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ROSA DOS ANJOS, brasileira, nascida em 01/08/2016, menor impúbere, vem, neste ato
devidamente representada por sua genitora JOANA DOS ANJOS, brasileira, solteira, operadora de
telemarketing, inscrita sobre o RG de nº… e CPF de nº…, residente e domiciliada à rua x, nº…,
bairro y, Flores com fulcro na lei 5.478/68, apresentar perante Vossa Excelência a seguinte
Em face de XXX, brasileiro, bombeiro, inscrito sobre o RG de nº… e CPF de nº…, residente e
domiciliado à rua x, nº…, bairro y, CEP: 00000-00, pelas razões de fato e direito a seguir aduzidas.
1) PRELIMINARMENTE
Requer a requerente, a concessão dos benefícios da justiça gratuita, com fulcro no disposto
da Lei 1.060/50, uma vez que esta já encontra-se em dificuldade financeira e não possui renda
mensal. Desse modo, em virtude de ser pessoa pobre na acepção jurídica da palavra e sem
condições de arcar com os encargos decorrentes do processo, sem prejuízo de seu próprio sustento e
de sua família, conforme declaração (anexo 1).
2) DOS FATOS
Conforme Certidão de Nascimento (anexo 2), ROSA DOS ANJOS foi fruto do
relacionamento de Joana dos Anjos e Tício. Diante da impossibilidade de suprir com todas as
necessidades de ROSA, quais sejam, alimentação, vestuário, saúde, material e transporte, escola,
lazer, dentre outros, ajuizou Ação de Alimentos, anteriormente, em desfavor de Tício, o qual ficou
obrigado a pagar 20% a título de pensão alimentícia sobre o valor do salário mínimo nacional
(anexo 03).
Todavia, o genitor não tem adimplido com sua obrigação de pagar alimentos, uma vez que é
dependente de drogas. Tal condição, leva-o a constantes internações. Ademais, sua única renda é
proveniente de trabalhos informais, popularmente conhecidos como “bicos”. Diante do atraso do
pagamento, a alimentada entrou com ação de cobrança de alimentos atrasados desde 2019,
entretanto até o presente momento, o alimentante não foi localizado (anexo 04) estando em local
incerto e não sabido.
Dada a impossibilidade de adimplemento do genitor, faz-se necessário recorrer ao avô
paterno da alimentada, uma vez que este é bombeiro e aufere renda mensal líquida de
aproximadamente R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais), conforme Anexo 05. Solução esta que
mostra-se como a mais adequada para o caso em questão.
3) DO DIREITO
O dever da família de assegurar à criança, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde,
à educação e ao lazer, vem esculpido no art. 227, da Constituição Federal. Deveres esses que devem
ser garantidos pela família, sendo recíproco entre os pais, não importando a relação que estes
possuam, cujo dever é de assistir, criar e educar seus filhos menores, conforme o artigo 229 da
Constituição brasileira.
O pedido da parte Autora encontra fundamento no art. 1696, do Código Civil, o qual prevê
que o direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos. Ademais, conforme, o mesmo
diploma legal, diante da impossibilidade dos genitores, poder-se-á recorrer a outros parentes que
tenham condições de prestar alimentos:
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes,
nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam,
pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a
todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de
outros.
Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em
condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau
imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na
proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais
ser chamadas a integrar a lide.
Uma vez que a alimentada possui diversas necessidades como alimentação, vestuário,
saúde, material e transporte escolar e lazer, assim como, seu avô paterno mostra-se estável
financeiramente, resta demonstrado o binômio necessidade-possibilidade. Ademais, deve-se
evidenciar que a razão pela qual a alimentada busca o pai de seu genitor, dá-se pelo fato de que
este encontra-se em lugar não sabido e apresenta histórico de inadimplência com suas obrigações
para com ROSA DOS ANJOS.
Súmula 596 – STJ. A obrigação de alimentar dos avós tem natureza complementar e
subsidiária, configurando-se apenas na impossibilidade total ou parcial de seu
cumprimento pelos pais. (GRIFO NOSSO).
Conforme o parágrafo 1º do artigo 1.694 do CC: “Os alimentos devem ser fixados na
proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada”. Desse modo,
mostram-se necessários 20% (vinte por cento) do salário do avô paterno, totalizando, o valor de R$
640,00 (seiscentos e quarenta reais mensais). Nesse sentido, segue a jurisprudência:
Mediante o exposto, urge salientar diante das responsabilidades suscitada pela criação de
ROSA DOS ANJOS, assim como a impossibilidade de sustento apenas por parte da genitora, uma
vez que não possui renda fixa e a qualquer momento pode deixar de prover os cuidados necessário
para a menor impúbere, observa-se comprovado os dois requisitos imprescindíveis à concessão de
liminar: periculum in mora e fumus bonne iuris.
Tal instituto encontra-se comprovado na Lei 5478/86, senão vejamos: “Art. 4º As despachar
o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o
credor expressamente declarar que deles não necessita.” Desse modo, requer-se a fixação dos
alimentos provisórios no valor de 20% dos rendimentos, uma vez que mostra-se valor razoável
para adimplementos das obrigações do avô paterno e não gera risco ou prejuízo. Nesse sentido a
jurisprudência mostra-se também, favorável
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO DE ALIMENTOS.
DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE ARBITROU ALIMENTOS PROVISÓRIOS NO
PATAMAR DE 20% (VINTE POR CENTO) DOS RENDIMENTOS LÍQUIDOS DO
AGRAVANTE/ALIMENTANTE EM FAVOR DE SEU FILHO MENOR IMPÚBERE.
RECURSO INSTRUMENTAL OBJETIVANDO A SUSPENSÃO DEFINITIVA DA
PENSÃO ALIMENTÍCIA PROVISÓRIA. AUSÊNCIA DE VEROSSIMILHANÇA DAS
ALEGAÇÕES RECURSAIS. (…) CONHECIDO E IMPROVIDO. (TJ-BA Ag. Inst.
0012227512016805000, Relatora: Carmem Lucia Santos Pinheiro, Quinta Turma,
Publicação 07/09/2016).
5) DO PEDIDO
Ante o que fora apresentado, requer-se à Vossa Excelência:
a) a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita, nos termos do art. 98 e seguintes, do Código de
Processo Civil e art. 1º, § 2º, da Lei nº 5.478/68;
b) a fixação de alimentos provisórios, no percentual de 20% dos rendimentos com base no art. 4º, da
Lei nº 5.478/68;
c) não sendo concedido o percentual requerido, que sejam concedidos alimentos provisórios em
percentual que o presente Juízo achar adequado;
e) a intervenção do representante do Ministério Público, nos termos do art. 178, inciso II, do CPC;
Nestes Termos,
Advogado OAB nº
ROL DE ANEXOS 01
ANEXO 01 – Procuração