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Sumário

ÉTICA E ESTATUTO COMENTADO E ESQUEMATIZADO...............................................3

1 – ATIVIDADE DE ADVOCACIA...................................................................................4

2 – DIREITOS DOS ADVOGADOS E ADVOGADAS....................................................16

3 – INSCRIÇÃO NA OAB...............................................................................................30

4 – SOCIEDADE DE ADVOGADOS..............................................................................42

5 – ADVOGADO EMPREGADO.....................................................................................50

6 – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.............................................................................53

7 – INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS...........................................................59

8 – ÉTICA DO ADVOGADO...........................................................................................72

9 – INFRAÇÕES E SANÇÕES DISCIPLINARES..........................................................80

10 – A ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL..........................................................112

11 – PROCESSO NA OAB.............................................................................................135
ÉTICA E ESTATUTO DA OAB — COMENTADO E ESQUEMATIZADO
Professora: Cínthia Biesek

ÉTICA E ESTATUTO COMENTADO E ESQUEMATIZADO

APRESENTAÇÃO

Olá, prezado aluno, prezada aluna. Tudo bem? Desejo que sim!

Este material tem por objetivo tornar a sua preparação mais eficiente, possibilitando
uma revisão completa e objetiva do conteúdo da Lei n. 8.906, de julho de 1994, a qual dispõe
sobre o ESTATUTO DA ADVOCACIA E A ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL.
Destaco que, nas aulas regulares do curso, você tem a oportunidade de estudar os
assuntos de modo completo e aprofundado, todos vistos nos mínimos detalhes.
Sendo assim, este material não tem a pretensão de substituir a leitura das aulas regu-
lares do curso, uma vez que a proposta do presente material é comentar todo o Estatuto da
Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil, além de frisar os tópicos de maior relevância.
Por fim, coloco-me à disposição para sanar todas as suas dúvidas que surgirem no
decorrer da leitura. Não hesite em mandá-las, por mais simples que possam parecer, pois,
se a dúvida for esclarecida, você seguirá seus estudos de forma eficaz e não se esquecerá
do assunto tratado, caso contrário, um pequeno detalhe que não foi esclarecido poderá com-
prometer sua preparação. Portanto, contate-me sempre que julgar necessário.

Grande abraço e bons estudos!

SEJA IMPARÁVEL!

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1 – ATIVIDADE DE ADVOCACIA

A Constituição da República Federativa do Brasil consagra como integrantes das fun-


ções essenciais à justiça (art. 127 ao 135, CF/1988):

• o Ministério Público;
• a Advocacia Pública;
• a Advocacia; e
• a Defensoria Pública.

Nesse contexto, o artigo 133 da Constituição Federal dispõe que “o advogado é indis-
pensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no
exercício da profissão, nos limites da lei”.
São diversas as garantias constitucionais que estão relacionadas com a atividade
dos advogados. Vejamos o artigo 5º da Constituição Federal:

CF/1988, art. 5º, LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal;
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em ge-
ral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos
a ela inerentes;
[...]
LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer
calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
[...]
LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que com-
provarem insuficiência de recursos; [...] (destaques nossos).

No mesmo sentido, o Estatuto da OAB traz que o advogado é indispensável à adminis-


tração da justiça, sendo que, no seu ministério privado, o advogado presta serviço público e
exerce função social. Vejamos:

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EOAB, art. 2º O advogado é indispensável à administração da justiça.


§ 1º No seu ministério privado, o advogado presta serviço público e exerce fun-
ção social.
§ 2º No processo judicial, o advogado contribui, na postulação de decisão favo-
rável ao seu constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos constituem
múnus público.
§ 3º No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e manifes-
tações, nos limites desta lei (destaques nossos).

A essencialidade da Advocacia frente à justiça não deve ser interpretada de modo restrito
ao processo judicial, haja vista que, além da postulação em órgãos do Poder Judiciário e juiza-
dos especiais, temos como atividade privativa da advocacia a prestação de consultoria, asses-
soria e direção jurídica. Sendo assim, em interpretação extensiva, a essencialidade da advoca-
cia deve ser entendida no âmbito social, levando em consideração que o advogado também é
defensor do Estado Democrático de Direito e dos direitos humanos e garantias fundamentais.
Em decorrência disso, o CED-OAB traz em seu artigo 3º que o advogado deve ter cons-
ciência de que o Direito é um meio de mitigar as desigualdades para o encontro de soluções
justas e que a lei é um instrumento para garantir a igualdade de todos.
No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e manifestações, nos
limites da lei, ou seja, possui imunidade profissional, não constituindo injúria ou difamação
puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora
dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer
(artigo 7º, § 2º, do EOAB).
Todavia, é defeso (PROIBIDO) ao advogado expor os fatos em Juízo ou na via admi-
nistrativa falseando deliberadamente a verdade e utilizando de má-fé (art. 6º do CED-OAB).
Na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 1.127, o Supremo Tribunal Federal consi-
derou que a imunidade profissional é indispensável para que o advogado possa exercer
condigna e amplamente seu múnus público.

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Ao tratar da atividade da advocacia, o Estatuto da OAB dispõe que:

EOAB, art. 1º. São ATIVIDADES PRIVATIVAS de advocacia:


I– a postulação a órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais;
II – as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas.
§ 1º Não se inclui na atividade privativa de advocacia a impetração de habeas
corpus em qualquer instância ou tribunal.
§ 2º Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de nu-
lidade, só podem ser admitidos a registro, nos órgãos competentes, quando
visados por advogados.
§ 3º É vedada a divulgação de advocacia em conjunto com outra atividade
(destaques nossos).

Pois bem.
São atividades PRIVATIVAS de advocacia (art. 1º, EOAB):

• I – a postulação a órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais;

DICA:
O inciso I do artigo 1º foi objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI n.
1.127), com a qual foi retirada a expressão “qualquer” após esta ser declarada
inconstitucional.
Vejamos a redação anterior: “I - a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciá-
rio [...]”.
O termo foi declarado inconstitucional pelo entendimento do STF de que impor a
presença do advogado em toda e qualquer manifestação perante os órgãos do
Poder Judiciário vai de encontro com o regramento constitucional, considerando
que o advogado é indispensável à administração da Justiça, entretanto, sua pre-
sença pode ser dispensada em certos atos jurisdicionais.
Sendo assim, não pode o legislador, na elaboração do Estatuto da OAB, exigir a
presença do advogado para postulação a “qualquer” órgão, pois não é absoluta a
vedação ao legislador de dispensar a participação do advogado em determina-
das causas, desde que essa dispensa seja feita com base nos princípios da razoa-
bilidade e da proporcionalidade.

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EXEMPLO 1:
Para que você consiga visualizar melhor, o efeito da retirada desse termo ocorre em razão
da faculdade conferida às partes nas causas cujo valor seja de até 20 (vinte) salários mí-
nimos para comparecer assistida por advogado (Lei n. 9.099/1995 – Juizados Especiais).
Outro exemplo é a existência do instituto do jus postulandi perante a Justiça Trabalhista, na
qual os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça
do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final (artigo 791 da CLT).

• II – as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas.

Sabemos que a orientação feita por profissional qualificado técnica e legalmente habili-
tado reduz consideravelmente a ocorrência de erros e prejuízos. Paulo Lôbo1 (2017) diferen-
cia os termos trazidos pela legislação:

A assessoria jurídica é espécie do gênero advocacia extrajudicial, pública ou


privada, que se perfaz auxiliando quem deva tomar decisões, realizar atos ou
participar de situações com efeitos jurídicos, reunindo dados e informações
de natureza jurídica, sem exercício formal de consultoria. Se o assessor proferir
pareceres, conjuga a atividade de assessoria em sentido estrito com a atividade
de consultoria jurídica.
Direção jurídica tem o significado de administrar, gerir, coordenar, definir dire-
trizes de serviços jurídicos. [...] Para os dirigentes jurídicos é essencial a ativida-
de-fim de gestão de serviço jurídico, enquanto são complementares as atividades
de assessoria e consultoria jurídicas, que podem ou não ser por eles exercidas.
Os atos de advocacia de quem exerce direção jurídica são presumidos, sem ne-
cessidade de comprovação específica (destaques nossos).

ATENÇÃO

NÃO SE INCLUI na atividade privativa de advocacia a impetração de habeas corpus em


qualquer instância ou tribunal.
A ressalva feita no § 1º, quanto ao remédio constitucional do habeas corpus, se deve ao fato
de a legitimidade, neste caso, ser UNIVERSAL, já que o HC poderá ser impetrado por qual-
quer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público e será concedido
sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liber-
dade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder (artigo 5º, LXVIII, da CF/1988).

1
LÔBO, Paulo. Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB. São Paulo: Saraiva, 2017.

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• § 2º Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de nuli-


dade, só podem ser admitidos a registro, nos órgãos competentes, quando visados
por advogados.

Ainda em caráter extrajudicial, temos a necessidade de VISTO do advogado para que


sejam admitidos a registro atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas.
Ressalto que exigir a participação do advogado na celebração de atos e negócios jurí-
dicos violaria o princípio constitucional da liberdade de exercício da atividade econômica,
previsto no artigo 170 da Constituição Federal, mas a supervisão dada por meio do visto não,
conforme podemos notar no posicionamento do STF ao julgar a ADI n. 1.194:

ADI n. 1.194 – STF


A obrigatoriedade do visto de advogado para o registro de atos e contratos consti-
tutivos de pessoas jurídicas (artigo 1º, § 2º, da Lei n. 8.906/1994) não ofende os
princípios constitucionais da isonomia e da liberdade associativa.

DIRETO DO CONCURSO

1. (FGV/2022/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXXIV) Aline, advogada inscrita na


OAB, poderá praticar validamente, durante o período em que estiver cumprindo sanção
disciplinar de suspensão, o seguinte ato:
a. impetrar habeas corpus perante o Superior Tribunal de Justiça.
b. visar ato constitutivo de cooperativa, para que seja levado a registro.
c. complementar parecer que elaborara em resposta à consulta jurídica.
d. interpor recurso com pedido de reforma de sentença que lhe foi desfavorável em pro-
cesso no qual atuava em causa própria.

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COMENTÁRIO

Letra a.
De acordo com o artigo 1º, § 1º, do Estatuto da OAB, NÃO se inclui na atividade privativa
de advocacia a impetração de habeas corpus em qualquer instância ou tribunal. Enquan-
to suspenso, o advogado não poderá exercer nenhum ato privativo de advogado. Contudo,
lembre-se: a legitimidade para impetrar HC é UNIVERSAL, ou seja, este pode ser impe-
trado por qualquer pessoa.
Além do mais, lembre-se: são ATIVIDADES PRIVATIVAS de advocacia: a postulação a
órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais, bem como as atividades de consultoria,
assessoria e direção jurídicas.

EOAB, art. 3º O exercício da atividade de advocacia no território brasileiro e a


denominação de advogado são privativos dos inscritos na Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB).
§ 1º Exercem atividade de advocacia, sujeitando-se ao regime desta lei, além do
regime próprio a que se subordinem, os integrantes da Advocacia-Geral da União,
da Procuradoria da Fazenda Nacional, da Defensoria Pública e das Procuradorias
e Consultorias Jurídicas dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das
respectivas entidades de administração indireta e fundacional.
§ 2º O estagiário de advocacia, regularmente inscrito, pode praticar os atos pre-
vistos no art. 1º, na forma do regimento geral, em conjunto com advogado e sob
responsabilidade deste.

O exercício da atividade de advocacia no território brasileiro e a denominação de advogado


são PRIVATIVOS dos INSCRITOS na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), sendo que o esta-
giário de advocacia, se regularmente inscrito, poderá praticar os atos privativos de advogado
em conjunto com advogado e sob responsabilidade deste, observado o regimento geral.

 Obs.: É importante destacar que o Estatuto da OAB, mediante a Lei n. 8.906/1994, inovou
ao determinar que os advogados públicos se sujeitem ao regime do Estatuto da
entidade e, consequentemente, vários foram os questionamentos acerca dos des-
dobramentos dessa determinação, como ocorre na ADI n. 4.636, com a qual o STF
declarou inconstitucional qualquer interpretação que resulte no condicionamento
da capacidade postulatória dos membros da Defensoria Pública à inscrição
dos Defensores Públicos na Ordem dos Advogados do Brasil.

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 Ademais, no julgamento do RE n. 1.240.999, que analisou o TEMA n. 1.074 da reper-


cussão geral, o STF negou provimento ao recurso extraordinário e fixou a seguinte
tese: “É inconstitucional a exigência de inscrição do Defensor Público nos quadros
da Ordem dos Advogados do Brasil”.

EOAB, art. 3º-A. Os serviços profissionais de advogado são, por sua natureza,
técnicos e singulares, quando comprovada sua notória especialização, nos ter-
mos da lei.
Parágrafo único. Considera-se notória especialização o profissional ou a socie-
dade de advogados cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de
desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelha-
mento, equipe técnica ou de outros requisitos relacionados com suas atividades,
permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado
à plena satisfação do objeto do contrato.

ATENÇÃO
A Lei n. 14.039/2020 incluiu o artigo 3º-A no EOAB, o qual estabelece que os serviços pro-
fissionais de advogado são, por sua natureza, técnicos e singulares, quando comprovada
sua notória especialização, nos termos da lei.

DICA:
Na prática, a alteração promovida no Estatuto da OAB está relacionada com o pro-
cedimento de inexigibilidade de licitação quando da contratação de advogados pela
Administração Pública, uma vez que tais serviços devem ser de natureza singular
e o profissional deve deter notória especialização.
Desse modo, nos termos do artigo acima, os serviços prestados por advogados
quando comprovada sua notória especialização são, por sua natureza, técnicos e
singulares.

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DIRETO DO CONCURSO

2. (FGV/2022/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXXIV) Determinada sociedade de


advogados sustenta que os serviços por ela prestados são considerados de notória
especialização, para fins de contratação com a Administração Pública.
Sobre tal conceito, nos termos do Estatuto da Advocacia e da OAB, assinale a afirma-
tiva correta.
a. Todas as atividades privativas da advocacia são consideradas como serviços de
notória especialização, tratando-se de atributo da atuação técnica do advogado, não
extensível à sociedade de advogados.
b. Todas as atividades privativas da advocacia são consideradas como serviços de notó-
ria especialização, conceito que se estende à atuação profissional do advogado ou da
sociedade de advogados.
c. Apenas exercem serviços de notória especialização o advogado ou a sociedade de
advogados cujo trabalho seja possível inferir ser essencial e, indiscutivelmente, o
mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato.
d. Apenas exercem serviços de notória especialização o advogado cujo trabalho seja
possível inferir ser essencial e, indiscutivelmente, o mais adequado à plena satisfa-
ção do objeto do contrato, tratando-se de atributo da atuação técnica do advogado,
não extensível à sociedade de advogados.

COMENTÁRIO

Letra c.
De acordo com o artigo 3º-A do EOAB, os serviços profissionais de advogado são, por sua
natureza, técnicos e singulares, quando comprovada sua notória especialização, nos ter-
mos da lei. Considera-se notória especialização o profissional ou a sociedade de advoga-
dos cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, es-
tudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica ou de outros
requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial
e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato.

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EOAB, art. 4º São nulos os atos privativos de advogado praticados por pessoa
não inscrita na OAB, sem prejuízo das sanções civis, penais e administrativas.
Parágrafo único. São também nulos os atos praticados por advogado impedido
– no âmbito do impedimento – suspenso, licenciado ou que passar a exercer ativi-
dade incompatível com a advocacia.

Os atos privativos de advogado praticados por pessoa não inscrita na OAB, bem
como os praticados por advogado impedido, no âmbito do seu impedimento, suspenso,
licenciado ou que exerça atividade incompatível com a advocacia, serão NULOS.
Além da nulidade, serão aplicadas sanções civis, já que aquele que der causa ao dano
será obrigado a repará-lo (art. 927 do Código Civil); penais, pois a prática de atos privativos
de advocacia por profissionais e sociedades não inscritos na OAB constitui exercício ilegal
da profissão (art. 4º do Regulamento Geral), sendo defeso (proibido) ao advogado prestar
serviços de assessoria e consultoria jurídicas para terceiros, em sociedades que não possam
ser registradas na OAB; e administrativas, se couber.
O Superior Tribunal de Justiça entendeu, no julgamento do Recurso Especial n. 449.627,
que não será decretada a nulidade dos atos praticados por advogado afastado do exercício
profissional, se foram ratificados por novo procurador constituído nos autos, bem como
se a nulidade não prejudicar qualquer das partes (LÔBO, 2017).

EOAB, art. 5º O advogado postula, em juízo ou fora dele, fazendo prova


do mandato.
§ 1º O advogado, afirmando urgência, pode atuar sem procuração, obrigando-se a
apresentá-la no prazo de quinze dias, prorrogável por igual período.
§ 2º A procuração para o foro em geral habilita o advogado a praticar todos os atos
judiciais, em qualquer juízo ou instância, salvo os que exijam poderes especiais.
§ 3º O advogado que renunciar ao mandato continuará, durante os dez dias se-
guintes à notificação da renúncia, a representar o mandante, salvo se for substitu-
ído antes do término desse prazo (destaques nossos).

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A atuação do advogado quando postula, em juízo ou fora dele, está vinculada à existência
de um mandato. O mandato nada mais é do que a famosa procuração, documento por meio do
qual o cliente confere ao advogado poderes para representá-lo na esfera judicial e/ou extrajudicial.
Desse modo, ao postular, o advogado deverá fazer prova do mandato. Porém, se ale-
gada urgência, pode atuar sem procuração, sendo obrigatória a apresentação no prazo
de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período.

DICA:
De acordo com a súmula n. 115 do Superior Tribunal de Justiça, na instância espe-
cial, é inexistente recurso interposto por advogado sem procuração nos autos.

Em regra, o advogado NÃO DEVE ACEITAR procuração de quem já tenha patrono


constituído, sem prévio conhecimento deste, SALVO por motivo plenamente justificável ou
para adoção de medidas judiciais urgentes e inadiáveis, de acordo com o artigo 14 do CED-OAB.

A procuração para o foro em geral habilita o advogado a praticar todos os atos judiciais
em qualquer juízo ou instância, salvo os que exijam poderes especiais.

EXEMPLO 2:
De acordo com o artigo 105 do Código de Processo Civil, são atos do processo que exi-
gem cláusula específica: receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedi-
do, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, receber, dar quita-
ção, firmar compromisso e assinar declaração de hipossuficiência econômica.

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Observe que nada impede que o advogado renuncie ao mandato, de acordo com a sua
conveniência, sem menção do motivo que determinou a renúncia, exigindo-se apenas que
continue representando o mandante durante 10 (dez) dias, contados da notificação da
renúncia, salvo se for substituído antes do término desse prazo, sendo que cessará, após o
decurso desse prazo, a responsabilidade profissional pelo acompanhamento da causa
(art. 5º, § 3º, do EOAB c/c art. 16 do CED-OAB).

Além disso, o mandato se presume cumprido e extinto quando concluída a causa ou


arquivado o processo (art. 13 do CED-OAB).
O Código de Ética e Disciplina da OAB recomenda que o advogado, em face de dificul-
dades insuperáveis ou inércia do cliente quanto a providências que lhe tenham sido soli-
citadas, não deixe ao abandono ou desamparadas as causas sob seu patrocínio, mas
sim que RENUNCIE ao mandato (art. 15 do CED-OAB).
Outra forma de encerrar o mandato é mediante a REVOGAÇÃO pela vontade do
cliente, que não o desobriga do pagamento das verbas honorárias contratadas, assim
como não retira o direito do advogado de receber o quanto lhe seja devido em eventual
verba honorária de sucumbência, calculada proporcionalmente em face do serviço efetiva-
mente prestado (art. 17, CED-OAB).
O mandado judicial ou extrajudicial não se extingue pelo decurso de tempo, salvo se
o contrário for consignado no respectivo instrumento (art. 18, CED-OAB).
Desse modo, podemos afirmar que existem 4 (quatro) possibilidades de extinguir o
mandato (procuração):

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 Obs.: Os poderes conferidos ao advogado podem ser SUBSTABELECIDOS a outro advo-


gado, que irá sub-rogar-se dos poderes conferidos.
 O substabelecimento é a autorização legal para que outro advogado substitua o titu-
lar dos poderes conferidos pelo cliente e poderá ser com reserva de poderes ou sem
reserva de poderes (art. 26, CED-OAB).
 O substabelecimento COM RESERVA de poderes é a substituição parcial e provi-
sória, caracterizada como ato pessoal do advogado da causa, devendo o substa-
belecido ajustar antecipadamente seus honorários com o substabelecente. Já
o substabelecimento SEM RESERVA de poderes é a substituição total e definitiva,
que exige o prévio e inequívoco conhecimento do cliente.

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2 – DIREITOS DOS ADVOGADOS E ADVOGADAS

CAPÍTULO II
Dos Direitos do Advogado

Art. 6º Não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e


membros do Ministério Público, devendo todos tratar-se com consideração e res-
peito recíprocos.
Parágrafo único. As autoridades, os servidores públicos e os serventuários da
justiça devem dispensar ao advogado, no exercício da profissão, tratamento com-
patível com a dignidade da advocacia e condições adequadas a seu desempenho.

O Código de Ética e Disciplina é expresso ao estabelecer o dever de urbanidade do advo-


gado, que deve tratar todos com respeito e consideração, além de exigir igual tratamento de todos
com quem se relacione, preservando seus direitos e prerrogativas (art. 27 do CED-OAB).
A ausência de subordinação está estritamente relacionada à liberdade e independên-
cia funcional do advogado, que deve seguir suas convicções filosóficas e conhecimentos
técnicos em prol dos interesses dos seus clientes. Perceba que não há hierarquia ou subor-
dinação, inclusive, entre os próprios advogados.
Além do mais, quando há concurso entre colegas na prestação de serviços advocatí-
cios, seja em caráter individual, seja no âmbito de sociedade de advogados ou de empresa
ou entidade em que trabalhe, será necessário o tratamento condigno, que não os torne
subalternos nem lhes avilte os serviços prestados mediante remuneração incompatível com
a natureza do trabalho (art. 29 do CED-OAB).

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Além da isonomia entre as partes, são direitos do advogado (art. 7º, EOAB):

• I – EXERCER, COM LIBERDADE, A PROFISSÃO EM TODO O TERRITÓ-


RIO NACIONAL.

De acordo com o artigo 5º, inciso XIII, da Constituição Federal de 1988, é livre o exer-
cício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a
lei estabelecer.
No caso, o Estatuto da OAB prevê uma série de requisitos para a inscrição do profis-
sional nos quadros da Ordem (art. 8º), dentre eles a verificação da capacidade técnica do
profissional por meio do Exame de Ordem.
Desse modo, uma vez preenchidos os requisitos legais para inscrição como advogado
da Ordem, o profissional tem liberdade para atuar em todo o território nacional, sem sofrer
qualquer forma de restrição.

• II – INVIOLABILIDADE DE SEU ESCRITÓRIO OU LOCAL DE TRABALHO, bem


como de seus INSTRUMENTOS DE TRABALHO, de sua correspondência escrita,
eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia.

Na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 1.127, o Supremo Tribunal Federal conside-


rou que a inviolabilidade do escritório ou do local de trabalho é consectário da inviolabilidade
assegurada ao advogado no exercício profissional.
Registro que a Lei n. 11.767/2008 alterou o Estatuto da OAB, o qual anteriormente
previa que a busca ou apreensão determinada por Magistrado deveria ser acompanhada por
representante da OAB. Por outro lado, a Lei indicada incluiu no Estatuto da OAB os §§ 6º e
7º, que possuem a seguinte redação:

§ 6º. Presentes indícios de autoria e materialidade da prática de crime por parte


de advogado, a autoridade judiciária competente poderá decretar a quebra da in-
violabilidade de que trata o inciso II do caput deste artigo, em decisão motivada,
expedindo mandado de busca e apreensão, específico e pormenorizado, a ser
cumprido na presença de representante da OAB, sendo, em qualquer hipótese,
vedada a utilização dos documentos, das mídias e dos objetos pertencentes a
clientes do advogado averiguado, bem como dos demais instrumentos de trabalho
que contenham informações sobre clientes.
§ 7º. A ressalva constante do § 6º deste artigo não se estende a clientes do ad-
vogado averiguado que estejam sendo formalmente investigados como seus
partícipes ou coautores pela prática do mesmo crime que deu causa à quebra
da inviolabilidade (destaques nossos).

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A Constituição Federal prevê, no artigo 5º, XII:

CF/1988, art. 5º, XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunica-


ções telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último
caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins
de investigação criminal ou instrução processual penal; [...] (destaques nossos).

Relembrando que aqui estamos diante de um caso de reserva legal qualificada, na qual,
além de se exigir a existência de lei formal para regulamentar o instituto da interceptação de
comunicações telefônicas, este deve servir de prova apenas em investigação criminal ou em
instrução processual penal, mediante ordem judicial.
A regulamentação exigida é dada pela Lei n. 9.296/1996, a qual disciplina as hipóteses
de aplicação, os requisitos e as vedações da interceptação das comunicações telefônicas.
Perceba que aqui há um conflito entre direitos. De um lado, procura-se assegurar ao
advogado a liberdade de atuação, bem como o sigilo de sua atividade profissional, mas, por
outro, tal garantia não pode impedir a aplicação de um instrumento processual penal em face
dos advogados para acobertar a investigação de possível cometimento de crimes em conluio
com seus clientes. Assim, considerando que não há direito absoluto no ordenamento jurídico
brasileiro, os direitos são mitigados para que coexistam.
É necessário observar que o Estatuto restringe a busca e apreensão de dados referen-
tes aos investigados, impedindo que a intimidade profissional do advogado seja completa-
mente violada, resguardando os dados referentes aos demais clientes.

• III - COMUNICAR-SE COM SEUS CLIENTES, pessoal e reservadamente, mesmo


sem procuração, quando estes se acharem PRESOS, DETIDOS ou RECOLHIDOS
em estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis.

A exigência de procuração, por exemplo, impediria o exercício pleno da atividade profis-


sional do advogado e, ainda, feriria um direito fundamental do preso, que é a assistência do
advogado (art. 5º, LXIII, da CF/1988).
Acrescento, ainda, que a comunicação faz parte do direito do preso à autodefesa, uma
das espécies que compõem a ampla defesa (art. 5º, LV, da CF/1988).
Desse modo, a comunicação entre o advogado e seu cliente não pode ser restringida
em nenhuma circunstância, devendo ser permitida mesmo que o preso seja considerado
incomunicável.
Sobre o tema, Paulo Lôbo (2017) discorre que:

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A prisão ou mesmo a incomunicabilidade do cliente não podem prejudicar a ativi-


dade do profissional. A tutela do sigilo envolve o direito do advogado de comuni-
car-se pessoal e reservadamente com o cliente preso, sem qualquer interferência
ou impedimento do estabelecimento prisional e dos agentes policiais.
[...]
A eventual incomunicabilidade do cliente preso não vincula o advogado, mesmo
quando ainda não munido de procuração, fato muito frequente nessas situações.
O descumprimento dessa regra importa crime de abuso de autoridade (art. 3º,
alínea ‘j’, da Lei n. 4.898/65).

• O ADVOGADO somente poderá ser PRESO EM FLAGRANTE, por motivo de exer-


cício da profissão, em caso de CRIME INAFIANÇÁVEL (art. 7º, § 3º, do EOAB).

Na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 1.127, o Supremo Tribunal Federal conside-


rou que o múnus constitucional exercido pelo advogado justifica a garantia de somente ser
preso em flagrante e na hipótese de crime inafiançável.
Além do mais, caso isso venha a ocorrer, é direito do advogado ter a presença de repre-
sentante da OAB para lavratura do auto de prisão em flagrante (APF), sob pena de nulidade.
Todavia, nos demais casos, não é necessária a presença de representante da OAB, mas sim
a comunicação expressa da ocorrência à seccional da OAB.

• IV - Ter a PRESENÇA DE REPRESENTANTE DA OAB, quando preso em FLA-


GRANTE, por motivo ligado ao exercício da advocacia, para lavratura do auto
respectivo, sob pena de nulidade e, nos DEMAIS CASOS, a COMUNICAÇÃO
EXPRESSA À SECCIONAL DA OAB.

Na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 1.127, o Supremo Tribunal Federal consi-


derou que “a presença de representante da OAB em caso de prisão em flagrante de advo-
gado constitui garantia da inviolabilidade da atuação profissional. A cominação de nulidade
da prisão, caso não se faça a comunicação, configura sanção para tornar efetiva a norma”.
Quanto à presença do representante da OAB, discorre Paulo Lôbo (2017) que:

A presença necessária do representante da OAB não é simbólica, porque ele


tem o direito e dever de participar da autuação, assinando-a como fiscal da lega-
lidade do ato, fazendo consignar os protestos e incidentes que julgue necessários
(destaques nossos).

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Destaco que a comunicação à seccional da OAB está relacionada à assistência pres-


tada por representante da OAB nos inquéritos policiais ou nas ações penais em que o advo-
gado figurar como indiciado, acusado ou ofendido, sempre que o fato a ele imputado decorrer
do exercício da profissão ou a este vincular-se, sem prejuízo da atuação de seu defensor, nos
termos do artigo 16 do Regulamento Geral do Estatuto da OAB.

• V - não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em


SALA DE ESTADO MAIOR, com instalações e comodidades condignas, e, na sua
falta, em prisão domiciliar.

Ressalto que, na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 1.127, o Supremo Tribunal


Federal considerou que a prisão do advogado em sala de estado maior é garantia suficiente
para que fique provisoriamente detido em condições compatíveis com o seu múnus público.
O texto original do Estatuto exigia que a OAB averiguasse e reconhecesse se as insta-
lações e comodidades eram realmente condignas. Contudo, no julgamento de Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI n. 1127), a expressão “assim reconhecida pela OAB” foi declarada
inconstitucional; o Supremo considerou que o controle das salas especiais para advogados é
prerrogativa da Administração forense e, ainda, estabeleceu que a administração de estabe-
lecimentos prisionais e congêneres constitui uma prerrogativa indelegável do Estado.

ATENÇÃO
O direito de ser recolhido em sala de estado maior e, na sua falta, em prisão domiciliar,
ocorre somente nos casos de prisão cautelar. Com o trânsito em julgado da sentença
condenatória, o cumprimento da pena imposta dar-se-á em presídios comuns.

VI - INGRESSAR LIVREMENTE:
a. nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos cancelos que separam a
parte reservada aos Magistrados;

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b. nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de justiça,


serviços notariais e de registro, e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora
da hora de expediente e independentemente da presença de seus titulares;
c. em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição judicial ou outro ser-
viço público onde o advogado deva praticar ato ou colher prova ou informação útil ao
exercício da atividade profissional, dentro do expediente ou fora dele, e ser atendido,
desde que se ache presente qualquer servidor ou empregado;
d. em qualquer assembleia ou reunião de que participe ou possa participar o seu
cliente, ou perante a qual este deva comparecer, desde que munido de poderes
especiais.

A regra é que o acesso do advogado às salas de sessões dos tribunais, audiências judi-
ciais, secretarias, cartórios, ofícios de justiça, serviços notariais e de registro ocorra durante o
horário de expediente. No caso de delegacias e prisões, o ingresso é livre, sendo irrelevante
o horário de funcionamento regular, bem como se os seus titulares estão ou não presentes.

Destaca-se que o advogado não precisa apresentar procuração para circular livre-
mente nos locais indicados acima, sendo requisito apenas para reunião ou assembleia de
que participe ou possa participar seu cliente ou perante a qual este deva comparecer.

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• VII - PERMANECER SENTADO OU EM PÉ E RETIRAR-SE de quaisquer locais


indicados no inciso anterior, INDEPENDENTEMENTE DE LICENÇA;
• VIII - DIRIGIR-SE DIRETAMENTE aos Magistrados nas salas e gabinetes de tra-
balho, INDEPENDENTEMENTE DE HORÁRIO PREVIAMENTE MARCADO OU
OUTRA CONDIÇÃO, observando-se a ordem de chegada;
• IX - USAR DA PALAVRA, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante
intervenção sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a
fatos, documentos ou afirmações que influam no julgamento, bem como para
replicar acusação ou censura que lhe forem feitas;
• X - RECLAMAR, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou
autoridade, contra a inobservância de preceito de lei, regulamento ou regimento;
• XI - FALAR, SENTADO OU EM PÉ, EM JUÍZO, TRIBUNAL OU ÓRGÃO DE DELIBE-
RAÇÃO COLETIVA da Administração Pública ou do Poder Legislativo.

Uma das principais formas de atuação do advogado para o exercício da advocacia é por
meio de suas manifestações orais. Em uma análise global do ordenamento jurídico brasileiro,
podemos observar que este migra cada vez mais em direção à oralidade.
Desse modo, o uso da palavra pelo advogado não pode ser restringido, sendo este um
de seus principais direitos.
O texto original do Estatuto possibilitava a sustentação oral das razões de qualquer
recurso ou processo, durante as sessões de julgamento, após o voto do relator, em instância
judicial ou administrativo. Todavia, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade
1.105-7, o inciso IX foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, sob os
seguintes argumentos:

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 7º, IX, DA LEI


8.906, DE 4 DE JULHO DE 1994. ESTATUTO DA ADVOCACIA E A ORDEM DOS
ADVOGADOS DO BRASIL. SUSTENTAÇÃO ORAL PELO ADVOGADO APÓS O
VOTO DO RELATOR. IMPOSSIBILIDADE. AÇÃO DIRETA JULGADA PROCE-
DENTE. I - A sustentação oral pelo advogado, após o voto do Relator, afronta o
devido processo legal, além de poder causar tumulto processual, uma vez
que o contraditório se estabelece entre as partes. II - Ação direta de inconstitu-
cionalidade julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade do art.
7º, IX, da Lei 8.906, de 4 de julho de 1994. (ADI 1105, Relator(a): Min. MARCO
AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Ple-
no, julgado em 17/05/2006, DJe-100 DIVULG 02-06-2010 PUBLIC 04-06-2010
EMENT VOL-02404-01 PP-00011 RDECTRAB v. 17, n. 191, 2010, p. 273-289
RDDP n. 89, 2010, p. 172-180) (destaques nossos).

