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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA FEDERAL

DE EXECUÇÃO FISCAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO X

ABC, pessoa jurídica de direito privado, inscrita


no CNPJ/MF sob o nº..., com sede no endereço..., endereço eletrônico...,
representada por seu advogado e bastante procurador (procuração
anexa), com endereço profissional... Onde recebe intimações, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 16
da Lei de Execuções Fiscais (Lei 6.830/80) e art. 919, § 1º do CPC, opor
EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL
nº..., com pedido de efeito suspensivo, movida
pela União (Fazenda Nacional), pessoa jurídica de direito público
interno, inscrita no CNPJ/MF sob o nº..., com sede no endereço..., o que
faz com base nas razões de fato e direito a seguir expostas.

I - SÍNTESE DOS FATOS

A União instituiu no ano de 2014 através de lei


ordinária CIDE incidente sobre receitas oriundas de exportações de café,
com alíquotas diferentes conforme o Estado de domicílio do contribuinte,
visando fomentar a área educacional.
Ocorre que em virtude de flagrante
inconstitucionalidade a ser demonstrada a seguir, esta embargante nada
recolheu no exercício de 2014, fazendo com que a União, sentindo-se
supostamente lesada, ajuizasse Execução Fiscal exigindo o pagamento
do tributo, o que passa a ser combatido com as seguintes razões.

II – DOS FUNDAMENTOS
A) TEMPESTIVIDADE

Conforme os documentos anexos vê-se que esta


embargante foi intimada da penhora há 15 dias. Portanto, tempestivo
estes embargos nos moldes do art. 16, I da Lei 6.830/80.

B) GARANTIA DO JUÍZO

A Lei de Execução Fiscal impõe no art. 16, § 1º a


garantia da execução como requisito de admissibilidade dos embargos.
Portanto, esta embargante garante o juízo nos
termos do depósito judicial conforme comprovantes anexos.

C) INCONSTITUCIONALIDADE DA CIDE

Primeiramente, vê-se que o tributo exigido padece


de inconstitucionalidade material, uma vez que a Constituição Federal em
seu art. 149, § 2º, inciso I, determina que as CIDE’s não incidirão sobre
as receitas decorrentes de exportação, constituindo uma verdadeira
imunidade tributária.
Desta forma, é incogitável qualquer exigência por
parte da embargada do tributo sobre as exportações de café desta
embargante.

D) PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE DA TRIBUTAÇÃO

Além da inconstitucionalidade acima, verifica-se


outra violação ao Texto Maior por parte da embargada. A Carta Magna
institui no art. 151, inciso I, que é vedado à União instituir tributo que
não seja uniforme em todo o território nacional, ou que implique em
preferências a alguns Estados em detrimento de outros.
Desta feita, observa-se que de fato a embargada
com a instituição dessa CIDE viola o Princípio da Uniformidade da
Tributação, criando distinções discriminatórias e vedadas pela própria
Constituição Federal.

E) DESTINAÇÃO IRREGULAR

Por fim, destaca-se ainda que a embargada por


meio da CIDE questionada também afronta a Constituição ao destinar a
arrecadação do tributo para fins que não se relacionam com os
instrumentos de atuação de sua área.
Ao exigir CIDE sobre exportações de café, ainda
que inconstitucional, tal valor deveria ser aplicado nesta área da
economia ou do agronegócio, não no desenvolvimento do ensino
fundamental que não guarda qualquer relação com a exportação de café.
Portanto, diante dos argumentos expostos e à luz
da ordem jurídica pátria resta evidenciado que a exigência fiscal é
indevida.

III – EFEITO SUSPENSIVO AOS EMBARGOS


Estabelece o art. 919 § 1º do Código de Processo
Civil:
“Art. 919. Os embargos à execução não terão
efeito suspensivo.
§ 1º O juiz poderá, a requerimento do
embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando
verificados os requisitos para a concessão da tutela provisória e
desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou
caução suficientes. ”
O referido dispositivo exige os requisitos da tutela
provisória para concessão do efeito suspensivo, quais sejam os do art.
300 do NCPC, os elementos que evidenciem a probabilidade do direito e
o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Grave dano de
difícil reparação e garantia do juízo.
No caso concreto, não restam dúvidas de que
ambas as condições legais afiguram-se presentes na medida, pois a
inconstitucionalidade da exação é flagrante (probabilidade do direito), e a
execução fiscal lhe causa grandes ônus jurídicos e econômicos (perigo de
dano).
Portanto, o Embargante faz jus à concessão do
efeito suspensivo.

IV – PEDIDOS
Ante o exposto, requer-se:
A) que seja atribuído efeito suspensivo aos
presentes embargos, nos termos do disposto no artigo 919, § 1º do
CPC/2015;
B) o julgamento procedente dos embargos para o
fim específico de extinguir a execução fiscal epigrafada, com base na
inconstitucionalidade da exação, determinando-se também o
levantamento dos bens penhorados;
C) a intimação do Exequente para apresentar
impugnação;
D) a condenação da exequente em custas e
honorários;
E) o deferimento da juntada dos documentos que
instruem a Inicial.
Protesta provar o alegado por todos os meios
admitidos em Direito.
Dá-se à causa o valor...

Termos em que pede deferimento.

Local..., data...

Advogado...
OAB nº...

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