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1ª QUESTÃO:
Sobre o Estado regional e o Estado autonômico responda aos seguintes itens, com a
indicação de exemplos:
a) no Estado regional os poderes locais desempenham atividade constituinte derivada?
b) no Estado autonômico os poderes locais dispõem de iniciativa para a elaboração de
seus estatutos político-administrativos?
RESPOSTA:
São duas, em síntese, as formas de Estado, compreendidas essas como modo de exercício
do poder político em função do território: simples e composta.
O Estado simples é aquele que se caracteriza por uma unidade de poder sobre território,
pessoas e bens, à égide de uma única ordem jurídica e influência de governo nacional.
A hipótese de Estado simples é o denominado Estado unitário.
O Estado composto é aquele que se evidencia, ao revés, por uma associação de
coletividades políticas autônomas ou soberanas.
Constituem modalidades de Estados compostos o Estado Federal e a Confederação de
Estados. A primeira realçada pela unidade de soberania e pluralidade de autonomias e, a
segunda, por uma multiplicidade de soberanias.
Dentre os Estados unitários uns existem que são descentralizados administrativa ou
administrativa e politicamente, é dizer em menor ou maior grau. Espécie como que
intermediárias entre os Estados simples e compostos, até porque se não existem,
modernamente, Estados absolutamente descentralizado é verdadeiro que não devam
existir, também, Estados absolutamente centralizados.
Mostras desses Estados unitários descentralizados administrativa ou administrativa e
politicamente são o regional, da Itália, e o autonômicos, da Espanha.
Lavre-se acerca do expendido que, nos Estados com tais características, os poderes
intraestatais não desempenham atividade de teor constituinte.
Segundo José Luiz Quadros de Magalhães, "No Estado autonômico espanhol (...), ocorre
descentralização administrativa e legislativa ordinária, diferenciando-se este modelo do
modelo de Estado regional pela forma impar de constituição das autonomias, onde a
Constituição espanhola de 1978 permitiu que a iniciativa partisse das províncias para
constituir regiões autonômicas e que essas elaborassem seus estatutos, que para terem
validade, devem ser aprovados pelo parlamento nacional, transformando-se em lei
especial". ('Pacto Federativo', Mandamentos, Belo Horizonte, 2000, p. 16). Na
modalidade de Estado regional a iniciativa para o estabelecimento das regiões autônomas
cabe ao poder central.
É força convir que, nesses Estados, a autonomia não coincide com a dos Estados Federais,
consabidamente de índole constitucional.
2ª QUESTÃO:
Determinado Governador de Estado notoriamente evangélico envia projeto de lei, a fim
de prestar assistência religiosa nos quartéis de polícia e de bombeiro militares no Estado.
Em um dos artigos do respectivo projeto, fica determinada a exigência de cultos
evangélicos semanais, cujo ministério será exercido voluntariamente por pastores
devidamente cadastrados em uma determinada entidade evangélica.
Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, se a lei é
constitucional.
RESPOSTA:
ADI 3478, Relator(a): Min. EDSON FACHIN
1ª QUESTÃO:
Determinado Estado da Federação propõe demanda em face da União, em virtude de a ré
ter inscrito o autor em cadastro de inadimplentes, relativamente a pendências levadas a
efeito pelo INCRA e IBAMA, o que o impede de obter benefícios financeiros junto à
União.
O autor alega que a inscrição é indevida, uma vez que as pendências têm como origem
atos de governos passados, e pugna pela aplicação do princípio da intranscendência.
Ademais, o autor afirma que a inscrição se deu em decorrência de pendências
administrativas relativas a débitos já submetidos a pagamento por precatório, por
incompatibilidade com o postulado da razoabilidade.
Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, como deve ser
julgado o caso.
RESPOSTA:
RESPOSTA: AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA 3.083
RELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento: 24/08/2020; Publicação: 17/09/2020
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, julgou procedente o pedido inicial, para que sejam
afastados todos os efeitos contra o Estado do Amapá das inscrições contidas no SIAFI,
CAUC, CADIN ou em quaisquer outros cadastros desabonadores, relativamente a
pendências levadas a efeito pelo INCRA e pelo IBAMA, nos processos NUP:
02001.007334/2005-42 e NUP: 02001.007334/2005-42, confirmou a liminar
anteriormente concedida, julgando prejudicado o agravo regimental anteriormente
interposto, e condenou a União ao pagamento de honorários advocatícios, arbitrados em
R$ 5.000,00 (cinco mil reais), conforme o art. 85, § 4º, do Código de Processo Civil, nos
termos do voto do Relator. Não participou deste julgamento, por motivo de licença
médica, o Ministro Celso de Mello. Plenário, Sessão Virtual de 14.8.2020 a 21.8.2020.
Ementa: AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA. CAUC/SIAFI/CADIN. LEGITIMIDADE
PASSIVA DA UNIÃO. ATOS DE GESTÕES ANTERIORES. INTRANSCENDÊNCIA
SUBJETIVA DAS SANÇÕES. INAPLICABILIDADE. INSCRIÇÃO DO ESTADO-
MEMBRO NOS CADASTROS DESABONADORES EM DECORRÊNCIA DE
PENDÊNCIAS ADMINISTRATIVAS RELATIVAS A DÉBITOS JÁ SUBMETIDOS
A PAGAMENTO POR PRECATÓRIO. DUPLO ÔNUS IMPOSTO AO ESTADO-
MEMBRO. INCOMPATIBILIDADE COM O POSTULADO DA RAZOABILIDADE.
POSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO FEDERAL. AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA
JULGADA PROCEDENTE. I - A União é parte legítima para figurar no polo passivo das
ações em que Estado-membro impugna inscrição em cadastros federais desabonadores
e/ou de restrição de crédito. II - Inaplicabilidade do princípio da intranscendência
subjetiva das sanções para isentar pessoa jurídica de direito público das consequências
jurídicas da constatação de irregularidades relacionadas a convênio firmado em gestões
anteriores, por força da incidência do princípio da impessoalidade, que rege a
Administração Pública, nos termos do art. 37 da Lei Maior III - Descabimento da
inscrição do Estado-membro nos cadastros desabonadores em decorrência de pendências
administrativas relativas a débitos já submetidos a pagamento por precatório, por
incompatibilidade com o postulado da razoabilidade, haja vista a possibilidade de
intervenção federal que o não pagamento do precatório enseja. IV - Ação cível originária
julgada procedente.
2ª QUESTÃO:
Determinado estado da federação estabelece um plano de benefícios fiscais para
beneficiar os municípios do seu âmbito territorial, estabelecendo que qualquer
descumprimento de suas cláusulas enseja o não-repasse dos recursos de ICMS previstos
na CRFB88.
O município de Ribeirinhas, por dificuldades financeiras, descumpriu uma determinada
obrigação financeira prevista no acordo citado, vendo-se, desta forma, privado dos
repasses do ICMS previstos na CRFB88. Desta forma, recorreu judicialmente contra a
medida adotada pelo Estado de reter os repasses.
Responda fundamentadamente se agiu o pleito do município merece respaldo do
ordenamento jurídico nacional.
RESPOSTA:
STF - RE 572762 - SC - rel Min Ricardo Lewandowski
Ementa
Tema 03:
Autonomia dos entes estatais. Intervenção. Representação para intervenção
normativa e material.
1ª QUESTÃO:
Um determinado Juiz de Direito de comarca do interior apresenta ao Tribunal
requerimento de intervenção federal, com fundamento no art. 34, VI, da CRFB88, sob a
alegação de descumprimento pelo Estado de ordem judicial de reintegração de posse.
Responda, fundamentadamente:
a) se agiu corretamente o juiz ao inicializar o procedimento;
b) qual o órgão competente para a decretação da referida intervenção;
c) se o prosperam argumentos do Estado com o propósito de justificar o descumprimento
da ordem judicial, tais como, existência de procedimento administrativo de aquisição da
referida propriedade pelo Incra para fins de reforma agrária; e a consolidação da invasão,
que contaria com mais de 600 integrantes.
RESPOSTA:
IF 115 / PR, Relator(a) Ministro HERMAN BENJAMIN
Ementa
4. Ressalte-se que a questão social não mais pode servir de escudo para o descuido
no cumprimento de decisões judiciais, uma vez que, não obstante haja pedido de
intervenção do interessado em 2009, passados cerca de 9 (nove) anos após a liminar,
ainda não se tem a mínima previsibilidade de seu cumprimento. Ademais, no imóvel
discutido nos autos, a última notícia é da existência de apenas 5 (cinco) pessoas, não
obstante o dado de 6,2 mil famílias acampadas no Estado (fl. 358, e-STJ).
5. Intervenção Federal no Estado do Paraná deferida, na forma dos arts. 34, VI, e
36, II, da Constituição de 1988.
2ª QUESTÃO:
Em sede de demanda cível originária proposta por determinado Estado da Federação em
face da União, o autor visa ao reconhecimento da irregularidade da sua inscrição no
cadastro de inadimplentes, em razão da inobservância dos limites impostos com despesas
com pessoal (art. 20 da LRF) pela Assembleia Legislativa, pelo Tribunal de Contas e pelo
Ministério Público estaduais. O Autor sustenta estar impedido de receber transferências
voluntárias de recursos federais, obter garantia da União para empréstimos ou contratar
operações de crédito por conta de restrições financeiras oriundas da inscrição no referido
cadastro, o que acarreta prejuízos inestimáveis à máquina pública estadual, em detrimento
da população local. Alega ainda violação ao princípio da independência e autonomia dos
Poderes, e da programação orçamentária (arts. 2º; 165, § 7º; 166, §§ 3º, I, e 4º; e 167, §
1º, da Constituição). Requer, por fim, a procedência do pedido para que se reconheça a
irregularidade da inscrição do ente federativo em cadastro de inadimplência.
A União, em contestação, aduziu não haver violação a qualquer princípio constitucional
porque os Poderes, o Ministério Público e os demais órgãos vinculados à Administração
Direta estadual integram a estrutura da própria pessoa federativa e, como tais, devem
submeter-se às limitações impostas pela LRF. Teceu argumentos no sentido de que o ato
administrativo de inscrição do ente federativo em cadastro de inadimplentes é vinculado,
não lhe sendo legítimo deixar de praticá-lo. Defendeu, por fim, que a lei orçamentária é
documento de projeção meramente autorizativa, que não obriga o gestor federal a realizar
a despesa prevista, sobretudo se tiver natureza voluntária. Diante desses fundamentos,
requereu sejam julgados improcedentes os pedidos.
Responda, fundamentadamente, como deve ser julgada a causa.
RESPOSTA:
GABARITO:
ACO 1105 AgR-terceiro
<http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=1105
&classe=ACO-AgR-
terceiro&codigoClasse=0&origem=JUR&recurso=0&tipoJulgamento=M> / SE -
SERGIPE
TERCEIRO AG.REG. NA AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA
Relator(a): Min. EDSON FACHIN
Julgamento: 01/09/2017 Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação
ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-206 DIVULG 11-09-2017 PUBLIC 12-09-2017
Parte(s)
AGTE.(S) : UNIÃO
ADV.(A/S) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO
AGDO.(A/S) : ESTADO DE SERGIPE
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE SERGIPE
Ementa
AGRAVO REGIMENTAL EM AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA. DIREITO
ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO. INSCRIÇÃO DE ESTADO-MEMBRO NO
SIAFI. CADASTRO FEDERAL DE INADIMPLENTES. NECESSIDADE DE
PRÉVIA INSTAURAÇÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO. DEVIDO
PROCESSO LEGAL. APLICAÇÃO DA INSTRANSCENDÊNCIA SUBJETIVA
DAS SANÇÕES FINANCEIRAS. PODERES DISTINTOS.
