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MATERIAL DE APOIO
10ª CLASSE
Dr Joaquim Jerónimo
Dr António Chivela
Colaboração
Dra Leopoldina Pinheiro
BENGUELA, 2021
INDICE
EPIGRAFE ................................................................................................................................. 1
INDICE ....................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 5
1.5.1. Relação da ordem jurídica com as outras ordens sociais normativas ............................... 8
2
2.4.1. Direito Internacional Público ......................................................................................... 13
3
4.4. Custas Jurídicas ou Judiciais ......................................................................................... 23
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 33
4
INTRODUÇÃO
Este é a primeira versão do material que se propõe a ser apenas mais um instrumento
de auxílio aos estudantes da 10ª classe, já que é o primeiro contacto com a disciplina Introdução
ao Direito. O desejo dos autores é de que a introdução seja suave, esse é o seu contributo, para
que seja com menos traumas possíveis.
A elaboração deste material também responde a pedidos, reiterados, de vários
estudantes e já algum tempo.
Apesar de existirem vários materiais para classe, na tarefa espinhosa, no fronte com
os estudante resultava claro sobre a necessidade de preenchimento de uma vazio, a necessidade
de um material com linguagem técnica, mas simples, líquida e acessível. Um material com uma
sistemática próxima aos programas que são ministrados nas aulas.
O conteúdo resulta de uma revisão bibliografia de autores consagrados nacionais e
internacionais, de fácil consulta.
Como qualquer coisa que resulte do labor do homem, por ser falho, a sua obra
resultará deficitária nalgum aspecto.
É entendimento dos autores que este trabalho contém falhas, ainda assim entendem
trazer alguma contribuição no que se propõem.
O Autores
Professor Joaquim Jerónimo.
……………………………………
Professor Antonio Chivela
………………………………
Professora Leopoldina Pinheiro
…………………………………..
5
I. TEMA: O HOMEM, A SOCIEDADE E O DIREITO
AS DUAS TEORIAS:
Portanto, o homem através do contrato social alienou muitos das suas prerrogativas,
seus direitos e liberdades individuais a um ente regulador da sociedade (Estado) dotado de uma
vontade própria e geral.
1
Fisiológica, de segurança, etc. ver…pg
2
Cf. Manual de Introdução ao Direito 10 classe, porto editora, pág. 32.
6
Porém, para que a convivência humana seja possível em sociedade, é necessário
que se defina uma ordem, ou seja, um conjunto de regras e padrões que orientam o
comportamento do homem, estabelecendo assim, regras de organização dessa sociedade. Desta
feita, essa ordem jurídica chama-se Direito, por isso o brocardo latino transcrito anteriormente
conduz uma segunda parte, que é onde houver sociedade há Direito (Ubi societas, ibi ius)
Todavia, ao contrário da ordem natural, a ordem social é constituída por uma tela
complexa de regras proveniente de ordens normativas. Várias são as ordens normativas que
regulam a vida do homem em sociedade, das quais se destacam pela sua importância as
seguintes: Ordem Moral, Ordem Religiosa, Ordem de Trato Social e Ordem Jurídica.
a) Ordem Moral: são impostas ao Homem pela sua própria compreensão, de tal modo que
o seu incumprimento é sancionado pela reprovação emanada da sua própria consciência.
Por exemplo: o remorso, o arrependimento, etc.
b) Ordem Religiosa: Esta ordem tem a função de regular as condutas humanas em relação a
Deus. O não cumprimento das normas religiosas leva a punições extraterrenas. Exemplo:
Deus não te proteger no seu dia-a-dia, ou castigos depois da morte. Não poder estar no
seu.
d) Ordem Jurídica: É constituída pelo conjunto de normas jurídicas que regulam a vida do
homem em sociedade tornando-a possível. Provem de uma autoridade com competência
legislativa, com objectivo de atingir os valores da justiça e segurança
7
Contudo, ao contrário das outras ordens normativas, a ordem jurídica serve-se de
coação como meio de impor e garantir o cumprimento das normas jurídicas. É a única que se
serve de um órgão para aplica-la.
