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DOUTO JUÍZO DE DIREITO DA VARA DA FAMÍLIA DA COMARCA DE TIMON

Processo nº: 0800164-53.2024.8.10.0060

MAYLSSON DANIEL DE SOUSA, devidamente qualificado nos autos em epígrafe,


por intermédio de seus procuradores legalmente constituído (procuração em anexo), vem respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência apresentar CONTESTAÇÃO, nos termos do artigo 335 e seguintes do CPC,
expondo o que segue:

I. PRELIMINARMENTE:

COMUNICAÇÕES DOS ATOS PROCESSUAIS:

Requer, sob pena de nulidade, que as comunicações dos atos processuais sejam feitas em
nome da advogada HOCHANNY FERNANDES SAMPAIO, apresentando desde logo o endereço de seu
escritório na Rua Deputado Vitorino Correia, nº 16, Bairro São Cristóvão, Teresina/PI.

I. DA JUSTIÇA GRATUITA

O Réu em decorrência da sua condição hipossuficiente, conforme declaração em anexo,


requer seja concedido os benefícios da justiça gratuita, nos termos do artigo 98 do Código Processo Civil.

Ressalte-se que, o benefício de gratuidade da justiça é direito conferido a quem não tem
recursos financeiros de obter a prestação jurisdicional do Estado, sem arcar com os ônus processuais
correspondentes. Trata-se de mais uma manifestação do princípio da isonomia ou igualdade jurídica (CF, Art.
5º, Caput), pelo qual todos devem receber o mesmo tratamento perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza. Tal princípio é complementado por vários do artigo supra: XXXIV, LXXIV, LXXVI e LXXVII.

O CPC, em seu art. 99 também versa sobre o benefício ora pleiteado, entendendo que se
presume verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural, além de não ser
impeditivo o fato de a parte estar acompanhada de advogado particular.

Vejamos:

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na


petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no
processo ou em recurso.
§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida
exclusivamente por pessoa natural.

§ 4º A assistência do requerente por advogado particular não impede a


concessão de Gratuidade da Justiça.

Ademais, o Supremo Tribunal Federal já definiu que, para a concessão da gratuidade é


suficiente a simples afirmação feita pelo interessado de que não dispõe de situação econômica que lhe permita
arcar com as custas do processo.

II. DOS FATOS

O Réu foi demandado por ELLOYSA ARAÚJO DE SOUSA, menor impúbere,


representado por sua genitora ÉRIKA ARAÚJO SOUSA em ação de alimentos, requerendo a ação de
reconhecimento e extinção de união estável, divisão de bens, alimentos guarda e visitas.

Compulsando os autos, alega a parte autora que durante a unoão do casal, estes
constituíram como patrimônio uma barbearia, na qual aduz a autora que o faturamento desta é de R$ 7.000,00
(sete mil reais) à R$ 10.000,00 (dez mil reais) mensais. Alegação esta que, chega a ser absurda.

Cumpre destacar que, trata-se de uma barbearia onde somente o réu trabalha, ou seja,
não há mais funcionários e o valor do corte de cabelo custa R$ 25,00 (vinte e cinco reais). Ou seja, diante das
alegações ilógicas, para que o réu obtivesse o faturamento de R$ 7.000,00 (sete mil reais) à R$ 10.000,00 (dez
mil reais), o réu deveria fazer 25 cortes de cabelo, diariamente, de segunda-feira à segunda-feira.

Compulsando os autos, em decisão interlocutória prolatada pelo Douto Julgador, fixou


os alimentos provisórios no valor de 50% (cinquenta por cento) do salário-mínimo.

Assim sendo, não merecem prosperar as alegações da Requerente nos termos pleiteados
na Exordial, pelos fatos a seguir aduzidos:

Ora Excelência, o Réu tem como base salarial o valor de R$ 1.563,53 (mil, quinhentos,
sessenta e três reais, cinquenta e três centavos) de remuneração mensal, conforme CTPS em anexo,

Sendo impossível pagar o percentual solicitado. Pois, com essa renda o mesmo tem que
suportar suas despesas básicas, como aluguel (anexo contrato de aluguel no valor de R$ 900,00), água, luz,
alimentação, transporte.

Ademais, o Requerido atualmente é casado (certidão de casamento em anexo) e pai


de mais uma criança de 1 ano e 8 meses (certidão de nascimento em anexo) e possui despesas extras com
sua família como leite, fraldas, remédios.

Visto, que o Réu constituiu nova família que depende dele para o sustento de seus
proventos dos alimentos, que já reduzem percentual significativo do seu rendimento mensal.

O Requerido NUNCA, abandonou seu lar ou deixou de cumprir com suas obrigações
alimentícias do menor impúbere, pelo contrário, o Réu como mencionado na Exordial se divorciou legalmente
e paga alimentos correspondente ao valor de R$ 300,00 (trezentos reais) mensais , segue anexo
comprovantes de depósito mensais todo dia 10, inclusive já foi quitado o valor desse mês de Março.

