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JURISPRUDENCIA ADMINISTRATIVA-FISCAL

Caducidade e prescrição

Processo: 02345/15.6BESNT 01258/17

PROCESSO. N.º: 063/23.0BELRA

O princípio da legalidade no direito fiscal e a proibição da


aplicação analógica das normas fiscais, inclusive em matéria de
regime da prescrição, obstam a que se considere que, uma vez
encerrado o processo de insolvência de uma pessoa individual
que tenha requerido a exoneração do passivo restante, o prazo
de prescrição da dívida exequenda, suspenso nos termos do
artigo 100º do CIRE, continue suspenso após aquele
encerramento, durante o “período de cessão” (cf. artigos 239º e
242º do CIRE) até ser proferida decisão final de concessão
definitiva de exoneração do passivo restante.

PROCESSO N.º: 02026/15.0BESNT

I - O regime da caducidade do direito à liquidação de impostos,


matéria que não é de conhecimento oficioso, está consagrado
genericamente no artº.45, da Lei Geral Tributária, aprovada pelo
Decreto-Lei nº 398/98, de 17/12, que estabeleceu um prazo
de caducidade de quatro anos.
II - Extrai-se da redacção do citado artº.45º da L.G.T. que, quer o
exercício do direito à liquidação, quer a notificação do seu conteúdo
ao contribuinte, e não apenas aquele primeiro acto, têm que ocorrer
dentro do mencionado prazo de quatro anos contados do facto
tributário, sob pena de operar a caducidade de tal direito. III - O prazo
de caducidade em apreço justifica-se por razões objectivas de
segurança jurídica, tendo como escopo a definição da situação do
obrigado tributário num prazo razoável, cujo decurso conduz à
preclusão do direito do Estado de promover a liquidação dos impostos
que lhe sejam eventualmente devidos.
IV - No tocante às causas suspensivas tipificadas no artº.46, nº.2, da
L.G.T., vigora o princípio da suspensão do prazo de caducidade,
quando a Administração Fiscal, por qualquer motivo legal típico,
estiver impedida de proceder à liquidação do tributo, constituindo uma
verdadeira ampliação do prazo de caducidade, fundamentada no
justo impedimento do titular do direito de liquidação, a Fazenda
Pública pois, em caso de impedimento inultrapassável ao exercício de
um direito, este só pode legalmente ser exercido quando o
impedimento cessar.
V - A situação dos autos é subsumível na causa suspensiva tipificada
no artº.46, nº.2, al. d), da L.G.T., a qual apenas se pode reportar aos
casos em que se reconhece um direito de liquidação, de forma
renovada, na sequência da tramitação de procedimento de
reclamação graciosa ou de processo de impugnação judicial,
nomeadamente, sancionando-se o entendimento de que o facto
tributário sob exame e na génese da liquidação se reporta a outro
período e tributação.
VI - Com efeito, in casu a nova liquidação resultou da decisão de
impugnação judicial não havendo incompatibilidade com o decidido, e
assim sendo, ocorreu a suspensão do prazo de caducidade nos
termos da alínea d) do nº 2 do art. 46º da LGT, entre 30/05/2004 (data
da apresentação da impugnação judicial e 22/09/2014 (data do
trânsito em julgado do Acórdão do STA).
VII - Ora, levando em conta que a liquidação foi efectuada em
17.12.2014 e notificada, pelo menos antes de 16/04/2015 (data da
impugnação que deu origem aos presentes autos), pode adoptar-se o
entendimento de que a recorrida teve conhecimento dessa liquidação
em data anterior ao termo do prazo de caducidade do direito à
liquidação que, por isso, não operou.
VIII - Não sendo possível o julgamento em substituição, impõe-se
determinar a baixa do processo à primeira instância para
conhecimento dos outros vícios invocados pelo impugnante – (i) estar
prescrita a dívida resultante do acto tributário de liquidação; e, (ii) a
taxa em causa violar princípios constitucionais, como os da
preferência de lei, da imparcialidade, da igualdade e da legalidade
fiscal.

