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1ª QUESTÃO:
Heitor retirou-se de sociedade simples por quebra de affectio societatis com os sócios Guarinos,
Indiara e Ouvidor. A sociedade foi constituída por prazo indeterminado, e o direito de retirada foi
exercido mediante notificação com o prazo de antecedência legal. O sócio retirante é titular de 35%
do capital social.
Embora tenha se operado a resolução da sociedade em relação a Heitor, não houve consenso entre ele
e os demais sócios quanto ao critério de apuração de haveres fixado no contrato social em vigor
(fluxo de caixa descontado). Tal fato motivou o ajuizamento, pelo ex-sócio, de ação de dissolução
parcial cujo objeto é somente a apuração de haveres.
Sabendo-se que o juiz fixou a data da resolução da sociedade no 60º (sexagésimo) dia seguinte ao do
recebimento, pela sociedade, da notificação de Heitor, responda aos itens a seguir.
A) O critério de apuração dos haveres de Heitor deve ter por base o valor patrimonial apurado em
balanço de determinação, tomando-se por referência a data da resolução da sociedade, e não o fixado
no contrato?
B) A participação nos lucros sociais, antes e após a data da resolução, integram o valor devido a
Heitor?
RESPOSTA:
A) Não. Na ação de dissolução parcial, o juiz definirá o critério de apuração dos haveres à vista do
disposto no contrato social, de acordo com o Art. 604, inciso II, do CPC. O critério do balanço
especial ou de determinação somente será observado somente em caso de omissão do contrato, com
base no Art. 604, inciso II, do CPC e no Art. 606 do CPC ou no Art. 1.031, caput, do CC.
Mister se ressaltar que a jurisprudência do C. STJ é nesse sentido: "a apuração de haveres -
levantamento dos valores referentes à participação do sócio que se retira ou que é excluído da
sociedade se processa da forma prevista no contrato social, uma vez que, nessa seara, prevalece o
princípio da força obrigatória dos contratos, cujo fundamento é a autonomia da vontade, desde que
observados os limites legais e os princípios gerais do direito" (AgInt no AREsp 1534975/SP, Rel.
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 19/04/2021, DJe 26/04/2021)
B) Não. A participação nos lucros integra o valor devido ao ex-sócio, mas apenas até a data da
resolução da sociedade, de acordo com a previsão do Art. 608, caput, do CPC.
2ª QUESTÃO:
O objeto social de Abreu, Araújo & Cia. Ltda. é a comercialização de latícinios. A sócia
administradora, Marisa empregou a firma social para adquirir, em nome da sociedade, cinco
equipamentos eletrônicos de alto valor individual para adornar sua residência.
O contrato social encontra-se arquivado na Junta Comercial desde 2007, ano da constituição da
sociedade, tendo sido mantido inalterado o objeto social.
Paulo Abreu, um dos sócios, formulou os questionamentos a seguir.
A) A sociedade pode opor, a terceiros, a ineficácia do ato praticado por Marisa?
B) Marisa poderá ser demandada em ação individual reparatória ajuizada por um dos sócios,
independentemente de qualquer ação nesse sentido por parte da sociedade?
RESPOSTA:
A) Sim. Uma vez que o ato praticado por Marisa é evidentemente estranho aos negócios da sociedade
(OU estranho ao objeto social, ato ultra vires), essa poderá alegar o excesso por parte da
administradora, opondo a terceiros sua ineficácia, com fundamento no Art. 1.015, parágrafo único,
inciso III, do CC.
B) Sim. Marisa, como administradora, responde perante terceiros prejudicados pelos danos
decorrentes de atos ilícitos praticados no exercício de suas atribuições, inclusive outros sócios,
segundo a dicção do Art. 1.016 do CC.
1ª QUESTÃO:
A inscrição do empresário ou da sociedade empresária na Junta Comercial é requisito para
caracterizar o regime jurídico empresarial?
RESPOSTA:
Não. Apesar de o registro na Junta Comercial ser uma formalidade legal imposta pela Lei (art. 967 do
Código Civil), ele não é requisito para a caracterização do empresário e a sua
consequente submissão ao regime jurídico empresarial. Isso significa que, caso o empresário
individual ou a sociedade empresária não se registrem na Junta Comercial antes do início de suas
atividades, tal fato não implicará a sua exclusão do regime jurídico empresarial nem fará com que eles
não sejam considerados, respectivamente empresário individual e sociedade empresária.
Enunciado 198: “A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito para a sua
caracterização, admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O empresário irregular
reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do Código Civil e da legislação comercial,
salvo naquilo em que forem incompatíveis com a sua condição ou diante de expressa disposição em
contrário”.
2ª QUESTÃO:
BALTAZAR MENDES, empresário individual, propôs ação de cobrança em face da sociedade
empresária DOLCE PANIFICAÇÃO LTDA. EPP., cuja causa de pedir é o inadimplemento de um
contrato de fornecimento de farinha de trigo, no valor de R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais).
Como o contrato foi ajustado verbalmente, BALTAZAR tem apenas como prova escrita o lançamento
de seu crédito em seu livro diário, autenticado pela Junta Comercial.
O livro diário de BALTAZAR MENDES encontra-se com lançamentos fora da ordem cronológica,
vários intervalos em branco, lacunas e rasuras.
A) BALTAZAR poderá utilizar o livro diário como prova documental da celebração do contrato de
fornecimento de farinha de trigo?
RESPOSTA:
A) O Livro Diário de BALTAZAR não cumpre as formalidades intrínsecas previstas no Art. 1.183,
caput, do Código Civil, porque contém lançamentos fora de ordem cronológica, numerosos intervalos
em branco, lacunas, rasuras e transportes para as margens. Por estar sem a presença de requisitos
legais, o empresário não poderá utilizar o Diário como prova a seu favor no litígio com a sociedade
empresária, em razão do que dispõe o art. 226, caput, do Código Civil OU o Art. 418 do CPC, a
contrario sensu.
B) Não. O Livro Diário é documento de escrituração contábil obrigatória do empresário (Art. 1.180
do Código Civil), e deve estar autenticado na Junta Comercial, por exigência do Art. 1.181 do Código
Civil.