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CADERNO
ÉTICA & ESTATUTO DA
MAGISTRATURA
EMENTA: Ética.
Conceitos Fundamentais e sua trajetória e influência no
mundo ocidental.
CONTEXTO INICIAL:
A Segunda Gerra Mundial foi uma crise civilizatória com grandes proporções que afetou
o mundo inteiro em vários sentidos, inclusive, no sentido ético. Muitas coisas que
ocorreram nessa época refletiram na consciência humana, sendo necessária a crianção
de uma ética moral.
O Poder Judiciário nunca foi tão debatido, estudado, analisado e discutido, daí se
explica o uso do termo judicialização para representar o aumento do número de
demandas judiciais. Muito se discute sobre a gestão do Poder Judiciário e a estrutura
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1. Independência;
2. Imparcialidade;
3. Integridade;
4. Idoneidade;
5. Igualdade; e
6. Competência e diligência.
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1. Independência;
2. Imparcialidade;
3. Motivação;
4. Conhecimento/Capacitação;
5. Justiça/Equidade;
6. Responsabilidade Institucional;
7. Cortesia;
8. Integridade;
9. Transparencia;
10. Segredo Profissional;
11. Prudência
12. Diligência;
13. Honestidade Profissional.
Em 1979: foi elaborada a LOMAN. Note que na LOMAN não usa a expressão ética.
Em 2007: o CNJ fez uma Consulta Pública sobre essa questão de ética no site
do CNJ. Foram feitas mais de 200 propostas para o Código de Ética.
1. Independência;
2. Imparcialidade;
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3. Transparência;
4. Integridade Pessoal e Profissional;
5. Diligência e Dedicação;
6. Cortesia;
7. Prudencia;
8. Sigilo Profissional;
9. Conehcimento e Capacitiação; e
10. Dignidade, Honra e Decoro.
Em termos práticos, houve pouca mudança com o adevnto da Código de Ética. Entre
um dos efeitos práticos, destaca-se que o CNJ adotou o ponto da ética como um item
obrigatório no concurso da magistratura.
Recentemente o CNJ adotou o Provimento N.71 que dispõe sobre o uso de e-mail
institucional pelos membros e servidores do Poder Judiciário e sobre a manifestação
nas redes sociais.
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Toda essa discussão em torno dos Códigos de Ética vale muito pouco. A reverberação
desses códigos de ética, na prática, foi praticamente nula. Os Códigos têm um alcance
reduzido, até porque o sistema de justiça tem uma certa blindagem.
Nesse sentido, se o juiz fizer uma bobagem ele muito provavelmente não será
demitido, no máximo, ele será aposentado compulsoriamente com vencimento
proporcional. Essa blindagem do sistema de justiça faz com que boa parte do judiciário
se sinta intocável, e por esse motivos os Códigos são um esforço válido, mas não são
suficientes.
Os interesses corporativos devem vir depois do compromisso que o Judiciário deve ter
com a prestação jurisidicional. A prestação jurisdicional deve ser o maior compromisso,
pois a prestação jurisdicional revela um bem da vida.
Há autores que entendem que ÉTICA e MORAL são sinônimos. Outros autores entendem
que são conceitos diferentes. A maior parte dos manuais quando apresenta uma
definição de ética diz que: “ÉTICA É A ÁREA DO CONHECIMENTO QUE ESTUDA OS
COMPORTAMENTOS MORAIS”.
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A ética não é questão de conhecimento, mas sim de AFETAÇÃO, ou seja, não basta
conhecer o que é ético, na verdade, faz-se necessário ser afetado pela ética.
As coisas da natureza, elas acontecem por si só, por isso seria até estranho fazer um
juízo ético das coisas que acontecem na natureza (Ex: leão matando a zebra). Não faz
sentido dizer que o leão é antiético porque matou a zebra.
PREMISSAS:
A luta pela conquista da ética, é a LUTA PELA BUSCA DA HUMANIDADE. A maior das
nossas preocupações deve ser a mobilização das pessoas a serem mais éticas.
(i) LOGOS; e
(ii) PATHOS.
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O PATHOS, por sua vez, era utilizado pelos gregos para significar o afeto, sentimento,
paixão. Nesse sentido, os seres humanos têm AFETAÇÕES.
1. Ordenação;
2. Identidade;
3. Vigor; e
4. Conhecimento.
1. Desordenação;
2. Diferença;
3. Ternura; e
4. Amor.
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Reforma Protestante;
Revolução Francesa; e
Revolução Industrial.
Hannah Arendt, em seu livro “A Condição Humana”, afirmou que os dois fatos mais
importantes que nos definem como modernos são:
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Para os gregos, a CIÊNCIA significa SABER. Eles acreditavam que sabedoria gerava
virtude. Por isso Sócrates falou que só os ignorantes são injustos. Se alguém sabe, é
virtuoso.
