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AGENTE ADMINISTRATIVO
ÍNDICE
Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos. .................................................................................................................................... 7
2. Denotação e conotação. Significação das palavras...................................................................................................................... 14
3. Figuras de linguagem. ................................................................................................................................................................. 15
4. Coesão e coerência. .................................................................................................................................................................... 17
5. Tipologia textual. ........................................................................................................................................................................ 18
6. Cargo das classes de palavras...................................................................................................................................................... 20
7. Sintaxe da oração e do período. ................................................................................................................................................. 28
8. Pontuação.................................................................................................................................................................................... 30
9. Concordância verbal e nominal. ........................................................................................................................................ 31
10. Estudo da crase. ................................................................................................................................................................ 34
11. Semântica e estilística........................................................................................................................................................ 34
Noções de Informática
1. Conhecimentos básicos de microcomputadores PC – Hardware................................................................................................. 109
2. Noções de Sistemas Operacionais. ............................................................................................................................................. 109
3. MS-DOS. ...................................................................................................................................................................................... 111
4. Noções de sistemas de Windows. ............................................................................................................................................... 112
5. Noções do processador de texto MS-Word para Windows. Noções da planilha de cálculo MS-Excel........................................ 119
6. Noções básicas de Bancos de dados. .......................................................................................................................................... 124
7. Comunicação de dados................................................................................................................................................................ 126
8. Conceitos Gerais de Equipamentos e Operacionalização............................................................................................................ 127
9. Conceitos básicos de Internet...................................................................................................................................................... 129
ÍNDICE
Legislação
1. Legislação da Saúde: Constituição Federal de 1988 (Título VIII – Capítulo II – Seção II).............................................................. 139
2. Lei Federal nº 8.142/90 e suas alterações................................................................................................................................... 140
3. Lei Federal nº 8.080/90 e suas alterações................................................................................................................................... 141
4. Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde – NOB-SUS/1996.................................................................................. 151
5. Norma Operacional da Assistência à Saúde – NOAS – SUS/2001................................................................................................ 165
6. Lei Federal nº 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) e suas alterações................................................................ 177
7. Lei Federal nº 10.741/2003 (Estatuto da Pessoa Idosa) e suas alterações.................................................................................. 214
8. Lei Federal nº 12.764/2012 (Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista) e suas
alterações.................................................................................................................................................................................... 225
9. Lei Federal nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) e suas alterações.................................................................. 226
Conhecimentos Específicos
Agente Administrativo
1. Noções de Administração Geral: Planejamento, organização, direção, controle, sistemas e métodos....................................... 321
2. Noções de Administração Financeira: fundamentos e técnicas; orçamento e controle de custos.............................................. 327
3. Noções de Administração de Pessoas: treinamento e desenvolvimento.................................................................................... 330
4. Avaliação de desempenho........................................................................................................................................................... 335
5. Noções de Administração de Recursos Materiais: Planejamento e controle de estoques; Planejamento e controle dos bens
patrimoniais................................................................................................................................................................................. 339
6. Administração Pública: Forma de Estado; Poderes do Estado; Sistemas de Governo; Forma de Governo;................................ 356
7. Organização da Administração; Administração Direta; Administração Indireta; Entidades Paraestatais; Contrato de Gestão... 357
8. Órgãos Públicos: Conceito; Características; Capacidade Processual; Classificação..................................................................... 365
9. Agentes Públicos: Agentes Políticos; Agentes Administrativos; Agentes Honoríficos; Agentes Delegados; Agentes Credencia-
dos............................................................................................................................................................................................... 368
10. Princípios Fundamentais da Administração Pública.................................................................................................................... 380
11. Servidores Públicos: Disposições Constitucionais Gerais relativas aos Agentes Públicos; Lei nº 5.810, de 24/01/1994............. 384
12. Atos e Fatos Administrativos: Conceito; Requisitos; Atributos; Classificação; Espécies; Invalidação; Convalidação................... 384
13. Serviços Públicos: Conceito; Classificação; Requisitos; Concessão; Permissão........................................................................... 388
14. Controle da Administração Pública: Conceito; Classificação das formas de controle; Controle legislativo; Controle Judiciário.. 394
ÍNDICE
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LÍNGUA PORTUGUESA
https://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/01/o-mundo-visto-bpor-mafaldab.html
Na tirinha anterior, a personagem Mafalda afirma ao Felipe que há um doente na casa dela. Quando pensamos na palavra doente, já pensamos
em um ser vivo com alguma enfermidade. Entretanto, ao adentrar o quarto, o leitor se depara com o globo terrestre deitado sobre a cama. A inter-
pretação desse texto, constituído de linguagem verbal e visual, ocorre pela relação que estabelecemos entre o texto e o contexto extralinguístico. Se
pensarmos nas possíveis doenças do mundo, há diversas possibilidades de sentido de acordo com o contexto relacionado, dentre as quais listamos:
problemas ambientais, corrupção, problemas ditatoriais (relacionados ao contexto de produção das tiras da Mafalda), entre outros.
Observemos agora um exemplo de intralinguístico
https://www.imagemwhats.com.br/tirinhas-do-calvin-e-haroldo-para-compartilhar-143/
3 https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/o-que-texto.htm
KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Vanda M. Ler e Compreender os Sentidos do Texto. São Paulo: Contexto, 2006.
4 https://www.enemvirtual.com.br/o-que-e-texto-e-contexto/
5 PLATÃO, Fiorin, Lições sobre o texto. Ática 2011.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Nessa tirinha anterior, podemos observar que, no segundo das com menor ou maior facilidade. Nossos conhecimentos não são
quadrinho, a frase “eu acho que você vai” só pode ser compreendi- estáticos, pois o cérebro está captando novas informações a cada
da se levarmos em consideração o contexto intralinguístico. Ao con- momento, assim como há informações que se perdem. Um conhe-
siderarmos o primeiro quadrinho, conseguimos entender a mensa- cimento muito utilizado será sempre recuperado mais facilmente,
gem completa do verbo “ir”, já que obstemos a informação que ele assim como um pouco usado precisará de um grande esforço para
não vai ou vai à escola ser recuperado. Existem alguns tipos de conhecimento prévio: o in-
tuitivo, o científico, o linguístico, o enciclopédico, o procedimental,
c) Intertexto/Intertextualidade: ocorre quando percebemos a entre outros. No decorrer de uma leitura, por exemplo, o conheci-
presença de marcas de outro(s) texto(s) dentro daquele que esta- mento prévio é criado e utilizado. Por exemplo, um livro científico
mos lendo. Observemos o exemplo a seguir que explica um conceito e depois fala sobre a utilização desse con-
ceito. É preciso ter o conhecimento prévio sobre o conceito para
se aprofundar no tema, ou seja, é algo gradativo. Em leitura, o co-
nhecimento prévio são informações que a pessoa que está lendo
necessita possuir para ler o texto e compreendê-lo sem grandes
dificuldades. Isso é muito importante para a criação de inferências,
ou seja, a construção de informações que não são apresentadas no
texto de forma explícita e para a pessoa que lê conectar partes do
texto construindo sua coerência.
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Leitura crítica ou reflexiva: leitura com vistas a analisar infor- Observemos mais um exemplo:
mações. Análise e reflexão das intenções do autor no texto. Muito “Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um desses cra-
utilizada para responder àquelas questões que requerem a identifi- ques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé), mas ainda tem
cação de algum ponto de vista do autor. Analisamos, comparamos e um longo caminho a trilhar (...).”
julgamos as informações discutidas no texto. (Veja São Paulo,1990)
Leitura interpretativa: leitura mais completa, um aprofunda-
mento nas ideias discutidas no texto. Relacionamos as informações Esse texto diz explicitamente que:
presentes no texto com diferentes contextos e com problemáticas - Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé são craques;
em geral. Nessa fase há um posicionamento do leitor quanto ao - Neto não tem o mesmo nível desses craques;
que foi lido e criam-se opiniões que concordam ou se contrapõem - Neto tem muito tempo de carreira pela frente.
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Ex.: Você conferiu o resultado da loteria? Segue abaixo uma ilustração para análise exemplificação:
Hoje não.
A negação precedida de um advérbio de tempo de âmbito limi-
tado estabelece o pressuposto de que apenas nesse intervalo (hoje)
é que o interrogado não praticou o ato de conferir o resultado da
loteria.
- Orações adjetivas
Ex.: Os brasileiros, que não se importam com a coletividade,
só se preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua,
fecham os cruzamentos, etc.
O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se importam
com a coletividade.
A partir dessa frase, você pode interpretar que a pessoa precisa A partir de questionamentos como os citados acima é possível
ou quer água, o que poderia levá-lo a oferecer água para a visita. adentrar no contexto social, Rio de Janeiro violento, que instaura
Essa interpretação não ocorre pela presença de uma palavra expres- críticas e denúncias a determinada realidade.
sa, mas pela relação entre a frase e o contexto de produção dela. Portanto, ao inferir, o leitor é capaz de constatar os detalhes
ocultos que transformam a leitura simples em uma leitura reflexiva.
Inferência
A inferência é um processo de dedução dos sentidos contidos Ampliação de Sentido
no texto. Ela consiste em descobrir os significados que estão nas Fala-se em ampliação de sentido quando a palavra passa a de-
entrelinhas. Por meio de relações intra e extratextuais, podemos signar uma quantidade mais ampla de objetos ou noções do que
compreender e interpretar aqueles sentidos que não estão linguis- originariamente.
ticamente materializados no texto. Toda vez que uma questão de “Embarcar”, por exemplo, que originariamente era usada para
prova pedir para você inferir sobre um determinado sentido, você designar o ato de viajar em um barco, ampliou consideravelmente
deverá deduzir os sentidos baseados na relação que essa palavra ou o sentido e passou a designar a ação de viajar em outros veículos.
frase estabelece com as outras ao seu redor (contexto intralinguís- Hoje se diz, por ampliação de sentido, que um passageiro:
tico) e nas relações estabelecidas com os contextos sócio-histórico- - embarcou num ter.
-cultural (contexto extralinguístico). - embarcou no ônibus dás dez.
- embarcou no avião da força aérea.
- embarcou num transatlântico.
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a fonte das perturbações mentais. Para este caminho de regresso às uma ordem que faça sentido, de modo que o leitor possa acompa-
origens de um trauma, Freud se utilizou especialmente da lingua- nhar o raciocínio do autor e compreender a mensagem de maneira
gem onírica dos pacientes, considerando os sonhos como compen- efetiva.
sação dos desejos insatisfeitos na fase de vigília. Vale ressaltar que a relação entre as ideias não se limita apenas
Mas a grande novidade de Freud, que escandalizou o mundo à conexão entre frases e parágrafos, mas também envolve a relação
cultural da época, foi a apresentação da tese de que toda neurose entre o tema do texto e as informações apresentadas. É fundamen-
é de origem sexual.” tal que o autor mantenha o foco no assunto abordado e estabeleça
(Salvatore D’Onofrio) uma relação clara entre as ideias e o tema central do texto.
Portanto, para produzir um texto de qualidade e eficiente, é
Primeiro Conceito do Texto: “Incalculável é a contribuição do necessário dominar a habilidade de estabelecer relações entre as
famoso neurologista austríaco no tocante aos estudos sobre a ideias apresentadas. Essa habilidade é essencial para garantir que
formação da personalidade humana. Sigmund Freud (1859-1939) o texto seja coeso, coerente e capaz de transmitir a mensagem de
conseguiu acender luzes nas camadas mais profundas da psique forma clara e objetiva ao leitor.
humana: o inconsciente e subconsciente.” O autor do texto afirma,
inicialmente, que Sigmund Freud ajudou a ciência a compreender Outras dicas para Interpretar um Texto
os níveis mais profundos da personalidade humana, o inconsciente - Faça uma primeira leitura superficial, para identificar a ideia cen-
e subconsciente. tral do texto, e assim, levantar hipóteses e saber sobre o que se fala.
Segundo Conceito do Texto: “Começou estudando casos clíni- - Leia as questões antes de fazer uma segunda leitura mais de-
cos de comportamentos anômalos ou patológicos, com a ajuda da talhada. Assim, você economiza tempo se no meio da leitura identi-
hipnose e em colaboração com os colegas Joseph Breuer e Martin ficar uma possível resposta.
Charcot (Estudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com os resul- - Preste atenção nas informações não verbais. Tudo que vem
tados obtidos pelo hipnotismo, inventou o método que até hoje junto com o texto, é para ser usado ao seu favor. Por isso, imagens,
é usado pela psicanálise: o das ‘livres associações’ de ideias e de gráficos, tabelas, etc., servem para facilitar nossa leitura.
sentimentos, estimuladas pela terapeuta por palavras dirigidas ao - Use o texto. Rabisque, anote, grife, circule... enfim, procure a
paciente com o fim de descobrir a fonte das perturbações mentais.” melhor forma para você, pois cada um tem seu jeito de resumir e
A segunda ideia núcleo mostra que Freud deu início a sua pesquisa pontuar melhor os assuntos de um texto.
estudando os comportamentos humanos anormais ou doentios por - Durante a interpretação grife palavras-chave, passagens im-
meio da hipnose. Insatisfeito com esse método, criou o das “livres portantes; tente localizar a ideia central de cada parágrafo.
associações de ideias e de sentimentos”. - Marque palavras como não, exceto, respectivamente, etc.,
pois fazem diferença na escolha adequada.
Terceiro Conceito do Texto: “Para este caminho de regresso às - Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia
origens de um trauma, Freud se utilizou especialmente da lingua- a frase anterior e posterior para ter ideia do sentido global proposto
gem onírica dos pacientes, considerando os sonhos como compen- pelo autor.
sação dos desejos insatisfeitos na fase de vigília.” Aqui, está explici- - Leia bastantes textos de diversas áreas, assuntos distintos nos
tado que a descoberta das raízes de um trauma se faz por meio da trazem diferentes formas de pensar. Leia textos de bom nível.
compreensão dos sonhos, que seriam uma linguagem metafórica - Pratique com exercícios de interpretação. Questões simples,
dos desejos não realizados ao longo da vida do dia a dia. mas que nos ajudam a ter certeza que estamos prestando atenção
na leitura.
Quarto Conceito do Texto: “Mas a grande novidade de Freud, - Cuidado com o “olho ninja”, aquele que quando damos conta,
que escandalizou o mundo cultural da época, foi a apresentação da já está no final da página, e nem lembra o que lemos no meio dela.
tese de que toda neurose é de origem sexual.” Por fim, o texto afir- Talvez seja hora de descansar um pouco, ou voltar a ler aquele pon-
ma que Freud escandalizou a sociedade de seu tempo, afirmando to no qual estávamos mais atentos.
a novidade de que todo o trauma psicológico é de origem sexual. - Ative seu conhecimento prévio antes de iniciar o texto. Qual-
quer informação, mínima que seja, nos ajuda a compreender me-
Relação entre ideias lhor o assunto do texto.
A relação entre ideias é um dos elementos mais importantes na
construção de um texto coeso e coerente. A capacidade de conec- Além dessas dicas importantes, você também pode grifar pa-
tar pensamentos e conceitos de forma lógica é fundamental para lavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vocabu-
que o leitor possa compreender a mensagem que o autor deseja lário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma
transmitir. distração, mas também um aprendizado.
Essa conexão pode ser estabelecida de diversas maneiras, Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compre-
como por exemplo através de palavras-chave que indicam uma ensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula nossa
relação de causa e efeito, comparação, contraste, exemplificação, imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nos-
entre outras. Também é possível utilizar recursos de coesão textual, so foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de
como pronomes e conectivos, para indicar a relação entre as ideias. melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória.
Além disso, é importante que as ideias apresentadas no texto
estejam organizadas de forma coerente e estruturada. Isso significa
que as informações devem ser apresentadas de forma clara e em
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Hiperonímia e hiponímia -efeito pela causa e vice-versa. Exemplo: Vivo do meu trabalho.
Esta classificação diz respeito às relações hierárquicas de signi- (o trabalho é causa e está no lugar do efeito ou resultado).
ficado entre as palavras.
Desse modo, um hiperônimo é a palavra superior, isto é, que - continente pelo conteúdo. Exemplo: Ela comeu uma caixa de
tem um sentido mais abrangente. Ex: Fruta é hiperônimo de limão. bombons. (a palavra caixa, que designa o continente ou aquilo que
Já o hipônimo é a palavra que tem o sentido mais restrito, por- contém, está sendo usada no lugar da palavra bombons).
tanto, inferior, de modo que o hiperônimo engloba o hipônimo. Ex:
Limão é hipônimo de fruta. -abstrato pelo concreto e vice-versa. Exemplos: A gravidez deve
ser tranquila. (o abstrato gravidez está no lugar do concreto, ou
Formas variantes seja, mulheres grávidas).
São as palavras que permitem mais de uma grafia correta, sem
que ocorra mudança no significado. Ex: loiro – louro / enfarte – in- - instrumento pela pessoa que o utiliza. Exemplo: Os microfo-
farto / gatinhar – engatinhar. nes foram atrás dos jogadores. (Os repórteres foram atrás dos jo-
gadores.)
Arcaísmo
São palavras antigas, que perderam o uso frequente ao longo do tem- - lugar pelo produto. Exemplo: Fumei um saboroso havana.
po, sendo substituídas por outras mais modernas, mas que ainda podem ser (Fumei um saboroso charuto.).
utilizadas. No entanto, ainda podem ser bastante encontradas em livros an-
tigos, principalmente. Ex: botica <—> farmácia / franquia <—> sinceridade. - símbolo ou sinal pela coisa significada. Exemplo: Não te afas-
tes da cruz. (Não te afastes da religião.).
FIGURAS DE LINGUAGEM. - a parte pelo todo. Exemplo: Não há teto para os desabrigados.
(a parte teto está no lugar do todo, “o lar”).
As figuras de linguagem são recursos especiais usados por
quem fala ou escreve, para dar à expressão mais força, intensidade - indivíduo pela classe ou espécie. Exemplo: O homem foi à Lua.
e beleza. (Alguns astronautas foram à Lua.).
São três tipos:
Figuras de Palavras (tropos); - singular pelo plural. Exemplo: A mulher foi chamada para ir às
Figuras de Construção (de sintaxe); ruas. (Todas as mulheres foram chamadas, não apenas uma)
Figuras de Pensamento.
- gênero ou a qualidade pela espécie. Exemplo: Os mortais so-
Figuras de Palavra frem nesse mundo. (Os homens sofrem nesse mundo.)
É a substituição de uma palavra por outra, isto é, no emprego
figurado, simbólico, seja por uma relação muito próxima (contigui- - matéria pelo objeto. Exemplo: Ela não tem um níquel. (a ma-
dade), seja por uma associação, uma comparação, uma similaridade. téria níquel é usada no lugar da coisa fabricada, que é “moeda”).
São as seguintes as figuras de palavras: Atenção: Os últimos 5 exemplos podem receber também o
Metáfora: consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão nome de Sinédoque.
em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em virtude
da circunstância de que o nosso espírito as associa e depreende Perífrase: substituição de um nome por uma expressão para
entre elas certas semelhanças. Observe o exemplo: facilitar a identificação. Exemplo: A Cidade Maravilhosa (= Rio de
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pessoa) Janeiro) continua atraindo visitantes do mundo todo.
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Obs.: quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o nome de Silepse: concordância de gênero, número ou pessoa é feita
antonomásia. com ideias ou termos subentendidos na frase e não claramente ex-
Exemplos: pressos. A silepse pode ser:
O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida praticando o - de gênero. Exemplo: Vossa Majestade parece desanimado. (o
bem. adjetivo desanimado concorda não com o pronome de tratamento
O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções. Vossa Majestade, de forma feminina, mas com a pessoa a quem
esse pronome se refere – pessoa do sexo masculino).
Sinestesia: Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as - de número. Exemplo: O pessoal ficou apavorado e saíram cor-
sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido. Exemplo: rendo. (o verbo sair concordou com a ideia de plural que a palavra
No silêncio negro do seu quarto, aguardava os acontecimentos. (si- pessoal sugere).
lêncio = auditivo; negro = visual) - de pessoa. Exemplo: Os brasileiros amamos futebol. (o sujeito
os brasileiros levaria o verbo na 3ª pessoa do plural, mas a concor-
Catacrese: A catacrese costuma ocorrer quando, por falta de dância foi feita com a 1ª pessoa do plural, indicando que a pessoa
um termo específico para designar um conceito, toma-se outro que fala está incluída em os brasileiros).
“emprestado”. Passamos a empregar algumas palavras fora de seu
sentido original. Exemplos: “asa da xícara”, “maçã do rosto”, “braço Onomatopeia: Ocorre quando se tentam reproduzir na forma
da cadeira” . de palavras os sons da realidade.
Exemplos: Os sinos faziam blem, blem, blem, blem.
Figuras de Construção Miau, miau. (Som emitido pelo gato)
Ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade ao Tic-tac, tic-tac fazia o relógio da sala de jantar.
significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela maior expres-
sividade que se dá ao sentido. São as mais importantes figuras de As onomatopeias, como no exemplo abaixo, podem resultar da
construção: Aliteração (repetição de fonemas nas palavras de uma frase ou de
Elipse: consiste na omissão de um termo da frase, o qual, no um verso).
entanto, pode ser facilmente identificado. Exemplo: No fim da co- “Vozes veladas, veludosas vozes,
memoração, sobre as mesas, copos e garrafas vazias. (Omissão do volúpias dos violões, vozes veladas,
verbo haver: No fim da festa comemoração, sobre as mesas, copos vagam nos velhos vórtices velozes
e garrafas vazias). dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
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Figuras de Pensamento
Utilizadas para produzir maior expressividade à comunicação, as figuras de pensamento trabalham com a combinação de ideias, pensamentos.
Antítese: Corresponde à aproximação de palavras contrárias, que têm sentidos opostos. Exemplo: O ódio e o amor andam de mãos dadas.
Apóstrofe: interrupção do texto para se chamar a atenção de alguém ou de coisas personificadas. Sintaticamente, a apóstrofe corres-
ponde ao vocativo. Exemplo: Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres.
Eufemismo: Atenua o sentido das palavras, suavizando as expressões do discurso Exemplo: Ele foi para o céu. (Neste caso, a expressão
“para a céu”, ameniza o discurso real: ele morreu.)
Gradação: os termos da frase são fruto de hierarquia (ordem crescente ou decrescente). Exemplo: As pessoas chegaram à festa, sen-
taram, comeram e dançaram.
Hipérbole: baseada no exagero intencional do locutor, isto é, expressa uma ideia de forma exagerada.
Exemplo: Liguei para ele milhões de vezes essa tarde. (Ligou várias vezes, mas não literalmente 1 milhão de vezes ou mais).
Ironia: é o emprego de palavras que, na frase, têm o sentido oposto ao que querem dizer. É usada geralmente com sentido sarcástico.
Exemplo: Quem foi o inteligente que usou o computador e apagou o que estava gravado?
Paradoxo: Diferente da antítese, que opõem palavras, o paradoxo corresponde ao uso de ideias contrárias, aparentemente absurdas.
Exemplo: Esse amor me mata e dá vida. (Neste caso, o mesmo amor traz alegrias (vida) e tristeza (mata) para a pessoa.)
Personificação ou Prosopopéia ou Animismo: atribuição de ações, sentimentos ou qualidades humanas a objetos, seres irracionais
ou outras coisas inanimadas. Exemplo: O vento suspirou essa manhã. (Nesta frase sabemos que o vento é algo inanimado que não suspira,
sendo esta uma “qualidade humana”.)
Retificação: consiste em retificar uma afirmação anterior. Exemplos: O médico, aliás, uma médica muito gentil não sabia qual seria o
procedimento.
COESÃO E COERÊNCIA.
A coerência e a coesão são essenciais na escrita e na interpretação de textos. Ambos se referem à relação adequada entre os compo-
nentes do texto, de modo que são independentes entre si. Isso quer dizer que um texto pode estar coeso, porém incoerente, e vice-versa.
Enquanto a coesão tem foco nas questões gramaticais, ou seja, ligação entre palavras, frases e parágrafos, a coerência diz respeito ao
conteúdo, isto é, uma sequência lógica entre as ideias.
Coesão
A coesão textual ocorre, normalmente, por meio do uso de conectivos (preposições, conjunções, advérbios). Ela pode ser obtida a
partir da anáfora (retoma um componente) e da catáfora (antecipa um componente).
Confira, então, as principais regras que garantem a coesão textual:
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Coerência
Nesse caso, é importante conferir se a mensagem e a conexão de ideias fazem sentido, e seguem uma linha clara de raciocínio.
Existem alguns conceitos básicos que ajudam a garantir a coerência. Veja quais são os principais princípios para um texto coerente:
• Princípio da não contradição: não deve haver ideias contraditórias em diferentes partes do texto.
• Princípio da não tautologia: a ideia não deve estar redundante, ainda que seja expressa com palavras diferentes.
• Princípio da relevância: as ideias devem se relacionar entre si, não sendo fragmentadas nem sem propósito para a argumentação.
• Princípio da continuidade temática: é preciso que o assunto tenha um seguimento em relação ao assunto tratado.
• Princípio da progressão semântica: inserir informações novas, que sejam ordenadas de maneira adequada em relação à progressão
de ideias.
Para atender a todos os princípios, alguns fatores são recomendáveis para garantir a coerência textual, como amplo conhecimento
de mundo, isto é, a bagagem de informações que adquirimos ao longo da vida; inferências acerca do conhecimento de mundo do leitor;
e informatividade, ou seja, conhecimentos ricos, interessantes e pouco previsíveis.
TIPOLOGIA TEXTUAL.
Tipologia Textual
A partir da estrutura linguística, da função social e da finalidade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele pertence.
Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas classificações.
Tipos textuais
A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finalidade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se apre-
senta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão específico para se fazer a enunciação.
Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas características:
Apresenta um enredo, com ações e relações entre personagens, que ocorre em determinados espaço e tempo. É
TEXTO NARRATIVO
contado por um narrador, e se estrutura da seguinte maneira: apresentação > desenvolvimento > clímax > desfecho
TEXTO
Tem o objetivo de defender determinado ponto de vista, persuadindo o leitor a partir do uso de argumentos
DISSERTATIVO
sólidos. Sua estrutura comum é: introdução > desenvolvimento > conclusão.
ARGUMENTATIVO
Procura expor ideias, sem a necessidade de defender algum ponto de vista. Para isso, usa-se comparações,
TEXTO EXPOSITIVO
informações, definições, conceitualizações etc. A estrutura segue a do texto dissertativo-argumentativo.
Expõe acontecimentos, lugares, pessoas, de modo que sua finalidade é descrever, ou seja, caracterizar algo ou
TEXTO DESCRITIVO
alguém. Com isso, é um texto rico em adjetivos e em verbos de ligação.
Oferece instruções, com o objetivo de orientar o leitor. Sua maior característica são os verbos no modo
TEXTO INJUNTIVO
imperativo.
Gêneros textuais
Existem diferentes nomenclaturas11 relacionadas à questão dos gêneros, porém nem todas se referem a mesma coisa. É essencial sa-
ber distinguir o que é gênero textual, gênero literário e tipo textual. Cada uma dessas classificações é referente aos textos, porém é preciso
ter atenção, cada uma possui um significado totalmente diferente da outra. Veja uma breve descrição do que é um gênero literário e um
tipo textual:
Gênero Textuais: referem-se às formas de organização dos textos de acordo com as diferentes situações de comunicação. Podem
ocorrer nas diferentes esferas de comunicação (literária, jornalística, digital, judiciária, entre outras). São exemplos de gêneros textuais:
romance, conto, receita, notícia, bula de remédio.
Gênero Literário – são os gêneros textuais em que a constituição da forma, a aplicação do estilo autoral e a organização da linguagem
possuem uma preocupação estética. São classificados de acordo com a sua forma, podendo ser do gênero lírico, dramático ou épico. Po-
de-se afirmar que todo gênero literário é um gênero textual, mas nem todo gênero textual é um gênero literário.
Tipo Textual - é a forma como a linguagem se estrutura dentro de cada um dos gêneros. Refere-se ao emprego dos verbos, podendo
ser classificado como narrativo, descritivo, expositivo, dissertativo-argumentativo, injuntivo, preditivo e dialogal. Cada uma dessas classifi-
cações varia de acordo como o texto se apresenta e com a finalidade para o qual foi escrito.
Exporemos abaixo os gêneros discursivos mais comuns. Cada um dos gêneros são agrupados segundo a predominância do tipo textual.
11 O gênero textual também pode ser denominado de gênero discursivo. Essa nomenclatura se altera de acordo com a perspectiva teórica, sendo que em uma as
questões discursivas ideológicas e sociais são levadas mais em consideração, enquanto em outra há um enfoque maior na forma. Nesse momento não trabalharemos
com essa diferença.
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Na Antiguidade Clássica, os padrões literários reconhecidos eram apenas o épico, o lírico e o dramático. Com o passar dos anos, o
gênero épico passou a ser considerado apenas uma variante do gênero literário narrativo, devido ao surgimento de concepções de prosa
com características diferentes: o romance, a novela, o conto, a crônica, a fábula.
Ensaio
É um texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo ideias, críticas e reflexões morais e filosóficas a respeito de
certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado.
Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófico, político, social, cultural,
moral, comportamental, etc.), sem que se paute em formalidades como documentos ou provas empíricas ou dedutivas de caráter científi-
co. Exemplo: Ensaio sobre a tolerância, de John Locke.
Gênero Dramático
Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse tipo de texto, não há um narrador contando a história. Ela “acontece” no
palco, ou seja, é representada por atores, que assumem os papéis das personagens nas cenas.
Tragédia
É a representação de um fato trágico, suscetível de provocar compaixão e terror. Aristóteles afirmava que a tragédia era “uma repre-
sentação duma ação grave, de alguma extensão e completa, em linguagem figurada, com atores agindo, não narrando, inspirando dó e
terror”. Ex.: Romeu e Julieta, de Shakespeare.
Farsa
A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao emprego de processos como o absurdo, as incongruências, os equívocos, a caricatura,
o humor primário, as situações ridículas e, em especial, o engano.
Comédia
É a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento comum, de riso fácil. Sua origem grega está ligada às festas populares.
Tragicomédia
Modalidade em que se misturam elementos trágicos e cômicos. Originalmente, significava a mistura do real com o imaginário.
Poesia de cordel
Texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forte apelo linguístico e cultural nordestinos, fatos diversos da sociedade e da
realidade vivida por este povo.
Classes de Palavras
Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.
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Substantivo
Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; cachor-
ro; praça...
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designando sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede;
imaginação...
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: livro; água; noite...
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedreiro; livraria; noturno...
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radical). Ex: casa; pessoa; cheiro...
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol...
Flexão de gênero
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino.
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente o final
da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / acentuação
(Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou presença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora).
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma forma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto ao gêne-
ro a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epiceno (refere-se
aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo).
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, trazen-
do alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fruto X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao órgão
que protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é o termo popular para um tipo específico de fruto.
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Flexão de número
No português, é possível que o substantivo esteja no singular, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar (Ex: bola;
escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último representado, geral-
mente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra.
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do contexto,
pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis).
Variação de grau
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumentativo
e diminutivo.
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
pequeno).
Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou diminuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).
Adjetivo
Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e o singular (bonito) e o plural (bonitos).
Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua nacionali-
dade (brasileiro; mineiro).
É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjunto de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo. São
formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
• de criança = infantil
• de mãe = maternal
• de cabelo = capilar
Variação de grau
Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfases), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e superlativo.
• Normal: A Bruna é inteligente.
• Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente que o Lucas.
• Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente que a Bruna.
• Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto a Maria.
• Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inteligente da turma.
• Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos inteligente da turma.
• Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
• Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.
Adjetivos de relação
São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem sofrer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo, isto
é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufixação de um
substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).
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Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:
Advérbios interrogativos
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para introduzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de:
• Lugar: onde, aonde, de onde
• Tempo: quando
• Modo: como
• Causa: por que, por quê
Grau do advérbio
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que
• Superlativo analítico: muito cedo
• Superlativo sintético: cedíssimo
Curiosidades
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o uso
de alguns prefixos (supercedo).
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) e
ordem (ultimamente; depois; primeiramente).
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um sentido
próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designação (eis); de
realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou melhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí).
Pronomes
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no enunciado,
ele pode ser classificado da seguinte maneira:
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e podem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...).
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, nossos...)
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...)
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questionamentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...)
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...)
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...)
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...)
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Os tempos verbais compostos são formados por um verbo Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a
auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja
flexão em tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no parti- equivalente ao verbo “ser”.
cípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”.
• Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito, Conjugação de verbos
pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do preté- Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de ou-
rito. tros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados
• Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito, são aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo
pretérito mais-que-perfeito, futuro. que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de ori-
As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem, gem.
aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando, • 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, ima-
fazendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função ginar, jogar...)
de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particí- • 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr,
pio) ou advérbio (gerúndio). erguer...)
• 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ou-
vir...)
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Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar
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Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor
Preposições
As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas entre
essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (palavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como preposição
em determinadas sentenças).
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Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, • Comparativas: como, tal como, assim como.
para, per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, en- • Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que.
tre. • Finais: a fim de que, para que.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, du- • Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que.
rante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc. • Temporais: quando, enquanto, agora.
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de,
defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc. Formação de Palavras
A formação de palavras se dá a partir de processos morfológi-
Ao conectar os termos das orações, as preposições estabele- cos, de modo que as palavras se dividem entre:
cem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de: • Palavras primitivas: são aquelas que não provêm de outra
• Causa: Morreu de câncer. palavra. Ex: flor; pedra
• Distância: Retorno a 3 quilômetros. • Palavras derivadas: são originadas a partir de outras pala-
• Finalidade: A filha retornou para o enterro. vras. Ex: floricultura; pedrada
• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura. • Palavra simples: são aquelas que possuem apenas um radi-
• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila. cal (morfema que contém significado básico da palavra). Ex: cabelo;
• Lugar: O vírus veio de Portugal. azeite
• Companhia: Ela saiu com a amiga. • Palavra composta: são aquelas que possuem dois ou mais
• Posse: O carro de Maria é novo. radicais. Ex: guarda-roupa; couve-flor
• Meio: Viajou de trem. Entenda como ocorrem os principais processos de formação de
palavras:
Combinações e contrações
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras pa- Derivação
lavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e A formação se dá por derivação quando ocorre a partir de uma
havendo perda fonética (contração). palavra simples ou de um único radical, juntando-se afixos.
• Combinação: ao, aos, aonde • Derivação prefixal: adiciona-se um afixo anteriormente à pa-
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso lavra ou radical. Ex: antebraço (ante + braço) / infeliz (in + feliz)
• Derivação sufixal: adiciona-se um afixo ao final da palavra ou
Conjunção radical. Ex: friorento (frio + ento) / guloso (gula + oso)
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabe- • Derivação parassintética: adiciona-se um afixo antes e outro
lecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante depois da palavra ou radical. Ex: esfriar (es + frio + ar) / desgoverna-
de conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois do (des + governar + ado)
reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e • Derivação regressiva (formação deverbal): reduz-se a pala-
interpretação de textos, além de ser um grande diferencial no mo- vra primitiva. Ex: boteco (botequim) / ataque (verbo “atacar”)
mento de redigir um texto. • Derivação imprópria (conversão): ocorre mudança na classe
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e gramatical, logo, de sentido, da palavra primitiva. Ex: jantar (verbo
conjunções subordinativas. para substantivo) / Oliveira (substantivo comum para substantivo
próprio – sobrenomes).
Conjunções coordenativas
As orações coordenadas não apresentam dependência sintáti- Composição
ca entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma A formação por composição ocorre quando uma nova palavra
função gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em se origina da junção de duas ou mais palavras simples ou radicais.
cinco grupos: • Aglutinação: fusão de duas ou mais palavras simples, de
• Aditivas: e, nem, bem como. modo que ocorre supressão de fonemas, de modo que os elemen-
• Adversativas: mas, porém, contudo. tos formadores perdem sua identidade ortográfica e fonológica. Ex:
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer. aguardente (água + ardente) / planalto (plano + alto)
• Conclusivas: logo, portanto, assim. • Justaposição: fusão de duas ou mais palavras simples, man-
• Explicativas: que, porque, porquanto. tendo a ortografia e a acentuação presente nos elementos forma-
dores. Em sua maioria, aparecem conectadas com hífen. Ex: beija-
Conjunções subordinativas -flor / passatempo.
As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação
de dependência entre a oração principal e a oração subordinada. Abreviação
Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido) Quando a palavra é reduzida para apenas uma parte de sua
se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada. totalidade, passando a existir como uma palavra autônoma. Ex: foto
Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes: (fotografia) / PUC (Pontifícia Universidade Católica).
• Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas
substantivas, definidas pelas palavras que e se. Hibridismo
• Causais: porque, que, como. Quando há junção de palavras simples ou radicais advindos de
• Concessivas: embora, ainda que, se bem que. línguas distintas. Ex: sociologia (socio – latim + logia – grego) / binó-
• Condicionais: e, caso, desde que. culo (bi – grego + oculus – latim).
• Conformativas: conforme, segundo, consoante.
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Tipos de Orações
Levando em consideração o que foi aprendido anteriormente sobre oração, vamos aprender sobre os dois tipos de oração que existem
na língua portuguesa: oração coordenada e oração subordinada.
Orações coordenadas
São aquelas que não dependem sintaticamente uma da outra, ligando-se apenas pelo sentido. Elas aparecem quando há um período
composto, sendo conectadas por meio do uso de conjunções (sindéticas), ou por meio da vírgula (assindéticas).
No caso das orações coordenadas sindéticas, a classificação depende do sentido entre as orações, representado por um grupo de
conjunções adequadas:
Orações subordinadas
São aquelas que dependem sintaticamente em relação à oração principal. Elas aparecem quando o período é composto por duas ou
mais orações.
A classificação das orações subordinadas se dá por meio de sua função: orações subordinadas substantivas, quando fazem o papel
de substantivo da oração; orações subordinadas adjetivas, quando modificam o substantivo, exercendo a função do adjetivo; orações
subordinadas adverbiais, quando modificam o advérbio.
Cada uma dessas sofre uma segunda classificação, como pode ser observado nos quadros abaixo.
SUBORDINADAS
CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS
ADJETIVAS
Esclarece algum detalhe, adicionando uma informação. O candidato, que é do partido socialista,
EXPLICATIVAS
Aparece sempre separado por vírgulas. está sendo atacado.
Restringe e define o sujeito a que se refere.
