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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-RO-986-94.2011.5.09.0000

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10009EEE107041B952.
A C Ó R D Ã O
SBDI-2
CMB/ae

RECURSO ORDINÁRIO. AÇÃO RESCISÓRIA.


JUSTIÇA GRATUITA REQUERIDA EM EMBARGOS
DE DECLARAÇÃO. A ré, sucumbente na
pretensão rescisória, requereu em sede
de embargos de declaração os benefícios
da Justiça gratuita e, por meio de seu
advogado, declarou ser pobre na acepção
jurídica do termo, em consonância com as
Orientações Jurisprudenciais nºs 269,
304 e 331 da SBDI-1 deste Tribunal
Superior. Portanto, foram preenchidos
os pressupostos para o deferimento do
benefício. Assim, o recurso merece
provimento para isentar a recorrente
das custas processuais e dos honorários
advocatícios fixados na decisão
recorrida. Recurso ordinário a que se dá
provimento.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso


Ordinário n° TST-RO-986-94.2011.5.09.0000, em que é Recorrente EROTIDES
DA CRUZ NASCIMENTO e Recorrido MUNICÍPIO DE PALMAS.

O Tribunal Regional da 9ª Região, às fls. 561/569,


julgou procedente a pretensão rescisória e condenou a ré ao pagamento
de custas processuais e honorários advocatícios fixados em 20% sobre o
valor da ação.
Em face dessa decisão, a ré opôs embargos de declaração
(fls. 572/575) aos quais foi negado provimento (fls. 582/584).
Inconformada, a ré interpõe recurso ordinário (fls.
587/596).
O recurso foi admitido (fl. 589).
Contrarrazões apresentadas às fls. 599/606.

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Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério
Público do Trabalho, para emissão de parecer, em razão do que prevê o
art. 83, §2º, II, do Regimento Interno deste Tribunal Superior.

É o relatório.

V O T O

CONHECIMENTO

PRELIMINAR SUSCITADA EM CONTRARRAZÕES - DA DESERÇÃO


DO RECURSO
Em suas contrarrazões de recurso (fls. 599/606), o
Município recorrido argui a deserção do recurso ordinário.
Todavia, o despacho que determinou o processamento do
recurso ordinário (fl. 597) remeteu a análise do preparo a esta Corte,
uma vez que este é o mérito do apelo e, portanto, assim será apreciado.
Preenchidos os demais pressupostos legais de
admissibilidade do recurso ordinário, dele conheço.

MÉRITO

JUSTIÇA GRATUITA - PEDIDO FORMULADO EM EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO
Conforme relatado, o Tribunal Regional da 9ª Região,
às fls. 561/569, julgou procedente a pretensão rescisória e condenou a
ré ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios fixados
em 20% sobre o valor da ação.
Em face dessa decisão, a ré, ora recorrente, opôs
embargos de declaração (fls. 572/575) e requer os benefícios da justiça
gratuita, aos quais foi negado provimento (fls. 582/584), pelos seguintes
fundamentos:

“A Requerida postula a concessão dos benefício (sic) da justiça


gratuita, ao fundamento de que não dispõe de recursos para arcar com as

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custas do processo e os honorários, sem prejuízo de seu próprio sustento e de
sua família. Invoca a aplicação da OJ 269, da SDI-1 do TST.
Sem razão.
Os embargos de declaração somente são admitidos nas hipóteses
previstas no art. 535 do CPC, ou seja, quando a decisão impugnada contiver
vícios de omissão, contradição ou obscuridade.
Como se vê, a Embargante não aponta qualquer um desses vícios,
senão mero descontentamento com a decisão proferida no que tange à
condenação no pagamento das custas processuais.
Os embargos de declaração não se constituem a medida processual
própria para a parte formular pedido de concessão dos benefícios da justiça
gratuita.
Nada a deferir, portanto.” (fls. 584/585)

Inconformada, interpõe recurso ordinário (fls.


590/596), no qual alega que faz jus ao benefício da Justiça gratuita,
nos termos da Súmula nº 269 deste Tribunal Superior do Trabalho. Argumenta
que o município não preenche os requisitos das Súmulas nos 219 e 329 deste
Tribunal Superior do Trabalho, de modo que não há porque impor-lhe o
pagamento de honorários advocatícios de sucumbência.
Passo à análise.
A Súmula nº 219 desta Corte sofreu alteração e passou
a ter a seguinte redação:

“HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. HIPÓTESE DE CABIMENTO


(nova redação do item II e inserido o item III à redação) - Res. 174/2011,
DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011
I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários
advocatícios, nunca superiores a 15% (quinze por cento), não decorre pura e
simplesmente da sucumbência, devendo a parte estar assistida por sindicato
da categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao
dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe
permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família.
(ex-Súmula nº 219 - Res. 14/1985, DJ 26.09.1985)
II - É cabível a condenação ao pagamento de honorários advocatícios
em ação rescisória no processo trabalhista.
III - São devidos os honorários advocatícios nas causas em que o ente
sindical figure como substituto processual e nas lides que não derivem da
relação de emprego.”