PROCESSO N.º 0286/02.6BTCBR 0828/16

Assim sendo, não são os oponentes responsáveis pelas dívidas da


executada, quer as resultantes de coimas, para as quais vale, como
doutamente refere o MP, o regime do artigo 7.º-A do RJIFNA, quer as
restantes, regidas pelo disposto no art.º 13.º do CPT, como também
ele assinala.
Deste jeito, com mérito, deve a oposição proceder- art.º 204.º.1.b) do
CPPT.
Termos em que, julgando a oposição procedente, se determina a
extinção da execução contra os oponentes» (...) -cf. Sentença
proferida a fls. 262 a 264 do processo de oposição n.º 68/2002, que se
dá por integralmente reproduzida para todos os efeitos legais.
7. Por despacho proferido em 02 de outubro de 2013, no âmbito do
processo de execução fiscal n.º 3050 1999501017314 e apensos, o
Chefe de Finanças de Coimbra 2, considerou:
«Por economia processual, aproveitamos o cálculo da prescrição,
que subscrevemos, efetuado na sentença e acórdão, já transitado em
julgado, proferidos na Reclamação dos Atos do Órgão da Execução
Fiscal n.º 1003/08.2BECBR, apresentada pela revertida.
A mencionada sentença determinou apenas a extinção das coimas
por prescrição, considerando ainda que a citação pessoal efetuada à
revertida em 2002/02/08 interrompeu a prescrição, quanto à
totalidade da dívida remanescente, nos termos do art.° 49.°/1 da LGT
e 63.°/3 da Lei 17/2000, de 08/08.
A partir daquela data iniciou-se novo prazo de prescrição, não tendo
o processo parado por período superior a um ano até à revogação do
art.° 49.° 2 da LGT, pelo que, aquele efeito interruptivo não cessou.
Ora, atendendo ao disposto no artigo 297.º do Código Civil, após a
citada interrupção, vigoram os prazos de prescrição previstos no art.°
49.° da Lei 32/2002, de 20/12 (5 anos), quanto às dívidas da
segurança social e no art.° 48.° da LGT (8 anos) quanto às restantes
dívidas.
Face aos elementos constantes do processo, verifica-se que:
-Relativamente às dívidas da segurança social, já decorreram mais de
5 anos desde o fim o último facto interruptivo (art.° 49.°/2 da Lei
32/2002, de 20/12) até à presente data;
-Relativamente às dívidas de impostos, já decorreram mais de 8 anos
desde interrupção decorrente da citação pessoal da revertida, não se
vislumbrando motivo para a suspensão do prazo de prescrição.
Assim, considerando o disposto no art.° 43.° da supra citada lei e o
art.° 48 da LGT, pode concluir-se estarem reunidas as condições para
a prescrição, pelo que nos termos do artigo 175.º do C.P.P.T.,
reconheço tal prescrição».
8. A sentença referida em 6. foi objeto de recurso pela Fazenda
Pública para o TCA Norte que, pelo douto Acórdão de 31 outubro de
2013, entendeu que «(...) Resulta, assim, do exposto, a inutilidade
superveniente da lide de oposição e, consequentemente, a extinção
da instância - artigo 287.º, alínea e) do Código de Processo Civil,
aplicável por força dos artigos 2.º do Código de Procedimento e de
Processo Tributário e da Lei Geral Tributária [atual artigo 277.º alínea
e), do CPC] - o que se determinará seguidamente. Conclui-se, assim,
que ocorre factualidade geradora da “inutilidade superveniente da lide,
determinativa da extinção da presente instância de recurso, ficando
prejudicado, por inútil, o conhecimento das questões alegadas pela
Recorrente. Decidindo, pelos fundamentos expostos, declara-se
extinta a instância de recurso» - cf. Decisão do TCA Norte, proferida
no Recurso n.º 68/02, a fls. 535 a 537 dos autos de oposição n.º
68/2002 apenso, que se dá por integralmente reproduzida para todos
os efeitos legais;
9. Em 20 de novembro de 2013 o Acórdão identificado em 7. supra foi
notificado ao Ministério Público e remetido ao Mandatário da
Exequente e à Direção de Finanças do Porto - cf. fls. 938, 939 e 940
dos autos de oposição n.º 68/2002;
10. Por ofício n.º 68, datado de 21 de janeiro de 2014, este Tribunal
remeteu ao Chefe do 2.º Serviço de Finanças de Coimbra, a título
definitivo, os autos de oposição n.º 68/2002, por se encontrarem findos
– cf. fls. 946 dos autos de oposição n.º 68/2002;11. Em 24 de janeiro
de 2014 o ofício identificado no ponto anterior foi recebido pelo
Serviço de Finanças de Coimbra 2 - cf. carimbo oposto no canto
superior direito, constante da antepenúltima folha dos autos de
oposição n.º 68/2002 apenso;
12. A Exequente intentou, em juízo, os presentes autos de processo
de execução em 22 de maio de 2015 - cf. comprovativo de entrega de
documento, a fls. 2;
13. A devolução do processo ao Serviço de Finanças de Coimbra 2
referida no ponto 10. do probatório supra, não foi notificada à
Exequente - facto do conhecimento do Tribunal.
Factos não provados:
A. Foram penhorados à Exequente os reembolsos de IRS referentes
aos anos de 2004, 2012 e 2013 – cf. docs. juntos com a oposição;
Não foi levada ao probatório qualquer outra matéria de facto.

