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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA Ú NICA DE FAMÍLIA E SUCESSÕ ES

DA COMARCA DE XXX.
Processo nº XXX
XXX, já qualificada apud acta, por suas Advogadas in fine, também já qualificada, com
escritó rio profissional localizado na XXX, bairro XXX, na cidade de XXX, onde recebe
notificaçõ es e intimaçõ es de estilo, nos autos do processo que lhe move o XXX, também já
declinado, vem perante Vossa Excelência oferecer CONTESTAÇÃ O c/ PRELIMINAR DE
INCOMPETÊ NCIA RELATIVA, pelas razõ es de fatos e de direitos aduzidos abaixo:
DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
A requerida requer, inicialmente, os benefícios da Justiça Gratuita por ser pobre na forma
da Lei, conforme declaraçã o de hipossuficiência (anexo 1), nos termos do art. 98 e
seguintes do CPC/15. Nã o dispondo de numerá rio suficiente para arcar com taxas,
emolumentos, depó sitos judiciais, custas, honorá rio ou quaisquer outras cobranças dessa
natureza sem prejuízo de sua pró pria subsistência e/ou de sua família, requer a assistência
da Defensoria Pú blica com fulcro no art. 185 do CPC/15, tudo consoante com o art. 5º,
LXXIV, da Constituiçã o Federal.
A Açã o deveria tramitar em XXX, onde a ré reside com seus filhos menores
impú beres: XXX e XXX. Aduz o Có digo Civil:
“Art. 53. É competente o foro: I - para a açã o de divó rcio, separaçã o, anulaçã o de casamento
e reconhecimento ou dissoluçã o de uniã o está vel: a) de domicílio do guardiã o de filho
incapaz”.
Conforme instrumento contratual de locaçã o que comprova domicílio (anexo), carteira de
trabalho CTPS (anexo), matrícula das crianças na escola (anexo) e comprovante de
endereço (anexo),
RESUMO DA INICIAL
O requerente ajuizou uma açã o de Divó rcio Litigioso, que tramita no Foro da Comarca de
XXX, Estado do XXX, na 2a Vara de Família e Sucessõ es. Foi casado por quase 10 (dez) anos
com a Senhora XXX, dessa uniã o advieram 2 (dois) filhos sendo eles XXX, nascida em XXX
(anexo) e XXX nascido em XXX (anexo).
O requerente estabeleceu que a guarda fosse compartilhada em relaçã o aos filhos,
propondo o direito de visita livre. Alegando a existência de 5 (cinco) bens, pedindo partilha
equâ nime, ofertou alimentos provisó rios para os filhos no valor de R$ 1.250,00, nã o
requereu para si e nem ofertou para requerida.
DA PRELIMINAR
DA INCOMPETÊ NCIA RELATIVA
Durante toda convivência o casal residiu na cidade de XXX, já os bens adquiridos durante a
relaçã o estã o situados na Cidade de XXX. No entanto, cumpre esclarecer que, tanto a
requerida quanto seus filhos, apó s o rompimento da relaçã o, passaram a residir e
domiciliar na Cidade de XXX. Neste raciocínio, as causas cíveis deverã o ser processadas e
decididas pelo juiz nos limites de sua competência, porquanto, a presente demanda foi
proposta em foro incompetente, uma vez que ao se tratar de açã o envolvendo alimentos,
segundo o regramento previsto no Art. 53 do Có digo de Processo Civil, a competência é
objetivamente da residência do alimentado, senã o vejamos.
