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PROVA

INSS
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL

CARGO: TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL

APOSTILA PREPARATÓRIA
ELABORADA ANTES DA PUBLICAÇÃO DO
EDITAL OFICIAL COM BASE NO EDITAL
ANTERIOR, PARA QUE O ALUNO ANTECIPE
SEUS ESTUDOS.

EDITAL Nº 1 - INSS, DE 12 DE SETEMBRO


DE 2022.
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos. Tipologia textual. ........................................................................................................ 7
2. Ortografia oficial. ......................................................................................................................................................................... 15
3. Acentuação gráfica. ..................................................................................................................................................................... 16
4. Emprego das classes de palavras. ................................................................................................................................................ 17
5. Emprego do sinal indicativo de crase. ......................................................................................................................................... 24
6. Sintaxe da oração e do período. .................................................................................................................................................. 24
7. Pontuação. .................................................................................................................................................................................. 27
8. Concordância nominal e verbal. .................................................................................................................................................. 28
9. Regências nominal e verbal. ....................................................................................................................................................... 29
10. Significação das palavras. ............................................................................................................................................................ 30
11. Redação de correspondências oficiais (conforme Manual de Redação da Presidência da República). ........................................ 31

Ética no Serviço Público


1. Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal: Decreto nº 1.171/1994 ................................ 47
2. Decreto nº 6.029/2007 e suas alterações. ................................................................................................................................... 49

Noções de Direito Constitucional


1. Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos; direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade; direitos sociais; nacionalidade; cidadania; garantias constitucionais individuais; garantias dos
direitos coletivos, sociais e políticos. .......................................................................................................................................... 55
2. Administração pública (artigos de 37 a 41, capítulo VII, Constituição Federal de 1988). ............................................................. 64

Noções de Direito Administrativo


1. Estado, governo e Administração Pública: conceitos, elementos, poderes e organização; natureza, fins e princípios ...... 75
2. Direito Administrativo: conceito, fontes e princípios .............................................................................................................. 77
3. Organização administrativa da União; administração direta e indireta ................................................................................. 80
4. Agentes públicos: espécies e classificação; poderes, deveres e prerrogativas; cargo, emprego e função públicos; Regime
Jurídico Único (Lei nº 8.112/1990 e suas alterações): provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição;
direitos e vantagens; regime disciplinar; responsabilidade civil, criminal e administrativa ............................................... 87
5. Poderes administrativos: poder hierárquico; poder disciplinar; poder regulamentar; poder de polícia; uso e abuso do
poder .......................................................................................................................................................................................... 98
6. Ato administrativo: validade, eficácia; atributos; extinção, desfazimento e sanatória; classificação, espécies e
exteriorização; vinculação e discricionariedade ...................................................................................................................... 100
7. Serviços Públicos: conceito, classificação, regulamentação e controle; forma, meios e requisitos; delegação: concessão,
permissão, autorização ............................................................................................................................................................. 104
8. Controle e responsabilização da administração: controle administrativo; controle judicial; controle legislativo ................ 109
9. responsabilidade civil do Estado .............................................................................................................................................. 112
10. Lei nº 8.429/1992 e suas alterações ......................................................................................................................................... 116
11. Lei nº 9.784/1999 (Lei do Processo Administrativo) .......................................................................................................... 124
ÍNDICE

Noções de Informática
1. Conceitos de Internet e intranet ................................................................................................................................................. 143
2. Conceitos básicos e modos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos de informática ..................... 150
3. Conceitos e modos de utilização de aplicativos para a edição de textos, planilhas e apresentações com a suíte de escritório
Microsoft Office ........................................................................................................................................................................... 150
4. Conceitos e modos de utilização de sistemas operacionais Windows 7 e 10 ............................................................................... 155
5. Noções básicas de ferramentas e aplicativos de navegação e correio eletrônicO ........................................................................ 164
6. Noções básicas de segurança e proteção: vírus, worms e derivados ........................................................................................... 166

Raciocínio Lógico-Matemático
1. Conceitos básicos de raciocínio lógico: proposições; valores lógicos das proposições; sentenças abertas; número de linhas da
tabela-verdade; conectivos; proposições simples; proposições compostas. Tautologia. ............................................................. 169
2. Operação com conjuntos. ............................................................................................................................................................ 191
3. Cálculos com porcentagens. ........................................................................................................................................................ 200

Conhecimentos Específicos
Técnico do Seguro Social
1. Seguridade Social. Origem e evolução legislativa no Brasil. Conceituação. Organização e princípios constitucionais .................... 203
2. Legislação Previdenciária. Conteúdo, fontes, autonomia. Aplicação das normas previdenciárias. Vigência, hierarquia,
interpretação e integração ........................................................................................................................................................... 210
3. Regime Geral de Previdência Social. Segurados obrigatórios, Filiação e inscrição. Conceito, características e abrangência:
empregado, empregado doméstico, contribuinte individual, trabalhador avulso e segurado especial. Segurado facultativo:
conceito, características, filiação e inscrição. Trabalhadores excluídos do Regime Geral ............................................................. 213
4. Empresa e empregador doméstico: conceito previdenciário ....................................................................................................... 220
5. Financiamento da Seguridade Social. Receitas da União. Receitas das contribuições sociais: dos segurados, das empresas, do
empregador doméstico, do produtor rural, do clube de futebol profissional, sobre a receita de concursos de prognósticos,
receitas de outras fontes. Salário de contribuição. Conceito. Parcelas integrantes e parcelas não integrantes. Limites mínimo
e máximo. Contribuições inferiores ao salário mínimo e complementação de contribuições. Reajustamento. Arrecadação e
recolhimento das contribuições destinadas à seguridade social. Competência do INSS e da Secretaria da Receita Federal do
Brasil. Obrigações da empresa e demais contribuintes. Prazo de recolhimento. Recolhimento fora do prazo: juros, multa e
atualização monetária ................................................................................................................................................................. 221
6. Decadência e prescrição .............................................................................................................................................................. 229
7. Crimes contra a seguridade social ............................................................................................................................................... 231
8. Recurso das decisões administrativas .......................................................................................................................................... 234
9. Plano de Benefícios da Previdência Social: beneficiários, espécies de prestações, benefícios, disposições gerais e específicas,
períodos de carência, salário de benefício, renda mensal do benefício, reajustamento do valor dos benefícios ............................. 236
10. Manutenção, perda e restabelecimento da qualidade de segurado ............................................................................................ 242
11. Serviços Previdenciários. Serviço social. Reabilitação profissionaL .............................................................................................. 244
12. Benefícios decorrentes de legislações especiais. Pensão especial - Síndrome de Talidomida - Lei nº 7.070/1982 e suas
alterações .................................................................................................................................................................................... 244
13. Pensão especial dos seringueiros - Lei nº 7.986/1989 e suas alterações ...................................................................................... 245
14. Pensão especial de ex-combatente - Lei nº 8.059/1990 ............................................................................................................... 245
15. Pensão especial às vítimas de hemodiálise de Caruaru - Lei nº 9.422/1996 ................................................................................ 246
16. Pensão vitalícia às vítimas do CÉSIO 137 - Lei nº 9.425/1996 ....................................................................................................... 247
17. Aposentadoria e pensão excepcional ao anistiado político - Lei nº 10.559/2002 e suas alterações ............................................. 247
18. Pensão especial às pessoas atingidas pela hanseníase - Lei nº 11.520/2007 ............................................................................... 250
ÍNDICE

19. Pensão especial destinada a crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus - Lei nº 13.985/2020 ........................................... 251
20. Seguro desemprego pescador artesanal - Seguro defeso - Lei nº 10.779/2003 ........................................................................... 251
21. Decreto nº 8.424/2015 e suas alterações .................................................................................................................................... 252
22. Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS. Lei nº 8.742/1993 e suas alterações ........................................................................... 255
23. Benefício de prestação continuada - BPC/LOAS. Decreto nº 6.214/2007 ..................................................................................... 264
24. Auxílio-Inclusão. Lei nº 14.176/2021 e suas alterações ............................................................................................................... 275
25. Regimes Próprios de Previdência Social (União, estados, Distrito Federal e municípios) ............................................................. 277
26. Certidão de Tempo de Contribuição ............................................................................................................................................ 278
27. Contagem recíproca .................................................................................................................................................................... 279
28. Compensação previdenciária. Lei nº 9.796/1999 e suas alterações ............................................................................................. 280
29. Decreto nº 10.188/2019 e suas alterações .................................................................................................................................. 281
30. Emenda Constitucional nº 103/2019 ........................................................................................................................................... 286
31. Lei Complementar nº 142/2013 .................................................................................................................................................. 296
32. Lei nº 8.212/1991 e suas alterações ............................................................................................................................................ 297
33. Lei nº 8.213/1991 e suas alterações ............................................................................................................................................ 317
34. Decreto nº 3.048/1999 e suas alterações .................................................................................................................................... 341
35. Instrução Normativa PRES/INSS nº 128/2022 (publicada no Diário Oficial da União de 29/3/2022, Edição: 60, Seção: 1, Página:
132) ............................................................................................................................................................................................. 341
36. Saúde e qualidade de vida no serviço público .............................................................................................................................. 343
LÍNGUA PORTUGUESA

Tipos textuais
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS. A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali-
TIPOLOGIA TEXTUAL dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se
apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão
Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje- específico para se fazer a enunciação.
tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas característi-
importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o cas:
texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido
completo. Apresenta um enredo, com ações e
A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e relações entre personagens, que ocorre
de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci- em determinados espaço e tempo. É
ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua TEXTO NARRATIVO
contado por um narrador, e se estrutura
interpretação. da seguinte maneira: apresentação >
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do desenvolvimento > clímax > desfecho
conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que
está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpreta- Tem o objetivo de defender determinado
ção é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do reper- TEXTO ponto de vista, persuadindo o leitor a
tório do leitor. DISSERTATIVO partir do uso de argumentos sólidos.
Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, ARGUMENTATIVO Sua estrutura comum é: introdução >
é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi- desenvolvimento > conclusão.
suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido Procura expor ideias, sem a necessidade
de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar de defender algum ponto de vista. Para
expressões, gestos e cores quando se trata de imagens. isso, usa-se comparações, informações,
TEXTO EXPOSITIVO
definições, conceitualizações etc. A
Dicas práticas estrutura segue a do texto dissertativo-
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con- argumentativo.
ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pa-
Expõe acontecimentos, lugares, pessoas,
rágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível,
de modo que sua finalidade é descrever,
adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações.
TEXTO DESCRITIVO ou seja, caracterizar algo ou alguém. Com
2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca
isso, é um texto rico em adjetivos e em
por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhe-
verbos de ligação.
cidas.
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fon- Oferece instruções, com o objetivo de
te de referências e datas. TEXTO INJUNTIVO orientar o leitor. Sua maior característica
4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de são os verbos no modo imperativo.
opiniões.
5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, ques-
tões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguin- Gêneros textuais
tes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe-
acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir
texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo
que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual,
quando afirma que... podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o
padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as-
Tipologia Textual sim como a própria língua e a comunicação, no geral.
A partir da estrutura linguística, da função social e da finali- Alguns exemplos de gêneros textuais:
dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele • Artigo
pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas • Bilhete
classificações. • Bula
• Carta
• Conto
• Crônica
• E-mail
• Lista
• Manual

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Notícia Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
• Poema que C é igual a A.
• Propaganda Outro exemplo:
• Receita culinária Todo ruminante é um mamífero.
• Resenha A vaca é um ruminante.
• Seminário Logo, a vaca é um mamífero.

Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex- também será verdadeira.
to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária, No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali- a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
dade e à função social de cada texto analisado. mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau-
sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais
ARGUMENTAÇÃO confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa- da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um
ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con-
de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
propõe. outro fundado há dois ou três anos.
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo der bem como eles funcionam.
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
vista defendidos. acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó-
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu- pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi-
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur- associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos,
sos de linguagem. essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori-
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de zado numa dada cultura.
escolher entre duas ou mais coisas”.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des- Tipos de Argumento
vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar. Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa-
Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu-
coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre- mento. Exemplo:
cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-
mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna Argumento de Autoridade
uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas
domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para
que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos- servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recur-
sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra. so produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto
enunciador está propondo. um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e ver-
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. dadeira. Exemplo:
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre-
missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para
admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há conhe-
crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea- cimento. Nunca o inverso.
mento de premissas e conclusões. Alex José Periscinoto.
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento: In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2
A é igual a B.
A é igual a C.
Então: C é igual a B.

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LÍNGUA PORTUGUESA
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor- Argumento do Atributo
tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela, É aquele que considera melhor o que tem propriedades típi-
o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se cas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
acreditar que é verdade. que é mais grosseiro, etc.
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce-
Argumento de Quantidade lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza,
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú- alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor
mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior tende a associar o produto anunciado com atributos da celebrida-
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento de.
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
largo uso do argumento de quantidade. competência linguística. A utilização da variante culta e formal da
língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social-
Argumento do Consenso mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como dizer dá confiabilidade ao que se diz.
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde
objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manei-
que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu- ras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais ade-
tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não quada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa
desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico:
afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu- por bem determinar o internamento do governador pelo período
mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
carentes de qualquer base científica. - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al-
guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi-
Argumento de Existência tal por três dias.
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar- tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação
do que dois voando”. deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais texto tem sempre uma orientação argumentativa.
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concre- A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
tas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exérci- homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
to americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
vista como propagandística. No entanto, quando documentada pela dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó-
comparação do número de canhões, de carros de combate, de na- dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não
vios, etc., ganhava credibilidade. outras, etc. Veja:
“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca-
Argumento quase lógico vam abraços afetuosos.”
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios são O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras
chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógi- e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse
cos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até,
elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, plausí- que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
veis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “en- Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra-
tão A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica. tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros:
Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amigo” - Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am-
não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável. plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrá-
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente rio. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser
aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con- usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor
correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas
tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente,
fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais injustiça, corrupção).
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações - Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por
indevidas. um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir
o argumento.

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LÍNGUA PORTUGUESA
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do con- - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
texto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta-
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por ria contra a argumentação proposta;
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite - refutação: argumentos e razões contra a argumentação opos-
que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, ta.
uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir
outros à sua dependência política e econômica”. A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar-
gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa- válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi- não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de
o assunto, etc). sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques-
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com mani- tão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
festações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo men- Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o mé-
tir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas todo de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do
(como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes-
afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto, ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões
sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co-
construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas quali- meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio
dades não se prometem, manifestam-se na ação. de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana,
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar- regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che- série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo da verdade:
de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se - evidência;
convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu - divisão ou análise;
comportamento. - ordem ou dedução;
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão váli- - enumeração.
da, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou pro-
posição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen- encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí- A forma de argumentação mais empregada na redação acadê-
mica e até o choro. mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con-
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa- clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con-
vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresen- clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa
ta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma caracteriza a universalidade.
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na disserta- Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silo-
ção, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse gística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai do
ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, de- particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo é o
bate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em
possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva à
de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de
um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos fun- verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação de
damentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de vista. fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa para
Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu- o efeito. Exemplo:
mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis-
curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia. Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)
Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições, Fulano é homem (premissa menor = particular)
é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e Logo, Fulano é mortal (conclusão)
seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve-
zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre, A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia-
essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse
aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol- caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, par-
ver as seguintes habilidades: te de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconheci-
- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma dos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo:
ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total- O calor dilata o ferro (particular)
mente contrária; O calor dilata o bronze (particular)

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LÍNGUA PORTUGUESA
O calor dilata o cobre (particular) Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por
O ferro, o bronze, o cobre são metais meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con-
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise,
que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo-
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos, relacionadas:
pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu- Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata, Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são
algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação
essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de de abordagens possíveis. A síntese também é importante na esco-
argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de lha dos elementos que farão parte do texto.
sofisma no seguinte diálogo: Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in-
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca-
- Lógico, concordo. racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen-
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir”
- Claro que não! por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe-
Exemplos de sofismas: lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
Dedução confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
Todo professor tem um diploma (geral, universal) análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
Fulano tem um diploma (particular) Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme-
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou me-
Indução nos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (parti- empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação,
cular) no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas caracterís-
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. ticas comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial.
– conclusão falsa)
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão,
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio,
pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro- sabiá, torradeira.
fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Reden- Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
tor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, base- Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
ados nos sentimentos não ditados pela razão.
Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen- Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé-
tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda- tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de
de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é
outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de
processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par- uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais
ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro
demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a o menos importante e, no final, o impacto do mais importante; é
classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos, por- indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração
que pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou
pesquisa. seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização.
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados; (Garcia, 1973, p. 302304.)
a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na in-
todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de- trodução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para expres-
pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a sar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racio-
síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém, nalmente as posições assumidas e os argumentos que as justificam.
que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém É muito importante deixar claro o campo da discussão e a posição
reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos
o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria de vista sobre ele.
todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combina-
das, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então,
o relógio estaria reconstruído.

11
LÍNGUA PORTUGUESA
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingua- A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem-
gem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e
ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen- com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do
cia dos outros elementos dessa mesma espécie. mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda-
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição mentação coerente e adequada.
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás-
definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa- sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento
lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode reco-
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica nhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes,
tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos: as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mistu-
- o termo a ser definido; rando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a
- o gênero ou espécie; reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis-
- a diferença específica. sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos
são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está
O que distingue o termo definido de outros elementos da mes- expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus
ma espécie. Exemplo: elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os pro-
cessos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo espe-
cífico de relação entre as premissas e a conclusão.
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos
argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação:
exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio
Elemento especie diferença de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nes-
a ser definidoespecífica se tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompa-
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, nhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados
por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par-
apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de
tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é
causas e consequências, usando-se comumente as expressões: por-
advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é
que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em
forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan-
virtude de, em vista de, por motivo de.
te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973,
Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli-
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”.
car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos:
esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpreta-
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em
ção. Na explicitação por definição, empregamse expressões como:
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista,
ou instalação”; ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme,
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela
para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece,
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, assim, desse ponto de vista.
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de-
pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de-
- deve ser breve (contida num só período). Quando a definição, pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expan- espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí,
dida;d além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) + interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...
cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de
diferenças). se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma
ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma
As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta-
paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que belecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos
consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala- que, melhor que, pior que.
vra e seus significados. Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se:
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir-
mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi-

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LÍNGUA PORTUGUESA
bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder
corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da respos-
uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na li- ta, justificar, criando um argumento básico;
nha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação
caráter confirmatório que comprobatório. que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli- (rever tipos de argumentação);
cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias
consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po-
caso, incluem-se dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e consequ-
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, ência);
mortal, aspira à imortalidade); - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula- argumento básico;
dos e axiomas); - Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de nature- poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em
za subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argu-
desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se
mento básico;
discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma se-
parece absurdo).
quência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às
partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou
Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados con- menos a seguinte:
cretos, estatísticos ou documentais.
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se Introdução
realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau- - função social da ciência e da tecnologia;
sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência. - definições de ciência e tecnologia;
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações, - indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opini-
ões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada, Desenvolvimento
e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que ex- - apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol-
presse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na vimento tecnológico;
evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade - como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as
dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra- condições de vida no mundo atual;
-argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-ar- - a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica-
gumentação: mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub-
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demonstran- desenvolvidos;
do o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraargu- - enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
mentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”; - comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas-
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses sado; apontar semelhanças e diferenças;
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver- - analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur-
dadeira; banos;
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi- - como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar
nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali- mais a sociedade.
dade da afirmação;
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: consis- Conclusão
te em refutar um argumento empregando os testemunhos de auto-
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/consequ-
ridade que contrariam a afirmação apresentada;
ências maléficas;
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de-
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos
sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se
apresentados.
em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes.
Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados
estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen- Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reda-
to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em ção: é um dos possíveis.
uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para contra- Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece
argumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento é entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na
que gera o controle demográfico”. criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualida-
Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para de como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já exis-
desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao tente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem funções
desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui- diferentes que dependem muito dos textos/contextos em que ela
da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a é inserida.
elaboração de um Plano de Redação. O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento,
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.
Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução
tecnológica

13
LÍNGUA PORTUGUESA
Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa pro-
a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a dução textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem ex-
cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, pressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro
escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação
textos caracterizada por um citar o outro. sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o
A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando um termo “citação” (citare) significa convocar.
texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira, se
utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos – a A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros
fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero ou textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois
de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos di- termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
ferentes. Assim, como você constatou, uma história em quadrinhos
pode utilizar algo de um texto científico, assim como um poema Pastiche é uma recorrência a um gênero.
pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de opinião pode
mencionar um provérbio conhecido. A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica
Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com a recriação de um texto.
outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com ou-
tras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao to- Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao “conheci-
má-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao ironi- mento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao
zá-lo ou ao compará-lo com outros. produtor e ao receptor de textos.
Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito am-
grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos, de- plo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de
senhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos expres- remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos,
samos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que já foram além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função
formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los ou mesmo con- daquela citação ou alusão em questão.
tradizê-los. Em outras palavras, não há textos absolutamente origi-
nais, pois eles sempre – de maneira explícita ou implícita – mantêm Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita
alguma relação com algo que foi visto, ouvido ou lido. A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou
implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte,
Tipos de Intertextualidade ou seja, se mais direta ou se mais subentendida.
A intertextualidade acontece quando há uma referência ex-
plícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer A intertextualidade explícita:
com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela etc. – é facilmente identificada pelos leitores;
Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertextuali- – estabelece uma relação direta com o texto fonte;
dade. – apresenta elementos que identificam o texto fonte;
Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo, – não exige que haja dedução por parte do leitor;
um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um diá- – apenas apela à compreensão do conteúdos.
logo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as
mesmas ideias da obra citada ou contestando-as. A intertextualidade implícita:
– não é facilmente identificada pelos leitores;
Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do texto – não estabelece uma relação direta com o texto fonte;
é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, rea- – não apresenta elementos que identificam o texto fonte;
firmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com – exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por par-
outras palavras o que já foi dito. te dos leitores;
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros tex- – exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para
tos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso é objeto a compreensão do conteúdo.
de interesse para os estudiosos da língua e das artes. Ocorre, aqui,
um choque de interpretação, a voz do texto original é retomada PONTO DE VISTA
para transformar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes
de suas verdades incontestadas anteriormente, com esse proces- sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos de
so há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca vista diferentes. É considerado o elemento da narração que com-
pela verdade real, concebida através do raciocínio e da crítica. Os preende a perspectiva através da qual se conta a história. Trata-se
programas humorísticos fazem uso contínuo dessa arte, frequente- da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar de existir
mente os discursos de políticos são abordados de maneira cômica diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma narrativa, con-
e contestadora, provocando risos e também reflexão a respeito da sidera-se dois pontos de vista como fundamentais: O narrador-ob-
demagogia praticada pela classe dominante. servador e o narrador-personagem.
A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos
científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que con- Primeira pessoa
siste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma re- Um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto
lação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo “epígra- de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, lemos
fhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e “graphé” o livro com a sensação de termos a visão do personagem poden-
(escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre Patrimônio do também saber quais são seus pensamentos, o que causa uma
Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.): “A leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nossas
cultura é o melhor conforto para a velhice”. vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e
só descobrimos ao decorrer da história.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Segunda pessoa - Conclusão – retomada da ideia central ligada aos pressupos-
O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um diá- tos citados no desenvolvimento, procurando arrematá-los.
logo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se sinta
quase como outro personagem que participa da história. Exemplo de um parágrafo bem estruturado (com introdução,
desenvolvimento e conclusão):
Terceira pessoa
Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas obser- “Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha.
vasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa em Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado
primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como al- perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psico-
guém que estivesse apenas contando o que cada personagem disse. trópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão
estrutura suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o
Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será transmi- caos. ”
tida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história é contada (Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)
por mais de um ser fictício, a transição do ponto de vista de um para
outro deve ser bem clara, para que quem estiver acompanhando a Elemento relacionador: Nesse contexto.
leitura não fique confuso. Tópico frasal: é um grave erro a liberação da maconha.
Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do
ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁ- consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce
GRAFOS sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação
de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.
São três os elementos essenciais para a composição de um tex- Conclusão: Enfim, viveremos o caos.
to: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Vamos estudar
cada uma de forma isolada a seguir:
ORTOGRAFIA OFICIAL
Introdução
A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes
É a apresentação direta e objetiva da ideia central do texto. A à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso
introdução é caracterizada por ser o parágrafo inicial. analisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memo-
Desenvolvimento rizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que
também faz aumentar o vocabulário do leitor.
Quando tratamos de estrutura, é a maior parte do texto. O Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes
desenvolvimento estabelece uma conexão entre a introdução e a entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar
conclusão, pois é nesta parte que as ideias, argumentos e posicio- que existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique
namento do autor vão sendo formados e desenvolvidos com a fina- atento!
lidade de dirigir a atenção do leitor para a conclusão.
Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e ap- Alfabeto
tas a fazer com que o leitor anteceda qual será a conclusão. O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é co-
nhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o
São três principais erros que podem ser cometidos na elabora- alfabeto se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e
ção do desenvolvimento: consoantes (restante das letras).
- Distanciar-se do texto em relação ao tema inicial. Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram
- Focar em apenas um tópico do tema e esquecer dos outros. reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo
- Falar sobre muitas informações e não conseguir organizá-las, que elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de
dificultando a linha de compreensão do leitor. nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional.

Conclusão Uso do “X”


Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o
Ponto final de todas as argumentações discorridas no desen- X no lugar do CH:
volvimento, ou seja, o encerramento do texto e dos questionamen- • Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxer-
tos levantados pelo autor. gar)
Ao fazermos a conclusão devemos evitar expressões como: • Depois de ditongos (ex: caixa)
“Concluindo...”, “Em conclusão, ...”, “Como já dissemos antes...”. • Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá)

Parágrafo Uso do “S” ou “Z”


Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser ob-
Se caracteriza como um pequeno recuo em relação à margem servadas:
esquerda da folha. Conceitualmente, o parágrafo completo deve • Depois de ditongos (ex: coisa)
conter introdução, desenvolvimento e conclusão. • Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S”
- Introdução – apresentação da ideia principal, feita de maneira (ex: casa > casinha)
sintética de acordo com os objetivos do autor. • Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou
- Desenvolvimento – ampliação do tópico frasal (introdução), origem. (ex: portuguesa)
atribuído pelas ideias secundárias, a fim de reforçar e dar credibili- • Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex:
dade na discussão. populoso)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Uso do “S”, “SS”, “Ç”
• “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex: diversão)
• “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
• “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passaram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)

Os diferentes porquês

POR QUE Usado para fazer perguntas. Pode ser substituído por “por qual motivo”
PORQUE Usado em respostas e explicações. Pode ser substituído por “pois”
O “que” é acentuado quando aparece como a última palavra da frase, antes da pontuação final (interrogação,
POR QUÊ
exclamação, ponto final)
PORQUÊ É um substantivo, portanto costuma vir acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo ou pronome

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

A acentuação é uma das principais questões relacionadas à Ortografia Oficial, que merece um capítulo a parte. Os acentos utilizados
no português são: acento agudo (´); acento grave (`); acento circunflexo (^); cedilha (¸) e til (~).
Depois da reforma do Acordo Ortográfico, a trema foi excluída, de modo que ela só é utilizada na grafia de nomes e suas derivações
(ex: Müller, mülleriano).
Esses são sinais gráficos que servem para modificar o som de alguma letra, sendo importantes para marcar a sonoridade e a intensi-
dade das sílabas, e para diferenciar palavras que possuem a escrita semelhante.
A sílaba mais intensa da palavra é denominada sílaba tônica. A palavra pode ser classificada a partir da localização da sílaba tônica,
como mostrado abaixo:
• OXÍTONA: a última sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: café)
• PAROXÍTONA: a penúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: automóvel)
• PROPAROXÍTONA: a antepenúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: lâmpada)
As demais sílabas, pronunciadas de maneira mais sutil, são denominadas sílabas átonas.

Regras fundamentais

CLASSIFICAÇÃO REGRAS EXEMPLOS


• terminadas em A, E, O, EM, seguidas ou não do
cipó(s), pé(s), armazém
OXÍTONAS plural
respeitá-la, compô-lo, comprometê-los
• seguidas de -LO, -LA, -LOS, -LAS
• terminadas em I, IS, US, UM, UNS, L, N, X, PS, Ã,
ÃS, ÃO, ÃOS
táxi, lápis, vírus, fórum, cadáver, tórax, bíceps,
• ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido
PAROXÍTONAS ímã, órfão, órgãos, água, mágoa, pônei, ideia, geleia,
ou não do plural
paranoico, heroico
(OBS: Os ditongos “EI” e “OI” perderam o
acento com o Novo Acordo Ortográfico)
PROPAROXÍTONAS • todas são acentuadas cólica, analítico, jurídico, hipérbole, último, álibi

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LÍNGUA PORTUGUESA
Regras especiais

REGRA EXEMPLOS
Acentua-se quando “I” e “U” tônicos formarem hiato com a vogal anterior, acompanhados ou não de saída, faísca, baú, país
“S”, desde que não sejam seguidos por “NH” feiura, Bocaiuva,
OBS: Não serão mais acentuados “I” e “U” tônicos formando hiato quando vierem depois de ditongo Sauipe
têm, obtêm, contêm,
Acentua-se a 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos “TER” e “VIR” e seus compostos
vêm
Não são acentuados hiatos “OO” e “EE” leem, voo, enjoo
Não são acentuadas palavras homógrafas
pelo, pera, para
OBS: A forma verbal “PÔDE” é uma exceção

EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS

Classes de Palavras
Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos seres Roupa azul-marinho...
ADJETIVO
Sofre variação em número, gênero e grau Brincadeira de criança...
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.
Determina os substantivos (de modo definido ou inde- A galinha botou um ovo.
ARTIGO finido) Uma menina deixou a mochila no ôni-
Varia em gênero e número bus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como conec-
Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO tivos)
Eu vou para a praia ou para a cachoeira?
Não sofre variação
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!
Atribui quantidade e indica posição em alguma sequên-
Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL cia
Três é a metade de seis.
Varia em gênero e número
Posso ajudar, senhora?
Ela me ajudou muito com o meu traba-
Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo
PRONOME lho.
Varia em gênero e número
Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares
A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO etc.
A matilha tinha muita coragem.
Flexionam em gênero, número e grau.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza Ana se exercita pela manhã.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, Todos parecem meio bobos.
VERBO tempo, número, pessoa e voz. Chove muito em Manaus.
Verbos não significativos são chamados verbos de liga- A cidade é muito bonita quando vista do
ção alto.

Substantivo

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LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos de substantivos Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou di-
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo minuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).
com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Novo Acordo Ortográfico
Ex: mulher; gato; cidade... De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portugue-
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para sa, as letras maiúsculas devem ser usadas em nomes próprios de
especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte... pessoas, lugares (cidades, estados, países, rios), animais, acidentes
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, geográficos, instituições, entidades, nomes astronômicos, de festas
para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mes- e festividades, em títulos de periódicos e em siglas, símbolos ou
ma espécie. Ex: matilha; enxame; cardume... abreviaturas.
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de Já as letras minúsculas podem ser usadas em dias de semana,
outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; ca- meses, estações do ano e em pontos cardeais.
chorro; praça... Existem, ainda, casos em que o uso de maiúscula ou minúscula
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designan- é facultativo, como em título de livros, nomes de áreas do saber,
do sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede; disciplinas e matérias, palavras ligadas a alguma religião e em pala-
imaginação... vras de categorização.
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex:
livro; água; noite... Adjetivo
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedrei- Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-
ro; livraria; noturno... -educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radi- flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e
cal). Ex: casa; pessoa; cheiro... o singular (bonito) e o plural (bonitos).
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles
de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol... que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua naciona-
lidade (brasileiro; mineiro).
Flexão de gênero É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjun-
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um to de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo.
dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino. São formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino • de criança = infantil
e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente • de mãe = maternal
o final da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / • de cabelo = capilar
menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia /
acentuação (Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou pre- Variação de grau
sença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora). Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfa-
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma for- ses), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e su-
ma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto perlativo.
ao gênero a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o • Normal: A Bruna é inteligente.
acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epi- • Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente
ceno (refere-se aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e que o Lucas.
comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo). • Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com que a Bruna.
alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, • Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto
trazendo alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fru- a Maria.
to X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao • Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inte-
órgão que protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é ligente da turma.
o termo popular para um tipo específico de fruto. • Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos
inteligente da turma.
Flexão de número • Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
No português, é possível que o substantivo esteja no singu- • Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.
lar, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar
(Ex: bola; escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores Adjetivos de relação
quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último repre- São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem so-
sentado, geralmente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra. frer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo,
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de isto é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além
modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufi-
contexto, pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis). xação de um substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).

Variação de grau
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado
substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumenta-
tivo e diminutivo.
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza
ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
pequeno).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:

CLASSIFICAÇÃO ADVÉRBIOS LOCUÇÕES ADVERBIAIS


DE MODO bem; mal; assim; melhor; depressa ao contrário; em detalhes
ontem; sempre; afinal; já; agora; doravante; pri- logo mais; em breve; mais tarde, nunca mais,
DE TEMPO
meiramente de noite
Ao redor de; em frente a; à esquerda; por per-
DE LUGAR aqui; acima; embaixo; longe; fora; embaixo; ali
to
DE INTENSIDADE muito; tão; demasiado; imenso; tanto; nada em excesso; de todos; muito menos
DE AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente; certo; decerto; deveras com certeza; de fato; sem dúvidas
DE NEGAÇÃO não; nunca; jamais; tampouco; nem nunca mais; de modo algum; de jeito nenhum
DE DÚVIDA Possivelmente; acaso; será; talvez; quiçá Quem sabe

Advérbios interrogativos
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para introduzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de:
• Lugar: onde, aonde, de onde
• Tempo: quando
• Modo: como
• Causa: por que, por quê

Grau do advérbio
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que
• Superlativo analítico: muito cedo
• Superlativo sintético: cedíssimo

Curiosidades
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o uso
de alguns prefixos (supercedo).
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) e
ordem (ultimamente; depois; primeiramente).
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um sentido
próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designação (eis); de
realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou melhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí).

Pronomes
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no enunciado,
ele pode ser classificado da seguinte maneira:
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e podem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...).
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, nossos...)
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...)
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questionamentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...)
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...)
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...)
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...)

Colocação pronominal
Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, la,
no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo).
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles:
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demonstrati-
vos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no gerúndio antecedidos por “em”.
Nada me faria mais feliz.

• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerúndio não
acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal.
Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho.

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração.
Orgulhar-me-ei de meus alunos.

DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou orações, nem após ponto-e-vírgula.

Verbos
Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito (passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro pos-
suem subdivisões.
Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo (certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é
passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando).
• Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito perfeito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do pre-
sente, futuro do pretérito.
• Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito imperfeito, futuro.

Os tempos verbais compostos são formados por um verbo auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre flexão em
tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no particípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”.
• Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do pretérito.
• Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro.
As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem, aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando, fa-
zendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particípio) ou
advérbio (gerúndio).

Tipos de verbos
Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal. Desse modo, os verbos se dividem em:
Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar, vender, abrir...)
• Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas terminações quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
• Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados (ser, ir...)
• Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais (falir, banir, colorir, adequar...)
• Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sempre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
• Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
acontecer...)
• Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
• Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se, pen-
tear-se...)
• Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
• Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si próprios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
• De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)

Vozes verbais
As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação, podendo ser três tipos diferentes:
• Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
• Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
• Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo do lago)

Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja equiva-
lente ao verbo “ser”.

Conjugação de verbos
Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de outros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados são
aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de origem.
• 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, imaginar, jogar...)
• 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr, erguer...)
• 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ouvir...)

Confira os exemplos de conjugação apresentados abaixo:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar

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LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor

Preposições
As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas entre
essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (palavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como preposição
em determinadas sentenças).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, • Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que.
para, per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, en- • Temporais: quando, enquanto, agora.
tre.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, du- Formação de Palavras
rante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc.
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de, A formação de palavras se dá a partir de processos morfológi-
defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc. cos, de modo que as palavras se dividem entre:
• Palavras primitivas: são aquelas que não provêm de outra
Ao conectar os termos das orações, as preposições estabele- palavra. Ex: flor; pedra
cem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de: • Palavras derivadas: são originadas a partir de outras pala-
• Causa: Morreu de câncer. vras. Ex: floricultura; pedrada
• Distância: Retorno a 3 quilômetros. • Palavra simples: são aquelas que possuem apenas um radi-
• Finalidade: A filha retornou para o enterro. cal (morfema que contém significado básico da palavra). Ex: cabelo;
• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura. azeite
• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila. • Palavra composta: são aquelas que possuem dois ou mais
• Lugar: O vírus veio de Portugal. radicais. Ex: guarda-roupa; couve-flor
• Companhia: Ela saiu com a amiga. Entenda como ocorrem os principais processos de formação de
• Posse: O carro de Maria é novo. palavras:
• Meio: Viajou de trem.
Derivação
Combinações e contrações A formação se dá por derivação quando ocorre a partir de uma
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras pa- palavra simples ou de um único radical, juntando-se afixos.
lavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e • Derivação prefixal: adiciona-se um afixo anteriormente à pa-
havendo perda fonética (contração). lavra ou radical. Ex: antebraço (ante + braço) / infeliz (in + feliz)
• Combinação: ao, aos, aonde • Derivação sufixal: adiciona-se um afixo ao final da palavra ou
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso radical. Ex: friorento (frio + ento) / guloso (gula + oso)
• Derivação parassintética: adiciona-se um afixo antes e outro
Conjunção depois da palavra ou radical. Ex: esfriar (es + frio + ar) / desgoverna-
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabe- do (des + governar + ado)
lecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante • Derivação regressiva (formação deverbal): reduz-se a pala-
de conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois vra primitiva. Ex: boteco (botequim) / ataque (verbo “atacar”)
reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e • Derivação imprópria (conversão): ocorre mudança na classe
interpretação de textos, além de ser um grande diferencial no mo- gramatical, logo, de sentido, da palavra primitiva. Ex: jantar (verbo
mento de redigir um texto. para substantivo) / Oliveira (substantivo comum para substantivo
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e próprio – sobrenomes).
conjunções subordinativas.
Composição
Conjunções coordenativas A formação por composição ocorre quando uma nova palavra
As orações coordenadas não apresentam dependência sintáti- se origina da junção de duas ou mais palavras simples ou radicais.
ca entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma • Aglutinação: fusão de duas ou mais palavras simples, de
função gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em modo que ocorre supressão de fonemas, de modo que os elemen-
cinco grupos: tos formadores perdem sua identidade ortográfica e fonológica. Ex:
• Aditivas: e, nem, bem como. aguardente (água + ardente) / planalto (plano + alto)
• Adversativas: mas, porém, contudo. • Justaposição: fusão de duas ou mais palavras simples, man-
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer. tendo a ortografia e a acentuação presente nos elementos forma-
• Conclusivas: logo, portanto, assim. dores. Em sua maioria, aparecem conectadas com hífen. Ex: beija-
• Explicativas: que, porque, porquanto. -flor / passatempo.

Conjunções subordinativas Abreviação


As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação Quando a palavra é reduzida para apenas uma parte de sua
de dependência entre a oração principal e a oração subordinada. totalidade, passando a existir como uma palavra autônoma. Ex: foto
Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido) (fotografia) / PUC (Pontifícia Universidade Católica).
se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada.
Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes: Hibridismo
• Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas Quando há junção de palavras simples ou radicais advindos de
substantivas, definidas pelas palavras que e se. línguas distintas. Ex: sociologia (socio – latim + logia – grego) / binó-
• Causais: porque, que, como. culo (bi – grego + oculus – latim).
• Concessivas: embora, ainda que, se bem que.
• Condicionais: e, caso, desde que. Combinação
• Conformativas: conforme, segundo, consoante. Quando ocorre junção de partes de outras palavras simples ou
• Comparativas: como, tal como, assim como. radicais. Ex: portunhol (português + espanhol) / aborrecente (abor-
• Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que. recer + adolescente).
• Finais: a fim de que, para que.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Intensificação DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em
Quando há a criação de uma nova palavra a partir do alarga- caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no
mento do sufixo de uma palavra existente. Normalmente é feita masculino. Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos
adicionando o sufixo -izar. Ex: inicializar (em vez de iniciar) / proto- à escola / Amanhã iremos ao colégio.
colizar (em vez de protocolar).

Neologismo
Quando novas palavras surgem devido à necessidade do falan- SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
te em contextos específicos, podendo ser temporárias ou perma-
nentes. Existem três tipos principais de neologismos: A sintaxe estuda o conjunto das relações que as palavras esta-
• Neologismo semântico: atribui-se novo significado a uma pa- belecem entre si. Dessa maneira, é preciso ficar atento aos enuncia-
lavra já existente. Ex: amarelar (desistir) / mico (vergonha) dos e suas unidades: frase, oração e período.
• Neologismo sintático: ocorre a combinação de elementos já Frase é qualquer palavra ou conjunto de palavras ordenadas
existentes no léxico da língua. Ex: dar um bolo (não comparecer ao que apresenta sentido completo em um contexto de comunicação
compromisso) / dar a volta por cima (superar). e interação verbal. A frase nominal é aquela que não contém verbo.
• Neologismo lexical: criação de uma nova palavra, que tem Já a frase verbal apresenta um ou mais verbos (locução verbal).
um novo conceito. Ex: deletar (apagar) / escanear (digitalizar) Oração é um enunciado organizado em torno de um único ver-
bo ou locução verbal, de modo que estes passam a ser o núcleo
Onomatopeia da oração. Assim, o predicativo é obrigatório, enquanto o sujeito é
Quando uma palavra é formada a partir da reprodução aproxi- opcional.
mada do seu som. Ex: atchim; zum-zum; tique-taque. Período é uma unidade sintática, de modo que seu enuncia-
do é organizado por uma oração (período simples) ou mais orações
(período composto). Eles são iniciados com letras maiúsculas e fina-
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE lizados com a pontuação adequada.

Crase é o nome dado à contração de duas letras “A” em uma Análise sintática
só: preposição “a” + artigo “a” em palavras femininas. Ela é de- A análise sintática serve para estudar a estrutura de um perío-
marcada com o uso do acento grave (à), de modo que crase não do e de suas orações. Os termos da oração se dividem entre:
é considerada um acento em si, mas sim o fenômeno dessa fusão. • Essenciais (ou fundamentais): sujeito e predicado
Veja, abaixo, as principais situações em que será correto o em- • Integrantes: completam o sentido (complementos verbais e
prego da crase: nominais, agentes da passiva)
• Palavras femininas: Peça o material emprestado àquela alu- • Acessórios: função secundária (adjuntos adnominais e adver-
na. biais, apostos)
• Indicação de horas, em casos de horas definidas e especifica-
das: Chegaremos em Belo Horizonte às 7 horas. Termos essenciais da oração
• Locuções prepositivas: A aluna foi aprovada à custa de muito Os termos essenciais da oração são o sujeito e o predicado.
estresse. O sujeito é aquele sobre quem diz o resto da oração, enquanto o
• Locuções conjuntivas: À medida que crescemos vamos dei- predicado é a parte que dá alguma informação sobre o sujeito, logo,
xando de lado a capacidade de imaginar. onde o verbo está presente.
• Locuções adverbiais de tempo, modo e lugar: Vire na próxima
à esquerda. O sujeito é classificado em determinado (facilmente identificá-
vel, podendo ser simples, composto ou implícito) e indeterminado,
Veja, agora, as principais situações em que não se aplica a cra- podendo, ainda, haver a oração sem sujeito (a mensagem se con-
se: centra no verbo impessoal):
• Palavras masculinas: Ela prefere passear a pé. Lúcio dormiu cedo.
• Palavras repetidas (mesmo quando no feminino): Melhor ter- Aluga-se casa para réveillon.
mos uma reunião frente a frente. Choveu bastante em janeiro.
• Antes de verbo: Gostaria de aprender a pintar.
• Expressões que sugerem distância ou futuro: A médica vai te Quando o sujeito aparece no início da oração, dá-se o nome de
atender daqui a pouco. sujeito direto. Se aparecer depois do predicado, é o caso de sujeito
• Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça inverso. Há, ainda, a possibilidade de o sujeito aparecer no meio
a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras. da oração:
• Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha Lívia se esqueceu da reunião pela manhã.
fica a 50 metros da esquina. Esqueceu-se da reunião pela manhã, Lívia.
Da reunião pela manhã, Lívia se esqueceu.
Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo
• Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha filha. Os predicados se classificam em: predicado verbal (núcleo do
/ Dei um picolé à minha filha. predicado é um verbo que indica ação, podendo ser transitivo, in-
• Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei transitivo ou de ligação); predicado nominal (núcleo da oração é
minha avó até à feira. um nome, isto é, substantivo ou adjetivo); predicado verbo-nomi-
• Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado): nal (apresenta um predicativo do sujeito, além de uma ação mais
Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à uma qualidade sua)
Ana da faculdade.

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LÍNGUA PORTUGUESA
As crianças brincaram no salão de festas.
Mariana é inteligente.
Os jogadores venceram a partida. Por isso, estavam felizes.

Termos integrantes da oração


Os complementos verbais são classificados em objetos diretos (não preposicionados) e objetos indiretos (preposicionado).
A menina que possui bolsa vermelha me cumprimentou.
O cão precisa de carinho.

Os complementos nominais podem ser substantivos, adjetivos ou advérbios.


A mãe estava orgulhosa de seus filhos.
Carlos tem inveja de Eduardo.
Bárbara caminhou vagarosamente pelo bosque.

Os agentes da passiva são os termos que tem a função de praticar a ação expressa pelo verbo, quando este se encontra na voz passiva.
Costumam estar acompanhados pelas preposições “por” e “de”.
Os filhos foram motivo de orgulho da mãe.
Eduardo foi alvo de inveja de Carlos.
O bosque foi caminhado vagarosamente por Bárbara.

Termos acessórios da oração


Os termos acessórios não são necessários para dar sentido à oração, funcionando como complementação da informação. Desse
modo, eles têm a função de caracterizar o sujeito, de determinar o substantivo ou de exprimir circunstância, podendo ser adjunto adver-
bial (modificam o verbo, adjetivo ou advérbio), adjunto adnominal (especifica o substantivo, com função de adjetivo) e aposto (caracteriza
o sujeito, especificando-o).
Os irmãos brigam muito.
A brilhante aluna apresentou uma bela pesquisa à banca.
Pelé, o rei do futebol, começou sua carreira no Santos.

Tipos de Orações
Levando em consideração o que foi aprendido anteriormente sobre oração, vamos aprender sobre os dois tipos de oração que existem
na língua portuguesa: oração coordenada e oração subordinada.

Orações coordenadas
São aquelas que não dependem sintaticamente uma da outra, ligando-se apenas pelo sentido. Elas aparecem quando há um período
composto, sendo conectadas por meio do uso de conjunções (sindéticas), ou por meio da vírgula (assindéticas).
No caso das orações coordenadas sindéticas, a classificação depende do sentido entre as orações, representado por um grupo de
conjunções adequadas:

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS CONJUNÇÕES


ADITIVAS Adição da ideia apresentada na oração anterior e, nem, também, bem como, não só, tanto...
Oposição à ideia apresentada na oração anterior
ADVERSATIVAS mas, porém, todavia, entretanto, contudo...
(inicia com vírgula)
Opção / alternância em relação à ideia apresentada
ALTERNATIVAS ou, já, ora, quer, seja...
na oração anterior
logo, pois, portanto, assim, por isso, com
CONCLUSIVAS Conclusão da ideia apresentada na oração anterior
isso...
EXPLICATIVAS Explicação da ideia apresentada na oração anterior que, porque, porquanto, pois, ou seja...

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LÍNGUA PORTUGUESA
Orações subordinadas
São aquelas que dependem sintaticamente em relação à oração principal. Elas aparecem quando o período é composto por duas ou
mais orações.
A classificação das orações subordinadas se dá por meio de sua função: orações subordinadas substantivas, quando fazem o papel
de substantivo da oração; orações subordinadas adjetivas, quando modificam o substantivo, exercendo a função do adjetivo; orações
subordinadas adverbiais, quando modificam o advérbio.
Cada uma dessas sofre uma segunda classificação, como pode ser observado nos quadros abaixo.

SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS FUNÇÃO EXEMPLOS


Esse era meu receio: que ela não discursasse outra
APOSITIVA aposto
vez.
COMPLETIVA NOMINAL complemento nominal Tenho medo de que ela não discurse novamente.
OBJETIVA DIRETA objeto direto Ele me perguntou se ela discursaria outra vez.
OBJETIVA INDIRETA objeto indireto Necessito de que você discurse de novo.
PREDICATIVA predicativo Meu medo é que ela não discurse novamente.
SUBJETIVA sujeito É possível que ela discurse outra vez.

SUBORDINADAS
CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS
ADJETIVAS
Esclarece algum detalhe, adicionando uma in-
O candidato, que é do partido socialista, está
EXPLICATIVAS formação.
sendo atacado.
Aparece sempre separado por vírgulas.
Restringe e define o sujeito a que se refere.
As pessoas que são racistas precisam rever
RESTRITIVAS Não deve ser retirado sem alterar o sentido.
seus valores.
Não pode ser separado por vírgula.
Introduzidas por conjunções, pronomes e locu-
ções conjuntivas. Ele foi o primeiro presidente que se preocu-
DESENVOLVIDAS
Apresentam verbo nos modos indicativo ou pou com a fome no país.
subjuntivo.
Não são introduzidas por pronomes, conjun-
ções sou locuções conjuntivas. Assisti ao documentário denunciando a cor-
REDUZIDAS
Apresentam o verbo nos modos particípio, ge- rupção.
rúndio ou infinitivo

SUBORDINADAS ADVERBIAIS FUNÇÃO PRINCIPAIS CONJUNÇÕES


Ideia de causa, motivo, razão de
CAUSAIS porque, visto que, já que, como...
efeito
como, tanto quanto, (mais / menos) que, do
COMPARATIVAS Ideia de comparação
que...
CONCESSIVAS Ideia de contradição embora, ainda que, se bem que, mesmo...
caso, se, desde que, contanto que, a menos
CONDICIONAIS Ideia de condição
que...
CONFORMATIVAS Ideia de conformidade como, conforme, segundo...
CONSECUTIVAS Ideia de consequência De modo que, (tal / tão / tanto) que...
FINAIS Ideia de finalidade que, para que, a fim de que...
quanto mais / menos... mais /menos, à me-
PROPORCIONAIS Ideia de proporção
dida que, na medida em que, à proporção que...
TEMPORAIS Ideia de momento quando, depois que, logo que, antes que...

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LÍNGUA PORTUGUESA

PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são recursos gráficos que se encontram na linguagem escrita, e suas funções são demarcar unidades e sinalizar
limites de estruturas sintáticas. É também usado como um recurso estilístico, contribuindo para a coerência e a coesão dos textos.
São eles: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto e vírgula (;), os dois pontos (:), o ponto de exclamação (!), o ponto de interrogação (?), as
reticências (...), as aspas (“”), os parênteses ( ( ) ), o travessão (—), a meia-risca (–), o apóstrofo (‘), o asterisco (*), o hífen (-), o colchetes
([]) e a barra (/).
Confira, no quadro a seguir, os principais sinais de pontuação e suas regras de uso.

SINAL NOME USO EXEMPLOS


Indicar final da frase declarativa Meu nome é Pedro.
. Ponto Separar períodos Fica mais. Ainda está cedo
Abreviar palavras Sra.
A princesa disse:
Iniciar fala de personagem
- Eu consigo sozinha.
Antes de aposto ou orações apositivas, enumerações
Esse é o problema da pandemia: as
: Dois-pontos ou sequência de palavras para resumir / explicar ideias
pessoas não respeitam a quarentena.
apresentadas anteriormente
Como diz o ditado: “olho por olho,
Antes de citação direta
dente por dente”.
Indicar hesitação
Sabe... não está sendo fácil...
... Reticências Interromper uma frase
Quem sabe depois...
Concluir com a intenção de estender a reflexão
Isolar palavras e datas A Semana de Arte Moderna (1922)
() Parênteses Frases intercaladas na função explicativa (podem Eu estava cansada (trabalhar e
substituir vírgula e travessão) estudar é puxado).
Indicar expressão de emoção Que absurdo!
Ponto de
! Final de frase imperativa Estude para a prova!
Exclamação
Após interjeição Ufa!
Ponto de
? Em perguntas diretas Que horas ela volta?
Interrogação
A professora disse:
Iniciar fala do personagem do discurso direto e indicar — Boas férias!
— Travessão mudança de interloculor no diálogo — Obrigado, professora.
Substituir vírgula em expressões ou frases explicativas O corona vírus — Covid-19 — ainda
está sendo estudado.

Vírgula
A vírgula é um sinal de pontuação com muitas funções, usada para marcar uma pausa no enunciado. Veja, a seguir, as principais regras
de uso obrigatório da vírgula.
• Separar termos coordenados: Fui à feira e comprei abacate, mamão, manga, morango e abacaxi.
• Separar aposto (termo explicativo): Belo Horizonte, capital mineira, só tem uma linha de metrô.
• Isolar vocativo: Boa tarde, Maria.
• Isolar expressões que indicam circunstâncias adverbiais (modo, lugar, tempo etc): Todos os moradores, calmamente, deixaram o
prédio.
• Isolar termos explicativos: A educação, a meu ver, é a solução de vários problemas sociais.
• Separar conjunções intercaladas, e antes dos conectivos “mas”, “porém”, “pois”, “contudo”, “logo”: A menina acordou cedo, mas não
conseguiu chegar a tempo na escola. Não explicou, porém, o motivo para a professora.
• Separar o conteúdo pleonástico: A ela, nada mais abala.

No caso da vírgula, é importante saber que, em alguns casos, ela não deve ser usada. Assim, não há vírgula para separar:

• Sujeito de predicado.
• Objeto de verbo.
• Adjunto adnominal de nome.
• Complemento nominal de nome.
• Predicativo do objeto do objeto.
• Oração principal da subordinada substantiva.
• Termos coordenados ligados por “e”, “ou”, “nem”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL

Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser verbal
— refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal — refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Concordância em número: flexão em singular e plural
• Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa

Concordância nominal
Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos, artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gênero,
de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar atento,
também, aos casos específicos.
Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo, o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
• A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e japonesa.

Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo, a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o substantivo mais próximo:
• Linda casa e bairro.

Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substantivos
(sendo usado no plural):
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arrumada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arrumados.

Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros.

Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• O operário e sua família estavam preocupados com as consequências do acidente.

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


É PROIBIDO Deve concordar com o substantivo quando há
É proibida a entrada.
É PERMITIDO presença de um artigo. Se não houver essa determinação,
É proibido entrada.
É NECESSÁRIO deve permanecer no singular e no masculino.
Mulheres dizem “obrigada” Homens
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala.
dizem “obrigado”.
As bastantes crianças ficaram doentes
Quando tem função de adjetivo para um com a volta às aulas.
substantivo, concorda em número com o substantivo. Bastante criança ficou doente com a
BASTANTE
Quando tem função de advérbio, permanece volta às aulas.
invariável. O prefeito considerou bastante a respeito
da suspensão das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” não Havia menos mulheres que homens na
MENOS
existe na língua portuguesa. fila para a festa.
As crianças mesmas limparam a sala
MESMO Devem concordar em gênero e número com a depois da aula.
PRÓPRIO pessoa a que fazem referência. Eles próprios sugeriram o tema da
formatura.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve
Adicione meia xícara de leite.
concordar com o substantivo.
MEIO / MEIA Manuela é meio artista, além de ser
Quando tem função de advérbio, modificando um
engenheira.
adjetivo, o termo é invariável.
Segue anexo o orçamento.
Seguem anexas as informações
Devem concordar com o substantivo a que se adicionais
ANEXO INCLUSO
referem. As professoras estão inclusas na greve.
O material está incluso no valor da
mensalidade.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um subs-
tantivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.

Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.

Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.

Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.

Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje

Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.

Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quanto com
o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa.

Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer.

Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Ex-
ceto caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram.

REGÊNCIAS NOMINAL E VERBAL

A regência estuda as relações de concordâncias entre os termos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. Dessa
maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa relação
é sempre intermediada com o uso adequado de alguma preposição.

Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma preposição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras que
pedem seu complemento:

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LÍNGUA PORTUGUESA

PREPOSIÇÃO NOMES
acessível; acostumado; adaptado; adequado; agradável; alusão; análogo; anterior; atento; benefício; comum;
A contrário; desfavorável; devoto; equivalente; fiel; grato; horror; idêntico; imune; indiferente; inferior; leal; necessário;
nocivo; obediente; paralelo; posterior; preferência; propenso; próximo; semelhante; sensível; útil; visível...
amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo; convicto; cúmplice; descendente; destituído; devoto; diferente;
DE dotado; escasso; fácil; feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno; inimigo; inseparável; isento; junto; longe; medo;
natural; orgulhoso; passível; possível; seguro; suspeito; temeroso...
SOBRE opinião; discurso; discussão; dúvida; insistência; influência; informação; preponderante; proeminência; triunfo...
acostumado; amoroso; analogia; compatível; cuidadoso; descontente; generoso; impaciente; ingrato;
COM
intolerante; mal; misericordioso; ocupado; parecido; relacionado; satisfeito; severo; solícito; triste...
abundante; bacharel; constante; doutor; erudito; firme; hábil; incansável; inconstante; indeciso; morador;
EM
negligente; perito; prático; residente; versado...
atentado; blasfêmia; combate; conspiração; declaração; fúria; impotência; litígio; luta; protesto; reclamação;
CONTRA
representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...

Regência verbal
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regido poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto um
objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre transitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do
verbo vai depender do seu contexto.

Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado
de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática:
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem.

Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto direto), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo:
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo.

Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto indireto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer o
sentido completo:
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da campanha eleitoral.

Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposição)
e de um objeto indireto (com preposição):
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda à senhora.

SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS.

Este é um estudo da semântica, que pretende classificar os sentidos das palavras, as suas relações de sentido entre si. Conheça as
principais relações e suas características:

Sinonímia e antonímia
As palavras sinônimas são aquelas que apresentam significado semelhante, estabelecendo relação de proximidade. Ex: inteligente
<—> esperto
Já as palavras antônimas são aquelas que apresentam significados opostos, estabelecendo uma relação de contrariedade. Ex: forte
<—> fraco

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
As palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo “rir”)
X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).
As palavras homófonas são aquelas que possuem a mesma pronúncia, mas com escrita e significado diferentes. Ex: cem (numeral) X
sem (falta); conserto (arrumar) X concerto (musical).
As palavras homógrafas são aquelas que possuem escrita igual, porém som e significado diferentes. Ex: colher (talher) X colher (ver-
bo); acerto (substantivo) X acerto (verbo).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Polissemia e monossemia Há normas para sua elaboração que remontam ao período de
As palavras polissêmicas são aquelas que podem apresentar nossa história imperial, como, por exemplo, a obrigatoriedade – es-
mais de um significado, a depender do contexto em que ocorre a tabelecida por decreto imperial de 10 de dezembro de 1822 – de
frase. Ex: cabeça (parte do corpo humano; líder de um grupo). que se aponha, ao final desses atos, o número de anos transcor-
Já as palavras monossêmicas são aquelas apresentam apenas ridos desde a Independência. Essa prática foi mantida no período
um significado. Ex: eneágono (polígono de nove ângulos). republicano. Esses mesmos princípios (impessoalidade, clareza,
uniformidade, concisão e uso de linguagem formal) aplicam-se às
Denotação e conotação comunicações oficiais: elas devem sempre permitir uma única in-
Palavras com sentido denotativo são aquelas que apresentam terpretação e ser estritamente impessoais e uniformes, o que exige
um sentido objetivo e literal. Ex:Está fazendo frio. / Pé da mulher. o uso de certo nível de linguagem. Nesse quadro, fica claro também
Palavras com sentido conotativo são aquelas que apresentam que as comunicações oficiais são necessariamente uniformes, pois
um sentido simbólico, figurado. Ex: Você me olha com frieza. / Pé há sempre um único comunicador (o Serviço Público) e o receptor
da cadeira. dessas comunicações ou é o próprio Serviço Público (no caso de
expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o conjunto dos
Hiperonímia e hiponímia cidadãos ou instituições tratados de forma homogênea (o público).
Esta classificação diz respeito às relações hierárquicas de signi- Outros procedimentos rotineiros na redação de comunicações
ficado entre as palavras. oficiais foram incorporados ao longo do tempo, como as formas de
Desse modo, um hiperônimo é a palavra superior, isto é, que tratamento e de cortesia, certos clichês de redação, a estrutura dos
tem um sentido mais abrangente. Ex: Fruta é hiperônimo de limão. expedientes, etc. Mencione-se, por exemplo, a fixação dos fechos
Já o hipônimo é a palavra que tem o sentido mais restrito, por- para comunicações oficiais, regulados pela Portaria no 1 do Ministro
tanto, inferior, de modo que o hiperônimo engloba o hipônimo. Ex: de Estado da Justiça, de 8 de julho de 1937, que, após mais de meio
Limão é hipônimo de fruta. século de vigência, foi revogado pelo Decreto que aprovou a primei-
ra edição deste Manual. Acrescente-se, por fim, que a identificação
Formas variantes que se buscou fazer das características específicas da forma oficial
São as palavras que permitem mais de uma grafia correta, sem de redigir não deve ensejar o entendimento de que se proponha
que ocorra mudança no significado. Ex: loiro – louro / enfarte – in- a criação – ou se aceite a existência – de uma forma específica de
farto / gatinhar – engatinhar. linguagem administrativa, o que coloquialmente e pejorativamente
se chama burocratês. Este é antes uma distorção do que deve ser a
Arcaísmo redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões e clichês
São palavras antigas, que perderam o uso frequente ao longo do jargão burocrático e de formas arcaicas de construção de frases.
do tempo, sendo substituídas por outras mais modernas, mas que A redação oficial não é, portanto, necessariamente árida e infensa à
ainda podem ser utilizadas. No entanto, ainda podem ser bastante evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar com im-
encontradas em livros antigos, principalmente. Ex: botica <—> far- pessoalidade e máxima clareza – impõe certos parâmetros ao uso
mácia / franquia <—> sinceridade. que se faz da língua, de maneira diversa daquele da literatura, do
texto jornalístico, da correspondência particular, etc. Apresentadas
essas características fundamentais da redação oficial, passemos à
REDAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIAS OFICIAIS (CON- análise pormenorizada de cada uma delas.
FORME MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA
REPÚBLICA) A Impessoalidade
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela
O que é Redação Oficial1 escrita. Para que haja comunicação, são necessários:
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira a) alguém que comunique,
pela qual o Poder Público redige atos normativos e comunicações. b) algo a ser comunicado, e
Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do Poder Executivo. A reda- c) alguém que receba essa comunicação.
ção oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do padrão
culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade. No caso da redação oficial, quem comunica é sempre o Serviço
Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituição, que Público (este ou aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Di-
dispõe, no artigo 37: “A administração pública direta, indireta ou visão, Serviço, Seção); o que se comunica é sempre algum assunto
fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do relativo às atribuições do órgão que comunica; o destinatário dessa
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de lega- comunicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro ór-
lidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”. gão público, do Executivo ou dos outros Poderes da União. Perce-
Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios fundamentais de be-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser dado aos
toda administração pública, claro está que devem igualmente nor- assuntos que constam das comunicações oficiais decorre:
tear a elaboração dos atos e comunicações oficiais. Não se concebe a) da ausência de impressões individuais de quem comunica:
que um ato normativo de qualquer natureza seja redigido de forma embora se trate, por exemplo, de um expediente assinado por Che-
obscura, que dificulte ou impossibilite sua compreensão. A transpa- fe de determinada Seção, é sempre em nome do Serviço Público
rência do sentido dos atos normativos, bem como sua inteligibili- que é feita a comunicação. Obtém-se, assim, uma desejável padro-
dade, são requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável que nização, que permite que comunicações elaboradas em diferentes
um texto legal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade setores da Administração guardem entre si certa uniformidade;
implica, pois, necessariamente, clareza e concisão. Além de atender b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com
à disposição constitucional, a forma dos atos normativos obedece duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre
a certa tradição. concebido como público, ou a outro órgão público. Nos dois casos,
temos um destinatário concebido de forma homogênea e impes-
soal;
1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm

31
LÍNGUA PORTUGUESA
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o uni- expressões, ou será obedecida certa tradição no emprego das for-
verso temático das comunicações oficiais se restringe a questões mas sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se con-
que dizem respeito ao interesse público, é natural que não cabe sagre a utilização de uma forma de linguagem burocrática. O jargão
qualquer tom particular ou pessoal. Desta forma, não há lugar na burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre
redação oficial para impressões pessoais, como as que, por exem- sua compreensão limitada. A linguagem técnica deve ser empre-
plo, constam de uma carta a um amigo, ou de um artigo assinado de gada apenas em situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso
jornal, ou mesmo de um texto literário. A redação oficial deve ser indiscriminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vo-
isenta da interferência da individualidade que a elabora. A concisão, cabulário próprio a determinada área, são de difícil entendimento
a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos valemos para por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cuidado,
elaborar os expedientes oficiais contribuem, ainda, para que seja portanto, de explicitá-los em comunicações encaminhadas a outros
alcançada a necessária impessoalidade. órgãos da administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos.
Outras questões sobre a linguagem, como o emprego de neologis-
A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais mo e estrangeirismo, são tratadas em detalhe em 9.3. Semântica.
A necessidade de empregar determinado nível de linguagem
nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio ca- Formalidade e Padronização
ráter público desses atos e comunicações; de outro, de sua finalida- As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é,
de. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos de caráter normati- obedecem a certas regras de forma: além das já mencionadas exi-
vo, ou estabelecem regras para a conduta dos cidadãos, ou regulam gências de impessoalidade e uso do padrão culto de linguagem, é
o funcionamento dos órgãos públicos, o que só é alcançado se em imperativo, ainda, certa formalidade de tratamento. Não se trata
sua elaboração for empregada a linguagem adequada. O mesmo somente da eterna dúvida quanto ao correto emprego deste ou da-
se dá com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de quele pronome de tratamento para uma autoridade de certo nível
informar com clareza e objetividade. As comunicações que partem (v. a esse respeito 2.1.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento);
dos órgãos públicos federais devem ser compreendidas por todo e mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à civilidade
qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação.
o uso de uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária
dúvida que um texto marcado por expressões de circulação restrita, uniformidade das comunicações. Ora, se a administração federal é
como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem una, é natural que as comunicações que expede sigam um mesmo
sua compreensão dificultada. Ressalte-se que há necessariamente padrão. O estabelecimento desse padrão, uma das metas deste Ma-
uma distância entre a língua falada e a escrita. Aquela é extrema- nual, exige que se atente para todas as características da redação
mente dinâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração de oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos. A clareza
costumes, e pode eventualmente contar com outros elementos que datilográfica, o uso de papéis uniformes para o texto definitivo e a
auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, etc. Para correta diagramação do texto são indispensáveis para a padroniza-
mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis por essa distân- ção. Consulte o Capítulo II, As Comunicações Oficiais, a respeito de
cia. Já a língua escrita incorpora mais lentamente as transforma- normas específicas para cada tipo de expediente.
ções, tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas de
si mesma para comunicar. A língua escrita, como a falada, compre- Concisão e Clareza
ende diferentes níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do
exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos valer de deter- texto oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um máxi-
minado padrão de linguagem que incorpore expressões extrema- mo de informações com um mínimo de palavras. Para que se redija
mente pessoais ou coloquiais; em um parecer jurídico, não se há de com essa qualidade, é fundamental que se tenha, além de conheci-
estranhar a presença do vocabulário técnico correspondente. Nos mento do assunto sobre o qual se escreve, o necessário tempo para
dois casos, há um padrão de linguagem que atende ao uso que se revisar o texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas vezes
faz da língua, a finalidade com que a empregamos. O mesmo ocorre se percebem eventuais redundâncias ou repetições desnecessárias
com os textos oficiais: por seu caráter impessoal, por sua finalidade de ideias. O esforço de sermos concisos atende, basicamente ao
de informar com o máximo de clareza e concisão, eles requerem o princípio de economia linguística, à mencionada fórmula de empre-
uso do padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão cul- gar o mínimo de palavras para informar o máximo. Não se deve de
to é aquele em que a) se observam as regras da gramática formal, forma alguma entendê-la como economia de pensamento, isto é,
e b) se emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários não se devem eliminar passagens substanciais do texto no afã de
do idioma. É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do reduzi-lo em tamanho. Trata-se exclusivamente de cortar palavras
padrão culto na redação oficial decorre do fato de que ele está aci- inúteis, redundâncias, passagens que nada acrescentem ao que já
ma das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos foi dito. Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em
modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permitindo, todo texto de alguma complexidade: ideias fundamentais e ideias
por essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por todos secundárias. Estas últimas podem esclarecer o sentido daquelas de-
os cidadãos. talhá-las, exemplificá-las; mas existem também ideias secundárias
Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplicidade que não acrescentam informação alguma ao texto, nem têm maior
de expressão, desde que não seja confundida com pobreza de ex- relação com as fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas. A
pressão. De nenhuma forma o uso do padrão culto implica empre- clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial, conforme
go de linguagem rebuscada, nem dos contorcionismos sintáticos e já sublinhado na introdução deste capítulo. Pode-se definir como
figuras de linguagem próprios da língua literária. Pode-se concluir, claro aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor.
então, que não existe propriamente um “padrão oficial de lingua- No entanto a clareza não é algo que se atinja por si só: ela depende
gem”; o que há é o uso do padrão culto nos atos e comunicações estritamente das demais características da redação oficial. Para ela
oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso de determinadas concorrem:

32
LÍNGUA PORTUGUESA
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações Concordância com os Pronomes de Tratamento
que poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto; Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta)
b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de en- apresentam certas peculiaridades quanto à concordância verbal,
tendimento geral e por definição avesso a vocábulos de circulação nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa gra-
restrita, como a gíria e o jargão; matical (à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige a comuni-
c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a impres- cação), levam a concordância para a terceira pessoa. É que o verbo
cindível uniformidade dos textos; concorda com o substantivo que integra a locução como seu núcleo
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos linguís- sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto”; “Vossa Excelên-
ticos que nada lhe acrescentam. cia conhece o assunto”. Da mesma forma, os pronomes possessivos
referidos a pronomes de tratamento são sempre os da terceira pes-
É pela correta observação dessas características que se redige soa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa... vos-
com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de todo so...”). Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero
texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscuros gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e
e de erros gramaticais provém principalmente da falta da releitu- não com o substantivo que compõe a locução. Assim, se nosso in-
ra que torna possível sua correção. Na revisão de um expediente, terlocutor for homem, o correto é “Vossa Excelência está atarefa-
deve-se avaliar, ainda, se ele será de fácil compreensão por seu do”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa
destinatário. O que nos parece óbvio pode ser desconhecido por Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”.
terceiros. O domínio que adquirimos sobre certos assuntos em de-
corrência de nossa experiência profissional muitas vezes faz com Emprego dos Pronomes de Tratamento
que os tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento obedece
é verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos técni- a secular tradição. São de uso consagrado:
cos, o significado das siglas e abreviações e os conceitos específicos Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
que não possam ser dispensados. A revisão atenta exige, necessa-
riamente, tempo. A pressa com que são elaboradas certas comu- a) do Poder Executivo;
nicações quase sempre compromete sua clareza. Não se deve pro- Presidente da República;
ceder à redação de um texto que não seja seguida por sua revisão. Vice-Presidente da República;
“Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima. Ministros de Estado;
Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no redigir. Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Fe-
deral;
Oficiais-Generais das Forças Armadas;
As comunicações oficiais
Embaixadores;
A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo, se-
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de
guir os preceitos explicitados no Capítulo I, Aspectos Gerais da
cargos de natureza especial;
Redação Oficial. Além disso, há características específicas de cada
Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
tipo de expediente, que serão tratadas em detalhe neste capítulo.
Prefeitos Municipais.
Antes de passarmos à sua análise, vejamos outros aspectos comuns
a quase todas as modalidades de comunicação oficial: o emprego
b) do Poder Legislativo:
dos pronomes de tratamento, a forma dos fechos e a identificação
Deputados Federais e Senadores;
do signatário. Ministro do Tribunal de Contas da União;
Deputados Estaduais e Distritais;
Pronomes de Tratamento Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais;
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.
Breve História dos Pronomes de Tratamento
O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento tem c) do Poder Judiciário:
larga tradição na língua portuguesa. De acordo com Said Ali, após Ministros dos Tribunais Superiores;
serem incorporados ao português os pronomes latinos tu e vos, Membros de Tribunais;
“como tratamento direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a Juízes;
palavra”, passou-se a empregar, como expediente linguístico de dis- Auditores da Justiça Militar.
tinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no tratamento de
pessoas de hierarquia superior. Prossegue o autor: “Outro modo de O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos
tratamento indireto consistiu em fingir que se dirigia a palavra a um Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respec-
atributo ou qualidade eminente da pessoa de categoria superior, e tivo:
não a ela própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu rei com Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...); assim usou-se Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,
o tratamento ducal de vossa excelência e adotou-se na hierarquia Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Fede-
eclesiástica vossa reverência, vossa paternidade, vossa eminência, ral.
vossa santidade. ” A partir do final do século XVI, esse modo de
tratamento indireto já estava em voga também para os ocupantes As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor,
de certos cargos públicos. Vossa mercê evoluiu para vosmecê, e de- seguido do cargo respectivo:
pois para o coloquial você. E o pronome vós, com o tempo, caiu em Senhor Senador,
desuso. É dessa tradição que provém o atual emprego de pronomes Senhor Juiz,
de tratamento indireto como forma de dirigirmo-nos às autorida- Senhor Ministro,
des civis, militares e eclesiásticas. Senhor Governador,

33
LÍNGUA PORTUGUESA
No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às (...)
autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte forma:
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações
A Sua Excelência o Senhor dirigidas a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Se-
Fulano de Tal nhoria Reverendíssima para Monsenhores, Cônegos e superiores
Ministro de Estado da Justiça religiosos. Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos
70.064-900 – Brasília. DF e demais religiosos.

A Sua Excelência o Senhor Fechos para Comunicações


Senador Fulano de Tal O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade
Senado Federal óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos
70.165-900 – Brasília. DF para fecho que vinham sendo utilizados foram regulados pela Por-
taria nº1 do Ministério da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze
A Sua Excelência o Senhor padrões. Com o fito de simplificá-los e uniformizá-los, este Manual
Fulano de Tal estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes para to-
Juiz de Direito da 10a Vara Cível das as modalidades de comunicação oficial:
Rua ABC, no 123 a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da Re-
01.010-000 – São Paulo. SP pública:
Respeitosamente,
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia in-
digníssimo (DD), às autoridades arroladas na lista anterior. A dig- ferior:
nidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, Atenciosamente,
sendo desnecessária sua repetida evocação.
Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a au-
para particulares. O vocativo adequado é: toridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios, de-
Senhor Fulano de Tal, vidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério das
(...) Relações Exteriores.

No envelope, deve constar do endereçamento: Identificação do Signatário


Ao Senhor Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da Repú-
Fulano de Tal blica, todas as demais comunicações oficiais devem trazer o nome e
Rua ABC, nº 123 o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local de sua assina-
70.123 – Curitiba. PR tura. A forma da identificação deve ser a seguinte:

Como se depreende do exemplo acima fica dispensado o em- (espaço para assinatura)
prego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem NOME
o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o Chefe da Secretária-geral da Presidência da República
uso do pronome de tratamento Senhor. Acrescente-se que doutor
não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Evite usá-lo (espaço para assinatura)
indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o apenas em NOME
comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem Ministro de Estado da Justiça
concluído curso universitário de doutorado. É costume designar por
doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura
Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a dese- em página isolada do expediente. Transfira para essa página ao me-
jada formalidade às comunicações. Mencionemos, ainda, a forma nos a última frase anterior ao fecho.
Vossa Magnificência, empregada por força da tradição, em comu-
nicações dirigidas a reitores de universidade. Corresponde-lhe o O Padrão Ofício
vocativo: Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela fi-
nalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e o memorando. Com
Magnífico Reitor, o fito de uniformizá-los, pode-se adotar uma diagramação única,
(...) que siga o que chamamos de padrão ofício. As peculiaridades de
cada um serão tratadas adiante; por ora busquemos as suas seme-
Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a lhanças.
hierarquia eclesiástica, são:
Partes do documento no Padrão Ofício
Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O voca- O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguintes
tivo correspondente é: partes:
Santíssimo Padre, a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que
(...) o expede:
Exemplos:
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em co- Mem. 123/2002-MF Aviso 123/2002-SG Of. 123/2002-MME
municações aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo:
Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinha-
Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal, mento à direita:

34
LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo: c) é obrigatória constar a partir da segunda página o número
13 da página;
Brasília, 15 de março de 1991. d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impres-
sos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda
c) assunto: resumo do teor do documento e direta terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem
Exemplos: espelho”);
Assunto: Produtividade do órgão em 2002. e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distân-
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores. cia da margem esquerda;
f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no míni-
d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida mo, 3,0 cm de largura;
a comunicação. No caso do ofício deve ser incluído também o en- g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm; 5 O
dereço. constante neste item aplica-se também à exposição de motivos e à
mensagem (v. 4. Exposição de Motivos e 5. Mensagem).
e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de
de documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura: 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não
– Introdução, que se confunde com o parágrafo de abertura, comportar tal recurso, de uma linha em branco;
na qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado,
uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpre- letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer
-me informar que”, empregue a forma direta; outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do
– Desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o texto documento;
contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel
em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição; branco. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos
– Conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente reapresen- e ilustrações;
tada a posição recomendada sobre o assunto. l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser
impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm;
Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo
em que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos. Rich Text nos documentos de texto;
Já quando se tratar de mero encaminhamento de documentos n) dentro do possível, todos os documentos elaborados devem
a estrutura é a seguinte: ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior ou apro-
– Introdução: deve iniciar com referência ao expediente que veitamento de trechos para casos análogos;
solicitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem
sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comu- ser formados da seguinte maneira: tipo do documento + número do
nicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados completos documento + palavras-chaves do conteúdo Ex.: “Of. 123 - relatório
do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, e as- produtividade ano 2002”
sunto de que trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado,
Aviso e Ofício
segundo a seguinte fórmula:
— Definição e Finalidade
“Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991, enca-
Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial pratica-
minho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 1990, do Depar-
mente idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é expe-
tamento Geral de Administração, que trata da requisição do servi-
dido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de
dor Fulano de Tal. ” Ou “Encaminho, para exame e pronunciamento,
mesma hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas
a anexa cópia do telegrama no 12, de 1o de fevereiro de 1991, do
demais autoridades. Ambos têm como finalidade o tratamento de
Presidente da Confederação Nacional de Agricultura, a respeito de
assuntos oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e,
projeto de modernização de técnicas agrícolas na região Nordeste. ”
no caso do ofício, também com particulares.
– Desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer
algum comentário a respeito do documento que encaminha, pode- — Forma e Estrutura
rá acrescentar parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário, Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo do padrão
não há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou ofício de mero ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário (v. 2.1
encaminhamento. Pronomes de Tratamento), seguido de vírgula.
Exemplos:
f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações); Excelentíssimo Senhor Presidente da República
Senhora Ministra
g) assinatura do autor da comunicação; e Senhor Chefe de Gabinete
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as seguin-
h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação do Signa- tes informações do remetente:
tário). – Nome do órgão ou setor;
– Endereço postal;
Forma de diagramação – telefone E endereço de correio eletrônico.
Os documentos do Padrão Ofício5 devem obedecer à seguinte
forma de apresentação:
a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo
12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé;
b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman po-
der-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;

35
LÍNGUA PORTUGUESA
Memorando b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou
aquele ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e even-
— Definição e Finalidade tuais alternativas existentes para equacioná-lo;
O memorando é a modalidade de comunicação entre unidades c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou
administrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquica- qual ato normativo deve ser editado para solucionar o problema.
mente em mesmo nível ou em nível diferente. Trata-se, portanto,
de uma forma de comunicação eminentemente interna. Pode ter Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição
caráter meramente administrativo, ou ser empregado para a ex- de motivos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte
posição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados por modelo previsto no Anexo II do Decreto no 4.176, de 28 de março
determinado setor do serviço público. Sua característica principal é de 2002.
a agilidade. A tramitação do memorando em qualquer órgão deve Anexo à Exposição de Motivos do (indicar nome do Ministério
pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de procedimentos buro- ou órgão equivalente) nº de 200.
cráticos. Para evitar desnecessário aumento do número de comuni-
cações, os despachos ao memorando devem ser dados no próprio 1. Síntese do problema ou da situação que reclama providên-
documento e, no caso de falta de espaço, em folha de continuação. cias
Esse procedimento permite formar uma espécie de processo sim- 2. Soluções e providências contidas no ato normativo ou na
plificado, assegurando maior transparência à tomada de decisões, medida proposta
e permitindo que se historie o andamento da matéria tratada no 3. Alternativas existentes às medidas propostas
memorando. Mencionar:
- Se há outro projeto do Executivo sobre a matéria;
— Forma e Estrutura - Se há projetos sobre a matéria no Legislativo;
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão - Outras possibilidades de resolução do problema.
ofício, com a diferença de que o seu destinatário deve ser mencio-
nado pelo cargo que ocupa. 4. Custos
Exemplos: Mencionar:
Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Ao Sr. Subche- - Se a despesa decorrente da medida está prevista na lei orça-
fe para Assuntos Jurídicos mentária anual; se não, quais as alternativas para custeá-la;
- Se é o caso de solicitar-se abertura de crédito extraordinário,
Exposição de Motivos especial ou suplementar;
- Valor a ser despendido em moeda corrente;
— Definição e Finalidade
Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presidente da 5. Razões que justificam a urgência (a ser preenchido somente
República ou ao Vice-Presidente para: se o ato proposto for medido provisória ou projeto de lei que deva
a) informá-lo de determinado assunto;
tramitar em regime de urgência)
b) propor alguma medida; ou
Mencionar:
c) submeter a sua consideração projeto de ato normativo.
- Se o problema configura calamidade pública;
- Por que é indispensável a vigência imediata;
Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da
- Se se trata de problema cuja causa ou agravamento não te-
República por um Ministro de Estado.
nham sido previstos;
Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um Mi-
- Se se trata de desenvolvimento extraordinário de situação já
nistério, a exposição de motivos deverá ser assinada por todos os
prevista.
Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de intermi-
nisterial.
6. Impacto sobre o meio ambiente (sempre que o ato ou medi-
— Forma e Estrutura da proposta possa vir a tê-lo)
Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação do 7. Alterações propostas
padrão ofício (v. 3. O Padrão Ofício). O anexo que acompanha a 8. Síntese do parecer do órgão jurídico
exposição de motivos que proponha alguma medida ou apresente Com base em avaliação do ato normativo ou da medida pro-
projeto de ato normativo, segue o modelo descrito adiante. A ex- posta à luz das questões levantadas no item 10.4.3.
posição de motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta duas A falta ou insuficiência das informações prestadas pode acar-
formas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter retar, a critério da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil,
exclusivamente informativo e outra para a que proponha alguma a devolução do projeto de ato normativo para que se complete o
medida ou submeta projeto de ato normativo. exame ou se reformule a proposta. O preenchimento obrigatório do
No primeiro caso, o da exposição de motivos que simplesmen- anexo para as exposições de motivos que proponham a adoção de
te leva algum assunto ao conhecimento do Presidente da República, alguma medida ou a edição de ato normativo tem como finalidade:
sua estrutura segue o modelo antes referido para o padrão ofício. a) permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca
Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Pre- resolver;
sidente da República a sugestão de alguma medida a ser adotada b) ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do pro-
ou a que lhe apresente projeto de ato normativo – embora sigam blema e dos efeitos que pode ter a adoção da medida ou a edição
também a estrutura do padrão ofício –, além de outros comentá- do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas
rios julgados pertinentes por seu autor, devem, obrigatoriamente, na elaboração de proposições normativas no âmbito do Poder Exe-
apontar: cutivo (v. 10.4.3.).
a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da c) conferir perfeita transparência aos atos propostos.
medida ou do ato normativo proposto;

36
LÍNGUA PORTUGUESA
Dessa forma, ao atender às questões que devem ser analisadas Primeiro Secretário do Senado Federal. A razão é que o art. 166
na elaboração de atos normativos no âmbito do Poder Executivo, da Constituição impõe a deliberação congressual sobre as leis fi-
o texto da exposição de motivos e seu anexo complementam-se e nanceiras em sessão conjunta, mais precisamente, “na forma do
formam um todo coeso: no anexo, encontramos uma avaliação pro- regimento comum”. E à frente da Mesa do Congresso Nacional está
funda e direta de toda a situação que está a reclamar a adoção de o Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 57, § 5o), que co-
certa providência ou a edição de um ato normativo; o problema a manda as sessões conjuntas. As mensagens aqui tratadas coroam o
ser enfrentado e suas causas; a solução que se propõe, seus efeitos processo desenvolvido no âmbito do Poder Executivo, que abrange
e seus custos; e as alternativas existentes. O texto da exposição de minucioso exame técnico, jurídico e econômico-financeiro das ma-
motivos fica, assim, reservado à demonstração da necessidade da térias objeto das proposições por elas encaminhadas. Tais exames
providência proposta: por que deve ser adotada e como resolverá materializam-se em pareceres dos diversos órgãos interessados no
o problema. Nos casos em que o ato proposto for questão de pes- assunto das proposições, entre eles o da Advocacia-Geral da União.
soal (nomeação, promoção, ascensão, transferência, readaptação, Mas, na origem das propostas, as análises necessárias constam da
reversão, aproveitamento, reintegração, recondução, remoção, exposição de motivos do órgão onde se geraram (v. 3.1. Exposição
exoneração, demissão, dispensa, disponibilidade, aposentadoria), de Motivos) – exposição que acompanhará, por cópia, a mensagem
não é necessário o encaminhamento do formulário de anexo à ex- de encaminhamento ao Congresso.
posição de motivos. b) encaminhamento de medida provisória.
Ressalte-se que: Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição,
– A síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico o Presidente da República encaminha mensagem ao Congresso,
não dispensa o encaminhamento do parecer completo; dirigida a seus membros, com aviso para o Primeiro Secretário do
– O tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos Senado Federal, juntando cópia da medida provisória, autenticada
pode ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão dos pela Coordenação de Documentação da Presidência da República.
comentários a serem ali incluídos. c) indicação de autoridades.
As mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação
Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que de pessoas para ocuparem determinados cargos (magistrados dos
a atenção aos requisitos básicos da redação oficial (clareza, conci- Tribunais Superiores, Ministros do TCU, Presidentes e Diretores do
são, impessoalidade, formalidade, padronização e uso do padrão Banco Central, Procurador-Geral da República, Chefes de Missão Di-
culto de linguagem) deve ser redobrada. A exposição de motivos é plomática, etc.) têm em vista que a Constituição, no seu art. 52, inci-
a principal modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da sos III e IV, atribui àquela Casa do Congresso Nacional competência
República pelos Ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser privativa para aprovar a indicação. O curriculum vitae do indicado,
encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário devidamente assinado, acompanha a mensagem.
ou, ainda, ser publicada no Diário Oficial da União, no todo ou em d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presiden-
parte. te da República se ausentarem do País por mais de 15 dias. Trata-
-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e 83), e a
Mensagem autorização é da competência privativa do Congresso Nacional. O
Presidente da República, tradicionalmente, por cortesia, quando a
— Definição e Finalidade ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comunicação a cada
É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos Casa do Congresso, enviando-lhes mensagens idênticas.
Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe e) encaminhamento de atos de concessão e renovação de
do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato concessão de emissoras de rádio e TV. A obrigação de submeter
da Administração Pública; expor o plano de governo por ocasião tais atos à apreciação do Congresso Nacional consta no inciso XII
da abertura de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacional do artigo 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos legais a
matérias que dependem de deliberação de suas Casas; apresentar outorga ou renovação da concessão após deliberação do Congresso
veto; enfim, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja Nacional (Constituição, art. 223, § 3o). Descabe pedir na mensagem
de interesse dos poderes públicos e da Nação. Minuta de mensa- a urgência prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o § 1o do
gem pode ser encaminhada pelos Ministérios à Presidência da Re- art. 223 já define o prazo da tramitação. Além do ato de outorga
pública, a cujas assessorias caberá a redação final. As mensagens ou renovação, acompanha a mensagem o correspondente processo
mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional têm as se- administrativo.
guintes finalidades: f) encaminhamento das contas referentes ao exercício ante-
a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, complemen- rior. O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias após a
tar ou financeira. Os projetos de lei ordinária ou complementar são abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacional as
enviados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de urgência contas referentes ao exercício anterior (Constituição, art. 84, XXIV),
(Constituição, art. 64, §§ 1o a 4o). Cabe lembrar que o projeto pode para exame e parecer da Comissão Mista permanente (Constitui-
ser encaminhado sob o regime normal e mais tarde ser objeto de ção, art. 166, § 1o), sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a
nova mensagem, com solicitação de urgência. Em ambos os casos, tomada de contas (Constituição, art. 51, II), em procedimento disci-
a mensagem se dirige aos Membros do Congresso Nacional, mas é plinado no art. 215 do seu Regimento Interno.
encaminhada com aviso do Chefe da Casa Civil da Presidência da g) mensagem de abertura da sessão legislativa.
República ao Primeiro Secretário da Câmara dos Deputados, para Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre a situação
que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, caput). Quan- do País e solicitação de providências que julgar necessárias (Cons-
to aos projetos de lei financeira (que compreendem plano plurianu- tituição, art. 84, XI). O portador da mensagem é o Chefe da Casa
al, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e créditos adicio- Civil da Presidência da República. Esta mensagem difere das demais
nais), as mensagens de encaminhamento dirigem-se aos Membros porque vai encadernada e é distribuída a todos os Congressistas em
do Congresso Nacional, e os respectivos avisos são endereçados ao forma de livro.

37
LÍNGUA PORTUGUESA
h) comunicação de sanção (com restituição de autógrafos). Telegrama
Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso Nacio-
nal, encaminhada por Aviso ao Primeiro Secretário da Casa onde — Definição e Finalidade
se originaram os autógrafos. Nela se informa o número que tomou Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os proce-
a lei e se restituem dois exemplares dos três autógrafos recebidos, dimentos burocráticos, passa a receber o título de telegrama toda
nos quais o Presidente da República terá aposto o despacho de san- comunicação oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc. Por
ção. tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos cofres públicos
i) comunicação de veto. e tecnologicamente superada, deve restringir-se o uso do telegra-
Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66, ma apenas àquelas situações que não seja possível o uso de correio
§ 1o), a mensagem informa sobre a decisão de vetar, se o veto é eletrônico ou fax e que a urgência justifique sua utilização e, tam-
parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto bém em razão de seu custo elevado, esta forma de comunicação
vai publicado na íntegra no Diário Oficial da União (v. 4.2. Forma e deve pautar-se pela concisão (v. 1.4. Concisão e Clareza).
Estrutura), ao contrário das demais mensagens, cuja publicação se
restringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo. (v. 19.6.Veto) — Forma e Estrutura
j) outras mensagens. Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a estrutura
Também são remetidas ao Legislativo com regular frequência dos formulários disponíveis nas agências dos Correios e em seu sítio
mensagens com: na Internet.
– Encaminhamento de atos internacionais que acarretam en-
cargos ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I); Fax
– Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às opera-
ções e prestações interestaduais e de exportação — Definição e Finalidade
(Constituição, art. 155, § 2o, IV); O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) é uma for-
– Proposta de fixação de limites globais para o montante da ma de comunicação que está sendo menos usada devido ao desen-
dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI); volvimento da Internet. É utilizado para a transmissão de mensa-
– Pedido de autorização para operações financeiras externas gens urgentes e para o envio antecipado de documentos, de cujo
(Constituição, art. 52, V); e outros. conhecimento há premência, quando não há condições de envio do
Entre as mensagens menos comuns estão as de: documento por meio eletrônico. Quando necessário o original, ele
– Convocação extraordinária do Congresso Nacional (Constitui- segue posteriormente pela via e na forma de praxe. Se necessário
ção, art. 57, § 6o); o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia xerox do fax e não com
– Pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da o próprio fax, cujo papel, em certos modelos, se deteriora rapida-
República (art. 52, XI, e 128, § 2o); mente.
– Pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobi-
lização nacional (Constituição, art. 84, XIX); — Forma e Estrutura
– Pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estrutura
(Constituição, art. 84, XX); que lhes são inerentes. É conveniente o envio, juntamente com o
– Justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua documento principal, de folha de rosto, i. é., de pequeno formulário
prorrogação (Constituição, art. 136, § 4o); com os dados de identificação da mensagem a ser enviada, confor-
– Pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Cons- me exemplo a seguir:
tituição, art. 137);
– Relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio Correio Eletrônico
ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único);
– Proposta de modificação de projetos de leis financeiras — Definição e finalidade
(Constituição, art. 166, § 5o); Correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e celeridade,
– Pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem transformou-se na principal forma de comunicação para transmis-
despesas correspondentes, em decorrência de veto, emenda ou re- são de documentos.
jeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166,
§ 8o); — Forma e Estrutura
– Pedido de autorização para alienar ou conceder terras públi- Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua
cas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188, § 1o); etc. flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida para sua es-
trutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatí-
— Forma e Estrutura vel com uma comunicação oficial (v. 1.2 A Linguagem dos Atos e
As mensagens contêm: Comunicações Oficiais). O campo assunto do formulário de correio
a) a indicação do tipo de expediente e de seu número, horizon- eletrônico mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a or-
talmente, no início da margem esquerda: ganização documental tanto do destinatário quanto do remetente.
Mensagem no Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado, prefe-
b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo rencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que encaminha al-
do destinatário, horizontalmente, no início da margem esquerda; gum arquivo deve trazer informações mínimas sobre seu conteúdo.
Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal, Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de confirmação de
c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo; leitura. Caso não seja disponível, deve constar na mensagem o pe-
d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e dido de confirmação de recebimento.
horizontalmente fazendo coincidir seu final com a margem direita.
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente
da República, não traz identificação de seu signatário.

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LÍNGUA PORTUGUESA
—Valor documental III – a expressão “tem a ver” pode ser considerada de uso co-
Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de loquial e indica nesse contexto um vínculo temático entre “diversi-
correio eletrônico tenha valor documental, i. é, para que possa ser dade e identidade”.
aceito como documento original, é necessário existir certificação di-
gital que ateste a identidade do remetente, na forma estabelecida Marque a alternativa abaixo que apresenta a(s) proposi-
em lei. ção(ões) verdadeira(s).
(A) I, apenas
(B) II e III
(C) III, apenas
QUESTÕES
(D) II, apenas
(E) I e II
1. (FMPA – MG) 3. (UNIFOR CE – 2006)
Assinale o item em que a palavra destacada está incorretamen- Dia desses, por alguns momentos, a cidade parou. As televi-
te aplicada: sões hipnotizaram os espectadores que assistiram, sem piscar, ao
(A) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes. resgate de uma mãe e de uma filha. Seu automóvel caíra em um
(B) A justiça infligiu pena merecida aos desordeiros. rio. Assisti ao evento em um local público. Ao acabar o noticiário, o
silêncio em volta do aparelho se desfez e as pessoas retomaram as
(C) Promoveram uma festa beneficiente para a creche.
suas ocupações habituais. Os celulares recomeçaram a tocar. Per-
(D) Devemos ser fieis aos cumprimentos do dever.
guntei-me: indiferença? Se tomarmos a definição ao pé da letra,
(E) A cessão de terras compete ao Estado.
indiferença é sinônimo de desdém, de insensibilidade, de apatia e
de negligência. Mas podemos considerá-la também uma forma de
2. (UEPB – 2010) ceticismo e desinteresse, um “estado físico que não apresenta nada
Um debate sobre a diversidade na escola reuniu alguns, dos de particular”; enfim, explica o Aurélio, uma atitude de neutralida-
maiores nomes da educação mundial na atualidade. de.
Conclusão? Impassíveis diante da emoção, imperturbáveis
Carlos Alberto Torres diante da paixão, imunes à angústia, vamos hoje burilando nossa
1
O tema da diversidade tem a ver com o tema identidade. Por- indiferença. Não nos indignamos mais! À distância de tudo, segui-
tanto, 2quando você discute diversidade, um tema que cabe muito mos surdos ao barulho do mundo lá fora. Dos movimentos de mas-
no 3pensamento pós-modernista, está discutindo o tema da 4diver- sa “quentes” (lembram-se do “Diretas Já”?) onde nos fundíamos na
sidade não só em ideias contrapostas, mas também em 5identida- igualdade, passamos aos gestos frios, nos quais indiferença e dis-
des que se mexem, que se juntam em uma só pessoa. E 6este é um tância são fenômenos inseparáveis. Neles, apesar de iguais, somos
processo de aprendizagem. Uma segunda afirmação é 7que a diver- estrangeiros ao destino de nossos semelhantes. […]
sidade está relacionada com a questão da educação 8e do poder. Se (Mary Del Priore. Histórias do cotidiano. São Paulo: Contexto,
a diversidade fosse a simples descrição 9demográfica da realidade e 2001. p.68)
a realidade fosse uma boa articulação 10dessa descrição demográ-
fica em termos de constante articulação 11democrática, você não Dentre todos os sinônimos apresentados no texto para o vo-
sentiria muito a presença do tema 12diversidade neste instante. Há cábulo indiferença, o que melhor se aplica a ele, considerando-se
o termo diversidade porque há 13uma diversidade que implica o uso o contexto, é
e o abuso de poder, de uma 14perspectiva ética, religiosa, de raça, (A) ceticismo.
de classe. (B) desdém.
[…] (C) apatia.
(D) desinteresse.
Rosa Maria Torres (E) negligência.
15
O tema da diversidade, como tantos outros, hoje em dia, abre
16
muitas versões possíveis de projeto educativo e de projeto 17po- 4. (CASAN – 2015) Observe as sentenças.
I. Com medo do escuro, a criança ascendeu a luz.
lítico e social. É uma bandeira pela qual temos que reivindicar, 18e
II. É melhor deixares a vida fluir num ritmo tranquilo.
pela qual temos reivindicado há muitos anos, a necessidade 19de
III. O tráfico nas grandes cidades torna-se cada dia mais difícil
reconhecer que há distinções, grupos, valores distintos, e 20que a
para os carros e os pedestres.
escola deve adequar-se às necessidades de cada grupo. 21Porém, o
tema da diversidade também pode dar lugar a uma 22série de coisas Assinale a alternativa correta quanto ao uso adequado de ho-
indesejadas. mônimos e parônimos.
[…]
Adaptado da Revista Pátio, Diversidade na educação: limites e (A) I e III.
possibilidades. Ano V, nº 20, fev./abr. 2002, p. 29. (B) II e III.
(C) II apenas.
Do enunciado “O tema da diversidade tem a ver com o tema (D) Todas incorretas.
identidade.” (ref. 1), pode-se inferir que
I – “Diversidade e identidade” fazem parte do mesmo campo
semântico, sendo a palavra “identidade” considerada um hiperôni-
mo, em relação à “diversidade”.
II – há uma relação de intercomplementariedade entre “diversi-
dade e identidade”, em função do efeito de sentido que se instaura
no paradigma argumentativo do enunciado.

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LÍNGUA PORTUGUESA
5. (UFMS – 2009) 7. (PUC-SP) Dê a função sintática do termo destacado em: “De-
Leia o artigo abaixo, intitulado “Uma questão de tempo”, de pressa esqueci o Quincas Borba”.
Miguel Sanches Neto, extraído da Revista Nova Escola Online, em (A) objeto direto
30/09/08. Em seguida, responda. (B) sujeito
“Demorei para aprender ortografia. E essa aprendizagem con- (C) agente da passiva
tou com a ajuda dos editores de texto, no computador. Quando eu (D) adjunto adverbial
cometia uma infração, pequena ou grande, o programa grifava em (E) aposto
vermelho meu deslize. Fui assim me obrigando a escrever minima-
mente do jeito correto. 8. (MACK-SP) Aponte a alternativa que expressa a função sintá-
Mas de meu tempo de escola trago uma grande descoberta, tica do termo destacado: “Parece enfermo, seu irmão”.
a do monstro ortográfico. O nome dele era Qüeqüi Güegüi. Sim, (A) Sujeito
esse animal existiu de fato. A professora de Português nos disse que (B) Objeto direto
devíamos usar trema nas sílabas qüe, qüi, güe e güi quando o u é (C) Predicativo do sujeito
pronunciado. Fiquei com essa expressão tão sonora quanto enig- (D) Adjunto adverbial
mática na cabeça. (E) Adjunto adnominal
Quando meditava sobre algum problema terrível – pois na pré-
-adolescência sempre temos problemas terríveis –, eu tentava me 9. (OSEC-SP) “Ninguém parecia disposto ao trabalho naquela
libertar da coisa repetindo em voz alta: “Qüeqüi Güegüi”. Se numa manhã de segunda-feira”.
prova de Matemática eu não conseguia me lembrar de uma fórmu- (A) Predicativo
la, lá vinham as palavras mágicas. (B) Complemento nominal
Um desses problemas terríveis, uma namorada, ouvindo minha (C) Objeto indireto
evocação, quis saber o que era esse tal de Qüeqüi Güegüi. (D) Adjunto adverbial
– Você nunca ouviu falar nele? – perguntei. (E) Adjunto adnominal
– Ainda não fomos apresentados – ela disse.
– É o abominável monstro ortográfico – fiz uma falsa voz de 10. (MACK-SP) “Não se fazem motocicletas como antigamen-
terror. te”. O termo destacado funciona como:
– E ele faz o quê? (A) Objeto indireto
– Atrapalha a gente na hora de escrever. (B) Objeto direto
Ela riu e se desinteressou do assunto. Provavelmente não sabia (C) Adjunto adnominal
usar trema nem se lembrava da regrinha. (D) Vocativo
Aos poucos, eu me habituei a colocar as letras e os sinais no (E) Sujeito
lugar certo. Como essa aprendizagem foi demorada, não sei se con-
seguirei escrever de outra forma – agora que teremos novas regras. 11. (UFRJ) Esparadrapo
Por isso, peço desde já que perdoem meus futuros erros, que servi- Há palavras que parecem exatamente o que querem dizer. “Es-
rão ao menos para determinar minha idade. paradrapo”, por exemplo. Quem quebrou a cara fica mesmo com
– Esse aí é do tempo do trema.” cara de esparadrapo. No entanto, há outras, aliás de nobre sentido,
que parecem estar insinuando outra coisa. Por exemplo, “incuná-
Assinale a alternativa correta. bulo*”.
(A) As expressões “monstro ortográfico” e “abominável QUINTANA, Mário. Da preguiça como método de trabalho. Rio
monstro ortográfico” mantêm uma relação hiperonímica entre de Janeiro, Globo. 1987. p. 83.
si. *Incunábulo: [do lat. Incunabulu; berço]. Adj. 1- Diz-se do livro
(B) Em “– Atrapalha a gente na hora de escrever”, confor- impresso até o ano de 1500./ S.m. 2 – Começo, origem.
me a norma culta do português, a palavra “gente” pode ser
substituída por “nós”. A locução “No entanto” tem importante papel na estrutura do
(C) A frase “Fui-me obrigando a escrever minimamente do texto. Sua função resume-se em:
jeito correto”, o emprego do pronome oblíquo átono está cor- (A) ligar duas orações que querem dizer exatamente a mesma
reto de acordo com a norma culta da língua portuguesa. coisa.
(D) De acordo com as explicações do autor, as palavras pre- (B) separar acontecimentos que se sucedem cronologicamen-
güiça e tranqüilo não serão mais grafadas com o trema. te.
(E) A palavra “evocação” (3° parágrafo) pode ser substituí- (C) ligar duas observações contrárias acerca do mesmo assun-
da no texto por “recordação”, mas haverá alteração de sentido. to.
(D) apresentar uma alternativa para a primeira ideia expressa.
(E) introduzir uma conclusão após os argumentos apresenta-
6. (FMU) Leia as expressões destacadas na seguinte passagem: dos.
“E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero
na salada – o meu jeito de querer bem.”
Tais expressões exercem, respectivamente, a função sintática
de:
(A) objeto indireto e aposto
(B) objeto indireto e predicativo do sujeito
(C) complemento nominal e adjunto adverbial de modo
(D) complemento nominal e aposto
(E) adjunto adnominal e adjunto adverbial de modo

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LÍNGUA PORTUGUESA
12. (IBFC – 2013) Leia as sentenças: Leia atentamente a oração destacada no período a seguir:
“(...) pois ainda escutava em mim as risadas da menina que
É preciso que ela se encante por mim! queria correr nas lajes do pátio (...)”
Chegou à conclusão de que saiu no prejuízo.
Assinale a alternativa em que a oração em negrito e sublinhada
Assinale abaixo a alternativa que classifica, correta e respecti- apresenta a mesma classificação sintática da destacada acima.
vamente, as orações subordinadas substantivas (O.S.S.) destacadas: (A) “A menina que levava castigo na escola porque ria fora de
(A) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. objetiva indireta. hora (...)”
(B) O.S.S. subjetiva e O.S.S. completiva nominal (B) “(...) e deixava cair com estrondo sabendo que os meninos,
(C) O.S.S. subjetiva e O.S.S. objetiva indireta. mais que as meninas, se botariam de quatro catando lápis, ca-
(D) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. completiva nominal. netas, borracha (...)”
(C) “(...) não queria que soubessem que ela (...)”
13. (ADVISE-2013) Todos os enunciados abaixo correspondem (D) “Logo me dei conta de que hoje setenta é quase banal (...)”
a orações subordinadas substantivas, exceto:
(A) Espero sinceramente isto: que vocês não faltem mais. 16. (FUNRIO – 2012) “Todos querem que nós
(B) Desejo que ela volte. ____________________.”
(C) Gostaria de que todos me apoiassem.
(D) Tenho medo de que esses assessores me traiam. Apenas uma das alternativas completa coerente e adequada-
(E) Os jogadores que foram convocados apresentaram-se on- mente a frase acima. Assinale-a.
tem. (A) desfilando pelas passarelas internacionais.
(B) desista da ação contra aquele salafrário.
14. (PUC-SP) “Pode-se dizer que a tarefa é puramente formal.” (C) estejamos prontos em breve para o trabalho.
No texto acima temos uma oração destacada que é ________e (D) recuperássemos a vaga de motorista da firma.
um “se” que é . ________. (E) tentamos aquele emprego novamente.
(A) substantiva objetiva direta, partícula apassivadora
(B) substantiva predicativa, índice de indeterminação do sujeito 17. (ITA - 1997) Assinale a opção que completa corretamente as
(C) relativa, pronome reflexivo lacunas do texto a seguir:
(D) substantiva subjetiva, partícula apassivadora “Todas as amigas estavam _______________ ansiosas
(E) adverbial consecutiva, índice de indeterminação do sujeito _______________ ler os jornais, pois foram informadas de que as
críticas foram ______________ indulgentes ______________ ra-
15. (UEMG) “De repente chegou o dia dos meus setenta anos. paz, o qual, embora tivesse mais aptidão _______________ ciên-
Fiquei entre surpresa e divertida, setenta, eu? Mas tudo parece cias exatas, demonstrava uma certa propensão _______________
ter sido ontem! No século em que a maioria quer ter vinte anos arte.”
(trinta a gente ainda aguenta), eu estava fazendo setenta. Pior: du- (A) meio - para - bastante - para com o - para - para a
vidando disso, pois ainda escutava em mim as risadas da menina (B) muito - em - bastante - com o - nas - em
que queria correr nas lajes do pátio quando chovia, que pescava (C) bastante - por - meias - ao - a - à
lambaris com o pai no laguinho, que chorava em filme do Gordo e (D) meias - para - muito - pelo - em - por
Magro, quando a mãe a levava à matinê. (Eu chorava alto com pena (E) bem - por - meio - para o - pelas – na
dos dois, a mãe ficava furiosa.)
A menina que levava castigo na escola porque ria fora de hora, 18. (Mackenzie) Há uma concordância inaceitável de acordo
porque se distraía olhando o céu e nuvens pela janela em lugar de com a gramática:
prestar atenção, porque devagarinho empurrava o estojo de lápis I - Os brasileiros somos todos eternos sonhadores.
até a beira da mesa, e deixava cair com estrondo sabendo que os II - Muito obrigadas! – disseram as moças.
meninos, mais que as meninas, se botariam de quatro catando lá- III - Sr. Deputado, V. Exa. Está enganada.
pis, canetas, borracha – as tediosas regras de ordem e quietude se- IV - A pobre senhora ficou meio confusa.
riam rompidas mais uma vez. V - São muito estudiosos os alunos e as alunas deste curso.
Fazendo a toda hora perguntas loucas, ela aborrecia os profes-
sores e divertia a turma: apenas porque não queria ser diferente, (A) em I e II
queria ser amada, queria ser natural, não queria que soubessem (B) apenas em IV
que ela, doze anos, além de histórias em quadrinhos e novelinhas (C) apenas em III
açucaradas, lia teatro grego – sem entender – e achava emocionan- (D) em II, III e IV
te. (E) apenas em II
(E até do futuro namorado, aos quinze anos, esconderia isso.)
O meu aniversário: primeiro pensei numa grande celebração, 19. (CESCEM–SP) Já ___ anos, ___ neste local árvores e flores.
eu que sou avessa a badalações e gosto de grupos bem pequenos. Hoje, só ___ ervas daninhas.
Mas pensei, setenta vale a pena! Afinal já é bastante tempo! Logo (A) fazem, havia, existe
me dei conta de que hoje setenta é quase banal, muita gente com (B) fazem, havia, existe
oitenta ainda está ativo e presente. (C) fazem, haviam, existem
Decidi apenas reunir filhos e amigos mais chegados (tarefa difí- (D) faz, havia, existem
cil, escolher), e deixar aquela festona para outra década.” (E) faz, havia, existe
LUFT, 2014, p.104-105

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LÍNGUA PORTUGUESA
20. (IBGE) Indique a opção correta, no que se refere à concor- A frase reescrita está com a regência correta em:
dância verbal, de acordo com a norma culta: (A) I apenas
(A) Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova. (B) II apenas
(B) Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha. (C) III apenas
(C) Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui. (D) I e III apenas
(D) Bateu três horas quando o entrevistador chegou. (E) I, II e III
(E) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo.
26. (INSTITUTO AOCP/2017 – EBSERH) Assinale a alternativa
21. (FUVEST – 2001) A única frase que NÃO apresenta desvio em que todas as palavras estão adequadamente grafadas.
em relação à regência (nominal e verbal) recomendada pela norma (A) Silhueta, entretenimento, autoestima.
culta é: (B) Rítimo, silueta, cérebro, entretenimento.
(A) O governador insistia em afirmar que o assunto principal (C) Altoestima, entreterimento, memorização, silhueta.
seria “as grandes questões nacionais”, com o que discordavam (D) Célebro, ansiedade, auto-estima, ritmo.
líderes pefelistas. (E) Memorização, anciedade, cérebro, ritmo.
(B) Enquanto Cuba monopolizava as atenções de um clube, do
qual nem sequer pediu para integrar, a situação dos outros pa- 27. (ALTERNATIVE CONCURSOS/2016 – CÂMARA DE BANDEI-
íses passou despercebida. RANTES-SC) Algumas palavras são usadas no nosso cotidiano de
(C) Em busca da realização pessoal, profissionais escolhem a forma incorreta, ou seja, estão em desacordo com a norma culta
dedo aonde trabalhar, priorizando à empresas com atuação padrão. Todas as alternativas abaixo apresentam palavras escritas
social. erroneamente, exceto em:
(D) Uma família de sem-teto descobriu um sofá deixado por um (A) Na bandeija estavam as xícaras antigas da vovó.
morador não muito consciente com a limpeza da cidade. (B) É um privilégio estar aqui hoje.
(E) O roteiro do filme oferece uma versão de como consegui- (C) Fiz a sombrancelha no salão novo da cidade.
mos um dia preferir a estrada à casa, a paixão e o sonho à regra, (D) A criança estava com desinteria.
a aventura à repetição. (E) O bebedoro da escola estava estragado.

22. (FUVEST) Assinale a alternativa que preenche corretamente 28. (SEDUC/SP – 2018) Preencha as lacunas das frases abaixo
as lacunas correspondentes. com “por que”, “porque”, “por quê” ou “porquê”. Depois, assinale a
A arma ___ se feriu desapareceu. alternativa que apresenta a ordem correta, de cima para baixo, de
Estas são as pessoas ___ lhe falei. classificação.
Aqui está a foto ___ me referi. “____________ o céu é azul?”
Encontrei um amigo de infância ___ nome não me lembrava. “Meus pais chegaram atrasados, ____________ pegaram trân-
Passamos por uma fazenda ___ se criam búfalos. sito pelo caminho.”
“Gostaria muito de saber o ____________ de você ter faltado
(A) que, de que, à que, cujo, que. ao nosso encontro.”
(B) com que, que, a que, cujo qual, onde. “A Alemanha é considerada uma das grandes potências mun-
(C) com que, das quais, a que, de cujo, onde. diais. ____________?”
(D) com a qual, de que, que, do qual, onde. (A) Porque – porquê – por que – Por quê
(E) que, cujas, as quais, do cujo, na cuja. (B) Porque – porquê – por que – Por quê
(C) Por que – porque – porquê – Por quê
23. (FESP) Observe a regência verbal e assinale a opção falsa: (D) Porquê – porque – por quê – Por que
(A) Avisaram-no que chegaríamos logo. (E) Por que – porque – por quê – Porquê
(B) Informei-lhe a nota obtida.
(C) Os motoristas irresponsáveis, em geral, não obedecem aos 29. (CEITEC – 2012) Os vocábulos Emergir e Imergir são parô-
sinais de trânsito. nimos: empregar um pelo outro acarreta grave confusão no que
(D) Há bastante tempo que assistimos em São Paulo. se quer expressar. Nas alternativas abaixo, só uma apresenta uma
(E) Muita gordura não implica saúde. frase em que se respeita o devido sentido dos vocábulos, selecio-
nando convenientemente o parônimo adequado à frase elaborada.
24. (IBGE) Assinale a opção em que todos os adjetivos devem Assinale-a.
ser seguidos pela mesma preposição: (A) A descoberta do plano de conquista era eminente.
(A) ávido / bom / inconsequente (B) O infrator foi preso em flagrante.
(B) indigno / odioso / perito (C) O candidato recebeu despensa das duas últimas provas.
(C) leal / limpo / oneroso (D) O metal delatou ao ser submetido à alta temperatura.
(D) orgulhoso / rico / sedento (E) Os culpados espiam suas culpas na prisão.
(E) oposto / pálido / sábio
30. (FMU) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão
25. (TRE-MG) Observe a regência dos verbos das frases reescri- grafadas corretamente.
tas nos itens a seguir: (A) paralisar, pesquisar, ironizar, deslizar
I - Chamaremos os inimigos de hipócritas. Chamaremos aos ini- (B) alteza, empreza, francesa, miudeza
migos de hipócritas; (C) cuscus, chimpazé, encharcar, encher
II - Informei-lhe o meu desprezo por tudo. Informei-lhe do meu (D) incenso, abcesso, obsessão, luxação
desprezo por tudo; (E) chineza, marquês, garrucha, meretriz
III - O funcionário esqueceu o importante acontecimento. O
funcionário esqueceu-se do importante acontecimento.

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LÍNGUA PORTUGUESA
31. (VUNESP/2017 – TJ-SP) Assinale a alternativa em que todas 36. (IFAL - 2011)
as palavras estão corretamente grafadas, considerando-se as regras
de acentuação da língua padrão. Parágrafo do Editorial “Nossas crianças, hoje”.
(A) Remígio era homem de carater, o que surpreendeu D. Firmi-
na, que aceitou o matrimônio de sua filha. “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão impor-
(B) O consôlo de Fadinha foi ver que Remígio queria desposa-la tante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos sentimos
apesar de sua beleza ter ido embora depois da doença. na pele e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento da
(C) Com a saúde de Fadinha comprometida, Remígio não con- infância mais pobre. Nosso Estado e nossa região padece de índices
seguia se recompôr e viver tranquilo. vergonhosos no tocante à mortalidade infantil, à educação básica e
(D) Com o triúnfo do bem sobre o mal, Fadinha se recuperou, tantos outros indicadores terríveis.” (Gazeta de Alagoas, seção Opi-
Remígio resolveu pedí-la em casamento. nião, 12.10.2010)
(E) Fadinha não tinha mágoa por não ser mais tão bela; agora, O primeiro período desse parágrafo está corretamente pontu-
interessava-lhe viver no paraíso com Remígio. ado na alternativa:
(A) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
32. (PUC-RJ) Aponte a opção em que as duas palavras são acen- importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos,
tuadas devido à mesma regra: sentimos na pele e na alma a dor dos mais altos índices de so-
(A) saí – dói frimento da infância mais pobre.”
(B) relógio – própria (B) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão
(C) só – sóis importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos
(D) dá – custará sentimos, na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
(E) até – pé sofrimento da infância mais pobre.”
(C) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
33. (UEPG ADAPTADA) Sobre a acentuação gráfica das palavras importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos,
agradável, automóvel e possível, assinale o que for correto. sentimos na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
(A) Em razão de a letra L no final das palavras transferir a toni- sofrimento da infância mais pobre.”
cidade para a última sílaba, é necessário que se marque grafi- (D) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão
camente a sílaba tônica das paroxítonas terminadas em L, se importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos
isso não fosse feito, poderiam ser lidas como palavras oxítonas. sentimos, na pele e na alma a dor dos mais altos índices de
(B) São acentuadas porque são proparoxítonas terminadas em sofrimento, da infância mais pobre.”
L. (E) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
(C) São acentuadas porque são oxítonas terminadas em L. importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos,
(D) São acentuadas porque terminam em ditongo fonético – sentimos, na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
eu. sofrimento da infância mais pobre.”
(E) São acentuadas porque são paroxítonas terminadas em L.
37. (F.E. BAURU) Assinale a alternativa em que há erro de pon-
34. (IFAL – 2016 ADAPTADA) Quanto à acentuação das palavras, tuação:
assinale a afirmação verdadeira. (A) Era do conhecimento de todos a hora da prova, mas, alguns
(A) A palavra “tendem” deveria ser acentuada graficamente, se atrasaram.
como “também” e “porém”. (B) A hora da prova era do conhecimento de todos; alguns se
(B) As palavras “saíra”, “destruída” e “aí” acentuam-se pela atrasaram, porém.
mesma razão. (C) Todos conhecem a hora da prova; não se atrasem, pois.
(C) O nome “Luiz” deveria ser acentuado graficamente, pela (D) Todos conhecem a hora da prova, portanto não se atrasem.
mesma razão que a palavra “país”. (E) N.D.A
(D) Os vocábulos “é”, “já” e “só” recebem acento por constituí-
rem monossílabos tônicos fechados. 38. (VUNESP – 2020) Assinale a alternativa correta quanto à
(E) Acentuam-se “simpática”, “centímetros”, “simbólica” por- pontuação.
que todas as paroxítonas são acentuadas. (A) Colaboradores da Universidade Federal do Paraná afirma-
ram: “Os cristais de urato podem provocar graves danos nas
35. (MACKENZIE) Indique a alternativa em que nenhuma pala- articulações.”.
vra é acentuada graficamente: (B) A prescrição de remédios e a adesão, ao tratamento, por
(A) lapis, canoa, abacaxi, jovens parte dos pacientes são baixas.
(B) ruim, sozinho, aquele, traiu (C) É uma inflamação, que desencadeia a crise de gota; diag-
(C) saudade, onix, grau, orquídea nosticada a partir do reconhecimento de intensa dor, no local.
(D) voo, legua, assim, tênis (D) A ausência de dor não pode ser motivo para a interrupção
(E) flores, açucar, album, virus do tratamento conforme o editorial diz: – (é preciso que o do-
ente confie em seu médico).
(E) A qualidade de vida, do paciente, diminui pois a dor no local
da inflamação é bastante intensa!

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LÍNGUA PORTUGUESA
39. (ENEM – 2018)

Física com a boca


Por que nossa voz fica tremida ao falar na frente do ventilador?
Além de ventinho, o ventilador gera ondas sonoras. Quando você não tem mais o que fazer e fica falando na frente dele, as ondas da
voz se propagam na direção contrária às do ventilador. Davi Akkerman – presidente da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica – diz
que isso causa o mismatch, nome bacana para o desencontro entre as ondas. “O vento também contribui para a distorção da voz, pelo fato
de ser uma vibração que influencia no som”, diz. Assim, o ruído do ventilador e a influência do vento na propagação das ondas contribuem
para distorcer sua bela voz.
Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado).

Sinais de pontuação são símbolos gráficos usados para organizar a escrita e ajudar na compreensão da mensagem. No texto, o sentido
não é alterado em caso de substituição dos travessões por
(A) aspas, para colocar em destaque a informação seguinte
(B) vírgulas, para acrescentar uma caracterização de Davi Akkerman.
(C) reticências, para deixar subetendida a formação do especialista.
(D) dois-pontos, para acrescentar uma informação introduzida anteriormente.
(E) ponto e vírgula, para enumerar informações fundamentais para o desenvolvimento temático.

40. (FUNDATEC – 2016)

Sobre fonética e fonologia e conceitos relacionados a essas áreas, considere as seguintes afirmações, segundo Bechara:

I. A fonologia estuda o número de oposições utilizadas e suas relações mútuas, enquanto a fonética experimental determina a natu-
reza física e fisiológica das distinções observadas.
II. Fonema é uma realidade acústica, opositiva, que nosso ouvido registra; já letra, também chamada de grafema, é o sinal empregado
para representar na escrita o sistema sonoro de uma língua.
III. Denominam-se fonema os sons elementares e produtores da significação de cada um dos vocábulos produzidos pelos falantes da
língua portuguesa.

Quais estão INCORRETAS?


(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas I e II
(E) Apenas II e III.

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LÍNGUA PORTUGUESA
41. (CEPERJ) Na palavra “fazer”, notam-se 5 fonemas. O mesmo 46. (UNIFESP - 2015) Leia o seguinte texto:
número de fonemas ocorre na palavra da seguinte alternativa: Você conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook?
a) tatuar Uma organização não governamental holandesa está propondo
b) quando um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias
c) doutor sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o
d) ainda grau de felicidade dos usuários longe da rede social.
e) além O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológi-
cos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que
42. (OSEC) Em que conjunto de signos só há consoantes sono- o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder par-
ras? ticipar, o usuário deve trocar a foto do perfil no Facebook e postar
(A) rosa, deve, navegador; um contador na rede social.
(B) barcos, grande, colado; Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade
(C) luta, após, triste; dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da abstinência.
(D) ringue, tão, pinga; Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam
(E) que, ser, tão. em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso,
a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, 2que poderiam
43. (UFRGS – 2010) No terceiro e no quarto parágrafos do tex- ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”.
to, o autor faz referência a uma oposição entre dois níveis de análi- (http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.)
se de uma língua: o fonético e o gramatical.
Verifique a que nível se referem as características do português Após ler o texto acima, examine as passagens do primeiro pa-
falado em Portugal a seguir descritas, identificando-as com o núme- rágrafo: “Uma organização não governamental holandesa está pro-
ro 1 (fonético) ou com o número 2 (gramatical). pondo um desafio” “O objetivo é medir o grau de felicidade dos
( ) Construções com infinitivo, como estou a fazer, em lugar de usuários longe da rede social.”
formas com gerúndio, como estou fazendo. A utilização dos artigos destacados justifica-se em razão:
( ) Emprego frequente da vogal tônica com timbre aberto em (A) da retomada de informações que podem ser facilmente de-
palavras como académico e antónimo, preendidas pelo contexto, sendo ambas equivalentes seman-
( ) Uso frequente de consoante com som de k final da sílaba, ticamente.
como em contacto e facto. (B) de informações conhecidas, nas duas ocorrências, sendo
( ) Certos empregos do pretérito imperfeito para designar fu- possível a troca dos artigos nos enunciados, pois isso não alte-
turo do pretérito, como em Eu gostava de ir até lá por Eu gostaria raria o sentido do texto.
de ir até lá. (C) da generalização, no primeiro caso, com a introdução de
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de informação conhecida, e da especificação, no segundo, com
cima para baixo, é: informação nova.
(A) 2 – 1 – 1 – 2. (D) da introdução de uma informação nova, no primeiro caso,
(B) 2 – 1 – 2 – 1. e da retomada de uma informação já conhecida, no segundo.
(C) 1 – 2 – 1 – 2. (E) de informações novas, nas duas ocorrências, motivo pelo
(D) 1 – 1 – 2 – 2. qual são introduzidas de forma mais generalizada
(E) 1 – 2 – 2 – 1.
47. (UFMG-ADAPTADA) As expressões em negrito correspon-
44. (FUVEST-SP) Foram formadas pelo mesmo processo as se- dem a um adjetivo, exceto em:
guintes palavras: (A) João Fanhoso anda amanhecendo sem entusiasmo.
(A) vendavais, naufrágios, polêmicas (B) Demorava-se de propósito naquele complicado banho.
(B) descompõem, desempregados, desejava (C) Os bichos da terra fugiam em desabalada carreira.
(C) estendendo, escritório, espírito (D) Noite fechada sobre aqueles ermos perdidos da caatinga
(D) quietação, sabonete, nadador sem fim.
(E) religião, irmão, solidão (E) E ainda me vem com essa conversa de homem da roça.

45. (FUVEST) Assinale a alternativa em que uma das palavras 48. (UMESP) Na frase “As negociações estariam meio abertas
não é formada por prefixação: só depois de meio período de trabalho”, as palavras destacadas são,
(A) readquirir, predestinado, propor respectivamente:
(B) irregular, amoral, demover (A) adjetivo, adjetivo
(C) remeter, conter, antegozar (B) advérbio, advérbio
(D) irrestrito, antípoda, prever (C) advérbio, adjetivo
(E) dever, deter, antever (D) numeral, adjetivo
(E) numeral, advérbio

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LÍNGUA PORTUGUESA
49. (ITA-SP)
27 B
Beber é mal, mas é muito bom.
(FERNANDES, Millôr. Mais! Folha de S. Paulo, 5 ago. 2001, p. 28 C
28.) 29 B
A palavra “mal”, no caso específico da frase de Millôr, é: 30 A
(A) adjetivo 31 E
(B) substantivo
32 B
(C) pronome
(D) advérbio 33 E
(E) preposição 34 B
50. (PUC-SP) “É uma espécie... nova... completamente nova! 35 B
(Mas já) tem nome... Batizei-(a) logo... Vou-(lhe) mostrar...”. Sob o 36 E
ponto de vista morfológico, as palavras destacadas correspondem
pela ordem, a: 37 A
(A) conjunção, preposição, artigo, pronome 38 A
(B) advérbio, advérbio, pronome, pronome
39 B
(C) conjunção, interjeição, artigo, advérbio
(D) advérbio, advérbio, substantivo, pronome 40 A
(E) conjunção, advérbio, pronome, pronome 41 D
42 D
GABARITO 43 B
44 D
45 E
1 C
46 D
2 B
47 B
3 D
48 B
4 C
49 B
5 C
50 E
6 A
7 D
8 C
9 B
10 E
11 C
12 B
13 E
14 B
15 A
16 C
17 A
18 C
19 D
20 C
21 E
22 C
23 A
24 D
25 E
26 A

46
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

III - A moralidade da Administração Pública não se limita à dis-


CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚ- tinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da idéia de que
BLICO CIVIL DO PODER EXECUTIVO FEDERAL: DECRE- o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a
TO Nº 1.171/1994 finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar
a moralidade do ato administrativo.
IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos tribu-
DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994 tos pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele próprio, e
por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade adminis-
Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil trativa se integre no Direito, como elemento indissociável de sua
do Poder Executivo Federal. aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como conseqüência, em
fator de legalidade.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a
confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo em vista o disposto comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio
no art. 37 da Constituição, bem como nos arts. 116 e 117 da Lei n° bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito
8.112, de 11 de dezembro de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n° desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio.
8.429, de 2 de junho de 1992, VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional
e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor público.
DECRETA: Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua
Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do Servidor vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na
Público Civil do Poder Executivo Federal, que com este baixa. vida funcional.
Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações poli-
direta e indireta implementarão, em sessenta dias, as providências ciais ou interesse superior do Estado e da Administração Pública,
necessárias à plena vigência do Código de Ética, inclusive mediante a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso,
a Constituição da respectiva Comissão de Ética, integrada por três nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo
servidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou emprego constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão
permanente. comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem
Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética será co- a negar.
municada à Secretaria da Administração Federal da Presidência da VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode
República, com a indicação dos respectivos membros titulares e su- omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria
plentes. pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum Estado
Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua publicação. pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito
do erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniquilam até mes-
Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência e 106° mo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação.
da República. IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedica-
ITAMAR FRANCO dos ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar
ANEXO mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a
Executivo Federal qualquer bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o,
CAPÍTULO I por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao
Seção I equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens
Das Regras Deontológicas de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas
esperanças e seus esforços para construí-los.
I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solu-
princípios morais são primados maiores que devem nortear o ser- ção que compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo
vidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na
que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética
atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preser- ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos
vação da honra e da tradição dos serviços públicos. usuários dos serviços públicos.
II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais
ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o de seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e,
legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso
o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e
o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função
da Constituição Federal. pública.

47
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de tra- r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções
balho é fator de desmoralização do serviço público, o que quase superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possí-
sempre conduz à desordem nas relações humanas. vel, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura or- boa ordem.
ganizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, colabora s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de
e de todos pode receber colaboração, pois sua atividade pública é direito;
a grande oportunidade para o crescimento e o engrandecimento t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais
da Nação. que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente
aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos juris-
Seção II dicionados administrativos;
Dos Principais Deveres do Servidor Público u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder
ou autoridade com finalidade estranha ao interesse público, mes-
XIV - São deveres fundamentais do servidor público: mo que observando as formalidades legais e não cometendo qual-
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou quer violação expressa à lei;
emprego público de que seja titular; v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe so-
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimen- bre a existência deste Código de Ética, estimulando o seu integral
to, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver situações cumprimento.
procrastinatórias, principalmente diante de filas ou de qualquer ou-
tra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em que Seção III
exerça suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao usuário; Das Vedações ao Servidor Público
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integri-
dade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de XV - E vedado ao servidor público;
duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum; a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, po-
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição es- sição e influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou
sencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade a seu para outrem;
b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servido-
cargo;
res ou de cidadãos que deles dependam;
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiçoan-
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente
do o processo de comunicação e contato com o público;
com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios
de sua profissão;
éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços pú-
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício
blicos;
regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, res-
ou material;
peitando a capacidade e as limitações individuais de todos os usu-
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu al-
ários do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou
cance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister;
distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos,
político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o
dano moral; público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hie-
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de re- rarquicamente superiores ou inferiores;
presentar contra qualquer comprometimento indevido da estrutu- g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo
ra em que se funda o Poder Estatal; de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou van-
i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de tagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa,
contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer fa- para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outro servi-
vores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de ações dor para o mesmo fim;
imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las; h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encami-
j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências espe- nhar para providências;
cíficas da defesa da vida e da segurança coletiva; i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do aten-
l) ser assíduo e freqüente ao serviço, na certeza de que sua dimento em serviços públicos;
ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo negativa- j) desviar servidor público para atendimento a interesse parti-
mente em todo o sistema; cular;
m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qual- l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autoriza-
quer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as provi- do, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio
dências cabíveis; público;
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, se- m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito in-
guindo os métodos mais adequados à sua organização e distribui- terno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos
ção; ou de terceiros;
o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitual-
a melhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo a reali- mente;
zação do bem comum; o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra
p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana;
exercício da função; p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a
q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de ser- empreendimentos de cunho duvidoso.
viço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções;

48
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
CAPÍTULO II I - a Comissão de Ética Pública - CEP, instituída pelo Decreto de
DAS COMISSÕES DE ÉTICA 26 de maio de 1999;
II - as Comissões de Ética de que trata o Decreto no 1.171, de
XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração Pública 22 de junho de 1994; e
Federal direta, indireta autárquica e fundacional, ou em qualquer III - as demais Comissões de Ética e equivalentes nas entidades
órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo poder e órgãos do Poder Executivo Federal.
público, deverá ser criada uma Comissão de Ética, encarregada de Art. 3o A CEP será integrada por sete brasileiros que preencham
orientar e aconselhar sobre a ética profissional do servidor, no tra- os requisitos de idoneidade moral, reputação ilibada e notória ex-
tamento com as pessoas e com o patrimônio público, competin- periência em administração pública, designados pelo Presidente da
do-lhe conhecer concretamente de imputação ou de procedimento República, para mandatos de três anos, não coincidentes, permitida
susceptível de censura. uma única recondução.
XVII - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) § 1o A atuação no âmbito da CEP não enseja qualquer remu-
XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos organismos neração para seus membros e os trabalhos nela desenvolvidos são
encarregados da execução do quadro de carreira dos servidores, os considerados prestação de relevante serviço público.
registros sobre sua conduta ética, para o efeito de instruir e funda- § 2o O Presidente terá o voto de qualidade nas deliberações
mentar promoções e para todos os demais procedimentos próprios da Comissão.
da carreira do servidor público. § 3o Os mandatos dos primeiros membros serão de um, dois e
XIX-(Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) três anos, estabelecidos no decreto de designação.
XX - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) Art. 4o À CEP compete:
XXI -(Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) I - atuar como instância consultiva do Presidente da República
XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de e Ministros de Estado em matéria de ética pública;
Ética é a de censura e sua fundamentação constará do respectivo II - administrar a aplicação do Código de Conduta da Alta Admi-
parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciência do fal- nistração Federal, devendo:
toso. a) submeter ao Presidente da República medidas para seu apri-
XXIII -(Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) moramento;
XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético, en- b) dirimir dúvidas a respeito de interpretação de suas normas,
tende-se por servidor público todo aquele que, por força de lei, deliberando sobre casos omissos;
contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza c) apurar, mediante denúncia, ou de ofício, condutas em desa-
permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição cordo com as normas nele previstas, quando praticadas pelas auto-
financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer ór- ridades a ele submetidas;
gão do poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas, III - dirimir dúvidas de interpretação sobre as normas do Código
as entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo
economia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse Federal de que trata o Decreto no 1.171, de 1994;
do Estado. IV - coordenar, avaliar e supervisionar o Sistema de Gestão da
XXV - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) Ética Pública do Poder Executivo Federal;
V - aprovar o seu regimento interno; e
VI - escolher o seu Presidente.
DECRETO Nº 6.029/2007 E SUAS ALTERAÇÕES Parágrafo único. A CEP contará com uma Secretaria-Executiva,
vinculada à Casa Civil da Presidência da República, à qual competirá
DECRETO Nº 6.029, DE 1º DE FEVEREIRO DE 2007. prestar o apoio técnico e administrativo aos trabalhos da Comissão.
Art. 5º Cada Comissão de Ética de que trata o Decreto no 1171,
Institui Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal, de 1994, será integrada por três membros titulares e três suplentes,
e dá outras providências. escolhidos entre servidores e empregados do seu quadro perma-
nente, e designados pelo dirigente máximo da respectiva entidade
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe ou órgão, para mandatos não coincidentes de três anos.
confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição, Art. 6o É dever do titular de entidade ou órgão da Administra-
DECRETA: ção Pública Federal, direta e indireta:
Art. 1o Fica instituído o Sistema de Gestão da Ética do Poder I - assegurar as condições de trabalho para que as Comissões
Executivo Federal com a finalidade de promover atividades que dis- de Ética cumpram suas funções, inclusive para que do exercício das
põem sobre a conduta ética no âmbito do Executivo Federal, com- atribuições de seus integrantes não lhes resulte qualquer prejuízo
petindo-lhe: ou dano;
I - integrar os órgãos, programas e ações relacionadas com a II - conduzir em seu âmbito a avaliação da gestão da ética con-
ética pública; forme processo coordenado pela Comissão de Ética Pública.
II - contribuir para a implementação de políticas públicas tendo Art. 7o Compete às Comissões de Ética de que tratam os incisos
a transparência e o acesso à informação como instrumentos funda- II e III do art. 2o:
mentais para o exercício de gestão da ética pública; I - atuar como instância consultiva de dirigentes e servidores no
III - promover, com apoio dos segmentos pertinentes, a com- âmbito de seu respectivo órgão ou entidade;
patibilização e interação de normas, procedimentos técnicos e de II - aplicar o Código de Ética Profissional do Servidor Público
gestão relativos à ética pública; Civil do Poder Executivo Federal, aprovado pelo Decreto 1.171, de
IV - articular ações com vistas a estabelecer e efetivar procedi- 1994, devendo:
mentos de incentivo e incremento ao desempenho institucional na a) submeter à Comissão de Ética Pública propostas para seu
gestão da ética pública do Estado brasileiro. aperfeiçoamento;
Art. 2o Integram o Sistema de Gestão da Ética do Poder Execu- b) dirimir dúvidas a respeito da interpretação de suas normas e
tivo Federal: deliberar sobre casos omissos;

49
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
c) apurar, mediante denúncia ou de ofício, conduta em desa- § 1o O investigado poderá produzir prova documental neces-
cordo com as normas éticas pertinentes; e sária à sua defesa.
d) recomendar, acompanhar e avaliar, no âmbito do órgão ou § 2o As Comissões de Ética poderão requisitar os documentos
entidade a que estiver vinculada, o desenvolvimento de ações ob- que entenderem necessários à instrução probatória e, também,
jetivando a disseminação, capacitação e treinamento sobre as nor- promover diligências e solicitar parecer de especialista.
mas de ética e disciplina; § 3o Na hipótese de serem juntados aos autos da investigação,
III - representar a respectiva entidade ou órgão na Rede de Éti- após a manifestação referida no caput deste artigo, novos elemen-
ca do Poder Executivo Federal a que se refere o art. 9o; e tos de prova, o investigado será notificado para nova manifestação,
IV - supervisionar a observância do Código de Conduta da Alta no prazo de dez dias.
Administração Federal e comunicar à CEP situações que possam § 4o Concluída a instrução processual, as Comissões de Ética
configurar descumprimento de suas normas. proferirão decisão conclusiva e fundamentada.
§ 1o Cada Comissão de Ética contará com uma Secretaria-Exe- § 5o Se a conclusão for pela existência de falta ética, além das
cutiva, vinculada administrativamente à instância máxima da enti- providências previstas no Código de Conduta da Alta Administração
dade ou órgão, para cumprir plano de trabalho por ela aprovado e Federal e no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do
prover o apoio técnico e material necessário ao cumprimento das Poder Executivo Federal, as Comissões de Ética tomarão as seguin-
suas atribuições. tes providências, no que couber:
§ 2o As Secretarias-Executivas das Comissões de Ética serão I - encaminhamento de sugestão de exoneração de cargo ou
chefiadas por servidor ou empregado do quadro permanente da
função de confiança à autoridade hierarquicamente superior ou de-
entidade ou órgão, ocupante de cargo de direção compatível com
volução ao órgão de origem, conforme o caso;
sua estrutura, alocado sem aumento de despesas.
II -- encaminhamento, conforme o caso, para a Controladoria-
Art. 8o Compete às instâncias superiores dos órgãos e entida-
-Geral da União ou unidade específica do Sistema de Correição do
des do Poder Executivo Federal, abrangendo a administração direta
e indireta: Poder Executivo Federal de que trata o Decreto n o 5.480, de 30 de
I - observar e fazer observar as normas de ética e disciplina; junho de 2005, para exame de eventuais transgressões disciplina-
II - constituir Comissão de Ética; res; e
III - garantir os recursos humanos, materiais e financeiros para III - recomendação de abertura de procedimento administrati-
que a Comissão cumpra com suas atribuições; e vo, se a gravidade da conduta assim o exigir.
IV - atender com prioridade às solicitações da CEP. Art. 13. Será mantido com a chancela de “reservado”, até que
Art. 9o Fica constituída a Rede de Ética do Poder Executivo Fe- esteja concluído, qualquer procedimento instaurado para apuração
deral, integrada pelos representantes das Comissões de Ética de de prática em desrespeito às normas éticas.
que tratam os incisos I, II e III do art. 2o, com o objetivo de promo- § 1o Concluída a investigação e após a deliberação da CEP ou
ver a cooperação técnica e a avaliação em gestão da ética. da Comissão de Ética do órgão ou entidade, os autos do procedi-
Parágrafo único. Os integrantes da Rede de Ética se reunirão mento deixarão de ser reservados.
sob a coordenação da Comissão de Ética Pública, pelo menos uma § 2o Na hipótese de os autos estarem instruídos com documen-
vez por ano, em fórum específico, para avaliar o programa e as to acobertado por sigilo legal, o acesso a esse tipo de documento
ações para a promoção da ética na administração pública. somente será permitido a quem detiver igual direito perante o ór-
Art. 10. Os trabalhos da CEP e das demais Comissões de Ética gão ou entidade originariamente encarregado da sua guarda.
devem ser desenvolvidos com celeridade e observância dos seguin- § 3o Para resguardar o sigilo de documentos que assim devam
tes princípios: ser mantidos, as Comissões de Ética, depois de concluído o proces-
I - proteção à honra e à imagem da pessoa investigada; so de investigação, providenciarão para que tais documentos sejam
II - proteção à identidade do denunciante, que deverá ser man- desentranhados dos autos, lacrados e acautelados.
tida sob reserva, se este assim o desejar; e Art. 14. A qualquer pessoa que esteja sendo investigada é as-
III - independência e imparcialidade dos seus membros na apu- segurado o direito de saber o que lhe está sendo imputado, de co-
ração dos fatos, com as garantias asseguradas neste Decreto. nhecer o teor da acusação e de ter vista dos autos, no recinto das
Art. 11. Qualquer cidadão, agente público, pessoa jurídica de Comissões de Ética, mesmo que ainda não tenha sido notificada da
direito privado, associação ou entidade de classe poderá provocar existência do procedimento investigatório.
a atuação da CEP ou de Comissão de Ética, visando à apuração de
Parágrafo único. O direito assegurado neste artigo inclui o de
infração ética imputada a agente público, órgão ou setor específico
obter cópia dos autos e de certidão do seu teor.
de ente estatal.
Art. 15. Todo ato de posse, investidura em função pública ou
Parágrafo único. Entende-se por agente público, para os fins
celebração de contrato de trabalho, dos agentes públicos referidos
deste Decreto, todo aquele que, por força de lei, contrato ou qual-
quer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente, tempo- no parágrafo único do art. 11, deverá ser acompanhado da presta-
rária, excepcional ou eventual, ainda que sem retribuição financei- ção de compromisso solene de acatamento e observância das re-
ra, a órgão ou entidade da administração pública federal, direta e gras estabelecidas pelo Código de Conduta da Alta Administração
indireta. Federal, pelo Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil
Art. 12. O processo de apuração de prática de ato em desres- do Poder Executivo Federal e pelo Código de Ética do órgão ou en-
peito ao preceituado no Código de Conduta da Alta Administração tidade, conforme o caso.
Federal e no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil Parágrafo único . A posse em cargo ou função pública que sub-
do Poder Executivo Federal será instaurado, de ofício ou em razão meta a autoridade às normas do Código de Conduta da Alta Admi-
de denúncia fundamentada, respeitando-se, sempre, as garantias nistração Federal deve ser precedida de consulta da autoridade à
do contraditório e da ampla defesa, pela Comissão de Ética Pública Comissão de Ética Pública, acerca de situação que possa suscitar
ou Comissões de Ética de que tratam o incisos II e III do art. 2º, con- conflito de interesses.
forme o caso, que notificará o investigado para manifestar-se, por
escrito, no prazo de dez dias.

50
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Art. 16. As Comissões de Ética não poderão escusar-se de pro- Art. 25. Ficam revogados os incisos XVII, XIX, XX, XXI, XXIII e XXV
ferir decisão sobre matéria de sua competência alegando omissão do Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder
do Código de Conduta da Alta Administração Federal, do Código de Executivo Federal, aprovado pelo Decreto no 1.171, de 22 de junho
Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Fede- de 1994, os arts. 2o e 3o do Decreto de 26 de maio de 1999, que
ral ou do Código de Ética do órgão ou entidade, que, se existente, cria a Comissão de Ética Pública, e os Decretos de 30 de agosto de
será suprida pela analogia e invocação aos princípios da legalidade, 2000 e de 18 de maio de 2001, que dispõem sobre a Comissão de
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Ética Pública.
§ 1o Havendo dúvida quanto à legalidade, a Comissão de Ética Art. 26. Este Decreto entra em vigor na data da sua publicação.
competente deverá ouvir previamente a área jurídica do órgão ou
entidade. Brasília, 1º de fevereiro de 2007; 186o da Independência e
§ 2o Cumpre à CEP responder a consultas sobre aspectos éticos 119o da República.
que lhe forem dirigidas pelas demais Comissões de Ética e pelos
órgãos e entidades que integram o Executivo Federal, bem como QUESTÕES
pelos cidadãos e servidores que venham a ser indicados para ocu-
par cargo ou função abrangida pelo Código de Conduta da Alta Ad-
ministração Federal.
1. Analise as afirmativas a seguir sobre as normas do Código de
Art. 17. As Comissões de Ética, sempre que constatarem a pos-
Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Fede-
sível ocorrência de ilícitos penais, civis, de improbidade adminis-
ral e assinale com V as verdadeiras e com F as falsas.
trativa ou de infração disciplinar, encaminharão cópia dos autos às ( ) É vedado ao servidor público prejudicar deliberadamente
autoridades competentes para apuração de tais fatos, sem prejuízo a reputação de outros servidores ou de cidadãos que deles depen-
das medidas de sua competência. dam.
Art. 18. As decisões das Comissões de Ética, na análise de qual- ( ) É dever do servidor público manter limpo e em perfeita
quer fato ou ato submetido à sua apreciação ou por ela levantado, ordem o local de trabalho, seguindo os métodos mais adequados à
serão resumidas em ementa e, com a omissão dos nomes dos inves- sua organização e distribuição.
tigados, divulgadas no sítio do próprio órgão, bem como remetidas ( ) A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de Ética
à Comissão de Ética Pública. é a de suspensão e sua fundamentação constará do respectivo pare-
Art. 19. Os trabalhos nas Comissões de Ética de que tratam os cer, assinado por todos os seus integrantes, com ciência do faltoso.
incisos II e III do art. 2o são considerados relevantes e têm priori- ( ) À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos organismos en-
dade sobre as atribuições próprias dos cargos dos seus membros, carregados da execução do quadro de carreira dos servidores, os
quando estes não atuarem com exclusividade na Comissão. registros sobre sua conduta ética, para o efeito de instruir e funda-
Art. 20. Os órgãos e entidades da Administração Pública Fe- mentar promoções.
deral darão tratamento prioritário às solicitações de documentos ( ) Toda ausência injustificada do servidor de seu local de tra-
necessários à instrução dos procedimentos de investigação instau- balho é fator de desmoralização do serviço público, o que quase
rados pelas Comissões de Ética . sempre conduz à desordem nas relações humanas.
§ 1o Na hipótese de haver inobservância do dever funcional Assinale a sequência correta.
previsto no caput, a Comissão de Ética adotará as providências pre- (A) V V F V V
vistas no inciso III do § 5o do art. 12. (B) F V F V F
§ 2o As autoridades competentes não poderão alegar sigilo (C) V V F F F
para deixar de prestar informação solicitada pelas Comissões de (D) F F V V V
Ética. (E) V F V F F
Art. 21. A infração de natureza ética cometida por membro de
Comissão de Ética de que tratam os incisos II e III do art. 2o será 2. Sobre o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil
do Poder Executivo Federal, assinale a alternativa correta:
apurada pela Comissão de Ética Pública.
(A) É vedado ao servidor público deixar de utilizar os avanços
Art. 22. A Comissão de Ética Pública manterá banco de dados
técnicos e científicos ao seu alcance ou do seu conhecimento
de sanções aplicadas pelas Comissões de Ética de que tratam os
para atendimento do seu mister.
incisos II e III do art. 2o e de suas próprias sanções, para fins de con-
(B) É dever do servidor público ser probo, reto, leal e justo, de-
sulta pelos órgãos ou entidades da administração pública federal, monstrando toda a integridade do seu caráter, podendo, toda-
em casos de nomeação para cargo em comissão ou de alta relevân- via, quando estiver diante de duas opções legítimas, escolher a
cia pública. que melhor facilite o seu trabalho.
Parágrafo único. O banco de dados referido neste artigo englo- (C) Em todos os órgãos e entidades da Administração Pública
ba as sanções aplicadas a qualquer dos agentes públicos menciona- Federal direta, indireta autárquica e fundacional, ou em qual-
dos no parágrafo único do art. 11 deste Decreto. quer órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo
Art. 23. Os representantes das Comissões de Ética de que tra- poder público, poderá ser criada uma Comissão de Ética, en-
tam os incisos II e III do art. 2o atuarão como elementos de ligação carregada de orientar e aconselhar sobre a ética profissional
com a CEP, que disporá em Resolução própria sobre as atividades do servidor, no tratamento com as pessoas e com o patrimônio
que deverão desenvolver para o cumprimento desse mister. público, competindo-lhe conhecer concretamente de imputa-
Art. 24. As normas do Código de Conduta da Alta Administra- ção ou de procedimento susceptível de censura.
ção Federal, do Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil (D) A Comissão de Ética manterá registros sobre a conduta éti-
do Poder Executivo Federal e do Código de Ética do órgão ou enti- ca de cada servidor, os quais serão considerados, para todos
dade aplicam-se, no que couber, às autoridades e agentes públicos os fins, documentos sigilosos, não podendo ser utilizados por
neles referidos, mesmo quando em gozo de licença. outros órgãos nem para finalidades distintas das competências
da própria Comissão.

51
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
(E) As penas aplicáveis ao servidor público, pela Comissão de (E) O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura or-
Ética, em conformidade com a gravidade da conduta censurá- ganizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, co-
vel são: advertência, suspensão, cassação de aposentadoria ou labora e de todos pode receber colaboração, pois sua atividade
disponibilidade; destituição de cargo em comissão; destituição pública é a grande oportunidade para o crescimento e o en-
de função comissionada ou demissão, devendo a respectiva grandecimento da nação.
fundamentação e enquadramento constar do respectivo pa-
recer, assinado por todos os seus integrantes, com ciência do 6. Em atenção ao Código de Ética Profissional do Servidor Públi-
faltoso. co Civil do Poder Executivo Federal, previsto no Decreto n° 1.171/94,
assinale a alternativa que traz a (s) penalidade (s) que pode (m) ser
3. O Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Po- aplicada (s) aos servidores pela Comissão de Ética.
der Executivo Federal apresenta uma série de eixos deontológicos (A) Advertência e suspensão por até 15 dias.
para nortear a conduta dos agentes públicos, dentre os quais, que (B) Censura e advertência.
(A) as ausências injustificadas ao trabalho desmoralizam o ser- (C) Apenas censura.
viço público e desordenam as relações humanas, quase sem- (D) Censura, advertência e suspensão.
pre. (E) Apenas advertência.
(B) o servidor público deve decidir fundamentalmente acerca
do que for legal ou ilegal, evitando cogitações de outras ordens 7. Baseado no decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994, que
inexistentes na lei, tais como justiça ou injustiça. aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público, é INCOR-
(C) a remuneração do servidor público é custeada pelos tri- RETO afirmar:
butos pagos direta ou indiretamente por todos, e não por ele (A) A remuneração do servidor público é custeada diretamente
próprio. pela Presidência da República, independentemente do recolhi-
(D) a função pública não se integra na vida particular de cada mento de tributos pelos cidadãos.
servidor. (B) O servidor público não deve deixar qualquer pessoa à espe-
(E) nem todos os servidores gozam do direito à verdade. ra de solução que compete aos setores onde exerça sua função.
(C) A moralidade da Administração Pública não se limita à dis-
4. Segundo o Código de Ética do Servidor Público (Decreto Fe- tinção entre o bem e o mal.
deral 1.171/94), são deveres fundamentais do servidor público, de (D) O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento
acordo com o expresso textualmente no inciso XIV, o listado nas ético de sua conduta.
(E) O servidor público deve justificar sua ausência ao local de
alternativas a seguir, À EXCEÇÃO DE UMA. Assinale-a.
trabalho.
(A) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integrida-
de do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante
8. No Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal, a
de duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem co-
Comissão de Ética Pública:
mum
(A) será integrada por sete brasileiros que preencham os requi-
(B) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências es-
sitos de idoneidade moral, reputação ilibada e notória expe-
pecíficas da defesa da vida e da segurança coletiva
riência em administração pública, designados pelo Presidente
(C) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais
da República, para mandatos de três anos, não coincidentes,
que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamen- permitida uma única recondução.
te aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e (B) contará com uma Secretaria Executiva, não vinculada à Casa
dos jurisdicionados administrativos Civil da Presidência da República, à qual competirá prestar o
(D) utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu alcance ou apoio técnico e administrativo aos trabalhos da Comissão.
do seu conhecimento para atendimento do seu mister (C) delegará a servidor público ou pessoa jurídica de direito pri-
vado a apuração da infração ética imputada a agente público,
5. Segundo o Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994, que órgão ou setor específico de ente estatal.
aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do (D) atuará como instância judicial do Presidente da República e
Poder Executivo Federal, é INCORRETO afirmar: Ministros de Estado em matéria de ética pública.
(A) A remuneração do servidor público é custeada pelos tribu- (E) estará impedida de requisitar documento, promover dili-
tos pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele pró- gências, bem como solicitar parecer de especialista.
prio, e por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade
administrativa se integre no Direito, como elemento indissociá-
vel de sua aplicação e de sua finalidade.
(B) A função pública deve ser tida como exercício profissional
e, portanto, não se integra na vida particular de cada servidor
público. Assim, os fatos e os atos verificados na conduta do dia
a dia na vida privada não poderão acrescer ou diminuir o bom
conceito na vida funcional.
(C) A ausência injustificada do servidor de seu local de trabalho
é fator de desmoralização do serviço público, o que quase sem-
pre conduz à desordem nas relações humanas.
(D) O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a
comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu pró-
prio bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade,
o êxito desse trabalho pode ser considerado como seu maior
patrimônio.

52
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
9. De acordo com o Decreto nº 6.029 de 01 de fevereiro de A quantidade de itens CORRETOS é igual a:
2007, compete ao Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo (A) 1.
Federal com a finalidade de promover atividades que dispõem so- (B) 2.
bre a conduta ética no âmbito do Executivo Federal: (C) 3.
(A) Promover, com apoio dos segmentos pertinentes, a compa- (D) 4.
tibilização e interação de normas, procedimentos técnicos e de (E) 5.
gestão relativos à ética pública.
(B) Contribuir para a implementação de políticas públicas ten- 13. Para apurar a prática de infração ética imputada a agente
do a transparência e o acesso à informação como instrumentos público, poderá(ão) suscitar a atuação da comissão de ética pública
acessórios para o exercício de gestão da ética pública. qualquer
(C) Promover, obrigatoriamente com o Supremo Tribunal Fede- I cidadão.
ral e o Senado Federal, a compatibilização de normas, proce- II estrangeiro em passagem pelo país.
dimentos técnicos e de gestão relativos à ética como um todo. III agente público.
(D) Articular ações com vistas a estabelecer e efetivar procedi- IV associação de classe.
mentos de incentivo e incremento ao desempenho institucio- Assinale a opção correta.
nal na gestão da ética pública em alguns estados brasileiros. (A) Apenas o item I está certo.
(E) Segregar os órgãos, programas e ações relacionadas com a (B) Apenas os itens I e III estão certos.
ética pública. (C) Apenas os itens II, III e IV estão certos.
(D) Apenas os itens I, III e IV estão certos.
10. NÃO compete às instâncias superiores dos órgãos e entida- (E) Todos os itens estão certos.
des do Poder Executivo Federal, abrangendo a administração direta
e indireta, nos termos do artigo 8º do Decreto 6.029/2007, 14. A Comissão de Ética Pública (CEP) integra o Sistema de Ges-
(A) constituir a Rede de Ética do Poder Executivo Federal. tão da Ética do Poder Executivo Federal e, segundo o Decreto n.º
(B) constituir Comissão de Ética. 6.029/2007,
(C) atender com prioridade às solicitações da CEP. (A) ela é a instância deliberativa do presidente da República e
(D) observar e fazer observar as normas de ética e disciplina. dos ministros de Estado.
(E) garantir os recursos humanos, materiais e financeiros para (B) o presidente da comissão tem voto de qualidade nas deli-
que a Comissão cumpra com suas atribuições. berações da CEP.
(C) o mandato de seus integrantes é de três anos, sem direito
11. O Decreto 6.029/07 define em seu artigo 3º que a Comissão à recondução.
de Ética Pública será integrada por____brasileiros. Qual a quantida- (D) seus integrantes são designados pelo chefe da Casa Civil da
de de membros que preenche corretamente a lacuna? Presidência da República.
(A) dezenove. (E) os mandatos de seus integrantes devem ser coincidentes.
(B) quinze.
(C) treze.
(D) sete.
(E) vinte e dois. GABARITO

12. Considerando os Decretos nº. 1.171/94 e nº. 6.029/2007,


os quais dispõem sobre a Ética Profissional do Servidor Público Civil 1 A
do Poder Executivo Federal, julgue os itens a seguir.
I - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais 2 A
de seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e, 3 A
assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso
4 D
e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e
caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função 5 B
pública. 6 C
II - É vedado ao servidor público exercer atividade profissional
aética ou ligar o seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso. 7 A
III - Os integrantes da Rede de Ética se reunirão sob a coorde- 8 A
nação da Comissão de Ética Pública, pelo menos 02 (duas) vez por 9 A
ano, em fórum específico, para avaliar o programa e as ações para a
promoção da ética na administração pública. 10 A
IV - A qualquer pessoa que esteja sendo investigada é assegura- 11 D
do o direito de saber o que lhe está sendo imputado, de conhecer o
12 C
teor da acusação e de ter vista dos autos, no recinto das Comissões
de Ética, desde que tenha sido previamente notificada da existência 13 D
do procedimento investigatório. 14 B
V - As autoridades competentes não poderão alegar sigilo para
deixar de prestar informação solicitada pelas Comissões de Ética.

53
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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NOÇÕES DE DIREITO
CONSTITUCIONAL

DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS: DIREITOS E Direitos Metaindividuais


DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS; DIREITO À VIDA, Natureza Destinatários
À LIBERDADE, À IGUALDADE, À SEGURANÇA E À PRO-
Difusos Indivisível Indeterminados
PRIEDADE; DIREITOS SOCIAIS; NACIONALIDADE; CIDA-
DANIA; GARANTIAS CONSTITUCIONAIS INDIVIDUAIS; Determináveis
GARANTIAS DOS DIREITOS COLETIVOS, SOCIAIS E Coletivos Indivisível ligados por uma
POLÍTICOS relação jurídica
Determinados
Individuais
Distinção entre Direitos e Garantias Fundamentais Divisível ligados por uma
Homogêneos
Pode-se dizer que os direitos fundamentais são os bens jurídi- situação fática
cos em si mesmos considerados, de cunho declaratório, narrados
no texto constitucional. Por sua vez, as garantias fundamentais são Os Direitos Fundamentais de Terceira Geração possuem as se-
estabelecidas na mesma Constituição Federal como instrumento de guintes características:
proteção dos direitos fundamentais e, como tais, de cunho assecu- a) surgiram no século XX;
ratório. b) estão ligados ao ideal de fraternidade (ou solidariedade),
que deve nortear o convívio dos diferentes povos, em defesa dos
Evolução dos Direitos e Garantias Fundamentais bens da coletividade;
c) são direitos positivos, a exigir do Estado e dos diferentes
• Direitos Fundamentais de Primeira Geração povos uma firme atuação no tocante à preservação dos bens de
Possuem as seguintes características: interesse coletivo;
a) surgiram no final do século XVIII, no contexto da Revolução d) correspondem ao direito de preservação do meio ambiente,
Francesa, fase inaugural do constitucionalismo moderno, e domina- de autodeterminação dos povos, da paz, do progresso da humani-
ram todo o século XIX; dade, do patrimônio histórico e cultural, etc.
b) ganharam relevo no contexto do Estado Liberal, em oposição
ao Estado Absoluto; • Direitos Fundamentais de Quarta Geração
c) estão ligados ao ideal de liberdade; Segundo Paulo Bonavides, a globalização política é o fator his-
d) são direitos negativos, que exigem uma abstenção do Estado tórico que deu origem aos direitos fundamentais de quarta gera-
em favor das liberdades públicas; ção. Eles estão ligados à democracia, à informação e ao pluralismo.
e) possuíam como destinatários os súditos como forma de pro- Também são transindividuais.
teção em face da ação opressora do Estado;
f) são os direitos civis e políticos. Direitos Fundamentais de Quinta Geração
Paulo Bonavides defende, ainda, que o direito à paz represen-
• Direitos Fundamentais de Segunda Geração taria o direito fundamental de quinta geração.
Possuem as seguintes características:
a) surgiram no início do século XX; Características dos Direitos e Garantias Fundamentais
b) apareceram no contexto do Estado Social, em oposição ao São características dos Direitos e Garantias Fundamentais:
Estado Liberal; a) Historicidade: não nasceram de uma só vez, revelando sua
c) estão ligados ao ideal de igualdade; índole evolutiva;
d) são direitos positivos, que passaram a exigir uma atuação b) Universalidade: destinam-se a todos os indivíduos, indepen-
positiva do Estado; dentemente de características pessoais;
e) correspondem aos direitos sociais, culturais e econômicos. c) Relatividade: não são absolutos, mas sim relativos;
d) Irrenunciabilidade: não podem ser objeto de renúncia;
• Direitos Fundamentais de Terceira Geração e) Inalienabilidade: são indisponíveis e inalienáveis por não
Em um próximo momento histórico, foi despertada a preocu- possuírem conteúdo econômico-patrimonial;
pação com os bens jurídicos da coletividade, com os denominados f) Imprescritibilidade: são sempre exercíveis, não desparecen-
interesses metaindividuais (difusos, coletivos e individuais homogê- do pelo decurso do tempo.
neos), nascendo os direitos fundamentais de terceira geração.
Destinatários dos Direitos e Garantias Fundamentais
Todas as pessoas físicas, sem exceção, jurídicas e estatais, são
destinatárias dos direitos e garantias fundamentais, desde que
compatíveis com a sua natureza.

55
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Eficácia Horizontal dos Direitos e Garantias Fundamentais A igualdade formal é a identidade de direitos e deveres conce-
Muito embora criados para regular as relações verticais, de su- didos aos membros da coletividade por meio da norma.
bordinação, entre o Estado e seus súditos, passam a ser emprega- Por sua vez, a igualdade material tem por finalidade a busca
dos nas relações provadas, horizontais, de coordenação, envolven- da equiparação dos cidadãos sob todos os aspectos, inclusive o
do pessoas físicas e jurídicas de Direito Privado. jurídico. É a consagração da máxima de Aristóteles, para quem o
princípio da igualdade consistia em tratar igualmente os iguais e
Natureza Relativa dos Direitos e Garantias Fundamentais desigualmente os desiguais na medida em que eles se desigualam.
Encontram limites nos demais direitos constitucionalmente Sob o pálio da igualdade material, caberia ao Estado promover
consagrados, bem como são limitados pela intervenção legislativa a igualdade de oportunidades por meio de políticas públicas e leis
ordinária, nos casos expressamente autorizados pela própria Cons- que, atentos às características dos grupos menos favorecidos, com-
tituição (princípio da reserva legal). pensassem as desigualdades decorrentes do processo histórico da
formação social.
Colisão entre os Direitos e Garantias Fundamentais
O princípio da proporcionalidade sob o seu triplo aspecto (ade- Direito à Privacidade
quação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito) é a Para o estudo do Direito Constitucional, a privacidade é gênero,
ferramenta apta a resolver choques entre os princípios esculpidos do qual são espécies a intimidade, a honra, a vida privada e a ima-
na Carta Política, sopesando a incidência de cada um no caso con- gem. De maneira que, os mesmos são invioláveis e a eles assegura-
creto, preservando ao máximo os direitos e garantias fundamentais -se o direito à indenização pelo dano moral ou material decorrente
constitucionalmente consagrados. de sua violação.
Os quatro status de Jellinek
Direito à Honra
a) status passivo ou subjectionis: quando o indivíduo se encon-
O direito à honra almeja tutelar o conjunto de atributos perti-
tra em posição de subordinação aos poderes públicos, caracterizan-
nentes à reputação do cidadão sujeito de direitos, exatamente por
do-se como detentor de deveres para com o Estado;
b) status negativo: caracterizado por um espaço de liberdade tal motivo, são previstos no Código Penal.
de atuação dos indivíduos sem ingerências dos poderes públicos;
c) status positivo ou status civitatis: posição que coloca o indi- Direito de Propriedade
víduo em situação de exigir do Estado que atue positivamente em É assegurado o direito de propriedade, contudo, com restri-
seu favor; ções, como por exemplo, de que se atenda à função social da pro-
d) status ativo: situação em que o indivíduo pode influir na for- priedade. Também se enquadram como espécies de restrição do
mação da vontade estatal, correspondendo ao exercício dos direi- direito de propriedade, a requisição, a desapropriação, o confisco
tos políticos, manifestados principalmente por meio do voto. e o usucapião.
Referências Bibliográficas: Do mesmo modo, é no direito de propriedade que se assegu-
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e ram a inviolabilidade do domicílio, os direitos autorais (propriedade
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. intelectual) e os direitos reativos à herança.
Destes direitos, emanam todos os incisos do Art. 5º, da CF/88,
Os direitos individuais estão elencados no caput do Artigo 5º conforme veremos abaixo:
da CF. São eles:
TÍTULO II
Direito à Vida DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
O direito à vida deve ser observado por dois prismas: o direito
de permanecer vivo e o direito de uma vida digna. CAPÍTULO I
O direito de permanecer vivo pode ser observado, por exem- DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
plo, na vedação à pena de morte (salvo em caso de guerra decla-
rada). Artigo 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
Já o direito à uma vida digna, garante as necessidades vitais qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
básicas, proibindo qualquer tratamento desumano como a tortura, residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis, etc. igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I- homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
Direito à Liberdade
termos desta Constituição;
O direito à liberdade consiste na afirmação de que ninguém
II- ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em vir-
coisa senão em virtude de lei;
tude de lei. Tal dispositivo representa a consagração da autonomia
privada. III- ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desu-
Trata-se a liberdade, de direito amplo, já que compreende, mano ou degradante;
dentre outros, as liberdades: de opinião, de pensamento, de loco- IV- é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o ano-
moção, de consciência, de crença, de reunião, de associação e de nimato;
expressão. V- é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
Direito à Igualdade VI- é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
A igualdade, princípio fundamental proclamado pela Constitui- assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na for-
ção Federal e base do princípio republicano e da democracia, deve ma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
ser encarada sob duas óticas, a igualdade material e a igualdade VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência
formal. religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;

56
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
VIII- ninguém será privado de direitos por motivo de crença reli- b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das
giosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér-
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir pretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
prestação alternativa, fixada em lei; XXIX- a lei assegurará aos autores de inventos industriais privi-
IX - é livre a expressão de atividade intelectual, artística, cientí- légio temporário para sua utilização, bem como às criações indus-
fica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; triais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a ima- signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvi-
gem das pessoas, assegurado o direito à indenização por dano ma- mento tecnológico e econômico do País;
terial ou moral decorrente de sua violação; XXX- é garantido o direito de herança;
XI- a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo XXXI- a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagran- regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
te delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável à lei pessoal
determinação judicial; do de cujus;
XII- é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações XXXII- o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do con-
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no úl- sumidor;
timo caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei XXXIII- todos têm direito a receber dos órgãos públicos informa-
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução proces- ções de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral,
sual penal; que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
XIII- é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; sociedade e do Estado;
XIV- é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado XXXIV- são a todos assegurados, independentemente do paga-
o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; mento de taxas:
XV- é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi-
podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permane- tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
cer ou dele sair com seus bens; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa
XVI- todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em lo- de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
cais abertos ao público, independentemente de autorização, desde XXXV- a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o ou ameaça a direito;
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade com- XXXVI- a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
petente; perfeito e a coisa julgada;
XVII- é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada XXXVII- não haverá juízo ou tribunal de exceção;
a de caráter paramilitar; XXXVIII- é reconhecida a instituição do júri, com a organização
XVIII- a criação de associações e, na forma da lei, a de coope- que lhe der a lei, assegurados:
rativas independem de autorização, sendo vedada a interferência a) a plenitude da defesa;
estatal em seu funcionamento; b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
XIX- as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvi- d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra
das ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo- a vida;
-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; XXXIX- não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
XX- ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a perma- sem prévia cominação legal;
necer associado; XL- a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
XXI- as entidades associativas, quando expressamente autori- XLI- a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos
zadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou e liberdades fundamentais;
extrajudicialmente; XLII- a prática do racismo constitui crime inafiançável e impres-
XXII- é garantido o direito de propriedade; critível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XXIII- a propriedade atenderá a sua função social; XLIII- a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
XXIV- a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação graça ou anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecen-
por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me- tes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hedion-
diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos dos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
previstos nesta Constituição; podendo evitá-los, se omitirem;
XXV- no caso de iminente perigo público, a autoridade compe- XLIV- constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de gru-
tente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro- pos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
prietário indenização ulterior, se houver dano; Estado Democrático;
XXVI- a pequena propriedade rural, assim definida em lei, des- XLV- nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo
de que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de
pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis- bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
pondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, XLVI- a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre
publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdei- outras, as seguintes:
ros pelo tempo que a lei fixar; a) privação ou restrição de liberdade;
XXVIII- são assegurados, nos termos da lei: b) perda de bens;
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e c) multa;
à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades d) prestação social alternativa;
desportivas; e) suspensão ou interdição de direitos;

57
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XLVII- não haverá penas: LXX- o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do a) partido político com representação no Congresso Nacional;
artigo 84, XIX; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legal-
b) de caráter perpétuo; mente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em
c) de trabalhos forçados; defesa dos interesses de seus membros ou associados;
d) de banimento; LXXI- conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
e) cruéis; de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
XLVIII- a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à naciona-
acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; lidade, à soberania e à cidadania;
XLIX- é assegurado aos presos o respeito à integridade física e LXXII- conceder-se-á habeas data:
moral; a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à
L- às presidiárias serão asseguradas condições para que pos- pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
sam permanecer com seus filhos durante o período de amamenta- de entidades governamentais ou de caráter público;
ção; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
LI- nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de LXXIII- qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e dro- popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
gas afins, na forma da lei; entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
LII- não será concedida extradição de estrangeiro por crime po- ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
lítico ou de opinião; autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
LIII- ninguém será processado nem sentenciado senão por au- da sucumbência;
toridade competente; LXXIV- o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita
LIV- ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o aos que comprovarem insuficiência de recursos;
devido processo legal; LXXV- o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, as-
LV- aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos sim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, LXXVI- são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na for-
com os meios e recursos a ela inerentes; ma da lei:
LVI- são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios a) o registro civil de nascimento;
ilícitos; b) a certidão de óbito.
LVII- ninguém será considerado culpado até o trânsito em julga- LXXVII- são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data
do da sentença penal condenatória; e, na forma da lei, os atos necessário ao exercício da cidadania;
LVIII- o civilmente identificado não será submetido à identifica- LXXVIII- a todos, no âmbito judicial e administrativo, são asse-
ção criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; gurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
LIX- será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se celeridade de sua tramitação.
esta não for intentada no prazo legal;
LX- a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; dados pessoais, inclusive nos meios digitais. (Incluído pela Emenda
LXI- ninguém será preso senão em flagrante delito ou por or- Constitucional nº 115, de 2022)
dem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, §1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamen-
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente mi- tais têm aplicação imediata.
litar, definidos em lei; §2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não ex-
LXII- a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre cluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adota-
serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família dos, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa
ou à pessoa por ele indicada; do Brasil seja parte.
LXIII- o preso será informado de seus direitos, entre os quais o §3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu-
de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da famí- manos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional,
lia e de advogado; em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
LXIV- o preso tem direito a identificação dos responsáveis por §4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Interna-
sua prisão ou por seu interrogatório policial; cional a cuja criação tenha manifestado adesão.
LXV- a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autori-
dade judiciária; O tratado foi equiparado no ordenamento jurídico brasileiro às
LXVI- ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a leis ordinárias. Em que pese tenha adquirido este caráter, o men-
lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; cionado tratado diz respeito a direitos humanos, porém não possui
LXVII- não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável característica de emenda constitucional, pois entrou em vigor em
pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimen- nosso ordenamento jurídico antes da edição da Emenda Constitu-
tícia e a do depositário infiel; cional nº 45/04. Para que tal tratado seja equiparado às emendas
LXVIII- conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer constitucionais deverá passar pelo mesmo rito de aprovação destas.
ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberda-
de de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; Referências Bibliográficas:
LXIX- conceder-se-á mandado de segurança para proteger di- DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e
reito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atri-
buições de Poder Público;

58
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Os direitos sociais são prestações positivas proporcionadas XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas cons- XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante in-
titucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais centivos específicos, nos termos da lei;
fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações so- XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no
ciais desiguais. São, portanto, direitos que se ligam ao direito de mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
igualdade. Estão previstos na CF nos artigos 6 a 11. Vejamos: XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de nor-
mas de saúde, higiene e segurança;
CAPÍTULO II XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas,
DOS DIREITOS SOCIAIS insalubres ou perigosas, na forma da lei;
XXIV - aposentadoria;
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nas-
o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ- cimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de
aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada trabalho;
pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015) XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilida- XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre-
de social terá direito a uma renda básica familiar, garantida pelo gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando
poder público em programa permanente de transferência de renda, incorrer em dolo ou culpa;
cujas normas e requisitos de acesso serão determinados em lei, ob- XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
servada a legislação fiscal e orçamentária. (Incluído pela Emenda trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha-
Constitucional nº 114, de 2021) dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de contrato de trabalho;
outros que visem à melhoria de sua condição social: a) (Revogada).
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária b) (Revogada).
ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções
indenização compensatória, dentre outros direitos; e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; civil;
III - fundo de garantia do tempo de serviço; XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa- XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e
mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, intelectual ou entre os profissionais respectivos;
higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
para qualquer fim; anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
trabalho; empregatício permanente e o trabalhador avulso.
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhado-
ou acordo coletivo; res domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII,
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e,
percebem remuneração variável; atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplifi-
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral cação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e aces-
ou no valor da aposentadoria; sórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua integração à previdência social.
retenção dolosa; Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re- o seguinte:
muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre- I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a funda-
sa, conforme definido em lei; ção de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, veda-
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalha- das ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização
dor de baixa renda nos termos da lei; sindical;
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas di- II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical,
árias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou eco-
horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção nômica, na mesma base territorial, que será definida pelos traba-
coletiva de trabalho; lhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos área de um Município;
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coleti-
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do- vos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
mingos; administrativas;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no míni- IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratan-
mo, em cinquenta por cento à do normal; do de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um do sistema confederativo da representação sindical respectiva, in-
terço a mais do que o salário normal; dependentemente da contribuição prevista em lei;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a
com a duração de cento e vinte dias; sindicato;

59
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações Os direitos referentes à nacionalidade estão previstos dos Arti-
coletivas de trabalho; gos 12 a 13 da CF. Vejamos:
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas
organizações sindicais; CAPÍTULO III
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a par- DA NACIONALIDADE
tir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação
sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do Art. 12. São brasileiros:
mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. I - natos:
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à orga- a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de
nização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
as condições que a lei estabelecer. b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei-
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos traba- ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa-
lhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os inte- tiva do Brasil;
resses que devam por meio dele defender. c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra-
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com-
sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
da lei. nacionalidade brasileira;
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e em- II - naturalizados:
pregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus inte- a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
resses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi-
deliberação. dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é as- b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
segurada a eleição de um representante destes com a finalidade República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterrup-
exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empre- tos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade
gadores. brasileira.
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se
Os direitos sociais regem-se pelos princípios abaixo: houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os
• Princípio da proibição do retrocesso: qualifica-se pela impos- direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Cons-
sibilidade de redução do grau de concretização dos direitos sociais tituição.
já implementados pelo Estado. Ou seja, uma vez alcançado deter- § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros
minado grau de concretização de um direito social, fica o legislador natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
proibido de suprimir ou reduzir essa concretização sem que haja § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
a criação de mecanismos equivalentes chamados de medias com- I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
pensatórias. II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
• Princípio da reserva do possível: a implementação dos di- III - de Presidente do Senado Federal;
reitos e garantias fundamentais de segunda geração esbarram no IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
óbice do financeiramente possível. V - da carreira diplomática;
• Princípio do mínimo existencial: é um conjunto de bens e di- VI - de oficial das Forças Armadas.
reitos vitais básicos indispensáveis a uma vida humana digna, intrin- VII - de Ministro de Estado da Defesa.
secamente ligado ao fundamento da dignidade da pessoa humana § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro
previsto no Artigo 1º, III, CF. A efetivação do mínimo existencial não que:
se sujeita à reserva do possível, pois tais direitos se encontram na I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em
estrutura dos serviços púbicos essenciais. virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
Os direitos sociais são divididos em: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es-
trangeira;
Direitos relativos aos trabalhadores b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao
Direitos relativos ao salário, às condições de trabalho, à liber- brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
dade de instituição sindical, o direito de greve, entre outros (CF, ar- permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
tigos 7º a 11). Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Fe-
derativa do Brasil.
Direitos relativos ao homem consumidor § 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira,
Direito à saúde, à educação, à segurança social, ao desenvolvi- o hino, as armas e o selo nacionais.
mento intelectual, o igual acesso das crianças e adultos à instrução, § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter
à cultura e garantia ao desenvolvimento da família, que estariam no símbolos próprios.
título da ordem social.
A Nacionalidade é o vínculo jurídico-político de Direito Público
Referências Bibliográficas: interno, que faz da pessoa um dos elementos componentes da di-
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e mensão pessoal do Estado (o seu povo).
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
Considera-se povo o conjunto de nacionais, ou seja, os brasilei-
ros natos e naturalizados.

60
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Espécies de Nacionalidade Dupla Nacionalidade
São duas as espécies de nacionalidade: O Artigo 12, §4º, II da CF traz duas hipóteses em que a opção
a) Nacionalidade primária, originária, de 1º grau, involuntá- por outra nacionalidade não ocasiona a perda da brasileira, passan-
ria ou nata: é aquela resultante de um fato natural, o nascimento. do o nacional a possuir dupla nacionalidade (polipátrida).
Trata-se de aquisição involuntária de nacionalidade, decorrente do
simples nascimento ligado a um critério estabelecido pelo Estado Polipátrida → aquele que possui mais de uma nacionalidade.
na sua Constituição Federal. Descrita no Artigo 12, I, CF/88.
b) Nacionalidade secundária, adquirida, por aquisição, de 2º Heimatlos ou Apátrida → aquele que não possui nenhuma na-
grau, voluntária ou naturalização: é a que se adquire por ato voliti- cionalidade.
vo, depois do nascimento, somado ao cumprimento dos requisitos
constitucionais. Descrita no Artigo 12, II, CF/88. Idioma Oficial e Símbolos Nacionais
Por fim, o Artigo 13 da CF elenca o Idioma Oficial e os Símbolos
O quadro abaixo auxilia na memorização das diferenças entre Nacionais do Brasil.
as duas:
Referências Bibliográficas:
Nacionalidade DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
Primária Secundária
Nascimento + Requisitos Ato de vontade + Requisitos Os Direitos Políticos têm previsão legal na CF/88, em seus Arti-
constitucionais constitucionais gos 14 a 16. Seguem abaixo:
Brasileiro Nato Brasileiros Naturalizado CAPÍTULO IV
DOS DIREITOS POLÍTICOS
• Critérios para Adoção de Nacionalidade Primária
O Estado pode adotar dois critérios para a concessão da nacio- Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio univer-
nalidade originária: o de origem sanguínea (ius sanguinis) e o de sal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos
origem territorial (ius solis). termos da lei, mediante:
O critério ius sanguinis tem por base questões de hereditarie- I - plebiscito;
dade, um vínculo sanguíneo com os ascendentes. II - referendo;
O critério ius solis concede a nacionalidade originária aos nas- III - iniciativa popular.
cidos no território de um determinado Estado, sendo irrelevante a § 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
nacionalidade dos genitores. I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
A CF/88 adotou o critério ius solis como regra geral, possibili- II - facultativos para:
tando em alguns casos, a atribuição de nacionalidade primária pau- a) os analfabetos;
tada no ius sanguinis. b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
Portugueses Residentes no Brasil § 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, du-
O §1º do Artigo 12 da CF confere tratamento diferenciado aos rante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.
portugueses residentes no Brasil. Não se trata de hipótese de natu- § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
ralização, mas tão somente forma de atribuição de direitos. I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
Portugueses Equiparados III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
Igual os Direitos Se houver 1) Residência V - a filiação partidária;
dos Brasileiros permanente no VI - a idade mínima de:
Naturalizados Brasil; a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da Re-
2) Reciprocidade pública e Senador;
aos brasileiros em b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e
Portugal. do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual
Distinção entre Brasileiros Natos e Naturalizados ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
A CF/88 em seu Artigo 12, §2º, prevê que a lei não poderá fa- d) dezoito anos para Vereador.
zer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, com exceção às § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
seguintes hipóteses: § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do
Cargos privativos de brasileiros natos → Artigo 12, §3º, CF; Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substi-
Função no Conselho da República → Artigo 89, VII, CF; tuído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único
Extradição → Artigo 5º, LI, CF; e período subsequente.
Direito de propriedade → Artigo 222, CF. § 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da Repú-
blica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos
Perda da Nacionalidade devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do
O Artigo 12, §4º da CF refere-se à perda da nacionalidade, que pleito.
apenas poderá ocorrer nas duas hipóteses taxativamente elencadas
na CF, sob pena de manifesta inconstitucionalidade.

61
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o côn- Capacidade Eleitoral Ativa
juge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou Segundo o Artigo 14, §1º da CF, a capacidade eleitoral ativa é
por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado o direito de votar nas eleições, nos plebiscitos ou nos referendos,
ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja cuja aquisição se dá com o alistamento eleitoral, que atribui ao na-
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já cional a condição de cidadão (aptidão para o exercício de direitos
titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. políticos).
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes con-
dições: Alistamento Eleitoral e Voto
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
da atividade; Obrigatório Facultativo Inalistável – Artigo 14, §2º
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela Maiores de 18 e Maiores de 16 Estrangeiros (com
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato menores de 70 e menores de exceção aos portugueses
da diplomação, para a inatividade. anos 18 anos equiparados, constantes no
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibi- Maiores de 70 Artigo 12, §1º da CF)
lidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade anos Conscritos (aqueles
administrativa, a moralidade para exercício de mandato conside- Analfabetos convocados para o serviço
rada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade militar obrigatório)
das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do
exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou • Características do Voto
indireta. O voto no Brasil é direito (como regra), secreto, universal, com
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça valor igual para todos, periódico, personalíssimo, obrigatório e livre.
Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruí- Capacidade Eleitoral Passiva
da a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou Também chamada de Elegibilidade, a capacidade eleitoral pas-
fraude. siva diz respeito ao direito de ser votado, ou seja, de eleger-se para
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo cargos políticos. Tem previsão legal no Artigo 14, §3º da CF.
de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de O quadro abaixo facilita a memorização da diferença entre as
manifesta má-fé. duas espécies de capacidade eleitoral. Vejamos:
§ 12. Serão realizadas concomitantemente às eleições munici-
pais as consultas populares sobre questões locais aprovadas pelas
Câmaras Municipais e encaminhadas à Justiça Eleitoral até 90 (no- Capacidade Eleitoral Ativa Capacidade Eleitoral Passiva
venta) dias antes da data das eleições, observados os limites ope- Alistabilidade Elegibilidade
racionais relativos ao número de quesitos. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 111, de 2021) Direito de votar Direito de ser votado
§ 13. As manifestações favoráveis e contrárias às questões
submetidas às consultas populares nos termos do § 12 ocorrerão Inelegibilidades
durante as campanhas eleitorais, sem a utilização de propaganda A inelegibilidade afasta a capacidade eleitoral passiva (direito
gratuita no rádio e na televisão. (Incluído pela Emenda Constitucio- de ser votado), constituindo-se impedimento à candidatura a man-
nal nº 111, de 2021) datos eletivos nos Poderes Executivo e Legislativo.
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou
suspensão só se dará nos casos de: • Inelegibilidade Absoluta
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em Com previsão legal no Artigo 14, §4º da CF, a inelegibilidade ab-
julgado; soluta impede que o cidadão concorra a qualquer mandato eletivo
II - incapacidade civil absoluta; e, em virtude de natureza excepcional, somente pode ser estabele-
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du- cida na Constituição Federal.
rarem seus efeitos; Refere-se aos Inalistáveis e aos Analfabetos.
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; • Inelegibilidade Relativa
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. Consiste em restrições que recaem à candidatura a determi-
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor nados cargos eletivos, em virtude de situações próprias em que se
na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra encontra o cidadão no momento do pleito eleitoral. São elas:
até um ano da data de sua vigência. → Vedação ao terceiro mandato sucessivo para os Chefes do
Poder Executivo (Artigo 14, §5º, CF);
De acordo com José Afonso da Silva, os direitos políticos, rela- → Desincompatibilização para concorrer a outros cargos, apli-
cionados à primeira geração dos direitos e garantias fundamentais, cada apenas aos Chefes do Poder Executivo (Artigo 14, §6º, CF);
consistem no conjunto de normas que asseguram o direito subjetivo → Inelegibilidade reflexa, ou seja, inelegibilidade relativa por
de participação no processo político e nos órgãos governamentais. motivos de casamento, parentesco ou afinidade, uma vez que não
São instrumentos previstos na Constituição e em normas infra- incide sobre o mandatário, mas sim perante terceiros (Artigo 14,
constitucionais que permitem o exercício concreto da participação §7º, CF).
do povo nos negócios políticos do Estado.
Condição de Militar
O militar alistável é elegível, desde que atenda as exigências
previstas no §8º do Artigo 14, da CF, a saber:
I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
da atividade;

62
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
II – se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,
da diplomação, para a inatividade. distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas
de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda
Observa-se que a norma restringe a elegibilidade aos militares Constitucional nº 97, de 2017)
alistáveis, logo, os conscritos, que são inalistáveis, são inelegíveis. O § 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade ju-
quadro abaixo serve como exemplo: rídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal
Superior Eleitoral.
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e
Militares – Exceto os Conscritos acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos
Menos de 10 anos Registro da candidatura → políticos que alternativamente: (Redação dada pela Emenda Consti-
Inatividade tucional nº 97, de 2017)
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no
Mais de 10 anos Registro da candidatura →
mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo
Agregado
menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2%
Na diplomação → Inatividade
(dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
Privação dos Direitos Políticos
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais dis-
De acordo com o Artigo 15 da CF, o cidadão pode ser privado tribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação. (In-
dos seus direitos políticos por prazo indeterminado (perda), sendo cluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
que, neste caso, o restabelecimento dos direitos políticos depende- § 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organiza-
rá do exercício de ato de vontade do indivíduo, de um novo alista- ção paramilitar.
mento eleitoral. § 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos pre-
Da mesma forma, a privação dos direitos políticos pode se dar vistos no § 3º deste artigo é assegurado o mandato e facultada a fi-
por prazo determinado (suspensão), em que o restabelecimento se liação, sem perda do mandato, a outro partido que os tenha atingi-
dará automaticamente, ou seja, independentemente de manifesta- do, não sendo essa filiação considerada para fins de distribuição dos
ção do suspenso, desde que ultrapassado as razões da suspensão. recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio
Vejamos: e de televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
§ 6º Os Deputados Federais, os Deputados Estaduais, os Depu-
Privação dos Direitos Políticos tados Distritais e os Vereadores que se desligarem do partido pelo
qual tenham sido eleitos perderão o mandato, salvo nos casos de
Perda Suspensão anuência do partido ou de outras hipóteses de justa causa estabele-
Privação por prazo Privação por prazo cidas em lei, não computada, em qualquer caso, a migração de par-
indeterminado determinado tido para fins de distribuição de recursos do fundo partidário ou de
outros fundos públicos e de acesso gratuito ao rádio e à televisão.
Restabelecimento dos direitos Restabelecimento dos (Incluído pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021)
políticos depende de um novo direitos políticos se dá § 7º Os partidos políticos devem aplicar no mínimo 5% (cinco
alistamento eleitoral automaticamente por cento) dos recursos do fundo partidário na criação e na manu-
tenção de programas de promoção e difusão da participação po-
Referências Bibliográficas: lítica das mulheres, de acordo com os interesses intrapartidários.
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 117, de 2022)
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. § 8º O montante do Fundo Especial de Financiamento de Cam-
panha e da parcela do fundo partidário destinada a campanhas
A previsão legal dos Partidos Políticos de dá no Artigo 17 da CF. eleitorais, bem como o tempo de propaganda gratuita no rádio e na
Vejamos: televisão a ser distribuído pelos partidos às respectivas candidatas,
deverão ser de no mínimo 30% (trinta por cento), proporcional ao
CAPÍTULO V número de candidatas, e a distribuição deverá ser realizada confor-
DOS PARTIDOS POLÍTICOS me critérios definidos pelos respectivos órgãos de direção e pelas
normas estatutárias, considerados a autonomia e o interesse parti-
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de dário. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 117, de 2022)
partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime de-
mocrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa De acordo com os ensinamentos de José Afonso da Silva, o par-
humana e observados os seguintes preceitos: tido político é uma forma de agremiação de um grupo social que
I - caráter nacional; se propõe a organizar, coordenar e instrumentar a vontade popular
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entida- com o fim de assumir o poder para realizar seu programa de go-
de ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; verno.
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; Os partidos são a base do sistema político brasileiro, pois a filia-
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. ção a partido político é uma das condições de elegibilidade.
Trata-se de um privilégio aos ideais políticos, que devem estar
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir
acima das características pessoais do candidato.
sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação
Segundo Dirley da Cunha Júnior, entende-se por partido polí-
e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua
tico uma pessoa jurídica de Direito Privado que consiste na união
organização e funcionamento e para adotar os critérios de esco-
ou agremiação voluntária de cidadãos com afinidades ideológicas e
lha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada políticas, organizada segundo princípios de disciplina e fidelidade.

63
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Tal conceito vai ao encontro das disposições acerca dos parti- • Princípio da Legalidade
dos políticos trazidas pelo Artigo 1º da Lei nº 9296/1995, para quem De acordo com este princípio, o administrador não pode agir
o partido político, pessoa jurídica de Direito Privado, destina-se a ou deixar de agir, senão de acordo com a lei, na forma determinada.
assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do O quadro abaixo demonstra suas divisões.
sistema representativo e a defender os direitos fundamentais defi-
nidos na Constituição Federal. Princípio da Legalidade
A Constituição confere ampla liberdade aos partidos políticos,
uma vez que são instituições indispensáveis para concretização do A Administração Pública
Estado democrático de direito, muito embora restrinja a utilização Em relação à Administração somente pode fazer o que a
de organização paramilitar. Pública lei permite → Princípio da
Estrita Legalidade
Referências Bibliográficas: O Particular pode fazer tudo
BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Cons- Em relação ao Particular
que a lei não proíbe
titucional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU.
Salvador: Editora JusPODIVM. • Princípio da Impessoalidade
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Em decorrência deste princípio, a Administração Pública deve
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. servir a todos, sem preferências ou aversões pessoais ou partidá-
rias, não podendo atuar com vistas a beneficiar ou prejudicar de-
terminadas pessoas, uma vez que o fundamento para o exercício de
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (ARTIGOS DE 37 A 41, sua função é sempre o interesse público.
CAPÍTULO VII, CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
• Princípio da Moralidade
Tal princípio caracteriza-se por exigir do administrador público
Disposições gerais e servidores públicos um comportamento ético de conduta, ligando-se aos conceitos de
A expressão Administração Pública em sentido objetivo traduz probidade, honestidade, lealdade, decoro e boa-fé.
a ideia de atividade, tarefa, ação ou função de atendimento ao inte- A moralidade se extrai do senso geral da coletividade represen-
resse coletivo. Já em sentido subjetivo, indica o universo dos órgãos tada e não se confunde com a moralidade íntima do administrador
e pessoas que desempenham função pública. (moral comum) e sim com a profissional (ética profissional).
Conjugando os dois sentidos, pode-se conceituar a Administra- O Artigo 37, § 4º da CF elenca as consequências possíveis, devi-
ção Pública como sendo o conjunto de pessoas e órgãos que de- do a atos de improbidade administrativa:
sempenham uma função de atendimento ao interesse público, ou
seja, que estão a serviço da coletividade.
Sanções ao cometimento de atos de improbidade
Princípios da Administração Pública administrativa
Nos termos do caput do Artigo 37 da CF, a administração públi- Suspensão dos direitos políticos (responsabilidade política)
ca direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de Perda da função pública (responsabilidade disciplinar)
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Indisponibilidade dos bens (responsabilidade patrimonial)
As provas de Direito Constitucional exigem com frequência a Ressarcimento ao erário (responsabilidade patrimonial)
memorização de tais princípios. Assim, para facilitar essa memori-
zação, já é de praxe valer-se da clássica expressão mnemônica “LIM-
• Princípio da Publicidade
PE”. Observe o quadro abaixo:
O princípio da publicidade determina que a Administração Pú-
blica tem a obrigação de dar ampla divulgação dos atos que pratica,
Princípios da Administração Pública salvo a hipótese de sigilo necessário.
L Legalidade A publicidade é a condição de eficácia do ato administrativo e
tem por finalidade propiciar seu conhecimento pelo cidadão e pos-
I Impessoalidade sibilitar o controle por todos os interessados.
M Moralidade
• Princípio da Eficiência
P Publicidade Segundo o princípio da eficiência, a atividade administrativa
E Eficiência deve ser exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional,
evitando atuações amadorísticas.
LIMPE
Este princípio impõe à Administração Pública o dever de agir
com eficiência real e concreta, aplicando, em cada caso concreto, a
Passemos ao conceito de cada um deles:
medida, dentre as previstas e autorizadas em lei, que mais satisfaça
o interesse público com o menor ônus possível (dever jurídico de
boa administração).
Em decorrência disso, a administração pública está obrigada a
desenvolver mecanismos capazes de propiciar os melhores resul-
tados possíveis para os administrados. Portanto, a Administração
Pública será considerada eficiente sempre que o melhor resultado
for atingido.

64
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Disposições Gerais na Administração Pública X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que
O esquema abaixo sintetiza a definição de Administração Pú- trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por
blica: lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, asse-
gurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção
de índices;
Administração Pública
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun-
Direta Indireta ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e
Autarquias (podem ser fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
qualificadas como agências Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
reguladoras) mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pen-
Federal sões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
Fundações (autarquias
Estadual ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra na-
e fundações podem ser
Distrital tureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
qualificadas como agências
Municipal Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,
executivas)
Sociedades de economia mista nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
Empresas públicas Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Exe-
cutivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do
Entes Cooperados Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de
Não integram a Administração Pública, mas prestam serviços de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
interesse público. Exemplos: SESI, SENAC, SENAI, ONG’s cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite
As disposições gerais sobre a Administração Pública estão elen- aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defen-
cadas nos Artigos 37 e 38 da CF. Vejamos: sores Públicos;
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder
CAPÍTULO VII Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu-
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA tivo;
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es-
SEÇÃO I pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do
DISPOSIÇÕES GERAIS serviço público;
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer não serão computados nem acumulados para fins de concessão de
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- acréscimos ulteriores;
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e em-
pios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mora-
pregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI
lidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim
exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em
como aos estrangeiros, na forma da lei;
qualquer caso o disposto no inciso XI:
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de apro-
a) a de dois cargos de professor;
vação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos,
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego,
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em saúde, com profissões regulamentadas;
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
anos, prorrogável uma vez, por igual período; economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo- ou indiretamente, pelo poder público;
cação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro- XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais te-
vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa- rão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência
dos para assumir cargo ou emprego, na carreira; sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servi- XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
dores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de econo-
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e per- mia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último
centuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribui- caso, definir as áreas de sua atuação;
ções de direção, chefia e assessoramento; XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria-
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre asso- ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior,
ciação sindical; assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
definidos em lei específica; serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro-
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a
para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações
sua admissão; de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter-
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de- mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
terminado para atender a necessidade temporária de excepcional técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
interesse público; obrigações.

