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1ª Fase Exame OAB – Temas Recorrentes

8ª Edição – Revista e Ampliada


2022

1ª Fase Exame da OAB (XXXVII)


Temas recorrentes

Autor:
Victor Gabriel Tosetto
Todos os direitos reservados ©

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Sumário
INTRODUÇÃO ....................................................................................... 7

ÉTICA E DISCIPLINA .......................................................................... 8

Novidades legislativas ........................................................................... 8


1. Direitos do advogado ....................................................................... 14
2. Infrações e sanções .......................................................................... 33
3. Honorários ....................................................................................... 39
4. Atividade da advocacia.................................................................... 41
5. Inscrição, identidade profissional e estagiário ................................. 44
6. Incompatibilidades e impedimentos ................................................ 47
7. Ética do advogado ........................................................................... 48
8. Relações com o cliente .................................................................... 50
9. Processo disciplinar e recurso.......................................................... 52
10. Sociedade de advogados ................................................................ 54
11. Publicidade .................................................................................... 55
DIREITO CONSTITUCIONAL .......................................................... 57

Novidades legislativas ......................................................................... 57


1. Controle de Constitucionalidade ..................................................... 57
2. Organização do Estado .................................................................... 63
3. Remédios constitucionais ................................................................ 69
4. Processo legislativo ......................................................................... 72
5. Direitos individuais ......................................................................... 78
6. Poder legislativo .............................................................................. 80
7. Teoria da Constituição ..................................................................... 82
DIREITO ADMINISTRATIVO .......................................................... 84

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Novidades legislativas ......................................................................... 84


1. Agentes públicos ........................................................................... 102
2. Licitação ........................................................................................ 106
3. Contrato administrativo ................................................................. 115
4. Intervenção do Estado na propriedade........................................... 116
5. Poderes da administração .............................................................. 119
6. Improbidade administrativa ........................................................... 122
7. Responsabilidade civil do Estado .................................................. 127
DIREITO PENAL ............................................................................... 129

Novidades legislativas ....................................................................... 129


1. Crimes em espécie ......................................................................... 131
2. Teoria da pena ............................................................................... 149
3. Concurso de crimes ....................................................................... 154
4. Tipicidade ...................................................................................... 156
5. Aplicação da lei penal ................................................................... 163
6. Teoria do erro ................................................................................ 166
PROCESSO PENAL ........................................................................... 171

Novidades legislativas ....................................................................... 171


1. Recursos ........................................................................................ 171
2. Procedimentos ............................................................................... 175
3. Competência .................................................................................. 181
4. Inquérito Policial ........................................................................... 183
5. Acordo de Não Persecução Penal .................................................. 189
6. Ação Penal ..................................................................................... 193
7. Prisão ............................................................................................. 196

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DIREITO CIVIL ................................................................................. 203

Novidades legislativas ....................................................................... 203


1. Obrigações ..................................................................................... 204
2. Contratos........................................................................................ 217
3. Família ........................................................................................... 225
4. Sucessões ....................................................................................... 230
5. Direitos reais.................................................................................. 233
6. Outros temas importantes .............................................................. 240
PROCESSO CIVIL ............................................................................. 246

Novidades legislativas ....................................................................... 246


1. Recursos ........................................................................................ 247
2. Processo de execução .................................................................... 252
3. Intervenção de terceiros ................................................................. 256
4. Audiência preliminar ..................................................................... 259
5. Tutela provisória ............................................................................ 260
6. Procedimentos especiais ................................................................ 263
7. Outros temas importantes .............................................................. 264
ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE ............................ 268

1. Adoção........................................................................................... 268
2. Medidas socioeducativas ............................................................... 273
3. Direito à convivência familiar ....................................................... 280
DIREITO TRIBUTÁRIO ................................................................... 284

1. Princípios ....................................................................................... 284


2. Tributos em espécie ....................................................................... 286
DIREITO AMBIENTAL .................................................................... 289

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1. Instrumentos da política nacional do meio ambiente .................... 289


2. Responsabilidade ambiental .......................................................... 291
DIREITO DO CONSUMIDOR.......................................................... 293

1. Responsabilidade pelo fato do produto ......................................... 293


2. Direitos do consumidor ................................................................. 293
DIREITO EMPRESARIAL ............................................................... 295

1. Sociedades ..................................................................................... 295


DIREITO DO TRABALHO ............................................................... 298

1. Contrato de trabalho ...................................................................... 298


2. Salário e Remuneração .................................................................. 301
3. Outros temas importantes .............................................................. 307
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO ................................... 310

1. Recursos ........................................................................................ 310


2. Execução........................................................................................ 312
DIREITO INTERNACIONAL .......................................................... 318

1. Tratamento jurídico dos estrangeiros ............................................ 318


FILOSOFIA ......................................................................................... 325

1. Teoria do ordenamento jurídico .................................................... 325


2. Teoria contratualista ...................................................................... 325
DIREITOS HUMANOS ...................................................................... 327

1. Pacto de San José da Costa Rica ................................................... 327

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INTRODUÇÃO
Este material tem como finalidade a abordagem e o estudo dos temas
com maior recorrência em todos os exames unificados da OAB.
Foi realizada uma minuciosa análise de todos os exames unificados,
chegando-se a uma conclusão assustadora – mas, para você que está se
preparando para o exame de ordem, é animadora: aproximadamente 70%
das questões cobradas em todos os exames unificados representa apenas
25% dos temas previstos em edital.
Evidentemente algumas matérias possuem um ‘peso’ maior no
momento da sua preparação, pois são aquelas que contém o maior número
de questões, na prova objetiva, ou quantidade reduzida de temas, e são elas
que iremos dar ênfase, neste material, mas sem descuidar das outras
matérias.
Foi com esse método de estudo que eu fui aprovado, ainda no último
ano da faculdade de Direito, no exame da OAB e no concurso do Ministério
Público do Estado de São Paulo, estudando simultaneamente para ambas
as provas.
Este material te entregará tudo o que precisa para ser
aprovada/aprovado na primeira fase do exame da OAB. Com dedicação
nos estudos e muita perseverança sua aprovação é certa.
Bos estudos!!!
Victor G. Tosetto.

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ÉTICA E DISCIPLINA

Novidades legislativas

1 – Em junho de 2022 foi promulgada a lei 14.365/2022 que realizou


algumas alterações na lei 8.906//94 (estatuto da advocacia). Vamos ver
agora as mais importantes.

1.1 – A inviolabilidade do escritório de advocacia é uma das


prerrogativa do advogado, que só pode ser quebrada mediante autorização
judicial. Portanto, havendo indício da materialidade e autoria da infração
penal cometida por advogado valendo-se da profissão, o juiz pode expedir
mandado de busca e apreensão pormenorizado e específico, que deve ser
cumprido na presença de representante da OAB. Aqui entra um ponto
importante. Todos os objetos apreendidos serão analisados, mas, o
advogado e representante da OAB serão informados com antecedência
mínima de 24h sobre o a data, horário e local em que esses objetos
serão analisados, para que possam acompanhar a atuação policial.
Mas, em caso de urgência, a análise pode se dar em prazo inferior à
24h, devendo a decisão ser devidamente fundamentada e garantir-se a
presença do advogado e do representante da OAB.

Segue ilustração para fixar bem o conteúdo.

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1.2 – O advogado não pode efetuar colaboração premiada contra


quem seja ou tenha sido seu cliente, sob pena de exclusão dos quadros
de advogados da OAB, sem prejuízo de responder pelo crime de violação
do segredo profissional.

1.3 – Foi incluído um dispositivo em relação às sociedades advocatícias,


para prever que o advogado pode se associar a mais de uma sociedade
de advogado ou sociedade unipessoal, sem que estejam presentes os
requisitos legais de vínculo empregatício, para prestação de serviços e
participação nos resultados, devendo essa associação se dar por meio de
pactuação de contrato próprio, registrado no Conselho Seccional da OAB.

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Na prática, um advogado pode se associar a mais de uma sociedade de


advogados para participar dos lucros e resultados, desde que não haja
subordinação, habitualidade, onerosidade e pessoalidade (requisitos
configuradores de vínculo empregatício).

1.4 – A jornada de trabalho do advogado empregado, quando


prestar serviços para empresa, não pode exceder 8h por dia ou 40h por
semana.

1.5 – Havendo constrição judicial de bens (bloqueio judicial), será


garantida ao advogado a liberação de até 20% dos bens bloqueados para
fins de recebimento de honorários e reembolso de gastos com a defesa,
exceto nos casos em que defender acusado de cometer crime previsto
na lei de drogas. Tratando-se de bloqueio de valores em espécie, a
transferência será direta para a conta do advogado.

O motivo da exceção quanto aos crimes previstos na lei de drogas é


previsão constitucional de confisco dos bens e valores apreendidos em
decorrência da prática desses crimes, que se reverterão a fundo especial.

1.6 – Ocupantes de cargos policiais de qualquer natureza e militares da


ativa não podem advogar, por incompatibilidade da função. No entanto,
agora podem advogar em causa própria para defender direitos
pessoais, devendo fazer inscrição especial na OAB e pagar a anuidade.

Importante registrar que a OAB ajuizou Ação Direta de


Inconstitucionalidade (ADIN), questionando este dispositivo. A ação está

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em tramitação e recebeu o número 7.227 (caso tenha curiosidade sobre o


andamento, clique aqui).

2 – Em novembro de 2020 o Conselho Federal da OAB regulamentou


o disposto nos artigos 47-A e 58-A do Código de Ética e Disciplina, no
tocante à celebração de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)
diante da prática de publicidade irregular no âmbito da advocacia e das
infrações ético-disciplinares puníveis com censura.

Importante saber para o Exame da OAB que a infração punível com


censura admite a celebração de TAC.

Memorize – Cabe TAC – Termo de Ajustamento de Conduta –


quando a infração for punível e nível de CENSURA e o fato
apurado não tiver gerado repercussão negativa à advocacia.
Também cabe TAC para fazer cessar a publicidade irregular
praticada por advogado ou estagiário.

Não cabe TAC: (I) ao advogado/estagiário que tenha contra si


condenação transitada em julgado por infração disciplinar, salvo na
hipótese de reabilitação (prova de bom comportamento, após um ano do
cumprimento da sanção); (II) ao advogado/estagiário é imputada a prática
de mais de uma infração disciplinar, de forma simultânea; (III) o fato tenha
gerado repercussão negativa para a advocacia; (IV) se a infração
disciplinar for punida com suspensão ou exclusão; (V) se o
advogado/estagiário já foi beneficiado por TAC nos três anos anteriores à
conduta a ser apurada.

Processamento: o advogado/estagiário é notificado para manifestar


interesse no TAC em 15 (quinze) dias. Passado o prazo in albis (sem
resposta), presume-se recusada a proposta de celebração de TAC. O

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profissional se compromete a cessar a conduta objeto do TAC, reparar o


dano eventualmente causado, fazer cessar os efeitos da infração, quando
for o caso, bem como se abster de praticar a mesma conduta no prazo
fixado no TAC.

Consequências: (I) a suspensão condicional do processo disciplinar


por três anos; (II) suspensão dos prazos prescricionais; (III) no caso de
descumprimento, o TAC perde seus efeitos e o processo disciplinar
retomará seu trâmite.

3 – Em julho de 2021 o Conselho Federal da OAB editou o provimento


205/2021, para permitir o marketing jurídico, isto é, passa-se a permitir o

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impulsionamento de posts em redes sociais, observados sempre os limites


para a publicidade (como veremos no tópico 11).

Dentre as novidades deste provimento (recomendamos a leitura, são só


13 artigos), importante saber alguns conceitos:

- Publicidade ativa: divulgação capaz de atingir número indeterminado


de pessoas, mesmo que elas não tenham buscado informações acerca do
anunciante ou dos temas anunciados;

- Publicidade passiva: divulgação capaz de atingir somente público


certo que tenha buscado informações acerca do anunciante ou dos temas
anunciados, bem como por aqueles que concordem previamente com o
recebimento do anúncio;

- Captação de clientela: para fins deste provimento, é a utilização de


mecanismos de marketing que, de forma ativa, independentemente do
resultado obtido, se destinam a angariar clientes pela indução à contratação
dos serviços ou estímulo do litígio, sem prejuízo do estabelecido no Código
de Ética e Disciplina e regramentos próprios.

A publicidade profissional deve ter caráter meramente informativo


e primar pela discrição e sobriedade, não podendo configurar captação
de clientela ou mercantilização da profissão.

O ponto mais importante deste provimento foi permitir a publicidade


ativa, mesmo que de forma paga (impulsionamento pago), permitida a
utilização de logomarca e imagens, inclusive fotografia do advogado,
vedado o impulsionamento de rankings, prêmios ou honrarias que
destaquem o advogado.

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1. Direitos do advogado

1.1 – Não há hierarquia nem subordinação entre membros da


Magistratura, do Ministério Público e Advogado. Todos são essenciais
à Justiça e o tratamento dispensado ao advogado deve ser compatível com
a dignidade da advocacia

1.2 – É prerrogativa do advogado: exercer, com liberdade, a profissão


em todo o território nacional
A aprovação no exame de ordem permite ao advogado atuar em todo o
território nacional. No entanto, a inscrição é realizada em determinada
seccional (estado – São Paulo, Bahia, Goiás etc.). É nesta seccional que o
advogado pode atuar sem qualquer limite de causas. Nas demais
seccionais, onde não é inscrito, o advogado só pode atuar em até 5
(cinco) causas por ano.
Mas, é possível a inscrição suplementar, isto é, a inscrição em outra
seccional, possibilitando-se, também, a atuação em número indefinido
de causas neste Estado. É devida a anuidade em cada seccional que o
advogado possuir inscrição.

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1.3 – É prerrogativa do advogado: a inviolabilidade de seu escritório


ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos de trabalho, de sua
correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que
relativas ao exercício da advocacia
Essa inviolabilidade é relativa, pois, é possível que seja expedido
mandado de busca e apreensão quando houver indícios de materialidade
e autoria da prática de crime pelo advogado.
Esse mandado de busca e apreensão deve ser pormenorizado e
específico, cumprido na presença de um representante da OAB, sendo
vedada, em qualquer hipótese, a utilização de documentos ou objetos
pertencentes a clientes do advogado, que não estejam sendo formalmente
investigados. Se o cliente do advogado também for investigado, então

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poderão ser utilizados documentos e objetos pertencentes ao cliente, para


fins de ‘provas’1.
Somente a autoridade judiciária (juiz) pode quebrar essa
inviolabilidade, em caso de indícios de autoria e materialidade da prática
de crime por parte do advogado.
Essa inviolabilidade diz respeito somente ao exercício da advocacia, o
que significa dizer que eventual profissão paralela exercida pelo
advogado não está acobertada por essa inviolabilidade (ex: advogado
possui um estabelecimento comercial, cujo local, instrumentos de trabalho
e correspondência não estão acobertadas por essa inviolabilidade).
Aqui uma inovação legislativa importante. Os bens apreendidos serão
levados a perícia. O advogado e o representante da OAB têm o direito
de acompanhar essa perícia e devem ser avisados com antecedência
mínima de 24h sobre a data, o horário e o local em que será realizada.

1.4 – É prerrogativa do advogado: comunicar-se com seus clientes,


pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quando estes se
acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou
militares, ainda que considerados incomunicáveis
A incomunicabilidade do preso é vedada, logo, o artigo 21 do Código
de Processo Penal não foi recepcionado pela CF/88 (onde há previsão da
incomunicabilidade do preso – risque isso do seu código).
Mesmo na hipótese de preso cumprindo pena no regime disciplinar
diferenciado (RDD), em que as visitas são monitoradas, ao advogado é

1
‘Provas’, pois no bojo de uma investigação não se produz prova propriamente
dita, mas elementos informativos, que são as diligências documentadas, que
buscam elucidar os indícios de materialidade e autoria do crime

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garantida a comunicação pessoal e reservada, como regra. No entanto, se


houver autorização judicial, a visita do advogado ao preso em RDD poderá
ser monitorada por áudio e vídeo, de forma excepcional.
A comunicação do advogado com o preso deve ser pessoal e
reservada, ainda que não tenha procuração. Ainda, é garantido ao réu,
em processo criminal, entrevista prévia e reservada com o advogado, antes
do interrogatório.

1.5 – É prerrogativa do advogado: ter a presença de representante da


OAB, quando preso em flagrante, por motivo ligado ao exercício da
advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos
demais casos, a comunicação expressa à seccional da OAB
São duas situações distintas: prisão em flagrante por razões da
advocacia e prisão por motivos alheios à advocacia.

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Prisão em flagrante ligada ao exercício da advocacia – é necessário


que o representante da OAB esteja presente no momento da lavratura
do auto de prisão em flagrante, sob pena de nulidade e relaxamento da
prisão. Atente-se para os dois requisitos: a prisão deve ser em flagrante e
por motivos ligados à advocacia, para ter direito à presença de
representante da OAB, no ato da lavratura do auto de prisão.
Prisão por motivos alheios ao exercício da advocacia – basta a
comunicação expressa à seccional da OAB de onde o advogado tenha
inscrição.
Importante saber que o advogado só pode ser preso em flagrante, no
exercício da advocacia, se o crime for inafiançável, como veremos
adiante. São crimes inafiançáveis: os hediondos e equiparados (tráfico de
drogas, tortura e terrorismo), racismo e ação de grupos armados, civis ou
militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.

PRISÃO DO ADVOGADO

__________ No exercício da profissão Fora do exercício da


profissão

Crime Não pode ser preso em Pode ser preso em flagrante;


comum flagrante basta comunicação à OAB

Crime Pode ser preso em flagrante; Pode ser preso em flagrante;


inafiançável tem direito à presença de basta comunicação à OAB
representante da OAB

1.6 – É prerrogativa do advogado: não ser recolhido preso, antes de


sentença transitada em julgado, senão em sala de Estado Maior, com

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instalações e comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB2, e,


na sua falta, em prisão domiciliar
Trata-se da prisão provisória, que abarca a prisão em flagrante, a
preventiva e a temporária. Em qualquer uma desasa prisões, o advogado
deve ser acomodado em sala de Estado Maior e, na falta dela, em prisão
domiciliar.
Como não há definição legal para a sala de Estado Maior, o STF decidiu
que é o compartimento de qualquer unidade militar que deve oferecer
instalações e comodidades condignas, adequadas de higiene e
segurança, cuja finalidade típica não seja o aprisionamento e não
contenha grades. Lembrando que inexistindo sala de Estado Maior o
advogado deve ser recolhido em prisão domiciliar.

1.7 – É prerrogativa do advogado: usar da palavra, pela ordem, em


qualquer tribunal judicial ou administrativo, órgão de deliberação
coletiva da administração pública ou comissão parlamentar de inquérito,
mediante intervenção pontual e sumária, para esclarecer equívoco ou
dúvida surgida em relação a fatos, a documentos ou a afirmações que
influam na decisão
Mesmo que não seja o momento destinado à fala do advogado, se
entender que deve ser feito esclarecimento ou replicar acusação ou censura
que lhe forem feitas, o advogado deve pedir a palavra, utilizando-se da
expressão ‘pela ordem’, imediatamente (de forma sumária).
A atenção vai para a recente alteração da lei 14.365/22, que incluiu as
hipóteses de usar a palavra na CPI, em tribunal administrativo ou órgão de
deliberação coletiva da administração pública, que não estavam previstas,
até então.

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Este trecho foi considerado inconstitucional, em julgamento na ADI 1.127-8).

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1.8 – É prerrogativa do advogado: reclamar, verbalmente ou por


escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou autoridade, contra a
inobservância de preceito de lei, regulamento ou regimento.
Este inciso complementa o anterior e trata do direito que o advogado
tem de reclamar, mesmo de forma sumária e ainda que oralmente, contra a
inobservância de qualquer preceito legal.

1.9 – É prerrogativa do advogado: examinar, em qualquer órgão dos


Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração Pública em geral,
autos de processos findos ou em andamento, mesmo sem procuração,
quando não estiverem sujeitos a sigilo ou segredo de justiça, assegurada
a obtenção de cópias, com possibilidade de tomar apontamentos
Via de regra os processos são públicos e devem ser acessíveis a
todos, exceto aqueles em que seja necessário decretar segredo de justiça,
para resguardar a intimidade das partes ou se assim demandar o interesse
público.
Se não estiver em segredo de justiça, o processo pode ser examinado
por qualquer advogado, mesmo sem procuração. Já se houver o
segredo de justiça decretado, somente o advogado com procuração
pode examiná-lo.
Importante mencionar que o inquérito policial não é processo, é um
procedimento administrativo, sendo sua regra o sigilo, como veremos
adiante.

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1.10 – É prerrogativa do advogado: examinar, em qualquer instituição


responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de
flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em
andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e
tomar apontamentos, em meio físico ou digital
Se os autos da investigação forem sigilosos, então somente advogado
com procuração pode examinar. Já se não forem sigilosos, qualquer
advogado pode examinar, mesmo sem procuração.
Em qualquer dos casos acima, garante-se acesso somente às
diligências concluídas e documentos já juntados. Portanto, é lícito negar
ao advogado, mesmo com procuração, acesso a documentos de
diligências em andamento, que ainda não foram juntados aos autos,
quando houver risco de comprometimento da eficiência, eficácia ou

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finalidade das diligências. Isso porque a regra do inquérito policial é o


sigilo, ao contrário do processo em juízo, em que a regra é a publicidade.

1.11 – É prerrogativa do advogado: ter vista dos processos judiciais ou


administrativos de qualquer natureza, em cartório ou na repartição
competente, ou retirá-los pelos prazos legais
O advogado pode examinar o processo no balcão do cartório ou pode
fazer carga dos autos, isto é, retirá-lo do fórum para examinar em seu
escritório. Aqui também vale a ressalva de que se o processo for sigiloso,
somente o advogado com procuração pode ter vista do processo ou
fazer carga.
Também é proibida a retirada dos autos se houver documentos originais
de difícil reparação, bem como circunstância relevante que justifique a
permanência dos autos em cartório, devendo o juízo fazer constar nos
autos, de forma fundamentada, qual é essa circunstância relevante.
O artigo 107 do CPC fixa o prazo de cinco dias para devolução. Ainda,
é possível a carga rápida dos autos, pelo período de duas a seis horas,
para obtenção de cópias. Se o processo estiver findado, o prazo de
devolução é de dez dias.
Se o advogado deixar de devolver os autos, no prazo legal, depois de
intimado, ficará impedido de fazer nova retirada até o encerramento do
processo. Atenção a este ponto, pois não basta que a devolução seja
feita fora do prazo, é necessário que o advogado seja intimado a
devolve-lo, para que fique impedido de retira-lo, novamente.

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1.12 – É prerrogativa do advogado: retirar autos de processos findos,


mesmo sem procuração, pelo prazo de dez dias
Atentar-se ao prazo para devolução, como já explicado: dez dias para
processos findos e cinco dias para processos em andamento. Então, para
os autos findos, mesmo sem procuração, o advogado pode retira-lo,
devendo devolve-lo no prazo de dez dias.

1.13 – É prerrogativa do advogado: recusar-se a depor como


testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre
fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando
autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que
constitua sigilo profissional

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O sigilo do advogado é inerente à profissão, não podendo o advogado


quebrá-lo. A consequência para a violação do sigilo, sem justa causa, é
a prática de crime (art. 325 CP) e infração disciplinar sujeita à censura
(art. 34, VII, Estatuto da Advocacia). O advogado deve manter o sigilo
independentemente de pedido do cliente, mesmo após o término da
relação advogado x cliente e até quando o ex-cliente estiver litigando com
atual cliente do advogado (ex: advoguei para Z, anos atrás. Atualmente X
me procura para patrocinar uma causa sua, contra Z. Tudo que eu souber
quanto a Z, meu ex-cliente, deve ser mantido em sigilo).
Portanto, o advogado deve guardar sigilo sobre o que saiba em razão
do seu ofício, sendo permitido recursar-se a depor como testemunha
em processo no qual trabalhou ou sobre fato relacionado com seu cliente,
mesmo que autorizado ou solicitado por este cliente. A autorização do
cliente afasta o dever que o advogado tem de guardar sigilo, no
entanto, não fica o advogado obrigado a depor, é opção sua servir
como testemunha, quando autorizado pelo cliente cujo sigilo diga
respeito.

Memorize – o advogado pode se recusar a testemunhar, mesmo


se autorizado pelo cliente sobre o qual recaia o sigilo. O sigilo
profissional do advogado é mais extenso que de outras profissões,
pois não está obrigado a falar, ainda que autorizado.

No entanto, há uma exceção, que permite ao advogado a quebra do


sigilo: em caso de grave ameaça ao direito à vida ou à honra do
advogado, ou quando o advogado for afrontado pelo próprio cliente e, em
defesa própria, tenha que revelar o segredo, pode quebrar o sigilo, desde
que de forma restrita ao interesse da causa.

1.14 – É prerrogativa do advogado: retirar-se do recinto onde se


encontre aguardando pregão para ato judicial, após trinta minutos do

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horário designado e ao qual ainda não tenha comparecido a autoridade


que deva presidir a ele, mediante comunicação protocolizada em juízo.
Após trinta minutos do horário marcado para o início da audiência o
advogado pode retirar-se do local, desde que protocole comunicado
cientificando.
Mas, atenção, somente será possível se a autoridade que deva
presidir o ato não tiver comparecido. Se o juízo estiver no local,
presidindo outra audiência, que acabou atrasando as audiências
posteriores, não pode o advogado se retirar.

1.15 – É prerrogativa do advogado: assistir a seus clientes investigados


durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do
respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os
elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados,
direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva
apuração: a) apresentar razões e quesitos
Cuidado com a interpretação deste dispositivo.
O inquérito policial é procedimento administrativo inquisitivo (não se
submete ao contraditório e ampla defesa), pois não visa a aplicação de uma
sanção, mas tão somente colher elementos informativos sobre a
materialidade e autoria do fato criminoso. Portanto, não é obrigatória a
constituição de advogado em interrogatório extrajudicial.
Todavia, se o investigado tiver constituído advogado durante o
inquérito policial e este manifestar interesse em acompanhar o
interrogatório extrajudicial, o delegado de polícia não pode negar, sob
pena de nulidade, podendo o advogado formular perguntas, durante o
ato.

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1.16 – É prerrogativa do advogado: o advogado tem imunidade


profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato3 puníveis
qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em
juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB,
pelos excessos que cometer
A imunidade profissional do advogado acoberta somente a injúria
e a difamação, desde que relativa ao exercício da advocacia, ainda que
a ofensa à honra aconteça fora do juízo.
Atente-se ao fato de que a calúnia e o desacato não estão acobertadas
pela imunidade. Se o advogado afirmar que foi roubado por determinada
pessoa e este fato seja verdadeiro, não há a prática de qualquer ilícito, pois
admite-se a exceção da verdade.
Esta imunidade é apenas penal, ou seja, pode ser punido
disciplinarmente pelo tribunal de ética e disciplina da OAB, pela prática de
infração disciplinar.

3
O STF declarou inconstitucional a imunidade por desacato, no julgamento da
ADI 1.127-8.

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1.17 – É prerrogativa do advogado: O advogado somente poderá ser


preso em flagrante, por motivo de exercício da profissão, em caso de crime
inafiançável, observado o disposto no inciso IV deste artigo
Conforme já citado, o advogado só poderá ser preso em flagrante, por
motivo do exercício da profissão, em caso de crime inafiançável. São
inafiançáveis os crimes hediondos e equiparados (tráfico de drogas, tortura
e terrorismo), racismo e ação de grupos armados, civis ou militares, contra
a ordem constitucional e o Estado Democrático. Somente pode ser preso
em flagrante o advogado que comete um desses crimes, no exercício da
profissão.

1.18 – É prerrogativa do advogado: no caso de ofensa a inscrito na


OAB, no exercício da profissão ou de cargo ou função de órgão da OAB,

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o conselho competente deve promover o desagravo público do ofendido,


sem prejuízo da responsabilidade criminal em que incorrer o infrato
O desagravo público está mais detalhado no regulamento geral, nos
artigos 18 e 19.
Desagravo é feito em sessão pública em que é lida nota de repúdio a
ofensa feita à advogado ou à advocacia. É prerrogativa da advocacia, como
profissão, por isso não depende da concordância do advogado ofendido,
pois a ofensa ataca a classe como um todo.
A ofensa deve ser em razão do exercício da função, não basta que seja
uma ofensa pessoal. O estagiário inscrito na OAB pode ser desagravado.
O pedido de desagravo pode ser feito por qualquer pessoa, pelo
advogado/estagiário inscrito ofendido ou pelo conselho seccional.
O desagravo segue um procedimento interno, na OAB, mas pode ser
concedido liminarmente. Se a ofensa for pessoal, não estiver relacionada
com o exercício da profissão ou se a ofensa configurar crítica de caráter
doutrinário, político ou religioso, o relator do processo pode propor o
arquivamento do pedido de desagravo público.
Os pedidos de desagravo devem ser decididos no prazo máximo de
60 (sessenta) dias. Após este julgamento, a sessão do desagravo público
deve ser feita em até 30 (trinta) dias, amplamente divulgada,
preferencialmente no local onde a ofensa foi sofrida.
Ainda que esteja tramitando ação penal, por conta da ofensa, é possível
que seja feito o desagravo público.

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1.19 – São direitos da advogada:


I – gestante:
a) – entrada em tribunais sem ser submetida a detectores de metais e
aparelhos de raio X
Atente-se que é direito somente da gestante entrar em tribunais sem
ser submetida a detectores de metais e aparelhos de raio X.
b) – reserva de vagas em garagens dos fóruns dos tribunais.
II – lactante, adotante ou que der à luz, acesso a creche, onde houver,
ou a local adequado ao atendimento das necessidades do bebê
Pelo prazo de 120 (cento e vinte) dias.

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III – gestante, lactante, adotante ou que der à luz, preferência na ordem


das sustentações orais e das audiências a serem realizadas, a cada dia,
mediante comprovação de sua condição
Para a advogada adotante ou que der à luz, pelo prazo de 120 (cento e
vinte) dias, preferência na ordem das sustentações orais e audiências.
IV – adotante ou que der à luz, suspensão de prazos processuais quando
for a única patrona da causa, desde que haja notificação por escrito ao
cliente
Aqui o prazo da suspensão é de 30 (trinta) dias e começa a contar no
primeiro dia subsequente ao parto ou adoção.
§1º - Os direitos previstos à advogada gestante ou lactante aplicam-se
enquanto perdurar, respectivamente, o estado gravídico ou o período de
amamentação
§2º - Os direitos assegurados nos incisos II e III deste artigo à
advogada adotante ou que der à luz são concedidos pelo prazo previsto no
art. 392 do decreto-lei 5.245, de 1º de maio de 1943 (CLT)
O prazo da licença-maternidade, de 120 (cento e vinte) dias.
§3º - O direito assegurado no inciso IV deste artigo à advogada
adotante ou que der à luz será concedido pelo prazo previsto no §6º do art.
313 da lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (CPC)
Trata do prazo de 30 (trinta) dias, já explicado.
Vamos esquematizar em uma tabela, para melhor visualização.

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1.20 – constitui crime violar direito ou prerrogativa de advogado


previstos nos incisos II, III, IV e V do caput do art. 7º desta lei.
Constitui crime de abuso de autoridade violar as prerrogativas de:
inviolabilidade do escritório; comunicação com o cliente preso; não ser
preso antes do trânsito em julgado senão em sala de Estado Maior ou prisão
domiciliar; e garantir a presença de representante da OAB no momento da
lavratura do auto de prisão em flagrante por crime inafiançável (são eles
tráfico de drogas, terrorismo, tortura, ação armada de grupo civil ou militar
contra a ordem democrática, racismo e injúria racial).

Memorize – A injúria racial foi equiparada ao racismo pelo STF


e se tornou crime inafiançável e imprescritível!!!

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2. Infrações e sanções

2.1 – A competência para aplicação de sanção por infração disciplinar


é do conselho seccional do local da infração. Todavia, será do conselho
Federal da OAB quando o advogado for: membro do conselho federal;
membro da diretoria do conselho federal; presidente de conselho seccional;
ou quando a falta for cometida perante o conselho federal.

2.2 – São quatro as sanções: exclusão, suspensão, censura e multa.


É mais fácil memorizar quais são as infrações que levam à sanção de
exclusão, pois são apenas cinco:

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XXVI – fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para inscrição da OAB

XXVII – tornar-se moralmente inidôneo para o exercício da advocacia

XXVIII – praticar crime infamante

Art. 7º, § 6º-I – É vedado ao advogado efetuar colaboração premiada


contra quem seja ou tenha sido seu cliente, e a inobservância disso
importará em processo disciplinar, que poderá culminar com a aplicação
de exclusão

Além dessas práticas, também causa a exclusão a aplicação de três


suspensões ou, a mais recente de todas, efetuar colaboração premiada
contra quem seja ou tenha sido seu cliente.

Memorize – A exclusão acarreta o cancelamento da inscrição e


só pode ser aplicada se houver manifestação nesse sentido por 2/3
dos membros da seccional competente.

Efetuar colaboração premiada contra quem seja ou tenha sido


cliente acarreta pena de exclusão !!!

2.3 – Quanto à suspensão, pode ser aplicada se houver reincidência


em infração disciplinar e também, dentre as infrações, são as mais
importantes para o exame da OAB:
XVIII - solicitar ou receber de constituinte qualquer importância para
aplicação ilícita ou desonesta;

XIX - receber valores, da parte contrária ou de terceiros, relacionados com


o objeto do mandato, sem expressa autorização do constituinte;

XXI - recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente de


quantias recebidas dele ou de terceiros por conta dele;

XXII - reter, abusivamente, ou extraviar autos recebidos com vista ou em


confiança;

XXIII - deixar de pagar as contribuições, multas e preços de serviços


devidos à OAB, depois de regularmente notificado a fazê-lo;

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XXIV - incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profissional;

XXV - manter conduta incompatível com a advocacia;

Parágrafo único. Inclui-se na conduta incompatível:

a) prática reiterada de jogo de azar, não autorizado por lei;

b) incontinência pública e escandalosa;

c) embriaguez ou toxicomania habituais.

Memorize – A suspensão ocasiona a interdição do exercício


profissional, em todo território nacional, pelo prazo de trinta dias
a doze meses (não caia na pegadinha, atente-se, não é de 01 a 12
meses, é de 30 dias a 12 meses). É possível ultrapassar esse período
nas seguintes hipóteses: (I) recusa injustificada de prestação de
contas; (II) inadimplência com a OAB; (III) inépcia profissional.
Nas hipóteses I e II, perdurará até que satisfaça integralmente a
dívida, com correção monetária; no hipótese III, a suspensão
perdurará até que preste novas provas de habilitação.

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2.4 – Entre as infrações que levam à censura, destacam-se, além da


violação a preceito do Código de Ética e Disciplina:
I - exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por
qualquer meio, o seu exercício aos não inscritos, proibidos ou impedidos;

II - manter sociedade profissional fora das normas e preceitos


estabelecidos nesta lei;

III - valer-se de agenciador de causas, mediante participação nos


honorários a receber;

IV - angariar ou captar causas, com ou sem a intervenção de terceiros;

V - assinar qualquer escrito destinado a processo judicial ou para fim


extrajudicial que não tenha feito, ou em que não tenha colaborado;

VI - advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a boa-fé


quando fundamentado na inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou em
pronunciamento judicial anterior;

VII - violar, sem justa causa, sigilo profissional;

VIII - estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização do


cliente ou ciência do advogado contrário;

X - acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a nulidade


do processo em que funcione;

XI - abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos dez dias


da comunicação da renúncia;

XII - recusar-se a prestar, sem justo motivo, assistência jurídica, quando


nomeado em virtude de impossibilidade da Defensoria Pública;

XV - fazer, em nome do constituinte, sem autorização escrita deste,


imputação a terceiro de fato definido como crime;

A censura não pode ser objeto de publicidade.

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2.5 – A multa somente se aplica de forma cumulativa com censura


e suspensão, desde que haja alguma circunstância agravante. O valor
varia entre uma e dez anuidades.

2.6 – São causas atenuantes: falta cometida na defesa de prerrogativa


profissional; ausência de punição disciplinar anterior; exercício assíduo e
proficiente de mandato ou cargo de qualquer órgão da OAB; e prestação
de relevantes serviços à advocacia ou à causa pública.

Memorize – A censura pode ser convertida em advertência, sem


anotação nos assentamentos, quando presente circunstância
atenuante, por meio de ofício reservado.

2.7 – As infrações disciplinares prescrevem em cinco anos, contados


da data oficial do fato. Ainda, pode ocorrer a prescrição intercorrente,

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quando o processo fica pendente de despacho ou julgamento, por mais de


três anos. É interrompida a prescrição (volta a contar do zero): pela
instauração do processo disciplinar; notificação válida do representado;
decisão condenatória recorrível.

2.8 – Àquele que tenha sofrido qualquer sanção disciplinar é permitido


requerer reabilitação, um ano após o cumprimento da sanção,
comprovando o bom comportamento.
Quando a sanção disciplinar decorrer de crime, o pedido de reabilitação
perante a OAB depende da correspondente reabilitação criminal.

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3. Honorários

3.1 – Honorários convencionados são aqueles que advogado e cliente


ajustam o valor a ser pago pelo serviço. É honorário contratual e não
exclui o sucumbencial. Na falta de convenção utiliza-se a tabela de
honorários da OAB, cujos valores servem como parâmetro mínimo,
devendo o juiz definir o valor.

3.2 – Honorários por arbitramento é o que acabamos de ver acima.


Quando não há honorários estipulados contratualmente, o juiz fixa um
valor proporcional à complexidade da causa, entre 10% e 20% do valor
da condenação, podendo ser menor se a parte contrária for a Fazenda
Pública.

3.3 – Honorários sucumbenciais são os devidos pela parte vencida no


processo, ao advogado da parte vencedora. Quem paga nunca é o
advogado, mas quem ‘perdeu’ o processo. Mas, quem recebe sempre é o
advogado da parte que venceu. A parte perdedora paga ao advogado da
parte vencedora, o valor entre 10% e 20% do valor da condenação, do
proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, do valor
atualizado da causa. É possível que ambas as partes sejam sucumbentes,
ou seja, que autor e réu ganharam parte e perderam parte do processo, nesse
caso, cada parte deve pagar os honorários ao advogado da outra parte.

3.4 – Honorários ad exitum são previstos em cláusula contratual e


estabelecem o pagamento de parte do valor auferido com a causa (quota
litis), desde que o valor recebido pelo advogado não ultrapasse a quantia
auferida pelo cliente.

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3.5 – O advogado, quando indicado para patrocinar causa de


juridicamente necessitado, no caso de impossibilidade da Defensoria
Pública no local da prestação do serviço, tem direito aos honorários
fixados pelo juiz, segundo tabela organizada pelo Conselho Seccional da
OAB, e pagos pelo Estado – trata dos honorários recebidos para atuar nas
causas em que a Defensoria não pode, seja por incompatibilidade ou pela
falta de Defensoria no local. Há um convênio firmado entre OAB e
Defensoria em que o advogado inscrito recebe causas para atuar. Ao final
do processo o juiz expede guia de honorários que é paga pelo Estado ao
advogado.

3.6 – Os honorários previstos em contrato e em sentença são título


executivo judicial e constituem crédito privilegiado na falência e
recuperação judicial. Essa execução pode se dar no mesmo processo em
que o honorário foi fixado. Em caso de falecimento do advogado os
honorários são recebidos pelos sucessores.

3.7 – A ação de cobrança de honorários e de prestação de contas


pelas quantias recebidas prescreve em cinco anos.

3.8 – O substabelecimento com reserva de poderes impede que o


advogado substabelecido cobre os honorários por conta própria,
devendo o advogado que substabeleceu o mandato ser coautor da ação
de cobrança. Exceto se o advogado substabelecido tiver contrato com
cliente, então poderá cobrar por conta própria.

Memorize – o advogado substabelecido com reserva de poderes


não pode ajuizar ação de cobrança de honorários por conta
própria, deve haver litisconsórcio ativo entre advogado
substabelecido e advogado substabelecente, isto é, ambos
advogados devem ser parte autora da ação.

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4. Atividade da advocacia

4.1 – São atividades privativas da advocacia a postulação a órgão do


Poder Judiciário (capacidade postulatória) e atividades de consultoria,
assessoria e direção jurídicas. Para exercer essas atividades é necessária
inscrição na OAB. Exercem atividades privativas da advocacia: os
advogados; integrantes da Advocacia Geral da União; Procuradores da
Fazenda Nacional; Defensores Públicos; Procuradores do Estado e
Município.

Memorize – É atividade privativa de advogado, regularmente


inscrito nos quadros da OAB, a consultoria, assessoria e direção
jurídica. Portanto, diretor jurídico de empresa deve ser advogado
regularmente inscrito na OAB.

4.2 – Dispensa-se a necessidade de advogado


Juizado Especial Estadual Até 20 salários mínimo. Para recorrer
precisa de advogado

Juizado Especial Federal Até 60 salários mínimo. Para recorrer


precisa de advogado.

Ação trabalhista Somente para ação na vara do


trabalho. Precisa de advogado se for
ação rescisória, ação cautelar,
mandado de segurança e recursos da
competência do TST.

Habeas Corpus Não precisa de advogado. Qualquer


pessoa pode impetrar HC para si ou
terceiro, mesmo que não seja
advogado.

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Ação de alimentos Somente para a distribuição da ação de


alimentos. Se a parte não tiver
advogado, o juiz irá nomear um para
atuar a seu favor.

Processo Adm. Disciplinar A Súmula Vinculante 5 dispõe que a


falta de defesa técnica (leia-se,
advogado) em processo administrativo
disciplinar não ofende a Constituição
Federal.

Revisão Criminal O próprio sentenciado pode ajuizar a


revisão criminal, em simples petição,
de próprio punho. No entanto, as
razões da revisão criminal devem ser
elaboradas por advogado.

4.3 – Os atos praticados por advogado impedido, suspenso, licenciado


ou que passar a exercer atividade incompatível com a advocacia são
nulos.

4.4 – O estagiário regularmente inscrito pode praticar os atos da


atividade privativa da advocacia, desde que em conjunto com o
advogado, sobre quem recai a responsabilidade.
Todavia, pode o estagiário praticar isoladamente, sem a assinatura
do advogado, mas sob a responsabilidade dele (advogado): retirar e
devolver autos em cartório; obter certidões de peças ou autos de
processos; assinar petições de juntada de documento.

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4.5 – Para o advogado atuar é necessário que apresente procuração


outorgada pelo cliente. Nos casos urgentes, em que não há tempo hábil
para a confecção da procuração, o advogado pode atuar sem procuração,
obrigando-se a apresentar a procuração em quinze dias, prorrogável por
mais quinze dias.

4.6 – O advogado que renuncia ao mandato outorgado continua


responsável pela causa, durante os próximos dez dias, salvo se for
substituído antes do término do prazo.

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5. Inscrição, identidade profissional e estagiário

5.1 – São requisitos para a inscrição na OAB: I – capacidade civil; II


– diploma de graduação em Direito; III – título de eleitor e quitação de
serviço militar, se brasileiro; IV – aprovação no exame da OAB; V – não
exercer atividade incompatível com a advocacia (ver item 6.2); VI –
idoneidade moral (para ser declarado inidôneo é preciso haver processo
disciplinar e voto de no mínimo 2/3 dos membros da seccional; VII –
prestar compromisso perante o conselho (formalidade feita no dia da
entrega da carteira da OAB).

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5.2 – A inscrição do estagiário é válida por dois anos, podendo ser


prorrogada por mais um ano, e pode ser requerida a partir do quarto
ano (sétimo semestre) da graduação. Essa prorrogação deve ser
requerida 30 dias antes do vencimento, até 10 dias úteis após o vencimento.
Essa inscrição é o número da EOAB.
Diferentemente do prazo da inscrição de estagiário, há o prazo de
validade da identidade profissional de estagiário (a carteirinha de
estagiário da OAB). Esta identidade profissional tem validade de três anos
e não pode ser prorrogada.

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5.3 – São hipóteses de cancelamento da inscrição – o requerimento


feito pelo advogado; a ausência de um dos requisitos para inscrição; o
exercício, em caráter definitivo, de atividade incompatível com a
advocacia; o falecimento ou penalidade de exclusão.
São hipóteses de licença – o requerimento feito pelo advogado; o
exercício, temporário, de atividade incompatível com a advocacia; e se
sofrer doença mental curável – se a doença mental for incurável, é hipótese
de cancelamento, pois ausente a capacidade civil, um dos requisitos para
inscrição.

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6. Incompatibilidades e impedimentos

6.1 – A incompatibilidade é a proibição total. O impedimento é a


proibição parcial. A lei 14.365/2022 incluiu a previsão de que o
impedimento ou a incompatibilidade temporária do advogado não o exclui
da sociedade de advogados.

6.2 – Hipóteses de incompatibilidade, mesmo em causa própria:


I – chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder Legislativo e
seus substitutos legais;

II – membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos


tribunais e conselhos de contas, dos juizados especiais, da justiça de paz,
juízes classistas, bem como de todos os que exerçam função de julgamento
em órgão de deliberação coletiva da administração pública direta e
indireta;

III - ocupantes de cargos ou funções de direção em Órgãos da


Administração Pública direta ou indireta, em suas fundações e em suas
empresas controladas ou concessionárias de serviço público

No inciso III é importante destacar que não se incluem os que não


detenham poder de decisão relevante sobre interesses de terceiro, a juízo
do conselho competente da OAB, bem como a administração acadêmica
diretamente relacionada ao magistério jurídico.
IV - ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a
qualquer órgão do Poder Judiciário e os que exercem serviços notariais e
de registro;

V - ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a


atividade policial de qualquer natureza;

VI - militares de qualquer natureza, na ativa;

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Nos incisos V e VI é importante destacar que podem advogar somente


em causa própria, devendo fazer inscrição especial na OAB e pagar
anuidade. Como já destacado, A OAB questionou a constitucionalidade
deste dispositivo.
VII - ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de
lançamento, arrecadação ou fiscalização de tributos e contribuições
parafiscais;

VIII - ocupantes de funções de direção e gerência em instituições


financeiras, inclusive privadas.

§ 1º A incompatibilidade permanece mesmo que o ocupante do cargo ou


função deixe de exercê-lo temporariamente.

6.3 – Hipóteses de impedimento:


São impedidos de exercer a advocacia os servidores públicos, contra
a Fazenda que os remunera, exceto o caso de docentes de cursos
jurídicos. Portanto, o professor de uma Universidade Federal pode
advogar contra a Fazenda que o remunera.