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• XII - examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da


Administração Pública em geral, AUTOS DE PROCESSOS FINDOS OU EM ANDA-
MENTO, MESMO SEM PROCURAÇÃO, QUANDO NÃO ESTIVEREM SUJEITOS A
SIGILO OU SEGREDO DE JUSTIÇA, assegurada a obtenção de cópias, com pos-
sibilidade de tomar apontamentos.

A redação do Estatuto busca ser clara e ampla com relação aos direitos dos advoga-
dos, sendo necessária a alteração de diversos dispositivos para viabilizar a interpretação e
aplicação desses direitos.
Digo isso, pois, apesar de parecer óbvio, o advogado tem o direito de examinar, em
qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração Pública em geral,
autos de processos findos ou em andamento, mesmo sem procuração, quando não esti-
verem sujeitos a sigilo ou segredo de justiça, assegurada a obtenção de cópias, com
possibilidade de tomar apontamentos.
A redação original do Estatuto não mencionava a impossibilidade de acesso aos autos
acobertados pelo segredo de justiça sem procuração, razão pela qual foi editada recente-
mente a Lei n. 13.793, de 3 de janeiro 2019.
Atente-se sempre para as alterações recentes, pois a banca organizadora pode explo-
rar o conhecimento das atualizações legislativas.

• XIII - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir INVESTIGA-


ÇÃO, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer
natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo
copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital.

Destaco que, nos casos de sigilo ou segredo de justiça, não é vedado o acesso do
advogado aos autos do procedimento, mas sim exigida a apresentação de procuração (art.
7º, § 10, do EOAB).

ATENÇÃO
A autoridade competente poderá delimitar o acesso do advogado aos elementos de
prova relacionados a diligências em andamento e, ainda, não documentados nos autos,
quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade
das diligências (art. 7º, § 11º, do EOAB).

Podemos concluir, então, que, se a diligência estiver em andamento, a fim de garantir


a eficácia da sua realização, ao advogado poderá ser indeferido o acesso ao procedimento,
porém, com a conclusão e a documentação, ele volta a ter amplo acesso ao procedimento.

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Sobre o assunto, foi editada a Súmula Vinculante n. 14:

Súmula vinculante n. 24. É direito do defensor, no interesse do representado, ter


acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam
respeito ao exercício do direito de defesa (destaques nossos).

A inobservância desse direito do advogado, seja pelo fornecimento incompleto de


autos, seja pelo fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no
caderno investigativo, implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de
autoridade do responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o
exercício da defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer o acesso aos
autos ao Juiz competente (art. 7º, § 12, do EOAB).
Outra novidade trazida pela Lei n. 13.793/2019 é que o direito ao exame de processos
e de procedimentos de investigação aplica-se integralmente a processos e a procedi-
mentos eletrônicos, observadas as restrições quanto aos casos de sigilo ou segredo de
justiça, bem como das diligências em andamento (art. 7º, § 13, do EOAB).

• XIV - ter VISTA dos processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza,


em cartório ou na repartição competente, ou retirá-los pelos prazos legais;
• XV - RETIRAR AUTOS de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo
de 10 (dez) dias.

Todavia, esses direitos não são absolutos, já que a lei determina que os incisos não se
aplicam (art. 7º, § 1º, do EOAB):

– aos processos sob regime de segredo de justiça;


– quando existirem nos autos documentos originais de difícil restauração ou ocor-
rer circunstância relevante que justifique a permanência dos autos em cartório,
secretaria ou repartição, reconhecida pela autoridade em despacho motivado, pro-
ferido de ofício, mediante representação ou requerimento da parte interessada;
– até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de devolver
os respectivos autos no prazo legal, e só o fizer depois de intimado.

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• XVI - ASSISTIR A SEUS CLIENTES INVESTIGADOS durante a apuração de infra-


ções, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento
e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele
decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso
da respectiva apuração, apresentar razões e quesitos.

Observe que a participação do advogado é um direito, ou seja, uma faculdade conferida


ao advogado, que poderá utilizar-se ou não dessa prerrogativa. Com isso, não há falar-se
em obrigatoriedade da participação de advogado constituído, ou da Defensoria Pública, ou
de defensor dativo nomeado no ato de interrogatório ou depoimento. Contudo, caso seja do
interesse do advogado participar, a autoridade competente não poderá impedir a assistência,
sob pena de nulidade absoluta.

• XVII - usar os SÍMBOLOS privativos da profissão de advogado.

Símbolos privativos são aqueles aprovados ou difundidos pelo Conselho Federal da


Ordem, além dos que a tradição vinculou à advocacia. Os símbolos não podem ser confundi-
dos com os meios de identificação profissional (carteira, cartão e número de inscrição), pois
são formas externas genéricas e ostensivas, como desenhos, togas ou vestimentas, anéis,
adornos etc. Apenas o Conselho Federal da Ordem tem competência para criá-los ou apro-
vá-los, levando-se em conta a uniformidade nacional imposta (LÔBO, 2017).

• XVIII - RECUSAR-SE A DEPOR COMO TESTEMUNHA em processo no qual fun-


cionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja
ou foi advogado, mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem
como sobre fato que constitua sigilo profissional;
• XIX - retirar-se do recinto onde se encontre aguardando pregão para ato judicial,
após 30 (trinta) minutos do horário designado e ao qual ainda não tenha com-
parecido a autoridade que deva presidir a ele, mediante comunicação protocoli-
zada em juízo.

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Saliento que o Poder Judiciário e o Poder Executivo devem instalar, em todos os juiza-
dos, fóruns, tribunais, delegacias de polícia e presídios, salas especiais permanentes para
os advogados, com uso assegurado à OAB (art. 7º, § 4º, do EOAB).
Ademais, o advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria ou difama-
ção puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou
fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que come-
ter (art. 7º, § 2º, do EOAB).
Paulo Lôbo (2017) leciona que:

A imunidade profissional estabelecida pelo Estatuto é a imunidade penal do ad-


vogado por suas manifestações, palavras e atos que possam ser conside-
rados ofensivos por qualquer pessoa ou autoridade. Resulta da garantia ao
princípio de libertas convinciandi. A imunidade é relativa aos atos e manifestações
empregados no exercício da advocacia, não tutelando os que deste excederem
ou disserem respeito a fatos e situações de natureza pessoal (destaques nossos).

No julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 1.127-8, o plenário do Supremo


Tribunal Federal considerou que a imunidade é indispensável para que o advogado possa
exercer condigna e amplamente seu múnus público.
Ainda, declarou inconstitucional a abrangência da imunidade profissional do advo-
gado quanto ao delito de desacato, pois conflita com a autoridade do Magistrado na condu-
ção da atividade jurisdicional.

DIREITOS DA ADVOGADA

A Constituição Federal de 1988 é expressa ao garantir que todos são iguais perante a
lei, sem distinção de qualquer natureza, sendo que homens e mulheres são iguais em direitos
e obrigações (art. 5º, caput e I).
Estamos diante do princípio da igualdade, que estabelece o tratamento igual para os
que se encontram em situações equivalentes e desigual aos que estão em situações diver-
sas, na medida de suas desigualdades.
Desse modo, o Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil foi alterado pela Lei n.
13.363/2016, que incluiu direitos específicos à advogada gestante, lactante, adotante ou
que der à luz, como a preferência na ordem das sustentações orais e das audiências a
serem realizadas a cada dia, mediante comprovação de sua condição (art. 7º-A, III, do EOAB).
Além disso, a advogada lactante, adotante ou que der à luz terá acesso a creche,
onde houver, ou a local adequado ao atendimento das necessidades do bebê (art. 7º-A,
II, do EOAB).

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Os direitos assegurados nos incisos II e III à advogada adotante ou que der à luz serão
concedidos pelo prazo previsto no art. 392 da Consolidação das Leis do Trabalho (§ 2º): “Art.
392. A empregada gestante tem direito à licença-maternidade de 120 (cento e vinte) dias,
sem prejuízo do emprego e do salário”.
Por sua vez, a gestante não deve ser submetida a detectores de metais e aparelhos
de raios-X na entrada de tribunais, devendo, ainda, ser assegurada a reserva de vaga em
garagens dos fóruns dos tribunais (art. 7º-A, I, do EOAB).
Ademais, os prazos processuais serão suspensos quando a única patrona da causa
for adotante ou advogada que der à luz, desde que haja notificação por escrito ao cliente
(art. 7º-A, IV, do EOAB).
O período de suspensão será de 30 (trinta) dias, contado a partir da data do parto ou da
concessão da adoção, mediante apresentação de certidão de nascimento ou documento simi-
lar que comprove a realização do parto, ou de termo judicial que tenha concedido a adoção,
desde que haja notificação ao cliente (art. 7º-A, § 3º, c/c art. 313, § 6º, do Código de Pro-
cesso Civil).
É evidente que os direitos previstos à advogada gestante ou lactante se aplicam apenas
enquanto perdurar, respectivamente, o estado gravídico ou o período de amamentação
(art. 7º, § 1º, do EOAB).

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ATENÇÃO

DESAGRAVO PÚBLICO

Ser publicamente desagravado é um direito do advogado, previsto no artigo 7º, XVII,


e deverá ocorrer sem prejuízo da responsabilidade criminal em que incorrer o infrator (art.
7º, § 5º, do EOAB).
De acordo com Paulo Lôbo (2017):

Esse procedimento peculiar e formal tem por fito tornar pública a solidariedade
da classe ao colega ofendido, mediante ato da OAB, e o repúdio coletivo ao
ofensor. O desagravo público, como instrumento de defesa dos direitos e prer-
rogativas da advocacia, não depende de concordância do ofendido, que não
pode dispensá-lo, devendo ser promovido a critério do Conselho, como estabele-
ce o § 7º do art. 18 do Regulamento Geral (destaques nossos).

Desse modo, o inscrito na OAB, quando ofendido comprovadamente em razão do exer-


cício profissional ou de cargo ou função da OAB, tem direito ao desagravo público promovido
pelo Conselho competente, de ofício, a seu pedido ou de qualquer pessoa (art. 18 do
Regulamento Geral da OAB).

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 Obs.: Além da possibilidade de ser requerido por qualquer pessoa, o desagravo público,
como instrumento de defesa dos direitos e prerrogativas da advocacia, não depende
de concordância do ofendido, que não pode dispensá-lo, devendo ser promovido
a critério do Conselho.

ATENÇÃO
Os desagravos deverão ser decididos no prazo máximo de 60 (sessenta) dias. Em caso de
acolhimento do parecer, é designada a sessão de desagravo, amplamente divulgada,
devendo ocorrer, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, preferencialmente, no local onde
a ofensa foi sofrida ou onde se encontre a autoridade ofensora (art. 18, §§ 5º e 6º, do Re-
gulamento Geral da OAB).

Além disso, é conveniente acrescentar que, ao tomar conhecimento de fato que possa
causar, ou que já causou, violação de direitos ou prerrogativas da profissão, o Presidente
do Conselho Federal, do Conselho Seccional ou da Subseção deverá adotar as providên-
cias judiciais e extrajudiciais cabíveis para prevenir ou restaurar o império do Estatuto,
em sua plenitude, inclusive mediante representação administrativa, de acordo com o
artigo 15 do Regulamento Geral do Estatuto da OAB.

CRIME

Nos termos do artigo 7º-B do Estatuto da OAB, constitui crime, sujeito a pena de
detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa, violar os seguintes direitos/prerrogativa
de advogado:

I – a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instru-


mentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemá-
tica, desde que relativas ao exercício da advocacia;
II – comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procu-
ração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos
civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis;
III – ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo
ligado ao exercício da advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob pena de nuli-
dade e, nos demais casos, a comunicação expressa à seccional da OAB;
IV – não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala
de estado maior, com instalações e comodidades condignas, e, na sua falta, em
prisão domiciliar.

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3 – INSCRIÇÃO NA OAB

O Estatuto de Advocacia da OAB estabelece o preenchimento dos seguintes requisitos


para inscrição nos quadros da OAB:

EOAB
CAPÍTULO III
Da Inscrição
Art. 8º Para inscrição como advogado é necessário:
I – capacidade civil;
II – diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de ensi-
no oficialmente autorizada e credenciada;
III – título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro;
IV – aprovação em Exame de Ordem;
V – não exercer atividade incompatível com a advocacia;
VI – idoneidade moral;
VII – prestar compromisso perante o conselho.
§ 1º O Exame da Ordem é regulamentado em provimento do Conselho Fede-
ral da OAB.
§ 2º O estrangeiro ou brasileiro, quando não graduado em direito no Brasil, deve
fazer prova do título de graduação, obtido em instituição estrangeira, devidamente
revalidado, além de atender aos demais requisitos previstos neste artigo.
§ 3º A inidoneidade moral, suscitada por qualquer pessoa, deve ser declarada me-
diante decisão que obtenha no mínimo dois terços dos votos de todos os membros
do conselho competente, em procedimento que observe os termos do processo
disciplinar.
§ 4º Não atende ao requisito de idoneidade moral aquele que tiver sido condenado
por crime infamante, salvo reabilitação judicial (destaques nossos).

Quanto à capacidade, você já deve ter estudado em Direito Civil que ela pode ser divi-
dida em dois atributos, mas vou refrescar sua memória a seguir.
A pessoa natural, ao nascer com vida, adquire personalidade jurídica, de acordo com o
artigo 2º do Código Civil: “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida,
mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. Com isso, ao nascer,
a pessoa adquire personalidade jurídica e passa a ser sujeito de direito e obrigações, pos-
suindo, então, capacidade de direito ou de gozo.

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Perceba que a capacidade de direito ou de gozo é limitada, em razão da inaptidão


para que o possuidor pratique pessoalmente os atos da vida civil – um bebê, por exem-
plo, não é capaz de expressar sua vontade, não é mesmo? Falta, desse modo, capa-
cidade de fato ou de exercício, que é adquirida, em regra, quando a pessoa completa 18
(dezoito) anos de idade (art. 5º, Código Civil).
Veja que, no contexto do nosso estudo, quando a lei fala em capacidade civil, não é
suficiente a capacidade de direito, pois esta é inerente a todas as pessoas, sendo necessária
a conjugação das duas espécies para que a pessoa adquira capacidade plena.

A exigência de diploma parece óbvia, mas devemos entender que é possível a subs-
tituição do diploma pela certidão de graduação em Direito, uma vez que o futuro advo-
gado, tendo já concluído a graduação, não pode ser prejudicado pela instituição de ensino
pela demora na emissão do diploma, o documento formal. A certidão, nesse caso, irá atestar
que o aluno concluiu a graduação e é bacharel em Direito, estando apto a adentrar no
mercado de trabalho.

Faço uma ressalva quanto ao estrangeiro ou ao brasileiro não graduado em Direito


no Brasil, que devem fazer prova do título de graduação obtido na instituição estrangeira, o
qual será devidamente revalidado, além de demonstrar o cumprimento dos demais requisi-
tos previstos neste artigo (§ 2º, art. 8º, do EOAB).
A exigência do título de eleitor está associada ao conceito de cidadão e ao pleno gozo
dos direitos civis e políticos por parte do requerente da inscrição brasileiro (art. 14, § 1º,
da CF/1988).
O serviço militar, por sua vez, consiste no exercício de atividades específicas, desem-
penhadas nas Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), obrigatório para todos os
brasileiros, ficando isentas as mulheres em tempo de paz (art. 143, CF/1988). Desse modo,
apenas os requerentes do sexo masculino devem cumprir a exigência de quitação do ser-
viço militar.
Outro pressuposto um tanto quanto óbvio é a aprovação no Exame de Ordem. A obri-
gatoriedade de realização do exame decorre diretamente do princípio da liberdade profissio-
nal condicionada à qualificação, previsto no artigo 5º, XIII, da CF/1988: “é livre o exercício
de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei
estabelecer”.

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Acrescento, apenas para aprofundar seu estudo, que o dispositivo trazido acima é um
clássico exemplo de norma de eficácia contida, observada a classificação da aplicabilidade
das normas constitucionais proposta por José Afonso da Silva, a qual é tida como norma
apta a produzir todos os seus efeitos, desde a promulgação da Constituição Federal de 1988,
mas que pode ser (discricionariedade) restringida pelo legislador.
No caso, diante da relevância da atuação do profissional advogado, e tendo em vista
também o múnus público relacionado com o ministério da advocacia, é necessária a verifi-
cação da qualificação técnica do profissional antes de sua inserção no mercado de trabalho.
Sobre o requisito, destaco que já foi questionada a constitucionalidade da obrigatorie-
dade de realização do exame por intermédio do Recurso Extraordinário n. 603.583, com o
qual foi reconhecida a repercussão geral do tema e proferida decisão reconhecendo a cons-
titucionalidade do exame:

RE n. 603.583 – STF
TRABALHO – OFÍCIO OU PROFISSÃO – EXERCÍCIO. Consoante disposto no
inciso XIII do artigo 5º da Constituição Federal, “é livre o exercício de qualquer
trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei esta-
belecer”. BACHARÉIS EM DIREITO – QUALIFICAÇÃO. Alcança-se a qualificação
de bacharel em Direito mediante conclusão do curso respectivo e colação de grau.
ADVOGADO – EXERCÍCIO PROFISSIONAL – EXAME DE ORDEM. O Exame de
Ordem, inicialmente previsto no artigo 48, inciso III, da Lei n. 4.215/63 e hoje no ar-
tigo 84 da Lei n. 8.906/94, no que a atuação profissional repercute no campo de
interesse de terceiros, mostra-se consentâneo com a Constituição Federal,
que remete às qualificações previstas em lei. Considerações (RE n. 603.583,
Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 26/10/2011, ACÓR-
DÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-102 DIVULG 24-05-
2012 PUBLIC 25-05-2012 RTJ VOL-00222-01 PP-00550) (destaques nossos).

Para a inscrição como advogado, é necessário, ainda, que o requerente não exerça
atividade incompatível com a advocacia. O Estatuto determina que a advocacia é incom-
patível, mesmo em causa própria, com as seguintes atividades:

EOAB, art. 28, I - chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder Le-
gislativo e seus substitutos legais;
VI – membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos tribu-
nais e conselhos de contas, dos juizados especiais, da justiça de paz, juízes
classistas, bem como de todos os que exerçam função de julgamento em ór-
gãos de deliberação coletiva da administração pública direta e indireta;

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VII – ocupantes de cargos ou funções de direção em Órgãos da Administra-


ção Pública direta ou indireta, em suas fundações e em suas empresas con-
troladas ou concessionárias de serviço público;
VIII – ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a
qualquer órgão do Poder Judiciário e os que exercem serviços notariais e
de registro;
IX – ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a ativida-
de policial de qualquer natureza;
VI – militares de qualquer natureza, na ativa;
VII – ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de lançamento,
arrecadação ou fiscalização de tributos e contribuições parafiscais;
VIII – ocupantes de funções de direção e gerência em instituições financeiras,
inclusive privadas (destaques nossos).

A idoneidade moral é um conceito jurídico indeterminado, porém determinável após


ser efetuada análise do caso concreto.
O dicionário Aurélio conceitua idoneidade como “característica de quem aparenta ser
honesto; qualidade da pessoa apta a desempenhar funções, cargos ou trabalhos. Qualidade
do que é idôneo, que convém de modo perfeito ou é adequado”.
Segundo Paulo Lôbo (2017),

O sexto requisito é a idoneidade moral. É um conceito indeterminado (porém


determinável), cujo conteúdo depende da mediação concretizadora do Conselho
competente, em cada caso. Os parâmetros não são subjetivos, mas decorrem
da aferição objetiva de standards valorativos que se captam na comunidade pro-
fissional, no tempo e no espaço, e que contam com o máximo de consenso na
consciência jurídica.
De maneira geral, não são compatíveis com a idoneidade moral atitudes e
comportamentos imputáveis ao interessado, que contaminarão necessa-
riamente sua atividade profissional, em desprestígio da advocacia (desta-
ques nossos).

O Estatuto determina que a inidoneidade moral poderá ser suscitada por qualquer
pessoa, e deve ser declarada mediante decisão que obtenha no mínimo 2/3 (dois terços)
dos votos de todos os membros do Conselho competente, em procedimento que observe os
termos do processo disciplinar (§ 3º do art. 8º do EOAB).
Ademais, há presunção legal de inidoneidade quando ocorrer a condenação por crime
infamante, salvo reabilitação judicial (§ 4º), conforme destaca Lôbo (2017):

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Há uma hipótese taxativa de inidoneidade moral, dada sua gravidade, contida


no § 4º do art. 8º e que merece destaque: a do crime infamante. Não é qualquer
crime, mas aquele, entre os tipos penais, que provoca o forte repúdio ético da
comunidade geral e profissional, acarretando desonra para seu autor, e que
pode gerar desprestígio para a advocacia se for admitido seu autor a exercê-la.
Infamante é conceito indeterminado, de delimitação difícil, devendo ser concre-
tizado caso a caso pelo Conselho Seccional.
[...]
A extinção da punibilidade da prescrição punitiva não afasta a existência do
fato tipificado como crime, notadamente se infamante. É infamante e atentató-
rio à dignidade da advocacia o crime de estelionato e de falsificação documental,
impedindo a inscrição do interessado nos quadros da OAB (destaques nossos).

 Obs.: Podemos extrair do Estatuto que a idoneidade moral é avaliada constantemente,


não sendo apenas um requisito para a inscrição nos quadros da OAB, uma vez que,
como veremos adiante, constitui infração disciplinar tornar-se moralmente inidôneo
para o exercício da advocacia, bem como praticar crime infamante (art. 34, XXVII e
XXVIII, do Estatuto da OAB), o que enseja a exclusão do advogado dos quadros da
OAB (art. 38, II).
 Por fim, o último requisito para efetivar a inscrição como advogado é o ato solene de
prestar compromisso perante o Conselho, no qual o futuro advogado comprome-
te-se a exercer com nobreza o ministério da advocacia. O compromisso é indelegá-
vel em razão de sua natureza solene e personalíssima.

O requerente à inscrição principal presta o seguinte compromisso perante o Conselho


Seccional, a Diretoria ou o Conselho da Subseção (art. 20 do Regulamento Geral da OAB):

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Prometo exercer a advocacia com dignidade e independência, observar a ética,


os deveres e prerrogativas profissionais e defender a Constituição, a ordem
jurídica do Estado Democrático, os direitos humanos, a justiça social, a boa
aplicação das leis, a rápida administração da justiça e o aperfeiçoamento da cul-
tura e das instituições jurídicas (destaques nossos).

EOAB, art. 10. A inscrição principal do advogado deve ser feita no Conselho Sec-
cional em cujo território pretende estabelecer o seu domicílio profissional, na for-
ma do regulamento geral.
§ 1º Considera-se domicílio profissional a sede principal da atividade de advoca-
cia, prevalecendo, na dúvida, o domicílio da pessoa física do advogado.
§ 2º Além da principal, o advogado deve promover a inscrição suplementar nos
Conselhos Seccionais em cujos territórios passar a exercer habitualmente a pro-
fissão considerando-se habitualidade a intervenção judicial que exceder de cinco
causas por ano.
§ 3º No caso de mudança efetiva de domicílio profissional para outra unidade
federativa, deve o advogado requerer a transferência de sua inscrição para o Con-
selho Seccional correspondente.
§ 4º O Conselho Seccional deve suspender o pedido de transferência ou de ins-
crição suplementar, ao verificar a existência de vício ou ilegalidade na inscrição
principal, contra ela representando ao Conselho Federal.

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A inscrição principal do advogado deve ser feita no Conselho Seccional em cujo território
o advogado pretende estabelecer o seu domicílio profissional, entendendo-se como domicílio a
sede principal de advocacia. Em caso de dúvida, prevalece o domicílio da pessoa física do advogado.
A atuação do advogado não fica restrita ao território de seu domicílio profissional, já que
pode atuar em outros territórios, exigindo-se apenas a realização de inscrição suplementar
nos Conselhos Seccionais quando a intervenção judicial exceder de 5 (cinco) causas por ano.
Dessa forma, o advogado fica dispensado de comunicar o exercício eventual da pro-
fissão, até o total de cinco causas por ano, limite acima do qual ele é obrigado a realizar
inscrição suplementar, nos termos do artigo 26 do Regulamento Geral do Estatuto da OAB.
Além disso, é importante considerar que o artigo 15, § 5º, do EOAB autoriza a criação
de filiais e a atuação dos advogados em áreas de outro Conselho Seccional, sendo que o ato
de constituição de filial deve ser averbado no registro da sociedade e arquivado no Conselho
Seccional onde se instalar, ficando os sócios, inclusive o titular da sociedade unipessoal de
advocacia, obrigados à inscrição suplementar.

Por outro lado, no caso de mudança efetiva de domicílio profissional para outra unidade
federativa, o advogado deve requerer a transferência de sua inscrição para o Conselho
Seccional correspondente, sendo que o Conselho Seccional deve suspender o pedido de
transferência ou de inscrição suplementar ao verificar a existência de vício ou ilegalidade na
inscrição principal, contra ela representando ao Conselho Federal.

ESTAGIÁRIO

EOAB, Art. 9º Para inscrição como estagiário é necessário:


I – preencher os requisitos mencionados nos incisos I, III, V, VI e VII do art. 8º;
II – ter sido admitido em estágio profissional de advocacia.
§ 1º O estágio profissional de advocacia, com duração de dois anos, realizado nos
últimos anos do curso jurídico, pode ser mantido pelas respectivas instituições de
ensino superior pelos Conselhos da OAB, ou por setores, órgãos jurídicos e es-
critórios de advocacia credenciados pela OAB, sendo obrigatório o estudo deste
Estatuto e do Código de Ética e Disciplina.

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§ 2º A inscrição do estagiário é feita no Conselho Seccional em cujo território se


localize seu curso jurídico.
§ 3º O aluno de curso jurídico que exerça atividade incompatível com a advocacia
pode frequentar o estágio ministrado pela respectiva instituição de ensino supe-
rior, para fins de aprendizagem, vedada a inscrição na OAB.
§ 4º O estágio profissional poderá ser cumprido por bacharel em Direito que queira
se inscrever na Ordem.

O estágio profissional de advocacia, com duração de 2 (dois) anos, realizado nos últi-
mos anos do curso jurídico, pode ser mantido pelas respectivas instituições de ensino superior,
pelos Conselhos da OAB ou por setores, órgãos jurídicos e escritórios de advocacia creden-
ciados pela OAB, sendo obrigatório o estudo do Estatuto e do Código de Ética e Disciplina.
De acordo com o artigo 27 do Regulamento do Estatuto da OAB, o estágio profissional
de advocacia, inclusive para graduados, é requisito necessário à inscrição no quadro de
estagiários da OAB e meio adequado de aprendizagem prática.
O estágio profissional de advocacia realizado integralmente fora da instituição de
ensino compreende as atividades fixadas em convênio entre o escritório de advocacia ou
entidade que receba o estagiário e a OAB, nos termos do artigo 30 do Regulamento Geral.

ATENÇÃO

A INSCRIÇÃO do estagiário é feita no Conselho Seccional em cujo território se localize


seu curso jurídico, sendo necessário, para a inscrição, o preenchimento dos seguintes
requisitos:
– capacidade civil;
– título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro;
– não exercer atividade incompatível com a advocacia;
– idoneidade moral;
– prestar compromisso perante o Conselho;
– ter sido admitido em estágio profissional de advocacia.

Caso o aluno de curso jurídico exerça atividade incompatível com a advocacia, pode
frequentar o estágio ministrado pela respectiva instituição de ensino superior, para fins de
aprendizagem, vedada a inscrição na OAB. O estágio profissional poderá ser cumprido por
bacharel em Direito que queira se inscrever na Ordem.

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CANCELAMENTO

EOAB, art. 11. Cancela-se a inscrição do profissional que:


I – assim o requerer;
II – sofrer penalidade de exclusão;
III – falecer;
IV – passar a exercer, em caráter definitivo, atividade incompatível com a advocacia;
V – perder qualquer um dos requisitos necessários para inscrição.
§ 1º Ocorrendo uma das hipóteses dos incisos II, III e IV, o cancelamento deve ser
promovido, de ofício, pelo conselho competente ou em virtude de comunicação
por qualquer pessoa.
§ 2º Na hipótese de novo pedido de inscrição - que não restaura o número de ins-
crição anterior - deve o interessado fazer prova dos requisitos dos incisos I, V, VI
e VII do art. 8º.
§ 3º Na hipótese do inciso II deste artigo, o novo pedido de inscrição também deve
ser acompanhado de provas de reabilitação.

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São várias as possibilidades que ensejam o cancelamento da inscrição. Cancela-se a


inscrição do profissional quando:

• o advogado requerer;
• sofrer penalidade de exclusão;
• falecer;
• passar a exercer, em caráter definitivo, atividade incompatível com a advocacia;
• perder qualquer um dos requisitos necessários para inscrição.

Destaco que o cancelamento será promovido de ofício em caso de aplicação de pena-


lidade de exclusão, falecimento ou com o desempenho de atividade incompatível.

 Obs.: Apesar do cancelamento, poderá ser feito novo pedido de inscrição, que não res-
taura o número de inscrição anterior. Ao interessado cabe a prova dos requisitos
da capacidade civil (art. 8º, I), do não desempenho de atividade incompatível (V),
de idoneidade moral (VI), além de prestar novamente compromisso perante o Con-
selho (VII).

Como já mencionei acima, caso o cancelamento ocorra em razão de exclusão, o novo


pedido de inscrição também deve ser acompanhado de provas de reabilitação judicial.

LICENCIAMENTO

EOAB, art. 12. Licencia-se o profissional que:


I – assim o requerer, por motivo justificado;
II – passar a exercer, em caráter temporário, atividade incompatível com o exercí-
cio da advocacia;
III – sofrer doença mental considerada curável.

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Licencia-se o profissional que:


– assim o requerer, por motivo justificado;
– passar a exercer, em caráter temporário, atividade incompatível com o exercício
da advocacia;
– sofrer doença mental considerada curável.

A respeito da doença mental curável, Lôbo (2017) traz que:

A doença mental curável é a terceira e última hipótese de licenciamento, que per-


durará até que o interessado apresente laudo médico que declare sua recupe-
ração definitiva. No caso de intermitência de insanidade mental, a doutrina tem
entendido que se enquadra na incapacidade civil absoluta prevista no Código Ci-
vil, sendo mais adequado o cancelamento. Como o licenciamento independe
da interdição judicial, poderá ser promovido de ofício pelo Conselho Seccio-
nal, após submeter o inscrito a perícia médica, ou, em caso de recusa deste, com
fundamento em provas irrefutáveis de sua instabilidade mental (destaques nossos).

IDENTIDADE PROFISSIONAL

EOAB, art. 13. O documento de identidade profissional, na forma prevista no re-


gulamento geral, é de uso obrigatório no exercício da atividade de advogado ou de
estagiário e constitui prova de identidade civil para todos os fins legais.

De acordo com o artigo 32 do Regulamento Geral do Estatuto da OAB, são documen-


tos de identidade profissional: a carteira e o cartão emitidos pela OAB, de uso obrigatório
pelos advogados e estagiários inscritos, para o exercício de suas atividades, os quais podem
ser emitidos de FORMA DIGITAL. Saliento que o uso do cartão dispensa o da carteira.

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EOAB, art. 14. É obrigatória a indicação do nome e do número de inscrição em


todos os documentos assinados pelo advogado, no exercício de sua atividade.
Parágrafo único. É vedado anunciar ou divulgar qualquer atividade relacionada
com o exercício da advocacia ou o uso da expressão escritório de advocacia, sem
indicação expressa do nome e do número de inscrição dos advogados que o inte-
grem ou o número de registro da sociedade de advogados na OAB.

Em todos os documentos assinados pelo advogado no exercício de sua atividade, é


obrigatória a indicação do nome e do número de inscrição, sendo vedado anunciar ou divul-
gar qualquer atividade relacionada com o exercício da advocacia, ou o uso da expressão
“escritório de advocacia”, sem indicação expressa do nome e do número de inscrição dos
advogados que o integrem ou o número de registro da sociedade de advogados na OAB.
É conveniente frisar que os dados de identificação do advogado são os seguintes:
número da inscrição, nome, nome social, filiação, naturalidade, data do nascimento, nacio-
nalidade, data da colação de grau, data do compromisso e data da expedição e a assinatura
do Presidente do Conselho Seccional (art. 33, III, do Regulamento Geral).

 Obs.: O NOME SOCIAL é a designação pela qual a pessoa travesti ou transexual se iden-
tifica e é socialmente reconhecida e será inserido na identificação do advogado
mediante requerimento (art. 33, parágrafo único, do Regulamento Geral).
 Além do mais, destaco que o cartão de identidade profissional DIGITAL dos advo-
gados e estagiários, constituindo versão eletrônica de identidade para todos os fins
legais (art. 13 da Lei n. 8.906/1994 – EAOAB), submete-se à disciplina prevista no
Regulamento Geral.