AUTONOMIAFINANCEIRA. 1. É aplicável o princípio da intranscendência
subjetiva das sanções financeiras em matéria de limites setoriais de gastos com
pessoal aos Poderes com autonomia financeira, a despeito da personalidade jurídica
una do ente federativo, pois o Poder Executivo não dispõe de meios para ingerir na
execução orçamentária dos demais órgãos autônomos. Precedentes. 2. A
jurisprudência do STF entende pela caracterização de violação ao devido processo
legal, quando não há a instauração prévia de processo administrativo antes da
inclusão no cadastro de inadimplentes federal, tendo em vista que a restrição ao
crédito público representa gravame ao patrimônio do ente público subnacional,
portanto passível de sindicabilidade judicial. 3. Agravo regimental a que se nega
provimento.
Tema 04:
União. Distrito Federal e Territórios Federais. Competências. Relações
internacionais.
1ª QUESTÃO:
Diante dos suposto abusos praticados pelas operadoras de telefonia em ligar de forma
insistente para os usuários oferecendo-lhes produtos, determinado Deputado Estadual
apresenta projeto de lei que fora posteriormente sancionada pelo Governador, no sentido
de as companhias operadoras de serviço de telefonia fixa e telefonia móvel constituirem
e manter um cadastro especial de assinantes que se manifestarem interessados em receber
ofertas de produtos e serviços, a ser disponibilizado às empresas prestadoras do serviço
de "telemarketing".
Analise, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) dias, a constitucionalidade da
lei.
RESPOSTA:
RESPOSTA: <javascript:void(0);>
ADI 3959
<http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=3959
&classe=ADI&codigoClasse=0&origem=JUR&recurso=0&tipoJulgamento=M> /
SP, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO
Julgamento: 20/04/2016 Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-094 DIVULG 10-05-2016 PUBLIC 11-05-2016
Ementa: Processo legislativo. Ação Direta de Inconstitucionalidade. Lei estadual
que cria obrigações para empresas prestadoras do serviço de telecomunicações.
Inconstitucionalidade. 1. A Lei nº 12.239/2006, do Estado de São Paulo, obriga as
companhias operadoras de telefonia fixa e móvel a constituírem cadastro especial de
assinantes do serviço interessados no sistema de venda por meio de telemarketing.
2. Compete à União Federal legislar privativamente sobre o serviço de
telecomunicações (CF, art. 22, IV), bem como a sua exploração (CF, art. 21, XI, CF).
Exercício abusivo da competência legislativa estadual. 3. Procedência da ação direta.
Publicação
PROCESSO ELETRÔNICO
DECISÃO
Art. 1º-A – Fica estabelecido que os telefonemas para oferta de produtos e serviços
aos que não constarem na lista de privacidade telefônica devem ser realizados
exclusivamente de segunda a sexta-feira, das 8h (oito horas) às 18h (dezoito horas),
sendo vedada qualquer ligação de telemarketing aos sábados, domingos e feriados
em qualquer horário. (Incluído pela Lei nº 7.853/2018)
Art. 1º-B – Em qualquer caso, a oferta de produtos e serviços somente poderá ser
efetuada mediante a utilização pela empresa de número telefônico que possa ser
identificado pelo consumidor, sendo vedado a utilização de número privativo,
devendo ainda identificar a empresa logo no início da chamada. (Incluído pela Lei
nº 7.853/2018)
4. Publiquem.
Relator
2ª QUESTÃO:
Determinado consumidor propõe demanda em face da sociedade que lhe vendeu um
automóvel zero quilômetro, em que requer a condenação da ré a lhe fornecer veículo
reserva, já que seu veículo ficará inutilizado por mais de um mês aguardando a reposição
de peças para um reparo.
O autor fundamenta seu pedido em lei estadual que impõe às montadoras, concessionárias
e importadoras de veículos a obrigação de fornecer veículo reserva a clientes cujo
automóvel fique inabilitado por mais de quinze dias por falta de peças originais ou por
impossibilidade de realização do serviço, durante o período de garantia contratual.
Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, como deve ser julgada
a causa.
RESPOSTA:
RESPOSTA:
DIREITO CONSTITUCIONAL - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
ADI: lei estadual e fornecimento de veículo reserva no período de garantia contratual
É inconstitucional lei estadual que impõe às montadoras, concessionárias e importadoras
de veículos a obrigação de fornecer veículo reserva a clientes cujo automóvel fique
inabilitado por mais de quinze dias por falta de peças originais ou por impossibilidade de
realização do serviço, durante o período de garantia contratual.
Com esse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou procedente pedido formulado em
ação direta e declarou a inconstitucionalidade da Lei pernambucana 15.304/2014, em sua
integralidade.
Prevaleceu o voto do ministro Roberto Barroso (relator), exclusivamente, pela existência
de vício formal de competência. A seu ver, há inconstitucionalidade orgânica na lei
pernambucana, por extrapolar competência concorrente para legislar sobre matéria de
consumo. Da interpretação sistemática da Constituição Federal, extraem-se balizas
impostas ao legislador estadual para a elaboração de normas consumeristas.
O ministro Ricardo Lewandowski acompanhou o entendimento pela
inconstitucionalidade formal e salientou que o Estado-membro estaria legislando em
matéria de Direito Civil, ou seja, contratual, e invadindo a esfera privativa da União.
Além do vício formal de extrapolação de competência concorrente, o relator considerou
existir violação aos princípios da isonomia, da livre iniciativa e da livre concorrência.
Vencido o ministro Marco Aurélio, que reputou ser improcedente o pleito formulado, por
tratar-se de defesa do consumidor. Para ele, é ínsito ao ajuste, presente a garantia em certo
período, colocar carro reserva à disposição do proprietário do veículo adquirido, se o
reparo - defeito de fábrica - exceder período superior a quinze dias.
ADI 5158/PE, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 6.12.2018. (ADI-5158)
Tema 05:
Os Estados-membros. Organização e competências.
1ª QUESTÃO:
Levando em consideração a divulgação de pesquisas de Agência da Organização das
Nações Unidas, em que constatou que o produto agrícola "X", proveniente de países da
Europa, quando não devidamente acondicionado, produz uma substância capaz de gerar
danos à saúde dos consumidores, o Governador do Estado sancionou um projeto de lei
que cria restrições à comercialização, à estocagem e ao trânsito do produto agrícola citado
e congêneres, quando provenientes de outros países do mundo.
Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, se a lei é
constitucional.
RESPOSTA:
RESPOSTA:
ADI N. 3.813-RS, RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI
EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. Lei estadual (RS) nº 12.427/2006.
Restrições ao comércio de produtos agrícolas importados no Estado. Competência
privativa da União para legislar sobre comércio exterior e interestadual (CF, art. 22, inciso
VIII).
1. É formalmente inconstitucional a lei estadual que cria restrições à comercialização, à
estocagem e ao trânsito de produtos agrícolas importados no Estado, ainda que tenha por
objetivo a proteção da saúde dos consumidores diante do possível uso indevido de
agrotóxicos por outros países. A matéria é predominantemente de comércio exterior e
interestadual, sendo, portanto, de competência privativa da União (CF, art. 22, inciso
VIII).
2. É firme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido da
inconstitucionalidade das leis estaduais que constituam entraves ao ingresso de produtos
nos Estados da Federação ou a sua saída deles, provenham esses do exterior ou não (cf.
ADI nº 280, Rel. Min. Francisco Rezek, DJ de 17/6/94; e ADI nº 3.035, Rel. Min. Gilmar
Mendes, DJ de 14/10/05).
3. Ação direta julgada procedente.
...
2ª QUESTÃO:
Determinada municipalidade insurge-se contra lei estadual que cria Região
metropolitana, a ser administrada pelo Estado, na qualidade de órgão executivo, e que
será assistido por um Conselho Deliberativo constituído por 13 (treze) membros, cujos
nomes serão submetidos à Assembléia Legislativa e nomeados pelo Governador, com
mandato de dois anos, sendo: I - dois representantes da Capital do Estado, indicados pelo
Prefeito para a Região Metropolitana; II - quatro representantes dos Municípios que
compõem a Região Metropolitana, indicados em lista sêxtupla pelos demais Prefeitos da
Região; III - dois representantes da Assembléia Legislativa, por ela indicados em lista
quádrupla; IV - um representante da sociedade civil indicado por Decreto do Governador
do Estado; V - um representante de entidades comunitárias indicado por Decreto do
Governador do Estado; VI - dois representantes do Poder Executivo, indicados pelo
Governador do Estado, preferencialmente dentre os Secretários de Estado com
atribuições inerentes ao tema. VII - um Vereador representante das Câmaras Municipais,
componentes da Região Metropolitana, eleito pela maioria das Câmaras. A lei determina
ainda que a presidência e a vice-presidência do Conselho Deliberativo serão exercidas
por dois dos seus membros, escolhidos por processo de votação direta entre os membros
indicados pelos órgãos e autoridades estaduais, bem como que as decisões do Conselho
Deliberativo serão tomadas sempre por maioria simples, condicionada sua execução à
ratificação pelo Governador do Estado.
Alega a municipalidade que a disposição do Conselho menospreza os municípios, motivo
pelo qual viola normas da CRFB88.
Instado a se manifestar, o Governador do Estado sustenta não haver inconstitucionalidade
material nos dispositivos impugnados, pois a partir do reconhecimento do "fenômeno
urbano e social da aglomeração", por lei complementar estadual como exige a Carta da
República, cabe ao Estado não só a execução dos serviços de interesse dos agrupamentos
urbanos que de alguma forma extrapolem o Município isoladamente, mas também o seu
planejamento, inexistindo, por isso mesmo, usurpação de competência municipal.
Acresce o Chefe do Executivo que a possibilidade constitucional de unificação das
atividades de organização, planejamento e execução dessas funções públicas revela o
objetivo racional de promover, segundo critérios de boa técnica e economicidade,
tratamento agregado e uniforme de questões e problemas comuns, de interesse regional e
não local, cuja titularidade é do Estado-Membro.
Responda, fundamentadamente, se a lei citada respeitou os ditames previstos no
ordenamento jurídico brasileiro.
RESPOSTA:
RESPOSTA:
ADI 1842
<http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=1842&class
e=ADI&codigoClasse=0&origem=JUR&recurso=0&tipoJulgamento=M> / RJ - RIO
DE JANEIRO
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
Relator(a): Min. LUIZ FUX
Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES
Julgamento: 06/03/2013 Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação
DJe-181 DIVULG 13-09-2013 PUBLIC 16-09-2013
EMENT VOL-02701-01 PP-00001
Ação direta de inconstitucionalidade. Instituição de região metropolitana e competência
para saneamento básico. Ação direta de inconstitucionalidade contra Lei Complementar
n. 87/1997, Lei n. 2.869/1997 e Decreto n. 24.631/1998, todos do Estado do Rio de
Janeiro, que instituem a Região Metropolitana do Rio de Janeiro e a Microrregião dos
Lagos e transferem a titularidade do poder concedente para prestação de serviços públicos
de interesse metropolitano ao Estado do Rio de Janeiro. 2. Preliminares de inépcia da
inicial e prejuízo. Rejeitada a preliminar de inépcia da inicial e acolhido parcialmente o
prejuízo em relação aos arts. 1º, caput e § 1º; 2º, caput; 4º, caput e incisos I a VII; 11,
caput e incisos I a VI; e 12 da LC 87/1997/RJ, porquanto alterados substancialmente. 3.
Autonomia municipal e integração metropolitana. A Constituição Federal conferiu ênfase
à autonomia municipal ao mencionar os municípios como integrantes do sistema
federativo (art. 1º da CF/1988) e ao fixá-la junto com os estados e o Distrito Federal (art.