Nobre Magistrado, é claro que a Requerida se CONTRADIZ até mesmo na sua própria
Exordiial, mencionando que o Requerido contribui com a quantia de R$ 300,00 e logo após diz que o mesmo
nunca mais contribuiu, sendo fato provado com os recibos de pagamento da pensão em anexo.

Além do mais, a Requerida age de má-fé mencionado que o mesmo abandonou seu lar,
sendo que infelizmente o relacionamento não teve êxito e foi decidido se divorciarem legalmente. A Autora se
contradiz novamente na sua Inicial.
Ademais, o Requerido nunca abandonou seu filho, sempre prestou assistência
necessária, como consta é casado e pai de mais uma criança, mesmo assim nunca fugiu de suas obrigações
como pai.

Contudo, reconhece a obrigação de prestar alimentos à Autora, como já faz, mas não tem
condições de suportar o valor fixado provisoriamente, devido à sua frágil situação econômico-financeira.

III. DO DIREITO

IV. DO BINÔMIO: NECESSIDADE X POSSIBILIDADE

Diante desta realidade, o binômio necessidade de quem recebe X possibilidade


contributiva de quem paga os alimentos deverá ser observado.

O Artigo 1.694 do Código Civil aduz:

Art. 1.694 do CC - Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros


pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de
modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às
necessidades de sua educação.

§ 1o - Os alimentos devem ser fixados na proporção das


necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.

Nesse sentido, foi anexado algumas despesas que o Requerido tem dentre outras, pois como mencionado o
mesmo paga aluguel, água, luz, sustenta sua esposa que é do lar.

Nesse sentido o artigo 1.695 do Código Civil aduz:

Art. 1.695 do CC - São devidos os alimentos quando quem os


pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho,
à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los,
sem desfalque do necessário ao seu sustento. (grifo nosso)

O Artigo 1.703 do Código Civil complementa:

Art. 1.703 do CC - Para a manutenção dos filhos, os cônjuges


separados judicialmente contribuirão na proporção de seus
recursos. (grifo nosso)

Vale dizer, o valor dos alimentos deverá ser fixado segundo a proporção dos recursos
de cada genitor, afim de não impor o sacríficio da própria subsistência a nenhum dos consortes. Trata-se de
uma dimensão do requisito intrínseco da possibilidade do obrigado ao dever de prestar alimentos.

É dever dos pais assistir, criar e educar os filhos menores, provendo o sustento,
proporcionando recursos e meios para o desenvolvimento saudável. Visto que a genitora é autonôma e tem
uma equipe de produção como a mesma aduz no Facebook (fotos em anexo). Assim comprovando que não é
apenas uns “docinhos” e sim a genitora é uma empreendora e não está em situação precária como aduz na
Exordial, assim se contradizendo mais uma vez.

Nessa sentido os Tribunais tem entendimento em relação debatido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSO CIVIL. ALIMENTOS.


FIXAÇÃO NO PERCENTUAL DE 20% (VINTE POR CENTO
DO SALÁRIO MÍNIMO). REDUÇÃO AO PATAMAR DE 15%
(QUINZE POR CENTO) DO SALÁRIO MÍNIMO. BINÔMIO
NECESSIDADE X POSSIBILIDADE COMPROVADO.
FIXAÇÃO DE ALIMENTOS COM BASE NO SALÁRIO MÍNIMO.
POSSIBILIDADE. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
(TJ –PI- AI: 000039416.2016.818.0116 PI, Relator: Des. Oton Mário
José Lustosa Torres, Data de Julgamento: 30/05/2017, 4ª Câmara
Especializada Cível) (grifo nosso)

Assim, requer os alimentos sejam fixados em 20% (quinze por cento) do salário base
do Requerido, ou seja R$ 307,47 (trezentos e sete reais e quarenta e sete reais), que é praticamente o
mesmo valor que vem adimplido, valor esse que tem sido retirado do orçamento do Requerido com muito
custo, mas que sabe que o demandado que é para as necessidades de seu filho e por isso vale o esforço.

Porém, arbitrar maior valor que este é o mesmo que condenar o Requerido a entrar em
uma série de dívidas infindáveis, tendo em vista que o mesmo também tem outra filha e sua esposa que
dependem do mesmo. Tendo em vista que não possui condições de arcar com maior percentual sem prejuízo
de sustento próprio e de sua família, conforme comprovam os documentos em anexo.

I. DOS PEDIDOS

Diante do Exposto, vem a Vossa Excelência Requerer:

a) Que seja recebida a contestação tempestiva com os documentos


probatórios em anexo;

b) Seja deferido o pleito da gratuitade da justiça gratuita em favor do


Requerido, nos termos 98 e 99 do CPC;

c) Que seja julgados improcedentes os pedidos veiculados na petição


inicial;

d) Que seja todos meios de provas admitidos em direito e necessário


para solução da controvérsia;

e) A condenação da parte Autora ao pagamento de custas honorárias de


sucumbência;

f) Que seja acolhido o pedido de redução do percentual da renda


mensal do Requerido para 20%, tendo em vista sua situação sócio-
econômica.

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.

Teresina (PI), 16 de Fevereiro de 2024.

Hochanny Fernandes Sampaio Maria Clara Pereira França de Sousa


OAB/PI 9.130 Estagiária

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