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Tema 01:

A organização do Estado. Estado unitário. Estado federal. Confederação.


Comunidade. Mercosul.

1ª QUESTÃO:
Sobre o Estado regional e o Estado autonômico responda aos seguintes itens, com a
indicação de exemplos:
a) no Estado regional os poderes locais desempenham atividade constituinte derivada?
b) no Estado autonômico os poderes locais dispõem de iniciativa para a elaboração de
seus estatutos político-administrativos?

RESPOSTA:
São duas, em síntese, as formas de Estado, compreendidas essas como modo de exercício
do poder político em função do território: simples e composta.
O Estado simples é aquele que se caracteriza por uma unidade de poder sobre território,
pessoas e bens, à égide de uma única ordem jurídica e influência de governo nacional.
A hipótese de Estado simples é o denominado Estado unitário.
O Estado composto é aquele que se evidencia, ao revés, por uma associação de
coletividades políticas autônomas ou soberanas.
Constituem modalidades de Estados compostos o Estado Federal e a Confederação de
Estados. A primeira realçada pela unidade de soberania e pluralidade de autonomias e, a
segunda, por uma multiplicidade de soberanias.
Dentre os Estados unitários uns existem que são descentralizados administrativa ou
administrativa e politicamente, é dizer em menor ou maior grau. Espécie como que
intermediárias entre os Estados simples e compostos, até porque se não existem,
modernamente, Estados absolutamente descentralizado é verdadeiro que não devam
existir, também, Estados absolutamente centralizados.
Mostras desses Estados unitários descentralizados administrativa ou administrativa e
politicamente são o regional, da Itália, e o autonômicos, da Espanha.
Lavre-se acerca do expendido que, nos Estados com tais características, os poderes
intraestatais não desempenham atividade de teor constituinte.
Segundo José Luiz Quadros de Magalhães, "No Estado autonômico espanhol (...), ocorre
descentralização administrativa e legislativa ordinária, diferenciando-se este modelo do
modelo de Estado regional pela forma impar de constituição das autonomias, onde a
Constituição espanhola de 1978 permitiu que a iniciativa partisse das províncias para
constituir regiões autonômicas e que essas elaborassem seus estatutos, que para terem
validade, devem ser aprovados pelo parlamento nacional, transformando-se em lei
especial". ('Pacto Federativo', Mandamentos, Belo Horizonte, 2000, p. 16). Na
modalidade de Estado regional a iniciativa para o estabelecimento das regiões autônomas
cabe ao poder central.
É força convir que, nesses Estados, a autonomia não coincide com a dos Estados Federais,
consabidamente de índole constitucional.

2ª QUESTÃO:
Determinado Governador de Estado notoriamente evangélico envia projeto de lei, a fim
de prestar assistência religiosa nos quartéis de polícia e de bombeiro militares no Estado.
Em um dos artigos do respectivo projeto, fica determinada a exigência de cultos
evangélicos semanais, cujo ministério será exercido voluntariamente por pastores
devidamente cadastrados em uma determinada entidade evangélica.
Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, se a lei é
constitucional.

RESPOSTA:
ADI 3478, Relator(a): Min. EDSON FACHIN

Órgão julgador: Tribunal Pleno

Julgamento: 20/12/2019; Publicação: 19/02/2020


Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 91, §12, DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO
DO RIO DE JANEIRO. DESIGNAÇÃO DE PASTOR EVANGÉLICO PARA ATUAR
NAS CORPORAÇÕES MILITARES DAQUELE ESTADO. OFENSA À LIBERDADE
DE RELIGIOSA. REGRA DA NEUTRALIDADE. PROCEDÊNCIA DA AÇÃO. 1. A
regra de neutralidade do Estado não se confunde com a imposição de uma visão secular,
mas consubstancia o respeito e a igual consideração que o Estado deve assegurar a todos
dentro de uma realidade multicultural. Precedentes. 2. O direito à liberdade de religião,
como expectativa normativa de um princípio da laicidade, obsta que razões religiosas
sejam utilizadas como fonte de justificação de práticas institucionais e exige de todos os
cidadãos, os que professam crenças teístas, os não teístas e os ateístas, processos
complementares de aprendizado a partir da diferença. 3. O direito dos militares à
assistência religiosa exige que o Estado abstenha-se de qualquer predileção, sob pena de
ofensa ao art. 19, I, da CRFB. Norma estadual que demonstra predileção por determinada
orientação religiosa em detrimento daquelas inerentes aos demais grupos é incompatível
com a regra constitucional de neutralidade e com o direito à liberdade de religião. 4. Ação
Direta de Inconstitucionalidade julgada procedente.
Tema 02:
Federação brasileira. Critério e técnica de partilha de competências.

1ª QUESTÃO:
Determinado Estado da Federação propõe demanda em face da União, em virtude de a ré
ter inscrito o autor em cadastro de inadimplentes, relativamente a pendências levadas a
efeito pelo INCRA e IBAMA, o que o impede de obter benefícios financeiros junto à
União.
O autor alega que a inscrição é indevida, uma vez que as pendências têm como origem
atos de governos passados, e pugna pela aplicação do princípio da intranscendência.
Ademais, o autor afirma que a inscrição se deu em decorrência de pendências
administrativas relativas a débitos já submetidos a pagamento por precatório, por
incompatibilidade com o postulado da razoabilidade.
Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, como deve ser
julgado o caso.

RESPOSTA:
RESPOSTA: AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA 3.083
RELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento: 24/08/2020; Publicação: 17/09/2020
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, julgou procedente o pedido inicial, para que sejam
afastados todos os efeitos contra o Estado do Amapá das inscrições contidas no SIAFI,
CAUC, CADIN ou em quaisquer outros cadastros desabonadores, relativamente a
pendências levadas a efeito pelo INCRA e pelo IBAMA, nos processos NUP:
02001.007334/2005-42 e NUP: 02001.007334/2005-42, confirmou a liminar
anteriormente concedida, julgando prejudicado o agravo regimental anteriormente
interposto, e condenou a União ao pagamento de honorários advocatícios, arbitrados em
R$ 5.000,00 (cinco mil reais), conforme o art. 85, § 4º, do Código de Processo Civil, nos
termos do voto do Relator. Não participou deste julgamento, por motivo de licença
médica, o Ministro Celso de Mello. Plenário, Sessão Virtual de 14.8.2020 a 21.8.2020.
Ementa: AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA. CAUC/SIAFI/CADIN. LEGITIMIDADE
PASSIVA DA UNIÃO. ATOS DE GESTÕES ANTERIORES. INTRANSCENDÊNCIA
SUBJETIVA DAS SANÇÕES. INAPLICABILIDADE. INSCRIÇÃO DO ESTADO-
MEMBRO NOS CADASTROS DESABONADORES EM DECORRÊNCIA DE
PENDÊNCIAS ADMINISTRATIVAS RELATIVAS A DÉBITOS JÁ SUBMETIDOS
A PAGAMENTO POR PRECATÓRIO. DUPLO ÔNUS IMPOSTO AO ESTADO-
MEMBRO. INCOMPATIBILIDADE COM O POSTULADO DA RAZOABILIDADE.
POSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO FEDERAL. AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA
JULGADA PROCEDENTE. I - A União é parte legítima para figurar no polo passivo das
ações em que Estado-membro impugna inscrição em cadastros federais desabonadores
e/ou de restrição de crédito. II - Inaplicabilidade do princípio da intranscendência
subjetiva das sanções para isentar pessoa jurídica de direito público das consequências
jurídicas da constatação de irregularidades relacionadas a convênio firmado em gestões
anteriores, por força da incidência do princípio da impessoalidade, que rege a
Administração Pública, nos termos do art. 37 da Lei Maior III - Descabimento da
inscrição do Estado-membro nos cadastros desabonadores em decorrência de pendências
administrativas relativas a débitos já submetidos a pagamento por precatório, por
incompatibilidade com o postulado da razoabilidade, haja vista a possibilidade de
intervenção federal que o não pagamento do precatório enseja. IV - Ação cível originária
julgada procedente.

2ª QUESTÃO:
Determinado estado da federação estabelece um plano de benefícios fiscais para
beneficiar os municípios do seu âmbito territorial, estabelecendo que qualquer
descumprimento de suas cláusulas enseja o não-repasse dos recursos de ICMS previstos
na CRFB88.
O município de Ribeirinhas, por dificuldades financeiras, descumpriu uma determinada
obrigação financeira prevista no acordo citado, vendo-se, desta forma, privado dos
repasses do ICMS previstos na CRFB88. Desta forma, recorreu judicialmente contra a
medida adotada pelo Estado de reter os repasses.
Responda fundamentadamente se agiu o pleito do município merece respaldo do
ordenamento jurídico nacional.

RESPOSTA:
STF - RE 572762 - SC - rel Min Ricardo Lewandowski

EMENTA: CONSTITUCIONAL. ICMS. REPARTIÇÃO DE RENDAS


TRIBUTÁRIAS. PRODEC. PROGRAMA DE INCENTIVO FISCAL DE SANTA
CATARINA. RETENÇÃO, PELO ESTADO, DE PARTE DA PARCELA
PERTENCENTE AOS MUNICÍPIOS. INCONSTITUCIONALIDADE. RE
DESPROVIDO. I - A parcela do imposto estadual sobre operações relativas à circulação
de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal
e de comunicação, a que se refere o art. 158, IV, da Carta Magna pertence de pleno direito
aos Municípios. II - O repasse da quota constitucionalmente devida aos Municípios não
pode sujeitar-se à condição prevista em programa de benefício fiscal de âmbito estadual.
III - Limitação que configura indevida interferência do Estado no sistema constitucional
de repartição de receitas tributárias. IV - Recurso extraordinário desprovido.

RE 1178613 AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI

Julgamento: 29/06/2020; Publicação: 06/08/2020

Ementa

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO


TRIBUTÁRIO. ICMS. PROGRAMA DE BENEFÍCIO FISCAL - FOMENTAR.
RECOLHIMENTO ADIADO. DISTRIBUIÇÃO DE RECEITA AO MUNICÍPIO.
POSTERGAÇÃO DO REPASSE. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO, COM APLICAÇÃO DE MULTA. I - Esta Corte, no julgamento do RE
572.762/SC, de minha relatoria, consolidou o entendimento de que o repasse da quota
constitucionalmente devida aos municípios não pode se sujeitar à condição prevista em
programa de benefício fiscal de âmbito estadual. II - Agravo regimental a que se nega
provimento, com aplicação de multa.

Tema 03:
Autonomia dos entes estatais. Intervenção. Representação para intervenção
normativa e material.

1ª QUESTÃO:
Um determinado Juiz de Direito de comarca do interior apresenta ao Tribunal
requerimento de intervenção federal, com fundamento no art. 34, VI, da CRFB88, sob a
alegação de descumprimento pelo Estado de ordem judicial de reintegração de posse.
Responda, fundamentadamente:
a) se agiu corretamente o juiz ao inicializar o procedimento;
b) qual o órgão competente para a decretação da referida intervenção;
c) se o prosperam argumentos do Estado com o propósito de justificar o descumprimento
da ordem judicial, tais como, existência de procedimento administrativo de aquisição da
referida propriedade pelo Incra para fins de reforma agrária; e a consolidação da invasão,
que contaria com mais de 600 integrantes.

RESPOSTA:
IF 115 / PR, Relator(a) Ministro HERMAN BENJAMIN

Órgão Julgador CE - CORTE ESPECIAL

Data do Julgamento 07/06/2017; Data da Publicação/Fonte DJe 21/06/2017

Ementa

INTERVENÇÃO FEDERAL. ESTADO DO PARANÁ. INVASÃO DE


PROPRIEDADE RURAL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE DETERMINADA
PELO PODER JUDICIÁRIO. REQUISIÇÃO DE AUXÍLIO DE FORÇA
POLICIAL. OITO ANOS DE INÉRCIA DO PODER EXECUTIVO DO ESTADO
DO PARANÁ EM CUMPRIR A DECISÃO JUDICIAL. DESOBEDIÊNCIA À
ORDEM JUDICIAL CARACTERIZADA. ART. 34, VI, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. INTERVENÇÃO DEFERIDA.

I - BREVE RESUMO DA LIDE 1. No caso concreto, o pleito tem origem na ação de


reintegração de posse 302/2008, que correu na Comarca de Pinhão/PR, em
decorrência da invasão de três indivíduos, que construíram um barraco na
"Fazenda São Miguel 2". Medida liminar de reintegração de posse foi exarada em
outubro de 2008, ocasião em que a juíza de primeiro grau oficiou à Polícia Militar
requisitando o auxílio de força policial. Embora regularmente intimados, os
invasores não desocuparam o local. Em setembro de 2009, com o descumprimento
reiterado da ordem judicial, assim como ocorreu em inúmeros outros processos da
região, a parte interessante requereu remessa de ofício ao TJPR para analisar a
viabilidade de intervenção federal. O Estado do Paraná afirmou, em agosto de 2011,
ser necessário a realização de estudos e o planejamento de uma ação cautelosa para
evitar confrontos. Defendeu inexistir omissão do Estado e relatou que os possuidores
já não mantinham vínculo com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
- MST. Consoante relatório do 16º Batalhão de Polícia Militar do Paraná, de agosto
de 2011, nas proximidades do local haviacerca de trinta famílias e que cinco pessoas
estavam na "Fazenda São Miguel 2" (fl. 88, e-STJ). Assim, a "Fazenda São Miguel
2" faz parte de um região em que há conflitos agrários sem que tenha sido oferecida
uma solução palpável, não obstante INCRA e ICMBio tenham manifestado interesse
em desapropriá-la (fls. 92, 121, e-STJ). Em fevereiro de 2012, a interessada assevera
que o caso é "mais um entre várias intervenções federais propostas [...] que o colendo
TJPR e, posteriormente, o STJ, por unanimidade, ratificaram a necessidade das
intervenções para cumprimento da ordem judicial" (fl. 117, e-STJ). Abriu-se prazo
quatro vezes para obtenção das informações (fl. 153, e-STJ). Oficiaram-se diversos
órgãos. O Batalhão da Polícia Militar mais uma vez, afirmou serem necessárias
diligências prévias e que o processo estava com superior hierárquico para análise.
Às fls. 311-322, e-STJ, o TJPR deferiu o pedido e encaminhou os autos ao STJ, onde
Estado do Paraná e INCRA tiveram mais uma oportunidade de se manifestarem e
nada apresentaram de conclusivo. Dos documentos dos autos, conclui-se que não há
mais negociação com o INCRA e que não há qualquer desapropriação em curso.

2. A intervenção federal é medida constitucional de natureza excepcional, pois


suspende, ainda que temporariamente, a autonomia dos Estados-membros. A
situação de fato é complexa, com variados enfoques e interesses a serem
considerados. Entretanto, a excessiva demora em apresentar solução não é razoável
no caso concreto. A requerente ajuizou Ação de Reintegração de Posse com pedido
de liminar em outubro de 2008, mês em que recebeu do Estado a pretensa solução
da controvérsia: uma decisão judicial, datada do mesmomês de

outubro, que lhe prometia a reintegração do imóvel ocupado. Entretanto, cerca de


9 (nove) anos após o Estado haver atendido [liminarmente] à pretensão da
requerente, não há perspectiva de cumprimento do decisum.

3. A jurisprudência da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, há mais de


20 (vinte) anos, vem sedimentando o entendimento de que a recalcitrância do
Executivo paranaense no cumprimento das decisões judiciais questiona e enfraquece
o Poder Judiciário, cujas decisões gozam de coercibilidade no intuito de promover a
paz social e viabilizar a vida em sociedade. Há inúmeros precedentes analisados,
entre outros proferidos pela Corte, todos referentes a invasões rurais no Estado do
Paraná (IFs 1, 5, 8, 13, 14, 15, 16, 19, 22, 70, 76, 79, 86, 91, 94, 97, 100, 106, 107, 109,
110 e 116).

4. Ressalte-se que a questão social não mais pode servir de escudo para o descuido
no cumprimento de decisões judiciais, uma vez que, não obstante haja pedido de
intervenção do interessado em 2009, passados cerca de 9 (nove) anos após a liminar,
ainda não se tem a mínima previsibilidade de seu cumprimento. Ademais, no imóvel
discutido nos autos, a última notícia é da existência de apenas 5 (cinco) pessoas, não
obstante o dado de 6,2 mil famílias acampadas no Estado (fl. 358, e-STJ).

5. Intervenção Federal no Estado do Paraná deferida, na forma dos arts. 34, VI, e
36, II, da Constituição de 1988.

2ª QUESTÃO:
Em sede de demanda cível originária proposta por determinado Estado da Federação em
face da União, o autor visa ao reconhecimento da irregularidade da sua inscrição no
cadastro de inadimplentes, em razão da inobservância dos limites impostos com despesas
com pessoal (art. 20 da LRF) pela Assembleia Legislativa, pelo Tribunal de Contas e pelo
Ministério Público estaduais. O Autor sustenta estar impedido de receber transferências
voluntárias de recursos federais, obter garantia da União para empréstimos ou contratar
operações de crédito por conta de restrições financeiras oriundas da inscrição no referido
cadastro, o que acarreta prejuízos inestimáveis à máquina pública estadual, em detrimento
da população local. Alega ainda violação ao princípio da independência e autonomia dos
Poderes, e da programação orçamentária (arts. 2º; 165, § 7º; 166, §§ 3º, I, e 4º; e 167, §
1º, da Constituição). Requer, por fim, a procedência do pedido para que se reconheça a
irregularidade da inscrição do ente federativo em cadastro de inadimplência.
A União, em contestação, aduziu não haver violação a qualquer princípio constitucional
porque os Poderes, o Ministério Público e os demais órgãos vinculados à Administração
Direta estadual integram a estrutura da própria pessoa federativa e, como tais, devem
submeter-se às limitações impostas pela LRF. Teceu argumentos no sentido de que o ato
administrativo de inscrição do ente federativo em cadastro de inadimplentes é vinculado,
não lhe sendo legítimo deixar de praticá-lo. Defendeu, por fim, que a lei orçamentária é
documento de projeção meramente autorizativa, que não obriga o gestor federal a realizar
a despesa prevista, sobretudo se tiver natureza voluntária. Diante desses fundamentos,
requereu sejam julgados improcedentes os pedidos.
Responda, fundamentadamente, como deve ser julgada a causa.

RESPOSTA:
GABARITO:
ACO 1105 AgR-terceiro
<http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=1105
&classe=ACO-AgR-
terceiro&codigoClasse=0&origem=JUR&recurso=0&tipoJulgamento=M> / SE -
SERGIPE
TERCEIRO AG.REG. NA AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA
Relator(a): Min. EDSON FACHIN
Julgamento: 01/09/2017 Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação
ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-206 DIVULG 11-09-2017 PUBLIC 12-09-2017
Parte(s)
AGTE.(S) : UNIÃO
ADV.(A/S) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO
AGDO.(A/S) : ESTADO DE SERGIPE
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE SERGIPE
Ementa
AGRAVO REGIMENTAL EM AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA. DIREITO
ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO. INSCRIÇÃO DE ESTADO-MEMBRO NO
SIAFI. CADASTRO FEDERAL DE INADIMPLENTES. NECESSIDADE DE
PRÉVIA INSTAURAÇÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO. DEVIDO
PROCESSO LEGAL. APLICAÇÃO DA INSTRANSCENDÊNCIA SUBJETIVA
DAS SANÇÕES FINANCEIRAS. PODERES DISTINTOS.
AUTONOMIAFINANCEIRA. 1. É aplicável o princípio da intranscendência
subjetiva das sanções financeiras em matéria de limites setoriais de gastos com
pessoal aos Poderes com autonomia financeira, a despeito da personalidade jurídica
una do ente federativo, pois o Poder Executivo não dispõe de meios para ingerir na
execução orçamentária dos demais órgãos autônomos. Precedentes. 2. A
jurisprudência do STF entende pela caracterização de violação ao devido processo
legal, quando não há a instauração prévia de processo administrativo antes da
inclusão no cadastro de inadimplentes federal, tendo em vista que a restrição ao
crédito público representa gravame ao patrimônio do ente público subnacional,
portanto passível de sindicabilidade judicial. 3. Agravo regimental a que se nega
provimento.
Tema 04:
União. Distrito Federal e Territórios Federais. Competências. Relações
internacionais.

1ª QUESTÃO:
Diante dos suposto abusos praticados pelas operadoras de telefonia em ligar de forma
insistente para os usuários oferecendo-lhes produtos, determinado Deputado Estadual
apresenta projeto de lei que fora posteriormente sancionada pelo Governador, no sentido
de as companhias operadoras de serviço de telefonia fixa e telefonia móvel constituirem
e manter um cadastro especial de assinantes que se manifestarem interessados em receber
ofertas de produtos e serviços, a ser disponibilizado às empresas prestadoras do serviço
de "telemarketing".
Analise, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) dias, a constitucionalidade da
lei.