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4 – SOCIEDADE DE ADVOGADOS

EOAB, art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de presta-


ção de serviços de advocacia ou constituir sociedade unipessoal de advocacia, na
forma disciplinada nesta Lei e no regulamento geral.
§ 1º A sociedade de advogados e a sociedade unipessoal de advocacia adqui-
rem personalidade jurídica com o registro aprovado dos seus atos constitutivos no
Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede.
§ 2º Aplica-se à sociedade de advogados e à sociedade unipessoal de advocacia
o Código de Ética e Disciplina, no que couber.
§ 3º As procurações devem ser outorgadas individualmente aos advogados e indi-
car a sociedade de que façam parte.
§ 4º Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados,
constituir mais de uma sociedade unipessoal de advocacia, ou integrar, simultane-
amente, uma sociedade de advogados e uma sociedade unipessoal de advocacia,
com sede ou filial na mesma área territorial do respectivo Conselho Seccional.
§ 5º O ato de constituição de filial deve ser averbado no registro da sociedade e
arquivado no Conselho Seccional onde se instalar, ficando os sócios, inclusive o
titular da sociedade unipessoal de advocacia, obrigados à inscrição suplementar.
§ 6º Os advogados sócios de uma mesma sociedade profissional não podem re-
presentar em juízo clientes de interesses opostos.
§ 7º A sociedade unipessoal de advocacia pode resultar da concentração por um
advogado das quotas de uma sociedade de advogados, independentemente das
razões que motivaram tal concentração.

Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação de serviços de


advocacia ou constituir sociedade unipessoal de advocacia, na forma disciplinada no Esta-
tuto da OAB e no Regulamento Geral da OAB, observando-se, de qualquer modo, as regras
deontológicas do Código de Ética e Disciplina da Ordem.
Nos termos do artigo 37 do Regulamento Geral do Estatuto da OAB, os advogados
podem constituir sociedade simples, unipessoal ou pluripessoal, de prestação de serviços de
advocacia, a qual deve ser regularmente registrada no Conselho Seccional da OAB em cuja
base territorial tiver sede.
O Estatuto da OAB foi modificado pela Lei n. 13.247/2016, e uma das grandes novida-
des trazidas foi a possibilidade de se constituir sociedade unipessoal de advocacia. Como
o próprio nome revela, essa pessoa jurídica é composta por um único advogado.

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DICA:
Fazendo um paralelo com o Direito Civil, apenas para auxiliá-lo didaticamente, a
constituição de uma empresa individual de reponsabilidade limitada visa a proteção
do patrimônio pessoal do titular, uma vez que as dívidas contraídas ficam limitadas
ao capital da pessoa jurídica, além de outros benefícios pecuniários e tributários.
Devo lembrá-lo de que a proteção ao património pessoal do titular ou dos sócios, nos
demais casos, não é absoluta, tendo em vista que o Código Civil consagrou a teoria
da desconsideração da personalidade jurídica, que nada mais é do que a permis-
são concedida pelo Juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público, quando
lhe couber intervir no processo, para que os efeitos de certas e determinadas rela-
ções de obrigações sejam estendidas aos bens particulares dos administradores ou
sócios da pessoa jurídica em caso de abuso da personalidade jurídica, caracteri-
zado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial (art. 50 do Código Civil).

A Lei n. 13.247/2016 instituiu a sociedade unipessoal de advocacia, que, assim como


todos os demais institutos da Ordem dos Advogados do Brasil, também não tem caráter
empresarial e deve ser entendida como sociedade sui generis.
Dito isso, os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação de servi-
ços de advocacia ou constituir sociedade unipessoal de advocacia.

Em que pese a diferença na estrutura e composição das sociedades de advogados,


ambas seguem os mesmos regramentos impostos pelo Estatuto da Ordem, observadas suas
especificações.

Nesse sentido, Paulo Lôbo (2017) discorre que:

Os direitos e deveres de ambas são iguais, guardadas suas especificidades. As


regras legais sobre a natureza de prestação de serviços exclusivos de advoca-
cia, o exercício dos atos privativos de advogado, as limitações como sociedade
de meios, o registro no Conselho Seccional do local de sua sede, a abertura de fi-
lial, a responsabilidade solidária e subsidiária da pessoa física do advogado
titular, a submissão às regras deontológicas do Código de Ética e Disciplina, o
pagamento de anuidade, a eventual participação de advogado associado são as
mesmas para as duas espécies de sociedades de advocacia (destaques nossos).

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ATENÇÃO
Tanto a sociedade de advogados como a sociedade unipessoal de advocacia adquirem
personalidade jurídica com o registro aprovado dos seus atos constitutivos no Conse-
lho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede.

As sociedades de advogados podem adotar qualquer forma de administração social,


permitida a existência de sócios gerentes, com indicação dos poderes atribuídos, nos termos
do artigo 41 do Regulamento Geral do Estatuto da OAB.
Além do mais, a sociedade unipessoal de advocacia pode resultar da concentração
por um advogado das quotas de uma sociedade de advogados, independentemente das
razões que motivaram tal concentração. Nesse caso, ocorre a conversão da sociedade
coletiva para uma sociedade individual de advocacia.

 Obs.: A sociedade pode associar-se com advogados, sem vínculo de emprego, para
participação nos resultados, desde que os contratos firmados sejam averbados no
registro da sociedade de advogados (art. 39 do Regulamento Geral).

Veremos adiante que manter sociedade profissional fora das normas e preceitos estabele-
cidos no Estatuto da OAB caracteriza infração disciplinar, em conformidade com o artigo 34, II.
De acordo com o Regulamento Geral da OAB, as atividades profissionais privati-
vas dos advogados são exercidas individualmente, ainda que revertam à sociedade os
honorários respectivos (art. 37, § 1º). Desse modo, as procurações devem ser outorgadas
individualmente aos advogados e indicar a sociedade de que façam parte.

ATENÇÃO
Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados, constituir mais de
uma sociedade unipessoal de advocacia, ou integrar, simultaneamente, uma sociedade de
advogados e uma sociedade unipessoal de advocacia com sede ou filial na mesma área
territorial do respectivo Conselho Seccional.

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Perceba que o Estatuto autoriza a criação de filiais e a atuação dos advogados em áreas
de outro Conselho Seccional, sendo que o ato de constituição de filial deve ser averbado no
registro da sociedade e arquivado no Conselho Seccional onde se instalar, ficando os sócios,
inclusive o titular da sociedade unipessoal de advocacia, obrigados à inscrição suplementar.

Apenas para lembrá-lo, a atuação do advogado não fica restrita ao território de seu
domicílio profissional, já que pode atuar em outros territórios, exigindo-se apenas a realiza-
ção de inscrição suplementar nos Conselhos Seccionais respectivos quando a intervenção
judicial exceder a cinco causas por ano.
Em obediência ao princípio da confiança recíproca entre advogado e cliente, bem
como em decorrência do sigilo profissional, os advogados sócios de uma mesma socie-
dade profissional, ou reunidos em caráter permanente para cooperação recíproca, não
podem representar, em juízo ou fora dele, clientes de interesses opostos.

EOAB, art. 16. Não são admitidas a registro nem podem funcionar todas as espécies
de sociedades de advogados que apresentem forma ou características de sociedade
empresária, que adotem denominação de fantasia, que realizem atividades estra-
nhas à advocacia, que incluam como sócio ou titular de sociedade unipessoal de
advocacia pessoa não inscrita como advogado ou totalmente proibida de advogar.
§ 1º A razão social deve ter, obrigatoriamente, o nome de, pelo menos, um ad-
vogado responsável pela sociedade, podendo permanecer o de sócio falecido,
desde que prevista tal possibilidade no ato constitutivo.
§ 2º O licenciamento do sócio para exercer atividade incompatível com a advoca-
cia em caráter temporário deve ser averbado no registro da sociedade, não alte-
rando sua constituição.
§ 3º É proibido o registro, nos cartórios de registro civil de pessoas jurídicas e nas
juntas comerciais, de sociedade que inclua, entre outras finalidades, a atividade
de advocacia.

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§ 4º A denominação da sociedade unipessoal de advocacia deve ser obrigatoria-


mente formada pelo nome do seu titular, completo ou parcial, com a expressão
‘Sociedade Individual de Advocacia’.

Devemos lembrar que a sociedade é uma espécie de corporação, dotada de perso-


nalidade jurídica, instituída por meio de um contrato social, com a finalidade de exercer ativi-
dade econômica e partilhar lucros2.
Entretanto, o Estatuto da OAB veda a constituição de sociedades de advogados que
apresentem forma ou características de sociedade empresária, que adotem denominação
de fantasia, que realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam como sócio ou
titular de sociedade unipessoal de advocacia pessoa não inscrita como advogado ou total-
mente proibida de advogar.
Aliás, da análise geral do Estatuto da OAB, é possível concluir que permeiam todo o
texto da lei federal conceitos com o objetivo de afastar a advocacia do direito privado,
como nas regras referentes à publicidade da atividade da advocacia, aos direitos e obrigações
do advogado, às infrações disciplinares, bem como referentes às sociedades de advogados.
A reflexão de Paulo Lôbo (2017) é no sentido de que:

A Lei n. 8.906/94 manteve a natureza da sociedade de advogados como sociedade


exclusivamente de pessoas e de finalidades profissionais. É uma sociedade profis-
sional sui generis que não se confunde com as sociedades previstas no Códi-
go Civil. [...] Rejeitou-se o modelo empresarial existente em vários países, para que
não se desfigurasse a atividade da advocacia, que no Brasil é serviço público, ainda
que em ministério privado, integrante da administração da justiça. O capital essen-
cial das sociedades de advogados é a produção intelectual dos advogados que
a integram e não as coisas ou valores financeiros (destaques nossos).

ATENÇÃO
É PROIBIDO o registro, nos cartórios de registro civil de pessoas jurídicas e nas juntas
comerciais, de sociedade que inclua, entre outras finalidades, a atividade de advocacia.

Por outro lado, todas as alterações no contrato social e/ou na estrutura da sociedade
deverão ser averbadas no registro da sociedade perante o Conselho Seccional.

2
GAGLIANO, Pablo Stolze. FILHO, Rodolfo Pamplona. Manual de Direito Civil. São Paulo: Saraiva, 2017.

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DIRETO DO CONCURSO
3. (FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS/XXXIV EXAME DE ORDEM UNIFICADO OAB/2022)
A sociedade empresária Y presta, com estrutura organizacional, atividades de consulto-
ria jurídica e de orientação de marketing para pequenos empreendedores.
Considerando as atividades exercidas pela sociedade hipotética, assinale a afirmati-
va correta.
a. A sociedade Y deve ter seus atos constitutivos registrados apenas na Junta Comercial.
b. A sociedade Y deve ter seus atos constitutivos registrados apenas no Conselho Sec-
cional da OAB em cuja base territorial tem sede.
c. É vedado o registro dos atos constitutivos da sociedade Y nos Conselhos Seccionais
da OAB e também é vedado seu registro na Junta Comercial.
d. Os atos constitutivos da sociedade Y devem ser registrados na Junta Comercial e no
Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tem sede.

COMENTÁRIO

Letra c.
O Estatuto da OAB veda a constituição de sociedades de advogados que apresentem for-
ma ou características de sociedade empresária, sendo, inclusive, proibido o registro, nos
cartórios de registro civil de pessoas jurídicas e nas juntas comerciais, de sociedade
que inclua, entre outras finalidades, a atividade de advocacia (art. 16, § 3º, do EOAB).

A denominação das sociedades não é de livre escolha dos associados, já que o Esta-
tuto prevê algumas limitações:
– A razão social deve ter, obrigatoriamente, o nome de, pelo menos, um advogado
responsável pela sociedade, podendo permanecer o de sócio falecido, desde que
prevista tal possibilidade no ato constitutivo.
– A denominação da sociedade unipessoal de advocacia deve ser obrigatoriamente
formada pelo nome do seu titular, completo ou parcial, com a expressão “Sociedade
Individual de Advocacia”.

Paulo Lôbo (2017) assevera que:

Não há liberdade na composição do nome da sociedade de advogados. O nome


deve expressar com clareza sua finalidade, não sendo admitidos nome de fanta-
sia, símbolos ou acréscimos comuns nas atividades mercantis (destaques nossos).

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De acordo com o artigo 38 do Regulamento Geral, o nome completo ou abreviado, ou o


nome social de, no mínimo, um advogado responsável pela sociedade consta obrigatoria-
mente da razão social, podendo permanecer o nome ou o nome social de sócio falecido se
essa possibilidade tiver sido prevista no ato constitutivo ou na alteração contratual em vigor.

O profissional advogado poderá licenciar-se se assim o requerer, por motivo justifi-


cado, quando passar a exercer, em caráter temporário, atividade incompatível com o exer-
cício da advocacia, ou quando sofrer doença mental considerada curável. Digo isso porque
o licenciamento do sócio para exercer atividade incompatível com a advocacia em caráter
temporário deve ser averbado no registro da sociedade, não alterando sua constituição.

EOAB, art. 17. Além da sociedade, o sócio e o titular da sociedade individual


de advocacia respondem subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados aos
clientes por ação ou omissão no exercício da advocacia, sem prejuízo da respon-
sabilidade disciplinar em que possam incorrer.

Como já falamos, as atividades profissionais privativas dos advogados devem ser exer-
cidas individualmente, mesmo que façam parte de uma sociedade de advogados. Tanto é
que as procurações devem ser outorgadas individualmente, com indicação da sociedade que
os constituídos façam parte. De modo que a sociedade não substitui os advogados.
O advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional, praticar com dolo ou
culpa. Por sua vez, a sociedade, os sócios, bem como o titular da sociedade individual de advo-
cacia respondem subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados, nas hipóteses de dolo ou
culpa e por ação ou omissão no exercício da advocacia, sem prejuízo das sanções disciplinares.
Desse modo, é imprescindível a adoção de cláusula com previsão expressa no con-
trato social da sociedade de advogados (ato constitutivo) de que, além da sociedade, o
sócio ou associado responderá subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados aos
clientes, por ação ou omissão, no exercício da advocacia. Sendo assim, é nula a cláusula
do contrato social que vise limitar a responsabilidade dos sócios.

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DIRETO DO CONCURSO

4. (FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS/XXXIV EXAME DE ORDEM UNIFICADO OAB/2022)


Anderson, titular de sociedade individual de advocacia, é contratado pela sociedade
empresária Polvilho Confeitaria Ltda. para atuar em sua defesa em ação judicial ajui-
zada por Pedro, consumidor insatisfeito.
No curso da demanda, a impugnação ao cumprimento de sentença não foi conhecida
por ter sido injustificadamente protocolizada por Anderson após o prazo previsto em lei,
o que faz com que Pedro receba valor maior do que teria direito e, consequentemente,
a sociedade empresária Polvilho Confeitaria Ltda. sofra danos materiais.
Diante dessa situação, Anderson, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar em que
possa incorrer, poderá responder com seu patrimônio pessoal pelos danos materiais
causados à sociedade empresária Polvilho Confeitaria Ltda.
a. Solidariamente, com a sociedade individual de advocacia e de forma ilimitada.
b. Subsidiariamente, em relação à sociedade individual de advocacia e de forma
ilimitada.
c. Solidariamente, com a sociedade individual de advocacia e de forma limitada.
d. Subsidiariamente, em relação à sociedade individual de advocacia e de forma limitada.

COMENTÁRIO

Letra b.
A sociedade, os sócios, bem como o titular da sociedade individual de advocacia res-
pondem subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados, nas hipóteses de dolo ou
culpa e por ação ou omissão no exercício da advocacia, sem prejuízo das sanções discipli-
nares (art. 17 do Estatuto da OAB c/c art. 40 do Regulamento Geral).

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5 – ADVOGADO EMPREGADO

EOAB, art. 18. A relação de emprego, na qualidade de advogado, não retira a


isenção técnica nem reduz a independência profissional inerentes à advocacia.
Parágrafo único. O advogado empregado não está obrigado à prestação de
serviços profissionais de interesse pessoal dos empregadores, fora da relação
de emprego.

Outra forma de o advogado desempenhar suas atividades é por meio da relação de


emprego com o cliente. O vínculo empregatício do advogado exige os mesmos elementos
fático-jurídicos estabelecidos para a constituição da relação de trabalho comum, trazidos na
Consolidação das Leis do Trabalho, quais sejam (art. 3º, CLT):

• Pessoalidade;
• Onerosidade;
• Não eventualidade;
• Alteridade;
• Subordinação.

No caso do advogado empregado, a subordinação não prejudica o direito do advo-


gado à liberdade de atuação e à isenção técnica, que é inerente ao exercício da advo-
cacia, uma vez que o advogado deve seguir suas convicções filosóficas e conhecimentos
técnicos ao defender os interesses dos seus clientes.
Quanto à independência, o Código de Ética e Disciplina da OAB determina que o advo-
gado, ainda que vinculado ao cliente ou constituinte, mediante relação empregatícia ou por
contrato de prestação permanente de serviços, ou como integrante de departamento jurídico,
ou de órgão de assessoria jurídica, público ou privado, deve zelar pela sua liberdade e inde-
pendência (art. 4º, CED-OAB).
A relação estabelecida entre o advogado e o cliente empregador está restrita ao vínculo
pré-estabelecido, de modo que o advogado empregado não está obrigado a prestar ser-
viços profissionais de interesse pessoal dos empregadores fora da relação de emprego.

EOAB, art. 19. O salário mínimo profissional do advogado será fixado em sen-
tença normativa, salvo se ajustado em acordo ou convenção coletiva de trabalho.

Quanto ao salário mínimo do profissional advogado, o importante a ser destacado é


que este será fixado em sentença normativa, caso não tenha sido ajustado em acordo ou
convenção coletiva de trabalho.

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A representação do advogado empregado nas convenções coletivas celebradas com as


entidades sindicais representativas dos empregadores, nos acordos coletivos celebrados com
a empresa empregadora, é de competência do sindicato de advogados e, na sua falta, a fede-
ração ou confederação de advogados, segundo o artigo 11 do Regulamento Geral da OAB.

EOAB, art. 20. A jornada de trabalho do advogado empregado, no exercício da


profissão, não poderá exceder a duração diária de quatro horas contínuas e a de
vinte horas semanais, salvo acordo ou convenção coletiva ou em caso de dedica-
ção exclusiva.
§ 1º Para efeitos deste artigo, considera-se como período de trabalho o tempo em
que o advogado estiver à disposição do empregador, aguardando ou executando
ordens, no seu escritório ou em atividades externas, sendo-lhe reembolsadas as
despesas feitas com transporte, hospedagem e alimentação.
§ 2º As horas trabalhadas que excederem a jornada normal são remuneradas por
um adicional não inferior a cem por cento sobre o valor da hora normal, mesmo
havendo contrato escrito.
§ 3º As horas trabalhadas no período das vinte horas de um dia até as cinco horas
do dia seguinte são remuneradas como noturnas, acrescidas do adicional de vinte
e cinco por cento.

A jornada de trabalho do advogado empregado, salvo acordo ou convenção cole-


tiva, não poderá exceder a duração diária de 4 (quatro) horas contínuas e a de 20 (vinte)
horas semanais.

 Obs.: Considera-se como período de trabalho o tempo em que o advogado estiver à dis-
posição do empregador, aguardando ou executando ordens, no seu escritório ou em
atividades externas, sendo-o reembolsadas as despesas feitas com transporte, hos-
pedagem e alimentação.

Além disso, poderá ser adotado o regime de dedicação exclusiva, que deve estar
previsto expressamente no contrato individual de trabalho, devendo a jornada de trabalho
observar o limite de 8 (oito) horas diárias (art. 12 do Regulamento Geral da OAB).
As horas extraordinariamente prestadas pelo advogado, ou seja, aquelas que exce-
derem a jornada normal devem ser remuneradas com um adicional não inferior a 100%
sobre o valor da hora normal, mesmo havendo contrato escrito.
Em caso de dedicação exclusiva, serão remuneradas como extraordinárias as horas
trabalhadas que excederem a jornada normal de 8 (oito) horas diárias (art. 12, parágrafo
único, do Regulamento Geral da OAB).

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Por fim, quando o desempenho da atividade do advogado ocorrer em horário noturno,


entendido como o período das 20 (vinte) horas de um dia até as 5 (cinco) horas do dia
seguinte, as horas trabalhadas devem ser remuneradas com adicional de 25%.

ADVOGADO EMPREGADO — PECULIARIDADES


Hora noturna = + 25%
ADVOGADO Hora extra = no mínimo
Período = 20h-5h
EMPREGADO + 100% (art. 20, § 2º, do Estatuto da OAB)
(art. 20, § 3º, do Estatuto da OAB)
EMPREGADO Hora extra = no mínimo Hora noturna = + 20%
CELETISTA + 50% Período = 22h-5h
REGRA GERAL (art. 59, § 1º, da CLT) (art. 73, da CLT)

EOAB, art. 21. Nas causas em que for parte o empregador, ou pessoa por
este representada, os honorários de sucumbência são devidos aos advogados
empregados.
Parágrafo único. Os honorários de sucumbência, percebidos por advogado em-
pregado de sociedade de advogados são partilhados entre ele e a empregadora,
na forma estabelecida em acordo.

Veremos adiante que os honorários pertencem ao advogado, tendo este o direito autô-
nomo para executar a sentença quando os honorários de sucumbência forem incluídos na
condenação (art. 23 do Estatuto da OAB).
Desse modo, os honorários de sucumbência, por decorrerem precipuamente do exercício
da advocacia e só acidentalmente da relação de emprego, não integram o salário ou a remu-
neração, não podendo, assim, ser considerados para efeitos trabalhistas ou previdenciários,
constituindo-se em fundo comum, cuja destinação é decidida pelos profissionais integrantes do
serviço jurídico da empresa ou por seus representantes (art. 14 do Regulamento Geral da OAB).
Todavia, nas causas em que for parte o empregador, ou pessoa por este representada,
os honorários de sucumbência são devidos aos advogados empregados. Caso os honorá-
rios de sucumbência sejam percebidos por advogado empregado de sociedade de advoga-
dos, esses serão partilhados entre ele e a empregadora.

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6 – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

EOAB, art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB
o direito aos honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial
e aos de sucumbência.
§ 1º O advogado, quando indicado para patrocinar causa de juridicamente neces-
sitado, no caso de impossibilidade da Defensoria Pública no local da prestação de
serviço, tem direito aos honorários fixados pelo juiz, segundo tabela organizada
pelo Conselho Seccional da OAB, e pagos pelo Estado.
§ 2º Na falta de estipulação ou de acordo, os honorários são fixados por arbitra-
mento judicial, em remuneração compatível com o trabalho e o valor econômico
da questão, não podendo ser inferiores aos estabelecidos na tabela organizada
pelo Conselho Seccional da OAB.
§ 3º Salvo estipulação em contrário, um terço dos honorários é devido no início do
serviço, outro terço até a decisão de primeira instância e o restante no final.
§ 4º Se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de honorários antes de
expedir-se o mandado de levantamento ou precatório, o juiz deve determinar que
lhe sejam pagos diretamente, por dedução da quantia a ser recebida pelo consti-
tuinte, salvo se este provar que já os pagou.
§ 5º O disposto neste artigo não se aplica quando se tratar de mandato outorgado
por advogado para defesa em processo oriundo de ato ou omissão praticada no
exercício da profissão.
§ 6º O disposto neste artigo aplica-se aos honorários assistenciais, compreendi-
dos como os fixados em ações coletivas propostas por entidades de classe em
substituição processual, sem prejuízo aos honorários convencionais.
§ 7º Os honorários convencionados com entidades de classe para atuação em
substituição processual poderão prever a faculdade de indicar os beneficiários
que, ao optarem por adquirir os direitos, assumirão as obrigações decorrentes do
contrato originário a partir do momento em que este foi celebrado, sem a necessi-
dade de mais formalidades.

Os honorários advocatícios são a contraprestação devida aos advogados pela pres-


tação de seus serviços profissionais.
É conveniente destacar que a prestação de serviço profissional do advogado inscrito
na OAB assegura o direito aos honorários convencionados, aos fixados por arbitramento
judicial e aos honorários de sucumbência.

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 Atente-se para as ressalvas feitas acerca da aplicação dos honorários advocatícios:


o disposto acima não se aplica quando se tratar de mandado outorgado por advogado para
defesa em processo oriundo de ato ou omissão praticada no exercício da profissão.

Por outro lado, o disposto acima se aplica aos honorários assistenciais, compreendi-
dos como os fixados em ações coletivas propostas por entidades de classe em substituição
processual, sem prejuízo aos honorários convencionais.
Os honorários convencionados com entidades de classe para atuação em substituição
processual poderão prever a faculdade de indicar os beneficiários que, ao optarem por
adquirir os direitos, assumirão as obrigações decorrentes do contrato originário a partir do
momento em que este foi celebrado, sem a necessidade de mais formalidades.

EXEMPLO 3:
Na Justiça do Trabalho, a assistência judiciária deve ser prestada pelo sindicato da cate-
goria, ou seja, cabe ao sindicado a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais
da categoria em questões judiciais ou administrativas. Sendo assim, os honorários assis-
tenciais devem ser compreendidos como a remuneração devida ao advogado contratado
por uma entidade de classe para ajuizar uma demanda em substituição processual.

O Código de Processo Civil determina que “os honorários constituem direito do advo-
gado e têm natureza alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legis-
lação do trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial” (art.
85, § 14, do CPC).
Ademais, a Súmula Vinculante n. 47 traz que os honorários advocatícios incluídos na
condenação ou destacados do montante principal devido ao credor consubstanciam-se em
verba de natureza alimentar.
Dessa forma, o advogado promoverá, preferencialmente, de forma destacada, a exe-
cução dos honorários contratuais ou sucumbenciais (art. 48, § 7º, CED-OAB).
Os honorários convencionados serão acordados no momento da celebração do con-
trato de mandato, não havendo forma definida em lei para pagamentos, que pode ser livre-
mente acordado entre cliente e advogado.

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Se o advogado juntar aos autos o seu contrato de honorários antes da expedição do


mandado de levantamento ou precatório, o Juiz deve determinar o pagamento por dedução
da quantia a ser recebida pelo constituinte, salvo se este provar que já os pagou.

 Obs.: Os honorários podem ser fixados sobre a vantagem financeira obtida pelo cliente,
sob a adoção da cláusula quota litis, que se verifica quando o advogado e o cliente
acordam, mediante contrato, que os honorários advocatícios incidirão sobre a vanta-
gem financeira obtida pelo cliente.
 Na adoção da quota litis, devem ser observados os seguintes parâmetros (art.
50, CED-OAB):
 • Os honorários devem ser necessariamente representados por pecúnia (a participa-
ção do advogado em bens particulares do cliente só é admitida em caráter excepcio-
nal, quando este, comprovadamente, não tiver condições pecuniárias de satisfazer
o débito de honorários e ajustar com o seu patrono, em instrumento contratual, tal
forma de pagamento).
 • Quando, acrescida dos honorários de sucumbência, a quota do advogado não
pode ser superior às vantagens advindas a favor do cliente.
 • Quando versar sobre prestações vencidas e vincendas, poderão incidir sobre o
valor de umas e outras, atendidos os requisitos da moderação e da razoabilidade.

De outra parte, na falta de estipulação ou de acordo entre cliente e advogado, os hono-


rários serão fixados por arbitramento judicial, levando em consideração a compatibilidade da
remuneração com o trabalho e o valor econômico da questão, sendo vedado o estabelecimento
de valores inferiores aos estabelecidos na tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB.
Além do mais, o advogado, quando indicado para patrocinar causa de juridicamente
necessitado, no caso de impossibilidade da Defensoria Pública, tem direito aos hono-
rários fixados pelo Juiz, segundo tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB, e
pagos pelo Estado.
Aqui, cuida-se da conhecida defensoria dativa, que decorre do dever constitucional do
Estado de prestar assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência
de recursos (art. 5º, LXXIV, CF/1988).
Por fim, destaco que o pagamento dos honorários ocorrerá em 3 (três) etapas, salvo
estipulação em contrário: um terço dos honorários é devido no início do serviço, outro
terço, até a decisão de primeira instância, e o restante, ao final.

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EOAB, art. 23. Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou su-


cumbência, pertencem ao advogado, tendo este direito autônomo para executar
a sentença nesta parte, podendo requerer que o precatório, quando necessário,
seja expedido em seu favor.

Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou sucumbência, perten-


cem ao advogado, tendo este direito autônomo para executar a sentença nesta parte,
podendo requerer que o precatório, quando necessário, seja expedido em seu favor.
Ademais, faz-se necessário ressaltar que, no caso do advogado empregado, nas causas
em que for parte o empregador ou pessoa por este representada, os honorários de sucum-
bência são devidos ao advogado empregado. Caso os honorários de sucumbência sejam
percebidos por advogado empregado de sociedade de advogados, estes serão partilhados
entre ele e a empregadora (art. 21, caput e parágrafo único, do Estatuto da OAB).

EOAB, art. 24. A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato escri-
to que os estipular são títulos executivos e constituem crédito privilegiado na falên-
cia, concordata, concurso de credores, insolvência civil e liquidação extrajudicial.
§ 1º A execução dos honorários pode ser promovida nos mesmos autos da ação
em que tenha atuado o advogado, se assim lhe convier.
§ 2º Na hipótese de falecimento ou incapacidade civil do advogado, os honorários
de sucumbência, proporcionais ao trabalho realizado, são recebidos por seus su-
cessores ou representantes legais.
§ 3º É nula qualquer disposição, cláusula, regulamento ou convenção individual
ou coletiva que retire do advogado o direito ao recebimento dos honorários de
sucumbência.
§ 4º O acordo feito pelo cliente do advogado e a parte contrária, salvo aquiescên-
cia do profissional, não lhe prejudica os honorários, quer os convencionados, quer
os concedidos por sentença (destaques nossos).

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ATENÇÃO
A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato escrito que os estipular são
TÍTULOS EXECUTIVOS e constituem crédito privilegiado na falência, concordata, con-
curso de credores, insolvência civil e liquidação extrajudicial, sendo FACULTADO ao advo-
gado promover nos mesmos autos da ação a execução dos honorários.

Caso o cliente do advogado e a parte contrária firmem ACORDO, salvo aquiescência


do profissional, não serão prejudicados os honorários convencionados ou concedidos
por sentença.

 Obs.: Na hipótese de falecimento ou incapacidade civil do advogado, os honorários de


sucumbência, proporcionais ao trabalho realizado, são recebidos por seus sucesso-
res ou representantes legais.

ATENÇÃO

Quanto ao substabelecimento, é importante destacar que o advogado substabelecido, com


reserva de poderes, não pode cobrar honorários sem a intervenção daquele que lhe
conferiu o substabelecimento, conforme o artigo 26 do EOAB.
Lembre-se de que o substabelecimento com reserva de poderes é a substituição parcial e
provisória, caracterizada como ato pessoal do advogado da causa, devendo o substabele-
cido ajustar antecipadamente seus honorários com o substabelecente.

PRESCRIÇÃO – AÇÃO DE COBRANÇA DE HONORÁRIOS

Os advogados devem promover a ação de cobrança de honorários dentro do prazo de


5 (cinco) anos, sob pena de PRESCRIÇÃO. A contagem do prazo acorrerá de acordo com
o artigo 25 do EOAB:

EOAB, art. 25. Prescreve em cinco anos a ação de cobrança de honorários de


advogado, contado o prazo:
I– do vencimento do contrato, se houver;
II – do trânsito em julgado da decisão que os fixar;
III – da ultimação do serviço extrajudicial;
IV – da desistência ou transação;
V– da renúncia ou revogação do mandato.

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No mesmo prazo de 5 (cinco) anos prescreve a ação de prestação de contas pelas


quantias recebidas pelo advogado de seu cliente, ou de terceiros por conta dele, de acordo
com o artigo 25-A do EOAB.

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7 – INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS

EOAB, art. 27. A incompatibilidade determina a proibição total, e o impedimento,


a proibição parcial do exercício da advocacia.

Uma vez preenchidos os requisitos legais para inscrição como advogado da Ordem, o
profissional tem liberdade para atuar em todo o território nacional. No entanto, o Estatuto da
OAB prevê algumas situações em que a liberdade de atuação é relativizada e os advogados
ficam proibidos, total ou parcialmente, de desempenhar seu ministério.
As hipóteses trazidas pelo Estatuto são taxativas, uma vez que estamos diante de situ-
ações que limitam o exercício de um direito fundamental, bem como tendo em vista que os
conceitos genéricos e a criação de situações de impedimento e incompatibilidades por meio
de interpretações subjetivas afronta diretamente o princípio da reserva legal.
Segundo Paulo Lôbo (2017): “O atual Estatuto optou por uma enumeração taxativa,
sem qualquer referência a conceitos genéricos e indeterminados nem possibilidade de acrés-
cimos mediante Provimento”.
É importante destacar que, ao estabelecer impedimentos e incompatibilidades, o Esta-
tuto busca evitar que conflitos de interesse possam limitar o empenho do advogado na defesa
das causas confiadas ao seu patrocínio. Além disso, têm o objetivo de garantir o equilíbrio
de oportunidades entre os profissionais da advocacia na prestação de seus serviços, já que,
ao exercer as atividades que veremos adiante, o profissional seria privilegiado perante os
demais advogados por estar diante de oportunidades ou situações em que seria necessária
a prestação de serviços advocatícios.
Devo lembrar a você que nenhuma forma de captação de clientela é admitida pelo Esta-
tuto da OAB.
O advogado deve ser procurado pelo cliente, uma vez que a inculcação é sempre pre-
judicial à dignidade da profissão, seja quando o advogado se oferece diretamente ao cliente
em ambientes sociais, autopromovendo-se, seja quando critica colegas de profissão ou ainda
quando se utiliza dos meios de comunicação social (LÔBO, 2017).