65
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo,
Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funciona- fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito,
mento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como
terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respecti-
atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de vo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e cam- Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos
panhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, infor- subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
mativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, § 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser re-
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de auto- adaptado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabili-
ridades ou servidores públicos. dades sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição,
nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos
da lei. para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de ori-
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na gem. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
administração pública direta e indireta, regulando especialmente: § 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública,
em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o rom-
ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade pimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição. (In-
dos serviços; cluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor- § 15. É vedada a complementação de aposentadorias de ser-
mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X vidores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que
e XXXIII; não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que
não seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente
social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a sus-
§ 16. Os órgãos e entidades da administração pública, indi-
pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponi-
vidual ou conjuntamente, devem realizar avaliação das políticas
bilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação públicas, inclusive com divulgação do objeto a ser avaliado e dos
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. resultados alcançados, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Cons-
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos pra- titucional nº 109, de 2021)
ticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica
ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as se-
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito pri- guintes disposições:
vado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital,
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remunera-
de cargo ou emprego da administração direta e indireta que possi- ção;
bilite o acesso a informações privilegiadas. III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili-
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego
órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não
ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administra- havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
dores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício
desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos
I - o prazo de duração do contrato; os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direi- V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previ-
tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; dência social, permanecerá filiado a esse regime, no ente federativo
III - a remuneração do pessoal.” de origem. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às 2019)
sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem
recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Muni- Servidores Públicos
Os servidores públicos são pessoas físicas que prestam serviços
cípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em
à administração pública direta, às autarquias ou fundações públi-
geral.
cas, gerando entre as partes um vínculo empregatício ou estatutá-
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de apo-
rio. Esses serviços são prestados à União, aos Estados-membros, ao
sentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a re-
Distrito Federal ou aos Municípios.
muneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os As disposições sobre os Servidores Públicos estão elencadas
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos dos Artigos 39 a 41 da CF. Vejamos:
e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exo-
neração.
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remunera-
tórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de
caráter indenizatório previstas em lei.

66
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
SEÇÃO II I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em
DOS SERVIDORES PÚBLICOS que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese
em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios verificação da continuidade das condições que ensejaram a conces-
instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo;
planos de carreira para os servidores da administração pública dire- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ta, das autarquias e das fundações públicas. II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta
instituirão conselho de política de administração e remuneração de e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar;
pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Po- III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade,
deres. se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais compo- e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na
nentes do sistema remuneratório observará: idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Cons-
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos tituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os
cargos componentes de cada carreira; demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo
II - os requisitos para a investidura; ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103,
III - as peculiaridades dos cargos. de 2019)
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas § 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores
de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201 ou superiores
públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisi- ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência
tos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração Social, observado o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela
de convênios ou contratos entre os entes federados. Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o dis- § 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria
posto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, serão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. (Redação
XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de ad- dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
missão quando a natureza do cargo o exigir. § 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os para concessão de benefícios em regime próprio de previdência so-
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão cial, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única,
§ 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prê-
pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferencia-
mio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obe-
dos para aposentadoria de servidores com deficiência, previamente
decido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multi-
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
profissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda Constitucional
nicípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor re-
nº 103, de 2019)
muneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso,
§ 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
o disposto no art. 37, XI.
pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferenciados
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão
para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente penitenciário,
anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de que tratam
empregos públicos. o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art. 52 e os
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela Emenda Constitu-
pios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários provenien- cional nº 103, de 2019)
tes da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia § 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferenciados
qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, moder- para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam exercidas
nização, reaparelhamento e racionalização do serviço público, inclu- com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos preju-
sive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade. diciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracteriza-
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em ção por categoria profissional ou ocupação. (Incluído pela Emenda
carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. Constitucional nº 103, de 2019)
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter tempo- § 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima re-
rário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de cargo duzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da apli-
em comissão à remuneração do cargo efetivo. (Incluído pela Emen- cação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem tempo
da Constitucional nº 103, de 2019) de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores no ensino fundamental e médio fixado em lei complementar do res-
titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, pectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional
mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores nº 103, de 2019)
ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de previdên-
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência cia social, aplicando-se outras vedações, regras e condições para a
social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no Regime
nº 103, de 2019) Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda Constitu-
cional nº 103, de 2019)

67
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se tra- opte por permanecer em atividade poderá fazer jus a um abono de
tar da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o be- permanência equivalente, no máximo, ao valor da sua contribuição
nefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do previdenciária, até completar a idade para aposentadoria compul-
respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a sória. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente § 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de
de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação previdência social e de mais de um órgão ou entidade gestora des-
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) se regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes,
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preser- órgãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão responsá-
var-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios veis pelo seu financiamento, observados os critérios, os parâmetros
estabelecidos em lei. e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou § 22. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
municipal será contado para fins de aposentadoria, observado o § 21. (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional
disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço corres- nº 103, de 2019)
pondente será contado para fins de disponibilidade. (Redação dada § 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de previ-
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) dência social, lei complementar federal estabelecerá, para os que
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de conta- já existam, normas gerais de organização, de funcionamento e de
gem de tempo de contribuição fictício. responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros aspectos,
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumu- I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o
lação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras ativi- Regime Geral de Previdência Social; (Incluído pela Emenda Consti-
dades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência tucional nº 103, de 2019)
social, e ao montante resultante da adição de proventos de inativi- II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos re-
dade com remuneração de cargo acumulável na forma desta Cons- cursos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
tituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e III - fiscalização pela União e controle externo e social; (Incluído
exoneração, e de cargo eletivo. pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em regi- IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído pela
me próprio de previdência social, no que couber, os requisitos e cri- Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
térios fixados para o Regime Geral de Previdência Social. (Redação V - condições para instituição do fundo com finalidade previ-
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
denciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele dos recur-
§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de
sos provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera-
qualquer natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
ção, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de
2019)
emprego público, o Regime Geral de Previdência Social. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
VI - mecanismos de equacionamento do déficit atuarial; (Inclu-
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ins-
ído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
tituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime
VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, ob-
de previdência complementar para servidores públicos ocupantes
servados os princípios relacionados com governança, controle inter-
de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do Re-
gime Geral de Previdência Social para o valor das aposentadorias no e transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103,
e das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado de 2019)
o disposto no § 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles
103, de 2019) que desempenhem atribuições relacionadas, direta ou indiretamen-
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § te, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda Constitucional
14 oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contribui- nº 103, de 2019)
ção definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído pela
intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
de entidade aberta de previdência complementar. (Redação dada X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) de alíquota de contribuições ordinárias e extraordinárias. (Incluído
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o dispos- pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
to nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressa- Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser-
do no serviço público até a data da publicação do ato de instituição vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
do correspondente regime de previdência complementar. concurso público.
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cál- § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
culo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados, I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
na forma da lei. II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu-
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentado- rada ampla defesa;
rias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem-
superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se es-
§ 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do res- tável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
pectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo que tenha aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remu-
completado as exigências para a aposentadoria voluntária e que neração proporcional ao tempo de serviço.

68
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser- Desde a promulgação da CF/88, o exercício simultâneo de
vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração propor- cargos era permitido apenas para servidores públicos civis e para
cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em militares das Forças Armadas que atuam na área de saúde. A acu-
outro cargo. mulação passou a ser possível, desde que haja compatibilidade de
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obriga- horários.
tória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída Vejamos as disposições do Art. 42 da CF/88:
para essa finalidade.
SEÇÃO III
• Estabilidade DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS
A estabilidade é a garantia que o servidor público possui de TERRITÓRIOS
permanecer no cargo ou emprego público depois de ter sido apro-
vado em estágio probatório. Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bom-
De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, a estabilidade beiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e
poder ser definida como a garantia constitucional de permanência disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Ter-
no serviço público, do servidor público civil nomeado, em razão de ritórios.
concurso público, para titularizar cargo de provimento efetivo, após § 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e
o transcurso de estágio probatório. dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições
A estabilidade é assegurada ao servidor após três anos de efe- do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo
tivo exercício, em virtude de nomeação em concurso público. Esse a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º,
é o estágio probatório citado pela lei. inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos
Passada a fase do estágio, sendo o servidor público efetivado, governadores.
ele perderá o cargo somente nas hipóteses elencadas no Artigo 41, § 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Fe-
§ 1º da CF. deral e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica do
Haja vista o tema ser muito cobrado nas provas dos mais varia- respectivo ente estatal.
dos concursos públicos, segue a tabela explicativa: § 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e
dos Territórios o disposto no art. 37, inciso XVI, com prevalência
da atividade militar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 101,
Estabilidade do Servidor
de 2019)
Requisitos para aquisição de Cargo de provimento efetivo/
Estabilidade ocupado em razão de concurso Das Regiões
público De acordo com a CF/88 as políticas da União podem se dar de
3 anos de efetivo exercício forma regionalizada e a disposição legal do Art. 43 visa reduzir as
Avaliação de desempenho por desigualdades regionais. Este tema será regulado por Lei Comple-
comissão instituída para esta mentar.
finalidade Diz o Art. 43 da CF/88:
Hipóteses em que o servidor Em virtude de sentença judicial
estável pode perder o cargo transitada em julgado SEÇÃO IV
Mediante processo DAS REGIÕES
administrativo em que lhe seja
assegurada ampla defesa Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular
Mediante procedimento sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, visando a
de avaliação periódica de seu desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais.
desempenho, na forma de lei § 1º - Lei complementar disporá sobre:
complementar, assegurada I - as condições para integração de regiões em desenvolvimen-
ampla defesa to;
Em razão de excesso de II - a composição dos organismos regionais que executarão, na
despesa forma da lei, os planos regionais, integrantes dos planos nacionais
de desenvolvimento econômico e social, aprovados juntamente com
Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios estes.
A CF/88 impôs aos Militares, regime especial e diferenciado do § 2º - Os incentivos regionais compreenderão, além de outros,
servidor civil. Os direitos e deveres dos militares e dos civis não se na forma da lei:
misturam a não ser por expressa determinação constitucional. I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de custos
Não pode o legislador infraconstitucional cercear direitos ou e preços de responsabilidade do Poder Público;
impor deveres que a Constituição Federal não trouxe de forma taxa- II - juros favorecidos para financiamento de atividades priori-
tiva, tampouco não se pode inserir deveres dos servidores civis aos tárias;
militares de forma reflexa. III - isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos
A Emenda Constitucional nº 101/19, promulgada pelo Congres- federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas;
so Nacional, permite acúmulo de cargos públicos nas áreas de saú- IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social dos
de e educação por militares. Através da referida Emenda, os Milita- rios e das massas de água represadas ou represáveis nas regiões de
res poderão exercer funções de professor ou profissional da saúde baixa renda, sujeitas a secas periódicas.
desde que haja compatibilidade de horário. Ou seja, aplicou-se a § 3º - Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incentivará a
tais profissionais o disposto no art. 37, inciso XVI, da CF/88. recuperação de terras áridas e cooperará com os pequenos e mé-
dios proprietários rurais para o estabelecimento, em suas glebas, de
fontes de água e de pequena irrigação.

69
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Referências Bibliográficas: 4. Segundo as disposições do Art. 12 da Constituição Federal, é
BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Cons- privativo de brasileiro nato o cargo de:
titucional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. (A)Ministro do Supremo Tribunal Federal.
Salvador: Editora JusPODIVM. (B)Ministro de Estado da Justiça e da Segurança Pública.
NADAL, Fábio; e SANTOS, Vauledir Ribeiro. Administrativo – Série (C) Ministro do Superior Tribunal de Justiça.
Resumo. 3ª edição. São Paulo: Editora Método. (D) Deputado Federal.
(E) Senador da República.

5. Com base nas disposições constitucionais sobre os direitos e


EXERCÍCIOS garantias fundamentais, analise as afirmativas a seguir:
I. Os cargos de Vice-Presidente da República e Senador são pri-
1. [...] não se pode deduzir que todos os direitos fundamentais vativos de brasileiro nato.
possam ser aplicados e protegidos da mesma forma, embora todos II. São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
eles estejam sob a guarda de um regime jurídico reforçado, conferi- III. Os partidos políticos não estão subordinados a nenhum tipo
do pelo legislador constituinte. (HACHEM, Daniel Wunder. Manda- de governo, mas podem receber recursos financeiros de entidades
do de Injunção e Direitos Fundamentais, 2012.) nacionais ou estrangeiras.
Sobre o tema, assinale a alternativa correta. Assinale
(A)É compatível com a posição do autor inferir-se que, não obs- (A) se somente a afirmativa I estiver correta.
tante o reconhecimento do princípio da aplicabilidade imediata (B) se somente a afirmativa II estiver correta.
das normas definidoras de direitos e garantias fundamentais, (C) se somente a afirmativa III estiver correta
há peculiaridades nas consequências jurídicas extraíveis de (D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
cada direito fundamental, haja vista existirem distintos níveis (E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
de proteção.
(B)É compatível com a posição do autor a recusa ao reconhe- 6. Doutrinariamente, o conceito e a classificação das constitui-
cimento do princípio da aplicabilidade imediata das normas ções podem variar de acordo com o sentido e o critério adotados
definidoras de direitos e garantias fundamentais no sistema para sua definição. A respeito dessa temática, leia as afirmativas
constitucional brasileiro. abaixo:
(C) O autor se refere particularmente à distinção existente I. Para o sociólogo Ferdinand Lassalle, “Constituição” seria a
entre direitos fundamentais políticos e direitos fundamentais somatória dos fatores reais de poder dentro de uma sociedade, en-
sociais, haja vista a mais ampla proteção constitucional aos pri- quanto reflexo do embate das forças econômicas, sociais, políticas e
meiros, que não estão limitados ao mínimo existencial. religiosas de um Estado. Nesse sentido, por ser uma norma jurídica,
(D) O autor se refere particularmente à distinção entre os di- ainda que não efetiva, uma Constituição legítima é aquela escrita
reitos fundamentais que consistem em cláusulas pétreas e os em uma “folha de papel”.
direitos fundamentais que não estão protegidos por essa cláu- II. O alemão Carl Schmitt define “Constituição” como sendo
sula, sendo que a maior proteção dada aos primeiros os torna uma decisão política fundamental, cuja finalidade precípua é orga-
imunes à incidência da reserva do possível. nizar e estruturar os elementos essenciais do Estado. Trata-se do
(E) O autor se refere particularmente à distinção entre os di- sentido político delineado na teoria decisionista ou voluntarista, em
reitos fundamentais que estão expressos na Constituição de que a Constituição é um produto da vontade do titular do Poder
1988 e aqueles que estão implícitos, decorrendo dos princípios Constituinte.
por ela adotados, haja vista o expresso regime diferenciado de III. Embasada em uma concepção jurídica, “Constituição” é
proteção estabelecido em nível constitucional para esses dois uma norma pura, a despeito de fundamentações oriundas de ou-
grupos de direitos. tras disciplinas. Através do sentido jurídico-positivo, Hans Kelsen
define a Constituição como norma positiva suprema, dentro de um
2. De acordo com a Constituição Federal de 1988, é certo di- sistema escalonado e hierarquizado de normas, em que aquela ser-
zer que quando a propriedade rural atende, simultaneamente, se- ve de fundamento de validade para todas as demais.
gundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos se- IV. “Constituição-dirigente ou registro” é aquela que traça di-
guintes requisitos: aproveitamento racional e adequado; utilização retrizes objetivando nortear a ação estatal, mediante a previsão de
adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio normas programáticas. Marcante em nações socialistas, visa reger o
ambiente; observância das disposições que regulam as relações de ordenamento jurídico de um Estado durante certo período de tem-
trabalho; e exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários po nela estabelecido, cujo decurso implicará a elaboração de uma
e dos trabalhadores, está cumprida a: nova Constituição ou adaptação de seu texto.
(A)Função econômica. V. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é
(B) . Reforma agrária. classificada, pela doutrina majoritária, como sendo de ordem de-
(C) Desapropriação. mocrática, nominativa, analítica, material e super-rígida.
(D) Função social. Assinale a alternativa correta.
(A)Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas
3. Assinale a única alternativa que não contemple um direito (B) . Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas
social previsto na Constituição Federal. (C)Apenas as afirmativas II, III e V estão corretas
(A)direito ao lazer (D) Apenas as afirmativas II e III estão corretas
(B) . direito à previdência social
(C) direito à alimentação
(D)direito à ampla defesa
(E) direito à educação

70
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
7. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, (D)A atenção prestada não se refere ao escopo de um indivíduo
auxiliado pelos Ministros de Estado. No que se refere às disposi- ou uma família, mas deve ter presente que sua responsabilida-
ções constitucionais sobre o Poder Executivo, analise as afirmativas de exige que se organize para que a ela tenham acesso todos
abaixo: aqueles que estão na mesma situação.
I. O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições (E) Atenções prestadas de modo focalizadas a grupos de pobres
que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o Presi- e miseráveis, de forma subalternizadora, constituindo um pro-
dente, sempre que por ele convocado para missões especiais. cesso de assistencialização das políticas sociais.
II. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presiden-
te, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente cha- 11. Acerca do Controle de Constitucionalidade, marque a op-
mados ao exercício da Presidência o Presidente do Supremo Tribu- ção CORRETA.
nal Federal, da Câmara dos Deputados e o do Senado Federal. (A)Os efeitos da decisão que afirma a inconstitucionalidade da
III. Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período norma em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade, em
presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias regra, são ex nunc.
depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. (B)O controle de Constitucionalidade de qualquer decreto re-
Assinale a alternativa correta. gulamentar deve ser realizado pela via difusa.
(A)As afirmativas I, II e III estão corretas (C) É impossível matéria de fato em sede de Ação Direta de
(B)Apenas as afirmativas I e II estão corretas Inconstitucionalidade.
(C) Apenas as afirmativas II e III estão corretas (D) Após a propositura da Ação Declaratória de Constitucionali-
(D) Apenas as afirmativas I e III estão corretas dade é admissível a desistência.
(E) A mutação constitucional tem relação não com o aspecto
8. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabili- formal do texto constitucional, mas com a interpretação dada
dade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da à Constituição.
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes
órgãos, EXCETO: 12. Sobre a aplicabilidade das normas constitucionais, examine
(A) Polícia Federal.
as assertivas seguintes:
(B) Polícia Rodoviária Federal.
I – Para Hans Kelsen, eficácia é a possibilidade de a norma jurí-
(C) Defesa Civil.
dica, a um só tempo, ser aplicada e não obedecida, obedecida e não
(D) Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares.
aplicada. Para se considerar um preceito como eficaz deve existir a
possibilidade de uma conduta em desarmonia com a norma. Uma
9. De acordo com as disposições constitucionais acerca da Or-
norma que preceituasse um certo evento que de antemão se sabe
dem Social, assinale a afirmativa incorreta.
que necessariamente se tem de verificar, sempre e em toda parte,
(A)A pesquisa científica básica e tecnológica receberá trata-
por força de uma lei natural, será tão absurda como uma norma que
mento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o
preceituasse um certo fato que de antemão se sabe que de forma
progresso da ciência, tecnologia e inovação.
(B)A educação básica pública terá como fonte adicional de fi- alguma se poderá verificar, igualmente por força de uma lei natural.
nanciamento a contribuição social do salário-educação, reco- II – O fenômeno relativo à desconstitucionalização, ou seja, a
lhida pelas empresas na forma da lei. retirada de temas do sistema constitucional e a sua inserção em
(C) A União, os Estados e o Distrito Federal estão obrigados a sede de legislação ordinária, pode ser observado no Brasil.
vincular parcela de sua receita orçamentária a entidades públi- III – A norma constitucional com eficácia relativa restringível
cas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica. tem aplicabilidade direta e imediata, podendo, todavia, ter a am-
(D) Incumbe ao Poder Público promover a educação ambiental plitude reduzida em razão de sobrevir texto legislativo ordinário ou
em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a mesmo sentença judicial que encurte o espectro normativo, como
preservação do meio ambiente. é, por exemplo, o direito individual à inviolabilidade do domicílio,
(E) Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensi- desde que é possível, por determinação judicial, que se lhe promo-
no fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou va restrição.
responsáveis, pela frequência à escola. Assinale a alternativa CORRETA:
(A)Apenas as assertivas I e II estão corretas.
10. A Constituição Brasileira instituiu um modelo de proteção (B)Apenas as assertivas I e III estão corretas.
social aos brasileiros que inclui a assistência social como um direi- (C) Apenas as assertivas II e III estão corretas.
to de seguridade social reclamável juridicamente e traduzível em (D) Todas as assertivas estão corretas.
proteção social não contributiva devida ao cidadão (BRASIL, 2013).
Sobre a assistência social como direito à seguridade social é COR- 13. Sobre o Poder Legislativo da União, assinale a alternativa
RETO afirmar que: INCORRETA.
(A) A confguração da assistência social como política pública (A)A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do
lhe atribui um campo específico de ação, no caso, a proteção povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada estado, em
social não contributiva como direito de cidadania, aos que dela cada território e no Distrito Federal.
necessitar, os pobres. (B) O Senado Federal compõe-se de representantes dos esta-
(B)A política de assistência social, como política de seguridade dos e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majori-
social, é responsável pela provisão de direitos sociais. tário.
(C) Na condição de prática, a política de assistência social pode (C) Cada estado, território e o Distrito Federal elegerão três se-
ter múltiplas expressões, ser realizada em direções e abrangên- nadores, com mandato de oito anos.
cias diferentes, desenvolver experiências, fazer uma ou outra
atenção.

71
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
(D) O número total de deputados, bem como a representação 17. A respeito do controle de constitucionalidade preventivo
por estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei no direito brasileiro, é correto afirmar que
complementar, proporcionalmente à população, procedendo- (A)é exercido pelo Legislativo ao sustar os atos normativos do
-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
que nenhuma das unidades da Federação tenha menos de oito limites de delegação legislativa.
ou mais de setenta deputados. (B)é praticado, por exemplo, quando o Senado suspende a exe-
cução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional
14. Referente ao Poder Judiciário, assinale a alternativa correta. por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal.
(A)O ato de remoção ou de disponibilidade do magistrado, por (C) não cabe ao Poder Judiciário exercer esse tipo de controle,
interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria Poder este que tem competência apenas para exercer o con-
do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, as- trole repressivo.
segurada ampla defesa. (D) as comissões parlamentares têm competência para exer-
(B)Nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgado- cer esse tipo de controle ao examinar os projetos de lei a elas
res, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de submetidos.
onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício (E) o veto presidencial, que é uma forma de controle preven-
das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da tivo de constitucionalidade, é sujeito à apreciação e anulação
competência do tribunal pleno, provendo-se metade das va- pelo Poder Judiciário.
gas por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal
pleno. 18. Acerca do Controle de Constitucionalidade, marque a op-
(C) Aos juízes é vedado exercer a advocacia no juízo ou tribunal ção CORRETA.
do qual se afastou, antes de decorridos 02 (dois) anos do afas- (A)Os efeitos da decisão que afirma a inconstitucionalidade da
tamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. norma em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade, em
(D) As custas e emolumentos serão destinados, preferencial- regra, são ex nunc.
(B)O controle de Constitucionalidade de qualquer decreto re-
mente, ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas
gulamentar deve ser realizado pela via difusa.
da Justiça.
(C) É impossível matéria de fato em sede de Ação Direta de
(E)O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze)
Inconstitucionalidade.
membros com mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução.
(D)Após a propositura da Ação Declaratória de Constitucionali-
dade é admissível a desistência.
15. O Ministério Público da União compreende: (E) A mutação constitucional tem relação não com o aspecto
(A)o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Traba- formal do texto constitucional, mas com a interpretação dada
lho e o Ministério Público Militar. à Constituição.
(B) o Ministério Público Estadual, o Ministério Público do Traba-
lho e o Ministério Público Militar. 19. A luz da Constituição Federal de 1988, é CORRETO afirmar
(C) o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Traba- que é um princípio da República Federativa do Brasil, em que irá
lho e o Ministério Público do Distrito Federal. reger-se em suas relações internacionais.
(D)o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Traba- (A) Soberania.
lho e o Ministério Público Militar, do Distrito Federal e territó- (B)Garantir o desenvolvimento nacional.
rios. (C) A dignidade da pessoa humana.
(E) o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Traba- (D) Auto determinação dos povos.
lho e o Ministério Público Militar e territórios.
20. Leia as afirmativas a seguir:
16. Com base nas disposições constitucionais sobre a Advoca- I. De acordo com o artigo 20 da Constituição da República Fe-
cia Pública e a Defensoria Pública, analise os itens abaixo: derativa do Brasil de 1988, são bens da União as terras devolutas
I. Aos advogados públicos são assegurados a inamovibilidade, dispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções
a independência funcional e a estabilidade após três anos de efeti- militares, das vias internacionais de comunicação e à degradação
vo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos ambiental, definidas em lei.
próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias. II. A Constituição Federal estabelece, em seu artigo 7º, a idade
II. A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral inicial e as condições em que é permitido trabalhar no Brasil. O dis-
da União, de livre nomeação pelo Presidente da República dentre positivo constitucional estabelece a proibição de trabalho noturno,
cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e perigoso ou insalubre aos menores de dezesseis anos e de qual-
reputação ilibada. quer trabalho aos menores de quatorze anos, salvo na condição de
aprendiz, a partir de doze anos.
III. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à
Marque a alternativa CORRETA:
função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, dentre outras atri-
(A) . As duas afirmativas são verdadeiras.
buições, a orientação jurídica aos necessitados.
(B)A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.
Assinale:
(C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.
(A)se apenas a afirmativa I estiver correta. (D)As duas afirmativas são falsas.
(B) se apenas a afirmativa II estiver correta.
(C) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.
(D) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.

72
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
21. De acordo com as disposições constitucionais acerca da Or- 15 D
dem Social, assinale a afirmativa incorreta.
(A)A pesquisa científica básica e tecnológica receberá trata- 16 D
mento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o 17 D
progresso da ciência, tecnologia e inovação.
18 E
(B) A educação básica pública terá como fonte adicional de fi-
nanciamento a contribuição social do salário-educação, reco- 19 D
lhida pelas empresas na forma da lei. 20 D
(C) A União, os Estados e o Distrito Federal estão obrigados a
vincular parcela de sua receita orçamentária a entidades públi- 21 C
cas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica. 22 A
(D) Incumbe ao Poder Público promover a educação ambiental
em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
preservação do meio ambiente. ANOTAÇÕES
(E) Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensi-
no fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou
responsáveis, pela frequência à escola. ______________________________________________________

22. A Constituição Federal de 1988 traz uma nova concepção ______________________________________________________


para a Assistência Social brasileira. Incluída no âmbito da Segu-
______________________________________________________
ridade Social e regulamentada pela Lei Orgânica da Assistência
Social (LOAS), como política social pública, a assistência social ______________________________________________________
inicia seu trânsito para um campo novo: o campo dos direitos,
da universalização dos acessos e da responsabilidade estatal. ______________________________________________________
Entre as diretrizes traçadas para a Assistência Social encontra-
-se: ______________________________________________________
(A) participação da população, por meio de organizações repre-
sentativas, na formulação das políticas e no controle das ações ______________________________________________________
em todos os níveis.
(B) centralização político-administrativa, cabendo a coordena- ______________________________________________________
ção e as normas gerais à esfera municipal com a participação
______________________________________________________
de outras entidades.
(C)primazia da responsabilidade da sociedade civil na condu- ______________________________________________________
ção da Política de Assistência Social em cada esfera de governo.
(D) centralidade nas pessoas em situação de risco para con- ______________________________________________________
cepção e implementação dos benefícios, serviços, programas
e projetos. ______________________________________________________
(E) gestão dos recursos financeiros pela Câmara Municipal lo-
cal, a quem cabe definir as prioridades para a distribuição. ______________________________________________________

______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 A
______________________________________________________
2 D
3 D ______________________________________________________

4 A ______________________________________________________
5 B
______________________________________________________
6 D
7 D ______________________________________________________

8 C ______________________________________________________
9 C
______________________________________________________
10 D
_____________________________________________________
11 E
12 B _____________________________________________________
13 C ______________________________________________________
14 B
______________________________________________________

73
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
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74
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O governo, por sua vez, é o elemento gestor do Estado. Pode-se


ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: dizer que o governo é a cúpula diretiva do Estado que se organiza
CONCEITOS, ELEMENTOS, PODERES E ORGANIZAÇÃO; sob uma ordem jurídica por ele posta, a qual consiste no complexo
NATUREZA, FINS E PRINCÍPIOS de regras de direito baseadas e fundadas na Constituição Federal.

Administração pública
CONCEITOS É a forma como o Estado governa, ou seja, como executa as
Estado suas atividades voltadas para o atendimento para o bem estar de
O Estado soberano, traz como regra, um governo, indispensá- seu povo.
vel por ser o elemento condutor política do Estado, o povo que irá
representar o componente humano e o território que é o espaço Pode ser conceituado em dois sentidos:
físico que ele ocupa. a) sentido formal, orgânico ou subjetivo: o conjunto de ór-
gãos/entidades administrativas e agentes estatais, que estejam no
São Características do Estado: exercício da função administrativa, independentemente do poder a
- Soberania:.No âmbito interno refere-se à capacidade de auto- que pertençam, tais como Poder Executivo, Judiciário ou Legislativo
determinação e, no âmbito externo, é o privilégio de receber trata- ou a qualquer outro organismo estatal.
mento igualitário perante os outros países. Em outras palavras, a expressão Administração Pública confun-
- Sociedade: é o conjunto de pessoas que compartilham pro- de-se com os sujeitos que integram a estrutura administrativa do
pósitos, preocupações e costumes, e que interagem entre si consti- Estado, ou seja, com quem desempenha a função administrativa.
tuindo uma comunidade. Assim, num sentido subjetivo, Administração Pública representa o
- Território é a base espacial do poder jurisdicional do Estado conjunto de órgãos, agentes e entidades que desempenham a fun-
onde este exerce o poder coercitivo estatal sobre os indivíduos hu- ção administrativa.
manos, sendo materialmente composto pela terra firme, incluindo
o subsolo e as águas internas (rios, lagos e mares internos), pelo b) sentido material ou objetivo: conjunto das atividades ad-
mar territorial, pela plataforma continental e pelo espaço aéreo. ministrativas realizadas pelo Estado, que vai em direção à defesa
- Povo é a população do Estado, considerada pelo aspecto pu- concreta do interesse público.
ramente jurídico. É o conjunto de indivíduos sujeitos às mesmas Em outras palavras, a Administração Pública confunde-se com
leis. São os cidadãos de um mesmo Estado, detentores de direitos a própria função (atividade) administrativa desempenhada pelo Es-
e deveres. tado. O conceito de Administração Pública está relacionado com o
- Nação é um grupo de indivíduos que se sentem unidos pela objeto da Administração. Não se preocupa aqui com quem exerce
origem comum, pelos interesses comuns, e principalmente, por a Administração, mas sim com o que faz a Administração Pública.
ideais e princípios comuns.
A doutrina moderna considera quatro tarefas precípuas da Ad-
Governo ministração Pública, que são:
A palavra governo tem dois sentidos, coletivo e singular. 1 - a prestação de serviços públicos,
- Coletivo: conjunto de órgãos que orientam a vida política do 2 - o exercício do poder de polícia,
Estado. 3 - a regulação das atividades de interesse público e
- Singular: como poder executivo, órgão que exerce a função 4 - o controle da atuação do Estado.
mais ativa na direção dos negócios públicos. É um conjunto par-
ticular de pessoas que, em qualquer tempo, ocupam posições de Em linhas gerais, podemos entender a atividade administrativa
autoridade dentro de um Estado, que tem o objetivo de estabelecer como sendo aquela voltada para o bem toda a coletividade, desen-
as regras de uma sociedade política e exercer autoridade. volvida pelo Estado com a finalidade de privilegiar e administrar a
coisa pública e as necessidades da coletividade.
Importante destacar o conceito de governo dado por Alexandre Por sua vez, a função administrativa é considerada um múnus
Mazza: “... é a cúpula diretiva do Estado, responsável pela condução público, que configura uma obrigação ou dever para o administra-
dos altos interesses estatais e pelo poder político, e cuja composição dor público que não será livre para atuar, já que deve obediência ao
pode ser modificada mediante eleições.” direito posto, para buscar o interesse coletivo.
O governo é a instância máxima de administração executiva,
geralmente reconhecida como a liderança de um Estado ou uma Separação dos Poderes
nação. É formado por dirigentes executivos do Estado e ministros. O Estado brasileiro adotou a tripartição de poderes, assim são
Os conceitos de Estado e Governo não podem ser confundidos, seus poderes o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, conforme se
já que o Estado é um povo situado em determinado território, com- infere da leitura do art. 2º da Constituição Federal: “São Poderes da
posto pelos elementos: povo, território e governo. União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Execu-
tivo e o Judiciário.”.

75
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
a) Poder Executivo: No exercício de suas funções típicas, pratica Princípios Expressos
atos de chefia do Estado, de Governo e atos de administração, ou São os princípios expressos da Administração Pública os que
seja, administra e executa o ordenamento jurídico vigente. É uma estão inseridos no artigo 37 “caput” da Constituição Federal: legali-
administração direita, pois não precisa ser provocada. Excepcional- dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
mente, no exercício de função atípica, tem o poder de legislar, por - Legalidade: O princípio da legalidade representa uma garantia
exemplo, via medida provisória. para os administrados, pois qualquer ato da Administração Pública
b) Poder legislativo: No exercício de suas funções típicas, é de somente terá validade se respaldado em lei. Representa um limite
sua competência legislar de forma geral e abstrata, ou seja, legislar para a atuação do Estado, visando à proteção do administrado em
para todos. Tem o poder de inovar o ordenamento jurídico. Em fun- relação ao abuso de poder.
ção atípica, pode administrar internamente seus problemas. O princípio apresenta um perfil diverso no campo do Direito
c) Poder judiciário: No exercício de suas funções típicas, tem o Público e no campo do Direito Privado. No Direito Privado, tendo
poder jurisdicional, ou seja, poder de julgar as lides, no caso concre- em vista o interesse privado, as partes poderão fazer tudo o que a
to. Sua atuação depende de provocação, pois é inerte. lei não proíbe; no Direito Público, diferentemente, existe uma rela-
ção de subordinação perante a lei, ou seja, só se pode fazer o que a
Como vimos, o governo é o órgão responsável por conduzir os lei expressamente autorizar.
interesses de uma sociedade. Em outras palavras, é o poder diretivo
do Estado. - Impessoalidade: a Administração Pública não poderá atuar
discriminando pessoas de forma gratuita, a Administração Pública
FONTES deve permanecer numa posição de neutralidade em relação às pes-
A Administração Pública adota substancialmente as mesmas soas privadas. A atividade administrativa deve ser destinada a todos
fontes adotadas no ramo jurídico do Direito Administrativo: Lei, os administrados, sem discriminação nem favoritismo, constituindo
Doutrina, Jurisprudência e Costumes. assim um desdobramento do princípio geral da igualdade, art. 5.º,
Além das fontes mencionadas, adotadas em comum com o caput, CF.
Direito Administrativo, a Administração Pública ainda utiliza-se das - Moralidade: A atividade da Administração Pública deve obe-
seguintes fontes para o exercício das atividades administrativas: decer não só à lei, mas também à moral. Como a moral reside no
- Regulamentos São atos normativos posteriores aos decretos, campo do subjetivismo, a Administração Pública possui mecanis-
que visam especificar as disposições de lei, assim como seus man- mos que determinam a moral administrativa, ou seja, prescreve
damentos legais. As leis que não forem executáveis, dependem de condutas que são moralmente aceitas na esfera do Poder Público.
regulamentos, que não contrariem a lei originária. Já as leis auto- - Publicidade: É o dever atribuído à Administração, de dar total
-executáveis independem de regulamentos para produzir efeitos. transparência a todos os atos que praticar, ou seja, como regra ge-
- Instruções normativas Possuem previsão expressa na Consti- ral, nenhum ato administrativo pode ser sigiloso.
tuição Federal, em seu artigo 87, inciso II. São atos administrativos A regra do princípio que veda o sigilo comporta algumas ex-
privativos dos Ministros de Estado. É a forma em que os superiores ceções, como quando os atos e atividades estiverem relacionados
expedem normas de caráter geral, interno, prescrevendo o meio de com a segurança nacional ou quando o conteúdo da informação for
atuação de seus subordinados com relação a determinado serviço, resguardado por sigilo (art. 37, § 3.º, II, da CF/88).
assemelhando-se às circulares e às ordens de serviço. - Eficiência: A Emenda Constitucional nº 19 trouxe para o tex-
- Regimentos São atos administrativos internos que emanam to constitucional o princípio da eficiência, que obrigou a Adminis-
do poder hierárquico do Executivo ou da capacidade de auto-orga- tração Pública a aperfeiçoar os serviços e as atividades que presta,
nização interna das corporações legislativas e judiciárias. Desta ma- buscando otimização de resultados e visando atender o interesse
neira, se destinam à disciplina dos sujeitos do órgão que o expediu. público com maior eficiência.
- Estatutos É o conjunto de normas jurídicas, através de acordo
entre os sócios e os fundadores, regulamentando o funcionamento Princípios Implícitos
de uma pessoa jurídica. Inclui os órgãos de classe, em especial os Os demais são os denominados princípios reconhecidos (ou
colegiados. implícitos), estes variam de acordo com cada jurista/doutrinador.
Destaca-se os seguintes princípios elaborados pela doutrina
PRINCÍPIOS administrativa, dentre outros:
- Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Parti-
Os princípios jurídicos orientam a interpretação e a aplicação
cular: Sempre que houver necessidade de satisfazer um interesse
de outras normas. São as diretrizes do ordenamento jurídico, guias
público, em detrimento de um interesse particular, prevalece o
de interpretação, às quais a administração pública fica subordinada.
interesse público. São as prerrogativas conferidas à Administração
Possuem um alto grau de generalidade e abstração, bem como um
Pública, porque esta atua por conta dos interesses públicos.
profundo conteúdo axiológico e valorativo.
No entanto, sempre que esses direitos forem utilizados para
Os princípios da Administração Pública são regras que surgem
finalidade diversa do interesse público, o administrador será res-
como parâmetros e diretrizes norteadoras para a interpretação das
ponsabilizado e surgirá o abuso de poder.
demais normas jurídicas. - Indisponibilidade do Interesse Público: Os bens e interesses
Com função principal de garantir oferecer coerência e harmo- públicos são indisponíveis, ou seja, não pertencem à Administra-
nia para o ordenamento jurídico e determinam a conduta dos agen- ção ou a seus agentes, cabendo aos mesmos somente sua gestão
tes públicos no exercício de suas atribuições. em prol da coletividade. Veda ao administrador quaisquer atos que
Encontram-se de maneira explícita/expressas no texto consti- impliquem renúncia de direitos da Administração ou que, injustifi-
tucional ou implícitas na ordem jurídica. Os primeiros são, por una- cadamente, onerem a sociedade.
nimidade, os chamados princípios expressos (ou explícitos), estão - Autotutela: é o princípio que autoriza que a Administração
previstos no art. 37, caput, da Constituição Federal. Pública revise os seus atos e conserte os seus erros.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
- Segurança Jurídica: O ordenamento jurídico vigente garante FONTES
que a Administração deve interpretar a norma administrativa da Pode-se entender fonte como a origem de algo, nesse caso a
forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se origem das normas de Direito Administrativo.
dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. a) Lei - De acordo com o princípio da legalidade, previsto no
- Razoabilidade e da Proporcionalidade: São tidos como prin- texto constitucional do Artigo 37 caput, somente a lei pode impor
cípios gerais de Direito, aplicáveis a praticamente todos os ramos obrigações, ou seja, somente a lei pode obrigar o sujeito a fazer ou
da ciência jurídica. No âmbito do Direito Administrativo encontram deixar de fazer algo.
aplicação especialmente no que concerne à prática de atos adminis- Conforme o entendimento da Prof.ª Maria Helena Diniz, em
trativos que impliquem restrição ou condicionamento a direitos dos sentido jurídico, a Lei é um texto oficial que engloba um conjunto
administrados ou imposição de sanções administrativas. de normas, ditadas pelo Poder Legislativo e que integra a organiza-
- Probidade Administrativa: A conduta do administrador públi- ção do Estado.
co deve ser honesta, pautada na boa conduta e na boa-fé. Pode-se afirmar que a lei, em sentido jurídico ou formal, é um
- Continuidade do Serviço Público: Via de regra os serviços pú- ato primário, pois encontra seu fundamento na Constituição Fede-
blicos por serem prestados no interesse da coletividade devem ser ral, bem como possui por características a generalidade (a lei é vá-
adequados e seu funcionamento não deve sofrer interrupções. lida para todos) e a abstração (a lei não regula situação concreta).
Existem diversas espécies normativas: lei ordinária, lei comple-
Ressaltamos que não há hierarquia entre os princípios (expres- mentar, lei delegada, medida provisória, decretos legislativos, re-
sos ou não), visto que tais diretrizes devem ser aplicadas de forma soluções, etc. Por serem leis constituem fonte primária do Direito
harmoniosa. Assim, a aplicação de um princípio não exclui a aplica- Administrativo.
ção de outro e nem um princípio se sobrepõe ao outros.
Nos termos do que estabelece o artigo 37 da Constituição Fe- NOTA: Não se deve esquecer das normas constitucionais que
deral, os princípios da Administração abrangem a Administração estão no ápice do ordenamento jurídico brasileiro.
Pública direta e indireta de quaisquer dos Poderes da União, dos b) Doutrina é o resultado do trabalho dos estudiosos e pesqui-
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, vinculando todos os sadores do Direito, ou seja, é a interpretação que os doutrinadores
órgãos, entidades e agentes públicos de todas as esferas estatais ao
dão à lei. Vê-se que a doutrina não cria normas, mas tão somente
cumprimento das premissas principiológicas.
interpreta-as de forma que determinam o sentido e alcance dessa e
norteiam o caminho do seu aplicador.
DIREITO ADMINISTRATIVO: CONCEITO, FONTES E c) Jurisprudência é o resultado do trabalho dos aplicadores da
PRINCÍPIOS lei ao caso concreto, especificamente, são decisões reiteradas dos
Tribunais. Também não cria normas, ao contrário, assemelhar-se à
doutrina porque se trata de uma interpretação da legislação.
CONCEITO
d) Costumes, de modo geral, são conceituados como os com-
O Direito Administrativo é um dos ramos do Direito Público, já
portamentos reiterados que tem aceitação social. Ex: fila. Não há
que rege a organização e o exercício de atividades do Estado, visan-
nenhuma regra jurídica que obrigue alguém a respeitar a fila, po-
do os interesses da coletividade.
rém as pessoas respeitam porque esse é um costume, ou seja, um
Hely Lopes Meirelles, por sua vez, destaca o elemento finalís-
comportamento que está intrínseco no seio social.
tico na conceituação: os órgãos, agentes e atividades administra-
tivas como instrumentos para realização dos fins desejados pelo
Princípios
Estado. Vejamos: “o conceito de Direito Administrativo Brasileiro,
Alexandre Mazza (2017) define princípios como sendo regras
para nós, sintetiza-se no conjunto harmônico de princípios jurídicos
condensadoras dos valores fundamentais de um sistema, cuja fun-
que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes
ção é informar e enformar o ordenamento jurídico e o modo de
a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo
atuação dos aplicadores e intérpretes do direito. De acordo com o
Estado”.
administrativista, a função de informar deve-se ao fato de que os
O jurista Celso Antônio Bandeira de Mello enfatiza a ideia de
princípios possuem um núcleo valorativo essencial da ordem jurídi-
função administrativa: “o direito administrativo é o ramo do direito
ca, ao passo que a função de enformar é caracterizada pelos contor-
público que disciplina a função administrativa, bem como pessoas e
nos que conferem a determinada seara jurídica.
órgãos que a exercem”
Mazza (2017) atribui dupla funcionalidade aos princípios, quais
Portanto, direito administrativo é o conjunto dos princípios
sejam, a função hermenêutica e a função integrativa. No que toca
jurídicos que tratam da Administração Pública, suas entidades, ór-
a função hermenêutica, os princípios são responsáveis por esclare-
gãos, agentes públicos, enfim, tudo o que diz respeito à maneira
cer o conteúdo dos demais dispositivos legais, quando os mesmos
de se atingir as finalidades do Estado. Assim, tudo que se refere à
se mostrarem obscuros no ato de tutela dos casos concretos. Por
Administração Pública e a relação entre ela e os administrados e
meio da função integrativa, por sua vez, os princípios cumprem a
seus servidores, é regrado e estudado pelo Direito Administrativo.
tarefa de suprir eventuais lacunas legais observadas em matérias
específicas e/ou diante das particularidades que permeiam a apli-
OBJETO
cação das normas aos casos concretos.
O Direito Administrativo é um ramo que estuda as normas que
disciplinam o exercício da função administrativa, que regulam a atu-
Os princípios possuem papel importantíssimo para o Direito
ação estatal diante da administração da “coisa pública”.
Administrativo. Uma vez que trata-se de ramo jurídico não codifica-
O objeto imediato do Direito Administrativo são os princípios e
do, os princípios, além de exercerem função hermenêutica e inte-
normas que regulam a função administrativa.
grativa, cumprem o papel de alinhavar os dispositivos legais espar-
Por sua vez, as normas e os princípios administrativos têm por
sos que compõe a seara do Direito Administrativo, conferindo-lhe
objeto a disciplina das atividades, agentes, pessoas e órgãos da Ad-
coerência e unicidade.
ministração Pública, constituindo o objeto mediato do Direito Ad-
ministrativo.

77
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Os princípios do Direito Administrativo podem ser expressos, dade significa subordinação à lei, assim, o administrador só poderá
ou seja, positivados, escritos na lei, ou implícitos, não positivados, atuar no momento e da maneira que a lei permite. Nesse sentido,
não expressamente escritos na lei. Importa esclarecer que não havendo omissão legislativa (lacuna legal, ausência de previsão le-
existe hierarquia (grau de importância ou superioridade) entre os gal) em determinada matéria, o administrador não poderá atuar,
princípios expressos e implícitos, de forma que os últimos não são estará diante de uma vedação.
inferiores aos primeiros. Prova de tal afirmação, é o fato de que os
dois princípios (ou supraprincípios) que dão forma o Regime Jurídi- Importante! O princípio da legalidade considera a lei em senti-
co Administrativo, são implícitos. do amplo, assim, compreende-se como lei qualquer espécie norma-
tiva prevista pelo art. 59 da Constituição Federal.
• Regime Jurídico Administrativo: O Regime Jurídico Admi-
nistrativo é formado por todos os princípios e demais dispositivos Impessoalidade: O princípio da impessoalidade deve ser anali-
legais que compõe o Direito Administrativo. Entretanto, é correta sado sob duas óticas, são elas:
a afirmação de que as bases desse regime são lançadas por dois a) Impessoalidade sob a ótica da atuação da Administração
princípios centrais, ou supraprincípios, são eles: Supremacia do In- Pública em relação aos administrados: O administrado deve pautar
teresse Público e Indisponibilidade do Interesse Público. sua atuação na não discriminação e na não concessão de privilé-
gios aos indivíduos que o ato atingirá, o que significa que sua atua-
→ Supremacia do Interesse Público: Também denominado ção deverá estar calcada na neutralidade e na objetividade, não na
supremacia do interesse público sobre o privado, o supraprincípio subjetividade.
invoca a necessidade da sobreposição dos interesses da coletivida- Sobre o assunto, Matheus Carvalho (2017) cita o exemplo do
de sobre os individuais. A defesa do interesse público confere ao concurso público para provimento de cargos públicos. Ao nomear
Estado uma série de prerrogativas (‘‘vantagens’’ atribuídas pelo indivíduos para ocupação dos cargos em questão, o administrador
Direito Público) que permite uma atuação desigual em relação ao estará vinculado a lista de aprovados no certame, não podendo se-
particular. lecionar qualquer outro sujeito.

São exemplos de prerrogativas da Administração Pública: A b) Impessoalidade do administrador em relação a sua própria
imprescritibilidade dos bens públicos, ou seja, a impossibilidade atuação: A compreensão desse tópico exige a leitura do parágrafo
de aquisição de bens da Administração Pública mediante ação de primeiro do art. 37 da CF/88. Vejamos: ‘‘A publicidade dos atos, pro-
usucapião; a possibilidade que a Administração Pública possui de gramas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá
rescindir os contratos administrativos de forma unilateral, ou seja, ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não
independente da expressão de vontade do particular contratado; a podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem
possibilidade de requisitar os bens dos particulares mediante situa- promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.’’
ção de iminente perigo para população, entre outros. Do dispositivo legal supratranscrito é possível inferir que o uso
da máquina pública para fins de promoção pessoal de autoridades
→ Indisponibilidade do Interesse Público: O supraprincípio da e agentes públicos constitui violação ao princípio da impessoalida-
indisponibilidade do interesse público tem como principal função de. Quando o agente público atua, no exercício da função adminis-
orientar a atuação dos agentes públicos, que, no exercício da fun- trativa, o faz em nome da Administração Pública, e não em nome
ção administrativa, devem atuar em nome e em prol dos interesses próprio.
da Administração Pública. Indisponibilidade significa que os agentes Assim, se o Prefeito João do município J, durante a inauguração
públicos não poderão renunciar poderes (que são também deveres) de uma praça com espaço recreativo voltado para crianças, contrata
e competências a eles atribuídos em prol da consecução do interes- um carro de som para transmitir a mensagem: ‘‘ A nova praça é um
se público. presente do Prefeito João para a criançada do município J’’, estará
Ademais, uma vez que o agente público goza das prerrogativas violando o princípio da impessoalidade.
de atuação conferidas pela supremacia do interesse público, a indis-
ponibilidade do interesse público, a fim de impedir que tais prerro- Moralidade: Bom trato com a máquina pública. Atuação admi-
gativas sejam desvirtuadas e utilizadas para a consecução de inte- nistrativa pautada nos princípios da ética, honestidade, probidade
resses privados, impõe limitações à atuação dos agentes públicos. e boa fé. A moralidade na Administração Pública está intimamente
São exemplos de limitações impostas aos agentes públicos: A ligada a não corrupção, não se confundindo com o conceito de mo-
necessidade de aprovação em concurso público para o provimen- ralidade na vida privada.
to dos cargos públicos e a necessidade do procedimento licitatório
para contratação de serviços e aquisição de bens para Administra- Publicidade: A publicidade é um mecanismo de controle dos
ção Pública. atos administrativos por parte da sociedade, está associada à pres-
tação de informação da atuação pública aos administrados. A regra
• Princípios Administrativos Clássicos: é que a atuação administrativa seja pública, viabilizando, assim, o
O art. 37, caput da Constituição Federal disciplina que a Ad- controle da sociedade. Entretanto, o princípio em questão não é
ministração Pública direta e indireta, tanto no que diz respeito ao absoluto, admitindo exceções previstas em lei. Dessa forma, em
desempenho do serviço público, quanto no que concerne ao exer- situações em que devam ser preservadas a segurança nacional,
cício da função econômica, deverá obedecer aos princípios da Le- relevante interesse coletivo e intimidade, honra e vida privada, o
galidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência, os princípio da publicidade será afastado.
famigerados princípios do LIMPE. Ademais, cumpre advertir que a publicidade é requisito de efi-
Legalidade: O princípio da legalidade, no Direito Administrati- cácia dos atos administrativos que se voltam para a sociedade, de
vo, ramo do Direito Público, possui um significado diferente do que forma que os mesmos não poderão produzir efeitos enquanto não
apresenta no Direito Privado. Para o Direito Privado, considera-se publicados. Ex: Proibição de levar animais e andar de bicicleta em
legal toda e qualquer conduta do indivíduo que não esteja defesa praça (bem público) recentemente inaugurada só será eficaz me-
em lei, que não contrarie a lei. Para o Direito Administrativo, legali- diante placa com o aviso.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Eficiência (Inserido pela Emenda Constitucional 19/98): De O parágrafo primeiro do artigo cinquenta, de acordo com Ma-
acordo com esse princípio, a Administração Pública deve atingir theus Carvalho (2017) diz respeito à motivação aliunde, que como
os melhores resultados possíveis com o mínimo de gastos, ou seja, o próprio dispositivo legal denuncia, ocorre quando o administra-
produzir mais utilizando menos. Com a eficiência, deseja-se rapi- dor recorre a motivação de atos anteriormente praticados para jus-
dez, qualidade, presteza e menos desperdício de recursos possível. tificar o ato que expedirá.
O princípio da eficiência inspirou, por exemplo, a avaliação pe-
riódica de desempenho do servidor público. Continuidade (Lei 8987/95): De acordo com o princípio da con-
tinuidade, a atividade administrativa deve ser contínua e não pode
• Demais princípios que desempenham papel fundamental sofrer interrupções. A respeito deste princípio, Matheus Carvalho
no Direito Administrativo ( CARVALHO, 2017) (2017) traz alguns questionamentos, vejamos:
Ampla Defesa e Contraditório (art. 5, LV da CF/88): São os
princípios responsáveis por enunciar o direito do particular adquirir → Se a atividade administrativa deve ser contínua e ininterrup-
conhecimento sobre o que se passa em processos nos quais com- ta, o servidor público não possui direito de greve?
ponha um dos polos (autor ou réu), bem como, de se manifestar Depende. Servidores militares não possuem direito de greve,
acerca dos fatos que lhe são imputados. Contraditório e Ampla tampouco de sindicalização. Em se tratando dos servidores civis, o
Defesa, portanto, são princípios que se complementam, devendo direito de greve existe e deve ser exercido nos termos e condições
ser observados tanto em processos judiciais, quanto em processos da lei específica cabível. Tal lei específica, entretanto, nunca foi edi-
administrativos. tada, de forma que STF decidiu que, diante da omissão, os servido-
Em âmbito administrativo, a ampla defesa, conforme assevera res públicos civis poderão fazer greve nos moldes da Lei Geral de
Matheus Carvalho (2017), compreende tanto o direito à defesa pré- Greve.
via, direito de o particular se manifestar antes da decisão adminis- → É possível que o particular contratado pela Administração
trativa, a fim de formar o convencimento do administrador, quanto Pública se valha da exceção de contrato não cumprido?
à defesa técnica, faculdade (possibilidade) que o particular possui Primeiramente, se faz necessário esclarecer que exceção de
de constituir procurador (advogado). contrato não cumprido é o direito que a parte possui de não cum-
prir com suas obrigações contratuais caso a outra parte também
Importante! O processo administrativo admite o duplo grau não tenha cumprido com as dela.
de jurisdição, ou seja, a possibilidade de interpor recursos em face Dessa forma, suponhamos que a Administração Pública deixa
sentença desfavorável. de fazer os pagamentos ao particular contratado, este poderá dei-
xar de prestar o serviço pactuado?
Inafastabilidade do Poder Judiciário (art. 5, inciso XXXV da Sim, entretanto só poderá fazê-lo após 90 dias de inadimplên-
CF/88): Insatisfeito com decisão proferida em âmbito administrati- cia, trata-se de garantia conferida pelo princípio da continuidade
vo, o particular poderá recorrer ao judiciário. Diz-se que a decisão disciplinada pelo art. 78, XV da Lei 8.666/93.
administrativa não forma Coisa Julgada Material, ou seja, não afasta
a apreciação da matéria pelo judiciário, pois, caso o fizesse, consisti- →A interrupção de um serviço público em razão do inadimple-
ria em violação ao princípio da Inafastabilidade do Poder Judiciário. mento do usuário fere o princípio da continuidade?
Ocorre que, de acordo com o princípio ora em análise, qual- De acordo com o art. 6, § 3º da Lei 8987/95, a interrupção de
quer indivíduo que sofra lesão ou ameaça a direito, poderá, sem serviço público em virtude do inadimplemento do usuário não fere
ressalva, recorrer ao Poder Judiciário. o princípio da continuidade desde que haja prévio aviso ou seja
configurada situação de emergência, contanto, ainda, que seja pre-
Autotutela: De acordo com a súmula 473 do STF, por meio da servado o interesse coletivo.
autotutela, a Administração Pública pode rever os atos que pratica. Razoabilidade e Proporcionalidade: A atividade da Administra-
A autotutela pode ser provocada pelo particular interessado, por ção Pública deve obedecer a padrões plausíveis, aceitáveis para a
meio do direito de petição, mas também pode ser exercida de ofí- sociedade. Diz-se então, que a atuação administrativa deve ser ra-
cio, ou seja, é possível que a Administração Pública reveja os atos zoável. No que diz respeito à proporcionalidade, deve-se pensar em
que pratica sem que seja necessária qualquer provocação. adequação entre a finalidade pretendida e os meios utilizados para
o alcance dessa finalidade, por exemplo, não é razoável e propor-
Motivação: É dever da Administração Pública justificar, motivar cional que um servidor público que se ausenta de suas atividades
os atos que pratica. Isso ocorre devido ao fato de que a sociedade por apenas um dia seja punido com a sanção de exoneração.
é a real titular do interesse público e, nessa qualidade, tem o direi-
to de conhecer as questões que levaram a Administração Pública a Isonomia: O princípio da isonomia consiste no tratamento
praticar determinado ato em determinado momento. Existem ex- igual aos indivíduos que se encontram na mesma situação e no tra-
ceções ao dever de motivar, exemplo, a nomeação e exoneração de tamento diferenciado aos indivíduos que se encontram em situação
servidores que ocupam cargos em comissão, conforme disciplina o de desigualdade. Exemplo: Tratamento diferenciado (‘‘vantagens’’)
art. 40,§13 da CF/88. conferido às microempresas e empresas de pequeno porte no pro-
O princípio da motivação é tratado pelos seguintes dispositivos cedimento de licitação, a fim de que possam competir de forma
legais: mais justa junto às empresas detentoras de maior poder econômi-
Art. 50 da lei 9.784/99 ‘‘ Os atos administrativos deverão ser co.
motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos.’’
50, §1° da lei 9.784/99‘‘A motivação deve ser explícita, clara e Segurança Jurídica: Disciplinado pelo art. 2º, parágrafo único,
congruente, podendo consistir em declaração de concordância com XIII da Lei 9784/99 ‘‘ Nos processos administrativos será observada
fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou a interpretação da norma administrativa da forma que melhor ga-
propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.’’ ranta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplica-
ção retroativa de nova interpretação.’’. Do dispositivo legal é possí-
vel extrair o fato de que não é possível aplicação retroativa de nova

79
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
interpretação da norma em âmbito administrativo, visto que tal me- Outra característica marcante da Administração Direta é que
dida, ao ferir legítimas expectativas de direito dos administrados, não possuem personalidade jurídica, pois não podem contrair direi-
constituiria lesão ao princípio da Segurança Jurídica. tos e assumir obrigações, haja vista que estes pertencem a pessoa
política (União, Estado, Distrito Federal e Municípios).
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA UNIÃO; ADMI- A Administração direta não possui capacidade postulatória, ou
NISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA seja, não pode ingressar como autor ou réu em relação processual.
Exemplo: Servidor público estadual lotado na Secretaria da Fazenda
que pretende interpor ação judicial pugnando o recebimento de al-
NOÇÕES GERAIS guma vantagem pecuniária. Ele não irá propor a demanda em face
Para que a Administração Pública possa executar suas ativida- da Secretaria, mas sim em desfavor do Estado que é a pessoa polí-
des administrativas de forma eficiente com o objetivo de atender tica dotada de personalidade jurídica com capacidade postulatória
os interesses coletivos é necessária a implementação de tecnicas para compor a demanda judicial.
organizacionais que permitam aos administradores públicos decidi-
rem, respeitados os meios legias, a forma adequada de repartição Administração Indireta
de competencias internas e escalonamento de pessoas para melhor São integrantes da Administração indireta as fundações, as au-
atender os assuntos relativos ao interesse público. tarquias, as empresas públicas e as sociedades de economia mista.
Celso Antonio Bandeira de Mello, em sua obra Curso de Direito
Administrativo assim afirma: “...o Estado como outras pessoas de DECRETO-LEI 200/67
Direito Público que crie, pelos múltiplos cometimentos que lhe as-
sistem, têm de repartir, no interior deles mesmos, os encargos de Art. 4° A Administração Federal compreende:
sua alçada entre diferentes unidades, representativas, cada qual, [...]
de uma parcela de atribuições para decidir os assuntos que lhe são II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes ca-
afetos...” tegorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria:
a) Autarquias;
A Organização Administrativa é a parte do Direito Administra- b) Empresas Públicas;
tivo que normatiza os órgãos e pessoas jurídicas que a compõem, c) Sociedades de Economia Mista.
além da estrutura interna da Administração Pública. d) fundações públicas.
Em âmbito federal, o assunto vem disposto no Decreto-Lei n. Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administra-
200/67 que “dispõe sobre a organização da Administração Pública ção Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja área de competência
Federal e estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa”. estiver enquadrada sua principal atividade.
O certo é que, durante o exercício de suas atribuições, o Esta-
do pode desenvolver as atividades administrativas que lhe compete Essas quatro pessoas ou entidades administrativas são criadas
por sua própria estrutura ou então prestá-la por meio de outros para a execução de atividades de forma descentralizada, seja para
sujeitos. a prestação de serviços públicos ou para a exploração de atividades
A Organização Administrativa estabelece as normas justamen- econômicas, com o objetivo de aumentar o grau de especialidade
te para regular a prestação dos encargos administrativos do Estado e eficiência da prestação do serviço público. Têm característica de
bem como a forma de execução dessas atividades, utilizando-se de autonomia na parte administrativa e financeira
técnicas administrativas previstas em lei. O Poder Público só poderá explorar atividade econômica a títu-
lo de exceção em duas situações previstas na CF/88, no seu art. 173:
ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA - Para fazer frente à uma situação de relevante interesse cole-
Em âmbito federal o Decreto-Lei 200/67 regula a estrutura ad- tivo;
ministrativa dividindo, para tanto, em Administração Direta e Admi- - Para fazer frente à uma situação de segurança nacional.
nistração Indireta.
O Poder Público não tem a obrigação de gerar lucro quando
Administração Direta explora atividade econômica. Quando estiver atuando na atividade
A Administração Pública Direta é o conjunto de órgãos públi- econômica, entretanto, estará concorrendo em grau de igualdade
cos vinculados diretamente ao chefe da esfera governamental que com os particulares, estando sob o regime do art. 170 da CF/88,
a integram. inclusive quanto à livre concorrência.
DECRETO-LEI 200/67
DESCONCENTRAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO
Art. 4° A Administração Federal compreende: No decorrer das atividades estatais, a Administração Pública
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integra- pode executar suas ações por meios próprios, utilizando-se da es-
dos na estrutura administrativa da Presidência da República e dos trutura administrativa do Estado de forma centralizada, ou então
Ministérios. transferir o exercício de certos encargos a outras pessoas, como en-
tidades concebidas para este fim de maneira descentralizada.
Por característica não possuem personalidade jurídica própria, Assim, como técnica administrativa de organização da execu-
patrimônio e autonomia administrativa e cujas despesas são reali- ção das atividades administrativas, o exercício do serviço público
zadas diretamente por meio do orçamento da referida esfera. poderá ser por:
Centralização: Quando a execução do serviço estiver sendo
Assim, é responsável pela gestão dos serviços públicos executa- feita pela Administração direta do Estado, ou seja, utilizando-se do
dos pelas pessoas políticas por meio de um conjunto de órgãos que conjunto orgânico estatal para atingir as demandas da sociedade.
estão integrados na sua estrutura. (ex.: Secretarias, Ministérios, departamentos etc.).

80
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Dessa forma, o ente federativo será tanto o titular como o pres- Por serem caracterizados pela abstração, não tem nem vonta-
tador do serviço público, o próprio estado é quem centraliza a exe- de e nem ação próprias, sendo os órgão públicos não passando de
cução da atividade. mera repartição de atribuições, assim entendidos como uma uni-
dade que congrega atribuições exercidas por seres que o integram
Descentralização: Quando estiver sendo feita por terceiros que com o objetivo de expressar a vontade do Estado.
não se confundem com a Administração direta do Estado. Esses ter- Desta forma, para que sejam empoderados de dinamismo e
ceiros poderão estar dentro ou fora da Administração Pública (são ação os órgãos públicos necessitam da atuação de seres físicos, su-
sujeitos de direito distinto e autônomo). jeitos que ocupam espaço de competência no interior dos órgãos
Se os sujeitos que executarão a atividade estatal estiverem vin- para declararem a vontade estatal, denominados agentes públicos.
culadas a estrutura centra da Administração Pública, poderão ser
autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de econo- Criação e extinção
mia mista (Administração indireta do Estado). Se estiverem fora da A criação e a extinção dos órgãos públicos ocorre por meio de
Administração, serão particulares e poderão ser concessionários,
lei, conforme se extrai da leitura conjugada dos arts. 48, XI, e 84,
permissionários ou autorizados.
VI, a, da Constituição Federal, com alteração pela EC n.º 32/2001.6
Assim, descentralizar é repassar a execução de das atividades
Em regra, a iniciativa para o projeto de lei de criação dos órgãos
administrativas de uma pessoa para outra, não havendo hierarquia.
públicos é do Chefe do Executivo, na forma do art. 61, § 1.º, II da
Pode-se concluir que é a forma de atuação indireta do Estado por
meio de sujeitos distintos da figura estatal Constituição Federal.

Desconcentração: Mera técnica administrativa que o Estado “Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe
utiliza para a distribuição interna de competências ou encargos de a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do
sua alçada, para decidir de forma desconcentrada os assuntos que Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da Re-
lhe são competentes, dada a multiplicidade de demandas e interes- pública, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao
ses coletivos. Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos
Ocorre desconcentração administrativa quando uma pessoa previstos nesta Constituição.
política ou uma entidade da administração indireta distribui com-
petências no âmbito de sua própria estrutura a fim de tornar mais § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as
ágil e eficiente a prestação dos serviços. leis que:
Desconcentração envolve, obrigatoriamente, uma só pessoa [...]
jurídica, pois ocorre no âmbito da mesma entidade administrativa.
Surge relação de hierarquia de subordinação entre os órgãos II - disponham sobre:
dela resultantes. No âmbito das entidades desconcentradas temos [...]
controle hierárquico, o qual compreende os poderes de comando,
fiscalização, revisão, punição, solução de conflitos de competência, e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração
delegação e avocação. pública, observado o disposto no art. 84, VI;

Diferença entre Descentralização e Desconcentração Entretanto, em alguns casos, a iniciativa legislativa é atribuída,
As duas figuras técnicas de organização administrativa do Esta- pelo texto constitucional, a outros agentes públicos, como ocorre,
do não podem ser confundidas tendo em vista que possuem con- por exemplo, em relação aos órgãos do Poder Judiciário (art. 96, II,
ceitos completamente distintos. c e d, da Constituição Federal) e do Ministério Público (127, § 2.º),
A Descentralização pressupõe, por sua natureza, a existência cuja iniciativa pertence aos representantes daquelas instituições.
de pessoas jurídicas diversas sendo: Trata-se do princípio da reserva legal aplicável às técnicas de
a) o ente público que originariamente tem a titularidade sobre organização administrativa (desconcentração para órgãos públicos
a execução de certa atividade, e; e descentralização para pessoas físicas ou jurídicas).
b) pessoas/entidades administrativas ou particulares as quais Atualmente, no entanto, não é exigida lei para tratar da orga-
foi atribuído o desempenho da atividade em questão. nização e do funcionamento dos órgãos públicos, já que tal matéria
pode ser estabelecida por meio de decreto do Chefe do Executivo.
Importante ressaltar que dessa relação de descentralização não De forma excepcional, a criação de órgãos públicos poderá ser
há que se falar em vínculo hierárquico entre a Administração Cen- instrumentalizada por ato administrativo, tal como ocorre na insti-
tral e a pessoa descentralizada, mantendo, no entanto, o controle tuição de órgãos no Poder Legislativo, na forma dos arts. 51, IV, e
sobre a execução das atividades que estão sendo desempenhadas. 52, XIII, da Constituição Federal.
Neste contexto, vemos que os órgãos são centros de compe-
Por sua vez, a desconcentração está sempre referida a uma úni- tência instituídos para praticar atos e implementar políticas por in-
ca pessoa, pois a distribuição de competência se dará internamen- termédio de seus agentes, cuja conduta é imputada à pessoa jurídi-
te, mantendo a particularidade da hierarquia. ca. Esse é o conceito administrativo de órgão. É sempre um centro
de competência, que decorre de um processo de desconcentração
CRIAÇÃO, EXTINÇÃO E CAPACIDADE PROCESSUAL DOS ÓR- dentro da Administração Pública.
GÃOS PÚBLICOS
Capacidade Processual dos Órgãos Públicos
Conceito Como visto, órgão público pode ser definido como uma unida-
Órgãos Públicos, de acordo com a definição do jurista adminis- de que congrega atribuições exercidas pelos agentes públicos que o
trativo Celso Antônio Bandeira de Mello “são unidade abstratas que integram com o objetivo de expressar a vontade do Estado.
sintetizam os vários círculos de atribuição do Estado.”

81
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Na realidade, o órgão não se confunde com a pessoa jurídica, I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com perso-
embora seja uma de suas partes integrantes; a pessoa jurídica é o nalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar ati-
todo, enquanto os órgãos são parcelas integrantes do todo. vidades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu
O órgão também não se confunde com a pessoa física, o agente melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descen-
público, porque congrega funções que este vai exercer. Conforme tralizada.
estabelece o artigo 1º, § 2º, inciso I, da Lei nº 9.784/99, que disci-
plina o processo administrativo no âmbito da Administração Públi- As autarquias são regidas integralmente por regras de direito
ca Federal, órgão é “a unidade de atuação integrante da estrutura público, podendo, tão-somente, serem prestadoras de serviços e
da Administração direta e da estrutura da Administração indireta”. contando com capital oriundo da Administração Direta (ex.: IN-
Isto equivale a dizer que o órgão não tem personalidade jurídica CRA, INSS, DNER, Banco Central etc.).
própria, já que integra a estrutura da Administração Direta, ao con-
trário da entidade, que constitui “unidade de atuação dotada de Características: Temos como principais características das au-
tarquias:
personalidade jurídica” (inciso II do mesmo dispositivo); é o caso
- Criação por lei: é exigência que vem desde o Decreto-lei nº 6
das entidades da Administração Indireta (autarquias, fundações,
016/43, repetindo-se no Decreto-lei nº 200/67 e no artigo 37, XIX,
empresas públicas e sociedades de economia mista).
da Constituição;
Nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello, os órgãos:
- Personalidade jurídica pública: ela é titular de direitos e obri-
“nada mais significam que círculos de atribuições, os feixes indivi- gações próprios, distintos daqueles pertencentes ao ente que a ins-
duais de poderes funcionais repartidos no interior da personalidade tituiu: sendo pública, submete-se a regime jurídico de direito públi-
estatal e expressados através dos agentes neles providos”. co, quanto à criação, extinção, poderes, prerrogativas, privilégios,
Embora os órgãos não tenham personalidade jurídica, eles sujeições;
podem ser dotados de capacidade processual. A doutrina e a ju-
risprudência têm reconhecido essa capacidade a determinados ór- - Capacidade de autoadministração: não tem poder de criar o
gãos públicos, para defesa de suas prerrogativas. próprio direito, mas apenas a capacidade de se auto administrar a
Nas palavras de Hely Lopes Meirelles, “embora despersonaliza- respeito das matérias especificas que lhes foram destinadas pela
dos, os órgãos mantêm relações funcionais entre si e com terceiros, pessoa pública política que lhes deu vida. A outorga de patrimônio
das quais resultam efeitos jurídicos internos e externos, na forma próprio é necessária, sem a qual a capacidade de autoadministra-
legal ou regulamentar. E, a despeito de não terem personalidade ção não existiria.
jurídica, os órgãos podem ter prerrogativas funcionais próprias que, Pode-se compreender que ela possui dirigentes e patrimônio
quando infringidas por outro órgão, admitem defesa até mesmo próprios.
por mandado de segurança”. - Especialização dos fins ou atividades: coloca a autarquia entre
Por sua vez, José dos Santos Carvalho Filho, depois de lem- as formas de descentralização administrativa por serviços ou fun-
brar que a regra geral é a de que o órgão não pode ter capacida- cional, distinguindo-a da descentralização territorial; o princípio da
de processual, acrescenta que “de algum tempo para cá, todavia, especialização impede de exercer atividades diversas daquelas para
tem evoluído a ideia de conferir capacidade a órgãos públicos para as quais foram instituídas; e
certos tipos de litígio. Um desses casos é o da impetração de man- - Sujeição a controle ou tutela: é indispensável para que a au-
dado de segurança por órgãos públicos de natureza constitucional, tarquia não se desvie de seus fins institucionais.
quando se trata da defesa de sua competência, violada por ato de - Liberdade Financeira: as autarquias possuem verbas próprias
outro órgão”. Admitindo a possibilidade do órgão figurar como par- (surgem como resultado dos serviços que presta) e verbas orça-
te processual. mentárias (são aquelas decorrentes do orçamento). Terão liberdade
Desta feita é inafastável a conclusão de que órgãos públicos para manejar as verbas que recebem como acharem conveniente,
possuem personalidade judiciária. Mais do que isso, é lícito dizer dentro dos limites da lei que as criou.
que os órgãos possuem capacidade processual (isto é, legitimidade - Liberdade Administrativa: as autarquias têm liberdade para
para estar em juízo), inclusive mediante procuradoria própria, desenvolver os seus serviços como acharem mais conveniente
Ainda por meio de construção jurisprudencial, acompanhando (comprar material, contratar pessoal etc.), dentro dos limites da lei
a evolução jurídica neste aspecto tem reconhecido capacidade pro- que as criou.
cessual a órgãos públicos, como Câmaras Municipais, Assembleias
Legislativas, Tribunal de Contas. Mas a competência é reconhecida Patrimônio: as autarquias são constituídas por bens públicos,
apenas para defesa das prerrogativas do órgão e não para atuação conforme dispõe o artigo 98, Código Civil e têm as seguintes carac-
em nome da pessoa jurídica em que se integram. terísticas:
a) São alienáveis
PESSOAS ADMINISTRATIVAS b) impenhoráveis;
Pessoas Políticas c) imprescritíveis
Autarquias d) não oneráveis.
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público criadas Pessoal: em conformidade com o que estabelece o artigo 39
por lei para a prestação de serviços públicos e executar as ativida- da Constituição, em sua redação vigente, as pessoas federativas
des típicas da Administração Pública, contando com capital exclusi- (União, Estados, DF e Municípios) ficaram com a obrigação de insti-
vamente público. tuir, no âmbito de sua organização, regime jurídico único para todos
O Decreto-lei 200/67 assim conceitua as autarquias: os servidores da administração direta, das autarquias e das funda-
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: ções públicas.

Controle Judicial: as autarquias, por serem dotadas de persona-


lidade jurídica de direito público, podem praticar atos administrati-
vos típicos e atos de direito privado (atípicos), sendo este último,

82
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
controlados pelo judiciário, por vias comuns adotadas na legislação Empresas Públicas
processual, tal como ocorre com os atos jurídicos normais pratica- Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado, e
dos por particulares. tem sua criação por meio de autorização legal, isso significa dizer
que não são criadas por lei, mas dependem de autorização legis-
Foro dos litígios judiciais: a fixação da competência varia de lativa.
acordo com o nível federativo da autarquia, por exemplo, os litígios O Decreto-lei 200/67 assim conceitua as empresas públicas:
comuns, onde as autarquias federais figuram como autoras, rés, as-
sistentes ou oponentes, têm suas causas processadas e julgadas na Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
Justiça Federal, o mesmo foro apropriado para processar e julgar [...]
mandados de segurança contra agentes autárquicos.
Quanto às autarquias estaduais e municipais, os processos em II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurí-
que encontramos como partes ou intervenientes terão seu curso na dica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo
Justiça Estadual comum, sendo o juízo indicado pelas disposições da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica
da lei estadual de divisão e organização judiciárias. que o Governo seja levado a exercer por fôrça de contingência ou
Nos litígios decorrentes da relação de trabalho, o regime po- de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das
derá ser estatutário ou trabalhista. Sendo estatutário, o litígio será formas admitidas em direito.
de natureza comum, as eventuais demandas deverão ser processa-
das e julgadas nos juízos fazendários. Porém, se o litígio decorrer As empresas públicas têm seu próprio patrimônio e seu capital
de contrato de trabalho firmado entre a autarquia e o servidor, a é integralmente detido pela União, Estados, Municípios ou pelo Dis-
natureza será de litígio trabalhista (sentido estrito), devendo ser re- trito Federal, podendo contar com a participação de outras pessoas
solvido na Justiça do Trabalho, seja a autarquia federal, estadual ou jurídicas de direito público, ou também pelas entidades da admi-
municipal. nistração indireta de qualquer das três esferas de governo, porém,
Responsabilidade civil: prevê a Constituição Federal que as pes- a maioria do capital deve ser de propriedade da União, Estados,
soas jurídicas de direito público respondem pelos danos que seus Municípios ou do Distrito Federal.
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.
A regra contida no referido dispositivo, consagra a teoria da Foro Competente
responsabilidade objetiva do Estado, aquela que independe da in- A Justiça Federal julga as empresas públicas federais, enquanto
vestigação sobre a culpa na conduta do agente. a Justiça Estadual julga as empresas públicas estaduais, distritais e
municipais.
Prerrogativas autárquicas: as autarquias possuem algumas
prerrogativas de direito público, sendo elas: Objetivo
- Imunidade tributária: previsto no art. 150, § 2 º, da CF, veda É a exploração de atividade econômica de produção ou comer-
a instituição de impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços cialização de bens ou de prestação de serviços, ainda que a ativida-
das autarquias, desde que vinculados às suas finalidades essenciais de econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou
ou às que delas decorram. Podemos, assim, dizer que a imunidade preste serviço público.
para as autarquias tem natureza condicionada.
- Impenhorabilidade de seus bens e de suas rendas: não pode Regime Jurídico
ser usado o instrumento coercitivo da penhora como garantia do Se a empresa pública é prestadora de serviços públicos, por
credor. consequência está submetida a regime jurídico público. Se a empre-
- Imprescritibilidade de seus bens: caracterizando-se como sa pública é exploradora de atividade econômica, estará submetida
bens públicos, não podem ser eles adquiridos por terceiros através a regime jurídico privado igual ao da iniciativa privada.
de usucapião. As empresas públicas, independentemente da personalidade
- Prescrição quinquenal: dívidas e direitos em favor de terceiros jurídica, têm as seguintes características:
contra autarquias prescrevem em 5 anos. - Liberdade financeira: Têm verbas próprias, mas também são
- Créditos sujeitos à execução fiscal: os créditos autárquicos são contempladas com verbas orçamentárias;
inscritos como dívida ativa e podem ser cobrados pelo processo es- - Liberdade administrativa: Têm liberdade para contratar e de-
pecial das execuções fiscais. mitir pessoas, devendo seguir as regras da CF/88. Para contratar,
deverão abrir concurso público; para demitir, deverá haver moti-
Contratos: os contratos celebrados pelas autarquias são de vação.
caráter administrativo e possuem as cláusulas exorbitantes, que
garantem à administração prerrogativas que o contratado comum Não existe hierarquia ou subordinação entre as empresas pú-
não tem, assim, dependem de prévia licitação, exceto nos casos de blicas e a Administração Direta, independentemente de sua fun-
dispensa ou inexigibilidade e precisam respeitar os trâmites da lei ção. Poderá a Administração Direta fazer controle de legalidade e
8.666/1993, além da lei 10.520/2002, que institui a modalidade lici- finalidade dos atos das empresas públicas, visto que estas estão
tatória do pregão para os entes públicos. vinculadas àquela. Só é possível, portanto, controle de legalidade
Isto acontece pelo fato de que por terem qualidade de pessoas finalístico.
jurídicas de direito público, as entidades autárquicas relacionam-se Como já estudado, a empresa pública será prestadora de ser-
com os particulares com grau de supremacia, gozando de todas as viços públicos ou exploradora de atividade econômica. A CF/88
prerrogativas estatais. somente admite a empresa pública para exploração de atividade
econômica em duas situações (art. 173 da CF/88):
- Fazer frente a uma situação de segurança nacional;
- Fazer frente a uma situação de relevante interesse coletivo:

83
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A empresa pública deve obedecer aos princípios da ordem A Sociedade de economia mista, quando explora atividade eco-
econômica, visto que concorre com a iniciativa privada. Quando o nômica, submete-se ao mesmo regime jurídico das empresas pri-
Estado explora, portanto, atividade econômica por intermédio de vadas, inclusive as comerciais. Logo, a sociedade mista que explora
uma empresa pública, não poderão ser conferidas a ela vantagens atividade econômica submete-se ao regime falimentar. Sociedade
e prerrogativas diversas das da iniciativa privada (princípio da livre de economia mista prestadora de serviço público não se submete
concorrência). ao regime falimentar, visto que não está sob regime de livre con-
Cabe ressaltar que as Empresas Públicas são fiscalizadas pelo corrência.
Ministério Público, a fim de saber se está sendo cumprido o acor-
dado. Fundações e Outras Entidades Privadas Delegatárias.
Fundação é uma pessoa jurídica composta por um patrimônio
Sociedades de Economia Mista personalizado, destacado pelo seu instituidor para atingir uma fina-
As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de lidade específica. As fundações poderão ser tanto de direito público
Direito Privado, integrante da Administração Pública Indireta, sua quanto de direito privado. São criadas por meio de por lei específica
criação autorizada por lei, criadas para a prestação de serviços pú- cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de
blicos ou para a exploração de atividade econômica, contando com sua atuação.
capital misto e constituídas somente sob a forma empresarial de Decreto-lei 200/67 assim definiu as Fundações Públicas.
S/A (Sociedade Anônima).
O Decreto-lei 200/67 assim conceitua as empresas públicas: Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
[...
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade ju-
[...] rídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de perso- autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que
nalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público,
de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos
ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recur-
entidade da Administração Indireta. sos da União e de outras fontes.

As sociedades de economia mista são: Apesar da legislação estabelecer que as fundações públicas são
- Pessoas jurídicas de Direito Privado. dotadas de personalidade jurídica de direito privado, a doutrina ad-
- Exploradoras de atividade econômica ou prestadoras de ser- ministrativa admite a adoção de regime jurídico de direito público
viços públicos. a algumas fundações.
- Empresas de capital misto. As fundações que integram a Administração indireta, quando
- Constituídas sob forma empresarial de S/A. forem dotadas de personalidade de direito público, serão regidas
integralmente por regras de Direito Público. Quando forem dotadas
Veja alguns exemplos de sociedade mista: de personalidade de direito privado, serão regidas por regras de di-
a). Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil. reito público e direito privado, dada sua relevância para o interesse
b) Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp, Metrô, coletivo.
entre outras O patrimônio da fundação pública é destacado pela Adminis-
tração direta, que é o instituidor para definir a finalidade pública.
Características Como exemplo de fundações, temos: IBGE (Instituto Brasileiro Ge-
As sociedades de economia mista têm as seguintes caracterís- ográfico Estatístico); Universidade de Brasília; Fundação CASA; FU-
ticas: NAI; Fundação Padre Anchieta (TV Cultura), entre outras.
- Liberdade financeira;
- Liberdade administrativa; Características:
- Dirigentes próprios; - Liberdade financeira;
- Patrimônio próprio. - Liberdade administrativa;
- Dirigentes próprios;
Não existe hierarquia ou subordinação entre as sociedades de - Patrimônio próprio:
economia mista e a Administração Direta, independentemente da
função dessas sociedades. No entanto, é possível o controle de le- As fundações governamentais, sejam de personalidade de di-
galidade. Se os atos estão dentro dos limites da lei, as sociedades reito público, sejam de direito privado, integram a Administração
não estão subordinadas à Administração Direta, mas sim à lei que Pública. Importante esclarecer que não existe hierarquia ou subor-
as autorizou. dinação entre a fundação e a Administração direta. O que existe é
As sociedades de economia mista integram a Administração um controle de legalidade, um controle finalístico.
Indireta e todas as pessoas que a integram precisam de lei para au- As fundações são dotadas dos mesmos privilégios que a Admi-
torizar sua criação, sendo que elas serão legalizadas por meio do nistração direta, tanto na área tributária (ex.: imunidade prevista no
registro de seus estatutos. art. 150 da CF/88), quanto na área processual (ex.: prazo em dobro).
As fundações respondem pelas obrigações contraídas junto a
A lei, portanto, não cria, somente autoriza a criação das so- terceiros. A responsabilidade da Administração é de caráter subsi-
ciedades de economia mista, ou seja, independentemente das ati- diário, independente de sua personalidade.
vidades que desenvolvam, a lei somente autorizará a criação das As fundações governamentais têm patrimônio público. Se ex-
sociedades de economia mista. tinta, o patrimônio vai para a Administração indireta, submetendo-
-se as fundações à ação popular e mandado de segurança. As par-

84
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
ticulares, por possuírem patrimônio particular, não se submetem A fiscalização do contrato de gestão será exercida pelo órgão ou
à ação popular e mandado de segurança, sendo estas fundações entidade supervisora da área de atuação correspondente à ativida-
fiscalizadas pelo Ministério Público. de fomentada, devendo a organização social apresentar, ao término
de cada exercício, relatório de cumprimento das metas fixadas no
DELEGAÇÃO SOCIAL contrato de gestão.
Organizações sociais Se descumpridas as metas previstas no contrato de gestão, o
Criada pela Lei n. 9.637/98, organização social é uma qualifica- Poder Executivo poderá proceder à desqualificação da entidade
ção especial outorgada pelo governo federal a entidades da inicia- como organização social, desde que precedida de processo admi-
tiva privada, sem fins lucrativos, cuja outorga autoriza a fruição de nistrativo com garantia de contraditório e ampla defesa.
vantagens peculiares, como isenções fiscais, destinação de recursos Por fim, convém relembrar que o art. 24, XXIV, da Lei n.
orçamentários, repasse de bens públicos, bem como empréstimo 8.666/93 prevê hipótese de dispensa de licitação para a celebração
temporário de servidores governamentais. de contratos de prestação de serviços com a s organizações sociais,
As áreas de atuação das organizações sociais são ensino, pes- qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para
quisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preserva- atividades contempladas no contrato de gestão. Excessivamente
ção do meio ambiente, cultura e saúde. Desempenham, portanto, abrangente, o art. 24, XXIV, da Lei n. 8.666/93, tem a sua consti-
atividades de interesse público, mas que não se caracterizam como tucionalidade questionada perante o Supremo Tribunal Federal na
serviços públicos stricto sensu, razão pela qual é incorreto afirmar ADIn 1.923/98. Recentemente, foi indeferida a medida cautelar que
que as organizações sociais são concessionárias ou permissionárias. suspendia a eficácia da norma, de modo que o dispositivo voltou a
Nos termos do art. 2º da Lei n. 9.637/98, a outorga da qualifi- ser aplicável.
cação constitui decisão discricionária, pois, além da entidade pre-
encher os requisitos exigidos na lei, o inciso II do referido disposi- Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público
tivo condiciona a atribuição do título a “haver aprovação, quanto à As Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, popu-
conveniência e oportunidade de sua qualificação como organização larmente denominadas OSCIP é um título fornecido pelo Ministério
social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da da Justiça do Brasil, cuja finalidade é facilitar a viabilidade de parce-
área de atividade correspondente ao seu objeto social e do Ministro rias e convênios com todos os níveis de governo e órgãos públicos
de Estado da Administração Federal e Reforma do Estado”. Assim, (federal, estadual e municipal).
as entidades que preencherem os requisitos legais possuem sim- OSCIPs são ONGs criadas por iniciativa privada, que obtêm um
ples expectativa de direito à obtenção da qualificação, nunca direito certificado emitido pelo poder público federal ao comprovar o cum-
adquirido. primento de certos requisitos, especialmente aqueles derivados de
Evidentemente, o caráter discricionário dessa decisão, permi- normas de transparência administrativas. Em contrapartida, podem
tindo outorgar a qualificação a uma entidade e negar a outro que celebrar com o poder público os chamados termos de parceria, que
igualmente atendeu aos requisitos legais, viola o princípio da iso- são uma alternativa interessante aos convênios para ter maior agili-
nomia, devendo-se considerar inconstitucional o art. 2º, II, da Lei dade e razoabilidade em prestar contas.
n. 9.637/98. Uma ONG (Organização Não-Governamental), essencialmente
Na verdade, as organizações sociais representam uma espécie é uma OSCIP, no sentido representativo da sociedade, OSCIP é uma
de parceria entre a Administração e a iniciativa privada, exercen- qualificação dada pelo Ministério da Justiça no Brasil.
do atividades que, antes da Emenda 19/98, eram desempenhadas A lei que regula as OSCIPs é a nº 9.790/1999. Esta lei traz a
por entidades públicas. Por isso, seu surgimento no Direito Brasi- possibilidade das pessoas jurídicas (grupos de pessoas ou profissio-
leiro está relacionado com um processo de privatização lato sensu nais) de direito privado sem fins lucrativos serem qualificadas, pelo
realizado por meio da abertura de atividades públicas à iniciativa Poder Público, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse
privada. Público - OSCIPs e poderem com ele relacionar-se por meio de par-
O instrumento de formalização da parceria entre a Administra- ceria, desde que os seus objetivos sociais e as normas estatutárias
ção e a organização social é o contrato de gestão, cuja aprovação atendam os requisitos da lei.
deve ser submetida ao Ministro de Estado ou outra autoridade su- Um grupo privado recebe a qualificação de OSCIP depois que o
pervisora da área de atuação da entidade. estatuto da instituição, que se pretende formar, tenha sido analisa-
O contrato de gestão discriminará as atribuições, responsabi- do e aprovado pelo Ministério da Justiça. Para tanto, é necessário
lidades e obrigações do Poder Público e da organização social, de- que o estatuto atenda a certos pré-requisitos que estão descritos
vendo obrigatoriamente observar os seguintes preceitos: nos artigos 1º, 2º, 3º e 4º da Lei nº 9.790/1999. Vejamos:
I - especificação do programa de trabalho proposto pela organi-
zação social, a estipulação das metas a serem atingidas e os respec- Art. 1º Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade
tivos prazos de execução, bem como previsão expressa dos critérios Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de direito privado sem
objetivos de avaliação de desempenho a serem utilizados, median- fins lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em
te indicadores de qualidade e produtividade; funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos, desde que os
respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos re-
II - a estipulação dos limites e critérios para despesa com re-
quisitos instituídos por esta Lei.
muneração e vantagens de qualquer natureza a serem percebidas
§ 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se sem fins lucrativos
pelos dirigentes e empregados das organizações sociais, no exercí-
a pessoa jurídica de direito privado que não distribui, entre os seus
cio de suas funções;
sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou doa-
III - os Ministros de Estado ou autoridades supervisoras da área
dores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, divi-
de atuação da entidade devem definir as demais cláusulas dos con-
dendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio,
tratos de gestão de que sejam signatários.
auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplica
integralmente na consecução do respectivo objeto social.
§ 2o A outorga da qualificação prevista neste artigo é ato vincu-
lado ao cumprimento dos requisitos instituídos por esta Lei.

85
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 2o Não são passíveis de qualificação como Organizações ção de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda pela presta-
da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de ção de serviços intermediários de apoio a outras organizações sem
qualquer forma às atividades descritas no art. 3o desta Lei: fins lucrativos e a órgãos do setor público que atuem em áreas afins.
I - as sociedades comerciais; Art. 4o Atendido o disposto no art. 3o, exige-se ainda, para
II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação qualificarem-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse
de categoria profissional; Público, que as pessoas jurídicas interessadas sejam regidas por es-
III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação tatutos cujas normas expressamente disponham sobre:
de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais; I - a observância dos princípios da legalidade, impessoalidade,
IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas moralidade, publicidade, economicidade e da eficiência;
fundações; II - a adoção de práticas de gestão administrativa, necessárias
V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar e suficientes a coibir a obtenção, de forma individual ou coletiva, de
bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios; benefícios ou vantagens pessoais, em decorrência da participação
VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saú- no respectivo processo decisório;
de e assemelhados; III - a constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente, dota-
VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas do de competência para opinar sobre os relatórios de desempenho
mantenedoras; financeiro e contábil, e sobre as operações patrimoniais realizadas,
VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gra- emitindo pareceres para os organismos superiores da entidade;
tuito e suas mantenedoras; IV - a previsão de que, em caso de dissolução da entidade, o
IX - as organizações sociais; respectivo patrimônio líquido será transferido a outra pessoa jurídi-
X - as cooperativas; ca qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que tenha o
XI - as fundações públicas; mesmo objeto social da extinta;
XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito V - a previsão de que, na hipótese de a pessoa jurídica perder a
privado criadas por órgão público ou por fundações públicas; qualificação instituída por esta Lei, o respectivo acervo patrimonial
XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de disponível, adquirido com recursos públicos durante o período em
vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere o art. que perdurou aquela qualificação, será transferido a outra pessoa
192 da Constituição Federal. jurídica qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que te-
Art. 3o A qualificação instituída por esta Lei, observado em nha o mesmo objeto social;
qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no res- VI - a possibilidade de se instituir remuneração para os diri-
pectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será conferi- gentes da entidade que atuem efetivamente na gestão executiva
da às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos e para aqueles que a ela prestam serviços específicos, respeitados,
objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades: em ambos os casos, os valores praticados pelo mercado, na região
I - promoção da assistência social; correspondente a sua área de atuação;
II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio VII - as normas de prestação de contas a serem observadas pela
histórico e artístico; entidade, que determinarão, no mínimo:
III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma a) a observância dos princípios fundamentais de contabilidade
complementar de participação das organizações de que trata esta e das Normas Brasileiras de Contabilidade;
Lei; b) que se dê publicidade por qualquer meio eficaz, no encerra-
IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma com- mento do exercício fiscal, ao relatório de atividades e das demons-
plementar de participação das organizações de que trata esta Lei; trações financeiras da entidade, incluindo-se as certidões negativas
V - promoção da segurança alimentar e nutricional; de débitos junto ao INSS e ao FGTS, colocando-os à disposição para
VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e pro- exame de qualquer cidadão;
moção do desenvolvimento sustentável; c) a realização de auditoria, inclusive por auditores externos
VII - promoção do voluntariado; independentes se for o caso, da aplicação dos eventuais recursos
VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social e com- objeto do termo de parceria conforme previsto em regulamento;
bate à pobreza; d) a prestação de contas de todos os recursos e bens de origem
IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio- pública recebidos pelas Organizações da Sociedade Civil de Interes-
-produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, em- se Público será feita conforme determina o parágrafo único do art.
prego e crédito; 70 da Constituição Federal.
X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos di- Parágrafo único. É permitida a participação de servidores pú-
reitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar; blicos na composição de conselho ou diretoria de Organização da
XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos hu- Sociedade Civil de Interesse Público.
manos, da democracia e de outros valores universais; Pode-se dizer que as OSCIPs são o reconhecimento oficial e le-
XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias al- gal mais próximo do que modernamente se entende por ONG, es-
ternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos pecialmente porque são marcadas por uma extrema transparência
técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas administrativa. Contudo ser uma OSCIP é uma opção institucional,
neste artigo. não uma obrigação.
XIII - estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibi- Em geral, o poder público sente-se muito à vontade para se
lização e a implementação de tecnologias voltadas à mobilidade de relacionar com esse tipo de instituição, porque divide com a socie-
pessoas, por qualquer meio de transporte. dade civil o encargo de fiscalizar o fluxo de recursos públicos em
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedicação às ati- parcerias.
vidades nele previstas configura-se mediante a execução direta de A OSCIP, portanto, é uma organização da sociedade civil que,
projetos, programas, planos de ações correlatas, por meio da doa- em parceria com o poder público, utilizará também recursos públi-
cos para suas finalidades, dividindo dessa forma o encargo adminis-
trativo e de prestação de contas.

86
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Entidades de utilidade pública Fazendo-se um comparativo, a Constituição Federal não admite
Figuram ainda como entidades privadas de utilidade pública: que esses conselhos tenham personalidade jurídica de direito pri-
vado, gozando de prerrogativas que são conferidas ao Estado. Os
Serviços sociais autônomos conselhos profissionais com natureza autárquica é uma forma de
São pessoas jurídicas de direito privado, criados por intermé- descentralizar a atividade administrativa que não pode mais ser de-
dio de autorização legislativa. Tratam-se de entes paraestatais de legada a associações profissionais de caráter privado.
cooperação com o Poder Público, possuindo administração e patri-
mônio próprios. AGENTES PÚBLICOS: ESPÉCIES E CLASSIFICAÇÃO;
Para ficar mais fácil de compreender, basta pensar no sistema PODERES, DEVERES E PRERROGATIVAS; CARGO,
“S”, cujo o qual resulta do fato destas entidades ligarem-se à es- EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICOS; REGIME JURÍDICO
trutura sindical e terem sua denominação iniciada com a letra “S” ÚNICO (LEI Nº 8.112/1990 E SUAS ALTERAÇÕES): PRO-
– SERVIÇO. VIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO, REDISTRIBUIÇÃO
Integram o Sistema “S:” SESI, SESC, SENAC, SEST, SENAI, SENAR E SUBSTITUIÇÃO; DIREITOS E VANTAGENS; REGIME
e SEBRAE. DISCIPLINAR; RESPONSABILIDADE CIVIL, CRIMINAL E
Estas entidades visam ministrar assistência ou ensino a algu- ADMINISTRATIVA
mas categorias sociais ou grupos profissionais, sem fins lucrativos.
São mantidas por dotações orçamentárias e até mesmo por contri-
buições parafiscais. CONCEITO
Ainda que sejam oficializadas pelo Estado, não são partes inte- Em seu conceito mais amplo Agente Público é a pessoa física
grantes da Administração direta ou indireta, porém trabalham ao que presta serviços às Pessoas Jurídicas da Administração Pública
lado do Estado, seja cooperando com os diversos setores as ativida- Direta ou Indireta, também são aqueles que exercem função públi-
des e serviços que lhes são repassados. ca, seja qual for a modalidade (mesário, jurado, servidor público,
etc.).
Entidades de Apoio A Lei de Improbidade Administrativa (8.429/92) conceitua
As entidades de apoio fazem parte do Terceiro Setor e são pes- Agente Público:
soas jurídicas de direito privado, criados por servidores públicos
para a prestação de serviços sociais não exclusivos do Estado, pos- “Artigo 2° - Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei,
suindo vínculo jurídico com a Administração direta e indireta. todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remu-
Atualmente são prestadas no Brasil através dos serviços de lim- neração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qual-
peza, conservação, concursos vestibulares, assistência técnica de quer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, empre-
equipamentos, administração em restaurantes e hospitais univer- go ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior”.
sitários.
O bom motivo da criação das entidades de apoio é a eficiência Para o jurista administrativo Celso Antonio Bandeira de Mello
na utilização desses entes. Através delas, convênios são firmados “...esta expressão – agentes públicos – é a mais ampla que se pode
com a Administração Pública, de modo muito semelhante com a conceber para designar genérica e indistintamente os sujeitos que
celebração de um contrato servem ao Poder Público como instrumentos expressivos de sua von-
tade ou ação, ainda quando o façam apenas ocasional ou episodica-
Associações Públicas mente. Quem quer que desempenhe funções estatais, enquanto as
Tratam-se de pessoas jurídicas de direito público, criadas por exercita, é um agente público.”
meio da celebração de um consórcio público com entidades fede-
rativas. A denominação “agente público” é tratada como gênero das
Quando as entidades federativas fazem um consórcio público, diversas espécies que vinculam o indivíduo ao estado a partir da
elas terão a faculdade de decidir se essa nova pessoa criada será de sua natureza jurídica. As espécies do agente público podem ser di-
direito privado ou de direito público. Caso se trate de direito públi- vididas como do qual são espécies os agentes políticos, servidores
co, caracterizar-se-á como Associação Pública. No caso de direito públicos (servidores estatais, empregado público, temporários e co-
privado, não se tem um nome específico. missionados), particulares em colaboração, agentes militares e os
A finalidade da associação pública é estabelecer finalidades agentes de fato.
de interesse comum entre as entidades federativas, estabelecendo
uma meta a ser atingida. ESPÉCIES (CLASSIFICAÇÃO)
Faz parte da administração indireta de todas as entidades fede- Agentes públicos abrangem todas as demais categorias, sendo
rativas consorciadas. que alguns deles fazem parte da estrutura administrativa do Estado,
seja em sua estrutura direta ou então na organização indireta.
Conselhos Profissionais Outros, no entanto, não compõe os quadros internos da admi-
Trata-se de entidades que são destinadas ao controle e fiscali- nistração Pública, isto é, são alheios ao aparelho estatal, permane-
zação de algumas profissões regulamentadas. Eis que tem-se uma cendo externamente.
grande controvérsia, quanto à sua natureza jurídica. Vamos analisar cada uma dessas categorias:
O STF considera que como se trata de função típica do Estado, a) Agentes políticos: agentes políticos exercem uma função
o controle e fiscalização do exercício de atividades profissionais não pública de alta direção do Estado. São os que ocupam lugar de co-
poderia ser delegado a entidades privadas, em decorrência disso, mando e chefia de cada um dos Poderes (Executivo, Legislativo e
chegou-se ao entendimento que os conselhos profissionais pos- Judiciário). São titulares dos cargos estruturais à organização polí-
suem natureza autárquica. tica do País.
Assim, não estamos diante de entes de colaboraçao, mas sim Ingressam em regra, por meio de eleições, desempenhando
de pessoas jurídicas de direito público. mandatos fixos e quando termina o mandato a relação com o Esta-
do também termina automaticamente.

87
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A vinculação dos agentes políticos com o aparelho governa- - gestores de negócios públicos: são particulares que assumem
mental não é profissional, mas institucional e estatutária. espontaneamente uma tarefa pública, em situações emergenciais,
Os agentes políticos serão remunerados exclusivamente por quando o Estado não está presente para proteger o interesse pú-
subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer blico.
gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou - contratados por locação civil de serviços: é o caso, por exem-
outra espécie remuneratória. plo, de jurista famoso contratado para emitir um parecer;
b) Servidores Públicos: são as pessoas que executam serviços
ao Estado e também às entidades da Administração Pública direta e - concessionários e permissionários: exercem função pública
indireta (sentido amplo). Os servidores têm vínculo empregatício e por delegação estatal;
sua remuneração é paga pelos cofres públicos. - delegados de função ou ofício público: é o caso dos titulares
Também chamados de servidores estatais engloba todos aque- de cartórios.
les que mantêm com o Estado relação de trabalho de natureza pro-
fissional, de caráter não eventual e sob o vínculo de dependência. e) Agentes de fato: é o particular que sem vínculo formal e le-
Servidores públicos podem ser: gítimo com o Estado exerce função pública, acreditando estar de
- estatutários: são os ocupantes de CARGOS PÚBLICOS e estão boa-fé e com o objetivo de atender o interesse público. Neste caso,
sob o regime estatutário. Quando nomeados, ingressam numa situ- não há investidura prévia nos cargos, empregos e funções públicas.
ação jurídica previamente definida, à qual se submetem com o ato Agente de fato putativo: é aquele que desempenha atividade
da posse. Assim, não tem como modificar as normas vigentes por pública com a presunção de que tem legitimidade, mas há alguma
meio de contrato entre o servidor e a Administração, mesmo que ILEGALIDADE em sua INVESTIDURA. É aquele servidor que toma
com a concordância de ambos, por se tratar de normas de ordem posse sem cumprir algum requisito do cargo.
pública. Não há contrato de trabalho entre os estatutários e a Ad- Agentes de fato necessário: são os que atuam em situações de
ministração, tendo em vista sua natureza não contratual mas sim calamidade pública ou emergência.
regida por um estatuto jurídico condicionada ao termo de posse.
- empregados públicos: são ocupantes de empregos públicos CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA
contratados sob o regime da CLT, com vínculo contratual, precisam Cargo, emprego e função pública são tipos de vínculos de tra-
de aprovação em concurso público ou processo seletivo e sua de- balho na Administração Pública ocupadas por servidores públicos.
missão precisa ser motivada; A Constituição Federal, em vários dispositivos, emprega os vocábu-
- temporários ou em regime especial: são os contratados por los cargo, emprego e função para designar realidades diversas, po-
tempo determinado, com base no artigo 37, IX, CF. Não ocupam rém que existem paralelamente na Administração.
cargos ou empregos públicos e não exige aprovação em concurso
público, mas a Administração Pública deve respeitar os princípios Cargo público: unidade de atribuições e competências funcio-
constitucionais da impessoalidade e da moralidade, realizando um nais. É o lugar dentro da organização funcional da Administração
processo seletivo simplificado. Direta de suas autarquias e fundações públicas que, ocupado por
servidor público, submetidos ao regime estatuário.
Para que tenha a contratação de temporários, se faz necessária Possui funções específicas e remuneração fixada em lei ou di-
a existência de lei regulamentadora, com a previsão dos casos de ploma a ela equivalente. Todo cargo tem uma função, porém, nem
contratação, o prazo da contratação, a necessidade temporária e a toda função pressupõe a existência de um cargo.
motivação do interesse público. Para Celso Antônio Bandeira de Mello são as mais simples e
- cargos comissionados: são os de livre nomeação e exonera- indivisíveis unidades de competência a serem titularizadas por um
ção, tem caráter provisório e se destina às atribuições de direção, agente. São criados por lei, previstos em número certo e com de-
chefia e assessoramento. Os efetivos também podem ser comissio- nominação própria.
nados. Ao servidor ocupante exclusivamente de cargo em comissão Com efeito, as várias competências previstas na Constituição
aplica-se o regime geral de previdência social previsto na Constitui- para a União, Estados e Municípios são distribuídas entre seus res-
ção Federal, artigo 40, § 13. pectivos órgãos, cada qual dispondo de determinado número de
cargos criados por lei, que lhes confere denominação própria, defi-
c) Agentes militares: são as pessoas físicas que prestam ser- ne suas atribuições e fixa o padrão de vencimento ou remuneração.
viços à Forças Armadas (Marinha, Aeronáutica, Exército - art. 142,
caput, e § 3º, CF, Polícias Militares, Corpo de Bombeiros - art. 42, Empregos públicos: são núcleos de encargos de trabalho per-
CF). manentes a serem preenchidos por pessoas contratadas para de-
Aqueles que compõem os quadros permanentes das forças sempenhá-los, sob relação jurídica trabalhista (CLT) de natureza
militares possuem vinculação estatutária, e não contratual, mas o contratual e somente podem ser criados por lei.
regime jurídico é disciplinado por legislação específica diversa da
aplicável aos servidores civis. Função pública: é a atividade em si mesma, é a atribuição, as
Possui vínculo estatutário sujeito a regime jurídico próprio, me- tarefas desenvolvidas pelos servidores. São espécies:
diante remuneração paga pelos cofres públicos. a) Funções de confiança, exercidas exclusivamente por servi-
d) Particulares em colaboração / honoríficos: são prestadores dores ocupantes de cargo efetivo, e destinadas ás atribuições de
de serviços ao Estado sem vinculação permanente de emprego e chefia, direção e assessoramento;
sem remuneração. Essa categoria de agentes públicos pode ser b) Funções exercidas por contratados por tempo determinado
prestada de diversas formas, segundo entendimento de Celso An- para atender a necessidade temporária de excepcional interesse
tônio Bandeira de Mello, se dá por: público, nos termos da lei autorizadora, que deve advir de cada
- requisitados de serviço: como mesários e convocados para o ente federado.
serviço militar (conscritos);

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
REGIME JURÍDICO g) Recondução: retorno de servidor estável ao cargo que an-
Regime jurídico dos servidores públicos é o conjunto de nor- teriormente ocupava, seja por não ter sido habilitado no estágio
mas e princípios referentes a direitos, deveres e demais regras ju- probatório relativo a outro cardo para o qual tenha sido nomeado
rídicas normas que regem a vida funcional do servidor. A lei que ou por ter sido desalojado do cargo em razão de reintegração do
reúne estas regras é denominada de Estatuto e o regime jurídico servidor que ocupava o cargo anteriormente.
passa a ser chamado de regime jurídico Estatutário.
Vacância
No âmbito de cada pessoa política - União, Estados, Distrito Fe- A vacância é a situação jurídica atribuída a um cargo que está
deral e Municípios - há um Estatuto. A Lei nº 8.112 de 11/12/1990 sem ocupante. Vários fatos levam à vacância, entre os quais:
(por exemplo) estabeleceu que o regime jurídico Estatutário é o - o servidor pediu o desligamento (exoneração a pedido);
aplicável aos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e - o servidor foi desligado do cargo em comissão ou não iniciou
fundações públicas federais, ocupantes de cargos públicos. exercício (exoneração ex officio);
- o servidor foi punido com a perda do cargo (demissão);
Provimento - o servidor passou a exercer outro cargo ante limitações em
Segundo Hely Lopes Meirelles, é o ato pelo qual se efetua o sua capacidade física ou mental (readaptação);
preenchimento do cargo público, com a designação de seu titular. - aposentadoria ou falecimento do servidor;
Configura-se no ato de designação de um sujeito para titularizar - acesso ou promoção.
cargo público Podendo ser:
a) originário ou inicial: quando o agente não possui vinculação Para Di Pietro1, vacância é o ato administrativo pelo qual o ser-
anterior com a Administração Pública; vidor é destituído do cargo, emprego ou função.
b) derivado: pressupõe a existência de um vínculo com a Ad- Decorre de exoneração, demissão, aposentadoria, promoção e
ministração. falecimento. O artigo 33 da Lei 8.112/90 prevê ainda a readaptação
e a posse em outro cargo inacumulável. Mas a ascensão e a trans-
Posse: é o ato pelo qual uma pessoa assume, de maneira efe- formação deixaram de existir por força da Lei 9.527/97.
tiva, o exercício das funções para que foi nomeada, designada ou A exoneração não é penalidade; ela se dá a pedido ou ex offi-
eleita, ou seja, é sua investidura no cargo público. O ato da posse cio, neste caso quando se tratar de cargo em comissão ou função
determina a concordância e a vontade do sujeito em entrar no exer- de confiança; no caso de cargo efetivo, quando não satisfeitas as
cício, além de cumprir a exigência regulamentar. exigências do estágio probatório ou quando, tendo tomado posse,
o servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido.
Exercício: é o momento em que o servidor dá início ao desem- Já a demissão constitui penalidade decorrente da prática de ilí-
penho de suas atribuições de trabalho. A data do efetivo exercício cito administrativo; tem por efeito desligar o servidor dos quadros
é considerada como o marco inicial para a produção de todos os do funcionalismo.
efeitos jurídicos da vida funcional do servidor público e ainda para A promoção é, ao mesmo tempo, ato de provimento no cargo
o início do período do estágio probatório, da contagem do tempo superior e vacância no cargo inferior.
de contribuição para aposentadoria, período aquisitivo para a per- A readaptação, segundo artigo 24 da 8.112/90, “é a investidura
cepção de férias e outras vantagens remuneratórias. do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades compatí-
São formas de provimento: nomeação, promoção, readapta- veis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou
ção, reversão, aproveitamento, reintegração e recondução. mental verificada em inspeção médica”.
Efetividade, estabilidade e vitaliciedade
a) Nomeação: é o único caso de provimento originário, já que o Efetividade: cargos efetivos são aqueles que se revestem de ca-
servidor dependerá da aprovação prévia em concurso público e não ráter de permanência, constituindo a maioria absoluta dos cargos
possuirá relação anterior com o Estado; integrantes dos diversos quadros funcionais.
b) Promoção: é forma de provimento derivado (neste caso o Com efeito, se o cargo não é vitalício ou em comissão, terá que
agente público já se encontra ocupando o cargo) onde o servidor ser necessariamente efetivo. Embora em menor escala que nos
passará a exercer um cargo mais elevado dentro da carreira exer- cargos vitalícios, os cargos efetivos também proporcionam segu-
cida. rança a seus titulares; a perda do cargo, segundo art. 41, §1º da
c) Readaptação: espécie de transferência efetuada com a finali- Constituição Federal, só poderá ocorrer, quando estáveis, se houver
dade de prover o servidor em outro cargo compatível com eventual sentença judicial ou processo administrativo em que se lhes faculte
limitação de capacidade física ou mental, condicionada a inspeção ampla defesa, e agora também em virtude de avaliação negativa de
médica. desempenho durante o período de estágio probatório.
d) Reversão: trata-se do reingresso de servidor aposentado de
seu ofício por não subsistirem mais as razões que lhe determinarão Estabilidade: confere ao servidor público a efetiva permanên-
a aposentadoria por invalidez. cia no serviço após três anos de estágio probatório, após os quais
e) Aproveitamento: relaciona-se com a retomada do servidor só perderá o cargo se caracterizada uma das hipóteses previstas no
posto em disponibilidade (ato pelo qual se transfere o servidor à artigo 41, § 1º, ou artigo 169, ambos da CF.
inatividade remunerada de servidor estável em razão de extinção
Hipóteses:
do cargo ocupado ou destinado a reintegração de servidor), seja
a) em razão de sentença judicial com trânsito em julgado (art.
no mesmo cargo anteriormente ocupado ou em cargo equivalente
41, §1º, I, da CF);
quanto as atribuições e vencimentos.

f) Reintegração: retorno de servidor ilegalmente desligado de b) por meio de processo administrativo em que lhe seja assegu-
seu cargo. O reconhecimento do direito a reintegração pode decor- rada a ampla defesa (art. 41, § 1º, II, da CF);
rer de decisão proferida na esfera administrativa ou judicial.
1DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo, 31ª edição,
2018

89
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
c) mediante procedimento de avaliação periódica de desempe- nicipais, nem mesmo lei de qualquer esfera, criar outros cargos com
nho, na forma da lei complementar, assegurada ampla defesa (art. a garantia da vitaliciedade. Consequentemente, apenas Emenda à
41, § 1º, III, da CF); Constituição Federal poderá fazê-lo.
d) em virtude de excesso de despesas com o pessoal ativo e
inativo, desde que as medidas previstas no art. 169, § 3º, da CF, não Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e fun-
surtam os efeitos esperados (art. 169, § 4º, da CF). ções públicas
Com efeito, as várias competências previstas na Constituição
A estabilidade é a prerrogativa atribuída ao servidor que pre- para a União, Estados e Municípios são distribuídas entre seus res-
encher os requisitos estabelecidos na Constituição Federal que lhe pectivos órgãos, cada qual dispondo de determinado número de
garante a permanência no serviço. cargos criados por lei, que lhes confere denominação própria, defi-
O servidor estável, que tiver seu cargo extinto, não estará fora ne suas atribuições e fixa o padrão de vencimento ou remuneração.
da Administração Pública, porque a norma constitucional lhe garan- Criar um cargo é oficializá-lo, atribuindo a ele denominação
própria, número certo, funções determinadas, etc. Somente se cria
te estabilidade no serviço e não no cargo. Nesta hipótese o servidor
um cargo por meio de lei, logo cada Poder, no âmbito de suas com-
é colocado em disponibilidade remunerada, seguindo o disposto no
petências podem criar um cargo por meio da lei. No caso dos cargos
art. 41, § 3.º, da Constituição sendo sua remuneração calculada de
públicos da União, o vencimento é pago pelos cofres públicos, para
forma proporcional ao tempo de serviço.
provimento em caráter efetivo ou em comissão.
O servidor aprovado em concurso público de cargo regido pela A transformação ocorre quando há modificação ou alteração
lei 8112/90 e consequentemente nomeado passará por um período na natureza do cargo de forma que, ao mesmo tempo em que o
de avaliação, terá o novo servidor que comprovar no estágio proba- cargo é extinto, outro é criado. Somente se dá por meio de lei e há
tório que tem aptidão para exercer as atividades daquele cargo para o aproveitamento de todos os servidores quando o novo cargo tiver
o qual foi nomeado em tais fatores: o mesmo nível e atribuições compatíveis com o anterior.
a) Assiduidade; A extinção corresponde ao fim do cargo e também deve ser
b) Disciplina; efetuada por meio de lei.
c) Capacidade de iniciativa; No entanto, o art. 84, VI, “b” da Constituição Federal revela
d) Produtividade; exceção a norma geral ao atribuir competência para o Presidente
e) Responsabilidade. da República para dispor, mediante decreto, sobre a extinção de
funções ou cargos públicos quando vagos.
Atualmente o prazo mencionado de 3 anos de efetivo exercício
para o servidor público (de forma geral), adquirir estabilidade é o Desvio de função
que está previsto na Constituição, que foi alterado após a Emenda O servidor público deve exercer suas atividades funcionais res-
nº 19/98. peitando as competências e atribuições previstas para o cargo que
Muito embora, a Lei nº 8.112/90, no artigo 20 cite o prazo de 2 ocupa. Cumpre ressaltar que a lei que cria o cargo estabelece quais
anos, para que o servidor adquira estabilidade devemos considerar são os limites das atribuições e competências do cargo.
que o correto é o texto inserido na Constituição Federal, repita-se 3 No entanto, não raro identificar o servidor exercendo atribui-
anos de efetivo exercício. çoes diversas daquelas previstas em lei para o cargo atualmente
Como não houve uma revogação expressa de tais normas elas ocupado.
permanecem nos textos legais, mesmo que na prática não são apli- Por definição, o desvio de função do servidor público ocorre
cadas, pois ferem a CF (existe uma revogação tácita dessas normas). quando este desempenha função diversa daquela correspondente
ao cargo por ele legalmente investido mediante aprovação em con-
- Requisitos para adquirir estabilidade: curso público.
Quando constatada a ocorrência de desvio de função, o servi-
a) estágio probatório de três anos;
dor que teve suas atribuições desviadas faz jus a indenização relati-
b) nomeação em caráter efetivo;
vas as diferenças salarias decorrentes do desvio.
c) aprovação em avaliação especial de desempenho.
Este é o entendimento já consolidado pelo Superior Tribunal de
Justiça que editou Sumula a respeito.
Vitaliciedade: Cargos vitalícios são aqueles que oferecem a
Súmula nº 378 STJ
maior garantia de permanência a seus ocupantes. Somente através
“Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferen-
de processo judicial, como regra, podem os titulares perder seus
ças salariais decorrentes”.
cargos (art. 95, I, CF). Desse modo, torna-se inviável a extinção do
vínculo por exclusivo processo administrativo (salvo no período ini-
Importante esclarecer que em caso de desvio de função, o ser-
cial de dois anos até a aquisição da prerrogativa). A vitaliciedade
vidor público que teve as atribuições do cargo para o qual foi inves-
configura-se como verdadeira prerrogativa para os titulares dos
tido desviadas não tem direito ao reenquadramento funcional. Isso
cargos dessa natureza e se justifica pela circunstância de que é ne-
porque inafastável o princípio da imprescindibilidade de concurso
cessária para tornar independente a atuação desses agentes, sem
público para o preenchimento de cargos pela administração públi-
que sejam sujeitos a pressões eventuais impostas por determina-
ca, No entanto, tem direito a receber os vencimentos correspon-
dos grupos de pessoas.
dentes à função desempenhada.
Existem três cargos públicos vitalícios no Brasil:
- Magistrados (Art. 95, I, CF);
REMUNERAÇÃO
- Membros do Ministério Público (Art. 128, § 5º, I, “a”, CF);
Vencimento: é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo
- Membros dos Tribunais de Contas (Art. 73, §3º).
público, com valor fixado em lei.
Por se tratar de prerrogativa constitucional, em função da qual
cabe ao Constituinte aferir a natureza do cargo e da função para
atribuí-la, não podem Constituições Estaduais e Leis Orgânicas mu-

90
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Remuneração: é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das Direito de Petição: o direito de petição existe para a defesa do
vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. O acrés- direito ou interesse legítimo. É instrumento utilizado pelo servidor
cimo de vantagens permanentes ao vencimento do cargo efetivo é e dirigido à autoridade competente que deve decidir.
irredutível.
Constitui vedação legal o pagamento de remuneração inferior RESPONSABILIDADE
ao salário mínimo Ao exercer funções públicas, os servidores públicos não estão
desobrigados de se responsabilizar por seus atos, tanto atos públi-
IMPORTANTE: tanto o vencimento com a remuneração e o pro- cos quanto atos administrativos, além dos atos políticos, dependen-
vento não serão objeto de arresto, seqüestro ou penhora, exceto do de sua função, cargo ou emprego.
nos casos de prestação de alimentos resultante de decisão judicial. Esta responsabilidade é algo indispensável na atividade admi-
nistrativa, ou seja, enquanto houver exercício irregular de direito ou
DIREITOS E DEVERES de poder a responsabilidade deve estar presente.
Os direitos e vantagens dos servidores públicos, quais sejam: Quanto o Estado repara o dano, em homenagem à responsa-
vencimento, indenizações, gratificações, diárias, adicionais, férias, bilidade objetiva do Estado, fica com direito de regresso contra o
licenças, concessões e direito de petição. responsável que efetivamente causou o dano, isto é, com o direito
Indenizações: de acordo com o art. 51 da Lei nº 8.112/90 as in- de recuperar o valor da indenização junto ao agente que causador
denizações são constituídas pela ajuda de custo, diárias, transporte do dano.
e auxílio moradia. Efetivamente, o direito de regresso, em sede de responsabilida-
Ajuda de custo: A ajuda de custo destina-se a compensar as de estatal, configura-se na pretensão do Estado em buscar do seu
despesas de instalação do servidor que, no atendimento do inte- agente, responsável pelo dano, a recomposição do erário, uma vez
resse do serviço, passar a ter exercício em nova sede, desde que desfalcado do montante destinado ao pagamento da indenização
acarrete mudança de domicílio em caráter permanente. à vítima.
Constitui vedação legal o duplo pagamento de indenização, a Nesse aspecto, o direito de regresso é o direito assegurado ao
qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que dete- Estado no sentido de dirigir sua pretensão indenizatória contra o
nha também a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma agente responsável pelo dano, quando tenha este agido com culpa
sede. ou dolo.
Diárias: essa prerrogativa está regulamentada no art. 58 da Lei Neste contexto, o agente público poderá ser responsabilizado
nº 8.112/90. É devida ao servidor que se afastar da sede em caráter nos âmbitos civil, penal e administrativo.
eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou
para o exterior. São destinadas a indenizar as parcelas de despesas a) Responsabilidade Civil: A responsabilidade civil decorre de
extraordinárias com pousada, alimentação e locomoção urbana. ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em pre-
Gratificações e Adicionais: são tratados no art. 61 da Lei nº juízo ao erário ou a terceiros.
8.112/90 que as discrimina, a saber: Neste caso, responsabilidade civil se refere à responsabilidade
- retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e as- patrimonial, que faz referência aos Atos Ilícitos e que traz consigo a
sessoramento, regra geral da responsabilidade civil, que é de reparar o dano cau-
- gratificação natalina, sado a outrem.
- adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou A Administração Pública, confirmada a responsabilidade de
penosas, seus agentes, como preceitua a no art.37, §6, parte final do Texto
- adicional pela prestação de serviço extraordinário, Maior, é “assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
- adicional noturno, casos de dolo ou culpa”, descontará nos vencimentos do servidor
- adicional de férias, público, respeitando os limites mensais, a quantia exata para o res-
- outros (relativos ao local ou à natureza do trabalho), sarcimento do dano.
- gratificação por encargo de curso ou concurso.
b) Responsabilidade Administrativa: A responsabilidade admi-
Férias: é um direito que o servidor alcança após cumprir o pe- nistrativa é apurada em processo administrativo, assegurando-se
ríodo aquisitivo (12 meses). Consiste em um período de 30 dias de ao servidor o contraditório e a ampla defesa.
descanso que podem ser cumuladas até o máximo de dois perío- Uma vez constatada a prática do ilícito administrativo, ficará
dos, bem como podem ser parceladas em até três etapas. o servidor sujeito à sanção administrativa adequada ao caso, que
Licenças: de acordo com o art. 81 da referida lei a licença é con- poderá ser advertência, suspensão, demissão, cassação de aposen-
cedida por motivo de doença em pessoa da família, de afastamento tadoria ou disponibilidade, destituição de cargo em comissão ou
do cônjuge ou companheiro, para o serviço militar, para a atividade destituição de função comissionada.
política, para capacitação, para tratar de interesses particulares e A penalidade deve sempre ser motivada pela autoridade com-
para desempenho de mandato classista. petente para sua aplicação, sob pena de nulidade.
Concessões: existem quando é permitido ao servidor se ausen- Se durante a apuração da responsabilidade administrativa a
tar sem ter que arcar com quaisquer prejuízos. autoridade competente verificar que o ilícito administrativo tam-
O art. 97 da Lei nº 8.112/90 elenca as hipóteses de concessão, bém está capitulado como ilícito penal, deve encaminhar cópia do
vejamos: processo administrativo ao Ministério Público, que irá mover ação
- por um dia para doação de sangue, penal contra o servidor
- pelo período comprovadamente necessário para alistamen-
to ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer caso a dois c) Responsabilidade Penal: A responsabilidade penal do servi-
dias, dor é a que resulta de uma conduta tipificada por lei como infração
- por oito dias consecutivos em razão de casamento, falecimen- penal. A responsabilidade penal abrange crimes e contravenções
to de cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou padrasto, filhos, en- imputadas ao servidor, nessa qualidade.
teados, menor sob guarda ou tutela ou irmãos.

91
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Os crimes funcionais estão definidos no Código Penal, artigos Das Proibições
312 a 326, como o peculato, a concussão, a corrupção passiva, a De acordo com o estatuto federal, aplicável aos Servidores Pú-
prevaricação etc. Outros estão previstos em leis especiais federais. blicos Civis da União, das autarquias e fundações públicas federais,
ocupantes de cargos público, seu artigo 117 traz um rol de proibi-
A responsabilidade penal do servidor é apurada em Juízo Cri- ções sendo elas:
minal. Se o servidor for responsabilizado penalmente, sofrerá uma - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia au-
sanção penal, que pode ser privativa de liberdade (reclusão ou de- torização do chefe imediato;
tenção), restritiva de direitos (prestação pecuniária, perda de bens - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qual-
e valores, prestação de serviço à comunidade ou a entidades públi- quer documento ou objeto da repartição;
cas, interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana) - recusar fé a documentos públicos;
ou multa (Código Penal, art. 32). - opor resistência injustificada ao andamento de documento e
Importante ressaltar que a decisão penal, apurada por causa processo ou execução de serviço;
da responsabilidade penal do servidor, só terá reflexo na responsa- - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto
bilidade civil do servidor se o ilícito penal tiver ocasionado prejuízo da repartição;
patrimonial (ilícito civil). - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previs-
tos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabi-
Nos termos do que estabelece o artigo 125 da Lei 8.112/90, as lidade ou de seu subordinado;
sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a as-
independentes entre si. sociação profissional ou sindical, ou a partido político;
A responsabilidade administrativa do servidor será afastada - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de con-
se, no processo criminal, o servidor for absolvido por ter sido de- fiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil;
clarada a inexistência do fato ou, quando o fato realmente existiu, - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem,
não tenha sido imputada sua autoria ao servidor. Notem que, se o em detrimento da dignidade da função pública;
servidor for absolvido por falta ou insuficiência de provas, a respon- - participar de gerência ou administração de sociedade privada,
sabilidade administrativa não será afastada. personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na
qualidade de acionista, cotista ou comanditário;
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
O Regime Disciplinar é o conjunto de deveres, proibições, que A essa vedação existe duas exceções, já que o servidor poderá:
geram responsabilidades aos agentes públicos. Descumprido este I - participação nos conselhos de administração e fiscal de em-
rol, se apura os ilícitos administrativos, onde gera as sanções dis- presas ou entidades em que a União detenha, direta ou indireta-
ciplinares. mente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa
Com o intuito de responsabilizar quem comete faltas adminis- constituída para prestar serviços a seus membros;
trativas, atribui-se à Administração o Poder Disciplinar do Estado, II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na
que assegura a responsabilização dos agentes públicos quando co- forma do art. 91 (8.112), observada a legislação sobre conflito de
mentem ações que contrariam seus deveres e proibições relacio- interesses.
nados às atribuições do cargo, função ou emprego de que estão - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições
investidos. Por consequência dos descumprimentos legais, há a públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou
aplicação de sanções disciplinares, conforme dispõe a legislação. assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou com-
panheiro;
Dos Deveres - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qual-
Via de regra, os estatutos listam condutas e proibições a serem quer espécie, em razão de suas atribuições;
observadas pelos servidores, configurando, umas e outras, os seus - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro;
deveres como dois lados da mesma moeda. Por exemplo: a proibi- - praticar usura sob qualquer de suas formas;
ção de proceder de forma desidiosa equivale ao dever de exercer - proceder de forma desidiosa;
com zelo as atribuições do cargo. Por isso, podem ser englobados - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em servi-
sob a rubrica “deveres” os que os estatutos assim intitulam e os que ços ou atividades particulares;
os estatutos arrolam como proibições. - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que
- Dever de Agir: Devem os administradores agirem em benefí- ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias;
cio da coletividade. - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o
- Dever de Probidade: O agente público deve agir de forma exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;
honesta e em conformidade com os princípios da legalidade e da - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicita-
moralidade. do.
- Dever de Prestar Contas: Todo administrador deve prestar
contas do dinheiro público. Infrações e Sanções Administrativas/Penalidades
- Dever de Eficiência: Deve elaborar suas funções perfeição e Os servidores públicos de cada âmbito - União, Estados, Distrito
rendimento funcional. Federal e Municípios - têm um Estatuto próprio. Quanto aos agen-
- Dever de Urbanidade: Deve o servidor ser cordial com os de- tes públicos Federais rege a Lei nº 8.112/1990, já o regimento dos
mais colegas de trabalho e com o público em geral. demais depende de cada Estado/Município.
- Dever de Assiduidade: O servidor deve comparecer em seu Devido ao princípio da Legalidade, todos os agentes devem fa-
serviço, a fim de cumprir seu horário conforme determinado. zer aquilo que está restrito em lei, e caso algum deles descumpram
a legislação, ocorre uma infração administrativa, pelo poder discipli-
nar, os agentes infratores estão sujeitos a penalidades, que podem

92
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
ser: advertência, suspensão, demissão, cassação de aposentadoria XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun-
ou disponibilidade, destituição de cargo em comissão e destituição ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e
de função comissionada. fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
Para uma aplicação de penalidade justa deve ser considerada Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pen-
provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou sões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
atenuantes e os antecedentes funcionais. ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra na-
É necessário que cada penalidade imposta mencione o funda- tureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
mento legal e a causa da sanção disciplinar. Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,
nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Exe-
cutivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do
A Constituição Federal, em capítulo específico determina as Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de
diretrizes a serem adotadas pela Administração Pública no trata- Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
mento de normas específicas aos ocupantes de cargos e empregos cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
públicos da Administração Direta ou Indireta. Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite
Vejamos os dispositivos constitucionais relativos ao tema. aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defen-
sores Públicos;
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder
CAPÍTULO VII Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu-
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA tivo;
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es-
SEÇÃO I pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do
DISPOSIÇÕES GERAIS serviço público;
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer não serão computados nem acumulados para fins de concessão de
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- acréscimos ulteriores;
pios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mora- XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e em-
lidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: pregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
como aos estrangeiros, na forma da lei; exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de apro- qualquer caso o disposto no inciso XI:
vação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, a) a de dois cargos de professor;
de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; saúde, com profissões regulamentadas;
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções
anos, prorrogável uma vez, por igual período; e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo- economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta
cação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro- ou indiretamente, pelo poder público;
vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa- XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais te-
dos para assumir cargo ou emprego, na carreira; rão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servi- sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;
dores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e per- autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de econo-
centuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribui-
mia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último
ções de direção, chefia e assessoramento;
caso, definir as áreas de sua atuação;
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre asso-
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria-
ciação sindical;
ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior,
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites
definidos em lei específica; assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro-
sua admissão; cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de- todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações
terminado para atender a necessidade temporária de excepcional de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter-
interesse público; mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por obrigações.
lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, asse- XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do
gurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funciona-
de índices; mento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas,

93
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco cen-
atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de tésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e cam- subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
panhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informa- § 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser rea-
tivo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, daptado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabilida-
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de auto- des sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua
ridades ou servidores públicos. capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição,
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos
nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de ori-
da lei. gem.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na § 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo
de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública,
administração pública direta e indireta, regulando especialmente:
inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o rom-
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos
pimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição.
em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade
§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias de ser-
dos serviços; vidores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor- não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que
mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X não seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência
e XXXIII; social.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica
ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública. e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as se-
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a sus- guintes disposições:
pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indispo- I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital,
nibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e grada- ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
ção previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos pra- emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remunera-
ticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ção;
ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili-
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito priva- dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego
do prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocu- de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos
pante de cargo ou emprego da administração direta e indireta que os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
possibilite o acesso a informações privilegiadas. V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previ-
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos dência social, permanecerá filiado a esse regime, no ente federativo
órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser de origem. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administra- 2019)
dores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de
desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: SEÇÃO II
I - o prazo de duração do contrato; DOS SERVIDORES PÚBLICOS
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direi-
tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
III - a remuneração do pessoal. instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às planos de carreira para os servidores da administração pública dire-
sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem ta, das autarquias e das fundações públicas. (Vide ADIN nº 2.135-4)
recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Muni- Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
cípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em instituirão conselho de política de administração e remuneração de
geral. pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Po-
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de apo- deres. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
sentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a re- (Vide ADIN nº 2.135-4)
muneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais compo-
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos nentes do sistema remuneratório observará:
e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos
exoneração. cargos componentes de cada carreira;
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remunera- II - os requisitos para a investidura;
tórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de III - as peculiaridades dos cargos.
caráter indenizatório previstas em lei. § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores
fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisi-
mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como tos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração
limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo de convênios ou contratos entre os entes federados.

94
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o dis- § 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados
posto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, para concessão de benefícios em regime próprio de previdência so-
XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de cial, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação
admissão quando a natureza do cargo o exigir. dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os § 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferencia-
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela úni- dos para aposentadoria de servidores com deficiência, previamente
ca, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multi-
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, profissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda Constitucional
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. nº 103, de 2019)
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- § 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
cípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor remu- pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferencia-
neração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o dos para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente peniten-
disposto no art. 37, XI. ciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de que
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art.
anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela Emenda
empregos públicos. Constitucional nº 103, de 2019)
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- § 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do
cípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários provenien- respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferen-
tes da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia ciados para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam
e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e bio-
qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, mo- lógicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada
dernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público, a caracterização por categoria profissional ou ocupação. (Incluído
inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade. pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em § 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima
carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter tempo- aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem
rário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de cargo tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação
em comissão à remuneração do cargo efetivo. (Incluído pela Emen- infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei comple-
da Constitucional nº 103, de 2019) mentar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores Constitucional nº 103, de 2019)
titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos
mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de
ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de previdên-
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela cia social, aplicando-se outras vedações, regras e condições para a
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no Regime
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda Constitu-
social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional cional nº 103, de 2019)
nº 103, de 2019) § 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se tratar
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o be-
que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese nefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do
em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a
verificação da continuidade das condições que ensejaram a conces- hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente
são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo; de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preser-
de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta var-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios
e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; estabelecidos em lei.
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, § 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou
se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, municipal será contado para fins de aposentadoria, observado o
e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço corres-
idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Cons- pondente será contado para fins de disponibilidade. (Redação dada
tituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo § 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de conta-
ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, gem de tempo de contribuição fictício.
de 2019) § 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos
§ 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumu-
ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201 ou superiores lação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras ativi-
ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência dades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência
Social, obser vado o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela social, e ao montante resultante da adição de proventos de inativi-
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) dade com remuneração de cargo acumulável na forma desta Cons-
§ 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria se- tituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
rão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. (Redação exoneração, e de cargo eletivo.
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em re- I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o
gime próprio de previdência social, no que couber, os requisitos e Regime Geral de Previdência Social; (Incluído pela Emenda Consti-
critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social. (Reda- tucional nº 103, de 2019)
ção dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos re-
§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de cursos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera- III - fiscalização pela União e controle externo e social; (Incluído
ção, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
emprego público, o Regime Geral de Previdência Social. (Redação IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído pela
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ins- V - condições para instituição do fundo com finalidade previ-
tituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime denciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele dos recur-
de previdência complementar para servidores públicos ocupantes sos provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de
de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do Re- qualquer natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
gime Geral de Previdência Social para o valor das aposentadorias e 2019)
das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado VI - mecanismos de equacionamento do deficit atuarial; (Inclu-
o disposto no § 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº ído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
103, de 2019) VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, ob-
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § servados os princípios relacionados com governança, controle inter-
14 oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contribui- no e transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103,
ção definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por de 2019)
intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles
de entidade aberta de previdência complementar. (Redação dada que desempenhem atribuições relacionadas, direta ou indiretamen-
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) te, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda Constitucional
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o dis- nº 103, de 2019)
posto nos § § 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver in- IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído pela
gressado no serviço público até a data da publicação do ato de ins- Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
tituição do correspondente regime de previdência complementar. X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cál- de alíquota de contribuições ordinárias e extraordinárias. (Incluído
culo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados, pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
na forma da lei. Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser-
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentado- vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
rias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que concurso público.
superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado
igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu-
§ 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do rada ampla defesa;
respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo que III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem-
tenha completado as exigências para a aposentadoria voluntária e penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
que opte por permanecer em atividade poderá fazer jus a um abo- § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
no de permanência equivalente, no máximo, ao valor da sua con- estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se es-
tribuição previdenciária, até completar a idade para aposentadoria tável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
compulsória. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com re-
2019) muneração proporcional ao tempo de serviço.
§ 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser-
previdência social e de mais de um órgão ou entidade gestora des- vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração propor-
se regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes, cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em
órgãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão responsá- outro cargo.
veis pelo seu financiamento, observados os critérios, os parâmetros § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obriga-
e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o tória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída
§ 22. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) para essa finalidade.
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá ape-
nas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA POR SERVIDORES CELETISTA
que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os bene- A Polícia Administrativa é manifestada por meio de atos norma-
fícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201 tivos e de alcance geral, bem como de atos concretos e específicos.
desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for por- Além disso, outra característica marcante dos atos expedidos
tador de doença incapacitante (Incluído pela Emenda Constitucio- por força da Polícia Administrativa são os atos revestidos de contro-
nal nº 47, de 2005) (Revogado pela Emenda Constitucional nº 103, le e fiscalização.
de 2019) (Vigência) (Vide Emenda Constitucional nº 103, de 2019) A atividade administrativa que envolve atos fiscalizadores e de
§ 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de previ- controle , os quais a Administração Pública pretende a prevenção
dência social, lei complementar federal estabelecerá, para os que de atos lesivos ao bem estar social ou saúde pública não podem ser
já existam, normas gerais de organização, de funcionamento e de proferidos por servidores com regime contratual – CLT.
responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros aspectos, Esta é a grande polêmica envolvendo a prática de atos admi-
sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) nistrativos revestidos de Poder de Polícia quando praticados por
servidores celetistas.

96
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Conforme ressaltado pela melhor doutrina, Celso António Ban- prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele que
deira de Mello afirma que “o regime normal dos servidores públicos for aprovado será convocado com prioridade sobre novos concursa-
teria mesmo de ser o estatutário, pois este (ao contrário do regime dos para assumir cargo ou emprego.
trabalhista) é o concebido para atender a peculiaridades de um vín-
culo no qual não estão em causa tão-só interesses empregatícios, Direito de acesso aos cargos, empregos e funções públicas
mas onde avultam interesses públicos são os próprios instrumentos A Constituição Federal estabelece o Princípio da Ampla Aces-
de atuacão do Estado”. sibilidade aos cargos, funções e empregos públicos aos brasileiros
A jurisprudência já se manifestou neste sentido no julgamento que preencham os requisitos estabelecidos em lei específica, bem
da cautelar da ADin no 2.310, o Supremo examinou a lei que trata como aos estrangeiros, na forma da lei.
dos agentes públicos de agências reguladoras (Lei no 9.985/2000), Tal princípio que garante a ampla acessibilidade tem por objeti-
e ali se posicionou contrário à contratação de servidores em regime vo proporcionar iguais oportunidades de disputar, por meio de con-
celetista para a execução de atos revestidos com o Poder de Polícia curso público, o preenchimento em cargos ou empregos públicos
no ato de fiscalização. De acordo com o ministro Marco Aurélio, re- na Administração Direta ou Indireta.
lator:
“...prescindir, no caso, da ocupação de cargos públicos, com os Requisito de inscrição e requisitos de cargos
direitos e garantias a eles inerentes, é adotar flexibilidade incompa- Nas regras gerais constantes nos editais de concursos públicos
tível com a natureza dos serviços a serem prestados, igualizando os é vedada a inclusão de cláusulas discriminatórias entre brasileiros
servidores das agências a prestadores de serviços subalternos, dos natos e naturalizados, salvo para preenchimento de cargos específi-
quais não se exige, até mesmo, escolaridade maior, como são ser- cos mencionados no artigo 12, § 3º da Constituição Federal.
ventes, artífices, mecanógrafos, entre outros. Atente-se para as es- Artigo 12.
pécies. Está-se diante de atividade na qual o poder de fiscalização, [...]
o poder de polícia fazem- se com envergadura ímpar, exigindo, por § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
isso mesmo, que aquele que a desempenhe sinta-se seguro, atue I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
sem receios outros, e isso pressupõe a ocupação de cargo público II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
(…). Em suma, não se coaduna com os objetivos precípuos das agên- III - de Presidente do Senado Federal;
cias reguladoras, verdadeiras autarquias, embora de caráter espe- IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
cial, a flexibilidade inerente aos empregos públicos, impondo-se a V - da carreira diplomática;
adoção da regra que é revelada pelo regime de cargo público, tal VI - de oficial das Forças Armadas.
como ocorre em relação a outras atividades fiscalizadoras — fiscais VII - de Ministro de Estado da Defesa.
do trabalho, de renda, servidores do Banco Central, dos Tribunais
de Contas etc.” Ademais, em decorrência do mandamento constitucional do
Portanto, muito embora não tenha previsão legal, o entendi- artigo 7º, XXX, em princípio não seria admissível restrições de con-
mento construído pela doutrina e jurisprudência entende que o crrencia em concurso público por motivos de idade ou sexo para
emprego público, de natureza contratual (CLT) é incompatível com a regular admissão em cargos e empregos públicos, no entanto, o
a atividade a ser desenvolvida quando se exige a incidência de ato mencionado artigo constitucional prevê a possibilidade de se insti-
com poder de polícia. O cargo público, sim, é cercado de garantias tuírem requisitos específicos e diferenciados de admissão quando
institucionais, destinadas a dar proteção e independência ao servi- a natureza do cargo assim exigir. Exemplo: Teste de Aptidão Física
dor para prestar a manifestação do Estado quando no exercício do – TAF - permite exigência sequência de exercícios fisicos diferencia-
Poder de Polícia. dos entre homens e mulheres.
Quanto aos requisitos específicos para investidura em cargos
REGIME CONSTITUCIONAL DOS SERVIDORES PÚBLICOS públicos, a Lei 8.112/90, em seu artigo 5º assim determina:
Concurso público
Via de regra, para que ocorra a legal investidura em cargou ou Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo público:
emprego público é necessária prévia aprovação em concurso de I - a nacionalidade brasileira;
prova ou de provas e títulos, levando em consideração a natureza e II - o gozo dos direitos políticos;
a complexidade do cargo ou emprego.Quanto as normas constitu- III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
cionais acerca da obrigatoriedade de concurso para o preenchimen- IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
to de cargos públicos V - a idade mínima de dezoito anos;
A jurisprudência é pacífica quanto a necessidade de aprovação VI - aptidão física e mental.
previa em concurso público para ocupar cargo na estrutura admi-
nistrativa. Ainda em homenagem ao Princípio da Acessibilidade aos car-
Súmula Vinculante 43 É inconstitucional toda modalidade de gos e empregos públicos, o texto constitucional determina que a lei
provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia apro- deverá reservar percentual do total das vagas a serem preenchidas
vação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo por concurso público de cargos e empregos públicos para as pesso-
que não integra a carreira na qual anteriormente investido. as portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão.

Exceção: As nomeação efetuadas pela Administração Pública Invalidação do concurso


para preenchimento de cargo em comissão declarado em lei de li- Conforme mencionado, os concursos públicos devem ser rea-
vre nomeação e exoneração dispensa a realização e aprovação em lizados previamente para o preenchimento de cargos e empregos
concurso público. públicos, devendo para tanto dispensar tratamento impessoal e
O concurso público terá prazo de validade de até dois anos, igualitário entre os interessados, sendo certo que a ausência desse
podendo ser prorrogável uma única vez por igual período. Em ho- tratamento causaria fraude a ordem constitucional de realização de
menagem ao princípio constitucional da impessoalidade, durante o concurso público.

97
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Neste contexto, são inválidas as disposições constantes em edi- Estágio experimental, estágio probatório e Estabilidade
tais ou normas de admissão em cargos e empregos públicos que O instituto da Estabilidade corresponde à proteção ao ocupan-
desvirtuam as finalidades da realização do concurso público. te do cargo, garantindo, não de forma absoluta, a permanência no
Caso se identifique qualquer norma ou cláusula constante em Serviço Público, o que permite a execução regular de suas ativida-
edital que inviabilize ou dificulte a ampla participação daqueles que des, visando exclusivamente o alcance do interesse coletivo.
preencham os requisitos mínimos ou então que direcione, de qual-
quer forma, com o objetivo de beneficiar ou prejudicar alguém em No entanto, para se conquistar a estabilidade prevista constitu-
concurso público poderá acarretar na invalidação de todo o certa- cionalmente é necessário superar a etapa de estágio experimental
me. ou também chamada de estágio probatório, que pressupõe a reali-
O direito à revisão judicial de provas e exames seletivos à luz zação de avaliação de desempenho e transpor o período de 3 (três)
dos tribunais pátrios anos de efetivo desempenho da função.
A Avaliação de Desempenho é uma importante ferramenta de
O controle judicial dos atos administrativos é preceito básico Gestão de Pessoas que corresponde a uma análise sistemática do
do Estado de Direito com status de garantia constitucional, nos ter- desempenho do profissional em função das atividades que realiza,
mos do que estabelece o artigo 5º, XXXV da Constituição Federal das metas estabelecidas, dos resultados alcançados e do seu poten-
de 1988. cial de desenvolvimento.

Art. 5º PODERES ADMINISTRATIVOS: PODER HIERÁRQUICO;


[...] PODER DISCIPLINAR; PODER REGULAMENTAR; PODER
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão DE POLÍCIA; USO E ABUSO DO PODER
ou ameaça a direito;

Esta, inclusive, se configura em função típica do Poder Judici- O poder administrativo representa uma prerrogativa especial
ário, exercer o controle legal dos atos editados pela ente estatal, de direito público (conjunto de normas que disciplina a atividade
como forma de controle externo da Administração Pública. estatal) outorgada aos agentes do Estado, no qual o administrador
Neste contexto, ainda é complexa a discussão sobre a legiti- público para exercer suas funções necessita ser dotado de alguns
midade do Poder Judiciário exercer revisão judicial de questões e poderes.
resultados em provas de concurso público. Esses poderes podem ser definidos como instrumentos que
É crescente a demanda de candidatos que buscam na tutela do possibilitam à Administração cumprir com sua finalidade, contudo,
Poder Judiciário a revisão de resultados de concursos públicos, atri- devem ser utilizados dentro das normas e princípios legais que o
buindo as bancas organizadoras, entre outros argumentos, a carên- regem.
cia de razoabilidade, proporcionalidade, isonomia e transparência Vale ressaltar que o administrador tem obrigação de zelar pelo
durante a realização do certame. dever de agir, de probidade, de prestar contas e o dever de pautar
A jurisprudência dos nossos Tribunais tem-se orientado no sen- seus serviços com eficiência.
tido de que só são passíveis de reexame judicial as questões cuja
impugnação se funda na ilegalidade da avaliação ou dos graus con- PODER HIERÁRQUICO
feridos pelos examinadores ou ainda a ausência de impessoalidade A Administração Pública é dotada de prerrogativa especial de
dedicada nas provas com privilégios exorbitantes a determinados organizar e escalonar seus órgãos e agentes de forma hierarquiza-
candidatos, com a exclusão arbitrária de outros. da, ou seja, existe um escalonamento de poderes entre as pessoas
Nos Estados de Direito, em que vige o princípio da legalidade, e órgãos internamente na estrutura estatal
não há espaço para arbitrariedades estatais, ao impor a Ordem Jurí- É pelo poder hierárquico que, por exemplo, um servidor está
dica, não ficando de toda sorte excluída da apreciação judicial toda obrigado a cumprir ordem emanada de seu superior desde que não
lesão ou ameaça a direito, inclusive quanto ao possível reexame sejam manifestamente ilegais. É também esse poder que autoriza a
judicial de atos praticados durante os concursos públicos ou pro- delegação, a avocação, etc.
cessos de seleção. A lei é quem define as atribuições dos órgãos administrativos,
bem como cargos e funções, de forma que haja harmonia e unidade
Da investidura do servidor público de direção. Percebam que o poder hierárquico vincula o superior e
A investidura em cargo público, mesmo nos casos em que o o subordinado dentro do quadro da Administração Pública.
cargo não é vitalício ou em comissão, terá que ser necessariamente Compete ainda a Administração Pública:
efetivo. a) editar atos normativos (resoluções, portarias, instruções),
Embora em menor escala que nos cargos vitalícios, os cargos que tenham como objetivo ordenar a atuação dos órgãos subordi-
efetivos também proporcionam segurança a seus titulares; a perda nados, pois refere-se a atos normativos que geram efeitos internos
do cargo, segundo art. 41, §1º da Constituição Federal, só poderá e não devem ser confundidas com os regulamentos, por serem de-
ocorrer, quando estáveis, se houver sentença judicial ou processo correntes de relação hierarquizada, não se estendendo a pessoas
administrativo em que se lhes faculte ampla defesa, e agora tam- estranhas;
bém em virtude de avaliação negativa de desempenho durante o b) dar ordens aos subordinados, com o dever de obediência,
período de estágio probatório. salvo para os manifestamente ilegais;
Isso lhe garante que, uma vez legalmente investido em cargo c) controlar a atividade dos órgãos inferiores, com o objetivo de
público passa a ser representante do Estado nas manifestações verificar a legalidade de seus atos e o cumprimento de suas obriga-
proferidas durante o exercício do cargo, e assim, passa a gozar de ções, permitindo anular os atos ilegais ou revogar os inconvenien-
prerrogativas especiais (típicas de direito público) com o objetivo de tes, seja ex. officio (realiza algo em razão do cargo sem nenhuma
satisfazer as demandas coletivas. provocação) ou por provocação dos interessados, através dos re-
cursos hierárquicos;

98
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
d) avocar atribuições, caso não sejam de competência exclusiva PODER DE POLÍCIA
do órgão subordinado; É certo que o cidadão possui garantias e liberdades individuais
e) delegação de atribuições que não lhe sejam privativas. e coletivas com previsão constitucional, no entanto, sua utilização
deve respeitar a ordem coletiva e o bem estar social.
A relação hierárquica é acessória da organização administrati- Neste contexto, o poder de polícia é uma prerrogativa confe-
va, permitindo a distribuição de competências dentro da organiza- rida à Administração Pública para condicionar, restringir e limitar
ção administrativa para melhor funcionamento das atividades exe- o exercício de direitos e atividades dos particulares em nome dos
cutadas pela Administração Pública. interesses da coletividade.
Possui base legal prevista no Código Tributário Nacional, o qual
PODER DISCIPLINAR conceitua o Poder de Polícia:
O Poder Disciplinar decorre do poder punitivo do Estado de- Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administra-
corrente de infração administrativa cometida por seus agentes ou ção pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou li-
por terceiros que mantenham vínculo com a Administração Pública. berdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
Não se pode confundir o Poder Disciplinar com o Poder Hierár- interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
quico, sendo que um decorre do outro. Para que a Administração costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de
possa se organizar e manter relação de hierarquia e subordinação é atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização
necessário que haja a possibilidade de aplicar sanções aos agentes do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à proprie-
que agem de forma ilegal. dade e aos direitos individuais ou coletivos.
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de
A aplicação de sanções para o agente que infringiu norma de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites
caráter funcional é exercício do poder disciplinar. Não se trata aqui da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se
de sanções penais e sim de penalidades administrativas como ad- de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou des-
vertência, suspensão, demissão, entre outras. vio de poder.
Estão sujeitos às penalidades os agentes públicos quando pra-
ticarem infração funcional, que é aquela que se relaciona com a Os meios de atuação da Administração no exercício do poder
atividade desenvolvida pelo agente. de polícia compreendem os atos normativos que estabelecem limi-
É necessário que a decisão de aplicar ou não a sanção seja tações ao exercício de direitos e atividades individuais e os atos ad-
motivada e precedida de processo administrativo competente que ministrativos consubstanciados em medidas preventivas e repressi-
garanta a ampla defesa e o contraditório ao acusado, evitando me- vas, dotados de coercibilidade.
didas arbitrárias e sumárias da Administração Pública na aplicação A competência surge como limite para o exercício do poder de
da pena. polícia. Quando o órgão não for competente, o ato não será consi-
derado válido.
PODER REGULAMENTAR O limite do poder de atuação do poder de polícia não poderá
É o poder que tem os chefes do Poder Executivo de criar e edi- divorciar-se das leis e fins em que são previstos, ou seja, deve-se
tar regulamentos, de dar ordens e de editar decretos, com a finali- condicionar o exercício de direitos individuais em nome da coleti-
dade de garantir a fiel execução à lei, sendo, portanto, privativa dos vidade.
Chefes do Executivo e, em princípio, indelegável.
Podemos dizer então que esse poder resulta em normas inter- Limites
nas da Administração. Como exemplo temos a seguinte disposição Mesmo que o ato de polícia seja discricionário, a lei impõe al-
constitucional (art. 84, IV, CF/88): guns limites quanto à competência, à forma, aos fins ou ao objeto.
Em relação aos fins, o poder de polícia só deve ser exercido
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: para atender ao interesse público. A autoridade que fugir a esta re-
[...] gra incidirá em desvio de poder e acarretará a nulidade do ato com
IV – sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como todas as consequências nas esferas civil, penal e administrativa.
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução. Dessa forma, o fundamento do poder de polícia é a predomi-
nância do interesse público sobre o particular, logo, torna-se escuso
A função do poder regulamentar é estabelecer detalhes e os qualquer benefício em detrimento do interesse público.
procedimentos a serem adotados quanto ao modo de aplicação de
dispositivos legais expedidos pelo Poder Legislativo, dando maior Atributos do poder de polícia
clareza aos comandos gerais de caráter abstratos presentes na lei. Os atributos do poder de polícia, busca-se garantir a sua execu-
- Os atos gerais são os atos como o próprio nome diz, geram ção e a prioridade do interesse público. São eles: discricionarieda-
efeitos para todos (erga omnes); e de, autoexecutoriedade e coercibilidade.
- O caráter abstrato é aquele onde há uma relação entre a cir- - Discricionariedade: a Administração Pública goza de liberdade
cunstância ou atividade que poderá ocorrer e a norma regulamen- para estabelecer, de acordo com sua conveniência e oportunidade,
tadora que disciplina eventual atividade. quais serão os limites impostos ao exercício dos direitos individuais
Cabe destacar que as agências reguladoras são legalmente e as sanções aplicáveis nesses casos. Também confere a liberdade
dotadas de competência para estabelecer regras disciplinando os de fixar as condições para o exercício de determinado direito.
respectivos setores de atuação. É o denominado poder normativo
das agências. No entanto, a partir do momento em que são fixados esses li-
Tal poder normativo tem sua legitimidade condicionada ao mites, com suas posteriores sanções, a Administração será obrigada
cumprimento do princípio da legalidade na medida em que os atos a cumpri-las, ficando dessa maneira obrigada a praticar seus atos
normativos expedidos pelas agências ocupam posição de inferiori- vinculados.
dade em relação à lei dentro da estrutura do ordenamento jurídico.

99
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
- Autoexecutoriedade: Não é necessário que o Poder Judiciário
intervenha na atuação da Administração Pública. No entanto, essa ATO ADMINISTRATIVO: VALIDADE, EFICÁCIA; ATRI-
liberdade não é absoluta, pois compete ao Poder Judiciário o con- BUTOS; EXTINÇÃO, DESFAZIMENTO E SANATÓRIA;
trole desse ato. CLASSIFICAÇÃO, ESPÉCIES E EXTERIORIZAÇÃO; VINCU-
Somente será permitida a autoexecutoriedade quando esta for LAÇÃO E DISCRICIONARIEDADE
prevista em lei, além de seu uso para situações emergenciais, em
que será necessária a atuação da Administração Pública. CONCEITO
Vale lembrar que a administração pública pode executar, por Ato Administrativo, em linhas gerais, é toda manifestação lícita
seus próprios meios, suas decisões, não precisando de autorização e unilateral de vontade da Administração ou de quem lhe faça às
judicial. vezes, que agindo nesta qualidade tenha por fim imediato adquirir,
transferir, modificar ou extinguir direitos e obrigações.
- Coercibilidade: Limita-se ao princípio da proporcionalidade, Para Hely Lopes Meirelles: “toda manifestação unilateral de
na medida que for necessária será permitido o uso da força par vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, te-
cumprimento dos atos. A coercibilidade é um atributo que torna nha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, ex-
obrigatório o ato praticado no exercício do poder de polícia, inde- tinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados
pendentemente da vontade do administrado. ou a si própria”.
Para Maria Sylvia Zanella di Pietro ato administrativo é a “de-
Uso e Abuso De Poder claração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos
Sempre que a Administração extrapolar os limites dos pode- jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de
res aqui expostos, estará cometendo uma ilegalidade. A ilegalidade direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário”.
traduz o abuso de poder que, por sua vez, pode ser punido judicial- Conforme se verifica dos conceitos elaborados por juristas
mente. administrativos, esse ato deve alcançar a finalidade pública, onde
O abuso de poder pode gerar prejuízos a terceiros, caso em que serão definidas prerrogativas, que digam respeito à supremacia do
a Administração será responsabilizada. Todos os Poderes Públicos interesse público sobre o particular, em virtude da indisponibilidade
estão obrigados a respeitar os princípios e as normas constitucio- do interesse público.
nais, qualquer lesão ou ameaça, outorga ao lesado a possibilidade Os atos administrativos podem ser delegados, assim os parti-
do ingresso ao Poder Judiciário. culares recebem a delegação pelo Poder Público para prática dos
A responsabilidade do Estado se traduz numa obrigação, atri- referidos atos.
buída ao Poder Público, de compor os danos patrimoniais causados Dessa forma, os atos administrativos podem ser praticados pelo
a terceiros por seus agentes públicos tanto no exercício das suas Estado ou por alguém que esteja em nome dele. Logo, pode-se con-
atribuições quanto agindo nessa qualidade. cluir que os atos administrativos não são definidos pela condição
da pessoa que os realiza. Tais atos são regidos pelo Direito Público.
Desvio de Poder
O desvio significa o afastamento, a mudança de direção da que REQUISITOS
fora anteriormente determinada. Este tipo de ato é praticado por São as condições necessárias para a existência válida do ato.
autoridade competente, que no momento em que pratica tal ato, Os requisitos dos atos administrativos são cinco:
distinto do que é visado pela norma legal de agir, acaba insurgindo - Competência: o ato deve ser praticado por sujeito capaz. Tra-
no desvio de poder. ta-se de requisito vinculado, ou seja, para que um ato seja válido
deve-se verificar se foi praticado por agente competente.
Segundo Cretella Júnior: O ato deve ser praticado por agente público, assim considerado
“o fim de todo ato administrativo, discricionário ou não, é o todo aquele que atue em nome do Estado, podendo ser de qual-
interesse público. O fim do ato administrativo é assegurar a ordem quer título, mesmo que não ganhe remuneração, por prazo deter-
da Administração, que restaria anarquizada e comprometida se o minado ou vínculo de natureza permanente.
fim fosse privado ou particular”. Além da competência para a prática do ato, se faz necessário
que não exista impedimento e suspeição para o exercício da ativi-
Não ser refere as situações que estejam eivadas de má-fé, mas dade.
sim quando a intenção do agente encontra-se viciada, podendo Deve-se ter em mente que toda a competência é limitada, não
existir desvio de poder, sem que exista má-fé. É a junção da vontade sendo possível um agente que contenha competência ilimitada,
de satisfação pessoal com inadequada finalidade do ato que pode- tendo em vista o dever de observância da lei para definir os critérios
ria ser praticado. de legitimação para a prática de atos.

Essa mudança de finalidade, de acordo com a doutrina, pode - Finalidade: O ato administrativo deve ser editado pela Admi-
ocorrer nas seguintes modalidades: nistração Pública em atendimento a uma finalidade maior, que é a
a. quando o agente busca uma finalidade alheia ao interesse pública; se o ato praticado não tiver essa finalidade, ocorrerá abuso
público; de poder.
b. quando o agente público visa uma finalidade que, no entan- Em outras palavras, o ato administrativo deve ter como fina-
to, não é o fim pré-determinado pela lei que enseja validade ao lidade o atendimento do interesse coletivo e do atendimento das
ato administrativo e, por conseguinte, quando o agente busca uma demandas da sociedade.
finalidade, seja alheia ao interesse público ou à categoria deste que
o ato se revestiu, por meio de omissão. - Forma: é o requisito vinculado que envolve a maneira de exte-
riorização e demais procedimentos prévios que forem exigidos com
a expedição do ato administrativo.

100
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Via de regra, os atos devem ser escritos, permitindo de ma- d) Autoexecutoriedade: É o poder de serem executados mate-
neira excepcional atos gestuais, verbais ou provindos de forças que rialmente pela própria administração, independentemente de re-
não sejam produzidas pelo homem, mas sim por máquinas, que são curso ao Poder Judiciário.
os casos dos semáforos, por exemplo. A autoexecutoriedade é atributo de alguns atos administrati-
A forma não configura a essência do ato, mas apenas o ins- vos, ou seja, não existe em todos os atos. Poderá ocorrer quando
trumento necessário para que a conduta administrativa atinja seus a lei expressamente prever ou quando estiver tacitamente prevista
objetivos. O ato deve atender forma específica, justamente porque em lei sendo exigido para tanto situação de urgência; e inexistência
se dá pelo fato de que os atos administrativos decorrem de um pro- de meio judicial idôneo capaz de, a tempo, evitar a lesão.
cesso administrativo prévio, que se caracterize por uma série de
atos concatenados, com um propósito certo. CLASSIFICAÇÃO
Os atos administrativos podem ser objeto de várias classifica-
- Motivo: O motivo será válido, sem irregularidades na prática ções, conforme o critério em função do qual seja agrupados. Men-
do ato administrativo, exigindo-se que o fato narrado no ato prati- cionaremos os agrupamentos de classificação mais comuns entre
cado seja real e tenha acontecido da forma como estava descrito na os doutrinadores administrativos.
conduta estatal. Quanto à composição da vontade produtora do ato:
Difere-se de motivação, pois este é a explicação por escrito das Simples: depende da manifestação jurídica de um único órgão,
razões que levaram à prática do ato. mesmo que seja de órgão colegiado, torna o ato perfeito, portan-
to, a vontade para manifestação do ato deve ser unitária, obtida
- Objeto lícito: É o conteúdo ato, o resultado que se visa rece- através de votação em órgão colegiado ou por manifestação de um
ber com sua expedição. Todo e qualquer ato administrativo tem por agente em órgãos singulares.
objeto a criação, modificação ou comprovação de situações jurídi- Complexo: resulta da manifestação conjugada de vontades de
cas referentes a pessoas, coisas ou atividades voltadas à ação da órgãos diferentes. É necessária a manifestação de vontade de dois
Administração Pública. ou mais órgãos para formar um único ato.
Entende-se por objeto, aquilo que o ato dispõe, o efeito causa- Composto: manifestação de dois ou mais órgãos, em que um
do pelo ato administrativo, em decorrência de sua prática. Trata-se edita o ato principal e o outro será acessório. Como se nota, é com-
do objeto como a disposição da conduta estatal, aquilo que fica de- posto por dois atos, geralmente decorrentes do mesmo órgão pú-
cidido pela prática do ato. blico, em patamar de desigualdade, de modo que o segundo ato
deve contar com o que ocorrer com o primeiro.
ATRIBUTOS
Atributos são qualidades, prerrogativas ou poderes especiais Quanto a formação do ato:
que revestem os atos administrativos para que eles alcancem os Atos unilaterais: Dependem de apenas a vontade de uma das
fins almejados pelo Estado. partes. Exemplo: licença
Existem por conta dos interesses que a Administração repre- Atos bilaterais: Dependem da anuência de ambas as partes.
senta, são as qualidades que permitem diferenciar os atos adminis- Exemplo: contrato administrativo;
trativos dos outros atos jurídicos. Decorrem do princípio da supre- Atos multilaterais: Dependem da vontade de várias partes.
macia do interesse público sobre o privado. Exemplo: convênios.
São atributos dos atos administrativos:
a) Presunção de Legitimidade/Legitimidade: É a presunção Quanto aos destinatários do ato:
de que os atos administrativos devem ser considerados válidos, até Individuais: são aqueles destinados a um destinatário certo e
que se demonstre o contrário, a bem da continuidade da prestação determinado, impondo a norma abstrata ao caso concreto. Nesse
dos serviços públicos. momento, seus destinatários são individualizados, pois a norma é
A presunção de legitimidade não pressupõe no entanto que Ios geral restringindo seu âmbito de atuação.
atos administrativos não possam ser combatidos ou questionados, Gerais: são os atos que têm por destinatário final uma catego-
no entanto, o ônus da prova é de quem alega. ria de sujeitos não especificados. Os atos gerais tem a finalidade
O atributo de presunção de legitimidade confere maior cele- de normatizar suas relações e regulam uma situação jurídica que
ridade à atuação administrativa, já que depois da prática do ato, abrange um número indeterminado de pessoas, portanto abrange
estará apto a produzir efeitos automaticamente, como se fosse vá- todas as pessoas que se encontram na mesma situação, por tratar-
lido, até que se declare sua ilegalidade por decisão administrativa -se de imposição geral e abstrata para determinada relação.
ou judicial.
Quanto à posição jurídica da Administração:
b) Imperatividade: É a prerrogativa que os atos administrativos Atos de império: Atos onde o poder público age de forma impe-
possuem de gerar unilateralmente obrigações aos administrados, rativa sobre os administrados, impondo-lhes obrigações. São atos
independente da concordância destes. É o atributo que a Adminis- praticados sob as prerrogativas de autoridade estatal. Ex. Interdição
tração possui para impor determinado comportamento a terceiros. de estabelecimento comercial.
c) Exigibilidade ou Coercibilidade: É a prerrogativa que pos- Atos de gestão: são aqueles realizados pelo poder público, sem
suem os atos administrativos de serem exigidos quanto ao seu cum- as prerrogativas do Estado (ausente o poder de comando estatal),
primento sob ameaça de sanção. A imperatividade e a exigibilidade, sendo que a Administração irá atuar em situação de igualdade com
em regra, nascem no mesmo momento. o particular. Nesses casos, a atividade será regulada pelo direito pri-
Caso não seja cumprida a obrigação imposta pelo administrati- vado, de modo que o Estado não irá se valer das prerrogativas que
vo, o poder público, se valerá dos meios indiretos de coação, reali- tenham relação com a supremacia do interesse público.
zando, de modo indireto o ato desrespeitado. Exemplo:a alienação de um imóvel público inservível ou alu-
guel de imóvel para instalar uma Secretaria Municipal.

101
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Quanto à natureza das situações jurídicas que o ato cria: Inexistente: É aquele que apenas aparenta ser um ato admi-
Atos-regra: Criam situações gerais, abstratas e impessoais.Tra- nistrativo, mas falta a manifestação de vontade da Administração
çam regras gerais (regulamentos). Pública. São produzidos por alguém que se faz passar por agente
Atos subjetivos: Referem-se a situações concretas, de sujeito público, sem sê-lo, ou que contém um objeto juridicamente impos-
determinado. Criam situações particulares e geram efeitos indivi- sível.
duais.
Atos-condição: Somente surte efeitos caso determinada condi- Quanto à exequibilidade:
ção se cumpra. Perfeito: É aquele que completou seu processo de formação,
estando apto a produzir seus efeitos. Perfeição não se confunde
Quanto ao grau de liberdade da Administração para a prática com validade. Esta é a adequação do ato à lei; a perfeição refere-se
do ato: às etapas de sua formação.
Atos vinculados: Possui todos seus elementos determinados Imperfeito: Não completou seu processo de formação, portan-
em lei, não existindo possibilidade de apreciação por parte do ad- to, não está apto a produzir seus efeitos, faltando, por exemplo, a
ministrador quanto à oportunidade ou à conveniência. Cabe ao ad- homologação, publicação, ou outro requisito apontado pela lei.
ministrador apenas a verificação da existência de todos os elemen- Pendente: Para produzir seus efeitos, sujeita-se a condição ou
tos expressos em lei para a prática do ato. termo, mas já completou seu ciclo de formação, estando apenas
Atos discricionários: O administrador pode decidir sobre o mo- aguardando o implemento desse acessório, por isso não se confun-
tivo e sobre o objeto do ato, devendo pautar suas escolhas de acor- de com o imperfeito. Condição é evento futuro e incerto, como o
do com as razões de oportunidade e conveniência. A discricionarie- casamento. Termo é evento futuro e certo, como uma data espe-
dade é sempre concedida por lei e deve sempre estar em acordo cífica.
com o princípio da finalidade pública. O poder judiciário não pode Consumado: É o ato que já produziu todos os seus efeitos, nada
avaliar as razões de conveniência e oportunidade (mérito), apenas a mais havendo para realizar. Exemplifique-se com a exoneração ou a
legalidade, os motivos e o conteúdo ou objeto do ato. concessão de licença para doar sangue.

Quanto aos efeitos: ESPÉCIES


Constitutivo: Gera uma nova situação jurídica aos destinatários. a) Atos normativos: São aqueles que contém um comando ge-
Pode ser outorgado um novo direito, como permissão de uso de ral do Executivo visando o cumprimento de uma lei. Podem apre-
bem público, ou impondo uma obrigação, como cumprir um perío- sentar-se com a característica de generalidade e abstração (decreto
do de suspensão. geral que regulamenta uma lei), ou individualidade e concreção
Declaratório: Simplesmente afirma ou declara uma situação já (decreto de nomeação de um servidor).
existente, seja de fato ou de direito. Não cria, transfere ou extingue Os atos normativos se subdividem em:
a situação existente, apenas a reconhece. - Regulamentos: São atos normativos posteriores aos decretos,
Modificativo: Altera a situação já existente, sem que seja extin- que visam especificar as disposições de lei, assim como seus man-
ta, não retirando direitos ou obrigações. A alteração do horário de damentos legais. As leis que não forem executáveis, dependem de
atendimento da repartição é exemplo desse tipo de ato. regulamentos, que não contrariem a lei originária. Já as leis auto-
Extintivo: Pode também ser chamado desconstitutivo, é o ato -executáveis independem de regulamentos para produzir efeitos.
que põe termo a um direito ou dever existente. Cite-se a demissão 1. Regulamentos executivos: são os editados para a fiel execu-
do servidor público. ção da lei, é um ato administrativo que não tem o foto de inovar o
ordenamento jurídico, sendo praticado para complementar o texto
Quanto à situação de terceiros: legal. Os regulamentos executivos são atos normativos que comple-
Internos: Destinados a produzir seus efeitos no âmbito interno mentam os dispositivos legais, sem que ivovem a ordem jurídica,
da Administração Pública, não atingindo terceiros, como as circula- com a criação de direitos e obrigações.
res e pareceres. 2. Regulamentos autônomos: agem em substituição a lei e vi-
Externos: Destinados a produzir efeitos sobre terceiros, e, por- sam inovar o ordenamento jurídico, determinando normas sobre
tanto, necessitam de publicidade para que produzam adequada- matérias não disciplinadas em previsão legislativa. Assim, podem
mente seus efeitos. ser considerados atos expedidos como substitutos da lei e não fa-
cilitadores de sua aplicação, já que são editados sem contemplar
Quanto à validade do ato: qualquer previsão anterior.
Válido: É o que atende a todos os requisitos legais: competên-
cia, finalidade, forma, motivo e objeto. Pode estar perfeito, pronto Nosso ordenamento diverge acercada da possibilidade ou não
para produzir seus efeitos ou estar pendente de evento futuro. de serem expedidos regulamentos autônomos, em decorrência do
Nulo: É o que nasce com vício insanável, ou seja, um defeito princípio da legalidade.
que não pode ser corrigido. Não produz qualquer efeito entre as - Instruções normativas – Possuem previsão expressa na Cons-
partes. No entanto, em face dos atributos dos atos administrativos, tituição Federal, em seu artigo 87, inciso II. São atos administrativos
ele deve ser observado até que haja decisão, seja administrativa, privativos dos Ministros de Estado.
seja judicial, declarando sua nulidade, que terá efeito retroativo, ex - Regimentos – São atos administrativos internos que emanam
tunc, entre as partes. Por outro lado, deverão ser respeitados os do poder hierárquico do Executivo ou da capacidade de auto-orga-
direitos de terceiros de boa-fé que tenham sido atingidos pelo ato nização interna das corporações legislativas e judiciárias. Desta ma-
nulo. neira, se destinam à disciplina dos sujeitos do órgão que o expediu.
Anulável: É o ato que contém defeitos, porém, que podem ser - Resoluções – São atos administrativos inferiores aos regimen-
sanados, convalidados. Ressalte-se que, se mantido o defeito, o tos e regulamentos, expedidos pelas autoridades do executivo.
ato será nulo; se corrigido, poderá ser “salvo” e passar a ser válido.
Atente-se que nem todos os defeitos são sanáveis, mas sim aqueles
expressamente previstos em lei.

102
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
- Deliberações – São atos normativos ou decisórios que ema- - Atestado - são atos pelos quais a Administração Pública com-
nam de órgãos colegiados provenientes de acordo com os regula- prova um fato ou uma situação de que tenha conhecimento por
mentos e regimentos das organizações coletivas. Geram direitos meio dos órgãos competentes;
para seus beneficiários, sendo via de regra, vinculadas para a Ad- - Certidão – tratam-se de cópias ou fotocópias fiéis e autentica-
ministração. das de atos ou fatos existentes em processos, livros ou documentos
que estejam na repartição pública;
b) Atos ordinatórios: São os que visam a disciplinar o funcio- - Pareceres - são manifestações de órgãos técnicos referentes a
namento da Administração e a conduta funcional de seus agentes. assuntos submetidos à sua consideração.
Emanam do poder hierárquico, isto é, podem ser expedidos por
chefes de serviços aos seus subordinados. Logo, não obrigam aos e) Atos punitivos: São aqueles que contêm uma sanção impos-
particulares. ta pela lei e aplicada pela Administração, visando punir as infrações
São eles: administrativas ou condutas irregulares de servidores ou de parti-
- Instruções – orientação do subalterno pelo superior hierár- culares perante a Administração.
quico em desempenhar determinada função; Esses atos são aplicados para aqueles que desrespeitam as dis-
- Circulares – ordem uniforme e escrita expedida para determi- posições legais, regulamentares ou ordinatórias dos bens ou servi-
nados funcionários ou agentes; ços.

- Avisos – atos de titularidade de Ministros em relação ao Mi- Quanto à sua atuação os atos punitivos podem ser de atuação
nistério; externa e interna. Quando for interna, compete à Administração
- Portarias – atos emanados pelos chefes de órgãos públicos punir disciplinarmente seus servidores e corrigir os serviços que
aos seus subalternos que determinam a realização de atos especiais contenham defeitos, por meio de sanções previstas nos estatutos,
ou gerais; fazendo com que se respeite as normas administrativas.
- Ordens de serviço – determinações especiais dirigidas aos res-
ponsáveis por obras ou serviços públicos; EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO
- Provimentos – atos administrativos intermos, com determina- Os atos administrativos são produzidos e editados com a fina-
ções e instruções em que a Corregedoria ou os Tribunais expedem lidade de produzir efeitos jurídicos. Cumprida a finalidade a qual
para regularização ou uniformização dos serviços; fundamenta a edição do ato o mesmo deve ser extinto.
- Ofícios – comunicações oficiais que são feitas pela Adminis- Outras vezes, fatos ou atos posteriores interferem diretamente
tração a terceiros; no ato e geram sua suspensão ou elimina definitivamente seus efei-
- Despachos administrativos – são decisões tomadas pela auto- tos, causando sua extinção.
ridade executiva (ou legislativa e judiciária, quando no exercício da Ademais, diversas são as causas que determinam a extinção
função administrativa) em requerimentos e processos administrati- dos atos adminsitrativos ou de seus efeitos, vejamos:
vos sujeitos à sua administração.
Cassação: Ocorre a extinção do ato administrativo quando o
c) Atos negociais: São todos aqueles que contêm uma declara- administrado deixa de preencher condição necessária para perma-
ção de vontade da Administração apta a concretizar determinado nência da vantagem, ou seja, o beneficiário descumpre condição
negócio jurídico ou a deferir certa faculdade ao particular, nas con- indispensável para manutenção do ato administrativo.
dições impostas ou consentidas pelo Poder Público.
- Licença – ato definitivo e vinculado (não precário) em que a Anulação ou invalidação (desfazimento): É a retirada, o desfa-
Administração concede ao Administrado a faculdade de realizar de- zimento do ato administrativo em decorrência de sua invalidade, ou
terminada atividade. seja, é a extinção de um ato ilegal, determinada pela Administração
- Autorização – ato discricionário e precário em que a Adminis- ou pelo judiciário, com eficácia retroativa – ex tunc.
tração confere ao administrado a faculdade de exercer determinada A anulação pode acontecer por via judicial ou por via admi-
atividade. nistrativa. Ocorrerá por via judicial quando alguém solicita ao Ju-
- Permissão - ato discricionário e precário em que a Administra- diciário a anulação do ato. Ocorrerá por via administrativa quando
ção confere ao administrado a faculdade de promover certa ativida- a própria Administração expede um ato anulando o antecedente,
de nas situações determinadas por ela; utilizando-se do princípio da autotutela, ou seja, a Administração
- Aprovação - análise pela própria administração de atividades tem o poder de rever seus atos sempre que eles forem ilegais ou
prestadas por seus órgãos; inconvenientes. Quando a anulação é feita por via administrativa,
- Visto - é a declaração de legitimidade de deerminado ato pra- pode ser realizada de ofício ou por provocação de terceiros.
ticado pela própria Administração como maneira de exequibilidade; De acordo com entendimento consolidado pelo Supremo Tri-
- Homologação - análise da conveniência e legalidade de ato bunal Federal, a anulação de um ato não pode prejudicar terceiro
praticado pelos seus órgãos como meio de lhe dar eficácia; de boa-fé.
- Dispensa - ato administrativo que exime o particular do cum- Vejamos o que consta nas Súmulas 346 e 473 do STF:
primento de certa obrigação até então conferida por lei. - SÚMULA 346: A administração pública pode declarar a nulida-
- Renúncia - ato administrativo em que o poder Público extin- de dos seus próprios atos.
gue de forma unilateral um direito próprio, liberando definitiva- - SÚMULA 473: A administração pode anular seus próprios
mente a pessoa obrigada perante a Administração Pública. atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles
não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
d) Atos enunciativos: São todos aqueles em que a Administra- ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
ção se limita a certificar ou a atestar um fato, ou emitir uma opinião em todos os casos, a apreciação judicial.
sobre determinado assunto, constantes de registros, processos e
arquivos públicos, sendo sempre, por isso, vinculados quanto ao
motivo e ao conteúdo.

103
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Revogação: É a retirada do ato administrativo em decorrência Para Hely Lopes Meirelles mais adequado seria considerar-se
da sua inconveniência ou inoportunidade em face dos interesses como de decadência administrativa os prazos estabelecidos por
públicos. Somente se revoga ato válido que foi praticado de acordo diversas leis, para delimitar no tempo as atividades da Adminis-
com a lei. A revogação somente poderá ser feita por via adminis- tração. E isso porque a prescrição, como instituto jurídico, pressu-
trativa. põe a existência de uma ação judicial apta à defesa de um direito.
Quando se revoga um ato, diz-se que a Administração perdeu Contudo, a legislação, ao estabelecer os prazos dentro dos quais o
o interesse na manutenção deste, ainda que não exista vício que o administrado pode interpor recursos administrativos ou pode a Ad-
tome. Trata-se de ato discricionário, referente ao mérito adminis- ministração manifestar-se, seja pela prática de atos sobre a conduta
trativo, por set um ato legal, todos os atos já foram produzidos de de seus servidores, sobre obrigações fiscais dos contribuintes, ou
forma lícita, de modo que a revogação não irá retroagir, contudo outras obrigações com os administrados, refere-se a esses prazos
mantem-se os efeitos já produzidos (ex nunc). denominando-os de prescricionais.
Não há limite temporal para a revogação de atos administrati- Em suma, decadência administrativa ocorre com o transcurso
vos, não se configurando a decadência, no prazo quinquenal, tendo do prazo, impedindo a prática de um ato pela própria Administra-
em vista o entendimento que o interesse público pode ser alterado ção.
a qualquer tempo.
Não existe efeito repristinatório, ou seja, a retirada do ato, por SERVIÇOS PÚBLICOS: CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO,
razões de conveniência e oportunidade. REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE; FORMA, MEIOS E
Convalidação ou Sanatória: É o ato administrativo que, com REQUISITOS; DELEGAÇÃO: CONCESSÃO, PERMISSÃO,
efeitos retroativos, sana vício de ato antecedente, de modo a torná- AUTORIZAÇÃO
-lo válido desde o seu nascimento, ou seja, é um ato posterior que
sana um vício de um ato anterior, transformando-o em válido desde
o momento em que foi praticado. Alguns autores, ao se referir à CONCEITO
convalidação, utilizam a expressão sanatória. Serviços públicos são aqueles serviços prestados pela Adminis-
O ato convalidatório tem natureza vinculada (corrente majori- tração, ou por quem lhe faça às vezes, mediante regras previamente
tária), constitutiva, secundária, e eficácia ex tunc. estipuladas por ela para a preservação do interesse público.
Há alguns autores que não aceitam a convalidação dos atos, A titularidade da prestação de um serviço público sempre será
sustentando que os atos administrativos somente podem ser nu- da Administração Pública, somente podendo ser transferido a um
los. Os únicos atos que se ajustariam à convalidação seriam os atos particular a prestação do serviço público. As regras serão sempre
anuláveis. fixadas unilateralmente pela Administração, independentemente
Existem três formas de convalidação: de quem esteja executando o serviço público. Qualquer contrato
a) Ratificação: É a convalidação feita pela própria autoridade administrativo aos olhos do particular é contrato de adesão.
que praticou o ato; Para distinguir quais serviços são públicos e quais não, deve-se
b) Confirmação: É a convalidação feita por autoridade superior utilizar as regras de competência dispostas na Constituição Federal.
àquela que praticou o ato; Quando não houver definição constitucional a respeito, deve-se ob-
c) Saneamento: É a convalidação feita por ato de terceiro, ou servar as regras que incidem sobre aqueles serviços, bem como o
seja, não é feita nem por quem praticou o ato nem por autoridade regime jurídico ao qual a atividade se submete. Sendo regras de di-
superior. reito público, será serviço público; sendo regras de direito privado,
será serviço privado.
Verificado que um determinado ato é anulável, a convalidação O fato de o Ente Federado ser o titular dos serviços não signifi-
será discricionária, ou seja, a Administração convalidará ou não o ca que deva obrigatoriamente prestá-los por si. Assim, tanto poderá
ato de acordo com a conveniência. Alguns autores, tendo por base prestá-los por si mesmo, como poderá promover-lhes a prestação,
o princípio da estabilidade das relações jurídicas, entendem que a conferindo à entidades estranhas ao seu aparelho administrativo,
convalidação deverá ser obrigatória, visto que, se houver como sa- titulação para que os prestem, segundo os termos e condições fixa-
nar o vício de um ato, ele deverá ser sanado. É possível, entretanto, das, e, ainda, enquanto o interesse público aconselhar tal solução.
que existam obstáculos ao dever de convalidar, não havendo outra Dessa forma, esses serviços podem ser delegados a outras entida-
alternativa senão anular o ato. des públicas ou privadas, na forma de concessão, permissão ou au-
torização.
DECADÊNCIA ADMINISTRATIVA Assim, em sentido amplo, pode-se dizer que serviço público é
A decadência (art. 207 do Código Civil), incide sobre direitos a atividade ou organização abrangendo todas as funções do Estado;
potestativos, que “são poderes que a lei confere a determinadas já em sentido estrito, são as atividades exercidas pela administra-
pessoas de influírem, com uma declaração de vontade, sobre situ- ção pública.
ações jurídicas de outras, sem o concurso da vontade destas”, ou
seja, quando a lei ou a vontade fixam determinado prazo para se- ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
rem exercidos e se não o forem, extingue-se o próprio direito ma- Os serviços públicos possuem quatro caracteres jurídicos fun-
terial. damentais que configuram seus elementos constitutivos, quais se-
O instituto da decadência tem a finalidade de garantir a segu- jam:
rança jurídica. A decadência que decorre de prazo legal é de ordem - Generalidade: o serviço público deve ser prestado a todos, ou
pública, não podendo ser renunciada. Entretanto, se o prazo deca- seja à coletividade.
dencial for ajustado, por declaração unilateral de vontade ou por - Uniformidade: exige a igualdade entre os usuários do serviço
convenção entre as partes, pode ser renunciado, que correspon- público, assim todos eles devem ser tratados uniformemente.
derá a uma revogação da condição para o exercício de um direito - Continuidade: não se pode suspender ou interromper a pres-
dentro de determinado tempo. tação do serviço público.
- Regularidade: todos os serviços devem obedecer às normas
técnicas.