Para nós modernos, isso não faz o menor sentido. Para os modernos, a ciência vale
porque o saber procura um fazer e o nome que se dá a isso é TÉCNICA. É a ciência do
fazer. Mais do que o saber, é o fazer que manda no mundo. Por isso que somos mais
acostumados a fazer do que saber.
A nossa sociedade dá mais valor para quem faz do que para quem sabe. Por isso o
engenheiro ganha mais (é mais valorizado) do que o professor. Nós vivemos em um
mundo moderno que é dominado pelo FAZER. Nós somos melhor avaliados pelo que
fazemos e em menos tempo.
A ética é vista como um conjunto de padrões sobre como as pessoas que são parte de
um determinado grupo devem fazer.
Uma pequena ética é, na verdade, uma ETIQUETA. Os grupos podem ter etiquetas, só
que isso não é ética. Fulanização da ética – isso não é ética. Esse tipo de raciocínio
leva a algumas conclusões que são distorcidas. Exemplo: cara da comunidade que
rouba e por isso tem a mão cortada – “ética do tráfico de drogas”. Isso é o resultado
de uma visão reduzida da ética.
Não tem código de ética que resolva esses 3 problemas. Logo, é preciso de um NOVO
ETHOS.
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A palavra MORAL vem do latim MORUS que significa costume e cultura. Assim, o agir
moral significa fazer o que é certo conforme um costume e uma cultura.
A palavra ÉTICA vem do grego “ethos” que significa MORADA. A questão da morada é
a questão da CONVIVÊNCIA.
#CONCEITO DE ÉTICA:
O PATHOS produz simpatia, mas também a empatia. Nesse sentido, destaca-se abaixo
os conceitos de simpatia e empatia.
SIMPATIA: consiste em ter algum nível de conexão para com o outro, mas em
um nível superficial. Quando se é simpático, se cria um vínculo com o outro,
mas uma ponte ainda superficial. Não é possível ser ético sendo antipático. A
antipatia afasta os outros.
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O autor Álvaro Reis Figueira (não é brasileiro), mas faz uma reflexão importante. Ele
distingue ética, moral e deontologia.
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A MORAL designa as exigências veiculadas por uma sociedade ou por uma cultura em
um determinado momento histórico, que pode ser mais ou menos interiorizado pelos
indivíduos. A moral estaria localizada no tempo e no espaço. O objetivo da moral é
responder questões do cotidiano.
ÉTICA MORAL
Permanente; Temporária;
Teoria; Prática;
Universal; Cultural;
Regra; Conduta de Regra;
Forma Comum da Moralidade; Conteúdo das Concepções Morais;
Ciência da Moral; Objeto do Estudo da Ética;
Teoriza e reflete sobre condutas. Normaliza e direciona a prática das
pessoas
Gabarito:
A ÉTICA corresponde a uma concepção coerente e pessoal de vida, pode ser traduzida
em uma sistematização de grandes princípios. Seu conceito está vinculado ao ideal de
caráter e aos conjuntos a regulação e controle da conduta dos membros de uma
sociedade.
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GABARITO:
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1. Constituição Federal;
2. Lei Orgânica da Magistratura; e
3. Código de Ética da Magistratura Nacional.
O art. 93 da CF, por sua vez, afirma que lei complementar disporá sobre os princípios
da magistratura.
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Essa lei foi criada em 1979, ou seja, um período anterior a CF, em que ainda não
vivíamos um período de redemocratização.
O Código de Ética foi de iniciativa do CNJ e sua força jurídica consiste no fato de que
muitos princípios ali previstos estão expressos na própria CF.
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O Código de Ética estabelece que o magistrado tem que primar pelo respeito a CF e as
leis. Afima, ainda, que a atividade judicial tem que se desenvolver para garantir a
dignidade da pessoa humana.
1. INGRESSO NA MAGISTRATURA:
Ademais, ocorre uma investigação da vida social e pregressa que também foi criada
pela Resolução n. 75/2009 do STJ.
Quando do ingresso na carreira o indivíduo tem que declarar sua relação de bens (art.
79 da LOMAN). Por uma questão ética, o tribunal quer acompanhar se o juiz não terá
uma ampliação do patrimônio incompatível com os rendimentos que receberá.
Com a EC n. 45 temos a inserção do requisito dos três anos de atividade jurídica para
o ingresso na carreira. Uma questão que se discute é se essa mudança de mentalidade
para o juiz, poderia trazer problemas do ponto de vista ético. Será que um juiz com
mais experiência da advocacia seria mais ético? Muitos entendem que a experiência
aponta para um agir mais ético.