RESPOSTA:
RESPOSTA: <javascript:void(0);>
ADI 3959
<http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=3959
&classe=ADI&codigoClasse=0&origem=JUR&recurso=0&tipoJulgamento=M> /
SP, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO
Julgamento: 20/04/2016 Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-094 DIVULG 10-05-2016 PUBLIC 11-05-2016
Ementa: Processo legislativo. Ação Direta de Inconstitucionalidade. Lei estadual
que cria obrigações para empresas prestadoras do serviço de telecomunicações.
Inconstitucionalidade. 1. A Lei nº 12.239/2006, do Estado de São Paulo, obriga as
companhias operadoras de telefonia fixa e móvel a constituírem cadastro especial de
assinantes do serviço interessados no sistema de venda por meio de telemarketing.
2. Compete à União Federal legislar privativamente sobre o serviço de
telecomunicações (CF, art. 22, IV), bem como a sua exploração (CF, art. 21, XI, CF).
Exercício abusivo da competência legislativa estadual. 3. Procedência da ação direta.

ADI 5962 / RJ -Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO


Julgamento: 14/06/2018

Publicação

PROCESSO ELETRÔNICO

DJe-122 DIVULG 19/06/2018 PUBLIC 20/06/2018

DECISÃO

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – LIMINAR – ARTIGO 12


DA LEI Nº 9.868/1999 – JULGAMENTO DEFINITIVO.

1. O assessor Dr. Eduardo Ubaldo Barbosa prestou as seguintes informações:

A Associação Brasileira de Prestadoras de Serviço Telefônico Fixo Comutado –


ABRAFIX e a Associação Nacional das Operadoras Celulares – ACEL ajuizaram
esta ação direta de inconstitucionalidade, com pedido de liminar, questionando a
compatibilidade, com a Constituição Federal, da Lei nº 4.896, de 9 de novembro de
2006, do Estado do Rio de Janeiro, com as alterações promovidas pelas Leis nº 7.853
e nº 7.885, publicadas, respectivamente, em 16 de janeiro e 5 de março de 2018. Eis
o teor do diploma impugnado:

Art. 1º – Fica assegurado o direito de privacidade aos usuários do serviço de


telefonia, no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, no que tange ao recebimento de
ofertas de comercialização de produtos ou serviços por via telefônica.

§ 1º. Para consecução do disposto no caput deste artigo, ficam as empresas


prestadoras do Serviço Telefônico Fixo Comutado e de Telefonia Móvel, que atuam
na área de abrangência em todo Estado do Rio de Janeiro, obrigadas a constituir e
a manter cadastro especial de assinantes que manifestem oposição ao recebimento,
via telefônica, de ofertas de comercialização de Produtos ou serviços.
§ 2º. As empresas que utilizam os serviços de telefonia de bens ou serviços deverão,
antes de iniciar qualquer campanha de comercialização, consultar os cadastros dos
usuários que tenham requerido privacidade, bem como se absterem de fazer ofertas
de comercialização para os usuários constantes dos mesmos.

Art. 1º-A – Fica estabelecido que os telefonemas para oferta de produtos e serviços
aos que não constarem na lista de privacidade telefônica devem ser realizados
exclusivamente de segunda a sexta-feira, das 8h (oito horas) às 18h (dezoito horas),
sendo vedada qualquer ligação de telemarketing aos sábados, domingos e feriados
em qualquer horário. (Incluído pela Lei nº 7.853/2018)

Art. 1º-B – Em qualquer caso, a oferta de produtos e serviços somente poderá ser
efetuada mediante a utilização pela empresa de número telefônico que possa ser
identificado pelo consumidor, sendo vedado a utilização de número privativo,
devendo ainda identificar a empresa logo no início da chamada. (Incluído pela Lei
nº 7.853/2018)

Art. 3º – As empresasprestadoras de serviços de telefonia têm o prazo de 90


(noventa) dias, a contar da data da publicação desta Lei, para constituir e divulgar
a existência do referido cadastro, bem como formas de inscrição.

Art. 4º – O não atendimento do previsto no art. 1º desta Lei, sujeitará o responsável


ao pagamento de multa nos termos do Código de Defesa do Consumidor. (Redação
fornecida pela Lei nº 7.885/2018)

Art. 5º – As denúncias dos usuários quanto ao descumprimento desta Lei, de forma


circunstanciada, deverão ser encaminhadas à Secretaria Estadual de Planejamento,
Desenvolvimento Econômico e Turismo e à Comissão Permanente de Indústria e
Comércio da

Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro para cumprimento desta Lei, concedendo-


se o direito de defesa às empresas denunciadas.

§ 1º. As denúncias apuradas devem ser encaminhadas aos órgãos de proteção e de


defesa do consumidor para fins de aplicação imediata da multa devida por cada
denúncia confirmada, devendo as multas serem revertidas em favor do Fundo
Especial de Apoio à Programas de Proteção e Defesa do Consumidor – FEPROCON.
(Incluído pela Lei nº 7.853/2018)
§ 2º. O consumidor poderá, ainda, apresentar denúncia direta aos órgãos de
proteção e defesa do consumidor, que deverão apurar a veracidade das denúncias
em processo administrativo próprio, respeitando-se a ampla defesa às empresas
denunciadas, decidindo pela aplicação ou não da multa no mesmo ato de apuração
da denúncia. (Incluído pela Lei nº 7.853/2018)

Ressaltam a própria legitimidade, aludindo ao artigo 103, inciso IX, da Constituição


Federal, considerada a condição de entidades de classe de âmbito nacional.
Justificam apertinência temática no fato de a Lei estadual afetar diretamente a
esfera de interesses das pessoas jurídicas congregadas, empresas prestadoras de
serviço telefônico fixo comutado e de telefonia móvel.

Apontam a inconstitucionalidade, sob o ângulo formal, da norma atacada, a versar,


consoante asseveram, serviço de telecomunicações, matéria reservada à
competência legislativa privativa da União – artigo 22, inciso IV, da Constituição
Federal. Consoante argumentam, a União tomou para si, por intermédio da Agência
Nacional de Telecomunicações – ANATEL e em conformidade com a Lei federal nº
9.472/1997 – Lei Geral de Telecomunicações –, o controle e a regulamentação do
setor de telecomunicações, não tendo delegado essas atividades aos entes da
Federação – artigo 21, inciso XI, da Constituição Federal.

Segundo afirmam, ao instituir obrigação de criação e manutenção de cadastro


especial de usuários do serviço de telefonia no âmbito do Estado do Rio de Janeiro,
o diploma estabelece, sob pena de multa pelo descumprimento, ônus não previsto
nos termos de concessão firmados pelas empresas concessionárias junto à União,
ente concedente, ante o disposto no artigo 175 da Constituição Federal. Sublinham
interferência na relação contratual que não alcança a unidade federativa. Dizem do
exercício abusivo da competência legislativa estadual, considerada a competência da
União para legislar sobre Direito Civil e Contratual – artigo 22, inciso I, da Lei
Maior.

Reportam-se a precedentes do Supremo, em especial ao decidido na ação direta de


nº 3.959, relator ministro Luís Roberto Barroso, com acórdão publicado no Diário
da Justiça de 11 de maio de 2016, oportunidade na qual oPlenário assentou, a uma
só voz, a inconstitucionalidade da Lei nº 12.239/2006 do Estado de São Paulo, a
impor obrigação às companhias operadoras de telefonia fixa e móvel no sentido da
constituição de cadastro especial de assinantes do serviço interessados no sistema de
venda por meio de telemarketing, uma vez usurpada competência legiferante
privativa da União.
Frisam violado o princípio do livre exercício da atividade econômica previsto no
parágrafo único do artigo 170 da Constituição Federal, articulando com a
inviabilidade de estabelecimento, ao arrepio de critérios racionais, de horário rígido
para o oferecimento de ofertas aos consumidores. Discorrem sobre os impactos
prejudiciais ao equilíbrio econômico-financeiro dos contratos administrativos
vigentes firmados pelas prestadoras de serviço de telecomunicações. Arguem
ignoradas as repercussões advindas do cumprimento da norma.

Sob o ângulo do risco, destacam a iminente notificação das empresas prestadoras de


serviço telefônico fixo comutado e de telefonia móvel pelos órgãos de proteção e
defesa do consumidor e a consequente aplicação da pena de multa, consideradas as
inovações legislativas reveladas pelas Leis em jogo, no que incluíram os artigos 1º-
A, 1º-B e os parágrafos 1º e 2º ao artigo 5º, bem assim forneceram nova redação ao
artigo 4º da Lei estadual nº 4.896/2006.

Requerem, liminarmente, a suspensão da eficácia do ato atacado. Postulam, alfim,


a confirmação da tutela de urgência, com a declaração de inconstitucionalidade da
Lei nº 4.896/2006 do Estado do Rio de Janeiro, com as alterações das Leis nº
7.853/2018 e nº 7.885/2018.

O processo encontra-se concluso no Gabinete.

2. A racionalidade própria ao Direito direciona nosentido de aguardar-se o


julgamento definitivo.

3. Aciono o disposto no artigo 12 da Lei nº 9.868/1999. Providenciem as informações,


a manifestação da Advocacia-Geral da União e o parecer da Procuradoria-Geral da
República.

4. Publiquem.

Brasília, 14 de junho de 2018.

Ministro MARCO AURÉLIO

Relator
2ª QUESTÃO:
Determinado consumidor propõe demanda em face da sociedade que lhe vendeu um
automóvel zero quilômetro, em que requer a condenação da ré a lhe fornecer veículo
reserva, já que seu veículo ficará inutilizado por mais de um mês aguardando a reposição
de peças para um reparo.
O autor fundamenta seu pedido em lei estadual que impõe às montadoras, concessionárias
e importadoras de veículos a obrigação de fornecer veículo reserva a clientes cujo
automóvel fique inabilitado por mais de quinze dias por falta de peças originais ou por
impossibilidade de realização do serviço, durante o período de garantia contratual.
Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, como deve ser julgada
a causa.

RESPOSTA:
RESPOSTA:
DIREITO CONSTITUCIONAL - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
ADI: lei estadual e fornecimento de veículo reserva no período de garantia contratual
É inconstitucional lei estadual que impõe às montadoras, concessionárias e importadoras
de veículos a obrigação de fornecer veículo reserva a clientes cujo automóvel fique
inabilitado por mais de quinze dias por falta de peças originais ou por impossibilidade de
realização do serviço, durante o período de garantia contratual.
Com esse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou procedente pedido formulado em
ação direta e declarou a inconstitucionalidade da Lei pernambucana 15.304/2014, em sua
integralidade.
Prevaleceu o voto do ministro Roberto Barroso (relator), exclusivamente, pela existência
de vício formal de competência. A seu ver, há inconstitucionalidade orgânica na lei
pernambucana, por extrapolar competência concorrente para legislar sobre matéria de
consumo. Da interpretação sistemática da Constituição Federal, extraem-se balizas
impostas ao legislador estadual para a elaboração de normas consumeristas.
O ministro Ricardo Lewandowski acompanhou o entendimento pela
inconstitucionalidade formal e salientou que o Estado-membro estaria legislando em
matéria de Direito Civil, ou seja, contratual, e invadindo a esfera privativa da União.
Além do vício formal de extrapolação de competência concorrente, o relator considerou
existir violação aos princípios da isonomia, da livre iniciativa e da livre concorrência.
Vencido o ministro Marco Aurélio, que reputou ser improcedente o pleito formulado, por
tratar-se de defesa do consumidor. Para ele, é ínsito ao ajuste, presente a garantia em certo
período, colocar carro reserva à disposição do proprietário do veículo adquirido, se o
reparo - defeito de fábrica - exceder período superior a quinze dias.
ADI 5158/PE, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 6.12.2018. (ADI-5158)

Tema 05:
Os Estados-membros. Organização e competências.

1ª QUESTÃO:
Levando em consideração a divulgação de pesquisas de Agência da Organização das
Nações Unidas, em que constatou que o produto agrícola "X", proveniente de países da
Europa, quando não devidamente acondicionado, produz uma substância capaz de gerar
danos à saúde dos consumidores, o Governador do Estado sancionou um projeto de lei
que cria restrições à comercialização, à estocagem e ao trânsito do produto agrícola citado
e congêneres, quando provenientes de outros países do mundo.
Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, se a lei é
constitucional.

RESPOSTA:
RESPOSTA:
ADI N. 3.813-RS, RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI
EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. Lei estadual (RS) nº 12.427/2006.
Restrições ao comércio de produtos agrícolas importados no Estado. Competência
privativa da União para legislar sobre comércio exterior e interestadual (CF, art. 22, inciso
VIII).
1. É formalmente inconstitucional a lei estadual que cria restrições à comercialização, à
estocagem e ao trânsito de produtos agrícolas importados no Estado, ainda que tenha por
objetivo a proteção da saúde dos consumidores diante do possível uso indevido de
agrotóxicos por outros países. A matéria é predominantemente de comércio exterior e
interestadual, sendo, portanto, de competência privativa da União (CF, art. 22, inciso
VIII).
2. É firme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido da
inconstitucionalidade das leis estaduais que constituam entraves ao ingresso de produtos
nos Estados da Federação ou a sua saída deles, provenham esses do exterior ou não (cf.
ADI nº 280, Rel. Min. Francisco Rezek, DJ de 17/6/94; e ADI nº 3.035, Rel. Min. Gilmar
Mendes, DJ de 14/10/05).
3. Ação direta julgada procedente.

MEDIDA CAUTELAR NA SUSPENSÃO DE TUTELA PROVISÓRIA 689

Relator(a): Min. PRESIDENTE

Decisão proferida pelo(a): Min. LUIZ FUX

Julgamento: 29/12/2020; Publicação: 11/01/2021

SUSPENSÃO DE TUTELA PROVISÓRIA. CONSTITUCIONAL. ECONÔMICO.


IMPORTAÇÃO. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. ALHO CHINÊS DO TIPO
ESPECIAL. DIREITO ANTIDUMPING. RESOLUÇÃO 80/2013 DA CÂMARA DO
COMÉRCIO EXTERIOR. ABUSO DE PODER ECONÔMICO. GARANTIA DO
DESENVOLVIMENTO NACIONAL. GRAVE LESÃO À ECONOMIA PÚBLICA.
MEDIDA LIMINAR DEFERIDA

...

A Constituição Federal estabelece que é da competência privativa da União legislar sobre


comércio exterior e atribui ao Ministério da Fazenda a sua fiscalização e o seu controle,
atribuições essas essenciais à defesa dos interesses fazendários nacionais. 2.1. Importação
de veículos usados. Vedação. Portaria DECEX nº 08/91. Legalidade. A competência do
Departamento de Comércio Exterior, órgão do Ministério da Fazenda, encontra-se
disciplinada no art. 165 do Decreto nº 99.244/90 e, dentre outras atribuições, compete-
lhe a de emitir guia de importação, de fiscalizar o comércio exterior e a elaboração de
normas necessárias à implementação da política de comércio exterior. Improcedência da
alegação de ofensa ao princípio da legalidade. 3. Princípio da isonomia.

2ª QUESTÃO:
Determinada municipalidade insurge-se contra lei estadual que cria Região
metropolitana, a ser administrada pelo Estado, na qualidade de órgão executivo, e que
será assistido por um Conselho Deliberativo constituído por 13 (treze) membros, cujos
nomes serão submetidos à Assembléia Legislativa e nomeados pelo Governador, com
mandato de dois anos, sendo: I - dois representantes da Capital do Estado, indicados pelo
Prefeito para a Região Metropolitana; II - quatro representantes dos Municípios que
compõem a Região Metropolitana, indicados em lista sêxtupla pelos demais Prefeitos da
Região; III - dois representantes da Assembléia Legislativa, por ela indicados em lista
quádrupla; IV - um representante da sociedade civil indicado por Decreto do Governador
do Estado; V - um representante de entidades comunitárias indicado por Decreto do
Governador do Estado; VI - dois representantes do Poder Executivo, indicados pelo
Governador do Estado, preferencialmente dentre os Secretários de Estado com
atribuições inerentes ao tema. VII - um Vereador representante das Câmaras Municipais,
componentes da Região Metropolitana, eleito pela maioria das Câmaras. A lei determina
ainda que a presidência e a vice-presidência do Conselho Deliberativo serão exercidas
por dois dos seus membros, escolhidos por processo de votação direta entre os membros
indicados pelos órgãos e autoridades estaduais, bem como que as decisões do Conselho
Deliberativo serão tomadas sempre por maioria simples, condicionada sua execução à
ratificação pelo Governador do Estado.
Alega a municipalidade que a disposição do Conselho menospreza os municípios, motivo
pelo qual viola normas da CRFB88.
Instado a se manifestar, o Governador do Estado sustenta não haver inconstitucionalidade
material nos dispositivos impugnados, pois a partir do reconhecimento do "fenômeno
urbano e social da aglomeração", por lei complementar estadual como exige a Carta da
República, cabe ao Estado não só a execução dos serviços de interesse dos agrupamentos
urbanos que de alguma forma extrapolem o Município isoladamente, mas também o seu
planejamento, inexistindo, por isso mesmo, usurpação de competência municipal.
Acresce o Chefe do Executivo que a possibilidade constitucional de unificação das
atividades de organização, planejamento e execução dessas funções públicas revela o
objetivo racional de promover, segundo critérios de boa técnica e economicidade,
tratamento agregado e uniforme de questões e problemas comuns, de interesse regional e
não local, cuja titularidade é do Estado-Membro.
Responda, fundamentadamente, se a lei citada respeitou os ditames previstos no
ordenamento jurídico brasileiro.

RESPOSTA:
RESPOSTA:
ADI 1842
<http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=1842&class
e=ADI&codigoClasse=0&origem=JUR&recurso=0&tipoJulgamento=M> / RJ - RIO
DE JANEIRO
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
Relator(a): Min. LUIZ FUX
Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES
Julgamento: 06/03/2013 Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação
DJe-181 DIVULG 13-09-2013 PUBLIC 16-09-2013
EMENT VOL-02701-01 PP-00001
Ação direta de inconstitucionalidade. Instituição de região metropolitana e competência
para saneamento básico. Ação direta de inconstitucionalidade contra Lei Complementar
n. 87/1997, Lei n. 2.869/1997 e Decreto n. 24.631/1998, todos do Estado do Rio de
Janeiro, que instituem a Região Metropolitana do Rio de Janeiro e a Microrregião dos
Lagos e transferem a titularidade do poder concedente para prestação de serviços públicos
de interesse metropolitano ao Estado do Rio de Janeiro. 2. Preliminares de inépcia da
inicial e prejuízo. Rejeitada a preliminar de inépcia da inicial e acolhido parcialmente o
prejuízo em relação aos arts. 1º, caput e § 1º; 2º, caput; 4º, caput e incisos I a VII; 11,
caput e incisos I a VI; e 12 da LC 87/1997/RJ, porquanto alterados substancialmente. 3.
Autonomia municipal e integração metropolitana. A Constituição Federal conferiu ênfase
à autonomia municipal ao mencionar os municípios como integrantes do sistema
federativo (art. 1º da CF/1988) e ao fixá-la junto com os estados e o Distrito Federal (art.
18 da CF/1988). A essência da autonomia municipal contém primordialmente (i)
autoadministração, que implica capacidade decisória quanto aos interesses locais, sem
delegação ou aprovação hierárquica; e (ii) autogoverno, que determina a eleição do chefe
do Poder Executivo e dos representantes no Legislativo. O interesse comum e a
compulsoriedade da integração metropolitana não são incompatíveis com a autonomia
municipal. O mencionado interesse comum não é comum apenas aos municípios
envolvidos, mas ao Estado e aos municípios do agrupamento urbano. O caráter
compulsório da participação deles em regiões metropolitanas, microrregiões e
aglomerações urbanas já foi acolhido pelo Pleno do STF (ADI 1841/RJ, Rel. Min. Carlos
Velloso, DJ 20.9.2002; ADI 796/ES, Rel. Min. Néri da Silveira, DJ 17.12.1999). O
interesse comum inclui funções públicas e serviços que atendam a mais de um município,
assim como os que, restritos ao território de um deles, sejam de algum modo dependentes,
concorrentes, confluentes ou integrados de funções públicas, bem como serviços
supramunicipais. 4. Aglomerações urbanas e saneamento básico. O art. 23, IX, da
Constituição Federal conferiu competência comum à União, aos estados e aos municípios
para promover a melhoria das condições de saneamento básico. Nada obstante a
competência municipal do poder concedente do serviço público de saneamento básico, o
alto custo e o monopólio natural do serviço, além da existência de várias etapas - como
captação, tratamento, adução, reserva,distribuição de água e o recolhimento, condução e
disposição final de esgoto - que comumente ultrapassam os limites territoriais de um
município, indicam a existência de interesse comum do serviço de saneamento básico. A
função pública do saneamento básico frequentemente extrapola o interesse local e passa
a ter natureza de interesse comum no caso de instituição de regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas e microrregiões, nos termos do art. 25, § 3º, da Constituição
Federal. Para o adequado atendimento do interesse comum, a integração municipal do
serviço de saneamento básico pode ocorrer tanto voluntariamente, por meio de gestão
associada, empregando convênios de cooperação ou consórcios públicos, consoante o
arts. 3º, II, e 24 da Lei Federal 11.445/2007 e o art. 241 da Constituição Federal, como
compulsoriamente, nos termos em que prevista na lei complementar estadual que institui
as aglomerações urbanas. A instituição de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas
ou microrregiões pode vincular a participação de municípios limítrofes, com o objetivo
de executar e planejar a função pública do saneamento básico, seja para atender
adequadamente às exigências de higiene e saúde pública, seja para dar viabilidade
econômica e técnica aos municípios menos favorecidos. Repita-se que este caráter
compulsório da integração metropolitana não esvazia a autonomia municipal. 5.
Inconstitucionalidade da transferência ao estado-membro do poder concedente de funções
e serviços públicos de interesse comum. O estabelecimento de região metropolitana não
significa simples transferência de competências para o estado. O interesse comum é muito
mais que a soma de cada interesse local envolvido, pois a má condução da função de
saneamento básico por apenas um município pode colocar em risco todo o esforço do
conjunto, além das consequências para a saúde pública de toda a região. O parâmetro para
aferição da constitucionalidade reside no respeito à divisão de responsabilidades entre
municípios e estado. É necessário evitar que o poder decisório e o poder concedente se
concentrem nas mãos de um único ente para preservação do autogoverno e da
autoadministração dos municípios. Reconhecimento do poder concedente e da
titularidade do serviço ao colegiado formado pelos municípios e pelo estado federado. A
participação dos entes nesse colegiado não necessita de ser paritária, desde que apta a
prevenir a concentração do poder decisório no âmbito de um único ente. A participação
de cada Município e do Estado deve ser estipulada em cada região metropolitana de
acordo com suas particularidades, sem que se permita que um ente tenha predomínio
absoluto. Ação julgada parcialmente procedente para declarar a inconstitucionalidade
daexpressão "a ser submetido à Assembleia Legislativa" constante do art. 5º, I; e do § 2º
do art. 4º; do parágrafo único do art. 5º; dos incisos I, II, IV e V do art. 6º; do art. 7º; do
art. 10; e do § 2º do art. 11 da Lei Complementar n. 87/1997 do Estado do Rio de Janeiro,
bem como dos arts. 11 a 21 da Lei n. 2.869/1997 do Estado do Rio de Janeiro. 6.
Modulação de efeitos da declaração de inconstitucionalidade. Em razão da necessidade
de continuidade da prestação da função de saneamento básico, há excepcional interesse
social para vigência excepcional das leis impugnadas, nos termos do art. 27 da Lei n.
9868/1998, pelo prazo de 24 meses, a contar da data de conclusão do julgamento, lapso
temporal razoável dentro do qual o legislador estadual deverá reapreciar o tema,
constituindo modelo de prestação de saneamento básico nas áreas de integração
metropolitana, dirigido por órgão colegiado com participação dos municípios pertinentes
e do próprio Estado do Rio de Janeiro, sem que haja concentração do poder decisório nas
mãos de qualquer ente.