104
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
- Modicidade: o serviço deve ser prestado da maneira mais ba- roviário e marítimo entre portos brasileiros e fronteiras nacionais;
rata possível, de acordo com a tarifa mínima. Deve-se considerar a transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;
capacidade econômica do usuário com as exigências do mercado, portos fluviais e lacustres; serviços oficiais de estatística, geografia
evitando que o usuário deixe de utilizá-lo por motivos de ausência e geologia
de condições financeiras. - Elemento Material – o serviço público deve corresponder a
- Eficiência: para que o Estado preste seus serviços de maneira uma atividade de interesse público.
eficiente é necessário que o Poder Público atualize-se com novos - Elemento Formal – a partir do momento em que os particula-
processos tecnológicos, devendo a execução ser mais proveitosa res prestam serviço com o Poder Público, estamos diante do regime
com o menos dispêndio. jurídico híbrido, podendo prevalecer o Direito Público ou o Direito
Privado, dependendo do que dispuser a lei. Para ambos os casos, a
Em caso de descumprimento de um dos elementos supra men- responsabilidade é objetiva. (os danos causados pelos seus agentes
cionado, o usuário do serviço tem o direito de recorrer ao Judiciário serão indenizados pelo Estado)
e exigir a correta prestação.
FORMAS DE PRESTAÇÃO E MEIOS DE EXECUÇÃO
REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE
Titularidade
A regulação de serviços públicos
A titularidade da prestação de um serviço público sempre será
Pode ser definida como sendo a atividade administrativa de-
sempenhada por pessoa jurídica de direito público que consiste no da Administração Pública, somente podendo ser transferido a um
disciplinamento, na regulamentação, na fiscalização e no controle particular a execução do serviço público.
do serviço prestado por outro ente da Administração Pública ou As regras serão sempre fixadas de forma unilateral pela Admi-
por concessionário ou permissionário do serviço público, à luz de nistração, independentemente de quem esteja executando o servi-
poderes que lhe tenham sido, por lei, atribuídos para a busca da ço público.
adequação daquele serviço, do respeito às regras fixadoras da po- Para distinguir quais serviços são públicos e quais não, deve-se
lítica tarifária, da harmonização, do equilíbrio e da composição dos utilizar as regras de competência dispostas na Constituição Federal.
interesses de todos os envolvidos na prestação deste serviço, assim Quando não houver definição constitucional a respeito, de-
como da aplicação de penalidades pela inobservância das regras ve-se observar as regras que incidem sobre aqueles serviços, bem
condutoras da sua execução. como o regime jurídico ao qual a atividade se submete. Sendo re-
A regulação do serviço público pode ocorrer sobre serviços gras de direito público, será serviço público; sendo regras de direito
executados de forma direta, outorgados a entes da administração privado, será serviço privado.
indireta ou para serviços objeto de delegação por concessão, per- Desta forma, os instrumentos normativos de delegação de ser-
missão ou autorização. Em qualquer um desses casos, a atividade viços públicos, como concessão e permissão, transferem apenas a
regulatória é diversa e independente da prestação dos serviços. prestação temporária do serviço, mas nunca delegam a titularidade
Desta forma é necessário que o órgão executor do serviço seja di- do serviço público.
verso do órgão regulador, do contrário, haverá uma tendência na- Assim, em sentido amplo, pode-se dizer que serviço público é
tural a que a atividade de regulação seja deixada de lado, em detri- a atividade ou organização abrangendo todas as funções do Estado;
mento da execução, ou que aquela seja executada sem a isenção, já em sentido estrito, são as atividades exercidas pela administra-
indispensável a sua adequada realização. ção pública.
Portanto, a execução de serviços públicos poderá ser realizada
Regulamentação e controle pela administração direta, indireta ou por particulares. Oportuno
A regulamentação e o controle competem ao serviço público, lembrar que a administração direta é composta por órgãos, que não
independente da forma de prestação de serviço público ao usuário. têm personalidade jurídica, que não podem estar, em regra, em ju-
Caso o serviço não esteja sendo prestado de forma correta, o ízo para propor ou sofrer medidas judiciais.
Poder Público poderá intervir e retirar a prestação do terceiro que A administração indireta é composta por pessoas, surgindo
se responsabilizou pelo serviço. Deverá ainda exigir eficiência para como exemplos: autarquias, fundações, empresas públicas, socie-
o cumprimento do contrato. dades de economia mista.
Como a Administração goza de poder discricionário, poderão Por outro lado, o serviço público também pode ser executado
ter as cláusulas contratuais modificadas ou a delegação do serviço por particulares, por meio de concessão, permissão, autorização.
público revogada, atendendo ao interesse público.
O caráter do serviço público não é a produção de lucros, mas Competência
sim servir ao público donde nasce o direito indeclinável da Adminis- São de competência exclusiva do Estado, não podendo delegar
a prestação à iniciativa privada: os serviços postais e correio aéreo
tração de regulamentar, fiscalizar, intervir, se não estiver realizando
nacional.
a sua obrigação.
Art. 21, CF Compete à União:
Características jurídicas:
()
As características do serviço público envolvem alguns elemen- X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional
tos, tais quais: elemento subjetivo, elemento formal e elemento
material. Além desses casos, veja estes incisos ainda trazidos no mesmo
- Elemento Subjetivo – o serviço público compete ao Estado artigo constitucional:
que poderá delegar determinados serviços públicos, através de lei Art. 21, CF Compete à União:
e regime de concessão ou permissão por meio de licitação. O Es- ()
tado é responsável pela escolha dos serviços que em determinada XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão
ocasião serão conhecidos como serviços públicos. Exemplo: energia ou permissão:
elétrica; navegação aérea e infraestrutura portuária; transporte fer-

105
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (Re- VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territo-
dação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:) rial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveita- da ocupação do solo urbano;
mento energético dos cursos de água, em articulação com os Esta- IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local,
dos onde se situam os potenciais hidroenergéticos; observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeropor-
tuária; Formas de prestação do serviço público
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre por- a). Prestação Direta: É a prestação do serviço pela Administra-
tos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites ção Pública Direta, que pode se realizar de duas maneiras:
de Estado ou Território; - pessoalmente pelo Estado: quando for realizada por órgãos
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e interna- públicos da administração direta.
cional de passageiros; - com auxílio de particulares: quando for realizada licitação,
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; celebrando contrato de prestação de serviços. Apesar de feita por
particulares, age sempre em nome do Estado, motivo pelo qual a
Titularidade não-exclusiva do Estado: os particulares podem reparação de eventual dano é de responsabilidade do Estado.
prestar, independentemente de concessão, são os serviços sociais.
Ex: serviços de saúde, educação, assistência social. b) Prestação Indireta por outorga: nesse caso a prestação de
serviços públicos pode ser realizada por pessoa jurídica especializa-
De acordo com nossa Lei maior compete aos Estados e ao Dis- da criada pelo Estado, se houver lei específica. Este tipo de presta-
trito Federal: ção é feita pela Administração Pública Indireta, ou seja, pelas autar-
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constitui- quias, fundações públicas, associações públicas, empresas públicas
ções e leis que adotarem, observados os princípios desta Constitui- e sociedades de economia mista. A responsabilidade pela reparação
ção. de danos decorrentes da prestação de serviços, neste caso, é objeti-
§ 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes va e do próprio prestador do serviço, mas o Estado (Administração
sejam vedadas por esta Constituição.
Direta) tem responsabilidade subsidiária, caso a Administração In-
§ 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante con-
direta não consiga suprir a reparação do dano. A remuneração paga
cessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada
pelo usuário tem natureza de taxa.
a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
§ 3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir
c) Prestação Indireta por delegação: é realizada por conces-
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
sionários e permissionários, após regular licitação. Se a delegação
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para inte-
tiver previsão em lei específica, é chamada de concessão de servi-
grar a organização, o planejamento e a execução de funções públi-
ço público e se depender de autorização legislativa, é chamada de
cas de interesse comum.
permissão de serviço público.
A prestação indireta por delegação só pode ocorrer nos cha-
Ao Distrito Federal:
mados serviços públicos uti singuli e a responsabilidade por danos
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios,
causados é objetiva e direta das concessionárias e permissionárias,
reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício
podendo o Estado responder apenas subsidiariamente. A natureza
mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legisla-
da remuneração para pelo usuário é de tarifa ou preço público.
tiva, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
Importante lembrar, que o poder de fiscalização da prestação
Constituição.
de serviços públicos é sempre do Poder Concedente.
§ 1º - Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legis-
lativas reservadas aos Estados e Municípios. DELEGAÇÃO
[...] As formas de delegação por concessões de serviços públicos e
de obras públicas e as permissões de serviços públicos reger-se-ão
O artigo 30 da Constituição Federal, traz os serviços de compe- pelos termos do art. 175 da Constituição Federal, pela lei 8.987/95,
tência dos municípios, destacando-se o disposto no inciso V pelas normas legais pertinentes e pelas cláusulas dos indispensá-
veis contratos.
Art. 30. Compete aos Municípios: Vamos conferir a redação do artigo 175 da Constituição Fede-
I - legislar sobre assuntos de interesse local; ral:
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamen-
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem te ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de
como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres- licitação, a prestação de serviços públicos.
tar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; Parágrafo único. A lei disporá sobre:
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de
estadual; serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua pror-
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces- rogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e res-
são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o cisão da concessão ou permissão;
de transporte coletivo, que tem caráter essencial; II - os direitos dos usuários;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e III - política tarifária;
do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamen- IV - a obrigação de manter serviço adequado.
tal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e Note-se que o dispositivo não faz referência à autorização de
do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; serviço público, talvez porque os chamados serviços públicos auto-
rizados não sejam prestados a terceiros, mas aos próprios particu-

106
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
lares beneficiários da autorização; são chamados serviços públicos, “Art. 37 - Considera-se encampação a retomada do serviço pelo
porque atribuídos à titularidade exclusiva do Estado, que pode, dis- poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de in-
cricionariamente, atribuir a sua execução ao particular que queira teresse público, mediante lei autorizativa específica e após prévio
prestá-lo, não para atender à coletividade, mas às suas próprias ne- pagamento da indenização na forma do artigo anterior”
cessidades.
c) Caducidade: É uma forma de extinção dos contratos de con-
Concessão de serviço público cessão durante sua vigência, por descumprimento de obrigações
É a delegação da prestação do serviço público feita pelo poder contratuais pelo concessionário.
concedente, mediante licitação na modalidade concorrência, à pes- O poder concedente tem a titularidade para promovê-la e o
soa jurídica ou consórcio de empresas que demonstrem capacidade fará de forma unilateral, sem a necessidade de ir ao Poder Judici-
de desempenho por sua conta e risco, com prazo determinado. ário.
Essa capacidade de desempenho é averiguada na fase de habi- O concessionário não terá direito a indenização, pois cometeu
litação da licitação. Qualquer prejuízo causado a terceiros, no caso uma irregularidade, mas tem direito a um procedimento adminis-
de concessão, será de responsabilidade do concessionário – que trativo no qual será garantido contraditório e ampla defesa.
responde de forma objetiva (art. 37, § 6.º, da Constituição Federal) Nos termos do que estabelece o artigo 38 da Lei 8.987/75:
tendo em vista a atividade estatal desenvolvida, respondendo a Ad-
ministração Direta subsidiariamente. Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará,
É admitida a subconcessão, nos termos previstos no contrato a critério do poder concedente, a declaração de caducidade da con-
de concessão, desde que expressamente autorizada pelo poder cessão ou a aplicação das sanções contratuais, respeitadas as dis-
concedente. A subconcessão corresponde à transferência de par- posições deste artigo, do art. 27, e as normas convencionadas entre
cela do serviço público concedido a outra empresa ou consórcio as partes.
de empresas. É o contrato firmado por interesse da concessionária § 1o A caducidade da concessão poderá ser declarada pelo po-
para a execução parcial do objeto do serviço concedido. der concedente quando:
Extinção da concessão de serviço público e reversão dos bens I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou
São formas de extinção do contrato de concessão: deficiente, tendo por base as normas, critérios, indicadores e parâ-
- Advento do termo contratual (art. 35, I da Lei 8987/95). metros definidores da qualidade do serviço;
- Encampação (art. 35, II da Lei 8987/95). II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou dispo-
- Caducidade (art. 35, III da Lei 8987/95). sições legais ou regulamentares concernentes à concessão;
- Rescisão (art. 35, IV da Lei 8987/95). III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tan-
- Anulação (art. 35, V da Lei 8987/95). to, ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito ou força
- Falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento maior;
ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual (art. 35, IV - a concessionária perder as condições econômicas, técnicas
VI da Lei 8987/95). ou operacionais para manter a adequada prestação do serviço con-
cedido;
Assunção (reassunção): é a retomada do serviço público pelo V - a concessionária não cumprir as penalidades impostas por
poder concedente assim que extinta a concessão. infrações, nos devidos prazos;
Nos termos do que estabelece o artigo 35 §2º da Lei 8.987/75: VI - a concessionária não atender a intimação do poder conce-
“Art. 35, § 2º - Extinta a concessão, haverá a imediata assunção dente no sentido de regularizar a prestação do serviço; e
do serviço pelo poder concedente, procedendo-se aos levantamen- VII - a concessionária não atender a intimação do poder conce-
tos, avaliações e liquidações necessários). dente para, em 180 (cento e oitenta) dias, apresentar a documenta-
ção relativa a regularidade fiscal, no curso da concessão, na forma
Reversão: é o retorno de bens reversíveis (previstos no edital e do art. 29 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
no contrato) usados durante a concessão. § 2o A declaração da caducidade da concessão deverá ser pre-
Nos termos do que estabelece o artigo 35 §1º da Lei 8.987/75: cedida da verificação da inadimplência da concessionária em pro-
“Art. 35, § 1º - Extinta a concessão, retornam ao poder conce- cesso administrativo, assegurado o direito de ampla defesa.
dente todos os bens reversíveis, direitos e privilégios transferidos § 3o Não será instaurado processo administrativo de inadim-
ao concessionário conforme previsto no edital e estabelecido no plência antes de comunicados à concessionária, detalhadamente,
contrato”. os descumprimentos contratuais referidos no § 1º deste artigo,
dando-lhe um prazo para corrigir as falhas e transgressões aponta-
a) Advento do termo contratual: É uma forma de extinção dos das e para o enquadramento, nos termos contratuais.
contratos de concessão por força do término do prazo inicial previs- § 4o Instaurado o processo administrativo e comprovada a ina-
to. Esta é a única forma de extinção natural. dimplência, a caducidade será declarada por decreto do poder con-
cedente, independentemente de indenização prévia, calculada no
b) Encampação: É uma forma de extinção dos contratos de con- decurso do processo.
cessão, mediante autorização de lei específica, durante sua vigên- § 5o A indenização de que trata o parágrafo anterior, será devi-
cia, por razões de interesse público. Tem fundamento na suprema- da na forma do art. 36 desta Lei e do contrato, descontado o valor
cia do interesse público sobre o particular. das multas contratuais e dos danos causados pela concessionária.
O poder concedente tem a titularidade para promovê-la e o § 6o Declarada a caducidade, não resultará para o poder con-
fará de forma unilateral, pois um dos atributos do ato administra- cedente qualquer espécie de responsabilidade em relação aos en-
tivo é a autoexecutoriedade. - O concessionário terá direito à inde- cargos, ônus, obrigações ou compromissos com terceiros ou com
nização. empregados da concessionária.
Nos termos do que estabelece o artigo 37 da Lei 8.987/75:

107
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
d) Rescisão é uma forma de extinção dos contratos de conces- Permissão de Serviço Público
são, durante sua vigência, por descumprimento de obrigações pelo É a delegação a título precário, mediante licitação feita pelo po-
poder concedente. der concedente à pessoa física ou jurídica que demonstrem capaci-
O concessionário tem a titularidade para promovê-la, mas pre- dade de desempenho por sua conta e risco.
cisa ir ao Poder Judiciário. Nesta hipótese, os serviços prestados A Lei n. 8.987/95 é contraditória quando se refere à natureza
pela concessionária não poderão ser interrompidos ou paralisados jurídica da permissão, pois muito embora afirma que seja “precá-
até decisão judicial transitada em julgado ria”, mas exige que seja precedida de “licitação”, o que pressupõe
Nos termos do que estabelece o artigo 39 da Lei 8.987/75: um contrato e um contrato de natureza não precária.
Em razão disso, diverge a doutrina administrativa majoritária
“Art. 39 - O contrato de concessão poderá ser rescindido por entende que concessão é uma espécie de contrato administrativo
iniciativa da concessionária, no caso de descumprimento das nor- destinado a transferir a execução de um serviço público para tercei-
mas contratuais pelo poder concedente, mediante ação judicial es- ros enquanto permissão é ato administrativo unilateral e precário.
pecialmente intentada para esse fim” Nada obstante, a Constituição Federal iguala os institutos
Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste artigo, os quando a eles se refere
serviços prestados pela concessionária não poderão ser interrom- Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar con-
pidos ou paralisados, até a decisão judicial transitada em julgado. cessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão so-
nora e de sons e imagens, observado o princípio da complementari-
O artigo 78 da Lei 8.666/93 traz motivos que levam à rescisão dade dos sistemas privado, público e estatal.
do contrato, tais como: [...]
XV- Atraso superior a 90 dias do pagamento devido pela Admi- § 4º O cancelamento da concessão ou permissão, antes de ven-
nistração, decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parce- cido o prazo, depende de decisão judicial.
las destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade § 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para
pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, assegurado as emissoras de rádio e de quinze para as de televisão.
ao contratado o direito de optar pela suspensão do cumprimento de
suas obrigações até que seja normalizada a situação; Autorização
XIV- Suspensão da execução do serviço público pela Administra- É um ato administrativo unilateral, discricionário e precário,
ção Pública por prazo superior a 120 dias, sem a concordância do pelo qual o Poder Público transfere por delegação a execução de
concessionário, salvo em caso de calamidade pública, grave pertur- um serviço público para terceiros. O ato é precário porque não tem
bação da ordem interna ou guerra. prazo certo e determinado, possibilitando o seu desfazimento a
qualquer momento.
O artigo 79 da Lei 8.666/93 prevê três formas de rescisão dos O que diferencia, basicamente, a autorização da permissão é o
contratos administrativo, sendo elas: grau de precariedade. A autorização de serviço público tem preca-
1. Rescisão por ato unilateral da Administração; riedade acentuada e não está disciplinada na Lei n. 8.987/95. É apli-
2. Rescisão amigável, cada para execução de serviço público emergencial ou transitório
3. Rescisão judicial. Relativamente à permissão de serviço público, as suas caracte-
rísticas assim se resumem:
Entretanto, na lei de concessão é diferente, existindo apenas a) é contrato de adesão, precário e revogável unilateralmente
uma forma de rescisão do contrato, ou seja, aquela promovida pelo pelo poder concedente, embora tradicionalmente seja tratada pela
concessionário no caso de descumprimento das obrigações pelo doutrina como ato unilateral, discricionário e precário, gratuito ou
poder concedente. oneroso, intuitu personae.
e) Anulação: É uma forma de extinção os contratos de conces- b) depende sempre de licitação, conforme artigo 175 da Cons-
são, durante sua vigência, por razões de ilegalidade. tituição;
Tanto o Poder Público com o particular podem promover esta c) seu objeto é a execução d e serviço público, continuando a
espécie de extinção da concessão, diferenciando-se apenas quanto titularidade do serviço com o Poder Público;
à forma de promovê-la. Assim, o Poder Público pode fazê-lo unilate-
ralmente e o particular tem que buscar o poder Judiciário. d) o serviço é executado e m nome d o permissionário, por sua
conta e risco;
A administração pode anular seus próprios atos, quando eiva- e) o permissionário sujeita-se à s condições estabelecidas pela
dos de vícios que os tornem ilegais, porque deles não originam di- Administração e a sua fiscalização;
reitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, f) como ato precário, pode ser alterado ou revogado a qualquer
respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, momento pela Administração, por motivo de interesse público;
a apreciação judicial, é o que dispõe a Súmula do STF nº 473. g) não obstante seja de sua natureza a outorga sem prazo, tem
a doutrina admitido a possibilidade de fixação de prazo, hipótese
f) Falência ou extinção da empresa concessionária e falecimen- em que a revogação antes do termo estabelecido dará ao permis-
to ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual: sionário direito à indenização.
- Falência: É uma forma de extinção dos contratos de conces-
são, durante sua vigência, por falta de condições financeiras do CLASSIFICAÇÃO
concessionário. - Tanto o Poder Público com o particular podem A doutrina administrativa assim classifica os Serviços Públicos:
promover esta espécie de extinção da concessão.
- Incapacidade do titular, no caso de empresa individual: É uma a) Serviços delegáveis e indelegáveis:
forma de extinção dos contratos de concessão, durante sua vigên- Serviços delegáveis são aqueles que por sua natureza, ou pelo
cia, por falta de condições financeiras ou jurídicas por parte do con- fato de assim dispor o ordenamento jurídico, comportam ser execu-
cessionário. tados pelo estado ou por particulares colaboradores. Ex: serviço de
abastecimento de água e energia elétrica

108
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Serviços indelegáveis são aqueles que só podem ser prestados b) Princípio da mutabilidade: Fica estabelecido que a execução
pelo Estado diretamente, por seus órgãos ou agentes. Ex: serviço de do serviço público pode ser alterada, desde que para atender o in-
segurança nacional. teresse público. Assim, nem os servidores, nem os usuários de ser-
viços públicos, nem os contratados pela administração pública, têm
b) Serviços administrativos e de utilidade pública: direito adquirido à manutenção de determinado regime jurídico.
O chamado serviço de utilidade pública é o elenco de serviços c) Princípio da igualdade dos usuários: Esse princípio estipula
prestados à população ou postos à sua disposição, pelo Estado e que não haverá distinção entre as pessoas interessadas em con-
seus agentes, basicamente de infraestrutura e de uso geral, como tratar com a administração pública. Dessa forma, se tais pessoas
correios e telecomunicações, fornecimento de energia, dentre ou- possuírem condições legais de contratação, não poderão ser dife-
tros. renciadas.
Ex: imprensa oficial d) Princípio da adequação: na própria Lei 8.897/95, resta claro
que o serviço adequado é aquele que preenche as condições de re-
c) Serviços coletivos e singulares: gularidade, continuidade, eficiência, segurança, entre outros. Dessa
- Coletivo (uti universi): São serviços gerais, prestados pela Ad- forma, se nota que à Administração Pública e aos seus delegados é
ministração à sociedade como um todo, sem destinatário determi- necessário que se respeite o que a legislação exige.
nado e são mantidos pelo pagamento de impostos. e) Princípio da obrigatoriedade: o Estado não tem a faculdade
- Serviços singulares (uti singuli): são os individuais onde os discricionária em prestar o serviço público, ele é obrigado a fazer,
usuários são determinados e são remunerados pelo pagamento de sendo, dessa maneira, um dever jurídico.
taxa ou tarifa. f) Princípio da modicidade das tarifas: significa que o valor exi-
Ex: serviço de telefonia domiciliar gido do usuário a título de remuneração pelo uso do serviço deve
ser o menor possível, reduzindo-se ao estritamente necessário para
d) Serviços sociais e econômicos: remunerar o prestador com acréscimo de pequena margem de lu-
- Serviços sociais: são os que o Estado executa para atender aos cro. Daí o nome “modicidade”, que vem de “módico”, isto é, algo
reclamos sociais básicos e representam; ou uma atividade propicia- barato, acessível.
dora de comodidade relevante; ou serviços assistenciais e proteti- Como o princípio é aplicável também na hipótese de serviço
vos. Ex: serviços de educação e saúde. remunerado por meio de taxa, o mais apropriado seria denominá-lo
- Serviços econômicos: são aqueles que, por sua possibilidade princípio da modicidade da remuneração.
de lucro, representam atividades de caráter industrial ou comercial.
Ex: serviço de fornecimento de gás canalizado. g) Princípio da transparência: o usuário tem direito de receber
do poder concedente e da concessionária informações para defesa
e). Serviços próprios de interesses individuais ou coletivos.
Compreendem os que se relacionam intimamente com as atri-
buições do Poder Público (Ex.: segurança, polícia, higiene e saúde CONTROLE E RESPONSABILIZAÇÃO DA ADMINISTRA-
públicas etc.) devendo ser usada a supremacia sobre os administra- ÇÃO: CONTROLE ADMINISTRATIVO; CONTROLE JUDI-
dos para a execução da Administração Pública. Em razão disso não CIAL; CONTROLE LEGISLATIVO
podem ser delegados a particulares. Devido a sua essência, são na
maioria das vezes gratuitos ou de baixa remuneração.
INTRODUÇÃO
f). Serviços impróprios A Administração Pública se sujeita a controle por parte dos Po-
Por não afetarem substancialmente as necessidades da socie- deres Legislativo e Judiciário, além de exercer, ela mesma, o contro-
dade, apenas irá satisfazer alguns de seus membros, devendo ser le sobre os próprios atos.
remunerado pelos seus órgãos ou entidades administrativas, como Com base nesses elementos, Maria Sylvia Zanella di Pietro con-
é o caso das autarquias, sociedades de economia mista ou ainda ceitua “o controle da Administração Pública como o poder de fis-
por delegação. calização e correção que sobre ela exercem os órgãos dos Poderes
Judiciário, Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a con-
PRINCÍPIOS formidade de sua atuação com os princípios que lhe são impostos
Vamos conferir os princípios fundamentais que ditam as dire- pelo ordenamento jurídico”.
trizes do serviço público: Embora o controle seja atribuição estatal, há possibilidade
a) Princípio da continuidade da prestação do serviço público:
constitucional do administrado participar dele à medida que pode
Em se tratando de serviço público, o princípio mais importante é o
e deve provocar o procedimento de controle, não apenas na defesa
da continuidade de sua prestação.
de seus interesses individuais, mas também na proteção do interes-
Na vigência de contrato administrativo, quando o particular
se coletivo.
descumpre suas obrigações, há rescisão contratual. Se a Adminis-
tração, entretanto, que descumpre suas obrigações, o particular O controle abrange a fiscalização e a correção dos atos ilegais e,
não pode rescindir o contrato, tendo em vista o princípio da conti- em certa medida, dos inconvenientes ou inoportunos.
nuidade da prestação.
Essa é a chamada “cláusula exorbitante”, que visa dar à Admi- CONTROLE EXERCIDO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (CON-
nistração Pública uma prerrogativa que não existe para o particular, TROLE INTERNO)
colocando-a em uma posição superior em razão da supremacia do O controle administrativo é o que decorre da aplicação do prin-
interesse público. cípio do autocontrole, ou autotutela, do qual emerge o poder com
idêntica designação (poder de autotutela).

109
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A Administração tem o dever de anular seus próprios atos, O direito individual consagrado no inciso XXXIV é amplo, e seu
quando eivados de nulidade, podendo revogá-los ou alterá-los, por exercício não exige legitimidade ou interesse comprovado. Pode,
conveniência e oportunidade, respeitados, nessa hipótese, os direi- assim, ser a petição individual ou coletiva subscrita por brasileiro ou
tos adquiridos. estrangeiro, pessoa física ou jurídica, e ser endereçada a qualquer
É o poder de fiscalização e correção que a Administração Pú- dos Poderes do Estado.
blica (em sentido amplo) exerce sobre sua própria atuação, sob os Enquanto o direito de petição é utilizado para possibilitar o
aspectos de legalidade e mérito, por iniciativa própria ou mediante acesso a informações de interesse coletivo, o direito de certidão
provocação. é utilizado para a obtenção de informações que dizem respeito ao
próprio requerente.
O controle sobre os órgãos da Administração Direta é um con-
trole interno e decorre do poder de autotutela que permite à Admi- b) pedido de reconsideração: O pedido de reconsideração abri-
nistração Pública rever os próprios atos quando ilegais, inoportunos ga requerimento que objetiva a revisão de determinada decisão
ou inconvenientes, sendo amplamente reconhecido pelo Poder Ju- administrativa.
diciário (Súmulas 346 e 473 do STF). Exige a demonstração de interesse daquele que o subscreve,
podendo ser exercido por pessoa física ou jurídica, brasileira ou
Controle Administrativo Exercitado de Ofício estrangeira, desde que detentora de interesse. O prazo para sua
O controle é exercitado de ofício, pela própria Administração, interposição deve estar previsto na lei que autoriza o ato; no seu
ou por provocação. Na primeira hipótese, pode decorrer de: fiscali- silêncio, a prescrição opera-se em um ano, contado da data do ato
zação hierárquica; supervisão superior; controle financeiro; parece- ou decisão.
res vinculantes; ouvidoria; e recursos administrativos hierárquicos c) reclamação administrativa: Esta modalidade de recurso ad-
ou de ofício. ministrativo tem a finalidade de conferir à oportunidade do cidadão
a) fiscalização hierárquica: Procede do poder hierárquico, que questionar a realização de algum ato administrativo.
faculta à Administração a possibilidade de escalonar sua estrutura, Trata-se de pedido de revisão que impugna ato ou atividade
vinculando uns a outros e permitindo a ordenação, coordenação, administrativa. É a oposição solene, escrita e assinada, a ato ou
atividade pública que afete direitos ou interesses legítimos do re-
orientação de suas atividades.
clamante. Dessas reclamações são exemplos a que impugna lança-
b) supervisão superior: Difere da fiscalização hierárquica por-
mentos tributários e a que se opõe a determinada medida punitiva.
que não pressupõe o vínculo de subordinação, ficando limitada a
d) recurso administrativo: Recurso é instrumento de defesa,
hipóteses em que a lei expressamente admite a sua realização. No
meio hábil de impugnação ou ferramenta jurídica que possibilita o
âmbito da Administração Pública Federal é nominada de “supervi-
reexame de decisão da Administração. Os recursos administrativos
são ministerial” e aplicável às entidades vinculadas aos ministérios
podem ser:
c) controle financeiro: O art. 74 da Constituição Federal deter-
mina que os Poderes mantenham sistema de controle interno com a
1. provocados ou voluntários: é o interposto pelo interessado,
finalidade de “avaliar o cumprimento das metas previstas no plano
pelo particular, devendo ser dirigido à autoridade competente para
plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos
rever a decisão, contendo a exposição dos fatos e fundamentos ju-
da União; comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à
rídicos da irresignação.
eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimo-
Nada impede, ainda, que, presente o recurso, julgue o admi-
nial nos órgãos e entidades da Administração Federal, bem como
nistrador conveniente a revogação da decisão, ou a sua anulação,
da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;
ainda que o recurso não objetive tal providência. Os recursos sem-
exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem
pre produzem efeitos devolutivos, permitindo o reexame da maté-
como dos direitos e haveres da União; apoiar o controle externo no
ria decidida (devolve à Administração a possibilidade de decidir), e
exercício de sua missão institucional”.
excepcionalmente produzirão efeitos suspensivos, obstando a exe-
d) pareceres vinculantes: Trata-se de controle preventivo sobre
cução da decisão impugnada.
determinados atos e contratos administrativos realizado por órgão
técnico integrante da Administração ou por órgão do Poder Execu-
2. hierárquicos ou Administrativo: é o pedido de reexame do
tivo.
ato dirigido à autoridade superior à que o proferiu. Só podem recor-
e) ouvidoria: limita-se a receber e proceder ao encaminhamen-
rer os legitimados, que, segundo o artigo 58 da Lei federal 9784/99,
to das reclamações que recebe. Ouvidoria, assim entendido como
são:
um canal de comunicação, tem-se dedicado a receber reclamações
-. Os titulares de direitos e interesses que forem parte no pro-
de populares e usuários dos serviços públicos.
cesso;
f) recursos administrativos hierárquicos ou de ofício: por ve-
-. Aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afe-
zes a lei condiciona a decisão ao reexame superior, carecendo ser
tados pela decisão recorrida;
conhecida e eventualmente revista por agente hierarquicamente
-. Organizações e associações representativas, no tocante a di-
superior àquele que decidiu.
reitos e interesses coletivos;
-. Os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses
Controle Administrativo Exercitado Por Provocação: Nesta
difusos.
hipótese de controle interno, ou administrativo (por provocação),
pode decorrer das seguintes formas:
Pode-se, em tese, recorrer de qualquer ato ou decisão, salvo os
a) direito de petição: A Constituição Federal assegura a todos,
atos de mero expediente ou preparatórios de decisões.
independentemente do pagamento de taxas, “o direito de petição
O recurso hierárquico tem sempre efeito devolutivo e pode ter
aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou
efeito suspensivo, se previsto em lei.
abuso de poder” (art. 5º, XXXIV, a).

110
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Na decisão do recurso, o órgão ou autoridade competente tem Quanto aos atos interna corporis (atos administrativos que pro-
amplo poder de revisão, podendo confirmar, desfazer ou modificar duzem efeitos internos), em regra, não são apreciados pelo Poder
o ato impugnado. Entretanto, a reforma não pode impor ao recor- Judiciário, porque se limitam a estabelecer normas sobre o funcio-
rente um maior gravame (reformatio in pejus). namento interno dos órgãos; no entanto, se exorbitarem em seu
conteúdo, ferindo direitos individuais e coletivos, poderão também
e) Pedido de revisão é o recurso utilizado pelo servidor público ser apreciados pelo Poder Judiciário.
punido pela Administração, visando ao reexame da decisão, no caso
de surgirem fatos novos suscetíveis de demonstrar a sua inocência. CONTROLE LEGISLATIVO
Pode ser interposto pelo próprio interessado, por seu procurador O controle legislativo, ou parlamentar, é exercido pelo Poder
ou por terceiros, conforme dispuser a lei estatutária. É admissível Legislativo em todas as suas esferas de atuação como:
até mesmo após o falecimento do interessado. a) Federal: Congresso Nacional composto pelo Senado Federal,
Câmara dos Deputados,
Coisa julgada administrativa b) Estadual: Assembleias Legislativas,
Quando inexiste, no âmbito administrativo, possibilidade de c) Municipal: Câmara de Vereadores
reforma da decisão oferecida pela Administração Pública, está-se d) Distrital: Câmara Distrital
diante da coisa julgada administrativa. Esta não tem o alcance da
coisa julgada judicial, porque o ato jurisdicional da Administração O controle que o Poder Legislativo exerce sobre a Administra-
Pública é tão-só um ato administrativo decisório, destituído do po- ção Pública limita-se às hipóteses previstas na Constituição Federal.
der de dizer do direito em caráter definitivo. Tal prerrogativa, no Alcança os órgãos do Poder Executivo, as entidades da Administra-
Brasil, é só do Judiciário. ção Indireta e o próprio Poder Judiciário, quando executa função
A imodificabilidade da decisão da Administração Pública só en- administrativa.
contra consistência na esfera administrativa. Perante o Judiciário, O exercício do controle constitui uma das funções típicas do
qualquer decisão administrativa pode ser modificada, salvo se tam- Poder Legislativo, ao lado da função de legislar.
bém essa via estiver prescrita.
Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI): As Comissões
Portanto, a expressão “coisa julgada”, no Direito Administrati-
Parlamentares de Inquérito são constituídas pelo Senado ou pela
vo, não tem o mesmo sentido que no Direito Judiciário. Ela significa
Câmara, em conjunto ou separadamente, para investigar fato deter-
apenas que a decisão se tornou irretratável pela própria Adminis-
minado e por prazo certo. Exige-se que o requerimento para a insta-
tração.
lação contenha um terço de adesão dos membros que compõem as
Casas Legislativas, sendo suas conclusões encaminhadas, quando
CONTROLE JUDICIAL
for o caso, ao Ministério Público.
O ordenamento jurídico brasileiro adotou o sistema de juris-
As Comissões detêm poderes de investigação, mas não com-
dição una processar e julgar suas lides, pelo qual o Poder Judiciá-
petência para atos judiciais. Assim, investigam com amplitude, mas
rio tem o monopólio da função jurisdicional, ou seja, do poder de
não julgam e submetem suas conclusões ao Ministério Público.
apreciar, com força de coisa julgada, a lesão ou ameaça de lesão a
direitos individuais e coletivos (art. 5º, XXXV CF/88).
Neste aspecto afastou o sistema da dualidade de jurisdição, Pedido de Informações: O controle exercido por “pedido de in-
em que, paralelamente ao Poder Judiciário, existem os órgãos de formações” está previsto no art. 50, § 2º, da Constituição Federal,
Contencioso Administrativo, que exercem, como aquele, função podendo ser dirigido a ministro de Estado ou a qualquer agente
jurisdicional sobre lides de que a Administração Pública seja parte público subordinado à Presidência da República, a fim de aclarar
interessada. matéria que lhe seja afeta.
O Poder Judiciário possui como prerrogativa inerente a função Tal pedido somente pode ser formulado pelas Mesas da Câ-
típica que exerce examinar os atos da Administração Pública, de mara e do Senado, devendo ser atendido no prazo de trinta dias,
qualquer natureza, sejam gerais ou individuais, unilaterais ou bila- sujeitando o agente, no caso de descumprimento, a crime de res-
terais, vinculados ou discricionários, mas sempre sob o aspecto da ponsabilidade. A norma é aplicável, por simetria, aos Estados e Mu-
legalidade e da moralidade (art. 5º, LXXIII, e art. 37). nicípios.
Quanto aos atos discricionários, sujeitam-se à apreciação judi-
cial, desde que não invadam os aspectos reservados à apreciação Convocação de Autoridades: A Constituição Federal permite às
subjetiva da Administração, conhecidos sob a denominação de mé- Casas Legislativas e às suas Comissões a convocação de ministros de
rito (oportunidade e conveniência). Estado para prestarem esclarecimentos sobre matéria previamente
No entanto, não há invasão do mérito quando o Judiciário definida. Tais esclarecimentos, ou informações, deverão ser pres-
aprecia os motivos, ou seja, os fatos que precedem a elaboração tados pessoalmente e o descumprimento, repetimos, pode corres-
do ato; a ausência ou falsidade do motivo caracteriza ilegalidade, ponder à prática de crime de responsabilidade.
suscetível de invalidação pelo Poder Judiciário.
Nos casos concretos, poderá o Poder Judiciário apreciar a le- CONSTITUIÇÃO FEDERAL
galidade ou constitucionalidade dos atos normativos do Poder Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qual-
Executivo, mas a decisão produzirá efeitos apenas entre as partes, quer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou
devendo ser observada a norma do art. 97 da Constituição Federal, quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidên-
que exige maioria absoluta dos membros dos Tribunais para a de- cia da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre
claração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder assunto previamente determinado, importando crime de responsa-
Público.
bilidade a ausência sem justificação adequada.
Com relação aos atos políticos, é possível também a sua apre-
ciação pelo Poder Judiciário, desde que causem lesão a direitos in-
dividuais ou coletivos.

111
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Nos Estados e Municípios, a Constituição Estadual e as Leis Competências: Os Tribunais de contas têm competência fisca-
Orgânicas também disciplinam, invariavelmente, a convocação de lizadora e a exercem por meio da realização de auditorias e inspe-
secretários municipais e dos dirigentes de autarquias, fundações, ções em entidades e órgãos da Administração Pública.
sociedades de economia mista, empresas públicas ou outras enti- A competência de controle exercido pelos Tribunais de conta
dades. Não há previsão constitucional para a convocação do chefe atinge a: legalidade, legitimidade, economicidade e aplicação de
do Executivo. subvenções e renúncia de receitas A Constituição Federal ampliou
significativamente as atribuições das Cortes de Contas, dentre as
Fiscalização pelo Tribunal de Contas: A função desempenhada quais se destacam:
pelo Tribunal de Contas é técnica, administrativa, e não jurisdicio- a) oferecer parecer prévio sobre contas prestadas anualmente
nal. Apesar de auxiliar o Legislativo, detém autonomia e não integra pelo chefe do Poder Executivo;
a estrutura organizacional daquele Poder. b) examinar, julgando, as contas dos agentes públicos e admi-
A fiscalização não se restringe ao “controle financeiro”, mas in- nistradores de dinheiros, bens e valores públicos;
clui a fiscalização contábil, orçamentária, operacional e patrimonial c) aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa
da Administração Pública direta e indireta, bem como de qualquer ou irregularidade de contas, sanções previstas em lei;
pessoa física ou jurídica que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou d) fiscalizar repasses de recursos efetuados pela União a Esta-
administre dinheiros, bens e valores públicos (CF, art. 70, parágrafo dos, Distrito Federal ou a Municípios, mediante convênio, acordo,
único). ajuste ou outros instrumentos congêneres;
e) conceder prazo para a correção de irregularidade ou ilega-
CONTROLE PELOS TRIBUNAIS DE CONTAS lidade;
O Tribunal de Contas é competente para realizar a fiscalização f) realizar auditorias e inspeções de natureza contábil, financei-
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial dos ra, orçamentária, operacional e patrimonial em qualquer unidade
entes federativos, da Administração Pública direta e indireta, além administrativa dos três Poderes, seja da Administração direta, seja
das empresas públicas e sociedades de economia mista que tam- da indireta.
bém estão sujeitas à fiscalização dos Tribunais de Contas.
O Supremo Tribunal Federal reconheceu a competência do Tri-
O Tribunal de Contas auxilia o Poder Legislativo mas não o inte-
bunal de Contas para apreciar a inconstitucionalidade de leis e atos
gra de forma direta. Embora o nome sugira que faça parte do Poder
do poder público, dessa forma suas atribuições não dizem respeito
Judiciário, o Tribunal de Contas está administrativamente enqua-
somente à apreciação da legalidade, mas também da legitimidade
drado no Poder Legislativo. Essa é a posição adotada no Brasil, pois
do órgão e do princípio da economicidade. Segue a súmula:
em outros países essa corte pode integrar qualquer dos outros dois
poderes. Sua situação é de órgão auxiliar do Congresso Nacional, e
Súmula 347, STF. O Tribunal de Contas, no exercício de suas atri-
como tal exerce competências de assessoria do Parlamento, bem
buições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do
como outras privativas.
poder público.
Os Tribunais de Contas têm natureza jurídica de órgãos públi-
cos primários despersonalizados. São chamados de órgãos “pri-
É ainda competente para fiscalizar os procedimentos de licita-
mários” ou “independentes” porque seu fundamento e estrutura
ções e, nesse caso, possui prerrogativa para adotar medidas caute-
encontram-se na própria Constituição Federal, não se sujeitando
lares com a finalidade de evitar futura lesão ao erário, bem como
a qualquer tipo de subordinação hierárquica ou funcional a outras para garantir o cumprimento de suas decisões.
autoridades estatais Cabe destacar que é da alçada do Tribunal de Contas julgar as
contas anuais dos administradores e outros responsáveis pelo erá-
Composição dos Tribunais de Contas: O Tribunal de Contas da rio público.
União é composto por nove ministros que possuem as mesmas ga- Tem ainda o Tribunal a chamada competência sancionatória,
rantias, prerrogativas, vencimentos e impedimentos dos ministros ou seja, o poder de aplicar sanções em caso de ilegalidades nas des-
do STJ. pesas e nas contas. Suas decisões tem natureza de título executivo.
Os Tribunais de Contas dos Estados são formados conforme
previsto nas Constituições Estaduais, respeitando sempre a Cons-
tituição Federal. É integrado por sete conselheiros, sendo quatro
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
escolhidos pela Assembleia Legislativa e três pelo Governador do
Estado (súmula 653 do STF).
Quanto à criação de Tribunais, Conselhos e órgãos de contas RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
municipais, a Constituição Federal veda a sua criação, no entanto, EVOLUÇÃO HISTÓRICA
os municípios que possuíam estas instituições antes da Constituição Durante muito tempo o Estado não era civilmente responsável
de 1988 poderão mantê-las. Já para os municípios posteriores a ela por seus atos, vigorava à época a era do Absolutismo em que o Rei
terão o controle externo da Câmara Municipal realizado com o auxí- era a figura suprema e, justamente por isso, concentrava todo o
lio dos Tribunais de Contas dos Estados e Ministério Público. Veja-se poder em suas mãos.
o dispositivo constitucional: A figura do rei era indissociável da figura do Estado e, em vá-
rias civilizações seu poder supremo era fundamentado na vontade
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder de Deus. Surge então a expressão “the king can do no wrong”, ou
Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas seja, “o rei nunca erra, e por tal razão não se cogitava em respon-
de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei. sabilizá-lo e os danos eventualmente causados decorrente de seus
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com atos ficavam sem reparação. Essa é a teoria da irresponsabilidade
o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou do Estado.
dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver. Contudo, o funcionário do rei poderia ser responsabilizado
quando o ato lesivo tivesse relação direta com seu comportamento.

112
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Somente no século XIX passou a se admitir a responsabilidade Para que o agente repare o dano causado é necessário a plena
subjetiva do Estado. Esse tipo de responsabilidade demanda uma consciência do erro causado, caracterizando, desta forma o dolo ou
análise sobre a intenção do agente pois, sem essa não se fala em até mesmo a culpa por negligência, imprudência e imperícia. Con-
responsabilidade. Assim, por essa teoria, somente se responsabiliza tudo, se o dano não tiver sido causado por dolo ou culpa do agente,
o sujeito que age com dolo ou culpa. compete à vítima suportar os prejuízos, como se tivessem sido cau-
Dado à ineficiência desse tipo de responsabilização, mostran- sados em virtude de caso fortuito ou força maior.
do-se insuficiente para as demandas sociais, surgiu a teoria da res-
ponsabilidade objetiva que ignora a demonstração inicial de culpa, - Contratual e Extracontratual:
logo, haverá responsabilidade quando houver dano, ilícito e nexo A responsabilidade contratual decorre da inexecução de um
causal. contrato, unilateral ou bilateral, ou seja, foi quebrado o acordo de
vontade entre as partes, o que acabou causando um ilícito contra-
ATENÇÃO: Nexo causal é o liame subjetivo que une o dano ao tual. Esse pacto de vontades pode se dar de maneira tácita ou ex-
ilícito, ou seja, à conduta. pressa, uma das partes pretende ver sua solicitação atendida e a
outra, da mesma forma, assume a obrigação de cumpri-la, mesmo
Desde os tempos do Império que a Legislação Brasileira prevê a que seja de forma verbal.
reparação dos danos causados a terceiros pelo Estado, por ação ou A responsabilidade extracontratual relaciona-se com a prática
omissão dos seus agentes. de um ato ilícito que origine dano a outrem, sem gerar vínculo con-
No Brasil, surgiu a criação do Tribunal de Conflitos, em 1.873, tratual entre as partes, devendo a parte lesada comprovar além do
passando a evoluir à Responsabilidade Subjetiva. dano a culpa e o nexo de causalidade entre ambos, o que é difícil
Quando falamos em responsabilidade extracontratual, deve- de se comprovar. Irá se preocupar com a reparação dos danos pa-
mos pensar que será excluída a responsabilidade contratual, pois trimoniais.
será regida por princípios próprios Este tipo de responsabilidade caracteriza o estado democrático
As Constituições de 1824 e de 1891 já previam a responsabili- de direito, conferindo liberdade individual em face da coletividade,
zação dos funcionários públicos por abusos e omissões no exercício através de leis.
de seus cargos. Mas a responsabilidade era do funcionário, vingan- O que ambas tem em comum é que existe a obrigação de re-
do até aí, a teoria da irresponsabilidade do Estado. parar o prejuízo, ou por violação a um dever legal, ou por violação
Durante a vigência das Constituições de 1934 e 1937 passou a a um dever contratual.
vigorar o princípio da responsabilidade solidária, por ele o lesado
podia mover ação contra o Estado ou contra o servidor, ou contra - Objetiva:
ambos, inclusive a execução. O Brasil adota a Responsabilidade Objetiva do Estado. Na res-
O Código Civil de 1916, em seu art. 15, já tratava do assun- ponsabilidade objetiva, o dano decorre de uma atividade lícita, que
to, a saber: “As pessoas jurídicas de direito público são civilmente apesar deste caráter gera um perigo a outrem, ocasionando o dever
responsáveis por atos dos seus representantes que nessa qualidade de ressarcimento, pelo simples fato do implemento do nexo cau-
causem danos a terceiros, procedendo de modo contrário ao direito sal. Para tanto, surgiu a teoria do risco para preencher as lacunas
ou faltando a dever prescrito por lei, salvo o direito regressivo con- deixadas pela culpabilidade, permitindo que o dano fosse reparado
tra os causadores do dano”. independente de culpa.
Para Rui Stoco2: “a doutrina da responsabilidade civil objetiva,
Entretanto, a figura da responsabilidade direta ou solidária do em contrapartida aos elementos tradicionais (culpa, dano, vínculo
funcionário desapareceu com o advento da Carta de 1946, que ado- de causalidade) determina que a responsabilidade civil assenta-se
tou o princípio da responsabilidade objetiva do Estado, evolução na equação binária, cujos polos são o dano e a autoria do evento
jurídica que garante a possibilidade de ação regressiva contra o ser- danoso. Sem considerar a imputabilidade ou investigar a antijuri-
vidor no caso de culpa. cidade do evento danoso, o que importa, para garantir o ressar-
Note-se que, a partir da Constituição de 1967 houve um alarga- cimento, é a averiguação de que se sucedeu o episódio e se dele
mento na responsabilização das pessoas jurídicas de direito público proveio algum prejuízo, confirmando o autor do fato causador do
por atos de seus servidores. Saiu a palavra interno, passando a al- dano como o responsável.”
cançar tanto as entidades políticas nacionais, como as estrangeiras.
Esse alargamento ampliou-se ainda mais com a Constituição de Teorias da responsabilidade objetiva do Estado
1988, que estendeu a aplicabilidade da responsabilidade civil obje- De acordo com o jurista Hely Lopes Meirelles, são teorias da
tiva às pessoas jurídicas de direito privado, prestadoras de serviços responsabilidade objetiva do Estado.
públicos, os não essenciais, por concessão, permissão ou autoriza- a) teoria da culpa administrativa: a obrigação do Estado inde-
ção. nizar decorre da ausência objetiva do serviço público em si. Não se
trata de culpa do agente público, mas de culpa especial do Poder
Modalidades de responsabilidade civil Público, caracterizada pela falta de serviço público.
A responsabilidade civil pode demonstrar-se de diversas mo- b) teoria do risco administrativo: a responsabilidade civil do
dalidades: Estado por atos comissivos ou omissivos de seus agentes é de natu-
reza objetiva, ou seja, dispensa a comprovação de culpa, bastando
- Subjetiva: assim a conduta, o fato danoso e o dano, seja ele material ou moral.
A responsabilidade subjetiva difere-se da responsabilidade ob- Não se indaga da culpa do Poder Público mesmo porque ela é infe-
jetiva com relação à forma, em ambas é exigido a reparação e inde- rida do ato lesivo da Administração.
nização do dano causado, diferenciando-se com relação à existên-
cia ou não de culpa por parte do agente que tenha causado dano
à vítima.
Na responsabilidade subjetiva, o fundamento é a demonstra-
2STOCO, Rui. Responsabilidade civil e sua interpretação jurisdicional.
ção de que o dano contra a vítima foi causado por culpa do agente.
4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.

113
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Entretanto, é fundamental, que haja o nexo causal. Danos por Ação do Estado
Deve-se atentar para o fato de que a dispensa de comprova- O exercício da atuação administrativa esta sujeita a causar le-
ção de culpa da Administração pelo administrado não quer dizer são a terceiros, ou seja, a ação estatal é apta a gerar danos e capaz
que aquela esteja proibida de comprovar a culpa total ou parcial da de produzir o evento lesivo. Indenizável.
vítima, para excluir ou atenuar a indenização. Verificado o dolo ou Se houve conduta estatal lesiva a bem jurídico tutelado, cau-
a culpa do agente, cabe à fazenda pública acionar regressivamente sando prejuízos de ordem material ou moral ao cidadão, é suficien-
para recuperar deste, tudo aquilo que despendeu com a indeniza- te para postular a reclamação e consequentemente a reparação do
ção da vítima. dano experimentado.
Como se sabe, o Estado é realmente um sujeito político, jurídi- Por obvio, eventualmente o Estado pode vir a lesar direitos ou
co e economicamente mais poderoso que o administrado, gozando interesses de terceiros com o intuito de satisfazer um determinado
de determinadas prerrogativas que não se estendem aos demais interesse público, mediante ação legítima do Estado, sob o funda-
sujeitos de direito. mento da Supremacia dos Interesses Coletivos. No entanto, apesar
Em razão desse poder, o Estado teria que arcar com um risco de legitima a ação estatal, no caso de produção de evento lesivo a
maior, decorrente de suas inúmeras atividades e, ter que responder outrem, coexiste o dever de indenizar os danos.
por ele, trazendo, assim a teoria do Risco Administrativo.
Para excluir-se a responsabilidade objetiva, deverá estar ausen- Danos por Omissão do Estado
te ao menos um dos seus elementos, quais sejam conduta, dano A omissão da conduta necessária e adequada consiste apta a
e nexo de causalidade. A culpa exclusiva da vítima, caso fortuito caracterizar responsabilidade do Estado consiste na materialização
e força maior são excludentes de responsabilidade e se tratam de de vontade, defeituosamente desenvolvida do ente estatal.
hipóteses de interrupção do nexo de causalidade. Logo, a responsabilidade continua a envolver um elemento
subjetivo, consiste na formulação defeituosa da vontade de agir ou
c) Teoria do risco integral: a Administração responde invariavel- deixar de agir.
mente pelo dano suportado por terceiro, ainda que decorrente de Não há responsabilidade civil objetiva do Estado, mas há pre-
culpa exclusiva deste, ou até mesmo de dolo. É a exacerbação da sunção de culpabilidade derivada da existência de um dever de di-
teoria do risco administrativo que conduz ao abuso e à iniquidade ligência especial. Tanto é assim que, se a vítima tiver concorrido
social, com bem lembrado por Meirelles. para o evento danoso, o valor de uma eventual condenação será
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 37, § 6º, diz: “As minimizado.
pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestado- Essa distinção não é meramente acadêmica, especialmente
ras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, porque a avaliação do elemento subjetivo é indispensável, em cer-
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de re- tas circunstâncias, para a determinação da indenização devida.
gresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”. A Constituição Federal de 1988, seguindo uma tradição estabe-
E no art. 5º, X, está escrito: “são invioláveis a intimidade, a vida lecida desde a Constituição Federal de 1946, determinou, em seu
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a in- art. 37, §6º, a responsabilidade objetiva do Estado e responsabili-
denização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. dade subjetiva do funcionário.
Vê-se por esse dispositivo que a indenização não se limita aos
danos materiais. No entanto, há uma dificuldade nos casos de da- Em que pese a aplicação da teoria da responsabilidade objetiva
nos morais na fixação do quantum da indenização, em vista da au- ser adotada pela Constituição Federal, o Poder Judiciário, em deter-
sência de normas regulamentadoras para aferição objetiva desses minados julgamentos, utiliza a teoria da culpa administrativa para
danos. responsabilizar o Estado em casos de omissão.
Portanto, a responsabilidade do Estado se traduz numa obriga- Assim, a omissão na prestação do serviço público tem levado à
ção, atribuída ao Poder Público, de compor os danos patrimoniais aplicação da teoria da culpa do serviço público (faute du service). A
causados a terceiros por seus agentes públicos, tanto no exercício culpa decorre da omissão do Estado, quando este deveria ter agido
das suas atribuições, quanto agindo nessa qualidade. e não agiu. Por exemplo, o Poder Público não conservou adequa-
O Estado responde pelos danos causados com base no concei- damente as rodovias e ocorreu um acidente automobilístico com
to de nexo de causalidade, ou seja, na relação de causa e efeito terceiros.
existente entre o fato ocorrido e as consequências dele resultantes. Com relação ao comportamento comissivo ou omissivo do Es-
Não se cogita a necessidade daquele que sofreu o prejuízo, tado, importante destacar o que dispõe MAZZA3 sobre o tema:
comprovar a culpa ou o dolo, bastando apenas a demonstração do Existem situações em que o comportamento comissivo de um
nexo de causalidade, como se observou na leitura do art. 37, § 6º agente público causa prejuízo a particular. São os chamados da-
da Constituição Federal. nos por ação. Noutros casos, o Estado deixa de agir e, devido a tal
inação, não consegue impedir um resultado lesivo. Nessa hipótese,
RESPONSABILIDADE POR AÇÃO OU OMISSÃO DO ESTADO fala-se me dano por omissão. Os exemplos envolvem prejuízos de-
Nos termos constitucionais. o dano indenizável pode ser mate- correntes de assalto, enchente, bala perdida, queda de árvore, bu-
rial e/ou moral e ambos podem ser requeridos na mesma ação, se raco na via pública e bueiro aberto sem sinalização causando dano
preencherem os requisitos expostos. a particular. Tais casos têm em comum a circunstância de inexistir
Aquele que é investido de competências estatais tem o dever um ato estatal causador do prejuízo.
objetivo de adotar as providências necessárias e adequadas a evitar (...)
danos às pessoas e ao patrimônio. Em linhas gerais, sustenta-se que o estado só pode ser conde-
Quando o Estado infringir esse dever objetivo e, exercitando nado a ressarcir prejuízos atribuídos à sua omissão quando a legis-
suas competências, der oportunidades a ocorrências do dano, esta- lação considera obrigatória a prática da conduta omitida. Assim, a
rão presentes os elementos necessários à formulação de um juízo omissão que gera responsabilidade é aquela violadora de um dever
de reprovabilidade quanto a sua conduta. de agir. Em outras palavras, os danos por omissão são indenizáveis
No entanto, não é necessário apurar a existência de uma von-
3MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. Ed. Saraiva. 4ª
tade psíquica no sentido da ação ou omissão causadoras do dano.
edição. 2014.

114
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
somente quando configura omissão dolosa ou omissão culposa. Na A regra é que o caso fortuito exclua a responsabilidade do Esta-
omissão dolosa, o agente público encarregado de praticar a condu- do, contudo, se o dano for consequência de falha da Administração,
ta decide omitir-se e, por isso, não evita o prejuízo. Já na omissão poderá haver a responsabilização. Ex: rompimento de um cabo de
culposa, a falta de ação do agente público não decorre de sua inten- energia elétrica por falta de manutenção ou por má colocação que
ção deliberada em omitir-se, mas deriva da negligência na forma cause a morte de uma pessoa.
de exercer a função administrativa. Exemplo: policial militar que Nos casos em que está presente a culpa da vítima, duas situa-
adorme em serviço e, por isso, não consegue evitar furto a banco ções podem surgir:
privado. a) O Estado não responde, desde que comprove que houve cul-
pa exclusiva do lesado;
REQUISITOS PARA A DEMONSTRAÇÃO DA RESPONSABILIDA- b) O Estado responde parcialmente, se demonstrar que houve
DE DO ESTADO culpa concorrente do lesado para a ocorrência do dano.
Assim, pode-se afirmar que são requisitos para a demonstra-
ção da responsabilidade do Estado a ação ou omissão (ato do agen- Em caso de culpa concorrente, aplica-se o disposto no art. 945
te público), o resultado lesivo (dano) e nexo de causalidade. do Código Civil:
Dano: decorre da violação de um bem juridicamente tutelado, Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o
que pode ser patrimonial ou extrapatrimonial. evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a
Para que seja ressarcido deve ser certo, atual, próprio ou pes- gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
soal.
Insta dizer que o dano não é apenas patrimonial (atinge bens A culpa de terceiro ocorre quando o dano é causado por pessoa
jurídicos que podem ser auferidos pecuniariamente) ele também diferente da vítima e do agente público.
pode ser moral (ofende direitos personalíssimos que atingem inte- Observe-se que cabe ao Poder Público o ônus de provar a exis-
gridade moral, física e psíquica). tência de excludente ou atenuante de responsabilidade.
Logo, o dano que gera a indenização deve ser:
Certo: É o dano real, efetivo, existente. Para requerer indeniza- REPARAÇÃO DO DANO
ção do Estado é necessário que o dano já tenha sido experimenta- Quanto à reparação do dano, esta pode ser obtida administra-
do. Não se configura a possibilidade de indenização de danos que tivamente ou mediante ação de indenização junto ao Poder Judici-
podem eventualmente ocorrer no futuro. ário. Para conseguir o ressarcimento do prejuízo, a vítima deverá
Especial: É o dano que pode ser particularizado, aquele que demonstrar o nexo de causalidade entre o fato lesivo e o dano, bem
não atinge a coletividade em geral; deve ser possível a identificação como o valor do prejuízo.
do particular atingido.
Anormal: É aquele que ultrapassa as dificuldades da vida co- Uma vez indenizada a vítima, fica a pessoa jurídica com direito
mum, as dificuldades do cotidiano. de regresso contra o responsável, isto é, com o direito de recuperar
Direto e imediato: O prejuízo deve ser resultado direito e ime- o valor da indenização junto ao agente que causou o dano, desde
diato da ação ou omissão do Estado, sem quebra do nexo causal. que este tenha agido com dolo ou culpa. Observe-se que não está
sujeito a prazo prescricional a ação regressiva contra o agente pú-
CAUSAS EXCLUDENTES E ATENUANTES DA RESPONSABILIDA- blico que agiu com dolo ou culpa para a recuperação dos valores
DE DO ESTADO pagos pelos cofres públicos, conforme inteligência do art. 37, pará-
A responsabilidade do Poder Público poderá ser excluída ou grafo 5º da Constituição Federal:
será atenuada quando a conduta da Administração Pública não der §5º: A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos pra-
causa ao prejuízo, ou concorrerem outras circunstâncias que pos- ticados por qualquer agente servidor ou não, que causem prejuízos
sam afastar ou mitigar sua responsabilidade. ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
Em geral, são chamadas causas excludentes da responsabili-
dade estatal; a força maior, o caso fortuito, a culpa exclusiva da DIREITO DE REGRESSO
vítima e a culpa de terceiro. Nos casos em que se verificar a existência de culpa ou dolo
Nestes casos, não existindo nexo de causalidade entre a condu- na conduta do agente público causador do dano (Art. 37, §6º, CF),
ta da Administração e o dano ocorrido, a responsabilidade estatal poderá o Estado propor ação regressiva, com a finalidade de apurar
será afastada. a responsabilidade pessoal do agente, sempre partindo-se do pres-
A força maior pode ser definida como um evento previsível ou suposto de que o Estado já foi condenado anteriormente.
não, porém excepcional e inevitável. A entidade estatal que propuser a ação deverá demonstrar a
Em regra, não há responsabilidade do Estado, contudo existe ocorrência dos requisitos que comprovem a responsabilidade do
a possibilidade de responsabilizá-lo mesmo na ocorrência de uma agente, ou seja, ato, dano, nexo e culpa ou dolo. Caso o elemento
circunstância de força maior, desde que a vítima comprove o com- subjetivo, representado pela culpa ou dolo, não esteja presente no
portamento culposo da Administração Pública. Por exemplo, num caso concreto, haverá exclusão da responsabilidade do agente pú-
primeiro momento, uma enchente que causou danos a particulares blico.
pode ser entendida como uma hipótese de força maior e afastar a Note-se que a Administração Pública tem o dever de propor
responsabilidade Estatal, contudo, se o particular comprovar que ação regressiva, em razão do princípio da indisponibilidade. Outra
os bueiros entupidos concorreram para o incidente, o Estado tam- questão importante é que não há prazo para propositura da ação
bém responderá, pois a prestação do serviço de limpeza pública foi regressiva, uma vez que, por força do Art. 37, §5º da CF, esta é im-
deficiente. prescritível.
O caso fortuito é um evento imprevisível e, via de consequ- Ensina mais Alexandre Mazza: quando se tratar de dano causa-
ência, inevitável. Alguns autores diferenciam-no da força maior do por agente ligado a empresas públicas, sociedades de economia
alegando que ele tem relação com o comportamento humano, en- mista, fundações governamentais, concessionários e permissioná-
quanto a força maior deriva da natureza. Outros, atestam não haver
diferença entre ambos.

115
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
rios, isto é, para pessoas jurídicas de direito privado, o prazo é de O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Na-
três anos (art. 206, § 3º, V, do CC) contados do trânsito em julgado cional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
da decisão condenatória.
CAPÍTULO I
São pressupostos para a propositura da ação regressiva: DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
1) condenação do Estado na ação indenizatória;
2) trânsito em julgado da decisão condenatória; Art. 1º O sistema de responsabilização por atos de improbidade
3) culpa ou dolo do agente; administrativa tutelará a probidade na organização do Estado e no
4) ausência de denunciação da lide na ação indenizatória. exercício de suas funções, como forma de assegurar a integridade
do patrimônio público e social, nos termos desta Lei. (Redação dada
Importante ressaltar a denunciação à lide, que trata-se de uma pela Lei nº 14.230, de 2021)
ação secundária regressiva, podendo ser feita tanto pelo autor Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230,
como pelo réu, será citada e denunciada a pessoa contra quem o
de 2021)
denunciante tem pretensão indenizatória ou de reembolso.
§ 1º Consideram-se atos de improbidade administrativa as con-
dutas dolosas tipificadas nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, ressalvados
LEI Nº 8.429/1992 E SUAS ALTERAÇÕES tipos previstos em leis especiais. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
2021)
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA § 2º Considera-se dolo a vontade livre e consciente de alcan-
A improbidade administrativa é a falta de probidade do servi- çar o resultado ilícito tipificado nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, não
dor no exercício de suas funções ou de governantes no desempe- bastando a voluntariedade do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230,
nho das atividades próprias de seu cargo. Os atos de improbidade de 2021)
administrativa importam a suspensão dos direitos políticos, a perda § 3º O mero exercício da função ou desempenho de compe-
da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento tências públicas, sem comprovação de ato doloso com fim ilícito,
do Erário (patrimônio da administração), na forma e gradação pre- afasta a responsabilidade por ato de improbidade administrativa.
vistas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Com a inclusão do princípio da moralidade administrativa no § 4º Aplicam-se ao sistema da improbidade disciplinado nesta
texto constitucional houve um reflexo da preocupação com a ética Lei os princípios constitucionais do direito administrativo sanciona-
na Administração Pública, para evitar a corrupção de servidores. dor. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
A matéria é regulada no plano constitucional pelo art. 37, §4º, § 5º Os atos de improbidade violam a probidade na organiza-
da Constituição Federal, e no plano infraconstitucional pela Lei Fe- ção do Estado e no exercício de suas funções e a integridade do
deral Nº 8.429, de 02.06.1992, que dispõe sobre “as sanções apli- patrimônio público e social dos Poderes Executivo, Legislativo e Ju-
cáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no diciário, bem como da administração direta e indireta, no âmbito da
exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. (Incluído
pública direta, indireta ou fundacional.” pela Lei nº 14.230, de 2021)
A lei 8.429/92 pune os atos de improbidade praticados por § 6º Estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbida-
qualquer agente público, servidor ou não, contra a administração. de praticados contra o patrimônio de entidade privada que receba
Agente público, para os efeitos desta lei, é todo aquele que exer- subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de entes pú-
ce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, blicos ou governamentais, previstos no § 5º deste artigo. (Incluído
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de pela Lei nº 14.230, de 2021)
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função. Con- § 7º Independentemente de integrar a administração indireta,
tudo, a lei também poderá ser aplicada, àquele que, mesmo não
estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbidade pratica-
sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de
dos contra o patrimônio de entidade privada para cuja criação ou
improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou in-
custeio o erário haja concorrido ou concorra no seu patrimônio ou
direta.
receita atual, limitado o ressarcimento de prejuízos, nesse caso, à
Os atos que constituem improbidade administrativa podem ser
divididos em quatro espécies: repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. (In-
1. Ato de improbidade administrativa que importa enriqueci- cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
mento ilícito (art. 9º) § 8º Não configura improbidade a ação ou omissão decorrente
2) Ato de improbidade administrativa que importa lesão ao erá- de divergência interpretativa da lei, baseada em jurisprudência, ain-
rio (art. 10) da que não pacificada, mesmo que não venha a ser posteriormente
prevalecente nas decisões dos órgãos de controle ou dos tribunais
3) Ato de improbidade administrativa decorrente de concessão do Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
ou aplicação indevida de benefício financeiro ou tributário (art. 10- Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se agente público
A) o agente político, o servidor público e todo aquele que exerce, ainda
4) Ato de improbidade administrativa que atenta contra os que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
princípios da administração pública (art. 11). designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades referi-
LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992 das no art. 1º desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Parágrafo único. No que se refere a recursos de origem pública,
Dispõe sobre as sanções aplicáveis em virtude da prática de sujeita-se às sanções previstas nesta Lei o particular, pessoa física
atos de improbidade administrativa, de que trata o § 4º do art. 37 ou jurídica, que celebra com a administração pública convênio, con-
da Constituição Federal; e dá outras providências. (Redação dada
pela Lei nº 14.230, de 2021)

116
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
trato de repasse, contrato de gestão, termo de parceria, termo de II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para fa-
cooperação ou ajuste administrativo equivalente. (Incluído pela Lei cilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou
nº 14.230, de 2021) a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por
Art. 3º As disposições desta Lei são aplicáveis, no que couber, preço superior ao valor de mercado;
àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para fa-
dolosamente para a prática do ato de improbidade. (Redação dada cilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o forne-
pela Lei nº 14.230, de 2021) cimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de
§ 1º Os sócios, os cotistas, os diretores e os colaboradores de mercado;
pessoa jurídica de direito privado não respondem pelo ato de im- IV - utilizar, em obra ou serviço particular, qualquer bem móvel,
probidade que venha a ser imputado à pessoa jurídica, salvo se, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades referidas
comprovadamente, houver participação e benefícios diretos, caso no art. 1º desta Lei, bem como o trabalho de servidores, de empre-
em que responderão nos limites da sua participação. (Incluído pela gados ou de terceiros contratados por essas entidades; (Redação
Lei nº 14.230, de 2021) dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º As sanções desta Lei não se aplicarão à pessoa jurídica, V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
caso o ato de improbidade administrativa seja também sanciona- ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar,
do como ato lesivo à administração pública de que trata a Lei nº de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qual-
12.846, de 1º de agosto de 2013. (Incluído pela Lei nº 14.230, de quer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;
2021) VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
Art. 4° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021) ou indireta, para fazer declaração falsa sobre qualquer dado técni-
Art. 5° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021) co que envolva obras públicas ou qualquer outro serviço ou sobre
Art. 6° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021) quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercado-
Art. 7º Se houver indícios de ato de improbidade, a autoridade rias ou bens fornecidos a qualquer das entidades referidas no art.
que conhecer dos fatos representará ao Ministério Público compe- 1º desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
tente, para as providências necessárias. (Redação dada pela Lei nº VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de manda-
14.230, de 2021) to, de cargo, de emprego ou de função pública, e em razão deles,
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, bens de qualquer natureza, decorrentes dos atos descritos no caput
de 2021) deste artigo, cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimô-
Art. 8º O sucessor ou o herdeiro daquele que causar dano ao nio ou à renda do agente público, assegurada a demonstração pelo
erário ou que se enriquecer ilicitamente estão sujeitos apenas à agente da licitude da origem dessa evolução; (Redação dada pela
obrigação de repará-lo até o limite do valor da herança ou do pa- Lei nº 14.230, de 2021)
trimônio transferido. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de con-
Art. 8º-A A responsabilidade sucessória de que trata o art. 8º sultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que te-
desta Lei aplica-se também na hipótese de alteração contratual, de nha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou
transformação, de incorporação, de fusão ou de cisão societária. omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) atividade;
Parágrafo único. Nas hipóteses de fusão e de incorporação, a IX - perceber vantagem econômica para intermediar a libera-
responsabilidade da sucessora será restrita à obrigação de repara- ção ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;
ção integral do dano causado, até o limite do patrimônio transferi- X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
do, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas nesta Lei ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declara-
decorrentes de atos e de fatos ocorridos antes da data da fusão ção a que esteja obrigado;
ou da incorporação, exceto no caso de simulação ou de evidente XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens,
intuito de fraude, devidamente comprovados. (Incluído pela Lei nº rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das en-
14.230, de 2021) tidades mencionadas no art. 1° desta lei;
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores
CAPÍTULO II integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA art. 1° desta lei.
SEÇÃO I SEÇÃO II
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE IMPOR- DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE CAUSAM
TAM ENRIQUECIMENTO ILÍCITO PREJUÍZO AO ERÁRIO

Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importan- Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa
do em enriquecimento ilícito auferir, mediante a prática de ato do- lesão ao erário qualquer ação ou omissão dolosa, que enseje, efe-
loso, qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do tiva e comprovadamente, perda patrimonial, desvio, apropriação,
exercício de cargo, de mandato, de função, de emprego ou de ati- malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades
vidade nas entidades referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente: referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente: (Redação dada pela
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) Lei nº 14.230, de 2021)
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou I - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a indevida
imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indire- incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica,
ta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de de bens, de rendas, de verbas ou de valores integrantes do acervo
quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido patrimonial das entidades referidas no art. 1º desta Lei; (Redação
ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
agente público;

117
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica pri- XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entida-
vada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo des privadas sem a observância das formalidades legais ou regula-
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a mentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014)
observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis (Vigência)
à espécie; XIX - agir para a configuração de ilícito na celebração, na fisca-
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente desper- lização e na análise das prestações de contas de parcerias firmadas
sonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens, ren- pela administração pública com entidades privadas; (Redação dada
das, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades pela Lei nº 14.230, de 2021)
mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração
legais e regulamentares aplicáveis à espécie; pública com entidades privadas sem a estrita observância das nor-
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação
bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas irregular. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014, com a redação dada
no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, pela Lei nº 13.204, de 2015)
por preço inferior ao de mercado; XXI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem XXII - conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tribu-
ou serviço por preço superior ao de mercado; tário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei
VI - realizar operação financeira sem observância das normas Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela Lei nº
legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidô- 14.230, de 2021)
nea; § 1º Nos casos em que a inobservância de formalidades legais
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a obser- ou regulamentares não implicar perda patrimonial efetiva, não
vância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à es- ocorrerá imposição de ressarcimento, vedado o enriquecimento
pécie; sem causa das entidades referidas no art. 1º desta Lei. (Incluído
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo pela Lei nº 14.230, de 2021)
seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins lucra- § 2º A mera perda patrimonial decorrente da atividade econô-
mica não acarretará improbidade administrativa, salvo se compro-
tivos, ou dispensá-los indevidamente, acarretando perda patrimo-
vado ato doloso praticado com essa finalidade. (Incluído pela Lei nº
nial efetiva; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
14.230, de 2021)
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autoriza-
das em lei ou regulamento;
SEÇÃO III
X - agir ilicitamente na arrecadação de tributo ou de renda,
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE ATEN-
bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio públi-
TAM CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
co; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta
pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irre- contra os princípios da administração pública a ação ou omissão
gular; dolosa que viole os deveres de honestidade, de imparcialidade e de
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enri- legalidade, caracterizada por uma das seguintes condutas: (Reda-
queça ilicitamente; ção dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veí- I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
culos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencio- III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão
nadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, das atribuições e que deva permanecer em segredo, propiciando
empregados ou terceiros contratados por essas entidades. beneficiamento por informação privilegiada ou colocando em risco
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por a segurança da sociedade e do Estado; (Redação dada pela Lei nº
objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associa- 14.230, de 2021)
da sem observar as formalidades previstas na lei; (Incluído pela Lei IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em razão de sua
nº 11.107, de 2005) imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado ou
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem sufi- de outras hipóteses instituídas em lei; (Redação dada pela Lei nº
ciente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as formali- 14.230, de 2021)
dades previstas na lei. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005) V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorpo- de concurso público, de chamamento ou de procedimento licitató-
ração, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica, de bens, rio, com vistas à obtenção de benefício próprio, direto ou indireto,
rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração ou de terceiros; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
pública a entidades privadas mediante celebração de parcerias, VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo,
sem a observância das formalidades legais ou regulamentares apli- desde que disponha das condições para isso, com vistas a ocultar
cáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência) irregularidades; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de tercei-
privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos ro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou
pela administração pública a entidade privada mediante celebração econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regula- VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização
mentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) e aprovação de contas de parcerias firmadas pela administração pú-
(Vigência) blica com entidades privadas. (Redação dada pela Lei nº 13.019, de
2014) (Vigência)
IX - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
X - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, (doze) anos, pagamento de multa civil equivalente ao valor do dano
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autori- e proibição de contratar com o poder público ou de receber bene-
dade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido fícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,
em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio ma-
cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada joritário, pelo prazo não superior a 12 (doze) anos; (Redação dada
na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes pela Lei nº 14.230, de 2021)
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com- III - na hipótese do art. 11 desta Lei, pagamento de multa civil
preendido o ajuste mediante designações recíprocas; (Incluído pela de até 24 (vinte e quatro) vezes o valor da remuneração percebida
Lei nº 14.230, de 2021) pelo agente e proibição de contratar com o poder público ou de
XII - praticar, no âmbito da administração pública e com recur- receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou in-
sos do erário, ato de publicidade que contrarie o disposto no § 1º diretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual
do art. 37 da Constituição Federal, de forma a promover inequívoco seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 4 (quatro) anos;
enaltecimento do agente público e personalização de atos, de pro- (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
gramas, de obras, de serviços ou de campanhas dos órgãos públi- IV - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
cos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230,
§ 1º Nos termos da Convenção das Nações Unidas contra a de 2021)
Corrupção, promulgada pelo Decreto nº 5.687, de 31 de janeiro § 1º A sanção de perda da função pública, nas hipóteses dos in-
de 2006, somente haverá improbidade administrativa, na aplica- cisos I e II do caput deste artigo, atinge apenas o vínculo de mesma
ção deste artigo, quando for comprovado na conduta funcional do qualidade e natureza que o agente público ou político detinha com
agente público o fim de obter proveito ou benefício indevido para o poder público na época do cometimento da infração, podendo
si ou para outra pessoa ou entidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, o magistrado, na hipótese do inciso I do caput deste artigo, e em
de 2021) caráter excepcional, estendê-la aos demais vínculos, consideradas
§ 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo a quaisquer atos as circunstâncias do caso e a gravidade da infração. (Incluído pela
de improbidade administrativa tipificados nesta Lei e em leis espe- Lei nº 14.230, de 2021)
ciais e a quaisquer outros tipos especiais de improbidade adminis- § 2º A multa pode ser aumentada até o dobro, se o juiz conside-
rar que, em virtude da situação econômica do réu, o valor calculado
trativa instituídos por lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
na forma dos incisos I, II e III do caput deste artigo é ineficaz para
§ 3º O enquadramento de conduta funcional na categoria de
reprovação e prevenção do ato de improbidade. (Incluído pela Lei
que trata este artigo pressupõe a demonstração objetiva da prática
nº 14.230, de 2021)
de ilegalidade no exercício da função pública, com a indicação das
§ 3º Na responsabilização da pessoa jurídica, deverão ser con-
normas constitucionais, legais ou infralegais violadas. (Incluído pela
siderados os efeitos econômicos e sociais das sanções, de modo
Lei nº 14.230, de 2021)
a viabilizar a manutenção de suas atividades. (Incluído pela Lei nº
§ 4º Os atos de improbidade de que trata este artigo exigem
14.230, de 2021)
lesividade relevante ao bem jurídico tutelado para serem passíveis
§ 4º Em caráter excepcional e por motivos relevantes devida-
de sancionamento e independem do reconhecimento da produção mente justificados, a sanção de proibição de contratação com o
de danos ao erário e de enriquecimento ilícito dos agentes públicos. poder público pode extrapolar o ente público lesado pelo ato de
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) improbidade, observados os impactos econômicos e sociais das
§ 5º Não se configurará improbidade a mera nomeação ou indi- sanções, de forma a preservar a função social da pessoa jurídica,
cação política por parte dos detentores de mandatos eletivos, sen- conforme disposto no § 3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230,
do necessária a aferição de dolo com finalidade ilícita por parte do de 2021)
agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 5º No caso de atos de menor ofensa aos bens jurídicos tute-
lados por esta Lei, a sanção limitar-se-á à aplicação de multa, sem
CAPÍTULO III prejuízo do ressarcimento do dano e da perda dos valores obtidos,
DAS PENAS quando for o caso, nos termos do caput deste artigo. (Incluído pela
Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 12. Independentemente do ressarcimento integral do dano § 6º Se ocorrer lesão ao patrimônio público, a reparação do
patrimonial, se efetivo, e das sanções penais comuns e de respon- dano a que se refere esta Lei deverá deduzir o ressarcimento ocorri-
sabilidade, civis e administrativas previstas na legislação específica, do nas instâncias criminal, civil e administrativa que tiver por objeto
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes os mesmos fatos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamen- § 7º As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com base nesta
te, de acordo com a gravidade do fato: (Redação dada pela Lei nº Lei e na Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, deverão observar
14.230, de 2021) o princípio constitucional do non bis in idem. (Incluído pela Lei nº
I - na hipótese do art. 9º desta Lei, perda dos bens ou valores 14.230, de 2021)
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, perda da função pública, sus- § 8º A sanção de proibição de contratação com o poder público
pensão dos direitos políticos até 14 (catorze) anos, pagamento de deverá constar do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Sus-
multa civil equivalente ao valor do acréscimo patrimonial e proibi- pensas (CEIS) de que trata a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013,
ção de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou observadas as limitações territoriais contidas em decisão judicial,
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que conforme disposto no § 4º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230,
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, de 2021)
pelo prazo não superior a 14 (catorze) anos; (Redação dada pela Lei § 9º As sanções previstas neste artigo somente poderão ser
nº 14.230, de 2021) executadas após o trânsito em julgado da sentença condenatória.
II - na hipótese do art. 10 desta Lei, perda dos bens ou valores (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstân-
cia, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos até 12

119
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 10. Para efeitos de contagem do prazo da sanção de suspen- § 2º Quando for o caso, o pedido de indisponibilidade de bens a
são dos direitos políticos, computar-se-á retroativamente o inter- que se refere o caput deste artigo incluirá a investigação, o exame e
valo de tempo entre a decisão colegiada e o trânsito em julgado da o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras man-
sentença condenatória. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) tidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados
internacionais. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
CAPÍTULO IV § 3º O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere o
DA DECLARAÇÃO DE BENS caput deste artigo apenas será deferido mediante a demonstração
no caso concreto de perigo de dano irreparável ou de risco ao re-
Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicio- sultado útil do processo, desde que o juiz se convença da probabili-
nados à apresentação de declaração de imposto de renda e proven- dade da ocorrência dos atos descritos na petição inicial com funda-
tos de qualquer natureza, que tenha sido apresentada à Secretaria mento nos respectivos elementos de instrução, após a oitiva do réu
Especial da Receita Federal do Brasil, a fim de ser arquivada no ser- em 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
viço de pessoal competente. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de § 4º A indisponibilidade de bens poderá ser decretada sem a
2021) oitiva prévia do réu, sempre que o contraditório prévio puder com-
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) provadamente frustrar a efetividade da medida ou houver outras
§ 2º A declaração de bens a que se refere o caput deste arti- circunstâncias que recomendem a proteção liminar, não podendo a
go será atualizada anualmente e na data em que o agente público urgência ser presumida. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
deixar o exercício do mandato, do cargo, do emprego ou da função. § 5º Se houver mais de um réu na ação, a somatória dos valores
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) declarados indisponíveis não poderá superar o montante indicado
§ 3º Será apenado com a pena de demissão, sem prejuízo de na petição inicial como dano ao erário ou como enriquecimento ilí-
outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar a cito. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
declaração dos bens a que se refere o caput deste artigo dentro do § 6º O valor da indisponibilidade considerará a estimativa de
prazo determinado ou que prestar declaração falsa. (Redação dada dano indicada na petição inicial, permitida a sua substituição por
pela Lei nº 14.230, de 2021) caução idônea, por fiança bancária ou por seguro-garantia judicial,
§ 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) a requerimento do réu, bem como a sua readequação durante a
instrução do processo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
CAPÍTULO V § 7º A indisponibilidade de bens de terceiro dependerá da de-
DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E DO PROCESSO JUDI- monstração da sua efetiva concorrência para os atos ilícitos apu-
CIAL rados ou, quando se tratar de pessoa jurídica, da instauração de
incidente de desconsideração da personalidade jurídica, a ser pro-
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade ad- cessado na forma da lei processual. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
ministrativa competente para que seja instaurada investigação des- 2021)
tinada a apurar a prática de ato de improbidade. § 8º Aplica-se à indisponibilidade de bens regida por esta Lei,
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e no que for cabível, o regime da tutela provisória de urgência da Lei
assinada, conterá a qualificação do representante, as informações nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (In-
sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
conhecimento. § 9º Da decisão que deferir ou indeferir a medida relativa à in-
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em disponibilidade de bens caberá agravo de instrumento, nos termos
despacho fundamentado, se esta não contiver as formalidades es- da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
tabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a represen- (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
tação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei. § 10. A indisponibilidade recairá sobre bens que assegurem
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade exclusivamente o integral ressarcimento do dano ao erário, sem in-
determinará a imediata apuração dos fatos, observada a legislação cidir sobre os valores a serem eventualmente aplicados a título de
que regula o processo administrativo disciplinar aplicável ao agen- multa civil ou sobre acréscimo patrimonial decorrente de atividade
te. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) lícita. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Minis- § 11. A ordem de indisponibilidade de bens deverá priorizar ve-
tério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência de ículos de via terrestre, bens imóveis, bens móveis em geral, semo-
procedimento administrativo para apurar a prática de ato de im- ventes, navios e aeronaves, ações e quotas de sociedades simples
probidade. e empresárias, pedras e metais preciosos e, apenas na inexistência
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho desses, o bloqueio de contas bancárias, de forma a garantir a sub-
de Contas poderá, a requerimento, designar representante para sistência do acusado e a manutenção da atividade empresária ao
acompanhar o procedimento administrativo. longo do processo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 16. Na ação por improbidade administrativa poderá ser § 12. O juiz, ao apreciar o pedido de indisponibilidade de bens
formulado, em caráter antecedente ou incidente, pedido de indis- do réu a que se refere o caput deste artigo, observará os efeitos
ponibilidade de bens dos réus, a fim de garantir a integral recompo- práticos da decisão, vedada a adoção de medida capaz de acarre-
sição do erário ou do acréscimo patrimonial resultante de enrique- tar prejuízo à prestação de serviços públicos. (Incluído pela Lei nº
cimento ilícito. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) 14.230, de 2021)
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) § 13. É vedada a decretação de indisponibilidade da quantia de
§ 1º-A O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere até 40 (quarenta) salários mínimos depositados em caderneta de
o caput deste artigo poderá ser formulado independentemente da poupança, em outras aplicações financeiras ou em conta-corrente.
representação de que trata o art. 7º desta Lei. (Incluído pela Lei nº (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
14.230, de 2021)

120
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 14. É vedada a decretação de indisponibilidade do bem de I - procederá ao julgamento conforme o estado do processo,
família do réu, salvo se comprovado que o imóvel seja fruto de van- observada a eventual inexistência manifesta do ato de improbida-
tagem patrimonial indevida, conforme descrito no art. 9º desta Lei. de; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) II - poderá desmembrar o litisconsórcio, com vistas a otimizar a
Art. 17. A ação para a aplicação das sanções de que trata esta instrução processual. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Lei será proposta pelo Ministério Público e seguirá o procedimento § 10-C. Após a réplica do Ministério Público, o juiz proferirá de-
comum previsto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código cisão na qual indicará com precisão a tipificação do ato de improbi-
de Processo Civil), salvo o disposto nesta Lei. (Redação dada pela Lei dade administrativa imputável ao réu, sendo-lhe vedado modificar
nº 14.230, de 2021) o fato principal e a capitulação legal apresentada pelo autor. (Inclu-
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) ído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) § 10-D. Para cada ato de improbidade administrativa, deverá
§ 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) necessariamente ser indicado apenas um tipo dentre aqueles pre-
vistos nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230,
§ 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
de 2021)
§ 4º-A A ação a que se refere o caput deste artigo deverá ser
§ 10-E. Proferida a decisão referida no § 10-C deste artigo, as
proposta perante o foro do local onde ocorrer o dano ou da pessoa
partes serão intimadas a especificar as provas que pretendem pro-
jurídica prejudicada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
duzir. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 5º A propositura da ação a que se refere o caput deste ar- § 10-F. Será nula a decisão de mérito total ou parcial da ação
tigo prevenirá a competência do juízo para todas as ações poste- de improbidade administrativa que: (Incluído pela Lei nº 14.230, de
riormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o 2021)
mesmo objeto. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) I - condenar o requerido por tipo diverso daquele definido na
§ 6º A petição inicial observará o seguinte: (Redação dada pela petição inicial; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Lei nº 14.230, de 2021) II - condenar o requerido sem a produção das provas por ele
I - deverá individualizar a conduta do réu e apontar os elemen- tempestivamente especificadas. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
tos probatórios mínimos que demonstrem a ocorrência das hipóte- 2021)
ses dos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei e de sua autoria, salvo impossi- § 11. Em qualquer momento do processo, verificada a inexis-
bilidade devidamente fundamentada; (Incluído pela Lei nº 14.230, tência do ato de improbidade, o juiz julgará a demanda improce-
de 2021) dente. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
II - será instruída com documentos ou justificação que con- § 12. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
tenham indícios suficientes da veracidade dos fatos e do dolo § 13. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
imputado ou com razões fundamentadas da impossibilidade de § 14. Sem prejuízo da citação dos réus, a pessoa jurídica inte-
apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação ressada será intimada para, caso queira, intervir no processo. (In-
vigente, inclusive as disposições constantes dos arts. 77 e 80 da Lei cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (In- § 15. Se a imputação envolver a desconsideração de pessoa ju-
cluído pela Lei nº 14.230, de 2021) rídica, serão observadas as regras previstas nos arts. 133, 134, 135,
§ 6º-A O Ministério Público poderá requerer as tutelas provi- 136 e 137 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de
sórias adequadas e necessárias, nos termos dos arts. 294 a 310 da Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil § 16. A qualquer momento, se o magistrado identificar a exis-
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) tência de ilegalidades ou de irregularidades administrativas a se-
§ 6º-B A petição inicial será rejeitada nos casos do art. 330 da rem sanadas sem que estejam presentes todos os requisitos para
Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), a imposição das sanções aos agentes incluídos no polo passivo da
demanda, poderá, em decisão motivada, converter a ação de im-
bem como quando não preenchidos os requisitos a que se referem
probidade administrativa em ação civil pública, regulada pela Lei nº
os incisos I e II do § 6º deste artigo, ou ainda quando manifestamen-
7.347, de 24 de julho de 1985. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
te inexistente o ato de improbidade imputado. (Incluído pela Lei nº
§ 17. Da decisão que converter a ação de improbidade em ação
14.230, de 2021)
civil pública caberá agravo de instrumento. (Incluído pela Lei nº
§ 7º Se a petição inicial estiver em devida forma, o juiz mandará 14.230, de 2021)
autuá-la e ordenará a citação dos requeridos para que a contestem § 18. Ao réu será assegurado o direito de ser interrogado sobre
no prazo comum de 30 (trinta) dias, iniciado o prazo na forma do os fatos de que trata a ação, e a sua recusa ou o seu silêncio não
art. 231 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Pro- implicarão confissão. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
cesso Civil). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) § 19. Não se aplicam na ação de improbidade administrativa:
§ 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 9º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) I - a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor em
§ 9º-A Da decisão que rejeitar questões preliminares suscitadas caso de revelia; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
pelo réu em sua contestação caberá agravo de instrumento. (Incluí- II - a imposição de ônus da prova ao réu, na forma dos §§ 1º e
do pela Lei nº 14.230, de 2021) 2º do art. 373 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de
§ 10. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) Processo Civil); (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 10-A. Havendo a possibilidade de solução consensual, pode- III - o ajuizamento de mais de uma ação de improbidade admi-
rão as partes requerer ao juiz a interrupção do prazo para a contes- nistrativa pelo mesmo fato, competindo ao Conselho Nacional do
tação, por prazo não superior a 90 (noventa) dias. (Incluído pela Lei Ministério Público dirimir conflitos de atribuições entre membros
nº 13.964, de 2019) de Ministérios Públicos distintos; (Incluído pela Lei nº 14.230, de
§ 10-B. Oferecida a contestação e, se for o caso, ouvido o autor, 2021)
o juiz: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

121
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
IV - o reexame obrigatório da sentença de improcedência ou e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito
de extinção sem resolução de mérito. (Incluído pela Lei nº 14.230, da pessoa jurídica, se for o caso, bem como de outras medidas em
de 2021) favor do interesse público e de boas práticas administrativas. (Inclu-
§ 20. A assessoria jurídica que emitiu o parecer atestando a ído pela Lei nº 14.230, de 2021)
legalidade prévia dos atos administrativos praticados pelo adminis- § 7º Em caso de descumprimento do acordo a que se refere o
trador público ficará obrigada a defendê-lo judicialmente, caso este caput deste artigo, o investigado ou o demandado ficará impedido
venha a responder ação por improbidade administrativa, até que a de celebrar novo acordo pelo prazo de 5 (cinco) anos, contado do
decisão transite em julgado. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) conhecimento pelo Ministério Público do efetivo descumprimento.
§ 21. Das decisões interlocutórias caberá agravo de instrumen- (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
to, inclusive da decisão que rejeitar questões preliminares suscita- Art. 17-C. A sentença proferida nos processos a que se refere
das pelo réu em sua contestação. (Incluído pela Lei nº 14.230, de esta Lei deverá, além de observar o disposto no art. 489 da Lei nº
2021) 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil): (Incluí-
Art. 17-A. (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) do pela Lei nº 14.230, de 2021)
I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) I - indicar de modo preciso os fundamentos que demonstram
II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) os elementos a que se referem os arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, que
III - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) não podem ser presumidos; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - considerar as consequências práticas da decisão, sempre
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) que decidir com base em valores jurídicos abstratos; (Incluído pela
§ 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Lei nº 14.230, de 2021)
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) III - considerar os obstáculos e as dificuldades reais do gestor
§ 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos
Art. 17-B. O Ministério Público poderá, conforme as circuns- direitos dos administrados e das circunstâncias práticas que houve-
tâncias do caso concreto, celebrar acordo de não persecução civil, rem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente; (Incluído
desde que dele advenham, ao menos, os seguintes resultados: (In- pela Lei nº 14.230, de 2021)
IV - considerar, para a aplicação das sanções, de forma isolada
cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
ou cumulativa: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
I - o integral ressarcimento do dano; (Incluído pela Lei nº
a) os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade; (Inclu-
14.230, de 2021)
ído pela Lei nº 14.230, de 2021)
II - a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida
b) a natureza, a gravidade e o impacto da infração cometida;
obtida, ainda que oriunda de agentes privados. (Incluído pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
14.230, de 2021)
c) a extensão do dano causado; (Incluído pela Lei nº 14.230,
§ 1º A celebração do acordo a que se refere o caput deste ar-
de 2021)
tigo dependerá, cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 14.230, de
d) o proveito patrimonial obtido pelo agente; (Incluído pela Lei
2021) nº 14.230, de 2021)
I - da oitiva do ente federativo lesado, em momento anterior e) as circunstâncias agravantes ou atenuantes; (Incluído pela
ou posterior à propositura da ação; (Incluído pela Lei nº 14.230, de Lei nº 14.230, de 2021)
2021) f) a atuação do agente em minorar os prejuízos e as consequên-
II - de aprovação, no prazo de até 60 (sessenta) dias, pelo ór- cias advindas de sua conduta omissiva ou comissiva; (Incluído pela
gão do Ministério Público competente para apreciar as promoções Lei nº 14.230, de 2021)
de arquivamento de inquéritos civis, se anterior ao ajuizamento da g) os antecedentes do agente; (Incluído pela Lei nº 14.230, de
ação; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 2021)
III - de homologação judicial, independentemente de o acordo V - considerar na aplicação das sanções a dosimetria das san-
ocorrer antes ou depois do ajuizamento da ação de improbidade ções relativas ao mesmo fato já aplicadas ao agente; (Incluído pela
administrativa. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º Em qualquer caso, a celebração do acordo a que se refere VI - considerar, na fixação das penas relativamente ao terceiro,
o caput deste artigo considerará a personalidade do agente, a natu- quando for o caso, a sua atuação específica, não admitida a sua
reza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do ato de responsabilização por ações ou omissões para as quais não tiver
improbidade, bem como as vantagens, para o interesse público, da concorrido ou das quais não tiver obtido vantagens patrimoniais
rápida solução do caso. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) indevidas; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 3º Para fins de apuração do valor do dano a ser ressarcido, VII - indicar, na apuração da ofensa a princípios, critérios obje-
deverá ser realizada a oitiva do Tribunal de Contas competente, que tivos que justifiquem a imposição da sanção. (Incluído pela Lei nº
se manifestará, com indicação dos parâmetros utilizados, no prazo 14.230, de 2021)
de 90 (noventa) dias. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 1º A ilegalidade sem a presença de dolo que a qualifique não
§ 4º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá ser configura ato de improbidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
celebrado no curso da investigação de apuração do ilícito, no curso § 2º Na hipótese de litisconsórcio passivo, a condenação ocor-
da ação de improbidade ou no momento da execução da sentença rerá no limite da participação e dos benefícios diretos, vedada qual-
condenatória. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) quer solidariedade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 5º As negociações para a celebração do acordo a que se re- § 3º Não haverá remessa necessária nas sentenças de que trata
fere o caput deste artigo ocorrerão entre o Ministério Público, de esta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
um lado, e, de outro, o investigado ou demandado e o seu defensor. Art. 17-D. A ação por improbidade administrativa é repressiva,
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) de caráter sancionatório, destinada à aplicação de sanções de ca-
§ 6º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá con- ráter pessoal previstas nesta Lei, e não constitui ação civil, vedado
templar a adoção de mecanismos e procedimentos internos de in- seu ajuizamento para o controle de legalidade de políticas públicas
tegridade, de auditoria e de incentivo à denúncia de irregularidades

122
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
e para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está su-
e de outros interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos. jeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) imagem que houver provocado.
Parágrafo único. Ressalvado o disposto nesta Lei, o controle Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos
de legalidade de políticas públicas e a responsabilidade de agentes políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença con-
públicos, inclusive políticos, entes públicos e governamentais, por denatória.
danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor § 1º A autoridade judicial competente poderá determinar o
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, a qualquer ou- afastamento do agente público do exercício do cargo, do emprego
tro interesse difuso ou coletivo, à ordem econômica, à ordem urba- ou da função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida for
nística, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos necessária à instrução processual ou para evitar a iminente prática
e ao patrimônio público e social submetem-se aos termos da Lei nº de novos ilícitos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
7.347, de 24 de julho de 1985. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 2º O afastamento previsto no § 1º deste artigo será de até 90
Art. 18. A sentença que julgar procedente a ação fundada nos (noventa) dias, prorrogáveis uma única vez por igual prazo, median-
arts. 9º e 10 desta Lei condenará ao ressarcimento dos danos e à te decisão motivada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
perda ou à reversão dos bens e valores ilicitamente adquiridos, con- Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:
forme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito. I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) quanto à pena de ressarcimento e às condutas previstas no art. 10
§ 1º Se houver necessidade de liquidação do dano, a pessoa desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
jurídica prejudicada procederá a essa determinação e ao ulterior II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle
procedimento para cumprimento da sentença referente ao ressar- interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
cimento do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens. § 1º Os atos do órgão de controle interno ou externo serão con-
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) siderados pelo juiz quando tiverem servido de fundamento para a
§ 2º Caso a pessoa jurídica prejudicada não adote as providên- conduta do agente público. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
cias a que se refere o § 1º deste artigo no prazo de 6 (seis) meses, § 2º As provas produzidas perante os órgãos de controle e as
correspondentes decisões deverão ser consideradas na formação
contado do trânsito em julgado da sentença de procedência da
da convicção do juiz, sem prejuízo da análise acerca do dolo na con-
ação, caberá ao Ministério Público proceder à respectiva liquidação
duta do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
do dano e ao cumprimento da sentença referente ao ressarcimento
§ 3º As sentenças civis e penais produzirão efeitos em relação à
do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens, sem pre-
ação de improbidade quando concluírem pela inexistência da con-
juízo de eventual responsabilização pela omissão verificada. (Incluí-
duta ou pela negativa da autoria. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
do pela Lei nº 14.230, de 2021)
2021)
§ 3º Para fins de apuração do valor do ressarcimento, deverão
§ 4º A absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fa-
ser descontados os serviços efetivamente prestados. (Incluído pela
tos, confirmada por decisão colegiada, impede o trâmite da ação da
Lei nº 14.230, de 2021) qual trata esta Lei, havendo comunicação com todos os fundamen-
§ 4º O juiz poderá autorizar o parcelamento, em até 48 (qua- tos de absolvição previstos no art. 386 do Decreto-Lei nº 3.689, de
renta e oito) parcelas mensais corrigidas monetariamente, do débi- 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). (Incluído pela Lei
to resultante de condenação pela prática de improbidade adminis- nº 14.230, de 2021)
trativa se o réu demonstrar incapacidade financeira de saldá-lo de § 5º Sanções eventualmente aplicadas em outras esferas deve-
imediato. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) rão ser compensadas com as sanções aplicadas nos termos desta
Art. 18-A. A requerimento do réu, na fase de cumprimento da Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
sentença, o juiz unificará eventuais sanções aplicadas com outras Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta Lei, o Minis-
já impostas em outros processos, tendo em vista a eventual con- tério Público, de ofício, a requerimento de autoridade administrati-
tinuidade de ilícito ou a prática de diversas ilicitudes, observado o va ou mediante representação formulada de acordo com o disposto
seguinte: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) no art. 14 desta Lei, poderá instaurar inquérito civil ou procedimen-
I - no caso de continuidade de ilícito, o juiz promoverá a maior to investigativo assemelhado e requisitar a instauração de inquérito
sanção aplicada, aumentada de 1/3 (um terço), ou a soma das pe- policial. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
nas, o que for mais benéfico ao réu; (Incluído pela Lei nº 14.230, Parágrafo único. Na apuração dos ilícitos previstos nesta Lei,
de 2021) será garantido ao investigado a oportunidade de manifestação por
II - no caso de prática de novos atos ilícitos pelo mesmo sujeito, escrito e de juntada de documentos que comprovem suas alegações
o juiz somará as sanções. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) e auxiliem na elucidação dos fatos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
Parágrafo único. As sanções de suspensão de direitos políticos 2021)
e de proibição de contratar ou de receber incentivos fiscais ou cre-
ditícios do poder público observarão o limite máximo de 20 (vinte) CAPÍTULO VII
anos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) DA PRESCRIÇÃO

CAPÍTULO VI Art. 23. A ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei
DAS DISPOSIÇÕES PENAIS prescreve em 8 (oito) anos, contados a partir da ocorrência do fato
ou, no caso de infrações permanentes, do dia em que cessou a per-
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbida- manência. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
de contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
da denúncia o sabe inocente. II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Pena: detenção de seis a dez meses e multa. III - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)

123
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1º A instauração de inquérito civil ou de processo adminis- Art. 23-C. Atos que ensejem enriquecimento ilícito, perda patri-
trativo para apuração dos ilícitos referidos nesta Lei suspende o monial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação de re-
curso do prazo prescricional por, no máximo, 180 (cento e oitenta) cursos públicos dos partidos políticos, ou de suas fundações, serão
dias corridos, recomeçando a correr após a sua conclusão ou, caso responsabilizados nos termos da Lei nº 9.096, de 19 de setembro de
não concluído o processo, esgotado o prazo de suspensão. (Incluído 1995. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º O inquérito civil para apuração do ato de improbidade será CAPÍTULO VIII
concluído no prazo de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias corri- DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
dos, prorrogável uma única vez por igual período, mediante ato fun-
damentado submetido à revisão da instância competente do órgão Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. (Incluído Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de
pela Lei nº 14.230, de 2021) 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais disposições
§ 3º Encerrado o prazo previsto no § 2º deste artigo, a ação de- em contrário.
verá ser proposta no prazo de 30 (trinta) dias, se não for caso de ar-
quivamento do inquérito civil. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) LEI Nº 9.784/1999 (LEI DO PROCESSO ADMINISTRATI-
§ 4º O prazo da prescrição referido no caput deste artigo inter- VO)
rompe-se: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
I - pelo ajuizamento da ação de improbidade administrativa;
Processo administrativo
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
O Processo Administrativo Disciplinar tem como objetivo apu-
II - pela publicação da sentença condenatória; (Incluído pela Lei
rar possíveis infrações disciplinares e, conforme o caso, aplicar a
nº 14.230, de 2021)
penalidade cabível.
III - pela publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de Jus-
As regras disciplinares são de competência de cada ente fede-
tiça ou Tribunal Regional Federal que confirma sentença condena- rativo, que irão regular os devidos procedimentos disciplinares de
tória ou que reforma sentença de improcedência; (Incluído pela Lei seus respectivos servidores públicos.
nº 14.230, de 2021) Na esfera federal, temos o nosso estudo baseado na Lei
IV - pela publicação de decisão ou acórdão do Superior Tribu- 8.112/90, sendo o estatuto dos servidores públicos. Vale destacar,
nal de Justiça que confirma acórdão condenatório ou que reforma que as regras estatutárias não podem desrespeitar os princípios e
acórdão de improcedência; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) as regras constitucionais.
V - pela publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal Dentro da Lei 8.112/90 existem três modalidades de Processo
Federal que confirma acórdão condenatório ou que reforma acór- Administrativo Disciplinar, logo nas três hipóteses, por se tratar de
dão de improcedência. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) processo administrativo disciplinar é possível à existência de uma
§ 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do penalidade ao final. São modalidades do PAD:
dia da interrupção, pela metade do prazo previsto no caput deste I. Processo Administrativo Disciplinar Simplificado/ Sindicância
artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Art. 145 da Lei 8.112/90): possui como objetivo a apuração das
§ 6º A suspensão e a interrupção da prescrição produzem efei- condutas que em tese são de menor potencial ofensivo, pressupõe
tos relativamente a todos os que concorreram para a prática do ato então que os tipos de penalidade a serem aplicadas aqui possuem
de improbidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) natureza leve.
§ 7º Nos atos de improbidade conexos que sejam objeto do Caso ao dar início a esta modalidade de PAD e, verifica-se a não
mesmo processo, a suspensão e a interrupção relativas a qualquer existência do fato, o PAD é arquivado, uma vez que está ausente de
deles estendem-se aos demais. (Incluído pela Lei nº 14.230, de provas/ elementos probatórios.
2021) Por outro lado, caso o PAD simplificado seja confirmado, apli-
§ 8º O juiz ou o tribunal, depois de ouvido o Ministério Público, ca-se uma advertência, ou então, uma suspensão de até 30 dias ao
deverá, de ofício ou a requerimento da parte interessada, reconhe- servidor público.
cer a prescrição intercorrente da pretensão sancionadora e decre- Assim, a punição para condutas do servidor público de natu-
tá-la de imediato, caso, entre os marcos interruptivos referidos no reza leve é de advertência ou suspensão de até 30 dias. Nota-se
§ 4º, transcorra o prazo previsto no § 5º deste artigo. (Incluído pela que caso conclua-se, diante da apuração do PAD simplificado, que a
infração é gravíssima, finaliza-se o PAD simplificado e instaura-se o
Lei nº 14.230, de 2021)
PAD propriamente dito.
Art. 23-A. É dever do poder público oferecer contínua capacita-
Ex. Ocorre uma denuncia de um servidor, que está vendendo
ção aos agentes públicos e políticos que atuem com prevenção ou
pão de mel dentro da administração pública, as pessoas sabem que
repressão de atos de improbidade administrativa. (Incluído pela Lei
este servidor não sabe cozinhar. A autoridade recebe a informação.
nº 14.230, de 2021) Sabe-se que essa conduta não é gravíssima, assim abre-se um PAD
Art. 23-B. Nas ações e nos acordos regidos por esta Lei, não simplificado para apurar a situação, mas com a informação de que
haverá adiantamento de custas, de preparo, de emolumentos, de a pessoa não sabe cozinhar, ao abrir o PAD simplificado ele não se
honorários periciais e de quaisquer outras despesas. (Incluído pela confirma, assim arquiva-se. No caso de confirmação, por exemplo,
Lei nº 14.230, de 2021) não era pão de mel, mas cocada, aqui não se arquiva o processo,
§ 1º No caso de procedência da ação, as custas e as demais des- mas aplica-se uma advertência.
pesas processuais serão pagas ao final. (Incluído pela Lei nº 14.230, Obs. Cuidado com o termo sindicância, na doutrina do Direito
de 2021) Administrativo em Geral (Processo Administrativo – Lei 9.784/99),
§ 2º Haverá condenação em honorários sucumbenciais em existe o termo sindicância, no sentido investigativo-inquisitório e
caso de improcedência da ação de improbidade se comprovada acusatória- punitivo. Assim, dentro do Processo Administrativo Ge-
má-fé. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) ral, existem duas modalidades de sindicância.

124
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
O PAD simplificado possui uma sindicância punitiva/acusatória, que possuem competência para tanto, entretanto não são os Minis-
uma vez que ao final ela apresenta uma penalidade. Esta distinção tros que tocam o Processo Administrativo Disciplinar, mas sim uma
ocorre, pois, caso esteja-se diante de uma sindicância investigati- Comissão Processante.
va/ inquisitória, não é necessário fornecer a ninguém o direito de Dentro do ato de instauração o Ministro já indica os servido-
ampla defesa e contraditório, uma vez que não se está acusando res públicos, sendo a regra geral que a Comissão Processante seja
ninguém, mas apenas investigando. composta por três Servidores Estáveis (estabilidade é um requisito
Não existe muitas regras sobre o processo administrativo dis- – Artigo 149 da Lei 8.112/90). Um desses três Servidores será Presi-
ciplinar simplificado, de modo que, de maneira geral, utiliza-se o dente da Comissão, este tem que ter o cargo superior ou similar ao
procedimento do propriamente dito como margem. do servidor púbico acusado.
O prazo para a conclusão de um PAD simplificado é de 30 dias, A regra geral prevê a estabilidade, pois esta funciona como
ou seja, após o início da sindicância tem-se 30 dias para encerrar, uma garantia do servidor público que compõe a comissão, de modo
podendo ser prorrogados por mais 30 dias. a garantir que este não pode ser retirado/ perder o cargo a não ser
II. Processo Administrativo Disciplinar Propriamente Dito: utili- nas hipóteses do artigo 41 da CF, ou seja, não sofro o risco de ser
zado nos casos de infrações gravíssimas. Este processo administra- ameaça a ser mandada embora. (Obs. Não pode estar este Servidor
tivo disciplinar possui três fases, sendo elas: Público somente no cargo de comissão, uma vez que cargos em co-
* Primeira Fase: Compreende a instauração do processo. Para a missão não possuem a estabilidade).
instauração do processo é necessário que o Administrador Público Obs. É muito comum na jurisprudência quando se anula um
tome conhecimento de uma conduta indisciplinar, assim, é preciso processo administrativo, anula-se a comissão processante em um
conhecer a conduta, para depois instaurar um PAD. sentido geral. Assim qual é o ato que a autoridade competente tem
*Diante de uma denuncia anônima é preciso instaurar o PAD? A que fazer? Instaurar um novo PAD, com a nomeação de novas pes-
Lei 8.112/90 de a entender que a denuncia anônima está vedada de soas para compor a comissão processante, uma vez que a anterior
maneira geral para evitar o chamado denuncismo. Uma vez que, a foi desfeita, pois não garantiu a ampla defesa e o contraditório.
Lei fala que a denúncia deve ser clara, demonstrando seu endereço, Caso anteriormente tenha ocorrido alguma nulidade que tenha ge-
nome, ou seja, você tem que ser responsável pela sua denúncia – rado o desfazimento da comissão processante, pode esta mesma
assumir a responsabilidade. Ocorre que, nessa situação, ao exigir comissão ser escolhida novamente. Assim, a Comissão Processante
que a denúncia seja sempre clara, pode estar evitando que certas só não pode ser a mesma caso esta não garanta o contraditório e a
denúncias cheguem à Administração Pública. Assim, conclui-se que ampla defesa.
a denúncia anônima não deve ser desconsiderada de fato, sendo A Suspensão e Advertência podem ser aplicadas no PAD, no
necessário analisar a presença de elementos concretos na denúncia momento em que o Servidor Público é suspenso ou advertido,
anônima. começa a correr um prazo para o cancelamento desse registro de
De modo que, ao receber a denúncia anônima a Autoridade penalidades na sua ficha de servidor público. De modo que, após
competente não pode abrir um PAD de prontidão. Mas, caso a Au- 3 (para o caso de advertência) ou 5 (para a suspensão) anos o servi-
toridade verifique elementos concretos nesta denúncia anônima, dor cometa outro ilícito/ não sofra nenhuma outra sanção, ele não
instaura-se um PAD de sindicância investigatório, se neste proces- será considerado como reincidente. Assim, aqui não se cancela os
so for confirmado os elementos instaura-se um PAD propriamente efeitos da suspensão e da advertência, mas o Registro de Penalida-
dito, para apurar a fundo as infrações e aplicar as penalidades ne- des em sua ficha.
cessárias. Prazo de Prescrição do PAD: o Servidor Público no exercício da
O PAD Propriamente Dito pode ser instaurado de prontidão sua atividade, pratica uma conduta em que a penalidade típica é
caso verifique-se uma conduta gravíssima, de uma denúncia clara demissão, assim, o poder público / administração pública, tem o
(pessoa assumi a responsabilidade), desta forma percebe-se que a prazo de 5 anos, a partir do conhecimento do fato da conduta pela
sindicância não é pré-requisito para a instauração do PAD, desde autoridade competente para abrir um PAD, sob pena de prescrição.
que a denúncia seja clara. Caso a conduta leve a suspensão do servidor, a Administração
Um dos elementos da Portaria que instaura o PAD é o afasta- Pública tem dois anos, a partir do conhecimento da conduta, para
mento preventivo da servidor público (Ato Administrativo – Porta- abrir o PAD sob pena de prescrição.
ria). Esse afastamento ocorre, pois muitas vezes, os demais servi- Por outro lado, caso a conduta leve a advertência ao servidor,
dores não se sentem confortáveis em testemunharem algo com o a Administração Pública tem 180 dias, a partir do conhecimento da
acusado ainda ocupando o cargo, pois ele poderia utilizar sua in- conduta, para abrir o PAD, sob pena de prescrição.
fluência – por exemplo, se vocês testemunharem acontecerá algo. Vale ressaltar, que nos três casos acima (demissão, suspen-
Assim, o afastamento é utilizado como um acautelamento do Admi- são e advertência), caso a Autoridade competente, tome conheci-
nistrador Público em relação ao processo administrativo disciplinar. mento da conduta e não instaure o PAD ela sofre as sanções da Lei
Vale ressaltar que o afastamento temporário não é uma puni- 8.112/90, ou seja, assume a responsabilidade.
ção, tendo em vista que ainda não houve PAD. Sendo assim, neste Ademais, importante ressaltar que no momento em que o PAD
afastamento é razoável que o servidor público continue recebendo é aberto, o prazo prescricional do mesmo se interrompe até a de-
a sua remuneração. O prazo de afastamento temporário do servidor cisão da autoridade competente (Art. 142, § 3º da Lei 8.112/90).
público é de no máximo 60 dias, prorrogáveis, desde que justificá- Entretanto existem discussões acerca da razoabilidade desse tempo
vel, por mais 60 dias (Art. 147 da Lei 8.112/90). de decisão da autoridade competente, de modo que a previsão le-
Caso passe o período total de 120 dias (60 + 60 prorrogáveis), e gal diverge da jurisprudencial.
a Autoridade necessite de mais tempo para a investigação, não tem A lei entende que a Autoridade tem o tempo necessário para
como aumentar o prazo e o servidor continuar afastado, assim o se chegar a uma decisão, já a jurisprudência, entende que, uma vez
servidor retorna para o seu cargo e o PAD continua. interrompido o prazo prescricional do PAD, após 140 dias, diante
O Ato Administrativo que instaura o PAD indica o nome de três da ausência de uma decisão pela autoridade competente, o pra-
servidores públicos para compor uma Comissão Processante. Ou zo prescricional volta a correr. Isto é, uma vez instaurado o PAD, a
seja, uma autoridade instaura o PAD, sendo somente os Ministros autoridade competente tem 140 dias para concluí-lo, uma vez que

125
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
o PAD normalmente deve durar 60 dias, prorrogáveis por mais 60, II - entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade
após isso a autoridade competente tem 20 dias para julgá-lo – to- jurídica;
talizando 140 dias. III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de poder
* Segunda Fase: esta se subdivide em: de decisão.
- Inquérito Administrativo: é tocado pela Comissão Processan- Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos
te, composta por três servidores públicos que possuem estabilida- princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, pro-
de. porcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, seguran-
- Instrução do Processo: nesta fase mantem-se a regra funda- ça jurídica, interesse público e eficiência.
mental inserida no artigo 5º, inciso LV da Constituição Federal. Em Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observa-
que, toda fase de Processo Administrativo Disciplinar será acom- dos, entre outros, os critérios de:
panhada pelo Servidor acusado, uma vez que, caso não tenha este I - atuação conforme a lei e o Direito;
acompanhamento não existirá a possibilidade do contraditório e II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia to-
nem da ampla defesa. tal ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei;
Outro princípio que rege esta fase é o Princípio da Oficialidade, III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada
no sentido de que a Comissão Processante ao tocar o inquérito ad- a promoção pessoal de agentes ou autoridades;
ministrativo age de ofício, não sendo necessário que a Autoridade IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e
Administrativa de comandos para a Comissão Processante. boa-fé;
Nesta fase também é necessário buscar a verdade material/ V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as
real, ou seja, a verdade mais próxima do que realmente aconteceu, hipóteses de sigilo previstas na Constituição;
nesse sentido, pode se falar que o PAD é muito parecido com o pro- VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obri-
cesso penal. gações, restrições e sanções em medida superior àquelas estrita-
Durante a Instrução do Processo serão tomadas todas as me- mente necessárias ao atendimento do interesse público;
didas necessárias como, por exemplo: oitiva de testemunhas, pe- VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que deter-
rícias, acareações, sempre com a possibilidade de o servidor pú- minarem a decisão;
blico causado intervir no procedimento, ou seja, apresentar seus VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos
próprios laudos, testemunhas. direitos dos administrados;
Nota-se que caso ocorra à violação ao contraditório e a ampla IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar ade-
defesa, o PAD deverá ser arquivado. quado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos admi-
Obs. É possível emprestar provas produzidas em processos ju- nistrados;
dicias em andamento? Sim, desde que esta prova emprestada seja X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de ale-
lícita. gações finais, à produção de provas e à interposição de recursos,
Obs. É necessário que se dê a possibilidade de participação de nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de
advogado, não podendo ser vedada a sua participação no PAD. litígio;
Esta situação do Advogado gerou a Súmula Vinculante nº 5 do XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas
STF, que prevê que a falta de defesa técnica, ou seja, de advoga- as previstas em lei;
do em um PAD não ofende a Constituição Federal. Entretanto o STJ XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem preju-
acredita que é necessária a presença do advogado no PAD. O que ízo da atuação dos interessados;
vale, neste caso, é a posição do STF na Súmula Vinculante nº 5. XIII - interpretação da norma administrativa da forma que me-
- Defesa lhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada
- Relatório aplicação retroativa de nova interpretação.
CAPÍTULO II
* Terceira Fase: Julgamento DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS

LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999. Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a Ad-
ministração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados:
Regula o processo administrativo no âmbito da Administração I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que
Pública Federal. deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- suas obrigações;
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em
que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter có-
CAPÍTULO I pias de documentos neles contidos e conhecer as decisões profe-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS ridas;
III - formular alegações e apresentar documentos antes da deci-
Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo ad- são, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente;
ministrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo
visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e quando obrigatória a representação, por força de lei.
ao melhor cumprimento dos fins da Administração.
§ 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos CAPÍTULO III
Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho DOS DEVERES DO ADMINISTRADO
de função administrativa.
§ 2o Para os fins desta Lei, consideram-se: Art. 4o São deveres do administrado perante a Administração,
I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Ad- sem prejuízo de outros previstos em ato normativo:
ministração direta e da estrutura da Administração indireta; I - expor os fatos conforme a verdade;
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;

126
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
III - não agir de modo temerário; II - a decisão de recursos administrativos;
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colabo- III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autori-
rar para o esclarecimento dos fatos. dade.
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publi-
CAPÍTULO IV cados no meio oficial.
DO INÍCIO DO PROCESSO § 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes
transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os ob-
Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a jetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva
pedido de interessado. de exercício da atribuição delegada.
Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos em § 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela au-
que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por escrito e toridade delegante.
conter os seguintes dados: § 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar ex-
I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;
plicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo dele-
II - identificação do interessado ou de quem o represente;
gado.
III - domicílio do requerente ou local para recebimento de co-
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos
municações;
relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus
fundamentos; competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.
V - data e assinatura do requerente ou de seu representante. Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão publi-
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada camente os locais das respectivas sedes e, quando conveniente, a
de recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o in- unidade fundacional competente em matéria de interesse especial.
teressado quanto ao suprimento de eventuais falhas. Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo
Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor
modelos ou formulários padronizados para assuntos que importem grau hierárquico para decidir.
pretensões equivalentes.
Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados CAPÍTULO VII
tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão ser formula- DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO
dos em um único requerimento, salvo preceito legal em contrário.
Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o ser-
CAPÍTULO V vidor ou autoridade que:
DOS INTERESSADOS I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;
II - tenha participado ou venha a participar como perito, teste-
Art. 9o São legitimados como interessados no processo admi- munha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao
nistrativo: cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau;
I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o inte-
direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito de re- ressado ou respectivo cônjuge ou companheiro.
presentação; Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimen-
II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos to deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se
ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada; de atuar.
III - as organizações e associações representativas, no tocante a Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedi-
direitos e interesses coletivos; mento constitui falta grave, para efeitos disciplinares.
IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quan-
Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou servidor
to a direitos ou interesses difusos.
que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos inte-
Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, os
ressados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes
maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial em ato nor-
e afins até o terceiro grau.
mativo próprio.
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser
objeto de recurso, sem efeito suspensivo.
CAPÍTULO VI
DA COMPETÊNCIA
CAPÍTULO VIII
DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos
administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de
delegação e avocação legalmente admitidos. forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir.
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não § 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em
houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a ou- vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da
tros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquica- autoridade responsável.
mente subordinados, quando for conveniente, em razão de circuns- § 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente
tâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. será exigido quando houver dúvida de autenticidade.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à § 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá
delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos ser feita pelo órgão administrativo.
presidentes. § 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas sequencial-
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: mente e rubricadas.
I - a edição de atos de caráter normativo;

127
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, § 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessados
no horário normal de funcionamento da repartição na qual tramitar devem realizar-se do modo menos oneroso para estes.
o processo. Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as provas
Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário normal os obtidas por meios ilícitos.
atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do pro- Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de
cedimento ou cause dano ao interessado ou à Administração. interesse geral, o órgão competente poderá, mediante despacho
Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou motivado, abrir período de consulta pública para manifestação de
autoridade responsável pelo processo e dos administrados que dele terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver prejuízo para
participem devem ser praticados no prazo de cinco dias, salvo mo- a parte interessada.
tivo de força maior. § 1o A abertura da consulta pública será objeto de divulgação
Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser dilatado pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou jurídicas pos-
até o dobro, mediante comprovada justificação. sam examinar os autos, fixando-se prazo para oferecimento de ale-
Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se preferencial-
gações escritas.
mente na sede do órgão, cientificando-se o interessado se outro for
§ 2o O comparecimento à consulta pública não confere, por si,
o local de realização.
a condição de interessado do processo, mas confere o direito de
obter da Administração resposta fundamentada, que poderá ser
CAPÍTULO IX
DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS comum a todas as alegações substancialmente iguais.
Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade,
Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo diante da relevância da questão, poderá ser realizada audiência pú-
administrativo determinará a intimação do interessado para ciência blica para debates sobre a matéria do processo.
de decisão ou a efetivação de diligências. Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria
§ 1o A intimação deverá conter: relevante, poderão estabelecer outros meios de participação de
I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade ad- administrados, diretamente ou por meio de organizações e associa-
ministrativa; ções legalmente reconhecidas.
II - finalidade da intimação; Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de ou-
III - data, hora e local em que deve comparecer; tros meios de participação de administrados deverão ser apresen-
IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se tados com a indicação do procedimento adotado.
representar; Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a audiên-
V - informação da continuidade do processo independente- cia de outros órgãos ou entidades administrativas poderá ser reali-
mente do seu comparecimento; zada em reunião conjunta, com a participação de titulares ou repre-
VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes. sentantes dos órgãos competentes, lavrando-se a respectiva ata, a
§ 2o A intimação observará a antecedência mínima de três dias ser juntada aos autos.
úteis quanto à data de comparecimento. Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha ale-
§ 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por gado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a
via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio instrução e do disposto no art. 37 desta Lei.
que assegure a certeza da ciência do interessado. Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão
§ 4o No caso de interessados indeterminados, desconhecidos registrados em documentos existentes na própria Administração
ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o ór-
meio de publicação oficial. gão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos
§ 5o As intimações serão nulas quando feitas sem observância documentos ou das respectivas cópias.
das prescrições legais, mas o comparecimento do administrado su-
Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da
pre sua falta ou irregularidade.
tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer dili-
Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reco-
gências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria
nhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo
objeto do processo.
administrado.
§ 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na
Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será garanti-
motivação do relatório e da decisão.
do direito de ampla defesa ao interessado. § 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fun-
Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo damentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam
que resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus, ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias.
sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou
de outra natureza, de seu interesse. a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão
expedidas intimações para esse fim, mencionando-se data, prazo,
CAPÍTULO X forma e condições de atendimento.
DA INSTRUÇÃO Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o ór-
gão competente, se entender relevante a matéria, suprir de ofício a
Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e omissão, não se eximindo de proferir a decisão.
comprovar os dados necessários à tomada de decisão realizam-se Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao
de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo proces- interessado forem necessários à apreciação de pedido formulado, o
so, sem prejuízo do direito dos interessados de propor atuações não atendimento no prazo fixado pela Administração para a respec-
probatórias. tiva apresentação implicará arquivamento do processo.
§ 1o O órgão competente para a instrução fará constar dos au-
tos os dados necessários à decisão do processo.

128
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou diligência técnico-jurídica, observada a natureza do objeto e a compatibilida-
ordenada, com antecedência mínima de três dias úteis, mencionan- de do procedimento e de sua formalização com a legislação perti-
do-se data, hora e local de realização. nente. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de quin- § 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
ze dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de maior § 4º A decisão coordenada não exclui a responsabilidade origi-
prazo. nária de cada órgão ou autoridade envolvida. (Incluído pela Lei
§ 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emiti- nº 14.210, de 2021)
do no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a respectiva § 5º A decisão coordenada obedecerá aos princípios da legali-
apresentação, responsabilizando-se quem der causa ao atraso. dade, da eficiência e da transparência, com utilização, sempre que
§ 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser necessário, da simplificação do procedimento e da concentração
emitido no prazo fixado, o processo poderá ter prosseguimento e das instâncias decisórias. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade § 6º Não se aplica a decisão coordenada aos processos admi-
de quem se omitiu no atendimento. nistrativos: (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser I - de licitação; (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
previamente obtidos laudos técnicos de órgãos administrativos e II - relacionados ao poder sancionador; ou (Incluído pela Lei
estes não cumprirem o encargo no prazo assinalado, o órgão res- nº 14.210, de 2021)
ponsável pela instrução deverá solicitar laudo técnico de outro ór- III - em que estejam envolvidas autoridades de Poderes distin-
gão dotado de qualificação e capacidade técnica equivalentes. tos. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de Art. 49-B. Poderão habilitar-se a participar da decisão coorde-
manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo for nada, na qualidade de ouvintes, os interessados de que trata o art.
legalmente fixado. 9º desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública Parágrafo único. A participação na reunião, que poderá incluir
poderá motivadamente adotar providências acauteladoras sem a direito a voz, será deferida por decisão irrecorrível da autoridade
prévia manifestação do interessado. responsável pela convocação da decisão coordenada. (Incluído
Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a ob- pela Lei nº 14.210, de 2021)
ter certidões ou cópias reprográficas dos dados e documentos que Art. 49-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
o integram, ressalvados os dados e documentos de terceiros prote- Art. 49-D. Os participantes da decisão coordenada deverão ser
gidos por sigilo ou pelo direito à privacidade, à honra e à imagem. intimados na forma do art. 26 desta Lei. (Incluído pela Lei nº
Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para emi- 14.210, de 2021)
tir a decisão final elaborará relatório indicando o pedido inicial, o Art. 49-E. Cada órgão ou entidade participante é responsável
conteúdo das fases do procedimento e formulará proposta de deci- pela elaboração de documento específico sobre o tema atinente à
são, objetivamente justificada, encaminhando o processo à autori- respectiva competência, a fim de subsidiar os trabalhos e integrar
dade competente. o processo da decisão coordenada. (Incluído pela Lei nº 14.210,
de 2021)
CAPÍTULO XI Parágrafo único. O documento previsto no caput deste artigo
DO DEVER DE DECIDIR abordará a questão objeto da decisão coordenada e eventuais pre-
cedentes. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir Art. 49-F. Eventual dissenso na solução do objeto da decisão
decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou recla- coordenada deverá ser manifestado durante as reuniões, de forma
mações, em matéria de sua competência. fundamentada, acompanhado das propostas de solução e de alte-
Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Ad- ração necessárias para a resolução da questão. (Incluído pela Lei
ministração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorro- nº 14.210, de 2021)
gação por igual período expressamente motivada. Parágrafo único. Não poderá ser arguida matéria estranha ao
CAPÍTULO XI-A objeto da convocação. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
DA DECISÃO COORDENADA Art. 49-G. A conclusão dos trabalhos da decisão coordenada
(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) será consolidada em ata, que conterá as seguintes informações:
(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
Art. 49-A. No âmbito da Administração Pública federal, as de- I - relato sobre os itens da pauta; (Incluído pela Lei nº 14.210,
cisões administrativas que exijam a participação de 3 (três) ou mais de 2021)
setores, órgãos ou entidades poderão ser tomadas mediante deci- II - síntese dos fundamentos aduzidos; (Incluído pela Lei nº
são coordenada, sempre que: (Incluído pela Lei nº 14.210, de 14.210, de 2021)
2021) III - síntese das teses pertinentes ao objeto da convocação;
I - for justificável pela relevância da matéria; e (Incluído pela (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
Lei nº 14.210, de 2021) IV - registro das orientações, das diretrizes, das soluções ou das
II - houver discordância que prejudique a celeridade do pro- propostas de atos governamentais relativos ao objeto da convoca-
cesso administrativo decisório. (Incluído pela Lei nº 14.210, de ção; (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
2021) V - posicionamento dos participantes para subsidiar futura atu-
§ 1º Para os fins desta Lei, considera-se decisão coordenada ação governamental em matéria idêntica ou similar; e (Incluído
a instância de natureza interinstitucional ou intersetorial que atua pela Lei nº 14.210, de 2021)
de forma compartilhada com a finalidade de simplificar o proces- VI - decisão de cada órgão ou entidade relativa à matéria su-
so administrativo mediante participação concomitante de todas as jeita à sua competência. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
autoridades e agentes decisórios e dos responsáveis pela instrução

129
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1º Até a assinatura da ata, poderá ser complementada a fun- Art. 54. O direito da Administração de anular os atos adminis-
damentação da decisão da autoridade ou do agente a respeito de trativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários
matéria de competência do órgão ou da entidade representada. decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados,
(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) salvo comprovada má-fé.
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) § 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de de-
§ 3º A ata será publicada por extrato no Diário Oficial da União, cadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
do qual deverão constar, além do registro referido no inciso IV do § 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer me-
caput deste artigo, os dados identificadores da decisão coordenada dida de autoridade administrativa que importe impugnação à vali-
e o órgão e o local em que se encontra a ata em seu inteiro teor, dade do ato.
para conhecimento dos interessados. (Incluído pela Lei nº 14.210, Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão
de 2021) ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresen-
tarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Ad-
CAPÍTULO XII ministração.
DA MOTIVAÇÃO CAPÍTULO XV
DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; razões de legalidade e de mérito.
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; § 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão,
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará
pública; à autoridade superior.
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo lici- § 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso administra-
tatório; tivo independe de caução.
V - decidam recursos administrativos; § 3oSe o recorrente alegar que a decisão administrativa contra-
VI - decorram de reexame de ofício; ria enunciado da súmula vinculante, caberá à autoridade prolatora
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão da decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes de
ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; encaminhar o recurso à autoridade superior, as razões da aplicabili-
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalida- dade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. (Incluído pela
ção de ato administrativo. Lei nº 11.417, de 2006).Vigência
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, po- Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três
dendo consistir em declaração de concordância com fundamentos instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa.
de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo:
neste caso, serão parte integrante do ato. I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no pro-
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode cesso;
ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente
decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos inte- afetados pela decisão recorrida;
ressados. III - as organizações e associações representativas, no tocante a
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comis- direitos e interesses coletivos;
sões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses
escrito. difusos.
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo
CAPÍTULO XIII
para interposição de recurso administrativo, contado a partir da ci-
DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS
ência ou divulgação oficial da decisão recorrida.
DE EXTINÇÃO DO PROCESSO
§ 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso adminis-
trativo deverá ser decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir
Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escrita,
do recebimento dos autos pelo órgão competente.
desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, re-
§ 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser
nunciar a direitos disponíveis.
prorrogado por igual período, ante justificativa explícita.
§ 1o Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia
Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento no
atinge somente quem a tenha formulado.
§ 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso, qual o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de ree-
não prejudica o prosseguimento do processo, se a Administração xame, podendo juntar os documentos que julgar convenientes.
considerar que o interesse público assim o exige. Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem
Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o proces- efeito suspensivo.
so quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou
impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente. incerta reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida
ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar
CAPÍTULO XIV efeito suspensivo ao recurso.
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele
conhecer deverá intimar os demais interessados para que, no prazo
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quan- de cinco dias úteis, apresentem alegações.
do eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. I - fora do prazo;
II - perante órgão incompetente;

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
III - por quem não seja legitimado; I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos;(In-
IV - após exaurida a esfera administrativa. cluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
§ 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a auto- II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental; (Incluído
ridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso. pela Lei nº 12.008, de 2009).
§ 2o O não conhecimento do recurso não impede a Administra- III – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
ção de rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose múltipla,
administrativa. neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitan-
Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá con- te, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anqui-
firmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a deci- losante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da
são recorrida, se a matéria for de sua competência. doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação,
Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder síndrome de imunodeficiência adquirida, ou outra doença grave,
decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientifi- com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a
cado para que formule suas alegações antes da decisão. doença tenha sido contraída após o início do processo.(Incluído
Art. 64-A.Se o recorrente alegar violação de enunciado da sú- pela Lei nº 12.008, de 2009).
mula vinculante, o órgão competente para decidir o recurso explici- § 1oA pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando
tará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, con- prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade administra-
forme o caso. (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006).Vigência tiva competente, que determinará as providências a serem cumpri-
Art. 64-B.Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação das. (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
fundada em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-se-á § 2oDeferida a prioridade, os autos receberão identificação pró-
ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o julga- pria que evidencie o regime de tramitação prioritária. (Incluído pela
mento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões admi- Lei nº 12.008, de 2009).
nistrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilização § 3o(VETADO)(Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
pessoal nas esferas cível, administrativa e penal.(Incluído pela Lei § 4o(VETADO)(Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
nº 11.417, de 2006). Vigência Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 65. Os processos administrativos de que resultem san-
ções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, EXERCÍCIOS
quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetí-
veis de justificar a inadequação da sanção aplicada.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar 01. (Prefeitura de Jataí/GO - Auditor de Controladoria - Qua-
agravamento da sanção. drix /2019) A cúpula diretiva investida de poder político para a con-
dução dos interesses nacionais consiste
CAPÍTULO XVI
DOS PRAZOS (A) no Estado.
(B) na Administração Pública.
Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da cienti- (C) no Poder Executivo.
ficação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluin- (D) no governo.
do-se o do vencimento. (E) nos agentes políticos.
§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se-
guinte se o vencimento cair em dia em que não houver expediente 02. (CRO-GO - Assistente Administrativo – Quadrix/2019) No
ou este for encerrado antes da hora normal. que se refere ao Estado e a seus Poderes, julgue o item.
§ 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo.
§ 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a A noção de Estado de direito baseia‐se na regra de que, ao
data. Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente àque- mesmo tempo em que o Estado cria o direito, deve sujeitar‐se a ele.
le do início do prazo, tem-se como termo o último dia do mês. ( ) CERTO
Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente comprovado, ( ) ERRADO
os prazos processuais não se suspendem.
03. (CRO-GO - CRO-GO - Fiscal Regional - Quadrix – 2019) No
CAPÍTULO XVII que se refere ao Estado e a seus Poderes, julgue o item.
DAS SANÇÕES Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário exercem suas res-
pectivas funções com absoluta exclusividade.
Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade compe- ( ) CERTO
tente, terão natureza pecuniária ou consistirão em obrigação de fa- ( ) ERRADO
zer ou de não fazer, assegurado sempre o direito de defesa.

CAPÍTULO XVIII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a


reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente
os preceitos desta Lei.
Art. 69-A.Terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão
ou instância, os procedimentos administrativos em que figure como
parte ou interessado: (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).

131
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
04. (CRF-PR - Analista de RH – Quadrix/2019) A supremacia do 07. (UFAL - Auxiliar em Administração – COPEVE-UFAL). O ter-
interesse público sobre o privado, também chamada simplesmente mo Administração Pública, em sentido estrito e objetivo, equivale
de princípio do interesse público ou da finalidade pública, princípio
implícito na atual ordem jurídica, significa que os interesses da co- (A) às funções típicas dos Poderes Executivo, Legislativo e Ju-
letividade são mais importantes que os interesses individuais, razão diciário.
pela qual a Administração, como defensora dos interesses públicos, (B) à noção de governo.
recebe da lei poderes especiais não extensivos aos particulares. Ale- (C) ao conceito de Estado.
xandre Mazza. Manual de direito administrativo. 8.ª ed. São Paulo: (D) ao conceito de função administrativa.
Saraiva Educação, 2018. (E) ao Poder Executivo.

Com relação a esse princípio, assinale a alternativa correta. 08. (CESPE – INSS - Perito Médico Previdenciário – CESPE).
(A) Apesar da supremacia presente, não possibilita que a Admi- Acerca do direito administrativo, julgue os itens a seguir.
nistração Pública convoque particulares para a execução com- Povo, território e governo soberano são elementos do Estado.
pulsória de atividades públicas. () CERTO
(B) Só existe a supremacia do interesse público primário sobre () ERRADO
o interesse privado. O interesse patrimonial do Estado como
pessoa jurídica, conhecido como interesse público secundário, 09. (JARU-PREVI - RO - Assistente Administrativo – IBA-
não tem supremacia sobre o interesse do particular. DE/2019) Com base nos três poderes do estado e nas suas funções,
(C) Não permite a requisição de veículo particular, pela polícia, afirma-se que ao:
para perseguir criminoso. Referida atitude não é prevista no di-
reito brasileiro. (A) legislativo: cabe a ele criar leis em cada uma das três esferas
(D) Não permite que a Administração Pública transforme com- e fiscalizar e controlar os atos do poder executivo.
pulsoriamente propriedade privada em pública. (B) executivo: estabelece normas que regem a sociedade.
(E) Estará presente em todos os atos de gestão da Administra- (C) judiciário: responsável pela regulação da administração dos
ção Pública. interesses públicos.
(D) legislativo: poder exercido pelos secretários do Estado.
05. (TRT /8ª Região - Analista Judiciário – CESPE/2016). A res- (E) executivo: sua principal tarefa é a de controle de constitu-
peito dos elementos do Estado, assinale a opção correta. cionalidade.
(A) Povo, território e governo soberano são elementos indisso- 10. (CONRERP 2ª Região - Assistente Administrativo - Qua-
ciáveis do Estado.
drix/2019) Quanto à Administração Pública, julgue o item.
(B) O Estado é um ente despersonalizado.
(C) São elementos do Estado o Poder Legislativo, o Poder Judi-
À Administração Pública é facultado fazer tudo o que a lei não
ciário e o Poder Executivo.
proíbe.
(D) Os elementos do Estado podem se dividir em presidencia-
lista ou parlamentarista.
( ) CERTO
(E) A União, o estado, os municípios e o Distrito Federal são
( ) ERRADO
elementos do Estado brasileiro.

06. (IF/AP - Auxiliar em Administração – FUNIVERSA/2016). 11. (MPE-CE - Técnico Ministerial - CESPE – 2020) No que diz
No sistema de governo brasileiro, os chefes do Poder Executivo respeito à administração pública direta, à administração pública in-
(presidente da República, governadores e prefeitos) exercem, ao direta e aos agentes públicos, julgue o item que se segue.
mesmo tempo, as funções administrativa (Administração Pública) e
política (governo). No entanto, são funções distintas, com conceitos A administração pública indireta é composta por órgãos e agen-
e objetivos bem definidos. Acerca de Administração Pública e go- tes públicos que, no âmbito federal, constituem serviços integrados
verno, assinale a alternativa correta. na estrutura administrativa da presidência da República e dos mi-
nistérios.
(A) Administração Pública e governo são considerados sinôni- ( ) CERTO
mos, visto que ambos têm como objetivo imediato a busca da ( ) ERRADO
satisfação do interesse coletivo.
(B) As ações de Administração Pública têm como objetivo a
satisfação do interesse público e são voltadas à execução das
políticas públicas.
(C) Administração Pública é a atividade responsável pela fixa-
ção dos objetivos do Estado, ou seja, nada mais é que o Estado
desempenhando sua função política.
(D) Governo é o conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídi-
cas de que o Estado dispõe para colocar em prática as políticas
públicas.
(E) A Administração pratica tanto atos de governo (políticos)
como atos de execução das políticas públicas.

132
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
12. (AL-AP - Analista Legislativo - FCC – 2020) A organização 14. (AL-AP - Assistente Legislativo - FCC – 2020) A amplitude
administrativa pode implicar desconcentração e descentralização. da Administração pública considera dois grupos de instituições, que
A criação de empresas estatais são classificados em Administração direta e indireta. Considera-se
Administração Direta,
(A) depende da edição de lei instituidora dos entes, da qual (A) as Fundações públicas.
também deverão constar as competências próprias atribuídas (B) as Autarquias.
a essas pessoas jurídicas dotadas de personalidade jurídica de (C) as Empresas públicas.
direito privado ou de direito público. (D) as Sociedades de Economia mista.
(B) difere da instituição de autarquias e fundações, pessoas (E) a Casa Civil.
jurídicas que expressam a desconcentração da Administração
pública. 15. (TRE-PA - Analista Judiciário – Administrativa - IBFC – 2020)
(C) indica a desconcentração da organização administrativa, Assinale a alternativa que apresenta corretamente um conceito de
que se caracteriza pela criação de pessoas jurídicas com com- Desconcentração Administrativa.
petências próprias.
(D) é expressão da descentralização administrativa, que implica (A) Distribuição de competências de uma para outra pessoa,
a criação de pessoas jurídicas com atribuições previstas em lei física ou jurídica
e em seus atos constitutivos. (B) Distribuição interna de competências, ou seja, uma distri-
(E) e de outras pessoas jurídicas com personalidade jurídica de buição de competências dentro da mesma pessoa jurídica
direito público configura forma híbrida de organização admi- (C) Distribuição de competências de uma pessoa jurídica inte-
nistrativa. grante da Administração Pública para uma pessoa física
(D) Distribuição de competências de uma pessoa física inte-
grante da Administração Pública para uma pessoa jurídica

13. (FITO – Advogado - VUNESP – 2020) De acordo com o orde- 16. (TRF - 1ª REGIÃO - Estagiário – Direito - COPESE –
namento jurídico brasileiro, uma fundação pública UFPI/2019) Considere o seguinte conceito.
“Pessoa jurídica de direito privado composta por capital exclu-
(A) poderá celebrar parcerias com organizações da sociedade sivamente público, criada para a prestação de serviços públicos ou
civil, em regime de mútua cooperação, para a consecução de exploração de atividades econômicas, sob qualquer modalidade
finalidades de interesse público e recíproco, mediante a exe- empresarial.”
cução de atividades ou de projetos previamente estabelecidos MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. São Paulo: Sarai-
em planos de trabalho inseridos em termos de colaboração, va, 2016.
em termos de fomento ou em acordos de cooperação.
(B) poderá consorciar-se com outras fundações públicas que in- Esse conceito aplica-se à:
tegrem a Administração indireta de outros entes da federação, (A) Empresa pública.
para estabelecer relações de cooperação federativa, inclusive a (B) Autarquia.
realização de objetivos de interesse comum, passando a cons- (C) Agência executiva.
tituir consórcio público com personalidade jurídica de direito (D) Sociedade de economia mista.
público.
(C) criada por lei, poderá representar a Administração direta 17. (Prefeitura de Porto Alegre /RS - Auditor Fiscal da Receita
na celebração de acordos de cooperação técnica com outros Municipal – FUNDATEC/2019) Acerca da administração pública in-
órgãos ou entidades integrantes da Administração indireta dos direta e do regime jurídico das empresas públicas e sociedades de
demais entes federados, com a finalidade de expandir o alcan- economia mista, analise as seguintes assertivas:
ce das finalidades de interesse público que justificaram sua
criação. I. Empresa pública é a entidade com criação autorizada por lei
(D) cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa cien- e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente deti-
tífica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preserva- do pelo poder público, dotada de personalidade jurídica de direito
ção do meio ambiente, à cultura e à saúde, serão qualificadas público.
como organizações da sociedade civil de interesse público, II. A criação de subsidiárias de empresa pública e de sociedade
podendo celebrar contrato de gestão com dispensa de chama- de economia mista independe de autorização legislativa.
mento público, com o poder público. III. Sociedade de economia mista é a entidade com criação au-
(E) que tenha sido constituída e esteja em funcionamento regu- torizada por lei sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com
lar há, no mínimo, três anos, poderá qualificar-se como organi- direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao
zação da sociedade civil de interesse público com fundamento Distrito Federal, aos Municípios ou à entidade da administração in-
no princípio da universalização dos serviços de interesse públi- direta, dotada de personalidade jurídica de direito privado.
Quais estão corretas?
co que autorizaram sua criação.
(A) Apenas III.
(B) Apenas I e II.
(C) Apenas I e III.
(D) Apenas II e III.

133
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
18. (SPPREV - Analista em Gestão Previdenciária - FCC – 2019) 21. (Prefeitura de São Roque - SP – Advogado - VUNESP –
As autarquias são pessoas jurídicas integrantes da Administração 2020) A respeito dos servidores públicos estatutários, assinale a
pública indireta, que podem ter receitas próprias e receber recur- alternativa correta.
sos orçamentários e financeiros do erário público. No caso de uma (A) O regime jurídico dos servidores estatutários não pode ser
autarquia auferir receitas próprias em montante suficiente para su- alterado de forma prejudicial aos agentes públicos que estejam
portar todas as despesas e investimentos do ente, no exercício da função pública.
(B) Os ocupantes de empregos públicos não dispõem de estabi-
(A) fica excepcionada a aplicação do regime jurídico de direito lidade no serviço público.
público durante o período em que perdurar a condição de pes- (C) A estabilidade garante ao agente público a permanência no
soa jurídica não dependente. serviço público, de modo que o vínculo somente poderá ser
(B) poderá realizar contratações efetivas sem a necessidade de desconstituído por decisão judicial com trânsito em julgado.
prévio concurso público, diante da não incidência da regra para (D) É constitucional lei que propicie ao servidor investir-se em
os entes da Administração pública indireta que não sejam de- cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investi-
pendentes. do, sem prévia aprovação em concurso público.
(C) permanece sujeita aos princípios e regras que regem a Ad- (E) O candidato aprovado em concurso público dentro do nú-
ministração pública, tais como a impenhorabilidade de seus mero de vagas previstos no edital possui expectativa de direito
bens, exigência de autorização legislativa para alienação de à nomeação.
bens imóveis e realização de concurso público para admissão
de servidores, com exceção de comissionados. 22. (AL-AP - Assistente Legislativo - FCC – 2020) Ricardo Reis,
(D) permanecerá obrigada à regra geral de licitação para firmar servidor público, foi acusado, em processo disciplinar, de haver
contratos administrativos, com exceção das hipóteses de alie- subtraído da repartição um aparelho de ar condicionado, falta que
nação de bens imóveis, porque geram receita como resultado. ensejaria sua demissão a bem do serviço público. Em processo cri-
(E) ficará equiparada, em direitos e obrigações, às empresas minal instaurado concomitantemente, o juiz absolveu Ricardo, con-
estatais não dependentes, que podem adquirir bens e serviços cluindo que Bernardo Soares, pessoa totalmente estranha à reparti-
sem prévia realização de licitação, mas têm patrimônio sujeito ção, era o verdadeiro responsável pelo furto. Constatou-se, todavia,
à penhorabilidade e prescritibilidade. que Ricardo Reis havia se ausentado da repartição sem acionar os
alarmes antifurto, providência de sua exclusiva responsabilidade.
19. (Prefeitura de Aracruz - ES – Contador - IBADE – 2019) Os Tal comportamento não gerou punição na esfera criminal, por se
órgãos públicos representam compartimentos internos da pessoa tratar de conduta criminalmente atípica.
pública, podendo ser criados ou extintos por meio de lei. Já a es- Diante do relato hipotético, conclui-se que Ricardo Reis
truturação e as atribuições dos órgãos podem ser processadas por: (A) será absolvido da conduta que lhe foi inicialmente imputa-
(A) lei, apenas. da, mas ainda poderá ser punido pela conduta omissiva, pois,
(B) lei em tese do Chefe do Judiciário. embora considerada criminalmente atípica, pode configurar
(C) decreto do Chefe do Executivo. falta disciplinar residual.
(D) resolução legislativa. (B) deve pedir a inclusão de Bernardo Soares no processo dis-
(E) ofício da Presidência da República. ciplinar, na qualidade de corréu, de maneira a diminuir sua res-
ponsabilidade no incidente.
20. (IF Baiano - Assistente em Administração - IF-BA – 2019) (C) não sofrerá punições em âmbito administrativo, visto que a
No que se refere à organização administrativa do Estado, assinale a
decisão criminal é vinculante na esfera administrativa.
afirmativa incorreta.
(D) pode ser demitido pela subtração do equipamento, visto
que as conclusões da decisão proferida na esfera criminal não
(A) Compreende-se como Administração Pública Direta ou Cen-
vinculam a Administração.
tralizada aquela constituída a partir de um conjunto de órgãos
públicos despersonalizados, através dos quais o Estado desem- (E) será indenizado pela injusta submissão a processo discipli-
penha diretamente a atividade administrativa. nar, o que é suficiente para configurar dano moral.
(B) Somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de 23. (CREFONO-5° Região - Assistente Administrativo - Quadrix
economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, – 2020) Acerca da Administração Pública e dos servidores públicos,
neste último caso, definir as áreas de sua atuação. julgue o item conforme o texto constitucional.
(C) Compreende-se como Administração Pública Indireta ou O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser readap-
Descentralizada aquela constituída a partir de um conjunto de tado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabilidades
entidades dotadas de personalidade jurídica própria, algumas sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capa-
de direito público, outras de direito privado, responsáveis pelo cidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição, des-
exercício, em caráter especializado e descentralizado, de certa de que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos para
e determinada atividade administrativa. o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de origem.
(D) As empresas públicas e as sociedades de economia mista ( ) CERTO
fazem parte da Administração Pública Direta. ( ) ERRADO
(E) As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, cria-
das por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita
próprios, para executar atividades típicas da Administração Pú-
blica.

134
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
24. (CREFONO-5° Região - Assistente Administrativo - Quadrix 28. (CRN - 2° Região (RS) - Assistente Administrativo - Quadrix
– 2020) Acerca da Administração Pública e dos servidores públicos, – 2020) Texto associado.
julgue o item conforme o texto constitucional. Considera‐se como agente público aquele que, mesmo que por
A investidura em cargo ou emprego público independe de apro- período determinado e sem remuneração, exerce mandato, cargo,
vação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, emprego ou função pública.
de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo. Direito administrativo
na forma prevista em lei, exceto para nomeações para cargo em descomplicado. 16.ª ed. 2008. p. 122.
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração. Com relação aos agentes públicos, julgue o item.
( ) CERTO Agentes políticos têm sua competência extraída da Constitui-
( ) ERRADO ção Federal e normalmente são investidos em seus cargos por elei-
ção, nomeação ou designação.
25. (TRE-PA - Analista Judiciário – Administrativa - IBFC – 2020) ( ) CERTO
( ) ERRADO
O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercí-
cio irregular de suas atribuições. Analise o texto abaixo e assinale
29. CRN - 2° Região (RS) - Assistente Administrativo - Quadrix
a alternativa que preencha correta e respectivamente as lacunas.
– 2020) Com relação aos agentes públicos, julgue o item.
“A responsabilidade _____ abrange os crimes e contravenções
Agentes administrativos consistem naqueles agentes públicos
imputadas ao servidor, nessa qualidade.” “A responsabilidade _____ que exercem funções de alta direção e orientação da Administração
decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resul- Pública e, por isso, possuem prerrogativas pessoais para garantir li-
te em prejuízo ao erário ou a terceiros.” A responsabilidade _____ berdade para suas tomadas de decisão.
do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue ( ) CERTO
a existência do fato ou sua autoria.” “As sanções civis, penais e ad- ( ) ERRADO
ministrativas poderão cumular-se, sendo _____ entre si.”
(A) penal / civil / administrativa / independentes 30. (CREFONO - 1ª Região - Agente Fiscal - Quadrix – 2020)
(B) civil / administrativa / penal / independentes Julgue o item no que se refere à Administração Pública.
(C) penal / administrativa / civil / dependentes Os requisitos para acesso a cargos públicos mediante concurso
(D) penal / civil / administrativa / dependentes devem estar claramente estabelecidos na lei e(ou) no edital.
( ) CERTO
26. (TRE-PA - Analista Judiciário – Administrativa - IBFC – ( ) ERRADO
2020) Acerca do Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da 31. (Valiprev - SP - Analista de Benefícios Previdenciários VU-
União (Lei nº 8.112/1990), analise as afirmativas abaixo e dê valores NESP – 2020) É o de que dispõe a Administração para distribuir e
Verdadeiro (V) ou Falso (F). escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de
( ) Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são cria- seus agentes estabelecendo a relação de subordinação entre os ser-
dos por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos co-
vidores de seu quadro de pessoal. Dele decorrem algumas prerro-
fres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão.
gativas: delegar e avocar atribuições, dar ordens, fiscalizar e rever
( ) Os requisitos básicos para investidura em cargo público es-
atividades de órgãos inferiores.
tão contidos no artigo 5º e portanto, as atribuições do cargo não po-
É correto afirmar que o texto do enunciado se refere ao poder
dem justificar a exigência de outros requisitos estabelecidos em lei.
( ) O servidor estável só perderá o cargo em virtude de sentença
(A) disciplinar.
judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disci-
(B) hierárquico.
plinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa.
(C) de delegação.
( ) A posse em cargo público dependerá de prévia inspeção mé-
dica oficial. Só poderá ser empossado aquele que for julgado apto (D) regulamentar.
física e mentalmente para o exercício do cargo. (E) de polícia.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
cima para baixo. 32. (MPE-CE - Técnico Ministerial - CESPE – 2020) Cada um do
(A) F, V, V, F item a seguir apresenta uma situação hipotética seguida de uma
(B) V, V, F, F assertiva a ser julgada, acerca dos poderes administrativos.
(C) F, V, F, V O corpo de bombeiros de determinada cidade, em busca da
(D) V, F, V, V garantia de máximo benefício da coletividade, interditou uma esco-
la privada, por falta de condições adequadas para a evacuação em
27. (UFRJ – Administrador - CESGRANRIO – 2019) O servidor caso de incêndio. Nesse caso, a atuação do corpo de bombeiros de-
público W foi demitido do serviço público, após processo adminis- corre imediatamente do poder disciplinar, ainda que o proprietário
trativo disciplinar. Inconformado, ele propôs ação judicial, buscan- da escola tenha direito ao prédio e a exercer o seu trabalho.
do o retorno ao serviço público, tendo obtido decisão favorável, ( ) CERTO
após dez anos de duração do processo. ( ) ERRADO
Nos termos da Lei no 8.112/1990, quando invalidada a demis-
são por decisão judicial, ocorre a denominada

(A) reinclusão
(B) reintegração
(C) recondução
(D) revisão
(E) repristinação

135
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
33. (SPPREV - Técnico em Gestão Previdenciária - FCC – 2019)
Um agente público, em regular diligência de fiscalização a es- 35. (SEAP-GO - Agente de Segurança Prisional - IADES/2019)
tabelecimentos de ensino, constatou potencial irregularidade no C. L. V., agente de segurança prisional, estava realizando sua ronda
procedimento de matrícula de determinado nível de escolaridade habitual durante o respectivo turno, quando observou que dois de-
e determinou a interdição do estabelecimento. Considerando os tentos – R. M. V. e J. O. M. – estavam em vias de fato no momento
fatos descritos, uma das possíveis conclusões para a atuação do do “banho de sol”. Ao tentar separá-los, utilizou-se de força des-
agente público é proporcional, amarrando os dois detentos com uma corda, a qual
causou lesões contusas em ambos os detentos. Essa situação hipo-
(A) atuação com excesso de poder disciplinar, pois este somen- tética representa caso de
te incide na esfera hierárquica do quadro de servidores de ór-
gão da Administração direta ou pessoa jurídica integrante da (A) desvio de poder.
Administração indireta. (B) desvio de finalidade.
(B) a regularidade da conduta, considerando o princípio da su- (C) estrito cumprimento do dever legal.
premacia do interesse público, cabendo ao responsável pelo (D) excesso de poder.
estabelecimento regularizar o procedimento apontado e, após, (E) abuso de direito.
pleitear a reabertura da unidade de ensino.
(C) a viabilidade jurídica da conduta, considerando que será 36. (CFESS - Assistente Técnico Administrativo - CONSUL-
oportunizado contraditório e ampla defesa ao responsável pela PLAN/2017) Quando a Administração Pública aplica penalidade de
escola, com possibilidade de reposição das aulas no caso de cassação da carteira de motorista ao particular que descumpre as
procedência de suas alegações. regras de direção de veículos configura-se o exercício do poder
(D) ter agido com abuso de poder no exercício do poder de po-
lícia inerente à sua atuação, não se mostrando razoável a me- (A) de polícia.
dida adotada, que prejudicou o cronograma de aulas de todos (B) disciplinar.
os alunos da instituição. (C) ordinatório.
(E) que o poder regulamentar confere ao representante da Ad- (D) regulamentar
ministração pública o poder de baixar atos normativos dotados
de autoexecutoriedade, protegendo o direito à educação em 37. (PC/SE - Delegado de Polícia – CESPE/2018) Acerca do po-
detrimento do direito individual dos alunos. der de polícia — poder conferido à administração pública para im-
por limites ao exercício de direitos e de atividades individuais em
34. (IF Baiano - Contador IF-BA -2019) A respeito dos pode- função do interesse público —, julgue o próximo item.
res administrativos da Administração Pública, assinale a alternativa O poder de polícia é indelegável.
correta. ( ) CERTO
( ) ERRADO
(A) O Poder Normativo ou regulamentar se traduz no poder
conferido à Administração Pública de expedir atos administra- 38. (PC/AC - Escrivão de Polícia Civil - IBADE/2017) Conside-
tivos gerais e abstratos, com efeitos erga omnes, podendo, in- rando os Poderes e Deveres da Administração Pública e dos admi-
clusive, inovar no ordenamento jurídico, criando e extinguindo nistradores públicos, é correta a seguinte afirmação:
direitos e obrigações a todos os cidadãos.
(B) O Poder Hierárquico é característica que integra a estrutura (A) O dever-poder normativo viabiliza que o Chefe do Poder
das pessoas jurídicas da Administração Pública, sejam os entes Executivo expeça regulamentos para a fiel execução de leis.
da Administração Direta ou Indireta. Trata-se de atribuição con- (B) O dever-poder de polícia, também denominado de dever-
cedida ao administrador para organizar, distribuir e escalonar -poder disciplinar ou dever-poder da supremacia da admi-
as funções de seus órgãos. nistração perante os súditos, é a atividade da administração
(C) O Poder Disciplinar é a atribuição de aplicar sanções àque- pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou li-
les que estejam sujeitos à disciplina do ente estatal. Podem ser berdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão
aplicadas sanções aos particulares, mesmo não possuindo vín- de interesse público concernente à segurança, à higiene, à or-
culo. dem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao
(D) O Poder de Polícia, segundo doutrina majoritária, não é ad- exercício de atividades econômicas dependentes de concessão
mitido no ordenamento jurídico brasileiro, por ferir o Estado ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao
Democrático de Direito. respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
(E) O Poder Discricionário se verifica quando a lei cria um ato (C) Verificado que um agente público integrante da estrutura
administrativo estabelecendo todos os elementos de forma ob- organizacional da Administração Pública praticou uma infração
jetiva, sem que a autoridade pública possa valorar acerca da
funcional, o dever-poder de polícia autoriza que seu superior
conduta exigida legalmente.
hierárquico aplique as sanções previstas para aquele agente.
(D) O dever-poder de polícia pressupõe uma prévia relação en-
tre a Administração Pública e o administrado. Esta é a razão
pela qual este dever-poder possui por fundamento a suprema-
cia especial.
(E) A possibilidade do chefe de um órgão público emitir ordens
e punir servidores que desrespeitem o ordenamento jurídico
não possui arrimo no dever-poder de polícia, mas sim no de-
ver-poder normativo.

136
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
39. (MPE/RN -Técnico do Ministério Público Estadual - COM- 42. (EBSERH - Assistente Administrativo - VUNESP/2020) O
PERVE/2017) Os poderes inerentes à Administração Pública são revestimento exteriorizador do ato administrativo normal é a es-
necessários para que ela sobreponha a vontade da lei à vontade crita, embora existam atos consubstanciados em ordens verbais e
individual, o interesse público ao privado. Nessa perspectiva, até mesmo em sinais convencionais. Esse requisito do ato é deno-
minado
(A) no exercício do poder disciplinar, são apuradas infrações
e aplicadas penalidades aos servidores públicos sempre por (A) objeto.
meio de procedimento em que sejam asseguradas a ampla de- (B) motivo.
fesa e o contraditório. (C) forma.
(B) no exercício do poder normativo, são editados decretos re- (D) mérito.
gulamentares estabelecendo normas ultra legem, inovando na (E) finalidade.
ordem jurídica para criar direitos e obrigações.
(C) o poder de polícia, apesar de possuir o atributo da coerci- 43. (CRN - 2° Região - Assistente Administrativo - Quadrix –
bilidade, carece do atributo da autoexecutoriedade, de modo 2020) Atos administrativos são atos jurídicos que constituem mani-
que a Administração Pública deve sempre recorrer ao judiciário festações unilaterais de vontade. A respeito dos atos administrati-
para executar suas decisões. vos, julgue o item.
(D) o poder conferido à Administração Pública é uma faculdade A Administração pode anular seus próprios atos quando eiva-
que a Constituição e a lei colocam à disposição do administra- dos de vícios que os tornem ilegais ou revogá‐los, por motivo de
dor, que o exercerá de acordo com sua livre convicção. conveniência e oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
40. (ANS - Técnico em Regulação de Saúde Suplementar - FUN- ( ) CERTO
CAB/2016) No tocante aos poderes administrativos pode-se afirmar ( ) ERRADO
que a delegação e avocação decorrem do poder:
44. (MPE-CE - Promotor de Justiça de Entrância Inicial – CES-
PE/2020) Com o fim de assegurar a adequação na prestação do ser-
(A) hierárquico.
viço e o fiel cumprimento das normas previstas em contrato de con-
(B) discricionário.
cessão de serviço público, o poder público concedente, mesmo sem
(C) disciplinar.
autorização judicial, interveio na concessão por meio de resolução
(D) regulamentar.
que previu a designação de interventor, o prazo da intervenção e os
(E) de polícia.
objetivos e limites da medida interventiva.
41. (Valiprev - SP - Analista de Benefícios Previdenciários - VU-
NESP/2020) É correto afirmar que o ato administrativo do Analista
Nessa situação hipotética, o ato administrativo de intervenção
de Benefícios Previdenciários é dotado de
encontra-se eivado de vício quanto
(A) ao objeto.
(A) autoexecutoriedade, ante a inevitabilidade de sua execu-
(B) ao motivo.
ção, porquanto reúne sempre poder de coercibilidade para
(C) à finalidade.
aqueles a que se destina, havendo a possibilidade de ser revo-
(D) à competência.
gado pela própria Administração e pelo Poder Judiciário, quan-
(E) à forma.
do sua manutenção deixar de ser conveniente e oportuna.
(B) imperatividade, ante a inevitabilidade de sua execução, por-
quanto reúne sempre poder de coercibilidade para aqueles a 45. (TJ-PA - Auxiliar Judiciário - CESPE – 2020) A propriedade
que se destina, havendo a possibilidade de ser revogado pela da administração de, por meios próprios, pôr em execução suas de-
própria Administração quando sua manutenção deixar de ser cisões decorre do atributo denominado
conveniente e oportuna. (A) exigibilidade.
(C) presunção de legitimidade, de legalidade e veracidade, por- (B) autoexecutoriedade.
que se presume legal a atividade administrativa, por conta da (C) vinculação.
inteira submissão ao princípio da legalidade, havendo a pos- (D) discricionariedade.
sibilidade de ser revogado pela própria Administração e pelo (E) E medidas preventivas.
Poder Judiciário, quando sua manutenção deixar de ser conve-
niente e oportuna.
(D) imperatividade, uma vez que será executado, quando ne-
cessário e possível, ainda que sem o consentimento do seu des-
tinatário, havendo a possibilidade de ser revogado pelo Poder
Judiciário, em razão de sua eventual ilegalidade.
(E) presunção de legitimidade, de legalidade e veracidade, por-
que se presume legal a atividade administrativa, por conta da
inteira submissão ao princípio da legalidade, havendo a possi-
bilidade de ser revogado pelo Poder Judiciário, em razão de sua
eventual ilegalidade.

137
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
46. (UEPA - Técnico de Nível Superior – Administração – FA- 49. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário – NUCEPE/2017). Assina-
DESP/2020) Um ato administrativo é o ato jurídico praticado, se- le a alternativa CORRETA sobre os atos administrativos.
gundo o Direito Administrativo, pelas pessoas administrativas, ou a
Administração Pública, por intermédio de seus agentes, no exercício (A) Atos individuais, também chamados de normativos, são
de suas competências funcionais, capaz de produzir efeitos com fim aqueles que se voltam para a regulação de situações jurídicas
público. Os atos administrativos podem ser invalidados pela própria concretas, com destinatários individualizados, como instruções
Administração Pública ou pelo Poder Judiciário. O ato administrati- normativas e regulamentos.
vo pode vir a ser invalidado, quando o agente público (B) Em razão do formalismo que o caracteriza, o ato administra-
(A) foi empossado recentemente em cargo que lhe atribuiu a tivo deve sempre ser escrito, sendo juridicamente insubsisten-
competência para o ato administrativo. tes comandos administrativos verbais.
(B) praticou ato administrativo de modo a melhorar o ambiente (C) Aprovação é o ato unilateral e vinculado pelo qual a Ad-
organizacional de que faz parte, sem que, seja considerado um ministração Pública reconhece a legalidade de um ato jurídico.
(D) Tanto os atos vinculados como os atos discricionários po-
ato com fim público.
dem ser objeto de controle pelo Poder Judiciário.
(C) praticou ato administrativo motivado por fatores apresenta-
(E) Os provimentos são exclusivos dos órgãos colegiados, ser-
dos por terceiros que correspondem à realidade e foram apre-
vindo especificamente para demonstrar sua organização e seu
sentados formalmente.
funcionamento.
(D) praticou ato administrativo formalmente, para contraste
com a lei e aferido, pela própria Administração ou pelo Judici- 50. (CONFERE - Assistente Administrativo VII - INSTITUTO CI-
ário, que foi considerado estranho às vontades do gestor máxi- DADES/2016). A anulação do ato administrativo:
mo da instituição pública.
(A) Pode ser decretada à revelia pelo administrador público.
47. (SPPREV - Técnico em Gestão Previdenciária – FCC/2019) A (B) Pode ser decretada somente pelo poder judiciário, desde
edição de um ato administrativo de natureza vinculada acarreta ou que exista base legal para isso.
pressupõe, para a Administração pública, o dever (C) Pode ser decretada tanto pelo poder judiciário como pela
administração pública competente.
(A) de ter observado o preenchimento dos requisitos legais (D) Não pode ser decretada em hipótese alguma, pois o ato
para a edição, tendo em vista que nos atos vinculados a legis- administrativo tem força de lei.
lação indica os elementos constitutivos do direito à prática do
ato. 51.(TRE-PA - Técnico Judiciário – Administrativa - IBFC – 2020)
(B) subjetivo de emissão do mesmo, este que, em razão da na- O controle administrativo pode ser conceituado como “o conjun-
tureza, não admite anulação ou revogação. to de instrumentos definidos pelo ordenamento jurídico a fim de
(C) de observar as opções legalmente disponíveis para decisão permitir a fiscalização da atuação estatal por órgãos e entidades da
do administrador, que deverá fundamentá-la em razão de con- própria Administração Pública, dos Poderes Legislativos e Judiciário,
veniência e interesse público. assim como pelo povo”. Nesse sentido, analise as afirmativas abaixo
(D) do administrado destinatário do ato exercer o direito que e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).
lhe fora concedido, tendo em vista que os atos administrativos
são vinculantes para os particulares, que não têm opção de não ( ) O Brasil adota o sistema de jurisdição única quanto ao con-
realizar o objeto ou finalidade do mesmo. trole da Administração Pública, razão pela qual não é possível a pro-
(E) de submeter o ato ao controle externo do Tribunal de Con- vocação do Poder Judiciário para análise de controvérsias antes do
tas competente e do Poder Judiciário, sob o prisma da legalida- esgotamento das instâncias administrativas.
de, conveniência e oportunidade. ( ) O controle administrativo decorre do poder de autotutela
conferido à Administração Pública que deve efetivar a fiscalização
48. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário – NUCEPE/2017). Sobre e revisão de seus atos, mediante provocação ou de ofício, com a
a revogação dos atos administrativos, assinale a alternativa INCOR- finalidade de verificar os aspectos de ilegalidade ou inconveniência
RETA. do ato.
(A) Nem todos os atos administrativos podem ser revogados. ( ) O controle legislativo, realizado no âmbito do parlamento e
(B) A revogação de ato administrativo é realizada, ordinaria- dos órgãos auxiliares do Poder Legislativo, inclui o controle político
mente, pelo Poder Judiciário, cabendo-lhe ainda examinar os sobre o próprio exercício da função administrativa e o controle fi-
aspectos de validade do ato revogador. nanceiro sobre a gestão dos gastos públicos dos três poderes.
(C) Considerando que a revogação atinge um ato que foi pra- ( ) A ação popular é considerada pela doutrina como remédio
ticado em conformidade com a lei, seus efeitos são ex nunc. constitucional que pode ser utilizado por pessoas físicas ou jurídicas
(D) Pode a Administração Pública se arrepender da revogação para provocar o controle judicial, visando a anulação de ato lesivo
de determinado ato. ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
(E) O fundamento jurídico da revogação reside no poder discri- moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio his-
cionário da Administração Pública tórico e cultural.
Assinale a alternativa que representa a sequência correta de
cima para baixo:

(A) V, F, V, F
(B) V, V, V, F
(C) F, V, V, F
(D) F, F, F, V

138
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
52. (TJ-PA - Oficial de Justiça Avaliador - CESPE – 2020) Acerca 56. (MPE-CE - Técnico Ministerial – CESPE/2020) Acerca da
do controle da administração pública, julgue os itens a seguir. responsabilidade civil do Estado e de improbidade administrativa,
julgue o item seguinte.
I Em nenhuma hipótese é possível a revogação, pelo Poder Ju- A responsabilidade civil da pessoa jurídica de direito público
diciário, de atos praticados pelo Poder Executivo. pelos atos causados por seus agentes é objetiva, enquanto a res-
II A reclamação para anulação de ato administrativo em des- ponsabilidade civil dos agentes públicos é subjetiva.
conformidade com súmula vinculante é uma modalidade de contro- ( ) CERTO
le externo da atividade administrativa. ( ) ERRADO
III Nenhuma lei pode criar uma modalidade inovadora de con-
trole externo não prevista constitucionalmente. 57. (TRE-PA - Técnico Judiciário – Administrativa – IBFC/2020)
A responsabilidade civil do Estado brasileiro pelos danos causados
Assinale a opção correta. a terceiros encontra-se disciplinada no artigo 37, parágrafo 6º, da
Constituição Federal de 1988 (CF/88). Sobre o tema, assinale a al-
(A) Apenas o item I está certo. ternativa correta.
(B) Apenas o item II está certo.
(C) Apenas os itens I e III estão certos. (A) Segundo a teoria do risco integral, o ente público deve ser
(D) Apenas os itens II e III estão certos. responsabilizado objetivamente pelos danos que seus agentes
(E) Todos os itens estão certos. causarem a terceiros, sendo, contudo, admitida a exclusão da
responsabilidade em determinadas situações, tais como culpa
53. (UEPA - Técnico de Nível Superior – Administração - FA- exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior, h aja vista ser
DESP – 2020) O controle da administração pública é realizado por o Estado garantidor universal de seus subordinados
meio de um conjunto de mecanismos que permitem a vigilância, a (B) A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito pú-
orientação e a correção da atuação administrativa. Esse controle blico e das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de
pode ser classificado como interno ou externo. É considerado um serviços públicos não depende da comprovação de elementos
tipo de controle interno subjetivos ou da ilicitude do ato
(C) A Constituição Federal de 1988 admite ação de regresso do
(A) análises do Tribunal de Contas da União – TCU. Estado em face do agente público que, nessa qualidade, causar
(B) apuração de irregularidades em Comissão Parlamentar de danos a terceiros, cujo direito ao ressarcimento será aferido
Inquérito – CPI. por meio da responsabilidade objetiva do agressor
(C) controle administrativo por autotutela. (D) As empresas públicas e sociedades de economia mista, en-
(D) controle judicial mediante provocação. quanto exploradoras de atividade econômica, estão submeti-
das aos ditames da responsabilidade objetiva prevista no artigo
54. (DPE-AM - Assistente Técnico de Defensoria - FCC - 2019) 37, parágrafo 6º, da CF/88, uma vez que gozam das prerrogati-
Determinado órgão da Administração Estadual está sofrendo um vas e sujeições inerentes ao regime jurídico administrativo
processo de tomada de contas especial pelo Tribunal de Contas do
Estado. Nesse caso, a tomada de contas é uma manifestação de 58. (TJ-PA - Analista Judiciário - Área Administração – CES-
controle PE/2020) Acerca da responsabilidade civil do Estado, assinale a op-
ção correta.
(A) prévio.
(B) interno. (A) É vedado ao Estado realizar pagamento administrativo de
(C) jurisdicional. dano causado a terceiro, devendo aguardar eventual conde-
(D) político. nação em ação judicial para proceder ao pagamento mediante
(E) externo. precatório.
(B) O Estado não deve indenizar prejuízos oriundos de altera-
55. (TCE-RO - Auditor de Controle Externo - CESPE – 2019) A ção de política econômico-tributária caso não se tenha com-
competência para o julgamento das contas do chefe do Executivo prometido previamente por meio de planejamento específico.
é do: (C) A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso
público gera direito a indenização caso se comprove cabalmen-
(A) Poder Legislativo, que deve ser precedido de parecer vincu- te erro da administração pública.
lativo emitido pelo tribunal de contas. (D) A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito pri-
(B) Poder Judiciário, que deve ser precedido de parecer prévio vado prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a
e vinculativo do tribunal de contas. terceiros usuários, mas subsidiária para não usuários.
(C) Poder Legislativo, que deve ser precedido de parecer prévio (E) O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos emprega-
e apenas opinativo emitido pelo tribunal de contas. dos de empresa terceirizada não gera responsabilidade solidá-
(D) Poder Judiciário, que deve ser precedido de parecer prévio ria do poder público, mas tão somente subsidiária.
e apenas opinativo emitido pelo tribunal de contas.
(E) Tribunal de Contas da União (TCU), exclusivamente.

139
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
59. (UEPA - Técnico de Nível Superior – Administração – FA- 63. (CRO-GO - Fiscal Regional - Quadrix – 2019) Com relação à
DESP/2020) A responsabilidade civil do Estado é decorrente de responsabilidade civil do Estado, julgue o item.
ação ou omissão estatal lícita ou ilícita que cause dano a alguém. Para a teoria da responsabilidade objetiva, a responsabilização
São considerados excludentes de responsabilização civil do Estado do Estado prescinde da demonstração de culpa quanto ao fato da-
noso, bastando que esteja presente a relação causal entre o fato e
(A) força maior e caso fortuito. o dano.
(B) culpa exclusiva da vítima e danos exclusivamente morais. ( ) CERTO
(C) dano não intencional e culpa exclusiva de terceiros. ( ) ERRADO
(D) força maior e culpa de agentes públicos terceirizados.
64. (CRO-GO - Assistente Administrativo - Quadrix – 2019)
60. (Prefeitura de Contagem - MG - Procurador Municipal – Com relação à responsabilidade civil do Estado, julgue o item.
FUNDEP/ 2019) Analise a situação a seguir. É objetiva a responsabilidade das fundações públicas de natu-
Dirigindo a serviço um veículo oficial, um motorista servidor reza autárquica.
público municipal colide em um carro particular, ocasionando estra- ( ) CERTO
gos em ambos os carros, sem que haja vítimas. ( ) ERRADO
Nessa situação hipotética, analisando a responsabilidade civil
do estado em relação ao particular, é correto afirmar: 65 (TRF - 3ª REGIÃO - Técnico Judiciário – Administrativa - FCC
– 2019) Julio exerce cargo público efetivo de motorista em uma
(A) Não se aplica a responsabilidade objetiva prevista no art. autarquia federal e, durante o exercício funcional, envolveu-se em
37, §6º, da Constituição da República, pois o dano não foi cau- acidente que causou danos patrimoniais a terceiros. Nesse caso, no
sado por um ato administrativo, mas sim por um fato. tocante ao regime de responsabilidade civil, o referido servidor
(B) A responsabilidade é subjetiva e recai sobre o servidor pú-
blico motorista, que agiu com imprudência e imperícia no de- (A) responderá de forma objetiva e solidária com a autarquia.
sempenho da função. (B) não responderá em hipótese alguma, pois se trata de hipó-
(C) O município responde de maneira objetiva pelo prejuízo de- tese de responsabilidade integral da União.
corrente da colisão, sofrido pelo particular podendo cobrar do (C) responderá de forma subjetiva apenas se incluído no polo
servidor o valor desembolsado em ação de regresso. passivo da ação pelo terceiro afetado.
(D) Aplica-se a teoria do risco administrativo, pois o servidor (D) responderá de forma objetiva e subsidiária em relação à
condutor do veículo estava dirigindo a serviço e não pode ser autarquia.
responsabilizado pelo exercício de suas funções. (E) responderá de forma subjetiva e por meio de ação regres-
siva.
61. (METRÔ-SP - Analista Desenvolvimento Gestão Júnior -
FCC – 2019) Considere a seguinte situação.
Em uma determinada metrópole, há duas linhas de trem me- GABARITO
tropolitano: uma é operada por uma empresa privada, mediante
regime contratual de concessão, e o sistema de condução dos trens
é totalmente automatizado, sem maquinistas ou operadores manu- 1 D
ais; na outra linha, gerida por empresa estatal, os trens são condu-
zidos por maquinistas. 2 CERTO
Em caso de ocorrência de acidentes envolvendo usuários em 3 ERRADO
cada uma dessas linhas, é correto concluir que será aplicado o regi-
4 B
me de responsabilidade
5 A
(A) subjetivo, em ambas as situações. 6 B
(B) objetivo, em ambas as situações.
(C) subjetivo na linha gerida pela concessionária e objetivo na 7 D
linha gerida pela empresa estatal. 8 CERTO
(D) objetivo na linha gerida pela concessionária e subjetivo na 9 A
linha gerida pela empresa estatal.
(E) integral, em ambas as situações. 10 ERRADO
11 ERRADO
62. (IF Baiano – Contador - IF-BA/2019) Em relação à responsa-
12 D
bilidade civil do Estado, assinale a alternativa correta.
13 A
(A) A responsabilidade civil do Estado prevista no art. 37, §6º 14 E
da CF/88 é subjetiva.
(B) A teoria do risco administrativo não admite excludente da 15 B
responsabilidade. 16 A
(C) O Brasil adotou como regra geral a teoria do risco integral. 17 A
(D) O Brasil adotou como regra geral a teoria do risco adminis-
trativo. 18 C
(E) Não se admite a responsabilidade por omissão do Estado, 19 C
segundo a doutrina majoritária e a jurisprudência consolidada
20 D
dos Tribunais Superiores.

140
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

21 B ANOTAÇÕES
22 A ______________________________________________________
23 CERTO
______________________________________________________
24 ERRADO
25 A ______________________________________________________
26 D ______________________________________________________
27 B
______________________________________________________
28 CERTO
29 ERRADO ______________________________________________________
30 ERRADO ______________________________________________________
31 B
______________________________________________________
32 ERRADO
33 D ______________________________________________________
34 B ______________________________________________________
35 D
______________________________________________________
36 A
37 ERRADO ______________________________________________________
38 A ______________________________________________________
39 A
______________________________________________________
40 A
41 B ______________________________________________________
42 C ______________________________________________________
43 CERTO
______________________________________________________
44 E
45 B ______________________________________________________
46 B ______________________________________________________
47 A
______________________________________________________
48 B
49 D ______________________________________________________
50 C ______________________________________________________
51 C
______________________________________________________
52 E
53 C _____________________________________________________

54 E _____________________________________________________
55 C
______________________________________________________
56 CERTO
57 B ______________________________________________________

58 B ______________________________________________________
59 A
______________________________________________________
60 C
______________________________________________________
61 B
62 D ______________________________________________________
63 CERTO ______________________________________________________
64 CERTO
______________________________________________________
65 E
______________________________________________________

141
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
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142
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• WAN: É uma rede com grande abrangência física, maior que


CONCEITOS DE INTERNET E INTRANET a MAN, Estado, País; podemos citar até a INTERNET para entender-
mos o conceito.
Tipos de rede de computadores
• LAN: Rele Local, abrange somente um perímetro definido.
Exemplos: casa, escritório, etc.

Navegação e navegadores da Internet

• Internet
É conhecida como a rede das redes. A internet é uma coleção
global de computadores, celulares e outros dispositivos que se co-
• MAN: Rede Metropolitana, abrange uma cidade, por exem- municam.
plo.
• Procedimentos de Internet e intranet
Através desta conexão, usuários podem ter acesso a diversas
informações, para trabalho, laser, bem como para trocar mensa-
gens, compartilhar dados, programas, baixar documentos (down-
load), etc.

• Sites
Uma coleção de páginas associadas a um endereço www. é
chamada web site. Através de navegadores, conseguimos acessar
web sites para operações diversas.

143
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Links
O link nada mais é que uma referência a um documento, onde o usuário pode clicar. No caso da internet, o Link geralmente aponta
para uma determinada página, pode apontar para um documento qualquer para se fazer o download ou simplesmente abrir.

Dentro deste contexto vamos relatar funcionalidades de alguns dos principais navegadores de internet: Microsoft Internet Explorer,
Mozilla Firefox e Google Chrome.

Internet Explorer 11

• Identificar o ambiente

O Internet Explorer é um navegador desenvolvido pela Microsoft, no qual podemos acessar sites variados. É um navegador simplifi-
cado com muitos recursos novos.
Dentro deste ambiente temos:
– Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções que protegem e controlam seus dados pessoais coletados por sites;
– Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um endereço do site desejado. Na figura temos como exemplo: https://www.
gov.br/pt-br/
– Guias de navegação: São guias separadas por sites aberto. No exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.gov.br/
pt-br/ está aberta.
– Favoritos: São pastas onde guardamos nossos sites favoritos
– Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais como: imprimir, acessar o histórico de navegação, configurações, dentre ou-
tras.

Desta forma o Internet Explorer 11, torna a navegação da internet muito mais agradável, com textos, elementos gráficos e vídeos que
possibilitam ricas experiências para os usuários.

• Características e componentes da janela principal do Internet Explorer

À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização, além de percebemos que a barra de ferramentas fica automa-
ticamente desativada, possibilitando uma maior área de exibição.

144
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Vamos destacar alguns pontos segundo as indicações da figura: – Sincronização Firefox: Ato de guardar seus dados pessoais na
1. Voltar/Avançar página internet, ficando assim disponíveis em qualquer lugar. Seus dados
Como o próprio nome diz, clicando neste botão voltamos pági- como: Favoritos, históricos, Endereços, senhas armazenadas, etc.,
na visitada anteriormente; sempre estarão disponíveis em qualquer lugar, basta estar logado
com o seu e-mail de cadastro. E lembre-se: ao utilizar um computa-
2. Barra de Endereços dor público sempre desative a sincronização para manter seus da-
Esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página dos seguros após o uso.
procurada;
Google Chrome
3. Ícones para manipulação do endereço da URL
Estes ícones são pesquisar, atualizar ou fechar, dependendo da
situação pode aparecer fechar ou atualizar.

4. Abas de Conteúdo
São mostradas as abas das páginas carregadas.

5. Página Inicial, favoritos, ferramentas, comentários


O Chrome é o navegador mais popular atualmente e disponi-
6. Adicionar à barra de favoritos biliza inúmeras funções que, por serem ótimas, foram implementa-
das por concorrentes.
Mozila Firefox Vejamos:

• Sobre as abas
No Chrome temos o conceito de abas que são conhecidas tam-
bém como guias. No exemplo abaixo temos uma aba aberta, se qui-
sermos abrir outra para digitar ou localizar outro site, temos o sinal
(+).
A barra de endereços é o local em que se digita o link da página
Vamos falar agora do funcionamento geral do Firefox, objeto visitada. Uma outra função desta barra é a de busca, sendo que ao
de nosso estudo: digitar palavras-chave na barra, o mecanismo de busca do Google é
acionado e exibe os resultados.

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:


3 Botão atualizar a página

4 Voltar para a página inicial do Firefox 1 Botão Voltar uma página

5 Barra de Endereços 2 Botão avançar uma página

6 Ver históricos e favoritos 3 Botão atualizar a página

Mostra um painel sobre os favoritos (Barra, 4 Barra de Endereço.


7
Menu e outros)
5 Adicionar Favoritos
Sincronização com a conta FireFox (Vamos
8
detalhar adiante) 6 Usuário Atual
Mostra menu de contexto com várias Exibe um menu de contexto que iremos relatar
9 7
opções seguir.

145
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O que vimos até aqui, são opções que já estamos acostuma- • Downloads
dos ao navegar na Internet, mesmo estando no Ubuntu, percebe- Fazer um download é quando se copia um arquivo de algum
mos que o Chrome é o mesmo navegador, apenas está instalado site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). Nes-
em outro sistema operacional. Como o Chrome é o mais comum te caso, o Chrome possui um item no menu, onde podemos ver o
atualmente, a seguir conferimos um pouco mais sobre suas funcio- progresso e os downloads concluídos.
nalidades.

• Favoritos
No Chrome é possível adicionar sites aos favoritos. Para adi-
cionar uma página aos favoritos, clique na estrela que fica à direita
da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido, e
pronto.
Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de Fa-
voritos, mas você pode criar pastas para organizar melhor sua lista.
Para removê-lo, basta clicar em excluir.

• Sincronização
Uma nota importante sobre este tema: A sincronização é im-
portante para manter atualizadas nossas operações, desta forma,
se por algum motivo trocarmos de computador, nossos dados esta-
rão disponíveis na sua conta Google.
Por exemplo:
• Histórico – Favoritos, histórico, senhas e outras configurações estarão
O Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao disponíveis.
Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados e, para aces- – Informações do seu perfil são salvas na sua Conta do Google.
sá-lo, podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar atalho do
teclado Ctrl + H. Neste caso o histórico irá abrir em uma nova aba, No canto superior direito, onde está a imagem com a foto do
onde podemos pesquisá-lo por parte do nome do site ou mesmo usuário, podemos clicar no 1º item abaixo para ativar e desativar.
dia a dia se preferir.

Safari

• Pesquisar palavras
Muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso, utilizamos
o atalho do teclado Ctrl + F para abrir uma caixa de texto na qual
podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado.

• Salvando Textos e Imagens da Internet O Safari é o navegador da Apple, e disponibiliza inúmeras fun-
Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão ções implementadas.
direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta. Vejamos:

146
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Guias

– Para abrirmos outras guias podemos simplesmente teclar CTRL + T ou

Vejamos os comandos principais de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Ajustes Gerais

7 Menus para a página atual.

8 Lista de Leitura

Perceba que o Safari, como os outros, oferece ferramentas bastante comuns.


Vejamos algumas de suas funcionalidades:

• Lista de Leitura e Favoritos


No Safari é possível adicionar sites à lista de leitura para posterior consulta, ou aos favoritos, caso deseje salvar seus endereços. Para
adicionar uma página, clique no “+” a que fica à esquerda da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido e pronto.
Por padrão, o Safari salva seus sites na lista de leitura, mas você pode criar pastas para organizar melhor seus favoritos. Para removê-lo,
basta clicar em excluir.

147
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Correio Eletrônico
O correio eletrônico, também conhecido como e-mail, é um
serviço utilizado para envio e recebimento de mensagens de texto
e outras funções adicionais como anexos junto com a mensagem.

Para envio de mensagens externas o usuário deverá estar co-


nectado a internet, caso contrário ele ficará limitado a sua rede lo-
cal.
Abaixo vamos relatar algumas características básicas sobre o
e-mail
– Nome do Usuário: é o nome de login escolhido pelo usuário
na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é
• Histórico e Favoritos nome do usuário;
– @ : Símbolo padronizado para uso em correios eletrônicos;
– Nome do domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria
das vezes, a empresa;

Vejamos um exemplo: joaodasilva@gmail.com.br / @hotmail.


com.br / @editora.com.br
– Caixa de Entrada: Onde ficam armazenadas as mensagens
recebidas;
– Caixa de Saída: Onde ficam armazenadas as mensagens ainda
não enviadas;
– E-mails Enviados: Como o próprio nome diz, é onde ficam os
e-mails que foram enviados;
– Rascunho: Guarda as mensagens que você ainda não termi-
nou de redigir;
– Lixeira: Armazena as mensagens excluídas.

Ao escrever mensagens, temos os seguintes campos:


– Para: é o campo onde será inserido o endereço do destinatá-
• Pesquisar palavras rio do e-mail;
Muitas vezes, ao acessar um determinado site, estamos em – CC: este campo é usado para mandar cópias da mesma men-
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso utilizamos o sagem. Ao usar esse campo os endereços aparecerão para todos os
atalho do teclado Ctrl + F, para abrir uma caixa de texto na qual po- destinatários envolvidos;
demos digitar parte do que procuramos, e será localizado. – CCO: sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no
entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos da
• Salvando Textos e Imagens da Internet mensagem;
Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão – Assunto: campo destinado ao assunto da mensagem;
direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta. – Anexos: são dados que são anexados à mensagem (imagens,
programas, música, textos e outros);
• Downloads – Corpo da Mensagem: espaço onde será escrita a mensagem.
Fazer um download é quando se copia um arquivo de um al-
gum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). • Uso do correio eletrônico
Neste caso, o Safari possui um item no menu onde podemos ver o – Inicialmente o usuário deverá ter uma conta de e-mail;
progresso e os downloads concluídos. – Esta conta poderá ser fornecida pela empresa ou criada atra-
vés de sites que fornecem o serviço. As diretrizes gerais sobre a cria-
ção de contas estão no tópico acima;
– Uma vez criada a conta, o usuário poderá utilizar um cliente
de e-mail na internet ou um gerenciador de e-mail disponível;
– Atualmente existem vários gerenciadores disponíveis no
mercado, tais como: Microsoft Outlook, Mozila Thunderbird, Opera
Mail, Gmail, etc.;
– O Microsoft outlook é talvez o mais conhecido gerenciador
de e-mail, dentro deste contexto vamos usá-lo como exemplo nos
tópicos adiante, lembrando que todos funcionam de formas bas-
tante parecidas.

148
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Preparo e envio de mensagens

• Boas práticas para criação de mensagens


– Uma mensagem deverá ter um assunto. É possível enviar
mensagem sem o Assunto, porém não é o adequado; A internet é a base da computação em nuvem, os servidores
– A mensagem deverá ser clara, evite mensagens grandes ao remotos detêm os aplicativos e serviços para distribuí-los aos usuá-
extremo dando muitas voltas; rios e às empresas.
– Verificar com cuidado os destinatários para o envio correto A computação em nuvem permite que os consumidores alu-
de e-mails, evitando assim problemas de envios equivocados. guem uma infraestrutura física de um data center (provedor de ser-
viços em nuvem). Com acesso à Internet, os usuários e as empresas
• Anexação de arquivos usam aplicativos e a infraestrutura alugada para acessarem seus
arquivos, aplicações, etc., a partir de qualquer computador conec-
tado no mundo.
Desta forma todos os dados e aplicações estão localizadas em
um local chamado Data Center dentro do provedor.
A computação em nuvem tem inúmeros produtos, e esses pro-
dutos são subdivididos de acordo com todos os serviços em nuvem,
mas os principais aplicativos da computação em nuvem estão nas
áreas de: Negócios, Indústria, Saúde, Educação, Bancos, Empresas
de TI, Telecomunicações.

• Armazenamento de dados da nuvem (Cloud Storage)

Uma função adicional quando criamos mensagens é de ane-


xar um documento à mensagem, enviando assim juntamente com
o texto.

• Boas práticas para anexar arquivos à mensagem


– E-mails tem limites de tamanho, não podemos enviar coisas
que excedem o tamanho, estas mensagens irão retornar;
– Deveremos evitar arquivos grandes pois além do limite do
e-mail, estes demoram em excesso para serem carregados.
Computação de nuvem (Cloud Computing)

• Conceito de Nuvem (Cloud)

A ideia de armazenamento na nuvem ( Cloud Storage ) é sim-


ples. É, basicamente, a gravação de dados na Internet.
Este envio de dados pode ser manual ou automático, e uma vez
que os dados estão armazenados na nuvem, eles podem ser aces-
sados em qualquer lugar do mundo por você ou por outras pessoas
que tiverem acesso.
A “Nuvem”, também referenciada como “Cloud”, são os servi- São exemplos de Cloud Storage: DropBox, Google Drive, One-
ços distribuídos pela INTERNET que atendem as mais variadas de- Drive.
mandas de usuários e empresas.

149
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
As informações são mantidas em grandes Data Centers das • Periféricos de entrada mais comuns.
empresas que hospedam e são supervisionadas por técnicos res- – O teclado é o dispositivo de entrada mais popular e é um item
ponsáveis por seu funcionamento. Estes Data Centers oferecem essencial. Hoje em dia temos vários tipos de teclados ergonômicos
relatórios, gráficos e outras formas para seus clientes gerenciarem para ajudar na digitação e evitar problemas de saúde muscular;
seus dados e recursos, podendo modificar conforme a necessidade. – Na mesma categoria temos o scanner, que digitaliza dados
O armazenamento em nuvem tem as mesmas características para uso no computador;
que a computação em nuvem que vimos anteriormente, em termos – O mouse também é um dispositivo importante, pois com ele
de praticidade, agilidade, escalabilidade e flexibilidade. podemos apontar para um item desejado, facilitando o uso do com-
Além dos exemplos citados acima, grandes empresas, tais putador.
como a IBM, Amazon, Microsoft e Google possuem serviços de nu-
vem que podem ser contratados. • Periféricos de saída populares mais comuns
– Monitores, que mostra dados e informações ao usuário;
– Impressoras, que permite a impressão de dados para mate-
CONCEITOS BÁSICOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO DE rial físico;
TECNOLOGIAS, FERRAMENTAS, APLICATIVOS E PROCEDI- – Alto-falantes, que permitem a saída de áudio do computador;
MENTOS DE INFORMÁTICA – Fones de ouvido.

Hardware Sistema Operacional


Hardware refere-se a parte física do computador, isto é, são os O software de sistema operacional é o responsável pelo funcio-
dispositivos eletrônicos que necessitamos para usarmos o compu- namento do computador. É a plataforma de execução do usuário.
tador. Exemplos de hardware são: CPU, teclado, mouse, disco rígi- Exemplos de software do sistema incluem sistemas operacionais
do, monitor, scanner, etc. como Windows, Linux, Unix , Solaris etc.

Software • Aplicativos e Ferramentas


Software, na verdade, são os programas usados para fazer ta- São softwares utilizados pelos usuários para execução de tare-
refas e para fazer o hardware funcionar. As instruções de software fas específicas. Exemplos: Microsoft Word, Excel, PowerPoint, Ac-
são programadas em uma linguagem de computador, traduzidas cess, além de ferramentas construídas para fins específicos.
em linguagem de máquina e executadas por computador.
O software pode ser categorizado em dois tipos:
– Software de sistema operacional CONCEITOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO DE APLICATIVOS
– Software de aplicativos em geral PARA A EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS E APRESENTA-
ÇÕES COM A SUÍTE DE ESCRITÓRIO MICROSOFT OFFICE
• Software de sistema operacional
O software de sistema é o responsável pelo funcionamento do Microsoft Office
computador, é a plataforma de execução do usuário. Exemplos de
software do sistema incluem sistemas operacionais como Windo-
ws, Linux, Unix , Solaris etc.

• Software de aplicação
O software de aplicação é aquele utilizado pelos usuários para
execução de tarefas específicas. Exemplos de software de aplicati-
vos incluem Microsoft Word, Excel, PowerPoint, Access, etc.

Para não esquecer:

HARDWARE É a parte física do computador


São os programas no computador (de
SOFTWARE
funcionamento e tarefas)

Periféricos
Periféricos são os dispositivos externos para serem utilizados
no computador, ou mesmo para aprimora-lo nas suas funcionali- O Microsoft Office é um conjunto de aplicativos essenciais para
dades. Os dispositivos podem ser essenciais, como o teclado, ou uso pessoal e comercial, ele conta com diversas ferramentas, mas
aqueles que podem melhorar a experiencia do usuário e até mesmo em geral são utilizadas e cobradas em provas o Editor de Textos –
melhorar o desempenho do computador, tais como design, qualida- Word, o Editor de Planilhas – Excel, e o Editor de Apresentações –
de de som, alto falantes, etc. PowerPoint. A seguir verificamos sua utilização mais comum:

Tipos: Word
PERIFÉRICOS O Word é um editor de textos amplamente utilizado. Com ele
Utilizados para a entrada de dados; podemos redigir cartas, comunicações, livros, apostilas, etc. Vamos
DE ENTRADA
então apresentar suas principais funcionalidades.
PERIFÉRICOS Utilizados para saída/visualização de
DE SAÍDA dados

150
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Área de trabalho do Word
Nesta área podemos digitar nosso texto e formata-lo de acordo
com a necessidade.

GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO

Tipo de letra

Tamanho

Aumenta / diminui tamanho

Recursos automáticos de caixa-altas


e baixas
• Iniciando um novo documento
Limpa a formatação

• Marcadores
Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da se-
guinte forma:

Podemos então utilizar na página inicial os botões para operar


diferentes tipos de marcadores automáticos:

A partir deste botão retornamos para a área de trabalho do


Word, onde podemos digitar nossos textos e aplicar as formatações
desejadas.
• Outros Recursos interessantes:
• Alinhamentos
Ao digitar um texto, frequentemente temos que alinhá-lo para GUIA ÍCONE FUNÇÃO
atender às necessidades. Na tabela a seguir, verificamos os alinha- - Mudar
mentos automáticos disponíveis na plataforma do Word. Forma
Página - Mudar cor
GUIA PÁGINA TECLA DE inicial de Fundo
ALINHAMENTO
INICIAL ATALHO - Mudar cor
Justificar (arruma a direito do texto
e a esquerda de acordo Ctrl + J
- Inserir
com a margem
Tabelas
Inserir
Alinhamento à direita Ctrl + G - Inserir
Imagens
Centralizar o texto Ctrl + E
Verificação
Alinhamento à esquerda Ctrl + Q
Revisão e correção orto-
gráfica
• Formatação de letras (Tipos e Tamanho)
Presente em Fonte, na área de ferramentas no topo da área de
trabalho, é neste menu que podemos formatar os aspectos básicos
Arquivo Salvar
de nosso texto. Bem como: tipo de fonte, tamanho (ou pontuação),
se será maiúscula ou minúscula e outros itens nos recursos auto-
máticos.

151
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Excel • Formatação células
O Excel é um editor que permite a criação de tabelas para cál-
culos automáticos, análise de dados, gráficos, totais automáticos,
dentre outras funcionalidades importantes, que fazem parte do dia
a dia do uso pessoal e empresarial.
São exemplos de planilhas:
– Planilha de vendas;
– Planilha de custos.

Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados au-


tomaticamente.

• Mas como é uma planilha de cálculo?


– Quando inseridos em alguma célula da planilha, os dados são
calculados automaticamente mediante a aplicação de fórmulas es-
pecíficas do aplicativo.
– A unidade central do Excel nada mais é que o cruzamento
entre a linha e a coluna. No exemplo coluna A, linha 2 ( A2 )

• Fórmulas básicas
ADIÇÃO =SOMA(célulaX;célulaY)
SUBTRAÇÃO =(célulaX-célulaY)
MULTIPLICAÇÃO =(célulaX*célulaY)
DIVISÃO =(célulaX/célulaY)

• Fórmulas de comum interesse


MÉDIA (em um intervalo de
=MEDIA(célula X:célulaY)
células)
MÁXIMA (em um intervalo
– Podemos também ter o intervalo A1..B3 =MAX(célula X:célulaY)
de células)
MÍNIMA (em um intervalo
=MIN(célula X:célulaY)
de células)

PowerPoint
O PowerPoint é um editor que permite a criação de apresenta-
ções personalizadas para os mais diversos fins. Existem uma série
de recursos avançados para a formatação das apresentações, aqui
veremos os princípios para a utilização do aplicativo.

• Área de Trabalho do PowerPoint

– Para inserirmos dados, basta posicionarmos o cursor na cé-


lula, selecionarmos e digitarmos. Assim se dá a iniciação básica de
uma planilha.

Nesta tela já podemos aproveitar a área interna para escre-


ver conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas ou até
mesmo excluí-las. No exemplo a seguir, perceba que já movemos as
caixas, colocando um título na superior e um texto na caixa inferior,
também alinhamos cada caixa para ajustá-las melhor.

152
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Perceba que a formatação dos textos é padronizada. O mesmo


tipo de padrão é encontrado para utilizarmos entre o PowerPoint, o
Word e o Excel, o que faz deles programas bastante parecidos, no que
diz respeito à formatação básica de textos. Confira no tópico referente Percebemos agora que temos uma apresentação com quatro
ao Word, itens de formatação básica de texto como: alinhamentos, ti- slides padronizados, bastando agora editá-lo com os textos que se
pos e tamanhos de letras, guias de marcadores e recursos gerais. fizerem necessários. Além de copiar podemos mover cada slide de
Especificamente sobre o PowerPoint, um recurso amplamente uma posição para outra utilizando o mouse.
utilizado a guia Design. Nela podemos escolher temas que mudam As Transições são recursos de apresentação bastante utilizados
a aparência básica de nossos slides, melhorando a experiência no no PowerPoint. Servem para criar breves animações automáticas
trabalho com o programa. para passagem entre elementos das apresentações.

Tendo passado pelos aspectos básicos da criação de uma apre-


sentação, e tendo a nossa pronta, podemos apresentá-la bastando
clicar no ícone correspondente no canto inferior direito.

Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo, obtendo vários


no mesmo formato. Assim liberamos uma série de miniaturas, pe-
las quais podemos navegador, alternando entre áreas de trabalho.
A edição em cada uma delas, é feita da mesma maneira, como já
apresentado anteriormente. Um último recurso para chamarmos atenção é a possibilidade
de acrescentar efeitos sonoros e interativos às apresentações, le-
vando a experiência dos usuários a outro nível.

Office 2013
A grande novidade do Office 2013 foi o recurso para explorar
a navegação sensível ao toque (TouchScreen), que está disponível
nas versões 32 e 64. Em equipamentos com telas sensíveis ao toque
(TouchScreen) pode-se explorar este recurso, mas em equipamen-
tos com telas simples funciona normalmente.

153
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O Office 2013 conta com uma grande integração com a nuvem, • Atualizações no PowerPoint
desta forma documentos, configurações pessoais e aplicativos po- – O PowerPoint 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
dem ser gravados no Skydrive, permitindo acesso através de smart- riores, agora com uma maior integração com dispositivos moveis,
fones diversos. além de ter aumentado o número de templates melhorado a ques-
tão do compartilhamento dos arquivos;
• Atualizações no Word – O PowerPoint 2016 também permite a inserção de objetos
– O visual foi totalmente aprimorado para permitir usuários 3D na apresentação.
trabalhar com o toque na tela (TouchScreen);
– As imagens podem ser editadas dentro do documento; Office 2019
– O modo leitura foi aprimorado de modo que textos extensos O OFFICE 2019 manteve a mesma linha da Microsoft, não hou-
agora ficam disponíveis em colunas, em caso de pausa na leitura; ve uma mudança tão significativa. Agora temos mais modelos em
– Pode-se iniciar do mesmo ponto parado anteriormente; 3D, todos os aplicativos estão integrados como dispositivos sensí-
– Podemos visualizar vídeos dentro do documento, bem como veis ao toque, o que permite que se faça destaque em documentos.
editar PDF(s).
• Atualizações no Word
• Atualizações no Excel – Houve o acréscimo de ícones, permitindo assim um melhor
– Além de ter uma navegação simplificada, um novo conjunto desenvolvimento de documentos;
de gráficos e tabelas dinâmicas estão disponíveis, dando ao usuário
melhores formas de apresentar dados.
– Também está totalmente integrado à nuvem Microsoft.

• Atualizações no PowerPoint
– O visual teve melhorias significativas, o PowerPoint do Offi-
ce2013 tem um grande número de templates para uso de criação
de apresentações profissionais;
– O recurso de uso de múltiplos monitores foi aprimorado;
– Um recurso de zoom de slide foi incorporado, permitindo o
destaque de uma determinada área durante a apresentação;
– No modo apresentador é possível visualizar o próximo slide
antecipadamente;
– Estão disponíveis também o recurso de edição colaborativa
de apresentações.

Office 2016
O Office 2016 foi um sistema concebido para trabalhar junta-
mente com o Windows 10. A grande novidade foi o recurso que
permite que várias pessoas trabalhem simultaneamente em um – Outro recurso que foi implementado foi o “Ler em voz alta”.
mesmo projeto. Além disso, tivemos a integração com outras fer- Ao clicar no botão o Word vai ler o texto para você.
ramentas, tais como Skype. O pacote Office 2016 também roda em
smartfones de forma geral.

• Atualizações no Word
– No Word 2016 vários usuários podem trabalhar ao mesmo
tempo, a edição colaborativa já está presente em outros produtos,
mas no Word agora é real, de modo que é possível até acompanhar
quando outro usuário está digitando;
– Integração à nuvem da Microsoft, onde se pode acessar os
documentos em tablets e smartfones;
– É possível interagir diretamente com o Bing (mecanismo de
pesquisa da Microsoft, semelhante ao Google), para utilizar a pes-
quisa inteligente; • Atualizações no Excel
– É possível escrever equações como o mouse, caneta de to- – Foram adicionadas novas fórmulas e gráficos. Tendo como
que, ou com o dedo em dispositivos touchscreen, facilitando assim destaque o gráfico de mapas que permite criar uma visualização de
a digitação de equações. algum mapa que deseja construir.

• Atualizações no Excel
– O Excel do Office 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
riores, mas agora com uma maior integração com dispositivos mó-
veis, além de ter aumentado o número de gráficos e melhorado a
questão do compartilhamento dos arquivos.

154
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CONCEITOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO DE SISTEMAS OPE-


RACIONAIS WINDOWS 7 E 10

WINDOWS 7

• Atualizações no PowerPoint
– Foram adicionadas a ferramenta transformar e a ferramenta
de zoom facilitando assim o desenvolvimento de apresentações;
– Inclusão de imagens 3D na apresentação.

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

Office 365
O Office 365 é uma versão que funciona como uma assinatura
semelhante ao Netflix e Spotif. Desta forma não se faz necessário
sua instalação, basta ter uma conexão com a internet e utilizar o
Word, Excel e PowerPoint.

Observações importantes: No caso da figura acima, temos quatro pastas e quatro arqui-
– Ele é o mais atualizado dos OFFICE(s), portanto todas as me- vos.
lhorias citadas constam nele;
– Sua atualização é frequente, pois a própria Microsoft é res- Arquivos e atalhos
ponsável por isso; Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
– No nosso caso o Word, Excel e PowerPoint estão sempre vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
atualizados. • Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

155
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas


A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
tas, criar atalhos etc.