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Esse requisito dos 3 anos está previsto no art. 93, I, da CF c/c arts. 59 e 90 da Resolução
75/2009.
A Resolução 75 afirma que a atividade jurídica tem que ser comprovada, abrangendo:
2. PROMOÇÕES NA MAGISTRATURA:
A promoção está prevista no art. 93, II, da CF. A promoção de entrância em entrância,
que é a promoção horizontal e não vertical. É a promoção da comarca do interior, para
outras mais próximas.
Para fazer jus a promoção por merecimento o juiz deve estar há 2 anos trabalhando
na mesma intrância e apresentar um trabalho de qualidade. Deverá, ainda, o juiz
integrar a quinta parte da lista de antiguidade da entrância (a menos que não haja
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mais ninguém com os referidos requisitos que aceite o cargo). Embora o nome seja
merecimento, esse critério é conjugado com outros critérios temporais.
Consiste, assim, na contagem cronológica para o magistrado mais antigo ocupar cargo
vago em uma instância superior.
Destaca-se que há uma previsão (no art. 93 da CF), que pode existir uma recusa por
parte dos membros que irão deliberar sobre a promoção. Nesse sentido, havendo
recusa por 2/3 dos membros, a promoção poderá ser recusada.
Ainda de acordo com a CF, não será promovido o juiz que retiver os autos além do
prazo legal, não podendo devolvê-lo sem despacho ou decisão (EC 45/04 c/c art. 5,
LXXVIII)
3. REMOÇÃO NA MAGISTRATURA:
O juiz vai poder requerer a promoção ou remoção, conforme o caso. Sempre a remoção
vai preferir a promoção pois quem vem de baixo é mais novo.
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Existem muito mais comarcas de entrância comum do que de entrância especial. Mas
existem muito mais varas de entrância especial do que de entrância comum. Isso ocorre
em razão da concentração das varas. Muitas comarcas de entrância comum, mas com
1 ou 2 varas, enquanto que na capital existem muitas varas no fórum, por exemplo.
(i) JUIZ SUBSTITUTO: aquele que susbtitui o juiz de direito titular de uma vara.
O juiz substituto é movimentado. O Tribunal vai movimentando aquele juiz
substituto.
(iv) DESEMBARGADOR.
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Percebe-se que só a vaga a ser provida por antigüidade fica preservada, não podendo
ser prejudicada por remoção ou transferência no plano horizontal da carreira.
Tratando-se, porém, da nomeação inicial para o ingresso na carreira, quer dizer, do
provimento inicial, ou de promoção por merecimento, que traduz elevação no plano
vertical da carreira, a preferência será para a eventual remoção.
Esta é a mens legis, tanto que só a promoção por antigüidade se sobrepõe à remoção.
Trata-se de norma cogente, não admitindo interpretação diversa, sob pena de ofensa
a direito líquido e certo.
Aquele que está em fase de estágio probatório pode ser DEMITIDO, mas desde que
mediante um processo administrativo (aqui não precisa ser processo judicial). A
demissão pode ser, nesse caso, uma sanção. Se o magistrado acumula várias violações
de deveres funcionais, ele pode, ao final dos 2 anos de estágio probatório, não ser
aproveitado e ser demitido.
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Gabarito:
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O Código de Ética traz um conjunto de Princípios que devem ser observados pelos
magistrados. Atentar para as CONSIDERAÇÕES INICIAIS que são VETORES
HERMENÊUTICOS DO CÓDIGO.
Isso significa que quando vc vai interpretar os princípios e os deveres deve ser feito
sistematicamente (com a CF e a LOMAN), pode-se lançar mão das considerações
iniciais. As considerações iniciais são o sentido do Código de Ética.
O magistrado tem basicamente duas funções, quais sejam: (i) aplicador da lei e (ii)
GESTOR do seu local de trabalho, exercendo, inclusive, uma função disciplinar. É o
magistrado quem organiza o local onde ele trabalha. A função de GESTÃO muitas vezes
é mais difícil do que a própria aplicação da lei.
A CF diz que é uma garantia da cidadania que as decisões do Poder Judiciário sejam
públicas e fundamentadas, nos termos do art. 93, IX da CF. A EC 45 inseriu o direito
que todos têm a uma RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO. Os princípios do art. 37 da
CF também devem ser considerados quando abordando questões do Código de Ética.
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Nos termos das Considerações Iniciais do Código de Etica, deve ser feito uma
interpretação sistemática ao analisar questões relacionadas a ética dos magistrados.
LOMAN: e
RESOLUÇÕES CNJ.
O Código de Ética é uma prestação de contas que se faz em relação ao Poder Judiciário.
