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ECA
2. O conceito de "família" adotado pelo ECA é amplo, abarcando tanto a família natural
(comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes) como a
extensa/ampliada (aquela constituída por parentes próximos com os quais a criança ou
adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade), sendo a affectio
familiae o alicerce jurídico imaterial que pontifica o relacionamento entre os seus
membros, essa constituída pelo afeto e afinidade, que por serem elementos basilares
do Direito das Famílias hodierno devem ser evocados na interpretação jurídica voltada
à proteção e melhor interesse das crianças e adolescentes.
4. O legislador ordinário, ao estabelecer no artigo 50, § 13, inciso II, do ECA que podem
adotar os parentes que possuem afinidade/afetividade para com a criança, não
promoveu qualquer limitação (se aos consanguíneos em linha reta, aos consanguíneos
colaterais ou aos parentes por afinidade), a denotar, por esse aspecto, que a adoção
por parente (consanguíneo, colateral ou por afinidade) é amplamente admitida
quando demonstrado o laço afetivo entre a criança e o pretendente à adoção, bem
como quando atendidos os demais requisitos autorizadores para tanto.
O relator, ministro Sebastião Reis Júnior, afirmou que essa interpretação já havia
sido dada no STJ pela ministra Laurita Vaz, no HC 728.173, sendo dela também a
proposta de modulação dos efeitos, importante para garantir a segurança jurídica
dos processos que estão tramitando.
O caso julgado pela Terceira Seção trata de estupro cometido pelo pai contra a filha
menor. A Quinta Turma havia decidido fixar a competência no juízo criminal
comum, por entender que, embora o crime tenha sido praticado em ambiente
doméstico e familiar e a vítima fosse a própria filha, a motivação teria sido a pouca
idade da menor, e não qualquer questão de gênero.
Para Sebastião Reis Júnior, no entanto, "não pode ser aceito um fator meramente
etário para afastar a competência da vara especializada e a incidência do
subsistema da Lei 11.340/2006. A referida lei nada mais objetiva do que a proteção
de vítimas contra os abusos cometidos no ambiente doméstico, derivados da
distorção sobre a relação familiar decorrente do pátrio poder, em que se pressupõe
intimidade e afeto, além do fator essencial de ser a vítima mulher, elementos
suficientes para atrair a competência da vara especializada em violência
doméstica".
Roubo e extorsão
2. As acusadas foram condenadas pela prática dos crimes previstos nos arts. 157, §
2.º, II e VII, e 158, § 3.º, do Código Penal. Suas apelações foram parcialmente
providos para absolvê-las do crime de extorsão, mantendo-se a condenação pelo
delito de roubo circunstanciado, com o afastamento, apenas, da causa de aumento
de pena referente ao emprego de arma branca.
5. Nas hipóteses em que o réu admite parte dos fatos a ele imputados, deve ser
reconhecida a atenuante da confissão espontânea, especialmente porque admitida
a subtração dos bens, que constitui uma das elementares do delito de roubo.
Precedentes. 6. Primeiro agravo regimental parcialmente provido para reconhecer
a atenuante da confissão espontânea e redimensionar as penas impostas às
agravantes. Segundo agravo regimental não conhecido.
(AgRg no HC n. 727.462/SC, relator Ministro Olindo Menezes (Desembargador
Convocado do TRF 1ª Região), Sexta Turma, julgado em 9/8/2022, DJe de
15/8/2022.)
6. Assim, apesar dos argumentos apresentados pela defesa, não há elementos nos
autos que evidenciem a existência de constrangimento ilegal.
Prisão
AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA, ROUBO
TRIPLAMENTE MAJORADO, EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO, LATROCÍNIO
TENTANDO E EXTORSÃO DUPLAMENTE QUALIFICADA. PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA
DE ILEGALIDADE MANIFESTA. IMPRESCINDIBILIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA
FUNDAMENTADA. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA. SUBSTITUIÇÃO
POR PRISÃO DOMICILIAR. NÃO CABIMENTO. CRIME COMETIDO COM VIOLÊNCIA OU
GRAVE AMEAÇA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
(HC n. 719.287/MG, relatora Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, julgado em 28/6/2022,
DJe de 1/7/2022.)
(AgRg no RHC n. 161.529/MG, relator Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma,
julgado em 17/5/2022, DJe de 19/5/2022.)
Fraude eletrônica
6. O fiel cumprimento das medidas cautelares impostas nada mais é do que condição
sine qua non à manutenção do benefício da prisão domiciliar humanitária, não
servindo de argumento para defender a tese de inexistência do periculum libertatis,
que já foi reiteradamente certificado pelas instâncias antecedentes.
(AgRg no RHC n. 170.339/RJ, relatora Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, julgado em
4/10/2022, DJe de 10/10/2022.)
6. Para aferição do excesso de prazo para formação da culpa, devem ser sopesados o
tempo de prisão provisória, as peculiaridades da causa, sua complexidade e outros
fatores que eventualmente possam influenciar no curso da ação penal.
Reconhecimento fotográfico
No caso, a autoria delitiva não tem como único elemento de prova o reconhecimento
fotográfico, porque, durante a instrução processual, foram ouvidas a vitima e duas
testemunhas comuns à acusação e defesa, respeitados o contraditório e a ampla
defesa, restando consignado que o réu não compareceu em Juízo para ser interrogado
e na Delegacia, havia ficado em silêncio. Foi declarada sua revelia nos termos do art.
367 do Código de Processo Penal.
4. Vale ressaltar, ainda, que a Corte de origem destacou que "um talão de cheques
subtraído da vítima foi apreendido na residência do réu quando o mesmo era
investigado pela prática de outro roubo, tudo a confirmar sua participação nos
crimes" (fl. 29).