7. Ética do advogado

7.1 – O Estatuto da Advocacia dispõe que o advogado responde pelos


prejuízos que causar ao cliente, com dolo ou culpa (responsabilidade
subjetiva). Portanto, a responsabilidade civil do advogado é subjetiva,
deve-se comprovar o dolo ou culpa, segundo jurisprudência dos tribunais
superiores.

7.2 – O advogado deve abster-se de utilizar influência indevida;


patrocinar interesses ligados a atividades estranhas à advocacia; fazer
acordo com a parte contrária, sem o consentimento do cliente.

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7.3 – É legítimo ao advogado recusar patrocinar pretensão


concernente a lei ou direito que também lhe seja aplicável, ou contrarie
expressa orientação sua, manifestada anteriormente.

7.4 – O exercício da advocacia é incompatível com qualquer


procedimento de mercantilização (não pode fazer publicidade em
televisão, como em “Better call Saul”).
No entanto, é possível a publicidade, desde que obedecidos os limites
impostos pela OAB, quais sejam: princípios da discrição, moderação,
informação e exclusividade. (Veremos, em um tópico próprio, tudo sobre
publicidade).

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8. Relações com o cliente

8.1 – A conclusão ou desistência da causa obriga o advogado à


devolução dos bens, valores e documentos recebidos no exercício do
mandato, bem como a pormenorizada prestação de contas.
Constitui infração disciplinar passível de suspensão recusar-se,
injustificadamente, a prestar contas ao cliente de quantias recebidas dele
ou de terceiros por conta dele.

8.2 – Concluído ou arquivado o processo, presumem-se o


cumprimento e a cessão do mandato. O mandato não se extingue com

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o decurso do tempo, desde que permaneça a confiança recíproca entre


outorgante (cliente) e seu patrono (advogado) no interesse da causa. Em
outras palavras, mandato outorgado não tem prazo de validade.

8.3 – O advogado não deve aceitar procuração de quem já tenha


advogado constituído, sem o prévio conhecimento deste outro
profissional, exceto se for o caso de tomar medidas urgentes.

8.4 – Havendo mais de uma pessoa que tenha outorgado mandato


para o advogado e, sobrevindo conflito de interesse entre eles, caberá
ao advogado optar por um dos mandatos, renunciando aos demais,
resguardado o sigilo profissional (ex: duas pessoas possuem o mesmo
advogado, mas agora elas estão em conflito. Então o advogado deve optar
por patrocinar os interesses de apenas uma dessas pessoas, devendo
resguardar o sigilo profissional sobre o que souber da outra parte).

8.5 – É direito e dever do advogado assumir a defesa de acusado


criminal, sem considerar sua opinião sobre a culpa do acusado. Ainda
que o advogado ache que o cliente seja culpado, é direito e dever defender
o cliente, se for contratado ou nomeado através de convênio entre a
Defensoria Pública e OAB.

8.6 – O substabelecimento do mandato, com reserva de poderes, é


ato pessoal do advogado da causa. Devem ser ajustados previamente
os honorários entre os advogados. Se o substabelecimento for sem
reserva de poderes o cliente deve ser avisado previamente.

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9. Processo disciplinar e recurso

9.1 – A competência para aplicação de sanção por infração


disciplinar é do conselho seccional do local da infração. Todavia, será
do conselho Federal da OAB quando o advogado for: membro do
conselho federal; membro da diretoria do conselho federal; presidente de
conselho seccional; ou quando a falta for cometida perante o conselho
federal.
O processo disciplinar pode ser instaurado de ofício ou mediante
representação da parte interessada, não sendo considerada a denúncia
anônima. A representação pode ser escrita ou verbal (neste caso, será
reduzida a termo), diretamente ao presidente do conselho seccional ou ao
presidente da subseção. A instauração interrompe o prazo prescricional.
A representação deve conter: a identificação do representante, com a
sua qualificação civil e endereço; narrativa dos fatos, de forma que permita
verificar a existência de infração; documentos que instruam e indiquem
outras provas e o rol de testemunhas; e a assinatura do representante.
Recebida a representação, é designado, mediante sorteio, um relator
para presidir a instrução processual, independentemente se esta foi
instaurada perante o conselho seccional, subseções ou tribunal de ética.
O relator pode determinar a realização de diligências que julgar
conveniente. O relator deve receber os autos acompanhados da ficha
cadastral do representado e das certidões sobre punições anteriores, bem
como de outras representações em andamento.
O prazo para o relator emitir parecer é de 30 (trinta) dias, decisão
em que propõe a instauração do processo disciplinar ou o arquivamento.
Caso não emita o parecer neste prazo poderá ser o feito redistribuído para
outro relator, que terá o mesmo prazo.

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Instaurado o processo, o relator determinará a notificação dos


interessados e do representado, para apresentar a defesa prévia, no prazo
de 15 (quinze) dias. Caso o representado não for encontrado ou se tornar
revel, será designado defensor dativo. A notificação interrompe o prazo
prescricional.
A defesa prévia é acompanhada de documentos e rol de
testemunhas (até cinco).
Recebida a defesa prévia, o relator pode proferir dois tipos de despacho:
manifestar pelo indeferimento liminar da representação, cuja decisão de
arquivamento é do presidente do conselho da seccional; ou designar
audiência, em 15 (quinze) dias, para a oitiva do representado e
testemunhas.
Superada essa fase, o relator elaborará parecer a ser submetido ao
Tribunal de Ética e Disciplina, dando o enquadramento legal dos fatos e
abrindo prazo para apresentação de razões finais, no prazo de 15
(quinze) dias.
Após, o processo é distribuído ao relator do Tribunal de Ética e
Disciplina, para proferir voto. Este relator não pode ser o mesmo da fase
de instrução. Então, o processo é incluído na pauta da primeira sessão de
julgamento após a distribuição do relator e as partes serão notificadas com
15 (quinze) dias de antecedência para comparecer à sessão de
julgamento. Após o voto do relator, será facultado o direito à sustentação
oral para as partes, no prazo de 15 (quinze) minutos.
O inscrito pode ser previamente suspenso, em caso de repercussão
negativa, depois de ouvido em sessão especial. O inscrito deve ser
notificado para essa sessão. O processo disciplinar deve ser concluído
no prazo máximo de 90 (noventa) dias.
Recursos cabíveis: de todas as decisões definitivas proferidas pelo
conselho seccional, cabe recurso para o conselho federal. Se a decisão
for unânime, o recurso só será cabível se a decisão contrariou o estatuto

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da advocacia, decisão do conselho federal ou seccional, regulamento


geral, o código de ética ou provimentos.
Das decisões proferidas pelo presidente da seccional, pelo tribunal de
ética e disciplina, pela diretoria da subseção ou da caixa de assistência aos
advogados cabe recurso para o conselho seccional.
Todos os recursos têm efeito suspensivo, exceto quando se tratar de
eleições, suspensão preventiva e cancelamento de inscrição obtida com
prova falsa de requisito.
Cabe revisão do processo caso tenha ocorrido erro no julgamento ou se
a condenação foi baseada em falsa prova, sendo a competência do órgão
que emanou a decisão final.

10. Sociedade de advogados

10.1 – São duas as formas de sociedade de advogados: sociedade


simples e sociedade unipessoal. Ambas adquirem personalidade jurídica
com o registro aprovado de seus atos constitutivos no conselho
seccional – atenção, o registro não se dá em cartório civil ou na junta
comercial, mas sim no conselho seccional da OAB.
A razão social deve ter, obrigatoriamente, o nome de pelo menos um
advogado responsável pela sociedade, podendo permanecer o do sócio
falecido, desde que previsto no ato constitutivo. A denominação da
sociedade unipessoal deve ser formada pelo nome do titular, completo ou
parcial, seguida da expressão ‘sociedade individual de advocacia’.
A responsabilidade da sociedade unipessoal e de seu sócio é
ilimitada e subsidiária, pelos danos causados aos clientes por ação ou
omissão no exercício da advocacia.
Não são admitidas sociedades de advogados que apresentem forma ou
características de sociedades empresariais, que adotem denominação

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fantasia, que realize atividades estranhas à advocacia, que inclui como


sócio pessoa não inscrita como advogado ou proibida de advogar.
A constituição de uma filial, em outro Estado da federação, obriga
o sócio a realizar inscrição suplementar neste outro Estado. (ex.: tenho
escritório em SP, constituo filial no RJ, necessito fazer a inscrição na OAB-
RJ).
O advogado não pode integrar ou constituir mais de uma sociedade
com sede ou filial na mesma área territorial do respectivo conselho
seccional.
Os advogados de uma mesma sociedade profissional não podem
representar em juízo clientes de interesses opostos, ou seja, uma
sociedade não pode, ainda que com advogados diferentes, patrocinar causa
da parte autora e da parte ré do processo.

11. Publicidade

11.1 – Não há problema em anunciar os serviços profissionais, de forma


individual ou coletivamente. É proibida a divulgação em conjunto com
outra atividade (ex.: imobiliária e advocacia – apesar de ser comum, na
prática) e a veiculação pelo rádio e televisão. O anúncio deve conter o
nome completo do advogado e o número da inscrição da OAB.
Todavia, este anúncio deve seguir regras. Não pode relacionar, direta
ou indiretamente, qualquer cargo, função ou relação de emprego e
patrocínio que tenha exercido.
É vedada a utilização de outdoor. O anúncio sob a forma de placas
deve observar discrição quanto ao conteúdo e dimensões, sem qualquer
aspecto mercantilista (é permitido afixar placa com nome do advogado e
número de inscrição na OAB, com caráter meramente informativo, das
áreas em que atua, na fachada do escritório).

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São vedadas referências a valores dos serviços, tabelas, gratuidade ou


forma de pagamento, termos ou expressões que possam iludir ou confundir
o público, informações de serviços jurídico suscetíveis de implicar
captação de clientela, bem como menção a tamanho, qualidade e estrutura
da sede profissional.
A remessa de correspondência a uma coletividade é considerada
imoderada, salvo para comunicar a clientes e colegas a instalação ou
mudança de endereço. Também é considerada imoderada a indicação
expressa do nome e escritório em partes externas de veículo ou inserção de
nome em anúncio relativo a outras atividades não advocatícias.
O advogado pode participar de programa de televisão e entrevista,
todavia, deve se posicionar de forma exclusivamente ilustrativa,
educacional e instrutiva, sem o propósito de promoção pessoal ou
profissional.
A divulgação pública do advogado sobre assuntos técnicos ou jurídico
de que tenha ciência em razão do exercício profissional como advogado
constituído deve limitar-se a aspectos que não quebrem ou violem o
segredo ou o sigilo profissional.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Novidades legislativas

1 – A posse de Governador e de Vice-Governador passou de 1º de


janeiro para 06 de janeiro. O mandato do Presidente da República tem
início em 05 da janeiro, e não mais no dia primeiro.

2 – É competência exclusiva do Congresso Nacional decretar estado


de calamidade pública. Cabe ao Presidente da República, de forma
privativa, propor ao Congresso Nacional a decretação da calamidade
pública.

1. Controle de Constitucionalidade

1.1 – A declaração de inconstitucionalidade afeta o plano da validade


da norma, que será considerada nula. Adotou-se, portanto, a teoria da
nulidade.
Via de regra, a decisão de mérito possui efeito vinculante, ‘erga omnes’
(para todos) e ‘ex tunc’ (retroativos).
O efeito vinculante vincula todos os Poderes, exceto o legislativo, que
pode produzir nova lei com o mesmo teor daquela declarada
inconstitucional.
O efeito erga omnes significa que aquela decisão será aplicada para
todas as pessoas, em todos os casos.
Já o efeito ex tunc significa que a decisão retroage e alcança fatos
pretéritos, pois, a lei inconstitucional padece de vício de origem, como
vimos, pela teoria da nulidade.

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No entanto, a teoria da nulidade é relativizada pela modulação dos


efeitos da decisão. Por razões de segurança jurídica e excepcional
interesse social, poderá o STF, pela votação de 2/3 dos seus membros,
decidir que a declaração de inconstitucionalidade produza efeitos em data
futura (‘pro futuro’) ou a partir do trânsito em julgado da decisão (ex nunc).

Memorize – A modulação dos efeitos afasta o efeito retroativo


da decisão de mérito. Portanto, a decisão que deveria produzir
efeitos ex tunc (retroativos), passa a produzir efeitos ex nunc (da
decisão para frente) ou pro futuro (em uma data futura), desde
que 2/3 dos membros do STF assim decidam, por razões de
segurança jurídica ou excepcional interesse social.

1.2 – O controle de constitucionalidade pode ser concentrado ou


difuso.
O concentrado é aquele que se concentra em um único tribunal. Se a
violação for de norma federal, o controle é realizado pelo STF, se a
violação for de norma estadual, o controle é realizado pelo Tribunal de
Justiça do Estado.
O difuso é realizado por qualquer juiz, no caso concreto, de forma
incidental. Aqui é importante conhecer a cláusula de reserva de plenário,
pela qual somente a maioria absoluta dos membros do Tribunal pode
declarar a inconstitucionalidade da lei, na análise do caso concreto. Então,
o juiz pode afastar a incidência de norma, por considera-la inconstitucional,
mas, se a parte recorrer, entra em ação a cláusula de reserva de plenário e
a inconstitucionalidade da norma só pode ser declarada pela maioria
absoluta dos membros do Tribunal.

Memorize – A cláusula de reserva de plenário consiste na


obrigatoriedade de a inconstitucionalidade ser declarada pela
maioria absoluta dos membros do Tribunal, no controle difuso
(aquele realizado no caso concreto).

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1.3 – A ação direta de inconstitucionalidade, ação declaratória de


constitucionalidade, ação direta de inconstitucionalidade por omissão e
arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADI, ADC, ADO e
ADPF) possuem os mesmos legitimados:
- 4 autoridades (Presidente da República, Governadores de Estado,
Governador do DF e Procurador Geral da República.
- 4 Mesas (Mesa do Senado Federal, Mesa da Câmara dos Deputados,
Mesas das Assembleias Legislativas e Mesa da Câmara Legislativa do DF).
- 4 entidades (Conselho Federal da OAB, Partido Político com
representação no Congresso Nacional, confederação sindical e entidade de
classe de âmbito nacional).
Legitimados universais – são aqueles que não precisam demonstrar
pertinência temática para propor a ação de controle de
constitucionalidade. Podem propor a ação sobre qualquer assunto.
São os que estão grifados acima: Presidente da República; mesa do
senado federal; mesa da câmara dos deputados; procurador geral da
república; conselho federal da OAB; partidos políticos com representação
no congresso.
Algumas questões importantes relacionadas aos legitimados universais:
- Vice-presidente, se estiver no exercício da presidência, é legitimado
(hipótese de o presidente estar em viagem no exterior).
- A legitimidade do partido político deve ser aferida no momento da
propositura da ação. Ainda que o partido político venha a perder seus
representantes no congresso, posteriormente ao momento da propositura
da ação, a ação não será extinta.

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Legitimados especiais – São os que precisam demonstrar a


pertinência temática, isto é, só podem propor a ação de controle de
constitucionalidade sobre determinados temas que lhes tenha pertinência.
São os governadores; mesas das assembleias e câmaras legislativas;
confederações sindicais e entidades de classe de âmbito nacional.
(Estaduais = Especiais)
Pontos interessantes sobre os legitimados especiais:
– governador de um Estado pode ajuizar ADIN em face de lei de outro
Estado, desde que demonstre que essa lei tenha repercussão no seu Estado.
- as entidades de classe só têm legitimidade se forem representativas de
uma determinada categoria profissional (CUT, por representar diversas
categorias, não tem legitimidade).
- para se configurar entidade de âmbito nacional é necessária a
representação em 1/3 dos Estados.
Entre todos os legitimados, necessitam de advogado para representá-los
em juízo: partidos políticos, confederações sindicais e entidades de classe.
Os outros não necessitam de advogado (o presidente e governador têm
capacidade postulatória).
Já a representação interventiva, quinta espécie de controle
concentrado de constitucionalidade, tem como legitimado única e
exclusivamente o Procurador-Geral da República.

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1.4 – Proposta a ação de controle de constitucionalidade concentrado


(ADI, ADC, ADO e ADPF), não poderá haver desistência, bem como a
decisão de mérito é irrecorrível, salvo a hipótese de embargos de
declaração. Também não se admite assistência e intervenção de
terceiros, salvo a participação de amicus curiae. Por fim, não cabe ação
rescisória.

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1.5 - É possível a concessão de medida cautelar em ADI, se aprovada


por 2/3 dos membros (8 ministros). Se a medida cautelar for requerida no
período de recesso forense, o Presidente do STF poderá concede-la, mas
deve submete-la ao plenário, para referenda-la, tão logo acabe o recesso.
A medida cautelar visa suspender a norma impugnada e tem efeito
vinculante, ‘erga omnes’ (para todos) e, via de regra, ‘ex nunc’ (não
retroage).
A suspensão da norma impugnada por medida cautelar faz surgir o
fenômeno do efeito repristinatório, ou seja, torna-se aplicável a
legislação anterior, salvo se houver manifestação do STF em sentido
contrário.

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Memorize – Diferentemente da decisão de mérito, a decisão


cautelar tem efeito ex nunc, ou seja, não retroage.

Decisão de mérito = ex tunc (retroage)

Decisão cautelar = ex nunc (não retroage)

1.6 – Quando o STF declara, no controle difuso (aquele cuja


competência não cabe somente a um único Tribunal, mas pode ser
realizado por qualquer magistrado no caso concreto), a
inconstitucionalidade de uma norma, está obrigado a comunicar o
Senado Federal, para que dê publicidade à decisão, suspendendo a
execução da lei, de acordo com o disposto no artigo 52, inciso X, da CF.
Todavia, o Senado não está obrigado a atuar e suspender a execução da
norma.

Memorize – O STF é obrigado a comunicar o Senado Federal


sobre a inconstitucionalidade de uma norma, proferida no
controle difuso (caso concreto). Mas o Senado não está obrigado
a suspender a execução da norma, como dispõe o artigo 52, X,
da CF/88.

Atenção, a inconstitucionalidade proferida em controle concentrado


não precisa ser comunicada ao Senado, pois possui efeito
vinculante.

2. Organização do Estado

2.1 – Alvo de muitas ‘pegadinhas’ no exame da OAB, é necessário


memorizar e diferenciar os fundamentos dos objetivos fundamentais da
República.

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Fundamentos – é o ‘socidivaplu’ (sílaba inicial de cada fundamento):


soberania; cidadania; dignidade da pessoa humana; valores sociais do
trabalho e da livre-iniciativa; pluralismo político.
Objetivos fundamentais – aqui é mais fácil memorizar, pois são
sempre verbos: construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir
o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e
reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos,
sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação.
Princípios que regem a República – estão ligados a relações
internacionais: independência nacional; prevalência dos direitos humanos;
autodeterminação dos povos; não intervenção; igualdade entre os Estados;
defesa da paz; solução pacífica dos conflitos; repúdio ao terrorismo e ao
racismo; cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
concessão de asilo político.

Memorize – Para diferenciar os fundamentos dos objetivos


fundamentais da República, basta lembrar que os verbos são os
objetivos fundamentais.

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2.2 – O Brasil é um estado laico, não confessional, pois não possui uma
religião oficial. No entanto, laicidade não se confunde com laicismo. O
laicismo significa uma atitude hostil do Estado para com as religiões.
Portanto, o Brasil é neutro, não adota uma religião oficial.
Mas, atenção. Neutralidade não é o mesmo que indiferença. O STF já
decidiu que é constitucional o ensino religioso nas escolas públicas de
ensino fundamental, ainda que de natureza confessional, devendo ser
facultativa a matrícula.

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2.3 – A competência administrativa/não legislativa, isto é, aquela que


não diz respeito à criação de leis, pode ser exclusiva da União ou
concorrente/comum a todos os entes federativos:
Exclusiva da União – previstas no artigo 21 da CF/88, são
indelegáveis. Destacam-se: emitir moeda; declarar guerra e celebrar paz;
decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal;
autoriza e fiscalizar a produção de material bélico (material de guerra);
manter o serviço postal e o correio aéreo nacional.

Concorrente/comum: é comum aos quatro entes federativos (União,


Estados, DF e Municípios). Estão previstas no artigo 23 da CF/88 e a leitura
é importante. Deve ser destacado que lei complementar fixa as normas
para a cooperação entre os entes federativos. Na falta de definição de
cooperação em lei complementar, leva-se em consideração o critério da
preponderância de interesses, prevalecendo os mais amplos sobre os
mais restritos.

2.4 – Sobre competência legislativa: aqui já diz respeito à competência


de se criar leis.
Competência privativa da União – são as matérias previstas no artigo
22 da CF/88. São delegáveis, no entanto, somente as questões específicas.
A delegação se dá por Lei complementar.

Memorize – Competência legislativa privativa da União:

CAPACETE DE PM – Civil, Agrário, Penal, Aeronáutico,


Comercial, Eleitoral, Trabalho, Espacial, Processual e Marítimo

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Competência concorrente entre União, Estados e DF: previstas no


artigo 24 da CF/88, compete aos três entes legislar sobre direito financeiro,
econômico, tributário, penitenciário, orçamentário e urbanístico.
A União edita as normas gerais e os estados e o DF apenas as
normas suplementares desta norma geral. No entanto, inexistindo lei
federal regulamentando as normas gerais, Estados e DF estão
autorizados a legislar de forma plena, isto é, elaborar norma geral e
específica. Sobrevindo lei federal sobre o tema, a norma Estadual
ficará suspensa, no que lhe for contrária (atenção aqui, a eficácia da norma
geral é suspensa, e não revogada ou qualquer outra coisa, quando for
contrária à superveniente norma geral Federal).

Memorize – Na competência legislativa concorrente a União edita


as normas gerais e os demais entes as normas específicas. No
entanto, não havendo normal geral da União, os demais entes podem
legislar sobre toda matéria (normas gerais e específicas). Neste caso,
sobrevindo norma geral da União, fica suspensa (!!) a norma
anterior, no que lhe for contrário.

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O STF já decidiu que o Município é competente para legislar sobre


o meio ambiente com a União e Estado, no limite do seu interesse local
e desde que tal regramento seja harmônico com a disciplina estabelecida
pelos demais entes.

2.5 – A União, os Estados, o DF e os Municípios são os entes


federativos autônomos. O Território Federal não é ente autônomo, faz
parte da União (atualmente não existe Território, no Brasil, mas pode vir a
ser criado, por meio de Lei Complementar).

Memorize – Territórios fazem parte da União e são criados por Lei


Complementar.

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2.6 – Já vimos que os quatro entes federativos são autônomos. No


entanto, há hipóteses excepcionais de intervenção de um ente em outro.
A União poderá intervir nos Estados, DF e Municípios nas hipóteses do
artigo 34 da CF/88 (importante a leitura).
Já o Estado pode interver em seus Municípios nas hipóteses do artigo
35 da CF/88. Essas hipóteses são previstas em rol taxativo, isto é, não se
admite a intervenção em qualquer outra hipótese, além destas descritas nos
artigos citados.
O procedimento da intervenção está no artigo 36 da CF/88 e é
importante saber que o decreto de intervenção será submetido à
apreciação do Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa do
Estado no prazo de vinte e quatro horas!
A intervenção espontânea é decretada de ofício pelo Presidente da
República nas seguintes hipóteses: manter a integridade nacional; repelir
invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; pôr termo
a grave comprometimento da ordem pública; e reorganizar as finanças da
unidade da Federação.

3. Remédios constitucionais

3.1 – Habeas Corpus visa garantir a liberdade de locomoção, podendo


ser HC preventivo (quando ameaçada a liberdade de locomoção) ou
repressivo (quando a liberdade de locomoção foi tolhida).
O impetrante do HC (aquele que ajuíza a ação) pode ser qualquer
pessoa, não precisa ser advogado. O paciente (a quem o HC visa garantir o
direito de locomoção) pode ser o próprio impetrante. O impetrante não

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precisa de procuração para ajuizar HC em favor do paciente, qualquer


pessoa pode impetrar HC em favor de outrem. Há, ainda, na relação
processual, a autoridade coatora, aquela que feriu o direito de liberdade do
paciente.
É ação gratuita!
O magistrado pode conceder HC de ofício, ou seja, sem que tenha
havido pedido expresso, percebendo ilegalidade na restrição do direito de
locomoção, pode conceder o HC (é comum em processo penal o juiz, ao se
deparar com alguma ilegalidade ou nulidade, conceder HC de ofício e
expedir alvará de soltura, mesmo sem pedido da defesa).

3.2 – Habeas Data será concedido em duas situações: para assegurar o


conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou banco de dados públicos; e para retificação de
dados, quando não prefira fazer por processo sigiloso, judicial ou
administrativo.
Vale destacar que o Habeas Data só é cabível quando as informações
ou retificação forem do próprio impetrante. Se a informação for relativa
à terceiro, caberá mandado de segurança.
É ação gratuita!

3.3 – Mandado de Segurança é destinado a proteger direito líquido e


certo, não amparado por Habeas Corpus ou Habeas Data, quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoas jurídica no exercício de atribuições do poder Público.
Ficou bem claro que é ação residual, pois somente cabível nas
hipóteses em que não se pode ajuizar Habeas Data ou Habeas Corpus.

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O direito líquido e certo é aquele que pode ser provado de plano, sem
necessidade de dilação probatória. Deve-se, portanto, haver prova pré-
constituída, no ajuizamento do MS.
Há um prazo decadencial de 120 dias para ajuizamento deste remédio
constitucional, contados da data em que o interessado teve ciência do ato a
ser impugnado.
Tudo o que foi visto vale também para o Mandado de Segurança
Coletivo, diferenciando-se este quanto ao polo ativo, que pode ser
preenchido por partido político com representação no Congresso Nacional
ou organização sindical, entidade de classe e associações, devendo todas
atuarem na defesa dos interesses dos seus membros ou associados.. As
associações deve estar constituídas há pelo menos 1 ano.

3.4 – Mandado de Injunção busca a regulamentação de norma de


eficácia limitada que diz respeito a nacionalidade, soberania ou
cidadania.
Pela teoria concretista intermediária, se o prazo fixado na sentença para
suprir a omissão não for observado, é assegurado ao impetrante o direito
cuja omissão foi apontada (de forma individual, se for o MI individual, ou
coletiva, para todos os representados, se for MI coletivo).

3.5 – Ação Popular busca anular ato lesivo ao patrimônio público,


à moralidade administrativa, ao meio ambiente ou ao patrimônio
histórico e cultural. Somente cidadão, aquele que possui plenos direitos
políticos, é parte ativa legítima. Se tiver entre 16 e 18 anos, deve ser
assistido por advogado.
A ação é gratuita, salvo se comprovada má-fé.

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A regra é que a competência é do juízo de primeira instância, ainda


que o ato lesivo seja do Presidente da República! – nessa hipótese, a
competência seria da 1ª instância da Justiça Federal.
Julgada improcedente, é obrigatório o recurso de ofício.

Memorize – São gratuitas as ações de Habeas Corpus e Habeas


Data. A ação popular é gratuita, salvo se comprovada a má-fé.

4. Processo legislativo

4.1 – As leis ordinárias e complementares possuem três fases no


processo de elaboração: iniciativa, constitutiva e final.
Fase iniciativa – é a deflagração do processo de elaboração da lei.
Importante ler as matérias de competência privativa do Presidente da

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República, previstas no artigo 61, § 1º, da CF/88. Aqui também é


importante mencionar que há a possibilidade de iniciativa popular,
devendo o projeto de lei ser subscrito por, no mínimo, um por cento do
eleitorado nacional, distribuídos pelo menos por cinco Estados, com
não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
Fase constitutiva – aqui há atuação do Legislativo (votação da lei) e
Executivo (sanção ou veto). Se a matéria for rejeitada, somente poderá
constituir objeto de novo projeto de lei, na mesma sessão legislativa (leia-
se, mesmo ano), mediante proposta da maioria absoluta da Câmara dos
Deputados ou do Senado. Aprovado o projeto de lei, o poder Executivo
tem o prazo de 15 (quinze) dias úteis para sancionar ou vetar. O silêncio
importará em sanção do projeto de lei. Se o projeto de lei for vetado, será
apreciado pelo Legislativo, em sessão conjunta, dentro de 30 (trinta)
dias, podendo ser rejeitado pelo voto aberto da maioria absoluta dos
Deputados e Senadores – nesta hipótese, o Congresso Nacional derrubará
o veto e o projeto de lei será sancionado.

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Fase final – momento em que a lei é promulgada e publicada. A


promulgação é feita pelo Presidente da República. Se não houver
promulgação no prazo de 48 horas, nos casos de derrubada do veto a
promulgação será feita pelo Presidente do Senado Federal e, se este não o
fizer, pelo Vice-Presidente do Senado Federal, em igual prazo. Promulgada
a lei, será publicada. A lei começa a vigorar em 45 (quarenta e cinco dias)
após a publicação, salvo se houver disposição em contrário – hipótese em
que é previsto expressamente que a lei entrará em vigor na data da
publicação ou depois de determinado período de dias.
O quórum de aprovação das leis ordinárias é diferente das leis
complementares.

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Memorize – Quórum de aprovação:

Lei complementar = maioria absoluta.

Lei ordinária = maioria simples.

4.2 – A legitimidade para editar uma Medida Provisória, nos casos de


relevância e urgência (requisitos da MP), é exclusiva do Presidente da
República, não podendo ser delegada.
O prazo da Medida Provisória é de 60 dias, prorrogável por igual
período, mas suspende-se sua contagem durante o recesso parlamentar. A
duração máxima, portanto, é de 120 dias. Se não for convertida em lei,
perde a eficácia, produzindo efeitos retroativos (ex tunc).

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Se a MP não for apreciada em 45 dias, entrará em regime de


urgência, acarretando a suspensão de todas as demais deliberações em
andamento no Congresso Nacional, até que seja votada.
É vedada a reedição de MP expressamente rejeitada ou que tenha
perdido sua eficácia na mesma sessão legislativa. Sessão legislativa é o
período anual. Diferentemente da legislatura, que compreende quatro anos.
Portanto, um período de legislatura possui quatro sessões legislativas.
Ler o artigo 62, da CF/88, para decorar as matérias sobre as quais é
vedada a edição de medida provisória.

Memorize – Prazos da medida provisória:

45 dias – se não for votada, entre em regime de urgência.

60 dias – é o prazo de duração da MP, em que ela terá eficácia.


Pode ser prorrogado por igual período, chegando a 120 dias.

Não convertida em lei no prazo de duração, perderá a eficácia.

4.3 – Há limites para as emendas constitucionais:


Limites formais
Quem pode propor emenda à constituição?
A CF só pode ser emendada mediante proposta: (I) de 1/3, no mínimo,
dos membros da Câmara dos Deputados ou Senado Federal; (II) do
Presidente da República; (III) mais da metade das assembleias legislativas
da Federação, manifestando-se cada uma delas pela maioria simples de
seus membros.
Qual o quórum de aprovação?
Deve haver votação de 3/5 dos membros de cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos (3-5-2: 3/5 dos votos em 2 turnos).

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A proposta de emenda rejeitada não pode ser objeto de nova


apreciação na mesma sessão legislativa (mesmo ano).
Limites circunstanciais – não haverá proposta de emenda à
constituição na vigência de intervenção federal, estado de defesa e estado
de sítio.

Limites materiais – não será objeto de deliberação a proposta tendente


a abolir as cláusulas pétreas. São elas: (I) a forma federativa de Estado;
(II) o voto direto, secreto, universal e periódico; (III) a separação dos
Poderes; (IV) os direitos e garantias individuais.

Memorize – é possível proposta de emenda à Constituição cuja


matéria seja cláusula pétrea, desde que a finalidade seja reforçar
a garantia desses direitos. O que não se aceita é a proposta tendente
a abolir ou restringir esses direitos.

Atenção, o voto obrigatório não é cláusula pétrea e pode ser


objeto de proposta de emenda.

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Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que


forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes
às emendas constitucionais.

5. Direitos individuais

5.1 – É garantida a liberdade de manifestação do pensamento,


vedado o anonimato. Em regra, a vedação do anonimato impede que
denúncias apócrifas (sem assinatura, ou sem a identificação do delator)
possam servir como fundamento para instauração de inquérito policial.
Embora não possa servir como fundamento para a instauração de inquérito
policial, a denúncia apócrifa serve como iniciativa para diligências de
investigação, que sirvam como base para a instauração de um inquérito
policial.

5.2 – O STF entende que a liberdade de expressão não abrange o hate


speech, isto é, o ‘discurso de ódio’. O STF já decidiu que a ‘marcha da
maconha’ é constitucional, pois garante o direito à livre manifestação do
pensamento, desde que a reunião seja pacífica, sem participação de
crianças e adolescentes e não se incentive ou faça uso de drogas.

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5.3 – Em razão da liberdade de consciência, crença e culto, ninguém


pode ser obrigado a fazer algo que contrarie sua essência e princípios
(religiosos), salvo se recusar-se a cumprir obrigação imposta a todos e
recursa-se a cumprir prestação alternativa. Para que se dê essa recusa,
as convicções devem ser seriamente arraigadas, coerentes e sinceras.
Portanto, pode se recusar ao alistamento militar obrigatório, por exemplo,
podendo ser sujeito a prestar serviços alternativos de caráter
administrativo, dentro das próprias forças armadas.

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6. Poder legislativo

6.1 – A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) tem três requisitos:


- deve haver requerimento de, no mínimo, 1/3 dos membros do
Senado Federal ou da Câmara de Deputados; ou, atuando as duas casas
em conjunto, numa CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito), 1/3
dos membros do Congresso Nacional (que é bicameral, ou seja, formado
pelo Senado e pela Câmara);
- o fato a ser investigado deve ser determinado;
- deve ser delimitado prazo certo para a apuração deste fato
determinado.
Importante saber que a CPI não pode decretar: busca e apreensão
domiciliar; interceptação telefônica; e prisão, salvo se em flagrante.
Também não decreta medidas cautelares.
A CPI não impõe penalidade ou condenação, apenas apura o fato e
encaminha aos órgãos competentes para a responsabilização do
investigado.
Investigados têm direito ao silêncio, quando prestam depoimento. Já
as testemunhas tem o dever de depor sobre o que saibam, mas não são
obrigadas a se autoincriminar, podendo calar-se quanto as informações
que lhe acarretarem prejuízo.

Memorize – A CPI pode decretar prisão em flagrante (como


qualquer do povo pode), mas não pode decretar prisão
preventiva, interceptação telefônica e busca e apreensão (pois
matérias afetas à cláusula de reserva de jurisdição, isto é, somente o
juiz pode decretar).

A CPI pode quebrar o sigilo bancário, fiscal e de dados (inclusive


telefônico, tendo acesso ao extrato da conta, e não às conversas em
tempo real, pois configuraria a interceptação).

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6.2 – A imunidade material parlamentar garante a inviolabilidade


civil, penal e disciplinar do Deputado ou Senador, por quaisquer de suas
opiniões, palavras e votos, desde que relativas ao exercício da função.
Portanto, possível que, mesmo fora do Congresso Nacional, esteja o
parlamentar acobertado pela imunidade, desde que suas palavras guardem
nexo de causalidade com exercício e durante seu mandato.
Aos vereadores essa imunidade é limitada à circunscrição do
município onde atua.

6.3 – A imunidade formal parlamentar tem dois aspectos: processual


e prisional.
A imunidade prisional garante ao parlamentar, desde a diplomação
(antes da posse), a prerrogativa de ser preso somente em caso de flagrante
delito de crime inafiançável. A respectiva Casa (Senado ou Câmara)
receberá os autos de prisão em flagrante dentro de 24 horas e resolverá
pela manutenção ou não da prisão, por votação aberta da maioria
absoluta dos membros.
A imunidade processual não afasta a possibilidade de o parlamentar
ser denunciado pela prática de crime. Portanto, por crime ocorrido após a
diplomação, o STF dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de
partido político nela representado e pelo voto da maioria absoluta de seus
membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. O
pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo
improrrogável de 45 dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. A
sustação do processo suspende a prescrição enquanto durar o mandato.
Portanto, os pontos mais importantes: (I) não há necessidade de prévio
pedido de licença para se processar parlamentar federal no STF; (II) a
imunidade processual vale somente para crimes cometidos após a
diplomação.

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Memorize – (I) não há necessidade de prévio pedido de licença para


se processar parlamentar federal no STF;

(II) a imunidade processual vale somente para crimes cometidos


após a diplomação (o político é diplomado após o Tribunal
Eleitoral apurar as urnas e atestar que o candidato foi efetivamente
eleito. Portanto, a diplomação vem antes da posse).

7. Teoria da Constituição

7.1 – Quanto à classificação, a CF/88 é:


Origem – promulgada: também chamada de votada, democrática ou
popular. Fruto do trabalho de uma assembleia constituinte, eleita
diretamente pelo povo.
Forma – escrita: também denominada instrumental. É um conjunto de
regras sistematizadas e organizadas em um único documento.
Extensão – analítica: aborda diversos assuntos, não somente aqueles
mais essenciais.
Conteúdo – formal: possui status constitucional o que obedece
determinado processo de formação, e não o conteúdo da norma.
Elaboração – dogmática: também chamada de sistemática, é elaborada
por uma teoria pré-concebida. Contrapõe-se à constituição histórica, que é
formada por um longo processo histórico.
Alterabilidade – rígida: exige, para sua alteração, um processo
legislativo mais árduo do que normas não constitucionais. Para se alterar a
CF/88 é necessário dois turnos de votação, nas duas Casas do Congresso
Nacional, com voto favorável de ao menos 3/5 dos seus membros.
Sistemática – reduzida ou unitária: a CF/88 é um único texto, está
toda em uma única codificação.

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Dogmática – eclética: formada por diversas ideologias, que dialogam


e são conciliatória. Contrapõe-se à constituição ortodoxa, que é formada
por uma única ideologia.
Sistema – principiológica: prevalecem os princípios, e não as regras.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Novidades legislativas

Nova lei de licitações e contratos administrativos – lei 14.133/21


1 – Em 2021 entrou em vigor a lei 14.133, que trata de toda a matéria
relativa a licitação. Esta lei entrou em vigor em 01.04.2021 e dispõe todas
as leis anteriores que tratem da mesma matéria serão revogadas dois anos
após – em 01.04.2023.
Portanto, a antiga lei de licitações (8.666/93), a lei do pregão
(10.520/02) e a lei do Regime Diferenciado de Contratações (lei
12.462/12) serão revogadas somente em 01.04.2023, quando passados
dois anos da entrada em vigor da nova lei de licitações (14.133/21) que
unificou tudo. Até lá, o administrador pode escolher qual procedimento
utilizar, consignando expressamente no edital a sua escolha.
Por isso, importante saber os principais pontos de todas as leis, motivo
pelo qual optamos por trabalhar com tabelas comparativas e manter as
disposições da lei antiga.

2 – Segue tabela comparativa das modalidades de licitação. Muita


atenção nessas alterações, pois certamente aparecerão na prova !!!
Lei 14.133/21 - atual Lei 8.666/93 - antiga

Concorrência Concorrência

Concurso Concurso

Leilão Leilão

Pregão Tomada de preços

Diálogo competitivo Convite

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Memorize – Modalidades mantidas: Concorrência, Concurso e


Leilão;

Modalidades excluídas: Tomada de preços e Convite;

Modalidade incorporada de outra lei: Pregão

Modalidades nova: Diálogo competitivo

Importante mencionar que a nova lei acabou com a definição da


modalidade de acordo com o valor estimado da contratação. Antes, a
modalidade era escolhida de acordo com o valor da contratação:
Como era definida a modalidade de licitação na lei 8.666

I - para obras e serviços de engenharia:

a) convite - até R$ 330.000,00 (trezentos e trinta mil);

b) tomada de preços - até R$3.300.000,00 (três milhões e trezentos


mil);

c) concorrência: acima de R$3.300.000,00 (três milhões e trezentos


mil);
II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior:

a) convite - até R$ 176.000,00 (cento e setenta e seis mil);

b) tomada de preços - até R$ 1.430.000,00 (um milhão, quatrocentos


e trinta mil);

c) concorrência - acima de até R$ 1.430.000,00 (um milhão,


quatrocentos e trinta mil).

Na lei atual (14.133/21), leva-se em consideração a natureza do


objeto a ser licitado, independentemente do valor.
Vamos ver os pontos mais importantes sobre as modalidades de
licitação.

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Concorrência - Utilizada para contratação de bens e serviços


especiais, isto é, aqueles que não podem ser definidos objetivamente (pois,
se puderem ser definidos objetivamente, são comuns e, em regra, utiliza-
se o pregão). Também utilizada para licitação de obras e serviços de
engenharia comuns ou especiais (se for serviço geral, que não de
engenharia, adota-se o pregão).
O critério de julgamento utilizado pode ser qualquer um previsto na
lei, menos o de ‘maior lance’, que é exclusivo do leilão. Portanto, pode-se
utilizar o critério de julgamento: (I) menor preço; (II) melhor técnica ou
conteúdo artístico; (III) técnica e preço; (IV) maior retorno econômico; (V)
maior desconto.
O rito procedimental é o comum.

Pregão – Utilizado para aquisição de bens e serviços comuns. Mas,


atenção, se for serviço comum de engenharia, pode-se adotar pregão ou
concorrência.

Memorize – Para aquisição de bens e serviços comuns, utiliza-


se a modalidade PREGÃO. Se o serviço comum for de
engenharia, então pode-se optar pelo PREGÃO ou
CONCORRÊNCIA.

Os critérios de julgamento quem podem ser utilizados no pregão são


de menor preço e maior desconto.
O rito procedimental é o comum.

Concurso – Contratação de trabalhos técnicos, científicos ou


artísticos.
O critério de julgamento é o de melhor técnica ou conteúdo artístico.
O rito procedimental é especial.

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Leilão – Adotado para alienação (transferência da propriedade de um


bem – a forma mais conhecida é a venda) de bens móveis ou imóveis.
O critério de julgamento é o de maior lance (lembre-se, se a
administração está vendendo um bem, quer receber o maior valor possível
por ele, então utiliza-se o maior lance). O critério de julgamento de maior
lance é exclusivo do leilão, nenhuma outra modalidade de licitação aceita
maior lance como critério de julgamento.
O rito procedimental é especial.

Diálogo competitivo – Essa foi a maior novidade que a lei trouxe, pois
não existia essa modalidade na lei anterior.
Adotado quando os outros procedimentos não são suficientes para
atender a necessidade da administração pública. Diálogo competitivo é a
modalidade de licitação para contratação de obras, serviços e compras
em que a Administração Pública realiza diálogos com licitantes
previamente selecionados mediante critérios objetivos, com o intuito
de desenvolver uma ou mais alternativas capazes de atender às suas
necessidades, devendo os licitantes apresentar proposta final após o
encerramento dos diálogos.
Exemplo: a Administração Pública de uma cidade quer construir uma
ponte sobre um rio que liga duas cidades, mas as pontes tradicionais não
atendem as necessidades da Prefeitura. Nesta hipótese, a Prefeitura
seleciona empresas para um diálogo competitivo, em que cada uma delas
apresentará uma solução. Somente após os diálogos é a Prefeitura lança o
edital e os licitantes apresentam a proposta final.

Memorize – O diálogo competitivo deve ser adotado somente


quando for necessária inovação ou adaptação das soluções
disponíveis no mercado.

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A lei 14.133/21 não enumerou quais os critérios de julgamentos, que


serão definidos no edital.
O rito adotado é especial, em que a Administração lança um edital de
pré-seleção, que deve ser divulgado com pelo menos 25 dias úteis de
antecedência. Após a pré-seleção é que são realizados os diálogos, para
identificar a solução. Depois é que começa a fase competitiva, em que são
analisadas as propostas dos licitantes, após lançamento do edital, que deve
ser divulgado no mínimo com 60 dia úteis de antecedência.

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3 – Outra mudança significativa é sobre dispensa de licitação. Vamos


por partes.
Dispensa de licitação por baixo valor
Lei 14.133/21 - atual Lei 8.666/93 - antiga

R$100 mil para obras, serviços de 10% do limite da modalidade


engenharia ou de manutenção de convite:
veículos automotores (novidade
R$33 mil para obras e serviços de
legislativa)
engenharia

R$50 mil para outros serviços e R$17,6 mil para compras e demais
compras serviços

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Dispensa de licitação por emergência


Lei 14.133/21 - atual Lei 8.666/93 - antiga

Em caso de emergência a licitação Em caso de emergência a licitação


será dispensada se o prazo máximo era dispensada se o prazo do
do contrato for de até um ano. contrato fosse de no máximo 180
dias, vedada sua prorrogação

É vedada a recontratação de
empresa já contratada com dispensa
de licitação em caso de emergência

A licitação pode ser dispensada para


manter a continuidade do serviço
público, desde que apurado quem
deu causa à emergência provocada
(administração demorou para licitar e
ficou sem o serviço, por exemplo,
merenda escolar).

Dispensa de licitação fracassada e deserta


A licitação deserta é aquela em que não apareceu nenhum interessado.
Se a administração previr que terá algum prejuízo ao realizar nova licitação
e mantiver as mesma condições da última licitação, então a licitação fica
dispensada. Esta hipótese está prevista em ambas as leis.
A licitação fracassada teve interessados, mas nenhum deles foi o
vencedor do procedimento. Ela pode ser fracassada em razão do valor
(previsto em ambas as leis), ou em virtude da validade das propostas
(quando todas as propostas forem consideradas inválidas – novidade da lei
14.133).
Para que seja possível a dispensa da licitação, nestes casos, a licitação
anterior deverá ter ocorrido no prazo de até um ano e as mesma
condições devem ser mantidas.

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Memorize – Deserta = falta de interessados

Fracassada = Teve interessados, mas nenhum vencedor.