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Segundo a nova orientação contida na mencionada
súmula, são devidos honorários advocatícios em ação rescisória;
exatamente o caso dos autos.
Vale registrar que a redação anterior desse item,
modificada recentemente, consignava expressamente que "é incabível a
condenação em honorários advocatícios em ação rescisória, salvo se preenchidos os requisitos da Lei nº
5.584/1970".
A alteração consubstanciou a mudança de entendimento
desta Corte, que passou a considerar cabível a condenação em honorários
advocatícios em ação rescisória, ainda que não preenchidos os requisitos
da Lei nº 5.584/1970.
Portanto, cabível a concessão de honorários
advocatícios, em sede de ação rescisória, decorrente da mera sucumbência
da parte.
Por sua vez, a Lei nº 1.060/50, que estabelece as
normas para a concessão da assistência judicial gratuita aos
necessitados, preceitua, no parágrafo único do seu art. 2º, que, "para
os fins legais, considera-se necessitado aquele cuja situação econômica não lhe permita pagar as custas
do processo e os honorários de advogado sem prejuízo do sustento próprio".
O inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal
assegura a prestação da assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem a insuficiência de recursos, possibilitando, assim, o acesso
efetivo à prestação jurisdicional e a igualdade de tratamento aos menos
favorecidos - direitos fundamentais também preservados pela Constituição
(art. 5º, XXXVI e II).
Com efeito, constata-se que a recorrente requereu em
sede de embargos de declaração os benefícios da justiça gratuita e
declarou por, meio de seu advogado, sua miserabilidade jurídica (às fls.
572/575).
Esta Corte consolidou o entendimento de que o advogado
da parte pode declarar a insuficiência econômica, conforme Orientação
Jurisprudencial nº 331 da SBDI-1:

“JUSTIÇA GRATUITA. DECLARAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA


ECONÔMICA. MANDATO. PODERES ESPECÍFICOS
DESNECESSÁRIOS (DJ 09.12.2003). Desnecessária a outorga de poderes
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especiais ao patrono da causa para firmar declaração de insuficiência
econômica, destinada à concessão dos benefícios da justiça gratuita.”

A assistência judiciária compreende, entre outras


isenções, o pagamento dos honorários de advogado e peritos, por força
do que dispõe o art. 3.º, V, da Lei n.º 1.060/50.
Por outro lado, basta a simples declaração da parte
ou do advogado da parte, para se considerar configurada a sua situação
econômica, conforme entendimento pacificado nesta Corte, por meio da
Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1:

“HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA.


DECLARAÇÃO DE POBREZA. COMPROVAÇÃO ( DJ 11.08.2003).
Atendidos os requisitos da Lei nº 5.584/70 (art. 14, § 2º), para a concessão da
assistência judiciária, basta a simples afirmação do declarante ou de seu
advogado, na petição inicial, para se considerar configurada a sua situação
econômica (art. 4º, § 1º, da Lei nº 7.510/86, que deu nova redação à Lei nº
1.060/50).”

Não se olvide, ainda, que o benefício pode ser


requerido em qualquer tempo ou grau de jurisdição, desde que, na fase
recursal, seja o requerimento formulado no prazo alusivo ao recurso. É
o entendimento consubstanciado na Orientação Jurisprudencial 269 da SDI
I deste Tribunal Superior:

“ JUSTIÇA GRATUITA. REQUERIMENTO DE ISENÇÃO DE


DESPESAS PROCESSUAIS. MOMENTO OPORTUNO (inserida em
27.09.2002)
O benefício da justiça gratuita pode ser requerido em qualquer tempo
ou grau de jurisdição, desde que, na fase recursal, seja o requerimento
formulado no prazo alusivo ao recurso.”

Desta forma, verifica-se que foram preenchidos os


pressupostos para o deferimento do pleito.
Ante o exposto, dou provimento ao recurso ordinário
para deferir o benefício da Justiça gratuita à ré, isentando-a das custas
processuais e dos honorários advocatícios fixados na decisão recorrida.

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ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Subseção II Especializada em


Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade,
dar provimento ao recurso ordinário para deferir o benefício da Justiça
gratuita à ré, isentando-a das custas processuais e dos honorários
advocatícios fixados na decisão recorrida.
Brasília, 11 de março de 2014.

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CLÁUDIO BRANDÃO
Ministro Relator

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