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PREFEITURA MUNICIPAL DO SALVADOR

PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO


PROCURADORIA FISCAL
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 13ª
VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE SALVADOR-BA

O MUNICÍPIO DE SALVADOR, por seu procurador


adiante assinado, com referência aos Embargos nº 8062513-15.2021.8.05.0001,
opostos à Execução Fiscal nº 8123638-18.2020.8.05.0001 por NADIL
OLIVEIRA DA SILVA, tomando ciência do despacho de ID 228988751, vem
expor e requerer o seguinte:

Os presentes embargos do devedor foram opostos sem


observância do requisito de admissibilidade previsto no artigo 16, § 1º, da Lei
Federal 6830/80: “§ 1º - Não são admissíveis embargos do executado antes de
garantida a execução”.

Com efeito, ao analisar os autos da Execução Fiscal nº


8123638-18.2020.8.05.0001, Vossa Excelência poderá constatar que não houve
garantia do juízo por nenhuma das modalidades previstas no artigo 9º, incisos I
a IV, da Lei Federal 6830/801.

1
Art. 9º - Em garantia da execução, pelo valor da dívida, juros e multa de mora e encargos indicados na
Certidão de Dívida Ativa, o executado poderá:
I - efetuar depósito em dinheiro, à ordem do Juízo em estabelecimento oficial de crédito, que assegure
atualização monetária;
II - oferecer fiança bancária ou seguro garantia;
III - nomear bens à penhora, observada a ordem do artigo 11; ou
IV - indicar à penhora bens oferecidos por terceiros e aceitos pela Fazenda Pública.
De acordo com a jurisprudência pacífica do colendo
Superior Tribunal de Justiça, inclusive sob a sistemática de julgamento de
recursos repetitivos, a exigência de garantia do juízo, nos termos do artigo 16, §
1º, da Lei Federal 6830/80, prevalece, no âmbito dos embargos a execuções
fiscais, sobre qualquer norma do CPC que preconize o contrário.

Confiram-se, a título exemplificativo, as decisões assim


ementadas:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO


FISCAL. GARANTIA DO JUÍZO. NECESSIDADE.
PREVISÃO ESPECÍFICA. LEI 6.830/80. ENTENDIMENTO
FIRMADO EM RECURSO REPRESENTATIVO DA
CONTROVÉRSIA.
1. Nos termos da jurisprudência do STJ, a garantia do pleito
executivo é condição de processamento dos Embargos à
Execução Fiscal nos exatos termos do art. 16, § 1º, da Lei n.
6.830/80.
2. A matéria já foi decidida pela Primeira Seção no rito dos
recursos repetitivos (art. 543-C do CPC), quando do julgamento
do REsp 1.272.827/PE, relatoria do Min. Mauro Campbell
Marques, fixou-se o entendimento segundo o qual, "Em atenção
ao princípio da especialidade da LEF, mantido com a reforma
do CPC/73, a nova redação do art. 736 do CPC, dada pela Lei n.
11.382/2006 - artigo que dispensa a garantia como
condicionante dos embargos - não se aplica às execuções fiscais,
diante da presença de dispositivo específico, qual seja o art. 16,
§ 1º da Lei n. 6.830/80, que exige expressamente a garantia para
a apresentação dos embargos à execução fiscal."
3. Recurso Especial não provido.
(REsp 1651509/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 04/04/2017, DJe 24/04/2017
– grifou-se)

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. EMBARGOS


À EXECUÇÃO FISCAL. GARANTIA DO JUÍZO.
NECESSIDADE. PREVISÃO ESPECÍFICA. LEI 6.830/1980.
CONDIÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA NÃO
COMPROVADA. REVISÃO DO CONTEXTO FÁTICO-
PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.
1. O Superior Tribunal de Justiça possui jurisprudência pacífica
no sentido de que a garantia exigida pelo art. 16, § 1°, da Lei
6.830/1980 é requisito de admissibilidade e de desenvolvimento
válido dos Embargos à Execução Fiscal.
2. In casu, o Tribunal de origem consignou: "Compulsando os
autos, observa-se que, ajuizados os embargos à execução, o
Juízo originário despachou no sentido de determinar à parte
embargante que emendasse a inicial para indicar seu endereço
eletrônico, comprovar o estado de miserabilidade, com a juntada
dos documentos que entendesse pertinentes e que procedesse à
garantia do Juízo, sob pena de indeferimento da inicial. A parte
embargante emendou parcialmente a inicial, mas renovou o
pedido de deferimento da justiça gratuita e da dispensa do
depósito prévio, sem apresentar qualquer garantia.
Sobreveio a sentença, então, indeferindo a inicial e extinguindo
o feito sem resolução de mérito. Quanto à alegação da
impossibilidade de prestação de qualquer garantia do juízo, em
razão da hipossuficiência financeira, registre-se que tal garantia
é condição de procedibilidade dos embargos do devedor, de
acordo com as disposições do art. 16, parágrafo 1º, da Lei nº
6.830/80. A justiça gratuita exime o beneficiário do pagamento
das despesas processuais, não ficando isento de assegurar o
Juízo para a propositura de embargos do devedor, em razão do
princípio da especialidade das leis. Assim, a irresignação do
apelante é descabida. Por fim, diga-se, ainda, que o recorrente
não impugnou em seu recurso a fundamentação da sentença que
considerou que, apesar de constar em nome do embargante
remuneração no valor de R$ 4.482,81 (aposentadoria por
idade)" ao cotejar a renda mensal com as informações inseridas
na declaração de imposto de renda de id. 4058502.2854915,
nota-se que o autor possui um patrimônio significativo,
constituído por um veículo de marca Toyota, modelo Hilux,
adquirido por R$ 140.000,00, bem como por 03 imóveis, além
de cota em consórcio. Em síntese, o patrimônio do embargante
perfaz o montante de R$ 734.142,88". (fls. 86-87, e-STJ).
3. Rever os entendimentos consignados pelo acórdão recorrido
requer revolvimento do conjunto fático-probatório, visto que a
instância a quo utilizou elementos contidos nos autos para
alcançar tais entendimentos. Assim, a análise dessas questões
demanda reexame de provas, inadmissível na via especial, ante
o óbice da Súmula 7/STJ.
4. Agravo Interno não provido.
(AgInt no AREsp 1801603/SE, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/08/2021,
DJe 31/08/2021 – grifou-se)

Face ao exposto, sob invocação do comando do artigo 16, §


1º, do CPC, da jurisprudência do STJ, acima ilustrada, e do artigo 927, III, do
CPC, o embargado requer a extinção do feito, sem resolução de mérito, por falta
de garantia do juízo.
Por fim, ad cautelam, embora confie no acolhimento do
pedido supra, registra que a TRSD do exercício de 2018, relativa à inscrição
imobiliária nº 165.045-9, único débito cobrado na execução embargada, jamais
foi paga, como atestam: (i) o extrato fiscal anexo; e (ii) o espelho do
Parcelamento Administrativo – PAD nº 987055-5/2019, que somente
contemplou débitos de IPTU.

P. deferimento.
Salvador, 09 de setembro de 2022.

EUGÊNIO LEITE SOMBRA


Procurador do Município

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