4 – Novos casos de inexigibilidade de licitação:


Lei 14.133/21 - atual Lei 8.666/93 - antiga

Fornecedor exclusivo – vedada a Fornecedor exclusivo – vedada a


preferência por marca preferência por marca

Serviços técnicos especializados de Serviços técnicos profissionais


natureza predominantemente especializados, de natureza singular,
intelectual, com prestador de notória com profissionais ou empresas de
especialização – vedada para serviços de notória especialização – vedada para
publicidade e divulgação serviços de publicidade e divulgação

Artista consagrado Artista consagrado

Credenciamento – credenciar o máximo ---


possível de interessados, sem competição
entre eles (exemplo: município cadastra
laboratórios de exames médicos e o
próprio cidadão é quem escolhe em qual
deles vai realizar o exame)

Aquisição ou locação de imóvel cujas ---


características de instalações e de
localização tornem necessária sua
escolha

No caso de contratação de serviço técnico especializado de natureza


predominantemente intelectual, com prestador de notória especialização, é
possível a contratação de advogado, desde que o profissional ou a

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sociedade de advogados cujo conceito no campo de sua especialidade,


decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações,
organização, aparelhamento, equipe técnica ou de outros requisitos
relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é
essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto
do contrato.
Atenção para a aquisição ou locação de imóvel, pois na lei anterior
era caso de dispensa, e agora é caso de inexigibilidade.

Memorize – A aquisição ou locação de imóvel cujas


características de instalações e localização tornem necessária
sua escolha é hipótese de INEXIGIBILIDADE na lei 14.133 e
era hipótese de DISPENSA na lei 8.666/93.

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5 – Alienação de bens: se a administração pretender vender algum dos


seus bens, desde que não seja dispensável a licitação, a modalidade será a
de leilão, em qualquer caso. Na lei anterior, adotava-se leilão para bens
móveis e concorrência para bens imóveis.

6 – Preços manifestamente inexequíveis: No caso de obras e serviços


de engenharia serão consideradas inexequíveis as propostas cujos valores
forem inferiores a 75% do valor orçado pela Administração.

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7 – Houve alteração importante nas fases da licitação:

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8 – Quanto à duração de contratos administrativos.


Na contratação que gere receita e no contrato de eficiência que gere
economia para a Administração, os prazos serão de:
Até 10 anos, nos contratos sem investimento;
Até 35 anos, nos contratos com investimento, que são aqueles que
implicam na elaboração de benfeitorias permanentes, realizadas
exclusivamente às custas do contratado, que serão revertidas ao patrimônio
da Administração Pública ao término do contrato.

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A Administração poderá celebrar contratos com prazo de até 5 (cinco)


anos nas hipóteses de serviços e fornecimentos contínuos, podendo ser
prorrogado.
A Administração poderá estabelecer a vigência por prazo
indeterminado nos contratos em que seja usuária de serviço público
oferecido em regime de monopólio, desde que comprovada, a cada
exercício financeiro, a existência de créditos orçamentários vinculados à
contratação.

9 – A administração convocará o licitante vencedor para assinar o


contrato, no prazo previsto em edital, podendo este prazo ser prorrogado
apenas uma vez, por igual período, desde que durante o transcurso do
primeiro prazo, com motivo justificado. Caso o licitante vencedor não
assinar o contrato, a Administração pode convocar os licitantes
remanescente, atendendo a ordem de classificação final, para celebração
do contrato, nas condições propostas pelo licitante vencedor. Caso nenhum
licitante aceite a proposta, então a Administração pode negociar com todos
eles e fechar contrato, mesmo que por valor superior ao ofertado pelo
licitante vencedor.

10 – Nas contratações de obras e serviços de engenharia de grande


vulto, poderá ser exigida a prestação de garantia, na modalidade seguro-
garantia, em percentual equivalente a até 30% (trinta por cento) do valor
inicial do contrato.

Alterações importantes na lei de improbidade administrativa


1 – A lei 14.230/21 alterou diversos dispositivos da lei de improbidade
administrativa (8.429/92). Vamos ver o que é mais importante.

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2 – Atos de improbidade administrativa somente admitem a conduta


dolosa. Portanto, não existe mais a hipótese de lesão ao erário culposa.

3 – O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que entes públicos que


tenham sofrido prejuízos em razão de atos de improbidade também estão
autorizados a propor ação e celebrar acordos de não persecução civil em
relação a esses atos. Por maioria de votos, o Plenário declarou inválidos
dispositivos da Lei 14.230/2021, que conferiam ao Ministério Público
(MP) legitimidade exclusiva para a propositura das ações por improbidade.
Portanto, o Ministério Público é não é legitimado exclusivo para propor
ação de improbidade administrativa, como previsto inicialmente na Lei.

4 – Pode cometer ato de improbidade qualquer agente público (servidor


público, quem exerce mandato, cargo, emprego ou função pública) bem
como o particular que celebra parceria com a Administração com quando
houver recurso de origem pública e, ainda, o terceiro que induza ou
concorra dolosamente para a prática do ato de improbidade.
5 – Tabela de penalidades:
PENALIDADE Enriquecimento Prejuízo ao Atentado
ilícito erário princípios

Suspensão Até 14 anos Até 12 anos Não


direitos políticos

Proibição de Até 14 anos Até 12 anos Até 4 anos


contratar

Multa civil Equivalente ao Equivalente Até 24x a


acréscimo ao dano remuneração
patrimonial

Perda da função Sim Sim Não


pública

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A perda da função pública atinge apenas o vínculo de mesma qualidade


e natureza que o agente público detinha.
A multa pode ser aumentada até o dobro se o juiz considerar ineficaz
para a reprovação e prevenção do ato de improbidade.
A proibição de contratar com o poder público vale somente em relação
ao ente público lesado (ex.: lesei a cidade de São Paulo, fico proibido de
contratar somente com este município. No entanto, em caráter excepcional
e por motivos relevantes justificados, a proibição pode se estender a outros
entes.
Todas as sanções somente poderão ser executadas após o trânsito em
julgado da sentença condenatória cível.
Na fase de cumprimento da sentença o juiz unificará as sanções
eventualmente impostas em outros processos, observando o limite máximo
de 20 (vinte) anos para as sanções de suspensão dos direitos políticos e
proibição de contratar.

6 – São três os tipos de improbidade: enriquecimento ilícito, prejuízo


ao erário e atentado aos princípios da Administração Pública.
A aplicação das sanções independem da efetiva ocorrência de dano ao
patrimônio público, salvo quanto à pena de ressarcimento e às condutas de
prejuízo ao erário. Portanto, é necessário o efetivo dano para aplicação
das sanções previstas para a improbidade de prejuízo ao erário.

7 – A ação de improbidade prescreve em 8 anos, contado a partir da


ocorrência do fato ou do dia que cessar a permanência, nos casos de
infrações permanentes.

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1. Agentes públicos

1.1 – Quanto às formas de provimento de cargo público:


Nomeação – ato de provimento que forma o vínculo jurídico inicial
entre o servidor e o Estado. É a única forma de provimento originário. Os
demais são formas de provimento derivado, pois o servidor já tinha vínculo
com a administração.
Da nomeação para a posse são 30 dias. E da posse para o exercício, 15
dias. Se o nomeado não tomou posse em 30 dias, torna-se sem efeito o ato
de nomeação. Se o servidor não entrar em exercício no prazo de 15 dias,
é exonerado.
Nomeação 30d Posse 15d Exercício
Promoção – preenchimento de cargo em classe superior.
Readaptação – o servidor é readaptado em cargo compatível com sua
condição física e psicológica, caso não desempenhe adequadamente suas
atribuições. Ex.: sofreu acidente e perdeu um braço, que o impede de
exercer adequadamente suas atribuições, então, é readaptado para cargo
compatível com essa condição física.
Reversão – servidor aposentado que volta a preencher o cargo.
Somente possível quando a aposentadoria se deu de forma voluntária ou
por invalidez. A aposentadoria compulsória não admite a reversão.
Aproveitamento – provimento de cargo por servidor que foi colocado
em disponibilidade remunerada, por extinção do cargo ocupado
anteriormente
Reintegração – provimento de cargo por servidor que foi demitido,
cuja demissão foi invalidade. O servidor é reintegrado, porque nem
deveria ter sido demitido. Gera indenização.

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Recondução – Servidor retorna a um cargo em razão da


reintegração de outro servidor. Não gera indenização. Essa reintegração
pode se dar por inabilitação em estágio probatório de novo cargo (se muda
o cargo, tem que cumprir novamente o estágio probatório, mas o vínculo
com a estabilidade permanece, se a posse no novo cargo se deu
imediatamente após a exoneração do cargo anterior, no mesmo dia). Ex.:
‘A’ foi demitido e ‘B’ preencheu seu cargo. A demissão de ‘A’ foi
invalidada e ele volta ao cargo, que estava sendo ocupado agora por ‘B’.
Então, ‘B’ é reconduzido para seu cargo anterior.

Memorize – Posse não é forma de provimento, mas sim de


investidura.

1.2 – Quanto às formas de vacância do cargo público:


Promoção e readaptação são, simultaneamente, formas de provimento
e vacância, pois tiram o servidor de um cargo (tornando-o vago) e o
colocam em outro (preenchendo este outro). Aposentadoria, falecimento
e posse em outro cargo inacumulável também são formas de vacância.
As mais importantes para o Exame da OAB são:
Exoneração – Não é punição. Pode ser feita a pedido do servidor ou
ex officio (reprovado no estágio probatório).
Demissão – é ato punitivo aplicado a servidor que cometeu ilegalidade.
Dispensa o contraditório, pois decorre do poder disciplinar da
administração.

Memorize – Exoneração não é punição. O ato punitivo é a


demissão.

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1.3 – A responsabilidade civil do agente público é subjetiva, isto é,


precisa ser comprovado seu dolo ou culpa. Comprovada a
responsabilidade do agente público, o Estado tem direito de regresso,
podendo do agente cobrar o valor da indenização que teve de pagar à
vítima. Portanto, a responsabilidade é subjetiva perante o Estado, que
tem direito de regresso nos casos em que houver dolo ou culpa (art. 37,
§6º, CF).
As responsabilidades civil, administrativa e penal são independentes,
isto é, o servidor pode ser responsabilizado por um ato perante uma dessas
áreas, mas não responsabilizado perante outra. Todavia, se na instância
criminal ficar provada a (1) inexistência do fato, (2) negativa de autoria,
(3) ou excludente de ilicitude, a decisão absolutória penal vincula a
administração pública, que não poderá responsabilizar
administrativamente o servidor.
A responsabilidade administrativa também é subjetiva e deve ser
apurada por meio de Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD).

1.4 – Processo Administrativo Disciplinar (PAD) pode ser sumario


ou comum.
Sumário – para casos de acumulação ilícita de cargos, abandono e
inassiduidade. É formada por ao menos dois servidores e tem prazos
reduzidos: procedimento de 30 + 15 dias e 5 dias do julgamento = 50 dias
no total.
Comum – necessário para sanções de suspensão de mais de 30 dias e
demissão. É formado por ao menos três servidores estáveis, dura 60 + 60
dias e 20 dias do julgamento = 140 dias no total.
O PAD pode ser revisto, se houver fato novo, devendo ser constituída
nova comissão, com prazo de 60 dias para o processo e 20 dias para o
julgamento, sendo vedada a reformatio in pejus (a situação não pode se
agravar, em relação à primeira decisão).

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Prescrição – a ação disciplinar da demissão prescreve em 5 anos; da


suspensão em 2 anos; da advertência em 180 dias.
Cancelamento do registro da penalidade – após 3 anos a advertência
é cancelada dos registros do servidor e após 5 anos a suspensão é cancelada
dos registros.

1.5 – O teto remuneratório do funcionalismo público é o subsídio dos


Ministros do STF, na esfera Federal, havendo subtetos nas esferas Estadual
e Municipal. Isto é, nenhum servidor público pode ganhar mais do que um
Ministro do STF. No entanto, não são consideradas, para fins de efeito do
limite remuneratório, as parcelas de caráter indenizatório.
Nas hipóteses em que é possível acumular cargos públicos, o teto é
considerado em relação à remuneração de cada um dos cargos, e não
ao somatório dos dois.

1.6 – A validade de um concurso público pode ser de até dois anos.


Veja que não é validade cravada de dois anos, o limite é de dois anos, mas
pode ser menor, desde que prevista no edital. Essa validade pode ser
prorrogada uma vez, por igual período.
Se, durante o prazo previsto no edital, for realizado novo concurso, os
aprovados no primeiro concurso terão prioridade sobre os novos
concursados para assumir o cargo.

1.7 – O estágio probatório é considerado um período de provas, em


que o servidor é avaliado quanto a sua capacidade e aptidão para o
exercício do cargo público. O período do estágio probatório é de três
anos de efetivo exercício. Sendo o servidor aprovado, tornar-se-á estável.

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1.8 – Um cargo público é criado por lei e, pelo princípio do


paralelismo das formas (ou princípio da simetria), também só pode ser
excluído por lei. Todavia, os cargos vagos podem ser extintos por
decreto.

Memorize – Cargo público só pode ser criado e excluído por lei.


Todavia, os cargos vagos podem ser extintos por decreto.

2. Licitação

2.1 – Em 2021 entrou em vigor a lei 14.133, que trata de toda a matéria
relativa a licitação. Esta lei entrou em vigor em 01.04.2021 e dispõe que a
antiga lei de licitação será revogada após dois anos – portanto, até
01.04.2023 as duas leis coexistem e o administrador pode escolher qual
delas utilizar. Na medida do possível, abordaremos os aspectos nas duas
leis. Vamos manter a lei 8.666/93, pois, no último Exame, cobrou-se a lei
8.666/93, mesmo estando em vigor a nova lei.
TODAVIA, APRESENTAMOS OS PRINCIPAIS PONTOS DA
NOVA LEI, NO PRIMEIRO TÓPICO DA MATÉRIA,
‘NOVIDADES LEGISLATIVAS’.

2.2 – A lei de licitações prevê ser nulo e de nenhum efeito o contrato


verbal com a administração. No entanto, há uma exceção:
- na lei 8.666/93: admite-se o contrato verbal para compras de pronto
pagamento de objetos de pequeno valor em regime de adiantamento.
Considera-se pequeno o valor não superior a 5% de R$176.000,00 (cento
e setenta e seis mil reais). Ou seja, o valor não superior a R$8.800,00
(oito mil e oitocentos reais). O regime de adiantamento é aplicável às
despesas expressamente definidas em lei, que não podem se subordinar ao
processo ordinário ou comum

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- na nova lei, 14.133/21: a exceção é a mesma, vale contrato verbal para


pequenas compras ou prestação de serviços de pronto pagamento, cujo
valor não seja superior a R$10.000,00 (dez mil reais).
Contrato verbal permitido

Lei 14.133/21 - atual Lei 8.666/93 - antiga

Compras ou prestação de serviços de Compras de pronto pagamento de


pronto pagamento de até R$10 mil objetos de pequeno valor em regime
de adiantamento de até R$8,8 mil.

2.3 – A licitação nas modalidades concorrência, tomada de preços e


convite são determinadas em razão do valor estimado da contratação
(LEMBRE-SE, ISSO VALE SOMENTE PARA A LEI 8.666/93, POIS
NA LEI NOVA AS MODALIDADES SÃO DETERMINADAS PELA
NATUREZA DO OBJETO A SER LICITADO)

I - para obras e serviços de engenharia:


a) convite - até R$ 330.000,00 (trezentos e trinta mil);
b) tomada de preços - até R$3.300.000,00 (três milhões e
trezentos mil);
c) concorrência: acima de R$3.300.000,00 (três milhões e
trezentos mil);
II - para compras e comuns, que não de engenharia:
a) convite - até R$ 176.000,00 (cento e setenta e seis mil);
b) tomada de preços - até R$ 1.430.000,00 (um milhão,
quatrocentos e trinta mil);

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c) concorrência - acima de até R$ 1.430.000,00 (um milhão,


quatrocentos e trinta mil).
A concorrência é a modalidade de licitação cabível na compra
ou alienação de bens imóveis, qualquer que seja o valor – se o
imóvel for oriundo de procedimento judicial ou dação em
pagamento, então a licitação pode ser por concorrência ou leilão, nas
demais hipóteses, compra e venda de imóvel só por concorrência,
qualquer que seja o valor.

Para reforçar, segue tabela com o novo regramento:


Modalidades de licitação na nova lei – 14.133/21

Modalidades Contratação Critério de julgamento

Concorrência - Bens e serviços especiais - Todos, exceto ‘menor


lance’
- Obras e serviços de
engenharia comuns ou
especiais

Pregão - Bens e serviços comuns - Menor preço

- Maior desconto

Concurso - trabalhos técnicos, científicos - melhor técnica ou


ou artísticos conteúdo artístico

Leilão - Alienação de bens móveis ou - maior lance


imóveis

Diálogo - inovações ou adaptações das - não previsto em lei,


competitivo soluções disponíveis no deve ser definido em
mercado edital

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Alguns pontos importantes, que já destacamos no tópico


‘novidades legislativas’:
- Bens e serviços especiais são aqueles que não podem ser
definidos objetivamente (pois, se puderem ser definidos
objetivamente, são comuns e, em regra, utiliza-se o pregão)
- Para aquisição de bens e serviços comuns, utiliza-se a
modalidade PREGÃO. Se o serviço comum for de engenharia,
então pode-se optar pelo PREGÃO ou CONCORRÊNCIA.
Especial de engenharia somente concorrência.
- O critério de julgamento ‘maior lance’ é exclusivo do leilão.
- O critério de julgamento utilizado na concorrência pode ser
qualquer um previsto na lei, exceto o de ‘maior lance’, que é exclusivo do
leilão. Portanto, pode-se utilizar o critério de julgamento: (I) menor preço;
(II) melhor técnica ou conteúdo artístico; (III) técnica e preço; (IV) maior
retorno econômico; (V) maior desconto
2.4 – Dentre as modalidades de licitação o pregão é utilizado para
contratação de bens e serviços comuns, independentemente do valor,
devendo ser o vencedor quem oferecer o produto ou serviço pelo
menor preço ou maior desconto. São bens e serviços comuns aqueles
cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente
definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado.

O pregão não se aplica às contratações de serviços técnicos


especializados de natureza predominantemente intelectual e de obras e
serviços de engenharia (exceto ‘serviço comum de engenharia’, definido
como todo serviço de engenharia que tem por objeto ações, objetivamente
padronizáveis em termos de desempenho e qualidade, de manutenção, de
adequação e de adaptação de bens móveis e imóveis, com preservação das
características originais dos bens).

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Memorize – Não se admite pregão para contratação de obras.

2.5 – Dispensa de licitação por baixo valor


Lei 14.133/21 - atual Lei 8.666/93 - antiga

R$100 mil para obras, serviços de 10% do limite da modalidade convite:


engenharia ou de manutenção de
R$33 mil para obras e serviços de
veículos automotores (novidade
engenharia
legislativa)

R$50 mil para outros serviços e R$17,6 mil para compras e demais
compras serviços

Dispensa de licitação por emergência


Lei 14.133/21 - atual Lei 8.666/93 - antiga

Em caso de emergência a licitação Em caso de emergência a licitação era


será dispensada se o prazo máximo dispensada se o prazo do contrato
do contrato for de até um ano. fosse de no máximo 180 dias, vedada
sua prorrogação

É vedada a recontratação de
empresa já contratada com dispensa
de licitação em caso de emergência

A licitação pode ser dispensada para


manter a continuidade do serviço
público, desde que apurado quem
deu causa à emergência provocada
(administração demorou para licitar e
ficou sem o serviço, por exemplo,
merenda escolar).

Dispensa de licitação fracassada e deserta

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A licitação deserta é aquela em que não apareceu nenhum interessado.


Se a administração previr que terá algum prejuízo ao realizar nova licitação
e mantiver as mesma condições da última licitação, então a licitação fica
dispensada. Esta hipótese está prevista em ambas as leis.
A licitação fracassada teve interessados, mas nenhum deles foi o
vencedor do procedimento. Ela pode ser fracassada em razão do valor
(previsto em ambas as leis), ou em virtude da validade das propostas
(quando todas as propostas forem consideradas inválidas – novidade da lei
14.133).
Para que seja possível a dispensa da licitação, nestes casos, a licitação
anterior deverá ter ocorrido no prazo de até um ano e as mesma
condições devem ser mantidas.

Memorize – Dispensa de licitação é ato discricionário, ou seja, o


administrador tem liberdade na atuação, pode decidir se dispensa ou
não a licitação.

2.6 – É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de


competição, caracterizada por: (I) aquisição de materiais que só podem
ser fornecidos por empresa exclusiva; (II) profissional ou empresa de
notória especialização ou serviço técnico – vedada para serviços de
publicidade e divulgação, que sempre precisam de licitação; (III)
contratação de profissional de qualquer setor artístico, desde que
consagrado pela crítica especializada ou opinião pública (ex: contratar
a cantora Anitta para um show de réveillon).

Em relação ao inciso II, considera-se serviço técnico: (I) estudos


técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos; (II) pareceres,
perícias e avaliações em geral; (III) assessorias ou consultorias técnicas e
auditorias financeiras ou tributárias; (IV) fiscalização, supervisão ou

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gerenciamento de obras ou serviços; (V) patrocínio ou defesa de causas


judiciais ou administrativas; (VI) treinamento e aperfeiçoamento de
pessoal; (VII) restauração de obras de arte e bens de valor histórico.

Importante também saber que o estatuto da advocacia sofreu alteração,


para constar o seguinte:

Art. 3º-A. Os serviços profissionais de advogado são, por sua


natureza, técnicos e singulares, quando comprovada sua notória
especialização, nos termos da lei. (Incluído pela Lei nº 14.039, de 2020)

Parágrafo único. Considera-se notória especialização o profissional


ou a sociedade de advogados cujo conceito no campo de sua
especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências,
publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica ou de outros
requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu
trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena
satisfação do objeto do contrato

Novos casos de inexigibilidade de licitação:


Lei 14.133/21 - atual Lei 8.666/93 - antiga

Fornecedor exclusivo – vedada a Fornecedor exclusivo – vedada a


preferência por marca preferência por marca

Serviços técnicos especializados de Serviços técnicos profissionais


natureza predominantemente especializados, de natureza
intelectual, com prestador de notória singular, com profissionais ou
especialização – vedada para empresas de notória especialização
serviços de publicidade e divulgação – vedada para serviços de
publicidade e divulgação

Artista consagrado Artista consagrado

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Credenciamento – credenciar o ---


máximo possível de interessados,
sem competição entre eles (exemplo:
município cadastra laboratórios de
exames médicos e o próprio cidadão
é quem escolhe em qual deles vai
realizar o exame)

Aquisição ou locação de imóvel ---


cujas características de instalações
e de localização tornem necessária
sua escolha

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2.7 – O procedimento da licitação obedece uma ordem, que foi


alterada pela nova lei:

Fases da licitação

Lei 14.133/21 - atual Lei 8.666/93 - antiga

1ª – preparatória 1ª – edital

2ª – divulgação do edital 2ª – habilitação

3ª – apresentação de propostas e 3ª – julgamento


lances, quando for o caso

4ª – julgamento 4ª – homologação

5ª – habilitação 5ª – adjudicação

6ª – recursal ---

7ª – homologação ---

Houve alteração na ordem. Pela regra nova, primeiro há o


julgamento e depois a habilitação. No entanto, mediante ato motivado
o Administrador pode optar pela habilitação anteceder o julgamento.

Vamos ser os conceitos das principais fases.

Julgamento de propostas – são analisadas as propostas, situação em


que os licitantes são classificados ou desclassificados. Os classificados são
listados em posições e aquele em melhor posição é o vencedor.

Habilitação – os licitantes juntam os documentos necessários:


qualificação jurídica, qualificação técnica, qualificação econômico-
financeira, regularidade fiscal e trabalhista e comprovação de não emprego
de mão de obra infantil nas atividades. Além dessas comprovações, é
vedado exigir qualquer outro documento dos licitantes.

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O licitante reprovado nesta fase, ou seja, que for inabilitado, tem o


prazo de três dias úteis para recorrer. Atenção, o prazo na lei 8.666/93
era de cinco dias.

Homologação – consiste na aprovação do procedimento: a autoridade


competente (indicada na lei ou regulamento) examinará todos os atos do
procedimento, verificando sua legalidade e mérito.

Se encontrar algum vício, poderá anular o procedimento ou, se couber,


determinar seu saneamento; Se verificar que o procedimento está em
ordem, o homologará. Ainda, poderá a autoridade competente revogar a
licitação, se houver interesse público devidamente justificado.

Adjudicação – é o termo de compromisso de expectativa firmado entre


o licitante vencedor e a Administração.

Memorize – Houve alteração nas fases da licitação, em comparação


com a lei antiga. Agora, primeiro há o julgamento e depois a
habilitação. No entanto, é possível que essa ordem seja
invertida, mediante ato motivado, podendo a habilitação
anteceder o julgamento.

3. Contrato administrativo

3.1 – Dentro de um contrato administrativo há as cláusulas


exorbitantes, que garantem a supremacia do interesse público sobre o
particular. Pode a administração pública alterar e rescindir o contrato
unilateralmente; exigir garantias; fiscalizar e aplicar sanções; e
realizar a ocupação temporária em caso de serviços essenciais.

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3.2 – São duas as hipóteses em que o contrato administrativo poderá


ser alterado unilateralmente:

Alterações qualitativas – alteração do projeto.

Alterações quantitativas – altera o objeto. Modificação do valor do


contrato. A lei estabelece os limites quantitativos de diminuição e
majoração do objeto.

Memorize – A alteração do objeto está limitada a:

25% do valor do contrato atualizado

50% do valor do contrato, em se tratando de reforma de prédio e


equipamento

3.3 – Os motivos para a rescisão unilateral estão previstos no artigo 137,


da lei 14.133/21, importante realizar a leitura.

3.4 – Constatada irregularidade no procedimento licitatório ou na


execução do contrato, será priorizado o saneamento do vício. Caso não seja
possível sanear o vício, a decisão sobre a suspensão da execução ou sobre
a declaração de nulidade do contrato somente será adotada na hipótese em
que se revelar medida de interesse público.

4. Intervenção do Estado na propriedade

4.1 – Desapropriação é o procedimento pelo meio do qual o poder


público adquire bem ou direito do patrimônio de terceiro, de forma
compulsória e originária, pagando uma indenização.

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São modalidades e características da desapropriação:

Modalidade Indenização Objeto da


desapropriação

Ordinária Dinheiro Qualquer bem

Urbana Títulos da dívida pública, Imóvel urbano que não


sancionatória resgatáveis em até 10 anos. cumpre função social

Interesse social Títulos da dívida agrária, Imóvel rural que não


p/ fins reforma resgatáveis em até 20 anos cumpre a função social
agrária (benfeitorias úteis e
necessárias serão indenizadas
em dinheiro

Confiscatória Não tem indenização Qualquer imóvel onde


haja trabalho escravo ou
cultivo de drogas

Repare que a modalidade ordinária é a única que não tem caráter de


sanção, as outras três são desapropriações sancionatórias. A ordinária pode
ser realizada por qualquer ente, já a de imóvel rural e a confiscatória
somente pela União e a Urbana pelo Município. A indenização em dinheiro
acontece somente na ordinária.
O poder público pode desistir da desapropriação até o momento do
pagamento integral da indenização e o proprietário não poderá recusar,
salvo na hipótese de comprovar a impossibilidade de receber o bem nas
condições iniciais.

A indenização deve ser a mais ampla possível, para recompor o


patrimônio daquele bem expropriado. Deve ser composta de: (1) valor
atualizado do bem ou direito; (2) juros moratórios, em razão do atraso do
pagamento da indenização; (3) juros compensatórios, em razão da perda
antecipada da coisa; (4) sucumbência, quando de ações desapropriatórias.

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Tredestinação é a mudança da destinação inicialmente dada pelo


poder público ao bem desapropriado. Se a finalidade da desapropriação
for mantida, a tredestinação é lícita. Se a finalidade não for mantida, a
tredestinação é ilícita e surge ao antigo proprietário o direito de
retrocessão (recomprar o bem, pelo preço atual).
Adestinação é a não destinação do imóvel para qualquer finalidade,
também gera o direito de retrocessão.

Memorize – A tredestinação será ilícita quando a mudança da


destinação inicialmente dada ao imóvel alterar sua finalidade. Nesta
hipótese surge ao antigo proprietário o direito de retrocessão, isto é,
de recomprar o bem.

4.2 – Requisição administrativa é diferente de servidão


administrativa.

Requisição administrativa – em caso de iminente perigo público a


autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada
indenização ao proprietário, se houver dano.

Servidão administrativa – o Estado usa uma parte do bem do


particular, com registro na matrícula do imóvel. Pode ser indenizada, se
afetar o valor ou a serventia do bem.

4.3 – Tombamento é a intervenção que visa a preservação do


patrimônio cultural, histórico e artístico. Não é indenizável e impõe ao
proprietário do bem restrição ao uso. O tombamento não impede a
alienação do bem, mas transfere ao novo proprietário as obrigações e
restrições impostas pelo tombamento.

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5. Poderes da administração

5.1 – Poder regulamentar – é a prerrogativa conferida à administração


pública de editar atos gerais para complementar as leis e possibilitar
sua efetiva aplicação. Portanto, não pode inovar no ordenamento jurídico,
apenas complementar o que já está posto. Via de regra é feito por decreto,
ato privativo do chefe do executivo (presidente da república,
governadores e prefeitos), indelegável, isto é, não pode ser atribuído a
qualquer outra pessoa.

A única hipótese em que o decreto não servirá para regulamentar lei


existente será do decreto autônomo, utilizado para extinguir cargos
vagos e estruturar a administração pública. No entanto, cuidado, a
criação de cargos públicos não pode se dar por decreto.

Portanto, um cargo público é criado por lei e, pelo princípio do paralelismo


das formas (ou princípio da simetria), também só pode ser extintos por lei.
Todavia, os cargos vagos podem ser extintos por decreto.

Memorize – Cargo público é criado e extinto por lei. Contudo, os


cargos vagos podem ser extintos por decreto.

5.2 – Poder hierárquico – poder que tem a administração de distribuir


suas funções entre os seus órgãos e de ordenar e rever a atuação de seus
agentes. Decorrem do poder hierárquico os poderes de comando, de
fiscalização, de revisão e de delegar e avocar competência.

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5.3 – Poder disciplinar – poder de apurar as infrações administrativas


e impor as respectivas penalidades aos (I) agentes públicos, (II) particulares
sob a disciplina interna da administração pública (III) e contratados
administrativos em licitações.

Memorize – Particular pode ser punido pela administração pública,


em decorrência do poder disciplinar, desde que sob a disciplina
interna da administração.

5.4 – Poder de Polícia – Poder do estado em limitar direitos


individuais em prol da coletividade.
O conceito legal de poder de polícia está no artigo 78, do Código
Tributário Nacional: "Considera-se poder de polícia atividade da
administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse
ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de
atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder
Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos
direitos individuais ou coletivos".
O poder de polícia deve ser aplicado de forma adequada, necessária e
proporcional, em obediência ao princípio da proporcionalidade. O poder
de polícia compreende:
Função legislativa – atos legislativos.
Função administrativa – atos de consentimento, de fiscalização e
sanção.
O poder de polícia é dotado de: (1) discricionariedade: definir o modo
de agir quando a lei não fixa um único modo; (2) coercibilidade:
imposição de obrigação a terceiros, independentemente de consentimento;
(3) autoexecutorieadade: a administração não precisa de autorização para

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exercer o poder de polícia; (4) indelegabilidade: o exercício do poder de


polícia não pode ser delegado a pessoa jurídica de direito privado. Todavia,
o STJ entende que somente não pode ser delegado os atos de sanção,
sendo possível delegar atos de consentimento e fiscalização (ex.: pode
delegar a atividade de instalar radares de velocidade de veículos em via
pública, mas a sanção deve ser aplicada pela administração).

5.5 – Poder vinculado e discricionário - O poder vinculado distingue-


se do discricionário por um critério: a existência ou não de liberdade
para tomar decisões.
Poder vinculado – a lei não autoriza liberdade para decidir. A
administração Pública deve seguir o que estiver prescrito em lei.
Poder discricionário – A lei concede liberdade para decidir, a partir
de critérios de oportunidade e conveniência.
Existe discricionariedade quando a lei assim reconhece, quando a lei
não descreve com precisão o comportamento a ser seguido ou quando não
fixa o modo de exercer uma competência.
O poder discricionário não pode ser exercido de forma contrária à lei e
também não pode ser praticado em confronto com o regime jurídico
administrativo. Assim, tendo opção, não é permitido escolher praticar um
ato em confronto com a moralidade, por exemplo. No mesmo sentido, deve
o ato ser razoável e proporcional.
O poder discricionário se sujeita a dois condicionamentos: um externo
– mediante subordinação ao ordenamento jurídico – e outro interno – ao
cumprir as exigências do bem comum (interesse social ou coletivo). Dessa
maneira, se o administrador se desvia do roteiro, praticando ato que busque
um outro objetivo, incorrerá em desvio de poder, sendo o ato ilegal.
Nesse caso, o Judiciário não poderia apreciar o ato discricionário?
Poderia. O que o Judiciário não pode fazer é substituir a discricionariedade

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do administrador, a exemplo de criar critérios técnicos, pois o juízo de


conveniência e oportunidade deve ser exercido pelo administrado

6. Improbidade administrativa

6.1 – São três as espécies de atos de improbidade administrativa:


enriquecimento ilícito, prejuízo ao erário e atentado aos princípios da
Administração Pública.

O ato de improbidade administrativa não pode ser de mais de uma


espécie por vez: ou é enriquecimento ilícito (ter para si), ou é prejuízo ao
erário (favorecer) ou é atentado aos princípios (neutralidade – nem ter para
si, nem favorecer alguém).

Enriquecimento ilícito – o agente público ‘percebe, recebe, adquire ou


usa’.

Prejuízo ao erário – o agente público ‘permite, concede, doa ou


facilita’.

Atentado aos princípios – o agente ‘deixa de, descumpre ou revela’.

Memorize – Para ter prejuízo ao erário é necessário que haja dano


efetivo. As demais hipóteses independem de ocorrência de dano.

6.2 – Segue tabela das penalidades de cada ato de improbidade.


Atenção pois é novidade legislativa.

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PENALIDADE Enriquecimento Prejuízo ao Atentado


ilícito erário princípios

Suspensão Até 14 anos Até 12 anos Não


direitos políticos

Proibição de Até 14 anos Até 12 anos Até 4 anos


contratar

Multa civil Equivalente ao Equivalente Até 24x a


acréscimo ao dano remuneração
patrimonial

Perda da função Sim Sim Não


pública

A perda da função pública atinge apenas o vínculo de mesma qualidade


e natureza que o agente público detinha.
A multa pode ser aumentada até o dobro se o juiz considerar ineficaz
para a reprovação e prevenção do ato de improbidade.
A proibição de contratar com o poder público vale somente com relação
ao ente público lesado (ex.: lesei a cidade de São Paulo, fico proibido de
contratar somente com este município. No entanto, em caráter excepcional
e por motivos relevantes justificados, a proibição pode se estender a outros
entes.
Todas as sanções somente poderão ser executadas após o trânsito em
julgado da sentença condenatória.
Na fase de cumprimento da sentença o juiz unificará as sanções
eventualmente impostas em outros processos, observando o limite
máximo de 20 (vinte) anos para as sanções de suspensão dos direitos
políticos e proibição de contratar.

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6.3 – São três os tipos de improbidade: enriquecimento ilícito, prejuízo


ao erário e atentado aos princípios da Administração Pública.
A aplicação das sanções independem da efetiva ocorrência de dano ao
patrimônio público, salvo quanto à pena de ressarcimento e às condutas de
prejuízo ao erário. Portanto, é necessário o efetivo dano para aplicação
das sanções previstas para a improbidade de prejuízo ao erário.

6.4 – Toda improbidade precisa do envolvimento de um agente público.


Não há improbidade sem agente público. O dever de ressarcir estende-
se aos sucessores, nos limites da herança. O ato pode ser caracterizado
como de improbidade mesmo sem ocorrência de dano ao patrimônio

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público – lembre-se, apenas o prejuízo ao erário deve comprovar a


ocorrência de dano ao patrimônio público.

6.5 – A ação de improbidade prescreve em 8 anos, contado a partir


da ocorrência do fato ou do dia que cessar a permanência, nos casos de
infrações permanentes. A instauração de inquérito civil ou processo
administrativo suspende por até 180 dias o prazo prescricional. O
inquérito civil pode durar 365 dias, prorrogável por igual período. Ao
final desse período o MP deve propor a ação de improbidade em até
30 dias.

Já a ação de ressarcimento pelo ato de improbidade é imprescritível.

Memorize – Com a alteração recente a ação de improbidade


passou a prescrever em 8 (oito) anos. Mas não confunda com a
ação de ressarcimento pelo ato de improbidade, esta é
imprescritível.

6.6 – Com a alteração recente na lei de improbidade, nepotismo passou


a ser expressamente previsto como ato de improbidade administrativa
que atenta contra os princípios da Administração Pública, reforçando
o teor da súmula vinculante 13: ‘A nomeação de cônjuge, companheiro
ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau,
inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa
jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o
exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função
gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos
poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,

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compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a


Constituição Federal.’

Atenção, pois primo é parente de 4º grau, logo, nomear primo não é


nepotismo.

7. Responsabilidade civil do Estado

7.1 – A responsabilidade civil do Estado é objetiva, ante a teoria do


risco administrativo. Portanto, basta que seja comprovado o nexo de

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causalidade entre o fato e a lesão (fato + dano + nexo causal). Não se busca
perquirir o dolo, a responsabilização civil do Estado independe de dolo ou
culpa.

No entanto, nos danos causados por omissão, a responsabilidade pode


ser objetiva ou subjetiva.

Será objetiva quando houver falha na prestação de serviço. Aqui há um


fato omissivo, o Estado ofertou uma má prestação de serviço.

E será subjetiva quando o Estado sequer prestou o serviço, causando


danos ao particular. Aqui a omissão é genérica.

7.2 – Os concessionários de serviço público também possuem


responsabilidade objetiva, perante os danos que causarem aos usuários
dos serviços públicos e terceiros (não usuários). Ou seja, basta que se
comprove a ação + dano + nexo de causalidade, não se precisa demonstrar
o dolo ou a culpa.

7.3 – Sempre que houver prestação de serviços públicos será objetiva


a responsabilidade. Ação + dano + nexo de causalidade =
responsabilidade objetiva.

7.4 – Sempre que a prestação de serviço público se der de forma


indireta – através de autarquia, concessionária, fundações etc. – o Estado
terá responsabilidade subsidiária.

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DIREITO PENAL

Novidades legislativas
Novos tipos penais e diversas alterações importantes
1 – A lei 14.188/21 aumentou a pena do crime de lesão corporal contra
a mulher, para reclusão de 1 a 4 anos.

2 – A lei 14.132/21 incluiu o artigo 147-A, tipificando o crime de


stalking (perseguição). Importante saber que a ação penal é pública
condicionada à representação e que a pena aumenta de metade se a
vítima for mulher, criança, adolescente ou idoso.

3 – A lei 14.188/21 incluiu o artigo 147-B, tipificando o crime de


violência psicológica contra a mulher, importante a leitura.

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4 – A lei 14.155/21 tornou mais grave os crimes de violação de


dispositivo informático, furto e estelionato cometidos de forma
eletrônica ou pela internet. Pontos importantes:
- a pena do furto mediante fraude cometido por meio de dispositivo
eletrônico ou informático é mais grave que a pena do furto mediante fraude
comum.
- Houve alteração na competência para o julgamento de estelionato por
emissão de cheque ‘sem fundos’. Agora, é competente o juízo do domicílio
da vítima e, em caso de pluralidade de vítimas, pela prevenção.

5 – A lei 14.133/21 (lei de licitações) passou para o Código Penal todas


as condutas típicas dos crimes em licitações.

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6 – A lei 14.197/21 incluiu os artigos 359-I ao 359-P no Código Penal,


para tipificar condutas relativas aos crimes contra o Estado Democrático
de Direito, revogando a lei de segurança nacional.

7 – O STJ editou a súmula 645: ‘O crime de fraude à licitação é formal


e sua consumação prescinde de comprovação do prejuízo ou da obtenção
de vantagem.

8 – A lei 14.344/22 (lei Henry Borel) cria mecanismos para a prevenção


da violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente. Em
linhas gerais, o que a lei trouxe de importante:
- As hipóteses de violência doméstica contra criança e adolescente são
aquelas cometidas no âmbito da residência, âmbito da família ou em
qualquer relação doméstica, ainda que não haja coabitação.
- É possível concessão de medidas protetivas de urgência, determinadas
sempre pelo juiz, a pedido do delegado ou do Ministério Público, e deve
ser a decisão dada no prazo de 24 horas.
- Foi criado um novo tipo legal, de descumprimento da decisão que
defere medida protetiva de urgência, com pena de detenção de 3 meses a 2
anos. Para este crime somente o juiz pode conceder fiança.
- Criou-se uma nova qualificadora para o crime de homicídio. Portanto,
o homicídio cometido contra menos de 14 anos passou a ser qualificado e
crime hediondo.

1. Crimes em espécie

1.1 – O crime de homicídio descreve a conduta de matar alguém:

Bem jurídico – é protegida a vida extrauterina. Todavia, nem toda


eliminação de vida extrauterina será homicídio, podendo se configurar

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o crime de infanticídio (se presentes as circunstâncias elementares


especializantes – ‘logo após o parto’ e ‘em estado puerperal’ =
infanticídio).

Competência para julgamento – se for homicídio doloso, é de


competência do tribunal do júri. Se for culposo, a competência é do
juiz singular.

Memorize – Somente os crimes dolosos contra a vida e os


conexos são de competência do Júri. Latrocínio, genocídio e
homicídio culposo são de competência do juiz singular.

Consumação e tentativa - pode-se cogitar do crime de homicídio


desde o nascimento com vida (processo de respiração autônoma) até a

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morte cerebral (encefálica). Portanto, considera-se consumado com a


morte cerebral, sendo possível a tentativa, se, agindo com animus necandi,
isto é, o dolo de matar, o agente não atingiu o resultado morte, por razões
alheias à sua vontade. No caso concreto, avalia-se quais partes do corpo o
agente acertou (se órgãos vitais, ou partes que não comprometem a vida),
para se definir se tinha intenção de matar.

Homicídio culposo – não é de competência do tribunal do júri, pois,


apesar de ser crime contra a vida, não é doloso. Se cometido por
imprudência, negligência ou imperícia, será culposo. Geralmente, o
homicídio cometido na direção de veículo automotor é culposo, desde que
o agente não tenha se utilizado do automóvel como instrumento para a
prática do crime ou não tenha assumido o risco do resultado (dolo
eventual).

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Se as consequências do homicídio culposo atingirem o agente de forma


muito profunda, de modo que a própria morte da vítima seja uma pena tão
grande que se torne desnecessário que seja condenado, será possível a
aplicação do perdão judicial (ex: pai atropela o filho pequeno, enquanto
manobra o carro, na garagem, causando a morte da criança).

Homicídio privilegiado – são três as circunstâncias que levam ao


reconhecimento do homicídio privilegiado e, consequentemente,
diminuição da pena de 1/6 a 1/3: (I) por motivo de relevante valor social
– o interesse é da coletividade; (II) relevante valor moral – o interesse é do
agente; (III) sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima – o agente deve estar dominado pela violenta
emoção, para se configurar o homicídio privilegiado, pois se apenas estiver
influenciado pela violenta emoção, incidirá mera circunstância atenuante
(aplicada na segunda fase da dosimetria).

Os jurados do tribunal do júri é que decidem se o homicídio foi


privilegiado, cabendo ao juiz tão somente aplicar o quantum de
diminuição, não podendo o juiz afastar a decisão dos jurados.

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Homicídio qualificado – as qualificadoras podem ser de ordem


objetiva (relacionadas ao meio e modo de execução do crime) ou
subjetivas (relacionadas à motivação do agente). Os incisos III
(emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum), IV (à traição,
emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
torne impossível a defesa da vítima) e VII (feminicídio) trazem as de ordem
objetiva.

Importante o estudo da qualificadora de feminicídio (contra a mulher,


por razões da condição de sexo feminino). Há razões de condição de sexo
feminino quando envolver: (I) violência doméstica e familiar; (II)
menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

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O feminicídio pode ter a pena aumentada de 1/3 até a metade se o


crime for praticado: (I) durante a gestação ou nos três meses posteriores ao
parto; (II) contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos, com
deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição
limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (III) na presença física ou
virtual de descendente ou ascendente da vítima; (IV) em descumprimento
das medidas protetivas de urgência.

Por ser qualificadora de ordem objetiva (segundo ampla maioria da


doutrina e jurisprudência), pode coexistir no caso concreto com as
qualificadoras de motivo torpe ou fútil.

Homicídio híbrido – é o homicídio, ao mesmo tempo, cometido


mediante uma causa qualificadora e uma causa de privilégio. Não é crime
hediondo. A pena pode ser diminuída.

Hediondez – o homicídio praticado, ainda que por um só agente, em


atividade típica de grupo de extermínio e todo homicídio qualificado são
considerados hediondos. Todavia, se o homicídio for qualificado-
privilegiado, afasta-se a hediondez.

Homicídio e erro sobre a pessoa - se há erro sobre a pessoa, o agente


responde levando em consideração as características da pessoa que
pretendia atingir, e não daquela efetivamente atingida.
Ex: sujeito quer matar a pessoa A, mas, engana-se e mata pessoa B,
muito parecida. Responde levando-se em consideração as características
da pessoa A.
A questão pode trazer a informação de que o sujeito pretendia matar a
esposa, mas, golpeou pelas costas uma mulher muito parecida com a
esposa, acreditando que fosse ela. Responde como se tivesse matado a
esposa, com a qualificadora do feminicídio.

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Homicídio e nexo causal – comum na prova da OAB cobrar as


concausas no crime de homicídio. Concausa é a concorrência de causa para
o resultado morte.
Se a concausa for absolutamente independente (capaz, por si só, de
produzir o resultado), há o rompimento do nexo causal e o agente
responde só pelo resultado já praticado (homicídio tentado). Ex: atiro
em alguém que logo após sofrer o disparo é atingido por um raio.
Se a concausa for relativamente independente preexistente ou
concomitante à conduta do agente, não há o rompimento do nexo causal.
Ex: sei que a vítima sofre de hemofilia e acerto um tiro de raspão. Em razão
do sangramento excessivo, causado pela hemofilia, a vítima morre.
Respondo por homicídio consumado; Ex: a vítima está em um lugar

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1ª Fase Exame OAB – Temas Recorrentes

distante e muito frio, disparo um tiro no joelho dela e a impossibilito de


continuar andando. Em razão do frio a vítima morre. Respondo por
homicídio consumado.
Se a concausa for relativamente independente superveniente,
depende: produziu, por si só, o resultado - há o rompimento do nexo
causal. Ex: disparo com arma de fogo contra alguém, que é socorrido. Já
no leito hospitalar, a vítima morre por conta de um incêndio no local.
Respondo por homicídio tentado; não produziu, por si só, o resultado –
não rompe o nexo causal. Ex: disparo contra alguém que chega ao
hospital e morre por imperícia médica ou infecção hospitalar. Respondo
por homicídio consumado.