Dentro do contexto do ACCOUNTABILITY, o Poder Judiciário também deve prestar
contas, prestando serviços com qualidade e excelência e observando os princípios
previstos no art. 37 da CF.
O Código diz que para o magistrado não há diferença entre a vida pública e a vida
particular.
(i) DILIGÊNCIA E DEDICAÇÃO: o magistrado deve zelar para que os atos processuais
se celebrem com a máxima pontualidade, reprimindo qualquer tentativa
dilatória, violando a boa-fé processual. O magistrado deve zelar pela razoável
duração do processo.
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Outro ponto é a posição do juiz sobre uma questão jurídica. O magistrado não se
torna parcial porque ele tem uma posição sobre um tema jurídico. Isso porque ele
julgará a partir das provas que foram trazidas ao processo. Não fosse assim não
existiria precedente. Então no caso em tela, o juiz deverá aplicar a lei de acordo
com o caso concreto. A imparcialidade não diz respeito a posição que o magistrado
tem em relação a interpretação da norma. A imparcialidade diz respeito a levar em
conta opu não as provas produzidas, mantendo-se o juiz equidistante das partes e
dando as partes a mesma oportunidade de se manifestar nos autos.
Logo, não é porque o magistrado tem uma posição sobre um tema que ele não
julgará de forma neutra a lide. Tudo irá depender do caso concreto.
(vi) PRINCÍPÍO DA TRANSPARÊNCIA: art. 93, IX da CF. Os atos devem ser públicos e as
decisões devem ser devidamente fundamentadas. O magistrado deve se
expressar de forma clara e compreensível.
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O magistrado tem que ter muito desprendimento. O magistrado deve recusar qualquer
benefício ou vantagens que comprometam a sua independência funcional.
INFRAÇÕES ÉTICAS:
Vejamos abaixo cada uma das sanções possíveis de aplicação aos magistrados que
cometem infrações éticas.
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SANÇÕES:
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No âmbito dos Estados, por sua vez, somente temos dois níveis correcionais:
CORREGEDORIAS:
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A partir disso entra o VIÉS PROPOSITIVO, pois a partir desse levantamento de dados e
constatações, a Corregedoria determina o que deve ser mudado. A Corregedoria,
portanto, tem esse viés propositivo de sugerir e difundir novas práticas e aperfeiçoar
o serviço.
Logo, a Corregedoria fiscaliza o que está errado, mas, a partir disso, propõe mudanças
e melhorias. Esse é o papel das Corregedorias.
OUVIDORIAS:
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CONSELHOS SUPERIORES:
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O artigo 105, parágrafo único, da CF, por sua vez, é regulado pela Lei 11.789/082, que
dispõe sobre a composição e competência do Conselho da Justiça Federal.
Sendo assim, temos cinco TRFs, mas, do ponto de vista administrativo, financeiro e
normativo, tudo isso é centralizado no CJF (para que haja uniformidade de
entendimentos – isso tudo do ponto de vista administrativo). Logo, não pode haver
interpretação sobre uma verba paga para um juiz ou servidor de um TRF diferente da
interpretação de outro TRF. Não pode ter uma regra sobre execução de orçamento que
vige em um TRF e não vige no outro. Essa visualização sistêmica da Justiça Federal é
feita pelo CJF, que também possui função correcional.
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Em outras palavras, podem se pronunciar e pedir a palavra, mas não são membros e
nem tem direito a voto. Sendo assim, tem somente assento, o que significa que terão
direito a voz.
As funções desse Conselho eram essencialmente correcionais. Logo, esse era o molde
do predecessor do CNJ até a Constituição Federal de 1988.
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(ii) O CNJ avançou muito em matéria de atribuições. Hoje, o CNJ não possui
atribuição meramente correcional (as atribuições do CNJ são, também,
correcionais, mas vão muito além disso).
O CNJ tem como missão desenvolver políticas judiciárias, que promovam a efetividade
e unidade do Poder Judiciário, orientadas para valores de justiça e paz social.
O Conselho tem como visão de futuro ser reconhecido como órgão de excelência em
planejamento estratégico, governança e gestão judiciária, a impulsionar a efetividade
da justiça brasileira.
Daí se vê que o ASPECTO CORRECIONAL é apenas uma fração das atribuições do CNJ.
De acordo com a emenda constitucional 45/2004, o CNJ foi criado como um órgão
plural pertencente à estrutura orgânica do Poder Judiciário. No entanto, embora se
fale em controle externo, na verdade, o CNJ é órgão do Poder Judiciário.
Qual o alcance de atuação do CNJ? Quem exerce o controle sobre os atos do CNJ?
Essa contextualização foi dada na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 3.367) pelo
próprio STF.
