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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-AIRR-1113-48.2010.5.03.0060

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1000AFD1E874039681.
A C Ó R D Ã O
4ª Turma
GMFEO/SMR/CLJ/iap

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE


REVISTA. SUBEMPREITADA.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. A
decisão regional está de acordo com o
teor do art. 455 da CLT, segundo o qual
a existência de relação de
subempreitada enseja a
responsabilidade subsidiária do
empreiteiro principal pelas obrigações
trabalhistas do subempreiteiro. Agravo
de instrumento a que se nega provimento.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo


de Instrumento em Recurso de Revista n° TST-AIRR-1113-48.2010.5.03.0060,
em que é Agravante CONSÓRCIO AG VIA BARBOSA MELLO e Agravados JOSÉ
FRANCISCO DOS REIS e CONSTRUTORA CADORE LTDA.

O Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Região


denegou seguimento ao recurso de revista interposto pelo Reclamado
(CONSÓRCIO AG VIA BARBOSA MELLO), o que ensejou a interposição do presente
agravo de instrumento.
Os Agravados não apresentaram contraminuta ao agravo
de instrumento nem contrarrazões ao recurso de revista.
Os autos não foram remetidos ao Ministério Público do
Trabalho.

É o relatório.

V O T O

1. CONHECIMENTO

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do Trabalho, nos termos da Lei nº 11.419/2006.
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Atendidos os pressupostos legais de admissibilidade
do agravo de instrumento, dele conheço.

2. MÉRITO

A decisão denegatória está assim fundamentada:


“PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Tempestivo o recurso (decisão publicada em 26/04/2013 - fl. 157;
recurso apresentado em 06/05/2013 - fl. 158).
Regular a representação processual, fl. 81/82.
Satisfeito o preparo (fls. 68, 95, 94, 156 e 163).
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA/SUBSIDIÁRIA /
SUBEMPREITADA.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / RECURSO.
No caso, a douta Turma julgadora decidiu em sintonia com a Súmula
331, itens IV e VI do TST, em ordem a tornar superados os arestos que
adotam tese diversa.
Também não existem as violações apontadas, por não ser razoável
supor que o Colendo TST fixasse sua jurisprudência com base em decisões
que já não correspondessem mais a uma compreensão adequada do direito
positivo (artigo 896, parágrafo 4º, da CLT e Súmula 333/TST).
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao recurso de revista” (fls. 193/194 do
documento sequencial eletrônico).

O agravo de instrumento não merece provimento, pelas


seguintes razões:

2.1. SUBEMPREITADA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA

Na minuta do agravo de instrumento, o Agravante alega:

“O direito positivo do trabalho previu hipóteses de responsabilidade


solidária (art. 2°, parágrafo 2°, art. 455, da CLT) entre o sub-empreiteiro e
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o empreiteiro principal, fonte da qual partiram a doutrina e a jurisprudência
para construir a chamada responsabilidade subsidiária da empresa
contratante, que tem por escopo facilitar a aplicação dos preceitos do
direito tutelar, ante a comprovação de eventual culpa in eligendo e in
vigilando, sendo certo que tal pressuposto para a declaração de
responsabilidade subsidiária não foi comprovada .
[...]
a responsabilidade subsidiária somente produz efeito quando
demonstrada a existência de fraude trabalhista, isto é, a intenção objetiva do
empregador em mascarar uma relação jurídica, com o fito precípuo de lesar
o trabalhador, o que não ocorreu in casu.
[...]
Há também de ser excluída da condenação subsidiária as verbas
deferidas de responsabilidade personalíssima do real empregador, quais
sejam, as indenizações e multas” (fls. 198/200).