Memorize – Nem todo crime com resultado morte é homicídio.


Pode ser o crime de infanticídio, se presentes as circunstancias
especializantes (logo após o parto e durante o estado puerperal),
pode ser genocídio (se praticado com a intenção de destruir, no todo
ou em parte, grupo étnico, racial, religioso ou nacional) ou
latrocínio.

1.2 – O crime de furto descreve a conduta de Subtrair, para si ou para


outrem, coisa alheia móvel.
A princípio, por ser a pena mínima de 1 ano, cabível a suspensão
condicional do processo, nos termos do art. 89, da lei 9.099/95. O acordo
de não persecução penal é cabível tanto para o furto simples quanto para
o qualificado.
Importante destacar alguns pontos:
- O tipo penal tutela a posse legítima. A posse ilegítima não é tutelada.
Portanto, se ‘A’ furta o veículo de ‘B’, e posteriormente ‘C’ furta o veículo
de ‘A’, haverá dois crimes de furto contra ‘B’.

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- O objeto deve ser ‘coisa’, sinônimo de ‘bem’. Logo, ser humano não
pode ser objeto material de furto. A princípio, a subtração de cadáver
configura o crime do art. 211. Todavia, se o cadáver integrar o
patrimônio de alguém, é possível a responsabilização pelo crime de
furto. Ex.: cadáver que pertence a uma universidade de medicina para fins
pedagógicos. Animais em geral podem ser objeto material do crime de
furto, desde que integre o patrimônio de alguém (cachorro, gato, etc.) O
furto de animal domesticável de produção chama-se abigeato e é
qualificado.

- ‘Alheia’ é um elemento normativo do tipo. É toda e qualquer coisa


que não pertença ao autor da subtração. Questão recorrente nas provas
da OAB explora o erro de tipo, situação em que a pessoa pega um guarda-
chuva de um colega achando que era o seu próprio. Incorreu em erro de

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tipo na circunstância elementar ‘alheia’, porque não sabia que aquele


guarda-chuva era alheio, portanto, exclui-se o dolo e não responde pelo
crime de furto.

Memorize – O erro de tipo exclui o dolo, mas permite a


responsabilização pelo tipo culposo, se previsto em lei. Como não
há modalidade culposa de furto, aquele que subtrai coisa alheia,
acreditando ser seu próprio pertence, não responde por
qualquer conduta criminosa.

Res nullius Coisa de ninguém Não há crime

Res derelicta Coisa abandonada Não há crime

Res desperdicta Coisa perdida Crime do art. 169,


II.

- Furto famélico consiste no furto de alimentos para saciar a fome de


quem está em extrema pobreza. Não há crime por incidir a excludente
de ilicitude do estado de necessidade.
- O crime de furto exige dolo específico, denominado animus rem sibi
habendi, isto é, ânimo de assenhoramento definitivo, a vontade de se
tornar dono da coisa. Por isso, furto de uso não é considerado crime,
pois não há a vontade de ser dono da coisa, já que haverá a restituição
imediata à vítima (aquele que pega o veículo de uma pessoa emprestada
para dar uma volta com a intenção de devolvê-la. Mas, atenção, equipara-
se a coisa móvel a energia elétrica, portanto, fazer ‘gato’ na fiação de
energia elétrica configura furto.
- Caso o agente subtraia algum bem de outra pessoa que lhe deve
dinheiro, não cometerá o crime de furto, mas de exercício arbitrário das
próprias razões, previsto no art. 345, CP.

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- A causa de aumento do ‘repouso noturno’ (art. 155, §1º) aplica-se


tanto ao furto simples como qualificado, pelo entendimento do STJ. O
conceito de repouso noturno é variável e não se confunde com a noite.
Repouso noturno é o intervalo entre o recolhimento para o descanso e
o despertar para a vida cotidiana.
- Nas disposições gerais dos crimes contra o patrimônio (art. 181 a 183)
há importantes dispositivos, com certa incidência na prova. Traz a hipótese
de isenção de pena (escusas absolutórias) se o crime patrimonial, sem
violência ou grave ameaça, é cometido contra cônjuge, na constância
do casamento, ascendente ou descendente (afasta-se essa regra se a
vítima tem 60 anos ou mais e à pessoa que cometeu o crime em concurso,
mas não tem o vínculo de parentesco). A ação penal passa a ser pública
condicionada à representação se o crime for cometido contra cônjuge
separado, irmão, tio, sobrinho ou quem coabita com o autor do crime.

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- Furto privilegiado: se o criminoso é primário e é de pequeno valor


a coisa furtada, pode a pena de reclusão ser substituída pela de detenção,

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ser diminuída de 1/3 a 2/3, ou ser aplicada somente pena de multa. A


jurisprudência fixou o parâmetro de ‘pequeno valor’ como até um
salário mínimo.

Furto qualificado
As qualificadoras são, em sua maioria, de natureza objetiva (tem
relação com o meio de execução do crime). A única que tem natureza
subjetiva é o abuso de confiança. Importante ter isso em mente para saber
quando será possível aplicar o privilégio no furto qualificado. A súmula
511 do STJ diz que se a qualificadora for de ordem objetiva, o
criminoso primário e de pequeno valor a coisa, o furto é qualificado-
privilegiado.
Dentre as qualificadoras, exigem a elaboração de laudo pericial, pois
deixam vestígio: destruição ou rompimento de obstáculo; e a escalada.
O furto de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Estado da Federação é qualificado. Exige-se a efetiva transposição da
fronteira para incidir a qualificadora, não bastando a comprovação de
que a intenção era levar a outro Estado.

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Memorize – Escusas absolutórias são hipóteses em que o agente é


isento de pena, se o crime patrimonial é cometido sem violência
e grave ameaça, contra:

- o cônjuge, na constância do casamento;

- ascendente ou descendente, seja o parentesco natural


(biológico) ou civil (adotivo).

No entanto, não se aplica a isenção de pena se:

- houver emprego de violência ou grave ameaça;

- a vítima tiver 60 anos ou mais;

- ao estranho que participa do crime (coautor que não tenha


relação de parentesco com a vítima).

Outro importante ponto é em relação a ação penal, passa a ser


pública condicionada à representação, se a vítima for:

- cônjuge divorciado

- irmão

- tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.

Atenção: nestas hipóteses somente se altera a ação penal, ou seja,


não isentam o agente de pena.

1.3 – O crime de roubo pode ser próprio ou impróprio.


O roubo próprio está previsto no caput do artigo 157: Subtrair coisa
móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência.
Já o roubo impróprio está no § 1º do art. 157: Na mesma pena incorre
quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa
ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção
da coisa para si ou para terceiro.

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A diferença reside no momento em que a violência ou grave ameaça


é exercida. Se exercida antes da subtração, é roubo próprio. Se
exercida depois da subtração, para assegurar a impunidade do crime
ou a detenção da coisa, é impróprio.
A maioria da doutrina e jurisprudência entende que o roubo
impróprio não admite tentativa, pois a consumação se dá com a mera
inversão da posse do bem, nos termos da súmula 582, do STJ: consuma-
se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de
violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à
perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo
prescindível (dispensável) a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
Portanto, foi adotada a teoria da amotio (ou apprehensio).
Importante conhecer as alterações legislativas em relação às causas de
aumento. Segue tabela para facilitar:
Até 23.04.2018 23.04.18 a 22.01.20 Regra atual (desde
23.01.2020)

Arma branca Arma branca Arma branca

causa de aumento de não é causa de aumento voltou a ser causa de


1/3 até metade aumento de 1/3 até metade

Arma de fogo Arma de fogo Arma de fogo

causa de aumento de causa de aumento de 2/3 causa de aumento de 2/3


1/3 até metade
Arma de fogo de uso
proibido/restrito

aplica-se a pena em dobro

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Importante, também, atentar-se às qualificadoras. O ‘pacote


anticrime’ aumentou as penas do roubo seguido de lesão corporal (07

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a 18 anos de reclusão) e roubo seguido de morte (latrocínio – 20 a 30


anos de reclusão).
Qual o momento consumativo do latrocínio?
A resposta é simples. O latrocínio se consuma se houver morte. É o
teor da súmula 610, do STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio
se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da
vítima. Segue tabela:
Morte Subtração Latrocínio

Consumada Consumada Consumado

Consumada Tentada Consumado

Tentada Consumada Tentado

Tentada Tentada Tentado

E se houver emprego de simulacro (arma de brinquedo)?


Não há causa de aumento!!! O simulacro servirá apenas para
configurar a grave ameaça, circunstância elementar do crime de roubo
simples. Portanto, a súmula 174, do STJ, que autorizava o aumento da
pena pelo emprego de simulacro, foi cancelada.

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Outros pontos importantes e recorrentes:


- não é necessária a apreensão e perícia na arma de fogo, para
incidir a causa de aumento, desde que haja nos autos outros elementos
de prova que evidenciem sua utilização (ex: palavra da vítima e
testemunha).
- mas, se a arma for apreendida e constatado que estava inutilizável,
sem potencialidade para realização de disparo, não incidirá a causa de
aumento.
São considerados hediondos: roubo com restrição de liberdade da
vítima; com emprego de arma de fogo (permitido, restrito ou proibido,
ou seja, qualquer arma de fogo); qualificado pela lesão grave ou pela
morte (latrocínio).

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Memorize – O latrocínio (roubo qualificado pela morte) se


consuma com o resultado morte, ainda que não haja subtração.

Simulacro não autoriza o aumento da pena

1.4 – O crime de peculato culposo – quando o funcionário público


concorre, culposamente, para que outrem se aproprie de dinheiro ou bem
público – admite a reparação do dano a qualquer momento, mesmo
após o trânsito em julgado. Se a reparação do dano for anterior à
sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se for posterior,
diminui a pena imposta em metade.

2. Teoria da pena

2.1 – A medida de segurança é espécie de sanção penal. Pode ser (I)


internação em hospital de custódia ou (II) tratamento ambulatorial. O que
define se é internação ou tratamento é a punição dada ao crime: a reclusão
impõe internação e a detenção sujeita o agente a tratamento ambulatorial.
No entanto, em qualquer fase do tratamento ambulatorial o juiz pode
determinar a internação do agente, se for necessário para fins
curativos.
Submete-se a medida de segurança o inimputável por doença
mental. O semi-imputável pode ser submetido a medida de segurança
ou pena. A sentença que reconhece a inimputabilidade e decreta medida
de segurança é absolutória imprópria, pois absolve o agente (já que
ausente um dos elementos do crime, a culpabilidade, pois inimputável),
mas o submete a medida de segurança.
Prazo máximo
1) Código Penal, art. 97, §1º - Não há prazo máximo. A medida
perdura enquanto o condenado apresentar periculosidade;

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2) STF - Não pode ultrapassar 40 anos, por analogia ao artigo 75 do


CP.
3) STJ - Não pode ultrapassar a pena máxima em abstrato prevista
para o crime.
Prazo mínimo – de 1 a 3 anos.
Desinternação condicional – uma vez cessada a periculosidade do
agente, será desinternado. No entanto, a internação pode ser restabelecida
se, antes de passar um ano da desinternação, praticar fato indicativo de
persistência da periculosidade.
Superveniência de doença mental – se, durante a execução da pena, o
agente passe a sofrer doença mental, o juiz substituirá a pena privativa de
liberdade por medida de segurança. Recuperada a saúde mental, voltará a
cumprir a pena privativa de liberdade.

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2.2 – A pena privativa de liberdade pode ser de reclusão, detenção ou


prisão simples, e pode ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou
aberto.
A pena de prisão simples é aplicada para contravenções penais.
A pena de detenção não pode ter regime fechado como inicial.
Portanto, a pena de detenção pode se iniciar no regime aberto ou
semiaberto, mas, praticada falta grave durante a execução da pena,
possível que o condenado a pena de detenção seja colocado no regime
fechado.
O regime pode ser:
Fechado - se a pena fixada superar 08 (oito) anos;
Semiaberto – se o condenado não for reincidente e a pena for superior
a 04 (quatro) anos e não exceder 08 (oito) anos;
Aberto - se o condenado não for reincidente e a pena for igual ou
inferior a 04 (quatro) anos.

Memorize – para os crimes punidos com detenção, o regime inicial


pode ser no máximo o semiaberto, podendo ser transferido para o
fechado somente durante o cumprimento da pena, se cometer falta
grave.

Portanto, ao reincidente é previsto regime inicial fechado para


cumprimento de pena, independentemente do quantum fixado. Contudo, o
artigo 33, § 3º do CP prevê que a adoção de regime inicial de cumprimento
de pena será feita com observância aos critérios previstos no artigo 59
(circunstâncias judiciais). Assim, nada impede que o condenado
reincidente, que não ostente nenhuma circunstância judicial negativa,
cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, inicie o cumprimento
de pena no regime semiaberto.

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Quanto aos crimes hediondos, foi considerado inconstitucional:


regime integralmente fechado e obrigatoriamente fechado. O regime
inicial pode ser fechado, desde que devidamente fundamentado, não sendo
suficiente a mera indicação de ser crime hediondo.

2.3 – A dosimetria da pena deve obedecer o critério trifásico, isto é, a


penal é calculada em três fases:
1ª fase – são as circunstâncias judiciais: culpabilidade, antecedentes,
conduta social, personalidade do agente, motivos, circunstâncias e
consequências do crime, e comportamento da vítima – nesta fase o juiz
não pode ultrapassar a pena prevista em abstrato.
2ª fase – circunstâncias agravantes e atenuantes. Havendo concurso de
agravante e atenuante, regra geral, há compensação, isto é, uma anula a
outra. Contudo, é possível que uma delas seja preponderante e prevaleça
(art. 67 CP); pode-se dizer que a confissão espontânea é circunstância
preponderante, para fins de exame da OAB - nesta fase o juiz não pode
ultrapassar a pena prevista em abstrato.
3ª fase – causas de aumento e diminuição. Podem ser genéricas,
previstas na parte geral (tentativa, crime continuado etc.) e específicas,
previstas na parte especial (emprego de arma no crime de roubo, etc.). –
somente nesta fase o juiz pode ultrapassar o máximo e mínimo previsto
para o crime.

Memorize – Somente na 3ª fase da dosimetria é que o juiz está


autorizado a ultrapassar o máximo e mínimo da pena prevista
para o crime.

2.4 – São proibidas as penas de morte, de caráter perpétuo, trabalho


forçado, banimento e cruéis. Em razão da proibição de pena de caráter
perpétuo, o art. 75 do CP impõe o limite de 40 anos de cumprimento de

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pena, contudo, isso não impede que o juiz aplique pena superior aos
40 anos, até porque, para fins de cálculos de benefícios, utiliza-se a
pena total aplicada.

2.5 – Para a configuração da reincidência, é necessária a prática de um


novo crime, após a condenação definitiva (com trânsito em julgado para a
defesa) por outro crime, cometido no Brasil ou no estrangeiro, excluídos
os crimes militares e políticos.
Infração Infração Resultado Fundamento

anterior posterior

Crime Crime Reincidente Art. 63 CP

Crime Contravenção Reincidente Art. 7, LCP4

4
Lei de contravenções penais – decreto-lei nº 3.688/41

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Contravenção Contravenção Reincidente Art. 7º LCP

Contravenção Crime Primário Não há previsão legal


para este tipo de
reincidência, logo,
considera-se
primário.

Período depurador é o período no qual o sujeito será considerado


reincidente. Após 5 anos do cumprimento ou extinção da pena, não é
mais reincidente, passando a condenação a ser, no máximo, mau
antecedente.

Memorize – Para fins de reincidência, não se consideram os


crimes militares próprios e os políticos.

2.6 – Sobre penas restritivas de direito


Requisitos – pena aplicada até 4 anos (se o crime for doloso) ou
qualquer que seja a pena (se o crime for culposo; não pode ter violência ou
grave ameaça; a culpabilidade, os antecedentes a conduta social e a
personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias
indicarem que essa substituição seja suficiente; não pode ser reincidente
específico em crime doloso (reincidente específico é aquele que pratica o
mesmo crime).
Regras – na condenação até 1 ano = 1 pena restritiva de direito ou
multa; condenação acima de 1 ano = 2 restritivas de direito ou 1 restritiva
e multa.

3. Concurso de crimes

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3.1 – Concurso material: Sujeito pratica dois ou mais crimes com


duas ou mais condutas. O juiz aplica a pena de cada crime,
separadamente, e soma todas as penas, chegando à pena final.
Ex.: Dispara dois tiros contra Jair e mais dois tiros contra Rodrigo. Teve
duas condutas e causou dois resultados. Jair morreu e Rodrigo ficou vivo.
Aplicam-se as penas de cada crime e, ao final, são somadas, para chegar
ao quantum final.

3.2 – Concurso formal: Mediante uma única conduta, o sujeito


pratica dois ou mais crimes. Pode ser próprio/perfeito, em que não há
desígnios autônomos, havendo mera exasperação da pena maior. Pode
ser impróprio/imperfeito, onde a pluralidade de resultados emana de
desígnio autônomos, aqui, somam-se as penas, contudo, essa soma não
pode exceder a que seria cabível pela regra do concurso material (concurso
material benéfico).
Ex.: Concurso formal próprio – Sujeito dirigindo veículo automotor
perde o controle do carro e atropela três pessoas, que estavam na calçada.
Uma faleceu e as outras duas tiveras lesões. Na dosimetria, o juiz irá
calcular a pena de cada um desses crimes de forma separada. Ao final, irá
pegar a pena maior (no caso, a do homicídio) e aumentá-la na fração de 1/6
até metade, sendo essa a pena final, desprezando-se as penas das lesões. Se
as penas de todos os crimes forem idênticas, apenas uma delas é exasperada
e as outras descartadas.
Ex.: Concurso formal impróprio – Sujeito quer matar Jair e Rodrigo.
Para tanto, coloca uma bomba no escritório dos dois, consumando ambas
as mortes. As penas são calculadas e somadas, não podendo ultrapassar o
quanto seria cabível pelo concurso material.
Perceba que o ‘pulo do gato’, para diferenciar o concurso formal
próprio do impróprio está na intenção do agente. Se tinha desígnios
autônomo, ou seja, se pretendia causar os dois resultados, as penas serão

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somadas. Se não pretendia causar os dois resultados, as penas são


exasperadas.

3.3 – Crime continuado: Mediante mais de uma ação ou omissão,


pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, nas mesmas condições de
tempo, lugar e modo de execução, além de outras semelhantes,
entendendo-se os subsequentes como continuação do primeiro. Aplica-se
a pena de um só dos crimes, aumentada de 1/6 a 2/3.
Ex.: Sujeito todo dia vai nas lojas Renner subtrair uma peça de roupa.
Veja que cada dia comete um crime de furto. Mas, por ficção jurídica, todos
estes furtos serão considerados somente um, aumentando-se a pena de 1/6
a 2/3.
Aqui temos uma observação importante. Se o crime continuado for
cometido com violência ou grave ameaça contra vítimas diferentes, o juiz
pode aumentar a pena até o triplo.

Memorize – nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes,


cometidos com violência ou grave ameaça, a pena pode ser aplicada
até o triplo. Nesse caso, não pode a pena exceder o quanto seria
aplicado se somadas as penas de todos os crimes.

4. Tipicidade

4.1 – Desistir de prosseguir na execução (desistência voluntária) e


impedir que o resultado se produza (arrependimento eficaz). Diferenciam-
se da tentativa porque aqui o crime não se consuma pela vontade do agente.
Tentativa = quero, mas não posso.
Desistência voluntária e arrependimento eficaz = posso, mas não quero.
Desistência voluntária

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O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução, só


responde pelos atos já praticados. A grande característica é a
interrupção do processo de execução do crime. Ex.: Quer matar, dispara
duas munições e, mesmo podendo dar um tiro de misericórdia, desiste e
socorre a vítima, que fica viva. Responde pela lesão corporal, ainda que
seu dolo fosse homicida.
Arrependimento eficaz
O agente que, voluntariamente, impede que o resultado se produza,
só responde pelos atos já praticados. Aqui, o processo de execução do
crime já se encerrou, o agente adota alguma medida que impede a
consumação. Ex.: quer matar, dispara todas as munições que tem, mas,
arrependido, leva a vítima ao hospital, que fica viva. Responde pela lesão
(resultado praticado), apesar de ter animus necandi – dolo de matar.
Requisitos
Ambos os institutos têm dois requisitos: Voluntariedade e eficácia.
Por voluntariedade, entende-se livre de coação.
Eficácia no sentido de impedir o resultado. Não basta desistir ou se
arrepender, é necessário que o resultado não se produza. Se eu desisto
de matar, socorro a pessoa, mas ela morre, eu respondo pelo homicídio.
Entretanto, pode se fazer presente uma atenuante genérica (art. 65, III, b,
CP).
Obs.: Os motivos que levam o agente a desistir ou se arrepender são
irrelevantes. Não precisam ser éticos, nobres, valorosos.
Obs.: É incompatível com os crimes culposos, onde o resultado é
involuntário.

4.2 – Arrependimento posterior – Nos crimes cometidos sem


violência ou grave ameaça contra à pessoa, reparado o dano ou

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restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato


voluntário do agente, a pena será reduzida de 1/3 a 2/3.
Dispositivos especiais acerca da reparação do dano
Art. 312, §3º, CP – Peculato culposo. Antes da sentença irrecorrível
(trânsito em julgado), extingue a punibilidade. Após o trânsito em julgado,
reduz a pena pela metade.
Art. 74, § único, lei 9.099/95 – Ação penal privada ou pública
condicionada, o acordo homologado (composição dos danos civis) acarreta
a renúncia ao direito de queixa/representação.
Súmula 554 STF – O pagamento do cheque emitido sem previsão de
fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da
ação penal. Até o recebimento, obsta o prosseguimento, falta justa causa.
Essa súmula é anterior ao art. 16, CP, então foi superada, mas o STF
entende que continua aplicável, por razões de política criminal, até porque
é mais benéfico que o arrependimento posterior.

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4.3 – Crime culposo é aquele que se verifica quando o agente, deixando


de observar o dever objetivo de cuidado, por imprudência, negligência
ou imperícia, realiza uma conduta voluntária que produz um resultado
involuntário, não desejado.
Cuidado com pegadinhas recorrentes nas provas. A CONDUTA É
VOLUNTÁRIA, o agente quer praticar a conduta, no entanto, por
inobservância do dever objeto de cuidado, acaba por cometer um
RESULTADO INVOLUNTÁRIO (que ele não queria). O agente quer
praticar a conduta, mas não quer o resultado (ex.: estou dirigindo porque
quero, essa conduta é voluntária, entretanto, por imperícia, atropelo e causo
lesão em alguém, esse resultado foi involuntário).
Elementos do crime culposo
Conduta voluntária – A conduta é voluntária, involuntário é o
resultado.
Violação do dever objetivo de cuidado – Esse dever objetivo de
cuidado é violado pela imprudência, negligência ou imperícia.
Imprudência/culpa in agendo – Fazer algo que a cautela não
recomenda. O agente faz o que não deve fazer. A imprudência se
manifesta paralelamente à conduta do agente. Ex.: Dirigir em excesso de
velocidade ou manusear arma de fogo carregada em local público.
Negligência/culpa in omitendo – Consiste em deixar de fazer algo que
a cautela recomendava. O agente deixa de fazer algo que devia. A
negligência é anterior à conduta do agente. Ex.: sujeito deixa arma de fogo
sob a mesa, ao alcance da criança.
Imperícia – Só ocorre no bojo de uma profissão, arte ou ofício que o
agente, embora autorizado a exerce-la, não reúne conhecimentos teóricos
ou práticos para tanto. Ex.: Médico que se formou e mata um paciente.
Motorista de ônibus que perde o controle e mata passageiros.

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Imperícia ≠ erro profissional. Na imperícia a culpa é do agente. Já no


erro profissional a culpa é da ciência, é uma causa de exclusão da culpa.
Ex.: médico faz uma intervenção cirúrgica muito simples, recomendada
por todos os médicos e há muitos anos utilizada, mas, por imperícia, ou
seja, por inobservar as regras técnicas inerentes à profissão, acaba matando
o paciente. É o caso de crime culposo.

4.4 – Crime é todo fato típico, ilícito e culpável.


Fato Típico Ilicitude Culpabilidade
- Conduta (Dolo e - Relação de - Imputabilidade;
Culpa); contrariedade entre o
- Potencial consciência da
fato e a norma.
- Resultado; ilicitude;
-Relação de -Exigibilidade de conduta
causalidade; diversa.
-Tipicidade.

Importante saber que a tipicidade (último elemento do quadro do ‘fato


típico’) pode ser formal ou material. A tipicidade formal é a adequação
da conduta praticada ao crime previsto em lei (ex: a conduta de ‘matar
alguém’ é formalmente típica, pois prevista no art. 121). Já a tipicidade
material é a lesão ao bem jurídico tutelado. O princípio da
insignificância afasta a tipicidade material, pois se considera que a lesão
não é significativa.
Afastam a ilicitude: (LEEE) Legítima defesa; Estado de necessidade;
Estrito cumprimento do dever legal; Exercício regular de direito.

4.5 – Coação moral irresistível – a coação é psicológica, há uma


ameaça, intimidação. O fato é típico e ilícito, mas exclui a culpabilidade,
por falta de exigibilidade de conduta diversa.

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Coação moral resistível – também há uma ameaça, mas resistível,


portanto, respondem coagido e coator, incidindo atenuante para o coagido.
Coação física irresistível – aqui o coagido é corporalmente controlado
pelo coator. Ex: coator colocado o dedo do coagido no gatilho e dispara a
arma de fogo com o dedo do coagido. Falta vontade ao coagido, portanto,
o fato é atípico, por ausência de conduta.

4.6 – Fases do iter criminis (caminho do crime)

Cogitação: nunca é punível, pois não há sequer perigo de lesão.

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Preparação: via de regra, não se pune a preparação, exceto quando o


legislador previu como crime autônomo conduta que é ato preparatório de
outro crime ((ex.: associação criminosa é um crime autônomo e, ao mesmo
tempo, preparatório para a prática de outros crimes).

Execução: a realização do núcleo do tipo. Via de regra, a punibilidade


começa aqui.

Aqui entra o estudo do arrependimento e da desistência. Vimos que se


o agente praticou todos os atos executórios, mas se arrepende e impede a
produção do resultado, é caso de arrependimento eficaz. Mas se o agente
não prosseguiu na execução do crime, por vontade própria, então é caso de
desistência voluntária.

Consumação: foram realizados todos os elementos do tipo penal. Os


crimes materiais se consumam com a produção do resultado naturalístico
(ex.: homicídio se consuma com a morte). Já os crimes formais se
consumas com a mera prática da conduta (ex.: ameaça se consuma com a
promessa do mal injusto).

Exaurimento: Não integra o iter criminis. São os efeitos pós


consumação e produzem efeito apenas na dosimetria da pena. Cabíveis
apenas nos crimes formais, em que a consumação se dá com a mera prática
da conduta, sendo o resultado alcançado mero exaurimento.

5. Aplicação da lei penal

5.1 – Macete para gravar a regra adotada para tempo e lugar do crime,
em Direito Penal.
LUTA - Lugar = Ubiquidade; Tempo = Atividade

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Atividade - o momento do crime é o momento da conduta, não


importa o momento da consumação.
Ubiquidade/mista - lugar do crime é onde ocorreu a ação ou onde
produziu ou deveria produzir o resultado. Atenção: o Código de Processo
Penal adotou, para fins de fixação de competência, a teoria do resultado,
para lugar do crime. Não confundir.

5.2 – Lei Penal no espaço.


Territorialidade – Regra geral. Aplica-se a lei penal aos crimes
cometidos no território nacional.
Território nacional por extensão está previsto no §1º do art. 5º. São
as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço
do governo, onde quer que se encontrem, bem como mercantes ou

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privadas, que se achem no espaço aéreo e alto-mar. Ainda, aplica-se a lei


penal brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou
embarcações estrangeiras de propriedade privada, estando no território
nacional.
Esse é o ponto mais importante para o exame da OAB, quanto à
territorialidade. Vamos ilustrar algumas situações que podem ser cobradas
no exame, em que será aplicável a lei penal brasileira.
Ex.1: Dentro da embarcação/aeronave da presidência ocorre um crime
(natureza pública). Ainda que esteja bem longe do Brasil, sobrevoando ou
navegando em territórios estrangeiros, será aplicada a lei brasileira.
Ex.2: Dentro de embarcação/aeronave privada ocorre um crime. Só será
aplicada a lei brasileira se estiverem no espaço aérea/marítimo
correspondente ao território brasileiro ou em alto-mar (território de
ninguém). Se estiver em território estrangeiro, aplicar-se-á a lei
estrangeira.
Ex.3: Ocorre um crime dentro da embarcação/aeronave estrangeira. Só
será aplicada a lei penal nacional se estiver em território brasileiro, e desde
que sejam de propriedade privada.
Extraterritorialidade – Exceção. Aplica-se a lei brasileira aos
crimes cometidos no exterior. Só se aplica para crimes, não para
contravenções penais cometidas no exterior.
Extraterritorialidade incondicionada – Art. 7º, I. Nesses casos o
agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que julgado e absolvido ou
condenado no estrangeiro. São os crimes: (I) contra a vida ou liberdade do
Presidente; (II) patrimônio ou fé pública da administração direta e indireta
– aqui entram todos os entes da federação (União, Estado, DF e
Município), bem como empresas públicas, sociedade de economia mista,
autarquia ou fundação; (III) contra a administração pública, por quem está
a seu serviço; (IV) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
domiciliado no Brasil.

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Extraterritorialidade condicionada – Art. 7º, II. Aqui, aplica-se a lei


penal brasileira aos crimes cometidos no exterior: (I) que o Brasil se
obrigou a reprimir por convenção; (II) praticados por brasileiros. (III)
praticados em embarcações/aeronaves brasileiras privadas, em território
estrangeiro e neste lugar não forem julgadas; desde que: (a) o agente entre
no território nacional; (b) o fato seja punível também no país em que foi
praticado; (c) o crime permitir a extradição; (d) não ter sido o agente
absolvido ou cumprido pena no estrangeiro; (e) não ter sido o agente
perdoado ou extinta a punibilidade, no estrangeiro.
A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro
contra brasileiro fora do Brasil, se não foi pedida ou foi negada a
extradição e houve requisição do ministro da Justiça e estejam reunidas as
condições descritas acima.

6. Teoria do erro

6.1 – A palavra ‘erro’ deve ser interpretada em sentido amplo, para


abranger tanto o erro propriamente dito, quanto a ignorância. O erro
propriamente dito é a falsa percepção sobre algo. Já a ignorância é o total
desconhecimento do agente sobre algo.
A expressão ‘de tipo’, porque recai sobre um ou mais elementos do tipo
legal do crime. Ex.: furto. Subtrair para si ou para outrem coisa alheia
móvel. Está chovendo, todo mundo coloca o guarda-chuva na porta do
estabelecimento, na hora que sai, pega o guarda-chuva de outra pessoa.
Aqui o erro recai sobre o elemento ‘alheio’.
O erro de tipo pode ser ‘essencial’ ou ‘acidental’.
Erro de tipo essencial – O sujeito não sabe que está cometendo um
crime porque desconhece alguma circunstância elementar do tipo
penal. Elementar é tudo aquilo que, se retirado, afasta o crime. Ex.: João
pede para seu irmão André levar um saco de 1kg de farinha para sua avó,

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em outra cidade. Todavia, não era farinha, e sim cocaína, mas João
desconhecia a elementar ‘drogas’ (art. 33, lei 11.343/06), pois confiou em
seu irmão, acreditando ser farinha.
O erro de tipo essencial, sempre exclui o dolo. Se for
escusável/desculpável, exclui o dolo e a culpa. Se for
inescusável/indesculpável, exclui o dolo, mas permite a punição por
crime culposo, se previsto em lei.
O erro de tipo essencial pode ser escusável ou inescusável – Escusável
é sinônimo de desculpável. O agente errou, mas um homem médio, no
lugar dele, também erraria. Inescusável é sinônimo de indesculpável. O
agente errou, mas um homem médio, no lugar dele, não erraria. O critério
de distinção do erro escusável e inescusável é o homem médio. No
exemplo acima, pode-se dizer que o erro foi inescusável, pois João tinha
condições de saber que era droga no pacote, então, poderia responder por
crime culposo, todavia, como o crime de tráfico de drogas não prevê a
modalidade culposa, sua conduta ficará impune.
Erro de tipo acidental – É o que se contrapõe ao erro de tipo essencial.
No erro de tipo acidental, o erro incide sobre as circunstâncias ou dados
irrelevantes do crime.
O erro de tipo acidental pode ser:
Erro sobre a pessoa/error in persona – O agente confunde a pessoa
que queria atingir, com uma pessoa diversa. Há uma vítima virtual –
pessoa que o agente queria atingir –, uma vítima real – a pessoa
efetivamente atingida –, e entre elas, uma confusão. A vítima virtual não
corre nenhum perigo. Na aplicação da pena, leva-se em conta as
condições da vítima virtual. Ex.: se Y era maior de 60 anos e B tivesse
40 anos, mesmo sendo B atingido, haverá a agravante de cometer o crime
contra maior de 60 anos.
Erro sobre a coisa/objeto – Aqui é o objeto material, a coisa contra a
qual o crime é praticado. O agente queria praticar um crime contra uma

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determinada coisa, mas, por erro, acabou praticando crime contra coisa
diversa. Ex.: Segurança de shopping vê a joalheria e pensa em furtar,
quando fechar o local. À noite, abre a porta, pega um objeto dourado e vai
para casa. Depois, descobre que furtou uma bijuteria, quando achava que
estava furtando uma joia de ouro. Esse erro é irrelevante, porque o código
penal adotou a teoria da equivalência do bem jurídico. Responde pelo que
efetivamente furtou.
Erro sobre a qualificadora – O agente desconhece a presença de uma
qualificadora no caso concreto. Ex.: Jhonny furta um carro, utilizando-se
da chave original, achando que era uma chave falsa (qualificadora). Vai
responder somente pelo furto simples. Exclui a qualificadora, mas o agente
responde pelo crime, na sua modalidade fundamental.
Erro sobre o nexo causal – O resultado desejado se produz, mas com
nexo diverso, de maneira diferente da planejada pelo agente. Aqui,
mediante um só ato, o resultado visado é provocado, mas com outro nexo
de causalidade. Ex.: Quer matar afogado, joga a vítima de um penhasco,
mas antes de chegar ao rio a vítima bate com a cabeça na pedra e morre
por traumatismo craniano. Predomina o entendimento de que não
responderá pela asfixia (forma qualificada do homicídio), pois ela não
ocorreu.
Dolo geral/aberratio causae – É semelhante ao erro sobre o nexo
causal, mas aqui são duas as condutas. Sujeito atira na vítima e,
imaginando estar morta, a joga no rio, sendo a causa da morte o
afogamento/asfixia.
Predomina o entendimento de que o agente responde pelo nexo causal
que pretendia, e não pelo que de fato ocorreu. Aqui, também não responde
pela qualificadora da asfixia, pois não era seu dolo.
Erro na execução/aberractio ictus – Por acidente ou erro no uso dos
meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia
ofender, atinge pessoa diversa.

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É a falha no ataque, a má pontaria. Quero matar ‘A’, atiro e acerto ‘B’.


No erro na execução o agente sabe qual é a vítima que quer atingir, mas
por erro, atinge pessoa diversa. No erro sobre a pessoa o agente acredita
que a pessoa que está atingindo era seu alvo, mas na verdade o alvo era
outro.
No final, a consequência é a mesma, responde levando-se em
consideração as qualidades da pessoa que pretendia atingir.
Resultado diverso do pretendido/aberractio criminis – O agente queria
praticar um determinado crime, mas, por erro, acabou praticando crime
diverso. O agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime
culposo.
Ex.: Sujeito quer quebrar uma vidraça, atira uma pedra, mas acaba
acertando um pedestre. Responde pela lesão corporal culposa. Se o sujeito
queria acertar a pessoa, mas acaba acertando a vidraça, como não existe o
crime de dano culposo, não responderá por ter quebrado a vidraça. Se
cometer os dois crimes, responde em concurso formal (ex.: quer atingir um
carro, acerta a pedra nesse carro (dano doloso), a pedra quebra o vidro e
atinge a pessoa que estava dentro (lesão culposa). Responde pelos dois
crimes em concurso formal (uma conduta com dois ou mais resultados).

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PROCESSO PENAL

Novidades legislativas
Alterações no CPP
1 – Foi incluído o artigo 70, § 4º, no CPP, para fixar a competência do
domicílio da vítima, no crime de estelionato mediante depósito, emissão
de cheque ‘sem fundos’ ou com pagamento frustrado mediante
transferência. Se forem diversas as vítima, a competência será firmada pela
prevenção (o primeiro dos juízes competentes a proferir alguma decisão).

2 – Foram incluídos os artigos 400-A e 474-A, no CPP, para se garantir


que as vítimas de crimes, sobretudo contra a dignidade sexual, tenham
zelada sua integridade física e psicológica, durante a audiência (para evitar
que cenas como as vistas no caso Mariana Ferrer se repitam – para quem
não sabe, o advogado do acusado de estuprar a jovem, durante a audiência,
lançou diversas perguntas de cunho íntimo, de forma a denegrir a imagem
da vítima).

3 – As alterações promovidas pelo ‘pacote anticrime’, sobretudo a


possibilidade de acordo de não persecução penal, serão vistas em um tópico
próprio, devido sua relevância.

1. Recursos

1.1 – A apelação é o recurso cabível:


- contra sentença de juiz de primeira instância, condenatória ou
absolutória;

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- de decisões definitivas ou com força de definitivas contra as quais


não caiba RESE (recurso em sentido estrito);
- das decisões do tribunal do júri, quando: ocorrer nulidade posterior
à pronúncia; for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa
ou decisão dos jurados; houver erro ou injustiça na aplicação da pena;
for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos
– hipótese em que, se provido o recurso, resultará em novo julgamento pelo
plenário do júri).
Quanto à apelação contra decisões do tribunal do júri, importante
destacar que trata-se de recurso de fundamentação vinculada5, isto é, não
é devolvida toda a matéria, mas somente o ponto questionado no recurso.
Fundamentada a apelação na hipótese de decisão dos jurados
manifestamente contrária à prova dos autos, sendo provido o recurso,
será o acusado submetido a novo julgamento. Da decisão do júri, deste
novo julgamento, não se aceita nova apelação pelo mesmo motivo, ou
seja, não se aceita apelação fundamentada na hipótese de decisão dos
jurados contrária à prova dos autos, para ambas as partes (ex: réu foi
absolvido, mas o MP recorreu com base neste fundamento e houve novo
júri. Desta vez, o réu foi condenado, mas não poderá apelar alegando ser a
decisão contrária à prova dos autos, pois busca-se resguardar a soberania
dos vereditos. Nem réu, nem MP, poderão interpor apelação alegando ser
a decisão contrária à prova dos autos, se este fundamento já foi invocado
anteriormente e houve novo júri).
No entanto, como já vimos no tópico sobre JECRIM, no juizado
especial o processamento da apelação é diferente. Deve ser apresentada e
peça única a interposição e as razões, no prazo de 10 dias.

5
Súmula 713 STF – O efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri é
adstrito aos fundamentos de sua interposição.

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Memorize – A apelação tem prazos e forma diferentes no


JECRIM e no procedimento comum.

JECRIM CPP

Peça única (interposição + razões) Duas peças (primeiro interposição,


depois razões)

Prazo único de 10 dias Prazo da interposição de 5 dias e


das razões de 8 dias (se crime) ou 3
dias (se contravenção penal).

Cabe contra decisão que rejeita Cabe da sentença, das decisões do


denúncia e sentença Tribunal do Júri e decisões definitivas
que não caibam RESE (obs.: da
rejeição da denúncia, cabe RESE)

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A sentença que condena réu por crime doloso contra a vida cuja pena
seja igual ou superior a 15 anos não terá efeito suspensivo.

1.2 – Não sendo unânime a decisão do acórdão, desfavorável ao réu


(dos 3 desembargadores, um votou pela absolvição e dois pela
condenação), cabe embargos infringentes e de nulidade, que poderão ser
opostos no prazo de 10 dias. Se a divergência entre os desembargadores
for parcial, os embargos serão restritos à matéria divergente (ex: dois
desembargadores votaram para manter a pena e um deles para diminuí-la,
então os embargos serão restritos à dosimetria da pena, não se podendo
cogitar mais de absolvição).
Neste caso, haverá novo julgamento, agora, composto por cinco
desembargadores, não estando impedidos de votar aqueles que já votaram.
Importante ressaltar que o embargo infringente é recurso exclusivo do
réu. Se a decisão não unânime for em favor do réu (2x1 em favor da
absolvição), não pode o MP utilizar de tal recurso.

1.3 – O RESE é recurso cabível contra decisão interlocutória, cujas


hipóteses estão elencadas no rol taxativo nos incisos do artigo 581, do CPP.
O mais importante é saber que alguns incisos foram tacitamente
revogados, com a entrada em vigor da lei de execução penal. Portanto, as
hipóteses previstas nos incisos XI, XII, XVII, XIX, XX, XXI, XXII, XXIII
e XXIV são de competência do juiz da execução.

Memorize – O ‘pacote anticrime’ incluiu uma hipótese de


RESE: caberá contra decisão que recusar homologação à
proposta de acordo de não persecução penal.

O prazo de interposição é de cinco dias e de razões é de dois dias. O


RESE possui efeito suspensivo somente na hipótese de perda da fiança,
denegação de apelação, pronúncia e quebramento da fiança.

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1.4 – De toda e qualquer decisão proferida pelo juízo da execução,


cabe agravo em execução, no prazo de 5 dias para interposição e 2 dias
para razões.

2. Procedimentos

2.1 – Principais pontos sobre procedimento do júri:


Competência – julgar os crimes dolosos contra a vida, sejam
consumados ou tentados, e os conexos a eles. Portanto, nem todo crime
com resultado morte é de competência do júri. Ex: Latrocínio tem
resultado morte (roubo seguido de morte) mas é de competência do juízo
singular, pois é crime patrimonial, não contra a vida. Ex: homicídio
culposo é julgado pelo juiz singular – geralmente homicídio na direção de
veículo automotor.

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Dos crimes vistos na imagem acima, apenas infanticídio é crime


contra a vida e de competência do tribunal do júri.
Princípios do júri
Plenitude de defesa – é maior do que a ampla defesa. Aqui, a defesa e
o acusado podem se valer de argumentos extrajurídicos.
Sigilo das votações – a votação não é sigilosa. O que é sigiloso é o
voto do jurado, nem mesmo o juiz presidente do tribunal do júri pode
saber qual foi o voto do jurado. Essa votação é feita em uma sala especial,
onde somente irão os jurados, juiz, ministério público, os advogados (do
acusado, assistente e querelantes), o escrivão e o oficial de justiça. Na falta
de sala especial, o juiz-presidente determinará que o público se retire. O
acusado não acompanha a votação, somente seu advogado.
Soberania dos veredictos – um tribunal formado por juízes togados
não pode modificar no mérito a decisão dos jurados, embora as decisões
do júri sejam recorríveis. Os juízes togados somente podem cassar a
decisão e submeter o acusado a novo júri. É possível também que revise a
pena fixada pelo juiz-presidente, todavia, não podem decidir sobre
qualificadora, que é de competência do júri.
Procedimento – É um procedimento composto por duas fases: (1)
sumário da culpa – iudicium accusationis; (2) julgamento em plenário
(iudicium causae). Na primeira fase a decisão é de um juiz togado, que
poderá proferir uma das quatro seguintes decisões: (1) absolvição sumária;
(2) desclassificação; (3) pronunciamento; (4) impronunciamento. Se o juiz
pronunciar o acusado, ele será submetido ao julgamento pelo tribunal do
júri.
Impronúncia – deverá ser proferida em uma das duas situações: (1)
não provada a materialidade; (2) ausência de indícios suficientes da
autoria. Havendo prova nova dos fatos, poderá ser proposta nova denúncia.
Se havia conexão com outro crime e a decisão foi de impronúncia, então o

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crime conexo é remetido para o juízo singular competente. O recurso


cabível contra a impronúncia é a apelação.
Desclassificação – se o juiz entender que a acusação não versa sobre
crime doloso contra a vida, profere decisão de desclassificação. Ex.: MP
acusou de tentativa de homicídio, mas o juiz entendeu que não havia
animus necandi na conduta e desclassifica para lesão corporal, afastando a
competência do tribunal do júri. É possível desclassificação para crime
mais grave (acusado de homicídio e o juiz entende que foi latrocínio, cuja
pena é maior). O recurso cabível é o RESE.
Absolvição sumária – será absolvido sumariamente quando: (1)
provada inexistência do fato; (2) provado não ser o autor; (3) ser fato
atípico; (4) provada excludente de culpabilidade ou ilicitude. Essa
absolvição poderá ser imprópria (absolvido submetido e mediada de
segurança, por ser inimputável), desde que a única tese defensiva seja a
inimputabilidade. Se houver outra tese, além da inimputabilidade, não
caberá a absolvição imprópria, na medida em que se acolhida a outra tese,
poderá acarretar absolvição própria, mais benéfica. O recurso cabível é a
apelação.
Pronúncia – é o juízo de admissibilidade quanto à imputação de um
crime doloso contra a vida. É a decisão que submete o acusado a
julgamento pelo tribunal do júri. Para a decisão de pronúncia, basta que
esteja provada a materialidade e haja indício da autoria. Havendo
dúvida quanto o indício da autoria, a solução sempre foi pela pronúncia,
em razão do princípio in dubio pro societate, que vige nessa fase do júri.
Todavia, essa posição vem perdendo espaço e é possível alegar in dubio
pro reo. A pronúncia deve ser fundamentada, evitando excessos, devendo
o juiz se limitar à indicação da materialidade e existência de indícios
suficientes da autoria, para evitar a ‘eloquência acusatória’ (excesso
de fundamentação). Apenas deve constar na denúncia o tipo penal, as
qualificadoras e as causas de aumento. Não deve constar causas de
diminuição, atenuante/agravantes e concurso de crime. Realizada a

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pronúncia, fica delimitado o teor da acusação. A decisão de pronúncia


interrompe o prazo da prescrição, ainda que haja ulterior desclassificação,
em sede recursal.