ADI 5857, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA

Órgão julgador: Tribunal Pleno

Julgamento: 11/10/2019; Publicação: 28/10/2019

Ementa
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTS. 10 E 21 DA
LEI N. 13.089/2015 (ESTATUTO DA METRÓPOLE). REVOGAÇÃO DO ART. 21
PELA LEI N. 13.683/2018. PERDA SUPERVENIENTE DO OBJETO.
COMPETÊNCIA DA UNIÃO PARA ESTABELECER DIRETRIZES GERAIS DE
DESENVOLVIMENTO URBANO E EDITAR NORMAS GERAIS SOBRE DIREITO
URBANÍSTICO. COMPETÊNCIA DOS ESTADOS PARA INSTITUIR REGIÕES
METROPOLITANAS. CONSTITUCIONALIDADE DA EXIGÊNCIA DE PLANO DE
DESENVOLVIMENTO URBANO INTEGRADO ELABORADO POR
REPRESENTANTES DO ESTADO, DOS MUNICÍPIOS E DA SOCIEDADE CIVIL.
FEDERALISMO COOPERATIVO. AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA PREJUDICADA EM PARTE E, NO MAIS,
IMPROCEDENTE
Tema 06:
Municípios. Origem. Competências. Organização.

1ª QUESTÃO:
O Procurador-Geral da República propõe a devida ação direta de inconstitucionalidade
em que visa à declaração de inconstitucionalidade de determinada Lei Estadual
promulgada em 2010, cujas normas têm como objeto a criação de determinado Município
- a partir de desmembramento de área territorial da Capital do Estado -, a fixação dos seus
limites, bem como a informação acerca dos Distritos que integrarão a municipalidade
criada.
O Governo do Estado apresentou informações nas quais aduz que houve a realização de
plebiscito para a oitiva da população da Capital, da qual o município criado é distrito,
com resultado favorável ao seu desmembramento da Capital e sua transformação em
município, e pugna pela improcedência da ação.
A Assembleia Legislativa do Estado manifestou-se também pela improcedência da ação.
Alega que a criação do município se deu após o cumprimento de todos os requisitos
legais, quais sejam, consulta plebiscitária, por meio do Tribunal Regional Eleitoral, e
estudo de viabilidade municipal. No entanto, informa que a distância entre a comunidade
do município criado e a sede da Capital faz com que os serviços de saúde, educação e
segurança sejam prestados de forma precária.
Responda, fundamentadamente, com base no ordenamento jurídico vigente, como deve
ser julgada a demanda.

RESPOSTA:
ADI 4992
<http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=4992
&classe=ADI&codigoClasse=0&origem=JUR&recurso=0&tipoJulgamento=M> /
RO - RONDÔNIA
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
Relator(a): Min. GILMAR MENDES
Julgamento: 11/09/2014 Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação
PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-223 DIVULG 12-11-2014 PUBLIC 13-11-2014
Parte(s)
REQTE.(S) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
INTDO.(A/S) : GOVERNADOR DO ESTADO DE RONDÔNIA
ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS
INTDO.(A/S) : ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE RONDÔNIA
ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS
Ementa
Ação Direta de Inconstitucionalidade. 2. Lei 2.264/2010, do Estado de Rondônia, que
dispõe sobre a criação do Município de Extrema de Rondônia, a partir de
desmembramento de área territorial do Município de Porto Velho, fixa os seus
limites, bem como informa os Distritos que integrarão a municipalidade criada. 3.
Autorização, pelo Tribunal Superior Eleitoral, apenas para realização de consulta
plebiscitária. 4. Violação ao art. 18, § 4º, da Constituição Federal. Inexistência de
Lei Complementar Federal. Impossibilidade de criação, fusão, incorporação ou
desmembramento de novos municípios antes do advento dessa legislação.
Precedentes. 5. A Emenda Constitucional nº 57/2008 não socorre a lei impugnada,
editada no ano de 2010. 6. Medida cautelar confirmada. 7. Ação Direta de
Inconstitucionalidade julgada procedente.

2ª QUESTÃO:
A fim de beneficiar os empresários da capital fluminense, o prefeito envia projeto de lei
que exige que os veículos utilizados para atender contratos estabelecidos com a
Administração Municipal Direta e Indireta devem, obrigatoriamente, ter seus respectivos
Certificados de Registro de Veículos expedidos no Município do Rio de Janeiro.

Após regular processo legislativo, a lei é aprovada no parlamento e devidamente


sancionada pelo Chefe do Executivo.

Analise, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, a validade da lei.

RESPOSTA:
RE 668810 AgR / São Paulo, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI
Julgamento: 30/06/2017 Órgão Julgador: Segunda Turma
Publicação

ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-176 DIVULG 09-08-2017 PUBLIC 10-08-2017
Parte(s)

AGTE.(S) : CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO


AGTE.(S) : PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO
ADV.(A/S) : DJENANE FERREIRA CARDOSO
AGDO.(A/S) : SINDICATO DAS EMPRESAS DE MANUTENÇÃO E EXECUÇÃO
DE ÁREAS VERDES PÚBLICAS E PRIVADAS DO ESTADO DE SÃO PAULO-
SINDVERDE
ADV.(A/S) : RUY PEREIRA CAMILO JÚNIOR
AGDO.(A/S) : MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
Ementa

EMENTA Agravo regimental no recurso extraordinário. Ação direta de


inconstitucionalidade movida na origem. Lei do Município de São Paulo nº 13.959/05, a
qual exige que "os veículos utilizados para atender contratos estabelecidos com a
Administração Municipal, Direta e Indireta, devem, obrigatoriamente, ter seus
respectivos Certificados de Registro de Veículos expedidos no Município de São Paulo".
Exigência que não se coaduna com os arts. 19, inciso III, e 37, inciso XXI, da Constituição
Federal. Precedentes. 1. A exigência constante da Lei nº 13.959/05 do Município de São
Paulo, além de malferir a legítima expectativa individual de quem queira participar de
certame público, ofendendo direito individual, vulnera o interesse público, direito da
coletividade, pois, com a redução do universo de interessados em contratar, não se garante
à Administração a oferta mais vantajosa. 2. É certo que as desigualações entre sujeitos ou
situações jurídicas no campo das licitações e contratos somente se justificam quando
voltadas ao melhor e mais eficiente cumprimento do objeto licitado/contratado e, ainda
assim, desde que não sejam desarrazoadas e estejam em conformidade com o sistema
jurídico-constitucional, sob pena de restar vulnerado o princípio da isonomia. 3.
Consoante a jurisprudência firmada na Corte no exame de situações similares, o diploma
em epígrafe ofende, ainda, a vedação a que sejam criadas distinções entre brasileiros ou
preferências entre os entes da Federação constante do art. 19, inciso III, da CF/88. 4.
Considerando que, no corpo da decisão agravada, afastou-se a inconstitucionalidade
formal afirmada pela Corte de origem, mantendo a inconstitucionalidade material,
constata-se erro material na parte dispositiva da decisão, que negou seguimento ao recurso
extraordinário. 5. Agravo regimental parcialmente provido tão somente para corrigir erro
material na decisão agravada, fazendo constar na parte dispositiva que "dou parcial
provimento ao recurso extraordinário".

Tema 07:
Federalismo cooperativo. Direitos humanos e Federação. Direitos sociais e regime
federativo.

1ª QUESTÃO:
FULANO propõe demanda em face do Município em que visa ao fornecimento de cadeira
de rodas para sua locomoção diária, uma vez que não dispõe de recursos financeiros para
adquiri-la. Em sua defesa, o município requer extinção do feito por não ser parte legítima
na demanda, uma vez que o art. 196 da CRFB88 determina ser essa obrigação do Estado,
não cabendo a qualquer outro ente da federação a responsabilidade pela pretensão do
autor.
Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, como deve ser julgada
o pedido.

RESPOSTA:
RESPOSTA:
0403827-92.2013.8.19.0001
<http://www4.tjrj.jus.br/ejud/ConsultaProcesso.aspx?N=2016.001.46592> -
APELAÇÃO, Des(a). MÔNICA MARIA COSTA DI PIERO - Julgamento: 08/02/2017
- OITAVA CÂMARA CÍVEL
APELAÇÃO CÍVEL. OBRIGAÇÃO DE FAZER. FORNECIMENTO DE APARELHO.
CADEIRA DE RODA. DIREITO À SAÚDE. SOLIDARIEDADE DOS ENTES DA
FEDERAÇÃO. REDUÇÃO DO VALOR FIXADO PARA OS HONORÁRIOS
ADVOCATICIOS. 1. Ação objetivando o autor o fornecimento de cadeira de rodas
motorizada. Sentença de procedência do pedido autoral que foi alvo do apelo do
município réu. 2. Não merece guarida preliminar suscitada pelo município réu de falta
de interesse de agir, já que o Princípio da Inafastabilidade do Controle Jurisdicional,
esculpido no artigo 5º, XXXV da Constituição Federal de 1988, só pode ser excepcionado
em casos previstos legalmente ou pela própria Carta Política, o que não é o caso. 3. O
direito à saúde é garantido pela Constituição da República. Prestação do serviço de saúde
é um direito genérico de todos e obrigação do Estado, conforme disposto no artigo 196,
da CRFB. 4. O caráter meramente programático não impede a aplicação imediata da regra
ínsita no art.196, da CRFB/88, diante do cunho cogente e vinculante das normas
constitucionais que veiculam diretrizes de política pública destinadas a todos os entes
políticos. Direito assegurado também através das Leis 8080/90 e 9313/96. 5. A
Constituição Federal, no seu artigo 23, II, dispõe ser da competência comum da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios o ato de cuidar da saúde e assistência
pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência. Matéria sumulada
no verbete 65 do Tribunal de Justiça. 6. A existência de alternativas terapêuticas ofertadas
pela rede pública não se presta a eximir o ente público de fornecer os medicamentos e
insumos necessários ao restabelecimento da saúde do autor, na forma prescrita pelo
médico que o assiste e de sua confiança, não cabendo ao Poder Judiciário imiscuir-se em
questões atinentes ao exercício da medicina. 7. A ausência de dotação orçamentária não
pode servir de empecilho jurídico para a propositura de demanda que visa a assegurar o
fornecimento de medicamentos, por se tratar de direito fundamental, notadamente quando
a alegação vem desacompanhada de prova objetiva da incapacidade financeira do ente
estatal. Enunciado sumulado nº 241, do TJERJ. 8. É facultado ao Poder Público substituir
medicamentos e insumos por genéricos, de forma a tornar a prestação menos dispendiosa
ao erário público, na forma do enunciado nº 116, deste Egrégio Tribunal. 9. Esta Corte de
Justiça firmou entendimento no sentido de que a verba honorária, nas ações que versem
sobre a prestação unificada de saúde, não deve exceder ao valor correspondente a meio
salário mínimo nacional, segundo Enunciado 27, aprovado no Encontro de
Desembargadores de Câmaras Cíveis deste Tribunal. Súmula 182 desta Corte de Justiça.
Redução da verba honorária fixada na sentença que se impõe. 10. Parcial provimento ao
apelo do município

2ª QUESTÃO:
Determinado legitimado propõe ação direta de inconstitucionalidade em face do previsto
no art. 3°, VII, da Lei 13.979/2020, que dispõe sobre as medidas para enfrentamento da
emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus
responsável pelo surto de 2019.

A requerente sustenta que o texto impugnado, ao permitir a todos os entes federados a


requisição de bens e serviços de pessoas naturais e jurídicas, viola o sistema federativo,
uma vez que cabe ao Ministério da Saúde coordenar as medidas de requisições
administrativas previstas, as quais não podem ser levadas a efeito pelos entes
subnacionais antes da realização de estudos e do consentimento daquela Pasta.

Responda, fundamentadamente, levando em consideração o princípio federativo, como


deve ser resolvida a causa.

RESPOSTA:
GABARITO: ADI 6362 / DF - Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI

Julgamento: 02/09/2020; Publicação: 09/12/2020


Órgão julgador: Tribunal Pleno

Publicação

PROCESSO ELETRÔNICO

DJe-288 DIVULG 07-12-2020 PUBLIC 09-12-2020

Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 13.979/2020, QUE


DISPÕE SOBRE MEDIDAS PARA O ENFRENTAMENTO DA EMERGÊNCIA DE
SAÚDE PÚBLICA DECORRENTE DA COVID-19. COMPETÊNCIA COMUM DOS
ENTES FEDERADOS PARA CUIDAR DA SAÚDE. ARTS. 23, II, E 196 DA CF.
FEDERALISMO COOPERATIVO. REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA VOLTADA
PARA O CONFRONTO DA PANDEMIA DO CORONAVÍRUS. DESNECESSIDADE
DE AUTORIZAÇÃO PRELIMINAR DO MINISTÉRIO DA SAÚDE.
INDISPENSABILIDADE, TODAVIA, DO PRÉVIO SOPESAMENTO DE
EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS E ANÁLISES SOBRE INFORMAÇÕES
ESTRATÉGICAS. MEDIDA QUE, ADEMAIS, DEVE OBSERVAR OS CRITÉRIOS
DE RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. FIXAÇÃO DE NOVOS
REQUISITOS PARA A REQUISIÇÃO PELO JUDICIÁRIO. IMPOSSIBILIDADE EM
FACE DO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES. AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA IMPROCEDENTE. I - A Constituição
Federal prevê, ao lado do direito subjetivo público à saúde, a obrigação de o Estado dar-
lhe efetiva concreção, por meio de “políticas sociais e econômicas que visem à redução

do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e


serviços para a sua promoção, proteção e recuperação” (art. 196). II – Esse dever abrange
todos os entes federados, inclusive as comunas, os quais, na seara da saúde, exercem uma
competência administrativa comum, nos termos do art. 23, II, do Texto Constitucional.
III - O federalismo cooperativo, adotado entre nós, exige que a União e as unidades
federadas se apoiem mutuamente no enfrentamento da grave crise sanitária e econômica
decorrente da pandemia desencadeada pelo novo coronavírus. IV- O Plenário do STF já
assentou que a competência específica da União para legislar sobre vigilância
epidemiológica, da qual resultou a Lei 13.979/2020, não inibe a competência dos demais
entes da federação no tocante à prestação de serviços da saúde (ADI 6.341-MC-Ref/DF,
redator para o acórdão Ministro Edson Fachin). V – Dentre as medidas de combate à
pandemia, a Lei 13.979/2020 estabelece que qualquer ente federado poderá lançar mão
da “requisição de bens e serviços de pessoas naturais e jurídicas, hipótese em que será
garantido o pagamento posterior de indenização justa” (art. 3°, VII). VI – Tais requisições
independem do prévio consentimento do Ministério da Saúde, sob pena de invasão, pela
União, das competências comuns atribuídas aos Estados, Distrito Federal e Municípios,
os quais, todavia, precisam levar em consideração evidências científicas e análises sobre
as informações estratégicas antes de efetivá-las (art. 3°, § 1°). VII – Como todas as ações
estatais, as requisições administrativas precisam balizar-se pelos critérios da
razoabilidade e da proporcionalidade, só podendo ser levadas a cabo após a constatação
de que inexistemoutras alternativas menos gravosas. VIII- Essa fundamentação haverá de
estar devidamente explicitada na exposição de motivos dos atos que venham a impor as
requisições, de maneira a permitir o crivo judicial. IX – Ao Judiciário, contudo, é vedado
substituir-se ao Executivo ou ao Legislativo na definição de políticas públicas,
especialmente aquelas que encontrem previsão em lei, considerado o princípio da
separação dos poderes. X - A requisição administrativa configura ato discricionário, que
não sofre qualquer condicionamento, tendo em conta o seu caráter unilateral e
autoexecutório, bastando que fique configurada a necessidade inadiável da utilização de
um bem ou serviço pertencente a particular numa situação de perigo público iminente,
sendo por isso inexigível a aquiescência da pessoa natural ou jurídica atingida ou a prévia
intervenção do Judiciário. XI - A criação de novos requisitos para as requisições
administrativas por meio da técnica de interpretação conforme à Constituição (art. 3°,
caput, VII, da CF e § 7°, III, da Lei 13.979/2020), não se aplica à espécie, dada a clareza
e univocidade da disposição legal impugnada. XII - Ação direta de inconstitucionalidade
julgada improcedente.

Decisão

Preliminarmente, o Tribunal, por maioria, resolvendo questão de ordem suscitada pelo


Ministro Dias Toffoli (Presidente), fixou tese no sentido de que não há impedimento, nem
suspeição de Ministro, nos julgamentos de ações de controle concentrado, exceto se o
próprio Ministro firmar, por razões de foro íntimo, a sua não participação, vencido o
Ministro Edson Fachin. No mérito, por unanimidade, julgou improcedente a ação direta,
nos termos do voto do Relator. Falaram: pela requerente, o Dr. Marcelo Lamego
Carpenter; pelo interessado Presidente da República, o Dr. Raphael Ramos Monteiro de
Souza, Advogado da União; e, pela Procuradoria-Geral da República, o Dr. Humberto
Jacques de Medeiros, Vice-Procurador-Geral da República. Ausente, por motivo de
licença médica, o Ministro Celso de Mello. Plenário, 02.09.2020 (Sessão realizada
inteiramente por videoconferência - Resolução 672/2020/STF).

Tese

Não há impedimento, nem suspeição de Ministro, nos julgamentos de ações de controle


concentrado, exceto se o próprio Ministro firmar, por razões de foro íntimo, a sua não
participação.
Tema 08:
Administração Pública na Constituição - Aspectos Gerais. Princípios. Servidores
Públicos e seu Regime Previdenciário. Responsabilidade civil. Reforma
Administrativa.