18 da CF/1988). A essência da autonomia municipal contém primordialmente (i)
autoadministração, que implica capacidade decisória quanto aos interesses locais, sem
delegação ou aprovação hierárquica; e (ii) autogoverno, que determina a eleição do chefe
do Poder Executivo e dos representantes no Legislativo. O interesse comum e a
compulsoriedade da integração metropolitana não são incompatíveis com a autonomia
municipal. O mencionado interesse comum não é comum apenas aos municípios
envolvidos, mas ao Estado e aos municípios do agrupamento urbano. O caráter
compulsório da participação deles em regiões metropolitanas, microrregiões e
aglomerações urbanas já foi acolhido pelo Pleno do STF (ADI 1841/RJ, Rel. Min. Carlos
Velloso, DJ 20.9.2002; ADI 796/ES, Rel. Min. Néri da Silveira, DJ 17.12.1999). O
interesse comum inclui funções públicas e serviços que atendam a mais de um município,
assim como os que, restritos ao território de um deles, sejam de algum modo dependentes,
concorrentes, confluentes ou integrados de funções públicas, bem como serviços
supramunicipais. 4. Aglomerações urbanas e saneamento básico. O art. 23, IX, da
Constituição Federal conferiu competência comum à União, aos estados e aos municípios
para promover a melhoria das condições de saneamento básico. Nada obstante a
competência municipal do poder concedente do serviço público de saneamento básico, o
alto custo e o monopólio natural do serviço, além da existência de várias etapas - como
captação, tratamento, adução, reserva,distribuição de água e o recolhimento, condução e
disposição final de esgoto - que comumente ultrapassam os limites territoriais de um
município, indicam a existência de interesse comum do serviço de saneamento básico. A
função pública do saneamento básico frequentemente extrapola o interesse local e passa
a ter natureza de interesse comum no caso de instituição de regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas e microrregiões, nos termos do art. 25, § 3º, da Constituição
Federal. Para o adequado atendimento do interesse comum, a integração municipal do
serviço de saneamento básico pode ocorrer tanto voluntariamente, por meio de gestão
associada, empregando convênios de cooperação ou consórcios públicos, consoante o
arts. 3º, II, e 24 da Lei Federal 11.445/2007 e o art. 241 da Constituição Federal, como
compulsoriamente, nos termos em que prevista na lei complementar estadual que institui
as aglomerações urbanas. A instituição de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas
ou microrregiões pode vincular a participação de municípios limítrofes, com o objetivo
de executar e planejar a função pública do saneamento básico, seja para atender
adequadamente às exigências de higiene e saúde pública, seja para dar viabilidade
econômica e técnica aos municípios menos favorecidos. Repita-se que este caráter
compulsório da integração metropolitana não esvazia a autonomia municipal. 5.
Inconstitucionalidade da transferência ao estado-membro do poder concedente de funções
e serviços públicos de interesse comum. O estabelecimento de região metropolitana não
significa simples transferência de competências para o estado. O interesse comum é muito
mais que a soma de cada interesse local envolvido, pois a má condução da função de
saneamento básico por apenas um município pode colocar em risco todo o esforço do
conjunto, além das consequências para a saúde pública de toda a região. O parâmetro para
aferição da constitucionalidade reside no respeito à divisão de responsabilidades entre
municípios e estado. É necessário evitar que o poder decisório e o poder concedente se
concentrem nas mãos de um único ente para preservação do autogoverno e da
autoadministração dos municípios. Reconhecimento do poder concedente e da
titularidade do serviço ao colegiado formado pelos municípios e pelo estado federado. A
participação dos entes nesse colegiado não necessita de ser paritária, desde que apta a
prevenir a concentração do poder decisório no âmbito de um único ente. A participação
de cada Município e do Estado deve ser estipulada em cada região metropolitana de
acordo com suas particularidades, sem que se permita que um ente tenha predomínio
absoluto. Ação julgada parcialmente procedente para declarar a inconstitucionalidade
daexpressão "a ser submetido à Assembleia Legislativa" constante do art. 5º, I; e do § 2º
do art. 4º; do parágrafo único do art. 5º; dos incisos I, II, IV e V do art. 6º; do art. 7º; do
art. 10; e do § 2º do art. 11 da Lei Complementar n. 87/1997 do Estado do Rio de Janeiro,
bem como dos arts. 11 a 21 da Lei n. 2.869/1997 do Estado do Rio de Janeiro. 6.
Modulação de efeitos da declaração de inconstitucionalidade. Em razão da necessidade
de continuidade da prestação da função de saneamento básico, há excepcional interesse
social para vigência excepcional das leis impugnadas, nos termos do art. 27 da Lei n.
9868/1998, pelo prazo de 24 meses, a contar da data de conclusão do julgamento, lapso
temporal razoável dentro do qual o legislador estadual deverá reapreciar o tema,
constituindo modelo de prestação de saneamento básico nas áreas de integração
metropolitana, dirigido por órgão colegiado com participação dos municípios pertinentes
e do próprio Estado do Rio de Janeiro, sem que haja concentração do poder decisório nas
mãos de qualquer ente.
Ementa
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTS. 10 E 21 DA
LEI N. 13.089/2015 (ESTATUTO DA METRÓPOLE). REVOGAÇÃO DO ART. 21
PELA LEI N. 13.683/2018. PERDA SUPERVENIENTE DO OBJETO.
COMPETÊNCIA DA UNIÃO PARA ESTABELECER DIRETRIZES GERAIS DE
DESENVOLVIMENTO URBANO E EDITAR NORMAS GERAIS SOBRE DIREITO
URBANÍSTICO. COMPETÊNCIA DOS ESTADOS PARA INSTITUIR REGIÕES
METROPOLITANAS. CONSTITUCIONALIDADE DA EXIGÊNCIA DE PLANO DE
DESENVOLVIMENTO URBANO INTEGRADO ELABORADO POR
REPRESENTANTES DO ESTADO, DOS MUNICÍPIOS E DA SOCIEDADE CIVIL.
FEDERALISMO COOPERATIVO. AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA PREJUDICADA EM PARTE E, NO MAIS,
IMPROCEDENTE
Tema 06:
Municípios. Origem. Competências. Organização.
1ª QUESTÃO:
O Procurador-Geral da República propõe a devida ação direta de inconstitucionalidade
em que visa à declaração de inconstitucionalidade de determinada Lei Estadual
promulgada em 2010, cujas normas têm como objeto a criação de determinado Município
- a partir de desmembramento de área territorial da Capital do Estado -, a fixação dos seus
limites, bem como a informação acerca dos Distritos que integrarão a municipalidade
criada.
O Governo do Estado apresentou informações nas quais aduz que houve a realização de
plebiscito para a oitiva da população da Capital, da qual o município criado é distrito,
com resultado favorável ao seu desmembramento da Capital e sua transformação em
município, e pugna pela improcedência da ação.
A Assembleia Legislativa do Estado manifestou-se também pela improcedência da ação.
Alega que a criação do município se deu após o cumprimento de todos os requisitos
legais, quais sejam, consulta plebiscitária, por meio do Tribunal Regional Eleitoral, e
estudo de viabilidade municipal. No entanto, informa que a distância entre a comunidade
do município criado e a sede da Capital faz com que os serviços de saúde, educação e
segurança sejam prestados de forma precária.
Responda, fundamentadamente, com base no ordenamento jurídico vigente, como deve
ser julgada a demanda.
RESPOSTA:
ADI 4992
<http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=4992
&classe=ADI&codigoClasse=0&origem=JUR&recurso=0&tipoJulgamento=M> /
RO - RONDÔNIA
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
Relator(a): Min. GILMAR MENDES
Julgamento: 11/09/2014 Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação
PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-223 DIVULG 12-11-2014 PUBLIC 13-11-2014
Parte(s)
REQTE.(S) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
INTDO.(A/S) : GOVERNADOR DO ESTADO DE RONDÔNIA
ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS
INTDO.(A/S) : ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE RONDÔNIA
ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS
Ementa
Ação Direta de Inconstitucionalidade. 2. Lei 2.264/2010, do Estado de Rondônia, que
dispõe sobre a criação do Município de Extrema de Rondônia, a partir de
desmembramento de área territorial do Município de Porto Velho, fixa os seus
limites, bem como informa os Distritos que integrarão a municipalidade criada. 3.
Autorização, pelo Tribunal Superior Eleitoral, apenas para realização de consulta
plebiscitária. 4. Violação ao art. 18, § 4º, da Constituição Federal. Inexistência de
Lei Complementar Federal. Impossibilidade de criação, fusão, incorporação ou
desmembramento de novos municípios antes do advento dessa legislação.
Precedentes. 5. A Emenda Constitucional nº 57/2008 não socorre a lei impugnada,
editada no ano de 2010. 6. Medida cautelar confirmada. 7. Ação Direta de
Inconstitucionalidade julgada procedente.
2ª QUESTÃO:
A fim de beneficiar os empresários da capital fluminense, o prefeito envia projeto de lei
que exige que os veículos utilizados para atender contratos estabelecidos com a
Administração Municipal Direta e Indireta devem, obrigatoriamente, ter seus respectivos
Certificados de Registro de Veículos expedidos no Município do Rio de Janeiro.
RESPOSTA:
RE 668810 AgR / São Paulo, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI
Julgamento: 30/06/2017 Órgão Julgador: Segunda Turma
Publicação
ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-176 DIVULG 09-08-2017 PUBLIC 10-08-2017
Parte(s)
Tema 07:
Federalismo cooperativo. Direitos humanos e Federação. Direitos sociais e regime
federativo.
1ª QUESTÃO:
FULANO propõe demanda em face do Município em que visa ao fornecimento de cadeira
de rodas para sua locomoção diária, uma vez que não dispõe de recursos financeiros para
adquiri-la. Em sua defesa, o município requer extinção do feito por não ser parte legítima
na demanda, uma vez que o art. 196 da CRFB88 determina ser essa obrigação do Estado,
não cabendo a qualquer outro ente da federação a responsabilidade pela pretensão do
autor.
Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, como deve ser julgada
o pedido.
RESPOSTA:
RESPOSTA:
0403827-92.2013.8.19.0001
<http://www4.tjrj.jus.br/ejud/ConsultaProcesso.aspx?N=2016.001.46592> -
APELAÇÃO, Des(a). MÔNICA MARIA COSTA DI PIERO - Julgamento: 08/02/2017
- OITAVA CÂMARA CÍVEL
APELAÇÃO CÍVEL. OBRIGAÇÃO DE FAZER. FORNECIMENTO DE APARELHO.
CADEIRA DE RODA. DIREITO À SAÚDE. SOLIDARIEDADE DOS ENTES DA
FEDERAÇÃO. REDUÇÃO DO VALOR FIXADO PARA OS HONORÁRIOS
ADVOCATICIOS. 1. Ação objetivando o autor o fornecimento de cadeira de rodas
motorizada. Sentença de procedência do pedido autoral que foi alvo do apelo do
município réu. 2. Não merece guarida preliminar suscitada pelo município réu de falta
de interesse de agir, já que o Princípio da Inafastabilidade do Controle Jurisdicional,
esculpido no artigo 5º, XXXV da Constituição Federal de 1988, só pode ser excepcionado
em casos previstos legalmente ou pela própria Carta Política, o que não é o caso. 3. O
direito à saúde é garantido pela Constituição da República. Prestação do serviço de saúde
é um direito genérico de todos e obrigação do Estado, conforme disposto no artigo 196,
da CRFB. 4. O caráter meramente programático não impede a aplicação imediata da regra
ínsita no art.196, da CRFB/88, diante do cunho cogente e vinculante das normas
constitucionais que veiculam diretrizes de política pública destinadas a todos os entes
políticos. Direito assegurado também através das Leis 8080/90 e 9313/96. 5. A
Constituição Federal, no seu artigo 23, II, dispõe ser da competência comum da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios o ato de cuidar da saúde e assistência
pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência. Matéria sumulada
no verbete 65 do Tribunal de Justiça. 6. A existência de alternativas terapêuticas ofertadas
pela rede pública não se presta a eximir o ente público de fornecer os medicamentos e
insumos necessários ao restabelecimento da saúde do autor, na forma prescrita pelo
médico que o assiste e de sua confiança, não cabendo ao Poder Judiciário imiscuir-se em
questões atinentes ao exercício da medicina. 7. A ausência de dotação orçamentária não
pode servir de empecilho jurídico para a propositura de demanda que visa a assegurar o
fornecimento de medicamentos, por se tratar de direito fundamental, notadamente quando
a alegação vem desacompanhada de prova objetiva da incapacidade financeira do ente
estatal. Enunciado sumulado nº 241, do TJERJ. 8. É facultado ao Poder Público substituir
medicamentos e insumos por genéricos, de forma a tornar a prestação menos dispendiosa
ao erário público, na forma do enunciado nº 116, deste Egrégio Tribunal. 9. Esta Corte de
Justiça firmou entendimento no sentido de que a verba honorária, nas ações que versem
sobre a prestação unificada de saúde, não deve exceder ao valor correspondente a meio
salário mínimo nacional, segundo Enunciado 27, aprovado no Encontro de
Desembargadores de Câmaras Cíveis deste Tribunal. Súmula 182 desta Corte de Justiça.