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EOAB, art. 28. A advocacia é incompatível, mesmo em causa própria, com as


seguintes atividades:
I – chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder Legislativo e seus
substitutos legais;
II – membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos tribunais e
conselhos de contas, dos juizados especiais, da justiça de paz, juízes classistas,
bem como de todos os que exerçam função de julgamento em órgãos de delibera-
ção coletiva da administração pública direta e indireta;
III – ocupantes de cargos ou funções de direção em Órgãos da Administração Pú-
blica direta ou indireta, em suas fundações e em suas empresas controladas ou
concessionárias de serviço público;
IV – ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a qual-
quer órgão do Poder Judiciário e os que exercem serviços notariais e de registro;
V – ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a ativida-
de policial de qualquer natureza;
VI – militares de qualquer natureza, na ativa;
VII – ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de lançamento,
arrecadação ou fiscalização de tributos e contribuições parafiscais;
VIII – ocupantes de funções de direção e gerência em instituições financeiras,
inclusive privadas.
§ 1º A incompatibilidade permanece mesmo que o ocupante do cargo ou função
deixe de exercê-lo temporariamente.
§ 2º Não se incluem nas hipóteses do inciso III os que não detenham poder de decisão
relevante sobre interesses de terceiro, a juízo do conselho competente da OAB, bem
como a administração acadêmica diretamente relacionada ao magistério jurídico.

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A INCOMPATIBILIDADE determina a proibição total do exercício da advocacia,


que poderá ser temporária ou permanente, conforme a atividade desenvolvida e a natu-
reza do cargo.
Vimos anteriormente que, quando o profissional passar a exercer, em caráter definitivo,
atividade incompatível com a advocacia, terá sua inscrição cancelada. Nesse caso, o cance-
lamento deve ser promovido de ofício pelo Conselho competente ou em virtude de comuni-
cação por qualquer pessoa, de acordo com o artigo 11, IV, § 1º, do Estatuto da OAB.
Por outro lado, poderá licenciar-se o profissional que passar a exercer, em caráter tem-
porário, atividade incompatível com o exercício da advocacia (art. 12, II, do Estatuto da OAB).
A incompatibilidade refere-se ao cargo, de modo que, mesmo que o ocupante do cargo
ou função deixe de exercê-lo temporariamente, a incompatibilidade permanece.
De acordo com Paulo Lôbo, é irrelevante que o titular do cargo esteja desempenhando
atividades de outro cargo, desviando de função ou, ainda, se, titular do cargo público, seja
posto em disponibilidade remunerada. A incompatibilidade apenas cessa quando deixar
o cargo por motivo de aposentadoria, morte, renúncia ou exoneração.
Pois bem.
A advocacia é INCOMPATÍVEL, mesmo em causa própria, com as seguintes atividades:

• I – Chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder Legislativo e seus


substitutos legais.

O Brasil adota como sistema de governo o presidencialismo, de forma que a Chefia do


Poder Executivo é exercida pelo Presidente da República, com o auxílio dos Ministros de
Estado (art. 76, CF/1988).
Além disso, a República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos
estados e municípios e Distrito Federal (art. 1º, CF/1988).
Em que pese a soberania nacional ser atributo apenas da República Federativa do
Brasil, o Brasil adota a forma federativa de Estado, uma vez que a organização político-ad-
ministrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os estados, o Distrito
Federal e os municípios e o poder político é descentralizado entre eles, tendo em vista que
são entes autônomos (art. 18, CF/1988).
Desse modo, interessa-nos saber que a Chefia do Poder Executivo dos estados é exer-
cida pelos Governadores e a Chefia do Poder Executivo dos municípios é exercida pelos
Prefeitos (art. 28 e art. 29, I, da CF/1988).
O Poder Legislativo, em âmbito federal, é bicameral, representado pelo Congresso
Nacional e composto por duas Casas Legislativas: Senado Federal e Câmara dos Depu-
tados (art. 44, CF/1988).
Por sua vez, nos estados e municípios, o Poder Legislativo é unicameral, composto
pela Assembleia Legislativa e pela Câmara Municipal, respectivamente (art. 27 e art. 29,
IV, da CF/1988).

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A Mesa Diretora do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado


Federalm e os demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos
equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal (art. 57, §§ 4º e 5º, da CF/1988).
As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal são eleitas pelos Deputa-
dos e Senadores, respectivamente, sendo assegurada, tanto quanto possível, a representação
proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da Casa (art. 58, § 1º, da
CF/1988). Temos, ainda, a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa e da Câmara Municipal.
Os demais parlamentares que não integram as Mesas Diretoras não exercem ativi-
dade incompatível, apenas estão impedidos de exercer a advocacia, de acordo com o artigo
30, II, do Estatuto da OAB.
Além disso, o impedimento alcança também os substitutos, ou seja, os Vices (Presi-
dente, Governador e Prefeito) e os suplentes dos integrantes das mesas do Poder Legislativo.

• II – Membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos Tribunais


e Conselhos de Contas, dos juizados especiais, da justiça de paz, juízes clas-
sistas, bem como de todos os que exerçam função de julgamento em órgãos de
deliberação coletiva da Administração Pública direta e indireta.

De acordo com o artigo 92 da Constituição Federal, são órgãos do Poder Judiciário:

I – o Supremo Tribunal Federal;


I – A – o Conselho Nacional de Justiça;
II – o Superior Tribunal de Justiça;
III – A – o Tribunal Superior do Trabalho;
IV – os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
V – os Tribunais e Juízes do Trabalho;
VI – os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI – os Tribunais e Juízes Militares;
VII – os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

Desse modo, todos os Ministros, Desembargadores e Juízes que atuam no Poder Judi-
ciário exercem função incompatível com a advocacia.
Por meio da Emenda Constitucional n. 45/2004, conhecida por promover a reforma no
Poder Judiciário, foi acrescida na Constituição Federal a vedação do exercício da advoca-
cia por juízes no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do
afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração, também conhecida como “quaren-
tena” dos juízes (art. 95, parágrafo único, V, da CF/1988).

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ATENÇÃO
O inciso II do artigo 28 do Estatuto da OAB foi objeto da Ação Direta de Inconstituciona-
lidade n. 1.127, na qual o Supremo Tribunal Federal afastou da abrangência da incom-
patibilidade da advocacia com membros de órgãos do Poder Judiciário dos membros da
Justiça Eleitoral e os juízes suplentes não remunerados, em face da composição da
Justiça Eleitoral estabelecida na Constituição.

Além disso, de acordo com o artigo 8º do Regulamento Geral da OAB, a incompatibili-


dade não se aplica aos advogados que participam dos órgãos elencados nesse inciso repre-
sentando a classe dos advogados, na qualidade de titulares ou suplentes, ficando apenas
impedidos perante esses mesmos órgãos enquanto durar a investidura.
Por força do parágrafo único do artigo 7º da Lei n. 9.099/1995, os juízes leigos dos Jui-
zados Especiais, considerados auxiliares da Justiça, também foram excepcionados dessa
modalidade de incompatibilidade, permanecendo o impedimento perante os Juizados Espe-
ciais enquanto durar o desempenho de suas funções.
Quanto aos Conciliadores do Juizado Especial, que também são considerados auxi-
liares da justiça, não há incompatibilidade, mas há impedimento apenas para o patrocínio
de causas perante o próprio juizado cível. Nesse sentido foi o posicionamento adotado pelo
Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Recurso Especial n. 380.176:

RECURSO ESPECIAL – ALÍNEA “A” – MANDADO DE SEGURANÇA – BACHAREL


EM DIREITO – NOMEAÇÃO PARA A FUNÇÃO DE CONCILIADOR NO JUIZADO
ESPECIAL CÍVEL – INSCRIÇÃO NA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL –
POSSIBILIDADE – IMPEDIMENTO RELATIVO (ART. 28 DO ESTATUTO DA AD-
VOCACIA E DA OAB – LEI N. 8.906/1994). Não se conforma a Ordem dos Advoga-
dos do Brasil – Seccional do Rio Grande do Sul com o decisum da Corte de origem
que autorizou a inscrição da impetrante, bacharel em Direito, no mencionado órgão
de classe, nada obstante exerça a função de conciliadora do Juizado Especial Cível.
O bacharel em Direito que atua como conciliador e não ocupa cargo efetivo
ou em comissão no Judiciário, não se subsume às hipóteses de incompatibili-
dade previstas no art. 28 do Estatuto dos advogados e da OAB (Lei n. 8.906/1994).
A vedação, como não poderia deixar de ser, existe tão somente para o pa-
trocínio de ações propostas no próprio juizado especial [...] Recurso especial
não conhecido. (REsp 380.176/RS, Rel. Ministro FRANCIULLI NETTO, SEGUNDA
TURMA, julgado em 13/05/2003, DJ 23/06/2003, p. 311) (destaques nossos).

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Quanto à incompatibilidade com a advocacia dos que integram órgãos de deliberação


coletiva da Administração Pública direta ou indireta, é importante lembrar que a Administra-
ção Pública indireta é composta pelas autarquias, funções públicas e pelas empresas
estatais (sociedade de economia mista e empresa pública).
Paulo Lôbo (2017) acrescenta que:

Entendem-se como tais os conselhos ou assemelhados, de nível mais elevado de


cada entidade ou unidade federativa, a exemplo das juntas comerciais, conselho
de contribuintes, conselho de administração de empresas, salvo no caso de mem-
bro nato em virtude de cargo que só possa ser exercido por advogado. A mens
legis é sempre a de considerar o exercício de poder decisório relevante. Por isso,
os órgãos de deliberação coletiva primários ou intermediários, cujas decisões es-
tão sujeitas a recurso a outros órgãos de deliberação coletiva do mesmo órgão ou
entidade, não são atingidos pela incompatibilidade.

O Ministério Público abrange o Ministério Público da União, que compreende: o Ministério


Público Federal, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público Militar e o Ministério Público
do Distrito Federal e Territórios; bem como os Ministérios Públicos dos Estados (art. 128, CF/1988).
Ademais, aos membros do Ministério Público junto aos Tribunais de Contas aplicam-se
as disposições constitucionais do Ministério Público (art. 130, CF/1988).
Para todos os efeitos, a expressão “membros” utilizada nesse inciso não deve ser inter-
pretada de modo restritivo, compreendendo apenas os Promotores e Procuradores que inte-
gram a carreira do Ministério Público, mas sim todos os servidores que compõem a instituição.
Digo isso não apenas com base na Súmula n. 02/2009 do Conselho Federal da OAB,
mas também tendo em vista o disposto na Resolução n. 27/2008 do Conselho Nacional do
Ministério Público: “os servidores efetivos, comissionados ou postos à disposição dos
Ministérios Públicos estaduais e da União, ou por estes requisitados, são proibidos de
exercer a advocacia”.
Inclusive, entendo conveniente mencionar que o Supremo Tribunal Federal, no julga-
mento da ADI n. 5.454, realizado em abril de 2020, declarou a constitucionalidade da Reso-
lução n. 27/2008 do CNMP – Informativo n. 978.
Aliás, é importante destacar que existe uma única exceção prevista no Estatuto (art.
83), dispondo que não é aplicável a incompatibilidade aos membros do Ministério Público
que ingressaram na carreira antes da promulgação da Constituição Federal de 1988
(05/10/1988) e tenham optado pelo regime anterior, que permitia a acumulação das ativida-
des, conforme determina o artigo 29, § 3º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

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• III – Ocupantes de cargos ou funções de direção em Órgãos da Administração


Pública direta ou indireta, em suas fundações e em suas empresas controladas
ou concessionárias de serviço público.

No caso, a incompatibilidade visa cargos ou funções com poder de decisão rele-


vante sobre interesse de terceiro, já que o § 2º do artigo 28 do Estatuto da OAB traz que
não se incluem nessa hipótese os que não detenham poder de decisão relevante sobre inte-
resses de terceiro, a juízo do conselho competente da OAB, bem como a administração
acadêmica diretamente relacionada ao magistério jurídico.
Nesse sentido, Paulo Lôbo (2017) discorre que:

Não se incluem no tipo os ocupantes de cargos que, apesar da denominação,


apenas assessoram mas não decidem, pouco importando o grau de influência
que ostentem, ou aqueles cujas atribuições se sujeitem ao controle de superior
hierárquico no mesmo estabelecimento ou órgão da entidade. [...] São excluídos
da hipótese legal os cargos ou funções diretivos de natureza burocrática ou inter-
na, ou que assessorem, informe ou instruam processos para decisão de autorida-
de superior.

• IV – ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a qual-


quer órgão do Poder Judiciário e os que exercem serviços notariais e de registro.

Nesse caso, o Estatuto incompatibiliza a advocacia com as atividades exercidas pelos


auxiliares e serventuários da Justiça.
Segundo o artigo 149 do Código de Processo Civil, são auxiliares da Justiça, além
de outros cujas atribuições sejam determinadas pelas normas de organização judiciária, o
Escrivão, o Chefe de Secretaria, o Oficial de Justiça, o Perito, o Depositário, o Adminis-
trador, o intérprete, o tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o distribui-
dor, o contabilista e o regulador de avarias.
Ademais, os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por
delegação do Poder Público, nos termos do artigo 236 da Constituição Federal de 1988.
A Lei n. 8.935/1994 (Lei dos Cartórios), que regulamenta os serviços notariais e de
registro, prevê em seu artigo 25 que o exercício da atividade notarial e de registro é
incompatível com o da advocacia.

• V – Ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a ativi-


dade policial de qualquer natureza.

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A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida


para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio,
por meio dos seguintes órgãos (art. 144, CF):

CF/1988, art. 144, I – polícia federal;


VII – polícia rodoviária federal;
VIII – polícia ferroviária federal;
IX – polícias civis;
X – polícias militares e corpos de bombeiros militares (destaques nossos).

A incompatibilidade do inciso não deve ser interpretada de forma restritiva. Aqui, deve-
mos considerar toda a categoria policial, ou seja, todos os que prestam serviços de apoio
à segurança pública, não apenas os policiais.
O inciso foi objeto da Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 3.541, com a qual o
Supremo Tribunal Federal julgou improcedente a alegação de que a incompatibilidade
violaria o princípio da isonomia, já que impede que Policiais bacharéis em Direito exerçam
a advocacia, enquanto outros servidores públicos, como Procuradores e Auditores, podem
exercê-la, desde que não em face da Fazenda Pública.
No voto, o entendimento foi no sentido de que a incompatibilidade da advocacia com a
atividade policial não se presta para fazer qualquer distinção qualificativa entre as ativi-
dades, a vedação ao exercício simultâneo ocorre em razão das peculiaridades inerentes
às atividades, a fim de não prejudicar o cumprimento das respectivas funções, que são
imensamente relevantes no âmbito social.
Paulo Lôbo (2017) faz uma ressalva:

Não se enquadram no conceito de atividade policial as atividades de polícia ad-


ministrativa, desenvolvidas por agentes públicos, sem vínculo com órgãos que
integrem as polícias civis e militares. De modo geral, salvo nas hipóteses de
atribuições com poder de decisão relevante sobre interesses de terceiros,
as atividades de fiscalização da Administração Pública (por exemplo, ambien-
tal, sanitária e de serviços públicos concedidos, permitidos ou autorizados) não
podem ser tidas como de natureza estritamente policial para os fins de incompati-
bilidade com o exercício da advocacia (destaques nossos).

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• VI – Militares de qualquer natureza, na ativa.

Os membros das Forças Armadas são denominados militares. As Forças Armadas,


constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais per-
manentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autori-
dade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da pátria, à garantia dos
poderes constitucionais, da lei e da ordem, conforme o artigo 142 da Constituição Federal.
Diferentemente do que ocorre com os servidores auxiliares da categoria policial, os ser-
vidores civis que prestem serviços às Forças Armadas não estão alcançados pela incom-
patibilidade, observadas as hipóteses de impedimento do artigo 30 do Estatuto da OAB.

• VII – Ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de lançamento,


arrecadação ou fiscalização de tributos e contribuições parafiscais.

O sistema tributário nacional permite a instituição dos seguintes tributos: impostos,


taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de
serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposi-
ção, contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas (art. 145, CF/1988).
Além disso, os empréstimos compulsórios também estão sujeitos aos princípios do
sistema tributário nacional (art. 148, CF/1988).

• VIII – Ocupantes de funções de direção e gerência em instituições financeiras,


inclusive privadas.

Mais uma vez, o Estatuto direciona a situação de incompatibilidade aos cargos com
poder de decisão relevante sobre interesse de terceiro, caso contrário, os demais não
estarão incompatibilizados.
Em que pese ainda não tenhamos estudado a composição da Ordem dos Advogados
do Brasil, as eleições e mandatos dos membros que compõem os órgãos, que serão objeto
da nossa próxima aula, uma das causas que ensejam a extinção automática do mandato
antes do seu término é a ocorrência de qualquer hipótese de cancelamento de inscrição
do profissional, nos termos do artigo 66, I, do Estatuto da OAB.
Desse modo, tendo em vista que, quando o profissional passa a exercer, em caráter definitivo,
atividade incompatível com a advocacia, terá sua inscrição cancelada, conclui-se que o desem-
penho de atividades incompatíveis enseja a perda do cargo exercido perante os órgãos da OAB.

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EOAB, art. 29. Os Procuradores Gerais, Advogados Gerais, Defensores Gerais


e dirigentes de órgãos jurídicos da Administração Pública direta, indireta e funda-
cional são exclusivamente legitimados para o exercício da advocacia vinculada à
função que exerçam, durante o período da investidura.

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 Obs.: É importante destacar que o Estatuto da OAB, mediante a Lei n. 8.906/1994, inovou
ao determinar que os advogados públicos se sujeitem ao regime do Estatuto da
entidade e, consequentemente, vários foram os questionamentos acerca dos des-
dobramentos dessa determinação, como ocorre na ADI n. 4.636, com a qual o STF
declarou inconstitucional qualquer interpretação que resulte no condicionamento
da capacidade postulatória dos membros da Defensoria Pública à inscrição
dos Defensores Públicos na Ordem dos Advogados do Brasil.
 Ademais, no julgamento do RE n. 1.240.999, que analisou o TEMA n. 1.074 da
Repercussão Geral, o STF negou provimento ao recurso extraordinário e fixou a
seguinte tese: “É inconstitucional a exigência de inscrição do Defensor Público nos
quadros da Ordem dos Advogados do Brasil”.

Além do mais, sobre o tema, destaco que os advogados públicos se sujeitam ao


regime jurídico previsto em estatuto próprio e postulam no exercício de cargo público ao
qual foram investidos, mediante aprovação em concurso de provas e títulos (art. 131, § 2º, da
CF/1988) e que, ainda, há, na Lei Orgânica da AGU (Lei Complementar n. 73/1993), veda-
ção expressa do exercício da advocacia fora das atribuições institucionais (art. 28, I),
ou seja, é vedado o exercício da advocacia privada.
Do mesmo modo, a Lei Complementar n. 80/1994, que organizou a Defensoria Pública,
determina que a capacidade postulatória do Defensor Público decorre exclusivamente de
sua nomeação e posse no cargo público (art. 4º, § 6º c/c art. 24), assim como é vedado o
exercício da advocacia fora das suas atribuições institucionais (art. 134, § 1º, da CF/1988).
Dito isso, por ora, atente-se: os Procuradores Gerais, os Advogados Gerais, os Defen-
sores Gerais e os dirigentes de órgãos jurídicos da Administração Pública direta, indireta e
fundacional são exclusivamente legitimados para o exercício da advocacia vinculada à
função que exercem, durante o período da investidura.
Quanto aos demais, aplica-se a regra do artigo 30, I, que veda a atuação em face da
Fazenda Pública que os remunera, observando-se, evidentemente, se inexistente vedação
expressa em lei especial.

EOAB, art. 30. São impedidos de exercer a advocacia:


I – os servidores da administração direta, indireta e fundacional, contra a Fazenda
Pública que os remunere ou à qual seja vinculada a entidade empregadora;
II – os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis, contra ou a favor
das pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, sociedades de eco-
nomia mista, fundações públicas, entidades paraestatais ou empresas concessio-
nárias ou permissionárias de serviço público.
Parágrafo único. Não se incluem nas hipóteses do inciso I os docentes dos cur-
sos jurídicos.

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O IMPEDIMENTO determina a proibição parcial do exercício da advocacia, uma


vez que veda o exercício da advocacia em algumas situações específicas elencadas no pró-
prio Estatuto.
Como já mencionei, o profissional que passar a exercer atividade incompatível em
caráter temporário poderá licenciar-se do exercício da advocacia (art. 12, II, do Esta-
tuto da OAB).
São IMPEDIDOS de exercer a advocacia:

• I – os servidores da Administração direta, indireta e fundacional, contra a Fazenda


Pública que os remunere ou à qual seja vinculada a entidade empregadora. Não
se incluem nas hipóteses desse inciso I os docentes dos cursos jurídicos.

A parcialidade do impedimento é verificada quando a vedação opera apenas em face


da Fazenda Pública que remunera o servidor, que também é advogado.
Nesse sentido, Paulo Lôbo (2017) explica que:

O advogado que mantenha vínculo funcional com qualquer entidade da Adminis-


tração Pública direta ou indireta fica impedido de advogar contra não apenas
o órgão ou entidade, mas contra a respectiva Fazenda Pública, porque esta é
comum. Por Fazenda Pública entende-se ou a União, ou o Estado-membro
ou o Município, incluídas as respectivas entidades de Administração direta e
indireta, empresas públicas e sociedades de economia mista. Se, por exem-
plo, o advogado for empregado de uma fundação pública de determinado Estado-
-membro, o impedimento alcançará todas as entidades da Administração direta ou
indireta dessa unidade federativa (destaques nossos).

É importante destacar que o impedimento se mantém mesmo após a aposentadoria do


servidor, considerando que o vínculo remuneratório com a Administração Pública permanece.
A permanência do vínculo com os servidores aposentados foi ressaltada pelo Supremo
Tribunal Federal no julgamento da ADI n. 1.441, o qual concluiu que ao contrário dos traba-
lhadores na iniciativa privada, que nenhum liame conservam com seus empregadores após
a rescisão do contrato de trabalho pela aposentadoria, preservam os servidores aposenta-
dos um remarcado vínculo de índole financeira, com a pessoa jurídica de direito público
para que tenham trabalhado.

ATENÇÃO
NÃO SE INCLUEM nas hipóteses de impedimento do inciso I os docentes dos cursos
jurídicos (artigo 30, I, parágrafo único, do Estatuto da OAB).

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Além do mais, o impedimento recai sobre a pessoa do advogado, que poderá inte-
grar sociedade de advogados normalmente sem prejudicar o livre exercício da profissão dos
demais sócios.

• II – os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis, contra ou a


favor das pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, sociedades
de economia mista, fundações públicas, entidades paraestatais ou empresas
concessionárias ou permissionárias de serviço público.

O impedimento aqui previsto cuida de todos os parlamentares, federais, estaduais ou


municipais, de modo que, se não forem integrantes das mesas diretoras ou suplentes, o que
ensejaria incompatibilidade (art. 28, I, do Estatuto da OAB), estão impedidos de atuar a favor
ou contra qualquer entidade da Administração Pública direta ou indireta, seja ela, do mesmo
modo, municipal, estadual ou federal, enquanto permanecerem no exercício do mandato.

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8 – ÉTICA DO ADVOGADO

EOAB, art. 31. O advogado deve proceder de forma que o torne merecedor de
respeito e que contribua para o prestígio da classe e da advocacia.
§ 1º O advogado, no exercício da profissão, deve manter independência em qual-
quer circunstância.
§ 2º Nenhum receio de desagradar a magistrado ou a qualquer autoridade, nem
de incorrer em impopularidade, deve deter o advogado no exercício da profissão.

Os advogados possuem Estatuto próprio que lhes confere uma gama de direitos e prer-
rogativas, a fim de garantir lisura e subsidiar o bom desempenho de sua atuação na defesa
dos direitos e interesses de seus constituintes, seja em âmbito extrajudicial, seja judicial.
Por outro lado, diante da essencialidade da atividade do advogado no meio social e na
administração da Justiça, bem como a fim de zelar pelo respeito e pela dignidade da cate-
goria, exige-se conduta compatível do advogado com a função social que exerce, necessá-
rio, para tanto, que o profissional proceda em todos os atos do seu ofício com lealdade e
boa-fé, observando os princípios éticos e morais.
De acordo com Paulo Lôbo (2017):

A ética profissional é parte da ética geral, entendida como ciência da conduta.


Nosso campo de atenção é o da objetivação da ética profissional, que se denomi-
na deontologia jurídica, ou estudo dos deveres dos profissionais do direito, espe-
cialmente dos advogados, porque de todas as profissões jurídicas a advocacia é
talvez a única que nasceu rigidamente presa a deveres éticos (destaques nossos).

Como mandamentos que devem conduzir a conduta do advogado, o Conselho Federal


da OAB trouxe, ao instituir o Código de Ética, a lealdade e a boa-fé nas relações profissio-
nais e em todos os atos do seu ofício e a fidelidade à verdade para poder servir à Justiça
como um de seus elementos essenciais.
O Estatuto da OAB dispõe sobre a ética do advogado e estabelece que este deve
proceder de forma que o torne merecedor de respeito e que contribua para o prestígio da
classe e da advocacia, mantendo sua independência em qualquer circunstância, sendo que
nenhum receio de desagradar a Magistrado ou a qualquer autoridade, nem de incorrer em
impopularidade, deve deter o advogado no exercício da profissão.
É conveniente destacar: ao tempo em que o Estatuto exige do advogado a observância
de preceitos éticos, este lhe assegura a independência funcional, um dos pilares das prerro-
gativas do advogado.

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Quanto à independência, lembre-se: o Código de Ética e Disciplina da OAB determina


em seu artigo 4º que o advogado, ainda que vinculado ao cliente ou constituinte, deve zelar
pela sua liberdade e independência, permitindo-se, inclusive, a recusa do patrocínio de causa
e de manifestação, no âmbito consultivo, de pretensão concernente a direito que também lhe
seja aplicável ou contrarie orientação que tenha manifestado anteriormente.
A associação da liberdade de atuação do profissional advogado e a observância dos
preceitos éticos é trazida por Paulo Lôbo (2017) no seguinte sentido:

Além da independência técnica, o advogado deve preservar sua independên-


cia política e de consciência, jamais permitindo que os interesses do cliente
confundam-se com os seus. O advogado não é e nunca pode ser o substituto
da parte; é o patrono. Por outro lado, em momento algum deve ele deixar-se levar
pelas emoções, sentimentos e impulsos do cliente, que deverão ser retidos à porta
de seu escritório.
A ética do advogado é a ética da parcialidade, ao contrário da ética do juiz, que é
a da isenção. Contudo, não pode o advogado cobrir com o manto ético qual-
quer interesse do cliente, cabendo-lhe recursar o patrocínio que viole sua in-
dependência ou a ética profissional. Não há justificativa ética, salvo no campo
da defesa criminal, para a cegueira dos valores diante da defesa de interesses
sabidamente aéticos ou de origem ilícita. A recusa, nesses casos, é um imperativo
que engrandece o advogado (destaques nossos).

Ao atuar como patrono da parte, durante o exercício do mandato, o advogado deverá


imprimir à causa orientação que lhe pareça mais adequada, sem se subordinar a inten-
ções contrárias do cliente, mas, antes, procurando esclarecê-lo quanto à estratégia tra-
çada (art. 11 do CED-OAB).
Além do mais, o advogado não se sujeita à imposição do cliente que pretenda ver com
ele atuando outros advogados, nem fica na contingência de aceitar a indicação de outro
profissional para com ele trabalhar no processo, nos termos do artigo 24 do Código de Ética.
O importante a ser destacado é que é direito e dever do advogado assumir a defesa
criminal, sem considerar sua própria opinião sobre a culpa do acusado, uma vez que
não há causa criminal indigna de defesa, cumprindo ao advogado agir no sentido de que
a todos seja concedido tratamento condizente com a dignidade da pessoa humana, sob a
égide das garantias constitucionais (art. 23 do CED-OAB).
EOAB, art. 32. O advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional,
praticar com dolo ou culpa.
Parágrafo único. Em caso de lide temerária, o advogado será solidariamente respon-
sável com seu cliente, desde que coligado com este para lesar a parte contrária, o que será
apurado em ação própria.

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Outro preceito ético é que o advogado é responsável pelos atos que, no exercício pro-
fissional, praticar com dolo ou culpa.

ATENÇÃO
Em caso de lide temerária, o advogado será solidariamente responsável com seu clien-
te, desde que coligado com este para lesar a parte contrária, o que será apurado em
ação própria.

EOAB, art. 33. O advogado obriga-se a cumprir rigorosamente os deveres consig-


nados no Código de Ética e Disciplina.
Parágrafo único. O Código de Ética e Disciplina regula os deveres do advogado
para com a comunidade, o cliente, o outro profissional e, ainda, a publicidade, a
recusa do patrocínio, o dever de assistência jurídica, o dever geral de urbanidade
e os respectivos procedimentos disciplinares.

O Código de Ética e Disciplina da OAB regula os deveres do advogado para com a


comunidade, o cliente, o outro profissional e, ainda, a publicidade, a recusa do patrocínio, o
dever de prestar assistência jurídica, o dever geral de urbanidade e os respectivos procedi-
mentos disciplinares, consequentemente o advogado obriga-se a cumprir rigorosamente os
deveres consignados no Código de Ética e Disciplina.
Além disso, ao estabelecer os princípios fundamentais da ética do advogado, o Código
de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil instituiu os seguintes deveres:

CED-OAB, art. 2º, parágrafo único. São deveres do advogado


I – preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão,
zelando pelo caráter de essencialidade e indispensabilidade da advocacia;
II – atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, le-
aldade, dignidade e boa-fé;
III – velar por sua reputação pessoal e profissional;
IV – empenhar-se, permanentemente, no aperfeiçoamento pessoal e profissional;
V – contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis;
VI – estimular, a qualquer tempo, a conciliação e a mediação entre os litigantes,
prevenindo, sempre que possível, a instauração de litígios;
VII – desaconselhar lides temerárias, a partir de um juízo preliminar de viabilida-
de jurídica;
VIII – abster-se de:
a. utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente;
b. vincular seu nome ou nome social a empreendimentos sabidamente escusos;

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c. emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a honestidade e a


dignidade da pessoa humana;
d. entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono constituído,
sem o assentimento deste;
e. ingressar ou atuar em pleitos administrativos ou judiciais perante autoridades
com as quais tenha vínculos negociais ou familiares;
f. contratar honorários advocatícios em valores aviltantes.
IX – pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela efetivação dos di-
reitos individuais, coletivos e difusos;
X – adotar conduta consentânea com o papel de elemento indispensável à admi-
nistração da Justiça;
XI – cumprir os encargos assumidos no âmbito da Ordem dos Advogados do Brasil
ou na representação da classe;
XII – zelar pelos valores institucionais da OAB e da advocacia;
XIII – ater-se, quando no exercício da função de defensor público, à defesa dos
necessitados (destaques nossos).

As relações entre advogado e cliente devem se basear na confiança recíproca. Caso


o advogado sinta que essa confiança lhe falta, o Código de Ética recomenda que externe sua
impressão ao seu cliente e, não se dissipando as dúvidas existentes, promova, em seguida,
o substabelecimento do mandato ou a ele renuncie (art. 10 do CED-OAB).

DICA:
Os deveres éticos consignados no Código não são recomendações de bom com-
portamento, mas sim normas jurídicas dotadas de obrigatoriedade, as quais
devem ser cumpridas com rigor, sob pena de cometimento de infração disciplinar
(LÔBO, 2017).

SIGILO PROFISSIONAL

Um desdobramento da conduta ética do advogado refere-se ao sigilo profissional. Este é


de ordem pública e está previsto na Constituição Federal de 1988: “XIV - é assegurado a todos o
acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”.
Tal prerrogativa não está limitada aos advogados, já que é aplicável a todas as catego-
rias profissionais.
As comunicações de qualquer natureza entre advogado e cliente presumem-se confi-
denciais, independendo de solicitação de reserva pelo cliente. Ademais, o advogado, quando
no exercício das funções de mediador, conciliador e árbitro, se submete às regras de sigilo
profissional (art. 36 do CED-OAB).

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Nos termos do Código de Ética e Disciplina da OAB:


– Sobrevindo conflito de interesses entre seus constituintes e não conseguindo o
advogado harmonizá-los, caber-lhe-á optar, com prudência e discrição, por um dos
mandatos, renunciando aos demais, resguardado sempre o sigilo profissional
(art. 20 do CED-OAB).
– O advogado, ao postular em nome de terceiros, contra ex-cliente ou ex-emprega-
dor, judicial e extrajudicialmente, deve resguardar o sigilo profissional (art. 21
do CED-OAB).

Dessa forma, por mais que o advogado deixe de prestar serviços a determinado cliente,
não poderá valer-se das informações por ele repassadas, seja em proveito próprio ou alheio,
sob pena de violar o sigilo profissional, considerando que apenas tomou conhecimento dos
fatos por meio da sua relação de confiança estabelecida com o constituinte.

ATENÇÃO
Devemos observar sempre se a conduta do advogado não está acobertada por algumas
das hipóteses de JUSTA CAUSA, o que também afasta o cometimento de infração disci-
plinar e o crime de violação de segredo profissional.

Nesse ponto, cabe mencionar que o sigilo profissional cederá em face de circunstân-
cias excepcionais que configurem justa causa, como nos casos de grave ameaça ao direito
à vida e à honra ou que envolvam defesa própria do advogado (art. 37 do CED-OAB).

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PUBLICIDADE

EOAB, art. 1º, § 3º É vedada a divulgação de advocacia em conjunto com outra


atividade.