Memorize - Para decorar os recursos cabíveis contra cada uma


dessas decisões, lembre-se que das decisões iniciadas com vogais
(Impronúncia e Absolvição sumária), o recuso inicia com vogal
(Apelação). Da mesma forma, das decisões que iniciam com
consoante (Pronúncia e Desclassificação = RESE).

Desaforamento – Consiste na mudança do local do júri, de uma


cidade para outra, nos casos de interesse de ordem pública, dúvida sobre
a imparcialidade do júri ou segurança pessoal do acusado (algumas
cidades são muito pequenas e a pessoa que está sendo submetida pode ser
influente, o que pode comprometer a imparcialidade do júri).
Debates
MP e Defesa = 1h30min cada.
Réplica e tréplica = 1h00min cada.
Apartes: As partes terão direito de pedir ao juiz togado a interrupção
da fala da outra parte (apartes), a fim de fazer observação ou crítica, no
tempo máximo de 3 minutos, sendo este tempo acrescido da parte que foi
interrompida.
Quesitação – São as perguntas formuladas aos jurados. O jurado não
fundamente o seu voto. A leitura dos quesitos é feita ainda em plenário e a
votação em sala especial. A cada um dos jurados serão entregues papéis
com as palavras ‘sim’ e ‘não’. A quesitação deve seguir uma ordem: (1)
materialidade do fato; (2) autoria; (3) deve haver absolvição?; (4) há causa
de diminuição de pena?; (5) há qualificadora ou aumento de pena?. A
resposta negativa de mais de três jurados para os quesitos sobre
materialidade e autoria implicam na absolvição. Ainda que os jurados
reconheçam que há materialidade e autoria, podem decidir pela absolvição.

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Memorize – É absoluta a nulidade do júri, por falta de quesito


obrigatório.

A inversão da ordem dos quesitos gera nulidade.

Apelação no júri – O ‘pacote anticrime’, lei nº 13.964/19, trouxe


importante inovação, quanto à apelação no procedimento do tribunal do
júri.
Dispõe o artigo 492, do CPP.
§ 4º A apelação interposta contra decisão condenatória do Tribunal
do Júri a uma pena igual o superior a 15 anos de reclusão NÃO TERÁ
EFEITO SUSPENSIVO.
§ 5º Excepcionalmente, poderá o tribunal atribuir efeito suspensivo à
apelação de que trata o § 4º, quando verificado cumulativamente que o
recurso:
I – não tem propósito meramente protelatório;
II – levanta questão substancial e que pode resultar em absolvição,
anulação da sentença, novo julgamento ou redução da pena para patamar
inferior a 15 anos de reclusão.

2.2 – Sobre juizado especial criminal – JECRIM:


Competência – Julgamento de infração de menor potencial ofensivo.
São assim considerados os crimes com pena máxima de até 2 anos e
contravenção penal, excluídos aqueles cometidos no âmbito da
violência doméstica ou familiar. Não se admite o processamento de
crimes processados sob o rito da lei Maria da Penha no JECRIM.
Fase preliminar – Antes da fase procedimental, há uma fase
preliminar. São dois os objetivos: composição dos danos civis e
transação penal.

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Composição dos danos civis: acordo realizado para que acusado repare
os danos civis (materiais, morais ou estéticos) causados à vítima.
Transação penal: objetiva a aplicação imediata de pena não privativa
de liberdade. São requisitos para o cabimento: (1) ser a infração de menor
potencial ofensivo; (2) não ser caso de arquivamento do termo
circunstanciado; (3) não ter sido condenado pela prática de crime à pena
privativa de liberdade; (4) não ter sido beneficiado com a transação nos
últimos 5 anos; (5) circunstancias judiciais favoráveis; (6) reparação
ambiental nos crimes ambientais.

Memorize – A possibilidade de transação penal deve ser


analisada antes da possibilidade de ANPP. Cabível a transação
penal, então deve ser aplicada. Se não for cabível, então avalia-
se a possibilidade de aplicação do ANPP.

Suspensão condicional do processo – O acusado se sujeita ao


cumprimento de certas condições, por um período de prova que pode variar
entre 2 e 4 anos, a fim de ser declarada extinta a punibilidade.
Essas condições não podem ser penas restritivas de direitos.
São requisitos para a concessão do sursis processual: (1) o crime
cometido ter pena mínima de até 1 ano, considerado o aumento do
concurso de crimes; (2) não estar sendo processado ou ter sido condenado
por outro crime; (3) presença dos demais requisitos que autorizam a
suspensão da pena (art. 77 CP).
A suspensão pode ser revogada de forma obrigatória (quando o
indivíduo não efetuar a reparação do dano ou for processado por outro
crime) ou de forma facultativa (se o acusado for processado por
contravenção penal ou descumprir condição imposta).

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3. Competência

3.1 – Via de regra, a competência territorial é determinada pelo local


onde em que se consumar a infração, ou, no caso da tentativa, pelo
lugar em que for praticado o último ato da execução. É a chamada
competência ratione loci (em razão do lugar). Foi adotada, portanto, a
teoria do resultado.
Justifica-se pela maior facilidade de se colher as provas no local em que
o crime foi cometido, por exemplo, oitiva de vítima e testemunhas.
A competência ratione loci (local da infração) é relativa, isto é, se não
observada, causa nulidade relativa e o vício convalida (ex: crime foi
processado em cidade diversa de onde ocorreu. Se não for arguida na
primeira oportunidade de falar nos autos, convalida-se).

3.2 – Competência dos crimes de contrabando e descaminho.


Descaminho é a falta de pagamento de imposto pela entrada ou saída
de mercadoria. A competência sempre é da Justiça Federal, pois visa a
proteção de impostos da União – leia-se, bens e interesses da União, que
atrai a competência da Justiça Federal.
Contrabando é importar ou exportar mercadoria proibida. Também
é de competência da Justiça Federal, pois atinge interesses da União,
especificamente a competência para definir os produtos que podem ou não
ser exportados e importados e ter circulação no território nacional.
Portanto, independentemente de transnacionalidade, a competência
para o julgamento dos crimes de contrabando e descaminho, é da Justiça
Federal, do local onde houver a apreensão dos bens.

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3.3 – A competência da Justiça Federal está prevista no art. 109, da


CF/88. O que precisa ser estudado para o exame da OAB é o seguinte:
O se inciso IV dispõe que é competência da Justiça Federal processar e
julgar: IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades
autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e
ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
Portanto, a CF/88 expressamente excluiu da competência da Justiça
Federal as contravenções penais, de modo que passam a ser julgadas pela
Justiça Estadual, mesmo quando atingir bens e interesses da União ou suas
entidades autárquicas ou empresas pública.
O exemplo mais clássico é a prática de contravenção penal que atinja
bens ou os interesses da Caixa Econômica Federal, uma empresa pública
da União. Nesta hipótese, ainda que a contravenção seja praticada em
conexão probatória com um crime, a contravenção será julgada pela Justiça
Estadual e o crime pela Justiça Federal.
É, inclusive, o teor da súmula 38, do STJ: ‘compete à Justiça Estadual
Comum, na vigência da CF/88, o processo por contravenção penal, ainda
que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesses da União ou
de suas entidades.’
Aprofundando um pouco mais no tema, parte da doutrina cita uma
exceção à regra de que a Justiça Federal não julga contravenções penais.
Seria a hipótese de contravenção Penal cometida por Juiz Federal, em
detrimento de bens ou interesses da União ou de suas entidades, na medida
em que cabe à Justiça Federal, mais precisamente aos Tribunais Regionais
Federais, julgar os juízes federais. Então, essa competência em razão da
pessoa (julgar os juízes federais), prevaleceria sobre a competência em
razão da matéria (não julgar as contravenções penais).
Importante anotar que havendo conexão de crimes de competência da
Justiça Federal e da Justiça Estadual, os processos serão julgados pela

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Justiça Federal. Isto é, a Justiça Federal atrai a competência, pois sua


previsão é constitucional.
Súmula 122, do STJ: ‘Compete à Justiça Federal o processo e
julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e
estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, a, do Código de Processo
Penal.’
O art. 78, II, ‘a’, do CPP, diz que a competência por conexão ou
continência será determinada pelo lugar da infração, à qual for cominada a
pena mais grave. Mas vimos que essa regra não se aplica, em crimes
conexos com a Justiça Federal, prevalecendo a competência da Justiça
Federal.
Portanto, havendo crime de homicídio (competência Estadual – pena
mais grave) conexo com um roubo à empresa pública (competência Federal
– crime menos grave), a competência não será do local da pena mais grave,
mas sim da Justiça Federal.

4. Inquérito Policial

4.1 – É um procedimento administrativo inquisitório e


preparatório, presidida pela autoridade policial, com o objetivo de
identificar fontes de prova e coletar elementos de informação quanto à
autoria e materialidade da infração penal, a fim de permitir que o titular
da ação penal possa ingressar em juízo.

4.2 – Os elementos informativos, isoladamente considerados, não


podem fundamentar uma sentença. Porém, tais elementos não devem ser
desprezados durante a fase judicial, podendo se somar à prova produzida
em juízo para auxiliar na formação da convicção do magistrado. No
entanto, há três hipóteses em que as provas produzidas na fase

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investigativa, devido a não possibilidade de serem reproduzidas em juízo,


que podem servir como fundamentação da sentença.
Provas cautelares – A ideia da palavra cautelar é uma urgência. É uma
prova de natureza urgente. Aquelas em que há um risco de
desaparecimento do objeto da prova em razão do decurso do tempo.
Dependem de autorização judicial, sendo o contraditório
diferido/postergado. Ex.: interceptação telefônica.
Provas não repetíveis – É aquela que uma vez produzida não tem como
ser novamente coletada em razão do desaparecimento da fonte probatória.
Não dependem de autorização judicial, sendo o contraditório diferido. Ex.:
Exame de corpo de delito.
Provas antecipadas – São aquelas produzidas com a observância do
contraditório real em momento processual distinto daquele legalmente
previsto, ou até mesmo antes do início do processo, em virtude de situação
de urgência e relevância. O contraditório será real, no momento da colheita
da prova.. Ex.: lei 13.431, art. 8º e 11, §1º - depoimento sem danos. Criança
vítima de violência sexual será ouvida uma única vez como prova
antecipada.

4.3 – Formas de instauração do inquérito policial:


Está diretamente ligada à espécie da ação penal do crime em questão.
Crimes de ação penal pública condicionada – Em se tratando de ação
penal pública condicionada o inquérito depende do implemento da
condição, qual seja, a representação da vítima ou requisição do Ministro
da Justiça.
Crimes de ação penal privada – Depende de requerimento da vítima
ou de seu representante legal. Não há necessidade de formalismo. Verifica-
se se de fato há intenção da vítima em levar adiante a persecução penal.

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Nesses dois casos o inquérito não pode ser instaurado de ofício, precisa
da manifestação da vítima, informal, não precisa assinar o requerimento.
Crimes de ação penal pública incondicionada
De ofício – O Delegado, através de suas atribuições, pode instaurar o
inquérito.
Requisição da autoridade judiciária ou MP – Cuidado com o art. 5, II
CPP, que diz que o inquérito pode ser instaurado por requisição do juiz ou
do MP. Para a maioria da doutrina essa requisição do juiz não teria sido
recepcionada pela CF/88, porque viola o sistema acusatório e a garantia da
imparcialidade. Não é papel do juiz ficar requisitando inquérito. O ideal
para o juiz é que se tomar conhecimento de um crime encaminhe os autos
para o MP analisar e requisitar eventual instauração de inquérito policial.
Requerimento do ofendido ou de seu representante legal – O ofendido
talvez seja o principal interessado em ver um inquérito policial instaurado.
Apresenta o requerimento ao delegado de polícia, que não está obrigado a
instaurar o inquérito. Desse indeferimento cabe recurso inominado para o
“chefe de polícia” – expressão antiga, esse chefe de polícia nem existe mais
na maioria dos Estados, esse papel fica a cargo do secretário de segurança
pública ou, a depender do Estado, fica a cargo do delegado geral da polícia
civil – (art. 5º §2º CPP).
Notícia oferecida por qualquer do povo – Art. 5º §3º. É uma mera
faculdade a qualquer do povo levar ao conhecimento do delegado a notícia
de um crime.
Auto de prisão em flagrante delito - Em alguns casos é comum que a
prisão em flagrante seja a própria investigação. Ex.: Tráfico de drogas,
onde o auto de prisão em flagrante reúne todos os elementos necessários
para oferecer denúncia.

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4.4 – A notitia criminis inqualificada (delação anônima), não serve,


por si só, para embasar a instauração do inquérito policial. O delegado deve
realizar diligências preliminares, a fim de verificar a procedência das
informações anônimas.

4.5 – Prazo de conclusão:

Legislação Réu solto Réu preso


CPP 30 dias 10 dias
Justiça Federal 30 dias 15 + 15 dias
Lei de drogas 90 + 90 dias 30 + 30 dias
Justiça Militar 40 dias 20 dias
Crimes contra 10 dias 10 dias
economia popular

4.6 – Arquivamento:

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O pacote anticrime alterou o art. 28, do Código de Processo Penal,


extinguindo a sistemática antiga (MP propõe, juiz homologa ou, se
discordar, remete ao PGJ, que pode mandar arquivar, oferecer a denúncia
ou designar outro promotor para oferecer a denúncia. ISSO NÃO EXISTE
MAIS).
Agora, nos termos do art. 28:
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de
quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão do
Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade
policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial
para fins de homologação, na forma da lei. – Nos termos do art. 18, o juiz
manda arquivar. Depois disso, o MP homologa ou não.
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o
arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias
do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da
instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a
respectiva lei orgânica. – é uma espécie de recurso, direcionado ao
Ministério Público.
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da
União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito
policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua
representação judicial.
Como se observa, a nova redação obedece o sistema acusatório, pois
retirou a participação do magistrado, na decisão de promoção de
arquivamento do inquérito.
Ademais, garantiu à vítima a fiscalização da atuação do Ministério
Público, ao prever que será comunicada da decisão. Querendo, a vítima
pode submeter o pedido de arquivamento à revisão, no prazo de 30 (trinta)
dias, ao órgão superior do Ministério Público, que é a Procuradoria-Geral
de Justiça, representada pelo Procurador Geral de Justiça, no caso de MP

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estadual. Já no MP da União, o pedido de revisão vai para a Câmara de


Coordenação e Revisão.

Atenção, pois o artigo 28 está SUSPENSO por decisão do STF. No


entanto, essa é a redação que consta no CPP e a decisão não previu,
expressamente, que o artigo revogado voltasse a produzir efeitos.

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5. Acordo de Não Persecução Penal

5.1 – Matéria de extrema relevância, pois de grande repercussão prática


e introduzida pelo ‘pacote anticrime’, com certeza uma questão sobre o
ANPP será cobrada na sua prova.
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado
confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem
violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos,
o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal,
desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime,
mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e
alternativamente:
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na
impossibilidade de fazê-lo;
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo
Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do crime;
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período
correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a
dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma
do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal);
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art.
45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a
entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da
execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens
jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito;
ou

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V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo


Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração
penal imputada.
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere
o caput deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e
diminuição aplicáveis ao caso concreto.
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes
hipóteses:
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados
Especiais Criminais, nos termos da lei;
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos
probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou
profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas;
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao
cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, transação
penal ou suspensão condicional do processo; e
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou
familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição do sexo
feminino, em favor do agressor.
3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e
será firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por
seu defensor.
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será
realizada audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade,
por meio da oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua
legalidade.
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as
condições dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá os

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autos ao Ministério Público para que seja reformulada a proposta de


acordo, com concordância do investigado e seu defensor.
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o
juiz devolverá os autos ao Ministério Público para que inicie sua
execução perante o juízo de execução penal.
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender
aos requisitos legais ou quando não for realizada a adequação a que se
refere o § 5º deste artigo.
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério
Público para a análise da necessidade de complementação das
investigações ou o oferecimento da denúncia.
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não
persecução penal e de seu descumprimento.
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo
de não persecução penal, o Ministério Público deverá comunicar ao
juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia.
§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo
investigado também poderá ser utilizado pelo Ministério Público como
justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão condicional
do processo.
§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução
penal não constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para
os fins previstos no inciso III do § 2º deste artigo.
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o
juízo competente decretará a extinção de punibilidade.
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor
o acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer a
remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código.

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6. Ação Penal

6.1 – Vamos começar entendendo quais são os tipos de ação penal e


suas principais características.
Ação Penal Pública – pode ser incondicionada ou condicionada à
representação da vítima.
Ação Penal Pública Incondicionada – o próprio nome já diz, é
incondicionada, não depende de qualquer condição para ser instaurada. A
titularidade da ação penal pública incondicionada é do Ministério Público,
que oferta denúncia contra o autor de infração penal. Via de regra, os
crimes em que os seus efeitos ultrapassam a pessoa da vítima direta são de
ação penal pública incondicionada, pois, de forma indireta, toda sociedade
é prejudicada. Se a lei for silente quanto ao tipo de ação penal de
determinado crime, então será pública incondicionada.
Ação Penal Pública Condicionada à representação – aqui a titularidade
da ação penal também é do Ministério Público, mas para que possa exerce-
la é necessário o preenchimento deste requisito de procedibilidade, qual
seja, a representação da vítima, exteriorizando sua vontade de ver o autor
do crime ser processado. Há expressa previsão na lei sobre quais os crimes
são de ação penal pública condicionada à representação (ex: 147-A e 171,
§ 5º, CP). Há um prazo de 06 (seis) meses para que a representação seja
ofertada, a ser contado do dia em que se conheceu a autoria do fato,
sob pena de decadência do direito de representação. A ação penal
pública condicionada não se limita à modalidade representação da vítima.
Há a hipótese de ação pena pública condicionada à requisição do Ministro
da Justiça, como, por exemplo, nos crimes contra a honra do Presidente
da República. Note que se trata de requisição, mas, no entanto, não obriga
o membro do Ministério Público a ajuizar ação penal.

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Ao contrário da requisição, que deve ser oferecida no prazo decadencial


de 06 (seis) meses, a lei não previu prazo para oferecimento de requisição.
Portanto, entende-se que a requisição não se sujeito a qualquer prazo
decadencial, podendo ser exercida a qualquer tempo.
Ação Penal Privada – é promovida diretamente pela vítima, assistida
por advogada, por meio da queixa-crime. Também a lei prevê quais crimes
são de ação penal privada, como, por exemplo, os crimes contra a honra.
Ação Penal Privada Subsidiária da Pública – cabível quando o
Ministério Público não oferecer denúncia no prazo legal (via de regra, 5
dias para réu preso e 15 dias para réu solto). Nestas hipóteses, abre-se a
oportunidade de a vítima intentar queixa-crime, pontuando-se que a
titularidade da ação penal continua sendo do MP, que poderá aditar a
queixa-crime, repudiá-la ou oferecer denúncia substitutiva.

6.2 – Vamos ver os princípios da ação penal pública.


Oficialidade – O Ministério Público é o órgão oficial incumbido de
ajuizar ação penal pública. É o titular privativo.
Obrigatoriedade – É a obrigatoriedade de o Ministério Público agir,
havendo justa causa (prova da materialidade e indícios da autoria do fato
criminoso). Essa ação do MP pode se dar pelo oferecimento da denúncia
ou então pela proposta de alguma medida despenalizadora, como acordo
de não persecução penal, transação penal etc.
Indisponibilidade – Ao Ministério Público não é facultado desistir da
ação penal ou do recurso interposto.
Divisibilidade – É o princípio já explicado no início.
Intranscendência – Consequência do princípio constitucional da
intransmissibilidade da pena. A ação penal (e a pena) não pode ultrapassar
a pessoa que cometeu o delito, atingindo seus familiares, por exemplo.

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6.3 – Quanto aos princípios da ação penal privada, um dos mais


importantes é o é o da indivisibilidade, por meio do qual a queixa-crime
contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, isto é,
se oferecer queixa-crime contra um dos autores, obrigatoriamente, devem
os coautores serem processados, também, sob pena de renúncia ao
exercício do direito de queixa, que resultará em extinção da punibilidade.
Vale destacar que somente se exige a queixa-crime contra todos os
autores quando se tem conhecimento da autoria. Quando a vítima
desconhece todos os autores que cometeram o crime, poderá ajuizar
queixa-crime somente contra aqueles que tem conhecimento.

6.4 – A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de


violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.
Via de regra a ação penal do crime de lesão corporal leve é
condicionada à representação, exceto nos casos envolvendo a lei Maria da
Penha, em que será de ação pública incondicionada.

6.5 – A ação penal do crime de estelionato sofreu significativa


alteração com o pacote anticrime. Veja na imagem.

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7. Prisão

7.1 – Vamos detalhar os pontos mais relevantes sobre prisão


preventiva.
É prisão cautelar, cabível durante a fase investigativa e processual.
Não tem prazo certo, no entanto, deve obedecer à razoável duração do
processo, sob pena de revogação, no caso de excesso de prazo, causado
exclusivamente na demora estatal em concluir o processo.
O ‘pacote anticrime’ (lei 13.964/19) introduziu a norma de revisão da
necessidade da manutenção da prisão preventiva a cada 90 (noventa
dias), mediante decisão fundamentada, sob pena de ilegalidade da prisão.
A decretação da prisão preventiva depende de provocação, isto é, o juiz
não pode decretar de ofício.

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Para que seja decretada a prisão preventiva é necessário fumus comissi


delicti (indícios da autoria) e periculum libertatis (perigo de se deixar a
pessoa em liberdade).
A prisão preventiva é medida extrema, bem por isso, deve ser adotada
como a ultima ratio, quando as medidas cautelares diversas da prisão (ver
quais são no art. 319, CPP) não se mostrarem suficientes.
A prisão preventiva pode ser decretada como (art. 312 CPP):
Garantia da ordem pública – é a paz social. Sujeito que
reiteradamente comete crimes coloca em risco a garantia da ordem pública.
Garantia da ordem econômica – tem a finalidade de coibir a ganância
do agente que comete crimes contra a livre concorrência, às relações de
consumo, à função social da propriedade e com abuso do poder econômico.
Conveniência da instrução criminal – objetiva a preservação de
futura produção de provas no processo, evitando-se que o acusado, se solto,
venha a intimidar vítima ou testemunhas.
Assegurar a aplicação da lei penal – visa evitar que o acusado, que
não possui residência fixa, com grande probabilidade de fugir, seja
submetido ao cumprimento da pena.
Essas hipóteses não são cumulativas, basta que esteja presenta apenas
uma, no caso concreto, para que seja decretada a prisão preventiva.
No entanto, somente será cabível para nas seguintes hipóteses:
Crimes dolosos punidos com pena máxima superior a 4 anos – não
há possibilidade de prisão preventiva em crimes culposos ou contravenção
penal. Importante destacar que, para os crimes culposos, pouco importa se
a pena é de reclusão ou de detenção.
Reincidente em crime doloso.
Se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher,
criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para

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garantir a execução das medidas protetivas de urgência – nesta hipótese,


vale ressaltar, não se observa o requisito da pena máxima ser superior a 4
anos, pois o que se busca aqui é garantir a execução das medidas
protetivas de urgência. Portanto, se uma mulher é vítima de lesão
corporal leve, cuja pena máxima não ultrapassa os 4 anos, presentes
alguma daquelas hipóteses do art. 312 do CPP, poderá ser decretada a
prisão preventiva, para garantir que o agressor obedece a distância que
deve tomar da vítima, caso venha descumprindo.
Por fim, caberá a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a
identidade civil da pessoa ou quando ela não fornecer elementos
suficientes para esclarecê-la. Mas cabe aqui uma observação, devem estar
presentes também os outros requisitos e o preso deve ser colocado em
liberdade imediatamente após a identificação.

7.2 – Prisão temporária não pode ser decretada de ofício pelo juiz.
Deve haver representação da autoridade policial ou requerimento do
Ministério Público. Quando houver representação do delegado de polícia
o juiz deve ouvir o Ministério Público, antes de decidir. O juiz tem o prazo
de 24h para decidir, a partir do recebimento da representação ou
requerimento.
A prisão temporária somente é cabível durante a fase investigativa,
no curso do inquérito policial, portanto, não cabe prisão temporária
processual.
O prazo da prisão temporária é de 5 dias, prorrogável por igual
período. Todavia, se o crime for hediondo, o prazo será de 30 dias,
prorrogável por igual período.

7.3 – Vamos detalhar tudo de mais relevante sobre prisão em flagrante


delito.

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O flagrante é a certeza visual do crime, aquilo que é notório. Resulta


em duas consequências: permissão de que qualquer do povo realize a
prisão; e desnecessidade de mandado de prisão, para tanto.
Encontra-se em situação de flagrante delito quem:
Está cometendo a infração penal ou acaba de cometê-la – são
hipóteses de flagrante próprio. Em ambas o agente ainda está no local do
crime.
É perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por
qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser o autor da
infração – Chamado de flagrante impróprio ou quase flagrante, o
agente não está mais no local dos fatos. Neste caso, não se faz necessário
o clamor público, o famoso ‘pega, ladrão!’, bradado por alguém do povo.
É possível, portanto, que o agente saia da vigilância da vítima.
Quanto à expressão logo após, não foi delimitado tempo para que fiquei
configurada. Pode ser, inclusive, que mais de 24h após a ocorrência dos
fatos o agente ainda esteja em situação de flagrante delito, desde que haja
perseguição ininterrupta. Essa perseguição, como já salientado, não precisa
ser digna de cinema, com contato visual a todo momento. Desde que sejam
tomadas diligências (viaturas em patrulhamento, por exemplo). A análise
é casuística, devendo ser preenchidos os dois requisitos: perseguição logo
após e detenção em situação que faça presumir ser o autor do crime.
É encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou
papéis que façam presumir ser ele autor da infração – Chamado de
flagrante presumido/ficto, nesta hipótese, não se exige perseguição,
como na anterior. Basta que o autor seja encontrado, ainda que de forma
casual, com algum instrumento, objeto, arma etc., que o faça presumir ser
o autor do crime. É a hipótese em que sujeito é detido após a prática de um
furto, na posse da res furtiva. O termo logo depois é sinônimo de ‘logo
após’, já detalhado, na hipótese anterior.
Algumas outras hipóteses de flagrante:

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Flagrante preparado – é aquele provocado de maneira ardilosa,


tornando impossível sua consumação, tratando-se, portanto, de crime
impossível, ilegal a prisão em flagrante, neste caso (ex: policial à paisana
vai até a ‘biqueira’ e pede para o traficante um pino de cocaína. No
momento em que o traficante vende a droga o policial dá voz de prisão em
flagrante. Válido dizer que o flagrante será preparado, nesta hipótese,
apenas para a modalidade ‘vender’, do tráfico de drogas, sendo lícito, no
entanto, a prisão realizada fundamentada na modalidade ‘trazer consigo’
ou ‘ter em depósito’, pois estas condutas já estavam sendo praticadas antes
mesmo do flagrante preparado pelo policial).
Flagrante diferido – é lícito e consiste no retardamento da ação
policial, para que o resultado do ‘flagrante’ seja mais eficaz. A lei do crime
organizado prevê o instituo denominado ação controlada, justamente para
que os líderes da organização possam ser detidos (ex: polícia está
monitorando caminhão cheio de drogas, pode intercepta-lo e prender o
condutor, mas aguarda um momento mais oportuno, em que o caminhão
chegará ao seu destino e será possível a prisão em flagrante de mais
integrantes da organização criminosa).
Flagrante esperado – também hipótese lícita, se dá quando o policial
tem conhecimento de que determinado crime será praticado, então aguarda
conduto do agente, para realizar a prisão.

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DIREITO CIVIL

Novidades legislativas
O fim da EIRELI e outras alterações em direito Empresarial, Civil
e Processual Civil
1 – Com a promulgação da lei 14.195/21, apelidada como lei da
desburocratização societária, toda EIRELI passará a ser considerada
Sociedade Limitada Unipessoal.

2 – Pessoas Jurídicas de Direito Privado passam a poder realizar


assembleias gerais por meios eletrônicos.

3 – Passa a ser prevista a modalidade de prescrição intercorrente no


direito Civil, cujos prazos são os mesmos da prescrição da pretensão.

4 – A maior parte das alterações no Código Civil estão relacionadas


com o Direito Empresarial. Vamos ver a redação de alguns artigos que
foram substancialmente alterados, como eram e como ficaram.
Art. 1.160 – sociedade anônima:
Como era: A sociedade anônima opera sob denominação designativa
do objeto social, integrada pelas expressões “sociedade anônima” ou
“companhia”, por extenso ou abreviadamente.
Como ficou: A sociedade anônima opera sob denominação, integrada
pelas expressões ‘sociedade anônima’ ou ‘companhia’, por extenso ou
abreviadamente, facultada a designação do objeto social.

Art. 1.161 – Sociedade comandita por ações:

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Como era: A sociedade em comandita por ações pode, em lugar de


firma, adotar denominação designativa do objeto social, aditada da
expressão “comandita por ações
Como ficou: A sociedade em comandita por ações pode, em lugar de
firma, adotar denominação, aditada da expressão ‘comandita por ações’,
facultada a designação do objeto social.

Art. 1.142 – Estabelecimento:


Como ficou: Considera-se estabelecimento todo complexo de bens
organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade
empresária.
§ 1º O estabelecimento não se confunde com o local onde se exerce a
atividade empresarial, que poderá ser físico ou virtual.

5 – A alteração da convenção de condomínio ou destinação do


edifício depende da aprovação de 2/3 dos votos dos condôminos.
Atenção, pois antes era necessária unanimidade para alteração da
destinação do condomínio, agora são 2/3.

1. Obrigações

1.1 – No direito das obrigações, via de regra, a eficácia é inter partes.


No entanto, pode-se conferir eficácia erga omnes (para todos). A situação
que pode aparecer no Exame da OAB é a seguinte: sou proprietário de um
imóvel e você é meu inquilino. Eu resolvo vender o imóvel, então uma
terceiro pessoa adquire e quer tirar você do imóvel, o que é permitido, já
que via de regra nosso contrato de locação tinha efeito inter partes (entre
as partes, somente). No entanto, se o contrato de locação for averbado no

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registro do imóvel, a eficácia passa a ser erga omnes (para todos), e o novo
proprietário terá que respeitar o contrato de locação.
Figuras Híbridas são as hipóteses em que se mistura o direito real com
o direito obrigacional.
A obrigação propter rem (própria da coisa) é uma das mais cobradas
no Exame da OAB. É a obrigação que surge pela simples aquisição de um
direito real de propriedade. Ao adquirir uma propriedade, adquire-se
também a obrigação própria dessa propriedade. Exemplo clássico é
que o proprietário de um apartamento tem a obrigação de pagar a taxa de
condomínio. Pode-se dizer, então, que a taxa condomínio é uma obrigação
propter rem do imóvel. Outro exemplo é que o proprietário de um veículo
automotor deve pagar o IPVA.
O ponto importante para saber é que o não cumprimento da obrigação
pode levar à perda da própria coisa. Portanto, o proprietário de um
imóvel que não paga a taxa condominial, pode perder o próprio
imóvel, para satisfazer a dívida, mesmo que se trate de bem de família.

Memorize – A obrigação propter rem é exceção ao bem de família,


portanto, aquele que não cumpre com a obrigação de pagar taxa de
condomínio pode perder o próprio imóvel para garantir a dívida.

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1.2 – Na obrigação de dar a regra de ouro é: o credor não é obrigado a


receber prestação diferente da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
Se o credor quiser receber, ok. Mas se não quiser, o devedor não pode
obriga-lo.
A obrigação de dar coisa certa consiste na entrega ou restituição de
uma coisa. Essa entrega recebe o nome de tradição. Portanto, a tradição é
a entrega da coisa certa. O credor não é obrigado a receber coisa diversa,
ainda que mais valiosa, pois o objeto é determinado.
Um dos pontos mais relevantes para prova da OAB é quanto à perda
do objeto antes do adimplemento da obrigação. Importante saber a regra
res perit domino – a coisa perece para o dono – que rege a obrigação de

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dar. Portanto, após a tradição, havendo a perda do objeto, a coisa perece


para o atual proprietário.

1.3 – A obrigação de dar coisa incerta é indicada pelo gênero e


quantidade. O objeto é determinável. A escolha cabe ao devedor,
porém, não poderá dar a coisa pior, nem pode ser obrigado a prestar a
melhor.
São duas as hipóteses em que o direito de escolha será transferido ao
credor: quando o devedor não o exercer ao tempo da tradição ou, ainda,
quando avençado entre as partes.

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Por fim, tratando-se de obrigação de dar coisa incerta, não pode o


devedor alegar a perda ou deterioração do objeto, haja vista sua
inexistência material.
Logo, só depois de feita a escolha com ciência poderá falar-se em
perdas e danos sem culpa. Não havendo perdas e danos antes da escolha,
de acordo com o princípio Genus nunquam perit – o gênero nunca
perece.

1.4 – Vamos ver uma tabela esquematizada sobre a perda da coisa na


obrigação de dar e suas consequências.
Lembrando que a obrigação de dar pode ser na modalidade entregar ou
restituir. Se eu devo entregar, a propriedade ainda é minha e ó se transfere
após a tradição (efetiva entrega da coisa). Se eu devo restituir, a
propriedade não é minha, é de quem eu tomei emprestada a coisa.
Pela regra do res perit domino, se a perda se dá SEM culpa do devedor,
sofrerá o prejuízo o dono.
Dar coisa certa COM culpa devedor = COM perdas de danos.
Resolve-se a obrigação, devolve-se o que foi
(perda total/perecimento)
pago e o culpado paga perdas e danos.

SEM culpa devedor = SEM perdas e danos. O


contrato resolve-se, devolve-se o que foi pago.

Dar coisa certa SEM culpa devedor = credor escolhe se fica


com o bem descontado o valor que perdeu ou
(perda parcial/deterioração)
se resolve a obrigação, sem perdas e danos.

COM culpa devedor = idem acima, mas com


perdas e danos

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Obrigação restituir SEM culpa devedor = credor sofre a perda

(perda total/perecimento) COM culpa do devedor = credor sofre a perda


e devedor responde pelo equivalente à coisa
COM perdas e danos.

Obrigação de restituir SEM culpa devedor = credor recebe a coisa no


estado em que se encontra, SEM perdas e danos
(perda parcial/deterioração)
COM culpa do devedor = o devedor responderá
pelo equivalente, COM perdas e danos

Dar coisa incerta Aqui vale a regra genus nunquam perit – o


gênero nunca perece. Mesmo se houver caso
fortuito ou força maior, o devedor não poderá
alegar a perda/deterioração do bem.

Memorize – COM culpa = COM perdas e danos; SEM culpa = SEM


PERDAS e danos.

A culpa aferida sempre é do devedor (aquele que deve cumprir a


obrigação, dar a coisa).

Se o devedor deve entregar a coisa e ela se perde, quem fica com o


prejuízo é ele próprio, o devedor.

Se o devedor deve restituir a coisa e ela se perde, quem fica com o


prejuízo é terceiro, quem emprestou a coisa.

1.5 – Na obrigação de fazer o conteúdo é uma tarefa a ser


desempenhada pelo devedor, que pode ser substituível ou não.
Pode ser fungível ou infungível.
Fungível – Pode ser cumprida por terceiro. Não é personalíssima
(intuitu personae).

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Havendo inadimplemento com culpa do devedor, o credor pode exigir:


(1) o cumprimento forçado da obrigação; (2) cumprimento por terceiro às
custas do devedor originários; (3) resolução da obrigação com perdas e
danos.
Em caso de urgência, pode o credor executar ou mandar executar,
independentemente de autorização judicial, sendo depois ressarcido.
Infungível – É intuitu personae, logo, não pode ser cumprida por
terceiro.
No caso de inadimplemento com culpa do devedor, o credor poderá
exigir: (1) cumprimento forçado; (2) resolução com perdas e danos.
Tanto na obrigação de fazer fungível quanto na infungível, se houver
inadimplemento ou impossibilidade sem culpa do devedor, a obrigação
estará resolvida e extinta.

1.6 – A obrigação de não fazer é intuitu personae, ou infungível.


Havendo inadimplemento com culpa do devedor, o credor poderá exigir:
(1) que o ato não seja praticado ou seja desfeito; (2) resolução com perdas
e danos.
Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer a
obrigação, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do
devido ressarcimento posterior.

1.7 – A obrigação alternativa será satisfeita quando o devedor cumprir


qualquer uma das obrigações ajustadas. Via de regra, se não houver
previsão contratual, o devedor escolhe qual prestação irá cumprir.
Há a possibilidade de as partes designarem um terceiro para efetivar a
escolha. Se o terceiro não quiser fazer a escolha cabe às partes escolherem.
Não havendo acordo entre as partes, cabe ao juiz escolher.

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1.8 – A obrigação solidária se dá quando há mais de um credor (ativa)


e/ou devedor (passiva), com direito/obrigação pela dívida toda.
A solidariedade decorre da lei ou da vontade das partes.
Solidariedade ativa
Cada um dos credores pode exigir a prestação por inteiro. O devedor
poderá pagar a qualquer um dos credores, enquanto nenhum deles
demandar contra o devedor. Vamos a algumas possibilidades, sempre com
o exemplo de que C deve 20 mil para os credores solidários A e B.
1ª – C deve 20 mil para os credores solidários A e B. Pagando 10 mil
para A, essa parte da obrigação é extinta, podendo qualquer dos credores
cobrar o restante.
2ª – Se um dos credores solidários (A e B) falecer, os herdeiros têm
direito de exigir e receber a quota que corresponde ao seu quinhão
hereditário, desaparecendo a solidariedade entres esses herdeiros. Ex.: A
faleceu e deixou os herdeiros A1e A2. Cada um desses herdeiros tem
direito a exigir 5 mil, não havendo solidariedade entre eles, ou seja, C terá
de pagar 5 mil para cada, não pode pagar 10 mil para somente um.
3ª – Ainda que convertida a prestação em perdas e danos, subsiste a
solidariedade. Além dos 20 mil, a obrigação é convertida em mais 20 mil
de perdas e danos. Agora C deve 40 mil para A e B, continuando a
solidariedade.
4ª – O credor que perdoar a dívida ou recebido o pagamento responderá
aos outros pela parte que lhes caibam. Se C pagou os 20 mil para A, então
A passa a dever 10 mil para B. Da mesma forma, se A perdoou a dívida de
C, terá de pagar a parte de B.
5ª – A decisão judicial contrária a um dos credores não atinge os demais.
Já a decisão favorável a um dos credores, aproveita aos demais.

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Solidariedade passiva
Aqui a situação é inversa, há um credor e mais de um devedor, tendo o
credor direito de receber parcial ou totalmente a prestação de qualquer dos
devedores. Se o pagamento for parcial, todos devedores continuam
solidários em relação ao restante.
1ª – Na hipótese de haver três devedores (A, B e Z), se o credor
renunciar a solidariedade de Z (dizer que Z não é mais solidário), a
solidariedade continua entre A e B. Z continua devedor, mas não mais
solidário. Se a dívida é de 30 mil e C renuncia à solidariedade de Z, então
Z passa a dever 10 mil e A e B, solidariamente, respondem por 20 mil.
2ª – Já se houver perdão (remissão) da prestação em relação a Z, A e B
passam a responder solidariamente pelo restante da dívida, de 20 mil, e Z
não deve mais nada.
3ª – Se um dos devedores solidários falecer e deixar herdeiros, cada um
responde pela quota que corresponder ao seu quinhão, até o limite da
herança que lhes caibam.
4ª – Havendo impossibilidade da prestação por culpa de um devedor,
todos continuam obrigados a pagar o equivalente à prestação, mas pelas
perdas e danos somente responde o culpado.
5ª – O devedor que paga a dívida por inteiro tem direito de exigir dos
demais as suas quotas. Devedor A pagou os 20 mil para credor C, então o
devedor A tem direito de cobrar 10 mil do devedor B.

1.9 – A mora consiste no atraso, configurando-se como


inadimplemento relativo da obrigação. Considera-se em mora o devedor
que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no
tempo, no lugar e na forma que a lei ou a convenção estabelecer.
A constituição em mora é automática (ex re) se houver descumprimento
da prestação com prazo estipulado.

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É preciso ter atenção ao diferenciar a mora ex re da mora ex persona.


Mora ex re é a mora automática, a obrigação deveria ser cumprida em
tempo certo, consumando-se independente de notificação. Já a mora ex
persona depende de notificação, pois não há data fixada para cumprir a
obrigação, tornando necessário, portanto, a interpelação do credor.
a) Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais
juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais
regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
b) Se devida a mora, a prestação tornar-se inútil, o credor poderá
enjeitá-la e cobrar perdas e danos.
c) O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo
(vencimento), constitui de pleno direito em mora o devedor.
d) No caso de obrigação sem termo (vencimento), a mora se constitui
mediante interpelação judicial ou extrajudicial.
e) Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor
em mora desde que o praticou.
A cessação da mora decorre da extinção da obrigação, por anistia,
perdão, entre outros, e não de um comportamento ativo do contratante
moroso, destinado a sanar sua falta ou omissão. Produz efeitos pretéritos,
isto é, o devedor não será obrigado a pagar a dívida vencida.
A purgação da mora, por sua vez, somente produz efeitos futuros,
não eliminando os pretéritos, ou seja, os já produzidos. Purgar a mora
significa neutralizar seus efeitos. Assim, aquele que nela incidiu corrige,
sana sua falta, cumprindo a obrigação já descumprida e ressarcindo os
prejuízos causados à outra parte, conforme o art. 401 do CC/2002.
Teoria do adimplemento substancial – De acordo com essa teoria,
nos casos em que o contrato tiver sido quase todo cumprido, sendo a mora
insignificante, não caberá sua extinção, mas somente outros efeitos
jurídicos, como a cobrança ou o pedido de indenização por perdas e danos.

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1.10 – Em regra, o inadimplemento gera dano. Pode ser dano material


ou simplesmente moral. Entende-se, assim, por perdas e danos a
indenização imposta ao devedor que não cumpriu a obrigação, total
ou parcialmente.
As perdas e os danos devidos ao credor abrangem, além do que ele
efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar (lucros
cessantes).
Nota-se, portanto, que o dispositivo estabelece a extensão das perdas e
danos, que devem abranger:
Danos emergentes: trata-se da diminuição patrimonial sofrida pelo
credor; é aquilo que ele efetivamente perde, seja porque teve depreciado o
seu patrimônio, seja porque aumentou o seu passivo.
Lucros cessantes: consistem na diminuição potencial do patrimônio do
credor, pelo lucro que deixou de auferir, considerando o inadimplemento
do devedor.
Juros – Entende-se por juros os rendimentos do capital. São
considerados frutos civis da coisa, assim como os aluguéis. Representam,
assim, o pagamento pela utilização de certo capital alheio, integrando,
dessa maneira, a classe das coisas acessórias, conforme o art. 95 do
CC/2002.
São espécies de juros:
Compensatórios (remuneratórios): são os juros devidos como
compensação pela utilização de capital alheio, sendo previstos em contrato.
Por exemplo, os decorrentes de um empréstimo de dinheiro.
Moratórios: decorrem do atraso na devolução do capital ou no
descumprimento da obrigação, sendo juros convencionais ou legais.
Simples: são calculados sobre o capital inicial.

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Compostos: são capitalizados anualmente, calculando-se os juros


sobre juros.
É importante saber que os juros moratórios não anulam os juros
compensatórios, pois incidem em momentos diferente e advêm de causas
diversas.
Cláusula penal – A cláusula penal, chamada ainda de multa
contratual ou pena convencional, é uma obrigação acessória pactuada
previamente pelas partes com a finalidade de garantir o cumprimento da
obrigação ou de fixar de forma antecipada as perdas e danos. Incorre de
pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que, culposamente, deixe
de cumprir a obrigação ou se constitua em mora. É importante saber
que a cláusula penal não pode exceder o valor da obrigação principal.
Arras ou sinal – As arras ou sinal consistem no depósito feito por uma
das partes no momento em que o contrato é celebrado com o intuito de
garantir o cumprimento da obrigação ou de antecipar a indenização
devida em caso de descumprimento.
Ponto relevante sobre o tema é que as arras possuem natureza
acessória, dependendo, portanto, da existência de um contrato
principal.
As arras podem ser confirmatórias ou penitenciais. As arras
confirmatórias visam confirmar a execução do contrato/obrigação. Por
fim, as arras penitenciais possibilitam o direito de arrependimento e
fixam previamente a indenização no caso do seu exercício.

1.11 – Do adimplemento e da extinção das obrigações. Tem o


direito/dever de quitar a obrigação o devedor ou seu representante e
o terceiro interessado ou não interessado. A obrigação deve ser paga
ao credor ou ao seu representante ou ainda ao terceiro.

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É importante saber que o pagamento feito ao terceiro somente terá


eficácia jurídica se o credor o ratificar ou se o devedor provar que o
pagamento se reverteu em proveito do credor.
Sobre o tema, é relevante saber que existe ainda a possibilidade de o
pagamento ser feito ao credor putativo. O credor putativo é o credor
aparente, ou seja, trata-se de um terceiro que não é o credor da obrigação,
mas que a recebe induzindo o devedor a erro.
Condições objetivas do pagamento – As condições objetivas do
pagamento dizem respeito ao seu objeto e demais requisitos.
O objeto do pagamento está previsto a partir do art. 313 do CC/2002.
Trata-se da prestação a ser realizada para o adimplemento da obrigação.
Por sua vez, o lugar do pagamento está previsto a partir do art. 327 do
CC/2002.
O CC/2002 adotou como regra para o lugar do pagamento o domicílio
do devedor, caso em que se diz que a dívida é quesível ou querable.
Como exceção, a dívida pode ser paga no domicílio do credor, caso em
que passa a ser chamada de dívida portável ou portable.
Por fim, no que diz respeito ao tempo do pagamento, a regra é que
toda obrigação deve ser paga no seu vencimento.
Para as obrigações que não tenham vencimento certo, o CC/2002
permite que o credor possa exigi-las de imediato.