As pessoas que são racistas precisam rever
RESTRITIVAS Não deve ser retirado sem alterar o sentido.
seus valores.
Não pode ser separado por vírgula.
Introduzidas por conjunções, pronomes e locuções
Ele foi o primeiro presidente que se preocu-
DESENVOLVIDAS conjuntivas.
pou com a fome no país.
Apresentam verbo nos modos indicativo ou subjuntivo.
Não são introduzidas por pronomes, conjunções sou
locuções conjuntivas. Assisti ao documentário denunciando a
REDUZIDAS
Apresentam o verbo nos modos particípio, gerúndio ou corrupção.
infinitivo
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PONTUAÇÃO
Os sinais de pontuação são recursos gráficos que se encontram na linguagem escrita, e suas funções são demarcar unidades e sinalizar
limites de estruturas sintáticas. É também usado como um recurso estilístico, contribuindo para a coerência e a coesão dos textos.
São eles: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto e vírgula (;), os dois pontos (:), o ponto de exclamação (!), o ponto de interrogação (?), as
reticências (...), as aspas (“”), os parênteses ( ( ) ), o travessão (—), a meia-risca (–), o apóstrofo (‘), o asterisco (*), o hífen (-), o colchetes
([]) e a barra (/).
Confira, no quadro a seguir, os principais sinais de pontuação e suas regras de uso.
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Vírgula
A vírgula é um sinal de pontuação com muitas funções, usada para marcar uma pausa no enunciado. Veja, a seguir, as principais regras
de uso obrigatório da vírgula.
• Separar termos coordenados: Fui à feira e comprei abacate, mamão, manga, morango e abacaxi.
• Separar aposto (termo explicativo): Belo Horizonte, capital mineira, só tem uma linha de metrô.
• Isolar vocativo: Boa tarde, Maria.
• Isolar expressões que indicam circunstâncias adverbiais (modo, lugar, tempo etc): Todos os moradores, calmamente, deixaram o
prédio.
• Isolar termos explicativos: A educação, a meu ver, é a solução de vários problemas sociais.
• Separar conjunções intercaladas, e antes dos conectivos “mas”, “porém”, “pois”, “contudo”, “logo”: A menina acordou cedo, mas não
conseguiu chegar a tempo na escola. Não explicou, porém, o motivo para a professora.
• Separar o conteúdo pleonástico: A ela, nada mais abala.
No caso da vírgula, é importante saber que, em alguns casos, ela não deve ser usada. Assim, não há vírgula para separar:
• Sujeito de predicado.
• Objeto de verbo.
• Adjunto adnominal de nome.
• Complemento nominal de nome.
• Predicativo do objeto do objeto.
• Oração principal da subordinada substantiva.
• Termos coordenados ligados por “e”, “ou”, “nem”.
Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser verbal
— refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal — refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Concordância em número: flexão em singular e plural
• Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa
Concordância nominal
Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos, artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gênero,
de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar atento,
também, aos casos específicos.
Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo, o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
• A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e japonesa.
Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo, a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o substantivo mais próximo:
• Linda casa e bairro.
Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substantivos
(sendo usado no plural):
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arrumada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arrumados.
Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• O operário e sua família estavam preocupados com as consequências do acidente.
Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.
Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.
Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.
Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.
Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um subs-
tantivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.
Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.
Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.
Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje
Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.
Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quanto com
o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa.
Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer.
Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Ex-
ceto caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram.
A regência estuda as relações de concordâncias entre os termos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. Dessa
maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa relação
é sempre intermediada com o uso adequado de alguma preposição.
Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma preposição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras que
pedem seu complemento:
PREPOSIÇÃO NOMES
acessível; acostumado; adaptado; adequado; agradável; alusão; análogo; anterior; atento; benefício;
comum; contrário; desfavorável; devoto; equivalente; fiel; grato; horror; idêntico; imune; indiferente; inferior;
A
leal; necessário; nocivo; obediente; paralelo; posterior; preferência; propenso; próximo; semelhante; sensível; útil;
visível...
amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo; convicto; cúmplice; descendente; destituído; devoto; diferente;
DE dotado; escasso; fácil; feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno; inimigo; inseparável; isento; junto; longe; medo;
natural; orgulhoso; passível; possível; seguro; suspeito; temeroso...
opinião; discurso; discussão; dúvida; insistência; influência; informação; preponderante; proeminência;
SOBRE
triunfo...
acostumado; amoroso; analogia; compatível; cuidadoso; descontente; generoso; impaciente; ingrato;
COM
intolerante; mal; misericordioso; ocupado; parecido; relacionado; satisfeito; severo; solícito; triste...
abundante; bacharel; constante; doutor; erudito; firme; hábil; incansável; inconstante; indeciso; morador;
EM
negligente; perito; prático; residente; versado...
atentado; blasfêmia; combate; conspiração; declaração; fúria; impotência; litígio; luta; protesto; reclamação;
CONTRA
representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...
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LÍNGUA PORTUGUESA
Regência verbal • Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regi- a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras.
do poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto • Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha
um objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado fica a 50 metros da esquina.
também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre tran- Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo
sitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do • Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha filha.
verbo vai depender do seu contexto. / Dei um picolé à minha filha.
• Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei
Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que minha avó até à feira.
fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado • Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado):
de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à
modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser Ana da faculdade.
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática:
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem. DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em
caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no
Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto dire- masculino. Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos
to), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo: à escola / Amanhã iremos ao colégio.
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Rosa Maria Torres Dentre todos os sinônimos apresentados no texto para o vo-
15
O tema da diversidade, como tantos outros, hoje em dia, abre cábulo indiferença, o que melhor se aplica a ele, considerando-se
16
muitas versões possíveis de projeto educativo e de projeto 17po- o contexto, é
lítico e social. É uma bandeira pela qual temos que reivindicar, 18e (A) ceticismo.
pela qual temos reivindicado há muitos anos, a necessidade 19de (B) desdém.
reconhecer que há distinções, grupos, valores distintos, e 20que a (C) apatia.
escola deve adequar-se às necessidades de cada grupo. 21Porém, o (D) desinteresse.
tema da diversidade também pode dar lugar a uma 22série de coisas (E) negligência.
indesejadas.
[…] 4. (CASAN – 2015) Observe as sentenças.
I. Com medo do escuro, a criança ascendeu a luz.
Adaptado da Revista Pátio, Diversidade na educação: limites e possibi- II. É melhor deixares a vida fluir num ritmo tranquilo.
lidades. Ano V, nº 20, fev./abr. 2002, p. 29. III. O tráfico nas grandes cidades torna-se cada dia mais difícil
para os carros e os pedestres.
Do enunciado “O tema da diversidade tem a ver com o tema
identidade.” (ref. 1), pode-se inferir que Assinale a alternativa correta quanto ao uso adequado de ho-
I – “Diversidade e identidade” fazem parte do mesmo campo mônimos e parônimos.
semântico, sendo a palavra “identidade” considerada um hiperôni- (A) I e III.
mo, em relação à “diversidade”. (B) II e III.
II – há uma relação de intercomplementariedade entre “diversi- (C) II apenas.
dade e identidade”, em função do efeito de sentido que se instaura (D) Todas incorretas.
no paradigma argumentativo do enunciado.
III – a expressão “tem a ver” pode ser considerada de uso co- 5. (UFMS – 2009)
loquial e indica nesse contexto um vínculo temático entre “diversi- Leia o artigo abaixo, intitulado “Uma questão de tempo”, de
dade e identidade”. Miguel Sanches Neto, extraído da Revista Nova Escola Online, em
30/09/08. Em seguida, responda.
Marque a alternativa abaixo que apresenta a(s) proposi- “Demorei para aprender ortografia. E essa aprendizagem con-
ção(ões) verdadeira(s). tou com a ajuda dos editores de texto, no computador. Quando eu
(A) I, apenas cometia uma infração, pequena ou grande, o programa grifava em
(B) II e III vermelho meu deslize. Fui assim me obrigando a escrever minima-
(C) III, apenas mente do jeito correto.
(D) II, apenas Mas de meu tempo de escola trago uma grande descoberta,
(E) I e II a do monstro ortográfico. O nome dele era Qüeqüi Güegüi. Sim,
esse animal existiu de fato. A professora de Português nos disse que
3. (UNIFOR CE – 2006) devíamos usar trema nas sílabas qüe, qüi, güe e güi quando o u é
Dia desses, por alguns momentos, a cidade parou. As televi- pronunciado. Fiquei com essa expressão tão sonora quanto enig-
sões hipnotizaram os espectadores que assistiram, sem piscar, ao mática na cabeça.
resgate de uma mãe e de uma filha. Seu automóvel caíra em um Quando meditava sobre algum problema terrível – pois na pré-
rio. Assisti ao evento em um local público. Ao acabar o noticiário, o -adolescência sempre temos problemas terríveis –, eu tentava me
silêncio em volta do aparelho se desfez e as pessoas retomaram as libertar da coisa repetindo em voz alta: “Qüeqüi Güegüi”. Se numa
suas ocupações habituais. Os celulares recomeçaram a tocar. Per- prova de Matemática eu não conseguia me lembrar de uma fórmu-
guntei-me: indiferença? Se tomarmos a definição ao pé da letra, la, lá vinham as palavras mágicas.
indiferença é sinônimo de desdém, de insensibilidade, de apatia e Um desses problemas terríveis, uma namorada, ouvindo minha
de negligência. Mas podemos considerá-la também uma forma de evocação, quis saber o que era esse tal de Qüeqüi Güegüi.
ceticismo e desinteresse, um “estado físico que não apresenta nada – Você nunca ouviu falar nele? – perguntei.
de particular”; enfim, explica o Aurélio, uma atitude de neutralida- – Ainda não fomos apresentados – ela disse.
de. – É o abominável monstro ortográfico – fiz uma falsa voz de
Conclusão? Impassíveis diante da emoção, imperturbáveis terror.
diante da paixão, imunes à angústia, vamos hoje burilando nossa – E ele faz o quê?
indiferença. Não nos indignamos mais! À distância de tudo, segui- – Atrapalha a gente na hora de escrever.
mos surdos ao barulho do mundo lá fora. Dos movimentos de mas- Ela riu e se desinteressou do assunto. Provavelmente não sabia
sa “quentes” (lembram-se do “Diretas Já”?) onde nos fundíamos na usar trema nem se lembrava da regrinha.
igualdade, passamos aos gestos frios, nos quais indiferença e dis- Aos poucos, eu me habituei a colocar as letras e os sinais no
tância são fenômenos inseparáveis. Neles, apesar de iguais, somos lugar certo. Como essa aprendizagem foi demorada, não sei se con-
estrangeiros ao destino de nossos semelhantes. […] seguirei escrever de outra forma – agora que teremos novas regras.
Por isso, peço desde já que perdoem meus futuros erros, que servi-
(Mary Del Priore. Histórias do cotidiano. São Paulo: Contexto, 2001. rão ao menos para determinar minha idade.
p.68) – Esse aí é do tempo do trema.”
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LÍNGUA PORTUGUESA
7. (PUC-SP) Dê a função sintática do termo destacado em: “De- 12. (IBFC – 2013) Leia as sentenças:
pressa esqueci o Quincas Borba”. É preciso que ela se encante por mim!
(A) objeto direto Chegou à conclusão de que saiu no prejuízo.
(B) sujeito
(C) agente da passiva Assinale abaixo a alternativa que classifica, correta e respecti-
(D) adjunto adverbial vamente, as orações subordinadas substantivas (O.S.S.) destacadas:
(E) aposto (A) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. objetiva indireta.
(B) O.S.S. subjetiva e O.S.S. completiva nominal
8. (MACK-SP) Aponte a alternativa que expressa a função sintá- (C) O.S.S. subjetiva e O.S.S. objetiva indireta.
tica do termo destacado: “Parece enfermo, seu irmão”. (D) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. completiva nominal.
(A) Sujeito
(B) Objeto direto 13. (ADVISE-2013) Todos os enunciados abaixo correspondem
(C) Predicativo do sujeito a orações subordinadas substantivas, exceto:
(D) Adjunto adverbial (A) Espero sinceramente isto: que vocês não faltem mais.
(E) Adjunto adnominal (B) Desejo que ela volte.
(C) Gostaria de que todos me apoiassem.
9. (OSEC-SP) “Ninguém parecia disposto ao trabalho naquela (D) Tenho medo de que esses assessores me traiam.
manhã de segunda-feira”. (E) Os jogadores que foram convocados apresentaram-se on-
(A) Predicativo tem.
(B) Complemento nominal
(C) Objeto indireto 14. (PUC-SP) “Pode-se dizer que a tarefa é puramente formal.”
(D) Adjunto adverbial No texto acima temos uma oração destacada que é ________e
(E) Adjunto adnominal um “se” que é . ________.
(A) substantiva objetiva direta, partícula apassivadora
10. (MACK-SP) “Não se fazem motocicletas como antigamen- (B) substantiva predicativa, índice de indeterminação do sujeito
te”. O termo destacado funciona como: (C) relativa, pronome reflexivo
(A) Objeto indireto (D) substantiva subjetiva, partícula apassivadora
(B) Objeto direto (E) adverbial consecutiva, índice de indeterminação do sujeito
(C) Adjunto adnominal
(D) Vocativo
(E) Sujeito
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LÍNGUA PORTUGUESA
15. (UEMG) “De repente chegou o dia dos meus setenta anos. 17. (ITA - 1997) Assinale a opção que completa corretamente
Fiquei entre surpresa e divertida, setenta, eu? Mas tudo parece as lacunas do texto a seguir:
ter sido ontem! No século em que a maioria quer ter vinte anos “Todas as amigas estavam _______________ ansiosas
(trinta a gente ainda aguenta), eu estava fazendo setenta. Pior: du- _______________ ler os jornais, pois foram informadas de que as crí-
vidando disso, pois ainda escutava em mim as risadas da menina ticas foram ______________ indulgentes ______________ rapaz, o
que queria correr nas lajes do pátio quando chovia, que pescava qual, embora tivesse mais aptidão _______________ ciências exatas,
lambaris com o pai no laguinho, que chorava em filme do Gordo e demonstrava uma certa propensão _______________ arte.”
Magro, quando a mãe a levava à matinê. (Eu chorava alto com pena
dos dois, a mãe ficava furiosa.) (A) meio - para - bastante - para com o - para - para a
A menina que levava castigo na escola porque ria fora de hora, (B) muito - em - bastante - com o - nas - em
porque se distraía olhando o céu e nuvens pela janela em lugar de (C) bastante - por - meias - ao - a - à
prestar atenção, porque devagarinho empurrava o estojo de lápis (D) meias - para - muito - pelo - em - por
até a beira da mesa, e deixava cair com estrondo sabendo que os (E) bem - por - meio - para o - pelas – na
meninos, mais que as meninas, se botariam de quatro catando lá-
pis, canetas, borracha – as tediosas regras de ordem e quietude se- 18. (Mackenzie) Há uma concordância inaceitável de acordo
riam rompidas mais uma vez. com a gramática:
Fazendo a toda hora perguntas loucas, ela aborrecia os profes- I - Os brasileiros somos todos eternos sonhadores.
sores e divertia a turma: apenas porque não queria ser diferente, II - Muito obrigadas! – disseram as moças.
queria ser amada, queria ser natural, não queria que soubessem III - Sr. Deputado, V. Exa. Está enganada.
que ela, doze anos, além de histórias em quadrinhos e novelinhas IV - A pobre senhora ficou meio confusa.
açucaradas, lia teatro grego – sem entender – e achava emocionan- V - São muito estudiosos os alunos e as alunas deste curso.
te.
(E até do futuro namorado, aos quinze anos, esconderia isso.) (A) em I e II
O meu aniversário: primeiro pensei numa grande celebração, (B) apenas em IV
eu que sou avessa a badalações e gosto de grupos bem pequenos. (C) apenas em III
Mas pensei, setenta vale a pena! Afinal já é bastante tempo! Logo (D) em II, III e IV
me dei conta de que hoje setenta é quase banal, muita gente com (E) apenas em II
oitenta ainda está ativo e presente.
Decidi apenas reunir filhos e amigos mais chegados (tarefa difí- 19. (CESCEM–SP) Já ___ anos, ___ neste local árvores e flores.
cil, escolher), e deixar aquela festona para outra década.” Hoje, só ___ ervas daninhas.
(A) fazem, havia, existe
LUFT, 2014, p.104-105 (B) fazem, havia, existe
(C) fazem, haviam, existem
Leia atentamente a oração destacada no período a seguir: (D) faz, havia, existem
“(...) pois ainda escutava em mim as risadas da menina que (E) faz, havia, existe
queria correr nas lajes do pátio (...)”
20. (IBGE) Indique a opção correta, no que se refere à concor-
Assinale a alternativa em que a oração em negrito e sublinhada dância verbal, de acordo com a norma culta:
apresenta a mesma classificação sintática da destacada acima. (A) Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova.
(A) “A menina que levava castigo na escola porque ria fora de (B) Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha.
hora (...)” (C) Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui.
(B) “(...) e deixava cair com estrondo sabendo que os meninos, (D) Bateu três horas quando o entrevistador chegou.
mais que as meninas, se botariam de quatro catando lápis, ca- (E) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo.
netas, borracha (...)”
(C) “(...) não queria que soubessem que ela (...)” 21. (FUVEST – 2001) A única frase que NÃO apresenta desvio em
(D) “Logo me dei conta de que hoje setenta é quase banal (...)” relação à regência (nominal e verbal) recomendada pela norma culta é:
(A) O governador insistia em afirmar que o assunto principal
16. (FUNRIO – 2012) “Todos querem que nós seria “as grandes questões nacionais”, com o que discordavam
____________________.” líderes pefelistas.
(B) Enquanto Cuba monopolizava as atenções de um clube, do
Apenas uma das alternativas completa coerente e adequada- qual nem sequer pediu para integrar, a situação dos outros pa-
mente a frase acima. Assinale-a. íses passou despercebida.
(A) desfilando pelas passarelas internacionais. (C) Em busca da realização pessoal, profissionais escolhem a
(B) desista da ação contra aquele salafrário. dedo aonde trabalhar, priorizando à empresas com atuação
(C) estejamos prontos em breve para o trabalho. social.
(D) recuperássemos a vaga de motorista da firma. (D) Uma família de sem-teto descobriu um sofá deixado por um
(E) tentamos aquele emprego novamente. morador não muito consciente com a limpeza da cidade.
(E) O roteiro do filme oferece uma versão de como consegui-
mos um dia preferir a estrada à casa, a paixão e o sonho à regra,
a aventura à repetição.
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LÍNGUA PORTUGUESA
22. (FUVEST) Assinale a alternativa que preenche corretamen- 27. (ALTERNATIVE CONCURSOS/2016 – CÂMARA DE BANDEI-
te as lacunas correspondentes. RANTES-SC) Algumas palavras são usadas no nosso cotidiano de
A arma ___ se feriu desapareceu. forma incorreta, ou seja, estão em desacordo com a norma culta
Estas são as pessoas ___ lhe falei. padrão. Todas as alternativas abaixo apresentam palavras escritas
Aqui está a foto ___ me referi. erroneamente, exceto em:
Encontrei um amigo de infância ___ nome não me lembrava. (A) Na bandeija estavam as xícaras antigas da vovó.
Passamos por uma fazenda ___ se criam búfalos. (B) É um privilégio estar aqui hoje.
(C) Fiz a sombrancelha no salão novo da cidade.
(A) que, de que, à que, cujo, que. (D) A criança estava com desinteria.
(B) com que, que, a que, cujo qual, onde. (E) O bebedoro da escola estava estragado.
(C) com que, das quais, a que, de cujo, onde.
(D) com a qual, de que, que, do qual, onde. 28. (SEDUC/SP – 2018) Preencha as lacunas das frases abaixo
(E) que, cujas, as quais, do cujo, na cuja. com “por que”, “porque”, “por quê” ou “porquê”. Depois, assinale a
alternativa que apresenta a ordem correta, de cima para baixo, de
23. (FESP) Observe a regência verbal e assinale a opção falsa: classificação.
(A) Avisaram-no que chegaríamos logo. “____________ o céu é azul?”
(B) Informei-lhe a nota obtida. “Meus pais chegaram atrasados, ____________ pegaram trân-
(C) Os motoristas irresponsáveis, em geral, não obedecem aos sito pelo caminho.”
sinais de trânsito. “Gostaria muito de saber o ____________ de você ter faltado
(D) Há bastante tempo que assistimos em São Paulo. ao nosso encontro.”
(E) Muita gordura não implica saúde. “A Alemanha é considerada uma das grandes potências mun-
diais. ____________?”
24. (IBGE) Assinale a opção em que todos os adjetivos devem
ser seguidos pela mesma preposição: (A) Porque – porquê – por que – Por quê
(A) ávido / bom / inconsequente (B) Porque – porquê – por que – Por quê
(B) indigno / odioso / perito (C) Por que – porque – porquê – Por quê
(C) leal / limpo / oneroso (D) Porquê – porque – por quê – Por que
(D) orgulhoso / rico / sedento (E) Por que – porque – por quê – Porquê
(E) oposto / pálido / sábio
29. (CEITEC – 2012) Os vocábulos Emergir e Imergir são parô-
25. (TRE-MG) Observe a regência dos verbos das frases reescri- nimos: empregar um pelo outro acarreta grave confusão no que
tas nos itens a seguir: se quer expressar. Nas alternativas abaixo, só uma apresenta uma
I - Chamaremos os inimigos de hipócritas. Chamaremos aos ini- frase em que se respeita o devido sentido dos vocábulos, selecio-
migos de hipócritas; nando convenientemente o parônimo adequado à frase elaborada.
II - Informei-lhe o meu desprezo por tudo. Informei-lhe do meu Assinale-a.
desprezo por tudo; (A) A descoberta do plano de conquista era eminente.
III - O funcionário esqueceu o importante acontecimento. O (B) O infrator foi preso em flagrante.
funcionário esqueceu-se do importante acontecimento. (C) O candidato recebeu despensa das duas últimas provas.
(D) O metal delatou ao ser submetido à alta temperatura.
A frase reescrita está com a regência correta em: (E) Os culpados espiam suas culpas na prisão.
(A) I apenas
(B) II apenas 30. (FMU) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão
(C) III apenas grafadas corretamente.
(D) I e III apenas (A) paralisar, pesquisar, ironizar, deslizar
(E) I, II e III (B) alteza, empreza, francesa, miudeza
(C) cuscus, chimpazé, encharcar, encher
26. (INSTITUTO AOCP/2017 – EBSERH) Assinale a alternativa (D) incenso, abcesso, obsessão, luxação
em que todas as palavras estão adequadamente grafadas. (E) chineza, marquês, garrucha, meretriz
(A) Silhueta, entretenimento, autoestima.
(B) Rítimo, silueta, cérebro, entretenimento.
(C) Altoestima, entreterimento, memorização, silhueta.
(D) Célebro, ansiedade, auto-estima, ritmo.
(E) Memorização, anciedade, cérebro, ritmo.
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LÍNGUA PORTUGUESA
31. (VUNESP/2017 – TJ-SP) Assinale a alternativa em que todas 36. (IFAL - 2011)
as palavras estão corretamente grafadas, considerando-se as regras
de acentuação da língua padrão. Parágrafo do Editorial “Nossas crianças, hoje”.
(A) Remígio era homem de carater, o que surpreendeu D. Firmi- “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão impor-
na, que aceitou o matrimônio de sua filha. tante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos sentimos
(B) O consôlo de Fadinha foi ver que Remígio queria desposa-la na pele e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento da
apesar de sua beleza ter ido embora depois da doença. infância mais pobre. Nosso Estado e nossa região padece de índices
(C) Com a saúde de Fadinha comprometida, Remígio não con- vergonhosos no tocante à mortalidade infantil, à educação básica e
seguia se recompôr e viver tranquilo. tantos outros indicadores terríveis.” (Gazeta de Alagoas, seção Opi-
(D) Com o triúnfo do bem sobre o mal, Fadinha se recuperou, nião, 12.10.2010)
Remígio resolveu pedí-la em casamento.
(E) Fadinha não tinha mágoa por não ser mais tão bela; agora, O primeiro período desse parágrafo está corretamente pontua-
interessava-lhe viver no paraíso com Remígio. do na alternativa:
(A) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
32. (PUC-RJ) Aponte a opção em que as duas palavras são acen- importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos,
tuadas devido à mesma regra: sentimos na pele e na alma a dor dos mais altos índices de so-
(A) saí – dói frimento da infância mais pobre.”
(B) relógio – própria (B) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão
(C) só – sóis importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos
(D) dá – custará sentimos, na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
(E) até – pé sofrimento da infância mais pobre.”
(C) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
33. (UEPG ADAPTADA) Sobre a acentuação gráfica das palavras importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos,
agradável, automóvel e possível, assinale o que for correto. sentimos na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
(A) Em razão de a letra L no final das palavras transferir a toni- sofrimento da infância mais pobre.”
cidade para a última sílaba, é necessário que se marque grafi- (D) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão
camente a sílaba tônica das paroxítonas terminadas em L, se importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos
isso não fosse feito, poderiam ser lidas como palavras oxítonas. sentimos, na pele e na alma a dor dos mais altos índices de
(B) São acentuadas porque são proparoxítonas terminadas em sofrimento, da infância mais pobre.”
L. (E) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
(C) São acentuadas porque são oxítonas terminadas em L. importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos,
(D) São acentuadas porque terminam em ditongo fonético – sentimos, na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
eu. sofrimento da infância mais pobre.”
(E) São acentuadas porque são paroxítonas terminadas em L.
37. (F.E. BAURU) Assinale a alternativa em que há erro de pon-
34. (IFAL – 2016 ADAPTADA) Quanto à acentuação das palavras, tuação:
assinale a afirmação verdadeira. (A) Era do conhecimento de todos a hora da prova, mas, alguns
(A) A palavra “tendem” deveria ser acentuada graficamente, se atrasaram.
como “também” e “porém”. (B) A hora da prova era do conhecimento de todos; alguns se
(B) As palavras “saíra”, “destruída” e “aí” acentuam-se pela atrasaram, porém.
mesma razão. (C) Todos conhecem a hora da prova; não se atrasem, pois.
(C) O nome “Luiz” deveria ser acentuado graficamente, pela (D) Todos conhecem a hora da prova, portanto não se atrasem.
mesma razão que a palavra “país”. (E) N.D.A
(D) Os vocábulos “é”, “já” e “só” recebem acento por constituí-
rem monossílabos tônicos fechados. 38. (VUNESP – 2020) Assinale a alternativa correta quanto à
(E) Acentuam-se “simpática”, “centímetros”, “simbólica” por- pontuação.
que todas as paroxítonas são acentuadas. (A) Colaboradores da Universidade Federal do Paraná afirma-
ram: “Os cristais de urato podem provocar graves danos nas
35. (MACKENZIE) Indique a alternativa em que nenhuma pala- articulações.”.
vra é acentuada graficamente: (B) A prescrição de remédios e a adesão, ao tratamento, por
(A) lapis, canoa, abacaxi, jovens parte dos pacientes são baixas.
(B) ruim, sozinho, aquele, traiu (C) É uma inflamação, que desencadeia a crise de gota; diag-
(C) saudade, onix, grau, orquídea nosticada a partir do reconhecimento de intensa dor, no local.
(D) voo, legua, assim, tênis (D) A ausência de dor não pode ser motivo para a interrupção
(E) flores, açucar, album, virus do tratamento conforme o editorial diz: – (é preciso que o do-
ente confie em seu médico).
(E) A qualidade de vida, do paciente, diminui pois a dor no local
da inflamação é bastante intensa!
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LÍNGUA PORTUGUESA
Sinais de pontuação são símbolos gráficos usados para organizar a escrita e ajudar na compreensão da mensagem. No texto, o sentido
não é alterado em caso de substituição dos travessões por
(A) aspas, para colocar em destaque a informação seguinte
(B) vírgulas, para acrescentar uma caracterização de Davi Akkerman.
(C) reticências, para deixar subetendida a formação do especialista.
(D) dois-pontos, para acrescentar uma informação introduzida anteriormente.
(E) ponto e vírgula, para enumerar informações fundamentais para o desenvolvimento temático.
Sobre fonética e fonologia e conceitos relacionados a essas áreas, considere as seguintes afirmações, segundo Bechara:
I. A fonologia estuda o número de oposições utilizadas e suas relações mútuas, enquanto a fonética experimental determina a natu-
reza física e fisiológica das distinções observadas.
II. Fonema é uma realidade acústica, opositiva, que nosso ouvido registra; já letra, também chamada de grafema, é o sinal empregado
para representar na escrita o sistema sonoro de uma língua.
III. Denominam-se fonema os sons elementares e produtores da significação de cada um dos vocábulos produzidos pelos falantes da
língua portuguesa.
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LÍNGUA PORTUGUESA
41. (CEPERJ) Na palavra “fazer”, notam-se 5 fonemas. O mesmo 46. (UNIFESP - 2015) Leia o seguinte texto:
número de fonemas ocorre na palavra da seguinte alternativa: Você conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook?
(A) Tatuar Uma organização não governamental holandesa está propondo
(B) Quando um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias
(C) Doutor sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o
(D) Ainda grau de felicidade dos usuários longe da rede social.
(E) Além O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológi-
cos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que
42. (OSEC) Em que conjunto de signos só há consoantes sono- o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder par-
ras? ticipar, o usuário deve trocar a foto do perfil no Facebook e postar
(A) rosa, deve, navegador; um contador na rede social.
(B) barcos, grande, colado; Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade
(C) luta, após, triste; dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da abstinência.
(D) ringue, tão, pinga; Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam
(E) que, ser, tão. em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso,
a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, 2que poderiam
43. (UFRGS – 2010) No terceiro e no quarto parágrafos do tex- ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”.
to, o autor faz referência a uma oposição entre dois níveis de análi-
se de uma língua: o fonético e o gramatical. (http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.)
Verifique a que nível se referem as características do português
falado em Portugal a seguir descritas, identificando-as com o núme- Após ler o texto acima, examine as passagens do primeiro pa-
ro 1 (fonético) ou com o número 2 (gramatical). rágrafo: “Uma organização não governamental holandesa está pro-
( ) Construções com infinitivo, como estou a fazer, em lugar de pondo um desafio” “O objetivo é medir o grau de felicidade dos
formas com gerúndio, como estou fazendo. usuários longe da rede social.”
( ) Emprego frequente da vogal tônica com timbre aberto em A utilização dos artigos destacados justifica-se em razão:
palavras como académico e antónimo, (A) da retomada de informações que podem ser facilmente de-
( ) Uso frequente de consoante com som de k final da sílaba, preendidas pelo contexto, sendo ambas equivalentes seman-
como em contacto e facto. ticamente.
( ) Certos empregos do pretérito imperfeito para designar fu- (B) de informações conhecidas, nas duas ocorrências, sendo
turo do pretérito, como em Eu gostava de ir até lá por Eu gostaria possível a troca dos artigos nos enunciados, pois isso não alte-
de ir até lá. raria o sentido do texto.
(C) da generalização, no primeiro caso, com a introdução de
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de informação conhecida, e da especificação, no segundo, com
cima para baixo, é: informação nova.
(A) 2 – 1 – 1 – 2. (D) da introdução de uma informação nova, no primeiro caso,
(B) 2 – 1 – 2 – 1. e da retomada de uma informação já conhecida, no segundo.
(C) 1 – 2 – 1 – 2. (E) de informações novas, nas duas ocorrências, motivo pelo
(D) 1 – 1 – 2 – 2. qual são introduzidas de forma mais generalizada
(E) 1 – 2 – 2 – 1.
47. (UFMG-ADAPTADA) As expressões em negrito correspon-
44. (FUVEST-SP) Foram formadas pelo mesmo processo as se- dem a um adjetivo, exceto em:
guintes palavras: (A) João Fanhoso anda amanhecendo sem entusiasmo.
(A) vendavais, naufrágios, polêmicas (B) Demorava-se de propósito naquele complicado banho.
(B) descompõem, desempregados, desejava (C) Os bichos da terra fugiam em desabalada carreira.
(C) estendendo, escritório, espírito (D) Noite fechada sobre aqueles ermos perdidos da caatinga
(D) quietação, sabonete, nadador sem fim.
(E) religião, irmão, solidão (E) E ainda me vem com essa conversa de homem da roça.
45. (FUVEST) Assinale a alternativa em que uma das palavras 48. (UMESP) Na frase “As negociações estariam meio abertas
não é formada por prefixação: só depois de meio período de trabalho”, as palavras destacadas são,
(A) readquirir, predestinado, propor respectivamente:
(B) irregular, amoral, demover (A) adjetivo, adjetivo
(C) remeter, conter, antegozar (B) advérbio, advérbio
(D) irrestrito, antípoda, prever (C) advérbio, adjetivo
(E) dever, deter, antever (D) numeral, adjetivo
(E) numeral, advérbio
41
LÍNGUA PORTUGUESA
49. (ITA-SP)
25 E
Beber é mal, mas é muito bom.
26 A
(FERNANDES, Millôr. Mais! Folha de S. Paulo, 5 ago. 2001, p. 28.) 27 B
A palavra “mal”, no caso específico da frase de Millôr, é: 28 C
(A) adjetivo 29 B
(B) substantivo
30 A
(C) pronome
(D) advérbio 31 E
(E) preposição 32 B
50. (PUC-SP) “É uma espécie... nova... completamente nova! 33 E
(Mas já) tem nome... Batizei-(a) logo... Vou-(lhe) mostrar...”. Sob o 34 B
ponto de vista morfológico, as palavras destacadas correspondem
pela ordem, a: 35 B
(A) conjunção, preposição, artigo, pronome 36 E
(B) advérbio, advérbio, pronome, pronome
37 A
(C) conjunção, interjeição, artigo, advérbio
(D) advérbio, advérbio, substantivo, pronome 38 A
(E) conjunção, advérbio, pronome, pronome 39 B
40 C
GABARITO
41 B
42 D
1 C
43 A
2 B
44 D
3 D
45 E
4 C
46 D
5 C
47 B
6 A
48 B
7 D
49 B
8 C
50 E
9 B
10 E
11 C
ANOTAÇÕES
12 B
______________________________________________________
13 E
14 B ______________________________________________________
15 A ______________________________________________________
16 C
______________________________________________________
17 A
______________________________________________________
18 C
19 D ______________________________________________________
20 C ______________________________________________________
21 E
______________________________________________________
22 C
23 A ______________________________________________________
24 D ______________________________________________________
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO
PÚBLICO
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Parágrafo único. Em casos especiais, a critério da autoridade Art. 29. O servidor preso em flagrante, pronunciado por crime
competente, a posse poderá ser tomada por procuração específica. comum, denunciado por crime administrativo, ou condenado por
Art. 21. A autoridade que der posse verificará, sob pena de crime inafiançável, será afastado do exercício do cargo, até senten-
responsabilidade, se foram observados os requisitos legais para a ça final transitada em julgado.
investidura no cargo ou função. § 1°Durante o afastamento, o servidor perceberá dois terços
Art. 22. A posse ocorrerá no prazo de 30 (trinta) dias, contados do vencimento ou remuneração, tendo direito à diferença, se ab-
da publicação do ato de provimento no Diário Oficial do Estado. solvido.
§ 1° O prazo para a posse poderá ser prorrogado por mais § 1º Durante o afastamento, o servidor perceberá dois terços
30(trinta) dias, a requerimento do interessado. da remuneração, excluídas as vantagens devidas em razão do efeti-
§ 1º O prazo para a posse poderá ser prorrogado por mais quin- vo exercício do cargo, tendo direito à diferença, se absolvido.
ze dias, em existindo necessidade comprovada para o preenchi- (Redação dada pela Lei nº 7.071, de 2007).
mento dos requisitos para posse, conforme juízo da Administração. § 2° Em caso de condenação criminal, transitada em julgado,
(Redação dada pela Lei nº 7.071, de 2007). não determinante da demissão, continuará o servidor afastado até
§ 2° O prazo do servidor em férias, licença, ou afastado por o cumprimento total da pena, com direito a um terço do vencimen-
qualquer outro motivo legal, será contado do término do impedi- to ou remuneração.
mento. § 2º Em caso de condenação criminal, transitada em julgado,
§ 3° Se a posse não se concretizar dentro do prazo, o ato de pro- não determinante da demissão, continuará o servidor afastado até
vimento será tornado sem efeito. § 4° No ato da posse, o servidor o cumprimento total da pena, com direito a um terço do venci-
apresentará declaração de bens e valores que constituam seu pa- mento ou remuneração, excluídas as vantagens devidas em razão
trimônio, e declaração quanto ao exercício, ou não, de outro cargo, do efetivo exercício do cargo. (Redação dada pela Lei nº 7.071, de
emprego ou função pública. 2007).
(Regulamentado pelo Decreto nº 2.094, de 2010). Art. 30. Ao servidor da administração direta, das Autarquias
Art. 22-A. Ao interessado é permitida a renúncia da posse, no e das Fundações Públicas ou dos Poderes Legislativo e Judiciário,
prazo legal, sendo-lhe garantida a última colocação dentre os clas- do Ministério Público e dos Tribunais de Contas, diplomado para o
sificados no correspondente concurso público. (Incluído pela Lei nº exercício de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, aplica-
7.071, de 2007). -se o disposto no Título III, Capítulo V, Seção VII, desta lei.
Art. 31. O servidor no exercício de cargo de provimento efetivo,
SEÇÃO IV mediante a sua concordância poderá ser colocado à disposição de
DO EXERCÍCIO qualquer órgão da administração direta ou indireta, da União, do
Estado, do Distrito Federal e dos Municípios, com ou sem ônus para
Art. 23. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições e res- o Estado do Pará, desde que observada a reciprocidade. (Vide De-
ponsabilidade do cargo. creto nº 795, de 2020). (Vide Instruções Normativas nº 02, de 1997
Art. 24. Compete ao titular do órgão para onde for nomeado o e nº 001, de 2003).
servidor, dar-lhe o exercício.
Art. 25. O exercício do cargo terá início dentro do prazo de 30 SEÇÃO V
(trinta) dias, contados: DO ESTÁGIO PROBATÓRIO
Art. 25. O exercício do cargo terá início dentro do prazo de (Regulamentado pelo Decreto nº 1.945, de 2005).
quinze dias, contados: (Redação dada pela Lei nº 7.071, de 2007).