Há agora que conhecer do recurso que nos vem dirigido.


No acórdão que admitiu a presente revista identificaram-se do
seguinte modo as questões a resolver:
Daqui resulta, assim, a divergência da recorrente com o acórdão
recorrido, ou seja, saber se a extinção da instância de recurso
determina, por sua vez, a inexistência da sentença que julgou a
extinção da instância executiva, relativamente à recorrente, por não se
verificarem os pressupostos para a reversão, pontos 6 e 8 da matéria
de facto.
Ressalta à evidência que esta questão pode, e deve, ser reapreciada
por este Supremo Tribunal uma vez que passa pela interpretação a
ser dada ao segmento decisório do acórdão do TCA Norte constante
do ponto 8 da matéria de facto, que foi determinante para a solução
de não provimento do recurso dirigido ao TCA Norte e que aqui vem
posto em crise.
Afigura-se, ainda que de forma meramente perfunctória, que se trata
de questão que deve ser reanalisada por este Supremo Tribunal uma
vez que o alcance conferido para a referida extinção da instância de
recurso pode por (põe) em causa uma decisão judicial transitada em
julgado, que confere direitos à aqui recorrente, pelo que, se impõe a
reanálise de tudo quanto foi decidido no acórdão recorrido.

Quanto à primeira questão, saber se o facto de o TCA Norte ter


julgado extinta a instância do recurso por inutilidade superveniente
implica que tenha desaparecido da ordem jurídica a sentença
proferida no tribunal recorrido onde se reconheceu que aos oponentes
revertidos não poderia ser assacada a responsabilidade pelo
pagamento das dívidas em execução por nunca terem exercido a
gerência de facto.

