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#MegeExtensivo
CONSUMIDOR
Da qualidade de produtos e serviços. Beatriz Fonteles
Da prevenção e da reparação dos danos.
Da proteção à saúde e à segurança.
Da responsabilidade pelo fato do produto e do serviço.
Da responsabilidade por vício do produto e do serviço. (Item 2).
3
PROCESSO CIVIL
Parte 1: Da competência (Item 3) Guilherme Andrade
Parte 2: Das partes e dos procuradores.
Do juiz e das funções essenciais à justiça.
Breves apontamentos sobre Ministério Público,
Defensoria Pública e Advocacia Pública (Item 4)
CIVIL
Das pessoas naturais. Da personalidade. Camila Figueiredo
Da capacidade. Dos direitos da personalidade.
Da ausência. Das pessoas jurid ́ icas.
Da desconsideraçao ̃ da personalidade jurid
́ ica.
Do domiciĺ io. (Item 2)
CRIANÇA E ADOLESCENTE
Parte 1: Do direito à convivência familiar e comunitária. Edison Burlamaqui
Da família natural. (Item 2)
Parte 2: Da família substituta. Da guarda.
Da tutela e da adoção. (Item 3)
Ó mos estudos!
Beatriz Fonteles 5
Art. 7o, parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos /responderão
solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.
Art. 25, parágrafo 1o. Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos
responderão solidariamente pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores.
ATENÇÃO!
(...)
(REsp 967.623/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 16/04/2009, DJe 29/06/2009).
ATENÇÃO!
Pede-se licença, neste ponto, para fazer uma inversão da ordem legal (haja vista que a
responsabilidade pelo fato está prevista no CDC antes da responsabilidade pelo vício).
Consideramos que a inversão é benéfica ao estudo, haja vista que é interessante primeiro
conhecer os vícios intrínsecos aos produtos e serviços, para, só então, passar às consequências
extrínsecas (fato ou defeito ou acidente). Além disso, o resumo sobre a responsabilidade do fato
é mais extenso e complexo.
A responsabilidade pelo vício desdobra-se em quatro situações diferentes, que desde
já se pontua para que o estudo se dê de forma sistema zada, de modo a evitar confusões de
conceitos e regras rela vos a cada uma das espécies.
Em que pese o caput do art. 18 fazer menção a que os fornecedores respondem pelos 11
vícios de qualidade ou quan dade dos produtos, o disposi vo trata especificamente dos vícios
de qualidade. Os de quan dade são tratados no art. 19 (e vistos no tópico subsequente).
Fornecedor – o fato de a previsão legal referir-se a “fornecedor”, como gênero,
significa que todos aqueles integrantes da cadeia de consumo (fabricante, produtor,
fornecedor, distribuidor, comerciante etc.) são responsáveis de forma solidária. Não há, pois,
responsabilidade diferenciada para o comerciante.
NÃO CONFUNDIR:
Há uma diferença importante neste ponto em relação à responsabilidade pelo fato do produto
(art. 12).
- Na responsabilidade pelo vício do produto, o comerciante é solidariamente responsável.
- Na responsabilidade pelo fato do produto, o comerciante só é responsável nos casos previstos
no art. 13.
Por tal razão, é INCORRETA a seguinte asser va:
Por expressa previsão no CDC, a responsabilidade do comerciante é subsidiária à do fabricante
quanto a vício do produto (Juiz Subs tuto TJ/PB 2015 – CESPE).
Prazo para solução do vício de qualidade - segundo o art. 18, § 1°, do CDC, o
fornecedor tem o prazo de 30 dias para sanar o vício de qualidade.
Este prazo tem natureza decadencial, caducando o direito ao final do transcurso do tempo
(os detalhes da decadência serão estudados no ponto correspondente – ponto 3 do Edital Mege). 12
Dessa forma, segundo a doutrina, este prazo deve ser respeitado pelo consumidor, sob
pena deste perder o direito de fazer uso das medidas previstas nos incisos do comando legal.
A jurisprudência majoritária tem entendido pela carência de ação, por falta de
adequação e interesse de agir, no caso do consumidor que busca o Judiciário antes de passado o
prazo previsto acima para a solução do vício.
Opções do consumidor havendo vício de qualidade - art. 18, § 1° - Não sendo o vício sanado
no prazo máximo de 30 (trinta) dias, pode o consumidor exigir, alterna vamente e à sua escolha:
- a subs tuição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso
(inciso I);
- a res tuição imediata da quan a paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos (inciso II);
- o aba mento proporcional do preço (inciso III).
STJ: é possível ao magistrado deferir, em vez da entrega de um carro novo, a indenização
pela desvalorização do veículo, pois é providência que se mantém dentro dos limites
postulados (REsp 870.440, T4, Relator Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 18/10/2011).
13
ATENÇÃO!
Se o vício não for sanado no prazo legal (§ 1°) ou convencional (§ 2°), as opções alterna vas acima
ficarão sob a escolha do consumidor!
** Pegadinhas frequentes de provas: a asser va (errada) considerar que a escolha compete ao
fornecedor ou citar apenas uma ou duas das opções (lembrem-se sempre que são três
alterna vas, que não tem caráter cumula vo).
** Não esqueçam que a res tuição imediata e atualizada da quan a paga (inciso II) não afasta a
possibilidade de responsabilidade por perdas e danos (também há algumas questões que
demandam esse conhecimento).
Novidade STJ 2017: É legal a conduta de fornecedor que concede apenas 03 (três) dias para troca
de produtos defeituosos, a contar da emissão da nota fiscal, e impõe ao consumidor, após tal
prazo, a procura de assistência técnica credenciada pelo fabricante para que realize a análise
quanto à existência do vício.
Não há no CDC norma cogente que confira ao consumidor um direito potesta vo de ter o produto
trocado antes do prazo legal de 30 (trinta) dias. A troca imediata do produto viciado, portanto,
embora prá ca sempre recomendável, não é imposta ao fornecedor. O prazo de 3 (três) dias
para a troca da mercadoria é um plus oferecido pela empresa, um bene cio concedido ao
consumidor diligente, que, porém, não é obrigatório.
(REsp 1.459.155, T3, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe 20/02/2017).
@ concursos@mege.com.br /cursomege @cursomege 99.98262-2200
No caso de, não sanado o vício no prazo legal ou convencional, o consumidor escolher
outro produto da mesma espécie (art. 18, § 1°, I), se o fornecedor não possibilitar a subs tuição
do produto, poderá haver a subs tuição por outro de espécie, marca ou modelo diversos,
mediante complementação ou res tuição de eventual diferença de preço (art. 18, § 4°).
Para finalizar, é importante destacar que a ignorância do fornecedor sobre os vícios de
qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime da responsabilidade (art. 23).
- Ainda que haja aba mento no preço do produto, o fornecedor responderá por vício
de quan dade na hipótese em que reduzir o volume da mercadoria para quan dade
diversa da que habitualmente fornecia no mercado (venda de refrigerante em volume
menor do que o habitual), sem informar na embalagem, de forma clara, precisa e
ostensiva, a diminuição de conteúdo (REsp 1.364.915, T2, Rel. Ministro Humberto
Mar ns, DJe 24/05/2013);
- Não existe obrigação legal de se inserir nos rótulos de vinho informações sobre a
quan dade de sódio e de calorias existentes no produto (peculiaridade – há uma lei e
um decreto específicos que regem a comercialização de bebidas) (REsp 1.605.489, T3,
Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe 18/10/2016).
ATENÇÃO!
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem
impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem
publicitária, podendo o consumidor exigir, alterna vamente e à sua escolha:
MUITO IMPORTANTE:
- A reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível (inciso I);
- A res tuição imediata da quan a paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos (inciso II);
- O aba mento proporcional do preço (inciso III).
A reexecução dos serviços pode ser confiada a terceiros por conta e risco do fornecedor
o
(art. 20, par. 1 ).
ATENÇÃO!
Aqui, o CDC não es pula prazo para o fornecedor sanar o serviço (ou seja, prestado o serviço
com vício, o consumidor pode fazer uso imediato das opções acima). É uma diferença em
relação ao regramento do vício do produto.
As opções alterna vas acima ficarão sob a escolha do consumidor!
** Não esqueçam que a res tuição imediata e atualizada da quan a paga (inciso II) não afasta a
possibilidade de responsabilidade por perdas e danos.
A desobediência ao exposto quanto à reparação e uso de peças originais pode gerar crime de
consumo.
Art. 70. Empregar na reparação de produtos, peça ou componentes de reposição usados, sem
autorização do consumidor:
Pena: detenção de três meses a um ano e multa.
O art. 22 (complementado pelo art. 6o, X) consagra o dever dos fornecedores de prestar
serviços públicos adequados, eficientes e seguros e, quanto aos essenciais, con nuos.
Embora o CDC não defina serviço essencial, a doutrina, por meio do diálogo das fontes,
u liza a lei de greve como parâmetro (art. 10 da Lei n. 7.783/89):
a) Interrupção do fornecimento:
- Súmula Vinculante 27: Compete à Jus ça Estadual julgar causas entre consumidor e
concessionária de serviço público de telefonia, quando a ANATEL não seja
li sconsorte passiva necessária, assistente, nem opoente.
- Súmula 506 STJ: A ANATEL não é parte legí ma nas demandas entre a concessionária
e o usuário de telefonia decorrentes de relação contratual.
- Súmula 356 STJ: É legí ma a cobrança de tarifa básica pelo uso dos serviços de
telefonia fixa.
- A par r de 01 de agosto de 2007, data de implementação do sistema, passou a ser
exigido das concessionárias o detalhamento de todas as ligações na modalidade
local, independentemente de ser dentro ou fora da franquia contratada, por
inexis r qualquer restrição a respeito. A solicitação do fornecimento das faturas
discriminadas, sem ônus para o assinante, basta ser feita uma única vez, marcando
para a concessionária o momento a par r do qual o consumidor pretende obter suas
faturas com detalhamento (REsp 1.074.799, S1, Relator Ministro Francisco Falcão,
DJe 08/06/2009).
- CANCELAMENTO da Súmula 357 STJ (passa a vigorar o entendimento do julgado
repe vo acima).
22
c) Serviço público de água e esgoto
- Súmula 407 STJ: é legí ma a cobrança da tarifa de água, fixada de acordo com as
categorias de usuários e as faixas de consumo. (é legal a cobrança de tarifa
progressiva de água).
- Súmula 412 STJ: a ação de repe ção de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se
ao prazo prescricional estabelecido no Código Civil.
- Não é lícita a cobrança de tarifa de água no valor do consumo mínimo mul plicado
pelo número de economias existentes no imóvel (ex.: condomínio edilício), mesmo
que haja um único hidrômetro no local. Neste caso, a cobrança deve se dar pelo
consumo real aferido (REsp 1.166.561, repe vo, S1, Rel. Ministro Hamilton
Carvalhido, DJe 05/10/2010).
- É ilegal cobrar a tarifa de água por es ma va quando ausente o hidrômetro ou
quando este es ver com defeito. Neste caso, a cobrança pelo fornecimento de água
deve ser realizada pela tarifa mínima (REsp 1.513.218, Rel. Ministro Humberto
Mar ns, DJe 13/03/2015).
- A jurisprudência desta Corte pacificou o entendimento de que o inadimplemento é
do usuário (natureza pessoal da obrigação), ou seja, de quem efe vamente obteve a
prestação do serviço, razão porque não cabe responsabilizar o atual usuário por
débito pretérito rela vo ao consumo de água/energia elétrica de usuário anterior
(AgRg no REsp 1.327.162, T1, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, DJe
28/09/2012).
- A ANS não é parte legí ma em ação que se discute suposto abuso em reajuste de plano
de saúde (REsp 1.384.604/RS, T3, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe
22/06/2015).
- Se o serviço público de esgotamento sanitário está sendo prestado, ainda que não
contemple todas as suas fases (ex.: a concessionária realiza apenas a coleta e o
transporte dos dejetos sanitários, sem a promoção de seu tratamento final), é devida a
cobrança da tarifa (REsp 1.330.195, T2, Rel. Ministro Castro Meira, DJe 04/02/2013).
Passa-se agora à análise dos vícios de segurança, ou seja, aqueles capazes de gerar riscos
à segurança do consumidor ou de terceiros (ví mas de consumo).
Como já mencionado, é neste ponto que tem especial importância a figura dos
consumidores equiparados bystander, que são as ví mas do evento (ainda que não envolvidos
previamente em uma relação jurídica com o fornecedor), conforme previsão do art. 17 do CDC
(disposi vo integrante da Seção “Da responsabilidade pelo fato do produto e do serviço”). 23
A responsabilidade pelo fato desdobra-se em duas situações diferentes, a
responsabilidade pelo fato do produto e pelo fato do serviço.
Antes de ingressarmos nas responsabilidades propriamente ditas, cumpre-nos analisar
a disciplina legal referente à proteção da saúde e segurança dos consumidores (recomenda-se,
o
desde já, a leitura dos arts. 8 a 10 do CDC, em especial os grifos feitos na parte da legislação, pois
costumam ser as “pegadinhas clássicas” de provas).
Como visto no Ponto 1, um dos direitos básicos do consumidor é a proteção, que traz
o
para o fornecedor o dever de segurança (art. 6 , I, CDC).
o
Em princípio, o ar go 8 estabelece que os produtos/serviços não poderão acarretar
riscos à saúde e segurança do consumidor. Entretanto, são tolerados os riscos qualificados
como “normais e previsíveis”, desde que acompanhados de informações claras e precisas.
Trata-se da tolerância frente à periculosidade inerente: aquela que é indissociável do
produto/serviço e não surpreende o consumidor. Essa tolerância, todavia, não exime o
fornecedor do seu dever de informar. É possível, por exemplo, que o fornecedor seja
responsabilizado pelo fato do produto ou do serviço não pelo risco em si (natural para aquela
espécie), mas sim pela falta ou insuficiência de informações.
Podem ser citados como exemplos clássicos de produtos com riscos inerentes e
previsíveis: medicamentos, produtos de limpeza, faca de cozinha etc.
Ao lado dos produtos/serviços com riscos normais e previsíveis (art. 8o), existem
o
aqueles potencialmente nocivos à saúde e/ou segurança (art. 9 ). Nestes, os riscos não são
normais ou previsíveis, ou seja, surpreendem o consumidor. Dessa forma, só podem ser
evitados se houver informação adequada e ostensiva sobre a periculosidade ou nocividade
(Ex.: venenos, agrotóxicos, fogos de ar cio etc).
Existem ainda os produtos/serviços com alto grau de nocividade ou periculosidade (art.
10). Para estes, há vedação de colocação no mercado de consumo, independentemente de haver
informação clara, precisa e ostensiva a seu respeito. A lei, inclusive, faz menção a que o fornecedor
sabe ou deveria saber. Ou seja, a ignorância do fornecedor não o exime da responsabilidade. 24
A periculosidade exagerada é aquela que nem mesmo informações ostensivas e manifestas
seriam capazes de mi gar seus riscos. Ressalte-se tratar de conceito jurídico indeterminado, devendo
o aplicador preencher seu conteúdo no caso concreto, com auxílio técnico.
Em resumo e considerando a gradação dos riscos, temos o seguinte panorama legal:
Produtos/serviços com
Produtos/serviços com Produtos/serviços
alto grau de nocividade
riscos normais e previsíveis potencialmente
ou periculosidade
- periculosidade inerente nocivos ou perigosos
- periculosidade exagerada
Art. 8º. Art. 9º Art. 10.
Como visto, no fato do produto ou defeito estão presentes outras consequências além
do próprio produto, danos suportados pelo consumidor (extrínsecos), a gerar a
responsabilidade obje va direta e imediata do fabricante (art. 12 do CDC).
Observe-se o teor do art. 12, caput, para, em sequência, serem feitos os comentários
per nentes:
ATENÇÃO!
A jurisprudência do STJ entende que houve inversão legal (ope legis) do ônus da prova em
relação ao defeito do produto. Ou seja:
- O consumidor tem o ônus de provar o dano que lhe foi causado e o nexo de causalidade com o
produto (relação causa e efeito);
- Compete ao fornecedor (é ônus deste) provar que o produto não é defeituoso.
A questão já foi decidida em sede de controvérsia de recursos repe vos:
RECURSO ESPECIAL. CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE POR VÍCIO NO PRODUTO (ART. 18 DO
CDC). ÔNUS DA PROVA. INVERSÃO 'OPE JUDICIS' (ART. 6º, VIII, DO CDC). MOMENTO DA
INVERSÃO. PREFERENCIALMENTE NA FASE DE SANEAMENTO DO PROCESSO.
A inversão do ônus da prova pode decorrer da lei ('ope legis'), como na responsabilidade pelo
fato do produto ou do serviço (arts. 12 e 14 do CDC), ou por determinação judicial ('ope
judicis'), como no caso dos autos, versando acerca da responsabilidade por vício no produto 27
(art. 18 do CDC). Inteligência das regras dos arts. 12, § 3º, II, e 14, § 3º, I, e 6º, VIII, do CDC.
(...)
(REsp 802.832/MG, S2, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 21/09/2011).
ATENÇÃO!
ATENÇÃO!
28
Há questões pretéritas de provas obje vas de magistratura da banca CESPE/CEBRASPE que
consideraram incorreta alterna va que dispunha que o comerciante responderia
solidariamente com o fabricante pelo fato do produto.
LEMBREM-SE: A responsabilidade do comerciante pelo fato do produto será obje va e
subsidiária (e não solidária).
Diante da previsão do direito de regresso, pode-se ques onar: é cabível a denunciação da lide
(por exemplo: comerciante, acionado judicialmente pelo consumidor, denuncia à lide o
fabricante)?
NÃO!!!
O art. 88 do CDC prevê expressamente que: “na hipótese do art. 13, parágrafo único deste
código, a ação de regresso poderá ser ajuizada em processo autônomo, facultada a
possibilidade de prosseguir-se nos mesmos autos, vedada a denunciação da lide”.
A previsão legal tem como jus fica va o intuito de evitar a demora que seria naturalmente causada
ao processo em razão dessa intervenção de terceiros, o que seria prejudicial para o consumidor.
** E quanto ao fato do serviço, é vedada igualmente a denunciação da lide (embora não haja
menção expressa no art. 88)?
a a
Após divergência inicial entre as 3 e 4 Turmas do STJ, entrou-se num consenso, em que
prevaleceu a posição extensiva de que a vedação se aplica também à responsabilidade pelo
fato do serviço.
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. DEFEITO 29
NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO A CONSUMIDOR. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. INTERPRETAÇÃO DO
ART. 88 DO CDC. IMPOSSIBILIDADE.
1. A vedação à denunciação da lide prevista no art. 88 do CDC não se restringe à
responsabilidade de comerciante por fato do produto (art. 13 do CDC), sendo aplicável
também nas demais hipóteses de responsabilidade civil por acidentes de consumo (arts. 12 e
14 do CDC).
2. Revisão da jurisprudência desta Corte.
(REsp 1165279, T3, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sansevrino, DJe 28/05/2012).
O art. 88 do CDC proíbe que o fornecedor que foi acionado judicialmente pelo consumidor faça a
denunciação da lide, chamando para o processo outros corresponsáveis pelo evento.
Esta norma é uma regra prevista em bene cio do consumidor, atuando em prol da brevidade do
processo de ressarcimento de seus prejuízos devendo, por esse mo vo, ser arguida pelo próprio
consumidor, em seu próprio bene cio. Assim, se o fornecedor/réu faz a denunciação da lide ao
corresponsável e o consumidor não se insurge contra isso, haverá preclusão, sendo descabido
ao denunciado invocar em seu bene cio a regra do art. 88. Em outras palavras, não pode o
denunciado à lide invocar em seu bene cio a regra de afastamento da denunciação (art. 88)
para eximir-se de suas responsabilidades perante o denunciante. (STJ. 4ª Turma. REsp 913.687-
SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 11/10/2016. Info 592).
O CDC adotou a teoria do risco da a vidade, e não do risco integral. A prova disso é a
previsão expressa de excludentes da responsabilidade do fornecedor (art. 12, § 3º - “o
fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando
provar”). Em todas as hipóteses de exoneração, o ônus da prova é do fornecedor:
STJ: - Em nada socorre a empresa, assim, a alegação de que, até hoje, não foi possível verificar
exatamente de que forma as pílulas-teste chegaram às mãos das consumidoras. O panorama 30
fá co adotado pelo acórdão recorrido mostra que tal demonstração talvez seja mesmo
impossível, porque eram tantos e tão graves os erros e descuidos na linha de produção e
descarte de medicamentos, que não seria hipótese infundada afirmar-se que os placebos
a ngiram as consumidoras de diversas formas ao mesmo tempo.
(...) (REsp 866.636/SP, T3, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJ 06/12/2007, p. 312).
- Que o defeito inexiste, embora tenha colocado o produto no mercado (inciso II);
Por meio dessa previsão legal, como já explicitado acima, entende-se que há inversão
legal do ônus da prova (ope legis), não sendo ônus do consumidor provar o defeito, e sim do
fabricante/produtor/construtor/importador provar que o defeito não existe. É quem melhor
conhece o produto e tem condições de fazer esse po de prova.
IMPORTANTE:
Para bancas de concursos como FCC, CESPE/CEBRASPE, é aceita como correta a posição do STJ.
Alguns concursos específicos, porém, podem cobrar o entendimento doutrinário no sen do
contrário (caso fortuito e força maior não excluem a responsabilidade porque o rol do art. 12, §
3º, seria taxa vo).
Para saber como se posicionar nas provas, fiquem bastante atentos aos enunciados e à
delimitação do ques onamento (ex.: segundo a jurisprudência do STJ, a doutrina tem
entendimento...).
Os casos reconhecidos pelo STJ como fortuito interno e fortuito externo despencam em prova!
Risco do desenvolvimento é aquele que não pode ser cien ficamente conhecido no
momento de lançamento do produto no mercado, vindo a ser descoberto somente após certo
tempo de uso do produto/serviço.
Para a doutrina consumerista majoritária, o fornecedor deve responder pelos riscos
do desenvolvimento, não configurando, pois, excludente de responsabilidade.
