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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DO

ANEXO DAS FAZENDAS DA COMARCA.

Referência Processo n°.:

ETC, por seu advogado infra-assinado,


instrumento de mandato de incluso (doc. 01), nos autos da Execução Fiscal
acima referida, promovida pela Prefeitura, vem, respeitosamente, à presença
de Vossa Excelência, apresentar a sua:

EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE
Pelos motivos que passa a expor e finalmente requerer o seguinte.
Primeiramente, insta-nos salientar ser o
Excipiente possuidor do imóvel de inscrição municipal sob n°.: (doc...) –
imóvel cujos tributos vêm sendo executados por meio deste feito, razão pela
qual, tem plena legitimidade para apresentação da presente Exceção de Pré-
Executividade.
DAS INTIMAÇÕES.
Ab initio, requer que todas as notificações
e intimações referentes ao presente feito sejam endereçadas,
EXCLUSIVAMENTE, ao Procurador .... do Novo Código de Processo Civil.

DO CABIMENTO DA EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE.


Nas ações de Execução Fiscal, tem se
entendido, que as questões que possam ser declaradas de ofício pela
Autoridade Judicial, sem necessidade de dilação probatória, são suscetíveis de
objeção por meio de Exceção de Pré-Executividade:
“TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL – EXECUÇÃO
FISCAL – EXCEÇÃO DE PRÉ – EXECUTIVIDADE –
CABIMENTO – HIPÓTESES TEXATIVAS –
MATÉRIAS PASSÍVEIS DE SEREM CONHECIDAS EX
OFFIVIO PELO JUÍXO. É indeclinável que a exceção de
pré-executividade pode ser oposta independentemente da
interposição de embargos à execução, sem que esteja
seguro o juízo. No entanto, não é a arguição de qualquer
matéria de defesa que autoriza o enquadramento da
questão no âmbito da exceção de pré-executividade. Nem
tampouco pode ser utilizada como substituto de embargos
à execução. Somente matérias que podem ser conhecidas
de ofício pelo juiz é que autorizam o caminho da exceção
de pré-executividade: condições da ação, pressupostos
processuais, eventuais nulidades, bem como as hipóteses
de pagamento, imunidade, isenção, anistia, novação,
prescrição e decadência. Agravo de instrumento a que se
nega provimento.”
(Acórdão da 5° Turma do TRF da 3ª Região, AG/SP n.
2003.03.011642-1, Rel. Juíza Suzana Camargo, DJU
18.11.03, p. 382).
Dessa forma, correto e oportuno o
remédio processual utilizado no feito em questão, sendo perfeitamente possível
o acolhimento da presente Exceção, senão vejamos.

DOS FATOS
Trata-se, na espécie, de Execução Fiscal,
com fundamento na Lei n°. 6.830/80 e finalidade de obter o reconhecimento dos
valores especificados na Certidão de Dívida Ativa, oriundos de créditos
referentes ao IPTU relativos aos exercícios de 200*, cujo lançamento e cobrança,
por razões administrativas, foi realizado apenas em 20*.
O imóvel objeto do IPTU em discussão
havia sido objeto de Decreto de Desapropriação.
No entanto a mesma não ocorreu, de
modo que no ano de 2010 foram lançados e cobrados os tributos relativos a
200*.

Importante frisar que o Excipiente apenas


tem tal informação porque se dirigiu até a Prefeitura para verificar a origem do
débito, já que havia recolhido corretamente o IPTU do exercício de 2010 e pelas
CDA’s em questão não havia como identificar com clareza o período da
cobrança realizada, uma vez que apenas menciona:

TODOS ESTES FATOS PODEM SER


DEVIDAMENTE COMPROVADOS POR MEIO DO PROCESSO
ADMINISTRATIVO QUE DEU ORIGEM AS CERTIDÕES DE DÍVIDA
ATIVA EM QUESTÃO E QUE PODE SER SOLICITADO POR ESTE I.
JULGADOR A MUNICIPÁLIDADE.
Além disso, apesar do lançamento ter sido
realizado dentro do prazo determinado pela Lei a cobrança não o foi, estando o
débito abarcado pelo instituto da prescrição.
Desta forma, os créditos inscritos
em Dívida Ativa e executados no presente feito são indevidos, conforme
passaremos a demonstrar.