Resulta dos autos que o TCA Norte determinou a extinção da instância


do recurso por inutilidade superveniente da lide uma vez que o órgão
de execução fiscal determinou a extinção da execução
por prescrição das dívidas em cobrança coerciva.
Também resulta dos autos que a devolução das quantias que a
recorrente pretende, e respectivos juros, resultaram de penhoras de
vencimento e outras quantias, efectuadas na pendência da execução
fiscal que se mantiveram até ser reconhecida a prescrição das
dívidas.
Como facilmente se percebe da leitura da matéria de facto relevante, a
recorrente foi chamada à execução fiscal, não por ser a devedora
originária das quantias em execução, mas antes por via da reversão
por lhe ser imputada a gerência de facto. O que o tribunal de primeira
instância apurou não ser verdade e, por isso, determinou a extinção
da execução contra os oponentes porque o probatório mostra, com
efeito, que a sua entrada como sócios e, por inerência gerentes da
sociedade da executada, não passou de uma encenação, da
responsabilidade do pai deles, tendo sido este quem sempre geriu, de
facto, a executada, não lhe convindo porém, assumir tal gerência,
formalmente, atenta a sua qualidade de funcionário público.
Assim sendo, não são os oponentes responsáveis pelas dívidas da
executada, quer as resultantes de coimas, para as quais vale, como
doutamente refere o MP, o regime do artigo 7.º-A do RJIFNA, quer as
restantes, regidas pelo disposto no art.º 13.º do CPT, como também
ele assinala.
Daqui resulta, assim, que o tribunal de primeira instância concluiu que
à recorrente não era imputável a responsabilidade pelo pagamento
das quantias em execução, por a mesma nunca ter gerido de facto a
devedora originária, ou seja, se a mesma não era responsável pelo
pagamento das quantias em execução pelo facto de nunca ter gerido
a devedora originária, então também nenhuma obrigação sobre si
recaía pelo pagamento de tais quantias em sede contenciosa.
Por outro lado, resulta da matéria de facto assente que no recurso
interposto desta decisão, o TCA Norte veio a julgar inútil a instância de
recurso por entretanto ter sido determinada a extinção da execução
por prescrição das dívidas em cobrança.
Ao contrário do que se afirma no acórdão agora recorrido (Ora, como
vimos, resulta claro que o mérito da ação a que se refere a Recorrente
no seu recurso não foi objeto de apreciação, pois, a tal, obstou a
declaração de prescrição. E, sendo assim, não podemos concluir,
como é a pretensão da Recorrente, que a sentença proferida em
27.05.2007 tenha força de título executivo, pois, o mérito da mesma
não foi apreciado. A sentença proferida na oposição não existe na
ordem jurídica, pois que, sobreveio, na pendência do processo de
oposição decisão a declarar extinta a instância por inutilidade
superveniente, sendo esta a decisão a prevalecer no processo e a
produzir os seus efeitos na ordem jurídica), o facto de se ter julgado
extinta a instância do recurso não implica que tenha desaparecido da
ordem jurídica a sentença de primeira instância da qual havia sido
interposto recurso, pelo contrário, essa extinção da instância do
recurso teve como virtualidade que tal sentença tivesse transitado em
julgado nos precisos termos em que foi proferida.
Na verdade, este Supremo Tribunal sempre admitiu que o oponente
revertido pudesse proceder ao pagamento da dívida em execução
voluntariamente, o que naturalmente obstaria à prescrição das
dívidas, e ainda assim exigisse o prosseguimento da oposição para
poder provar que não deveria ser responsabilizado pela dívida
exequenda por não ter gerido de facto a devedora originária, tanto
mais, que a oposição à execução fiscal é o único meio processual
disponível para o efeito, cfr. artigo 204º, n.º 1, al. b) do CPPT.
Ou seja, encontrando-se em discussão no processo de execução
fiscal a inexistência de responsabilidade do revertido pelo pagamento
da obrigação tributária em cobrança por não ter gerido de facto a
devedora originária, é irrelevante para tal discussão o pagamento
voluntário ou coercivo da quantia em execução à sua custa, bem
como a extinção da execução fiscal por prescrição relativamente às
quantias que ainda não foram saldadas, por se tratar de questão de
conhecimento prioritário face às demais (ainda que nenhum
pagamento houvesse da quantia exequenda e fosse declarada
a prescrição de tal quantia, poderia, ainda assim, o revertido manter
interesse em fazer prosseguir a oposição à execução fiscal para
provar que nenhuma responsabilidade lhe poderia ser assacada).
E daqui resulta, como é evidente, a limitação dos efeitos da inutilidade
superveniente da lide operada pelo TCA Norte à instância do recurso,
já que esse tribunal não poderia estender tal inutilidade à decisão que
reconheceu a irresponsabilidade dos revertidos pelas dívidas em
execução, uma vez que essa decisão sempre teria que se manter na
ordem jurídica por prevalecer sobre qualquer outra vicissitude que
ocorresse na execução fiscal e que determinasse a sua extinção.
Temos, portanto, que mantendo-se válida tal decisão na ordem
jurídica, incumbe à administração tributária a devolução de todas as
quantias penhoradas e, bem assim, dos juros devidos pela retenção
de tais quantias desde as diversas datas em que tal ocorreu.

