 7º, segundo o qual
"A Câmara poderá cassar o mandato de Vereador, quando: I -
Utilizar-se do mandato para a prática de atos de corrupção ou de
improbidade administrativa; II - Fixar residência fora do Município;
III - Proceder de modo incompatível com a dignidade, da Câmara
ou faltar com o decoro na sua conduta pública".

Configura o crime do art. 1º, III, do DL 201/67, a conduta do


Prefeito que utiliza verbas oriundas do Fundo Nacional de Saúde
(vinculadas a determinado programa de saúde) para o pagamento
de débitos da Secretaria Municipal de Saúde junto ao instituto de
previdência do Município. O delito previsto no art. 1º, III, do DL
201/1967 consiste em o administrador público aplicar verba
pública em destinação diversa da prevista em lei. Não se trata,
portanto, de desviar em proveito próprio. Para a configuração
deste crime, é irrelevante verificar se houve, ou não, efetivo
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Soares * Mariana Malta *Pedro Klein* Tatiane Barreto *Thiago Pinheiro

prejuízo para a Administração Pública. STF. 1ª Turma. AP 984/AP,


Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 11/6/2019 (Info 944).

O crime previsto no art. 1°, VII, do Decreto-Lei nº 201/1967 se


perfectibiliza quando há uma clara intenção de descumprir os
prazos para a prestação de contas Se tiver havido a entrega da
prestação de contas em momento posterior ao estipulado, mas se
não tiver ficado suficientemente demonstrada a intenção de
atrasar e de descumprir os prazos previstos para se prestar contas,
não haverá crime por falta de elemento subjetivo (dolo). Art. 1º
São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos
ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do
pronunciamento da Câmara dos Vereadores: (...) VII - Deixar de
prestar contas, no devido tempo, ao órgão competente, da
aplicação de recursos, empréstimos subvenções ou auxílios
internos ou externos, recebidos a qualquer título; STJ. 6ª Turma.
REsp 1695266/PB, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
23/06/2020 (Infos 676 e 677).

Pagar remuneração a funcionário fantasma não configura crime


O pagamento de remuneração a funcionários fantasmas não
configura apropriação ou desvio de verba pública, previstos pelo
art. 1º, inciso I, do Decreto-Lei nº 201/67. O pagamento de salário
não configura apropriação ou desvio de verba pública, previstos
pelo art. 1º, I, do Decreto-Lei nº 201/67, pois a remuneração é
devida, ainda que questionável a contratação de parentes do
Prefeito. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1162086-SP, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, julgado em 05/03/2020 (Info 667).

Caso hipotético: João, vereador, contratou seu primo Paulo para


exercer o cargo público de assessor na Câmara Municipal.Ocorre
que ele não trabalhava efetivamente. Apenas comparecia ao
trabalho para assinar o ponto, sem que exercesse suas atribuições
do cargo.Apesar disso, Paulo recebia remuneração todos os meses.
João e Paulo não praticaram nenhum crime.
Não é típico o ato do servidor que se apropria de valores que já lhe
pertenceriam, em razão do cargo por ele ocupado.
Assim, a conduta do servidor poderia ter repercussões
disciplinares ou mesmo no âmbito da improbidade administrativa,
mas não se ajusta ao delito de peculato, porque seus vencimentos
efetivamente lhe pertenciam.
Se o servidor merecia perceber a remuneração, à luz da ausência
da contraprestação respectiva, é questão a ser discutida na esfera
administrativo-sancionadora, mas não na instância penal, por falta
de tipicidade.
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 2073825-RS, Rel. Min. Ribeiro
Dantas, julgado em 16/08/2022 (Info 746).

São atípicas, por falta de previsão legal:


• a conduta de submeter-se à vacinação contra Covid-19 em local
diverso do agendado;
Ana Luiza Aguilar * Fernanda Castro* Fernanda* Gabriel Paraízo Braz *Isabel Cristina Prazeres * Isabela Santana* Ilzyane Lima Silva * Licia Reis * Lucas Gabriel* Marcus Vinicius
Soares * Mariana Malta *Pedro Klein* Tatiane Barreto *Thiago Pinheiro

• a conduta de ser vacinado com imunizante diverso daquele que


estava reservado (ex: tomou Janssen e era para ter sido a
AstraZeneca); e
• a conduta de submeter-se à vacinação contra Covid-19 sem a
realização de agendamento.
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 160947-CE, Rel. Min. João Otávio de
Noronha, julgado em 27/09/2022 (Info 752).

Art. 327 (...) § 2º A pena será aumentada da terça parte quando os


autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de
cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento
de órgão da administração direta, sociedade de economia mista,
empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
A circunstância de imposição hierárquica deve estar descrita e não
é presumível apenas pelo exercício do cargo.
É incabível a causa de aumento do art. 327, § 2º, do CP pelo mero
exercício do cargo, sendo necessária a demonstração de uma
imposição hierárquica ou de direção.
STJ. Corte Especial. AgRg na APn 970-DF, Rel. Min. Maria Isabel
Gallotti, julgado em 04/05/2022 (Info 736).
SÍNTESE:

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