Redução da verba honorária fixada na sentença que se impõe. 10. Parcial provimento ao
apelo do município
2ª QUESTÃO:
Determinado legitimado propõe ação direta de inconstitucionalidade em face do previsto
no art. 3°, VII, da Lei 13.979/2020, que dispõe sobre as medidas para enfrentamento da
emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus
responsável pelo surto de 2019.
RESPOSTA:
GABARITO: ADI 6362 / DF - Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Publicação
PROCESSO ELETRÔNICO
Decisão
Tese
1ª QUESTÃO:
João, 124º candidato aprovado para o cargo de Defensor Público do Estado X, impetra
Mandado de Segurança em face do Estado, alegado direito líquido e certo à sua
nomeação. Alega que o edital do certame previa inicialmente a oferta de 30 (trinta) vagas,
mas que o Estado nomeou 123 (cento e vinte e três) dos candidatos aprovados e que, ainda
no prazo de validade do concurso, o Defensor Público Geral anunciou a realização de um
novo certame, afirmando a existência de vagas, a necessidade de seu preenchimento e a
disponibilidade financeira. Afirma, assim, o impetrante ter sido indevidamente preterido
à nomeação.
O impetrado alega em seu prol que não há direito subjetivo à nomeação fora do número
de vagas do certame e que cabe somente à Administração, em seu insindicável juízo
discricionário, decidir em que momento deve parar de convocar aprovados no concurso
anterior e abrir outro, com o intuito de, com isso, nomear candidatos melhor preparados.
A ordem deve ser concedida? Responda, justificadamente
RESPOSTA:
RE 1036214 AgR / SP - SÃO PAULO
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO
Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO
Julgamento: 09/06/2017 Órgão Julgador: Primeira Turma
Publicação
PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-139 DIVULG 23-06-2017 PUBLIC 26-06-2017
Parte(s)
AGTE.(S) : MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
ADV.(A/S) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DO RIO
PRETO
AGDO.(A/S) : GLAUCIA MARIA BARBOSA MARTINS
ADV.(A/S) : LEANDRO ALVES PESSOA
Ementa
EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO EM RECURSO
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. CONCURSO. SÚMULA 279/STF.
PRECEDENTE. 1. O acórdão recorrido está alinhado com a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal, que, ao julgar o mérito de tema com repercussão geral, RE 837.311-RG
- Tema 784, sob a relatoria do Ministro Luiz Fux, reconheceu o direito subjetivo à
nomeação do candidato aprovado em concurso público fora do número de vagas previstas
no edital, “quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade
do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada
por parte da administração”. 2. Dissentir da conclusão adotada pelo Tribunal de origem
demandaria necessariamente uma nova análise dos fatos e do material probatório
constantes dos autos o que atrai a incidência da Súmula 279/STF. 3. Nos termos do art.
85, § 11, do CPC/2015, fica majorado em 25% o valor da verba honorária fixada
anteriormente, observados os limites legais do art. 85, §§ 2º e 3º, do CPC/2015. 4. Agravo
interno a que se nega provimento, com aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4º, do
CPC/2015.
Decisão
2ª QUESTÃO:
JÚLIO DA SILVA, candidato em concurso público para ingresso na Polícia Militar, após
submeter-se ao exame de avaliação psicológica, foi eliminado do concurso, pois,
conforme consignado no laudo, o candidato apresentara características de personalidade
incompatíveis com o ofício policial, autorizando a conclusão de que "o examinando, se
colocado frente a situações altamente ansiogênicas - próprias das atividades policiais
militares - apresenta fortes possibilidades de emitir respostas inadequadas e/ou
dasadaptadas e/ou desastrosas no cumprimento das missões profissionais".
JÚLIO entende que, não sendo a Psicologia ciência exata, expondo-se a interpretações
que variam ao infinito, segundo a linha de formação do psicólogo, admitir-se caráter
eliminatório a exame psicológico é emprestar-lhe índole totalitária, avessa ao controle e,
eventualmente, comprometedora das franquias democráticas do Estado de Direito,
porquanto atribuiria valor absoluto e incontestável à opinião técnica que passa a atuar
como discrímen, com possível violação ao princípio da isonomia.
Discorra sobre a procedência das argumentações do candidato, enfocando os aspectos da
isonomia, da impessoalidade, da razoabilidade, da legalidade e da finalidade pública,
contidos no atuar da Administração Pública, bem como sobre a possibilidade de exame
de tal ato pelo Judiciário.
RESPOSTA:
TJRJ: Apelação Cível nº 2001.001.28899. Relator Des. Jessé Torres. 5ª Câmara Cível (1º
Encontro de Juízes das Varas de Fazenda Pública - Angra dos Reis - 19 a 21 de julho de
2002).
2001.001.28899 - APELACAO CIVEL; DES. JESSE TORRES - Julgamento:
05/02/2002 - QUINTA CAMARA CIVEL.
CONCURSO PARA PROVIMENTO DE CARGO PUBLICO
POLICIA MILITAR
EXAME PSICOTECNICO
EXCLUSAO DE CANDIDATO
LEGITIMIDADE
RE 1133146 RG
Julgamento: 20/09/2018
Publicação: 26/09/2018
Ementa
Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. CONCURSO
PÚBLICO. EXAME PSICOTÉCNICO COM PREVISÃO NO EDITAL E NA LEI.
AUSÊNCIA DE CRITÉRIOS OBJETIVOS DE AVALIAÇÃO NO EDITAL.
NULIDADE DO EXAME PSICOTÉCNICO. CONTROVÉRSIA QUANTO À
NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE NOVA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PARA
O PROSSEGUIMENTO NO CERTAME. PRECEDENTES DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. CONTROVÉRSIA CONSTITUCIONAL DOTADA DE
REPERCUSSÃO GERAL. REAFIRMAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO.
Tese
Tema
1009 - Realização de novo exame psicotécnico em candidato que teve o primeiro teste
anulado por ausência de objetividade dos critérios de correção estabelecidos no edital.
Tema 09:
Garantias do Poder Judiciário. Garantias e Prerrogativas da Magistratura.
Deontologia do Magistrado. Ética. Impacto econômico e social das decisões
judiciárias.
1ª QUESTÃO:
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro impetra mandado de segurança contra conduta
omissiva do Governador, consubstanciado no atraso em proceder o repasse dos
duodécimos correspondentes às dotações orçamentárias do Poder Judiciário.
Em suas informações, a autoridade apontada como coatora alega que foi tomada de
surpresa com o baixo fluxo da arrecadação, o que lhe impede de efetuar o repasse na data
devida.
Responda, fundamentadamente, se a ordem deve ser concedida.
RESPOSTA:
MS 23267 / SC, Relator(a): Min. GILMAR MENDES
Ementa
2ª QUESTÃO:
O inquérito policial que tramita em uma Delegacia Especializada do Rio de Janeiro aponta
como autor de crimes contra a administração pública um Desembargador aposentado do
Tribunal de Justiça desse estado.
O Promotor de Justiça o denuncia e o processo é distribuído à 30ª Vara Criminal, sendo
a denúncia recebida pelo juiz.
O magistrado aposentado impetra habeas corpus no Tribunal para sustentar a nulidade
do inquérito e do recebimento da denúncia, uma vez que, por ter foro por prerrogativa da
função, o Superior Tribunal de Justiça é o competente para tais atos.
Responda, fundamentadamente, se o writ merece provimento.
RESPOSTA:
INFORMATIVO Nº 495
TÍTULO
Juiz Aposentado: Vitaliciedade e Prerrogativa de Foro - 1
ARTIGO
O Tribunal iniciou julgamento de recurso extraordinário, afetado ao Pleno pela 1ª Turma,
em que se discute se o foro especial por prerrogativa de função se estende ou não àqueles
que se aposentam em cargos cujos ocupantes ostentam tal prerrogativa. Trata-se, na
espécie, de agravo de instrumento convertido em recurso extraordinário criminal
interposto, por desembargador aposentado, contra decisão da Corte Especial do STJ que
declinara de sua competência, em ação penal contra ele instaurada, ao fundamento de que,
em decorrência de sua aposentadoria, não teria direito à prerrogativa de foro pelo
encerramento definitivo da função. O ora recorrente sustenta a incidência do art. 95, I, da
CF, assegurador da vitaliciedade aos magistrados, sob a alegação de que esta somente
poderia ser afastada por sentença judicial transitada em julgado, na qual consignada a
perda do cargo. Alega, ainda, que a correta leitura do art. 105, I, a, da CF, incluiria
também os desembargadores aposentados, uma vez que interpretação diversa desse
dispositivo o colocaria em situação inusitada, pois, o submeteria, na qualidade de ex-
presidente e ex-corregedor-geral, a juiz que eventualmente tenha recebido alguma sanção
disciplinar. Por fim, pleiteia o reconhecimento da negativa de vigência aos artigos 5º,
XXXV, LIV, LV, e § 2º e 93, IX, ambos da CF e, alternativamente, requer sejam tidos
como transgredidos os artigos 94, I e 105, I, a, da CF - v. Informativo 485. RE 549560/CE,
rel. Min. Ricardo Lewandowski, 20.2.2008. (RE-549560)
INFORMATIVO Nº 585
TÍTULO
Juiz Aposentado: Vitaliciedade e Prerrogativa de Foro - 4
ARTIGO
O Tribunal retomou julgamento de recurso extraordinário, afetado ao Pleno pela 1ª
Turma, em que se discute se o foro especial por prerrogativa de função se estende, ou
não, àqueles que se aposentam em cargos cujos ocupantes ostentam tal prerrogativa.
Trata-se, na espécie, de agravo de instrumento convertido em recurso extraordinário
criminal interposto, por desembargador aposentado, contra decisão da Corte Especial do
STJ que declinara de sua competência, em ação penal contra ele instaurada, ao
fundamento de que, em decorrência de sua aposentadoria, não teria direito à prerrogativa
de foro pelo encerramento definitivo da função - v. Informativos 485 e 495. O Min. Eros
Grau, em voto-vista, deu provimento ao recurso, na linha da divergência inaugurada pelo
Min. Menezes Direito. Entendeu que, quando se trata de cargo de exercício temporário,
a exemplo dos decorrentes de mandato eletivo, a prerrogativa seria da função, razão pela
qual a prerrogativa do foro especial persistiria apenas enquanto durasse a função.
Reconheceu, que, no entanto, relativamente ao magistrado, a prerrogativa seria do cargo
e não da função. Explicou tratar-se, neste caso, de cargo vitalício, que perdura pela vida
inteira, podendo perecer unicamente em virtude de sentença judicial transitada em
julgado. Por isso, projetar-se-ia à aposentadoria. Após o voto do Min. Ayres Britto, que
acompanhava o voto do relator no sentido de negar provimento ao recurso, o julgamento
foi suspenso para aguardar a composição completa. RE 549560/CE, rel. Min. Ricardo
Lewandowski, 6.5.2010. (RE-549560)
INFORMATIVO Nº 585
TÍTULO
Juiz Aposentado: Vitaliciedade e Prerrogativa de Foro -4
ARTIGO
O Tribunal retomou julgamento de recurso extraordinário, afetado ao Pleno pela 1ª
Turma, em que se discute se o foro especial por prerrogativa de função se estende, ou
não, àqueles que se aposentam em cargos cujos ocupantes ostentam tal prerrogativa.