1.12 – A cessão do crédito é ato negocial bilateral, por meio do qual o


credor transfere (cedente) seu crédito a outro credor (cessionário),
mantendo-se a mesma relação obrigacional do devedor.
A cessão de crédito não tem eficácia em relação ao devedor, se este
não for notificado dessa mudança de credor. Considera-se notificado o
devedor que se declara ciente da cessão feita, em escrito público ou

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particular. Perceba que o devedor não participa da cessão, tampouco


precisa aprova-la, basta que ele seja notificado.
A notificação pode ser judicial ou extrajudicial e qualquer interessado
pode fazê-la.
Se o devedor não for avisado da cessão e pagar ao devedor que cedeu a
dívida, fica desobrigado com relação ao novo credor (ex: A cedeu para B
o crédito que Z lhe devia. Z não foi notificado e pagou para A. Por não ter
sido notificado, Z não tem qualquer obrigação com B.). Mesma situação se
o crédito for cedido a mais de um cessionário e o devedor pagar ao
cessionário que lhe apresentar o título de cessão. O devedor, aqui, fica
desobrigado em relação aos outros cessionários.

1.13 – Quanto aos negócios jurídicos, a manifestação de vontade


subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o
que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.
Reserva mental se configura quando um dos declarantes oculta a sua
verdadeira intenção, quando não quer um efeito jurídico que declara
querer. Se a parte contrária não tomar conhecimento da reserva mental, o
negócio/ato subsiste e produz seus efeitos.
No entanto, se o destinatário conhece a reserva mental, então o negócio
não mais subsiste, pois configura hipótese de simulação – o negócio
jurídico tem aparência de normal, mas não pretende atingir o efeito que
deveria produzir – resultando na nulidade do negócio jurídico.

2. Contratos

2.1 – A boa-fé objetiva é um dos princípios que regem os contratos.


Por este princípio, as partes devem adotar um padrão de conduta em que

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são respeitadas as expectativas da outra parte. Daí, decorrem importantes


institutos jurídicos com alta recorrência no exame da OAB.
Teoria do adimplemento substancial – nos casos em que o contrato
tiver sido quase todo cumprido, sendo a mora insignificante, não caberá
sua extinção, mas somente outros efeitos jurídicos, como a cobrança ou o
pedido de indenização por perdas e danos.
Nemo potest venire contra factum proprium – a ninguém é dado vir
contra os seus próprios atos. Busca reprimir a adoção de comportamentos
contraditórios quanto estes violarem a confiança depositada entre as partes.
Supressio e surrectio – São ‘dois lados da moeda’. Um comportamento
reiterado faz suprimir (supressio) ou surgir (surrectio) um direito. Ex:
supressio – no contrato de locação há previsão de que a dívida seria
portável (paga no domicílio do credor), mas, durante anos, o credor vai até
o domicílio do devedor receber o valor, tornando, assim, a dívida quesível
(pagamento no domicílio do devedor). Houve a supressão do direito
portável, previsto em contrato, e surgiu o direito quesível, pelo
comportamento do credor.
Tu quoque – se o titular deseja exercer um direito, deve respeitar as
expectativas da outra parte. Basicamente, o direito pode ser exigido a partir
do momento em que forem cumpridos seus deveres. Nos contratos
bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação,
pode exigir o implemento da obrigação do outro.

2.2 – Dentro do princípio da justiça contratual, há a teoria da


imprevisão, pela qual quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier
desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do
momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte,
de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação –
aplicação da cláusula rebus sic stantibus, que é uma cláusula implícita
(portanto, não escrita) pela qual a obrigatoriedade do cumprimento do

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contrato pressupõe a inalterabilidade da situação de fatos. Se a situação se


modificar em razão de acontecimentos extraordinários, que tornem
excessivamente oneroso para o devedor o seu adimplemento, poderá a
parte requerer ao juízo que o isente, total ou parcialmente, da obrigação.
O fato extraordinário e imprevisível causador da onerosidade excessiva
é aquele que não está coberto objetivamente pelos riscos próprios da
contratação.
A aplicação da teoria da imprevisão tem como requisitos:
a) vigência de um contrato comutativo (em que as partes conhecem
previamente as prestações e obrigações assumidas) e de execução diferida
(em ato único, porém postergada no tempo) ou de trato sucessivo (em atos
sucessivos, parcelados)
b) ocorrência superveniente de fato extraordinário e imprevisível
c) considerável alteração da situação de fato existente no momento da
execução, em confronto com a que existia por ocasião da celebração e
d) onerosidade excessiva para um dos contratantes e vantagem
excessiva para o outro.
Em regra, a teoria da imprevisão não é aplicável aos contratos
aleatórios, porque estes envolvem um risco já assumido pelas partes, salvo
se o evento imprevisível decorrer de fatores estranhos ao risco próprio do
contrato.

2.3 – O pacto sucessório (pacto corvina) é a proibição da herança de


pessoa viva consta como objeto de um contrato. O contrato que trouxer
essa previsão será nulo.

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2.4 – Distrato é o acordo de vontades, cuja finalidade é a rescisão ou


anulação de um contrato anteriormente pactuado entre as partes. Trata-se
de resilição bilateral.
Quando apenas uma das partes quer a rescisão do contrato, hipótese de
resilição unilateral, denomina-se denúncia.
O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato,
quando houver previsão de forma especial. Isto significa que se o
contrato com forma especial for escrito, o distrato também deve ser escrito.
Quando o contrato for de forma livre o distrato não precisa seguir sua
forma.
Os efeitos do distrato são ex nunc (não retroagem), não se desfazendo
os efeitos anteriormente produzidos.

2.5 – O mútuo (empréstimo de coisa fungível, por exemplo, dinheiro)


feito a pessoa menor de dezoito anos, sem prévia autorização de seu
responsável legal, não pode ser reavido nem do menor, nem de seus
fiadores. A dívida (schuld) existe, mas não há a correspondente
responsabilidade (haftung). Portanto, é hipótese de schuld sem haftung.
No entanto, torna-se possível reaver o empréstimo se:
- o responsável pelo menor ratificar a autorização, posteriormente;.
- o menor obtiver o empréstimo de forma maliciosa;
- o empréstimo se reverter em favor do menor;
- o menor tomar o empréstimo enquanto ausente seu responsável, para
adquirir seus alimentos habituais;
- o menor tiver bens adquiridos com o próprio trabalho, não podendo
ser reavido montante maior do que o auferido pelo menor.

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2.6 – A compra e venda entre ascendente e descendente depende de


consentimento dos demais herdeiros, dispensado o consentimento do
cônjuge se o regime for de separação obrigatória.
É anulável a compra e venda entre ascendente e descendente sem o
consentimento dos demais herdeiros. Não importa em antecipação de
herança, pois o patrimônio é recomposto.
O prazo da ação de anulabilidade é decadencial de 02 (dois) anos,
contados do conhecimento do negócio (actio nata).
Em se tratando de doação de ascendente a descendente, não há
necessidade de consentimento dos outros descendentes, uma vez que a
doação de ascendente a descendente é considerada antecipação de
herança (salvo expressa disposição de que aquilo sai da parte disponível),
razão pela qual o descendente deverá trazer à colação o bem quando o
ascendente falecer.

2.7 – São elementos constitutivos da compra e venda a coisa, o preço


e o consentimento, que pressupõe capacidade das partes e manifestação
livre e espontânea da vontade, sem vícios.
Coisa – O bem móvel ou imóvel que é suscetível de alienação abrange
todo aquele que não se encontre fora do comércio, seja ele corpóreo ou
incorpóreo. Deve-se, evidentemente, observar as regras gerais do negócio
jurídico, tonando-se nulo, por exemplo, o contrato de compra e venda, cujo
objeto seja a venda de herança de pessoa viva, dada a ilicitude de tal ato.
O preço – O preço do bem deve constar da cláusula expressa no
contrato de compra e venda, traduzindo uma soma em dinheiro. O preço é
elemento essencial do contrato, sob pena de nulidade. A regra é que ele
seja fixado livremente, havendo, portanto, livre debate entre as partes. O
preço estipulado por terceiro, por convenção dos contratantes, é válido. O
contrato de compra e venda será nulo quando se deixa ao arbítrio exclusivo

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de uma das partes a fixação do preço. No caso de pagamento com cartão


de crédito, será considerada forma de pagamento à vista
Consenso – As partes devem acordar sobre o objeto e o preço no
contrato de compra e venda. Para expressar o consentimento, deve a parte
ser absolutamente capaz ou, quando incapaz, ser representada ou assistida.

2.8 – Limitações à autonomia privada no contrato de compra e


venda:
Na tutela da ordem pública e em observância ao princípio da função
social do contrato, o legislador, em determinadas hipóteses, restringiu a
liberdade das pessoas de celebrar contrato de compra e venda.
Compra e venda entre ascendente e descendente – É anulável a
venda de ascendente para descendente sem o consentimento expresso
dos demais descendentes e do cônjuge, exceto no regime da separação
obrigatória, quanto a bens particulares. A restrição se refere à venda de
ascendente a descendente, não se aplicando à venda de descendente para
ascendente.
Compra e venda entre cônjuges – O CC/2002 não proíbe a compra e
venda entre cônjuges, desde que o objeto do contrato seja bem excluído da
comunhão.
- Venda entre cônjuges de acordo com o regime de bens
a) Regime da comunhão parcial de bens: É possível quanto aos bens
particulares, desde que não haja ilicitude ou fraude.
b) Regime da comunhão universal de bens: É possível quanto aos bens
incomunicáveis (art. 1.668, CC/2002), desde que não haja ilicitude ou
fraude.

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c) Regime da participação final nos aquestos: É possível em relação aos


bens que não entram na participação, desde que não haja ilicitude ou
fraude.
d) Regime da separação de bens legal ou convencional: É possível, em
regra, desde que não haja ilicitude ou fraude.
Bens sob a administração de terceiros – Sob pena de nulidade, não
podem ser comprados: pelos tutores, curadores, testamenteiros e
administradores, os bens em sua guarda; pelos servidores públicos os bens
da administração pública a que servirem; pelos serventuários da justiça os
bens que se litigar em juízo; pelos leiloeiros os bens que esteja leiloando.
Da venda de bens em condomínio – Se o bem estiver em condomínio,
o condômino deve garantir o direito de preferência dos demais
condôminos, os quais, caso desrespeitado tal direito de preferência, no
prazo decadencial de 180 dias, podem depositar o preço pago pelo terceiro
e haver a coisa para si. Se são vários os condôminos, deverá ser obedecida
a seguinte ordem estabelecida no art. 504, parágrafo único, do CC/2002: a)
o que tiver benfeitorias de maior valor; b) na falta de benfeitorias, o de
quinhão maior; c) se as partes forem iguais, haverá a parte vendida os
coproprietários, que a quiserem, depositando previamente o preço.

2.9 – Sobre contratos de compra e venda especiais:


Venda mediante amostra – O vendedor assegura qualidades, sob pena
de inadimplemento, e, se houver diferença entre a amostra e a sua descrição
no contrato, prevalece as características da coisa paradigma.
Venda ad corpus e ad mensuram – Na venda ad mensuram (por
metragem), o preço é estipulado com base na metragem do imóvel. Caso
se descubra que a área é menor, o comprador terá direito a complementação
da área (ação ex empto ou ex vendito). Se não for possível, poderá pedir a
resolução (extinção) do contrato ou abatimento proporcional do preço.
Deve-se destacar que o prazo decadencial para ações de complementação

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é de um ano, contado do registro Já na venda ad corpus, o imóvel é descrito


como coisa certa, sem referência à metragem. Por exemplo: compra e
venda da Fazenda Belo Horizonte (“porteira fechada”).
Direito de preempção ou preferência – A cláusula de preempção ou
preferência é aquela por meio da qual o comprador de um bem móvel ou
imóvel terá a obrigação de oferecê-lo a quem o vendeu, mediante
notificação judicial ou extrajudicial, para que este use do seu direito de
prelação em igualdade de condições no caso de eventual alienação futura.
A preempção pode ser convencional (decorre do acordo contratual),
caso em que cabe perdas e danos e cujo prazo prescricional é de três anos;
ou legal, a favor do condômino, caso em que é cabível a anulação da
compra e venda ou adjudicação (efeito erga omnes) e cujo prazo
decadencial é de 180 dias
Retrovenda ou cláusula de resgate – Trata-se de cláusula na qual o
alienante da coisa imóvel pode reservar o direito de recobrá-la no prazo
máximo decadencial de três anos, com restituição do preço e reembolso
das despesas ao comprador.
Ainda, o direito de retrato ou resgate é cessível e transmissível a
herdeiros ou legatários. Pode, inclusive, ser exercido contra terceiro
adquirente, segundo o art. 507.
Venda a contento – A venda feita a contento é uma cláusula que, caso
inserida pelas partes, possibilita desfazer o contrato se o comprador não
gostar da coisa que foi adquirida. São duas as espécies de venda a contento:
suspensiva e resolutiva.
Na suspensiva, o comprador não paga o preço e adquire a coisa por
empréstimo. Se gostar, paga o preço e adquire a coisa; se não gostar,
devolve sem dar explicações
Como a coisa é do vendedor, se a coisa perecer enquanto o comprador
experimenta, o prejuízo será do vendedor, afinal res perit domino (a coisa
perece para o dono).

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Na resolutiva, por sua vez, o comprador paga o preço e adquire a coisa


como dono; se não gostar, devolve a coisa, desfaz a compra e exige o
dinheiro de volta. Caso a coisa venha a perecer durante a prova, o prejuízo
aqui será do comprador.
No mais, se as partes não estipularem prazo para a prova do bem, o
vendedor deverá intimar o comprador para se manifestar (art. 512).

3. Família

3.1 – Princípios que regem o regime de bens no casamento.


Autonomia privada – há liberdade na escolha das regras quanto ao
regime de bens, salvo nas limitações das normas de ordem pública
(separação obrigatória de bens). São quatro regimes: comunhão universal;
parcial; participação final nos aquestos; separação de bens (convencional
e obrigatória).
Indivisibilidade do regime – é um regime só para ambos os cônjuges.
Variedade do regime de bens – é possível estipular regime atípico,
formando-se um regime misto (comunhão parcial em relação aos bens
imóveis e separação de bens quanto aos bens móveis)
Mutabilidade justificada – é possível aos cônjuges ação judicial para
modificar o regime, desde que de forma consensual. Devem ser
ressalvados direitos de terceiros.

3.2 – Pacto antenupcial é o contrato celebrado entre os cônjuges que


traz as regras patrimoniais do casamento. Se o casamento não acontecer,
será ineficaz. Mas, se conviverem em união estável, aproveita-se o pacto
antenupcial, pelo princípio da conservação do negócio jurídico. O pacto
não pode contrariar dispositivos de lei, sob pena de nulidade absoluta.

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É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e


ineficaz se não houver casamento.
A escolha do regime de bens é feita no pacto antenupcial. Se este não
for feito, ou for nulo ou ineficaz, vigorará o regime da comunhão parcial
de bens (regime supletivo).
Pacto antenupcial é um contrato solene (é solene porque é nulo o pacto
antenupcial que não for feito por escritura pública) e condicional (é
condicional porque é ineficaz o pacto antenupcial se não lhe seguir o
casamento) por meio do qual os nubentes disciplinam o regime de bens que
vigorará durante a constância do casamento.
Para valer contra terceiros, o pacto deve ser registrado no Registro de
Imóveis do domicílio dos cônjuges. Caso contrário, só valerá entre as
partes, ficando, com relação a terceiros, como se não existisse pacto,
valendo para eles o regime de comunhão parcial.

Memorize – O pacto antenupcial é nulo se não for feito por escritura


pública, e ineficaz se não houver casamento.

3.3 – Caso não haja a eleição de regime de bens, adota-se o regime


legal da comunhão parcial de bens. Comunicam-se os bens havidos
durante o casamento, excluindo-se os bens particulares, tidos
anteriormente ao casamento (ler art. 1.659).

3.4 – No regime da comunhão universal de bens haverá comunicação


de todos os bens, anteriores ou posteriores ao casamento, incluídos os
bens recebidos por herança. Não entram na comunhão universal os
previstos no art. 1.668.

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3.5 – O regime de participação final nos aquestos é semelhante à


comunhão parcial. Durante o casamento há uma separação convencional
de bens. No caso de dissolução, cada cônjuge terá direito a participação
nos bens que colaborou para a aquisição, devendo comprovar o esforço
patrimonial comum.

3.6 – O regime de separação de bens pode ser obrigatória/legal ou


convencional. Para a convencional exige-se o pacto antenupcial. Em regra,
não há a comunicação de qualquer bem, seja anterior ou posterior ao
casamento. A súmula 377 do STF dispõe que no regime da separação legal
de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento. Esse
entendimento aplica-se independentemente da comprovação de esforço
comum, o que acaba assemelhando o regime de separação obrigatória com
o regime da comunhão parcial de bens. Portanto, não há separação
absoluta no regime de separação obrigatória.

3.7 – Dependem da autorização do outro cônjuge, exceto no regime da


separação absoluta; (I) a alienação de bens imóveis; (II) ajuizamento de
ação sobre direito real imobiliário; (III) constituição da fiança; (IV) doação
de bens comuns, salvo em caráter remuneratório ou em favor dos filhos por
razão de casamento. A falta de outorga do cônjuge pode ser suprida pelo
juiz. Praticado o ato sem autorização do cônjuge será anulável.

3.8 – Os alimentos são prestação devidas para a satisfação das


necessidades pessoas daquele que não pode provê-las pelo trabalho
próprio.
Os alimentos podem ser: definitivos, que são aqueles definidos em
caráter permanente estabelecido pelo juiz em sentença; provisórios, que
são aqueles fixados liminarmente em despacho inicial em ação de
alimentos tramitando em seu rito especial (Lei nº 5.478/68); e

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provisionais, determinados em sede de tutela provisória, de ação de


divórcio, por exemplo, mantendo a suplicante e sua prole durante a
tramitação da lide principal.
Alimentos compensatórios são aqueles fixados entre cônjuges para
afastar o desequilíbrio econômico-financeiro após o fim da união. Nesse
caso não há a possibilidade de prisão por falta de pagamento.
Deve ser norteada pelo binômio necessidade/possibilidade.
Necessidade do alimentando e possibilidade do alimentante em pagar os
alimentos. Deve haver, também, proporcionalidade entre a necessidade e a
possibilidade.
O não pagamento de alimentos por aquele que deve, caracteriza
hipótese de prisão civil. A obrigação de pagar alimentos possui a
capacidade de quebrar a impenhorabilidade do bem de família e
possibilita penhora do FGTS.
O direito quanto aos alimentos não se transmite aos herdeiros do credor,
isto é, os herdeiros daquele que recebe os alimentos não têm direito a
recebê-los, em caso de falecimento. Já os deveres do alimentante
transmitem-se aos herdeiros.
Havendo mais de uma pessoa obrigada a pagar os alimentos, haverá
uma obrigação divisível, todos devem concorrer na proporção dos
respectivos recursos. Todavia, se a pessoa a receber os alimentos for
idosa, a obrigação passa a ser solidária, podendo o idoso escolher entre
os prestadores.
Se os pais não conseguirem pagar os alimentos, surge a
possibilidade de pleiteá-los dos avós, de maneira subsidiária.
A ação de alimentos é imprescritível, todavia, prescreve em dois
anos o direito de cobrar alimentos fixados em decisão judicial e não
pagos. Contudo, a prescrição entre ascendentes e descendentes não corre
durante o poder familiar (18 anos). Isso significa dizer que, se uma decisão

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judicial fixa alimentos a serem pagos a menor de dezoito anos e o pai não
paga, começa a correr a prescrição após o menor completar 18 anos.
Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros
os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua
condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação. O
direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos e extensivo
a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau,
uns em falta de outros.

3.9 – São hipóteses de impedimento do casamento, isto é, não podem


casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou
civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem
o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o
terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou
tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Os impedimentos podem ser opostos até o momento da celebração
do casamento, por qualquer pessoa.

3.10 – São hipóteses de suspensão do casamento, isto é, não devem


casar:

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I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não


fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter
sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução
da sociedade conjugal;
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a
partilha dos bens do casal;
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos,
cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não
cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser
arguidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam
consanguíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam
também consanguíneos ou afins.
Se houver o casamento, nessas hipóteses, o regime de bens será da
separação obrigatória.
Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos em
declaração escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou
com a indicação do lugar onde possam ser obtidas

3.11 – O casamento é celebrado no cartório, a portas abertas, ou em


outro edifício público ou particular, se consentindo a autoridade celebrante.
É obrigatória a presença de duas testemunhas, no entanto, se um dos
nubentes não souber ou não puder escrever, serão quatro testemunhas.

4. Sucessões

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4.1 – Pelo princípio da saisine a transferência da herança ocorre


automaticamente com o falecimento. Em momento posterior ao herdeiro é
possível aceitar ou renunciar a herança. São irrevogáveis os atos de
aceitação ou de renúncia da herança.
Aceitação – é anuir à transmissão dos bens do de cujus. Se o herdeiro
aceitar a herança, significa que a saisine (transmissão do domínio e posse
da herança) está confirmada, e a aceitação opera efeitos retroativos à data
da morte.
A aceitação não tem forma pré-determinada, podendo ser expressa,
tácita ou presumida (considera-se aceita quando não houver renúncia).
A aceitação é indivisível (tudo ou nada) e incondicional (não se pode
colocar condição para aceitar herança).
Renúncia – é o ato pelo qual o herdeiro manifesta seu desinteresse em
receber a herança.
É um ato bastante solene, já que se trata de um ato abdicativo de direito
à herança (que é considerado bem imóvel – conforme destacamos em outro
tópico).
a) Deve ser por escritura pública (já que é bem imóvel) ou por termo
judicial lançado aos autos do inventário;
b) Deve ser expresso (não se admite renúncia tácita)
Obs. Vê-se que a aceitação é ato não solene, que pode ser feito por
qualquer prova. Em contrapartida, a renúncia é ato solene, que deve ser
expresso em instrumento público ou termo judicial. Isso se deve porque a
renúncia é um ato de renúncia a direito, por isso se exige segurança.
c) Não se admite promessa de renúncia, nem renúncia tácita ou
presumida.

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4.2 – Herança jacente é aquela que não se tem conhecimento dos


herdeiros. Os bens são arrecadados e guardados por um curador. Será feito
o inventário dos bens e a publicação de editais para a convocação de
possíveis herdeiros. Após um ano da primeira publicação sem que se
habilite qualquer herdeiro, será a herança declarada vacante, isto é, a
herança é declarada de ninguém. No entanto, havendo renúncia ao direito
de herança a vacância será declarada de imediato. Após cinco anos da
abertura da sucessão, não se habilitando qualquer herdeiro, os bens passam
ao domínio do poder público.

4.3 – A sucessão legítima acontece quando não há testamento válido.


A herança será deferida conforme a ordem de vocação hereditária, que
obedece a seguinte ordem:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente,
salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou
no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no
regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens
particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais.

4.4 – A sucessão testamentária é aquela manifestada pelo falecido,


expressa em testamento ou codicilo. Os bens da sucessão legítima dos
herdeiros necessários não podem entrar na sucessão testamentária.
O codicilo estabelece disposições extrapatrimoniais e patrimoniais de
pequena monta. Pode dispor sobre a nomeação ou substituição de
testamenteiros. O codicilo revoga-se pela apresentação de novo codicilo
ou testamento.

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5. Direitos reais

5.1 – Existem três espécies de hipoteca:

Convencional – decorre de um contrato (um negócio jurídico). Foram


as partes que ajustaram que a garantia incidirá sobre determinado bem. O
prazo máximo é de 30 anos e não se aplica Às outras formas de hipoteca.
Passado o prazo é cessada a garantia, mas a obrigação permanece

Judicial – quando o juiz condena o réu ao pagamento de prestações


periódicas, o juiz pode determinar hipoteca como garantia do pagamento.

Legal – é a garantia real sobre imóvel imposta pelo legislador sobre


bens de determinadas pessoas (que são potencialmente danosas). Art. 1489
(Ex. Os filhos têm hipoteca sobre o bem do pai/mãe que casou de novo sem
fazer inventário; cada herdeiro tem hipoteca legal sobre os imóveis dos
outros herdeiros).

É possível que sobre um mesmo bem incidam inúmeras outras hipotecas


(sub-hipoteca). Para isso não é necessário a aquiescência do antigo credor
hipotecário. O que ocorre é que as hipotecas serão usadas na ordem em que
foram estabelecidas (assim, se o primeiro credor precisar de todo o bem
para quitar sua dívida, os outros credores hipotecários ficam sem a
garantia).

É nula a cláusula que proíbe ao proprietário alienar imóvel hipotecado.


Mas pode-se convencionar que vencerá o crédito hipotecário, se o imóvel
for alienado.

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5.2 – O penhor é constituído sobre bens móveis. A exceção fica por


conto do penhor rural industrial e mercantil, que pode recair sobre
bens imóvel de veículos. O devedor pignoratício dá a coisa em garantia e
o credor pignoratício detém o crédito e a garantia real sobre o bem
empenhado. Penhor não se confunde com penhora. Penhor é direito real de
garantia sobre coisa alheia. Penhora é bloqueio judicial feito para garantir
a execução ou um processo. O penhor deve ser feito por instrumento
público ou particular, não se admitindo a forma verbal, sob pena de
nulidade. Esse instrumento, se levado a registro em cartório, tem eficácia
perante terceiros, caso contrário, terá eficácia somente entre as partes.

5.3 – A hipoteca recai sobre bens imóveis. O devedor hipotecário dá a


coisa em garantia, que pode ser do devedor ou de terceiros. O credo
hipotecário detém o crédito e a garantia real. Tratando-se de imóveis, a
hipoteca deve ser registrada no cartório de registro de imóveis do local
onde estiver situado o bem. Os navios e aeronaves são bens móveis
especiais, sobre os quais pode recair hipoteca. O mesmo bem pode ser
hipotecado várias vezes, em favor do mesmo credor ou outro, desde que o
seu valor seja suficiente para garantir essas várias constrições.

5.4 –
Penhor Hipoteca Anticrese

Bem móvel Bem imóvel + Bem imóvel


navio e aeronave

Há transferência Não há Há transferência do bem


do bem ao credor transferência do bem ao credor, podendo retirar da
ao credor coisa os frutos para
pagamento da dívida.

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5.5 – Sobre posse e propriedade:


O CC adotou a teoria de Ihering (teoria objetiva), pela qual detém a
posse da coisa a pessoa que tem o domínio fático dela. Tem a posse aquele
que age como dono da coisa.
Portanto, a posse é conceituada como uma conduta de dono sobre a
coisa, conforme art. 1.196 do CC/02, ao considerar possuidor aquele que
tiver de fato o exercício de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Duas teorias da posse devem ser estudadas:
- Teoria subjetiva – defendida por Friedrich Karl von Savigny, aposse
se configura pela união de dois elementos: O corpus, que é o elemento
objetivo consistente na detenção física da coisa, o seja, ter a coisa naquele
exato instante em sua posse, e o elemento animus , que é o elemento
subjetivo, aqui se funda na intenção própria do agente em defender a coisa
contra atos de terceiros, não é a convicção de ser o dono da coisa, mas, sim,
a vontade de tê-la como sua (animus domini).
- Teoria Objetiva – defendida por Rudolf von Ihering. Para Ihering, o
animus já estaria incluído no corpus, dando-se, assim, importância na
posse, no sentido de sua exteriorização, bastando para que a posse exista
apenas o elemento objetivo, pois consiste na forma em que o possuidor age
em face da coisa.
Portanto, basta o corpus para se caracterizar a posse, não significa
propriamente o contato físico para com a coisa, mas, sim, conduta de dono,
é a forma como o possuidor age em face da coisa em sua destinação
econômica. Nesse sentido, tem posse aquele que age como dono e nesse
comportamento já estaria incluso o animus, o elemento psíquico não está
na intenção de ser dono, mas no agir com habitualidade independentemente
de querer ser o dono.
A posse, então, é a exteriorização da propriedade, a visibilidade do
domínio e o uso econômico da coisa, sendo a posse legalmente protegida,
uma vez que se manifesta como forma de domínio. O comportamento da

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pessoa em face da coisa, similar à conduta que o proprietário teria, nada


incidindo sobre a perquirição da intenção de possuir. O que retira o caráter
da posse e a transforma em simples detenção é a ocorrência de um
obstáculo legal, tendo em vista que a lei em certa hipótese a desqualifica a
relação para mera detenção.
Nesse sentido, a detenção é uma posse degradada, ou seja, uma
posse que, em virtude de lei, mitigou-se para detenção.
A posse poder ser:
Direta – presente quando há um contrato corpóreo imediato entre a
pessoa e a coisa; e Indireta – decorrente do exercício de um direito
(exercício mediato). Ex.: locatário (posse direta) e locador (posse indireta).
Justa – sem vícios;
Injusta – apresenta pelo menos um dos três vícios objetivos: (1) posse
violenta: obtida com violência, física ou psicológica; (2) clandestina:
obtida na ‘surdina’, sem a possibilidade de defesa da outra parte; (3)
precária: obtida mediante abuso de confiança. A posse violenta e
clandestina podem ser convalidadas, isto é, a posse injusta passa a ser justa.
Depois de 1 ano e 1 dia a posse injusta passa a ser justa. Isso gera
consequências: somente quem tem a posse justa pode usucapir; o possuidor
justo tem direito de ação possessória contra o injusto que, por sua vez, tem
direito de ação possessória apenas contra terceiros.
De boa-fé – o possuidor desconhece obstáculo para a aquisição ou tem
um justo título (contrato);
De má-fé – o possuidor conhece o obstáculo e não tem justo título.
A seguir, para sedimentar o acima explicado e facilitar a memorização
da matéria, tabela esquematizada.

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Título da Direito Frutos Direito Responsabilidades


posse Benfeitorias

Posse de boa- Sim, com Sim, necessárias, Subjetiva


fé exceção frutos úteis e
pendentes voluptuárias

Posse de má- Não e responde Apenas Responde até por


fé pelos que necessárias caso fortuito e força
colheu maior

Posse nova – menos de 1 ano e 1 dia. Cabe pedido liminar na ação


possessória;
Posse velha – existe há pelo menos 1 ano e 1 dia. Não cabe pedido
liminar na ação possessória.
Pode adquirir a posse a própria pessoa que a pretende ou seu
representante, bem como o terceiro sem mandato, dependendo de
confirmação. Poderíamos também citar o constituto possessório, que é o
caso de o proprietário de uma casa realizar a sua venda, permanecendo no
imóvel na condição de locatário, assim, é a situação em que aquele que
possuía em nome próprio passa a possuir em nome alheio.
Uma das maneiras de se perder a posse consiste na situação em que se
extingue o exercício, de fato, sobre o bem, dos poderes inerentes à
propriedade (usar, gozar/fruir, dispor, reivindicar) contra a vontade do
possuidor. Outra forma de se perder a posse se remonta para aquele que
não esteve presente no momento da perda da posse (esbulho) e foi omisso
ou lhe faltou êxito quando praticou os atos de legítima defesa.
São três as ações possessórias que você deve saber:
- a ação de reintegração de posse: em caso de esbulho (perda da posse);
- a ação de manutenção de posse: em caso de turbação (perturbação da
posse ou embaraço);

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- o interdito proibitório: em caso de ameaça da posse.


Referidas ações possessórias regem-se pelo princípio da fungibilidade,
no qual se assegura que, no caso da propositura de uma ação possessória
em vez de outra, não obstará que o juiz conheça do pedido, ou outorgue a
medida legal correspondente ao caso concreto.
Aspecto que vale ressalva quanto às ações possessórias se refere à
licitude de cumulação de pedido quando do ajuizamento da petição inicial,
assim como seu caráter dúplice (situação em que o próprio demandando,
em sua resposta, alega a violação de direito e pugna pela proteção de sua
posse).
Então, o autor, no ajuizamento da petição inicial, em caso de esbulho,
turbação ou mera ameaça de sua posse, poderá cumular pedidos, como a
condenação a perdas e danos e indenização por eventuais frutos, na forma
explicitada anteriormente.
Tanto que, o autor poderá requerer a imposição de medidas
assecuratórias adequadas para evitar eventuais novas turbações ou
esbulhos ou ainda para cumprir-se tutela provisória.
Outro aspecto que vale menção se refere às ações de força velha e força
nova nas ações possessórias. A ação de força nova, que consiste naquela
que é ajuizada no prazo de ano e dia, proporciona que o demandante
requeira o deferimento de liminar para manutenção ou reintegração de
posse, podendo fazê-la sem ouvir o réu em certas situações.
De forma diferente é a ação de força velha, aquela ajuizada após ano e
dia, que não permite a concessão de medida liminar, todavia, não obsta que
o autor requeira ao juízo a concessão de umas das espécies de tutelas
provisórias inseridas no Código de Processo Civil (art. 294 e seguintes do
CPC/2015).
Em termos processuais, não há então óbice legal que, em caso das ações
de força velha, o autor requeira a concessão de tutela provisória, desde que
preenchidos os requisitos legais exigidos do art. 300 do CPC/2015, como

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a probabilidade do direito e o perigo do dano ou o risco ao resultado útil


do processo.
Por fim, vale dizer que o interdito proibitório poderá ser manejado pelo
possuidor direto ou indireto da coisa, expedindo-se mandado proibitório
em que se comine pena pecuniária para o seu não cumprimento.
Propriedade é um direito fundamental, devendo esse direito real
atender sempre à função social da propriedade.
Propriedade é a atribuição jurídica que uma pessoa possui de usar,
gozar e dispor de um bem, seja corpóreo, seja incorpóreo, dentro dos
limites legais (função social da propriedade), podendo também reivindicar
de quem a injustamente a detenha.
O Código Civil, ao se referir à propriedade, segue o conceito transcrito
no art. 1.228 do CC/02. Assim, quando o proprietário reúne em seu direito
real a faculdade de usar, gozar ou fruir, dispor e reivindicar a coisa de quem
a detenha, ou seja, possuir todos esses “poderes”, fala-se em propriedade
plena.
Lembre-se de que são proibidos por lei os atos que não trouxerem ao
proprietário qualquer utilidade ou comodidade, sendo visados com a
intenção de prejudicar a terceiros, chamando-se de abuso do direito de
propriedade.
Elementos Constitutivos da Propriedade
Proprietário é aquele que tem a faculdade de usar, gozar e dispor da
coisa, bem como reavê-la de quem a possua. Assim, quando reunidos todos
esses “poderes”, falaremos de propriedade plena.
O direito de usar consiste na faculdade em que o dono da coisa tem de
utilizar-se dela da maneira que achar conveniente, encontrando limitação
legal na função social da propriedade; o direito de gozar compreende a
percepção dos frutos naturais e civis da coisa, aproveitando-se o dono dela
economicamente. Ao passo que o direito de dispor da coisa é o poder de

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transferir a coisa, como a alienação do bem; e, por fim, o direito de reaver


a coisa consiste no poder de reivindicá-la de quem a estiver possuindo
injustamente.
Função Social da Propriedade
O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas
finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de
conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as
belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico,
bem como evitada a poluição do ar e das águas.
São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer
comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar
outrem.

6. Outros temas importantes

6.1 – É proibido o ato de disposição do próprio corpo, quando


importar diminuição permanente da integridade física ou contrariar os bons
costumes, salvo por exigência médica, para fins de transplante.
Portanto, a comercialização de órgãos é vedada. Permite-se, no entanto,
a cirurgia de transgenitalização (mudança de gênero), com a consequente
alteração do prenome e do sexo no registro civil.
No entanto, depois da morte, é válida a disposição gratuita do próprio
corpo, com objetivo científico ou altruístico, podendo o ato de disposição
ser livremente revogado a qualquer tempo. É dizer, aquele que, em vida,
decide ser doador de órgãos após a morte, pode mudar de ideia a qualquer
momento e declarar não ser doador.
Considera-se falecida a pessoa que apresentar morte encefálica, ou seja,
a morte cerebral. Essa morte cerebral, para fins de doação de órgãos, deve

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ser certificada por dois médicos não participantes da equipe de remoção


dos órgãos.

Memorize – Ninguém pode dispor do próprio corpo, salvo se por


exigência médica, para fins de transplante. Após a morte pé válida
a disposição gratuita do próprio corpo, com objetivo científico ou
altruístico.

6.2 – Os bens imóveis são:


Imóveis por natureza – o solo.
Imóveis por acessão natural – as árvores, os frutos pendentes e todos
os acessórios e adjacências naturais.
Imóveis por acessão artificial ou industrial – as construções e
plantações, produzidas pelo trabalho do homem.
Imóveis por determinação legal (aqui o ponto mais relevante deste
tópico) – são os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram
(reintegração de posse, manutenção de posse e interdito proibitório); e o
direito à sucessão aberta (herança). Portanto, a renúncia à herança é
renúncia de imóvel, motivo pelo qual deve ser feita por escritura
pública mediante autorização do cônjuge.

Memorize – a renúncia à herança é renúncia de bem imóvel,


portanto, exige que seja feita por escritura pública e com autorização
do cônjuge.

6.3 – A decadência é a perda do direito potestativo pela inércia do seu


titular no período determinado em lei.
Direito potestativo é aquele que não admite contestações, interfere na
esfera jurídica de outra pessoa, sem que esta pessoa nada possa fazer,
apenas deve sujeitar-se ao direito potestativo de outrem. É uma decisão

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unilateral (ex: aceitação da herança, direito do sócio de se retirar de


sociedade por ações, direito do empregador demitir o empregado, etc.).
Se a decadência for convencional (aquela pactuada entre as partes de
um negócio jurídico), a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer
grau de jurisdição (em 1ª ou 2ª instância), mas o juiz não pode suprir a
alegação, ou seja, o juiz não pode reconhecer decadência convencional
de ofício. De ofício o juiz somente pode conhecer a decadência legal
(aquela prevista pela lei).

6.4 – Sobre responsabilidade civil, a indenização mede-se pela extensão


do dano. Havendo excessiva desproporção entre a gravidade da culpa
e o dano, poderá o juiz reduzir a indenização, de forma equitativa.
Portanto, é hipótese em que o juiz pode reduzir o quantum indenizatório
considerando o grau de culpa do infrator.

6.5 – A concessão de direito real de superfície será gratuita ou onerosa.


Sendo onerosa, estipularão as partes se o pagamento será feito de uma só
vez, ou parceladamente.
Direito real de superfície trata-se de direito real de fruição ou gozo sobre
coisa alheia, pelo qual o proprietário concede a outrem o direito de
construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado,
mediante escritura pública devidamente registrada.

6.6 – O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar são


usufrutuários dos bens dos filhos e têm a administração dos bens dos
filhos menores sob sua autoridade.
Por essa razão, em regra, não existe o dever de prestar contas acerca dos
valores recebidos pelos pais em nome do menor, durante o exercício do
poder familiar. Isso porque há presunção de que as verbas recebidas

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tenham sido utilizadas para a manutenção da comunidade familiar,


abrangendo o custeio de alimentação, saúde, vestuário, educação, lazer,
entre outros. Excepcionalmente, admite-se o ajuizamento de ação de
prestação de contas pelo filho, sempre que a causa de pedir estiver fundada
na suspeita de abuso de direito no exercício desse poder. Assim, a ação de
prestação de contas ajuizada pelo filho em desfavor dos pais é possível
quando a causa de pedir estiver relacionada com suposto abuso do direito
ao usufruto legal e à administração dos bens dos filhos.

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PROCESSO CIVIL

Novidades legislativas
Alterações no CPC sobre citação e intimação
1 – A citação deve ser efetivada em até 45 (quarenta e cinco dias) a
partir da propositura da ação.

2 – A citação será feita preferencialmente por meio eletrônico, no


prazo de até 2 (dois) dias úteis, contado da decisão que a determinar. Então,
essa decisão do juiz deve se dar dentro dos 45 dias, vistos no tópico acima.

3 – A ausência de confirmação, em até 3 (três) dias úteis, contados do


recebimento da citação eletrônica, implicará a realização da citação:
I - pelo correio;
II - por oficial de justiça;
III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em
cartório;
IV - por edital.
Na primeira oportunidade de falar nos autos, o réu citado em alguma
dessas formas deverá apresentar justa causa para a ausência de confirmação
do recebimento da citação enviada eletronicamente.
Considera-se ato atentatório à dignidade da justiça, passível de multa
de até 5% (cinco por cento) do valor da causa, deixar de confirmar no prazo
legal, sem justa causa, o recebimento da citação recebida por meio
eletrônico.
4 – A citação será feita por meio eletrônico ou pelo correio para
qualquer comarca do País, exceto:

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I - nas ações de estado de pessoas (tutela provisória), em que a citação


deve ser feita na pessoa do réu;
II - quando o citando for incapaz;
III - quando o citando for pessoa de direito público;
IV - quando o citando residir em local não atendido pela entrega
domiciliar de correspondência;
V - quando o autor, justificadamente, a requerer de outra forma.

1. Recursos

1.1 – Visão geral sobre recursos:


Recurso Prazo Cabimento

Apelação 15 dias Sentença com ou sem resolução de


mérito

Agravo instrumento 15 dias Decisões interlocutórias

Especial 15 dias Ofensa a lei federal

Extraordinário 15 dias Ofensa a CF

Embargos declaração 5 dias Obscuridade, omissão ou


contradição

Inominado 10 dias Da sentença do juizado especial

Memorize – Atenção para o prazo em dobro para o Ministério


Público, a Defensoria Pública e Fazenda Pública.

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1.2 – O prazo para interposição de recurso conta-se da data da


intimação da decisão. Quando a decisão for proferida em audiência,
considera-se intimado nesta data, da audiência.

1.3 – Apelação é o recurso cabível da sentença. Mas, atenção, no JEC,


cabe recurso inominado.

Na dúvida se a decisão é sentença ou decisão interlocutória, aplica-se a


fungibilidade recursal, reconhecendo-se um recurso pelo outro (se era
caso de agravo de instrumento, mas foi interposta apelação, no caso em
que há dúvida razoável sobre a natureza da decisão, aceita-se o recurso
interposto como o cabível).
A parte interpõe o recurso de apelação perante o juízo de primeiro
grau, que, após apresentadas as contrarrazões de apelação, remete os
autos para o tribunal competente para o julgamento. O juízo de
admissibilidade é feito pelo tribunal (juízo ad quem).

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Recebido o recurso de apelação no tribunal, o relator do caso pode


decidir monocraticamente ou elaborar o voto para julgamento do recurso
pelo colegiado.
Via de regra, a apelação tem efeito suspensivo, isto é, interposta a
apelação, a decisão imposta na sentença fica suspensa, não podendo ser
executada. Poderá ser provisoriamente executada e não será suspensa
pela interposição de apelação a decisão que homologa divisão de
terras; condena a pagar alimentos; julga improcedente embargos do
executado; julga procedente a instituição de arbitragem; confirma,
concede ou revoga tutela provisória; e decreta interdição. Nessas
situações, a parte que apelou deve fazer pedido expresso do efeito
suspensivo.

Memorize – A apelação não terá efeito suspensivo quando


atacar decisão que:

- homologa divisão de terras;

- condena a pagar alimentos;

- julga improcedente os embargos do executado;

- julga procedente a instituição da arbitragem;

- confirma, concede ou revoga tutela provisória;

- decreta interdição.

Após certificado o trânsito em julgado, não caberá apelação.


Cabível ação rescisória, nas hipóteses do art. 966 CPC.
Indeferida a petição inicial, cabível recurso de apelação, facultado ao
juiz exercer a retratação no prazo de 05 dias. A retratação não é cabível,
como regra, mas pode se retratar o juiz se a apelação for contra sentença
que indefere a inicial, que determine a extinção do processo sem resolução
do mérito e que julgue improcedente a liminar.

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Caso o juiz profira decisão interlocutória em que não seja cabível


agravo de instrumento (rol taxativo do art. 1.015), como o CPC aboliu a
figura do agravo retido, a parte deverá aguardar a prolação de sentença para
suscitar o direito em preliminar de apelação.

Memorize – Com a extinção do agravo retido no novo CPC, caso


a parte queira recorrer de decisão proferida em audiência,
contra a qual não caiba agravo de instrumento, deverá
aguardar a prolação da sentença para alegar a pretensão em
preliminar de apelação.

Se a sentença versar sobre decisão contra a qual seria cabível agravo de


instrumento (hipóteses do art. 1.015), ainda assim o recurso cabível é a
apelação, que poderá abarcar qualquer assunto relacionado na sentença.

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1.4 – O recurso adesivo é cabível somente na apelação, recurso


especial e extraordinário. Também só é cabível se a sentença for
parcialmente procedente, isto é, necessário que a sucumbência seja
recíproca. O recurso adesivo é apresentado junto com as contrarrazões.
Portanto, o recurso adesivo é uma forma de interposição de recursos
"tardiamente" para aqueles que inicialmente não tinham intenção de
recorrer, mas aproveitando o recurso da parte contrária, apresenta
juntamente com suas contrarrazões, o recurso adesivo, recorrendo da parte
da decisão em que foi sucumbente.

1.5 – O art. 1015 traz um rol de hipóteses de cabimento do agravo de


instrumento. É um rol cuja taxatividade é mitigada. Cabe agravo de
instrumento nas hipóteses do artigo e também para decisões interlocutórias
cuja urgência da discussão demande recurso imediatamente, pois se
esperar para discutir em apelação, será inútil.
O agravo de instrumento é dirigido diretamente ao tribunal, onde será
feito pela primeira vez o juízo de admissibilidade.
Chama-se agravo de instrumento porque é necessário formar um
instrumento, com algumas peças, obrigatórias e facultativas. As peças
obrigatórias são: petição inicial; contestação; petição que ensejou a
decisão agravada; a decisão agravada; certidão de intimação que comprove
a tempestividade; e procurações outorgadas aos advogados das partes. De
forma facultativa pode a parte juntar quaisquer outras peças. A falta de
juntada da cópia dessas peças não leva ao não conhecimento do recurso,
mas o relator intima para a juntada da peça faltante.
Todavia, se os autos forem digitais, dispensa-se a juntada de
quaisquer peças, inclusive as obrigatórias.
Interposto agravo de instrumento, pode o juiz retratar-se da decisão
agravada.

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1.6 – O agravo interno é cabível contra decisão monocrática de órgão


colegiado (tribunal). O prazo é de 15 dias, observado o prazo em dobro
para Ministério Público, Defensoria Pública e Advocacia Pública.

O relator que prolatou a decisão pode se retratar ou manter a decisão


e incluir o processo em pauta de julgamento.
Interposto o agravo interno, nos próprios autos, é vedado ao relator se
limitar a reproduzir os fundamentos da decisão agravada.
Se o agravo interno for julgado inadmissível ou improcedente em
votação unanime, deverá ser imposta multa de 1% a 5%.