Os argumentos normalmente invocados são normalmente ligados à não previsão do
risco do desenvolvimento no rol legal de excludentes, bem como à aplicação dos princípios
consumeristas da vulnerabilidade e da res tuição integral dos danos. Para alguns
doutrinadores, ademais, tratar-se-ia de um defeito de concepção, razão pela qual o fornecedor
permanece responsável (ideia de socialização dos riscos – explicada no Ponto 1).
34
Nas hipóteses envolvendo fato do serviço, tem-se, em regra, o mesmo tratamento
legal do fato do produto, pelo que serão abordadas apenas as suas peculiaridades.
Observe-se o teor do art. 14, caput, para, em sequência, serem feitos os comentários
per nentes:
Fornecedor – aqui, mais uma vez o CDC u lizou o gênero, o que gera a
responsabilidade obje va e solidária entre todos os envolvidos com a prestação, pela presença
de outros danos, além do próprio serviço como bem de consumo.
Aqui também a responsabilidade obje va é fundada na teoria da a vidade ou do
empreendimento, sendo suficiente que o consumidor demonstre o dano ocorrido (acidente de
consumo) e o nexo de causalidade entre o serviço prestado e o dano.
Deve ficar logo registrado que, no fato do serviço, a responsabilidade civil dos
o
profissionais liberais somente existe se houver culpa de sua parte, conforme o art. 14, § 4 (será
objeto de subtópico adiante).
O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode
esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais (art. 14, § 1o):
O CDC criou uma exceção à responsabilidade obje va pelo fato do serviço, dispondo
que a responsabilização pessoal dos profissionais liberais depende da verificação de culpa,
sendo, portanto, uma responsabilidade subje va.
Por tempos, tem sido citado como exemplo de obrigação de resultado a cirurgia
plás ca/esté ca embelezadora.
Tradicionalmente, o STJ aplicava a responsabilidade subje va dos profissionais liberais
apenas para os casos de serviços que configurassem obrigação de meio. Para as obrigações de
resultado, a culpa seria presumida.
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A previsão legal do CDC, porém, não faz diferenciação entre obrigações meio e de
resultado, razão pela qual significa va parcela da doutrina discorda da tenta va de se criar um
regime diferenciado. A norma não autoriza a responsabilização obje va do profissional liberal com
base na existência de obrigação de resultado.
Contornando essa questão, o STJ vem se posicionando pela responsabilidade subje va
pelas obrigações de resultado, mas com presunção de culpa (inversão do ônus da prova). Há
inúmeros julgados nesse sen do, mas limitamo-nos a colacionar um, pela sua clareza e atualidade:
37
1.1.1.6.2.2. As causas excludentes da responsabilidade obje va (art. 14, § 3º)
O CDC adotou a teoria do risco da a vidade, e não do risco integral. A prova disso é a
previsão expressa de excludentes da responsabilidade do fornecedor (art. 14, § 3º). Em todas
as hipóteses de exoneração, o ônus da prova é do fornecedor:
Não estão previstos expressamente no CDC, mas são aceitos pelo STJ (maiores
explicações já foram despendidas).
Será feita uma divisão da análise por grandes temas, para facilitar o estudo:
a) Serviços prestados por ins tuições financeiras
- As ins tuições bancárias respondem obje vamente pelos danos causados por fraudes
ou delitos pra cados por terceiros (fortuito interno). Vide Súmula 479: as ins tuições
financeiras respondem obje vamente pelos danos gerados por fortuito interno rela vo
a fraudes e delitos pra cados por terceiros no âmbito de operações bancárias.
- O banco deve compensar os danos morais sofridos por consumidor ví ma de saque
fraudulento que, mesmo diante de grave e evidente falha na prestação do serviço
bancário, teve que intentar ação contra ins tuição financeira com obje vo de
recompor o seu patrimônio, após frustradas tenta vas de resolver extrajudicialmente
a questão. (AgRg no AREsp 395.426, T4, Rel. Ministro Marco Buzzi, DJe 17/12/2015).
- Não configura dano moral in re ipsa a simples remessa de fatura de cartão de
crédito para a residência do consumidor com cobrança indevida. Para configurar a
existência do dano extrapatrimonial, há de se demonstrar fatos que o caracterizem,
como a reiteração da cobrança indevida, a despeito da reclamação do consumidor,
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inscrição em cadastro de inadimplentes, protesto, publicidade nega va do nome do
suposto devedor ou cobrança que o exponha a ameaça, coação, constrangimento.
(REsp 1.550.509, T4, Rel. Ministra Maria isabel Gallo , DJe 14/03/2016).
- A relação firmada entre unidades lotéricas e a Caixa Econômica Federal tem cunho
social, ampliando o acesso da população brasileira a alguns pontuais serviços
prestados por ins tuições financeiras, o que não é suficiente para transmudar a
natureza daquelas em ins tuições financeiras (REsp 1.224.236, T4, Rel. Ministro Luis
Felipe Salomão, DJe 02/04/2014).
- Mais do que mera cessão de espaço ou a simples guarda, a efe va segurança e vigilância
dos objetos depositados nos cofres pelos clientes são caracterís cas essenciais a
negócio jurídico desta natureza, razão pela qual o desafio de frustrar ações criminosas
contra o patrimônio a que se presta a resguardar cons tui ônus da ins tuição financeira,
em virtude de o exercício profissional deste empreendimento torná-la mais susce vel
aos crimes patrimoniais, haja vista a presunção de que custodia capitais elevados e de
que mantém em seus cofres, sob vigilância, bens de clientes. O roubo ou furto
perpetrado contra a ins tuição financeira, com repercussão nega va ao cofre locado ao
consumidor, cons tui risco assumido pelo fornecedor do serviço, haja vista
compreender-se na própria a vidade empresarial, configurando, assim, hipótese de
fortuito interno. (REsp 1.250.997, T4, Rel. Ministro marco Buzzi, DJe 14/02/2013).
- Está pacificado na jurisprudência do Superior Tribunal de Jus ça o entendimento de
que roubos em agências bancárias são eventos previsíveis, não caracterizando
hipótese de força maior, capaz de elidir o nexo de causalidade, requisito indispensável
ao dever de indenizar (fortuito interno) (REsp 1.093.617, T4, Rel. Ministro João Otávio
de Noronha, DJe 23/03/2009).
- A empresa de shopping center que fornece estacionamento aos veículos de seus clientes
responde obje vamente pelos furtos, roubos e latrocínios ocorridos no seu interior, uma
vez que, em troca dos bene cios financeiros indiretos decorrentes desse acréscimo de
conforto aos consumidores, o estabelecimento assume o dever - implícito em qualquer
relação contratual - de lealdade e segurança, como aplicação concreta do princípio da
confiança. (REsp 1.269.691,T4, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 05/03/2014).
- Condenação de supermercado a reparar os danos morais sofridos por consumidores
que foram ví mas de assalto à mão armada no interior do seu estacionamento. É dever
de estabelecimentos como shoppings centers e hipermercados zelar pela segurança de
40
seu ambiente, de modo que não se há falar em força maior para eximi-los da
responsabilidade civil decorrente de assaltos violentos aos consumidores. (REsp
582.047, T3, Rel. Ministro Massami Uyeda, DJe 04/08/2009).
- Reconhecimento da ocorrência de força maior ou fato exclusivo de terceiro como causa
de exclusão da responsabilidade civil do fornecedor, na hipótese de roubo de veículo
conduzido por manobrista de restaurante em via pública (serviço de valet parking)
(REsp 1.321.739, T3, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 10/09/2013).
ATENÇÃO!
ATENÇÃO!
- A verificação de o cio do conteúdo das mensagens postadas por cada usuário não
cons tui a vidade intrínseca ao serviço prestado pelos provedores de hospedagem
de blogs, de modo que não se pode reputar defeituoso, nos termos do art. 14 do CDC,
o site que não exerce esse controle. Ao ser comunicado de que determinada
mensagem postada em blog por ele hospedado possui conteúdo potencialmente
ilícito ou ofensivo, deve o provedor removê-lo preven vamente no prazo de 24
horas, até que tenha tempo hábil para apreciar a veracidade das alegações do
denunciante, de modo a que, confirmando-as, exclua defini vamente o vídeo ou,
tendo-as por infundadas, restabeleça o seu livre acesso, sob pena de responder
solidariamente com o autor direto do dano em virtude da omissão pra cada. (REsp
1.406.448, T3, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 21/10/2013).
SITUAÇÃO DIFERENTE:
É diferente da regra geral acima a responsabilidade de portal de no cias man do por empresa
jornalís ca na internet:
- Hipótese em que o provedor de conteúdo é empresa jornalís ca profissional da área de
comunicação, ensejando a aplicação do Código de Defesa do Consumidor.
- Necessidade de controle efe vo, prévio ou posterior, das postagens divulgadas pelos usuários
junto à página em que publicada a no cia.
- A ausência de controle configura defeito do serviço.
- Responsabilidade solidária da empresa gestora do portal eletrônico perante a ví ma das
ofensas. (REsp 1.352.053, T3, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 30/03/2015).
- Condenação de colégio por danos materiais e morais sofridos por um de seus alunos
em excursão organizada pela escola, haja vista tratar-se de fortuito interno (a
segurança dos alunos que estão sob a vigilância e autoridade da escola é inerente à
a vidade de ensino). (REsp 762.075, T4, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, DJe
29/06/2009).
- Pacificou-se o entendimento de que os danos sofridos por passageiros de
transporte cole vo, em razão de acidente, não excluem a responsabilidade da
empresa transportadora, ainda que decorrente de culpa de terceiro. Isso porque os
riscos de acidentes de trânsito são inerentes à a vidade de transporte e não podem
ser considerados imprevisíveis (diversos Precedentes).
- No âmbito da jurisprudência do STJ, não se configura o dano moral quando ausente
a ingestão do produto considerado impróprio para o consumo, em virtude da
presença de objeto estranho no seu interior, por não extrapolar o âmbito individual
que jus fique a li giosidade, porquanto atendida a expecta va do consumidor em sua
dimensão plural. (REsp 1.395.647, T3, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe
19/12/2014).
- A contratação de serviços postais oferecidos pelos Correios, por meio de tarifa
especial, para envio de carta registrada, que permite o posterior rastreamento pelo
próprio órgão de postagem revela a existência de contrato de consumo, devendo a 44
fornecedora responder obje vamente ao cliente por danos morais advindos da
falha do serviço quando não comprovada a efe va entrega. (EREsp 1097266, S2, Rel.
Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe 24/02/2015).
- O contrato de transporte consiste em obrigação de resultado, configurando o atraso
manifesta prestação inadequada. O dano moral decorrente de atraso de voo
prescinde de prova e a responsabilidade de seu causador opera-se in re ipsa em
virtude do desconforto, da aflição e dos transtornos suportados pelo passageiro.
(REsp 1.280.372, T3, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe 10/10/2014).
Força maior e caso fortuito externos (causa Força maior e caso fortuito internos
jurisprudencial, com controvérsia na doutrina)
TÍTULO I
Dos Direitos do Consumidor
CAPÍTULO IV
Da Qualidade de Produtos e Serviços, da Prevenção e da Reparação dos Danos
SEÇÃO I
Da Proteção à Saúde e Segurança
Art. 8o. Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à
saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em
decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a
dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito.
Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as
informações a que se refere este ar go, através de impressos apropriados que devam
acompanhar o produto.
o
Art. 9 . O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou 45
segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou
periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.
Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe
ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.
o
§ 1 O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de
consumo, ver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o feito
imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios
publicitários.
§ 2o Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa,
rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço.
o
§ 3 Sempre que verem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou
segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão
informá-los a respeito.
Art. 11. (vetado).
SEÇÃO III
Da Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço 47
Parte 1
Da competência (Item 3)
Apresentação
Nesta rodada, estudaremos o tema “Da Competência”. Trata-se de tema que vem
sendo cada vez mais cobrado nos concursos, geralmente restrito ao conteúdo da Lei. Além do
estudo de alguns julgados dentro do próprio resumo doutrinário, ao final, em tópico próprio,
são listadas as Súmulas do STF e do STJ e outros precedentes importantes.
Abraços e bons estudos.
Guilherme Rodrigues de Andrade
51
2.1.1. COMPETÊNCIA
2.1.1.1. CONCEITO
Art. 63, § 3o Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser
reputada ineficaz de o cio pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do
foro de domicílio do réu.
Segundo o ar go 65, §1º, do NCPC acima transcrito, a incompetência absoluta pode ser
alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição.
Com efeito, com relação ao primeiro grau de jurisdição, ou ainda em fase recursal, a
doutrina e jurisprudência são unânimes em afirmar que a incompetência absoluta poderá ser
alegada a qualquer momento.
@ concursos@mege.com.br /cursomege @cursomege 99.98262-2200
ATENÇÃO!
Art. 64. A incompetência, absoluta ou rela va, será alegada como questão preliminar
de contestação.
Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão reme dos ao juízo
competente, sendo certo que os efeitos da decisão proferida pelo juízo incompetente serão
conservados até que outra decisão seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente:
ATENÇÃO 1:
ATENÇÃO 2:
Ante a ausência de previsão legal, não cabe recurso da decisão que reconhece ou não reconhece a
incompetência (ver rol do ar go 1.015 do NCPC), podendo a matéria, entretanto, ser suscitada em
preliminar de apelação ou contrarrazões de apelação, na forma do ar go 1.009, §1º, do NCPC. 56
Alguns doutrinadores entendem ser cabível o Mandado de Segurança.
Interessante novidade consta no inciso III, onde as partes, mesmo que não
domiciliadas no Brasil, podem aceitar, expressa ou tacitamente, se submeter à jurisdição
brasileira. No entanto, com base no princípio da efe vidade, o juiz poderia negar a sua jurisdição 57
para resolver a demanda se constatar que a sua decisão não terá condições de sur r efeitos em
razão dos princípios da soberania de outros países.
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:
I - conhecer de ações rela vas a imóveis situados no Brasil;
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento
par cular e ao inventário e à par lha de bens situados no Brasil, ainda que o autor
da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território
nacional;
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à par lha
de bens situados no Brasil, ainda que o tular seja de nacionalidade estrangeira ou
tenha domicílio fora do território nacional.
2.1.1.4.5. Li spendência
Existem cinco espécies de competência, sendo três absolutas e duas rela vas:
Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será
proposta, em regra, no foro de domicílio do réu.
§ 1o Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles.
§ 2o Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado
onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor.
§ 3o Quando o réu não ver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no
foro de domicílio do autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será
proposta em qualquer foro. 59
§ 4o Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no
foro de qualquer deles, à escolha do autor.
§ 5o A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência
ou no do lugar onde for encontrado.
Art. 47, § 1o O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se
o li gio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e
demarcação de terras e de nunciação de obra nova.
Alguns exemplos desta exceção são as ações fundadas em usufruto, uso e habitação, que
também são direitos reais, mas foram afastadas da regra de competência territorial absoluta.
ATENÇÃO 1:
ATENÇÃO 2:
ATENÇÃO 3:
Apesar de não ser um direito real, as referidas ações também deverão ser propostas no
foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta (art. 47, §1º, do NCPC).
ATENÇÃO!
Art. 49. A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu úl mo
domicílio, também competente para a arrecadação, o inventário, a par lha e o
cumprimento de disposições testamentárias.
Art. 50. A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu
representante ou assistente.
Serão julgadas pela Jus ça Federal nos seguintes foros (art. 109, inciso I, da CRFB):
a) domicílio do réu, quando a União for autora da ação.
Art. 51 do NCPC - É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja
autora a União.
Art. 109, §1º, da Cons tuição - As causas em que a União for autora serão aforadas na
seção judiciária onde ver domicílio a outra parte.
b) domicílio do autor, do local do fato ou no Distrito Federal, quando a União for a ré.
Art. 51, Parágrafo único, do NCPC - Se a União for a demandada, a ação poderá ser
proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou
62
a demanda, no de situação da coisa ou no Distrito Federal.
Art. 109, §2º, da Cons tuição - As causas intentadas contra a União poderão ser
aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver
ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou,
ainda, no Distrito Federal.
ATENÇÃO!
Esta regra também se aplica às ações movidas em face de autarquias federais, tendo em vista o
escopo de facilitar a propositura de ação pelo jurisdicionado em contraposição ao ente público
(RE – 627709 – Informa vo 775 do STF).
A fim de facilitar o acesso à Jus ça, a Cons tuição prevê duas hipóteses em que a
competência, que via de regra seria da Jus ça Federal, é delegada para a Jus ça Estadual (ao
menos em primeiro grau de jurisdição), conforme o §3º do ar go 109 abaixo transcrito:
OBSERVAÇÃO!
Cumpre frisar que, nesta primeira hipótese, o autor poderá escolher se prefere ajuizar a ação na
Comarca onde reside, perante a Jus ça Estadual, ou se prefere se deslocar para o local da Vara
Federal da Seção Judiciária a qual pertença a sua cidade. Tratam-se de foros concorrentes.
Na segunda hipótese, não há uma delegação imediata (como ocorre na primeira), mas
a Cons tuição prevê que uma lei poderá fazer esta delegação, desde que a Comarca não seja
sede de Vara Federal. Sendo assim, temos os seguintes requisitos/elementos para a delegação
para a Jus ça Estadual:
O ar go 15, I, da Lei 5.010/66 previa a possibilidade de a execução fiscal federal ser processada
perante a Jus ça Estadual se, na Comarca do executado, não exis sse Vara Federal, mas este
disposi vo foi revogado pela Lei 13.043/14.
Hipóteses de delegação previstas em leis ordinárias: a) art. 15, II, da Lei 5.010/66; b)
art. 119, §2º, da Lei 6.815/80; c) art. 4o, §1o, da Lei 6.969/81; d) art. 381, §4º, do NCPC.
ATENÇÃO 2:
ATENÇÃO 3:
Em qualquer destas duas hipóteses, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional
Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.
Serão julgadas pela Jus ça do Estado (ou do Distrito Federal, conforme o caso), nos
seguintes foros:
Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autor
Estado ou o Distrito Federal.
Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser
proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a
demanda, no de situação da coisa ou na capital do respec vo ente federado.
No intuito de assegurar a igualdade entre homens e mulheres (art. 5º, I, e art. 226, §5º, 64
ambos da CRFB), o legislador ex nguiu a regra de competência baseada no domicílio da mulher
nas referidas ações.
Desta forma, a regra é que a ação deverá ser ajuizada no foro de domicílio do guardião
de filho incapaz. Ou seja, aquele que detém a guarda do filho incapaz será “beneficiado” e
poderá ajuizar a ação em seu domicílio.
Se não exis r filho incapaz, a ação deverá ser ajuizada no foro do úl mo domicílio do
casal, isto é, no foro do local onde o casal morava antes de se separar.
Por fim, se nenhum dos ex-cônjuges (ex-companheiros etc.) morar no úl mo domicílio
(ambos podem ter se mudado), a ação seguirá a regra geral do NCPC, devendo ser proposta no
foro do domicílio do réu.
65
2.1.1.5.1.13. Ação proposta contra agência ou sucursal
ATENÇÃO!
Segundo o Superior Tribunal de Jus ça, na ação de cobrança do seguro DPVAT, cons tui
faculdade do autor escolher entre os foros do seu domicílio, do local do acidente ou ainda do
domicílio do réu, conforme a súmula 540.
Para esta parcela da doutrina, então, quando a lei de ação civil pública (art. 2º) ou o
ar go 47 do NCPC estabelecem a competência do local do dano ou da situação da coisa, está na
verdade criando uma hipótese de competência territorial absoluta, imutável pela vontade das
partes, e não uma hipótese de competência funcional.
@ concursos@mege.com.br /cursomege @cursomege 99.98262-2200
2.1.1.5.3. Competência em razão da matéria
A competência em razão da pessoa não vem regulada no Código de Processo Civil, mas
sim na Cons tuição da República (prevendo a competência da Jus ça Federal de primeiro grau,
do STF e do STJ), nas Cons tuições dos Estados (prevendo a competência originária dos
Tribunais) e nas leis de organização judiciária.
Trata-se, também, de uma regra de competência absoluta.
69
2.1.1.5.5. Competência em razão do valor da causa
Art. 3o Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de
competência da Jus ça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como
executar as suas sentenças.
§ 3o No foro onde es ver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é
absoluta.
Art. 45. Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão reme dos ao juízo
federal competente se nele intervier a União, suas empresas públicas, en dades
autárquicas e fundações, ou conselho de fiscalização de a vidade profissional, na
qualidade de parte ou de terceiro interveniente, exceto as ações:
I - de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho;
II - sujeitas à jus ça eleitoral e à jus ça do trabalho.
ATENÇÃO 1:
Recentemente, o Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu que compete à Jus ça Federal
processar e julgar ações em que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), quer mediante o
conselho federal, quer seccional, figure na relação processual. Segundo o Supremo Tribunal
Federal, a OAB, sob o ângulo do conselho federal ou das seccionais, não seria associação, pessoa
jurídica de direito privado, em relação à qual é vedada a interferência estatal no funcionamento
ATENÇÃO 2:
Art. 45, § 3o O juízo federal res tuirá os autos ao juízo estadual sem suscitar conflito se
o ente federal cuja presença ensejou a remessa for excluído do processo.
§ 1o Os autos não serão reme dos se houver pedido cuja apreciação seja de
competência do juízo perante o qual foi proposta a ação.
§ 2o Na hipótese do § 1o, o juiz, ao não admi r a cumulação de pedidos em razão da
incompetência para apreciar qualquer deles, não examinará o mérito daquele em que 73
exista interesse da União, de suas en dades autárquicas ou de suas empresas públicas.
Art. 54. A competência rela va poderá modificar-se pela conexão ou pela con nência,
observado o disposto nesta Seção.
Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido
OU a causa de pedir.
Con nência – Iden dade de partes e causa de pedir entre as ações. Mas o pedido de
uma delas abrange o da outra.
Art. 56. Dá-se a con nência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver iden dade
quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo,
abrange o das demais.
Art. 55, § 1o Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta,
salvo se um deles já houver sido sentenciado.
Art. 57. Quando houver con nência e a ação con nente ver sido proposta
anteriormente, no processo rela vo à ação con da será proferida sentença sem
resolução de mérito, caso contrário, as ações serão necessariamente reunidas.