1ª QUESTÃO:
João, 124º candidato aprovado para o cargo de Defensor Público do Estado X, impetra
Mandado de Segurança em face do Estado, alegado direito líquido e certo à sua
nomeação. Alega que o edital do certame previa inicialmente a oferta de 30 (trinta) vagas,
mas que o Estado nomeou 123 (cento e vinte e três) dos candidatos aprovados e que, ainda
no prazo de validade do concurso, o Defensor Público Geral anunciou a realização de um
novo certame, afirmando a existência de vagas, a necessidade de seu preenchimento e a
disponibilidade financeira. Afirma, assim, o impetrante ter sido indevidamente preterido
à nomeação.
O impetrado alega em seu prol que não há direito subjetivo à nomeação fora do número
de vagas do certame e que cabe somente à Administração, em seu insindicável juízo
discricionário, decidir em que momento deve parar de convocar aprovados no concurso
anterior e abrir outro, com o intuito de, com isso, nomear candidatos melhor preparados.
A ordem deve ser concedida? Responda, justificadamente

RESPOSTA:
RE 1036214 AgR / SP - SÃO PAULO
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO
Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO
Julgamento: 09/06/2017 Órgão Julgador: Primeira Turma
Publicação
PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-139 DIVULG 23-06-2017 PUBLIC 26-06-2017
Parte(s)
AGTE.(S) : MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
ADV.(A/S) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DO RIO
PRETO
AGDO.(A/S) : GLAUCIA MARIA BARBOSA MARTINS
ADV.(A/S) : LEANDRO ALVES PESSOA
Ementa
EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO EM RECURSO
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. CONCURSO. SÚMULA 279/STF.
PRECEDENTE. 1. O acórdão recorrido está alinhado com a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal, que, ao julgar o mérito de tema com repercussão geral, RE 837.311-RG
- Tema 784, sob a relatoria do Ministro Luiz Fux, reconheceu o direito subjetivo à
nomeação do candidato aprovado em concurso público fora do número de vagas previstas
no edital, “quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade
do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada
por parte da administração”. 2. Dissentir da conclusão adotada pelo Tribunal de origem
demandaria necessariamente uma nova análise dos fatos e do material probatório
constantes dos autos o que atrai a incidência da Súmula 279/STF. 3. Nos termos do art.
85, § 11, do CPC/2015, fica majorado em 25% o valor da verba honorária fixada
anteriormente, observados os limites legais do art. 85, §§ 2º e 3º, do CPC/2015. 4. Agravo
interno a que se nega provimento, com aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4º, do
CPC/2015.
Decisão

2ª QUESTÃO:
JÚLIO DA SILVA, candidato em concurso público para ingresso na Polícia Militar, após
submeter-se ao exame de avaliação psicológica, foi eliminado do concurso, pois,
conforme consignado no laudo, o candidato apresentara características de personalidade
incompatíveis com o ofício policial, autorizando a conclusão de que "o examinando, se
colocado frente a situações altamente ansiogênicas - próprias das atividades policiais
militares - apresenta fortes possibilidades de emitir respostas inadequadas e/ou
dasadaptadas e/ou desastrosas no cumprimento das missões profissionais".
JÚLIO entende que, não sendo a Psicologia ciência exata, expondo-se a interpretações
que variam ao infinito, segundo a linha de formação do psicólogo, admitir-se caráter
eliminatório a exame psicológico é emprestar-lhe índole totalitária, avessa ao controle e,
eventualmente, comprometedora das franquias democráticas do Estado de Direito,
porquanto atribuiria valor absoluto e incontestável à opinião técnica que passa a atuar
como discrímen, com possível violação ao princípio da isonomia.
Discorra sobre a procedência das argumentações do candidato, enfocando os aspectos da
isonomia, da impessoalidade, da razoabilidade, da legalidade e da finalidade pública,
contidos no atuar da Administração Pública, bem como sobre a possibilidade de exame
de tal ato pelo Judiciário.
RESPOSTA:
TJRJ: Apelação Cível nº 2001.001.28899. Relator Des. Jessé Torres. 5ª Câmara Cível (1º
Encontro de Juízes das Varas de Fazenda Pública - Angra dos Reis - 19 a 21 de julho de
2002).
2001.001.28899 - APELACAO CIVEL; DES. JESSE TORRES - Julgamento:
05/02/2002 - QUINTA CAMARA CIVEL.
CONCURSO PARA PROVIMENTO DE CARGO PUBLICO
POLICIA MILITAR
EXAME PSICOTECNICO
EXCLUSAO DE CANDIDATO
LEGITIMIDADE

APELAÇÃO. Concurso público para ingresso na Policia Militar. Avaliação psicotécnica


com caráter eliminatório, assegurada ao candidato, no edital, a ciência dos motivos de sua
inaptidão, apurada por meio de bateria de testes objetivos. Legitimidade em face da
Constituição da República e da legislação estadual. O exame de razoabilidade e o art. 37,
II, da CF/88, com a redação da EC nº 19/98. Desprovimento do recurso contra sentença
que denegou a segurança.

RE 1133146 RG

Repercussão Geral – Mérito

Órgão julgador: Tribunal Pleno

Relator(a): Min. LUIZ FUX

Julgamento: 20/09/2018

Publicação: 26/09/2018

Ementa
Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. CONCURSO
PÚBLICO. EXAME PSICOTÉCNICO COM PREVISÃO NO EDITAL E NA LEI.
AUSÊNCIA DE CRITÉRIOS OBJETIVOS DE AVALIAÇÃO NO EDITAL.
NULIDADE DO EXAME PSICOTÉCNICO. CONTROVÉRSIA QUANTO À
NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE NOVA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PARA
O PROSSEGUIMENTO NO CERTAME. PRECEDENTES DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. CONTROVÉRSIA CONSTITUCIONAL DOTADA DE
REPERCUSSÃO GERAL. REAFIRMAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO.

Tese

No caso de declaração de nulidade de exame psicotécnico previsto em lei e em edital, é


indispensável a realização de nova avaliação, com critérios objetivos, para
prosseguimento no certame.

Tema

1009 - Realização de novo exame psicotécnico em candidato que teve o primeiro teste
anulado por ausência de objetividade dos critérios de correção estabelecidos no edital.

Tema 09:
Garantias do Poder Judiciário. Garantias e Prerrogativas da Magistratura.
Deontologia do Magistrado. Ética. Impacto econômico e social das decisões
judiciárias.

1ª QUESTÃO:
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro impetra mandado de segurança contra conduta
omissiva do Governador, consubstanciado no atraso em proceder o repasse dos
duodécimos correspondentes às dotações orçamentárias do Poder Judiciário.
Em suas informações, a autoridade apontada como coatora alega que foi tomada de
surpresa com o baixo fluxo da arrecadação, o que lhe impede de efetuar o repasse na data
devida.
Responda, fundamentadamente, se a ordem deve ser concedida.

RESPOSTA:
MS 23267 / SC, Relator(a): Min. GILMAR MENDES

EMENTA: Mandado de segurança. 2. Ato omissivo de governador de Estado. 3. Atraso


no repasse dos duodécimos correspondentes às dotações orçamentárias do Poder
Judiciário. 4. Art. 168 da Constituição Federal. 5. Independência do Poder Judiciário. 6.
Precedentes. 7. Deferimento da ordem.

MS 34483 MC / RJ - Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI


Julgamento: 22/11/2016 Órgão Julgador: Segunda Turma
Publicação
PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-174 DIVULG 07-08-2017 PUBLIC 08-08-2017
Parte(s)
IMPTE.(S) : TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
PROC.(A/S)(ES) : PAULO CEZAR PINHEIRO CARNEIRO E OUTRO(A/S)
IMPDO.(A/S) : GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
AM. CURIAE. : ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS BRASILEIROS - AMB
ADV.(A/S) : ALBERTO PAVIE RIBEIRO
AM. CURIAE. : ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO - AMAERJ
ADV.(A/S) : SÉRGIO BERMUDES
AM. CURIAE. : SINDICATO DOS SERVIDORES DO PODER JUDICIÁRIO DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO -SINDJUSTIÇA
ADV.(A/S) : RUDI MEIRA CASSEL E OUTRO(A/S)
AM. CURIAE. : FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES E SINDICATOS DOS
SERVIDORES PÚBLICOS ESTADUAIS E MUNICIPAIS DO RIO DE JANEIRO -
FASP/RJ
ADV.(A/S) : CARLOS HENRIQUE DE SOUZA JUND
Ementa

EMENTA Direito Constitucional e Processual Civil. Mandado de Segurança. Repasse de


duodécimos (CF/88, art. 168). Ato omissivo do Governador do Estado do Rio de Janeiro.
Garantia da autonomia financeira e administrativa e da independência institucional do
Poder Judiciário. Prerrogativa de Poder. Legitimidade ativa do Tribunal de Justiça do
Estado do Rio de Janeiro. Regularidade da representação processual por advogado
externo aos quadros da Procuradoria-Geral do Estado do Rio de Janeiro. Competência
originária do STF (CF/88, art. 102, I, n). Exercício do poder geral de cautela. 1. O
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, embora destituído de personalidade
jurídica própria, detém legitimidade autônoma para ajuizar mandado de segurança em
defesa de sua autonomia institucional, estando regularmente representado por advogado
externo aos quadros da Procuradoria-Geral do Estado do Rio de Janeiro em razão da
natureza do direito vindicado (precedentes). 2. Exercício do poder geral de cautela para
paralisar a execução de qualquer medida restritiva nas contas do Tesouro do Estado do
Rio de Janeiro e de suas autarquias determinada por autoridade judiciária distinta do STF.
Direito Constitucional e Financeiro. Repasse de duodécimos até o dia 20 de cada mês
como fundamento essencial para a permanência do Estado Democrático de Direito.
Postulado da Separação dos Poderes. Lei orçamentária. Frustração de receitas. Dever
legal de autolimitação dos Poderes (LC nº 101/2000, art. 9º, caput). Impossibilidade de o
Poder Executivo atuar como julgador e executor de sua própria decisão (Precedente: ADI
nº 2.238/DF-MC). Possibilidade de, no caso concreto, proceder-se ao contingenciamento
do recurso financeiro a ser repassado a título de duodécimos, resguardando-se a
possibilidade de compensação futura no caso de a frustração orçamentária alegada não se
concretizar. Presença dos requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora. Tutela
de urgência parcialmente deferida. 1. O direito prescrito no art. 168 da CF/88
instrumentaliza o postulado daSeparação de Poderes e, dessa perspectiva, institui um dos
fundamentos essenciais para a permanência do Estado Democrático de Direito,
impedindo a sujeição dos demais Poderes e órgãos autônomos da República a arbítrios e
ilegalidades perpetradas no âmbito do Poder Executivo respectivo. 2. É dever de cada um
dos Poderes, por ato próprio, proceder aos ajustes necessários, com limitação de empenho
(despesa), ante a frustração de receitas que inviabilize o cumprimento de suas obrigações
(LC nº 101/2000, art. 9º), operando-se esses ajustes em um ambiente de diálogo
institucional, em que o Poder Executivo sinaliza o montante da frustração de receita -
calculada a partir do que fora projetado no momento da edição da lei orçamentária e a
receita efetivamente arrecadada no curso do exercício financeiro de referência - e os
demais Poderes e órgãos autônomos da República, no exercício de sua autonomia
administrativa, promovem os cortes necessários em suas despesas para adequarem as
metas fiscais de sua responsabilidade aos limites constitucionais e legais autorizados,
conforme sua conveniência e oportunidade. 3. O impasse no ambiente dialógico
institucional reclama a atuação de um terceiro - estranho ao órgão autônomo interessado
no repasse orçamentário e ao Poder com a função de arrecadar a receita e realizar o
orçamento - na solução da controvérsia, admitindo-se que o contingenciamento uniforme
seja autorizado por decisão judicial, resguardando-se a possibilidade de compensação
futura no caso de a frustração orçamentária alegada não se concretizar. 4. A exigência de
repasse integral dos recursos financeiros projetados na lei orçamentária para Poderes e
órgãos autônomos não é o meio adequado para se proceder ao sancionamento de eventual
ilegalidade perpetrada pelo Poder Executivo respectivo nos atos de governo e de gestão
de sua responsabilidade, os quais podem e devem ser submetidos à avaliação nas esferas
adequadas e perante os órgãos competentes para seu conhecimento e eventual
sancionamento dos responsáveis. 5. Tutela de urgência parcialmente deferida para
assegurar ao Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro o direito de receber, até o dia
20 (vinte) de cada mês, em duodécimos, os recursos correspondentes às dotações
orçamentárias, sendo facultado ao Poder Executivo do referido Estado-membro proceder
ao desconto uniforme de 19,6% (dezenove inteiros e seis décimos por cento) da Receita
Corrente Líquida prevista na Lei estadual nº 7.210/2016 (LOA) em sua própria receita e
na dos demais Poderes e órgãos autônomos, ficando ressalvada a possibilidade de
compensação futura caso não se demonstre o decesso na arrecadação no "relatório
detalhado com todos os recursos que compõem a Receita Corrente Líquida" (Lei estadual
nº 7.483/2016, art. 7º, II), ao qual deve ser conferida a mais ampla transparência e
publicidade.

MS 37454, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO

Órgão julgador: Primeira Turma

Julgamento: 11/11/2020; Publicação: 20/11/2020

Ementa

DUODÉCIMOS – DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA – REPASSE – PRAZO. Incumbe ao


Executivo o repasse, ao Judiciário, até o dia 20 de cada mês, dos duodécimosconsiderada
a dotação orçamentária – artigo 168 da Constituição Federal.

2ª QUESTÃO:
O inquérito policial que tramita em uma Delegacia Especializada do Rio de Janeiro aponta
como autor de crimes contra a administração pública um Desembargador aposentado do
Tribunal de Justiça desse estado.
O Promotor de Justiça o denuncia e o processo é distribuído à 30ª Vara Criminal, sendo
a denúncia recebida pelo juiz.
O magistrado aposentado impetra habeas corpus no Tribunal para sustentar a nulidade
do inquérito e do recebimento da denúncia, uma vez que, por ter foro por prerrogativa da
função, o Superior Tribunal de Justiça é o competente para tais atos.
Responda, fundamentadamente, se o writ merece provimento.

RESPOSTA:
INFORMATIVO Nº 495
TÍTULO
Juiz Aposentado: Vitaliciedade e Prerrogativa de Foro - 1
ARTIGO
O Tribunal iniciou julgamento de recurso extraordinário, afetado ao Pleno pela 1ª Turma,
em que se discute se o foro especial por prerrogativa de função se estende ou não àqueles
que se aposentam em cargos cujos ocupantes ostentam tal prerrogativa. Trata-se, na
espécie, de agravo de instrumento convertido em recurso extraordinário criminal
interposto, por desembargador aposentado, contra decisão da Corte Especial do STJ que
declinara de sua competência, em ação penal contra ele instaurada, ao fundamento de que,
em decorrência de sua aposentadoria, não teria direito à prerrogativa de foro pelo
encerramento definitivo da função. O ora recorrente sustenta a incidência do art. 95, I, da
CF, assegurador da vitaliciedade aos magistrados, sob a alegação de que esta somente
poderia ser afastada por sentença judicial transitada em julgado, na qual consignada a
perda do cargo. Alega, ainda, que a correta leitura do art. 105, I, a, da CF, incluiria
também os desembargadores aposentados, uma vez que interpretação diversa desse
dispositivo o colocaria em situação inusitada, pois, o submeteria, na qualidade de ex-
presidente e ex-corregedor-geral, a juiz que eventualmente tenha recebido alguma sanção
disciplinar. Por fim, pleiteia o reconhecimento da negativa de vigência aos artigos 5º,
XXXV, LIV, LV, e § 2º e 93, IX, ambos da CF e, alternativamente, requer sejam tidos
como transgredidos os artigos 94, I e 105, I, a, da CF - v. Informativo 485. RE 549560/CE,
rel. Min. Ricardo Lewandowski, 20.2.2008. (RE-549560)

INFORMATIVO Nº 585
TÍTULO
Juiz Aposentado: Vitaliciedade e Prerrogativa de Foro - 4
ARTIGO
O Tribunal retomou julgamento de recurso extraordinário, afetado ao Pleno pela 1ª
Turma, em que se discute se o foro especial por prerrogativa de função se estende, ou
não, àqueles que se aposentam em cargos cujos ocupantes ostentam tal prerrogativa.
Trata-se, na espécie, de agravo de instrumento convertido em recurso extraordinário
criminal interposto, por desembargador aposentado, contra decisão da Corte Especial do
STJ que declinara de sua competência, em ação penal contra ele instaurada, ao
fundamento de que, em decorrência de sua aposentadoria, não teria direito à prerrogativa
de foro pelo encerramento definitivo da função - v. Informativos 485 e 495. O Min. Eros
Grau, em voto-vista, deu provimento ao recurso, na linha da divergência inaugurada pelo
Min. Menezes Direito. Entendeu que, quando se trata de cargo de exercício temporário,
a exemplo dos decorrentes de mandato eletivo, a prerrogativa seria da função, razão pela
qual a prerrogativa do foro especial persistiria apenas enquanto durasse a função.
Reconheceu, que, no entanto, relativamente ao magistrado, a prerrogativa seria do cargo
e não da função. Explicou tratar-se, neste caso, de cargo vitalício, que perdura pela vida
inteira, podendo perecer unicamente em virtude de sentença judicial transitada em
julgado. Por isso, projetar-se-ia à aposentadoria. Após o voto do Min. Ayres Britto, que
acompanhava o voto do relator no sentido de negar provimento ao recurso, o julgamento
foi suspenso para aguardar a composição completa. RE 549560/CE, rel. Min. Ricardo
Lewandowski, 6.5.2010. (RE-549560)

INFORMATIVO Nº 585
TÍTULO
Juiz Aposentado: Vitaliciedade e Prerrogativa de Foro -4
ARTIGO
O Tribunal retomou julgamento de recurso extraordinário, afetado ao Pleno pela 1ª
Turma, em que se discute se o foro especial por prerrogativa de função se estende, ou
não, àqueles que se aposentam em cargos cujos ocupantes ostentam tal prerrogativa.
Trata-se, na espécie, de agravo de instrumento convertido em recurso extraordinário
criminal interposto, por desembargador aposentado, contra decisão da Corte Especial do
STJ que declinara de sua competência, em ação penal contra ele instaurada, ao
fundamento de que, em decorrência de sua aposentadoria, não teria direito à prerrogativa
de foro pelo encerramento definitivo da função - v. Informativos 485 e 495. O Min. Eros
Grau, em voto-vista, deu provimento ao recurso, na linha da divergência inaugurada pelo
Min. Menezes Direito. Entendeu que, quando se trata de cargo de exercício temporário,
a exemplo dos decorrentes de mandato eletivo, a prerrogativa seria da função, razão pela
qual a prerrogativa do foro especial persistiria apenas enquanto durasse a função.
Reconheceu, que, no entanto, relativamente ao magistrado, a prerrogativa seria do cargo
e não da função. Explicou tratar-se, neste caso, de cargo vitalício, que perdura pela vida
inteira, podendo perecer unicamente em virtude de sentença judicial transitada em
julgado. Por isso, projetar-se-ia à aposentadoria. Após o voto do Min. Ayres Britto, que
acompanhava o voto do relator no sentido de negar provimento ao recurso, o julgamento
foi suspenso para aguardar a composição completa. RE 549560/CE, rel. Min. Ricardo
Lewandowski, 6.5.2010. (RE-549560)

- acrescentado na forma do R.D.A. nº 38/2012:


INFORMATIVO Nº 659
TÍTULO
Juiz aposentado: vitaliciedade e prerrogativa de foro - 5
PROCESSO

RE - 549560

ARTIGO
O foro especial por prerrogativa de função não se estende a magistrados aposentados.
Essa a conclusão do Plenário ao, por maioria, negar provimento a recurso extraordinário,
afetado ao Pleno pela 1ª Turma, no qual desembargador aposentado insurgia-se contra
decisão da Corte Especial do STJ, que declinara de sua competência para julgar ação
penal contra ele instaurada, pois não teria direito à referida prerrogativa pelo
encerramento definitivo da função - v. Informativos 485, 495 e 585. Aduziu-se que a
pretensão do recorrente esbarraria em orientação jurisprudencial fixada pelo Supremo no
sentido de que: a) o foro especial por prerrogativa de função teria por objetivo o resguardo
da função pública; b) o magistrado, no exercício do ofício judicante, gozaria da
prerrogativa de foro especial, garantia voltada não à pessoa do juiz, mas aos
jurisdicionados; e c) o foro especial, ante a inexistência do exercício da função, não
deveria perdurar, haja vista que a proteção dos jurisdicionados, nesse caso, não seria mais
necessária. Ressaltou-se, ainda, que o provimento vitalício seria o ato que garantiria a
permanência do servidor no cargo, aplicando-se apenas aos integrantes das fileiras ativas
da carreira pública. Consignou-se não haver se falar em parcialidade do magistrado de 1ª
instância para o julgamento do feito, porquanto a lei processual preveria o uso de exceções
capazes de afastar essa situação. Enfatizou-se, também, cuidar-se de matéria de direito
estrito que teria por destinatários aqueles que se encontrassem in officio, de modo anão
alcançar os que não mais detivessem titularidades funcionais no aparelho de Estado.
Assinalou-se, outrossim, que essa prerrogativa seria estabelecida ratione muneris e
destinar-se-ia a compor o estatuto jurídico de determinados agentes públicos enquanto
ostentassem essa particular condição funcional. RE 549560/CE, rel. Min. Ricardo
Lewandowski, 22.3.2012. (RE-549560)
INFORMATIVO Nº 659
TÍTULO
Juiz aposentado: vitaliciedade e prerrogativa de foro - 6
PROCESSO