A atividade desempenhada pelo advogado não pode ser vista sob a ótica de atividade
exclusivamente econômica. Devemos nos lembrar de que o advogado, por mais que se uti-
lize da advocacia como meio de garantir frutos para sua subsistência, no seu ministério pri-
vado presta serviço público e exerce função social.
O exercício da advocacia é incompatível com qualquer procedimento de mercantili-
zação (art. 5º do CED-OAB), sendo vedado o oferecimento de serviços profissionais que
implique, direta ou indiretamente, em angariar clientela (art. 7º do CED-OAB).
Com isso, a publicidade profissional se afasta da mercantilização da profissão, da cap-
tação de clientela e possui caráter meramente informativo, devendo primar pela discrição
e sobriedade (art. 39 do CED-OAB).

Considerando a proibição de utilizar os meios comuns de publicidade empresarial, são


vedados como meio de publicidade profissional (art. 40 do CED-OAB):
– a veiculação da publicidade por meio de rádio, cinema e televisão;
– o uso de outdoors, painéis luminosos ou formas assemelhadas de publicidade;

 Obs.: É permitida a utilização de placas, painéis luminosos e inscrições apenas em facha-


das, exclusivamente para fins de identificação dos escritórios de advocacia,
possuindo apenas caráter meramente informativo, devendo primar pela discrição e
sobriedade (art. 40, parágrafo único, do CED-OAB).

– as inscrições em muros, paredes, veículos, elevadores ou em qualquer


espaço público;
– a divulgação de serviços de advocacia juntamente com a de outras atividades ou
a indicação de vínculos entre uns e outras;

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– o fornecimento de dados de contato, como endereço e telefone, em colunas ou


artigos literários, culturais, acadêmicos ou jurídicos, publicados na imprensa, bem
assim quando de eventual participação em programas de rádio ou televisão, ou
em veiculação de matérias pela internet, sendo permitida a referência a e-mail;
– a utilização de mala direta, a distribuição de panfletos ou formas assemelhadas de
publicidade, com o intuito de captação de clientela.

Além disso, de acordo com o artigo 42 do Código de Ética e Disciplina da OAB, é


vedado ao advogado:
– responder com habitualidade a consulta sobre matéria jurídica, nos meios de
comunicação social;
– debater, em qualquer meio de comunicação, causa sob o patrocínio de
outro advogado;
– abordar tema de modo a comprometer a dignidade da profissão e da instituição
que o congrega;
– divulgar ou deixar que sejam divulgadas listas de clientes e demandas;
– insinuar-se para reportagens e declarações públicas.

Já vimos que é dever do advogado prevenir, sempre que possível, a instauração de lití-
gios, bem como desaconselhar lides temerárias. Consequentemente, as colunas que o advo-
gado mantiver nos meios de comunicação social ou os textos que por meio deles divulgar não
deverão induzir o leitor a litigar nem promover a captação de clientela (art. 41 do CED-OAB).
O advogado que eventualmente participar de programa de televisão ou de rádio, de entre-
vista na imprensa, de reportagem televisionada ou veiculada por qualquer outro meio, para
manifestação profissional, deve visar a objetivos exclusivamente ilustrativos, educacionais
e instrutivos, sem propósito de promoção pessoal ou profissional, vedados pronunciamentos
sobre métodos de trabalho usados por seus colegas de profissão (art. 43 do CED-OAB).
Além do mais, quando convidado para manifestação pública, por qualquer modo
e forma, visando ao esclarecimento de tema jurídico de interesse geral, deve o advogado
EVITAR insinuações com o sentido de promoção pessoal ou profissional, bem como o
debate de caráter sensacionalista.
Na publicidade profissional que promover ou nos cartões e material de escritório de
que se utilizar, o advogado fará constar seu nome, nome social ou o da sociedade de advo-
gados, o número ou os números de inscrição na OAB (art. 44 do CED-OAB).
Poderão ser referidos apenas os títulos acadêmicos do advogado e as distinções
honoríficas relacionadas à vida profissional, bem como as instituições jurídicas de que
faça parte, e as especialidades a que se dedicar, endereço, e-mail, site, página eletrônica,
QR code, logotipo e a fotografia do escritório, o horário de atendimento e os idiomas em que
o cliente poderá ser atendido (art. 44, § 1º, do CED-OAB).

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É vedada a inclusão de fotografias pessoais ou de terceiros nos cartões de visitas do


advogado, bem como menção a qualquer emprego, cargo ou função ocupado, atual ou pretérito,
em qualquer órgão ou instituição, salvo o de professor universitário (art. 44, § 2º, do CED-OAB).
Por fim, são admissíveis como formas de publicidade o patrocínio de eventos ou
publicações de caráter científico ou cultural, assim como a divulgação de boletins, por
meio físico ou eletrônico, sobre matéria cultural de interesse dos advogados, desde que sua
circulação fique adstrita a clientes e a interessados do meio jurídico (art. 45 do CED-OAB).
Tendo em vista as mudanças na dinâmica social, a publicidade poderá ser veiculada
pela internet ou por outros meios eletrônicos, como a telefonia (inclusive para o envio de
mensagens a destinatários certos), desde que observadas as diretrizes do Código de Ética
e Disciplina da OAB e que não impliquem o oferecimento de serviços ou representem forma
de captação de clientela (art. 46 do CED-OAB).

ADVOCACIA PRO BONO

De acordo com o artigo 30 do CED-OAB, considera-se advocacia pro bono a prestação


gratuita, eventual e voluntária dos serviços jurídicos em favor de instituições sociais sem
fins econômicos e aos seus assistidos, sempre que os beneficiários não dispuserem de
recursos para a contratação de profissional.
A advocacia pro bono pode ser exercida em favor de pessoas naturais que, igualmente,
não dispuserem de recursos para, sem prejuízo do próprio sustento, contratar advogado.
Todavia, é importante destacar que o advogado não pode se utilizar da advocacia pro
bono para fins político-partidários ou eleitorais, nem beneficiar instituições que visem a tais
objetivos, ou como instrumento de publicidade para captação de clientela.
De todo modo, durante o exercício da advocacia pro bono e ao atuar como defensor
nomeado, conveniado ou dativo, o advogado empregará o zelo e a dedicação habituais, de
forma que a parte por ele assistida se sinta amparada e confie no seu patrocínio.

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9 – INFRAÇÕES E SANÇÕES DISCIPLINARES

EOAB, art. 34. Constitui infração disciplinar:


I – exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer meio,
o seu exercício aos não inscritos, proibidos ou impedidos;
II – manter sociedade profissional fora das normas e preceitos estabelecidos
nesta lei;
III – valer-se de agenciador de causas, mediante participação nos honorários
a receber;
IV – angariar ou captar causas, com ou sem a intervenção de terceiros;
V – assinar qualquer escrito destinado a processo judicial ou para fim extrajudicial
que não tenha feito, ou em que não tenha colaborado;
VI – advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a boa-fé quando fun-
damentado na inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou em pronunciamento
judicial anterior;
VII – violar, sem justa causa, sigilo profissional;
VIII – estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização do cliente
ou ciência do advogado contrário;
IX – prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu patrocínio;
X – acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a nulidade do pro-
cesso em que funcione;
XI – abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos dez dias da co-
municação da renúncia;
XII – recusar-se a prestar, sem justo motivo, assistência jurídica, quando nomeado
em virtude de impossibilidade da Defensoria Pública;
XIII – fazer publicar na imprensa, desnecessária e habitualmente, alegações fo-
renses ou relativas a causas pendentes;
XIV – deturpar o teor de dispositivo de lei, de citação doutrinária ou de julgado,
bem como de depoimentos, documentos e alegações da parte contrária, para con-
fundir o adversário ou iludir o juiz da causa;
XV – fazer, em nome do constituinte, sem autorização escrita deste, imputação a
terceiro de fato definido como crime;
XVI – deixar de cumprir, no prazo estabelecido, determinação emanada do órgão
ou de autoridade da Ordem, em matéria da competência desta, depois de regular-
mente notificado;
XVII – prestar concurso a clientes ou a terceiros para realização de ato contrário à
lei ou destinado a fraudá-la;
XVIII – solicitar ou receber de constituinte qualquer importância para aplicação
ilícita ou desonesta;

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XIX – receber valores, da parte contrária ou de terceiro, relacionados com o objeto


do mandato, sem expressa autorização do constituinte;
XX – locupletar-se, por qualquer forma, à custa do cliente ou da parte adversa, por
si ou interposta pessoa;
XXI – recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente de quantias rece-
bidas dele ou de terceiros por conta dele;
XXII – reter, abusivamente, ou extraviar autos recebidos com vista ou em confiança;
XXIII – deixar de pagar as contribuições, multas e preços de serviços devidos à
OAB, depois de regularmente notificado a fazê-lo;
XXIV – incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profissional;
XXV – manter conduta incompatível com a advocacia;
XXVI – fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para inscrição na OAB;
XXVII – tornar-se moralmente inidôneo para o exercício da advocacia;
XXVIII – praticar crime infamante;
XXIX – praticar, o estagiário, ato excedente de sua habilitação.
Parágrafo único. Inclui-se na conduta incompatível:
a. prática reiterada de jogo de azar, não autorizado por lei;
b. incontinência pública e escandalosa;
c. embriaguez ou toxicomania habituais.

As condutas que configuram a infração disciplinar são definidas taxativamente pela Lei
n. 8.906/1994, sendo vedadas as interpretações extensivas ou analógicas, bem como o juízo
subjetivo de valor (LÔBO, 2017).
Pois bem.
Constitui infração disciplinar:

• 1.1 - Exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer meio,
o seu exercício aos não inscritos, proibidos ou impedidos (inciso I).

O impedimento afeta a plenitude de atuação do advogado, uma vez que é caracterizado


como o impedimento parcial da atividade da advocacia, configurando o exercício irregular
da profissão.

DICA:
No tópico 7, tratamos das incompatibilidades e dos impedimentos de modo deta-
lhado. Em caso de dúvida, retorne ao referido item.

A outra hipótese prevista no inciso ocorre quando o advogado, mediante ação ou omis-
são, facilita o exercício da advocacia aos não inscritos, proibidos ou impedidos.

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Desse modo, o advogado não pode facilitar nem permitir o exercício de atos privativos
de advogado por estagiário ou qualquer outra pessoa não inscrita nos quadros da Ordem, por
exemplo atendentes e secretários.
Veja que, além do impedimento, o inciso I do artigo 34 do Estatuto menciona a proibi-
ção de advogar. Sob a ótica do Estatuto da OAB, a proibição total de advogar é a incompa-
tibilidade estabelecida no artigo 28, que já estudamos no item 7 desta aula.

• 1.2 - Manter sociedade profissional fora das normas e preceitos estabelecidos nessa
lei (inciso II).

Os advogados podem se reunir em sociedade simples de prestação de serviços de


advocacia ou constituir sociedade unipessoal de advocacia, que adquire personalidade
jurídica com o registro aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB
em cuja base territorial tiver sede, nos termos do artigo 15 do Estatuto da OAB.
Não são admitidas a registro nem podem funcionar todas as espécies de socieda-
des de advogados que apresentem forma ou características de sociedade empresária, que
adotem denominação fantasia, que realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam
como sócio ou titular de sociedade unipessoal de advocacia pessoa não inscrita como advo-
gado ou totalmente proibida de advogar (art. 16 do Estatuto da OAB).
O registro das sociedades deverá ser feito no Conselho da OAB, sendo, nos termos
do § 3º do artigo 16, proibido o registro nos cartórios de registro civil de pessoas jurídicas e
nas juntas comerciais.
É vedada a inclusão, no quadro societário da sociedade de advogados, de pessoa
sem inscrição na OAB ou que exerça atividade incompatível com a advocacia, bem como
associar a sociedade a outra atividade diversa, por exemplo: contabilidade, corretora de
imóveis etc.
De todo modo, é essencial que as sociedades profissionais observem as normas e
preceitos estabelecidos no Estatuto da OAB, no Regulamento Geral da OAB, bem como
nos Provimentos do Conselho Federal. Caso contrário, os advogados estarão sujeitos às
penalidades da infração disciplinar.

• 1.3 - Valer-se de agenciador de causas, mediante participação nos honorários a rece-


ber (inciso III).

A simples indicação do advogado ou da sociedade de advogados feita por pessoa


comum não configura a prática da infração trazida acima, já que é elementar o recebimento
de vantagem pecuniária por parte do agenciador.
O agenciador poderá atuar de diversas maneiras, seja por meio de panfletagem ou da
publicidade feita em palestras e reuniões sindicais, por exemplo.

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No entanto, o intuito principal da previsão dessa prática está em punir os advogados


que se valem de terceira pessoa para angariar clientes, desmerecendo toda a categoria pro-
fissional, além de vincular a atividade da advocacia à mercantilização, já que a prestação
de serviços advocatícios é oferecida como mercadoria, o que é expressamente vedado pelo
Código de Ética e Disciplina da OAB (art. 5º).

• 1.4 - Angariar ou captar causas, com ou sem a intervenção de terceiros (inciso IV).

Em complemento ao inciso anterior, agora o Estatuto busca abranger todas as possibi-


lidades de captação de causas.
Como já vimos, é princípio fundamental do Código de Ética e Disciplina da OAB a
vedação ao oferecimento de serviços profissionais que implique, direta ou indiretamente, em
angariar ou captar clientela (art. 7º, CED-AOB).
O advogado não pode oferecer seus serviços como se fosse uma mercadoria, prometendo
resultados e oferecendo um produto final. Lembre-se, a publicidade profissional deve possuir
caráter meramente informativo, primando pela discrição e sobriedade (art. 39, CED-OAB).

Paulo Lôbo (2017) acrescenta que:

Para o Estatuto, nenhuma forma de captação de clientela é admissível; o ad-


vogado deve ser procurado pelo cliente, nunca procurá-lo. A inculcação dá-se
sempre de modo prejudicial à dignidade da profissão, seja quando o advogado se
oferece diretamente ao cliente em ambientes sociais, autopromovendo-se, seja
quando critica o desempenho de colega que esteja com o patrocínio de alguma
causa, seja, ainda quando se utiliza dos meios de comunicação social para
manifestações habituais sobre assuntos jurídicos (destaques nossos).

• 1.5 - Assinar qualquer escrito destinado a processo judicial ou para fim extrajudicial
que não tenha feito, ou em que não tenha colaborado (inciso V).

Aqui, estamos diante de uma situação que pode abranger a ocorrência de outra infra-
ção, que seria a de facilitar o exercício ilegal da profissão de advogado, já que o profissio-
nal estaria possibilitando a elaboração de peças por pessoa não habilitada, uma vez que não
inscrita nos quadros da Ordem, e estaria simulando, portanto, que é o autor da peça.

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Destaca-se que o escrito não precisa integrar lide processual, mas poderá ser utili-
zado em procedimentos administrativos e extrajudiciais. Flávio Olimpio de Azevedo (2015)
traz outra prática irregular nesse caso:

[...] a contratação pelas partes de verdadeiros advogados “calígrafos” para pro-


mover simulação processual. Na realidade, o advogado é contratado apenas
para assinar as petições elaboradas por terceiros no processo simulado,
pois existe somente um único causídico que patrocina simultaneamente o autor e
o réu, sendo comum a esta nefasta prática o conluio visando a fraudar credores.
Este grave ato infracional, além de tipificar a conduta prevista no inciso ora comen-
tado, constitui a infração de patrocínio infiel, prestação a clientes para fraudar à lei
[...] (destaques nossos).

Além disso, é conveniente destacar que a conduta definida como infração pode ser entendida
por outro viés: o de evitar a ocorrência de plágio da produção intelectual de outro profissional,
na qual o advogado se apropria total ou parcialmente de peças elaboradas por outros advogados.

• 1.6 - Advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a boa-fé quando funda-
mentado na inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou em pronunciamento judicial
anterior (inciso VI).

O advogado é indispensável à administração da Justiça, é defensor do Estado Demo-


crático de Direito, dos direitos humanos e garantias fundamentais, da cidadania, da morali-
dade, da justiça e da paz social, cumprindo-lhe exercer seu ministério em consonância com
sua elevada função pública e com os valores que lhe são inerentes. Portanto, é vedado ao
advogado utilizar-se do direito e das leis para fins ilegais ou ilegítimos.
De outra parte, há presunção de boa-fé do advogado em determinadas situações,
tendo em vista que este não deve se calar ou se conformar com inconstitucionalidades,
injustiças da lei ou precedentes jurisprudenciais, mas, sim, atuar para combatê-las.

• 1.7 - Violar, sem justa causa, sigilo profissional (inciso VII).

O sigilo profissional é de ordem pública e está previsto na Constituição Federal de 1988:

CF/1988, art. 5º, XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado


o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional.

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As relações entre advogado e cliente baseiam-se na confiança recíproca (art. 10,


CED-OAB): de um lado, o cliente deve esclarecer todos os fatos que interessam à causa ao
advogado, mas, por outro, o advogado tem o dever de guardar sigilo dos fatos de que tome
conhecimento no exercício da profissão (art. 35, CED-AOB).
As comunicações de qualquer natureza entre advogado e cliente presumem-se confi-
denciais, independendo de solicitação de reserva pelo cliente (art. 36, CED-AOB), de modo
que violar o sigilo profissional sem justa causa constitui infração disciplinar e o crime de vio-
lação de segredo profissional previsto no artigo 154 do Código Penal.
O sigilo profissional cederá em face de circunstâncias excepcionais que configurem
justa causa, como nos casos de grave ameaça ao direito à vida e à honra ou que envolvam
defesa própria do advogado (art. 37, CED-OAB).
Apenas para relembrar: o dever de sigilo inclui o direito do advogado de se recusar a depor
como testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado
com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando autorizado ou solicitado pelo cons-
tituinte, bem como sobre fato que constitua sigilo profissional (art. 7º, XIX, do Estatuto da OAB).

• 1.8 - Estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização do cliente ou


ciência do advogado contrário (inciso VIII).

Essa infração disciplinar está intimamente ligada ao dever de honestidade e lealdade


do profissional (art. 2º, II, do CED-OAB).
Ademais, é princípio fundamental da ética do advogado o dever de se abster de se
entender diretamente com a parte adversa que tenha patrono constituído, sem o assenti-
mento deste (art. 2º, VIII, alínea “d”, do CED-OAB).
Na prática, são duas as consequências prejudiciais dessa conduta: de um lado, a parte
que não está sendo devidamente assistida por seu procurador poderá ser influenciada a aceitar
condições precárias ou abdicar de seus direitos; por outro, esse entendimento entre as partes
poderá visar a lesão ao pagamento dos honorários advocatícios devidos ao advogado adverso.
Além disso, devemos lembrar que a solução do litígio por qualquer mecanismo ade-
quado de solução extrajudicial não permite, em qualquer hipótese, a diminuição dos honorá-
rios contratados (art. 48, § 5º, do CED-OAB), bem como que, caso o cliente do advogado e
a parte contrária firmem acordo, não serão prejudicados os honorários convencionados ou
concedidos por sentença (art. 24, § 4º, do Estatuto da OAB).

• 1.9 - Prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu patrocínio (inciso IX).

É essencial para a configuração da infração a existência de prejuízo ao cliente em razão


da culpa grave do advogado.

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O conceito de culpa grave é trazido por Paulo Lôbo (2017), em “Comentários ao Esta-
tuto da Advocacia e da OAB”, da seguinte forma:

[...] uma negligencia extraordinária, superior à média da diligência comum, ou


seja, não usar a atenção mais vulgar, não entender o que entendem todos. A culpa
grave aproxima-se do dolo (dolu malus), mas com ele não se confunde porque
falta a intenção de prejudicar. A culpa grave é aquela inescusável na atividade
do advogado. Resulta da falta que o profissional mais desleixado ou medíocre não
poderia cometer (destaques nossos).

Ou seja, o advogado não poderá ser responsabilizado por perder uma demanda se para
o deslinde o processo se empenhou, inexistindo erro inescusável.
De todo modo, segundo o artigo 32 do Estatuto da OAB, o advogado é responsável
pelos atos que, no exercício profissional, praticar com dolo ou culpa.
Além disso, é importante mencionar mais uma vez que as esferas civil, penal e adminis-
trativa são independentes e, assim, o prejuízo causado poderá ser reparado na seara civil.

• 1.10 - Acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a nulidade do pro-


cesso em que funcione (inciso X).

O advogado deve colaborar para o bom andamento do processo. Nesse caso, a anu-
lação ou a nulidade deve decorrer diretamente do ato praticado pelo advogado, já que a
infração do inciso requer um dolo direcionado, mesmo que seja por omissão, consciente e
voluntária, do procurador.

• 1.11 - Abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos dez dias da comu-
nicação da renúncia (inciso XI).

A atuação do advogado quando postula, em juízo ou fora dele, está vinculada à existên-
cia de um mandato, no qual o constituinte confere ao advogado poderes para representá-lo
em juízo ou na via extrajudicial (art. 5º do Estatuto da OAB).
Nada impede, todavia, que o advogado renuncie ao mandato, de acordo com a sua
conveniência, sem menção do motivo que determinou a renúncia, exigindo-se, apenas, que
continue representando o mandante durante 10 (dez) dias, contados da notificação da
renúncia, salvo se for substituído antes do término desse prazo, sendo que cessará, após o
decurso desse prazo, a responsabilidade profissional pelo acompanhamento da causa (art.
5º, § 3º, do Estatuto da OAB).

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O Código de Ética e Disciplina da OAB recomenda que o advogado, em face de dificul-


dades insuperáveis ou inércia do cliente quanto a providências que lhe tenham sido solicita-
das, não deixe ao abandono ou desamparadas as causas sob seu patrocínio, mas, sim, que
renuncie ao mandato (art. 15 do CED-OAB).
A renúncia poderá ocorrer sem que o advogado explique sua motivação. Todavia, o
advogado não está autorizado a abandonar a causa, deixando desamparado o mandante,
sem lhe oportunizar prazo razoável para contratar procurador substituto.
A infração disciplinar ora em comento somente se configura se o advogado não estiver
acobertado por uma justa causa que justifique o abandono, tal como a ocorrência de grave
acidente que o impeça de exercer a atividade da advocacia.
Nesse sentido, de acordo com o artigo 37 do Código de Ética e Disciplina da OAB, são
circunstâncias excepcionais que configuram justa causa: grave ameaça ao direito à vida
e à honra ou que envolvam defesa própria do advogado.

• 1.12 - Recusar-se a prestar, sem justo motivo, assistência jurídica, quando nomeado
em virtude de impossibilidade da Defensoria Pública (inciso XII).

Uma das garantias fundamentais previstas na Constituição Federal de 1988 relacio-


nada com a atividade dos advogados é a assistência jurídica integral e gratuita prestada pelo
Estado aos que comprovarem insuficiência de recursos (art. 5º, LXXIV, da CF/1988).
A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do
Estado, incumbindo-lhe fundamentalmente, como expressão e instrumento do regime demo-
crático, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os
graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita,
aos necessitados, conforme traz o artigo 134 da Constituição Federal de 1988.
De acordo com o artigo 2º, XIII, do Código de Ética e Disciplina da OAB, o advogado, indis-
pensável à administração da Justiça, é defensor do Estado Democrático de Direito, dos direitos
humanos e garantias fundamentais, da cidadania, da moralidade, da justiça e da paz social,
cumprindo-lhe exercer o seu ministério em consonância com a sua elevada função pública.

 Obs.: Segundo o § 1º do artigo 22 do Estatuto da OAB, quando indicado para patrocinar


causa de juridicamente necessitado, no caso de impossibilidade da Defensoria
Pública, o advogado tem direito aos honorários fixados pelo Juiz, segundo tabela
organizada pelo Conselho Seccional da OAB, e pagos pelo Estado.

Destaco que, uma vez nomeado, o advogado não poderá se recusar a prestar assistên-
cia jurídica sem apresentar justo motivo.

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• 1.13 - Fazer publicar na imprensa, desnecessária e habitualmente, alegações forenses


ou relativas a causas pendentes (inciso XIII).

Vimos que a publicidade profissional se afasta da mercantilização da profissão, da


captação de clientela e possui caráter meramente informativo, bem como que deve primar
pela discrição e sobriedade.
Ademais, estudamos as diretrizes trazidas pelo Código de Ética e Disciplina da OAB,
que devem ser observadas pelos advogados. Dentre elas, está a vedação ao advogado de
responder com habitualidade a consulta sobre matéria jurídica nos meios de comunicação
social, além de divulgar demandas de seus clientes (art. 42, I e V, do CED-OAB).
A infração disciplinar visa coibir a autopromoção do advogado e ainda a captação de
clientes. No entanto, pode o advogado participar eventualmente de programa de televisão ou
de rádio, de entrevista na imprensa, de reportagem televisionada ou veiculada por qualquer
outro meio, para manifestação profissional, desde que o objetivo da manifestação seja exclu-
sivamente ilustrativo, educativo e instrutivo (art. 43, CED-OAB).

• 1.14 - Deturpar o teor de dispositivo de lei, de citação doutrinária ou de julgado, bem


como de depoimentos, documentos e alegações da parte contrária, para confundir o
adversário ou iludir o juiz da causa (inciso XIV).

No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e manifestações, nos limi-
tes desta lei (art. 2º, § 3º, do Estatuto da OAB). Entretanto, essa garantia não é absoluta e não
autoriza o advogado a falsear deliberadamente a verdade e utilizar de má-fé (art. 6º do CED-OAB).
É importante destacar a necessidade de dolo específico na conduta do advogado, uma
vez que deturpação deve ocorrer com a intenção de confundir o adversário ou iludir o Juiz.
Nesse sentido, Flávio Olimpio de Azevedo (2015) define que:

Mas não ocorre infração disciplinar quando o causídico, durante o curso pro-
cessual, por excesso de profissionalismo e no afã de defender seu constituin-
te, interpreta a doutrina, a jurisprudência ou depoimentos de forma tendenciosa
e equivocada, contudo sem alterar maliciosamente o conteúdo das citações
(destaques nossos).

Ademais, não faz sentido o advogado ser penalizado pelo cometimento de erro mate-
rial na elaboração de suas peças.

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• 1.15 - Fazer, em nome do constituinte, sem autorização escrita deste, imputação a ter-
ceiro de fato definido como crime (inciso XV).

No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e manifestações, ou


seja, possui imunidade profissional, não constituindo injúria ou difamação puníveis qualquer
manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade (art. 2º, § 3º, do Estatuto da OAB).
Em que pese a independência funcional do advogado ser um dos princípios fundamen-
tais da ética do advogado, a infração em comento é uma exceção, em razão da gravidade da
conduta de imputar a alguém fato definido como crime.
O artigo 138 do Código Penal traz que a imputação falsa de fato definido como crime
constitui calúnia.
O Código de Processo Penal estabelece que a queixa poderá ser dada por procura-
dor com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato do querelante e a
menção do fato criminoso (art. 44).
No caso, o Estatuto é ainda mais abrangente, já que não se trata propriamente de calú-
nia, uma vez que, para concretizar a infração disciplinar, basta a imputação a terceiro, em
nome do constituinte, sem sua autorização escrita, mesmo que o fato definido como crime
seja verdadeiro (LÔBO, 2017).

• 1.16 - Deixar de cumprir, no prazo estabelecido, determinação emanada do órgão ou


de autoridade da Ordem, em matéria da competência desta, depois de regularmente
notificado (inciso XVI).

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é uma entidade sui generis que presta serviço
público e tem por finalidade defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado Democrático
de Direito, os direitos humanos, a justiça social e pugnar pela boa aplicação das leis, pela
rápida administração da Justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídi-
cas, bem como promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a disci-
plina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil (art. 44 do Estatuto da OAB).
São órgãos da OAB (art. 45 do Estatuto da OAB):
– o Conselho Federal;
– os Conselhos Seccionais;
– as Subseções;
– as Caixas de Assistência dos Advogados.

A composição e a atribuição de cada um dos órgãos citados acima serão estudadas


em breve, mas, por ora, você precisa entender que a infração em estudo será cometida pelo
advogado somente se a determinação for expedida por membro competente para tal exigên-
cia. Ainda, faz-se necessária a adequação da exigência às normas estatutárias.

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Parece evidente, mas o advogado deverá ser devidamente notificado e a ele deverá
ser concedido prazo razoável para cumprimento.

• 1.17 - Prestar concurso a clientes ou a terceiros para realização de ato contrário à lei
ou destinado a fraudá-la (inciso XVII).

É um preceito ético fundamental o dever do advogado de abster-se de emprestar


concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a honestidade e a dignidade da pessoa
humana, além de adotar conduta consentânea com o papel de elemento indispensável à
administração da Justiça, o que vai de encontro com o concurso na realização de ato contrá-
rio à lei (art. 2º, VIII, alíneas “c” e “X”, do CED-OAB).
Mais uma vez, estamos diante de uma infração que exige dolo específico, conside-
rando que o advogado deverá participar do ato com a intenção de subverter a aplicação da
lei ou fraudá-la.
Paulo Lôbo (2017) esclarece a infração estabelecendo que “O advogado defende o cri-
minoso, mas não pode ser instrumento do crime”.

• 1.18 - Solicitar ou receber de constituinte qualquer importância para aplicação ilícita ou


desonesta (inciso XVIII).

O importante a ser destacado é que, para configurar a infração, o advogado poderá


simplesmente receber valores do constituinte para aplicação ilícita ou desonesta, bem como
resta configurada quando o advogado solicita valores para aplicação ilícita ou desonesta,
independentemente do efetivo fornecimento do valor pelo constituinte.

• 1.19 - Receber valores, da parte contrária ou de terceiro, relacionados com o objeto do


mandato, sem expressa autorização do constituinte (inciso XIX).

Lembre-se de que uma das infrações disciplinares trazidas pelo artigo é o entendimento
com a parte adversa sem autorização do cliente ou ciência do advogado contrário (inciso VIII).
Agora, estamos diante de uma situação em que o constituinte não autoriza expressa-
mente o entendimento com a parte adversa, sendo que o acordo não precisa ser neces-
sariamente prejudicial à parte, mas o recebimento de valores, seja da parte contrária ou de
um terceiro, viola o fundamento ético da confiança recíproca existente na relação entre
advogado e cliente (art. 10, CED-OAB).

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Nesse sentido, Flávio Olimpio de Azevedo (2015) menciona que:

A conduta infratora do inciso XIX caracteriza-se sob dois prismas. Sob o primeiro,
o advogado recebe valores da parte contrária relacionados ao objeto do mandato
outorgado, visando a beneficiar o seu constituinte, sem autorização deste. Por
exemplo, para pôr fim a determinada lide, pactua acordo vantajoso com a parte
contrária, recebe os valores pactuados e presta contas ao cliente. É forma branda
do ato infracional.
Sob outro prisma, comete infração disciplinar gravíssima, em detrimento do clien-
te, quando recebe valores da parte contrária para lesar os interesses deste em
determinada ação, podendo até ser apenado com a exclusão dos quadros da
OAB, por tipificar conduta incompatível com a advocacia, danosa à reputação e
à dignidade da classe, sem prejuízo das consequências de natureza penal pelo
patrocínio infiel (art. 355 do Código Penal).

• 1.20 - Locupletar-se, por qualquer forma, à custa do cliente ou da parte adversa, por si
ou interposta pessoa (inciso XX).

O significado de locupletar é enriquecer, tornar-se rico (Dicionário Michaelis). Nesse


contexto, o locupletamento é ilícito, pois o advogado, pessoalmente ou por intermédio de
terceira pessoa, enriquece às custas de seu cliente ou da parte contrária.
Como exemplos de locupletamento, Paulo Lôbo (2017) cita:

a. quando obtém proveito desproporcional com os serviços prestados; b) quan-


do cobra honorários abusivos, colocando o cliente em desvantagem exagerada;
c) quando participa vantajosamente no resultado financeiro ou patrimonial do
caso; d) quando obtém vantagens excedentes do contrato de honorários nele
não previstas; e) quando se apropria ou transfere para si, abusando do man-
dato, bens ou valores que seriam do cliente ou a ele destinados; [...] (desta-
ques nossos).

A consumação do delito ocorre no momento em que o advogado se apropria dos bens


e/ou valores indevidos.

• 1.21 - Recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente de quantias recebi-


das dele ou de terceiros por conta dele (inciso XXI).

O Código de Ética e Disciplina da OAB dispõe que o advogado deverá prestar contas
pormenorizadas dos valores recebidos em favor do seu constituinte.

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A prestação de contas poderá ocorrer sempre que requerida pelo cliente ou com a
conclusão ou desistência da causa. Ademais, a conclusão ou desistência da causa obriga o
advogado a devolver ao cliente bens, valores e documentos que lhe hajam sido confiados e
ainda estejam em seu poder (art. 12, CED-OAB).
É importante destacar que a conduta do advogado poderá se enquadrar no delito de
apropriação indébita, disposto no artigo 168 do Código Penal.
Além do mais, caso o cliente se recuse a receber valores e a prestação de contas, o
advogado deverá promovê-la judicialmente por meio de ação própria, a fim de evitar a res-
ponsabilização disciplinar.
Ainda, Flávio Olimpio de Azevedo (Comentários ao Estatuto da Advocacia, 2015) acrescenta
que “Prestação, comprovada nos autos, efetuada depois da instauração de procedimento disci-
plinar não afasta a infração ético-disciplinar, mas constitui situação atenuante considerável [...]”.

• 1.22 - Reter, abusivamente, ou extraviar autos recebidos com vista ou em confiança


(inciso XXII).

A retenção abusiva ocorre com a posse dos autos recebidos com vista ou em confiança
além do prazo legal estabelecido para devolução, com o dolo específico e o efetivo prejuízo
ao andamento do processo e/ou a produção de provas.
Do mesmo modo, o extravio dos autos deve decorrer de ato doloso, causando efetivo
prejuízo, conforme dispõe Paulo Lôbo (2017):

A segunda hipótese é a do extravio dos autos. Aqui também a marca da intencionali-


dade se impõe, acrescida de culpabilidade. No plano punitivo, não basta o fato ob-
jetivo do extravio dos autos, pois a intenção de fazê-lo há de estar provada ou
inferida inquestionavelmente das circunstâncias. Outras são as consequências
no plano da responsabilidade civil ou do direito processual. A responsabilidade im-
putável ao profissional é sempre a responsabilidade com culpa (destaques nossos).