Uso dos menus


Área de trabalho do Windows 7

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se- Programas e aplicativos
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários • Media Player
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc. • Media Center
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, • Limpeza de disco
estamos copiando dados para esta área intermediária. • Desfragmentador de disco
• Os jogos do Windows.
• Ferramenta de captura

156
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Backup e Restore

Interação com o conjunto de aplicativos


Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
tendermos melhor as funções categorizadas.

Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o Cap-


turador de Tela , simplesmente podemos, com o mouse, recortar a
parte desejada e colar em outro lugar.

Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas
e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente expe-
riência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas
de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar
playlists e etc., isso também é válido para o media center.

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor-


tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi-
que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.

157
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• O recurso de backup e restauração do Windows é muito im- Arquivos e atalhos
portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes- Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có- vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
pia de segurança. • Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

WINDOWS 8

Área de trabalho do Windows 8

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos. área de transferência.

158
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Manipulação de arquivos e pastas Interação com o conjunto de aplicativos
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos tendermos melhor as funções categorizadas.
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
tas, criar atalhos etc. Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o Cap-


turador de Tela, simplesmente podemos, com o mouse, recortar a
parte desejada e colar em outro lugar.

Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas
e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente expe-
riência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas
de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar
playlists e etc., isso também é válido para o media center.

Uso dos menus

Programas e aplicativos

Jogos
Temos também jogos anexados ao Windows 8.

159
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Transferência
O recurso de transferência fácil do Windows 8 é muito impor-
tante, pois pode ajudar na escolha de seus arquivos para serem sal-
vos, tendo assim uma cópia de segurança.

Área de trabalho

A lista de aplicativos é bem intuitiva, talvez somente o Skydrive


mereça uma definição:
• Skydrive é o armazenamento em nuvem da Microsoft, hoje
portanto a Microsoft usa o termo OneDrive para referenciar o ar-
mazenamento na nuvem (As informações podem ficar gravadas na
internet).

WINDOWS 10
Área de transferência
Conceito de pastas e diretórios A área de transferência é muito importante e funciona em se-
Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas- gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze- tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos – Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos). estamos copiando dados para esta área intermediária.
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o – Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais. estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas. área de transferência.

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

160
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Manipulação de arquivos e pastas – Música e Vídeo: Temos o Media Player como player nativo
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos excelente experiência de entretenimento, nele pode-se administrar
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas- bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar
tas, criar atalhos etc. CDs, criar playlists e etc., isso também é válido para o media center.

– Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.

Uso dos menus

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor-


tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi-
que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

Programas e aplicativos e interação com o usuário


Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
tendermos melhor as funções categorizadas.

161
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• O recurso de backup e restauração do Windows é muito im- Linux Ubuntu em modo gráfico (Área de trabalho):
portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes-
mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có-
pia de segurança.

Inicialização e finalização

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).

Quando fizermos login no sistema, entraremos direto no Win- Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.
dows, porém para desligá-lo devemos recorrer ao e:

LINUX
O Linux não é um ambiente gráfico como o Windows, mas po-
demos carregar um pacote para torná-lo gráfico assumindo assim
uma interface semelhante ao Windows. Neste caso vamos carregar
o pacote Gnome no Linux. Além disso estaremos também usando a
No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.
distribuição Linux Ubuntu para demonstração, pois sabemos que o
Linux possui várias distribuições para uso.
Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

No caso do Linux temos que criar um lançador que funciona


como um atalho, isto é, ele vai chamar o item indicado.
Vamos olhar abaixo o

Linux Ubuntu em modo texto:

162
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Uso dos menus
Como estamos vendo, para se ter acesso aos itens do Linux são
necessários diversos comandos. Porém, se utilizarmos uma inter-
face gráfica a ação fica mais intuitiva, visto que podemos utilizar o
mouse como no Windows. Estamos utilizando para fins de aprendi-
zado a interface gráfica “GNOME”, mas existem diversas disponíveis
para serem utilizadas.

Perceba que usamos um comando para criar um lançador, mas


nosso objetivo aqui não é detalhar comandos, então a forma mais
rápida de pesquisa de aplicativos, pastas e arquivos é através do
botão:

Programas e aplicativos
Dependendo da distribuição Linux escolhida, esta já vem com
alguns aplicativos embutidos, por isso que cada distribuição tem
Desta forma já vamos direto ao item desejado um público alvo. O Linux em si é puro, mas podemos destacar duas
bem comuns:
Área de transferência • Firefox (Navegador para internet);
Perceba que usando a interface gráfica funciona da mesma for- • Pacote LibreOffice (Pacote de aplicativos semelhante ao Mi-
ma que o Windows. crosoft Office).
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas


No caso da interface gráfica as funcionalidades são semelhan-
tes ao Windows como foi dito no tópico acima. Entretanto, pode-
mos usar linha de comando, pois já vimos que o Linux originalmen-
te não foi concebido com interface gráfica.

Na figura acima utilizamos o comando ls e são listadas as pastas


na cor azul e os arquivos na cor branca.

163
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

NOÇÕES BÁSICAS DE FERRAMENTAS E APLICATIVOS DE NAVEGAÇÃO E CORREIO ELETRÔNICO

OUTLOOK
O Microsoft Outlook é um gerenciador de e-mail usado principalmente para enviar e receber e-mails. O Microsoft Outlook também
pode ser usado para administrar vários tipos de dados pessoais, incluindo compromissos de calendário e entradas, tarefas, contatos e
anotações.

Funcionalidades mais comuns:

PARA FAZER ISTO ATALHO CAMINHOS PARA EXECUÇÃO


1 Entrar na mensagem Enter na mensagem fechada ou click Verificar coluna atalho
2 Fechar Esc na mensagem aberta Verificar coluna atalho
3 Ir para a guia Página Inicial Alt+H Menu página inicial
4 Nova mensagem Ctrl+Shift+M Menu página inicial => Novo e-mail
5 Enviar Alt+S Botão enviar
6 Delete Excluir (quando na mensagem fechada) Verificar coluna atalho
7 Pesquisar Ctrl+E Barra de pesquisa
8 Responder Ctrl+R Barra superior do painel da mensagem
9 Encaminhar Ctrl+F Barra superior do painel da mensagem
10 Responder a todos Ctrl+Shift+R Barra superior do painel da mensagem
11 Copiar Ctrl+C Click direito copiar
12 Colar Ctrl+V Click direito colar
13 Recortar Ctrl+X Click direito recortar
14 Enviar/Receber Ctrl+M Enviar/Receber (Reatualiza tudo)
15 Acessar o calendário Ctrl+2 Canto inferior direito ícone calendário
16 Anexar arquivo ALT+T AX Menu inserir ou painel superior
17 Mostrar campo cco (cópia oculta) ALT +S + B Menu opções CCO

Endereços de e-mail
• Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é nome
do usuário;
• @ – Símbolo padronizado para uso;
• Nome do domínio – domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria das vezes, a empresa. Vejamos um exemplo real: joaodasil-
va@solucao.com.br;
• Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensagens recebidas;
• Caixa de Saída – Onde ficam armazenadas as mensagens ainda não enviadas;
• E-mails Enviados – Como próprio nome diz, e aonde ficam os e-mails que foram enviados;
• Rascunho – Guarda as mensagens que ainda não terminadas;
• Lixeira – Armazena as mensagens excluídas;

164
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Escrevendo e-mails Ao clicar em novo e-mail é aberto uma outra janela para digita-
Ao escrever uma mensagem, temos os seguintes campos: ção do texto e colocar o destinatário, podemos preencher também
• Para – é o campo onde será inserido o endereço do destina- os campos CC (cópia), e o campo CCO (cópia oculta), porém esta
tário do e-mail; outra pessoa não estará visível aos outros destinatários.
• CC – este campo é usado para mandar cópias da mesma men-
sagem. Ao usar este campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos.
• CCO – sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior,
no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos;
• Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem.
• Anexos – são dados que são anexados à mensagem (imagens,
programas, música, textos e outros.)
• Corpo da Mensagem – espaço onde será escrita a mensagem.

Contas de e-mail
É um endereço de e-mail vinculado a um domínio, que está
apto a receber e enviar mensagens, ou até mesmo guarda-las con-
forme a necessidade.

Adicionar conta de e-mail


Siga os passos de acordo com as imagens:

Enviar
De acordo com a imagem a seguir, o botão Enviar fica em evi-
dência para o envio de e-mails.

Encaminhar e responder e-mails


Funcionalidades importantes no uso diário, você responde a
e-mail e os encaminha para outros endereços, utilizando os botões
indicados. Quando clicados, tais botões ativam o quadros de texto,
para a indicação de endereços e digitação do corpo do e-mail de
resposta ou encaminhamento.

A partir daí devemos seguir as diretrizes sobre nomes de e-mail,


referida no item “Endereços de e-mail”.

Criar nova mensagem de e-mail

165
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Adicionar, abrir ou salvar anexos
A melhor maneira de anexar e colar o objeto desejado no corpo
do e-mail, para salvar ou abrir, basta clicar no botão corresponden-
te, segundo a figura abaixo:

Adicionar assinatura de e-mail à mensagem


Um recurso interessante, é a possibilidade de adicionarmos
assinaturas personalizadas aos e-mails, deixando assim definida a Imprimir uma mensagem de e-mail
nossa marca ou de nossa empresa, de forma automática em cada Por fim, um recurso importante de ressaltar, é o que nos pos-
mensagem. sibilita imprimir e-mails, integrando-os com a impressora ligada ao
computador. Um recurso que se assemelha aos apresentados pelo
pacote Office e seus aplicativos.

NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA E PROTEÇÃO: VÍRUS,


WORMS E DERIVADOS

Noções de vírus, worms e pragas virtuais (Malwares)


– Malwares (Pragas): São programas mal intencionados, isto é,
programas maliciosos que servem pra danificar seu sistema e dimi-
nuir o desempenho do computador;
– Vírus: São programas maliciosos que, para serem iniciados, é
necessária uma ação (por exemplo um click por parte do usuário);
– Worms: São programas que diminuem o desempenho do
sistema, isto é, eles exploram a vulnerabilidade do computador se
instalam e se replicam, não precisam de clique do mouse por parte
do usuário ou ação automática do sistema.

Aplicativos para segurança (antivírus, firewall, antispyware


etc.)
• Antivírus
O antivírus é um software que encontra arquivos e programas
maléficos no computador. Nesse sentido o antivírus exerce um pa-
pel fundamental protegendo o computador. O antivírus evita que
o vírus explore alguma vulnerabilidade do sistema ou até mesmo
de uma ação inesperada em que o usuário aciona um executável
que contém um vírus. Ele pode executar algumas medidas como
quarentena, remoção definitiva e reparos.

166
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O antivírus também realiza varreduras procurando arquivos po- 5. (IBASE PREF. DE LINHARES – ES) Quando locamos servido-
tencialmente nocivos advindos da Internet ou de e-mails e toma as res e armazenamento compartilhados, com software disponível e
medidas de segurança. localizados em Data-Centers remotos, aos quais não temos acesso
presencial, chamamos esse serviço de:
• Firewall (A) Computação On-Line.
Firewall, no caso, funciona como um filtro na rede. Ele deter- (B) Computação na nuvem.
mina o que deve passar em uma rede, seja ela local ou corporativa, (C) Computação em Tempo Real.
bloqueando entradas indesejáveis e protegendo assim o compu- (D) Computação em Block Time.
tador. Pode ter regras simples ou complexas, dependendo da im- (E) Computação Visual
plementação, isso pode ser limitado a combinações simples de IP /
porta ou fazer verificações completas. 6. (CESPE – SEDF) Com relação aos conceitos básicos e modos
de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimen-
• Antispyware tos associados à Internet, julgue o próximo item.
Spyware é um software espião, que rouba as informações, em Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na Inter-
contrário, o antispyware protege o computador funcionando como net para diversas finalidades, ainda não é possível extrair apenas o
o antivírus em todos os sentidos, conforme relatado acima. Muitos áudio de um vídeo armazenado na Internet, como, por exemplo, no
antivírus inclusive já englobam tais funções em sua especificação. Youtube (http://www.youtube.com).
( ) Certo
EXERCÍCIOS ( ) Errado

7. (CESP-MEC WEB DESIGNER) Na utilização de um browser, a


1. (FGV-SEDUC -AM) O dispositivo de hardware que tem como execução de JavaScripts ou de programas Java hostis pode provocar
principal função a digitalização de imagens e textos, convertendo as danos ao computador do usuário.
versões em papel para o formato digital, é denominado ( ) Certo
(A) joystick. ( ) Errado
(B) plotter.
(C) scanner. 8. (FGV – SEDUC -AM) Um Assistente Técnico recebe um e-mail
(D) webcam. com arquivo anexo em seu computador e o antivírus acusa existên-
(E) pendrive. cia de vírus.
Assinale a opção que indica o procedimento de segurança a ser
2. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) João comprou um adotado no exemplo acima.
novo jogo para seu computador e o instalou sem que ocorressem (A) Abrir o e-mail para verificar o conteúdo, antes de enviá-lo
erros. No entanto, o jogo executou de forma lenta e apresentou ao administrador de rede.
baixa resolução. Considerando esse contexto, selecione a alterna- (B) Executar o arquivo anexo, com o objetivo de verificar o tipo
tiva que contém a placa de expansão que poderá ser trocada ou de vírus.
adicionada para resolver o problema constatado por João. (C) Apagar o e-mail, sem abri-lo.
(A) Placa de som (D) Armazenar o e-mail na área de backup, para fins de moni-
(B) Placa de fax modem toramento.
(C) Placa usb (E) Enviar o e-mail suspeito para a pasta de spam, visando a
(D) Placa de captura analisá-lo posteriormente.
(E) Placa de vídeo
9. (CESPE – PEFOCE) Entre os sistemas operacionais Windows
3. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) Há vários tipos de pe- 7, Windows Vista e Windows XP, apenas este último não possui ver-
riféricos utilizados em um computador, como os periféricos de saída são para processadores de 64 bits.
e os de entrada. Dessa forma, assinale a alternativa que apresenta ( ) Certo
um exemplo de periférico somente de entrada. ( ) Errado
(A) Monitor
(B) Impressora 10. (CPCON – PREF, PORTALEGRE) Existem muitas versões do
(C) Caixa de som Microsoft Windows disponíveis para os usuários. No entanto, não é
(D) Headphone uma versão oficial do Microsoft Windows
(E) Mouse (A) Windows 7
(B) Windows 10
4. (VUNESP-2019 – SEDUC-SP) Na rede mundial de computado- (C) Windows 8.1
res, Internet, os serviços de comunicação e informação são disponi- (D) Windows 9
bilizados por meio de endereços e links com formatos padronizados (E) Windows Server 2012
URL (Uniform Resource Locator). Um exemplo de formato de ende-
reço válido na Internet é: 11. (MOURA MELO – CAJAMAR) É uma versão inexistente do
(A) http:@site.com.br Windows:
(B) HTML:site.estado.gov (A) Windows Gold.
(C) html://www.mundo.com (B) Windows 8.
(D) https://meusite.org.br (C) Windows 7.
(E) www.#social.*site.com (D) Windows XP.

167
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
12. (QUADRIX CRN) Nos sistemas operacionais Windows 7 e 18. (FUNDEP – UFVJM-MG) Assinale a alternativa que apresen-
Windows 8, qual, destas funções, a Ferramenta de Captura não exe- ta uma ação que não pode ser realizada pelas opções da aba “Pági-
cuta? na Inicial” do Word 2010.
(A) Capturar qualquer item da área de trabalho. (A) Definir o tipo de fonte a ser usada no documento.
(B) Capturar uma imagem a partir de um scanner. (B) Recortar um trecho do texto para incluí-lo em outra parte
(C) Capturar uma janela inteira do documento.
(D) Capturar uma seção retangular da tela. (C) Definir o alinhamento do texto.
(E) Capturar um contorno à mão livre feito com o mouse ou (D) Inserir uma tabela no texto
uma caneta eletrônica
19. (CESPE – TRE-AL) Considerando a janela do PowerPoint
13. (IF-PB) Acerca dos sistemas operacionais Windows 7 e 8, 2002 ilustrada abaixo julgue os itens a seguir, relativos a esse apli-
assinale a alternativa INCORRETA: cativo.
(A) O Windows 8 é o sucessor do 7, e ambos são desenvolvidos A apresentação ilustrada na janela contém 22 slides ?.
pela Microsoft.
(B) O Windows 8 apresentou uma grande revolução na interfa-
ce do Windows. Nessa versão, o botão “iniciar” não está sem-
pre visível ao usuário.
(C) É possível executar aplicativos desenvolvidos para Windows
7 dentro do Windows 8.
(D) O Windows 8 possui um antivírus próprio, denominado
Kapersky.
(E) O Windows 7 possui versões direcionadas para computado-
res x86 e 64 bits. ( ) Certo
( ) Errado
14. (CESPE BANCO DA AMAZÔNIA) O Linux, um sistema multi-
tarefa e multiusuário, é disponível em várias distribuições, entre as 20. (CESPE – CAIXA) O PowerPoint permite adicionar efeitos so-
quais, Debian, Ubuntu, Mandriva e Fedora. noros à apresentação em elaboração.
( ) Certo ( ) Certo
( ) Errado ( ) Errado

15. (FCC – DNOCS) - O comando Linux que lista o conteúdo de GABARITO


um diretório, arquivos ou subdiretórios é o
(A) init 0.
(B) init 6.
1 C
(C) exit
(D) ls. 2 E
(E) cd. 3 E
16. (SOLUÇÃO) O Linux faz distinção de letras maiúsculas ou 4 D
minúsculas 5 B
( ) Certo
6 ERRADO
( ) Errado
7 CERTO
17. (CESP -UERN) Na suíte Microsoft Office, o aplicativo 8 C
(A) Excel é destinado à elaboração de tabelas e planilhas eletrô-
nicas para cálculos numéricos, além de servir para a produção 9 CERTO
de textos organizados por linhas e colunas identificadas por nú- 10 D
meros e letras.
(B) PowerPoint oferece uma gama de tarefas como elaboração 11 A
e gerenciamento de bancos de dados em formatos .PPT. 12 B
(C) Word, apesar de ter sido criado para a produção de texto, é
13 D
útil na elaboração de planilhas eletrônicas, com mais recursos
que o Excel. 14 CERTO
(D) FrontPage é usado para o envio e recebimento de mensa- 15 D
gens de correio eletrônico.
(E) Outlook é utilizado, por usuários cadastrados, para o envio 16 CERTO
e recebimento de páginas web. 17 A
18 D
19 CERTO
20 CERTO

168
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

A – Verdadeiro (A afirmação é uma consequência lógica das in-


CONCEITOS BÁSICOS DE RACIOCÍNIO LÓGICO: PRO- formações ou opiniões contidas no trecho)
POSIÇÕES; VALORES LÓGICOS DAS PROPOSIÇÕES; B – Falso (A afirmação é logicamente falsa, consideradas as in-
SENTENÇAS ABERTAS; NÚMERO DE LINHAS DA TABE- formações ou opiniões contidas no trecho)
LA VERDADE; CONECTIVOS; PROPOSIÇÕES SIMPLES; C – Impossível dizer (Impossível determinar se a afirmação é
PROPOSIÇÕES COMPOSTAS. TAUTOLOGIA verdadeira ou falsa sem mais informações)

RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO ESTRUTURAS LÓGICAS


Precisamos antes de tudo compreender o que são proposições.
Este tipo de raciocínio testa sua habilidade de resolver proble- Chama-se proposição toda sentença declarativa à qual podemos
mas matemáticos, e é uma forma de medir seu domínio das dife- atribuir um dos valores lógicos: verdadeiro ou falso, nunca ambos.
rentes áreas do estudo da Matemática: Aritmética, Álgebra, leitura Trata-se, portanto, de uma sentença fechada.
de tabelas e gráficos, Probabilidade e Geometria etc. Essa parte
consiste nos seguintes conteúdos: Elas podem ser:
- Operação com conjuntos. • Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógi-
- Cálculos com porcentagens. co verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto,
- Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geomé- não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
tricos e matriciais. - Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem?
- Geometria básica. – Fez Sol ontem?
- Álgebra básica e sistemas lineares. - Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Calendários. - Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a
- Numeração. televisão.
- Razões Especiais. - Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, am-
- Análise Combinatória e Probabilidade. bíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro
- Progressões Aritmética e Geométrica. do meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

RACIOCÍNIO LÓGICO DEDUTIVO • Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO


valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será conside-
Este tipo de raciocínio está relacionado ao conteúdo Lógica de rada uma frase, proposição ou sentença lógica.
Argumentação.
Proposições simples e compostas
ORIENTAÇÕES ESPACIAL E TEMPORAL • Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém
nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
O raciocínio lógico espacial ou orientação espacial envolvem proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas
figuras, dados e palitos. O raciocínio lógico temporal ou orientação p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
temporal envolve datas, calendário, ou seja, envolve o tempo.
O mais importante é praticar o máximo de questões que envol- • Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógi-
vam os conteúdos: cas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
- Lógica sequencial simples. As proposições compostas são designadas pelas letras lati-
- Calendários nas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.

RACIOCÍNIO VERBAL ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas


por duas proposições simples.
Avalia a capacidade de interpretar informação escrita e tirar
conclusões lógicas.
Uma avaliação de raciocínio verbal é um tipo de análise de ha-
bilidade ou aptidão, que pode ser aplicada ao se candidatar a uma
vaga. Raciocínio verbal é parte da capacidade cognitiva ou inteli-
gência geral; é a percepção, aquisição, organização e aplicação do
conhecimento por meio da linguagem.
Nos testes de raciocínio verbal, geralmente você recebe um
trecho com informações e precisa avaliar um conjunto de afirma-
ções, selecionando uma das possíveis respostas:

169
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Proposições Compostas – Conectivos
As proposições compostas são formadas por proposições simples ligadas por conectivos, aos quais formam um valor lógico, que po-
demos vê na tabela a seguir:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

170
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Em síntese temos a tabela verdade das proposições que facilitará na resolução de diversas questões

Exemplo:
(MEC – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA OS POSTOS 9,10,11 E 16 – CESPE)

A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V e F corres-
pondem, respectivamente, aos valores lógicos verdadeiro e falso.
Com base nessas informações e utilizando os conectivos lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal é igual a

( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:

R Q P [P v (Q ↔ R) ]
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V V V F F V
V F F F F F F V
F V V V V V F F
F V F F F V F F
F F V V V F V F
F F F F V F V F

Resposta: Certo

171
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Proposição
Conjunto de palavras ou símbolos que expressam um pensamento ou uma ideia de sentido completo. Elas transmitem pensamentos,
isto é, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a respeito de determinados conceitos ou entes.

Valores lógicos
São os valores atribuídos as proposições, podendo ser uma verdade, se a proposição é verdadeira (V), e uma falsidade, se a proposição
é falsa (F). Designamos as letras V e F para abreviarmos os valores lógicos verdade e falsidade respectivamente.
Com isso temos alguns aximos da lógica:
– PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma proposição não pode ser verdadeira E falsa ao mesmo tempo.
– PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda proposição OU é verdadeira OU é falsa, verificamos sempre um desses casos, NUNCA
existindo um terceiro caso.

“Toda proposição tem um, e somente um, dos valores, que são: V ou F.”

Classificação de uma proposição


Elas podem ser:
• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto, não
é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro do
meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
uma frase, proposição ou sentença lógica.

Proposições simples e compostas


• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
Exemplos
r: Thiago é careca.
s: Pedro é professor.

• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
simples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.
Exemplo
P: Thiago é careca e Pedro é professor.
ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Exemplos:
1. (CESPE/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:
– “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”
– A expressão x + y é positiva.
– O valor de √4 + 3 = 7.
– Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
– O que é isto?

Há exatamente:
(A) uma proposição;
(B) duas proposições;
(C) três proposições;
(D) quatro proposições;
(E) todas são proposições.

Resolução:
Analisemos cada alternativa:
(A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não podemos atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma sentença lógica.
(B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir valores lógicos, logo não é sentença lógica.
(C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois podemos atribuir valores lógicos, independente do resultado que tenhamos
(D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também podemos atribuir valores lógicos (não estamos considerando a quantidade
certa de gols, apenas se podemos atribuir um valor de V ou F a sentença).
(E) O que é isto? - como vemos não podemos atribuir valores lógicos por se tratar de uma frase interrogativa.
Resposta: B.

172
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Conectivos (conectores lógicos)
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos. São eles:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

173
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Exemplo:
2. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B.

Tabela Verdade
Quando trabalhamos com as proposições compostas, determinamos o seu valor lógico partindo das proposições simples que a com-
põe. O valor lógico de qualquer proposição composta depende UNICAMENTE dos valores lógicos das proposições simples componentes,
ficando por eles UNIVOCAMENTE determinados.

• Número de linhas de uma Tabela Verdade: depende do número de proposições simples que a integram, sendo dado pelo seguinte
teorema:
“A tabela verdade de uma proposição composta com n* proposições simples componentes contém 2n linhas.”

Exemplo:
3. (CESPE/UNB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições simples e distintas, então o número de linhas da tabela-verdade da propo-
sição (A → B) ↔ (C → D) será igual a:
(A) 2;
(B) 4;
(C) 8;
(D) 16;
(E) 32.

Resolução:
Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio acima, então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.

Conceitos de Tautologia , Contradição e Contigência


• Tautologia: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), V (verdades).
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma tautologia, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma tautologia, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contradição: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), F (falsidades). A contradição é a negação da Tauto-
logia e vice versa.
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma contradição, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma contradição, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contingência: possui valores lógicos V e F ,da tabela verdade (última coluna). Em outros termos a contingência é uma proposição
composta que não é tautologia e nem contradição.

Exemplos:
4. (DPU – ANALISTA – CESPE) Um estudante de direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou sua própria legenda, na qual
identificava, por letras, algumas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e as vinculava por meio de sentenças (proposições).
No seu vocabulário particular constava, por exemplo:
P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclusão no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.

174
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre verdadeira, independentemente das valorações de P e Q como verdadeiras ou falsas.
( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
Considerando P e Q como V.
(V→V) ↔ ((F)→(F))
(V) ↔ (V) = V
Considerando P e Q como F
(F→F) ↔ ((V)→(V))
(V) ↔ (V) = V
Então concluímos que a afirmação é verdadeira.
Resposta: Certo.

Equivalência
Duas ou mais proposições compostas são equivalentes, quando mesmo possuindo estruturas lógicas diferentes, apresentam a mesma
solução em suas respectivas tabelas verdade.
Se as proposições P(p,q,r,...) e Q(p,q,r,...) são ambas TAUTOLOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES.

Exemplo:
5. (VUNESP/TJSP) Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:
(A) Se João é rico, então Maria é pobre.
(B) João não é rico, e Maria não é pobre.
(C) João é rico, e Maria não é pobre.
(D) Se João não é rico, então Maria não é pobre.
(E) João não é rico, ou Maria não é pobre.

Resolução:
Nesta questão, a proposição a ser negada trata-se da disjunção de duas proposições lógicas simples. Para tal, trocamos o conectivo
por “e” e negamos as proposições “João é rico” e “Maria é pobre”. Vejam como fica:

Resposta: B.

175
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Leis de Morgan
Com elas:
– Negamos que duas dadas proposições são ao mesmo tempo verdadeiras equivalendo a afirmar que pelo menos uma é falsa
– Negamos que uma pelo menos de duas proposições é verdadeira equivalendo a afirmar que ambas são falsas.

ATENÇÃO
As Leis de Morgan exprimem que NEGAÇÃO CONJUNÇÃO em DISJUNÇÃO
transforma: DISJUNÇÃO em CONJUNÇÃO

CONECTIVOS
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos.

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA EXEMPLOS


Negação ~ Não p A cadeira não é azul.
Conjunção ^ peq Fernando é médico e Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Inclusiva v p ou q Fernando é médico ou Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Exclusiva v Ou p ou q Ou Fernando é médico ou João é Engenheiro.
Condicional → Se p então q Se Fernando é médico então Nicolas é Engenheiro.
Bicondicional ↔ p se e somente se q Fernando é médico se e somente se Nicolas é Engenheiro.

Conectivo “não” (~)


Chamamos de negação de uma proposição representada por “não p” cujo valor lógico é verdade (V) quando p é falsa e falsidade (F)
quando p é verdadeira. Assim “não p” tem valor lógico oposto daquele de p. Pela tabela verdade temos:

Conectivo “e” (˄)


Se p e q são duas proposições, a proposição p ˄ q será chamada de conjunção. Para a conjunção, tem-se a seguinte tabela-verdade:

ATENÇÃO: Sentenças interligadas pelo conectivo “e” possuirão o valor verdadeiro somente quando todas as sentenças, ou argumen-
tos lógicos, tiverem valores verdadeiros.

Conectivo “ou” (v)


Este inclusivo: Elisabete é bonita ou Elisabete é inteligente. (Nada impede que Elisabete seja bonita e inteligente).

176
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Conectivo “ou” (v)
Este exclusivo: Elisabete é paulista ou Elisabete é carioca. (Se Elisabete é paulista, não será carioca e vice-versa).

• Mais sobre o Conectivo “ou”


– “inclusivo”(considera os dois casos)
– “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplos:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa
No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeira

Ele pode ser “inclusivo”(considera os dois casos) ou “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplo:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa

No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeiro

Conectivo “Se... então” (→)


Se p e q são duas proposições, a proposição p→q é chamada subjunção ou condicional. Considere a seguinte subjunção: “Se fizer sol,
então irei à praia”.
1. Podem ocorrer as situações:
2. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
3. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade)
5. Não fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade, pois eu não disse o que faria se não fizesse sol. Assim, poderia ir ou não ir à praia).
Temos então sua tabela verdade:

Observe que uma subjunção p→q somente será falsa quando a primeira proposição, p, for verdadeira e a segunda, q, for falsa.

Conectivo “Se e somente se” (↔)


Se p e q são duas proposições, a proposição p↔q1 é chamada bijunção ou bicondicional, que também pode ser lida como: “p é con-
dição necessária e suficiente para q” ou, ainda, “q é condição necessária e suficiente para p”.
Considere, agora, a seguinte bijunção: “Irei à praia se e somente se fizer sol”. Podem ocorrer as situações:
1. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
2. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
3. Não fez sol e fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade). Sua tabela verdade:

177
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Observe que uma bicondicional só é verdadeira quando as proposições formadoras são ambas falsas ou ambas verdadeiras.

ATENÇÃO: O importante sobre os conectivos é ter em mente a tabela de cada um deles, para que assim você possa resolver qualquer
questão referente ao assunto.

Ordem de precedência dos conectivos:


O critério que especifica a ordem de avaliação dos conectivos ou operadores lógicos de uma expressão qualquer. A lógica matemática
prioriza as operações de acordo com a ordem listadas:

Em resumo:

Exemplo:
(PC/SP - DELEGADO DE POLÍCIA - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q
Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B

CONTRADIÇÕES
São proposições compostas formadas por duas ou mais proposições onde seu valor lógico é sempre FALSO, independentemente do
valor lógico das proposições simples que a compõem. Vejamos:
A proposição: p ^ ~p é uma contradição, conforme mostra a sua tabela-verdade:

Exemplo:
(PEC-FAZ) Conforme a teoria da lógica proposicional, a proposição ~P ∧ P é:
(A) uma tautologia.
(B) equivalente à proposição ~p ∨ p.
(C) uma contradição.
(D) uma contingência.
(E) uma disjunção.

178
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Resolução: • Transitiva:
Montando a tabela teremos que: – Se P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...) e
Q(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...), então
P ~p ~p ^p P(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...)
– Se P ⇒ Q e Q ⇒ R, então P ⇒ R
V F F
V F F Regras de Inferência
• Inferência é o ato ou processo de derivar conclusões lógicas
F V F
de proposições conhecidas ou decididamente verdadeiras. Em ou-
F V F tras palavras: é a obtenção de novas proposições a partir de propo-
sições verdadeiras já existentes.
Como todos os valores são Falsidades (F) logo estamos diante
de uma CONTRADIÇÃO. Regras de Inferência obtidas da implicação lógica
Resposta: C

A proposição P(p,q,r,...) implica logicamente a proposição Q(p,-


q,r,...) quando Q é verdadeira todas as vezes que P é verdadeira.
Representamos a implicação com o símbolo “⇒”, simbolicamente
temos:

P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...).
• Silogismo Disjuntivo
ATENÇÃO: Os símbolos “→” e “⇒” são completamente distin-
tos. O primeiro (“→”) representa a condicional, que é um conec-
tivo. O segundo (“⇒”) representa a relação de implicação lógica
que pode ou não existir entre duas proposições.

Exemplo:

• Modus Ponens

Observe:
- Toda proposição implica uma Tautologia:

• Modus Tollens

- Somente uma contradição implica uma contradição:

Propriedades
• Reflexiva:
– P(p,q,r,...) ⇒ P(p,q,r,...)
– Uma proposição complexa implica ela mesma.

179
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Tautologias e Implicação Lógica
• Teorema
P(p,q,r,..) ⇒ Q(p,q,r,...) se e somente se P(p,q,r,...) → Q(p,q,r,...)

Entre elas existem tipos e relações de acordo com a qualidade


e a extensão, classificam-se em quatro tipos, representados pelas
letras A, E, I e O.

• Universal afirmativa (Tipo A) – “TODO A é B”


Teremos duas possibilidades.

Observe que:
→ indica uma operação lógica entre as proposições. Ex.: das
proposições p e q, dá-se a nova proposição p → q.
⇒ indica uma relação. Ex.: estabelece que a condicional P →
Q é tautológica.

Inferências
• Regra do Silogismo Hipotético
Tais proposições afirmam que o conjunto “A” está contido no
conjunto “B”, ou seja, que todo e qualquer elemento de “A” é tam-
bém elemento de “B”. Observe que “Toda A é B” é diferente de
“Todo B é A”.

• Universal negativa (Tipo E) – “NENHUM A é B”


Princípio da inconsistência Tais proposições afirmam que não há elementos em comum
– Como “p ^ ~p → q” é tautológica, subsiste a implicação lógica entre os conjuntos “A” e “B”. Observe que “nenhum A é B” é o mes-
p ^ ~p ⇒ q mo que dizer “nenhum B é A”.
– Assim, de uma contradição p ^ ~p se deduz qualquer propo- Podemos representar esta universal negativa pelo seguinte dia-
sição q. grama (A ∩ B = ø):

A proposição “(p ↔ q) ^ p” implica a proposição “q”, pois a


condicional “(p ↔ q) ^ p → q” é tautológica.

Lógica de primeira ordem


Existem alguns tipos de argumentos que apresentam proposi-
ções com quantificadores. Numa proposição categórica, é impor-
tante que o sujeito se relacionar com o predicado de forma coeren-
te e que a proposição faça sentido, não importando se é verdadeira
ou falsa. • Particular afirmativa (Tipo I) - “ALGUM A é B”
Podemos ter 4 diferentes situações para representar esta pro-
Vejamos algumas formas: posição:
- Todo A é B.
- Nenhum A é B.
- Algum A é B.
- Algum A não é B.
Onde temos que A e B são os termos ou características dessas
proposições categóricas.

• Classificação de uma proposição categórica de acordo com


o tipo e a relação
Elas podem ser classificadas de acordo com dois critérios fun-
damentais: qualidade e extensão ou quantidade.

– Qualidade: O critério de qualidade classifica uma proposição


categórica em afirmativa ou negativa.
– Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica
uma proposição categórica em universal ou particular. A classifica-
ção dependerá do quantificador que é utilizado na proposição.

180
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Essas proposições Algum A é B estabelecem que o conjunto “A” Exemplos:
tem pelo menos um elemento em comum com o conjunto “B”. Con- (DESENVOLVE/SP - CONTADOR - VUNESP) Alguns gatos não
tudo, quando dizemos que Algum A é B, presumimos que nem todo são pardos, e aqueles que não são pardos miam alto.
A é B. Observe “Algum A é B” é o mesmo que “Algum B é A”. Uma afirmação que corresponde a uma negação lógica da afir-
mação anterior é:
• Particular negativa (Tipo O) - “ALGUM A não é B” (A) Os gatos pardos miam alto ou todos os gatos não são par-
Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três dos.
representações possíveis: (B) Nenhum gato mia alto e todos os gatos são pardos.
(C) Todos os gatos são pardos ou os gatos que não são pardos
não miam alto.
(D) Todos os gatos que miam alto são pardos.
(E) Qualquer animal que mia alto é gato e quase sempre ele é
pardo.

Resolução:
Temos um quantificador particular (alguns) e uma proposição
do tipo conjunção (conectivo “e”). Pede-se a sua negação.
O quantificador existencial “alguns” pode ser negado, seguindo
o esquema, pelos quantificadores universais (todos ou nenhum).
Logo, podemos descartar as alternativas A e E.
A negação de uma conjunção se faz através de uma disjunção,
em que trocaremos o conectivo “e” pelo conectivo “ou”. Descarta-
Proposições nessa forma: Algum A não é B estabelecem que o mos a alternativa B.
conjunto “A” tem pelo menos um elemento que não pertence ao Vamos, então, fazer a negação da frase, não esquecendo de
conjunto “B”. Observe que: Algum A não é B não significa o mesmo que a relação que existe é: Algum A é B, deve ser trocado por: Todo
que Algum B não é A. A é não B.
Todos os gatos que são pardos ou os gatos (aqueles) que não
• Negação das Proposições Categóricas são pardos NÃO miam alto.
Ao negarmos uma proposição categórica, devemos observar as Resposta: C
seguintes convenções de equivalência:
– Ao negarmos uma proposição categórica universal geramos (CBM/RJ - CABO TÉCNICO EM ENFERMAGEM - ND) Dizer que a
uma proposição categórica particular. afirmação “todos os professores é psicólogos” e falsa, do ponto de
– Pela recíproca de uma negação, ao negarmos uma proposição vista lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação é verdadeira
categórica particular geramos uma proposição categórica universal. (A) Todos os não psicólogos são professores.
– Negando uma proposição de natureza afirmativa geramos, (B) Nenhum professor é psicólogo.
sempre, uma proposição de natureza negativa; e, pela recíproca, (C) Nenhum psicólogo é professor.
negando uma proposição de natureza negativa geramos, sempre, (D) Pelo menos um psicólogo não é professor.
uma proposição de natureza afirmativa. (E) Pelo menos um professor não é psicólogo.
Em síntese:
Resolução:
Se a afirmação é falsa a negação será verdadeira. Logo, a nega-
ção de um quantificador universal categórico afirmativo se faz atra-
vés de um quantificador existencial negativo. Logo teremos: Pelo
menos um professor não é psicólogo.
Resposta: E

• Equivalência entre as proposições


Basta usar o triângulo a seguir e economizar um bom tempo na
resolução de questões.

181
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Exemplo:
(PC/PI - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - UESPI) Qual a negação
lógica da sentença “Todo número natural é maior do que ou igual
a cinco”?
(A) Todo número natural é menor do que cinco.
(B) Nenhum número natural é menor do que cinco. NENHUM
E
(C) Todo número natural é diferente de cinco. AéB
(D) Existe um número natural que é menor do que cinco.
(E) Existe um número natural que é diferente de cinco. Existe pelo menos um elemento que
pertence a A, então não pertence a B, e
Resolução: vice-versa.
Do enunciado temos um quantificador universal (Todo) e pede-
-se a sua negação.
O quantificador universal todos pode ser negado, seguindo o
esquema abaixo, pelo quantificador algum, pelo menos um, existe
ao menos um, etc. Não se nega um quantificador universal com To-
dos e Nenhum, que também são universais.

Existe pelo menos um elemento co-


mum aos conjuntos A e B.
Podemos ainda representar das seguin-
tes formas:
ALGUM
I
AéB

Portanto, já podemos descartar as alternativas que trazem


quantificadores universais (todo e nenhum). Descartamos as alter-
nativas A, B e C.
Seguindo, devemos negar o termo: “maior do que ou igual a
cinco”. Negaremos usando o termo “MENOR do que cinco”.
Obs.: maior ou igual a cinco (compreende o 5, 6, 7...) ao ser
negado passa a ser menor do que cinco (4, 3, 2,...).
Resposta: D

Diagramas lógicos
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários proble-
mas. É uma ferramenta para resolvermos problemas que envolvam
argumentos dedutivos, as quais as premissas deste argumento po-
dem ser formadas por proposições categóricas.

ATENÇÃO: É bom ter um conhecimento sobre conjuntos para


conseguir resolver questões que envolvam os diagramas lógicos.

Vejamos a tabela abaixo as proposições categóricas:


ALGUM
O
TIPO PREPOSIÇÃO DIAGRAMAS A NÃO é B

TODO Perceba-se que, nesta sentença, a aten-


A ção está sobre o(s) elemento (s) de A que
AéB
não são B (enquanto que, no “Algum A é
Se um elemento pertence ao conjunto A, B”, a atenção estava sobre os que eram B,
então pertence também a B. ou seja, na intercessão).
Temos também no segundo caso, a dife-
rença entre conjuntos, que forma o con-
junto A - B

182
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Exemplo: Visto que na primeira chegamos à conclusão que C = CC
(GDF–ANALISTA DE ATIVIDADES CULTURAIS ADMINISTRAÇÃO Segundo as afirmativas temos:
– IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma casa de (A) existem cinemas que não são teatros- Observando o último
cultura”, “existem teatros que não são cinemas” e “algum teatro é diagrama vimos que não é uma verdade, pois temos que existe
casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que pelo menos um dos cinemas é considerado teatro.
(A) existem cinemas que não são teatros.
(B) existe teatro que não é casa de cultura.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro.
(D) existe casa de cultura que não é cinema.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema.

Resolução:
Vamos chamar de:
Cinema = C
Casa de Cultura = CC
Teatro = T
Analisando as proposições temos:
- Todo cinema é uma casa de cultura
(B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo mes-
mo princípio acima.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Errado,
a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagrama
nos afirma isso

- Existem teatros que não são cinemas

(D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a justifi-


cativa é observada no diagrama da alternativa anterior.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. – Cor-
reta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez que
todo cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de cultura
também não é cinema.

- Algum teatro é casa de cultura

Resposta: E

183
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
Chama-se argumento a afirmação de que um grupo de propo-
sições iniciais redunda em outra proposição final, que será conse-
quência das primeiras. Ou seja, argumento é a relação que associa
um conjunto de proposições P1, P2,... Pn , chamadas premissas do
argumento, a uma proposição Q, chamada de conclusão do argu-
mento.

Observem que todos os elementos do conjunto menor (ho-


mens) estão incluídos, ou seja, pertencem ao conjunto maior (dos
pássaros). E será sempre essa a representação gráfica da frase
“Todo A é B”. Dois círculos, um dentro do outro, estando o círculo
menor a representar o grupo de quem se segue à palavra TODO.
Exemplo: Na frase: “Nenhum pássaro é animal”. Observemos que a pa-
P1: Todos os cientistas são loucos. lavra-chave desta sentença é NENHUM. E a ideia que ela exprime é
P2: Martiniano é louco. de uma total dissociação entre os dois conjuntos.
Q: Martiniano é um cientista.

O exemplo dado pode ser chamado de Silogismo (argumento


formado por duas premissas e a conclusão).
A respeito dos argumentos lógicos, estamos interessados em
verificar se eles são válidos ou inválidos! Então, passemos a enten-
der o que significa um argumento válido e um argumento inválido.

Argumentos Válidos
Dizemos que um argumento é válido (ou ainda legítimo ou bem
construído), quando a sua conclusão é uma consequência obrigató-
ria do seu conjunto de premissas.
Será sempre assim a representação gráfica de uma sentença
Exemplo: “Nenhum A é B”: dois conjuntos separados, sem nenhum ponto em
O silogismo... comum.
P1: Todos os homens são pássaros. Tomemos agora as representações gráficas das duas premissas
P2: Nenhum pássaro é animal. vistas acima e as analisemos em conjunto. Teremos:
Q: Portanto, nenhum homem é animal.

... está perfeitamente bem construído, sendo, portanto, um


argumento válido, muito embora a veracidade das premissas e da
conclusão sejam totalmente questionáveis.

ATENÇÃO: O que vale é a CONSTRUÇÃO, E NÃO O SEU CONTE-


ÚDO! Se a construção está perfeita, então o argumento é válido,
independentemente do conteúdo das premissas ou da conclusão!

• Como saber se um determinado argumento é mesmo váli-


do?
Para se comprovar a validade de um argumento é utilizando
diagramas de conjuntos (diagramas de Venn). Trata-se de um mé- Comparando a conclusão do nosso argumento, temos:
todo muito útil e que será usado com frequência em questões que NENHUM homem é animal – com o desenho das premissas
pedem a verificação da validade de um argumento. Vejamos como será que podemos dizer que esta conclusão é uma consequência
funciona, usando o exemplo acima. Quando se afirma, na premissa necessária das premissas? Claro que sim! Observemos que o con-
P1, que “todos os homens são pássaros”, poderemos representar junto dos homens está totalmente separado (total dissociação!) do
essa frase da seguinte maneira: conjunto dos animais. Resultado: este é um argumento válido!

184
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Argumentos Inválidos Finalmente, passemos à análise da conclusão: “Patrícia não
Dizemos que um argumento é inválido – também denominado gosta de chocolate”. Ora, o que nos resta para sabermos se este ar-
ilegítimo, mal construído, falacioso ou sofisma – quando a verdade gumento é válido ou não, é justamente confirmar se esse resultado
das premissas não é suficiente para garantir a verdade da conclu- (se esta conclusão) é necessariamente verdadeiro!
são. - É necessariamente verdadeiro que Patrícia não gosta de cho-
colate? Olhando para o desenho acima, respondemos que não!
Exemplo: Pode ser que ela não goste de chocolate (caso esteja fora do círcu-
P1: Todas as crianças gostam de chocolate. lo), mas também pode ser que goste (caso esteja dentro do círculo)!
P2: Patrícia não é criança. Enfim, o argumento é inválido, pois as premissas não garantiram a
Q: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate. veracidade da conclusão!

Este é um argumento inválido, falacioso, mal construído, pois Métodos para validação de um argumento
as premissas não garantem (não obrigam) a verdade da conclusão. Aprenderemos a seguir alguns diferentes métodos que nos
Patrícia pode gostar de chocolate mesmo que não seja criança, pois possibilitarão afirmar se um argumento é válido ou não!
a primeira premissa não afirmou que somente as crianças gostam 1º) Utilizando diagramas de conjuntos: esta forma é indicada
de chocolate. quando nas premissas do argumento aparecem as palavras TODO,
Utilizando os diagramas de conjuntos para provar a validade ALGUM E NENHUM, ou os seus sinônimos: cada, existe um etc.
do argumento anterior, provaremos, utilizando-nos do mesmo arti- 2º) Utilizando tabela-verdade: esta forma é mais indicada
fício, que o argumento em análise é inválido. Comecemos pela pri- quando não for possível resolver pelo primeiro método, o que ocor-
meira premissa: “Todas as crianças gostam de chocolate”. re quando nas premissas não aparecem as palavras todo, algum e
nenhum, mas sim, os conectivos “ou” , “e”, “” e “↔”. Baseia-se
na construção da tabela-verdade, destacando-se uma coluna para
cada premissa e outra para a conclusão. Este método tem a des-
vantagem de ser mais trabalhoso, principalmente quando envolve
várias proposições simples.
3º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos e consi-
derando as premissas verdadeiras.
Por este método, fácil e rapidamente demonstraremos a vali-
dade de um argumento. Porém, só devemos utilizá-lo na impossibi-
lidade do primeiro método.
Iniciaremos aqui considerando as premissas como verdades.
Daí, por meio das operações lógicas com os conectivos, descobri-
remos o valor lógico da conclusão, que deverá resultar também em
verdade, para que o argumento seja considerado válido.
Analisemos agora o que diz a segunda premissa: “Patrícia não é 4º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos, conside-
criança”. O que temos que fazer aqui é pegar o diagrama acima (da rando premissas verdadeiras e conclusão falsa.
primeira premissa) e nele indicar onde poderá estar localizada a Pa- É indicado este caminho quando notarmos que a aplicação do
trícia, obedecendo ao que consta nesta segunda premissa. Vemos terceiro método não possibilitará a descoberta do valor lógico da
facilmente que a Patrícia só não poderá estar dentro do círculo das conclusão de maneira direta, mas somente por meio de análises
crianças. É a única restrição que faz a segunda premissa! Isto posto, mais complicadas.
concluímos que Patrícia poderá estar em dois lugares distintos do
diagrama:
1º) Fora do conjunto maior;
2º) Dentro do conjunto maior. Vejamos:

185
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Em síntese: Resolução pelo 3º Método
Considerando as premissas verdadeiras e testando a conclusão
verdadeira. Teremos:
- 2ª Premissa) ~r é verdade. Logo: r é falsa!
- 1ª Premissa) (p ∧ q)r é verdade. Sabendo que r é falsa,
concluímos que (p ∧ q) tem que ser também falsa. E quando uma
conjunção (e) é falsa? Quando uma das premissas for falsa ou am-
bas forem falsas. Logo, não é possível determinamos os valores
lógicos de p e q. Apesar de inicialmente o 3º método se mostrar
adequado, por meio do mesmo, não poderemos determinar se o
argumento é ou NÃO VÁLIDO.

Resolução pelo 4º Método


Considerando a conclusão falsa e premissas verdadeiras. Tere-
mos:
- Conclusão) ~p v ~q é falso. Logo: p é verdadeiro e q é verda-
deiro!
Agora, passamos a testar as premissas, que são consideradas
verdadeiras! Teremos:
- 1ª Premissa) (p∧q)r é verdade. Sabendo que p e q são ver-
dadeiros, então a primeira parte da condicional acima também é
verdadeira. Daí resta que a segunda parte não pode ser falsa. Logo:
r é verdadeiro.
- 2ª Premissa) Sabendo que r é verdadeiro, teremos que ~r é
falso! Opa! A premissa deveria ser verdadeira, e não foi!
Exemplo:
Diga se o argumento abaixo é válido ou inválido: Neste caso, precisaríamos nos lembrar de que o teste, aqui no
4º método, é diferente do teste do 3º: não havendo a existência si-
(p ∧ q) → r multânea da conclusão falsa e premissas verdadeiras, teremos que
_____~r_______ o argumento é válido! Conclusão: o argumento é válido!
~p ∨ ~q
Exemplos:
Resolução: (DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE) Considere que as
-1ª Pergunta) O argumento apresenta as palavras todo, algum seguintes proposições sejam verdadeiras.
ou nenhum? • Quando chove, Maria não vai ao cinema.
A resposta é não! Logo, descartamos o 1º método e passamos • Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema.
à pergunta seguinte. • Quando Cláudio sai de casa, não faz frio.
• Quando Fernando está estudando, não chove.
- 2ª Pergunta) O argumento contém no máximo duas proposi- • Durante a noite, faz frio.
ções simples?
A resposta também é não! Portanto, descartamos também o Tendo como referência as proposições apresentadas, julgue o
2º método. item subsecutivo.
- 3ª Pergunta) Há alguma das premissas que seja uma proposi- Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando.
ção simples ou uma conjunção? ( ) Certo
A resposta é sim! A segunda proposição é (~r). Podemos optar ( ) Errado
então pelo 3º método? Sim, perfeitamente! Mas caso queiramos
seguir adiante com uma próxima pergunta, teríamos: Resolução:
- 4ª Pergunta) A conclusão tem a forma de uma proposição A questão trata-se de lógica de argumentação, dadas as pre-
simples ou de uma disjunção ou de uma condicional? A resposta missas chegamos a uma conclusão. Enumerando as premissas:
também é sim! Nossa conclusão é uma disjunção! Ou seja, caso A = Chove
queiramos, poderemos utilizar, opcionalmente, o 4º método! B = Maria vai ao cinema
Vamos seguir os dois caminhos: resolveremos a questão pelo C = Cláudio fica em casa
3º e pelo 4º métodos. D = Faz frio
E = Fernando está estudando
F = É noite
A argumentação parte que a conclusão deve ser (V)
Lembramos a tabela verdade da condicional:

186
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

A condicional só será F quando a 1ª for verdadeira e a 2ª falsa, utilizando isso temos:


O que se quer saber é: Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando. // B → ~E
Iniciando temos:
4º - Quando chove (F), Maria não vai ao cinema. (F) // A → ~B = V – para que o argumento seja válido temos que Quando chove tem
que ser F.
3º - Quando Cláudio fica em casa (V), Maria vai ao cinema (V). // C → B = V - para que o argumento seja válido temos que Maria vai
ao cinema tem que ser V.
2º - Quando Cláudio sai de casa(F), não faz frio (F). // ~C → ~D = V - para que o argumento seja válido temos que Quando Cláudio sai
de casa tem que ser F.
5º - Quando Fernando está estudando (V ou F), não chove (V). // E → ~A = V. – neste caso Quando Fernando está estudando pode ser
V ou F.
1º- Durante a noite(V), faz frio (V). // F → D = V

Logo nada podemos afirmar sobre a afirmação: Se Maria foi ao cinema (V), então Fernando estava estudando (V ou F); pois temos
dois valores lógicos para chegarmos à conclusão (V ou F).
Resposta: Errado

(PETROBRAS – TÉCNICO (A) DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO JÚNIOR – INFORMÁTICA – CESGRANRIO) Se Esmeralda é uma fada, então
Bongrado é um elfo. Se Bongrado é um elfo, então Monarca é um centauro. Se Monarca é um centauro, então Tristeza é uma bruxa.
Ora, sabe-se que Tristeza não é uma bruxa, logo
(A) Esmeralda é uma fada, e Bongrado não é um elfo.
(B) Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
(C) Bongrado é um elfo, e Monarca é um centauro.
(D) Bongrado é um elfo, e Esmeralda é uma fada
(E) Monarca é um centauro, e Bongrado não é um elfo.

Resolução:
Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Trizteza não é bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como conclusão o
valor lógico (V), então:
(4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo (F) → V

(3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um centauro (F) → V


(2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma bruxa(F) → V
(1) Tristeza não é uma bruxa (V)

Logo:
Temos que:
Esmeralda não é fada(V)
Bongrado não é elfo (V)
Monarca não é um centauro (V)

Como a conclusão parte da conjunção, o mesmo só será verdadeiro quando todas as afirmativas forem verdadeiras, logo, a única que
contém esse valor lógico é:
Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
Resposta: B

187
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
LÓGICA MATEMÁTICA QUALITATIVA
Aqui veremos questões que envolvem correlação de elementos, pessoas e objetos fictícios, através de dados fornecidos. Vejamos o
passo a passo:

01. Três homens, Luís, Carlos e Paulo, são casados com Lúcia, Patrícia e Maria, mas não sabemos quem ê casado com quem. Eles tra-
balham com Engenharia, Advocacia e Medicina, mas também não sabemos quem faz o quê. Com base nas dicas abaixo, tente descobrir o
nome de cada marido, a profissão de cada um e o nome de suas esposas.
a) O médico é casado com Maria.
b) Paulo é advogado.
c) Patrícia não é casada com Paulo.
d) Carlos não é médico.

Vamos montar o passo a passo para que você possa compreender como chegar a conclusão da questão.
1º passo – vamos montar uma tabela para facilitar a visualização da resolução, a mesma deve conter as informações prestadas no
enunciado, nas quais podem ser divididas em três grupos: homens, esposas e profissões.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia
Patrícia
Maria

Também criamos abaixo do nome dos homens, o nome das esposas.

2º passo – construir a tabela gabarito.


Essa tabela não servirá apenas como gabarito, mas em alguns casos ela é fundamental para que você enxergue informações que ficam
meio escondidas na tabela principal. Uma tabela complementa a outra, podendo até mesmo que você chegue a conclusões acerca dos
grupos e elementos.

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos
Luís
Paulo

3º passo preenchimento de nossa tabela, com as informações mais óbvias do problema, aquelas que não deixam margem a nenhuma
dúvida. Em nosso exemplo:
- O médico é casado com Maria: marque um “S” na tabela principal na célula comum a “Médico” e “Maria”, e um “N” nas demais
células referentes a esse “S”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

ATENÇÃO: se o médico é casado com Maria, ele NÃO PODE ser casado com Lúcia e Patrícia, então colocamos “N” no cruzamento
de Medicina e elas. E se Maria é casada com o médico, logo ela NÃO PODE ser casada com o engenheiro e nem com o advogado (logo
colocamos “N” no cruzamento do nome de Maria com essas profissões).
– Paulo é advogado: Vamos preencher as duas tabelas (tabela gabarito e tabela principal) agora.
– Patrícia não é casada com Paulo: Vamos preencher com “N” na tabela principal
– Carlos não é médico: preenchemos com um “N” na tabela principal a célula comum a Carlos e “médico”.

188
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

Notamos aqui que Luís então é o médico, pois foi a célula que ficou em branco. Podemos também completar a tabela gabarito.
Novamente observamos uma célula vazia no cruzamento de Carlos com Engenharia. Marcamos um “S” nesta célula. E preenchemos
sua tabela gabarito.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos Engenheiro
Luís Médico
Paulo Advogado

4º passo – após as anotações feitas na tabela principal e na tabela gabarito, vamos procurar informações que levem a novas conclu-
sões, que serão marcadas nessas tabelas.
Observe que Maria é esposa do médico, que se descobriu ser Luís, fato que poderia ser registrado na tabela-gabarito. Mas não vamos
fazer agora, pois essa conclusão só foi facilmente encontrada porque o problema que está sendo analisado é muito simples. Vamos con-
tinuar o raciocínio e fazer as marcações mais tarde. Além disso, sabemos que Patrícia não é casada com Paulo. Como Paulo é o advogado,
podemos concluir que Patrícia não é casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N N
Maria S N N

Verificamos, na tabela acima, que Patrícia tem de ser casada com o engenheiro, e Lúcia tem de ser casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N N S
Patrícia N S N
Maria S N N

Concluímos, então, que Lúcia é casada com o advogado (que é Paulo), Patrícia é casada com o engenheiro (que e Carlos) e Maria é
casada com o médico (que é Luís).

189
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Preenchendo a tabela-gabarito, vemos que o problema está − Luiz não viajou para Fortaleza.
resolvido:
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS Luiz N N N
Carlos Engenheiro Patrícia Arnaldo N N
Luís Médico Maria Mariana N N S N
Paulo Advogado Lúcia Paulo N N
Exemplo: Agora, completando o restante:
(TRT-9ª REGIÃO/PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- Paulo viajou para Salvador, pois a nenhum dos três viajou. En-
TRATIVA – FCC) Luiz, Arnaldo, Mariana e Paulo viajaram em janeiro, tão, Arnaldo viajou para Fortaleza e Luiz para Goiânia
todos para diferentes cidades, que foram Fortaleza, Goiânia, Curi-
tiba e Salvador. Com relação às cidades para onde eles viajaram,
sabe-se que: Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador; Luiz N S N N
− Mariana viajou para Curitiba;
Arnaldo S N N N
− Paulo não viajou para Goiânia;
− Luiz não viajou para Fortaleza. Mariana N N S N
Paulo N N N S
É correto concluir que, em janeiro,
(A) Paulo viajou para Fortaleza. Resposta: B
(B) Luiz viajou para Goiânia.
(C) Arnaldo viajou para Goiânia. Quantificador
(D) Mariana viajou para Salvador. É um termo utilizado para quantificar uma expressão. Os quan-
(E) Luiz viajou para Curitiba. tificadores são utilizados para transformar uma sentença aberta ou
proposição aberta em uma proposição lógica.
Resolução:
Vamos preencher a tabela:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador; QUANTIFICADOR + SENTENÇA ABERTA = SENTENÇA FECHADA

Tipos de quantificadores
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
Luiz N • Quantificador universal (∀)
Arnaldo N O símbolo ∀ pode ser lido das seguintes formas:

Mariana
Paulo

− Mariana viajou para Curitiba;

Exemplo:
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador Todo homem é mortal.
Luiz N N A conclusão dessa afirmação é: se você é homem, então será
Arnaldo N N mortal.
Na representação do diagrama lógico, seria:
Mariana N N S N
Paulo N

− Paulo não viajou para Goiânia;

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N N
Arnaldo N N
ATENÇÃO: Todo homem é mortal, mas nem todo mortal é ho-
Mariana N N S N mem.
Paulo N N A frase “todo homem é mortal” possui as seguintes conclusões:
1ª) Algum mortal é homem ou algum homem é mortal.
2ª) Se José é homem, então José é mortal.

A forma “Todo A é B” pode ser escrita na forma: Se A então B.


A forma simbólica da expressão “Todo A é B” é a expressão (∀
(x) (A (x) → B).

190
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Observe que a palavra todo representa uma relação de inclusão Resolução:
de conjuntos, por isso está associada ao operador da condicional. A frase “Todo cavalo é um animal” possui as seguintes conclu-
sões:
Aplicando temos: – Algum animal é cavalo ou Algum cavalo é um animal.
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Agora, se escrevermos da for- – Se é cavalo, então é um animal.
ma ∀ (x) ∈ N / x + 2 = 5 ( lê-se: para todo pertencente a N temos x Nesse caso, nossa resposta é toda cabeça de cavalo é cabeça
+ 2 = 5), atribuindo qualquer valor a x a sentença será verdadeira? de animal, pois mantém a relação de “está contido” (segunda forma
A resposta é NÃO, pois depois de colocarmos o quantificador, de conclusão).
a frase passa a possuir sujeito e predicado definidos e podemos jul- Resposta: B
gar, logo, é uma proposição lógica.
(CESPE) Se R é o conjunto dos números reais, então a proposi-
• Quantificador existencial (∃) ção (∀ x) (x ∈ R) (∃ y) (y ∈ R) (x + y = x) é valorada como V.
O símbolo ∃ pode ser lido das seguintes formas:
Resolução:
Lemos: para todo x pertencente ao conjunto dos números reais
(R) existe um y pertencente ao conjunto dos números dos reais (R)
tal que x + y = x.
– 1º passo: observar os quantificadores.
X está relacionado com o quantificador universal, logo, todos
os valores de x devem satisfazer a propriedade.
Exemplo: Y está relacionado com o quantificador existencial, logo, é ne-
“Algum matemático é filósofo.” O diagrama lógico dessa frase cessário pelo menos um valor de x para satisfazer a propriedade.
é: – 2º passo: observar os conjuntos dos números dos elementos
x e y.
O elemento x pertence ao conjunto dos números reais.
O elemento y pertence ao conjunto os números reais.
– 3º passo: resolver a propriedade (x+ y = x).
A pergunta: existe algum valor real para y tal que x + y = x?
Existe sim! y = 0.
X + 0 = X.
Como existe pelo menos um valor para y e qualquer valor de
O quantificador existencial tem a função de elemento comum. x somado a 0 será igual a x, podemos concluir que o item está cor-
A palavra algum, do ponto de vista lógico, representa termos co- reto.
muns, por isso “Algum A é B” possui a seguinte forma simbólica: (∃ Resposta: CERTO
(x)) (A (x) ∧ B).

Aplicando temos: OPERAÇÃO COM CONJUNTOS


x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Escrevendo da forma (∃ x) ∈
N / x + 2 = 5 (lê-se: existe pelo menos um x pertencente a N tal que x
+ 2 = 5), atribuindo um valor que, colocado no lugar de x, a sentença Conjunto dos números inteiros - z
será verdadeira? O conjunto dos números inteiros é a reunião do conjunto dos
A resposta é SIM, pois depois de colocarmos o quantificador, números naturais N = {0, 1, 2, 3, 4,..., n,...},(N C Z); o conjunto dos
a frase passou a possuir sujeito e predicado definidos e podemos opostos dos números naturais e o zero. Representamos pela letra Z.
julgar, logo, é uma proposição lógica.

ATENÇÃO:
– A palavra todo não permite inversão dos termos: “Todo A é B”
é diferente de “Todo B é A”.
– A palavra algum permite a inversão dos termos: “Algum A é
B” é a mesma coisa que “Algum B é A”.

Forma simbólica dos quantificadores


Todo A é B = (∀ (x) (A (x) → B).
Algum A é B = (∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Nenhum A é B = (~ ∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Algum A não é B= (∃ (x)) (A (x) ∧ ~ B).
N C Z (N está contido em Z)
Exemplos:
Todo cavalo é um animal. Logo,
(A) Toda cabeça de animal é cabeça de cavalo.
(B) Toda cabeça de cavalo é cabeça de animal.
(C) Todo animal é cavalo.
(D) Nenhum animal é cavalo.

191
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Subconjuntos:

SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO


* Z* Conjunto dos números inteiros não nulos
+ Z+ Conjunto dos números inteiros não negativos
*e+ Z*+ Conjunto dos números inteiros positivos
- Z_ Conjunto dos números inteiros não positivos
*e- Z*_ Conjunto dos números inteiros negativos

Observamos nos números inteiros algumas características:


• Módulo: distância ou afastamento desse número até o zero, na reta numérica inteira. Representa-se o módulo por | |. O módulo de
qualquer número inteiro, diferente de zero, é sempre positivo.
• Números Opostos: dois números são opostos quando sua soma é zero. Isto significa que eles estão a mesma distância da origem
(zero).

Somando-se temos: (+4) + (-4) = (-4) + (+4) = 0

Operações
• Soma ou Adição: Associamos aos números inteiros positivos a ideia de ganhar e aos números inteiros negativos a ideia de perder.

ATENÇÃO: O sinal (+) antes do número positivo pode ser dispensado, mas o sinal (–) antes do número negativo nunca pode ser
dispensado.

• Subtração: empregamos quando precisamos tirar uma quantidade de outra quantidade; temos duas quantidades e queremos saber
quanto uma delas tem a mais que a outra; temos duas quantidades e queremos saber quanto falta a uma delas para atingir a outra. A
subtração é a operação inversa da adição. O sinal sempre será do maior número.

ATENÇÃO: todos parênteses, colchetes, chaves, números, ..., entre outros, precedidos de sinal negativo, tem o seu sinal invertido,
ou seja, é dado o seu oposto.

Exemplo:
(FUNDAÇÃO CASA – AGENTE EDUCACIONAL – VUNESP) Para zelar pelos jovens internados e orientá-los a respeito do uso adequado
dos materiais em geral e dos recursos utilizados em atividades educativas, bem como da preservação predial, realizou-se uma dinâmica
elencando “atitudes positivas” e “atitudes negativas”, no entendimento dos elementos do grupo. Solicitou-se que cada um classificasse
suas atitudes como positiva ou negativa, atribuindo (+4) pontos a cada atitude positiva e (-1) a cada atitude negativa. Se um jovem classi-
ficou como positiva apenas 20 das 50 atitudes anotadas, o total de pontos atribuídos foi
(A) 50.
(B) 45.
(C) 42.
(D) 36.
(E) 32.

Resolução:
50-20=30 atitudes negativas
20.4=80
30.(-1)=-30
80-30=50
Resposta: A

• Multiplicação: é uma adição de números/ fatores repetidos. Na multiplicação o produto dos números a e b, pode ser indicado por
a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal entre as letras.

192
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
• Divisão: a divisão exata de um número inteiro por outro nú- Conjunto dos números racionais – Q m
mero inteiro, diferente de zero, dividimos o módulo do dividendo Um número racional é o que pode ser escrito na forma n ,
pelo módulo do divisor. onde m e n são números inteiros, sendo que n deve ser diferente
de zero. Frequentemente usamos m/n para significar a divisão de
ATENÇÃO: m por n.
1) No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é associativa
e não tem a propriedade da existência do elemento neutro.
2) Não existe divisão por zero.
3) Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente de zero,
é zero, pois o produto de qualquer número inteiro por zero é igual
a zero.

Na multiplicação e divisão de números inteiros é muito impor-


tante a REGRA DE SINAIS:

Sinais iguais (+) (+); (-) (-) = resultado sempre positivo.


Sinais diferentes (+) (-); (-) (+) = resultado sempre N C Z C Q (N está contido em Z que está contido em Q)
negativo.
Subconjuntos:
Exemplo:
(PREF.DE NITERÓI) Um estudante empilhou seus livros, obten-
do uma única pilha 52cm de altura. Sabendo que 8 desses livros SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO
possui uma espessura de 2cm, e que os livros restantes possuem Conjunto dos números
* Q*
espessura de 3cm, o número de livros na pilha é: racionais não nulos
(A) 10 Conjunto dos números
(B) 15 + Q+
racionais não negativos
(C) 18
(D) 20 Conjunto dos números
*e+ Q*+
(E) 22 racionais positivos
Conjunto dos números
Resolução: - Q_
racionais não positivos
São 8 livros de 2 cm: 8.2 = 16 cm
Conjunto dos números
Como eu tenho 52 cm ao todo e os demais livros tem 3 cm, *e- Q*_
racionais negativos
temos:
52 - 16 = 36 cm de altura de livros de 3 cm
Representação decimal
36 : 3 = 12 livros de 3 cm
Podemos representar um número racional, escrito na forma de
O total de livros da pilha: 8 + 12 = 20 livros ao todo.
fração, em número decimal. Para isso temos duas maneiras possí-
Resposta: D
veis:
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um núme-
• Potenciação: A potência an do número inteiro a, é definida
ro finito de algarismos. Decimais Exatos:
como um produto de n fatores iguais. O número a é denominado a
base e o número n é o expoente.an = a x a x a x a x ... x a , a é multi-
plicado por a n vezes. Tenha em mente que: 2
= 0,4
– Toda potência de base positiva é um número inteiro positivo. 5
– Toda potência de base negativa e expoente par é um número
inteiro positivo.
2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos
– Toda potência de base negativa e expoente ímpar é um nú-
algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodicamente Deci-
mero inteiro negativo.
mais Periódicos ou Dízimas Periódicas:
Propriedades da Potenciação
1) Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-se a base 1
= 0,333...
e somam-se os expoentes. (–a)3 . (–a)6 = (–a)3+6 = (–a)9 3
2) Quocientes de Potências com bases iguais: Conserva-se a
base e subtraem-se os expoentes. (-a)8 : (-a)6 = (-a)8 – 6 = (-a)2
Representação Fracionária
3) Potência de Potência: Conserva-se a base e multiplicam-se
É a operação inversa da anterior. Aqui temos duas maneiras
os expoentes. [(-a)5]2 = (-a)5 . 2 = (-a)10
possíveis:
4) Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (-a)1 = -a e
(+a)1 = +a
1) Transformando o número decimal em uma fração numera-
5) Potência de expoente zero e base diferente de zero: É igual
dor é o número decimal sem a vírgula e o denominador é composto
a 1. (+a)0 = 1 e (–b)0 = 1
pelo numeral 1, seguido de tantos zeros quantas forem as casas de-
cimais do número decimal dado. Ex.:
0,035 = 35/1000

193
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
2) Através da fração geratriz. Aí temos o caso das dízimas periódicas que podem ser simples ou compostas.
– Simples: o seu período é composto por um mesmo número ou conjunto de números que se repeti infinitamente. Exemplos:

Procedimento: para transformarmos uma dízima periódica simples em fração basta utilizarmos o dígito 9 no denominador para cada
quantos dígitos tiver o período da dízima.

– Composta: quando a mesma apresenta um ante período que não se repete.

a)

Procedimento: para cada algarismo do período ainda se coloca um algarismo 9 no denominador. Mas, agora, para cada algarismo do
antiperíodo se coloca um algarismo zero, também no denominador.

b)

Procedimento: é o mesmo aplicado ao item “a”, acrescido na frente da parte inteira (fração mista), ao qual transformamos e obtemos
a fração geratriz.

194
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Exemplo: • Subtração: a subtração de dois números racionais p e q é a
(PREF. NITERÓI) Simplificando a expressão abaixo própria operação de adição do número p com o oposto de q, isto é:
p – q = p + (–q)

Obtém-se :

(A) ½
(B) 1
(C) 3/2
(D) 2 ATENÇÃO: Na adição/subtração se o denominador for igual,
(E) 3 conserva-se os denominadores e efetua-se a operação apresen-
tada.
Resolução:
Exemplo:
(PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPERACIONAIS
– MAKIYAMA) Na escola onde estudo, ¼ dos alunos tem a língua
portuguesa como disciplina favorita, 9/20 têm a matemática como
favorita e os demais têm ciências como favorita. Sendo assim, qual
fração representa os alunos que têm ciências como disciplina favo-
rita?
(A) 1/4
(B) 3/10
(C) 2/9
Resposta: B (D) 4/5
(E) 3/2
Caraterísticas dos números racionais
O módulo e o número oposto são as mesmas dos números in- Resolução:
teiros. Somando português e matemática:

Inverso: dado um número racional a/b o inverso desse número


(a/b)–n, é a fração onde o numerador vira denominador e o denomi-
nador numerador (b/a)n.

O que resta gosta de ciências:

Representação geométrica Resposta: B

• Multiplicação: como todo número racional é uma fração ou


pode ser escrito na forma de uma fração, definimos o produto de
dois números racionais a e c , da mesma forma que o produto de
b d
frações, através de:

Observa-se que entre dois inteiros consecutivos existem infini-


tos números racionais.

Operações
• Soma ou adição: como todo número racional é uma fração • Divisão: a divisão de dois números racionais p e q é a própria
ou pode ser escrito na forma de uma fração, definimos a adição operação de multiplicação do número p pelo inverso de q, isto é: p
entre os números racionais a e c , da mesma forma que a soma ÷ q = p × q-1
de frações, através de: b d

195
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Exemplo: Expressões numéricas
(PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB) Numa operação São todas sentenças matemáticas formadas por números, suas
policial de rotina, que abordou 800 pessoas, verificou-se que 3/4 operações (adições, subtrações, multiplicações, divisões, potencia-
dessas pessoas eram homens e 1/5 deles foram detidos. Já entre as ções e radiciações) e também por símbolos chamados de sinais de
mulheres abordadas, 1/8 foram detidas. associação, que podem aparecer em uma única expressão.
Qual o total de pessoas detidas nessa operação policial?
(A) 145 Procedimentos
(B) 185 1) Operações:
(C) 220 - Resolvermos primeiros as potenciações e/ou radiciações na
(D) 260 ordem que aparecem;
(E) 120 - Depois as multiplicações e/ou divisões;
- Por último as adições e/ou subtrações na ordem que apare-
Resolução: cem.
2) Símbolos:
- Primeiro, resolvemos os parênteses ( ), até acabarem os cál-
culos dentro dos parênteses,
-Depois os colchetes [ ];
- E por último as chaves { }.

ATENÇÃO:
– Quando o sinal de adição (+) anteceder um parêntese, col-
chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou
chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos
com os seus sinais originais.
– Quando o sinal de subtração (-) anteceder um parêntese, col-
chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou
chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos
com os seus sinais invertidos.

Exemplo:
Resposta: A (MANAUSPREV – ANALISTA PREVIDENCIÁRIO – ADMINISTRATI-
VA – FCC) Considere as expressões numéricas, abaixo.
• Potenciação: é válido as propriedades aplicadas aos núme- A = 1/2 + 1/4+ 1/8 + 1/16 + 1/32 e
ros inteiros. Aqui destacaremos apenas as que se aplicam aos nú- B = 1/3 + 1/9 + 1/27 + 1/81 + 1/243
meros racionais.
O valor, aproximado, da soma entre A e B é
A) Toda potência com expoente negativo de um número racio- (A) 2
nal diferente de zero é igual a outra potência que tem a base igual (B) 3
ao inverso da base anterior e o expoente igual ao oposto do expo- (C) 1
ente anterior. (D) 2,5
(E) 1,5

Resolução:
Vamos resolver cada expressão separadamente:

B) Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo sinal da


base.

C) Toda potência com expoente par é um número positivo.

Resposta: E

196
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Múltiplos Outros critérios
Dizemos que um número é múltiplo de outro quando o primei- Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12 quando é
ro é resultado da multiplicação entre o segundo e algum número divisível por 3 e por 4 ao mesmo tempo.
natural e o segundo, nesse caso, é divisor do primeiro. O que sig- Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15 quando é
nifica que existem dois números, x e y, tal que x é múltiplo de y se divisível por 3 e por 5 ao mesmo tempo.
existir algum número natural n tal que:
x = y·n Fatoração numérica
Trata-se de decompor o número em fatores primos. Para de-
Se esse número existir, podemos dizer que y é um divisor de x e compormos este número natural em fatores primos, dividimos o
podemos escrever: x = n/y mesmo pelo seu menor divisor primo, após pegamos o quociente
e dividimos o pelo seu menor divisor, e assim sucessivamente até
Observações: obtermos o quociente 1. O produto de todos os fatores primos re-
1) Todo número natural é múltiplo de si mesmo. presenta o número fatorado. Exemplo:
2) Todo número natural é múltiplo de 1.
3) Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos múl-
tiplos.
4) O zero é múltiplo de qualquer número natural.
5) Os múltiplos do número 2 são chamados de números pares,
e a fórmula geral desses números é 2k (k ∈ N). Os demais são cha-
mados de números ímpares, e a fórmula geral desses números é 2k
+ 1 (k ∈ N).
6) O mesmo se aplica para os números inteiros, tendo k ∈ Z.

Critérios de divisibilidade
São regras práticas que nos possibilitam dizer se um número
é ou não divisível por outro, sem que seja necessário efetuarmos Divisores
a divisão. Os divisores de um número n, é o conjunto formado por todos
No quadro abaixo temos um resumo de alguns dos critérios: os números que o dividem exatamente. Tomemos como exemplo o
número 12.

Um método para descobrimos os divisores é através da fato-


ração numérica. O número de divisores naturais é igual ao produto
dos expoentes dos fatores primos acrescidos de 1.
Logo o número de divisores de 12 são:

Para sabermos quais são esses 6 divisores basta pegarmos cada


fator da decomposição e seu respectivo expoente natural que varia
de zero até o expoente com o qual o fator se apresenta na decom-
posição do número natural.
12 = 22 . 31 =
22 = 20,21 e 22 ; 31 = 30 e 31, teremos:
20 . 30=1
20 . 31=3
21 . 30=2
(Fonte: https://www.guiadamatematica.com.br/criterios-de-divisi- 21 . 31=2.3=6
bilidade/ - reeditado) 22 . 31=4.3=12
Vale ressaltar a divisibilidade por 7: Um número é divisível por 22 . 30=4
7 quando o último algarismo do número, multiplicado por 2, subtra-
ído do número sem o algarismo, resulta em um número múltiplo de O conjunto de divisores de 12 são: D (12)={1, 2, 3, 4, 6, 12}
7. Neste, o processo será repetido a fim de diminuir a quantidade A soma dos divisores é dada por: 1 + 2 + 3 + 4 + 6 + 12 = 28
de algarismos a serem analisados quanto à divisibilidade por 7.

197
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Máximo divisor comum (MDC)
É o maior número que é divisor comum de todos os números dados. Para o cálculo do MDC usamos a decomposição em fatores pri-
mos. Procedemos da seguinte maneira:
Após decompor em fatores primos, o MDC é o produto dos FATORES COMUNS obtidos, cada um deles elevado ao seu MENOR EXPO-
ENTE.

Exemplo:
MDC (18,24,42) =

Observe que os fatores comuns entre eles são: 2 e 3, então pegamos os de menores expoentes: 2x3 = 6. Logo o Máximo Divisor Co-
mum entre 18,24 e 42 é 6.

Mínimo múltiplo comum (MMC)


É o menor número positivo que é múltiplo comum de todos os números dados. A técnica para acharmos é a mesma do MDC, apenas
com a seguinte ressalva:
O MMC é o produto dos FATORES COMUNS E NÃO-COMUNS, cada um deles elevado ao SEU MAIOR EXPOENTE.
Pegando o exemplo anterior, teríamos:
MMC (18,24,42) =
Fatores comuns e não-comuns= 2,3 e 7
Com maiores expoentes: 2³x3²x7 = 8x9x7 = 504. Logo o Mínimo Múltiplo Comum entre 18,24 e 42 é 504.

Temos ainda que o produto do MDC e MMC é dado por: MDC (A,B). MMC (A,B)= A.B

Os cálculos desse tipo de problemas, envolvem adições e subtrações, posteriormente as multiplicações e divisões. Depois os pro-
blemas são resolvidos com a utilização dos fundamentos algébricos, isto é, criamos equações matemáticas com valores desconhecidos
(letras). Observe algumas situações que podem ser descritas com utilização da álgebra.
É bom ter mente algumas situações que podemos encontrar:

Exemplos:
(PREF. GUARUJÁ/SP – SEDUC – PROFESSOR DE MATEMÁTICA – CAIPIMES) Sobre 4 amigos, sabe-se que Clodoaldo é 5 centímetros
mais alto que Mônica e 10 centímetros mais baixo que Andreia. Sabe-se também que Andreia é 3 centímetros mais alta que Doralice e que
Doralice não é mais baixa que Clodoaldo. Se Doralice tem 1,70 metros, então é verdade que Mônica tem, de altura:
(A) 1,52 metros.
(B) 1,58 metros.
(C) 1,54 metros.
(D) 1,56 metros.

198
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Resolução: Como 10 lâmpadas boas quebraram, temos:
Escrevendo em forma de equações, temos: Q’ = 80 + 10 = 90 e B’ = 360 – 90 = 270
C = M + 0,05 ( I )
C = A – 0,10 ( II )
A = D + 0,03 ( III )
D não é mais baixa que C Resposta: B
Se D = 1,70 , então:
( III ) A = 1,70 + 0,03 = 1,73 Fração é todo número que pode ser escrito da seguinte forma
( II ) C = 1,73 – 0,10 = 1,63 a/b, com b≠0. Sendo a o numerador e b o denominador. Uma fra-
( I ) 1,63 = M + 0,05 ção é uma divisão em partes iguais. Observe a figura:
M = 1,63 – 0,05 = 1,58 m
Resposta: B

(CEFET – AUXILIAR EM ADMINISTRAÇÃO – CESGRANRIO) Em


três meses, Fernando depositou, ao todo, R$ 1.176,00 em sua ca-
derneta de poupança. Se, no segundo mês, ele depositou R$ 126,00
a mais do que no primeiro e, no terceiro mês, R$ 48,00 a menos do
que no segundo, qual foi o valor depositado no segundo mês? O numerador indica quantas partes tomamos do total que foi
(A) R$ 498,00 dividida a unidade.
(B) R$ 450,00 O denominador indica quantas partes iguais foi dividida a uni-
(C) R$ 402,00 dade.
(D) R$ 334,00 Lê-se: um quarto.
(E) R$ 324,00
Atenção:
Resolução: • Frações com denominadores de 1 a 10: meios, terços, quar-
Primeiro mês = x tos, quintos, sextos, sétimos, oitavos, nonos e décimos.
Segundo mês = x + 126 • Frações com denominadores potências de 10: décimos, cen-
Terceiro mês = x + 126 – 48 = x + 78 tésimos, milésimos, décimos de milésimos, centésimos de milési-
Total = x + x + 126 + x + 78 = 1176 mos etc.
3.x = 1176 – 204 • Denominadores diferentes dos citados anteriormente:
x = 972 / 3 Enuncia-se o numerador e, em seguida, o denominador seguido da
x = R$ 324,00 (1º mês) palavra “avos”.
* No 2º mês: 324 + 126 = R$ 450,00
Resposta: B Tipos de frações
– Frações Próprias: Numerador é menor que o denominador.
(PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO/SP – AGENTE Ex.: 7/15
DE ADMINISTRAÇÃO – VUNESP) Uma loja de materiais elétricos – Frações Impróprias: Numerador é maior ou igual ao denomi-
testou um lote com 360 lâmpadas e constatou que a razão entre o nador. Ex.: 6/7
número de lâmpadas queimadas e o número de lâmpadas boas era – Frações aparentes: Numerador é múltiplo do denominador.
2 / 7. Sabendo-se que, acidentalmente, 10 lâmpadas boas quebra- As mesmas pertencem também ao grupo das frações impróprias.
ram e que lâmpadas queimadas ou quebradas não podem ser ven- Ex.: 6/3
didas, então a razão entre o número de lâmpadas que não podem – Frações mistas: Números compostos de uma parte inteira e
ser vendidas e o número de lâmpadas boas passou a ser de outra fracionária. Podemos transformar uma fração imprópria na
(A) 1 / 4. forma mista e vice e versa. Ex.: 1 1/12 (um inteiro e um doze avos)
(B) 1 / 3. – Frações equivalentes: Duas ou mais frações que apresentam
(C) 2 / 5. a mesma parte da unidade. Ex.: 2/4 = 1/2
(D) 1 / 2. – Frações irredutíveis: Frações onde o numerador e o denomi-
(E) 2 / 3. nador são primos entre si. Ex.: 5/11 ;

Resolução: Operações com frações


Chamemos o número de lâmpadas queimadas de ( Q ) e o nú-
mero de lâmpadas boas de ( B ). Assim: • Adição e Subtração
B + Q = 360 , ou seja, B = 360 – Q ( I ) Com mesmo denominador: Conserva-se o denominador e so-
ma-se ou subtrai-se os numeradores.

, ou seja, 7.Q = 2.B ( II )

Substituindo a equação ( I ) na equação ( II ), temos:


7.Q = 2. (360 – Q)
7.Q = 720 – 2.Q Com denominadores diferentes: é necessário reduzir ao mes-
7.Q + 2.Q = 720 mo denominador através do MMC entre os denominadores. Usa-
9.Q = 720 mos tanto na adição quanto na subtração.
Q = 720 / 9
Q = 80 (queimadas)

199
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Onde x é litros de suco, assim a fração que cada um recebeu de
suco é de 3/5 de suco da garrafa.
Resposta: B

CÁLCULOS COM PORCENTAGENS

Porcentagem
O MMC entre os denominadores (3,2) = 6 São chamadas de razões centesimais ou taxas percentuais ou
simplesmente de porcentagem, as razões de denominador 100, ou
• Multiplicação e Divisão seja, que representam a centésima parte de uma grandeza. Costu-
Multiplicação: É produto dos numerados pelos denominadores mam ser indicadas pelo numerador seguido do símbolo %. (Lê-se:
dados. Ex.: “por cento”).

Exemplo:
(CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP – ANA-
LISTA TÉCNICO LEGISLATIVO – DESIGNER GRÁFICO – VUNESP) O
departamento de Contabilidade de uma empresa tem 20 funcio-
nários, sendo que 15% deles são estagiários. O departamento de
– Divisão: É igual a primeira fração multiplicada pelo inverso da Recursos Humanos tem 10 funcionários, sendo 20% estagiários. Em
segunda fração. Ex.: relação ao total de funcionários desses dois departamentos, a fra-
ção de estagiários é igual a
(A) 1/5.
(B) 1/6.
(C) 2/5.
(D) 2/9.
(E) 3/5.

Obs.: Sempre que possível podemos simplificar o resultado da Resolução:


fração resultante de forma a torna-la irredutível.

Exemplo:
(EBSERH/HUPES – UFBA – TÉCNICO EM INFORMÁTICA – IA-
DES) O suco de três garrafas iguais foi dividido igualmente entre 5
pessoas. Cada uma recebeu

(A)

(B)
Resposta: B

(C) Lucro e Prejuízo em porcentagem


É a diferença entre o preço de venda e o preço de custo. Se
a diferença for POSITIVA, temos o LUCRO (L), caso seja NEGATIVA,
(D) temos PREJUÍZO (P).
Logo: Lucro (L) = Preço de Venda (V) – Preço de Custo (C).

(E)

Resolução:
Se cada garrafa contém X litros de suco, e eu tenho 3 garrafas,
então o total será de 3X litros de suco. Precisamos dividir essa quan-
tidade de suco (em litros) para 5 pessoas, logo teremos:

200
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Exemplo:
(CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – FCC) O preço de venda de um produto, descontado um imposto de 16%
que incide sobre esse mesmo preço, supera o preço de compra em 40%, os quais constituem o lucro líquido do vendedor. Em quantos por
cento, aproximadamente, o preço de venda é superior ao de compra?
(A) 67%.
(B) 61%.
(C) 65%.
(D) 63%.
(E) 69%.

Resolução:
Preço de venda: V
Preço de compra: C
V – 0,16V = 1,4C
0,84V = 1,4C

O preço de venda é 67% superior ao preço de compra.


Resposta: A

Aumento e Desconto em porcentagem


– Aumentar um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo por

Logo:

- Diminuir um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo por

Logo:

Fator de multiplicação

É o valor final de , é o que chamamos de fator de multiplicação, muito útil para resolução de cálculos de
porcentagem. O mesmo pode ser um acréscimo ou decréscimo no valor do produto.

201
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
Aumentos e Descontos sucessivos em porcentagem ______________________________________________________
São valores que aumentam ou diminuem sucessivamente. Para
efetuar os respectivos descontos ou aumentos, fazemos uso dos fa- ______________________________________________________
tores de multiplicação. Basta multiplicarmos o Valor pelo fator de
multiplicação (acréscimo e/ou decréscimo). ______________________________________________________
Exemplo: Certo produto industrial que custava R$ 5.000,00 so-
______________________________________________________
freu um acréscimo de 30% e, em seguida, um desconto de 20%.
Qual o preço desse produto após esse acréscimo e desconto? ______________________________________________________

Resolução: ______________________________________________________
VA = 5000 .(1,3) = 6500 e
VD = 6500 .(0,80) = 5200, podemos, para agilizar os cálculos, ______________________________________________________
juntar tudo em uma única equação:
5000 . 1,3 . 0,8 = 5200 ______________________________________________________
Logo o preço do produto após o acréscimo e desconto é de R$
______________________________________________________
5.200,00
______________________________________________________
ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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202
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Técnico do Seguro Social

que o Brasil, apesar de se encontrar como principiante em tal tare-


SEGURIDADE SOCIAL. ORIGEM E EVOLUÇÃO LEGISLA- fa, estaria começando a se preocupar com os infortúnios sociais dos
TIVA NO BRASIL. CONCEITUAÇÃO. ORGANIZAÇÃO E trabalhadores que se encontravam sob sua proteção.
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS Registra-se que sob a suprema égide da Constituição de 1.891,
foi editada a Lei Eloy Chaves por meio do Decreto-Legislativo nº.
Origem e Evolução Legislativa no Brasil 4.682, de 24/01/1923, que criou importantes caixas de aposenta-
De antemão, ressalta-se que o direito à proteção social do ser dorias e pensões para os trabalhadores ferroviários que concediam
humano advinda do Estado, possui sua origem relacionada ao de- aos empregados a aposentadoria por invalidez, a validez da pensão
senvolvimento da sua estrutura, bem como acerca da discussão his- por morte e, ainda, a aposentadoria ordinária. Entretanto, o Estado
tórica sobre quais deveriam ser as suas funções. não custeava e nem tampouco administrava essas caixas, uma vez
Na seara histórica, ressalta-se que a seguridade social teve iní- que eram as empresas que administravam e os trabalhadores que
cio na Inglaterra no ano de 1.601, com a denominada Poor Law, contribuíam.
que significava a “Lei dos Pobres”, ou seja, tratava-se de uma lei No decorrer do tempo, outras empresas passaram a criar suas
que buscava amparar de forma contundente aos menos favoreci- próprias caixas de aposentadoria, fato que definiu e marcou a déca-
dos. Naquele período, a Inglaterra passava por uma grande trans- da de 20 pela criação de caixas de aposentadoria e pensão, mesmo
formação na sociedade, uma vez que ela se encontrava em plena sem a intervenção do Estado, situação por intermeio da qual, as
revolução industrial, por meio da qual os trabalhadores migravam caixas continuaram sendo administradas pelas empresas.
da zona rural, vindo a habitar nas cidades com o fito de trabalhar Pondera-se que a Lei Eloy Chaves, embora não seja considera-
nas indústrias. Tendo em vista que as condições de trabalho des- da o primeiro diploma legal em vigor sobre o assunto securitário,
ses trabalhadores não eram boas, muitos se tornavam incapazes e uma vez que já existia o Decreto-Legislativo nº 3.724/19, dispon-
inválidos para o trabalho, ficando à mercê da própria sorte em de- do a respeito do seguro obrigatório de acidentes do trabalho com
corrência do desamparo total do Estado, fatos que acarretava-lhes vínculo ao Ministério do Trabalho, em razão do desenvolvimento
a ausência de condições para prover o próprio sustento, bem como ulterior da previdência, bem como da estrutura interna da Lei Eloy
de suas famílias, e, fez com que muitos passassem a ter óbito pre- Chaves, esta Lei ficou conhecida como o marco inicial da Previdên-
maturo, vindo os seus dependentes também a ficar sem qualquer cia Social no Brasil.
recurso para sobreviver. Desde o período do Império, no Brasil, já se encontravam em
Em virtude da intensa pressão social, no ano de 1.601, a Ingla- vigor alguns mecanismos de propensão previdenciária. No entan-
terra editou a Poor Law, ou, “Lei dos Pobres”, legislação eivada de to, registra-se que apenas a partir de 1923, com a aprovação da
normas e direitos que possuíam como objetivo, fornecer, de modo Lei Eloy Chaves por meio do Decreto Legislativo nº 4.682, de 24 de
geral, um seguro ao trabalhador, momento histórico por meio do janeiro de 1923, o Brasil passou a obter um marco jurídico compe-
qual, a doutrina considera que iniciou-se a criação da Seguridade tente para a aplicação e a atuação do Sistema Previdenciário, que
Social, nascendo com ela, os indícios primordiais de preocupação à época se compunha das Caixas de Aposentadorias e Pensões, as
do Estado para com o trabalhador. Naquele período, a maior e mais chamadas CAPs.
marcante preocupação era com os trabalhadores, bem como com Importante: A Lei Eloy Chaves tratava de forma exclusiva e es-
os infortúnios sociais que estes sofriam. pecífica das CAPs das empresas ferroviárias. Isso ocorria pelo fato
Ressalta-se que no Estado contemporâneo, a maior função da de seus sindicatos serem eivados de maior organização, além de
Previdência Social era a de dar amparo e apoio ao trabalhador em possuírem maior poder de pressão política. As CAPs possuíam como
situações de infortúnios sociais, como por exemplo, a incapacidade objetivo inicial, o apoio aos trabalhadores ferroviários durante o pe-
laborativa, a idade avançada, bem como a ocorrência de óbito ou ríodo de inatividade (INSS 2.017).
morte, deixando pensão para a sobrevivência de seus dependentes.
A doutrina majoritária afirma que a Inglaterra e a Alemanha Extremamente marcada pela criação dos IAPs (Instituto de
são os países pioneiros da Previdência Social, posto que por inter- Aposentadoria e Pensão), ressalta-se que na década de 30, estas
médio de Otto Von Bismarck, foi criado um seguro de assistência classes atendiam categorias de trabalhadores, como por exemplo,
social. o IAP dos marítimos por meio do Decreto nº 22.872 de 29.06.1933
Em relação ao Brasil, no ano de 1.824, a Primeira Constituição (IAPM). Assim sendo, os IAPs permaneceram no cenário nacional
do Império, buscou tratar desse assunto por meio dos denomina- até a metade da década de 50.
dos “Socorros Públicos”, por intermédio dos quais, o Sistema Estatal Destaque-se com grande importância, o fato da Constituição
ainda não se comprometia e nem se preocupava com o trabalhador de 1934 ter sido a primeira a estabelecer a forma tríplice da fonte
de forma eficaz e contundente, embora mencionasse em seu texto de custeio do Sistema Previdenciária àquele período com contribui-
alguma espécie de proteção. ções do Estado, do empregador e do empregado.
Já em 1.891, a Constituição da República trouxe em seu bojo a
inovação da possibilidade da concessão da aposentadoria por inva-
lidez aos servidores públicos como um todo, fato que demonstrava

203
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Em síntese temos: período. Entretanto, a Carta Magna passou por algumas reformas
que mudaram os detalhes do seu funcionamento. É o que veremos
no deslindar desse estudo.
Em evolução histórica, na data de 27 de junho de 1.990 foi cria-
do o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, durante a gestão do
presidente Fernando Collor de Melo, por intermédio do Decreto n°
99.350, isso, a partir da incorporação do Instituto de Administração
Financeira da Previdência e Assistência Social – IAPAS com o Insti-
Importante: No Brasil, a Constituição de 1.946 foi a primeira tuto Nacional de Previdência Social – INPS, como autarquia dotada
Carta Magna a valer-se do uso da expressão “Previdência Social”, de vínculo ao Ministério da Previdência e Assistência Social – MPAS.
que veio em substituição à expressão “Seguridade Social”. (INSS, 2017).
Ainda na vigência do governo Collor de Melo, em 1991, ocorreu
Reproduzida e aprovada no ano de 1.960, a Lei nº 3.807/1.960 a primeira mudança no INSS. Trata-se de medida com a previsão de
unificou toda a legislação securitária e por esse motivo acabou sen- que os benefícios levassem em conta a correção monetária, uma
do taxada e reconhecida como a Lei Orgânica da Previdência Social vez que naquele momento, a economia brasileira sofria com a in-
(LOPS). flação. Em 1.998, com a vigência do governo Fernando Henrique,
Três anos após, em 1.963, criou-se o Fundo de Assistência e ocorreram maiores mudanças, posto que foi a partir daquele mo-
Previdência do Trabalhador Rural, o denominado FUNRURAL com mento que não seria mais considerado o tempo de serviço do tra-
suas normas estabelecidas e determinadas pelo diploma legal da balhador, mas, sim, o de contribuição para o INSS que foi definido
Lei nº 4.214/1.963. como 30 anos para mulheres e 35 para homens. Ademais, a reforma
Já em 1.966, os já retro mencionados Institutos de Aposenta- também criou a implantação do fator previdenciário, cálculo que
dorias e Pensões (IAPs), por intermédio do Decreto-Lei nº 72/1.966, seria usado para definir o valor do benefício recebido após a apo-
foram declarados unificados ao Instituto Nacional da Previdência sentadoria do trabalhador.
Social (INPS). Em 2.003, com o governo Lula, as mudanças tiveram como foco
Criada no ano de 1.967, a Lei nº 5.316, passou a integrar de o funcionalismo público. Assim, a reforma criou um teto para os
forma contundente o seguro de acidentes de trabalho à previdência servidores federais e passou a instituir a cobrança da contribuição
social, vindo, desta forma, fazer com que desaparecesse este segu- para pensionistas e inativos, bem como também, alterou o valor do
ro como ramo à parte. benefício para estes servidores.
Em evolução histórica, partindo para a década de 1.970, a co- Ocorre que em meados do ano de 2.010, houve uma crescente
bertura previdenciária sofreu grande expansão com a concentração preocupação com a necessidade preeminente de uma Reforma da
de recursos no Governo Federal, principalmente em razão da apro- Previdência Brasileira. Isso ocorreu pelo fato de haver crise na segu-
vação das seguintes medidas: ridade social, tendo naquele momento como argumento principal,
1. No ano de 1.972, a inclusão dos empregados domésticos; a razão de não existirem mais recursos totalmente suficientes para
2. No ano de 1.973, houve a regulamentação da inscrição de sustentar as despesas futuras, caso não houvessem significativas
autônomos em regime de compulsoriedade; regras de aposentadoria e pensão.
3. No ano de 1.974, ocorreu a instituição do amparo previden- Na gestão da Presidente Dilma Rousseff, em 2015, o congresso
ciário aos maiores de 70 anos de idade, bem como aos inválidos aprovou uma mudança que buscava alterar a idade de acesso à apo-
não-segurados, (idade que posteriormente foi significativamente sentadoria integral. Isso fez com que a denominada “regra de pon-
alterada); tos”, conhecida como 85/95, que levava em consideração a soma da
4. No ano de 1.976, ocorreu a extensão dos benefícios de pre- idade acoplada ao tempo de contribuição. Desta forma, para as mu-
vidência e assistência social destinada aos empregadores rurais e lheres, esta soma deveria resultar em 85 anos, e, para os homens,
aos seus dependentes. em 95 anos de idade, para que os trabalhadores passassem a ter o
Explicita-se que na década de 1.970, ocorreram importantes direito de receber o benefício integral como um todo.
inovações na legislação previdenciária brasileira que foram legal- Entre os anos de 2.016 e 2.018, sob a gestão do Governo Te-
mente disciplinadas por diversos diplomas legais, fato que fez surgir mer, prevaleceu a tentativa de aprovação de uma reforma da Pre-
a necessidade de unificação que ocorreu com a CLPS (Consolidação vidência mais radical. Entretanto, a conjuntura nacional colocou
das Leis da Previdência Social), no período de 24/01/1976 através inúmeras dificuldades à tramitação da proposta na Câmara dos De-
do Decreto nº 77.077/1.976, vindo a ser criado no ano posterior, o putados, motivo pelo qual, em 2.019, o governo do Presidente Jair
Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS). Bolsonaro decidiu ter como prioridade, levar adiante a Reforma da
Com o advento histórico da criação e aprovação da Constitui- Previdência no país.
ção Federal Brasileira de 1.988, foi criado o conceito de “Segurida- Aprovada na data de 23 de outubro de 2.019 pela Câmara dos
de Social”. A seguridade social se encontrava composta pelas áreas Deputados e pelo Senado Federal, de forma separada, aprovada
da Saúde, Assistência e Previdência Social. Assim sendo, é nesse em dois turnos de votação em cada Casa, a Emenda Constitucio-
contexto de importante momento que se estabelece a previdência nal número 103, conhecida como Nova Previdência, trouxe consigo
como conhecemos atualmente, que mantém sua compleição de ar- inúmeras e significativas modificações ao Sistema Previdenciário
recadação entre empregadores e empregados, porém, sempre de- Brasileiro. Vejamos a respeito desta importante Emenda e suas ino-
legando ao Estado o papel de organizar e distribuir os recursos de vações:
acordo com a legislação vigente como um todo.
Devido ao fato de incluir pontos importantes para a garantia da A Emenda Constitucional 103, de 2019
proteção social, a Previdência descrita na Constituição Federal Bra-
sileira de 1.988 se destaca por ter conseguido incluir importantes Breve histórico
pontos para a garantia da proteção social, além de ser vista como Tramitando no Congresso Nacional no ano de 2.019, a PEC nº.
uma ação eivada de progresso quando comparada às medidas de 6/2019, alterou novamente e de forma significativa tanto o RGPS
liberalização que vinham sendo tomadas em outros países nesse (Regime Geral de Previdência Social), quanto o RPPS (Regime Pró-

204
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
prio de Previdência Social) da União. Pondera-se que os regimes — Sobre o período básico de cálculo (PBC): Nos trâmites do
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não foram tão afe- art. 26 da Reforma, para o cálculo dos benefícios, será utilizada a
tados, uma vez que foram criados tratamentos diferenciados para média aritmética de forma simples dos salários de contribuição e
servidores federais, quando comparados com os demais ocupantes das remunerações adotadas como base para contribuições ao RPPS
de cargos efetivos dos outros entes Federativos. e ao RGPS, correspondentes a 100% (cem por cento) do período
Por meio da mencionada PEC, pode-se destacar com ênfase, contributivo, desde a competência de julho de 1.994, ou, ainda,
a criação de idade mínima para as aposentadorias voluntárias do desde o início da contribuição, caso seja posterior a julho de 1.994,
RGPS, inclusive a aposentadoria “especial”; a alteração do crité- até a última contribuição efetuada.
rio de carência para novos filiados ao RGPS do sexo masculino, de
15 para 20 anos; a mudança na apuração do salário de benefício, Importante: Antes da Reforma, utilizava-se a média dos 80%
que passa a ser igual à média de todos os salários de contribuição maiores salários de contribuição desde 1994, e, eram dispensados
desde julho de 1994; o critério de cálculo da renda mensal inicial os outros 20% menores.
das aposentadorias, inclusive a por invalidez, salvo a acidentária;
a alteração no direito à pensão por morte, auxílio-reclusão e sa- — Da pensão por morte: Foram feitas alterações estabelecen-
lário-família; a previsão de aposentadoria de empregados públicos do-se percentuais de cota familiar para o recebimento da pensão
com cessação do vínculo de emprego, inclusive por atingimento da por morte a partir da entrada em vigor da Emenda 103, resguarda-
idade “compulsória” aplicada a ocupantes de cargos; e regras mais do, desta forma, o direito adquirido aos segurados antes da entra-
restritivas de acumulação de benefícios, especialmente de aposen- da em vigor dos termos determinados pelo art. 24, §4º da Emenda
tadoria e pensão, entre outras regras incluídas. Constitucional 103/2019. Assim, a partir da reforma, a pensionista
Registra-se que a Reforma da Previdência Social, por meio da irá receber somente 50% do valor da aposentadoria recebida pelo
Emenda Constitucional 103/2.019 trouxe diversas mudanças relati- segurado ou servidor, ou, ainda, daquela a que teria direito, caso
vas à concessão dos benefícios, no tempo de contribuição, no perío- fosse aposentado por incapacidade permanente, que era a antiga
do básico de cálculo (PBC), nas alíquotas de contribuição, na pensão aposentadoria por invalidez na data do óbito, com o acréscimo de
por morte , na idade mínima mesmo para aqueles que adquirissem 10% por dependente, até o máximo de 100%.
o direito à aposentar-se por tempo de contribuição, dentre outras Importante: Antes da Reforma, a Lei 13.135/2.015 havia esta-
significativas alterações, dentre as quais podem-se destacar: belecido dentre seus pré-requisitos, condições diferenciadas aos
cônjuges beneficiários da pensão por morte a partir de 2015. Com
— Sobre a idade mínima para aposentadoria: Com a aprova- isso, a partir desta data, o cônjuge beneficiário terá direito a um
ção da Emenda Constitucional 103/2019 da Reforma da Previdên- período de forma parcial para o recebimento da pensão, isso, de-
cia, que alterou de forma significativa o art. 201, § 7º da CFB, a apo- pendendo do tempo de contribuição do segurado que faleceu, do
sentadoria por idade aos segurados do Regime Geral da Previdência tempo de casamento ou do tempo de convivência conjugal, bem
Social (RGPS), será devida ao segurado ao cumprir o tempo de ca- como da idade do beneficiário.
rência, quando este completar: 65 anos de idade, se homem; e 62
anos de idade, se mulher. — Dos professores: Nos trâmites do art. 19, §1º, II da Emenda
Constitucional 103/2019, a carência para a aposentadoria por idade
Importante: Os servidores públicos que se encontrem segura- para o professor que comprove 25 anos de exclusiva contribuição
dos pertencentes ao Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), em efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil
via de regra, também se aposentarão com a mesma idade dos ser- e no ensino fundamental e médio será de 57 anos de idade, se mu-
vidores do RGPS. lher; e 60 anos de idade, se homem.

— Quanto ao tempo de Contribuição: Com a promulgação da Importante: Em relação aos professores servidores, além da
EC 103/2019, o tempo mínimo de contribuição para requerer a apo- idade exigida acima, estes terão que ter 10 anos de efetivo exercício
sentadoria por idade, passou a ser de 15 anos para mulheres e 20 de serviço público, acrescidos de 5 anos no cargo efetivo em que for
anos para homens, desde que tenham começado a contribuir para concedida a aposentadoria para ambos os sexos.
a Previdência Social após a promulgação da Emenda Constitucional
103/2.019. — Sobre as alíquotas de contribuição: Dispõe, em suma, a
nova Portaria nº 477, de 12 de janeiro de 2.021 da SECRETARIA
Importante: Antes da Reforma, o tempo mínimo de contribui- ESPECIAL DE PREVIDÊNCIA E TRABALHO, (SEPRT): a) os benefícios
ção tanto para a mulher quanto para o homem, era de 15 anos. En- pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS serão reajus-
tretanto, para os homens que já estão no mercado antes da emen- tados, a partir de 1º de janeiro de 2021, em 5,45% (cinco inteiros
da começar a vigorar, o tempo de contribuição permanece sendo e quarenta e cinco décimos por cento); partir de 1º de janeiro de
de 15 anos 2021, o salário de benefício e o salário de contribuição não poderão
ser inferiores a R$ 1.100,00 (um mil e cem reais), nem superiores a
— Sobre o valor do salário-de-benefício: Nos trâmites do art. R$ 6.433,57 (seis mil quatrocentos e trinta e três reais e cinquenta
26, § 2º da Reforma da Previdência (RPREV), o valor do benefício de e sete centavos); b) os valores dos benefícios concedidos ao pesca-
aposentadoria corresponderá a: 60% da média aritmética corres- dor, ao mestre de rede e ao patrão de pesca com as vantagens da
pondentes a 100% (cem por cento) do período contributivo desde Lei 1.756/1952, deverão corresponder, respectivamente, a 1 (uma),
a competência julho de 1994 em diante; e acréscimo de 2 pontos 2 (duas) e 3 (três) vezes o valor de R$ 1.100,00 (um mil e cem reais),
percentuais para cada ano de contribuição que exceder o tempo acrescidos de 20% (vinte por cento); c) o valor da cota do salário-fa-
de 20 anos de contribuição, se homem; e, acréscimo de 2 pontos mília por filho ou equiparado de qualquer condição, até 14 (quator-
percentuais para cada ano de contribuição que exceder o tempo de ze) anos de idade, ou inválido de qualquer idade, a partir de 1º de
15 anos de contribuição, se mulher. janeiro de 2021, é de R$ 51,27 (cinquenta e um reais e vinte e sete
centavos) para o segurado com remuneração mensal não superior
a R$ 1.503,25 (um mil quinhentos e três reais e vinte e cinco cen-

205
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
tavos); d) o auxílio-reclusão, a partir de 1º de janeiro de 2021, será A respeito das regras de transição, a Reforma da Previdência
devido aos dependentes do segurado de baixa renda recolhido à trouxe cinco regras para fins de aposentadoria. Vejamos:
prisão em regime fechado que não receber remuneração da empre- 1) Aposentadoria por Pontos: Conforme o art. 15 da EC
sa e nem estiver em gozo de auxílio por incapacidade temporária, 103/2.019, ao segurado filiado ao RGPS até a data da entrada em
pensão por morte, salário-maternidade, aposentadoria ou abono vigor da referida emenda, fica assegurado o direito à aposentadoria
de permanência em serviço que, no mês de recolhimento à prisão quando forem preenchidos, de forma concomitante os seguintes
tenha renda igual ou inferior a R$ 1.503,25 (um mil quinhentos e requisitos:
três reais e vinte e cinco centavos), independentemente da quanti-
dade de contratos e de atividades exercidas, observado o valor de • Mulher: 30 anos de contribuição + idade em 2019, de forma
R$ 1.100,00 (um mil e cem reais), a partir de 1º de janeiro de 2021; que a soma totalize 86 pontos;
dentre outros dispositivos contidos na referida Portaria. • Homem: 35 anos de contribuição + idade em 2019, de forma
que a soma totalize 96 pontos;
Fator de reajuste dos benefícios concedidos de acordo com Entretanto, a partir de 1º de janeiro de 2020, a pontuação aci-
as respectivas datas de início, aplicável a partir de janeiro de 2021 ma foi acrescida a cada ano de 1 (um) ponto, até atingir o limite de:
100 pontos, se mulher; 105 pontos, se for homem.
DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO REAJUSTE (%)
Até janeiro de 2020 5,45 2) Idade Mínima + Tempo de Contribuição: Nos trâmites do
Em fevereiro de 2020 5,25 art. 16 da EC 103/2019, ao segurado filiado ao RGPS até a data da
Em março de 2020 5,07 entrada em vigor da referida emenda, estaria assegurado o direito
Em abril de 2020 4,88 à aposentadoria quando se preenchesse, de forma cumulativa, os
Em maio de 2020 5,12 seguintes requisitos:
Em junho de 2020 5,39 • Mulher: 30 anos de contribuição e 56 anos idade em 2019;
Em julho de 2020 5,07 • Homem: 35 anos de contribuição e 61 anos idade em 2019.
Em agosto de 2020 4,61 Entretanto, a retro mencionada regra de transição, estabeleceu
Em setembro de 2020 4,23 que a partir de 1º de janeiro de 2020, passaria a valer a aplicação
Em outubro de 2020 3,34 de uma tabela progressiva de aumento de idade, mas, sempre man-
Em novembro de 2020 2,42 tendo o tempo mínimo de contribuição e acrescentando 6 (seis)
Em dezembro de 2020 1,46 meses a cada ano.
1

3) Tempo de Contribuição com Pedágio de 50%: Criada para


Tabela de contribuição dos segurados empregado, emprega-
atender aos segurados que com menos de 2 anos, estavam prestes
do doméstico e trabalhador avulso, para pagamento de remune-
a se aposentar por tempo de contribuição, pelas regras anteriores
ração a partir de 1º de Janeiro de 2021
à reforma. Da mesma forma como as outras, esta regra só pode
ser aplicada aos segurados que já se encontram filiados na data da
ALÍQUOTA PROGRESSIVA Reforma.
SALÁRIO-DE-
PARA FINS DE Nos parâmetros do art. 17 da Emenda Constitucional 103/2019,
CONTRIBUIÇÃO (R$)
RECOLHIMENTO AO INSS ao segurado que se encontre filiado ao RGPS até a data da entrada
até 1.100,00 7,5% em vigor da Emenda Constitucional 103/2019, fica assegurado o
de 1.100,01 até 2.203,48 9% direito à aposentadoria por tempo de contribuição quando preen-
de 2.203,49 até 3.305,22 12 % cher, de forma concomitante, os seguintes requisitos:
de 3.305,23 até 6.433,57 14% • Mulher: 28 anos de contribuição, ou seja, faltando 2 anos
2
para completar 30 anos;
Importante: As alíquotas devidas pelo segurado empregado,
• Homem: 33 anos de contribuição, ou seja, faltando 2 anos
inclusive o doméstico, e pelo trabalhador avulso, serão de: até 1
para completar 35 anos.
salário-mínimo = 7,5%; acima de 1 salário-mínimo até R$ 2.000,00
= 9%; de R$ 2.000,01 até R$ 3.000,00 = 12%; e de R$ 3.000,01 até o
Importante: Tendo em vista que a ambos os segurados faltam
limite do salário de contribuição= 14%.
somente 2 anos para completar o período mínimo que falta para o
tempo de contribuição, ambos terão que contribuir os 2 anos que
— Sobre as regras de transição: Possuem como finalidade, o
ainda faltam, acrescidos de mais 50% (pedágio) deste período. Ve-
estabelecimento de um período de adaptação ao segurado que ain-
jamos:
da não possuía o direito adquirido de se aposentar antes da Refor-
• Mulher: 3 anos de contribuição (2 anos que faltam + 50% =
ma da Previdência, mas que se encontrava em posição de expecta-
3 anos);
tiva do alcance desse direito num curto espaço de tempo.
• Homem: 3 anos de contribuição (2 anos que faltam + 50% =
3 anos).

4) Do tempo de contribuição com pedágio de 100%: Da mes-


ma forma que na terceira regra, (pedágio de 50%), nesse pedágio,
o pagamento do mesmo consiste basicamente na obrigação do se-
gurado em contribuir mais 100% do número de meses que faltava
para se aposentar, isso sem levar em consideração, a idade do se-
gurado.
1 https://receita.economia.gov.br/acesso-rapido/tributos/contribuicoes-previ-
Nos ditames do art. 20 da EC 103/2019, ao segurado ou servi-
denciarias-pj
dor público filiado ao RGPS, ou ingressado no serviço público em
2 https://receita.economia.gov.br/acesso-rapido/tributos/contribuicoes-previ-
cargo efetivo, até a data da entrada em vigor da Emenda Consti-
denciarias-pj

206
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
tucional 103/2019, fica assegurado o direito à aposentar-se por los demais assegurados da Previdência Social, não vindo a incidir
tempo de contribuição quando preencher, de maneira cumulada, contribuição sobre a aposentadoria e à pensão concedidas pelo Re-
os seguintes requisitos: gime Geral de Previdência Social que dispõe o art. 201 da CF/1.988.
• Mulher: 57 anos de idade e 30 anos de contribuição; Vejamos:
• Homem: 60 anos de idade e 35 anos de contribuição; Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de
• Servidores: 20 anos de efetivo exercício no serviço público e 5 regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, ob-
anos de cargos efetivo em que se der a aposentadoria; servados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial,
• Pedágio de 100% ao período adicional de contribuição corres- e atenderá, nos termos da lei, a:
pondente a 100% do tempo que falta para se aposentar na data da I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade
entrada em vigor da EC/2.019. avançada;
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
5) Aposentadoria por idade com 15 Anos de contribuição: III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego invo-
Pondera-se que antes da Reforma esta regra já era existente, en- luntário;
tretanto, houve alteração em relação à idade mínima estabelecida IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos
para mulher (62 anos), vindo a manter a idade mínima para o ho- segurados de baixa renda;
mem (65 anos). V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao côn-
De acordo com o determinado no art. 18 da EC 103/2019, ao juge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º.
segurado filiado ao RGPS até a data da entrada em vigor da referida Machado, conceitua de forma doutrinária, a seguridade social
emenda, fica assegurado por lei, o direito à aposentadoria quando ou segurança social como sendo um conjunto de políticas sociais
preencher, de forma cumulativa, os requisitos a seguir: cujo fim é amparar e assistir ao cidadão e à sua família em situações
• Mulher: 60 anos de idade e 15 anos de contribuição; como a velhice, a doença e o desemprego, e cujo princípio funda-
• Homem: 65 anos de idade e 15 anos de contribuição. mental é a solidariedade (MACHADO, 2019).
Por fim, cabe registrar que recentemente, por intermédio da
Importante: Frise-se que esta regra de transição estabelece de Medida Provisória nº. 870/2.019, depois de 56 anos de existência,
forma clara que, a partir de 1º de janeiro de 2020, seria aplicada o Ministério da Previdência Social deixou de existir no país, sendo
uma tabela progressiva de aumento de idade somente para as mu- que as suas funções foram delegadas ao Ministério da Economia,
lheres, sendo acrescentado 6 meses a cada ano, até que venham a conforme determina o art. 31 em seus incisos X e XI do referido
atingir 62 anos de idade. diploma legal.

Conceituação Organização e Princípios Constitucionais


Nos parâmetros legais, a definição de Seguridade Social forne-
cida pela Constituição Federal Brasileira de 1.998 em seu art. 194, Organização
é a seguinte: No sentido de organização, a Seguridade Social engloba um
Art. 194 - A seguridade social compreende um conjunto inte- conceito amplo e com abrangência universal, destinado a todos
grado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, aqueles que dela venham a precisar, desde que haja previsão legal
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência a respeito de evento especifico a ser coberto. A seguridade social
e à assistência social. é o gênero por meio do qual são considerados como espécies: a
A Carta Magna também adverte no mesmo diploma legal, em Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde.
seu parágrafo único: De forma sucinta, entende-se que a Previdência Social vai
Parágrafo único. Compete ao poder público, nos termos da lei, abranger, em suma, a cobertura de riscos decorrentes de morte,
organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: doença, velhice, invalidez, desemprego e proteção à maternidade,
I - universalidade da cobertura e do atendimento; mediante contribuição pecuniária com a concessão de pensões e
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às po- aposentadorias, dentre outros fatores pertinentes à matéria em
pulações urbanas e rurais; questão.
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios Denota-se que a Assistência Social se encontra encarregada de
e serviços; atender aos hipossuficientes, vindo, desta forma, a destinar benefí-
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; cios para pessoas que nunca contribuíram para o sistema previden-
V - eqüidade na forma de participação no custeio; ciário, como no caso da renda mensal vitalícia, por exemplo.
VI - diversidade da base de financiamento; Em relação à saúde, verifica-se que esta pretende ofertar uma
VII - caráter democrático e descentralizado da gestão adminis- política social e econômica com destino à redução de riscos de do-
trativa, com a participação da comunidade, em especial de traba- ença e outros infortúnios, vindo a proporcionar ações e serviços
lhadores, empresários e aposentados. próprios para que haja a proteção e a recuperação do cidadão que
Percebe-se, que determinou ainda a Constituição Federal, que esteja necessitando.
a seguridade deverá ser financiada por toda a sociedade, tanto de Registra-se, como marco histórico no Brasil, que as mudanças
maneira direta como indireta, nos parâmetros da lei, mediante re- na estrutura administrativa realizadas por meio do governo do Pre-
cursos advindos dos orçamentos da União, dos Estados, do Distri- sidente Michel Temer, em 2016 a Previdência Social veio a perder o
to Federal e dos Municípios, bem como das contribuições sociais status de Ministério. Por esta razão, nos termos do disposto na Lei
pagas pelo empregador, pela empresa e, ainda, da entidade a ela n. 13.341/2;016 e alterações posteriores, o INSS passou a integrar
comparada na forma da lei, sendo incidentes sobre a folha de pa- o Ministério do Desenvolvimento Social. Criou-se ainda uma Secre-
gamentos de salários e de outros rendimentos do trabalho pagos taria de Previdência vinculada ao até então denominado Ministério
ou creditados a qualquer título relativo à pessoa física que venha da Fazenda com a incumbência de promover uma reforma signifi-
a lhe prestar serviços, mesmo que não exista vínculo empregatício. cativa nas regras de concessão de benefícios do RGPS e também
Acrescenta-se também a esse mencionado rol acima, a receita ou o dos RPPS. Contemporaneamente, existe uma Secretaria Especial
faturamento, o lucro percebido tanto pelo trabalhador quanto pe- de Previdência e Trabalho, que integra o Ministério da Economia,

207
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Ministério este, que veio a ser o responsável pelas atribuições que Os princípios constitucionais da Seguridade Social se en-
antes eram delegadas ao extinto Ministério da Previdência Social contram dispostos no já estudado parágrafo único do art. 194 da
no Brasil. CFB/1.988. Vejamos:
Registra-se, ainda, que o INSS, autarquia que atualmente se en- Art. 194. [...] Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos
contra vinculada ao Ministério da Economia, por meio do Decreto termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes
n.º 9.746, de 08.04.2019, é organizado de acordo com a seguinte objetivos:
estrutura: I – universalidade da cobertura e do atendimento;
I – órgãos de assistência direta e imediata ao Presidente do Ins- II – uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às po-
tituto Nacional do Seguro Social: pulações urbanas e rurais;
a) Gabinete; III – seletividade e distributividade na prestação dos benefícios
b) Assessoria de Comunicação Social; e e serviços;
c) Coordenação-Geral de Projetos Estratégicos e Inovação; IV – irredutibilidade do valor dos benefícios;
II – órgãos seccionais: V – eqüidade na forma de participação no custeio;
a) Procuradoria Federal Especializada; VI – diversidade da base de financiamento, identificando-se,
b) Auditoria-Geral; em rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as
c) Corregedoria-Geral; despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência so-
d) Diretoria de Gestão de Pessoas e Administração; cial, preservado o caráter contributivo da previdência social;
e) Diretoria de Tecnologia da Informação e Inovação; e VII – caráter democrático e descentralizado da administração,
f) Diretoria de Integridade, Governança e Gerenciamento de mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhado-
Riscos; res, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos
III – órgãos específicos singulares: colegiados.
a) Diretoria de Benefícios; e Antes de adentrarmos aos princípios, vale à pena registrar de
b) Diretoria de Atendimento; e forma sucinta a existência do princípio da Solidariedade, que embo-
IV – unidades descentralizadas: Superintendências Regionais. ra não se encontre no rol do art. 194 da CFB/1.998, é tema bastante
Por fim, no que condiz à organização da Seguridade Social, a Lei cobrado em provas de concurso e áreas afins.
dispõe da seguinte forma:
1) Sistema Nacional de Seguridade Social Princípio da Solidariedade
2) Instituto Nacional do Seguro Social – INSS A solidariedade é um princípio que a doutrina previdenciária
3) Gestão descentralizada reconhece como uma espécie de “princípio geral”, ou, comum a
4) Conselho Nacional de Previdência – CNP todos. Além disso, a solidariedade constitui-se em um objetivo fun-
5) Conselhos de Previdência Social – CPS damental da República Federativa do Brasil que marca presença no
6) Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS art. 3º, I da CFB/1.998. Vejamos:
7) Conselho Nacional de Previdência Complementar – CNPC Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fede-
8) Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS rativa do Brasil:
9) Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
Ante o estudado, passemos, pois, à uma importante e essen- Na seara da seguridade social, a solidariedade está implícita no
cial análise de cada um dos princípios constitucionais da Seguridade teor do caput do art. 195 da CFB/1.998. Analisemos:
Social. Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a socie-
dade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recur-
Princípios Constitucionais sos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
O jurista Miguel Reale, em sua doutrina “Lições Preliminares de Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
Direito”, trabalha essa classe sob o ponto de ótica lógico, na forma I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada
de enunciados admitidos como condição ou como base de validade na forma da lei, incidentes sobre:
das demais asseverações que fazem parte da composição dada ao a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos
campo do saber. Desta forma, entende-se que as regras ordinárias, ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste ser-
portanto, devem se encontrar dotadas destes princípios, sob pena viço, mesmo sem vínculo empregatício;
de acabarem se tornando letra sem valor legal e, ainda, de serem b) a receita ou o faturamento;
excluídas do ordenamento jurídico. Assim, como exemplo, pode-se c) o lucro;
citar a fixação de uma norma legal que possua o condão de isentar II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência so-
todos os trabalhadores da obrigação legal que estes possuem de cial, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão con-
contribuir para a Seguridade Social, uma vez que tal norma não fa- cedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art.
ria sentido algum, posto que se existe um princípio determinador 201;
da diversidade da base de financiamento legal, e outro, que, por sua III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
vez, impõe a lisura no custeio da Seguridade Social. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem
De forma geral, boa parte da doutrina entende que os prin- a lei a ele equiparar.
cípios não deixam de ser normas jurídicas. Autores como Robert
Alexy e Daniel Machado da Rocha, afirmam que as normas jurídicas
são subdivididas em princípios e regras, posto que a diferença entre
estas duas espécies, aduz-se na ideia de que os princípios são for-
mas de mandados de otimização, ao passo que as regras, por sua
vez, são imposições feitas de forma definitiva, vindo a se basear nos
princípios guiadores do sistema, vindo, por esse motivo, os princí-
pios a serem elevados à espécie e categoria de normas bem mais
relevantes do ordenamento jurídico.

208
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Para um melhor entendimento, vejamos o esquema represen- da aposentadoria e, quanto mais alto for o valor das contribuições
tativo: do segurado, maior será a sua aposentadoria, dentre outros fatores
coerentes a serem avaliados em cada caso específico.
PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE
Seletividade e Distributividade na Prestação dos Benefícios e
Art.3º, CFB/1.988>>> Art. 195, CFB/1.988>>> Serviços
Constituem objetivos A seguridade social será fi- Por meio desse princípio, entende-se de forma explícita que
fundamentais da República nanciada por toda a sociedade. nem todos os cidadãos terão direito a todos os benefícios e serviços
Federativa do Brasil: Construir >>>União; Estados e o DF; oferecidos pela seguridade social. Porém, todos terão direito a pelo
uma sociedade justa, livre e Municípios. menos um benefício ou serviço advindo da seguridade social.
solidária. Por intermédio desse princípio, depreende-se que o legislador
deverá estar apto a identificar os riscos e eventualidades geradores
Regista-se que o conceito de financiamento por intermédio de de maior necessidade de proteção da seguridade social, bem como
toda a sociedade, é bastante amplo. Assim sendo, podemos citar trabalhar no estabelecimento de critérios de forma objetiva para
como exemplo clássico: as empresas de modo geral quando con- alcançar e contemplar as camadas sociais que mais necessitarem da
tribuem por intermédio da cota patronal e demais contribuições proteção e auxílio do Estado.
pertinentes. Em relação à distributividade, explica-se que ela se encontra
Conceituada como característica importante de um sistema diretamente relacionada à distribuição de renda, tendo em vista
previdenciário de repartição, como o do Brasil, denota-se que a so- que a atuação do sistema de proteção deve ser distribuída da ma-
lidariedade faz com que sejam ativados os benefícios da geração neira mais ampla possível, além de ser direcionada e levada para as
anterior, posto que quando vierem a se aposentar, terão assegura- pessoas dotadas com maior necessidade, nos trâmites da previsão
dos o direito de ver seus benefícios serem custeados pelas contri- legal vigente, por se tratar de instrumento de justiça social e direito
buições feitas anteriormente pelos mais jovens, vindo, desta forma, de todos os que do auxílio do Estado necessitarem.
a se consolidar a relação.
Adentrando ao tema dos princípios expressos no art. 194, pará- Irredutibilidade do valor dos benefícios
grafo único, da Constituição Federal, temos: Esse princípio visa garantir aos assegurados que os benefícios
por estes percebidos não podem ter seu valor diminuído, fazendo
Princípio da universalidade da cobertura e do atendimento referência apenas aos benefícios e não englobando, entretanto, as
Por meio desse princípio, entende-se que a seguridade social prestações e nem mesmo os serviços.
deverá por dispositivo legal, ser organizada de forma que possua Pondera-se que existem duas correntes doutrinárias a respeito
total abrangência de todos os riscos ou infortúnios sociais possí- da imposição do princípio da irredutibilidade da valor dos benefí-
veis, que se traduz na universalidade da cobertura, que, por sua vez, cios. A primeira, afirma que a restrição determinada por esse prin-
deve ser destinada a todos os cidadãos que possuam domicílio no cípio, diz respeito ao valor nominal. Já a segunda corrente, aduz que
território nacional, que trata-se da universalidade do atendimento. o valor real do benefício não pode ser diminuído. Como exemplo,
Denota-se que a existência do princípio da universalidade da pode-se citar o caso específico de um indivíduo que tenha se apo-
cobertura e do atendimento não se compõe de medida plausível sentado com rendimentos iniciais de R$1.580,00 e, mesmo com o
que possa justificar a distribuição de todos os pilares da Seguridade lapso de tempo de 2 anos, ele ainda continua recebendo o mesmo
a todos os cidadãos, porém, todos os que possuem domicílio no valor. Nesse período, tudo teve considerável aumento de preços,
território nacional, possuem direito a alguma das diversas formas além da inflação ter aumentado. Assim sendo, verifica-se que o va-
de proteção da seguridade como um todo. lor nominal do benefício não sofreu redução, tendo permanecido
com o seu valor pecuniário inicial. Entretanto, registre-se de passa-
Uniformidade e Equivalência de Benefícios e Serviços às Po- gem, que é inegável que o valor real com o poder de compra desse
pulações Urbanas e Rurais indivíduo foi amplamente diminuído. Nesse caso, a resposta para
De antemão, afirma-se que esse importante princípio foi criado ser dada a esse impasse, irá depender de forma total da corrente
com o fito de corrigir determinada discriminação histórica, posto doutrinária aplicada, uma vez que poderá ser positiva ou negativa.
que a proteção social dada aos trabalhadores rurais sempre foi, em
partes, inferior à proteção gozada pelos urbanos. Denota-se que Equidade na Forma de Participação no Custeio
bem antes da promulgação da Constituição Federal de 1.988, o tra- Trata-se esse princípio de uma variação previdenciária do prin-
balhador rural já se encontrava sujeito a receber valor inferior ao cípio da capacidade contributiva.
salário mínimo ao se aposentar. A lei Orgânica da Seguridade Social de nº. 8.212/1991, que re-
Consagrado pelo art. 5º da CFB/1.988, o princípio da isonomia, gulamenta o custeio da Seguridade Social, possui em seu bojo, va-
contribuiu para que o legislador julgasse oportuno aplicá-lo tam- riadas e diversas fontes de arrecadação, tais como: as contribuições
bém em relação à seguridade social. Nesse sentido, por isonomia dos empregados, dos empregados domésticos, dos empregadores
e uniformidade compreende-se que o plano de proteção social e também das empresas. Ademais, verifica-se que as contribuições
como um todo, deverá ser o mesmo tanto para os trabalhadores dos empregados são dotadas de diferentes valores pecuniários de
urbanos, quanto para os rurais, tendo esses últimos, os mesmos acordo com a renda de cada um deles sendo fixadas, conforme
direitos previdenciários que os primeiros. No que condiz à questão já visto em 7,5%, 9%, 12% ou 14%; já a contribuição patronal do
de equivalência, afirma-se que esta assegura que os benefícios con- empregador doméstico é de 8%; com referência à contribuição pa-
cedidos às populações urbanas e rurais não sejam necessariamente tronal das empresas sobre a folha de salários, verifica-se que está
equivalentes em valor. Isso ocorre devido à sistemática de cálculo firmada em um percentual de 20%.
que é aplicado para ambas as categorias, posto que quanto maior Desta forma, pelo exposto acima, nota-se a aplicação do princí-
for o tempo de contribuição, automaticamente, maior será o valor pio da capacidade contributiva de maneira contundente, por meio
da qual, quem pode mais, paga mais. Ressalte-se, que força desse
princípio, o legislador deve levar em consideração, além da capa-

209
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
cidade financeira do contribuinte, a atividade laborativa que ele jam a Constituição, as leis complementares, as leis ordinárias, as
exerce no momento de estabelecer as fontes e formas de custeio medidas provisórias, os decretos e atos administrativos (instruções
da seguridade. normativas, resoluções e portarias) concernentes à seguridade so-
cial.
Diversidade da Base de Financiamento
Por meio desse princípio, depreende-se que toda a sociedade é Ressalta-se que o art. 22, inc. XXIII da Constituição Federal Bra-
responsável pelo financiamento da seguridade social. sileira, delega competência privativa à União para que esta possa
O Diploma legal que ampara esse princípio se encontra regis- legislar sobre o sistema securitário. Porém, esse mesmo diploma
trado no art. 195 da Constituição Federal Brasileira de 1.988, e de- legal dá permissão para que lei complementar possa autorizar aos
termina de forma clara que a seguridade social deverá ser financia- Estados, bem como o Distrito Federal a legislar sobre o assunto.
da por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos parâmetros Já no condizente à Previdência Social, a competência legislativa
estabelecidos por lei, mediante recursos advindos dos orçamentos se mostra de forma concorrente. É o que afirma o art. 24, inc. XII, da
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e, ainda CFB/1.988. Vejamos o diploma legal:
de contribuições sociais. Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal le-
Desta forma, entende-se que o financiamento da segurida- gislar concorrentemente sobre:
de social deverá advir de diversas fontes, com o fito de garantir a XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
solvência do sistema, com o objetivo de evitar que as crises que Ressalta-se que a União trata das normas gerais, já os Estados,
ocorrem em determinados setores venha a comprometer de forma o Distrito Federal e os Munícipios podem legislar sobre a matéria,
prejudicial a arrecadação, o que deve ser feito com a participação desde que obedeçam as normas de regras gerais. No concernente
de toda a sociedade, seja de forma direta ou indireta. aos Estados, denota-se que esses entes federativos criaram o seu
Caráter democrático e descentralizado da Administração próprio regime de Previdência com o fito de amparar seus servido-
Edmilson de Almeida Barros Júnior, conceitua esse princípio res detentores de cargos efetivos. Assim sendo, o Estado está legis-
afirmando que “a Seguridade Social tem administração com cará- lando sobre a matéria como um todo. Entretanto, estará o Estado
ter democrático e descentralizado mediante gestão quadripartite, obedecendo ao que está disposto na Constituição Federal de 1.988,
ou seja, com participação nos órgãos colegiados dos trabalhadores, bem como da Lei de Regimes Gerais de Regimes Próprios de Previ-
dos empregadores, dos aposentados e do governo.” dência, Lei nº 9717/1988.
Como exemplo da aplicação desse princípio, pode-se citar o
fato de existirem representantes da União, dos trabalhadores e das Fontes
empresas, formando uma espécie de colegiado nas Juntas de Re- O Direito Previdenciário possui sua base firmada na Consti-
cursos da Previdência Social, que julgam de maneira definitiva as tuição Federal Brasileira de 1.988. No vocábulo do ilustre Miguel
questões previdenciárias na seara administrativa, tanto no custeio, Reale: “Por fonte do direito, designamos os processos ou meios em
quanto na área de benefícios. virtude dos quais as regras jurídicas se positivam com legítima for-
O jurista Fabio Camacho Dell`Amore Torres, subdivide o princí- ça obrigatória, isto é, com vigência e eficácia no contexto de uma
pio do caráter democrático e descentralizado da administração em estrutura normativa”. Assim, entende-se que existe um processo
duas categorias. São elas: de nítida concretização destas fontes, seja ele de cunho legislativo,
a) Caráter democrático da gestão administrativa: Possui como jurisdicional ou social.
foco a aproximação dos cidadãos, quando representados pelos tra- Um dado importante no deslinde do estudo desse tema, en-
balhadores, aposentados e empregadores às organizações e pro- contra-se disposto no art. 193 da CFB/1.988, que dispõe:
cessos de decisão dos quais dependem seus direitos. Como exem- Art. 193 - A ordem social tem como base o primado do trabalho
plo, podemos citar a participação dos trabalhadores, aposentados e como objetivo o bem-estar e a justiça social.
e empregadores no Conselho Nacional da Previdência Social, para Cuida-se o referido artigo, de fonte de lei, bem como de fonte
que estes possam sugerir projetos acerca da Previdência Social. filosófica inspiradora de todo o sistema de proteção social organiza-
b) Caráter descentralizado da gestão administrativa: É tido do pela Constituição Federal Brasileira. Pondera-se que esta fonte
como um conceito de direito administrativo, por meio do qual o inserida no art. 193, é usada de forma significativa como critério de
serviço público descentralizado possui o condão de criar uma pes- interpretação do Direito Previdenciário. Isso significa que as normas
soa jurídica de direito público ou privado, vindo a atribuir a ela a do Direito Previdenciário possuem o dever de subordinar-se a este
titularidade e a execução de determinado serviço público. foco básico, que se compõe no alcance do bem-estar e da justiça
Por fim, vale a pena registrar que esse princípio se encontra social.
dotado de caráter democrático, e, isso, o coloca num patamar que
busca atingir a justiça como um fim social acessível a todos os ci- De modo geral, a doutrina divide e conceitua as fontes do Direi-
dadãos. to Previdenciário como primárias e secundárias. Entende-se como
fontes primárias, aquelas cujo conteúdo é o suficiente para gerar
a regra jurídica, como a Constituição, as Leis ordinárias, leis com-
LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CONTEÚDO, FONTES, plementares, leis delegadas, bem como os demais atos com força
AUTONOMIA. APLICAÇÃO DAS NORMAS PREVIDEN- de lei. Já como fontes secundárias, afirma-se que são aquelas por
CIÁRIAS. VIGÊNCIA, HIERARQUIA, INTERPRETAÇÃO E meio das quais não existe a geração de regra jurídica, porém, estas
INTEGRAÇÃO fontes a interpretam e a aplicam. Exemplos: doutrinas, jurisprudên-
cia, decretos, portarias, instruções normativas e a jurisprudência.
Conceito, fontes, autonomia
Considerando que as fontes do Direito Previdenciário são di-
Conceito versas, de forma sucinta, pode se considerar que esse ramo do di-
Podemos conceituar Legislação Previdenciária como sendo um reito é composto pelas seguintes fontes: a Constituição, as leis e os
acoplado de normas e atos administrativos que se referem ao bom demais atos normativos a pertinentes. Vejamos:
funcionamento do sistema securitário como um todo, onde se alo-

210
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Fontes Primárias: do módulo do tema Seguridade Social, e se encontra em uso na
1) Constituição: Trata-se de fonte primária do Direito Previden- atualidade. Assim sendo, o Direito Previdenciário Brasileiro é consi-
ciário, uma vez que ela é a base de todo o Direito Previdenciário derado autônomo.
no país. Com supedâneo no art. 194 da CFB/1.988, esse dispositivo Mesmo com a Constituição Federal tendo adotado a teoria au-
legal inaugura o Capítulo II da Carta Magna, que dispõe de forma tônoma em seu texto, a autonomia do Direito Previdenciário ain-
explícita sobre a seguridade social no território nacional em suas da não encontrou pacificidade entre os doutrinadores, posto que
três vertentes: a saúde, a previdência social e a assistência social. alguns adotam o entendimento de que o surgimento do Direito
2) Leis: Englobam um rol extenso. Pondera-se que na atuali- Previdenciário ocorreu a partir da segmentação do Direito Admi-
dade, na seara do Direito Previdenciário, além da CFB/1.988, são nistrativo, devido à organização estatal da proteção social. Outros,
fontes primárias do Direito Previdenciário: a Lei complementar nº já consideram o Direito Previdenciário como sendo uma evolução
108/2001, que dispõe sobre os planos de benefícios e entidades de do Direito do Trabalho. Além disso, registra-se que existe, também,
Previdência Complementar; a Lei complementar nº 109/2001, que a linha de doutrinadores que tratam o Direito Previdenciário como
dispõe sobre o regime de Previdência Complementar; a Lei Orgâni- ramo autônomo, desde o seu surgimento, tendo em vista que des-
ca da Seguridade Social (Lei nº 8.212/91), que dispõe sobre a orga- de os tempos antigos, os conceitos e princípios previdenciários são
nização da Seguridade Social; a Lei Orgânica de Benefícios Previden- conhecidos, sendo alguns até de criação anteriores ao próprio Direi-
ciários (Lei nº 8.213/91), que dispõe sobre os planos de benefícios to do Trabalho como um todo.
da Previdência Social; Divergências doutrinárias à parte, o que prevalece, no entanto
é o entendimento de que o Direito Previdenciário Brasileiro é au-
Fontes Secundárias: tônomo com fulcro na teoria dualista que foi inserida no diploma
1) Doutrinas: são o acoplado de estudos elaborados por juris- legal da Constituição Federal de 1.988 em seu art. 201, que separou
tas e demais doutrinadores e aplicadores do Direito, que possuem a o módulo do tema Trabalho do módulo do tema Seguridade Social,
finalidade de classificar, conceituar, fundamentar ou influenciam as e se encontra em uso na atualidade. Desta forma, o Direito Previ-
decisões jurídicas no Ordenamento Jurídico Brasileiro. denciário Brasileiro é considerado autônomo.
2) Decretos: São ordens advindas de autoridades superiores ou
órgãos, que possuem o condão de determinar o cumprimento de Aplicação das normas previdenciárias
uma ou mais resoluções.
3) Costumes: Tratam-se de atos reiterados da sociedade. Pon- Vigência
dera-se que a ocorrência de um ato social que passa a ser usado de Considera-se vigência, o período contado a partir do momento
forma constante e uniforme, mesmo que não se encontre descrito em que a norma entra em vigor, até o momento em que esta norma
de maneira formal nos diplomas legais, poderá influenciar de forma passa pelo processo de revogação, ou, ainda, em que se acaba o
contundente a elaboração de normas jurídicas. prazo prescrito para sua duração.
4) Portarias: São documentos de ato administrativo advindos O art. 1º da Lei de Introdução às normas do Direito Brasilei-
de autoridades públicas, que se encontram dotados de instruções a ro, LINDB, Decreto-Lei nº. 4.657/42, aduz que uma lei começa a ter
respeito da aplicação e vigência de leis ou regulamentos, bem como vigência em todo o país 45 dias depois de publicada, salvo se a lei
de recomendações de ordem geral, normas de execução de serviço, dispuser de outro modo.
ou, ainda qualquer outra determinação que seja da sua competên- Considera-se vacatio legis, o período compreendido entre a
cia. data da publicação da lei até sua entrada em vigor. Ressalta-se que
5) Instruções normativas: São documentos de organização durante o vacatio legis, a norma já se encontra eivada de validade
e ordenamento administrativo interno usados com o objetivo de e também já pertence ao ordenamento jurídico, porém, ainda não
estabelecer diretrizes, criar normas de métodos e procedimentos. possui vigência.
Possuem ainda, a função de regulamentar matéria específica usada Denota-se que validade e vigência não podem ser confundidas,
anteriormente, com o fito de coordenar e orientar servidores na posto que deve se levar em consideração que uma norma pode ter
maior excelência possível no desempenho de suas atribuições. eficácia de validade sem estar vigente, embora, de qualquer modo,
6) Jurisprudência: Trata-se de um acoplado de decisões e inter- a norma vigente seja sempre válida.
pretações reiteradas das leis realizado por intermédio dos Tribunais De modo geral, via de regra, a norma vigente é sempre eficaz
superiores com abrangência no território nacional brasileiro. e apta a produzir efeitos. Entretanto, nem sempre isso acontece,
como é o caso do contido no art. 196 em seu parágrafo único que
Autonomia dispõe que “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido
A conceito de autonomia surgiu a partir do acoplado de princí- mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do ris-
pios jurídicos próprios deste ramo, bem como do complexo de nor- co de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário
mas e regras que podem ser aplicada a ele. às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”
De forma didática, com relação à autonomia, pode-se dividir-se É importante salientar que a eficácia da norma jurídica pode ser
o Direito Previdenciário em duas teorias. Vejamos: subdividida em relação ao tempo e ao espaço da seguinte forma:
1 ) Teoria monista: Trata o Direito Previdenciário como se esse • Eficácia no Tempo: Refere-se à entrada da lei em vigor. De
fosse uma simples ramificação do Direito do Trabalho. De caráter modo geral, as disposições securitárias costumam entrar em vigor
histórico, esta teoria surgiu quando o Direito Previdenciário era tra- na data da publicação da lei e com eficácia imediata. Entretanto,
tado como parte do Direito do Trabalho. Porém, na atualidade, esse determinados dispositivos contidos no Plano de Custeio e no de Be-
conceito não se encontra mais em vigor. nefícios, precisam ser complementados pelo regulamento, fato que
2) Teoria Dualista: Considera o Direito Previdenciário como acarreta a possibilidade de que apenas a partir da existência deste
ramo autônomo, e que não se confunde mais com o Direito do Tra- regulamento é que poderão ter plena eficácia. Um exemplo clássico
balho. Esta teoria foi inserida no diploma legal da Constituição Fe- disso, é o fato de no momento de edição das Leis 8.212 e 8.213/91,
deral de 1.988, que tratou de separar o módulo do tema Trabalho ter acontecido de muitos de seus dispositivos só terem entrado em
vigor com a edição de suas regulamentações por intermédio dos
Decretos 356 e 357 somente no ano de 1.991.

211
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Merece destaque o fato do parágrafo 6º do artigo 195 da Cons- • Os tratados, convenções e outros acordos internacionais de
tituição Federal de 1.988, estabelecer em seu bojo, que as contri- que Estado estrangeiro ou organismo internacional e o Brasil sejam
buições sociais com destino ao custeio da Seguridade Social, apenas partes, e que versem sobre matéria previdenciária, serão interpre-
entram em vigor após 90 dias da data da publicação da lei que as tados como lei especial. (Art. 85-A da Lei 8.212/91).
houver instituído ou modificado.
• Eficácia no Espaço: Esse dispositivo faz referência ao terri- Interpretação
tório em que a norma será aplicada. Aqui, vale registrar que em Esta espécie de aplicação da norma previdenciária decorre da
consonância com as regras determinadas pelo Plano de Custeio e análise da norma jurídica que irá ser aplicada aos casos concretos
Benefícios e outras especificações referentes à matéria, a lei de Se- de forma geral. São formas de interpretação da norma jurídica:
guridade Social é aplicada em todo o território brasileiro e possui 1) Forma gramatical ou literal (verba legis): Trata-se de norma
eficácia tanto para os cidadãos nacionais quanto para os estrangei- verificadora do sentido do texto gramatical da norma jurídica a ser
ros que nele habitam. aplicada, por meio da qual, analisa-se o alcance das palavras obs-
truídas ou encerradas no texto da lei;
Hierarquia 2) Forma lógica (mens legis): Estabelecedora de uma conexão
Ocorrerá a hierarquia entre as normas, apenas quando a vali- entre os vários textos legais que serão interpretados;
dade de norma específica depender de outra norma superior, na 3) Forma teleológica ou finalística: Esta forma explica que a in-
qual a primeira irá depender de forma completa da maneira de cria- terpretação será dada ao dispositivo legal de acordo com o objetivo
ção da norma superior como um todo. aspirado pelo legislador;
Pondera-se que a Constituição é hierarquicamente superior às 4) Forma sistemática: Aqui, a interpretação será dada ao dis-
demais normas, tendo em vista que o processo de validade destas positivo legal em consonância com a análise dos sistemas no qual
se encontra regulado pela primeira, no caso, a Constituição. Assim, está inserido, dando interpretação ao conjunto e não apenas a um
logo abaixo da Constituição Federal, encontram-se os demais pre- dispositivo de forma isolada;
ceitos legais com campos diversos, como: leis complementares, leis 5) Forma extensiva ou ampliativa: Atribui-se um sentido mais
ordinárias, decretos-lei, medidas provisórias, leis delegadas, decre- amplo para a norma que será interpretada de forma mais abrangen-
tos legislativos e também as resoluções. Vejamos o gráfico explica- te do que ele normalmente teria;
tivo: 6) Forma restritiva ou limitativa: Atribui-se um sentido mais
restrito e limitado à interpretação da norma jurídica;
7) Forma histórica: Aqui, o Direito advém de um processo evo-
lutivo por meio do qual existe a necessidade de analisar a evolução
histórica dos fatos com o pensamento do legislador à época da edi-
ção da lei, levando em conta sua exposição de mensagens, motivos,
dentre outros aspectos;
8) Forma autêntica: É executada pelo órgão que editou a nor-
ma e que irá declarar o seu real sentido, o seu alcance e o seu con-
teúdo por intermédio de outra norma jurídica. É também denomi-
nada interpretação legal ou legislativa.
Por fim, registra-se que no Direito da Seguridade Social, vigora
a aplicação da norma mais favorável ao segurado na interpretação
do texto do diploma legal, uma vez que esta aplicação na maioria
das vezes, é disciplinada pela própria lei.

Integração
Integração na Legislação Previdenciária, significa que o intér-
prete se encontra autorizado a agir de forma que possa suprir as
Assim sendo, infere-se que a norma superior é o fundamento lacunas existentes na norma jurídica através do uso sistemático de
de validade da norma imediatamente inferior, vindo a norma su- técnicas jurídicas. Estas técnicas são a analogia e a equidade, lem-
perior prevalecer sobre a norma inferior, conforme se demonstra brando que também podem ser utilizados os princípios gerais de
abaixo: Direito e a Doutrina de maneira geral. Vejamos as técnicas:
1º) Constituição Federal e emendas constitucionais; 1)Técnica da analogia: É aplicada a lei que possui o condão de
2º) Lei Complementar, lei ordinária, medida provisória, lei de- regular um caso semelhante, como por exemplo, o disposto no art.
legada, decretos legislativos, resoluções do Senado e tratados in- 40, § 4º da CFB/1.998 que dispõe:
ternacionais; § 4º - É vedada a adoção de requisitos e critérios diferencia-
3º) Decretos (são editados pelo Presidente da República); dos para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime
4º) Portarias (são expedidas pelo Ministro da Previdência ou de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis
da Fazenda); complementares, os casos de servidores
5º) Outras normas internas da administração. Exemplos: ins- I - portadores de deficiência;
truções normativas, ordens de serviço, dentre outras. II - que exerçam atividades de risco;
Importante: III - cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais
• Os tratados internacionais, via de regra, possuem status de que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
lei ordinária.
• Os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu- 2) Técnica da equidade: É utilizada tanto para amenizar quanto
manos aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois para humanizar o direito. O juiz, ou, outra autoridade equivalen-
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão te, quando autorizados a decidir por meio da equidade, aplicarão
equivalentes às emendas constitucionais (CFB/1.988, art. 5º, § 3º). a norma que estabeleceriam como se fossem o legislador da lei

212
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
em questão. A equidade relativa ao Direito Previdenciário pode ser É importante salientar que mesmo que o segurado exerça suas
exemplificada por meio do parágrafo único, inciso VI do art. 194 atividades em outro país, nas condições acima, estará amparado
da CFB/1.988, que dispõe que compete ao Poder Público, nos ter- pela Previdência Social, nas condições previstas em lei.
mos da lei, organizar a seguridade social, com base em objetivos
específicos, sendo um deles a equidade na forma de participação Importante: Independente da nacionalidade do indivíduo, este
no custeio. encontra amparo para a filiação ao RGPS, bem como pode se en-
quadrar como segurado obrigatório, tendo em vista que é permiti-
REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. SEGURA- do aos estrangeiros que tenham domicílio fixo no Brasil o ingresso
DOS OBRIGATÓRIOS, FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO. CON- a esse direito, desde que o trabalho tenha sido desenvolvido no
CEITO, CARACTERÍSTICAS E ABRANGÊNCIA: EMPRE- Brasil, ou, ainda em repartições diplomáticas brasileiras no exterior.
GADO, EMPREGADO DOMÉSTICO, CONTRIBUINTE
INDIVIDUAL, TRABALHADOR AVULSO E SEGURADO Registra-se, que existe também a possibilidade de a pessoa físi-
ESPECIAL. SEGURADO FACULTATIVO: CONCEITO, CA- ca ser reconhecida como segurado obrigatório do RGPS, caso exer-
RACTERÍSTICAS, FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO. TRABALHA- ça atividade trabalhista no exterior e a contratação seja realizada
DORES EXCLUÍDOS DO REGIME GERAL em território brasileiro, ou, ainda em decorrência de tratados ou
acordos internacionais firmados pelo Brasil. É o que a Lei brasileira
chama de critério da extraterritorialidade em face da aplicação do
Nos parâmetros do art. 12 e seus parágrafos da Lei n. 8.212, de princípio da universalidade do atendimento àqueles que necessi-
1.991, e art. 11 e parágrafos da Lei n. 8.213, de 1991, é segurado tam de seguridade social.
da Previdência Social de forma obrigatória, a pessoa física deten- Em relação ao disposto no art. 12 da Lei 8.212/1.991 e do art.
tora do exercício de atividade remunerada, efetiva ou eventual, de 11 da Lei 8.213/1.991, afirma-se que são considerados segurados
natureza urbana ou rural, com ou sem vínculo de emprego, seja a obrigatórios da Previdência Social:
título precário ou não, e, também aquele que a lei define como tal,
observadas, caso seja preciso, as exceções previstas no texto legal, Lei 8.212/1.991:
ou, ainda, aquele que exerceu alguma das atividades retro mencio- Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as se-
nadas no período imediatamente anterior ao chamado “período de guintes pessoas físicas:
graça”. I - como empregado:
Além disso, considera-se também como segurado, o indivíduo a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à em-
que, embora não exerça atividade remunerada, opta por se filiar de presa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante
forma facultativa e espontânea à Previdência Social, vindo a contri- remuneração, inclusive como diretor empregado;
buir para o custeio das prestações sem se encontrar vinculado de b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporá-
maneira obrigatória ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), rio, definida em legislação específica, presta serviço para atender
ou a qualquer outro regime previdenciário, nos parâmetros do art. à necessidade transitória de substituição de pessoal regular e per-
14 da Lei de Custeio e do art. 13 da Lei de Benefícios. manente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras em-
Assim sendo, pondera-se que existem duas espécies de segura- presas;
dos: os obrigatórios e os facultativos. c) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil
para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empre-
Segurados obrigatórios sa nacional no exterior;
Pode-se conceituar como segurados obrigatórios, aqueles que d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou
possuem o dever de contribuir de forma compulsória para a Seguri- a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a ela subor-
dade Social e que possuem como direito, os benefícios pecuniários dinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos o
que a lei assegura para a sua categoria. São exemplos de benefícios não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro
desta categoria: as pensões, as aposentadorias, os auxílios, o salá- amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva mis-
rio-família e o salário-maternidade, bem como os serviços de rea- são diplomática ou repartição consular;
bilitação profissional e serviço social, estando esses dois últimos, a e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em
encargo da Previdência Social. organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil
Ressalta-se que o requisito básico para que uma pessoa tenha seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo
a condição de segurado do RGPS, nos termos do disposto no art. se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio;
12 da Lei n. 8º212/1.991 e do art. 11 da Lei n. 8.213/1.991, é o de f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil
ser pessoa física, tendo em vista que é inaceitável a existência de para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exte-
segurado como pessoa jurídica. Ademais, o segundo requisito para rior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira
ser segurado obrigatório é a prática do exercício de uma atividade de capital nacional;
laborativa, remunerada e lícita, posto que o exercício de atividade g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vín-
com objeto ilícito, não encontra respaldo ou proteção no Ordena- culo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime especial,
mento Jurídico Brasileiro. e Fundações Públicas Federais;
Pondera-se que o segurado obrigatório deverá exercer pelo
menos uma atividade remunerada, seja ela com vínculo emprega- Lei 8.213/1991:
tício, urbano, rural ou doméstico, e, também, que esta atividade Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as se-
esteja sob regime jurídico público estatutário, seja como trabalha- guintes pessoas físicas:
dor autônomo ou outro trabalho que possa ser a este equiparado, I - como empregado:
como trabalhador avulso, empresário ou segurado especial. Com a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à em-
relação à atividade exercida, registra-se que ela pode tanto de na- presa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante
tureza urbana como rural. remuneração, inclusive como diretor empregado;

213
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporá- Registra-se que a filiação não é dependente de manifestação
rio, definida em legislação específica, presta serviço para atender de vontade, tendo em vista que o segurado obrigatório não possui o
à necessidade transitória de substituição de pessoal regular e per- direito de optar ou não por ser filiado à Previdência Social, uma vez
manente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras em- que ela ocorre de forma compulsória, como ordena o caput do art.
presas; 201 da Constituição Federal Brasileira de 1.988. Vejamos:
c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do
Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de Regime Geral de Previdência Social, de caráter contributivo e de fi-
empresa nacional no exterior; liação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei a [...].
a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a elas su-
bordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos Assim sendo, todo aquele que esteja exercendo de maneira si-
o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro multânea, mais de uma atividade remunerada que se encontre su-
amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva mis- jeita ao RGPS, é filiado de forma obrigatória em relação a cada uma
são diplomática ou repartição consular; desta atividades. Entretanto, uma exceção à filiação obrigatória que
e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em se trata da filiação do segurado facultativo, uma vez que ela não é
organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil advinda do exercício de atividade remunerada, levando em conta
seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo que em regra, o segurado facultativo não é praticante do exercício
se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio; de atividade remunerada. Assim, a filiação não ocorrerá de forma
f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil automática e o interessado deverá se manifestar para que possa se
para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exte- filiar. É o que afirma o art. 11, § 3º do RPS:
rior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira Art. 11. [...] § 3º. A filiação na qualidade de segurado facul-
de capital nacional; tativo representa ato volitivo, gerando efeito somente a partir da
g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vín- inscrição e do primeiro recolhimento, não podendo retroagir e não
culo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime especial, permitindo o pagamento de contribuições relativas a competências
e Fundações Públicas Federais. (Incluída pela Lei nº 8.647, de 1993) anteriores à data da inscrição, ressalvado o § 3º do art. 28.
h) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou munici- É a partir da filiação que o indivíduo pode ser considerado se-
pal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social; gurado e passa a ter direitos à proteção previdenciária, bem como
i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangei- a ter a obrigação de contribuir para o RGPS. No entanto, para isso,
ro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime existem alguns pré-requisitos básicos que merecem destaque. Ve-
próprio de previdência social; jamos:
j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou munici- • 16 (dezesseis) anos, como regra geral;
pal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social; • 14 (quatorze) anos, desde que na condição de menor apren-
II - como empregado doméstico: aquele que presta serviço de diz (Constituição Federal art. 7º, XXXII e Decreto n. 3.048/1999, art.
natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, 18, § 2º); e 18 (dezoito) anos para filiação como empregado do-
em atividades sem fins lucrativos; méstico.
Obs. importante>>> É vedada a contratação de menor de 18
Por fim, explicita-se que o reconhecimento do indivíduo como (dezoito) anos para desempenho de trabalho doméstico, nos parâ-
segurado do Regime de Previdência Social é uma condição funda- metros do disposto na Convenção no 182, de 1999, da Organização
mental para que este possa usufruir dos direitos advindos de tal Internacional do Trabalho (OIT) e com o Decreto no 6.481, de 12 de
natureza. Entretanto, em se tratando das relações informais de tra- junho de 2008.
balho, nem sempre o trabalhador consegue demonstrar de forma Porém, a idade mínima para filiação ao RGPS, sem especificar a
eficaz e inequívoca tal qualidade. No entanto, nas situações por categoria de segurado é de 16 anos, exceto como menor aprendiz.
meio das quais o indivíduo necessitar comprovar sua condição de Assim, caso não seja trabalhador doméstico, a idade mínima para se
trabalhador mediante os procedimentos administrativos ou judi- filiar, é de 16 anos, e, sendo doméstico, 18 anos de idade.
ciais pertinentes, tais situações não são aceitas como impedimen-
to para que este requeira seus benefícios, sendo inadmissível que No condizente à inscrição do segurado, afirma-se que se trata
o cidadão seja impedido de ter acesso às prestações, ou seja, de de um ato formal por intermédio do qual o segurado é cadastrado
forma permanente, por não possuir condições de demonstrar de no RGPS, vindo a ocorrer após a filiação, salvo quanto ao segura-
forma imediata, ou apresentar sua carteira de trabalho assinada, do facultativo, posto que para este, a inscrição ocorre de maneira
como acontece sempre com frequência. Por isso, terá o indivíduo, anterior à filiação. O art. 18 do RPS, é claro em relação ao assunto.
o direito de requerer o que entender de direito, tendo garantido o Vejamos:
direito de provar sua condição de segurado, caso seja preciso. Art. 18. Considera-se inscrição de segurado para os efeitos da
previdência social o ato pelo qual o segurado é cadastrado no RGPS,
Filiação e inscrição por meio da comprovação dos dados pessoais, da seguinte forma:
Conceitua-se filiação, o início da relação jurídica que existe I – empregado – pelo empregador, por meio da formalização do
entre o segurado e o Regime Geral de Previdência Social (RGPS). contrato de trabalho e, a partir da obrigatoriedade do uso do Siste-
Afirma-se que de modo geral e, via de regra, a filiação é uma de- ma de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias
corrência automática do exercício de atividade remunerada do tra- e Trabalhistas – eSocial, instituído pelo Decreto n. 8.373, de 11 de
balhador. Assim, denota-se que a filiação acontece no momento no dezembro de 2014, ou do sistema que venha a substituí-lo, por meio
qual o empregador faz o registro na CTPS do empregado por meio do registro contratual eletrônico realizado nesse Sistema;
do contrato de trabalho pactuado entre ambos. II – trabalhador avulso – pelo cadastramento e pelo registro
no órgão gestor de mão de obra, no caso de trabalhador portuário,
ou no sindicato, no caso de trabalhador não portuário, e a partir

214
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
da obrigatoriedade do uso do e Social, ou do sistema que venha A Previdência Social possui como função, substituir a renda do
a substituí-lo, por meio do cadastramento e do registro eletrônico segurado quando ele não se encontra mais capacitado para traba-
realizado nesse Sistema; lhar, tanto em situações de doença quanto por idade avançada, ma-
III – empregado doméstico – pelo empregador, por meio do re- ternidade, ou, nos casos de riscos sociais como acidente e prisão.
gistro contratual eletrônico realizado no e Social; A Previdência Social pode ser caracterizada principalmente
IV – contribuinte individual: pela contribuição mensal a que se encontra o segurado incumbido
a) por ato próprio, por meio do cadastramento de informações de realizar mensalmente para ter direito à proteção, sendo desta
para identificação e reconhecimento da atividade, hipótese em que forma o segurado obrigado a contribuir é contribuir mensalmente
o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS poderá solicitar a apre- com o INSS, sendo que o valor será descontado em folha de pa-
sentação de documento que comprove o exercício da atividade de- gamento para os segurados assalariados. Já em relação aos segu-
clarada; rados facultativos, eles não precisam recolher o INSS, mas podem
b) pela cooperativa de trabalho ou pela pessoa jurídica a quem recolher de maneira facultativa para preservar os direitos previden-
preste serviço, no caso de cooperados ou contratados, respectiva- ciários que lhes são pertinentes, como pensões, aposentadorias e
mente, se ainda não inscritos no RGPS; e auxílio-doença.
c) pelo MEI, por meio do sítio eletrônico do Portal do Empre- Outra característica marcante da Previdência Social, é o fato de
endedor; esta, ao inverso do que acontece com a saúde e a assistência social,
V – segurado especial – preferencialmente, pelo titular do gru- adotar sistema de caráter contributivo e obrigatório, motivo pelo
po familiar que se enquadre em uma das condições previstas no in- qual, somente quem para ela contribui e atende às condições pre-
ciso VII do caput do art. 9º, hipótese em que o INSS poderá solicitar vistas em lei pode auferir dos benefícios previstos.
a apresentação de documento que comprove o exercício da ativida- A Previdência Social, abrange, dentre outros fatores, aos se-
de declarada, observado o disposto no art. 19-D; e guintes benefícios concedidos ao trabalhador:
VI – segurado facultativo – por ato próprio, por meio do cadas- 1. Salário-maternidade: É direito de quem dá à luz ou adota
tramento de informações pessoais que permitam a sua identifica- uma criança. Em se tratando das trabalhadoras de empresas priva-
ção, desde que não exerça atividade que o enquadre na categoria das, o valor deverá ser pelo empregador, por se tratar de direito tra-
de segurado obrigatório. balhista. O INSS, porém, fica responsável pelo pagamento de MEIs
§ 3º Todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de para as empregadas domésticas e outros contribuintes que adotam.
uma atividade remunerada sujeita ao Regime Geral de Previdência 2. Auxílio-doença: É atribuído ao contribuinte que se encontrar
Social será obrigatoriamente inscrito em relação a cada uma delas. temporariamente incapacitado para o trabalho por motivos de do-
[...] ença ou por acidente. Para que receba esse benefício, o contribuin-
§ 5º Presentes os pressupostos da filiação, admite-se a inscri- te deverá por perícia médica, e, caso se comprove a necessidade
ção post mortem do segurado especial. do benefício, o empregador deverá arcar com os primeiros 15 dias
§ 5º-B Não será admitida a inscrição post mortem de segurado de afastamento, ficando o INSS responsável pelo restante do paga-
contribuinte individual e nem de segurado facultativo. mento.
§ 6º A comprovação dos dados pessoais e de outros elementos 3. Auxílio-reclusão: Fornece suporte para a família do contri-
necessários e úteis à caracterização do segurado poderá ser exigida buinte que se encontrar privado de sua liberdade. Para fazer jus ao
pelo INSS, a qualquer tempo, para fins de atualização cadastral, in- auxílio, é necessário que o preso seja contribuinte do INSS e com-
clusive para a concessão de benefício. provar sua última renda com um valor pecuniário igual ou inferior
ao estabelecido pela previdência. Quem recebe o valor são os seus
Ante o exposto, depreende-se que a inscrição ocorre median- dependentes, sendo que o tempo de sua duração pode variar de
te o registro contratual eletrônico realizado no sistema, sendo por acordo com a idade do indivíduo, bem com o tempo total de contri-
isso, um ato formal que ocorre após a filiação. A filiação ocorre no buição feito por ele.
momento do ato da assinatura da CTPS, já a inscrição, ocorre com o 4. Pensão por morte: é concedida aos dependentes do segura-
registro do contrato no sistema. do que vier a óbito. Estão aptos, segundo a lei para receber esse be-
nefício: o cônjuge ou companheiro; os filhos e enteados com menos
Importante: caso o segurado seja exercente de mais de uma de 21 anos; os pais com dependência econômica; e os irmãos com
atividade remunerada, ele será inscrito em relação a ambas, tendo menos de 21 anos e economicamente dependentes.
o dever de contribuir sobre os rendimentos de ambas. O mesmo 5. Benefícios assistenciais: São benefícios definidos por legis-
vale para a filiação, conforme previsão do art. 11, § 2º da LBPS. lações específicas, como o benefício assistencial ao idoso ou à pes-
E, mais: Via de regra, a inscrição deverá ocorrerá após a filia- soa com deficiência. Existe ainda, a pensão especial em virtude de
ção, salvo para o segurado facultativo, cuja filiação requer a inscri- hanseníase, o seguro para pescador artesanal, a pensão especial da
ção e o pagamento da primeira contribuição previdenciária. síndrome da Talidomida, etc.
Pondera-se que os segurados obrigatórios podem ser classifi-
Conceito, características e abrangência: empregado, empre- cados em:
gado doméstico, contribuinte individual, trabalhador avulso e se-
gurado especial Empregado
Nos ditames do art. 3º da Consolidação das Leis do Trabalho,
Conceito, Características e abrangência (CLT), empregado é a pessoa física que presta serviços de natureza
De antemão, podemos conceituar a previdência social, ou Re- não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante o
gime Geral de Previdência Social (RGPS), como sendo um seguro recebimento de salário.
público que garante renda para os trabalhadores na aposentadoria Porém, em se tratando do conceito de empregado adotado
para a manutenção de sua subsistência, ou de seus dependentes. pela Legislação do RGPS, pondera-se que alcança ao trabalhador
urbano e ao rural que se encontrem submetidos a contrato de tra-
balho, cujos requisitos são: ser pessoa física e realizar o trabalho de

215
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
forma personalíssima; prestar serviço de natureza não eventual; ter Com o objetivo de regulamentar a PEC das Domésticas, a Lei
o objetivo de receber salário pelo serviço prestado; trabalhar sob Complementar nº 150/2.015 trouxe em seu art. 1º uma definição
subordinação do empregador. mais detalhada dessa figura. Vejamos o que determina o art. 1º
Na relação de emprego, conforme os parâmetros legais, o tra- desta lei:
balhador possui o acesso a todos os direitos trabalhistas, tais como Art. 1º - Ao empregado doméstico, assim considerado aquele
por exemplo, a anotação do registro na Carteira do Trabalho, FGTS, que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pes-
13° salário e férias, dentre outros. soal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito
Registra-se que para ser reconhecido como serviço prestado, residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se
não é preciso que as atividades diárias do empregado sejam prati- o disposto nesta Lei. Parágrafo único. É vedada a contratação de
cadas de forma diária, tendo em vista que a prestação de serviços menor de 18 (dezoito)anos para desempenho de trabalho domés-
em caráter eventual também possui vínculo com o empregador, tico, de acordo com a Convenção no 182, de 1999, da Organização
bastando, para isso que haja a configuração da relação de emprego, Internacional do Trabalho (OIT) e com o Decreto no 6.481, de 12 de
bem como que a relação trabalhista não tenha sido eventual. junho de 2008.
Movimentando um conflito relativo à ótica previdenciária, a Lei Compreende-se em interpretação ao art. 1º, que se encon-
nº. 13.467/2.017, prevê o “trabalho intermitente”, justamente por tram presentes os requisitos de serviço contínuo, sem finalidade
haver a preservação da qualidade de segurado desses trabalhado- lucrativa, no âmbito residencial de pessoa ou família. Entretanto, o
res como um todo. Entretanto, com previsão legal nos arts. 443 e legislador complementar acrescentou a esse rol, a necessidade de
452-A da referida lei, existe a hipótese conceituada no § 3° do art. subordinação e relação entre patrão e empregado. Assim, a simples
443. Vejamos: prestação de favor, não encontra respaldo legal de vínculo domés-
[...] §3º - Considera-se como intermitente e o contrato de tra- tico.
balho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é Dado o conceito disposto pela Lei Complementar n. 150/2.015,
contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de adotado pelo RGPS, registra-se por fim, que permanecem em vigor
serviços e inatividade, determinados em horas, dias ou meses, inde- os dispositivos da LBPS ou LOCSS que definem de forma clara essa
pendentemente do tipo de atividade do empregado e do emprega- categoria de segurados. Assim, desde que sejam preenchidos os re-
dor, exceto para aeronautas, regidos por legislação própria. quisitos supra mencionados, aduz-se que podem ser empregados
Vale ressaltar com grande importância, que a Constituição Fe- domésticos, além dos faxineiros, os jardineiros, os cozinheiros, os
deral Brasileira de 1.988 trouxe em seu bojo, a equiparação dos motoristas e os caseiros.
direitos trabalhistas e previdenciários de trabalhadores rurais aos
dos urbanos, sendo que entre eles, se destacou a extensão do FGTS Contribuinte individual
(Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Entretanto, houve, nesse Esse tipo de segurado, se refere à pessoa que trabalha na pres-
período, lapso do prazo prescricional que só passou por equipara- tação de serviços de natureza eventual para empresas, sem possuir
ção após a aprovação da Emenda Constitucional 28/2000. com estas vínculo empregatício, ou seja, trabalha por conta própria,
Por fim, com ressalva às igualdades trazidas pela Constituição, vindo desta maneira a recolher de modo individual suas contribui-
deve-se aplicar ao trabalhador rural os dispositivos legais contidos ções.
da Lei 5.889/1.973 e do Decreto 73.626/1974, que foram criados Em tempos remotos, esta categoria de segurados era conhe-
para regulamentar as relações individuais e coletivas de trabalho cida como trabalhador autônomo, porém, na contemporaneidade,
rural, nas particularidades relativas ao trabalho executado por esse seguindo a análise do art. 11 da Lei nº 8.213 /1.991, é conhecida
trabalhador. como contribuinte individual. Vejamos o que dispõe o art. 11 da
referida lei:
Empregado Doméstico Art. 11 - São segurados obrigatórios da Previdência Social as
Dispõe o inciso II do art. 11 da LBPS: seguintes pessoas físicas:
Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as se- [...] V – como contribuinte individual:
guintes pessoas físicas: [...] a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade
II – como empregado doméstico: aquele que presta serviço de agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou tempo-
natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, rário, em área superior a 4 (quatro) módulos fiscais; ou, quando em
em atividades sem fins lucrativos; área igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou atividade pes-
Desta forma, em entendimento ao dispositivo citado acima, o queira, com auxílio de empregados ou por intermédio de prepostos;
trabalho deve se dar na residência do empregador e em atividade ou ainda nas hipóteses dos §§ 9º e 10 deste artigo;
sem fins lucrativos. b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade
O conceito de empregado doméstico abrange diversos requi- de extração mineral – garimpo, em caráter permanente ou tempo-
sitos, tais como: serviço de natureza contínua, por meio do qual é rário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o
preciso que o trabalho seja habitual e frequente. Desta forma, uma auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de
faxineira que é contratada sem os requisitos mencionados acima, forma não contínua;
não é considerada empregada doméstica. c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de
Em relação à diarista, o judiciário firmou o entendimento de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa;
que o trabalho executado por ela, se for prestado com habituali- d) (Revogado pela Lei n. 9.876, de 26.11.1999);
dade a partir de três dias por semana, configura relação e vínculo e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo ofi-
empregatício, o que faria da diarista, uma empregada doméstica. cial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá
Importante: Se uma diarista atender em uma mesma residên- domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio
cia até dois dias por semana, ela não é considerada doméstica. de previdência social;
Porém, se atender a partir de três dias, é considerada empregada f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não
doméstica. empregado e o membro de conselho de administração de sociedade
anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio gerente e o
sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho

216
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
em empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo de VI – como trabalhador avulso – aquele que: a) sindicalizado ou
direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer na- não, preste serviço de natureza urbana ou rural a diversas empre-
tureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito sas, ou equiparados, sem vínculo empregatício, com intermediação
para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam obrigatória do órgão gestor de mão de obra, nos termos do disposto
remuneração; na Lei n. 12.815, de 5 de junho de 2013, ou do sindicato da catego-
De antemão, em suma, merecem destaque alguns pontos im- ria, assim considerados:
portantes das alíneas citadas acima. Sendo que com fulcro na re- 1. o trabalhador que exerça atividade portuária de capatazia,
dação da alínea “a”, depreende-se que são requisitos importantes estiva, conferência e conserto de carga e vigilância de embarcação
para a classificação como contribuinte individual, a extensão da e bloco;
propriedade rural e o auxílio de empregados/prepostos. Ressalta-se 2. o trabalhador de estiva de mercadorias de qualquer nature-
também, que o cônjuge ou companheiro mencionado do produtor za, inclusive carvão e minério;
rural a que se refere a alínea, também é classificado como segurado 3. o trabalhador em alvarenga (embarcação para carga e des-
obrigatório como contribuinte individual, desde que mantenha sua carga de navios);
participação na atividade rural. 4. o amarrador de embarcação;
Merece destaque também, a alínea “e”, que afirma que se o 5. o ensacador de café, cacau, sal e similares;
segurado trabalhar para organismo oficial internacional, será con- 6. o trabalhador na indústria de extração de sal;
siderado contribuinte individual. Porém, se trabalhar para a União 7. o carregador de bagagem em porto;
em organismo oficial internacional, será considerado empregado. 8. o prático de barra em porto;
Assim, entende-se que aquele que trabalha para a União e não pos- 9. o guindasteiro; e
sui amparo por regime próprio de previdência, é considerado como 10. o classificador, o movimentador e o empacotador de mer-
segurado do RGPS como empregado. cadorias em portos; e
Abaixo, com o objetivo de melhor fixação e entendimento, com b) exerça atividade de movimentação de mercadorias em geral,
base na alínea “e”, vejamos uma das hipóteses de enquadramento nos termos do disposto na Lei n. 12.023, de 27 de agosto de 2009,
como segurado empregado: em áreas urbanas ou rurais, sem vínculo empregatício, com inter-
mediação obrigatória do sindicato da categoria, por meio de acordo
e) o brasileiro civil que trabalha ou convenção coletiva de trabalho, nas atividades de:
para a União, no exterior, em organis- 1. cargas e descargas de mercadorias a granel e ensacados,
mos oficiais brasileiros ou internacio- costura, pesagem, embalagem, enlonamento, ensaque, arrasto,
EMPREGADO nais dos quais o Brasil seja membro posicionamento, acomodação, reordenamento, reparação de car-
efetivo, ainda que lá domiciliado e con- ga, amostragem, arrumação, remoção, classificação, empilhamen-
tratado, salvo se segurado na forma da to, transporte com empilhadeiras, paletização, ova e desova de va-
legislação vigente do país do domicílio; gões, carga e descarga em feiras livres e abastecimento de lenha
em secadores e caldeiras;
e) o brasileiro civil que trabalha 2. operação de equipamentos de carga e descarga; e
no exterior para organismo oficial 3. pré-limpeza e limpeza em locais necessários às operações ou
CONTRIBUINTE internacional do qual o Brasil é mem- à sua continuidade.
INDIVIDUAL bro efetivo, ainda que lá domiciliado e Ante a exposição de lei acima, aduz-se que existem diferenças
contratado, salvo quando coberto por entre o contribuinte individual e avulso, que se trata da necessidade
regime próprio de previdência social; de intermediação do órgão gestor de mão de obra, ou do sindicato
específico da categoria e, caso não haja esta intermediação, resul-
Trabalhador avulso taria em um contribuinte individual. Ressalta-se, ainda, que o fato
É considerado trabalhador avulso, seja ele sindicalizado, ou de não existir vínculo empregatício, também se faz indispensável,
não, aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural para di- tendo em vista que caso haja contrato de trabalho, teremos o que
versas empresas, ou, entes equiparados, desde que não haja víncu- caracteriza um empregado.
lo empregatício, mas que haja intermediação de forma obrigatória
do órgão gestor de mão de obra, nos parâmetros do determinado Segurado especial
na Lei n. 12.815/2.013, ou, ainda, do sindicato da categoria espe- Estabelecida a partir da redação do art. 195, § 8º, da Consti-
cífica. tuição Federal Brasileira, esta categoria enseja a determinação ao
O inciso VI do art. 11 da LBPS, aduz que: legislador para que aplique tratamento diferenciado para os traba-
Art. 11 - São segurados obrigatórios da Previdência Social as lhadores que, laborando por conta própria em sistema de economia
seguintes pessoas físicas: [...] familiar, consigam retirar seu sustento por meio das pequenas pro-
VI – como trabalhador avulso: quem presta, a diversas empre- duções de trabalho.
sas, sem vínculo empregatício, serviço de natureza urbana ou rural Registra-se que o retro mencionado dispositivo constitucional,
definidos no Regulamento; ordena que a base de cálculo das contribuições à Seguridade Social
Em interpretação ao retro mencionado inciso, entende-se que do segurado especial seja o produto da comercialização daquilo que
a prestação de serviços sem a existência de vínculo empregatício ele produziu, vindo a criar, desta forma, uma regra diferente para a
é uma atividade que possui o condão de identificar o contribuinte participação no custeio como um todo. Isso acontece pelo fato des-
individual, desde que sejam definidos no Regulamento, fato que fa- ses segurados realizarem atividades instáveis durante o ano, como
cilita para que se defina se o trabalhador é avulso, ou não. nos períodos de temporadas de pesca, colheitas de safras, dentre
Já o art. 9º da LBPS, dispõe: outros aspectos.
Art. 9º - São segurados obrigatórios da previdência social as
seguintes pessoas físicas: [...]

217
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
De acordo com a nova redação conferida ao art. 11, VII da Lei n. VIII – mariscador: aquele que, sem utilizar embarcação pes-
8.213/1991 considera-se segurado especial: queira, exerce atividade de captura ou de extração de elementos
Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as se- animais ou vegetais que tenham na água seu meio normal ou mais
guintes pessoas físicas: [...] frequente de vida, na beira do mar, no rio ou na lagoa;
VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imó- IX – índios em via de integração ou isolado: aqueles que, não
vel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, indi- podendo exercer diretamente seus direitos, são tutelados pelo ór-
vidualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o gão regional da Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
auxílio eventual de terceiros, na condição de: Importante: Em decorrência da decisão proferida nos autos da
a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assen- Ação Civil Pública n. 2008.71.00.024546-2/RS14, o INSS passou a
tado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário considerar como segurado especial o índio devidamente reconhe-
rurais, que explore atividade: cido pela FUNAI, bem como o artesão que utilize matéria-prima ad-
vinda de extrativismo vegetal, não importando a localidade onde
1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais; morem ou realizem suas atividades, se tornando sem relevância a
2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas ativi- definição de indígena aldeado, índio isolado ou índio integrado, ín-
dades nos termos do inciso XII do caput do art. 2º da Lei n. 9.985, dio em vias de integração, dentre outras pertinências, desde que
de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio estes estejam exercendo suas atividades rurais em sistema de eco-
de vida; nomia familiar, vindo a comprovar que essas atividades são o seu
b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pes- principal meio de sustento próprio e de seus dependentes.
ca profissão habitual ou principal meio de vida; e
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (de- Por fim, é importante destacar também, que serão considera-
zesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado de que dos segurados especiais aqueles que integram a entidade familiar
tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, tra- que exerçam a atividade rural, porém, o motivo de algum dos in-
balhem com o grupo familiar respectivo. tegrantes não realizar o trabalho em sistema de economia familiar,
não descaracteriza a condição dos demais familiares. É o que dispõe
São consideradas similares as atividades a de pescador artesa- Súmula nº 41 da TNU (Turma Nacional de Uniformização). Vejamos:
nal, o caranguejeiro, o mariscador, o pescador de tartarugas, dentre Súmula 41 - “A circunstância de um dos integrantes do núcleo
outras pertinentes. familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a
descaracterização do trabalhador rural como segurado especial,
Ressalta-se que em consonância com as definições das conco- condição que deve ser analisada no caso concreto”.
mitantes Instruções Normativas expedidas pelo INSS em questão
de procedimentos nas linhas de Benefícios e Arrecadação, são con- Segurado facultativo: conceito, características, filiação e ins-
siderados: crição
I – produtor: aquele que, proprietário ou não, desenvolve ati-
vidade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira, por conta própria, Conceito e características
individualmente ou em regime de economia familiar; Trata-se o segurado facultativo da pessoa que se encontrando
II – parceiro: aquele que, comprovadamente, tem contrato de em situação que a lei a desconsiderar como segurado obrigatório,
parceria com o proprietário da terra ou detentor da posse e desen- optar por contribuir para a Previdência Social. Pondera-se que de-
volve atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira, partilhando verá ter mais de 16 anos, conforme exige o Decreto n. 3.048/99,
o lucro conforme o ajuste; bem como que não poderá estar filiado ou inscrito a nenhum outro
III – meeiro: aquele que, comprovadamente, tem contrato com regime de Previdência, segundo a determinação do art. 11, § 2º do
o proprietário da terra ou detentor da posse e da mesma forma Regulamento.
exerce atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira, dividindo Vejamos o que dispõe o art. 11 do Decreto nº. 3.048/1.999,
os rendimentos auferidos; que aprova o Regulamento da Previdência Social, e dá outras pro-
IV – arrendatário: aquele que, comprovadamente, utiliza a ter- vidências:
ra, mediante pagamento de aluguel, em espécie ou in natura, ao Art. 11. É segurado facultativo o maior de dezesseis anos de
proprietário do imóvel rural, para desenvolver atividade agrícola, idade que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social, mediante
pastoril ou hortifrutigranjeira, individualmente ou em regime de contribuição, na forma do art. 199, desde que não esteja exercendo
economia familiar, sem utilização de mão de obra assalariada de atividade remunerada que o enquadre como segurado obrigatório
qualquer espécie; da previdência social.
V – comodatário: aquele que, comprovadamente, explora a ter- Assim, percebe-se que a filiação ao RGPS somente é permitida
ra pertencente a outra pessoa, por empréstimo gratuito, por tempo a partir dos 16 anos, com exceção do menor aprendiz, que possui a
determinado ou não, para desenvolver atividade agrícola, pastoril opção de ser filiado a partir dos 14 anos de idade.
ou hortifrutigranjeira; Dispõe o art. 11 do Decreto nº 3.048/1.999:
VI – condômino: aquele que se qualifica individualmente como Art. 11. É segurado facultativo o maior de dezesseis anos de
explorador de áreas de propriedades definidas em percentuais; idade que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social, mediante
VII – pescador artesanal ou assemelhado: aquele que, indivi- contribuição, na forma do art. 199, desde que não esteja exercendo
dualmente ou em regime de economia familiar, faz da pesca sua atividade remunerada que o enquadre como segurado obrigatório
profissão habitual ou meio principal de vida, desde que: da previdência social.
a) não utilize embarcação; § 1º Podem filiar-se facultativamente, entre outros:
b) utilize embarcação de até seis toneladas de arqueação bru- I - aquele que se dedique exclusivamente ao trabalho domés-
ta, ainda que com auxílio de parceiro; tico no âmbito de sua residência; (Redação dada pelo Decreto nº
c) na condição, exclusiva, de parceiro outorgado, utilize embar- 10.410, de 2020).
cação de até dez toneladas de arqueação bruta; II - o síndico de condomínio, quando não remunerado;
III - o estudante;

218
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
IV - o brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no j) do brasileiro residente ou domiciliado no exterior, salvo se fi-
exterior; liado a regime previdenciário de país com o qual o Brasil mantenha
V - aquele que deixou de ser segurado obrigatório da previdên- acordo internacional;
cia social; k) do segurado recolhido à prisão sob regime fechado ou semia-
VI - o membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da berto, que, nesta condição, preste serviço, dentro ou fora da unida-
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, quando não esteja vinculado a de penal, a uma ou mais empresas, com ou sem intermediação da
qualquer regime de previdência social; organização carcerária ou entidade afim, ou que exerce atividade
VII - o estagiário que preste serviços a empresa nos termos do artesanal por conta própria; e
disposto na Lei nº 11.788, de 2008; (Redação dada pelo Decreto nº l) do beneficiário de auxílio-acidente ou de auxílio suplementar,
10.410, de 2020). desde que simultaneamente não esteja exercendo atividade que o
VIII - o bolsista que se dedique em tempo integral a pesquisa, filie obrigatoriamente ao RGPS.
curso de especialização, pós-graduação, mestrado ou doutorado, Registra-se que o segurado afastado temporariamente de suas
no Brasil ou no exterior, desde que não esteja vinculado a qualquer atividades, poderá fazer contribuição como segurado facultativo,
regime de previdência social; desde que não esteja recebendo remuneração no período de afas-
IX - o presidiário que não exerce atividade remunerada nem es- tamento e não esteja exercendo outra atividade que o torne vin-
teja vinculado a qualquer regime de previdência social; (Redação culado ao RGPS ou a regime próprio. Um exemplo disso, é o caso
dada pelo Decreto nº 7.054, de 2009) de um empregado que esteja com o contrato de trabalho para a
X - o brasileiro residente ou domiciliado no exterior; (Redação realização de curso de capacitação profissional, como por exemplo,
dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020). os professores que fazem cursos de mestrado ou doutorado no país
XI - o segurado recolhido à prisão sob regime fechado ou se- ou até mesmo foram do território nacional.
mi-aberto, que, nesta condição, preste serviço, dentro ou fora da Importantes: Na condição de segurado facultativo em ato vo-
unidade penal, a uma ou mais empresas, com ou sem intermedia- litivo, filiação é um ato que gera efeitos após realizada a inscrição e
ção da organização carcerária ou entidade afim, ou que exerce ati- o primeiro recolhimento, ato que não permite retroagir e também
vidade artesanal por conta própria. (Incluído pelo Decreto nº 7.054, não permite o pagamento de contribuições relacionadas a compe-
de 2009) tências anteriores à data da inscrição.
XII - o atleta beneficiário da Bolsa-Atleta não filiado a regime
próprio de previdência social ou não enquadrado em uma das hi- — A filiação facultativa é permitida aos maiores de 16 anos e
póteses previstas no art. 9º. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de sem emprego, podendo ser efetivada após a inscrição e o recolhi-
2020). mento da primeira contribuição.
Importantes: A dona de casa que não contribui para o INSS não
é considerada uma segurada facultativa. Mas, caso opte por iniciar Em relação à inscrição, poderão se inscrever, cidadãos que
suas contribuições, poderá vir a ser. não exerçam atividade remunerada, como desempregados, donas
— O estudante não praticante de qualquer atividade de vin- de casa, estudantes, dentre outras categorias. A inscrição deverá
culação obrigatória, caso venha a se inscrever como facultativo e ser feita na Previdência Social na categoria de segurado facultativo.
iniciar as suas contribuições, passará a ser considerado facultativo. Realizada a inscrição, mediante contribuição, o segurado terá por
Entretanto, se ele exercer atividade remunerada, será um contri- lei, garantidos alguns direitos, como o auxílio-doença, o salário-ma-
buinte individual. ternidade, aposentadoria, dentre outros.
— Aquele que se encontra preso e que não exerce atividade Pondera-se que segurado facultativo poderá contribuir de duas
remunerada nem esteja vinculado a qualquer regime de previdên- maneiras, sendo que a primeira, seria pelo plano normal, que con-
cia social, poderá se inscrever como segurado facultativo. cede direito a todos os benefícios previdenciários; e, a segunda,
seria por meio da contribuição pelo Plano Simplificado, por meio
Filiação e inscrição da qual, o segurado possuirá o direito a todos os benefícios da Pre-
Admite-se a filiação na qualidade de segurado facultativo das vidência Social, salvo à aposentadoria por tempo de contribuição.
pessoas físicas que não exerçam nenhum tipo de atividade remu-
nerada, desde que não sejam participantes de regime próprio de Importantes: Art. 11 do Decreto-lei nº. 3.048/1.999:
previdência social, dentre outros: § 2º É vedada a filiação ao Regime Geral de Previdência Social,
a) da dona de casa; na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de
b) do síndico de condomínio, desde que não remunerado; regime próprio de previdência social, salvo na hipótese de afasta-
c) do estudante; mento sem vencimento e desde que não permitida, nesta condição,
d) do brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no contribuição ao respectivo regime próprio.
exterior; § 3º A filiação na qualidade de segurado facultativo represen-
e) daquele que deixou de ser segurado obrigatório da Previdên- ta ato volitivo, gerando efeito somente a partir da inscrição e do
cia Social; primeiro recolhimento, não podendo retroagir e não permitindo o
f) do membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da Lei pagamento de contribuições relativas a competências anteriores à
nº 8.069, de 1990, quando não remunerado e desde que não esteja data da inscrição, ressalvado o § 3º do art. 28.
vinculado a qualquer regime de Previdência Social; § 4º Após a inscrição, o segurado facultativo somente poderá
g) do bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa, de recolher contribuições em atraso quando não tiver ocorrido perda
acordo com a Lei nº 11.788, de 2008; da qualidade de segurado, conforme o disposto no inciso VI do art.
h) do bolsista que se dedica em tempo integral à pesquisa, cur- 13.
so de especialização, pós-graduação, mestrado ou doutorado, no
Brasil ou no exterior, desde que não esteja vinculado a qualquer re-
gime de Previdência Social;
i) do presidiário que não exerce atividade remunerada nem es-
teja vinculado a qualquer regime de Previdência Social;

219
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Trabalhadores excluídos do Regime Geral Art. 15. Considera-se:
Se encaixam nesta categoria, os cidadãos que não exercem ati- I – empresa – a firma individual ou sociedade que assume o
vidade remunerada que faz com que sejam segurados obrigatórios, risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos
e optaram por não efetuar recolhimentos como segurados faculta- ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública
tivos. Pondera-se que esta categoria não foi excluída do RGPS, po- direta, indireta e fundacional;
rém, optou por não participar dele. II – empregador doméstico – a pessoa ou família que admite a
Assim sendo, registra-se que excluídos do RGPS e impedidos seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico.
de nele ingressar, são os servidores públicos civis da União, dos Es- Parágrafo único. Equiparam-se a empresa, para os efeitos
tados, do Distrito Federal e dos Municípios, desde que participam desta Lei, o contribuinte individual e a pessoa física na condição de
de regime próprio de previdência, incluindo nesta categoria, os mi- proprietário ou dono de obra de construção civil, em relação a segu-
litares. rado que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação
Desta forma, vejamos o que determina o art. 12 da LBPS: ou a entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão diplo-
Art. 12. O servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar mática e a repartição consular de carreira estrangeiras. (Redação
da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, bem dada pela Lei nº 13.202, de 2015).
como o das respectivas autarquias e fundações, são excluídos do Ressalta-se que o disposto por lei, trata-se da regra geral. En-
Regime Geral de Previdência Social consubstanciado nesta Lei, des- tretanto, pondera-se que existe a situação daqueles que são equi-
de que amparados por regime próprio de previdência social. parados à empresa, que são o contribuinte individual e a pessoa
§ 1º Caso o servidor ou o militar venham a exercer, concomitan- física na condição de proprietário ou dono de obra de construção
temente, uma ou mais atividades abrangidas pelo Regime Geral de civil, em relação a segurado que lhe presta serviço, a cooperativa,
Previdência Social, tornar-se-ão segurados obrigatórios em relação a associação ou a entidade de qualquer natureza ou finalidade, a
a essas atividades. missão diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras.
§ 2º Caso o servidor ou o militar, amparados por regime pró- Deve-se, no entanto, levar em conta que todos esses entes se en-
prio de previdência social, sejam requisitados para outro órgão ou contram sujeitos às mesmas obrigações previdenciárias das empre-
entidade cujo regime previdenciário não permita a filiação, nessa sas de modo geral no território pátrio.
condição, permanecerão vinculados ao regime de origem, obedeci- Assim sendo, em resumo, temos:
das as regras que cada ente estabeleça acerca de sua contribuição.
Por fim, aduz-se que essa exclusão ocorre em relação ao exer- SÃO EQUIPARADOS A EMPRESA
cício do cargo público civil ou militar. Assim, caso o servidor público
civil ou militar venha a exercer outra atividade que o encaixe como O contribuinte individual e a pessoa física na condição de
segurado obrigatório, ele deverá participar do RGPS em virtude des- proprietário ou dono de obra de construção civil, em relação a
se trabalho, nos parâmetros art. 12, § 1º da LBPS. segurado que lhe presta serviços.
A cooperativa, a associação ou a entidade eivada de qual-
EMPRESA E EMPREGADOR DOMÉSTICO: CONCEITO quer natureza ou finalidade, estando inclusa a missão diplomáti-
PREVIDENCIÁRIO ca e a Repartição Consular de carreiras estrangeiras.
Obs. Todos esses entes acima citados, se encontram sujeitos
às mesmas obrigações previdenciárias das empresas de modo
Quando se fala na expressão “empresa”, a primeira ideia que
geral.
se tem, é em relação ao conceito na seara cível. De acordo com o
ilustre civilista Fábio Ulhôa Coelho, empresa é uma atividade eco-
Ante o exposto, pode-se citar como exemplo, um mestre-de-
nômica organizada para a produção ou circulação de bens ou servi-
-obras que trabalha por conta própria como contribuinte individual,
ços. Entretanto, na seara previdenciária, o conceito de empresa se
sendo que nesse caso, será considerado, como uma empresa no
mostra um pouco mais amplo.
que condiz aos fins previdenciários, em relação ao auxiliar de pe-
A lei de Planos de Benefícios da Previdência Social, Lei nº.
dreiro, sendo que as respostas e consequências dessa regra se en-
8.213/1.991, (LBPS), regula a matéria pertinente ao assunto, bem
contram relacionadas com a parte de custeio previdenciário.
como dispõe sobre outras providências, incluindo o conceito de
empregador doméstico como um todo. Vejamos o disposto no art.
15 do referido diploma legal:
Art. 15 . Consideram-se:
I - empresa - a firma individual ou sociedade que assume o risco
de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não,
bem como os órgãos e entidades da administração pública direta,
indireta ou fundacional;
II - empregador doméstico - a pessoa ou família que admite a
seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico.