Art. 55, § 1o Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta,
salvo se um deles já houver sido sentenciado.
Art. 55.
§ 2o Aplica-se o disposto no caput:
I - à execução de tulo extrajudicial e à ação de conhecimento rela va ao mesmo ato
jurídico;
II - às execuções fundadas no mesmo tulo execu vo.
Segundo o ar go 55, §1º, do NCPC, “os processos de ações conexas serão reunidos
para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado”.
Não obstante a previsão legal, o Superior Tribunal de Jus ça, ainda sob a égide do
CPC/73, entendia exis r uma DISCRICIONARIEDADE do julgador ao determinar ou não a
reunião de processos.
Segundo o Superior Tribunal de Jus ça, “a reunião dos processos por conexão configura
faculdade atribuída ao julgador, sendo que o Código de Processo Civil concede ao magistrado certa
margem de discricionariedade para avaliar a intensidade da conexão e o grau de risco da
ocorrência de decisões contraditórias. Justamente por traduzir faculdade do julgador, a decisão
que reconhece a conexão não impõe ao magistrado a obrigatoriedade de julgamento conjunto. A
avaliação da conveniência do julgamento simultâneo será feita caso a caso, à luz da matéria
controver da nas ações conexas, sempre em atenção aos obje vos almejados pela norma de
76
regência (evitar decisões conflitantes e privilegiar a economia processual). Assim, ainda que
visualizada, em um primeiro momento, hipótese de conexão entre as ações com a reunião dos
feitos para decisão conjunta, sua posterior apreciação em separado não induz, automa camente,
à ocorrência de nulidade da decisão (REsp 1255498 / CE; vide também a súmula 515 do STJ – “A
reunião de execuções fiscais contra o mesmo devedor cons tui faculdade do Juiz”).
ATENÇÃO 1:
ATENÇÃO 2:
Situação Efeito
AÇÃO CONTINENTE (que possui o pedido mais A ação con da será ex nta sem resolução de
abrangente) PROPOSTA ANTES da ação con da mérito.
(ação cujo pedido também está con do na ação
con nente).
AÇÃO CONTIDA proposta anteriormente à As ações serão REUNIDAS para julgamento
ação con nente. conjunto.
Esta forma de prorrogação da competência não está prevista em lei, mas pode ocorrer
quando, não obstante a previsão de uma competência legal de um foro especial para proteger o
autor, este preferir ajuizar a ação no foro do domicílio do réu.
Art. 58. A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo prevento, onde
serão decididas simultaneamente.
Segundo o ar go 43 do NCPC:
O disposi vo legal trata do Princípio da Perpetua o Jurisdicionis, que tem por obje vo
evitar que o processo seja i nerante, proibindo-se mudanças de competência em razão de
alterações de fato (por exemplo, mudança de domicílio) ou de direito (por exemplo, mudanças
nas regras de competência territorial).
Apesar do princípio ser conhecido por “Princípio da Perpetua o Jurisdicionis”, trata-se,
na verdade, de perpetuação da competência, uma vez que, conforme visto nas rodadas
anteriores, os juízes têm jurisdição em todo o território nacional (art. 16, NCPC). De qualquer
forma, o importante é lembrar do nome do princípio (Perpetua o Jurisdicionis) e do seu
conteúdo.
Com efeito, pelo princípio da Perpetua o Jurisdicionis, com o registro ou da
ATENÇÃO!
TÍTULO II
DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL E DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
CAPÍTULO I
DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, es ver domiciliado no Brasil;
II - no Brasil ver de ser cumprida a obrigação;
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato pra cado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa
jurídica estrangeira que nele ver agência, filial ou sucursal.
Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações:
81
I - de alimentos, quando:
a) o credor ver domicílio ou residência no Brasil;
b) o réu man ver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de
renda ou obtenção de bene cios econômicos;
II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor ver domicílio ou residência
no Brasil;
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional.
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:
I - conhecer de ações rela vas a imóveis situados no Brasil;
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento par cular e ao
inventário e à par lha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional;
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à par lha de bens
situados no Brasil, ainda que o tular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora
do território nacional.
Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz li spendência e não obsta a que a
autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as
disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil.
CAPÍTULO II
DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
Seção I
Disposições Gerais
Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por tratado de que o Brasil faz parte e
observará:
82
I - o respeito às garan as do devido processo legal no Estado requerente;
II - a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou não no Brasil, em
relação ao acesso à jus ça e à tramitação dos processos, assegurando-se assistência judiciária
aos necessitados;
III - a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na legislação brasileira ou
na do Estado requerente;
IV - a existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de cooperação;
V - a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras.
§ 1o Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá realizar-se com base
em reciprocidade, manifestada por via diplomá ca.
§ 2o Não se exigirá a reciprocidade referida no § 1o para homologação de sentença estrangeira.
§ 3o Na cooperação jurídica internacional não será admi da a prá ca de atos que contrariem ou
que produzam resultados incompa veis com as normas fundamentais que regem o Estado
brasileiro.
§ 4o O Ministério da Jus ça exercerá as funções de autoridade central na ausência de
designação específica.
Art. 27. A cooperação jurídica internacional terá por objeto:
Seção II
Do Auxílio Direto
Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão de
autoridade jurisdicional estrangeira a ser subme da a juízo de delibação no Brasil.
Art. 29. A solicitação de auxílio direto será encaminhada pelo órgão estrangeiro interessado à
autoridade central, cabendo ao Estado requerente assegurar a auten cidade e a clareza do pedido.
Art. 30. Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz parte, o auxílio direto terá os
seguintes objetos: 83
I - obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento jurídico e sobre processos
administra vos ou jurisdicionais findos ou em curso;
II - colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em curso no estrangeiro, de
competência exclusiva de autoridade judiciária brasileira;
III - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.
Art. 31. A autoridade central brasileira comunicar-se-á diretamente com suas congêneres e, se
necessário, com outros órgãos estrangeiros responsáveis pela tramitação e pela execução de
pedidos de cooperação enviados e recebidos pelo Estado brasileiro, respeitadas disposições
específicas constantes de tratado.
Art. 32. No caso de auxílio direto para a prá ca de atos que, segundo a lei brasileira, não
necessitem de prestação jurisdicional, a autoridade central adotará as providências necessárias
para seu cumprimento.
Art. 33. Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade central o encaminhará à
Advocacia-Geral da União, que requererá em juízo a medida solicitada.
Parágrafo único. O Ministério Público requererá em juízo a medida solicitada quando for
autoridade central.
Art. 34. Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser executada a medida apreciar pedido
de auxílio direto passivo que demande prestação de a vidade jurisdicional.
Seção IV
Disposições Comuns às Seções Anteriores
CAPÍTULO I
DA COMPETÊNCIA
Seção I
Disposições Gerais
Art. 42. As causas cíveis serão processadas e decididas pelo juiz nos limites de sua competência,
ressalvado às partes o direito de ins tuir juízo arbitral, na forma da lei.
Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da pe ção
inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas
posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência
absoluta.
Art. 44. Obedecidos os limites estabelecidos pela Cons tuição Federal, a competência é
determinada pelas normas previstas neste Código ou em legislação especial, pelas normas de
organização judiciária e, ainda, no que couber, pelas cons tuições dos Estados.
85
Art. 45. Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão reme dos ao juízo federal
competente se nele intervier a União, suas empresas públicas, en dades autárquicas e
fundações, ou conselho de fiscalização de a vidade profissional, na qualidade de parte ou de
terceiro interveniente, exceto as ações:
I - de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho;
II - sujeitas à jus ça eleitoral e à jus ça do trabalho.
§ 1o Os autos não serão reme dos se houver pedido cuja apreciação seja de competência do
juízo perante o qual foi proposta a ação.
§ 2o Na hipótese do § 1o, o juiz, ao não admi r a cumulação de pedidos em razão da
incompetência para apreciar qualquer deles, não examinará o mérito daquele em que exista
interesse da União, de suas en dades autárquicas ou de suas empresas públicas.
§ 3o O juízo federal res tuirá os autos ao juízo estadual sem suscitar conflito se o ente federal
cuja presença ensejou a remessa for excluído do processo.
Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta,
em regra, no foro de domicílio do réu.
§ 1o Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles.
§ 2o Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for
encontrado ou no foro de domicílio do autor.
Seção II
Da Modificação da Competência
Art. 54. A competência rela va poderá modificar-se pela conexão ou pela con nência,
observado o disposto nesta Seção.
Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a
causa de pedir.
§ 1o Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já
houver sido sentenciado.
§ 2o Aplica-se o disposto no caput:
Art. 64. A incompetência, absoluta ou rela va, será alegada como questão preliminar de
contestação.
§ 1o A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e
deve ser declarada de o cio.
§ 2o Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação de
incompetência.
§ 3o Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão reme dos ao juízo
competente.
§ 4o Salvo decisão judicial em sen do contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida
pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente.
Art. 65. Prorrogar-se-á a competência rela va se o réu não alegar a incompetência em
preliminar de contestação.
Parágrafo único. A incompetência rela va pode ser alegada pelo Ministério Público nas 89
causas em que atuar.
Art. 66. Há conflito de competência quando:
I - 2 (dois) ou mais juízes se declaram competentes;
II - 2 (dois) ou mais juízes se consideram incompetentes, atribuindo um ao outro a competência;
III - entre 2 (dois) ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de
processos.
Parágrafo único. O juiz que não acolher a competência declinada deverá suscitar o conflito,
salvo se a atribuir a outro juízo.
CAPÍTULO II
DA COOPERAÇÃO NACIONAL
Art. 67. Aos órgãos do Poder Judiciário, estadual ou federal, especializado ou comum, em todas
as instâncias e graus de jurisdição, inclusive aos tribunais superiores, incumbe o dever de
recíproca cooperação, por meio de seus magistrados e servidores.
Art. 68. Os juízos poderão formular entre si pedido de cooperação para prá ca de qualquer ato
processual.
Súmula 570 do STJ - Compete à Jus ça Federal o processo e julgamento de demanda em que se
discute a ausência de ou o obstáculo ao credenciamento de ins tuição par cular de ensino
superior no Ministério da Educação como condição de expedição de diploma de ensino a
distância aos estudantes.
Súmula 553 do STJ - Nos casos de emprés mo compulsório sobre o consumo de energia
elétrica, é competente a Jus ça estadual para o julgamento de demanda proposta
exclusivamente contra a Eletrobrás. Requerida a intervenção da União no feito após a prolação
de sentença pelo juízo estadual, os autos devem ser reme dos ao Tribunal Regional Federal
competente para o julgamento da apelação se deferida a intervenção.
Súmula 505 do STJ - A competência para processar e julgar as demandas que têm por objeto
obrigações decorrentes dos contratos de planos de previdência privada firmados com a
Fundação Rede Ferroviária de Seguridade Social - REFER é da Jus ça estadual.
Súmula 489 do STJ -Reconhecida a con nência, devem ser reunidas na Jus ça Federal as ações
91
civis públicas propostas nesta e na Jus ça estadual.
Súmula 480 do STJ - O juízo da recuperação judicial não é competente para decidir sobre a
constrição de bens não abrangidos pelo plano de recuperação da empresa.
Súmula 428 do STJ - Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência
entre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária.
Súmula 383 do STJ - A competência para processar e julgar as ações conexas de interesse de
menor é, em princípio, do foro do domicílio do detentor de sua guarda.
Súmula 376 do STJ - Compete a turma recursal processar e julgar o mandado de segurança
contra ato de juizado especial.
Súmula 374 do STJ - Compete à Jus ça Eleitoral processar e julgar a ação para anular débito
decorrente de multa eleitoral.
Súmula 368 do STJ - Compete à Jus ça comum estadual processar e julgar os pedidos de
re ficação de dados cadastrais da Jus ça Eleitoral.
Súmula 365 do STJ - A intervenção da União como sucessora da Rede Ferroviária Federal S/A
(RFFSA) desloca a competência para a Jus ça Federal ainda que a sentença tenha sido proferida
por Juízo estadual.
Súmula 363 do STJ - Compete à Jus ça estadual processar e julgar a ação de cobrança ajuizada
por profissional liberal contra cliente.
Parte 2
Bom dia, amigos estudantes e concurseiros. Nesta rodada, estudaremos o tema “DAS
PARTES E DOS PROCURADORES. DO JUIZ E DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA. BREVES
APONTAMENTOS SOBRE MINISTÉRIO PÚBLICO, DEFENSORIA PÚBLICA E ADVOCACIA PÚBLICA”.
Trata-se de tema que não é tão cobrado em concurso público. No entanto, com o NCPC, vemos
significa vas alterações, especialmente na questão dos honorários advoca cios, cuja leitura da
“lei seca” é indispensável. No entanto, como sempre digo, temos que nos preparar para o pior,
razão pela qual abordaremos o tema proposto.
101
3.1.1.1. CONCEITO
Partes são os sujeitos parciais do processo, que pedem ou contra quem é pedida uma
providência jurisdicional e, por essa razão, integram o contraditório e são a ngidos pelos efeitos
da coisa julgada.
Parte Material – Parte material é o sujeito da lide, ou seja, refere-se àquele que afirma
ser tular da relação jurídica material controver da em juízo.
Parte Processual – Parte processual, por sua vez, engloba aqueles que ocupam um dos
polos na relação jurídica processual.
Parte Complexa – formada por pluralidade organizada de indivíduos.
Parte simples – é aquela que está sozinha em juízo.
A grande dúvida sobre isso não é saber quem tem, mas quem NÃO tem capacidade de
ser parte: os mortos e os animais. Contudo, devemos fazer ressalvas quanto a essa afirmação,
pois, atualmente no Direito Civil, há o entendimento de que o na morto tem sim direito à
sepultura e ao nome.
Capacidade de Ser Parte do Nascituro - Já é pacífico na doutrina e jurisprudência que o
nascituro pode figurar como parte em um processo.
Pessoas Jurídicas - As pessoas jurídicas regularmente cons tuídas tanto terão a
capacidade de ser parte, como capacidade para estar em juízo (capacidade processual).
Art. 71. O incapaz será representado ou assis do por seus pais, por tutor ou por
curador, na forma da lei.
Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao:
I - incapaz, se não ver representante legal ou se os interesses deste colidirem com
os daquele, enquanto durar a incapacidade;
II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa,
enquanto não for cons tuído advogado.
Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos
termos da lei.
É a ap dão para exercer por si só direitos e obrigações na ordem civil. Tem esta
104
capacidade quem não for rela va ou absolutamente incapaz (arts. 3º e 4º do CC).
No mesmo sen do, o STJ considera a concessão do prazo para saneamento do vício
direito subje vo da parte (RMS 19.311 - PB - STJ).
Matéria de Ordem Pública - É matéria de ordem pública que poderá ser alegada a
qualquer momento e em qualquer grau de jurisdição (art. 337, IX e §5º e art. 485, IV e §1º,
ambos do NCPC).
Representante ou Assistente - Estes não são partes no processo, viabilizam a consecução
da capacidade processual dos incapazes. Apenas auxiliam o tular do direito, posto que este
úl mo não tem capacidade para sozinho defender seus interesses em juízo (art. 71, NCPC).
Pessoas Jurídicas - As pessoas jurídicas regularmente cons tuídas tanto terão a
capacidade processual como a capacidade de ser parte.
Capacidade Processual dos Cônjuges e Companheiros - Em regra, as pessoas casadas
ou que vivem em União Estável têm capacidade plena. Entretanto, o art. 73 do NCPC elenca as
seguintes exceções:
a) Capacidade Processual A va - Para propositura de ações que versem sobre DIREITOS
REAIS IMOBILIÁRIOS (reivindicatórias, usucapião, divisória, adjudicação compulsória,
desapropriação indireta, exceção hipotecária, entre outras), será necessário o consen mento do
outro cônjuge ou companheiro, exceto se casados sob regime de separação absoluta de bens.
Art. 73. O cônjuge necessitará do consen mento do outro para propor ação que verse
sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação
absoluta de bens.
Art. 73. §1º - Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação:
I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de
separação absoluta de bens;
II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato pra cado por eles;
III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família;
IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a cons tuição ou a ex nção de ônus
sobre imóvel de um ou de ambos os cônjuges.
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c) Ações Possessórias - art. 73, § 2º do NCPC - Nas ações possessórias, a par cipação do
cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por
ambos pra cados.
Art. 73. §2º - Nas ações possessórias, a par cipação do cônjuge do autor ou do réu
somente é indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos pra cado.
Art. 74. O consen mento previsto no art. 73 pode ser suprido judicialmente quando for
negado por um dos cônjuges sem justo mo vo, ou quando lhe seja impossível concedê-lo.
Art. 74. Parágrafo único. A falta de consen mento, quando necessário e não suprido
pelo juiz, invalida o processo.
A regra é que ninguém pode pleitear direito alheio em nome próprio (art. 18 do NCPC),
ou seja, em princípio, tem legi midade para propor ação quem for o detentor do direito
material controver do. Entretanto, o ordenamento jurídico, em casos excepcionais, autoriza a
propositura da ação por pessoa estranha à relação jurídica. Nesse caso diz-se que ocorre a
subs tuição processual, legi mação extraordinária ou anômala.
Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando
autorizado pelo ordenamento jurídico.
Parágrafo único. Havendo subs tuição processual, o subs tuído poderá intervir como
assistente li sconsorcial.
A coisa julgada recairá sobre o subs tuído e também sobre o subs tuto. Nas ações
cole vas, em caso de procedência do pedido, a coisa julgada terá eficácia erga omnes, ou ultra
partes, valendo para todos os tulares dos direitos individuais defendidos na ação (art. 103, III,
do CDC). Por outro lado, a improcedência por insuficiência de provas não impedirá que tulares
do direito ajuízem demandas individuais, a não ser que tenham integrado a ação cole va como
li sconsortes (art. 103, §§ 1 e 2 do CDC).
106
3.1.1.5. SUCESSÃO PROCESSUAL (SUCESSÃO DAS PARTES)
No curso do processo, somente é lícita a sucessão voluntária das partes nos casos
expressos em lei (art. 108 do NCPC).
Art. 108. No curso do processo, somente é lícita a sucessão voluntária das partes nos
casos expressos em lei.
Art. 109. A alienação da coisa ou do direito li gioso por ato entre vivos, a tulo
par cular, não altera a legi midade das partes.
Art. 109. §1º - O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em juízo, sucedendo
o alienante ou cedente, sem que o consinta a parte contrária.
Art. 110. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a sucessão pelo seu
espólio ou pelos seus sucessores, observado o disposto no art. 313, §§ 1o e 2o.
Art. 103. A parte será representada em juízo por advogado regularmente inscrito na
Ordem dos Advogados do Brasil.
Parágrafo único. É lícito à parte postular em causa própria quando ver habilitação legal.
Revogação - No próprio ato, o cons tuinte já deve nomear um outro procurador (art.
111 do NCPC).
Art. 111. A parte que revogar o mandato outorgado a seu advogado cons tuirá, no
mesmo ato, outro que assuma o patrocínio da causa.
Parágrafo único. Não sendo cons tuído novo procurador no prazo de 15 (quinze) dias,
observar-se-á o disposto no art. 76.
Renúncia - Nesse caso, segundo o art. 112 do NCPC, a renúncia ocorrerá com a devida
prova de sua comunicação, sendo que o advogado deverá con nuar a representar a parte nos
10 dias seguintes, contados a par r da juntada do instrumento de comunicação. Dispensa-se a
comunicação referida quando a procuração ver sido outorgada a vários advogados e a parte
con nuar representada por outro, apesar da renúncia.
109
Art. 112. O advogado poderá renunciar ao mandato a qualquer tempo, provando, na
forma prevista neste Código, que comunicou a renúncia ao mandante, a fim de que
este nomeie sucessor.
§1º - Durante os 10 (dez) dias seguintes, o advogado con nuará a representar o
mandante, desde que necessário para lhe evitar prejuízo
§2º - Dispensa-se a comunicação referida no caput quando a procuração ver sido outorgada
a vários advogados e a parte con nuar representada por outro, apesar da renúncia.
Amparando-se nos Princípios da Boa Fé (art. 5º, NCPC) e da Cooperação (art. 6º, NCPC),
o NCPC traz um rol de condutas a serem adotadas pelas partes e pelos seus procuradores,
previstas no ar go 77:
Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus
procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma par cipem do processo:
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade;
II - não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que são
des tuídas de fundamento;
III - não produzir provas e não pra car atos inúteis ou desnecessários à declaração ou à
defesa do direito;
IV - cumprir com exa dão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e
não criar embaraços à sua efe vação;
Especial atenção deve ser dada ao inciso IV (e também ao inciso VI), o qual determina
que as partes devem cumprir com exa dão as decisões judiciais, não criando embaraços à sua
efe vação. Isso porque, o descumprimento deste dever importa em ato atentatório à
dignidade da jus ça, passível de multa de até 20% sobre o valor da causa. Ressalte-se que se o
valor da causa for irrisório ou ines mável, a multa poderá ser fixada em até 10 salários mínimos.
Art. 77, §1º - Nas hipóteses dos incisos IV e VI, o juiz adver rá qualquer das pessoas
mencionadas no caput de que sua conduta poderá ser punida como ato atentatório à
dignidade da jus ça.
§2º - A violação ao disposto nos incisos IV e VI cons tui ato atentatório à dignidade da
jus ça, devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis,
aplicar ao responsável multa de até vinte por cento do valor da causa, de acordo com a
gravidade da conduta.
§3º - Não sendo paga no prazo a ser fixado pelo juiz, a multa prevista no § 2o será inscrita
como dívida a va da União ou do Estado após o trânsito em julgado da decisão que a 110
fixou, e sua execução observará o procedimento da execução fiscal, revertendo-se aos
fundos previstos no art. 97.
§4º - A multa estabelecida no § 2o poderá ser fixada independentemente da incidência
das previstas nos arts. 523, § 1o, e 536, § 1o.
§5º - Quando o valor da causa for irrisório ou ines mável, a multa prevista no § 2o poderá
ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo.