Assim acontece com a normal religiosa e de trato social na sua relação com a norma
jurídica.
Quanto a diferença? A norma jurídica difere das demais, quer seja, normas moral,
religiosa de trato social pelo facto de, não só ser coerciva, mas também possui um órgão que se
encarrega de aplicar a sanção.
No que diz respeito a relação entre a ordem religiosa com a ordem jurídica, apraz-
nos dizer que aqui, o Direito apenas se limita a garantir o livre exercício da actividade religiosa,
sem assumir o conteúdo das normas religiosas. Como o caso da laicidade do Direito do Estado,
constitucionalmente no artigo 10.º da CRA, ou seja, há separação entre o Estado e as Igrejas.
Quanto a ordem de trato social, como se sabe, estas regras se não forem cumpridas
não põem em causa a subsistência da própria sociedade, dai que para o Direito estas normas são
indiferentes.
8
homem. O Homem ao existir encara o mundo de certa forma e na sua acção, naquilo faz fica
refletido tudo que pensa.
A cultura é isso mesmo, produto de tudo que o homem faz. Ora o Direito também
é produto do que o homem faz, logo o Direito também é cultura. Portanto o Direito será
consoante a cultura de cada povo.
O Direito, assim, pode ser visto sob diversas perspectivas, como as que seguem:
Direito como justiça, Direito como ordenamento jurídico, Direito como direito subjectivo.
Porem, existe os mais diversos conceitos de Direito, variando conforme as diferentes Escolas e
Teorias seguidas pelos autores.
3
Cf. DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à ciência do direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p.
264-265.
9
1.8. Os Valores Fundamentais do Direito
O Direito como ordem normativa e reguladora da conduta social do homem
fundamenta-se num conjunto de valores. Esses valores promovem a adesão prática da
comunidade. Assim são valores fundamentais do Direito a Justiça, Equidade, Segurança e a
Certeza Jurídica.4 Analisemos cada um deles.
Justiça: designa-se como o fim último do Direito, ou seja, é o valor, a qualidade que as condutas
humanas devem assumir no âmbito das relações sociais.
Ora, a justiça também pode ser vista como uma expressão ética do princípio da
igualdade. Há, no entanto, diversas modalidades de justiça, correspondendo a diferentes tipos
de igualdade, sendo as principais a seguir, a justiça Comutativa e a justiça Distributiva5
Segurança Jurídica: confere aos cidadãos a confiança que lhes permite planificar a
defesa dos seus interesses, conforme as normas jurídicas em vigor. Todavia, a segurança
jurídica visa garantir a estabilidade das relações sociais. Por isso é que, em regra as leis novas
só podem ser aplicadas aos casos futuros e nãos aos factos já passados, sob pena de verificar-
se injustiças muito grave (art.12.º do Cod. Civil, Principio da não-retroactividade da lei).
4
Cf. Manual de Introdução ao Direito 10 classe, porto editora, pág. 44.
5
Cf. DINIZ, Maria Helena. Op. cit., p. 409-411.
10
1.9. As Instituições Jurídicas
Na origem do conceito de instituição, há um fundamento de que os homens e as
ideias são os fenómenos sociais mais importantes, na medida em que cada homem é finito único
e irrepetível na história, dai lhe é atribuído o seu valor e a sua dignidade enquanto pessoa
humana. Na verdade, as instituições têm uma estabilidade e uma vontade que ultrapassa as
decisões individuais e concretas.
Portanto, instituições são ideias ou uma obra que se realiza e perdura no meio social,
através de um conjunto de recursos materiais e humanos posto ao seu dispor, garantindo-lhes
assim uma existência temporal prolongada com tendência para a personalidade jurídica (na
maioria dos casos).
Quanto a tipologia das instituições, podemos dizer que os aspectos mais relevantes
da vida social encontram-se institucionalizados, como é o caso da Instituição Familiar,
Educativa, Cultural, Económica, Política e Religiosa.