I - da data da posse, no caso de nomeação; Art. 32. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo
II - da data da publicação oficial do ato, nos demais casos. de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por perí-
§ 1°Os prazos poderão ser prorrogados, a requerimento do in- odo de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e
teressado, por 30 (trinta) dias. § 1º Os prazos poderão ser prorro- capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo,
gados por mais quinze dias, em existindo necessidade comprovada observados os seguintes fatores: Art. 32. Ao entrar em exercício, o
para o preenchimento dos requisitos para posse, conforme juízo da servidor nomeado para o cargo de provimento efetivo ficará sujeito
Administração. (Redação dada pela Lei nº 7.071, de 2007). a estágio probatório por período de três anos, durante os quais a
§ 2° Será exonerado o servidor empossado que não entrar em sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o desem-
exercício nos prazos previstos neste artigo. penho do cargo, observados os seguintes fatores: (Redação dada
Art. 26. O servidor poderá ausentar-se do Estado, para estudo, pela Lei nº 7.071, de 2007). I – assiduidade;
ou missão de qualquer natureza, com ou sem vencimento, median- II – disciplina;
te prévia autorização ou designação do titular do órgão em que ser- III - capacidade de iniciativa;
vir. Art. 27. O servidor autorizado a afastar-se para estudo em área IV – produtividade;
do interesse do serviço público, fora do Estado do Pará, com ônus V – responsabilidade;
para os cofres do Estado, deverá, sequentemente, prestar serviço, § 1° Quatro meses antes do findo período do estágio proba-
por igual período, ao Estado. tório, será submetida à homologação da autoridade competente
Art. 28. O afastamento do servidor para participação em con- a avaliação do desempenho do servidor, realizada de acordo com
gressos e outros eventos culturais, esportivos, técnicos e científicos o que dispuser a lei ou regulamento do sistema de carreira, sem
será estabelecido em regulamento. prejuízo da continuidade de apuração dos fatores enumerados nos
incisos I a V deste artigo.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 2° O servidor não aprovado no estágio probatório será exo- cargo houver sido extinto, a reintegração dar-se-á em cargo equiva-
nerado, observado o devido processo legal. § 3º O disposto no lente, respeitada a habilitação profissional, ou, não sendo possível,
“caput” deste artigo não se aplica aos servidores que já tenham en- ficará o reintegrado em disponibilidade no cargo que exercia.
trado em exercício na data de publicação desta Lei, que se sujeitam Art. 41. O ato de reintegração será expedido no prazo máximo
ao regime anterior. (Incluído pela Lei nº 7.071, de 2007). de 30 (trinta) dias do pedido, reportando-se sempre à decisão ad-
Art. 33. O término do estágio probatório importa no reconhe- ministrativa definitiva ou à sentença judicial, transitada em julgado.
cimento da estabilidade de ofício. Art. 34. O servidor estável apro- Art. 42. O servidor reintegrado será submetido à inspeção de
vado em outro concurso público fica sujeito a estágio probatório no saúde na instituição pública competente e aposentado, quando in-
novo cargo. capaz.
Parágrafo único. Ficará dispensado do estágio probatório o ser-
vidor que tiver exercido o mesmo cargo público em que já tenha CAPÍTULO V
sido avaliado. (Redação dada pela Lei nº 7.071, de 2007). DA TRANSFERÊNCIA E DA REMOÇÃO CAPÍTULO V DA
TRANSFERÊNCIA, DA REMOÇÃO E DA REDISTRIBUIÇÃO
CAPÍTULO III (Redação dada pela Lei nº 5.942, de 1996).
DA PROMOÇÃO
Art. 43. Transferência é a movimentação do servidor ocupante
Art. 35. A promoção é a progressão funcional do servidor está- de cargo de provimento efetivo, para outro cargo de igual denomi-
vel a uma posição que lhe assegure maior vencimento base, dentro nação e provimento, de outro órgão, mas no mesmo Poder. Art. 44.
da mesma categoria funcional, obedecidos os critérios de antigui- Caberá a transferência:
dade e merecimento, alternadamente. I - a pedido do servidor;
Art. 36. A promoção por antiguidade dar-se-á pela progressão II - por permuta, a requerimento de ambos os servidores in-
à referência imediatamente superior, observado o interstício de 2 teressados.
(dois) anos de efetivo exercício. Art. 45. A transferência será processada atendendo a conveni-
Art. 37. A promoção por merecimento dar-se-á pela progressão ência do servidor desde que no órgão pretendido exista cargo vago,
à referência imediatamente superior, mediante a avaliação do de- de igual denominação.
sempenho a cada interstício de 02 (dois) anos de efetivo exercício. Art. 46. O servidor transferido somente poderá renovar o pe-
Parágrafo único. No critério de merecimento será obedecido o dido, após decorridos 2 (dois) anos de efetivo exercício no cargo.
que dispuser a lei do sistema de carreira, considerando-se, em es- Art. 47. Não será concedida a transferência:
pecial, na avaliação do desempenho, os cursos de capacitação pro- I - para cargos que tenham candidatos aprovados em concurso,
fissional realizados, e assegurada, no processo, a plena participação com prazo de validade não esgotado; II - para órgãos da adminis-
das entidades de classe dos servidores. tração indireta ou fundacional cujo regime jurídico não seja o esta-
Art. 38. O servidor que não estiver no exercício do cargo, res- tutário; III - do servidor em estágio probatório.
salvadas as hipóteses consideradas como de efetivo exercício, não Art. 48. A transferência dos membros da Magistratura, Ministé-
concorrerá à promoção. rio Público, Magistério e da Polícia Civil, será definida no âmbito de
§ 1° Não poderá ser promovido o servidor que se encontre cada Poder, por regime próprio.
cumprindo o estágio probatório. § 2° O servidor, em exercício de Art. 49. A remoção é a movimentação do servidor ocupante de
mandato eletivo, somente terá direito à promoção por antigüidade cargo de provimento efetivo, para outro cargo de igual denomina-
na forma da Constituição, obedecidas as exigências legais e regula- ção e forma de provimento, no mesmo Poder e no mesmo órgão
mentares. em que é lotado.
Art. 39. No âmbito de cada Poder ou órgão, o setor competen- Parágrafo único. A remoção, a pedido ou ex-officio, do servidor
te de pessoal processará as promoções que serão efetivadas por estável, poderá ser feita: (Incluído pela Lei nº 5.942, de 1996).
atos específicos no prazo de 60 (sessenta) dias, contados da data de I - de uma para outra unidade administrativa da mesma Se-
abertura da vaga. cretaria, Autarquia, Fundação ou órgão análogo dos Poderes Legis-
Parágrafo único. O critério adotado para promoção deverá lativo e Judiciário, do Ministério Público e dos Tribunais de Contas.
constar obrigatoriamente do ato que a determinar. (Incluído pela Lei nº 5.942, de 1996).
II - de um para outro setor, na mesma unidade administrati-
CAPÍTULO IV va. (Incluído pela Lei nº 5.942, de 1996).
DA REINTEGRAÇÃO Art. 50 - A Remoção, a pedido ou ex-officio, do servidor estável
poderá ser feita:
Art. 40. Reintegração é o reingresso do servidor na adminis- I - de uma para outra unidade administrativa da mesma Se-
tração pública, em decorrência de decisão administrativa definitiva cretaria, Autarquia, Fundação ou órgão análogo dos Poderes Legis-
ou sentença judicial transitada em julgado, com ressarcimento de lativo e Judiciário, do Ministério Público e dos Tribunais de Contas.
prejuízos resultantes do afastamento. II - de um para outro setor, na mesma unidade administrati-
§ 1° A reintegração será feita no cargo anteriormente ocupado va.
e, se este houver sido transformado, no cargo resultante. Art. 50. A redistribuição é o deslocamento do servidor, com o
§ 2° Encontrando-se regularmente provido o cargo, o seu ocu- respectivo cargo ou função, para o quadro de outro órgão ou enti-
pante será deslocado para cargo equivalente, ou, se ocupava outro dade do mesmo Poder, sempre no interesse da Administração.
cargo, a este será reconduzido, sem direito à indenização. § 3° Se o (Redação dada pela Lei nº 5.942, de 1996).
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Art. 76. Durante as férias, o servidor terá direito a todas as van- Parágrafo único. Sempre que necessário, a inspeção médica
tagens do exercício do cargo. § 1° As férias serão remuneradas com será realizada na residência do servidor ou no estabelecimento hos-
um terço a mais do que a remuneração normal, pagas antecipada- pitalar onde se encontrar internado.
mente, independente de solicitação. Art. 82. A licença superior a 60 (sessenta) dias só poderá ser
§ 2° VETADO concedida mediante inspeção realizada por junta médica oficial.
§ 3º O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão, § 1° Em casos excepcionais, a prova da doença poderá ser fei-
perceberá indenização relativa ao período das férias a que tiver di- ta por atestado médico particular se, a juízo da administração, for
reito e ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês de inconveniente ou impossível a ida da junta médica à localidade de
efetivo exercício, ou fração superior a quatorze dias. (Incluído pela residência do servidor.
Lei nº 7.391, de 2010). § 2° Nos casos referidos no § anterior, o atestado só produzirá
§ 4º A indenização será calculada com base na remuneração efeito depois de homologado pelo serviço médico oficial do Estado.
do mês em que ocorrer a exoneração. (Incluído pela Lei nº 7.391, § 3° Verificando-se, a qualquer tempo, ter ocorrido má-fé na
de 2010). expedição do atestado ou do laudo, a administração promoverá a
punição dos responsáveis.
CAPÍTULO V Art. 83. Findo o prazo da licença, o servidor será submetido
DAS LICENÇAS SEÇÃO I à nova inspeção médica, que concluirá pela volta ao serviço, pela
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS prorrogação da licença ou pela aposentadoria.
Art. 84. O atestado e o laudo da junta médica não se referirão
Art. 77. O servidor terá direito à licença: ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões
I - para tratamento de saúde; produzidas por acidente em serviço e doença profissional.
II - por motivo de doença em pessoa da família;
III – maternidade; SEÇÃO III
IV – paternidade; DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PESSOA DA
V - para o serviço militar e outras obrigações previstas em FAMÍLIA
lei;
VI - para tratar de interesse particular; Art. 85. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo
VII - para atividade política ou classista, na forma da lei; VIII de doença do cônjuge, companheiro ou companheira, padrasto ou
- por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; IX - a madrasta; ascendente, descendente, enteado, menor sob guarda,
título de prêmio por assiduidade. tutela ou adoção, e colateral consanguíneo ou afim até o segundo
§ 1° As licenças previstas nos incisos I e II dependerão de inspe- grau civil, mediante comprovação médica.
ção médica, realizada pelo órgão competente. Parágrafo único. Nas hipóteses de tutela, guarda e adoção, de-
§ 2° Ao servidor ocupante de cargo em comissão não serão verá o servidor instruir o pedido com documento legal comproba-
concedidas as licenças previstas nos incisos VI, VII e VIII. tório de tal condição.
§ 3° A licença - da mesma espécie - concedida dentro 60 (ses- Art. 86. A licença para tratamento de saúde em pessoa da fa-
senta) dias, do término da anterior, será considerada como prorro- mília será concedida:
gação. I - com remuneração integral, no primeiro mês;
§ 4° Expirada a licença, o servidor assumirá o cargo no primeiro II - com 2/3 (dois terços) da remuneração, quando exceder
dia útil subseqüente. § 5° O servidor não poderá permanecer em de 1 (um) até 6 (seis) meses; III - com 1/3 (um terço) da remunera-
licença da mesma espécie por período superior a 24 (vinte e quatro) ção quando exceder a 6 (seis) meses até 12 (doze) meses; IV - sem
meses, salvo os casos previstos nos incisos V, VII e VIII. remuneração, a partir do 12°. (décimo segundo) e até o 24°. (vigé-
Art. 78. A licença poderá ser prorrogada de ofício ou mediante simo quarto) mês. Parágrafo único. O órgão oficial poderá opinar
solicitação. pela concessão da licença pelo prazo máximo de 30 (trinta) dias,
§ 1° O pedido de prorrogação deverá ser apresentado pelo me- renováveis por períodos iguais e sucessivos, até o limite de 2 (dois)
nos 8 (oito) dias antes de findo o prazo. anos. Art. 87. Nos mesmos parâmetros do artigo anterior será con-
§ 2° O disposto neste artigo não se aplica às licenças previstas cedida licença para o pai, a mãe, ou responsável legal de excepcio-
no art. 77, incisos III, IV, VI e IX. Art. 79. É vedado o exercício de nal em tratamento.
atividade remunerada durante o período das licenças previstas nos
incisos I e II do art. 77. SEÇÃO IV
Art. 80.O servidor notificado que se recusar a submeter-se à DAS LICENÇAS MATERNIDADE E PATERNIDADE
inspeção médica, quando julgada necessária, terá sua licença can-
celada automaticamente. Art. 88. Será concedida licença à servidora gestante, por 120
(cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração.
SEÇÃO II Art. 88. Será concedida licença à servidora gestante, por cento
DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE e oitenta dias consecutivos, sem prejuízo de remuneração. (Reda-
ção dada pela Lei nº 7.267, de 2009).
Art. 81. A licença para tratamento de saúde será concedida a § 1° A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de
pedido ou de ofício, com base em inspeção médica, realizada pelo gestação, salvo antecipação por prescrição médica.
órgão competente, sem prejuízo da remuneração. § 2° No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a
partir do parto.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 3° No caso de aborto, atestado por médico oficial, a servidora Art. 95. É assegurado ao servidor o direito à licença para de-
terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado. sempenho de mandato em confederação, federação, associação de
§ 4º O benefício previsto no caput deste artigo alcançará a ser- classe de âmbito nacional, sindicato representativo da categoria,
vidora que já se encontre no gozo da referida licença. (Incluído pela com a remuneração do cargo efetivo.
Lei nº 7.267, de 2009). Art. 95. É assegurado ao servidor o direito à licença para de-
Art. 89. Para amamentar o próprio filho, até a idade de 6 (seis) sempenho de mandato em confederação, federação, sindicato re-
meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de traba- presentativo da categoria, associação de classe de âmbito local e/ou
lho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em 2 (dois) nacional, sem prejuízo de remuneração do cargo efetivo. (Redação
períodos de meia hora. dada pela Lei nº 6.981, de 2006). Art. 95. É assegurado ao servidor
Art. 90. À servidora que adotar ou obtiver a guarda judicial de o direito à licença para desempenho de mandato em confedera-
criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias ção, federação, sindicato representativo da categoria, associação de
de licença remunerada. classe de âmbito local e/ou nacional, sem prejuízo de remuneração
Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de crian- do cargo efetivo. (Redação dada pela Lei nº 8.975, de 2020). § 1º.
ça com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este artigo Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos para cargos
será de 30 (trinta) dias. de direção ou representação nas referidas entidades, até o máximo
Art. 91. Ao servidor será concedida licença-paternidade de 10 de quatro por entidade constituída em conformidade com o art. 5º,
(dez) dias consecutivos, mediante a apresentação do registro civil, inciso LXX, alínea “b”, da Constituição Federal. (Redação dada pela
retroagindo esta à data do nascimento. Lei nº 8.975, de 2020). § 2.º A licença terá duração igual ao man-
dato, podendo ser prorrogada, no caso de reeleição, por uma única
SEÇÃO V vez. (Redação dada pela Lei nº 8.975, de 2020).
DA LICENÇA PARA O SERVIÇO MILITAR E OUTRAS § 3º. O período de licença de que trata esse artigo será contado
OBRIGATÓRIAS POR LEI para todos os feitos legais, exceto para a promoção por merecimen-
to. (Redação dada pela Lei nº 8.975, de 2020).
Art. 92. O servidor será licenciado, quando:
a) convocado para o serviço militar na forma e condições es- SEÇÃO VIII
tabelecidas em lei; DA LICENÇA PARA ACOMPANHAR CÔNJUGE
b) requisitado pela Justiça Eleitoral;
c) sorteado para o trabalho do Júri; Art. 96. Ao servidor estável, será concedida licença sem remu-
d) em outras hipóteses previstas em legislação federal espe- neração, quando o cônjuge ou companheiro, servidor civil ou mili-
cífica; tar:
Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá até I - assumir mandato conquistado em eleição majoritária ou
30 (trinta) dias, sem remuneração, para reassumir o exercício do proporcional para exercício de cargo em local diverso do da lotação
cargo. do acompanhante;
II - for designado para servir fora do Estado ou no exterior.
SEÇÃO VI Art. 97. A licença será concedida pelo prazo da duração do
DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES PARTICULARES mandato, ou nos demais casos por prazo indeterminado.
§ 1° A licença será instruída com a prova da eleição, posse ou
Art. 93. A critério da administração, poderá ser concedida ao designação.
servidor estável, licença para o trato de assuntos particulares, pelo § 2° Na hipótese do deslocamento de que trata este artigo, o
prazo de até 2 (dois) anos consecutivos, sem remuneração. § 1° A servidor poderá ser lotado, provisoriamente, em repartição da Ad-
licença poderá ser interrompida, a qualquer tempo, a pedido do ministração Estadual direta, autárquica ou fundacional, desde que
servidor ou no interesse do serviço. para o exercício de atividade compatível com o seu cargo.
§ 2° Não se concederá nova licença antes de decorrido 2 (dois)
anos do término da anterior. SEÇÃO IX
DA LICENÇA-PRÊMIO
SEÇÃO VII
DA LICENÇA PARA ATIVIDADE POLÍTICA OU CLASSISTA Art. 98. Após cada triênio ininterrupto de exercício, o servidor
fará jus à licença de 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remunera-
Art. 94. O servidor terá direito à licença para atividade política, ção e outras vantagens.
obedecido o disposto na legislação federal específica. Art. 99. A licença será:
Parágrafo único. Ao servidor investido em mandato eletivo apli- I - a requerimento do servidor:
cam-se as seguintes disposições: I - tratando-se de mandato federal a) gozada integralmente, ou em duas parcelas de 30 (trinta)
ou estadual ficará afastado do cargo ou função; dias;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo b) convertida integralmente em tempo de serviço, contado
ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração; em dobro;
III - investido no mandato de Vereador: c) VETADO
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vanta- II - convertida, obrigatoriamente, em remuneração adicional,
gens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo; na aposentadoria ou falecimento, sempre que a fração de tempo
b) não havendo compatibilidade de horários, será afastado for igual ou superior a 1/3 (um terço) do período exigido para o gozo
do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração. da licença-prêmio.
50
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Art. 114. Será aposentado, com os proventos correspondentes § 1° Entre o maior e o menor vencimento, a relação de valores
à remuneração do cargo em comissão ou da função gratificada, o será de um para vinte.
servidor que o tenha exercido por 5 (cinco) anos consecutivos. § 2° No Ministério Público, o limite máximo é o valor percebido
(Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020). como remuneração, em espécie, a qualquer título, pelos Procura-
§ 1° As vantagens definidas neste artigo são extensivas ao servi- dores de Justiça.
dor que, à época da aposentadoria, contar ou perfizer 10 (dez) anos § 3° Os acréscimos pecuniários, percebidos pelo servidor pú-
consecutivos ou não, em cargos de comissão ou função gratificada, blico, não serão computados nem acumulados, para fins de con-
mesmo que, ao aposentar-se, se ache fora do exercício do cargo ou cessão de acréscimos ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico
da função gratificada. fundamento.
(Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020). Art. 122. É assegurada isonomia de vencimentos para cargos
§ 2° Quando mais de um cargo ou função tenha sido exerci- de atribuições iguais ou assemelhados, aos servidores do Poder
do, serão atribuídos os proventos de maior padrão desde que lhe Executivo, ou entre os servidores do Poder Executivo, Legislativo e
corresponda o exercício mínimo de 2(dois) anos consecutivos; ou Judiciário, ressalvadas as vantagens de caráter individual e as rela-
padrão imediatamente inferior, se menor o lapso de tempo desses tivas à natureza ou local de trabalho. (Revogado pela Lei nº 7.071,
exercícios. (Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020). de 2007).
§ 3° A aplicação do disposto neste artigo exclui as vantagens Parágrafo Único. Os vencimentos dos cargos do Poder Legisla-
previstas no artigo anterior, bem como os adicionais pelo exercí- tivo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos do Poder
cio de cargo de direção ou assessoramento, ressalvado o direito de Executivo. (Revogado pela Lei nº 7.071, de 2007).
opção. Art. 123. O 13° (décimo terceiro) salário será pago com base na
(Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020). remuneração ou proventos integrais do mês de dezembro.
Art. 115. Os proventos da aposentadoria serão revistos, na § 1° O 13° (décimo terceiro) salário corresponderá a um doze
mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a re- avos por mês de serviço, e a fração igual ou superior a 15 (quinze)
muneração dos servidores em atividade, sendo, também, estendi- dias será considerada como mês integral.
dos aos inativos quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente § 2° Na exoneração e na demissão, o 13° (décimo terceiro) sa-
concedidos aos servidores em atividade, inclusive quando decor- lário será pago no mês dessas ocorrências.
rentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função em Art. 124. O servidor perderá:
que se deu a aposentadoria, independente de requerimento. (Re- I - no caso de ausência e impontualidade:
vogado pela Lei nº 8.975, de 2020). a) o vencimento ou remuneração do dia, quando não com-
parecer ao serviço;
CAPÍTULO VIII b) VETADO
DOS DIREITOS E VANTAGENS FINANCEIRAS II - metade da remuneração na hipótese de suspensão disci-
plinar convertida em multa; III - o vencimento, a remuneração, ou
SEÇÃO I parte deles, nos demais casos previstos nesta lei.
DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO Parágrafo único. As faltas ao serviço, em razão de causa rele-
vante, poderão ser abonadas pelo titular do órgão, quando reque-
Art. 116. O vencimento é a retribuição pecuniária mensal devi- rido abono no dia útil subseqüente, obedecido o disposto no art.
da ao servidor, correspondente ao padrão fixado em lei. 72, inciso XVI.
Parágrafo único. Nenhum servidor receberá, a título de venci- Art. 125. As reposições devidas e as indenizações por prejuízos
mento, importância inferior ao salário mínimo. que o servidor causar, poderão ser descontadas em parcelas men-
Art. 117. A revisão geral dos vencimentos dos servidores civis sais monetariamente corrigidas, não excedentes à décima parte da
será feita, pelo menos, nos meses de abril e outubro, com vigência remuneração ou provento.
a partir desses meses. Parágrafo único. A faculdade de reposição ou indenização par-
Parágrafo único. Abonos e antecipação, à conta da revisão, fi- celadas não se estende ao servidor exonerado, demitido ou licen-
cam condicionados ao limite de despesas, definido na Lei de Dire- ciado sem vencimento.
trizes Orçamentárias. Art. 126. As consignações em folha, para efeito de desconto,
Art. 118. Remuneração é o vencimento acrescido das demais não poderão, em somatória com os decorrentes de disposição em
vantagens de caráter permanente, atribuídas ao servidor pelo exer- lei, exceder a 1\3 (um terço) do vencimento ou da remuneração.
cício do cargo público. Art. 126. As consignações em folha de pagamento, para efeito de
Parágrafo único. As indenizações, auxílios e demais vantagens, desconto, não poderão, as facultativas, exceder a 1/3 (um terço) do
ou gratificações de caráter eventual não integram a remuneração. vencimento ou da remuneração. (Redação dada pela Lei nº 7.084,
Art. 119. Proventos são rendimentos atribuídos ao servidor em de 2008). (Regulamentado pelo Decreto nº 2.071, de 2006).
razão da aposentadoria ou disponibilidade. Parágrafo único. A consignação em folha, servirá, unicamente,
Art. 120. O vencimento, a remuneração e os proventos não se- como garantia de:
rão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de I - débito à Fazenda Pública;
prestação de alimentos resultante de decisão judicial. II - contribuições para as associações ou sindicatos repre-
Art. 121. A remuneração do servidor não excederá, no âmbito sentantes das categorias de servidores públicos estaduais;
do respectivo Poder, os valores percebidos como remuneração, em III - dívidas para cônjuge, ascendente ou descendente, em
espécie, a qualquer título, pelos Deputados Estaduais, Secretários cumprimento de decisão judicial;
de Estado e Desembargadores. IV - contribuições para aquisição de casa própria, negociada
através de órgão oficial;
52
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
V - empréstimos contraídos junto ao órgão previdenciário IX - aos vinte e sete anos, 5% - 45%;
do Estado do Pará; X - aos trinta anos, 5% - 50%; XI - aos trinta e três anos, 5%
VI - autorização do servidor a favor de terceiros, a critério da - 55%; XII - após trinta e quatro anos, 5% - 60%.
administração, com a reposição de custos definida em regulamen- § 2° O servidor fará jus ao adicional a partir do mês em que
to. completar o triênio, independente de solicitação.
SEÇÃO II SEÇÃO IV
DAS VANTAGENS DAS GRATIFICAÇÕES
Art. 127. Além do vencimento, o servidor poderá perceber as Art. 132. Ao servidor serão concedidas gratificações:
seguintes vantagens: I – adicionais; I - pela prestação de serviço extraordinário;
II – gratificações; II - a título de representação;
III – diárias; III - pela participação em órgão colegiado;
IV - ajuda de custo; V – salário-família; IV - pela elaboração de trabalho técnico, científico ou de uti-
VI – indenizações; lidade para o serviço público;
VII - outras vantagens e concessões previstas em lei. V - pelo regime especial de trabalho;
Parágrafo único. Excetuados os casos expressamente previstos VI - pela participação em comissão, ou grupo especial de tra-
neste artigo, o servidor não poderá perceber, a qualquer título ou balho;
forma de pagamento, nenhuma outra vantagem financeira. VII - pela escolaridade;
VIII - pela docência, em atividade de treinamento;
SEÇÃO III IX - pela produtividade;
DOS ADICIONAIS X - pela interiorização;
XI - pelo exercício de atividade na área de educação especial;
Art. 128. Ao servidor serão concedidos adicionais: XII - Pelo exercício da função.
I - pelo exercício do trabalho em condições penosas, insalubres Parágrafo único. Os casos considerados como de efetivo exer-
ou perigosas; II - pelo exercício de cargo em comissão ou função cício pelo art. 72, excetuados os incisos V, IX e XVI não implicam a
gratificada; III - por tempo de serviço. perda das gratificações previstas neste artigo, salvo a do inciso
Art. 129. O adicional pelo exercício de atividades penosas, in- I.
salubres ou perigosas será devido na forma prevista em lei federal. Art. 133. O serviço extraordinário será pago com acréscimo de
(Regulamentado pelo Decreto nº 2.485, de 1994). 50% (cinquenta por cento) em relação à hora normal de trabalho.
Parágrafo único. Os adicionais de insalubridade, periculosida- (Vide Decreto nº 005, de 1995).
de, ou pelo exercício em condições penosas são inacumuláveis e o § 1° Somente será permitido serviço extraordinário para aten-
seu pagamento cessará com a eliminação das causas geradoras, não der a situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite má-
se incorporando ao vencimento, sob nenhum fundamento. ximo de 2 (duas) horas por jornada.
Art. 130. Ao servidor será devido o adicional pelo exercício de § 2° Será considerado serviço extraordinário aquele que exce-
cargo em comissão ou função gratificada. (Revogado pela Lei Com- der, por antecipação ou prorrogação, à jornada normal diária de
plementar nº 44, de 2003). trabalho.
§ 1º O adicional corresponderá a 10% (dez por cento) da grati- § 3° A prestação de serviço extraordinário não poderá exceder
ficação pelo exercício do cargo ou função, em cada ano de efetivo ao limite de 60 (sessenta) horas mensais, salvo para os servidores
exercício, até o limite de 100% (cem por cento). (Revogado pela Lei integrantes de categorias funcionais com horário diferenciados em
Complementar nº 44, de 2003). legislação própria.
§ 2° O adicional será automático, a partir da exoneração do car- Art. 134. O serviço noturno, prestado em horário compreendi-
go comissionado ou da dispensa da função gratificada. (Revogado do entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5(cinco) horas do dia
pela Lei Complementar nº 44, de 2003). seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por cen-
§ 3° VETADO to) computando-se cada hora como 52 (cinquenta e dois) minutos
§ 4° Não fará jus ao adicional o servidor enquanto no exercício e 30 (trinta segundos). Parágrafo único. Em se tratando de serviço
de cargo em comissão ou função gratificada, salvo direito de opção, extraordinário, o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a
sendo inacumulável com a vantagem prevista no art. 114. gratificação prevista no artigo anterior.
(Revogado pela Lei Complementar nº 44, de 2003). Art. 135. A gratificação de representação será atribuída aos ser-
Art. 131. O adicional por tempo de serviço será devido por triê- vidores ocupantes de cargos comissionados de Direção e Assesso-
nios de efetivo exercício, até o máximo de 12 (doze). ramento Superior. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 2018). Parágrafo
§ 1° Os adicionais serão calculados sobre a remuneração do único. A gratificação de representação incidirá sobre o padrão do
cargo, nas seguintes proporções: I - aos três anos, 5%; cargo, nos seguintes percentuais: (Revogado pela Lei nº 8.745, de
II - aos seis anos, 5% - 10%; 2018).
III - aos nove anos, 5% - 15%; a) GEP-DAS.6 - 100% (cem por cento); (Revogado pela Lei nº
IV - aos doze anos, 5% - 20%; 8.745, de 2018).
V - aos quinze anos, 5% - 25%; b) GEP-DAS.5 - 95% (noventa e cinco por cento); (Revogado
VI - aos dezoito anos, 5% - 30%; pela Lei nº 8.745, de 2018).
VII - aos vinte e um anos, 5% - 35%; c) GEP-DAS.4 - 90% (noventa por cento); (Revogado pela Lei
VIII - aos vinte e quatro anos, 5% - 40%; nº 8.745, de 2018).
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
d) GEP-DAS.3 - 85% (oitenta e cinco por cento); (Revogado Art. 141. A gratificação pela docência, em atividade de treina-
pela Lei nº 8.745, de 2018). mento, será atribuída ao servidor, no regime hora-aula, desde que
e) GEP-DAS.2 - 80% (oitenta por cento); (Revogado pela Lei esta atividade não seja inerente ao exercício do cargo e seja desem-
nº 8.745, de 2018). penhada fora da jornada normal de trabalho.
f) GEP-DAS.1 - 80% (oitenta por cento). (Revogado pela Lei Art. 142. A gratificação de produtividade destina-se a estimu-
nº 8.745, de 2018). lar as atividades dos servidores ocupantes de cargos nas áreas de
Art. 136. A gratificação pela participação em órgão colegiado tributação, arrecadação e fiscalização fazendária, extensiva aos ser-
será fixada através de regulamento. Art. 137. A gratificação por vidores de apoio técnico operacional e administrativo da Secretaria
regime especial de trabalho é a retribuição pecuniária mensal des- de Estado da Fazenda, observados os critérios, prazos e percentuais
tinada aos ocupantes dos cargos que, por sua natureza, exijam a previstos em regulamento. (Regulamentado pelo Decreto nº 2.595,
prestação do serviço em tempo integral ou de dedicação exclusiva. de 1994).
§ 1° As gratificações devidas aos funcionários convocados para Art. 143. A gratificação de interiorização é devida aos servido-
prestarem serviço em regime de tempo integral ou de dedicação res que, tendo domicílio na região metropolitana de Belém, sejam
exclusiva obedecerão escala variável, fixada em regulamento, res- lotados, transferidos, ou removidos para outros Municípios, en-
peitados os seguintes limites percentuais: quanto perdurar essa lotação ou movimentação. (Vide Lei nº 5.657,
a) pelo tempo integral, a gratificação variará entre 20% (vinte de 1991).
por cento) e 70% (setenta por cento) do vencimento atribuído ao Parágrafo único. A gratificação de interiorização será calculada
cargo; (Regulamentado pelos Decretos nº 2.538, de 1994, nº 1.048, sobre o valor do vencimento, não podendo exceder-lhe e será pro-
de porcional ao grau de dificuldade de acesso ao Município, observa-
1996 e nº 4.000, de 2000) dos os percentuais fixados em regulamento. (Vide Lei nº 5.657, de
b) pela dedicação exclusiva, a gratificação variará entre 50% 1991).
(cinquenta por cento) e 100% (cem por cento) do vencimento atri- Art. 144. A gratificação de função será devida por encargo de
buído ao cargo. chefia e outros que a lei determinar.
§ 2° A concessão da gratificação por regime especial de tra-
balho, de que trata este artigo, dependerá, em cada caso, de ato SEÇÃO V
expresso das autoridades referidas no art. 19 da presente lei. Art. DAS DIÁRIAS
138. As gratificações por prestação de serviço extraordinário e por
regime especial de trabalho excluem-se mutuamente. Art. 145. Ao servidor que, em missão oficial ou de estudos,
§ 1° Ao servidor sujeito ao regime de dedicação exclusiva é ve- afastar-se temporariamente da sede em que seja lotado, serão con-
dado o exercício de outro cargo ou emprego. cedidas, além do transporte, diárias a título de indenização das des-
§ 2° A gratificação, em regime de tempo integral, não se coadu- pesas de alimentação, hospedagem e locomoção urbana.
na com a mesma vantagem percebida em outro cargo, de qualquer § 1° A diária será concedida por dia de afastamento, sendo de-
esfera administrativa, exercido cumulativamente no serviço públi- vida pela metade, quando o deslocamento não exigir pernoite fora
co. da sede.
Art. 139. A gratificação pela participação em comissão ou gru- § 2° As diárias serão pagas antecipadamente e isentam o ser-
po especial de trabalho e pela elaboração ou execução de trabalho vidor da posterior prestação de contas. Art. 146. No arbitramento
técnico ou científico, em decorrência de formal designação ou auto- das diárias será considerado o local para o qual foi deslocado o fun-
rização, será arbitrada previamente, não podendo exceder ao ven- cionário.
cimento ou remuneração do servidor. (Vide Lei nº 4.573, de 1995 e Art. 147. Não caberá a concessão de diárias, quando o desloca-
Decretos nº 442, de 1995 e nº 390, de 2003). § 1° O percentual da mento do servidor constituir exigência permanente do cargo.
gratificação será fixado, considerando-se a duração da atividade e o Art. 148. O servidor que não se afastar da sede, por qualquer
vencimento ou remuneração do servidor, sendo idêntico para todos motivo, fica obrigado a restituir integralmente o valor das diárias
os membros quando se tratar de comissão ou grupo de trabalho. e custos de transporte recebidos, no prazo de 05 (cinco) dias. Pa-
§ 2° O pagamento da gratificação cessará na data da conclusão rágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede, no prazo
do trabalho, e esta não será incorporada à remuneração, sob ne- menor do que o previsto para o
nhuma hipótese. seu afastamento, restituirá as diárias recebidas em excesso, no
§ 3° Não havendo concluído o trabalho no prazo fixado ou pror- prazo previsto no caput deste artigo.
rogado, o servidor fica obrigado a ressarcir mensalmente, no mes- Art. 149. Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor
mo percentual recebido, o valor da gratificação de que trata este que realizar despesas com a utilização de meio de locomoção, con-
artigo. forme se dispuser em regulamento.
§ 4° Esta gratificação não substitui nem impede o reconheci-
mento do direito autoral, quando a atribuição não for inerente ao SEÇÃO VI
cargo. DAS AJUDAS DE CUSTO
Art. 140. A gratificação de escolaridade, calculada sobre o ven-
cimento, será devida nas seguintes proporções: I – VETADO Art. 150. A ajuda de custo será concedida ao servidor que, no
II – VETADO interesse do serviço público, passar a ter exercício em nova sede
III - na quantia correspondente a 80% (oitenta por cento), ao com mudança de domicílio.
titular de cargo para cujo exercício a lei exija habilitação correspon- § 1° A ajuda de custo destina-se a compensar o servidor pelas
dente à conclusão do grau universitário. despesas realizadas com seu transporte e de sua família, compreen-
dendo passagem, bagagem e bens pessoais.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 2° Não será concedida ajuda de custo ao servidor que: II - verificada a inexatidão dos documentos apresentados;
a) afastar-se do cargo ou reassumi-lo em virtude do exercício III - um dos cônjuges já perceba esse direito.
ou término de mandato eletivo; Art. 159. O salário-família será pago no valor correspondente a
b) for colocado à disposição de outro Poder, ou esfera de Go- 10% (dez por cento) do salário mínimo por dependente do servidor.
verno; (Revogado pela Lei Complementar nº 044, de 2003). § 1° Sendo
c) for removido ou transferido, a pedido. inválido o dependente, o salário-família será pago em dobro. (Revo-
§ 3° À família do servidor que falecer na nova sede, serão as- gado pela Lei Complementar nº 044, de 2003).
segurados ajuda de custo e transporte para a localidade de origem, § 2° Falecendo o servidor, o salário-família será pago ao côn-
dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito. juge, ou representante legal dos dependentes. (Revogado pela Lei
Art. 151. Caberá, também, ajuda de custo ao servidor desig- Complementar nº 044, de 2003).
nado para serviço ou estudo no exterior, a qual será arbitrada pela § 3° O salário-família não será objeto de tributo ou desconto
autoridade que efetuar a designação. de qualquer natureza. (Revogado pela Lei Complementar nº 044,
Art. 152. A ajuda de custo será calculada sobre a remuneração de 2003).
do servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo
exceder à importância correspondente a 3 (três) meses. CAPÍTULO IX
(Regulamentado pelo Decreto nº 411, de 1995). OUTRAS VANTAGENS E CONCESSÕES
Art. 153. As ajudas de custo serão restituídas, quando:
I - o servidor não se apresentar na nova sede no prazo de 30 Art. 160. Além das demais vantagens previstas nesta lei, será
(trinta) dias; II - o servidor solicitar exoneração; III - a designação concedido:
for tornada sem efeito. I - Ao servidor:
a) participação no Programa de Formação do Patrimônio do
SEÇÃO VII Servidor Público;
DO SALÁRIO-FAMÍLIA b) vale-transporte, nos termos da Legislação Federal;
c) auxílio-natalidade, correspondente a um salário mínimo,
Art. 154. O salário-família é devido ao servidor ativo ou inativo, após a apresentação da certidão de nascimento para a inscrição do
por dependente econômico. dependente;
(Revogado pela Lei Complementar nº 051, de 2006). d) auxílio-doença, correspondente a um mês de remunera-
§1º Considera-se dependente econômico, para efeito de per- ção, após cada período consecutivo de 6
cepção de salário-família: (Revogado pela Lei Complementar nº (seis) meses de licença para tratamento de saúde;
044, de 2003). e) custeio do tratamento de saúde, quando laudo de junta
I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os ente- médica oficial atestar tratar-se de lesão produzida por acidente em
ados a tutelados até 21 (vinte e um) anos de idade ou se estudante, serviço ou doença profissional;
até 24 (vinte e quatro) anos, e, se inválido, de qualquer idade; (Re- f) quando estudante, e mediante comprovação, regime de
vogado pela Lei Complementar nº 044, de 2003). compensação para realização de provas e abono de faltas para exa-
II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante guarda me vestibular;
ou adoção, na forma da lei, viver na companhia e a expensas do g) transporte ou indenização correspondente, quando licen-
servidor ou inativo; (Revogado pela Lei Complementar nº 044, de ciado para tratamento de saúde, estando impossibilitado de loco-
2003). mover-se, na forma do regulamento;
III - a mãe e o pai sem economia própria. (Revogado pela Lei h) seguro contra acidente de trabalho, para os que exerçam
Complementar nº 044, de 2003). atividades com risco de vida. II - Ao cônjuge, companheiro ou de-
§ 2° REVOGADO pendentes:
§ 3° REVOGADO a) custeio das despesas de translado do corpo, quando o ser-
Art. 155 Quando o pai e a mãe tiverem a condição de servidor vidor, no desempenho de suas atribuições, falecer fora da sede do
público e viverem em comum, o salário-família será concedido a um exercício;
deles. (Revogado pela Lei Complementar nº 051, de 2006). § 1° Se b) auxílio-funeral, correspondente a 2 (dois) meses de remu-
não viverem em comum, o salário-família será percebido pelo que neração ou provento, aos dependentes ou, na ausência destes, a
mantiver os dependentes sob sua guarda, ou a ambos, de acordo quem realizar as despesas do sepultamento;
com a distribuição dos dependentes. (Revogado pela Lei Comple- b) auxílio-funeral, correspondente ao total das despesas com
mentar nº 051, de 2006). o funeral do servidor falecido, limitado ao maior valor dos benefí-
§ 2° Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a madrasta e, na cios pagos pelo Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada
falta destes, o representante legal. pela Lei nº 8.975, de 2020).