A infração disciplinar cometida pelo advogado poderá configurar ilícito penal, tipificado
no artigo 356 do Código Penal, por sonegação de papel ou objeto de valor probatório:

Código Penal, art. 35. Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos,
documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na qualidade de advogado
ou procurador:
Pena – detenção, de seis meses a três anos, e multa.

Entretanto, o Supremo Tribunal Federal decidiu que é essencial para a configuração do


delito que o advogado seja devidamente intimado pelo juízo para que proceda a restituição
dos autos e não o faça:

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SONEGAÇÃO DE AUTOS. ADVOGADO ACUSADO DE HAVER DEIXADO DE


RESTITUIR AUTOS, INCORRENDO, SEGUNDO A DENUNCIA, NO CRIME PRE-
VISTO NO ARTIGO 356 DO CÓDIGO PENAL. PARA A CONFIGURAÇÃO DESSE
DELITO NÃO BASTA, CONTUDO, QUE O ADVOGADO HAJA RETIDO OS AU-
TOS ALÉM DO PRAZO LEGAL. CRIME QUE SOMENTE SE CONSUMA PELO
NÃO ATENDIMENTO DE INTIMAÇÃO DO JUIZ PARA RESTITUIR OS AUTOS,
OMISSAO QUE CARACTERIZA A RECUSA, PELA QUAL O CRIME SE CON-
SUMA. RECURSO PROVIDO (RHC 53934 DF, 2ª Turma, Min, Leitão de Abreu,
DJ 26/12/1975) (destaques nossos).

O Código de Processo Civil, por sua vez, estabelece que, se o advogado não devolver
os autos no prazo de 3 (três) dias após intimado, o Juiz comunicará o fato à OAB para pro-
cedimento disciplinar e imposição de multa (art. 234).

• 1.23 - Deixar de pagar as contribuições, multas e preços de serviços devidos à OAB,


depois de regularmente notificado a fazê-lo (inciso XXIII).

O advogado regularmente inscrito nos quadros da Ordem fica incumbido do paga-


mento de anuidades, contribuições, multas e preços de serviços fixados pelo Conselho
Seccional (art. 55 Regulamento Geral do Estatuto da OAB).

ATENÇÃO

Recentemente, em abril de 2020, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso


Especial n. 647.885, apreciando o Tema 732 da Repercussão Geral, declarou a inconstitu-
cionalidade do art. 34, XXIII e do art. 37, § 2º da Lei n. 8.906/1994, fixando a seguinte tese:

TEMA 732 – Repercussão Geral - STF

É inconstitucional a suspensão realizada por conselho de fiscalização profissional do exer-


cício laboral de seus inscritos por inadimplência de anuidades, pois a medida consiste em
sanção política em matéria tributária (Plenário, Sessão Virtual de 17/04/2020 a 24/04/2020).
O entendimento da Corte firmou-se, em suma, em razão do entendimento de que as anui-
dades cobradas pelos conselhos profissionais se caracterizam como tributos da espécie
contribuições de interesse das categorias profissionais, nos termos do art. 149 da Constitui-
ção da República, e que a sanção de suspensão inviabilizaria injustificadamente o exercício
pleno de atividade econômica ou profissional pelo sujeito passivo de obrigação tributária,
sendo a medida desproporcional e caracterizada como sanção política em matéria tributária.

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• 1.24 - Incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profissional (inciso XXIV).

O Código de Ética e Disciplina da OAB considera imperativo de uma correta atuação


profissional o emprego da linguagem escorreita e polida, bem como a observância da boa
técnica jurídica (art. 28, CED-OAB).
De acordo com Paulo Lôbo (2017):

Dá-se o tipo quando: a) há erros grosseiros de técnica jurídica ou de lingua-


gem; b) há reiteração. Erros isolados não concretizam o tipo. No entanto, a reite-
ração pode emergir de uma única peça profissional, quando os erros se acumu-
lem de forma evidente, embora seja recomendável o cotejo com mais de uma
(destaques nossos).

A penalidade, como veremos adiante, é a suspensão do exercício da profissão, conforme


determina o artigo 37, I, do Estatuto da OAB, a qual perdura até que o advogado seja aprovado
novamente em exame de habilitação aplicado pela Ordem (§ 3º do artigo 37 do Estatuto da OAB).
Ademais, é importante frisar que, durante a suspensão, a atividade da advocacia não
poderá ser exercida, sob pena de exercício ilegal da profissão (artigo 47 da Lei de Contra-
venções Penais c/c artigo 4º do Regulamento Geral da OAB).

• 1.25 - Manter conduta incompatível com a advocacia (inciso XXV).

O Estatuto da OAB exemplifica condutas que são consideradas incompatíveis com a


advocacia (art. 34, parágrafo único):
– prática reiterada de jogo de azar, não autorizado por lei;
– incontinência pública e escandalosa;
– embriaguez ou toxicomania habituais.

A redação do parágrafo único utiliza o termo “inclui-se”, de modo que fica claro o sen-
tido de que a conduta incompatível não se limita aos exemplos trazidos pela lei. A conduta
incompatível é toda aquela que se reflete prejudicialmente na reputação e na dignidade da
advocacia (LÔBO, 2017).

• 1.26 - Fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para inscrição na OAB (inciso XXVI).

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Vimos no tópico 3 desta aula os requisitos para inscrição na OAB, quais sejam (artigo
8º do EOAB):

EOAB, art. 8º, I - capacidade civil;


VI – diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de en-
sino oficialmente autorizada e credenciada;
VII – título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro;
VIII – aprovação em Exame de Ordem;
IX – não exercer atividade incompatível com a advocacia;
VI – idoneidade moral;
VII – prestar compromisso perante o conselho (destaques nossos).

Como já falamos, o exercício da atividade de advocacia no território brasileiro e a deno-


minação de advogado são privativos dos inscritos na OAB. Os requisitos vistos acima não
precisam ser preenchidos no momento em que o candidato se inscreve para realizar o Exame
da Ordem, mas sim no momento em que solicita a inscrição definitiva perante os quadros da
OAB, ou seja, após a aprovação no exame.
Caso o bacharel em Direito não preencha algum dos requisitos, sua inscrição definitiva nos
quadros da OAB será indeferida. No caso em tela, a infração disciplinar ocorre uma vez que o bacha-
rel se torna advogado, por meio de prova falsa, que pode ser tanto ideológica como material.

• 1.27 - Tornar-se moralmente inidôneo para o exercício da advocacia (inciso XXVII).

A idoneidade moral do advogado é avaliada constantemente, não sendo apenas um


requisito para a inscrição nos quadros da OAB, como determina o artigo 8º, VI, do Esta-
tuto da OAB.
A idoneidade moral é um conceito jurídico indeterminado, mas determinável após
ser efetuada análise do caso concreto. O dicionário Aurélio conceitua idoneidade como “carac-
terística de quem aparenta ser honesto; qualidade da pessoa apta a desempenhar funções,
cargos ou trabalhos. Qualidade do que é idôneo, que convém de modo perfeito ou é adequado.”
Segundo Paulo Lôbo (2017):

Os parâmetros não são subjetivos, mas decorrem da aferição objetiva de stan-


dards valorativos que se captam na comunidade profissional, no tempo e no es-
paço, e que contam com o máximo de consenso na consciência jurídica (desta-
ques nossos).

A declaração de inidoneidade deve ter a manifestação favorável de 2/3 (dois terços)


dos membros do Conselho Seccional competente, nos termos do artigo 38, parágrafo
único, do Estatuto da OAB.

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• 1.28 - Praticar crime infamante (inciso XXVIII).

O crime infamante está estritamente relacionado com a idoneidade moral, tendo em


vista que há presunção legal de inidoneidade quando ocorrer a condenação por crime
infamante.
Destaca Paulo Lôbo (2017) que:

Crime infamante entende-se como todo aquele que acarreta para seu autor a de-
sonra, a indignidade e a má fama (daí infame). Essas desvalorizações da condu-
ta criminosa são potencializadas e caracterizadas como infames quando o crime
é praticado por profissional do direito, que tem o dever qualificado de defender a
ordem jurídica.
[...] Não é a gravidade do crime que o qualifica como infamante, quando pratica-
do pelo advogado (seja como mandante, seja como executor), mas a repercus-
são inevitável à dignidade da advocacia.
[...] Presumem-se infamantes os crimes hediondos legalmente tipificados e os as-
semelhados (destaques nossos).

A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da


tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo
evitá-los, se omitirem, nos termos do artigo 5º, XLIII, da CF/1988.
A Lei n. 8.930/1994 considera como hediondos o homicídio praticado por grupos de
extermínio, o homicídio qualificado, o latrocínio, a extorsão qualificada pela morte, a extorsão
mediante sequestro, o estupro, o atentado violento ao pudor, a provocação de epidemia com
resultado morte e o genocídio (art. 1º).

• 1.29 - Praticar, o estagiário, ato excedente de sua habilitação (inciso XXIX).

O estagiário de advocacia, se regularmente inscrito, poderá praticar os atos privati-


vos de advogado em conjunto com advogado e sob responsabilidade deste, observado
o Regimento Geral (art. 3º, § 2º, do Estatuto da OAB).
O Regulamento Geral da OAB possibilita a prática de alguns atos pelo estagiário inscrito
na OAB, isoladamente, mas sob responsabilidade do advogado, nos termos do artigo 29:

Regulamento Geral, art. 29, § 1º O estagiário inscrito na OAB pode praticar iso-
ladamente os seguintes atos, sob a responsabilidade do advogado:
I – retirar e devolver autos em cartório, assinando a respectiva carga;
II – obter junto aos escrivães e chefes de secretarias certidões de peças ou autos
de processos em curso ou findos;

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III – assinar petições de juntada de documentos a processos judiciais ou admi-


nistrativos.
§ 2º Para o exercício de atos extrajudiciais, o estagiário pode comparecer iso-
ladamente, quando receber autorização ou substabelecimento do advogado
(destaques nossos).

Desse modo, caso o estagiário promova qualquer ato que extrapole sua habilitação ou
sem observar os requisitos legais de acompanhamento e responsabilidade de advogado regu-
lamente inscrito, enseja-se a aplicação de penalidade pela prática de infração ético-disciplinar.

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SANÇÕES DISCIPLINARES

EOAB, art. 35. As sanções disciplinares consistem em:


I – censura;
II – suspensão;
III – exclusão;
IV – multa.
Parágrafo único. As sanções devem constar dos assentamentos do inscrito,
após o trânsito em julgado da decisão, não podendo ser objeto de publicidade a
de censura.

A finalidade do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil em elencar um rol taxativo


de condutas que não devem ser praticadas pelos advogados, sob pena de cometerem infra-
ções disciplinares, é buscar a observância dos mandamentos éticos e disciplinares pelos
profissionais, reprimindo em caráter pedagógico condutas que se dissociam da função social
e da dignidade da advocacia.
Flávio Olimpio de Azevedo (2015) assevera que “O caráter da sanção é ético-pedagó-
gico e objetiva a conscientização do advogado pelos seus pares para o cumprimento de seus
deveres para com seus colegas e para com a sociedade”.
Para tanto, o Estatuto traz um rol de sanções administrativas aplicáveis aos advogados
e estagiários. São quatro espécies de sanções disciplinares: censura, suspensão, exclu-
são e multa, que variam conforme a gravidade da conduta praticada.
As sanções devem constar no assentamento do advogado inscrito, após o trânsito em
julgado da decisão, não podendo ser objeto de publicidade a de censura.

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EOAB, art. 36. A censura é aplicável nos casos de:


I – infrações definidas nos incisos I a XVI e XXIX do art. 34;
II – violação a preceito do Código de Ética e Disciplina;
III – violação a preceito desta lei, quando para a infração não se tenha estabeleci-
do sanção mais grave.
Parágrafo único. A censura pode ser convertida em advertência, em ofício reser-
vado, sem registro nos assentamentos do inscrito, quando presente circunstância
atenuante.

A censura será aplicada nos casos de violação a preceito do Código de Ética e Disci-
plina, bem como violação a preceito do Estatuto da OAB, quando não se tenha estabelecido
sanção mais grave para a infração.
Além disso, é aplicável no caso infrações definidas nos incisos I a XVI e XXIX do art.
34, quais sejam:

I – exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer meio,


o seu exercício aos não inscritos, proibidos ou impedidos;
II – manter sociedade profissional fora das normas e preceitos estabelecidos
nesta lei;
III – valer-se de agenciador de causas, mediante participação nos honorários
a receber;
IV – angariar ou captar causas, com ou sem a intervenção de terceiros;
V – assinar qualquer escrito destinado a processo judicial ou para fim extrajudicial
que não tenha feito, ou em que não tenha colaborado;
VI – advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a boa-fé quando fun-
damentado na inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou em pronunciamento
judicial anterior;
VII – violar, sem justa causa, sigilo profissional;
VIII – estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização do cliente
ou ciência do advogado contrário;
IX – prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu patrocínio;
X – acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a nulidade do pro-
cesso em que funcione;
XI – abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos dez dias da co-
municação da renúncia;
XII – recusar-se a prestar, sem justo motivo, assistência jurídica, quando nomeado
em virtude de impossibilidade da Defensoria Pública;
XIII – fazer publicar na imprensa, desnecessária e habitualmente, alegações fo-
renses ou relativas a causas pendentes;

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XIV – deturpar o teor de dispositivo de lei, de citação doutrinária ou de julgado,


bem como de depoimentos, documentos e alegações da parte contrária, para con-
fundir o adversário ou iludir o juiz da causa;
XV – fazer, em nome do constituinte, sem autorização escrita deste, imputação a
terceiro de fato definido como crime;
XVI – deixar de cumprir, no prazo estabelecido, determinação emanada do órgão
ou de autoridade da Ordem, em matéria da competência desta, depois de regular-
mente notificado;
[...]
XXIX – praticar, o estagiário, ato excedente de sua habilitação.

De acordo com Flávio Olimpio de Azevedo (Comentários ao Estatuto da Advocacia,


2015): “A aplicação da penalidade de censura sem qualquer divulgação é realizada pelo
envio de ofício reservado ao advogado faltoso”.
A censura pode ser convertida em advertência, em ofício reservado, sem registro
nos assentamentos do inscrito, quando presente circunstância atenuante.

ATENÇÃO

O artigo 58-A do Código de Ética e Disciplina da OAB, incluído pela Resolução n. 4/2020,
de 03/11/2020, estabelece que será admissível a celebração de TERMO DE AJUSTA-
MENTO DE CONDUTA - TAC, nos casos de infração ético-disciplinar punível com cen-
sura, se o fato apurado não tiver gerado repercussão negativa à advocacia.
No mesmo sentido, o artigo 47-A prevê que será admitida a celebração de TAC no âmbito
dos Conselhos Seccionais e do Conselho Federal para fazer cessar a publicidade irregu-
lar praticada por advogados e estagiários.
O Provimento n. 200/2020 regulamenta o Termo de Ajustamento de Conduta a ser celebra-
do entre o Conselho Federal ou os Conselhos Seccionais com advogados ou estagiários
inscritos nos quadros da Instituição, que se aplica às hipóteses relativas à publicidade
profissional (art. 39 a art. 47 do CED) e às infrações disciplinares puníveis com censura.

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DIRETO DO CONCURSO

5. (FGV/2022/OAB – EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXXIV) O advogado Pedro prati-


cou infração disciplinar punível com censura, a qual gerou repercussão bastante nega-
tiva à advocacia, uma vez que ganhou grande destaque na mídia nacional. Por sua vez,
o advogado Hélio praticou infração disciplinar punível com suspensão, a qual não gerou
maiores repercussões públicas, uma vez que não houve divulgação do caso para além
dos atores processuais envolvidos.
Considerando a situação hipotética narrada, assinale a afirmativa correta.
a. É admissível a celebração de termo de ajustamento de conduta tanto por Pedro como
por Hélio.
b. Não é admissível a celebração de termo de ajustamento de conduta por Pedro nem
por Hélio.
c. É admissível a celebração de termo de ajustamento de conduta por Pedro, mas não
é admissível a celebração de termo de ajustamento de conduta por Hélio.
d. É admissível a celebração de termo de ajustamento de conduta por Hélio, mas não é
admissível a celebração de termo de ajustamento de conduta por Pedro.

COMENTÁRIO

Letra b.
O artigo 58-A do Código de Ética e Disciplina da OAB, incluído pela Resolução n. 4/2020,
de 03/11/2020, estabelece que será admissível a celebração de TERMO DE AJUSTA-
MENTO DE CONDUTA - TAC, nos casos de infração ético-disciplinar punível com censu-
ra, se o fato apurado não tiver gerado repercussão negativa à advocacia.

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Desse modo, considerando que a infração praticada por Pedro gerou repercussão bastan-
te negativa à advocacia e que a praticada pelo advogado Hélio, apesar de não ter gerado
maiores repercussões, é punível com suspensão, não é admissível a celebração de TAC
nem por Pedro nem por Hélio.

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EOAB, art. 37. A suspensão é aplicável nos casos de:


I – infrações definidas nos incisos XVII a XXV do art. 34;
II – reincidência em infração disciplinar.
§ 1º A suspensão acarreta ao infrator a interdição do exercício profissional, em
todo o território nacional, pelo prazo de trinta dias a doze meses, de acordo com
os critérios de individualização previstos neste capítulo.
§ 2º Nas hipóteses dos incisos XXI e XXIII do art. 34, a suspensão perdura até que
satisfaça integralmente a dívida, inclusive com correção monetária.
§ 3º Na hipótese do inciso XXIV do art. 34, a suspensão perdura até que preste
novas provas de habilitação.

A suspensão será aplicada nos casos de reincidência em infração disciplinar, bem


como no caso das infrações definidas nos incisos XVII a XXV do art. 34, quais sejam:

XVII – prestar concurso a clientes ou a terceiros para realização de ato contrário à


lei ou destinado a fraudá-la;
XVIII – solicitar ou receber de constituinte qualquer importância para aplicação
ilícita ou desonesta;

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XIX – receber valores, da parte contrária ou de terceiro, relacionados com o objeto


do mandato, sem expressa autorização do constituinte;
XX – locupletar-se, por qualquer forma, à custa do cliente ou da parte adversa, por
si ou interposta pessoa;
XXI – recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente de quantias rece-
bidas dele ou de terceiros por conta dele;
XXII – reter, abusivamente, ou extraviar autos recebidos com vista ou em confiança;
XXIII – deixar de pagar as contribuições, multas e preços de serviços devidos à
OAB, depois de regularmente notificado a fazê-lo;
XXIV – incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profissional;
XXV – manter conduta incompatível com a advocacia;

A penalidade de suspensão acarreta ao infrator a interdição do exercício profissional,


em todo o território nacional, pelo prazo de 30 (trinta) dias a 12 (doze) meses, de acordo
com os critérios de individualização: antecedentes profissionais do inscrito, atenuantes, grau
de culpa por ele revelada, circunstâncias e consequências da infração.
Quanto ao período de duração da penalidade de suspensão, é conveniente mencionar
que os §§ 2º e 3º do artigo 37 trazem algumas peculiaridades ao determinarem que:

EOAB, art. 37, § 2º Nas hipóteses dos incisos XXI e XXIII do art. 34, a suspen-
são perdura até que satisfaça integralmente a dívida, inclusive com correção
monetária.
§ 3º Na hipótese do inciso XXIV do art. 34, a suspensão perdura até que preste
novas provas de habilitação (grifos nossos).

As hipóteses mencionadas nos§§ 2º e 3º são as seguintes:

• A suspensão perdura até que preste novas provas de habilitação:


– Infração disciplinar XXIV: incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia
profissional.

• A suspensão perdura até que satisfaça integralmente a dívida, inclusive com corre-
ção monetária:
– Infração disciplinar XXI: recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente
de quantias recebidas dele ou de terceiros por conta dele);
– Infração disciplinar XXIII: deixar de pagar as contribuições, multas e preços de ser-
viços devidos à OAB, depois de regularmente notificado a fazê-lo.

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Pois bem, em que pese a literalidade do Estatuto, precisamos estar atentos a esse
ponto, uma vez que, como já mencionei antes, recentemente, em abril de 2020, o Supremo
Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Especial n. 647.885, apreciando o Tema 732 da
Repercussão Geral, declarou a inconstitucionalidade do art. 34, XXIII, e do art. 37, § 2º, da
Lei n. 8.906/1994, fixando a seguinte tese:

TEMA 732 – Repercussão Geral - STF


É inconstitucional a suspensão realizada por conselho de fiscalização profissional
do exercício laboral de seus inscritos por inadimplência de anuidades, pois a me-
dida consiste em sanção política em matéria tributária (Plenário, Sessão Virtual de
17/04/2020 a 24/04/2020).

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EOAB, art. 38. A exclusão é aplicável nos casos de:


I – aplicação, por três vezes, de suspensão;
II – infrações definidas nos incisos XXVI a XXVIII do art. 34.
Parágrafo único. Para a aplicação da sanção disciplinar de exclusão, é necessá-
ria a manifestação favorável de dois terços dos membros do Conselho Seccional
competente.

A exclusão será aplicada nos casos de aplicação por 3 (três) vezes da penalidade de
suspensão, bem como nos casos de infrações definidas nos incisos XXVI a XXVIII do art.
34. Vejamos:

XXVI – fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para inscrição na OAB;
XXVII – tornar-se moralmente inidôneo para o exercício da advocacia;
XXVIII – praticar crime infamante;

ATENÇÃO
Para a aplicação da sanção disciplinar de exclusão, é necessária a manifestação favorá-
vel de 2/3 (dois terços) dos membros do Conselho Seccional competente.

EOAB, art. 39. A multa, variável entre o mínimo correspondente ao valor de uma
anuidade e o máximo de seu décuplo, é aplicável cumulativamente com a censura
ou suspensão, em havendo circunstâncias agravantes.

A penalidade de multa, variável entre o mínimo correspondente ao valor de uma anui-


dade e o máximo de seu décuplo, é aplicável cumulativamente com a censura ou suspen-
são, em havendo circunstâncias agravantes.

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Paulo Lôbo (2017) discorre que:

As circunstâncias agravantes são aquelas que necessariamente potencializam


os efeitos da infração cometida, não só quanto à violação em si, mas quanto ao
dano à ética profissional e à dignidade da advocacia em geral. O Estatuto refere-
-se a dois tipos, não excludentes de outros: a reincidência em infração disciplinar
e a gravidade da culpa.
[...] quando comprovada a circunstância agravante, as consequências apenas
serão: I – aplicação da sanção imediatamente mais grave, sendo que para a
exclusão exige-se dupla reincidência; II – aplicação cumulativa de multa com
outra sanção; III – gradação do valor da multa, dentro dos limites legais; IV –
gradação do tempo de suspensão, nesse caso variando do tempo médio ao
máximo (destaques nossos).

EOAB, art. 40. Na aplicação das sanções disciplinares, são consideradas, para
fins de atenuação, as seguintes circunstâncias, entre outras:
I – falta cometida na defesa de prerrogativa profissional;
II – ausência de punição disciplinar anterior;
III – exercício assíduo e proficiente de mandato ou cargo em qualquer órgão da OAB;
IV – prestação de relevantes serviços à advocacia ou à causa pública.
Parágrafo único. Os antecedentes profissionais do inscrito, as atenuantes, o grau
de culpa por ele revelada, as circunstâncias e as consequências da infração são
considerados para o fim de decidir:
a. sobre a conveniência da aplicação cumulativa da multa e de outra sanção
disciplinar;
b. sobre o tempo de suspensão e o valor da multa aplicáveis.

Ao aplicar as sanções disciplinares, a Ordem irá verificar a presença ou não de cir-


cunstâncias que atenuem a aplicação das sanções.

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Ademais, os antecedentes profissionais do inscrito, as atenuantes, o grau de culpa


por ele revelada, as circunstâncias e as consequências da infração são considerados para
o fim de decidir sobre a conveniência da aplicação cumulativa da multa e de outra sanção
disciplinar, assim como sobre o tempo de suspensão e o valor da multa aplicáveis (art. 40,
parágrafo único, do Estatuto da OAB).
Destaca Paulo Lôbo (2017) que:

Na aplicação das atenuantes, a OAB considerará: a) a redução da sanção disci-


plinar mais grave para a imediatamente menos grave; b) a redução do montan-
te do tempo de suspensão; c) a exclusão da multa; d) a redução da sanção de
censura para a de advertência (destaques nossos).

EOAB, art. 41. É permitido ao que tenha sofrido qualquer sanção disciplinar re-
querer, um ano após seu cumprimento, a reabilitação, em face de provas efetivas
de bom comportamento.
Parágrafo único. Quando a sanção disciplinar resultar da prática de crime, o pe-
dido de reabilitação depende também da correspondente reabilitação criminal.

Sabemos que, no Brasil, não são admitidas penas de caráter perpétuo, conforme deter-
mina a Carta Magna (art. 5º, XLVII, alínea “b”). Sendo assim, em consonância com essa garantia
fundamental, é permitido ao que tenha sofrido qualquer sanção disciplinar requerer a reabilita-
ção, 1 (um) ano após seu cumprimento, em face de provas efetivas de bom comportamento.
Entretanto, caso a sanção disciplinar resulte da prática de crime, o pedido de reabilita-
ção depende também da correspondente reabilitação criminal.
Cuida-se na reabilitação de processo ético-disciplinar originário, requerido pelo
punido, perante a Seccional, após o cumprimento da pena, pelo qual, em face de provas efeti-
vas de bom comportamento (e, se for o caso, de ter conseguido a reabilitação criminal), requer
a extinção, de seus assentamentos, do respectivo registro disciplinar, em conformidade
com o Manual de Procedimentos do Processo Ético-Disciplinar do Conselho Federal da OAB.

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Segundo o artigo 69 do CED-OAB, a competência para processar e julgar o pedido


de reabilitação é do Conselho Seccional em que tenha sido aplicada a sanção disciplinar.
Nos casos de competência originária do Conselho Federal, perante este tramitará o pedido
de reabilitação, observando-se, no que couber, o procedimento do processo disciplinar.
O pedido de reabilitação será instruído com provas de bom comportamento, no exer-
cício da advocacia e na vida social, cumprindo à Secretaria do Conselho competente certifi-
car, nos autos, o efetivo cumprimento da sanção disciplinar pelo requerente. Quando o
pedido não estiver suficientemente instruído, o relator assinará prazo ao requerente para
que complemente a documentação. Caso não seja cumprida a determinação, o pedido
será liminarmente arquivado (art. 69, §§ 4º e 5º, do CED-OAB).

EOAB, art. 42. Fica impedido de exercer o mandato o profissional a quem forem
aplicadas as sanções disciplinares de suspensão ou exclusão.

Lembre-se de que, se forem aplicadas as sanções disciplinares de suspensão ou exclu-


são, o profissional ficará impedido de exercer o mandato profissional.

EOAB, art. 43. A pretensão à punibilidade das infrações disciplinares prescreve


em cinco anos, contados da data da constatação oficial do fato.
§ 1º Aplica-se a prescrição a todo processo disciplinar paralisado por mais de três
anos, pendente de despacho ou julgamento, devendo ser arquivado de ofício, ou
a requerimento da parte interessada, sem prejuízo de serem apuradas as respon-
sabilidades pela paralisação.
§ 2º A prescrição interrompe-se:
I – pela instauração de processo disciplinar ou pela notificação válida feita direta-
mente ao representado;
II – pela decisão condenatória recorrível de qualquer órgão julgador da OAB.

A pretensão à punibilidade das infrações disciplinares prescreve em 5 (cinco) anos,


contados da data da constatação oficial do fato.

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Ademais, aplica-se a prescrição a todo processo disciplinar paralisado por mais de 3 (três)
anos, pendente de despacho ou julgamento, devendo ser arquivado de ofício ou a requerimento
da parte interessada, sem prejuízo de serem apuradas as responsabilidades pela paralisação.
No entanto, são causas de interrupção da contagem do prazo da prescrição:
– a instauração de processo disciplinar OU a notificação válida feita diretamente ao
representado;
– a decisão condenatória recorrível de qualquer órgão julgador da OAB.

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10 – A ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL

EOAB, art. 44. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), serviço público, dotada
de personalidade jurídica e forma federativa, tem por finalidade:
I – defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os
direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápi-
da administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições
jurídicas;
II – promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a disci-
plina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil.
§ 1º A OAB não mantém com órgãos da Administração Pública qualquer vínculo
funcional ou hierárquico.
§ 2º O uso da sigla OAB é privativo da Ordem dos Advogados do Brasil.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é uma entidade sui generis que presta serviço
público e tem por finalidade defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado Democrá-
tico de Direito, os direitos humanos, a justiça social e pugnar pela boa aplicação das leis,
pela rápida administração da Justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições
jurídicas, bem como promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a
disciplina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil.
A entidade de classe é considerada sui generis porque, apesar de prestar serviço
público, não integra a Administração Pública, de modo que não possui qualquer vínculo fun-
cional ou hierárquico com os órgãos da Administração Pública direta ou indireta.
O Supremo Tribunal Federal já se manifestou no sentido de que a OAB é entidade
prestadora de serviço público independente:

ADI n. 3026-4
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. § 1º DO ARTIGO 79
DA LEI N. 8.906, 2ª PARTE. “SERVIDORES” DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO
BRASIL. PRECEITO QUE POSSIBILITA A OPÇÃO PELO REGIME CELESTISTA.
COMPENSAÇÃO PELA ESCOLHA DO REGIME JURÍDICO NO MOMENTO DA
APOSENTADORIA. INDENIZAÇÃO. IMPOSIÇÃO DOS DITAMES INERENTES À
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA. CONCURSO PÚBLICO (ART.
37, II DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL). INEXIGÊNCIA DE CONCURSO PÚBLI-
CO PARA A ADMISSÃO DOS CONTRATADOS PELA OAB. AUTARQUIAS ESPE-
CIAIS E AGÊNCIAS. CARÁTER JURÍDICO DA OAB. ENTIDADE PRESTADORA
DE SERVIÇO PÚBLICO INDEPENDENTE. CATEGORIA ÍMPAR NO ELENCO
DAS PERSONALIDADES JURÍDICAS EXISTENTES NO DIREITO BRASILEI-
RO. AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA DA ENTIDADE. PRINCÍPIO DA MORA-

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LIDADE. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 37, CAPUT, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL.


NÃO OCORRÊNCIA (Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em
08/06/2006, DJ 29-09-2006 PP-00031 EMENT VOL-02249-03 PP-00478 RTJ
VOL-00201-01 PP-00093) (destaques nossos).

Segundo Paulo Lôbo (2017):

Em suma, a OAB não é nem autarquia, nem entidade genuinamente privada, mas
serviço público independente, categoria sui generis, submetida ao direito público,
na realização das atividades estatais que lhe foram delegadas, e ao direito priva-
do, no desenvolvimento de suas atividades administrativas e de suas finalidades
institucionais e de defesa da profissão (destaques do autor).

Em razão disso, bem como tendo em vista o disposto no artigo 78 do Estatuto da OAB,
aos servidores da Ordem aplica-se o regime trabalhista.

EOAB, art. 45. São órgãos da OAB:


I – o Conselho Federal;
II – os Conselhos Seccionais;
III – as Subseções;
IV – as Caixas de Assistência dos Advogados.
§ 1º O Conselho Federal, dotado de personalidade jurídica própria, com sede na
capital da República, é o órgão supremo da OAB.
§ 2º Os Conselhos Seccionais, dotados de personalidade jurídica própria, têm ju-
risdição sobre os respectivos territórios dos Estados-membros, do Distrito Federal
e dos Territórios.
§ 3º As Subseções são partes autônomas do Conselho Seccional, na forma desta
lei e de seu ato constitutivo.
§ 4º As Caixas de Assistência dos Advogados, dotadas de personalidade jurídica
própria, são criadas pelos Conselhos Seccionais, quando estes contarem com
mais de mil e quinhentos inscritos.
§ 5º A OAB, por constituir serviço público, goza de imunidade tributária total em
relação a seus bens, rendas e serviços.
§ 6º Os atos, as notificações e as decisões dos órgãos da OAB, salvo quando
reservados ou de administração interna, serão publicados no Diário Eletrônico da
Ordem dos Advogados do Brasil, a ser disponibilizado na internet, podendo ser
afixados no fórum local, na íntegra ou em resumo.

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A Ordem dos Advogados do Brasil adota a forma federativa, na qual o poder político
é descentralizado entre órgãos autônomos. A estrutura da entidade é integrada pelos
seguintes órgãos:
– Conselho Federal;
– Conselhos Seccionais;
– Subseções;
– Caixas de Assistência dos Advogados.

Cada um dos órgãos possui jurisdição e competência específicas.


O Conselho Federal, dotado de personalidade jurídica própria, com sede na capital da
República, é o órgão supremo da OAB e tem jurisdição em todo o país.
Os Conselhos Seccionais, dotados de personalidade jurídica própria, têm jurisdição
sobre os respectivos territórios dos estados-membros, do Distrito Federal e dos Territórios.
Já as Caixas de Assistência dos Advogados também são dotadas de personalidade jurídica
própria e criadas pelos Conselhos Seccionais quando contarem com mais de 1.500 inscritos.
Por sua vez, as subseções não possuem personalidade jurídica própria, são partes
autônomas do Conselho Seccional, com jurisdição definida em ato constitutivo, que podem
abranger um ou mais municípios, ou parte de município.