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Algum órgão do Poder Judiciário haveria de dar a palavra final sobre um órgão
administrativo – afinal de contas, tem-se como cláusula pétrea a inafastabilidade da
jurisdição. Desta forma, não seria possível uma interpretação segundo a qual nenhum
órgão do Judiciário controlaria um órgão administrativo pertencente ao próprio
Judiciário.
Para quem tiver interesse, vimos que o Conselho da Justiça Federal (CJF) possui uma
lei de regulamentação.
O CNJ está previsto no ART. 103-B da CF, incluído pela emenda constitucional 45.
Não há, portanto, uma lei que regulamente o CNJ, tal como ocorre no CJF. No entanto,
para quem tiver tempo e quiser se aprofundar, existe o REGIMENTO INTERNO DO CNJ,
que é a Resolução 67/20094.
O CNJ é constitucional?
A pergunta pode parecer estranha após 15 (quinze) anos da emenda constitucional 45.
Na realidade, essa pergunta teve pertinência em razão da Súmula 649 do STF, que é
de 2003 e, portanto, anterior à emenda constitucional 45:
Diante desse entendimento, que adveio de precedentes diversos (ADIs 135/PB; 137-
0/PB e 98-5/MT), surgiu o questionamento a respeito do CNJ, razão pela qual a questão
foi reanalisada pelo STF.
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O que foi dito pelo STF, em breves linhas, foi que: no âmbito estadual, não é possível
ter órgão de controle do Judiciário. Porém, no âmbito nacional, a situação mudaria de
figura.
Por essa razão, entendeu-se que o CNJ é constitucional e que, nos moldes em que ele
foi delineado (como órgão integrante do próprio Judiciário e, sendo um órgão plural
com prevalência de membros do próprio Judiciário e, em menor número, membros
externos), não se feriria a independência dos poderes. A composição do CNJ e as
atribuições que lhe foram cometidas, por si só, não afetam de plano, em tese, o
autogoverno e a autonomia administrativa e financeira dos Tribunais.
Apenas seis membros são externos, provenientes de órgãos que não o Poder Judiciário:
PEGADINHA EM PROVA!!!
Importante notar que o CNJ sofreu uma alteração com a emenda constitucional
61/2009. Com a referida emenda, foi posto fim ao limite etário para compor o CNJ.
Antes da citada emenda, exigia-se para compor o CNJ mais de 35 (trinta e cinco)
anos e menos de 66 (sessenta e seis) anos de idade. Essa disposição foi abolida pela
emenda 61, de modo que não há mais que se falar em limite etário para compor o
CNJ. Há limite etário, a depender do caso, nos cargos de origem das pessoas que
irão integrar o CNJ (mas não para compor o CNJ em si). Essa observação é
importante porque pode vir como uma “pegadinha” em provas.
Vamos conhecer, agora, a composição dos 15 (quinze) membros que compõem o CNJ:
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Além desses 15 membros, há na CF previsão de que, junto ao CNJ oficiam (ou seja,
não são integrantes do Conselho) o Procurador-Geral da República (PGR) e o Presidente
do Conselho Federal da OAB. Exatamente porque essas pessoas oficiam perante o
Conselho (e não o integram), decidiu o STF que eventual ausência do PGR ou do
Presidente do Conselho Federal da OAB a alguma sessão do CNJ, não a invalida por si
só.
Assim, uma vez feita as indicações, a CF prevê que os membros do Conselho serão
nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria
absoluta do Senado Federal, ou seja, os membros do CNJ precisam passar por sabatina
por parte do Senado – há uma única exceção: o membro nato do Conselho, que é o
Presidente do STF. Ele não passa por sabatina justamente por se tratar de membro
nato.
A Constituição Federal também prevê que, se os órgãos que devem fazer as indicações
de nomes não o fizerem, a prerrogativa de proceder as indicações passa ao STF (em
caráter subsidiário).
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O caput do § 4º, como se pode verificar, traz o norte das atribuições do CNJ:
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Agora, vejamos as atribuições que estão detalhadas nos incisos do § 4º acima exposto:
IMPORTANTE!!!
O CNJ pode expedir atos praticamente legislando?
O assunto chegou a ser questionado perante o STF (vide ADI 12 e MS 32.077), que
entendeu que o CNJ tem autorização direta da Constituição Federal para expedir atos
regulamentares.
Entretanto, dada essa competência constitucional, os atos podem até mesmo inovar o
ordenamento, assumindo natureza de primariedade. É por isso que o STJ entende como
válidas essas resoluções.
Exemplo:
Resolução 07/2005 (proibição do nepotismo), cuja leitura é fortemente recomendada.
Ainda como decorrência desse entendimento, conclui-se que se o ato do CNJ é dotado
de generalidade, impessoalidade e abstração, por consequência, ele NÃO poderá ser
impugnado por um Mandado de Segurança (Súmula 266 do STF).