(Revogado pela Lei Complementar nº 051, de 2006). c) pensão especial, no valor integral do vencimento ou re-
Art. 156. O salário-família é devido, a partir do início do exercí- muneração, quando o servidor falecer em decorrência de acidente
cio do cargo e comprovação da dependência. em serviço ou moléstia profissional;
Art. 157. O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração, d) vantagens pecuniárias que o servidor deixou de perceber
não acarreta a suspensão do pagamento do salário-família. em decorrência de seu falecimento.
Art. 158. Será suspenso definitivamente o pagamento do salá- § 1° Consideram-se dependentes, para os fins do inciso II,
rio-família quando: alínea “b”, deste artigo, os beneficiários de que cuida o art. 6º da
I - cessada a dependência; Lei Complementar nº 039, de 2002. (Incluído pela Lei nº 8.975, de
2020).
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
CAPÍTULO X Art. 170. A assistência à saúde será prestada pelo órgão estadu-
DAS ACUMULAÇÕES REMUNERADAS al competente e, de forma complementar, por instituições públicas
e privadas.
Art. 162. É vedada a acumulação remunerada de cargos pú- Art. 171. Nas situações de urgência e emergência o setor de
blicos, exceto quando houver compatibilidade de horários, nos se- Recursos Humanos comunicará formalmente ao órgão de segurida-
guintes casos: a) a de 2 (dois) cargos de professor; de social, no primeiro dia útil seguinte, o atendimento médico do
b) a de 1 (um) cargo de professor com outro técnico ou cien- servidor ou de seus dependentes.
tífico, de nível médio ou superior; § 1° A assistência à saúde fora do domicílio do servidor depen-
c) a de 2 (dois) cargos privativos de médico. de da manifestação favorável do órgão de seguridade social do Es-
Parágrafo único. A proibição de acumular estende-se a em- tado do Pará.
pregos e funções e abrange autarquias, fundações mantidas pelo § 2° O atendimento de urgência e emergência fora do domicílio
Poder Público, empresas públicas, sociedades de economia mista, do servidor obedecerá ao que dispuser o regulamento.
da União, Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Muni-
cípios, não se aplicando, porém, ao aposentado, quando investido CAPÍTULO III
em cargo comissionado. DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
Art. 163. A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condi-
cionada à comprovação da compatibilidade de horários. Art. 172. Os planos de Previdência Social atenderão, nos ter-
Parágrafo único. O servidor não poderá exercer mais de um car- mos da legislação pertinente: I - à cobertura dos eventos de doen-
go em comissão. ça, invalidez, morte, incluindo os resultantes de acidentes de traba-
Art. 164. A acumulação será havida de boa-fé, até final con- lho, velhice e reclusão;
clusão de processo administrativo. (Revogado pela Lei nº 9.230, de II - à pensão por morte de segurado, homem ou mulher, ao
2021). cônjuge e dependente.
Art. 165. VETADO
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Parágrafo único. Não se compreende na proibição do inciso VIII § 1° O servidor, enquanto suspenso, perderá os direitos e van-
o exercício de cargo ou função na Administração Indireta, quando tagens de natureza pecuniária, exceto o salário-família.
regularmente colocado à disposição. § 2° Quando licenciado, a penalidade será aplicada após o re-
torno do servidor ao exercício. § 3° Quando houver conveniência
CAPÍTULO III para o serviço, a autoridade que aplicar a pena de suspensão pode-
DAS RESPONSABILIDADES rá convertê-la em multa, na base de 50% (cinqüenta por cento) por
dia de vencimento ou remuneração, permanecendo o servidor em
Art. 179. O servidor responde civil, penal e administrativamen- exercício. Art. 190. A pena de demissão será aplicada nos casos de:
te pelo exercício irregular de suas atribuições. I - crime contra a Administração Pública, nos termos da lei
Art. 180. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou penal;
comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou II - abandono de cargo;
a terceiros. III - faltas ao serviço, sem causa justificada, por 60 (sessenta)
§ 1° A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário dias intercaladamente, durante o período de 12 (doze) meses;
somente será liquidada na forma prevista no art. 125, na falta de III - inassiduidade habitual, configurada por faltas ao serviço,
outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial. sem causa justificada, por 60 (sessenta) dias, intercaladamente, no
§ 2° Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o servidor período de 12 (doze) meses; (Redação dada pela Lei nº 9.230, de
perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. 2021).
§ 3° A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores IV - improbidade administrativa;
e contra eles será executada, até o limite do valor da herança rece- V - incontinência pública e conduta escandalosa, na reparti-
bida. ção;
Art. 181. As sanções civis, penais e administrativas poderão VI - insubordinação grave em serviço;
cumular-se, sendo independentes entre si. VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo
Art. 182. A absolvição judicial somente repercute na esfera ad- em legítima defesa própria ou de outrem;
ministrativa, se negar a existência do fato ou afastar do servidor a VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
autoria. IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do
cargo;
CAPÍTULO IV X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio es-
DAS PENALIDADES E SUA APLICAÇÃO tadual; XI – corrupção;
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públi-
Art. 183. São penas disciplinares: cas;
I – repreensão; XIII - lograr proveito pessoal ou de outrem, valendo-se do car-
II – suspensão; III – demissão: go, em detrimento da dignidade da função pública;
IV - destituição de cargo em comissão ou de função gratificada; XIV - participação em gerência ou administração de empre-
V - cassação de aposentadoria ou de disponibilidade. sa privada, de sociedade civil, ou exercício do comércio, exceto na
Art. 184. Na aplicação das penalidades serão considerados qualidade de acionista, cotista ou comanditário;
cumulativamente: XV - atuação, como procurador ou intermediário, junto a re-
I - os danos decorrentes do fato para o serviço público; partições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenci-
II - a natureza e a gravidade da infração e as circunstâncias ários ou assistenciais a parentes até o segundo grau, e de cônjuge
em que foi praticada; III - a repercussão do fato; ou companheiro;
IV - os antecedentes funcionais. XVI - recebimento de propina, comissão, presente ou vanta-
Art. 185. As penas disciplinares serão aplicadas através de: gem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
I - portaria, no caso de repreensão e suspensão; XVII - aceitação de comissão, emprego ou pensão de Estado
II - decreto, no caso de demissão, destituição de cargo em estrangeiro;
comissão ou de função gratificada, cassação de aposentadoria ou XVIII - prática de usura sob qualquer de suas formas;
de disponibilidade. XIX - procedimento desidioso;
Parágrafo único. A portaria ou o decreto indicará a penalidade XX - utilização de pessoal ou recursos materiais de repartição
e o fundamento legal, com a devida inscrição nos assentamentos em serviços ou atividades particulares.
do servidor. § 1° O servidor indiciado em processo administrativo não po-
Art. 186. Na aplicação de penalidade, serão inadmissíveis as derá ser exonerado, salvo se comprovada a sua inocência ao final
provas obtidas por meios ilícitos. Art. 187. Aos acusados e litigan- do processo.
tes, em processo administrativo, são assegurados o contraditório e § 2° O abandono de cargo só se configura pela ausência inten-
a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. cional do servidor ao serviço, por mais de 30 (trinta) dias consecuti-
Parágrafo único. Ao servidor punido com pena disciplinar é as- vos e injustificados. (Revogado pela Lei nº 9.230, de 2021).
segurado o direito de pedir reconsideração e recorrer da decisão. Art. 191. Verificada, em processo disciplinar, a acumulação
Art. 188. A pena de repreensão será aplicada nas infrações de proibida e provada a boa-fé, o servidor optará por um dos cargos.
natureza leve, em caso de falta de cumprimento dos deveres ou das § 1° Provada a má-fé, perderá também o cargo que exercia há
proibições, na forma que dispuser o regulamento. mais tempo e restituirá o que tiver percebido indevidamente.
Art. 189. A pena de suspensão, que não exceder a 90 (noventa) § 2° Na hipótese do parágrafo anterior, sendo um dos cargos,
dias, será aplicada em caso de falta grave, reincidência, ou infração função ou emprego exercido em outro órgão ou entidade, a demis-
ao disposto no art. 178, VII, XI, XII, XIV e XVII. são lhe será comunicada.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Art. 191. Verificada, a qualquer tempo, a acumulação ilegal § 8° No prazo de 10 (dez) dias, contado do recebimento dos au-
de cargos, empregos ou funções públicos, a autoridade a que se tos do PADS, a autoridade julgadora proferirá sua decisão, aplican-
refere o art. 199 desta Lei notificará pessoalmente o servidor, por do-se, quando for o caso, o disposto no § 3° do art. 223 desta Lei.
intermédio de sua chefia imediata, para apresentar opção por um (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
dos cargos, empregos ou funções em acúmulo ilegal, no prazo im- § 9° A opção feita pelo servidor indiciado até o último dia do
prorrogável de 10 (dez) dias, contados da data do recebimento da prazo para defesa poderá afastar a máfé na acumulação ilegal, hipó-
notificação. (Redação dada pela Lei nº 9.230, de 2021). tese na qual a manifestação será automaticamente convertida em
§ 1° Utilizando-se do direito de opção por um dos cargos, em- pedido de exoneração do cargo indicado pelo optante, se estadual,
pregos ou funções públicos acumulados indevidamente, a escolha ou, de outra forma, observar-se-á o disposto no § 1° deste artigo.
do servidor deverá ser comprovada, independentemente de nova (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
notificação, no prazo subsequente de 15 (quinze) dias, prorrogável § 10. Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé,
por igual período e uma única vez, a critério da Administração Pú- aplicar-se-á ao servidor indiciado a pena de demissão, destituição
blica e mediante pedido motivado do interessado. de cargo comissionado ou cassação de aposentadoria ou disponi-
(Redação dada pela Lei nº 9.230, de 2021). bilidade em relação aos cargos, empregos ou funções públicos em
§ 2° Na hipótese de o servidor não comprovar a opção a que se regime de acumulação, hipótese na qual deverão ser comunicados
referem o caput e o § os órgãos ou entidades de vinculação. (Incluído pela Lei nº 9.230,
1° deste artigo, deverá a autoridade competente instaurar Pro- de 2021).
cesso Administrativo § 11. O prazo para conclusão do PADS não excederá 30 (trinta)
Disciplinar Simplificado (PADS), sob o rito sumário, para apura- dias, contado da data de publicação do ato que constituir a comis-
ção e regularização da acumulação ilegal. (Redação dada pela Lei nº são processante, admitida a prorrogação por até 15 (quinze) dias,
9.230, de 2021). quando as circunstâncias assim o exigirem e mediante decisão fun-
§ 3° O PADS, de rito sumário, desenvolver-se-á nas seguintes damentada. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
fases: (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). § 12. O procedimento sumário ou simplificado deve seguir as
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a co- disposições deste artigo, observando-
missão processante, composta por 2 (dois) servidores estáveis, o se, no que couber, as disposições dos Capítulos V a IX do Título
qual deve indicar a materialidade e autoria da transgressão objeto VI desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
de apuração; (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). Art. 191-A. Na apuração de abandono de cargo ou de inassi-
II - instrução sumária, que compreende a juntada de provas duidade habitual será adotado o procedimento sumário a que se
objetivas da infração, em poder da Administração Pública, indicia- referem os §§ 3° a 12 do art. 191 desta Lei, observando-se especial-
ção, citação, defesa e relatório conclusivo da comissão processante; mente o seguinte: (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). I - a indica-
e (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). ção da materialidade dar-se-á: (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
III - julgamento pela autoridade competente para aplicar a a) na hipótese de abandono de cargo, pela juntada de prova
pena de demissão. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). documental precisa do período de ausência injustificada do servi-
§ 4° A indicação da autoria e da materialidade referidas no in- dor ao serviço, quando superior a 30 (trinta) dias consecutivos; e
ciso I do § 3o deste artigo dar-se-á, respectivamente, pela identifi- (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
cação do nome e da matrícula do servidor acusado e pela descrição b) no caso de inassiduidade habitual, pela juntada de prova
dos cargos, empregos ou funções públicos em acúmulo ilegal, dos documental precisa dos dias de falta ao serviço sem causa justifica-
órgãos ou entidades de vinculação, em quaisquer esferas de Poder da, por período igual ou superior a 60 (sessenta) dias intercalados,
ou Governo, das datas de ingresso, horários de trabalho e do cor- no prazo de 12 (doze) meses. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
respondente regime jurídico em cada vínculo. (Incluído pela Lei nº II - após a apresentação de defesa escrita, a comissão pro-
9.230, de 2021). § 5° A comissão processante lavrará, em até 3 cessante elaborará relatório conclusivo quanto à inocência ou res-
(três) dias contados da publicação do ato que a constituir, termo de ponsabilidade do servidor indiciado, resumindo as principais peças
indiciação do servidor em situação de acúmulo ilegal, considerando dos autos, deliberando sobre a ausência de justificativa para as fal-
as informações exigidas no § 4o deste artigo, após o que deverá tas ao serviço indicadas nas alíneas “a” e “b” do inciso I deste artigo,
promover a citação pessoal do servidor indiciado para, no prazo de se ocorreram de modo intencional ou mediante dolo eventual, bem
5 (cinco) dias, apresentar defesa escrita e os documentos que julgar como indicando os dispositivos legais infringidos e a penalidade
necessários, assegurada vista dos autos junto à comissão proces- proposta; e (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
sante, na forma dos arts. 219 e 220 desta Lei. (Incluído pela Lei nº III - após a elaboração do relatório conclusivo, a comissão
9.230, de 2021). processante encaminhará os autos do PADS à autoridade instaura-
§ 6° Apresentada a defesa escrita, a comissão processante ela- dora, para providências cabíveis ao julgamento, na forma do inciso
borará relatório conclusivo, no prazo de 5 (cinco) dias, com resumo III do § 3° do art. 191 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
das principais peças dos autos, deliberando sobre a ilicitude da acu- Parágrafo único. Na configuração do dolo eventual a que se re-
mulação apurada e concluindo sobre a inocência ou responsabili- fere o inciso II deste artigo, deve a comissão processante comprovar
dade do servidor indiciado, inclusive sua boa ou má-fé, indicando que o servidor faltoso, embora sem intenção expressa de abando-
os dispositivos legais infringidos e a penalidade proposta. (Incluído nar o cargo, assumiu o risco de produzir esse resultado. (Incluído
pela Lei nº 9.230, de 2021). pela Lei nº 9.230, de 2021).
§ 7° Elaborado o relatório conclusivo, a comissão processan- Art. 192. A destituição de cargo em comissão ou de função gra-
te encaminhará os autos do PADS à autoridade instauradora, para tificada será aplicada nos casos de infração, sujeita à penalidade de
providências cabíveis ao julgamento, na forma do inciso III do § 3° demissão.
deste artigo. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 8° A celebração do TAD não constitui direito subjetivo do in- Art. 202. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor, ensejar a
teressado, somente podendo ocorrer em conformidade com os ter- imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) dias,
mos previstos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). § 9° A de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou
Secretaria de Estado de Planejamento e Administração poderá edi- destituição, será obrigatória a instauração de processo disciplinar.
tar atos normativos visando estabelecer procedimentos relativos à
celebração do TAD. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). CAPÍTULO VI
DO AFASTAMENTO PREVENTIVO
Art. 201-B. O TAD não poderá ser celebrado nas seguintes hipó-
teses: (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). Art. 203. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não
I - em caso de prejuízo ao Erário ou grave dano ao serviço; venha a influir na apuração da irregularidade, a autoridade instau-
(Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). radora do processo disciplinar poderá determinar o seu afastamen-
II - indício de crime ou improbidade administrativa; (Incluí- to do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem
do pela Lei nº 9.230, de 2021). III - existência de outra sindicância prejuízo da remuneração.
ou processo administrativo disciplinar em curso para apurar infra- Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por
ção punível com repreensão ou outra penalidade mais grave; (Inclu- igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não
ído pela Lei nº 9.230, de 2021). concluído o processo.
IV - quando a celebração do TAD importar em solução capaz
de violar a equidade da disciplina aplicada aos demais agentes pú- CAPÍTULO VII
blicos, a critério da Administração Pública; e (Incluído pela Lei nº DO PROCESSO DISCIPLINAR
9.230, de 2021).
V - no caso de servidor que esteja em estágio probatório ou Art. 204. O processo disciplinar é o instrumento destinado a
que, nos últimos 2 (dois) anos, tenha se utilizado do instrumento apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no exer-
estabelecido neste artigo ou possua registro válido de penalidade cício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribuições
disciplinar em seus assentamentos funcionais. (Incluído pela Lei nº do cargo em que se encontre investido.
9.230, de 2021). Art. 205. O processo disciplinar será conduzido por comissão
Art. 201-C. O TAD deverá conter: (Incluído pela Lei nº 9.230, composta de 3 (três) servidores estáveis, designados pela autori-
de 2021). dade competente, que indicará, dentre eles, o seu presidente. §
I - identificação completa das partes, advogado, se houver, 1° A Comissão terá como secretário, servidor designado pelo seu
testemunhas, data e respectivas assinaturas; (Incluído pela Lei nº presidente, podendo a indicação recair em um de seus membros.
9.230, de 2021). § 2° Não poderá participar de comissão de sindicância ou de
II - os fundamentos de fato e de direito para sua celebração; inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusado, consan-
(Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). III - especificação da infração güíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau. Art.
imputada ao agente público, referindo a capitulação legal; (Incluído 206. A Comissão exercerá suas atividades com independência e im-
pela Lei nº 9.230, de 2021). parcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucidação do fato ou
IV - a descrição das obrigações assumidas; (Incluído pela Lei exigido pelo interesse da administração.
nº 9.230, de 2021). Parágrafo único - As reuniões e as audiências das comissões
V - o prazo e o modo para o cumprimento das obrigações; terão caráter reservado. Art. 207. O processo disciplinar se desen-
(Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). volve nas seguintes fases:
VI - a forma de fiscalização das obrigações pactuadas; e (In- I - instauração, com a publicação do ato que constituir a co-
cluído pela Lei nº 9.230, de 2021). missão; II - inquérito administrativo, que compreende instrução,
VII - os efeitos, em caso de descumprimento. (Incluído pela defesa e relatório; III – julgamento.
Lei nº 9.230, de 2021). Art. 208. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não
§ 1° O prazo de cumprimento do TAD não excederá 180 (cen- excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do ato
to e oitenta) dias, devendo ser fixado de modo compatível com os que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual pra-
compromissos assumidos pelo agente público. (Incluído pela Lei nº zo, quando as circunstâncias o exigirem.
9.230, de 2021). § 1° Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo inte-
§ 2° No caso de descumprimento do TAD, cuja comunicação gral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do pon-
competirá à unidade de gestão de pessoas do Poder, órgão ou en- to, até a entrega do relatório final.
tidade, a autoridade competente adotará imediatamente as provi- § 2° As reuniões da comissão serão registradas em atas que
dências necessárias à instauração ou continuidade do respectivo deverão detalhar as deliberações adotadas.
procedimento disciplinar, sem prejuízo da apuração relativa à ino-
bservância das obrigações descumpridas, voltando a fluir a prescri- CAPÍTULO VIII
ção incidente. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). DO INQUÉRITO
§ 3° Decorrido o prazo previsto no TAD e não ocorrendo qual-
quer comunicação de descumprimento dos seus termos, a unidade Art. 209. O inquérito administrativo obedecerá ao princípio do
de gestão de pessoas do Poder, órgão ou entidade, enquanto res- contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a utiliza-
ponsável por sua fiscalização, comunicará o cumprimento ao res- ção dos meios e recursos admitidos em direito.
pectivo titular, para declaração da extinção de punibilidade e arqui- Art. 210. Os autos da sindicância integrarão o processo discipli-
vamento dos autos. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). nar, como peça informativa da instrução.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicância con- contar-se-á da data declarada, em termo próprio, pelo membro da
cluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a autoridade comissão que fez a citação, com a assinatura de 2 (duas) testemu-
competente encaminhará cópia dos autos ao Ministério Público, in- nhas.
dependentemente da imediata instauração do processo disciplinar. Art. 218. O indiciado que mudar de residência fica obrigado a
Art. 211. Na fase do inquérito, a comissão promoverá a tomada comunicar à comissão o local onde poderá ser encontrado.
de depoimentos, acareações, investigações e diligências cabíveis, Art. 219. Achando-se o indiciado em local incerto e não sabido,
objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessário, a será citado por Edital, publicado no Diário Oficial do Estado e em
técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação dos jornal de grande circulação na localidade do último domicílio co-
fatos. nhecido, para apresentar defesa.
Art. 212. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa
processo, pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e será de 15 (quinze) dias, a partir da última publicação do Edital.
reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular Art. 220. Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente
quesitos, quando se tratar de prova pericial. citado, não apresentar defesa no prazo legal.
§ 1° O presidente da comissão poderá denegar pedidos con- § 1° A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo
siderados impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum e devolverá o prazo para a defesa. § 2° Para defender o indiciado re-
interesse para o esclarecimento dos fatos. vel, a autoridades instauradora do processo designará um servidor
§ 2° Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a com- como defensor dativo, ocupante de cargo de nível igual ou superior
provação do fato independer de conhecimento especial de perito. ao do indiciado.
Art. 213. As testemunhas serão intimadas a depor mediante Art. 221. Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório
mandato expedido pelo presidente da comissão, devendo a segun- minucioso, em que resumirá as peças principais dos autos e men-
da via, com o ciente do intimado, ser anexada aos autos. cionará as provas nas quais se baseou para formar a sua convicção.
Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público, a expe- § 1° O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou à
dição do mandato será imediatamente comunicada ao chefe da re- responsabilidade do servidor. § 2° Reconhecida a responsabilidade
partição onde serve, com a indicação do dia e hora marcados para do servidor, a comissão indicará o dispositivo legal ou regulamentar
a inquirição. transgredido, bem como as circunstâncias agravantes ou atenuan-
Art. 214. O depoimento será prestado oralmente e reduzido a tes.
termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito. Art. 222. O processo disciplinar, com o relatório da comissão,
§ 1° As testemunhas serão inquiridas separadamente. será remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para
§ 2° Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se infir- julgamento.
mem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes.
Art. 215. Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão CAPÍTULO IX
promoverá o interrogatório do acusado, observados os procedi- DO JULGAMENTO
mentos previstos nos arts. 213 e 214.
§ 1° No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvido Art. 223. A autoridade julgadora proferirá a sua decisão, no pra-
separadamente, e sempre que divergirem em suas declarações so- zo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do processo.
bre fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação entre eles. § 1° Se a penalidade a ser aplicada exceder à alçada da autori-
§ 2° O procurador do acusado poderá assistir ao interrogatório, dade instauradora do processo, este será encaminhado à autorida-
bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado inter- de competente, que decidirá em igual prazo.
ferir nas perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém, reinquiri- § 2° Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções,
-las, por intermédio do presidente da comissão. o julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da
Art. 216. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do pena mais grave.
acusado, a comissão proporá à autoridade competente que ele seja § 3° Se a penalidade prevista for a demissão, cassação de apo-
submetido, a exame por junta médica oficial, da qual participe, pelo sentadoria ou disponibilidade, ou destituição o julgamento caberá
menos, um médico psiquiatra. às autoridades de que trata o inciso I do art. 197.
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será processa- Art. 224. O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo
do em auto apartado e apenso ao processo principal, após a expe- quando contrário às provas dos autos. Parágrafo único. Quando o
dição do laudo pericial. relatório da comissão contrariar as provas dos autos, a autoridade
Art. 217. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a indi- julgadora poderá, motivadamente, agravar a penalidade proposta,
cação do servidor, com a especificação dos fatos a ele imputados e abrandá-la ou isentar o servidor de responsabilidade.
das respectivas provas. Art. 225. Verificada a existência de vício insanável, a autoridade
§ 1° O indiciado será citado por mandato expedido pelo presi- julgadora declarará a nulidade total ou parcial do processo e orde-
dente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de 10 nará a constituição de outra comissão, para instauração de novo
(dez) dias, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição. processo.
§ 2° Havendo 2 (dois) ou mais indiciados, o prazo será comum § 1° O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do
e de 20 (vinte) dias. processo.
§ 3° O prazo de defesa poderá ser prorrogado em dobro, para § 2° A autoridade julgadora que der causa à prescrição de que
diligências reputadas indispensáveis. § 4° No caso de recusa do in- trata o art. 198, § 2°, será responsabilizada na forma da presente lei.
diciado em apor o ciente na cópia da citação, o prazo para defesa Art. 226. Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade
julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos indivi-
duais do servidor.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Art. 227. Quando a infração estiver capitulada como crime, o TÍTULO VII
processo disciplinar será remetido ao Ministério Público para ins- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
tauração da ação penal, ficando trasladado na repartição.
Art. 228. Serão assegurados transporte e diárias: Art. 238. O dia 28 de outubro é consagrado ao servidor público
I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora da estadual.
sede de sua repartição, na condição de testemunha, denunciado ou Art. 239. O tempo de serviço gratuito será contado para todos
indiciado; os fins, quando prestado à autarquia profissional, ou aos que te-
II - aos membros da comissão e ao secretário, quando obri- nham exercido gratuitamente mandato de Vereador, sendo vedada
gados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a realização de a contagem quando for simultâneo com o exercício de cargo, em-
missão essencial ao esclarecimento dos fatos. prego ou função pública.
Art. 240. É assegurado o direito de greve, na forma da lei com-
CAPÍTULO X plementar federal.
DA REVISÃO DO PROCESSO Art. 240. É assegurado o direito de greve, na forma de lei espe-
cífica. (Redação dada pela Lei nº 7.071, de 2007).
Art. 229. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer Art. 241. O servidor de nível superior ou equiparado ao mesmo,
tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou sujeito à fiscalização da autarquia profissional, ou entidade análoga,
circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a suspenso do exercício profissional não poderá desempenhar ativi-
inadequação da penalidade aplicada. dade que envolva responsabilidade técnico-profissional, enquanto
§ 1° Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do perdurar a medida disciplinar.
servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão do Art. 242. Fica assegurada a participação de 1 (um) represen-
processo. tante dos sindicatos de servidores públicos no Conselho de Política
§ 2° No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão será de Cargos e Salários do Estado do Pará, na forma do regulamento.
requerida pelo respectivo curador.
Art. 230. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao re- TÍTULO VIII
querente. DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Art. 231. A simples alegação de injustiça da penalidade não
constitui fundamento para a revisão, que requer elementos novos Art. 243. VETADO
ainda não apreciados no processo originário. Art. 244. Aos servidores da administração direta, autarquias e
Art. 232. O requerimento de revisão do processo será dirigido fundações públicas, contratados por prazo indeterminado, pelo re-
ao Secretário de Estado ou autoridade equivalente que, se autorizar gime da Consolidação das Leis do Trabalho ou como serviços presta-
a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade dos é assegurado até que seja promovido concurso público para fins
onde se originou o processo disciplinar. de provimento dos cargos por eles ocupados, ou que venham a ser
Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade competente criados, as mesmas obrigações e vantagens atribuídas aos demais
providenciará a constituição de comissão, na forma do art. 205. servidores considerados estáveis por força do artigo 19 do Ato das
Art. 233. A revisão correrá em apenso ao processo originário. Disposições Transitórias da Constituição Federal.
Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia e Art. 245. VETADO
hora para a produção de provas e inquirição das testemunhas que Parágrafo único. VETADO
arrolar. Art. 246. Aos servidores em atividade na área de educação es-
Art. 234. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a con- pecial fica atribuída a gratificação de cinqüenta por cento (50%) do
clusão dos trabalhos. vencimento.
Art. 235. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no Art. 247. É assegurada ao servidor a contagem da soma do tem-
que couber, as normas e procedimentos próprios da comissão do po de serviço prestado à União, Estados, Distrito Federal, Territórios
processo disciplinar. e Municípios, desde que ininterrupta e sucessivamente, para efeito
Art. 236. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a pe- de aferição da estabilidade nas condições previstas no art. 19 do
nalidade, nos termos do art. 197. Parágrafo único. O prazo para Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Fe-
julgamento será de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do deral. Art. 248. VETADO
processo, no curso do qual a autoridade julgadora poderá deter- Art. 249. Esta lei entra em vigor na data da sua promulgação.
minar diligências. Art. 237. Julgada procedente a revisão, será de- Art. 250. VETADO
clarada sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos
os direitos do servidor, exceto em relação à destituição, que será
convertida em exoneração.
Parágrafo único. Da revisão não poderá resultar agravamento
de penalidade.
63
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
....................................................................................................
LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL Nº 052, DE 30 DE .....................
JANEIRO DE 2006 E SUAS ALTERAÇÕES § 4º Em nenhum caso a totalidade dos dados pessoais de banco
de dados de que trata o inciso III do caput deste artigo poderá ser
Prezado(a), tratada por pessoa de direito privado, salvo por aquela que possua
A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico capital integralmente constituído pelo poder público.” (NR)
será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área é re- “Art. 5º ......................................................................................
servada para a inclusão de materiais que complementam a apostila, ..................
sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos relaciona- ....................................................................................................
dos a este material, e que, devido a seu formato ou tamanho, não ......................
cabem na estrutura de nossas apostilas. VIII - encarregado: pessoa indicada pelo controlador e opera-
Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são dor para atuar como canal de comunicação entre o controlador, os
organizados de acordo com o título do tópico a que se referem e po- titulares dos dados e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados
dem ser acessados seguindo os passos indicados na página 2 deste (ANPD);
material, ou por meio de seu login e senha na Área do Aluno. ....................................................................................................
Visto a importância das leis indicadas, lá você acompanha me- .......................
lhor quaisquer atualizações que surgirem depois da publicação da XVIII - órgão de pesquisa: órgão ou entidade da administração
apostila. pública direta ou indireta ou pessoa jurídica de direito privado sem
Se preferir, indicamos também acesso direto ao arquivo fins lucrativos legalmente constituída sob as leis brasileiras, com
pelo link a seguir: file:///C:/Users/Nova%20Concursos/Downlo- sede e foro no País, que inclua em sua missão institucional ou em
ads/Lei%20Complementar%20n%C2%BA%20052.2006%20-%20 seu objetivo social ou estatutário a pesquisa básica ou aplicada de
Santa%20Casa.pdf caráter histórico, científico, tecnológico ou estatístico; e
XIX - autoridade nacional: órgão da administração pública res-
Bons estudos! ponsável por zelar, implementar e fiscalizar o cumprimento desta
Lei em todo o território nacional.” (NR)
“Art. 7º ......................................................................................
LEI FEDERAL Nº 13.853/2019 (LEI GERAL DE PROTEÇÃO ..................
DE DADOS PESSOAIS). ....................................................................................................
.......................
LEI Nº 13.853, DE 8 DE JULHO DE 2019 VIII - para a tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento
realizado por profissionais de saúde, serviços de saúde ou autori-
Altera a Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, para dis- dade sanitária;
por sobre a proteção de dados pessoais e para criar a Autoridade ....................................................................................................
Nacional de Proteção de Dados; e dá outras providências. .......................
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- § 1º (Revogado).
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: § 2º (Revogado).
....................................................................................................
Art. 1º A ementa da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, ......................
passa a vigorar com a seguinte redação: § 7º O tratamento posterior dos dados pessoais a que se refe-
“Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).” rem os §§ 3º e 4º deste artigo poderá ser realizado para novas fina-
Art. 2º A Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, passa a vigorar lidades, desde que observados os propósitos legítimos e específicos
com as seguintes alterações: para o novo tratamento e a preservação dos direitos do titular, as-
“Art. 1º ...................................................................................... sim como os fundamentos e os princípios previstos nesta Lei.” (NR)
................... “Art. 11. ....................................................................................
Parágrafo único. As normas gerais contidas nesta Lei são de in- ...................
teresse nacional e devem ser observadas pela União, Estados, Dis- ....................................................................................................
trito Federal e Municípios.” (NR) .......................
“Art. 3º ...................................................................................... II - ...............................................................................................
................... ..................
.................................................................................................... ....................................................................................................
....................... .......................
II - a atividade de tratamento tenha por objetivo a oferta ou f) tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento realizado
o fornecimento de bens ou serviços ou o tratamento de dados de por profissionais de saúde, serviços de saúde ou autoridade sani-
indivíduos localizados no território nacional; ou tária; ou
.................................................................................................... ....................................................................................................
......................” (NR) ......................
“Art. 4º ...................................................................................... § 4º É vedada a comunicação ou o uso compartilhado entre
................ controladores de dados pessoais sensíveis referentes à saúde com
objetivo de obter vantagem econômica, exceto nas hipóteses rela-
tivas a prestação de serviços de saúde, de assistência farmacêutica
64
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
e de assistência à saúde, desde que observado o § 5º deste artigo, Parágrafo único. A informação à autoridade nacional de que
incluídos os serviços auxiliares de diagnose e terapia, em benefício trata o caput deste artigo será objeto de regulamentação.” (NR)
dos interesses dos titulares de dados, e para permitir: “Art. 29. A autoridade nacional poderá solicitar, a qualquer mo-
I - a portabilidade de dados quando solicitada pelo titular; ou mento, aos órgãos e às entidades do poder público a realização de
II - as transações financeiras e administrativas resultantes do operações de tratamento de dados pessoais, informações específi-
uso e da prestação dos serviços de que trata este parágrafo. cas sobre o âmbito e a natureza dos dados e outros detalhes do tra-
§ 5º É vedado às operadoras de planos privados de assistência tamento realizado e poderá emitir parecer técnico complementar
à saúde o tratamento de dados de saúde para a prática de seleção para garantir o cumprimento desta Lei.” (NR)
de riscos na contratação de qualquer modalidade, assim como na “Art. 41. ....................................................................................
contratação e exclusão de beneficiários.” (NR) ................
“Art. 18. .................................................................................... ....................................................................................................
................... ....................
.................................................................................................... § 4º (VETADO).” (NR)
...................... “Art. 52. ....................................................................................
V - portabilidade dos dados a outro fornecedor de serviço ou .................
produto, mediante requisição expressa, de acordo com a regula- X - suspensão parcial do funcionamento do banco de dados a
mentação da autoridade nacional, observados os segredos comer- que se refere a infração pelo período máximo de 6 (seis) meses,
cial e industrial; prorrogável por igual período, até a regularização da atividade de
.................................................................................................... tratamento pelo controlador;
...................... XI - suspensão do exercício da atividade de tratamento dos da-
§ 6º O responsável deverá informar, de maneira imediata, aos dos pessoais a que se refere a infração pelo período máximo de 6
agentes de tratamento com os quais tenha realizado uso comparti- (seis) meses, prorrogável por igual período;
lhado de dados a correção, a eliminação, a anonimização ou o blo- XII - proibição parcial ou total do exercício de atividades relacio-
queio dos dados, para que repitam idêntico procedimento, exceto nadas a tratamento de dados.
nos casos em que esta comunicação seja comprovadamente impos- § 2º O disposto neste artigo não substitui a aplicação de san-
sível ou implique esforço desproporcional. ções administrativas, civis ou penais definidas na Lei nº 8.078, de 11
.................................................................................................... de setembro de 1990, e em legislação específica.
..............” (NR) § 3º O disposto nos incisos I, IV, V, VI, X, XI e XII do caput deste
“Art. 20. O titular dos dados tem direito a solicitar a revisão de artigo poderá ser aplicado às entidades e aos órgãos públicos, sem
decisões tomadas unicamente com base em tratamento automa- prejuízo do disposto na Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990,
tizado de dados pessoais que afetem seus interesses, incluídas as na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, e na Lei nº 12.527, de 18 de
decisões destinadas a definir o seu perfil pessoal, profissional, de novembro de 2011.
consumo e de crédito ou os aspectos de sua personalidade. ....................................................................................................
.................................................................................................... .....................
...................... § 5º O produto da arrecadação das multas aplicadas pela ANPD,
§ 3º (VETADO).” (NR) inscritas ou não em dívida ativa, será destinado ao Fundo de Defesa
“Art. 23. .................................................................................... de Direitos Difusos de que tratam o art. 13 da Lei nº 7.347, de 24 de
.................. julho de 1985, e a Lei nº 9.008, de 21 de março de 1995.
.................................................................................................... § 6º As sanções previstas nos incisos X, XI e XII do caput deste
..................... artigo serão aplicadas:
III - seja indicado um encarregado quando realizarem opera- I - somente após já ter sido imposta ao menos 1 (uma) das san-
ções de tratamento de dados pessoais, nos termos do art. 39 desta ções de que tratam os incisos II, III, IV, V e VI do caput deste artigo
Lei; e para o mesmo caso concreto; e
IV - (VETADO). II - em caso de controladores submetidos a outros órgãos e
.................................................................................................... entidades com competências sancionatórias, ouvidos esses órgãos.