PERGUNTAS DE AVALIAÇÃO
2. Tendo em conta as Teorias estudadas, qual delas te parece mais correcta e por que?
8. Fale do Direito como realidade cultural, tendo em conta o seu fim e interesse social?
E dê exemplo.
11
II. TEMA: O ESTADO, A SOCIEDADE POLITICAMENTE
ORGANIZADA
Assim, entende-se por Estado aquela realidade composta por três elementos: Povo
território e poder político, ou seja, uma sociedade politicamente organizada, constituído por
Povo, Território e Poder Político. Sendo estes últimos elementos fundamentais do Estado, que
analisaremos de seguida.
Território: Como segundo elemento essencial diz respeito ao espaço geográfico onde o Estado
exerce o seu poder, compreendendo o Solo, Subsolo, o espaço Aéreo e o Mar (mar territorial,
plataforma continental e a zona económica exclusiva);
Poder político ou Soberania: é o poder que se manifesta através das competências atribuídas
aos seus diversos órgãos pelo Estado. Este poder desdobra-se em duas vertentes, isto é, no plano
interno pelo poder supremo do Estado sobre o povo e o território (só estes órgão podem criar e
aplicar regras), e no plano externo, pelo poder independente e autónomo face aos restantes
Estados da comunidade internacional (não esta obrigado a receber regras).
12
órgão de soberania representa o Estado, já que é através deles que este exerce as suas funções
legislativas, executivas e judicial.
Contundo, de acordo ao que esta exposto no artigo 105.º, n.º 1 da C.R.A, que existe
apenas três órgãos de soberania que são. O Presidente da República, a Assembleia Nacional
e os Tribunais.
13
os acordos estabelecidos entre Angola e a Turquia, e entre Angola e o FMI (Fundo Monetário
Internacional), etc..
Portanto, importa referir que o Direito Internacional Publico pode ser parte
integrante do Direito Interno de muitos Estados, tal como sucede em Angola quando
devidamente ratificado e passar pelo processo de adopção pelo direito interno (art. 13.º da
CRA).
Relativamente aos sujeitos das relações internacionais, importante dizer que são
considerados sujeitos internacionais os Estados, as Organizações Internacionais e os os
movimentos de libertação sobretudo. Todavia, são várias as organizações internacionais que
existem, no entanto, importa apenas referir algumas delas, SADC ( )como é o caso da ONU
(Organizações das Nações Unidas), UE (União Europeia), UA (União Africana), OTAN
(Organização dos países do Atlântico Norte), etc.
É crucial salientar que cada Estado deve possuir normas que visam designar qual a
lei a ser aplicável, em caso de conflitos de lei, ou seja, determinar que lei deverá ser aplicada
numa determinada situação concreta, envolvendo indivíduos de Estados diferentes. No nosso
caso, esta relação vem regulamentada no nosso Código Civil do artigo 14.º ao artigo 65.º,
designado como Conflitos de Leis.
14
A norma jurídica, em regra, prevê um facto típico de forma genérica. Ocorrendo
um facto particular concreto que corresponda ao facto-tipo (descrito), previsto na norma, o
responsável pelo facto particular deve suportar ou gozar as consequências obrigatórias ou
efeitos determinados no dispositivo ou preceito da norma jurídica.6
Generalidade: Diz-se geral pelo facto de os seus preceitos se dirigirem a toda sociedade. Ou
seja, do geral para se contrapor ao individual;
Abstracção: diz-se que uma norma jurídica é uma regra de conduta abstracta, pelo facto de
dirigir-se a um número indeterminado de casos e situações. Portanto uma norma jurídica não
pode ser individual e concreta;
PERGUNTAS DE AVALIAÇÃO
1. Defina Estado e cita os elementos que o compõem.
6
Cf. REALE, Miguel. Op. cit., p. 100-101.