Ademais, a Ordem, por constituir serviço público, goza de imunidade tributária total em rela-
ção a seus bens, rendas e serviços (art. 45, § 5º, do Estatuto da OAB c/c art. 150, § 2º, da CF/1988).

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Em que pese a natureza jurídica de serviço público, a entidade de classe não integra o
orçamento público, sendo essencial o pagamento de anuidade por parte dos integrantes da
classe para que as funções institucionais da Ordem possam ser efetivamente desempenhadas.
Dessa forma, a entidade é mantida pelos próprios inscritos, por meio do pagamento
de anuidades, contribuições obrigatórias, multas e preços de serviços fixados pelo Con-
selho Seccional (art. 55 do Regulamento Geral da OAB).

 Obs.: Os atos, as notificações e as decisões dos órgãos da OAB, salvo quando reserva-
dos ou de administração interna, serão publicados no Diário Eletrônico da Ordem
dos Advogados do Brasil, a ser disponibilizado na internet, podendo ser afixados no
fórum local, na íntegra ou em resumo.

EOAB, art. 46. Compete à OAB fixar e cobrar, de seus inscritos, contribuições,
preços de serviços e multas.
Parágrafo único. Constitui título executivo extrajudicial a certidão passada pela
diretoria do Conselho competente, relativa a crédito previsto neste artigo.
Art. 47. O pagamento da contribuição anual à OAB isenta os inscritos nos seus
quadros do pagamento obrigatório da contribuição sindical.

Compete à OAB fixar e cobrar de seus inscritos contribuições, preços de serviços e


multas, constituindo título executivo extrajudicial a certidão passada pela diretoria do Con-
selho competente, nos termos do artigo 46 do Estatuto da OAB.

ATENÇÃO
A fixação, alteração e recebimento das contribuições obrigatórias, preços de serviços
e multas, é competência privativa do Conselho Seccional do inscrito (art. 58, IX, do
Estatuto da OAB).

Além do mais, o pagamento da contribuição anual à OAB isenta os inscritos nos seus
quadros do pagamento obrigatório da contribuição sindical.

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Como não compõem a receita pública, não possuem natureza tributária e também não
podem ser consideradas contribuições sociais, previstas no artigo 149 da Constituição Fede-
ral, pois a entidade não é considerada um instrumento da União.

O patrimônio do Conselho Federal, do Conselho Seccional, da Caixa de Assistência dos


Advogados e da Subseção é constituído de bens móveis e imóveis e outros bens e valores
que tenham adquirido ou venham a adquirir, nos termos do artigo 47 do Regulamento Geral.

EOAB, art. 48. O cargo de conselheiro ou de membro de diretoria de órgão da


OAB é de exercício gratuito e obrigatório, considerado serviço público relevante,
inclusive para fins de disponibilidade e aposentadoria.
Art. 49. Os Presidentes dos Conselhos e das Subseções da OAB têm legitimida-
de para agir, judicial e extrajudicialmente, contra qualquer pessoa que infringir as
disposições ou os fins desta lei.
Parágrafo único. As autoridades mencionadas no caput deste artigo têm, ainda,
legitimidade para intervir, inclusive como assistentes, nos inquéritos e processos
em que sejam indiciados, acusados ou ofendidos os inscritos na OAB.
Art. 50. Para os fins desta lei, os Presidentes dos Conselhos da OAB e das Subse-
ções podem requisitar cópias de peças de autos e documentos a qualquer tribunal,
magistrado, cartório e órgão da Administração Pública direta, indireta e fundacional.

É importante destacar que o cargo de conselheiro ou de membro de diretoria de órgão


da OAB é de exercício gratuito e obrigatório, considerado serviço público relevante, inclu-
sive para fins de disponibilidade e aposentadoria.
Os Presidentes dos Conselhos e das Subseções da OAB têm legitimidade para agir,
judicial e extrajudicialmente, contra qualquer pessoa que infringir as disposições ou os fins
do Estatuto, bem como possuem legitimidade para intervir, inclusive como assistentes, nos
inquéritos e processos em que sejam indiciados, acusados ou ofendidos os inscritos na OAB.

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Dito isso, os Presidentes dos Conselhos da OAB e das Subseções podem requisitar cópias
de peças de autos e documentos a qualquer tribunal, magistrado, cartório e órgão da Administração
Pública direta, indireta e fundacional, desde que os fins estejam vinculados aos fins do Estatuto da OAB.
Na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 1,127, o Supremo Tribunal Federal consi-
derou que a requisição de cópias de peças e documentos a qualquer tribunal, magistrado,
cartório ou órgão da Administração Pública direta, indireta ou fundacional pelos Presidentes
do Conselho da OAB e das Subseções deve ser motivada, compatível com as finalidades
da lei e precedida, ainda, do recolhimento dos respectivos custos, não sendo possível a
requisição de documentos cobertos pelo sigilo.

CONSELHO FEDERAL

EOAB, art. 51. O Conselho Federal compõe-se:


I – dos conselheiros federais, integrantes das delegações de cada unidade
federativa;
II – dos seus ex-presidentes, na qualidade de membros honorários vitalícios.
§ 1º Cada delegação é formada por três conselheiros federais.
§ 2º Os ex-presidentes têm direito apenas a voz nas sessões.
Art. 52. Os presidentes dos Conselhos Seccionais, nas sessões do Conselho Fe-
deral, têm lugar reservado junto à delegação respectiva e direito somente a voz.

O Conselho Federal, órgão supremo da OAB, com sede na capital da República, é formado
por conselheiros federais, integrantes das delegações de cada unidade federativa, por seus
ex-presidentes, na qualidade de membros honorários vitalícios, além de um Presidente nacional.
Cada delegação representa uma unidade federativa e é composta por 3 (três) con-
selheiros federais, eleitos em conjunto com o Conselho Seccional. Sendo assim, conside-
rando que a República Federativa do Brasil possui 27 (vinte e sete) unidades federativas (26
[vinte e seis] estados-membros e um Distrito Federal), o Conselho Federal é composto de 81
(oitenta e um) Conselheiros Federais.

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 Obs.: Nas sessões do Conselho Federal, os presidentes dos Conselhos Seccionais têm
lugar reservado junto à delegação respectiva e direito somente à voz em todas as
sessões do Conselho e de suas Câmaras.
 Além do mais, O Presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros e os agraciados
com a “Medalha Rui Barbosa” podem participar das sessões do Conselho Pleno,
com direito a voz (art. 63 do Regulamento Geral).

Ressalto que, em regra, os ex-presidentes têm apenas direito à voz nas sessões do
Conselho, exceto os ex-presidentes que exerceram mandato antes de 05/07/1994 (início da
vigência do novo Estatuto da Ordem), que têm seu direito de voto assegurado pelo artigo 62,
§ 1º, do Regulamento Geral da OAB.
Quanto aos ex-presidentes, Paulo Lôbo (2017) discorre que:

Todos assumem a qualidade de membros honorários vitalícios, não apenas


como homenagem da classe aos seus dirigentes máximos, mas porque a história
da OAB demonstrou que é oportuna sua palavra de experiência para tomada de
posição da entidade, sobretudo em matéria institucional. A expressão “membro
honorário vitalício”, contida na lei, indica qualidade e não denominação. Os ex-
-Presidentes são conselheiros (destaques nossos).
EOAB, art. 53. O Conselho Federal tem sua estrutura e funcionamento definidos
no Regulamento Geral da OAB.
§ 1º O Presidente, nas deliberações do Conselho, tem apenas o voto de qualidade.
§ 2º O voto é tomado por delegação, e não pode ser exercido nas matérias de
interesse da unidade que represente.
§ 3º Na eleição para a escolha da Diretoria do Conselho Federal, cada membro da
delegação terá direito a 1 (um) voto, vedado aos membros honorários vitalícios.

O voto em qualquer órgão colegiado do Conselho Federal é tomado por delegação (e não
pode ser exercido nas matérias de interesse da unidade que represente), em ordem alfabética,
seguido dos ex-presidentes presentes, com direito a voto. Por outro lado, na eleição para a
escolha da Diretoria do Conselho Federal, cada membro da delegação terá direito a 1 (um) voto.
Saliento que o Presidente, por não estar vinculado a nenhuma delegação, nas delibe-
rações do Conselho, tem apenas o voto de qualidade no caso de empate.

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 Obs.: Na eleição para a escolha da Diretoria do Conselho Federal, cada membro da dele-
gação terá direito a 1 (um) voto, sendo vedada a participação dos membros hono-
rários vitalícios, já que somente votam os Conselheiros Federais, individualmente.

O Conselho Federal atua mediante os seguintes órgãos (art. 64 do Regulamento


Geral da OAB):
– Conselho Pleno;
– Órgão Especial do Conselho Pleno;
– Primeira, Segunda e Terceira Câmaras;
– Diretoria;
– Presidente.

Além do mais, para o desempenho de suas atividades, o Conselho conta também com
comissões permanentes, definidas em Provimento, e com comissões temporárias, todas
designadas pelo Presidente, integradas ou não por Conselheiros Federais, submetidas a
um regimento interno único, aprovado pela Diretoria do Conselho Federal, que o levará ao
conhecimento do Conselho Pleno.
Quanto aos órgãos estruturais do Conselho Federal, Paulo Lôbo (2017) resume que:

De modo geral, coube ao Conselho Pleno, integrado por todos os conselheiros fe-
derais, deliberar sobre as matérias de caráter institucional, o ajuizamento de ações
coletivas, a fixação de diretrizes para a classe, a tomada de posição em nome dos
advogados brasileiros, a aprovação de textos normativos. O Órgão Especial é a
última instância recursal e de consulta. As Câmaras apreciam matérias e recursos
de acordo com os assuntos em que foram distribuídos: para a Primeira Câmara,
direitos, prerrogativas, seleção, fiscalização; para a Segunda Câmara, ética e dis-
ciplina; para a Terceira Câmara, controle financeiro, eleições e demais questões.
A Segunda Câmara foi dividida em três turmas. Nas faltas e impedimento do Pre-
sidente da Câmara, este é substituído pelo Conselheiro mais antigo. A diretoria,
coletivamente, delibera sobre certas matérias executivas e de administração que
ultrapassam a competência específica de cada diretor (destaques nossos).

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O Conselho Federal é competente para (art. 54 do Estatuto da OAB):

I – dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB;


II – representar, em juízo ou fora dele, os interesses coletivos ou individuais
dos advogados;
III – velar pela dignidade, independência, prerrogativas e valorização da
advocacia;
IV – representar, com exclusividade, os advogados brasileiros nos órgãos e even-
tos internacionais da advocacia;
V – editar e alterar o Regulamento Geral, o Código de Ética e Disciplina, e os
Provimentos que julgar necessários;
VI – adotar medidas para assegurar o regular funcionamento dos Conselhos
Seccionais;
VII – intervir nos Conselhos Seccionais, onde e quando constatar grave viola-
ção desta lei ou do regulamento geral;

 Obs.: A intervenção depende de prévia aprovação por 2/3 (dois terços) das delegações,
garantido o amplo direito de defesa do Conselho Seccional respectivo, nomeando-se
diretoria provisória para o prazo que se fixar.

VIII – cassar ou modificar, de ofício ou mediante representação, qualquer ato,


de órgão ou autoridade da OAB, contrário a esta lei, ao regulamento geral, ao
Código de Ética e Disciplina, e aos Provimentos, ouvida a autoridade ou o ór-
gão em causa;
IX – julgar, em grau de recurso, as questões decididas pelos Conselhos Sec-
cionais, nos casos previstos neste estatuto e no regulamento geral;
X – dispor sobre a identificação dos inscritos na OAB e sobre os respectivos
símbolos privativos;
XI – apreciar o relatório anual e deliberar sobre o balanço e as contas de sua
diretoria;

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XII – homologar ou mandar suprir relatório anual, o balanço e as contas dos


Conselhos Seccionais;
XIII – elaborar as listas constitucionalmente previstas, para o preenchimento
dos cargos nos tribunais judiciários de âmbito nacional ou interestadual, com ad-
vogados que estejam em pleno exercício da profissão, vedada a inclusão de nome
de membro do próprio Conselho ou de outro órgão da OAB;
XIV – ajuizar ação direta de inconstitucionalidade de normas legais e atos
normativos, ação civil pública, mandado de segurança coletivo, mandado de
injunção e demais ações cuja legitimação lhe seja outorgada por lei;
XV – colaborar com o aperfeiçoamento dos cursos jurídicos, e opinar, previa-
mente, nos pedidos apresentados aos órgãos competentes para criação, reconhe-
cimento ou credenciamento desses cursos;
XVI – autorizar, pela maioria absoluta das delegações, a oneração ou alienação
de seus bens imóveis;


Obs.: A alienação ou oneração de bens imóveis depende de autorização da maioria das
delegações, no Conselho Federal, e da maioria dos membros efetivos, no Conselho
Seccional, competindo à Diretoria do órgão decidir pela aquisição de qualquer bem
e dispor sobre os bens móveis. A alienação ou oneração de bens imóveis depende
de aprovação dos respectivos Conselhos (art. 48 do Regulamento Geral da OAB).

XVII – participar de concursos públicos, nos casos previstos na Constituição


e na lei, em todas as suas fases, quando tiverem abrangência nacional ou in-
terestadual;
XVIII – resolver os casos omissos neste estatuto (destaques nossos).
EOAB, art. 55. A diretoria do Conselho Federal é composta de um Presidente, de
um Vice-Presidente, de um Secretário-Geral, de um Secretário-Geral Adjunto e de
um Tesoureiro.
§ 1º O Presidente exerce a representação nacional e internacional da OAB, com-
petindo-lhe convocar o Conselho Federal, presidi-lo, representá-lo ativa e passi-
vamente, em juízo ou fora dele, promover-lhe a administração patrimonial e dar
execução às suas decisões.
§ 2º O regulamento geral define as atribuições dos membros da diretoria e a or-
dem de substituição em caso de vacância, licença, falta ou impedimento.
§ 3º Nas deliberações do Conselho Federal, os membros da diretoria votam como
membros de suas delegações, cabendo ao Presidente, apenas, o voto de qualida-
de e o direito de embargar a decisão, se esta não for unânime.

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A diretoria do Conselho Federal é composta por:


– Presidente;
– Vice-Presidente;
– Secretário-Geral;
– Secretário-Geral Adjunto;
– Tesoureiro.

O Presidente irá exercer a representação nacional e internacional da OAB, competin-


do-lhe convocar o Conselho Federal, presidi-lo, representá-lo ativa e passivamente, em juízo
ou fora dele, promover-lhe a administração patrimonial e dar execução às suas decisões.

ATENÇÃO
Nas deliberações do Conselho Federal, os membros da diretoria votam como membros
de suas delegações, cabendo ao Presidente, apenas, o voto de qualidade e o direito de
embargar a decisão, se esta não for unânime.

Para o desempenho de suas atividades, a Diretoria contará, também, com 2 (dois)


representantes institucionais permanentes, cujas funções serão exercidas por Conselhei-
ros Federais por ela designados, ad referendum do Conselho Pleno, destinadas ao acom-
panhamento dos interesses da Advocacia no Conselho Nacional de Justiça e no Conselho
Nacional do Ministério Público (art. 98 do Regulamento Geral).

 Obs.: O Presidente é substituído em suas faltas, licenças e impedimentos pelo Vice-


-Presidente, pelo Secretário-Geral, pelo Secretário-Geral Adjunto e pelo Tesoureiro,
sucessivamente.
 Por sua vez, o Vice-Presidente, o Secretário-Geral, o Secretário-Geral Adjunto e o
Tesoureiro substituem-se nessa ordem, em suas faltas e impedimentos ocasionais,
sendo o último substituído pelo Conselheiro Federal mais antigo e, havendo coinci-
dência de mandatos, pelo de inscrição mais antiga.
 No caso de licença temporária, o Diretor é substituído pelo Conselheiro designado
pelo Presidente. Já no caso de vacância de cargo da Diretoria, em virtude de perda
do mandato, morte ou renúncia, o sucessor é eleito pelo Conselho Pleno.

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CONSELHO SECCIONAL

EOAB, art. 56. O Conselho Seccional compõe-se de conselheiros em número


proporcional ao de seus inscritos, segundo critérios estabelecidos no regula-
mento geral.
§ 1º São membros honorários vitalícios os seus ex-presidentes, somente com di-
reito a voz em suas sessões.
§ 2º O Presidente do Instituto dos Advogados local é membro honorário, somente
com direito a voz nas sessões do Conselho.
§ 3º Quando presentes às sessões do Conselho Seccional, o Presidente do Con-
selho Federal, os Conselheiros Federais integrantes da respectiva delegação, o
Presidente da Caixa de Assistência dos Advogados e os Presidentes das Subse-
ções, têm direito a voz.

O Conselho Seccional é composto por Conselheiros em número proporcional ao de


inscritos, com inscrição concedida na unidade federativa, observados os seguintes critérios
(art. 106 do Regulamento Geral):

• abaixo de 3.000 (três mil) inscritos, até 30 (trinta) membros;


• a partir de 3.000 (três mil) inscritos, mais um membro por grupo completo de 3.000
(três mil) inscritos, até o total de 80 (oitenta) membros.

Cabe ao Conselho Seccional, observado o número da última inscrição concedida, fixar


o número de seus membros, mediante resolução, sujeita a referendo do Conselho Federal,
que aprecia a base de cálculo e reduz o excesso, se houver.

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Além disso, o Conselho Seccional é integrado por seus ex-presidentes, considerados


membros honorários vitalícios, e pelo Presidente do Instituto dos Advogados local,
também considerado membro honorário, que possuem somente direito à voz nas sessões
do Conselho e não se incluem no cálculo da composição dos elegíveis ao Conselho (art.
106, § 3º, do Regulamento Geral).

É possível a participação nas sessões do Conselho Seccional do Presidente do


Conselho Federal, dos Conselheiros Federais integrantes da respectiva delegação, do
Presidente da Caixa de Assistência dos Advogados e dos Presidentes das Subseções.
Contudo, a presença não é imprescindível para a realização do ato e aos membros é con-
ferido apenas o direito à voz.

EOAB, art. 57. O Conselho Seccional exerce e observa, no respectivo território, as


competências, vedações e funções atribuídas ao Conselho Federal, no que couber e
no âmbito de sua competência material e territorial, e as normas gerais estabelecidas
nesta lei, no regulamento geral, no Código de Ética e Disciplina, e nos Provimentos.
[...]
Art. 59. A diretoria do Conselho Seccional tem composição idêntica e atribuições
equivalentes às do Conselho Federal, na forma do regimento interno daquele.

A diretoria do Conselho Seccional tem composição idêntica e atribuições equivalen-


tes às do Conselho Federal. Portanto, é composta de um Presidente, de um Vice-Presidente,
de um Secretário-Geral, de um Secretário-Geral Adjunto e de um Tesoureiro.
Do mesmo modo, as competências, vedações e funções atribuídas ao Conselho
Seccional devem observar as disposições referentes ao Conselho Federal, no que couber e
no âmbito de sua competência material e territorial, além das normas gerais estabelecidas no
Estatuto, no regulamento geral, no Código de Ética e Disciplina e nos Provimentos.

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Dito de outro modo, a regra geral é que o Conselho Seccional tenha as competências
já especificadas do Conselho Federal, no âmbito de sua jurisdição, além das que lhes são
privativas, conforme aponto a seguir.
Ao Conselho Seccional compete privativamente (art. 58 do EOAB):

EOAB, art. 58. Compete privativamente ao Conselho Seccional:


I – editar seu regimento interno e resoluções;
II – criar as Subseções e a Caixa de Assistência dos Advogados;
III – julgar, em grau de recurso, as questões decididas por seu Presidente, por sua
diretoria, pelo Tribunal de Ética e Disciplina, pelas diretorias das Subseções e da
Caixa de Assistência dos Advogados;
IV – fiscalizar a aplicação da receita, apreciar o relatório anual e deliberar sobre
o balanço e as contas de sua diretoria, das diretorias das Subseções e da Caixa
de Assistência dos Advogados;
V – fixar a tabela de honorários, válida para todo o território estadual;
VI – realizar o Exame de Ordem;
VII – decidir os pedidos de inscrição nos quadros de advogados e estagiários;
VIII – manter cadastro de seus inscritos;
IX – fixar, alterar e receber contribuições obrigatórias, preços de servi-
ços e multas;
X – participar da elaboração dos concursos públicos, em todas as suas fases,
nos casos previstos na Constituição e nas leis, no âmbito do seu território;
XI – determinar, com exclusividade, critérios para o traje dos advogados, no
exercício profissional;
XII – aprovar e modificar seu orçamento anual;
XIII – definir a composição e o funcionamento do Tribunal de Ética e Discipli-
na, e escolher seus membros;
XIV – eleger as listas, constitucionalmente previstas, para preenchimento dos
cargos nos tribunais judiciários, no âmbito de sua competência e na forma do
Provimento do Conselho Federal, vedada a inclusão de membros do próprio Con-
selho e de qualquer órgão da OAB;
XV – intervir nas Subseções e na Caixa de Assistência dos Advogados;
XVI – desempenhar outras atribuições previstas no regulamento geral (desta-
ques nossos).

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Todos os órgãos vinculados ao Conselho Seccional reúnem-se, ordinariamente, nos


meses de fevereiro a dezembro, em suas sedes, e para a sessão de posse no mês de janeiro
do primeiro ano do mandato, mas, em caso de urgência ou nos períodos de recesso (janeiro),
os Presidentes dos órgãos ou um terço de seus membros podem convocar sessão extraor-
dinária (art. 107 do Regulamento Geral).
Para instalação e deliberação, exige-se a presença de metade dos membros, não se
computando no cálculo os ex-Presidentes presentes, mesmo que com direito a voto, sendo que
a deliberação é tomada pela maioria de votos dos presentes (art. 108 do Regulamento Geral).
Entretanto, o quórum será qualificado e, portanto, é necessária a presença de dois
terços dos conselheiros para aprovação ou alteração do Regimento Interno do Conselho,
para criação e intervenção em Caixa de Assistência dos Advogados e Subseções, e para
aplicação da pena de exclusão de inscrito.

SUBSEÇÃO

EOAB, art. 60. A Subseção pode ser criada pelo Conselho Seccional, que fixa sua
área territorial e seus limites de competência e autonomia.
§ 1º A área territorial da Subseção pode abranger um ou mais municípios, ou parte
de município, inclusive da capital do Estado, contando com um mínimo de quinze
advogados, nela profissionalmente domiciliados.
§ 2º A Subseção é administrada por uma diretoria, com atribuições e composição
equivalentes às da diretoria do Conselho Seccional.
§ 3º Havendo mais de cem advogados, a Subseção pode ser integrada, também,
por um conselho em número de membros fixado pelo Conselho Seccional.
§ 4º Os quantitativos referidos nos §§ 1º e 3º deste artigo podem ser ampliados,
na forma do regimento interno do Conselho Seccional.
§ 5º Cabe ao Conselho Seccional fixar, em seu orçamento, dotações específicas
destinadas à manutenção das Subseções.
§ 6º O Conselho Seccional, mediante o voto de dois terços de seus membros,
pode intervir nas Subseções, onde constatar grave violação desta lei ou do regi-
mento interno daquele.

A Subseção pode ser criada pelo Conselho Seccional, que fixará sua área territorial e
seus limites de competência e autonomia, sendo que a área territorial da Subseção pode
abranger um ou mais municípios, ou parte de município, inclusive da capital do estado,
contando com um mínimo de 15 (quinze) advogados, nela profissionalmente domiciliados.
Havendo mais de 100 (cem) advogados, a Subseção pode ser integrada, também,
por um conselho em número de membros fixado pelo Conselho Seccional.

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 Obs.: A criação de Subseção depende, além da observância dos requisitos estabelecidos


no Regimento Interno do Conselho Seccional, de estudo preliminar de viabilidade
realizado por comissão especial designada pelo Presidente do Conselho Seccional,
incluindo o número de advogados efetivamente residentes na base territorial, a exis-
tência de comarca judiciária, o levantamento e a perspectiva do mercado de trabalho,
o custo de instalação e de manutenção.

A Subseção é parte autônoma do Conselho Seccional, não é dotada de personalidade


jurídica e é administrada por uma diretoria, com atribuições e composição equivalentes às da
diretoria do Conselho Seccional.

 Obs.: O Conselho Seccional poderá intervir nas Subseções onde constatar grave viola-
ção do Estatuto da OAB ou do Regimento Interno daquele, mediante o voto de 2/3
(dois terços) de seus membros. O Conselho Seccional fixa, em seu orçamento
anual, dotações específicas destinadas à manutenção das Subseções.

Compete à Subseção, no âmbito de seu território (art. 61 do EOAB):

EOAB, art. 61, I – dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB;


VI – velar pela dignidade, independência e valorização da advocacia, e fazer
valer as prerrogativas do advogado;
VII – representar a OAB perante os poderes constituídos;
VIII – desempenhar as atribuições previstas no regulamento geral ou por delega-
ção de competência do Conselho Seccional.
Parágrafo único. Ao Conselho da Subseção, quando houver, compete exercer as
funções e atribuições do Conselho Seccional, na forma do regimento interno
deste, e ainda:
a. editar seu regimento interno, a ser referendado pelo Conselho Seccional;
b. editar resoluções, no âmbito de sua competência;
c. instaurar e instruir processos disciplinares, para julgamento pelo Tribunal
de Ética e Disciplina;
d. receber pedido de inscrição nos quadros de advogado e estagiário, ins-
truindo e emitindo parecer prévio, para decisão do Conselho Seccional (desta-
ques nossos).

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Ao Conselho da Subseção, quando houver, compete exercer as funções e atribuições


do Conselho Seccional, na forma do Regimento Interno deste, e ainda:

EOAB, art. 61, parágrafo único, a) editar seu regimento interno, a ser referenda-
do pelo Conselho Seccional;
b. editar resoluções, no âmbito de sua competência;
c. instaurar e instruir processos disciplinares, para julgamento pelo Tribunal de
Ética e Disciplina;
d. receber pedido de inscrição nos quadros de advogado e estagiário, instruindo
e emitindo parecer prévio, para decisão do Conselho Seccional.

Os conflitos de competência entre Subseções, bem como entre estas e o Conselho


Seccional, são por este decididos, com recurso voluntário ao Conselho Federal, de acordo
com o artigo 119 do Regulamento Geral.

CAIXA DE ASSISTÊNCIA DOS ADVOGADOS

EOAB, art. 62. A Caixa de Assistência dos Advogados, com personalidade jurídica
própria, destina-se a prestar assistência aos inscritos no Conselho Seccional a
que se vincule.
§ 1º A Caixa é criada e adquire personalidade jurídica com a aprovação e registro
de seu estatuto pelo respectivo Conselho Seccional da OAB, na forma do regula-
mento geral.
§ 2º A Caixa pode, em benefício dos advogados, promover a seguridade
complementar.
§ 3º Compete ao Conselho Seccional fixar contribuição obrigatória devida por seus
inscritos, destinada à manutenção do disposto no parágrafo anterior, incidente so-
bre atos decorrentes do efetivo exercício da advocacia.
§ 4º A diretoria da Caixa é composta de cinco membros, com atribuições definidas
no seu regimento interno.
§ 5º Cabe à Caixa a metade da receita das anuidades recebidas pelo Conse-
lho Seccional, considerado o valor resultante após as deduções regulamentares
obrigatórias.
§ 6º Em caso de extinção ou desativação da Caixa, seu patrimônio se incorpora ao
do Conselho Seccional respectivo.
§ 7º O Conselho Seccional, mediante voto de dois terços de seus membros, pode
intervir na Caixa de Assistência dos Advogados, no caso de descumprimento de
suas finalidades, designando diretoria provisória, enquanto durar a intervenção.

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A Caixa de Assistência dos Advogados se destina a prestar assistência aos inscritos no


Conselho Seccional a que se vincule, sendo criada quando o Conselho Seccional contar com
mais de 1.500 (mil e quinhentos) inscritos, é criada e adquire personalidade jurídica com a
aprovação e registro de seu estatuto pelo respectivo Conselho Seccional da OAB, que irá
definir as atividades da Diretoria e sua estrutura organizacional, observando-se que a dire-
toria da Caixa é composta de 5 (cinco) membros (art. 121 do Regulamento Geral da OAB).
A Caixa pode, em benefício dos advogados, promover a seguridade complementar, cabendo
ao Conselho Seccional fixar contribuição obrigatória devida por seus inscritos, destinada à manu-
tenção da seguridade, incidente sobre atos decorrentes do efetivo exercício da advocacia.
A Coordenação Nacional das Caixas, por elas mantida, composta de seus presiden-
tes, é órgão de assessoramento do Conselho Federal da OAB para a política nacional de
assistência e seguridade dos advogados, tendo seu Coordenador direito a voz nas sessões,
em matéria a elas pertinente, nos termos do artigo 126 do Regulamento Geral da OAB.
Cabe à Caixa a metade da receita das anuidades recebidas pelo Conselho Seccio-
nal, considerado o valor resultante após as deduções regulamentares obrigatórias estabele-
cidas no artigo 55 e seguintes do Regulamento Geral da OAB.

 Obs.: Caso a Caixa seja extinta ou desativada, seu patrimônio se incorpora ao do Conselho
Seccional correspondente.

O Conselho Seccional poderá intervir na Caixa de Assistência dos Advogados no


caso de descumprimento de suas finalidades, designando diretoria provisória, enquanto
durar a intervenção, mediante o voto de dois terços de seus membros.

ELEIÇÕES E MANDATOS NOS ÓRGÃOS DA OAB

EOAB, art. 63. A eleição dos membros de todos os órgãos da OAB será realizada
na segunda quinzena do mês de novembro, do último ano do mandato, mediante
cédula única e votação direta dos advogados regularmente inscritos.
§ 1º A eleição, na forma e segundo os critérios e procedimentos estabelecidos no
regulamento geral, é de comparecimento obrigatório para todos os advogados
inscritos na OAB.
§ 2º O candidato deve comprovar situação regular perante a OAB, não ocupar
cargo exonerável ad nutum, não ter sido condenado por infração disciplinar, salvo
reabilitação, e exercer efetivamente a profissão há mais de 3 (três) anos, nas elei-
ções para os cargos de Conselheiro Seccional e das Subseções, quando houver,
e há mais de 5 (cinco) anos, nas eleições para os demais cargos.

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A eleição de todos os membros dos órgãos da OAB é unificada e será realizada na


segunda quinzena do mês de novembro, do último ano do mandato, mediante cédula
única e votação direta dos advogados regularmente inscritos, que estão obrigados a com-
parecer ao ato, sob pena de multa equivalente a 20% do valor da anuidade, salvo ausência
justificada por escrito (art. 134 do Regulamento Geral da OAB).

A Diretoria do Conselho Federal, no mês de fevereiro do ano das eleições, designará


Comissão Eleitoral Nacional, composta por 3 (três) advogados e 3 (três) advogadas e
presidida, preferencialmente, por Conselheiro(a) Federal que não seja candidato(a), como
órgão deliberativo encarregado de supervisionar, com função correcional e consultiva, as
eleições Seccionais e a eleição para a Diretoria do Conselho Federal.

ATENÇÃO
A Comissão Eleitoral é composta 3 (três) advogados e 3 (três) advogadas, sendo um Pre-
sidente, que não integrem qualquer das chapas concorrentes.

São pressupostos de elegibilidade:

• Situação regular perante a OAB;


• Não ocupar cargo exonerável ad nutum;
• Ausência de condenação por infração disciplinar (salvo reabilitação);
• EXERCICIOS DE FIXACAO efetivo da advocacia há mais de 3 (três) anos, nas elei-
ções para os cargos de Conselheiro Seccional e das Subseções, quando houver, e há
mais de 5 (cinco) anos, nas eleições para os demais cargos.

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EOAB, art. 64. Consideram-se eleitos os candidatos integrantes da chapa que


obtiver a maioria dos votos válidos.
§ 1º A chapa para o Conselho Seccional deve ser composta dos candidatos ao
conselho e à sua diretoria e, ainda, à delegação ao Conselho Federal e à Diretoria
da Caixa de Assistência dos Advogados para eleição conjunta.
§ 2º A chapa para a Subseção deve ser composta com os candidatos à diretoria,
e de seu conselho quando houver.

A votação ocorre por chapas completas, já que a chapa para o Conselho Seccional
deve ser composta dos candidatos ao Conselho e à sua diretoria e, ainda, à delegação ao
Conselho Federal e à Diretoria da Caixa de Assistência dos Advogados para eleição con-
junta. Ainda, a chapa para a Subseção deve ser composta com os candidatos à diretoria, e
de seu Conselho, quando houver.
Além disso, de acordo com o artigo 131 do Regulamento Geral, são admitidas a registro
apenas chapas completas, que deverão atender ao percentual de 50% para candidaturas de
cada gênero e, ao mínimo, de 30% de advogados negros e de advogadas negras, assim con-
siderados os inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil que se classificam (mediante autode-
claração) como negros, ou seja, pretos ou pardos, ou definição análoga (critérios subsidiários de
heteroidentificação), entre titulares e entre suplentes, com indicação dos candidatos aos cargos
de diretoria do Conselho Federal, do Conselho Seccional, da Caixa de Assistência dos Advoga-
dos e das Subseções, dos Conselheiros Federais, dos Conselheiros Seccionais e dos Conselhei-
ros Subseccionais, sendo vedadas candidaturas isoladas ou que integrem mais de uma chapa.