Por outro lado, uma resolução que inova o ordenamento jurídico poderá ser alvo de
controle de constitucionalidade perante o STF.
O CNJ tem poder normativo para expedir resoluções para administração do judiciário.
Essas resoluções não podem ser contra legem, não podem criar novos direitos e
deveres, podendo, tão somente, completar a lei (CF e LOMAN).
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“Art. 67: A reclamação disciplinar poderá ser proposta contra membros do Poder
Judiciário e contra titulares de seus serviços auxiliares, serventias e órgãos
prestadores de serviços notariais e de registro.
§ 1 - A reclamação deverá ser dirigida ao Corregedor Nacional de Justiça em
requerimento assinado contendo a descrição do fato, a identificação do reclamado
e as provas da infração.
§ 2 - Quando não atendidos os requisitos legais ou o fato narrado não configurar
infração disciplinar, a reclamação será arquivada.
§ 3 - Não sendo caso de arquivamento ou indeferimento sumário, o reclamado será
notificado para prestar informações em quinze (15) dias, podendo o Corregedor
Nacional de Justiça requisitar informações à corregedoria local e ao tribunal
respectivo ou determinar diligência para apuração preliminar da verossimilhança
da imputação.
§ 4 - Nas reclamações oferecidas contra magistrados de primeiro grau, poderá o
Corregedor Nacional de Justiça enviar cópia da petição e dos documentos à
Corregedoria de Justiça respectiva, fixando prazo para apuração e comunicação
das providências e conclusão adotadas”.
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Havendo julgamento, não há que se falar em avocação pelo CNJ, mas poderá
haver revisão de processo julgado.
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Questão muito importante, foi definida pelo STF na ADI 4638, em referendo de medida
cautelar (não é decisão final de mérito).
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do Poder Judiciário, nos termos do art. 103-B, §4º, II, da Constituição Federal, possui,
tão somente, atribuições de natureza administrativa e, nesse sentido, não lhe é
permitido apreciar a constitucionalidade dos atos administrativos, mas somente a sua
legalidade.
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Caso algum interessado venha a impugnar judicialmente uma decisão do CNJ, um ato
administrativo, a definição da competência reclama uma distinção.
A CF/88 afirma que compete ao STF processar e julgar originariamente as ações contra
o CNJ e o CNMP.
Isto daria a entender que toda e qualquer ação contra o CNJ ou CNMP seria de
competência do Supremo. No entanto, o STF, como corte constitucional, não teria
condições de suportar a quantidade de ações que lhe caberia processar. Assim, o STF
confere interpretação estrita a esse dispositivo. Se as ações contra o CNJ forem ações
tipicamente constitucionais, em que o próprio Conselho figura no polo passivo, em
paralelo com as demais competências do STF, a competência seria sua. Ao contrário,
se tratar-se de simples ação de conhecimento, em que a União figura no polo passivo
da demanda, a competência seria da Justiça Federal de 1 grau.
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Não há, em relação ao crime comum, regra específica aplicável aos membros do CNJ.
Destaca-se, nesse sentido, que o juiz não deverá responder por ATO JUDICIAL. Se o
juiz der uma decisão errada, ele não responderá por isso. Contudo, o juiz deverá
responder sim por atos de improbidade administrativa que ele tiver cometido. Assim,
atos administrativos do juiz no processo são passíveis de punição no âmbito da Lei de
Improbidade Administrativa.
Em suma:
Quais seriam esses atos administrativos do juiz que são passíveis de punição em
conformidade com a Lei de Improbidade Administrativa?
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Os crimes previstos na Lei são de ação penal pública incondicionada, sendo admitida a
ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo legal. A ação privada
subsidiária será exercida no prazo de 06 (seis) meses contados da data em que se
esgotar o prazo para oferecimento da denúncia.
São previstos neste projeto, como efeitos da condenação, tornar certa a obrigação de
indenizar e também a perda do cargo, mandato ou função, com inabilitação para
exercê-los por 1 a 5 anos.
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a grande preocupação dos operadores do direito, posto que são atos típicos e
corriqueiros da persecução penal, sujeitos a recurso e à reforma.
ADI 5953 AMB: A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) ajuizou no Supremo
Tribunal Federal (STF) a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5953 contra regra
do Código de Processo Civil (CPC) que trata do impedimento de juízes. Segundo o artigo
144, inciso VIII, do CPC, há impedimento do juiz nos processos em que figure como
parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente,
consanguíneo, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório.
A associação afirma que a lei exige uma conduta impossível de ser observada por parte
do magistrado e, por este motivo, a regra fere o princípio constitucional da
proporcionalidade.