2. Processo de execução

2.1 – São requisitos para a execução autônoma:


Inadimplemento – o devedor não satisfez a obrigação certa, líquida e
exigível.
Título executivo extrajudicial – documento que comprove uma
obrigação e permita a execução.
Caso a parte não tenha um título extrajudicial, deverá ajuizar ação de
conhecimento para, então, com uma sentença favorável (título executivo
judicial), levá-la a execução.

2.2 – São títulos executivos extrajudiciais: (I) títulos de crédito


(cheque, nota promissória, letra de câmbio, duplicata e debênture); (II)
escritura pública ou documento público assinado pelo devedor; (III)
documento particular assinado pelo devedor e 2 testemunhas (não basta
uma testemunha, ter que ser duas); (IV) contratos com garantia real
(hipoteca, penhor e anticrese) e contratos garantidos com caução; (V)

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contrato de seguro de vida, em caso de morte; (VI) o crédito decorrente de


aluguel; (VII) certidão de dívida ativa; (VIII) crédito condominial; (IX)
certidão expedida por cartório extrajudicial relativa a emolumentos e
despesas pelos atos cartoriais. Estes são os mais importantes e precisam ser
decorados.

2.3 – O CPC/15 passou a admitir a prescrição intercorrente, no


processo de execução. Não havendo bens penhoráveis o processo fica
suspenso por um ano (suspensa também a prescrição). Após este ano, sem
manifestação do exequente sobre a existência de bens penhoráveis,
começa a correr o prazo da prescrição intercorrente.

2.4 – Na execução de entregar coisa, o executado é citado para entregar


a coisa em 15 dias. Não o fazendo, pode o juiz fixar multa diária
(astreinte). Se o bem foi alienado, será expedido mandado de busca e
apreensão contra o terceiro que está na sua posse, que somente será ouvido
quando depositar o bem.

2.5 – Não satisfeita a execução de obrigação de fazer ou não fazer,


poderá o exequente requerer (I) que seja realizada por terceiros à custa do
executado; (II) converter a obrigação em indenização. O embargo à
execução apresentado pelo executado não depende de penhora.

2.6 – Na execução contra a Fazenda Pública não podem ser


penhorados bens, diante da impenhorabilidade dos bens públicos.

2.7 – Na execução por quantia certa há uma peculiaridade


interessante. Se a execução for contra devedor solvente, aplicam-se as

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regras do CPC/15, já se o executado for insolvente, aplicam-se as regras do


CPC/73.
Se o executado não for encontrado, mas o oficial de justiça encontrar
bens, estes bens podem sofrer uma constrição, denominada arresto
executivo/pré-penhora. A penhora somente será feita após a citação.
É possível a penhora online. O exequente requer a penhora online, o
juiz determina que instituições financeiras faça o bloqueio de ativos e
somente depois da ciência ao executado, que poderá comprovar, em cinco
dias, que as quantias são impenhoráveis ou que o valor bloqueado foi
excessivo. O juiz tem o prazo de 24 horas para cancelar eventual bloqueio
excessivo. Após essa manifestação do executado os valores são
transferidos para uma conta do juízo.
É possível a penhora de: créditos; quotas ou ações de sociedades;
empresa e semoventes; percentual de faturamento da empresa; frutos e
rendimentos de coisa móvel ou imóvel.
Os bens impenhoráveis estão previstos no artigo 833 CPC e a leitura é
obrigatória. Vale destacar que até poupança de até 40 salários mínimos e
salários são impenhoráveis, mas esta impenhorabilidade não se aplica se a
dívida for de alimentos e se o executado perceba mais de 50 salários
mínimos por mês.

Memorize – A impenhorabilidade do salário e do valor de até 40


salários mínimos depositados em caderneta de poupança não se
aplica para dívidas de prestação alimentícia (pensão).

A obrigação de pagar quantia não é executada de ofício, depende de


requerimento do exequente.
O credor deve apresentar um cálculo pormenorizado que aponte o
valor da obrigação principal, correção monetária, percentual de juros,
dentre outros fatores, a fim de que o devedor possa adequadamente
entender a evolução da dívida.

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O devedor deve ser intimado para o cumprimento da sentença, a


intimação é feita na pessoa do advogado. Se o réu não tem advogado, ou é
assistido pela Defensoria Pública, ou o requerimento é formulado depois
de um ano do trânsito em julgado da sentença, a intimação deve ser pessoal.

Memorize – A intimação do devedor deve ser:

Na pessoa do advogado, via de regra.

Pessoalmente, no caso de ser assistido pela Defensoria Pública


ou se o requerimento é formulado depois de um ano do trânsito
em julgado.

O prazo para pagamento é de 15 dias.


No caso de o devedor desejar fazer o pagamento, mas o credor não faz
o requerimento de início do cumprimento de sentença, o devedor pode
comparecer em juízo e realizar o pagamento que entende devido,
apresentando os cálculos. O autor será ouvido em 5 dias, podendo
impugnar. Se o juiz entender que o depósito é insuficiente, incidirá multa
e honorários de 10% sobre a diferença do valor. Caso o autor não se opuser,
será declarada cumprida a sentença e extinto o processo.
Se o pagamento não for feito no prazo de 15 dias, incidirá multa e
honorários de 10%. Se o pagamento for parcial, incidirá a multa sobre o
restante.
O CPC vedou o parcelamento do pagamento no cumprimento de
sentença. Todavia, se autor e réu entrarem em acordo, pode ser
homologado pelo juiz.

2.8 – A defesa na execução é feita por embargos à execução. Não há


necessidade de depositar qualquer valor como garantia do juízo para
embargar, no entanto, se o executado garantir a execução (penhora,
depósito ou caução), a execução é suspensa. Podem ser alegadas as
seguintes matérias:

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I - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;

II - penhora incorreta ou avaliação errônea;

III - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de


execução para entrega de coisa certa;

V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;

VI - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em


processo de conhecimento.

3. Intervenção de terceiros

3.1 – A finalidade do chamamento ao processo é trazer ao polo passivo


pessoas que são obrigadas para responderem o processo junto com aquele
que foi demandado. Aquele que eventualmente cumprir a obrigação ao
autor, automaticamente ficará com um título executivo contra os demais
responsáveis, garantindo o direito ao regresso.
São hipóteses de cabimento:
a) fiador – afiançado: Autor entra com ação conta o fiador que se
obrigou pelo contrato. Ao fiador é possível chamar ao processo o
afiançado, pois, caso pague o autor, terá garantido o direito de regresso
contra o afiançado.
b) fiador – cofiadores: na hipótese de ter mais de um fiador, aquele
demandado pode chamar ao processo os demais.
c) devedores solidários: um credor é demandado e chama ao processo
os demais credores, que tem responsabilidade solidária.

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O momento processual para o réu realizar o chamamento ao processo


é no prazo da contestação. Os que forem chamados ao processo devem
ser citados no prazo de 30 dias, sob pena de ficar sem efeito o
chamamento.

3.2 – Quanto à assistência:


Assistente Simples - O assistente simples não é parte, por isso não é
coberto pela coisa julgada, mas por uma estabilização distinta denominada
justiça da decisão, que, eventualmente, poderá ser afastada.
Assistência Litisconsorcial - O assistente litisconsorcial dispõe da lide,
ou seja, o assistente pode ir além do que fizer o assistido, logo, se não
houver recurso do assistido, poderá o assistente recorrer; se o assistido
desistir do processo, poderá prosseguir o assistente.
A decisão a ser proferida influenciará a relação jurídica entre o
assistente e a parte contrária do assistido. Como exemplo, uma ação
possessória envolvendo um imóvel que é um condomínio; se houver o
ajuizamento por parte de apenas um dos condôminos, o outro poderá
ingressar no feito como assistente litisconsorcial.
O assistente litisconsorcial é “litisconsorte da parte principal”. Assim,
diferentemente do assistente simples, o assistente litisconsorcial é parte
(litisconsórcio superveniente). Poderia ter sido desde o início, mas não o
foi.

3.3 – A denunciação da lide tem por finalidade fazer com que terceiro
venha a litigar em conjunto com o denunciante e, se houver a
condenação deste, o denunciado ressarcirá o prejuízo do denunciante.
Ou seja, como se pode perceber é, na realidade, uma ação de regresso
– a qual tramita em conjunto com a ação principal.

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Se a denunciação for indeferida, não for proposta ou não for permitida,


não há qualquer problema: sempre será possível utilizar ação autônoma.
Duas são as hipóteses em que é cabível a denunciação:
O comprador pode denunciar o vendedor na hipótese de evicção (“A”
vende para “B” um imóvel e, posteriormente, “C” ingressa em juízo contra
“B”, afirmando que o imóvel é seu, “B” pode denunciar “A” – que terá “B”
um imóvel e, posteriormente, “C” ingressa em juízo contra “B” afirmando
que o imóvel é seu, “B” pode denunciar “A” – que terá direito adjudicação
do bem.
Assim, o réu pode denunciar aquele que tem obrigação de indenizar,
por força de lei ou contrato (o exemplo típico é o réu, em uma ação
indenizatória, acionar sua seguradora).
Outra hipótese é a de contrato de seguro.

3.4 – Diferenças entre denunciação da lide e chamamento ao processo.


DENUNCIAÇÃO DA LIDE CHAMAMENTO AO PROCESSO

É admissível a denunciação da lide, É admissível o chamamento ao processo,


promovida por qualquer das partes: requerido pelo réu:

I - ao alienante imediato, no processo I - do afiançado, na ação em que o fiador


relativo à coisa cujo domínio foi for réu;
transferido ao denunciante, a fim de
II - dos demais fiadores, na ação proposta
que possa exercer os direitos que da
contra um ou alguns deles;
evicção lhe resultam;
III - dos demais devedores solidários,
II - àquele que estiver obrigado, por lei
quando o credor exigir de um ou de alguns
ou pelo contrato, a indenizar, em ação
o pagamento da dívida comum.
regressiva, o prejuízo de quem for
vencido no processo.

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4. Audiência preliminar

4.1 – Não sendo caso de indeferimento da petição inicial, o juiz


designará audiência, a ser presidida preferencialmente por mediador ou
conciliador. A audiência ocorre antes do réu apresentar contestação.
A audiência de conciliação deve ser designada pelo juiz ao mesmo
tempo em que determinada a citação, logo, em momento anterior à resposta
do réu, com no mínimo trinta dias de antecedência. Somente será
designada quando o litígio admitir autocomposição (art. 334, § 4.º, II, do
CPC/2015); caso contrário, o réu será citado para apresentar resposta no
prazo legal.
É possível mais de uma audiência consensual, que terão de ser
realizadas, no máximo, até 2 meses da data de realização da primeira.
As partes deverão comparecer à audiência de conciliação ou mediação
acompanhadas por advogado, sendo possível a constituição de
representante, desde que com poderes para negociar. Pelo Código, a pauta
das audiências de conciliação e mediação será organizada de modo a
respeitar o intervalo mínimo de 20 minutos entre o início de cada
audiência. Será possível a realização da audiência de conciliação ou
mediação por meio eletrônico. Se houver acordo nessa audiência, será
reduzido a termo e homologado por sentença.

4.2 – Não se realizará a audiência preliminar:


a) direitos que não admitem autocomposição – exemplo: ação de
interdição.
b) quando ambas as partes manifestarem expresso desinteresse – o
autor deve manifestar o desinteresse na petição inicial e o réu em petição
apresentada até 10 dias antes da audiência. Protocolada a petição de
desistência por parte do réu, inicia-se seu prazo para contestação. Caso

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autor ou réu não manifeste interesse ou desinteresse, a audiência será


marcada, porque o desinteresse deve ser expresso.
O não comparecimento à audiência, seja por parte do autor ou réu,
acarreta multa de até 2% da vantagem econômica pretendida ou valor
da causa.
Deve haver intervalo mínimo de 20 dias entre a audiência preliminar
e a audiência de instrução e julgamento.

5. Tutela provisória

5.1 – A resposta do Poder Judiciário a um pedido formulado pelo autor


não é imediata. Contudo, há situações nas quais não é necessário aguardar
o término do processo para que o Judiciário conceda o pleiteado pela parte.

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É para isso que se pleiteia uma “liminar”, ou seja, uma decisão no início
do processo.
Tutela provisória é gênero, dentro do qual existem duas espécies: tutela
de urgência e tutela da evidência. De seu turno, a espécie tutela de urgência
se divide em duas subespécies: tutela de urgência cautelar e tutela de
urgência antecipada.

5.2 – Tutela de urgência - São requisitos da tutela de urgência: a)


elementos que evidenciem a probabilidade do direito; b) perigo de dano ou
risco ao resultado útil do processo. Assim, tem-se uma coincidência de
requisitos entre a cautelar e a antecipação de tutela.
Para deferir a tutela de urgência, o juiz poderá, conforme o caso, exigir
caução real ou fidejussória idônea para ressarcir danos que a outra parte
possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte
economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la, ou seja, ficará a
critério do juiz, caso a caso, determinar a prestação de caução ou não.
A concessão da tutela de urgência poderá se verificar liminarmente ou
após audiência de justificação prévia, quando se poderá fazer prova dos
requisitos para sua concessão, ou seja, ficará a critério do juiz, caso a caso,
designar ou não essa audiência.
Tal qual no sistema anterior, há dispositivo vedando a concessão de
tutela antecipada (“tutela de urgência de natureza antecipada”) se houver
perigo de irreversibilidade, isto é, não se concederá a tutela de urgência
antecipada se a situação não puder voltar ao que era antes (ao status quo
ante).
A tutela de urgência cautelar pode ser efetivada mediante arresto,
sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de
bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito.

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Temos, aqui, uma grande dificuldade: quais são o requisito e o


procedimento para essas medidas cautelares? A lei é absolutamente
omissa. Frise-se que essa é a única menção às antigas cautelares nominadas
do CPC/73. Assim, há total ausência de regulamentação dessas medidas –
que, mencionadas expressamente, poderão seguir sendo utilizadas.
Diante da ausência de regulamentação legal, o procedimento será bem
aberto, cabendo ao juiz decidir não só o mérito (requisitos para sua
concessão), mas também a forma de tramitação (efetivamente, o
procedimento).
Efetivada a tutela de urgência (cautelar ou antecipatória) e,
posteriormente, reformada, deverá o autor reparar o dano processual
causado ao réu, com a indenização fixada, preferencialmente, nos mesmos
autos. Outra novidade de forma clara é a tutela antecedente, o autor deverá
aditar a petição inicial para complementar sua argumentação, juntar novos
documentos e confirmar o pedido de tutela final, em 15 dias ou em outro
prazo maior que o juiz fixar. No aditamento, não haverá a necessidade de
recolhimento de novas custas. Feito o aditamento, o réu será citado para
comparecer à audiência de conciliação ou de mediação; não havendo
acordo, somente aí haverá o início do prazo para contestação.

5.3 – Tutela de evidência - A tutela da evidência busca resguardar um


direito evidente; ou seja, é uma tutela provisória que não depende de
urgência (exatamente por isso, não é denominada de tutela de urgência, a
outra espécie de tutela provisória).
A tutela da evidência será concedida, independentemente da
demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do
processo. O Código a prevê em quatro situações:
I) –ficar caracterizado abuso do direito de defesa ou manifesto
propósito protelatório da parte (tutela da evidência penalizadora da má-fé);

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II) –as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas


documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos
repetitivos ou súmula vinculante (tutela da evidência fundada em tese
firmada em tribunal superior);
III) –se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental
adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de
entrega do objeto custodiado sob cominação de multa (tutela da evidência
em contrato de depósito);
IV) –a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos
fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz
de gerar dúvida razoável (tutela da evidência fundada em prova
incontroversa).
Afirma, o Código, que, nos casos dos incisos II e III, será possível a
concessão liminar da tutela da evidência.

6. Procedimentos especiais

6.1 – Jurisdição voluntária é aquela que prescinde (dispensa) de


conflito, não faz coisa julgada e de sua decisão, transitada em julgado,
cabe ação anulatória. São ações de jurisdição voluntária:

I - emancipação;

II - sub-rogação;

III - alienação, arrendamento ou oneração de bens de crianças ou


adolescentes, de órfãos e de interditos;

IV - alienação, locação e administração da coisa comum;

V - alienação de quinhão em coisa comum;

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VI - extinção de usufruto, quando não decorrer da morte do


usufrutuário, do termo da sua duração ou da consolidação, e de
fideicomisso, quando decorrer de renúncia ou quando ocorrer antes do
evento que caracterizar a condição resolutória;

VII - expedição de alvará judicial;

VIII - homologação de autocomposição extrajudicial, de qualquer


natureza ou valor.
Processam-se durante as férias forenses e não se suspendem pela
superveniência delas os procedimentos de jurisdição voluntária. Nos
procedimentos de jurisdição voluntária, as despesas serão adiantadas
pelo requerente e rateadas entre os interessados.

6.2 – São três as ações possessórias: (I) reintegração de posse, no caso


de esbulho (perda da posse); (II) manutenção da posse, n ocaso de
turbação (perturbação da posse, sem perde-la); (III) interdito proibitório,
no caso de ameaça de ter a posse molestada. Cabe liminar apenas se a posse
for nova (menos 1 ano e 1 dia).

6.3 – Ação monitória é o procedimento para o caso em que o autor


dispõe de prova escrita sem eficácia de título executivo, que traduza
obrigação de pagar quantia, entregar coisa ou adimplir obrigação de
fazer/não fazer. Havendo dúvida quanto à idoneidade da prova
documental o juiz intima o autor, para emendar a petição inicial e mudar
para o procedimento comum. Na monitória não cabe reconvenção.

7. Outros temas importantes

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7.1 – São características da jurisdição: inércia, inafastabilidade,


imutabilidade, imperatividade (decisão do juiz tem força de lei), juiz
natural e imparcialidade.

7.2 - A competência material e funcional é absoluta e pode ser


analisada de ofício pelo juiz, ser alegada a qualquer momento por objeção
ou em preliminar de contestação e as partes não podem derrogar (abrir
mão).
Já a competência relativa o juiz não pode conhecer de ofício, deve ser
alegada em preliminar de contestação e as partes podem derrogar (por
exemplo, competência territorial, elegendo as partes o foro para eventual
litígio).

7.3 - Na esteira do comentário acima, não se pode derrogar a


competência do Juizado Especial Federal e Juizado Estadual da Fazenda
Pública, pois a competência é absoluta, em razão de expressa previsão
legal.

Memorize – A competência dos juizados especiais federal e da


fazenda pública é absoluta, em razão do valor da causa – até 60
(sessenta) salários mínimos.

7.4 - Assistência é modalidade de intervenção de terceiro no processo


para ajudar a parte. É facultativa e seu ingresso se dá por petição simples.
Se o terceiro tiver relação com apenas uma das partes será simples, se com
as duas será litisconsorcial.

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7.5 - Pode o juiz julgar liminarmente improcedente o pedido


realizado na petição inicial, independentemente de citação do réu, quando
contrariar:
- enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior
Tribunal de Justiça;
- acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
- entendimento firmado em incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de assunção de competência;
- enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
Dessa decisão caberá apelação sendo facultado ao magistrado se
retratar em cinco dias.

7.6 - O pedido genérico é formulado sem o valor, pois este será


determinado no curso da ação, como no caso em que se sabe que tem um
direito de reparação de dano, mas não sabe quanto.
Já o pedido implícito é aquele que não precisa ser formulado para que
seja analisado como, por exemplo, honorários, juros de mora e atualização
monetária.

7.7 - A reconvenção deve ser apresentada pelo réu junto com a


contestação e importa em manifestação de pretensão próprio do réu contra
o autor. Grosso modo, é uma ‘petição inicial’ do réu contra o autor, dentro
da contestação.
Já a suspeição e o impedimento devem ser alegadas no prazo de 15
dias, a contar do conhecimento do fato. Da decisão com trânsito em
julgado proferida por juiz impedido cabe ação rescisória.

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7.8 - A prescrição pode ser conhecida de ofício, entretanto as partes


devem ser previamente intimadas para se manifestarem, em homenagem
ao princípio da não surpresa.

7.9 - A sentença é formada por três partes: relatório, fundamentação e


dispositivo.
O relatório contém um breve relato de todos os atos processuais
praticados.
A fundamentação é a razão de decidir do juiz, parte da sentença em que
todos os pontos levantados pelas partes devem ser apreciados.
O dispositivo é a decisão final, se julga procedente ou improcedente. É
a conclusão da fundamentação. Na parte dispositiva o juiz se limita a dizer
se julgou procedente ou improcedente o pedido.
Só a parte dispositiva faz coisa julgada. Portanto a fundamentação não
faz. No entanto, a fundamentação fará coisa julgada em relação à
questão prejudicial decidida expressa e incidentemente no processo, se o
julgamento depender da resolução da questão prejudicial, desde que tenha
havido contraditório e ampla defesa quanto à matéria e o juiz seja
competente para julgá-la.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE

1. Adoção

1.1 – A adoção constitui-se em forma de colocação da criança ou


adolescente em família substituta. Portanto, tem a natureza de constituir
uma relação jurídica de natureza civil onde não havia. Aquele que adota
tem o dever de prestar os cuidados e a assistência moral e material
como se filho seu fosse.

1.2 – Na adoção conjunta existem dois ou mais adotantes, que podem


ser pessoas do mesmo sexo ou não e devem ser casados ou manter
união estável. Na hipótese de serem divorciados, separados judicialmente
ou ex-companheiros, havendo a adoção, será assegurada a guarda
compartilhada. Essa hipótese só é possível quando a o processo de adoção
tenha se iniciado na constância da convivência.

1.3 – É ato personalíssimo, não se pode adotar por procuração


(art.39, §2º); excepcional e irrevogável (art. 39, §1º), somente acontecerá
quando for impossível manter a criança/adolescente em sua família natural
ou extensa e não pode ser revogado, como ocorre na guarda e tutela;
incaducabilidade, a morte dos pais adotantes não reestabelece o poder
familiar dos pais biológicos; plenitude, o adotado tem a mesma condição
de filho biológico, não havendo qualquer distinção; constituição por
sentença judicial, a adoção exige sentença judicial, não pode acontecer por
escritura pública.
Essa sentença produz efeitos aquisitivo (novo parentesco) e extintivo
(parentesco anterior – este pode ser limitado a um dos ascendentes, no caso
de adoção unilateral). Após a sentença, será feito o registro civil, em que
não poderá constar nenhuma observação sobre a origem do ato.

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É possível a modificação do prenome, seja qual for a idade do adotando.


Se essa modificação for requerida pelos pais adotivos, a
criança/adolescente deve ser obrigatoriamente ouvida.

Memorize – Uma vez realizada a adoção, é irrevogável, não


sendo possível reestabelecer o poder familiar dos pais
biológicos, nem mesmo com a morte dos pais adotivos.

1.4 – Existem requisitos subjetivos e objetivos:


a) Requisitos subjetivos
Idoneidade do adotante; motivos legítimos/ desejo de filiação; reais
vantagens para o adotando; prevalência dos interesses do adotando.
b) Requisitos objetivos
Idade – Quem quer adotar deve ter no mínimo 18 anos e deve ser no
mínimo 16 anos mais velhos que a criança/adolescente a ser adotada. No
caso de adoção conjunta, apenas um dos membros do casal pode cumprir
esses requisitos.
Consentimento dos pais ou destituição do poder familiar – Podem os
pais biológicos darem o consentimento para a adoção, e também há a
hipótese de que os pais biológicos foram destituídos do poder familiar. O
consentimento deve se dar em audiência específica para essa finalidade,
podendo haver retratação até a data da audiência e arrependimento em até
dez dias, contados da sentença de extinção do poder familiar. A ação de
destituição do poder familiar deve ser ajuizada em até 15 dias do
recebimento do relatório e deverá se encerrar em até 120 dias.
Consentimento do adolescente – Tanto a criança quanto o adolescente
tem o direito de ser ouvido perante o juiz. Se o adolescente não consentir,
não será adotado. Portanto, o adolescente deve concordar com a adoção,
para que seja colocado em família substituta. Já a criança apenas deve ser
ouvida e não tem poder decisório sobre a adoção.

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Cadastramento prévio – em regra, deve ser cadastrado para poder


adotar. Exceções: adoção unilateral (marido quer adotar filho da esposa);
adoção por membro da família extensa (excetuam-se irmãos, que não
podem adotar irmãos, e avós não podem adotar netos); detentor da
guarda/tutela de criança maior de 3 anos que tenha afinidade. Esse
cadastramento é renovado no mínimo a cada três anos.
Estágio de convivência – há que se fazer diferenciação entre adoção
nacional (não pressupõe saída da criança/adolescente do território
nacional) e adoção internacional (pressupõe a saída da criança/adolescente
do território nacional).
Modalidade Dispensa Prazo Prazo máximo
adoção mínimo

Nacional É possível Não tem 90 dias

Internacional Não. Deve ser 30 dias 45 dias,


cumprido no prorrogáveis por
Brasil. igual período, uma
única vez.

Memorize – Podem adotar os maiores de 18 anos e o adotante


deve ser, pelo menos, 16 anos mais velho que a
criança/adolescente a ser adotada. Todavia, sendo a adoção
bilateral, basta que apenas um dos adotantes preencha o
requisito.

Sendo o adotando adolescente (maior de 12 anos), deve haver o


seu consentimento na adoção. Se for criança (menor de 12 anos),
deve haver consentimento dos pais biológicos ou representante
legal da criança, salvo se os pais são desconhecidos ou tenham
sido destituídos do poder familiar.

Deve haver um estágio de convivência pelo prazo máximo de 90


dias, entre os pais adotivos e a criança/adolescente, dispensado
esse estágio de convivência se o adotante esteja em companhia

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do adotado por tempo suficiente para avaliar a convivência. No


caso de adoção internacional, esse prazo é de no mínimo 30 dias
e no máximo 45 dias e a convivência deve ser realizada no
território nacional, não podendo ser dispensada.

1.5 – Irmão não pode adotar irmão. Avós não podem adotar netos.
Tutor/curador não pode adotar enquanto não prestadas contas da situação
jurídica da tutela/curatela.

1.6 – Adoção internacional corresponde àquela em que o adotante


possui residência habitual em um país e deseja fazê-lo em outro. Sua
definição pode ser encontrada no art. 51 do ECA.

Memorize – Adoção internacional não é a adoção efetivada


somente por estrangeiros, o adotante pode ser brasileiro! O
requisito é morar no exterior!!! Estrangeiros residentes no
Brasil se sujeitam às regras da adoção nacional.

Portanto, mesmo que sejam brasileiros, terão de se submeter às regras


da adoção internacional se, residentes no exterior, quiserem adotar uma
criança no Brasil.
Estrangeiros residentes no Brasil se sujeitam às regras de adoção
nacional.
Inúmeros são os requisitos que devem ser atendidos para o deferimento
da adoção internacional. Trata-se de espécie subsidiária, sendo a última
solução para colocação em família substituta.
São condições para que ocorra:
a) intervenção das autoridades centrais estaduais e federal em matéria
de adoção;

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b) somente quando não houver outra solução (subsidiária e


excepcional);
c) observância do estágio de convivência e de parecer favorável da
equipe interprofissional;
d) preferência da adoção internacional por brasileiros que residem fora
do Brasil sobre estrangeiros residentes no exterior.

Memorize – Estrangeiro residente no Brasil terá preferência


sobre brasileiro residente no exterior.

A adoção internacional não resulta na perda da nacionalidade brasileira,


podendo eventualmente adquirir nacionalidade estrangeira, nos termos da
lei respectiva.

1.7 – A irrevogabilidade da adoção não interfere no direito de o filho


adotado conhecer sua origem biológica.

Memorize – O adotado tem direito de conhecer sua origem


biológica, bem como obter acesso irrestrito ao processo no qual
a medida foi aplicada, após completar 18 anos. Ao menor de 18
anos é possível esse direito, desde que parta do menor o pedido,
assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica.

Importante ressaltar, contudo, que a ação investigatória de ascendência


genética não interfere no vínculo de filiação já estabelecido com os pais
adotivos, nem tem por fim o restabelecimento do poder familiar dos pais
biológicos. Ademais, somente poderá existir quando os nomes dos pais
biológicos não constarem do processo de colocação em família substituta.

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2. Medidas socioeducativas

2.1 – Previstas no art. 112, trata-se de rol taxativo, que prevê seis
medidas, as quais, vale dizer, são aplicáveis somente aos adolescentes.
Às crianças somente podem ser aplicadas medidas de proteção, as
quais são aplicáveis tanto a crianças como a adolescentes.

Memorize – Criança somente recebe medida de proteção. Já


adolescente pode receber medida de proteção ou socioeducativa.
Criança NÃO recebe medida socioeducativa.

Para que possam ser aplicadas, deve-se levar em conta, de acordo com
o art. 112, § 1º, do ECA: a) a capacidade de cumprir a medida; b)
as circunstâncias; c) a gravidade da infração.

2.2 – Advertência
A mais branda medida socioeducativa.
Essa medida, por ser mais branda, pode ser aplicada se houver prova
da materialidade e indícios suficientes da autoria (art. 114, parágrafo
único, do ECA), diferentemente das demais, que para serem aplicadas
pressupõem provas suficientes de autoria e de materialidade da infração
(obtidos na ação socioeducativa).

2.3 – Obrigação de reparar o dano


A finalidade dessa medida é compensar a vítima, por meio da
restituição de bem, ressarcimento, ou outra forma a depender do caso.
Para a aplicação dessa medida, é necessário existir prova da autoria e
da materialidade da infração, não bastando a obtenção de indícios nesse
caso. Trata-se de medida gerenciada pelo próprio Poder Judiciário,

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cabendo ao Judiciário a fiscalização direta e indireta, para que se comprove


a reparação.

2.4 – Prestação de serviços à comunidade


Consiste na realização, pelo adolescente, de tarefas de interesse geral,
de forma gratuita, observadas as suas aptidões e atendidas as regras do art.
117 do ECA.
Existe um limite de jornada semanal máxima de oito horas, que
poderá ser cumprida aos sábados, domingos, feriados ou dias úteis,
desde que não prejudique a frequência escolar ou atividades
profissionais desempenhadas pelo adolescente. A medida deve, contudo,
ser cumprida em período não superior a seis meses.

Memorize – A medida socioeducativa de prestação de serviços à


comunidade deve obedecer a um limite semanal máximo de oito
horas, não podendo a medida durar mais do que seis meses.

Para a aplicação dessa medida, é necessário apurar a materialidade e


autoria do ato infracional, mediante sentença, salvo no caso de cumulação
com remissão, caso em que basta a concordância do adolescente e seu
defensor.

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2.5 – Liberdade assistida


É disciplinada pelos arts. 118 e 119 do ECA.
Para que possa ser aplicada, é essencial a apuração da materialidade
e autoria mediante procedimento que observe o devido processo legal.
Deve haver um relatório de aplicação da medida, com prazo mínimo de
seis meses e máximo de três anos.

2.6 – Semiliberdade

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Ocorre a restrição parcial da liberdade do adolescente, que estará


afastado do convívio familiar e comunitário de origem, embora não se
restrinja totalmente seu direito de ir e vir.
Quando da aplicação dessa medida, o adolescente trabalha e estuda
durante o dia e, no período noturno, fica recolhido em entidade de
atendimento especializada. A medida será fixada sem prazo
determinado, sendo o adolescente periodicamente avaliado a fim de
verificar a possibilidade de mudança da medida aplicada, ou mesmo sua
extinção. Embora não tenha prazo determinado, está limitada ao prazo
legal máximo de três anos. Além disso, caso o adolescente complete 21
anos de idade, será dado termo à aplicação da medida.
Por tratar-se de medida restritiva de liberdade, deverá ser breve e
excepcional, sobretudo por ser aplicada a pessoas em desenvolvimento.
Ademais, somente pode ser aplicada por sentença na ação socioeducativa
em que tenha sito apurada a materialidade e autoria.
Diferente das medidas anteriormente analisadas, a semiliberdade não
pode ser aplicada em cumulação à remissão.

2.7 – Internação
Trata-se da medida socioeducativa mais grave. Em razão de se tratar de
medida privativa de liberdade, está sujeita aos princípios da brevidade,
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em
desenvolvimento (art. 121, caput do ECA).
Via de regra, o juiz não fixa quanto tempo o adolescente infrator ficará
internado, é fixada sem prazo determinado (exceto para a internação-
sanção, em que o juiz deve determinar o prazo de internação, sendo
no máximo de 03 meses), embora o tempo máximo de internação seja de
03 anos, havendo avaliação periódica do adolescente a cada seis meses
a fim de determinar a necessidade de sua manutenção. Para que o
adolescente possa participar de atividades externas durante a internação é

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necessária a autorização de equipe técnica da entidade, podendo essa


autorização ser totalmente vedada pela autoridade judicial (art. 121, § 1º,
do ECA).
A internação não pode ser cumulada com a remissão. Trata-se de
medida extrema, aplicada em caso de atos infracionais que
envolvam violência e grave ameaça, reiteração no cometimento de
infrações graves ou descumprimento reiterado e injustificável de
medida anterior.
Deve ser observado o prazo legal máximo de três anos de internação
(art. 121, §§ 3º e 4º, do ECA), contado o período de internação
provisória. Ademais, aplica-se a liberação compulsória aos 21 anos de
idade (art. 121, § 5º, do ECA).
Hipóteses de cabimento:
a) ato infracional cometido com grave ameaça ou violência à pessoa –
via de regra, se o ato infracional não for praticado com violência ou grave
ameaça, não cabe a medida de internação. A súmula 492 do STJ diz que o
tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à medida de
internação. A internação por ato infracional cometido com violência ou
grave ameaça pode durar no máximo 03 anos, embora o juiz não precise
fixar o tempo em que será cumprida.
b) reiteração no cometimento de outras infrações graves –
excepcionando a regra acima, sendo o adolescente infrator, reiteradamente
capturado cometendo ato infracional de infrações graves, ainda que sem
violência ou grave ameaça, pode ser imposta a medida de internação.
Como na situação visto no item ‘a’, o juiz não fixa um prazo, contudo, o
cumprimento limita-se a 03 anos.
c) descumprimento reiterado e injustificável de medida anteriormente
imposta – é a chamada internação-sanção, o prazo máximo dessa
internação é de 03 meses e não pode ser convertida em internação com

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prazo indeterminado. É essencial a oitiva do adolescente, até para que


possa apresentar justificação do descumprimento.
Ainda, a internação pode ser provisória, com duração máxima de
45 dias, durante o curso do processo.

Memorize – A medida de internação é aplicada em caso de atos


infracionais que envolvam violência e grave ameaça, reiteração
no cometimento de infrações graves ou descumprimento
reiterado e injustificável de medida anterior.

Memorize isso. O descumprimento em medida anterior deve ser


REITERADO e INJUSTIFICÁVEL, até por isso o adolescente
deve ser ouvido antes da medida ser aplicada, para que possa
justificar o descumprimento.

Prazo da internação:

Determinado: o juiz fixa o período, sendo o máximo de 03 meses,


para o caso de descumprimento reiterado e injustificável de
medida anteriormente imposta.

Indeterminado: o juiz não fixa o tempo que deve ser cumprida,


devendo o adolescente ser avaliado a cada seis meses, todavia, o
cumprimento não pode ultrapassar o máximo de 03 anos, para
atos infracionais cometidos mediante violência ou grave ameaça
e por reiteração no cometimento de outras infrações graves.

Internação provisória: grosso modo, semelhante a uma ‘prisão


provisória’, decretada no curso do processo, com prazo máximo
de 45 dias.

2.8 – A remissão consiste em um perdão dado ao adolescente,


mitigando-se os efeitos negativos da continuidade do procedimento de
apuração de ato infracional. A medida está disciplinada no art. 126 do
ECA.

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A remissão pode ser concedida pelo Ministério Público antes da


propositura da demanda, acarretando a exclusão do processo. No
entanto, após o início do processo de apuração de ato infracional,
deverá ser feita pela autoridade judiciária, antes da sentença,
implicando a suspensão ou extinção do processo. Da decisão que
concede a remissão, caberá recurso de apelação.

Memorize – REMISSÃO

Pelo MP/Remissão pré-processual – Antes da propositura da


demanda = exclusão do processo. Pode ser cumulada com outra
medida socioeducativa, sendo necessário prévio consentimento
do infrator e homologação judicial

Pelo Juiz/Remissão judicial – após o início do processo, antes da


sentença = suspensão ou extinção do processo. Não é necessária
concordância do Ministério Público, mas ele deve ser ouvido.

2.9 – Súmulas importantes:


108 STJ – A aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente, pela
prática de ato infracional, é da competência exclusiva do juiz.
265 STJ – É necessária a oitiva do menor infrator antes de decretar-se
a regressão da medida socioeducativa.
338 STJ – A prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas.
342 STJ – No procedimento para aplicação de medida socioeducativa,
é nula a desistência de outras provas em face da confissão do adolescente.
492 STJ – O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não
conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de
internação do adolescente.

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3. Direito à convivência familiar

3.1 – Paralelamente à guarda e à tutela, encontram-se os programas de


acolhimento familiar e institucional. Esses programas são medidas de
proteção aplicáveis em situações de risco, cuja função é manter
temporariamente a criança e o adolescente protegidos de quaisquer perigos
enquanto se busca a reestruturação da família natural.
O programa de acolhimento familiar somente pode ser aplicado pelo
juiz da Vara da Infância e Juventude. Seu efeito é a retirada da criança
ou do adolescente de sua família, com a posterior entrega dele para
uma família acolhedora, que pode ter a supervisão pedagógica e
direcional de uma entidade de atendimento, responsável pela execução do
programa.
Nesse programa, a criança e o adolescente não são recebidos como
filhos, sendo sua permanência com a família acolhedora temporária e
provisória, para que, posteriormente, superada a situação de risco,
possam retornar ao seu grupo familiar de origem. Contudo, pode haver
a definição da família acolhedora como guardiã do assistido, nos termos
do art. 34 do ECA.

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1ª Fase Exame OAB – Temas Recorrentes

O programa de acolhimento institucional, seguindo a mesma regra,


somente poderá ser aplicado por determinação de juiz da Vara da Infância
e Juventude. Seu efeito, por sua vez, é a permanência da criança ou do
adolescente em uma entidade de atendimento, governamental ou não,
cujo dirigente será o guardião das crianças e adolescentes que estejam sob
os cuidados da instituição.
Tem prazo máximo de 18 meses (art. 19, §2º, ECA). Esse prazo
somente pode ser excedido se for comprovada a necessidade que atenda
ao seu superior interesse. Deve haver reavaliação a cada 03 meses.

Memorize – O acolhimento institucional tem prazo máximo de


18 meses e a cada 03 meses deve ser feita avaliação. Ao final do
período, nessa ordem:

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A criança volta para a família natural; se não for possível, fica


com a família extensa; se não for possível, vai para adoção; em
último caso, não sendo adotada, fica em acolhimento
institucional, até ser adotada ou completar a maioridade.

3.2 – São adotadas no ECA três possíveis classificações de família:


família natural; família extensa (ou ampliada); e família substituta.
Família natural: Formada pelos pais (biparental) ou somente um
deles, pai ou mãe (monoparental).

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Família extensa ou ampliada: abarca não apenas os pais, como


também outros parentes próximos que convivem e mantêm vínculos de
afinidade e afetividade com a criança ou adolescente.
Família substituta: é o gênero das espécies: guarda, tutela e adoção. A
colocação de criança ou adolescente em família substituta deve ser feita
em última hipótese.
Novas famílias: A CF/1988 adotou o princípio do pluralismo das
entidades familiares, podendo surgir outros tipos de família, não previstos
pela constituição, como, por exemplo, a família homoafetiva, anaparental
(sem ascendentes) etc.

3.3 – O apadrinhamento corresponde a um programa de atendimento,


não consistindo em modalidade de família substituta. Nele a criança ou
adolescente criam vínculos com um padrinho, que será seu conselheiro,
não se podendo confundir esse instituto com guarda, tutela ou estágio de
convivência familiar preparatório para adoção.
Podem ser padrinhos os maiores de 18 anos não inscritos nos
cadastros de adoção, devendo ainda atender aos requisitos do programa
de apadrinhamento de que façam parte. Pessoas jurídicas também podem
apadrinhar.

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DIREITO TRIBUTÁRIO

1. Princípios

1.1 – Legalidade – Para exigir um tributo é necessário instituí-lo por


lei, da mesma forma, para extingui-lo. Para aumentar ou reduzir tributos,
em regra, também é necessário uma lei, com exceções para II (importação),
IE (exportação), IOF (operações financeiras) e IPI (produto
industrializado), CIDE-combustível e ICSM-combustível, que podem ter
as alíquotas alteradas pelo poder executivo.
Além do tributo, precisa de lei para a definição de fato gerador de
tributo, base de cálculo e alíquotas, infrações, contribuintes, multas,
extinção, suspensão, exigibilidade, e exclusão do crédito tributário.
Não é necessária lei para atualizar a base de cálculo, desde que não
resulte em aumento.

1.2 – Irretroatividade – é vedado cobrar tributo em relação a fatos


geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que houve
instituído ou aumentado. Não possui exceções.

1.3 – Anterioridade – é vedado cobrar tributo no mesmo exercício


financeiro em que haja sido publicada a lei que aumentou ou instituiu.
Exceções: II, IE, IPI, IOF, Imposto Extraordinário de Guerra, Empréstimo
Compulsório (em caso de calamidade pública e guerra externa), CIDE-
combustível e ICSM-combustível.

1.4 – Anterioridade nonagesimal – é vedado cobrar tributo antes de


decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que
instituiu ou aumentou. Exceções: II, IE, IOF, Imposto de renda, Imposto

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Extraordinário de Guerra, Empréstimo Compulsório (em caso de


calamidade pública e guerra externa) e base de cálculo do IPTU e IPVA.

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2. Tributos em espécie

2.1 – IPI – Impostos sobre produto industrializados: Já vimos que o


IPI não obedece ao princípio da legalidade, no tocante à alteração de
alíquota, bem como não obedece ao princípio da anterioridade (mesmo
exercício financeiro), todavia, obedece ao princípio da anterioridade
nonagesimal (90 dias).
O IPI é dotado de seletividade, pelo que se entende que é lícito cobrar
alíquotas maiores de produtos considerados não essenciais, como o cigarro,
por exemplo, que tem alíquota maior. Também é dotado de não-
cumulatividade, isto é, compensa-se o que for devido em cada operação
com o montante cobrado nas anteriores.

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O IPI não incide sobre produtos industrializados destinados ao exterior,


bem como em energia elétrica, derivados de petróleo e combustíveis. Sobre
bens de capital (bens que servem para a produção de outros bens), será
cobrado de forma reduzida.
É possível a dupla incidência do IPI – tanto no embaraço aduaneiro
quanto na revenda. Os contribuintes são: o importador; o industrial;
comerciante que forneça produto ao industrial; e arrematante de produtos
apreendidos ou abandonados.

2.2 – ICSM – Imposto sobre circulação de mercadoria e serviço:


Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação.
É imposto Estadual, mas a receita é repartida com os municípios, que
têm direito a 25% da arrecadação. As parcelas a que têm direito os
municípios serão creditadas, no mínimo, em 3/4 da proporção do que foi
arrecadado por circulação de mercadoria ou prestação de serviço no
município.
Aplica-se ao ICMS o princípio da seletividade, de forma opcional, e o
da não-cumulatividade, de forma obrigatória.
Da mesma forma que o IPI, não incide ICMS nas exportações,
combustíveis, derivados de petróleo e energia elétrica.
Constitui fato gerador do ICMS a saída da mercadoria do
estabelecimento do contribuinte.

Memorize – O simples deslocamento de mercadoria de um


estabelecimento para outro do mesmo contribuinte não
constitui fato gerador do ICMS. Bem como, não constitui fato
gerado do ICMS, a circulação de mercadorias e a saída física de
máquina, utensílios e implementos a título de comodato.

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2.3 – IPTU – Imposto sobre a propriedade predial e territorial


urbana - Não se aplica à atualização da base de cálculo do IPTU a
anterioridade nonagesimal.
Há uma progressividade fiscal. A alíquota do tributo aumenta
proporcionalmente ao valor do imóvel. Há uma progressividade
extrafiscal, isto é, o IPTU aumenta à medida em que o tempo passa,
nos casos de imóveis não utilizados ou subutilizados. É lícito ao município
diferenciar a alíquota de acordo com a localização e o uso do imóvel.
A base de cálculo é sobre o valor venal do imóvel, não o valor de
mercado. O contribuinte é o proprietário do imóvel, o titular do seu
domínio útil, ou o possuidor a qualquer título.

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DIREITO AMBIENTAL

1. Instrumentos da política nacional do meio ambiente


1.1 – Dentre os 13 instrumentos previstos na lei 6.938/81, destacam-se,
em exames da OAB, o EIA/RIMA – estudo de impacto ambiental e
relatório de impacto ambiental – e o licenciamento e licença ambiental.
O EIA/RIMA, também denominado EPIA/RIMA, estudo prévio de
impacto ambiental e relatório de impacto ambiental. Está ligado com o
princípio da prevenção, que estabelece o dever de prevenção dos
impactos ambientais. A prevenção trabalha com a ideia de risco conhecido,
a certeza científica, portanto, deve-se agir de forma antecipada a evitar o
dano ambiental.
O estudo de impacto ambiental (EIA) é indispensável, deve ser
realizado para toda obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação ambiental. É, portanto, instrumento de
prevenção, caracterizado por ser um estudo multidisciplinar, com a
finalidade de mitigar impactos ambientais.
Após o estudo do impacto ambiental, é apresentado o relatório desse
estudo (RIMA). É um relatório conclusivo que traduz os termos técnicos
para esclarecimento, analisando o Impacto Ambiental. Este relatório é
responsável pelos levantamentos e conclusões, devendo o órgão público
licenciador analisar o relatório observando as condições de
empreendimento. Recebido o RIMA ele será publicado em edital,
anunciado pela imprensa local abrindo o prazo de 45 dias para
solicitação de audiência pública que poderá ser requerida por 50 ou
mais cidadãos ou pelo Ministério Público, onde após a realização de
quantas audiências forem necessárias é elaborado o parecer final, podendo
ser autorizado um licenciamento prévio para realização da obra ou o
indeferimento do projeto.