15
8. Explica a necessidade dos países em manterem relações internacionais?
10. Diga qual a diferença entre Direito internacional Público e Internacional Privado?
7
Cf. DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à ciência do direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p.
264-265.
8
REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1995. p. 1.
9
Cf. LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 10. ed. São Paulo: Método, 2006. p. 187-188.
16
As fontes do Direito podem ser:
Fontes Imediatas ou Directas: aquelas que criam normas jurídicas. Como é o caso das Leis e
das Normas Corporativas. São aquelas que uma vez verificadas devem ser aplicadas (art. 1.º
do Cod. Civil);
Fontes Mediatas ou Indirectas: são aquelas que não criam normas jurídicas, mas contribuem
para sua formação. São aquelas que só deverão ser aplicadas se forem aceites pela lei. Estamos
a falar do Costume, Jurisprudência e da Doutrina.
Ora, várias são as definições de lei, mas para nós compreende-se por lei, como
norma jurídica imposta na sociedade, emanado por órgão estadual competente.
Lei em sentido amplo: Refere-se a todo qualquer diploma que contenha normas jurídicas de
carácter geral e imperativo, elaborado pelos órgãos estadual competente. Compreende as
normas de diversos órgãos (Assembleia Nacional, o PR,11 os Ministério, as Administrações
Municipais e comunais, os estatutos das pessoas colectivas;
Lei em sentido Restrito: É designada como lei (propriamente dita) É conjunto de normas,
gerais, imperativas e abstractas emanadas pela Assembleia Nacional12.
10
Cf. DINIZ, Maria Helena. Op. Cit., p. 257.
11
ARTIGO 125.° (Forma dos actos)
I. No exercício das suas competências o Presidente da República emite decretos legislativos presidenciais,
decretos legislativos presidenciais provisórios, decretos presidenciais e despachos presidenciais, que são
publicados no Diário da República.
12
ARTIGO 166.º (Forma dos actos)
I. A Assembleia Nacional emite, no exercício das suas competências, leis de revisão constitucional, leis
orgânicas. leis de bases, leis, leis de autorização legislativa e resoluções.
17
3.2.2. Processo de Formação da Lei
A lei resulta do processo legislativo, o qual é composto de fases por meio das quais
a lei é produzida. Assim, o processo legislativo de elaboração das leis compreende as seguintes
fases: Elaboração, Discussão e Aprovação, Promulgação, Publicação e Entrada em Vigor.
Iniciativa legislativa: É a primeira fase, nela se apresenta um projecto de lei, ou seja, nesta
fase se pede que certo assunto/questão particular seja legislado ou se já estiver legislado alterado
e que se faça em determinado sentido;
Tem iniciativa legislativa o PR, o grupo dos deputados, grupos parlamentares, as associações,
e o povo organizado artigo 167º CRA
Discussão e Aprovação:
Entrada em Vigor: É o momento pelo qual uma determinada Lei publicada começa a produzir
os efeitos, ou seja começa a valer ou ser aplicada.
Portanto, cabe salientar que entre a publicação e a vigência da lei, decorrerá um tempo que a
própria lei fixar. Ou seja, o tempo que decorre entre a publicação e a entrada em vigor da lei
chama-se Vacatio legis.
Leis ordinárias (lei orgânica e leis de base) são aprovadas com maiorias absolutas.
Significa 50% dos deputados em exercício mais 1, deve ser aprovada com maioria de dois
terços14.
13
Pelo menos em Angola, no ordenamento angolano.
14
ARTIGO 159. (Deliberações)
As deliberações da Assembleia Nacional são tomadas por maioria absoluta dos Deputados presentes, desde que
superior a mais de metade dos Deputados em efectividade de funções, salvo quando a Constituição e a lei
estabelecerem outras regras de deliberações.
18
Lei de revisão e aprovação da Constituição exige maioria de dois terços de
deputados 2.
O número de deputados na A.N é de 220.