............” (NR) “Art. 55-B. É assegurada autonomia técnica e decisória à ANPD.”
“Art. 26. .................................................................................... “Art. 55-C. A ANPD é composta de:
................ I - Conselho Diretor, órgão máximo de direção;
§ 1º ........................................................................................... II - Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Pri-
................. vacidade;
.................................................................................................... III - Corregedoria;
..................... IV - Ouvidoria;
IV - quando houver previsão legal ou a transferência for res-
paldada em contratos, convênios ou instrumentos congêneres; ou § 7º Os vazamentos individuais ou os acessos não autorizados
V - na hipótese de a transferência dos dados objetivar exclusi- de que trata o caput do art. 46 desta Lei poderão ser objeto de con-
vamente a prevenção de fraudes e irregularidades, ou proteger e ciliação direta entre controlador e titular e, caso não haja acordo, o
resguardar a segurança e a integridade do titular dos dados, desde controlador estará sujeito à aplicação das penalidades de que trata
que vedado o tratamento para outras finalidades.” (NR) este artigo.” (NR)
“Art. 27. .................................................................................... VI - unidades administrativas e unidades especializadas neces-
................ sárias à aplicação do disposto nesta Lei.”
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
“Art. 55-D. O Conselho Diretor da ANPD será composto de 5 IV - fiscalizar e aplicar sanções em caso de tratamento de da-
(cinco) diretores, incluído o Diretor-Presidente. dos realizado em descumprimento à legislação, mediante processo
§ 1º Os membros do Conselho Diretor da ANPD serão escolhi- administrativo que assegure o contraditório, a ampla defesa e o di-
dos pelo Presidente da República e por ele nomeados, após apro- reito de recurso;
vação pelo Senado Federal, nos termos da alínea ‘f’ do inciso III do V - apreciar petições de titular contra controlador após com-
art. 52 da Constituição Federal, e ocuparão cargo em comissão do provada pelo titular a apresentação de reclamação ao controlador
Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, no mínimo, de não solucionada no prazo estabelecido em regulamentação;
nível 5. VI - promover na população o conhecimento das normas e das
políticas públicas sobre proteção de dados pessoais e das medidas
§ 2º Os membros do Conselho Diretor serão escolhidos dentre
de segurança;
brasileiros que tenham reputação ilibada, nível superior de educa-
VII - promover e elaborar estudos sobre as práticas nacionais e
ção e elevado conceito no campo de especialidade dos cargos para internacionais de proteção de dados pessoais e privacidade;
os quais serão nomeados. VIII - estimular a adoção de padrões para serviços e produtos
§ 3º O mandato dos membros do Conselho Diretor será de 4 que facilitem o exercício de controle dos titulares sobre seus dados
(quatro) anos. pessoais, os quais deverão levar em consideração as especificidades
§ 4º Os mandatos dos primeiros membros do Conselho Diretor das atividades e o porte dos responsáveis;
nomeados serão de 2 (dois), de 3 (três), de 4 (quatro), de 5 (cinco) e IX - promover ações de cooperação com autoridades de prote-
de 6 (seis) anos, conforme estabelecido no ato de nomeação. ção de dados pessoais de outros países, de natureza internacional
§ 5º Na hipótese de vacância do cargo no curso do mandato de ou transnacional;
membro do Conselho Diretor, o prazo remanescente será comple- X - dispor sobre as formas de publicidade das operações de tra-
tado pelo sucessor.” tamento de dados pessoais, respeitados os segredos comercial e
“Art. 55-E. Os membros do Conselho Diretor somente perderão industrial;
seus cargos em virtude de renúncia, condenação judicial transitada XI - solicitar, a qualquer momento, às entidades do poder pú-
em julgado ou pena de demissão decorrente de processo adminis- blico que realizem operações de tratamento de dados pessoais in-
trativo disciplinar. forme específico sobre o âmbito, a natureza dos dados e os demais
§ 1º Nos termos do caput deste artigo, cabe ao Ministro de detalhes do tratamento realizado, com a possibilidade de emitir pa-
Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República instaurar o recer técnico complementar para garantir o cumprimento desta Lei;
XII - elaborar relatórios de gestão anuais acerca de suas ativi-
processo administrativo disciplinar, que será conduzido por comis-
dades;
são especial constituída por servidores públicos federais estáveis. XIII - editar regulamentos e procedimentos sobre proteção de
§ 2º Compete ao Presidente da República determinar o afas- dados pessoais e privacidade, bem como sobre relatórios de impac-
tamento preventivo, somente quando assim recomendado pela to à proteção de dados pessoais para os casos em que o tratamento
comissão especial de que trata o § 1º deste artigo, e proferir o jul- representar alto risco à garantia dos princípios gerais de proteção
gamento.” de dados pessoais previstos nesta Lei;
“Art. 55-F. Aplica-se aos membros do Conselho Diretor, após o XIV - ouvir os agentes de tratamento e a sociedade em maté-
exercício do cargo, o disposto no art. 6º da Lei nº 12.813, de 16 de rias de interesse relevante e prestar contas sobre suas atividades e
maio de 2013. planejamento;
Parágrafo único. A infração ao disposto no caput deste artigo XV - arrecadar e aplicar suas receitas e publicar, no relatório de
caracteriza ato de improbidade administrativa.” gestão a que se refere o inciso XII do caput deste artigo, o detalha-
“Art. 55-G. Ato do Presidente da República disporá sobre a es- mento de suas receitas e despesas;
trutura regimental da ANPD. XVI - realizar auditorias, ou determinar sua realização, no âm-
§ 1º Até a data de entrada em vigor de sua estrutura regimen- bito da atividade de fiscalização de que trata o inciso IV e com a
tal, a ANPD receberá o apoio técnico e administrativo da Casa Civil devida observância do disposto no inciso II do caput deste artigo,
da Presidência da República para o exercício de suas atividades. sobre o tratamento de dados pessoais efetuado pelos agentes de
§ 2º O Conselho Diretor disporá sobre o regimento interno da tratamento, incluído o poder público;
XVII - celebrar, a qualquer momento, compromisso com agen-
ANPD.”
tes de tratamento para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou
“Art. 55-H. Os cargos em comissão e as funções de confiança
situação contenciosa no âmbito de processos administrativos, de
da ANPD serão remanejados de outros órgãos e entidades do Poder acordo com o previsto no Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro
Executivo federal.” de 1942;
“Art. 55-I. Os ocupantes dos cargos em comissão e das funções XVIII - editar normas, orientações e procedimentos simplifica-
de confiança da ANPD serão indicados pelo Conselho Diretor e no- dos e diferenciados, inclusive quanto aos prazos, para que microem-
meados ou designados pelo Diretor-Presidente.” presas e empresas de pequeno porte, bem como iniciativas empre-
“Art. 55-J. Compete à ANPD: sariais de caráter incremental ou disruptivo que se autodeclarem
I - zelar pela proteção dos dados pessoais, nos termos da le- startups ou empresas de inovação, possam adequar-se a esta Lei;
gislação; XIX - garantir que o tratamento de dados de idosos seja efetu-
II - zelar pela observância dos segredos comercial e industrial, ado de maneira simples, clara, acessível e adequada ao seu enten-
observada a proteção de dados pessoais e do sigilo das informações dimento, nos termos desta Lei e da Lei nº 10.741, de 1º de outubro
quando protegido por lei ou quando a quebra do sigilo violar os de 2003 (Estatuto do Idoso);
fundamentos do art. 2º desta Lei; XX - deliberar, na esfera administrativa, em caráter terminativo,
III - elaborar diretrizes para a Política Nacional de Proteção de sobre a interpretação desta Lei, as suas competências e os casos
Dados Pessoais e da Privacidade; omissos;
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
XXI - comunicar às autoridades competentes as infrações pe- VII - o produto da venda de publicações, material técnico, da-
nais das quais tiver conhecimento; dos e informações, inclusive para fins de licitação pública.”
XXII - comunicar aos órgãos de controle interno o descumpri- “Art. 58-A. O Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais
mento do disposto nesta Lei por órgãos e entidades da administra- e da Privacidade será composto de 23 (vinte e três) representantes,
ção pública federal; titulares e suplentes, dos seguintes órgãos:
XXIII - articular-se com as autoridades reguladoras públicas I - 5 (cinco) do Poder Executivo federal;
para exercer suas competências em setores específicos de ativida- II - 1 (um) do Senado Federal;
des econômicas e governamentais sujeitas à regulação; e III - 1 (um) da Câmara dos Deputados;
XXIV - implementar mecanismos simplificados, inclusive por IV - 1 (um) do Conselho Nacional de Justiça;
meio eletrônico, para o registro de reclamações sobre o tratamento V - 1 (um) do Conselho Nacional do Ministério Público;
de dados pessoais em desconformidade com esta Lei. VI - 1 (um) do Comitê Gestor da Internet no Brasil;
§ 1º Ao impor condicionantes administrativas ao tratamento VII - 3 (três) de entidades da sociedade civil com atuação rela-
de dados pessoais por agente de tratamento privado, sejam eles
cionada a proteção de dados pessoais;
limites, encargos ou sujeições, a ANPD deve observar a exigência
VIII - 3 (três) de instituições científicas, tecnológicas e de ino-
de mínima intervenção, assegurados os fundamentos, os princípios
vação;
e os direitos dos titulares previstos no art. 170 da Constituição Fe-
deral e nesta Lei. IX - 3 (três) de confederações sindicais representativas das ca-
§ 2º Os regulamentos e as normas editados pela ANPD devem tegorias econômicas do setor produtivo;
ser precedidos de consulta e audiência públicas, bem como de aná- X - 2 (dois) de entidades representativas do setor empresarial
lises de impacto regulatório. relacionado à área de tratamento de dados pessoais; e
§ 3º A ANPD e os órgãos e entidades públicos responsáveis pela XI - 2 (dois) de entidades representativas do setor laboral.
regulação de setores específicos da atividade econômica e gover- § 1º Os representantes serão designados por ato do Presidente
namental devem coordenar suas atividades, nas correspondentes da República, permitida a delegação.
esferas de atuação, com vistas a assegurar o cumprimento de suas § 2º Os representantes de que tratam os incisos I, II, III, IV, V e
atribuições com a maior eficiência e promover o adequado funcio- VI do caput deste artigo e seus suplentes serão indicados pelos titu-
namento dos setores regulados, conforme legislação específica, e o lares dos respectivos órgãos e entidades da administração pública.
tratamento de dados pessoais, na forma desta Lei. § 3º Os representantes de que tratam os incisos VII, VIII, IX, X e
§ 4º A ANPD manterá fórum permanente de comunicação, in- XI do caput deste artigo e seus suplentes:
clusive por meio de cooperação técnica, com órgãos e entidades da I - serão indicados na forma de regulamento;
administração pública responsáveis pela regulação de setores espe- II - não poderão ser membros do Comitê Gestor da Internet no
cíficos da atividade econômica e governamental, a fim de facilitar as Brasil;
competências regulatória, fiscalizatória e punitiva da ANPD. III - terão mandato de 2 (dois) anos, permitida 1 (uma) recon-
§ 5º No exercício das competências de que trata o caput deste dução.
artigo, a autoridade competente deverá zelar pela preservação do § 4º A participação no Conselho Nacional de Proteção de Dados
segredo empresarial e do sigilo das informações, nos termos da lei. Pessoais e da Privacidade será considerada prestação de serviço pú-
§ 6º As reclamações colhidas conforme o disposto no inciso V blico relevante, não remunerada.
do caput deste artigo poderão ser analisadas de forma agregada, e “Art. 58-B. Compete ao Conselho Nacional de Proteção de Da-
as eventuais providências delas decorrentes poderão ser adotadas dos Pessoais e da Privacidade:
de forma padronizada.” I - propor diretrizes estratégicas e fornecer subsídios para a ela-
“Art. 55-K. A aplicação das sanções previstas nesta Lei compe- boração da Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da
te exclusivamente à ANPD, e suas competências prevalecerão, no
Privacidade e para a atuação da ANPD;
que se refere à proteção de dados pessoais, sobre as competências
II - elaborar relatórios anuais de avaliação da execução das
correlatas de outras entidades ou órgãos da administração pública.
ações da Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Pri-
Parágrafo único. A ANPD articulará sua atuação com outros
órgãos e entidades com competências sancionatórias e normativas vacidade;
afetas ao tema de proteção de dados pessoais e será o órgão central III - sugerir ações a serem realizadas pela ANPD;
de interpretação desta Lei e do estabelecimento de normas e dire- IV - elaborar estudos e realizar debates e audiências públicas
trizes para a sua implementação.” sobre a proteção de dados pessoais e da privacidade; e
“Art. 55-L. Constituem receitas da ANPD: V - disseminar o conhecimento sobre a proteção de dados pes-
I - as dotações, consignadas no orçamento geral da União, os soais e da privacidade à população.”
créditos especiais, os créditos adicionais, as transferências e os re- “Art. 65. Esta Lei entra em vigor:
passes que lhe forem conferidos; I - dia 28 de dezembro de 2018, quanto aos arts. 55-A, 55-B, 55-
II - as doações, os legados, as subvenções e outros recursos que C, 55-D, 55-E, 55-F, 55-G, 55-H, 55-I, 55-J, 55-K, 55-L, 58-A e 58-B; e
lhe forem destinados; II - 24 (vinte e quatro) meses após a data de sua publicação,
III - os valores apurados na venda ou aluguel de bens móveis e quanto aos demais artigos.” (NR)
imóveis de sua propriedade; Art. 3º Ficam revogados os §§ 1º e 2º do art. 7º da Lei nº 13.709,
IV - os valores apurados em aplicações no mercado financeiro de 14 de agosto de 2018.
das receitas previstas neste artigo; Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação
V - (VETADO); Brasília, 8 de julho de 2019; 198o da Independência e 131o da
VI - os recursos provenientes de acordos, convênios ou contra- República.
tos celebrados com entidades, organismos ou empresas, públicos
ou privados, nacionais ou internacionais;
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veí- SEÇÃO II-A
culos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021)
de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencio-
nadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, Art. 10-A. (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021)
empregados ou terceiros contratados por essas entidades.
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por SEÇÃO III
objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associa- DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE
da sem observar as formalidades previstas na lei; (Incluído pela ATENTAM CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO
Lei nº 11.107, de 2005) PÚBLICA
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem su-
ficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as forma- Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta
lidades previstas na lei. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005) contra os princípios da administração pública a ação ou omissão
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorpo- dolosa que viole os deveres de honestidade, de imparcialidade e de
ração, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica, de bens, legalidade, caracterizada por uma das seguintes condutas: (Re-
rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração dação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
pública a entidades privadas mediante celebração de parcerias, sem I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência) III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica das atribuições e que deva permanecer em segredo, propiciando
privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos beneficiamento por informação privilegiada ou colocando em risco
pela administração pública a entidade privada mediante celebração a segurança da sociedade e do Estado; (Redação dada pela Lei
de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regula- nº 14.230, de 2021)
mentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em razão de sua
2014) (Vigência) imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado ou
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entida- de outras hipóteses instituídas em lei; (Redação dada pela Lei
des privadas sem a observância das formalidades legais ou regula- nº 14.230, de 2021)
mentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial
2014) (Vigência) de concurso público, de chamamento ou de procedimento licitató-
XIX - agir para a configuração de ilícito na celebração, na fisca- rio, com vistas à obtenção de benefício próprio, direto ou indireto,
lização e na análise das prestações de contas de parcerias firmadas ou de terceiros; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
pela administração pública com entidades privadas; (Redação VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo,
dada pela Lei nº 14.230, de 2021) desde que disponha das condições para isso, com vistas a ocultar
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração irregularidades; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
pública com entidades privadas sem a estrita observância das nor- VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de tercei-
mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação ro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou
irregular. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014, com a redação econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
dada pela Lei nº 13.204, de 2015) VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização
XXI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de e aprovação de contas de parcerias firmadas pela administração pú-
2021) blica com entidades privadas. (Vide Medida Provisória nº 2.088-
XXII - conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tribu- 35, de 2000) (Redação dada pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vi-
tário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei gência)
Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela IX - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Lei nº 14.230, de 2021) X - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 1º Nos casos em que a inobservância de formalidades legais XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,
ou regulamentares não implicar perda patrimonial efetiva, não colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autori-
ocorrerá imposição de ressarcimento, vedado o enriquecimento dade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido
sem causa das entidades referidas no art. 1º desta Lei. (Incluído em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de
pela Lei nº 14.230, de 2021) cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada
§ 2º A mera perda patrimonial decorrente da atividade econô- na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes
mica não acarretará improbidade administrativa, salvo se compro- da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com-
vado ato doloso praticado com essa finalidade. (Incluído pela Lei preendido o ajuste mediante designações recíprocas; (Incluído
nº 14.230, de 2021) pela Lei nº 14.230, de 2021)
XII - praticar, no âmbito da administração pública e com recur-
sos do erário, ato de publicidade que contrarie o disposto no § 1º
do art. 37 da Constituição Federal, de forma a promover inequívoco
enaltecimento do agente público e personalização de atos, de pro-
gramas, de obras, de serviços ou de campanhas dos órgãos públi-
cos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 1º Nos termos da Convenção das Nações Unidas contra a diretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual
Corrupção, promulgada pelo Decreto nº 5.687, de 31 de janeiro seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 4 (quatro) anos;
de 2006, somente haverá improbidade administrativa, na aplica- (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
ção deste artigo, quando for comprovado na conduta funcional do IV - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
agente público o fim de obter proveito ou benefício indevido para si Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
ou para outra pessoa ou entidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, 14.230, de 2021)
de 2021) § 1º A sanção de perda da função pública, nas hipóteses dos in-
§ 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo a quaisquer atos cisos I e II do caput deste artigo, atinge apenas o vínculo de mesma
de improbidade administrativa tipificados nesta Lei e em leis espe- qualidade e natureza que o agente público ou político detinha com
ciais e a quaisquer outros tipos especiais de improbidade adminis- o poder público na época do cometimento da infração, podendo o
trativa instituídos por lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) magistrado, na hipótese do inciso I do caput deste artigo, e em ca-
§ 3º O enquadramento de conduta funcional na categoria de ráter excepcional, estendê-la aos demais vínculos, consideradas as
que trata este artigo pressupõe a demonstração objetiva da prática circunstâncias do caso e a gravidade da infração. (Incluído pela
de ilegalidade no exercício da função pública, com a indicação das Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI 7236)
normas constitucionais, legais ou infralegais violadas. (Incluído § 2º A multa pode ser aumentada até o dobro, se o juiz conside-
pela Lei nº 14.230, de 2021) rar que, em virtude da situação econômica do réu, o valor calculado
§ 4º Os atos de improbidade de que trata este artigo exigem na forma dos incisos I, II e III do caput deste artigo é ineficaz para
lesividade relevante ao bem jurídico tutelado para serem passíveis reprovação e prevenção do ato de improbidade. (Incluído pela
de sancionamento e independem do reconhecimento da produção Lei nº 14.230, de 2021)
de danos ao erário e de enriquecimento ilícito dos agentes públicos. § 3º Na responsabilização da pessoa jurídica, deverão ser con-
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) siderados os efeitos econômicos e sociais das sanções, de modo a
§ 5º Não se configurará improbidade a mera nomeação ou indi- viabilizar a manutenção de suas atividades. (Incluído pela Lei
cação política por parte dos detentores de mandatos eletivos, sen- nº 14.230, de 2021)
do necessária a aferição de dolo com finalidade ilícita por parte do § 4º Em caráter excepcional e por motivos relevantes devida-
agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) mente justificados, a sanção de proibição de contratação com o
poder público pode extrapolar o ente público lesado pelo ato de
CAPÍTULO III improbidade, observados os impactos econômicos e sociais das
DAS PENAS sanções, de forma a preservar a função social da pessoa jurídica,
conforme disposto no § 3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº
Art. 12. Independentemente do ressarcimento integral do dano 14.230, de 2021)
patrimonial, se efetivo, e das sanções penais comuns e de respon- § 5º No caso de atos de menor ofensa aos bens jurídicos tute-
sabilidade, civis e administrativas previstas na legislação específica, lados por esta Lei, a sanção limitar-se-á à aplicação de multa, sem
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes co- prejuízo do ressarcimento do dano e da perda dos valores obtidos,
minações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, quando for o caso, nos termos do caput deste artigo. (Incluído
de acordo com a gravidade do fato: (Redação dada pela Lei nº pela Lei nº 14.230, de 2021)
14.230, de 2021) § 6º Se ocorrer lesão ao patrimônio público, a reparação do
I - na hipótese do art. 9º desta Lei, perda dos bens ou valores dano a que se refere esta Lei deverá deduzir o ressarcimento ocorri-
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, perda da função pública, sus- do nas instâncias criminal, civil e administrativa que tiver por objeto
pensão dos direitos políticos até 14 (catorze) anos, pagamento de os mesmos fatos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
multa civil equivalente ao valor do acréscimo patrimonial e proibi- § 7º As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com base nesta
ção de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou Lei e na Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, deverão observar
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que o princípio constitucional do non bis in idem. (Incluído pela Lei
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, nº 14.230, de 2021)
pelo prazo não superior a 14 (catorze) anos; (Redação dada pela § 8º A sanção de proibição de contratação com o poder público
Lei nº 14.230, de 2021) deverá constar do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Sus-
II - na hipótese do art. 10 desta Lei, perda dos bens ou valores pensas (CEIS) de que trata a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013,
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstân- observadas as limitações territoriais contidas em decisão judicial,
cia, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos até 12 conforme disposto no § 4º deste artigo. (Incluído pela Lei nº
(doze) anos, pagamento de multa civil equivalente ao valor do dano 14.230, de 2021)
e proibição de contratar com o poder público ou de receber bene- § 9º As sanções previstas neste artigo somente poderão ser
fícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, executadas após o trânsito em julgado da sentença condenatória.
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio ma- (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
joritário, pelo prazo não superior a 12 (doze) anos; (Redação § 10. Para efeitos de contagem do prazo da sanção de suspen-
dada pela Lei nº 14.230, de 2021) são dos direitos políticos, computar-se-á retroativamente o inter-
III - na hipótese do art. 11 desta Lei, pagamento de multa civil valo de tempo entre a decisão colegiada e o trânsito em julgado da
de até 24 (vinte e quatro) vezes o valor da remuneração percebida sentença condenatória. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
pelo agente e proibição de contratar com o poder público ou de (Vide ADI 7236)
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou in-
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 13. É vedada a decretação de indisponibilidade da quantia de § 9º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
até 40 (quarenta) salários mínimos depositados em caderneta de 2021)
poupança, em outras aplicações financeiras ou em conta-corrente. § 9º-A Da decisão que rejeitar questões preliminares suscitadas
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) pelo réu em sua contestação caberá agravo de instrumento. (In-
§ 14. É vedada a decretação de indisponibilidade do bem de cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
família do réu, salvo se comprovado que o imóvel seja fruto de van- § 10. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
tagem patrimonial indevida, conforme descrito no art. 9º desta Lei. 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 10-A. Havendo a possibilidade de solução consensual, pode-
Art. 17. A ação para a aplicação das sanções de que trata esta rão as partes requerer ao juiz a interrupção do prazo para a contes-
Lei será proposta pelo Ministério Público e seguirá o procedimento tação, por prazo não superior a 90 (noventa) dias. (Incluído pela
comum previsto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código Lei nº 13.964, de 2019)
de Processo Civil), salvo o disposto nesta Lei. (Redação dada § 10-B. Oferecida a contestação e, se for o caso, ouvido o autor,
pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI 7042) (Vide ADI 7043) o juiz: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de I - procederá ao julgamento conforme o estado do processo,
2021) observada a eventual inexistência manifesta do ato de improbida-
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de de; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
2021) II - poderá desmembrar o litisconsórcio, com vistas a otimizar
§ 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de a instrução processual. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
2021) § 10-C. Após a réplica do Ministério Público, o juiz proferirá
§ 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) decisão na qual indicará com precisão a tipificação do ato de im-
§ 4º-A A ação a que se refere o caput deste artigo deverá ser probidade administrativa imputável ao réu, sendo-lhe vedado mo-
proposta perante o foro do local onde ocorrer o dano ou da pessoa dificar o fato principal e a capitulação legal apresentada pelo autor.
jurídica prejudicada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI 7042) (Vide ADI
§ 5º A propositura da ação a que se refere o caput deste ar- 7043)
tigo prevenirá a competência do juízo para todas as ações poste- § 10-D. Para cada ato de improbidade administrativa, deverá
riormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o necessariamente ser indicado apenas um tipo dentre aqueles pre-
mesmo objeto. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) vistos nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230,
§ 6º A petição inicial observará o seguinte: (Redação dada de 2021)
pela Lei nº 14.230, de 2021) § 10-E. Proferida a decisão referida no § 10-C deste artigo, as
I - deverá individualizar a conduta do réu e apontar os elemen- partes serão intimadas a especificar as provas que pretendem pro-
tos probatórios mínimos que demonstrem a ocorrência das hipóte- duzir. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
ses dos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei e de sua autoria, salvo impossibili- § 10-F. Será nula a decisão de mérito total ou parcial da ação de
dade devidamente fundamentada; (Incluído pela Lei nº 14.230, improbidade administrativa que: (Incluído pela Lei nº 14.230,
de 2021) de 2021)
II - será instruída com documentos ou justificação que con- I - condenar o requerido por tipo diverso daquele definido na
tenham indícios suficientes da veracidade dos fatos e do dolo petição inicial; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
imputado ou com razões fundamentadas da impossibilidade de II - condenar o requerido sem a produção das provas por ele
apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação vi- tempestivamente especificadas. (Incluído pela Lei nº 14.230,
gente, inclusive as disposições constantes dos arts. 77 e 80 da Lei nº de 2021)
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (In- § 11. Em qualquer momento do processo, verificada a inexis-
cluído pela Lei nº 14.230, de 2021) tência do ato de improbidade, o juiz julgará a demanda improce-
§ 6º-A O Ministério Público poderá requerer as tutelas provi- dente. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
sórias adequadas e necessárias, nos termos dos arts. 294 a 310 da § 12. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021), (Vide ADI 7042) (Vide § 13. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
ADI 7043) 2021)
§ 6º-B A petição inicial será rejeitada nos casos do art. 330 da § 14. Sem prejuízo da citação dos réus, a pessoa jurídica in-
Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), teressada será intimada para, caso queira, intervir no processo.
bem como quando não preenchidos os requisitos a que se referem (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI 7042) (Vide ADI
os incisos I e II do § 6º deste artigo, ou ainda quando manifestamen- 7043)
te inexistente o ato de improbidade imputado. (Incluído pela § 15. Se a imputação envolver a desconsideração de pessoa ju-
Lei nº 14.230, de 2021) rídica, serão observadas as regras previstas nos arts. 133, 134, 135,
§ 7º Se a petição inicial estiver em devida forma, o juiz mandará 136 e 137 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de
autuá-la e ordenará a citação dos requeridos para que a contestem Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
no prazo comum de 30 (trinta) dias, iniciado o prazo na forma do § 16. A qualquer momento, se o magistrado identificar a exis-
art. 231 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Pro- tência de ilegalidades ou de irregularidades administrativas a se-
cesso Civil). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) rem sanadas sem que estejam presentes todos os requisitos para
§ 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de a imposição das sanções aos agentes incluídos no polo passivo da
2021) demanda, poderá, em decisão motivada, converter a ação de im-
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
probidade administrativa em ação civil pública, regulada pela Lei II - de aprovação, no prazo de até 60 (sessenta) dias, pelo ór-
nº 7.347, de 24 de julho de 1985. (Incluído pela Lei nº 14.230, gão do Ministério Público competente para apreciar as promoções
de 2021) de arquivamento de inquéritos civis, se anterior ao ajuizamento da
§ 17. Da decisão que converter a ação de improbidade em ação ação; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
civil pública caberá agravo de instrumento. (Incluído pela Lei nº III - de homologação judicial, independentemente de o acordo
14.230, de 2021) ocorrer antes ou depois do ajuizamento da ação de improbidade
§ 18. Ao réu será assegurado o direito de ser interrogado sobre administrativa. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
os fatos de que trata a ação, e a sua recusa ou o seu silêncio não § 2º Em qualquer caso, a celebração do acordo a que se refere
implicarão confissão. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) o caput deste artigo considerará a personalidade do agente, a natu-
§ 19. Não se aplicam na ação de improbidade administrativa: reza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do ato de
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) improbidade, bem como as vantagens, para o interesse público, da
I - a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor em rápida solução do caso. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
caso de revelia; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 3º Para fins de apuração do valor do dano a ser ressarcido,
II - a imposição de ônus da prova ao réu, na forma dos §§ 1º e deverá ser realizada a oitiva do Tribunal de Contas competente, que
2º do art. 373 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de se manifestará, com indicação dos parâmetros utilizados, no prazo
Processo Civil); (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) de 90 (noventa) dias. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide
III - o ajuizamento de mais de uma ação de improbidade admi- ADI 7236)
nistrativa pelo mesmo fato, competindo ao Conselho Nacional do § 4º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá ser
Ministério Público dirimir conflitos de atribuições entre membros celebrado no curso da investigação de apuração do ilícito, no curso
de Ministérios Públicos distintos; (Incluído pela Lei nº 14.230, da ação de improbidade ou no momento da execução da sentença
de 2021) condenatória. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
IV - o reexame obrigatório da sentença de improcedência ou de § 5º As negociações para a celebração do acordo a que se re-
extinção sem resolução de mérito. (Incluído pela Lei nº 14.230, fere o caput deste artigo ocorrerão entre o Ministério Público, de
de 2021) um lado, e, de outro, o investigado ou demandado e o seu defensor.
§ 20. A assessoria jurídica que emitiu o parecer atestando a (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI 7042) (Vide ADI
legalidade prévia dos atos administrativos praticados pelo adminis- 7043)
trador público ficará obrigada a defendê-lo judicialmente, caso este § 6º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá con-
venha a responder ação por improbidade administrativa, até que templar a adoção de mecanismos e procedimentos internos de in-
a decisão transite em julgado. (Incluído pela Lei nº 14.230, de tegridade, de auditoria e de incentivo à denúncia de irregularidades
2021) (Vide ADI 7042) (Vide ADI 7043) e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito
§ 21. Das decisões interlocutórias caberá agravo de instrumen- da pessoa jurídica, se for o caso, bem como de outras medidas em
to, inclusive da decisão que rejeitar questões preliminares suscita- favor do interesse público e de boas práticas administrativas. (In-
das pelo réu em sua contestação. (Incluído pela Lei nº 14.230, cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
de 2021) § 7º Em caso de descumprimento do acordo a que se refere o
Art. 17-A. (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) caput deste artigo, o investigado ou o demandado ficará impedido
I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) de celebrar novo acordo pelo prazo de 5 (cinco) anos, contado do
II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) conhecimento pelo Ministério Público do efetivo descumprimento.
III - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI 7042) (Vide ADI
§ 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 7043)
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 17-C. A sentença proferida nos processos a que se refere
§ 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) esta Lei deverá, além de observar o disposto no art. 489 da Lei nº
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil): (In-
§ 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 17-B. O Ministério Público poderá, conforme as circuns- I - indicar de modo preciso os fundamentos que demonstram
tâncias do caso concreto, celebrar acordo de não persecução civil, os elementos a que se referem os arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, que
desde que dele advenham, ao menos, os seguintes resultados: não podem ser presumidos; (Incluído pela Lei nº 14.230, de
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI 7042) (Vide ADI 2021)
7043) II - considerar as consequências práticas da decisão, sempre
I - o integral ressarcimento do dano; (Incluído pela Lei nº que decidir com base em valores jurídicos abstratos; (Incluído
14.230, de 2021) pela Lei nº 14.230, de 2021)
II - a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida III - considerar os obstáculos e as dificuldades reais do gestor
obtida, ainda que oriunda de agentes privados. (Incluído pela e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos
Lei nº 14.230, de 2021) direitos dos administrados e das circunstâncias práticas que houve-
§ 1º A celebração do acordo a que se refere o caput deste arti- rem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente; (Inclu-
go dependerá, cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 14.230, ído pela Lei nº 14.230, de 2021)
de 2021) IV - considerar, para a aplicação das sanções, de forma isolada
I - da oitiva do ente federativo lesado, em momento anterior ou ou cumulativa: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
posterior à propositura da ação; (Incluído pela Lei nº 14.230, a) os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade; (In-
de 2021) cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
74
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
b) a natureza, a gravidade e o impacto da infração cometida; § 2º Caso a pessoa jurídica prejudicada não adote as providên-
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) cias a que se refere o § 1º deste artigo no prazo de 6 (seis) meses,
c) a extensão do dano causado; (Incluído pela Lei nº 14.230, contado do trânsito em julgado da sentença de procedência da
de 2021) ação, caberá ao Ministério Público proceder à respectiva liquidação
d) o proveito patrimonial obtido pelo agente; (Incluído pela do dano e ao cumprimento da sentença referente ao ressarcimento
Lei nº 14.230, de 2021) do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens, sem pre-
e) as circunstâncias agravantes ou atenuantes; (Incluído pela juízo de eventual responsabilização pela omissão verificada. (In-
Lei nº 14.230, de 2021) cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
f) a atuação do agente em minorar os prejuízos e as consequ- § 3º Para fins de apuração do valor do ressarcimento, deverão
ências advindas de sua conduta omissiva ou comissiva; (Incluído ser descontados os serviços efetivamente prestados. (Incluído
pela Lei nº 14.230, de 2021) pela Lei nº 14.230, de 2021)
g) os antecedentes do agente; (Incluído pela Lei nº 14.230, § 4º O juiz poderá autorizar o parcelamento, em até 48 (qua-
de 2021) renta e oito) parcelas mensais corrigidas monetariamente, do débi-
V - considerar na aplicação das sanções a dosimetria das san- to resultante de condenação pela prática de improbidade adminis-
ções relativas ao mesmo fato já aplicadas ao agente; (Incluído trativa se o réu demonstrar incapacidade financeira de saldá-lo de
pela Lei nº 14.230, de 2021) imediato. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
VI - considerar, na fixação das penas relativamente ao terceiro, Art. 18-A. A requerimento do réu, na fase de cumprimento da
quando for o caso, a sua atuação específica, não admitida a sua sentença, o juiz unificará eventuais sanções aplicadas com outras
responsabilização por ações ou omissões para as quais não tiver já impostas em outros processos, tendo em vista a eventual con-
concorrido ou das quais não tiver obtido vantagens patrimoniais tinuidade de ilícito ou a prática de diversas ilicitudes, observado o
indevidas; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) seguinte: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
VII - indicar, na apuração da ofensa a princípios, critérios objeti- I - no caso de continuidade de ilícito, o juiz promoverá a maior
vos que justifiquem a imposição da sanção. (Incluído pela Lei nº sanção aplicada, aumentada de 1/3 (um terço), ou a soma das pe-
14.230, de 2021) nas, o que for mais benéfico ao réu; (Incluído pela Lei nº 14.230,
§ 1º A ilegalidade sem a presença de dolo que a qualifique não de 2021)
configura ato de improbidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de II - no caso de prática de novos atos ilícitos pelo mesmo sujeito,
2021) o juiz somará as sanções. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º Na hipótese de litisconsórcio passivo, a condenação ocor- Parágrafo único. As sanções de suspensão de direitos políticos
rerá no limite da participação e dos benefícios diretos, vedada qual- e de proibição de contratar ou de receber incentivos fiscais ou cre-
quer solidariedade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) ditícios do poder público observarão o limite máximo de 20 (vinte)
§ 3º Não haverá remessa necessária nas sentenças de que trata anos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
esta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 17-D. A ação por improbidade administrativa é repressiva, CAPÍTULO VI
de caráter sancionatório, destinada à aplicação de sanções de ca- DAS DISPOSIÇÕES PENAIS
ráter pessoal previstas nesta Lei, e não constitui ação civil, vedado
seu ajuizamento para o controle de legalidade de políticas públicas Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbida-
e para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente de contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor
e de outros interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos. da denúncia o sabe inocente.