Segundo a entidade, o juiz não tem como saber que uma das partes é cliente de
advogado que se enquadre na regra de impedimento porque não há no processo
nenhuma informação quanto a esse fato objetivo. “É um impedimento que o juiz não
pode, sozinho, verificar quando o processo lhe é submetido à conclusão para exame e
julgamento”, argumenta.
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para dar provimento a pedido de reclamante defendida pelo advogado Hugo Celso
Castanho, seu amigo íntimo. Além disso, contrariando orientação de sua
Corregedoria, persistiu na designação de uma única Contadora, Joseanne de
Oliveira Zanelato, para elaboração de cálculos em reclamatórias trabalhistas que
tramitavam em sua Vara. Também contraiu empréstimo bancário, com aval de sua
Contadora, e deixou de pagar algumas parcelas na data do vencimento. Esses fatos
são incontroversos. Todavia, não se extrai desse contexto fático - notadamente
por falta de substrato probatório minimamente suficiente - irregularidade hábil
a configurar improbidade administrativa". (fl. 2.632). 6. Entretanto, todos os atos
foram praticados de livre vontade e o elemento subjetivo é inseparável das
condutas. 7. Não se olvida que, apenas na vigência do CPC/2015, ser o juiz amigo
íntimo ou inimigo do advogado de alguma das partes passa a ser causa de
suspeição, não havendo tal previsão no CPC de 1973. 8. Contudo, em casos como
o presente, em que a Corte local expôs em minúcias a relação com altíssimo grau
de intimidade entre o juiz e o advogado, superando a simples amizade, concluindo
ser incontroverso nos autos tal fato, caracterizada está a ofensa ao dever de
imparcialidade objetiva do juiz, sendo certo que o próprio magistrado confirmou
a aquisição de bens em conjunto com advogado (uma sala comercial em Curitiba
e um apartamento em Florianópolis) e a utilização de automóvel do causídico: "é
incontroverso que o Autor possuía amizade com o Dr. Hugo Castanho, tanto é que
o Réu mencionou em seu depoimento que possuía 'um grau de amizade anterior'
com o advogado, mesmo antes dele ser advogado (...). O Réu nega ter custeado a
faculdade do Dr. Hugo (...), mas afirma ter adquirido alguns bens em conjunto
com o advogado: uma sala comercial em Curitiba e um pequeno apartamento de
veraneiro em Florianópolis (...). O Réu aceitou a doação de um cachorro do
advogado e afirmou ter utilizado um carro que estava em nome do Dr. Hugo,
adquirido porque estava com restrições cadastrais" (fl. 2.632-2.633). 9. No caso
em concreto, é inconteste que o magistrado não desconhecia o vínculo estreito
entre ele e o advogado, ao ponto de prejudicar a percepção objetiva da sociedade
quanto à imparcialidade do juiz, o que viola não só a Lei Orgânica da Magistratura
como o princípio da moralidade administrativa, enunciado no art. 11 da Lei
8.492/1992. Na descrição dos fatos pelo Tribunal de origem, está patente o dolo
genérico no comportamento do magistrado. Tais condutas, como descritas pelo
Corte a quo, espelham inequívoco dolo, ainda que genérico. ENRIQUECIMENTO
ILÍCITO E A OFENSA A PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS 10. A Corte local, mantendo o
decidido na sentença, expôs que "apesar das orientações da Corregedoria para
haver modificação na forma de nomeação de peritos, nada se comprovou a
respeito da suposta irregularidade existente na atuação de Josiane, tampouco que
ela ou o Réu tiraram algum proveito financeiro da situação" (fl. 2.634) e que "não
havendo (...) enriquecimento sem causa do Réu ou da Contadora, não há que se
falar em ato de improbidade" (fl. 2.634). 11. Entretanto, quanto ao artigo 11 da
Lei 8.429/1992, a jurisprudência do STJ, com relação ao resultado do ato, firmou-
se no sentido de que se configura ato de improbidade a lesão a princípios
administrativos, o que, em regra, independe da ocorrência de enriquecimento
ilícito ou de dano ao Erário.”
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INTRODUÇÃO À ÉTICA:
Falar de ética é falar de algo que pode trazer um problema para a instituição
(Judiciário e MP) quando um de seus membros viola os preceitos éticos.
(i) METAÉTICA: vai estudar a raiz do bem ou do mal, e dizer se o indivíduo tem isso.
Assim, Metaética é o ramo da ética que estuda a natureza das propriedades,
afirmações, julgamentos e atitudes éticas.
(ii) ÉTICA NORMATIVA: vai dizer sobre as regras para se discernir se algo é certo ou
errado.
Por isso se chama "ética normativa": o seu objetivo principal é formular normas
válidas de conduta e de avaliação do caráter.