RE - 549560

ARTIGO
Vencidos os Ministros Menezes Direito, Eros Grau, Gilmar Mendes e Cezar Peluso,
Presidente, que davam provimento ao recurso. O primeiro, na ocasião, ao salientar a
vitaliciedade do magistrado, afirmava que se este, sob qualquer situação, em qualquer
instância, exercesse atividade judicante, teria de possuir, até por princípio de
responsabilidade do sistema constitucional, a proteção que a Constituição lhe asseguraria
(CF, art. 95, I). Mencionava, ademais, dispositivo constante do Estatuto de Roma, que
aprovou o Estatuto do Tribunal Penal Internacional, integrado pela adesão brasileira e
relativo à garantia dos juízes que dele fizessem parte ("Artigo 48º... 2 - Os juízes, o
procurador, os procuradores-adjuntos e o secretário gozarão, no exercício das suas
funções ou em relação a estas, dos mesmos privilégios e imunidades reconhecidos aos
chefes das missões diplomáticas, continuando a usufruir de absoluta imunidade judicial
relativamente às suas declarações, orais ou escritas, e aos atos que pratiquem no
desempenho de funções oficiais após o termo do respectivo mandato"). O segundo, por
sua vez, reconhecia que, relativamente aos magistrados, a prerrogativa seria do cargo,
vitalício, que pereceria unicamente em virtude de sentença judicial transitada em julgado.
O terceiro afastava a assertiva de tratar-se de privilégio e destacava a importância da
manutenção da prerrogativa, tendo em conta a presunção de que órgãos com dada estatura
e formação estariam menos suscetíveis a eventuais populismos judiciais que pudessem
afetar a própria imparcialidade, a exemplo de corregedores virem a ser julgados pelos
respectivos tribunais. O Presidente adotava posição intermediária, por reconhecer a
subsistência da prerrogativa quando dissesse respeito a atos praticados no exercício da
função e em virtude desta, o que ocorreria na espécie. Alguns precedentes citados: HC
80717/SP (DJU de 5.3.2001); Inq 687 QO/SP (DJU de 9.11.2001); RE 291485/RJ (DJU
de 23.4.2003). RE 549560/CE, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 22.3.2012. (RE-549560)

Íntegra do Informativo 659


<http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo659.htm>
INFORMATIVO Nº 659
TÍTULO
Juiz aposentado: vitaliciedade e prerrogativa de foro - 7
PROCESSO

RE - 549560

ARTIGO
Ao aplicar os fundamentos acima expendidos, o Plenário, em votação majoritária, negou
provimento a recurso extraordinário em que se questionava situação análoga, vencidos os
Ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Cezar Peluso, Presidente. RE 546609/DF, rel.
Min. Ricardo Lewandowski, 22.3.2012. (RE-549560)

RE 549560 / CE - CEARÁ
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento:22/03/2012 Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação
DJe-104 DIVULG 29-05-2014 PUBLIC 30-05-2014
EMENT VOL-02733-01 PP-00001
Ementa: PENAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AÇÃO PENAL. FORO POR
PRERROGATIVA DE FUNÇÃO. DESEMBARGADOR DO ESTADO DO CEARÁ.
EX-PRESIDENTE E EX-CORREGEDOR GERAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO. DESLOCAMENTO PARA O PRIMEIRO
GRAU DE JURISDIÇÃO. SÚMULAS 394 E 451 DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. INAPLICABILIDADE. PROVIMENTO VITALÍCIO. GARANTIA
CONFERIDA AOS SERVIDORES DA ATIVA PARA PERMANECEREM NO
CARGO. RECURSO IMPROVIDO. I - A vitaliciedade é garantia inerente ao exercício
do cargo pelos magistrados e tem como objetivo prover a jurisdição de independência e
imparcialidade. II - Exercem a jurisdição, tão-somente, os magistrados na atividade, não
se estendendo aos inativos o foro especial por prerrogativa de função. III - A
aposentadoria do magistrado, ainda que voluntária, transfere a competência para
processamento e julgamento de eventual ilícito penal para o primeiro grau de jurisdição.
IV - Recurso extraordinário a que se nega provimento.
Decisão

QO na APn 885 / DF, Relator(a) Ministro HERMAN BENJAMIN

Órgão Julgador CE - CORTE ESPECIAL

Data do Julgamento 15/08/2018; Data da Publicação/Fonte DJe 28/08/2018

Ementa

PENAL E PROCESSUAL PENAL. AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. COMPETÊNCIA.


PERDA DA PRERROGATIVA DE FORO POR APOSENTADORIA. DENÚNCIA
QUE DESCREVE TRÊS GRUPOS AUTÔNOMOS E INDEPEDENTES, CADA QUAL
CAPITANEADO POR DESEMBARGADORES DISTINTOS.
DESMEMBRAMENTO. POSSIBILIDADE.

1. Denúncia proposta pelo Ministério Público Federal contra os Desembargadores do


Tribunal de Justiça do Ceará SÉRGIA MARIA MENDONÇA MIRANDA,
FRANCISCO PEDROSA TEIXEIRA e VALDSEN DA SILVA ALVES PEREIRA, a
quem foram imputados atos de corrupção passiva (artigo 317, caput, do Código Penal),
decorrentes do alegado recebimento de vantagem pecuniária em troca de decisões
judiciais favoráveis a supostos corruptores.

2. Acusação dividida em "núcleos" vinculados a cada um dos três magistrados, em


condutas autônomas e independentes entre si.
3. Núcleo da Desembargadora SÉRGIA MARIA MENDONÇA MIRANDA: Composto
por FRANKRALEY OLIVEIRA GOMES, MICHEL SAMPAIO COUTINHO,
CARLOS EDUARDO MIRANDA DE MELO, CLÁUDIA ADRIENNE SAMPAIO DE
OLIVEIRA, PAULO FERNANDO MENDONÇA, JÉSSICA SIMÃO
ALBUQUERQUE MELO e MAURO JÚNIOR RIOS.

4. Núcleo do Desembargador FRANCISCO PEDROSA TEIXEIRA: Integrado por


MICHEL SAMPAIO COUTINHO, JÉSSICA SIMÃO ALBUQUERQUE MELO,
MAURO JÚNIOR RIOS, MARCOS PAULO DE OLIVEIRA SÁ, EMÍLIA MARIA
CASTELO LIRA e ADAILTON FREIRE.

5. Núcleo do Desembargador VALDSEN DA SILVA ALVES PEREIRA: Composto por


JOSÉ JOAQUIM MATEUS PEREIRA.

6. Desembargador VALDSEN DA SILVA ALVES PEREIRA aposentado


compulsoriamente em 17/11/2014 e Desembargador FRANCISCO PEDROSA
TEIXEIRA aposentado em 22/5/2018.

7. Quanto a VALDSEN DA SILVA ALVES PEREIRA, o Ministério Público Federal


registrou que "estando os autos abundantemente instruídos, tendo possibilitado a
formação da convicção deste órgão acusador (opinio delicti), a partir do delineamento
preciso das condutas dos acusados, é possível o desmembramento do processo, não
obstante a conexão entre as condutas, visto que nenhumprejuízo trará à elucidação dos
fatos submetidos a esse Superior Tribunal de Justiça". Realçou que a conexão "não impõe
reunião de processos quando tal proceder não se mostrar conveniente à relação
processual, nos termos do artigo 80 do CPP". Colacionou jurisprudência do STF e do STJ
e opinou pelo desmembramento desta Ação Penal, mantendo-se a validade dos atos
investigatórios e processuais até aqui praticados.

8. No atinente a FRANCISCO TEIXEIRA, o MPF asseverou que "tendo a denúncia


fatiado as condutas dos réus em três núcleos diversos, os delitos relacionados ao ofício
do Desembargador aposentado FRANCISCO PEDROSA TEIXEIRA podem ser
processados e julgados de modo independente daqueles que dizem respeito ao núcleo da
Desembargadora SÉRGIA MARIA MENDONÇA MIRANDA". Manifestou-se pela
remessa dos autos à Justiça Estadual do Ceará.

9. Conforme entendimento sedimentado do STF e do STJ, a prerrogativa de foro é medida


excepcional e, como regra de exceção que é, deve ser interpretada restritivamente.
Ademais, em observância à razoável duração do processo, é recomendável que a Ação
Penal seja desmembrada, preservando-se os princípios do juiz natural e da razoável
duração do processo. Nesse sentido, colhe-se do STF: AP 336-AgR/TO, Relator o
Ministro Carlos Velloso, DJ de 10/12/2004; Inquérito 1.690, Plenário, relatado pelo
Ministro Carlos Velloso; AP 351/SC, Relator o Ministro Marco Aurélio, DJ de 17/9/2004;
PET nº 2.020-QO/MG, Relator o Ministro Néri da Silveira, DJ de 31/8/2001. No mesmo
sentido: STF, Inq 3.842 (Segunda Turma) e Inq 4.130 (Plenário).

10. No caso dos autos, como destacado pelo Ministério Público Federal, "tendo a
denúncia fatiado as condutas dos réus em três núcleos diversos, os delitos relacionados
ao ofício do Desembargador aposentado FRANCISCO PEDROSA TEIXEIRA podem
ser processados e julgados de modo independente daqueles que dizem respeito ao núcleo
da Desembargadora SÉRGIA MARIA MENDONÇA MIRANDA". Igualmente, o MPF
consignou que "estando os autos abundantemente instruídos, tendo possibilitado a
formação da convicção deste órgão acusador (opinio delicti), a partir do delineamento
preciso das condutas dos acusados, é possível o desmembramento do processo, não
obstante a conexão entre as condutas, visto que nenhum prejuízo trará à elucidação dos
fatos submetidos a esse Superior Tribunal de Justiça".

11. As ações imputadas à Desembargadora SÉRGIA MARIA MIRANDA MENDONÇA,


única magistrada ainda em atividade e, por consequência, detentora de foro por
prerrogativa de função, não se ligam às supostas ações perpetradas pelos juízes
aposentados FRANCISCO PEDROSA TEIXEIRA e VALDSEN DA SILVA ALVES
PEREIRA. Dessa forma, não existe risco de julgamentos conflitantes em relação a
eventuais coautores ou partícipes, porque haverá deslocamento integral da competência
de cada agremiação. Ademais, não se exige solução de julgamento idêntica para supostos
corruptores ativos e corrompidos de grupos distintos e não ligados entre si, como é o caso,
onde as ações foram repartidas em "núcleos", cada qual tendo um dos magistrados
denunciados como principal artífice.

12. Declínio que só não éviável em relação àqueles que foram reunidos no grupo atinente
à Desembargadora da ativa SÉRGIA MARIA MENDONÇA MIRANDA porque, aí sim,
as supostas ações de corrompidos e corruptores não podem ser examinadas de forma
dissociada, sob pena de eventual julgamento contraditório de condutas inter-relacionadas,
tal como a Eg. Corte Especial decidiu na APn 841/DF, conexa a esta.

13. Quanto aos dois magistrados que passaram à inatividade e que, como tal, perderam a
prerrogativa de processo perante o STJ, deve ser privilegiado o juízo natural, afastando-
se o foro por prerrogativa de função, que é excepcional, de modo que o requerimento de
declínio de competência pelos fatos atinentes aos julgadores aposentados deve ser
integralmente acolhido.
14. Validade preservada de todos os atos investigatórios e processuais até aqui praticados,
inclusive das medidas cautelares, diante da conexão que se tem presente.

15. Questão de Ordem que se resolve com o desmembramento desta Ação Penal em
relação a FRANCISCO PEDROSA TEIXEIRA, MICHEL SAMPAIO COUTINHO,
JÉSSICA SIMÃO ALBUQUERQUE MELO, MAURO JÚNIOR RIOS, MARCOS
PAULO DE OLIVEIRA SÁ, EMÍLIA MARIA CASTELO LIRA, ADAILTON FREIRE,
VALDSEN DA SILVA ALVES PEREIRA e JOSÉ JOAQUIM MATEUS PEREIRA,
pelas condutas relacionadas nos tópicos III e IV ("núcleos" dos Desembargadores
FRANCISCO PEDROSA TEIXEIRA e VALDSEN DA SILVA ALVES PEREIRA) da
denúncia, mantendo-se válidos todos os atos investigatórios, processuais e as medidas
cautelares até aqui determinadas.
Tema 10:
Administração Judiciária. Organização judiciária. Custeio da atividade judicial.

1ª QUESTÃO:
Tendo em vista a elevada demanda nas varas criminais da capital, de crimes praticados
por organizações criminosas, foi promulgada lei estadual de iniciativa do Chefe do Poder
Judiciário que criou a vara especializada em delitos praticos por organizações criminosas.
Dispõe a lei que a indicação e nomeação dos magistrados que ocuparão a referida vara
será feita pelo presidente do Tribunal de Justiça, com a aprovação do Tribunal.
Analise, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, a constitucionalidade
desta lei.

RESPOSTA:
RESPOSTA:
Criação, por lei estadual, de varas especializadas em delitos praticados por organiza- ções
criminosas. (...) Os juízes integrantes de vara especializada criada por lei estadual devem
ser designados com observância dos parâmetros constitucionais de antiguidade e
merecimento previstos no art. 93, II e VIII-A, da Constituição da República, sendo
inconstitucional, em vista da necessidade de preservação da independência do julgador,
previsão normativa segundo a qual a indicação e nomeação dos magistrados que ocuparão
a referida vara será feita pelo presidente do Tribunal de Justiça, com a aprovação do
Tribunal. [ADI 4.414, rel. min. Luiz Fux, j. 31-5-2012, P, DJE de 17-6-2013.]

MS 30547, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA

Órgão julgador: Tribunal Pleno

Julgamento: 18/10/2019;

Publicação: 07/02/2020
Ementa

EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MATO


GROSSO. CRIAÇÃO DE VARA ESPECIALIZADA (PROVIMENTO N. 4/2008).
CONCENTRAÇÃO DE AÇÕES JUDICIAIS SOBRE QUESTÕES AGRÁRIAS EM
VARA ESPECIALIZADA (RESOLUÇÃO N. 7/2008). CONSELHO NACIONAL DE
JUSTIÇA: PRESERVAÇÃO DA COMPETÊNCIA TERRITORIAL DOS JUÍZOS DAS
COMARCAS DO INTERIOR DO ESTADO, CONFORME CRITÉRIOS DOS ARTS.
94 E 95 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. PRELIMINAR DE FALTA DE
INTERESSE DE AGIR DO IMPETRANTE REJEITADA. MANDADO DE
SEGURANÇA CONCEDIDO. 1. Não se há cogitar de declaração de
inconstitucionalidade de forma direta pelo Conselho Nacional de Justiça, que
fundamentou a preservação da competência territorial dos juízos das comarcas do interior
nos arts. 94 e 95 do Código de Processo Civil. 2. Na Constituição de 1988 se conferiu aos
tribunais estaduais competência para definir a atribuição para ações sobre conflitos
fundiários por seus órgãos jurisdicionais (art. 126), sem exigir ação em que se discute
questão agrária no foro da situação da coisa, sob pena de se interpretar a Constituição da
República a partir do Código de Processo Civil. 3. Mandado de segurança concedido.

RECL 30599, rel. MIn. Edson Facchin

Decisão: 1. Trata-se de reclamação, com pedido liminar, ajuizada com fundamento no


art. 102, I, “l”, da Constituição Federal, por meio da qual se noticia a não observância,
por parte da Vara dos Feitos Relativos a Delitos Praticados por Organização Criminosa
da Comarca de Salvador/BA, do

precedente com eficácia erga omnes proferido pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal
no julgamento da ADI 4.414. Sustenta o reclamante: a) os magistrados que atuam na ação
penal 0334548-50.2017.8.05.0001 e demais ações conexas, que tramitam na Vara dos
Feitos Relativos a Delitos Praticados por Organização Criminosa da Comarca de
Salvador/BA, “jamais assinaram em conjunto qualquer ato decisório, não havendo sequer
comprovação de que tenha havido deliberação conjunta para fins de dar cumprimento ao
que dispõe o art. 130-B, §2, da Lei Estadual nº 13.375, de 23 de setembro de 2015”; b)
“a deliberação conjunta e a necessidade de assinatura por todos que compõem o colegiado
não é uma faculdade, mas uma imposição para que se possa garantir os fins almejados
pela criação do colegiado, masprimordialmente para se resguardar o princípio do juiz
natural e do devido processo legal”; c) “não se pode aceitar que outras decisões
teratológicas e contraditórias sejam prolatadas sob o manto da colegialidade ’fictícia’,
uma vez que resta patente que a insegurança jurídica narrada na presente peça decorre
justamente do procedimento monocrático adotado pelos juízes que compõem a Vara dos
Feitos Relativos a Delitos Praticados por Organização Criminosa da Comarca de
Salvador/BA”. Requer a procedência da reclamação a fim de cassar a decisão reclamada
e anular “todos os atos decisórios exarados nos autos da ação penal 0335448-
50.2017.8.05.0001 e nas ações conexas a esta em que seja constatada a violação do
princípio do juiz natural em razão da ausência de decisão advinda de juízo colegiado ou
de juízo monocrático único”. É o relatório. Decido. 2. A presente reclamação é incabível.
Como é cediço, o cabimento da reclamação, instituto jurídico de natureza constitucional,
deve ser aferido nos estritos limites das normas de regência, que a concebem para
preservação da competência do Tribunal e para garantia da autoridade de suas decisões
(art. 102, I, l, CF), bem como contra atos que contrariem ou indevidamente apliquem
súmulas vinculantes (art. 103-A, § 3º, da CF). Cabe ressaltar que a reclamação “não se
qualifica como sucedâneo recursal nem configura instrumento viabilizador do reexame
do conteúdo do ato reclamado, eis que tal finalidade revela-se estranha à destinação
constitucional subjacente à instituição dessa medida processual” (Rcl 4381 AgR,
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 22/06/2011). Pondero
ainda que a Corte exige, como pressuposto de cognoscibilidade, aderência estrita entre a
decisão reclamada e o paradigma invocado, sob pena de conferir-se contorno recursal à
via reclamatória, providência fortemente inadmitida por este Tribunal. Nesse sentido, por
todos, cito os seguintes precedentes: Rcl 4090 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO
BARROSO, Primeira Turma, julgado em 26/05/2017; Rcl 26269 AgR, Relator(a): Min.
GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 26/05/2017; Rcl 22039 ED, Relator(a):
Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 12/05/2017; Rcl 25688 AgR,
Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 12/05/2017 e Rcl 25156 AgR,
Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Segunda Turma, julgado em 07/03/2017. 3. No caso
em análise, alega o reclamante a não observância, por parte da Vara dos Feitos Relativos
a Delitos Praticados por Organização Criminosa da Comarca de Salvador/BA, do
precedente proferido pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI
4.414, especialmente os itens 13, 20 e 21 da ementa (grifei): DIREITO PROCESSUAL
PENAL. DIREITO CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. CRIAÇÃO, POR LEI ESTADUAL, DE VARAS
ESPECIALIZADAS EM DELITOS PRATICADOS POR ORGANIZAÇÕES
CRIMINOSAS. – PREVISÃO DE CONCEITO DE “CRIME ORGANIZADO” NO
DIPLOMA ESTADUAL. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO À COMPETÊNCIA DA
UNIÃO PARA LEGISLAR SOBRE MATÉRIA PENAL E PROCESSUAL PENAL.
ENTENDIMENTO DO EGRÉGIO PLENÁRIO PELA PROCEDÊNCIA DO PEDIDO
DE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. – INCLUSÃO DOS ATOS
CONEXOS AOS CONSIDERADOS COMO CRIME