§6º - Aos advogados públicos ou privados e aos membros da Defensoria Pública e do
Ministério Público não se aplica o disposto nos §§ 2o a 5o, devendo eventual
responsabilidade disciplinar ser apurada pelo respec vo órgão de classe ou
corregedoria, ao qual o juiz oficiará.
§7º - Reconhecida violação ao disposto no inciso VI, o juiz determinará o
restabelecimento do estado anterior, podendo, ainda, proibir a parte de falar nos autos
até a purgação do atentado, sem prejuízo da aplicação do §2º.
§8º - O representante judicial da parte não pode ser compelido a cumprir decisão em seu lugar.
Art. 78. É vedado às partes, a seus procuradores, aos juízes, aos membros do Ministério
Público e da Defensoria Pública e a qualquer pessoa que par cipe do processo empregar
expressões ofensivas nos escritos apresentados.
§1º - Quando expressões ou condutas ofensivas forem manifestadas oral ou
presencialmente, o juiz adver rá o ofensor de que não as deve usar ou repe r, sob pena
de lhe ser cassada a palavra.
§2º - De o cio ou a requerimento do ofendido, o juiz determinará que as expressões ofensivas
sejam riscadas e, a requerimento do ofendido, determinará a expedição de cer dão com
inteiro teor das expressões ofensivas e a colocará à disposição da parte interessada.
Um dos temas mais importantes do NCPC é o rela vo aos honorários dos advogados.
Portanto, é imprescindível que o aluno faça uma leitura atenta do art. 85.
Os honorários advoca cios cons tuem a remuneração devida aos advogados em razão
da prestação de serviços jurídicos, tanto em a vidades consul vas como em a vidades
processuais.
Uma das principais inovações do NCPC foi a impossibilidade de compensação de
honorários em caso de sucumbência recíproca, conforme dispõe o ar go 85, §14.
Da mesma forma, torna-se imprescindível ressaltar que NCPC passou a admi r que,
em caso de omissão da sentença com relação à fixação dos honorários, e havendo trânsito em
julgado desta sentença, o advogado poderá pleiteá-los por ação autônoma, nos termos do
ar go 85, §18.
Por fim, entendo indispensável a leitura do ar go 85 do NCPC, devendo atentar para as
limitações estabelecidas no §3º.
Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. 111
§1º - São devidos honorários advoca cios na reconvenção, no cumprimento de
sentença, provisório ou defini vo, na execução, resis da ou não, e nos recursos
interpostos, cumula vamente.
§2º - Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento
sobre o valor da condenação, do proveito econômico ob do ou, não sendo possível
mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos:
I - o grau de zelo do profissional;
II - o lugar de prestação do serviço;
III - a natureza e a importância da causa;
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.
§3º - Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorários
observará os critérios estabelecidos nos incisos I a IV do § 2o e os seguintes
percentuais:
I - mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do
proveito econômico ob do até 200 (duzentos) salários-mínimos;
II - mínimo de oito e máximo de dez por cento sobre o valor da condenação ou do
proveito econômico ob do acima de 200 (duzentos) salários-mínimos até 2.000 (dois
mil) salários-mínimos;
III - mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor da condenação ou do
proveito econômico ob do acima de 2.000 (dois mil) salários-mínimos até 20.000
(vinte mil) salários-mínimos;
IV - mínimo de três e máximo de cinco por cento sobre o valor da condenação ou do
proveito econômico ob do acima de 20.000 (vinte mil) salários-mínimos até 100.000
(cem mil) salários-mínimos;
V - mínimo de um e máximo de três por cento sobre o valor da condenação ou do
proveito econômico ob do acima de 100.000 (cem mil) salários-mínimos.
§4º - Em qualquer das hipóteses do § 3o:
I - os percentuais previstos nos incisos I a V devem ser aplicados desde logo, quando for
líquida a sentença;
II - não sendo líquida a sentença, a definição do percentual, nos termos previstos nos
incisos I a V, somente ocorrerá quando liquidado o julgado;
III - não havendo condenação principal ou não sendo possível mensurar o proveito
econômico ob do, a condenação em honorários dar-se-á sobre o valor atualizado da
causa;
IV - será considerado o salário-mínimo vigente quando prolatada sentença líquida ou o
que es ver em vigor na data da decisão de liquidação.
§5º - Quando, conforme o caso, a condenação contra a Fazenda Pública ou o bene cio
econômico ob do pelo vencedor ou o valor da causa for superior ao valor previsto no
inciso I do § 3o, a fixação do percentual de honorários deve observar a faixa inicial e,
naquilo que a exceder, a faixa subsequente, e assim sucessivamente.
§6º - Os limites e critérios previstos nos §§ 2o e 3o aplicam-se independentemente de 112
qual seja o conteúdo da decisão, inclusive aos casos de improcedência ou de sentença
sem resolução de mérito.
§7º - Não serão devidos honorários no cumprimento de sentença contra a Fazenda
Pública que enseje expedição de precatório, desde que não tenha sido impugnada.
§8º - Nas causas em que for ines mável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda,
quando o valor da causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por
apreciação equita va, observando o disposto nos incisos do § 2o.
§9º - Na ação de indenização por ato ilícito contra pessoa, o percentual de honorários
incidirá sobre a soma das prestações vencidas acrescida de 12 (doze) prestações
vincendas.
§10 - Nos casos de perda do objeto, os honorários serão devidos por quem deu causa
ao processo.
§11 - O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente
levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando,
conforme o caso, o disposto nos §§ 2o a 6o, sendo vedado ao tribunal, no cômputo
geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os
respec vos limites estabelecidos nos §§ 2o e 3o para a fase de conhecimento.
§12 - Os honorários referidos no § 11 são cumuláveis com multas e outras sanções
processuais, inclusive as previstas no art. 77.
§13 - As verbas de sucumbência arbitradas em embargos à execução rejeitados ou
julgados improcedentes e em fase de cumprimento de sentença serão acrescidas no
valor do débito principal, para todos os efeitos legais.
Hipótese - Considera-se li gante de má-fé aquele que pra car alguma das condutas
previstas no art. 80 do NCPC, cujo rol é taxa vo.
Art. 79. Responde por perdas e danos aquele que li gar de má-fé como autor, réu ou 113
interveniente.
Art. 80. Considera-se li gante de má-fé aquele que:
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir obje vo ilegal;
IV - opuser resistência injus ficada ao andamento do processo;
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;
VI - provocar incidente manifestamente infundado;
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.
Penalidade:
Valor irrisório ou ines mável da causa - Quando o valor da causa for irrisório ou
ines mável, a multa poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo.
Art. 81. §2º - Quando o valor da causa for irrisório ou ines mável, a multa poderá ser
fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo.
Valor da Indenização - § 3º O valor da indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja
possível mensurá-lo, liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos.
Art. 81. §3º - O valor da indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja possível
mensurá-lo, liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos
próprios autos.
3.1.4. DO JUIZ
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
I - assegurar às partes igualdade de tratamento;
II - velar pela duração razoável do processo;
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da jus ça e indeferir
postulações meramente protelatórias;
IV - determinar todas as medidas indu vas, coerci vas, mandamentais ou sub-
rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive
nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;
V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de
conciliadores e mediadores judiciais;
VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova,
adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efe vidade à
tutela do direito;
VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da
segurança interna dos fóruns e tribunais;
VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-
las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso;
IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros
vícios processuais;
X - quando se deparar com diversas demandas individuais repe vas, oficiar o Ministério
Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legi mados a que se referem o
art. 5o da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985, e o art. 82 da Lei no 8.078, de 11 de setembro
de 1990, para, se for o caso, promover a propositura da ação cole va respec va.
Parágrafo único. A dilação de prazos prevista no inciso VI somente pode ser determinada
antes de encerrado o prazo regular.
Duas das incumbências mencionadas no ar go 139 do NCPC nos chamam mais atenção.
A primeira delas diz respeito à possibilidade de o juiz “determinar todas as medidas indu vas,
coerci vas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de
ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária” (inciso IV).
Observa-se que o disposi vo legal posi va o que a doutrina vem chamando de PODER GERAL DE
EFETIVAÇÃO DAS ORDENS JUDICIAIS, permi ndo que o magistrado se u lize de todos os meios
necessários e medidas coerci vas, a fim de fazer valer a sua decisão judicial, inclusive naquelas 115
onde houver condenação ao pagamento de prestação pecuniária.
A outra previsão interessante diz respeito à possibilidade de o magistrado “dilatar os
prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às
necessidades do conflito de modo a conferir maior efe vidade à tutela do direito”.
Dispõe o ar go 141 do NCPC que “o juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas
partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige
inicia va da parte”. Trata-se da posi vação do Princípio da Congruência, não podendo o juiz
decidir aquém (citra ou infra pe ta), fora (extra pe ta) ou além (ultra pe ta) do que foi pedido,
se para isto a lei exigir a inicia va da parte.
3.1.4.1.4. Processo Simulado
Podem ocorrer algumas hipóteses em que as partes (autor e réu), em conluio, queiram
pra car ato simulado ou conseguir fim vedado pela lei, u lizando-se do processo. Nestas situações,
quando o magistrado perceber a conduta das partes, deverá proferir decisão que impeça esses
obje vos, aplicando, de o cio, as penalidades da li gância de má-fé, na forma do ar go 142 do NCPC.
Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando:
I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
II - recusar, omi r ou retardar, sem justo mo vo, providência que deva ordenar de
o cio ou a requerimento da parte.
Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois
que a parte requerer ao juiz que determine a providência e o requerimento não for
apreciado no prazo de 10 (dez) dias.
116
3.1.4.2.1. Do Impedimento
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo:
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como
membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha;
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;
III - quando nele es ver postulando, como defensor público, advogado ou membro do
Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou
afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte
no processo; 117
VI - quando for herdeiro presun vo, donatário ou empregador de qualquer das partes;
VII - em que figure como parte ins tuição de ensino com a qual tenha relação de
emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços;
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge,
companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o
terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório;
IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.
§ 1o Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o
advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da
a vidade judicante do juiz.
§ 2o É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz.
§ 3o O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato
conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado
que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha
diretamente no processo.
ATENÇÃO!
Deve ser dada especial atenção para as hipóteses de impedimento previstas nos incisos VII, VIII e
IX, bem como nos §§1º e 3º, que tratam da atuação do advogado que seja parente do juiz que age
no processo e das hipóteses em que, mesmo não atuando, o escritório do referido advogado esteja
defendendo os interesses de clientes perante o referido magistrado.
3.1.4.2.2. Da Suspeição
LIVRO III
DOS SUJEITOS DO PROCESSO
TÍTULO I
DAS PARTES E DOS PROCURADORES
CAPÍTULO I
DA CAPACIDADE PROCESSUAL
Art. 70. Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar
em juízo.
Art. 71. O incapaz será representado ou assis do por seus pais, por tutor ou por curador, na
forma da lei.
Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao:
I - incapaz, se não ver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os daquele,
enquanto durar a incapacidade; 120
II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto não
for cons tuído advogado.
Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos termos da lei.
Art. 73. O cônjuge necessitará do consen mento do outro para propor ação que verse sobre
direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens.
o
§ 1 Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação:
I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação
absoluta de bens;
II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato pra cado por eles;
III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família;
IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a cons tuição ou a ex nção de ônus sobre imóvel
de um ou de ambos os cônjuges.
o
§ 2 Nas ações possessórias, a par cipação do cônjuge do autor ou do réu somente é
indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos pra cado.
§ 3o Aplica-se o disposto neste ar go à união estável comprovada nos autos.
Art. 74. O consen mento previsto no art. 73 pode ser suprido judicialmente quando for
negado por um dos cônjuges sem justo mo vo, ou quando lhe seja impossível concedê-lo.
Parágrafo único. A falta de consen mento, quando necessário e não suprido pelo juiz, invalida
o processo.
Art. 75. Serão representados em juízo, a va e passivamente:
I - a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão vinculado;
II - o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores;
III - o Município, por seu prefeito ou procurador;
IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do ente federado designar;
V - a massa falida, pelo administrador judicial;
VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador;
VII - o espólio, pelo inventariante;
VIII - a pessoa jurídica, por quem os respec vos atos cons tu vos designarem ou, não havendo
essa designação, por seus diretores;
IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem personalidade
jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus bens;
X - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, 121
agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil;
XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico.
§ 1o Quando o inventariante for da vo, os sucessores do falecido serão in mados no processo
no qual o espólio seja parte.
o
§ 2 A sociedade ou associação sem personalidade jurídica não poderá opor a irregularidade de
sua cons tuição quando demandada.
§ 3o O gerente de filial ou agência presume-se autorizado pela pessoa jurídica estrangeira a
receber citação para qualquer processo.
§ 4o Os Estados e o Distrito Federal poderão ajustar compromisso recíproco para prá ca de ato
processual por seus procuradores em favor de outro ente federado, mediante convênio
firmado pelas respec vas procuradorias.
Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte, o
juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício.
o
§ 1 Descumprida a determinação, caso o processo esteja na instância originária:
I - o processo será ex nto, se a providência couber ao autor;
II - o réu será considerado revel, se a providência lhe couber;
III - o terceiro será considerado revel ou excluído do processo, dependendo do polo em que se encontre.
§ 2o Descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal de jus ça, tribunal regional
federal ou tribunal superior, o relator:
I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente;
II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido.
CAPÍTULO II
DOS DEVERES DAS PARTES E DE SEUS PROCURADORES
Seção I
Dos Deveres
Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus procuradores e
de todos aqueles que de qualquer forma par cipem do processo:
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade;
II - não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que são des tuídas de
fundamento;
III - não produzir provas e não pra car atos inúteis ou desnecessários à declaração ou à defesa
122
do direito;
IV - cumprir com exa dão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não
criar embaraços à sua efe vação;
V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o endereço residencial ou
profissional onde receberão in mações, atualizando essa informação sempre que ocorrer
qualquer modificação temporária ou defini va;
VI - não pra car inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito li gioso.
o
§ 1 Nas hipóteses dos incisos IV e VI, o juiz adver rá qualquer das pessoas mencionadas no
caput de que sua conduta poderá ser punida como ato atentatório à dignidade da jus ça.
§ 2o A violação ao disposto nos incisos IV e VI cons tui ato atentatório à dignidade da jus ça,
devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao
responsável multa de até vinte por cento do valor da causa, de acordo com a gravidade da
conduta.
o
§ 3 Não sendo paga no prazo a ser fixado pelo juiz, a multa prevista no § 2o será inscrita como dívida
a va da União ou do Estado após o trânsito em julgado da decisão que a fixou, e sua execução
observará o procedimento da execução fiscal, revertendo-se aos fundos previstos no art. 97.
o
§ 4 A multa estabelecida no § 2o poderá ser fixada independentemente da incidência das
previstas nos arts. 523, § 1o, e 536, § 1o.
§ 5o Quando o valor da causa for irrisório ou ines mável, a multa prevista no § 2o poderá ser
fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo.
o
§ 6 Aos advogados públicos ou privados e aos membros da Defensoria Pública e do Ministério
Público não se aplica o disposto nos §§ 2o a 5o, devendo eventual responsabilidade disciplinar
ser apurada pelo respec vo órgão de classe ou corregedoria, ao qual o juiz oficiará.
o
§ 7 Reconhecida violação ao disposto no inciso VI, o juiz determinará o restabelecimento do
estado anterior, podendo, ainda, proibir a parte de falar nos autos até a purgação do atentado,
o
sem prejuízo da aplicação do § 2 .
§ 8o O representante judicial da parte não pode ser compelido a cumprir decisão em seu lugar.
Art. 78. É vedado às partes, a seus procuradores, aos juízes, aos membros do Ministério Público
e da Defensoria Pública e a qualquer pessoa que par cipe do processo empregar expressões
ofensivas nos escritos apresentados.
§ 1o Quando expressões ou condutas ofensivas forem manifestadas oral ou presencialmente, o
juiz adver rá o ofensor de que não as deve usar ou repe r, sob pena de lhe ser cassada a palavra.
o
§ 2 De o cio ou a requerimento do ofendido, o juiz determinará que as expressões ofensivas
sejam riscadas e, a requerimento do ofendido, determinará a expedição de cer dão com inteiro
teor das expressões ofensivas e a colocará à disposição da parte interessada. 123
Seção II
Da Responsabilidade das Partes por Dano Processual
Art. 79. Responde por perdas e danos aquele que li gar de má-fé como autor, réu ou interveniente.
Art. 80. Considera-se li gante de má-fé aquele que:
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir obje vo ilegal;
IV - opuser resistência injus ficada ao andamento do processo;
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;
VI - provocar incidente manifestamente infundado;
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.
Art. 81. De o cio ou a requerimento, o juiz condenará o li gante de má-fé a pagar multa, que
deverá ser superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da causa, a
indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários
advoca cios e com todas as despesas que efetuou.
§ 1o Quando forem 2 (dois) ou mais os li gantes de má-fé, o juiz condenará cada um na
proporção de seu respec vo interesse na causa ou solidariamente aqueles que se coligaram
para lesar a parte contrária.
§ 2o Quando o valor da causa for irrisório ou ines mável, a multa poderá ser fixada em até 10
(dez) vezes o valor do salário-mínimo.
o
§ 3 O valor da indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja possível mensurá-lo, liquidado
por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos.
Seção III
Das Despesas, dos Honorários Advoca cios e das Multas
Art. 82. Salvo as disposições concernentes à gratuidade da jus ça, incumbe às partes prover as
despesas dos atos que realizarem ou requererem no processo, antecipando-lhes o pagamento, desde
o início até a sentença final ou, na execução, até a plena sa sfação do direito reconhecido no tulo.
§ 1o Incumbe ao autor adiantar as despesas rela vas a ato cuja realização o juiz determinar de
o cio ou a requerimento do Ministério Público, quando sua intervenção ocorrer como fiscal da
ordem jurídica.
124
§ 2o A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou.
Art. 83. O autor, brasileiro ou estrangeiro, que residir fora do Brasil ou deixar de residir no país
ao longo da tramitação de processo prestará caução suficiente ao pagamento das custas e dos
honorários de advogado da parte contrária nas ações que propuser, se não ver no Brasil bens
imóveis que lhes assegurem o pagamento.
§ 1o Não se exigirá a caução de que trata o caput:
I - quando houver dispensa prevista em acordo ou tratado internacional de que o Brasil faz parte;
II - na execução fundada em tulo extrajudicial e no cumprimento de sentença;
III - na reconvenção.
o
§ 2 Verificando-se no trâmite do processo que se desfalcou a garan a, poderá o interessado
exigir reforço da caução, jus ficando seu pedido com a indicação da depreciação do bem dado
em garan a e a importância do reforço que pretende obter.
Art. 84. As DESPESAS abrangem as custas dos atos do processo, a indenização de viagem, a
remuneração do assistente técnico e a diária de testemunha.
Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor.
o
§ 1 São devidos honorários advoca cios na reconvenção, no cumprimento de sentença,
provisório ou defini vo, na execução, resis da ou não, e nos recursos interpostos,
cumula vamente.
§ 2o Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o
valor da condenação, do proveito econômico ob do ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o
valor atualizado da causa, atendidos:
I - o grau de zelo do profissional;
II - o lugar de prestação do serviço;
III - a natureza e a importância da causa;
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.
o
§ 3 Nas causas em que A FAZENDA PÚBLICA FOR PARTE, a fixação dos honorários observará os
critérios estabelecidos nos incisos I a IV do § 2o e os seguintes percentuais:
I - mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico ob do até 200 (duzentos) salários-mínimos;
II - mínimo de oito e máximo de dez por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico
ob do acima de 200 (duzentos) salários-mínimos até 2.000 (dois mil) salários-mínimos;
III - mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico ob do acima de 2.000 (dois mil) salários-mínimos até 20.000 (vinte mil) salários-
mínimos; 125
IV - mínimo de três e máximo de cinco por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico ob do acima de 20.000 (vinte mil) salários-mínimos até 100.000 (cem mil)
salários-mínimos;
V - mínimo de um e máximo de três por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico ob do acima de 100.000 (cem mil) salários-mínimos.
o
§ 4 Em qualquer das hipóteses do § 3o:
I - os percentuais previstos nos incisos I a V devem ser aplicados desde logo, quando for líquida a
sentença;
II - não sendo líquida a sentença, a definição do percentual, nos termos previstos nos incisos I a
V, somente ocorrerá quando liquidado o julgado;
III - não havendo condenação principal ou não sendo possível mensurar o proveito econômico
ob do, a condenação em honorários dar-se-á sobre o valor atualizado da causa;
IV - será considerado o salário-mínimo vigente quando prolatada sentença líquida ou o que
es ver em vigor na data da decisão de liquidação.
§ 5o Quando, conforme o caso, a condenação contra a Fazenda Pública ou o bene cio
econômico ob do pelo vencedor ou o valor da causa for superior ao valor previsto no inciso I
do § 3o, a fixação do percentual de honorários deve observar a faixa inicial e, naquilo que a
exceder, a faixa subsequente, e assim sucessivamente.
§ 6o Os limites e critérios previstos nos §§ 2o e 3o aplicam-se independentemente de qual seja o
conteúdo da decisão, inclusive aos casos de improcedência ou de sentença sem resolução de mérito.
o
§ 7 Não serão devidos honorários no cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública que
enseje expedição de precatório, desde que não tenha sido impugnada.
§ 8o Nas causas em que for ines mável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o
valor da causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação equita va,
observando o disposto nos incisos do § 2o.
o
§ 9 Na ação de indenização por ato ilícito contra pessoa, o percentual de honorários incidirá
sobre a soma das prestações vencidas acrescida de 12 (doze) prestações vincendas.
§ 10. Nos casos de perda do objeto, os honorários serão devidos por quem deu causa ao
processo.
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em
conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto
o o
nos §§ 2 a 6 , sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao
advogado do vencedor, ultrapassar os respec vos limites estabelecidos nos §§ 2o e 3o para a
fase de conhecimento.
§ 12. Os honorários referidos no § 11 são cumuláveis com multas e outras sanções processuais, 126
inclusive as previstas no art. 77.