E face a esta argumentação, fica resolvida a segunda questão em


sentido afirmativo no sentido de deverem ser devolvidas, na
totalidade, à recorrente as quantias penhoradas, bem como os
respectivos juros.
Além do mais, como bem refere o Sr. Procurador-Geral Adjunto no seu
parecer, atento que a executada deduziu oposição à execução fiscal,
o órgão de execução fiscal não podia afectar as quantias penhoradas
ao pagamento da dívida exequenda. E nessa medida, a declaração
de prescrição teria que abranger necessariamente toda a dívida
exequenda, o que conduz a que tenham que ser restituídas todas as
quantias objecto de penhora.

Assim, teremos necessariamente que concluir que o presente recurso


deve obter provimento e, nessa medida, serem devolvidas à
recorrente todas as quantias que lhe foram retidas, acrescidas dos
respectivos juros desde as respectivas datas de retenção, até efectivo
e integral pagamento, tudo nos termos do disposto no artigo 100º, n.º
1 da LGT.

Pelo exposto, acordam os juízes que compõem este Supremo Tribunal


Administrativo em:
-conceder provimento ao recurso e, nessa medida revogar as
decisões das instâncias;
-julgar procedente o pedido formulado pela recorrente nos termos
atrás apontados.
Custas nas instâncias, bem como neste Supremo Tribunal pela
entidade recorrida.
D.n.
Posto isto, se o prazo prescricional apenas iniciasse a sua contagem com a declaração em falhas
do processo de execução fiscal, enquanto decisão que coloca termo ao processo, tal acarretaria
que as dívidas tributárias figurassem como tendencialmente imprescritíveis, dado que a
declaração em falhas é uma decisão administrativa, sem prazo para ser tomada pela AT,
obstando ao cômputo efetivo do prazo interruptivo, deixando o executado numa posição frágil
e desprovida das garantias que, à luz da CRP, lhe são devidas, promovendo um desequilíbrio
inadmissível na relação jurídica tributária e deixando o caminho livre para que a AT possa
perpetrar legitimamente uma ação arbitrária que não se coaduna com o interesse público que
deve nortear a sua atividade.

ACORDAOS STJ

PRESCRIÇÃO TRIBUTARIA E PROCESSO PENAL TRIBUTARIO


PROCESSO N.º 1552/07.0TABRR.L1-A.S1
Ora, o acórdão recorrido, tendo em atenção o problema e a sede em que foi
colocado, veio a decidir pela não prescrição do procedimento criminal, à data
da notificação efectuada nos termos da al. b) do n.º 4 do art. 105.º do RGIT,
tratando-se, como se tratava de um crime continuado e também pela não
prescrição da dívida tributária, considerando que, «quando está em causa a
punibilidade do agente, a norma do art. 49.º da Lei 32/2002, de 20-12 (Lei de
Bases da Segurança Social), segundo a qual “a obrigação do pagamento das
cotizações e das contribuições prescreve no prazo de cinco anos a contar da
data em que aquela obrigação deveria ter sido cumprida”, tem que ser
entendida considerando o cômputo de 90 dias sobre o termo do prazo legal
de entrega da prestação», ou seja, nos termos da al. a) do n.º 4 do art. 105.º
acima referido;
- no acórdão-fundamento, a situação de facto e a solução jurídica foram
muito diferentes. Aqui, a dívida à segurança social havia sido declarada
extinta por prescrição pelo Tribunal Tributário, sucedendo que, até esse
momento, o recorrente não tinha sido notificado nos termos da al. b) do n.º 4
do art. 105.º do RGIT. Tratava-se, pois, de saber qual a implicação desse facto
no processo crime, tendo o Tribunal da Relação considerado, ao contrário do
tribunal da 1.ª instância de onde procedia o recurso, «que a prescrição da
dívida fiscal configura uma condição objectiva de exclusão da punibilidade e
que o recorrente não podia ser punido criminalmente por dívida fiscal
inexigível». Assim conclui que, «verificando-se causa de exclusão da
punibilidade, o procedimento criminal deve ser declarado extinto».
V - Trata-se, pois, de situações de facto diversas, pois num caso não houve
qualquer decisão prévia do Tribunal Tributário a declarar extinta por
prescrição a dívida tributária, antes da notificação feita nos termos da al. b)
do n.º 4 do art. 105.º do RGIT, e no outro tal ocorreu, impondo-se determinar
qual o efeito no processo criminal dessa decisão. As soluções foram, por isso,
diversas, mas não se podem considerar opostas, por não terem partido dos
mesmos pressupostos, não terem decidido exactamente as mesmas
questões, nem aplicado as mesmas disposições legais. Assim, não estão
verificados os pressupostos substanciais deste tipo de recurso.
Nestes termos, acordam em conferência na Secção Criminal do Supremo
Tribunal de Justiça em julgar não verificada a oposição de acórdãos, pelo que
rejeitam o recurso extraordinário para fixação de jurisprudência interposto
por AA.