ORGANIZADO NA COMPETÊNCIA DA VARAESPECIALIZADA. REGRA DE


PREVALÊNCIA ENTRE JUÍZOS INSERIDA EM LEI ESTADUAL.
INCONSTITUCIONALIDADE. VIOLAÇÃO DA COMPETÊNCIA DA UNIÃO PARA
TRATAR SOBRE DIREITO PROCESSUAL PENAL (ART. 22, I, CRFB). –
AUSÊNCIA DE RESSALVA À COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL DO
TRIBUNAL DO JÚRI. VIOLAÇÃO AO ART. 5º, XXXVIII, CRFB. AFRONTA À
COMPETÊNCIA DA UNIÃO PARA LEGISLAR SOBRE PROCESSO (ART. 22, I,
CRFB). – CRIAÇÃO DE ÓRGÃO COLEGIADO EM PRIMEIRO GRAU POR MEIO
DE LEI ESTADUAL. APLICABILIDADE DO ART. 24, XI, DA CARTA MAGNA,
QUE PREVÊ A COMPETÊNCIA CONCORRENTE PARA LEGISLAR SOBRE
PROCEDIMENTOS EM MATÉRIA PROCESSUAL. COLEGIALIDADE COMO
FATOR DE REFORÇO DA INDEPENDÊNCIA JUDICIAL. OMISSÃO DA
LEGISLAÇÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA ESTADUAL PARA SUPRIR A
LACUNA (ART. 24, § 3º, CRFB). CONSTITUCIONALIDADE DE TODOS OS
DISPOSITIVOS QUE FAZEM REFERÊNCIA À VARA ESPECIALIZADA COMO
ÓRGÃO COLEGIADO. – DISPOSITIVOS QUE VERSAM SOBRE PROTOCOLO E
DISTRIBUIÇÃO. CONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA CONCORRENTE
PARA TRATAR DE PROCEDIMENTOS EM MATÉRIA PROCESSUAL (ART. 24,
XI, DA CRFB). – ATIVIDADES DA VARA CRIMINAL ANTERIORES OU
CONCOMITANTES À INSTRUÇÃO PRÉVIA. ALEGAÇÃO DE MALFERIMENTO
AO SISTEMA ACUSATÓRIO DE PROCESSO PENAL. INTERPRETAÇÃO
CONFORME À CONSTITUIÇÃO. ATUAÇÃO DO JUDICIÁRIO NA FASE
INVESTIGATIVA PRELIMINAR APENAS NA FUNÇÃO DE “JUIZ DE
GARANTIAS”. POSSIBILIDADE, AINDA, DE APRECIAÇÃO DE REMÉDIOS
CONSTITUCIONAIS DESTINADOS A COMBATER EXPEDIENTES
INVESTIGATIVOS ILEGAIS. – ATRIBUIÇÃO, À VARA ESPECIALIZADA, DE
COMPETÊNCIA TERRITORIAL QUE ABRANGE TODO O TERRITÓRIO DO
ESTADO-MEMBRO. SUSCITAÇÃO DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA
TERRITORIALIDADE. IMPROCEDÊNCIA. MATÉRIA INSERIDA NA
DISCRICIONARIEDADE DO LEGISLADOR ESTADUAL PARA TRATAR DE
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA (ART. 125 DA CRFB). – COMANDO DA LEI
ESTADUAL QUE DETERMINA A REDISTRIBUIÇÃO DOS INQUÉRITOS
POLICIAIS EM CURSO PARA A NOVA VARA. INEXISTÊNCIA DE AFRONTA À
PERPETUATIO JURISDICTIONIS. APLICAÇÃO DAS EXCEÇÕES CONTIDAS NO
ART. 87 DO CPC. ENTENDIMENTO DO PLENO DESTE PRETÓRIO EXCELSO. –
PREVISÃO, NA LEI ATACADA, DE NÃO REDISTRIBUIÇÃO DOS PROCESSOS
EM ANDAMENTO. CONSTITUCIONALIDADE. MATÉRIA QUE ATINE TANTO
AO DIREITO PROCESSUAL QUANTO À ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA. TEORIA
DOS PODERES IMPLÍCITOS. COMPETÊNCIA DOS ESTADOS PARA DISPOR,
MEDIANTE LEI, SOBRE A REDISTRIBUIÇÃO DOS FEITOS EM CURSO.
EXEGESE DO ART. 125 DA CRFB. – POSSIBILIDADE DE DELEGAÇÃO
DISCRICIONÁRIA DOS ATOS DE INSTRUÇÃO OU EXECUÇÃO A OUTRO
JUÍZO. MATÉRIA PROCESSUAL. PERMISSÃO PARA QUALQUER JUIZ,
ALEGANDO ESTAR SOFRENDO AMEAÇAS, SOLICITAR A ATUAÇÃO DA
VARA ESPECIALIZADA. VÍCIO FORMAL, POR INVADIR COMPETÊNCIA
PRIVATIVA DA UNIÃO PARA TRATAR DE PROCESSO (ART. 22, I, CRFB).
INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL, POR VIOLAR O PRINCÍPIO DO JUIZ
NATURAL E A VEDAÇÃO DE CRIAÇÃO DE TRIBUNAIS DE EXCEÇÃO (ART.
5º, LIII E XXXVII, CRFB). – ATRIBUIÇÃO, À VARA ESPECIALIZADA, DE
COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR A EXECUÇÃO PENAL. INEXISTÊNCIA DE
AFRONTA À CARTA MAGNA. TEMA DE ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA (ART.
125 CRFB). – PERMISSÃO LEGAL PARA

JULGAR CASOS URGENTESNÃO INSERIDOS NA COMPETÊNCIA DA VARA


ESPECIALIZADA. INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO (ART. 5º,
XXXV, LIII, LIV, LXV, LXI E LXII, CRFB). PERMISSÃO QUE SE RESTRINGE ÀS
HIPÓTESES DE RELAXAMENTO DE PRISÕES ILEGAIS, SALVANTE AS
HIPÓTESES DE MÁ-FÉ OU ERRO MANIFESTO. TRANSLATIO IUDICII NO
PROCESSO PENAL, CUJA APLICABILIDADE REQUER HAJA DÚVIDA
OBJETIVA ACERCA DA COMPETÊNCIA PARA APRECIAR A CAUSA. –
PREVISÃO GENÉRICA DE SEGREDO DE JUSTIÇA A TODOS OS INQUÉRITOS E
PROCESSOS. INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA PELO PLENÁRIO. –
INDICAÇÃO E NOMEAÇÃO DE MAGISTRADO PARA INTEGRAR A VARA
ESPECIALIZADA REALIZADA POLITICAMENTE PELO PRESIDENTE DO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. INCONSTITUCIONALIDADE. VIOLAÇÃO AOS
CRITÉRIOS PARA REMOÇÃO E PROMOÇÃO DE JUÍZES PREVISTOS NA
CARTA MAGNA (ART. 93, II E VIII-A). GARANTIAS DE INDEPENDÊNCIA DA
MAGISTRATURA E DE QUALIDADE DA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. –
ESTABELECIMENTO DE MANDATO DE DOIS ANOS PARA A OCUPAÇÃO DA
TITULARIDADE DA VARA ESPECIALIZADA. DESIGNAÇÃO POLÍTICA
TAMBÉM DO JUIZ SUBSTITUTO, ANTE O AFASTAMENTO DO TITULAR.
INCONSTITUCIONALIDADE. AFASTAMENTO INDIRETO DA REGRA DA
IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ (ART. 399, § 2º, CPP). PRINCÍPIO DA
ORALIDADE. MATÉRIA PROCESSUAL, QUE DEVE SER TRATADA EM LEI
NACIONAL (ART. 22, I, CRFB). – AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE.
MODULAÇÃO DOS EFEITOS TEMPORAIS DA DECISÃO. 1. Os delitos cometidos
por organizações criminosas podem submeter-se ao juízo especializado criado por lei
estadual, porquanto o tema é de organização judiciária, prevista em lei editada no âmbito
da competência dos Estados-membros (art. 125 da CRFB). Precedentes (ADI 1218,
Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Tribunal Pleno, julgado em 05/09/2002, DJ 08-
11-2002; HC 96104, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma,
julgado em 16/06/2010, Dje-145; HC 94146, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda
Turma, julgado em 21/10/2008, Dje-211; HC 85060, Relator(a): Min. EROS GRAU,
Primeira Turma, julgado em 23/09/2008, Dje-030; HC 91024, Relator(a): Min. ELLEN
GRACIE, Segunda Turma, julgado em 05/08/2008, Dje-157). Doutrina (TOURINHO
FILHO, Fernando da Costa. Código de Processo Penal Comentado, 12ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2009. p. 278-279). 2. O conceito de “crime organizado” é matéria reservada à
competência legislativa da União, tema interditado à lei estadual, à luz da repartição
constitucional (art. 22, I, CRFB). 3. À Lei estadual não é lícito, a pretexto de definir a
competência da Vara especializada, imiscuir-se na esfera privativa da União para legislar
sobre regras de prevalência entre juízos (arts. 78 e 79 do CPP), matéria de caráter
processual (art. 22, I, CRFB). 4. A competência constitucional do Tribunal do Júri (art.
5º, XXXVIII) não pode ser afastada por Lei estadual, nem usurpada por Vara criminal
especializada, sendo vedada, ainda, a alteração da forma de sua composição, que deve ser
definida em Lei nacional. Precedentes do Pleno deste Pretório Excelso (ADI 1218/RO,
rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA, julg. 05/09/2002, Tribunal Pleno). 5. A composição do
órgão jurisdicional se insere na competência legislativa concorrente para versar sobre
procedimentos em matéria processual, mercê da caracterização do procedimento como
aexteriorização da relação jurídica em desenvolvimento, a englobar o modo de produção
dos atos decisórios do Estado-juiz, se com a chancela de um ou de vários magistrados
(Machado Guimarães. Estudos de Direito Processual Civil. Rio de Janeiro - São Paulo:
Jurídica e Universitária, 1969. p. 68). 6. A independência do juiz nos casos relativos a
organizações criminosas, injunção constitucional, na forma do art. 5º, XXXVII e LIII, da
CRFB, não está adequadamente preservada pela legislação federal, constituindo lacuna a
ser preenchida pelos Estados-membros, no exercício da competência prevista no art. 24,
§ 3º, da Carta Magna. 7. Os Estados-membros podem dispor, mediante Lei, sobre
protocolo e distribuição de processos, no âmbito de sua competência para editar normas
específicas sobre procedimentos em matéria processual (art. 24, XI, CRFB). 8. A
separação entre as funções de acusar defender e julgar é o signo essencial do sistema
acusatório de processo penal (Art. 129, I, CRFB), tornando a atuação do Judiciário na
fase pré-processual somente admissível com o propósito de proteger as garantias
fundamentais dos investigados (FERRAJOLI, Luigi. Derecho y Razón – Teoría del
Garantismo Penal. 3ª ed., Madrid: Trotta, 1998. p. 567). 9. Os procedimentos
investigativos pré-processuais não previstos no ordenamento positivo são ilegais, a
exemplo das VPIs, sindicâncias e acautelamentos, sendo possível recorrer ao Judiciário
para fazer cessar a ilicitude, mantida a incolumidade do sistema acusatório (HAMILTON,
Sergio Demoro. A Ilegalidade das VPIS, das Sindicâncias, dos Acautelamentos e
Quejandos. In: Processo Penal Reflexões. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2002). 10. O
princípio do juiz natural não resta violado na hipótese em que Lei estadual atribui a Vara
especializada competência territorial abrangente de todo o território da unidade federada,
com fundamento no art. 125 da Constituição, porquanto o tema gravita em torno da
organização judiciária, inexistindo afronta aos princípios da territorialidade e do Juiz
natural. 11. A perpetuatio jurisdictionis é excepcionada nas hipóteses de modificação da
competência ratione materiae do órgão, motivo pelo qual é lícita a redistribuição dos
inquéritos policiais para a nova Vara Criminal, consoante o art. 87, in fine, do CPC.
Precedentes (HC 88.660-4, Rel. Min. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julg. 15.05.2008;
HC 85.060, Rel. Min. Eros Grau, Primeira Turma, julg. 23.09.2008; HC 76.510/SP Rel.
Min. Carlos Velloso, Segunda Turma, julg. 31.03.1998). Doutrina (CARNELUTTI,
Francesco. Sistema di Diritto Processuale Civile. V. III. Padova: CEDAM, 1939. p. 480;
MARQUES, José Frederico. Enciclopédia Saraiva do Direito. Vol. 46. p. 446;
TORNAGHI, Tornaghi. Instituição de Processo Penal. Vol. I. 2ª ed. São Paulo: Saraiva,
1977. p. 174). 12. A Lei estadual que cria Vara especializada em razão da matéria pode,
de forma objetiva e abstrata, impedir a redistribuição dos processos em curso, através de
norma procedimental (art. 24, XI, CRFB), que se afigura necessária para preservar a
racionalidade da prestação jurisdicional e uma eficiente organização judiciária (art. 125
CRFB) (GRECO, Leonardo. Instituições de Processo Civil. V. I. Rio de Janeiro: Forense,
2009. p. 174-175; DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituiçõesde Direito Processual
Civil. V. I. 6ª ed. São Paulo: Malheiros, 2009. p. 365- 366). 13. O princípio do Juiz natural
(art. 5º, XXXVII e LIII, CRFB) é incompatível com disposição que permita a delegação
de atos de instrução ou execução a outro juízo, sem justificativa calcada na competência
territorial ou funcional dos órgãos envolvidos, ante a proibição dos poderes de comissão
(possibilidade de criação de órgão jurisdicional ex post facto) e de avocação
(possibilidade de modificação da competência por critérios discricionários), sendo certo
que a cisão funcional de competência não se insere na esfera legislativa dos Estados
membros (art. 22, I, CRFB) (FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão: teoria do garantismo
penal. 2ª ed. São Paulo: RT, 2006. p. 544; SCHWAB, Karl Heinz. Divisão de funções e
o juiz natural. Revista de Processo,vol 12 n 48 p 124 a 131 out/dez 1987). 14. A criação,
no curso do processo, de órgão julgador composto pelo magistrado que se julga ameaçado
no exercício de suas funções e pelos demais integrantes da Vara especializada em crime
organizado é inconstitucional, por afronta aos incisos LIII e XXXVII do artigo 5º da Carta
Magna, que vedam, conforme mencionado alhures, o poder de comissão, é dizer, a criação
de órgão jurisdicional ex post facto, havendo, ainda, vício formal, por se tratar de matéria
processual, de competência da União (art. 22, I, CRFB). 15. A Lei estadual pode definir
que um mesmo juízo disponha de competência

para atuar na fase de conhecimento e na fase executória do processo penal, máxime em


razão do disposto no art. 65 da Lei Federal nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal), verbis:
“A execução penal competirá ao Juiz indicado na lei local de organização judiciária e, na
sua ausência, ao da sentença”. 16. O juízo incompetente pode, salvante os casos de erro
grosseiro e manifesta má-fé, em hipóteses de urgência e desde que haja dúvida razoável
a respeito do órgão que deve processar a causa, determinar o relaxamento de prisão ilegal,
remetendo o caso, em seguida, ao juiz natural, configurando hipótese de translatio iudicii
inferida do art. 5º, LXV, da Carta Magna, o qual não exige a competência da autoridade
judiciária responsável pelo relaxamento, sendo certo que a complexidade dos critérios de
divisão da competência jurisdicional não podem obstaculizar o acesso à justiça (art. 5º,
XXXV, CRFB). Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal admitindo a ratificação de
atos prolatados por juiz incompetente inclusive em desfavor do réu (HC 83.006/SP, rel.
Min. Ellen Gracie, Plenário, DJ de 29.8.2003; HC 88.262/SP, rel. Min. Gilmar Mendes,
Segunda Turma, julgado em 18/12/2006, DJ 30-03-2007). Doutrina (GRECO, Leonardo.
Translatio iudicii e reassunção do processo. RePro, ano 33, nº 166. São Paulo: RT, 2008;
BODART, Bruno e ARAÚJO, José Aurélio de. Alguns apontamentos sobre a Reforma
Processual Civil Italiana – Sugestões de Direito Comparado para o Anteprojeto do Novo
CPC Brasileiro. In: O novo processo civil brasileiro – Direito em expectativa. Coord. Luiz
Fux. Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 27-28). 17. É vedado à Lei Estadual estabelecer o
sigilo do inquérito policial, aplicando-se as normas dalegislação federal sobre a matéria.
18. A publicidade assegurada constitucionalmente (art. 5º, LX, e 93, IX, da CRFB)
alcança os autos do processo, e não somente as sessões e audiências, razão pela qual
padece de inconstitucionalidade disposição normativa que determine abstratamente
segredo de justiça em todos os processos em curso perante Vara Criminal. Doutrina
(GRECO, Leonardo. Instituições de Processo Civil. Vol. I. Rio de Janeiro: Forense, 2009.
p. 558; TUCCI, Rogério Lauria. Direitos e garantias individuais no processo penal
brasileiro. 3ª ed. São Paulo: RT, 2009. p. 184; TOURINHO FILHO, Fernando da Costa.
Manual de Processo Penal. 11ª ed. São Paulo: 2009. p. 20; CAPPELLETTI, Mauro.
Fundamental guarantees of the parties in civil litigation. Milano: A. Giuffre, 1973. p. 756-
758). 19. Os juízes integrantes de Vara especializada criada por Lei estadual devem ser
designados com observância dos parâmetros constitucionais de antiguidade e
merecimento previstos no art. 93, II e VIII-A, da Constituição da República, sendo
inconstitucional, em vista da necessidade de preservação da independência do julgador,
previsão normativa segundo a qual a indicação e nomeação dos magistrados que ocuparão
a referida Vara será feita pelo Presidente do Tribunal de Justiça, com a aprovação do
Tribunal. Doutrina (FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão: teoria do garantismo penal. 2ª
ed. São Paulo: RT, 2006. p. 534; GARAPON, Antoine. O juiz e a democracia. Trad. Maria
Luiza de Carvalho. Rio de Janeiro: Revan, 1999. p. 60; CARNELUTTI, Francesco.
Sistema di Diritto Processuale Civile. V. I. Padova: CEDAM, 1936. p. 647- 651; Idem.
Lezioni di Diritto Processuale Civile. V. Terzo. Padova: CEDAM, 1986. p. 114;
GUIMARÃES, Mário. O Juiz e a Função Jurisdicional. Rio de Janeiro: Forense, 1958. p.
117). 20. O mandato de dois anos para a ocupação da titularidade da Vara especializada
em crimes organizados, a par de afrontar a garantia da inamovibilidade, viola a regra da
identidade física do juiz, componente fundamental do princípio da oralidade, prevista no
art. 399, § 2º, do CPP (“O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença”),
impedindo, por via oblíqua, a aplicação dessa norma cogente prevista em Lei nacional,
em desfavor do Réu, usurpando a competência privativa da União (art. 22, I, CRFB).
Doutrina (CHIOVENDA, Giuseppe. A oralidade e a prova. In: Processo Oral. 1ª série.
Rio de Janeiro: Forense, 1940. p. 137). 21. O princípio do Juiz natural obsta “qualquer
escolha do juiz ou colegiado a que as causas são confiadas”, de modo a se afastar o “perigo
de prejudiciais condicionamentos dos processos através da designação hierárquica dos
magistrados competentes para apreciá-los” (FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão: teoria
do garantismo penal. 2ª ed. São Paulo: RT, 2006. p. 545), devendo-se condicionar a
nomeação do juiz substituto, nos casos de afastamento do titular, por designação do
Presidente do Tribunal de Justiça, à observância de critérios impessoais, objetivos e
apriorísticos. Doutrina (LLOBREGAT, José Garberí. Constitución y Derecho Procesal –
Los fundamentos constitucionales del Derecho Procesal. Navarra: Civitas/Thomson
Reuters, 2009. p. 65-66). 22. Improcedente o pleito de inconstitucionalidade por
arrastamento, permanecendo válidas todas as disposições da Lei questionada que não
sofreramdeclaração de nulidade. 23. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada
parcialmente procedente pelo Plenário para declarar a nulidade, com redução de texto,
dos seguintes dispositivos e termos da Lei estadual de Alagoas nº 6.806 de 2007: (a) as
palavras “todos indicados e nomeados pelo Presidente do Tribunal de Justiça do Estado
de Alagoas, com aprovação do Pleno, para um período de dois (02) anos, podendo, a
critério do Tribunal, ser renovado”, no art. 2º; (b) o art. 5º, caput e seu parágrafo único;
(c) o art. 7º e o art. 12, que violam o princípio do juiz natural ao permitir os poderes de
avocação e de comissão; (d) o art. 8º; (e) o art. 9º, parágrafo único e respectivos incisos,
bem como a expressão “crime organizado, desde que cometido por mais de dois agentes,
estabelecida a divisão de tarefas, ainda que incipiente, com perpetração caracterizada pela
vinculação com os poderes constituídos, ou por posição de mando de um agente sobre os
demais (hierarquia), praticados através do uso da violência física ou psíquica, fraude,
extorsão, com resultados que traduzem significante impacto junto à comunidade local ou
regional, nacional ou internacional”; (f) o art. 10; (g) os parágrafos 1º, 2º e 3º do art. 11,
preservado o seu caput; (h) a expressão “e procedimentos prévios”, no art. 13. 24. Ação
Direta de Inconstitucionalidade parcialmente procedente, ainda, para o fim de conferir
interpretação conforme à Constituição: (a) ao art. 1º, de modo a estabelecer que os crimes
de competência da 17ª Vara Criminal da Capital são aqueles praticados na forma do art.
1º da Lei nº 9.034/95, com a redação dada pela Lei nº 10.217/01; (b) ao art. 3º, com o fito
de impor a observância, pelo Presidente do Tribunal, na designação de juiz substituto, de
critérios objetivos, apriorísticos e impessoais, nos termos do quanto decidido pela Corte
nos autos do MS nº 27.958/DF; (c) ao art. 9º, inciso I, para excluir da competência da
Vara especializada o processo e julgamento de crimes dolosos contra a vida. 25.
Modulação dos efeitos temporais da decisão, na forma do art. 27 da Lei 9.868/99, para
que os dispositivos objurgados não produzam efeitos sobre os processos com sentenças
já proferidas e sobre os atos processuais já praticados, ressalvados os recursos e habeas
corpus pendentes que tenham como fundamento a inconstitucionalidade dos dispositivos
da Lei Estadual ora em exame, ressaltando-se, ainda, que os processos pendentes sem
prolação de sentença devem ser assumidos por juízes designados com a observância dos
critérios constitucionais, nos termos do presente aresto, fixado o prazo de noventa dias
para o provimento dos cargos de juízes da 17ª Vara Criminal da Capital. Todavia, embora
o Plenário do Supremo Tribunal Federal tenha abordado o tema inerente à garantia
constitucional do juiz natural e do devido processo legal no julgamento da ADI 4414, em
momento algum o fez sob o enfoque trazido nesta reclamação, isto é, o paradigma não
tratou de que forma a decisão do colegiado de primeiro grau deveria ser formalizada, se
por meio da assinatura eletrônica de todos os Juízes ou de apenas um deles. Portanto, a
situação fática dos autos desborda do ato apontado como paradigma. Dessa forma, não
configurada a imprescindível aderência estrita entre asituação fática reclamada e o
precedente vinculante exarado no julgamento da ADI 4414, a irresignação deve ser aviada
pelas vias próprias, a tempo e modo, descabendo conferir à reclamação contornos de
sucedâneo recursal. 4. Pelo exposto, nos termos do art. 21, §1°, RISTF, nego seguimento
à presente reclamação. Publique-se. Intimem-se. Brasília, 28 de junho de 2018. Ministro
Edson Fachin Relator Documento assinado digitalmente.