Sendo certo que "a jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que é possível a
utilização das provas colhidas durante a fase inquisitiva - reconhecimento fotográfico
- para embasar a condenação, desde que corroboradas por outras provas colhidas
em Juízo - depoimentos e apreensão de parte do produto do roubo na residência do
réu, nos termos do art. 155 do Código de Processo Penal" (AgRg no HC 633.659/SP,
Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, DJe 5/3/2021).
(AgRg no HC n. 738.559/SP, relator Ministro Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, julgado
em 7/6/2022, DJe de 10/6/2022.)
5. Agravo desprovido.
(AgRg no RHC n. 158.643/RS, relator Ministro Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma,
julgado em 11/10/2022, DJe de 18/10/2022.)
TRÁFICO
III - É assente nesta Corte Superior que o agravo regimental deve trazer novos
argumentos capazes de alterar o entendimento anteriormente firmado, sob pena de
ser mantida a r. decisão vergastada pelos próprios fundamentos. Precedentes.
I - É assente nesta Corte Superior de Justiça que o agravo regimental deve trazer novos
argumentos capazes de alterar o entendimento anteriormente firmado, sob pena de
ser mantida a r. decisão vergastada pelos próprios fundamentos.
3. Tendo em vista que não houve apreensão de drogas no presente feito, não há
fundamentação concreta para o recrudescimento da pena-base da Paciente em
relação ao crime de associação para o tráfico.
4. Por força da nova dosimetria ora realizada, no caso da Paciente, é cabível o regime
inicial aberto, de acordo com o quantum da pena reclusiva final (art. 33, § 2.º, do
Código Penal), e a substituição da pena privativa de liberdade por penas restritivas de
direitos.
5. Ordem de habeas corpus concedida para: a) absolver a Paciente da imputação do
crime de tráfico ilícito de drogas (art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006); b) fixar a pena-
base do crime de associação para o tráfico (art. 35, caput, da Lei n. 11.343/2006) no
mínimo legal, redimensionando a pena final da Acusada para 3 (três) anos de reclusão
e 700 (setecentos) dias-multa, à razão mínima legalmente estabelecida; e c) de ofício,
fixar o regime inicial aberto e substituir a pena privativa de liberdade por duas penas
restritivas de direitos, a serem definidas pelo Juízo das Execuções Criminais.
(HC n. 683.894/SE, relatora Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, julgado em 18/10/2022,
DJe de 24/10/2022.)
1. Esta Corte Superior tem a diretriz de que, nas hipóteses em que o Ministério Público
busca, em juízo, providências cabíveis para proteger o princípio constitucional do
concurso público, não incidem os institutos da prescrição e decadência, tendo em vista
que o decurso do tempo não tem o condão de convalidar atos de provimento efetivo
em cargos públicos de pessoas que não foram previamente aprovadas em concurso
público, sendo a situação flagrantemente inconstitucional (AgInt no REsp.
1.306.259/RN, Rel. Min GURGEL DE FARIA, Primeira Turma, DJe 15.5.2019; REsp
1.518.267/RN, Relator Min. HERMAN BENJAMIN, Segunda Turma, DJe 20.5.2016).
1. A pandemia de covid-19 ensejou grave crise sanitária, econômica e social que levou
à prática de condutas moralmente reprováveis.
2. Não há crime sem prévia previsão legal. A prática de crime exige o enquadramento
típico em conduta previamente definida como crime, vedada a interpretação extensiva
ou analógica.
(AgRg no RHC n. 160.947/CE, relator Ministro João Otávio de Noronha, Quinta Turma,
julgado em 27/9/2022, DJe de 30/9/2022.)
2.1. A condição de funcionário público foi constatada apenas para um dos corréus,
sendo certo que este foi absolvido, razão pela qual não houve concurso de agentes, o
que afasta também a comunicação da condição de funcionário público ao corréu
condenado e impossibilita a tipificação da conduta a título de peculato.
(AgRg no AREsp n. 1.866.979/SE, relator Ministro Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma,
julgado em 27/9/2022, DJe de 30/9/2022.)
Corrupção de menores
AMBIENTAL
1. Recurso especial decorrente de ação civil pública em que se discute danos morais
coletivos decorrentes de poluição sonora e irregularidade urbanística provocadas por
funcionamento dos condensadores e geradores colocados no fundo do
estabelecimento das condenadas.
4. "O dano moral coletivo, assim entendido o que é transindividual e atinge uma classe
específica ou não de pessoas, é passível de comprovação pela presença de prejuízo à
imagem e à moral coletiva dos indivíduos enquanto síntese das individualidades
percebidas como segmento, derivado de uma mesma relação jurídica-base. (...) O dano
extrapatrimonial coletivo prescinde da comprovação de dor, de sofrimento e de abalo
psicológico, suscetíveis de apreciação na esfera do indivíduo, mas inaplicável aos
interesses difusos e coletivos". Nesse sentido: REsp 1.410.698/MG, Rel. Ministro
HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/06/2015, DJe 30/06/2015;
REsp 1.057.274/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em
01/12/2009, DJe 26/02/2010.
Nesse sentido: AgRg no AREsp 430.850/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda
Turma, DJe 07/03/2014.
3. Por caracterizar indevida inovação recursal e, por isso, aviltar a força da preclusão
consumativa, não se mostra possível discutir, apenas ao ensejo do agravo interno, a
tese de afronta aos arts. 236, § 1º, 237 e 552 do CPC/1973, porquanto não ventilada
nas razões do antecedente recurso especial.
(AgInt no REsp n. 1.496.544/SE, relator Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado
em 20/4/2020, DJe de 24/4/2020.)