Interpretação autêntica: É a realizada pelo próprio legislador ou poder que elaborou a lei,
mediante uma lei igual ou de valor superior;
Elemento lógico: A Interpretação deve ser realizada usando as regras da lógica, da razão e do
bom senso. Ou seja, saber qual foi o objectivo que motivou o legislador a elaborar a lei;
Elemento sistemático: A Interpretação da norma jurídica deve estar sempre em harmonia com
o conjunto de outras normas presentes no ordenamento jurídico;
15
Cf. MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: parte geral. 40. ed. rev. E actual. por Ana
Cristina de Barros Monteiro França Pinto. São Paulo: Saraiva, 2005. v. 1, p. 35-36.
19
3.3. Integração de lacunas
Depois de esgotarmos todos elementos interpretativos de que o interprete se
socorrer, pode se verificar que determinado caso não cabe no conteúdo de nenhuma norma no
ordenamento jurídico.
Primeira solução para integrar uma lei é por via da analogia: Aplicar uma lei a um
caso omisso ou uma lacuna da lei, como exposto no artigo 10.º do Cod. Civil16.
16
Quer dizer que se encontrarmos uma situação que não tem lei própria a ser aplicada, procura-se no
ordenamento jurídico uma lei que se aplica a uma situação parecida a essa situação sem lei. Quando por
encontrada essa lei, se aplica com alguma adaptação a situação sem lei.
20
é o mesmo que dizer quando é que ela deixará de produzir os seus efeitos jurídicos, ou quando
é que não será mais aplicada a sociedade.
Caducidade: Consiste no termo da vigência da lei em consequência de um facto, que pode ser
a própria lei prever uma data de cessação de vigência, ou seja, um prazo de duração (caso de
leis temporárias), ou ainda quando o facto que deu causa a sua criação tenha deixado de existir;
Costume Segundo a Lei ( secund lege): Aquele cuja sua prática vai de encontro com o que
esta expresso num determinado preceito legal;
Costume para além da Lei (praeter lege): Aquele que regula aspectos não regulados pela lei,
ou seja, a lei nada diz sobre aquela prática;
Costume contrário a Lei (contra lege): São aquelas práticas que contrariam aos preceitos
legais.
21
Portanto, o nosso ordenamento jurídico apenas admite o costume segundo a lei, não
havendo espaço para admissibilidade do costume contrário a lei e para além da lei(art. 3.º do
Cod. Civil)17.
3.8. Jurisprudência
Compreende-se por Jurisprudência, ao conjunto de decisões (sentenças e
acórdãos) proferidas pelos tribunais ao fazerem a interpretação e aplicação da lei aos casos
concretos que lhes são submetidos.
Sentenças: São as decisões proferidas por um único juiz, num determinado tribunal
singular;
Acórdãos: São as decisões proferidas pelos tribunais colectivos, constituídos
geralmente por três ou mais juízes.
A Jurisprudência é bastante importante já que procura mostrar a melhor
interpretação do Direito, o que pode ser útil ao legislador e aos operadores do Direito.
3.9. Doutrina
A doutrina é o conjunto de estudos, opiniões e ensinamentos de juristas, professores
e estudiosos do Direito, apresentando-se por meio de escritos em tratados, manuais,
monografias, teses e comentários. As obras da doutrina são dotadas de importância, ao procurar
mostrar a melhor interpretação do Direito, o que pode ser útil ao legislador e aos operadores do
Direito.
4.2. Inconstitucionalidade
A inconstitucionalidade consiste nos actos e leis que violem os princípios e normas
consagrados na constituição (art. 226.º, n.º 2, da CRA). É de referir que a inconstitucionalidade
pode ser por Acção e por Omissão.
17
Art 7º CRA.
22
Inconstitucionalidade por Omissão: Conhecida por inconstitucionalidade
negativa, ou seja, trata-se do silêncio de um órgão político que deixa de praticar certo actos,
que está previsto na constituição.
O preceito acima referenciado consagra ainda no seu n.º 2 que, todos têm direito,
nos termos da lei, a informação e consulta jurídicas, ao patrocínio judiciário e a fazer-se
acompanhar por advogado perante a qualquer autoridade.