Trata-se, na espécie, de agravo de instrumento convertido em recurso extraordinário
criminal interposto, por desembargador aposentado, contra decisão da Corte Especial do
STJ que declinara de sua competência, em ação penal contra ele instaurada, ao
fundamento de que, em decorrência de sua aposentadoria, não teria direito à prerrogativa
de foro pelo encerramento definitivo da função - v. Informativos 485 e 495. O Min. Eros
Grau, em voto-vista, deu provimento ao recurso, na linha da divergência inaugurada pelo
Min. Menezes Direito. Entendeu que, quando se trata de cargo de exercício temporário,
a exemplo dos decorrentes de mandato eletivo, a prerrogativa seria da função, razão pela
qual a prerrogativa do foro especial persistiria apenas enquanto durasse a função.
Reconheceu, que, no entanto, relativamente ao magistrado, a prerrogativa seria do cargo
e não da função. Explicou tratar-se, neste caso, de cargo vitalício, que perdura pela vida
inteira, podendo perecer unicamente em virtude de sentença judicial transitada em
julgado. Por isso, projetar-se-ia à aposentadoria. Após o voto do Min. Ayres Britto, que
acompanhava o voto do relator no sentido de negar provimento ao recurso, o julgamento
foi suspenso para aguardar a composição completa. RE 549560/CE, rel. Min. Ricardo
Lewandowski, 6.5.2010. (RE-549560)
RE - 549560
ARTIGO
O foro especial por prerrogativa de função não se estende a magistrados aposentados.
Essa a conclusão do Plenário ao, por maioria, negar provimento a recurso extraordinário,
afetado ao Pleno pela 1ª Turma, no qual desembargador aposentado insurgia-se contra
decisão da Corte Especial do STJ, que declinara de sua competência para julgar ação
penal contra ele instaurada, pois não teria direito à referida prerrogativa pelo
encerramento definitivo da função - v. Informativos 485, 495 e 585. Aduziu-se que a
pretensão do recorrente esbarraria em orientação jurisprudencial fixada pelo Supremo no
sentido de que: a) o foro especial por prerrogativa de função teria por objetivo o resguardo
da função pública; b) o magistrado, no exercício do ofício judicante, gozaria da
prerrogativa de foro especial, garantia voltada não à pessoa do juiz, mas aos
jurisdicionados; e c) o foro especial, ante a inexistência do exercício da função, não
deveria perdurar, haja vista que a proteção dos jurisdicionados, nesse caso, não seria mais
necessária. Ressaltou-se, ainda, que o provimento vitalício seria o ato que garantiria a
permanência do servidor no cargo, aplicando-se apenas aos integrantes das fileiras ativas
da carreira pública. Consignou-se não haver se falar em parcialidade do magistrado de 1ª
instância para o julgamento do feito, porquanto a lei processual preveria o uso de exceções
capazes de afastar essa situação. Enfatizou-se, também, cuidar-se de matéria de direito
estrito que teria por destinatários aqueles que se encontrassem in officio, de modo anão
alcançar os que não mais detivessem titularidades funcionais no aparelho de Estado.
Assinalou-se, outrossim, que essa prerrogativa seria estabelecida ratione muneris e
destinar-se-ia a compor o estatuto jurídico de determinados agentes públicos enquanto
ostentassem essa particular condição funcional. RE 549560/CE, rel. Min. Ricardo
Lewandowski, 22.3.2012. (RE-549560)
INFORMATIVO Nº 659
TÍTULO
Juiz aposentado: vitaliciedade e prerrogativa de foro - 6
PROCESSO
RE - 549560
ARTIGO
Vencidos os Ministros Menezes Direito, Eros Grau, Gilmar Mendes e Cezar Peluso,
Presidente, que davam provimento ao recurso. O primeiro, na ocasião, ao salientar a
vitaliciedade do magistrado, afirmava que se este, sob qualquer situação, em qualquer
instância, exercesse atividade judicante, teria de possuir, até por princípio de
responsabilidade do sistema constitucional, a proteção que a Constituição lhe asseguraria
(CF, art. 95, I). Mencionava, ademais, dispositivo constante do Estatuto de Roma, que
aprovou o Estatuto do Tribunal Penal Internacional, integrado pela adesão brasileira e
relativo à garantia dos juízes que dele fizessem parte ("Artigo 48º... 2 - Os juízes, o
procurador, os procuradores-adjuntos e o secretário gozarão, no exercício das suas
funções ou em relação a estas, dos mesmos privilégios e imunidades reconhecidos aos
chefes das missões diplomáticas, continuando a usufruir de absoluta imunidade judicial
relativamente às suas declarações, orais ou escritas, e aos atos que pratiquem no
desempenho de funções oficiais após o termo do respectivo mandato"). O segundo, por
sua vez, reconhecia que, relativamente aos magistrados, a prerrogativa seria do cargo,
vitalício, que pereceria unicamente em virtude de sentença judicial transitada em julgado.
O terceiro afastava a assertiva de tratar-se de privilégio e destacava a importância da
manutenção da prerrogativa, tendo em conta a presunção de que órgãos com dada estatura
e formação estariam menos suscetíveis a eventuais populismos judiciais que pudessem
afetar a própria imparcialidade, a exemplo de corregedores virem a ser julgados pelos
respectivos tribunais. O Presidente adotava posição intermediária, por reconhecer a
subsistência da prerrogativa quando dissesse respeito a atos praticados no exercício da
função e em virtude desta, o que ocorreria na espécie. Alguns precedentes citados: HC
80717/SP (DJU de 5.3.2001); Inq 687 QO/SP (DJU de 9.11.2001); RE 291485/RJ (DJU
de 23.4.2003). RE 549560/CE, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 22.3.2012. (RE-549560)
RE - 549560
ARTIGO
Ao aplicar os fundamentos acima expendidos, o Plenário, em votação majoritária, negou
provimento a recurso extraordinário em que se questionava situação análoga, vencidos os
Ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Cezar Peluso, Presidente. RE 546609/DF, rel.
Min. Ricardo Lewandowski, 22.3.2012. (RE-549560)
RE 549560 / CE - CEARÁ
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento:22/03/2012 Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação
DJe-104 DIVULG 29-05-2014 PUBLIC 30-05-2014
EMENT VOL-02733-01 PP-00001
Ementa: PENAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AÇÃO PENAL. FORO POR
PRERROGATIVA DE FUNÇÃO. DESEMBARGADOR DO ESTADO DO CEARÁ.
EX-PRESIDENTE E EX-CORREGEDOR GERAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO. DESLOCAMENTO PARA O PRIMEIRO
GRAU DE JURISDIÇÃO. SÚMULAS 394 E 451 DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. INAPLICABILIDADE. PROVIMENTO VITALÍCIO. GARANTIA
CONFERIDA AOS SERVIDORES DA ATIVA PARA PERMANECEREM NO
CARGO. RECURSO IMPROVIDO. I - A vitaliciedade é garantia inerente ao exercício
do cargo pelos magistrados e tem como objetivo prover a jurisdição de independência e
imparcialidade. II - Exercem a jurisdição, tão-somente, os magistrados na atividade, não
se estendendo aos inativos o foro especial por prerrogativa de função. III - A
aposentadoria do magistrado, ainda que voluntária, transfere a competência para
processamento e julgamento de eventual ilícito penal para o primeiro grau de jurisdição.
IV - Recurso extraordinário a que se nega provimento.
Decisão
Ementa
10. No caso dos autos, como destacado pelo Ministério Público Federal, "tendo a
denúncia fatiado as condutas dos réus em três núcleos diversos, os delitos relacionados
ao ofício do Desembargador aposentado FRANCISCO PEDROSA TEIXEIRA podem
ser processados e julgados de modo independente daqueles que dizem respeito ao núcleo
da Desembargadora SÉRGIA MARIA MENDONÇA MIRANDA". Igualmente, o MPF
consignou que "estando os autos abundantemente instruídos, tendo possibilitado a
formação da convicção deste órgão acusador (opinio delicti), a partir do delineamento
preciso das condutas dos acusados, é possível o desmembramento do processo, não
obstante a conexão entre as condutas, visto que nenhum prejuízo trará à elucidação dos
fatos submetidos a esse Superior Tribunal de Justiça".
12. Declínio que só não éviável em relação àqueles que foram reunidos no grupo atinente
à Desembargadora da ativa SÉRGIA MARIA MENDONÇA MIRANDA porque, aí sim,
as supostas ações de corrompidos e corruptores não podem ser examinadas de forma
dissociada, sob pena de eventual julgamento contraditório de condutas inter-relacionadas,
tal como a Eg. Corte Especial decidiu na APn 841/DF, conexa a esta.
13. Quanto aos dois magistrados que passaram à inatividade e que, como tal, perderam a
prerrogativa de processo perante o STJ, deve ser privilegiado o juízo natural, afastando-
se o foro por prerrogativa de função, que é excepcional, de modo que o requerimento de
declínio de competência pelos fatos atinentes aos julgadores aposentados deve ser
integralmente acolhido.
14. Validade preservada de todos os atos investigatórios e processuais até aqui praticados,
inclusive das medidas cautelares, diante da conexão que se tem presente.
15. Questão de Ordem que se resolve com o desmembramento desta Ação Penal em
relação a FRANCISCO PEDROSA TEIXEIRA, MICHEL SAMPAIO COUTINHO,
JÉSSICA SIMÃO ALBUQUERQUE MELO, MAURO JÚNIOR RIOS, MARCOS
PAULO DE OLIVEIRA SÁ, EMÍLIA MARIA CASTELO LIRA, ADAILTON FREIRE,
VALDSEN DA SILVA ALVES PEREIRA e JOSÉ JOAQUIM MATEUS PEREIRA,
pelas condutas relacionadas nos tópicos III e IV ("núcleos" dos Desembargadores
FRANCISCO PEDROSA TEIXEIRA e VALDSEN DA SILVA ALVES PEREIRA) da
denúncia, mantendo-se válidos todos os atos investigatórios, processuais e as medidas
cautelares até aqui determinadas.
Tema 10:
Administração Judiciária. Organização judiciária. Custeio da atividade judicial.
1ª QUESTÃO:
Tendo em vista a elevada demanda nas varas criminais da capital, de crimes praticados
por organizações criminosas, foi promulgada lei estadual de iniciativa do Chefe do Poder
Judiciário que criou a vara especializada em delitos praticos por organizações criminosas.
Dispõe a lei que a indicação e nomeação dos magistrados que ocuparão a referida vara
será feita pelo presidente do Tribunal de Justiça, com a aprovação do Tribunal.
Analise, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, a constitucionalidade
desta lei.
RESPOSTA:
RESPOSTA:
Criação, por lei estadual, de varas especializadas em delitos praticados por organiza- ções
criminosas. (...) Os juízes integrantes de vara especializada criada por lei estadual devem
ser designados com observância dos parâmetros constitucionais de antiguidade e
merecimento previstos no art. 93, II e VIII-A, da Constituição da República, sendo
inconstitucional, em vista da necessidade de preservação da independência do julgador,
previsão normativa segundo a qual a indicação e nomeação dos magistrados que ocuparão
a referida vara será feita pelo presidente do Tribunal de Justiça, com a aprovação do
Tribunal. [ADI 4.414, rel. min. Luiz Fux, j. 31-5-2012, P, DJE de 17-6-2013.]