Art. 53. É competente o foro:
I - Para a açã o de divó rcio, separaçã o, anulaçã o de casamento e reconhecimento ou
dissoluçã o de uniã o está vel:
II - De domicílio ou residência do alimentando, para a açã o em que se pedem alimentos;
No mesmo raciocínio, o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Federal de no 8.069 de
1990, determina, em seu Art. 147, inciso I que a competência para o julgamento de açõ es
que digam respeito a criança e adolescente é determinada pelo atual domicílio dos pais ou
responsá veis, in verbis:
Art. 147. A competência será determinada:
I - Pelo domicílio dos pais ou responsá vel;
O Superior Tribunal de Justiça, dispõ e através da Sú mula de nú mero 383 da seguinte
forma: “A competência para processar e julgar as açõ es conexas de interesse de menor é,
em princípio, do foro do domicílio do detentor de sua guarda.”. Insta salientar que, os
limites de competência legalmente estabelecidos buscam, conferir ao processo a intençã o
legal da efetividade jurisdicional, conforme leciona a doutrina:
“Domicílio ou residência do alimentando. A norma abrange as açõ es que têm como
fundamento ou pedido os alimentos: açã o especial de alimentos, regida pela LA; açã o de
alimentos em rito ordiná rio; açã o revisional de alimentos; açã o que se oferece alimentos
(LA 24); açã o de exoneraçã o de alimentos. A açã o pode ser ajuizada tanto no foro do
domicílio, quanto no da residência do alimentado. Em sendo este incapaz, incide a regra do
CPC 50. Sendo cumulada com investigaçã o de paternidade, prevalecendo o foro especial
(STJ 1).” Nery Junior, Nelson. Nery, Rosa Maria de Andrade. Có digo de Processo Civil
Comentado. 17o Ed. Editora RT, 2018, Versã o e-book, Art. 53)
Ora, Excelência, no caso em tela, a competência em razã o do territó rio, deve ser observada
de forma a garantir o princípio do contraditó rio, uma vez que, assim nã o sendo, inviabiliza
a ampla defesa do contestante.
Ante o exposto, manifestamente incompetente o foro da “VARA Ú NICA DA FAMÍLIA E
SUCESSÃ O DA COMARCA DE XXX, ESTADO XXX”, levando em considerando que os
alimentados encontram-se sob a guarda de sua genitora, isto é, domiciliando e residindo
sob a jurisdiçã o da Comarca de XXX, razõ es pelas quais devem motivar à imediata
redistribuiçã o do feito.
Nesse seguimento, de acordo com o regramento legal supramencionado, a requerida
REQUER que Vossa Excelência se digne a receber a presente preliminar de incompetência
relativa em todos os termos, ouvindo-se o requerente em 15 (quinze) dias e, ao final,
acolhida e provida, determinar a remessa dos presentes autos ao FORO competente, no
caso a Comarca de XXX.
DO MÉ RITO:
DA GUARDA E DO DIREITO DE VISITAS:
De início, vale ressaltar que a requerida sempre foi a guardiã dos descendentes, tomando
para si toda a responsabilidade de cuidar dos mesmos, como levar para o cumprimento das
atividades escolares, ao médico sempre que necessá rio e afins. O requerente pede na
inicial, a guarda compartilhada, porém esse pedido é de impossível concessã o,
primeiramente pelo distanciamento territorial entre os genitores, impedindo a divisã o de
responsabilidades no que tange as crianças.
Os tribunais asseguram que quando nã o há consenso entre os cô njuges, o melhor é optar
pela guarda unilateral em prol do genitor com mais capacidade de cumprir essa missã o,
nesse sentido, a requerida requer a improcedência do pedido do requerente e a concessã o
da guarda unilateral para a mesma, com finalidade de formalizar um fato já vivenciado
pelos menores, logicamente respeitando o direito de visita do requerente da seguinte
forma:
Os dois primeiros finais de semana de cada mês a partir da sexta-feira 12:00 horas ao
domingo 21:00 horas, podendo passar o dia dos pais e ano novo juntos com o genitor e o
dia das mã es e o natal com a genitora. Podendo ainda, intercalar as datas de comemoraçã o
como: aniversá rios, feriados e férias (a cada 15 dias). Os menores deverã o ser entregues na
presença dos responsá veis.
DOS ALIMENTOS PROVISÓ RIOS DOS FILHOS:
Em virtude do princípio da impugnaçã o específica do fato, imprová vel venha este douto
juízo conhecer do pedido formulado pelo requerente na sua exordial, contudo, ad cautelam,
passa a se manifestar sobre o mesmo, onde melhor sorte nã o aguarda o requerente.
Como se sabe, a obrigaçã o alimentícia entre responsá veis pela mantença dos seus filhos, se
assenta no binô mio “necessidade x possibilidade”, ou seja, é necessá rio que aquele que
necessita de alimentos prove que realmente precisa deles e que o demandado possui
condiçõ es de provê-los. No presente caso, cabe ainda, avaliar se a representante legal
dispõ e de renda suficiente para mantença das despesas;
TABELA;
Considerando a renda mensal de R$ 15.000,00 (Quinze mil reais) que recebe como
professor universitá rio, conforme holerite do Estado XXX (anexo 8), além da renda mensal
de aluguel dos imó veis que perfaz o montante de R$ 3.600,00(Três mil e seiscentos reais),
conforme contratos firmados (anexo 9).
