Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ITAJAÍ
NÚMERO: 5010191-08.2022.4.04.7208
REQUERENTE(S): EDSON RENATO DIAS
REQUERIDO(S): UNIÃO
DOS FATOS
De início, cabe trazer à baila a tese firmada pelo STF quando do julgamento
do RE 636.886:“É prescritível a pretensão de ressarcimento ao Erário fundada em decisão de
Tribunal de Contas”.
Não obstante a tese fixada pelo Supremo Tribunal Federal, não é possível
juridicamente a subsunção do presente caso concreto à tese firmada nesse referido RE.
(...)
No caso dos autos, a execução fiscal fora ajuizada há bastante tempo e o despacho de arquivamento
provisório data de mais de cinco anos atrás, sem que até a presente data tenham sido encontrados
bens passíveis de constrição. Assim, estando os autos arquivados (sem baixa) há mais de cinco (05)
anos e não havendo, neste intervalo de tempo, notícia de qualquer diligência concreta efetuada pelo
exeqüente tendente a obter a satisfação de seu crédito, torna-se imperativo o reconhecimento da
prescrição intercorrente. E tal se dá porque, como bem afirmou o Juiz Élcio Pinheiro de Castro, no
Superior Tribunal de Justiça, em decisão proferida na AC nº 2000.70.09.000728-3/PR, publicada no DJ
de 21 de junho de 2000, Seção II, pág. 987, "(...) quando se verifica que, promovida a ação de cobrança, o
feito é arquivado por mais de cinco anos sem notícia da exeqüente ter promovido nos autos as diligências
necessárias ao andamento do processo, não há como afastar a incidência do disposto no art. 174, § único
do CTN, aplicável aos créditos tributários. Logo, caracterizada a inércia prolongada da Fazenda Pública,
que não promoveu os atos de efetiva execução, deve-se decretar a prescrição, com a extinção do feito,
compatibilizando-se a providência com aquele dispositivo do CTN, que é lei complementar. E não há que
se falar em impossibilidade de ofício da prescrição pelo juiz, mormente quando não é localizado o
devedor, do contrário estar-se-ia compactuando com uma execução por tempo indefinido, o que é
inadmissível em nosso ordenamento jurídico". (grifamos)
[...]
Do mesmo modo, não há qualquer contradição a ser sanada no aresto embargado no que tange à fase
de aplicação do prazo prescricional. Ao referir-me ao procedimento administrativo no âmbito da Corte
de Contas, realizado com o fito de apurar a eventual ocorrência de irregularidade de que resulte dano
ao erário, e que culmina com a imputação de débito ao responsável, procurei demonstrar as razões
pelas quais é inaplicável a este processo o Tema 897, em que assentada a imprescritibilidade das ações
de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato de improbidade administrativa doloso.
[...]
Nenhuma consideração houve acerca do prazo para constituição do título executivo, até porque esse
não era o objeto da questão cuja repercussão geral foi reconhecida no Tema 899, que ficou adstrito,
como sobejamente já apontado, à fase posterior à formação do título.
Reitere-se: Após a conclusão da tomada de contas, com a apuração do débito imputado ao
jurisdicionado, a decisão do TCU formalizada em acórdão terá eficácia de título executivo e será
executada conforme o rito previsto na Lei de Execução Fiscal (Lei 6.830/1980), por enquadrar-se no
conceito de dívida ativa não tributária da União, conforme estatui o art. 39, § 2º, da Lei 4.320/1964.
Assim, são impertinentes as alegações do embargante no sentido de que devem ser esclarecidos o
regramento, bem como os marcos inicial, suspensivos e interruptivos do prazo de prescrição, aplicáveis
para o exercício da pretensão punitiva pelo TCU.
“Ementa: Direito administrativo. Mandado de segurança. Multas aplicadas pelo TCU. Prescrição da
pretensão punitiva. Exame de legalidade.
1. A prescrição da pretensão punitiva do TCU é regulada integralmente pela Lei nº 9.873/1999, seja
em razão da interpretação correta e da aplicação direta desta lei, seja por analogia.
2. Inocorrência da extinção da pretensão punitiva no caso concreto, considerando-se os marcos
interruptivos da prescrição previstos em lei.
3. Os argumentos apresentados pelo impetrante não demonstraram qualquer ilegalidade nos fundamentos
utilizados pelo TCU para a imposição da multa.
4. Segurança denegada.”
(MS 32201, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 21/03/2017,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-173 DIVULG 04-08-2017 PUBLIC 07-08-2017)
Portanto, na ausência de norma legal específica que disciplinasse a prescrição
no processo de controle externo, fez-se necessária a utilização da analogia para suprir essa
lacuna, encontrando-se na Lei 9.783/1999 um sistema normativo mais compatível com as
atividades de imputação de responsabilidades levadas a efeito pelo TCU.
Art. 1º Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta,
no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da
prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.
§ 1º Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de três anos, pendente de
julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte
interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o
caso.
§ 2º Quando o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir crime, a prescrição reger-
se-á pelo prazo previsto na lei penal.
Ademais, nenhum ato arbitrário ou ilegal foi praticado por este Tribunal, cuja
conduta se pautou na estrita observância aos diplomas legais aplicáveis e na jurisprudência
prevalecente sobre a matéria.
“Art. 1º Aplica-se à tutela antecipada prevista nos art. 273 e 461 do Código de Processo Civil 1 o disposto
nos arts. 5º e seu parágrafo único e 7º da Lei n.º 4.348, de 26 de junho de 1964, no art. 1º e seu parágrafo
4º da Lei n.º 5.021 de 9 de junho de 1966, e nos arts. 1º, 3º e 4º da Lei n.º 8.437, de 30 de junho de 1992.”
“Art. 7º (...)
§ 2º Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a
entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores
públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza. ”
Por seu turno, o § 1º do art. 1º da Lei n.º 8.437/1992, que dispõe sobre a
concessão de medidas cautelares contra atos do Poder Público, preceitua que:
“Art. 1° (...)
§ 1° Não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida cautelar inominada ou a sua liminar,
quando impugnado ato de autoridade sujeita, na via demandado de segurança, à competência
originária de Tribunal. ”
Esse dispositivo deve ser interpretado à luz do art. 102, inciso I, alínea “d”, da
Constituição Federal:
“Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda a Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
(...)
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores, o mandado de
segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e
do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio
Supremo Tribunal Federal; ”.
Deste modo, como o ato atacado provém do TCU, que está sujeito, na via do
mandado de segurança, à competência do STF, não é possível a concessão da tutela de urgência
no presente caso.
DOS PEDIDOS