DO DIREITO.
DA NULIDADE DA CDA.
Primeiramente devemos mencionar a
nulidade da CDA em que se baseia a presente ação, uma vez que conforme se
verifica a mesma não obedece aos requisitos determinados pelo artigo 202 do
Código Tributário Nacional:

Isto, pois não se verifica no termo de


inscrição da dívida ativa a origem e natureza do crédito.
Como dito anteriormente, os IPTU’s
executados referem-se aos exercícios de 2005 a 2009, lançados e cobrados do
Contribuinte apenas em 2010.
No entanto, as CDA’s m questão em
momento algum fazem tal menção, deixando de indicar, como determina a Lei,
a origem da cobrança realizada, impossibilitando tanto a Defesa como o
julgamento correto da ação.
Como já mencionado anteriormente as
CDA’s apenas trazem a seguinte descrição:

Portanto, as Certidões em foco são nulas


nos termos do artigo 202, inciso III, c/c artigo 203 do Código Tributário
Nacional.

Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos


no artigo anterior, ou o erro a eles relativo, são causas de
nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela
decorrente, mas a nulidade poderá ser sanada até a
decisão de primeira instância, mediante substituição da
certidão nula, devolvido ao sujeito passivo, acusado ou
interessado o prazo para defesa, que somente poderá
versar sobre a parte modificada.
Neste sentido:
“TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À
EXECUÇÃO FISCAL. CDA. AUSÊNCIA DE
REQUISITO ESSENCIAL. NULIDADE.
1. [...]
2. “A omissão de qualquer dos requisitos previstos no
artigo anterior, ou erro a eles relativo, são causas da
nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela
decorrente, [...].
3. [...].”
(TRF1, 7ª T., AC 279367620064013800, j. 02.04.2013)
Desta forma, deve ser a presente Execução
Fiscal EXTINTA por NULIDADE DAS CDA’s em que se baseia a presente
cobrança.
No entanto, caso não seja este o
entendimento deste I. julgador, o débito executado nos autos encontra-se
prescrito, senão vejamos:

DA PRESCRIÇÃO DO CRÉDITO
Primeiramente D. Julgador, bom frisarmos
ser indiscutível a plena aplicabilidade do Código Tributário Nacional ao
presente caso, visto ter sido o mesmo recepcionado pela Carta Magna Brasileira
como Lei Complementar, bem como ser a está reservada a competência para
estabelecer normas gerais em matéria tributária:

Assim, por possuírem os valores


executados neste feito, natureza tributária, devem submeter-se as regras gerais
do Sistema Tributário Nacional, inclusive quanto ao prazo prescricional de 05
(cinco) anos, estabelecido pelo artigo 174 e incisos do Código Tributário
Brasileiro.
“RIBUTÁRIO E PROCESSO CIVIL – EXECUÇÃO FISCAL
– PRESCRIÇÃO. A regra computa do prazo prescricional
em matéria fiscal apresenta divergências nos textos
normativos.
A LEF (Lei 6.830/80) determina a suspensão do prazo
prescricional pela inscrição do débito na dívida ativa (art.
2°, §3°). O CTN, diferentemente, indica como termo “a
quo” da prescrição a data da constituição definitiva do
crédito (art.174), o qual só se interrompe pelos fatos
listados no parágrafo único do mesmo artigo, no qual não
se inclui a inscrição do crédito tributário.
Prevalência do CTN, por ser norma de superior
hierarquia.
Recurso Especial improvido.” (STJ, 2ª T., um., REsp
174.500/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, Nov/01, DJ
18/03/02, p. 194) – grifo nosso.

De acordo com o artigo 142 do Código


Tributário Nacional, compete privativamente à Autoridade Administrativa,
construir o crédito tributário pelo lançamento – procedimento administrativo
tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente,
determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido,
identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade
cabível.
A partir do lançamento, tem o Ente
Tributante, o direito de exigir, no prazo de 05 (cinco) anos, o crédito tributário.
Passado tal prazo, sem a propositura de
competente ação e o despacho do juiz que ordene a citação, verifica-se
ocorrida a prescrição que significa a perda do direito de agir, ou seja, a perda do
direito processual de cobrança.
É certo que, conforme se verifica da
análise deste feito, houve, sem qualquer dúvida, o decurso deste prazo para os
débitos cobrados, o que significa a perda do direito da Municipalidade em
prosseguir com a execução dos valores pleiteados.
Devemos mencionar que todas as formas
de interrupção da prescrição seguem dispostas no artigo 174 do Código
Tributário Nacional. São elas:

Nos termos do que dispõe a Legislação –


Inciso I, Parágrafo Único do Artigo 174 do CTN, apenas o despacho que ordena
a citação em execução fiscal, teria o condão de interromper o prazo
prescricional.
No caso em tela, verifica-se que:
(i) A constituição do crédito tributário
ocorreu em 2010, relativamente ao
período compreendido entre 2005 a
2009;
(ii) A propositura da ação ocorreu em
18/12/2015;
(iii) O despacho da citação se deu
apenas 17/01/2017.
Assim, se apenas o Despacho que ordena
a citação teria o condão de interromper o curso do prazo prescricional, e tendo
decorrido mais de 05 (cinco) anos entre a data de constituição do crédito
executado e da ordem citatória, mister se faz o reconhecimento da prescrição
prevista no artigo 174 do Código Tributário Nacional.
Neste sentido:
“EXECUÇÃO FISCAL – PRESCRIÇÃO –
INTERRUPÇÃO DO PRAZO PELO DESPACHO QUE
ORDENOU A CITAÇÃO – OCORRÊNCIA. O despacho
ordenatório da citação interrompe o curso do prazo
prescricional art. 174, parágrafo único, I, do CTN.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.” (TJ SP –
0001399-74.2005.8.26.0233, Relator/. Carlos Giarusso
Santos, Data d Julgamento: 14/06/2012, 18ª Câmara de
Direito Público – Data de Publicação: 20/06/2012)
“EMENA: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO.
EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO. OCORRÊNCIA.
IPTU. ENTREGA DO CARNÊ. NOTIFICAÇÃO DO
LANÇAMENTO. DECRETAÇÃO DE OFÍCIO.
POSSIBILIDADE. SÚMUA 409/STJ. 1. Nos termos do
art. 174, parágrafo único, I, do CTN, a prescrição para
cobrança dos créditos tributário é contada a partir da
data de sua constituição para definitiva e se interrompe
pelo despacho que ordenar a citação, segundo a nova
redação dada pela lc n. 118/05. 2. Na espécie, a
controvérsia se restringe aos débitos relativos ao IPTU de
2002, sendo o prazo prescricional contado a partir da
notificação do contribuinte do lançamento tributário, o
qual se dá com a entrega do carnê. Precedente: REsp
1.111.124/ PR, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira
Seção, DJe de 4.5.2009 – julgado mediante a sistemática
prevista no art. 543-C do CPC (recursos repetitivos). 3.
Assim, lançado o débito tributário em 1º de janeiro de
2002, e proposta a ação executiva em 16 de julho de 2007,
não há como afastar o decreto de prescrição. 4. Nos termos
da súmula 409 do STJ, a prescrição ocorrida antes da
propositura da ação, tal como a hipótese dos autos, pode
ser decretada de ofício com base no art. 219, § 5º, do CPC.
5. Recurso especial não provido. “ ( REsp 1145216 RS).
Frise-se ainda, que neste, que neste caso
não se pode atribuir a demora do Despacho de citação ao Judiciário, já que
conforme verifica-se pela compulsão dos autos, a Municipalidade, com o
devido respeito, cometeu diversos equívocos ao distribuir a ação, sendo
inclusive intimada a regularizar a inicial distribuída para fins de
prosseguimento do feito – o que demonstra sua imprudência ao conduzir o
processo.
Por estas razões, requer o acolhimento da
presente Execução de Pré-Executividade, para que seja ação ora discutida
julgada totalmente EXTINTA, com resolução do mérito, nos termos do artigo
487, inciso II da Lei Processual Civil, em virtude da prescrição dos créditos
executados.

DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.


A Jurisprudência majoritária dos E.
Tribunais Pátrios, assim como o Colendo Superior Tribunal de Justiça, tem se
manifestado no sentido de serem devidos os honorários advocatícios quando
acolhida a Exceção de Pré-Executividade:
“Extinguindo-se a execução por iniciativa dos devedores,
ainda quem em decorrência de exceção de pré-Executividade, devida é a verba
honorária.”(REsp n°.: 195.351/MS).
Assim, requer seja o Exequente
condenado ao pagamento dos honorários advocatícios, a serem arbitrados por
este D. Juízo.
DO PEDIDO.
Ante o exposto, requer se digne Vossa
Excelência julgar totalmente EXTINTA a presente Execução Fiscal, por qualquer
das alegações acima, condenando a Exequente ao pagamento das custas e
despesas processuais, além de honorários advocatícios;
Tudo por medida de Direito e Justiça!

Termos em que,
P. deferimento.

Suzano, 31 de Janeiro de 2022.

Advogado
OAB/*******

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