Desta feita, é imperioso dizer que, é assegurado a todos os cidadãos, sempre que
for violado os seus direitos ou interesses legalmente protegidos, a recorrerem ao Tribunal, para
que seja reposto a legalidade ou os seus interesses consagrados. Sem que, no entanto, esta
prerrogativa seja negada ou impedida pelo facto de não possuírem valores para tal fim. Por
outra, o Estado tem a obrigação de informar aos cidadãos sobre a existência de alguma lei, e
sobre determinado caso que o mesmo esta inserido, dando-lhe as informações necessárias e
alguma solução a cada caso concreto (consulta jurídica).
18
Não havendo hierarquia entre estes.
23
PERGUNTAS DE AVALIAÇÃO
24
V. TEMA: A PESSOA, FUNDAMENTO E FIM DA ORDEM
JURÍDICA
Pessoas Singulares (físicas): São todas aquelas que possuem personalidade jurídica
e capacidade jurídica de gozo.
Pessoas Colectivas: São todas aquelas que resultam da vontade de vários sujeitos,
da atribuição de bens com intuito de formarem apenas uma única pessoa, adquirindo desta
maneira personalidade e capacidade jurídica após o seu registo, tendo assim direitos e deveres
(ex: as Empresas, Associações, Fundações, etc.).
Capacidade Jurídica
19
Cf. MONTEIRO, Washington de Barros. Op. cit., v. 1, p. 61.
20
Para quem só tenha, de gozo, não poderá agir sozinho.
25
A capacidade de jurídica de exercício de direitos ou a capacidade de agir,
pressupõe a possibilidade do sujeito actuar por si só, sem precisar de intervenção de um
representante legal, praticar actos jurídicos (ex: a maioridade).
Direito objectivo é conjunto das normas jurídicas que regulam os aspectos mais
relevantes da sociedade; Ao passo que o Direito subjectivo é o poder/faculdade conferido ao
sujeito de exigir que o que é seu lhe seja entregue ou impor a sua vontade a outrem igualmente
na base da norma.
Assim, os Direitos do Homem são direitos válidos para toda a humanidade (para
todos os povos e em todos os tempos), considerados invioláveis, intemporal e universal
enunciados na DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HUMEM. Ao passo
que os Direitos Fundamentais são aqueles direitos do homem, que constam na declaração já
mencionada e introduzida ou melhor consagrados na Constituição dos países.
26
5.3.1. Direitos, Liberdades e Garantias
Os Direitos, liberdades e garantias fundamentais são prerrogativas expressamente
consagrados na constituição, o qual o Estado não da, apenas reconhece ao cidadão, com vista a
protecção destes direitos e o reconhecimento dos meios processuais a essa finalidade.
Ora, desde antiguidade que existe uma tradição, que considera que há uma lei
superior a vontade humana, fundamentando que o Direito positivo e o Estado devem
obediência. Estes ideais e princípios de direito seriam normas absolutas dotadas de validade
universal e eterna. Dai que é viável afirmar que o Direito natural deu origem ao Direito positivo,
podendo o primeiro prevalecer sobre o segundo.
21
Cf. DINIZ, Maria Helena. Op. cit., p. 251.
27
Seguridade Social, o Direito Ambiental, o Direito Internacional Privado e o Direito
Internacional Público.
Por sua vez, são ramos do Direito Privado: o Direito Comercial, o Direito do
Consumidor, o Direito do Trabalho, o Direito da Família, o Direito das Sucessões, o Direito
Reais e o Direito das Obrigações.
PERGUNTAS DE AVALIAÇÃO
---------------------------------------------------------------
28
6.2. Estrutura da Relação Jurídica
A relação jurídica em sentido estrito analisa-se num direito atribuído a um sujeito
e no correspondente dever imposto a outro. Assim a estrutura da relação jurídica corresponde
ao Direito Subjectivo a obrigação/Dever jurídico. Analisemos de seguida.