Percebe-se que no âmbito do Direito Previdenciário, o conceito


de empresa abrange, além da questão de ser uma firma ou uma so-
ciedade que assume o risco de atividade econômica, o alcance aos
órgãos e entidades da Administração Pública direta, indireta bem
como da fundacional.
Em relação ao empregador doméstico, registra-se que este
possui como atributo principal e marcante a não existência de finali-
dade lucrativa. Vejamos o conceito legal devidamente paramentado
pelo art. 15 da LOCSS da Lei n. 8.212/1991:

220
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
guridade Social, orçamentos esses que são fixados de forma obri-
FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL. RECEITAS gatória na Lei Orçamentária anual. Ademais, a União é a autêntica
DA UNIÃO. RECEITAS DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS: responsável pela cobertura de eventuais faltas de recursos da Se-
DOS SEGURADOS, DAS EMPRESAS, DO EMPREGA- guridade em decorrência do pagamento de benefícios advindos de
DOR DOMÉSTICO, DO PRODUTOR RURAL, DO CLU- prestação continuada pela previdência social, nos termos do art. 16
BE DE FUTEBOL PROFISSIONAL, SOBRE A RECEITA da Lei n. 8.212/1991.
DE CONCURSOS DE PROGNÓSTICOS, RECEITAS DE Pondera-se que não existe um percentual mínimo definido a
OUTRAS FONTES. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. ser designado à Seguridade Social, da maneira como ocorre com
CONCEITO. PARCELAS INTEGRANTES E PARCELAS a educação, nos conformes do art. 212 da CFB/1.988, levando em
NÃO INTEGRANTES. LIMITES MÍNIMO E MÁXIMO. conta que esse percentual se constitui em uma parcela aleatória de
CONTRIBUIÇÕES INFERIORES AO SALÁRIO MÍNIMO E modo geral.
COMPLEMENTAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES. REAJUSTA- O jurista Wladimir Novaes Martinez, aduz que ficar o Estado
MENTO. ARRECADAÇÃO E RECOLHIMENTO DAS CON- e particularmente a União, na retaguarda das obrigações assumi-
TRIBUIÇÕES DESTINADAS À SEGURIDADE SOCIAL. das pela Previdência Social, ou seja, deixando a sociedade como
COMPETÊNCIA DO INSS E DA SECRETARIA DA RECEITA última garantia dos recursos financeiros essenciais às prestações,
FEDERAL DO BRASIL. OBRIGAÇÕES DA EMPRESA E é uma tomada de posição de índole filosófica, posto que a União
DEMAIS CONTRIBUINTES. PRAZO DE RECOLHIMENTO. garante a Previdência Social. Assim sendo, tem-na socializada e sob
RECOLHIMENTO FORA DO PRAZO: JUROS, MULTA E sua administração, lesionando a ideia de o seguro social ser um em-
ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA preendimento dos trabalhadores de modo geral. Na realidade, caso
aconteça de os recursos obtidos pelas contribuições não serem su-
Com previsão no art. 195 da CFB/1.988, o financiamento da ficientes, a sociedade poderá ser chamada por intermédio do orça-
Seguridade Social é conceituado como um dever de modo geral, mento da União, a contribuir um pouco mais.
imposto à toda a sociedade, seja de maneira direta ou indireta, me- Entretanto, visto por outro ângulo, a União pode também vir
diante recursos advindos dos orçamentos da União, dos Estados, do a se socorrer-se dos benefícios da Seguridade Social para adim-
Distrito Federal, dos Municípios e também das contribuições sociais plir com seus encargos previdenciários. Para isso, denote-se que
de forma geral. a União se encontra autorizada a utilizar-se dos recursos advindos
Ressalta-se, que o estilo de financiamento da Seguridade So- das contribuições que incidem sobre o faturamento e o lucro, nos
cial disposto na Constituição Federal foi feito com base no sistema parâmetros do art. 17 da Lei nº. 8.212/1.991, sob a redação da Lei
contributivo, tendo por esse motivo, o Poder Público marcante par- nº. 9.711/1998.
ticipação no orçamento da Seguridade, sob a preeminente entrega Por fim, registre-se que os recursos da Seguridade Social tam-
de recursos advindos dos orçamentos tanto da União, quanto dos bém podem ser usados para custear despesas com o pessoal e a
demais entes da Federação, com o fito de cobrir eventuais insufi- administração geral do INSS, exceto os advindos da arrecadação da
ciências do sistema, e, de ainda, fazer frente às diversas despesas contribuição sobre concursos de prognósticos, uma vez que o des-
decorrentes de seus próprios encargos previdenciários, recursos tino destes é apenas para o custeio dos benefícios e serviços que
humanos e também dos materiais empregados como um todo. são prestados pela Seguridade Social, nos ditames do art. 18 da Lei
Com receita própria, pondera-se que o orçamento da Seguri- n. 8.212/1991.
dade Social não se confunde com a receita tributária federal, que
se trata daquela que possui destino unicamente para as prestações Receita das contribuições sociais
da Seguridade Social nas searas da Saúde Pública, da Previdência A princípio, infere-se que a CFB/1.988 dispôs sobre as contri-
Social e da Assistência Social, com as devidas obediências à LDO (Lei buições sociais no capítulo reservado ao Sistema Tributário Nacio-
de Diretrizes Orçamentárias). Por esse motivo, deverá o orçamento nal, determinando de forma expressa no art. 149, normas gerais
ser objeto de deliberação conjunta entre os órgãos competentes a respeito da Instituição, e, por conseguinte, no art. 195, sobre as
que são os seguintes: Conselho Nacional de Previdência Social, Con- normas especiais relacionadas às contribuições para a Seguridade
selho Nacional de Assistência Social e Conselho Nacional de Saúde. Social Brasileira.
A título de conhecimento, prevaleceu na doutrina e na jurispru-
Importante: A gestão dos recursos é descentralizada por área dência tributárias a teoria da tripartição, por meio da qual os tribu-
de atuação. tos eram divididos em impostos, taxas e contribuições de melhoria.
Na contemporaneidade, esta teoria ainda é defendida por parte da
Receita da União doutrina, mas, atualmente a maior parte da doutrina adota a teoria
De antemão, registra-se que a Seguridade Social deverá ser fi- pentapartida, que se divide os tributos: em impostos empréstimos
nanciada por meio de toda a sociedade, nos termos do art. 195, compulsórios (art. 148 da CFB/1.988), taxas, contribuições de me-
caput da CFB/1.988, devendo tal financiamento ocorrer de forma lhoria (art. 145 da Constituição) e contribuições especiais (artigos
direta e indireta, nos termos legais, com recursos advindos dos or- 149 e 149-A da CFB/1.988). Além disso a teoria pentapartida tam-
çamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- bém se trata da teoria adotada pelo STF (Supremo Tribunal Fede-
pios, bem como das contribuições sociais de modo geral. ral), que tem decidido de maneira concomitante que os impostos
Registra-se que existe regra adequada, nos conformes do art. compulsórios e as contribuições especiais são considerados espé-
165, § 5º, III, da CFB/1.988, por meio da qual, a lei orçamentária cies tributárias autônomas.
anual compreenderá “o orçamento da seguridade social, abrangen- A respeito das contribuições especiais, denota-se que possuem
do todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração como fulcro o custeamento das atividades sociais do Estado, como
direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e a saúde, a educação, a previdência social, dentre outros. Em rela-
mantidos pelo Poder Público”. ção às contribuições sociais, no termos do art. 149 da CFB/1.988,
O que ocorre na realidade, é que a União não possui, uma con- afirma-se que elas são tributos cobrados da população, cabendo à
tribuição social efetiva. Isso ocorre pelo fato de ela participar com União instituir as contribuições especiais, tendo em vista que os Es-
atribuição de dotações do seu orçamento diretamente para a Se- tados, o DF e os Municípios só possuem permissão da Constituição

221
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
para instituir contribuições cobradas de seus servidores, com de- em quantia que varie entre o salário-mínimo e o Teto do INSS. No
signação ao custeio de seus regimes próprios de Previdência Social. entanto, existe ainda, a possibilidade do facultativo contribuir com
Também é da União a competência de instituir as contribuições so- uma alíquota de 11% sobre o salário mínimo.
ciais, bem como a competência para fazer arrecadações, sendo que Importante: Há alguns tipos de segurados que por se encaixa-
quem faz é a Secretaria da Receita Federal do Brasil. rem no conceito de baixa-renda, poderão contribui com uma alí-
Importante: A regra de a Secretaria da Receita Federal do Bra- quota de 5% sobre o valor do salário mínimo.
sil fazer arrecadações por delegação da União, foi aplicada desde
2.007, posto que nesse ano, a Lei nº. 11.457/2.007 fez a fusão da Das empresas
Secretaria da Receita Previdenciária e da Secretaria da Receita Fe- Por força de determinação do art. 195 da CFB/1.988, as empre-
deral. sas são grandes financiadoras da Seguridade Social. Assim sendo,
Antes da aprovação da referida lei, era o INSS que fazia a arre- vale a pena rever esse artigo. Vejamos:
cadação exercida pelos Auditores Fiscais da Previdência Social, que Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a socie-
com a unificação desses órgãos, passaram a ser integrados aos Au- dade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recur-
ditores Fiscais da Receita Federal. sos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
Dos segurados I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada
Segurados obrigatórios são todos os trabalhadores que exer- na forma da lei, incidentes sobre:
cem alguma espécie de atividade remunerada. a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos
Assim sendo, eles se encontram obrigados a contribuir para a ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste ser-
Previdência Social, pelo fato de receberem remuneração pelo tra- viço, mesmo sem vínculo empregatício;
balho executado. b) a receita ou o faturamento;
Nesta categoria, temos diversos tipos de trabalhadores. Veja- c) o lucro;
mos: II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência so-
• Empregados registrados na CLT; cial, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão con-
• Empregados domésticos; cedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art.
• Trabalhadores avulsos; 201;
• Segurados especiais; III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
• Contribuintes individuais, incluindo nesta subcategoria os mi- IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem
croempreendedores individuais, os chamados MEI. a lei a ele equiparar.
Ressalta-se que o trabalho executado pelos segurados cria para
Ressalta-se que a contribuição destes trabalhadores não ocorre a empresa, a obrigação de remunerá-los, bem como é sobre o valor
de forma igual para toda a categoria, sendo que para os emprega- dessa remuneração que incide a contribuição patronal, vindo, as-
dos CLT, empregados domésticos e trabalhadores avulsos, a contri- sim, a gerar a base de cálculo de contribuição desses segurados. O
buição é cobrada de forma direta, tendo como base o salário que recolhimento da contribuição dos segurados deverá ser executado
esses trabalhadores recebem, sendo que o desconto previdenciário até o dia 20 do mês seguinte ao que se refere a remuneração, ou,
incide de forma direta na folha de pagamento e pelo próprio em- ainda, um dia antes, se o dia 20 não tiver expediente bancário.
pregador. Importante: Sobre o mencionado no retro parágrafo, ponde-
No que condiz aos contribuintes individuais, afirma-se que es- ra-se que não é no mês seguinte ao pagamento da remuneração.
tes contribuem com uma alíquota no valor de 20% sobre um valor Assim, caso o segurado tenha laborado em abril, a contribuição da
entre o salário-mínimo, (R$ 1.100,00 em 2.021) e o Teto segundo o empresa deve se dar até o dia 20 de maio, não importando se o
INSS, (R$ 6.433,57 em 2021). salário foi pago em abril ou no início de maio, tendo em vista que o
Denota-se que existe a possibilidade desta categoria contribuir que importa é a prestação do serviço com o exercício da atividade
com uma alíquota de 11% em cima do mínimo também. Entretanto, remunerada.
esses trabalhadores terão direito apenas a uma aposentadoria no
valor do salário-mínimo. Entretanto, não existe apenas esta forma de contribuição no
Em relação aos MEIs, ressalta-se que esta classe, também aca- que condiz às empresas, posto que em decorrência do princípio da
ba contribuindo em cima do valor do mínimo, porém, com alíquota Equidade na Forma de Participação no Custeio contido na Constitui-
diferente no percentual de 5%, havendo, ainda, a possibilidade de- ção Federal, por meio do qual, quem pode mais, paga mais e quem
les poderem complementar a alíquota para no máximo 20%, caso pode menos, deverá o legislador garantir a aplicabilidade desse
optem por buscar a obtenção de uma aposentadoria melhor. dispositivo. Assim, em decorrência desse princípio, existem regras
A contribuição dos segurados especiais é realizada sobre o va- variadas, bases de cálculo distintas e alíquotas diferentes. Vejamos
lor de sua receita bruta da produção rural. em síntese:
No caso dos segurados facultativos, pelo fato de não exercerem 1. Da Contribuição da Empresa sobre a Remuneração dos Se-
nenhuma atividade remunerada, porém, caso desejem ser cobertos gurados Empregado e Avulso: O recolhimento pela empresa deverá
pelos benefícios da Previdência Social, é necessário que façam o ser de 20% sobre o total das remunerações devendo, nos ditames
recolhimento previdenciário de forma voluntária. Exemplos: os de- legais do art. 22, inc. I da LOCSS, ser pagas, devidas ou creditadas
sempregados e os estudantes. a esses segurados, no decorrer do mês, lembrando que em decor-
No condizente aos segurados facultativos, aduz-se que esta rência da EFPC, a contribuição patronal não poderá sofrer limitação
categoria não pode ser segurada de um Regime Próprio de Previ- ao teto.
dência Social, porém, suas contribuições podem ser feitas de ma- 2. Sobre a contribuição da empresa sobre a remuneração
neira igual à dos contribuintes individuais que em geral é de 20% dos segurados contribuintes individuais prestadores de serviço: A
sobre um valor declarado pelo próprio segurado, desde que seja empresa deverá nos moldes do art. 22, inc. III da LOCSS, recolher
20% sobre o total das remunerações pagas ou creditadas aos con-
tribuintes individuais que lhe prestem serviços. Registre-se que a

222
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
cooperativa de trabalho, nos moldes do art. 201, § 19 do RPS não se Importante: O FAP é calculado com base nos índices de gravi-
encontra sujeita a essa contribuição, tendo em vista que ela paga de dade como:
forma distribuída ou creditada aos seus cooperados, sob a forma de • Morte, incapacidade permanente ou temporária;
título de remuneração ou retribuição pelos serviços os segurados • De frequência pela quantidade de ocorrências; e
tenham por seu intermédio, prestado a empresas. • De custo (valor e duração dos benefícios acidentários) dos
3. Sobre a contribuição destinada ao Financiamento da Apo- acidentes de trabalho da empresa.
sentadoria Especial e dos Benefícios Acidentários: Com determi-
nação legal expressa no art. 22, II, da LOCSS é bastante conhecida Prevista no art. 57 da LBPS, existe a contribuição adicional ao
pelas siglas SAT do Seguro de Acidentes do Trabalho, RAT dos Riscos SAT (Seguro de Acidente do Trabalho), que se predispõe de forma
Ambientais do Trabalho ou GILRAT (Grau de incidência de Incapa- específica ao custeio da aposentadoria especial. Denota-se que esta
cidade Laborativa decorrente dos Riscos Ambientais do Trabalho). contribuição será devida, uma vez cumprida a carência exigida por
Assim, a contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais
Social, além do disposto no art. 23, é de: a) 1% (um por cento) para que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quin-
as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes ze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos.
do trabalho seja considerado leve; b) 2% (dois por cento) para as Em atenção ao parágrafo 6º do art. 57 da LBPS, aduz-se que
empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja conside- o SAT, benefício previsto no artigo 57, será financiado com os re-
rado médio; c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja ativi- cursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art.
dade preponderante esse risco seja considerado grave. O benefício 22 da Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas serão
previsto nos artigos 57 e 58 é o da aposentadoria especial. acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a
atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa, permitindo
Importante: A empresa só recolhe essa contribuição adicional a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e
sobre o total das remunerações pagas a segurados empregados cinco anos de contribuição, respectivamente. Posto que o parágrafo
e avulsos, tendo em vista que a contribuição adicional não incide 7º do referido artigo, trata exclusivamente sobre a incidência da re-
sobre a remuneração dos contribuintes individuais que estejam a muneração do segurado sujeito às condições especiais referidas no
serviço da empresa, porque eles não possuem direito a benefícios caput do art. 57 retro mencionadas.
acidentários. Desta forma, ao passo que a alíquota SAT – ou RAT, ou GILRAT –
encontra incidência sobre a folha de salários da empresa de forma
A respeito da atividade preponderante, o Regime de Previ- total, essa contribuição adicional incide de maneira exclusiva sobre
dência Social em seu art. 202, § 3º, aduz que esta categoria que se a remuneração dos segurados que se encontram sujeitos ao traba-
considera preponderante em relação à atividade que ocupa na em- lho sob condições especiais.
presa que possui maior número de segurados empregados e traba-
lhadores avulsos. Assim, deverá a empresa fazer o enquadramento Do empregador doméstico
com fulcro na relação de atividades preponderantes, que se encon- Nos ditames do art. 15, II da LOCSS, empregador doméstico é a
tra disposto no Anexo V do RPS no art. 202 em seu parágrafo 4º, pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrati-
que poderá ser revisionado a qualquer tempo pela Receita Federal. va, empregado doméstico. Por outro ângulo, sob a ótica da LOCSSS,
Sobre os motivos da atividade preponderante ser aferida, por em seu art. 12, II, empregado doméstico é aquele que presta servi-
força de lei, em cada estabelecimento da entidade empresarial, ço de natureza contínua à pessoa ou família, no âmbito residencial
desde que estas empresas possuam CNPJ distintos, é firme a posi- desta, em atividades sem fins lucrativos.
ção do STJ com a edição da súmula 351 do STJ, editada no ano de Registra-se, que com base nos conceitos de empregador e em-
2008. Vejamos: pregado domésticos, pode ser encontrada a principal diferença ad-
STJ – Súmula 351 – “A alíquota de contribuição para o Seguro vinda da Legislação previdenciária entre os empregados domésticos
de Acidente do Trabalho (SAT) é aferida pelo grau de risco desenvol- e os demais segurados empregados.
vido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ, ou pelo grau Nesse sentido, pelo fato dos empregadores domésticos não au-
de risco da atividade preponderante quando houver apenas um ferirem nenhum tipo de retorno financeiro por meio do trabalho
registro. Essa contribuição segue a regra geral dos recolhimentos daqueles que lhes prestam serviços domésticos, se torna inviável
empresariais, o que significa que deve ser paga até o dia 20 do mês cobrar dos empregadores domésticos as mesmas contribuições que
seguinte ao da competência, antecipando-se para o dia útil imedia- são exigíveis das empresas.
tamente anterior, se não houver expediente bancário no dia 20”. Em relação ao recolhimento de alíquotas, dentre outros tribu-
Registra-se que em relação à análise do FAP (Fator Acidentário tos, a Lei Complementar n. 150 trouxe ao ordenamento jurídico,
de Prevenção), esse fator foi implantado a partir do ano de 2007, a regulamentação da PEC das Domésticas por meio da qual criou-
com a função de auxiliar as empresas que são buscadoras da redu- -se o “simples doméstico”, que trata de um sistema de pagamento
ção dos acidentes de trabalho, bem como a pressionar, mediante único de diversas contribuições que dizem respeito ao empregado
o aumento da contribuição, aquelas empresas que pouco ou nada doméstico. Assim sendo, vejamos como a mencionada lei regula-
fazem nesse sentido, e nem, tampouco se preocupam com a segu- menta esta questão em seus arts. 34 e 35:
rança do trabalhador. Com previsão legal no artigo 202-A do Regime Art. 34. O Simples Doméstico assegurará o recolhimento men-
de Previdência social, trata-se o FAP de um multiplicador eivado de sal, mediante documento único de arrecadação, dos seguintes va-
variáveis entre o índice de 0,5 e 2,0, atribuído pelo Ministério da lores: [...]
Economia por empresa. O FAP possui incidência sobre as alíquotas II – 8% (oito por cento) de contribuição patronal previdenciária
de 1, 2 ou 3%, podendo reduzi-las em até 50%, ou as aumentando para a seguridade social, a cargo do empregador doméstico, nos
em até 100%, em decorrência do desempenho da empresa no con- termos do art. 24 da Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991;
dizente à sua respectiva atividade. III – 0,8% (oito décimos por cento) de contribuição social para
financiamento do seguro contra acidentes do trabalho;
IV – 8% (oito por cento) de recolhimento para o FGTS;

223
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
V – 3,2% (três inteiros e dois décimos por cento), na forma do relativo à receita bruta advinda dos espetáculos desportivos de que
art. 22 desta Lei; participe em todo o país e em qualquer tipo de modalidade despor-
e VI – imposto sobre a renda retido na fonte de que trata o tiva, inclusive em jogos internacionais, quaisquer formas de patrocí-
inciso I do art. 7º da Lei n. 7.713, de 22 de dezembro de 1988, se in- nio, de licenciamento de uso de marcas e símbolos, de publicidade,
cidente. [...] § 2º A contribuição e o imposto previstos nos incisos I e de propaganda e de transmissão de espetáculos desportivos, nos
VI do caput deste artigo serão descontados da remuneração do em- termos do art. 22, §6º da LOCSS. Denota-se que a citada contribui-
pregado pelo empregador, que é responsável por seu recolhimento. ção, constitui motivo de cláusula substitutiva da cota patronal que
§ 7º O recolhimento mensal, mediante documento único de arreca- incide sobre a remuneração de empregados, bem como de avulsos
dação, e a exigência das contribuições, dos depósitos e do imposto, e também do GILRAT. Assim, caso a associação desportiva venha a
nos valores definidos nos incisos I a VI do caput, somente serão de- contratar os serviços de um contribuinte individual, terá o dever
vidos após 120 (cento e vinte) dias da data de publicação desta Lei. de recolher 20% sobre a remuneração paga com o tempo de prazo
Art. 35. O empregador doméstico é obrigado a pagar a remu- de recolhimento de no máximo dois dias úteis após a realização do
neração devida ao empregado doméstico e a arrecadar e a recolher evento, cabendo à associação desportiva prestar as devidas infor-
a contribuição prevista no inciso I do art. 34, assim como a arreca- mações pertinentes de forma minuciosa à entidade promotora a
dar e a recolher as contribuições, os depósitos e o imposto a seu respeito de todas as receitas auferidas no evento.
cargo discriminados nos incisos II, III, IV, V e VI do caput do art. 34, Em relação à contribuição com incidência sobre as receitas
até o dia 7 do mês seguinte ao da competência. adquiridas com patrocínio, licenciamento de uso de marcas e sím-
Ante o exposto, entende-se que o empregador doméstico con- bolos, publicidade, propaganda e transmissão de espetáculos des-
tribui com alíquota no valor total de 20%. E, ainda, que a cota patro- portivos, pondera-se que deverá ser recolhida pela empresa ou en-
nal e o GILRAT, por sua vez, incidem sobre o salário de contribuição tidade pagadora. Nessa hipótese, o recolhimento deverá ser pela
percebido pelo empregado doméstico, já o FGTS e a multa do FGTS, regra geral de todas as empresas até o dia 20 do mês seguinte ao
incidem sobre a remuneração. da competência, ou, ainda, no dia útil imediatamente anterior, caso
Importante: De acordo com o inc. VIII do art. 216 do RPS, du- não haja expediente bancário no dia 20.
rante o período da licença-maternidade da empregada doméstica,
o INSS é o responsável pelo adimplemento do salário-maternidade. Com a intenção de adequar a contribuição previdenciária dos
No entanto, o empregador doméstico permanece responsável, nes- clubes de futebol, a Previdência Social realizou algumas mudanças
se período, pelo recolhimento das contribuições que estão sob o na legislação. Vejamos:
seu encargo, como a cota patronal, o GILRAT, o FGTS e a Multa do • Sendo associação desportiva com equipe de futebol amador,
FGTS. deverá seguir a regra geral das empresas.
• Caso seja associação desportiva com equipe de basquetebol
Do produtor rural profissional, deverá seguir a regra geral das empresas.
Denota-se, de antemão, que os trabalhadores rurais não são • Sendo associação desportiva com equipe de futebol profis-
detentores de rendimentos com prazos regulares, tendo em vista sional e de outros esportes, poderá se beneficiar da contribuição
que são dependentes dos períodos de plantio, das variações climá- diferenciada.
ticas e também das safras que planejam. Por esse motivo, a lei os
desobriga de terrem que contribuir mensalmente. Desta maneira, Sobre a receita de concursos de prognósticos
apenas serão devidas as contribuições no instante da venda da pro- Concursos de prognósticos são concursos de sorteios de núme-
dução agrícola. ros, aposta e de loterias. Pode-se incluir nesse rol, as apostas reali-
Entretanto, após ser realizada a venda da safra, as alíquotas zadas em reuniões hípicas de âmbito federal, estadual, do Distrito
devidas pelo trabalhador rural serão as seguintes: Federal e também dos municípios.
• 1,2% da receita bruta da comercialização da produção, com Pondera-se que essa contribuição é constituída a partir da re-
destino à previdência social, posto que esta alíquota, veio em subs- ceita auferida nos concursos de prognósticos, sorteios e loterias,
tituição à contribuição incidente sobre a remuneração dos empre- sendo multiplicada pela alíquota fixada pelos parâmetros legais.
gados que em regra é de 20%; Essa contribuição encontra-se prevista art. 195, III, da CFB/1.988 e é
• 0,1% para o SAT/RAT/GILRAT, que veio em substituição às regulada pelos artigos 26 da LOCSS e 212 do RPS. Entretanto, infor-
alíquotas de 1, 2 ou 3% devidas pelas demais empresas como um ma-se nesse estudo que o RPS se encontra fora de atualização neste
todo. ponto, pelo fato de não terem sido incorporadas nele as alterações
Registra-se, que pelo fato do empregador rural pessoa física, que a Lei n. 13.756/2018 determinou por meio do art. 26 da LOCSS.
ser encaixado como contribuinte individual dentro dos parâmetros Por fim, pondera-se que a Lei n. 13.756 fixa alíquotas diversas
da LOCSS, no art. 25, § 2º, é facultado-lhe vir a contribuir da mesma que variam de 0,25% a 17,32%, a depender do tipo de loteria.
maneira que as empresas em geral, sendo a cota catronal de 20%,
acoplada à GILRAT de 1, 2 ou 3%, devendo manifestar sua opção Receitas de outras fontes
anualmente, demonstrando e fazendo o recolhimento sobre a folha Sobre esta categoria, dispõe de forma clara o art. 27 da LOCSS:
de salários de janeiro, ou, ainda, sobre a folha do primeiro mês de Art. 27. Constituem outras receitas da Seguridade Social:
trabalho no ano do início de seu exercício de labor. I – as multas, a atualização monetária e os juros moratórios;
II – a remuneração recebida por serviços de arrecadação, fisca-
Do clube de futebol profissional lização e cobrança prestados a terceiros;
Trata-se esta categoria da contribuição da associação desporti- III – as receitas provenientes de prestação de outros serviços e
va que mantém equipe de time de futebol profissional. Esta contri- de fornecimento ou arrendamento de bens;
buição possui como função, tratar dos assuntos de substituição da IV – as demais receitas patrimoniais, industriais e financeiras;
cota patronal e da GILRAT. Desta forma, esta categoria deixará de V – as doações, legados, subvenções e outras receitas even-
contribuir com 20% sobre a folha de salários, mais 1, 2 ou 3%, sendo tuais;
que a associação desportiva que mantém equipe de futebol profis- VI – 50% (cinquenta por cento) dos valores obtidos e aplicados
sional deverá recolher, por sua vez, uma única contribuição, de 5% na forma do parágrafo único do art. 243 da Constituição Federal;

224
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Salário de contribuição ciária, tem prevalecido como regra geral. Entretanto, existem algu-
mas ressalvas que se encontram previstas na lei e também reconhe-
Conceito cidas nos Tribunais pertinentes.
Trata-se do valor usado como base de cálculo para a incidência Importante: Pondera-se que a remuneração que é tida como
das alíquotas das contribuições previdenciárias dos segurados, ex- base de cálculo da contribuição da empresa não é totalizante, pos-
ceto a do segurado especial. to que as mesmas verbas que não são passíveis de incidência da
O salário de contribuição constitui-se em um dos elementos contribuição do empregado, também não poderão ser objeto de
de cálculo da contribuição previdenciária, com especial medida do contribuição da empresa.
valor por meio da qual é aplicada a alíquota de contribuição, vindo,
desta forma, a obter-se o montante da contribuição de todos os Limites máximo e mínimo
tipos de segurados empregados. O Salário de contribuição se encontra dividido dentro de um
Registra-se que no sistema utilizado pelo ordenamento jurídico limite mínimo e de um limite máximo.
brasileiro, não é viável se ater apenas à finalidade arrecadatória das Nos ditames do art. 28, § 3º, da Lei n. 8.212/91, o limite mí-
contribuições, para fazer frente às despesas públicas, posto que, nimo do salário de contribuição é correspondente ao piso salarial,
ao ser realizada a contribuição conforme manda a lei, sua base de legal ou normativo, da categoria ou, caso este não exista, ao salário
cálculo deverá ser avaliada e considerada também para fins de cál- mínimo, sendo que será tomado no seu valor mensal, diário ou por
culo do benefício, de acordo com o previsto no art. 201, § 11, da horas, de acordo com o que foi ajustado, bem como o tempo de
CFB/1.988. Vejamos: trabalho efetivado durante o decorrer do mês. Assim, o limite máxi-
§11 – Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, mo se encontra correspondente ao teto da previdência social que é
serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previden- reajustado pelo INPC de forma anual.
ciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos e na for- Proporcionalidade
ma da lei. Sobre a proporcionalidade, vejamos o que dispõe o art. 214,
Assim sendo, considera-se de suma importância, fixar com pre- §1º do Decreto-Lei 3.048/99:
cisão, não somente o salário de contribuição, mas também que seja § 1ª Quando a admissão, a dispensa, o afastamento ou a falta
levado em conta a época em que esse salário foi, ou deveria ter do empregado, inclusive o doméstico, ocorrer no curso do mês, o
sido pago pelo tomador do serviço do segurado, de forma que este salário-se-contribuição será proporcional ao número de dias efe-
consiga receber o valor que lhe é devido a título de benefício previ- tivamente trabalhados, observadas as normas estabelecidas pelo
denciário de modo correto. instituto Nacional do Seguro Social.
Ressalta-se que o limite mínimo do salário de contribuição para É importante frisar que na atualidade, em relação às alíquotas
os segurados contribuinte individual e facultativo, é corresponden- de contribuição do INSS, estas passaram por um reajuste que tam-
te ao valor do salário mínimo. Já para os segurados empregados, bém teve reflexo na tabela de contribuição dos trabalhadores para
incluindo nesta classe, o doméstico e também o trabalhador avul- o INSS. Assim sendo, entende-se que a contribuição dos segurados
so, corresponde ao piso salarial legal ou ao normativo da categoria, empregados, do trabalhador avulso e do trabalhador doméstico, no
e, caso não exista este, corresponderá ao valor do salário mínimo, que condiz aos fatos geradores ocorridos a partir da competência
tomado seu valor mensal, diário ou horário, conforme o ajustado janeiro de 2.021, deverá ser calculada de forma proporcional ao sa-
e o tempo de trabalho efetivo no decorrer do mês, nos termos do lário recebido pelo trabalhador, com a aplicação da correspondente
disposto no § 3º do art. 28 da Lei n. 8.212/1991. alíquota sobre o salário de contribuição percebido mensalmente,
porém, de forma progressiva, conforme os dados dispostos abaixo:
Ponto bastante importante nesse estudo e que merece desta-
que, é o referente à A EC 103/2019 e o limite mínimo do salário
de contribuição, tendo em vista que em relação à necessidade de
observância do limite mínimo do salário de contribuição, a EC n.
103/2019 determinou no art. 195, § 14, norma que aduz que o se-
gurado apenas terá reconhecida como tempo de contribuição ao
RGPS a competência cuja contribuição ocorra de tempo igual ou de
lapso superior à contribuição mínima mensal que a lei exige para a
sua categoria, tendo por esse motivo, assegurado para si o acopla-
mento de contribuições. Ocorre que tal regra se encontra dotada de
violação à Constituição Federal em seu art.194, § único, posto que
ao ferir o princípio da equidade da participação no custeio, passa a
exigir contribuição maior aos que auferem menor rendimento.
Reajustamento
Parcelas integrantes e parcelas não-integrantes Sobre o reajustamento do salário-de-contribuição, dispõe o
Parcelas integrantes são as os valores pecuniários sobre os art. art. 20 § 1º do Decreto-Lei 3.048/99:
quais deverá incidir a alíquota de contribuição previdenciária de § 1º. Os valores do salário-de-contribuição serão reajustados,
forma geral. Já as parcelas não-integrantes, podem ser considera- a partir da data de entrada em vigor desta Lei, na mesma época e
dos os valores pecuniários sobre os quais não são incidentes a con- com os mesmos índices que os do reajustamento dos benefícios de
tribuição previdenciária. prestação continuada da Previdência Social.
De modo geral, compõem as parcelas integrantes as que são Dispõe ainda art. 40:
de natureza remuneratória, que se referem aos pagamentos que se Art. 40. É assegurado o reajustamento dos benefícios para
destinam à retribuição do labor como um todo. preserva-lhes, em caráter permanente, o valor real da data de sua
No tocante às parcelas não-integrantes, ressalta-se que a ideia concessão.
segundo a qual, as verbas indenizatórias ou de ressarcimento não
são integrantes do sistema de alíquotas de contribuição previden-

225
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 1º Os valores dos benefícios em manutenção serão reajusta- Desta maneira, observa-se que após a promulgação da referida
dos, anualmente, na mesma data do reajuste do salário mínimo, pro lei, restou ao INSS, tratar sobre a concessão e a manutenção de
rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do último benefícios previdenciários, vindo, desta forma, a se tornar esta, a
reajustamento, com base no índice Nacional de Preços ao Consumi- sua principal atividade. Além disso, o art. 5º da lei nº. 11.457/2007,
dor – INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia atribuiu ao INSS outras responsabilidades. Vejamos:
e Estatística – IBGE. (Redação dada pelo Decreto nº 6.042, de 2007). Art. 5º. Além das demais competências estabelecidas na legis-
Desta forma, com as devidas atualizações anuais, temos: lação que lhe é aplicável, cabe ao INSS:
I – emitir certidão relativa a tempo de contribuição;
II – gerir o Fundo do Regime Geral de Previdência Social;
III – calcular o montante das contribuições referidas no art. 2º
desta Lei e emitir o correspondente documento de arrecadação,
com vistas no atendimento conclusivo para concessão ou revisão de
benefício requerido.
Em alusão ao texto do inciso III, quanto às contribuições a que
se referem, tratam-se daquelas que chamamos de forma exclusiva
de contribuições previdenciárias.

Obrigações da Empresa e demais contribuintes


Arrecadação e recolhimento das contribuições destinadas à A respeito das obrigações da empresa, assim dispõe o art. 30
seguridade social da Lei 8.212/1.991:
Ocorre a arrecadação no momento em que o contribuinte Art 30. A empresa é obrigada a:
segurado cumpre o seu adimplemento com a contribuição social a) Arrecadar as contribuições dos segurados empregados a seu
devida junto ao Estado. Em relação ao recolhimento, infere-se que serviço, descontando-as da respectiva remuneração, e recolher es-
ocorre quando o agente arrecadador transfere os valores arrecada- ses valores até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da competência;
do para o Tesouro Nacional. b) Arrecadar as contribuições dos segurados trabalhadores
avulsos a seu serviço, descontando-as da respectiva remuneração,
Competência do INSS e da Secretaria da Receita Federal do e recolher esses valores até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da
Brasil competência;
Em tempos remotos, o órgão responsável por controlar a arre- c) Arrecadar as contribuições dos segurados contribuintes indi-
cadação das contribuições previdenciárias, bem como sua cobrança viduais a seu serviço, descontando-as da respectiva remuneração,
era o INSS, que também se responsabilizava pela concessão e pela e recolher esses valores até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da
manutenção dos benefícios previdenciários. Entretanto, em 2007, a competência;
Lei nº. 11.457/2.007 tratou de unificar a Secretaria da Receita Fe- d) Recolher as contribuições a seu cargo incidentes sobre as
deral e a Secretaria da Receita Previdenciária, vindo a criar, desta remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos
forma, a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). A partir da segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes in-
promulgação da referida lei, passou a RFB a ser a responsável por dividuais a seu serviço até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da
planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à competência;
tributação, à arrecadação, à fiscalização, à cobrança e ao recolhi- e) Recolher o Programa de Integração Social e o Programa de
mento das contribuições sociais com destino ao financiamento da Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP), a Con-
Seguridade Social, das contribuições que são incidentes a título de tribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e a
substituição, bem como das devidas a outras entidades e fundos de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), na forma e nos pra-
modo geral. zos definidos pela legislação tributária federal vigente.
Assim sendo, infere-se que é função da RFB, por meio dos Au- Em atenção às alíneas c e d, vejamos o entendimento:
ditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (AFRFB), realizar o devi- • Em relação à alínea C, entende-se que a expressão “mês
do exame da contabilidade das empresas de modo geral. Por esse seguinte ao da competência” significa que o pagamento se refere
motivo, as empresas, os segurados da Previdência Social de modo ao mês antecedente. Desta forma, aduz-se que a contribuição in-
geral, bem como outros se encontram obrigados por força de Lei, cidente sobre o valor que foi adimplido pelos serviços prestados
a demonstrar todos os documentos e livros relacionados com as na vigência do mês de janeiro deverá ser recolhida até o dia 20 de
contribuições destinadas à Seguridade Social, que estejam sem eu fevereiro.
poder, e, ainda, prestar todos os esclarecimentos e informações so- • Já em relação à alínea D, trata-se do recolhimento da cota
licitados por esse órgão, sob pena de caso haja recusa ou sonegação patronal que são os 20% que encontram a cargo da empresa. Pon-
de qualquer documento ou informação, ou, ainda a sua apresen- derando que a previsão anterior se incumbia da arrecadação e re-
tação de forma deteriorada, a RFB poderá, sem prejuízo da pena- colhimento da contribuição dos segurados, e que era apurada sob
lidade cabível, lançar de ofício a importância devida, nos trâmites os critérios da incidência, sobre seu salário de contribuição, das alí-
legais. quotas progressivas dispostas no art. 198 do Regulamento da Previ-
Havendo ausência de provas formalizadas pelo sujeito passi- dência Social, sob o Decreto n. 3.048/19990.
vo, ressalta-se que o montante dos salários pagos pela execução
de obra de construção civil, por exemplo, poderá ser adquirido Dando continuidade ao nosso estudo, infere-se que a empresa
pela RFB, mediante cálculo da mão de obra que ali foi empregada, adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são res-
proporcional à área construída, de acordo com critérios estabeleci- pectivamente, obrigadas a recolher a contribuição que incide sobre
dos pela RFB, cabendo, nos trâmites legais, ao proprietário, dono a comercialização da produção do produtor rural como pessoa física
da obra, condômino da unidade imobiliária ou, ainda, da empresa e do segurado especial, até o dia 20 (vinte) do mês subsequente
corresponsável pela construção, o ônus da prova em contrário, nos
termos da lei.

226
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ao da operação de venda ou consignação da produção, não impor- Em alusão ao segurado especial, segundo os ditames do art. 12,
tando se essas operações foram realizadas de forma direta com o § 8º da LOCSS, que venha a contratar trabalhador temporário ou
produtor ou, também, com o intermediário pessoa física. contribuinte individual, esse tipo de segurado se encontra obrigado
Já o produtor rural como pessoa jurídica, se encontra obrigado a recolher as contribuições preditas acima, sobre a receita bruta,
a recolher as contribuições que incidirem sobre o montante total e mais a contribuição que incidir sobre a remuneração dos traba-
da receita bruta advinda da comercialização da sua produção rural, lhadores que estejam a seu serviço, acrescidos do FGTS e também
até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da operação de venda dos encargos trabalhistas até o dia 07 (sete) do mês seguinte ao da
da sua produção. competência vigente.
Registra-se que a entidade sindical remuneradora dirigente A pessoa física que não seja produtor rural, mas que obtém
que mantém a qualidade de segurado contribuinte individual, se produção de segurado especial ou produtor rural pessoa física para
encontra, nos termos da Lei, obrigada a recolher a contribuição re- a execução de venda, no varejo e a consumidor pessoa física, ain-
lativa a esse segurado individual, e, ainda, as parcelas a seu cargo, da que de modo temporário, é obrigada a recolher a contribuição
até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da competência vigente. sobre a receita bruta advinda da comercialização da produção rural
No tocante à entidade sindical remuneradora do dirigente que até o dia 20 (vinte) do mês seguinte.
mantém a qualidade de segurado empregado, de trabalhador avul- Por fim, em relação ao empregador doméstico, afirma-se que
so, ou de licenciado da empresa, aduz-se, que esta é obrigada a se encontra obrigado, por força de lei a arrecadar a contribuição do
recolher a contribuição desses agentes acrescidas das parcelas a segurado empregado que esteja a seu serviço e a fazer o seu reco-
seu cargo, até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da competência lhimento, recolhê-la, bem como da parcela que esteja a seu cargo, o
vigente. FGTS, a GILRAT e a reserva para a multa do pagamento do FGTS até
Relativo à empresa remuneradora de empregado licenciado o dia sete do mês seguinte ao da competência, e, ainda, recolher,
para exercer mandato de dirigente sindical, a lei diz que ela é obri- durante a vigência do período de licença-maternidade da emprega-
gada a recolher a contribuição desse empregado e as parcelas a seu da doméstica que se encontre a seu serviço, todas as contribuições
cargo, até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da competência vi- mencionadas acima, com ressalva à contribuição do empregado,
gente. posto que esta é descontada pelo INSS durante o ato do pagamento
Por fim, em alusão à empresa contratadora de serviços execu- do benefício.
tados com cessão de mão de obra, incluindo os empregados con-
tratados em regime de trabalho temporário, afirma-se que ela se Prazo de recolhimento
encontra obrigada a reter 11% do valor bruto da nota fiscal ou da Para cada espécie de contribuinte, existe um prazo determina-
fatura de prestação de serviços, recolhendo, ainda, em nome da do por lei para que sejam feitos os recolhimentos previdenciários.
empresa que cedeu a mão de obra, a importância que foi retida até Pondera-se que a legislação estabelece prazos diferenciados o para
o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da emissão da nota fiscal recolhimento das contribuições previdenciárias. Passemos a uma
ou do documento correspondente, ou até o dia útil imediatamente breve análise desses prazos.
anterior, caso não haja expediente bancário naquela data. Em uma primeira acepção, temos:
Em relação aos demais contribuintes, registra-se que o segu- • Prazo para o pagamento até o dia 15 do mês seguinte ao da
rado contribuinte individual, ao exercer atividade econômica por competência, com prorrogação do vencimento para o primeiro dia
conta própria, ou trabalhar como prestador de serviços à pessoa útil seguinte, caso não exista atendimento bancário no dia 15.
física ou a outro contribuinte individual, seja produtor rural pessoa
física, ou, ainda, quando referir a brasileiro civil que executa labor Em uma segunda acepção, temos:
no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil seja • Prazo para a Contribuição do facultativo, com opção para pa-
membro efetivo, seja em missão diplomática ou repartição consular gamento até o dia 20 do mês posterior ao da competência, vindo
de carreira estrangeiras, e, por último o facultativo, se encontram a adiantar o vencimento para o primeiro dia útil anterior, caso não
obrigados a fazer o recolhimento da sua contribuição por vias de haja atendimento bancário no dia 20.
iniciativa própria, respeitando o prazo de até o dia quinze do mês • Prazo para a contribuição da empresa incidente sobre a folha
seguinte àquele segundo o qual, as contribuições se referirem, vin- de salários.
do a prorrogar o vencimento para o dia útil subsequente, no caso de • Prazo sobre a contribuição da receita bruta da comercializa-
não existir expediente bancário no dia quinze. ção da produção por meio de todas as vias rurais, sendo:
• A do produtor rural pessoa física, da empresa adquirente,
Importante: Faculta-se aos contribuintes individual e faculta- do segurado especial, da pessoa física que adquire produção rural
tivo, cujos sistemas de contribuição sejam iguais ao salário mínimo para venda no varejo, dentre outros, contribuição de 11% do valor
vigente, optar pelo recolhimento de forma trimestral das contribui- bruto da nota fiscal ou da fatura de prestação de serviços realiza-
ções previdenciárias, com a data de vencimento para o dia quinze dos mediante cessão de mão de obra; contribuição de 5% sobre a
do mês seguinte ao de cada trimestre civil, vindo a prorrogar o ven- receita de forma bruta de patrocínios, licenciamentos, publicidade,
cimento para o pagamento para o dia útil subsequente, em caso de propaganda e de transmissão de espetáculos desportivos de asso-
não ter expediente bancário no dia quinze ciação desportiva que mantém equipe de futebol profissional de
forma geral.
Dando continuidade ao nosso estudo, verifica-se que o produ-
tor rural como pessoa física e o segurado especial, se encontram
por força de lei, obrigados a recolher a contribuição que incide so-
bre a receita bruta do comércio de sua produção rural até o dia 20
(vinte) do mês subsequente ao da operação de venda da safra, caso
a sua produção seja comercializada como adquirente domiciliado
no exterior, de forma direta, no varejo, para consumidor pessoa fí-
sica, ou, a outro produtor rural pessoa física e, ainda, a outro segu-
rado especial.

227
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
E, por último, temos: rida multa deverá ser será calculada a partir do primeiro dia subse-
• Prazo para pagamento até o dia 20 de dezembro, podendo quente ao do vencimento do prazo, até o dia em que ocorrer o seu
antecipar-se o vencimento para o primeiro dia útil anterior, caso pagamento. Assim sendo, ocorre que ela fica limitada a 20%.
não haja atendimento bancário no dia 20. Obs. importante: Deixando o contribuinte de realizar o paga-
• Prazo para a contribuição das empresas com incidência sobre mento do seu débito de forma espontânea, caberá à fiscalização re-
o 13º salário, sempre até o dia 20, nos termos do art. 216, § 1º do alizar o lançamento de ofício, por meio do qual, cobra-se o tributo,
RPS, pois o pagamento se dá sempre até o dia 20 do mês de dezem- com o acréscimo de multa de 75% do montante devido, nos termos
bro, podendo antecipar-se o vencimento para o dia útil imediata- da Lei n. 9.430/1996, art. 44, I. Lembrando que esse percentual po-
mente anterior, caso não exista atendimento bancário no dia vinte. derá ser duplicado para 150%, caso seja comprovada sonegação,
• Prazo para pagamento até o dia 07 do mês seguinte ao da fraude ou conluio nos ditames do art. 44, § 1º da referida lei.
competência, sendo esta contribuição adequada ao segurado Deixando o sujeito passivo de atender, no prazo determinado
especial que, nos parâmetros do art. 12, § 8º da LOCSS, venha a por Lei, à intimação de autoridade competente, com o fito de pres-
contratar empregado temporário ou contribuinte individual, com tar esclarecimentos, apresentar a documentação técnica, dentre
incidência sobre a receita bruta da comercialização da produção, outras ordens, aduz-se que os percentuais serão aumentados em
acrescida da contribuição sobre a receita de forma bruta do comér- 50%, vindo a totalizar 112,5% ou 225%, segundo o art. 44, § 2º,
cio de artigos de artesanato, atividade artística, dentre outros itens, sendo que nesse caso específico, não será cobrada a multa de mora.
com o acréscimo da contribuição que incide sobre a remuneração Em alusão à multa de mora, registra-se que se trata de uma
dos trabalhadores que estejam a seu serviço, bem como dos valores multa um pouco menos severa que a multa de ofício, posto que
do FGTS e dos demais encargos trabalhistas. pode ser aplicada nos casos de pagamento de forma espontânea do
• Prazo para a contribuição do empregador doméstico, nos ter- débito pelo contribuinte.
mos da LC nº. 150/2015: cota patronal, acrescida da contribuição Ressalta-se caso o contribuinte adimpla em dias com o seu dé-
do empregado doméstico, do FGTS e da GILRAT e também da reser- bito, ou venha a requerer compensação ou parcelamento, existem
va para a multa do pagamento do FGTS. Em relação à contribuição algumas reduções em razão do prazo, que estão dispostas no art. 6º
do 13º salário, afirma-se que é paga no dia 07 do mês subsequente, da Lei 8.218/1.991:
sendo no dia 07 de janeiro. Art. 6 - Será concedida redução da multa de lançamento de ofí-
• Prazo para pagamento até 2 dias úteis depois do aconteci- cio nos seguintes percentuais:
mento de eventos em geral, deve-se contribuir com 5% sobre a I – 50% (cinquenta por cento), se for efetuado o pagamento ou
receita bruta advinda da realização de espetáculos desportivos de a compensação no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em
associações desportivas que mantém equipes de futebol profissio- que o sujeito passivo foi notificado do lançamento;
nal em geral. II – 40% (quarenta por cento), se o sujeito passivo requerer o
parcelamento no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em que
Recolhimento fora do prazo: juros, multa e atualização mo- foi notificado do lançamento;
netária III – 30% (trinta por cento), se for efetuado o pagamento ou a
O art. 35 da Lei 8.212/1.991, determina que os débitos com a compensação no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em que
União advindos das contribuições sociais previdenciárias, das con- o sujeito passivo foi notificado da decisão administrativa de primei-
tribuições instituídas a título de substituição e das contribuições ra instância;
devidas a terceiros, não pagos nos prazos previstos em legislação, IV – 20% (vinte por cento), se o sujeito passivo requerer o parce-
deverão ser acrescidos de multa de mora e juros de mora. lamento no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em que foi no-
Prevê ainda, a referida Lei, que a respeito das contribuições so- tificado da decisão administrativa de primeira instância. Se a auto-
ciais previdenciárias que se encontrarem em atraso, incidirão juros ridade julgadora de primeira instância recorrer à segunda instância
de mora, com cálculos com base na taxa Selic, acumulada mensal- administrativa e seu recurso for provido, vale a previsão de redução
mente, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimen- de 30% para pagamento/compensação e 20% para parcelamento.
to do prazo até o mês anterior ao do pagamento, fato que caso o Denota-se que há casos em que o contribuinte pugna pelo
pagamento seja feito no mesmo mês do vencimento, não haverá a parcelamento do débito, porém, não adimple com o pagamento.
incidência de juros de mora. Nesses casos, poderá haver a rescisão do parcelamento, motivada
Registra-se que no Brasil, utiliza-se a taxa SELIC que se trata da pelo descumprimento das regras que o regulam, vindo desta forma,
taxa média ajustada dos financiamentos de modo diário e que são a implicar com o restabelecimento do montante da multa que se
apurados através do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia encontra proporcional ao valor da receita não adimplida e que vier
(SELIC) para os títulos federais. a exceder o valor alcançado com a garantia apresentada.
A SELIC é adquirida mediante o cálculo da taxa média pondera- Importante: As reduções se encontram em ordem decrescen-
da com o ajuste das operações de financiamento por um dia, posto te, vejamos:
que a taxa SELIC caracteriza a remuneração das instituições finan- • Nos 30 dias do lançamento, haverá o percentual com acrésci-
ceiras nas operações realizadas com títulos públicos. Normalmente mo de 50% para pagar e 40% para parcelar o débito.
a SELIC também é usada como uma espécie de índice por meio da • Nos 30 dias da decisão de primeira instância, haverá o per-
qual as taxas de juros no Brasil se delimitam. Trata-se de importante centual com acréscimo de 30% para pagar e 20% para parcelar o
um instrumento de política monetária usado pelo bastante comen- débito.
tado COPOM (Comitê de Política Monetária) com a finalidade de
controlar os juros no país.
De encontro ao art. 61 da Lei nº. 9.430/1996, percebe-se em
estudo ao caput, que os débitos para com a União advindos de tri-
butos e contribuições administrados pela RFB que não são pagos
nos prazos determinados na legislação específica, deverão ser pa-
gos com o acréscimo de multa de mora, calculada sobre a base da
taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso. A refe-

228
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
STF – Súmula Vinculante 08 – São inconstitucionais o parágra-
DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO fo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº. 1.569/1.977 e os artigos 45
e 46 da Lei nº. 8.212/1.991 que tratam de prescrição e decadência
A decadência e a prescrição são institutos que representam a de crédito tributário.
perda de direitos pela ausência de utilização por parte de seu titular Ressalta-se que O STF veio a declarar a inconstitucionalidade
por um período de tempo definido por lei. dos mencionados artigos relativos à decadência e à prescrição, pos-
Podemos definir a prescrição como sendo a perda de determi- suindo as contribuições de natureza tributária, em decorrência da
nada pretensão motivada por razão do decurso temporal, ou seja, o Constituição Federal dispor em seu art. 146, III, ‘b’, que o estabele-
agente vem a perder a pretensão de reivindicar um direito legítimo cimento de normas gerais relativas à prescrição e decadência tribu-
através da ação judicial cabível. tárias deve se dar por meio de lei complementar. É o que determina
Em relação à decadência, trata-se da extinção do direito em si, o art. 146 da Carta Magna:
que ocorre em razão do prazo transcorrido, vindo o direito a decair
e por conseguinte, extinguir. Art. 146. Cabe à lei complementar: [...]
Assim, temos: III – estabelecer normas gerais em matéria de legislação tribu-
Prescrição: Trata-se da perda de uma pretensão. tária, especialmente sobre: [...]
Decadência: Trata-se da extinção do direito. b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tri-
butários;
Sobre a decadência e prescrição no custeio Assim sendo, denota-se que a Lei 8.212/1.991 é uma lei ordi-
Registra-se que na seara do Direito Previdenciário, a doutrina nária, fato que fez com que o dispositivo constitucional acima men-
clássica divide o estudo da decadência e prescrição em custeio e em cionado fosse violado, por isso o STF veio a declarar a inconstitu-
benefícios, com o fito de que haja maior facilidade de entendimen- cionalidade dos dispositivos em comento. Desta forma, declarada a
to e aplicação desses institutos. inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8.212/1.991, a regra
No condizente ao custeio, ressalta-se que as normas de deca- que passou a valer para o cômputo dos prazos de prescrição e de-
dência e prescrição deverão ser aplicadas de forma contundente e cadência em relação às contribuições previdenciárias, passou a ser
relacionadas aos prazos dispostos para recolhimento, estando esses a mesma regra adota e prescrita no Código Tributário Nacional em
efeitos acoplados aos requisitos necessários para a Administração seu arts. 173 e 174, respectivamente, sendo de 05 anos.
Pública, em relação à demora para cobrar um crédito previdenciá-
rio. Denota-se que a contagem do prazo decadencial e prescricio-
nal previdenciário, pode iniciar, com inevitável ligação ao instituto
Sendo a decadência a extinção de um direito em decorrência do lançamento do crédito tributário, bem como do fato gerador
de decurso de tempo, ao mencionar-se a decadência no custeio desta seara do direito, a partir da ocorrência do fato gerador com o
previdenciário, denota-se se encontra passível de extinção, o direito prazo decadencial, como regra geral de 5 anos.
relativo à constituição do crédito previdenciário, ato que a autori-
dade fiscal competente poderá realizar através de uma prerrogativa Havendo fato gerador sem que o contribuinte tenha feito qual-
chamada lançamento. Desta forma, tendo sido constituído o cré- quer espécie de pagamento, ou se deixou de fazê-lo por fraude ou
dito através do lançamento, por conseguinte, começará a correr o qualquer outro motivo, entende-se que a Fazenda Pública passará
prazo de prescricional. a adquirir tempo para resolver estas questões se valendo do uso do
E, mais, caso, caso o sujeito passivo deixe de adimplir com a art. 173 do CTN. Vejamos:
contribuição lançada, deverá o sujeito passivo ajuizar o procedi- Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tri-
mento competente por meio de ação judicial para cobrança, ato butário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:
que caso o sujeito passivo deixe de realizar dentro do prazo estabe- I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lan-
lecido por lei, acarretará o evento de prescrição da ação. çamento poderia ter sido efetuado; de ofício, e para isso o prazo,
Em relação aos prazos decadenciais, ressalta-se que na vigência embora também seja de 5 anos, inicia no primeiro dia do exercício
dos arts. 45 e 46 da Lei º. 8.212/1.991, eram entendidos e aplicados seguinte àquele no qual o lançamento poderia ter sido efetuado.
da seguinte forma:
Art. 45. O direito da Seguridade Social apurar e constituir seus Em relação ao custeio, passemos a analisar a respeito da pres-
créditos extingue-se após 10 (dez) anos contados: (Revogado pela crição. Pondera-se que a Receita Federal passou a efetuar o lança-
Lei Complementar n. 128, de 2008) mento de ofício, entretanto, ela o fez antes do decurso do prazo de-
I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédi- cadencial, fato que faz com que o contribuinte passe a ter o direito
to poderia ter sido constituído; (Revogado pela Lei Complementar de impugnar o auto de infração e tomar outras medidas cabíveis,
n. 128, de 2008); sendo que, caso na seara administrativa a existência do débito seja
II – da data em que se tornar definitiva a decisão que houver reconhecida, o contribuinte poderá simplesmente deixar de adim-
anulado, por vício formal, a constituição de crédito anteriormente plir. Caso não adimpla, a União poderá exigir por vias judiciais o va-
efetuada. (Revogado pela Lei Complementar n. 128, de 2008) [...] lor a ser pago dentro do prazo estipulado por lei, fato que nesse
Art. 46. O direito de cobrar os créditos da Seguridade Social, caso, seria de prescrição, posto que o crédito tributário foi consti-
constituídos na forma do artigo anterior, prescreve em 10 (dez) tuído pelo lançamento, então o direito existe, porém, não decaiu.
anos. (Revogado pela Lei Complementar n. 128, de 2008) [...] Em relação ao prazo, infere-se que a prescrição, assim como
a decadência, também encontra respaldo legal no art. 174 do CTN
Entretanto, o Supremo Tribunal Federal declarou esses artigos que dispõe:
inconstitucionais, criando, inclusive, a súmula 08 no ano de 2.009 Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescre-
dispondo sobre o assunto. Vejamos: ve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva.
Desta forma, o prazo prescricional possui como termo inicial,
a constituição de forma definitiva do crédito, posto que deixou de
existir na seara administrativa, possibilidades de impugnação ou de

229
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
adentrar com recurso, pois, se houver pendências de discussões no cebimento da primeira prestação. Porém, caso alguma revisão não
campo administrativo, o prazo prescricional não poderá ser encer- tenha sido implantada, o prazo deverá ter início na data em que a
rado. prestação deveria ter sido adimplida com o valor revisto.
Por fim, afirma-se ainda, que o prazo prescricional para a ação Havendo o indeferimento, cancelamento, ou, cessação, situa-
de cobrança do crédito tributário, contados da data da sua consti- ções de pedido de revisão de benefício, tendo o segurado a inten-
tuição definitiva, é de 05 (cinco) anos, nos termos do art. 174 do ção de questionar tais decisões, bem como outras pertinentes, o
CTN. prazo decadencial deverá ser contado a partir do dia em que dela
Em suma, temos: tomar conhecimento.
1) A ocorrência do fato gerador da contribuição; Registra-se que a regra contida do Direito Brasileiro na LBPS
2) A inadimplência do sujeito passivo; por meio do art. 79, que afirmava que não correm os prazos de
3) Emissão do auto de infração por parte da autoridade fiscal, decadência contra o civilmente incapaz, foi revogada pela Lei
sendo que o sujeito passivo possui o prazo de 30 dias para adimplir, 13.846/2019. Vejamos o dispositivo de lei:
ou, caso deseje, impugnar o lançamento.
4) Caso não haja impugnação do sujeito passivo, o crédito será Art. 79. Não se aplica o disposto no art. 103 desta Lei ao pensio-
considerado definitivamente constituído ao final do prazo dos 30 nista menor, incapaz ou ausente, na forma da lei.
dias consecutivos. No entanto, a revogação, contudo, não possui a intenção de
5) Havendo a ocorrência de impugnação, o crédito tributário alterar a regra que se encontra em vigor no momento e que advém
passará a ser considerado definitivamente constituído caso não do art. 208, e do art.198, I do Código Civil Brasileiro. Desta maneira,
exista recurso em faze da decisão de segunda instância mantene- não corre a decadência contra os absolutamente incapazes que
dora do auto de infração, na data em que vier a expirar o prazo assim são considerados os indivíduos menores de 16 anos.
recursal.
Vale mencionar ainda, os dispositivos de lei que interrompem Dispõe o art. 103-A da LBPS referente à seara da decadência:
ou suspendem a prescrição. Estão contidos no CTN, sendo eles: Art. 103-A. O direito da Previdência Social de anular os atos
Art. 174 . [...] § único - a prescrição se interrompe: administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os seus
I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução beneficiários decai em dez anos, contados da data em que foram
fiscal; praticados, salvo comprovada má-fé.
II – pelo protesto judicial; § 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo deca-
III – por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; dencial contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
IV – por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que § 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer me-
importe em reconhecimento do débito pelo devedor. dida de autoridade administrativa que importe impugnação à vali-
dade do ato.
Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: O que o retro mencionado artigo quis dizer, é que caso o INSS
I – moratória; tenha concedido um benefício de forma indevida, possui ele o pra-
II – o depósito do seu montante integral; zo de 10 anos, a contar do primeiro pagamento, para anular os atos
III – as reclamações e os recursos, nos termos das leis regulado- administrativos. Entretanto, se esse prazo expirar e não houve má-
ras do processo tributário administrativo; -fé por parte do beneficiário, não poderá o INSS anular seus atos,
IV – a concessão de medida liminar em mandado de segurança. bem como a situação em comento não pode mais ser revista.
V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em
outras espécies de ação judicial; Importante: Em relação à prescrição, em se tratando de bene-
VI – o parcelamento. fícios, aduz-se que esses atingem somente as prestações vencidas.
Como se sabe, os benefícios previdenciários são pagos mensalmen-
Sobre a decadência e prescrição nos benefícios te aos beneficiários. Porém, caso algum beneficiário entre em juízo
De antemão, denota-se que a decadência e a prescrição, sob o com ação judicial buscando revisar o seu benefício e obtenha de-
ponto de vista dos benefícios, funcionam com dispositivos dotados ferimento por parte da autoridade, terá esse beneficiário o direito
de requisitos diversos relacionados a prazo, dentre outras catego- ao pagamento das prestações dos últimos cinco anos anteriores ao
rias. Assim sendo, em relação aos prazos decadenciais, determina o ajuizamento da ação, nos ditames do parágrafo único do art. 103
art. 103 da Lei nº. 8.213/1.991: da LBPS.
Art. 103. O prazo de decadência do direito ou da ação do se-
gurado ou beneficiário para a revisão do ato de concessão, indefe- A exemplo do que ocorre com a decadência, o prazo de pres-
rimento, cancelamento ou cessação de benefício e do ato de defe- crição também não corre contra os civilmente incapazes, é o que
rimento, indeferimento ou não concessão de revisão de benefício é determina o art. 198, I do Código Civil Brasileiro.
de 10 (dez) anos, contado: Por fim, merece destaque, a disposição da LBPS contida no art.
I – do dia primeiro do mês subsequente ao do recebimento da 104, que cuida de dispor sobre o prazo prescricional das ações que
primeira prestação ou da data em que a prestação deveria ter sido se referem aos benefícios acidentários. Observa-se que o prazo é o
paga com o valor revisto; ou mesmo, sendo de 5 anos, porém, o termo se início da contagem é
II – do dia em que o segurado tomar conhecimento da decisão único e específico para as prestações dessa natureza. Assim dispões
de indeferimento, cancelamento ou cessação do seu pedido de be- o art. 104 da LBPS, Lei nº 8.213/1.991:
nefício ou da decisão de deferimento ou indeferimento de revisão de Art. 104. As ações referentes à prestação por acidente do tra-
benefício, no âmbito administrativo. balho prescrevem em 5 (cinco) anos, observado o disposto no art.
Assim, ante o estudo do artigo em comento, aduz-se, em sín- 103 desta Lei, contados da data:
tese que o prazo decadencial é de 10 anos. A forma de contabiliza- I – do acidente, quando dele resultar a morte ou a incapacidade
ção do prazo pode ocorrer no caso do benefício ter sido concedido, temporária, verificada esta em perícia médica a cargo da Previdên-
porém, se desejar revisão do ato concessório, vindo a contar-se o cia Social; ou
prazo decadencial a partir do primeiro dia do mês seguinte ao do re-

230
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
II – em que for reconhecida pela Previdência Social, a incapaci- nesse rol, a ausência de recolhimento de contribuições que porven-
dade permanente ou o agravamento das sequelas do acidente. tura tenham integrado despesas contábeis, ou, custos relacionados
para a venda de produtos e também para a prestação de serviços.
Assim, prescrevem em 05 (cinco) anos as ações de prestação Pondera-se que o crime de Apropriação Indébita Previdenciá-
por acidente de trabalho, contadas da data do acidente, quando ria e suas penas, também é aplicado ao agente que se eximir de
dele resultar a morte, também a incapacidade temporária e ainda, pagar benefício devido a segurado, quando ocorrer de o respectivo
nas ações em que for reconhecida pela Previdência Social, a incapa- valor já tiver sido repassado e reembolsado à empresa pela Previ-
cidade permanente, bem como o agravante das sequelas acidentá- dência Social.
rias de modo geral. Assim, depreende-se que o objetivo dessa norma é evitar a so-
negação fiscal, vindo desta forma, a inibir o desvio de contribuições
destinadas ao financiamento da Seguridade Social, bem como pres-
CRIMES CONTRA A SEGURIDADE SOCIAL tar tutela à manutenção financeira das ações que buscam garantir
e assegurar os direitos à saúde, à previdência e à assistência social.
Moldado sob a forma de repartição, o Sistema de Seguridade Ressalta-se que a conduta de nome apropriação indébita pre-
Social Brasileiro é constituído por imposições em forma de condu- videnciária, não pode ser confundida com a apropriação indébita
tas, que proíbem atos que venham a desrespeitar as normas esta- comum que se encontra disposta no art. 168 do Código Penal, cuja
tais que regem o seu funcionamento. Assim sendo, uma vez desres- figura típica consiste em:
peitada a norma estatal em vigência, incorrerá o agente na prática Art. 168. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a pos-
de ato ilícito. se ou a detenção:
Registra-se que a Lei n. 8.212/1991 dispunha no art. 95, as nor- Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
mas penais que tipificavam os crimes contra a Seguridade Social. Em relação à diferença existente entre a apropriação indébita
Entretanto, essas regras vigoraram até o ano 2000, mas, a partir previdenciária e a penal, entende Andréas Eisele: “Dentre as diver-
daí, entrou em vigor a Lei nº. 9.983/2.000, que passou dar novo gências entre as hipóteses, podem ser indicadas: a) a irrelevância
rumo à matéria, e, pelo fato de se tratar de lei mais benéfica, possui da eventual existência de situação de posse (pelo agente) do obje-
aplicação retroativa, nos parâmetros exigidos pelo art. 2º, parágrafo to material sobre o qual recairá a conduta; b) a desnecessidade da
único do Código Penal Brasileiro. presença da intenção apropriativa do objeto, por parte do sujeito; e
Assim, utilizando também de outras eventuais atualizações que c) a titularidade da propriedade do objeto, que pertence ao próprio
tenham ocorrido sobre o assunto, aduz-se que são crimes contra a sujeito (motivo pelo qual a ‘coisa’ sobre a qual recai a conduta não
Previdência Social todos aqueles por meio dos quais, ocorre quan- é alheia’)”.
do existe a percepção de benefícios previdenciários mediante frau- Aduz-se, também, que a nova lei usou de inovação ao descre-
de, abuso, má-fé, dentre outros atributos pertinentes, sendo que ver a conduta como “deixar de recolher contribuições à Previdência
esses crimes também poderão ser qualificados com diminuição ou Social” e não mais à Seguridade Social, conforme previa o art. 95, d,
aumentos de pena conforme a Legislação pertinente. da Lei n. 8.212/1991.
Em análise ao inciso II do art. 168-A, entende-se que a conduta
Apropriação indébita previdenciária de delito ali disposta, diz respeito ao infrator que por ventura deixar
Registra-se de antemão, que o art. 168-A, que foi acrescentado de recolher as contribuições integrantes da escrituração contábil
ao Código Penal através da Lei n. 9.983/2000, dispondo de forma em forma de despesas, ou aquelas que foram transferidas para o
detalhada sobre o aumento de condutas ilícitas que são atribuídas custo do produto ou serviço, tendo em vista que nesse caso, o con-
aos contribuintes que, de alguma maneira, visam à sonegação fiscal tribuinte de fato é o consumidor final. Justificando-se, assim, o tipo
no país. Desta forma, denota-se que o legislador procurou aperfei- penal, pois é admissível que a pessoa que não foi capaz de aguentar
çoar o tipo legal que existia por meio do art. 95 da Lei n. 8.212/1991, o encargo da relação econômica, venha a se tornar omissa em reco-
passando a chamá-lo de Apropriação Indébita Previdenciária. Abai- lher a contribuição para os cofres da Previdência Social.
xo, vejamos a redação dada por lei a esse crime: Em relação ao inciso, III do mencionado diploma legal, denota-
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contri- -se que a conduta típica é o fato de deixar de pagar benefício devido
buições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou con- a segurado, quando os respectivos valores já foram reembolsados
vencional: pela Previdência Social. Podem ocorrer esses casos, em situações
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. pelas quais a empresa é responsável, de forma direta pelo adimple-
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de: mento do benefício, como por exemplo, na entrega do salário-fa-
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância mília e também nos casos em que existe convênio com o INSS para
destinada à previdência social que tenha sido descontada de paga- este fim, dentre outros fatores pertinentes ao assunto.
mento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; Abaixo, temos uma breve síntese acerca das características
II – recolher contribuições devidas à previdência social que te- desse tipo penal:
nham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de
produtos ou à prestação de serviços; Importante: Em relação à constitucionalidade da penalização
III – pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas da conduta de omissão de recolhimento de contribuições previden-
cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela pre- ciárias, denota-se que é questionada sob a alegação de preeminen-
vidência social. te ofensa ao art. 5º, LXVII, da CFB/1.988 e ao Pacto de São José da
Em entendimento ao referido dispositivo, verifica-se que o Costa Rica, do qual o Brasil é signatário, que proíbem a prisão por
legislador impôs a sanção do crime de apropriação indébita pre- dívida.
videnciária a todo aquele que deixar de repassar ou de recolher,
dentro do prazo legal, contribuições ou qualquer valor que tenha • O tipo objetivo da apropriação indébita previdenciária é
como destino a Previdência Social e que tenha sido descontado do caracterizado como crime omissivo próprio, tendo em vista que é
adimplemento pecuniário efetuado aos segurados, bem como a advindo da inércia do sujeito ativo ao omitir ato que a Lei Penal
terceiros ou, ainda, que tenham sido arrecadadas do público. Entra ordena ou obriga que seja realizado.

231
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• O elemento subjetivo do tipo da apropriação indébita pre- Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inser-
videnciária é o dolo genérico, a vontade plenamente livre e cons- ção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corre-
ciente de não se recolher a contribuição que é devida aos cofres da tos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administra-
Previdência Social, mas que foi descontada dos empregados. ção Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para
outrem ou para causar dano:
• Para que seja configurado o delito da apropriação indébita Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
previdenciária, não é necessário qualquer outro elemento subjeti- Registra-se que esse delito teve sua inserção no Código Penal
vo senão o próprio dolo (deixar de repassar) extraível do tipo.” (STJ). pelo Título XI, que trata dos Crimes contra a Administração Pública,
em seu Capítulo I – Dos Crimes Praticados por Funcionário Público
Sujeito ativo: Nos termos do art. 225, §3º, da CFB/1.988, so- contra a Administração Pública.
mente a pessoa física possui a capacidade de delinquir nesse tipo O crime de inserção de dados falsos em sistema de informa-
penal. ções é considerado como um peculato eletrônico que possui como
Sujeito passivo: Em substituição ao INSS, o sujeito passivo des- sujeito ativo somente o servidor público, porém, é admitida, a par-
se delito passou a ser a União, desde a criação da Receita Federal do ticipação de particular para a sua consumação.
Brasil pela Lei nº. 11.457/2007, a quem cabe realizar a arrecadação Pondera-se, por fim, que a conduta foi instituída com o obje-
e fiscalização dos valores retidos e arrecadados que não são repas- tivo de punir o servidor que usa do seu poder no cargo que ocupa
sados à Seguridade Social. para inserir, alterar ou excluir dados dos sistemas informatizados
ou, ainda, banco de dados da Previdência Social com o objetivo de
Crime continuado auferir vantagem ilícita para si ou para outros.
Ressalta-se que a omissão quanto ao recolhimento de contri-
buições previdenciárias, em geral, acontece de maneira contínua, Modificação ou alteração não autorizada de sistema de infor-
tendo em vista que a ausência de recolhimento, geralmente ocorre mações
por vários meses e até anos, vindo a incidir a regra contida no art. Dentre os crimes que se encontram relacionados ao sistema
71 do Código Penal Brasileiro. Assim sendo, é justo que o aumen- eletrônico e à informática, encontra-se também, o de modificação
to de pena previsto pela continuidade do delito deverá ser dosado ou alteração não autorizada de sistema de informações. O art. 313-
pelo juiz, que levará em conta a quantidade de meses em que não B do Código Penal, assim o define:
foi feito o recolhimento das contribuições. Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de infor-
A respeito da continuidade delitiva, o Supremo Tribunal Fede- mações ou programa de informática sem autorização ou solicitação
ral firmou a edição da Súmula nº. 711, dispondo: de autoridade competente:
STF – Súmula 711 - “A lei penal mais grave aplica-se ao crime Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
continuado ou ao crime permanente se a sua vigência é anterior à Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a
cessação da continuidade ou da permanência”. metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Admi-
nistração Pública ou para o administrado.
Prisão por dívida O ilustre jurista Baltazar Júnior conceitua as condutas delituo-
Dentre esses tópicos estudados, de acordo com os juristas sas da seguinte maneira: “Modificar tem aqui o sentido de instalar
Castro e Lazzari, registra-se a importância de mencionar a Lei nº. um novo sistema ou programa, ou seja, substituir ou trocar por um
8.866/1.994, que dispunha ser depositário da Fazenda Pública, o outro programa.” Ao passo que “Alterar é modificar o programa ou
indivíduo que a legislação tributária ou previdenciária determinava sistema existente.”
a obrigação de reter ou receber de terceiro e recolher aos cofres Ressalta-se que são aplicadas a esse delito, as mesmas consi-
públicos impostos, taxas e contribuições, inclusive à Seguridade derações que foram feitas ao delito de inserção de dados falsos em
Social. Assim sendo, com fulcro no § 2º do art. 1º da referida lei, sistema de informações já estudado. Porém, afirma-se com veraci-
que tratava como depositário infiel o indivíduo que não entregasse dade, que as penas aplicadas ao crime em comento, são menos se-
aos cofres públicos os valores por ele arrecadados, foi esteada a veras que as aplicadas àquele, tendo em vista que as consequências
revogação do art. 95, alínea d, da Lei nº. 8.212/1991. Entretanto, do tipo se encontram dotadas de menor gravidade.
tal esse entendimento não repercutiu, tendo em vista que a Lei nº. No entanto, registra-se que as penas poderão ser atenuadas
8.866/1994 pertence ao âmbito do Direito Civil, e não tornou des- em situações de dano para a Administração Pública, bem como
criminalizada a conduta disposta no art. 95, d, da Lei nº. 8.212/1991. para os administrados, que, por sua vez, são por lei, considerados
Para resolver o assunto, o TRF da 4ª Região promoveu a edição os sujeitos passivos do crime.
da Súmula nº. 65, que assim determina:
TRF 4ª Região – Súmula 65 - “A pena decorrente do crime de Sonegação de contribuição previdenciária
omissão de recolhimento de contribuições previdenciárias não cons- Esse delito pode ser tipificado legalmente pelas seguintes con-
titui prisão por dívida”. dutas:
Assim, na mesma direção, foi consolidado pelo Supremo Tribu- Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciá-
nal Federal o entendimento de que o agente que se enquadra no ria e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
art. 168-A do Código Penal, não se encontrará submetido à prisão I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento
civil por dívida, porém, terá que responder pela prática dos delitos de informações previsto pela legislação previdenciária segurados
que cometer. empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autô-
nomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços;
Inserção de dados falsos em sistema de informações II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da conta-
Trata-se esse tema de um delito cometido por intermédio de bilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as
meios eletrônicos, por meio do qual, o sujeito passivo é a Adminis- devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços;
tração Pública. É o que demonstra a redação do art. 313-A: III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos,
remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de
contribuições sociais previdenciárias:

232
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Falsidade Documental
O delito de sonegação de contribuição previdenciária é um Nesta seara, verifica-se que o art. 296 do Código Penal, que
crime praticado por particular contra a Previdência Social, sendo dispõe sobre a falsidade documental, recebeu mais um inciso no
que o elemento do tipo é a vontade livre e consciente de sonegar § 1º, sendo que a partir do momento da vigência da nova lei, será
contribuição previdenciária, mediante a omissão de procedimentos aplicada a pena de reclusão, de dois a seis anos, acrescida de multa,
contábeis obrigatórios. a quem alterar, falsificar ou fazer uso indevido de marcas, logotipos,
A respeito da consumação e da competência para julgamento siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de
desse delito, existe uma interessante decisão do STJ. Vejamos: órgãos ou entidades da Administração Pública de um modo geral.
Decidiu a 3ª Seção do STJ que: “O delito previsto no art. 337-A
do Código Penal consuma-se com a supressão ou redução da contri- Falsificação de documento público
buição previdenciária e acessórios, sendo o objeto jurídico tutelado Para a recepção desta categoria delituosa, foi inserido art. 297
a Seguridade Social. A competência para processar e julgar o cri- do Código Penal, o § 3º, para determinar que se implica na pena
me de sonegação de contribuição previdenciária é fixada pelo local de reclusão de dois a seis anos, e multa, aquele que insere ou faz
da consumação do delito, conforme previsto no art. 70 do Código inserir:
de Processo Penal” (CC 200901070341, Rel. Min. Arnaldo Esteves I – na folha de pagamento ou em documento de informações
Lima, DJE 29.3.2010). que seja destinado a fazer prova perante a Previdência Social, pes-
soa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;
Vejamos abaixo, em síntese, as principais características rela- II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado
tivas a esse delito: ou em documento que deva produzir efeito perante a Previdência
• De acordo com a súmula vinculante nº. 24 do STF, por se tra- Social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;
tar de crime material, exige-se a constituição definitiva do crédito III – em documento contábil ou em qualquer outro documento
tributário previamente à propositura da ação penal que aduz que relacionado com as obrigações da empresa perante a Previdência
“Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto Social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado.
no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento Ressalta-se que referidas condutas eram consideradas crimino-
definitivo do tributo”. sas pelo art. 95, nas alíneas g, h e i da Lei n. 8.212/1991, entretanto,
• Para o delito de sonegação de contribuição previdenciária, sem pena para os infratores. Desta forma, o novo dispositivo penal
as causas de extinção de punibilidade são as mesmas que as da surgiu para fazer correção a essa distorção, vindo a instituir penas
conduta tipificada no art. 168-A, à exceção do perdão judicial pelo mais duras que variam de 02 (dois) a 06 (seis) anos, além de multa.
pagamento após a ação fiscal e antes do oferecimento da denún- Assim, nos conformes do § 4º da contemporânea redação do
cia, hipótese que foi vetada pelo Poder Executivo ao sancionar a lei. art. 297 do Código Penal, incorrerá nas mesmas penas aquele que
(Castro e Lazzari, 2.020). omitir, nos documentos mencionados no § 3º, nome do segurado
• Existem regras especiais para a aplicação da pena. Porém, é e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de
facultado ao juiz deixar de aplicar a pena, ou aplicar apenas a pena trabalho ou de prestação de serviços.
de multa, caso o agente seja primário e possua bons antecedentes,
desde que o valor das contribuições devidas, incluindo nesse rol os Violação de sigilo funcional
acessórios, possua valor igual ou inferior ao estabelecido pela Pre- Ao sujeito ativo do delito de violação de sigilo funcional, o Códi-
vidência Social. go Penal estabeleceu pena de detenção, de seis meses a dois anos,
ou multa, se o fato não constituiu crime mais grave. Além disso, a
Divulgação de informações sigilosas ou reservadas Lei nº. 9.983/2000 determinou que incorre nas penas desse artigo
O art. 153 do Código Penal Brasileiro determina ser criminoso aquele que:
o ato de divulgação de segredo, dispondo que constitui crime “Di- I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e em-
vulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular préstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas
ou de correspondência confidencial, de que é destinatário ou deten- não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da
tor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem”. No entanto, Administração Pública;
a redação desse dispositivo passou por alterações por meio da Lei II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito (art. 325, § 1º).
nº. 9.983/2000, com o objetivo de oferecer proteção aos sistemas e Desta maneira, se da ação ou omissão advir dano à Administra-
bancos de dados da Administração Pública. ção Pública ou a outrem, a pena passará a ser de reclusão, de dois a
Vejamos o dispositivo legal: seis anos, e multa (art. 325, § 2º).
Art. 153.
§ 1º-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou re- Equiparação a funcionário público
servadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de De antemão, verifica-se que o conceito real de funcionário pú-
informações ou banco de dados da Administração Pública: blico inserido no art. 327 do Código Penal foi ampliado. Com a re-
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. dação contemporânea do § 1º desse dispositivo legal, passou-se a
§ 1º (parágrafo único original). equipar a funcionário público, aquele que exercer cargo, emprego
§ 2º Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ou função em entidade paraestatal, bem como aquele que trabalha
ação penal será incondicionada. para empresa que presta serviços de forma contratada ou conve-
Ressalta-se, que a pena prevista anteriormente no Código Pe- niada para a execução específica da Administração Pública.
nal Brasileiro para o crime de divulgação de segredo, era a com de- Havendo essa modificação, ressalta-se que foi incluído no con-
tenção de um a seis meses, ou multa, sendo que somente se sub- ceito de funcionário público, aquele que trabalha para empresa
meteria a procedimento, mediante representação do ofendido. Já prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução
pela redação atualizada, a pena foi elevada, sendo que poderá che- de atividade típica da Administração Pública, como os estagiários,
gar a até 04 (quatro) anos de detenção, acrescida de multa. Desta os serventes, os vigilantes, dentre outros.
forma, a ação penal passou a ser considerada como incondicionada
em caso de causação de dano à Administração Pública.

233
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Estelionato previdenciário Ressalta-se que o processo que se encontra em trâmite no INSS
Esse crime se encontra disposto no art. 171, § 3º, do Código Pe- e no CRSS (Conselho de Recurso da Previdência Social) em fase re-
nal. Sua conduta tipificada é “Obter, para si ou para outrem, vanta- cursal, deverá obedecer ao que disciplina a Lei Federal nº 9.784/99,
gem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em bem como as como as normas internas dos respectivos órgãos,
erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”. como a Instrução Normativa INSS/PRES nº 77/2015 e a Portaria
Ocorre que em relação à pena de reclusão de um a cinco anos MDSA nº 116/2017 que trata do Regimento Interno do CRSS.
e multa, prevista no caput do art. 171 do CP, deverá ser majorada Denota-se que tão importante quanto exercer o direito de pe-
em um terço por se tratar de crime praticado contra a Autarquia tição na fase em que inicia o processo administrativo, é o recurso
Previdenciária. aplicado como forma de garantia do devido processo legal, do con-
Infelizmente, esse crime vem acontecendo com frequência nos traditório e também da ampla defesa.
casos de agentes que fazem uso de documentação falsa para sacar
em contas alheias, valores depositados em nome de outras pessoas Da Interposição do Recurso e Prazos
a título de benefício previdenciário. Deverá o recurso ser interposto no prazo de trinta dias da ciên-
Nos dizeres do jurista José Paulo Baltazar Júnior, na maior parte cia da decisão proferida pelo INSS. Denota-se que o mesmo prazo,
das vezes, o autor se trata de um intermediário ou de um despa- após a ocorrência do protocolo do recurso, deverá ser concedido ao
chante de benefícios e, não raro ex-servidor da Previdência Social INSS para que este venha a apresentar as contrarrazões.
que é conhecedor do funcionamento da Autarquia: Em relação às contrarrazões, dispõe o § 3º do art. 31 do Regi-
“Assim, no específico caso do estelionato contra a previdência, mento Interno do CRSS:
o segurado, se tiver ciência da fraude, colaborando e aderindo à 3º - Na hipótese de Recurso Ordinário, serão considerados
conduta do intermediário, poderá ser partícipe ou coautor, depen- como contrarrazões do INSS os motivos do indeferimento. Em se
dendo de cada hipótese, como acima referido. Caso o segurado se- tratando de Recurso Especial, expirado o prazo para contrarrazões,
quer tenha ciência da fraude, não poderá ser condenado. Exempli- os autos serão imediatamente encaminhados para julgamento.
fica-se com a hipótese do segurado denunciado por estelionato que
relata, no interrogatório, a entrega de suas carteiras profissionais Em síntese, sobre o subtema em estudo, vejamos algumas dis-
ao intermediário, que informou ter ele direito ao benefício, vindo posições importantes e bastante cobradas em concursos:
a receber, alguns meses depois, a carta de concessão de aposen- • O prazo para interpor o recurso é, na verdade, para o agen-
tadoria do INSS, negando saber não contava com tempo suficiente damento deste, uma vez que se trata um serviço que exige prévio
para se aposentar. Tal tese mais será admissível quando o acusado agendamento. Assim, o fato de agendar o recurso dentro dos 30
for pessoa simples e houver contagem de tempo de benefício rural (trinta) dias da ciência da decisão a ser recorrida é medida de suma
e urbano, ou conversão de tempo especial, ou vários contratos de para a sua tempestividade.
trabalho, caso em que há dificuldades em determinar a existência • O recurso deverá ser apresentado apenas na data marcada
do direito. Ao contrário, se o segurado praticamente jamais traba- para o atendimento presencial. Na atualidade, demora em média
lhou registrado, é difícil admitir que não tenha ciência da fraude. Se (120) cento e vinte dias.
os honorários do despachante de benefícios, forem muito elevados • Sendo encaminhado o processo à Junta de Recursos ou Câ-
há indício de que o segurado tem ciência da fraude. Como se vê, é mara de Julgamento, o prazo deverá ser de 85 (oitenta e cinco) dias
questão a ser apurada concretamente.” (CASTRO E LAZZARI, 2.020). para que seja proferida a decisão final.
De acordo com o entendimento do STF, esse crime se encontra • Como em todas as outras áreas do direito brasileiro, o pro-
eivado de natureza permanente, posto que a sua consumação sem- cesso de trâmite do recurso previdenciário não é célere, apesar de
pre se renova a cada recebimento mensal. os prazos estarem definidos por lei, raramente são cumpridos.
Entendida a gravidade do assunto, o prazo prescricional deve-
rá ser contado a partir do fim do recebimento do benefício irregu- Das Prioridades nos Julgamentos
lar e acordo com o HC 116.816, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de Da mesma forma que acontece nas demandas judiciais por
4.3.2013. determinação de lei, no processo administrativo do CRSS, algumas
Por fim, registra-se a importante disposição da Súmula nº. 82 particularidades prioritárias são essenciais. Vejamos o que determi-
do TRF da 4ª Região: na o art. 38 do CRSS:
TRF 4ª Região – Súmula 82 - “É inaplicável o princípio da in- § 1º - As Juntas de Recursos e as Câmaras de Julgamento prio-
significância ao estelionato cometido em detrimento de entidade rizarão a análise e solução dos seguintes recursos:
de direito público.” I - que tenham como parte beneficiários com idade igual ou su-
perior a sessenta anos; e
RECURSO DAS DECISÕES ADMINISTRATIVAS II - relativos às prestações de auxílio-doença, de aposentadoria
por invalidez e do benefício assistencial de que trata o art. 20 da Lei
nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993.
De antemão, registra-se que não existe uma lei específica que Ressalta-se, que existem também outras prioridades sujeitas a
regule o processo administrativo previdenciário, sendo que suas ba- acontecer tanto no julgamento quanto no trâmite e no julgamento.
ses essenciais se encontram presentes em várias leis e normas, sen- Dispõe o CRSS que para fins de prioridade na sessão de julgamen-
do que a principal delas, é a Lei nº 9.784/99, sendo, assim, a única to, serão considerados os processos que tiverem requerimento de
lei que regula o processo administrativo na seara da Administração sustentação oral e nos casos em que as partes estiverem presentes.
Pública Federal. No condizente à prioridade no trâmite e no julgamento, esta será
Pode-se encontrar a finalidade da referida lei em seu primeiro conferida aos processos que versem sobre revisão de ofício dos atos
artigo que argumenta: dos órgãos julgadores, segundo o Regimento Interno.
Art. 1º Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo ad-
ministrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta,
visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e
ao melhor cumprimento dos fins da Administração.

234
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Processo eletrônico e recursos Recurso especial
Para fins de processo eletrônico, pondera-se que o recurso Independentemente da decisão pronunciada em relação ao re-
protocolizado na Agência da Previdência Social (APS), deverá ser curso ordinário interposto, pondera-se que caberá recurso especial
digitalizado e disponibilizado no e-Recursos, que se trata de uma para as Câmaras de Julgamento, que se tratam de órgãos de segun-
importante ferramenta implantada no site para auxiliar o usuário e da instância instituídos para recursos do INSS. Sendo a interposição
gerenciar a tramitação de processos em fase de recurso. recursal tempestiva, os efeitos da decisão de primeira instância de-
Registra-se que o e-recursos é uma ferramenta disponibilizada verão ser suspensos e devolvidos para a instância superior eivados
pelo Ministério da Previdência Social, por meio da qual, os usuários do conhecimento de forma integral da causa.
podem acompanhar todas as etapas processuais de um recurso ad- Entretanto, dadas as orientações acima, é preciso que se aten-
ministrativo em desfavor de uma decisão do INSS. te ao art. 30, §2º, do Regimento Interno do CRSS, que dispõe:
Assim sendo, qualquer pessoa poderá visualizar o andamento Art. 30. Das decisões proferidas no julgamento do Recurso Or-
das demandas processuais. Entretanto, em relação ao acesso aos dinário caberá Recurso Especial dirigido às Câmaras de Julgamento.
documentos ali disponíveis, entende-se que são de interesse da (…) § 2º Constituem alçada exclusiva das Juntas de Recursos,
parte, que somente poderão acessá-los mediante o uso de senha não comportando recurso às Câmaras de Julgamento, as seguintes
– Cadsenha. decisões:
I – fundamentada exclusivamente em matéria médica, e relati-
Do julgamento e da sustentação oral do recurso va aos benefícios de auxílio-doençaeassistenciais;
A sessão de julgamento no CRSS é pública, ressalvado quando II – proferida sobre reajustamento de benefício em manuten-
a matéria exige sigilo, admitindo-se apenas a presença das partes. ção, em consonância com os índices estabelecidos em lei, exceto
Ressalta-se que não é de amplo conhecimento o que se encon- quando a diferença na Renda Mensal Atual – RMA decorrer de alte-
tra disposto no parágrafo único do artigo 44 do Regimento Interno ração da Renda Mensal Inicial – RM.
do CRSS: “Terão prioridade de julgamento na sessão os processos Ante o exposto, adverte-se que nestas situações, a decisão será
em que houver sustentação oral ou quando a parte estiver presen- conhecida como de instância única, sendo apenas das Juntas de Re-
te”. cursos, fato que significa que não caberá recurso especial junto às
Em relação à sustentação oral das razões do recurso, afirma-se Câmaras de Julgamento.
que se trata de um direito que possui como fulcro, assegurar a am- Caso não haja encaixe da decisão em nenhuma das hipóteses
pla defesa do segurado no julgamento do seu respectivo processo do art. 30, §2º, do Regimento Interno do CRSS, o prazo para inter-
administrativo, sendo que deverá ser requerida no recurso, bem por o recurso especial será de 30 dias, e, da mesma forma, para que
como antes do início do julgamento, de acordo com o que determi- sejam apresentadas as contrarrazões.
na o Regimento Interno.
A sustentação oral, apesar de ser pouco usada nas sessões de Recurso Ordinário
julgamento, trata-se de uma ferramenta de primordial importância Nos ditames do art. 29, do Regimento Interno do CRSS:
para se levar a conhecimento dos julgadores, informações eivadas Art. 29. Denomina-se Recurso Ordinário aquele interposto pelo
de dados e detalhes determinantes do processo que podem passar interessado, segurado ou beneficiário da Seguridade Social, em face
despercebidos. de decisão proferida pelo INSS, dirigido às Juntas de Recursos do
Ressalta-se que os recursos administrativos mais usados são o CRSS, observada a competência regimental.
recurso ordinário e o especial. Entretanto, existem outras espécies Observe-se que a referida estipulação, deverá ser levada em
de recursos passíveis de uso, como os embargos de declaração, pe- consideração em conjunto com o art. 660, da IN nº 77/2015, que
dido de uniformização de jurisprudência, dentre outros que estuda- lista os agentes legitimados para protocolar o recurso, sendo eles:
remos nos próximos tópicos. o próprio segurado, o procurador legalmente constituído, o depen-
dente ou beneficiário, o representante legal do interessado, a em-
Antes de adentrarmos ao estudo dos principais recursos na presa, o sindicato ou a entidade de aposentados devidamente lega-
esfera previdenciária, vejamos em síntese, algumas importantes lizada ou, por fim, o dirigente de entidade de atendimento definida
informações: pelo ECA, nos ditames do art. 92, §1º.
• Diferentemente do que ocorre com os recursos na seara Registra-se, por fim, que o prazo para que seja interposto o
judicial, na qual não é possível que se levem novos fatos para os recurso ordinário é de 30 dias, contando-se da ciência da decisão,
julgamentos, os recursos no âmbito do processo administrativo protocolando-o junto ao órgão do INSS proferidor da decisão sobre
previdenciário, são permissionários da apresentação de novos do- o benefício, que, por sua vez, deverá proceder a sua instrução com
cumentos, bem como da inclusão de novos comprovantes de pe- remessa posterior do recurso à Junta ou Câmara.
ríodos de contribuição que não foram usados na instância anterior,
bem como outras provas pertinentes. Pedido de Uniformização da Jurisprudência
• Em relação à contagem do prazo, infere-se que poderá feita Da mesma forma que no processo judicial, o pedido de unifor-
em dias corridos, excluindo o dia do início e incluindo o dia do ven- mização não pode ser considerado de maneira exata como sendo
cimento. um recurso. Isso ocorre, pelo fato de servir para resolver divergên-
• De acordo com a Portaria n.º 116/2017, o prazo iniciará ou cias existentes entre as decisões definitivas proferidas pelos inúme-
vencerá num interstício de dias de expediente normal no órgão que ros órgãos do CRSS, e também entre estas e a Consultoria Jurídica
tramitar o recurso, ou em que deverá ser praticado o ato, podendo do Ministério que for responsável pelas políticas previdenciárias,
ser prorrogado até o primeiro dia útil seguinte, caso o vencimento bem como para materializar um entendimento já consolidado por
ocorra em dia em que não haja expediente, ou, ainda, se este for diversos julgados do CRSS.
encerrado antes do horário de expediente normal. Nesta seara, aduz-se que o pedido de uniformização de ju-
• Via regra geral, o prazo para interposição dos recursos é de risprudência poderá vir a ser dividido ainda, entre pedido de uni-
30 dias. formização em tese e em concreto, onde na primeira hipótese, a
divergência não possui origem em um caso concreto, se tratando
apenas de uma situação em abstrato, mas que precisa de definição

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
por parte dos órgãos julgadores. Por esse motivo, o pedido só po- gam respeito às interpretações jurídicas dos fatos relacionados nos
derá ser provocado pela própria Autarquia, a qual nos trâmites do autos, o acolhimento de opiniões técnicas de profissionais especiali-
art.61, §1º do Regimento Interno do CRSS, exige que seja mediante zados ou o exercício de valoração de provas”.
a prévia apresentação de estudo fundamentado sobre a matéria Aduz-se que na primeira situação, o prazo para oposição dos
a ser uniformizada, por meio do qual deverá ser demonstrada a embargos é de 30 dias, contados a partir do momento da ciência do
existência de relevante divergência jurisprudencial ou de jurispru- acórdão. Já na segunda situação, sendo de erro material, os embar-
dência convergente reiterada. Assim, feita a uniformização, a tese gos poderão ser opostos a qualquer tempo.
adotada pelo órgão será reduzida a enunciado. A oposição dos embargos possui motivação legal para que se
Sob outro aspecto, o pedido de uniformização de jurisprudên- interrompa o prazo para o cumprimento do acórdão, da interposi-
cia em concreto, poderá ser propugnado por qualquer uma das par- ção de recurso especial, da apresentação de reclamação ao Conse-
tes no processo administrativo nos seguintes casos: lho Pleno e também do Pedido de Uniformização de Jurisprudência.
I – quando houver divergência na interpretação em matéria de Lembrando que para que haja o retorno dos mencionados prazos, a
direito entre acórdãos de Câmaras de Julgamento do CRSS, em sede lei apenas permitirá a sua ocorrência, após a intimação das partes,
de Recurso Especial, ou entre estes e resoluções do ConselhoPleno; informando a decisão dos embargos, data a partir da qual passará a
II – quando houver divergência na interpretação em matéria de se contar mais 30 (trinta) dias.
direito entre acórdãos de Juntas de Recursos do CRSS, nas hipóteses Em relação à intimação da parte oposta para a apresentação
de alçada exclusiva previstas no art. 30, § 2º, deste Regimento, ou de contrarrazões, poderá ocorrer apenas se acontecer do conteúdo
entre estes e Resoluções do Conselho Pleno. dos embargos estiver dotado de conteúdo que possa implicar na
Por fim, registra-se, que a apresentação do pedido de uniformi- modificação da decisão final. Lembrando sempre, que os embargos
zação deverá ser feita em até 30 dias depois da ciência do acórdão. de declaração possuem o direito de andamento prioritário em rela-
Ocorrendo do pedido não for recebido, caberá a interposição de ção a outros recursos dentro dos órgãos do CRSS.
recurso junto ao Presidente do CRSS, no prazo de até 30 dias, con-
tados a partir da ciência da decisão devidamente comprovada nos
autos em questão. O prazo para oferecer as contrarrazões, também PLANO DE BENEFÍCIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL: BE-
é de 30 dias. NEFICIÁRIOS, ESPÉCIES DE PRESTAÇÕES, BENEFÍCIOS,
DISPOSIÇÕES GERAIS E ESPECÍFICAS, PERÍODOS DE
Reclamação ao Conselho Pleno CARÊNCIA, SALÁRIO DE BENEFÍCIO, RENDA MENSAL
Nas demandas de decisão das Juntas de Recurso em questão DO BENEFÍCIO, REAJUSTAMENTO DO VALOR DOS
de seara de instância única, ou das Câmaras de Julgamento em trâ- BENEFÍCIOS
mites de decisão de recurso especial que se encontrarem em diver-
gência relativa a pareceres da Consultoria Jurídica (Conjur)/AGU, ou Beneficiários
enunciados que são editados pelo Conselho Pleno, caberá a este Tratam se das pessoas que possuem o direito de usufruir das
último, reclamação que poderá ser feita no prazo de até 30 dias a prestações e dos benefícios previdenciários, podendo ser nas espé-
contar da ciência da decisão infringente, suspendendo o prazo para cies de segurados ou dependentes.
o seu cumprimento. A LPBS, Lei nº. 8.213/1.991 lista, em seu art. as denominações
Mesmo sendo um instrumento pouco conhecido, a reclamação daqueles que são beneficiários da Previdência Social na condição
ao Conselho Pleno se encontra dotada de grande importância den- de dependentes. Vejamos:
tro do processo administrativo previdenciário, tendo em vista que, Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência So-
havendo descumprimento da decisão da reclamação, os julgadores cial, na condição de dependentes do segurado:
responsáveis pela prolação do acórdão divergente poderão sofrer I – o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não
as consequências com a abertura de procedimento administrativo emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos
disciplinar e consequente aplicação de sanções de ordem ética e ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou defi-
disciplinar. ciência grave;
Também poderão ser registradas, reclamações junto ao Presi- II – os pais;
dente do Conselho de Recursos do Seguro Social, nas hipóteses de III – o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de
descumprimento de decisão definitiva das Juntas de Recursos ou 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual
das Câmaras de Julgamento, sendo que a sua interposição só pode- ou mental ou deficiência grave;
rá ocorrer se decorridos 30 dias, o INSS ainda não houver cumprido IV – (Revogada pela Lei n.9.032, de 1995).
o que foi determinado. § 2º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho me-
Poderá ocorrer ainda, o ajuizamento de Mandado de Seguran- diante declaração do segurado e desde que comprovado a depen-
ça nas situações por meio das quais, venha a ocorrer decisão do dência econômica na forma estabelecida no Regulamento.
Conselho de Recursos com determinação de implantação do be- Em alusão ao retro parágrafo 2º transcrito, entende-se que o
nefício requerido, o Gerente Regional do INSS tenha se quedado a segurado deverá, com posse de declaração escrita, confirmar que
estabelecê-lo. o menor sob sua tutela, ou, enteado são tidos como seus depen-
dentes e no condizente ao comprovante de forma econômica, de-
Embargos de Declaração verá ocorrer somente no momento da pugnação do benefício pelos
Os embargos de declaração são cabíveis em qualquer uma das dependentes, acompanhados da apresentação de pelo menos dois
instâncias recursais. Poderão ser interpostos embargos declarató- dos documentos listados no art. 22, §3º do RPS. Sendo eles:
rios nas seguintes situações: Art. 22. A inscrição do dependente do segurado será promovida
A) Quando houver decisões eivadas de obscuridade, ambigui- quando do requerimento do benefício a que tiver direito, mediante
dade ou omissão; a apresentação dos seguintes documentos:
B) Quando houver necessidade de correção de erro material, I – para os dependentes preferenciais:
ou, nos ditames do art. 58 do CRSS: “que não afetem o mérito do a) cônjuge e filhos - certidões de casamento e de nascimento;
pedido, o fundamento ou a conclusão do voto, bem como não di-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
b) companheira ou companheiro - documento de identidade STF - [...] Os homossexuais, por tal razão, têm direito de re-
e certidão de casamento com averbação da separação judicial ou ceber a igual proteção tanto das leis quanto do sistema político-
divórcio, quando um dos companheiros ou ambos já tiverem sido -jurídico instituído pela Constituição da República, mostrando-se
casados, ou de óbito, se for o caso; arbitrário e inaceitável qualquer estatuto que puna, que exclua, que
c) equiparado a filho - certidão judicial de tutela e, em se tra- discrimine, que fomente a intolerância, que estimule o desrespei-
tando de enteado, certidão de casamento do segurado e de nasci- to e que desiguale as pessoas em razão de sua orientação sexual.
mento do dependente, observado o disposto no § 3º do art. 16; […] A família resultante da união homoafetiva não pode sofrer dis-
II – pais - certidão de nascimento do segurado e documentos de criminação, cabendo-lhe os mesmos direitos, prerrogativas, bene-
identidade dos mesmos; fícios e obrigações que se mostrem acessíveis a parceiros de sexo
III – irmão - certidão de nascimento. distinto que integrem uniões heteroafetivas. (STF – RE 607562 AgR/
§ 1º (Revogado pelo Decreto n.4.079, de 2002); PE – Relator Ministro LUIZ FUX – Primeira Turma – Julgamento em
§ 2º (Revogado pelo Decreto n.4.079, de 2002); 18.09.2012 – Publicação em 03.10.2012).
§ 3º Para comprovação do vínculo e da dependência econô- Desta forma, por força de ato da Suprema Corte, o(a) compa-
mica, conforme o caso, deverá ser apresentado, no mínimo, dois nheiro(a) de mesmo sexo é considerado como dependente previ-
documentos, observado o disposto nos § 6º-A e § 8º do art. 16, e denciário, tendo em vista que o Judiciário passou a reconhecer sua
poderão ser aceitos, dentre outros: dependência na seara previdenciária. Além disso, o INSS, também
I – certidão de nascimento de filho havido em comum; acolhe esse entendimento, conforme demonstra o art. 130 da IN
II – certidão de casamento religioso; 77/2015:
III – declaração do imposto de renda do segurado, em que cons- Art. 130. De acordo com a Portaria MPS n.513, de 9 de dezem-
te o interessado como seu dependente; bro de 2010, publicada no DOU, de 10 de dezembro de 2010, o com-
IV – disposições testamentárias; panheiro ou a companheira do mesmo sexo de segurado inscrito
V – (Revogado pelo Decreto n.5.699, de 2006). no RGPS integra o rol dos dependentes e, desde que comprovada a
VI – declaração especial feita perante tabelião; união estável, concorre, para fins de pensão por morte e de auxílio-
VII – prova de mesmo domicílio; -reclusão, com os dependentes preferenciais de que trata o inciso I
VIII – prova de encargos domésticos evidentes e existência de do art. 16 da Lei n.8.213, de 1991, para óbito ou reclusão ocorrido
sociedade ou comunhão nos atos da vida civil; a partir de 5 de abril de 1991, conforme o disposto no art. 145 do
IX – procuração ou fiança reciprocamente outorgada; mesmo diploma legal, revogado pela MP n.2.187-13, de 24 de agos-
X – conta bancária conjunta; to de 2001.
XI – registro em associação de qualquer natureza, onde conste Interpretando o parágrafo 4º da Lei em comento, pondera-se
o interessado como dependente do segurado; que a dependência econômica dos indivíduos arrolados no inciso I,
XII – anotação constante de ficha ou livro de registro de em- se encontra de forma presumida, porém, a das demais, deverá ser
pregados; comprovada. Assim, os filhos que não são emancipados, menores
XIII – apólice de seguro da qual conste o segurado como insti- de 21 ou inválidos, os cônjuges e companheiros, sempre serão con-
tuidor do seguro e a pessoa interessada como sua beneficiária; siderados dependentes previdenciários. No que condiz aos pais e
XIV – ficha de tratamento em instituição de assistência médica, os irmãos, para que possam ser considerados como dependentes,
da qual conste o segurado como responsável; precisam comprovar sua dependência econômica com a apresen-
XV – escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em tação dos documentos específicos pertinentes, conforme requer o
nome de dependente; art. 22, §3º do RPS.
XVI – declaração de não emancipação do dependente menor de Importante: Mesmo sendo comparados a filhos, é necessário
vinte e um anos; ou que o enteado e o menor tutelado comprovem sua dependência do
XVII – quaisquer outros que possam levar à convicção do fato a segurado para fins de dependência econômica junto à Previdência
comprovar a LBPS: Social, tendo em vista que esta equiparação concedida pelo orde-
§ 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, namento jurídico, possui efeitos somente em relação à ordem de
sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a preferência na habilitação referente à pensão de auxílio-reclusão.
segurada, de acordo com o § 3º do art. 226 da Constituição Federal.
Em atenção ao retro transcrito parágrafo 3º desta Lei, verifica-se Por fim, ressalta-se que em relação às provas de união estável
que a mera convivência sob o mesmo teto não é argumento sufi- e de dependência econômica a que se refere o parágrafo 5º do dis-
ciente para a configuração da dependência previdenciária, sendo positivo em estudo, pondera-se que estas exigem início de prova
preciso que exista união estável, caso contrário, não será considera- material contemporânea dos fatos, que seja produzido em período
do companheiro, uma vez que o Código Civil em seu art. 1.723, §1º, não superior a 24 (vinte e quatro) meses antes da data do óbito ou,
conceitua união estável como sendo “aquela configurada na con- ainda, do recolhimento à prisão do segurado, não sendo admitida
vivência pública contínua e duradoura entre o homem e a mulher, apenas a prova testemunhal, a não ser em situações de ocorrência
estabelecida com intenção de constituição de família.” de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto em
Seguindo a determinação constitucional, o Regulamento de lei.
Previdência Social (RPS) e o Código civil afirmam de forma clara que Duas novidades trazidas pela Lei nº. 13.846/2.019 no art. 24,
a união estável deve ser constituída por homem e mulher. Portan- §5º, que merecem destaque, trata-se da exigência de que deverá
to, em interpretação lógica do dispositivos legais, verifica-se que a ser apresentado, indício de prova material que comprove união es-
união homoafetiva não se encontra coberta pela Previdência Social, tável por pelo menos 2 (dois) anos antes do óbito do segurado tes-
fato que faz com que companheiro(a) homoafetivo (a) não faça par- temunhal; e, ainda, que no § 6º na hipótese da alínea c do inciso V
te, a princípio, da lista de dependentes previdenciários da legisla- do § 2º do art. 77 desta Lei, a par da exigência do § 5º deste artigo,
ção brasileira. Entretanto, o Supremo Tribunal federal determinou deverá ser apresentado, ainda, início de prova material que com-
o seguinte: prove união estável por pelo menos 2 (dois) anos antes do óbito do
segurado.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Outro dispositivo de suma importância, que foi inserido pela pessoa com deficiência não se encontra prevista na LBPS. Mas,
Lei 13.846/2.019, trata-se do parágrafo 7º, também do art. 24, que aprovada a Reforma da Previdência, a aposentadoria da PCD ga-
determina a exclusão de forma definitiva da condição de dependen- nhou autonomia, tendo em vista que a Emenda 103/2019 afirma
te de “quem tiver sido condenado criminalmente por sentença com que esse benefício, até que sobrevenha lei que o discipline, será
trânsito em julgado, como autor, coautor ou partícipe de homicídio concedido na forma da LC 142, que até o momento prevê a conces-
doloso, ou de tentativa desse crime, cometido contra a pessoa do são de aposentadoria por tempo de contribuição, bem como sem
segurado, ressalvados os absolutamente incapazes e os inimputá- o cumprimento de idade mínima. Assim sendo, a aposentadoria da
veis”. PCD continuará sob a égide das normas da pré-reforma, até que
haja nova regulamentação a seu favor.
Espécies de prestações
A Lei 8.213/1.991 BPS afirma que o Regime Geral de Previdên- Benefícios
cia Social do Brasil prevê a existência de dez benefícios diferentes, Os benefícios deverão ser pagos pelo Instituto Nacional do Se-
acrescidos de duas outras prestações não pecuniárias. Sendo que guro Social (INSS), a quem cumpre arcar com as determinações im-
oito benefícios são devidos aos segurados e dois benefícios, aos postas pela Previdência Social.
dependentes destes, posto que duas prestações não pecuniárias Considera-se que os benefícios previdenciários poderão ocor-
abrangem tanto a segurados quanto dependentes. rer em regime programável, ou, não, tendo em vista que os pro-
Porém, a Reforma da Previdência foi aprovada em 2.019 e re- gramáveis são de forma essencial, os benefícios voluntários que
duziu o rol de benefícios, vindo por conseguinte, a alterar também são também dependentes de algo que se presume que irá ocorrer,
o mapa das aposentadorias. Nesse sentido, é importante fazer uma como por exemplo, o pagamento de contribuições, dentre outros.
breve análise do art. 18 da LBPS. Vejamos: Já em relação aos demais, são benefícios que ocorrem por motivo
Art. 18. O Regime Geral de Previdência Social compreende as de fatos sinistros ou inesperados, como a aquisição de doenças, por
seguintes prestações, devidas inclusive em razão de eventos decor- exemplo.
rentes de acidente do trabalho, expressas em benefícios e serviços: Após a Reforma Previdenciária, foram excluídos alguns bene-
I – quanto ao segurado: fícios, ou alguns tiveram seus nomes mudados ou incorporados a
a) aposentadoria por invalidez; outros, sendo que a Reforma alterou a aposentadoria por invalidez
b) aposentadoria por idade; que passou a ser a chamada de aposentadoria por incapacidade
c) aposentadoria por tempo de contribuição; permanente. Já as aposentadorias por idade e por tempo de con-
d) aposentadoria especial; tribuição foram excluídas do rol da nova lei, posto que ambas as
e) auxílio-doença; formas de aposentadoria foram acopladas em um único benefício
f) salário-família; de nome aposentadoria programada.
g) salário-maternidade;
h) auxílio-acidente; Desse modo, na atualidade, nos moldes da Reforma previden-
i) (Revogada pela Lei n.8.870, de 1994). ciária, temos os seguintes benefícios em vigor:
II – quanto ao dependente: • Aposentadoria por incapacidade permanente;
a) pensão por morte; • Aposentadoria programada (Aposentadoria por idade);
b) auxílio-reclusão; • Aposentadoria especial;
III – quanto ao segurado e dependente: • Auxílio-doença;
a) (Revogada pela Lei n.9.032, de 1995). • Salário-maternidade;
b) serviço social; • Aposentadoria por tempo de contribuição por Pontos;
c) reabilitação profissional. • Aposentadoria por tempo de Contribuição pela Regra de Ida-
Em destaque nos artigos da antiga lei, aduz-se que a Reforma de mínima Progressiva;
da Previdência alterou a aposentadoria por invalidez que passou • Aposentadoria por tempo de Contribuição pela Regra de Pe-
a ser a chamada de aposentadoria por incapacidade permanente. dágio; de 50% Pensão por morte;
Já as aposentadorias por idade e por tempo de contribuição foram • Aposentadoria por tempo de Contribuição pela Regra de Pe-
excluídas do rol da nova lei, posto que ambas as formas de aposen- dágio de 100%;
tadoria foram acopladas em um único benefício de nome aposenta- • Pensão por morte.
doria programada, sendo esse último, um benefício que se encon-
tra dependente do cumprimento de forma concomitante de idade Aposentadoria por Incapacidade Permanente
mínima e também de tempo de contribuição. São requisitos cumulativos: A carência de 12 meses, salvo os
Em relação à aposentadoria por idade rural, sob a égide da Re- casos de dispensa (art. 26, II e art. 151 da lei 8.213/91); a qualidade
forma Previdenciária, passou a ser chamada denominada aposen- de segurado e a incapacidade de forma permanente para o traba-
tadoria por idade do trabalhador rural. lho.
No condizente à aposentadoria especial, a Reforma da Previ- Nova forma de calcular: Pela regra Geral de 60% da média de
dência, por meio da EC nº. 103/2.019 não utiliza esta denominação todos salários de contribuição, sendo a partir de julho de 1994 + 2%
em nenhum de seus 36 artigos. Entretanto, passou a garantir o di- a cada ano que vier a exceder 20 anos de tempo de contribuição
reito à aposentadoria de forma benéfica aos segurados comprova- para homens e 15 anos para mulheres.
dores do exercício de atividades com efetiva exposição a agentes Observação: Se o benefício for advindo de trabalho, doença
químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde. Afirma-se ainda, profissional e de doença do trabalho, pondera-se que terá direito
que esse benefício é a mesma aposentadoria programada, estando ao coeficiente de 100% da média das contribuições, sendo (100%
dotado apenas de uma minúscula diferenciação nos requisitos de da média).
concessão.
Importante: O INSS afirmou em Ofício Circular Interno, que
derivam da aposentadoria programada a aposentadoria especial
e a aposentadoria programada do professor. A aposentadoria da

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Aposentadoria programada (Antiga aposentadoria por idade, Aposentadoria por tempo de Contribuição pela Regra de Pe-
art. 18 da Reforma Previdenciária) dágio de 50%
Dentre as mudanças ocorridas, destacam-se as relativas aos re- (Art. 17 da Reforma Previdenciária)
quisitos de concessão da aposentadoria por idade. Anteriormente, Constituem requisitos cumulativos: O período de 30 anos de
exigiam-se 180 meses de carência e idade de 65 anos para os ho- contribuição para mulheres e 35 anos de contribuição para homens.
mens e 60 anos para as mulheres. O pedágio adicional de 50% do tempo que faltava para completar
Com o advento da reforma, ocorreu a mudança de requisito o requisito de Tempo de Contribuição na data da promulgação da
para tempo de contribuição, ao contrário de carência, acrescidos de EC 103;
aumento de 2 anos de idade para mulheres, considerando que esta
mudança deverá acontecer de forma progressiva. Aposentadoria por tempo de Contribuição pela Regra de Pon-
São requisitos cumulativos: O tempo de 15 anos de contribui- tos
ção para ambos os sexos e idade mínima de 60 anos para mulheres (Art. 15 da Reforma)
e 65 anos para homens, levando em consideração que a idade míni- Constituem requisitos cumulativos: O tempo de 30 anos de
ma para mulheres irá sofrer aumento de forma progressiva durante contribuição para mulheres e 35 anos de contribuição para homens;
o lapso de 6 meses por ano, a partir de 2020 e chegando a 62 anos o total de 86 pontos para mulheres e 96 pontos para homens, sen-
no ano de 2023. do a pontuação composta pela soma de tempo de contribuição com
a idade dos segurados de forma específica.
Aposentadoria especial
Da mesma maneira que houve no benefício pré-reforma, a Aposentadoria por tempo de Contribuição pela Regra de Ida-
aposentadoria especial deverá ser concedida com redução de tem- de mínima Progressiva
po contributivo para os segurados que tenham exercido labor com ( Art. 16 da Reforma)
contínua exposição a agentes químicos, físicos e biológicos e outros Constituem requisitos cumulativos: O tempo de 30 anos de
que são prejudiciais à saúde. contribuição para mulheres e 35 anos de contribuição para homens;
A inovação da PEC era proibir a caracterização de atividade es- 56 anos de idade para mulheres e 61 anos para homens, sendo que
pecial em decorrência da periculosidade laboral. Porém, durante o a idade mínima sofrerá aumento de forma progressiva, até o limite
período de votação, esta vedação foi suprimida do texto. de 62 anos para as mulheres e 65 anos para homens.
São requisitos cumulativos: O tempo de 15, 20 ou 25 anos de
contribuição em atividades consideradas especiais; pontuação de Pensão por morte
66 pontos para a atividade especial de 15 anos; pontuação de 76 Esse benefício não passou por mudanças nos requisitos de con-
pontos para a atividade especial de 20 anos e pontuação de 86 pon- cessão, com a Reforma da Previdência, porém, passou por mudan-
tos para a atividade especial de 25 anos. ças na sistemática de cálculos, bem como no quesito de cumulação
com outros benefícios advindos da Reforma.
Auxílio-doença
Constituem requisitos cumulativos: Carência de 12 meses, ex- Disposições gerais e específicas
ceto em casos de dispensa nos trâmites do art. 26, II e art. 151 da lei De antemão, verifica-se que o Direito Previdenciário é consti-
8.213/91; a qualidade de segurado; a incapacidade temporária para tuído por dois núcleos importantes, sendo que o primeiro deles é
a atividade habitual de modo geral. constituído pelas regras de financiamento da Seguridade Social, e o
Forma de calcular: Em 100% da média de todos salários de con- segundo núcleo, já se encarrega da parte de saída de recursos do
tribuição a partir de julho de 1994, vindo a ser multiplicada pelo RGPS através das prestações previdenciárias. Posto isso, pondera-
coeficiente de 91% (100% média x 0,91). -se que o deslinde desse estudo será feito com base no segundo
núcleo.
Salário-maternidade Sabe-se que o art. 201 da CFB/1.988 traz em seu bojo, diversas
Pondera que não houve mudanças nesta espécie de benefícios, categorias que são protegidas pela Previdência Social, já a LBPS, que
prevalecendo segundo a Lei nº. 8.213/1.991 e suas posteriores al- é instrumento auxiliar de estudo, contém traz disposição similar no
terações. art. 1º, ao aduzir que a Previdência Social, mediante contribuição,
Art. 72. O salário-maternidade para a segurada empregada ou deverá assegurar aos seus beneficiários, meios indispensáveis de
trabalhadora avulsa consistirá numa renda mensal igual a sua re- sobrevivência e manutenção, por razões de: incapacidade; desem-
muneração integral. prego involuntário; idade avançada; tempo de serviço; encargos
familiares e também por prisão ou morte dos entes de quem de-
Aposentadoria por tempo de Contribuição/Regra de Pedágio pendiam economicamente para sobreviver.
de 100% Entretanto, após a promulgação da Reforma da Previdência de
(Art. 20 da Reforma Previdenciária) 2019, o quesito “tempo de serviço”, retro mencionado perdeu a
Constituem requisitos cumulativos: O tempo de 30 anos de pertinência, tendo em vista que o tempo de serviço deixou de ser
contribuição para mulheres e 35 anos de contribuição para ho- um “risco” a ser coberto pelo RGPS, posto que deixou de existir a
mens; a idade Mínima de 57 anos para Mulheres e 60 anos para aposentadoria por tempo de contribuição que antes existia e se
homens; o pedágio adicional de 100% do tempo que restava para encontrava desvinculada de quaisquer requisitos e faixa etária. As-
completar o requisito de tempo efetivo de contribuição na data de sim sendo, feitas estas considerações, vejamos a respeito dos bene-
promulgação da EC 103. fícios acima listados
• Incapacidade: Trata-se de auxílio por incapacidade temporá-
ria, aposentadoria por incapacidade permanente, e auxílio-aciden-
te;
• Desemprego involuntário: Nenhum, por determinação do
art. 9º, §1º da LBPS: Art. 9º. [...] §1º O Regime Geral de Previdência
Social - RGPS garante a cobertura de todas as situações expressas

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
no art. 1º desta Lei, exceto as de desemprego involuntário, objeto de Importante: Via regra geral, o auxílio por incapacidade tempo-
lei específica, e de aposentadoria por tempo de contribuição para o rária é dependente de doze contribuições mensais para que possa
trabalhador de que trata o § 2º do art. 21 da Lei n.8.212, de 24 de ser concedido.
julho de 1991. Registra-se que independentemente do tamanho dos interva-
• Idade avançada: Trata-se da aposentadoria programada; los ocorridos entre as contribuições, todo o histórico contributivo
• Tempo de serviço: Aduz-se que ele não é mais coberto pelo do segurado será contado para fins de carência. Entretanto, no que
RGPS, a não ser em casos excepcionais de regras de transição; condiz ao segurado especial, amparado pelo art. 11, VII da LBPS,
• Encargos familiares: São o salário-família e o salário-mater- as normas são diferentes, posto que ele normalmente não recolhe
nidade; contribuições mensais, e, por isso, acabou por possuir regra de ca-
• Prisão: Trata-se do auxílio-reclusão; rência diversa dos demais segurados. É o que afirma o art. 39 da
• Morte: Contemporaneamente, na pensão por morte não LBPS. Vejamos:
mais prevalecem cinco aposentadorias, posto que atualmente, são: Art. 39. Para os segurados especiais, referidos no inciso VII do
- A aposentadoria por incapacidade permanente (nome que caput do art. 11 desta Lei, fica garantida a concessão:
substituiu a aposentadoria por invalidez); I – de aposentadoria por idade ou por invalidez, de auxílio-
- A aposentadoria programada, sendo que dela derivam a apo- -doença, de auxílio-reclusão ou de pensão, no valor de 1 (um) salá-
sentadoria especial e a aposentadoria programada do professor; rio mínimo, e de auxílio-acidente, conforme disposto no art. 86 des-
- A aposentadoria do trabalhador rural e do garimpeiro que ta Lei, desde que comprovem o exercício de atividade rural, ainda
prevalece usando os mesmos requisitos da aposentadoria por ida- que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao
de rural; requerimento do benefício, igual ao número de meses correspon-
- A aposentadoria da pessoa com deficiência, que continua vá- dentes à carência do benefício requerido, observado o disposto nos
lida com as normas anteriores até que advenha nova regulamenta- arts. 38-A e 38-B desta Lei; ou
ção, sem que seja imposto o encargo de imposição de idade míni- II – dos benefícios especificados nesta Lei, observados os crité-
ma. rios e a forma de cálculo estabelecidos, desde que contribuam fa-
cultativamente para a Previdência Social, na forma estipulada no
Períodos de carência Plano de Custeio da Seguridade Social.
De acordo com o art. 26 do RPS, com redação dada pela lei nº. Em relação ao trabalhador urbano, são necessárias 180 contri-
10.410/2020, “período de carência é o tempo correspondente ao buições para que ele tenha o direito à aposentadoria programada
número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que e de 12 contribuições para aposentar-se por incapacidade perma-
o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas as competências nente.
cujo salário de contribuição seja igual ou superior ao seu limite mí- Já o segurado especial, necessita de 180 meses de exercício
nimo mensal.” de atividade rural para aposentar-se de forma voluntária, e de 12
Lembrando que conforme já estudado, as contribuições infe- meses de exercício de atividade rural comprovadas de forma ime-
riores ao limite mínimo não podem ser contadas como tempo de diatamente anterior ao benefício, para poder se aposentar por in-
contribuição e, que, diga-se de passagem, também não contam capacidade permanente.
como carência. Sobre a carência do salário-maternidade para a segurada es-
Pondera-se que existe no dispositivo legal o período de carên- pecial, entende-se que a segurada deverá comprovar 10 meses de
cia, para que haja a manutenção do equilíbrio financeiro e atuarial, contribuição, nos termos do art. 25, inc. III da LBPS. Nos ditames do
que trata-se do sistema garantidor da efetividade do regime previ- art. 26, §4º do RPS, em relação aos segurados, empregado e traba-
denciário. lhador avulso e para o contribuinte individual prestador de serviços
Destaca-se que caso haja perda da qualidade de segurado, à empresas, o recolhimento de contribuições é presumido. Vejamos
quando este venha a permanecer sem contribuir por tempo o bas- o que dispõe o referido diploma legal:
tante para que esse vínculo se rompa, as contribuições feitas antes Art. 26. [...] §4º Para efeito de carência, considera-se presumi-
dessa perda, não terão valor para fins de carência, enquanto o se- do o recolhimento das contribuições do segurado empregado, do
gurado não adimplir com o número de contribuições equivalente trabalhador avulso e, relativamente ao contribuinte individual, a
de pelo menos o valor da metade da carência registrada para o be- partir da competência abril de 2003, as contribuições dele descon-
nefício. tadas pela empresa na forma do art. 216.
Isso ocorre, por que a responsabilidade pelo recolhimento das
Em relação aos prazos de carência aplicados pela legislação vi- contribuições destes segurados é somente do empregador, mas, se
gente, vejamos, em síntese: ele omite desta obrigação, por esta razão, não se considera razoável
• Carência com 180 contribuições: Aposentadorias programa- punir o empregado. Assim sendo, é viável que os segurados men-
das do trabalhador rural e do garimpeiro e da pessoa com deficiên- cionados, comprovem o exercício da atividade remunerada para
cia física. que tenham seus recolhimentos presumidos, com o fito de que
• Carência com 24 contribuições: Se refere ao auxílio-reclusão. esses recolhimentos tenham valor como tempo de contribuição, e
• Carência com 12 contribuições: Compreende o auxílio por também como cômputo de carência.
incapacidade temporária e aposentadoria por incapacidade perma- Sobre os empregados domésticos, em relação ao cômputo do
nente. período de carência, prevalece o disposto no art. 26, §4º e art. e 27
• Carência de 10 contribuições: Compreende o salário-mater- da LBPS, conforme já visto. Vejamos:
nidade para o contribuinte individual, segurado especial e faculta- Art. 26. [...] § 4º-A Para fins de carência, no caso de segurado
tivo. empregado doméstico, considera-se presumido o recolhimento das
Destaque-se que após a Reforma da Previdência Social, a apo- contribuições dele descontadas pelo empregador doméstico, a par-
sentadoria por invalidez teve seu nome mudado para aposenta- tir da competência junho de 2015, na forma prevista no art. 211.
doria por incapacidade permanente e o auxílio-doença, também
sofreram mudanças, virando auxílio por incapacidade temporária.

240
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 27. Para cômputo do período de carência, serão considera- Em entendimento ao referido artigo, em suma, temos:
das as contribuições: I – referentes ao período a partir da data de Como sabemos, salário-de-contribuição é a base de incidência
filiação ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), no caso dos da contribuição previdenciária. Assim, sendo ele o valor sobre o
segurados empregados, inclusive os domésticos, e dos trabalhado- qual irá incidir a contribuição previdenciária do segurado, o art. 29
res avulsos; ordena que seja apurada a média aritmética simples, que se trata
Além do exposto, existe na seara da legislação previdenciária, da síntese advinda da soma de todos os elementos presentes e a di-
alguns segurados que são isentos de carência em todos os benefí- visão do resultado pelo número de elementos que foram somados.
cios previdenciários advindos de eventos que não podem ser presu- Entende-se que o legislador, ao prever a atualização monetária
midos, como por exemplo, a morte, o acidente e a doença advindos dos salários de contribuição, estará somente respeitando o que pre-
do trabalho e as moléstias graves. Assim sendo, deve ater-se ao es- dispõe a CFB no art. 201, §3º. Assim, tendo o segurado contribuído
tudo dos incisos I e II do art. 26 da Lei 8.213/1.991, com exceção do para o RGPS, irá receber atualização monetária.
salário-família e memorizar o rol desses segurados. Mudança recente trazida pela Reforma da Previdência, foi a
de que antes, eram desprezados todos os 20% menores salários de
Salário-de-benefício contribuição, fato que era benéfico ao segurado. Porém, na atuali-
Trata-se de benefício previsto no art. 29 da LBPS, que embora dade, todos os salários de contribuição são considerados no cálculo.
tenha sido alcançado pela Reforma da Previdência, não teve sua re- Por último, merece destaque uma exceção às regras do ar-
dação alterada. O salário-de-benefício é um requisito que serve de tigo em comento. Trata-se do que predispõe o art. 26, §6º da EC
base para que seja apurada a renda mensal de quase todos os todos 103/2.019, que determina a exclusão da média das contribuições
os tipos de benefícios. Assim dispõe o art. 31 do RPS: que resultem em redução do valor do benefício, desde que mantido
Art. 31. Salário de benefício é o valor básico utilizado para o o tempo mínimo de contribuição exigido, sendo vedado o uso do
cálculo da renda mensal dos benefícios de prestação continuada, tempo excluído para qualquer finalidade.
inclusive aqueles regidos por normas especiais, exceto:
I – o salário-família; Renda mensal do beneficio
II – a pensão por morte; Em regra, é sabido nas searas previdenciária e constitucional
III – o salário-maternidade; que a renda adquirida mensalmente dos benefícios previdenciários
IV – o auxílio-reclusão; e não deverá ser inferior ao salário mínimo, nem superior ao teto.
V – os demais benefícios previstos em legislação especial. Embora exista essa regra, pondera-se que existem exceções. É o
que nos revela o art. 33 da LBPS:
Sobre o salário-de-benefício, vejamos em síntese, algumas dis- Art. 33. A renda mensal do benefício de prestação continuada
posições importantes que merecem destaque: que substituir o salário-de-contribuição ou o rendimento do traba-
• O salário-família é um benefício que possui valor fixado em lho do segurado não terá valor inferior ao do salário-mínimo, nem
atos normativos, vindo, desta forma a não depender de cálculos superior ao do limite máximo do salário-de-contribuição, ressalvado
para sua apuração. o disposto no art. 45 desta Lei.
• O salário-maternidade não acompanha a regra de apuração Infere-se que no contido nesse artigo, é válido para todas as
do salário-de-benefício, em obediência às previsões contidas nos aposentadorias, como a pensão por morte, o auxílio por incapaci-
artigos 72 e 73 da LBPS. dade temporária, o auxílio-reclusão e o salário-maternidade. Po-
• A pensão por morte e o auxílio-reclusão são calculados com rém, desse rol, excetua-se o salário-família, posto que este possui
fulcro no valor do benefício do segurado instituidor, mas não a par- caráter de complementação e não de substituição de renda, e tam-
tir do salário-de-benefício. bém o auxílio-acidente, pelo fato desse benefício não possuir cará-
• Os benefícios de legislação especial terão seu valor definido ter substitutivo, mas, sim, indenizatório, e, que, por dedução, esses
na própria legislação especial. benefícios podem ser inferiores ao mínimo.
Pondera-se que a definição legal de salário-de-benefício da Existe também a possiblidade de o benefício ser inferior ao mí-
LBPS se encontra fora de atualização desde a publicação da EC nimo, quando o benefício for por totalização, como dispõe o art 32,
103/2019. Verifica-se que anteriormente existia um salário-de-be- § 18 da RPS:
nefício para as aposentadorias por idade e tempo de contribuição, § 18. Para fins de cálculo da renda mensal inicial teórica dos
mas atualmente não existe mais essa distinção, motivo pelo qual, benefícios por totalização, no âmbito dos acordos internacionais,
convém permanecer com a redação do RPS, que é compatível com serão considerados os tempos de contribuição para a previdência
as disposições da Reforma da Previdência Social. Vejamos o disposi- social brasileira e para a do país acordante, observado o disposto no
tivo de lei com fulcro no art. 32. Do RPS: § 9º. (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
Art. 32 - O salário de benefício a ser utilizado para o cálculo dos O auxílio também poderá ser em valor inferior ao mínimo, tam-
benefícios de que trata este Regulamento, inclusive aquele previsto bém, quando por incapacidade temporária, o segurado execute
em acordo internacional, consiste no resultado da média aritmética mais de uma função laboral e adquira incapacidade em relação a
simples dos salários de contribuição e das remunerações adotadas uma delas e se afasta somente da atividade que se encontra inca-
como base para contribuições a regime próprio de previdência so- pacitado, sendo que o auxílio será computado com base somente a
cial ou como base para contribuições decorrentes das atividades remuneração desta atividade laboral.
militares de que tratam os art. 42 e art. 142 da Constituição, consi- Registra-se também, situações por meio das quais, o auxílio
derados para a concessão do benefício, atualizados monetariamen- será superior ao teto, como o caso do salário-maternidade que é
te, correspondentes a cem por cento do período contributivo desde pago para a segurada empregada e também à trabalhadora avulsa,
a competência julho de 1994 ou desde o início da contribuição, se uma vez que irá corresponder à sua remuneração integral, nos ter-
posterior a essa competência. mos do art. 72 da LBPS.

241
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Reajustamento do valor dos benefícios II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o
Dispõe o art 201 em seu parágrafo 4º da Constituição Federal: segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida
Art. 201. [...] § 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem re-
para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme muneração;
critérios definidos em lei. III – até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado
Para melhor assimilação, o art. 41-A da LBPS foi incluso na le- acometido de doença de segregação compulsória;
gislação em 2.006 , para que o reajuste dos benefícios previdenciá- IV – até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido
rios passasse a ser realizado com base em um índice inflacionário ou recluso;
oficial, o INPC, ou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, rigo- V – até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incor-
rosamente medido pelo IBGE. porado às Forças Armadas para prestar serviço militar;
Pondera-se, que anteriormente havia o reajustamento anual VI – até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o se-
em respeito ás determinações da Constituição Federal, porém, o ín- gurado facultativo.
dice era aleatório e fixado pelo governo sem transparência de crité- § 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e
rios, com base na disponibilidade orçamentária. Assim, leva-se em quatro) meses se o segurado já tiver pagado mais de 120 (cento e
consideração que o reajuste é anual e na mesma data do reajuste vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda
do salário mínimo, em proporção ao prazo de duração do benefício da qualidade de segurado.
nos 12 meses que antecederam a data-base do reajustamento. § 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12
Dadas estas informações, podemos, em síntese, completar o (doze) meses para o segurado desempregado, desde que compro-
entendimento desse tema da seguinte forma: vada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do
• Nenhum benefício que foi reajustado deverá exceder o limi- Trabalho e da Previdência Social.
te total máximo do salário-de-benefício na data do reajustamento, § 3º Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos
sendo assim, respeitados os direitos adquiridos. os seus direitos perante a Previdência Social.
• Os benefícios com renda total de até um salário mínimo, de- § 4º A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguin-
verão ser adimplidos no período entre o quinto dia útil que antece- te ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade
der o final do mês de sua competência, e o quinto dia útil do mês Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imedia-
subsequente de modo geral. tamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus
• Os benefícios que possuírem renda mensal total superior ao parágrafos.
salário mínimo, deverão, por lei, ser pagos do primeiro ao quinto Merece destaque a disposição do inc. II, posto que ele acres-
dia útil do mês subsequente ao de sua competência. centou uma hipótese de período de graça de 12 meses após a ces-
• Pondera-se que o primeiro pagamento do benefício, deverá sação de benefício por incapacidade. Trata-se de uma analogia jus-
ser feito até quarenta e cinco dias depois da data da apresentação tificável, tendo em vista que quem vir a perder o emprego, poderá
pelo segurado responsável com a documentação requisitada para a ficar 12 meses sem fazer contribuição ao INSS e, aquele que perde
sua concessão. o benefício estará sofrendo dano similar vindo a perder uma fonte
de rendimentos, por isso, resta-se justificado o recebimento de pro-
MANUTENÇÃO, PERDA E RESTABELECIMENTO DA teção equivalente.
QUALIDADE DE SEGURADO Feitas estas considerações referentes ao período de graça e ao
inc. II, percebe-se ainda que o INSS é reconhecedor do direito do
período de graça de 12 meses após cessar o pagamento de salário-
Sendo um instituto especial e exclusivo do Direito Previdenciá- -maternidade, e, quem se encontra recebendo auxílio-acidente tem
rio, a qualidade de segurado significa que o indivíduo se encontra o mesmo período de graça daquele que não se encontra recebendo
filiado e devidamente vinculado junto ao sistema previdenciário, nenhum benefício, posto que o salário-maternidade e o auxílio por
sendo que estar mantido nessa qualidade é requisito indispensável incapacidade permanente são benefícios temporários.
para a concessão dos benefícios previdenciários. No condizente à cessação das contribuições, ressalta-se que o
Ressalta-se que a forma de o segurado se manter nesta condi- art. 13, II o RPS determina em seu art. 13, inc. II, que elas poderão
ção, seria a de continuar vertendo contribuições. Contudo, o legisla- ocorrer em até doze meses depois que cessar o benefício por inca-
dor passou a fornecer aos segurados um prazo denominado “perío- pacidade ou das contribuições, com as devidas observâncias ao que
do de graça”, com a possibilidade de continuar vinculados mesmo aduz os § 7º e § 8º e no art. 19-E.
em casos de riscos ou eventuais problemas similares. Assim, os Já os parágrafos 7º e 8º do referido dispositivo legal, que fo-
segurados poderão se manter filiados tendo direito de receber os ram acrescentados ao art. 13 no ano de 2.020, determinam que o
benefícios da previdência por prazos determinados, independente- período de graça para o contribuinte individual que quedou-se em
mente de contribuições. contribuir, começa no mês seguinte ao da última contribuição com
O sistema Previdenciário Brasileiro é regido pelo regime de re- valor de modo igual ou superior ao salário mínimo. Por isso, as con-
partição, por meio do qual, todas as contribuições dos trabalhado- tribuições feitas com valores inferiores ao mínimo, não são aceitas
res que se encontram na ativa são usadas para o adimplemento dos para a manutenção da qualidade de segurado.
benefícios dos aposentados e pensionistas.
Nesse sentido, a LBPS (Lei de Benefícios da Previdência Social), Importante: Existem quatro prazos de período de graça. São
dispõe de várias hipóteses de reconhecimento do período de graça eles:
por meio do art. 15. Vejamos: — 3 (três) meses: Ex. O militar licenciado após a prestação do
Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente serviço militar obrigatório até que consiga um emprego.
de contribuições: — 6 (seis) meses: O segurado facultativo que parou de contri-
I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício, exceto buir.
do auxílio-acidente; (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019);

242
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
— 12 (doze) meses: Os demais segurados como os desempre- [...] § 1º A perda da qualidade de segurado não prejudica o di-
gados; aquele que deixou de receber um benefício previdenciário, reito à aposentadoria para cuja concessão tenham sido preenchidos
etc. todos os requisitos, segundo a legislação em vigor à época em que
— Infinito: Aquele que se encontra recebendo benefício, salvo estes requisitos foram atendidos.
o auxílio-acidente. § 2º Não será concedida pensão por morte aos dependentes do
segurado que falecer após a perda desta qualidade, nos termos dos
Em relação à prorrogação do período de graça, verifica-se que arts. 13 a 15, salvo se preenchidos os requisitos para obtenção de
os parágrafos 1º e 2º trazem em seu bojo, duas alternativas rela- aposentadoria na forma do parágrafo anterior, observado o dispos-
cionadas aos segurados do inciso II, que poderão atuar de forma to no art. 105.
separada ou conjunta, sendo que a prorrogação só possui validade Em caso de aposentadoria, se um segurado houver contribuído
na hipótese desse inciso em comento e apenas para o segurado que com o tempo mínimo necessário para a aposentadoria programada,
se desvincular de regime próprio de previdência. Já os outros prazos vindo a atingir a idade mínima e após isso, permanecido 10 anos
de 12 meses contidos nos incisos III e IV, não são prorrogáveis. sem recolher nada para os cofres da Previdência Social, ele perdeu
Verifica-se em atenção ao §1º, o quanto esse dispositivo bene- a qualidade de segurado. Entretanto, tal perda não é obstáculo que
ficia ao segurado que já contribui por um longo período de tempo. o impeça de receber a aposentadoria, posto que anteriormente
Ou seja, o segurado que tem mais de 120 contribuições, passa a cumpriu todos os requisitos para obtê-la e optou por exercer esse
ampliar o prazo do inciso II para até 24 meses, vindo a adicionar direito apenas posteriormente. Além disso, estará sob a égide pro-
mais 12 meses ao período de graça correspondente. tecional do §1º do art. 80 que aduz:
Já em relação ao parágrafo 3º do artigo em estudo, observa-se § 1º A perda da qualidade de segurado não prejudica o direito à
que ele possui o condão de ampliar o prazo do inciso II, por meio aposentadoria para cuja concessão tenham sido preenchidos todos
do qual, o segurado teria direito a 24 meses de período de graça, os requisitos, segundo a legislação em vigor à época em que estes
ou também do §1º, fazendo com que o segurado mantivesse esta requisitos foram atendidos.
qualidade por até 36 meses. Na seara da aposentadoria por incapacidade permanente, na
Importante: Atualmente para obter o direito de ampliação do busca da proteção do direito adquirido, verifica-se que o segura-
período de graça, por força do art. 15, §2º da LBPS, basta a compro- do que parou de contribuir pelo fato de estar incapacitado para o
vação do desemprego, por qualquer meio idôneo. trabalho, porém, por qualquer motivo, deixa de formular o reque-
rimento de concessão de benefício por incapacidade junto ao INSS,
Entretanto, ressalta-se que por certo tempo, bastava compro- não perde a qualidade de segurado por esse motivo.
var o desemprego por meio do registro da baixa na CTPS, porém, o Nesse caso acima, o segurado se encontra amparado pelo
STJ se tornou um pouco mais exigente na atualidade aduzindo que entendimento do STJ que reconhece que se o segurado compro-
o registro no “órgão próprio” é dispensável, porém, só a CTPS não é vadamente se encontrar sem condições para trabalhar, ele possui
o bastante. Vejamos o que diz a súmula 27 do TNU: o direito de ser amparado por um benefício previdenciário por in-
Súmula 27, TNU - A ausência de registro em órgão do Minis- capacidade permanente, dentre outras espécies. E mais, caso ele
tério do Trabalho não impede a comprovação do desemprego por deixa de recolher por se encontrar em condições que o impeçam
outros meios admitidos em Direito. de trabalhar, e que por qualquer motivo não veio a pugnar pela
concessão dos benefícios por incapacidade, é injusto que este seja
Importante: A perda da qualidade de segurado deverá ocorrer punido.
no dia posterior ao término do prazo para recolhimento da con- Em síntese, temos:
tribuição do contribuinte individual ou facultativo relativa ao mês
seguinte ao do fim do período de graça. Pensão
— O segurado veio a cumprir com todos os requisitos exigidos
Exceções à perda da qualidade de segurado por lei para aposentar;
De antemão, ressalta-se que existem algumas situações pre- — O Segurado veio a falecer sem ter requerido o benefício e
vistas na legislação, por meio das quais a perda da qualidade de depois da perda da qualidade de segurado;
segurado não serão obstáculo para que o indivíduo possa obter be- — Os dependentes do segurado possuem o direito de receber
nefícios da Previdência Social. pensão.
Sabendo-se que tais situações são interligadas em um mesmo
sentido, como por exemplo, o respeito ao direito adquirido, que Aposentadorias
se trata de garantia constitucional inserida no art. 5º, XXXVI da — O segurado veio a adimplir como todos os benefícios neces-
CFB/1.988, que afirma que a lei não prejudicará o direito adquirido, sários para receber o benefício;
o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, dentre outros dispositivos, — O segurado não requereu o benefício e veio a perder a qua-
aduz-se que podem ser acopladas as estas exceções, as seguintes: lidade de segurado;
— O segurado possui direito ao benefício.
Pensão por morte
O segurado somente correrá o risco de perder esta qualidade, Aposentadoria por incapacidade permanente
caso deixe de cumprir todos os requisitos para poder se aposentar. — O segurado parou de trabalhar e também de fazer a sua con-
Caso venha a perder esta qualidade, seus dependentes restar-se-ão tribuição, por se encontrar incapacitado para o trabalho;
prejudicados. — O segurado veio a requerer o benefício, porém, com o lapso
Esta previsão se encontra disposta no art. 180, §2º do RPS. Ve- temporal, teria perdido a qualidade de segurado;
jamos: — Os Tribunais defendem que nesses casos não poderá haver a
Art. 180. Ressalvado o disposto nos §§ 5º e 6º do art. 13, a per- perda da qualidade de segurado, como o STJ, por exemplo.
da da qualidade de segurado importa em caducidade dos direitos
inerentes a essa qualidade.

243
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art 2º - A percepção do benefício de que trata esta Lei depen-
SERVIÇOS PREVIDENCIÁRIOS. SERVIÇO SOCIAL. REA- derá unicamente da apresentação de atestado médico comproba-
BILITAÇÃO PROFISSIONAL tório das condições constantes do artigo anterior, passado por junta
médica oficial para esse fim constituída pelo Instituto Nacional de
Serviço Social: compete ao Serviço Social esclarecer junto aos Previdência Social, sem qualquer ônus para os interessados.
beneficiários seus direitos sociais e os meios de exercê-los e esta- Art. 3o A pensão especial de que trata esta Lei, ressalvado o
belecer conjuntamente com eles o processo de solução dos proble- direito de opção, não é acumulável com rendimento ou indenização
mas que emergirem da sua relação com a Previdência Social, tanto que, a qualquer título, venha a ser pago pela União a seus benefi-
no âmbito interno da instituição como na dinâmica da sociedade. ciários, salvo a indenização por dano moral concedida por lei espe-
Para assegurar o efetivo atendimento dos usuários serão uti- cífica. (Redação dada pela Lei nº 12.190, de 2010).
lizadas intervenção técnica, assistência de natureza jurídica, ajuda § 1º O benefício de que trata esta Lei é de natureza indeniza-
material, recursos sociais, intercâmbio com empresas e pesquisa tória, não prejudicando eventuais benefícios de natureza previden-
social, inclusive mediante celebração de convênios, acordos ou ciária, e não poderá ser reduzido em razão de eventual aquisição de
contratos. capacidade laborativa ou de redução de incapacidade para o traba-
lho, ocorridas após a sua concessão. (Incluído pela Lei nº 9.528, de
Habilitação e da Reabilitação Profissional: 1997) (Renumerado pela Medida Provisória nº 2.187-13, de 2001)
A habilitação e a reabilitação profissional e social deverão pro- § 2º O beneficiário desta pensão especial, maior de trinta e cin-
porcionar ao beneficiário incapacitado parcial ou totalmente para co anos, que necessite de assistência permanente de outra pessoa
o trabalho, e às pessoas portadoras de deficiência, os meios para e que tenha recebido pontuação superior ou igual a seis, conforme
a (re)educação e de (re)adaptação profissional e social indicados estabelecido no § 2º do art. 1º desta Lei, fará jus a um adicional de
para participar do mercado de trabalho e do contexto em que vive. vinte e cinco por cento sobre o valor deste benefício. (Incluído pela
A reabilitação profissional compreende: Medida Provisória nº 2.187-13, de 2001)
a) o fornecimento de aparelho de prótese, órtese e instrumen- § 3o Sem prejuízo do adicional de que trata o § 2o, o benefi-
tos de auxílio para locomoção quando a perda ou redução da ca- ciário desta pensão especial fará jus a mais um adicional de trinta
pacidade funcional puder ser atenuada por seu uso e dos equipa- e cinco por cento sobre o valor do benefício, desde que comprove
mentos necessários à habilitação e reabilitação social e profissional; pelo menos: (Incluído pela Lei nº 10.877, de 2004)
b) a reparação ou a substituição dos aparelhos mencionados I – vinte e cinco anos, se homem, e vinte anos, se mulher, de
no inciso anterior, desgastados pelo uso normal ou por ocorrência contribuição para a Previdência Social; (Incluído pela Lei nº 10.877,
estranha à vontade do beneficiário; de 2004)
c) o transporte do acidentado do trabalho, quando necessário. II – cinqüenta e cinco anos de idade, se homem, ou cinqüenta
anos de idade, se mulher, e contar pelo menos quinze anos de con-
tribuição para a Previdência Social. (Incluído pela Lei nº 10.877, de
BENEFÍCIOS DECORRENTES DE LEGISLAÇÕES ESPE- 2004)
CIAIS. PENSÃO ESPECIAL - SÍNDROME DE TALIDOMI- Art 4º - A pensão especial será mantida e paga pelo Instituto
DA - LEI Nº 7.070/1982 E SUAS ALTERAÇÕES Nacional de Previdência Social, por conta do Tesouro Nacional.
Parágrafo único - O Tesouro Nacional porá à disposição da Pre-
LEI Nº 7.070, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1982. vidência Social, à conta de dotações próprias consignadas no Orça-
mento da União, os recursos necessários ao pagamento da pensão
Dispõe sobre pensão especial para os deficientes físicos que especial, em cotas trimestrais, de acordo com a programação finan-
especifica e dá outras providencias. ceira da União.
Art. 4o-A. Ficam isentos do imposto de renda a pensão especial
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , faço saber que o CONGRESSO e outros valores recebidos em decorrência da deficiência física de
NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei: que trata o caput do art. 1o desta Lei, observado o disposto no art.
2o desta Lei, quando pagos ao seu portador. (Incluído pela Lei nº
Art 1º - Fica o Poder Executivo autorizado a conceder pensão 11.727, de 2008)
especial, mensal, vitalícia e intransferível, aos portadores da defi- Parágrafo único. A documentação comprobatória da natureza
ciência física conhecida como “Síndrome da Talidomida” que a re- dos valores de que trata o caput deste artigo, quando recebidos de
quererem, devida a partir da entrada do pedido de pagamento no fonte situada no exterior, deve ser traduzida por tradutor juramen-
Instituto Nacional de Previdência Social - INPS. tado. (Incluído pela Lei nº 11.727, de 2008)
§ 1º - O valor da pensão especial, reajustável a cada ano pos- Art 5º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
terior à data da concessão segundo o índice de Variação das Obri- Art 6º - Revogam-se as disposições em contrário.
gações Reajustáveis do Tesouro Nacional ORTN, será calculado, em
função dos pontos indicadores da natureza e do grau da dependên-
cia resultante da deformidade física, à razão, cada um, de metade
do maior salário mínimo vigente no País.
§ 2º - Quanto à natureza, a dependência compreenderá a in-
capacidade para o trabalho, para a deambulação, para a higiene
pessoal e para a própria alimentação, atribuindo-se a cada uma 1
(um) ou 2 (dois) pontos, respectivamente, conforme seja o seu grau
parcial ou total.

244
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

PENSÃO ESPECIAL DOS SERINGUEIROS - LEI Nº PENSÃO ESPECIAL DE EX-COMBATENTE - LEI Nº


7.986/1989 E SUAS ALTERAÇÕES 8.059/1990

LEI Nº 7.986, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1989. LEI Nº 8.059, DE 4 DE JULHO DE 1990.

Regulamenta a concessão do benefício previsto no artigo 54 Dispõe sobre a pensão especial devida aos ex-combatentes da
do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, e dá outras Segunda Guerra Mundial e a seus dependentes.
providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na- cional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Esta lei regula a pensão especial devida a quem tenha
Art. 1º É assegurado aos seringueiros recrutados nos termos do participado de operações bélicas durante a Segunda Guerra Mun-
Decreto-Lei nº 5.813, de 14 de setembro de 1943, que tenham tra- dial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, e aos
balhado durante a Segunda Guerra Mundial nos Seringais da Região respectivos dependentes (Ato das Disposições Constitucionais Tran-
Amazônica, amparados pelo Decreto-Lei nº9.882, de 16 de setem- sitórias, art. 53, II e III).
bro de 1946, e que não possuam meios para a sua subsistência e da Art. 2º Para os efeitos desta lei, considera-se:
sua família, o pagamento de pensão mensal vitalícia corresponden- I - pensão especial o benefício pecuniário pago mensalmente
te ao valor de 2 (dois) salários-mínimos vigentes no País. ao ex-combatente ou, em caso de falecimento, a seus dependentes;
Parágrafo único. O benefício a que se refere este artigo esten- II - pensionista especial o ex-combatente ou dependentes, que
de-se aos seringueiros que, atendendo ao chamamento do governo percebam pensão especial;
brasileiro, trabalharam na produção de borracha, na região Amazô- III - pensão-tronco a pensão especial integral;
nica, contribuindo para o esforço de guerra. IV - cota-parte cada parcela resultante da participação da pen-
Art. 2º O benefício de que trata esta Lei é transferível aos de- são-tronco entre dependentes;
pendentes que comprovem o estado de carência. V - viúva a mulher com quem o ex-combatente estava casado
Art. 3º A comprovação da efetiva prestação de serviços a que quando falecera, e que não voltou a casar-se;
alude esta Lei, inclusive mediante justificação administrativa ou VI - ex-esposa a pessoa de quem o ex-combatente tenha-se
judicial, só produzirá efeito quando baseada em início de prova divorciado, desquitado ou separado por sentença transitada em
material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal. julgado;
(Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998) VII - companheira que tenha filho comum com o ex-combaten-
§ 1º A comprovação da efetiva prestação de serviços a que alu- te ou com ele viva no mínimo há cinco anos, em união estável;
de o caput far-se-á perante os órgãos do Ministério da Previdência e VIII - concessão originária a relativa ao ex-combatente;
Assistência Social. (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998) IX - reversão a concessão da pensão especial aos dependentes
§ 2º Caberá à Defensoria Pública, por solicitação do interessa- do ex-combatente, por ocasião de seu óbito.
do, quando necessitado, promover a justificação judicial, ficando o Art. 3º A pensão especial corresponderá à pensão militar dei-
solicitante isento de quaisquer custas judiciais ou outras despesas. xada por segundo-tenente das Forças Armadas. Vide Decreto nº
(Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998) 4.307, de 2002
§ 3º O prazo para julgamento da justificação é de quinze dias. Art. 4º A pensão é inacumulável com quaisquer rendimentos
(Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998) percebidos dos cofres públicos, exceto os benefícios previdenciá-
Art. 4º A comprovação da carência do beneficiário ou do de- rios.
pendente será feita com a apresentação de atestado fornecido por § 1º O ex-combatente, ou dependente legalmente habilitado,
órgão oficial. que passar a receber importância dos cofres públicos perderá o
Art. 5º Os pedidos de concessão do benefício ou de sua trans- direito à pensão especial pelo tempo em que permanecer nessa
ferência, devidamente instruídos, serão processados e julgados no situação, não podendo a sua cota-parte ser transferida a outros de-
prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, sob pena de responsabilidade. pendentes.
Parágrafo único. Os pagamentos de pensão especial iniciar-se- § 2º Fica assegurado ao interessado que perceber outros rendi-
-ão no prazo máximo de 30 (trinta) dias após o reconhecimento do mentos pagos pelos cofres públicos o direito de optar pela pensão
direito. ou por esses rendimentos.
Art. 6º O Ministério da Previdência e Assistência Social baixará Art. 5º Consideram-se dependentes do ex-combatente para
as instruções necessárias à execução desta Lei, no prazo de 60 (ses- fins desta lei:
senta) dias. I - a viúva;
Art. 7º O órgão previdenciário encarregado do pagamento da II - a companheira;
pensão deverá firmar convênios com outros órgãos públicos fede- III - o filho e a filha de qualquer condição, solteiros, menores de
rais, estaduais ou municipais, a fim de possibilitar aos beneficiários 21 anos ou inválidos;
desta Lei perceberem mensalmente as respectivas pensões, prefe- IV - o pai e a mãe inválidos; e
rencialmente nos locais onde residem, sem necessidade de grandes V - o irmão e a irmã, solteiros, menores de 21 anos ou inválidos.
deslocamentos. Parágrafo único. Os dependentes de que tratam os incisos IV e
Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. V só terão direito à pensão se viviam sob a dependência econômica
Art. 9º Revogam-se as disposições em contrário. do ex-combatente, por ocasião de seu óbito.
Art. 6º A pensão especial é devida ao ex-combatente e somen-
te em caso de sua morte será revertida aos dependentes.

245
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Parágrafo único. Na reversão, a pensão será dividida entre o Art. 16. No que se refere ao pagamento da pensão, aplicar-se-
conjunto dos dependentes habilitáveis (art. 5º, I a V), em cotas-par- -ão as regras do Código Civil relativas à ausência, quando se verifi-
tes iguais. car o desaparecimento de pensionista especial.
Art. 7º A condição de dependentes comprova-se: Art. 17. Os pensionistas beneficiados pelo art. 30 da Lei nº
I - por meio de certidões do registro civil; 4.242, de 17 de julho de 1963, que não se enquadrarem entre os
II - por declaração expressa do ex-combatente, quando em beneficiários da pensão especial de que trata esta lei, continuarão a
vida; receber os benefícios assegurados pelo citado artigo, até que se ex-
III - por qualquer meio de prova idôneo, inclusive mediante jus- tingam pela perda do direito, sendo vedada sua transmissão, assim
tificação administrativa ou judicial. por reversão como por transferência.
Art. 8º A pensão especial não será deferida: Art. 18. Os créditos referentes ao pagamento da pensão espe-
I - à ex-esposa que não tenha direito a alimentos; cial somente poderão ser feitos em agências bancárias localizadas
II - à viúva que voluntariamente abandonou o lar conjugal há no País.
mais de cinco anos ou que, mesmo por tempo inferior, abandonou- Art. 19. Os Ministros de Estado da Marinha, do Exército e da
-o e a ele recusou-se a voltar, desde que esta situação tenha sido Aeronáutica, nas áreas de suas respectivas competências, adotarão
reconhecida por sentença judicial transitada em julgado; as medidas necessárias à execução desta lei.
III - à companheira, quando, antes da morte do ex-combatente, Art. 20. Mediante requerimento do interessado, qualquer
houver cessado a dependência, pela ruptura da relação concubi- outra pensão já concedida ao ex-combatente ou dependente que
nária; preencha os requisitos poderá ser substituída pela pensão especial
IV - ao dependente que tenha sido condenado por crime dolo- de que trata esta lei, para todos os efeitos.
so, do qual resulte a morte do ex-combatente ou de outro depen- Art. 21. É assegurado o direito à pensão especial aos depen-
dente. dentes de ex-combatente falecido e não pensionista, observado o
Art. 9º Até o valor de que trata o art. 3º desta lei, a ex-esposa disposto no art. 11 desta lei. Neste caso, a habilitação é considerada
que estiver percebendo alimentos por força de decisão judicial terá reversão.
direito a pensão especial no valor destes. Art. 22. O valor do benefício da pensão especial será revisto, na
§ 1º Havendo excesso, este se destinará aos demais dependen- mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificarem
tes. os vencimentos dos servidores militares, tomando-se por base a
§ 2º A falta de dependentes habilitados não prejudicará o direi- pensão-tronco.
to à pensão da ex-esposa. Art. 23. As despesas decorrentes da aplicação desta lei correrão
§ 3º O direito à parcela da pensão especial, nos termos deste à conta das dotações consignadas no Orçamento Geral da União.
artigo, perdurará enquanto a ex-esposa não contrair novas núpcias. Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 10. A pensão especial pode ser requerida a qualquer tem- Art. 25. Revogam-se o art. 30 da Lei nº 4.242, de 17 de julho de
po. 1963, a Lei nº 6.592, de 17 de novembro de 1978, a Lei nº 7.424, de
Art. 11. O benefício será pago mediante requerimento, devi- 17 de dezembro de 1985, e demais disposições em contrário.
damente instruído, em qualquer organização militar do ministério
competente (art. 12), se na data do requerimento o ex-combatente,
ou o dependente, preencher os requisitos desta lei. PENSÃO ESPECIAL ÀS VÍTIMAS DE HEMODIÁLISE DE
Art. 12. É da competência do Ministério Militar ao qual esteve CARUARU - LEI Nº 9.422/1996
vinculado o ex-combatente durante a Segunda Guerra Mundial o
processamento da pensão especial, desde a habilitação até o pa- LEI Nº 9.422, DE 24 DE DEZEMBRO DE 1996.
gamento, inclusive nos casos de substituição a outra pensão ou re-
versão. Dispõe sobre a concessão de pensão especial aos dependen-
Art. 13. Estando o processo devidamente instruído, a autori- tes que especifica e dá outras providências.
dade designada pelo Ministro competente autorizará o pagamento
da pensão especial, em caráter temporário, até a apreciação da le- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
galidade da concessão e registro pelo Tribunal de Contas da União. cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
§ 1º O pagamento da pensão especial será efetuado em caráter Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a conceder pensão
definitivo, após o registro pelo Tribunal de Contas da União. especial mensal, retroativa à data do óbito, no valor de um salário
§ 2º As dívidas por exercícios anteriores são pagas pelo minis- mínimo vigente no País, ao cônjuge, companheiro ou companheira,
tério a que estiver vinculado o pensionista. descendente, ascendente e colaterais até segundo grau das vítimas
Art. 14. A cota-parte da pensão dos dependentes se extingue: fatais de hepatite tóxica, por contaminação em processo de hemo-
I - pela morte do pensionista; diálise no Instituto de Doenças Renais, com sede na cidade de Ca-
II - pelo casamento do pensionista; ruaru, no Estado de Pernambuco, no período compreendido entre
III - para o filho, filha, irmão e irmã, quando, não sendo inváli- fevereiro e março de 1996, mediante evidências clínico-epidemio-
dos, completam 21 anos de idade; lógicas determinadas pela autoridade competente.
IV - para o pensionista inválido, pela cessação da invalidez. Art. 2º Havendo mais de um pensionista habilitado ao recebi-
Parágrafo único. A ocorrência de qualquer dos casos previstos mento da pensão de que trata o artigo anterior, aplica-se, no que
neste artigo não acarreta a transferência da cota-parte aos demais couber, o disposto no art. 77 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de
dependentes. 1991.
Art. 15. A pensão especial não está sujeita a penhora, seqües- Art. 3º A percepção do benefício dependerá do atestado de
tro ou arresto, exceto nos casos especiais previstos ou determina- óbito da vítima, indicativo de causa mortis relacionada com os in-
dos em lei. cidentes mencionados no art. 1º, comprovados com o respectivo
Parágrafo único. Somente após o registro em caráter definitivo, prontuário médico, e da qualificação definida no art. 1° , justificada
nos termos do § 1º do art. 13 desta lei, é que poderá haver consig- judicialmente, quando inexistir documento oficial que a declare.
nação nos benefícios dos pensionistas.

246
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 4° A pensão de que trata esta Lei não se transmitirá ao su- sua classificação como vítimas do acidente, devendo-se igualmente
cessor e se extingüirá com a morte do último beneficiário. anotar o tipo de seqüela que impede ou limita o desempenho pro-
Art. 5° Os efeitos desta Lei serão sustados, imediatamente, no fissional.
caso de a Justiça sentenciar os proprietários do Instituto com o pa- Art. 4° Havendo condenação judicial da União ao pagamento
gamento de pensão ou indenização aos dependentes das vítimas. de indenização por responsabilidade civil em decorrência do aci-
Art. 6° A despesa decorrente desta Lei será atendida com recur- dente de que trata esta Lei, o montante da pensão ora instituída
sos alocados ao orçamento do Instituto Nacional do Seguro Social, será obrigatoriamente deduzido do quantum da condenação.
à conta da subatividade “Aposentadorias e Pensões Especiais con- Art. 5° O pagamento da vantagem pecuniária de que trata esta
cedidas por legislação específica e de responsabilidade do Tesouro Lei ocorrerá à conta de encargos previdenciários dos Recursos da
Nacional”. União sob a supervisão do Ministério da Fazenda, a partir do ano
Art. 7° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. seguinte à publicação desta Lei, com a despesa prevista no Orça-
mento da União.
PENSÃO VITALÍCIA ÀS VÍTIMAS DO CÉSIO 137 - LEI Nº Art. 6° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
9.425/1996 Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário.

APOSENTADORIA E PENSÃO EXCEPCIONAL AO ANIS-


LEI Nº 9.425, DE 24 DE DEZEMBRO DE 1996. TIADO POLÍTICO - LEI Nº 10.559/2002 E SUAS ALTERA-
ÇÕES
Dispõe sobre a concessão de pensão especial às vítimas do
acidente nuclear ocorrido em Goiânia, Goiás.
LEI N° 10.559, DE 13 DE NOVEMBRO DE 2002.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Regulamenta o art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias e dá outras providências.
Art. 1º É concedida pensão vitalícia, a título de indenização Faço saber que o PRESIDENTE DA REPÚBLICA adotou a Medida
especial, às vítimas do acidente com a substância radioativa CÉSIO Provisória nº 65, de 2002, que o Congresso Nacional aprovou, e eu,
137, ocorrido em Goiânia, Estado de Goiás. Ramez Tebet, Presidente da Mesa do Congresso Nacional, para os
Parágrafo único. A pensão de que trata esta Lei, é personalís- efeitos do disposto no art. 62 da Constituição Federal, com a reda-
sima, não sendo transmissível ao cônjuge sobrevivente ou aos her- ção dada pela Emenda constitucional nº 32, de 2001, promulgo a
deiros, em caso de morte do beneficiário. seguinte Lei:
Art. 2° A pensão será concedida do seguinte modo:
I - 300 (trezentas) Unidades Fiscais de Referência - UFIR para CAPÍTULO I
as vítimas com incapacidade funcional laborativa parcial ou total DO REGIME DO ANISTIADO POLÍTICO
permanente, resultante do evento;
II - 200 (duzentas) UFIR aos pacientes não abrangidos pelo in- Art. 1o O Regime do Anistiado Político compreende os seguin-
ciso anterior, irradiados ou contaminados em proporção igual ou tes direitos:
superior a 100 (cem) Rads; I - declaração da condição de anistiado político;
III - 150 (cento e cinqüenta) UFIR para as vítimas irradiadas ou II - reparação econômica, de caráter indenizatório, em presta-
contaminadas em doses inferiores a 100 (cem) e equivalentes ou ção única ou em prestação mensal, permanente e continuada, asse-
superiores a 50 (cinqüenta) Rads; guradas a readmissão ou a promoção na inatividade, nas condições
IV - 150 (cento e cinqüenta) UFIR para os descendentes de pes- estabelecidas no caput e nos §§ 1o e 5o do art. 8o do Ato das Dispo-
soas irradiadas ou contaminadas que vierem a nascer com alguma sições Constitucionais Transitórias;
anomalia em decorrência da exposição comprovada dos genitores III - contagem, para todos os efeitos, do tempo em que o anis-
ao CÉSIO 137; tiado político esteve compelido ao afastamento de suas atividades
V - 150 (cento e cinqüenta) UFIR para os demais pacientes irra- profissionais, em virtude de punição ou de fundada ameaça de pu-
diados e/ou contaminados, não abrangidos pelos incisos anteriores, nição, por motivo exclusivamente político, vedada a exigência de
sob controle médico regular pela Fundação Leide das Neves a partir recolhimento de quaisquer contribuições previdenciárias;
da sua instituição até a data da vigência desta Lei, desde que cadas- IV - conclusão do curso, em escola pública, ou, na falta, com
trados nos grupos de acompanhamento médico I e II da referida prioridade para bolsa de estudo, a partir do período letivo inter-
entidade. rompido, para o punido na condição de estudante, em escola públi-
Parágrafo único. O valor mensal da pensão será o valor da UFIR ca, ou registro do respectivo diploma para os que concluíram curso
à época da publicação desta Lei, atualizado, a partir de então, na em instituições de ensino no exterior, mesmo que este não tenha
mesma época e índices concedidos aos servidores públicos fede- correspondente no Brasil, exigindo-se para isso o diploma ou certifi-
rais. cado de conclusão do curso em instituição de reconhecido prestígio
Art. 3° A comprovação de ser a pessoa vítima do acidente ra- internacional; e
dioativo ocorrido com o CÉSIO 137 e estar enquadrada nos incisos V - reintegração dos servidores públicos civis e dos emprega-
do artigo anterior deverá ser feita por meio de junta médica oficial, dos públicos punidos, por interrupção de atividade profissional em
a cargo da Fundação Leide das Neves Ferreira, com sede em Goiâ- decorrência de decisão dos trabalhadores, por adesão à greve em
nia, Estado de Goiás e supervisão do Ministério Público Federal, serviço público e em atividades essenciais de interesse da seguran-
devendo-se anotar o tipo de seqüela que impede o desempenho ça nacional por motivo político.
profissional e/ou o aprendizado de maneira total ou parcial.
Parágrafo único. Os funcionários da Vigilância Sanitária que, em
pleno exercício de suas atividades, foram expostos às radiações do
CÉSIO 137 também serão submetidos a exame para comprovação e

247
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Parágrafo único. Aqueles que foram afastados em processos do mesmo ano, ou tiveram seu pedido indeferido, arquivado ou não
administrativos, instalados com base na legislação de exceção, sem conhecido e tampouco foram considerados aposentados, transferi-
direito ao contraditório e à própria defesa, e impedidos de conhe- dos para a reserva ou reformados;
cer os motivos e fundamentos da decisão, serão reintegrados em XVII - impedidos de tomar posse ou de entrar em exercício de
seus cargos. cargo público, nos Poderes Judiciário, Legislativo ou Executivo, em
todos os níveis, tendo sido válido o concurso.
CAPÍTULO II § 1o No caso previsto no inciso XIII, o período de mandato exer-
DA DECLARAÇÃO DA CONDIÇÃO DE ANISTIADO POLÍTICO cido gratuitamente conta-se apenas para efeito de aposentadoria
no serviço público e de previdência social.
Art. 2o São declarados anistiados políticos aqueles que, no pe- § 2o Fica assegurado o direito de requerer a correspondente
ríodo de 18 de setembro de 1946 até 5 de outubro de 1988, por declaração aos sucessores ou dependentes daquele que seria be-
motivação exclusivamente política, foram: neficiário da condição de anistiado político.
I - atingidos por atos institucionais ou complementares, ou de
exceção na plena abrangência do termo; CAPÍTULO III
II - punidos com transferência para localidade diversa daquela DA REPARAÇÃO ECONÔMICA DE CARÁTER INDENIZATÓRIO
onde exerciam suas atividades profissionais, impondo-se mudanças
de local de residência; Art. 3o A reparação econômica de que trata o inciso II do art.
III - punidos com perda de comissões já incorporadas ao contra- 1o desta Lei, nas condições estabelecidas no caput do art. 8o do
to de trabalho ou inerentes às suas carreiras administrativas; Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, correrá à conta do
IV - compelidos ao afastamento da atividade profissional remu- Tesouro Nacional.
nerada, para acompanhar o cônjuge; § 1o A reparação econômica em prestação única não é acumu-
V - impedidos de exercer, na vida civil, atividade profissional lável com a reparação econômica em prestação mensal, permanen-
específica em decorrência das Portarias Reservadas do Ministério te e continuada.
da Aeronáutica no S-50-GM5, de 19 de junho de 1964, e no S-285- § 2o A reparação econômica, nas condições estabelecidas no
GM5; caput do art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,
VI - punidos, demitidos ou compelidos ao afastamento das ati- será concedida mediante portaria do Ministro de Estado da Justiça,
vidades remuneradas que exerciam, bem como impedidos de exer- após parecer favorável da Comissão de Anistia de que trata o art.
cer atividades profissionais em virtude de pressões ostensivas ou 12 desta Lei.
expedientes oficiais sigilosos, sendo trabalhadores do setor privado
ou dirigentes e representantes sindicais, nos termos do § 2o do art. SEÇÃO I
8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; DA REPARAÇÃO ECONÔMICA EM PRESTAÇÃO ÚNICA
VII - punidos com fundamento em atos de exceção, institucio-
nais ou complementares, ou sofreram punição disciplinar, sendo Art. 4o A reparação econômica em prestação única consistirá
estudantes; no pagamento de trinta salários mínimos por ano de punição e será
VIII - abrangidos pelo Decreto Legislativo no 18, de 15 de de- devida aos anistiados políticos que não puderem comprovar víncu-
zembro de 1961, e pelo Decreto-Lei no 864, de 12 de setembro de los com a atividade laboral.
1969; § 1o Para o cálculo do pagamento mencionado no caput deste
IX - demitidos, sendo servidores públicos civis e empregados artigo, considera-se como um ano o período inferior a doze meses.
em todos os níveis de governo ou em suas fundações públicas, em- § 2o Em nenhuma hipótese o valor da reparação econômica
presas públicas ou empresas mistas ou sob controle estatal, exceto em prestação única será superior a R$ 100.000,00 (cem mil reais).
nos Comandos militares no que se refere ao disposto no § 5o do art.
8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; SEÇÃO II
X - punidos com a cassação da aposentadoria ou disponibili- DA REPARAÇÃO ECONÔMICA EM PRESTAÇÃO MENSAL, PER-
dade; MANENTE E CONTINUADA
XI - desligados, licenciados, expulsos ou de qualquer forma
compelidos ao afastamento de suas atividades remuneradas, ainda Art. 5o A reparação econômica em prestação mensal, perma-
que com fundamento na legislação comum, ou decorrentes de ex- nente e continuada, nos termos do art. 8o do Ato das Disposições
pedientes oficiais sigilosos. Constitucionais Transitórias, será assegurada aos anistiados políti-
XII - punidos com a transferência para a reserva remunerada, cos que comprovarem vínculos com a atividade laboral, à exceção
reformados, ou, já na condição de inativos, com perda de proven- dos que optarem por receber em prestação única.
tos, por atos de exceção, institucionais ou complementares, na ple- Art. 6o O valor da prestação mensal, permanente e continuada,
na abrangência do termo; será igual ao da remuneração que o anistiado político receberia se
XIII - compelidos a exercer gratuitamente mandato eletivo de na ativa estivesse, considerada a graduação a que teria direito, obe-
vereador, por força de atos institucionais; decidos os prazos para promoção previstos nas leis e regulamentos
XIV - punidos com a cassação de seus mandatos eletivos nos vigentes, e asseguradas as promoções ao oficialato, independen-
Poderes Legislativo ou Executivo, em todos os níveis de governo; temente de requisitos e condições, respeitadas as características e
XV - na condição de servidores públicos civis ou empregados peculiaridades dos regimes jurídicos dos servidores públicos civis
em todos os níveis de governo ou de suas fundações, empresas pú- e dos militares, e, se necessário, considerando-se os seus paradig-
blicas ou de economia mista ou sob controle estatal, punidos ou de- mas.
mitidos por interrupção de atividades profissionais, em decorrência § 1o O valor da prestação mensal, permanente e continuada,
de decisão de trabalhadores; será estabelecido conforme os elementos de prova oferecidos pelo
XVI - sendo servidores públicos, punidos com demissão ou afas- requerente, informações de órgãos oficiais, bem como de funda-
tamento, e que não requereram retorno ou reversão à atividade, no ções, empresas públicas ou privadas, ou empresas mistas sob con-
prazo que transcorreu de 28 de agosto de 1979 a 26 de dezembro

248
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
trole estatal, ordens, sindicatos ou conselhos profissionais a que o Art. 11. Todos os processos de anistia política, deferidos ou
anistiado político estava vinculado ao sofrer a punição, podendo ser não, inclusive os que estão arquivados, bem como os respectivos
arbitrado até mesmo com base em pesquisa de mercado. atos informatizados que se encontram em outros Ministérios, ou
§ 2o Para o cálculo do valor da prestação de que trata este ar- em outros órgãos da Administração Pública direta ou indireta, serão
tigo serão considerados os direitos e vantagens incorporados à si- transferidos para o Ministério da Justiça, no prazo de noventa dias
tuação jurídica da categoria profissional a que pertencia o anistiado contados da publicação desta Lei.
político, observado o disposto no § 4o deste artigo. Parágrafo único. O anistiado político ou seu dependente pode-
§ 3o As promoções asseguradas ao anistiado político indepen- rá solicitar, a qualquer tempo, a revisão do valor da correspondente
derão de seu tempo de admissão ou incorporação de seu posto ou prestação mensal, permanente e continuada, toda vez que esta não
graduação, sendo obedecidos os prazos de permanência em ati- esteja de acordo com os arts. 6o, 7o, 8o e 9o desta Lei.
vidades previstos nas leis e regulamentos vigentes, vedada a exi- Art. 12. Fica criada, no âmbito do Ministério da Mulher, da Fa-
gência de satisfação das condições incompatíveis com a situação mília e dos Direitos Humanos, a Comissão de Anistia, com a finalida-
pessoal do beneficiário. de de examinar os requerimentos referidos no art. 10 desta Lei e de
§ 4o Para os efeitos desta Lei, considera-se paradigma a situa- assessorar o Ministro de Estado em suas decisões. (Redação dada
ção funcional de maior freqüência constatada entre os pares ou pela Lei nº 13.844, de 2019)
colegas contemporâneos do anistiado que apresentavam o mesmo § 1º Os membros da Comissão de Anistia serão designados por
posicionamento no cargo, emprego ou posto quando da punição. meio de portaria do Ministro de Estado da Mulher, da Família e dos
§ 5o Desde que haja manifestação do beneficiário, no prazo de Direitos Humanos, e participarão da Comissão, entre outros, 1 (um)
até dois anos a contar da entrada em vigor desta Lei, será revisto, representante do Ministério da Defesa, indicado pelo respectivo
pelo órgão competente, no prazo de até seis meses a contar da data Ministro de Estado, e 1 (um) representante dos anistiados. (Reda-
do requerimento, o valor da aposentadoria e da pensão excepcio- ção dada pela Lei nº 13.844, de 2019)
nal, relativa ao anistiado político, que tenha sido reduzido ou can- § 2º O representante dos anistiados será indicado pelas respec-
celado em virtude de critérios previdenciários ou estabelecido por tivas associações e designado conforme procedimento estabelecido
ordens normativas ou de serviço do Instituto Nacional do Seguro pelo Ministro de Estado da Mulher, da Família e dos Direitos Huma-
Social - INSS, respeitado o disposto no art. 7o desta Lei. nos. (Redação dada pela Lei nº 13.844, de 2019)
§ 6o Os valores apurados nos termos deste artigo poderão ge- § 3o Para os fins desta Lei, a Comissão de Anistia poderá rea-
rar efeitos financeiros a partir de 5 de outubro de 1988, conside- lizar diligências, requerer informações e documentos, ouvir teste-
rando-se para início da retroatividade e da prescrição qüinqüenal a munhas e emitir pareceres técnicos com o objetivo de instruir os
data do protocolo da petição ou requerimento inicial de anistia, de processos e requerimentos, bem como arbitrar, com base nas pro-
acordo com os arts. 1o e 4o do Decreto no 20.910, de 6 de janeiro vas obtidas, o valor das indenizações previstas nos arts. 4o e 5o nos
de 1932. casos que não for possível identificar o tempo exato de punição do
Art. 7o O valor da prestação mensal, permanente e continuada, interessado.
não será inferior ao do salário mínimo nem superior ao do teto es- § 4º As requisições e as decisões proferidas pelo Ministro de
tabelecido no art. 37, inciso XI, e § 9o da Constituição. Estado da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos nos processos
§ 1o Se o anistiado político era, na data da punição, comprova- de anistia política serão obrigatoriamente cumpridas no prazo de
damente remunerado por mais de uma atividade laboral, não even- 60 (sessenta) dias, por todos os órgãos da administração pública e
tual, o valor da prestação mensal, permanente e continuada, será por quaisquer outras entidades a que estejam dirigidas, ressalvada
igual à soma das remunerações a que tinha direito, até o limite esta- a disponibilidade orçamentária. (Redação dada pela Lei nº 13.844,
belecido no caput deste artigo, obedecidas as regras constitucionais de 2019)
de não-acumulação de cargos, funções, empregos ou proventos. § 5o Para a finalidade de bem desempenhar suas atribuições le-
§ 2o Para o cálculo da prestação mensal de que trata este ar- gais, a Comissão de Anistia poderá requisitar das empresas públicas,
tigo, serão asseguradas, na inatividade, na aposentadoria ou na re- privadas ou de economia mista, no período abrangido pela anistia,
serva, as promoções ao cargo, emprego, posto ou graduação a que os documentos e registros funcionais do postulante à anistia que
teria direito se estivesse em serviço ativo. tenha pertencido aos seus quadros funcionais, não podendo essas
Art. 8o O reajustamento do valor da prestação mensal, perma- empresas recusar-se à devida exibição dos referidos documentos,
nente e continuada, será feito quando ocorrer alteração na remu- desde que oficialmente solicitado por expediente administrativo da
neração que o anistiado político estaria recebendo se estivesse em Comissão e requisitar, quando julgar necessário, informações e as-
serviço ativo, observadas as disposições do art. 8o do Ato das Dis- sessoria das associações dos anistiados.
posições Constitucionais Transitórias.
Art. 9o Os valores pagos por anistia não poderão ser objeto de CAPÍTULO V
contribuição ao INSS, a caixas de assistência ou fundos de pensão DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E FINAIS
ou previdência, nem objeto de ressarcimento por estes de suas res-
ponsabilidades estatutárias. Art. 13. No caso de falecimento do anistiado político, o direito
Parágrafo único. Os valores pagos a título de indenização a anis- à reparação econômica transfere-se aos seus dependentes, obser-
tiados políticos são isentos do Imposto de Renda. (Regulamento) vados os critérios fixados nos regimes jurídicos dos servidores civis
e militares da União.
CAPÍTULO IV Art. 14. Ao anistiado político são também assegurados os be-
DAS COMPETÊNCIAS ADMINISTRATIVAS nefícios indiretos mantidos pelas empresas ou órgãos da Adminis-
tração Pública a que estavam vinculados quando foram punidos, ou
Art. 10. Caberá ao Ministro de Estado da Mulher, da Família e pelas entidades instituídas por umas ou por outros, inclusive planos
dos Direitos Humanos decidir a respeito dos requerimentos basea- de seguro, de assistência médica, odontológica e hospitalar, bem
dos nesta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.844, de 2019) como de financiamento habitacional.

249
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 15. A empresa, fundação ou autarquia poderá, mediante
convênio com a Fazenda Pública, encarregar-se do pagamento da PENSÃO ESPECIAL ÀS PESSOAS ATINGIDAS PELA HAN-
prestação mensal, permanente e continuada, relativamente a seus SENÍASE - LEI Nº 11.520/2007
ex-empregados, anistiados políticos, bem como a seus eventuais
dependentes. LEI Nº 11.520, DE 18 DE SETEMBRO DE 2007.
Art. 16. Os direitos expressos nesta Lei não excluem os conferi-
dos por outras normas legais ou constitucionais, vedada a acumula- Dispõe sobre a concessão de pensão especial às pessoas atin-
ção de quaisquer pagamentos ou benefícios ou indenização com o gidas pela hanseníase que foram submetidas a isolamento e inter-
mesmo fundamento, facultando-se a opção mais favorável. nação compulsórios.
Art. 17. Comprovando-se a falsidade dos motivos que enseja-
ram a declaração da condição de anistiado político ou os benefícios Faço saber que o PRESIDENTE DA REPÚBLICA adotou a Medida
e direitos assegurados por esta Lei será o ato respectivo tornado Provisória nº 373, de 2007, que o Congresso Nacional aprovou, e
nulo pelo Ministro de Estado da Justiça, em procedimento em que eu, Renan Calheiros, Presidente da Mesa do Congresso Nacional,
se assegurará a plenitude do direito de defesa, ficando ao favore- para os efeitos do disposto no art. 62 da Constituição Federal, com
cido o encargo de ressarcir a Fazenda Nacional pelas verbas que a redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, combinado com
houver recebido indevidamente, sem prejuízo de outras sanções de o art. 12 da Resolução nº 1, de 2002-CN, promulgo a seguinte Lei:
caráter administrativo e penal. Art. 1o Fica o Poder Executivo autorizado a conceder pensão
Art. 18. Caberá ao Ministério do Planejamento, Orçamento e especial, mensal, vitalícia e intransferível, às pessoas atingidas pela
Gestão efetuar, com referência às anistias concedidas a civis, me- hanseníase e que foram submetidas a isolamento e internação
diante comunicação do Ministério da Justiça, no prazo de sessenta compulsórios em hospitais-colônia, até 31 de dezembro de 1986,
dias a contar dessa comunicação, o pagamento das reparações eco- que a requererem, a título de indenização especial, correspondente
nômicas, desde que atendida a ressalva do § 4o do art. 12 desta Lei. a R$ 750,00 (setecentos e cinqüenta reais).
Parágrafo único. Tratando-se de anistias concedidas aos milita- § 1o A pensão especial de que trata o caput é personalíssima,
res, as reintegrações e promoções, bem como as reparações eco- não sendo transmissível a dependentes e herdeiros, e será devida a
nômicas, reconhecidas pela Comissão, serão efetuadas pelo Minis- partir da entrada em vigor desta Lei.
tério da Defesa, no prazo de sessenta dias após a comunicação do § 2o O valor da pensão especial será reajustado anualmente,
Ministério da Justiça, à exceção dos casos especificados no art. 2o, conforme os índices concedidos aos benefícios de valor superior ao
inciso V, desta Lei. piso do Regime Geral de Previdência Social.
Art. 19. O pagamento de aposentadoria ou pensão excepcional § 3o O requerimento referido no caput será endereçado ao Se-
relativa aos já anistiados políticos, que vem sendo efetuado pelo cretário Especial dos Direitos Humanos da Presidência da Repúbli-
INSS e demais entidades públicas, bem como por empresas, me- ca, nos termos do regulamento.
diante convênio com o referido instituto, será mantido, sem solução § 4o Caberá ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS o pro-
de continuidade, até a sua substituição pelo regime de prestação cessamento, a manutenção e o pagamento da pensão, observado
mensal, permanente e continuada, instituído por esta Lei, obedeci- o art. 6o.
do o que determina o art. 11. Art. 2o A pensão de que trata o art. 1o será concedida por meio
Parágrafo único. Os recursos necessários ao pagamento das re- de ato do Secretário Especial dos Direitos Humanos da Presidência
parações econômicas de caráter indenizatório terão rubrica própria da República, após parecer da Comissão referida no § 1o.
no Orçamento Geral da União e serão determinados pelo Ministério § 1o Fica criada a Comissão Interministerial de Avaliação, com a
da Justiça, com destinação específica para civis (Ministério do Pla- atribuição de emitir parecer prévio sobre os requerimentos formu-
nejamento, Orçamento e Gestão) e militares (Ministério da Defesa). lados com base no art. 1o, cuja composição, organização e funcio-
Art. 20. Ao declarado anistiado que se encontre em litígio judi- namento serão definidos em regulamento.
cial visando à obtenção dos benefícios ou indenização estabelecidos § 2o Para a comprovação da situação do requerente, será admi-
pelo art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias é fa- tida a ampla produção de prova documental e testemunhal, e, caso
cultado celebrar transação a ser homologada no juízo competente. necessário, prova pericial.
Parágrafo único. Para efeito do cumprimento do disposto nes- § 3o Na realização de suas atividades, a Comissão poderá pro-
te artigo, a Advocacia-Geral da União e as Procuradorias Jurídicas mover as diligências que julgar convenientes, inclusive solicitar
das autarquias e fundações públicas federais ficam autorizadas a apoio técnico, documentos, pareceres e informações de órgãos da
celebrar transação nos processos movidos contra a União ou suas administração pública, assim como colher depoimentos de tercei-
entidades. ros.
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação. § 4o As despesas referentes a diárias e passagens dos membros
Art. 22. Ficam revogados a Medida Provisória no 2.151-3, de 24 da Comissão correrão à conta das dotações orçamentárias dos ór-
de agosto de 2001, o art. 2o, o § 5o do art. 3o, e os arts. 4o e 5o da gãos a que pertencerem.
Lei no 6.683, de 28 de agosto de 1979, e o art. 150 da Lei no 8.213, Art. 3o A pensão especial de que trata esta Lei, ressalvado o
de 24 de julho de 1991. direito à opção, não é acumulável com indenizações que a União
venha a pagar decorrentes de responsabilização civil sobre os mes-
mos fatos.
Parágrafo único. O recebimento da pensão especial não impe-
de a fruição de qualquer benefício previdenciário.
Art. 4o O Ministério da Saúde, em articulação com os sistemas
de saúde dos Estados e Municípios, implementará ações específicas
em favor dos beneficiários da pensão especial de que trata esta Lei,
voltadas à garantia de fornecimento de órteses, próteses e demais
ajudas técnicas, bem como na realização de intervenções cirúrgicas
e assistência à saúde por meio do Sistema Único de Saúde - SUS.

250
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 5o O Ministério da Saúde, o INSS e a Secretaria Especial dos II - o salário-maternidade de que trata o art. 71 da Lei nº 8.213,
Direitos Humanos da Presidência da República poderão celebrar de 24 de julho de 1991 , será devido por 180 (cento e oitenta) dias.
convênios, acordos, ajustes ou outros instrumentos que objetivem Art. 6º Fica revogado o art. 18 da Lei nº 13.301, de 27 de junho
a cooperação com órgãos da administração pública e entidades pri- de 2016.
vadas sem fins lucrativos, a fim de dar cumprimento ao disposto Art. 7º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação .
nesta Lei.
Art. 6o As despesas decorrentes desta Lei correrão à conta do
Tesouro Nacional e constarão de programação orçamentária espe- SEGURO DESEMPREGO PESCADOR ARTESANAL - SE-
cífica no orçamento do Ministério da Previdência Social. GURO DEFESO - LEI Nº 10.779/2003
Art. 7o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
LEI N° 10.779, DE 25 DE NOVEMBRO DE 2003.
PENSÃO ESPECIAL DESTINADA A CRIANÇAS COM
SÍNDROME CONGÊNITA DO ZIKA VÍRUS - LEI Nº Dispõe sobre a concessão do benefício de seguro desempre-
13.985/2020 go, durante o período de defeso, ao pescador profissional que
exerce a atividade pesqueira de forma artesanal.