Na verdade, sobre os bens, três imó veis alugados e promovida jamais fez jus a este crédito.
A requerida propõ e pensã o alimentícia correspondente a 30% dos rendimentos do
requerente, perfazendo a quantia de R$ 4.500,00 (Quatro e quinhentos reais).
DA PARTILHA DE BENS
Sobre a partilha dos bens, a requerida propõ e a venda dos imó veis que perfazem o total de
R$ 860.000,00 (Oitocentos e sessenta mil reais), para assim adquirir imó vel para morar e/
ou recebe a quantia de R$ 430.000,00 (Quatrocentos e trinta mil reais), correspondente a
50% do total.
Acerca da guarda, há que se observar que o requerente propô s guarda compartilhada livre
e em cidades distintas, tal pedido seria inviá vel para real segurança e rotina dos menores. A
genitora propõ e que aguarda seja unilateral com dias e datas definidas, tais como férias e
feriados.
DO DIREITO
A Lei no 5.478/68 ( Lei de Alimentos), no seu art. 15, prevê a revisã o da decisã o judicial
sobre alimentos, a qualquer momento, desde que, ocorra modificaçã o no contexto
financeiro do alimentado ou do alimentante, como se transcreve, in verbis:
Art. 15. A decisã o judicial sobre alimentos nã o transita em julgado e pode a qualquer tempo
ser revista, em face da modificaçã o da situaçã o financeira dos interessados.
O réu, demandado tem seu direito de oferecer sua contestaçã o, fica assim exposto:
Art. 335. O réu poderá oferecer contestaçã o, por petiçã o, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo
termo inicial será a data:
I - Da audiência de conciliaçã o ou de mediaçã o, ou da ú ltima sessã o de conciliaçã o, quando
qualquer parte nã o comparecer ou, comparecendo, nã o houver autocomposiçã o;
Quanto a guarda dos filhos menores, é sabido que ambos os genitores tem o dever de
cuidar, educar e assistir os filhos, presando pelo bem e que os seus interesses sejam sempre
ser respeitados, conforme estabelece o artigo 6o e o artigo 28, §§ 1o e 3o do ECA:
“Art. 6o Na interpretaçã o desta Lei levar-se-ã o em conta os fins sociais a que ela se dirige,
as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condiçã o
peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento
Art. 28. A colocaçã o em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoçã o,
independentemente da situaçã o jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei.
§ 1 o Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por equipe
Inter profissional, respeitado seu está gio de desenvolvimento e grau de compreensã o sobre
as implicaçõ es da medida, e terá sua opiniã o devidamente considerada.
§ 3 o Na apreciaçã o do pedido levar-se-á em conta o grau de parentesco e a relaçã o de
afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequências decorrentes da
medida.
A Constituiçã o Federal do Brasil, em seu art. 5o, determina:
“Todos sã o iguais perante a lei, sem distinçã o de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes (...).”
Para o aumento da pensã o alimentícia por falta de condiçõ es da ré, o que artigo 1.699 do
Có digo Civil expressa:
Art. 1699. Se fixados os alimentos, sobrevier mudança na situaçã o financeira de quem os
supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as
circunstâ ncias, exoneraçã o, reduçã o ou majoraçã o do encargo.
DOS REQUERIMENTOS:
Ante o exposto, a promovida REQUER digne-se Vossa Excelência, ACOLHER a presente
preliminar de incompetência relativa em todos os seus termos; ouvindo-se o requerente
em 15 dias e, ao final, acolhida e provida, determinar a remessa dos presentes autos ao foro
competente, no caso a Comarca de XXX. O DEFERIMENTO da gratuidade.
judiciá ria integral para todos os atos processuais, conforme previsã o contida na Declaraçã o
de Hipossuficiência em anexo, (cf. art. 98 caput e § 1o e § 5o do CPC/15); DECLARAR
improcedência do pedido do requerente.
Provará o que for necessá rio, em especial pela juntada de documentos (anexos), oitiva de
testemunhas (art. 455, CPC), depoimento pessoal da representante legal dos infantes
Nestes termos, requer deferimento
XXX dia XXX
OAB
ADVOGADA.

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