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
Parágrafo único. Ressalvado o disposto nesta Lei, o controle Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está su-
de legalidade de políticas públicas e a responsabilidade de agentes jeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à
públicos, inclusive políticos, entes públicos e governamentais, por imagem que houver provocado.
danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, a qualquer ou- políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença con-
tro interesse difuso ou coletivo, à ordem econômica, à ordem urba- denatória.
nística, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos § 1º A autoridade judicial competente poderá determinar o
e ao patrimônio público e social submetem-se aos termos da Lei nº afastamento do agente público do exercício do cargo, do emprego
7.347, de 24 de julho de 1985. (Incluído pela Lei nº 14.230, de ou da função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida for
2021) necessária à instrução processual ou para evitar a iminente prática
Art. 18. A sentença que julgar procedente a ação fundada nos de novos ilícitos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
arts. 9º e 10 desta Lei condenará ao ressarcimento dos danos e à § 2º O afastamento previsto no § 1º deste artigo será de até
perda ou à reversão dos bens e valores ilicitamente adquiridos, con- 90 (noventa) dias, prorrogáveis uma única vez por igual prazo, me-
forme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito. diante decisão motivada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:
§ 1º Se houver necessidade de liquidação do dano, a pessoa I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo
jurídica prejudicada procederá a essa determinação e ao ulterior quanto à pena de ressarcimento e às condutas previstas no art. 10
procedimento para cumprimento da sentença referente ao ressar- desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
cimento do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens. II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 1º Os atos do órgão de controle interno ou externo serão con- I - pelo ajuizamento da ação de improbidade administrativa;
siderados pelo juiz quando tiverem servido de fundamento para a (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
conduta do agente público. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) II - pela publicação da sentença condenatória; (Incluído
§ 2º As provas produzidas perante os órgãos de controle e as pela Lei nº 14.230, de 2021)
correspondentes decisões deverão ser consideradas na formação III - pela publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de Jus-
da convicção do juiz, sem prejuízo da análise acerca do dolo na con- tiça ou Tribunal Regional Federal que confirma sentença condena-
duta do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) tória ou que reforma sentença de improcedência; (Incluído pela
§ 3º As sentenças civis e penais produzirão efeitos em relação à Lei nº 14.230, de 2021)
ação de improbidade quando concluírem pela inexistência da con- IV - pela publicação de decisão ou acórdão do Superior Tribu-
duta ou pela negativa da autoria. (Incluído pela Lei nº 14.230, nal de Justiça que confirma acórdão condenatório ou que reforma
de 2021) acórdão de improcedência; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 4º A absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fa- V - pela publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal
tos, confirmada por decisão colegiada, impede o trâmite da ação da Federal que confirma acórdão condenatório ou que reforma acór-
qual trata esta Lei, havendo comunicação com todos os fundamen- dão de improcedência. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
tos de absolvição previstos no art. 386 do Decreto-Lei nº 3.689, de § 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do
3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). (Incluído pela dia da interrupção, pela metade do prazo previsto no caput deste
Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI 7236) artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 5º Sanções eventualmente aplicadas em outras esferas deve- § 6º A suspensão e a interrupção da prescrição produzem efei-
rão ser compensadas com as sanções aplicadas nos termos desta tos relativamente a todos os que concorreram para a prática do ato
Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) de improbidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta Lei, o Minis- § 7º Nos atos de improbidade conexos que sejam objeto do
tério Público, de ofício, a requerimento de autoridade administrati- mesmo processo, a suspensão e a interrupção relativas a qualquer
va ou mediante representação formulada de acordo com o disposto deles estendem-se aos demais. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
no art. 14 desta Lei, poderá instaurar inquérito civil ou procedimen- 2021)
to investigativo assemelhado e requisitar a instauração de inquérito § 8º O juiz ou o tribunal, depois de ouvido o Ministério Público,
policial. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) deverá, de ofício ou a requerimento da parte interessada, reconhe-
Parágrafo único. Na apuração dos ilícitos previstos nesta Lei, cer a prescrição intercorrente da pretensão sancionadora e decre-
será garantido ao investigado a oportunidade de manifestação por tá-la de imediato, caso, entre os marcos interruptivos referidos no
escrito e de juntada de documentos que comprovem suas alega- § 4º, transcorra o prazo previsto no § 5º deste artigo. (Incluído
ções e auxiliem na elucidação dos fatos. (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 14.230, de 2021)
14.230, de 2021) Art. 23-A. É dever do poder público oferecer contínua capacita-
ção aos agentes públicos e políticos que atuem com prevenção ou
CAPÍTULO VII repressão de atos de improbidade administrativa. (Incluído pela
DA PRESCRIÇÃO Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 23-B. Nas ações e nos acordos regidos por esta Lei, não
Art. 23. A ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei haverá adiantamento de custas, de preparo, de emolumentos, de
prescreve em 8 (oito) anos, contados a partir da ocorrência do fato honorários periciais e de quaisquer outras despesas. (Incluído
ou, no caso de infrações permanentes, do dia em que cessou a per- pela Lei nº 14.230, de 2021)
manência. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) § 1º No caso de procedência da ação, as custas e as demais
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) despesas processuais serão pagas ao final. (Incluído pela Lei nº
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) 14.230, de 2021)
III - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) § 2º Haverá condenação em honorários sucumbenciais em
§ 1º A instauração de inquérito civil ou de processo administra- caso de improcedência da ação de improbidade se comprovada
tivo para apuração dos ilícitos referidos nesta Lei suspende o curso má-fé. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
do prazo prescricional por, no máximo, 180 (cento e oitenta) dias Art. 23-C. Atos que ensejem enriquecimento ilícito, perda patri-
corridos, recomeçando a correr após a sua conclusão ou, caso não monial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação de re-
concluído o processo, esgotado o prazo de suspensão. (Incluído cursos públicos dos partidos políticos, ou de suas fundações, serão
pela Lei nº 14.230, de 2021) responsabilizados nos termos da Lei nº 9.096, de 19 de setembro
§ 2º O inquérito civil para apuração do ato de improbidade será de 1995. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI 7236)
concluído no prazo de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias corri-
dos, prorrogável uma única vez por igual período, mediante ato fun- CAPÍTULO VIII
damentado submetido à revisão da instância competente do órgão DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. (Inclu-
ído pela Lei nº 14.230, de 2021) Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
§ 3º Encerrado o prazo previsto no § 2º deste artigo, a ação Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de
deverá ser proposta no prazo de 30 (trinta) dias, se não for caso de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais disposições
arquivamento do inquérito civil. (Incluído pela Lei nº 14.230, de em contrário.
2021) Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da Independência e
§ 4º O prazo da prescrição referido no caput deste artigo inter- 104° da República.
rompe-se: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 4º O prazo para a conclusão dos trabalhos da comissão de II - lavrar nova indiciação ou indiciação complementar, caso as
PAR não excederá cento e oitenta dias, admitida a prorrogação, me- novas provas juntadas aos autos justifiquem alterações na nota de
diante solicitação justificada do presidente da comissão à autorida- indiciação inicial, devendo ser observado o disposto no caput do
de instauradora, que decidirá de maneira fundamentada. art. 6º.
Art. 6º Instaurado o PAR, a comissão avaliará os fatos e as cir- § 2º Caso a pessoa jurídica apresente em sua defesa informa-
cunstâncias conhecidas e indiciará e intimará a pessoa jurídica pro- ções e documentos referentes à existência e ao funcionamento de
cessada para, no prazo de trinta dias, apresentar defesa escrita e programa de integridade, a comissão processante deverá examiná-
especificar eventuais provas que pretenda produzir. -lo segundo os parâmetros indicados no Capítulo V, para a dosime-
§ 1º A intimação prevista no caput: tria das sanções a serem aplicadas.
I - facultará expressamente à pessoa jurídica a possibilidade de Art. 9º A pessoa jurídica poderá acompanhar o PAR por meio
apresentar informações e provas que subsidiem a análise da comis- de seus representantes legais ou procuradores, sendo-lhes assegu-
são de PAR no que se refere aos elementos que atenuam o valor da rado amplo acesso aos autos.
multa, previstos no art. 23; e Parágrafo único. É vedada a retirada de autos físicos da repar-
II - solicitará a apresentação de informações e documentos, tição pública, sendo autorizada a obtenção de cópias, preferencial-
nos termos estabelecidos pela Controladoria-Geral da União, que mente em meio digital, mediante requerimento.
permitam a análise do programa de integridade da pessoa jurídica. Art. 10. A comissão, para o devido e regular exercício de suas
§ 2º O ato de indiciação conterá, no mínimo: funções, poderá praticar os atos necessários à elucidação dos fatos
I - a descrição clara e objetiva do ato lesivo imputado à pessoa sob apuração, compreendidos todos os meios probatórios admiti-
jurídica, com a descrição das circunstâncias relevantes; dos em lei, inclusive os previstos no § 3º do art. 3º.
II - o apontamento das provas que sustentam o entendimento Art. 11. Concluídos os trabalhos de apuração e análise, a co-
da comissão pela ocorrência do ato lesivo imputado; e missão elaborará relatório a respeito dos fatos apurados e da even-
III - o enquadramento legal do ato lesivo imputado à pessoa tual responsabilidade administrativa da pessoa jurídica, no qual su-
jurídica processada. gerirá, de forma motivada:
§ 3º Caso a intimação prevista no caput não tenha êxito, será I - as sanções a serem aplicadas, com a respectiva indicação da
feita nova intimação por meio de edital publicado na imprensa ofi- dosimetria, ou o arquivamento do processo;
cial e no sítio eletrônico do órgão ou da entidade pública respon- II - o encaminhamento do relatório final à autoridade compe-
sável pela condução do PAR, hipótese em que o prazo para apre- tente para instrução de processo administrativo específico para
sentação de defesa escrita será contado a partir da última data de reparação de danos, quando houver indícios de que do ato lesivo
publicação do edital. tenha resultado dano ao erário;
§ 4º Caso a pessoa jurídica processada não apresente sua de- III - o encaminhamento do relatório final à Advocacia-Geral da
fesa escrita no prazo estabelecido no caput, contra ela correrão os União, para ajuizamento da ação de que trata o art. 19 da Lei nº
demais prazos, independentemente de notificação ou intimação, 12.846, de 2013, com sugestão, de acordo com o caso concreto,
podendo intervir em qualquer fase do processo, sem direito à repe- da aplicação das sanções previstas naquele artigo, como retribuição
tição de qualquer ato processual já praticado. complementar às do PAR ou para a prevenção de novos ilícitos;
Art. 7º As intimações serão feitas por qualquer meio físico ou IV - o encaminhamento do processo ao Ministério Público, nos
eletrônico que assegure a certeza de ciência da pessoa jurídica pro- termos do disposto no art. 15 da Lei nº 12.846, de 2013; e
cessada. V - as condições necessárias para a concessão da reabilitação,
§ 1º Os prazos começam a correr a partir da data da cientifica- quando cabível.
ção oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluindo- Art. 12. Concluído o relatório final, a comissão lavrará ata de
-se o dia do vencimento, observado o disposto no Capítulo XVI da encerramento dos seus trabalhos, que formalizará sua desconsti-
Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. tuição, e encaminhará o PAR à autoridade instauradora, que deter-
§ 2º Na hipótese prevista no § 4º do art. 6º, dispensam-se as minará a intimação da pessoa jurídica processada do relatório final
demais intimações processuais, até que a pessoa jurídica interessa- para, querendo, manifestar-se no prazo máximo de dez dias.
da se manifeste nos autos. Parágrafo único. Transcorrido o prazo previsto no caput, a au-
§ 3º A pessoa jurídica estrangeira poderá ser notificada e in- toridade instauradora determinará à corregedoria da entidade ou à
timada de todos os atos processuais, independentemente de pro- unidade competente que analise a regularidade e o mérito do PAR.
curação ou de disposição contratual ou estatutária, na pessoa do Art. 13. Após a análise de regularidade e mérito, o PAR será
gerente, representante ou administrador de sua filial, agência, su- encaminhado à autoridade competente para julgamento, o qual
cursal, estabelecimento ou escritório instalado no Brasil. será precedido de manifestação jurídica, elaborada pelo órgão de
Art. 8º Recebida a defesa escrita, a comissão avaliará a perti- assistência jurídica competente.
nência de produzir as provas eventualmente requeridas pela pes- Parágrafo único. Na hipótese de decisão contrária ao relatório
soa jurídica processada, podendo indeferir de forma motivada os da comissão, esta deverá ser fundamentada com base nas provas
pedidos de produção de provas que sejam ilícitas, impertinentes, produzidas no PAR.
desnecessárias, protelatórias ou intempestivas. Art. 14. A decisão administrativa proferida pela autoridade jul-
§ 1º Caso sejam produzidas provas após a nota de indiciação, gadora ao final do PAR será publicada no Diário Oficial da União e no
a comissão poderá: sítio eletrônico do órgão ou da entidade pública responsável pelo
I - intimar a pessoa jurídica para se manifestar, no prazo de dez julgamento do PAR.
dias, sobre as novas provas juntadas aos autos, caso tais provas não Art. 15. Da decisão administrativa sancionadora cabe pedido
justifiquem a alteração da nota de indiciação; ou de reconsideração com efeito suspensivo, no prazo de dez dias, con-
tado da data de publicação da decisão.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 1º A pessoa jurídica contra a qual foram impostas sanções no e necessários à apuração ou à comprovação dos fatos, sem prejuízo
PAR e que não apresentar pedido de reconsideração deverá cumpri- do envio de documentação complementar, na hipótese de novas
-las no prazo de trinta dias, contado do fim do prazo para interposi- provas ou informações relevantes, sob pena de responsabilização.
ção do pedido de reconsideração.
§ 2º A autoridade julgadora terá o prazo de trinta dias para CAPÍTULO III
decidir sobre a matéria alegada no pedido de reconsideração e pu- DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DOS
blicar nova decisão. ENCAMINHAMENTOS JUDICIAIS
§ 3º Mantida a decisão administrativa sancionadora, será con-
cedido à pessoa jurídica novo prazo de trinta dias para o cumpri- SEÇÃO I
mento das sanções que lhe foram impostas, contado da data de DISPOSIÇÕES GERAIS
publicação da nova decisão.
Art. 16. Os atos previstos como infrações administrativas à Lei Art. 19. As pessoas jurídicas estão sujeitas às seguintes san-
nº 14.133, de 1º de abril de 2021, ou a outras normas de licitações ções administrativas, nos termos do disposto no art. 6º da Lei nº
e contratos da administração pública que também sejam tipifica- 12.846, de 2013:
dos como atos lesivos na Lei nº 12.846, de 2013, serão apurados I - multa; e
e julgados conjuntamente, nos mesmos autos, aplicando-se o rito II - publicação extraordinária da decisão administrativa sancio-
procedimental previsto neste Capítulo. nadora.
§ 1º Concluída a apuração de que trata o caput e havendo au- Parágrafo único. Caso os atos lesivos apurados envolvam infra-
toridades distintas competentes para o julgamento, o processo será ções administrativas à Lei nº 14.133, de 2021, ou a outras normas
encaminhado primeiramente àquela de nível mais elevado, para de licitações e contratos da administração pública e tenha ocorrido
que julgue no âmbito de sua competência, tendo precedência o jul- a apuração conjunta prevista no art. 16, a pessoa jurídica também
gamento pelo Ministro de Estado competente. estará sujeita a sanções administrativas que tenham como efeito a
§ 2º Para fins do disposto no caput, o chefe da unidade res- restrição ao direito de participar em licitações ou de celebrar con-
ponsável no órgão ou na entidade pela gestão de licitações e con- tratos com a administração pública, a serem aplicadas no PAR.
tratos deve comunicar à autoridade a que se refere o caput do art.
3º eventuais fatos que configurem atos lesivos previstos no art. 5º SEÇÃO II
da Lei nº 12.846, de 2013. DA MULTA
Art. 17. A Controladoria-Geral da União possui, no âmbito do
Poder Executivo federal, competência: Art. 20. A multa prevista no inciso I do caput do art. 6º da Lei
I - concorrente para instaurar e julgar PAR; e nº 12.846, de 2013, terá como base de cálculo o faturamento bruto
II - exclusiva para avocar os processos instaurados para exame da pessoa jurídica no último exercício anterior ao da instauração do
de sua regularidade ou para lhes corrigir o andamento, inclusive PAR, excluídos os tributos.
promovendo a aplicação da penalidade administrativa cabível. § 1º Os valores que constituirão a base de cálculo de que trata
§ 1º A Controladoria-Geral da União poderá exercer, a qual- o caput poderão ser apurados, entre outras formas, por meio de:
quer tempo, a competência prevista no caput, se presentes quais- I - compartilhamento de informações tributárias, na forma do
quer das seguintes circunstâncias: disposto no inciso II do § 1º do art. 198 da Lei nº 5.172, de 1966 -
I - caracterização de omissão da autoridade originariamente Código Tributário Nacional;
competente; II - registros contábeis produzidos ou publicados pela pessoa
II - inexistência de condições objetivas para sua realização no jurídica acusada, no Brasil ou no exterior;
órgão ou na entidade de origem; III - estimativa, levando em consideração quaisquer informa-
III - complexidade, repercussão e relevância da matéria; ções sobre a sua situação econômica ou o estado de seus negócios,
IV - valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o tais como patrimônio, capital social, número de empregados, con-
órgão ou com a entidade atingida; ou tratos, entre outras; e
V - apuração que envolva atos e fatos relacionados com mais de IV - identificação do montante total de recursos recebidos pela
um órgão ou entidade da administração pública federal. pessoa jurídica sem fins lucrativos no ano anterior ao da instaura-
§ 2º Ficam os órgãos e as entidades da administração pública ção do PAR, excluídos os tributos incidentes sobre vendas.
obrigados a encaminhar à Controladoria-Geral da União todos os § 2º Os fatores previstos nos art. 22 e art. 23 deste Decreto se-
documentos e informações que lhes forem solicitados, incluídos os rão avaliados em conjunto para os atos lesivos apurados no mesmo
autos originais dos processos que eventualmente estejam em cur- PAR, devendo-se considerar, para o cálculo da multa, a consolidação
so. dos faturamentos brutos de todas as pessoas jurídicas pertencentes
Art. 18. Compete à Controladoria-Geral da União instaurar, de fato ou de direito ao mesmo grupo econômico que tenham pra-
apurar e julgar PAR pela prática de atos lesivos a administração pú- ticado os ilícitos previstos no art. 5º da Lei nº 12.846, de 2013, ou
blica estrangeira, o qual seguirá, no que couber, o rito procedimen- concorrido para a sua prática.
tal previsto neste Capítulo. Art. 21. Caso a pessoa jurídica comprovadamente não tenha
Parágrafo único. Os órgãos e as entidades da administração tido faturamento no último exercício anterior ao da instauração do
pública federal direta e indireta deverão comunicar à Controlado- PAR, deve-se considerar como base de cálculo da multa o valor do
ria-Geral da União os indícios da ocorrência de atos lesivos a ad- último faturamento bruto apurado pela pessoa jurídica, excluídos
ministração pública estrangeira, identificados no exercício de suas os tributos incidentes sobre vendas, que terá seu valor atualizado
atribuições, juntando à comunicação os documentos já disponíveis até o último dia do exercício anterior ao da instauração do PAR.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput, o valor da mul- Parágrafo único. Somente poderão ser atribuídos os percentu-
ta será estipulado observando-se o intervalo de R$ 6.000,00 (seis ais máximos, quando observadas as seguintes condições:
mil reais) a R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais) e o limite I - na hipótese prevista na alínea “a” do inciso II do caput, quan-
mínimo da vantagem auferida, quando for possível sua estimação. do ocorrer a devolução integral dos valores ali referidos;
Art. 22. O cálculo da multa se inicia com a soma dos valores II - na hipótese prevista no inciso IV do caput, quando a admis-
correspondentes aos seguintes percentuais da base de cálculo: são ocorrer antes da instauração do PAR; e
I - até quatro por cento, havendo concurso dos atos lesivos; III - na hipótese prevista no inciso V do caput, quando o plano
II - até três por cento para tolerância ou ciência de pessoas do de integridade for anterior à prática do ato lesivo.
corpo diretivo ou gerencial da pessoa jurídica; Art. 24. A existência e quantificação dos fatores previstos nos
III - até quatro por cento no caso de interrupção no forneci- art. 22 e art. 23 deverá ser apurada no PAR e evidenciada no relató-
mento de serviço público, na execução de obra contratada ou na rio final da comissão, o qual também conterá a estimativa, sempre
entrega de bens ou serviços essenciais à prestação de serviços pú- que possível, dos valores da vantagem auferida e da pretendida.
blicos ou no caso de descumprimento de requisitos regulatórios; Art. 25. Em qualquer hipótese, o valor final da multa terá como
IV - um por cento para a situação econômica do infrator que limite:
apresente índices de solvência geral e de liquidez geral superiores I - mínimo, o maior valor entre o da vantagem auferida, quando
a um e lucro líquido no último exercício anterior ao da instauração for possível sua estimativa, e:
do PAR; a) um décimo por cento da base de cálculo; ou
V - três por cento no caso de reincidência, assim definida a b) R$ 6.000,00 (seis mil reais), na hipótese prevista no art. 21; e
ocorrência de nova infração, idêntica ou não à anterior, tipificada II - máximo, o menor valor entre:
como ato lesivo pelo art. 5º da Lei nº 12.846, de 2013, em menos a) três vezes o valor da vantagem pretendida ou auferida, o que
de cinco anos, contados da publicação do julgamento da infração for maior entre os dois valores;
anterior; e b) vinte por cento do faturamento bruto do último exercício
VI - no caso de contratos, convênios, acordos, ajustes e outros anterior ao da instauração do PAR, excluídos os tributos incidentes
instrumentos congêneres mantidos ou pretendidos com o órgão ou sobre vendas; ou
com as entidades lesadas, nos anos da prática do ato lesivo, serão c) R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais), na hipótese
considerados os seguintes percentuais: prevista no art. 21, desde que não seja possível estimar o valor da
a) um por cento, no caso de o somatório dos instrumentos to- vantagem auferida.
talizar valor superior a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais); § 1º O limite máximo não será observado, caso o valor resul-
b) dois por cento, no caso de o somatório dos instrumentos tante do cálculo desse parâmetro seja inferior ao resultado calcula-
totalizar valor superior a R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos do para o limite mínimo.
mil reais); § 2º Na ausência de todos os fatores previstos nos art. 22 e art.
c) três por cento, no caso de o somatório dos instrumentos to- 23 ou quando o resultado das operações de soma e subtração for
talizar valor superior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais); igual ou menor que zero, o valor da multa corresponderá ao limite
d) quatro por cento, no caso de o somatório dos instrumentos mínimo estabelecido no caput.
totalizar valor superior a R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de Art. 26. O valor da vantagem auferida ou pretendida corres-
reais); ou ponde ao equivalente monetário do produto do ilícito, assim enten-
e) cinco por cento, no caso de o somatório dos instrumentos dido como os ganhos ou os proveitos obtidos ou pretendidos pela
totalizar valor superior a R$ 250.000.000,00 (duzentos e cinquenta pessoa jurídica em decorrência direta ou indireta da prática do ato
milhões de reais). lesivo.
Parágrafo único. No caso de acordo de leniência, o prazo cons- § 1º O valor da vantagem auferida ou pretendida poderá ser
tante do inciso V do caput será contado a partir da data de celebra- estimado mediante a aplicação, conforme o caso, das seguintes me-
ção até cinco anos após a declaração de seu cumprimento. todologias:
Art. 23. Do resultado da soma dos fatores previstos no art. 22 I - pelo valor total da receita auferida em contrato administrati-
serão subtraídos os valores correspondentes aos seguintes percen- vo e seus aditivos, deduzidos os custos lícitos que a pessoa jurídica
tuais da base de cálculo: comprove serem efetivamente atribuíveis ao objeto contratado, na
I - até meio por cento no caso de não consumação da infração; hipótese de atos lesivos praticados para fins de obtenção e execu-
II - até um por cento no caso de: ção dos respectivos contratos;
a) comprovação da devolução espontânea pela pessoa jurídica II - pelo valor total de despesas ou custos evitados, inclusive
da vantagem auferida e do ressarcimento dos danos resultantes do os de natureza tributária ou regulatória, e que seriam imputáveis à
ato lesivo; ou pessoa jurídica caso não houvesse sido praticado o ato lesivo pela
b) inexistência ou falta de comprovação de vantagem auferida pessoa jurídica infratora; ou
e de danos resultantes do ato lesivo; III - pelo valor do lucro adicional auferido pela pessoa jurídica
III - até um e meio por cento para o grau de colaboração da decorrente de ação ou omissão na prática de ato do Poder Público
pessoa jurídica com a investigação ou a apuração do ato lesivo, in- que não ocorreria sem a prática do ato lesivo pela pessoa jurídica
dependentemente do acordo de leniência; infratora.
IV - até dois por cento no caso de admissão voluntária pela pes- § 2º Os valores correspondentes às vantagens indevidas pro-
soa jurídica da responsabilidade objetiva pelo ato lesivo; e metidas ou pagas a agente público ou a terceiros a ele relacionados
V - até cinco por cento no caso de comprovação de a pessoa não poderão ser deduzidos do cálculo estimativo de que trata o §
jurídica possuir e aplicar um programa de integridade, conforme os 1º.
parâmetros estabelecidos no Capítulo V.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Parágrafo único. A participação da Advocacia-Geral da União § 3º A proposta apresentada receberá tratamento sigiloso e o
nos acordos de leniência, consideradas as condições neles estabe- acesso ao seu conteúdo será restrito no âmbito da Controladoria-
lecidas e observados os termos da Lei Complementar nº 73, de 10 -Geral da União.
de fevereiro de 1993, e da Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015, § 4º A proponente poderá divulgar ou compartilhar a existên-
poderá ensejar a resolução consensual das penalidades previstas cia da proposta ou de seu conteúdo, desde que haja prévia anuên-
no art. 19 da Lei nº 12.846, de 2013. cia da Controladoria-Geral da União.
Art. 36. A Controladoria-Geral da União poderá aceitar delega- § 5º A análise da proposta de acordo de leniência será instru-
ção para negociar, celebrar e monitorar o cumprimento de acordos ída em processo administrativo específico, que conterá o registro
de leniência relativos a atos lesivos contra outros Poderes e entes dos atos praticados na negociação.
federativos. Art. 39. A proposta de celebração de acordo de leniência será
Art. 37. A pessoa jurídica que pretenda celebrar acordo de le- submetida à análise de juízo de admissibilidade, para verificação da
niência deverá: existência dos elementos mínimos que justifiquem o início da ne-
I - ser a primeira a manifestar interesse em cooperar para a gociação.
apuração de ato lesivo específico, quando tal circunstância for re- § 1º Admitida a proposta, será firmado memorando de enten-
levante; dimentos com a pessoa jurídica proponente, definindo os parâme-
II - ter cessado completamente seu envolvimento no ato lesivo tros da negociação do acordo de leniência.
a partir da data da propositura do acordo; § 2º O memorando de entendimentos poderá ser resilido a
III - admitir sua responsabilidade objetiva quanto aos atos le- qualquer momento, a pedido da pessoa jurídica proponente ou a
sivos; critério da administração pública federal.
IV - cooperar plena e permanentemente com as investigações e § 3º A assinatura do memorando de entendimentos:
o processo administrativo e comparecer, sob suas expensas e sem- I - interrompe a prescrição; e
pre que solicitada, aos atos processuais, até o seu encerramento; II - suspende a prescrição pelo prazo da negociação, limitado,
V - fornecer informações, documentos e elementos que com- em qualquer hipótese, a trezentos e sessenta dias.
provem o ato ilícito; Art. 40. A critério da Controladoria-Geral da União, o PAR ins-
VI - reparar integralmente a parcela incontroversa do dano cau- taurado em face de pessoa jurídica que esteja negociando a cele-
sado; e bração de acordo de leniência poderá ser suspenso.
VII - perder, em favor do ente lesado ou da União, conforme o Parágrafo único. A suspensão ocorrerá sem prejuízo:
caso, os valores correspondentes ao acréscimo patrimonial indevi- I - da continuidade de medidas investigativas necessárias para
do ou ao enriquecimento ilícito direta ou indiretamente obtido da o esclarecimento dos fatos; e
infração, nos termos e nos montantes definidos na negociação. II - da adoção de medidas processuais cautelares e assecurató-
§ 1º Os requisitos de que tratam os incisos III e IV do caput se- rias indispensáveis para se evitar perecimento de direito ou garantir
rão avaliados em face da boa-fé da pessoa jurídica proponente em a instrução processual.
reportar à administração a descrição e a comprovação da integrali- Art. 41. A Controladoria-Geral da União poderá avocar os autos
dade dos atos ilícitos de que tenha ou venha a ter ciência, desde o de processos administrativos em curso em outros órgãos ou enti-
momento da propositura do acordo até o seu total cumprimento. dades da administração pública federal relacionados com os fatos
§ 2º A parcela incontroversa do dano de que trata o inciso VI objeto do acordo em negociação.
do caput corresponde aos valores dos danos admitidos pela pessoa Art. 42. A negociação a respeito da proposta do acordo de leni-
jurídica ou àqueles decorrentes de decisão definitiva no âmbito do ência deverá ser concluída no prazo de cento e oitenta dias, conta-
devido processo administrativo ou judicial. do da data da assinatura do memorando de entendimentos.
§ 3º Nas hipóteses em que de determinado ato ilícito decor- Parágrafo único. O prazo de que trata o caput poderá ser pror-
ra, simultaneamente, dano ao ente lesado e acréscimo patrimonial rogado, caso presentes circunstâncias que o exijam.
indevido à pessoa jurídica responsável pela prática do ato, e haja Art. 43. A desistência da proposta de acordo de leniência ou a
identidade entre ambos, os valores a eles correspondentes serão: sua rejeição não importará em reconhecimento da prática do ato
I - computados uma única vez para fins de quantificação do va- lesivo.
lor a ser adimplido a partir do acordo de leniência; e § 1º Não se fará divulgação da desistência ou da rejeição da
II - classificados como ressarcimento de danos para fins contá- proposta do acordo de leniência, ressalvado o disposto no § 4º do
beis, orçamentários e de sua destinação para o ente lesado. art. 38.
Art. 38. A proposta de celebração de acordo de leniência deve- § 2º Na hipótese prevista no caput, a administração pública
rá ser feita de forma escrita, oportunidade em que a pessoa jurídica federal não poderá utilizar os documentos recebidos durante o pro-
proponente declarará expressamente que foi orientada a respeito cesso de negociação de acordo de leniência.
de seus direitos, garantias e deveres legais e de que o não atendi- § 3º O disposto no § 2º não impedirá a apuração dos fatos re-
mento às determinações e às solicitações durante a etapa de nego- lacionados com a proposta de acordo de leniência, quando decorrer
ciação importará a desistência da proposta. de indícios ou provas autônomas que sejam obtidos ou levados ao
§ 1º A proposta deverá ser apresentada pelos representantes conhecimento da autoridade por qualquer outro meio.
da pessoa jurídica, na forma de seu estatuto ou contrato social, ou Art. 44. O acordo de leniência estipulará as condições para as-
por meio de procurador com poderes específicos para tal ato, ob- segurar a efetividade da colaboração e o resultado útil do processo
servado o disposto no art. 26 da Lei nº 12.846, de 2013. e conterá as cláusulas e obrigações que, diante das circunstâncias
§ 2º A proposta poderá ser feita até a conclusão do relatório a do caso concreto, reputem-se necessárias.
ser elaborado no PAR. Art. 45. O acordo de leniência conterá, entre outras disposi-
ções, cláusulas que versem sobre:
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
I - o compromisso de cumprimento dos requisitos previstos nos III - redução do valor final da multa aplicável, observado o dis-
incisos II a VII do caput do art. 37; posto no art. 27; ou
II - a perda dos benefícios pactuados, em caso de descumpri- IV - isenção ou atenuação das sanções administrativas previs-
mento do acordo; tas no art. 156 da Lei nº 14.133, de 2021, ou em outras normas de
III - a natureza de título executivo extrajudicial do instrumento licitações e contratos.
do acordo, nos termos do disposto no inciso II do caput do art. 784 § 1º No acordo de leniência poderá ser pactuada a resolução
da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo Civil; de ações judiciais que tenham por objeto os fatos que componham
IV - a adoção, a aplicação ou o aperfeiçoamento de programa o escopo do acordo.
de integridade, conforme os parâmetros estabelecidos no Capítulo § 2º Os efeitos do acordo de leniência serão estendidos às pes-
V, bem como o prazo e as condições de monitoramento; soas jurídicas que integrarem o mesmo grupo econômico, de fato
V - o pagamento das multas aplicáveis e da parcela a que se ou de direito, desde que tenham firmado o acordo em conjunto,
refere o inciso VI do caput do art. 37; e respeitadas as condições nele estabelecidas.
VI - a possibilidade de utilização da parcela a que se refere o Art. 51. O monitoramento das obrigações de adoção, imple-
inciso VI do caput do art. 37 para compensação com outros valo- mentação e aperfeiçoamento do programa de integridade de que
res porventura apurados em outros processos sancionatórios ou de trata o inciso IV do caput do art. 45 será realizado, direta ou indire-
prestação de contas, quando relativos aos mesmos fatos que com- tamente, pela Controladoria-Geral da União, podendo ser dispen-
põem o escopo do acordo. sado, a depender das características do ato lesivo, das medidas de
Art. 46. A Controladoria-Geral da União poderá conduzir e jul- remediação adotadas pela pessoa jurídica e do interesse público.
gar os processos administrativos que apurem infrações administra- § 1º O monitoramento a que se refere o caput será realizado,
tivas previstas na Lei nº 12.846, de 2013, na Lei nº 14.133, de 2021, dentre outras formas, pela análise de relatórios, documentos e in-
e em outras normas de licitações e contratos, cujos fatos tenham formações fornecidos pela pessoa jurídica, obtidos de forma inde-
sido noticiados por meio do acordo de leniência. pendente ou por meio de reuniões, entrevistas, testes de sistemas
Art. 47. O percentual de redução do valor da multa aplicável e de conformidade com as políticas e visitas técnicas.
de que trata o § 2º do art. 16 da Lei nº 12.846, de 2013, levará em § 2º As informações relativas às etapas do processo de monito-
consideração os seguintes critérios: ramento serão publicadas em transparência ativa no sítio eletrônico
I - a tempestividade da autodenúncia e o ineditismo dos atos da Controladoria-Geral da União, respeitados os sigilos legais e o
lesivos; interesse das investigações.
II - a efetividade da colaboração da pessoa jurídica; e Art. 52. Cumprido o acordo de leniência pela pessoa jurídica
III - o compromisso de assumir condições relevantes para o colaboradora, a autoridade competente declarará:
cumprimento do acordo. I - o cumprimento das obrigações nele constantes;
Parágrafo único. Os critérios previstos no caput serão objeto II - a isenção das sanções previstas no inciso II do caput do art.
de ato normativo a ser editado pelo Ministro de Estado da Contro- 6º e no inciso IV do caput do art. 19 da Lei nº 12.846, de 2013, bem
ladoria-Geral da União. como das demais sanções aplicáveis ao caso;
Art. 48. O acesso aos documentos e às informações comercial- III - o cumprimento da sanção prevista no inciso I do caput do
mente sensíveis da pessoa jurídica será mantido restrito durante a art. 6º da Lei nº 12.846, de 2013; e
negociação e após a celebração do acordo de leniência. IV - o atendimento dos compromissos assumidos de que tra-
§ 1º Até a celebração do acordo de leniência, a identidade da tam os incisos II a VII do caput do art. 37 deste Decreto.
pessoa jurídica signatária do acordo não será divulgada ao público, Art. 53. Declarada a rescisão do acordo de leniência pela au-
ressalvado o disposto no § 4º do art. 38. toridade competente, decorrente do seu injustificado descumpri-
§ 2º As informações e os documentos obtidos em decorrência mento:
da celebração de acordos de leniência poderão ser compartilhados I - a pessoa jurídica perderá os benefícios pactuados e ficará
com outras autoridades, mediante compromisso de sua não utiliza- impedida de celebrar novo acordo pelo prazo de três anos, contado
ção para sancionar a própria pessoa jurídica em relação aos mes- da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa que
mos fatos objeto do acordo de leniência, ou com concordância da julgar rescindido o acordo;
própria pessoa jurídica. II - haverá o vencimento antecipado das parcelas não pagas e
Art. 49. A celebração do acordo de leniência interrompe o pra- serão executados:
zo prescricional da pretensão punitiva em relação aos atos ilícitos a) o valor integral da multa, descontando-se as frações eventu-
objeto do acordo, nos termos do disposto no § 9º do art. 16 da Lei almente já pagas; e
nº 12.846, de 2013, que permanecerá suspenso até o cumprimento b) os valores integrais referentes aos danos, ao enriquecimento
dos compromissos firmados no acordo ou até a sua rescisão, nos indevido e a outros valores porventura pactuados no acordo, des-
termos do disposto no art. 34 da Lei nº 13.140, de 2015. contando-se as frações eventualmente já pagas; e
Art. 50. Com a celebração do acordo de leniência, serão con- III - serão aplicadas as demais sanções e as consequências pre-
cedidos em favor da pessoa jurídica signatária, nos termos previa- vistas nos termos dos acordos de leniência e na legislação aplicável.
mente firmados no acordo, um ou mais dos seguintes efeitos: Parágrafo único. O descumprimento do acordo de leniência
I - isenção da publicação extraordinária da decisão administra- será registrado pela Controladoria-Geral da União, pelo prazo de
tiva sancionadora; três anos, no Cadastro Nacional de Empresas Punidas - CNEP.
II - isenção da proibição de receber incentivos, subsídios, sub- Art. 54. Excepcionalmente, as autoridades signatárias poderão
venções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicos deferir pedido de alteração ou de substituição de obrigações pac-
e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo Poder Pú- tuadas no acordo de leniência, desde que presentes os seguintes
blico; requisitos:
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
I - manutenção dos resultados e requisitos originais que funda- VII - controles internos que assegurem a pronta elaboração e a
mentaram o acordo de leniência, nos termos do disposto no art. 16 confiabilidade de relatórios e demonstrações financeiras da pessoa
da Lei nº 12.846, de 2013; jurídica;
II - maior vantagem para a administração, de maneira que se- VIII - procedimentos específicos para prevenir fraudes e ilícitos
jam alcançadas melhores consequências para o interesse público no âmbito de processos licitatórios, na execução de contratos admi-
do que a declaração de descumprimento e a rescisão do acordo; nistrativos ou em qualquer interação com o setor público, ainda que
III - imprevisão da circunstância que dá causa ao pedido de intermediada por terceiros, como pagamento de tributos, sujeição
modificação ou à impossibilidade de cumprimento das condições a fiscalizações ou obtenção de autorizações, licenças, permissões e
originalmente pactuadas; certidões;
IV - boa-fé da pessoa jurídica colaboradora em comunicar a IX - independência, estrutura e autoridade da instância interna
impossibilidade do cumprimento de uma obrigação antes do ven- responsável pela aplicação do programa de integridade e pela fisca-
cimento do prazo para seu adimplemento; e lização de seu cumprimento;
V - higidez das garantias apresentadas no acordo. X - canais de denúncia de irregularidades, abertos e amplamen-
Parágrafo único. A análise do pedido de que trata o caput con- te divulgados a funcionários e terceiros, e mecanismos destinados
siderará o grau de adimplência da pessoa jurídica com as demais ao tratamento das denúncias e à proteção de denunciantes de bo-
condições pactuadas, inclusive as de adoção ou de aperfeiçoamen- a-fé;
to do programa de integridade. XI - medidas disciplinares em caso de violação do programa de
Art. 55. Os acordos de leniência celebrados serão publicados integridade;
em transparência ativa no sítio eletrônico da Controladoria-Geral da XII - procedimentos que assegurem a pronta interrupção de ir-
União, respeitados os sigilos legais e o interesse das investigações. regularidades ou infrações detectadas e a tempestiva remediação
dos danos gerados;
CAPÍTULO V XIII - diligências apropriadas, baseadas em risco, para:
DO PROGRAMA DE INTEGRIDADE a) contratação e, conforme o caso, supervisão de terceiros, tais
como fornecedores, prestadores de serviço, agentes intermediá-
Art. 56. Para fins do disposto neste Decreto, programa de in- rios, despachantes, consultores, representantes comerciais e asso-
tegridade consiste, no âmbito de uma pessoa jurídica, no conjunto ciados;
de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria b) contratação e, conforme o caso, supervisão de pessoas ex-
e incentivo à denúncia de irregularidades e na aplicação efetiva de postas politicamente, bem como de seus familiares, estreitos cola-
códigos de ética e de conduta, políticas e diretrizes, com objetivo boradores e pessoas jurídicas de que participem; e
de: c) realização e supervisão de patrocínios e doações;
I - prevenir, detectar e sanar desvios, fraudes, irregularidades e XIV - verificação, durante os processos de fusões, aquisições e
atos ilícitos praticados contra a administração pública, nacional ou reestruturações societárias, do cometimento de irregularidades ou
estrangeira; e ilícitos ou da existência de vulnerabilidades nas pessoas jurídicas
II - fomentar e manter uma cultura de integridade no ambiente envolvidas; e
organizacional. XV - monitoramento contínuo do programa de integridade
Parágrafo único. O programa de integridade deve ser estrutu- visando ao seu aperfeiçoamento na prevenção, na detecção e no
rado, aplicado e atualizado de acordo com as características e os combate à ocorrência dos atos lesivos previstos no art. 5º da Lei nº
riscos atuais das atividades de cada pessoa jurídica, a qual, por sua 12.846, de 2013.
vez, deve garantir o constante aprimoramento e a adaptação do re- § 1º Na avaliação dos parâmetros de que trata o caput, serão
ferido programa, visando garantir sua efetividade. considerados o porte e as especificidades da pessoa jurídica, por
Art. 57. Para fins do disposto no inciso VIII do caput do art. 7º meio de aspectos como:
da Lei nº 12.846, de 2013, o programa de integridade será avaliado, I - a quantidade de funcionários, empregados e colaboradores;
quanto a sua existência e aplicação, de acordo com os seguintes II - o faturamento, levando ainda em consideração o fato de
parâmetros: ser qualificada como microempresa ou empresa de pequeno porte;
I - comprometimento da alta direção da pessoa jurídica, inclu- III - a estrutura de governança corporativa e a complexidade de
ídos os conselhos, evidenciado pelo apoio visível e inequívoco ao unidades internas, tais como departamentos, diretorias ou setores,
programa, bem como pela destinação de recursos adequados; ou da estruturação de grupo econômico;
II - padrões de conduta, código de ética, políticas e procedi- IV - a utilização de agentes intermediários, como consultores
mentos de integridade, aplicáveis a todos os empregados e admi- ou representantes comerciais;
nistradores, independentemente do cargo ou da função exercida; V - o setor do mercado em que atua;
III - padrões de conduta, código de ética e políticas de integri- VI - os países em que atua, direta ou indiretamente;
dade estendidas, quando necessário, a terceiros, tais como fornece- VII - o grau de interação com o setor público e a importância
dores, prestadores de serviço, agentes intermediários e associados; de contratações, investimentos e subsídios públicos, autorizações,
IV - treinamentos e ações de comunicação periódicos sobre o licenças e permissões governamentais em suas operações; e
programa de integridade; VIII - a quantidade e a localização das pessoas jurídicas que in-
V - gestão adequada de riscos, incluindo sua análise e reavalia- tegram o grupo econômico.