LEI Nº 13.985, DE 7 DE ABRIL DE 2020 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Institui pensão especial destinada a crianças com Síndrome
Congênita do Zika Vírus, nascidas entre 1º de janeiro de 2015 e Art. 1o O pescador artesanal de que tratam a alínea “b” do in-
31 de dezembro de 2019, beneficiárias do Benefício de Prestação ciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea
Continuada (BPC). “b” do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991,
desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- forma artesanal e individualmente ou em regime de economia fa-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: miliar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1
(um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de ativi-
Art. 1º Fica instituída a pensão especial destinada a crianças dade pesqueira para a preservação da espécie. (Redação dada pela
com Síndrome Congênita do Zika Vírus, nascidas entre 1º de janeiro Lei nº 13.134, de 2015)
de 2015 e 31 de dezembro de 2019, beneficiárias do Benefício de § 1o Considera-se profissão habitual ou principal meio de vida
Prestação Continuada (BPC) de que trata o art. 20 da Lei nº 8.742, a atividade exercida durante o período compreendido entre o de-
de 7 de dezembro de 1993. feso anterior e o em curso, ou nos 12 (doze) meses imediatamente
§ 1º A pensão especial será mensal, vitalícia e intransferível e anteriores ao do defeso em curso, o que for menor. (Redação dada
terá o valor de um salário mínimo. pela Lei nº 13.134, de 2015)
§ 2º A pensão especial não poderá ser acumulada com inde- § 2o O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado
nizações pagas pela União em razão de decisão judicial sobre os pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
mesmos fatos ou com o BPC de que trata o art. 20 da Lei nº 8.742, Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacus-
de 7 de dezembro de 1993. tre a cuja captura o pescador se dedique.
§ 3º O reconhecimento da pensão especial ficará condicionado § 3o Considera-se ininterrupta a atividade exercida durante o
à desistência de ação judicial que tenha por objeto pedido idêntico período compreendido entre o defeso anterior e o em curso, ou nos
sobre o qual versa o processo administrativo. 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso,
§ 4º A pensão especial será devida a partir do dia posterior à o que for menor. (Incluído dada pela Lei nº 13.134, de 2015)
cessação do BPC ou dos benefícios referidos no § 2º deste artigo, § 4o Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado
que não poderão ser acumulados com a pensão. especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de
§ 5º A pensão especial não gerará direito a abono ou a pensão renda diversa da decorrente da atividade pesqueira. (Incluído dada
por morte. pela Lei nº 13.134, de 2015)
Art. 2º O requerimento da pensão especial de que trata esta Lei § 5o O pescador profissional artesanal não fará jus, no mes-
será realizado no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). mo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente
Parágrafo único. Será realizado exame pericial por perito mé- de defesos relativos a espécies distintas. (Incluído dada pela Lei nº
dico federal para constatar a relação entre a síndrome congênita 13.134, de 2015)
adquirida e a contaminação pelo vírus da zika . § 6o A concessão do benefício não será extensível às atividades
Art. 3º As despesas decorrentes do disposto nesta Lei correrão de apoio à pesca nem aos familiares do pescador profissional que
à conta da programação orçamentária Indenizações e Pensões Es- não satisfaçam os requisitos e as condições estabelecidos nesta Lei.
peciais de Responsabilidade da União. (Incluído dada pela Lei nº 13.134, de 2015)
Art. 4º O INSS e a Empresa de Tecnologia e Informações da Pre- § 7o O benefício do seguro-desemprego é pessoal e intransferí-
vidência (Dataprev) adotarão as medidas necessárias para a opera- vel. (Incluído dada pela Lei nº 13.134, de 2015)
cionalização da pensão especial de que trata esta Lei no prazo de 60 § 8o O período de recebimento do benefício não poderá exce-
(sessenta) dias, contado da data de publicação desta Lei. der o limite máximo variável de que trata o caput do art. 4o da Lei
Art. 5º No caso de mães de crianças nascidas até 31 de dezem- no 7.998, de 11 de janeiro de 1990, ressalvado o disposto nos §§ 4o
bro de 2019 acometidas por sequelas neurológicas decorrentes da e 5o do referido artigo. (Incluído dada pela Lei nº 13.134, de 2015)
Síndrome Congênita do Zika Vírus, será observado o seguinte: Art. 2o Cabe ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) rece-
I - a licença-maternidade de que trata o art. 392 da Consolida- ber e processar os requerimentos e habilitar os beneficiários, nos
ção das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, termos do regulamento. (Redação dada pela Lei nº 13.134, de 2015)
de 1º de maio de 1943 , será de 180 (cento e oitenta) dias; I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.134, de 2015)
II - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.134, de 2015)

251
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
III - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.134, de 2015) Lei nº 14.284, de 29 de dezembro de 2021, pelo mesmo período
IV - (Revogado): (Redação dada pela Lei nº 13.134, de 2015) da percepção do benefício do seguro-desemprego. (Redação dada
a) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.134, de 2015) pela Lei nº 14.342, de 2022)
b) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.134, de 2015) § 9o Para fins do disposto no § 8o, o INSS disponibilizará aos
c) (Revogada). (Redação dada pela Lei nº 13.134, de 2015) órgãos ou às entidades da administração pública federal responsá-
§ 1o Para fazer jus ao benefício, o pescador não poderá estar veis pela manutenção de programas de transferência de renda com
em gozo de nenhum benefício decorrente de benefício previdenciá- condicionalidades as informações necessárias para identificação
rio ou assistencial de natureza continuada, exceto pensão por mor- dos beneficiários e dos benefícios de seguro-desemprego concedi-
te e auxílio-acidente. (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015) dos, inclusive as relativas à duração, à suspensão ou à cessação do
§ 2o Para se habilitar ao benefício, o pescador deverá apresen- benefício. (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015)
tar ao INSS os seguintes documentos: (Incluído pela Lei nº 13.134, § 10. Caso a suspensão prevista no § 8º deste artigo não pos-
de 2015) sa ser iniciada em até 6 (seis) meses após o início do pagamento
I - registro como pescador profissional, categoria artesanal, do seguro-defeso, por motivos excepcionais, o órgão ou a entidade
devidamente atualizado no Registro Geral da Atividade Pesqueira da administração pública federal responsável pela manutenção do
(RGP), emitido pelo Ministério da Pesca e Aquicultura com antece- programa de transferência de renda com condicionalidades fica au-
dência mínima de 1 (um) ano, contado da data de requerimento do torizado a efetuar o desconto de até 30% (trinta por cento) do valor
benefício; (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015) pago mensalmente à família, até que seja integralmente ressarcido
II - cópia do documento fiscal de venda do pescado a empre- o valor pago indevidamente. (Incluído pela Lei nº 14.342, de 2022)
sa adquirente, consumidora ou consignatária da produção, em que Art. 3o Sem prejuízo das sanções civis e penais cabíveis, todo
conste, além do registro da operação realizada, o valor da respecti- aquele que fornecer ou beneficiar-se de atestado falso para o fim
va contribuição previdenciária de que trata o § 7o do art. 30 da Lei de obtenção do benefício de que trata esta Lei estará sujeito:
no 8.212, de 24 de julho de 1991, ou comprovante de recolhimento I - a demissão do cargo que ocupa, se servidor público;
da contribuição previdenciária, caso tenha comercializado sua pro- II - a suspensão de sua atividade, com cancelamento do seu
dução a pessoa física; e (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015) registro, por dois anos, se pescador profissional.
III - outros estabelecidos em ato do Ministério da Previdência Art. 4o O benefício de que trata esta Lei será cancelado nas
Social que comprovem: (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015) seguintes hipóteses:
a) o exercício da profissão, na forma do art. 1o desta Lei; (Incluí- I - início de atividade remunerada;
do pela Lei nº 13.134, de 2015) II - início de percepção de outra renda;
b) que se dedicou à pesca durante o período definido no § 3o III - morte do beneficiário;
do art. 1o desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015) IV - desrespeito ao período de defeso; ou
c) que não dispõe de outra fonte de renda diversa da decor- V - comprovação de falsidade nas informações prestadas para
rente da atividade pesqueira. (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015) a obtenção do benefício.
§ 3o O INSS, no ato de habilitação ao benefício, deverá verificar Art. 5o O benefício do seguro-desemprego a que se refere esta
a condição de segurado pescador artesanal e o pagamento da con- Lei será pago à conta do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT,
tribuição previdenciária, nos termos da Lei no 8.212, de 24 de julho instituído pela Lei no 7.998, de 11 de janeiro de 1990.
de 1991, nos últimos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao Art. 6o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
requerimento do benefício ou desde o último período de defeso até Art. 7o Fica revogada a Lei nº 8.287, de 20 de dezembro de
o requerimento do benefício, o que for menor, observado, quando 1991.
for o caso, o disposto no inciso II do § 2o. (Incluído pela dada pela
Lei nº 13.134, de 2015) DECRETO Nº 8.424/2015 E SUAS ALTERAÇÕES
§ 4o O Ministério da Previdência Social e o Ministério da Pes-
ca e Aquicultura desenvolverão atividades que garantam ao INSS
acesso às informações cadastrais disponíveis no RGP, de que trata o DECRETO Nº 8.424, DE 31 DE MARÇO DE 2015
art. 24 da Lei no 11.959, de 29 de junho de 2009, necessárias para
a concessão do seguro-desemprego. (Incluído pela Lei nº 13.134, Regulamenta a Lei nº 10.779, de 25 de novembro de 2003,
de 2015) para dispor sobre a concessão do benefício de seguro-desempre-
§ 5o Da aplicação do disposto no § 4o deste artigo não pode- go, durante o período de defeso, ao pescador profissional artesa-
rá resultar nenhum ônus para os segurados. (Incluído pela Lei nº nal que exerce sua atividade exclusiva e ininterruptamente.
13.134, de 2015)
§ 6o O Ministério da Previdência Social poderá, quando julgar A PRESIDENTA DA REPÚBLICA , no uso das atribuições que lhe
necessário, exigir outros documentos para a habilitação do benefí- confere o art. 84, caput , incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição,
cio. (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015) e tendo em vista o disposto na Lei nº 10.779, de 25 de novembro
§ 7o O INSS deverá divulgar mensalmente lista com todos os de 2003,
beneficiários que estão em gozo do seguro-desemprego no período DECRETA :
de defeso, detalhados por localidade, nome, endereço e número
e data de inscrição no RGP. (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015) Art. 1º Este Decreto regulamenta a concessão do benefício de
§ 8º Desde que atendidos os demais requisitos previstos neste seguro-desemprego, no valor de um salário-mínimo mensal, ao
artigo, o benefício de seguro-desemprego será concedido ao pesca- pescador artesanal de que tratam a alínea “b” do inciso VII do caput
dor profissional artesanal cuja família seja beneficiária do progra- do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 , e a alínea “b” do
ma de transferência de renda com condicionalidades de que trata inciso VII do caput do art. 11 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991
a Lei nº 14.284, de 29 de dezembro de 2021, e caberá ao órgão ou , desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de
à entidade da administração pública federal responsável pela ma- forma artesanal e individualmente ou em regime de economia fa-
nutenção do programa a suspensão do pagamento dos benefícios
financeiros previstos nos incisos I, II, III e IV do caput do art. 4º da

252
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
miliar, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a IV - estabelecer mecanismos de monitoramento da biodiversi-
preservação da espécie. (Redação dada pelo Decreto nº 8.967, de dade e da atividade pesqueira e de avaliação da eficácia dos perío-
2017) dos de defeso como medida de ordenamento. (Incluído pelo Decre-
§ 1º Considera-se ininterrupta a atividade exercida durante o to nº 8.967, de 2017)
período compreendido entre o término do defeso anterior e o início § 11. Os Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
do defeso em curso ou nos doze meses imediatamente anteriores e do Meio Ambiente deverão periodicamente avaliar a efetividade
ao início do defeso em curso, o que for menor. dos períodos de defeso instituídos, sobretudo os de área continen-
§ 2º Entende-se como regime de economia familiar o trabalho tal, e revogar ou suspender seus atos normativos quando compro-
dos membros da mesma família, indispensável à própria subsistên- vada a sua ineficácia na preservação dos recursos pesqueiros, inclu-
cia e exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sive quando forem observados os fenômenos de seca, estiagem e
sem a utilização de empregados. contaminações por agentes químicos, físicos e biológicos. (Incluído
§ 3º Para fins de concessão do benefício, consideram-se como pelo Decreto nº 8.967, de 2017)
períodos de defeso aqueles estabelecidos pelos órgãos federais § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quan-
competentes, determinando a paralisação temporária da pesca do houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios
para preservação das espécies, nos termos e prazos fixados nos res- alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto nº
pectivos atos. (Redação dada pelo Decreto nº 8.967, de 2017) 8.967, de 2017)
§ 4º O benefício será devido ao pescador profissional artesa- § 13. O benefício do seguro-desemprego é direito pessoal e in-
nal inscrito no Registro Geral da Atividade Pesqueira - RGP que não transferível. (Incluído pelo Decreto nº 8.967, de 2017)
disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da ativi- § 14. Excepcionalmente, nas hipóteses de grave contaminação
dade pesqueira, observado o disposto no Decreto nº 8.425, de 31 por agentes químicos, físicos e biológicos, o Ministério da Agricultu-
de março de 2015 , sem prejuízo da licença de pesca concedida na ra, Pecuária e Abastecimento poderá prolongar o período de defeso
esfera federal, quando exigida nos termos do art. 3º, § 2º, da Lei nº para as áreas e os grupos específicos atingidos, nos termos previs-
11.959, de 29 de junho de 2009 . (Redação dada pelo Decreto nº tos na legislação. (Incluído pelo Decreto nº 10.080, de 2019)
8.967, de 2017) § 15. A gravidade a que se refere o § 14 será reconhecida em
§ 5º O pescador profissional artesanal não fará jus a mais de ato do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. (Incluí-
um benefício de seguro-desemprego no mesmo ano decorrente de do pelo Decreto nº 10.080, de 2019)
defesos relativos a espécies distintas. § 16. O pagamento de seguro desemprego do pescador profis-
§ 6º A concessão do benefício não será extensível aos traba- sional artesanal, quando devido, na hipótese de ocorrência do pro-
lhadores de apoio à pesca artesanal, assim definidos em legislação longamento a que se refere o § 14, poderá ser ampliado na forma
específica, e nem aos componentes do grupo familiar do pescador prevista no § 5º do art. 4º da Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990,
profissional artesanal que não satisfaçam, individualmente, os re- observado o disposto no § 8º do art. 1º da Lei nº 10.779, de 25 de
quisitos e as condições estabelecidos neste Decreto. novembro de 2003. (Incluído pelo Decreto nº 10.080, de 2019)
§ 7º Os pescadores e as pescadoras de que trata o § 1º do art. § 17. Na hipótese de ser efetuado o pagamento de que trata o
3º do Decreto nº 8.425, de 2015 , não farão jus ao benefício de se- § 16, o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador
guro-desemprego durante o período de defeso. (Redação dada pelo - Codefat deverá respeitar os limites de reserva mínima de liquidez
Decreto nº 8.967, de 2017) de que trata o § 5º do art. 4º da Lei nº 7.998, de 1990. (Incluído pelo
§ 8º Fará jus ao seguro-desemprego o pescador artesanal que, Decreto nº 10.080, de 2019)
durante o período aquisitivo de que trata o § 1º, tenha recebido Art. 2º Terá direito ao benefício do seguro-desemprego o pes-
benefício de auxílio-doença, auxílio-doença acidentário ou salário cador profissional artesanal que preencher os seguintes requisitos:
maternidade, exclusivamente sob categoria de filiação de segurado I - ter registro no RGP, com situação cadastral ativa decorrente
especial, ou ainda, que tenha contribuído para a Previdência Social de licença concedida, emitido pelo Ministério da Agricultura, Pe-
relativamente ao exercício exclusivo dessa atividade. (Incluído pelo cuária e Abastecimento, na condição de pescador profissional arte-
Decreto nº 8.967, de 2017) sanal, observada a antecedência mínima prevista no art. 2º da Lei
§ 9º Previamente ao estabelecimento de períodos de defeso, nº 10.779, de 2003 ; (Redação dada pelo Decreto nº 8.967, de 2017)
deverão ser avaliadas outras medidas de gestão e de uso sustentá- II - possuir a condição de segurado especial unicamente na ca-
vel dos recursos pesqueiros, por meio de ato conjunto dos Ministé- tegoria de pescador profissional artesanal;
rios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente. III - ter realizado o pagamento da contribuição previdenciária,
(Incluído pelo Decreto nº 8.967, de 2017) nos termos da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 , nos últimos
§ 10. As normas, os critérios, os padrões e as medidas de or- doze meses imediatamente anteriores ao requerimento do benefí-
denamento relativas aos períodos de defeso serão editadas, obser- cio ou desde o último período de defeso até o requerimento do be-
vadas as competências dos Ministérios da Agricultura, Pecuária e nefício, o que for menor, observado, quando for o caso, o disposto
Abastecimento e do Meio Ambiente, e deverão: (Incluído pelo De- no inciso IV do caput do art. 5º ;
creto nº 8.967, de 2017) IV - não estar em gozo de nenhum benefício decorrente de pro-
I - definir as espécies que são objeto de conservação, as medi- grama federal de transferência de renda com condicionalidades ou
das de proteção à reprodução e ao recrutamento das espécies, os de benefício de prestação continuada da Assistência Social ou da
petrechos e os métodos de pesca proibidos; (Incluído pelo Decreto Previdência Social, exceto auxílio-acidente ou pensão por morte; e
nº 8.967, de 2017) V - não ter vínculo de emprego, ou outra relação de trabalho,
II - estabelecer a abrangência geográfica da norma, de modo a ou outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pes-
indicar as bacias hidrográficas, a região ou a área costeiro-marinha queira vedada pelo período de defeso. (Redação dada pelo Decreto
e discriminar os Municípios alcançados; (Incluído pelo Decreto nº nº 8.967, de 2017)
8.967, de 2017) § 1º A comprovação da contribuição do segurado especial de
III - definir se há alternativas de pesca disponíveis e se elas que trata o inciso III do caput deverá ser feita nos termos do art. 25
abrangem todos os pescadores ou apenas aqueles que atuam de da Lei nº 8.212, de 1991 , e do inciso IV do caput do art. 216 do Re-
forma embarcada; e (Incluído pelo Decreto nº 8.967, de 2017) gulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048,

253
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
de 6 de maio 1999 , excluído o período de defeso, desde que não I - o exercício ininterrupto da atividade de pesca pelo pescador
tenha havido comercialização de espécie alternativa não contem- profissional artesanal, observado o disposto no § 1º do art. 4º do
plada no ato que fixar o período de defeso. Decreto nº 8.425, de 2015 , com a indicação das localidades em que
§ 2º Desde que atendidos os demais requisitos previstos neste a atividade foi exercida e das espécies pescadas; e (Redação dada
artigo, o benefício de seguro-desemprego será concedido ao pesca- pelo Decreto nº 8.967, de 2017)
dor profissional artesanal cuja família seja beneficiária de programa II - os municípios abrangidos pelo período de defeso e os mu-
de transferência de renda com condicionalidades, e caberá ao ór- nicípios limítrofes.
gão ou entidade da administração pública federal responsável pela § 3º Ato do Ministério da Previdência Social poderá exigir ou-
manutenção do programa a suspensão do pagamento pelo mesmo tros documentos para a habilitação do benefício.
período da percepção do benefício de seguro-desemprego. § 4º O INSS poderá expedir atos complementares relativos ao
§ 3º Para fins do disposto no § 2º, o Instituto Nacional do Segu- reconhecimento e à manutenção do direito ao benefício, observado
ro Social - INSS disponibilizará aos órgãos ou entidades da adminis- o disposto neste Decreto e no ato de que trata o § 3º.
tração pública federal responsáveis pela manutenção de programas § 5º A apresentação dos documentos discriminados no caput
de transferência de renda com condicionalidades as informações poderá ser dispensada pelo INSS caso as informações constem em
necessárias para identificação dos beneficiários e dos benefícios de bases governamentais a ele disponibilizadas por outros órgãos, nos
seguro-desemprego concedidos, inclusive as relativas à duração, termos do art. 2º do Decreto nº 6.932, de 11 de agosto de 2009 , do
suspensão ou cessação do benefício. art. 329-B do Anexo ao Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999 - Re-
Art. 3º Cabe ao INSS receber e processar os requerimentos, ha- gulamento da Previdência Social , e do art. 1º do Decreto nº 8.789,
bilitar os beneficiários e decidir quanto à concessão do benefício de de 29 de junho de 2016 . (Incluído pelo Decreto nº 8.967, de 2017)
seguro-desemprego de que trata o art. 1º. § 6º Nos casos em que o pescador já tenha recebido o seguro-
Art. 4º O prazo para requerer o benefício do seguro-desempre- -desemprego do pescador artesanal, o INSS poderá dispensar a rea-
go do pescador profissional artesanal se iniciará trinta dias antes da presentação de requerimento para os próximos períodos do defeso
data de início do período de defeso e terminará no último dia do que deu origem ao benefício, desde que possua informações que
referido período. demonstrem a manutenção dos requisitos do art. 2º e das caracte-
Parágrafo único. Desde que requerido dentro do prazo previsto rísticas da atividade pesqueira exercida; (Incluído pelo Decreto nº
no caput , o pagamento do benefício será devido desde o início do 8.967, de 2017)
período de defeso, independentemente da data do requerimento. § 7º O INSS poderá comunicar o indeferimento ou a existência
Art. 5º Para requerer o benefício de seguro-desemprego, o pes- de qualquer impedimento para a concessão do benefício por meio
cador deverá apresentar ao INSS: da internet ou da central de teleatendimento. (Incluído pelo Decre-
I - documento de identificação oficial; to nº 8.967, de 2017)
II - comprovante de inscrição no Cadastro de Pessoa Física - § 8º O INSS poderá, a qualquer tempo, convocar o pescador
CPF; para apresentação de documentos comprobatórios referentes aos
III - inscrição no RGP, com licença de pesca, emitida pelo Minis- requisitos do caput . (Incluído pelo Decreto nº 8.967, de 2017)
tério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, na condição de pes- Art. 6º O INSS cessará o benefício de seguro-desemprego nas
cador profissional artesanal que tenha a atividade pesqueira como seguintes hipóteses:
única fonte de renda, observada a antecedência mínima prevista no I - início de atividade remunerada ou de percepção de outra
art. 2º da Lei nº 10.779, de 2003 ; (Redação dada pelo Decreto nº renda que seja incompatível com a percepção do benefício;
8.967, de 2017) II - desrespeito ao período de defeso ou a quaisquer proibições
IV - cópia do documento fiscal de venda do pescado a empre- estabelecidas em normas de defeso;
sa adquirente, consumidora ou consignatária da produção, em que III - obtenção de renda proveniente da pesca de espécie alter-
conste, além do registro da operação realizada, o valor da respecti- nativa não contemplada no ato que fixar o período de defeso;
va contribuição previdenciária de que trata o § 7º do art. 30 da Lei IV - suspensão do período de defeso;
nº 8.212, de 1991 , ou cópia do comprovante de recolhimento da V - morte do beneficiário, exceto em relação às parcelas ven-
contribuição previdenciária, caso tenha comercializado sua produ- cidas;
ção a pessoa física; e VI - início de percepção de renda proveniente de benefício pre-
V - comprovante de residência em Município abrangido pelo videnciário ou assistencial de natureza continuada, exceto auxílio-
ato que instituiu o período de defeso relativo ao benefício reque- -acidente ou pensão por morte;
rido, ou seus limítrofes. (Redação dada pelo Decreto nº 8.967, de VII - prestação de declaração falsa; ou
2017) VIII - comprovação de fraude.
§ 1º Além de apresentar os documentos previstos no caput, o Parágrafo único. O INSS cessará o benefício quando constatar a
pescador profissional artesanal assinará declaração de que: ocorrência de hipótese prevista no caput ou quando for informado
I - não dispõe de outra fonte de renda; sobre sua ocorrência pelo órgão ou entidade pública competente.
II - se dedicou à pesca das espécies e nas localidades atingidas Art. 6º-A. O Poder Executivo poderá condicionar o recebimento
pelo defeso ininterruptamente durante o período compreendido do seguro-desemprego, durante o período de defeso, ao pescador
entre o término do defeso anterior e o início do defeso em curso profissional artesanal que exerça sua atividade exclusiva, à compro-
ou nos doze meses imediatamente anteriores ao início do defeso vação da matrícula e da frequência do trabalhador segurado em
em curso, o que for menor; e (Redação dada pelo Decreto nº 8.967, curso de formação inicial e continuada ou de qualificação profis-
de 2017) sional, com carga horária mínima de cento e sessenta horas, nos
III - assume responsabilidade civil e criminal por todas as infor- termos do § 1º do art. 3º da Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990
mações prestadas para fins da concessão do benefício. . (Incluído pelo Decreto nº 8.967, de 2017)
§ 2º O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento dis- Art. 7º No caso de indeferimento do requerimento de conces-
ponibilizará ao INSS informações que demonstrem: (Redação dada são de benefício ou no caso de cessação do benefício, o pescador
pelo Decreto nº 8.967, de 2017) profissional artesanal poderá interpor recurso ao Conselho de Re-
cursos da Previdência Social - CRPS.

254
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 1º O prazo para interposição de recurso e para oferecimento
de contrarrazões será de trinta dias, contado da ciência da decisão LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL - LOAS. LEI Nº
e da interposição do recurso, respectivamente. 8.742/1993 E SUAS ALTERAÇÕES
§ 2º O processamento e o julgamento dos recursos seguirão
o disposto no Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo LEI Nº 8.742, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1993
Decreto nº 3.048, de 1999 , e no regimento interno do CRPS.
Art. 8º Os recursos financeiros para o pagamento do benefí- Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras
cio de seguro-desemprego ao pescador profissional artesanal serão providências.
provenientes do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT.
§ 1º Compete ao Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso
ao Trabalhador - Codefat a gestão do pagamento dos benefícios e Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
ao Ministério do Trabalho e Emprego a sua operacionalização, ca-
bendo aos referidos órgãos a edição dos atos necessários a essas LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
atividades.
§ 2º O INSS disponibilizará ao Ministério do Trabalho e Empre- CAPÍTULO I
go as informações necessárias para a efetivação do pagamento. DAS DEFINIÇÕES E DOS OBJETIVOS
§ 3º O Ministério do Trabalho e Emprego disponibilizará ao
INSS e aos órgãos de que trata o § 3º do art. 2º as informações refe- Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Es-
rentes à realização dos pagamentos aos beneficiários. tado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê
§ 4º O Ministério do Trabalho e Emprego e o INSS prestarão aos os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de
interessados informações relativas ao pagamento dos benefícios ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendi-
em seus próprios canais de atendimento. mento às necessidades básicas.
Art. 9º O Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Art. 2o A assistência social tem por objetivos: (Redação dada
Decreto nº 3.048, de 1999 , passa a vigorar com as seguintes alte- pela Lei nº 12.435, de 2011)
rações: I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução
“Art. 9º .......................................................................... de danos e à prevenção da incidência de riscos, especialmente:
.............................................................................................. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
§ 14. .............................................................................. a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adoles-
I - não utilize embarcação; ou cência e à velhice; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
II - utilize embarcação de pequeno porte, nos termos da Lei nº b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes; (Incluí-
11.959, de 29 de junho de 2009. do pela Lei nº 12.435, de 2011)
§ 15. ............................................................................. c) a promoção da integração ao mercado de trabalho; (Inclu-
.............................................................................................. ído pela Lei nº 12.435, de 2011)
XI - o pescador que trabalha em regime de parceria, meação d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e
ou arrendamento, em embarcação de médio ou grande porte, nos a promoção de sua integração à vida comunitária; e (Incluído pela
termos da Lei nº 11.959, de 2009; Lei nº 12.435, de 2011)
...................................................................................” (NR) e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal
Art. 10. (Revogado pelo Decreto nº 10.930, de 2022) Vigência à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir
Art. 11. Atos conjuntos dos Ministérios da Previdência Social, meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua
do Trabalho e Emprego e da Pesca e Aquicultura e de outros órgãos família; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
interessados estabelecerão os procedimentos e prazos para opera- II - a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorial-
cionalização das trocas de informações previstas neste Decreto. mente a capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência de
Art. 12. Este Decreto aplica-se aos períodos de defeso iniciados vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos; (Redação
a partir de 1º de abril de 2015. dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
Parágrafo único. Aos períodos de defeso iniciados até 31 de III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso
março de 2015, aplica-se o disposto na legislação anterior, inclusive aos direitos no conjunto das provisões socioassistenciais. (Reda-
quanto aos prazos, procedimentos e recursos e à competência do ção dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
Ministério do Trabalho e Emprego para as atividades de recebimen- Parágrafo único. Para o enfrentamento da pobreza, a assis-
to e processamento dos requerimentos, habilitação dos beneficiá- tência social realiza-se de forma integrada às políticas setoriais,
rios e apuração de irregularidades. garantindo mínimos sociais e provimento de condições para aten-
Art. 13. Ficam revogados o inciso III do § 14 e o § 17 do art. 9º der contingências sociais e promovendo a universalização dos di-
do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº reitos sociais. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
3.048, de 6 de maio de 1999 . Art. 3o Consideram-se entidades e organizações de assistên-
Art. 14. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. cia social aquelas sem fins lucrativos que, isolada ou cumulativa-
mente, prestam atendimento e assessoramento aos beneficiários
abrangidos por esta Lei, bem como as que atuam na defesa e ga-
rantia de direitos. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
§ 1o São de atendimento aquelas entidades que, de forma
continuada, permanente e planejada, prestam serviços, executam
programas ou projetos e concedem benefícios de prestação social
básica ou especial, dirigidos às famílias e indivíduos em situações
de vulnerabilidade ou risco social e pessoal, nos termos desta Lei,

255
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
e respeitadas as deliberações do Conselho Nacional de Assistência CAPÍTULO III
Social (CNAS), de que tratam os incisos I e II do art. 18. (Incluído DA ORGANIZAÇÃO E DA GESTÃO
pela Lei nº 12.435, de 2011)
§ 2o São de assessoramento aquelas que, de forma continua- Art. 6o A gestão das ações na área de assistência social fica or-
da, permanente e planejada, prestam serviços e executam progra- ganizada sob a forma de sistema descentralizado e participativo,
mas ou projetos voltados prioritariamente para o fortalecimento denominado Sistema Único de Assistência Social (Suas), com os
dos movimentos sociais e das organizações de usuários, formação seguintes objetivos: (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
e capacitação de lideranças, dirigidos ao público da política de as- I - consolidar a gestão compartilhada, o cofinanciamento e a
sistência social, nos termos desta Lei, e respeitadas as delibera- cooperação técnica entre os entes federativos que, de modo arti-
ções do CNAS, de que tratam os incisos I e II do art. 18. (Incluído culado, operam a proteção social não contributiva; (Incluído pela
pela Lei nº 12.435, de 2011) Lei nº 12.435, de 2011)
§ 3o São de defesa e garantia de direitos aquelas que, de II - integrar a rede pública e privada de serviços, programas,
forma continuada, permanente e planejada, prestam serviços e projetos e benefícios de assistência social, na forma do art. 6o-C;
executam programas e projetos voltados prioritariamente para a (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
defesa e efetivação dos direitos socioassistenciais, construção de III - estabelecer as responsabilidades dos entes federativos
novos direitos, promoção da cidadania, enfrentamento das desi- na organização, regulação, manutenção e expansão das ações de
gualdades sociais, articulação com órgãos públicos de defesa de assistência social;
direitos, dirigidos ao público da política de assistência social, nos IV - definir os níveis de gestão, respeitadas as diversidades
termos desta Lei, e respeitadas as deliberações do CNAS, de que regionais e municipais; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
tratam os incisos I e II do art. 18. (Incluído pela Lei nº 12.435, de V - implementar a gestão do trabalho e a educação perma-
2011) nente na assistência social; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
VI - estabelecer a gestão integrada de serviços e benefícios; e
CAPÍTULO II (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
DOS PRINCÍPIOS E DAS DIRETRIZES VII - afiançar a vigilância socioassistencial e a garantia de di-
reitos. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
SEÇÃO I § 1o As ações ofertadas no âmbito do Suas têm por objetivo
DOS PRINCÍPIOS a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e
à velhice e, como base de organização, o território. (Incluído pela
Art. 4º A assistência social rege-se pelos seguintes princípios: Lei nº 12.435, de 2011)
I - supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre § 2o O Suas é integrado pelos entes federativos, pelos res-
as exigências de rentabilidade econômica; pectivos conselhos de assistência social e pelas entidades e or-
II - universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o des- ganizações de assistência social abrangidas por esta Lei. (Incluído
tinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas pela Lei nº 12.435, de 2011)
públicas; § 3o A instância coordenadora da Política Nacional de Assis-
III - respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu tência Social é o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convi- à Fome. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
vência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação § 4º Cabe à instância coordenadora da Política Nacional de
vexatória de necessidade; Assistência Social normatizar e padronizar o emprego e a divul-
IV - igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem dis- gação da identidade visual do Suas. (Incluído pela Lei nº 13.714,
criminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às de 2018)
populações urbanas e rurais; § 5º A identidade visual do Suas deverá prevalecer na iden-
V - divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e tificação de unidades públicas estatais, entidades e organizações
projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Po- de assistência social, serviços, programas, projetos e benefícios
der Público e dos critérios para sua concessão. vinculados ao Suas. (Incluído pela Lei nº 13.714, de 2018)
Art. 6o-A. A assistência social organiza-se pelos seguintes ti-
SEÇÃO II pos de proteção: (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
DAS DIRETRIZES I - proteção social básica: conjunto de serviços, programas,
projetos e benefícios da assistência social que visa a prevenir si-
Art. 5º A organização da assistência social tem como base as tuações de vulnerabilidade e risco social por meio do desenvol-
seguintes diretrizes: vimento de potencialidades e aquisições e do fortalecimento de
I - descentralização político-administrativa para os Estados, o vínculos familiares e comunitários; (Incluído pela Lei nº 12.435,
Distrito Federal e os Municípios, e comando único das ações em de 2011)
cada esfera de governo; II - proteção social especial: conjunto de serviços, programas
II - participação da população, por meio de organizações re- e projetos que tem por objetivo contribuir para a reconstrução de
presentativas, na formulação das políticas e no controle das ações vínculos familiares e comunitários, a defesa de direito, o fortaleci-
em todos os níveis; mento das potencialidades e aquisições e a proteção de famílias
III - primazia da responsabilidade do Estado na condução da e indivíduos para o enfrentamento das situações de violação de
política de assistência social em cada esfera de governo. direitos. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
Parágrafo único. A vigilância socioassistencial é um dos ins-
trumentos das proteções da assistência social que identifica e pre-
vine as situações de risco e vulnerabilidade social e seus agravos
no território. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)

256
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 6o-B. As proteções sociais básica e especial serão oferta- daquelas ações, conforme percentual apresentado pelo Ministé-
das pela rede socioassistencial, de forma integrada, diretamente rio do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e aprovado pelo
pelos entes públicos e/ou pelas entidades e organizações de assis- CNAS. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
tência social vinculadas ao Suas, respeitadas as especificidades de Parágrafo único. A formação das equipes de referência deve-
cada ação. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) rá considerar o número de famílias e indivíduos referenciados, os
§ 1o A vinculação ao Suas é o reconhecimento pelo Ministé- tipos e modalidades de atendimento e as aquisições que devem
rio do Desenvolvimento Social e Combate à Fome de que a entida- ser garantidas aos usuários, conforme deliberações do CNAS. (In-
de de assistência social integra a rede socioassistencial. (Incluído cluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 6º-F. Fica instituído o Cadastro Único para Programas So-
§ 2o Para o reconhecimento referido no § 1o, a entidade de- ciais do Governo Federal (CadÚnico), registro público eletrônico
verá cumprir os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 12.435, com a finalidade de coletar, processar, sistematizar e disseminar
de 2011) informações georreferenciadas para a identificação e a caracteri-
I - constituir-se em conformidade com o disposto no art. 3o; zação socioeconômica das famílias de baixa renda. (Incluído pela
(Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Lei nº 14.284, de 2021) Regulamento
II - inscrever-se em Conselho Municipal ou do Distrito Fede- § 1º As famílias de baixa renda poderão inscrever-se no CadÚ-
ral, na forma do art. 9o; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) nico nas unidades públicas de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 6º-C
III - integrar o sistema de cadastro de entidades de que trata desta Lei ou, nos termos do regulamento, por meio eletrônico.
o inciso XI do art. 19. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) (Incluído pela Lei nº 14.284, de 2021)
§ 3o As entidades e organizações de assistência social vincu- § 2º A inscrição no CadÚnico é obrigatória para acesso a pro-
ladas ao Suas celebrarão convênios, contratos, acordos ou ajustes gramas sociais do Governo Federal. (Incluído pela Lei nº 14.284,
com o poder público para a execução, garantido financiamento de 2021)
integral, pelo Estado, de serviços, programas, projetos e ações de Art. 7º As ações de assistência social, no âmbito das entida-
assistência social, nos limites da capacidade instalada, aos benefi- des e organizações de assistência social, observarão as normas ex-
ciários abrangidos por esta Lei, observando-se as disponibilidades pedidas pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), de
orçamentárias. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) que trata o art. 17 desta lei.
§ 4o O cumprimento do disposto no § 3o será informado ao Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome pelo ór- observados os princípios e diretrizes estabelecidos nesta lei, fixa-
gão gestor local da assistência social. (Incluído pela Lei nº 12.435, rão suas respectivas Políticas de Assistência Social.
de 2011) Art. 9º O funcionamento das entidades e organizações de as-
Art. 6o-C. As proteções sociais, básica e especial, serão ofer- sistência social depende de prévia inscrição no respectivo Conse-
tadas precipuamente no Centro de Referência de Assistência So- lho Municipal de Assistência Social, ou no Conselho de Assistência
cial (Cras) e no Centro de Referência Especializado de Assistência Social do Distrito Federal, conforme o caso.
Social (Creas), respectivamente, e pelas entidades sem fins lucra- § 1º A regulamentação desta lei definirá os critérios de ins-
tivos de assistência social de que trata o art. 3o desta Lei. (Incluído crição e funcionamento das entidades com atuação em mais de
pela Lei nº 12.435, de 2011) um município no mesmo Estado, ou em mais de um Estado ou
§ 1o O Cras é a unidade pública municipal, de base territo- Distrito Federal.
rial, localizada em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e § 2º Cabe ao Conselho Municipal de Assistência Social e ao
risco social, destinada à articulação dos serviços socioassistenciais Conselho de Assistência Social do Distrito Federal a fiscalização
no seu território de abrangência e à prestação de serviços, pro- das entidades referidas no caput na forma prevista em lei ou re-
gramas e projetos socioassistenciais de proteção social básica às gulamento.
famílias. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 3º (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009)
§ 2o O Creas é a unidade pública de abrangência e gestão § 4º As entidades e organizações de assistência social podem,
municipal, estadual ou regional, destinada à prestação de servi- para defesa de seus direitos referentes à inscrição e ao funciona-
ços a indivíduos e famílias que se encontram em situação de risco mento, recorrer aos Conselhos Nacional, Estaduais, Municipais e
pessoal ou social, por violação de direitos ou contingência, que do Distrito Federal.
demandam intervenções especializadas da proteção social espe- Art. 10. A União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal
cial. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) podem celebrar convênios com entidades e organizações de as-
§ 3o Os Cras e os Creas são unidades públicas estatais insti- sistência social, em conformidade com os Planos aprovados pelos
tuídas no âmbito do Suas, que possuem interface com as demais respectivos Conselhos.
políticas públicas e articulam, coordenam e ofertam os serviços, Art. 11. As ações das três esferas de governo na área de assis-
programas, projetos e benefícios da assistência social. (Incluído tência social realizam-se de forma articulada, cabendo a coorde-
pela Lei nº 12.435, de 2011) nação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e exe-
Art. 6o-D. As instalações dos Cras e dos Creas devem ser cução dos programas, em suas respectivas esferas, aos Estados,
compatíveis com os serviços neles ofertados, com espaços para ao Distrito Federal e aos Municípios.
trabalhos em grupo e ambientes específicos para recepção e aten- Art. 12. Compete à União:
dimento reservado das famílias e indivíduos, assegurada a acessi- I - responder pela concessão e manutenção dos benefícios de
bilidade às pessoas idosas e com deficiência. (Incluído pela Lei nº prestação continuada definidos no art. 203 da Constituição Fede-
12.435, de 2011) ral;
Art. 6o-E. Os recursos do cofinanciamento do Suas, destina- II - cofinanciar, por meio de transferência automática, o apri-
dos à execução das ações continuadas de assistência social, pode- moramento da gestão, os serviços, os programas e os projetos de
rão ser aplicados no pagamento dos profissionais que integrarem assistência social em âmbito nacional; (Redação dada pela Lei nº
as equipes de referência, responsáveis pela organização e oferta 12.435, de 2011)
III - atender, em conjunto com os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios, às ações assistenciais de caráter de emergência.

257
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
IV - realizar o monitoramento e a avaliação da política de as- I - destinar recursos financeiros para custeio do pagamento
sistência social e assessorar Estados, Distrito Federal e Municípios dos benefícios eventuais de que trata o art. 22, mediante critérios
para seu desenvolvimento. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) estabelecidos pelos Conselhos de Assistência Social do Distrito Fe-
Art. 12-A. A União apoiará financeiramente o aprimoramento deral; (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
à gestão descentralizada dos serviços, programas, projetos e be- II - efetuar o pagamento dos auxílios natalidade e funeral;
nefícios de assistência social, por meio do Índice de Gestão Des- III - executar os projetos de enfrentamento da pobreza, in-
centralizada (IGD) do Sistema Único de Assistência Social (Suas), cluindo a parceria com organizações da sociedade civil;
para a utilização no âmbito dos Estados, dos Municípios e do Dis- IV - atender às ações assistenciais de caráter de emergência;
trito Federal, destinado, sem prejuízo de outras ações a serem de- V - prestar os serviços assistenciais de que trata o art. 23 des-
finidas em regulamento, a: (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) ta lei.
I - medir os resultados da gestão descentralizada do Suas, com VI - cofinanciar o aprimoramento da gestão, os serviços, os
base na atuação do gestor estadual, municipal e do Distrito Fede- programas e os projetos de assistência social em âmbito local; (In-
ral na implementação, execução e monitoramento dos serviços, cluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
programas, projetos e benefícios de assistência social, bem como VII - realizar o monitoramento e a avaliação da política de as-
na articulação intersetorial; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) sistência social em seu âmbito. (Incluído pela Lei nº 12.435, de
II - incentivar a obtenção de resultados qualitativos na gestão 2011)
estadual, municipal e do Distrito Federal do Suas; e (Incluído pela Art. 15. Compete aos Municípios:
Lei nº 12.435, de 2011) I - destinar recursos financeiros para custeio do pagamento
III - calcular o montante de recursos a serem repassados aos dos benefícios eventuais de que trata o art. 22, mediante critérios
entes federados a título de apoio financeiro à gestão do Suas. (In- estabelecidos pelos Conselhos Municipais de Assistência Social;
cluído pela Lei nº 12.435, de 2011) (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
§ 1o Os resultados alcançados pelo ente federado na gestão II - efetuar o pagamento dos auxílios natalidade e funeral;
do Suas, aferidos na forma de regulamento, serão considerados III - executar os projetos de enfrentamento da pobreza, in-
como prestação de contas dos recursos a serem transferidos a tí- cluindo a parceria com organizações da sociedade civil;
tulo de apoio financeiro. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) IV - atender às ações assistenciais de caráter de emergência;
§ 2o As transferências para apoio à gestão descentralizada do V - prestar os serviços assistenciais de que trata o art. 23 des-
Suas adotarão a sistemática do Índice de Gestão Descentralizada ta lei.
do Programa Bolsa Família, previsto no art. 8o da Lei no 10.836, de VI - cofinanciar o aprimoramento da gestão, os serviços, os
9 de janeiro de 2004, e serão efetivadas por meio de procedimen- programas e os projetos de assistência social em âmbito local; (In-
to integrado àquele índice. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) cluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
§ 3o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) VII - realizar o monitoramento e a avaliação da política de as-
§ 4o Para fins de fortalecimento dos Conselhos de Assistência sistência social em seu âmbito. (Incluído pela Lei nº 12.435, de
Social dos Estados, Municípios e Distrito Federal, percentual dos 2011)
recursos transferidos deverá ser gasto com atividades de apoio Art. 16. As instâncias deliberativas do Suas, de caráter perma-
técnico e operacional àqueles colegiados, na forma fixada pelo nente e composição paritária entre governo e sociedade civil, são:
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, sen- (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
do vedada a utilização dos recursos para pagamento de pessoal I - o Conselho Nacional de Assistência Social;
efetivo e de gratificações de qualquer natureza a servidor público II - os Conselhos Estaduais de Assistência Social;
estadual, municipal ou do Distrito Federal. (Incluído pela Lei nº III - o Conselho de Assistência Social do Distrito Federal;
12.435, de 2011) IV - os Conselhos Municipais de Assistência Social.
Art. 13. Compete aos Estados: Parágrafo único. Os Conselhos de Assistência Social estão vin-
I - destinar recursos financeiros aos Municípios, a título de culados ao órgão gestor de assistência social, que deve prover a
participação no custeio do pagamento dos benefícios eventuais infraestrutura necessária ao seu funcionamento, garantindo re-
de que trata o art. 22, mediante critérios estabelecidos pelos Con- cursos materiais, humanos e financeiros, inclusive com despesas
selhos Estaduais de Assistência Social; (Redação dada pela Lei nº referentes a passagens e diárias de conselheiros representantes
12.435, de 2011) do governo ou da sociedade civil, quando estiverem no exercício
II - cofinanciar, por meio de transferência automática, o apri- de suas atribuições. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
moramento da gestão, os serviços, os programas e os projetos de Art. 17. Fica instituído o Conselho Nacional de Assistência So-
assistência social em âmbito regional ou local; (Redação dada pela cial (CNAS), órgão superior de deliberação colegiada, vinculado à
Lei nº 12.435, de 2011) estrutura do órgão da Administração Pública Federal responsável
III - atender, em conjunto com os Municípios, às ações assis- pela coordenação da Política Nacional de Assistência Social, cujos
tenciais de caráter de emergência; membros, nomeados pelo Presidente da República, têm mandato
IV - estimular e apoiar técnica e financeiramente as associa- de 2 (dois) anos, permitida uma única recondução por igual perí-
ções e consórcios municipais na prestação de serviços de assis- odo.
tência social; § 1º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) é com-
V - prestar os serviços assistenciais cujos custos ou ausência posto por 18 (dezoito) membros e respectivos suplentes, cujos
de demanda municipal justifiquem uma rede regional de serviços, nomes são indicados ao órgão da Administração Pública Federal
desconcentrada, no âmbito do respectivo Estado. responsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência
VI - realizar o monitoramento e a avaliação da política de as- Social, de acordo com os critérios seguintes:
sistência social e assessorar os Municípios para seu desenvolvi- I - 9 (nove) representantes governamentais, incluindo 1 (um)
mento. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) representante dos Estados e 1 (um) dos Municípios;
Art. 14. Compete ao Distrito Federal:

258
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
II - 9 (nove) representantes da sociedade civil, dentre repre- XIV - divulgar, no Diário Oficial da União, todas as suas deci-
sentantes dos usuários ou de organizações de usuários, das enti- sões, bem como as contas do Fundo Nacional de Assistência Social
dades e organizações de assistência social e dos trabalhadores do (FNAS) e os respectivos pareceres emitidos.
setor, escolhidos em foro próprio sob fiscalização do Ministério Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009)
Público Federal. Art. 19. Compete ao órgão da Administração Pública Federal
§ 2º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) é pre- responsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência
sidido por um de seus integrantes, eleito dentre seus membros, Social:
para mandato de 1 (um) ano, permitida uma única recondução I - coordenar e articular as ações no campo da assistência so-
por igual período. cial;
§ 3º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) contará II - propor ao Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS)
com uma Secretaria Executiva, a qual terá sua estrutura disciplina- a Política Nacional de Assistência Social, suas normas gerais, bem
da em ato do Poder Executivo. como os critérios de prioridade e de elegibilidade, além de pa-
§ 4o Os Conselhos de que tratam os incisos II, III e IV do art. drões de qualidade na prestação de benefícios, serviços, progra-
16, com competência para acompanhar a execução da política de mas e projetos;
assistência social, apreciar e aprovar a proposta orçamentária, em III - prover recursos para o pagamento dos benefícios de pres-
consonância com as diretrizes das conferências nacionais, estadu- tação continuada definidos nesta lei;
ais, distrital e municipais, de acordo com seu âmbito de atuação, IV - elaborar e encaminhar a proposta orçamentária da assis-
deverão ser instituídos, respectivamente, pelos Estados, pelo Dis- tência social, em conjunto com as demais da Seguridade Social;
trito Federal e pelos Municípios, mediante lei específica. (Redação V - propor os critérios de transferência dos recursos de que
dada pela Lei nº 12.435, de 2011) trata esta lei;
Art. 18. Compete ao Conselho Nacional de Assistência Social: VI - proceder à transferência dos recursos destinados à assis-
I - aprovar a Política Nacional de Assistência Social; tência social, na forma prevista nesta lei;
II - normatizar as ações e regular a prestação de serviços de VII - encaminhar à apreciação do Conselho Nacional de Assis-
natureza pública e privada no campo da assistência social; tência Social (CNAS) relatórios trimestrais e anuais de atividades e
III - acompanhar e fiscalizar o processo de certificação das de realização financeira dos recursos;
entidades e organizações de assistência social no Ministério do VIII - prestar assessoramento técnico aos Estados, ao Distrito
Desenvolvimento Social e Combate à Fome; (Redação dada pela Federal, aos Municípios e às entidades e organizações de assis-
Lei nº 12.101, de 2009) tência social;
IV - apreciar relatório anual que conterá a relação de enti- IX - formular política para a qualificação sistemática e conti-
dades e organizações de assistência social certificadas como be- nuada de recursos humanos no campo da assistência social;
neficentes e encaminhá-lo para conhecimento dos Conselhos de X - desenvolver estudos e pesquisas para fundamentar as aná-
Assistência Social dos Estados, Municípios e do Distrito Federal; lises de necessidades e formulação de proposições para a área;
(Redação dada pela Lei nº 12.101, de 2009) XI - coordenar e manter atualizado o sistema de cadastro de
V - zelar pela efetivação do sistema descentralizado e partici- entidades e organizações de assistência social, em articulação
pativo de assistência social; com os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
VI - a partir da realização da II Conferência Nacional de As- XII - articular-se com os órgãos responsáveis pelas políticas de
sistência Social em 1997, convocar ordinariamente a cada quatro saúde e previdência social, bem como com os demais responsá-
anos a Conferência Nacional de Assistência Social, que terá a atri- veis pelas políticas sócio-econômicas setoriais, visando à elevação
buição de avaliar a situação da assistência social e propor diretri- do patamar mínimo de atendimento às necessidades básicas;
zes para o aperfeiçoamento do sistema; (Redação dada pela Lei nº XIII - expedir os atos normativos necessários à gestão do Fun-
9.720, de 26.4.1991) do Nacional de Assistência Social (FNAS), de acordo com as dire-
VII - (Vetado.) trizes estabelecidas pelo Conselho Nacional de Assistência Social
VIII - apreciar e aprovar a proposta orçamentária da Assistên- (CNAS);
cia Social a ser encaminhada pelo órgão da Administração Pública XIV - elaborar e submeter ao Conselho Nacional de Assistên-
Federal responsável pela coordenação da Política Nacional de As- cia Social (CNAS) os programas anuais e plurianuais de aplicação
sistência Social; dos recursos do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS).
IX - aprovar critérios de transferência de recursos para os Es- Parágrafo único. A atenção integral à saúde, inclusive a dis-
tados, Municípios e Distrito Federal, considerando, para tanto, in- pensação de medicamentos e produtos de interesse para a saúde,
dicadores que informem sua regionalização mais eqüitativa, tais às famílias e indivíduos em situações de vulnerabilidade ou risco
como: população, renda per capita, mortalidade infantil e concen- social e pessoal, nos termos desta Lei, dar-se-á independente-
tração de renda, além de disciplinar os procedimentos de repasse mente da apresentação de documentos que comprovem domicí-
de recursos para as entidades e organizações de assistência social, lio ou inscrição no cadastro no Sistema Único de Saúde (SUS), em
sem prejuízo das disposições da Lei de Diretrizes Orçamentárias; consonância com a diretriz de articulação das ações de assistência
X - acompanhar e avaliar a gestão dos recursos, bem como os social e de saúde a que se refere o inciso XII deste artigo. (Incluído
ganhos sociais e o desempenho dos programas e projetos apro- pela Lei nº 13.714, de 2018)
vados;
XI - estabelecer diretrizes, apreciar e aprovar os programas
anuais e plurianuais do Fundo Nacional de Assistência Social
(FNAS);
XII - indicar o representante do Conselho Nacional de Assis-
tência Social (CNAS) junto ao Conselho Nacional da Seguridade
Social;
XIII - elaborar e aprovar seu regimento interno;

259
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
CAPÍTULO IV § 10. Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins
DOS BENEFÍCIOS, DOS SERVIÇOS, DOS PROGRAMAS E DOS do § 2o deste artigo, aquele que produza efeitos pelo prazo míni-
PROJETOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL mo de 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011)
§ 11. Para concessão do benefício de que trata o caput des-
SEÇÃO I te artigo, poderão ser utilizados outros elementos probatórios da
DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA condição de miserabilidade do grupo familiar e da situação de vul-
nerabilidade, conforme regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.146,
Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de de 2015) (Vigência)
um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso § 11-A. O regulamento de que trata o § 11 deste artigo pode-
com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não pos- rá ampliar o limite de renda mensal familiar per capita previsto no
suir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida § 3º deste artigo para até 1/2 (meio) salário-mínimo, observado
por sua família. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) (Vide o disposto no art. 20-B desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.176, de
Lei nº 13.985, de 2020) 2021) (Vigência)
§ 1o Para os efeitos do disposto no caput, a família é com- § 12. São requisitos para a concessão, a manutenção e a revi-
posta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na são do benefício as inscrições no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF)
ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos soltei- e no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal
ros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde - Cadastro Único, conforme previsto em regulamento. (Incluído
que vivam sob o mesmo teto. (Redação dada pela Lei nº 12.435, pela Lei nº 13.846, de 2019)
de 2011) § 13. (Vide medida Provisória nº 871, de 2019)
§ 2o Para efeito de concessão do benefício de prestação con- § 14. O benefício de prestação continuada ou o benefício
tinuada, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem im- previdenciário no valor de até 1 (um) salário-mínimo concedido
pedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual a idoso acima de 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou pessoa
ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, com deficiência não será computado, para fins de concessão do
pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em benefício de prestação continuada a outro idoso ou pessoa com
igualdade de condições com as demais pessoas. (Redação dada deficiência da mesma família, no cálculo da renda a que se refere
pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) o § 3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.982, de 2020)
§ 3º Observados os demais critérios de elegibilidade defini- § 15. O benefício de prestação continuada será devido a mais
dos nesta Lei, terão direito ao benefício financeiro de que trata de um membro da mesma família enquanto atendidos os requisi-
o caput deste artigo a pessoa com deficiência ou a pessoa idosa tos exigidos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.982, de 2020)
com renda familiar mensal per capita igual ou inferior a 1/4 (um Art. 20-A. (Revogado pela Lei nº 14.176, de 2021)
quarto) do salário-mínimo. (Redação dada pela Lei nº 14.176, de Art. 20-B. Na avaliação de outros elementos probatórios da
2021) condição de miserabilidade e da situação de vulnerabilidade de
I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.176, de 2021) que trata o § 11 do art. 20 desta Lei, serão considerados os se-
II - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.982, de 2020) guintes aspectos para ampliação do critério de aferição da renda
§ 4o O benefício de que trata este artigo não pode ser acu- familiar mensal per capita de que trata o § 11-A do referido arti-
mulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da segu- go:. (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência)
ridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e I – o grau da deficiência;. (Incluído pela Lei nº 14.176, de
da pensão especial de natureza indenizatória. (Redação dada pela 2021) (Vigência)
Lei nº 12.435, de 2011) II – a dependência de terceiros para o desempenho de ati-
§ 5o A condição de acolhimento em instituições de longa vidades básicas da vida diária; e. (Incluído pela Lei nº 14.176, de
permanência não prejudica o direito do idoso ou da pessoa com 2021) (Vigência)
deficiência ao benefício de prestação continuada. (Redação dada III – o comprometimento do orçamento do núcleo familiar
pela Lei nº 12.435, de 2011) de que trata o § 3º do art. 20 desta Lei exclusivamente com gastos
§ 6º A concessão do benefício ficará sujeita à avaliação da de- médicos, com tratamentos de saúde, com fraldas, com alimen-
ficiência e do grau de impedimento de que trata o § 2o, compos- tos especiais e com medicamentos do idoso ou da pessoa com
ta por avaliação médica e avaliação social realizadas por médicos deficiência não disponibilizados gratuitamente pelo SUS, ou com
peritos e por assistentes sociais do Instituto Nacional de Seguro serviços não prestados pelo Suas, desde que comprovadamente
Social - INSS. (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011) necessários à preservação da saúde e da vida.. (Incluído pela Lei
§ 6º-A. O INSS poderá celebrar parcerias para a realização da nº 14.176, de 2021) (Vigência)
avaliação social, sob a supervisão do serviço social da autarquia. § 1º A ampliação de que trata o caput deste artigo ocorrerá
(Incluído pela Lei nº 14.441, de 2022) na forma de escalas graduais, definidas em regulamento.. (Incluí-
§ 7o Na hipótese de não existirem serviços no município de do pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência)
residência do beneficiário, fica assegurado, na forma prevista em § 2º Aplicam-se à pessoa com deficiência os elementos cons-
regulamento, o seu encaminhamento ao município mais próxi- tantes dos incisos I e III do caput deste artigo, e à pessoa idosa os
mo que contar com tal estrutura. (Incluído pela Lei nº 9.720, de constantes dos incisos II e III do caput deste artigo.. (Incluído pela
30.11.1998) Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência)
§ 8o A renda familiar mensal a que se refere o § 3o deverá ser § 3º O grau da deficiência de que trata o inciso I do caput
declarada pelo requerente ou seu representante legal, sujeitando- deste artigo será aferido por meio de instrumento de avaliação
-se aos demais procedimentos previstos no regulamento para o biopsicossocial, observados os termos dos §§ 1º e 2º do art. 2º
deferimento do pedido. (Incluído pela Lei nº 9.720, de 30.11.1998) da Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com
§ 9o Os rendimentos decorrentes de estágio supervisionado Deficiência), e do § 6º do art. 20 e do art. 40-B desta Lei.. (Incluído
e de aprendizagem não serão computados para os fins de cálculo pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência)
da renda familiar per capita a que se refere o § 3o deste artigo.
(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

260
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 4º O valor referente ao comprometimento do orçamento § 1o A concessão e o valor dos benefícios de que trata este
do núcleo familiar com gastos de que trata o inciso III do caput artigo serão definidos pelos Estados, Distrito Federal e Municípios
deste artigo será definido em ato conjunto do Ministério da Cida- e previstos nas respectivas leis orçamentárias anuais, com base
dania, da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Minis- em critérios e prazos definidos pelos respectivos Conselhos de As-
tério da Economia e do INSS, a partir de valores médios dos gastos sistência Social. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
realizados pelas famílias exclusivamente com essas finalidades, § 2o O CNAS, ouvidas as respectivas representações de Es-
facultada ao interessado a possibilidade de comprovação, confor- tados e Municípios dele participantes, poderá propor, na medida
me critérios definidos em regulamento, de que os gastos efetivos das disponibilidades orçamentárias das 3 (três) esferas de gover-
ultrapassam os valores médios. (Incluído pela Lei nº 14.176, de no, a instituição de benefícios subsidiários no valor de até 25%
2021) (Vigência) (vinte e cinco por cento) do salário-mínimo para cada criança de
Art. 21. O benefício de prestação continuada deve ser revisto até 6 (seis) anos de idade. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de
a cada 2 (dois) anos para avaliação da continuidade das condições 2011)
que lhe deram origem. (Vide Lei nº 9.720, de 30.11.1998) § 3o Os benefícios eventuais subsidiários não poderão ser
§ 1º O pagamento do benefício cessa no momento em que cumulados com aqueles instituídos pelas Leis no 10.954, de 29 de
forem superadas as condições referidas no caput, ou em caso de setembro de 2004, e no 10.458, de 14 de maio de 2002. (Redação
morte do beneficiário. dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
§ 2º O benefício será cancelado quando se constatar irregu-
laridade na sua concessão ou utilização. SEÇÃO III
§ 3o O desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras DOS SERVIÇOS
ou educacionais e a realização de atividades não remuneradas de
habilitação e reabilitação, entre outras, não constituem motivo de Art. 23. Entendem-se por serviços socioassistenciais as ativi-
suspensão ou cessação do benefício da pessoa com deficiência. dades continuadas que visem à melhoria de vida da população e
(Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) cujas ações, voltadas para as necessidades básicas, observem os
§ 4º A cessação do benefício de prestação continuada con- objetivos, princípios e diretrizes estabelecidos nesta Lei. (Redação
cedido à pessoa com deficiência não impede nova concessão do dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
benefício, desde que atendidos os requisitos definidos em regula- § 1o O regulamento instituirá os serviços socioassistenciais.
mento. (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011) (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
§ 5º O beneficiário em gozo de benefício de prestação conti- § 2o Na organização dos serviços da assistência social serão
nuada concedido judicial ou administrativamente poderá ser con- criados programas de amparo, entre outros: (Incluído pela Lei nº
vocado para avaliação das condições que ensejaram sua conces- 12.435, de 2011)
são ou manutenção, sendo-lhe exigida a presença dos requisitos I - às crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e
previstos nesta Lei e no regulamento. (Incluído pela Lei nº 14.176, social, em cumprimento ao disposto no art. 227 da Constituição
de 2021) Federal e na Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
Art. 21-A. O benefício de prestação continuada será suspenso Criança e do Adolescente); (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
pelo órgão concedente quando a pessoa com deficiência exercer II - às pessoas que vivem em situação de rua. (Incluído pela
atividade remunerada, inclusive na condição de microempreen- Lei nº 12.435, de 2011)
dedor individual. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011)
§ 1o Extinta a relação trabalhista ou a atividade empreende- SEÇÃO IV
dora de que trata o caput deste artigo e, quando for o caso, encer- DOS PROGRAMAS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
rado o prazo de pagamento do seguro-desemprego e não tendo o
beneficiário adquirido direito a qualquer benefício previdenciário, Art. 24. Os programas de assistência social compreendem
poderá ser requerida a continuidade do pagamento do benefício ações integradas e complementares com objetivos, tempo e área
suspenso, sem necessidade de realização de perícia médica ou re- de abrangência definidos para qualificar, incentivar e melhorar os
avaliação da deficiência e do grau de incapacidade para esse fim, benefícios e os serviços assistenciais.
respeitado o período de revisão previsto no caput do art. 21. (In- § 1º Os programas de que trata este artigo serão definidos
cluído pela Lei nº 12.470, de 2011) pelos respectivos Conselhos de Assistência Social, obedecidos os
§ 2o A contratação de pessoa com deficiência como aprendiz objetivos e princípios que regem esta lei, com prioridade para a
não acarreta a suspensão do benefício de prestação continuada, inserção profissional e social.
limitado a 2 (dois) anos o recebimento concomitante da remune- § 2o Os programas voltados para o idoso e a integração da
ração e do benefício. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011) pessoa com deficiência serão devidamente articulados com o be-
nefício de prestação continuada estabelecido no art. 20 desta Lei.
SEÇÃO II (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
DOS BENEFÍCIOS EVENTUAIS Art. 24-A. Fica instituído o Serviço de Proteção e Atendimen-
to Integral à Família (Paif), que integra a proteção social básica e
Art. 22. Entendem-se por benefícios eventuais as provisões consiste na oferta de ações e serviços socioassistenciais de pres-
suplementares e provisórias que integram organicamente as ga- tação continuada, nos Cras, por meio do trabalho social com fa-
rantias do Suas e são prestadas aos cidadãos e às famílias em vir- mílias em situação de vulnerabilidade social, com o objetivo de
tude de nascimento, morte, situações de vulnerabilidade tempo- prevenir o rompimento dos vínculos familiares e a violência no
rária e de calamidade pública. (Redação dada pela Lei nº 12.435, âmbito de suas relações, garantindo o direito à convivência fami-
de 2011) liar e comunitária. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
Parágrafo único. Regulamento definirá as diretrizes e os pro-
cedimentos do Paif. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)

261
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 24-B. Fica instituído o Serviço de Proteção e Atendimento IV – atenda aos critérios de manutenção do benefício de
Especializado a Famílias e Indivíduos (Paefi), que integra a prote- prestação continuada, incluídos os critérios relativos à renda fa-
ção social especial e consiste no apoio, orientação e acompanha- miliar mensal per capita exigida para o acesso ao benefício, obser-
mento a famílias e indivíduos em situação de ameaça ou violação vado o disposto no § 4º deste artigo.
de direitos, articulando os serviços socioassistenciais com as di- § 1º O auxílio-inclusão poderá ainda ser concedido, nos ter-
versas políticas públicas e com órgãos do sistema de garantia de mos do inciso I do caput deste artigo, mediante requerimento e
direitos. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) sem retroatividade no pagamento, ao beneficiário:
Parágrafo único. Regulamento definirá as diretrizes e os pro- I – que tenha recebido o benefício de prestação continuada
cedimentos do Paefi. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) nos 5 (cinco) anos imediatamente anteriores ao exercício da ativi-
Art. 24-C. Fica instituído o Programa de Erradicação do Tra- dade remunerada; e
balho Infantil (Peti), de caráter intersetorial, integrante da Políti- II – que tenha tido o benefício suspenso nos termos do art.
ca Nacional de Assistência Social, que, no âmbito do Suas, com- 21-A desta Lei.
preende transferências de renda, trabalho social com famílias e § 2º O valor do auxílio-inclusão percebido por um membro da
oferta de serviços socioeducativos para crianças e adolescentes família não será considerado no cálculo da renda familiar mensal
que se encontrem em situação de trabalho. (Incluído pela Lei nº per capita de que trata o inciso IV do caput deste artigo, para fins
12.435, de 2011) de concessão e de manutenção de outro auxílio-inclusão no âm-
§ 1o O Peti tem abrangência nacional e será desenvolvido bito do mesmo grupo familiar.
de forma articulada pelos entes federados, com a participação da § 3º O valor do auxílio-inclusão e o da remuneração do be-
sociedade civil, e tem como objetivo contribuir para a retirada de neficiário do auxílio-inclusão de que trata a alínea “a” do inciso I
crianças e adolescentes com idade inferior a 16 (dezesseis) anos do caput deste artigo percebidos por um membro da família não
em situação de trabalho, ressalvada a condição de aprendiz, a par- serão considerados no cálculo da renda familiar mensal per capita
tir de 14 (quatorze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) de que tratam os §§ 3º e 11-A do art. 20 desta Lei para fins de
§ 2o As crianças e os adolescentes em situação de trabalho manutenção de benefício de prestação continuada concedido an-
deverão ser identificados e ter os seus dados inseridos no Cadas- teriormente a outra pessoa do mesmo grupo familiar.
tro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), § 4º Para fins de cálculo da renda familiar per capita de que
com a devida identificação das situações de trabalho infantil. (In- trata o inciso IV do caput deste artigo, serão desconsideradas:
cluído pela Lei nº 12.435, de 2011) I – as remunerações obtidas pelo requerente em decorrência
de exercício de atividade laboral, desde que o total recebido no
SEÇÃO V mês seja igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos; e
DOS PROJETOS DE ENFRENTAMENTO DA POBREZA II – as rendas oriundas dos rendimentos decorrentes de está-
gio supervisionado e de aprendizagem.
Art. 25. Os projetos de enfrentamento da pobreza compreen- Art. 26-B. O auxílio-inclusão será devido a partir da data do
dem a instituição de investimento econômico-social nos grupos requerimento, e o seu valor corresponderá a 50% (cinquenta por
populares, buscando subsidiar, financeira e tecnicamente, inicia- cento) do valor do benefício de prestação continuada em vigor.
tivas que lhes garantam meios, capacidade produtiva e de gestão (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência)
para melhoria das condições gerais de subsistência, elevação do § 1º Ao requerer o auxílio-inclusão, o beneficiário autorizará
padrão da qualidade de vida, a preservação do meio-ambiente e a suspensão do benefício de prestação continuada, nos termos do
sua organização social. art. 21-A desta Lei.
Art. 26. O incentivo a projetos de enfrentamento da pobre- § 2º O auxílio-inclusão será concedido automaticamente pelo
za assentar-se-á em mecanismos de articulação e de participação INSS, observado o preenchimento dos demais requisitos, median-
de diferentes áreas governamentais e em sistema de cooperação te constatação, pela própria autarquia ou pelo Ministério da Cida-
entre organismos governamentais, não governamentais e da so- dania, de acumulação do benefício de prestação continuada com
ciedade civil. o exercício de atividade remunerada. (Incluído pela Lei nº 14.441,
de 2022)
SEÇÃO VI § 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o auxílio-inclusão será
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 14.176, DE 2021) (VIGÊNCIA) devido a partir do primeiro dia da competência em que se identi-
DO AUXÍLIO-INCLUSÃO ficou a ocorrência de acumulação do benefício de prestação conti-
nuada com o exercício de atividade remunerada, e o titular deverá
Art. 26-A. Terá direito à concessão do auxílio-inclusão de que ser notificado quanto à alteração do benefício e suas consequên-
trata o art. 94 da Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto cias administrativas. (Incluído pela Lei nº 14.441, de 2022)
da Pessoa com Deficiência), a pessoa com deficiência moderada Art. 26-C. O pagamento do auxílio-inclusão não será acumu-
ou grave que, cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 14.176, de lado com o pagamento de: (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021)
2021) (Vigência) (Vigência)
I – receba o benefício de prestação continuada, de que trata I – benefício de prestação continuada de que trata o art. 20
o art. 20 desta Lei, e passe a exercer atividade: desta Lei;
a) que tenha remuneração limitada a 2 (dois) salários-míni- II – prestações a título de aposentadoria, de pensões ou de
mos; e benefícios por incapacidade pagos por qualquer regime de previ-
b) que enquadre o beneficiário como segurado obrigatório dência social; ou
do Regime Geral de Previdência Social ou como filiado a regime III – seguro-desemprego.
próprio de previdência social da União, dos Estados, do Distrito Art. 26-D. O pagamento do auxílio-inclusão cessará na hipó-
Federal ou dos Municípios; tese de o beneficiário: (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vi-
II – tenha inscrição atualizada no CadÚnico no momento do gência)
requerimento do auxílio-inclusão; I – deixar de atender aos critérios de manutenção do benefí-
III – tenha inscrição regular no CPF; e cio de prestação continuada; ou

262
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
II – deixar de atender aos critérios de concessão do auxílio- Parágrafo único. Os recursos de responsabilidade da União
-inclusão. destinados ao financiamento dos benefícios de prestação conti-
Parágrafo único. Ato do Poder Executivo federal disporá so- nuada, previstos no art. 20, poderão ser repassados pelo Ministé-
bre o procedimento de verificação dos critérios de manutenção e rio da Previdência e Assistência Social diretamente ao INSS, órgão
de revisão do auxílio-inclusão. responsável pela sua execução e manutenção. (Incluído pela Lei
Art. 26-E. O auxílio-inclusão não está sujeito a desconto de nº 9.720, de 30.11.1998)
qualquer contribuição e não gera direito a pagamento de abono Art. 30. É condição para os repasses, aos Municípios, aos Es-
anual. (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência) tados e ao Distrito Federal, dos recursos de que trata esta lei, a
Art. 26-F. Compete ao Ministério da Cidadania a gestão do efetiva instituição e funcionamento de:
auxílio-inclusão, e ao INSS a sua operacionalização e pagamento. I - Conselho de Assistência Social, de composição paritária en-
(Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência) tre governo e sociedade civil;
Art. 26-G. As despesas decorrentes do pagamento do auxílio- II - Fundo de Assistência Social, com orientação e controle dos
-inclusão correrão à conta do orçamento do Ministério da Cidada- respectivos Conselhos de Assistência Social;
nia. (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência) III - Plano de Assistência Social.
§ 1º O Poder Executivo federal compatibilizará o quantitativo Parágrafo único. É, ainda, condição para transferência de re-
de benefícios financeiros do auxílio-inclusão de que trata o art. cursos do FNAS aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
26-A desta Lei com as dotações orçamentárias existentes. a comprovação orçamentária dos recursos próprios destinados à
§ 2º O regulamento indicará o órgão do Poder Executivo res- Assistência Social, alocados em seus respectivos Fundos de Assis-
ponsável por avaliar os impactos da concessão do auxílio-inclusão tência Social, a partir do exercício de 1999. (Incluído pela Lei nº
na participação no mercado de trabalho, na redução de desigual- 9.720, de 30.11.1998)
dades e no exercício dos direitos e liberdades fundamentais das Art. 30-A. O cofinanciamento dos serviços, programas, pro-
pessoas com deficiência, nos termos do § 16 do art. 37 da Cons- jetos e benefícios eventuais, no que couber, e o aprimoramento
tituição Federal. da gestão da política de assistência social no Suas se efetuam por
Art. 26-H. No prazo de 10 (dez) anos, contado da data de meio de transferências automáticas entre os fundos de assistên-
publicação desta Seção, será promovida a revisão do auxílio-in- cia social e mediante alocação de recursos próprios nesses fundos
clusão, observado o disposto no § 2º do art. 26-G desta Lei, com nas 3 (três) esferas de governo. (Incluído pela Lei nº 12.435, de
vistas a seu aprimoramento e ampliação. (Incluído pela Lei nº 2011)
14.176, de 2021) (Vigência) Parágrafo único. As transferências automáticas de recursos
entre os fundos de assistência social efetuadas à conta do orça-
CAPÍTULO V mento da seguridade social, conforme o art. 204 da Constituição
DO FINANCIAMENTO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL Federal, caracterizam-se como despesa pública com a seguridade
social, na forma do art. 24 da Lei Complementar no 101, de 4 de
Art. 27. Fica o Fundo Nacional de Ação Comunitária (Funac), maio de 2000. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
instituído pelo Decreto nº 91.970, de 22 de novembro de 1985, Art. 30-B. Caberá ao ente federado responsável pela utiliza-
ratificado pelo Decreto Legislativo nº 66, de 18 de dezembro ção dos recursos do respectivo Fundo de Assistência Social o con-
de 1990, transformado no Fundo Nacional de Assistência Social trole e o acompanhamento dos serviços, programas, projetos e
(FNAS). benefícios, por meio dos respectivos órgãos de controle, indepen-
Art. 28. O financiamento dos benefícios, serviços, progra- dentemente de ações do órgão repassador dos recursos. (Incluído
mas e projetos estabelecidos nesta lei far-se-á com os recursos pela Lei nº 12.435, de 2011)
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, das Art. 30-C. A utilização dos recursos federais descentralizados
demais contribuições sociais previstas no art. 195 da Constituição para os fundos de assistência social dos Estados, dos Municípios
Federal, além daqueles que compõem o Fundo Nacional de Assis- e do Distrito Federal será declarada pelos entes recebedores ao
tência Social (FNAS). ente transferidor, anualmente, mediante relatório de gestão sub-
§ 1o Cabe ao órgão da Administração Pública responsável metido à apreciação do respectivo Conselho de Assistência Social,
pela coordenação da Política de Assistência Social nas 3 (três) es- que comprove a execução das ações na forma de regulamento.
feras de governo gerir o Fundo de Assistência Social, sob orien- (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
tação e controle dos respectivos Conselhos de Assistência Social. Parágrafo único. Os entes transferidores poderão requisitar
(Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) informações referentes à aplicação dos recursos oriundos do seu
§ 2º O Poder Executivo disporá, no prazo de 180 (cento e oi- fundo de assistência social, para fins de análise e acompanhamen-
tenta) dias a contar da data de publicação desta lei, sobre o re- to de sua boa e regular utilização. (Incluído pela Lei nº 12.435, de
gulamento e funcionamento do Fundo Nacional de Assistência 2011)
Social (FNAS).
§ 3o O financiamento da assistência social no Suas deve ser CAPÍTULO VI
efetuado mediante cofinanciamento dos 3 (três) entes federados, DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
devendo os recursos alocados nos fundos de assistência social ser
voltados à operacionalização, prestação, aprimoramento e viabili- Art. 31. Cabe ao Ministério Público zelar pelo efetivo respeito
zação dos serviços, programas, projetos e benefícios desta políti- aos direitos estabelecidos nesta lei.
ca. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 32. O Poder Executivo terá o prazo de 60 (sessenta) dias,
Art. 28-A (Revogado pela Lei nº 13.813, de 2019) a partir da publicação desta lei, obedecidas as normas por ela ins-
Art. 29. Os recursos de responsabilidade da União destinados tituídas, para elaborar e encaminhar projeto de lei dispondo sobre
à assistência social serão automaticamente repassados ao Fundo a extinção e reordenamento dos órgãos de assistência social do
Nacional de Assistência Social (FNAS), à medida que se forem re- Ministério do Bem-Estar Social.
alizando as receitas.

263
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 1º O projeto de que trata este artigo definirá formas de Art. 40. Com a implantação dos benefícios previstos nos arts.
transferências de benefícios, serviços, programas, projetos, pes- 20 e 22 desta lei, extinguem-se a renda mensal vitalícia, o auxílio-
soal, bens móveis e imóveis para a esfera municipal. -natalidade e o auxílio-funeral existentes no âmbito da Previdên-
§ 2º O Ministro de Estado do Bem-Estar Social indicará Co- cia Social, conforme o disposto na Lei nº 8.213, de 24 de julho de
missão encarregada de elaborar o projeto de lei de que trata este 1991.
artigo, que contará com a participação das organizações dos usu- § 1º A transferência dos benefíciários do sistema previdenci-
ários, de trabalhadores do setor e de entidades e organizações de ário para a assistência social deve ser estabelecida de forma que
assistência social. o atendimento à população não sofra solução de continuidade.
Art. 33. Decorrido o prazo de 120 (cento e vinte) dias da pro- (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 20.11.1998
mulgação desta lei, fica extinto o Conselho Nacional de Serviço § 2º É assegurado ao maior de setenta anos e ao inválido o
Social (CNSS), revogando-se, em conseqüência, os Decretos-Lei direito de requerer a renda mensal vitalícia junto ao INSS até 31
nºs 525, de 1º de julho de 1938, e 657, de 22 de julho de 1943. de dezembro de 1995, desde que atenda, alternativamente, aos
§ 1º O Poder Executivo tomará as providências necessárias requisitos estabelecidos nos incisos I, II ou III do § 1º do art. 139
para a instalação do Conselho Nacional de Assistência Social da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. (Redação dada pela Lei nº
(CNAS) e a transferência das atividades que passarão à sua com- 9.711, de 20.11.1998
petência dentro do prazo estabelecido no caput, de forma a asse- Art. 40-A. Os benefícios monetários decorrentes do disposto
gurar não haja solução de continuidade. nos arts. 22, 24-C e 25 desta Lei serão pagos preferencialmente à
§ 2º O acervo do órgão de que trata o caput será transferido, mulher responsável pela unidade familiar, quando cabível. (Incluí-
no prazo de 60 (sessenta) dias, para o Conselho Nacional de Assis- do pela Lei nº 13.014, de 2014)
tência Social (CNAS), que promoverá, mediante critérios e prazos Art. 40-B. Enquanto não estiver regulamentado o instrumen-
a serem fixados, a revisão dos processos de registro e certificado to de avaliação de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 2º da Lei nº
de entidade de fins filantrópicos das entidades e organização de 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiên-
assistência social, observado o disposto no art. 3º desta lei. cia), a concessão do benefício de prestação continuada à pessoa
Art. 34. A União continuará exercendo papel supletivo nas com deficiência ficará sujeita à avaliação do grau da deficiência e
ações de assistência social, por ela atualmente executadas dire- do impedimento de que trata o § 2º do art. 20 desta Lei, composta
tamente no âmbito dos Estados, dos Municípios e do Distrito Fe- por avaliação médica e avaliação social realizadas, respectivamen-
deral, visando à implementação do disposto nesta lei, por prazo te, pela Perícia Médica Federal e pelo serviço social do INSS, com
máximo de 12 (doze) meses, contados a partir da data da publi- a utilização de instrumentos desenvolvidos especificamente para
cação desta lei. esse fim. (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021)
Art. 35. Cabe ao órgão da Administração Pública Federal res- Parágrafo único. O INSS poderá celebrar parcerias para a re-
ponsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência alização da avaliação social, sob a supervisão do serviço social da
Social operar os benefícios de prestação continuada de que trata autarquia. (Incluído pela Lei nº 14.441, de 2022)
esta lei, podendo, para tanto, contar com o concurso de outros Art. 40-C. Os eventuais débitos do beneficiário decorrentes
órgãos do Governo Federal, na forma a ser estabelecida em re- de recebimento irregular do benefício de prestação continuada
gulamento. ou do auxílio-inclusão poderão ser consignados no valor mensal
Parágrafo único. O regulamento de que trata o caput definirá desses benefícios, nos termos do regulamento. (Incluído pela Lei
as formas de comprovação do direito ao benefício, as condições nº 14.176, de 2021)
de sua suspensão, os procedimentos em casos de curatela e tute- Art. 41. Esta lei entra em vigor na data da sua publicação.
la e o órgão de credenciamento, de pagamento e de fiscalização, Art. 42. Revogam-se as disposições em contrário.
dentre outros aspectos.
Art. 36. As entidades e organizações de assistência social que
incorrerem em irregularidades na aplicação dos recursos que lhes BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA - BPC/LOAS.
foram repassados pelos poderes públicos terão a sua vinculação DECRETO Nº 6.214/2007
ao Suas cancelada, sem prejuízo de responsabilidade civil e penal.
(Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) O Benefício de Prestação Continuada – BPC, previsto na Lei
Art. 37. O benefício de prestação continuada será devido após Orgânica da Assistência Social – LOAS, é a garantia de um salário
o cumprimento, pelo requerente, de todos os requisitos legais e mínimo por mês ao idoso com idade igual ou superior a 65 anos ou
regulamentares exigidos para a sua concessão, inclusive apresen- à pessoa com deficiência de qualquer idade. No caso da pessoa com
tação da documentação necessária, devendo o seu pagamento deficiência, esta condição tem de ser capaz de lhe causar impedi-
ser efetuado em até quarenta e cinco dias após cumpridas as exi- mentos de natureza física, mental, intelectual ou sensorial de longo
gências de que trata este artigo. (Redação dada pela Lei nº 9.720, prazo (com efeitos por pelo menos 2 anos), que a impossibilite de
de 30.11.1998) (Vide Lei nº 9.720, de 30.11.1998) participar de forma plena e efetiva na sociedade, em igualdade de
Parágrafo único. No caso de o primeiro pagamento ser feito condições com as demais pessoas.
após o prazo previsto no caput, aplicar-se-á na sua atualização o O BPC não é aposentadoria. Para ter direito a ele, não é preciso
mesmo critério adotado pelo INSS na atualização do primeiro pa- ter contribuído para o INSS. Diferente dos benefícios previdenciá-
gamento de benefício previdenciário em atraso. (Incluído pela Lei rios, o BPC não paga 13º salário e não deixa pensão por morte.
nº 9.720, de 30.11.1998) Para ter direito ao BPC, é necessário que a renda por pessoa
Art. 38. (Revogado pela Lei nº 12.435, de 2011) do grupo familiar seja igual ou menor que 1/4 do salário-mínimo.
Art. 39. O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), por Além da renda de acordo com o requisito estabelecido, as pes-
decisão da maioria absoluta de seus membros, respeitados o or- soas com deficiência também passam por avaliação médica e social
çamento da seguridade social e a disponibilidade do Fundo Nacio- no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
nal de Assistência Social (FNAS), poderá propor ao Poder Executi- O beneficiário do BPC, assim como sua família, deve estar ins-
vo a alteração dos limites de renda mensal per capita definidos no crito no Cadastro Único. Isso deve ser feito antes mesmo de o bene-
§ 3º do art. 20 e caput do art. 22. fício ser solicitado. Sem isso, ele não pode ter acesso ao BPC.

264
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O requerimento do BPC é realizado nos canais de atendimento A deficiência é entendida como uma condição que apresenta
do INSS - pelo telefone 135 (ligação gratuita de telefone fixo) ou impedimentos de longo prazo (com efeitos por pelo menos 2 anos)
pelo site ou aplicativo de celular “Meu INSS” . Pode ser feito, tam- de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que, em intera-
bém, nas Agências da Previdência Social (APS). ção com diversas barreiras, podem dificultar ou impedir a participa-
A gestão do BPC é feita pelo Ministério da Cidadania, por meio ção plena e efetiva de uma pessoa na sociedade em igualdade de
da Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS), que é respon- condições com as demais.
sável pela implementação, coordenação, regulação, financiamento, O BPC não pode ser acumulado com outro benefício da Segu-
monitoramento e avaliação do benefício. A operacionalização é rea- ridade Social (como, por exemplo, o seguro desemprego, a aposen-
lizada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). tadoria e a pensão) ou de outro regime, a não ser com a assistência
A lista de beneficiários e os pagamentos mensais do BPC estão médica, pensões especiais de natureza indenizatória e a remunera-
disponíveis para consulta por meio do Portal da Transparência, em ção do contrato de aprendizagem.
“Benefícios ao Cidadão”.
Os beneficiários do BPC também recebem descontos nas tari- Inscrição no Cadastro Único é obrigatória
fas de energia elétrica, pela Tarifa Social de Energia. A inscrição no Cadastro Único é requisito obrigatório para a
concessão do BPC. O cadastramento deve ser realizado antes do
Informe-se no CRAS: o cidadão pode procurar o CRAS (Centro requerimento do benefício aos canais de atendimento do INSS (site
de Referência de Assistência Social) mais próximo da sua residência ou aplicativo de celular “Meu INSS”) ou à Agência da Previdência
para esclarecer dúvidas sobre os critérios de acesso ao benefício e Social (APS). Também é requisito para a concessão do benefício a
sobre sua renda familiar, além de receber orientação sobre cadas- inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF do requerente e de
tramento e como solicitar o BPC. todas as pessoas da família.
Famílias já cadastradas devem verificar se o Cadastro foi atua-
Como solicitar o BPC lizado pelo menos uma vez nos últimos 2 anos. Se isso não tiver
O cidadão pode procurar o Centro de Referência de Assistência sido feito, o Cadastro deve ser atualizado antes da apresentação do
Social (CRAS) da sua cidade para receber as informações sobre o requerimento ao INSS. É importante que isso seja feito para evitar
BPC e como pode requerê-lo. Para receber o benefício, não é preci- repercussão no pagamento do BPC.
so pagar intermediários ou agenciadores. Para saber se o cadastro da família está atualizado, basta aces-
O requerimento do BPC pode ser realizado nos canais de aten- sar o “Consulta Cidadão” na internet ou o aplicativo de celular
dimento do INSS - pelo telefone 135 (ligação gratuita de telefone “Meu CadÚnico”.
fixo) ou pelo site ou aplicativo de celular “Meu INSS”. Pode ser feito,
também, nas Agências da Previdência Social (APS). Grupo familiar do BPC
Para fazer o requerimento, basta apresentar um documento de Para o BPC, considera-se família: o requerente, o cônjuge ou
identificação com foto. E não precisa ser original, são aceitas cópias companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou
simples dos documentos. Isso vale não só para o requerente, mas o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os
também para o representante legal e as outras pessoas da família. menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto.
Mas não se esqueça: assim como o requerente, todas as pessoas da Assim, a família considerada para quem solicita o BPC é forma-
família devem estar inscritas no Cadastro Único e ter CPF, inclusive da pelos seguintes membros, desde que vivam na mesma moradia:
crianças e adolescentes. - Beneficiário (Titular do BPC)
É importante mencionar que, na atualidade, o processo está - Seu cônjuge ou companheiro
mais ágil e simplificado porque os dados do requerente e de sua - Seus pais
família são extraídos diretamente do Cadastro Único. Por isso, estar - Sua madrasta ou padrasto, caso ausente o pai ou mãe (nunca
cadastrado e com os dados atualizados é fundamental. ambos)
Lembramos que, mesmo que sejam aceitas cópias simples dos - Seus irmãos solteiros
documentos do requerente do BPC, isso não impede que o INSS - Seus filhos e enteados solteiros
peça, a qualquer momento, os documentos originais. Isso pode - Menores tutelados
ocorrer nos casos em que exista previsão em lei ou alguma dúvida
sobre a veracidade dos documentos. Avaliação da Deficiência
Atualmente, o requerente pode atestar as informações de- Para a pessoa com deficiência, além da comprovação da renda,
claradas também por meio de certificação digital ou biometria. A é realizada a avaliação da deficiência, que tem como objetivo cons-
autenticação eletrônica, por certificação digital, senha pessoal ou tatar os impedimentos de longa duração que limitem a pessoa em
biometria, é válida para identificação nos canais remotos e autoa- suas tarefas diárias ou em sua participação efetiva na sociedade.
tendimento. Vale lembrar que foi mantida a coleta da impressão Essa avaliação é feita em duas etapas, uma por médicos peritos e
digital na presença de servidor do INSS nos casos em que o reque- outra por assistentes sociais do INSS, podendo ser realizadas sem
rente não seja alfabetizado ou esteja impossibilitado de assinar o seguir uma ordem, de forma a minimizar o tempo de espera do re-
requerimento. querente. As avaliações são agendadas pelo INSS ou pelo próprio
requerente do BPC (para requerimentos feitos após 22 de junho de
Principais Requisitos 2021).
Tem direito ao BPC o brasileiro, nato ou naturalizado, e as pes- A avaliação social é muito importante pois as pessoas com
soas de nacionalidade portuguesa, desde que comprovem residên- deficiência lidam não apenas com suas condições físicas, mentais,
cia no Brasil. intelectuais ou sensoriais, mas também com a interação destas no
- A renda por pessoa do grupo familiar deve ser igual ou menor contexto em que vivem. Assim, o olhar social amplia a visão médica
que ¼ do salário mínimo, podendo receber o benefício: para o requerente ou beneficiário do BPC.
- Pessoa idosa, com idade de 65 (sessenta e cinco) anos ou
mais.
- Pessoa com deficiência, de qualquer idade.

265
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Atenção: Se for comprovada a impossibilidade de deslocamen- Para cada uma das pessoas consideradas acima, devem ser so-
to da pessoa com deficiência até o local de realização da avaliação mados os rendimentos provenientes de: salários; proventos; pen-
médica e social, essas serão feitas em domicílio ou na instituição sões; pensões alimentícias; benefícios de previdência pública ou
em que a pessoa estiver internada (no caso de hospital) ou acolhida privada; seguro-desemprego; comissões; pró-labore; outros rendi-
(no caso de serviços de acolhimento, como abrigos institucionais ou mentos do trabalho não assalariado; rendimentos do mercado in-
casas-lares, por exemplo). formal ou autônomo; e rendimentos auferidos do patrimônio.

Se o agendamento para a avaliação médica e social da pessoa Devem ser consideradas as seguintes exceções:
com deficiência tiver sido feito em município diferente da cidade - Remuneração da pessoa com deficiência na condição de
do município de domicílio, o INSS deverá realizar o pagamento das aprendiz ou estagiário;
despesas com transporte e diárias do requerente. - Recursos de programas de transferência de renda, como o
Programa Bolsa Família (PBF);
Concessão do BPC - Benefícios e auxílios assistenciais eventuais e temporários;
Para saber se o BPC foi liberado, basta consultar o site ou o apli- - BPC ou benefício previdenciário no valor de até 1 salário mí-
cativo de celular “Meu INSS”. Pode-se ligar, também, para a Central nimo (apenas para concessão do BPC a outro idoso ou pessoa com
135. A ligação é de graça para telefone fixo. deficiência da mesma família).
O BPC é pago por meio de um cartão magnético que é usado
apenas para o BPC. O cartão é gratuito e o beneficiário não precisa O valor total dos rendimentos considerados, chamado de ren-
comprar nenhum serviço ou produto do banco. É possível também da bruta familiar, deve ser dividido pelo número dos integrantes da
receber o pagamento do BPC por meio de conta-corrente ou con- família, seguindo o mesmo critério citado anteriormente. Se o re-
ta-poupança. sultado for igual ou menor que ¼ do salário mínimo, o requerente
A pessoa que solicitou o benefício recebe uma carta do INSS poderá receber o BPC, desde que cumpridos os demais critérios.
informando se o BPC foi concedido ou não. A correspondência avisa Pode ser incluído o valor mensal gasto pelo idoso ou pessoa
também quando e em qual agência bancária a pessoa receberá o com deficiência com medicamentos, alimentação especial, fraldas
benefício, caso este tenha sido concedido. descartáveis e consultas, desde que tenham prescrição médica e o
Se a pessoa tiver o BPC indeferido, pode entrar com recurso requerente apresente declaração do órgão da rede pública de saú-
nos canais de atendimento do INSS em até 30 dias depois que sou- de da cidade que tais itens não são fornecidos. Tais gastos, inclusive,
be da decisão. O requerimento é indeferido pelo INSS nas seguintes podem ser informados pelo próprio requerente quando for pedir
situações: quando a renda por pessoa da família não atende aos o BPC nos canais de atendimento do INSS. Vamos detalhar isso na
requisitos de concessão do benefício, sendo desnecessária a ava- seção seguinte.
liação da deficiência; e quando não for comprovada a deficiência,
após a realização das avaliações médica e social, sendo desnecessá- Comprovação de despesas para o BPC
ria a avaliação da renda. A Portaria Conjunta MC/MTP/INSS nº 14, de 7 de outubro de
2021, trouxe algumas mudanças para o BPC.
BPC em Municípios em Situação de Calamidade Pública A primeira mudança foi a simplificação da dedução dos gastos
Os beneficiários do BPC que moram em municípios que decre- para o requerente do BPC. Com a Portaria, os gastos com tratamen-
taram situação de calamidade pública reconhecida pelo Governo tos de saúde e fraldas do idoso ou da pessoa com deficiência, por
Federal podem sacar o benefício no 1º dia do cronograma de paga- exemplo, ou com o Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas
mento, enquanto durar o estado de calamidade pública. com Deficiência e suas Famílias, da Proteção Social Especial de Mé-
Além disso, os beneficiários podem optar por receber o valor dia Complexidade do Sistema Único de Assistência Social (SUAS),
de mais uma renda mensal do benefício, diretamente no banco ou desde que sejam frequentes e não sejam fornecidos pelo Sistema
correspondente bancário em que recebem. O ressarcimento desse Único de Saúde (SUS) ou SUAS, poderão ser descontados, com base
valor extra se iniciará 3 meses após o seu recebimento, e pode ser nos valores definidos para cada categoria. Veja os quadros abaixo,
feito em até 36 parcelas, sem juros ou taxas. que detalham as categorias previstas na Portaria e o valor de refe-
rência para cada uma delas:
Como calcular a renda por pessoa da Família
Para verificar se a família do idoso ou da pessoa com deficiência
possui renda igual ou menor que ¼ do salário mínimo por pessoa,
devem ser somados todos os rendimentos recebidos no mês por
aqueles que compõem a família. Esse cálculo deve seguir os parâ-
metros que definem quem deve ser considerado parte da família e
quais rendimentos devem ser contabilizados para o BPC, conforme
a Lei Orgânica de Assistência Social.
Como família, para o BPC, devem ser consideradas as seguintes
pessoas, desde que vivam sob o mesmo teto: o requerente (pessoa
idosa ou pessoa com deficiência que pede o benefício); o cônjuge
ou companheiro; os pais e, na ausência deles, a madrasta ou o pa-
drasto; irmãos solteiros; filhos e enteados solteiros; e os menores
tutelados.

Atenção: Não deve ser considerada no cálculo a renda de pes-


soas que não possuam nenhum desses vínculos com o requerente,
mesmo que vivam sob o mesmo teto.

266
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Isso significa que, no caso dos medicamentos, o valor de des- Art. 3 o Este Decreto entra em vigor na data de sua publica-
conto para esse tipo de gasto do idoso ou da pessoa com deficiência ção.
é de R$ 45,00. Para fraldas, pode-se descontar R$ 99,00. Lembran- Art. 4 o Ficam revogados os Decretos n o s 1.744, de 8 de de-
do que todo ano esse valor será reajustado, com base no Índice zembro de 1995 , e 4.712, de 29 de maio de 2003.
Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Com esse procedimento,
a avaliação da renda familiar fica mais ágil e efetiva. ANEXO
E se os gastos forem maiores do que os valores definidos na REGULAMENTO DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA
tabela? Nesses casos, a pessoa deve apresentar os recibos das des-
pesas que tiver – dos 12 meses antes de dar entrada no pedido do CAPÍTULO I
BPC, ou, ainda, em número igual à idade do requerente (se este DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA E DO BENEFICI-
tiver menos de 1 ano de vida). ÁRIO
A segunda mudança foi a aplicação do padrão médio à avalia-
ção social. Quem é pessoa com deficiência, que pede o BPC, além Art. 1 o O Benefício de Prestação Continuada previsto no art.
da renda, passa por avaliação médica e social no INSS. Para evitar 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 , é a garantia de
uma longa espera pela concessão do benefício para essas pessoas, um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso,
adotou-se na avaliação social o padrão médio. com idade de sessenta e cinco anos ou mais, que comprovem não
A aplicação do padrão médio é excepcional. Ela foi pensada possuir meios para prover a própria manutenção e nem de tê-la
para diminuir o tempo de espera do BPC pelo requerente. O proce- provida por sua família.
dimento só será realizado se na avaliação médica for constatado o § 1º O Benefício de Prestação Continuada integra a proteção
impedimento de longo prazo, que é considerado para concessão do social básica no âmbito do Sistema Único de Assistência Social
BPC à pessoa com deficiência. - SUAS, instituído pelo Ministério do Desenvolvimento Social e
O padrão médio será aplicado APENAS aos casos de concessão Agrário, em consonância com o estabelecido pela Política Nacio-
e manutenção do BPC, ou seja, nenhum BPC que teve o padrão mé- nal de Assistência Social - PNAS. (Redação dada pelo Decreto nº
dio aplicado na avaliação social será indeferido. 8.805, de 2016) (Vigência)
A terceira – e última - mudança foi a criação de uma nova § 2 o O Benefício de Prestação Continuada é constitutivo da
modalidade de bloqueio, que permite a atuação mais diligente do PNAS e integrado às demais políticas setoriais, e visa ao enfrenta-
INSS: o bloqueio cautelar. Ele impede a movimentação do valor do mento da pobreza, à garantia da proteção social, ao provimento
benefício quando há suspeita de fraude ou irregularidade na con- de condições para atender contingências sociais e à universaliza-
cessão do BPC. Se a pessoa tiver o BPC bloqueado por esse motivo, ção dos direitos sociais, nos moldes definidos no parágrafo único
o beneficiário tem até 30 dias para fazer sua defesa. O INSS, por sua do art. 2º da Lei nº 8.742, de 1993 .
vez, tem até 30 dias para analisar a defesa do beneficiário. § 3 o A plena atenção à pessoa com deficiência e ao idoso
beneficiário do Benefício de Prestação Continuada exige que os
Nota Informativa Conjunta MC/MTP/INSS: Metodologia de gestores da assistência social mantenham ação integrada às de-
apuração das despesas médias que podem ser deduzidas da renda mais ações das políticas setoriais nacional, estaduais, municipais e
familiar para o BPC e definição do padrão médio da avaliação social. do Distrito Federal, principalmente no campo da saúde, segurança
alimentar, habitação e educação .
IMPORTANTE! Art. 2º Compete ao Ministério do Desenvolvimento Social e
A inscrição no Cadastro Único de Programas Sociais do Gover- Agrário a implementação, a coordenação-geral, a regulação, o fi-
no Federal – Cadastro Único – é obrigatória para requerentes do nanciamento, o monitoramento e a avaliação da prestação do be-
BPC, e deve incluir todas as pessoas que vivem na moradia, mesmo neficio, sem prejuízo das iniciativas compartilhadas com Estados,
aquelas que não se enquadrem no grupo familiar definido para o Distrito Federal e Municípios, em consonância com as diretrizes
cálculo da renda considerada pelo BPC. A mesma regra vale para os do SUAS e da descentralização político-administrativa, prevista no
rendimentos não considerados para o cálculo da renda. inciso I do caput do art. 204 da Constituição e no inciso I do caput
Fonte: www.gov.br do art. 5 º da Lei n º 8.742, de 1993 . (Redação dada pelo Decreto
nº 8.805, de 2016) (Vigência)
DECRETO Nº 6.214, DE 26 DE SETEMBRO DE 2007. Art. 3 o O Instituto Nacional do Seguro Social - INSS é o res-
ponsável pela operacionalização do Benefício de Prestação Conti-
Regulamenta o benefício de prestação continuada da assis- nuada, nos termos deste Regulamento.
tência social devido à pessoa com deficiência e ao idoso de que Art. 4 o Para os fins do reconhecimento do direito ao benefí-
trata a Lei n o 8.742, de 7 de dezembro de 1993, e a Lei nº 10.741, cio, considera-se:
de 1º de outubro de 2003 , acresce parágrafo ao art. 162 do De- I - idoso: aquele com idade de sessenta e cinco anos ou mais;
creto n o 3.048, de 6 de maio de 1999, e dá outras providências. II - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de
longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua
confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de con-
disposto no art. 20 da Lei n o 8.742, de 7 de dezembro de 1993, e dições com as demais pessoas; (Redação dada pelo Decreto nº
no art. 34 da Lei n o 10.741, de 1 o de outubro de 2003, 7.617, de 2011)
DECRETA: III - incapacidade: fenômeno multidimensional que abrange
limitação do desempenho de atividade e restrição da participa-
Art. 1 o Fica aprovado, na forma do Anexo deste Decreto, o ção, com redução efetiva e acentuada da capacidade de inclusão
Regulamento do Benefício de Prestação Continuada instituído social, em correspondência à interação entre a pessoa com defici-
pelo art. 20 da Lei n o 8.742, de 7 de dezembro de 1993. ência e seu ambiente físico e social;
Art. 2 o (Revogado pelo Decreto nº 10.554, de 2020) (Vigên-
cia)“

267
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
IV - família incapaz de prover a manutenção da pessoa com de 8 de maio de 2013 , desde que comprovem, em qualquer dos
deficiência ou do idoso: aquela cuja renda mensal bruta familiar casos, residência no Brasil e atendam a todos os demais critérios
dividida pelo número de seus integrantes seja inferior a um quar- estabelecidos neste Regulamento. (Redação dada pelo Decreto nº
to do salário mínimo; 8.805, de 2016) (Vigência)
V - família para cálculo da renda per capita : conjunto de
pessoas composto pelo requerente, o cônjuge, o companheiro, a CAPÍTULO II
companheira, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou DA HABILITAÇÃO, DA CONCESSÃO, DA MANUTENÇÃO, DA
o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os REPRESENTAÇÃO E DO INDEFERIMENTO
menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto; e (Reda-
ção dada pelo Decreto nº 7.617, de 2011) SEÇÃO I
VI - renda mensal bruta familiar: a soma dos rendimentos bru- DA HABILITAÇÃO E DA CONCESSÃO
tos auferidos mensalmente pelos membros da família composta
por salários, proventos, pensões, pensões alimentícias, benefícios Art. 8 o Para fazer jus ao Benefício de Prestação Continuada,
de previdência pública ou privada, seguro-desemprego, comis- o idoso deverá comprovar:
sões, pro-labore , outros rendimentos do trabalho não assalaria- I - contar com sessenta e cinco anos de idade ou mais;
do, rendimentos do mercado informal ou autônomo, rendimentos II - renda mensal bruta familiar, dividida pelo número de seus
auferidos do patrimônio, Renda Mensal Vitalícia e Benefício de integrantes, inferior a um quarto do salário mínimo; e
Prestação Continuada, ressalvado o disposto no parágrafo único III - não possuir outro benefício no âmbito da Seguridade So-
do art. 19. (Redação dada pelo Decreto nº 7.617, de 2011) cial ou de outro regime, inclusive o seguro-desemprego, salvo o
§ 1 o Para fins de reconhecimento do direito ao Benefício de de assistência médica e a pensão especial de natureza indenizató-
Prestação Continuada às crianças e adolescentes menores de de- ria, observado o disposto no inciso VI do caput e no § 2 o do art. 4
zesseis anos de idade, deve ser avaliada a existência da deficiência o . (Redação dada pelo Decreto nº 7.617, de 2011)
e o seu impacto na limitação do desempenho de atividade e res- Parágrafo único. A comprovação da condição prevista no inci-
trição da participação social, compatível com a idade. (Redação so III poderá ser feita mediante declaração do idoso ou, no caso de
dada pelo Decreto nº 7.617, de 2011) sua incapacidade para os atos da vida civil, do seu curador.
§ 2 o Para fins do disposto no inciso VI do caput , não serão Art. 9 o Para fazer jus ao Benefício de Prestação Continuada,
computados como renda mensal bruta familiar: (Redação dada a pessoa com deficiência deverá comprovar:
pelo Decreto nº 7.617, de 2011) I - a existência de impedimentos de longo prazo de natureza
I - benefícios e auxílios assistenciais de natureza eventual e física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com
temporária; (Incluído pelo Decreto nº 7.617, de 2011) diversas barreiras, obstruam sua participação plena e efetiva na
II - valores oriundos de programas sociais de transferência de sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas, na
renda; (Incluído pelo Decreto nº 7.617, de 2011) forma prevista neste Regulamento; (Redação dada pelo Decreto
III- bolsas de estágio supervisionado; (Redação dada pelo De- nº 7.617, de 2011)
creto nº 8.805, de 2016) (Vigência) II - renda mensal bruta familiar do requerente, dividida pelo
IV - pensão especial de natureza indenizatória e benefícios de número de seus integrantes, inferior a um quarto do salário mí-
assistência médica, conforme disposto no art. 5 o ; (Incluído pelo nimo; e
Decreto nº 7.617, de 2011) III - por meio de declaração, que não recebe outro benefício
V - rendas de natureza eventual ou sazonal, a serem regu- no âmbito da Seguridade Social ou de outro regime, inclusive o
lamentadas em ato conjunto do Ministério do Desenvolvimento seguro-desemprego, exceto o de assistência médica e a pensão
Social e Combate à Fome e do INSS; e (Incluído pelo Decreto nº especial de natureza indenizatória. (Redação dada pelo Decreto
7.617, de 2011) nº 8.805, de 2016) (Vigência)
VI - rendimentos decorrentes de contrato de aprendizagem. Parágrafo único. A comprovação da condição prevista no in-
(Redação dada pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vigência) ciso III poderá ser feita mediante declaração da pessoa com defi-
§ 3 o Considera-se impedimento de longo prazo aquele que ciência ou, no caso de sua incapacidade para os atos da vida civil,
produza efeitos pelo prazo mínimo de dois anos. (Redação dada do seu curador ou tutor.
pelo Decreto nº 7.617, de 2011) (Revogado pelo Decreto nº 9.462, de 2018)
Art. 5º O beneficiário não pode acumular o Benefício de Pres- (Revogado pelo Decreto nº 9.462, de 2018)
tação Continuada com outro benefício no âmbito da Seguridade (Revogado pelo Decreto nº 9.462, de 2018)
Social ou de outro regime, inclusive o seguro-desemprego, res- (Revogado pelo Decreto nº 9.462, de 2018)
salvados o de assistência médica e a pensão especial de nature- (Revogado pelo Decreto nº 9.462, de 2018)
za indenizatória. (Redação dada pelo Decreto nº 8.805, de 2016) Art. 10. A pessoa com deficiência e o idoso deverão informar
(Vigência) o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas - CPF e apre-
Parágrafo único. A acumulação do benefício com a remunera- sentar documento com foto reconhecido por lei como prova de
ção advinda do contrato de aprendizagem pela pessoa com defi- identidade do requerente. (Redação dada pelo Decreto nº 9.462,
ciência é limitada ao prazo máximo de dois anos. (Redação dada de 2018)
pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vigência) Parágrafo único. As crianças e os adolescentes menores de
Art. 6 o A condição de acolhimento em instituições de longa dezesseis anos poderão apresentar apenas a certidão de nasci-
permanência, como abrigo, hospital ou instituição congênere não mento para fins da identificação de que trata o caput . (Incluído
prejudica o direito do idoso ou da pessoa com deficiência ao Be- pelo Decreto nº 9.462, de 2018)
nefício de Prestação Continuada. (Redação dada pelo Decreto nº Art. 11. Para fins de identificação da pessoa com deficiência
7.617, de 2011) e do idoso e de comprovação da idade do idoso, no caso de bra-
Art. 7º O Benefício de Prestação Continuada é devido ao bra- sileiro naturalizado, deverão ser apresentados os seguintes docu-
sileiro, nato ou naturalizado, e às pessoas de nacionalidade por- mentos:
tuguesa, em consonância com o disposto no Decreto n º 7.999, I - título declaratório de nacionalidade brasileira; e

268
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
II - carteira de identidade ou carteira de trabalho e previdên- § 8 o Entende-se por relação de proximidade, para fins do dis-
cia social. posto no § 6 o , aquela que se estabelece entre o requerente em
Art. 12. São requisitos para a concessão, a manutenção e a situação de rua e as pessoas indicadas pelo próprio requerente
revisão do benefício as inscrições no Cadastro de Pessoas Físicas como pertencentes ao seu ciclo de convívio que podem facilmen-
- CPF e no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Fe- te localizá-lo. (Incluído pelo Decreto nº 6.564, de 2008)
deral - CadÚnico. (Redação dada pelo Decreto nº 8.805, de 2016) Art. 14. O Benefício de Prestação Continuada poderá ser re-
(Vigência) querido por meio dos canais de atendimento do INSS ou nos ór-
§ 1º O beneficiário que não realizar a inscrição ou atualização gãos autorizados para este fim. (Redação dada pelo Decreto nº
no CadÚnico terá seu benefício suspenso após encerrado o prazo 9.462, de 2018)
estabelecido na legislação. (Redação dada pelo Decreto nº 9.462, § 1º Os formulários utilizados para o requerimento do benefí-
de 2018) cio serão disponibilizados, por meio dos sítios eletrônicos: (Incluí-
§ 2º O benefício será concedido ou mantido apenas quando do pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vigência)
o CadÚnico estiver atualizado e válido, de acordo com o disposto I - do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário; (Incluí-
no Decreto nº 6.135, de 26 de junho de 2007 . (Redação dada pelo do pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vigência)
Decreto nº 9.462, de 2018) II - do INSS; ou (Incluído pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vi-
Art. 13. As informações para o cálculo da renda familiar men- gência)
sal per capita serão declaradas no momento da inscrição da fa- III - dos órgãos autorizados pelo Ministério do Desenvolvi-
mília do requerente no CadÚnico, ficando o declarante sujeito às mento Social e Agrário ou pelo INSS. (Incluído pelo Decreto nº
penas previstas em lei no caso de omissão de informação ou de 8.805, de 2016) (Vigência)
declaração falsa. (Redação dada pelo Decreto nº 8.805, de 2016) § 2º Os formulários a que se refere o § 1 º deverão ser dispo-
(Vigência) nibilizados de forma acessível, nos termos estabelecidos pelo De-
§ 1 º As informações de que trata o caput serão declaradas creto n º 5.296, de 2 de dezembro de 2004 . (Incluído pelo Decreto
em conformidade com o disposto no Decreto n º 6.135, de 26 de nº 8.805, de 2016) (Vigência)
junho de 2007 . (Redação dada pelo Decreto nº 8.805, de 2016) Art. 15. A concessão do benefício dependerá da prévia inscri-
(Vigência) ção do interessado no CPF e no CadÚnico, este último atualizado
§ 2 º Por ocasião do requerimento do benefício, conforme dis- e válido, de acordo com os prazos estabelecidos no Decreto nº
posto no § 1 º do art. 15, o requerente ratificará as informações 6.135, de 2007 . (Redação dada pelo Decreto nº 9.462, de 2018)
declaradas no CadÚnico, ficando sujeito às penas previstas em lei § 1º O requerimento do benefício deverá ser realizado por
no caso de omissão de informação ou de declaração falsa. (Reda- meio dos canais de atendimento da Previdência Social ou de ou-
ção dada pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vigência) tros canais definidos em ato do Ministro de Estado do Desenvol-
§ 3 º Na análise do requerimento do benefício, o INSS con- vimento Social. (Redação dada pelo Decreto nº 9.462, de 2018)
frontará as informações do CadÚnico, referentes à renda, com § 2 o Na hipótese de não ser o requerente alfabetizado ou de
outros cadastros ou bases de dados de órgãos da administração estar impossibilitado para assinar o pedido, será admitida a apo-
pública disponíveis, prevalecendo as informações que indiquem sição da impressão digital na presença de funcionário do órgão
maior renda se comparadas àquelas declaradas no CadÚnico. (Re- recebedor do requerimento.
dação dada pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vigência) § 3 o A existência de formulário próprio não impedirá que seja
§ 4 o Compete ao INSS e aos órgãos autorizados pelo Minis- aceito qualquer requerimento pleiteando o beneficio, desde que
tério do Desenvolvimento Social e Agrário, quando necessário, nele constem os dados imprescindíveis ao seu processamento.
verificar junto a outras instituições, inclusive de previdência, a § 4 o A apresentação de documentação incompleta não cons-
existência de benefício ou de renda em nome do requerente ou titui motivo de recusa liminar do requerimento do benefício.
beneficiário e dos integrantes da família. (Redação dada pelo De- § 5 º Na hipótese de ser verificado que a renda familiar men-
creto nº 8.805, de 2016) (Vigência) sal per capita não atende aos requisitos de concessão do benefí-
§ 5 º Na hipótese de as informações do CadÚnico serem insu- cio, o pedido deverá ser indeferido pelo INSS, sendo desnecessá-
ficientes para a análise conclusiva do benefício, o INSS: (Redação ria a avaliação da deficiência. (Incluído pelo Decreto nº 8.805, de
dada pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vigência) 2016) (Vigência)
I - comunicará o interessado, o qual deverá atualizar seu ca- Art. 16. A concessão do benefício à pessoa com deficiência
dastro junto ao órgão local responsável pelo CadÚnico no prazo ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de impedimento,
de trinta dias; (Incluído pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vigência) com base nos princípios da Classificação Internacional de Funcio-
II - concluirá a análise após decorrido o prazo de que trata nalidades, Incapacidade e Saúde - CIF, estabelecida pela Resolu-
o inciso I; e (Incluído pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vigência) ção da Organização Mundial da Saúde n o 54.21, aprovada pela 54
III - no caso de o cadastro não ser atualizado no prazo de que a Assembleia Mundial da Saúde, em 22 de maio de 2001. (Reda-
trata o inciso I, indeferirá a solicitação para receber o benefício. ção dada pelo Decreto nº 7.617, de 2011)
(Incluído pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vigência) § 1 o A avaliação da deficiência e do grau de impedimento
§ 6 o Quando o requerente for pessoa em situação de rua será realizada por meio de avaliação social e avaliação médica.
deve ser adotado, como referência, o endereço do serviço da rede (Redação dada pelo Decreto nº 7.617, de 2011)
sócioassistencial pelo qual esteja sendo acompanhado, ou, na fal- § 2 o A avaliação social considerará os fatores ambientais, so-
ta deste, de pessoas com as quais mantém relação de proximida- ciais e pessoais, a avaliação médica considerará as deficiências nas
de. funções e nas estruturas do corpo, e ambas considerarão a limi-
§ 7 o Será considerado família do requerente em situação de tação do desempenho de atividades e a restrição da participação
rua as pessoas elencadas no inciso V do art. 4 o , desde que convi- social, segundo suas especificidades. (Redação dada pelo Decreto
vam com o requerente na mesma situação, devendo, neste caso, nº 7.617, de 2011)
ser relacionadas na Declaração da Composição e Renda Familiar. § 3º As avaliações de que trata o § 1 º serão realizadas, res-
pectivamente, pelo serviço social e pela perícia médica do INSS,
por meio de instrumentos desenvolvidos especificamente para

269
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
este fim, instituídos por ato conjunto do Ministro de Estado do § 3 o Caso o requerente ou beneficiário esteja impossibilitado
Desenvolvimento Social e Agrário e do Presidente do INSS. (Reda- de se apresentar no local de realização da avaliação da deficiência
ção dada pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vigência) e do grau de impedimento a que se refere o caput , os profissio-
§ 4 º O Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário e o nais deverão deslocar-se até o interessado. (Redação dada pelo
INSS garantirão as condições necessárias para a realização da ava- Decreto nº 7.617, de 2011)
liação social e da avaliação médica necessárias ao Benefício de Art. 18. A concessão do Benefício de Prestação Continuada
Prestação Continuada. (Redação dada pelo Decreto nº 8.805, de independe da interdição judicial do idoso ou da pessoa com de-
2016) (Vigência) ficiência.
§ 5 o A avaliação da deficiência e do grau de impedimento Art. 19. O Benefício de Prestação Continuada será devido a
tem por objetivo: (Incluído pelo Decreto nº 7.617, de 2011) mais de um membro da mesma família enquanto atendidos os
I - comprovar a existência de impedimentos de longo prazo de requisitos exigidos neste Regulamento.
natureza física, mental, intelectual ou sensorial; e (Incluído pelo Parágrafo único. O valor do Benefício de Prestação Continu-
Decreto nº 7.617, de 2011) ada concedido a idoso não será computado no cálculo da renda
II - aferir o grau de restrição para a participação plena e efe- mensal bruta familiar a que se refere o inciso VI do art. 4 o , para
tiva da pessoa com deficiência na sociedade, decorrente da inte- fins de concessão do Benefício de Prestação Continuada a outro
ração dos impedimentos a que se refere o inciso I com barreiras idoso da mesma família.
diversas. (Incluído pelo Decreto nº 7.617, de 2011) Art. 20. O Benefício de Prestação Continuada será devido com
§ 6º Na hipótese de não ser possível prever a duração dos o cumprimento de todos os requisitos legais e regulamentares
impedimentos a que se refere o inciso I do § 5º, mas existir a pos- exigidos para a sua concessão, devendo o seu pagamento ser efe-
sibilidade de que se estendam por longo prazo, o benefício poderá tuado em até quarenta e cinco dias após cumpridas as exigências.
ser concedido, conforme o disposto em ato do Ministro de Estado Parágrafo único. Para fins de atualização dos valores pagos
do Desenvolvimento Social. (Redação dada pelo Decreto nº 9.462, em atraso, serão aplicados os mesmos critérios adotados pela le-
de 2018) gislação previdenciária. (Redação dada pelo Decreto nº 7.617, de
§ 7º Na hipótese do benefício concedido nos termos do dis- 2011)
posto no § 6º, os beneficiários deverão ser prioritariamente sub- Art. 21. Fica o INSS obrigado a emitir e enviar ao requerente
metidos a novas avaliações da deficiência, observado o intervalo o aviso de concessão ou de indeferimento do benefício, e, neste
máximo de dois anos. (Redação dada pelo Decreto nº 9.462, de caso, com indicação do motivo.
2018)
§ 8 º A avaliação da deficiência e do grau de impedimento SEÇÃO II
observará os instrumentos de que trata o § 2º do art. 2º da Lei nº DA MANUTENÇÃO E DA REPRESENTAÇÃO
13.146, de 6 de julho de 2015 , a partir de sua criação, permitin-
do inclusive que outras políticas para pessoas com deficiência se Art. 22. O Benefício de Prestação Continuada não está sujeito
beneficiem das informações. (Incluído pelo Decreto nº 8.805, de a desconto de qualquer contribuição e não gera direito ao paga-
2016) (Vigência) mento de abono anual.
§ 9 º Sem prejuízo do compartilhamento das informações de Art. 23. O Benefício de Prestação Continuada é intransferível,
que trata o § 8 º , o acesso à avaliação da deficiência e do grau de não gerando direito à pensão por morte aos herdeiros ou suces-
impedimento, com a finalidade de permitir que outras políticas sores.
para pessoas com deficiência dela se beneficiem, dependerá de Parágrafo único. O valor do resíduo não recebido em vida
prévio consentimento do titular da informação. (Incluído pelo De- pelo beneficiário será pago aos seus herdeiros ou sucessores, na
creto nº 8.805, de 2016) (Vigência) forma da lei civil.
§ 10. O consentimento de acesso à avaliação poderá ser ma- Art. 24. O desenvolvimento das capacidades cognitivas, mo-
nifestado no momento da prestação das referidas informações ou toras ou educacionais e a realização de atividades não remunera-
quando do requerimento de acesso à política pública. (Incluído das de habilitação e reabilitação, dentre outras, não constituem
pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vigência) motivo de suspensão ou cessação do benefício da pessoa com
§ 11. Ato do Ministro de Estado do Desenvolvimento Social deficiência.
estabelecerá diretrizes para o escalonamento, a priorização e os Art. 25. A cessação do Benefício de Prestação Continuada
casos que serão dispensados das reavaliações em razão da defici- concedido à pessoa com deficiência, inclusive em razão do seu
ência constatada. (Incluído pelo Decreto nº 9.462, de 2018) ingresso no mercado de trabalho, não impede nova concessão do
Art. 17. Na hipótese de não existirem serviços pertinentes benefício desde que atendidos os requisitos exigidos neste Decre-
para avaliação da deficiência e do grau de impedimento no mu- to.
nicípio de residência do requerente ou beneficiário, fica asse- Art. 26. O benefício será pago pela rede bancária autorizada
gurado o seu encaminhamento ao município mais próximo que e, nas localidades onde não houver estabelecimento bancário, o
contar com tal estrutura, devendo o INSS realizar o pagamento pagamento será efetuado por órgãos autorizados pelo INSS.
das despesas de transporte e diárias com recursos oriundos do Art. 27. O pagamento do Benefício de Prestação Continuada
Fundo Nacional de Assistência Social. (Redação dada pelo Decreto poderá ser antecipado excepcionalmente, na hipótese prevista no
nº 7.617, de 2011) § 1 o do art. 169 do Decreto n o 3.048, de 6 de maio de 1999 .
§ 1 o Caso o requerente ou beneficiário necessite de acompa- (Redação dada pelo Decreto nº 7.617, de 2011)
nhante, a viagem deste deverá ser autorizada pelo INSS, aplican- Art. 28. O benefício será pago diretamente ao beneficiário ou
do-se o disposto no caput . ao procurador, tutor ou curador.
§ 2 o O valor da diária paga ao requerente ou beneficiário § 1 o O instrumento de procuração poderá ser outorgado em
e seu acompanhante será igual ao valor da diária concedida aos formulário próprio do INSS, mediante comprovação do motivo da
beneficiários do Regime Geral de Previdência Social. ausência do beneficiário, e sua validade deverá ser renovada a
cada doze meses.

270
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 2 º O procurador, o tutor ou o curador do beneficiário de- Art. 35-A. O beneficiário, ou seu representante legal, deve in-
verá firmar, perante o INSS ou outros órgãos autorizados pelo Mi- formar ao INSS alterações dos dados cadastrais correspondentes à
nistério do Desenvolvimento Social e Agrário, termo de responsa- mudança de nome, endereço e estado civil, a fruição de qualquer
bilidade mediante o qual se comprometa a comunicar qualquer benefício no âmbito da Seguridade Social ou de outro regime, a
evento que possa anular a procuração, a tutela ou a curatela, sua admissão em emprego ou a percepção de renda de qualquer
principalmente o óbito do outorgante, sob pena de incorrer nas natureza elencada no inciso VI do caput do art. 4 o . (Incluído pelo
sanções criminais e civis cabíveis. (Redação dada pelo Decreto nº Decreto nº 7.617, de 2011)
8.805, de 2016) (Vigência) Parágrafo único. O INSS deverá ser informado pelo represen-
Art. 29. Na hipótese de haver indícios de inidoneidade acerca tante legal ou pelo procurador sobre a propositura de ação ju-
do instrumento de procuração apresentado para o recebimento dicial relativa à ausência ou à morte presumida do beneficiário.
do Benefício de Prestação Continuada ou do procurador, tanto o (Incluído pelo Decreto nº 9.462, de 2018)
INSS quanto qualquer um dos órgãos autorizados pelo Ministério
do Desenvolvimento Social e Agrário poderão recusá-los, sem pre- SEÇÃO III
juízo das providências que se fizerem necessárias para a apuração DO INDEFERIMENTO
da responsabilidade e para a aplicação das sanções criminais e
civis cabíveis. (Redação dada pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vi- Art. 36. O não atendimento das exigências contidas neste Re-
gência) gulamento pelo requerente ensejará o indeferimento do benefí-
Art. 30. Para fins de recebimento do Benefício de Prestação cio.
Continuada, é aceita a constituição de procurador com mais de § 1 o Do indeferimento do benefício caberá recurso à Junta de
um instrumento de procuração, nos casos de beneficiários repre- Recursos do Conselho de Recursos da Previdência Social, no prazo
sentados por parentes de primeiro grau e nos casos de beneficiá- de trinta dias, a contar do recebimento da comunicação.
rios representados por dirigentes de instituições nas quais se en- § 2 o A situação prevista no art. 24 também não constitui mo-
contrem acolhidos, sendo admitido também, neste último caso, o tivo para o indeferimento do benefício.
instrumento de procuração coletiva. (Redação dada pelo Decreto
nº 7.617, de 2011) CAPÍTULO III
Art. 31. Não poderão ser procuradores: DA GESTÃO
I - o servidor público civil e o militar em atividade, salvo se
parentes do beneficiário até o segundo grau; e Art. 37. Constituem garantias do SUAS o acompanhamento
II - o incapaz para os atos da vida civil, ressalvado o disposto do beneficiário e de sua família, e a inserção destes à rede de ser-
no art. 666 do Código Civil . viços socioassistenciais e de outras políticas setoriais.
Parágrafo único. Nas demais disposições relativas à procura- § 1 o O acompanhamento do beneficiário e de sua família
ção observar-se-á, subsidiariamente, o Código Civil. visa a favorecer-lhes a obtenção de aquisições materiais, sociais,
Art. 32. No caso de transferência do beneficiário de uma lo- socieducativas, socioculturais para suprir as necessidades de sub-
calidade para outra, o procurador fica obrigado a apresentar novo sistência, desenvolver capacidades e talentos para a convivência
instrumento de mandato na localidade de destino. familiar e comunitária, o protagonismo e a autonomia.
Art. 33. A procuração perderá a validade ou eficácia nos se- § 2 o Para fins de cumprimento do disposto no caput , o acom-
guintes casos: panhamento deverá abranger as pessoas que vivem sob o mesmo
I - quando o outorgante passar a receber pessoalmente o be- teto com o beneficiário e que com este mantém vínculo parental,
nefício, declarando, por escrito que cancela a procuração existen- conjugal, genético ou de afinidade.
te; § 3 º Para o cumprimento do disposto no caput e para subsi-
II - quando for constituído novo procurador; diar os processos de concessão e de revisão bienal do benefício,
III - pela expiração do prazo fixado ou pelo cumprimento ou os beneficiários e suas famílias deverão ser cadastrados no CadÚ-
extinção da finalidade outorgada; nico, observada a legislação aplicável. (Redação dada pelo Decre-
IV - por morte do outorgante ou do procurador; to nº 8.805, de 2016) (Vigência)
V - por interdição de uma das partes; ou Art. 38. Compete ao Ministério do Desenvolvimento Social e
VI - por renúncia do procurador, desde que por escrito. Agrário, sem prejuízo do previsto no art. 2 º : (Redação dada pelo
Art. 34. Não podem outorgar procuração o menor de dezoito Decreto nº 8.805, de 2016) (Vigência)
anos, exceto se assistido ou emancipado após os dezesseis anos, I - acompanhar os beneficiários do Benefício de Prestação
e o incapaz para os atos da vida civil que deverá ser representado Continuada no âmbito do SUAS, em articulação com o Distrito
por seu representante legal, tutor ou curador. Federal, Municípios e, no que couber, com os Estados, visando a
Art. 35. O beneficio devido ao beneficiário incapaz será pago inseri-los nos programas e serviços da assistência social e demais
ao cônjuge, pai, mãe, tutor ou curador, admitindo-se, na sua falta, políticas, em conformidade com o art. 11 da Lei nº 8.742, de 1993
e por período não superior a seis meses, o pagamento a herdeiro ;
necessário, mediante termo de compromisso firmado no ato do II - considerar a participação dos órgãos gestores de assistên-
recebimento. cia social nas ações de monitoramento e avaliação do Benefício de
§ 1 o O período a que se refere o caput poderá ser prorrogado Prestação Continuada, bem como de acompanhamento de seus
por iguais períodos, desde que comprovado o andamento do pro- beneficiários, como critério de habilitação dos municípios e Distri-
cesso legal de tutela ou curatela. to Federal a um nível de gestão mais elevado no âmbito do SUAS;
§ 2 o O tutor ou curador poderá outorgar procuração a ter- III - manter e coordenar o Programa Nacional de Monitora-
ceiro com poderes para receber o benefício e, nesta hipótese, mento e Avaliação do Benefício de Prestação Continuada, insti-
obrigatoriamente, a procuração será outorgada mediante instru- tuído na forma do art. 41, com produção de dados e análise de
mento público. resultados do impacto do Benefício de Prestação Continuada na
§ 3 o A procuração não isenta o tutor ou curador da condição vida dos beneficiários, em conformidade com o disposto no art.
original de mandatário titular da tutela ou curatela. 24 da Lei nº 8.742, de 1993 ;

271
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
IV - destinar recursos do Fundo Nacional de Assistência So- X - instituir, em conjunto com o Ministério do Desenvolvimen-
cial para pagamento, operacionalização, gestão, informatização, to Social e Agrário, formulários e documentos necessários à ope-
pesquisa, monitoramento e avaliação do Benefício de Prestação racionalização do Benefício de Prestação Continuada; e (Redação
Continuada; dada pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vigência)
V - descentralizar recursos do orçamento do Fundo Nacio- XI - apresentar ao Ministério do Desenvolvimento Social e
nal de Assistência Social ao INSS para as despesas de pagamen- Agrário relatórios periódicos das atividades desenvolvidas na ope-
to, operacionalização, sistemas de informação, monitoramento e racionalização do Benefício de Prestação Continuada e na execu-
avaliação do Benefício de Prestação Continuada; ção orçamentária e financeira dos recursos descentralizados. (Re-
VI - fornecer subsídios para a formação de profissionais en- dação dada pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vigência)
volvidos nos processos de concessão, manutenção e revisão dos Parágrafo único. A análise das defesas a que se refere o inci-
benefícios, e no acompanhamento de seus beneficiários, visando so VI do caput deve observar o disposto no Capítulo XI da Lei nº
à facilidade de acesso e bem-estar dos usuários desses serviços. 9.784, de 29 de janeiro de 1999 . (Incluído pelo Decreto nº 9.462,
VII - articular políticas intersetoriais, intergovernamentais e de 2018)
interinstitucionais que afiancem a completude de atenção às pes- Art. 40. Compete aos órgãos gestores da assistência social
soas com deficiência e aos idosos, atendendo ao disposto no § 2º dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de acordo com
do art. 24 da Lei nº 8.742, de 1993 ; (Redação dada pelo Decreto o disposto no § 2º do art. 24 da Lei nº 8.742, de 1993 , promo-
nº 8.805, de 2016) (Vigência) ver ações que assegurem a articulação do Benefício de Prestação
VIII - atuar junto a outros órgãos, nas três esferas de governo, Continuada com os programas voltados ao idoso e à inclusão da
com vistas ao aperfeiçoamento da gestão do Benefício de Presta- pessoa com deficiência.
ção Continuada; e (Redação dada pelo Decreto nº 8.805, de 2016)
(Vigência) CAPÍTULO IV
IX - garantir as condições necessárias para inclusão e atua- DO MONITORAMENTO E DA AVALIAÇÃO
lização dos dados do requerente e do beneficiário no CadÚnico.
(Incluído pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vigência) Art. 41. Fica instituído o Programa Nacional de Monitora-
Art. 39. Compete ao INSS, na operacionalização do Benefício mento e Avaliação do Benefício de Prestação Continuada da As-
de Prestação Continuada: sistência Social, que será mantido e coordenado pelo Ministério
I - receber os requerimentos, conceder, manter, revisar, sus- do Desenvolvimento Social e Agrário, em parceria com o INSS, os
pender ou fazer cessar o benefício, atuar nas contestações, desen- Estados, o Distrito Federal e os Municípios, como parte da dinâ-
volver ações necessárias ao ressarcimento do benefício e partici- mica do SUAS. (Redação dada pelo Decreto nº 8.805, de 2016)
par de seu monitoramento e avaliação; (Vigência)
II - realizar, periodicamente, cruzamentos de informações, § 1 o O Programa Nacional de Monitoramento e Avaliação do
utilizando o registro de informações do CadÚnico e de outros ca- Benefício de Prestação Continuada, baseado em um conjunto de
dastros, de benefícios previdenciários e de emprego e renda em indicadores e de seus respectivos índices, compreende:
nome do requerente ou beneficiário e dos integrantes do grupo I - o monitoramento da incidência dos beneficiários e dos re-
familiar; (Redação dada pelo Decreto nº 9.462, de 2018) querentes por município brasileiro e no Distrito Federal;
III - realizar a avaliação médica e social da pessoa com defi- II - o tratamento do conjunto dos beneficiários como uma
ciência, de acordo com as normas a serem disciplinadas em atos população com graus de risco e vulnerabilidade social variados,
específicos; estratificada a partir das características do ciclo de vida do reque-
IV - realizar o pagamento de transporte e diária do requerente rente, sua família e da região onde vive;
ou beneficiários e seu acompanhante, com recursos oriundos do III - o desenvolvimento de estudos intersetoriais que carac-
FNAS, nos casos previstos no art. 17. terizem comportamentos da população beneficiária por análises
V - enviar comunicações aos beneficiários, aos seus represen- geo-demográficas, índices de mortalidade, morbidade, entre ou-
tantes legais ou aos seus procuradores; (Redação dada pelo De- tros, nos quais se inclui a tipologia das famílias dos beneficiários e
creto nº 9.462, de 2018) das instituições em que eventualmente viva ou conviva;
VI - analisar defesas, receber recursos pelo indeferimento e IV - a instituição e manutenção de banco de dados sobre os
suspensão do benefício, instruir e encaminhar os processos à Jun- processos desenvolvidos pelos gestores dos estados, do Distrito
ta de Recursos; Federal e dos municípios para inclusão do beneficiário ao SUAS e
VII - efetuar o repasse de recursos para pagamento do be- demais políticas setoriais;
nefício junto à rede bancária autorizada ou entidade conveniada; V - a promoção de estudos e pesquisas sobre os critérios de
VIII- participar, em conjunto com o Ministério do Desenvolvi- acesso, implementação do Benefício de Prestação Continuada e
mento Social e Agrário, da instituição de sistema de informação e impacto do benefício na redução da pobreza e das desigualdades
de alimentação de bancos de dados sobre a concessão, o indefe- sociais;
rimento, a manutenção, a suspensão, a cessação, o ressarcimento VI - a organização e manutenção de um sistema de informa-
e a revisão do Benefício de Prestação Continuada, além de gerar ções sobre o Benefício de Prestação Continuada, com vistas ao
relatórios gerenciais e subsidiar a atuação dos demais órgãos no planejamento, desenvolvimento e avaliação das ações; e
acompanhamento do beneficiário e na defesa de seus direitos; VII - a realização de estudos longitudinais dos beneficiários do
(Redação dada pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vigência) Benefício de Prestação Continuada.
IX - submeter à apreciação prévia do Ministério do Desenvol- § 2 º As despesas decorrentes da implementação do Progra-
vimento Social e Agrário atos que disponham sobre matéria de ma a que se refere o caput correrão com as dotações orçamen-
regulação e de procedimentos técnicos e administrativos que re- tárias consignadas ao Ministério do Desenvolvimento Social e
percutam no reconhecimento do direito ao acesso, à manutenção Agrário. (Redação dada pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vigência)
e ao pagamento do Benefício de Prestação Continuada; (Redação § 3 º O Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário e o
dada pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vigência) INSS deverão integrar suas bases de dados quanto às informações
que compõem a base de dados do CadÚnico e compartilhá-las

272
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
com o Cadastro-Inclusão, instituído pelo art. 92 da Lei n º 13.146, § 7º A reavaliação médica e social da deficiência poderá ser
de 6 de julho de 2015 , quando se tratar de informação referente a priorizada ou dispensada por ato do Ministro de Estado do Desen-
pessoa com deficiência. (Incluído pelo Decreto nº 8.805, de 2016) volvimento Social, considerados o tipo e a gravidade do impedi-
(Vigência) mento, a idade do beneficiário e a duração do benefício. (Incluído
§ 4 º Até que esteja concluída a integração das bases de da- pelo Decreto nº 9.462, de 2018)
dos de que trata o § 3º, o Ministério do Desenvolvimento Social e § 8º O Ministro de Estado do Desenvolvimento Social editará
Agrário deverá fornecer ao INSS, mensalmente, as informações do ato complementar ao disposto neste artigo. (Incluído pelo Decre-
CadÚnico necessárias à concessão e à manutenção do Benefício to nº 9.462, de 2018)
de Prestação Continuada, em especial aquelas relativas à compo-
sição do grupo familiar, à renda de todos os integrantes. (Incluído CAPÍTULO V
pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vigência) DA DEFESA DOS DIREITOS E DO CONTROLE SOCIAL
Art. 42. O Benefício de Prestação Continuada deverá ser revis-
to a cada dois anos, para avaliação da continuidade das condições Art. 43. O Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário de-
que lhe deram origem, conforme dispõe o art. 21 da Lei nº 8.742, verá articular-se com os Conselhos de Assistência Social, do Ido-
de 1993 , passando o processo de reavaliação a integrar o Pro- so, da Pessoa com Deficiência, da Criança e do Adolescente e da
grama Nacional de Monitoramento e Avaliação do Benefício de Saúde para desenvolver ações de controle e defesa dos direitos
Prestação Continuada. dos beneficiários do Benefício de Prestação Continuada. (Redação
§ 1º A revisão de que trata o caput será realizada pelo INSS dada pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vigência)
por meio da utilização de cruzamento de informações do benefici- Art. 44. Qualquer pessoa física ou jurídica de direito público
ário e de seus familiares existentes em registros e bases de dados ou privado, especialmente os Conselhos de Direitos, os Conselhos
oficiais, na forma estabelecida em ato do Ministro de Estado do de Assistência Social e as organizações representativas de pessoas
Desenvolvimento Social, e observará: (Redação pelo Decreto nº com deficiência e de idosos, é parte legítima para provocar a ini-
9.462, de 2018) ciativa das autoridades do Ministério do Desenvolvimento Social
I - o cadastramento ou a atualização cadastral no CadÚnico, e Agrário, do INSS, do Ministério Público e dos órgãos de controle
conforme o disposto no Decreto nº 6.135, de 2007 ; (Redação pelo social, e para lhes fornecer informações sobre irregularidades na
Decreto nº 9.462, de 2018) aplicação deste Regulamento, quando for o caso. (Redação dada
II - a confrontação de informações de cadastros de benefícios, pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vigência)
emprego e renda ou outras bases de dados de órgãos da adminis- Art. 45. Qualquer cidadão que observar irregularidade ou fa-
tração pública disponíveis, referentes à renda do titular e de sua lha na prestação de serviço referente ao Benefício de Prestação
família; (Redação pelo Decreto nº 9.462, de 2018) Continuada poderá comunicá-la às Ouvidorias do Ministério do
III - o cruzamento de dados para fins de verificação de acúmu- Desenvolvimento Social e Agrário, observadas as atribuições de
lo do benefício com outra renda no âmbito da Seguridade Social cada órgão e em conformidade com as disposições específicas de
ou de outro regime, conforme vedação a que se refere o § 4 º cada Pasta. (Redação dada pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vi-
do art. 20 da Lei n º 8.742, de 1993 ; e (Incluído pelo Decreto nº gência)
8.805, de 2016) (Vigência) Art. 45-A. As informações referentes às despesas com Be-
IV - as reavaliações da deficiência constatada anteriormente, nefício de Prestação Continuado deverão ser incluídas, de forma
quando o beneficiário não tenha superado os requisitos de renda individualizada, no Portal da Transparência do Poder Executivo
familiar mensal per capita . (Redação pelo Decreto nº 9.462, de Federal, de que trata o Decreto n º 5.482, de 30 de junho de 2005
2018) , observado o disposto no art. 31 da Lei n º 12.527, de 18 de no-
§ 2 º Identificada a superação de condição para manutenção vembro de 2011 . (Incluído pelo Decreto nº 8.805, de 2016) (Vi-
do benefício, após a atualização das informações junto ao CadÚ- gência)
nico, o INSS deverá suspender ou cessar o benefício, conforme o Art. 46. Constatada a prática de infração penal decorrente da
caso, observado o disposto no art. 47. (Incluído pelo Decreto nº concessão ou da manutenção do Benefício de Prestação Continu-
8.805, de 2016) (Vigência) ada, o INSS aplicará os procedimentos cabíveis, independente-
§ 3º A revisão de que trata o caput poderá ser realizada para mente de outras penalidades legais.
os benefícios concedidos ou reativados judicialmente, observados
os critérios definidos na decisão judicial. (Redação pelo Decreto CAPÍTULO VI
nº 9.462, de 2018) DA SUSPENSÃO E DA CESSAÇÃO
§ 4º O Ministério do Desenvolvimento Social e o Ministério
do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão compartilharão as Art. 47. O Benefício de Prestação Continuada será suspenso
bases de dados nos termos do Decreto nº 8.789, de 29 de junho nas seguintes hipóteses: (Redação dada pelo Decreto nº 9.462,
de 2016 . (Incluído pelo Decreto nº 9.462, de 2018) de 2018)
§ 5º Os benefícios concedidos administrativamente que utili- I - superação das condições que deram origem ao benefício,
zem critérios definidos em ações civis públicas poderão ser revisa- previstas nos art. 8º e art. 9º; (Redação dada pelo Decreto nº
dos de acordo com os mesmos critérios de sua concessão. (Incluí- 9.462, de 2018)
do pelo Decreto nº 9.462, de 2018) II - identificação de irregularidade na concessão ou manuten-
§ 6º A reavaliação médica e social da deficiência fica condicio- ção do benefício; (Incluído pelo Decreto nº 9.462, de 2018)
nada à conclusão da análise relativa à renda, decorrente do pro- III - não inscrição no CadÚnico após o fim do prazo estabe-
cedimento disposto no inciso II do § 1º. (Incluído pelo Decreto nº lecido em ato do Ministro de Estado do Desenvolvimento Social;
9.462, de 2018) (Incluído pelo Decreto nº 9.462, de 2018)
IV - não agendamento da reavaliação da deficiência até a
data limite estabelecida em convocação; (Incluído pelo Decreto
nº 9.462, de 2018)

273
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
V - identificação de inconsistências ou insuficiências cadas- curso junto aos canais de atendimento do INSS ou a outros canais
trais que afetem a avaliação da elegibilidade do beneficiário para autorizados para esse fim; e (Incluído pelo Decreto nº 9.462, de
fins de manutenção do benefício, conforme o disposto em ato do 2018)
Ministro de Estado do Desenvolvimento Social; ou (Incluído pelo III - o recurso interposto será analisado pelo Conselho de Re-
Decreto nº 9.462, de 2018) cursos do Seguro Social - CRSS. (Incluído pelo Decreto nº 9.462,
VI - identificação de outras irregularidades. (Incluído pelo De- de 2018)
creto nº 9.462, de 2018) § 8º A interposição de recurso não gera efeito suspensivo. (In-
§ 1º A suspensão do benefício deve ser precedida de notifica- cluído pelo Decreto nº 9.462, de 2018)
ção do beneficiário, de seu representante legal ou de seu procura- § 9º O benefício será restabelecido caso o recurso interposto
dor, preferencialmente pela rede bancária, sobre a irregularidade ao CRSS seja provido, sendo devidos os valores desde a suspensão
identificada e da concessão do prazo de dez dias para a apresen- do benefício, respeitado o teor da decisão. (Incluído pelo Decreto
tação de defesa. (Redação dada pelo Decreto nº 9.462, de 2018) nº 9.462, de 2018)
§ 2º Se não for possível realizar a notificação de que trata o Art. 47-A. O Benefício de Prestação Continuada será suspenso
§ 1º pela rede bancária ou pelo correio, o valor do benefício será em caráter especial quando a pessoa com deficiência exercer ati-
bloqueado. (Redação dada pelo Decreto nº 9.462, de 2018) vidade remunerada, inclusive na condição de microempreende-
§ 3º O bloqueio do valor do benefício consiste no comando dor individual, mediante comprovação da relação trabalhista ou
bancário que impossibilita temporariamente a movimentação do da atividade empreendedora. (Incluído pelo Decreto nº 7.617, de
valor referente ao benefício, observadas as seguintes regras: (Re- 2011)
dação dada pelo Decreto nº 9.462, de 2018) § 1 o O pagamento do benefício suspenso na forma do caput
I - o bloqueio terá duração máxima de um mês; (Incluído pelo será restabelecido mediante requerimento do interessado que
Decreto nº 9.462, de 2018) comprove a extinção da relação trabalhista ou da atividade em-
II - o valor do benefício será desbloqueado após contato do preendedora, e, quando for o caso, o encerramento do prazo de
beneficiário, do seu representante legal ou do seu procurador, por pagamento do seguro-desemprego, sem que tenha o beneficiário
meio dos canais de atendimento do INSS, presenciais ou remotos, adquirido direito a qualquer benefício no âmbito da Previdência
ou de outros canais definidos para esse fim; e (Incluído pelo De- Social. (Incluído pelo Decreto nº 7.617, de 2011)
creto nº 9.462, de 2018) § 2 o O benefício será restabelecido: (Incluído pelo Decreto
III - no momento da solicitação do desbloqueio, o INSS ou ou- nº 7.617, de 2011)
tros canais definidos para esse fim deverão notificar o beneficiário, I - a partir do dia imediatamente posterior, conforme o caso,
o seu representante legal ou o seu procurador sobre a situação de da cessação do contrato de trabalho, do encerramento da ativida-
irregularidade e sobre a concessão do prazo para apresentação de de empresarial, da última competência de contribuição previden-
defesa, devendo o interessado confirmar ciência. (Incluído pelo ciária recolhida como contribuinte individual ou do encerramento
Decreto nº 9.462, de 2018) do prazo de pagamento do seguro desemprego; ou (Redação dada
§ 4º Após a notificação e o desbloqueio, o beneficiário, o seu pelo Decreto nº 9.462, de 2018)
representante legal ou o seu procurador terá o prazo de dez dias II - a partir da data do protocolo do requerimento, quando
para apresentar a defesa junto aos canais de atendimento do INSS requerido após noventa dias, conforme o caso, da cessação do
ou a outros canais autorizados para esse fim. (Redação dada pelo contrato de trabalho, da última competência de contribuição pre-
Decreto nº 9.462, de 2018) videnciária recolhida como contribuinte individual ou do encerra-
§ 5º O INSS terá o prazo de trinta dias, prorrogável por igual mento do prazo de pagamento do seguro-desemprego. (Incluído
período, para analisar a defesa interposta. (Redação dada pelo pelo Decreto nº 7.617, de 2011)
Decreto nº 9.462, de 2018) § 3 o Na hipótese prevista no caput , o prazo para a reavalia-
§ 6º O benefício será mantido caso a defesa apresentada seja ção bienal do benefício prevista no art. 42 será suspenso, voltando
acatada. (Incluído pelo Decreto nº 9.462, de 2018) a correr, se for o caso, a partir do restabelecimento do pagamento
§ 7º A suspensão do pagamento do benefício consiste na in- do benefício. (Incluído pelo Decreto nº 7.617, de 2011)
terrupção do envio do pagamento à rede bancária e observará as § 4 o O restabelecimento do pagamento do benefício pres-
seguintes regras: (Incluído pelo Decreto nº 9.462, de 2018) cinde de nova avaliação da deficiência e do grau de impedimento,
I - o benefício será suspenso: (Incluído pelo Decreto nº 9.462, respeitado o prazo para a reavaliação bienal. (Incluído pelo Decre-
de 2018) to nº 7.617, de 2011)
a) quando o beneficiário, o seu representante legal ou o pro- § 5 o A pessoa com deficiência contratada na condição de
curador for notificado e não apresentar defesa no prazo de dez aprendiz terá seu benefício suspenso somente após o período de
dias; (Incluído pelo Decreto nº 9.462, de 2018) dois anos de recebimento concomitante da remuneração e do be-
b) quando os elementos apresentados na defesa forem insu- nefício, nos termos do § 2º do art. 21-A da Lei nº 8.742, de 7 de
ficientes; (Incluído pelo Decreto nº 9.462, de 2018) dezembro de 1993 . (Incluído pelo Decreto nº 7.617, de 2011)
c) quando o beneficiário não entrar em contato com os canais Art. 48. O benefício será cessado: (Redação dada pelo Decre-
de atendimento do INSS ou outros canais autorizados para esse to nº 9.462, de 2018)
fim no prazo de trinta dias, contado do bloqueio de que trata o § I - nas hipóteses de óbito, de morte presumida ou de ausência
3º; ou (Incluído pelo Decreto nº 9.462, de 2018) do beneficiário, na forma da lei; (Redação dada pelo Decreto nº
d) quando informada a ausência do beneficiário pelo repre- 9.462, de 2018)
sentante legal ou pelo procurador, na forma da lei; (Incluído pelo II - quando o beneficiário, o seu representante legal ou o seu
Decreto nº 9.462, de 2018) procurador não interpuser recurso ao CRSS no prazo de trinta
II - o beneficiário, o seu representante legal ou o seu procu- dias, contado da suspensão do benefício; ou (Redação dada pelo
rador deverá ser comunicado sobre os motivos da suspensão do Decreto nº 9.462, de 2018)
benefício e sobre o prazo de trinta dias para a interposição de re- III - quando o recurso ao CRSS não for provido. (Redação dada
pelo Decreto nº 9.462, de 2018)

274
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 1º O representante legal ou o procurador são obrigados a
informar ao INSS a ocorrência das situações a que se refere o inci- AUXÍLIO-INCLUSÃO. LEI Nº 14.176/2021 E SUAS ALTE-
so I do caput . (Incluído pelo Decreto nº 9.462, de 2018) RAÇÕES
§ 2º O INSS comunicará o beneficiário, seu representante le-
gal ou o seu procurador, por meio dos canais de atendimento do O que é?
INSS ou de outros canais autorizados para esse fim, sobre os mo- Serviço para pedir benefício no valor de meio salário mínimo.
tivos que levaram à cessação do benefício. (Incluído pelo Decreto Destinado para pessoa com deficiência que recebe Benefício
nº 9.462, de 2018) de Prestação Continuada (BPC).
Art. 48-A. Ato conjunto do Ministério do Desenvolvimento Este pedido é realizado totalmente pela internet, você não pre-
Social e Combate à Fome e do INSS disporá sobre a operacionali- cisa ir ao INSS.
zação da suspensão e cessação do Benefício de Prestação Conti-
nuada. (Incluído pelo Decreto nº 7.617, de 2011) Quem pode utilizar este serviço?
Art. 48-B. Fica vedada a reativação de benefício cessado A pessoa com deficiência que recebe BPC, trabalhe ou comece
quando esgotadas todas as instâncias administrativas de recurso. a trabalhar.
(Incluído pelo Decreto nº 9.462, de 2018) É necessário que o benefício do BPC esteja:
Art. 49. Cabe ao INSS, sem prejuízo da aplicação de outras - ativo;
medidas legais, adotar as providências necessárias à restituição - suspenso ou cessado nos últimos 5 anos imediatamente ante-
do valor do benefício pago indevidamente, ressalvados os casos riores ao início da atividade remunerada; ou
de recebimento de boa-fé. (Redação dada pelo Decreto nº 9.462, - suspenso por ingresso ao mercado de trabalho.
de 2018)
§ 1 o O montante indevidamente pago será corrigido pelo Importante! A remuneração da pessoa que trabalha deve ser
mesmo índice utilizado para a atualização mensal dos salários de de até dois salários mínimos.
contribuição utilizados para apuração dos benefícios do Regime
Geral de Previdência Social, e deverá ser restituído, sob pena de LEI Nº 14.176, DE 22 DE JUNHO DE 2021
inscrição em Dívida Ativa e cobrança judicial. (Redação dada pelo
Decreto nº 7.617, de 2011) Altera a Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, para estabe-
§ 2 o Na hipótese de o beneficiário permanecer com direito lecer o critério de renda familiar per capita para acesso ao bene-
ao recebimento do Benefício de Prestação Continuada ou estar fício de prestação continuada, estipular parâmetros adicionais de
em usufruto de outro benefício previdenciário regularmente con- caracterização da situação de miserabilidade e de vulnerabilidade
cedido pelo INSS, poderá devolver o valor indevido de forma par- social e dispor sobre o auxílio-inclusão de que trata a Lei nº 13.146,
celada, atualizado nos moldes do § 1 o , em tantas parcelas quan- de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência); autori-
tas forem necessárias à liquidação do débito de valor equivalente za, em caráter excepcional, a realização de avaliação social media-
a trinta por cento do valor do benefício em manutenção. da por meio de videoconferência; e dá outras providências.
§ 3 o A restituição do valor devido deverá ser feita em única
parcela, no prazo de sessenta dias contados da data da notifica- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
ção, ou mediante acordo de parcelamento, em até sessenta me- cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
ses, na forma do art. 244 do Regulamento da Previdência Social,
aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 1999 , ressalvado o pagamen- Art. 1º A Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, passa a vigo-
to em consignação previsto no § 2 o . (Redação dada pelo Decreto rar com as seguintes alterações:
nº 7.617, de 2011) “Art. 20. ......................................................................................
(Revogado pelo Decreto nº 9.462, de 2018) ............................
§ 5 o O valor ressarcido será repassado pelo INSS ao Fundo ....................................................................................................
Nacional de Assistência Social. .............................
§ 6 o Em nenhuma hipótese serão consignados débitos origi- § 3º Observados os demais critérios de elegibilidade definidos
nários de benefícios previdenciários em Benefícios de Prestação nesta Lei, terão direito ao benefício financeiro de que trata o caput
Continuada. (Incluído pelo Decreto nº 7.617, de 2011) deste artigo a pessoa com deficiência ou a pessoa idosa com renda
familiar mensal per capita igual ou inferior a 1/4 (um quarto) do
CAPÍTULO VII salário-mínimo.
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS I – (revogado);
....................................................................................................
Art. 50. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à ............................
Fome e o INSS terão prazo até 31 de maio de 2009 para implemen- § 11-A. O regulamento de que trata o § 11 deste artigo pode-
tar a avaliação da deficiência e do grau de incapacidade prevista rá ampliar o limite de renda mensal familiar per capita previsto no
no art. 16. (Redação dada pelo Decreto nº 6.564, de 2008) § 3º deste artigo para até 1/2 (meio) salário-mínimo, observado o
Parágrafo único. A avaliação da deficiência e da incapacidade, disposto no art. 20-B desta Lei. (Vigência) (Vide)
até que se cumpra o disposto no § 4 o do art. 16, ficará restrita ao ....................................................................................................
exame médico pericial e laudo realizados pelos serviços de perícia .................” (NR)
médica do INS (Redação dada pelo Decreto nº 6.564, de 2008) “Art. 20-B. Na avaliação de outros elementos probatórios da
condição de miserabilidade e da situação de vulnerabilidade de que
trata o § 11 do art. 20 desta Lei, serão considerados os seguintes
aspectos para ampliação do critério de aferição da renda familiar
mensal per capita de que trata o § 11-A do referido artigo: (Vigên-
cia) (Vide)
I – o grau da deficiência;

275
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
II – a dependência de terceiros para o desempenho de ativida- a) que tenha remuneração limitada a 2 (dois) salários-mínimos;
des básicas da vida diária; e e
III – o comprometimento do orçamento do núcleo familiar de b) que enquadre o beneficiário como segurado obrigatório do
que trata o § 3º do art. 20 desta Lei exclusivamente com gastos mé- Regime Geral de Previdência Social ou como filiado a regime pró-
dicos, com tratamentos de saúde, com fraldas, com alimentos espe- prio de previdência social da União, dos Estados, do Distrito Federal
ciais e com medicamentos do idoso ou da pessoa com deficiência ou dos Municípios;
não disponibilizados gratuitamente pelo SUS, ou com serviços não II – tenha inscrição atualizada no CadÚnico no momento do re-
prestados pelo Suas, desde que comprovadamente necessários à querimento do auxílio-inclusão;
preservação da saúde e da vida. III – tenha inscrição regular no CPF; e
§ 1º A ampliação de que trata o caput deste artigo ocorrerá na IV – atenda aos critérios de manutenção do benefício de pres-
forma de escalas graduais, definidas em regulamento. tação continuada, incluídos os critérios relativos à renda familiar
§ 2º Aplicam-se à pessoa com deficiência os elementos cons- mensal per capita exigida para o acesso ao benefício, observado o
tantes dos incisos I e III do caput deste artigo, e à pessoa idosa os disposto no § 4º deste artigo.
constantes dos incisos II e III do caput deste artigo. § 1º O auxílio-inclusão poderá ainda ser concedido, nos termos
§ 3º O grau da deficiência de que trata o inciso I do caput deste do inciso I do caput deste artigo, mediante requerimento e sem re-
artigo será aferido por meio de instrumento de avaliação biopsi- troatividade no pagamento, ao beneficiário:
cossocial, observados os termos dos §§ 1º e 2º do art. 2º da Lei nº I – que tenha recebido o benefício de prestação continuada nos
13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), 5 (cinco) anos imediatamente anteriores ao exercício da atividade
e do § 6º do art. 20 e do art. 40-B desta Lei. remunerada; e
§ 4º O valor referente ao comprometimento do orçamento do II – que tenha tido o benefício suspenso nos termos do art.
núcleo familiar com gastos de que trata o inciso III do caput deste 21-A desta Lei.
artigo será definido em ato conjunto do Ministério da Cidadania, § 2º O valor do auxílio-inclusão percebido por um membro da
da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da família não será considerado no cálculo da renda familiar mensal
Economia e do INSS, a partir de valores médios dos gastos realiza- per capita de que trata o inciso IV do caput deste artigo, para fins de
dos pelas famílias exclusivamente com essas finalidades, facultada concessão e de manutenção de outro auxílio-inclusão no âmbito do
ao interessado a possibilidade de comprovação, conforme critérios mesmo grupo familiar.
definidos em regulamento, de que os gastos efetivos ultrapassam § 3º O valor do auxílio-inclusão e o da remuneração do bene-
os valores médios.” ficiário do auxílio-inclusão de que trata a alínea “a” do inciso I do
“Art. 21. ...................................................................................... caput deste artigo percebidos por um membro da família não serão
............................ considerados no cálculo da renda familiar mensal per capita de que
.................................................................................................... tratam os §§ 3º e 11-A do art. 20 desta Lei para fins de manutenção
............................. de benefício de prestação continuada concedido anteriormente a
§ 5º O beneficiário em gozo de benefício de prestação conti- outra pessoa do mesmo grupo familiar.
nuada concedido judicial ou administrativamente poderá ser con- § 4º Para fins de cálculo da renda familiar per capita de que
vocado para avaliação das condições que ensejaram sua concessão trata o inciso IV do caput deste artigo, serão desconsideradas:
ou manutenção, sendo-lhe exigida a presença dos requisitos previs- I – as remunerações obtidas pelo requerente em decorrência
tos nesta Lei e no regulamento.” (NR) de exercício de atividade laboral, desde que o total recebido no mês
“Art. 40-B. Enquanto não estiver regulamentado o instrumen- seja igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos; e
to de avaliação de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 2º da Lei nº II – as rendas oriundas dos rendimentos decorrentes de estágio
13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiên- supervisionado e de aprendizagem.
cia), a concessão do benefício de prestação continuada à pessoa Art. 26-B. O auxílio-inclusão será devido a partir da data do re-
com deficiência ficará sujeita à avaliação do grau da deficiência e querimento, e o seu valor corresponderá a 50% (cinquenta por cen-
do impedimento de que trata o § 2º do art. 20 desta Lei, composta to) do valor do benefício de prestação continuada em vigor.
por avaliação médica e avaliação social realizadas, respectivamen- Parágrafo único. Ao requerer o auxílio-inclusão, o beneficiário
te, pela Perícia Médica Federal e pelo serviço social do INSS, com autorizará a suspensão do benefício de prestação continuada, nos
a utilização de instrumentos desenvolvidos especificamente para termos do art. 21-A desta Lei.
esse fim.” Art. 26-C. O pagamento do auxílio-inclusão não será acumula-
“Art. 40-C. Os eventuais débitos do beneficiário decorrentes de do com o pagamento de:
recebimento irregular do benefício de prestação continuada ou do I – benefício de prestação continuada de que trata o art. 20
auxílio-inclusão poderão ser consignados no valor mensal desses desta Lei;
benefícios, nos termos do regulamento.” II – prestações a título de aposentadoria, de pensões ou de be-
Art. 2º O Capítulo IV da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, nefícios por incapacidade pagos por qualquer regime de previdên-
passa a vigorar acrescido da seguinte Seção VI: (Vigência) cia social; ou
III – seguro-desemprego.
SEÇÃO VI Art. 26-D. O pagamento do auxílio-inclusão cessará na hipótese
DO AUXÍLIO-INCLUSÃO de o beneficiário:
I – deixar de atender aos critérios de manutenção do benefício
Art. 26-A. Terá direito à concessão do auxílio-inclusão de que de prestação continuada; ou
trata o art. 94 da Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto II – deixar de atender aos critérios de concessão do auxílio-in-
da Pessoa com Deficiência), a pessoa com deficiência moderada ou clusão.
grave que, cumulativamente: Parágrafo único. Ato do Poder Executivo federal disporá sobre
I – receba o benefício de prestação continuada, de que trata o o procedimento de verificação dos critérios de manutenção e de
art. 20 desta Lei, e passe a exercer atividade: revisão do auxílio-inclusão.

276
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 26-E. O auxílio-inclusão não está sujeito a desconto de familiar, na forma do art. 20-B da referida Lei, fica condicionada a
qualquer contribuição e não gera direito a pagamento de abono decreto regulamentador do Poder Executivo, em cuja edição deverá
anual. ser comprovado o atendimento aos requisitos fiscais.
Art. 26-F. Compete ao Ministério da Cidadania a gestão do auxí-
lio-inclusão, e ao INSS a sua operacionalização e pagamento. REGIMES PRÓPRIOS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL
Art. 26-G. As despesas decorrentes do pagamento do auxílio-in- (UNIÃO, ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS)
clusão correrão à conta do orçamento do Ministério da Cidadania.
§ 1º O Poder Executivo federal compatibilizará o quantitativo
de benefícios financeiros do auxílio-inclusão de que trata o art. 26-A O Sistema Previdenciário Brasileiro é composto por três regi-
desta Lei com as dotações orçamentárias existentes. mes3:
§ 2º O regulamento indicará o órgão do Poder Executivo res- → Regime Geral de Previdência Social (RGPS): é um regime pú-
ponsável por avaliar os impactos da concessão do auxílio-inclusão blico administrado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),
na participação no mercado de trabalho, na redução de desigualda- que engloba os trabalhadores da iniciativa privada e servidores não
des e no exercício dos direitos e liberdades fundamentais das pes- filiados a regimes próprios;
soas com deficiência, nos termos do § 16 do art. 37 da Constituição → Regime Próprio de Previdência Social (RPPS): como o nome
Federal. diz, é um regime público específico para servidores públicos concur-
Art. 26-H. No prazo de 10 (dez) anos, contado da data de pu- sados, titulares de cargo efetivo; e
blicação desta Seção, será promovida a revisão do auxílio-inclusão, → Regime de Previdência Complementar (RPC): que é um re-
observado o disposto no § 2º do art. 26-G desta Lei, com vistas a seu gime privado, complementar à previdência pública e de contribui-
aprimoramento e ampliação.” ção facultativa, com a finalidade de suprir a necessidade de renda
Art. 3º Para avaliação da deficiência que justifica o acesso, a adicional na aposentadoria.
manutenção e a revisão do benefício de prestação continuada de
que trata o art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, fica
o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) autorizado a adotar as
seguintes medidas excepcionais, até 31 de dezembro de 2021:
I – realização da avaliação social, de que tratam o § 6º do art. 20
e o art. 40-B da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, por meio
de videoconferência; e
II – concessão ou manutenção do benefício de prestação con-
tinuada aplicado padrão médio à avaliação social, que compõe a
avaliação da deficiência de que trata o § 6º do art. 20 da Lei nº
8.742, de 7 de dezembro de 1993, desde que tenha sido realizada
a avaliação médica e constatado o impedimento de longo prazo.
§ 1º É vedada a utilização da medida prevista no inciso II do
caput deste artigo para indeferimento de requerimentos ou para
cessação de benefícios.
§ 2º Os requisitos para aplicação das medidas previstas no
caput deste artigo serão definidos em ato conjunto do Ministério https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/2862/1/A%20Previd%-
da Cidadania, da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do C3%AAncia%20Social%20dos%20Servidores%20P%C3%BAblicos%20
Ministério da Economia e do INSS. -%20Modulo%201.pdf
§ 3º O prazo de aplicação das medidas previstas no caput deste
artigo poderá ser prorrogado mediante ato conjunto do Ministério Os regimes públicos de previdência têm adesão obrigatória
da Cidadania, da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do para todos os cidadãos que exercem atividades remuneradas. Há
Ministério da Economia e do INSS. dois grandes regimes públicos: os Regimes Próprios de Previdência
Art. 4º O INSS e a Empresa de Tecnologia e Informações da Pre- Social, destinados aos servidores públicos efetivos e o Regime Geral
vidência (Dataprev) adotarão as medidas necessárias à operaciona- de Previdência Social, que é destinado aos demais trabalhadores.
lização das alterações promovidas por esta Lei. A contribuição é mensal e obrigatória para todos aqueles que
Art. 5º Ficam revogados os seguintes dispositivos da Lei nº exercem atividade remunerada. No caso dos trabalhadores que têm
8.742, de 7 de dezembro de 1993: carteira assinada, será descontado todo mês um valor diretamente
I – inciso I do § 3º do art. 20; e no salário. Esse desconto vai variar de acordo com o ganho de cada
II – art. 20-A. trabalhador.
Art. 6º Esta Lei entra em vigor: Já o trabalhador autônomo deve, obrigatoriamente, inscrever-
I – em 1º de janeiro de 2022, quanto ao art. 1º, na parte que -se e pagar, mensalmente, as contribuições por meio da guia de re-
acrescenta o § 11-A no art. 20 e o art. 20-B na Lei nº 8.742, de 7 de colhimento.
dezembro de 1993; No Regime Geral é possível ainda a adesão de cidadãos que
II – em 1º de outubro de 2021, quanto ao art. 2º, que institui o não exerçam trabalho remunerado, mas que podem se filiar à Previ-
auxílio-inclusão; e dência de maneira facultativa (não-obrigatória) a partir da inscrição
III – na data de sua publicação, quanto aos demais dispositivos. formalizada com o pagamento da primeira contribuição sem atraso
Parágrafo único. A ampliação do limite de renda mensal de 1/4 (segurados facultativos).
(um quarto) para até 1/2 (meio) salário-mínimo mensal, de que tra-
ta o § 11-A do art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993,
mediante a utilização de outros elementos probatórios da condi-
ção de miserabilidade e da situação de vulnerabilidade do grupo
3 https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/assuntos/previdencia-
-complementar/mais-informacoes/arquivos/pbefrgps.pdf

277
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Regime Próprio de Previdência dos Servidores Públicos
Para os servidores públicos, há um sistema previdenciário específico. O RPPS é a previdência pública dos servidores e é estabelecido
no âmbito dos entes federativos quando estes asseguram a seus servidores efetivos pelo menos os benefícios de aposentadoria e pensão
por morte. Cada ente público da Federação (União, Distrito Federal, estados e municípios) pode, assim, organizar a previdência de seus
servidores ativos e aposentados, bem como pensionistas.
No Brasil, a União, o Distrito Federal, os estados e todas as capitais estaduais instituíram regimes próprios. Muitos municípios, entre-
tanto, não o fizeram, de forma que seus servidores são vinculados ao Regime Geral de Previdência Social.
O Regime Próprio de Previdência Social deve ser custeado, obrigatoriamente, pelo respectivo Ente Federativo (por exemplo, Estado
ou Município) e pelos seus servidores públicos, mediante contribuição previdenciária. Ainda que diversos regimes próprios tenham seus
recursos capitalizados, isto é, sob a forma de ativos financeiros, outros possuem financiamento por repartição, com o caráter solidário
entre gerações de trabalhadores, inclusive com contribuição dos aposentados e pensionistas que recebem proventos e pensões acima do
teto do RGPS.
Todo servidor público concursado de entes públicos que criaram seus RPPS é uma pessoa segurada. Além disso, a partir de 2012,
vários entes realizaram reformas previdenciárias que geraram dois efeitos principais:
(1) limitação do valor das aposentadorias ao teto do INSS;
(2) criação de um plano de previdência complementar/privada de carácter facultativo para seus servidores públicos.

Com a Nova Previdência, reforma aprovada pela Emenda Constitucional nº 103, de 13 de novembro de 2019, todos os entes que pos-
suíssem RPPS naquela data tornaram-se obrigados a implementar seus regimes de previdência complementar, ainda de adesão voluntária
dos servidores, cujos limites de benefícios a serem pagos pelos RPPS serão obrigatoriamente conforme o teto vigente aos segurados do
INSS.

Diferença entre RPPS e RGPS


RPPS RGPS
RPPS significa Regime Próprio de Previdência Social. É o sistema de RGPS é uma entidade pública de caráter obrigató-
previdência específico de cada ente federativo, que assegura, no mínimo, rio para os trabalhadores regidos pela CLT, inclusive os
os benefícios de aposentadoria e pensão por morte dos seus segurados, ou integrantes de cargos exclusivamente em comissão,
seja, dos servidores titulares de cargo efetivo e de seus beneficiários. empregos públicos e cargos temporários, sendo gerido
pelo Governo Federal, através do INSS.
O RPPS é o regime previdenciário próprio de cada ente federativo, de
filiação obrigatória para os servidores públicos titulares de cargo efetivo.

CERTIDÃO DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

Certidão de Tempo de Contribuição – CTC é o documento que permite ao servidor público que contribuiu para o Regime Geral de Pre-
vidência Social levar o tempo de contribuição do INSS para o Regime Próprio de Previdência Social do órgão onde ele trabalha atualmente.
Para conseguir sua CTC, não é necessário comparecer a uma unidade do INSS (a solicitação e o recebimento podem ser feitos direta-
mente pela web).
Este serviço é destinado para o servidor que ainda não possui Certidão de Tempo Contribuição emitida pelo INSS. Caso já possua a
certidão emitida e deseje incluir algum período, solicite o serviço de “Revisão”.

Quem pode utilizar esse serviço?


Servidor público da União, dos Estados, do DF ou dos Municípios, que possui vínculos no Regime Próprio de Previdência Social (RPPS).

Etapas para realização desse serviço


Solicitação do serviço
- Acesse o portal do Meu INSS
- Faça login no sistema, escolha a opção Agendamentos/Requerimentos
- Clique em “novo requerimento”, “atualizar”, atualize os dados que achar pertinentes, e clique em “avançar”. Digite no campo “pes-
quisar” a palavra “certidão” e selecione o serviço desejado.
- O segurado será previamente comunicado nos casos em que for indispensável o atendimento presencial para comprovar alguma
informação.
- Acompanhe o andamento pelo Meu INSS, na opção Agendamentos/Requerimentos.

Documentos originais necessários


Documentação oficial do órgão de lotação comprovando tratar-se de servidor ativo na data da solicitação da certidão (pode ser decla-
ração do órgão, contracheque e afins)

Documentos que poderão ser solicitados pelo INSS:


Procuração ou termo de representação legal, documento de identificação com foto e CPF do procurador ou representante, se houver;
Documentos referentes às relações previdenciárias (exemplo: Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), carnês, formulários de
atividade especial, documentação rural, etc.); e

278
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Outros documentos que o cidadão queira adicionar. Exemplo: Regras para a Contagem Recíproca do Tempo de Contribuição
simulação de tempo de contribuição. petições, etc. O direito à contagem recíproca do tempo de contribuição não
Se você ainda tem dúvidas, veja a relação completa de docu- é uma novidade. Ele já estava previsto na Lei 6.226 de 1975. Além
mentos necessários para comprovar a atividade. disso, ele foi reafirmado e consolidado na Constituição Federal de
1988, mais especificamente, no artigo 201, § 9º. Vejamos:
Outras informações §9º. Para fins de aposentadoria, será assegurada a contagem
Acompanhamento da Certidão de Tempo de Contribuição recíproca do tempo de contribuição entre o Regime Geral de
(CTC) – Se você já deu entrada no pedido mas ainda não recebeu a Previdência Social e os regimes próprios de previdência social, e
sua certidão, consulte agora o andamento da sua CTC; destes entre si, observada a compensação financeira, de acordo
Utilização da CTC – A certidão é nominal ao órgão de destino, e com os critérios estabelecidos em lei.
não pode ser utilizada em outro órgão caso o requerente faça novo Essa não é, entretanto, a redação original do artigo. É a versão
concurso e assuma um novo cargo. Caso isto ocorra, a CTC original atual, dada pela Emenda Constitucional 103 de 2019, a EC da Refor-
deverá ser devolvida para que o INSS emita uma nova destinada ao ma da Previdência. Essa mesma EC também incluiu na Constituição
outro órgão; o dispositivo seguinte, que trata da contagem recíproca no caso do
Indenização de período – Para fins de contagem recíproca, po- regime previdenciário militar:
derá ser certificado para a administração pública o tempo de con- §9º-A. O tempo de serviço militar exercido nas atividades de
tribuição do Regime Geral de Previdência Social correspondente que tratam os arts. 42, 142 e 143 e o tempo de contribuição ao Re-
ao período em que o exercício de atividade exigia ou não a filiação gime Geral de Previdência Social ou o regime próprio de previdên-
obrigatória à Previdência Social, desde que efetivada pelo segura- cia social terão contagem recíproca para fins de inativação militar
do a indenização das contribuições correspondentes, por exemplo, ou aposentadoria, e a compensação financeira será devida entre
período de atividade rural. Ou seja, cabe indenização ao INSS caso as receitas de contribuição referentes aos militares e as receitas de
o servidor público queira utilizar o período junto ao órgão atual em contribuição aos demais regimes.
que a contribuição ao Regime Geral era obrigatória e não foi feita Basicamente, esse novo artigo deixa explícito que o tempo de
em época própria. Esta indenização é passível de comprovação. contribuição para o regime previdenciário militar também pode ser
Fonte: www.gov.br somado para a aposentadoria pelo RGPS ou RPPS.
Apesar das mudanças da EC 103, não houve nenhuma inovação
CONTAGEM RECÍPROCA muito significativa nesse tema com a Reforma da Previdência. Na
verdade, especialistas em Direito Previdenciário, observam que os
legisladores perderam uma oportunidade. Eles poderiam ter esten-
Se observadas situações hipotéticas, como por exemplo, quan- dido a previsão da contagem recíproca para outros benefícios, além
do uma pessoa é, ao mesmo tempo, servidora concursada de uma da aposentadoria.
prefeitura e empregada de uma fábrica, ou se uma pessoa que era A Lei 8.213 de 1991 já deixa a porta aberta para essa aplicação
empregada doméstica e, mais tarde, é aprovada em um concurso mais extensiva da contagem recíproca. Conforme seu artigo 94:
federal, nota-se que nesses exemplos, tem-se um indivíduo que Art. 94. Para efeito dos benefícios previstos no Regime Geral de
apresenta vínculos com os dois regimes de Previdência Social – Previdência Social ou no serviço público é assegurada a contagem
RGPS e RPPS, simultaneamente ou em momentos distintos4. recíproca do tempo de contribuição na atividade privada, rural e
Isso naturalmente levanta dúvidas sobre como será o acesso urbana, e do tempo de contribuição ou de serviço na administração
aos benefícios previdenciários, especialmente aposentadoria. Para pública, hipótese em que os diferentes sistemas de previdência so-
esclarecer essas dúvidas, é preciso entender a Contagem Recíproca cial se compensarão financeiramente.
do Tempo de Contribuição. O texto fala em “benefícios previstos”, e não apenas em apo-
De maneira bem simplificada, a contagem recíproca é o direito sentadoria. Confirmando essa aplicação extensiva, há outras leis
de somar o tempo de contribuição acumulado em regimes diferen- que mencionam benefícios para os quais admite-se contagem recí-
tes. Assim, o segurado não será prejudicado. proca. Na Lei 8.213, artigo 77, §5º, é citada a pensão por morte do
Considerando novamente o caso de alguém que trabalhava RGPS. Na Lei 8.112, artigo 222, §4º, é citada a pensão por morte do
como empregado doméstico e, depois, foi aprovado em concurso RPPS da União.
público federal. Imaginando que essa pessoa tenha contribuído du- A contagem recíproca é viável porque os regimes previden-
rante 10 anos para o RGPS como empregada doméstica e, depois, ciários fazem uma compensação financeira entre si. Retomando
mais 25 anos para o RPPS como servidora pública. o exemplo do empregado doméstico aprovado em concurso. Esse
É possível que, individualmente, nenhum desses tempos de segurado muda do RGPS para o RPPS da União. Então, quando ele
contribuição seja suficiente para a aposentadoria. Porém, se soma- solicitar a contagem recíproca para sua aposentadoria, o regime de
dos, eles atingem o critério. origem (RGPS) deverá fazer um acerto de contas com o regime ins-
Deve-se ter em mente que, mesmo que o segurado tenha mu- tituidor do benefício (RPPS da União).
dado de regime, ele fez o recolhimento corretamente por 35 anos. No entanto, é importante saber que esse acerto de contas en-
Portanto, seria inadequado que ele não pudesse se aposentar. tre os regimes não é uma condição para que o segurado possa exer-
É para evitar essa situação que se garante a contagem recíproca cer seu direito à contagem recíproca.
de tempo de contribuição. Vale a pena ressaltar que ela também Para que se solicite a contagem recíproca, é necessário se re-
é garantida quando um segurado muda de um RPPS para outro. querer uma CTC – Certidão de Tempo de Contribuição. Esse é um
É o caso, por exemplo, de um servidor público municipal que é documento emitido pelo órgão responsável pelo seu regime de ori-
aprovado em concurso do estado. gem. Por exemplo, se o sujeito for se aposentar pelo RPPS, deve
requerer a CTC do RGPS para o INSS.
É importante notar que, de acordo com a Portaria MPS 154 de
2008, artigo 12, a CTC de um RPPS só pode ser expedida para ex-
4 https://saberalei.com.br/planejamento-previdenciario-e-contagem-
-servidores. Assim, não é cabível ser um servidor público concursa-
-reciproca-do-tempo-de-contribuicao/#:~:text=Art.,os%20crit%C3%A-
do atualmente e escolher a aposentadoria pelo RGPS, transferindo
9rios%20estabelecidos%20em%20lei.

279
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
seus anos de contribuição de volta para o INSS. A consequência prá- § 2o Cada regime de origem deve pagar ao Regime Geral de
tica disso é que faz-se necessário aposentar-se pelo último regime Previdência Social, para cada mês de competência do benefício, o
ao qual se esteve vinculado. valor resultante da multiplicação da renda mensal do benefício pelo
percentual obtido na forma do inciso III do parágrafo anterior.
COMPENSAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. LEI Nº 9.796/1999 § 3o A compensação financeira referente a cada benefício não
E SUAS ALTERAÇÕES poderá exceder o resultado da multiplicação do percentual obtido
na forma do inciso III do § 1o deste artigo pela renda mensal do
maior benefício da mesma espécie pago diretamente pelo regime
É a compensação financeira entre os diversos regimes de pre- de origem.
vidência social quando forem computados reciprocamente para a § 4o Para fins do disposto no parágrafo anterior, o regime de
aposentadoria, tempos de contribuição na administração pública e origem deve informar ao Regime Geral de Previdência Social, na
nas atividades privadas, rural e urbana de outros regimes. forma do regulamento, a maior renda mensal de cada espécie de
benefício por ele pago diretamente.
A Constituição Federal prevê a contagem recíproca do tempo de § 5o O valor de que trata o § 2o deste artigo será reajustado nas
contribuição, cuja finalidade é evitar que os regimes responsáveis mesmas datas e pelos mesmos índices de reajustamento do benefí-
pela instituição do beneficio sejam prejudicados financeiramente cio pela Previdência Social, devendo o Regime Geral de Previdência
uma vez que são obrigados a aceitar o tempo de filiação a outro Social comunicar a cada regime de origem o total por ele devido em
regime sem terem recebido as correspondentes contribuições. cada mês como compensação financeira.
§ 6o Aplica-se o disposto neste artigo aos períodos de contri-
LEI N° 9.796, DE 5 DE MAIO DE 1999. buição utilizados para fins de concessão de aposentadoria pelo INSS
em decorrência de acordos internacionais. (Vide Medida Provisória
Dispõe sobre a compensação financeira entre o Regime Geral nº 316, de 2006) (Incluído pela Lei nº 11.430, de 2006)
de Previdência Social e os regimes de previdência dos servidores Art. 4o Cada regime próprio de previdência de servidor público
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos tem direito, como regime instituidor, de receber do Regime Geral
casos de contagem recíproca de tempo de contribuição para efeito de Previdência Social, enquanto regime de origem, compensação
de aposentadoria, e dá outras providências. financeira, observado o disposto neste artigo.
§ 1o O regime instituidor deve apresentar ao Regime Geral de
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- Previdência Social, além das normas que o regem, os seguintes da-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: dos referentes a cada benefício concedido com cômputo de tempo
Art. 1o A compensação financeira entre o Regime Geral de Pre- de contribuição no âmbito do Regime Geral de Previdência Social:
vidência Social e os regimes próprios de previdência social dos ser- I - identificação do servidor público e, se for o caso, de seu de-
vidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, pendente;
na hipótese de contagem recíproca de tempos de contribuição, II - o valor dos proventos da aposentadoria ou pensão dela de-
obedecerá às disposições desta Lei. corrente e a data de início do benefício;
Art. 2o Para os efeitos desta Lei, considera-se: III - o tempo de serviço total do servidor e o correspondente
I - regime de origem: o regime previdenciário ao qual o segura- ao tempo de contribuição ao Regime Geral de Previdência Social.
do ou servidor público esteve vinculado sem que dele receba apo- § 2o Com base nas informações referidas no parágrafo anterior,
sentadoria ou tenha gerado pensão para seus dependentes; o Regime Geral de Previdência Social calculará qual seria a renda
II - regime instituidor: o regime previdenciário responsável pela mensal inicial daquele benefício segundo as normas do Regime Ge-
concessão e pagamento de benefício de aposentadoria ou pensão ral de Previdência Social.
dela decorrente a segurado ou servidor público ou a seus depen- § 3o A compensação financeira devida pelo Regime Geral de
dentes com cômputo de tempo de contribuição no âmbito do regi- Previdência Social, relativa ao primeiro mês de competência do be-
me de origem. nefício, será calculada com base no valor do benefício pago pelo
§ 1o Os regimes próprios de previdência de servidores da regime instituidor ou na renda mensal do benefício calculada na
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios só serão forma do parágrafo anterior, o que for menor.
considerados regimes de origem quando o Regime Geral de Previ- § 4o O valor da compensação financeira mencionada no pará-
dência Social for o regime instituidor. grafo anterior corresponde à multiplicação do montante ali especi-
§ 2o Na hipótese de o regime próprio de previdência de servi- ficado pelo percentual correspondente ao tempo de contribuição
dor público não possuir personalidade jurídica própria, atribuem-se ao Regime Geral de Previdência Social no tempo de serviço total do
ao respectivo ente federado as obrigações e direitos previstos nesta servidor público.
Lei. § 5o O valor da compensação financeira devida pelo Regime
Art. 3o O Regime Geral de Previdência Social, como regime ins- Geral de Previdência Social será reajustado nas mesmas datas e pe-
tituidor, tem direito de receber de cada regime de origem compen- los mesmos índices de reajustamento dos benefícios da Previdência
sação financeira, observado o disposto neste artigo. Social, mesmo que tenha prevalecido, no primeiro mês, o valor do
§ 1o O Regime Geral de Previdência Social deve apresentar a benefício pago pelo regime instituidor.
cada regime de origem os seguintes dados referentes a cada bene- Art. 5o Os regimes instituidores apresentarão aos regimes de
fício concedido com cômputo de tempo de contribuição no âmbito origem, no prazo máximo de trinta e seis meses a contar da data
daquele regime de origem: da entrada em vigor desta Lei, os dados relativos aos benefícios em
I - identificação do segurado e, se for o caso, de seu depen- manutenção nessa data, concedidos a partir da promulgação da
dente; Constituição Federal. (Vide Medida Provisória nº 2.129-8, de 2001)
II - a renda mensal inicial e a data de início do benefício; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.187-13, de 2001)
III - o percentual do tempo de serviço total do segurado cor-
respondente ao tempo de contribuição no âmbito daquele regime
de origem.