§ 13. As verbas de sucumbência arbitradas em embargos à execução rejeitados ou julgados
improcedentes e em fase de cumprimento de sentença serão acrescidas no valor do débito
principal, para todos os efeitos legais.
§ 14. Os honorários cons tuem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos
privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo VEDADA A COMPENSAÇÃO
EM CASO DE SUCUMBÊNCIA PARCIAL.
§ 15. O advogado pode requerer que o pagamento dos honorários que lhe caibam seja
efetuado em favor da sociedade de advogados que integra na qualidade de sócio, aplicando-se à
hipótese o disposto no § 14.
§ 16. Quando os honorários forem fixados em quan a certa, os juros moratórios incidirão a
par r da data do trânsito em julgado da decisão.
§ 17. Os honorários serão devidos quando o advogado atuar em causa própria.
§ 18. Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos honorários ou ao
seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e cobrança.
§ 19. Os advogados públicos perceberão honorários de sucumbência, nos termos da lei.
Art. 86. Se cada li gante for, em parte, vencedor e vencido, serão proporcionalmente
distribuídas entre eles as despesas.
Parágrafo único. Se um li gante sucumbir em parte mínima do pedido, o outro responderá, por
inteiro, pelas despesas e pelos honorários.
Art. 87. Concorrendo diversos autores ou diversos réus, os vencidos respondem
proporcionalmente pelas despesas e pelos honorários.
§ 1o A sentença deverá distribuir entre os li sconsortes, de forma expressa, a responsabilidade
proporcional pelo pagamento das verbas previstas no caput.
§ 2o Se a distribuição de que trata o § 1o não for feita, os vencidos responderão solidariamente
pelas despesas e pelos honorários.
Art. 88. Nos procedimentos de jurisdição voluntária, as despesas serão adiantadas pelo
requerente e rateadas entre os interessados.
Art. 89. Nos juízos divisórios, não havendo li gio, os interessados pagarão as despesas
proporcionalmente a seus quinhões.
Art. 90. Proferida sentença com fundamento em desistência, em renúncia ou em
reconhecimento do pedido, as despesas e os honorários serão pagos pela parte que desis u,
renunciou ou reconheceu.
§ 1o Sendo parcial a desistência, a renúncia ou o reconhecimento, a responsabilidade pelas
despesas e pelos honorários será proporcional à parcela reconhecida, à qual se renunciou ou da
127
qual se desis u.
§ 2o Havendo transação e nada tendo as partes disposto quanto às despesas, estas serão
divididas igualmente.
o
§ 3 Se a transação ocorrer antes da sentença, as partes ficam dispensadas do pagamento das
custas processuais remanescentes, se houver.
§ 4o Se o réu reconhecer a procedência do pedido e, simultaneamente, cumprir integralmente a
prestação reconhecida, os honorários serão reduzidos pela metade.
Art. 91. As despesas dos atos processuais pra cados a requerimento da Fazenda Pública, do
Ministério Público ou da Defensoria Pública serão pagas AO FINAL PELO VENCIDO.
o
§ 1 As perícias requeridas pela Fazenda Pública, pelo Ministério Público ou pela Defensoria
Pública poderão ser realizadas por en dade pública ou, havendo previsão orçamentária, ter os
valores adiantados por aquele que requerer a prova.
o
§ 2 Não havendo previsão orçamentária no exercício financeiro para adiantamento dos
honorários periciais, eles serão pagos no exercício seguinte ou ao final, pelo vencido, caso o
processo se encerre antes do adiantamento a ser feito pelo ente público.
Art. 92. Quando, a requerimento do réu, o juiz proferir sentença sem resolver o mérito, o autor
não poderá propor novamente a ação sem pagar ou depositar em cartório as despesas e os
honorários a que foi condenado.
Art. 93. As despesas de atos adiados ou cuja repe ção for necessária ficarão a cargo da parte, do
auxiliar da jus ça, do órgão do Ministério Público ou da Defensoria Pública ou do juiz que, sem
justo mo vo, houver dado causa ao adiamento ou à repe ção.
Art. 94. Se o assis do for vencido, o assistente será condenado ao pagamento das custas em
proporção à a vidade que houver exercido no processo.
Art. 95. Cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que houver indicado, sendo
A DO PERITO adiantada pela parte que houver requerido a perícia OU RATEADA quando a
perícia for determinada de o cio ou requerida por ambas as partes.
§ 1o O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo pagamento dos honorários do perito
deposite em juízo o valor correspondente.
o
§ 2 A quan a recolhida em depósito bancário à ordem do juízo será corrigida monetariamente
e paga de acordo com o art. 465, § 4o.
§ 3o Quando o pagamento da perícia for de responsabilidade de beneficiário de gratuidade da
jus ça, ela poderá ser:
I - custeada com recursos alocados no orçamento do ente público e realizada por servidor do
Poder Judiciário ou por órgão público conveniado;
II - paga com recursos alocados no orçamento da União, do Estado ou do Distrito Federal, no
128
caso de ser realizada por par cular, hipótese em que o valor será fixado conforme tabela do
tribunal respec vo ou, em caso de sua omissão, do Conselho Nacional de Jus ça.
o
§ 4 Na hipótese do § 3o, o juiz, após o trânsito em julgado da decisão final, oficiará a Fazenda
Pública para que promova, contra quem ver sido condenado ao pagamento das despesas
processuais, a execução dos valores gastos com a perícia par cular ou com a u lização de
servidor público ou da estrutura de órgão público, observando-se, caso o responsável pelo
pagamento das despesas seja beneficiário de gratuidade da jus ça, o disposto no art. 98, § 2o.
o
§ 5 Para fins de aplicação do § 3o, é vedada a u lização de recursos do fundo de custeio da
Defensoria Pública.
Art. 96. O valor das sanções impostas ao li gante de má-fé reverterá em bene cio da parte
contrária, e o valor das sanções impostas aos serventuários pertencerá ao Estado ou à União.
Art. 97. A União e os Estados podem criar fundos de modernização do Poder Judiciário, aos
quais serão rever dos os valores das sanções pecuniárias processuais des nadas à União e aos
Estados, e outras verbas previstas em lei.
Seção IV
Da Gratuidade da Jus ça
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos
para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advoca cios tem direito à
gratuidade da jus ça, na forma da lei.
o
§ 1 A gratuidade da jus ça compreende:
I - as taxas ou as custas judiciais;
II - os selos postais;
III - as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a publicação em outros
meios;
IV - a indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá do empregador
salário integral, como se em serviço es vesse;
V - as despesas com a realização de exame de código gené co - DNA e de outros exames
considerados essenciais;
VI - os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou do tradutor
129
nomeado para apresentação de versão em português de documento redigido em língua
estrangeira;
VII - o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para instauração da
execução;
VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para propositura de ação e para
a prá ca de outros atos processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do contraditório;
IX - os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da prá ca de registro,
averbação ou qualquer outro ato notarial necessário à efe vação de decisão judicial ou à
con nuidade de processo judicial no qual o bene cio tenha sido concedido.
o
§ 2 A concessão de gratuidade não afasta a responsabilidade do beneficiário pelas despesas
processuais e pelos honorários advoca cios decorrentes de sua sucumbência.
§ 3o Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob
condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos 5 (cinco) anos
subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as cer ficou, o credor demonstrar que
deixou de exis r a situação de insuficiência de recursos que jus ficou a concessão de
gratuidade, ex nguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.
§ 4o A concessão de gratuidade não afasta o dever de o beneficiário pagar, ao final, as multas
processuais que lhe sejam impostas.
§ 5o A gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou a todos os atos processuais, ou
consis r na redução percentual de despesas processuais que o beneficiário ver de adiantar no
curso do procedimento.
§ 6o Conforme o caso, o juiz poderá conceder direito ao parcelamento de despesas processuais
que o beneficiário ver de adiantar no curso do procedimento.
o o
§ 7 Aplica-se o disposto no art. 95, §§ 3o a 5o, ao custeio dos emolumentos previstos no § 1 ,
inciso IX, do presente ar go, observada a tabela e as condições da lei estadual ou distrital
respec va.
§ 8o Na hipótese do § 1o, inciso IX, havendo dúvida fundada quanto ao preenchimento atual dos
pressupostos para a concessão de gratuidade, o notário ou registrador, após pra car o ato, pode
requerer, ao juízo competente para decidir questões notariais ou registrais, a revogação total ou
parcial do bene cio ou a sua subs tuição pelo parcelamento de que trata o § 6o deste ar go, caso em
que o beneficiário será citado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se sobre esse requerimento.
Art. 99. O pedido de gratuidade da jus ça pode ser formulado na pe ção inicial, na
contestação, na pe ção para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
o
§ 1 Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser
formulado por pe ção simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá seu curso. 130
o
§ 2 O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a
falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o
pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos.
§ 3o Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa
natural.
o
§ 4 A assistência do requerente por advogado par cular não impede a concessão de
gratuidade da jus ça.
o
§ 5 Na hipótese do § 4o, o recurso que verse exclusivamente sobre valor de honorários de
sucumbência fixados em favor do advogado de beneficiário estará sujeito a preparo, salvo se o
próprio advogado demonstrar que tem direito à gratuidade.
o
§ 6 O direito à gratuidade da jus ça é pessoal, não se estendendo a li sconsorte ou a sucessor
do beneficiário, salvo requerimento e deferimento expressos.
§ 7o Requerida a concessão de gratuidade da jus ça em recurso, o recorrente estará
dispensado de comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao relator, neste caso,
apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do recolhimento.
Art. 100. Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer impugnação na contestação, na
réplica, nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou formulado por
terceiro, por meio de pe ção simples, a ser apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos
do próprio processo, sem suspensão de seu curso.
Parágrafo único. Revogado o bene cio, a parte arcará com as despesas processuais que ver
deixado de adiantar e pagará, em caso de má-fé, até o décuplo de seu valor a tulo de multa,
que será rever da em bene cio da Fazenda Pública estadual ou federal e poderá ser inscrita em
dívida a va.
Art. 101. Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua revogação
caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na sentença, contra a
qual caberá apelação.
o
§ 1 O recorrente estará dispensado do recolhimento de custas até decisão do relator sobre a
questão, preliminarmente ao julgamento do recurso.
§ 2o Confirmada a denegação ou a revogação da gratuidade, o relator ou o órgão colegiado
determinará ao recorrente o recolhimento das custas processuais, no prazo de 5 (cinco) dias,
sob pena de não conhecimento do recurso.
Art. 102. Sobrevindo o trânsito em julgado de decisão que revoga a gratuidade, a parte deverá
efetuar o recolhimento de todas as despesas de cujo adiantamento foi dispensada, inclusive as
rela vas ao recurso interposto, se houver, no prazo fixado pelo juiz, sem prejuízo de aplicação
das sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Não efetuado o recolhimento, o processo será ex nto sem resolução de 131
mérito, tratando-se do autor, e, nos demais casos, não poderá ser deferida a realização de
nenhum ato ou diligência requerida pela parte enquanto não efetuado o depósito.
CAPÍTULO III
DOS PROCURADORES
Art. 103. A parte será representada em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem dos
Advogados do Brasil.
Parágrafo único. É lícito à parte postular em causa própria quando ver habilitação legal.
Art. 104. O advogado não será admi do a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar
preclusão, decadência ou prescrição, ou para pra car ato considerado urgente.
o
§ 1 Nas hipóteses previstas no caput, o advogado deverá, independentemente de caução, exibir a
procuração no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período por despacho do juiz.
§ 2o O ato não ra ficado será considerado ineficaz rela vamente àquele em cujo nome foi
pra cado, respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos.
Art. 105. A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento público ou par cular
assinado pela parte, habilita o advogado a pra car todos os atos do processo, EXCETO receber
citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desis r, renunciar ao direito
sobre o qual se funda a ação, receber, dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração
de hipossuficiência econômica, que devem constar de cláusula específica.
§ 1o A procuração pode ser assinada digitalmente, na forma da lei.
§ 2o A procuração deverá conter o nome do advogado, seu número de inscrição na Ordem dos
Advogados do Brasil e endereço completo.
§ 3o Se o outorgado integrar sociedade de advogados, a procuração também deverá conter o
nome dessa, seu número de registro na Ordem dos Advogados do Brasil e endereço completo.
o
§ 4 Salvo disposição expressa em sen do contrário constante do próprio instrumento, a
procuração outorgada na fase de conhecimento é eficaz para todas as fases do processo,
inclusive para o cumprimento de sentença.
Art. 106. Quando postular em causa própria, incumbe ao advogado:
I - declarar, na pe ção inicial ou na contestação, o endereço, seu número de inscrição na Ordem
dos Advogados do Brasil e o nome da sociedade de advogados da qual par cipa, para o
recebimento de in mações;
II - comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço.
§ 1o Se o advogado descumprir o disposto no inciso I, o juiz ordenará que se supra a omissão, no
prazo de 5 (cinco) dias, antes de determinar a citação do réu, sob pena de indeferimento da
pe ção.
132
§ 2o Se o advogado infringir o previsto no inciso II, serão consideradas válidas as in mações
enviadas por carta registrada ou meio eletrônico ao endereço constante dos autos.
Art. 107. O advogado tem direito a:
I - examinar, em cartório de fórum e secretaria de tribunal, mesmo sem procuração, autos de
qualquer processo, independentemente da fase de tramitação, assegurados a obtenção de
cópias e o registro de anotações, salvo na hipótese de segredo de jus ça, nas quais apenas o
advogado cons tuído terá acesso aos autos;
II - requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer processo, pelo prazo de 5 (cinco) dias;
III - re rar os autos do cartório ou da secretaria, pelo prazo legal, sempre que neles lhe couber
falar por determinação do juiz, nos casos previstos em lei.
§ 1o Ao receber os autos, o advogado assinará carga em livro ou documento próprio.
§ 2o Sendo o prazo comum às partes, os procuradores poderão re rar os autos somente em
conjunto ou mediante prévio ajuste, por pe ção nos autos.
§ 3o Na hipótese do § 2o, é lícito ao procurador re rar os autos para obtenção de cópias, pelo prazo de
2 (duas) a 6 (seis) horas, independentemente de ajuste e sem prejuízo da con nuidade do prazo.
o
§ 4 O procurador perderá no mesmo processo o direito a que se refere o § 3o se não devolver os
autos tempes vamente, salvo se o prazo for prorrogado pelo juiz.
CAPÍTULO IV
DA SUCESSÃO DAS PARTES E DOS PROCURADORES
Art. 108. No curso do processo, somente é lícita a sucessão voluntária das partes nos casos
expressos em lei.
Art. 109. A alienação da coisa ou do direito li gioso por ato entre vivos, a tulo par cular, não
altera a legi midade das partes.
o
§ 1 O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em juízo, sucedendo o alienante ou
cedente, sem que o consinta a parte contrária.
§ 2o O adquirente ou cessionário poderá intervir no processo como assistente li sconsorcial do
alienante ou cedente.
o
§ 3 Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as partes originárias ao adquirente ou
cessionário.
Art. 110. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a sucessão pelo seu espólio ou
pelos seus sucessores, observado o disposto no art. 313, §§ 1o e 2o.
Art. 111. A parte que revogar o mandato outorgado a seu advogado cons tuirá, no mesmo ato,
outro que assuma o patrocínio da causa. 133
Parágrafo único. Não sendo cons tuído novo procurador no prazo de 15 (quinze) dias,
observar-se-á o disposto no art. 76.
Art. 112. O advogado poderá renunciar ao mandato a qualquer tempo, provando, na forma
prevista neste Código, que comunicou a renúncia ao mandante, a fim de que este nomeie
sucessor.
o
§ 1 Durante os 10 (dez) dias seguintes, o advogado con nuará a representar o mandante, desde
que necessário para lhe evitar prejuízo
§ 2o Dispensa-se a comunicação referida no caput quando a procuração ver sido outorgada a
vários advogados e a parte con nuar representada por outro, apesar da renúncia.
TÍTULO IV
DO JUIZ E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
CAPÍTULO I
DOS PODERES, DOS DEVERES E DA RESPONSABILIDADE DO JUIZ
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
I - assegurar às partes igualdade de tratamento;
II - velar pela duração razoável do processo;
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da jus ça e indeferir postulações
meramente protelatórias;
IV - determinar todas as medidas indu vas, coerci vas, mandamentais ou sub-rogatórias
necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham
por objeto prestação pecuniária;
V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de
conciliadores e mediadores judiciais;
VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os
às necessidades do conflito de modo a conferir maior efe vidade à tutela do direito;
VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da segurança
interna dos fóruns e tribunais;
VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os
fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso;
IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios
processuais;
X - quando se deparar com diversas demandas individuais repe vas, oficiar o Ministério Público, a
Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legi mados a que se referem o art. 5o da Lei no 134
7.347, de 24 de julho de 1985, e o art. 82 da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, para, se for
o caso, promover a propositura da ação cole va respec va.
Parágrafo único. A dilação de prazos prevista no inciso VI somente pode ser determinada antes
de encerrado o prazo regular.
Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento
jurídico.
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.
Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer
de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige inicia va da parte.
Art. 142. Convencendo-se, pelas circunstâncias, de que autor e réu se serviram do processo para
pra car ato simulado ou conseguir fim vedado por lei, o juiz proferirá decisão que impeça os
obje vos das partes, aplicando, de o cio, as penalidades da li gância de má-fé.
Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando:
I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
II - recusar, omi r ou retardar, sem justo mo vo, providência que deva ordenar de o cio ou a
requerimento da parte.
Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois que a parte requerer
ao juiz que determine a providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10 (dez) dias.
CAPÍTULO II
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo:
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro
do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha;
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;
III - quando nele es ver postulando, como defensor público, advogado ou membro do
Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim,
em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no
processo;
VI - quando for herdeiro presun vo, donatário ou empregador de qualquer das partes;
VII - em que figure como parte ins tuição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou
decorrente de contrato de prestação de serviços;
135
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro
ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive,
mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório;
IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.
o
§ 1 Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o
advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da
a vidade judicante do juiz.
o
§ 2 É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz.
o
§ 3 O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a
membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que
individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente
no processo.
Art. 145. Há suspeição do juiz:
I - amigo ín mo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;
II - que receber presentes de pessoas que verem interesse na causa antes ou depois de iniciado
o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar
meios para atender às despesas do li gio;
III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro
ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;
IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.
§ 1o Poderá o juiz declarar-se suspeito por mo vo de foro ín mo, sem necessidade de declarar
suas razões.
o
§ 2 Será ilegí ma a alegação de suspeição quando:
I - houver sido provocada por quem a alega;
II - a parte que a alega houver pra cado ato que signifique manifesta aceitação do arguido.
Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o
impedimento ou a suspeição, em pe ção específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará
o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e
com rol de testemunhas.
o
§ 1 Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a pe ção, o juiz ordenará
imediatamente a remessa dos autos a seu subs tuto legal, caso contrário, determinará a
autuação em apartado da pe ção e, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentará suas razões,
acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa do
incidente ao tribunal.
136
o
§ 2 Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efeitos, sendo que, se o incidente
for recebido:
I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr;
II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso até o julgamento do incidente.
o
§ 3 Enquanto não for declarado o efeito em que é recebido o incidente ou quando este for
recebido com efeito suspensivo, a tutela de urgência será requerida ao subs tuto legal.
§ 4o Verificando que a alegação de impedimento ou de suspeição é improcedente, o tribunal
rejeitá-la-á.
o
§ 5 Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de manifesta suspeição, o tribunal
condenará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu subs tuto legal, podendo o juiz recorrer
da decisão.
o
§ 6 Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal fixará o momento a par r do qual o
juiz não poderia ter atuado.
o
§ 7 O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se pra cados quando já presente o mo vo
de impedimento ou de suspeição.
Art. 147. Quando 2 (dois) ou mais juízes forem parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou
colateral, até o terceiro grau, inclusive, o primeiro que conhecer do processo impede que o outro
nele atue, caso em que o segundo se escusará, remetendo os autos ao seu subs tuto legal.
Art. 148. Aplicam-se os mo vos de impedimento e de suspeição:
I - ao membro do Ministério Público;
II - aos auxiliares da jus ça;
III - aos demais sujeitos imparciais do processo.
§ 1o A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a suspeição, em pe ção fundamentada
e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos.
o
§ 2 O juiz mandará processar o incidente em separado e sem suspensão do processo, ouvindo o
arguido no prazo de 15 (quinze) dias e facultando a produção de prova, quando necessária.
§ 3o Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1o será disciplinada pelo regimento interno.
§ 4o O disposto nos §§ 1o e 2o não se aplica à arguição de impedimento ou de suspeição de
testemunha.
TÍTULO V
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
137
Art. 176. O Ministério Público atuará na defesa da ordem jurídica, do regime democrá co e dos
interesses e direitos sociais e individuais indisponíveis.
Art. 177. O Ministério Público exercerá o direito de ação em conformidade com suas atribuições
cons tucionais.
Art. 178. O Ministério Público será in mado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como
fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Cons tuição Federal e nos
processos que envolvam:
I - interesse público ou social;
II - interesse de incapaz;
III - li gios cole vos pela posse de terra rural ou urbana.
Parágrafo único. A par cipação da Fazenda Pública não configura, por si só, hipótese de
intervenção do Ministério Público.
Art. 179. Nos casos de intervenção como fiscal da ordem jurídica, o Ministério Público:
I - terá vista dos autos depois das partes, sendo in mado de todos os atos do processo;
II - poderá produzir provas, requerer as medidas processuais per nentes e recorrer.
Art. 180. O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos, que terá
início a par r de sua in mação pessoal, nos termos do art. 183, § 1o.
§ 1o Findo o prazo para manifestação do Ministério Público sem o oferecimento de parecer, o juiz
requisitará os autos e dará andamento ao processo.
o
§ 2 Não se aplica o bene cio da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma
expressa, prazo próprio para o Ministério Público.
Art. 181. O membro do Ministério Público será civil e regressivamente responsável quando agir
com dolo ou fraude no exercício de suas funções.
TÍTULO VI
DA ADVOCACIA PÚBLICA?
TÍTULO VII
DA DEFENSORIA PÚBLICA
Art. 185. A Defensoria Pública exercerá a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos
e a defesa dos direitos individuais e cole vos dos necessitados, em todos os graus, de forma
integral e gratuita.