Julgamento: 18/10/2019;
Publicação: 07/02/2020
Ementa
precedente com eficácia erga omnes proferido pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal
no julgamento da ADI 4.414. Sustenta o reclamante: a) os magistrados que atuam na ação
penal 0334548-50.2017.8.05.0001 e demais ações conexas, que tramitam na Vara dos
Feitos Relativos a Delitos Praticados por Organização Criminosa da Comarca de
Salvador/BA, “jamais assinaram em conjunto qualquer ato decisório, não havendo sequer
comprovação de que tenha havido deliberação conjunta para fins de dar cumprimento ao
que dispõe o art. 130-B, §2, da Lei Estadual nº 13.375, de 23 de setembro de 2015”; b)
“a deliberação conjunta e a necessidade de assinatura por todos que compõem o colegiado
não é uma faculdade, mas uma imposição para que se possa garantir os fins almejados
pela criação do colegiado, masprimordialmente para se resguardar o princípio do juiz
natural e do devido processo legal”; c) “não se pode aceitar que outras decisões
teratológicas e contraditórias sejam prolatadas sob o manto da colegialidade ’fictícia’,
uma vez que resta patente que a insegurança jurídica narrada na presente peça decorre
justamente do procedimento monocrático adotado pelos juízes que compõem a Vara dos
Feitos Relativos a Delitos Praticados por Organização Criminosa da Comarca de
Salvador/BA”. Requer a procedência da reclamação a fim de cassar a decisão reclamada
e anular “todos os atos decisórios exarados nos autos da ação penal 0335448-
50.2017.8.05.0001 e nas ações conexas a esta em que seja constatada a violação do
princípio do juiz natural em razão da ausência de decisão advinda de juízo colegiado ou
de juízo monocrático único”. É o relatório. Decido. 2. A presente reclamação é incabível.
Como é cediço, o cabimento da reclamação, instituto jurídico de natureza constitucional,
deve ser aferido nos estritos limites das normas de regência, que a concebem para
preservação da competência do Tribunal e para garantia da autoridade de suas decisões
(art. 102, I, l, CF), bem como contra atos que contrariem ou indevidamente apliquem
súmulas vinculantes (art. 103-A, § 3º, da CF). Cabe ressaltar que a reclamação “não se
qualifica como sucedâneo recursal nem configura instrumento viabilizador do reexame
do conteúdo do ato reclamado, eis que tal finalidade revela-se estranha à destinação
constitucional subjacente à instituição dessa medida processual” (Rcl 4381 AgR,
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 22/06/2011). Pondero
ainda que a Corte exige, como pressuposto de cognoscibilidade, aderência estrita entre a
decisão reclamada e o paradigma invocado, sob pena de conferir-se contorno recursal à
via reclamatória, providência fortemente inadmitida por este Tribunal. Nesse sentido, por
todos, cito os seguintes precedentes: Rcl 4090 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO
BARROSO, Primeira Turma, julgado em 26/05/2017; Rcl 26269 AgR, Relator(a): Min.
GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 26/05/2017; Rcl 22039 ED, Relator(a):
Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 12/05/2017; Rcl 25688 AgR,
Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 12/05/2017 e Rcl 25156 AgR,
Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Segunda Turma, julgado em 07/03/2017. 3. No caso
em análise, alega o reclamante a não observância, por parte da Vara dos Feitos Relativos
a Delitos Praticados por Organização Criminosa da Comarca de Salvador/BA, do
precedente proferido pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI
4.414, especialmente os itens 13, 20 e 21 da ementa (grifei): DIREITO PROCESSUAL
PENAL. DIREITO CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. CRIAÇÃO, POR LEI ESTADUAL, DE VARAS
ESPECIALIZADAS EM DELITOS PRATICADOS POR ORGANIZAÇÕES
CRIMINOSAS. – PREVISÃO DE CONCEITO DE “CRIME ORGANIZADO” NO
DIPLOMA ESTADUAL. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO À COMPETÊNCIA DA
UNIÃO PARA LEGISLAR SOBRE MATÉRIA PENAL E PROCESSUAL PENAL.
ENTENDIMENTO DO EGRÉGIO PLENÁRIO PELA PROCEDÊNCIA DO PEDIDO
DE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. – INCLUSÃO DOS ATOS
CONEXOS AOS CONSIDERADOS COMO CRIME
2ª QUESTÃO:
Trata-se de Recurso Ordinário em Mandado de Segurança interposto por Carmencita
Carmo em face de acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins. A recorrente
se insurge contra ato do Governador do Tocantins, consistente na outorga da delegação
da titularidade do Tabelionato de Protesto de Títulos da Comarca de Coromandel a
candidata aprovada em concurso público, sendo que este acórdão manteve a denegação
da segurança pleiteada perante a Corte a quo.
A recorrente busca permanecer no exercício do tabelionato de protesto de títulos
assumido, em caráter precário, em acumulação com o tabelionato de registro civil de
pessoas naturais.
RESPOSTA:
Superior Tribunal de Justiça, RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE
SEGURANÇA Nº 20.866 - MG (2005/0171984-6), Rel. Min. João Otávio de Noronha,
julgado em 28/8/2007.
3. Nos termos do que dispõe o art. 26, caput e parágrafo único, da Lei n. 8.935/94, a
acumulação de serventias somente é admitida em caráter excepcional.
Acórdão
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os
Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar
provimento ao recurso
ordinário nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Castro Meira,
Humberto Martins, Herman Benjamin e Eliana Calmon votaram com o Sr. Ministro
Relator. O Dr. Daniel César Corrêa de Carvalho Lopes da Rosa sustentou oralmente pela
recorrente, Terezinha Rodrigues Pereira Machado, protestando por juntada. Presidiu o
julgamento o Sr. Ministro Castro Meira.
RMS 37937 / SC
RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA
2012/0095766-0
Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132)
Órgão Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA
Data do Julgamento
17/10/2013
Data da Publicação/Fonte
DJe 06/12/2013
Ementa
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA.
SERVIÇO NOTARIAL. IMPETRANTE NOMEADO SUBSTITUTO INTERINO DO
TITULAR DA SERVENTIA. VACÂNCIA APÓS A VIGÊNCIA DA CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA DE 1988. INVIABILIDADE DE EFETIVAÇÃO NO CARGO.
IMPETRAÇÃO QUE VISA IMPEDIR QUE A SERVENTIA SEJA
DISPONIBILIZADA PARA PREENCHIMENTO MEDIANTE CONCURSO, NOS
TERMOS DO ART. 236, § 3º, DA CF/88. DIREITO LÍQUIDO E CERTO
INEXISTENTE.
1. Cuida-se, na origem, de Mandado de Segurança por meio do qual o impetrante - oficial
designado Tabelião em caráter interino para substituir o titular em virtude de sua
aposentadoria - insurge-se contra o edital que disponibilizou o Tabelionato de
Ibirama/SC para preenchimento mediante concurso de ingresso, ato que reputa ilegal por
estar aquela serventia sub judice.
2. No caso concreto, a serventia está vaga desde a aposentadoria do seu último titular (o
que se deu na vigência da Carta de 1988), de
modo que o ato coator apenas deu cumprimento à norma constitucional expressa no art.
236, § 3º.
3. A existência deação judicial em que o impetrante busca ver reconhecido o seu direito
a efetivar-se na titularidade do Ofício Notarial de Ibirama não tem o condão de elidir o
oferecimento dessa serventia para provimento por meio de concurso público, tendo em
vista aquela pretensão estar na contramão de sedimentada jurisprudência do STJ e do
STF. Precedentes.
4. Com efeito, "é pacífico o entendimento do STJ no sentido de que, tendo ocorrido a
vacância do cargo de titular de serventia extrajudicial após a promulgação da Constituição
da República vigente, o substituto não tem direito à efetivação na titularidade como
dispunha o art. 208 da Constituição da República de 1967, uma vez que este dispositivo
não foi recepcionado pela nova ordem jurídica, que exige a realização de concurso
público para o ingresso na atividade notarial e de registro. Precedentes (...) Reforça este
entendimento o disposto no art. 4º, p. ún., alínea "b", da Resolução n. 80/2009 do
Conselho Nacional de Justiça." (AgRg no RMS 29.326/CE, Rel. Ministro Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 28/09/2009). Precedentes do STF e do STJ.
5. A publicação de edital de concurso que identifica as delegações vagas e relaciona
aquelas que estão sub judice está em plena consonância com o art. 4º, inciso II, da
Resolução 17/2010-TJ e com a decisão proferida pelo Conselho Nacional de Justiça nos
autos do Pedido de Providências 2009.1000.0010611.
6. A tese de que o caso concreto não se sujeita à incidência da Resolução 80/2009 do CNJ
não encontra guarida na jurisprudência do STJ. Precedentes. Inexistência do alegado
direito líquido e certo à conservação da serventia exercida por substituição interina do
titular e cuja controvérsia judicial busca afirmar direito já rechaçado pela jurisprudência
dos Tribunais Superiores.
7. Recurso Ordinário não provido.
0029523-68.2017.8.08.0000
Ementa
DENEGADA.
dependentes de prévio concurso de provas e títulos (art. 236, §3º, CF). 2) Nesse contexto,
encontra óbice na Carta Constitucional a efetivação de substituto, sem a prévia submissão
a concurso público, após a data da promulgação da Constituição vigente, ainda que a
vacância da serventia extrajudicial tenha se dado em momento anterior. 3) Outro não é o
entendimento do Excelso Pretório, que, ao apreciar hipótese análoga à presente, assentou
inexistir direito adquirido à efetivação em detrimento da nova ordem constitucional, vide
MS 27307. 4) O ConselhoNacional de Justiça também compartilha do entendimento de
que apenas são reputadas válidas as efetivações de titularidade anteriores à Constituição
de 1988, não havendo direito adquirido quanto àquelas ocorridas após o advento da Carta
Cidadã. 5) Desse modo, efetivado o impetrante como titular da serventia após a
promulgação da CF/88, válido o decreto que cessou os efeitos do Ato nº 788/93, conforme
determinação do CNJ, não havendo que se falar em direito adquirido como se pretende
na exordial, na medida em que, consoante o STF, não há direito adquirido à titularidade
de serventias que tenham sido efetivadas sem a observância das exigências do art. 236,
quando o ato tiver ocorrido após a vigência da CF/88. (MS 27909 AgR, Relator(a): Min.
TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 16/12/2014, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-027 DIVULG 09-02-2015 PUBLIC 10-02-2015) 6) Destarte,
escorreita a decisão emanada da Corregedoria-Geral de Justiça que determinou o
recolhimento da Receita 221 (Superavit Extrajudicial). 7) Segurança denegada.
ACORDA o Egrégio Tribunal Pleno, em conformidade da ata e notas taquigráficas da
sessão, que integram este julgado, à unanimidade de votos, denegar a segurança. Vitória,
27 de setembro de 2018.
Tema 11:
Defesa do Estado e das instituições democráticas. Estado de defesa. Estado de sítio.
1ª QUESTÃO:
O Presidente da República, diante da grave perturbação da ordem pública no Estado de
Alagoas, decretou estado de defesa, com fundamento nos artigos 84, X e 136, ambos da
Constituição Federal. Dispensando a consulta prévia ao Conselho da República e ao
Conselho de Defesa Nacional, determinou a medida de exceção pelo prazo de 60
(sessenta) dias, prorrogáveis, por uma única vez, por igual período. O Decreto ainda
determinou possibilidade de violação domiciliar durante a noite, desde que com mandado
judicial, restrições à liberdade de pensamento e de manifestação artística, bem como
suspensão da liberdade de reunião, além de possibilitar a incomunicabilidade de presos,
quando necessária à execução das medidas. O ato foi apresentado ao Congresso Nacional
em 48 (quarenta e oito) horas para que o apreciasse. Face ao exposto disserte sobre os
requisitos e as medidas determinadas pelo Decreto, analisando, cada um dos aspectos, à
luz da doutrina e da Constituição.
RESPOSTA:
O sistema constitucional das crises pode ser compreendido como o conjunto ordenado de
normas constitucionais que, informadas pelos princípios da necessidade e da
temporariedade, tem por objeto as situações de crise e por finalidade a mantença ou
restabelecimento da normalidade constitucional. O Estado de Defesa é uma medida de
emergência que deve obedecer aos requisitos determinados no art. 136, quais sejam:
consulta prévia ao Conselho da República e da Defesa Nacional; determinação no
Decreto, do tempo de sua duração, que não poderá ser superior a 30 (trinta) dias,
prorrogáveis por apenas uma vez, por igual período, se persistirem as razões que
justificaram a sua decretação. O ato ainda deverá ser apresentado ao Congresso Nacional
em 24h, para que aprecie o decreto. Na questão proposta os requisitos não foram
obedecidos. Quanto às medidas que podem ser tomadas durante a situação de exceção, o
art. 136, § 1º, I, da CF, determina que a liberdade de reunião poderá sofrer restrições, não
ser suspensa, tampouco as outras medidas tomadas têm autorização constitucional. A
incomunicabilidade do preso é também vedada na forma do art. 136, § 3º, IV. Com isso,
o estado de defesa deverá ser imediatamente cessado pelo Congresso Nacional, por não
ter atendido aos requisitos e limites constitucionais. Se não o fizer, o Juiz, em cada caso,
poderá determinar as providências na proteção dos direitos individuais.