11. Custas pelo recorrente com 5 UC de taxa de justiça (arts. 513.º, n.º 1 e
514.º, n.º 1 do CPP).

Supremo Tribunal de Justiça, 3 de Outubro de 2012

Ac Rel Coimbra nº 109/99.1IDAVR-A.C1

openAI

Relação entre Prescrição e Processo Penal Tributário:

 .
 penal
 Impacto no Processo Penal:
 A prescrição da dívida tributária pode ter implicações no processo penal,
 No entanto, mesmo que a dívida esteja prescrita,.

amos considerar um exemplo hipotético para ilustrar a relação entre prescrição da dívida
tributária e um processo penal tributário:

Caso Prático:

1. Situação Inicial:
 Um contribuinte, empresa X, possui uma dívida tributária referente ao Imposto
sobre o Valor Acrescentado (IVA) em Portugal.
 A Administração Tributária notifica a empresa sobre a dívida e inicia um
processo de execução fiscal para cobrar os valores devidos.
2. Prescrição da Dívida Tributária:
 Ao longo do tempo, a empresa X alega que a dívida tributária está prescrita
devido ao decurso do prazo previsto na legislação fiscal.
 A Administração Tributária contesta, argumentando que a prescrição não se
aplica ou que o prazo está suspenso devido a determinadas circunstâncias.
3. Início do Processo Penal Tributário:
 Enquanto a disputa sobre a prescrição da dívida tributária está em curso, a
Administração Tributária suspeita que a empresa X esteja envolvida em
práticas fraudulentas relacionadas à evasão fiscal.
 Com base nessas suspeitas, a Administração Tributária inicia um processo
penal tributário contra a empresa X, acusando-a de crimes fiscais.
4. Andamento do Processo Penal:
 O processo penal tributário continua independentemente da disputa sobre a
prescrição da dívida tributária. As alegações incluem não apenas a não
quitação do IVA, mas também possíveis crimes fiscais adicionais.
5. Decisão Judicial:
 O tribunal analisa as evidências apresentadas durante o processo penal
tributário, considerando tanto as acusações de crimes fiscais quanto a disputa
sobre a prescrição da dívida tributária.
 O tribunal pode decidir sobre a culpabilidade da empresa X em relação aos
crimes fiscais, mesmo que a prescrição da dívida seja reconhecida ou
contestada.

Neste exemplo, a prescrição da dívida tributária é um elemento que pode influenciar o


processo penal, mas não impede automaticamente a continuidade do processo. As ações
penais são independentes da disputa sobre a prescrição da dívida e podem se concentrar em
outras irregularidades fiscais. É importante notar que este é um cenário hipotético e as
circunstâncias reais podem variar com base na legislação vigente e na interpretação dos
tribunais

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