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1.2 – O licenciamento ambiental corresponde a uma outorga concedida


pela Administração Pública aos que pretendem exercer uma atividade
potencialmente ou significativamente poluidora.
Por meio do licenciamento ambiental, o órgão competente estabelece
as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser
obedecidas pelo empreendedor – pessoa física ou jurídica – para localizar,
instalar, ampliar e operar empreendimento ou atividades utilizadoras dos
recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou
aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.
1) Licença Prévia: concedida na fase preliminar do planejamento do
empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção,
atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e
condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua
implementação.
Prazo mínimo: será o estabelecido no cronograma do projeto
apresentado.
Prazo máximo: 5 anos (cabe prorrogação, desde que não ultrapasse
esse prazo)
(2) Licença de Instalação: autoriza a instalação do empreendimento
ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos,
programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle
ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo
determinante.
Prazo mínimo: será o estabelecido no cronograma de instalação da
atividade.
Prazo máximo: 6 anos (cabe prorrogação, desde que não ultrapasse
esse prazo)
(3) Licença de Operação: autoriza a operação da atividade ou
empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta

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das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e


condicionantes determinados para a operação.
Prazo mínimo: 4 anos
Prazo máximo: 10 anos

Memorize – Prazos das licenças ambientais:

Prévia = máximo 05 anos;

Instalação = máximo 06 anos

Operação = mínimo 04 e máximo 10 anos

2. Responsabilidade ambiental

2.1 – Como no direito administrativo, o sujeito pode ser


responsabilizado em todas as esferas: administrativa, civil e penal.
A responsabilidade ambiental da Administração é solidária e de
execução subsidiária (ou com ordem de preferência) = o Estado integra o
título executivo sob a condição de, como devedor-reserva, só ser
convocado a quitar a dívida se o degradador original, direto ou material
(devedor principal) não o fizer, assegurado, sempre, o direito de regresso
(art. 934, CC), com a desconsideração da personalidade jurídica (art. 50,
CC).
Licença ambiental: a licença ambiental não libera o empreendedor
licenciado de seu dever de reparar o dano ambiental.
Essa licença, se integralmente regular, retira o caráter de ilicitude
administrativa do ato, mas não afasta a responsabilidade civil de
reparar.

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2.2 – Responsabilidade civil: Trata-se de uma forma de


responsabilização objetiva, pois dispensa a demonstração de culpa ou
dolo do agente poluidor. Então, aquele que, adquirindo a propriedade, não
reverte o dano ambiental, ainda que não causado por ele, já teria
responsabilidade indireta pela degradação ambiental.
A responsabilidade civil pelo dano ambiental, qualquer que seja a
qualificação jurídica do degradador, público ou privado, é de natureza
objetiva, solidária e ilimitada, sendo regida pelos princípios: poluidor-
pagador; da reparação in integrum; da prioridade da reparação in natura; e
do favor debilis: este último a legitimar uma série de técnicas de
facilitação do acesso à justiça, entre as quais se incluem a inversão do
ônus da prova em favor da vítima ambiental.
Os princípios poluidor-pagador, reparação in integrum e prioridade da
reparação in natura e do favor debilis são, por si sós, razões suficientes
para legitimar a inversão do ônus da prova em favor da vítima
ambiental.

2.3 – Responsabilidade administrativa: A conduta deve ser cometida


pelo alegado transgressor, com demonstração de seu elemento subjetivo,
bem como do nexo causal entre a conduta e o dano.
A diferença entre a responsabilidade civil e administrativa no Direito
Ambiental pode ser verificada no artigo 14, caput e § 1°, da Lei
6.938/1981.
Segundo este dispositivo legal, a aplicação das penalidades
administrativas, dentre elas, a multa, limita-se aos transgressores. Já
a reparação civil ambiental pode abranger todos os poluidores.

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DIREITO DO CONSUMIDOR

1. Responsabilidade pelo fato do produto

1.1 – Importante diferenciar o vício do defeito do produto. Vício é


aquilo que torna o produto impróprio ou inadequado ao consumo. Já o
defeito do produto coloca em risco a saúde ou a vida do consumidor.
Um produto viciado confere ao fornecedor a possibilidade de repará-
lo no prazo de 30 (trinta) dias – podendo este prazo ser estipulado no
mínimo em 07 (sete) dias e no máximo 180 (cento e oitenta dias), desde
que convencionado entre fornecedor e consumidor, de forma expressa.
Ultrapassado o prazo, se o vício não for sanador, cabe ao consumidor
exigir à sua escolha: (I) a substituição do produto por outro da mesma
espécie; (II) a restituição imediata da quantia paga, monetariamente
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; (III) o abatimento
proporcional do preço. Quando o vício for muito extenso, a ponto de a
reparação comprometer sua qualidade, pode o consumidor fazer uso
imediato de um dos três direitos descritos acima, sem mesmo
possibilitar ao fornecedor o reparo.
Por fim, quanto ao prazo decadencial para o consumidor reclamar o
vício no produto, é de 30 (trinta) dias para produtor não duráveis e 90
(noventa) dias para produtos duráveis. Os prazos têm início no
momento em que o produto for entregue (se o vício for visível) ou a partir
do momento em que se manifestar o vício (se o vício for oculto).

2. Direitos do consumidor

2.1 – Quanto aos direitos do consumidor, visam a proteção da vida,


saúde e segurança. Um dos mais importantes é o da informação adequada

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e clara sobre os diferentes produtos e serviços – deverão ser prestadas


ao consumidor todas as informações necessárias para o adequado
atendimento das necessidades do consumidor. Outro muito importante é a
proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais
coercitivos ou desleais e contra práticas e cláusulas abusivas ou
impostas pelos fornecedores e, por fim, da modificação das cláusulas
contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua
revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem
excessivamente onerosas para o consumidor.

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DIREITO EMPRESARIAL

1. Sociedades

1.1 – Com a promulgação da lei 14.195/21, apelidada como lei da


desburocratização societária, toda EIRELI passará a ser considerada
Sociedade Limitada Unipessoal. Não existe mais EIRELI – Empresário
Individual de Responsabilidade Limitada – no ordenamento jurídico. Toda
EIRELI automaticamente se tornou uma Sociedade Limitada Unipessoal.

1.2 – Pessoas Jurídicas de Direito Privado passam a poder realizar


assembleias gerais por meios eletrônicos.
Art. 1.080-A. O sócio poderá participar e votar a distância em reunião
ou em assembleia, nos termos do regulamento do órgão competente do
Poder Executivo federal.
Parágrafo único. A reunião ou a assembleia poderá ser realizada de
forma digital, respeitados os direitos legalmente previstos de participação
e de manifestação dos sócios e os demais requisitos regulamentares.

1.3 – A maior parte das alterações no Código Civil estão relacionadas


com o Direito Empresarial. Vamos ver a redação de alguns artigos que
foram substancialmente alterados, como eram e como ficaram.
Art. 1.160 – sociedade anônima:
Como era: A sociedade anônima opera sob denominação designativa
do objeto social, integrada pelas expressões “sociedade anônima” ou
“companhia”, por extenso ou abreviadamente.

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Como ficou: A sociedade anônima opera sob denominação, integrada


pelas expressões ‘sociedade anônima’ ou ‘companhia’, por extenso ou
abreviadamente, facultada a designação do objeto social.
Art. 1.161 – Sociedade comandita por ações:
Como era: A sociedade em comandita por ações pode, em lugar de
firma, adotar denominação designativa do objeto social, aditada da
expressão “comandita por ações
Como ficou: A sociedade em comandita por ações pode, em lugar de
firma, adotar denominação, aditada da expressão ‘comandita por ações’,
facultada a designação do objeto social.

Art. 1.142 – Estabelecimento:


Como ficou: Considera-se estabelecimento todo complexo de bens
organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade
empresária.
§ 1º O estabelecimento não se confunde com o local onde se exerce a
atividade empresarial, que poderá ser físico ou virtual.

1.4 – A sociedade estrangeira autorizada a funcionar em território


nacional é obrigada a ter, permanentemente, representante no Brasil, com
poderes para resolver quaisquer questões e receber citação judicial pela
sociedade. O representante somente pode agir perante terceiros depois de
arquivado e averbado o instrumento de sua nomeação. A sede não precisa
ser transferida para o Brasil.
A sociedade autorizada não pode iniciar sua atividade antes de inscrita
no registro próprio do lugar em que se deva estabelecer.
A sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não pode, sem
autorização do Poder Executivo, funcionar no País, ainda que por

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estabelecimentos subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos


expressos em lei, ser acionista de sociedade anônima brasileira.
A sociedade estrangeira autorizada a funcionar ficará sujeita às leis e
aos tribunais brasileiros, quanto aos atos ou operações praticados no Brasil.
Qualquer modificação no contrato ou no estatuto dependerá da
aprovação do Poder Executivo, para produzir efeitos no território nacional.

Memorize – Instituições financeiras; operadoras de planos seguros


privados; operadoras de planos de saúde; empresas de segurança e
de transporte de valores e sociedade estrangeiras DEPENDEM DE
AUTORIZAÇÃO DO PODER EXECUTIVO PARA
FUNCIONAR, sendo inclusive uma exceção ao princípio da livre
iniciativa.

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DIREITO DO TRABALHO

1. Contrato de trabalho

1.1 – São requisitos caracterizadores da relação de emprego o SHOP:


Subordinação, Habitualidade6, Onerosidade e Pessoalidade. Obs.: embora
haja doutrinadores que incluam outros requisitos, estes quatro são
unanimidade e é o que a OAB vai te perguntar.
Presentes estes quatro requisitos em uma relação, pode-se dizer que é
uma relação de emprego e o empregado faz jus aos direitos previstos na
CLT. Funcionário público, voluntário em uma ONG ou um prestador de
serviços autônomo não está amparado pela CLT.
Pessoalidade – a relação deve ser pessoal, não se pode admitir que
outra pessoa realize o trabalho, sob pena de não se configurar a
pessoalidade.
Habitualidade – é necessário que o trabalho seja habitual, mas isso não
significa que tenha que ser diário. Pode ser celebrado no contrato de
trabalho que todas as terças e quintas é o dia de trabalhar que está presente
a habitualidade. Se o trabalho for eventual, então não se enquadra na
relação de emprego.
Subordinação – o empregado deve se submeter às ordens do
empregador, por exemplo, realizar as tarefas por ele determinada. O
subordinado não tem autonomia na relação.
Onerosidade – é a contraprestação. Trabalho voluntário não gera
vínculo de emprego. A onerosidade não necessita ser em dinheiro, pode
ser, por exemplo, um caseiro que cuida da fazenda em troca da moradia.

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Habitualidade pode aparecer na prova como ‘não eventualidade’

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Memorize – Mesmo trabalhando com Subordinação.


Habitualidade, Onerosidade e Pessoalidade, cabeleireiro, barbeiro,
esteticista, manicure, pedicure, depilador e maquiador que trabalhe
em salão de beleza, não necessariamente terá uma relação de
emprego.

É o que dispõe a lei 13.352/16. Portanto, o proprietário do salão de


beleza pode optar por assinar a CTPS do funcionário ou firmar com
ele uma parceria, hipótese em que se exclui a aplicação da CLT.

1.2 – Conquanto o estatuto da Polícia Militar proíba que o militar da


ativa mantenha relação de emprego com empresa privada, a CLT não o faz.
Nesse sentido, a súmula 386 do TST dispõe que, preenchidos os requisitos
(SHOP), é legítimo o reconhecimento de relação de emprego entre
policial militar da ativa e empresa privada, independentemente do
eventual cabimento de penalidade disciplinar prevista no estatuto da
polícia militar.

1.3 – É possível que o empregador defina o uniforme que o


empregado utiliza. Esse uniforme pode conter logomarca de outras
empresas e o empregado não tem direito de reivindicar qualquer valor por
‘fazer propaganda’ para outras marcas (por conta da subordinação que tem
com o patrão que definiu aquele uniforme).
É de responsabilidade do empregado a higienização do uniforme,
que não tem direito a qualquer indenização de valores gastos para
manutenção da limpeza. No entanto, em hipóteses excepcionais, em que é
necessário procedimento ou produto incomum, o empregado pode
deixar de ter essa responsabilidade.

1.4 – O contrato de trabalho intermitente mantém a habitualidade,


no entanto, a subordinação não é contínua, ocorrendo com alternância de

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períodos de prestação de serviço e de inatividade em horas, dias ou


meses. Somente os aeronautas não podem se submeter ao trabalho
intermitente, pois a relação é regida por legislação própria.
No período de intermitência o contrato é suspenso, não produz efeitos,
portanto, o empregado não recebe salário.
Outro ponto importante é que o salário-hora não pode ser menor que o
salário mínimo estipulado. Portanto, é possível que no final do mês o
empregado receba montante menor que o salário mínimo, pois trabalhou
poucas horas no mês.
Quando o empregado está na inatividade o empregador tem que chama-
lo de volta ao trabalho com pelo menos três dias corridos de
antecedência e o empregado tem um dia útil para responder. Se o
empregado aceita o chamado e não se apresenta deve pagar multa ao
‘patrão’ de 50% do valor do contrato (o mesmo raciocínio se aplica se o
patrão convoca e depois desiste do contrato, deve pagar a multa ao
empregado).
Quando o empregado fica na inatividade deve receber férias e 13º
proporcional ao período em que perdurou o contrato.

Memorize – Quando o contrato de trabalho intermitente estiver


suspenso e o ‘patrão’ quer chamar o empregado de volta, deve
informa-lo com antecedência de ao menos três dias corridos e o
empregado tem o prazo de um dia útil para responder,
presumindo-se recusado o chamado se não responder.

A recusa não configura insubordinação e não pode resultar em


demissão por justa causa.

1.5 – A responsabilidade de um grupo econômico é solidária. Ex.:


Uma empresa (holding) é controladora de outras diversas empresas. ‘Seu’
Manoel veio ao Brasil e abriu três padarias, sendo uma dela controladora

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de outras duas, cada um com seu próprio CNPJ. Os funcionários de cada


padaria pode cobrar seus direitos de qualquer uma das empresas da
holding, pois a responsabilidade é solidária.
Importante: para que se configure grupo econômico é necessário
‘comunhão de interesses’, isto é, a atuação deve se dar no mesmo ramo e
em conjunto. No exemplo acima, os funcionários da ‘mecânica automotiva
do Seu Manoel’ não podem cobrar da padaria.

1.6 – A sucessão de empregador não afeta os contratos de trabalho


vigentes. O novo proprietário não pode alterar o contrato de trabalho para
suprimir direitos, mas pode encerrar o contrato de trabalho.
O antigo proprietário continua responsável pelas obrigações
trabalhistas do período em que figurou como sócio da empresa pelo
prazo de dois anos após a sucessão. Essa responsabilidade é
subsidiária, isto é, deve-se cobrar primeiro a empresa, depois os sócios
atuais e por último o proprietário antigo. No entanto, comprovada fraude
na alteração societária, a responsabilidade passa a ser solidária.

1.7 – A alteração das condições do contrato de trabalho deve ser


consentida pelo empregador. Isso significa dizer que o ‘patrão’ não pode
retirar algum benefício habitual que o empregado receba, ainda que não
previsto expressamente em contrato.

2. Salário e Remuneração

2.1 – Importante distinguir salário de remuneração. Salário é aquilo que


o empregado recebe como contraprestação pelo serviço prestado, não
importa se de forma fixa ou variável (engloba-se a hora extra, adicional

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noturno, comissão etc.). A remuneração é tudo o que o empregador paga


mais a gorjeta (aquela dada diretamente pelo cliente ao empregado ou a
que constar na nota). A gorjeta não incide no cálculo da hora extra,
adicional noturno, repouso semanal remunerado e aviso prévio (súmula
354 TST).
Existem verbas que, apesar de pagas pelo empregador, não tem
natureza salarial, são elas: ajuda de custo (cesta básica), auxílio-
alimentação (em vale alimentação, não em dinheiro), diárias para
viagem, prêmios (participação nos lucros) e abonos. Portanto, essas
verbas não se incorporam ao contrato de trabalho e seus valores não
constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista, como
contribuição previdenciária.

2.2 – O salário in natura é aquele que não é pago em dinheiro,


fornecido habitualmente ao empregado. Decorre das vantagens que o
empregador dá ao empregado. Ex.: um imóvel concedido para o exercício
da função, cujo aluguel custa dois mil reais mensais, é salário in natura e
deve constar no contracheque este valor, devendo incidir sobre ele o
cálculo para recolhimento dos encargos trabalhistas. Um veículo, quando
não fornecido como ferramenta de trabalho, mas como forma de conceder
um luxo ao empregado, é salário in natura.
Quando algo é fornecido como ferramenta de trabalho não será salário
in natura. A vantagem deve ser um ‘luxo’ concedido pelo empregador.
No entanto, não serão considerados como salário: vestuários, curso de
educação, transporte, assistência médica, seguro de vida e acidente,
previdência privada, vale-cultura e equipamentos fornecidos para home
office.

Memorize – Não constitui salário in natura: vestuários, curso de


educação, transporte, assistência médica, seguro de vida e acidente,

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previdência privada e vale-cultura. Em home office, os


equipamentos fornecidos não constituem natureza salarial.

Súmula 367 TST – Habitação, energia elétrica e veículo fornecidos


pelo ‘patrão’ não tem natureza salarial, quando indispensáveis para
a realização do trabalho.

2.3 – O salário é irredutível. Mesmo que o empregado aceite a redução


salarial, para exercer a mesma função, a cláusula é nula. A única hipótese
que permite a redução salarial é previsão em acordo ou convenção coletiva.
Se houver redução salarial prevista em acordo ou convenção coletiva,
pelo prazo previsto neste acordo o empregado não pode ser demitido sem
justa causa.
Cuidado para não confundir. Se o funcionário recebia 5 mil reais por
mês, mas passou a trabalhar metade do tempo, por força de contrato
intermitente, é possível que receba 2,5 mil reais mensais, pois salário-hora
foi mantido e é ele que não pode sofrer reajuste para baixo.

2.4 – O salário mínimo deve ser nacional e unificado. Onde constar


na CLT ‘salário mínimo regional’ não foi recepcionado pela CF/88. O que
os Estados federativos podem fazer é criar salário piso para categorias
(nunca menor que o salário mínimo nacional). Ex.: Governador de Minas
Gerais resolve criar uma lei que define o salário piso da categoria de
profissionais da saúde em três mil reais. Neste Estado os profissionais da
saúde não podem receber menos que três mil reais. Quando não houver lei
para determinada categoria, então deve ser obedecido o salário mínimo
nacional.

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2.5 – Via de regra, o ‘patrão’ não pode realizar descontos no salário


do empregado, salvo quando o desconto resultar de adiantamentos, de
dispositivos de lei ou acordo coletivo.
Exceções: pode o empregador realizar desconto direto na folha em caso
de pensão alimentícia, recolhimento previdenciário, vale transporte e
imposto de renda. Se houver concordância por escrito do empregado,
pode ser descontado o plano de saúde e odontológico, seguro de vida,
previdência privada ou taxa de associado em entidade cooperativa,
cultural ou recreativa.
Se o empregado quebrar algum equipamento da empresa, de forma
dolosa, o empregador pode realizar o desconto. Todavia, se o dano for
causado de forma culposa deve haver previsão contratual para ser possível
a realização do desconto no salário.

Memorize Dano doloso – se o dano foi causado de propósito, pode


ser realizado desconto.

Dano culposo – se o dano foi causado por imperícia, imprudência


ou negligência, o desconto somente pode ser efetuado se houver
previsão contratual. Se o contrato for verbal considera-se que não
há essa cláusula.

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2.6 – O salário complessivo também é chamado de salário


indiscriminado ou englobado e pode ser classificado como um vício na
relação trabalhista. Sua principal característica é o fato de que o
empregador faz o pagamento ao indivíduo sem especificar a que se
refere as verbas que estão sendo pagas.
Ex.: Sujeito pactua com o empregado receber 3 mil reais mensais, mas,
na verdade, está fazendo tanta hora extra e deveria ganhar adicional
noturno, que teria que ganhar mais. Nessa hipótese, considera-se que os
três mil reais é o salário pago e tudo o que não foi discriminado (horas
extras etc.) não foi pago, podendo o empregado cobrar estes valores em
juízo.

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2.6 – A equiparação salarial é devida, desde que os empregados


exerçam a mesma função, na mesma filial. Ex.: Dois caixas de uma rede
de mercado que trabalham em filiais diferentes podem receber salários
distintos, mesmo exercendo a mesma função.
Outra hipótese que veda a equiparação salarial é o ‘tempo de casa’ do
empregado. Para pedir a equiparação do salário é necessário que a
diferença do tempo de serviço não seja superior a quatro anos e a diferença
de tempo na função não seja superior a dois anos.

Memorize – Não cabe equiparação salarial se a pessoa paradigma


(aquela cujo salário da mesma função o empregado pretende
equiparar) se:

4 anos de casa – o paradigma trabalha na empresa há mais de quatro


anos que o empregado que pretende a equiparação. Ex.: Eu sou
auxiliar no ProJur há cinco anos e a empresa quer contratar dois
professores. Eu preencho os requisitos e sou contratado, junto com
você, que acabou de chegar na empresa. Eu posso ganhar mais,
mesmo exercendo a mesma função que você, pois tenho mais de que
quatro anos de serviços prestados aqui.

2 anos de serviço – o paradigma já exerce a função há mais de dois


anos que aquele que pretende a equiparação. Ex.: Eu sou professor
do ProJur há três anos, você será contratado para a mesma função,
pode ganhar menos que eu, pois eu já tenho dois anos nessa função.

Também não cabe equiparação salarial se a empresa contar com


quadro de carreira. Ex.: escritório de advocacia tem advogado
júnior ganhando mais que o outro, pois um progrediu (por
merecimento ou critério), segundo o plano de carreira, e o outro não.

Outro ponto importante, o empregado readaptado não serve de


paradigma. Ex.: Caixa do mercado foi readaptado a outra função por
lesão que o impede de ser caixa. O salário dele de caixa será
mantido, mas a função que ele exerce tem salário menor. O
funcionário que já exercia essa função não pode pedir equiparação,
pois o readaptado não serve de paradigma.

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Lição de casa: leia a súmula 6 do TST.

3. Outros temas importantes

3.1 – As disposições relativas à responsabilidade pela aquisição,


manutenção ou fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da
infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, bem
como ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado, serão previstas
em contrato escrito.

3.2 – No caso de falência da empresa de trabalho temporário, a


empresa tomadora ou cliente é solidariamente responsável pelo
recolhimento das contribuições previdenciárias, no tocante ao tempo
em que o trabalhador esteve sob suas ordens, assim como em referência ao
mesmo período, pela remuneração e indenização previstas nesta Lei.
Qualquer que seja o ramo da empresa tomadora de serviços, não existe
vínculo de emprego entre ela e os trabalhadores contratados pelas
empresas de trabalho temporário.
A contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações
trabalhistas referentes ao período em que ocorrer o trabalho temporário, e
o recolhimento das contribuições previdenciárias

Memorize – pela regra, a responsabilidade da empresa tomador é


subsidiária, exceto em caso de falência, em que a responsabilidade
passa a ser solidária.

3.3 – O chamado Princípio da Primazia da Realidade define que em


uma relação de trabalho o que realmente importa são os fatos que
ocorrem, mesmo que algum documento formalmente indique o

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contrário. Assim, vale mais a realidade, do que o que está formalizado no


contrato. Nesse sentido, importante súmula 12 do TST: As anotações
apostas pelo empregador na carteira profissional do empregado não
geram presunção ‘juris et de jure’ (presunção absoluta), mas apenas ‘juris
tantum' (presunção relativa).

3.4 – Para ser pactuada cláusula compromissória de arbitragem, é


necessário: (I) salário igual ou superior a 2X o limite máximo dos
benefícios do Regime Geral de Previdência Social; (II) vontade própria do
empregado OU mediante a sua concordância expressa.
Há quem diga que é uma mitigação do princípio protetor, pois o
legislador impôs uma regra, cerceando o direito do acesso à justiça do
empregado, com viés de "desafogamento" da Justiça do Trabalho,
presumindo que o empregado que ganhe mais, tenha condições de pactuar
a cláusula.
Não confundir com a figura do empregado hipersuficiente (art. 444,
CLT), que precisa: (I) ser empregado; (II) ter diploma de ensino superior;
(III) salário igual ou superior a 2X o limite máximo dos benefícios do
Regime Geral de Previdência Social. Portanto, considera-se hipersuficiente
o empregado que tem diploma de nível superior e que tem salário superior
ou igual a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social.

Memorize – Para ser pactuada cláusula compromissória de


arbitragem, lembre-se do CRIC:

Contratos individuais

Remuneração superior a duas vezes o limite máximo estabelecido


para os benefícios do Regime Geral da Previdência Social

Iniciativa do empregado

Concordância expressa

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3.5 – Sobre teletrabalho: (I) a atividade não precisa ser exclusivamente


fora da empresa; (II) comparecer nas dependências da empresa não
descaracteriza o teletrabalho; (III) deverá estar expresso no contrato de
trabalho (aditivo contratual); (IV) para iniciar a exercer o teletrabalho é
necessário o aceite de ambas as partes (empregador e empregado) - por
meio do aditivo contratual; (V) para alteração do regime de teletrabalho
para o presencial, não é necessário o acordo das partes, basta: a) solicitação
do empregador; b) período de transição mínimo de 15 dias; c) realização
por meio do aditivo contratual.

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

1. Recursos

1.1 – Sobre custas no recurso trabalhista.


O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar
insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo.
São isentos do pagamento de custas, além dos beneficiários de justiça
gratuita: (I) a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e
respectivas autarquias e fundações públicas federais, estaduais ou
municipais que não explorem atividade econômica; (II) o Ministério
Público do Trabalho.
São isentos do depósito recursal os beneficiários da justiça gratuita,
as entidades filantrópicas e as empresas em recuperação judicial.
Portanto.
Pagamento de Depósito Recursal pela Metade: (I) Entidades sem fins
lucrativos; (II) Empregadores domésticos; (III) Microempreendedores
individuais; (IV) Microempresas e empresas de pequeno porte.
Isentos de Depósito Recursal: (I) Beneficiários da Justiça Gratuita; (II)
Entidades filantrópicas; (III) Empresas em recuperação judicial; (IV)
Massa Falida.
Isentos do pagamento de Custas: (I) Beneficiários da Justiça Gratuita;
(II) União, Estados, DF e Municípios e respectivas autarquias e fundações
públicas federais, estaduais ou municipais, que não explorem atividade
econômica; (III) MPT; (IV) Massa Falida (Súmula 86 do TST: não inclui
empresa em liquidação extrajudicial);

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1.2 – Agravo de instrumento: Na CLT apenas para destrancar


recursos. Não cabe contra decisão interlocutória. Prazo de 8 (oito) dias
úteis.
Agravo de petição: Apenas é cabível em fase de execução. Prazo de 8
(oito) dias úteis.
Ajuizamento de ação rescisória: Somente após o transito em julgado.
Recurso de revista: é um recurso existente apenas no âmbito do Direito
do Trabalho. Ele é o último recurso no processo trabalhista e tem como
objetivo uniformizar a interpretação das legislações de ordem estadual,
federal e constitucional, no âmbito da competência da Justiça do Trabalho.
Cabe contra acórdãos do TRT que julgam recursos ordinários interpostos.
Prazo de 8 (oito) dias úteis.
Recurso ordinário: cabível contra sentença e acórdão proferido em
processos de competência originária do TRT. Prazo de 8 (oito) dias úteis.
Agravo interno: cabível contra decisão monocrática do relator, assim
como no Processo Civil. No entanto, atenção, o prazo é de 8 (oito) dias
úteis.

1.3 – No rito sumário, também conhecido como rito de alçada – aquele


utilizado para causas cujo valor seja de até dois salários mínimos – não
cabe recurso de decisões proferidas, exceto se o caso versar sobre matéria
constitucional.

1.4 – No processo trabalho a regra é da irrecorribilidade imediata das


decisões interlocutórias. Nestes casos, a parte que se sentir prejudicada
deve aguardar ser proferida decisão final, para dela recorrer.
No entanto, existem algumas exceções, em que a decisão interlocutória
é recorrível:

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(I) - Decisão interlocutória que reconhece a incompetência absoluta da


Justiça do Trabalho: cabe Recurso Ordinário;
(II) - Decisão do TRT contrária à súmula ou orientação jurisprudencial
do TST: cabe Recurso de Revista;
(III) - Decisão passível de recursos para o próprio tribunal: Recurso
Interno;
(IV) - Decisão que reconhece a incompetência e determina a
remessa dos autos para Vara do Trabalho vinculada a outro TRT:
cabe Recurso Ordinário. Este é o ponto mais importante para o Exame
da OAB.

2. Execução

2.1 – A fase da liquidação é aquela em que são realizados os cálculos


dos valores devidos, pois não foi possível fixar na sentença. A liquidação
pode se dar por três formas: (I) cálculos – é utilizada quando necessário
realizar meramente contas; (II) arbitramento – utilizada quando preciso
fazer perícia, quando necessário conhecimento técnico; (III) por artigos
(ou procedimento comum) – quando necessário alegar e provar fatos
novos na execução.

2.2 – Na liquidação por cálculos, as contas são realizadas pelas partes,


pelos órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho ou por perito, na
hipótese de cálculos complexos. O juiz é quem decide quem realiza os
cálculos.
Mas, atenção. A própria CLT dispõe, ao mesmo tempo, que o juiz é
quem decide quem deve apresentar os cálculos e, contradizendo-se, que as
partes serão intimadas a apresentar os cálculos, inclusive quanto às

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contribuições previdenciárias. Portanto, na prova pode escolher a opção


que diz que é o juiz quem escolhe ou que os cálculos são apresentados pelas
partes, que ambos estão previstos na CLT e estão certo.

2.3 – Apresentados os cálculos por uma das partes, o juiz deverá


permitir a manifestação da parte contrária, no prazo de oito dias úteis.
Após isso, o juiz intima a União, para que se manifeste sobre as
contribuições previdenciárias (INSS) no prazo de dez dias úteis. Somente
depois é que o juiz realiza a sentença de liquidação (decisão interlocutória
irrecorrível). Após a sentença de liquidação é o momento do mandado de
citação, penhora e avaliação, para que o citado pague ou garanta o juízo no
prazo de 48 horas.

2.4 – A garantia do juízo pode ser feita através de dinheiro, bens ou


oferecer seguro garantia judicial, no prazo de 48h, sob pena de penhora,
observada a ordem preferencial de penhora do art. 835 do CPC.
Atenção, entidades filantrópicas não precisam realizar a garantia
do juízo, bem como aqueles que compõe ou compuseram a diretoria
dessas instituições.

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2.5 – Caso não garantido o juízo e nenhum bem for encontrado para ser
penhorado, pode ser realizado o incidente de desconsideração da
personalidade jurídica para que seja alcançado o patrimônio dos sócios.
Essa desconsideração deve ser requerida, salvo na hipótese em que a parte
tenha ajuizado reclamação trabalhista sem constituir advogado (jus
postulandi).
Os sócios são citados para se manifestar no prazo de 15 dias, depois o
juiz profere decisão interlocutória (não cabe recurso imediato).

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2.6 – Uma vez garantido o juízo, a parte executada pode apresentar


embargos à execução e a parte exequente impugnação à sentença de
liquidação, ambos no prazo de cinco dias úteis, contados a partir da ciência
da garantia do juízo – aqui a Fazenda Pública tem prazo de 30 dias. Tanto
os embargos quanto a impugnação são decididos na mesma sentença.
Veja na tabela abaixo uma linha do tempo dos atos e os recursos
cabíveis.

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2.7 – A parte executada pode apresentar embargos à execução, após a


garantia do juízo. Nesses embargos à execução a parte pode arrolar
testemunhas e o juiz decide se serão ouvidas, no prazo de cinco dias.
Uma das matérias dos embargos à execução é a prescrição
intercorrente, aquela que ocorre dentro do processo, por inércia do
exequente, se ficar mais de 2 anos sem praticar um ato, contado da data da
intimação. A prescrição leva à extinção do processo. A prescrição
intercorrente pode ser reconhecido de ofício pelo juiz.

2.8 – O início da execução se dá por requerimento da parte, salvo


na hipótese de jus postulandi (quando a parte ajuíza reclamação trabalhista
sem advogado).

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DIREITO INTERNACIONAL

1. Tratamento jurídico dos estrangeiros

1.1 – O visto no passaporte é ato discricionário do Estado e não garante


o ingresso do estrangeiro no país, gera mera expectativa de direito (não
é direito subjetivo da pessoa). O visto é concedido de forma individual,
mas pode ser concedido a dependentes legais.
O visto não será concedido: (I) a quem não preencher os requisitos
para o tipo de visto pleiteado (exemplo: faço o pedido de visto de trabalho,
mas não comprovo o requisito de demonstrar que possuo um trabalho no
local); (II) a quem ocultar condição impeditiva de concessão de visto;
(III) a menor de 18 anos desacompanhado ou sem autorização por
escrito dos responsáveis.

1.2 – Poderá ser impedido de entrar no Brasil, após entrevista


individual e mediante ato fundamentado, a pessoa: (I) anteriormente
expulsa do país, enquanto vigorar o efeito da expulsão; (II) condenada ou
respondendo a processo por terrorismo ou genocídio, crime contra a
humanidade, crime de guerra ou de agressão; (III) condenada ou
respondendo a processo em outro país por crime doloso passível de
extradição segundo a lei brasileira.

1.3 – São tipos de vistos que o Brasil oferece: de visita, temporário,


diplomático; oficial; de cortesia. Não existe mais o visto permanente,
quem quiser residir no Brasil deve fazer pedido de autorização de
residência.
É possível possuir mais de um visto válido, desde que os vistos sejam
de tipos diferentes.

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O visto de visita é para estada de curta duração, sem intenção de


estabelecer residência, para fins de turismo, negócios, trânsito e
atividades artística ou desportivas. É vedado exercer atividade
remunerada no Brasil com esse tipo de visto, mas pode concorrer a
prêmios, inclusive em dinheiro, a título de competições desportivas. O
visto de visita não será exigido no caso de escala ou conexão (viagem dos
EUA para o Uruguai, com escala no Brasil, o turista não vai sair do
aeroporto, então não precisa de visto).
O visto temporário é concedido com o intuito de estabelecer
residência por tempo determinado, com a finalidade de pesquisa
acadêmica, estudo, trabalho, reunião familiar, acolhida humanitária,
trabalho, atividade artística ou desportiva com contrato com prazo
determinado.

Memorize – Aquele que vem ao Brasil para a prática de atividade


artística ou desportiva pode receber o visto de visita ou temporário.

A diferença reside no fato de que, no visto temporário, a pessoa


tem contrato com prazo determinado para a prática da
atividade desportiva; já no visto de visita a estada é de curta
duração, sem intenção de estabelecer residência.

Imagine que o Palmeiras contratou o Messi para jogar no seu time.


Nesse caso, ele necessita do visto temporário. Agora, se o Messi
joga no PSG e vem ao Brasil jogar a Copa do Mundo, então
necessita do visto de visita.

O visto diplomático e oficial é concedido a autoridade ou funcionário


estrangeiro em missão oficial de caráter transitório ou permanente,
representando o estado estrangeiro. Esses vistos podem ser transformados
em autorização de residência, hipótese em que cessarão todas as
prerrogativas, privilégios e imunidades.

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1.4 – Ao residente fronteiriço poderá ser concedida autorização para


a realização de atos da vida civil, a fim de facilitar a sua livre circulação,
devendo ser indicado em qual município o residente está autorizado a
exercer os direitos atribuídos.
O documento de residente fronteiriço será cancelado, a qualquer
tempo, se o titular: (I) fraudou ou utilizou documento falso; (II) obteve
outra condição migratória; (III) sofreu condenação penal; (IV) exerceu
direitos fora dos limites autorizados.

1.5 – A autorização de residência substituiu o visto permanente, eu


foi extinto.
Essa autorização pode ser deferida ao imigrante, residente fronteiriço e
ao imigrante, desde que feito requerimento.
O visto de visita, de cortesia, diplomático ou oficial pode ser
transformado em autorização de residência. Após o vencimento deve ser
requerida nova autorização, não existe prorrogação de autorização de
residência.

1.6 – O asilo é concedido à pessoa que esteja sofrendo perseguição


individual, de conotação política (principalmente). Se o sujeito se refugia
em uma embaixada de outro país recebe o chamado asilo diplomático. O
asilo diplomático só é concedido em embaixada, consulado não concede
asilo diplomático. Se o sujeito pede refúgio em território brasileiro, recebe
o asilo territorial.

Memorize – O asilo diplomático é concedido à pessoa que esteja


refugiada em embaixada (consulado não concede asilo
diplomático). O imóvel em que fica sediada a embaixada de país
estrangeiro é território brasileiro, o país estrangeiro goza apenas do

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campo de força da imunidade de jurisdição, isto é, não incidem as


leis do estado brasileiro.

1.7 – O refúgio é concedido ao imigrante que esteja sofrendo


perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou
opiniões políticas. Em linhas gerais, o refúgio é concedido a quem sofre
perseguição de forma coletiva.
Os efeitos da condição de refugiado serão extensivos ao cônjuge, aos
ascendentes e descendentes, assim como dos familiares que dependam
economicamente do refugiado.
Não se concede a condição de refugiado a quem: (I) já desfrute de
proteção das Nações Unidas; (II) seja residente em território nacional e
tenha obrigações relacionadas com essa condição; (III) tenha cometido
crime de GHUGA (Guerra, Humanidade, Genocídio e de Agressão); (IV)
seja considerado culpado de ato contrário aos fins e princípios da ONU.

1.8 – São hipóteses de afastamento compulsório de estrangeiro:


repatriação, deportação, expulsão e extradição. Nenhuma dessas medidas
pode ser feita de forma coletiva, deve-se sempre analisar o caso de cada
indivíduo, isoladamente.
Pelo princípio do non-refoulement, não se procederá à repatriação,
deportação ou expulsão de nenhum indivíduo quando essa medida
poderá colocar em risco sua vida, integridade pessoal ou sua liberdade
seja ameaçada por motivo de etnia, religião, nacionalidade ou opinião
política.
A repatriação, deportação e expulsão são feita para o país de
nacionalidade ou procedência da pessoa, ou para outro que o aceite
(então, não necessariamente será para o país de origem da pessoa).

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1.9 – A repatriação e a deportação são bem semelhantes. A diferença


é que na repatriação a pessoa não chegou a entrar, foi impedida no próprio
aeroporto; já na deportação o sujeito estabeleceu residência, mas de forma
irregular. Ambas são medidas de procedimento administrativo (não há
processo judicial). Ao sujeito que esteja em procedimento de
deportação é deferido prazo para regularização, não inferior a 60 dias.

1.10 – A expulsão é medida administrativa, instaurada por meio de


inquérito policial de expulsão, pois implica cometimento de ilícito. A
expulsão se dá após sentença condenatória transitada em julgado por
crime tipificado no Estatuto de Roma (lembra do GHUGA – genocídio,
humanidade, guerra e agressão) ou crime comum doloso passível de pena
privativa de liberdade, consideradas a gravidade e as possibilidades de
ressocialização no território nacional. Há um prazo determinado em que
o estrangeiro não possa volta, expirado este prazo, pode voltar ao território
nacional.

Memorize – Não se admite a expulsão quando:

(I) O sujeito tiver filho brasileiro sob sua guarda OU dependência


econômica OU socioafetiva OU pessoa brasileira sob sua tutela; (II)
tiver cônjuge ou companheiro residente no país, seja a relação
hetero ou homoafetiva; (III) tiver ingressado e residido no país antes
de completa doze anos de idade; (IV) seja pessoa com mais de
setenta anos e reside no país há mais de dez anos.

Não confunda expulsão com extradição. Essas são hipóteses em


que não se admite a EXPULSÃO. Ser casado com brasileira ou
ter filho brasileiro não impede a EXTRADIÇÃO (súmula 421
STF).

A existência do procedimento de expulsão não impede a saída do


expulsando, mas o processo de expulsão não será suspenso.

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1.11 – A extradição é medida de cooperação internacional pela qual


se concede ou solicita a entrega de pessoa sobre quem recaia
condenação criminal definitiva ou para fins de instrução penal em
curso.

Memorize – Brasileiro NATO não pode ser extraditado de


forma alguma.

Brasileiro NATURALIZADO somente será extraditado na


hipótese de cometer crime comum antes da naturalização ou se
comprovado envolvimento com o tráfico de drogas, seja antes
ou depois da naturalização.

Não se concederá a extradição quando:


- o fato não for considerado crime no Brasil ou no estado requerente.
- o fato for crime com pena de prisão inferior a dois anos;
- o extraditando estiver respondendo a processo ou for condenado ou
absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o pedido;
- houver prescrição da punibilidade;
- o fato constituir crime político ou de opinião;
- o indivíduo for brasileiro nato;
- o extraditando for refugiado.
Compete ao Supremo Tribunal Federal (STF) processar e julgar a
extradição. O STF pode deixar de considerar crime político o atentado
contra chefe de estado.
Importante diferenciar a entrega da extradição. Na entrega o sujeito
responde perante o Tribunal Penal Internacional e na extradição perante o
estado que solicita. Portanto, o brasileiro nato pode ser entregue ao
Tribunal Penal Internacional, desde que acusada de delito
internacional de competência deste tribunal.

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Em caso de mais de um Estado requerer a extradição da mesma


pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o pedido daquele em cujo
território a infração foi cometida. Se forem crimes diversos, terá
preferência, sucessivamente: (I) o estado em que cometido o crime mais
grave, segundo a lei brasileira; (II) o estado que em primeiro lugar tenha
pedido a entrega do extraditando, se a gravidade dos crimes for idêntica;
(III) o Estado de origem, ou, em sua falta, o domiciliar do extraditando, se
os pedidos forem simultâneos.
Se o STF negar a extradição, não se admitirá novo pedido de
extradição baseado no mesmo fato. Se o STF decidir que o sujeito pode
ser extraditado, a decisão final é do chefe do poder executivo, isto é, o
presidente da república é quem dá a palavra final.

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FILOSOFIA

1. Teoria do ordenamento jurídico

1.1 – Norberto Bobbio se baseou em Hans Kelsen para tratar da teoria


do ordenamento jurídico, na famosa ‘pirâmide de Kelsen’ para explicar a
hierarquia das normas.
Dois são os assuntos que a banca gosta de cobrar: antinomias e lacunas
jurídicas.
A antinomia jurídica é o conflito de normas e aqui está o primeiro
ponto importante. Para que se possa falar em antinomia, as duas normas
conflitantes devem pertencer ao mesmo ordenamento e ter o mesmo
âmbito de validade – seja temporal, espacial, pessoal ou material. É
comum que a OAB descreva na questão duas normas conflitantes, mas que
não estejam no mesmo âmbito de validade temporal, ou seja, não estão
vigentes ao mesmo tempo. Neste caso, não há qualquer antinomia.
As lacunas jurídicas são situações em que há ausência de norma
para a situação concreta. Bobbio então ensina que o ordenamento jurídico
possui mecanismos para resolver essas lacunas, que são os costumes, as
analogias e os princípios gerais do direito. Bobbio chama esses
mecanismos de norma geral inclusiva de autointegração quando se
utiliza de analogia dentro do próprio ordenamento jurídico e de
heterointegração quando se utiliza de costumes ou de ordenamento
jurídico de outro país.

2. Teoria contratualista

2.1 – São três os filósofos que vamos focar neste tema e destacar os
contornos principais.

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Pata Thomas Hobbes, o estado de natureza é que as pessoas são


egoístas e vivem em condição de guerra, por isso a necessidade de um
estado absolutista, para dominar os indivíduos que atentem contra o pacto
social, portanto, para garantir a segurança, sendo o pacto social a
renúncia da liberdade natural.
Já para Jonh Locke, o estado de natureza é pré-político e pré-social,
com relativa paz e harmonia, portanto, defende o estado liberal, para
proteger a propriedade – entendida como vida, liberdade e bens – sendo
o pacto social um consentimento que visa resolver inconvenientes do
estado de natureza.
Por fim, para Jean-Jacques Rosseau, no estado de natureza os
indivíduos vivem em liberdade, prevalecendo o instinto de
autopreservação, portanto, o pacto social busca alienação do direito em
favor da comunidade política, para garantir a liberdade, sendo
necessário um estado democrático.

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DIREITOS HUMANOS

1. Pacto de San José da Costa Rica

1.1 – O Pacto de San José da Costa Rica é a Convenção Americana


sobre Direitos Humanos (CADH). É o principal documento do sistema
interamericano de direitos humanos e trata dos direitos de primeira
geração (liberdade – direitos civis e políticos).

1.2 – No Brasil, foi ratificada e promulgada em 1992, com reserva: A


comissão interamericana de direitos humanos só pode realizar visita e
inspeção in loco para investigação mediante anuência expressa do
estado brasileiro.

1.3 – Os Estados Partes comprometem-se a respeitar o pacto e garantir


o livre e pleno exercício a toda pessoa sujeita à sua jurisdição, isto é, o
Brasil se compromete a cumprir os direitos do pacto a todos que aqui
estejam e não somente aos brasileiros.

1.4 – Para a CADH, a vida começa com a concepção. Ninguém pode


ser privado da vida de forma arbitrária. Isso tem impactos na pena de
morte: (I) país que não aboliu a pena de morte pode continuar
aplicando, apenas para os delitos mais graves, desde que promulgada
a lei com tal pena antes do cometimento do crime; (II) país que já
aboliu a pena de morte não pode mais restabelecer a pena capital; (III)
em nenhum caso pode ter pena de morte por crime político e conexo;
(IV) é proibida a pena de morte a quem tinha menos de 18 anos oi mais
de setenta anos, no momento do crime, bem como não pode ser
aplicada a mulher grávida.

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1.5 – A CDHU não aboliu a pena de morte, mas tratou do tema em um


protocolo facultativo, o qual o Brasil aderiu com reserva, admitindo a
pena de guerra em caso de guerra declarada.

1.6 – Via de regra, os presos provisoriamente devem ficar separados


dos condenados, podendo haver exceção em casos excepcionais. Também
devem ficar separados os adultos dos adolescentes, neste caso, não há
qualquer exceção, em hipótese alguma pode misturar adulto e menor
na prisão.

1.7 – O trabalho forçado é proibido. No entanto, não constitui trabalho


forçado:

Memorize – Não se considera trabalho forçado:

- trabalho de pessoa reclusa em cumprimento de sentença;

- o serviço militar;

- serviço imposto em caso de perigo ou calamidade que ameaça


a existência ou o bem-estar da comunidade;

- trabalho que faça parte da obrigação cívica (ser mesário em


eleição)

1.8 – Ninguém pode ser preso por dívida, salvo se por pensão
alimentícia. Portanto, o depositário infiel não pode ser preso. Depositário
infiel é aquele que fica responsável pela guarda de determinado objeto e
quando solicitado não o devolve, de forma injustificada.

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