2ª QUESTÃO:
Trata-se de Recurso Ordinário em Mandado de Segurança interposto por Carmencita
Carmo em face de acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins. A recorrente
se insurge contra ato do Governador do Tocantins, consistente na outorga da delegação
da titularidade do Tabelionato de Protesto de Títulos da Comarca de Coromandel a
candidata aprovada em concurso público, sendo que este acórdão manteve a denegação
da segurança pleiteada perante a Corte a quo.
A recorrente busca permanecer no exercício do tabelionato de protesto de títulos
assumido, em caráter precário, em acumulação com o tabelionato de registro civil de
pessoas naturais.

Existe algum dispositivo legal a amparar a pretensão de Carmencita Carmo de continuar


no exercício do tabelionato de protestos de títulos? Fundamente sua resposta.

RESPOSTA:
Superior Tribunal de Justiça, RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE
SEGURANÇA Nº 20.866 - MG (2005/0171984-6), Rel. Min. João Otávio de Noronha,
julgado em 28/8/2007.

Órgão Julgador : T2 - SEGUNDA TURMA

Data da Publicação/Fonte DJ 13.09.2007 p. 180


Ementa

ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.


SERVENTUÁRIO DE CARTÓRIO. PRECARIEDADE. VACÂNCIA ANTERIOR À
PROMULGAÇÃO DA CF/88. CONCURSO PÚBLICO. ACUMULAÇÃO
IRREGULAR DE SERVENTIAS. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO.
PRECEDENTES.

1. O STJ pacificou entendimento de que somente há direito adquirido à efetivação na


titularidade de cartório, nos termos do art. 208 da Constituição de 1967, com a redação
da EC n. 22/82, se a vacância do cargo tiver ocorrido antes do advento da atual carta
constitucional, que previu, em seu art. 236, § 3º, a necessidade de prévia aprovação em
concurso público e de titularidade delegada em caráter efetivo.

2. Não há por que falar em direito líquido e certo à efetivação da titularidade do


tabelionato se a delegação se deu em caráter precário.

3. Nos termos do que dispõe o art. 26, caput e parágrafo único, da Lei n. 8.935/94, a
acumulação de serventias somente é admitida em caráter excepcional.

4. Recurso ordinário improvido.

Acórdão

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os
Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar
provimento ao recurso

ordinário nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Castro Meira,
Humberto Martins, Herman Benjamin e Eliana Calmon votaram com o Sr. Ministro
Relator. O Dr. Daniel César Corrêa de Carvalho Lopes da Rosa sustentou oralmente pela
recorrente, Terezinha Rodrigues Pereira Machado, protestando por juntada. Presidiu o
julgamento o Sr. Ministro Castro Meira.

RMS 37937 / SC
RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA
2012/0095766-0
Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132)
Órgão Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA
Data do Julgamento
17/10/2013
Data da Publicação/Fonte
DJe 06/12/2013
Ementa
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA.
SERVIÇO NOTARIAL. IMPETRANTE NOMEADO SUBSTITUTO INTERINO DO
TITULAR DA SERVENTIA. VACÂNCIA APÓS A VIGÊNCIA DA CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA DE 1988. INVIABILIDADE DE EFETIVAÇÃO NO CARGO.
IMPETRAÇÃO QUE VISA IMPEDIR QUE A SERVENTIA SEJA
DISPONIBILIZADA PARA PREENCHIMENTO MEDIANTE CONCURSO, NOS
TERMOS DO ART. 236, § 3º, DA CF/88. DIREITO LÍQUIDO E CERTO
INEXISTENTE.
1. Cuida-se, na origem, de Mandado de Segurança por meio do qual o impetrante - oficial
designado Tabelião em caráter interino para substituir o titular em virtude de sua
aposentadoria - insurge-se contra o edital que disponibilizou o Tabelionato de
Ibirama/SC para preenchimento mediante concurso de ingresso, ato que reputa ilegal por
estar aquela serventia sub judice.
2. No caso concreto, a serventia está vaga desde a aposentadoria do seu último titular (o
que se deu na vigência da Carta de 1988), de
modo que o ato coator apenas deu cumprimento à norma constitucional expressa no art.
236, § 3º.
3. A existência deação judicial em que o impetrante busca ver reconhecido o seu direito
a efetivar-se na titularidade do Ofício Notarial de Ibirama não tem o condão de elidir o
oferecimento dessa serventia para provimento por meio de concurso público, tendo em
vista aquela pretensão estar na contramão de sedimentada jurisprudência do STJ e do
STF. Precedentes.
4. Com efeito, "é pacífico o entendimento do STJ no sentido de que, tendo ocorrido a
vacância do cargo de titular de serventia extrajudicial após a promulgação da Constituição
da República vigente, o substituto não tem direito à efetivação na titularidade como
dispunha o art. 208 da Constituição da República de 1967, uma vez que este dispositivo
não foi recepcionado pela nova ordem jurídica, que exige a realização de concurso
público para o ingresso na atividade notarial e de registro. Precedentes (...) Reforça este
entendimento o disposto no art. 4º, p. ún., alínea "b", da Resolução n. 80/2009 do
Conselho Nacional de Justiça." (AgRg no RMS 29.326/CE, Rel. Ministro Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 28/09/2009). Precedentes do STF e do STJ.
5. A publicação de edital de concurso que identifica as delegações vagas e relaciona
aquelas que estão sub judice está em plena consonância com o art. 4º, inciso II, da
Resolução 17/2010-TJ e com a decisão proferida pelo Conselho Nacional de Justiça nos
autos do Pedido de Providências 2009.1000.0010611.
6. A tese de que o caso concreto não se sujeita à incidência da Resolução 80/2009 do CNJ
não encontra guarida na jurisprudência do STJ. Precedentes. Inexistência do alegado
direito líquido e certo à conservação da serventia exercida por substituição interina do
titular e cuja controvérsia judicial busca afirmar direito já rechaçado pela jurisprudência
dos Tribunais Superiores.
7. Recurso Ordinário não provido.

0029523-68.2017.8.08.0000

Classe: Mandado de Segurança

Órgão: TRIBUNAL PLENO

Data de Julgamento: 27/09/2018

Data da Publicação no Diário: 10/10/2018

Relator : JOSÉ PAULO CALMON NOGUEIRA DA GAMA

Origem: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESPÍRITO SANTO

Ementa

MANDADO DE SEGURANÇA. RECOLHIMENTO DA RECEITA 221 (SUPERAVIT

EXTRAJUDICIAL). OFICIAL INTERINO DO CARTÓRIO. EFETIVAÇÃO


REALIZADA APÓS A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. SEGURANÇA

DENEGADA.

1) A partir da vigência da Constituição de 1988, o ingresso ou a movimentação dos


titulares

de serviço notarial e de registro devem sempre estrita observância ao novo regime,


ficando

dependentes de prévio concurso de provas e títulos (art. 236, §3º, CF). 2) Nesse contexto,
encontra óbice na Carta Constitucional a efetivação de substituto, sem a prévia submissão
a concurso público, após a data da promulgação da Constituição vigente, ainda que a
vacância da serventia extrajudicial tenha se dado em momento anterior. 3) Outro não é o
entendimento do Excelso Pretório, que, ao apreciar hipótese análoga à presente, assentou
inexistir direito adquirido à efetivação em detrimento da nova ordem constitucional, vide
MS 27307. 4) O ConselhoNacional de Justiça também compartilha do entendimento de
que apenas são reputadas válidas as efetivações de titularidade anteriores à Constituição
de 1988, não havendo direito adquirido quanto àquelas ocorridas após o advento da Carta
Cidadã. 5) Desse modo, efetivado o impetrante como titular da serventia após a
promulgação da CF/88, válido o decreto que cessou os efeitos do Ato nº 788/93, conforme
determinação do CNJ, não havendo que se falar em direito adquirido como se pretende
na exordial, na medida em que, consoante o STF, não há direito adquirido à titularidade
de serventias que tenham sido efetivadas sem a observância das exigências do art. 236,
quando o ato tiver ocorrido após a vigência da CF/88. (MS 27909 AgR, Relator(a): Min.
TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 16/12/2014, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-027 DIVULG 09-02-2015 PUBLIC 10-02-2015) 6) Destarte,
escorreita a decisão emanada da Corregedoria-Geral de Justiça que determinou o
recolhimento da Receita 221 (Superavit Extrajudicial). 7) Segurança denegada.
ACORDA o Egrégio Tribunal Pleno, em conformidade da ata e notas taquigráficas da
sessão, que integram este julgado, à unanimidade de votos, denegar a segurança. Vitória,
27 de setembro de 2018.

Tema 11:
Defesa do Estado e das instituições democráticas. Estado de defesa. Estado de sítio.

1ª QUESTÃO:
O Presidente da República, diante da grave perturbação da ordem pública no Estado de
Alagoas, decretou estado de defesa, com fundamento nos artigos 84, X e 136, ambos da
Constituição Federal. Dispensando a consulta prévia ao Conselho da República e ao
Conselho de Defesa Nacional, determinou a medida de exceção pelo prazo de 60
(sessenta) dias, prorrogáveis, por uma única vez, por igual período. O Decreto ainda
determinou possibilidade de violação domiciliar durante a noite, desde que com mandado
judicial, restrições à liberdade de pensamento e de manifestação artística, bem como
suspensão da liberdade de reunião, além de possibilitar a incomunicabilidade de presos,
quando necessária à execução das medidas. O ato foi apresentado ao Congresso Nacional
em 48 (quarenta e oito) horas para que o apreciasse. Face ao exposto disserte sobre os
requisitos e as medidas determinadas pelo Decreto, analisando, cada um dos aspectos, à
luz da doutrina e da Constituição.

RESPOSTA:
O sistema constitucional das crises pode ser compreendido como o conjunto ordenado de
normas constitucionais que, informadas pelos princípios da necessidade e da
temporariedade, tem por objeto as situações de crise e por finalidade a mantença ou
restabelecimento da normalidade constitucional. O Estado de Defesa é uma medida de
emergência que deve obedecer aos requisitos determinados no art. 136, quais sejam:
consulta prévia ao Conselho da República e da Defesa Nacional; determinação no
Decreto, do tempo de sua duração, que não poderá ser superior a 30 (trinta) dias,
prorrogáveis por apenas uma vez, por igual período, se persistirem as razões que
justificaram a sua decretação. O ato ainda deverá ser apresentado ao Congresso Nacional
em 24h, para que aprecie o decreto. Na questão proposta os requisitos não foram
obedecidos. Quanto às medidas que podem ser tomadas durante a situação de exceção, o
art. 136, § 1º, I, da CF, determina que a liberdade de reunião poderá sofrer restrições, não
ser suspensa, tampouco as outras medidas tomadas têm autorização constitucional. A
incomunicabilidade do preso é também vedada na forma do art. 136, § 3º, IV. Com isso,
o estado de defesa deverá ser imediatamente cessado pelo Congresso Nacional, por não
ter atendido aos requisitos e limites constitucionais. Se não o fizer, o Juiz, em cada caso,
poderá determinar as providências na proteção dos direitos individuais.

2ª QUESTÃO:
Qual é o fundamento de validade do Sistema Constitucional das Crises, e quais são os
seus efeitos no Estado Democrático de Direito? Pode o Judiciário proceder ao controle
quanto à decretação dos estados de defesa e de sítio, bem como quanto dos atos neles
praticados pelos agentes públicos?

RESPOSTA:
De acordo com o Professor Alexandre de Moraes o "sistema constitucional das crises
consiste em um conjunto de normas constitucionais, que informadas pelos princípios da
necessidade e da temporariedade, têm por objeto as situações de crises e por finalidade a
mantença ou o restabelecimento da normalidade constitucional".
A hipótese em tela trata de medidas excepcionais que têm por fundamento legal os artigos
136 a 140 da Constituição da República Federativa do Brasil.
Em razão do sistema constitucional das crises as garantias constitucionais são
eventualmente suspensas com o fim de defesa do Estado Democrático de Direito,
observando-se o disposto no artigo 136, § 1º, da Carta Magna.
Nessa linha de posicionamento o Professor Nagib S. Filho destaca em sua obra, Direito
Constitucional, que: "Na realidade, o que se deve enfatizar não é, simplesmente, o seu
caráter de suspensão dos direitos individuais e, sim, o conteúdo de salvaguarda
constitucional do regime democrático.
Os direitos individuais são prevalecentes ainda quando em situação de poderes de crise e
a suspensão das garantias do exercício de tais direitos é, sempre, eventual, excepcional e
de aplicação restrita".
A decisão em decretar o estado de defesa está sujeita ao controle do Poder Judiciário, uma
vez que não poderá o Poder Público exorbitar de sua esfera de atribuições em atenção aos
princípios da vigência temporária e responsável de uma situação de medidas de exceção.
Transcreve-se, por derradeiro, a lição do Professor Nagib: "Há, sempre, o controle judicial
nos elementos de: 1. a competência para decretação e execução das medidas; 2. a forma
pela qual se decretou a medida e por qual se exercita a constrição; 3. a finalidade que deve
se restringir aos bens jurídicos tutelados; 4. o objeto, tanto da decisão como da execução,
que não pode extrapolar a moldura constitucional; 5. o motivo ou a causa, como prevê a
Lei Maior."
Tema: 11 - Questão: 02
Tema: 11 - Questão: 02
Tema: 11 - Questão: 02
Tema: 11 - Questão: 02
Tema: 11 - Questão: 02
Tema: 11 - Questão: 02
Tema: 11 - Questão: 02
Tema 12:
Ordem econômica. Princípios. Direitos econômicos. Função social da propriedade.
Limitações à propriedade.

1ª QUESTÃO:
Nitidamente com finalidade extrafiscal, o Ministério da Fazenda edita uma Portaria com
respaldo em lei ordinária, que altera para vinte por cento a alíquota do imposto de
importação para os produtos nela relacionados, expondo sua motivação: "os níveis
tarifários dos produtos relacionados eram inadequados ao cumprimento dos objetivos da
Tarifa Aduaneira do Brasil."
Dessa feita, alguns setores produtivos absorveram demasiadamente o impacto
econômico-financeiro sobre a produção e a comercialização de mercadorias, fazendo-os
diminuir.
E, por esse motivo, propõem demanda em que postulam a indenização da União,
imputando-lhe a responsabilidade pelos seus prejuízos.
Analisando a ordem econômica brasileira, responda, fundamentadamente, em no máximo
15 (quinze) linhas, como deve ser julgado o caso.

RESPOSTA:
REsp 1.492.832-DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, por maioria, julgado em 04/09/2018, DJe
01/10/2018
RAMO DO DIREITO
DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO TRIBUTÁRIO
TEMA
Responsabilidade civil do Estado. Imposto de importação. Alteração de alíquotas.
Indústria nacional. Impacto econômico-financeiro. Risco da atividade. Direito à
manutenção do status quo ante. Inexistência.
DESTAQUE
Não se verifica o dever do Estado de indenizar eventuais prejuízos financeiros do setor
privado decorrentes da alteração de política econômico-tributária, no caso de o ente
público não ter se comprometido, formal e previamente, por meio de determinado
planejamento específico.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
Considerando o art. 37, § 6º, da Constituição Federal e o art. 43 do Código Civil, verifica-
se que não há controvérsia sobre o dever do Estado de indenizar na hipótese de seus atos
ocasionarem prejuízos. É a responsabilidade objetiva decorrente do risco administrativo.
Todavia, a alteração de alíquotas de tributos é decisão política condicionada aos requisitos
constitucionais e a finalidade desse ato estatal é variável, conforme o interesse perseguido
pelo Estado em determinado momento. Nitidamente com finalidade extrafiscal, a Portaria
MF n. 492, de 14 de setembro de 1994, com respaldo na Lei n. 3.244/1957, alterou para
vinte por cento a alíquota do imposto de importação para os produtos nela relacionados,
expondo sua motivação: "os níveis tarifários dos produtos relacionados eram inadequados
ao cumprimento dos objetivos da Tarifa Aduaneira do Brasil". Observe-se que a
possibilidade de a União alterar a alíquota do imposto de importação, para mais ou para
menos, além de exercício regular de sua competência tributária constitucional, é de
conhecimento público desde 14/08/1957, data de publicação da lei no Diário Oficial da
União. E, especificamente, quanto à possibilidade de redução para a alíquota de 20%,
desde o DL n. 2.162/1984, publicado aos 20/09/1984. Ora, se a ninguém é dado alegar o
desconhecimento da lei, não pode o setor privado alcançado pela redução de alíquota
sustentar a quebra do princípio da confiança e, com isso, pretender indenização porque o
Estado brasileiro atuou, legitimamente, na regulação do mercado, exercendo competência
privativa sua. Em tese, somente nos casos em que o Estado se compromete, por ato
formal, a incentivar, no campo fiscal, determinado ramo do setor privado, por certo
período, é que se poderia invocar a quebra da confiança na modificação de política fiscal.
Assim, o impacto econômico-financeiro sobre a produção e a comercialização de
mercadorias pelas sociedades empresárias causado pela alteração da alíquota de tributos
decorre do risco da atividade próprio da álea econômica de cada ramo produtivo.

2ª QUESTÃO:
JOSÉ, proprietário da fazenda "PÓ DE BOM" foi surpreendido pela Operação Fazenda
Bandida da Polícia Federal que investigava o trafico internacional de drogas, que
descobriu o plantio de "cannabis sativa", matéria-prima da maconha, substância
conceituada como entorpecente pelo Ministério da Saúde.
A justiça federal, ao condená-lo, deferiu a expropriação de toda a propriedade.
O réu recorre desta parte da decisão alegando a desproporcionalidade da medida, uma vez
que, dentro de um universo de 300 (trezentos) hectares, somente em 2 (dois) deles fora
descoberto o plantio que gerou a condenação, motivo pelo qual, somente nesta pequena
parte da propriedade deveria recair a medida de expropriação.
Responda fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, como deve ser
julgado o recurso.

RESPOSTA:
RE 543974, rel. Min. Eros Grau
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL.
EXPROPRIAÇÃO. GLEBAS. CULTURAS ILEGAIS. PLANTAS PSICOTRÓPICAS.
ARTIGO 243 DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. INTERPRETAÇÃO DO DIREITO.
LINGUAGEM DO DIREITO. LINGUAGEM JURÍDICA. ARTIGO 5º, LIV DA
CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. O CHAMADO PRINCÍPIO DA
PROPORCIONALIDADE. 1. Gleba, no artigo 243 da Constituição do Brasil, só pode ser
entendida como a propriedade na qual sejam localizadas culturas ilegais de plantas
psicotrópicas. O preceito não refere áreas em que sejam cultivadas plantas psicotrópicas,
mas as glebas, no seu todo. 2. A gleba expropriada será destinada ao assentamento de
colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos. 3. A linguagem
jurídica corresponde à linguagem natural, de modo que é nesta, linguagem natural, que
se há de buscar o significado das palavras e expressões que se compõem naquela. Cada
vocábulo nela assume significado no contexto no qual inserido. O sentido de cada palavra
há de ser discernido em cada caso. No seu contexto e em face das circunstâncias do caso.
Não se pode atribuir à palavra qualquer sentido distinto do que ela tem em estado de
dicionário, ainda que não baste a consulta aos dicionários, ignorando-se o contexto no
qual ela é usada, para que esse sentido seja em cada caso discernido. A
interpretação/aplicação do direito se faz não apenas a partir de elementos colhidos do
texto normativo [mundo do dever-ser], mas também a partir de elementos do caso ao qual
será ela aplicada, isto é, a partir de dados da realidade [mundo do ser]. 4. O direito, qual
ensinou CARLOS MAXIMILIANO, deve ser interpretado "inteligentemente, não de
modo que a ordem legal envolva um absurdo, prescreva inconveniências, vá ter a
conclusões inconsistentes ou impossíveis". 5. O entendimento suf ragado no acórdão
recorrido não pode ser acolhido, conduzindo ao absurdo de expropriar-se 150 m2 de terra
rural para nesses mesmos 150 m2 assentar-se colonos, tendo em vista o cultivo de
produtos alimentícios e medicamentosos. 6. Não violação do preceito veiculado pelo
artigo 5º, LIV da Constituição do Brasil e do chamado "princípio" da proporcionalidade.
Ausência de "desvio de poder legislativo" Recurso extraordinário a que se dá provimento.