2ª QUESTÃO:
Qual é o fundamento de validade do Sistema Constitucional das Crises, e quais são os
seus efeitos no Estado Democrático de Direito? Pode o Judiciário proceder ao controle
quanto à decretação dos estados de defesa e de sítio, bem como quanto dos atos neles
praticados pelos agentes públicos?
RESPOSTA:
De acordo com o Professor Alexandre de Moraes o "sistema constitucional das crises
consiste em um conjunto de normas constitucionais, que informadas pelos princípios da
necessidade e da temporariedade, têm por objeto as situações de crises e por finalidade a
mantença ou o restabelecimento da normalidade constitucional".
A hipótese em tela trata de medidas excepcionais que têm por fundamento legal os artigos
136 a 140 da Constituição da República Federativa do Brasil.
Em razão do sistema constitucional das crises as garantias constitucionais são
eventualmente suspensas com o fim de defesa do Estado Democrático de Direito,
observando-se o disposto no artigo 136, § 1º, da Carta Magna.
Nessa linha de posicionamento o Professor Nagib S. Filho destaca em sua obra, Direito
Constitucional, que: "Na realidade, o que se deve enfatizar não é, simplesmente, o seu
caráter de suspensão dos direitos individuais e, sim, o conteúdo de salvaguarda
constitucional do regime democrático.
Os direitos individuais são prevalecentes ainda quando em situação de poderes de crise e
a suspensão das garantias do exercício de tais direitos é, sempre, eventual, excepcional e
de aplicação restrita".
A decisão em decretar o estado de defesa está sujeita ao controle do Poder Judiciário, uma
vez que não poderá o Poder Público exorbitar de sua esfera de atribuições em atenção aos
princípios da vigência temporária e responsável de uma situação de medidas de exceção.
Transcreve-se, por derradeiro, a lição do Professor Nagib: "Há, sempre, o controle judicial
nos elementos de: 1. a competência para decretação e execução das medidas; 2. a forma
pela qual se decretou a medida e por qual se exercita a constrição; 3. a finalidade que deve
se restringir aos bens jurídicos tutelados; 4. o objeto, tanto da decisão como da execução,
que não pode extrapolar a moldura constitucional; 5. o motivo ou a causa, como prevê a
Lei Maior."
Tema: 11 - Questão: 02
Tema: 11 - Questão: 02
Tema: 11 - Questão: 02
Tema: 11 - Questão: 02
Tema: 11 - Questão: 02
Tema: 11 - Questão: 02
Tema: 11 - Questão: 02
Tema 12:
Ordem econômica. Princípios. Direitos econômicos. Função social da propriedade.
Limitações à propriedade.
1ª QUESTÃO:
Nitidamente com finalidade extrafiscal, o Ministério da Fazenda edita uma Portaria com
respaldo em lei ordinária, que altera para vinte por cento a alíquota do imposto de
importação para os produtos nela relacionados, expondo sua motivação: "os níveis
tarifários dos produtos relacionados eram inadequados ao cumprimento dos objetivos da
Tarifa Aduaneira do Brasil."
Dessa feita, alguns setores produtivos absorveram demasiadamente o impacto
econômico-financeiro sobre a produção e a comercialização de mercadorias, fazendo-os
diminuir.
E, por esse motivo, propõem demanda em que postulam a indenização da União,
imputando-lhe a responsabilidade pelos seus prejuízos.
Analisando a ordem econômica brasileira, responda, fundamentadamente, em no máximo
15 (quinze) linhas, como deve ser julgado o caso.
RESPOSTA:
REsp 1.492.832-DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, por maioria, julgado em 04/09/2018, DJe
01/10/2018
RAMO DO DIREITO
DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO TRIBUTÁRIO
TEMA
Responsabilidade civil do Estado. Imposto de importação. Alteração de alíquotas.
Indústria nacional. Impacto econômico-financeiro. Risco da atividade. Direito à
manutenção do status quo ante. Inexistência.
DESTAQUE
Não se verifica o dever do Estado de indenizar eventuais prejuízos financeiros do setor
privado decorrentes da alteração de política econômico-tributária, no caso de o ente
público não ter se comprometido, formal e previamente, por meio de determinado
planejamento específico.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
Considerando o art. 37, § 6º, da Constituição Federal e o art. 43 do Código Civil, verifica-
se que não há controvérsia sobre o dever do Estado de indenizar na hipótese de seus atos
ocasionarem prejuízos. É a responsabilidade objetiva decorrente do risco administrativo.
Todavia, a alteração de alíquotas de tributos é decisão política condicionada aos requisitos
constitucionais e a finalidade desse ato estatal é variável, conforme o interesse perseguido
pelo Estado em determinado momento. Nitidamente com finalidade extrafiscal, a Portaria
MF n. 492, de 14 de setembro de 1994, com respaldo na Lei n. 3.244/1957, alterou para
vinte por cento a alíquota do imposto de importação para os produtos nela relacionados,
expondo sua motivação: "os níveis tarifários dos produtos relacionados eram inadequados
ao cumprimento dos objetivos da Tarifa Aduaneira do Brasil". Observe-se que a
possibilidade de a União alterar a alíquota do imposto de importação, para mais ou para
menos, além de exercício regular de sua competência tributária constitucional, é de
conhecimento público desde 14/08/1957, data de publicação da lei no Diário Oficial da
União. E, especificamente, quanto à possibilidade de redução para a alíquota de 20%,
desde o DL n. 2.162/1984, publicado aos 20/09/1984. Ora, se a ninguém é dado alegar o
desconhecimento da lei, não pode o setor privado alcançado pela redução de alíquota
sustentar a quebra do princípio da confiança e, com isso, pretender indenização porque o
Estado brasileiro atuou, legitimamente, na regulação do mercado, exercendo competência
privativa sua. Em tese, somente nos casos em que o Estado se compromete, por ato
formal, a incentivar, no campo fiscal, determinado ramo do setor privado, por certo
período, é que se poderia invocar a quebra da confiança na modificação de política fiscal.
Assim, o impacto econômico-financeiro sobre a produção e a comercialização de
mercadorias pelas sociedades empresárias causado pela alteração da alíquota de tributos
decorre do risco da atividade próprio da álea econômica de cada ramo produtivo.
2ª QUESTÃO:
JOSÉ, proprietário da fazenda "PÓ DE BOM" foi surpreendido pela Operação Fazenda
Bandida da Polícia Federal que investigava o trafico internacional de drogas, que
descobriu o plantio de "cannabis sativa", matéria-prima da maconha, substância
conceituada como entorpecente pelo Ministério da Saúde.
A justiça federal, ao condená-lo, deferiu a expropriação de toda a propriedade.
O réu recorre desta parte da decisão alegando a desproporcionalidade da medida, uma vez
que, dentro de um universo de 300 (trezentos) hectares, somente em 2 (dois) deles fora
descoberto o plantio que gerou a condenação, motivo pelo qual, somente nesta pequena
parte da propriedade deveria recair a medida de expropriação.
Responda fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, como deve ser
julgado o recurso.
RESPOSTA:
RE 543974, rel. Min. Eros Grau
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL.
EXPROPRIAÇÃO. GLEBAS. CULTURAS ILEGAIS. PLANTAS PSICOTRÓPICAS.
ARTIGO 243 DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. INTERPRETAÇÃO DO DIREITO.
LINGUAGEM DO DIREITO. LINGUAGEM JURÍDICA. ARTIGO 5º, LIV DA
CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. O CHAMADO PRINCÍPIO DA
PROPORCIONALIDADE. 1. Gleba, no artigo 243 da Constituição do Brasil, só pode ser
entendida como a propriedade na qual sejam localizadas culturas ilegais de plantas
psicotrópicas. O preceito não refere áreas em que sejam cultivadas plantas psicotrópicas,
mas as glebas, no seu todo. 2. A gleba expropriada será destinada ao assentamento de
colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos. 3. A linguagem
jurídica corresponde à linguagem natural, de modo que é nesta, linguagem natural, que
se há de buscar o significado das palavras e expressões que se compõem naquela. Cada
vocábulo nela assume significado no contexto no qual inserido. O sentido de cada palavra
há de ser discernido em cada caso. No seu contexto e em face das circunstâncias do caso.
Não se pode atribuir à palavra qualquer sentido distinto do que ela tem em estado de
dicionário, ainda que não baste a consulta aos dicionários, ignorando-se o contexto no
qual ela é usada, para que esse sentido seja em cada caso discernido. A
interpretação/aplicação do direito se faz não apenas a partir de elementos colhidos do
texto normativo [mundo do dever-ser], mas também a partir de elementos do caso ao qual
será ela aplicada, isto é, a partir de dados da realidade [mundo do ser]. 4. O direito, qual
ensinou CARLOS MAXIMILIANO, deve ser interpretado "inteligentemente, não de
modo que a ordem legal envolva um absurdo, prescreva inconveniências, vá ter a
conclusões inconsistentes ou impossíveis". 5. O entendimento suf ragado no acórdão
recorrido não pode ser acolhido, conduzindo ao absurdo de expropriar-se 150 m2 de terra
rural para nesses mesmos 150 m2 assentar-se colonos, tendo em vista o cultivo de
produtos alimentícios e medicamentosos. 6. Não violação do preceito veiculado pelo
artigo 5º, LIV da Constituição do Brasil e do chamado "princípio" da proporcionalidade.
Ausência de "desvio de poder legislativo" Recurso extraordinário a que se dá provimento.
Julgamento: 23/04/2018
Publicação: 02/05/2018
Decisão
Tema 13:
Princípios orçamentários. Lei de responsabilidade fiscal. As diversas modalidades
de orçamento.
1ª QUESTÃO:
Com vistas a obter garantias diretas, indiretas e aval de outros entes e à contratação de
operações de crédito em geral, o Governo do Distrito Federal, cumprindo o procedimento
previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal, solicita à Secretaria do Tesouro Nacional do
Ministério da Fazenda autorização para realizar operação de crédito com organizações
internacionais e bancárias. A autoridade fazendária negou-lhe tal autorização, uma vez
que a Câmara Legislativa e o Tribunal de Contas do Distrito Federal teriam descumprido,
cada qual, os limites individuais a eles impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (art.
20, inciso II, "a").
Em consequência, o Distrito Federal impetra um mandado de segurança para que seja
concedida a ordem da referida autorização em face do Secretário do Tesouro Nacional.
Responda fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, se a ordem deve ser
concedida.