ção periódica, para a realização de adaptações necessárias ao pro- § 2º A efetividade do programa de integridade em relação ao
grama de integridade e a alocação eficiente de recursos; ato lesivo objeto de apuração será considerada para fins da avalia-
VI - registros contábeis que reflitam de forma completa e preci- ção de que trata o caput.
sa as transações da pessoa jurídica;
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Art. 67. Compete ao Ministro de Estado da Controladoria-Ge- Art. 2º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetiva-
ral da União editar orientações, normas e procedimentos comple- mente, nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos pre-
mentares para a execução deste Decreto, notadamente no que diz vistos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo
respeito a: ou não.
I - fixação da metodologia para a apuração do faturamento bru- Art. 3º A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a res-
to e dos tributos a serem excluídos para fins de cálculo da multa a ponsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores ou
que se refere o art. 6º da Lei nº 12.846, de 2013; de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato
II - forma e regras para o cumprimento da publicação extraordi- ilícito.
nária da decisão administrativa sancionadora; § 1º A pessoa jurídica será responsabilizada independentemen-
III - avaliação do programa de integridade, inclusive sobre a for- te da responsabilização individual das pessoas naturais referidas no
ma de avaliação simplificada no caso de microempresas e empresas caput .
de pequeno porte; e § 2º Os dirigentes ou administradores somente serão responsa-
IV - gestão e registro dos procedimentos e sanções aplicadas bilizados por atos ilícitos na medida da sua culpabilidade.
em face de pessoas jurídicas e entes privados. Art. 4º Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica na hipó-
Art. 68. O Ministério da Justiça e Segurança Pública, a Advoca- tese de alteração contratual, transformação, incorporação, fusão ou
cia-Geral da União e a Controladoria-Geral da União: cisão societária.
I - estabelecerão canais de comunicação institucional: § 1º Nas hipóteses de fusão e incorporação, a responsabilidade
a) para o encaminhamento de informações referentes à prática da sucessora será restrita à obrigação de pagamento de multa e re-
de atos lesivos contra a administração pública nacional ou estran- paração integral do dano causado, até o limite do patrimônio trans-
geira ou derivadas de acordos de colaboração premiada e acordos ferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas nesta
de leniência; e Lei decorrentes de atos e fatos ocorridos antes da data da fusão ou
b) para a cooperação jurídica internacional e recuperação de incorporação, exceto no caso de simulação ou evidente intuito de
ativos; e fraude, devidamente comprovados.
II - poderão, por meio de acordos de colaboração técnica, ar- § 2º As sociedades controladoras, controladas, coligadas ou, no
ticular medidas para o enfrentamento da corrupção e de delitos âmbito do respectivo contrato, as consorciadas serão solidariamen-
conexos. te responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei, restringin-
Art. 69. As disposições deste Decreto se aplicam imediatamen- do-se tal responsabilidade à obrigação de pagamento de multa e
te aos processos em curso, resguardados os atos praticados antes reparação integral do dano causado.
de sua vigência.
Art. 70. Fica revogado o Decreto nº 8.420, de 18 de março de CAPÍTULO II
2015. DOS ATOS LESIVOS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 71. Este Decreto entra em vigor em 18 de julho de 2022. NACIONAL OU ESTRANGEIRA
Brasília, 11 de julho de 2022; 201º da Independência e 134º da
República. Art. 5º Constituem atos lesivos à administração pública, nacio-
nal ou estrangeira, para os fins desta Lei, todos aqueles praticados
pelas pessoas jurídicas mencionadas no parágrafo único do art. 1º
LEI FEDERAL Nº 12.846/2013 E SUAS ALTERAÇÕES. , que atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro,
contra princípios da administração pública ou contra os compromis-
LEI Nº 12.846, DE 1º DE AGOSTO DE 2013. sos internacionais assumidos pelo Brasil, assim definidos:
I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vanta-
Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de gem indevida a agente público, ou a terceira pessoa a ele relacio-
pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração públi- nada;
ca, nacional ou estrangeira, e dá outras providências. II - comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- qualquer modo subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: nesta Lei;
III - comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física
CAPÍTULO I ou jurídica para ocultar ou dissimular seus reais interesses ou a
DISPOSIÇÕES GERAIS identidade dos beneficiários dos atos praticados;
IV - no tocante a licitações e contratos:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva ad- a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qual-
ministrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a quer outro expediente, o caráter competitivo de procedimento li-
administração pública, nacional ou estrangeira. citatório público;
Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei às sociedades b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato
empresárias e às sociedades simples, personificadas ou não, in- de procedimento licitatório público;
dependentemente da forma de organização ou modelo societário c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou
adotado, bem como a quaisquer fundações, associações de entida- oferecimento de vantagem de qualquer tipo;
des ou pessoas, ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, filial d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente;
ou representação no território brasileiro, constituídas de fato ou de e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para
direito, ainda que temporariamente. participar de licitação pública ou celebrar contrato administrativo;
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, Art. 7º Serão levados em consideração na aplicação das san-
de modificações ou prorrogações de contratos celebrados com a ções:
administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório I - a gravidade da infração;
da licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou II - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator;
g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos III - a consumação ou não da infração;
contratos celebrados com a administração pública; IV - o grau de lesão ou perigo de lesão;
V - dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, V - o efeito negativo produzido pela infração;
entidades ou agentes públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive VI - a situação econômica do infrator;
no âmbito das agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização do VII - a cooperação da pessoa jurídica para a apuração das in-
sistema financeiro nacional. frações;
§ 1º Considera-se administração pública estrangeira os órgãos VIII - a existência de mecanismos e procedimentos internos de
e entidades estatais ou representações diplomáticas de país estran- integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e
geiro, de qualquer nível ou esfera de governo, bem como as pessoas a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da
jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público pessoa jurídica;
de país estrangeiro. IX - o valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o
§ 2º Para os efeitos desta Lei, equiparam-se à administração órgão ou entidade pública lesados; e
pública estrangeira as organizações públicas internacionais. X - (VETADO).
§ 3º Considera-se agente público estrangeiro, para os fins desta Parágrafo único. Os parâmetros de avaliação de mecanismos e
Lei, quem, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, exerça procedimentos previstos no inciso VIII do caput serão estabelecidos
cargo, emprego ou função pública em órgãos, entidades estatais ou em regulamento do Poder Executivo federal.
em representações diplomáticas de país estrangeiro, assim como
em pessoas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo po- CAPÍTULO IV
der público de país estrangeiro ou em organizações públicas inter- DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DE RESPONSABILIZAÇÃO
nacionais.
Art. 8º A instauração e o julgamento de processo administrati-
CAPÍTULO III vo para apuração da responsabilidade de pessoa jurídica cabem à
DA RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA autoridade máxima de cada órgão ou entidade dos Poderes Execu-
tivo, Legislativo e Judiciário, que agirá de ofício ou mediante provo-
Art. 6º Na esfera administrativa, serão aplicadas às pessoas ju- cação, observados o contraditório e a ampla defesa.
rídicas consideradas responsáveis pelos atos lesivos previstos nesta § 1º A competência para a instauração e o julgamento do pro-
Lei as seguintes sanções: cesso administrativo de apuração de responsabilidade da pessoa
I - multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20% (vinte jurídica poderá ser delegada, vedada a subdelegação.
por cento) do faturamento bruto do último exercício anterior ao § 2º No âmbito do Poder Executivo federal, a Controladoria-
da instauração do processo administrativo, excluídos os tributos, a -Geral da União - CGU terá competência concorrente para instaurar
qual nunca será inferior à vantagem auferida, quando for possível processos administrativos de responsabilização de pessoas jurídicas
sua estimação; e ou para avocar os processos instaurados com fundamento nesta Lei,
II - publicação extraordinária da decisão condenatória. para exame de sua regularidade ou para corrigir-lhes o andamento.
§ 1º As sanções serão aplicadas fundamentadamente, isolada Art. 9º Competem à Controladoria-Geral da União - CGU a apu-
ou cumulativamente, de acordo com as peculiaridades do caso con- ração, o processo e o julgamento dos atos ilícitos previstos nesta
creto e com a gravidade e natureza das infrações. Lei, praticados contra a administração pública estrangeira, obser-
§ 2º A aplicação das sanções previstas neste artigo será prece- vado o disposto no Artigo 4 da Convenção sobre o Combate da
dida da manifestação jurídica elaborada pela Advocacia Pública ou Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações
pelo órgão de assistência jurídica, ou equivalente, do ente público. Comerciais Internacionais, promulgada pelo Decreto nº 3.678, de
§ 3º A aplicação das sanções previstas neste artigo não exclui, 30 de novembro de 2000.
em qualquer hipótese, a obrigação da reparação integral do dano Art. 10. O processo administrativo para apuração da responsa-
causado. bilidade de pessoa jurídica será conduzido por comissão designada
§ 4º Na hipótese do inciso I do caput , caso não seja possível pela autoridade instauradora e composta por 2 (dois) ou mais ser-
utilizar o critério do valor do faturamento bruto da pessoa jurídica, vidores estáveis.
a multa será de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a R$ 60.000.000,00 (ses- § 1º O ente público, por meio do seu órgão de representação
senta milhões de reais). judicial, ou equivalente, a pedido da comissão a que se refere o
§ 5º A publicação extraordinária da decisão condenatória ocor- caput , poderá requerer as medidas judiciais necessárias para a in-
rerá na forma de extrato de sentença, a expensas da pessoa jurídi- vestigação e o processamento das infrações, inclusive de busca e
ca, em meios de comunicação de grande circulação na área da prá- apreensão.
tica da infração e de atuação da pessoa jurídica ou, na sua falta, em § 2º A comissão poderá, cautelarmente, propor à autoridade
publicação de circulação nacional, bem como por meio de afixação instauradora que suspenda os efeitos do ato ou processo objeto da
de edital, pelo prazo mínimo de 30 (trinta) dias, no próprio esta- investigação.
belecimento ou no local de exercício da atividade, de modo visível
ao público, e no sítio eletrônico na rede mundial de computadores.
§ 6º (VETADO).
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 3º A comissão deverá concluir o processo no prazo de 180 § 4º O acordo de leniência estipulará as condições necessárias
(cento e oitenta) dias contados da data da publicação do ato que a para assegurar a efetividade da colaboração e o resultado útil do
instituir e, ao final, apresentar relatórios sobre os fatos apurados e processo.
eventual responsabilidade da pessoa jurídica, sugerindo de forma § 5º Os efeitos do acordo de leniência serão estendidos às pes-
motivada as sanções a serem aplicadas. soas jurídicas que integram o mesmo grupo econômico, de fato e
§ 4º O prazo previsto no § 3º poderá ser prorrogado, mediante de direito, desde que firmem o acordo em conjunto, respeitadas as
ato fundamentado da autoridade instauradora. condições nele estabelecidas.
Art. 11. No processo administrativo para apuração de respon- § 6º A proposta de acordo de leniência somente se tornará pú-
sabilidade, será concedido à pessoa jurídica prazo de 30 (trinta) dias blica após a efetivação do respectivo acordo, salvo no interesse das
para defesa, contados a partir da intimação. investigações e do processo administrativo.
Art. 12. O processo administrativo, com o relatório da comis- § 7º Não importará em reconhecimento da prática do ato ilícito
são, será remetido à autoridade instauradora, na forma do art. 10, investigado a proposta de acordo de leniência rejeitada.
para julgamento. § 8º Em caso de descumprimento do acordo de leniência, a
Art. 13. A instauração de processo administrativo específico de pessoa jurídica ficará impedida de celebrar novo acordo pelo prazo
reparação integral do dano não prejudica a aplicação imediata das de 3 (três) anos contados do conhecimento pela administração pú-
sanções estabelecidas nesta Lei. blica do referido descumprimento.
Parágrafo único. Concluído o processo e não havendo paga- § 9º A celebração do acordo de leniência interrompe o prazo
mento, o crédito apurado será inscrito em dívida ativa da fazenda prescricional dos atos ilícitos previstos nesta Lei.
pública. § 10. A Controladoria-Geral da União - CGU é o órgão compe-
Art. 14. A personalidade jurídica poderá ser desconsiderada tente para celebrar os acordos de leniência no âmbito do Poder Exe-
sempre que utilizada com abuso do direito para facilitar, encobrir cutivo federal, bem como no caso de atos lesivos praticados contra
ou dissimular a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei ou para a administração pública estrangeira.
provocar confusão patrimonial, sendo estendidos todos os efeitos Art. 17. A administração pública poderá também celebrar acor-
das sanções aplicadas à pessoa jurídica aos seus administradores e do de leniência com a pessoa jurídica responsável pela prática de
sócios com poderes de administração, observados o contraditório e ilícitos previstos na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, com vistas
a ampla defesa. à isenção ou atenuação das sanções administrativas estabelecidas
Art. 15. A comissão designada para apuração da responsabili- em seus arts. 86 a 88.
dade de pessoa jurídica, após a conclusão do procedimento admi-
nistrativo, dará conhecimento ao Ministério Público de sua existên- CAPÍTULO VI
cia, para apuração de eventuais delitos. DA RESPONSABILIZAÇÃO JUDICIAL
88
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 4º O Ministério Público ou a Advocacia Pública ou órgão de Art. 25. Prescrevem em 5 (cinco) anos as infrações previstas
representação judicial, ou equivalente, do ente público poderá re- nesta Lei, contados da data da ciência da infração ou, no caso de
querer a indisponibilidade de bens, direitos ou valores necessários infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.
à garantia do pagamento da multa ou da reparação integral do dano Parágrafo único. Na esfera administrativa ou judicial, a prescri-
causado, conforme previsto no art. 7º , ressalvado o direito do ter- ção será interrompida com a instauração de processo que tenha por
ceiro de boa-fé. objeto a apuração da infração.
Art. 20. Nas ações ajuizadas pelo Ministério Público, poderão Art. 26. A pessoa jurídica será representada no processo admi-
ser aplicadas as sanções previstas no art. 6º , sem prejuízo daque- nistrativo na forma do seu estatuto ou contrato social.
las previstas neste Capítulo, desde que constatada a omissão das § 1º As sociedades sem personalidade jurídica serão represen-
autoridades competentes para promover a responsabilização admi- tadas pela pessoa a quem couber a administração de seus bens.
nistrativa. § 2º A pessoa jurídica estrangeira será representada pelo ge-
Art. 21. Nas ações de responsabilização judicial, será adotado o rente, representante ou administrador de sua filial, agência ou su-
rito previsto na Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. cursal aberta ou instalada no Brasil.
Parágrafo único. A condenação torna certa a obrigação de re- Art. 27. A autoridade competente que, tendo conhecimento
parar, integralmente, o dano causado pelo ilícito, cujo valor será das infrações previstas nesta Lei, não adotar providências para a
apurado em posterior liquidação, se não constar expressamente da apuração dos fatos será responsabilizada penal, civil e administrati-
sentença. vamente nos termos da legislação específica aplicável.
Art. 28. Esta Lei aplica-se aos atos lesivos praticados por pessoa
CAPÍTULO VII jurídica brasileira contra a administração pública estrangeira, ainda
DISPOSIÇÕES FINAIS que cometidos no exterior.
Art. 29. O disposto nesta Lei não exclui as competências do
Art. 22. Fica criado no âmbito do Poder Executivo federal o Ca- Conselho Administrativo de Defesa Econômica, do Ministério da
dastro Nacional de Empresas Punidas - CNEP, que reunirá e dará Justiça e do Ministério da Fazenda para processar e julgar fato que
publicidade às sanções aplicadas pelos órgãos ou entidades dos constitua infração à ordem econômica.
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todas as esferas de Art. 30. A aplicação das sanções previstas nesta Lei não afeta
governo com base nesta Lei. os processos de responsabilização e aplicação de penalidades de-
§ 1º Os órgãos e entidades referidos no caput deverão informar correntes de:
e manter atualizados, no Cnep, os dados relativos às sanções por I - ato de improbidade administrativa nos termos da Lei nº
eles aplicadas. 8.429, de 2 de junho de 1992 ; e
§ 2º O Cnep conterá, entre outras, as seguintes informações II - atos ilícitos alcançados pela Lei nº 8.666, de 21 de junho de
acerca das sanções aplicadas: 1993, ou outras normas de licitações e contratos da administração
I - razão social e número de inscrição da pessoa jurídica ou en- pública, inclusive no tocante ao Regime Diferenciado de Contrata-
tidade no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ; ções Públicas - RDC instituído pela Lei nº 12.462, de 4 de agosto de
II - tipo de sanção; e 2011.
III - data de aplicação e data final da vigência do efeito limitador Art. 31. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após
ou impeditivo da sanção, quando for o caso. a data de sua publicação.
§ 3º As autoridades competentes, para celebrarem acordos Brasília, 1º de agosto de 2013; 192º da Independência e 125º
de leniência previstos nesta Lei, também deverão prestar e manter da República.
atualizadas no Cnep, após a efetivação do respectivo acordo, as in-
formações acerca do acordo de leniência celebrado, salvo se esse
procedimento vier a causar prejuízo às investigações e ao processo LEI FEDERAL Nº 7.716, DE 05 DE JANEIRO DE 1989, E
administrativo. SUAS ALTERAÇÕES.
§ 4º Caso a pessoa jurídica não cumpra os termos do acordo
de leniência, além das informações previstas no § 3º , deverá ser O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na-
incluída no Cnep referência ao respectivo descumprimento. cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
§ 5º Os registros das sanções e acordos de leniência serão ex-
cluídos depois de decorrido o prazo previamente estabelecido no Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes
ato sancionador ou do cumprimento integral do acordo de leniência de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou pro-
e da reparação do eventual dano causado, mediante solicitação do cedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
órgão ou entidade sancionadora. Art. 2º (Vetado).
Art. 23. Os órgãos ou entidades dos Poderes Executivo, Legisla- Art. 2º-A Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o de-
tivo e Judiciário de todas as esferas de governo deverão informar e coro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional.(Incluído
manter atualizados, para fins de publicidade, no Cadastro Nacional pela Lei nº 14.532, de 2023)
de Empresas Inidôneas e Suspensas - CEIS, de caráter público, ins- Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído
tituído no âmbito do Poder Executivo federal, os dados relativos às pela Lei nº 14.532, de 2023)
sanções por eles aplicadas, nos termos do disposto nos arts. 87 e 88 Parágrafo único. A pena é aumentada de metade se o crime for
da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993. cometido mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas. (Incluído
Art. 24. A multa e o perdimento de bens, direitos ou valores pela Lei nº 14.532, de 2023)
aplicados com fundamento nesta Lei serão destinados preferencial-
mente aos órgãos ou entidades públicas lesadas.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente ha- Pena: reclusão de dois a quatro anos.
bilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta, bem Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casa-
como das concessionárias de serviços públicos. mento ou convivência familiar e social.
Pena: reclusão de dois a cinco anos. Pena: reclusão de dois a quatro anos.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de Art. 15. (Vetado).
discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou
obstar a promoção funcional. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) função pública, para o servidor público, e a suspensão do funcio-
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada. namento do estabelecimento particular por prazo não superior a
Pena: reclusão de dois a cinco anos. três meses.
§ 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de discrimi- Art. 17. (Vetado).
nação de raça ou de cor ou práticas resultantes do preconceito de Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei não
descendência ou origem nacional ou étnica: (Incluído pela Lei nº são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sen-
12.288, de 2010) tença.
I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao empre- Art. 19. (Vetado).
gado em igualdade de condições com os demais trabalhadores; (In- Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou precon-
cluído pela Lei nº 12.288, de 2010) ceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação
II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar ou- dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
tra forma de benefício profissional; (Incluído pela Lei nº 12.288, de Pena: reclusão de um a três anos e multa. (Redação dada pela
2010) Lei nº 9.459, de 15/05/97)
III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no § 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, em-
ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário. (Incluído blemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz
pela Lei nº 12.288, de 2010) suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. (Redação
§ 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de servi- dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
ços à comunidade, incluindo atividades de promoção da igualdade Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei
racial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamen- nº 9.459, de 15/05/97)
to de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça § 2º Se qualquer dos crimes previstos neste artigo for cometido
ou etnia para emprego cujas atividades não justifiquem essas exi- por intermédio dos meios de comunicação social, de publicação em
gências. redes sociais, da rede mundial de computadores ou de publicação
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comer- de qualquer natureza:(Redação dada pela Lei nº 14.532, de 2023)
cial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador. Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei
Pena: reclusão de um a três anos. nº 9.459, de 15/05/97)
Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de § 2º-A Se qualquer dos crimes previstos neste artigo for co-
aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qual- metido no contexto de atividades esportivas, religiosas, artísticas
quer grau. ou culturais destinadas ao público: (Incluído pela Lei nº 14.532, de
Pena: reclusão de três a cinco anos. 2023)
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de de- Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e proibição de fre-
zoito anos a pena é agravada de 1/3 (um terço). quência, por 3 (três) anos, a locais destinados a práticas esportivas,
Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, artísticas ou culturais destinadas ao público, conforme o caso.(In-
pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar. cluído pela Lei nº 14.532, de 2023)
Pena: reclusão de três a cinco anos. § 2º-B Sem prejuízo da pena correspondente à violência, incor-
Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restauran- re nas mesmas penas previstas no caput deste artigo quem obstar,
tes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público. impedir ou empregar violência contra quaisquer manifestações ou
Pena: reclusão de um a três anos. práticas religiosas.(Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023)
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabele- § 3º No caso do § 2º deste artigo, o juiz poderá determinar,
cimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes sociais abertos ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do in-
ao público. quérito policial, sob pena de desobediência:(Redação dada pela Lei
Pena: reclusão de um a três anos. nº 14.532, de 2023)
Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos
cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de massagem ou estabe- exemplares do material respectivo;(Incluído pela Lei nº 9.459, de
lecimento com as mesmas finalidades. 15/05/97)
Pena: reclusão de um a três anos. II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, tele-
Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públi- visivas, eletrônicas ou da publicação por qualquer meio;(Redação
cos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso aos mesmos: dada pela Lei nº 12.735, de 2012)
Pena: reclusão de um a três anos. III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de in-
Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como formação na rede mundial de computadores. (Incluído pela Lei nº
aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou qualquer ou- 12.288, de 2010)
tro meio de transporte concedido. § 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após
Pena: reclusão de um a três anos. o trânsito em julgado da decisão, a destruição do material apreen-
Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em dido. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
qualquer ramo das Forças Armadas.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Art. 20-A. Os crimes previstos nesta Lei terão as penas aumen- II - desigualdade racial: toda situação injustificada de dife-
tadas de 1/3 (um terço) até a metade, quando ocorrerem em con- renciação de acesso e fruição de bens, serviçose oportunidades,
texto ou com intuito de descontração, diversão ou recreação.(Inclu- nas esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência
ído pela Lei nº 14.532, de 2023) ou origem nacional ou étnica;
Art. 20-B. Os crimes previstos nos arts. 2º-A e 20 desta Lei terão III - desigualdade de gênero e raça: assimetria existente no
as penas aumentadas de 1/3 (um terço) até a metade, quando pra- âmbito da sociedade que acentua a distânciasocial entre mulheres
ticados por funcionário público, conforme definição prevista no De- negras e os demais segmentos sociais;
creto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), no IV - população negra: o conjunto de pessoas que se autode-
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las.(Incluído pela claram pretas e pardas, conforme o quesitocor ou raça usado pela
Lei nº 14.532, de 2023) Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou
Art. 20-C. Na interpretação desta Lei, o juiz deve considerar que adotam autodefinição análoga;
como discriminatória qualquer atitude ou tratamento dado à pes- V - políticas públicas: as ações, iniciativas e programas ado-
soa ou a grupos minoritários que cause constrangimento, humilha- tados pelo Estado no cumprimento de suasatribuições institucio-
ção, vergonha, medo ou exposição indevida, e que usualmente não nais;
se dispensaria a outros grupos em razão da cor, etnia, religião ou VI - ações afirmativas: os programas e medidas especiais
procedência.(Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023) adotados pelo Estado e pela iniciativa privadapara a correção das
Art. 20-D. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportuni-
vítima dos crimes de racismo deverá estar acompanhada de advo- dades.
gado ou defensor público.(Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023) Art. 2° É dever do Estado e da sociedade garantir a igualdade de
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. (Re- oportunidades, reconhecendo a todo cidadão brasileiro, indepen-
numerado pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990) dentemente da etnia ou da cor da pele, o direito à participação na
Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário. (Renumerado comunidade, especialmente nas atividades políticas, econômicas,
pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990) empresariais, educacionais, culturais e esportivas e ambientais de-
Brasília, 5 de janeiro de 1989; 168º da Independência e 101º fendendo sua dignidade e seus valores religiosos e culturais.
da República. Art. 3° Além das normas constitucionais relativas aos princípios
fundamentais, aos direitos e garantias fundamentais e aos direitos
sociais, econômicos e culturais, ambientais e políticos, o Estatuto da
LEI ESTADUAL Nº 9.341, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2021, Equidade Racial adota como diretriz político-jurídica a inclusão das
E SUAS ALTERAÇÕES. ÉTICA E MORAL vítimas de desigualdade racial, a valorização da igualdade étnica e o
fortalecimento da identidade nacional brasileira.
LEI Nº 9.341, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2021 Art. 4° A participação da população negra, em condição de
igualdade de oportunidade, na vida econômica, social, política e
DOE Nº 34764, DE 12/11/2021 cultural, ambiental do país será promovida, prioritariamente, por
Institui o Estatuto da Equidade Racial no Estado do meio de:
Pará, adota os preceitos da Lei Federal n° 12.288, de 20 de julho I - inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento eco-
de 2010, e altera a Lei Estadual n° 6.941, de 17 de janeiro de 2007. nômico e social;
A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARÁ, estatui e eu II - adoção de medidas, programas e políticas de ação afir-
sanciono a seguinte Lei: mativa;
III - modificação das estruturas institucionais do Estado para
TÍTULO I o adequado enfrentamento e a superaçãodas desigualdades decor-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES rentes do preconceito e da discriminação racial;
IV - promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o com-
Art. 1° Esta Lei institui o Estatuto da Equidade Racial no Esta- bate à discriminação racial e àsdesigualdades étnicas em todas as
do do Pará, adota os preceitos da Lei Federal n° 12.288, de 20 de suas manifestações individuais, institucionais e estruturais;
julho de 2010, e altera a Lei Estadual n° 6.941, de 17 de janeiro de V - eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e
2007, com a finalidade de garantir à população negra a efetivação institucionais que impedem a representação dadiversidade racial
da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos raciais indivi- nas esferas pública e privada;
duais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais VI - estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas
formas de intolerância étnico-racial. da sociedade civil direcionadas à promoçãoda igualdade de oportu-
Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se: nidades e ao combate às desigualdades raciais, inclusive mediante
I - discriminação racial: toda distinção, exclusão, restrição a implementação de incentivos e critérios de condicionamento e
ou preferência baseada em raça, cor,descendência ou origem nacio- prioridade no acesso aos recursos públicos;
nal ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhe- VII - implementação de programas de ação afirmativa des-
cimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos tinados ao enfrentamento das desigualdadesraciais no tocante à
humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômi- educação, cultura, esporte e lazer, saúde, segurança, trabalho, mo-
co, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou radia, meios de comunicação de massa, financiamentos públicos,
privada; acesso à terra, à Justiça, e outros.
Parágrafo único. Os programas de ação afirmativa constituir-se-
-ão em políticas públicas destinadas a
91
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
reparar as distorções e desigualdades sócio-raciais e de gênero Parágrafo único. Os membros das comunidades de remanes-
e demais práticas discriminatórias adotadas, nas esferas pública e centes de quilombos serão beneficiários de incentivos específicos
privada, durante o processo de formação social do Estado do Pará para a garantia do direito à saúde, incluindo melhorias nas condi-
e do País. ções ambientais, no saneamento básico, na segurança alimentar e
Art. 5° Para a consecução dos objetivos desta Lei, poderá ser nutricional e na atenção integral à saúde.
instituído o Sistema Estadual de Promoção da Igualdade Racial
(SEPIR), conforme estabelecido no Título III. CAPÍTULO II
DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO
TÍTULO II LAZER
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
SEÇÃO I
CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS
DO DIREITO À SAÚDE
Art. 9° A população negra tem direito a participar de atividades
Art. 6° O direito à saúde da população negra será garantido educacionais, culturais, esportivas e de lazer adequadas a seus inte-
pelo Poder Público mediante políticas e programas universais, so- resses e condições, de modo a contribuir para o patrimônio cultural
ciais e econômicas e específicas destinadas à redução do risco de de sua comunidade, do Estado e da sociedade brasileira.
doenças e de outros agravos. Art. 10. Para o cumprimento do disposto no art. 9°, sem pre-
§ 1° O acesso universal e igualitário ao Sistema Único de Saúde juízo de participação em iniciativas do governo federal, o governo
(SUS) para promoção, proteção e recuperação da saúde da popula- estadual e as prefeituras municipais adotarão as seguintes provi-
ção negra, sem prejuízo das atribuições das entidades públicas fe- dências:
derais, será de responsabilidade dos órgãos e instituições estaduais I - promoção de ações para viabilizar e ampliar o acesso da
e municipais, da administração direta e indireta. população negra ao ensino gratuito e àsatividades esportivas e de
§ 2° O Poder Público garantirá que o segmento da população lazer;
negra vincu lado aos seguros privados de saúde seja tratado sem II - apoio à iniciativa de entidades que mantenham espaço
discriminação. para promoção social e cultural da populaçãonegra;
Art. 7° O conjunto de ações de saúde voltadas à população III - desenvolvimento de campanhas educativas, inclusive
negra constitui a Política Estadual de Saúde Integral da População nas escolas, para que a solidariedade aosmembros da população
Negra, organizada de acordo com as diretrizes abaixo especificadas: negra faça parte da cultura de toda a sociedade;
I - ampliação e fortalecimento da participação de lideranças IV - implementação de políticas públicas para o fortaleci-
dos movimentos sociais em defesa da saúdeda população negra nas mento da juventude negra paraense.
instâncias de participação e controle social do SUS;
II - produção de conhecimento científico e tecnológico em SEÇÃO II
saúde da população negra; DA EDUCAÇÃO
III - desenvolvimento de processos de informação, comuni-
cação e educação para contribuir com aredução das vulnerabilida- Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de en-
des da população negra; sino médio, públicos e privados, é obrigatório o estudo da história
IV - fortalecimento do programa voltado para saúde da po- geral da África e da história da população negra no Estado do Pará
pulação negra e quilombolas com ampliação eaprimoramento do e no Brasil, observado o disposto na Lei Federal n° 9.394, de 20 de
atendimento a pacientes com Anemia Falciforme e fortalecimento dezembro de 1996.
do SUS; § 1° Os conteúdos referentes à história da população negra no
V - fortalecimento das ações de saúde mental a população Estado do Pará e no Brasil serão ministrados no âmbito de todo o
negra vítima do racismo e da discriminaçãoracial. currículo escolar, resgatando sua contribuição decisiva para o de-
Art. 8° Constituem objetivos da Política Estadual de Saúde Inte- senvolvimento social, econômico, político e cultural e ambiental do
gral da População Negra: País.
I - a promoção da saúde integral da população negra, prio- § 2° O órgão competente do Poder Executivo fomentará a for-
rizando a redução das desigualdades raciais e o mação inicial e continuada de professores e a elaboração de mate-
combate à discriminação nas instituições e serviços do SUS; rial didático específico para o cumprimento do disposto no caput
II - a melhoria da qualidade dos sistemas de informação do deste artigo.
SUS no que tange à coleta, ao processamentoe à análise dos dados § 3° Nas datas comemorativas de caráter cívico, os órgãos res-
desagregados por cor, etnia e gênero; ponsáveis pela educação incentivarão a participação de intelectuais
III - o fomento à realização de estudos e pesquisas sobre ra- e representantes do movimento negro para debater com os estu-
cismo e saúde da população negra; dantes suas vivências relativas ao tema em comemoração.
IV - a inclusão do conteúdo da saúde da população negra nos Art. 12. Os órgãos estaduais de fomento à pesquisa e à pós-
processos de formação e educaçãopermanente dos trabalhadores -graduação poderão criar incentivos a pesquisas e a programas de
da saúde; estudo voltados para temas referentes às relações étnicas, aos qui-
V - a inclusão da temática saúde da população negra nos lombos e às questões pertinentes à população negra.
processos de formação política das liderançasde movimentos so-
ciais para o exercício da participação e controle social no SUS.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Parágrafo único. Em cumprimento ao disposto no caput os ór- Art. 20. O Poder Público incentivará a celebração das personali-
gãos estaduais de fomento à pesquisa e à pós-graduação em coope- dades e das datas comemorativas relacionadas à trajetória do sam-
ração ou associação aos congêneres federais poderão participar do ba, samba de cacete, carimbó, marambiré, boi bumbá, siriá, lundu,
desenvolvimento de pesquisas e programas de estudos nacionais. e de outras manifestações culturais de matriz africana, bem como
Art. 13. O Poder Executivo Estadual, por meio dos órgãos com- sua comemoração nas instituições de ensino públicas e privadas.
petentes, incentivará as instituições de ensino superior públicas e Art. 21. O Poder Público garantirá o registro e a proteção da
privadas, sem prejuízo da legislação em vigor a: capoeira, em todas as suas modalidades, como bem de natureza
I - resguardar os princípios da ética em pesquisa e apoiar imaterial e de formação da identidade cultural brasileira, nos ter-
grupos, núcleos e centros de pesquisa, nosdiversos programas de mos do art. 216 da Constituição Federal.
pós-graduação que desenvolvam temáticas de interesse da popula- Parágrafo único. O Poder Público buscará garantir, por meio dos
ção negra; atos normativos necessários, a preservação dos elementos forma-
II - incorporar nas matrizes curriculares dos cursos de for- dores tradicionais da capoeira nas suas relações internacionais.
mação de professores temas que incluamvalores concernentes à
pluralidade racial e cultural da sociedade brasileira; SEÇÃO IV
III - formação continuada para professores que já estejam DO ESPORTE E LAZER
atuando na rede de ensino estadual, a fim deque possam trabalhar
com a Lei Federal n° 10.639/2003; Art. 22. O Poder Público Estadual fomentará o pleno acesso da
IV - desenvolver programas de extensão universitária desti- população negra às práticas desportivas, consolidando o esporte e
nados a aproximar jovens negros detecnologias avançadas, assegu- o lazer como direitos sociais, sem prejuízo das iniciativas do ente
rado o princípio da proporcionalidade de gênero entre os benefici- federal.
ários; § 1° A atividade de capoeirista será reconhecida em todas as
V - estabelecer programas de cooperação técnica, nos esta- modalidades em que a capoeira se manifesta, seja como esporte,
belecimentos de ensino públicos, privados ecomunitários, com as luta, dança ou música, sendo livre o exercício em todo o território
escolas de educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e nacional.
ensino técnico, para a formação docente baseada em princípios de § 2° É facultado o ensino da capoeira nas instituições públicas e
equidade, de tolerância e de respeito às diferenças étnicas. privadas pelos capoeiristas e mestres tradicionais, pública e formal-
Art. 14. O Poder Público estimulará e apoiará ações socioedu- mente reconhecidos.
cacionais realizadas por entidades do movimento negro que desen- Art. 23. O Poder Público Estadual garantirá políticas de ação
volvam atividades voltadas para a inclusão social, mediante coope- afirmativa com bolsas para atletas negros paraolímpicos e bolsa
ração técnica, intercâmbios, convênios e incentivos, entre outros atleta para jovens negros em diversas modalidades.
mecanismos.