RE 544205, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO

Julgamento: 23/04/2018

Publicação: 02/05/2018

Decisão

DECISÃO: Trata-se de recurso extraordinário interposto pela União contra acórdão do


Tribunal Regional Federal da 1º Região assim ementado: “CONSTITUCIONAL.
ADMINISTRATIVO. EXPROPRIAÇÃO. CULTIVO DE PLANTAS
PSICOTRÓPICAS. OCORRÊNCIA. LIMITAÇÃO. CONFISCO. ÁREA
EFETIVAMENTE PLANTADA. PROPORCIONALIDADE. SANÇÃO. CITAÇÃO
POR EDITAL. VALIDADE. I – O perdimento de propriedade imobiliária destinada ao
cultivo ilegal de plantas psicotrópicas tem assento na Constituição Federal de 1998,
conforme o seu art. 243. II – Em virtude do princípio constitucional da personalidade da
pena (art. 5º, XLV, CF) e da razoabilidade, ninguém pode ser responsabilizado por fato
cometido por outra pessoa ou sem dolo ou culpa, motivo pelo qual a expropriação não
pode recair sobre a pessoa dos herdeiros inocentes, que não cultivaram a substância
entorpecente, nem contribuíram com relação àplantação da droga. III – Validade da
citação por edital, porque presentes seus pressupostos (art. 231, II e art. 232, I, ambos do
CPC). IV – Na espécie, a área efetivamente plantada totaliza cerca de 1.969 m²,
abrangendo cerca de 0,32% do imóvel, que possui área total de 62,000 há. Assim, não se
mostra proporcional determinar a expropriação da totalidade do imóvel, se apenas uma
parte deste foi destinada ao plantio ilegal. V – A desapropriação, nesse caso, apresenta
seu caráter punitivo. Assim, deve ser atribuída de forma proporcional ao fator ilegal que
lhe deu causa, razão pela qual deve ser expropriada apenas a área efetivamente plantada.
VI – Apelação da União desprovida. Apelo do réu de remessa oficial parcialmente
providos.” O recurso busca fundamento no art. 102, III, a, da Constituição Federal. A
parte recorrente sustenta violação ao art. 243 da Constituição. Alega que tal dispositivo
prevê a expropriação das glebas onde forem localizadas culturas ilegais de plantas
psicotrópicas, compreendendo a totalidade da propriedade, não podendo

o julgador “idealizar proporção ou limite e com isso dimensionar a expropriação à área


onde foram arrancados os pés de maconha”. O Ministro Joaquim Barbosa, relator
originário do processo, determinou o sobrestamento do feito até o julgamento, pelo
Plenário desta Corte, do RE 635.336-RG, Rel. Min. Gilmar Mendes. Afasto o
sobrestamento, tendo em vista que o Plenário do Supremo Tribunal Federal examinou o
mencionado paradigma. Passo a análise do recurso. O recurso não merece provimento.
No julgamento do RE 635.336-RG, esta Corte afirmou tese, em repercussão geral, no
sentido de que a expropriação prevista no art. 243 da Constituição trata de penalidade
imposta ao proprietário que cultivou ilicitamente plantas psicotrópicas. Afirmou que a
responsabilidade do proprietário sobre a prática ilícita é subjetiva, podendo ser afastada
se inexistir culpa, se tiver ocorrido esbulho ou se constatar atuação ardilosa do possuidor
direto ou detentor. A tese de julgamento foi assentada nos seguintes termos: “A
expropriação prevista no art. 243 da Constituição Federal pode ser afastada, desde que o
proprietário comprove que não incorreu em culpa, ainda que in vigilando ou in eligendo.”
O Tribunal de origem não divergiu dessa orientação. Diante do exposto, com base no art.
21, § 1º, do RI/STF, nego seguimento ao recurso. Publique-se. Brasília, 23 de abril de
2018. Ministro Luís Roberto Barroso Relator

Tema 13:
Princípios orçamentários. Lei de responsabilidade fiscal. As diversas modalidades
de orçamento.
1ª QUESTÃO:
Com vistas a obter garantias diretas, indiretas e aval de outros entes e à contratação de
operações de crédito em geral, o Governo do Distrito Federal, cumprindo o procedimento
previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal, solicita à Secretaria do Tesouro Nacional do
Ministério da Fazenda autorização para realizar operação de crédito com organizações
internacionais e bancárias. A autoridade fazendária negou-lhe tal autorização, uma vez
que a Câmara Legislativa e o Tribunal de Contas do Distrito Federal teriam descumprido,
cada qual, os limites individuais a eles impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (art.
20, inciso II, "a").
Em consequência, o Distrito Federal impetra um mandado de segurança para que seja
concedida a ordem da referida autorização em face do Secretário do Tesouro Nacional.
Responda fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, se a ordem deve ser
concedida.

RESPOSTA:
STF - AC 2197 Referendo-MC/DF, rel. Min. Celso de Mello
AC 2197 REF-MC / DF - DISTRITO FEDERAL 2197 / DF - DISTRITO FEDERAL"
name=titulo fixed_bound="true" REFERENDO EM MED.CAUT. AÇÃO
CAUTELARRelator(a): Min. CELSO DE MELLOJulgamento: 13/11/2008 Órgão
Julgador: Tribunal Pleno
Publicação
DJe-213 DIVULG 12-11-2009 PUBLIC 13-11-2009
EMENT VOL-02382-01 PP-00050
Parte(s)
REQTE.(S) : DISTRITO FEDERAL
ADV.(A/S) : PGDF - SIMONE COSTA LUCINDO FERREIRA E OUTRO(A/S)
REQDO.(A/S) : UNIÃO
ADV.(A/S) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO
Ementa E M E N T A: AÇÃO CAUTELAR PREPARATÓRIA - MEDIDA LIMINAR -
RECUSA DE PRESTAÇÃO DE AVAL PELA UNIÃO FEDERAL E NEGATIVA DE
AUTORIZAÇÃO, POR PARTE DA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL
(OFÍCIO Nº 10.540/2008-COPEM/STN) - OBSTÁCULOS QUE IMPEDEM O
DISTRITO FEDERAL DE CELEBRAR OPERAÇÕES DE CRÉDITO COM
ENTIDADES DE FOMENTO E INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS INTERNACIONAIS
- RESTRIÇÕES, QUE, EMANADAS DA UNIÃO, INCIDEM SOBRE O DISTRITO
FEDERAL, POR ALEGADO DESCUMPRIMENTO, POR PARTE DE SUA CÂMARA
LEGISLATIVA E DE SEU TRIBUNAL DE CONTAS, DOS LIMITES SETORIAIS
QUE A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL IMPÕE A TAIS ÓRGÃOS
PÚBLICOS (LC Nº 101/2000, ART. 20, II, "A") - CONFLITO DE INTERESSES
ENTRE A UNIÃO E O DISTRITO FEDERAL - LITÍGIO QUE SE SUBMETE À
ESFERA DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
- HARMONIA E EQUILÍBRIO NAS RELAÇÕES INSTITUCIONAIS ENTRE O
DISTRITO FEDERAL E A UNIÃO FEDERAL - O PAPEL DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL COMO TRIBUNAL DA FEDERAÇÃO - PRETENSÃO
CAUTELAR FUNDADA NAS ALEGAÇÕES DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA
INTRANSCENDÊNCIA DAS MEDIDAS RESTRITIVAS DE DIREITOS - MEDIDA
CAUTELAR DEFERIDA - DECISÃO DO RELATOR REFERENDADA PELO
PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. O ALTO SIGNIFICADO DA LEI
DE RESPONSABILIDADE FISCAL E A QUESTÃO DE SUA APLICABILIDADE AO
DISTRITO FEDERAL: LIMITE GLOBAL E LIMITES SETORIAIS EM TEMA DE
DESPESA COM PESSOAL (CÂMARA LEGISLATIVA E TRIBUNAL DE CONTAS).
- O Poder Executivo do Distrito Federal não pode sofrer sanções nem expor-se a restrições
impostas pela União Federal em tema de celebração de operações financeiras
internacionais (recusa de prestação de aval e negativa de autorização), sob a alegação de
que o Tribunal de Contas e o Poder Legislativo locais - embora observando o índice
setorial de 3% - teriam descumprido, cada qual, os limites individuais a eles impostos
pela Lei de Responsabilidade Fiscal (art. 20, inciso II, "a"), pois o Governo do Distrito
Federal não tem competência para intervir na esfera orgânica da Câmara Legislativa e do
Tribunal de Contas, por se tratar de órgãos investidos de autonomia institucional, por
força e efeito de expressa determinação constitucional. Precedentes. - O art. 20, inciso II,
"a", da Lei de Responsabilidade Fiscal - cuja validade constitucional foi inteiramente
confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (ADI 3.756/DF) - aplica-se, de modo
plenamente legítimo, no que se refere ao índice setorial de 3% (três por cento), ao Distrito
Federal. NECESSIDADE DE OUTORGA DE PROVIMENTO CAUTELAR, NO
CASO, EM ORDEM A NÃO FRUSTRAR A REGULAR PRESTAÇÃO, NO PLANO
LOCAL, DE SERVIÇOS PÚBLICOS ESSENCIAIS. - A recusa de prestação de aval pela
União Federal e a negativa da Secretaria do Tesouro Nacional em autorizar o Distrito
Federal a celebrar operações de crédito com entidades de fomento einstituições
financeiras internacionais comprometem, de modo irreversível, a prestação, no plano
local, de serviços públicos de caráter primário, pois inviabilizam a obtenção de recursos
financeiros necessários ao desenvolvimento e ao fortalecimento de áreas sensíveis, tais
como a gestão das águas e a drenagem urbana, a preservação ambiental (proteção de
nascentes e recuperação de erosões), bem assim a execução de obras de saneamento
básico, na modalidade abastecimento de água, além do aperfeiçoamento institucional da
administração tributária do Distrito Federal, para efeito de adequado custeio dos serviços
públicos, notadamente no domínio da saúde e da educação públicas. Situação que
configura, de modo expressivo, para efeito de outorga de provimento cautelar, hipótese
caracterizadora de "periculum in mora". Precedentes.
Decisão
O Tribunal, por votação unânime, referendou, integralmente, por seus próprios
fundamentos, a decisão proferida pelo Relator.
Ausentes, porque em representação do Tribunal no exterior, o Senhor Ministro Gilmar
Mendes (Presidente), justificadamente o Senhor Ministro Eros Grau e, neste julgamento,
o Senhor Ministro Cezar Peluso (Vice-Presidente). Presidiu o julgamento o Senhor
Ministro Celso de Mello (art. 37, I do RISTF). Plenário, 13.11.2008.
Indexação

ACO 3066 AgR, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES

Órgão julgador: Tribunal Pleno

Julgamento: 24/05/2019

Publicação: 04/06/2019

Ementa

Ementa: CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO. ANÁLISE DE


CRÉDITO. PENDÊNCIAS ORIUNDAS DO PODER LEGISLATIVO ESTATAL, DO
PODER JUDICIÁRIO ESTADUAL E DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO.
OFENSA AO PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA DAS MEDIDAS
RESTRITIVAS DE DIREITOS. OCORRÊNCIA. AGRAVO INTERNO A QUE SE
NEGA PROVIMENTO.

2ª QUESTÃO:
Lei Estadual que disponha sobre a promoção de Audiências Públicas Regionais com o
objetivo de colher, no âmbito da sociedade civil, propostas de investimentos públicos
prioritários a incluir no orçamento do Estado, e que contenha norma que determine o
convite de representantes dos Poderes Executivo e Judiciário para participarem do evento,
ofende ao Princípio da Separação dos Poderes?

Colhidas as propostas resultantes de tais Audiências, poderão elas vincular a iniciativa do


Chefe do Executivo no tocante ao orçamento?
RESPOSTA:
STF: ADI 1.747-2/SC, Relator Min. Sepúlveda Pertence, Julgado em 22.05.02, Tribunal
Pleno.

RE 837311
<http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=83731
1&classe=RE&codigoClasse=0&origem=JUR&recurso=0&tipoJulgamento=M> /
PI - PIAUÍ
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Relator(a): Min. LUIZ FUX
Julgamento: 09/12/2015 Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação
PROCESSO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO
DJe-072 DIVULG 15-04-2016 PUBLIC 18-04-2016
Parte(s)
RECTE.(S) : ESTADO DO PIAUÍ
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO PIAUÍ
RECDO.(A/S) : EUGÊNIA NOGUEIRA DO REGO MONTEIRO VILLA E
OUTRO(A/S)
ADV.(A/S) : DANIEL MOURA MARINHO E OUTRO(A/S)
RECDO.(A/S) : ANTONIO CAETANO DE OLIVEIRA FILHO
RECDO.(A/S) : KARLA ARAÚJO DE ANDRADE LEITE
RECDO.(A/S) : CYNTHYA TEREZA SOUSA SANTOS
RECDO.(A/S) : ÁLVARO FRANCISCO CAVALCANTE MONTEIRO
ADV.(A/S) : JOÃO ESTENIO CAMPELO BEZERRA E OUTRO(A/S)
Ementa
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL E
ADMINISTRATIVO. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. TEMA 784 DO
PLENÁRIO VIRTUAL. CONTROVÉRSIA SOBRE O DIREITO SUBJETIVO À
NOMEAÇÃO DE CANDIDATOS APROVADOS ALÉM DO NÚMERO DE VAGAS
PREVISTAS NO EDITAL DE CONCURSO PÚBLICO NO CASO DE SURGIMENTO
DE NOVAS VAGAS DURANTE O PRAZO DE VALIDADE DO CERTAME. MERA
EXPECTATIVA DE DIREITO À NOMEAÇÃO. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS. IN CASU, A ABERTURA DE NOVO CONCURSO
PÚBLICO FOI ACOMPANHADA DA DEMONSTRAÇÃO INEQUÍVOCA DA
NECESSIDADE PREMENTE E INADIÁVEL DE PROVIMENTO DOS CARGOS.
INTERPRETAÇÃO DO ART. 37, IV, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE
1988. ARBÍTRIO. PRETERIÇÃO. CONVOLAÇÃO EXCEPCIONAL DA MERA
EXPECTATIVA EM DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO. PRINCÍPIOS DA
EFICIÊNCIA, BOA-FÉ, MORALIDADE, IMPESSOALIDADE E DA PROTEÇÃO DA
CONFIANÇA. FORÇA NORMATIVA DO CONCURSO PÚBLICO. INTERESSE DA
SOCIEDADE. RESPEITO À ORDEM DE APROVAÇÃO.ACÓRDÃO RECORRIDO
EM SINTONIA COM A TESE ORA DELIMITADA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO
A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. O postulado do concurso público traduz-se na
necessidade essencial de o Estado conferir efetividade a diversos princípios
constitucionais, corolários do merit system, dentre eles o de que todos são iguais perante
a lei, sem distinção de qualquer natureza (CRFB/88, art. 5º, caput). 2. O edital do concurso
com número específico de vagas, uma vez publicado, faz exsurgir um dever de nomeação
para a própria Administração e um direito à nomeação titularizado pelo candidato
aprovado dentro desse número de vagas. Precedente do Plenário: RE 598.099 - RG,
Relator Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, DJe 03-10-2011. 3. O Estado Democrático
de Direito republicano impõe à Administração Pública que exerça sua discricionariedade
entrincheirada não, apenas, pela sua avaliação unilateral a respeito da conveniência e
oportunidade de um ato, mas, sobretudo, pelos direitos fundamentais e demais normas
constitucionais em um ambiente de perene diálogo com a sociedade. 4. O Poder Judiciário
não deve atuar como "Administrador Positivo", de modo a aniquilar o espaçodecisório de
titularidade do administrador para decidir sobre o que é melhor para a Administração: se
a convocação dos últimos colocados de concurso público na validade ou a dos primeiros
aprovados em um novo concurso. Essa escolha é legítima e, ressalvadas as hipóteses de
abuso, não encontra obstáculo em qualquer preceito constitucional. 5. Consectariamente,
é cediço que a Administração Pública possui discricionariedade para, observadas as
normas constitucionais, prover as vagas da maneira que melhor convier para o interesse
da coletividade, como verbi gratia, ocorre quando, em função de razões orçamentárias, os
cargos vagos só possam ser providos em um futuro distante, ou, até mesmo, que sejam
extintos, na hipótese de restar caracterizado que não mais serão necessários. 6. A
publicação de novo edital de concurso público ou o surgimento de novas vagas durante a
validade de outro anteriormente realizado não caracteriza, por si só, a necessidade de
provimento imediato dos cargos. É que, a despeito da vacância dos cargos e da publicação
do novo edital durante a validade do concurso, podem surgir circunstâncias e legítimas
razões de interesse público que justifiquem a inocorrência da nomeação no curto prazo,
de modo a obstaculizar eventual pretensão de reconhecimento do direito subjetivo à
nomeação dos aprovados em colocação além do número de vagas. Nesse contexto, a
Administração Pública detém a prerrogativa de realizar a escolha entre a prorrogação de
um concurso público que esteja na validade ou a realização de novo certame. 7. A tese
objetiva assentada em sede desta repercussão geral é a de que o surgimento de novas
vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade
do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos
aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição
arbitrária e imotivada por parte da administração, caracterizadas por comportamento
tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de
nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de
forma cabal pelo candidato. Assim, a discricionariedade da Administração quanto à
convocação de aprovados em concurso público fica reduzida ao patamar zero
(Ermessensreduzierung auf Null), fazendo exsurgir o direito subjetivo à nomeação, verbi
gratia, nas seguintes hipóteses excepcionais: i) Quando a aprovação ocorrer dentro do
número de vagas dentro do edital (RE 598.099); ii) Quando houver preterição na
nomeação por não observância da ordem de classificação (Súmula 15 do STF); iii)
Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame
anterior, e ocorrer a preterição de candidatos aprovados fora das vagas de forma arbitrária
e imotivada por parte da administração nos termos acima. 8. In casu, reconhece-se,
excepcionalmente, o direito subjetivo à nomeação aos candidatos devidamente aprovados
no concurso público, pois houve, dentro da validade do processo seletivo e, também, logo
após expirado o referido prazo, manifestações inequívocas da Administração piauiense
acerca daexistência de vagas e, sobretudo, da necessidade de chamamento de novos
Defensores Públicos para o Estado. 9. Recurso Extraordinário a que se nega provimento.

TJMG

Ação Direta Inconst 1.0000.20.016406-9/000 0164069-17.2020.8.13.0000 (1)

Relator(a) Des.(a) Wander Marotta

Órgão Julgador / Câmara: Órgão Especial / ÓRGÃO ESPECIAL

Súmula: JULGARAM PROCEDENTE A REPRESENTAÇÃO

Data de Julgamento: 23/09/0020

Data da publicação da súmula: 30/09/2020

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI DE INICIATIVA


DA CÂMARA DOS VEREADORES VINCULANDO RECEITA A HIPÓTESES NÃO
CONSTITUCIONAIS À ÉPOCA. VÍCIO DE INICIATIVA. PLANO DE VALIDADE
DA NORMA. IMPOSSIBILIDADE DE CONVALIDAÇÃO. EMENDAS À
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA N. 86, de 2015 E 100, de 2019.
INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA.
- A situação jurídica que aqui se apresenta é oposta àquela em que a lei se torna
inconstitucional, ou seja, não é recepcionada; neste caso, a lei, inconstitucional, tornou-
se, mas posteriormente, constitucional, o que o STF não acata.

- Os artigos 165 da CR e 153 da Constituição Mineira reservavam ao Executivo a


iniciativa de leis que tratam do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e dos
orçamentos anuais.

- Na hipótese, o parágrafo único do artigo 103 da Lei Orgânica do município de Oliveira


determinou a vinculação de 1% da receita corrente liquida do município às propostas
priorizadas em audiência pública, efetuando, assim, a vinculação de receita de caráter
orçamentário, o que não era possível à época da edição da lei, não havendo determinação
constitucional a vincular a receita contida na regra impugnada, pelo que a iniciativa
parlamentar feria o princípio da separação de poderes e o poder de gestão financeira do
Chefe do Executivo, vício grave e sem possibilidade de convalidação por norma
constitucional futura, posição que é a da doutrina majoritária e do STF.

- À exceção de hipóteses excepcionais previstas na Constituição, a função legislativa de


frear e limitar a discricionariedade do Executivo na elaboração do orçamento só poderia
ocorrer no momento de deliberação e aprovação da proposta orçamentária, não sendo
admitida a vinculação abstrata de receitas, situação que, modificada agora, prevalecia
então.
Tema: 13 - Questão: 02
Tema: 13 - Questão: 02
Tema: 13 - Questão: 02
Tema: 13 - Questão: 02
Tema: 13 - Questão: 02
Tema: 13 - Questão: 02
Tema: 13 - Questão: 02
Tema: 13 - Questão: 02
Tema: 13 - Questão: 02
Tema: 13 - Questão: 02

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