6.3.1. Sujeitos
São pessoas entre as quais a relação jurídica se estabelece, isto é, são os titulares do
Direito Subjectivo (sujeito activo), e da vinculação correspondente ao dever jurídico e sujeição
(sujeito passivo).
Porém, aqui entende-se por pessoa em sentido jurídico, como aquele que possui
personalidade jurídica. Há dois tipos de pessoas com personalidade jurídica, ou seja com
susceptibilidade de direitos e obrigações. Isto é, Pessoas Singulares e Pessoas Colectivas.
29
Objecto imediato: É aquilo sobre que directamente recai o direito, ou ainda é a
prestação devida pelo sujeito passivo, sabendo-se que o sujeito activo tem a prerrogativa de
exigir o cumprimento da obrigação de dar, fazer ou não fazer (através de um comportamento,
pelo qual realiza a prestação).
Objecto mediato: É aquilo sobre que indirectamente recai o direito subjectivo
(coisa a prestar, o bem móvel ou imóvel). Concluindo, nas obrigações de prestação de uma
coisa, o objecto imediato é o comportamento do devedor e o objecto mediato é a coisa a prestar.
São várias classificações do facto jurídico, sendo uma delas a que se refere a factos
jurídicos voluntários (actos jurídicos) e factos jurídicos involuntários.
6.3.4. Garantia
É a passibilidade de tornar efectivo os poderes do sujeito activo da relação jurídica,
que poderá assim, reagir no caso de violação ou de ameaça de violação do seu direito subjectivo.
Para isso, o seu titular tem a disposição uma série de meios coercivos (ex: ir a Tribunal).
Nota: Penhora é um acto processual que consiste em retirar a posse do bem ao seu titular ou
quem o detenha para colocar a disposição do tribunal para efeitos de execução/pagamento da
divida que incide sobre o devedor.
PERGUNTAS DE AVALIAÇÃO
30
4. Cita cada elemento da relação jurídica.
---------------------------------------------------------
VII. TEMA: CONDUTA ILÍCITA E CAUSAS DE EXCLUSÃO DA
ILICITUDE( sugestão)
31
Responsabilidade extracontratual: resulta da violação de direitos absolutos ou a
prática de certos actos que embora lícitos, causem prejuízo ao outrem.
PERGUNTAS DE AVALIAÇÃO
1. O que entendes por acto ilícito?
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BIBLIOGRAFIA
LEGISLAÇÃO:
Código Civil angolano
Código Penal
Constituição da República de Angola
MANUAIS:
ANDRADE, Manuel A. Domingues de. Teoria geral da relação jurídica: sujeitos e objecto.
Coimbra: Almedina, 2003. v. 1.
BITTAR, Carlos Alberto. Curso de direito civil. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1994.
CASTRO, Amílcar de. Direito internacional privado. 5. ed. aum. e actual. com notas de rodapé
por Osiris Rocha. Rio de Janeiro: Forense, 1996.
COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 3. ed. São Paulo:
Saraiva, 2004.
DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à ciência do direito. 19. ed. São Paulo:
Saraiva, 2008.
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de direito constitucional. 22. ed. São Paulo:
Saraiva, 1995.
FRANÇA, Rubens Limongi. A irretroactividade das leis e o direito adquirido. 3. ed. São Paulo:
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GOMES, Orlando. Introdução ao direito civil. 19. ed. rev., actual. e aum. por Edvaldo Brito e
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KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. 4. ed. Tradução de João Baptista Machado. Coimbra:
Arménio Amado Editor, 1976.
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: parte geral. 40. ed. rev. e actual.
por Ana Cristina de Barros Monteiro França Pinto. São Paulo: Saraiva, 2005. v. 1.
REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. 5. ed. São Paulo:
Saraiva, 1995.
33
VARELA, João de Matos Antunes, Das obrigações em geral. 10 Edição, Revista e
actualizada, Coimbra: Almedina, Volume I, 2000.
34