Insiste no processamento do recurso de revista por


violação dos arts. 2º, § 2º, do CPC e 455 da CLT e divergência
jurisprudencial.
Consta do acórdão regional:

“RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA
O recorrente alega que não pode ser condenado subsidiariamente
pelos direitos deferidos ao reclamante na r. sentença, uma vez que a
primeira reclamada é a real empregadora do autor. Eventualmente, aduz
que não pode ser condenado às multas do artigo 467 da CLT e 40% do FGTS
por serem obrigações personalíssimas. Requer, ainda, a desconsideração da
personalidade jurídica da primeira reclamada pra que eventual condenação
recaia primeiramente sobre os bens de seus sócios.
Ao exame.
Extrai-se dos autos, pela própria narrativa da inicial e pelo contrato
de fls. 21/37, que o recorrente subempreitou para a primeira reclamada
parte da construção do Centro Administrativo do Estado de Minas Gerais,
para a qual fora contratado pela Companhia de Desenvolvimento
Econômico de Minas Gerais - CODEMIG.
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O contrato de subempreitada de fls. 21/37 não deixa dúvidas de que o
recorrente foi o efetivo beneficiário dos serviços prestados pelo reclamante
ao longo de todo o contrato de trabalho.
A teor do que estabelece o art. 455 da CLT, o empreiteiro principal
responde pelo inadimplemento de verbas trabalhistas das empresas com as
quais mantiver contrato de subempreitada. A responsabilidade decorre aqui
de expressa disposição de lei. No caso, é desnecessário até mesmo cogitar de
culpa do recorrente, dados os termos do referido artigo, o qual estabelece
responsabilidade objetiva para o empreiteiro principal.
A responsabilidade subsidiária imputada ao recorrente, com base na
Súmula 331 do TST não destoa do que a lei autoriza e abrange todos os
créditos trabalhistas inadimplidos pelo empregador, inclusive eventuais
multas, consoante a jurisprudência pacífica do TST.
Nem tem razão a recorrente ao invocar direcionamento da execução,
se frustrada contra a primeira reclamada, a seus sócios para só depois
contra ela se dirigir. A pretendida desconsideração da personalidade
jurídica da primeira reclamada, de modo a possibilitar a execução prévia de
seus sócios, colocaria a recorrente na condição de responsável de terceiro
grau, olvidando que não existe gradação e, portanto, descabe falar em
benefício de ordem, entre responsáveis de igual ordem.
Nada a prover” (fls. 182/183).

Nos termos do artigo 455 da CLT, a existência de


relação de subempreitada enseja a responsabilidade subsidiária do
empreiteiro principal pelas obrigações trabalhista do subempreiteiro.
Assim, registrado no acórdão recorrido a existência de contrato de
subempreitada entre o Agravante e a primeira Reclamada, o Tribunal
Regional decidiu de acordo com o referido dispositivo legal ao manter
a sentença em que se reconheceu a responsabilidade subsidiária.
A indicação de ofensa ao art. 2º, § 2º, do CPC não
viabiliza o conhecimento do recurso de revista, tendo em vista que o
Tribunal Regional não emitiu tese a respeito da matéria disciplinada
nesse dispositivo legal. Incidência da Súmula nº 297 do Tribunal Superior
do Trabalho.

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Quanto à divergência jurisprudencial alegada,
constata-se que os arestos transcritos no apelo não se prestam a
demonstrar o confronto de teses, porquanto não abordam situação idêntica
à definida pela decisão regional, revelando sua inespecificidade, a teor
da Súmula nº 296 do TST. O primeiro aresto (fl. 199) trata de "contratação
de serviços de vigilância", enquanto o caso em tela diz respeito à
contratação de subempreitada. O segundo aresto (fl. 200) também é
inespecífico, porque não trata da mesma hipótese dos autos
(responsabilidade subsidiária em caso de contrato de subempreitada).
Diante do exposto, nego provimento ao agravo de
instrumento.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Quarta Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, à unanimidade, negar provimento ao agravo de
instrumento.
Brasília, 4 de Junho de 2014.

Firmado por Assinatura Eletrônica (Lei nº 11.419/2006)


FERNANDO EIZO ONO
Ministro Relator

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