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JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO
EMENTA
EXPULSÃO DO QUADRO DE ASSOCIADOS DE SINDICATO.
ILEGALIDADE. Ao ser interpelado sobre a ilegalidade da expulsão de
associado, incumbe ao Sindicato provar a violação às regras estatutárias.
As divergências com as decisões da Diretoria não implicam ato lesivo ao
ente sindical ou à categoria. Ademais, diante da unicidade sindical,
preceito não alterado pela reforma trabalhista, a expulsão do trabalhador só
pode ocorrer em situações gravíssimas, pois tal decisão o deixará sem
qualquer representatividade.
RELATÓRIO
Contestação no ID 1590543.
Preparo no ID 92a02c5.
Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: MARCOS DE OLIVEIRA CAVALCANTE
http://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=17092511331461200000019485629
Número do documento: 17092511331461200000019485629 Num. c521134 - Pág. 1
Contrarrazões no ID e7488e8, com preliminar de deserção.
É o relatório.
FUNDAMENTAÇÃO
ADMISSIBILIDADE
Rejeito.
MÉRITO
O recorrente alega que a r. Sentença deveria ser reformada por não ter
apreciado corretamente as questões de fato e de direito. Sustenta que o sindicato violou o estatuto, mais
especificamente a regra contada no parágrafo 4º do artigo 9º, pois não fora notificado a comparecer a
nenhuma audiência. Acrescenta que, apesar de ter sido notificado para apresentar defesa escrita, tendo
respondido às acusações, tem o direito de acessar o judiciário para garantir seu direito, observados o
contraditório e a ampla defesa, com base no artigo 5º, incisos XXXV e LV da CRFB. Sustenta que o
Sindicato não trouxe aos autos prova dos alegados "atos lesivos e contrários ao estabelecido no estatuto
do sindicato de classe". Reafirma que a notificação está eivada de vício, porquanto assinada por pessoa
sem representatividade para tanto.
5. Não procede o pleito de nulidade da exclusão do quadro sindical e, por ancilar, não
Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: MARCOS DE OLIVEIRA CAVALCANTE
http://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=17092511331461200000019485629
Número do documento: 17092511331461200000019485629 Num. c521134 - Pág. 3
procede o pleito de reintegração.
Analiso.
Insta destacar que o contrato de trabalho do autor, se encontra suspenso deste sua
aposentadoria por invalidez acidentária em 22/03/2008, por causa do acidente de
trabalho, junto ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) desde a data (doc. anexos).
Assim, em resposta a notificação, o autor em 24/03/2016 enviou e-mail para o réu, apenas
mencionando que o representante vice-presidente (Souza Teixeira), que assinou a referida
notificação, era integrante da gestão 2013-2016, e não da gestão que a legitimou em
2010/2013, conforme mostra a notificação. (doc. Anexo).
Destaca ainda o autor que o estatuto do referido sindicato, preconiza em seu artigo 9ª,
§4º, que "a aplicação das penalidades sob pena de nulidade deverá proceder a audiência
do associado (...)", sendo assim, foi violado este dispositivo, haja vista, que na data de
14/04/2016, o autor recebeu do réu outra notificação, comunicando que aquele estava
excluído dos quadros de associados ao SINTASA, tendo inclusive com este ato, obstado
que o autor pudesse participar das eleições sindicais, do ano de 2016.
Importante ainda ressaltar que o autor jamais foi notificado, para comparecer a qualquer
assembleia sindical.
Ao longo de 06 (seis) anos, o NOTIFICADO, vem adotando conduta que atenta contra a
dignidade da DIRETORIA eleita em regular processo eleitoral, visando macular a
imagem e honra do NOTIFICANTE, lançando em redes sociais e correios eletrônicos
informações ardilosas e maledicentes de forma veemente e gratuita.
(...)
Nem se diga que a conduta do NOTIFICADO seria justificada por uma posição opositor,a
já que esta é bem vinda, mas deve ser revestida de lealdade e verdade, princípios não
evidenciados na conduta empregada pelo notificado.
(...)
Observamos que o documento encaminhado foi ASSINADO pelo atual Vice Presidente
JAIRO SOUZA TEIXEIRA (Gestão 2013-2016) e não pelo Vice Presidente que
LEGITIMOU O ATO, Mário César da Silva (Gestão 2010-2013).
Diante da ciência dada a Categoria Profissional, por este sindicato, sobre o afastamento
do Sr. Mário César da Silva (Vice Presidente SINTASA 20102013) de suas funções junto
a este sindicato no ano de 2013, resta prescrita tal LEGITIMAÇÃO erroneamente
apontada acima! (grifo original)
Não prospera a alegação do autor de que deveria ser convocado para uma
audiência. Assim determina o Estatuto:
(...)
§4º - A aplicação das penalidades, sob pena de nulidade, deverá preceder a audiência do
Associado, o qual deverá aduzir por escrito sua defesa no prazo de 10 (dez) dias,
contados do recebimento da notificação (ID 4533614)
a) que por má conduta, espírito de discórdia ou falta cometida contra o patrimônio moral
ou material do Sindicato, se constituírem em elementos nocivos a entidade.
O trabalhador, ainda que aposentado por invalidez, não pode ser privado
de participar das atividades do seu sindicato e das decisões para sua categoria sem uma justificativa
razoável. Segundo laudo médico apresentado pelo réu, o autor tem grave déficit funcional da coluna
vertebral, tendo sido submetido a extensa cirurgia. Em razão disso, desenvolveu outros problemas físicos
e psicológicos, fazendo uso de remédios controlados (ID 772b703). A exclusão do quadro social do
sindicato, no momento mais difícil de sua vida, certamente não contribuirá para recuperação.
Acórdão
ACORDAM os Desembargadores que compõem a 6ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho
da 1ª Região, por unanimidade, rejeitar a preliminar suscitada em contrarrazões, conhecer do
recurso e, no mérito, dar-lhe provimento, para julgar procedente o pedido de reintegração ao
quadro associativo do sindicato réu, nos termos do voto do Exmo. Sr. Desembargador Relator.
Invertidos os ônus da sucumbência. O Desembargador Paulo Marcelo de Miranda Serrano
apresentou fundamentação diversa no tocante à unicidade sindical. Presente a Dra. Carla
Keiza S. Gomes.
arfc/
Votos