Art. 186. A Defensoria Pública gozará de prazo em dobro para todas as suas manifestações
processuais. 138
o
§ 1 O prazo tem início com a in mação pessoal do defensor público, nos termos do art. 183, § 1o.
o
§ 2 A requerimento da Defensoria Pública, o juiz determinará a in mação pessoal da parte
patrocinada quando o ato processual depender de providência ou informação que somente
por ela possa ser realizada ou prestada.
§ 3o O disposto no caput aplica-se aos escritórios de prá ca jurídica das faculdades de Direito
reconhecidas na forma da lei e às en dades que prestam assistência jurídica gratuita em razão
de convênios firmados com a Defensoria Pública.
§ 4o Não se aplica o bene cio da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma
expressa, prazo próprio para a Defensoria Pública.
Art. 187. O membro da Defensoria Pública será civil e regressivamente responsável quando agir
com dolo ou fraude no exercício de suas funções.
3.3. JURISPRUDÊNCIA
145
4
DIREITO CIVIL 146
(conteúdo atualizado em 09-09-2017)
Caros(as) alunos(as),
Nesta rodada, abordaremos o início do Livro I da Parte Geral de Direito Civil, com foco
nos arts. 1º a 69 do Código Civil de 2002, que versam sobre pessoas naturais e pessoas jurídicas.
Conforme análise dos úl mos editais e provas de magistratura estadual, essas
matérias têm BAIXA RELEVÂNCIA, devendo o estudo priorizar a legislação e a doutrina. Na prova
do TJ-SC 2017 – FCC, 1 (uma) questão envolveu pessoa natural, versando sobre NOME
ENQUANTO DIREITO DA PERSONALIDADE. Na prova do TJ-SP 2017 – VUNESP, igualmente 1
(uma) questão tratou de pessoa natural, ar culando com direito sucessório, ao abordar
COMORIÊNCIA e LEGITIMIDADE SUCESSÓRIA.
Vamos aos estudos?
Saudações civilistas,
Professora Camila Gonçalves 147
@profacamilagoncalves
4.1 DOUTRINA (RESUMO)
4.1.1.1 INTRODUÇÃO
O Código Civil de 2002, logo em seu art. 1º, conceitua pessoa como quem tem
capacidade para ser sujeito de direitos e de deveres na ordem civil. Para ser pessoa, no entanto,
é necessário ter personalidade jurídica, que seria justamente essa ap dão genérica de orbitar
nas relações jurídicas.
OBSERVAÇÃO!
O ordenamento jurídico brasileiro confere personalidade apenas às pessoas sicas e jurídicas.
No Brasil, os animais ainda são considerados coisas. Está em trâmite, no entanto, o Projeto de
Lei 3670/15, do Senado, que estabelece que animais não sejam considerados coisas, mas bens
móveis (vide art. 1.313, CC/2002). A proposta, do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), altera
o Código Civil ao prever uma nova natureza jurídica dos animais. Parece ser esse mais um passo
para um tratamento diferenciado dos animais.
148
Para compreensão de personalidade jurídica, inicialmente, abordaremos as questões
rela vas à pessoa natural, sica ou humana, devendo os termos serem dos por sinônimos.
OBSERVAÇÃO!
Não confundir pessoa sica com ente biologicamente criado, eis que sua disciplina, ainda
lacunar devido a não previsão expressa, demanda esforço dos estudiosos do biodireito.
Estamos a falar aqui das técnicas de reprodução assis da, por exemplo, que viabilizam a
manipulação de material gené co, como na fer lização in vitro. Sobre esses casos, daremos
maior enfoque quando do estudo de Direito de Família e Direito Sucessório.
1º) tular de direitos personalíssimos (vida, integridade sica, proteção à fase pré-
natal...) – ex. vedação de aborto (arts. 121 a 128 do CP), com as exceções de aborto
necessário/terapêu co, sen mental/humanitário, de feto anencéfalo;
2º) receber doação (art. 542, CC/2002);
3º) pode ser beneficiado por legado ou herança (art. 1.798, CC/2002);
4º) pode ser-lhe nomeado curador para a defesa dos seus interesses;
5º) tem direito à realização de exame de DNA para efeito de aferição de sua
paternidade;
6º) alimentos gravídicos (Lei 11.804/2008);
7º) direito a danos morais;
8º) tutelar os alimentos do nascituro, via estabilidade da gestante (Súmula 244 do TST);
9º) Morte de nascituro gera o pagamento de DPVAT.
ATENÇÃO!
Após o nascimento com vida, conforme a Lei de Registros Públicos (LRP), deve ser
realizado o registro da pessoa natural. O art. 50 da LRP prescreve que todo nascimento que
ocorrer no território nacional deverá ser dado a registro, no lugar em que ver ocorrido o parto
ou no lugar da residência dos pais, dentro do prazo de quinze dias, que será ampliado em até
três meses para os lugares distantes mais de trinta quilômetros da sede do cartório.
ATENÇÃO!
ATENÇÃO! Os índios, enquanto não integrados, não estão obrigados a inscrição do nascimento.
Este poderá ser feito em livro próprio do órgão federal de assistência aos índios (art. 50, §2º, LRP).
1°) o dia, mês, ano e lugar do nascimento e a hora certa, sendo possível determiná-la,
ou aproximada;
2º) o sexo do registrando; (Redação dada pela Lei nº 6.216, de 1975).
3º) o fato de ser gêmeo, quando assim ver acontecido;
4º) o nome e o prenome, que forem postos à criança;
5º) a declaração de que nasceu morta, ou morreu no ato ou logo depois do parto;
6º) a ordem de filiação de outros irmãos do mesmo prenome que exis rem ou
verem exis do;
7º) os nomes e prenomes, a naturalidade, a profissão dos pais, o lugar e cartório onde
se casaram, a idade da genitora, do registrando em anos completos, na ocasião do
parto, e o domicílio ou a residência do casal. (Redação dada pela Lei nº 6.140, de 1974)
8º) os nomes e prenomes dos avós paternos e maternos;
9º) os nomes e prenomes, a profissão e a residência das duas testemunhas do
assento, quando se tratar de parto ocorrido sem assistência médica em residência
ou fora de unidade hospitalar ou casa de saúde; (Redação dada pela Medida
Provisória nº 776, de 2017)
10º) número de iden ficação da Declaração de Nascido Vivo, com controle do dígito
verificador, exceto na hipótese de registro tardio previsto no art. 46 desta Lei; e
(Redação dada pela Medida Provisória nº 776, de 2017)
11º) a naturalidade do registrando.
1º) o pai ou a mãe, isoladamente ou em conjunto, observado o disposto no §2º do art. 54;
(Redação dada pela Lei nº 13.112, de 2015)
2º) no caso de falta ou de impedimento de um dos indicados no item 1º, outro indicado, que
terá o prazo para declaração prorrogado por 45 (quarenta e cinco) dias; (Redação dada
pela Lei nº 13.112, de 2015)
3º) no impedimento de ambos, o parente mais próximo, sendo maior achando-se
presente;
4º) em falta ou impedimento do parente referido no número anterior, os administradores
de hospitais ou os médicos e parteiras, que verem assis do o parto;
5º) pessoa idônea da casa em que ocorrer, sendo fora da residência da mãe;
6º) finalmente, as pessoas (VETADO) encarregadas da guarda do menor.(Redação dada
pela Lei nº 6.216, de 1975).
ATENÇÃO!
4.1.1.4. CAPACIDADE
ATENÇÃO!
Em situações específicas, mesmo detendo capacidade civil plena, a legislação exige da pessoa 152
sica autorização para prá ca de determinados atos. Nessas hipóteses, fala-se em legi mação,
capacidade específica, negocial ou privada (ex. vênia conjugal – art. 1.647, CC/2002). Também
não se deve confundir com a legi midade, que é uma das condições da ação no âmbito do
processo civil. Em suma, temos:
Capacidade civil plena Legi mação Legi midade
Conforme exposto, são considerados incapazes aqueles que não detêm capacidade de fato.
Todavia, essa carência não a nge a capacidade de direito ou mesmo os direitos da personalidade.
Na atual codificação civil, a incapacidade pode decorrer de um critério obje vo
(cronológico) ou de um critério subje vo (psicológico).
Se o primeiro critério se afere facilmente com a verificação da idade via documentos
oficiais, por exemplo, o segundo critério demanda um processo de interdição, chamado de
curatela extraordinária (art. 84 do Estatuto da Pessoa com Deficiência [EPD] – Lei 13.146/2015).
ATENÇÃO!
Por força do Estatuto da Pessoa com Deficiência – Lei 13.146/2015, o art. 4º do CC foi
sensivelmente alterado. Veja-se a atual redação:
ATENÇÃO!
154
Em relação aos silvícolas (índios), cabe à legislação especial disciplinar sua capacidade, não mais
os considerando a codificação civil como incapazes. O Estatuto do Índio (Lei 6.001/1973) prescreve
o seguinte:
Art. 7º Os índios e as comunidades indígenas ainda não integrados à comunhão nacional ficam
sujeito ao regime tutelar estabelecido nesta Lei.
§ 1º Ao regime tutelar estabelecido nesta Lei aplicam-se no que couber, os princípios e normas da
tutela de direito comum, independendo, todavia, o exercício da tutela da especialização de bens
imóveis em hipoteca legal, bem como da prestação de caução real ou fidejussória.
§ 2º Incumbe a tutela à União, que a exercerá através do competente órgão federal de assistência
aos silvícolas.
Art. 8º São nulos os atos pra cados entre o índio não integrado e qualquer pessoa estranha à
comunidade indígena quando não tenha havido assistência do órgão tutelar competente.
Parágrafo único. Não se aplica a regra deste ar go no caso em que o índio revele consciência e
conhecimento do ato pra cado, desde que não lhe seja prejudicial, e da extensão dos seus efeitos.
Art. 9º Qualquer índio poderá requerer ao Juiz competente a sua liberação do regime tutelar
previsto nesta Lei, inves ndo-se na plenitude da capacidade civil, desde que preencha os
requisitos seguintes:
I - idade mínima de 21 anos;
4.1.1.4.6. Emancipação
ATENÇÃO!
Veja o que diz o Enunciado 530 das Jornadas de Direito Civil: “A emancipação, por si só, não
elide a incidência do Estatuto da Criança e do Adolescente”. Sendo assim, a tulo de exemplo,
menor emancipado não pode dirigir, beber ou ingressar em estabelecimentos proibidos para
crianças e adolescentes. 155
A emancipação, regra geral, é defini va, irretratável e irrevogável. Também é, de rigor,
formal e solene, dependendo de instrumento público. O art. 5º, parágrafo único, do CC
prescreve as hipóteses específicas de emancipação, que devem ser interpretadas
restri vamente – rol taxa vo/numerus clausus.
CLASSIFICAÇÃO REQUISITOS
-Casamento do menor
Emancipação legal matrimonial -Observar requisitos para a capacidade para o
casamento (arts. 1.517 a 1.520, CC/2002)
ATENÇÃO!
Veja-se que o art. 6º faz menção à morte real e à morte presumida. Passemos ao
estudo da morte real para depois desenvolver estudo sobre a morte presumida.
Em atenção à Lei 9.434/1997 (Lei de Transplantes), exige-se a morte cerebral para fins
de declaração de morte real, sendo necessária sua declaração inclusive para doação de órgãos.
É necessário laudo médico para a confecção do atestado de óbito, a ser registrado no Cartório
de Registro Civil das Pessoas Naturais. A LRP, no art. 77, fixa os parâmetros para a elaboração de
tal documento, trazendo o art. 79 o rol de pessoas obrigadas a fazer a declaração.
Segundo o art. 80 da LRP, o atestado de óbito deve conter:
Art. 88. Poderão os Juízes togados admi r jus ficação para o assento de óbito de
pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer
outra catástrofe, quando es ver provada a sua presença no local do desastre e não for
possível encontrar-se o cadáver para exame.
Parágrafo único. Será também admi da a jus ficação no caso de desaparecimento
em campanha, provados a impossibilidade de ter sido feito o registro nos termos do
ar go 85 e os fatos que convençam da ocorrência do óbito.
ATENÇÃO!
158
A Lei 9.140/1995 estabelece uma outra hipótese de morte presumida, a saber, das pessoas que
tenham par cipado, ou tenham sido acusadas de par cipação, em a vidades polí cas, no período
de 2 de setembro de 1961 a 5 de outubro de 1988, e que, por este mo vo, tenham sido de das por
agentes públicos, achando se, desde então, desaparecidas, sem que delas haja no cias.
ATENÇÃO!
Sugere-se a leitura atenta dos ar gos dessa parte da matéria, por se tratar de rito que segue a
disciplina legal. Veja a legislação grifada no tópico próprio.
ATENÇÃO!
Entende-se que o companheiro deve ser incluso no rol dos legi mados. Essa tese ganha força
com o julgamento dos Recursos Extraordinários de repercussão geral 646.721 e 878.694, que
igualou, em termos sucessórios, as situações do cônjuge e do companheiro supérs te, sendo
vedada a adoção de regime sucessório diferente para o casamento e a união estável.
ATENÇÃO!
Sugere-se a leitura atenta dos ar gos dessa parte da matéria, por se tratar de rito que segue a
disciplina legal.
Sugere-se a leitura atenta dos ar gos dessa parte da matéria, por se tratar de rito que segue a
disciplina legal.
Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão
defini va, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão
só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou
o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens
alienados depois daquele tempo.
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este ar go, o ausente não regressar,
e nenhum interessado promover a sucessão defini va, os bens arrecadados
passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas
respec vas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados
em território federal.
4.1.1.5.3. Comoriência
161
Segundo art. 8º do CC/2002, se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião,
não podendo se averiguar se algum dos comorientes precedeu ao outro, presumir-se-ão
simultaneamente mortos. Este seria o fenômeno da comoriência. Trata-se de caso de outra
presunção legal e rela va de morte.
Importância prá ca no âmbito do direito sucessório, uma vez que será aberta a
sucessão de cadeias sucessórias autônomas e dis ntas. A tulo exemplifica vo, vejamos
julgado do TJSP:
ATENÇÃO!
Sobre os arts. 20 e 21, importante observar a ADIN 4815, que tratou de biografias não-
162
autorizadas – Vide tópicos de julgados ao final deste material.
4.1.1.6.1 Conceito
Mesmo pela peculiaridade do objeto sobre o qual versam – a própria pessoa humana –,
os direitos da personalidade têm caracteres especiais que demandam a devida atenção.
Segundo o art. 11 do Código Civil, “os direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”. Podemos destacar as 163
seguintes caracterís cas:
ATENÇÃO!
O próprio legislador já rela vizou algumas caracterís cas desses direitos, pelo que se deve
consignar que não são absolutos (no sen do de admi r exceções, e não no da oponibilidade
erga omnes acima explicada). Nesse sen do, merecem destaque os seguintes Enunciados das
Jornadas de Direito Civil:
Enunciado 4 JDC. O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária,
desde que não seja permanente nem geral.
Enunciado 139 JDC. Os direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda que não
especificamente previstas em lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu
tular, contrariamente à boa-fé obje va e aos bons costumes.
164
Enunciado 274 JDC. Os direitos da personalidade, regulados de maneira não exaus va pelo CC,
são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, con da no art. 1º, III, da CF
(princípio da dignidade da pessoa humana). Em caso de colisão entre eles, como nenhum pode
sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica da ponderação.
O art. 12 do CC/2002 versa sobre a proteção a ser dedicada a tais direitos, afirmando
que se pode exigir que se cesse ameaça (tutela inibitória ou preven va) ou lesão (tutela
repressiva por ação indenizatória) a direito da personalidade, bem como consigna a
possibilidade de se reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei
(vide Enunciado 140 da JDC).
ATENÇÃO!
No que tange à tutela processual dos direitos da personalidade, merece destaque que
a legi midade para propor a ação é, de regra, do ofendido. No entanto, se morto, terá
ATENÇÃO!
Segundo o CC/2002, considerando apenas o que se extrai dos arts. 11 a 21, os direitos
da personalidade estão categorizados em cinco:
1. Corpo:
- Tutela do corpo vivo (art.13);
PILAR DA INTEGRIDADE FÍSICA
- Tutela do corpo morto (art.14);
- Autonomia do paciente (art.15).
ATENÇÃO!
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo,
quando importar diminuição permanente da integridade sica, ou contrariar os bons
costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste ar go será admi do para fins de transplante, na
forma estabelecida em lei especial.
Sobre o tema, veja o que dizem os Enunciados das Jornadas de Direito Civil:
Enunciado 6 JDC. A expressão “exigência médica” con da no art. 13 refere-se tanto ao bem-
estar sico quanto ao bem-estar psíquico do disponente.
Enunciado 401 JDC. Não contraria os bons costumes a cessão gratuita de direitos de uso de
material biológico para fins de pesquisa cien fica, desde que a manifestação de vontade tenha
sido livre, esclarecida e puder ser revogada a qualquer tempo, conforme as normas é cas que
regem a pesquisa cien fica e o respeito aos direitos fundamentais.
Enunciado 532 JDC. É permi da a disposição gratuita do próprio corpo com obje vos
exclusivamente cien ficos, nos termos dos arts. 11 e 13 do Código Civil.
Sobre o tema, veja o que diz o Enunciado das Jornadas de Direito Civil:
Enunciado 276 JDC. O art. 13 do Código Civil, ao permi r a disposição do próprio corpo por
exigência médica, autoriza as cirurgias de transgenitalização, em conformidade com os
procedimentos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina, e a consequente alteração
do prenome e do sexo no Registro Civil.
Acerca da autorização para transplante, conforme art. 13, parágrafo único, o ato
previsto neste ar go (disposição de partes do corpo) será admi do para fins de transplante, na
forma estabelecida em lei especial (Lei 9.434/97), devendo a doação ser:
a) de forma gratuita;
b) ela va a órgãos dúplices ou regeneráveis (renováveis);
c) que o beneficiário, preferencialmente, seja parente do doador, sendo possível a
escolha do receptor.
ATENÇÃO!
Sobre o tema, veja o que dizem os Enunciados das Jornadas de Direito Civil:
Enunciado 277 JDC. O art. 14 do Código Civil, ao afirmar a validade da disposição gratuita do
próprio corpo, com obje vo cien fico ou altruís co, para depois da morte, determinou que a
manifestação expressa do doador de órgãos em vida prevalece sobre a vontade dos familiares,
portanto, a aplicação do art. 4o da Lei n. 9.434/97 ficou restrita à hipótese de silêncio do
potencial doador.
Enunciado 402 JDC. O art. 14, parágrafo único, do CC, fundado no consen mento informado,
não dispensa o consen mento dos adolescentes para a doação de medula óssea prevista no art.
o o o
9 , § 6 , da Lei n. 9.434/1997 por aplicação analógica dos arts. 28, § 2 (alterado pela Lei n.
12.010/2009), e 45, § 2º, do ECA.
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a
tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
ATENÇÃO!
Sobre o tema, veja o que dizem os Enunciados das Jornadas de Direito Civil:
Enunciado 403 JDC. O Direito à inviolabilidade de consciência e de crença, previsto no art. 5o,
VI, da Cons tuição Federal, aplica-se também à pessoa que se nega a tratamento médico,
inclusive transfusão de sangue, com ou sem risco de morte, em razão do tratamento ou da
falta dele, desde que observados os seguintes critérios: a) capacidade civil plena, excluído o
suprimento pelo representante ou assistente; b) manifestação de vontade livre, consciente e
ATENÇÃO!
169
ATENÇÃO! Notas importantes sobre o direito à imagem:
- Consiste em direito personalíssimo.
- O direito à imagem detém proteção cons tucional (art. 5º, V e X, CF/88).
- Somente será possível sua u lização por terceiro quando:
▪ expressamente autorizado pelo tular (nos limites da finalidade e das condições contratadas); ou
▪ se for necessária à administração da jus ça ou à manutenção da ordem pública.
- Súmula 403 do STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não
autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais.
- Direito a Imagem Vs. Direito de Informação - Enunciado 279, JDC - A proteção à imagem deve
ser ponderada com outros interesses cons tucionalmente tutelados, especialmente em face do
direito de amplo acesso à informação e da liberdade de imprensa. Em caso de colisão, levar-se- á
em conta a notoriedade do retratado e dos fatos abordados, bem como a veracidade destes e,
ainda, as caracterís cas de sua u lização (comercial, informa va, biográfica), privilegiando-se
medidas que não restrinjam a divulgação de informações.
- Existem dois pos de imagem:
▪ Retrato - Esta se refere à fisionomia da pessoa natural.
▪ Atributo - Esta faz referência ao que a pessoa significa para a sociedade.
ATENÇÃO!
Sobre o tema, veja o que dizem os Enunciados das Jornadas de Direito Civil:
Enunciado 404 JDC. A tutela da privacidade da pessoa humana compreende os controles
espacial, contextual e temporal dos próprios dados, sendo necessário seu expresso
consen mento para tratamento de informações que versem especialmente o estado de saúde,
a condição sexual, a origem racial ou étnica, as convicções religiosas, filosóficas e polí cas.
Enunciado 405 JDC. As informações gené cas são parte da vida privada e não podem ser
u lizadas para fins diversos daqueles que mo varam seu armazenamento, registro ou uso,
salvo com autorização do tular. 170
ELEMENTOS DO NOME
ALTERAÇÃO DE PRENOME
· Erro gráfico;
· Em caso de adoção, os adotantes podem alterar o prenome do adotado, cf. art. 47,
§5º, do ECA; 171
· Apelidos públicos notórios, cf. art. 58 da LRP;
ATENÇÃO!
Sobre o tema, veja o que diz o Enunciado das Jornadas de Direito Civil:
Enunciado 278 JDC. A publicidade que divulgar, sem autorização, qualidades inerentes a
determinada pessoa, ainda que sem mencionar seu nome, mas sendo capaz de iden ficá-la,
cons tui violação a direito da personalidade.
172
Por fim, o Código, em seu art. 19, protege o pseudônimo. A doutrina entende que se deve incluir
nesta proteção também o cognome ou alcunha, nome ar s co u lizado por alguém, mesmo
não constando esse no registro da pessoa.