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(iii) ÉTICA APLICADA: aquilo que se faz no dia-a-dia. A ética aplicada consiste no
estudo sobre que normas e padrões gerais aplicáveis em situações-problema
efetivos.
Dentro da ética normativa temos a figura da Ética Aristotélica. Trata da ética clássica,
que, por sua vez, preconiza o desenvolvimento de nossas virtudes.
“(...) devemos escolher o meio termo, e não o excesso ou a falta, e que o meio
termo é conforme à reta razão.”
Aristóteles, que não vinculou a reflexão ética a um bem abstrato e único, mas a uma
pluralidade de VIRTUDES referentes a aspectos diversos da vida. Assim, não lhe parece
adequado simplesmente considerar que a coragem e a prudência são virtudes por
serem manifestações diversas de um critério ideal de bem.
Assim, enquanto Platão atentava para a questão da unidade (na busca de uma
categoria que possibilitasse pensar unitariamente as várias expressões do bem),
Aristóteles introduziu um pensamento mais sensível à pluralidade da experiência
moral, oferecendo categorias capazes de articular os vários modos pelos quais uma
pessoa age de maneira boa.
Foi preconizada por Stuart Mill. Segundo ele, devemos ser consequencialistas, a nossa
conduta tem que resultar na maior felicidade possível. Temos que proporcionar o maior
número de felicidade possível.
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O utilitarismo é uma doutrina ética defendida principalmente por Stuart Mill que
afirma que as ações são boas quando tendem a promover a felicidade e más quando
tendem a promover o oposto da felicidade.
Ele defendia o Princípio da Maior Felicidade. A ação moralmente certa é aquela que
maximiza a felicidade para o maior número. E deve fazê-lo de uma forma imparcial: a
tua felicidade não conta mais do que a felicidade de qualquer outra pessoa. O que
realmente conta é saber se uma determinada ação maximiza a felicidade.
O indivíduo deve agir porque deve cumprir o dever. É o dever pelo dever. Ética
humanista, o indivíduo deve agir como legislador universal. O indivíduo deve atuar
como se a sua conduta pudesse ser maximizada para todas as pessoas, valesse
incondicionalmente.
Segundo Kant: “age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo
querer que ela se torne lei universal
Kant entendia que o agir ético é sempre dizer a verdade. Dizer a verdade é o certo.
Para Kant o ser humano não é o meio, mas sim um fim em si mesmo.
Kant não teve tempo para o utilitarismo. Ele achava que a ênfase à felicidade
compreendia completamente a natureza da moralidade. Em sua opinião, a base para
nosso senso do que é bom ou ruim, certo ou errado, é a nossa consciência de que os
seres humanos são agentes livres e racionais que devem receber o respeito apropriado
a esses seres.
Kant afirma que se deve “sempre tratar as pessoas como fins em si mesmas, nunca
apenas como um meio para os próprios fins”. É o chamado “PRINCÍPIO DOS FINS”.
Para Kant que o que nos torna seres morais é o fato de sermos livres e racionais. Tratar
alguém como um meio para seus próprios fins ou propósitos é não respeitar esse fato
sobre eles.
Tratar alguém como um fim, em contraste, envolve sempre respeitar o fato de que
eles são capazes de escolhas racionais livres que podem ser diferentes das escolhas
que você deseja que façam. Então, se eu quero que você faça alguma coisa, o único
curso moral de ação é explicar a situação, explicar o que se quer e se pretende.
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Seria possível dizer que aquilo que Wolfgang Daschner fez era certo?
O Daschner foi punido por “ameaça de tortura”, mas a pena foi reduzida pelo caráter
utilitário da medida, porque ele não ameaçou o sequestrador para seu deleite, ele o
fez por um bem maior, de tentar salvar o menino. Foi um juízo de valor casuístico que
o Daschner fez, ele avaliou a pena que sofreria x a possibilidade de salvar o menino.
Nesse sentido, ele optou por ameaçar o sequestrador na ânsia de conseguir salvar o
menino.
Para Kant a conduta de Dascnher não é justificável. Isso porque Kant considera cada
ser humano um fim em si mesmo, e não um meio, logo o fim de Daschner de encontrar
o garoto vivo, não pode ser justificado pelo meio de tortura ao indiciado.
CORTELA afirma que ser ético é se orgulhar daquilo que se fez. Se o indivíduo não pode
contar aquilo que foi feito, é porque o feito não foi ético.
A ética deve ser aplicada à função judicial de forma a assegurar que o juiz tem que
ser independente e imparcial. Por mais que o juiz seja independente ela não pode
contrariar, por exemplo, uma decisão do STF em ADC ou ADI. Isso porque sua
independência não é uma independência em relação ao direito, mas sim uma
independência politica, frente a pressões externas.
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