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 Obs.: O percentual se aplica às Diretorias do Conselho Federal, dos Conselhos Seccio-


nais, das Subseções e das Caixas de Assistência e deverá incidir sobre os cargos
de titulares e suplentes, se houver, salvo se o número for ímpar, quando se aplicará
o percentual mais próximo a 50% na composição de cada gênero, e o percentual de
30% na composição de cotas raciais para advogados negros e advogadas negras.
 Em relação ao registro das vagas ao Conselho Federal, o percentual levará em
consideração a soma entre os titulares e suplentes, devendo a chapa garantir pelo
menos uma vaga de titularidade para cada gênero, pelo menos uma vaga de titulari-
dade para um advogado negro ou uma advogada negra, e pelo menos uma vaga de
suplência para um advogado negro ou uma advogada negra.
 Tais regras aplicam-se também à chapas das Subseções.

É conveniente mencionar que o percentual mínimo de 30% (trinta por cento) estipulado
de cotas raciais para advogados negros e advogadas negras valerá pelo prazo de 10 (dez)
mandatos, nos termos do artigo 156-B do Regulamento Geral.

ATENÇÃO
Consideram-se eleitos os candidatos integrantes da chapa que obtiver a maioria dos vo-
tos válidos (art. 64 do Estatuto da OAB).

 Obs.: A votação será realizada por meio de urna eletrônica, salvo comprovada impossibi-
lidade, devendo ser feita no número atribuído a cada chapa, por ordem de inscrição
(art. 132 do Regulamento Geral).
 Caso não seja adotada a votação eletrônica, a cédula eleitoral será única, contendo
as chapas concorrentes na ordem em que foram registradas, com uma só quadrícula
ao lado de cada denominação, e agrupadas em colunas.

EOAB, art. 65. O mandato em qualquer órgão da OAB é de três anos, iniciando-se
em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da eleição, salvo o Conselho Federal.
Parágrafo único. Os conselheiros federais eleitos iniciam seus mandatos em pri-
meiro de fevereiro do ano seguinte ao da eleição.

O mandato em qualquer órgão da OAB é de 3 (três) anos, iniciando-se em primeiro de


janeiro do ano seguinte ao da eleição, salvo o Conselho Federal, uma vez que os Conselheiros
Federais eleitos iniciam seus mandatos em primeiro de fevereiro do ano seguinte ao da eleição.

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EOAB, art. 66. Extingue-se o mandato automaticamente, antes do seu térmi-


no, quando:
I – ocorrer qualquer hipótese de cancelamento de inscrição ou de licenciamento
do profissional;
II – o titular sofrer condenação disciplinar;
III – o titular faltar, sem motivo justificado, a três reuniões ordinárias consecutivas
de cada órgão deliberativo do conselho ou da diretoria da Subseção ou da Caixa
de Assistência dos Advogados, não podendo ser reconduzido no mesmo período
de mandato.
Parágrafo único. Extinto qualquer mandato, nas hipóteses deste artigo, cabe ao
Conselho Seccional escolher o substituto, caso não haja suplente.

O mandato dos membros que compõem os órgãos da OAB será extinto automatica-
mente, antes do seu término, quando:
– ocorrer qualquer hipótese de cancelamento de inscrição ou de licenciamento do
profissional;
– o titular sofrer condenação disciplinar;
– o titular faltar, sem motivo justificado, a 3 (três) reuniões ordinárias consecutivas
de cada órgão deliberativo do Conselho ou da diretoria da Subseção ou da Caixa
de Assistência dos Advogados, não podendo ser reconduzido no mesmo período
de mandato.

Ocorrendo vaga de cargo de diretoria do Conselho Federal ou do Conselho Seccional,


inclusive do Presidente, em virtude de perda do mandato nas hipóteses vistas acima, morte
ou renúncia, o substituto é eleito pelo Conselho a que se vincule, dentre os seus membros,
nos termos do artigo 50 do Regulamento Geral da OAB.
Quando o profissional passa a exercer, em caráter definitivo, atividade incompatível com a
advocacia, terá sua inscrição cancelada (art. 11, IV, do Estatuto da OAB), de modo que o desem-
penho de atividades incompatíveis enseja a perda do cargo exercido perante os órgãos da OAB.
Na ocorrência de extinção antecipada do mandato, caso não haja suplente, cabe ao
Conselho Seccional escolher o substituto.
Ademais, compete à Diretoria dos Conselhos Federal e Seccionais, da Subseção ou da
Caixa de Assistência declarar extinto o mandato, encaminhando ofício ao Presidente do Con-
selho Seccional, devendo, ainda, antes de declarar extinto o mandato, ouvir o interessado no
prazo de 15 (quinze) dias, salvo no caso de morte ou renúncia (art. 54 do Regulamento Geral).
A oitiva, sob esse aspecto, busca assegurar ao interessado a oportunidade de esclarecer
os fatos. Portanto, atenção às exceções: não faz sentido a realização de oitiva no caso de morte,
bem como no caso da renúncia, já que ela ocorre pela vontade do próprio ocupante do cargo.

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A eleição da Diretoria do Conselho Federal possui regramento específico e ocorre da


seguinte forma (art. 67 do EOAB):

Art. 67. A eleição da Diretoria do Conselho Federal, que tomará posse no dia 1º
de fevereiro, obedecerá às seguintes regras:
I – será admitido registro, junto ao Conselho Federal, de candidatura à presidên-
cia, desde seis meses até um mês antes da eleição;
II – o requerimento de registro deverá vir acompanhado do apoiamento de, no mí-
nimo, seis Conselhos Seccionais;
III – até um mês antes das eleições, deverá ser requerido o registro da chapa com-
pleta, sob pena de cancelamento da candidatura respectiva;
IV – no dia 31 de janeiro do ano seguinte ao da eleição, o Conselho Federal ele-
gerá, em reunião presidida pelo conselheiro mais antigo, por voto secreto e para
mandato de 3 (três) anos, sua diretoria, que tomará posse no dia seguinte
V – será considerada eleita a chapa que obtiver maioria simples dos votos dos
Conselheiros Federais, presente a metade mais 1 (um) de seus membros.
Parágrafo único. Com exceção do candidato a Presidente, os demais integran-
tes da chapa deverão ser conselheiros federais eleitos (destaques nossos).

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11 – PROCESSO NA OAB

EOAB, art. 68. Salvo disposição em contrário, aplicam-se subsidiariamente ao


processo disciplinar as regras da legislação processual penal comum e, aos de-
mais processos, as regras gerais do procedimento administrativo comum e da
legislação processual civil, nessa ordem.

A finalidade de promover com exclusividade a disciplina de todos os advogados do


Brasil é traduzida por Paulo Lôbo (2017) como o desempenho da polícia administrativa da
advocacia brasileira, que compreende a seleção dos que pretendem exercê-la, inclusive
mediante Exame de Ordem e verificação dos requisitos de inscrição; o controle e fisca-
lização da atividade profissional; o poder de punir as infrações disciplinares.
A Ordem é entidade de classe que se difere das demais entidades profissionais. O STF
já se manifestou no sentido de que a OAB é entidade prestadora de serviço público
independente:

ADI n. 3026-4
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. § 1º DO ARTIGO 79
DA LEI N. 8.906, 2ª PARTE. “SERVIDORES” DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO
BRASIL. PRECEITO QUE POSSIBILITA A OPÇÃO PELO REGIME CELESTISTA.
COMPENSAÇÃO PELA ESCOLHA DO REGIME JURÍDICO NO MOMENTO DA
APOSENTADORIA. INDENIZAÇÃO. IMPOSIÇÃO DOS DITAMES INERENTES À
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA. CONCURSO PÚBLICO (ART.
37, II DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL). INEXIGÊNCIA DE CONCURSO PÚBLI-
CO PARA A ADMISSÃO DOS CONTRATADOS PELA OAB. AUTARQUIAS ESPE-
CIAIS E AGÊNCIAS. CARÁTER JURÍDICO DA OAB. ENTIDADE PRESTADORA
DE SERVIÇO PÚBLICO INDEPENDENTE. CATEGORIA ÍMPAR NO ELENCO
DAS PERSONALIDADES JURÍDICAS EXISTENTES NO DIREITO BRASILEI-
RO. AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA DA ENTIDADE. PRINCÍPIO DA MORA-
LIDADE. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 37, CAPUT, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL.
NÃO OCORRÊNCIA (destaques nossos).
(Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 08/06/2006, DJ 29-09-
2006 PP-00031 EMENT VOL-02249-03 PP-00478 RTJ VOL-00201-01 PP-00093).

Destaco que os trâmites aplicáveis aos processos perante a OAB devem observar as
normas trazidas pelo Estatuto da OAB, pelo Código de Ética e pelo Regulamento Geral.

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Todavia, salvo disposição em contrário, aplicam-se subsidiariamente ao processo dis-


ciplinar as regras da legislação processual penal comum e, aos demais processos, as regras
gerais do procedimento administrativo comum e da legislação processual civil, nessa ordem.

EOAB, art. 69. Todos os prazos necessários à manifestação de advogados, esta-


giários e terceiros, nos processos em geral da OAB, são de quinze dias, inclusive
para interposição de recursos.
§ 1º Nos casos de comunicação por ofício reservado, ou de notificação pessoal, o
prazo se conta a partir do dia útil imediato ao da notificação do recebimento.
§ 2º No caso de atos, notificações e decisões divulgados por meio do Diário Ele-
trônico da Ordem dos Advogados do Brasil, o prazo terá início no primeiro dia útil
seguinte à publicação, assim considerada o primeiro dia útil seguinte ao da dispo-
nibilização da informação no Diário.

ATENÇÃO

Todos os prazos nos processos em geral da OAB são de 15 (quinze) dias, sejam eles
necessários à manifestação de advogados, estagiários e terceiros, inclusive para interpo-
sição de recursos.
A contagem dos prazos, quando se tratar de comunicação por ofício reservado ou de no-
tificação pessoal, ocorrerá a partir do dia útil imediato ao da notificação do recebimento;
já nos casos de atos, notificações e decisões divulgados por meio do Diário Eletrônico da
OAB, o prazo inicia-se no primeiro dia útil seguinte à publicação, assim considerado o pri-
meiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário.

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EOAB, art. 70. O poder de punir disciplinarmente os inscritos na OAB compete


exclusivamente ao Conselho Seccional em cuja base territorial tenha ocorrido a
infração, salvo se a falta for cometida perante o Conselho Federal.
§ 1º Cabe ao Tribunal de Ética e Disciplina, do Conselho Seccional competente,
julgar os processos disciplinares, instruídos pelas Subseções ou por relatores do
próprio conselho.
§ 2º A decisão condenatória irrecorrível deve ser imediatamente comunicada ao
Conselho Seccional onde o representado tenha inscrição principal, para constar
dos respectivos assentamentos.
§ 3º O Tribunal de Ética e Disciplina do Conselho onde o acusado tenha inscrição
principal pode suspendê-lo preventivamente, em caso de repercussão prejudicial
à dignidade da advocacia, depois de ouvi-lo em sessão especial para a qual deve
ser notificado a comparecer, salvo se não atender à notificação. Neste caso, o
processo disciplinar deve ser concluído no prazo máximo de noventa dias.

O poder de punir disciplinarmente os inscritos na OAB compete exclusivamente ao


Conselho Seccional em cuja base territorial tenha ocorrido a infração, salvo se a falta for
cometida perante o Conselho Federal.

EXEMPLO
O Conselho Seccional competente é do local onde ocorreu a infração disciplinar, exceto
quando a infração for cometida perante o Conselho Federal. Sendo assim, por exemplo, se
o advogado possui a inscrição principal no estado do Espírito Santo, mas comete infração
disciplinar no estado do Rio Grande do Sul, o Conselho Seccional do RS será competente
para punir disciplinarmente o inscrito.

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Cabe ao Tribunal de Ética e Disciplina do Conselho Seccional competente julgar os


processos disciplinares, instruídos pelas Subseções ou por relatores do próprio conselho.

 Obs.: Lembre-se de que a Subseção pode ser criada pelo Conselho Seccional, que fixa
sua área territorial e seus limites de competência e autonomia, sendo que a área ter-
ritorial da Subseção pode abranger um ou mais municípios, ou parte de município,
inclusive da capital do estado, contando com um mínimo de 15 (quinze) advogados,
nela profissionalmente domiciliados.
 Havendo mais de 100 (cem) advogados, a Subseção pode ser integrada, também,
por um Conselho em número de membros fixado pelo Conselho Seccional.
 Nesse contexto, compete à Subseção ou ao Conselho da Subseção, quando
houver, instaurar e instruir os processos disciplinares, para julgamento pelo Tri-
bunal de Ética e Disciplina.

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Tendo em vista que o poder de punir disciplinarmente o advogado será promovido pelo
Conselho do local dos fatos, salvo se não for competência do Conselho Federal, quando for
proferida decisão condenatória, da qual não caiba mais recurso (irrecorrível), o Conselho
Seccional onde o advogado representado tenha inscrição principal deverá ser imediata-
mente comunicado para que faça constar as sanções no assentamento do advogado.

Além disso, em caso de repercussão prejudicial à dignidade da advocacia, o Tribunal de


Ética e Disciplina do Conselho onde o acusado tenha inscrição principal pode suspendê-lo
preventivamente, depois de ouvi-lo em sessão especial para a qual deve ser notificado a
comparecer, salvo se não atender à notificação.

ATENÇÃO
Caso ocorra a suspensão preventiva, o processo disciplinar deve ser concluído no prazo
máximo de 90 (noventa) dias.

Na sessão especial, designada pelo Presidente do Tribunal, serão facultadas ao repre-


sentado ou ao seu defensor a apresentação de defesa, a produção de prova e a sustentação
oral (art. 63, CED-OAB).

EOAB, art. 71. A jurisdição disciplinar não exclui a comum e, quando o fato cons-
tituir crime ou contravenção, deve ser comunicado às autoridades competentes.

A jurisdição disciplinar, que tem natureza administrativa, é independente das esferas


criminal e civil. Portanto, a jurisdição disciplinar não exclui a comum e, quando o fato
constituir crime ou contravenção às autoridades competentes, devem ser comunicadas, de
modo que poderá ocorrer a dupla punição do advogado.

EOAB, art. 72. O processo disciplinar instaura-se de ofício ou mediante represen-


tação de qualquer autoridade ou pessoa interessada.
§ 1º O Código de Ética e Disciplina estabelece os critérios de admissibilidade da
representação e os procedimentos disciplinares.

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§ 2º O processo disciplinar tramita em sigilo, até o seu término, só tendo acesso às


suas informações as partes, seus defensores e a autoridade judiciária competente.

O processo disciplinar poderá ser instaurado de ofício, em função do conhecimento do fato,


quando obtido por meio de fonte idônea ou em virtude de comunicação da autoridade competente
ou mediante representação de qualquer autoridade ou pessoa interessada (art. 55, CED-OAB).

ATENÇÃO
De acordo com o artigo 55, § 2º, do CED-OAB, a denúncia anônima NÃO é considerada
fonte idônea.

A representação poderá ser formulada por escrito ou verbalmente, devendo, neste


último caso, ser reduzida a termo, e deverá ser formulada ao Presidente do Conselho Sec-
cional ou ao Presidente da Subseção, sendo que, nas Seccionais cujos Regimentos Internos
atribuírem competência ao Tribunal de Ética e Disciplina para instaurar o processo ético dis-
ciplinar, a representação também poderá ser dirigida ao seu Presidente ou será a este enca-
minhada pelos Presidentes legitimados para recebê-la (art. 56, CED-OAB).
Para tanto, de acordo com o artigo 57 do CED-OAB, a representação deverá conter:
– a identificação do representante, com a sua qualificação civil e endereço;
– a narração dos fatos que a motivam, de forma que permita verificar a existência, em
tese, de infração disciplinar;
– os documentos que eventualmente a instruam e a indicação de outras provas a
ser produzidas, bem como, se for o caso, o rol de testemunhas, até o máximo de
5 (cinco);
– a assinatura do representante ou a certificação de quem a tomou por termo, na
impossibilidade de obtê-la.

ATENÇÃO
É importante destacar que o processo disciplinar tramita em sigilo até o seu término, só
tendo acesso às suas informações as partes, seus defensores e a autoridade judiciária
competente.

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Paulo Lôbo (2017) explica que:

Em qualquer das fases do procedimento disciplinar, prevalece o princípio da pre-


sunção de inocência do advogado representado, razão porque a lei determina
que se respeite o sigilo. Enquanto não houver decisão definitiva transitada em
julgado, ou arquivamento, o processo disciplinar não pode ser objeto de divul-
gação ou publicidade (destaques nossos).

DIRETO DO CONCURSO

6. (FGV/OAB – EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXXIV/2022) Beatriz, advogada, ofe-


rece representação perante a OAB em razão de Isabela, outra advogada que atua
na mesma área e na mesma cidade, ter supostamente praticado atos de captação
de causas.
Preocupada com as consequências dessa representação, Isabela decidiu estudar as
normas que regem possível processo disciplinar a ser instaurado perante a OAB.
Ao fazê-lo, Isabela concluiu que
a. o processo disciplinar pode ser instaurado de ofício, não dependendo de representa-
ção de autoridade ou da pessoa interessada.
b. o processo disciplinar tramita em sigilo até o seu término, permitindo-se o acesso às
suas informações somente às partes e a seus defensores por ordem da autoridade
judiciária competente.
c. ao representado deve ser assegurado amplo direito de defesa, cabendo ao Tribunal
de Ética e Disciplina, por ocasião do julgamento, avaliar a necessidade de defesa oral.
d. se, após a defesa prévia, o relator se manifestar pelo indeferimento liminar da repre-
sentação, o processo deverá ser levado a julgamento pelo Tribunal de Ética e Disci-
plina, que poderá determinar seu arquivamento.

COMENTÁRIO

Letra a.
O processo disciplinar poderá ser instaurado de ofício, em função do conhecimento do
fato, quando obtido por meio de fonte idônea ou em virtude de comunicação da autoridade
competente OU mediante representação de qualquer autoridade OU pessoa interessada
(art. 72 do Estatuto da OAB c/c art. 55 do CED-OAB).
b. Errada. O processo disciplinar tramita em SIGILO até o seu término, só tendo acesso
às suas informações as partes, seus defensores e a autoridade judiciária competente,
nos termos do artigo 72, § 2º, do Estatuto.

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c. Errada. No processo disciplinar, deve ser assegurado ao representado amplo direito de


defesa, que pode acompanhar o processo em todos os termos, pessoalmente OU por
intermédio de procurador, oferecendo defesa prévia após ser notificado, razões finais
após a instrução e defesa oral perante o Tribunal de Ética e Disciplina, por ocasião do
julgamento (art. 73, § 1º, do EOAB).
d. Errada. Oferecida a defesa prévia, o relator poderá proferir despacho saneador, desig-
nando, se for o caso, audiência para oitiva do representante, do representado e das teste-
munhas. Entretanto, poderá se manifestar pelo indeferimento liminar da representação,
com remessa ao Presidente do Conselho Seccional para decisão e determinação do
arquivamento (§ 3º do artigo 59 do CED-OAB c/c § 2º do art. 73 do EAOAB).

EOAB, art. 73. Recebida a representação, o Presidente deve designar relator, a


quem compete a instrução do processo e o oferecimento de parecer preliminar a
ser submetido ao Tribunal de Ética e Disciplina.
§ 1º Ao representado deve ser assegurado amplo direito de defesa, podendo acom-
panhar o processo em todos os termos, pessoalmente ou por intermédio de procu-
rador, oferecendo defesa prévia após ser notificado, razões finais após a instrução
e defesa oral perante o Tribunal de Ética e Disciplina, por ocasião do julgamento.
§ 2º Se, após a defesa prévia, o relator se manifestar pelo indeferimento liminar
da representação, este deve ser decidido pelo Presidente do Conselho Seccional,
para determinar seu arquivamento.
§ 3º O prazo para defesa prévia pode ser prorrogado por motivo relevante, a juízo
do relator.
§ 4º Se o representado não for encontrado, ou for revel, o Presidente do Conselho
ou da Subseção deve designar-lhe defensor dativo;
§ 5º É também permitida a revisão do processo disciplinar, por erro de julgamento
ou por condenação baseada em falsa prova.
Art. 74. O Conselho Seccional pode adotar as medidas administrativas e judiciais
pertinentes, objetivando a que o profissional suspenso ou excluído devolva os
documentos de identificação.

Após o recebimento da representação, o Presidente do Conselho Seccional ou o da


Subseção deverá designar relator, mediante a realização de sorteio, para presidir a instru-
ção do processo e oferecer parecer preliminar a ser submetido ao Tribunal de Ética e Dis-
ciplina (art. 58, CED-OAB).

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Antes do encaminhamento dos autos ao relator, é necessária a juntada dos seguintes


documentos (artigo 58, § 2º, do CED-OAB):

• ficha cadastral do representado;


• certidão negativa ou positiva sobre a existência de punições anteriores, com menção
das faltas atribuídas;
• certidão sobre a existência ou não de representações em andamento, a qual, se posi-
tiva, será acompanhada da informação sobre as faltas imputadas.

Com a distribuição do processo, o relator, atendendo aos critérios de admissibilidade,


emitirá parecer, no prazo de 30 (trinta) dias, propondo a instauração de processo disci-
plinar ou o arquivamento liminar da representação, sob pena de redistribuição do feito,
feita pelo Presidente do Conselho Seccional ou da Subseção, para outro relator, que terá o
mesmo prazo de trinta dias para emitir parecer (art. 58, § 3º, do CED-OAB).

 Obs.: Cabe ao Presidente do Conselho ou ao do Tribunal de Ética e Disciplina, se for


o caso, proferir despacho declarando instaurado o processo disciplinar ou deter-
minando o arquivamento da representação, nos termos do parecer do relator ou
segundo os fundamentos que adotar (art. 58, § 4º, do CED-OAB).

Segundo o artigo 59 do CED-OAB, recebida a representação e declarado instaurado o


processo disciplinar, compete ao relator responsável pela instrução do processo determinar
a notificação dos interessados para prestar esclarecimentos ou a do representado para
apresentar defesa prévia no prazo de 15 (quinze) dias, em qualquer caso, sendo que o
prazo para defesa prévia pode ser prorrogado por motivo relevante, a juízo do relator.
A notificação será expedida para o endereço constante do cadastro de inscritos do
Conselho Seccional. Se o representado não for encontrado ou ficar revel, o Presidente do
Conselho competente ou, conforme o caso, o do Tribunal de Ética e Disciplina designar-lhe-á
defensor dativo (§§ 1º e 2º do artigo 59 do CED-OAB).
Via de regra, a notificação inicial para a apresentação de defesa prévia ou manifesta-
ção em processo administrativo perante a OAB deverá ser feita or meio de correspondên-
cia, com aviso de recebimento, enviada para o endereço profissional ou residencial do advo-
gado, que deve manter sempre atualizado seu cadastro no Conselho Seccional.
Frustrada a entrega da notificação, será promovida por meio da publicação de edital,
publicado no Diário Eletrônico da OAB.
Durante o processo disciplinar, deve ser assegurado ao representado amplo direito de
defesa, que pode acompanhar o processo em todos os termos, pessoalmente OU por inter-
médio de procurador, oferecendo defesa prévia após ser notificado, razões finais após a
instrução e defesa oral perante o Tribunal de Ética e Disciplina, por ocasião do julgamento.

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A DEFESA PRÉVIA deve ser acompanhada dos documentos que possam instruí-la e
do rol de testemunhas, até o limite de 5 (cinco). O representante e o representado incum-
bir-se-ão do comparecimento de suas testemunhas, salvo se, ao apresentarem o respectivo
rol, requererem, por motivo justificado, sejam elas notificadas a comparecer à audiência de
instrução do processo (§§ 3º e 4º do artigo 59 do CED-OAB).

Oferecida a defesa prévia, o relator poderá proferir DESPACHO SANEADOR, desig-


nando, se for o caso, audiência para oitiva do representante, do representado e das teste-
munhas. Entretanto, poderá se manifestar pelo indeferimento liminar da representação,
com remessa ao Presidente do Conselho Seccional para decisão e determinação do arqui-
vamento (§ 3º do artigo 59 do CED-OAB).
Concluída a instrução, o relator profere PARECER PRELIMINAR, a ser submetido ao
Tribunal de Ética e Disciplina, dando enquadramento legal aos fatos imputados ao repre-
sentado. Em seguida, abre-se prazo comum de 15 (quinze) dias para apresentação de
RAZÕES FINAIS e encaminha os autos devidamente instruídos ao Tribunal de Ética e Disci-
plina (§§ 7º e 8º do artigo 59 do CED-OAB).
O Presidente do Tribunal de Ética e Disciplina designa, por sorteio, relator para
proferir VOTO. Se o processo já estiver tramitando perante o Tribunal de Ética e Disciplina
ou perante o Conselho competente, o relator não será o mesmo designado na fase de
instrução (art. 60, caput e § 1º, do CED-OAB).
Após a distribuição ao relator, o processo será incluído em pauta na primeira sessão
de julgamentos. A notificação do representante e do representado para comparecimento à
sessão de julgamento deverá ser providenciada pela Secretaria do Tribunal com 15 (quinze)
dias de antecedência (art. 60, §§ 2º e 3º, do CED-OAB).
Conforme o art. 60, § 4º, do CED-OAB, na sessão de julgamento, após o voto do rela-
tor, é facultada a SUSTENTAÇÃO ORAL pelo tempo de 15 (quinze) minutos, primeiro pelo
representante e, em seguida, pelo representado.

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Do julgamento do processo disciplinar lavrar-se-á ACÓRDÃO, do qual constarão,


quando procedente a representação (art. 61, CED-OAB):

• o enquadramento legal da infração;


• a sanção aplicada;
• o quórum de instalação e o de deliberação;
• a indicação de haver sido esta adotada com base no voto do relator ou em voto
divergente;
• as circunstâncias agravantes ou atenuantes consideradas;
• as razões determinantes de eventual conversão da censura aplicada em advertência
sem registro nos assentamentos do inscrito.

Paulo Lôbo (2017) acrescenta que:

Todas as decisões adotadas em processos ético-disciplinares, da mesma forma


que ocorre com o processo comum, têm a sua legalidade subordinada à funda-
mentação. Os motivos de fato e de direito que sustentam devem ser expressa-
mente consignados. Não se pode admitir decisão sem acórdão; ou acórdão sem
o voto devidamente fundamentado; ou omissão da juntada da ata da sessão de
julgamento, ou de seu extrato (destaques nossos).

Por fim, destaco que a conduta dos interessados no processo disciplinar que se revele teme-
rária ou caracterize a intenção de alterar a verdade dos fatos, assim como a interposição de
recursos com intuito manifestamente protelatório, contrariam os princípios do Código de Ética e
Disciplina da OAB, sujeitando os responsáveis à correspondente sanção (art. 66 do CED-OAB).

 Obs.: O processo de revisão, previsto no artigo 73, § 5º, do Estatuto da OAB, é utilizado
pelo advogado punido com a sanção disciplinar para que o órgão de que emanou a
condenação final o processo promova novo julgamento, considerando erro de jul-
gamento ou condenação baseada em falsa prova, observando-se, no que couber, o
procedimento do processo disciplinar (art. 68, § 1º ao 4º, do CED-OAB).
 De acordo com o § 6º do artigo 68 do CED-OAB, o pedido de revisão não suspende
os efeitos da decisão condenatória, salvo quando o relator, ante a relevância dos
fundamentos e o risco de consequências irreparáveis para o requerente, conceder
tutela cautelar para que se suspenda a execução.
 Ademais, a parte representante somente será notificada para integrar o processo
de revisão quando o relator entender que deste poderá resultar dano ao interesse
jurídico que haja motivado a representação (art. 68, § 7º, do CED-OAB).

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Professora: Cínthia Biesek

RECURSOS

EOAB, art. 75. Cabe recurso ao Conselho Federal de todas as decisões definiti-
vas proferidas pelo Conselho Seccional, quando não tenham sido unânimes ou,
sendo unânimes, contrariem esta lei, decisão do Conselho Federal ou de outro
Conselho Seccional e, ainda, o regulamento geral, o Código de Ética e Disciplina
e os Provimentos.
Parágrafo único. Além dos interessados, o Presidente do Conselho Seccional é
legitimado a interpor o recurso referido neste artigo.
Art. 76. Cabe recurso ao Conselho Seccional de todas as decisões proferidas por
seu Presidente, pelo Tribunal de Ética e Disciplina, ou pela diretoria da Subseção
ou da Caixa de Assistência dos Advogados.

De acordo com o Manual de Procedimentos do Processo Ético-Disciplinar do Conselho


Federal da OAB, o recurso é a manifestação dentro do processo disciplinar pela qual a parte
vencida, quem se julgue prejudicado ou, ainda, o Presidente do Conselho provoca o julgamento
de órgão ou instância superior, para obter a anulação ou reforma (total ou parcial) da decisão.
Como vimos antes, todos os prazos processuais necessários à manifestação de advo-
gados, estagiários e terceiros, nos processos em geral da OAB, são de 15 (quinze) dias,
computados somente os dias úteis e contados do primeiro dia útil seguinte, seja da publi-
cação da decisão no Diário Eletrônico da OAB, seja da data do recebimento da notificação,
anotada pela Secretaria do órgão da OAB ou pelo agente dos Correios.
Os recursos são dirigidos ao órgão julgador superior competente, embora interpostos
perante a autoridade ou órgão que proferiu a decisão recorrida. O juízo de admissibilidade
é do relator do órgão julgador a que se dirige o recurso, não podendo a autoridade ou órgão
recorrido rejeitar o encaminhamento, nos termos do artigo 138 do Regulamento Geral da OAB.

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Professora: Cínthia Biesek

 Obs.: Excetuando-se os processos ético-disciplinares, nos casos de nulidade ou extinção


processual para retorno dos autos à origem, com regular prosseguimento do feito, o
órgão recursal deve logo julgar o mérito da causa, desde que presentes as condições
de imediato julgamento (art. 138, § 6º, do Regulamento Geral).

Cabe recurso ao Conselho Federal de todas as decisões definitivas proferidas pelo


Conselho Seccional, quando não tenham sido unânimes ou, sendo unânimes, contra-
riem essa lei, decisão do Conselho Federal ou de outro Conselho Seccional e, ainda, o regu-
lamento geral, o Código de Ética e Disciplina e os Provimentos. Além dos interessados, o
Presidente do Conselho Seccional é legitimado a interpor o recurso referido acima.
Nos termos do Regulamento Geral:

Art. 142. Quando a decisão, inclusive dos Conselhos Seccionais, conflitar com
orientação de órgão colegiado superior, fica sujeita ao DUPLO GRAU DE
JURISDIÇÃO.
Art. 143. Contra decisão do Presidente ou da Diretoria da Subseção cabe recurso
ao Conselho Seccional, mesmo quando houver conselho na Subseção.
Art. 144. Contra a decisão do Tribunal de Ética e Disciplina cabe recurso ao ple-
nário ou órgão especial equivalente do Conselho Seccional.
Parágrafo único. O Regimento Interno do Conselho Seccional disciplina o cabi-
mento dos recursos no âmbito de cada órgão julgador.

Sob a ótica do Estatuto, o recurso ao Conselho Federal contra decisão do Conselho


Seccional tem natureza extraordinária, razão porque se restringe à demonstração de viola-
ção da legislação, ou seja, questões de fato não podem ser revistas (LÔBO, 2017).
De outro lado, cabe recurso ao Conselho Seccional de todas as decisões proferidas
por seu Presidente, pelo Tribunal de Ética e Disciplina, ou pela diretoria da Subseção
ou da Caixa de Assistência dos Advogados.
De acordo com o artigo 67 do CED-OAB, os recursos contra decisões do Tribunal de
Ética e Disciplina, ao Conselho Seccional, regem-se pelas disposições do Estatuto da Advo-
cacia e da Ordem dos Advogados do Brasil, do Regulamento Geral e do Regimento Interno
do Conselho Seccional. O Tribunal dará conhecimento de todas as suas decisões ao Conse-
lho Seccional, para que determine periodicamente a publicação de seus julgados.
De acordo com Paulo Lôbo (2017):

Não podem ser utilizados os tipos de recursos previstos na legislação processual co-
mum (penal ou civil), de modo supletivo, porque não há lacuna no Estatuto. Ao con-
trário, a lei optou expressamente por um único recurso [...] (destaques nossos).

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ATENÇÃO
De acordo com o artigo 144-B do Regulamento Geral, não se pode decidir, em grau algum
de julgamento, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes
oportunidade de se manifestar anteriormente, ainda que se trate de matéria sobre a
qual se deva decidir de ofício, salvo quanto às medidas de urgência previstas no Estatuto.

EOAB, art. 77. Todos os recursos têm efeito suspensivo, exceto quando tratarem
de eleições (arts. 63 e seguintes), de suspensão preventiva decidida pelo Tribunal
de Ética e Disciplina, e de cancelamento da inscrição obtida com falsa prova.
Parágrafo único. O regulamento geral disciplina o cabimento de recursos especí-
ficos, no âmbito de cada órgão julgador.

ATENÇÃO
Todos os recursos têm efeito suspensivo, exceto quando tratarem de eleições dos ór-
gãos, de suspensão preventiva decidida pelo Tribunal de Ética e Disciplina e de cancela-
mento da inscrição obtida com falsa prova.

De acordo com o artigo 144-A do Regulamento Geral, para a formação do recurso inter-
posto contra decisão de suspensão preventiva de advogado, deve ser juntada cópia integral
dos autos da representação disciplinar, permanecendo o processo na origem para cumpri-
mento da pena preventiva e tramitação final.
Ao constatar intempestividade ou ausência dos pressupostos legais para interpo-
sição do recurso, o relator profere despacho indicando ao Presidente do órgão julgador o
indeferimento liminar, devolvendo-se o processo ao órgão recorrido para executar a deci-
são, observando-se que contra a decisão do Presidente cabe recurso voluntário ao órgão
julgador (art. 140 do Regulamento Geral).

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