280
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Parágrafo único. A compensação financeira em atraso relativa § 6o O pagamento da compensação financeira do Fundo do Re-
aos benefícios de que trata este artigo será calculada multiplicando- gime Geral de Previdência Social depende da desistência de even-
-se a renda mensal obtida para o último mês, de acordo com o pro- tuais ações judiciais que tenham por objeto a dívida compensada, e
cedimento determinado nos arts. 3o e 4o, pelo número de meses é causa da extinção dos pagamentos previstos no § 5o deste artigo
em que o benefício foi pago até então. a manutenção do litígio ou o ajuizamento de novas ações. (Incluído
Art. 6o O Instituto Nacional do Seguro Social - INSS manterá pela Lei nº 13.485, de 2017)
cadastro atualizado de todos os benefícios objeto de compensação Art. 7o Os regimes instituidores devem comunicar de imediato
financeira, totalizando o quanto deve para cada regime próprio de aos regimes de origem qualquer revisão no valor do benefício ob-
previdência dos servidores da União, dos Estados, do Distrito Fede- jeto de compensação financeira ou sua extinção total ou parcial,
ral e dos Municípios, bem como o montante devido por cada um cabendo ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS registrar as
deles para o Regime Geral de Previdência Social, como compensa- alterações no cadastro a que se refere o artigo anterior.
ção financeira e pelo não recolhimento de contribuições previden- Parágrafo único. Constatado o não cumprimento do disposto
ciárias no prazo legal. neste artigo, as parcelas pagas indevidamente pelo regime de ori-
§ 1o Os desembolsos pelos regimes de origem só serão feitos gem serão registradas em dobro, no mês seguinte ao da constata-
para os regimes instituidores que se mostrem credores no cômputo ção, como débito daquele regime.
da compensação financeira devida de lado a lado e dos débitos pelo Art. 8º Na hipótese de descumprimento do prazo de desem-
não recolhimento de contribuições previdenciárias no prazo legal. bolso estipulado no § 2º do art. 6º desta Lei ou de descumprimento
§ 2o O Instituto Nacional do Seguro Social - INSS comunicará o do prazo de análise dos requerimentos estipulado em regulamento,
total a ser desembolsado por cada regime de origem até o dia trinta serão aplicadas as mesmas normas em vigor para atualização dos
de cada mês, devendo os desembolsos ser feitos até o quinto dia valores dos recolhimentos em atraso de contribuições previden-
útil do mês subseqüente. ciárias arrecadadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
§ 3o Os valores não desembolsados em virtude do disposto no (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
§ 1º deste artigo serão contabilizados como pagamentos efetivos, Parágrafo único. Na hipótese de o regime previdenciário pró-
devendo o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS registrar men- prio dos servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
salmente essas operações e informar a cada regime próprio de pre- Municípios possuir personalidade jurídica própria, os respectivos
vidência de servidor público os valores a ele referentes. entes federados respondem solidariamente pelas obrigações pre-
§ 4o Sendo inviável financeiramente para um regime de origem vistas nesta Lei.
desembolsar de imediato os valores relativos à compensação finan- Art. 8o-A. A compensação financeira entre os regimes próprios
ceira, em função dos valores em atraso a que se refere o parágrafo de previdência social da União, dos Estados, do Distrito Federal e
único do artigo anterior, podem os regimes de origem e instituidor dos Municípios, na hipótese de contagem recíproca de tempos de
firmar termo de parcelamento dos desembolsos atualizando-se os contribuição, obedecerá, no que couber, às disposições desta Lei.
valores devidos nas mesmas datas e pelos mesmos índices de rea- (Vide Medida Provisória nº 2.060, de 2000) (Incluído pela Medida
justamento dos benefícios de prestação continuada da Previdência Provisória nº 2.187-13, de 2001)
Social. § 1º O regulamento estabelecerá as disposições específicas
§ 5o O pagamento para os regimes próprios de previdência so- a serem observadas na compensação financeira entre os regimes
cial credores da compensação financeira, relativa ao período de 5 próprios de previdência social, inclusive no que se refere ao período
de outubro de 1988 a 5 de maio de 1999, cujos entes instituidores de estoque e às condições para seu pagamento, admitido o parcela-
não sejam devedores de contribuições previdenciárias ao Regime mento. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
Geral de Previdência Social (RGPS), será efetivado conforme os se- § 2º O ente federativo que não aderir à compensação finan-
guintes parâmetros: (Incluído pela Lei nº 13.485, de 2017) ceira com os demais regimes próprios de previdência social ou ina-
I - até o exercício de 2017, para os Municípios: (Incluído pela Lei dimplir suas obrigações terá suspenso o recebimento dos valores
nº 13.485, de 2017) devidos pela compensação com o regime geral de previdência so-
a) em parcela única, se o crédito não superar R$ 500.000,00 cial, na forma estabelecida no regulamento. (Incluído pela Lei nº
(quinhentos mil reais); (Incluído pela Lei nº 13.485, de 2017) 13.846, de 2019)
b) em tantas parcelas mensais quantas forem necessárias até o Art. 9o O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de
limite de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), se o crédito superar sessenta dias contado da data de sua publicação.
esse montante; (Incluído pela Lei nº 13.485, de 2017) Art. 10. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
II - a partir do exercício de 2018, para os Municípios, os Estados
e o Distrito Federal: (Incluído pela Lei nº 13.485, de 2017) DECRETO Nº 10.188/2019 E SUAS ALTERAÇÕES
a) em parcela única, se o crédito não superar R$ 1.500.000,00
(um milhão e quinhentos mil reais); (Incluído pela Lei nº 13.485, de
2017) DECRETO Nº 10.188, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2019
b) em tantas parcelas mensais de até R$ 1.500.000,00 (um mi-
lhão e quinhentos mil reais), se o crédito superar esse montante, Regulamenta a Lei nº 9.796, de 5 de maio de 1999, para dispor
no prazo de até cento e oitenta meses, condicionada à existência sobre a compensação financeira entre o Regime Geral de Previ-
de recursos financeiros para cumprimento da meta de resultado dência Social e os regimes próprios de previdência social dos ser-
primário estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias; c) caso o vidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
limite de cento e oitenta meses não seja suficiente para a quitação Municípios, e entre os regimes próprios, na hipótese de contagem
dos créditos, o valor da parcela disposto na alínea b deste inciso recíproca de tempo de contribuição para efeito de aposentadoria,
será ajustado de forma a garantir a quitação no prazo de cento e e dá outras providências.
oitenta meses; (Incluído pela Lei nº 13.485, de 2017)
III - por meio de dação em pagamento de imóveis integrantes O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe
do Fundo do Regime Geral de Previdência Social (FRGPS). (Incluído confere o art. 84, caput, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista
pela Lei nº 13.485, de 2017) o disposto no art. 10 e no art. 201, § 9º, da Constituição, na Lei nº

281
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
6.226, de 14 de julho de 1975, na Lei nº 6.864, de 1º de dezembro III - regime de origem - o regime previdenciário ao qual o segu-
de 1980, nos art. 94 ao art. 96 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de rado ou servidor público esteve vinculado e não tenha ensejado o
1991, na Lei nº 9.702, de 17 de novembro de 1998, na Lei nº 9.717, recebimento de aposentadoria ou de pensão aos seus dependen-
de 27 de novembro de 1998, e na Lei nº 9.796, de 5 de maio de tes;
1999, IV - regime instituidor - o regime previdenciário responsável
DECRETA: pela concessão e pelo pagamento de benefício de aposentadoria ou
pensão por morte dela decorrente a segurado ou servidor público
CAPÍTULO I ou a seus dependentes com cômputo de tempo de contribuição no
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES âmbito do regime de origem;
V - estoque RGPS - os valores da compensação financeira em
Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei nº 9.796, de 5 de maio atraso relativos ao período compreendido entre 5 de outubro de
de 1999, para dispor sobre a compensação financeira entre o Regi- 1988 e 5 de maio de 1999 dos benefícios concedidos nesse período
me Geral de Previdência Social e os regimes próprios de previdên- com contagem recíproca do tempo de contribuição do RGPS ou do
cia social dos servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito RPPS, na hipótese de o RGPS ser o regime instituidor, desde que em
Federal e dos Municípios, e entre os regimes próprios, na hipótese manutenção em 5 de maio de 1999;
de contagem recíproca de tempo de contribuição para efeito de VI - estoque RPPS - os valores da compensação financeira em
aposentadoria. atraso relativos ao período compreendido entre 5 de outubro de
1988 e 5 de maio de 1999 dos benefícios concedidos nesse período
CAPÍTULO II com contagem recíproca de outro RPPS, desde que em manutenção
DA COMPENSAÇÃO ENTRE OS REGIMES em 5 de maio de 1999 ou no período de 6 de maio de 1999 até a
data de entrada em vigor deste Decreto;
Art. 2º Aplica-se o disposto neste Decreto aos benefícios de VII - fluxo acumulado - os valores da compensação financeira
aposentadoria concedidos a partir de 5 de outubro de 1988, desde dos benefícios concedidos após o período de estoque RGPS ou de
que em manutenção em 6 de maio de 1999 ou concedidos após estoque RPPS relativos ao período entre a data de concessão e o
essa data, com contagem recíproca de tempo de contribuição, e às deferimento do requerimento de compensação, observado o prazo
pensões por morte que deles decorrerem, excluída a aposentadoria prescricional; e
por invalidez decorrente de acidente em serviço, moléstia profissio- VIII - fluxo mensal - os valores da compensação financeira pa-
nal ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificada em lei, e gos mensalmente pelo regime de origem ao regime instituidor, a
a pensão dela decorrente. partir da competência de concessão da compensação, enquanto os
Art. 3º A compensação financeira será realizada exclusivamen- pagamentos dos benefícios objeto da compensação financeira esti-
te na contagem recíproca de tempo de contribuição não concomi- verem em manutenção.
tante utilizado na concessão da aposentadoria. Art. 5º O regime instituidor apresentará ao regime de origem
§ 1º O tempo de atividade rural reconhecido pelo Instituto Na- os seguintes dados e documentos referentes a cada benefício con-
cional de Seguridade Social - INSS por meio de Certidão de Tempo cedido com cômputo de tempo de contribuição no âmbito daquele
de Serviço expedida até 13 de outubro de 1996 será objeto de com- regime de origem:
pensação financeira, desde que tenha sido utilizado pelo regime I - dados pessoais e outros documentos necessários e úteis à
instituidor em aposentadoria concedida até essa data. identificação do segurado ou do servidor e, se for o caso, dos seus
§ 2º O tempo de atividade rural reconhecido pelo INSS por dependentes;
meio de Certidão de Tempo de Serviço emitida a partir de 14 de ou- II - o valor inicial da aposentadoria ou da pensão por morte dela
tubro de 1996 somente será considerado para fins de compensação decorrente e a data de início do benefício;
financeira caso esse período seja indenizado ao RGPS pelo servidor. III - o tempo de contribuição no âmbito do regime de origem
§ 3º Não será devida pelo RGPS a compensação financeira em utilizado na concessão do benefício na forma da contagem recípro-
relação aos servidores civis e militares dos Estados, do Distrito Fe- ca e o tempo de contribuição total do segurado ou do servidor no
deral e dos Municípios quanto aos períodos em que tinham garanti- regime instituidor;
da apenas aposentadoria pelo ente federativo e que foram inscritos IV - cópia da Certidão de Tempo de Serviço ou da Certidão de
em regime especial de contribuição para fazer jus aos benefícios de Tempo de Contribuição fornecida pelo regime de origem e utiliza-
família, na forma prevista no parágrafo único do art. 3º da Lei nº da para cômputo do tempo de contribuição no âmbito do regime
3.807, de 26 de agosto de 1960, e na legislação posterior. instituidor;
§ 4º Nos períodos em que tenha sido assegurado o pagamen- V - cópia do laudo médico que reconheceu a invalidez nos casos
to de benefícios de aposentadoria ou pensão mediante convênios de aposentadoria por invalidez;
ou consórcios entre entes federativos, a compensação financeira é VI - cópia do ato expedido pela autoridade competente que
devida pelo ente ao qual, nos termos do convênio ou consórcio, concedeu a aposentadoria ou a pensão por morte dela decorrente;
recairia a concessão do benefício de aposentadoria. e
Art. 4º Para fins da compensação financeira de que trata este VII - cópia do registro do ato concessório da aposentadoria ou
Decreto, considera-se: da pensão por morte pelo Tribunal de Contas competente, quando
I - Regime Geral de Previdência Social - RGPS - o regime previs- couber.
to no art. 201 da Constituição; § 1º A Certidão de Tempo de Contribuição emitida pelos RPPS,
II - regime próprio de previdência social - RPPS - o regime de prevista no inciso IV do caput, observará as regras estabelecidas
previdência social estabelecido no âmbito de cada ente federativo pela Portaria nº 154, de 15 de maio de 2008, do extinto Ministério
que assegure, por lei, aos servidores que ocupam cargo efetivo, no da Previdência Social, quando emitida a partir de 16 de maio de
mínimo, os benefícios de aposentadoria e pensão por morte previs- 2008.
tos no art. 40 da Constituição; § 2º Será dispensado o envio de cópia dos documentos previs-
tos neste artigo quando:

282
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
I - o tempo de contribuição for averbado eletronicamente por oitenta meses, hipótese em que os valores devidos serão atualiza-
meio de sistema disponibilizado pela Secretaria de Previdência da dos nas mesmas datas e pelos mesmos índices de reajustamento
Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Eco- dos benefícios do RGPS.
nomia; § 1º A parcela mínima dos parcelamentos formalizados entre
II - os dados do registro do ato que tenha concedido a apo- os RPPS não poderá ser inferior ao limite máximo aplicável aos be-
sentadoria ou a pensão forem encaminhados eletronicamente pelo nefícios do Regime Geral de Previdência Social.
Tribunal de Contas; ou § 2º Comprovada a inexistência de débitos, na forma prevista
III - as demais informações exigidas puderem ser obtidas ele- no § 5º do art. 6º e no § 3º do art. 11 da Lei nº 9.796, de 1999, o
tronicamente pelo órgão ou pela entidade responsável por prestar pagamento dos valores de estoque RGPS será quitado:
a informação. I - em parcela única, se o crédito não for superior a R$
§ 3º A não apresentação das informações e dos documentos a 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais);
que se refere este artigo vedará a realização da compensação finan- II - em parcelas mensais de até R$ 1.500.000,00 (um milhão e
ceira entre os regimes. quinhentos mil reais), se o crédito superar esse montante no prazo
Art. 6º O valor da compensação financeira será o resultado da de até cento e oitenta meses, condicionada à existência de recursos
multiplicação do percentual apurado com base nas informações a financeiros para cumprimento da meta de resultado primário esta-
que se refere o inciso III do caput do art. 5º pelo: belecido na Lei de Diretrizes Orçamentárias; ou
I - valor da renda mensal inicial quando o regime instituidor for III - por meio de dação em pagamento de imóveis integrantes
o RGPS; ou do Fundo do Regime Geral de Previdência Social - FRGPS, observa-
II - valor do benefício pago pelo regime instituidor ou pelo valor dos os demais procedimentos administrativos, orçamentários, con-
da renda mensal inicial, o que for menor, quando o regime institui- tábeis e legais necessários para sua concretização.
dor for o RPPS. § 3º Caso o prazo de cento e oitenta meses não seja suficiente
§ 1º A renda mensal inicial de que trata o caput será calculada para a quitação dos créditos de estoque RGPS, o valor da parcela
de acordo com as normas aplicáveis aos benefícios concedidos pelo disposto no inciso II do § 2º será ajustado para garantir a quitação
regime de origem, na data da desvinculação desse regime. no referido prazo.
§ 2º A Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministé- § 4º O pagamento da compensação financeira do RGPS depen-
rio da Economia, ouvido o Conselho Nacional dos Regimes Próprios derá da desistência de eventuais ações judiciais que tenham por
de Previdência Social, de que trata o art. 18, disciplinará a metodo- objeto a dívida compensada e a manutenção do litígio ou o ajui-
logia de apuração da renda mensal inicial nas hipóteses em que o zamento de novas ações será causa da extinção dos pagamentos
regime de origem não possua informações funcionais ou contributi- previstos nos incisos I e II do § 2º.
vas individualizadas à época da desvinculação. § 5º A Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministé-
§ 3º A renda mensal inicial apurada será reajustada na forma rio da Economia, ouvido o Conselho Nacional dos Regimes Próprios
prevista no art. 7º da data da desvinculação do regime de origem de Previdência Social, estabelecerá as diretrizes gerais e os procedi-
até a data da concessão do benefício pelo regime instituidor e o seu mentos para a formalização e a revisão dos parcelamentos a que se
valor corrigido não poderá ser inferior ao valor do salário-mínimo e referem o caput e o § 1º.
nem superior ao:
I - valor da remuneração do cargo efetivo que o servidor teria CAPÍTULO III
no ente de origem na data imediatamente anterior à da concessão DA OPERACIONALIZAÇÃO DA COMPENSAÇÃO FINANCEIRA
da aposentadoria pelo regime instituidor ou que teria servido de
referência para a concessão da pensão pelo regime de origem; ou Art. 10. A Secretaria de Previdência da Secretaria Especial de
II - limite máximo dos benefícios pagos pelo RGPS, quando este Previdência e Trabalho do Ministério da Economia disponibilizará
for o regime de origem. para adesão do INSS, órgão gestor do RGPS, e dos RPPS da União,
§ 4º Ao valor do benefício pago pelo regime instituidor será dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, sistema de com-
acrescido o benefício especial de que trata o § 1º do art. 3º da Lei pensação previdenciária destinado a manter atualizado o cadastro
nº 12.618, de 30 de abril de 2012, no caso da União, ou o benefício de todos os benefícios objeto de compensação financeira e a apurar
que tenha essa mesma natureza, se previsto na legislação dos Es- o montante devido pelos regimes.
tados, do Distrito Federal ou dos Municípios, observado o disposto § 1º Para o processamento do requerimento de compensação
no § 3º. financeira pelo sistema, o INSS e os RPPS celebrarão termo de ade-
§ 5º O fluxo acumulado será pago em parcela única. são com a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministé-
Art. 7º O valor da compensação financeira de que trata o art. rio da Economia e contrato com a empresa de tecnologia desenvol-
6º será reajustado nas mesmas datas e pelos mesmos índices de vedora do sistema de compensação previdenciária.
reajuste dos benefícios concedidos pelo RGPS. § 2º O Conselho Nacional dos Regimes Próprios de Previdência
Art. 8º Os regimes instituidores deverão apresentar aos regi- Social estabelecerá as diretrizes para as relações negociais do INSS e
mes de origem os dados relativos aos benefícios concedidos no pe- dos RPPS com a empresa de tecnologia responsável pelo desenvol-
ríodo do estoque RGPS e no período do estoque RPPS, na forma vimento do sistema de compensação previdenciária.
prevista no art. 5º. Art. 11. O sistema de compensação previdenciária disponibili-
Parágrafo único. A compensação financeira em atraso relativa zado pela Secretaria de Previdência da Secretaria Especial de Previ-
aos benefícios de que trata o caput será calculada pela multiplica- dência e Trabalho do Ministério da Economia, na forma prevista no
ção da parcela da renda mensal devida pelo regime de origem, ob- art. 10, conterá o cadastro atualizado de todos os benefícios objeto
tida de acordo com os procedimentos estabelecidos no art. 5º e no de compensação financeira entre o RGPS e os RPPS, e destes entre
art. 6º, pelo número de meses em que o benefício tenha sido pago si, incluído o total que cada regime deve aos demais como compen-
até a data de deferimento do requerimento de compensação. sação financeira.
Art. 9º Se for inviável financeiramente ao regime de origem de- § 1º Até o dia trinta de cada mês, será disponibilizado ao re-
sembolsar de imediato os valores apurados nos termos do art. 8º, gime de origem o total a ser por ele desembolsado a cada regime
os regimes poderão firmar termo de parcelamento em até cento e instituidor referente a competência do mês anterior, que corres-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ponderá ao somatório do fluxo mensal, do fluxo acumulado e do § 3º As diferenças de valores decorrentes da revisão ou do pa-
estoque RGPS ou estoque RPPS, cujo desembolso deverá ser feito gamento de compensação financeira em relação a benefício cessa-
até o quinto dia útil do mês subsequente. do serão compensadas no mês seguinte ao da constatação.
§ 2º Os desembolsos pelo regime de origem só serão feitos § 4º O direito de anular os atos de concessão, revisão ou in-
para o regime instituidor que comprovar ser credor no cômputo da deferimento da compensação financeira decairá no prazo de cin-
compensação financeira devida entre ambos os regimes. co anos, contado da data em que tenham sido praticados, exceto
§ 3º Observado o disposto no § 2º, o pagamento da compen- se comprovada má-fé, nos termos do disposto no art. 54 da Lei nº
sação financeira pelo RGPS exige a comprovação da inexistência de 9.784, de 29 de janeiro de 1999.
débitos do ente federativo do regime instituidor pelo não recolhi-
mento de contribuições previdenciárias devidas ao RGPS e pelo dis- CAPÍTULO IV
posto no art. 8º da Lei nº 9.702, de 17 de novembro de 1998. DISPOSIÇÕES SOBRE A COMPENSAÇÃO FINANCEIRA
§ 4º A Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministé-
rio da Economia, ouvido o Conselho Nacional dos Regimes Próprios Art. 14. Caso a unidade gestora do RPPS possua personalidade
de Previdência Social, poderá estabelecer a parcela mínima mensal jurídica própria, o ente federativo responderá solidariamente pelas
de desembolso ao regime instituidor, cujo valor inferior ao piso será obrigações previstas neste Decreto.
acumulado até alcançar o valor estipulado. Art. 15. Os recursos financeiros recebidos pelo RPPS a título de
§ 5º Na hipótese de descumprimento do prazo de desembolso compensação financeira somente poderão ser utilizados no paga-
estipulado no § 1º, serão aplicadas as mesmas normas em vigor mento de benefícios previdenciários do respectivo regime.
para atualização dos valores dos recolhimentos em atraso de con- Art. 16. O tempo de serviço equivalente ao período das con-
tribuições previdenciárias arrecadadas pelo RGPS. tribuições apuradas e parceladas nos termos do disposto no art.
§ 6º O não pagamento no prazo estabelecido no § 1º a qual- 154 do Regulamento da Organização e do Custeio da Seguridade
quer regime resultará na suspensão do pagamento da compensa- Social, aprovado pelo Decreto nº 2.173, de 5 de março de 1997,
ção financeira devida pelo RGPS e poderá ensejar a inscrição do devidas por Estados, Distrito Federal e Municípios ao INSS em razão
ente federativo do regime de origem em dívida ativa federal, esta- da extinção de RPPS com o retorno dos respectivos servidores ao
dual, distrital ou municipal. RGPS, desde que não tenha sido compensado com contribuições
§ 7º Os pagamentos suspensos na forma prevista no § 6º serão previdenciárias devidas ao RGPS, será computado como tempo de
reajustados na forma prevista no art. 7º e esta suspensão não será contribuição ao RGPS, inclusive para efeito de contagem recíproca
considerada atraso de pagamento para aplicação de mora. de tempo de contribuição e apuração do valor da compensação fi-
§ 8º A Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministé- nanceira de que trata este Decreto.
rio da Economia, ouvido o Conselho Nacional dos Regimes Próprios Parágrafo único. Compete ao INSS a emissão de Certidão de
de Previdência Social, estabelecerá prazo para que o regime de ori- Tempo de Contribuição referente ao tempo de contribuição de que
gem analise os requerimentos apresentados pelos regimes institui- trata o caput.
dores, observada a ordem cronológica dos requerimentos, sobre o Art. 17. Caberá recurso administrativo da análise dos requeri-
qual incidirá a mesma atualização dos valores dos recolhimentos mentos da compensação financeira entre o RGPS e os RPPS e entre
em atraso de contribuições previdenciárias arrecadadas pelo RGPS estes regimes e do pagamento dos valores relativos à compensação
aos requerimentos que ultrapassarem o prazo determinado. financeira, que será julgado pelo Conselho de Recursos da Previ-
Art. 12. Aplica-se a prescrição quinquenal, nos termos do dis- dência Social, na forma definida em seu regimento interno.
posto no Decreto nº 20.910, de 6 de janeiro de 1932, aos valores
não pagos nem reclamados em época própria do surgimento da CAPÍTULO V
pretensão, que ocorrerá: DO CONSELHO NACIONAL DOS REGIMES PRÓPRIOS DE PRE-
I - no primeiro dia subsequente ao registro do ato concessório VIDÊNCIA SOCIAL
de aposentadoria ou a pensão pelo Tribunal de Contas competente,
quando o regime instituidor for o RPPS; ou Art. 18. Fica instituído o Conselho Nacional dos Regimes Pró-
II - no primeiro dia subsequente ao recebimento da primeira prios de Previdência Social, com as seguintes competências:
prestação, quando o regime instituidor for o RGPS. I - participar da definição das políticas e das diretrizes gerais
Parágrafo único. O prazo prescricional da compensação finan- relativas aos RPPS;
ceira relativo ao período do estoque do RPPS será contado a partir II - propor a elaboração e a revisão de normas e procedimentos
da entrada em vigor deste Decreto. relativos aos RPPS e à compensação financeira entre o RGPS e os
Art. 13. Os regimes instituidores deverão registrar imediata- RPPS e destes entre si;
mente no sistema de compensação previdenciária qualquer revisão III - examinar proposições de normas e procedimentos relativos
do benefício objeto de compensação financeira ou sua extinção to- aos RPPS e à compensação financeira entre os regimes;
tal ou parcial. IV - deliberar sobre os parâmetros, as diretrizes e os critérios
§ 1º Caso a revisão do benefício modifique o seu valor inicial, de responsabilidade previdenciária na instituição, na organização e
serão utilizados os mesmos parâmetros para a concessão da com- no funcionamento dos RPPS, relativos a custeio, benefícios, atuá-
pensação financeira, recalculados os valores de compensação devi- ria, contabilidade, aplicação e utilização de recursos e constituição
dos ao regime instituidor desde a data de início de pagamento do e manutenção dos fundos previdenciários, a serem estabelecidos
benefício, observada a prescrição quinquenal. pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da
§ 2º Na hipótese de revisão do benefício pela apresentação de Economia;
novos elementos que resultem em decisão administrativa ou em V - propor metas e ações que contribuam para o aprimoramen-
decisão judicial que não possuam efeitos retroativos, os valores da to dos RPPS e da compensação financeira;
compensação financeira serão recalculados a partir do pagamento VI - participar da definição e acompanhar o desenvolvimento
do valor do benefício revisado, observada a prescrição quinquenal. de sistemas relativos aos RPPS e à compensação previdenciária;

284
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VII - participar da definição de ações de educação previdenciá- § 7º Os membros do Conselho Nacional dos Regimes Próprios
ria, de intercâmbio de informações e de articulação entre órgãos de Previdência Social serão designados pelo Secretário de Previdên-
e entidades, públicas ou privadas, nacionais ou internacionais que cia da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério
atuem com previdência; da Economia.
VIII - acompanhar e avaliar a implementação de políticas, dire- § 8º A Secretaria de Previdência da Secretaria Especial de Pre-
trizes gerais, metas, ações e a aplicação das normas e dos procedi- vidência e Trabalho do Ministério da Economia indicará, dentre os
mentos relativos aos RPPS e à compensação financeira pelos entes representantes de que trata a alínea “a” do inciso I do caput, o Pre-
federativos; sidente do Conselho Nacional dos Regimes Próprios de Previdência
IX - deliberar sobre o Programa de Certificação Institucional e Social, que designará um Secretário-Executivo para auxiliá-lo na
Modernização da Gestão dos Regimes Próprios de Previdência So- gestão das atividades do Conselho.
cial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios - Art. 20. O Conselho Nacional dos Regimes Próprios de Previ-
Pró-Gestão RPPS; e dência Social se reunirá, em caráter ordinário, quadrimestralmente,
X - elaborar e aprovar o seu regimento interno. por convocação do seu Presidente.
Art. 19. O Conselho Nacional dos Regimes Próprios de Previ- § 1º O Presidente do Conselho Nacional dos Regimes Próprios
dência Social será composto por representantes dos seguintes ór- de Previdência Social poderá convocar reunião extraordinária, por
gãos e entidades: iniciativa própria ou por requerimento de, no mínimo cinco, de seus
I - do Ministério da Economia: membros, para tratar de tema específico.
a) dois da Secretaria de Previdência da Secretaria Especial de § 2º O quórum de reunião do Conselho Nacional dos Regimes
Previdência; e Próprios de Previdência Social é de maioria absoluta dos membros
b) um da Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal da e o quórum de aprovação é de maioria simples.
Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital; § 3º Além do voto ordinário, o Presidente do Conselho Nacio-
II - um do INSS; nal dos Regimes Próprios de Previdência Social terá o voto de quali-
III - um dos Tribunais de Contas dos Estados, do Distrito Federal dade em caso de empate.
ou dos Municípios; § 4º As reuniões do Conselho Nacional dos Regimes Próprios
IV - sete dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, de Previdência Social serão realizadas preferencialmente por meio
dentre os quais: de videoconferência.
a) dois de RPPS dos Estados ou do Distrito Federal; § 5º O deslocamento dos membros do Conselho Nacional dos
b) dois de RPPS dos Municípios; Regimes Próprios de Previdência Social para as reuniões presenciais
c) um de entidade de âmbito nacional representativa de unida- será custeado pelo órgão ou pela entidade responsável pela indica-
des gestoras de RPPS; ção do representante.
d) um de entidade de âmbito nacional representativa dos Esta- Art. 21. A Secretaria-Executiva do Conselho Nacional dos Re-
dos e do Distrito Federal; e gimes Próprios de Previdência Social será exercida pela Secretaria
e) um de entidade de âmbito nacional representativa dos Mu- Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia.
nicípios; e Art. 22. A participação no Conselho Nacional dos Regimes Pró-
V - três de segurados e beneficiários de RPPS, dentre os quais: prios de Previdência Social será considerada prestação de serviço
a) um da União; público relevante, não remunerada.
b) um dos Estados ou do Distrito Federal; e Art. 23. O Conselho Nacional dos Regimes Próprios de Previ-
c) um dos Municípios. dência Social poderá instituir grupos de trabalho para auxiliá-lo no
§ 1º Cada membro do Conselho Nacional dos Regimes Próprios desenvolvimento de suas atividades.
de Previdência Social terá um suplente, que o substituirá em suas Parágrafo único. A criação de grupos de trabalho no âmbito do
ausências e impedimentos. Conselho Nacional dos Regimes Próprios de Previdência Social ob-
§ 2º Os membros do Conselho Nacional dos Regimes Próprios servará o disposto no inciso VI do caput do art. 6º do Decreto nº
de Previdência Social de que tratam os incisos I e II do caput e res- 9.759, de 11 de abril de 2019.
pectivos suplentes serão indicados pelos órgãos que representam. Art. 24. As atas das reuniões do Conselho Nacional dos Regimes
§ 3º Os membros do Conselho Nacional dos Regimes Próprios Próprios de Previdência Social serão publicadas no sítio eletrônico
de Previdência Social de que tratam os incisos III e V do caput e da Previdência Social.
respectivos suplentes serão escolhidos conforme os critérios esta-
belecidos em ato da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho CAPÍTULO IV
do Ministério da Economia. DISPOSIÇÕES FINAIS
§ 4º Os membros do Conselho Nacional dos Regimes Próprios
de Previdência Social de que trata o inciso IV do caput e respectivos Art. 25. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão
suplentes serão indicados pelo Conselho Nacional dos Dirigentes de aderir à compensação financeira de que trata este Decreto até 31
Regimes Próprios de Previdência Social. de dezembro de 2021, sob pena de incidirem as sanções de que tra-
§ 5º Os membros do Conselho Nacional dos Regimes Próprios ta o art. 7º da Lei nº 9.717, de 27 de novembro de 1998, e a suspen-
de Previdência Social e respectivos suplentes terão mandato de são do pagamento da compensação financeira devida pelo RGPS.
dois anos, admitida a recondução. Art. 26. A União adotará as providências necessárias para que a
§ 6º A autoridade responsável pela indicação para membro compensação financeira entre o RPPS da União e o RGPS seja ope-
do Conselho Nacional dos Regimes Próprios de Previdência Social racionalizada a partir de 2021.
poderá requerer, a qualquer tempo e a seu critério, a substituição Art. 27. Fica revogado o Decreto nº 3.112, de 6 de julho de
do indicado por novo representante, que cumprirá o mandato pelo 1999. (Vigência)
prazo remanescente. Art. 28. Este Decreto entra em vigor:
I - em 1º de janeiro de 2020, quanto ao art. 27 e aos demais
dispositivos aplicáveis à compensação financeira entre o RGPS e os
RPPS;

285
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
II - em 1º de janeiro de 2021, quanto aos dispositivos aplicáveis “Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servido-
à compensação financeira entre os RPPS; e res titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário,
III - na data de sua publicação, quanto aos art. 18 ao art. 24. mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores
ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 103/2019 preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência
social será aposentado:
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 103, DE 12 DE NOVEMBRO DE I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em
2019 que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese
em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para
Altera o sistema de previdência social e estabelece regras de verificação da continuidade das condições que ensejaram a conces-
transição e disposições transitórias. são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo;
....................................................................................................
As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos .......................................
termos do § 3º do art. 60 da Constituição Federal, promulgam a III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade,
seguinte Emenda ao texto constitucional: se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na
Art. 1º A Constituição Federal passa a vigorar com as seguintes idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Cons-
alterações: tituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os
“Art. 22. ...................................................................................... demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo
............................ ente federativo.
.................................................................................................... § 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores
....................................... ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201 ou superiores
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência
garantias, convocação, mobilização, inatividades e pensões das po- Social, observado o disposto nos §§ 14 a 16.
lícias militares e dos corpos de bombeiros militares; § 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria se-
.................................................................................................... rão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo.
.............................” (NR) § 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados
“Art. 37. ...................................................................................... para concessão de benefícios em regime próprio de previdência so-
............................ cial, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º.
.................................................................................................... § 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
........................................ pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferencia-
§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser rea- dos para aposentadoria de servidores com deficiência, previamente
daptado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabilida- submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multi-
des sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua profissional e interdisciplinar.
capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição, § 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferencia-
para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de ori- dos para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente peniten-
gem. ciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de que
§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art.
de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública, 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144.
inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o rom- § 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
pimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição. pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferencia-
§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias de ser- dos para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam exer-
vidores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que cidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos
não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a carac-
não seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência terização por categoria profissional ou ocupação.
social.” (NR) § 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima
“Art. 38. ...................................................................................... reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da
............................ aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem
.................................................................................................... tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação
....................................... infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei complemen-
V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previdên- tar do respectivo ente federativo.
cia social, permanecerá filiado a esse regime, no ente federativo de § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos
origem.” (NR) acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de
“Art. 39. ...................................................................................... mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de previdên-
............................ cia social, aplicando-se outras vedações, regras e condições para a
.................................................................................................... acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no Regime
........................................ Geral de Previdência Social.
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter tempo- § 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se tratar
rário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de cargo da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o be-
em comissão à remuneração do cargo efetivo.” (NR) nefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do

286
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, ob-
hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente servados os princípios relacionados com governança, controle in-
de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. terno e transparência;
.................................................................................................... VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles
....................................... que desempenhem atribuições relacionadas, direta ou indireta-
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou mente, com a gestão do regime;
municipal será contado para fins de aposentadoria, observado o IX - condições para adesão a consórcio público;
disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço corres- X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição de
pondente será contado para fins de disponibilidade. alíquota de contribuições ordinárias e extraordinárias.” (NR)
.................................................................................................... “Art. 93. ......................................................................................
....................................... ............................
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em re- ....................................................................................................
gime próprio de previdência social, no que couber, os requisitos e .......................................
critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social. VIII - o ato de remoção ou de disponibilidade do magistrado,
§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de por interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera- absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça,
ção, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de assegurada ampla defesa;
emprego público, o Regime Geral de Previdência Social. ....................................................................................................
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ins- ............................” (NR)
tituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime “Art. 103-B. ................................................................................
de previdência complementar para servidores públicos ocupantes ............................
de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do Re- ....................................................................................................
gime Geral de Previdência Social para o valor das aposentadorias e .......................................
das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado o § 4º ............................................................................................
disposto no § 16. .............................
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § ....................................................................................................
14 oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contribui- .......................................
ção definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou
intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares,
de entidade aberta de previdência complementar. serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro
.................................................................................................... que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem
........................................ prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, po-
§ 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do dendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a remo-
respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo que ção ou a disponibilidade e aplicar outras sanções administrativas,
tenha completado as exigências para a aposentadoria voluntária e assegurada ampla defesa;
que opte por permanecer em atividade poderá fazer jus a um abo- ....................................................................................................
no de permanência equivalente, no máximo, ao valor da sua con- .............................” (NR)
tribuição previdenciária, até completar a idade para aposentadoria “Art. 109. ....................................................................................
compulsória. ............................
§ 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de ....................................................................................................
previdência social e de mais de um órgão ou entidade gestora des- .......................................
se regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes, § 3º Lei poderá autorizar que as causas de competência da Jus-
órgãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão responsá- tiça Federal em que forem parte instituição de previdência social
veis pelo seu financiamento, observados os critérios, os parâmetros e segurado possam ser processadas e julgadas na justiça estadual
e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o quando a comarca do domicílio do segurado não for sede de vara
§ 22. federal.
§ 21. (Revogado). ....................................................................................................
§ 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de previ- ............................” (NR)
dência social, lei complementar federal estabelecerá, para os que “Art. 130-A. ................................................................................
já existam, normas gerais de organização, de funcionamento e de ............................
responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros aspectos, ....................................................................................................
sobre: .......................................
I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o § 2º ............................................................................................
Regime Geral de Previdência Social; .............................
II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos re- ....................................................................................................
cursos; .......................................
III - fiscalização pela União e controle externo e social; III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou
IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive
V - condições para instituição do fundo com finalidade previ- contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disci-
denciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele dos recur- plinar e correicional da instituição, podendo avocar processos dis-
sos provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de ciplinares em curso, determinar a remoção ou a disponibilidade e
qualquer natureza; aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;
VI - mecanismos de equacionamento do deficit atuarial; ....................................................................................................
.............................” (NR)

287
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
“Art. 149. .................................................................................... § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste
............................ artigo poderão ter alíquotas diferenciadas em razão da atividade
§ 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da
instituirão, por meio de lei, contribuições para custeio de regime empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho, sen-
próprio de previdência social, cobradas dos servidores ativos, dos do também autorizada a adoção de bases de cálculo diferenciadas
aposentados e dos pensionistas, que poderão ter alíquotas progres- apenas no caso das alíneas “b” e “c” do inciso I do caput.
sivas de acordo com o valor da base de contribuição ou dos proven- ....................................................................................................
tos de aposentadoria e de pensões. (Vigência) ........................................
§ 1º-A. Quando houver deficit atuarial, a contribuição ordiná- § 11. São vedados a moratória e o parcelamento em prazo su-
ria dos aposentados e pensionistas poderá incidir sobre o valor dos perior a 60 (sessenta) meses e, na forma de lei complementar, a
proventos de aposentadoria e de pensões que supere o salário-mí- remissão e a anistia das contribuições sociais de que tratam a alínea
nimo. (Vigência) “a” do inciso I e o inciso II do caput.
§ 1º-B. Demonstrada a insuficiência da medida prevista no § ....................................................................................................
1º-A para equacionar o deficit atuarial, é facultada a instituição de ........................................
contribuição extraordinária, no âmbito da União, dos servidores pú- § 13. (Revogado).
blicos ativos, dos aposentados e dos pensionistas. (Vigência) § 14. O segurado somente terá reconhecida como tempo de
§ 1º-C. A contribuição extraordinária de que trata o § 1º-B contribuição ao Regime Geral de Previdência Social a competên-
deverá ser instituída simultaneamente com outras medidas para cia cuja contribuição seja igual ou superior à contribuição mínima
equacionamento do deficit e vigorará por período determinado, mensal exigida para sua categoria, assegurado o agrupamento de
contado da data de sua instituição. (Vigência) contribuições.” (NR)
.................................................................................................... “Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do
............................” (NR) Regime Geral de Previdência Social, de caráter contributivo e de fi-
“Art. 167. .................................................................................... liação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
............................ financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a:
.................................................................................................... I - cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou per-
....................................... manente para o trabalho e idade avançada;
XII - na forma estabelecida na lei complementar de que trata o ....................................................................................................
§ 22 do art. 40, a utilização de recursos de regime próprio de previ- .......................................
dência social, incluídos os valores integrantes dos fundos previstos § 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados
no art. 249, para a realização de despesas distintas do pagamento para concessão de benefícios, ressalvada, nos termos de lei com-
dos benefícios previdenciários do respectivo fundo vinculado àque- plementar, a possibilidade de previsão de idade e tempo de con-
le regime e das despesas necessárias à sua organização e ao seu tribuição distintos da regra geral para concessão de aposentadoria
funcionamento; exclusivamente em favor dos segurados:
XIII - a transferência voluntária de recursos, a concessão de I - com deficiência, previamente submetidos a avaliação biop-
avais, as garantias e as subvenções pela União e a concessão de em- sicossocial realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar;
préstimos e de financiamentos por instituições financeiras federais II - cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios na hipótese de agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou asso-
descumprimento das regras gerais de organização e de funciona- ciação desses agentes, vedada a caracterização por categoria pro-
mento de regime próprio de previdência social. fissional ou ocupação.
.................................................................................................... ....................................................................................................
............................” (NR) .......................................
“Art. 194. .................................................................................... § 7º ............................................................................................
............................ .............................
Parágrafo único. ......................................................................... I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62 (ses-
............................ senta e dois) anos de idade, se mulher, observado tempo mínimo
.................................................................................................... de contribuição;
....................................... II - 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquenta e
VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se, em cinco) anos de idade, se mulher, para os trabalhadores rurais e para
rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as des- os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar,
pesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador arte-
preservado o caráter contributivo da previdência social; sanal.
.................................................................................................... § 8º O requisito de idade a que se refere o inciso I do § 7º será
.............................” (NR) reduzido em 5 (cinco) anos, para o professor que comprove tempo
“Art. 195. .................................................................................... de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil
............................ e no ensino fundamental e médio fixado em lei complementar.
.................................................................................................... § 9º Para fins de aposentadoria, será assegurada a contagem
........................................ recíproca do tempo de contribuição entre o Regime Geral de Previ-
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência so- dência Social e os regimes próprios de previdência social, e destes
cial, podendo ser adotadas alíquotas progressivas de acordo com o entre si, observada a compensação financeira, de acordo com os
valor do salário de contribuição, não incidindo contribuição sobre critérios estabelecidos em lei.
aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral de Previdên- § 9º-A. O tempo de serviço militar exercido nas atividades de
cia Social; que tratam os arts. 42, 142 e 143 e o tempo de contribuição ao Re-
.................................................................................................... gime Geral de Previdência Social ou a regime próprio de previdên-
........................................ cia social terão contagem recíproca para fins de inativação militar

288
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ou aposentadoria, e a compensação financeira será devida entre § 5º Os programas de desenvolvimento econômico financiados
as receitas de contribuição referentes aos militares e as receitas de na forma do § 1º e seus resultados serão anualmente avaliados e
contribuição aos demais regimes. divulgados em meio de comunicação social eletrônico e apresenta-
§ 10. Lei complementar poderá disciplinar a cobertura de be- dos em reunião da comissão mista permanente de que trata o § 1º
nefícios não programados, inclusive os decorrentes de acidente do do art. 166.” (NR)
trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo Regime Geral de Art. 2º O art. 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transi-
Previdência Social e pelo setor privado. tórias passa a vigorar com a seguinte redação:
.................................................................................................... “Art. 76. ......................................................................................
........................................ ............................
§ 12. Lei instituirá sistema especial de inclusão previdenciária, ....................................................................................................
com alíquotas diferenciadas, para atender aos trabalhadores de .......................................
baixa renda, inclusive os que se encontram em situação de infor- § 4º A desvinculação de que trata o caput não se aplica às re-
malidade, e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusiva- ceitas das contribuições sociais destinadas ao custeio da seguridade
mente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde social.” (NR)
que pertencentes a famílias de baixa renda. Art. 3º A concessão de aposentadoria ao servidor público fede-
§ 13. A aposentadoria concedida ao segurado de que trata o § ral vinculado a regime próprio de previdência social e ao segurado
12 terá valor de 1 (um) salário-mínimo. do Regime Geral de Previdência Social e de pensão por morte aos
§ 14. É vedada a contagem de tempo de contribuição fictício respectivos dependentes será assegurada, a qualquer tempo, des-
para efeito de concessão dos benefícios previdenciários e de con- de que tenham sido cumpridos os requisitos para obtenção desses
tagem recíproca. benefícios até a data de entrada em vigor desta Emenda Constitu-
§ 15. Lei complementar estabelecerá vedações, regras e condi- cional, observados os critérios da legislação vigente na data em que
ções para a acumulação de benefícios previdenciários. foram atendidos os requisitos para a concessão da aposentadoria
§ 16. Os empregados dos consórcios públicos, das empresas ou da pensão por morte.
públicas, das sociedades de economia mista e das suas subsidiárias § 1º Os proventos de aposentadoria devidos ao servidor pú-
serão aposentados compulsoriamente, observado o cumprimento blico a que se refere o caput e as pensões por morte devidas aos
do tempo mínimo de contribuição, ao atingir a idade máxima de seus dependentes serão calculados e reajustados de acordo com a
que trata o inciso II do § 1º do art. 40, na forma estabelecida em legislação em vigor à época em que foram atendidos os requisitos
lei.” (NR) nela estabelecidos para a concessão desses benefícios.
“Art. 202. .................................................................................... § 2º Os proventos de aposentadoria devidos ao segurado a que
............................ se refere o caput e as pensões por morte devidas aos seus depen-
.................................................................................................... dentes serão apurados de acordo com a legislação em vigor à épo-
....................................... ca em que foram atendidos os requisitos nela estabelecidos para a
§ 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a União, concessão desses benefícios.
Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclusive suas autarquias, § 3º Até que entre em vigor lei federal de que trata o § 19 do
fundações, sociedades de economia mista e empresas controladas art. 40 da Constituição Federal, o servidor de que trata o caput que
direta ou indiretamente, enquanto patrocinadores de planos de tenha cumprido os requisitos para aposentadoria voluntária com
benefícios previdenciários, e as entidades de previdência comple- base no disposto na alínea “a” do inciso III do § 1º do art. 40 da
mentar. Constituição Federal, na redação vigente até a data de entrada em
§ 5º A lei complementar de que trata o § 4º aplicar-se-á, no vigor desta Emenda Constitucional, no art. 2º, no § 1º do art. 3º ou
que couber, às empresas privadas permissionárias ou concessioná- no art. 6º da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de
rias de prestação de serviços públicos, quando patrocinadoras de 2003, ou no art. 3º da Emenda Constitucional nº 47, de 5 de julho
planos de benefícios em entidades de previdência complementar. de 2005, que optar por permanecer em atividade fará jus a um abo-
§ 6º Lei complementar estabelecerá os requisitos para a desig- no de permanência equivalente ao valor da sua contribuição previ-
nação dos membros das diretorias das entidades fechadas de previ- denciária, até completar a idade para aposentadoria compulsória.
dência complementar instituídas pelos patrocinadores de que trata Art. 4º O servidor público federal que tenha ingressado no ser-
o § 4º e disciplinará a inserção dos participantes nos colegiados e viço público em cargo efetivo até a data de entrada em vigor desta
instâncias de decisão em que seus interesses sejam objeto de dis- Emenda Constitucional poderá aposentarse voluntariamente quan-
cussão e deliberação.” (NR) do preencher, cumulativamente, os seguintes requisitos:
“Art. 239. A arrecadação decorrente das contribuições para o I - 56 (cinquenta e seis) anos de idade, se mulher, e 61 (sessenta
Programa de Integração Social, criado pela Lei Complementar nº e um) anos de idade, se homem, observado o disposto no § 1º;
7, de 7 de setembro de 1970, e para o Programa de Formação do II - 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e
Patrimônio do Servidor Público, criado pela Lei Complementar nº cinco) anos de contribuição, se homem;
8, de 3 de dezembro de 1970, passa, a partir da promulgação desta III - 20 (vinte) anos de efetivo exercício no serviço público;
Constituição, a financiar, nos termos que a lei dispuser, o programa IV - 5 (cinco) anos no cargo efetivo em que se der a aposenta-
do seguro-desemprego, outras ações da previdência social e o abo- doria; e
no de que trata o § 3º deste artigo. V - somatório da idade e do tempo de contribuição, incluídas
§ 1º Dos recursos mencionados no caput, no mínimo 28% as frações, equivalente a 86 (oitenta e seis) pontos, se mulher, e 96
(vinte e oito por cento) serão destinados para o financiamento de (noventa e seis) pontos, se homem, observado o disposto nos §§
programas de desenvolvimento econômico, por meio do Banco 2º e 3º.
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, com critérios de § 1º A partir de 1º de janeiro de 2022, a idade mínima a que
remuneração que preservem o seu valor. se refere o inciso I do caput será de 57 (cinquenta e sete) anos de
.................................................................................................... idade, se mulher, e 62 (sessenta e dois) anos de idade, se homem.
............................

289
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 2º A partir de 1º de janeiro de 2020, a pontuação a que se re- II - se as vantagens pecuniárias permanentes forem variáveis
fere o inciso V do caput será acrescida a cada ano de 1 (um) ponto, por estarem vinculadas a indicadores de desempenho, produtivida-
até atingir o limite de 100 (cem) pontos, se mulher, e de 105 (cento de ou situação similar, o valor dessas vantagens integrará o cálculo
e cinco) pontos, se homem. da remuneração do servidor público no cargo efetivo mediante a
§ 3º A idade e o tempo de contribuição serão apurados em dias aplicação, sobre o valor atual de referência das vantagens pecuniá-
para o cálculo do somatório de pontos a que se referem o inciso V rias permanentes variáveis, da média aritmética simples do indica-
do caput e o § 2º. dor, proporcional ao número de anos completos de recebimento e
§ 4º Para o titular do cargo de professor que comprovar exclu- de respectiva contribuição, contínuos ou intercalados, em relação
sivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na ao tempo total exigido para a aposentadoria ou, se inferior, ao tem-
educação infantil e no ensino fundamental e médio, os requisitos po total de percepção da vantagem.
de idade e de tempo de contribuição de que tratam os incisos I e II § 9º Aplicam-se às aposentadorias dos servidores dos Estados,
do caput serão: do Distrito Federal e dos Municípios as normas constitucionais e
I - 51 (cinquenta e um) anos de idade, se mulher, e 56 (cinquen- infraconstitucionais anteriores à data de entrada em vigor desta
ta e seis) anos de idade, se homem; Emenda Constitucional, enquanto não promovidas alterações na
II - 25 (vinte e cinco) anos de contribuição, se mulher, e 30 (trin- legislação interna relacionada ao respectivo regime próprio de pre-
ta) anos de contribuição, se homem; e vidência social.
III - 52 (cinquenta e dois) anos de idade, se mulher, e 57 (cin- § 10. Estende-se o disposto no § 9º às normas sobre aposenta-
quenta e sete) anos de idade, se homem, a partir de 1º de janeiro doria de servidores públicos incompatíveis com a redação atribuída
de 2022. por esta Emenda Constitucional aos §§ 4º, 4º-A, 4º-B e 4º-C do art.
§ 5º O somatório da idade e do tempo de contribuição de que 40 da Constituição Federal.
trata o inciso V do caput para as pessoas a que se refere o § 4º, Art. 5º O policial civil do órgão a que se refere o inciso XIV do
incluídas as frações, será de 81 (oitenta e um) pontos, se mulher, e caput do art. 21 da Constituição Federal, o policial dos órgãos a que
91 (noventa e um) pontos, se homem, aos quais serão acrescidos, a se referem o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do
partir de 1º de janeiro de 2020, 1 (um) ponto a cada ano, até atingir art. 52 e os incisos I a III do caput do art. 144 da Constituição Federal
o limite de 92 (noventa e dois) pontos, se mulher, e de 100 (cem) e o ocupante de cargo de agente federal penitenciário ou socioe-
pontos, se homem. ducativo que tenham ingressado na respectiva carreira até a data
§ 6º Os proventos das aposentadorias concedidas nos termos de entrada em vigor desta Emenda Constitucional poderão aposen-
do disposto neste artigo corresponderão: tar-se, na forma da Lei Complementar nº 51, de 20 de dezembro
I - à totalidade da remuneração do servidor público no cargo de 1985, observada a idade mínima de 55 (cinquenta e cinco) anos
efetivo em que se der a aposentadoria, observado o disposto no § para ambos os sexos ou o disposto no § 3º.
8º, para o servidor público que tenha ingressado no serviço públi- § 1º Serão considerados tempo de exercício em cargo de na-
co em cargo efetivo até 31 de dezembro de 2003 e que não tenha tureza estritamente policial, para os fins do inciso II do art. 1º da
feito a opção de que trata o § 16 do art. 40 da Constituição Federal, Lei Complementar nº 51, de 20 de dezembro de 1985, o tempo de
desde que tenha, no mínimo, 62 (sessenta e dois) anos de idade, se atividade militar nas Forças Armadas, nas polícias militares e nos
mulher, e 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, ou, para corpos de bombeiros militares e o tempo de atividade como agente
os titulares do cargo de professor de que trata o § 4º, 57 (cinquenta penitenciário ou socioeducativo.
e sete) anos de idade, se mulher, e 60 (sessenta) anos de idade, se § 2º Aplicam-se às aposentadorias dos servidores dos Estados
homem; de que trata o § 4º-B do art. 40 da Constituição Federal as normas
II - ao valor apurado na forma da lei, para o servidor público constitucionais e infraconstitucionais anteriores à data de entrada
não contemplado no inciso I. em vigor desta Emenda Constitucional, enquanto não promovidas
§ 7º Os proventos das aposentadorias concedidas nos termos alterações na legislação interna relacionada ao respectivo regime
do disposto neste artigo não serão inferiores ao valor a que se re- próprio de previdência social.
fere o § 2º do art. 201 da Constituição Federal e serão reajustados: § 3º Os servidores de que trata o caput poderão aposentar-
I - de acordo com o disposto no art. 7º da Emenda Constitucio- -se aos 52 (cinquenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 53
nal nº 41, de 19 de dezembro de 2003, se cumpridos os requisitos (cinquenta e três) anos de idade, se homem, desde que cumprido
previstos no inciso I do § 6º; ou II - nos termos estabelecidos para o período adicional de contribuição correspondente ao tempo que,
Regime Geral de Previdência Social, na hipótese prevista no inciso na data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional, faltaria
II do § 6º. para atingir o tempo de contribuição previsto na Lei Complementar
§ 8º Considera-se remuneração do servidor público no cargo nº 51, de 20 de dezembro de 1985.
efetivo, para fins de cálculo dos proventos de aposentadoria com Art. 6º O disposto no § 14 do art. 37 da Constituição Federal
fundamento no disposto no inciso I do § 6º ou no inciso I do § 2º do não se aplica a aposentadorias concedidas pelo Regime Geral de
art. 20, o valor constituído pelo subsídio, pelo vencimento e pelas Previdência Social até a data de entrada em vigor desta Emenda
vantagens pecuniárias permanentes do cargo, estabelecidos em lei, Constitucional.
acrescidos dos adicionais de caráter individual e das vantagens pes- Art. 7º O disposto no § 15 do art. 37 da Constituição Federal
soais permanentes, observados os seguintes critérios: não se aplica a complementações de aposentadorias e pensões
I - se o cargo estiver sujeito a variações na carga horária, o valor concedidas até a data de entrada em vigor desta Emenda Consti-
das rubricas que refletem essa variação integrará o cálculo do valor tucional.
da remuneração do servidor público no cargo efetivo em que se Art. 8º Até que entre em vigor lei federal de que trata o § 19
deu a aposentadoria, considerando-se a média aritmética simples do art. 40 da Constituição Federal, o servidor público federal que
dessa carga horária proporcional ao número de anos completos de cumprir as exigências para a concessão da aposentadoria voluntá-
recebimento e contribuição, contínuos ou intercalados, em relação ria nos termos do disposto nos arts. 4º, 5º, 20, 21 e 22 e que optar
ao tempo total exigido para a aposentadoria; por permanecer em atividade fará jus a um abono de permanência
equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária, até com-
pletar a idade para aposentadoria compulsória.

290
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 9º Até que entre em vigor lei complementar que discipline § 2º Os servidores públicos federais com direito a idade míni-
o § 22 do art. 40 da Constituição Federal, aplicam-se aos regimes ma ou tempo de contribuição distintos da regra geral para conces-
próprios de previdência social o disposto na Lei nº 9.717, de 27 de são de aposentadoria na forma dos §§ 4º-B, 4º-C e 5º do art. 40 da
novembro de 1998, e o disposto neste artigo. Constituição Federal poderão aposentar-se, observados os seguin-
§ 1º O equilíbrio financeiro e atuarial do regime próprio de tes requisitos:
previdência social deverá ser comprovado por meio de garantia de I - o policial civil do órgão a que se refere o inciso XIV do caput
equivalência, a valor presente, entre o fluxo das receitas estima- do art. 21 da Constituição Federal, o policial dos órgãos a que se
das e das despesas projetadas, apuradas atuarialmente, que, jun- referem o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art.
tamente com os bens, direitos e ativos vinculados, comparados às 52 e os incisos I a III do caput do art. 144 da Constituição Federal e
obrigações assumidas, evidenciem a solvência e a liquidez do plano o ocupante de cargo de agente federal penitenciário ou socioeduca-
de benefícios. tivo, aos 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, com 30 (trinta) anos
§ 2º O rol de benefícios dos regimes próprios de previdência de contribuição e 25 (vinte e cinco) anos de efetivo exercício em
social fica limitado às aposentadorias e à pensão por morte. cargo dessas carreiras, para ambos os sexos;
§ 3º Os afastamentos por incapacidade temporária para o tra- II - o servidor público federal cujas atividades sejam exercidas
balho e o salário-maternidade serão pagos diretamente pelo ente com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos preju-
federativo e não correrão à conta do regime próprio de previdência diciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracteriza-
social ao qual o servidor se vincula. ção por categoria profissional ou ocupação, aos 60 (sessenta) anos
§ 4º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não pode- de idade, com 25 (vinte e cinco) anos de efetiva exposição e contri-
rão estabelecer alíquota inferior à da contribuição dos servidores buição, 10 (dez) anos de efetivo exercício de serviço público e 5 (cin-
da União, exceto se demonstrado que o respectivo regime próprio co) anos no cargo efetivo em que for concedida a aposentadoria;
de previdência social não possui deficit atuarial a ser equacionado, III - o titular do cargo federal de professor, aos 60 (sessenta)
hipótese em que a alíquota não poderá ser inferior às alíquotas apli- anos de idade, se homem, aos 57 (cinquenta e sete) anos, se mu-
cáveis ao Regime Geral de Previdência Social. lher, com 25 (vinte e cinco) anos de contribuição exclusivamente em
§ 5º Para fins do disposto no § 4º, não será considerada como efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e
ausência de deficit a implementação de segregação da massa de no ensino fundamental e médio, 10 (dez) anos de efetivo exercício
segurados ou a previsão em lei de plano de equacionamento de de serviço público e 5 (cinco) anos no cargo efetivo em que for con-
deficit. cedida a aposentadoria, para ambos os sexos.
§ 6º A instituição do regime de previdência complementar na § 3º A aposentadoria a que se refere o § 4º-C do art. 40 da
forma dos §§ 14 a 16 do art. 40 da Constituição Federal e a adequa- Constituição Federal observará adicionalmente as condições e os
ção do órgão ou entidade gestora do regime próprio de previdência requisitos estabelecidos para o Regime Geral de Previdência Social,
social ao § 20 do art. 40 da Constituição Federal deverão ocorrer no naquilo em que não conflitarem com as regras específicas aplicáveis
prazo máximo de 2 (dois) anos da data de entrada em vigor desta ao regime próprio de previdência social da União, vedada a conver-
Emenda Constitucional. são de tempo especial em comum.
§ 7º Os recursos de regime próprio de previdência social pode- § 4º Os proventos das aposentadorias concedidas nos termos
rão ser aplicados na concessão de empréstimos a seus segurados, do disposto neste artigo serão apurados na forma da lei.
na modalidade de consignados, observada regulamentação especí- § 5º Até que entre em vigor lei federal de que trata o § 19 do
fica estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. art. 40 da Constituição Federal, o servidor federal que cumprir as
§ 8º Por meio de lei, poderá ser instituída contribuição extraor- exigências para a concessão da aposentadoria voluntária nos ter-
dinária pelo prazo máximo de 20 (vinte) anos, nos termos dos §§ mos do disposto neste artigo e que optar por permanecer em ativi-
1º-B e 1º-C do art. 149 da Constituição Federal. (Vide) dade fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor da
§ 9º O parcelamento ou a moratória de débitos dos entes fede- sua contribuição previdenciária, até completar a idade para apo-
rativos com seus regimes próprios de previdência social fica limita- sentadoria compulsória.
do ao prazo a que se refere o § 11 do art. 195 da Constituição. § 6º A pensão por morte devida aos dependentes do policial
Art. 10. Até que entre em vigor lei federal que discipline os be- civil do órgão a que se refere o inciso XIV do caput do art. 21 da
nefícios do regime próprio de previdência social dos servidores da Constituição Federal, do policial dos órgãos a que se referem o in-
União, aplica-se o disposto neste artigo. ciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art. 52 e os
§ 1º Os servidores públicos federais serão aposentados: incisos I a III do caput do art. 144 da Constituição Federal e dos
I - voluntariamente, observados, cumulativamente, os seguin- ocupantes dos cargos de agente federal penitenciário ou socioedu-
tes requisitos: cativo decorrente de agressão sofrida no exercício ou em razão da
a) 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e 65 (sessenta função será vitalícia para o cônjuge ou companheiro e equivalente
e cinco) anos de idade, se homem; e à remuneração do cargo.
b) 25 (vinte e cinco) anos de contribuição, desde que cumprido § 7º Aplicam-se às aposentadorias dos servidores dos Estados,
o tempo mínimo de 10 (dez) anos de efetivo exercício no serviço do Distrito Federal e dos Municípios as normas constitucionais e
público e de 5 (cinco) anos no cargo efetivo em que for concedida infraconstitucionais anteriores à data de entrada em vigor desta
a aposentadoria; Emenda Constitucional, enquanto não promovidas alterações na
II - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em legislação interna relacionada ao respectivo regime próprio de pre-
que estiverem investidos, quando insuscetíveis de readaptação, hi- vidência social.
pótese em que será obrigatória a realização de avaliações periódi- Art. 11. Até que entre em vigor lei que altere a alíquota da con-
cas para verificação da continuidade das condições que ensejaram tribuição previdenciária de que tratam os arts. 4º, 5º e 6º da Lei
a concessão da aposentadoria; ou nº 10.887, de 18 de junho de 2004, esta será de 14 (quatorze por
III - compulsoriamente, na forma do disposto no inciso II do § cento). (Vigência)
1º do art. 40 da Constituição Federal. § 1º A alíquota prevista no caput será reduzida ou majorada,
considerado o valor da base de contribuição ou do benefício recebi-
do, de acordo com os seguintes parâmetros:

291
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
I - até 1 (um) salário-mínimo, redução de seis inteiros e cinco Art. 14. Vedadas a adesão de novos segurados e a instituição
décimos pontos percentuais; de novos regimes dessa natureza, os atuais segurados de regime de
II - acima de 1 (um) salário-mínimo até R$ 2.000,00 (dois mil previdência aplicável a titulares de mandato eletivo da União, dos
reais), redução de cinco pontos percentuais; Estados, do Distrito Federal e dos Municípios poderão, por meio de
III - de R$ 2.000,01 (dois mil reais e um centavo) até R$ 3.000,00 opção expressa formalizada no prazo de 180 (cento e oitenta) dias,
(três mil reais), redução de dois pontos percentuais; contado da data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional,
IV - de R$ 3.000,01 (três mil reais e um centavo) até R$ 5.839,45 retirar-se dos regimes previdenciários aos quais se encontrem vin-
(cinco mil, oitocentos e trinta e nove reais e quarenta e cinco centa- culados.
vos), sem redução ou acréscimo; § 1º Os segurados, atuais e anteriores, do regime de previdên-
V - de R$ 5.839,46 (cinco mil, oitocentos e trinta e nove reais e cia de que trata a Lei nº 9.506, de 30 de outubro de 1997, que fize-
quarenta e seis centavos) até R$ 10.000,00 (dez mil reais), acrésci- rem a opção de permanecer nesse regime previdenciário deverão
mo de meio ponto percentual; cumprir período adicional correspondente a 30% (trinta por cento)
VI - de R$ 10.000,01 (dez mil reais e um centavo) até R$ do tempo de contribuição que faltaria para aquisição do direito à
20.000,00 (vinte mil reais), acréscimo de dois inteiros e cinco déci- aposentadoria na data de entrada em vigor desta Emenda Consti-
mos pontos percentuais; tucional e somente poderão aposentar-se a partir dos 62 (sessenta
VII - de R$ 20.000,01 (vinte mil reais e um centavo) até R$ e dois) anos de idade, se mulher, e 65 (sessenta e cinco) anos de
39.000,00 (trinta e nove mil reais), acréscimo de cinco pontos per- idade, se homem.
centuais; e § 2º Se for exercida a opção prevista no caput, será assegurada
VIII - acima de R$ 39.000,00 (trinta e nove mil reais), acréscimo a contagem do tempo de contribuição vertido para o regime de pre-
de oito pontos percentuais. vidência ao qual o segurado se encontrava vinculado, nos termos do
§ 2º A alíquota, reduzida ou majorada nos termos do disposto disposto no § 9º do art. 201 da Constituição Federal.
no § 1º, será aplicada de forma progressiva sobre a base de contri- § 3º A concessão de aposentadoria aos titulares de mandato
buição do servidor ativo, incidindo cada alíquota sobre a faixa de eletivo e de pensão por morte aos dependentes de titular de man-
valores compreendida nos respectivos limites. dato eletivo falecido será assegurada, a qualquer tempo, desde que
§ 3º Os valores previstos no § 1º serão reajustados, a partir da cumpridos os requisitos para obtenção desses benefícios até a data
data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional, na mesma de entrada em vigor desta Emenda Constitucional, observados os
data e com o mesmo índice em que se der o reajuste dos benefícios critérios da legislação vigente na data em que foram atendidos os
do Regime Geral de Previdência Social, ressalvados aqueles vincu- requisitos para a concessão da aposentadoria ou da pensão por
lados ao salário-mínimo, aos quais se aplica a legislação específica. morte.
§ 4º A alíquota de contribuição de que trata o caput, com a § 4º Observado o disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201 da Cons-
redução ou a majoração decorrentes do disposto no § 1º, será de- tituição Federal, o tempo de contribuição a regime próprio de pre-
vida pelos aposentados e pensionistas de quaisquer dos Poderes vidência social e ao Regime Geral de Previdência Social, assim como
da União, incluídas suas entidades autárquicas e suas fundações, e o tempo de contribuição decorrente das atividades militares de que
incidirá sobre o valor da parcela dos proventos de aposentadoria e tratam os arts. 42 e 142 da Constituição Federal, que tenha sido
de pensões que supere o limite máximo estabelecido para os bene- considerado para a concessão de benefício pelos regimes a que se
fícios do Regime Geral de Previdência Social, hipótese em que será refere o caput não poderá ser utilizado para obtenção de benefício
considerada a totalidade do valor do benefício para fins de defini- naqueles regimes.
ção das alíquotas aplicáveis. § 5º Lei específica do Estado, do Distrito Federal ou do Municí-
Art. 12. A União instituirá sistema integrado de dados relativos pio deverá disciplinar a regra de transição a ser aplicada aos segu-
às remunerações, proventos e pensões dos segurados dos regimes rados que, na forma do caput, fizerem a opção de permanecer no
de previdência de que tratam os arts. 40, 201 e 202 da Constituição regime previdenciário de que trata este artigo.
Federal, aos benefícios dos programas de assistência social de que Art. 15. Ao segurado filiado ao Regime Geral de Previdência So-
trata o art. 203 da Constituição Federal e às remunerações, proven- cial até a data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional,
tos de inatividade e pensão por morte decorrentes das atividades fica assegurado o direito à aposentadoria quando forem preenchi-
militares de que tratam os arts. 42 e 142 da Constituição Federal, dos, cumulativamente, os seguintes requisitos:
em interação com outras bases de dados, ferramentas e platafor- I - 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e
mas, para o fortalecimento de sua gestão, governança e transparên- cinco) anos de contribuição, se homem; e
cia e o cumprimento das disposições estabelecidas nos incisos XI e II - somatório da idade e do tempo de contribuição, incluídas
XVI do art. 37 da Constituição Federal. as frações, equivalente a 86 (oitenta e seis) pontos, se mulher, e 96
§ 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios (noventa e seis) pontos, se homem, observado o disposto nos §§
e os órgãos e entidades gestoras dos regimes, dos sistemas e dos 1º e 2º.
programas a que se refere o caput disponibilizarão as informações § 1º A partir de 1º de janeiro de 2020, a pontuação a que se re-
necessárias para a estruturação do sistema integrado de dados e fere o inciso II do caput será acrescida a cada ano de 1 (um) ponto,
terão acesso ao compartilhamento das referidas informações, na até atingir o limite de 100 (cem) pontos, se mulher, e de 105 (cento
forma da legislação. e cinco) pontos, se homem.
§ 2º É vedada a transmissão das informações de que trata este § 2º A idade e o tempo de contribuição serão apurados em dias
artigo a qualquer pessoa física ou jurídica para a prática de ativida- para o cálculo do somatório de pontos a que se referem o inciso II
de não relacionada à fiscalização dos regimes, dos sistemas e dos do caput e o § 1º.
programas a que se refere o caput. § 3º Para o professor que comprovar exclusivamente 25 (vinte
Art. 13. Não se aplica o disposto no § 9º do art. 39 da Constitui- e cinco) anos de contribuição, se mulher, e 30 (trinta) anos de con-
ção Federal a parcelas remuneratórias decorrentes de incorporação tribuição, se homem, em efetivo exercício das funções de magisté-
de vantagens de caráter temporário ou vinculadas ao exercício de rio na educação infantil e no ensino fundamental e médio, o soma-
função de confiança ou de cargo em comissão efetivada até a data tório da idade e do tempo de contribuição, incluídas as frações, será
de entrada em vigor desta Emenda Constitucional. equivalente a 81 (oitenta e um) pontos, se mulher, e 91 (noventa e

292
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
um) pontos, se homem, aos quais serão acrescidos, a partir de 1º de entrada em vigor desta Emenda Constitucional será aposentado
de janeiro de 2020, 1 (um) ponto a cada ano para o homem e para a aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, 65 (sessenta e
mulher, até atingir o limite de 92 (noventa e dois) pontos, se mulher, cinco) anos de idade, se homem, com 15 (quinze) anos de tempo de
e 100 (cem) pontos, se homem. contribuição, se mulher, e 20(vinte) anos de tempo de contribuição,
§ 4º O valor da aposentadoria concedida nos termos do dispos- se homem.
to neste artigo será apurado na forma da lei. § 1º Até que lei complementar disponha sobre a redução de
Art. 16. Ao segurado filiado ao Regime Geral de Previdência idade mínima ou tempo de contribuição prevista nos §§ 1º e 8º do
Social até a data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional art. 201 da Constituição Federal, será concedida aposentadoria:
fica assegurado o direito à aposentadoria quando preencher, cumu- I - aos segurados que comprovem o exercício de atividades com
lativamente, os seguintes requisitos: efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudi-
I - 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e ciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracteriza-
cinco) anos de contribuição, se homem; e ção por categoria profissional ou ocupação, durante, no mínimo,
II - idade de 56 (cinquenta e seis) anos, se mulher, e 61 (sessen- 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, nos termos do
ta e um) anos, se homem. disposto nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991,
§ 1º A partir de 1º de janeiro de 2020, a idade a que se refere quando cumpridos:
o inciso II do caput será acrescida de 6 (seis) meses a cada ano, até a) 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, quando se tratar de
atingir 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e 65 (sessenta atividade especial de 15 (quinze) anos de contribuição;
e cinco) anos de idade, se homem. b) 58 (cinquenta e oito) anos de idade, quando se tratar de ati-
§ 2º Para o professor que comprovar exclusivamente tempo de vidade especial de 20 (vinte) anos de contribuição; ou
efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e c) 60 (sessenta) anos de idade, quando se tratar de atividade
no ensino fundamental e médio, o tempo de contribuição e a idade especial de 25 (vinte e cinco) anos de contribuição;
de que tratam os incisos I e II do caput deste artigo serão reduzidos II - ao professor que comprove 25 (vinte e cinco) anos de contri-
em 5 (cinco) anos, sendo, a partir de 1º de janeiro de 2020, acres- buição exclusivamente em efetivo exercício das funções de magis-
cidos 6 (seis) meses, a cada ano, às idades previstas no inciso II do tério na educação infantil e no ensino fundamental e médio e tenha
caput, até atingirem 57 (cinquenta e sete) anos, se mulher, e 60 57 (cinquenta e sete) anos de idade, se mulher, e 60 (sessenta) anos
(sessenta) anos, se homem. de idade, se homem.
§ 3º O valor da aposentadoria concedida nos termos do dispos- § 2º O valor das aposentadorias de que trata este artigo será
to neste artigo será apurado na forma da lei. apurado na forma da lei.
Art. 17. Ao segurado filiado ao Regime Geral de Previdência So- Art. 20. O segurado ou o servidor público federal que se te-
cial até a data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional e nha filiado ao Regime Geral de Previdência Social ou ingressado no
que na referida data contar com mais de 28 (vinte e oito) anos de serviço público em cargo efetivo até a data de entrada em vigor
contribuição, se mulher, e 33 (trinta e três) anos de contribuição, se desta Emenda Constitucional poderá aposentar-se voluntariamente
homem, fica assegurado o direito à aposentadoria quando preen- quando preencher, cumulativamente, os seguintes requisitos:
cher, cumulativamente, os seguintes requisitos: I - 57 (cinquenta e sete) anos de idade, se mulher, e 60 (sessen-
I - 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e ta) anos de idade, se homem;
cinco) anos de contribuição, se homem; e II - 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e
II - cumprimento de período adicional correspondente a 50% cinco) anos de contribuição, se homem;
(cinquenta por cento) do tempo que, na data de entrada em vigor III - para os servidores públicos, 20 (vinte) anos de efetivo exer-
desta Emenda Constitucional, faltaria para atingir 30 (trinta) anos cício no serviço público e 5 (cinco) anos no cargo efetivo em que se
de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e cinco) anos de contribui- der a aposentadoria;
ção, se homem. IV - período adicional de contribuição correspondente ao tem-
Parágrafo único. O benefício concedido nos termos deste artigo po que, na data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional,
terá seu valor apurado de acordo com a média aritmética simples faltaria para atingir o tempo mínimo de contribuição referido no
dos salários de contribuição e das remunerações calculada na for- inciso II.
ma da lei, multiplicada pelo fator previdenciário, calculado na for- § 1º Para o professor que comprovar exclusivamente tempo de
ma do disposto nos §§ 7º a 9º do art. 29 da Lei nº 8.213, de 24 de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e
julho de 1991. no ensino fundamental e médio serão reduzidos, para ambos os
Art. 18. O segurado de que trata o inciso I do § 7º do art. 201 da sexos, os requisitos de idade e de tempo de contribuição em 5 (cin-
Constituição Federal filiado ao Regime Geral de Previdência Social co) anos.
até a data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional pode- § 2º O valor das aposentadorias concedidas nos termos do dis-
rá aposentar-se quando preencher, cumulativamente, os seguintes posto neste artigo corresponderá:
requisitos: I - em relação ao servidor público que tenha ingressado no ser-
I - 60 (sessenta) anos de idade, se mulher, e 65 (sessenta e cin- viço público em cargo efetivo até 31 de dezembro de 2003 e que
co) anos de idade, se homem; e não tenha feito a opção de que trata o § 16 do art. 40 da Constitui-
II - 15 (quinze) anos de contribuição, para ambos os sexos. ção Federal, à totalidade da remuneração no cargo efetivo em que
§ 1º A partir de 1º de janeiro de 2020, a idade de 60 (sessenta) se der a aposentadoria, observado o disposto no § 8º do art. 4º; e
anos da mulher, prevista no inciso I do caput, será acrescida em 6 II - em relação aos demais servidores públicos e aos segurados
(seis) meses a cada ano, até atingir 62 (sessenta e dois) anos de do Regime Geral de Previdência Social, ao valor apurado na forma
idade. da lei.
§ 2º O valor da aposentadoria de que trata este artigo será apu- § 3º O valor das aposentadorias concedidas nos termos do dis-
rado na forma da lei. posto neste artigo não será inferior ao valor a que se refere o § 2º
Art. 19. Até que lei disponha sobre o tempo de contribuição a do art. 201 da Constituição Federal e será reajustado:
que se refere o inciso I do § 7º do art. 201 da Constituição Federal, o
segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social após a data

293
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
I - de acordo com o disposto no art. 7º da Emenda Constitucio- dor ou daquela a que teria direito se fosse aposentado por incapa-
nal nº 41, de 19 de dezembro de 2003, se cumpridos os requisitos cidade permanente na data do óbito, acrescida de cotas de 10 (dez)
previstos no inciso I do § 2º; pontos percentuais por dependente, até o máximo de 100% (cem
II - nos termos estabelecidos para o Regime Geral de Previdên- por cento).
cia Social, na hipótese prevista no inciso II do § 2º. § 1º As cotas por dependente cessarão com a perda dessa qua-
§ 4º Aplicam-se às aposentadorias dos servidores dos Estados, lidade e não serão reversíveis aos demais dependentes, preservado
do Distrito Federal e dos Municípios as normas constitucionais e o valor de 100% (cem por cento) da pensão por morte quando o
infraconstitucionais anteriores à data de entrada em vigor desta número de dependentes remanescente for igual ou superior a 5
Emenda Constitucional, enquanto não promovidas alterações na (cinco).
legislação interna relacionada ao respectivo regime próprio de pre- § 2º Na hipótese de existir dependente inválido ou com defi-
vidência social. ciência intelectual, mental ou grave, o valor da pensão por morte
Art. 21. O segurado ou o servidor público federal que se tenha de que trata o caput será equivalente a:
filiado ao Regime Geral de Previdência Social ou ingressado no ser- I - 100% (cem por cento) da aposentadoria recebida pelo segu-
viço público em cargo efetivo até a data de entrada em vigor desta rado ou servidor ou daquela a que teria direito se fosse aposentado
Emenda Constitucional cujas atividades tenham sido exercidas com por incapacidade permanente na data do óbito, até o limite máxi-
efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudi- mo de benefícios do Regime Geral de Previdência Social; e
ciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracteriza- II - uma cota familiar de 50% (cinquenta por cento) acrescida
ção por categoria profissional ou ocupação, desde que cumpridos, de cotas de 10 (dez) pontos percentuais por dependente, até o má-
no caso do servidor, o tempo mínimo de 20 (vinte) anos de efetivo ximo de 100% (cem por cento), para o valor que supere o limite
exercício no serviço público e de 5 (cinco) anos no cargo efetivo em máximo de benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
que for concedida a aposentadoria, na forma dos arts. 57 e 58 da Lei § 3º Quando não houver mais dependente inválido ou com de-
nº 8.213, de 24 de julho de 1991, poderão aposentar-se quando o ficiência intelectual, mental ou grave, o valor da pensão será recal-
total da soma resultante da sua idade e do tempo de contribuição e culado na forma do disposto no caput e no § 1º.
o tempo de efetiva exposição forem, respectivamente, de: § 4º O tempo de duração da pensão por morte e das cotas
I - 66 (sessenta e seis) pontos e 15 (quinze) anos de efetiva ex- individuais por dependente até a perda dessa qualidade, o rol de
posição; dependentes e sua qualificação e as condições necessárias para en-
II - 76 (setenta e seis) pontos e 20 (vinte) anos de efetiva expo- quadramento serão aqueles estabelecidos na Lei nº 8.213, de 24 de
sição; e julho de 1991.
III - 86 (oitenta e seis) pontos e 25 (vinte e cinco) anos de efe- § 5º Para o dependente inválido ou com deficiência intelectual,
tiva exposição. mental ou grave, sua condição pode ser reconhecida previamente
§ 1º A idade e o tempo de contribuição serão apurados em dias ao óbito do segurado, por meio de avaliação biopsicossocial realiza-
para o cálculo do somatório de pontos a que se refere o caput. § 2º da por equipe multiprofissional e interdisciplinar, observada revisão
O valor da aposentadoria de que trata este artigo será apurado na periódica na forma da legislação.
forma da lei. § 6º Equiparam-se a filho, para fins de recebimento da pensão
§ 3º Aplicam-se às aposentadorias dos servidores dos Estados, por morte, exclusivamente o enteado e o menor tutelado, desde
do Distrito Federal e dos Municípios cujas atividades sejam exerci- que comprovada a dependência econômica.
das com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos § 7º As regras sobre pensão previstas neste artigo e na legisla-
prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a ca- ção vigente na data de entrada em vigor desta Emenda Constitucio-
racterização por categoria profissional ou ocupação, na forma do § nal poderão ser alteradas na forma da lei para o Regime Geral de
4º-C do art. 40 da Constituição Federal, as normas constitucionais Previdência Social e para o regime próprio de previdência social da
e infraconstitucionais anteriores à data de entrada em vigor desta União.
Emenda Constitucional, enquanto não promovidas alterações na § 8º Aplicam-se às pensões concedidas aos dependentes de
legislação interna relacionada ao respectivo regime próprio de pre- servidores dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios as
vidência social. normas constitucionais e infraconstitucionais anteriores à data de
Art. 22. Até que lei discipline o § 4º-A do art. 40 e o inciso I do entrada em vigor desta Emenda Constitucional, enquanto não pro-
§ 1º do art. 201 da Constituição Federal, a aposentadoria da pessoa movidas alterações na legislação interna relacionada ao respectivo
com deficiência segurada do Regime Geral de Previdência Social regime próprio de previdência social.
ou do servidor público federal com deficiência vinculado a regime Art. 24. É vedada a acumulação de mais de uma pensão por
próprio de previdência social, desde que cumpridos, no caso do morte deixada por cônjuge ou companheiro, no âmbito do mesmo
servidor, o tempo mínimo de 10 (dez) anos de efetivo exercício no regime de previdência social, ressalvadas as pensões do mesmo ins-
serviço público e de 5 (cinco) anos no cargo efetivo em que for con- tituidor decorrentes do exercício de cargos acumuláveis na forma
cedida a aposentadoria, será concedida na forma da Lei Comple- do art. 37 da Constituição Federal.
mentar nº 142, de 8 de maio de 2013, inclusive quanto aos critérios § 1º Será admitida, nos termos do § 2º, a acumulação de:
de cálculo dos benefícios. I - pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro de
Parágrafo único. Aplicam-se às aposentadorias dos servidores um regime de previdência social com pensão por morte concedida
com deficiência dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios as por outro regime de previdência social ou com pensões decorrentes
normas constitucionais e infraconstitucionais anteriores à data de das atividades militares de que tratam os arts. 42 e 142 da Consti-
entrada em vigor desta Emenda Constitucional, enquanto não pro- tuição Federal;
movidas alterações na legislação interna relacionada ao respectivo II - pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro de
regime próprio de previdência social. um regime de previdência social com aposentadoria concedida no
Art. 23. A pensão por morte concedida a dependente de segu- âmbito do Regime Geral de Previdência Social ou de regime próprio
rado do Regime Geral de Previdência Social ou de servidor público de previdência social ou com proventos de inatividade decorrentes
federal será equivalente a uma cota familiar de 50% (cinquenta por das atividades militares de que tratam os arts. 42 e 142 da Consti-
cento) do valor da aposentadoria recebida pelo segurado ou servi- tuição Federal; ou

294
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
III - pensões decorrentes das atividades militares de que tratam dentes a 100% (cem por cento) do período contributivo desde a
os arts. 42 e 142 da Constituição Federal com aposentadoria conce- competência julho de 1994 ou desde o início da contribuição, se
dida no âmbito do Regime Geral de Previdência Social ou de regime posterior àquela competência.
próprio de previdência social. § 1º A média a que se refere o caput será limitada ao valor
§ 2º Nas hipóteses das acumulações previstas no § 1º, é asse- máximo do salário de contribuição do Regime Geral de Previdência
gurada a percepção do valor integral do benefício mais vantajoso e Social para os segurados desse regime e para o servidor que ingres-
de uma parte de cada um dos demais benefícios, apurada cumula- sou no serviço público em cargo efetivo após a implantação do re-
tivamente de acordo com as seguintes faixas: gime de previdência complementar ou que tenha exercido a opção
I - 60% (sessenta por cento) do valor que exceder 1 (um) salá- correspondente, nos termos do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40
rio-mínimo, até o limite de 2 (dois) salários-mínimos; da Constituição Federal.
II - 40% (quarenta por cento) do valor que exceder 2 (dois) salá- § 2º O valor do benefício de aposentadoria corresponderá a
rios-mínimos, até o limite de 3 (três) salários-mínimos; 60% (sessenta por cento) da média aritmética definida na forma
III - 20% (vinte por cento) do valor que exceder 3 (três) salários- prevista no caput e no § 1º, com acréscimo de 2 (dois) pontos per-
-mínimos, até o limite de 4 (quatro) salários-mínimos; e centuais para cada ano de contribuição que exceder o tempo de 20
IV - 10% (dez por cento) do valor que exceder 4 (quatro) salá- (vinte) anos de contribuição nos casos:
rios-mínimos. I - do inciso II do § 6º do art. 4º, do § 4º do art. 15, do § 3º do
§ 3º A aplicação do disposto no § 2º poderá ser revista a qual- art. 16 e do § 2º do art. 18;
quer tempo, a pedido do interessado, em razão de alteração de al- II - do § 4º do art. 10, ressalvado o disposto no inciso II do § 3º
gum dos benefícios. e no § 4º deste artigo;
§ 4º As restrições previstas neste artigo não serão aplicadas se III - de aposentadoria por incapacidade permanente aos segu-
o direito aos benefícios houver sido adquirido antes da data de en- rados do Regime Geral de Previdência Social, ressalvado o disposto
trada em vigor desta Emenda Constitucional. no inciso II do § 3º deste artigo; e
§ 5º As regras sobre acumulação previstas neste artigo e na IV - do § 2º do art. 19 e do § 2º do art. 21, ressalvado o disposto
legislação vigente na data de entrada em vigor desta Emenda Cons- no § 5º deste artigo.
titucional poderão ser alteradas na forma do § 6º do art. 40 e do § § 3º O valor do benefício de aposentadoria corresponderá a
15 do art. 201 da Constituição Federal. 100% (cem por cento) da média aritmética definida na forma pre-
Art. 25. Será assegurada a contagem de tempo de contribuição vista no caput e no § 1º:
fictício no Regime Geral de Previdência Social decorrente de hipó- I - no caso do inciso II do § 2º do art. 20;
teses descritas na legislação vigente até a data de entrada em vigor II - no caso de aposentadoria por incapacidade permanente,
desta Emenda Constitucional para fins de concessão de aposenta- quando decorrer de acidente de trabalho, de doença profissional e
doria, observando-se, a partir da sua entrada em vigor, o disposto de doença do trabalho.
no § 14 do art. 201 da Constituição Federal. § 4º O valor do benefício da aposentadoria de que trata o inciso
§ 1º Para fins de comprovação de atividade rural exercida até a III do § 1º do art. 10 corresponderá ao resultado do tempo de con-
data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional, o prazo de tribuição dividido por 20 (vinte) anos, limitado a um inteiro, multi-
que tratam os §§ 1º e 2º do art. 38-B da Lei nº 8.213, de 24 de julho plicado pelo valor apurado na forma do caput do § 2º deste artigo,
de 1991, será prorrogado até a data em que o Cadastro Nacional ressalvado o caso de cumprimento de critérios de acesso para apo-
de Informações Sociais (CNIS) atingir a cobertura mínima de 50% sentadoria voluntária que resulte em situação mais favorável.
(cinquenta por cento) dos trabalhadores de que trata o § 8º do art. § 5º O acréscimo a que se refere o caput do § 2º será aplicado
195 da Constituição Federal, apurada conforme quantitativo da Pes- para cada ano que exceder 15 (quinze) anos de tempo de contri-
quisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). buição para os segurados de que tratam a alínea “a” do inciso I do
§ 2º Será reconhecida a conversão de tempo especial em co- § 1º do art. 19 e o inciso I do art. 21 e para as mulheres filiadas ao
mum, na forma prevista na Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, Regime Geral de Previdência Social.
ao segurado do Regime Geral de Previdência Social que comprovar § 6º Poderão ser excluídas da média as contribuições que resul-
tempo de efetivo exercício de atividade sujeita a condições espe- tem em redução do valor do benefício, desde que mantido o tempo
ciais que efetivamente prejudiquem a saúde, cumprido até a data mínimo de contribuição exigido, vedada a utilização do tempo ex-
de entrada em vigor desta Emenda Constitucional, vedada a conver- cluído para qualquer finalidade, inclusive para o acréscimo a que
são para o tempo cumprido após esta data. se referem os §§ 2º e 5º, para a averbação em outro regime pre-
§ 3º Considera-se nula a aposentadoria que tenha sido conce- videnciário ou para a obtenção dos proventos de inatividade das
dida ou que venha a ser concedida por regime próprio de previdên- atividades de que tratam os arts. 42 e 142 da Constituição Federal.
cia social com contagem recíproca do Regime Geral de Previdência § 7º Os benefícios calculados nos termos do disposto neste
Social mediante o cômputo de tempo de serviço sem o recolhimen- artigo serão reajustados nos termos estabelecidos para o Regime
to da respectiva contribuição ou da correspondente indenização Geral de Previdência Social.
pelo segurado obrigatório responsável, à época do exercício da Art. 27. Até que lei discipline o acesso ao salário-família e ao
atividade, pelo recolhimento de suas próprias contribuições previ- auxílio-reclusão de que trata o inciso IV do art. 201 da Constituição
denciárias. Federal, esses benefícios serão concedidos apenas àqueles que te-
Art. 26. Até que lei discipline o cálculo dos benefícios do regi- nham renda bruta mensal igual ou inferior a R$ 1.364,43 (mil, tre-
me próprio de previdência social da União e do Regime Geral de zentos e sessenta e quatro reais e quarenta e três centavos), que
Previdência Social, será utilizada a média aritmética simples dos serão corrigidos pelos mesmos índices aplicados aos benefícios do
salários de contribuição e das remunerações adotados como base Regime Geral de Previdência Social.
para contribuições a regime próprio de previdência social e ao Re- § 1º Até que lei discipline o valor do auxílio-reclusão, de que
gime Geral de Previdência Social, ou como base para contribuições trata o inciso IV do art. 201 da Constituição Federal, seu cálculo será
decorrentes das atividades militares de que tratam os arts. 42 e 142 realizado na forma daquele aplicável à pensão por morte, não po-
da Constituição Federal, atualizados monetariamente, correspon- dendo exceder o valor de 1 (um) salário-mínimo.

295
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 2º Até que lei discipline o valor do salário-família, de que trata Art. 34. Na hipótese de extinção por lei de regime previdenciá-
o inciso IV do art. 201 da Constituição Federal, seu valor será de R$ rio e migração dos respectivos segurados para o Regime Geral de
46,54 (quarenta e seis reais e cinquenta e quatro centavos). Previdência Social, serão observados, até que lei federal disponha
Art. 28. Até que lei altere as alíquotas da contribuição de que sobre a matéria, os seguintes requisitos pelo ente federativo:
trata a Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, devidas pelo segurado I - assunção integral da responsabilidade pelo pagamento dos
empregado, inclusive o doméstico, e pelo trabalhador avulso, estas benefícios concedidos durante a vigência do regime extinto, bem
serão de: (Vigência) como daqueles cujos requisitos já tenham sido implementados an-
I - até 1 (um) salário-mínimo, 7,5% (sete inteiros e cinco déci- tes da sua extinção;
mos por cento); II - previsão de mecanismo de ressarcimento ou de comple-
II - acima de 1 (um) salário-mínimo até R$ 2.000,00 (dois mil mentação de benefícios aos que tenham contribuído acima do limi-
reais), 9% (nove por cento); te máximo do Regime Geral de Previdência Social;
III - de R$ 2.000,01 (dois mil reais e um centavo) até R$ 3.000,00 III - vinculação das reservas existentes no momento da extin-
(três mil reais), 12% (doze por cento); e ção, exclusivamente:
IV - de R$ 3.000,01 (três mil reais e um centavo) até o limite do a) ao pagamento dos benefícios concedidos e a conceder, ao
salário de contribuição, 14% (quatorze por cento). ressarcimento de contribuições ou à complementação de benefí-
§ 1º As alíquotas previstas no caput serão aplicadas de forma cios, na forma dos incisos I e II; e
progressiva sobre o salário de contribuição do segurado, incidindo b) à compensação financeira com o Regime Geral de Previdên-
cada alíquota sobre a faixa de valores compreendida nos respecti- cia Social.
vos limites. Parágrafo único. A existência de superavit atuarial não constitui
§ 2º Os valores previstos no caput serão reajustados, a partir da óbice à extinção de regime próprio de previdência social e à conse-
data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional, na mesma quente migração para o Regime Geral de Previdência Social.
data e com o mesmo índice em que se der o reajuste dos benefícios Art. 35. Revogam-se:
do Regime Geral de Previdência Social, ressalvados aqueles vincu- I - os seguintes dispositivos da Constituição Federal:
lados ao salário-mínimo, aos quais se aplica a legislação específica. a) o § 21 do art. 40; (Vigência)
Art. 29. Até que entre em vigor lei que disponha sobre o § 14 do b) o § 13 do art. 195;
art. 195 da Constituição Federal, o segurado que, no somatório de II - os arts. 9º, 13 e 15 da Emenda Constitucional nº 20, de 15
remunerações auferidas no período de 1 (um) mês, receber remu- de dezembro de 1998;
neração inferior ao limite mínimo mensal do salário de contribuição III - os arts. 2º, 6º e 6º-A da Emenda Constitucional nº 41, de 19
poderá: de dezembro de 2003; (Vigência)
I - complementar a sua contribuição, de forma a alcançar o li- IV - o art. 3º da Emenda Constitucional nº 47, de 5 de julho de
mite mínimo exigido; 2005. (Vigência)
II - utilizar o valor da contribuição que exceder o limite mínimo Art. 36. Esta Emenda Constitucional entra em vigor:
de contribuição de uma competência em outra; ou I - no primeiro dia do quarto mês subsequente ao da data de
III - agrupar contribuições inferiores ao limite mínimo de dife- publicação desta Emenda Constitucional, quanto ao disposto nos
rentes competências, para aproveitamento em contribuições míni- arts. 11, 28 e 32;
mas mensais. II - para os regimes próprios de previdência social dos Estados,
Parágrafo único. Os ajustes de complementação ou agrupa- do Distrito Federal e dos Municípios, quanto à alteração promovida
mento de contribuições previstos nos incisos I, II e III do caput so- pelo art. 1º desta Emenda Constitucional no art. 149 da Constitui-
mente poderão ser feitos ao longo do mesmo ano civil. ção Federal e às revogações previstas na alínea “a” do inciso I e nos
Art. 30. A vedação de diferenciação ou substituição de base de incisos III e IV do art. 35, na data de publicação de lei de iniciativa
cálculo decorrente do disposto no § 9º do art. 195 da Constituição privativa do respectivo Poder Executivo que as referende integral-
Federal não se aplica a contribuições que substituam a contribuição mente;
de que trata a alínea “a” do inciso I do caput do art. 195 da Consti- III - nos demais casos, na data de sua publicação.
tuição Federal instituídas antes da data de entrada em vigor desta Parágrafo único. A lei de que trata o inciso II do caput não pro-
Emenda Constitucional. duzirá efeitos anteriores à data de sua publicação.
Art. 31. O disposto no § 11 do art. 195 da Constituição Federal
não se aplica aos parcelamentos previstos na legislação vigente até
a data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional, sendo ve- LEI COMPLEMENTAR Nº 142/2013
dadas a reabertura ou a prorrogação de prazo para adesão.
Art. 32. Até que entre em vigor lei que disponha sobre a alíquo- LEI COMPLEMENTAR Nº 142, DE 8 DE MAIO DE 2013
ta da contribuição de que trata a Lei nº 7.689, de 15 de dezembro
de 1988, esta será de 20% (vinte por cento) no caso das pessoas Regulamenta o § 1o do art. 201 da Constituição Federal, no
jurídicas referidas no inciso I do § 1º do art. 1º da Lei Complementar tocante à aposentadoria da pessoa com deficiência segurada do
nº 105, de 10 de janeiro de 2001. (Vigência) Regime Geral de Previdência Social - RGPS.
Art. 33. Até que seja disciplinada a relação entre a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios e entidades abertas de A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
previdência complementar na forma do disposto nos §§ 4º e 5º do cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:
art. 202 da Constituição Federal, somente entidades fechadas de
previdência complementar estão autorizadas a administrar planos Art. 1o Esta Lei Complementar regulamenta a concessão de
de benefícios patrocinados pela União, Estados, Distrito Federal ou aposentadoria da pessoa com deficiência segurada do Regime Ge-
Municípios, inclusive suas autarquias, fundações, sociedades de ral de Previdência Social - RGPS de que trata o § 1o do art. 201 da
economia mista e empresas controladas direta ou indiretamente. Constituição Federal.

296
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 2o Para o reconhecimento do direito à aposentadoria de II - a contagem recíproca do tempo de contribuição na condição
que trata esta Lei Complementar, considera-se pessoa com defi- de segurado com deficiência relativo à filiação ao RGPS, ao regime
ciência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza próprio de previdência do servidor público ou a regime de previ-
física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com dência militar, devendo os regimes compensar-se financeiramente;
diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva III - as regras de pagamento e de recolhimento das contribui-
na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. ções previdenciárias contidas na Lei no 8.212, de 24 de julho de
Art. 3o É assegurada a concessão de aposentadoria pelo RGPS 1991;
ao segurado com deficiência, observadas as seguintes condições: IV - as demais normas relativas aos benefícios do RGPS;
I - aos 25 (vinte e cinco) anos de tempo de contribuição, se V - a percepção de qualquer outra espécie de aposentadoria
homem, e 20 (vinte) anos, se mulher, no caso de segurado com de- estabelecida na Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, que lhe seja
ficiência grave; mais vantajosa do que as opções apresentadas nesta Lei Comple-
II - aos 29 (vinte e nove) anos de tempo de contribuição, se mentar.
homem, e 24 (vinte e quatro) anos, se mulher, no caso de segurado Art. 10. A redução do tempo de contribuição prevista nesta Lei
com deficiência moderada; Complementar não poderá ser acumulada, no tocante ao mesmo
III - aos 33 (trinta e três) anos de tempo de contribuição, se período contributivo, com a redução assegurada aos casos de ativi-
homem, e 28 (vinte e oito) anos, se mulher, no caso de segurado dades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde
com deficiência leve; ou ou a integridade física.
IV - aos 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquen- Art. 11. Esta Lei Complementar entra em vigor após decorridos
ta e cinco) anos de idade, se mulher, independentemente do grau 6 (seis) meses de sua publicação oficial.
de deficiência, desde que cumprido tempo mínimo de contribuição
de 15 (quinze) anos e comprovada a existência de deficiência du-
rante igual período. LEI Nº 8.212/1991 E SUAS ALTERAÇÕES
Parágrafo único. Regulamento do Poder Executivo definirá as
deficiências grave, moderada e leve para os fins desta Lei Comple- LEI Nº 8.212, DE 24 DE JULHO DE 1991
mentar.
Art. 4o A avaliação da deficiência será médica e funcional, nos Dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui
termos do Regulamento. Plano de Custeio, e dá outras providências.
Art. 5o O grau de deficiência será atestado por perícia própria
do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, por meio de instru- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso
mentos desenvolvidos para esse fim. Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 6o A contagem de tempo de contribuição na condição de
segurado com deficiência será objeto de comprovação, exclusiva- LEI ORGÂNICA DA SEGURIDADE SOCIAL
mente, na forma desta Lei Complementar.
§ 1o A existência de deficiência anterior à data da vigência des- TÍTULO I
ta Lei Complementar deverá ser certificada, inclusive quanto ao seu CONCEITUAÇÃO E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
grau, por ocasião da primeira avaliação, sendo obrigatória a fixação
da data provável do início da deficiência. Art. 1º A Seguridade Social compreende um conjunto inte-
§ 2o A comprovação de tempo de contribuição na condição de grado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade,
segurado com deficiência em período anterior à entrada em vigor destinado a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à
desta Lei Complementar não será admitida por meio de prova ex- assistência social.
clusivamente testemunhal. Parágrafo único. A Seguridade Social obedecerá aos seguintes
Art. 7o Se o segurado, após a filiação ao RGPS, tornar-se pes- princípios e diretrizes:
soa com deficiência, ou tiver seu grau de deficiência alterado, os a) universalidade da cobertura e do atendimento;
parâmetros mencionados no art. 3o serão proporcionalmente ajus- b) uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às
tados, considerando-se o número de anos em que o segurado exer- populações urbanas e rurais;
ceu atividade laboral sem deficiência e com deficiência, observado c) seletividade e distributividade na prestação dos benefícios
o grau de deficiência correspondente, nos termos do regulamento a e serviços;
que se refere o parágrafo único do art. 3o desta Lei Complementar. d) irredutibilidade do valor dos benefícios;
Art. 8o A renda mensal da aposentadoria devida ao segurado e) eqüidade na forma de participação no custeio;
com deficiência será calculada aplicando-se sobre o salário de be- f) diversidade da base de financiamento;
nefício, apurado em conformidade com o disposto no art. 29 da Lei g) caráter democrático e descentralizado da gestão adminis-
no 8.213, de 24 de julho de 1991, os seguintes percentuais: trativa com a participação da comunidade, em especial de traba-
I - 100% (cem por cento), no caso da aposentadoria de que tra- lhadores, empresários e aposentados.
tam os incisos I, II e III do art. 3o; ou
II - 70% (setenta por cento) mais 1% (um por cento) do salário TÍTULO II
de benefício por grupo de 12 (doze) contribuições mensais até o DA SAÚDE
máximo de 30% (trinta por cento), no caso de aposentadoria por
idade. Art. 2º A Saúde é direito de todos e dever do Estado, garanti-
Art. 9o Aplicam-se à pessoa com deficiência de que trata esta do mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução
Lei Complementar: do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
I - o fator previdenciário nas aposentadorias, se resultar em igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e re-
renda mensal de valor mais elevado; cuperação.

297
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Parágrafo único. As atividades de saúde são de relevância Art. 8º As propostas orçamentárias anuais ou plurianuais da
pública e sua organização obedecerá aos seguintes princípios e Seguridade Social serão elaboradas por Comissão integrada por 3
diretrizes: (três) representantes, sendo 1 (um) da área da saúde, 1 (um) da
a) acesso universal e igualitário; área da previdência social e 1 (um) da área de assistência social.
b) provimento das ações e serviços através de rede regionali- Art. 9º As áreas de Saúde, Previdência Social e Assistência So-
zada e hierarquizada, integrados em sistema único; cial são objeto de leis específicas, que regulamentarão sua organi-
c) descentralização, com direção única em cada esfera de go- zação e funcionamento.
verno;
d) atendimento integral, com prioridade para as atividades TÍTULO VI
preventivas; DO FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL
e) participação da comunidade na gestão, fiscalização e acom- INTRODUÇÃO
panhamento das ações e serviços de saúde;
f) participação da iniciativa privada na assistência à saúde, Art. 10. A Seguridade Social será financiada por toda socie-
obedecidos os preceitos constitucionais. dade, de forma direta e indireta, nos termos do art. 195 da Cons-
tituição Federal e desta Lei, mediante recursos provenientes da
TÍTULO III União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de con-
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL tribuições sociais.
Art. 11. No âmbito federal, o orçamento da Seguridade Social
Art. 3º A Previdência Social tem por fim assegurar aos seus é composto das seguintes receitas:
beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo I - receitas da União;
de incapacidade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego II - receitas das contribuições sociais;
involuntário, encargos de família e reclusão ou morte daqueles de III - receitas de outras fontes.
quem dependiam economicamente. Parágrafo único. Constituem contribuições sociais:
Parágrafo único. A organização da Previdência Social obede- a) as das empresas, incidentes sobre a remuneração paga
cerá aos seguintes princípios e diretrizes: ou creditada aos segurados a seu serviço; (Vide art. 104 da lei nº
a) universalidade de participação nos planos previdenciários, 11.196, de 2005)
mediante contribuição; b) as dos empregadores domésticos;
b) valor da renda mensal dos benefícios, substitutos do salá- c) as dos trabalhadores, incidentes sobre o seu salário-de-
rio-de-contribuição ou do rendimento do trabalho do segurado, -contribuição; (Vide art. 104 da lei nº 11.196, de 2005)
não inferior ao do salário mínimo; d) as das empresas, incidentes sobre faturamento e lucro;
c) cálculo dos benefícios considerando-se os salários-de-con- e) as incidentes sobre a receita de concursos de prognósticos.
tribuição, corrigidos monetariamente;
d) preservação do valor real dos benefícios; CAPÍTULO I
e) previdência complementar facultativa, custeada por con- DOS CONTRIBUINTES
tribuição adicional.
SEÇÃO I
TÍTULO IV DOS SEGURADOS
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as
Art. 4º A Assistência Social é a política social que provê o seguintes pessoas físicas:
atendimento das necessidades básicas, traduzidas em proteção à I - como empregado:
família, à maternidade, à infância, à adolescência, à velhice e à a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à
pessoa portadora de deficiência, independentemente de contri- empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e me-
buição à Seguridade Social. diante remuneração, inclusive como diretor empregado;
Parágrafo único. A organização da Assistência Social obedece- b) aquele que, contratado por empresa de trabalho tempo-
rá às seguintes diretrizes: rário, definida em legislação específica, presta serviço para aten-
a) descentralização político-administrativa; der a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e
b) participação da população na formulação e controle das permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras
ações em todos os níveis. empresas;
c) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no
TÍTULO V Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de
DA ORGANIZAÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL empresa nacional no exterior;
d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática
Art. 5º As ações nas áreas de Saúde, Previdência Social e As- ou a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a ela
sistência Social, conforme o disposto no Capítulo II do Título VIII subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, ex-
da Constituição Federal, serão organizadas em Sistema Nacional cluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o
de Seguridade Social, na forma desta Lei. brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da res-
Art. 6º (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de pectiva missão diplomática ou repartição consular;
2001). e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em
Art. 7º (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil
2001). seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo
se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio;

298
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Bra- VII – como segurado especial: a pessoa física residente no
sil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele
exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa bra- que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda
sileira de capital nacional; que com o auxílio eventual de terceiros a título de mútua cola-
g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem boração, na condição de: (Redação dada pela Lei nº 11.718, de
vínculo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime es- 2008).
pecial, e Fundações Públicas Federais; (Alínea acrescentada pela a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assen-
Lei n° 8.647, de 13.4.93) tado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatá-
h) (Execução suspensa pela Resolução do Senado Federal nº rio rurais, que explore atividade: (Incluído pela Lei nº 11.718, de
26, de 2005) 2008).
i) o empregado de organismo oficial internacional ou estran- 1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais; ou
geiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por re- (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
gime próprio de previdência social; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas ativi-
1999). dades nos termos do inciso XII do caput do art. 2o da Lei no 9.985,
j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou muni- de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio
cipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência de vida; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
social; (Incluído pela Lei nº 10.887, de 2004). b) pescador artesanal ou a este assemelhado, que faça da
II - como empregado doméstico: aquele que presta serviço pesca profissão habitual ou principal meio de vida; e (Incluído
de natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial pela Lei nº 11.718, de 2008).
desta, em atividades sem fins lucrativos; c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16
III - (Revogado pela Lei nº 9.876, de 1999). (dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado de
IV - (Revogado pela Lei nº 9.876, de 1999). que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente,
V - como contribuinte individual: (Redação dada pela Lei nº trabalhem com o grupo familiar respectivo. (Incluído pela Lei nº
9.876, de 1999). 11.718, de 2008).
a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade § 1o Entende-se como regime de economia familiar a ativi-
agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou tem- dade em que o trabalho dos membros da família é indispensável
porário, em área superior a 4 (quatro) módulos fiscais; ou, quando à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do
em área igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou ativida- núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência
de pesqueira, com auxílio de empregados ou por intermédio de e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes. (Re-
prepostos; ou ainda nas hipóteses dos §§ 10 e 11 deste artigo; dação dada pela Lei nº 11.718, de 2008).
(Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008). § 2º Todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de
b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade uma atividade remunerada sujeita ao Regime Geral de Previdên-
de extração mineral - garimpo, em caráter permanente ou tempo- cia Social é obrigatoriamente filiado em relação a cada uma delas.
rário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o § 3o (Revogado): (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008).
auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008).
forma não contínua; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). II – (revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008).
c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto § 4º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social-
de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa; (Reda- -RGPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade
ção dada pela Lei nº 10.403, de 2002). abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a
d) revogada; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). essa atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata esta
e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo Lei, para fins de custeio da Seguridade Social. (Parágrafo acrescen-
oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que tado pela Lei nº 9.032, de 28.4.95).
lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime § 5º O dirigente sindical mantém, durante o exercício do man-
próprio de previdência social; (Redação dada pela Lei nº 9.876, dato eletivo, o mesmo enquadramento no Regime Geral de Previ-
de 1999). dência Social-RGPS de antes da investidura. (Parágrafo acrescen-
f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não tado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
empregado e o membro de conselho de administração de socie- § 6o Aplica-se o disposto na alínea g do inciso I do caput ao
dade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio ge- ocupante de cargo de Ministro de Estado, de Secretário Estadual,
rente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de Distrital ou Municipal, sem vínculo efetivo com a União, Estados,
seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o associado eleito Distrito Federal e Municípios, suas autarquias, ainda que em re-
para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de gime especial, e fundações. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999).
qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou admi- § 7o Para serem considerados segurados especiais, o cônjuge
nistrador eleito para exercer atividade de direção condominial, ou companheiro e os filhos maiores de 16 (dezesseis) anos ou os
desde que recebam remuneração; (Incluído pela Lei nº 9.876, de a estes equiparados deverão ter participação ativa nas atividades
1999). rurais do grupo familiar. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em cará- § 8o O grupo familiar poderá utilizar-se de empregados con-
ter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego; tratados por prazo determinado ou trabalhador de que trata a alí-
(Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999). nea g do inciso V do caput deste artigo, à razão de no máximo 120
h) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade (cento e vinte) pessoas por dia no ano civil, em períodos corridos
econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não; (Inclu- ou intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em horas de
ído pela Lei nº 9.876, de 1999). trabalho, não sendo computado nesse prazo o período de afasta-
VI - como trabalhador avulso: quem presta, a diversas em- mento em decorrência da percepção de auxílio-doença. (Redação
presas, sem vínculo empregatício, serviços de natureza urbana ou dada pela Lei nº 12.873, de 2013)
rural definidos no regulamento;

299
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 9o Não descaracteriza a condição de segurado especial: (In- § 11. O segurado especial fica excluído dessa categoria: (Inclu-
cluído pela Lei nº 11.718, de 2008). ído pela Lei nº 11.718, de 2008).
I – a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, me- I – a contar do primeiro dia do mês em que: (Incluído pela Lei
ação ou comodato, de até 50% (cinqüenta por cento) de imóvel nº 11.718, de 2008).
rural cuja área total não seja superior a 4 (quatro) módulos fis- a) deixar de satisfazer as condições estabelecidas no inciso VII
cais, desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a do caput deste artigo, sem prejuízo do disposto no art. 15 da Lei
respectiva atividade, individualmente ou em regime de economia no 8.213, de 24 de julho de 1991, ou exceder qualquer dos limites
familiar; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008). estabelecidos no inciso I do § 9o deste artigo; (Incluído pela Lei nº
II – a exploração da atividade turística da propriedade rural, 11.718, de 2008).
inclusive com hospedagem, por não mais de 120 (cento e vinte) b) enquadrar-se em qualquer outra categoria de segurado
dias ao ano; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008). obrigatório do Regime Geral de Previdência Social, ressalvado o
III – a participação em plano de previdência complementar disposto nos incisos III, V, VII e VIII do § 10 e no § 14 deste artigo,
instituído por entidade classista a que seja associado, em razão da sem prejuízo do disposto no art. 15 da Lei no 8.213, de 24 de julho
condição de trabalhador rural ou de produtor rural em regime de de 1991; (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013)
economia familiar; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008). c) tornar-se segurado obrigatório de outro regime previdenci-
IV – ser beneficiário ou fazer parte de grupo familiar que tem ário; e (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013)
algum componente que seja beneficiário de programa assistencial d) participar de sociedade empresária, de sociedade simples,
oficial de governo; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008). como empresário individual ou como titular de empresa individu-
V – a utilização pelo próprio grupo familiar, na exploração da al de responsabilidade limitada em desacordo com as limitações
atividade, de processo de beneficiamento ou industrialização ar- impostas pelo § 14 deste artigo; (Incluído pela Lei nº 12.873, de
tesanal, na forma do § 11 do art. 25 desta Lei; e (Incluído pela Lei 2013) (Produção de efeito)
nº 11.718, de 2008). II – a contar do primeiro dia do mês subseqüente ao da ocor-
VI - a associação em cooperativa agropecuária ou de crédito rência, quando o grupo familiar a que pertence exceder o limite
rural; e (Redação dada pela Lei nº 13.183, de 2015) de: (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
VII - a incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados a) utilização de trabalhadores nos termos do § 8o deste arti-
- IPI sobre o produto das atividades desenvolvidas nos termos do go; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
§ 14 deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Produção b) dias em atividade remunerada estabelecidos no inciso III
de efeito) do § 10 deste artigo; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
VIII - a participação em programas e ações de pagamento por c) dias de hospedagem a que se refere o inciso II do § 9o deste
serviços ambientais. (Incluído pela Lei nº 14.119, de 2021) artigo. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
§ 10. Não é segurado especial o membro de grupo familiar § 12. Aplica-se o disposto na alínea a do inciso V do caput
que possuir outra fonte de rendimento, exceto se decorrente de: deste artigo ao cônjuge ou companheiro do produtor que parti-
(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008). cipe da atividade rural por este explorada. (Incluído pela Lei nº
I – benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio- 11.718, de 2008).
-reclusão, cujo valor não supere o do menor benefício de presta- § 13. O disposto nos incisos III e V do § 10 e no § 14 deste
ção continuada da Previdência Social; (Incluído pela Lei nº 11.718, artigo não dispensa o recolhimento da contribuição devida em
de 2008). relação ao exercício das atividades de que tratam os referidos dis-
II – benefício previdenciário pela participação em plano de positivos. (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013)
previdência complementar instituído nos termos do inciso IV do § § 14. A participação do segurado especial em sociedade em-
9o deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008). presária, em sociedade simples, como empresário individual ou
III - exercício de atividade remunerada em período não su- como titular de empresa individual de responsabilidade limita-
perior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou intercalados, no ano da de objeto ou âmbito agrícola, agroindustrial ou agroturístico,
civil, observado o disposto no § 13 deste artigo; (Redação dada considerada microempresa nos termos da Lei Complementar no
pela Lei nº 12.873, de 2013) 123, de 14 de dezembro de 2006, não o exclui de tal categoria
IV – exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de or- previdenciária, desde que, mantido o exercício da sua atividade
ganização da categoria de trabalhadores rurais; (Incluído pela Lei rural na forma do inciso VII do caput e do § 1o, a pessoa jurídica
nº 11.718, de 2008). componha-se apenas de segurados de igual natureza e sedie-se
V – exercício de mandato de vereador do município onde de- no mesmo Município ou em Município limítrofe àquele em que
senvolve a atividade rural, ou de dirigente de cooperativa rural eles desenvolvam suas atividades. (Incluído pela Lei nº 12.873, de
constituída exclusivamente por segurados especiais, observado 2013) (Produção de efeito)
o disposto no § 13 deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.718, de § 15. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Pro-
2008). dução de efeito)
VI – parceria ou meação outorgada na forma e condições es- Art. 13. O servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar
tabelecidas no inciso I do § 9o deste artigo; (Incluído pela Lei nº da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, bem
11.718, de 2008). como o das respectivas autarquias e fundações, são excluídos do
VII – atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima Regime Geral de Previdência Social consubstanciado nesta Lei,
produzida pelo respectivo grupo familiar, podendo ser utilizada desde que amparados por regime próprio de previdência social.
matéria-prima de outra origem, desde que a renda mensal obtida (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999).
na atividade não exceda ao menor benefício de prestação con- § 1o Caso o servidor ou o militar venham a exercer, concomi-
tinuada da Previdência Social; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de tantemente, uma ou mais atividades abrangidas pelo Regime Ge-
2008). ral de Previdência Social, tornar-se-ão segurados obrigatórios em
VIII – atividade artística, desde que em valor mensal inferior relação a essas atividades. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999).
ao menor benefício de prestação continuada da Previdência So-
cial. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).

300
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 2o Caso o servidor ou o militar, amparados por regime pró- § 2º Os recursos oriundos da majoração das contribuições
prio de previdência social, sejam requisitados para outro órgão ou previstas nesta Lei ou da criação de novas contribuições destina-
entidade cujo regime previdenciário não permita a filiação nessa das à Seguridade Social somente poderão ser utilizados para aten-
condição, permanecerão vinculados ao regime de origem, obede- der as ações nas áreas de saúde, previdência e assistência social.
cidas as regras que cada ente estabeleça acerca de sua contribui-
ção. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999). CAPÍTULO III
Art. 14. É segurado facultativo o maior de 14 (quatorze) anos DA CONTRIBUIÇÃO DO SEGURADO
de idade que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social, me-
diante contribuição, na forma do art. 21, desde que não incluído SEÇÃO I
nas disposições do art. 12. DA CONTRIBUIÇÃO DOS SEGURADOS EMPREGADO, EMPRE-
GADO DOMÉSTICO E TRABALHADOR AVULSO
SEÇÃO II
DA EMPRESA E DO EMPREGADOR DOMÉSTICO Art. 20. A contribuição do empregado, inclusive o domésti-
co, e a do trabalhador avulso é calculada mediante a aplicação
Art. 15. Considera-se: da correspondente alíquota sobre o seu salário-de-contribuição
I - empresa - a firma individual ou sociedade que assume o mensal, de forma não cumulativa, observado o disposto no art.
risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos 28, de acordo com a seguinte tabela: (Redação dada pela Lei n°
ou não, bem como os órgãos e entidades da administração públi- 9.032, de 28.4.95) (Vide Lei Complementar nº 150, de 2015)
ca direta, indireta e fundacional;
II - empregador doméstico - a pessoa ou família que admite a Salário-de-contribuição Alíquota em %
seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico.
Parágrafo único. Equiparam-se a empresa, para os efeitos até 249,80 8,00
desta Lei, o contribuinte individual e a pessoa física na condição de 249,81 até 416,33 9,00
de proprietário ou dono de obra de construção civil, em relação a
de 416,34 até 832,66 11,00
segurado que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a asso-
ciação ou a entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão
diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras. (Re- (Valores e alíquotas dados pela Lei nº 9.129, de 20.11.95) 4
dação dada pela Lei nº 13.202, de 2015) § 1º Os valores do salário-de-contribuição serão reajustados,
a partir da data de entrada em vigor desta Lei, na mesma época
CAPÍTULO II e com os mesmos índices que os do reajustamento dos benefí-
DA CONTRIBUIÇÃO DA UNIÃO cios de prestação continuada da Previdência Social.(Redação dada
pela Lei n° 8.620, de 5.1.93)
Art. 16. A contribuição da União é constituída de recursos § 2º O disposto neste artigo aplica-se também aos segura-
adicionais do Orçamento Fiscal, fixados obrigatoriamente na lei dos empregados e trabalhadores avulsos que prestem serviços
orçamentária anual. a microempresas. (Parágrafo acrescentado pela Lei n° 8.620, de
Parágrafo único. A União é responsável pela cobertura de 5.1.93)
eventuais insuficiências financeiras da Seguridade Social, quando
decorrentes do pagamento de benefícios de prestação continu- SEÇÃO II
ada da Previdência Social, na forma da Lei Orçamentária Anual. DA CONTRIBUIÇÃO DOS SEGURADOS CONTRIBUINTE INDIVI-
Art. 17. Para pagamento dos encargos previdenciários da DUAL E FACULTATIVO.
União, poderão contribuir os recursos da Seguridade Social referi- (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.876, DE 1999).
dos na alínea “d” do parágrafo único do art. 11 desta Lei, na forma
da Lei Orçamentária anual, assegurada a destinação de recursos Art. 21. A alíquota de contribuição dos segurados contribuin-
para as ações desta Lei de Saúde e Assistência Social. (Redação te individual e facultativo será de vinte por cento sobre o respec-
dada pela Lei nº 9.711, de 1998). tivo salário-de-contribuição. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de
Art. 18. Os recursos da Seguridade Social referidos nas alíneas 1999).
“a”, “b”, “c” e “d” do parágrafo único do art. 11 desta Lei poderão I - revogado; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999).
contribuir, a partir do exercício de 1992, para o financiamento das II - revogado. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999).
despesas com pessoal e administração geral apenas do Instituto § 1º Os valores do salário-de-contribuição serão reajustados,
Nacional do Seguro Social-INSS, do Instituto Nacional de Assistên- a partir da data de entrada em vigor desta Lei , na mesma época
cia Médica da Previdência Social-INAMPS, da Fundação Legião e com os mesmos índices que os do reajustamento dos benefícios
Brasileira de Assistência-LBA e da Fundação Centro Brasileira para de prestação continuada da Previdência Social. (Redação dada
Infância e Adolescência. pela Lei nº 9.711, de 1998). (Renumerado pela Lei Complementar
Art. 19. O Tesouro Nacional repassará mensalmente recursos nº 123, de 2006).
referentes às contribuições mencionadas nas alíneas “d” e “e” do § 2o No caso de opção pela exclusão do direito ao benefício
parágrafo único do art. 11 desta Lei, destinados à execução do de aposentadoria por tempo de contribuição, a alíquota de con-
Orçamento da Seguridade Social. (Redação dada pela Lei nº 9.711, tribuição incidente sobre o limite mínimo mensal do salário de
de 1998). contribuição será de: (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011)
§ 1º Decorridos os prazos referidos no caput deste artigo, as I - 11% (onze por cento), no caso do segurado contribuinte in-
dotações a serem repassadas sujeitar-se-ão a atualização monetá- dividual, ressalvado o disposto no inciso II, que trabalhe por conta
ria segundo os mesmos índices utilizados para efeito de correção própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado e
dos tributos da União. do segurado facultativo, observado o disposto na alínea b do inci-
so II deste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011)
II - 5% (cinco por cento): (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011)

301
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
a) no caso do microempreendedor individual, de que trata o § 1o No caso de bancos comerciais, bancos de investimen-
art. 18-A da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de tos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades
2006; e (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011) (Produção de efeito) de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito
b) do segurado facultativo sem renda própria que se dedique imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e va-
exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residên- lores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, coopera-
cia, desde que pertencente a família de baixa renda. (Incluído pela tivas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização,
Lei nº 12.470, de 2011) agentes autônomos de seguros privados e de crédito e entidades
§ 3o O segurado que tenha contribuído na forma do § 2o de previdência privada abertas e fechadas, além das contribuições
deste artigo e pretenda contar o tempo de contribuição corres- referidas neste artigo e no art. 23, é devida a contribuição adicio-
pondente para fins de obtenção da aposentadoria por tempo de nal de dois vírgula cinco por cento sobre a base de cálculo definida
contribuição ou da contagem recíproca do tempo de contribuição nos incisos I e III deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de
a que se refere o art. 94 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, 1999). (Vide Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001).
deverá complementar a contribuição mensal mediante recolhi- § 2º Não integram a remuneração as parcelas de que trata o
mento, sobre o valor correspondente ao limite mínimo mensal do § 9º do art. 28.
salário-de-contribuição em vigor na competência a ser comple- § 3º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social poderá
mentada, da diferença entre o percentual pago e o de 20% (vinte alterar, com base nas estatísticas de acidentes do trabalho, apu-
por cento), acrescido dos juros moratórios de que trata o § 3o do radas em inspeção, o enquadramento de empresas para efeito da
art. 5o da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação contribuição a que se refere o inciso II deste artigo, a fim de esti-
dada pela Lei nº 12.470, de 2011) (Produção de efeito) mular investimentos em prevenção de acidentes.
§ 4o Considera-se de baixa renda, para os fins do disposto § 4º O Poder Executivo estabelecerá, na forma da lei, ouvido o
na alínea b do inciso II do § 2o deste artigo, a família inscrita no Conselho Nacional da Seguridade Social, mecanismos de estímulo
Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal - Ca- às empresas que se utilizem de empregados portadores de defici-
dÚnico cuja renda mensal seja de até 2 (dois) salários mínimos. ências física, sensorial e/ou mental com desvio do padrão médio.
(Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011) § 5º (Revogado pela Lei nº 10.256, de 2001).
§ 5o A contribuição complementar a que se refere o § 3o des- § 6º A contribuição empresarial da associação desportiva que
te artigo será exigida a qualquer tempo, sob pena de indeferimen- mantém equipe de futebol profissional destinada à Seguridade
to do benefício. (Incluído pela Lei nº 12.507, de 2011) Social, em substituição à prevista nos incisos I e II deste artigo,
corresponde a cinco por cento da receita bruta, decorrente dos
CAPÍTULO IV espetáculos desportivos de que participem em todo território na-
DA CONTRIBUIÇÃO DA EMPRESA cional em qualquer modalidade desportiva, inclusive jogos inter-
nacionais, e de qualquer forma de patrocínio, licenciamento de
Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Segu- uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e de transmis-
ridade Social, além do disposto no art. 23, é de: 6 são de espetáculos desportivos. (Parágrafo acrescentado pela Lei
I - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, de- nº 9.528, de 10.12.97).
vidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segu- § 7º Caberá à entidade promotora do espetáculo a respon-
rados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem ser- sabilidade de efetuar o desconto de cinco por cento da receita
viços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua bruta decorrente dos espetáculos desportivos e o respectivo reco-
forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de lhimento ao Instituto Nacional do Seguro Social, no prazo de até
utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, dois dias úteis após a realização do evento. (Parágrafo acrescenta-
quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à do pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).
disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da § 8º Caberá à associação desportiva que mantém equipe de
lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de futebol profissional informar à entidade promotora do espetáculo
trabalho ou sentença normativa. (Redação dada pela Lei nº 9.876, desportivo todas as receitas auferidas no evento, discriminando-
de 1999). -as detalhadamente. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528,
II - para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e de 10.12.97).
58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos § 9º No caso de a associação desportiva que mantém equipe
em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decor- de futebol profissional receber recursos de empresa ou entidade,
rente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remu- a título de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos,
nerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados publicidade, propaganda e transmissão de espetáculos, esta últi-
empregados e trabalhadores avulsos: (Redação dada pela Lei nº ma ficará com a responsabilidade de reter e recolher o percentual
9.732, de 1998). de cinco por cento da receita bruta decorrente do evento, inadmi-
a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade tida qualquer dedução, no prazo estabelecido na alínea “b”, inciso
preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado I, do art. 30 desta Lei. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528,
leve; de 10.12.97).
b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade § 10. Não se aplica o disposto nos §§ 6º ao 9º às demais asso-
preponderante esse risco seja considerado médio; ciações desportivas, que devem contribuir na forma dos incisos I e
c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade II deste artigo e do art. 23 desta Lei. (Parágrafo acrescentado pela
preponderante esse risco seja considerado grave. Lei nº 9.528, de 10.12.97).
III - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou § 11. O disposto nos §§ 6º ao 9º deste artigo aplica-se à asso-
creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados ciação desportiva que mantenha equipe de futebol profissional e
contribuintes individuais que lhe prestem serviços; (Incluído pela atividade econômica organizada para a produção e circulação de
Lei nº 9.876, de 1999). bens e serviços e que se organize regularmente, segundo um dos
IV (Execução suspensa pela Resolução do Senado Federal nº
10, de 2016)

302
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092 da Lei nº 10.406, de 10 de § 3o Na hipótese do § 2o, a receita bruta correspondente aos
janeiro de 2002 - Código Civil. (Redação dada pela Lei nº 11.345, serviços prestados a terceiros será excluída da base de cálculo da
de 2006). contribuição de que trata o caput. (Incluído pela Lei nº 10.256, de
§ 11-A. O disposto no § 11 deste artigo aplica-se apenas às 2001).
atividades diretamente relacionadas com a manutenção e admi- § 4o O disposto neste artigo não se aplica às sociedades coo-
nistração de equipe profissional de futebol, não se estendendo perativas e às agroindústrias de piscicultura, carcinicultura, suino-
às outras atividades econômicas exercidas pelas referidas socie- cultura e avicultura. (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001).
dades empresariais beneficiárias. (Incluído pela Lei nº 11.505, de § 5o O disposto no inciso I do art. 3o da Lei no 8.315, de 23 de
2007). dezembro de 1991, não se aplica ao empregador de que trata este
§ 12. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.170, de 2000). artigo, que contribuirá com o adicional de zero vírgula vinte e cin-
§ 13. Não se considera como remuneração direta ou indireta, co por cento da receita bruta proveniente da comercialização da
para os efeitos desta Lei, os valores despendidos pelas entidades produção, destinado ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
religiosas e instituições de ensino vocacional com ministro de con- (SENAR). (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001).
fissão religiosa, membros de instituto de vida consagrada, de con- § 6o Não se aplica o regime substitutivo de que trata este
gregação ou de ordem religiosa em face do seu mister religioso artigo à pessoa jurídica que, relativamente à atividade rural, se
ou para sua subsistência desde que fornecidos em condições que dedique apenas ao florestamento e reflorestamento como fonte
independam da natureza e da quantidade do trabalho executado. de matéria-prima para industrialização própria mediante a utiliza-
(Incluído pela Lei nº 10.170, de 2000). ção de processo industrial que modifique a natureza química da
§ 14. Para efeito de interpretação do § 13 deste artigo: (Inclu- madeira ou a transforme em pasta celulósica. (Incluído pela Lei nº
ído pela Lei nº 13.137, de 2015) 10.684, de 2003).
I - os critérios informadores dos valores despendidos pelas § 7o Aplica-se o disposto no § 6o ainda que a pessoa jurídica
entidades religiosas e instituições de ensino vocacional aos mi- comercialize resíduos vegetais ou sobras ou partes da produção,
nistros de confissão religiosa, membros de vida consagrada, de desde que a receita bruta decorrente dessa comercialização re-
congregação ou de ordem religiosa não são taxativos e sim exem- presente menos de um por cento de sua receita bruta proveniente
plificativos; (Incluído pela Lei nº 13.137, de 2015) da comercialização da produção. (Incluído pela Lei nº 10.684, de
II - os valores despendidos, ainda que pagos de forma e mon- 2003).
tante diferenciados, em pecúnia ou a título de ajuda de custo de Art. 22B. As contribuições de que tratam os incisos I e II do
moradia, transporte, formação educacional, vinculados exclusiva- art. 22 desta Lei são substituídas, em relação à remuneração paga,
mente à atividade religiosa não configuram remuneração direta devida ou creditada ao trabalhador rural contratado pelo consór-
ou indireta. (Incluído pela Lei nº 13.137, de 2015) cio simplificado de produtores rurais de que trata o art. 25A, pela
§ 15. Na contratação de serviços de transporte rodoviário de contribuição dos respectivos produtores rurais, calculada na for-
carga ou de passageiro, de serviços prestados com a utilização de ma do art. 25 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001).
trator, máquina de terraplenagem, colheitadeira e assemelhados, Art. 23. As contribuições a cargo da empresa provenientes do
a base de cálculo da contribuição da empresa corresponde a 20% faturamento e do lucro, destinadas à Seguridade Social, além do
(vinte por cento) do valor da nota fiscal, fatura ou recibo, quando disposto no art. 22, são calculadas mediante a aplicação das se-
esses serviços forem prestados por condutor autônomo de veícu- guintes alíquotas:
lo rodoviário, auxiliar de condutor autônomo de veículo rodovi- I - 2% (dois por cento) sobre sua receita bruta, estabelecida
ário, bem como por operador de máquinas. (Incluído pela Lei nº segundo o disposto no § 1º do art. 1º do Decreto-lei nº 1.940, de
13.202, de 2015) 25 de maio de 1982, com a redação dada pelo art. 22, do Decre-
§ 16. Conforme previsto nos arts. 106 e 110 da Lei nº 5.172, to-lei nº 2.397, de 21 de dezembro de 1987, e alterações poste-
de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional), o dispos- riores; 9
to no § 14 deste artigo aplica-se aos fatos geradores anteriores à II - 10% (dez por cento) sobre o lucro líquido do período-base,
data de vigência da Lei nº 13.137, de 19 de junho de 2015, consi- antes da provisão para o Imposto de Renda, ajustado na forma do
deradas nulas as autuações emitidas em desrespeito ao previsto art. 2º da Lei nº 8.034, de 12 de abril de 1990. 10
no respectivo diploma legal. (Incluído pela Lei nº 14.057, de 2020) § 1º No caso das instituições citadas no § 1º do art. 22 desta
Art. 22A. A contribuição devida pela agroindústria, definida, Lei, a alíquota da contribuição prevista no inciso II é de 15% (quin-
para os efeitos desta Lei, como sendo o produtor rural pessoa jurí- ze por cento). 11
dica cuja atividade econômica seja a industrialização de produção § 2º O disposto neste artigo não se aplica às pessoas de que
própria ou de produção própria e adquirida de terceiros, incidente trata o art. 25.
sobre o valor da receita bruta proveniente da comercialização da
produção, em substituição às previstas nos incisos I e II do art. 22 CAPÍTULO V
desta Lei, é de: (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). DA CONTRIBUIÇÃO DO EMPREGADOR DOMÉSTICO
I - dois vírgula cinco por cento destinados à Seguridade Social;
(Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). Art. 24. A contribuição do empregador doméstico incidente
II - zero vírgula um por cento para o financiamento do bene- sobre o salário de contribuição do empregado doméstico a seu
fício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei no 8.213, de 24 de julho de serviço é de: (Redação dada pela Lei nº 13.202, de 2015)
1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de I - 8% (oito por cento); e (Incluído pela Lei nº 13.202, de 2015)
incapacidade para o trabalho decorrente dos riscos ambientais da II - 0,8% (oito décimos por cento) para o financiamento do
atividade. (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). seguro contra acidentes de trabalho. (Incluído pela Lei nº 13.202,
§ 1o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). de 2015)
§ 2o O disposto neste artigo não se aplica às operações relati- Parágrafo único. Presentes os elementos da relação de em-
vas à prestação de serviços a terceiros, cujas contribuições previ- prego doméstico, o empregador doméstico não poderá contratar
denciárias continuam sendo devidas na forma do art. 22 desta Lei. microempreendedor individual de que trata o art. 18-A da Lei
(Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, sob pena

303
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
de ficar sujeito a todas as obrigações dela decorrentes, inclusi- IV – do valor de mercado da produção rural dada em paga-
ve trabalhistas, tributárias e previdenciárias. (Incluído pela Lei nº mento ou que tiver sido trocada por outra, qualquer que seja o
12.470, de 2011) motivo ou finalidade; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
V – de atividade artística de que trata o inciso VIII do § 10 do
CAPÍTULO VI art. 12 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
DA CONTRIBUIÇÃO DO PRODUTOR RURAL E DO PESCADOR § 11. Considera-se processo de beneficiamento ou industria-
(ALTERADO PELA LEI Nº 8.398, DE 7.1.92) lização artesanal aquele realizado diretamente pelo próprio pro-
dutor rural pessoa física, desde que não esteja sujeito à incidência
Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em do Imposto Sobre Produtos Industrializados – IPI. (Incluído pela
substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. Lei nº 11.718, de 2008).
22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alí- § 12. Não integra a base de cálculo da contribuição de que
nea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada trata o caput deste artigo a produção rural destinada ao plantio ou
à Seguridade Social, é de: (Redação dada pela Lei nº 10.256, de reflorestamento, nem o produto animal destinado à reprodução
2001). ou criação pecuária ou granjeira e à utilização como cobaia para
I - 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita bruta fins de pesquisas científicas, quando vendido pelo próprio produ-
proveniente da comercialização da sua produção; (Redação dada tor e por quem a utilize diretamente com essas finalidades e, no
pela Lei nº 13.606, de 2018) (Produção de efeito) caso de produto vegetal, por pessoa ou entidade registrada no
II - 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que se dedi-
sua produção para financiamento das prestações por acidente do que ao comércio de sementes e mudas no País. (Incluído pela Lei
trabalho. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). (Vide de- nº 13.606, de 2018) (Produção de efeito)
cisão-STF Petição nº 8.140 - DF) § 13. O produtor rural pessoa física poderá optar por contri-
§ 1º O segurado especial de que trata este artigo, além da buir na forma prevista no caput deste artigo ou na forma dos in-
contribuição obrigatória referida no caput, poderá contribuir, fa- cisos I e II do caput do art. 22 desta Lei, manifestando sua opção
cultativamente, na forma do art. 21 desta Lei. (Redação dada pela mediante o pagamento da contribuição incidente sobre a folha de
Lei nº 8.540, de 22.12.92) salários relativa a janeiro de cada ano, ou à primeira competência
§ 2º A pessoa física de que trata a alínea “a” do inciso V do subsequente ao início da atividade rural, e será irretratável para
art. 12 contribui, também, obrigatoriamente, na forma do art. 21 todo o ano-calendário. (Incluído pela Lei nº 13.606, de 2018) (Pro-
desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 8.540, de 22.12.92) dução de efeito)
§ 3º Integram a produção, para os efeitos deste artigo, os pro- § 14. Considera-se receita bruta proveniente da comerciali-
dutos de origem animal ou vegetal, em estado natural ou subme- zação da produção o valor da fixação de preço repassado ao co-
tidos a processos de beneficiamento ou industrialização rudimen- operado pela cooperativa ao qual esteja associado, por ocasião
tar, assim compreendidos, entre outros, os processos de lavagem, da realização do ato cooperativo de que trata o art. 79 da Lei nº
limpeza, descaroçamento, pilagem, descascamento, lenhamento, 5.764, de 16 de dezembro de 1971, não compreendidos valores
pasteurização, resfriamento, secagem, fermentação, embalagem, pagos, creditados ou capitalizados a título de sobras, os quais não
cristalização, fundição, carvoejamento, cozimento, destilação, representam preço ou complemento de preço. (Incluído pela Lei
moagem e torrefação, bem como os subprodutos e os resíduos nº 13.986, de 2020)
obtidos por meio desses processos, exceto, no caso de sociedades § 15. Não se considera receita bruta, para fins de base de cál-
cooperativas, a parcela de produção que não seja objeto de re- culo das contribuições sociais devidas pelo produtor rural coope-
passe ao cooperado por meio de fixação de preço. (Redação dada rado, a entrega ou o retorno de produção para a cooperativa nas
pela Lei nº 13.986, de 2020) operações em que não ocorra repasse pela cooperativa a título de
§ 4o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008). fixação de preço, não podendo o mero retorno caracterizar per-
§ 5º (VETADO) (Incluído pela Lei n º 8.540, de 22.12.92) muta, compensação, dação em pagamento ou ressarcimento que
§ 6º (Revogado pela Lei nº 10.256, de 2001). represente valor, preço ou complemento de preço. (Incluído pela
§ 7º (Revogado pela Lei nº 10.256, de 2001). Lei nº 13.986, de 2020)
§ 8º (Revogado pela Lei nº 10.256, de 2001). § 16. Aplica-se ao disposto no caput e nos §§ 3º, 14 e 15 des-
§ 9o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). te artigo o caráter interpretativo de que trata o art. 106 da Lei
§ 10. Integra a receita bruta de que trata este artigo, além dos nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional).
valores decorrentes da comercialização da produção relativa aos (Incluído pela Lei nº 13.986, de 2020)
produtos a que se refere o § 3o deste artigo, a receita provenien- Art. 25A. Equipara-se ao empregador rural pessoa física o
te: (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008). consórcio simplificado de produtores rurais, formado pela união
I – da comercialização da produção obtida em razão de con- de produtores rurais pessoas físicas, que outorgar a um deles po-
trato de parceria ou meação de parte do imóvel rural; (Incluído deres para contratar, gerir e demitir trabalhadores para prestação
pela Lei nº 11.718, de 2008). de serviços, exclusivamente, aos seus integrantes, mediante do-
II – da comercialização de artigos de artesanato de que trata o cumento registrado em cartório de títulos e documentos. (Incluí-
inciso VII do § 10 do art. 12 desta Lei; (Incluído pela Lei nº 11.718, do pela Lei nº 10.256, de 2001).
de 2008). § 1o O documento de que trata o caput deverá conter a iden-
III – de serviços prestados, de equipamentos utilizados e de tificação de cada produtor, seu endereço pessoal e o de sua pro-
produtos comercializados no imóvel rural, desde que em ativi- priedade rural, bem como o respectivo registro no Instituto Na-
dades turística e de entretenimento desenvolvidas no próprio cional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA ou informações
imóvel, inclusive hospedagem, alimentação, recepção, recreação relativas a parceria, arrendamento ou equivalente e a matrícula
e atividades pedagógicas, bem como taxa de visitação e serviços no Instituto Nacional do Seguro Social – INSS de cada um dos pro-
especiais; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008). dutores rurais. (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001).

304
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 2o O consórcio deverá ser matriculado no INSS em nome do te salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo
empregador a quem hajam sido outorgados os poderes, na forma tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos
do regulamento. (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo
§ 3o Os produtores rurais integrantes do consórcio de que coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela
trata o caput serão responsáveis solidários em relação às obriga- Lei nº 9.528, de 10.12.97)
ções previdenciárias. (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). II - para o empregado doméstico: a remuneração registrada
§ 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). na Carteira de Trabalho e Previdência Social, observadas as nor-
mas a serem estabelecidas em regulamento para comprovação do
CAPÍTULO VII vínculo empregatício e do valor da remuneração;
DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE A RECEITA DE CONCURSOS DE III - para o contribuinte individual: a remuneração auferida
PROGNÓSTICOS em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por
conta própria, durante o mês, observado o limite máximo a que se
Art. 26. Constitui receita da Seguridade Social a contribuição refere o § 5o; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999)
social sobre a receita de concursos de prognósticos a que se refere IV - para o segurado facultativo: o valor por ele declarado,
o inciso III do caput do art. 195 da Constituição Federal. (Redação observado o limite máximo a que se refere o § 5o. (Incluído pela
dada pela Lei nº 13.756, de 2018) Lei nº 9.876, de 1999).
§ 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.756, de 2018) § 1º Quando a admissão, a dispensa, o afastamento ou a falta
§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.756, de 2018) do empregado ocorrer no curso do mês, o salário-de-contribuição
§ 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.756, de 2018) será proporcional ao número de dias de trabalho efetivo, na forma
§ 4o O produto da arrecadação da contribuição será destina- estabelecida em regulamento.
do ao financiamento da Seguridade Social. (Incluído pela Lei nº § 2º O salário-maternidade é considerado salário-de-contri-
13.756, de 2018) buição.
§ 5o A base de cálculo da contribuição equivale à receita au- § 3º O limite mínimo do salário-de-contribuição corresponde
ferida nos concursos de prognósticos, sorteios e loterias. (Incluído ao piso salarial, legal ou normativo, da categoria ou, inexistindo
dada pela Lei nº 13.756, de 2018) este, ao salário mínimo, tomado no seu valor mensal, diário ou
§ 6o A alíquota da contribuição corresponde ao percentual horário, conforme o ajustado e o tempo de trabalho efetivo du-
vinculado à Seguridade Social em cada modalidade lotérica, con- rante o mês. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
forme previsto em lei. (Incluído pela Lei nº 13.756, de 2018) § 4º O limite mínimo do salário-de-contribuição do menor
aprendiz corresponde à sua remuneração mínima definida em lei.
CAPÍTULO VIII § 5º O limite máximo do salário-de-contribuição é de Cr$
DAS OUTRAS RECEITAS 170.000,00 (cento e setenta mil cruzeiros), reajustado a partir da
data da entrada em vigor desta Lei, na mesma época e com os
Art. 27. Constituem outras receitas da Seguridade Social: mesmos índices que os do reajustamento dos benefícios de pres-
I - as multas, a atualização monetária e os juros moratórios; tação continuada da Previdência Social. 12
II - a remuneração recebida por serviços de arrecadação, fis- § 6º No prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da data
calização e cobrança prestados a terceiros; de publicação desta Lei, o Poder Executivo encaminhará ao Con-
III - as receitas provenientes de prestação de outros serviços e gresso Nacional projeto de lei estabelecendo a previdência com-
de fornecimento ou arrendamento de bens; plementar, pública e privada, em especial para os que possam
IV - as demais receitas patrimoniais, industriais e financeiras; contribuir acima do limite máximo estipulado no parágrafo ante-
V - as doações, legados, subvenções e outras receitas even- rior deste artigo.
tuais; § 7º O décimo-terceiro salário (gratificação natalina) integra
VI - 50% (cinqüenta por cento) dos valores obtidos e aplicados o salário-de-contribuição, exceto para o cálculo de benefício, na
na forma do parágrafo único do art. 243 da Constituição Federal; forma estabelecida em regulamento. (Redação dada pela Lei n°
VII - 40% (quarenta por cento) do resultado dos leilões dos 8.870, de 15.4.94)
bens apreendidos pelo Departamento da Receita Federal; § 8o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
VIII - outras receitas previstas em legislação específica. a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
Parágrafo único. As companhias seguradoras que mantêm o b) (VETADO) (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos au- c) (Revogado pela Lei nº 9.711, de 1998).
tomotores de vias terrestres, de que trata a Lei nº 6.194, de de- § 9º Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta
zembro de 1974, deverão repassar à Seguridade Social 50% (cin- Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
qüenta por cento) do valor total do prêmio recolhido e destinado a) os benefícios da previdência social, nos termos e limites
ao Sistema Único de Saúde-SUS, para custeio da assistência médi- legais, salvo o salário-maternidade; (Redação dada pela Lei nº
co-hospitalar dos segurados vitimados em acidentes de trânsito. 9.528, de 10.12.97).
b) as ajudas de custo e o adicional mensal recebidos pelo ae-
CAPÍTULO IX ronauta nos termos da Lei nº 5.929, de 30 de outubro de 1973;
DO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO c) a parcela “in natura” recebida de acordo com os programas
de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previ-
Art. 28. Entende-se por salário-de-contribuição: dência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976;
I - para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração d) as importâncias recebidas a título de férias indenizadas e
auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade respectivo adicional constitucional, inclusive o valor correspon-
dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, dente à dobra da remuneração de férias de que trata o art. 137 da
durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que Consolidação das Leis do Trabalho-CLT; (Redação dada pela Lei nº
seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob 9.528, de 10.12.97).
a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajus- e) as importâncias: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)

305
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
1. previstas no inciso I do art. 10 do Ato das Disposições Cons- r) o valor correspondente a vestuários, equipamentos e ou-
titucionais Transitórias; (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997) tros acessórios fornecidos ao empregado e utilizados no local do
2. relativas à indenização por tempo de serviço, anterior a 5 trabalho para prestação dos respectivos serviços; (Incluída pela
de outubro de 1988, do empregado não optante pelo Fundo de Lei nº 9.528, de 10.12.97)
Garantia do Tempo de Serviço-FGTS; (Incluído pela Lei nº 9.528, s) o ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do em-
de 1997) pregado e o reembolso creche pago em conformidade com a le-
3. recebidas a título da indenização de que trata o art. 479 da gislação trabalhista, observado o limite máximo de seis anos de
CLT; (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997) idade, quando devidamente comprovadas as despesas realizadas;
4. recebidas a título da indenização de que trata o art. 14 da (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) (Vide Medida Provisória
Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973; (Incluído pela Lei nº 9.528, nº 1.116, de 2022)
de 1997) t) o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo,
5. recebidas a título de incentivo à demissão; (Incluído pela que vise à educação básica de empregados e seus dependentes e,
Lei nº 9.528, de 1997) desde que vinculada às atividades desenvolvidas pela empresa, à
6. recebidas a título de abono de férias na forma dos arts. 143 educação profissional e tecnológica de empregados, nos termos
e 144 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e: (Redação dada
7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos ex- pela Lei nº 12.513, de 2011)
pressamente desvinculados do salário; (Redação dada pela Lei nº 1. não seja utilizado em substituição de parcela salarial; e (In-
9.711, de 1998). cluído pela Lei nº 12.513, de 2011)
8. recebidas a título de licença-prêmio indenizada; (Redação 2. o valor mensal do plano educacional ou bolsa de estudo,
dada pela Lei nº 9.711, de 1998). considerado individualmente, não ultrapasse 5% (cinco por cen-
9. recebidas a título da indenização de que trata o art. 9º da to) da remuneração do segurado a que se destina ou o valor cor-
Lei nº 7.238, de 29 de outubro de 1984; (Redação dada pela Lei respondente a uma vez e meia o valor do limite mínimo mensal
nº 9.711, de 1998). do salário-de-contribuição, o que for maior; (Incluído pela Lei nº
f) a parcela recebida a título de vale-transporte, na forma da 12.513, de 2011)
legislação própria; u) a importância recebida a título de bolsa de aprendizagem
g) a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamen- garantida ao adolescente até quatorze anos de idade, de acordo
te em decorrência de mudança de local de trabalho do emprega- com o disposto no art. 64 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990;
do, na forma do art. 470 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
de 10.12.97). v) os valores recebidos em decorrência da cessão de direitos
h) as diárias para viagens; (Redação dada pela Lei nº 13.467, autorais; (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
de 2017) x) o valor da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. (Incluí-
i) a importância recebida a título de bolsa de complementa- da pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
ção educacional de estagiário, quando paga nos termos da Lei nº y) o valor correspondente ao vale-cultura. (Incluído pela Lei
6.494, de 7 de dezembro de 1977; nº 12.761, de 2012)
j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando z) os prêmios e os abonos. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
paga ou creditada de acordo com lei específica; 2017)
l) o abono do Programa de Integração Social-PIS e do Progra- aa) os valores recebidos a título de bolsa-atleta, em confor-
ma de Assistência ao Servidor Público-PASEP; (Incluída pela Lei nº midade com a Lei no 10.891, de 9 de julho de 2004. (Incluído pela
9.528, de 10.12.97) Lei nº 13.756, de 2018)
m) os valores correspondentes a transporte, alimentação e § 10. Considera-se salário-de-contribuição, para o segurado
habitação fornecidos pela empresa ao empregado contratado empregado e trabalhador avulso, na condição prevista no § 5º do
para trabalhar em localidade distante da de sua residência, em art. 12, a remuneração efetivamente auferida na entidade sindical
canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija des- ou empresa de origem. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528,
locamento e estada, observadas as normas de proteção estabele- de 10.12.97)
cidas pelo Ministério do Trabalho; (Incluída pela Lei nº 9.528, de § 11. Considera-se remuneração do contribuinte individual
10.12.97) que trabalha como condutor autônomo de veículo rodoviário,
n) a importância paga ao empregado a título de complemen- como auxiliar de condutor autônomo de veículo rodoviário, em
tação ao valor do auxílio-doença, desde que este direito seja ex- automóvel cedido em regime de colaboração, nos termos da Lei
tensivo à totalidade dos empregados da empresa; (Incluída pela nº 6.094, de 30 de agosto de 1974, como operador de trator, má-
Lei nº 9.528, de 10.12.97) quina de terraplenagem, colheitadeira e assemelhados, o mon-
o) as parcelas destinadas à assistência ao trabalhador da tante correspondente a 20% (vinte por cento) do valor bruto do
agroindústria canavieira, de que trata o art. 36 da Lei nº 4.870, de frete, carreto, transporte de passageiros ou do serviço prestado,
1º de dezembro de 1965; (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) observado o limite máximo a que se refere o § 5o. (Incluído pela
p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa Lei nº 13.202, de 2015)
jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto Art. 29. (Revogado pela Lei nº 9.876, de 1999).
ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus emprega-
dos e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CAPÍTULO X
CLT; (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) DA ARRECADAÇÃO E RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES
q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico
ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, in- Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou
clusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, apa- de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às
relhos ortopédicos, próteses, órteses, despesas médico-hospitala- seguintes normas: (Redação dada pela Lei n° 8.620, de 5.1.93)
res e outras similares; (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) I - a empresa é obrigada a:

306
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
a) arrecadar as contribuições dos segurados empregados e X - a pessoa física de que trata a alínea “a” do inciso V do art.
trabalhadores avulsos a seu serviço, descontando-as da respec- 12 e o segurado especial são obrigados a recolher a contribuição
tiva remuneração; de que trata o art. 25 desta Lei no prazo estabelecido no inciso III
b) recolher os valores arrecadados na forma da alínea a deste deste artigo, caso comercializem a sua produção: (Redação dada
inciso, a contribuição a que se refere o inciso IV do art. 22 desta pela Lei 9.528, de 10.12.97)
Lei, assim como as contribuições a seu cargo incidentes sobre as a) no exterior; (Incluído pela Lei 9.528, de 10.12.97)
remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos b) diretamente, no varejo, ao consumidor pessoa física; (In-
segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes in- cluído pela Lei 9.528, de 10.12.97)
dividuais a seu serviço até o dia 20 (vinte) do mês subsequente c) à pessoa física de que trata a alínea “a” do inciso V do art.
ao da competência; (Redação dada pela Lei nº 11.933, de 2009). 12; (Incluído pela Lei 9.528, de 10.12.97)
(Produção de efeitos). d) ao segurado especial; (Incluído pela Lei 9.528, de 10.12.97)
c) recolher as contribuições de que tratam os incisos I e II do XI - aplica-se o disposto nos incisos III e IV deste artigo à pes-
art. 23, na forma e prazos definidos pela legislação tributária fe- soa física não produtor rural que adquire produção para venda
deral vigente; no varejo a consumidor pessoa física. (Incluído pela Lei 9.528, de
II - os segurados contribuinte individual e facultativo estão 10.12.97)
obrigados a recolher sua contribuição por iniciativa própria, até XII – sem prejuízo do disposto no inciso X do caput deste arti-
o dia quinze do mês seguinte ao da competência; (Redação dada go, o produtor rural pessoa física e o segurado especial são obri-
pela Lei nº 9.876, de 1999) gados a recolher, diretamente, a contribuição incidente sobre a
III - a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a receita bruta proveniente: (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
cooperativa são obrigadas a recolher a contribuição de que trata o a) da comercialização de artigos de artesanato elaborados
art. 25 até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da operação de com matéria-prima produzida pelo respectivo grupo familiar; (In-
venda ou consignação da produção, independentemente de essas cluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou b) de comercialização de artesanato ou do exercício de ativi-
com intermediário pessoa física, na forma estabelecida em regu- dade artística, observado o disposto nos incisos VII e VIII do § 10
lamento; (Redação dada pela Lei nº 11.933, de 2009). (Produção do art. 12 desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
de efeitos). c) de serviços prestados, de equipamentos utilizados e de
IV - a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a produtos comercializados no imóvel rural, desde que em ativi-
cooperativa ficam sub-rogadas nas obrigações da pessoa física de dades turística e de entretenimento desenvolvidas no próprio
que trata a alínea “a” do inciso V do art. 12 e do segurado espe- imóvel, inclusive hospedagem, alimentação, recepção, recreação
cial pelo cumprimento das obrigações do art. 25 desta Lei, inde- e atividades pedagógicas, bem como taxa de visitação e serviços
pendentemente de as operações de venda ou consignação terem especiais; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário XIII – o segurado especial é obrigado a arrecadar a contribui-
pessoa física, exceto no caso do inciso X deste artigo, na forma ção de trabalhadores a seu serviço e a recolhê-la no prazo referido
estabelecida em regulamento; (Redação dada pela Lei 9.528, de na alínea b do inciso I do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº
10.12.97) (Vide decisão-STF Petição nº 8.140 - DF) 11.718, de 2008).
V - o empregador doméstico fica obrigado a arrecadar e a re- § 1º Revogado pela Lei nº 9.032, de 28.4.95.
colher a contribuição do segurado empregado a seu serviço e a § 2o Se não houver expediente bancário nas datas indicadas:
parcela a seu cargo, até o vigésimo dia do mês seguinte ao da (Redação dada pela Lei nº 11.933, de 2009). (Produção de efeitos).
competência; (Redação dada pela Medida Provisória nº 1.110, de I - no inciso II do caput, o recolhimento deverá ser efetuado
2022) Produção de efeitos até o dia útil imediatamente posterior; e (Redação dada pela Lei
VI - o proprietário, o incorporador definido na Lei nº 4.591, de nº 13.202, de 2015)
16 de dezembro de 1964, o dono da obra ou condômino da unida- II - na alínea b do inciso I e nos incisos III, V, X e XIII do caput,
de imobiliária, qualquer que seja a forma de contratação da cons- até o dia útil imediatamente anterior. (Redação dada pela Lei nº
trução, reforma ou acréscimo, são solidários com o construtor, e 13.202, de 2015)
estes com a subempreiteira, pelo cumprimento das obrigações § 3º Aplica-se à entidade sindical e à empresa de origem o
para com a Seguridade Social, ressalvado o seu direito regressivo disposto nas alíneas “a” e “b” do inciso I, relativamente à remu-
contra o executor ou contratante da obra e admitida a retenção neração do segurado referido no § 5º do art. 12. (Parágrafo acres-
de importância a este devida para garantia do cumprimento des- centado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).
sas obrigações, não se aplicando, em qualquer hipótese, o benefí- § 4o Na hipótese de o contribuinte individual prestar servi-
cio de ordem; (Redação dada pela Lei 9.528, de 10.12.97) ço a uma ou mais empresas, poderá deduzir, da sua contribuição
VII - exclui-se da responsabilidade solidária perante a Segu- mensal, quarenta e cinco por cento da contribuição da empresa,
ridade Social o adquirente de prédio ou unidade imobiliária que efetivamente recolhida ou declarada, incidente sobre a remune-
realizar a operação com empresa de comercialização ou incorpo- ração que esta lhe tenha pago ou creditado, limitada a dedução
rador de imóveis, ficando estes solidariamente responsáveis com a nove por cento do respectivo salário-de-contribuição. (Incluído
o construtor; pela Lei nº 9.876, de 1999).
VIII - nenhuma contribuição à Seguridade Social é devida se § 5o Aplica-se o disposto no § 4o ao cooperado que prestar
a construção residencial unifamiliar, destinada ao uso próprio, de serviço a empresa por intermédio de cooperativa de trabalho. (In-
tipo econômico, for executada sem mão-de-obra assalariada, ob- cluído pela Lei nº 9.876, de 1999).
servadas as exigências do regulamento; § 6o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.202, de 2015)
IX - as empresas que integram grupo econômico de qualquer § 7o A empresa ou cooperativa adquirente, consumidora ou
natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações consignatária da produção fica obrigada a fornecer ao segurado
decorrentes desta Lei; especial cópia do documento fiscal de entrada da mercadoria,
para fins de comprovação da operação e da respectiva contribui-
ção previdenciária. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).

307
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 8o Quando o grupo familiar a que o segurado especial esti- II - lançar mensalmente em títulos próprios de sua conta-
ver vinculado não tiver obtido, no ano, por qualquer motivo, re- bilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as
ceita proveniente de comercialização de produção deverá comu- contribuições, o montante das quantias descontadas, as contri-
nicar a ocorrência à Previdência Social, na forma do regulamento. buições da empresa e os totais recolhidos;
(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008). III – prestar à Secretaria da Receita Federal do Brasil todas
§ 9o Quando o segurado especial tiver comercializado sua as informações cadastrais, financeiras e contábeis de seu interes-
produção do ano anterior exclusivamente com empresa adquiren- se, na forma por ela estabelecida, bem como os esclarecimentos
te, consignatária ou cooperativa, tal fato deverá ser comunicado necessários à fiscalização; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de
à Previdência Social pelo respectivo grupo familiar. (Incluído pela 2009)
Lei nº 11.718, de 2008). IV – declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao
Art. 31. A empresa contratante de serviços executados me- Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço –
diante cessão de mão de obra, inclusive em regime de trabalho FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos,
temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores
nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher, em nome devidos da contribuição previdenciária e outras informações de
da empresa cedente da mão de obra, a importância retida até o interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; (Redação
dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da emissão da respectiva dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
nota fiscal ou fatura, ou até o dia útil imediatamente anterior se V – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.403, de 2002).
não houver expediente bancário naquele dia, observado o dispos- VI – comunicar, mensalmente, aos empregados, por intermé-
to no § 5o do art. 33 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.933, dio de documento a ser definido em regulamento, os valores re-
de 2009). (Produção de efeitos). colhidos sobre o total de sua remuneração ao INSS. (Incluído pela
§ 1o O valor retido de que trata o caput deste artigo, que de- Lei nº 12.692, de 2012)
verá ser destacado na nota fiscal ou fatura de prestação de ser- § 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
viços, poderá ser compensado por qualquer estabelecimento da § 2o A declaração de que trata o inciso IV do caput deste ar-
empresa cedente da mão de obra, por ocasião do recolhimento tigo constitui instrumento hábil e suficiente para a exigência do
das contribuições destinadas à Seguridade Social devidas sobre a crédito tributário, e suas informações comporão a base de dados
folha de pagamento dos seus segurados. (Redação dada pela Lei para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários.
nº 11.941, de 2009) (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
§ 2o Na impossibilidade de haver compensação integral na § 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
forma do parágrafo anterior, o saldo remanescente será objeto de § 4o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
restituição. (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). § 5o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
§ 3o Para os fins desta Lei, entende-se como cessão de mão- § 6o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
-de-obra a colocação à disposição do contratante, em suas depen- § 7o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
dências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços § 8o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
contínuos, relacionados ou não com a atividade-fim da empresa, § 9o A empresa deverá apresentar o documento a que se re-
quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratação. (Reda- fere o inciso IV do caput deste artigo ainda que não ocorram fatos
ção dada pela Lei nº 9.711, de 1998). geradores de contribuição previdenciária, aplicando-se, quando
§ 4o Enquadram-se na situação prevista no parágrafo ante- couber, a penalidade prevista no art. 32-A desta Lei.
rior, além de outros estabelecidos em regulamento, os seguintes § 10. O descumprimento do disposto no inciso IV do caput
serviços: (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). deste artigo impede a expedição da certidão de prova de regula-
I - limpeza, conservação e zeladoria; (Incluído pela Lei nº ridade fiscal perante a Fazenda Nacional. (Redação dada pela Lei
9.711, de 1998). nº 11.941, de 2009)
II - vigilância e segurança; (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998). § 11. Em relação aos créditos tributários, os documentos
III - empreitada de mão-de-obra; (Incluído pela Lei nº 9.711, comprobatórios do cumprimento das obrigações de que trata este
de 1998). artigo devem ficar arquivados na empresa até que ocorra a pres-
IV - contratação de trabalho temporário na forma da Lei no crição relativa aos créditos decorrentes das operações a que se
6.019, de 3 de janeiro de 1974. (Incluído pela Lei nº 9.711, de refiram. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
1998). § 12. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.692, de 2012)
§ 5o O cedente da mão-de-obra deverá elaborar folhas de Art. 32-A. O contribuinte que deixar de apresentar a declara-
pagamento distintas para cada contratante. (Incluído pela Lei nº ção de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo
9.711, de 1998). fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será in-
§ 6o Em se tratando de retenção e recolhimento realizados timado a apresentá-la ou a prestar esclarecimentos e sujeitar-se-á
na forma do caput deste artigo, em nome de consórcio, de que às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).
tratam os arts. 278 e 279 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) in-
1976, aplica-se o disposto em todo este artigo, observada a par- formações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941,
ticipação de cada uma das empresas consorciadas, na forma do de 2009).
respectivo ato constitutivo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) II – de 2% (dois por cento) ao mês-calendário ou fração, inci-
Art. 32. A empresa é também obrigada a: dentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que
I - preparar folhas-de-pagamento das remunerações pagas ou integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou
creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado
padrões e normas estabelecidos pelo órgão competente da Segu- o disposto no § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de
ridade Social; 2009).
§ 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II
do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia
seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração

308
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não- I - as contribuições previstas nos incisos X, XII e XIII do caput
-apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da no- do art. 30; (Redação dada pela Medida Provisória nº 1.110, de
tificação de lançamento. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). 2022) Produção de efeitos
§ 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas II - os valores referentes ao FGTS; e (Redação dada pela Medi-
serão reduzidas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). da Provisória nº 1.110, de 2022) Produção de efeitos
I – à metade, quando a declaração for apresentada após o III - os encargos trabalhistas sob a sua responsabilidade. (Re-
prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluí- dação dada pela Medida Provisória nº 1.110, de 2022) Produção
do pela Lei nº 11.941, de 2009). de efeitos
II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresenta- § 4o Os recolhimentos devidos, nos termos do § 3o, deverão
ção da declaração no prazo fixado em intimação. (Incluído pela Lei ser pagos por meio de documento único de arrecadação. (Incluído
nº 11.941, de 2009). pela Lei nº 12.873, de 2013) (Vigência)
§ 3o A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei § 5o Se não houver expediente bancário na data indicada no
nº 11.941, de 2009). § 3o, o recolhimento deverá ser antecipado para o dia útil imedia-
I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratando-se de omissão de de- tamente anterior. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Vigência)
claração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previ- § 6o Os valores não pagos até a data do vencimento sujei-
denciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). tar-se-ão à incidência de acréscimos e encargos legais na forma
II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído prevista na legislação do Imposto sobre a Renda e Proventos de
pela Lei nº 11.941, de 2009). Qualquer Natureza para as contribuições de caráter tributário, e
Art. 32-B. Os órgãos da administração direta, as autarquias, conforme o art. 22 da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990, para os
as fundações e as empresas públicas da União, dos Estados, do depósitos do FGTS, inclusive no que se refere às multas por atraso.
Distrito Federal e dos Municípios, cujas Normas Gerais de Direi- (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Vigência)
to Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos estão § 7o O recolhimento do valor do FGTS na forma deste artigo
definidas pela Lei no 4.320, de 17 de março de 1964, e pela Lei será creditado diretamente em conta vinculada do trabalhador,
Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, ficam obrigados, na assegurada a transferência dos elementos identificadores do re-
forma estabelecida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil do colhimento ao agente operador do fundo. (Incluído pela Lei nº
Ministério da Fazenda, a apresentar: (Incluído pela Lei nº 12.810, 12.873, de 2013) (Vigência)
de 2013) § 8o O ato de que trata o § 1o regulará a compensação e a
I - a contabilidade entregue ao Tribunal de Controle Externo; restituição dos valores dos tributos e dos encargos trabalhistas re-
e (Incluído pela Lei nº 12.810, de 2013) colhidos, no documento único de arrecadação, indevidamente ou
II - a folha de pagamento. (Incluído pela Lei nº 12.810, de em montante superior ao devido. (Incluído pela Lei nº 12.873, de
2013) 2013) (Vigência)
Parágrafo único. As informações de que trata o caput deverão § 9o A devolução de valores do FGTS, depositados na conta
ser apresentadas até o dia 30 de abril do ano seguinte ao encerra- vinculada do trabalhador, será objeto de norma regulamentar do
mento do exercício. (Incluído pela Lei nº 12.810, de 2013) Conselho Curador e do Agente Operador do Fundo de Garantia
Art. 32-C. O segurado especial responsável pelo grupo fa- do Tempo de Serviço. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Vi-
miliar que contratar na forma do § 8o do art. 12 apresentará as gência)
informações relacionadas ao registro de trabalhadores, aos fatos § 10. O produto da arrecadação de que trata o § 3o será cen-
geradores, à base de cálculo e aos valores das contribuições de- tralizado na Caixa Econômica Federal. (Incluído pela Lei nº 12.873,
vidas à Previdência Social e ao Fundo de Garantia do Tempo de de 2013) (Vigência)
Serviço - FGTS e outras informações de interesse da Secretaria § 11. A Caixa Econômica Federal, com base nos elementos
da Receita Federal do Brasil, do Ministério da Previdência Social, identificadores do recolhimento, disponíveis no sistema de que
do Ministério do Trabalho e Emprego e do Conselho Curador do trata o caput deste artigo, transferirá para a Conta Única do Tesou-
FGTS, por meio de sistema eletrônico com entrada única de da- ro Nacional os valores arrecadados dos tributos e das contribui-
dos, e efetuará os recolhimentos por meio de documento único ções previstas nos incisos X, XII e XIII do caput do art. 30. (Incluído
de arrecadação. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Vigência) pela Lei nº 12.873, de 2013) (Vigência)
§ 1o Os Ministros de Estado da Fazenda, da Previdência Social § 12. A impossibilidade de utilização do sistema eletrônico
e do Trabalho e Emprego disporão, em ato conjunto, sobre a pres- referido no caput será objeto de regulamento, a ser editado pelo
tação das informações, a apuração, o recolhimento e a distribui- Ministério da Fazenda e pelo Agente Operador do FGTS. (Incluído
ção dos recursos recolhidos e sobre as informações geradas por pela Lei nº 12.873, de 2013) (Vigência)
meio do sistema eletrônico e da guia de recolhimento de que trata § 13. A sistemática de entrega das informações e recolhimen-
o caput. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Vigência) tos de que trata o caput poderá ser estendida pelas autoridades
§ 2o As informações prestadas no sistema eletrônico de que previstas no § 1o para o produtor rural pessoa física de que trata
trata o caput têm caráter declaratório, constituem instrumento a alínea a do inciso V do caput do art. 12. (Incluído pela Lei nº
hábil e suficiente para a exigência dos tributos e encargos apura- 12.873, de 2013) (Vigência)
dos e substituirão, na forma regulamentada pelo ato conjunto que § 14. Aplica-se às informações entregues na forma deste arti-
prevê o § 1o, a obrigatoriedade de entrega de todas as informa- go o disposto no §2o do art. 32 e no art. 32-A. (Incluído pela Lei nº
ções, formulários e declarações a que está sujeito o grupo familiar, 12.873, de 2013) (Vigência)
inclusive as relativas ao recolhimento do FGTS. (Incluído pela Lei Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete
nº 12.873, de 2013) (Vigência) planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à
§ 3º O segurado especial de que trata o caput fica obrigado a tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhi-
arrecadar, até o vigésimo dia do mês seguinte ao da competência: mento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do
(Redação dada pela Medida Provisória nº 1.110, de 2022) Produ- art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substi-
ção de efeitos tuição e das devidas a outras entidades e fundos. (Redação dada
pela Lei nº 11.941, de 2009).

309
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 1o É prerrogativa da Secretaria da Receita Federal do Brasil, d) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
por intermédio dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil, III – (revogado): (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
o exame da contabilidade das empresas, ficando obrigados a pres- a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
tar todos os esclarecimentos e informações solicitados o segurado b) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
e os terceiros responsáveis pelo recolhimento das contribuições c) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
previdenciárias e das contribuições devidas a outras entidades e d) (revogada). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
fundos. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
§ 2o A empresa, o segurado da Previdência Social, o serven- § 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
tuário da Justiça, o síndico ou seu representante, o comissário e o § 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
liquidante de empresa em liquidação judicial ou extrajudicial são § 4o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
obrigados a exibir todos os documentos e livros relacionados com Art. 35-A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às con-
as contribuições previstas nesta Lei. (Redação dada pela Lei nº tribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplica-se o disposto no
11.941, de 2009). art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela
§ 3o Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documen- Lei nº 11.941, de 2009).
to ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Art. 36. (Revogado pela Lei n° 8.218, de 29.8.91).
Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabí- Art. 37. Constatado o não-recolhimento total ou parcial das
vel, lançar de ofício a importância devida. (Redação dada pela Lei contribuições tratadas nesta Lei, não declaradas na forma do art.
nº 11.941, de 2009). 32 desta Lei, a falta de pagamento de benefício reembolsado ou
§ 4o Na falta de prova regular e formalizada pelo sujeito o descumprimento de obrigação acessória, será lavrado auto de
passivo, o montante dos salários pagos pela execução de obra de infração ou notificação de lançamento. (Redação dada pela Lei nº
construção civil pode ser obtido mediante cálculo da mão de obra 11.941, de 2009).
empregada, proporcional à área construída, de acordo com cri- § 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
térios estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, § 2o (Revogado) (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
cabendo ao proprietário, dono da obra, condômino da unidade Art. 38. (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009)
imobiliária ou empresa corresponsável o ônus da prova em con- Art. 39. O débito original e seus acréscimos legais, bem como
trário. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). outras multas previstas em lei, constituem dívida ativa da União,
§ 5º O desconto de contribuição e de consignação legalmen- promovendo-se a inscrição em livro próprio daquela resultante
te autorizadas sempre se presume feito oportuna e regularmente das contribuições de que tratam as alíneas a, b e c do parágrafo
pela empresa a isso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão único do art. 11 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.457, de
para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável 2007). (Vigência)
pela importância que deixou de receber ou arrecadou em desa- § 1º (Revogado pela Lei nº 11.501, de 2007).
cordo com o disposto nesta Lei. § 2º É facultado aos órgãos competentes, antes de ajuizar a
§ 6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer ou- cobrança da dívida ativa de que trata o caput deste artigo, promo-
tro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabi- ver o protesto de título dado em garantia, que será recebido pro
lidade não registra o movimento real de remuneração dos segura- solvendo. (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007). (Vigência)
dos a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por § 3o Serão inscritas como dívida ativa da União as contribui-
aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo ções que não tenham sido recolhidas ou parceladas resultantes
à empresa o ônus da prova em contrário. das informações prestadas no documento a que se refere o inciso
§ 7o O crédito da seguridade social é constituído por meio IV do art. 32 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007).
de notificação de lançamento, de auto de infração e de confissão (Vigência)
de valores devidos e não recolhidos pelo contribuinte. (Redação Art. 40. (VETADO).
dada pela Lei nº 11.941, de 2009). Art. 41. (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009)
§ 8o Aplicam-se às contribuições sociais mencionadas neste Art. 42. Os administradores de autarquias e fundações públi-
artigo as presunções legais de omissão de receita previstas nos §§ cas, criadas e mantidas pelo Poder Público, de empresas públicas
2o e 3o do art. 12 do Decreto-Lei no 1.598, de 26 de dezembro de e de sociedades de economia mista sujeitas ao controle da União,
1977, e nos arts. 40, 41 e 42 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, que se encon-
de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). trarem em mora, por mais de 30 (trinta) dias, no recolhimento das
Art. 34. (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) contribuições previstas nesta Lei, tornam-se solidariamente res-
Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribui- ponsáveis pelo respectivo pagamento, ficando ainda sujeitos às
ções sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do proibições do art. 1º e às sanções dos arts. 4º e 7º do Decreto-lei
art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substi- nº 368, de 19 de dezembro de 1968.
tuição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas Art. 43. Nas ações trabalhistas de que resultar o pagamento
outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em le- de direitos sujeitos à incidência de contribuição previdenciária, o
gislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos juiz, sob pena de responsabilidade, determinará o imediato reco-
termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. lhimento das importâncias devidas à Seguridade Social. (Redação
(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). dada pela Lei n° 8.620, de 5.1.93)
I – (revogado): (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 1o Nas sentenças judiciais ou nos acordos homologados
a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). em que não figurarem, discriminadamente, as parcelas legais re-
b) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). lativas às contribuições sociais, estas incidirão sobre o valor total
c) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). apurado em liquidação de sentença ou sobre o valor do acordo
II – (revogado): (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). homologado. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).
a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2o Considera-se ocorrido o fato gerador das contribui-
b) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). ções sociais na data da prestação do serviço. (Incluído pela Lei nº
c) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). 11.941, de 2009).

310
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 3o As contribuições sociais serão apuradas mês a mês, com CAPÍTULO XI
referência ao período da prestação de serviços, mediante a apli- DA PROVA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO
cação de alíquotas, limites máximos do salário-de-contribuição e
acréscimos legais moratórios vigentes relativamente a cada uma Art. 47. É exigida Certidão Negativa de Débito-CND, fornecida
das competências abrangidas, devendo o recolhimento ser efe- pelo órgão competente, nos seguintes casos: (Redação dada pela
tuado no mesmo prazo em que devam ser pagos os créditos en- Lei nº 9.032, de 28.4.95).
contrados em liquidação de sentença ou em acordo homologado, I - da empresa:
sendo que nesse último caso o recolhimento será feito em tantas a) na contratação com o Poder Público e no recebimento
parcelas quantas as previstas no acordo, nas mesmas datas em de benefícios ou incentivo fiscal ou creditício concedido por ele;
que sejam exigíveis e proporcionalmente a cada uma delas. (Inclu- (Vide Medida Provisória nº 958, de 2020) (Vide Lei nº 13.999, de
ído pela Lei nº 11.941, de 2009). 2020) (Vide Medida Provisória nº 975, de 2020). (Vide Medida
§ 4o No caso de reconhecimento judicial da prestação de ser- Provisória nº 1.028, de 2021). (Vide Lei nº 14.179, de 2021)
viços em condições que permitam a aposentadoria especial após b) na alienação ou oneração, a qualquer título, de bem imóvel
15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos de contribuição, ou direito a ele relativo;
serão devidos os acréscimos de contribuição de que trata o § 6o c) na alienação ou oneração, a qualquer título, de bem móvel
do art. 57 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991. (Incluído pela de valor superior a Cr$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos
Lei nº 11.941, de 2009). mil cruzeiros) incorporado ao ativo permanente da empresa; 19
§ 5o Na hipótese de acordo celebrado após ter sido proferida d) no registro ou arquivamento, no órgão próprio, de ato re-
decisão de mérito, a contribuição será calculada com base no va- lativo a baixa ou redução de capital de firma individual, redução
lor do acordo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). de capital social, cisão total ou parcial, transformação ou extin-
§ 6o Aplica-se o disposto neste artigo aos valores devidos ou ção de entidade ou sociedade comercial ou civil e transferência
pagos nas Comissões de Conciliação Prévia de que trata a Lei no de controle de cotas de sociedades de responsabilidade limitada;
9.958, de 12 de janeiro de 2000. (Incluído pela Lei nº 11.941, de (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).
2009). II - do proprietário, pessoa física ou jurídica, de obra de cons-
Art. 44. (Revogado pela Lei nº 11.501, de 2007). trução civil, quando de sua averbação no registro de imóveis, sal-
Art. 45. (Revogado pela Lei Complementar nº 128, de 2008) vo no caso do inciso VIII do art. 30.
Art. 45-A. O contribuinte individual que pretenda contar § 1º A prova de inexistência de débito deve ser exigida da em-
como tempo de contribuição, para fins de obtenção de benefício presa em relação a todas as suas dependências, estabelecimentos
no Regime Geral de Previdência Social ou de contagem recíproca e obras de construção civil, independentemente do local onde se
do tempo de contribuição, período de atividade remunerada al- encontrem, ressalvado aos órgãos competentes o direito de co-
cançada pela decadência deverá indenizar o INSS. (Incluído pela brança de qualquer débito apurado posteriormente.
Lei Complementar nº 128, de 2008) § 2º A prova de inexistência de débito, quando exigível ao in-
§ 1o O valor da indenização a que se refere o caput deste corporador, independe da apresentada no registro de imóveis por
artigo e o § 1o do art. 55 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, ocasião da inscrição do memorial de incorporação.
corresponderá a 20% (vinte por cento): (Incluído pela Lei Comple- § 3º Fica dispensada a transcrição, em instrumento público ou
mentar nº 128, de 2008) particular, do inteiro teor do documento comprobatório de inexis-
I – da média aritmética simples dos maiores salários-de-con- tência de débito, bastando a referência ao seu número de série e
tribuição, reajustados, correspondentes a 80% (oitenta por cento) data da emissão, bem como a guarda do documento comprobató-
de todo o período contributivo decorrido desde a competência ju- rio à disposição dos órgãos competentes.
lho de 1994; ou (Incluído pela Lei Complementar nº 128, de 2008) § 4º O documento comprobatório de inexistência de débito
II – da remuneração sobre a qual incidem as contribuições poderá ser apresentado por cópia autenticada, dispensada a in-
para o regime próprio de previdência social a que estiver filiado dicação de sua finalidade, exceto no caso do inciso II deste artigo.
o interessado, no caso de indenização para fins da contagem re- § 5º O prazo de validade da certidão expedida conjuntamente
cíproca de que tratam os arts. 94 a 99 da Lei no 8.213, de 24 de pela Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil e pela Pro-
julho de 1991, observados o limite máximo previsto no art. 28 e curadoria-Geral da Fazenda Nacional do Ministério da Economia,
o disposto em regulamento. (Incluído pela Lei Complementar nº referente aos tributos federais e à dívida ativa da União por elas
128, de 2008) administrados, será de até 180 (cento e oitenta) dias, contado da
§ 2o Sobre os valores apurados na forma do § 1o deste artigo data de emissão da certidão, prorrogável, excepcionalmente, pelo
incidirão juros moratórios de 0,5% (cinco décimos por cento) ao prazo determinado em ato conjunto dos referidos órgãos. (Reda-
mês, capitalizados anualmente, limitados ao percentual máximo ção dada pela Lei nº 14.148, de 2021)
de 50% (cinqüenta por cento), e multa de 10% (dez por cento). § 6º Independe de prova de inexistência de débito:
(Incluído pela Lei Complementar nº 128, de 2008) a) a lavratura ou assinatura de instrumento, ato ou contrato
§ 3o O disposto no § 1o deste artigo não se aplica aos casos que constitua retificação, ratificação ou efetivação de outro ante-
de contribuições em atraso não alcançadas pela decadência do rior para o qual já foi feita a prova;
direito de a Previdência constituir o respectivo crédito, obedecen- b) a constituição de garantia para concessão de crédito rural,
do-se, em relação a elas, as disposições aplicadas às empresas em em qualquer de suas modalidades, por instituição de crédito pú-
geral. (Incluído pela Lei Complementar nº 128, de 2008) blica ou privada, desde que o contribuinte referido no art. 25, não
Art. 46. (Revogado pela Lei Complementar nº 128, de 2008) seja responsável direto pelo recolhimento de contribuições sobre
a sua produção para a Seguridade Social;
c) a averbação prevista no inciso II deste artigo, relativa a imó-
vel cuja construção tenha sido concluída antes de 22 de novembro
de 1966.

311
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
d) o recebimento pelos Municípios de transferência de recur- do Brasil todas as informações referentes aos atos constitutivos
sos destinados a ações de assistência social, educação, saúde e e alterações posteriores relativos a empresas e entidades neles
em caso de calamidade pública. (Incluído pela Lei nº 11.960, de registradas. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
2009) § 5o A matrícula atribuída pela Secretaria da Receita Fede-
e) a verbação da construção civil localizada em área objeto ral do Brasil ao produtor rural pessoa física ou segurado especial
de regularização fundiária de interesse social, na forma da Lei no é o documento de inscrição do contribuinte, em substituição à
11.977, de 7 de julho de 2009. (Incluído pela Lei nº 12.424, de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ, a ser
2011) apresentado em suas relações com o Poder Público, inclusive para
§ 7º O condômino adquirente de unidades imobiliárias de licenciamento sanitário de produtos de origem animal ou vegetal
obra de construção civil não incorporada na forma da Lei nº 4.591, submetidos a processos de beneficiamento ou industrialização ar-
de 16 de dezembro de 1964, poderá obter documento comproba- tesanal, com as instituições financeiras, para fins de contratação
tório de inexistência de débito, desde que comprove o pagamen- de operações de crédito, e com os adquirentes de sua produção
to das contribuições relativas à sua unidade, conforme dispuser o ou fornecedores de sementes, insumos, ferramentas e demais im-
regulamento. plementos agrícolas. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
§ 8º (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 6o O disposto no § 5o deste artigo não se aplica ao licen-
Art. 48. A prática de ato com inobservância do disposto no ciamento sanitário de produtos sujeitos à incidência de Imposto
artigo anterior, ou o seu registro, acarretará a responsabilidade sobre Produtos Industrializados ou ao contribuinte cuja inscrição
solidária dos contratantes e do oficial que lavrar ou registrar o ins- no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ seja obrigatória.
trumento, sendo o ato nulo para todos os efeitos. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008).
§ 1º Os órgãos competentes podem intervir em instrumento Art. 50. Para fins de fiscalização do INSS, o Município, por in-
que depender de prova de inexistência de débito, a fim de auto- termédio do órgão competente, fornecerá relação de alvarás para
rizar sua lavratura, desde que o débito seja pago no ato ou o seu construção civil e documentos de “habite-se” concedidos. (Reda-
pagamento fique assegurado mediante confissão de dívida fiscal ção dada pela Lei nº 9.476, de 1997)
com o oferecimento de garantias reais suficientes, na forma esta- Art. 51. O crédito relativo a contribuições, cotas e respectivos
belecida em regulamento. adicionais ou acréscimos de qualquer natureza arrecadados pelos
§ 2º Em se tratando de alienação de bens do ativo de empre- órgãos competentes, bem como a atualização monetária e os ju-
sa em regime de liquidação extrajudicial, visando à obtenção de ros de mora, estão sujeitos, nos processos de falência, concordata
recursos necessários ao pagamento dos credores, independente- ou concurso de credores, às disposições atinentes aos créditos da
mente do pagamento ou da confissão de dívida fiscal, o Instituto União, aos quais são equiparados.
Nacional do Seguro Social-INSS poderá autorizar a lavratura do Parágrafo único. O Instituto Nacional do Seguro Social-INSS
respectivo instrumento, desde que o valor do crédito previdenciá- reivindicará os valores descontados pela empresa de seus empre-
rio conste, regularmente, do quadro geral de credores, observada gados e ainda não recolhidos.
a ordem de preferência legal. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº Art. 52. Às empresas, enquanto estiverem em débito não
9.639, de 25.5.98). garantido com a União, aplica-se o disposto no art. 32 da Lei no
§ 3º O servidor, o serventuário da Justiça, o titular de ser- 4.357, de 16 de julho de 1964. (Redação dada pela Lei nº 11.941,
ventia extrajudicial e a autoridade ou órgão que infringirem o dis- de 2009).
posto no artigo anterior incorrerão em multa aplicada na forma I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
estabelecida no art. 92, sem prejuízo da responsabilidade admi- II – (revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
nistrativa e penal cabível. (Parágrafo renumerado e alterado pela Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
Lei nº 9.639, de 25.5.98). 11.941, de 2009).
Art. 53. Na execução judicial da dívida ativa da União, suas
TÍTULO VII autarquias e fundações públicas, será facultado ao exeqüente in-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS dicar bens à penhora, a qual será efetivada concomitantemente
com a citação inicial do devedor.
Art. 49. A matrícula da empresa será efetuada nos termos § 1º Os bens penhorados nos termos deste artigo ficam desde
e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do logo indisponíveis.
Brasil. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2º Efetuado o pagamento integral da dívida executada, com
I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). seus acréscimos legais, no prazo de 2 (dois) dias úteis contados da
II – (revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). citação, independentemente da juntada aos autos do respectivo
§ 1o No caso de obra de construção civil, a matrícula deverá mandado, poderá ser liberada a penhora, desde que não haja ou-
ser efetuada mediante comunicação obrigatória do responsável tra execução pendente.
por sua execução, no prazo de 30 (trinta) dias, contado do início § 3º O disposto neste artigo aplica-se também às execuções
de suas atividades, quando obterá número cadastral básico, de já processadas.
caráter permanente. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 4º Não sendo opostos embargos, no caso legal, ou sendo
a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). eles julgados improcedentes, os autos serão conclusos ao juiz do
b) (revogada). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). feito, para determinar o prosseguimento da execução.
§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). Art. 54. Os órgãos competentes estabelecerão critério para a
§ 3o O não cumprimento do disposto no § 1o deste artigo su- dispensa de constituição ou exigência de crédito de valor inferior
jeita o responsável a multa na forma estabelecida no art. 92 desta ao custo dessa medida.
Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). Art. 55. (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009)
§ 4º O Departamento Nacional de Registro do Comércio Art. 56. A inexistência de débitos em relação às contribuições
(DNRC), por intermédio das Juntas Comerciais, e os Cartórios de devidas ao Instituto Nacional do Seguro Social-INSS, a partir da
Registro Civil de Pessoas Jurídicas prestarão, obrigatoriamente, ao publicação desta Lei, é condição necessária para que os Estados, o
Ministério da Economia, ao INSS e à Secretaria da Receita Federal Distrito Federal e os Municípios possam receber as transferências

312
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
dos recursos do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito da empresa, a título de financiamento da complementação das
Federal-FPE e do Fundo de Participação dos Municípios-FPM, ce- prestações por acidente do trabalho, estabelecida no inciso II do
lebrar acordos, contratos, convênios ou ajustes, bem como rece- art. 22.
ber empréstimos, financiamentos, avais e subvenções em geral de Parágrafo único. Os recursos referidos neste artigo poderão
órgãos ou entidades da administração direta e indireta da União. contribuir para o financiamento das despesas com pessoal e ad-
§ 1o (Revogado pela Medida Provisória no 2187-13, de 2001). ministração geral da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segu-
(Renumerado do parágrafo único e Incluído pela Lei nº 12.810, de rança e Medicina do Trabalho-Fundacentro. (Parágrafo acrescen-
2013) tado pela Lei nº 9.639, de 25.5.98)
§ 2o Os recursos do FPE e do FPM não transferidos em decor-
rência da aplicação do caput deste artigo poderão ser utilizados TÍTULO VIII
para quitação, total ou parcial, dos débitos relativos às contribui- DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
ções de que tratam as alíneas a e c do parágrafo único do art.
11 desta Lei, a pedido do representante legal do Estado, Distrito CAPÍTULO I
Federal ou Município. (Incluído pela Lei nº 12.810, de 2013) DA MODERNIZAÇÃO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
Art. 57. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios serão,
igualmente, obrigados a apresentar, a partir de 1º de junho de Art. 63. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de
1992, para os fins do disposto no artigo anterior, comprovação de 2001).
pagamento da parcela mensal referente aos débitos com o Institu- Art. 64. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de
to Nacional do Seguro Social-INSS, existentes até 1º de setembro 2001).
de 1991, renegociados nos termos desta Lei. Art. 65. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de
Art. 58. Os débitos dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- 2001).
nicípios para com o Instituto Nacional do Seguro Social-INSS, exis- Art. 66. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de
tentes até 1º de setembro de 1991, poderão ser liquidados em até 2001).
240 (duzentos e quarenta) parcelas mensais. Art. 67. Até que seja implantado o Cadastro Nacional do Tra-
§ 1º Para apuração dos débitos será considerado o valor ori- balhador-CNT, as instituições e órgãos federais, estaduais, do Dis-
ginal atualizado pelo índice oficial utilizado pela Seguridade Social trito Federal e municipais, detentores de cadastros de empresas
para correção de seus créditos. (Renumerado pela Lei nº 8.444, e de contribuintes em geral, deverão colocar à disposição do Ins-
de 20.7.92) tituto Nacional do Seguro Social-INSS, mediante a realização de
§ 2º As contribuições descontadas até 30 de junho de 1992 convênios, todos os dados necessários à permanente atualização
dos segurados que tenham prestado serviços aos Estados, ao Dis- dos cadastros da Previdência Social.
trito Federal e aos Municípios poderão ser objeto de acordo para Art. 68. O Titular do Cartório de Registro Civil de Pessoas Na-
parcelamento em até doze meses, não se lhes aplicando o dispos- turais remeterá ao INSS, em até 1 (um) dia útil, pelo Sistema Na-
to no § 1º do artigo 38 desta Lei. (Parágrafo acrescentado pela Lei cional de Informações de Registro Civil (Sirc) ou por outro meio
nº 8.444, de 20.7.92). que venha a substituí-lo, a relação dos nascimentos, dos natimor-
Art. 59. O Instituto Nacional do Seguro Social-INSS implanta- tos, dos casamentos, dos óbitos, das averbações, das anotações e
rá, no prazo de 90 (noventa) dias a contar da data da publicação das retificações registradas na serventia. (Redação dada pela Lei
desta Lei, sistema próprio e informatizado de cadastro dos paga- nº 13.846, de 2019)
mentos e débitos dos Governos Estaduais, do Distrito Federal e § 1º Para os Municípios que não dispõem de provedor de co-
das Prefeituras Municipais, que viabilize o permanente acompa- nexão à internet ou de qualquer meio de acesso à internet, fica
nhamento e fiscalização do disposto nos arts. 56, 57 e 58 e per- autorizada a remessa da relação em até 5 (cinco) dias úteis. (Re-
mita a divulgação periódica dos devedores da Previdência Social. dação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
Art. 60. O pagamento dos benefícios da Seguridade Social § 2º Para os registros de nascimento e de natimorto, consta-
será realizado por intermédio da rede bancária ou por outras rão das informações, obrigatoriamente, a inscrição no Cadastro
formas definidas pelo Ministério da Previdência Social. (Redação de Pessoas Físicas (CPF), o sexo, a data e o local de nascimento do
dada pela Lei nº 11.941, de 2009). registrado, bem como o nome completo, o sexo, a data e o local
Parágrafo único. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.170- de nascimento e a inscrição no CPF da filiação. (Redação dada pela
36, de 2001). Lei nº 13.846, de 2019)
Art. 61. As receitas provenientes da cobrança de débitos dos § 3º Para os registros de casamento e de óbito, constarão das
Estados e Municípios e da alienação, arrendamento ou locação de informações, obrigatoriamente, a inscrição no CPF, o sexo, a data
bens móveis ou imóveis pertencentes ao patrimônio do Instituto e o local de nascimento do registrado, bem como, acaso dispo-
Nacional do Seguro Social-INSS, deverão constituir reserva técni- níveis, os seguintes dados: (Redação dada pela Lei nº 13.846, de
ca, de longo prazo, que garantirá o seguro social estabelecido no 2019)
Plano de Benefícios da Previdência Social. I - número do cadastro perante o Programa de Integração So-
Parágrafo único. É vedada a utilização dos recursos de que cial (PIS) ou o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor
trata este artigo, para cobrir despesas de custeio em geral, inclu- Público (Pasep); (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
sive as decorrentes de criação, majoração ou extensão dos bene- II - Número de Identificação do Trabalhador (NIT); (Incluído
fícios ou serviços da Previdência Social, admitindo-se sua utiliza- pela Lei nº 13.846, de 2019)
ção, excepcionalmente, em despesas de capital, na forma da lei III - número de benefício previdenciário ou assistencial, se a
de orçamento. pessoa falecida for titular de qualquer benefício pago pelo INSS;
Art. 62. A contribuição estabelecida na Lei nº 5.161, de 21 de (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
outubro de 1966, em favor da Fundação Jorge Duprat Figueiredo IV - número de registro da Carteira de Identidade e respectivo
de Segurança e Medicina do Trabalho-FUNDACENTRO, será de 2% órgão emissor; (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
(dois por cento) da receita proveniente da contribuição a cargo V - número do título de eleitor; (Incluído pela Lei nº 13.846,
de 2019)

313
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VI - número e série da Carteira de Trabalho e Previdência So- § 6º Decorrido o prazo de 30 (trinta) dias após a suspensão
cial (CTPS). (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) a que se refere o § 4º deste artigo, sem que o beneficiário, o seu
§ 4º No caso de não haver sido registrado nenhum nascimen- representante legal ou o seu procurador apresente recurso admi-
to, natimorto, casamento, óbito ou averbações, anotações e reti- nistrativo aos canais de atendimento do INSS ou a outros canais
ficações no mês, deverá o Titular do Cartório de Registro Civil de autorizados, o benefício será cessado. (Incluído pela Lei nº 13.846,
Pessoas Naturais comunicar este fato ao INSS até o 5º (quinto) de 2019)
dia útil do mês subsequente. (Redação dada pela Lei nº 13.846, § 7º Para fins do disposto no caput deste artigo, o INSS poderá
de 2019) realizar recenseamento para atualização do cadastro dos benefi-
§ 5º O descumprimento de qualquer obrigação imposta neste ciários, abrangidos os benefícios administrados pelo INSS, obser-
artigo e o fornecimento de informação inexata sujeitarão o Titular vado o disposto no § 8º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
do Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais, além de outras 14.199, de 2021)
penalidades previstas, à penalidade prevista no art. 92 desta Lei § 8º Aquele que receber benefício realizará anualmente, no
e à ação regressiva proposta pelo INSS, em razão dos danos sofri- mês de aniversário do titular do benefício, a comprovação de vida,
dos. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) preferencialmente por meio de atendimento eletrônico com uso
Art. 68-A. A lavratura de procuração pública e a emissão de de biometria, ou outro meio definido pelo INSS que assegure a
sua primeira via para fins exclusivos de recebimento de benefícios identificação inequívoca do beneficiário, implementado pelas
previdenciários ou assistenciais administrados pelo INSS são isen- instituições financeiras pagadoras dos benefícios, observadas as
tas do pagamento das custas e dos emolumentos. (Incluído pela seguintes disposições: (Redação dada pela Lei nº 14.199, de 2021)
Lei nº 14.199, de 2021) I - a prova de vida e a renovação de senha serão efetuadas
Art. 69. O INSS manterá programa permanente de revisão da pelo beneficiário, preferencialmente no mesmo ato, mediante
concessão e da manutenção dos benefícios por ele administrados, identificação por funcionário da instituição financeira responsável
a fim de apurar irregularidades ou erros materiais. (Redação dada pelo pagamento, quando não realizadas por atendimento eletrô-
pela Lei nº 13.846, de 2019) nico com uso de biometria; (Redação dada pela Lei nº 14.199, de
§ 1º Na hipótese de haver indícios de irregularidade ou erros 2021)
materiais na concessão, na manutenção ou na revisão do benefí- II - a prova de vida poderá ser realizada por representante
cio, o INSS notificará o beneficiário, o seu representante legal ou legal ou por procurador do beneficiário, legalmente cadastrado no
o seu procurador para apresentar defesa, provas ou documentos INSS; (Redação dada pela Lei nº 14.199, de 2021)
dos quais dispuser, no prazo de: (Redação dada pela Lei nº 13.846, III - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.199, de 2021)
de 2019) IV - os órgãos competentes deverão dispor de meios alterna-
I - 30 (trinta) dias, no caso de trabalhador urbano; (Incluído tivos que garantam a realização da prova de vida do beneficiário
pela Lei nº 13.846, de 2019) com idade igual ou superior a 80 (oitenta) anos ou com dificulda-
II - 60 (sessenta) dias, no caso de trabalhador rural individual de de locomoção, inclusive por meio de atendimento domiciliar
e avulso, agricultor familiar ou segurado especial. (Incluído pela quando necessário; (Redação dada pela Lei nº 14.199, de 2021)
Lei nº 13.846, de 2019) IV-A - as instituições financeiras deverão, obrigatoriamente,
§ 2º A notificação a que se refere o § 1º deste artigo será feita: envidar esforços a fim de facilitar e auxiliar o beneficiário com ida-
(Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) de igual ou superior a 80 (oitenta) anos ou com dificuldade de
I - preferencialmente por rede bancária ou por meio eletrô- locomoção, de forma a evitar ao máximo o seu deslocamento até
nico, conforme previsto em regulamento; (Incluído pela Lei nº a agência bancária e, caso isso ocorra, dar-lhe preferência máxima
13.846, de 2019) de atendimento, para diminuir o tempo de permanência do idoso
II - por via postal, por carta simples, considerado o endereço no recinto e evitar sua exposição a aglomeração; (Incluído pela Lei
constante do cadastro do benefício, hipótese em que o aviso de nº 14.199, de 2021)
recebimento será considerado prova suficiente da notificação; (In- IV-B - a instituição financeira, quando a prova de vida for nela
cluído pela Lei nº 13.846, de 2019) realizada, deverá enviar as informações ao INSS, bem como divul-
III - pessoalmente, quando entregue ao interessado em mãos; gar aos beneficiários, de forma ampla, todos os meios existentes
ou (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) para efetuar o procedimento, especialmente os remotos, a fim de
IV - por edital, nos casos de retorno com a não localização evitar o deslocamento dos beneficiários; e (Incluído pela Lei nº
do segurado, referente à comunicação indicada no inciso II deste 14.199, de 2021)
parágrafo. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) V - o INSS poderá bloquear o pagamento do benefício enca-
§ 3º A defesa poderá ser apresentada pelo canal de atendi- minhado às instituições financeiras até que o beneficiário realize
mento eletrônico do INSS ou na Agência da Previdência Social do a prova de vida, permitida a liberação do pagamento automati-
domicílio do beneficiário, na forma do regulamento. (Redação camente pela instituição financeira. (Redação dada pela Lei nº
dada pela Lei nº 13.846, de 2019) 14.199, de 2021)
§ 4º O benefício será suspenso nas seguintes hipóteses: (Re- § 9º O recurso de que trata o § 5º deste artigo não terá efeito
dação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) suspensivo. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
I - não apresentação da defesa no prazo estabelecido no § 1º § 10. Apurada irregularidade recorrente ou fragilidade nos
deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) procedimentos, reconhecida na forma prevista no caput deste ar-
II - defesa considerada insuficiente ou improcedente pelo tigo ou pelos órgãos de controle, os procedimentos de análise e
INSS. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) concessão de benefícios serão revistos, de modo a reduzir o risco
§ 5º O INSS deverá notificar o beneficiário quanto à suspen- de fraude e concessão irregular. (Incluído pela Lei nº 13.846, de
são do benefício de que trata o § 4º deste artigo e conceder-lhe 2019)
prazo de 30 (trinta) dias para interposição de recurso. (Incluído § 11. Para fins do disposto no § 8º deste artigo, preservados a
pela Lei nº 13.846, de 2019) integridade dos dados e o sigilo eventualmente existente, o INSS:
(Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

314
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
I - terá acesso a todos os dados biométricos mantidos e ad- II - (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009)
ministrados pelos órgãos públicos federais; e (Incluído pela Lei nº III - emitir e enviar aos beneficiários o Aviso de Concessão de
13.846, de 2019) Benefício, além da memória de cálculo do valor dos benefícios
II - poderá ter, por meio de convênio, acesso aos dados bio- concedidos;
métricos: (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) IV - reeditar versão atualizada, nos termos do Plano de Bene-
a) da Justiça Eleitoral; e (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) fícios, da Carta dos Direitos dos Segurados;
b) de outros entes federativos. (Incluído pela Lei nº 13.846, V - divulgar, com a devida antecedência, através dos meios de
de 2019) comunicação, alterações porventura realizadas na forma de con-
Art. 70. Os beneficiários da Previdência Social, aposentados tribuição das empresas e segurados em geral;
por invalidez, ficam obrigados, sob pena de sustação do paga- VI - descentralizar, progressivamente, o processamento ele-
mento do benefício, a submeterem-se a exames médico-periciais, trônico das informações, mediante extensão dos programas de
estabelecidos na forma do regulamento, que definirá sua periodi- informatização de postos de atendimento e de Regiões Fiscais.
cidade e os mecanismos de fiscalização e auditoria. VII - disponibilizará ao público, inclusive por meio de rede pú-
Art. 71. O Instituto Nacional do Seguro Social-INSS deverá re- blica de transmissão de dados, informações atualizadas sobre as
ver os benefícios, inclusive os concedidos por acidente do traba- receitas e despesas do regime geral de previdência social, bem
lho, ainda que concedidos judicialmente, para avaliar a persistên- como os critérios e parâmetros adotados para garantir o equilíbrio
cia, atenuação ou agravamento da incapacidade para o trabalho financeiro e atuarial do regime. (Incluído pela Lei nº 10.887, de
alegada como causa para a sua concessão. 2004).
Parágrafo único. Será cabível a concessão de liminar nas ações § 1º O Ministério do Trabalho e Previdência divulgará, men-
rescisórias e revisional, para suspender a execução do julgado res- salmente, o resultado financeiro do Regime Geral de Previdência
cindendo ou revisando, em caso de fraude ou erro material com- Social, no qual considerará: (Incluído pela Lei nº 14.360, de 2022)
provado. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.032, de 28 4.95). I - para fins de aferição do equilíbrio financeiro do regime,
Art. 72. O Instituto Nacional do Seguro Social-INSS promove- as renúncias previdenciárias em adição às receitas realizadas; e
rá, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da publicação (Incluído pela Lei nº 14.360, de 2022)
desta Lei, a revisão das indenizações associadas a benefícios por II - para os demais fins, apenas as receitas efetivamente arre-
acidentes do trabalho, cujos valores excedam a Cr$ 1.700.000,00 cadadas e as despesas orçamentárias e financeiras efetivamente
(um milhão e setecentos mil cruzeiros). liquidadas e pagas. (Incluído pela Lei nº 14.360, de 2022)
Art. 73. O setor encarregado pela área de benefícios no âmbi- § 2º Para fins de apuração das renúncias previdenciárias de
to do Instituto Nacional do Seguro Social-INSS deverá estabelecer que trata o inciso I do § 1º deste artigo, serão consideradas as
indicadores qualitativos e quantitativos para acompanhamento e informações prestadas pela Secretaria Especial da Receita Federal
avaliação das concessões de benefícios realizadas pelos órgãos lo- do Brasil do Ministério da Economia. (Incluído pela Lei nº 14.360,
cais de atendimento. de 2022)
Art. 74. Os postos de benefícios deverão adotar como prática Art. 81. (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009)
o cruzamento das informações declaradas pelos segurados com Art. 82. A Auditoria e a Procuradoria do Instituto Nacional do
os dados de cadastros de empresas e de contribuintes em geral Seguro Social-INSS deverão, a cada trimestre, elaborar relação das
quando da concessão de benefícios. auditorias realizadas e dos trabalhos executados, bem como dos
Art. 75. (Revogado pela Lei nº 9.711, de 1998). resultados obtidos, enviando-a a apreciação do Conselho Nacio-
Art. 76. O Instituto Nacional do Seguro Social-INSS deverá nal da Seguridade Social.
proceder ao recadastramento de todos aqueles que, por intermé- Art. 83. O Instituto Nacional do Seguro Social-INSS deverá im-
dio de procuração, recebem benefícios da Previdência Social. plantar um programa de qualificação e treinamento sistemático
§ 1º O documento de procuração deverá ser revalidado, anu- de pessoal, bem como promover a reciclagem e redistribuição de
almente, nos termos de norma definida pelo INSS. (Incluído pela funcionários conforme as demandas dos órgãos regionais e locais,
Lei nº 14.199, de 2021) visando a melhoria da qualidade do atendimento e o controle e a
§ 2º Na hipótese de pagamento indevido de benefício a pes- eficiência dos sistemas de arrecadação e fiscalização de contribui-
soa não autorizada, ou após o óbito do titular do benefício, a ins- ções, bem como de pagamento de benefícios.
tituição financeira é responsável pela devolução dos valores ao Art. 84. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de
INSS, em razão do descumprimento das obrigações a ela impostas 2001).
por lei ou por força contratual. (Incluído pela Lei nº 14.199, de
2021) CAPÍTULO II
Art. 77. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de DAS DEMAIS DISPOSIÇÕES
2001).
Art. 78. O Instituto Nacional do Seguro Social-INSS, na forma Art. 85. O Conselho Nacional da Seguridade Social será ins-
da legislação específica, fica autorizado a contratar auditorias ex- talado no prazo de 30 (trinta) dias após a promulgação desta Lei.
ternas, periodicamente, para analisar e emitir parecer sobre de- Art. 85-A. Os tratados, convenções e outros acordos interna-
monstrativos econômico-financeiros e contábeis, arrecadação, cionais de que Estado estrangeiro ou organismo internacional e o
cobrança e fiscalização das contribuições, bem como pagamento Brasil sejam partes, e que versem sobre matéria previdenciária,
dos benefícios, submetendo os resultados obtidos à apreciação serão interpretados como lei especial. (Incluído pela Lei nº 9.876,
do Conselho Nacional da Seguridade Social. de 1999).
Art. 79. (Revogado pela Lei nº 9.711, de 1998). Art. 86. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de
Art. 80. Fica o Instituto Nacional do Seguro Social-INSS obri- 2001).
gado a:
I – enviar às empresas e aos seus segurados, quando solicita-
do, extrato relativo ao recolhimento das suas contribuições; (Re-
dação pela Lei nº 12.692, de 2012)

315
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 87. Os orçamentos das pessoas jurídicas de direito públi- Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009)
co e das entidades da administração pública indireta devem con- Art. 94. (Revogado pela Lei nº 11.501, de 2007).
signar as dotações necessárias ao pagamento das contribuições Art. 95. Caput. Revogado. (Redação dada pela Lei nº 9.983,
da Seguridade Social, de modo a assegurar a sua regular liquida- de 2000).
ção dentro do exercício. a) revogada; (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000).
Art. 88. Os prazos de prescrição de que goza a União aplicam- b) revogada; (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000).
-se à Seguridade Social, ressalvado o disposto no art. 46. c) revogada; (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000).
Art. 89. As contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c d) revogada; (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000).
do parágrafo único do art. 11 desta Lei, as contribuições instituí- e) revogada; (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000).
das a título de substituição e as contribuições devidas a terceiros f) revogada; (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000).
somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses g) revogada; (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000).
de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, h) revogada; (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000).
nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita i) revogada; (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000).
Federal do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). j) revogada. (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000).
§ 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 1o Revogado. (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000).
§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2º A empresa que transgredir as normas desta Lei, além das
§ 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). outras sanções previstas, sujeitar-se-á, nas condições em que dis-
§ 4o O valor a ser restituído ou compensado será acrescido puser o regulamento:
de juros obtidos pela aplicação da taxa referencial do Sistema Es- a) à suspensão de empréstimos e financiamentos, por insti-
pecial de Liquidação e de Custódia – SELIC para títulos federais, tuições financeiras oficiais;
acumulada mensalmente, a partir do mês subsequente ao do pa- b) à revisão de incentivos fiscais de tratamento tributário es-
gamento indevido ou a maior que o devido até o mês anterior pecial;
ao da compensação ou restituição e de 1% (um por cento) relati- c) à inabilitação para licitar e contratar com qualquer órgão
vamente ao mês em que estiver sendo efetuada. (Redação dada ou entidade da administração pública direta ou indireta federal,
pela Lei nº 11.941, de 2009). estadual, do Distrito Federal ou municipal;
§ 5o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). d) à interdição para o exercício do comércio, se for sociedade
§ 6o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). mercantil ou comerciante individual;
§ 7o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). e) à desqualificação para impetrar concordata;
§ 8o Verificada a existência de débito em nome do sujeito f) à cassação de autorização para funcionar no país, quando
passivo, o valor da restituição será utilizado para extingui-lo, to- for o caso.
tal ou parcialmente, mediante compensação. (Incluído pela Lei nº § 3o Revogado. (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000).
11.196, de 2005). § 4o Revogado. (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000).
§ 9o Os valores compensados indevidamente serão exigidos § 5o Revogado. (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000).
com os acréscimos moratórios de que trata o art. 35 desta Lei. Art. 96. O Poder Executivo enviará ao Congresso Nacional,
(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). anualmente, acompanhando a Proposta Orçamentária da Segu-
§ 10. Na hipótese de compensação indevida, quando se com- ridade Social, projeções atuariais relativas à Seguridade Social,
prove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o abrangendo um horizonte temporal de, no mínimo, 20 (vinte)
contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual anos, considerando hipóteses alternativas quanto às variáveis de-
previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de mográficas, econômicas e institucionais relevantes.
dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cál- Art. 97. Fica o Instituto Nacional do Seguro Social-INSS auto-
culo o valor total do débito indevidamente compensado. (Incluído rizado a proceder a alienação ou permuta, por ato da autoridade
pela Lei nº 11.941, de 2009). competente, de bens imóveis de sua propriedade considerados
§ 11. Aplica-se aos processos de restituição das contribuições desnecessários ou não vinculados às suas atividades operacionais.
de que trata este artigo e de reembolso de salário-família e sa- (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).
lário-maternidade o rito previsto no Decreto no 70.235, de 6 de § 1º Na alienação a que se refere este artigo será observado
março de 1972. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). o disposto no art. 18 e nos incisos I, II e III do art. 19, da Lei nº
§ 12. O disposto no § 10 deste artigo não se aplica à compen- 8.666, de 21 de junho de 1993, alterada pelas Leis nºs 8.883, de
sação efetuada nos termos do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de 8 de junho de 1994, e 9.032, de 28 de abril de 1995. (Parágrafo
dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 13.670, de 2018) acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).
Art. 90. O Conselho Nacional da Seguridade Social, dentro de § 2º (VETADO na Lei nº 9.528, de 10.12.97).
180 (cento e oitenta) dias da sua instalação, adotará as providên- Art. 98. Nas execuções fiscais da dívida ativa do INSS, o leilão
cias necessárias ao levantamento das dívidas da União para com judicial dos bens penhorados realizar-se-á por leiloeiro oficial, in-
a Seguridade Social. dicado pelo credor, que procederá à hasta pública:(Redação dada
Art. 91. Mediante requisição da Seguridade Social, a empresa pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997).
é obrigada a descontar, da remuneração paga aos segurados a seu I - no primeiro leilão, pelo valor do maior lance, que não po-
serviço, a importância proveniente de dívida ou responsabilidade derá ser inferior ao da avaliação; (Incluído pela Lei nº 9.528, de
por eles contraída junto à Seguridade Social, relativa a benefícios 10.12.1997).
pagos indevidamente. II - no segundo leilão, por qualquer valor, excetuado o vil. (In-
Art. 92. A infração de qualquer dispositivo desta Lei para a cluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997).
qual não haja penalidade expressamente cominada sujeita o res- § 1º Poderá o juiz, a requerimento do credor, autorizar seja
ponsável, conforme a gravidade da infração, a multa variável de parcelado o pagamento do valor da arrematação, na forma pre-
Cr$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros) a Cr$ 10.000.000,00 (dez mi- vista para os parcelamentos administrativos de débitos previden-
lhões de cruzeiros), conforme dispuser o regulamento. 24 ciários. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997).
Art. 93. (Revogado o caput pela Lei nº 9.639, de 25.5.98.)