A pessoa jurídica (arts. 40 ao 69), por sua vez, consiste num conjunto de pessoas ou
bens, dotado de personalidade jurídica própria e cons tuído na forma da lei, para a consecução
de fins comuns. A sua principal caracterís ca é a de que atuam na vida jurídica com
personalidade diversa da dos indivíduos que a compõem.
A formação da pessoa jurídica exige uma pluralidade de pessoas ou de bens e uma
finalidade específica (elementos de ordem material), bem como um ato cons tu vo e
respec vo registro no órgão competente (elemento formal), ou Registro Civil das Pessoas
Jurídicas (sociedade simples) ou na Junta Comercial (sociedade empresária).
ATENÇÃO!
4.1.2.1 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
ATENÇÃO!
A Teoria Maior da Desconsideração da Personalidade Jurídica exige, como requisitos para sua
aplicação:
- Abuso da personalidade jurídica (ou confusão patrimonial ou desvio de finalidade)
+
- Prejuízo ao credor.
ATENÇÃO!
Sobre o tema Desconsideração, veja o que dizem os Enunciados das Jornadas de Direito Civil:
Enunciado 281 JDC. A aplicação da teoria da desconsideração, descrita no art. 50 do Código
Civil, prescinde da demonstração de insolvência da pessoa jurídica.
Enunciado 282 JDC. O encerramento irregular das a vidades da pessoa jurídica, por si só, não
basta para caracterizar abuso da personalidade jurídica.
Enunciado 283 JDC. É cabível a desconsideração da personalidade jurídica denominada
“inversa” para alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar
bens pessoais, com prejuízo a terceiros.
Enunciado 284 JDC. As pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucra vos ou de fins não-
econômicos estão abrangidas no conceito de abuso da personalidade jurídica.
Enunciado 285 JDC. A teoria da desconsideração, prevista no art. 50 do Código Civil, pode ser
invocada pela pessoa jurídica, em seu favor.
4.1.3 DO DOMICÍLIO
O Código Civil disciplina, do art. 70 ao 78, as regras rela vas ao domicílio. As questões
cobradas em provas limitam-se, em sua quase totalidade, à cobrança da “letra de lei”, razão pela
qual se recomenda a atenta leitura dos disposi vos grifados no tópico da legislação.
O domicílio da pessoa natural foi definido pelo Código como sendo o lugar onde ela, de
modo defini vo, estabelece a sua residência, o centro principal de sua a vidade. Do conceito
supra, subsume-se duas ideias: a de morada e o centro de a vidade; a primeira, per nente à
família, ao lar, ao ponto onde o homem se recolhe para a sua vida ín ma; a segunda, rela va à vida
externa, às relações sociais.
178
PARTE GERAL
LIVRO I
DAS PESSOAS
TÍTULO I
DAS PESSOAS NATURAIS
CAPÍTULO I
DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE
o
Art. 1 Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo,
desde a concepção, os direitos do nascituro.
o
Art. 3 São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;
179
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não verem o necessário discernimento para
a prá ca desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
o
Art. 3 São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores
de 16 (dezesseis) anos.(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
II - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
III - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
o
Art. 4 São incapazes, rela vamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:
Art. 4o São incapazes, rela vamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Revogado);
(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o
discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146,
de 2015) Vigência)
CAPÍTULO II
DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar
perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legi mação para requerer a medida prevista
neste ar go o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o 181
quarto grau.
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando
importar diminuição permanente da integridade sica, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste ar go será admi do para fins de transplante, na forma
estabelecida em lei especial.
Art. 14. É válida, com obje vo cien fico, ou altruís co, a disposição gratuita do próprio corpo,
no todo ou em parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico
ou a intervenção cirúrgica.
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações
que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.
Art. 19. O pseudônimo adotado para a vidades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da jus ça ou à manutenção da
ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição
CAPÍTULO III
DA AUSÊNCIA
Seção I
Da Curadoria dos Bens do Ausente
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver no cia, se não houver
deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a
requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e
nomear-lhe-á curador.
182
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar
mandatário que não queira ou não possa exercer ou con nuar o mandato, ou se os seus poderes
forem insuficientes.
Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as
circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores.
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por
mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legí mo curador.
§ 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos
descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.
o
§ 2 Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
o
§ 3 Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.
Seção II
Da Sucessão Provisória
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou
representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer
que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão.
Seção III
Da Sucessão Defini va
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da
sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão defini va e o levantamento
das cauções prestadas.
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão defini va, também, provando-se que o ausente conta
oitenta anos de idade, e que de cinco datam as úl mas no cias dele.
Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão defini va, ou
algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes 184
no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e
demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo.
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este ar go, o ausente não regressar, e nenhum
interessado promover a sucessão defini va, os bens arrecadados passarão ao domínio do
Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respec vas circunscrições, incorporando-se
ao domínio da União, quando situados em território federal.
TÍTULO II
DAS PESSOAS JURÍDICAS
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado.
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias;
CAPÍTULO II
DAS ASSOCIAÇÕES
Art. 53. Cons tuem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não
econômicos.
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:
I - a denominação, os fins e a sede da associação;
CAPÍTULO III
DAS FUNDAÇÕES
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu ins tuidor fará, por escritura pública ou testamento,
dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se des na, e declarando, se quiser, a
maneira de administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá cons tuir-se para fins religiosos, morais, culturais
ou de assistência.
Parágrafo único. A fundação somente poderá cons tuir-s e para fins de: (Redação dada pela Lei
nº 13.151, de 2015)
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo
defini vo.
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural ver diversas residências, onde, alternadamente, viva,
considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o
lugar onde esta é exercida.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles cons tuirá
domicílio para as relações que lhe corresponderem.
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar
onde for encontrada.
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar.
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos
lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as
circunstâncias que a acompanharem.
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
SÚMULAS
Súmula 403 do STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não
autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais.
JULGADOS
STF
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTS. 20 E 21 DA LEI N. 10.406/2002 (CÓDIGO CIVIL).
PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE ATIVA REJEITADA. REQUISITOS LEGAIS OBSERVADOS. MÉRITO:
APARENTE CONFLITO ENTRE PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS: LIBERDADE DE EXPRESSÃO, DE
INFORMAÇÃO, ARTÍSTICA E CULTURAL, INDEPENDENTE DE CENSURA OU AUTORIZAÇÃO PRÉVIA
(ART. 5º INCS. IV, IX, XIV; 220, §§ 1º E 2º) E INVIOLABILIDADE DA INTIMIDADE, VIDA PRIVADA,
HONRA E IMAGEM DAS PESSOAS (ART. 5º, INC. X). ADOÇÃO DE CRITÉRIO DA PONDERAÇÃO PARA
INTERPRETAÇÃO DE PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL. PROIBIÇÃO DE CENSURA (ESTATAL OU
PARTICULAR). GARANTIA CONSTITUCIONAL DE INDENIZAÇÃO E DE DIREITO DE RESPOSTA. AÇÃO
DIRETA JULGADA PROCEDENTE PARA DAR INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO AOS 192
ARTS. 20 E 21 DO CÓDIGO CIVIL, SEM REDUÇÃO DE TEXTO. 1. A Associação Nacional dos Editores de
Livros - Anel congrega a classe dos editores, considerados, para fins estatutários, a pessoa natural ou
jurídica à qual se atribui o direito de reprodução de obra literária, ar s ca ou cien fica, podendo
publicá-la e divulgá-la. A correlação entre o conteúdo da norma impugnada e os obje vos da Autora
preenche o requisito de per nência temá ca e a presença de seus associados em nove Estados da
Federação comprova sua representação nacional, nos termos da jurisprudência deste Supremo
Tribunal. Preliminar de ilegi midade a va rejeitada. 2. O objeto da presente ação restringe-se à
interpretação dos arts. 20 e 21 do Código Civil rela vas à divulgação de escritos, à transmissão da
palavra, à produção, publicação, exposição ou u lização da imagem de pessoa biografada. 3. A
Cons tuição do Brasil proíbe qualquer censura. O exercício do direito à liberdade de expressão não
pode ser cerceada pelo Estado ou por par cular. 4. O direito de informação, cons tucionalmente
garan do, contém a liberdade de informar, de se informar e de ser informado. O primeiro refere-se à
formação da opinião pública, considerado cada qual dos cidadãos que pode receber livremente
dados sobre assuntos de interesse da cole vidade e sobre as pessoas cujas ações, público-estatais ou
público-sociais, interferem em sua esfera do acervo do direito de saber, de aprender sobre temas
relacionados a suas legí mas cogitações. 5. Biografia é história. A vida não se desenvolve apenas a
par r da soleira da porta de casa. 6. Autorização prévia para biografia cons tui censura prévia
par cular. O recolhimento de obras é censura judicial, a subs tuir a administra va. O risco é próprio
do viver. Erros corrigem-se segundo o direito, não se coartando liberdades conquistadas. A reparação
de danos e o direito de resposta devem ser exercidos nos termos da lei. 7. A liberdade é
cons tucionalmente garan da, não se podendo anular por outra norma cons tucional (inc. IV do art.
@ concursos@mege.com.br /cursomege @cursomege 99.98262-2200
60), menos ainda por norma de hierarquia inferior (lei civil), ainda que sob o argumento de se estar a
resguardar e proteger outro direito cons tucionalmente assegurado, qual seja, o da inviolabilidade do
direito à in midade, à privacidade, à honra e à imagem. 8. Para a coexistência das normas cons tucionais
dos incs. IV, IX e X do art. 5º, há de se acolher o balanceamento de direitos, conjugando-se o direito às
liberdades com a inviolabilidade da in midade, da privacidade, da honra e da imagem da pessoa
biografada e daqueles que pretendem elaborar as biografias. 9. Ação direta julgada procedente para dar
interpretação conforme à Cons tuição aos arts. 20 e 21 do Código Civil, sem redução de texto, para, em
consonância com os direitos fundamentais à liberdade de pensamento e de sua expressão, de criação
ar s ca, produção cien fica, declarar inexigível autorização de pessoa biografada rela vamente a obras
biográficas literárias ou audiovisuais, sendo também desnecessária autorização de pessoas retratadas
como coadjuvantes (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes). (ADI 4815,
Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 10/06/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-018
DIVULG 29-01-2016 PUBLIC 01-02-2016) (Info 789)
São cons tucionais o art. 28, § 1º e o art. 30 da Lei no 13.146/2015, que determinam que as
escolas privadas ofereçam atendimento educacional adequado e inclusivo às pessoas com
deficiência sem que possam cobrar valores adicionais de qualquer natureza em suas
mensalidades, anuidades e matrículas para cumprimento dessa obrigação. STF. Plenário. ADI
5357 MC-Referendo/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/6/2016 (Info 829).
193
STJ
REGISTRO PÚBLICO. RETIFICAÇÃO. ERRO DE GRAFIA. OBTENÇÃO. CIDADANIA ITALIANA.
Trata-se de REsp em que a discussão cinge-se à apuração da necessidade da presença de todos
os integrantes da família em juízo, para que se proceda à re ficação do patronímico por erro de
grafia. Os recorridos ajuizaram ação para obtenção de re ficação de suas cer dões de
nascimento e casamento, bem como a de seus ascendentes, em relação aos quais se inclui a
cer dão de óbito, em virtude de erro de grafia nos patronímicos, o que, segundo afirmam,
cons tui um óbice à solicitação da cidadania italiana. Sobreveio sentença de procedência do
pedido, promovendo as requeridas alterações. O MP interpôs recurso especial por entender
que a mudança poderia causar desagregação nas anotações registrais uma vez que a decisão
extrapola a esfera de interesse dos recorridos, alcançando os demais, os quais devem
comparecer em juízo para assen r com a referida solicitação, sob pena de ruptura da cadeia
familiar. A Turma entendeu que o justo mo vo revela-se presente na necessidade de
suprimento de incorreções na grafia do patronímico para a obtenção da cidadania italiana,
sendo certo que o direito à dupla cidadania pelo jus sanguinis tem sede cons tucional. A regra
da inalterabilidade rela va do nome civil preconiza que o nome (prenome e sobrenome)
estabelecido por ocasião do nascimento reveste-se de defini vidade, admi ndo-se sua
modificação, excepcionalmente, nas hipóteses previstas em lei ou reconhecidas como
excepcionais por decisão judicial, exigindo-se, para tanto, justo mo vo e ausência de prejuízo a
terceiros. Na hipótese, a ausência de prejuízo a terceiros advém do provimento do pedido dos
DANO MORAL. DIREITO DE INFORMAR E DIREITO À IMAGEM. O direito de informar deve ser
analisado com a proteção dada ao direito de imagem. O Min. Relator, com base na doutrina,
consignou que, para verificação da gravidade do dano sofrido pela pessoa cuja imagem é
u lizada sem autorização prévia, devem ser analisados: (i) o grau de consciência do retratado
em relação à possibilidade de captação da sua imagem no contexto da imagem do qual foi
extraída; (ii) o grau de iden ficação do retratado na imagem veiculada; (iii) a amplitude da
195
exposição do retratado; e (iv) a natureza e o grau de repercussão do meio pelo qual se dá a
divulgação. De outra parte, o direito de informar deve ser garan do, observando os seguintes
parâmetros: (i) o grau de u lidade para o público do fato informado por meio da imagem; (ii) o
grau de atualidade da imagem; (iii) o grau de necessidade da veiculação da imagem para
informar o fato; e (iv) o grau de preservação do contexto originário do qual a imagem foi colhida.
No caso analisado, emissora de TV captou imagens, sem autorização, de funcionário de
empresa de assistência técnica durante visita para realização de orçamento para conserto de
uma televisão que, segundo a emissora de TV, estava apenas com um fusível queimado. O
orçamento realizado englobou outros serviços, além da troca do fusível. A imagem do
funcionário foi bem focalizada, permi ndo sua individualização, bem como da empresa em que
trabalhava. Não houve oportunidade de contraditório para que o envolvido pudesse provar que
o aparelho nha outros defeitos, além daquele informado pela rede de TV. Assim, restou
configurado dano moral por u lização indevida da imagem do funcionário. Noutro aspecto
analisado, o Min. Relator destacou a pacífica jurisprudência do STJ que possibilita a revisão do
montante devido a tulo de dano moral, quando o valor for exorbitante ou irrisório, observados
os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Nesse contexto, a Turma entendeu
desproporcional a fixação da verba indenizatória em R$ 100 mil, reduzindo-a a R$ 30 mil.
Precedentes citados: REsp 267.529-RJ, DJ de 18/12/2000; REsp 1.219.197-RS, DJe de
17/10/2011; REsp 1.005.278-SE, DJe de 11/11/2010; REsp 569.812-SC, DJ de 1º/8/2005. REsp
794.586-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 15/3/2012. (Info 493)
DIREITO CIVIL. DANOS MORAIS PELO USO NÃO AUTORIZADO DA IMAGEM EM EVENTO SEM
FINALIDADE LUCRATIVA. O uso não autorizado da imagem de atleta em cartaz de propaganda
de evento espor vo, ainda que sem finalidade lucra va ou comercial, enseja reparação por
danos morais, independentemente da comprovação de prejuízo. REsp 299.832-RJ, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 21/2/2013. (Info 516)
DIREITO CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS A PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO.
A pessoa jurídica de direito público não tem direito à indenização por danos morais
relacionados à violação da honra ou da imagem. REsp 1.258.389-PB, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 17/12/2013. (Info 534)
DIREITO CIVIL. DIREITO AO ESQUECIMENTO. A exibição não autorizada de uma única imagem
da ví ma de crime amplamente no ciado à época dos fatos não gera, por si só, direito de
compensação por danos morais aos seus familiares. REsp 1.335.153-RJ, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 28/5/2013. (Info 527)
E DO ADOLESCENTE
(conteúdo atualizado em 09-09-2017)
Parte 1
Bons estudos!
Edison Ponte Burlamaqui
200
Art. 19 do ECA - É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de 201
sua família e, EXCEPCIONALMENTE, EM FAMÍLIA SUBSTITUTA, assegurada a
convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento
integral. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
O art. 20 do ECA trata da igualdade de direitos entre os filhos. Atualmente, tanto o ECA
quanto a CF (art. 227, § 6º) proíbem qualquer po de dis nção ou tratamento discriminatório
entre os filhos.
Da mesma forma que o Código Civil, o ECA reforça o ideal de paridade no exercício dos
deveres inerentes ao poder familiar ao estabelecer o compar lhamento de responsabilidades
por pai e mãe ou eventual responsável.
Art. 21 do ECA - O poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e
pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o
204
direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para
a solução da divergência.
Art. 22 do ECA - Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos
menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer
cumprir as determinações judiciais.
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e
responsabilidades compar lhados no cuidado e na educação da criança, DEVENDO
SER RESGUARDADO O DIREITO DE TRANSMISSÃO FAMILIAR DE SUAS CRENÇAS E
CULTURAS, assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei. (Incluído pela
Lei nº 13.257, de 2016)
Suspensão do Poder Familiar - Trata-se de penalidade civil, aplicável aos pais que
venham a descumprir os deveres inerentes ao poder familiar, interditando seu exercício
enquanto perdure a causa que a determinou.
Art. 1.637 do CC - Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles
inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o
Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e
seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha.
i) Faculta vidade - Conforme previsto em lei, o juiz pode se sa sfazer com outra
providência aplicável ao caso, não sendo obrigado a aplicar diretamente a suspensão.
ii) Reversibilidade - Quando provada que a causa que deu ensejo à suspensão não
subsiste, a medida (suspensão) deve cessar.
iii) Individualidade em Relação a Cada Filho - A suspensão a nge apenas o filho que
sofreu abuso ou omissão. Assim, em regra, não afeta o filho que não teve seus direitos
violados.
Entretanto, em alguns casos, mesmo que um dos filhos não tenha sofrido diretamente
qualquer violação de seus direitos, este pode ter sofrido indiretamente através da
violação que incidiu sobre o outro. Dessa forma, pode-se determinar a suspensão do
poder familiar em virtude da violação indireta dos direitos da criança ou adolescente.
Hipóteses Legais de Perda (Des tuição) - art. 1.638 do CC – Perderá, por ato judicial, o
poder familiar o pai ou a mãe que:
Art. 26 do ECA - Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos pelos
pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo de nascimento, por testamento,
mediante escritura ou outro documento público, qualquer que seja a origem da
filiação.
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou suceder-
lhe ao falecimento, se deixar descendentes.
Súmula 149 do STF - É imprescri vel a ação de inves gação de paternidade, mas não o
é a de pe ção de herança.
Por fim, destaca-se que o STJ entendeu que também é imprescri vel o direito do
homem de discu r sua condição de pai por meio de ação negatória de paternidade.
O filho, em nome próprio, não tem legi midade para deduzir em juízo pretensão
declaratória de filiação socioafe va entre sua mãe - que era maior, capaz e, ao tempo
do ajuizamento da ação, pré-morta (já falecida) - e os supostos pais socioafe vos dela.
OBS: o filho teria legi midade para propor ação pedindo o reconhecimento de sua
relação de parentesco
socioafe vo com os pretensos avós. Aí, contudo, seria outra ação, na qual se buscaria
um direito próprio (e não de sua mãe). STJ. 3ª Turma. REsp 1.492.861-RS, Rel. Min.
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 2/8/2016 (Info 588).
209
E DO ADOLESCENTE
(conteúdo atualizado em 09-09-2017)
Parte 2
Nesta rodada, trataremos do tema “Da família subs tuta. Da guarda. Da tutela e da
adoção”. Trata-se de tema de extrema importância, sendo um dos mais cobrados em provas da
magistratura. Adicionalmente, determinados pontos específicos do tema (ex.: adoção) são
muito deba dos, sendo objeto de diversos julgados. Dessa forma, uma leitura atenta é
imprescindível.
Ressalta-se que, considerando que as questões elaboradas pelas bancas têm foco
basicamente na legislação vigente (ainda que cobrada através de casos hipoté cos), a análise
doutrinária, em regra, foi feita juntamente com a apresentação da legislação, com a finalidade
de facilitar a compreensão.
Bons estudos!
Edison Ponte Burlamaqui
211
6.1 DOUTRINA (RESUMO) e LEGISLAÇÃO
Art. 28 do ECA - A colocação em família subs tuta far-se-á mediante guarda, tutela ou
adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos
termos desta Lei.
Oi va do Menor:
212
Art. 28, § 1º SEMPRE QUE POSSÍVEL, a criança ou o adolescente será
previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu
estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as
implicações da medida, e terá sua opinião devidamente considerada.
Art. 28, § 4º Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma
família subs tuta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra situação
que jus fique plenamente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em
qualquer caso, evitar o rompimento defini vo dos vínculos fraternais.
Preparação e Acompanhamento:
Art. 29 do ECA - Não se deferirá colocação em família subs tuta a pessoa que revele,
por qualquer modo, incompa bilidade com a natureza da medida ou não ofereça
ambiente familiar adequado.
Art. 31 do ECA - A colocação em família subs tuta estrangeira cons tui medida
excepcional, SOMENTE ADMISSÍVEL NA MODALIDADE DE ADOÇÃO.
6.1.2. GUARDA
Efeitos da Guarda:
Obje vo da Guarda:
Art. 33, § 1º do ECA - A guarda des na-se a regularizar a posse de fato, podendo ser
deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto
no de adoção por estrangeiros.
Art. 33, § 2º do ECA - Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de tutela 215
e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou
responsável, podendo ser deferido o direito de representação para a prá ca de atos
determinados.
Condição de Dependente:
Guarda e Bene cios Previdenciários - Importante ressaltar que há um conflito entre o art.
33, § 3 do ECA e o art. 16, § 2o da Lei 8.213/91, pois este úl mo não inclui os direitos previdenciários.
o
Entretanto, prevalece o entendimento de que deve ser aplicada a regra mais benéfica para a criança
ou adolescente. Ressalta-se que se deve ficar atento para a cobrança da letra fria da lei.
Revogação da Guarda:
Art. 35 da Lei - A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial
fundamentado, ouvido o Ministério Público.
i) Maioridade do pupilo;
ii) Emancipação do pupilo (emancipação judicial);
iii) Adoção do pupilo seja pelo guardião ou por terceiro; e
iv) Reconhecimento de paternidade do pupilo feita por terceiro.