RESPOSTA:
STF - AC 2197 Referendo-MC/DF, rel. Min. Celso de Mello
AC 2197 REF-MC / DF - DISTRITO FEDERAL 2197 / DF - DISTRITO FEDERAL"
name=titulo fixed_bound="true" REFERENDO EM MED.CAUT. AÇÃO
CAUTELARRelator(a): Min. CELSO DE MELLOJulgamento: 13/11/2008 Órgão
Julgador: Tribunal Pleno
Publicação
DJe-213 DIVULG 12-11-2009 PUBLIC 13-11-2009
EMENT VOL-02382-01 PP-00050
Parte(s)
REQTE.(S) : DISTRITO FEDERAL
ADV.(A/S) : PGDF - SIMONE COSTA LUCINDO FERREIRA E OUTRO(A/S)
REQDO.(A/S) : UNIÃO
ADV.(A/S) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO
Ementa E M E N T A: AÇÃO CAUTELAR PREPARATÓRIA - MEDIDA LIMINAR -
RECUSA DE PRESTAÇÃO DE AVAL PELA UNIÃO FEDERAL E NEGATIVA DE
AUTORIZAÇÃO, POR PARTE DA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL
(OFÍCIO Nº 10.540/2008-COPEM/STN) - OBSTÁCULOS QUE IMPEDEM O
DISTRITO FEDERAL DE CELEBRAR OPERAÇÕES DE CRÉDITO COM
ENTIDADES DE FOMENTO E INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS INTERNACIONAIS
- RESTRIÇÕES, QUE, EMANADAS DA UNIÃO, INCIDEM SOBRE O DISTRITO
FEDERAL, POR ALEGADO DESCUMPRIMENTO, POR PARTE DE SUA CÂMARA
LEGISLATIVA E DE SEU TRIBUNAL DE CONTAS, DOS LIMITES SETORIAIS
QUE A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL IMPÕE A TAIS ÓRGÃOS
PÚBLICOS (LC Nº 101/2000, ART. 20, II, "A") - CONFLITO DE INTERESSES
ENTRE A UNIÃO E O DISTRITO FEDERAL - LITÍGIO QUE SE SUBMETE À
ESFERA DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
- HARMONIA E EQUILÍBRIO NAS RELAÇÕES INSTITUCIONAIS ENTRE O
DISTRITO FEDERAL E A UNIÃO FEDERAL - O PAPEL DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL COMO TRIBUNAL DA FEDERAÇÃO - PRETENSÃO
CAUTELAR FUNDADA NAS ALEGAÇÕES DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA
INTRANSCENDÊNCIA DAS MEDIDAS RESTRITIVAS DE DIREITOS - MEDIDA
CAUTELAR DEFERIDA - DECISÃO DO RELATOR REFERENDADA PELO
PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. O ALTO SIGNIFICADO DA LEI
DE RESPONSABILIDADE FISCAL E A QUESTÃO DE SUA APLICABILIDADE AO
DISTRITO FEDERAL: LIMITE GLOBAL E LIMITES SETORIAIS EM TEMA DE
DESPESA COM PESSOAL (CÂMARA LEGISLATIVA E TRIBUNAL DE CONTAS).
- O Poder Executivo do Distrito Federal não pode sofrer sanções nem expor-se a restrições
impostas pela União Federal em tema de celebração de operações financeiras
internacionais (recusa de prestação de aval e negativa de autorização), sob a alegação de
que o Tribunal de Contas e o Poder Legislativo locais - embora observando o índice
setorial de 3% - teriam descumprido, cada qual, os limites individuais a eles impostos
pela Lei de Responsabilidade Fiscal (art. 20, inciso II, "a"), pois o Governo do Distrito
Federal não tem competência para intervir na esfera orgânica da Câmara Legislativa e do
Tribunal de Contas, por se tratar de órgãos investidos de autonomia institucional, por
força e efeito de expressa determinação constitucional. Precedentes. - O art. 20, inciso II,
"a", da Lei de Responsabilidade Fiscal - cuja validade constitucional foi inteiramente
confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (ADI 3.756/DF) - aplica-se, de modo
plenamente legítimo, no que se refere ao índice setorial de 3% (três por cento), ao Distrito
Federal. NECESSIDADE DE OUTORGA DE PROVIMENTO CAUTELAR, NO
CASO, EM ORDEM A NÃO FRUSTRAR A REGULAR PRESTAÇÃO, NO PLANO
LOCAL, DE SERVIÇOS PÚBLICOS ESSENCIAIS. - A recusa de prestação de aval pela
União Federal e a negativa da Secretaria do Tesouro Nacional em autorizar o Distrito
Federal a celebrar operações de crédito com entidades de fomento einstituições
financeiras internacionais comprometem, de modo irreversível, a prestação, no plano
local, de serviços públicos de caráter primário, pois inviabilizam a obtenção de recursos
financeiros necessários ao desenvolvimento e ao fortalecimento de áreas sensíveis, tais
como a gestão das águas e a drenagem urbana, a preservação ambiental (proteção de
nascentes e recuperação de erosões), bem assim a execução de obras de saneamento
básico, na modalidade abastecimento de água, além do aperfeiçoamento institucional da
administração tributária do Distrito Federal, para efeito de adequado custeio dos serviços
públicos, notadamente no domínio da saúde e da educação públicas. Situação que
configura, de modo expressivo, para efeito de outorga de provimento cautelar, hipótese
caracterizadora de "periculum in mora". Precedentes.
Decisão
O Tribunal, por votação unânime, referendou, integralmente, por seus próprios
fundamentos, a decisão proferida pelo Relator.
Ausentes, porque em representação do Tribunal no exterior, o Senhor Ministro Gilmar
Mendes (Presidente), justificadamente o Senhor Ministro Eros Grau e, neste julgamento,
o Senhor Ministro Cezar Peluso (Vice-Presidente). Presidiu o julgamento o Senhor
Ministro Celso de Mello (art. 37, I do RISTF). Plenário, 13.11.2008.
Indexação
Julgamento: 24/05/2019
Publicação: 04/06/2019
Ementa
2ª QUESTÃO:
Lei Estadual que disponha sobre a promoção de Audiências Públicas Regionais com o
objetivo de colher, no âmbito da sociedade civil, propostas de investimentos públicos
prioritários a incluir no orçamento do Estado, e que contenha norma que determine o
convite de representantes dos Poderes Executivo e Judiciário para participarem do evento,
ofende ao Princípio da Separação dos Poderes?
RE 837311
<http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=83731
1&classe=RE&codigoClasse=0&origem=JUR&recurso=0&tipoJulgamento=M> /
PI - PIAUÍ
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Relator(a): Min. LUIZ FUX
Julgamento: 09/12/2015 Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação
PROCESSO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO
DJe-072 DIVULG 15-04-2016 PUBLIC 18-04-2016
Parte(s)
RECTE.(S) : ESTADO DO PIAUÍ
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO PIAUÍ
RECDO.(A/S) : EUGÊNIA NOGUEIRA DO REGO MONTEIRO VILLA E
OUTRO(A/S)
ADV.(A/S) : DANIEL MOURA MARINHO E OUTRO(A/S)
RECDO.(A/S) : ANTONIO CAETANO DE OLIVEIRA FILHO
RECDO.(A/S) : KARLA ARAÚJO DE ANDRADE LEITE
RECDO.(A/S) : CYNTHYA TEREZA SOUSA SANTOS
RECDO.(A/S) : ÁLVARO FRANCISCO CAVALCANTE MONTEIRO
ADV.(A/S) : JOÃO ESTENIO CAMPELO BEZERRA E OUTRO(A/S)
Ementa
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL E
ADMINISTRATIVO. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. TEMA 784 DO
PLENÁRIO VIRTUAL. CONTROVÉRSIA SOBRE O DIREITO SUBJETIVO À
NOMEAÇÃO DE CANDIDATOS APROVADOS ALÉM DO NÚMERO DE VAGAS
PREVISTAS NO EDITAL DE CONCURSO PÚBLICO NO CASO DE SURGIMENTO
DE NOVAS VAGAS DURANTE O PRAZO DE VALIDADE DO CERTAME. MERA
EXPECTATIVA DE DIREITO À NOMEAÇÃO. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS. IN CASU, A ABERTURA DE NOVO CONCURSO
PÚBLICO FOI ACOMPANHADA DA DEMONSTRAÇÃO INEQUÍVOCA DA
NECESSIDADE PREMENTE E INADIÁVEL DE PROVIMENTO DOS CARGOS.
INTERPRETAÇÃO DO ART. 37, IV, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE
1988. ARBÍTRIO. PRETERIÇÃO. CONVOLAÇÃO EXCEPCIONAL DA MERA
EXPECTATIVA EM DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO. PRINCÍPIOS DA
EFICIÊNCIA, BOA-FÉ, MORALIDADE, IMPESSOALIDADE E DA PROTEÇÃO DA
CONFIANÇA. FORÇA NORMATIVA DO CONCURSO PÚBLICO. INTERESSE DA
SOCIEDADE. RESPEITO À ORDEM DE APROVAÇÃO.ACÓRDÃO RECORRIDO
EM SINTONIA COM A TESE ORA DELIMITADA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO
A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. O postulado do concurso público traduz-se na
necessidade essencial de o Estado conferir efetividade a diversos princípios
constitucionais, corolários do merit system, dentre eles o de que todos são iguais perante
a lei, sem distinção de qualquer natureza (CRFB/88, art. 5º, caput). 2. O edital do concurso
com número específico de vagas, uma vez publicado, faz exsurgir um dever de nomeação
para a própria Administração e um direito à nomeação titularizado pelo candidato
aprovado dentro desse número de vagas. Precedente do Plenário: RE 598.099 - RG,
Relator Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, DJe 03-10-2011. 3. O Estado Democrático
de Direito republicano impõe à Administração Pública que exerça sua discricionariedade
entrincheirada não, apenas, pela sua avaliação unilateral a respeito da conveniência e
oportunidade de um ato, mas, sobretudo, pelos direitos fundamentais e demais normas
constitucionais em um ambiente de perene diálogo com a sociedade. 4. O Poder Judiciário
não deve atuar como "Administrador Positivo", de modo a aniquilar o espaçodecisório de
titularidade do administrador para decidir sobre o que é melhor para a Administração: se
a convocação dos últimos colocados de concurso público na validade ou a dos primeiros
aprovados em um novo concurso. Essa escolha é legítima e, ressalvadas as hipóteses de
abuso, não encontra obstáculo em qualquer preceito constitucional. 5. Consectariamente,
é cediço que a Administração Pública possui discricionariedade para, observadas as
normas constitucionais, prover as vagas da maneira que melhor convier para o interesse
da coletividade, como verbi gratia, ocorre quando, em função de razões orçamentárias, os
cargos vagos só possam ser providos em um futuro distante, ou, até mesmo, que sejam
extintos, na hipótese de restar caracterizado que não mais serão necessários. 6. A
publicação de novo edital de concurso público ou o surgimento de novas vagas durante a
validade de outro anteriormente realizado não caracteriza, por si só, a necessidade de
provimento imediato dos cargos. É que, a despeito da vacância dos cargos e da publicação
do novo edital durante a validade do concurso, podem surgir circunstâncias e legítimas
razões de interesse público que justifiquem a inocorrência da nomeação no curto prazo,
de modo a obstaculizar eventual pretensão de reconhecimento do direito subjetivo à
nomeação dos aprovados em colocação além do número de vagas. Nesse contexto, a
Administração Pública detém a prerrogativa de realizar a escolha entre a prorrogação de
um concurso público que esteja na validade ou a realização de novo certame. 7. A tese
objetiva assentada em sede desta repercussão geral é a de que o surgimento de novas
vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade
do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos
aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição
arbitrária e imotivada por parte da administração, caracterizadas por comportamento
tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de
nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de
forma cabal pelo candidato. Assim, a discricionariedade da Administração quanto à
convocação de aprovados em concurso público fica reduzida ao patamar zero
(Ermessensreduzierung auf Null), fazendo exsurgir o direito subjetivo à nomeação, verbi
gratia, nas seguintes hipóteses excepcionais: i) Quando a aprovação ocorrer dentro do
número de vagas dentro do edital (RE 598.099); ii) Quando houver preterição na
nomeação por não observância da ordem de classificação (Súmula 15 do STF); iii)
Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame
anterior, e ocorrer a preterição de candidatos aprovados fora das vagas de forma arbitrária
e imotivada por parte da administração nos termos acima. 8. In casu, reconhece-se,
excepcionalmente, o direito subjetivo à nomeação aos candidatos devidamente aprovados
no concurso público, pois houve, dentro da validade do processo seletivo e, também, logo
após expirado o referido prazo, manifestações inequívocas da Administração piauiense
acerca daexistência de vagas e, sobretudo, da necessidade de chamamento de novos
Defensores Públicos para o Estado. 9. Recurso Extraordinário a que se nega provimento.
TJMG