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Município do Salvador

Procuradoria Geral do Município

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA @ª VARA DA FAZENDA


PÚBLICA DA COMARCA DE SALVADOR/BA.

Processo n. @
Parte contrária: @

O MUNICÍPIO DO SALVADOR, já qualificado nos autos do processo indicado


acima, vem a Vossa Excelência, por seu procurador, opor EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
arguindo omissão do pronunciamento que determinou o sobrestamento da execução fiscal, atribuindo
aos embargos à execução efeito suspensivo, pelas razões que passa a aduzir.

I. Síntese dos fatos.

1. Ao receber os embargos à execução, este MM Juízo determinou o sobrestamento


da execução fiscal, atribuindo aos embargos efeito suspensivo, sem, contudo, fundamentar a sua
decisão. Esta a omissão que o Município vem apontar.

II. Omissão.
Juízo de verossimilhança e perigo de dano irreparável ou de difícil reparação.
(CPC, art. 919, §1º c/c REsp Repetitivo 1.272.827/PE, Tema 526)

2. No julgamento do Recurso Especial n. 1.153.771/SP, o Superior Tribunal de


Justiça reconheceu que a aplicação do “art. 739-A, do CPC (incluído pela Lei nº 11.382, de 2006), que
exige para a suspensão da execução fiscal, além do juízo de verossimilhança e do perigo de dano
irreparável ou de difícil reparação, a garantia da execução por penhora, depósito ou caução
suficientes”1.

3. O julgado faz referência ao art. 739-A do CPC-1973 2, que corresponde atualmente


ao disposto no art. 919 do CPC-2015. Eis a sua redação:

Art. 919, CPC-2015. Os embargos à execução não terão efeito suspensivo.


§1º O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo
aos embargos quando verificados os requisitos para a concessão da tutela
1
STJ, 2ª Turma, REsp 1153771/SP, rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 12/04/2012, DJe 18/04/2012.
2
Art. 739-A, CPC-1973. Os embargos do executado não terão efeito suspensivo. §1º O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir
efeito suspensivo aos embargos quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente possa causar ao
executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes.

Travessa da Ajuda, 02, ed. Sulamérica, 1.º andar, Cidade do Salvador/BA 1


Telefone: 3496-8100 / 8103 – Fax: 3321-3701
Município do Salvador
Procuradoria Geral do Município

provisória e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou


caução suficientes. (grifamos)

4. A exigência de satisfação desses pressupostos (e não apenas da prévia garantia do


débito) é objeto de precedente vinculante (CPC, art. 927, III), formado com o julgamento do Recurso
Especial n. 1.272.827/PE3, sob o rito dos recursos especiais repetitivos. Nesse recurso, discutiram-se
os pressupostos que deviam ser atendidos para atribuição de efeito suspensivo aos embargos à
execução fiscal. Na íntegra do voto, o Min. Mauro Campbell Marques esclareceu a questão posta em
debate:

No caso concreto discute-se a respeito dos efeitos ordinários em que devem


ser recebidos os embargos à execução fiscal, esta já garantida por penhora, previstos
no art. 16 da Lei n. 6.830/80 - Lei de Execuções Fiscais - LEF, se com ou sem efeito
suspensivo sobre a execução fiscal em andamento. Isto é, discute-se se a garantia da
execução somada ao oferecimento dos embargos é suficiente para a suspensão da
execução fiscal, como ocorria na letra do art. 739, §1º e 791, I, do Código de
Processo Civil de 1973 (ambos redação dada pela Lei n. 8.953/94) antes do advento
da Lei n. 11.382/2006, ou há ainda a necessidade de que o executado demonstre a
relevância de seus argumentos (fumus boni juris) e que o prosseguimento da
execução poderá lhe causar dano de difícil ou incerta reparação (periculum in mora),
conforme o exige o art. 739-A, §1o, do CPC/73, incluído pela Lei n. 11.382/2006.

5. Ao final, concluiu o seguinte:

No caso dos autos, ao contrário do que aqui sustentado, o Tribunal de Origem


concluiu que, para se atribuir o efeito suspensivo aos embargos do devedor na
execução fiscal, basta que a execução esteja garantida. O acórdão, portanto, merece
reparo, pois como condicionantes do efeito suspensivo dos embargos do devedor estão
ainda os juízos de relevância da argumentação (fumus boni juris) e perigo de dano
irreparável ou de difícil reparação (periculum in mora), a teor da aplicação
subsidiária do art. 739-A do CPC/73 (incluído pela Lei n. 11.382/2006) à LEF.
(grifamos)

6. A tese vinculante (CPC, art. 927, III) está sintetizada no Tema 526, a saber:

Tema 526. A atribuição de efeitos suspensivos aos embargos do devedor fica


condicionada ao cumprimento de três requisitos: apresentação de garantia;

3
STJ, 1ª Seção, REsp 1272827/PE, rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 22/05/2013, DJe 31/05/2013.

Travessa da Ajuda, 02, ed. Sulamérica, 1.º andar, Cidade do Salvador/BA 2


Telefone: 3496-8100 / 8103 – Fax: 3321-3701
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verificação pelo juiz da relevância da fundamentação (fumus boni juris) e perigo de


dano irreparável ou de difícil reparação (periculum in mora).

7. @No caso concreto, a parte embargante nem sequer alega a existência de fumus
boni iuris ou de periculum in mora como forma de atender ao referido precedente e obter, a par da
garantia do débito, a suspensão do curso processual. Simplesmente pede a atribuição de efeito
suspensivo, como se a garantia do débito fosse suficiente, por si só, para ensejar a suspensão da
presente execução fiscal. Mas não é.

8. @A decisão embargada apenas determina a suspensão da execução, como se a


penhora fosse suficiente para ensejar esse resultado. Falta, pois, e com o devido respeito,
fundamentação à decisão embargada, quanto à satisfação, ou não, dos demais pressupostos para o
sobrestamento da execução fiscal, previstos no art. 919, §1º, do CPC.

9. É esta a omissão que, respeitosamente, o Município vem apontar, pedindo seja


sanada.

III. Conclusão e requerimentos.

10. Diante do exposto, requer o Município do Salvador sejam admitidos e providos


estes embargos de declaração para que seja sanada a omissão apontada, indicando este MM Juízo se e
em que medida estão satisfeitos os pressupostos da verossimilhança do direito afirmado, da urgência e
da reversibilidade do provimento, nos termos do art. 919, §1º, do CPC.

Pede deferimento.
Cidade do Salvador/BA, 24 de janeiro de 2024.

Rafael Alexandria de Oliveira


Procurador do Município – PROFI/PGMS
OAB/BA n. 18.676 | Matrícula n. 810801

Travessa da Ajuda, 02, ed. Sulamérica, 1.º andar, Cidade do Salvador/BA 3


Telefone: 3496-8100 / 8103 – Fax: 3321-3701

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