316
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 2º Todas as condições do parcelamento deverão constar do Art. 103. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo
edital de leilão. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997). de 60 (sessenta) dias a partir da data de sua publicação.
§ 3º O débito do executado será quitado na proporção do va- Art. 104. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
lor de arrematação. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997). Art. 105. Revogam-se as disposições em contrário.
§ 4º O arrematante deverá depositar, no ato, o valor da pri-
meira parcela. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997). LEI Nº 8.213/1991 E SUAS ALTERAÇÕES
§ 5º Realizado o depósito, será expedida carta de arrema-
tação, contendo as seguintes disposições: (Incluído pela Lei nº
9.528, de 10.12.1997). LEI Nº 8.213, DE 24 DE JULHO DE 1991
a) valor da arrematação, valor e número de parcelas mensais
em que será pago; (Incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997). Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e
b) constituição de hipoteca do bem adquirido, ou de penhor, dá outras providências.
em favor do credor, servindo a carta de título hábil para registro
da garantia; (Incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997). O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso
c) indicação do arrematante como fiel depositário do bem Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
móvel, quando constituído penhor; (Incluído pela Lei nº 9.528, de
10.12.1997). TÍTULO I
d) especificação dos critérios de reajustamento do saldo e DA FINALIDADE E DOS PRINCÍPIOS BÁSICOS DA PREVIDÊNCIA
das parcelas, que será sempre o mesmo vigente para os parcela- SOCIAL
mentos de débitos previdenciários. (Incluído pela Lei nº 9.528, de
10.12.1997). Art. 1º A Previdência Social, mediante contribuição, tem por
§ 6º Se o arrematante não pagar, no vencimento, qualquer fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de ma-
das parcelas mensais, o saldo devedor remanescente vencerá nutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário,
antecipadamente, que será acrescido em cinqüenta por cento de idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou
seu valor a título de multa, e, imediatamente inscrito em dívida morte daqueles de quem dependiam economicamente.
ativa e executado. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997). Art. 2º A Previdência Social rege-se pelos seguintes princípios
§ 7º Se no primeiro ou no segundo leilões a que se refere o e objetivos:
caput não houver licitante, o INSS poderá adjudicar o bem por I - universalidade de participação nos planos previdenciários;
cinqüenta por cento do valor da avaliação. (Incluído pela Lei nº II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às
9.528, de 10.12.1997). populações urbanas e rurais;
§ 8º Se o bem adjudicado não puder ser utilizado pelo INSS, e III - seletividade e distributividade na prestação dos benefí-
for de difícil venda, poderá ser negociado ou doado a outro órgão cios;
ou entidade pública que demonstre interesse na sua utilização. IV - cálculo dos benefícios considerando-se os salários-de-
(Incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997). -contribuição corrigidos monetariamente;
§ 9º Não havendo interesse na adjudicação, poderá o juiz do V - irredutibilidade do valor dos benefícios de forma a preser-
feito, de ofício ou a requerimento do credor, determinar suces- var-lhes o poder aquisitivo;
sivas repetições da hasta pública. (Incluído pela Lei nº 9.528, de VI - valor da renda mensal dos benefícios substitutos do sa-
10.12.1997). lário-de-contribuição ou do rendimento do trabalho do segurado
§ 10. O leiloeiro oficial, a pedido do credor, poderá ficar como não inferior ao do salário mínimo;
fiel depositário dos bens penhorados e realizar a respectiva remo- VII - previdência complementar facultativa, custeada por
ção. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997). contribuição adicional;
§ 11. O disposto neste artigo aplica-se às execuções fiscais da VIII - caráter democrático e descentralizado da gestão admi-
Dívida Ativa da União. (Incluído pela Lei nº 10.522, de 2002). nistrativa, com a participação do governo e da comunidade, em
Art. 99. O Instituto Nacional do Seguro Social-INSS poderá especial de trabalhadores em atividade, empregadores e aposen-
contratar leiloeiros oficiais para promover a venda administrativa tados.
dos bens, adjudicados judicialmente ou que receber em dação de Parágrafo único. A participação referida no inciso VIII deste
pagamento. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). artigo será efetivada a nível federal, estadual e municipal.
Parágrafo único. O INSS, no prazo de sessenta dias, providen- Art. 3º Fica instituído o Conselho Nacional de Previdência
ciará alienação do bem por intermédio do leiloeiro oficial. (Incluí- Social–CNPS, órgão superior de deliberação colegiada, que terá
do pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997). como membros:
Art. 100. (Revogado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) I - seis representantes do Governo Federal; (Redação dada
Art. 101. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.187-13, de pela Lei nº 8.619, de 1993)
2001). II - nove representantes da sociedade civil, sendo: (Redação
Art. 102. Os valores expressos em moeda corrente nesta Lei dada pela Lei nº 8.619, de 1993)
serão reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices a) três representantes dos aposentados e pensionistas; (Re-
utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação con- dação dada pela Lei nº 8.619, de 1993)
tinuada da Previdência Social. (Redação dada pela Medida Provi- b) três representantes dos trabalhadores em atividade; (Re-
sória nº 2.187-13, de 2001). dação dada pela Lei nº 8.619, de 1993)
§ 1o O disposto neste artigo não se aplica às penalidades pre- c) três representantes dos empregadores. (Redação dada
vistas no art. 32-A desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). pela Lei nº 8.619, de 1993)
§ 2o O reajuste dos valores dos salários-de-contribuição em § 1º Os membros do CNPS e seus respectivos suplentes serão
decorrência da alteração do salário-mínimo será descontado por nomeados pelo Presidente da República, tendo os representantes
ocasião da aplicação dos índices a que se refere o caput deste ar- titulares da sociedade civil mandato de 2 (dois) anos, podendo ser
tigo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). reconduzidos, de imediato, uma única vez.

317
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 2º Os representantes dos trabalhadores em atividade, dos Art. 7º (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de
aposentados, dos empregadores e seus respectivos suplentes se- 31.8.01)
rão indicados pelas centrais sindicais e confederações nacionais. Art. 8º (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de
§ 3º O CNPS reunir-se-á, ordinariamente, uma vez por mês, 31.8.01)
por convocação de seu Presidente, não podendo ser adiada a reu-
nião por mais de 15 (quinze) dias se houver requerimento nesse TÍTULO II
sentido da maioria dos conselheiros. DO PLANO DE BENEFÍCIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
§ 4º Poderá ser convocada reunião extraordinária por seu
Presidente ou a requerimento de um terço de seus membros, con- CAPÍTULO ÚNICO
forme dispuser o regimento interno do CNPS. DOS REGIMES DE PREVIDÊNCIA SOCIAL
§ 5º (Revogado pela Lei nº 9.528, de 1997)
§ 6º As ausências ao trabalho dos representantes dos traba- Art. 9º A Previdência Social compreende:
lhadores em atividade, decorrentes das atividades do Conselho, I - o Regime Geral de Previdência Social;
serão abonadas, computando-se como jornada efetivamente tra- II - o Regime Facultativo Complementar de Previdência So-
balhada para todos os fins e efeitos legais. cial.
§ 7º Aos membros do CNPS, enquanto representantes dos § 1o O Regime Geral de Previdência Social - RGPS garante a
trabalhadores em atividade, titulares e suplentes, é assegurada a cobertura de todas as situações expressas no art. 1o desta Lei, ex-
estabilidade no emprego, da nomeação até um ano após o térmi- ceto as de desemprego involuntário, objeto de lei específica, e de
no do mandato de representação, somente podendo ser demiti- aposentadoria por tempo de contribuição para o trabalhador de
dos por motivo de falta grave, regularmente comprovada através que trata o § 2o do art. 21 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991.
de processo judicial. (Redação dada pela Lei Complementar nº 123, de 2006)
§ 8º Competirá ao Ministério do Trabalho e da Previdência § 2º O Regime Facultativo Complementar de Previdência So-
Social proporcionar ao CNPS os meios necessários ao exercício de cial será objeto de lei especifica.
suas competências, para o que contará com uma Secretaria-Exe-
cutiva do Conselho Nacional de Previdência Social. TÍTULO III
§ 9º O CNPS deverá se instalar no prazo de 30 (trinta) dias a DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL
contar da publicação desta Lei.
Art. 4º Compete ao Conselho Nacional de Previdência Social– CAPÍTULO I
CNPS: DOS BENEFICIÁRIOS
I - estabelecer diretrizes gerais e apreciar as decisões de polí-
ticas aplicáveis à Previdência Social; Art. 10. Os beneficiários do Regime Geral de Previdência So-
II - participar, acompanhar e avaliar sistematicamente a ges- cial classificam-se como segurados e dependentes, nos termos
tão previdenciária; das Seções I e II deste capítulo.
III - apreciar e aprovar os planos e programas da Previdência
Social; SEÇÃO I
IV - apreciar e aprovar as propostas orçamentárias da Previ- DOS SEGURADOS
dência Social, antes de sua consolidação na proposta orçamentá-
ria da Seguridade Social; Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as
V - acompanhar e apreciar, através de relatórios gerenciais seguintes pessoas físicas: (Redação dada pela Lei nº 8.647, de
por ele definidos, a execução dos planos, programas e orçamen- 1993)
tos no âmbito da Previdência Social; I - como empregado: (Redação dada pela Lei nº 8.647, de
VI - acompanhar a aplicação da legislação pertinente à Pre- 1993)
vidência Social; a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à
VII - apreciar a prestação de contas anual a ser remetida ao empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e me-
Tribunal de Contas da União, podendo, se for necessário, contra- diante remuneração, inclusive como diretor empregado;
tar auditoria externa; b) aquele que, contratado por empresa de trabalho tempo-
VIII - estabelecer os valores mínimos em litígio, acima dos rário, definida em legislação específica, presta serviço para aten-
quais será exigida a anuência prévia do Procurador-Geral ou do der a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e
Presidente do INSS para formalização de desistência ou transigên- permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras
cia judiciais, conforme o disposto no art. 132; empresas;
IX - elaborar e aprovar seu regimento interno. c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no
Parágrafo único. As decisões proferidas pelo CNPS deverão Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de
ser publicadas no Diário Oficial da União. empresa nacional no exterior;
Art. 5º Compete aos órgãos governamentais: d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomáti-
I - prestar toda e qualquer informação necessária ao adequa- ca ou a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a
do cumprimento das competências do CNPS, fornecendo inclusi- elas subordinados, ou a membros dessas missões e repartições,
ve estudos técnicos; excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil
II - encaminhar ao CNPS, com antecedência mínima de 2 e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da
(dois) meses do seu envio ao Congresso Nacional, a proposta or- respectiva missão diplomática ou repartição consular;
çamentária da Previdência Social, devidamente detalhada. e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em
Art. 6º Haverá, no âmbito da Previdência Social, uma Ouvi- organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil
doria-Geral, cujas atribuições serão definidas em regulamento. seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo
(Redação dada pela Lei nº 9.711, de 20.11.98) se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio;

318
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no VI - como trabalhador avulso: quem presta, a diversas em-
Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada presas, sem vínculo empregatício, serviço de natureza urbana ou
no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa rural definidos no Regulamento;
brasileira de capital nacional; VII – como segurado especial: a pessoa física residente no
g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele
vínculo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime es- que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda
pecial, e Fundações Públicas Federais. (Incluída pela Lei nº 8.647, que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de: (Redação
de 1993) dada pela Lei nº 11.718, de 2008)
h) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou mu- a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assen-
nicipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência tado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatá-
social ; (Incluída pela Lei nº 9.506, de 1997) rio rurais, que explore atividade: (Incluído pela Lei nº 11.718, de
i) o empregado de organismo oficial internacional ou estran- 2008)
geiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por re- 1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais;
gime próprio de previdência social; (Incluída pela Lei nº 9.876, de (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
26.11.99) 2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas ativi-
II - como empregado doméstico: aquele que presta serviço dades nos termos do inciso XII do caput do art. 2o da Lei no 9.985,
de natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio
desta, em atividades sem fins lucrativos; de vida; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
III - (Revogado pela Lei nº 9.876, de 26.11.1999) b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da
IV - (Revogado pela Lei nº 9.876, de 26.11.1999) pesca profissão habitual ou principal meio de vida; e (Incluído
a) ; (Revogado pela Lei nº 9.876, de 26.11.1999) pela Lei nº 11.718, de 2008)
b) (Revogado pela Lei nº 9.876, de 26.11.1999) c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16
V - como contribuinte individual: (Redação dada pela Lei nº (dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado de
9.876, de 26.11.99) que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente,
a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade trabalhem com o grupo familiar respectivo. (Incluído pela Lei nº
agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou tem- 11.718, de 2008)
porário, em área superior a 4 (quatro) módulos fiscais; ou, quando § 1o Entende-se como regime de economia familiar a ativi-
em área igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou ativida- dade em que o trabalho dos membros da família é indispensável
de pesqueira, com auxílio de empregados ou por intermédio de à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do
prepostos; ou ainda nas hipóteses dos §§ 9o e 10 deste artigo; núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência
(Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008) e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes. (Re-
b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade dação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)
de extração mineral - garimpo, em caráter permanente ou tem- § 2º Todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de
porário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou uma atividade remunerada sujeita ao Regime Geral de Previdên-
sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda cia Social é obrigatoriamente filiado em relação a cada uma delas.
que de forma não contínua; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de § 3º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência So-
26.11.99) cial–RGPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade
c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a
de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa; (Reda- essa atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata a Lei
ção dada pela Lei nº 10.403, de 8.1.2002) nº 8.212, de 24 de julho de 1991, para fins de custeio da Segurida-
d) (Revogado pela Lei nº 9.876, de 26.11.1999) de Social. (Incluído pela Lei nº 9.032, de 1995)
e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo § 4º O dirigente sindical mantém, durante o exercício do
oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que mandato eletivo, o mesmo enquadramento no Regime Geral de
lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime Previdência Social-RGPS de antes da investidura. (Incluído pela Lei
próprio de previdência social; (Redação dada pela Lei nº 9.876, nº 9.528, de 1997)
de 26.11.99) § 5o Aplica-se o disposto na alínea g do inciso I do caput ao
f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não ocupante de cargo de Ministro de Estado, de Secretário Estadual,
empregado e o membro de conselho de administração de socie- Distrital ou Municipal, sem vínculo efetivo com a União, Estados,
dade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio ge- Distrito Federal e Municípios, suas autarquias, ainda que em regi-
rente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de me especial, e fundações. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o associado eleito § 6o Para serem considerados segurados especiais, o cônjuge
para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de ou companheiro e os filhos maiores de 16 (dezesseis) anos ou os
qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou admi- a estes equiparados deverão ter participação ativa nas atividades
nistrador eleito para exercer atividade de direção condominial, rurais do grupo familiar. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
desde que recebam remuneração; (Incluído pela Lei nº 9.876, de § 7o O grupo familiar poderá utilizar-se de empregados con-
26.11.99) tratados por prazo determinado ou de trabalhador de que trata a
g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em cará- alínea g do inciso V do caput, à razão de no máximo 120 (cento e
ter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego; vinte) pessoas por dia no ano civil, em períodos corridos ou inter-
(Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) calados ou, ainda, por tempo equivalente em horas de trabalho,
h) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade não sendo computado nesse prazo o período de afastamento em
econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não; (Inclu- decorrência da percepção de auxílio-doença. (Redação dada pela
ído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) Lei nº 12.873, de 2013)
§ 8o Não descaracteriza a condição de segurado especial: (In-
cluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

319
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
I – a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, me- a) deixar de satisfazer as condições estabelecidas no inciso
ação ou comodato, de até 50% (cinqüenta por cento) de imóvel VII do caput deste artigo, sem prejuízo do disposto no art. 15 des-
rural cuja área total não seja superior a 4 (quatro) módulos fis- ta Lei, ou exceder qualquer dos limites estabelecidos no inciso I do
cais, desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a § 8o deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
respectiva atividade, individualmente ou em regime de economia b) enquadrar-se em qualquer outra categoria de segurado
familiar; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) obrigatório do Regime Geral de Previdência Social, ressalvado o
II – a exploração da atividade turística da propriedade rural, disposto nos incisos III, V, VII e VIII do § 9o e no § 12, sem prejuízo
inclusive com hospedagem, por não mais de 120 (cento e vinte) do disposto no art. 15; (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013)
dias ao ano; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) c) tornar-se segurado obrigatório de outro regime previdenci-
III – a participação em plano de previdência complementar ário; e (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013)
instituído por entidade classista a que seja associado em razão da d) participar de sociedade empresária, de sociedade simples,
condição de trabalhador rural ou de produtor rural em regime de como empresário individual ou como titular de empresa individu-
economia familiar; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) al de responsabilidade limitada em desacordo com as limitações
IV – ser beneficiário ou fazer parte de grupo familiar que tem impostas pelo § 12; (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Produ-
algum componente que seja beneficiário de programa assistencial ção de efeito)
oficial de governo; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) II – a contar do primeiro dia do mês subseqüente ao da ocor-
V – a utilização pelo próprio grupo familiar, na exploração rência, quando o grupo familiar a que pertence exceder o limite
da atividade, de processo de beneficiamento ou industrialização de: (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
artesanal, na forma do § 11 do art. 25 da Lei no 8.212, de 24 de a) utilização de terceiros na exploração da atividade a que se
julho de 1991; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) refere o § 7o deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
VI - a associação em cooperativa agropecuária ou de crédito b) dias em atividade remunerada estabelecidos no inciso III
rural; e (Redação dada pela Lei nº 13.183, de 2015) do § 9o deste artigo; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
VII - a incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados c) dias de hospedagem a que se refere o inciso II do § 8o des-
- IPI sobre o produto das atividades desenvolvidas nos termos do te artigo. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
§ 12. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Produção de efeito) § 11. Aplica-se o disposto na alínea a do inciso V do caput
§ 9o Não é segurado especial o membro de grupo familiar deste artigo ao cônjuge ou companheiro do produtor que parti-
que possuir outra fonte de rendimento, exceto se decorrente de: cipe da atividade rural por este explorada. (Incluído pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) 11.718, de 2008)
I – benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou au- § 12. A participação do segurado especial em sociedade em-
xílio-reclusão, cujo valor não supere o do menor benefício de presária, em sociedade simples, como empresário individual ou
prestação continuada da Previdência Social; (Incluído pela Lei nº como titular de empresa individual de responsabilidade limita-
11.718, de 2008) da de objeto ou âmbito agrícola, agroindustrial ou agroturístico,
II – benefício previdenciário pela participação em plano de considerada microempresa nos termos da Lei Complementar no
previdência complementar instituído nos termos do inciso IV do § 123, de 14 de dezembro de 2006, não o exclui de tal categoria
8o deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) previdenciária, desde que, mantido o exercício da sua atividade
III - exercício de atividade remunerada em período não su- rural na forma do inciso VII do caput e do § 1o, a pessoa jurídica
perior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou intercalados, no ano componha-se apenas de segurados de igual natureza e sedie-se
civil, observado o disposto no § 13 do art. 12 da Lei nº 8.212, de no mesmo Município ou em Município limítrofe àquele em que
24 de julho de 1991; (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) eles desenvolvam suas atividades. (Incluído pela Lei nº 12.873, de
IV – exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de or- 2013) (Produção de efeito)
ganização da categoria de trabalhadores rurais; (Incluído pela Lei § 13. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Pro-
nº 11.718, de 2008) dução de efeito)
V – exercício de mandato de vereador do Município em que Art. 12. O servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar
desenvolve a atividade rural ou de dirigente de cooperativa rural da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, bem
constituída, exclusivamente, por segurados especiais, observado como o das respectivas autarquias e fundações, são excluídos do
o disposto no § 13 do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de Regime Geral de Previdência Social consubstanciado nesta Lei,
1991; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) desde que amparados por regime próprio de previdência social.
VI – parceria ou meação outorgada na forma e condições es- (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
tabelecidas no inciso I do § 8o deste artigo; (Incluído pela Lei nº § 1o Caso o servidor ou o militar venham a exercer, concomi-
11.718, de 2008) tantemente, uma ou mais atividades abrangidas pelo Regime Ge-
VII – atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima ral de Previdência Social, tornar-se-ão segurados obrigatórios em
produzida pelo respectivo grupo familiar, podendo ser utilizada relação a essas atividades. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
matéria-prima de outra origem, desde que a renda mensal obtida § 2o Caso o servidor ou o militar, amparados por regime pró-
na atividade não exceda ao menor benefício de prestação con- prio de previdência social, sejam requisitados para outro órgão ou
tinuada da Previdência Social; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de entidade cujo regime previdenciário não permita a filiação, nessa
2008) condição, permanecerão vinculados ao regime de origem, obede-
VIII – atividade artística, desde que em valor mensal inferior cidas as regras que cada ente estabeleça acerca de sua contribui-
ao menor benefício de prestação continuada da Previdência So- ção. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
cial. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) Art. 13. É segurado facultativo o maior de 14 (quatorze) anos
§ 10. O segurado especial fica excluído dessa categoria: (In- que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social, mediante con-
cluído pela Lei nº 11.718, de 2008) tribuição, desde que não incluído nas disposições do art. 11.
I – a contar do primeiro dia do mês em que: (Incluído pela Lei Art. 14. Consideram-se:
nº 11.718, de 2008)

320
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
I - empresa - a firma individual ou sociedade que assume o § 2º .O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho
risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos mediante declaração do segurado e desde que comprovada a
ou não, bem como os órgãos e entidades da administração públi- dependência econômica na forma estabelecida no Regulamento.
ca direta, indireta ou fundacional; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) (Vide ADIN 4878) (Vide
II - empregador doméstico - a pessoa ou família que admite a ADIN 5083)
seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico. § 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa
Parágrafo único. Equiparam-se a empresa, para os efeitos que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou
desta Lei, o contribuinte individual e a pessoa física na condição com a segurada, de acordo com o § 3º do art. 226 da Constituição
de proprietário ou dono de obra de construção civil, em relação a Federal.
segurado que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a asso- § 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inci-
ciação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão so I é presumida e a das demais deve ser comprovada.
diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras. (Re- § 5º As provas de união estável e de dependência econômica
dação dada pela Lei nº 13.202, de 2015) exigem início de prova material contemporânea dos fatos, produ-
Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independente- zido em período não superior a 24 (vinte e quatro) meses anterior
mente de contribuições: à data do óbito ou do recolhimento à prisão do segurado, não ad-
I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício, exce- mitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência
to do auxílio-acidente; (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no
II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida § 6º Na hipótese da alínea c do inciso V do § 2º do art. 77
pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem re- desta Lei, a par da exigência do § 5º deste artigo, deverá ser apre-
muneração; sentado, ainda, início de prova material que comprove união es-
III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado tável por pelo menos 2 (dois) anos antes do óbito do segurado.
acometido de doença de segregação compulsória; (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido § 7º Será excluído definitivamente da condição de dependen-
ou recluso; te quem tiver sido condenado criminalmente por sentença com
V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incor- trânsito em julgado, como autor, coautor ou partícipe de homicí-
porado às Forças Armadas para prestar serviço militar; dio doloso, ou de tentativa desse crime, cometido contra a pessoa
VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o do segurado, ressalvados os absolutamente incapazes e os inim-
segurado facultativo. putáveis. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
§ 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte
e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e SEÇÃO III
vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a per- DAS INSCRIÇÕES
da da qualidade de segurado.
§ 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 Art. 17. O Regulamento disciplinará a forma de inscrição do
(doze) meses para o segurado desempregado, desde que compro- segurado e dos dependentes.
vada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do § 1o Incumbe ao dependente promover a sua inscrição quan-
Trabalho e da Previdência Social. do do requerimento do benefício a que estiver habilitado. (Reda-
§ 3º Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva to- ção dada pela Lei nº 10.403, de 8.1.2002)
dos os seus direitos perante a Previdência Social. § 2º (Revogado pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 4º A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia se- § 3º (Revogado pela Lei nº 11.718, de 2008)
guinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Se- § 4o A inscrição do segurado especial será feita de forma a
guridade Social para recolhimento da contribuição referente ao vinculá-lo ao respectivo grupo familiar e conterá, além das infor-
mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste mações pessoais, a identificação da propriedade em que desen-
artigo e seus parágrafos. volve a atividade e a que título, se nela reside ou o Município onde
reside e, quando for o caso, a identificação e inscrição da pessoa
SEÇÃO II responsável pelo grupo familiar. (Redação dada pela Lei nº 12.873,
DOS DEPENDENTES de 2013)
§ 5o O segurado especial integrante de grupo familiar que
Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência So- não seja proprietário ou dono do imóvel rural em que desenvol-
cial, na condição de dependentes do segurado: ve sua atividade deverá informar, no ato da inscrição, conforme
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não o caso, o nome do parceiro ou meeiro outorgante, arrendador,
emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) comodante ou assemelhado. (Incluído Lei nº 11.718, de 2008)
anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental § 6o (Revogado pela Lei nº 12.873, de 2013) (Produção de
ou deficiência grave; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) efeito)
(Vigência) § 7º Não será admitida a inscrição post mortem de segurado
II - os pais; contribuinte individual e de segurado facultativo. (Incluído pela
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor Lei nº 13.846, de 2019))
de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência inte-
lectual ou mental ou deficiência grave; (Redação dada pela Lei nº
13.146, de 2015) (Vigência)
IV - (Revogada pela Lei nº 9.032, de 1995)
§ 1º A existência de dependente de qualquer das classes des-
te artigo exclui do direito às prestações os das classes seguintes.

321
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
CAPÍTULO II § 3º É dever da empresa prestar informações pormenoriza-
DAS PRESTAÇÕES EM GERAL das sobre os riscos da operação a executar e do produto a mani-
pular.
SEÇÃO I § 4º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social fiscali-
DAS ESPÉCIES DE PRESTAÇÕES zará e os sindicatos e entidades representativas de classe acompa-
nharão o fiel cumprimento do disposto nos parágrafos anteriores,
Art. 18. O Regime Geral de Previdência Social compreende conforme dispuser o Regulamento.
as seguintes prestações, devidas inclusive em razão de eventos Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do
decorrentes de acidente do trabalho, expressas em benefícios e artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas:
serviços: I - doença profissional, assim entendida a produzida ou de-
I - quanto ao segurado: sencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada
a) aposentadoria por invalidez; atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Minis-
b) aposentadoria por idade; tério do Trabalho e da Previdência Social;
c) aposentadoria por tempo de contribuição; (Redação dada II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou de-
pela Lei Complementar nº 123, de 2006) sencadeada em função de condições especiais em que o trabalho
d) aposentadoria especial; é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da rela-
e) auxílio-doença; ção mencionada no inciso I.
f) salário-família; § 1º Não são consideradas como doença do trabalho:
g) salário-maternidade; a) a doença degenerativa;
h) auxílio-acidente; b) a inerente a grupo etário;
i) (Revogada pela Lei nº 8.870, de 1994) c) a que não produza incapacidade laborativa;
II - quanto ao dependente: d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de
a) pensão por morte; região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é re-
b) auxílio-reclusão; sultante de exposição ou contato direto determinado pela natu-
III - quanto ao segurado e dependente: reza do trabalho.
a) (Revogada pela Lei nº 9.032, de 1995) § 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não
b) serviço social; incluída na relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou
c) reabilitação profissional. das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele
§ 1o Somente poderão beneficiar-se do auxílio-acidente os se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la
segurados incluídos nos incisos I, II, VI e VII do art. 11 desta Lei. acidente do trabalho.
(Redação dada pela Lei Complementar nº 150, de 2015) Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para
§ 2º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social– efeitos desta Lei:
RGPS que permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido
ele retornar, não fará jus a prestação alguma da Previdência Social a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do se-
em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao salário-fa- gurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho,
mília e à reabilitação profissional, quando empregado. (Redação ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recupe-
dada pela Lei nº 9.528, de 1997) ração;
§ 3o O segurado contribuinte individual, que trabalhe por II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do
conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equipa- trabalho, em conseqüência de:
rado, e o segurado facultativo que contribuam na forma do § 2o a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por
do art. 21 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, não farão jus à terceiro ou companheiro de trabalho;
aposentadoria por tempo de contribuição. (Incluído pela Lei Com- b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo
plementar nº 123, de 2006) de disputa relacionada ao trabalho;
§ 4º Os benefícios referidos no caput deste artigo poderão ser c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de ter-
solicitados, pelos interessados, aos Oficiais de Registro Civil das ceiro ou de companheiro de trabalho;
Pessoas Naturais, que encaminharão, eletronicamente, requeri- d) ato de pessoa privada do uso da razão;
mento e respectiva documentação comprobatória de seu direito e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortui-
para deliberação e análise do Instituto Nacional do Seguro Social tos ou decorrentes de força maior;
(INSS), nos termos do regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.846, III - a doença proveniente de contaminação acidental do em-
de 2019) pregado no exercício de sua atividade;
Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local
trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou e horário de trabalho:
pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a
art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação fun- autoridade da empresa;
cional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa
temporária, da capacidade para o trabalho. (Redação dada pela para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;
Lei Complementar nº 150, de 2015) c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo
§ 1º A empresa é responsável pela adoção e uso das medi- quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor
das coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de lo-
trabalhador. comoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado;
§ 2º Constitui contravenção penal, punível com multa, dei- d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste
xar a empresa de cumprir as normas de segurança e higiene do para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive
trabalho. veículo de propriedade do segurado.

322
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por Art. 25. A concessão das prestações pecuniárias do Regime
ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local Geral de Previdência Social depende dos seguintes períodos de
do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exer- carência, ressalvado o disposto no art. 26:
cício do trabalho. I - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez: 12 (doze)
§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de aciden- contribuições mensais;
te do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra ori- II - aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de
gem, se associe ou se superponha às conseqüências do anterior. serviço e aposentadoria especial: 180 contribuições mensais. (Re-
Art. 21-A. A perícia médica do Instituto Nacional do Seguro dação dada pela Lei nº 8.870, de 1994)
Social (INSS) considerará caracterizada a natureza acidentária da III - salário-maternidade para as seguradas de que tratam os
incapacidade quando constatar ocorrência de nexo técnico epi- incisos V e VII do caput do art. 11 e o art. 13 desta Lei: 10 (dez)
demiológico entre o trabalho e o agravo, decorrente da relação contribuições mensais, respeitado o disposto no parágrafo único
entre a atividade da empresa ou do empregado doméstico e a do art. 39 desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
entidade mórbida motivadora da incapacidade elencada na Clas- IV - auxílio-reclusão: 24 (vinte e quatro) contribuições men-
sificação Internacional de Doenças (CID), em conformidade com o sais. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
que dispuser o regulamento. (Redação dada pela Lei Complemen- Parágrafo único. Em caso de parto antecipado, o período de
tar nº 150, de 2015) carência a que se refere o inciso III será reduzido em número de
§ 1o A perícia médica do INSS deixará de aplicar o disposto contribuições equivalente ao número de meses em que o parto foi
neste artigo quando demonstrada a inexistência do nexo de que antecipado. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.430, de 2006) Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes
§ 2o A empresa ou o empregador doméstico poderão re- prestações:
querer a não aplicação do nexo técnico epidemiológico, de cuja I - pensão por morte, salário-família e auxílio-acidente; (Reda-
decisão caberá recurso, com efeito suspensivo, da empresa, do ção dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
empregador doméstico ou do segurado ao Conselho de Recursos II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de
da Previdência Social. (Redação dada pela Lei Complementar nº acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional
150, de 2015) ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após fi-
Art. 22. A empresa ou o empregador doméstico deverão co- liar-se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças e afecções
municar o acidente do trabalho à Previdência Social até o primeiro especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da
dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de ime- Previdência Social, atualizada a cada 3 (três) anos, de acordo com
diato, à autoridade competente, sob pena de multa variável en- os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou ou-
tre o limite mínimo e o limite máximo do salário de contribuição, tro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam
sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada tratamento particularizado; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
pela Previdência Social. (Redação dada pela Lei Complementar nº 2015)
150, de 2015) III - os benefícios concedidos na forma do inciso I do art. 39,
§ 1º Da comunicação a que se refere este artigo receberão aos segurados especiais referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei;
cópia fiel o acidentado ou seus dependentes, bem como o sindi- IV - serviço social;
cato a que corresponda a sua categoria. V - reabilitação profissional.
§ 2º Na falta de comunicação por parte da empresa, podem VI – salário-maternidade para as seguradas empregada, tra-
formalizá-la o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade balhadora avulsa e empregada doméstica. (Incluído pela Lei nº
sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer auto- 9.876, de 26.11.99)
ridade pública, não prevalecendo nestes casos o prazo previsto Art. 27. Para cômputo do período de carência, serão consi-
neste artigo. deradas as contribuições: (Redação dada pela Lei Complementar
§ 3º A comunicação a que se refere o § 2º não exime a em- nº 150, de 2015)
presa de responsabilidade pela falta do cumprimento do disposto I - referentes ao período a partir da data de filiação ao Regime
neste artigo. Geral de Previdência Social (RGPS), no caso dos segurados em-
§ 4º Os sindicatos e entidades representativas de classe po- pregados, inclusive os domésticos, e dos trabalhadores avulsos;
derão acompanhar a cobrança, pela Previdência Social, das mul- (Redação dada pela Lei Complementar nº 150, de 2015)
tas previstas neste artigo. II - realizadas a contar da data de efetivo pagamento da pri-
§ 5o A multa de que trata este artigo não se aplica na hipó- meira contribuição sem atraso, não sendo consideradas para este
tese do caput do art. 21-A. (Incluído pela Lei nº 11.430, de 2006) fim as contribuições recolhidas com atraso referentes a compe-
Art. 23. Considera-se como dia do acidente, no caso de do- tências anteriores, no caso dos segurados contribuinte individual,
ença profissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade especial e facultativo, referidos, respectivamente, nos incisos V e
laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia da se- VII do art. 11 e no art. 13. (Redação dada pela Lei Complementar
gregação compulsória, ou o dia em que for realizado o diagnósti- nº 150, de 2015)
co, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro. Art. 27-A Na hipótese de perda da qualidade de segurado,
para fins da concessão dos benefícios de auxílio-doença, de apo-
SEÇÃO II sentadoria por invalidez, de salário-maternidade e de auxílio-re-
DOS PERÍODOS DE CARÊNCIA clusão, o segurado deverá contar, a partir da data da nova filiação
à Previdência Social, com metade dos períodos previstos nos inci-
Art. 24. Período de carência é o número mínimo de contri- sos I, III e IV do caput do art. 25 desta Lei. (Redação dada pela Lei
buições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao nº 13.846, de 2019)
benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos
meses de suas competências.
Parágrafo único. (Revogado pela lei nº 13.457, de 2017)

323
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
SEÇÃO III tituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, considerando-se
DO CÁLCULO DO VALOR DOS BENEFÍCIOS a média nacional única para ambos os sexos. (Incluído pela Lei nº
9.876, de 26.11.99)
SUBSEÇÃO I § 9o Para efeito da aplicação do fator previdenciário, ao tem-
DO SALÁRIO-DE- BENEFÍCIO po de contribuição do segurado serão adicionados: (Incluído pela
Lei nº 9.876, de 26.11.99)
Art. 28. O valor do benefício de prestação continuada, inclu- I - cinco anos, quando se tratar de mulher; (Incluído pela Lei
sive o regido por norma especial e o decorrente de acidente do nº 9.876, de 26.11.99)
trabalho, exceto o salário-família e o salário-maternidade, será II - cinco anos, quando se tratar de professor que comprove
calculado com base no salário-de-benefício. (Redação dada pela exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magis-
Lei nº 9.032, de 1995) tério na educação infantil e no ensino fundamental e médio; (In-
§ 1º (Revogado pela Lei nº 9.032, de 1995) cluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
§ 2º (Revogado pela Lei nº 9.032, de 1995) III - dez anos, quando se tratar de professora que comprove
§ 3º (Revogado pela Lei nº 9.032, de 1995) exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magis-
§ 4º (Revogado pela Lei nº 9.032, de 1995) tério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. (In-
Art. 29. O salário-de-benefício consiste: (Redação dada pela cluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
Lei nº 9.876, de 26.11.99) § 10. O auxílio-doença não poderá exceder a média aritmética
I - para os benefícios de que tratam as alíneas b e c do inciso simples dos últimos 12 (doze) salários-de-contribuição, inclusive
I do art. 18, na média aritmética simples dos maiores salários-de- em caso de remuneração variável, ou, se não alcançado o número
-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o perí- de 12 (doze), a média aritmética simples dos salários-de-contri-
odo contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário; (Incluído buição existentes. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) § 11. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
II - para os benefícios de que tratam as alíneas a, d, e e h do § 12. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
inciso I do art. 18, na média aritmética simples dos maiores salá- § 13. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
rios-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo Art. 29-A. O INSS utilizará as informações constantes no Ca-
o período contributivo. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) dastro Nacional de Informações Sociais – CNIS sobre os vínculos
§ 1º (Revogado pela Lei nº 9.876, de 26.11.1999) e as remunerações dos segurados, para fins de cálculo do salá-
§ 2º O valor do salário-de-benefício não será inferior ao de rio-de-benefício, comprovação de filiação ao Regime Geral de
um salário mínimo, nem superior ao do limite máximo do salário- Previdência Social, tempo de contribuição e relação de emprego.
-de-contribuição na data de início do benefício. (Redação dada pela Lei Complementar nº 128, de 2008)
§ 3º Serão considerados para cálculo do salário-de-benefício § 1o O INSS terá até 180 (cento e oitenta) dias, contados a
os ganhos habituais do segurado empregado, a qualquer título, partir da solicitação do pedido, para fornecer ao segurado as in-
sob forma de moeda corrente ou de utilidades, sobre os quais formações previstas no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº
tenha incidido contribuições previdenciárias, exceto o décimo- 10.403, de 8.1.2002)
-terceiro salário (gratificação natalina). (Redação dada pela Lei nº § 2o O segurado poderá solicitar, a qualquer momento, a
8.870, de 1994) inclusão, exclusão ou retificação de informações constantes do
§ 4º Não será considerado, para o cálculo do salário-de-be- CNIS, com a apresentação de documentos comprobatórios dos
nefício, o aumento dos salários-de-contribuição que exceder o li- dados divergentes, conforme critérios definidos pelo INSS. (Reda-
mite legal, inclusive o voluntariamente concedido nos 36 (trinta e ção dada pela Lei Complementar nº 128, de 2008)
seis) meses imediatamente anteriores ao início do benefício, salvo § 3o A aceitação de informações relativas a vínculos e remu-
se homologado pela Justiça do Trabalho, resultante de promoção nerações inseridas extemporaneamente no CNIS, inclusive retifi-
regulada por normas gerais da empresa, admitida pela legislação cações de informações anteriormente inseridas, fica condicionada
do trabalho, de sentença normativa ou de reajustamento salarial à comprovação dos dados ou das divergências apontadas, confor-
obtido pela categoria respectiva. me critérios definidos em regulamento. (Incluído pela Lei Comple-
§ 5º Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver rece- mentar nº 128, de 2008)
bido benefícios por incapacidade, sua duração será contada, con- § 4o Considera-se extemporânea a inserção de dados decor-
siderando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário- rentes de documento inicial ou de retificação de dados anterior-
-de-benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal, mente informados, quando o documento ou a retificação, ou a
reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, informação retificadora, forem apresentados após os prazos es-
não podendo ser inferior ao valor de 1 (um) salário mínimo. tabelecidos em regulamento. (Incluído pela Lei Complementar nº
§ 6o O salário-de-benefício do segurado especial consiste no 128, de 2008)
valor equivalente ao salário-mínimo, ressalvado o disposto no in- § 5o Havendo dúvida sobre a regularidade do vínculo incluí-
ciso II do art. 39 e nos §§ 3o e 4o do art. 48 desta Lei. (Redação do no CNIS e inexistência de informações sobre remunerações e
dada pela Lei nº 11.718, de 2008) contribuições, o INSS exigirá a apresentação dos documentos que
I - (Revogado pela Lei nº 11.718, de 2008) serviram de base à anotação, sob pena de exclusão do período.
II - (Revogado pela Lei nº 11.718, de 2008) (Incluído pela Lei Complementar nº 128, de 2008)
§ 7o O fator previdenciário será calculado considerando-se Art. 29-B. Os salários-de-contribuição considerados no cálcu-
a idade, a expectativa de sobrevida e o tempo de contribuição do lo do valor do benefício serão corrigidos mês a mês de acordo com
segurado ao se aposentar, segundo a fórmula constante do Anexo a variação integral do Índice Nacional de Preços ao Consumidor -
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) (Vide Decreto INPC, calculado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
nº 3.266, de 1.999) Estatística - IBGE. (Incluído pela Lei nº 10.877, de 2004)
§ 8o Para efeito do disposto no § 7o, a expectativa de sobre- Art. 29-C. O segurado que preencher o requisito para a apo-
vida do segurado na idade da aposentadoria será obtida a partir sentadoria por tempo de contribuição poderá optar pela não in-
da tábua completa de mortalidade construída pela Fundação Ins- cidência do fator previdenciário no cálculo de sua aposentadoria,

324
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
quando o total resultante da soma de sua idade e de seu tempo SUBSEÇÃO II
de contribuição, incluídas as frações, na data de requerimento da DA RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO
aposentadoria, for: (Incluído pela Lei nº 13.183, de 2015)
I - igual ou superior a noventa e cinco pontos, se homem, ob- Art. 33. A renda mensal do benefício de prestação continu-
servando o tempo mínimo de contribuição de trinta e cinco anos; ada que substituir o salário-de-contribuição ou o rendimento do
ou (Incluído pela Lei nº 13.183, de 2015) trabalho do segurado não terá valor inferior ao do salário-mínimo,
II - igual ou superior a oitenta e cinco pontos, se mulher, ob- nem superior ao do limite máximo do salário-de-contribuição,
servado o tempo mínimo de contribuição de trinta anos. (Incluído ressalvado o disposto no art. 45 desta Lei.
pela Lei nº 13.183, de 2015) Art. 34. No cálculo do valor da renda mensal do benefício, in-
§ 1º Para os fins do disposto no caput, serão somadas as fra- clusive o decorrente de acidente do trabalho, serão computados:
ções em meses completos de tempo de contribuição e idade. (In- (Redação dada pela Lei Complementar nº 150, de 2015)
cluído pela Lei nº 13.183, de 2015) I - para o segurado empregado, inclusive o doméstico, e o tra-
§ 2º As somas de idade e de tempo de contribuição previstas balhador avulso, os salários de contribuição referentes aos meses
no caput serão majoradas em um ponto em: (Incluído pela Lei nº de contribuições devidas, ainda que não recolhidas pela empresa
13.183, de 2015) ou pelo empregador doméstico, sem prejuízo da respectiva co-
I - 31 de dezembro de 2018; (Incluído pela Lei nº 13.183, de brança e da aplicação das penalidades cabíveis, observado o dis-
2015) posto no § 5o do art. 29-A; (Redação dada pela Lei Complementar
II - 31 de dezembro de 2020; (Incluído pela Lei nº 13.183, de nº 150, de 2015)
2015) II - para o segurado empregado, inclusive o doméstico, o tra-
III - 31 de dezembro de 2022; (Incluído pela Lei nº 13.183, de balhador avulso e o segurado especial, o valor mensal do auxí-
2015) lio-acidente, considerado como salário de contribuição para fins
IV - 31 de dezembro de 2024; e (Incluído pela Lei nº 13.183, de concessão de qualquer aposentadoria, nos termos do art. 31;
de 2015) (Redação dada pela Lei Complementar nº 150, de 2015)
V - 31 de dezembro de 2026. (Incluído pela Lei nº 13.183, de III - para os demais segurados, os salários-de-contribuição
2015) referentes aos meses de contribuições efetivamente recolhidas.
§ 3º Para efeito de aplicação do disposto no caput e no § 2º, (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)
o tempo mínimo de contribuição do professor e da professora Art. 35. Ao segurado empregado, inclusive o doméstico, e
que comprovarem exclusivamente tempo de efetivo exercício de ao trabalhador avulso que tenham cumprido todas as condições
magistério na educação infantil e no ensino fundamental e mé- para a concessão do benefício pleiteado, mas não possam com-
dio será de, respectivamente, trinta e vinte e cinco anos, e serão provar o valor de seus salários de contribuição no período básico
acrescidos cinco pontos à soma da idade com o tempo de contri- de cálculo, será concedido o benefício de valor mínimo, devendo
buição. (Incluído pela Lei nº 13.183, de 2015) esta renda ser recalculada quando da apresentação de prova dos
§ 4º Ao segurado que alcançar o requisito necessário ao exer- salários de contribuição. (Redação dada pela Lei Complementar
cício da opção de que trata o caput e deixar de requerer aposen- nº 150, de 2015)
tadoria será assegurado o direito à opção com a aplicação da pon- Art. 36. Para o segurado empregado doméstico que, tendo
tuação exigida na data do cumprimento do requisito nos termos satisfeito as condições exigidas para a concessão do benefício re-
deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.183, de 2015) querido, não comprovar o efetivo recolhimento das contribuições
§ 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.183, de 2015) (Vigên- devidas, será concedido o benefício de valor mínimo, devendo sua
cia) renda ser recalculada quando da apresentação da prova do reco-
Art. 30. (Revogado pela Lei nº 9.032, de 1995) lhimento das contribuições.
Art. 31. O valor mensal do auxílio-acidente integra o salário- Art. 37. A renda mensal inicial, recalculada de acordo com
-de-contribuição, para fins de cálculo do salário-de-benefício de o disposto no art. 35, deve ser reajustada como a dos benefícios
qualquer aposentadoria, observado, no que couber, o disposto no correspondentes com igual data de início e substituirá, a partir da
art. 29 e no art. 86, § 5º. (Restabelecido com nova redação pela data do requerimento de revisão do valor do benefício, a renda
Lei nº 9.528, de 1997) mensal que prevalecia até então. (Redação dada pela Lei Comple-
Art. 32. O salário de benefício do segurado que contribuir mentar nº 150, de 2015)
em razão de atividades concomitantes será calculado com base Art. 38. Sem prejuízo do disposto no art. 35, cabe à Previdên-
na soma dos salários de contribuição das atividades exercidas na cia Social manter cadastro dos segurados com todos os informes
data do requerimento ou do óbito, ou no período básico de cálcu- necessários para o cálculo da renda mensal dos benefícios. (Reda-
lo, observado o disposto no art. 29 desta Lei. (Redação dada pela ção dada pela Lei Complementar nº 150, de 2015)
Lei nº 13.846, de 2019) Art. 38-A O Ministério da Economia manterá sistema de ca-
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) dastro dos segurados especiais no Cadastro Nacional de Informa-
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) ções Sociais (CNIS), observado o disposto nos §§ 4º e 5º do art. 17
a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) desta Lei, e poderá firmar acordo de cooperação com o Ministério
b) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e com outros órgãos da
III - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) administração pública federal, estadual, distrital e municipal para
§ 1º O disposto neste artigo não se aplica ao segurado que, a manutenção e a gestão do sistema de cadastro. (Redação dada
em obediência ao limite máximo do salário de contribuição, con- pela Lei nº 13.846, de 2019)
tribuiu apenas por uma das atividades concomitantes. (Redação § 1º O sistema de que trata o caput deste artigo preverá a
dada pela Lei nº 13.846, de 2019) manutenção e a atualização anual do cadastro e conterá as in-
§ 2º Não se aplica o disposto neste artigo ao segurado que formações necessárias à caracterização da condição de segurado
tenha sofrido redução do salário de contribuição das atividades especial, nos termos do disposto no regulamento. (Redação dada
concomitantes em respeito ao limite máximo desse salário. (Re- pela Lei nº 13.846, de 2019)
dação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)

325
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 2º Da aplicação do disposto neste artigo não poderá resultar correspondentes à carência do benefício requerido, observado o
nenhum ônus para os segurados, sem prejuízo do disposto no § 4º disposto nos arts. 38-A e 38-B desta Lei; ou (Redação dada pela Lei
deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) nº 13.846, de 2019)
§ 3o O INSS, no ato de habilitação ou de concessão de bene- II - dos benefícios especificados nesta Lei, observados os cri-
fício, deverá verificar a condição de segurado especial e, se for o térios e a forma de cálculo estabelecidos, desde que contribuam
caso, o pagamento da contribuição previdenciária, nos termos da facultativamente para a Previdência Social, na forma estipulada
Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, considerando, dentre outros, no Plano de Custeio da Seguridade Social.
o que consta do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) Parágrafo único. Para a segurada especial fica garantida a
de que trata o art. 29-A desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.134, de concessão do salário-maternidade no valor de 1 (um) salário mí-
2015) nimo, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda
§ 4º A atualização anual de que trata o § 1º deste artigo será que de forma descontínua, nos 12 (doze) meses imediatamente
feita até 30 de junho do ano subsequente. (Incluído pela Lei nº anteriores ao do início do benefício. (Incluído pela Lei nº 8.861,
13.846, de 2019) de 1994)
§ 5º É vedada a atualização de que trata o § 1º deste artigo Art. 40. É devido abono anual ao segurado e ao dependente
após o prazo de 5 (cinco) anos, contado da data estabelecida no § da Previdência Social que, durante o ano, recebeu auxílio-doen-
4º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) ça, auxílio-acidente ou aposentadoria, pensão por morte ou au-
§ 6º Decorrido o prazo de 5 (cinco) anos de que trata o § 5º xílio-reclusão. (Vide Decreto nº 6.525, de 2008) (Vide Decreto nº
deste artigo, o segurado especial só poderá computar o período 6.927, de 2009) (Vide Decreto nº 7.782, de 2012) (Vide Decreto nº
de trabalho rural se efetuados em época própria a comercializa- 8.064, de 2013) (Vide Decreto nº 9.447, de 2018) (Vide Decreto nº
ção da produção e o recolhimento da contribuição prevista no art. 10.695, de 2021)
25 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. O abono anual será calculado, no que cou-
13.846, de 2019) ber, da mesma forma que a Gratificação de Natal dos trabalhado-
Art. 38-B. O INSS utilizará as informações constantes do ca- res, tendo por base o valor da renda mensal do benefício do mês
dastro de que trata o art. 38-A para fins de comprovação do exer- de dezembro de cada ano.
cício da atividade e da condição do segurado especial e do respec-
tivo grupo familiar. (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015) SEÇÃO IV
§ 1º A partir de 1º de janeiro de 2023, a comprovação da con- DO REAJUSTAMENTO DO VALOR DOS BENEFÍCIOS
dição e do exercício da atividade rural do segurado especial ocor-
rerá, exclusivamente, pelas informações constantes do cadastro Art. 41. (Revogado pela lei nº 11.430, de 2006)
a que se refere o art. 38-A desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.846, Art. 41-A. O valor dos benefícios em manutenção será reajus-
de 2019) tado, anualmente, na mesma data do reajuste do salário mínimo,
§ 2º Para o período anterior a 1º de janeiro de 2023, o segu- pro rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do
rado especial comprovará o tempo de exercício da atividade ru- último reajustamento, com base no Índice Nacional de Preços ao
ral por meio de autodeclaração ratificada por entidades públicas Consumidor - INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de
credenciadas, nos termos do art. 13 da Lei nº 12.188, de 11 de Geografia e Estatística - IBGE. (Vide Medida Provisória nº 316, de
janeiro de 2010, e por outros órgãos públicos, na forma prevista 2006) (Vide Lei nº 12.254, de 2010) (Incluído pela Lei nº 11.430,
no regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) de 2006)
§ 3º Até 1º de janeiro de 2025, o cadastro de que trata o art. § 1o Nenhum benefício reajustado poderá exceder o limite
38-A poderá ser realizado, atualizado e corrigido, sem prejuízo do máximo do salário-de-benefício na data do reajustamento, respei-
prazo de que trata o § 1º deste artigo e da regra permanente pre- tados os direitos adquiridos. (Incluído pela Lei nº 11.430, de 2006)
vista nos §§ 4º e 5º do art. 38-A desta Lei. (Incluído pela Lei nº § 2o Os benefícios com renda mensal superior a um salário
13.846, de 2019) mínimo serão pagos do primeiro ao quinto dia útil do mês subse-
§ 4º Na hipótese de divergência de informações entre o ca- qüente ao de sua competência, observada a distribuição propor-
dastro e outras bases de dados, para fins de reconhecimento cional do número de beneficiários por dia de pagamento. (Reda-
do direito ao benefício, o INSS poderá exigir a apresentação dos ção dada pelo Lei nº 11.665, de 2008).
documentos referidos no art. 106 desta Lei. (Incluído pela Lei nº § 3o Os benefícios com renda mensal no valor de até um
13.846, de 2019) salário mínimo serão pagos no período compreendido entre o
§ 5º O cadastro e os prazos de que tratam este artigo e o art. quinto dia útil que anteceder o final do mês de sua competência
38-A desta Lei deverão ser amplamente divulgados por todos os e o quinto dia útil do mês subseqüente, observada a distribuição
meios de comunicação cabíveis para que todos os cidadãos te- proporcional dos beneficiários por dia de pagamento. (Redação
nham acesso à informação sobre a existência do referido cadastro dada pelo Lei nº 11.665, de 2008).
e a obrigatoriedade de registro. (Incluído pela Lei nº 13.846, de § 4o Para os efeitos dos §§ 2o e 3o deste artigo, considera-
2019) -se dia útil aquele de expediente bancário com horário normal de
Art. 39. Para os segurados especiais, referidos no inciso VII do atendimento. (Redação dada pelo Lei nº 11.665, de 2008).
caput do art. 11 desta Lei, fica garantida a concessão: (Redação § 5o O primeiro pagamento do benefício será efetuado até
dada pela Lei nº 13.846, de 2019) quarenta e cinco dias após a data da apresentação, pelo segurado,
I - de aposentadoria por idade ou por invalidez, de auxílio- da documentação necessária a sua concessão. (Incluído pelo Lei
-doença, de auxílio-reclusão ou de pensão, no valor de 1 (um) sa- nº 11.665, de 2008).
lário mínimo, e de auxílio-acidente, conforme disposto no art. 86 § 6o Para os benefícios que tenham sido majorados devido à
desta Lei, desde que comprovem o exercício de atividade rural, elevação do salário mínimo, o referido aumento deverá ser com-
ainda que de forma descontínua, no período imediatamente an- pensado no momento da aplicação do disposto no caput deste
terior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses artigo, de acordo com normas a serem baixadas pelo Ministério
da Previdência Social. (Incluído pelo Lei nº 11.665, de 2008).

326
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
SEÇÃO V a) será devido ainda que o valor da aposentadoria atinja o
DOS BENEFÍCIOS limite máximo legal;
b) será recalculado quando o benefício que lhe deu origem
SUBSEÇÃO I for reajustado;
DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ c) cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporá-
vel ao valor da pensão.
Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, Art. 46. O aposentado por invalidez que retornar voluntaria-
quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado mente à atividade terá sua aposentadoria automaticamente can-
que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado celada, a partir da data do retorno.
incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de ativi- Art. 47. Verificada a recuperação da capacidade de trabalho
dade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto do aposentado por invalidez, será observado o seguinte procedi-
permanecer nesta condição. mento:
§ 1º A concessão de aposentadoria por invalidez depende- I - quando a recuperação ocorrer dentro de 5 (cinco) anos,
rá da verificação da condição de incapacidade mediante exame contados da data do início da aposentadoria por invalidez ou do
médico-pericial a cargo da Previdência Social, podendo o segu- auxílio-doença que a antecedeu sem interrupção, o benefício ces-
rado, às suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua sará:
confiança. a) de imediato, para o segurado empregado que tiver direito
§ 2º A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao a retornar à função que desempenhava na empresa quando se
filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social não lhe conferirá aposentou, na forma da legislação trabalhista, valendo como do-
direito à aposentadoria por invalidez, salvo quando a incapaci- cumento, para tal fim, o certificado de capacidade fornecido pela
dade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa Previdência Social; ou
doença ou lesão. b) após tantos meses quantos forem os anos de duração do
Art. 43. A aposentadoria por invalidez será devida a partir auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez, para os demais
do dia imediato ao da cessação do auxílio-doença, ressalvado o segurados;
disposto nos §§ 1º, 2º e 3º deste artigo. II - quando a recuperação for parcial, ou ocorrer após o pe-
§ 1º Concluindo a perícia médica inicial pela existência de in- ríodo do inciso I, ou ainda quando o segurado for declarado apto
capacidade total e definitiva para o trabalho, a aposentadoria por para o exercício de trabalho diverso do qual habitualmente exer-
invalidez será devida: (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) cia, a aposentadoria será mantida, sem prejuízo da volta à ativi-
a) ao segurado empregado, a contar do décimo sexto dia do dade:
afastamento da atividade ou a partir da entrada do requerimento, a) no seu valor integral, durante 6 (seis) meses contados da
se entre o afastamento e a entrada do requerimento decorrerem data em que for verificada a recuperação da capacidade;
mais de trinta dias; (Redação Dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) b) com redução de 50% (cinqüenta por cento), no período
b) ao segurado empregado doméstico, trabalhador avulso, seguinte de 6 (seis) meses;
contribuinte individual, especial e facultativo, a contar da data do c) com redução de 75% (setenta e cinco por cento), também
início da incapacidade ou da data da entrada do requerimento, se por igual período de 6 (seis) meses, ao término do qual cessará
entre essas datas decorrerem mais de trinta dias. (Redação Dada definitivamente.
pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
§ 2o Durante os primeiros quinze dias de afastamento da ati- SUBSEÇÃO II
vidade por motivo de invalidez, caberá à empresa pagar ao segu- DA APOSENTADORIA POR IDADE
rado empregado o salário. (Redação Dada pela Lei nº 9.876, de
26.11.99) Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado
§ 3º (Revogado pela Lei nº 9.032, de 1995) que, cumprida a carência exigida nesta Lei, completar 65 (sessen-
§ 4º O segurado aposentado por invalidez poderá ser convo- ta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher.
cado a qualquer momento para avaliação das condições que en- (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)
sejaram o afastamento ou a aposentadoria, concedida judicial ou § 1o Os limites fixados no caput são reduzidos para sessenta
administrativamente, observado o disposto no art. 101 desta Lei. e cinqüenta e cinco anos no caso de trabalhadores rurais, respec-
(Incluído pela Lei nº 13.457, de 2017) tivamente homens e mulheres, referidos na alínea a do inciso I, na
§ 5º A pessoa com HIV/aids é dispensada da avaliação referida alínea g do inciso V e nos incisos VI e VII do art. 11. (Redação Dada
no § 4º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.847, de 2019) pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
Art. 44. A aposentadoria por invalidez, inclusive a decorrente § 2o Para os efeitos do disposto no § 1o deste artigo, o traba-
de acidente do trabalho, consistirá numa renda mensal corres- lhador rural deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural,
pondente a 100% (cem por cento) do salário-de-benefício, obser- ainda que de forma descontínua, no período imediatamente an-
vado o disposto na Seção III, especialmente no art. 33 desta Lei. terior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número
(Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) de meses de contribuição correspondente à carência do benefício
§ 1º (Revogado pela Lei nº 9.528, de 1997) pretendido, computado o período a que se referem os incisos III a
§ 2º Quando o acidentado do trabalho estiver em gozo de VIII do § 9o do art. 11 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11,718,
auxílio-doença, o valor da aposentadoria por invalidez será igual de 2008)
ao do auxílio-doença se este, por força de reajustamento, for su- § 3o Os trabalhadores rurais de que trata o § 1o deste artigo
perior ao previsto neste artigo. que não atendam ao disposto no § 2o deste artigo, mas que satis-
Art. 45. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado façam essa condição, se forem considerados períodos de contri-
que necessitar da assistência permanente de outra pessoa será buição sob outras categorias do segurado, farão jus ao benefício
acrescido de 25% (vinte e cinco por cento). ao completarem 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
Parágrafo único. O acréscimo de que trata este artigo: e 60 (sessenta) anos, se mulher. (Incluído pela Lei nº 11,718, de
2008)

327
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 4o Para efeito do § 3o deste artigo, o cálculo da renda men- II - o tempo intercalado em que esteve em gozo de auxílio-do-
sal do benefício será apurado de acordo com o disposto no inciso ença ou aposentadoria por invalidez;
II do caput do art. 29 desta Lei, considerando-se como salário-de- III - o tempo de contribuição efetuada como segurado facul-
-contribuição mensal do período como segurado especial o limite tativo; (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)
mínimo de salário-de-contribuição da Previdência Social. (Incluído IV - o tempo de serviço referente ao exercício de mandato
pela Lei nº 11,718, de 2008) eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não tenha sido
Art. 49. A aposentadoria por idade será devida: contado para efeito de aposentadoria por outro regime de previ-
I - ao segurado empregado, inclusive o doméstico, a partir: dência social; (Redação dada pela Lei nº 9.506, de 1997)
a) da data do desligamento do emprego, quando requerida V - o tempo de contribuição efetuado por segurado depois de
até essa data ou até 90 (noventa) dias depois dela; ou ter deixado de exercer atividade remunerada que o enquadrava
b) da data do requerimento, quando não houver desligamen- no art. 11 desta Lei;
to do emprego ou quando for requerida após o prazo previsto na VI - o tempo de contribuição efetuado com base nos artigos
alínea “a”; 8º e 9º da Lei nº 8.162, de 8 de janeiro de 1991, pelo segurado
II - para os demais segurados, da data da entrada do reque- definido no artigo 11, inciso I, alínea “g”, desta Lei, sendo tais con-
rimento. tribuições computadas para efeito de carência. (Incluído pela Lei
Art. 50. A aposentadoria por idade, observado o disposto na nº 8.647, de 1993)
Seção III deste Capítulo, especialmente no art. 33, consistirá numa § 1º A averbação de tempo de serviço durante o qual o exer-
renda mensal de 70% (setenta por cento) do salário-de-benefício, cício da atividade não determinava filiação obrigatória ao anterior
mais 1% (um por cento) deste, por grupo de 12 (doze) contribui- Regime de Previdência Social Urbana só será admitida mediante
ções, não podendo ultrapassar 100% (cem por cento) do salário- o recolhimento das contribuições correspondentes, conforme dis-
-de-benefício. puser o Regulamento, observado o disposto no § 2º. (Vide Lei nº
Art. 51. A aposentadoria por idade pode ser requerida pela 8.212, de 1991)
empresa, desde que o segurado empregado tenha cumprido o pe- § 2º O tempo de serviço do segurado trabalhador rural, an-
ríodo de carência e completado 70 (setenta) anos de idade, se do terior à data de início de vigência desta Lei, será computado inde-
sexo masculino, ou 65 (sessenta e cinco) anos, se do sexo femini- pendentemente do recolhimento das contribuições a ele corres-
no, sendo compulsória, caso em que será garantida ao empregado pondentes, exceto para efeito de carência, conforme dispuser o
a indenização prevista na legislação trabalhista, considerada como Regulamento.
data da rescisão do contrato de trabalho a imediatamente ante- § 3º A comprovação do tempo de serviço para os fins des-
rior à do início da aposentadoria. ta Lei, inclusive mediante justificativa administrativa ou judicial,
observado o disposto no art. 108 desta Lei, só produzirá efeito
SUBSEÇÃO III quando for baseada em início de prova material contemporânea
DA APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO dos fatos, não admitida a prova exclusivamente testemunhal, ex-
ceto na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, na
Art. 52. A aposentadoria por tempo de serviço será devida, forma prevista no regulamento. (Redação dada pela Lei nº 13.846,
cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que completar de 2019)
25 (vinte e cinco) anos de serviço, se do sexo feminino, ou 30 (trin- § 4º Não será computado como tempo de contribuição, para
ta) anos, se do sexo masculino. efeito de concessão do benefício de que trata esta subseção, o
Art. 53. A aposentadoria por tempo de serviço, observado período em que o segurado contribuinte individual ou facultativo
o disposto na Seção III deste Capítulo, especialmente no art. 33, tiver contribuído na forma do § 2º do art. 21 da Lei nº 8.212, de 24
consistirá numa renda mensal de: de julho de 1991, salvo se tiver complementado as contribuições
I - para a mulher: 70% (setenta por cento) do salário-de-be- na forma do § 3o do mesmo artigo. (Incluído pela Lei Complemen-
nefício aos 25 (vinte e cinco) anos de serviço, mais 6% (seis por tar nº 123, de 2006)
cento) deste, para cada novo ano completo de atividade, até o Art. 56. O professor, após 30 (trinta) anos, e a professora,
máximo de 100% (cem por cento) do salário-de-benefício aos 30 após 25 (vinte e cinco) anos de efetivo exercício em funções de
(trinta) anos de serviço; magistério poderão aposentar-se por tempo de serviço, com ren-
II - para o homem: 70% (setenta por cento) do salário-de-be- da mensal correspondente a 100% (cem por cento) do salário-de-
nefício aos 30 (trinta) anos de serviço, mais 6% (seis por cento) -benefício, observado o disposto na Seção III deste Capítulo.
deste, para cada novo ano completo de atividade, até o máximo
de 100% (cem por cento) do salário-de-benefício aos 35 (trinta e SUBSEÇÃO IV
cinco) anos de serviço. DA APOSENTADORIA ESPECIAL
Art. 54. A data do início da aposentadoria por tempo de servi-
ço será fixada da mesma forma que a da aposentadoria por idade, Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cum-
conforme o disposto no art. 49. prida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver traba-
Art. 55. O tempo de serviço será comprovado na forma esta- lhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou
belecida no Regulamento, compreendendo, além do correspon- a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e
dente às atividades de qualquer das categorias de segurados de cinco) anos, conforme dispuser a lei. (Redação dada pela Lei nº
que trata o art. 11 desta Lei, mesmo que anterior à perda da qua- 9.032, de 1995)
lidade de segurado: § 1º A aposentadoria especial, observado o disposto no art.
I - o tempo de serviço militar, inclusive o voluntário, e o pre- 33 desta Lei, consistirá numa renda mensal equivalente a 100%
visto no § 1º do art. 143 da Constituição Federal, ainda que ante- (cem por cento) do salário-de-benefício. (Redação dada pela Lei
rior à filiação ao Regime Geral de Previdência Social, desde que nº 9.032, de 1995)
não tenha sido contado para inatividade remunerada nas Forças § 2º A data de início do benefício será fixada da mesma forma
Armadas ou aposentadoria no serviço público; que a da aposentadoria por idade, conforme o disposto no art. 49.

328
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de § 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil
comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Se- profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelo tra-
guro Social–INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasio- balhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de
nal nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a trabalho, cópia autêntica desse documento. (Incluído pela Lei nº
saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado. 9.528, de 1997)
(Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)
§ 4º O segurado deverá comprovar, além do tempo de traba- SUBSEÇÃO V
lho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou DO AUXÍLIO-DOENÇA
associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física,
pelo período equivalente ao exigido para a concessão do benefí- Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, ha-
cio. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) vendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido
§ 5º O tempo de trabalho exercido sob condições especiais nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua ati-
que sejam ou venham a ser consideradas prejudiciais à saúde ou vidade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.
à integridade física será somado, após a respectiva conversão ao § 1º Não será devido o auxílio-doença ao segurado que se
tempo de trabalho exercido em atividade comum, segundo cri- filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença
térios estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência ou da lesão invocada como causa para o benefício, exceto quan-
Social, para efeito de concessão de qualquer benefício. (Incluído do a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agrava-
pela Lei nº 9.032, de 1995) mento da doença ou da lesão. (Redação dada pela Lei nº 13.846,
§ 6º O benefício previsto neste artigo será financiado com de 2019)
os recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II § 2º Não será devido o auxílio-doença para o segurado reclu-
do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas so em regime fechado. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, con- § 3º O segurado em gozo de auxílio-doença na data do reco-
forme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa lhimento à prisão terá o benefício suspenso. (Incluído pela Lei nº
permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte 13.846, de 2019)
ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente. (Reda- § 4º A suspensão prevista no § 3º deste artigo será de até 60
ção dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98) (Vide Lei nº 9.732, de (sessenta) dias, contados da data do recolhimento à prisão, cessa-
11.12.98) do o benefício após o referido prazo. (Incluído pela Lei nº 13.846,
§ 7º O acréscimo de que trata o parágrafo anterior incide de 2019)
exclusivamente sobre a remuneração do segurado sujeito às con- § 5º Na hipótese de o segurado ser colocado em liberdade
dições especiais referidas no caput. (Incluído pela Lei nº 9.732, de antes do prazo previsto no § 4º deste artigo, o benefício será res-
11.12.98) tabelecido a partir da data da soltura. (Incluído pela Lei nº 13.846,
§ 8º Aplica-se o disposto no art. 46 ao segurado aposentado de 2019)
nos termos deste artigo que continuar no exercício de atividade § 6º Em caso de prisão declarada ilegal, o segurado terá direi-
ou operação que o sujeite aos agentes nocivos constantes da re- to à percepção do benefício por todo o período devido. (Incluído
lação referida no art. 58 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.732, de pela Lei nº 13.846, de 2019)
11.12.98) § 7º O disposto nos §§ 2º, 3º, 4º, 5º e 6º deste artigo aplica-
Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e bio- -se somente aos benefícios dos segurados que forem recolhidos à
lógicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integri- prisão a partir da data de publicação desta Lei. (Incluído pela Lei
dade física considerados para fins de concessão da aposentadoria nº 13.846, de 2019)
especial de que trata o artigo anterior será definida pelo Poder § 8º O segurado recluso em cumprimento de pena em regi-
Executivo. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) me aberto ou semiaberto terá direito ao auxílio-doença. (Incluído
§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos pela Lei nº 13.846, de 2019)
agentes nocivos será feita mediante formulário, na forma estabe- Art. 60. O auxílio-doença será devido ao segurado empre-
lecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela gado a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade,
empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condi- e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início da
ções ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz. (Redação dada
engenheiro de segurança do trabalho nos termos da legislação pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
trabalhista. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98) § 1º Quando requerido por segurado afastado da atividade
§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deve- por mais de 30 (trinta) dias, o auxílio-doença será devido a contar
rão constar informação sobre a existência de tecnologia de pro- da data da entrada do requerimento.
teção coletiva ou individual que diminua a intensidade do agente § 2º (Revogado pela Lei nº 9.032, de 1995)
agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a sua ado- § 3o Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do
ção pelo estabelecimento respectivo. (Redação dada pela Lei nº afastamento da atividade por motivo de doença, incumbirá à em-
9.732, de 11.12.98) presa pagar ao segurado empregado o seu salário integral. (Reda-
§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado ção Dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente de § 4º A empresa que dispuser de serviço médico, próprio ou
trabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de com- em convênio, terá a seu cargo o exame médico e o abono das fal-
provação de efetiva exposição em desacordo com o respectivo tas correpondentes ao período referido no § 3º, somente deven-
laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei. do encaminhar o segurado à perícia médica da Previdência Social
(Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997) quando a incapacidade ultrapassar 15 (quinze) dias.
§ 5o (Revogado pela Lei nº 13.846, de 2019)

329
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 6o O segurado que durante o gozo do auxílio-doença vier a SUBSEÇÃO VI
exercer atividade que lhe garanta subsistência poderá ter o bene- DO SALÁRIO-FAMÍLIA
fício cancelado a partir do retorno à atividade. (Incluído pela Lei
nº 13.135, de 2015) Art. 65. O salário-família será devido, mensalmente, ao se-
§ 7º Na hipótese do § 6o, caso o segurado, durante o gozo gurado empregado, inclusive o doméstico, e ao segurado traba-
do auxílio-doença, venha a exercer atividade diversa daquela que lhador avulso, na proporção do respectivo número de filhos ou
gerou o benefício, deverá ser verificada a incapacidade para cada equiparados nos termos do § 2o do art. 16 desta Lei, observado
uma das atividades exercidas. (Incluído pela Lei nº 13.135, de o disposto no art. 66. (Redação dada pela Lei Complementar nº
2015) 150, de 2015)
§ 8o Sempre que possível, o ato de concessão ou de reativa- Parágrafo único. O aposentado por invalidez ou por idade e
ção de auxílio-doença, judicial ou administrativo, deverá fixar o os demais aposentados com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais de
prazo estimado para a duração do benefício. (Incluído pela Lei nº idade, se do sexo masculino, ou 60 (sessenta) anos ou mais, se do
13.457, de 2017) feminino, terão direito ao salário-família, pago juntamente com a
§ 9o Na ausência de fixação do prazo de que trata o § 8o des- aposentadoria.
te artigo, o benefício cessará após o prazo de cento e vinte dias, Art. 66. O valor da cota do salário-família por filho ou equi-
contado da data de concessão ou de reativação do auxílio-doença, parado de qualquer condição, até 14 (quatorze) anos de idade ou
exceto se o segurado requerer a sua prorrogação perante o INSS, inválido de qualquer idade é de:
na forma do regulamento, observado o disposto no art. 62 desta I - Cr$ 1.360,00 (um mil trezentos e sessenta cruzeiros) ,
Lei. (Incluído pela Lei nº 13.457, de 2017) para o segurado com remuneração mensal não superior a Cr$
§ 10. O segurado em gozo de auxílio-doença, concedido ju- 51.000,00 (cinqüenta e um mil cruzeiros); Atualizações decorren-
dicial ou administrativamente, poderá ser convocado a qualquer tes de normas de hierarquia inferior
momento para avaliação das condições que ensejaram sua con- II - Cr$ 170,00 (cento e setenta cruzeiros), para o segurado
cessão ou manutenção, observado o disposto no art. 101 desta com remuneração mensal superior a Cr$ 51.000,00 (cinqüenta e
Lei. (Incluído pela Lei nº 13.457, de 2017) um mil cruzeiros). Atualizações decorrentes de normas de hierar-
§ 11. (Revogado pela Medida Provisória nº 1.113, de 2022) quia inferior
§ 12. (Vide Medida Provisória nº 767, de 2017) Art. 67. O pagamento do salário-família é condicionado à
§ 13. (Vide Medida Provisória nº 767, de 2017) apresentação da certidão de nascimento do filho ou da docu-
§ 14. Ato do Ministro de Estado do Trabalho e Previdência mentação relativa ao equiparado ou ao inválido, e à apresentação
poderá estabelecer as condições de dispensa da emissão de pa- anual de atestado de vacinação obrigatória e de comprovação de
recer conclusivo da perícia médica federal quanto à incapacidade freqüência à escola do filho ou equiparado, nos termos do regula-
laboral, hipótese na qual a concessão do benefício de que trata mento. (Redação Dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
este artigo será feita por meio de análise documental, incluídos Parágrafo único. O empregado doméstico deve apresentar
atestados ou laudos médicos, realizada pelo INSS. (Redação dada apenas a certidão de nascimento referida no caput. (Incluído pela
pela Medida Provisória nº 1.113, de 2022) Lei Complementar nº 150, de 2015)
Art. 61. O auxílio-doença, inclusive o decorrente de acidente Art. 68. As cotas do salário-família serão pagas pela empresa
do trabalho, consistirá numa renda mensal correspondente a 91% ou pelo empregador doméstico, mensalmente, junto com o sa-
(noventa e um por cento) do salário-de-benefício, observado o lário, efetivando-se a compensação quando do recolhimento das
disposto na Seção III, especialmente no art. 33 desta Lei. (Redação contribuições, conforme dispuser o Regulamento. (Redação dada
dada pela Lei nº 9.032, de 1995) pela Lei Complementar nº 150, de 2015)
Art. 62. O segurado em gozo de auxílio-doença, insuscetível § 1o A empresa ou o empregador doméstico conservarão du-
de recuperação para sua atividade habitual, deverá submeter-se rante 10 (dez) anos os comprovantes de pagamento e as cópias
a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra das certidões correspondentes, para fiscalização da Previdência
atividade. (Redação dada pela Lei nº 13.457, de 2017) Social. (Redação dada pela Lei Complementar nº 150, de 2015)
§ 1º. O benefício a que se refere o caput deste artigo será § 2º Quando o pagamento do salário não for mensal, o salá-
mantido até que o segurado seja considerado reabilitado para rio-família será pago juntamente com o último pagamento relati-
o desempenho de atividade que lhe garanta a subsistência ou, vo ao mês.
quando considerado não recuperável, seja aposentado por invali- Art. 69. O salário-família devido ao trabalhador avulso pode-
dez. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) rá ser recebido pelo sindicato de classe respectivo, que se incum-
§ 2º A alteração das atribuições e responsabilidades do segu- birá de elaborar as folhas correspondentes e de distribuí-lo.
rado compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capa- Art. 70. A cota do salário-família não será incorporada, para
cidade física ou mental não configura desvio de cargo ou função qualquer efeito, ao salário ou ao benefício.
do segurado reabilitado ou que estiver em processo de reabilita-
ção profissional a cargo do INSS. (Incluído pela Lei nº 13.846, de SUBSEÇÃO VII
2019) DO SALÁRIO-MATERNIDADE
Art. 63. O segurado empregado, inclusive o doméstico, em
gozo de auxílio-doença será considerado pela empresa e pelo Art. 71. O salário-maternidade é devido à segurada da Previ-
empregador doméstico como licenciado. (Redação dada pela Lei dência Social, durante 120 (cento e vinte) dias, com início no pe-
Complementar nº 150, de 2015) ríodo entre 28 (vinte e oito) dias antes do parto e a data de ocor-
Parágrafo único. A empresa que garantir ao segurado licen- rência deste, observadas as situações e condições previstas na
ça remunerada ficará obrigada a pagar-lhe durante o período de legislação no que concerne à proteção à maternidade. (Redação
auxílio-doença a eventual diferença entre o valor deste e a impor- dada pala Lei nº 10.710, de 2003) (Vide Lei nº 13.985, de 2020)
tância garantida pela licença. Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.528, de 1997)
Art. 64. (Revogado pela Lei nº 9.032, de 1995)

330
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 71-A. Ao segurado ou segurada da Previdência Social que § 3o O salário-maternidade devido à trabalhadora avulsa e à
adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança é empregada do microempreendedor individual de que trata o art.
devido salário-maternidade pelo período de 120 (cento e vinte) 18-A da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006,
dias. (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) será pago diretamente pela Previdência Social. (Redação dada
§ 1o O salário-maternidade de que trata este artigo será pago pela Lei nº 12.470, de 2011)
diretamente pela Previdência Social. (Redação dada pela Lei nº Art. 73. Assegurado o valor de um salário-mínimo, o salário-
12.873, de 2013) -maternidade para as demais seguradas, pago diretamente pela
§ 2o Ressalvado o pagamento do salário-maternidade à mãe Previdência Social, consistirá: (Redação dada pela Lei nº 10.710,
biológica e o disposto no art. 71-B, não poderá ser concedido o de 2003)
benefício a mais de um segurado, decorrente do mesmo proces- I - em um valor correspondente ao do seu último salário-de-
so de adoção ou guarda, ainda que os cônjuges ou companheiros -contribuição, para a segurada empregada doméstica; (Incluído
estejam submetidos a Regime Próprio de Previdência Social. (In- pela lei nº 9.876, de 26.11.99)
cluído pela Lei nº 12.873, de 2013) II - em um doze avos do valor sobre o qual incidiu sua última
Art. 71-B. No caso de falecimento da segurada ou segurado contribuição anual, para a segurada especial; (Incluído pela lei nº
que fizer jus ao recebimento do salário-maternidade, o benefício 9.876, de 26.11.99)
será pago, por todo o período ou pelo tempo restante a que te- III - em um doze avos da soma dos doze últimos salários-de-
ria direito, ao cônjuge ou companheiro sobrevivente que tenha a -contribuição, apurados em um período não superior a quinze
qualidade de segurado, exceto no caso do falecimento do filho ou meses, para as demais seguradas. (Incluído pela lei nº 9.876, de
de seu abandono, observadas as normas aplicáveis ao salário-ma- 26.11.99)
ternidade. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Vigência) Parágrafo único. Aplica-se à segurada desempregada, desde
§ 1o O pagamento do benefício de que trata o caput deverá que mantida a qualidade de segurada, na forma prevista no art.
ser requerido até o último dia do prazo previsto para o término 15 desta Lei, o disposto no inciso III do caput deste artigo. (Incluí-
do salário-maternidade originário. (Incluído pela Lei nº 12.873, de do pela Lei nº 13.846, de 2019))
2013) (Vigência)
§ 2o O benefício de que trata o caput será pago diretamente SUBSEÇÃO VIII
pela Previdência Social durante o período entre a data do óbito e DA PENSÃO POR MORTE
o último dia do término do salário-maternidade originário e será
calculado sobre: (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Vigência) Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos de-
I - a remuneração integral, para o empregado e trabalhador pendentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar
avulso; (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Vigência) da data: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) (Vide Medida
II - o último salário-de-contribuição, para o empregado do- Provisória nº 871, de 2019)
méstico; (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Vigência) I - do óbito, quando requerida em até 180 (cento e oitenta)
III - 1/12 (um doze avos) da soma dos 12 (doze) últimos salá- dias após o óbito, para os filhos menores de 16 (dezesseis) anos,
rios de contribuição, apurados em um período não superior a 15 ou em até 90 (noventa) dias após o óbito, para os demais depen-
(quinze) meses, para o contribuinte individual, facultativo e de- dentes; (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
sempregado; e (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Vigência) II - do requerimento, quando requerida após o prazo previsto
IV - o valor do salário mínimo, para o segurado especial. (In- no inciso anterior; (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)
cluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Vigência) III - da decisão judicial, no caso de morte presumida. (Incluí-
§ 3o Aplica-se o disposto neste artigo ao segurado que adotar do pela Lei nº 9.528, de 1997)
ou obtiver guarda judicial para fins de adoção. (Incluído pela Lei nº § 1º Perde o direito à pensão por morte o condenado cri-
12.873, de 2013) (Vigência) minalmente por sentença com trânsito em julgado, como autor,
Art. 71-C. A percepção do salário-maternidade, inclusive o coautor ou partícipe de homicídio doloso, ou de tentativa desse
previsto no art. 71-B, está condicionada ao afastamento do se- crime, cometido contra a pessoa do segurado, ressalvados os ab-
gurado do trabalho ou da atividade desempenhada, sob pena de solutamente incapazes e os inimputáveis. (Redação dada pela Lei
suspensão do benefício (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Vi- nº 13.846, de 2019)
gência) § 2o Perde o direito à pensão por morte o cônjuge, o com-
Art. 72. O salário-maternidade para a segurada emprega- panheiro ou a companheira se comprovada, a qualquer tempo,
da ou trabalhadora avulsa consistirá numa renda mensal igual a simulação ou fraude no casamento ou na união estável, ou a
sua remuneração integral. (Redação Dada pela Lei nº 9.876, de formalização desses com o fim exclusivo de constituir benefício
26.11.99) previdenciário, apuradas em processo judicial no qual será asse-
§ 1o Cabe à empresa pagar o salário-maternidade devido à gurado o direito ao contraditório e à ampla defesa. (Incluído pela
respectiva empregada gestante, efetivando-se a compensação, Lei nº 13.135, de 2015)
observado o disposto no art. 248 da Constituição Federal, quan- § 3º Ajuizada a ação judicial para reconhecimento da condição
do do recolhimento das contribuições incidentes sobre a folha de de dependente, este poderá requerer a sua habilitação provisória
salários e demais rendimentos pagos ou creditados, a qualquer ao benefício de pensão por morte, exclusivamente para fins de
título, à pessoa física que lhe preste serviço. (Incluído pela Lei nº rateio dos valores com outros dependentes, vedado o pagamento
10.710, de.2003) da respectiva cota até o trânsito em julgado da respectiva ação,
§ 2o A empresa deverá conservar durante 10 (dez) anos os ressalvada a existência de decisão judicial em contrário. (Redação
comprovantes dos pagamentos e os atestados correspondentes dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
para exame pela fiscalização da Previdência Social. (Incluído pela § 4º Nas ações em que o INSS for parte, este poderá proce-
Lei nº 10.710, de 2003) der de ofício à habilitação excepcional da referida pensão, apenas
para efeitos de rateio, descontando-se os valores referentes a esta
habilitação das demais cotas, vedado o pagamento da respectiva

331
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
cota até o trânsito em julgado da respectiva ação, ressalvada a b) em 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que o segu-
existência de decisão judicial em contrário. (Incluído pela Lei nº rado tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se o ca-
13.846, de 2019) samento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de
§ 5º Julgada improcedente a ação prevista no § 3º ou § 4º 2 (dois) anos antes do óbito do segurado; (Incluído pela Lei nº
deste artigo, o valor retido será corrigido pelos índices legais de 13.135, de 2015)
reajustamento e será pago de forma proporcional aos demais de- c) transcorridos os seguintes períodos, estabelecidos de acor-
pendentes, de acordo com as suas cotas e o tempo de duração de do com a idade do beneficiário na data de óbito do segurado, se o
seus benefícios. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) óbito ocorrer depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições men-
§ 6º Em qualquer caso, fica assegurada ao INSS a cobrança sais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do casamento ou da
dos valores indevidamente pagos em função de nova habilitação. união estável: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
(Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) 1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade;
Art. 75. O valor mensal da pensão por morte será de cem (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
por cento do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou 2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos
daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
na data de seu falecimento, observado o disposto no art. 33 desta 3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove)
lei. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 76. A concessão da pensão por morte não será protelada 4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de
pela falta de habilitação de outro possível dependente, e qual- idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
quer inscrição ou habilitação posterior que importe em exclusão 5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e
ou inclusão de dependente só produzirá efeito a contar da data da três) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
inscrição ou habilitação. 6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de ida-
§ 1º O cônjuge ausente não exclui do direito à pensão por de. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
morte o companheiro ou a companheira, que somente fará jus ao VI - pela perda do direito, na forma do § 1º do art. 74 desta
benefício a partir da data de sua habilitação e mediante prova de Lei. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
dependência econômica. § 2o-A. Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida na
§ 2º O cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de alínea “a” ou os prazos previstos na alínea “c”, ambas do inciso V
fato que recebia pensão de alimentos concorrerá em igualdade do § 2o, se o óbito do segurado decorrer de acidente de qualquer
de condições com os dependentes referidos no inciso I do art. 16 natureza ou de doença profissional ou do trabalho, independen-
desta Lei. temente do recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais
§ 3º Na hipótese de o segurado falecido estar, na data de seu ou da comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou de união
falecimento, obrigado por determinação judicial a pagar alimen- estável. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
tos temporários a ex-cônjuge, ex-companheiro ou ex-companhei- § 2o-B. Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e des-
ra, a pensão por morte será devida pelo prazo remanescente na de que nesse período se verifique o incremento mínimo de um
data do óbito, caso não incida outra hipótese de cancelamento ano inteiro na média nacional única, para ambos os sexos, corres-
anterior do benefício. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) pondente à expectativa de sobrevida da população brasileira ao
Art. 77. A pensão por morte, havendo mais de um pensionis- nascer, poderão ser fixadas, em números inteiros, novas idades
ta, será rateada entre todos em parte iguais. (Redação dada pela para os fins previstos na alínea “c” do inciso V do § 2o, em ato
Lei nº 9.032, de 1995) do Ministro de Estado da Previdência Social, limitado o acréscimo
§ 1º Reverterá em favor dos demais a parte daquele cujo di- na comparação com as idades anteriores ao referido incremento.
reito à pensão cessar. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 2º O direito à percepção da cota individual cessará: (Reda- § 3º Com a extinção da parte do último pensionista a pensão
ção dada pela Lei nº 13.846, de 2019) extinguir-se-á. (Incluído pela Lei nº 9.032, de 1995)
I - pela morte do pensionista; (Incluído pela Lei nº 9.032, de § 4o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
1995) § 5o O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdên-
II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de am- cia Social (RPPS) será considerado na contagem das 18 (dezoito)
bos os sexos, ao completar vinte e um anos de idade, salvo se for contribuições mensais de que tratam as alíneas “b” e “c” do inciso
inválido ou tiver deficiência intelectual ou mental ou deficiência V do § 2o. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
grave; (Redação dada pela Lei nº 13.183, de 2015) (Vigência) § 6º O exercício de atividade remunerada, inclusive na con-
III - para filho ou irmão inválido, pela cessação da invalidez; dição de microempreendedor individual, não impede a conces-
(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) são ou manutenção da parte individual da pensão do dependente
IV - para filho ou irmão que tenha deficiência intelectual ou com deficiência intelectual ou mental ou com deficiência grave.
mental ou deficiência grave, pelo afastamento da deficiência, nos (Incluído pela Lei nº 13.183, de 2015)
termos do regulamento; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de § 7º Se houver fundados indícios de autoria, coautoria ou par-
2015) (Vigência) ticipação de dependente, ressalvados os absolutamente incapa-
V - para cônjuge ou companheiro: (Incluído pela Lei nº 13.135, zes e os inimputáveis, em homicídio, ou em tentativa desse crime,
de 2015) cometido contra a pessoa do segurado, será possível a suspensão
a) se inválido ou com deficiência, pela cessação da invalidez provisória de sua parte no benefício de pensão por morte, me-
ou pelo afastamento da deficiência, respeitados os períodos míni- diante processo administrativo próprio, respeitados a ampla defe-
mos decorrentes da aplicação das alíneas “b” e “c”; (Incluído pela sa e o contraditório, e serão devidas, em caso de absolvição, todas
Lei nº 13.135, de 2015) as parcelas corrigidas desde a data da suspensão, bem como a
reativação imediata do benefício. (Incluído pela Lei nº 13.846, de
2019)

332
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 78. Por morte presumida do segurado, declarada pela deração o tempo de contribuição adicional e os correspondentes
autoridade judicial competente, depois de 6 (seis) meses de au- salários de contribuição, facultada a opção pelo valor do auxílio-
sência, será concedida pensão provisória, na forma desta Subse- -reclusão. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
ção.
§ 1º Mediante prova do desaparecimento do segurado em SUBSEÇÃO X
conseqüência de acidente, desastre ou catástrofe, seus depen- DOS PECÚLIOS
dentes farão jus à pensão provisória independentemente da de-
claração e do prazo deste artigo. Art. 81. (Revogado dada pela Lei nº 9.129, de 1995)
§ 2º Verificado o reaparecimento do segurado, o pagamento I - (Revogado dada pela Lei nº 9.129, de 1995)
da pensão cessará imediatamente, desobrigados os dependentes II - (Revogado pela Lei nº 8.870, de 1994)
da reposição dos valores recebidos, salvo má-fé. III - (Revogado dada pela Lei nº 9.129, de 1995)
Art. 79. (Revogado pela Lei nº 13.846, de 2019) Art. 82 (Revogado pela Lei nº 9.032, de 1995)
Art. 83. (Revogado pela Lei nº 9.032, de 1995)
SUBSEÇÃO IX Art. 84. (Revogado pela Lei nº 8.870, de 1994)
DO AUXÍLIO-RECLUSÃO Art. 85. (Revogado pela Lei nº 9.032, de 1995)

Art. 80. O auxílio-reclusão, cumprida a carência prevista no SUBSEÇÃO XI


inciso IV do caput do art. 25 desta Lei, será devido, nas condições DO AUXÍLIO-ACIDENTE
da pensão por morte, aos dependentes do segurado de baixa ren-
da recolhido à prisão em regime fechado que não receber remu- Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indeniza-
neração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de ção, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorren-
pensão por morte, de salário-maternidade, de aposentadoria ou tes de acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que
de abono de permanência em serviço. (Redação dada pela Lei nº impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitual-
13.846, de 2019) mente exercia. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)
§ 1º O requerimento do auxílio-reclusão será instruído com § 1º O auxílio-acidente mensal corresponderá a cinqüenta
certidão judicial que ateste o recolhimento efetivo à prisão, e será por cento do salário-de-benefício e será devido, observado o dis-
obrigatória a apresentação de prova de permanência na condição posto no § 5º, até a véspera do início de qualquer aposentadoria
de presidiário para a manutenção do benefício. (Incluído pela Lei ou até a data do óbito do segurado. (Redação dada pela Lei nº
nº 13.846, de 2019) 9.528, de 1997)
§ 2º O INSS celebrará convênios com os órgãos públicos res- § 2º O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao
ponsáveis pelo cadastro dos presos para obter informações sobre da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer
o recolhimento à prisão. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada
§ 3º Para fins do disposto nesta Lei, considera-se segurado de sua acumulação com qualquer aposentadoria. (Redação dada
baixa renda aquele que, no mês de competência de recolhimento pela Lei nº 9.528, de 1997)
à prisão, tenha renda, apurada nos termos do disposto no § 4º § 3º O recebimento de salário ou concessão de outro bene-
deste artigo, de valor igual ou inferior àquela prevista no art. 13 fício, exceto de aposentadoria, observado o disposto no § 5º, não
da Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, cor- prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-acidente.
rigido pelos índices de reajuste aplicados aos benefícios do RGPS. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)
(Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) § 4º A perda da audição, em qualquer grau, somente propor-
§ 4º A aferição da renda mensal bruta para enquadramento cionará a concessão do auxílio-acidente, quando, além do reco-
do segurado como de baixa renda ocorrerá pela média dos sa- nhecimento de causalidade entre o trabalho e a doença, resultar,
lários de contribuição apurados no período de 12 (doze) meses comprovadamente, na redução ou perda da capacidade para o
anteriores ao mês do recolhimento à prisão. (Incluído pela Lei nº trabalho que habitualmente exercia. (Restabelecido com nova re-
13.846, de 2019) dação pela Lei nº 9.528, de 1997)
§ 5º A certidão judicial e a prova de permanência na condi- § 5º . (Revogado pela Lei nº 9.032, de 1995)
ção de presidiário poderão ser substituídas pelo acesso à base de
dados, por meio eletrônico, a ser disponibilizada pelo Conselho SUBSEÇÃO XII
Nacional de Justiça, com dados cadastrais que assegurem a iden- DO ABONO DE PERMANÊNCIA EM SERVIÇO
tificação plena do segurado e da sua condição de presidiário. (In-
cluído pela Lei nº 13.846, de 2019) Art. 87. (Revogado pela Lei nº 8.870, de 1994)
§ 6º Se o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 8.870, de 1994)
no período previsto no § 4º deste artigo, sua duração será con-
tada considerando-se como salário de contribuição no período o SEÇÃO VI
salário de benefício que serviu de base para o cálculo da renda DOS SERVIÇOS
mensal, reajustado na mesma época e com a mesma base dos
benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1 (um) SUBSEÇÃO I
salário mínimo. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) DO SERVIÇO SOCIAL
§ 7º O exercício de atividade remunerada do segurado reclu-
so, em cumprimento de pena em regime fechado, não acarreta Art. 88. Compete ao Serviço Social esclarecer junto aos bene-
a perda do direito ao recebimento do auxílio-reclusão para seus ficiários seus direitos sociais e os meios de exercê-los e estabele-
dependentes. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) cer conjuntamente com eles o processo de solução dos problemas
§ 8º Em caso de morte de segurado recluso que tenha con- que emergirem da sua relação com a Previdência Social, tanto no
tribuído para a previdência social durante o período de reclusão, âmbito interno da instituição como na dinâmica da sociedade.
o valor da pensão por morte será calculado levando-se em consi-

333
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 1º Será dada prioridade aos segurados em benefício por § 1o A dispensa de pessoa com deficiência ou de beneficiário
incapacidade temporária e atenção especial aos aposentados e reabilitado da Previdência Social ao final de contrato por prazo
pensionistas. determinado de mais de 90 (noventa) dias e a dispensa imotivada
§ 2º Para assegurar o efetivo atendimento dos usuários serão em contrato por prazo indeterminado somente poderão ocorrer
utilizadas intervenção técnica, assistência de natureza jurídica, após a contratação de outro trabalhador com deficiência ou bene-
ajuda material, recursos sociais, intercâmbio com empresas e pes- ficiário reabilitado da Previdência Social. (Redação dada pela Lei
quisa social, inclusive mediante celebração de convênios, acordos nº 13.146, de 2015)
ou contratos. § 2o Ao Ministério do Trabalho e Emprego incumbe estabe-
§ 3º O Serviço Social terá como diretriz a participação do lecer a sistemática de fiscalização, bem como gerar dados e esta-
beneficiário na implementação e no fortalecimento da política tísticas sobre o total de empregados e as vagas preenchidas por
previdenciária, em articulação com as associações e entidades de pessoas com deficiência e por beneficiários reabilitados da Previ-
classe. dência Social, fornecendo-os, quando solicitados, aos sindicatos,
§ 4º O Serviço Social, considerando a universalização da às entidades representativas dos empregados ou aos cidadãos in-
Previdência Social, prestará assessoramento técnico aos Estados teressados. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
e Municípios na elaboração e implantação de suas propostas de § 3o Para a reserva de cargos será considerada somente a
trabalho. contratação direta de pessoa com deficiência, excluído o aprendiz
com deficiência de que trata a Consolidação das Leis do Trabalho
SUBSEÇÃO II (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943.
DA HABILITAÇÃO E DA REABILITAÇÃO PROFISSIONAL (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)
§ 4o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigên-
Art. 89. A habilitação e a reabilitação profissional e social de- cia)
verão proporcionar ao beneficiário incapacitado parcial ou total-
mente para o trabalho, e às pessoas portadoras de deficiência, os SEÇÃO VII
meios para a (re)educação e de (re)adaptação profissional e social DA CONTAGEM RECÍPROCA DE TEMPO DE SERVIÇO
indicados para participar do mercado de trabalho e do contexto
em que vive. Art. 94. Para efeito dos benefícios previstos no Regime Geral
Parágrafo único. A reabilitação profissional compreende: de Previdência Social ou no serviço público é assegurada a con-
a) o fornecimento de aparelho de prótese, órtese e instru- tagem recíproca do tempo de contribuição na atividade privada,
mentos de auxílio para locomoção quando a perda ou redução rural e urbana, e do tempo de contribuição ou de serviço na admi-
da capacidade funcional puder ser atenuada por seu uso e dos nistração pública, hipótese em que os diferentes sistemas de pre-
equipamentos necessários à habilitação e reabilitação social e vidência social se compensarão financeiramente. (Redação dada
profissional; pela Lei nº 9.711, de 20.11.98)
b) a reparação ou a substituição dos aparelhos mencionados § 1o A compensação financeira será feita ao sistema a que
no inciso anterior, desgastados pelo uso normal ou por ocorrência o interessado estiver vinculado ao requerer o benefício pelos de-
estranha à vontade do beneficiário; mais sistemas, em relação aos respectivos tempos de contribui-
c) o transporte do acidentado do trabalho, quando necessá- ção ou de serviço, conforme dispuser o Regulamento. (Renumera-
rio. do pela Lei Complementar nº 123, de 2006)
Art. 90. A prestação de que trata o artigo anterior é devida § 2o Não será computado como tempo de contribuição, para
em caráter obrigatório aos segurados, inclusive aposentados e, efeito dos benefícios previstos em regimes próprios de previdên-
na medida das possibilidades do órgão da Previdência Social, aos cia social, o período em que o segurado contribuinte individual
seus dependentes. ou facultativo tiver contribuído na forma do § 2o do art. 21 da Lei
Art. 91. Será concedido, no caso de habilitação e reabilitação no 8.212, de 24 de julho de 1991, salvo se complementadas as
profissional, auxílio para tratamento ou exame fora do domicílio contribuições na forma do § 3o do mesmo artigo. (Incluído pela
do beneficiário, conforme dispuser o Regulamento. Lei Complementar nº 123, de 2006)
Art. 92. Concluído o processo de habilitação ou reabilitação Art. 95. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.187-13, de
social e profissional, a Previdência Social emitirá certificado indivi- 2001)
dual, indicando as atividades que poderão ser exercidas pelo be- Art. 96. O tempo de contribuição ou de serviço de que trata
neficiário, nada impedindo que este exerça outra atividade para a esta Seção será contado de acordo com a legislação pertinente,
qual se capacitar. observadas as normas seguintes:
Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está I - não será admitida a contagem em dobro ou em outras
obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cen- condições especiais;
to) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas por- II - é vedada a contagem de tempo de serviço público com o
tadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção: de atividade privada, quando concomitantes;
I - até 200 emprega- III - não será contado por um sistema o tempo de serviço
dos...........................................................................................2%; utilizado para concessão de aposentadoria pelo outro;
II - de 201 a 500....................................................................... IV - o tempo de serviço anterior ou posterior à obrigatorie-
...............................3%; dade de filiação à Previdência Social só será contado mediante in-
III - de 501 a 1.000................................................................... denização da contribuição correspondente ao período respectivo,
...............................4%; com acréscimo de juros moratórios de zero vírgula cinco por cento
IV - de 1.001 em diante. .......................................................... ao mês, capitalizados anualmente, e multa de dez por cento. (Re-
...............................5%. dação dada pela Medida Provisória nº 2.187-13, de 2001) (Vide
V - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) Medida Provisória nº 316, de 2006)

334
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
V - é vedada a emissão de Certidão de Tempo de Contribuição III - tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico
(CTC) com o registro exclusivo de tempo de serviço, sem a com- e a transfusão de sangue, que são facultativos. (Incluído pela Me-
provação de contribuição efetiva, exceto para o segurado empre- dida Provisória nº 1.113, de 2022)
gado, empregado doméstico, trabalhador avulso e, a partir de 1º § 1o O aposentado por invalidez e o pensionista inválido que
de abril de 2003, para o contribuinte individual que presta serviço não tenham retornado à atividade estarão isentos do exame de
a empresa obrigada a arrecadar a contribuição a seu cargo, obser- que trata o caput deste artigo: (Redação dada pela lei nº 13.457,
vado o disposto no § 5º do art. 4º da Lei nº 10.666, de 8 de maio de 2017)
de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) I - após completarem cinquenta e cinco anos ou mais de idade
VI - a CTC somente poderá ser emitida por regime próprio de e quando decorridos quinze anos da data da concessão da apo-
previdência social para ex-servidor; (Incluído pela Lei nº 13.846, sentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a precedeu; ou
de 2019) (Incluído pela lei nº 13.457, de 2017) (Vide Medida Provisória nº
VII - é vedada a contagem recíproca de tempo de contribuição 871, de 2019)
do RGPS por regime próprio de previdência social sem a emissão II - após completarem sessenta anos de idade. (Incluído pela
da CTC correspondente, ainda que o tempo de contribuição refe- lei nº 13.457, de 2017)
rente ao RGPS tenha sido prestado pelo servidor público ao pró- § 2o A isenção de que trata o § 1o não se aplica quando o
prio ente instituidor; (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) exame tem as seguintes finalidades: (Incluído pela Lei nº 13.063,
VIII - é vedada a desaverbação de tempo em regime próprio de 2014)
de previdência social quando o tempo averbado tiver gerado a I - verificar a necessidade de assistência permanente de outra
concessão de vantagens remuneratórias ao servidor público em pessoa para a concessão do acréscimo de 25% (vinte e cinco por
atividade; e (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) cento) sobre o valor do benefício, conforme dispõe o art. 45; (In-
IX - para fins de elegibilidade às aposentadorias especiais re- cluído pela Lei nº 13.063, de 2014)
feridas no § 4º do art. 40 e no § 1º do art. 201 da Constituição II - verificar a recuperação da capacidade de trabalho, me-
Federal, os períodos reconhecidos pelo regime previdenciário de diante solicitação do aposentado ou pensionista que se julgar
origem como de tempo especial, sem conversão em tempo co- apto; (Incluído pela Lei nº 13.063, de 2014)
mum, deverão estar incluídos nos períodos de contribuição com- III - subsidiar autoridade judiciária na concessão de curatela,
preendidos na CTC e discriminados de data a data. (Incluído pela conforme dispõe o art. 110. (Incluído pela Lei nº 13.063, de 2014)
Lei nº 13.846, de 2019) § 3o (VETADO). (Incluído pela lei nº 13.457, de 2017)
Parágrafo único. O disposto no inciso V do caput deste artigo § 4o A perícia de que trata este artigo terá acesso aos pron-
não se aplica ao tempo de serviço anterior à edição da Emenda tuários médicos do periciado no Sistema Único de Saúde (SUS),
Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, que tenha sido desde que haja a prévia anuência do periciado e seja garantido o
equiparado por lei a tempo de contribuição. (Incluído pela Lei nº sigilo sobre os dados dele. (Incluído pela lei nº 13.457, de 2017)
13.846, de 2019) § 5o É assegurado o atendimento domiciliar e hospitalar pela
Art. 97. A aposentadoria por tempo de serviço, com conta- perícia médica e social do INSS ao segurado com dificuldades de
gem de tempo na forma desta Seção, será concedida ao segurado locomoção, quando seu deslocamento, em razão de sua limita-
do sexo feminino a partir de 25 (vinte e cinco) anos completos de ção funcional e de condições de acessibilidade, imponha-lhe ônus
serviço, e, ao segurado do sexo masculino, a partir de 30 (trinta) desproporcional e indevido, nos termos do regulamento. (Incluído
anos completos de serviço, ressalvadas as hipóteses de redução pela lei nº 13.457, de 2017)
previstas em lei. § 6º O segurado poderá recorrer do resultado da avaliação
Art. 98. Quando a soma dos tempos de serviço ultrapassar decorrente do exame médico de que trata o caput, no prazo de
30 (trinta) anos, se do sexo feminino, e 35 (trinta e cinco) anos, se trinta dias, nos termos do disposto no art. 126-A. (Incluído pela
do sexo masculino, o excesso não será considerado para qualquer Medida Provisória nº 1.113, de 2022)
efeito. § 7º Ato do Ministro de Estado do Trabalho e Previdência dis-
Art. 99. O benefício resultante de contagem de tempo de ser- porá sobre as hipóteses de substituição de exame pericial presen-
viço na forma desta Seção será concedido e pago pelo sistema a cial por exame remoto e as condições e as limitações para sua
que o interessado estiver vinculado ao requerê-lo, e calculado na realização. (Incluído pela Lei nº 14.441, de 2022)
forma da respectiva legislação. Art. 102. A perda da qualidade de segurado importa em ca-
ducidade dos direitos inerentes a essa qualidade. (Redação dada
SEÇÃO VIII pela Lei nº 9.528, de 1997)
DAS DISPOSIÇÕES DIVERSAS RELATIVAS ÀS PRESTAÇÕES § 1º A perda da qualidade de segurado não prejudica o direi-
to à aposentadoria para cuja concessão tenham sido preenchidos
Art. 100. (VETADO) todos os requisitos, segundo a legislação em vigor à época em que
Art. 101. O segurado em gozo de auxílio por incapacidade estes requisitos foram atendidos. (Incluído pela Lei nº 9.528, de
temporária, auxílio-acidente ou aposentadoria por incapacidade 1997)
permanente e o pensionista inválido, cujos benefícios tenham § 2º Não será concedida pensão por morte aos dependentes
sido concedidos judicial ou administrativamente, estão obrigados, do segurado que falecer após a perda desta qualidade, nos termos
sob pena de suspensão do benefício, a submeter-se a: (Redação do art. 15 desta Lei, salvo se preenchidos os requisitos para obten-
dada pela Medida Provisória nº 1.113, de 2022) ção da aposentadoria na forma do parágrafo anterior. (Incluído
I - exame médico a cargo da Previdência Social para avaliação pela Lei nº 9.528, de 1997)
das condições que ensejaram sua concessão ou manutenção; (In- Art. 103. O prazo de decadência do direito ou da ação do se-
cluído pela Medida Provisória nº 1.113, de 2022) gurado ou beneficiário para a revisão do ato de concessão, indefe-
II - processo de reabilitação profissional por ela prescrito e rimento, cancelamento ou cessação de benefício e do ato de defe-
custeado; e (Incluído pela Medida Provisória nº 1.113, de 2022) rimento, indeferimento ou não concessão de revisão de benefício
é de 10 (dez) anos, contado: (Redação dada pela Lei nº 13.846, de
2019) (Vide ADIN 6096)

335
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
I - do dia primeiro do mês subsequente ao do recebimento IX – cópia da declaração de imposto de renda, com indicação
da primeira prestação ou da data em que a prestação deveria ter de renda proveniente da comercialização de produção rural; ou
sido paga com o valor revisto; ou (Incluído pela Lei nº 13.846, de (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
2019) (Vide ADIN 6096) X – licença de ocupação ou permissão outorgada pelo Incra.
II - do dia em que o segurado tomar conhecimento da deci- (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
são de indeferimento, cancelamento ou cessação do seu pedido Art. 107. O tempo de serviço de que trata o art. 55 desta Lei
de benefício ou da decisão de deferimento ou indeferimento de será considerado para cálculo do valor da renda mensal de qual-
revisão de benefício, no âmbito administrativo. (Incluído pela Lei quer benefício.
nº 13.846, de 2019) (Vide ADIN 6096) Art. 108. Mediante justificação processada perante a Previ-
Parágrafo único. Prescreve em cinco anos, a contar da data dência Social, observado o disposto no § 3º do art. 55 e na forma
em que deveriam ter sido pagas, toda e qualquer ação para ha- estabelecida no Regulamento, poderá ser suprida a falta de docu-
ver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças mento ou provado ato do interesse de beneficiário ou empresa,
devidas pela Previdência Social, salvo o direito dos menores, in- salvo no que se refere a registro público.
capazes e ausentes, na forma do Código Civil. (Incluído pela Lei nº Art. 109. O benefício será pago diretamente ao beneficiário,
9.528, de 1997) salvo em caso de ausência, moléstia contagiosa ou impossibilida-
Art. 103-A. O direito da Previdência Social de anular os atos de de locomoção, quando será pago a procurador, cujo mandato
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os seus não terá prazo superior a doze meses, podendo ser renovado. (Re-
beneficiários decai em dez anos, contados da data em que foram dação dada pela Lei nº 8.870, de 1994)
praticados, salvo comprovada má-fé. (Incluído pela Lei nº 10.839, Parágrafo único. A impressão digital do beneficiário incapaz
de 2004) de assinar, aposta na presença de servidor da Previdência Social,
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo deca- vale como assinatura para quitação de pagamento de benefício.
dencial contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. (Incluí- Art. 110. O benefício devido ao segurado ou dependente ci-
do pela Lei nº 10.839, de 2004) vilmente incapaz será feito ao cônjuge, pai, mãe, tutor ou curador,
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer admitindo-se, na sua falta e por período não superior a 6 (seis)
medida de autoridade administrativa que importe impugnação à meses, o pagamento a herdeiro necessário, mediante termo de
validade do ato. (Incluído pela Lei nº 10.839, de 2004) compromisso firmado no ato do recebimento.
Art. 104. As ações referentes à prestação por acidente do tra- § 1º. Para efeito de curatela, no caso de interdição do bene-
balho prescrevem em 5 (cinco) anos, observado o disposto no art. ficiário, a autoridade judiciária pode louvar-se no laudo médico-
103 desta Lei, contados da data: -pericial da Previdência Social. (Redação dada pela Lei nº 13.846,
I - do acidente, quando dele resultar a morte ou a incapa- de 2019)
cidade temporária, verificada esta em perícia médica a cargo da § 2º O dependente excluído, na forma do § 7º do art. 16 desta
Previdência Social; ou Lei, ou que tenha a parte provisoriamente suspensa, na forma do
II - em que for reconhecida pela Previdência Social, a incapa- § 7º do art. 77 desta Lei, não poderá representar outro dependen-
cidade permanente ou o agravamento das seqüelas do acidente. te para fins de recebimento e percepção do benefício. (Incluído
Art. 105. A apresentação de documentação incompleta não pela Lei nº 13.846, de 2019)
constitui motivo para recusa do requerimento de benefício. § 3º O dependente que perde o direito à pensão por morte,
Art. 106. A comprovação do exercício de atividade rural será na forma do § 1º do art. 74 desta Lei, não poderá representar
feita, complementarmente à autodeclaração de que trata o § 2º e outro dependente para fins de recebimento e percepção do bene-
ao cadastro de que trata o § 1º, ambos do art. 38-B desta Lei, por fício. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
meio de, entre outros: (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) Art. 110-A. No ato de requerimento de benefícios operacio-
I – contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho nalizados pelo INSS, não será exigida apresentação de termo de
e Previdência Social; (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008) curatela de titular ou de beneficiário com deficiência, observados
II – contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural; os procedimentos a serem estabelecidos em regulamento. (Inclu-
(Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008) ído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
III - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) Art. 111. O segurado menor poderá, conforme dispuser o
IV - Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortale- Regulamento, firmar recibo de benefício, independentemente da
cimento da Agricultura Familiar, de que trata o inciso II do caput presença dos pais ou do tutor.
do art. 2º da Lei nº 12.188, de 11 de janeiro de 2010, ou por do- Art. 112. O valor não recebido em vida pelo segurado só será
cumento que a substitua; (Redação dada pela Lei nº 13.846, de pago aos seus dependentes habilitados à pensão por morte ou, na
2019) falta deles, aos seus sucessores na forma da lei civil, independen-
V – bloco de notas do produtor rural; (Redação dada pela Lei temente de inventário ou arrolamento.
nº 11.718, de 2008) Art. 113. O benefício poderá ser pago mediante depósito em
VI – notas fiscais de entrada de mercadorias, de que trata o conta corrente ou por autorização de pagamento, conforme se
§ 7º do art. 30 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, emitidas dispuser em regulamento.
pela empresa adquirente da produção, com indicação do nome do Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.876, de 26.11.1999)
segurado como vendedor; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) Art. 114. Salvo quanto a valor devido à Previdência Social e
VII – documentos fiscais relativos a entrega de produção ru- a desconto autorizado por esta Lei, ou derivado da obrigação de
ral à cooperativa agrícola, entreposto de pescado ou outros, com prestar alimentos reconhecida em sentença judicial, o benefício
indicação do segurado como vendedor ou consignante; (Incluído não pode ser objeto de penhora, arresto ou seqüestro, sendo nula
pela Lei nº 11.718, de 2008) de pleno direito a sua venda ou cessão, ou a constituição de qual-
VIII – comprovantes de recolhimento de contribuição à Previ- quer ônus sobre ele, bem como a outorga de poderes irrevogáveis
dência Social decorrentes da comercialização da produção; (Inclu- ou em causa própria para o seu recebimento.
ído pela Lei nº 11.718, de 2008) Art. 115. Podem ser descontados dos benefícios:
I - contribuições devidas pelo segurado à Previdência Social;

336
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
II - pagamento administrativo ou judicial de benefício previ- I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.020, de 2020)
denciário ou assistencial indevido, ou além do devido, inclusive II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.020, de 2020)
na hipótese de cessação do benefício pela revogação de decisão III - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.020, de 2020)
judicial, em valor que não exceda 30% (trinta por cento) da sua Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
importância, nos termos do regulamento; (Redação dada pela Lei 14.020, de 2020)
nº 13.846, de 2019) Art. 117-A. Empresas, sindicatos e entidades fechadas de pre-
III - Imposto de Renda retido na fonte; vidência complementar poderão realizar o pagamento integral
IV - pensão de alimentos decretada em sentença judicial; dos benefícios previdenciários devidos a seus beneficiários, me-
V - mensalidades de associações e demais entidades de apo- diante celebração de contrato com o INSS, dispensada a licitação.
sentados legalmente reconhecidas, desde que autorizadas por (Incluído pela Lei nº 14.020, de 2020)
seus filiados. § 1º Os contratos referidos no caput deste artigo deverão pre-
VI - pagamento de empréstimos, financiamentos e operações ver as mesmas obrigações, condições e valores devidos pelas ins-
de arrendamento mercantil concedidos por instituições financei- tituições financeiras responsáveis pelo pagamento dos benefícios
ras e sociedades de arrendamento mercantil, ou por entidades pelo INSS. (Incluído pela Lei nº 14.020, de 2020)
fechadas ou abertas de previdência complementar, públicas e pri- § 2º As obrigações, condições e valores referidos no § 1º des-
vadas, quando expressamente autorizado pelo beneficiário, até o te artigo serão definidos em ato próprio do INSS. (Incluído pela Lei
limite de 45% (quarenta e cinco por cento) do valor do benefício, nº 14.020, de 2020)
sendo 35% (trinta e cinco por cento) destinados exclusivamente Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem
a empréstimos, financiamentos e arrendamentos mercantis, 5% garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do
(cinco por cento) destinados exclusivamente à amortização de seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-
despesas contraídas por meio de cartão de crédito consignado -doença acidentário, independentemente de percepção de auxí-
ou à utilização com a finalidade de saque por meio de cartão de lio-acidente.
crédito consignado e 5% (cinco por cento) destinados exclusiva- Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.032, de 1995)
mente à amortização de despesas contraídas por meio de cartão Art. 119. Por intermédio dos estabelecimentos de ensino,
consignado de benefício ou à utilização com a finalidade de saque sindicatos, associações de classe, Fundação Jorge Duprat Figueire-
por meio de cartão consignado de benefício. (Redação dada pela do de Segurança e Medicina do Trabalho-FUNDACENTRO, órgãos
Lei nº 14.431, de 2022) públicos e outros meios, serão promovidas regularmente instru-
a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 14.431, de 2022) ção e formação com vistas a incrementar costumes e atitudes pre-
b) (revogada). (Redação dada pela Lei nº 14.431, de 2022) vencionistas em matéria de acidente, especialmente do trabalho.
§ 1o Na hipótese do inciso II, o desconto será feito em parce- Art. 120. A Previdência Social ajuizará ação regressiva contra
las, conforme dispuser o regulamento, salvo má-fé. (Incluído pela os responsáveis nos casos de: (Redação dada pela Lei nº 13.846,
Lei nº 10.820, de 17.12.2003) de 2019)
§ 2o Na hipótese dos incisos II e VI, haverá prevalência do I - negligência quanto às normas padrão de segurança e hi-
desconto do inciso II. (Incluído pela Lei nº 10.820, de 17.12.2003) giene do trabalho indicadas para a proteção individual e coletiva;
§ 3º Serão inscritos em dívida ativa pela Procuradoria-Ge- (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
ral Federal os créditos constituídos pelo INSS em decorrência de II - violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos
benefício previdenciário ou assistencial pago indevidamente ou da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº
além do devido, inclusive na hipótese de cessação do benefício 13.846, de 2019)
pela revogação de decisão judicial, nos termos da Lei nº 6.830, de Art. 121. O pagamento de prestações pela Previdência Social
22 de setembro de 1980, para a execução judicial. (Redação dada em decorrência dos casos previstos nos incisos I e II do caput do
pela Lei nº 13.846, de 2019) art. 120 desta Lei não exclui a responsabilidade civil da empresa,
§ 4º Será objeto de inscrição em dívida ativa, para os fins do no caso do inciso I, ou do responsável pela violência doméstica e
disposto no § 3º deste artigo, em conjunto ou separadamente, familiar, no caso do inciso II. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de
o terceiro beneficiado que sabia ou deveria saber da origem do 2019)
benefício pago indevidamente em razão de fraude, de dolo ou de Art. 122. (Revogado pela Lei nº 9.032, de 1995)
coação, desde que devidamente identificado em procedimento Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.032, de 1995)
administrativo de responsabilização. (Redação dada pela Lei nº Art. 122. Se mais vantajoso, fica assegurado o direito à apo-
13.846, de 2019) sentadoria, nas condições legalmente previstas na data do cum-
§ 5º O procedimento de que trata o § 4º deste artigo será primento de todos os requisitos necessários à obtenção do be-
disciplinado em regulamento, nos termos da Lei nº 9.784, de 29 nefício, ao segurado que, tendo completado 35 anos de serviço,
de janeiro de 1999, e no art. 27 do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de se homem, ou trinta anos, se mulher, optou por permanecer em
setembro de 1942. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) atividade. (Restabelecido com nova redação pela Lei nº 9.528, de
§ 6º (Revogado pela Lei nº 14.438, de 2022) 1997)
Art. 116. Será fornecido ao beneficiário demonstrativo minu- Art. 123. (Revogado pela Lei nº 9.032, de 1995)
cioso das importâncias pagas, discriminando-se o valor da mensa- Art. 124. Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido
lidade, as diferenças eventualmente pagas com o período a que se o recebimento conjunto dos seguintes benefícios da Previdência
referem e os descontos efetuados. Social:
Art. 117. Empresas, sindicatos e entidades fechadas de pre- I - aposentadoria e auxílio-doença;
vidência complementar poderão, mediante celebração de acordo II - mais de uma aposentadoria; (Redação dada pela Lei nº
de cooperação técnica com o INSS, encarregar-se, relativamen- 9.032, de 1995)
te a seus empregados, associados ou beneficiários, de requerer III - aposentadoria e abono de permanência em serviço;
benefícios previdenciários por meio eletrônico, preparando-os e IV - salário-maternidade e auxílio-doença; (Incluído dada
instruindo-os nos termos do acordo. (Redação dada pela Lei nº pela Lei nº 9.032, de 1995)
14.020, de 2020)

337
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
V - mais de um auxílio-acidente; (Incluído dada pela Lei nº à revisão e à manutenção de benefícios por eles administrados,
9.032, de 1995) preservados a integridade dos dados e o sigilo eventualmente
VI - mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companhei- existente, na forma disciplinada conjuntamente pela Secretaria
ro, ressalvado o direito de opção pela mais vantajosa. (Incluído Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia e
dada pela Lei nº 9.032, de 1995) pelo gestor dos dados. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
Parágrafo único. É vedado o recebimento conjunto do segu- § 4º Fica dispensada a celebração de convênio, de acordo de
ro-desemprego com qualquer benefício de prestação continuada cooperação técnica ou de instrumentos congêneres para a efe-
da Previdência Social, exceto pensão por morte ou auxílio-aciden- tivação do acesso aos dados de que trata o caput deste artigo,
te. (Incluído dada pela Lei nº 9.032, de 1995) quando se tratar de dados hospedados por órgãos da administra-
Art. 124-A O INSS implementará e manterá processo admi- ção pública federal, e caberá ao INSS a responsabilidade de arcar
nistrativo eletrônico para requerimento de benefícios e serviços e com os custos envolvidos, quando houver, no acesso ou na ex-
disponibilizará canais eletrônicos de atendimento. (Incluído pela tração dos dados, exceto quando estabelecido de forma diversa
Lei nº 13.846, de 2019) entre os órgãos envolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
§ 1º O INSS facilitará o atendimento, o requerimento, a con- § 5º As solicitações de acesso a dados hospedados por entida-
cessão, a manutenção e a revisão de benefícios por meio eletrôni- des privadas possuem característica de requisição, dispensados a
co e implementará procedimentos automatizados, de atendimen- celebração de convênio, acordo de cooperação técnica ou instru-
to e prestação de serviços por meio de atendimento telefônico ou mentos congêneres para a efetivação do acesso aos dados de que
de canais remotos. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) trata o caput deste artigo e o ressarcimento de eventuais custos,
§ 2º Poderão ser celebrados acordos de cooperação, na mo- vedado o compartilhamento dos dados com demais entidades de
dalidade de adesão, com órgãos e entidades da União, dos Es- direito privado. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
tados, do Distrito Federal e dos Municípios, para a recepção de § 6º Excetua-se da vedação de que trata o § 5º deste artigo
documentos e o apoio administrativo às atividades do INSS que a autorização para compartilhamento com as entidades de previ-
demandem serviços presenciais. (Incluído pela Lei nº 13.846, de dência complementar das informações sobre o óbito de benefici-
2019) ários dos planos de previdência por elas administrados. (Incluído
§ 3º A implementação de serviços eletrônicos preverá meca- dada pela Lei nº 14.131, de 2021)
nismos de controle preventivos de fraude e de identificação segu- Art. 124-C O servidor responsável pela análise dos pedidos
ra do cidadão. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) dos benefícios previstos nesta Lei motivará suas decisões ou opi-
§ 4º As ligações telefônicas realizadas de telefone fixo ou mó- niões técnicas e responderá pessoalmente apenas na hipótese de
vel que visem à solicitação dos serviços referidos no § 1º deste dolo ou erro grosseiro. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
artigo deverão ser gratuitas e serão consideradas de utilidade pú- Art. 124-D A administração pública federal desenvolverá
blica. (Incluído pela Lei nº 14.199, de 2021) ações de segurança da informação e comunicações, incluídas as
Art. 124-B O INSS, para o exercício de suas competências, ob- de segurança cibernética, de segurança das infraestruturas, de
servado o disposto nos incisos XI e XII do art. 5º da Constituição qualidade dos dados e de segurança de interoperabilidade de ba-
Federal e na Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, terá acesso ses governamentais, e efetuará a sua integração, inclusive com as
aos dados necessários para a análise, a concessão, a revisão e a bases de dados e informações dos Estados, dos Municípios e do
manutenção de benefícios por ele administrados, em especial aos Distrito Federal, com o objetivo de atenuar riscos e inconformi-
dados: (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) dades em pagamentos de benefícios sociais. (Incluído pela Lei nº
I – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) 13.846, de 2019)
II - dos registros e dos prontuários eletrônicos do Sistema Art. 124-E (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
Único de Saúde (SUS), administrados pelo Ministério da Saúde; Art. 124-F (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
III - dos documentos médicos mantidos por entidades públi- TÍTULO IV
cas e privadas, sendo necessária, no caso destas últimas, a cele- DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
bração de convênio para garantir o acesso; e (Incluído pela Lei nº
13.846, de 2019) Art. 125 .Nenhum benefício ou serviço da Previdência Social
IV - de movimentação das contas do Fundo de Garantia por poderá ser criado, majorado ou estendido, sem a correspondente
Tempo de Serviço (FGTS), instituído pela Lei nº 5.107, de 13 de fonte de custeio total.
setembro de 1966, mantidas pela Caixa Econômica Federal. (Inclu- Art. 125-A. Compete ao Instituto Nacional do Seguro Social
ído pela Lei nº 13.846, de 2019) – INSS realizar, por meio dos seus próprios agentes, quando de-
§ 1º Para fins do cumprimento do disposto no caput deste signados, todos os atos e procedimentos necessários à verificação
artigo, serão preservados a integridade e o sigilo dos dados aces- do atendimento das obrigações não tributárias impostas pela le-
sados pelo INSS, eventualmente existentes, e o acesso aos dados gislação previdenciária e à imposição da multa por seu eventual
dos prontuários eletrônicos do Sistema Único de Saúde (SUS) e descumprimento. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
dos documentos médicos mantidos por entidades públicas e pri- § 1o A empresa disponibilizará a servidor designado por di-
vadas será exclusivamente franqueado aos peritos médicos fede- rigente do INSS os documentos necessários à comprovação de
rais designados pelo INSS. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) vínculo empregatício, de prestação de serviços e de remuneração
§ 2º O Ministério da Economia terá acesso às bases de dados relativos a trabalhador previamente identificado. (Incluído pela
geridas ou administradas pelo INSS, incluída a folha de pagamen- Lei nº 11.941, de 2009)
to de benefícios com o detalhamento dos pagamentos. (Incluído § 2o Aplica-se ao disposto neste artigo, no que couber, o art.
pela Lei nº 13.846, de 2019) 126 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
§ 3º As bases de dados e as informações de que tratam o
caput e o § 1º deste artigo poderão ser compartilhadas com os
regimes próprios de previdência social, para estrita utilização em
suas atribuições relacionadas à recepção, à análise, à concessão,

338
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 3o O disposto neste artigo não abrange as competências § 2o É vedada a expedição de precatório complementar ou
atribuídas em caráter privativo aos ocupantes do cargo de Audi- suplementar do valor pago na forma do caput. (Incluído pela Lei
tor-Fiscal da Receita Federal do Brasil previstas no inciso I do caput nº 10.099, de 2000)
do art. 6º da Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2002. (Incluído § 3o Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido no
pela Lei nº 11.941, de 2009) caput, o pagamento far-se-á sempre por meio de precatório. (In-
Art. 126. Compete ao Conselho de Recursos da Previdência cluído pela Lei nº 10.099, de 2000)
Social julgar, entre outras demandas, na forma do regulamento: § 4o É facultada à parte exeqüente a renúncia ao crédito, no
(Redação dada pela Lei nº 13.876, de 2019) que exceder ao valor estabelecido no caput, para que possa optar
I - recursos das decisões do INSS nos processos de interesse pelo pagamento do saldo sem o precatório, na forma ali prevista.
dos beneficiários, exceto os recursos a que se refere o art. 126-A; (Incluído pela Lei nº 10.099, de 2000)
(Redação dada pela Medida Provisória nº 1.113, de 2022) § 5o A opção exercida pela parte para receber os seus crédi-
II - contestações e recursos relativos à atribuição, pelo Minis- tos na forma prevista no caput implica a renúncia do restante dos
tério da Economia, do Fator Acidentário de Prevenção aos estabe- créditos porventura existentes e que sejam oriundos do mesmo
lecimentos das empresas; (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) processo. (Incluído pela Lei nº 10.099, de 2000)
III - recursos das decisões do INSS relacionados à comprova- § 6o O pagamento sem precatório, na forma prevista nes-
ção de atividade rural de segurado especial de que tratam os arts. te artigo, implica quitação total do pedido constante da petição
38-A e 38-B, ou demais informações relacionadas ao CNIS de que inicial e determina a extinção do processo. (Incluído pela Lei nº
trata o art. 29-A desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) 10.099, de 2000)
IV - recursos de processos relacionados à compensação finan- § 7o O disposto neste artigo não obsta a interposição de em-
ceira de que trata a Lei nº 9.796, de 5 de maio de 1999, e à super- bargos à execução por parte do INSS. (Incluído pela Lei nº 10.099,
visão e à fiscalização dos regimes próprios de previdência social de 2000)
de que trata a Lei nº 9.717, de 27 de novembro de 1998. (Incluído Art. 129. Os litígios e medidas cautelares relativos a acidentes
pela Lei nº 13.876, de 2019) do trabalho serão apreciados:
§ 1o (Revogado pela Lei nº 11.727, de 2008) I - na esfera administrativa, pelos órgãos da Previdência So-
§ 2º (Revogado pela Lei nº 11.727, de 2008) cial, segundo as regras e prazos aplicáveis às demais prestações,
§ 3º A propositura de ação que tenha por objeto idêntico pe- com prioridade para conclusão; e
dido sobre o qual versa o processo administrativo importa renún- II - na via judicial, pela Justiça dos Estados e do Distrito Fede-
cia ao direito de recorrer na esfera administrativa e desistência do ral, segundo o rito sumaríssimo, inclusive durante as férias foren-
recurso interposto. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) ses, mediante petição instruída pela prova de efetiva notificação
§ 4º Os recursos de que tratam os incisos I e III do caput do evento à Previdência Social, através de Comunicação de Aci-
deste artigo poderão ser interpostos diretamente ao Conselho de dente do Trabalho–CAT.
Recursos da Previdência Social, que emitirá notificação eletrônica Parágrafo único. O procedimento judicial de que trata o inci-
automática para o INSS reanalisar, no prazo máximo de 30 (trin- so II deste artigo é isento do pagamento de quaisquer custas e de
ta) dias, a decisão administrativa, na forma disciplinada por ato verbas relativas à sucumbência.
conjunto do Ministério do Trabalho e Previdência, do Conselho Art. 129-A. Os litígios e as medidas cautelares relativos aos
de Recursos da Previdência Social e do INSS. (Incluído pela Lei nº benefícios por incapacidade de que trata esta Lei, inclusive os re-
14.441, de 2022) lativos a acidentes do trabalho, observarão o seguinte: (Incluído
Art. 126-A. Compete à Secretaria de Previdência do Minis- pela Lei nº 14.331, de 2022)
tério do Trabalho e Previdência, por meio da Subsecretaria de I – quando o fundamento da ação for a discussão de ato pra-
Perícia Médica Federal, o julgamento dos recursos das decisões ticado pela perícia médica federal, a petição inicial deverá conter,
constantes de parecer conclusivo quanto à incapacidade laboral e em complemento aos requisitos previstos no art. 319 da Lei nº
à caracterização da invalidez do dependente, na forma do regula- 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil): (Inclu-
mento. (Incluído pela Medida Provisória nº 1.113, de 2022) ído pela Lei nº 14.331, de 2022)
Parágrafo único. A atribuição para o julgamento dos recursos a) descrição clara da doença e das limitações que ela impõe;
a que se refere o caput será dos integrantes da carreira de Perito (Incluído pela Lei nº 14.331, de 2022)
Médico Federal e o julgador será autoridade superior, de acordo b) indicação da atividade para a qual o autor alega estar inca-
com a hierarquia administrativa do órgão, àquela que tenha rea- pacitado; (Incluído pela Lei nº 14.331, de 2022)
lizado o exame médico pericial. (Incluído pela Medida Provisória c) possíveis inconsistências da avaliação médico-pericial dis-
nº 1.113, de 2022) cutida; e (Incluído pela Lei nº 14.331, de 2022)
Art. 127. (Revogado pela Lei nº 9.711, de 20.11.98) d) declaração quanto à existência de ação judicial anterior
Art. 128. As demandas judiciais que tiverem por objeto o re- com o objeto de que trata este artigo, esclarecendo os motivos
ajuste ou a concessão de benefícios regulados nesta Lei cujos va- pelos quais se entende não haver litispendência ou coisa julgada,
lores de execução não forem superiores a R$ 5.180,25 (cinco mil, quando for o caso; (Incluído pela Lei nº 14.331, de 2022)
cento e oitenta reais e vinte e cinco centavos) por autor poderão, II – para atendimento do disposto no art. 320 da Lei nº 13.105,
por opção de cada um dos exeqüentes, ser quitadas no prazo de de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), a petição ini-
até sessenta dias após a intimação do trânsito em julgado da deci- cial, qualquer que seja o rito ou procedimento adotado, deverá
são, sem necessidade da expedição de precatório. (Redação dada ser instruída pelo autor com os seguintes documentos: (Incluído
pela Lei nº 10.099, de 2000) pela Lei nº 14.331, de 2022)
§ 1o É vedado o fracionamento, repartição ou quebra do va- a) comprovante de indeferimento do benefício ou de sua não
lor da execução, de modo que o pagamento se faça, em parte, na prorrogação, quando for o caso, pela administração pública; (In-
forma estabelecida no caput e, em parte, mediante expedição do cluído pela Lei nº 14.331, de 2022)
precatório. (Incluído pela Lei nº 10.099, de 2000)

339
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
b) comprovante da ocorrência do acidente de qualquer natu- Art. 133. A infração a qualquer dispositivo desta Lei, para
reza ou do acidente do trabalho, sempre que houver um aciden- a qual não haja penalidade expressamente cominada, sujeita o
te apontado como causa da incapacidade; (Incluído pela Lei nº responsável, conforme a gravidade da infração, à multa variável
14.331, de 2022) de Cr$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros) a Cr$ 10.000.000,00 (dez
c) documentação médica de que dispuser relativa à doença milhões de cruzeiros). Atualizações decorrentes de normas de hie-
alegada como a causa da incapacidade discutida na via adminis- rarquia inferior
trativa. (Incluído pela Lei nº 14.331, de 2022) Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009)
§ 1º Determinada pelo juízo a realização de exame médico- Art. 134. Os valores expressos em moeda corrente nesta Lei
-pericial por perito do juízo, este deverá, no caso de divergência serão reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices
com as conclusões do laudo administrativo, indicar em seu laudo utilizados para o reajustamento dos valores dos benefícios. (Re-
de forma fundamentada as razões técnicas e científicas que am- dação dada pela Medida Provisória nº 2.187-13, de 2001) (Vide
param o dissenso, especialmente no que se refere à comprovação Medida Provisória nº 316, de 2006)
da incapacidade, sua data de início e a sua correlação com a ativi- Art. 135. Os salários-de-contribuição utilizados no cálculo do
dade laboral do periciando. (Incluído pela Lei nº 14.331, de 2022) valor de benefício serão considerados respeitando-se os limites
§ 2º Quando a conclusão do exame médico pericial realizado mínimo e máximo vigentes nos meses a que se referirem.
por perito designado pelo juízo mantiver o resultado da decisão Art. 135-A. Para o segurado filiado à Previdência Social até
proferida pela perícia realizada na via administrativa, poderá o ju- julho de 1994, no cálculo do salário de benefício das aposentado-
ízo, após a oitiva da parte autora, julgar improcedente o pedido. rias, exceto a aposentadoria por incapacidade permanente, o divi-
(Incluído pela Lei nº 14.331, de 2022) sor considerado no cálculo da média dos salários de contribuição
§ 3º Se a controvérsia versar sobre outros pontos além do que não poderá ser inferior a 108 (cento e oito) meses. (Incluído pela
exige exame médico-pericial, observado o disposto no § 1º deste Lei nº 14.331, de 2022)
artigo, o juízo dará seguimento ao processo, com a citação do réu. Art. 136. Ficam eliminados o menor e o maior valor-teto para
(Incluído pela Lei nº 14.331, de 2022) cálculo do salário-de-benefício.
Art. 130. Na execução contra o Instituto Nacional do Seguro Art. 137. Fica extinto o Programa de Previdência Social aos
Social-INSS, o prazo a que se refere o art. 730 do Código de Pro- Estudantes, instituído pela Lei nº 7.004, de 24 de junho de 1982,
cesso Civil é de trinta dias. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de mantendo-se o pagamento dos benefícios de prestação continua-
1997) da com data de início até a entrada em vigor desta Lei.
Art. 131.O Ministro da Previdência e Assistência Social po- Art. 138. Ficam extintos os regimes de Previdência Social ins-
derá autorizar o INSS a formalizar a desistência ou abster-se de tituídos pela Lei Complementar nº 11, de 25 de maio de 1971, e
propor ações e recursos em processos judiciais sempre que a ação pela Lei nº 6.260, de 6 de novembro de 1975, sendo mantidos,
versar matéria sobre a qual haja declaração de inconstituciona- com valor não inferior ao do salário mínimo, os benefícios conce-
lidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal - STF, súmula ou didos até a vigência desta Lei.
jurisprudência consolidada do STF ou dos tribunais superiores. Parágrafo único. Para os que vinham contribuindo regular-
(Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) mente para os regimes a que se refere este artigo, será contado o
Parágrafo único. O Ministro da Previdência e Assistência So- tempo de contribuição para fins do Regime Geral de Previdência
cial disciplinará as hipóteses em que a administração previdenci- Social, conforme disposto no Regulamento.
ária federal, relativamente aos créditos previdenciários baseados Art. 139. (Revogado pela Lei nº 9.528, de 1997)
em dispositivo declarado insconstitucional por decisão definitiva Art. 140. (Revogado pela Lei nº 9.528, de 1997)
do Supremo Tribunal Federal, possa: (Incluído pela Lei nº 9.528, Art. 141. (Revogado pela Lei nº 9.528, de 1997)
de 1997) Art. 142. Para o segurado inscrito na Previdência Social Ur-
a) abster-se de constituí-los; (Incluído pela Lei nº 9.528, de bana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e o
1997) empregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carên-
b) retificar o seu valor ou declará-los extintos, de ofício, quan- cia das aposentadorias por idade, por tempo de serviço e especial
do houverem sido constituídos anteriormente, ainda que inscritos obedecerá à seguinte tabela, levando-se em conta o ano em que
em dívida ativa; (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997) o segurado implementou todas as condições necessárias à obten-
c) formular desistência de ações de execução fiscal já ajuiza- ção do benefício: (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)
das, bem como deixar de interpor recursos de decisões judiciais.
(Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997) Ano de implementação Meses de contribuição
Art. 132. A formalização de desistência ou transigência ju- das condições exigidos
diciais, por parte de procurador da Previdência Social, será sem-
pre precedida da anuência, por escrito, do Procurador-Geral do 1991 60 meses
Instituto Nacional do Seguro Social INSS, ou do presidente desse 1992 60 meses
órgão, quando os valores em litígio ultrapassarem os limites defi-
1993 66 meses
nidos pelo Conselho Nacional de Previdência Social – CNPS.
§ 1º Os valores, a partir dos quais se exigirá a anuência do 1994 72 meses
Procurador-Geral ou do presidente do INSS, serão definidos perio- 1995 78 meses
dicamente pelo CNPS, através de resolução própria.
§ 2º Até que o CNPS defina os valores mencionados neste 1996 90 meses
artigo, deverão ser submetidos à anuência prévia do Procurador- 1997 96 meses
-Geral ou do presidente do INSS a formalização de desistência ou 1998 102 meses
transigência judiciais, quando os valores, referentes a cada segu-
rado considerado separadamente, superarem, respectivamente, 1999 108 meses
10 (dez) ou 30 (trinta) vezes o teto do salário-de-benefício. 2000 114 meses

340
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

2001 120 meses DECRETO Nº 3.048/1999 E SUAS ALTERAÇÕES


2002 126 meses
2003 132 meses Prezado(a),
2004 138 meses
A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico
2005 144 meses
será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área é re-
2006 150 meses servada para a inclusão de materiais que complementam a apostila,
2007 156 meses sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos relaciona-
dos a este material, e que, devido a seu formato ou tamanho, não
2008 162 meses cabem na estrutura de nossas apostilas.
2009 168 meses
2010 174 meses Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são
organizados de acordo com o título do tópico a que se referem e po-
2011 180 meses dem ser acessados seguindo os passos indicados na página 2 deste
material, ou por meio de seu login e senha na Área do Aluno.
Art. 143. O trabalhador rural ora enquadrado como segurado
obrigatório no Regime Geral de Previdência Social, na forma da Visto a importância das leis indicadas, lá você acompanha me-
alínea “a” do inciso I, ou do inciso IV ou VII do art. 11 desta Lei, lhor quaisquer atualizações que surgirem depois da publicação da
pode requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário apostila.
mínimo, durante quinze anos, contados a partir da data de vigên-
cia desta Lei, desde que comprove o exercício de atividade rural, Se preferir, indicamos também acesso direto ao Decreto em:
ainda que descontínua, no período imediatamente anterior ao http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3048.htm#:~:tex-
requerimento do benefício, em número de meses idêntico à ca- t=Par%C3%A1grafo%20%C3%BAnico.-,O%20Regime%20Geral%20
rência do referido benefício. (Redação dada pela Lei nº. 9.063, de de%20Previd%C3%AAncia%20Social%20garante%20a%20cobertu-
1995) (Vide Lei nº 11.368, de 2006) (Vide Lei nº 11.718, de 2008) ra%20de,aposentadoria%20por%20tempo%20de%20contribui%-
Art. 144. a Art. 147. (Revogado pela Medida Provisória nº C3%A7%C3%A3o.
2.187-13, de 2001)
Art. 148. (Revogado pela Lei nº 9.528, de 1997) Bons estudos!
Art. 149. As prestações, e o seu financiamento, referentes INSTRUÇÃO NORMATIVA PRES/INSS Nº 128/2022
aos benefícios de ex-combatente e de ferroviário servidor público (PUBLICADA NO DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO DE
ou autárquico federal ou em regime especial que não optou pelo 29/3/2022, EDIÇÃO: 60, SEÇÃO: 1, PÁGINA: 132)
regime da Consolidação das Leis do Trabalho, na forma da Lei nº
6.184, de 11 de dezembro de 1974, bem como seus dependentes, Prezado(a),
serão objeto de legislação específica. A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico
Art. 150. (Revogado pela Lei nº 10.559, de 13.11.2002) será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área é re-
Art. 151. Até que seja elaborada a lista de doenças mencio- servada para a inclusão de materiais que complementam a apostila,
nada no inciso II do art. 26, independe de carência a concessão de sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos relaciona-
auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez ao segurado que, dos a este material, e que, devido a seu formato ou tamanho, não
após filiar-se ao RGPS, for acometido das seguintes doenças: tu- cabem na estrutura de nossas apostilas.
berculose ativa, hanseníase, alienação mental, esclerose múltipla,
hepatopatia grave, neoplasia maligna, cegueira, paralisia irrever- Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são
sível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, es- organizados de acordo com o título do tópico a que se referem e po-
pondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançado dem ser acessados seguindo os passos indicados na página 2 deste
da doença de Paget (osteíte deformante), síndrome da deficiência material, ou por meio de seu login e senha na Área do Aluno.
imunológica adquirida (aids) ou contaminação por radiação, com
base em conclusão da medicina especializada. (Redação dada Visto a importância das leis indicadas, lá você acompanha me-
pela Lei nº 13.135, de 2015) lhor quaisquer atualizações que surgirem depois da publicação da
Art. 152 (Revogado pela Lei nº 9.528, de 1997) apostila.
Art. 153. O Regime Facultativo Complementar de Previdência
Social será objeto de lei especial, a ser submetida à apreciação do Se preferir, indicamos também acesso direto a Instrução Nor-
Congresso Nacional dentro do prazo de 180 (cento e oitenta) dias. mativa em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/instrucao-nor-
Art. 154. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo mativa-pres/inss-n-128-de-28-de-marco-de-2022-389275446
de 60 (sessenta) dias a partir da data da sua publicação.
Art. 155. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Bons estudos!
Art. 156. Revogam-se as disposições em contrário.

341
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
sofo humanista, ressaltou que o fim da sociedade é o seu bem
O SERVIDOR PÚBLICO COMO AGENTE DE DESENVOL- comum e que esse bem comum é o das pessoas humanas, que
VIMENTO SOCIAL compõem a sociedade. Assim, ele apontou as características es-
senciais do bem comum: redistribuição, pela qual o bem comum
A Lei n° 8.112/90 que estabelece o regime jurídico único dos deve ser redistribuído às pessoas e colaborar para o desenvol-
servidores públicos federais possui diversos aspectos relacio- vimento delas; respeito à autoridade na sociedade, pois a auto-
nados à ética no serviço público, notadamente ao estabelecer ridade é necessária para conduzir a comunidade de pessoas hu-
quais são as atitudes esperadas dos servidores públicos e ao tra- manas para o bem comum; moralidade, que constitui a retidão
zer direitos para que estes desempenhem suas funções sem que de vida, sendo a justiça e a retidão moral elementos essenciais
se prejudique sua saúde e seu bem-estar. do bem comum.
A ética está presente em todas as esferas da vida de um Desenvolvimento social não se dá por si só, é preciso que o
indivíduo e da sociedade que ele compõe e é fundamental para Estado tome providências para que ele ocorra, notadamente por
a manutenção da paz social que todos os cidadãos (ou ao menos políticas públicas que consolidem as premissas da igualdade ma-
grande parte deles) obedeçam os ditames éticos consolidados. terial: tratando de maneira igual os que se encontram nas mes-
A obediência à ética não deve se dar somente no âmbito da vida mas condições e de maneira diversa os que não se encontram.
particular, mas também na atuação profissional, principalmente No âmbito do Poder Executivo há um ministério específico
se tal atuação se der no âmbito estatal. que controla o desenvolvimento social, embora políticas volta-
O Estado é a forma social mais abrangente, a sociedade de das a ele se encontrem espalhadas por toda a estrutura gover-
fins gerais que permite o desenvolvimento, em seu seio, das in- namental. O Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à
dividualidades e das demais sociedades, chamadas de fins par- Fome coordena inúmeras iniciativas voltadas ao desenvolvimen-
ticulares. O Estado, como pessoa, é uma ficção, é um arranjo to social: acesso à informação, Brasil sem miséria, segurança ali-
formulado pelos homens para organizar a sociedade de discipli- mentar, bolsa família, entre outras.6 Contudo, a principal inicia-
nar o poder visando que todos possam se realizar em plenitude, tiva voltada ao desenvolvimento social para os fins do concurso
atingindo suas finalidades particulares. em questão é a da assistência social, descrita pelo Ministério nos
O Estado tem um valor ético, de modo que sua atuação deve seguintes termos:
se guiar pela moral idônea. Mas não é propriamente o Estado “A assistência social, política pública não contributiva, é
que é aético, porque ele é composto por homens. Assim, falta dever do Estado e direto de todo cidadão que dela necessitar.
ética ou não aos homens que o compõem. Ou seja, o bom com- Entre os principais pilares da assistência social no Brasil estão
portamento profissional do funcionário público é uma questão a Constituição Federal de 1988, que dá as diretrizes para a ges-
ligada à ética no serviço público, pois se os homens que com- tão das políticas públicas, e a Lei Orgânica da Assistência Social
põem a estrutura do Estado tomam uma atitude correta perante (Loas), de 1993, que estabelece os objetivos, princípios e dire-
os ditames éticos há uma ampliação e uma consolidação do va- trizes das ações.
lor ético do Estado. A Loas determina que a assistência social seja organizada
Alguns cidadãos recebem poderes e funções específicas em um sistema descentralizado e participativo, composto pelo
dentro da administração pública, passando a desempenhar um poder público e pela sociedade civil. A IV Conferência Nacional
papel de fundamental interesse para o Estado. Quando estiver de Assistência Social deliberou, então, a implantação do Siste-
nesta condição, mais ainda, será exigido o respeito à ética. Afi- ma Único de Assistência Social (Suas). Cumprindo essa delibera-
nal, o Estado é responsável pela manutenção da sociedade, que ção, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
espera dele uma conduta ilibada e transparente. Quando uma (MDS) implantou o Suas, que passou a articular meios, esforços
pessoa é nomeada como servidor público, passa a ser uma ex- e recursos para a execução dos programas, serviços e benefícios
tensão daquilo que o Estado representa na sociedade, devendo, socioassistenciais.
por isso, respeitar ao máximo todos os consagrados preceitos O Suas organiza a oferta da assistência social em todo o Bra-
éticos. sil, promovendo bem-estar e proteção social a famílias, crianças,
Não obstante, todo o regramento estatal deve garantir a es- adolescentes e jovens, pessoas com deficiência, idosos – enfim,
tes funcionários públicos o bom desempenho de suas funções, a todos que dela necessitarem. As ações são baseadas nas orien-
preservando a qualidade de vida e a saúde dos funcionários que tações da nova Política Nacional de Assistência Social (PNAS),
atuam representando o ente estatal. Logo, ao lado de deveres aprovada pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS)
devem aparecer direitos, sendo que estes direitos funcionam em 2004.
como incentivo para o melhor desempenho dos deveres, garan- A gestão das ações socioassistenciais segue o previsto na
tindo uma otimização na contribuição para o desenvolvimento Norma Operacional Básica do Suas (NOB/Suas), que disciplina a
social. descentralização administrativa do Sistema, a relação entre as
três esferas do Governo e as formas de aplicação dos recursos
Percebe-se que os assuntos propostos para estudo neste públicos. Entre outras determinações, a NOB reforça o papel dos
tópico ligam-se diretamente ao conteúdo até aqui estudado e fundos de assistência social como as principais instâncias para o
também um com o outro. financiamento da PNAS.
Aprofundando o estudo, desenvolvimento social consiste A gestão da assistência social brasileira é acompanhada e
na evolução dos componentes da sociedade (capital humano) e avaliada tanto pelo poder público quanto pela sociedade civil,
na maneira como estes se relacionam (capital social). Em outras igualmente representados nos conselhos nacionais do Distrito
palavras, é a melhoria da sociedade em que vivemos para toda Federal, estaduais e municipais de assistência social. Esse con-
a população. trole social consolida um modelo de gestão transparente em re-
Todo o conceito de desenvolvimento social se relaciona com lação às estratégias e à execução da política.
uma ideia consolidada nas premissas do Humanismo que é a de
preservação do bem comum social. Maritain5, tradicional filó- ro: Livraria José Olympio Editora, 1967.
5 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei natural. 3. ed. Rio de Janei- 6 http://www.mds.gov.br/

342
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A transparência e a universalização dos acessos aos programas, serviços e benefícios socioassistenciais, promovidas por esse
modelo de gestão descentralizada e participativa, vem consolidar, definitivamente, a responsabilidade do Estado brasileiro no en-
frentamento da pobreza e da desigualdade, com a participação complementar da sociedade civil organizada, através de movimen-
tos sociais e entidades de assistência social”.
A respeito da Assistência Social, explica Tavares7: “a fim de atender à demanda por prestações materiais trabalhistas, de saúde,
previdência e educação, as Constituições passaram a atribuir ao Estado a responsabilidade pelo fornecimento de serviços públicos,
o que conduziu a uma inflação normativa nem sempre acompanhada de mecanismos eficazes de garantia dos direitos sociais decla-
rados, além do inchaço da estrutura administrativa estatal”.
Nesta linha, afirma Couto8: “compõe o direito social a ideia de que as dificuldades enfrentadas pelos homens para viver com
dignidade serão assumidas coletivamente pela sociedade, com supremacia da responsabilidade de cobertura do Estado, que deverá
criar um sistema institucional capaz de dar conta dessas demandas”.
Logo, a assistência social é uma atividade tipicamente voltada ao desenvolvimento social e à promoção do bem comum em
sociedade. Por isso, o funcionário público que se vincule ao serviço social desempenhará funções diretamente ligadas à promoção
do desenvolvimento social.
Por outro lado, bem se sabe que há um inchaço na assistência social devido aos inúmeros pedidos de benefícios sociais, de tal
forma que a previdência acaba pagando muito mais do que recebe. As situações de conflito que podem surgir em meio a este impasse
tendem a deixar o funcionário público sem fé quanto ao papel social de suas funções.

É preciso garantir ao funcionário público saúde e qualidade de vida no desempenho de suas atividades, posto que sem isto ele
se verá desmotivado a fazê-lo de maneira efetiva, o que prejudica diretamente sua contribuição para o desenvolvimento social. Para
tanto, a legislação anteriormente estudada garante um rol de direitos a este servidor, os quais devem ser respeitados.

SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NO SERVIÇO PÚBLICO

Qualidade de vida no trabalho


Qualidade de vida no trabalho “é o conjunto de ações de uma empresa que envolve diagnósticos e implantação de melhorias
e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais dentro e fora do ambiente de trabalho, visando propiciar condições plenas de
desenvolvimento humano para e durante a realização do trabalho” (Ana Cristina L. França,1996).
A implementação de um Programa de Qualidade de Vida no Trabalho (PQVT) tem o objetivo de promover a motivação dos
servidores, reduzir o índice de absenteísmo e, consequentemente, melhorar a qualidade dos serviços prestados. Já os objetivos
específicos são:
•Levantar, por meio de pesquisa de clima, a situação vivenciada pelos servidores públicos no que se refere a sua motivação
para o trabalho;
•Propor ações que sejam convergentes para a motivação dos servidores públicos;
•Recomendar ações que propiciem aos servidores públicos melhores condições físicas, ergonômicas e emocionais de trabalho.

Oferecer um ambiente adequado de trabalho e bem-estar aos colaboradores é promover a saúde da instituição como um todo.
Não se tem um “corpo” institucional saudável se suas células encontram-se doentes pela desmotivação, pela descrença no trabalho
que executam, pelo sentimento de não pertencimento, pelo estresse, entre outros.
O PQVT deverá contemplar cinco fases, quais sejam:
1 – Sensibilização: É a fase em que a Alta Administração compra e defende a ideia da implementação. Nenhuma ação dessa
monta será bem sucedida se o staff da instituição não se posicionar de forma positiva;
2 – Planejamento: Estabelecem-se os mecanismos estratégicos, formam-se as equipes de trabalho, estruturam-se modelos e
instrumentos a serem utilizados e estabelece-se o cronograma inicial;
3 – Diagnóstico: Faz-se a coleta de informações sobre a natureza e funcionamento do sistema técnico e o levantamento do
sistema social do ambiente de trabalho;
4 – Execução e implementação: Fase do estabelecimento de prioridades e execução das ações;
5 – Avaliação e manutenção: No processo de avaliação, que deve ser anual, pode ser utilizado o mesmo instrumento da fase
diagnostica e feita a comparação para levantar a eficácia do Programa.

7 TAVARES, Marcelo Leonardo. Previdência e Assistência Social: Legitimação e Fundamentação Constitucional Brasileira. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003.
8 COUTO, Berenice Rojas. O Direito Social e a Assistência Social na Sociedade Brasileira: Uma Equação Possível? 2. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

343
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Um PQVT deve ser desenvolvido a partir de um conjunto de ações permanentes, abrangendo três eixos: qualidade no trabalho;
qualidade física e mental; qualidade profissional. O quadro abaixo mostra o foco e as ações referentes a cada eixo.

EIXOS FOCO AÇÕES A SEREM DESENVOLVIDAS


Relacionamento entre as pessoas, a
Eventos focando o relacionamento interpessoal, como
cordialidade, o respeito, o estímulo à
QUALIDADE NO cinema comentado, intervenção musical nas unidades,
interação entre os colegas de trabalho
TRABALHO desenvolvimento das equipe através de gincanas,
através de ações dirigidas à humanização do
comemorações, entre outros.
ambiente de trabalho
Oficinas de promoção de saúde, estruturação de Programa
de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO,
Segurança do Trabalho, Brigadas de Incêndios, Comissão
QUALIDADE
Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA. Trabalhos
FÍSICA E A integralidade da saúde dos profissionais
corporais, como: massagens e ginásticas laborais, trabalhos
MENTAL
anti-estresse – aulas de yoga com exercícios de respiração,
caminhadas apreciativas e perceptivas, sempre com a
presença de monitores, oficinas de prevenção ao estresse.
Programas de capacitação e desenvolvimento das
QUALIDADE competências profissionais, promovendo o realce dos
Desenvolvimento e capacitação profissional
PROFISSIONAL talentos individuais para uma busca plena da qualidade de
vida no trabalho.

Figura: Conjunto de ações permanentes abrangendo os eixos do Programa de Qualidade de Vida no Trabalho
Fonte: adaptado do IPSEMG.

Uma das questões mais importantes em matéria de QVT é a ergonomia. A Associação Brasileira de Ergonomia conceitua-a do
seguinte modo:
Entende-se por ergonomia o estudo das interações das pessoas com a tecnologia a organização e o ambiente objetivando
intervenções e projetos que visem melhorar de forma integrada e não dissociada a segurança,o conforto, o bem estar e a eficácia
das atividades humanas (ABERGO).

Desta forma, a ergonomia vai se preocupar com:


Condição de trabalho: carga física, mobiliário, postura, exigência sensorial e equipamentos;
Condições ambientais de trabalho: conforto, ruído, temperatura, velocidade do ar, umidade;
Organização do trabalho: norma de produção, modo operatório, exigência de tempo, determinação do conteúdo-tempo, ritmo
de trabalho e o conteúdo das tarefas.

A multidisciplinaridade da ergonomia pode ser constatada na figura abaixo.

Vale citar as disposições do Ministério do Trabalho e Emprego sobre Segurança e Medicina do Trabalho9 e o Decreto n. 7.602,
de 7 de novembro de 2011, que dispõe sobre a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho – PNSST.

9. Obtido em http://www.mte.gov.br/fisca_trab/inclusao/lei_cotas_10.asp

344
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
As condições gerais de vida, as relações, processo e organi- configurando-se como importante espaço de inclusão dos tra-
zação do trabalho são elementos fundamentais na preservação balhadores com deficiência, no tocante à preservação de sua
da saúde dos trabalhadores ou na gênese de seu adoecimento. integridade e saúde.
O trabalho decente, preconizado pela OIT, é direito de A participação dos trabalhadores nos diversos níveis de
todos, incluindo a segurança e a saúde. A prática do trabalho decisão nas relações, processo e organização do trabalho são,
decente é o meio mais eficaz de romper com o ciclo da margi- portanto, fundamentais na promoção da sua saúde. A inclusão
nalização, pobreza e exclusão social, especialmente das pessoas e a integração no trabalho das pessoas com deficiência reper-
com deficiência, as quais necessitam de ações afirmativas para cutem na qualidade de vida e de saúde da empresa e da comu-
sua adequada inclusão e manutenção no mercado de trabalho, nidade em geral, possibilitando a utilização por todos dos bens
contribuindo de forma significativa para a economia nacional e e serviços, viabilizando uma sociedade mais flexível e aberta às
reduzindo o nível geral de pobreza. Essas ações especiais com- diferenças entre as pessoas e concretizando-se o princípio da
pensatórias de proteção facilitam o emprego dessas pessoas igualdade de oportunidades para todos.
mediante esforço coordenado que vise ao ambiente de trabalho,
às necessidades individuais e da empresa e às responsabilidades PCMSO
legais. Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCM-
São inúmeros os obstáculos encontrados por este grupo SO), Norma Regulamentadora (NR 07) que introduziu um “olhar
populacional, obstáculos estes minimizados pela execução de coletivo” nos procedimentos da inspeção do trabalho na área
ações concretas em segurança e saúde, por parte das empresas da segurança e saúde, dando ênfase às questões incidentes não
para superar esse desafio. somente sobre o indivíduo (abordagem clínica), mas também
sobre a coletividade de trabalhadores (abordagem epidemio-
Existem importantes instrumentos facilitadores na inclusão lógica), privilegiando o instrumental clínicoepidemiológico na
adequada de trabalhadores no nível de empresa, tais como o abordagem da relação entre sua saúde e o trabalho.
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCM- Essa dupla abordagem configura-se como essencial para a
SO), o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), inclusão das pessoas com deficiência no trabalho, por ter como
a Ergonomia, o Programa de Gestão de Questões Relativas à objetivo a promoção e a preservação da saúde do conjunto dos
Deficiência no Local de Trabalho (incluído no PPRA e PCMSO), trabalhadores, possibilitando a prevenção, rastreamento e o
dentre outros, que, articulados, integram o conjunto mais amplo diagnóstico precoce dos agravos à saúde re-lacionados com o
das iniciativas da empresa, no campo da preservação da saúde trabalho.
e da integridade dos trabalhadores em geral e em especial das O profissional médico, familiarizado com os princípios da
pessoas com deficiência. patologia ocupacional e suas causas, bem como com o ambiente,
O Programa de Gestão de Questões Relativas à Deficiência as condições de trabalho e os riscos a que está ou será exposto
no Local de Trabalho pode estar incluído no PPRA e PCMSO da cada trabalhador da empresa, atua, pois, como importante agen-
empresa, e faz parte das orientações da OIT em seu Repertório te facilitador na inclusão da pessoa com deficiência na empresa,
de Recomendações Práticas sobre essa questão (Genebra/2001), por meio da prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos
tendo como objetivo a igualdade de acesso e oportunidade para agravos à saúde relacionados com o trabalho. Mediante exame
todas as pessoas no que diz respeito a emprego seguro e saudá- médico ocupacional, o profissional médico identifica aptidão
vel, a treinamento profissional e a ocupações específicas e sem ou não do(a) trabalhador(a) para exercer determina da função,
discriminação (art. 4º da Convenção n° 159 da OIT). identificando suas potencialidades laborativas, fator primordial
Nesse programa deverão ser definidas as estratégias de na adequada alocação e inclusão deste(a) trabalhador(a) com
ações por parte da empresa para a adequada inclusão das pesso- deficiência na em presa. Essa ação é primordial para garantir
as com deficiência, após consulta a estas e às suas organizações que a pessoa com deficiência assuma uma função que corres-
representativas, incluindo ações no recrutamento, seleção e ponda às suas habilidades, à sua capacidade de trabalho e a seu
manutenção no emprego das pessoas em igualdade de oportu- interesse, atuando como agente produtivo na sociedade.
nidades perante os outros empregados, bem como manter no O PCMSO deverá ser planejado e implantado com base nos
emprego o trabalhador que tenha adquirido alguma deficiência. riscos à saúde dos trabalhadores, especialmente os identificados
Essas estratégias devem estar associadas à política de nas avaliações previstas nas demais Normas Regulamentadoras
responsabilidade social da empresa na promoção de local de (NRs). Dois conceitos epidemiológicos são fundamentais na
trabalho seguro e saudável, incluindo medidas de segurança compreensão da importância do programa para a inclusão das
e saúde no trabalho, de análise de risco relativa a qualquer pessoas com deficiência: o risco e o fator de risco. Risco pode
adaptação, ajustamento ou acomodação, pronta intervenção e ser definido como a probabilidade de os membros de uma deter-
encaminhamento de trabalhadores(as) a serviços de tratamento minada população desenvolverem uma dada doença ou evento
e reabilitação, no caso de deficiência adquirida durante a vida relacionado à saúde em um período de tempo. Fator de risco
ativa. pode ser definido como o atributo de um grupo que apresenta
A inserção da pessoa com deficiência no trabalho deverá maior incidência de uma dada patologia ou característica, em
ser, sobretudo, individual, social e profissional, apoiada por comparação com outros grupos populacionais, definidos pela
equipe multidisciplinar, a fim de se conseguir a verdadeira inclu- ausência ou menor dosagem de tal característica.
são dessas pessoas. As pessoas com deficiência devem ser, portanto, vistas
Compete, portanto, ao empregador garantir a elaboração e como integrantes de um grupo populacional com características
efetiva implementação desses instrumentos, sem ônus para o específicas que, se consideradas aptas ao trabalho pelo profis-
empregado, bem como zelar pela sua eficácia. Esses programas sional médico, deverá ter promovida a sua acessibilidade para
devem ser apresentados e discutidos na Comissão Interna de inclusão adequada na empresa.
Prevenção de Acidentes (CIPAs), quando existente na empresa,

345
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O impacto da deficiência sobre a capacidade de trabalho da tiva de oportunidades e de tratamento no trabalho para essas
pessoa pode variar amplamente, podendo ser reduzido, pouco pessoas, não constituindo discriminação dos demais trabalha-
interferindo na interação da mesma com o meio ambiente labo- dores.
ral, ou ser significativo, exigindo considerável apoio e assistência
por parte da empresa e seus empregados. ERGONOMIA
O PCMSO deve incluir, dentre outros, a realização obriga- Norma Regulamentadora NR 17 – ERGONOMIA – tem como
tória dos exames médicos admissional, periódico, de retorno objetivo estabelecer parâmetros que permitam a adaptação
ao trabalho, de mudança de função e demissional, que inclui das condições de trabalho às características psicofisiológicas
avaliação clínica, abrangendo anamnese ocupacional, exame dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado,
físico e mental, além de exames complementares, para avaliar de modo a proporcionar o máximo de conforto, segurança e
o funcionamento de órgãos e sistemas orgânicos, realizados de desempenho eficiente. As características psicofisiológicas dizem
acordo com os termos específicos da NR 07 e seus anexos. respeito a todo o conhecimento referente ao funcionamento do
O exame médico admissional deverá ser realizado antes ser humano, incluindo o conhecimento antropológico, psicológi-
que o trabalhador as suma suas atividades. Para trabalhadores co e fisiológico.
expostos a riscos ou a situações de trabalho que impliquem As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao
desencadeamento ou agravamento de doença ocupacional, ou, levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliá-
ainda, para aqueles que sejam portadores de doenças crônicas, rio, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de
o exame médico deverá ser repetido a cada ano ou a intervalos trabalho e à própria organização do trabalho.
menores, a critério do médico encarregado, ou quando notifica- A organização do trabalho exerce papel fundamental na gê-
do pelo médico agente da inspeção do trabalho, ou, ainda, como nese de inúmeros comprometimentos à saúde do trabalhador.
resultado de negociação coletiva de trabalho. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às caracte-
Após o exame, o médico emitirá o Atestado de Saúde rísticas psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador
Ocupacional, com a definição de apto ou inapto para a função realizar a análise ergonômica do trabalho, podendo, em situa-
específica que o trabalhador irá exercer (admissão), exerce ções complexas, demandar a presença de um ergonomista.
(periódico) ou exerceu (demissional). Com vistas à adaptação das condições de trabalho às carac-
O exame médico ocupacional é de primordial importância terísticas psicofisiológicas dos trabalhadores com deficiência,
para avaliação da capacidade laborativa das pessoas com de- devem ser avaliados e executados ajustes ou adaptações da ma-
ficiência, objetivando melhorar a sua colocação e inclusão na quinaria, equipamentos, estações de trabalho e/ou adequação
empresa. das tarefas correspondentes ao posto de trabalho, do tempo de
trabalho e de sua organização, bem como a adaptação do espaço
PPRA físico da empresa, organização ou entidade empregadora, com
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), Nor- o objetivo de propiciar o acesso ao local de trabalho e facilitar o
ma Regulamentadora (NR 09) que visa à preservação da saúde emprego desse segmento de trabalhadores.
e da integridade dos trabalhadores, por meio da antecipação, Nesse processo, considera-se a palavra do trabalhador
reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrên- como a principal diretiva na busca dessa melhor adequação das
cia de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no condições e organização do trabalho ao homem. O trabalhador
ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do com deficiência, portanto, deverá ser considerado como essen-
meio ambiente e dos recursos naturais. cial e importante agente das transformações, pois apenas ele
Essas ações devem ser desenvolvidas sob a responsabilida- poderá confirmar ou não a adequação de soluções propostas
de do empregador, com a participação dos trabalhadores, sendo pelos técnicos sobre o seu ambiente e organização do trabalho.
sua abrangência e profundidade dependentes das características
dos riscos e das necessidades de controle. A escuta e a efetiva APOIOS ESPECIAIS
participação dos trabalhadores com deficiência nessas ações é A empresa deverá providenciar a adequação dos meios e
de primordial importância para a eficácia desse programa e de recursos para o bom desempenho do trabalho, considerando
sua adequada inclusão na empresa. suas limitações. Os apoios especiais são elementos (orientação,
Consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, quími- supervisão e ajudas técnicas, dentre outros) que auxiliam ou
cos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em permitem compensar uma ou mais limitações funcionais moto-
função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo ras, sensoriais ou mentais da pessoa portadora de deficiência,
de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalha- de modo a superar as barreiras da mobilidade e da comunica-
dor. Deverá ser efetuada, sempre que necessário e pelo menos ção, possibilitando a plena utilização de suas capacidades em
uma vez ao ano, uma análise global do PPRA para avaliação do condições de normalidade (Instrução Normativa nº 20/01, da
seu desenvolvimento e realização dos ajustes necessários e Secretaria de Inspeção do Trabalho/MTE).
estabelecimento de novas metas e prioridades. Como exemplos de apoios especiais temos: as tecnologias
Essa análise deverá incluir sempre a gestão de questões re- de acesso ao computador e à Internet para pessoas com defici-
lativas à deficiência no local de trabalho com vistas à promoção ência visual e motora, sintetizadores de voz, livros falados, sina-
de um local de trabalho seguro, acessível e saudável para pes- lização e alarmes sonoros e luminosos, folheadores eletrônicos
soas com deficiência, devendo ser executados todos os ajustes para tetraplégicos, serviço de impressão em Braille, serviço de
necessários nos equipamentos, posto de trabalho e organização mensagem e vibracall em telefones para deficientes auditivos,
do trabalho com a finalidade de minimizar ou excluir possíveis banheiros adaptados para cadeirantes, corrimão nas paredes
riscos ocupacionais. para facilitar a locomoção de deficientes visuais, etc.
Nesse caso, a adoção de medidas especiais positivas, tais
como apoios especiais, promoção da acessibilidade e ajustes na
organização do trabalho, atendem às necessidades específicas
das pessoas com deficiência e visam estabelecer igualdade efe-

346
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ACESSIBILIDADE dos trabalhadores com deficiência, tais como uso de intérpretes
A inclusão social das pessoas com deficiência deve ser em LIBRAS, escrita em Braille, sinalização em luzes, sons e/ou
um dos objetivos nas sociedades que defendem os valores da cores, etc.
solidariedade e da integração, além do respeito pelas dife-
renças pessoais. A acessibilidade exerce papel fundamental Por meio do art. 19 fica determinado que os serviços de
nessa inclusão. A empresa deverá conscientizar todos os seus radiodifusão sonora e de sons e imagens adotarão plano de
empregados, mediante treinamentos e execução de ações para medidas técnicas com o objetivo de permitir o uso da linguagem
eliminar barreiras e promover a acessibilidade. A empresa pode de sinais ou outra subtitulação, para garantir o direito de acesso
melhorar, por exemplo, o acesso ao local de trabalho por pesso- à informação às pessoas portadoras de deficiência auditiva, na
as com diferentes tipos de deficiência, incluindo facilidades para forma e no prazo previstos em regulamento.
entrar e se movimentar no estabelecimento, além de acesso a O Capítulo X estabelece, por meio do art. 24, que o Poder
banheiros e lavatórios. O planejamento para emergências deve Público promoverá campanhas informativas e educativas dirigi-
assegurar que pessoas com deficiência possam deixar, com das à população em geral, com a finalidade de conscientizá-la
segurança e eficiência, o local de trabalho e se deslocar para e sensibilizá-la quanto à acessibilidade e à integração social da
uma área segura. pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida.
O acesso à informação também é fundamental, devendo ser Importante ressaltar que o art. 26 estabelece que as orga-
disponibilizados na empresa, por exemplo, manuais e instruções nizações representativas de pessoas portadoras de deficiência
relativas ao posto de trabalho de forma a serem compreendidos terão legitimidade para acompanhar o cumprimento dos requi-
por pessoas com diferentes tipos de deficiência. sitos de acessibilidade estabelecidos nesta Lei.
A Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, estabelece
normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibili- NORMAS ABNT
dade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade As normas técnicas destinadas a permitir a acessibilidade
reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas das pessoas com deficiência são importantes instrumentos para
vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e encorajar e comprometer solidariamente toda a sociedade na
reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunica- inclusão, ressaltando a importância da supressão das barreiras
ção. Para fins dessa Lei são estabelecidas as seguintes definições: arquitetônicas e de comunicação, criando condições para
I. acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para o exercício de uma cidadania plena. Essas normas refletem
utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários orientações de diversas organizações, como a Organização das
e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos Nações Unidas e a União Europeia, dentre outras.
sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de As normas técnicas de acessibilidade podem integrar a
deficiência ou com mobilidade reduzida; legislação federal e estadual, favorecendo a implantação da
acessibilidade em todos os municípios brasileiros.
II. barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou As normas técnicas internacionais são de competência da In-
impeça o acesso, a liberdade de movimento e a circulação com ternational Standards Organization (ISO), ligadas à Organização
segurança das pessoas, classificadas em: das Nações Unidas. Existem, ainda, organismos normalizadores
a. barreiras arquitetônicas urbanísticas: as existentes nas de blocos regionais de nações, destacando-se o Comitê PanA-
vias públicas e nos espaços de uso público; mericano de Normas Técnicas (COPANT), bem como o Comitê de
b. barreiras arquitetônicas na edificação: as existentes no Normalização do Mercosul.
interior dos edifícios públicos e privados; No Brasil, o organismo legalmente constituído para cuidar
c. barreiras arquitetônicas nos transportes: as existentes das normas técnicas é a Associação Brasileira de Normas Téc-
nos meios de transporte; nicas (ABNT), afiliada à ISO e atuante desde 1940. A ABNT está
d. barreiras nas comunicações: qualquer entrave ou obstá- dividida em comitês nacionais, dentre eles o Comitê Brasileiro
culo que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de Acessibilidade (CB 40), que começou a atuar no ano 2000.
de mensagens por intermédio dos meios ou sistemas de comu- Em 1985 foi criada a primeira Norma Técnica Brasileira da
nicação, sejam ou não de massa. Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1985), perti-
nente à acessibilidade intitulada: “Adequação das Edificações,
O Capítulo V desta Lei trata da acessibilidade nos edifícios Equipamentos e Mobiliário Urbano à Pessoa Portadora de
de uso privado (como as empresas), estabelecendo critérios Deficiência” – NBR 9050, voltada para edificações, mobiliário e
para adequada inclusão dos trabalhadores com deficiência. equipamentos urbanos. Existem ainda normas de acessibilidade
O Capítulo VII desta lei aborda os critérios para acessibi- sobre elevadores para transportes de pessoa portadora de defi-
lidade nos sistemas de comunicação e sinalização, definindo ciência, trens, ônibus, transporte aéreo e veículos automotores.
que o Poder Público promoverá a eliminação de barreiras na
comunicação e estabelecerá mecanismos e alternativas técnicas DECRETO Nº 7.602, DE 7 DE NOVEMBRO DE 2011
que tornem acessíveis os sistemas de comunicação e sinalização
às pessoas portadoras de deficiência sensorial e com dificuldade Dispõe sobre a Política Nacional de Segurança e Saúde no
de comunicação, para garantir-lhes o direito de acesso à infor- Trabalho – PNSST.
mação, à comunicação, ao trabalho, à educação, ao transporte,
à cultura, ao esporte e ao lazer. A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que
Enfatizamos a importância da comunicação para melhor lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição,
inclusão da pessoa com deficiência no mundo do trabalho. A e tendo em vista o disposto no artigo 4 da Convenção no 155, da
empresa deverá disponibilizar todos os meios para minimizar ou Organização Internacional do Trabalho, promulgada pelo Decrto
excluir todas as barreiras que impeçam a perfeita comunicação no 1.254, de 29 de setembro de 1994,
DECRETA:

347
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 1º Este Decreto dispõe sobre a Política Nacional de VI – Cabe ao Ministério do Trabalho e Emprego:
Segurança e Saúde no Trabalho – PNSST, na forma do Anexo. a) formular e propor as diretrizes da inspeção do trabalho,
Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data da sua publica- bem como supervisionar e coordenar a execução das atividades
ção. relacionadas com a inspeção dos ambientes de trabalho e res-
pectivas condições de trabalho;
Brasília, 7 de novembro de 2011; 190o da Independência e b) elaborar e revisar, em modelo tripartite, as Normas Regu-
123o da República. lamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho;
DILMA ROUSSEFF c) participar da elaboração de programas especiais de
proteção ao trabalho, assim como da formulação de novos pro-
Carlos Lupi cedimentos reguladores das relações capital-trabalho;
Alexandre Rocha Santos Padilha d) promover estudos da legislação trabalhista e correlata, no
Garibaldi Alves Filho âmbito de sua competência, propondo o seu aperfeiçoamento;
Este texto não substitui o publicado no DOU de 8.11.2011 e) acompanhar o cumprimento, em âmbito nacional, dos
acordos e convenções ratificados pelo Governo brasileiro
POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABA- junto a organismos internacionais, em especial à Organização
LHO Internacional do Trabalho – OIT, nos assuntos de sua área de
competência;
OBJETIVO E PRINCÍPIOS f) planejar, coordenar e orientar a execução do Programa de
I – A Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho – Alimentação do Trabalhador; e
PNSST tem por objetivos a promoção da saúde e a melhoria da g) por intermédio da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de
qualidade de vida do trabalhador e a prevenção de acidentes Segurança e Medicina do Trabalho – FUNDACENTRO:
e de danos à saúde advindos, relacionados ao trabalho ou que 1. elaborar estudos e pesquisas pertinentes aos problemas
ocorram no curso dele, por meio da eliminação ou redução dos que afetam a segurança e saúde do trabalhador;
riscos nos ambientes de trabalho; 2. produzir análises, avaliações e testes de medidas e mé-
II – A PNSST tem por princípios: todos que visem à eliminação ou redução de riscos no trabalho,
a) universalidade; incluindo equipamentos de proteção coletiva e individual;
b) prevenção; 3. desenvolver e executar ações educativas sobre temas
c) precedência das ações de promoção, proteção e preven- relacionados com a melhoria das condições de trabalho nos
ção sobre as de assistência, reabilitação e reparação; aspectos de saúde, segurança e meio ambiente do trabalho;
d) diálogo social; e 4. difundir informações que contribuam para a proteção e
e) integralidade; promoção da saúde do trabalhador;
5. contribuir com órgãos públicos e entidades civis para
III – Para o alcance de seu objetivo a PNSST deverá ser a proteção e promoção da saúde do trabalhador, incluindo
implementada por meio da articulação continuada das ações a revisão e formulação de regulamentos, o planejamento e
de governo no campo das relações de trabalho, produção, desenvolvimento de ações interinstitucionais; a realização de
consumo, ambiente e saúde, com a participação voluntária das levantamentos para a identificação das causas de acidentes e
organizações representativas de trabalhadores e empregadores; doenças nos ambientes de trabalho; e
6. estabelecer parcerias e intercâmbios técnicos com or-
DIRETRIZES ganismos e instituições afins, nacionais e internacionais, para
IV – As ações no âmbito da PNSST devem constar do Plano fortalecer a atuação institucional, capacitar os colaboradores e
Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho e desenvolver-se de contribuir com a implementação de ações globais de organismos
acordo com as seguintes diretrizes: internacionais;
a) inclusão de todos trabalhadores brasileiros no sistema VII – Compete ao Ministério da Saúde:
nacional de promoção e proteção da saúde; a) fomentar a estruturação da atenção integral à saúde
b) harmonização da legislação e a articulação das ações dos trabalhadores, envolvendo a promoção de ambientes e
de promoção, proteção, prevenção, assistência, reabilitação e processos de trabalho saudáveis, o fortalecimento da vigilância
reparação da saúde do trabalhador; de ambientes, processos e agravos relacionados ao trabalho,
c) adoção de medidas especiais para atividades laborais de a assistência integral à saúde dos trabalhadores, reabilitação
alto risco; física e psicossocial e a adequação e ampliação da capacidade
d) estruturação de rede integrada de informações em saúde institucional;
do trabalhador; b) definir, em conjunto com as secretarias de saúde de
e) promoção da implantação de sistemas e programas de Estados e Municípios, normas, parâmetros e indicadores para
gestão da segurança e saúde nos locais de trabalho; o acompanhamento das ações de saúde do trabalhador a serem
f) reestruturação da formação em saúde do trabalhador e desenvolvidas no Sistema Único de Saúde, segundo os respecti-
em segurança no trabalho e o estímulo à capacitação e à educa- vos níveis de complexidade destas ações;
ção continuada de trabalhadores; e c) promover a revisão periódica da listagem oficial de doen-
g) promoção de agenda integrada de estudos e pesquisas ças relacionadas ao trabalho;
em segurança e saúde no trabalho; d) contribuir para a estruturação e operacionalização da
rede integrada de informações em saúde do trabalhador;
RESPONSABILIDADES NO ÂMBITO DA PNSST e) apoiar o desenvolvimento de estudos e pesquisas em
V – São responsáveis pela implementação e execução da saúde do trabalhador;
PNSST os Ministérios do Trabalho e Emprego, da Saúde e da Pre- f) estimular o desenvolvimento de processos de capacitação
vidência Social, sem prejuízo da participação de outros órgãos e de recursos humanos em saúde do trabalhador; e
instituições que atuem na área;

348
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
g) promover a participação da comunidade na gestão das cada trabalhador se empenha, no seu dia a dia, para atingir. Ter
ações em saúde do trabalhador; qualidade de vida no trabalho torna-se um fator essencial para
VIII – Compete ao Ministério da Previdência Social: um nível de produtividade eficaz nas organizações.
a) subsidiar a formulação e a proposição de diretrizes e nor- Paralela à QVT, temos a questão da motivação no trabalho.
mas relativas à interseção entre as ações de segurança e saúde Brunelli (2008) aponta que a falta de motivação no trabalho
no trabalho e as ações de fiscalização e reconhecimento dos pode gerar sérios problemas tanto para as organizações (perda
benefícios previdenciários decorrentes dos riscos ambientais do de padrões de qualidade e produtividade) como para as pessoas
trabalho; (estresse, absenteísmo, baixa produtividade, diminuição no de-
b) coordenar, acompanhar, avaliar e supervisionar as ações sempenho e no comprometimento com o trabalho, problemas
do Regime Geral de Previdência Social, bem como a política com a saúde física e mental). A motivação contribui para o bom
direcionada aos Regimes Próprios de Previdência Social, nas desempenho das atividades diárias, torna as pessoas mais en-
áreas que guardem inter-relação com a segurança e saúde dos volvidas e comprometidas, levando, consequentemente, a altos
trabalhadores; níveis de eficácia no trabalho e ao atingimento dos objetivos da
c) coordenar, acompanhar e supervisionar a atualização e a organização. A motivação acaba gerando um ganho recíproco
revisão dos Planos de Custeio e de Benefícios, relativamente a para indivíduos e organização, ou seja, o indivíduo ganha por
temas de sua área de competência; estar estimulado a trabalhar, e a organização ganha com o tra-
d) realizar estudos, pesquisas e propor ações formativas balho resultado dessa motivação.
visando ao aprimoramento da legislação e das ações do Regime Segundo Valdevio e Loureiro (2012), a satisfação de um
Geral de Previdência Social e dos Regimes Próprios de Previdên- colaborador no seu trabalho é uma forma de estratégia que os
cia Social, no âmbito de sua competência; e gestores utilizam para atingir suas metas. Quando os indivíduos
e) por intermédio do Instituto Nacional do Seguro Social – trabalham satisfeitos e motivados, há uma maior probabilidade
INSS: de esses indivíduos se dedicarem mais, trabalharem melhor e,
1. realizar ações de reabilitação profissional; e consequentemente, conseguirem um melhor desempenho nas
2. avaliar a incapacidade laborativa para fins de concessão suas atividades.
de benefícios previdenciários. Assim, alcançam de forma efetiva as suas metas individuais,
e colaboram para o alcance dos objetivos da organização, tor-
GESTÃO nando esse processo uma relação mútua de benefícios.
IX - (Revogado pelo Decreto nº 9.944, de 2019) Oliveira (1998) destaca que a Qualidade de Vida no Trabalho
X - (Revogado pelo Decreto nº 9.944, de 2019) merece bastante atenção, já que é no trabalho que as pessoas
a) - (Revogado pelo Decreto nº 9.944, de 2019) passam a maior parte do seu dia e da sua vida. Se esse período
b) - (Revogado pelo Decreto nº 9.944, de 2019) de tempo é vivido de maneira digna, as pessoas ficam felizes e
c) - (Revogado pelo Decreto nº 9.944, de 2019) passam esse sentimento àqueles que lhes cercam, criando uma
d) - (Revogado pelo Decreto nº 9.944, de 2019) rede de bons sentimentos.
e) - (Revogado pelo Decreto nº 9.944, de 2019) Pires et al (2005) consideram os problemas da Gestão de
XI -A gestão executiva da Política será conduzida por Comitê Pessoas no que se refere ao serviço público. Segundo os au-
Executivo constituído pelos Ministérios do Trabalho e Emprego, tores, a dificuldade começa com a forma como as pessoas são
da Saúde e da Previdência Social; e (Revogado pelo Decreto nº escolhidas para ingressar no setor público, pois, muitas vezes,
9.944, de 2019) selecionam-se pessoas sem competência ou sem perfil para de-
XII -Compete ao Comitê Executivo:(Revogado pelo Decreto terminados cargos ou funções. Como uma das consequências
nº 9.944, de 2019) disso, tem-se problemas de adaptação ao trabalho, baixa produ-
a) - (Revogado pelo Decreto nº 9.944, de 2019) tividade e altos índices de doenças decorrentes desses fatores.
b ) - (Revogado pelo Decreto nº 9.944, de 2019) Isso revela que a forma de ingresso no serviço público impede
c) - (Revogado pelo Decreto nº 9.944, de 2019) outras formas de seleção mais flexível para o recrutamento que
d) - (Revogado pelo Decreto nº 9.944, de 2019) poderiam ser mais adequadas às necessidades e ao contexto das
e) - (Revogado pelo Decreto nº 9.944, de 2019) instituições, possibilitando que pessoas mais preparadas aden-
trem ao serviço público.
QVT e Gestão de Pessoas no Serviço Público Pode-se perceber, com as contribuições de Pires et al
Tratar do assunto QVT na Administração Pública pode ser (2005), que determinadas características exclusivas do setor
uma forma de preencher um vazio existente no nível de trata- público acabam prejudicando os assuntos relacionados à gestão
mento que o servidor público recebe no que se refere à valoriza- de pessoas, desde a forma de ingresso, as políticas de desen-
ção de seu trabalho e preocupação com o seu bem estar e o de volvimento na instituição, a estabilidade, a falta de espírito em-
sua família. Especificamente, os gestores públicos têm algumas preendedor e, com isso, a falta de preocupação com a inovação
dificuldades em desempenhar suas funções, pois estão limitados e criatividade, entre outros. Tudo isso pode contribuir com a
a fatores legais como orçamento restrito, licitação, estrutura de ineficiência no setor público e, mais do que isso, com o baixo
cargos e carreiras dos servidores (AMORIM, 2010). nível de qualidade de vida destes trabalhadores.
Frossard (2008) propõe que políticas de gestão de pessoas Ojedokun (2015) et al realizaram um estudo relacionando
que tenham como referência a QVT têm sido cada vez mais valo- a QVT e o comprometimento organizacional entre funcionários
rizadas, pois visam à integração do indivíduo com a organização do setor público de Gana. Foram analisados 137 empregados de
de forma harmoniosa, trazendo benefícios para o indivíduo (in- duas organizações públicas. Os resultados retratam que a QVT
tegridade física e mental) além de benefícios para ambos (indi- teve uma relação positiva tanto com o prestígio externo per-
víduo e organização): melhoria no rendimento e qualidade no cebido quanto com o comprometimento organizacional, e isso
processo produtivo. Percebe-se, com isso, que a QVT pode ser revela que uma forma de aumentar o comprometimento organi-
um importante elo de equilíbrio entre os objetivos individuais zacional é melhorar a QVT dos funcionários e aumentar as per-
de cada trabalhador e os objetivos organizacionais para os quais cepções do prestígio externo da organização. O fato de a QVT

349
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
estar fundamentalmente ligada ao comprometimento organizacional evidencia às organizações públicas a importância e a necessi-
dade de se pensar em estratégias que valorizem e auxiliem na manutenção da QVT de seus funcionários como forma de mantê-los
comprometidos com o trabalho, beneficiando ambas as partes: funcionários e organização.

Pérez-Zapata et al (2014) consideram que a cultura organizacional e o meio social podem constituir diferenças na QVT dos fun-
cionários. Com isso, desenvolveram um trabalho em organizações públicas de saúde de uma cidade do Chile relacionando QVT com
os fatores: clima organizacional, satisfação no trabalho e o comprometimento dos funcionários. Os resultados do trabalho apre-
sentam a relação positiva entre QVT e os aspectos citados. Esses resultados mostram que a QVT tem um valor subjetivo atrelado à
percepção dos funcionários no que se refere a vários aspectos da organização em que atuam. Alguns fatores podem contribuir nesse
sentido: processos de interação que possibilitam autonomia e participação, presença de compromisso intrínseco e companheiris-
mo, valorização de atitudes e disposição ao trabalho, entre outros.
Oliveira e Medeiros (2011) fazem uma retomada histórica sobre a gestão de pessoas no serviço público, desde a Administração
Científica, que considerava o trabalhador como homem econômico, passando pela Administração Patrimonialista, que não separava
o público do privado fazendo com que não existisse a noção de gestão de pessoas no setor público, pois nem mesmo a noção de
público era clara, chegando à Escola de Relações Humanas, que passou a tratar do homem social, dando mais atenção à organização
informal e a assuntos como motivação, liderança, clima e cultura organizacional.
No Brasil, com a criação do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) também foi criado um Departamento de
Pessoal. Os autores também salientam, nessa retomada histórica, a abordagem sistêmica como nova característica para a adminis-
tração, tratando a organização como sistema aberto. Também destacam a Administração Pública Gerencialista, com características
tais como: tecnologias avançadas, programas de qualidade total, administração estratégica de recursos humanos, competitividade,
entre outros.
Os mesmos autores ainda comentam que o setor público no Brasil está mudando o foco “da burocracia, estruturas e sistemas
organizacionais, para uma mudança de práticas, de padrões de ações” (OLIVEIRA e MEDEIROS, 2011, p. 33). Barzelay (2005) salienta
que o objetivo da atuação das organizações e dos projetos públicos progridem continuamente em função do aprendizado organi-
zacional, da política, da tecnologia e do governo e, segundo o autor, é nesse aspecto que reside a responsabilidade que o gestor
público e os representantes da cidadania possuem para inovar e acompanhar as exigências e necessidades dos cidadãos por meio
das organizações, dos programas e dos projetos públicos.
A Secretaria de Gestão Pública desenvolveu o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (GESPÚBLICA) com o
objetivo de fortalecer a gestão pública, de acordo com o Modelo de Excelência em Gestão Pública (MEGP). Esse modelo tem o ob-
jetivo de desenvolver ações de apoio técnico aos órgãos e entidades da Administração Pública Federal com o intuito de promover a
inovação e a melhoria da gestão. O Programa GESPÚBLICA busca suscitar a cidadania, sendo que por meio do compromisso com as
pessoas são desenvolvidas estratégias para melhorar a qualidade dos serviços públicos prestados à população

Conceito de QVT Preventiva


Engloba duas perspectivas interdependentes (Ferreira, 2006)

- Ótica dos Dirigentes e Gestores


Preceito de gestão organizacional: normas, diretrizes e práticas que visam à promoção do bem-estar individual e coletivo, o
desenvolvimento pessoal dos trabalhadores e o exercício da cidadania organizacional.

- Ótica dos trabalhadores


Representações que estes constroem da organização na qual estão inseridos, indicando o predomínio de vivências de bem-es-
tar no trabalho, de reconhecimento institucional e coletivo, de possibilidade de crescimento profissional e de respeito às caracte-
rísticas individuais.

Avaliação de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT): Níveis Analíticos, Fatores Estruturadores e Método

350
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
QVT Preventiva: Etapas Fundamentais 6. Pode-se conceituar como segurados obrigatórios, aqueles
que possuem o dever de contribuir de forma compulsória para a
Seguridade Social e que possuem como direito, os benefícios pe-
cuniários que a lei assegura para a sua categoria. São exemplos
de benefícios desta categoria: as pensões, as aposentadorias,
os auxílios, o salário-família e o salário-maternidade, bem como
os serviços de reabilitação profissional e serviço social, estando
esses dois últimos, a encargo da Previdência Social.
( ) CERTO
( ) ERRADO

7. Independente da nacionalidade do indivíduo, este encon-


tra amparo para a filiação ao RGPS, bem como pode se enqua-
drar como segurado obrigatório, tendo em vista que é permitido
aos estrangeiros que tenham domicílio fixo no Brasil o ingresso
a esse direito, desde que o trabalho tenha sido desenvolvido
no Brasil, ou, ainda em repartições diplomáticas brasileiras no
exterior.
( ) CERTO
EXERCÍCIOS
( ) ERRADO

1. Com a promulgação da EC 103/2019, o tempo mínimo de 8. Filiação não é dependente de manifestação de vontade,
contribuição para requerer a aposentadoria por idade, passou a tendo em vista que o segurado obrigatório não possui o direito
ser de 11 anos para mulheres e 21 anos para homens, desde que de optar ou não por ser filiado à Previdência Social, uma vez que
tenham começado a contribuir para a Previdência Social após a ela ocorre de forma compulsória, como ordena o caput do art.
promulgação da Emenda Constitucional 103/2.019. 201 da Constituição Federal Brasileira de 1.988.
( ) CERTO ( ) CERTO
( ) ERRADO ( ) ERRADO

1. As regras de transição possuem como finalidade, o esta- 9. A respeito do conceito de empresa para fins judiciários
belecimento de um período de adaptação ao segurado que já de acordo com a Legislação Previdenciária, marque a alternativa
possuía o direito adquirido de se aposentar antes da Reforma da correta:
Previdência, mas que se encontrava em posição de expectativa (A) Firma individual ou sociedade que assume o risco de ativi-
do alcance desse direito num curto espaço de tempo. dade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não,
( ) CERTO bem como os órgãos e entidades da administração pública di-
( ) ERRADO reta, indireta ou fundacional;
(B) Firma individual ou sociedade empresária que assume o ris-
3. O princípio da equidade na forma de participação no co de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos
custeio não é uma variação previdenciária do princípio da capa- ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pú-
cidade contributiva. blica direta, indireta ou fundacional;
( ) CERTO (C) Firma individual ou sociedade de economia mista que as-
( ) ERRADO sume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins
lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da adminis-
4. O financiamento da seguridade social deverá advir de tração pública direta, indireta ou fundacional.
apenas uma fonte, com o fito de garantir a solvência do sistema,
com o objetivo de evitar que as crises que ocorrem em deter- 10. Sobre o conceito de empregador doméstico segundo a
minados setores venha a comprometer de forma prejudicial a Legislação Previdenciária, marque a alternativa correta:
arrecadação, o que deve ser feito com a participação de toda a (A) É a pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalida-
sociedade, seja de forma direta ou indireta. de lucrativa, empregado doméstico.
( ) CERTO (B) É a pessoa jurídica ou família que admite a seu serviço, sem
( ) ERRADO finalidade lucrativa, empregado doméstico.
(C) É a pessoa ou família que admite a seu serviço, com finalida-
5. A técnica da equidade é utilizada tanto para amenizar de lucrativa, empregado doméstico.
quanto para humanizar o direito. O juiz, ou, outra autoridade
equivalente, quando autorizados a decidir por meio da equida- 11. Com receita própria, pondera-se que o orçamento da Segu-
de, aplicarão a norma que estabeleceriam como se fossem o ridade Social não se confunde com a receita tributária federal, que
legislador da lei em questão. A equidade relativa ao Direito Pre- se trata daquela que possui destino unicamente para as prestações
videnciário pode ser exemplificada por meio do parágrafo único, da Seguridade Social nas searas da Saúde Pública, da Previdência
inciso VI do art. 194 da CFB/1.988, que dispõe que compete ao Social e da Assistência Social, com a devida obediência à LDO (Lei
Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, de Diretrizes Orçamentárias).
com base em objetivos específicos, sendo um deles a equidade ( ) CERTO
na forma de participação no custeio. ( ) ERRADO
( ) CERTO
( ) ERRADO

351
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
12. No condizente aos segurados facultativos, aduz-se que esta 19. Reforma da Previdência alterou a aposentadoria por invali-
categoria não pode ser segurada de um Regime Próprio de Previ- dez que passou a ser a chamada de aposentadoria por incapacidade
dência Social, porém, suas contribuições podem ser feitas de ma- permanente. Já as aposentadorias por idade e por tempo de contri-
neira igual à dos contribuintes individuais que em geral é de 20% buição foram excluídas do rol da nova lei, posto que ambas as for-
sobre um valor declarado pelo próprio segurado, desde que seja mas de aposentadoria foram acopladas em um único benefício de
em quantia que varie entre o salário-mínimo e o Teto do INSS. No nome aposentadoria programada, sendo esse último, um benefício
entanto, existe ainda, a possibilidade do facultativo contribuir com que se encontra dependente do cumprimento de forma concomi-
uma alíquota de 11% sobre o salário mínimo. tante de idade mínima e também de tempo de contribuição.
( ) CERTO ( ) CERTO
( ) ERRADO ( ) ERRADO

13. Podemos definir a prescrição como sendo a perda de de- 20. Existem quatro prazos de período de graça. São eles: 3
terminada pretensão motivada por razão do decurso temporal, ou (três) meses: Ex. O militar licenciado após a prestação do serviço
seja, o agente vem a perder a pretensão de reivindicar um direito militar obrigatório até que consiga um emprego; 6 (seis) meses: O
legítimo através da ação judicial cabível. segurado facultativo que parou de contribuir; 12 (doze) meses: Os
( ) CERTO demais segurados como os desempregados; aquele que deixou de
( ) ERRADO receber um benefício previdenciário, etc.; Infinito: Aquele que se
encontra recebendo benefício, salvo o auxílio-acidente.
14. Decadência é a extinção do direito em si, que ocorre em ( ) CERTO
razão do prazo transcorrido, vindo o direito a decair e por conse- ( ) ERRADO
guinte, extinguir.
( ) CERTO GABARITO
( ) ERRADO

15. De acordo com o entendimento do STF, o crime de estelio-


1 ERRADO
nato previdenciário se encontra eivado de natureza permanente,
posto que a sua consumação sempre se renova a cada recebimento 2 ERRADO
mensal. 3 ERRADO
( ) CERTO
( ) ERRADO 4 ERRADO
5 CERTO
16. Diferentemente do que ocorre com os recursos na seara
6 CERTO
judicial, na qual não é possível que se levem novos fatos para os
julgamento, os recursos no âmbito do processo administrativo pre- 7 CERTO
videnciário, são permissionários da apresentação de novos docu- 8 CERTO
mentos, bem como da inclusão de novos comprovantes de períodos
de contribuição que não foram usados na instância anterior, bem 9 A
como outras provas pertinentes. 10 A
( ) CERTO
( ) ERRADO 11 CERTO
12 CERTO
13 CERTO
17. Denomina-se Recurso Ordinário aquele interposto pelo in- 14 CERTO
teressado, segurado ou beneficiário da Seguridade Social, em face 15 CERTO
de decisão proferida pelo INSS, dirigido às Juntas de Recursos do
CRSS, observada a competência regimental. 16 CERTO
( ) CERTO 17 CERTO
( ) ERRADO
18 CERTO
18. Mesmo sendo comparados a filhos, é necessário que o en- 19 CERTO
teado e o menor tutelado comprovem sua dependência do segura-
20 CERTO
do para fins de dependência econômica junto à Previdência Social,
tendo em vista que esta equiparação concedida pelo ordenamento
jurídico, possui efeitos somente em relação à ordem de preferência
na habilitação referente à pensão de auxílio-reclusão.
( ) CERTO
( ) ERRADO

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