Guarda Derivada - É aquela deferida por ocasião da concessão do pedido de tutela, nos
termos do art. 36, parágrafo único, do ECA.
6.1.3. TUTELA
Aravés da tutela, uma pessoa maior assume o dever de prestar assistência material,
moral e educacional a criança ou adolescente que não esteja sob poder familiar, bem de lhe
administrar os bens.
Obje vo - A tutela tem como obje vo possibilitar que a criança ou o adolescente seja
assis do ou representado.
Cabimento - art. 36 do ECA - A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de
até 18 (dezoito) anos incompletos.
A tutela é cabível quando ambos os pais falecem ou são declarados ausentes ou, ainda,
se forem des tuídos do Poder Familiar.
O Código Civil disciplina de forma extensa a tutela em seus ar gos 1.728 a 1.766 (tema
de Direito de Família).
Art. 37 do ECA - O tutor nomeado por testamento ou qualquer documento autên co,
conforme previsto no parágrafo único do art. 1.729 do CC, deverá, no prazo de 30
(trinta) dias após a abertura da sucessão, ingressar com pedido des nado ao controle
judicial do ato, observando o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei.
Parágrafo único - Na apreciação do pedido, serão observados os requisitos previstos
nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na
disposição de úl ma vontade, se restar comprovado que a medida é vantajosa ao
tutelando e que não existe outra pessoa em melhores condições de assumi-la.
6.1.4. ADOÇÃO
Conceito - A adoção é o ins tuto que permite alguém atribuir a um terceiro a condição
de filho.
Excepcionalidade e Irrevogabilidade da Adoção:
Art. 39, § 1º, do ECA - A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve
recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou
adolescente na família natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei.
Natureza Jurídica da Adoção - “Adoção é o ato jurídico (em sen do estrito) solene pelo 218
qual, observados os requisitos legais, alguém estabelece, independentemente de qualquer
relação de parentesco consanguíneo ou afim, um vínculo fic cio de filiação, trazendo para sua
família, na condição de filho, pessoa que, geralmente, lhe é estranha” (Maria Helena Diniz).
Ressalta-se que o fato do vínculo jurídico ser cons tuído através de sentença (art. 47
do ECA) não desvirtua tal natureza jurídica, posto que a sentença tem apenas a finalidade de
garan r a fiscalização do Estado sobre estas relações. Tal entendimento é corroborado pelo fato
do processo de adoção ser de jurisdição voluntária.
Modelos de Adoção:
Art. 40 do ECA - O adotando deve contar com, NO MÁXIMO, DEZOITO (18) ANOS À
DATA DO PEDIDO, salvo se já es ver sob a guarda ou tutela dos adotantes.
Adoção do Maior - Segundo o Código Civil (art. 1.618 e 1.619), a adoção do maior de 18
anos deve passar pelo crivo do Judiciário. A principal dis nção entre a adoção de criança ou
adolescente e a adoção de maior é que a úl ma se processa perante o juízo de família, sendo
possível a aplicação do ECA no que couber.
Estabelecida uma relação jurídica paterno-filial (vínculo afe vo) entre o adotante e o
adotando, a adoção de pessoa maior não pode ser refutada pelo pai biológico que
abandonou o filho, a menos que ele apresente uma justa causa. A adoção de pessoas
maiores de 18 anos é regida pelo ECA. No entanto, no caso, não se aplica a exigência
do caput do art. 45 do ECA porque o § 1º do mesmo ar go afirma que esse
consen mento do pai é dispensado caso ele tenha sido des tuído do poder familiar.
O poder familiar termina quando o filho a nge a maioridade. Logo, sendo André
maior que 18 anos, João não mais tem poder familiar sobre ele, não sendo necessário
seu consen mento para a adoção. STJ. 3ª Turma. REsp 1.444.747-DF, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, julgado em 17/3/2015 (Info 558).
Art. 41, § 1º, do ECA - Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro,
mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do
adotante e os respec vos parentes.
Art. 41, § 2º, do ECA - É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus
descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau,
observada a ordem de vocação hereditária.
Art. 49 do ECA - A morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais
naturais.
- Para a Adoção Comum/Nacional (no Brasil) - Não existe prazo determinado. O juiz
determinará o fim do estágio de convivência quando a equipe técnica assim se
pronunciar.
- Para Adoção Internacional - Nesse caso, exige-se o prazo MÍNIMO DE 30 DIAS (art.
46, § 3o, do ECA). Entretanto, o estágio de convivência deve ser cumprido no Brasil.
O STJ, excepcionalmente, admi u a adoção de netos por avós com base no princípio
do melhor interesse da criança, considerando que no caso concreto estava
comprovada a filiação socioafe va. STJ. 3ª Turma. REsp 1.448.969-SC, Rel. Min. Moura
Ribeiro, julgado em 21/10/2014 (Informa vo 551 do STJ).
Ressalta-se que o STJ já decidiu que é possível a adoção póstuma quando houver prova
efe va da forte e pública relação socioafe va do falecido, mesmo que ainda não haja
procedimento formal de adoção. Alguns denominam esta adoção como Nuncupa va. A
Ministra Nancy Andrighi entendeu que a ausência de pedido judicial de adoção, anterior à
morte do adotante, “não impede o reconhecimento, no plano substancial, do desejo de adotar,
mas apenas remete para uma perquirição quanto à efe va intenção do possível adotante em
relação ao adotado”.
o
c) Adoção Conjunta por Divorciados ou Separados - art. 42, § 4 , do ECA - Os
divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente,
contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência
tenha sido iniciado na constância do período de convivência e que seja comprovada a existência
de vínculos de afinidade e afe vidade com aquele não detentor da guarda, que jus fiquem a
excepcionalidade da concessão.
Finalidade - É a de manter intacta a relação afe va já existente entre o adotando e os
futuros pais ado vos.
Requisitos:
h) Adoção Conjunta por Irmãos - O STJ entendeu que as hipóteses de adoção conjunta,
previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente, não são as únicas que atendem ao obje vo
essencial da lei, que é a inserção do adotado em família estável. Dessa forma, a STJ, concedendo
interpretação a par r da proteção a incapazes e da ideia de solidariedade e socioafe vidade,
simplesmente afasta a vedação legal de adoção conjunta por irmãos (pelo ECA só podem adotar 224
conjuntamente quem seja casado ou viva em união estável), entendendo tal adoção ser possível
quando verificados laços de afinidade entre os adotantes e o adotado.
Pelo texto do ECA, a adoção conjunta somente pode ocorrer caso os adotantes sejam
casados ou vivam em união estável. No entanto, a 3ª Turma do STJ rela vizou essa regra
do ECA e permi u a adoção por parte de duas pessoas que não eram casadas nem viviam
em união estável. Na verdade, eram dois irmãos (um homem e uma mulher) que criavam
um menor há alguns anos e, com ele desenvolveram relações de afeto. STJ. 3ª Turma.
REsp 1217415-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/6/2012.
Cadastro Dis nto para Residentes Fora do País - § 6º - Haverá cadastros dis ntos para
pessoas ou casais residentes fora do País, que somente serão consultados na inexistência de
postulantes nacionais habilitados nos cadastros mencionados no § 5º deste ar go.
Acesso das Autoridades - § 7º - As autoridades estaduais e federais em matéria de
adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de informações e a
cooperação mútua, para melhoria do sistema.
Prazo para Inscrição - § 8º - A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48
(quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e dos adolescentes em condições de serem
adotados que não veram colocação familiar na comarca de origem, e das pessoas ou casais que
veram deferida sua habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no § 5º
deste ar go, sob pena de responsabilidade.
Competência para Zelar pela Alimentação dos Cadastros - § 9º - Compete à
Autoridade Central Estadual zelar pela manutenção e correta alimentação dos cadastros, com
posterior comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira.
Adoção Internacional - § 10 - A adoção internacional somente será deferida se, após
consulta ao cadastro de pessoas ou casais habilitados à adoção, man do pela Jus ça da Infância
e da Juventude na comarca, bem como aos cadastros estadual e nacional referidos no § 5º deste
ar go, não for encontrado interessado com residência permanente no Brasil.
Guarda Temporária em Família Cadastrada em Programa de Acolhimento Familiar - §
11 - Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado em sua adoção, a criança ou o
adolescente, sempre que possível e recomendável, será colocado sob guarda de família
cadastrada em programa de acolhimento familiar.
Fiscalização pelo MP - § 12 - A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos
postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público.
227
Adoção por Não Cadastrado - § 13 - Somente poderá ser deferida adoção em favor de
candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos desta Lei quando:
Ônus da Prova dos Requisitos para Adoção por Não Cadastrado - § 14 - Nas hipóteses
previstas no § 13 deste ar go, o candidato deverá comprovar, no curso do procedimento, que
preenche os requisitos necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei.
Adoção Internacional
Definição - art. 51 do ECA - Considera-se adoção internacional aquela na qual A
PESSOA OU CASAL POSTULANTE É RESIDENTE OU DOMICILIADO FORA DO BRASIL, conforme
previsto no Ar go 2 da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Rela va à Proteção das
Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto
Legisla vo 01/99, e promulgada pelo Decreto 3.087/99.
Requisitos para Adoção Internacional - art. 51, § 1o, do ECA - A adoção internacional de
criança ou adolescente brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar
comprovado:
Preferência por Brasileiros Residentes no Exterior - art. 51, § 2o, do ECA - Os brasileiros
residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de
criança ou adolescente brasileiro.
Intervenção das Autoridades Centrais Estaduais e Federal - art. 51, § 3o, da Lei - A
adoção internacional pressupõe a intervenção das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em 228
matéria de adoção internacional.
Procedimento de Adoção (Habilitação Internacional) - art. 52 do ECA - A adoção
internacional observará o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei (será analisado
em ponto específico), com as seguintes adaptações:
I - perseguir unicamente fins não lucra vos, nas condições e dentro dos limites
fixados pelas autoridades competentes do país onde es verem sediados, do país de
acolhida e pela Autoridade Central Federal Brasileira;
II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de reconhecida idoneidade
moral, com comprovada formação ou experiência para atuar na área de adoção
internacional, cadastradas pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela
Autoridade Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão
federal competente;
III - estar subme dos à supervisão das autoridades competentes do país onde
es verem sediados e no país de acolhida, inclusive quanto à sua composição,
funcionamento e situação financeira;
IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada ano, relatório geral das
a vidades desenvolvidas, bem como relatório de acompanhamento das adoções
internacionais efetuadas no período, cuja cópia será encaminhada ao Departamento
de Polícia Federal;
V - enviar relatório pós-ado vo semestral para a Autoridade Central Estadual, com
cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois)
anos. O envio do relatório será man do até a juntada de cópia auten cada do registro 230
civil, estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o adotado;
VI - tomar as medidas necessárias para garan r que os adotantes encaminhem à
Autoridade Central Federal Brasileira cópia da cer dão de registro de nascimento
estrangeira e do cer ficado de nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos.
o
Consequência da Não Apresentação dos Relatórios - § 5 - A não apresentação dos
relatórios referidos no § 4 deste ar go pelo organismo credenciado poderá acarretar a
suspensão de seu credenciamento.
o
Validade do Credenciamento - § 6 - O credenciamento de organismo nacional ou
estrangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoção internacional terá validade de 2
(dois) anos.
o
Renovação do Credenciamento - § 7 - A renovação do credenciamento poderá ser
concedida mediante requerimento protocolado na Autoridade Central Federal Brasileira nos 60
(sessenta) dias anteriores ao término do respec vo prazo de validade.
Obrigatoriedade de Trânsito em Julgado da Decisão de Adoção Internacional para a
o
Saída do Menor do País - art. 52, § 8 , do ECA - Antes de transitada em julgado a decisão que
concedeu a adoção internacional, não será permi da a saída do adotando do território
nacional.
§ 9o Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária determinará a expedição
de alvará com autorização de viagem, bem como para obtenção de passaporte,
constando, obrigatoriamente, as caracterís cas da criança ou adolescente adotado,
como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto recente e
a aposição da impressão digital do seu polegar direito, instruindo o documento com
cópia auten cada da decisão e cer dão de trânsito em julgado.
Brasil como País de Acolhida (caso de brasileiro residente no Brasil que pretende adotar
criança do exterior) - art. 52-C do ECA - Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de
acolhida, a decisão da autoridade competente do país de origem da criança ou do adolescente
será conhecida pela Autoridade Central Estadual que ver processado o pedido de habilitação dos
pais ado vos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e determinará as providências 232
necessárias à expedição do Cer ficado de Naturalização Provisório.
INFORMATIVO 558 - A adoção de pessoa maior de idade não precisa do consen mento de
seu pai biológico
Estabelecida uma relação jurídica paterno-filial (vínculo afe vo) entre o adotante e o adotando, a
adoção de pessoa maior não pode ser refutada pelo pai biológico que abandonou o filho, a menos
que ele apresente uma justa causa. A adoção de pessoas maiores de 18 anos é regida pelo ECA. No
entanto, no caso da adoção de maiores, não se aplica a exigência do caput do art. 45 do ECA porque o §
1º do mesmo ar go afirma que o consen mento do pai é dispensado caso ele tenha sido des tuído
do poder familiar. O poder familiar termina quando o filho a nge a maioridade. STJ. 3ª Turma. REsp
1.444.747-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 17/3/2015 (Info 558).
Se, no curso da ação de adoção conjunta, um dos cônjuges desis r do pedido e outro vier a falecer
sem ter manifestado inequívoca intenção de adotar unilateralmente, não poderá ser deferido ao
interessado falecido o pedido de adoção unilateral post mortem. Por se tratar de adoção em conjunto,
um cônjuge não pode adotar sem o consen mento do outro. Dessa forma, se proposta adoção em
conjunto e um dos autores (candidatos a pai/mãe) desiste da ação, a adoção deve ser indeferida,
especialmente se o outro vem a morrer antes de manifestar-se sobre a desistência. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.421.409-DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 18/8/2016 (Info 588).
Ao menor sob guarda deve ser assegurado o direito ao bene cio da pensão por morte mesmo se
o falecimento se deu após a modificação legisla va promovida pela Lei nº 9.528/97 na Lei nº
8.213/91. O art. 33, § 3º do ECA deve prevalecer sobre a modificação legisla va promovida na lei
geral da Previdência Social, em homenagem ao princípio da proteção integral e preferência da
criança e do adolescente (art. 227 da CF/88). STJ. Corte Especial. EREsp 1.141.788-RS, Rel. Min.
João Otávio de Noronha, julgado em 7/12/2016 (Info 595).
TURMA EXTENSIVA
1ª FASE
PARA MAGISTRATURA
ESTADUAL
CADERNO DE
QUESTÕES
RODADA 04
#MegeExtensivo
2. C 4. E
Para a resolução da questão, é preciso A responsabilidade subsidiária do
conhecer o teor de dois enunciados de comerciante não afasta a responsabilidade
Súmulas do STJ: obje va do fabricante, produtor, construtor
(o art. 13, caput, dispõe que o “comerciante é
- Súmula 479. As ins tuições financeiras
igualmente responsável”), inclusive no caso
respondem obje vamente pelos danos
do inciso III.
gerados por fortuito interno rela vo a
fraudes e delitos pra cados por terceiros no Há entendimento forte no sen do de que,
âmbito de operações bancárias. ainda que não haja conservação adequada
de produtos perecíveis pelo comerciante, o
- Súmula 385. Da anotação irregular em
fabricante ou produtor são igualmente
cadastro de proteção ao crédito, não cabe
responsáveis. Posteriormente, há
indenização por dano moral, quando
possibilidade de exercício de direito de
preexistente legí ma inscrição, ressalvado o
regresso contra o comerciante.
direito ao cancelamento.
5. A
A – CORRETA: art. 24 do NCPC – “Art. 24. A
ação proposta perante tribunal estrangeiro
não induz li spendência e não obsta a que
a) Os bens deixados por Arlindo serão c) incompa vel com o direito brasileiro, que
transmi dos a Joana, Bruno e ao filho de só confere proteção ao pseudônimo em
Lucas. a vidades ar s cas ou intelectuais.
b) Em razão dos falecimentos no mesmo d) compa vel com o direito brasileiro, porque
acidente, a presunção é a de que a morte o pseudônimo adotado para a vidades
do mais velho precede a do mais jovem, o lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
que faz com que a herança do filho de
16
e) parcialmente compa vel com o direito
Lucas fique restrita à parte em que seu pai brasileiro, que não dis ngue a proteção do
sucederia, se vivo fosse. nome da proteção do pseudônimo.
c) Os bens deixados por Arlindo serão
3. (CESPE – TJ-AM – Juiz Subs tuto – 2016)
transmi dos a Bruno e a Lucas, observada
Assinale a opção correta a respeito da
a meação de Joana.
pessoa natural e da pessoa jurídica.
d) Em razão dos falecimentos no mesmo
a) Será do como inexistente o ato pra cado
acidente e da comoriência, a presunção é a
por pessoa absolutamente incapaz sem a
de que Arlindo e Lucas morreram
devida representação legal.
s i m u l ta n e a m e n t e , o q u e exc l u i a
transmissão de bens entre eles. b) Pelo critério da idade, crianças são
consideradas absolutamente incapazes e
2. (FCC – TJ-SC – Juiz Subs tuto – 2017) De adolescentes, rela vamente incapazes.
nossa parte, lembramos ainda a já
c) As fundações são en dades de direito
afirmada função iden ficadora do
privado e se caracterizam pela união de
pseudônimo, rela vamente à esfera de
pessoas com o escopo de alcançarem fins
ação em que é usado, o que, sem dúvida, é
não econômicos.
um traço dis n vo do falso nome, que,
evidentemente, embora, em certas d) Para se adquirir a capacidade civil plena, é
circunstâncias, possa vir também a exercer necessário alcançar a maioridade civil, mas
papel semelhante, não é usado com essa é possível que, ainda que maior de dezoito
finalidade, senão com a de frustrar anos, a pessoa natural seja incapaz de
qualquer possibilidade de iden ficação. exercer pessoalmente os atos da vida civil.
18
4. B 5. A
21
23
2. B 4. CERTO
Art. 23, § 2º do ECA - A condenação criminal Art. 1.638 do CC - Perderá por ato judicial o
do pai ou da mãe não implicará a des tuição do poder familiar o pai ou a mãe que:
poder familiar, exceto na hipótese de
condenação por crime doloso, sujeito à pena de I - cas gar imoderadamente o filho;
reclusão, contra o próprio filho ou filha. II - deixar o filho em abandono;
III - pra car atos contrários à moral e aos Art. 23 do ECA - A falta ou a carência de recursos
bons costumes; materiais não cons tui mo vo suficiente para a
perda ou a suspensão do poder familiar.
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas
no ar go antecedente.
1.6 CRIANÇA E ADOLESCENTE (Parte 2) e) a preferência dos pais ou responsável por
algum dos eventuais pretendentes à
1. (TJ-SP – 2017 – VUNESP) No curso de guarda, tutela ou adoção.
processo de adoção de criança ou
adolescente, o casal adotante se divorcia. 3. (TJ-AM – 2016 – CESPE) Com referência
Nesse caso, é correto afirmar que a aos ins tutos da família natural e da
adoção família subs tuta, da guarda, da tutela e
da adoção, assinale a opção correta.
a) poderá ser deferida, autorizando-se a guarda
compar lhada, desde que demonstrado a) O conceito de família natural abrange o de
efe vo bene cio ao adotando. família extensa, como aquela formada
pelos pais ou qualquer deles e seus
b) não poderá ser deferida, exceto se o
d e s c e n d e nte s , i n c l u s i ve p a re nte s
estágio de convivência se realizar com um
próximos e vizinhos com os quais a criança
dos cônjuges, após pareceres favoráveis
ou adolescente conviva e mantenha
das equipes técnicas da área de psicologia
vínculos de afinidade e afe vidade.
e de assistência social.
b) A colocação em família subs tuta far-se-á
c) não poderá ser deferida, caso em que fica
mediante guarda, tutela ou adoção, após
assegurada ao adotando a imediata
definida a situação jurídica da criança ou
colocação em programas de acolhimento
adolescente por meio de suspensão ou
familiar, bem como em cadastros estaduais
e nacional de crianças e adolescentes em
des tuição do poder familiar, salvo quando 25
ambos os genitores forem falecidos.
condições de serem adotados.
c) Os grupos de irmãos colocados sob adoção,
d) poderá ser deferida, dispensando-se o
tutela ou guarda terão de permanecer com a
estágio de convivência a par r da
mesma família subs tuta, ressalvada a
homologação do divórcio, da separação
suspeita da existência de risco de abuso ou
judicial ou da união estável.
outra situação que jus fique razoavelmente o
2. (TJ-SC – 2017 – FCC) Segundo o Estatuto da rompimento defini vo dos vínculos fraternais.
Criança e do Adolescente, são regras que d) O deferimento da guarda de criança ou
devem ser observadas para a concessão adolescente em preparação para adoção
da guarda, tutela ou adoção, não impede o exercício do direito de visitas
a) o consen mento do adolescente, colhido pelos pais, assim como o dever de prestar
em audiência, exceto para a guarda. alimentos, que serão objeto de
regulamentação específica, a pedido do
b) a opinião da criança que, sempre que interessado ou do MP.
possível, deve ser colhida por equipe
interprofissional e considerada pela e) Entre outras exigências legais, criança ou
autoridade judiciária competente. adolescente indígenas ou provenientes de
comunidade remanescente de quilombo
c) a prevalência das melhores condições encaminhados para adoção, tutela ou
financeiras para os cuidados com a criança ou guarda devem prioritariamente ser
adolescente. colocados em família subs tuta de sua
d) a prioridade da tutela em favor de família comunidade ou junto a membros da
extensa quando ainda coexis r o poder familiar. mesma etnia.
4. (MPE-SC – 2016) Há entendimento do
Superior Tribunal de Jus ça de que o
enquadramento de uma situação fá ca
como filiação socioafe va serve para
mi gar a proibição da adoção avoenga.
Certo ou Errado?