Art. 15. O Poder Público adotará programas de ação afirmativa, CAPÍTULO III
reservando em escolas técnicas estaduais e instituições de ensino DO DIREITO À LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA
superior por ele mantidas no mínimo 40% (quarenta por cento) das E AO LIVRE EXERCÍCIO DOS CULTOS RELIGIOSOS
vagas a candidatos negros que se submetam a processo seletivo
pelo critério cor, preta ou parda. Art. 24. É inviolável a liberdade de consciência e de crença,
Art. 16. VETADO. sendo assegurado o livre exercício dos cultos de religiões de matriz
Parágrafo único. VETADO. africana e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto
Art. 17. O Poder Executivo Estadual, por meio dos seus órgãos e a suas liturgias.
competentes, acompanhará e avaliará os programas de que trata Art. 25. O direito à liberdade de consciência e de crença e ao
esta Seção. livre exercício dos cultos religiosos de matriz africana compreende:
I - a prática de cultos, a celebração de reuniões relaciona-
SEÇÃO III das à religiosidade e a fundação e manutenção,por iniciativa priva-
DA CULTURA da, de lugares reservados para tais fins e a suas liturgias;
II - a celebração de festividades e cerimônias de acordo com
Art. 18. Sem prejuízo das atribuições do ente federal, o Poder preceitos das respectivas religiões;
Público Estadual garantirá o reconhecimento das sociedades ne- III - a fundação e a manutenção, por iniciativa privada, de
gras, clubes e outras formas de manifestação coletiva da popula- instituições beneficentes ligadas às respectivasconvicções religio-
ção negra, com trajetória histórica comprovada, como patrimônio sas;
histórico e cultural, nos termos dos arts. 215 e 216 da Constituição IV - a produção, a comercialização, a aquisição e o uso de
Federal e Constituição do Estado do Pará, arts. 277/ VII -1° e 286 - § artigos e materiais religiosos adequados aoscostumes e às práticas
1°, -b. fundadas na respectiva religiosidade, ressalvadas as condutas veda-
Art. 19. É assegurado aos remanescentes das comunidades dos das por legislação específica;
quilombos o direito à preservação de seus usos, costumes, tradi- V - a produção e a divulgação de publicações relacionadas
ções e manifestos religiosos, sob a proteção do Estado. ao exercício e à difusão das religiões de matrizafricana;
Parágrafo único. A preservação dos documentos e dos sítios VI - a coleta de contribuições financeiras de pessoas naturais
detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos, e jurídicas de natureza privada para amanutenção das atividades
tombados nos termos do § 5° do art. 216 da Constituição Federal, religiosas e sociais das respectivas religiões;
receberá especial atenção do Poder Público Estadual, sem prejuízo VII - o acesso aos órgãos e aos meios de comunicação para
das atribuições das instituições federais. divulgação das respectivas religiões;
93
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
VIII - a comunicação ao Ministério Público para abertura de Art. 33. O Poder Executivo Estadual, em colaboração com o
ação penal em face de atitudes e práticas deracismo e intolerância ente federal ou por iniciativa própria, elaborará e desenvolverá po-
religiosa nos meios de comunicação e em quaisquer outros locais. líticas públicas especiais voltadas para o desenvolvimento sustentá-
Art. 26. É garantida a assistência religiosa aos praticantes de re- vel dos remanescentes das comunidades dos quilombos, respeitan-
ligiões de matrizes africanas internados em hospitais ou em outras do as tradições de proteção ambiental das comunidades.
instituições de internação coletiva, inclusive àqueles submetidos à Art. 34. Para fins de política agrícola, os remanescentes das co-
pena privativa de liberdade. munidades dos quilombos receberão dos órgãos competentes tra-
Art. 27. O Poder Público Estadual adotará as medidas neces- tamento especial diferenciado, assistência técnica e linhas especiais
sárias para o combate à intolerância com as religiões de matrizes de financiamento público, destinados à realização de suas ativida-
africanas e à discriminação de seus seguidores, especialmente com des produtivas e de infraestrutura.
o objetivo de: Art. 35. Os remanescentes das comunidades dos quilombos se
I - coibir a utilização dos meios de comunicação social para beneficiarão de todas as iniciativas previstas nesta e em outras leis
a difusão de proposições, imagens ouabordagens que exponham para a promoção da equidade racial.
pessoa ou grupo ao ódio ou ao desprezo por motivos fundados na
religiosidade de matrizes africanas; SEÇÃO II
II - inventariar, restaurar e proteger os documentos, obras DA MORADIA
e outros bens de valor artístico e cultural, osmonumentos, manan-
ciais, flora e sítios arqueológicos vinculados às religiões de matrizes Art. 36. O Poder Público Estadual garantirá a implementação
africanas; de políticas públicas para assegurar o direito à moradia adequada
III - assegurar a participação proporcional de representantes da população negra que vive em favelas, cortiços, áreas urbanas
das religiões de matrizes africanas, ao ladoda representação das de- subutilizadas, degradadas ou em processo de degradação, a fim de
mais religiões, em comissões, conselhos, órgãos e outras instâncias reintegrá-las à dinâmica urbana e promover melhorias no ambiente
de deliberação vinculadas ao Poder Público; e na qualidade de vida, sem prejuízo das atribuições de entes fede-
IV - assegurar que as políticas públicas voltadas para a po- rais e das políticas que desenvolvam de idêntica finalidade.
pulação negra, sejam estendidas aos povos ecomunidades tradicio- Parágrafo único. O direito à moradia adequada, para os efeitos
nais de matriz africana (POTMAS), considerando que são territórios desta Lei, inclui não apenas o provimento habitacional, mas tam-
de negritude. bém a garantia da infraestrutura urbana e dos equipamentos comu-
nitários associados à função habitacional, bem como a Assistência
CAPÍTULO IV Técnica e Jurídica para a construção, a reforma ou a regularização
DO ACESSO À TERRA E À MORADIA ADEQUADA fundiária da habitação em área urbana.
Art. 37. Os programas, projetos e outras ações no Estado do
SEÇÃO I Pará devem estar articuladas e realizadas no âmbito do Sistema Na-
DO ACESSO À TERRA cional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), regulado pela Lei n°
11.124, de 16 de junho de 2005, devendo considerar as peculiarida-
Art. 28. O Poder Público Estadual elaborará e implementará po- des sociais, econômicas e culturais da população negra.
líticas públicas capazes de promover o acesso da população negra à Parágrafo único. O Estado do Pará e os Municípios estimularão
terra e às atividades produtivas no campo, sem prejuízo das atribui- e facilitarão a participação de organizações e movimentos repre-
ções do ente federal. sentativos da população negra na composição dos conselhos cons-
Art. 29. Para incentivar o desenvolvimento das atividades pro- tituídos para fins de aplicação do Fundo Nacional de Habitação de
dutivas da população negra no campo, o Interesse Social (FNHIS).
Poder Público Estadual promoverá ações para viabilizar e am- Art. 38. Os agentes financeiros, públicos ou privados, promove-
pliar o seu acesso ao financiamento agrícola, sem prejuízo do ente rão ações para viabilizar o acesso da população negra aos financia-
federal. mentos habitacionais.
Art. 30. Serão assegurados à população negra a Assistência Téc-
nica Rural, a simplificação do acesso ao crédito agrícola e o forta- CAPÍTULO V
lecimento da infraestrutura de logística para a comercialização da DO TRABALHO
produção, sem prejuízo das responsabilidades e ações dos entes
federais. Art. 39. A implementação de políticas voltadas para a inclusão da
Art. 31. O Poder Público Estadual promoverá a educação e a população negra no mercado de trabalho será de responsabilidade
orientação profissional agrícola para os trabalhadores negros e as do Poder Público, sem prejuízo das atribuições da União Federal,
comunidades negras rurais, sem prejuízo das atribuições do ente observando-se:
federal. I - o instituído neste Estatuto;
Art. 32. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos II - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a
que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade de- Convenção Internacional sobre a Eliminação deTodas as Formas de
finitiva, devendo o Estado do Pará emitir-lhes os títulos respectivos Discriminação Racial, de 1965;
quando couber ou em acordo com a União Federal e seus órgãos III - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a
fundiários, observado o art. 322 da Constituição Estadual. Convenção n° 111, de 1958, da OrganizaçãoInternacional do Traba-
Parágrafo único. VETADO. lho (OIT), que trata da discriminação no emprego e na profissão;
IV - os demais compromissos formalmente assumidos pelo
Brasil perante a comunidade internacional.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Art. 40. O Poder Público Estadual promoverá ações que assegu- go para atores, figurantes e técnicos negros, sendo vedada toda e
rem a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para a qualquer discriminação de natureza política, ideológica, racial ou
população negra, inclusive mediante a implementação de medidas artística.
visando à promoção da igualdade nas contratações do setor públi- Art. 46. Aplica-se à produção de peças publicitárias destinadas
co e de economia mista, além do incentivo de adoção de medidas à veiculação pelas emissoras de televisão e em salas cinematográfi-
similares nas empresas e organizações privadas. cas o disposto no art. 43.
§ 1° A igualdade de oportunidades será lograda mediante a Art. 47. Os órgãos e entidades da administração pública direta,
adoção de políticas e programas de formação profissional, de em- autárquica ou fundacional, as empresas públicas e as sociedades de
prego e de geração de renda voltados para a população negra. economia mista do Estado do Pará, deverão incluir cláusulas de par-
§ 2° As ações visando a promover a igualdade de oportunida- ticipação de artistas negros nos contratos de realização de filmes,
des na esfera da administração pública farse-ão por meio de nor- programas ou quaisquer outras peças de caráter publicitário.
mas estabelecidas ou a serem estabelecidas em legislação específi- § 1° Os órgãos e entidades de que trata este artigo incluirão,
ca e em seus regulamentos. nas especificações para contratação de serviços de consultoria,
§ 3° O Poder Público Estadual estimulará, por meio de incenti- conceituação, produção e realização de filmes, programas ou peças
vos, a adoção de iguais medidas pelo setor privado. publicitárias, a obrigatoriedade da prática de iguais oportunidades
§ 4° As ações de que trata o caput deste artigo assegurarão o de emprego para as pessoas relacionadas com o projeto ou serviço
princípio da paridade de gênero entre os beneficiários. contratado.
§ 5° Será assegurado o acesso ao crédito para a pequena pro- § 2° Entende-se por prática de iguais oportunidades de empre-
dução, nos meios rural e urbano, com ações afirmativas para mu- go o conjunto de medidas sistemáticas executadas com a finalidade
lheres negras. de garantir a diversidade racial, de sexo e de idade na equipe vincu-
§ 6° O Poder Executivo, por meio de seus órgãos competentes, lada ao projeto ou serviço contratado.
promoverá campanhas de sensibilização contra a marginalização da § 3° A autoridade contratante poderá, se considerar necessário
mulher negra no trabalho artístico e cultural, respeitando sua iden- para garantir a prática de iguais oportunidades de emprego, reque-
tidade de gênero. rer auditoria por órgão do Poder Público Estadual.
§ 7° O Poder Público promoverá ações com o objetivo de ele- § 4° A exigência disposta no caput não se aplica às produções
var a escolaridade e a qualificação profissional nos setores da eco- publicitárias quando abordarem especificidades de grupos étnicos
nomia que contem com alto índice de ocupação por trabalhadores determinados.
negros de baixa escolarização. Art. 48. Deverá ser assegurado nos territórios quilombolas o
§ 8° VETADO. acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s), princi-
§ 9° O Poder Público incentivará parcerias com cursos técnicos palmente da informática e da internet no Estado do Pará, propor-
do Sistemas para pessoas negras de baixa renda (até dois salários cionando à população quilombola paraense melhores oportunida-
mínimos) e do mercado informal. des no mercado de trabalho e a apropriação do conhecimento para
§ 10. VETADO. o benefício da comunidade.
§ 11. O Estado, por meio de seus órgãos competentes, deverá
conceder Selo de Equidade Racial, que deverá ser criado por lei es- TÍTULO III
pecífica, para empresas que possuam políticas de ação afirmativa DO SISTEMA ESTADUAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE
para pessoas negras nos seus processos de recrutamento e seleção. RACIAL (SIEPIR)
Art. 41. O Poder Executivo Estadual formulará políticas, pro-
gramas e projetos voltados para a inclusão da população negra no CAPÍTULO I
mercado de trabalho e orientará a destinação de recursos para seu DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
financiamento.
Art. 42. As ações de emprego e renda, promovidas por meio de Art. 49. É instituído o Sistema Estadual de Promoção da Igual-
financiamento para constituição e ampliação de pequenas e médias dade Racial (SIEPIR) como forma de organização e de articulação
empresas e de programas de geração de renda, contemplarão o es- voltadas à implementação do conjunto de políticas e serviços des-
tímulo à promoção de empresários negros. tinados a superar as desigualdades étnicas existentes no Estado do
Parágrafo único. O Poder Público estimulará as atividades vol- Pará.
tadas ao turismo com o enfoque na valorização da cultura racial § 1° O Estado do Pará poderá aderir ao Sistema Nacional de
com enfoque nos locais, monumentos e cidades que retratem a cul- Promoção de Igualdade Racial e mediante adesão os Municípios
tura, os usos e os costumes da população negra. poderão participar do Sistema Estadual.
Art. 43. VETADO. § 2° O Poder Público Estadual incentivará a sociedade e a inicia-
tiva privada a participar do SIEPIR.
CAPÍTULO VI
DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO CAPÍTULO II
DOS OBJETIVOS
Art. 44. A produção veiculada pelos órgãos de comunicação va-
lorizará a herança cultural e a participação da população negra na Art. 50. São objetivos do SIEPIR:
história do Pará. I - promover a igualdade racial e o combate às desigualda-
Art. 45. Na produção de filmes e programas destinados à vei- des sociais resultantes do racismo, inclusivemediante adoção de
culação pelas emissoras de televisão e em salas cinematográficas, ações afirmativas;
deverá ser adotada a prática de conferir oportunidades de empre-
95
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
II - formular políticas destinadas a combater os fatores de Art. 54. É assegurado às vítimas de discriminação racial o aces-
marginalização e a promover a integraçãosocial da população ne- so aos órgãos de Ouvidoria Permanente, à Defensoria Pública, ao
gra; Ministério Público e ao Poder Judiciário, em todas as suas instân-
III - descentralizar a implementação de ações afirmativas pe- cias, para a garantia do cumprimento de seus direitos.
los governos estaduais, distrital e municipais; Parágrafo único. O Estado assegurará atenção às mulheres
IV - articular planos, ações e mecanismos voltados à promo- negras, respeitando sua identidade de gênero, em situação de vio-
ção da igualdade racial; lência, garantida a assistência física, psíquica, social e jurídica bem
V - garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos criados como assegurará que sejam atendidas, de forma especifica, nas
para a implementação das ações afirmativase o cumprimento das demais questões jurídicas, considerando a situação de vulnerabi-
metas a serem estabelecidas. lidade.
Art. 55. O Estado adotará medidas especiais para coibir a vio-
CAPÍTULO III lência policial incidente sobre a população negra, com medidas es-
DA ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA pecíficas para combater o extermínio da juventude negra.
Parágrafo único. O Estado implementará ações de ressocializa-
Art. 51. O Poder Executivo, por meio de seus órgãos compe- ção e proteção da juventude negra em conflito com a lei e exposta
tentes, elaborará plano estadual de promoção da igualdade racial a experiências de exclusão social.
contendo as metas, princípios e diretrizes para a implementação da Art. 56. O Estado adotará medidas para coibir atos de discrimi-
Política Estadual de Promoção da Igualdade Racial (PEPIR). nação e preconceito praticados por servidores públicos em detri-
§ 1° A elaboração, implementação, coordenação, avaliação e mento da população negra, observado, no que couber, o disposto
acompanhamento da PEPIR, bem como a organização, articulação na Lei n° 7.716, de 5 de janeiro de 1989.
e coordenação do SIEPIR, serão efetivados pelo órgão responsável Art. 57. Para a apreciação judicial das lesões e das ameaças de
pela política de promoção da igualdade racial em âmbito estadual. lesão aos interesses da população negra decorrentes de situações
§ 2° O Poder Executivo Estadual, por meio de seus órgãos com- de desigualdade racial, recorrer-se-á, entre outros instrumentos, à
petentes, instituirá fórum intergovernamental de promoção da ação civil pública, disciplinada na Lei Federal n° 7.347, de 24 de ju-
igualdade racial, com o objetivo de implementar estratégias que vi- lho de 1985.
sem à incorporação da política nacional de promoção da igualdade Art. 58. Deverá ser assegurado, pelos órgãos competentes do
racial nas ações governamentais de Estados e Municípios. Poder Executivo, nos cursos de capacitação de servidores do Siste-
§ 3° As diretrizes das políticas nacional e regional de promoção ma de Segurança Pública, disciplinas curriculares específicas de en-
da igualdade étnica serão elaboradas por órgão colegiado que asse- frentamento ao racismo e outras práticas discriminatórias, e sobre
gure a participação da sociedade civil. o direito de igualdade racial, previstos no art. 3°, inciso IV da Cons-
Art. 52. Os Poderes Executivos Estadual e Municipal, no âmbito tituição Federal e Decreto n° 65.810, de 8 de dezembro de 1969.
das respectivas esferas de competência, poderão instituir conselhos Parágrafo único. Considera-se cursos de capacitação, todo e
de promoção da equidade racial, de caráter permanente, delibera- qualquer curso realizado de formação ou de qualificação profissio-
tivo e consultivo, compostos por igual número de representantes nal dos servidores que trata o caput deste artigo.
de órgãos e entidades públicas e de organizações da sociedade civil Art. 59. Os relatórios do Conselho Estadual de Segurança Pú-
representativas da população negra. blica sobre violência e homicídios, deverão conter o recorte racial
§ 1° O Poder Executivo Estadual, por meio de seus órgãos com- contra a população negra.
petentes, captará os recursos que lhe foram destinados em decor- Art. 60. Deverá constar em qualquer concurso público, de qual-
rência de programas e atividades previstos na Lei Federal aos Es- quer dos Poderes do Estado do Pará, conteúdos sobre a legislação
tados e Municípios que tenham criado conselhos de promoção da antirracista e de promoção da igualdade racial, em especial o Esta-
equidade étnico-racial. tuto da Igualdade Racial Federal, Lei Federal n° 7.716/89 e Estadual
§ 2° Será assegurado no Conselho de que trata o caput a fun- quando houver.
ção de elaboração, implementação, monitoramento e avaliação de
Programas e ações de equidade raciais na área de educação, saúde, CAPÍTULO V
esportes e lazer sob responsabilidade dos Movimentos Negro do DO FINANCIAMENTO DAS INICIATIVAS DE PROMOÇÃO DA
Pará para garantir a transversalidade com verba assegurada no or- IGUALDADE RACIAL
çamento anual do Estado do Pará.
Art. 61. Na implementação dos programas e das ações constan-
CAPÍTULO IV tes dos Planos Plurianuais e dos Orçamentos Anuais do Estado do
DAS OUVIDORIAS PERMANENTES E DO ACESSO À JUSTIÇA Pará, deverão ser observadas as políticas de ação afirmativa a que
E À SEGURANÇA se refere o inciso VII do art. 4° desta Lei e outras políticas públicas
que tenham como objetivo promover a igualdade de oportunidades
Art. 53. O Poder Público poderá instituir, na forma da lei e no e a inclusão social da população negra, especialmente no que tange
âmbito dos Poderes Legislativo e Executivo, Ouvidorias Permanen- a:
tes em Defesa da Equidade Racial, para receber e encaminhar de- I - promoção da igualdade de oportunidades em educação,
núncias de preconceito e discriminação com base em cor e acompa- emprego, geração de renda, moradia esaneamento básico;
nhar a implementação de medidas para a promoção da igualdade. II - financiamento de pesquisas, nas áreas de educação, saú-
de e emprego, voltadas para a melhoria daqualidade de vida da po-
pulação negra;
96
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
III - incentivo à criação de programas e veículos de comuni- Art. 66. O parágrafo único do art. 1° da Lei n° 6.941, de 17 de
cação destinados à divulgação de matériasrelacionadas aos interes- janeiro de 2007, passa a viger com a seguinte redação:
ses da população negra; “Art.1° .........................................................................
IV - incentivo à criação e à manutenção de microempresas Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, considera-se popu-
administradas por pessoas autodeclaradasnegras; lação negra o
V - iniciativas que incrementem o acesso e a permanência conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, con-
das pessoas negras na educação fundamental,média, técnica e su- forme o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasilei-
perior; ro de Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam autodefinição
VI - apoio a programas e projetos do Governo Estadual e Mu- análoga e sejam socialmente reconhecidas como tal.”
nicipal e de entidades da sociedade civilvoltados para a promoção Art. 67. Ficam mantidos os efeitos das Leis n°s 6.457, de 30 de
da igualdade de oportunidades para a população negra; abril de 2002, 6.938, de 28 de agosto de 2006, e 6.941, de 17 de
VII - apoio a iniciativas em defesa da cultura, da memória e janeiro de 2007, não havendo oposição à presente Lei.
das tradições africanas e brasileiras. Art. 68. Os direitos e garantias expressos neste Estatuto não ex-
§ 1° O Poder Executivo Estadual deverá adotar medidas que ga- cluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ele adota-
rantam, em cada exercício, a transparência na alocação e na execu- dos, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa
ção dos recursos necessários ao financiamento das ações previstas do Brasil seja parte (Art. 5°, LXXVIII, § 2° da Constituição Federal/88)
neste Estatuto, explicitando, entre outros, a proporção dos recursos (preâmbulo).
orçamentários destinados aos programas de promoção da igualda- Art. 69. VETADO.
de, especialmente nas áreas de educação, saúde, emprego e renda, Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
desenvolvimento agrário, habitação popular, desenvolvimento re-
gional, cultura, esporte e lazer. GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
§ 2° Durante os 10 (dez) primeiros anos, a contar do exercício SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILI-
subsequente à publicação deste Estatuto, os órgãos do Poder Exe- DADE
cutivo Estadual que desenvolvem políticas e programas nas áreas PALÁCIO DO GOVERNO, 11 de novembro de 2021
referidas no § 1° deste artigo, discriminarão em seus orçamentos
anuais a participação nos programas de ação afirmativa referidos
no inciso VII do art. 4° desta Lei. ÉTICA, PRINCÍPIOS, VALORES E A LEI
§ 3° O Poder Executivo Estadual poderá adotar as medidas ne-
cessárias para a adequada implementação do disposto neste artigo, Princípios, Valores e Virtudes
podendo estabelecer patamares de participação crescente dos pro- Princípios são preceitos, leis ou pressupostos considerados
gramas de ação afirmativa nos orçamentos anuais a que se refere o universais que definem as regras pela qual uma sociedade civiliza-
§ 2° deste artigo. da deve se orientar.
§ 4° O Poder Executivo Estadual, por meio de seus órgãos com- Em qualquer lugar do mundo, princípios são incontestáveis,
petentes, acompanhará e avaliará a programação das ações referi- pois, quando adotados não oferecem resistência alguma. Enten-
das neste artigo nas propostas orçamentárias do Estado. de-se que a adoção desses princípios está em consonância com o
Art. 62. Sem prejuízo da destinação de recursos ordinários, po- pensamento da sociedade e vale tanto para a elaboração da consti-
derão ser consignados nos Orçamentos Fiscal e da Seguridade So- tuição de um país quanto para acordos políticos entre as nações ou
cial para financiamento das ações de que trata o art. 55: estatutos de condomínio.
I - transferências voluntárias da União Federal; O princípios se aplicam em todas as esferas, pessoa, profissio-
II - doações voluntárias de particulares; nal e social, eis alguns exemplos: amor, felicidade, liberdade, paz e
III - doações de empresas privadas e organizações não gover- plenitude são exemplos de princípios considerados universais.
namentais, nacionais ou internacionais; Como cidadãos – pessoas e profissionais -, esses princípios fa-
IV - doações voluntárias de fundos nacionais ou internacio- zem parte da nossa existência e durante uma vida estaremos lutan-
nais; do para torná-los inabaláveis. Temos direito a todos eles, contudo,
V - doações de Estados estrangeiros, por meio de convênios, por razões diversas, eles não surgem de graça. A base dos nossos
tratados e acordos internacionais; princípios é construída no seio da família e, em muitos casos, eles
VI – VETADO. se perdem no meio do caminho.
De maneira geral, os princípios regem a nossa existência e são
TÍTULO IV comuns a todos os povos, culturas, eras e religiões, queiramos ou
DISPOSIÇÕES FINAIS não. Quem age diferente ou em desacordo com os princípios uni-
versais acaba sendo punido pela sociedade e sofre todas as conse-
Art. 63. As medidas instituídas nesta Lei não excluem outras em quências.
prol da população negra que tenham sido ou venham a ser adota- Valores são normas ou padrões sociais geralmente aceitos ou
das no âmbito da União Federal ou dos Municípios. mantidos por determinado indivíduo, classe ou sociedade, portan-
Art. 64. O Poder Executivo Estadual criará instrumentos para to, em geral, dependem basicamente da cultura relacionada com o
aferir a eficácia social das medidas previstas nesta Lei e efetuará ambiente onde estamos inseridos. É comum existir certa confusão
seu monitoramento constante, com a emissão e a divulgação de entre valores e princípios, todavia, os conceitos e as aplicações são
relatórios periódicos, inclusive pela rede mundial de computadores. diferentes.
Art. 65. VETADO.
Parágrafo único. VETADO.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Diferente dos princípios, os valores são pessoais, subjetivos e, Durante o período em que o país viveu uma ditadura militar e
acima de tudo, contestáveis. O que vale para você não vale neces- a democracia foi colocada de lado, tivemos a suspensão do ensino
sariamente para os demais colegas de trabalho. Sua aplicação pode de filosofia e, consequentemente, de ética, nas escolas e universi-
ou não ser ética e depende muito do caráter ou da personalidade dades. Aliados a isso tivemos os direitos políticos do cidadão sus-
da pessoa que os adota. pensos, a liberdade de expressão caçada e o medo da repressão.
Na prática, é muito mais simples ater-se aos valores do que Como consequência dessa série de medidas arbitrárias e auto-
aos princípios, pois este último exige muito de nós. Os valores com- ritárias, nossos valores morais e sociais foram se perdendo, levando
pletamente equivocados da nossa sociedade – dinheiro, sucesso, a sociedade a uma “apatia” social, mantendo, assim, os valores que
luxo e riqueza – estão na ordem do dia, infelizmente. Todos os dias o Estado queria impor ao povo.
somos convidados a negligenciar os princípios e adotar os valores Nos dias atuais estamos presenciando uma “nova era” em nos-
ditados pela sociedade. so país no que tange à aplicabilidade das leis e da ética no poder:
Virtudes, segundo o Aurélio, são disposições constantes do es- os crimes de corrupção e de desvio de dinheiro estão sendo mais
investigados e a polícia tem trabalhado com mais liberdade de
pírito, as quais, por um esforço da vontade, inclinam à prática do
atuação em prol da moralidade e do interesse público, o que tem
bem. Aristóteles afirmava que há duas espécies de virtudes: a inte-
levado os agentes públicos a refletir mais sobre seus atos antes de
lectual e a moral. A primeira deve, em grande parte, sua geração e
cometê-los.
crescimento ao ensino, e por isso requer experiência e tempo; ao Essa nova fase se deve principalmente à democracia implanta-
passo que a virtude moral é adquirida com o resultado do hábito. da como regime político com a Constituição de 1988.
Segundo Aristóteles, nenhuma das virtudes morais surge em Etimologicamente, o termo democracia vem do grego de-
nós por natureza, visto que nada que existe por natureza pode ser mokratía, em que demo significa povo e kratía, poder. Logo, a defi-
alterado pela força do hábito, portanto, virtudes nada mais são do nição de democracia é “poder do povo”.
que hábitos profundamente arraigados que se originam do meio A democracia confere ao povo o poder de influenciar na ad-
onde somos criados e condicionados através de exemplos e com- ministração do Estado. Por meio do voto, o povo é que determina
portamentos semelhantes. quem vai ocupar os cargos de direção do Estado. Logo, insere-se
Uma pessoa pode ter valores e não ter princípios. Hitler, por nesse contexto a responsabilidade tanto do povo, que escolhe seus
exemplo, conhecia os princípios, mas preferiu ignorá-los e adotar dirigentes, quanto dos escolhidos, que deverão prestar contas de
valores como a supremacia da raça ariana, a aniquilação da oposi- seus atos no poder.
ção e a dominação pela força.
No mundo corporativo não é diferente. Embora a convivência A ética tem papel fundamental em todo esse processo, regula-
seja, por vezes, insuportável, deparamo-nos com profissionais que mentando e exigindo dos governantes o comportamento adequa-
atropelam os princípios, como se isso fosse algo natural, um meio do à função pública que lhe foi confiada por meio do voto, e confe-
de sobrevivência, e adotam valores que nada tem a ver com duas rindo ao povo as noções e os valores necessários para o exercício
grandes necessidades corporativas: a convivência pacífica e o espí- de seus deveres e cobrança dos seus direitos.
rito de equipe. Nesse caso, virtude é uma palavra que não faz parte E por meio dos valores éticos e morais – determinados pela
do seu vocabulário e, apesar da falta de escrúpulo, leva tempo para sociedade – que podemos perceber se os atos cometidos pelos
destituí-los do poder. ocupantes de cargos públicos estão visando ao bem comum ou ao
Valores e virtudes baseados em princípios universais são ine- interesse público.
gociáveis e, assim como a ética e a lealdade, ou você tem, ou não
tem. Entretanto, conceitos como liberdade, felicidade ou riqueza EXERCÍCIO DA CIDADANIA
não podem ser definidos com exatidão. Cada pessoa tem recorda- Todo cidadão tem direito a exercer a cidadania, isto é, seus di-
reitos de cidadão; direitos esses que são garantidos constitucional-
ções, experiências, imagens internas e sentimentos que dão um
mente nos princípios fundamentais.
sentido especial e particular a esses conceitos.
Exercer os direitos de cidadão, na verdade, está vinculado a exer-
O importante é que você não perca de vista esses conceitos
cer também os deveres de cidadão. Por exemplo, uma pessoa que
e tenha em mente que a sua contribuição, no universo pessoal e deixa de votar não pode cobrar nada do governante que está no po-
profissional, depende da aplicação mais próxima possível do senso der, afinal ela se omitiu do dever de participar do processo de escolha
de justiça. E a justiça é uma virtude tão difícil, e tão negligenciada, dessa pessoa, e com essa atitude abriu mão também dos seus direitos.
que a própria justiça sente dificuldades em aplicá-la, portanto, lute Direitos e deveres andam juntos no que tange ao exercício da
pelos princípios que os valores e as virtudes fluirão naturalmente. cidadania. Não se pode conceber um direito sem que antes este
seja precedido de um dever a ser cumprido; é uma via de mão du-
ÉTICA E DEMOCRACIA: EXERCÍCIO DA CIDADANIA. pla, seus direitos aumentam na mesma proporção de seus deveres
CONDUTA ÉTICA. perante a sociedade.
Constitucionalmente, os direitos garantidos, tanto individuais
quanto coletivos, sociais ou políticos, são precedidos de responsa-
ÉTICA E DEMOCRACIA bilidades que o cidadão deve ter perante a sociedade. Por exemplo,
O Brasil ainda caminha a passos lentos no que diz respeito à a Constituição garante o direito à propriedade privada, mas exige-
ética, principalmente no cenário político que se revela a cada dia, -se que o proprietário seja responsável pelos tributos que o exercí-
porém é inegável o fato de que realmente a moralidade tem avan- cio desse direito gera, como o pagamento do IPTU.
çado. Exercer a cidadania por consequência é também ser probo,
Vários fatores contribuíram para a formação desse quadro caó- agir com ética assumindo a responsabilidade que advém de seus
tico. Entre eles os principais são os golpes de estados – Golpe de deveres enquanto cidadão inserido no convívio social.
1930 e Golpe de 1964.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Autoconhecimento
ÉTICA PROFISSIONAL. Ao assumir um compromisso que você não vai dar conta, você
não está agindo de maneira ética.
Antes de abordarmos o tema, diretamente, vamos à concepção Afinal de contas, sua possível falta de entrega vai se revelar uma
de ética, cuja palavra tem origem no significado grego de caráter — falha grave na relação com quem você assumiu a responsabilidade.
éthos, e que significa a propriedade do caráter. Portanto, o autoconhecimento é, sim, uma forma de manter a
Nesse contexto, a propriedade e o caráter estão associados aos ética profissional em dia.
padrões convencionais da sociedade, mas também intrínsecos no
cuidado em não prejudicar o próximo. Humildade
Portanto, sua percepção pode variar com a de outra pessoa, Arrogância não combina com ética profissional. Por sua vez,
dentro de determinados valores pessoais, mas a ética tem uma raiz pessoas humildes agregam mais, no ambiente de trabalho, não de-
mais abrangente, que acomoda a todas as visões. bocham dos outros e sabem ouvir e transmitir críticas e sugestões
sem ofender os outros.
E a ética profissional?
Aplicando a ideia acima ao ambiente corporativo, temos a ética Educação
profissional como uma pauta de tudo aquilo (pensamentos, com- Respeito, acima de tudo. Entenda e compreenda as diferenças
portamentos e atitudes) que podem ferir o bom convívio. entre as pessoas — e em todos os níveis, dos morais aos pessoais e
Acontece que são situações que acabam mais banalizadas do de acordo com as escolhas de vida de cada um.
que muita gente imagina. Em busca de alcançar seus objetivos Isso significa que você também não perde a calma, age com
profissionais, por exemplo, as pessoas tendem a flexionar a ética razão antes de se prender a alguma emoção para tomar decisões e
— sendo que se trata de um conjunto de valores inflexíveis. Entre que a sua opinião é bem-vinda e respeitada.
outros exemplos que podem prejudicar os valores morais e éticos
dentro da empresa. Privacidade
Pessoas bisbilhoteiras, que falam de outras pessoas quando
Quais são as vantagens em estimular a ética profissional? não estão presentes e mexem na propriedade alheia não respeitam
Quando o RH da empresa, a gestão e os colaboradores olham a privacidade.
os seus propósitos na mesma direção, a ética profissional agrega E isso não é nem um pouco ético. Aprenda a respeitar o espaço
uma série de benefícios na rotina produtiva. Entre os principais, do próximo, para evitar conflitos internos que apenas minam a con-
destacamos os seguintes fiança, harmonia e produtividade da equipe.
–mais facilidade na construção e manutenção dos relaciona-
mentos interpessoais; Responsabilidade
– mais motivação interna para o desenvolvimento — individual Falamos disso, em um exemplo anterior: tenha a responsabili-
e coletivo; dade para assumir somente aquilo que você tem a certeza de que
–aprimoramento da comunicação interna e externa da empre- vai dar conta.
sa, na qual todos os valores são facilmente expressos, absorvidos e Não é nem um pouco errado, inclusive, também ter humildade
transmitidos; para compartilhar essa responsabilidade com outras pessoas — se
– contínuo exercício do autoconhecimento; possível. Assim, você também estabelece novos patamares de um
– respeito coletivo; espaço colaborativo e em que todos crescem juntos dentro da em-
– valorização dos pilares institucionais da empresa, contribuin- presa.
do com a retenção e a atração de novos talentos.
Reconhecimento
Vale perceber que são benefícios que se colhem tanto em uma Nada de egoísmo, falsidade e descrença. Quem carrega os va-
escala individual quanto coletiva, e para o colaborador e a empresa lores de ética profissional no seu dia a dia sabe reconhecer, e enal-
também. tecer, os méritos dos colegas. Mesmo que isso signifique que o seu
Pois então, vamos avaliar quais atitudes o nosso manual da éti- trabalho não foi reconhecido de imediato. Afinal de contas, todos
ca profissional estão reunidas, logo abaixo, para você se inspirar em devem ter a oportunidade de crescimento.
replicá-las no seu dia a dia?
Autocrítica
Quais posturas podem promover a ética profissional? Por fim, a ética profissional também estabelece um paralelo in-
Quer aumentar o seu autoconhecimento e influenciar as pes- teressante com aquilo que tendemos a fazer: culpar os outros pelos
soas a terem mais ética profissional? Essas são as atitudes que mais nossos insucessos.
contribuem com a promoção de um ambiente justo e moral: E isso pode ser uma poderosa arma contra a motivação na em-
presa, tendo em vista que a pessoa não fez aquilo que deveria ter
Honestidade feito desde o princípio: ter autocrítica.
Tenha a sinceridade inserida no seu vocabulário diário. Por Com ela, você aprende mais sobre os motivos pelos quais um
meio dela, você exprime os seus pensamentos com clareza e impar- resultado desejado não foi alcançado. E permite que você trabalhe,
cialidade, sem visar o prejuízo aos outros. cada vez mais, para reforçar esses pontos de melhoria.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
13. Respeite a hierarquia Ter uma atitude ética no âmbito profissional é contar, inclusive,
Assim como os regulamentos, a hierarquia da empresa deve ser com melhores possibilidades de promoção dentro da empresa. Isso
respeitada. Tentar desqualificar ou “passar por cima” de seu supe- permite o favorecimento de seu engajamento diante do crescimen-
rior para obter vantagens pessoais é um comportamento antiético, to da companhia e da sua carreira.
por exemplo. Atitudes de desrespeito à hierarquia contaminam o Ser reconhecido por um comportamento ético é fundamental
ambiente de trabalho e trazem reflexos negativos para sua carreira. para um bom profissional, e isso é aplicável em qualquer tipo de ati-
vidade. Nesse caso, é importante garantir que o espaço considere
14. Invista em seu desenvolvimento pessoal as características pessoais de cada indivíduo, respeitando as ideias
Investir em si mesmo para crescer pessoal e profissionalmente e opiniões distintas.
e, assim, oferecer o melhor para a empresa também é um compor- É preciso entender como funcionam as regras e normas rela-
tamento ético muito valorizado por empregadores. cionadas ao clima organizacional, pois isso possibilitará desenvolver
Estudar e se qualificar, tanto como ser humano quanto como um trabalho muito mais alinhado, favorecendo a parceria e o res-
profissional, fará a diferença em sua vida pessoal e contará pontos peito mútuo entre toda a equipe.
a seu favor no caso de um eventual corte de pessoal na empresa, No futuro, caso você deseje conquistar um cargo em outra em-
por exemplo. presa, esses detalhes serão valorizados pela equipe de Recursos Hu-
manos, que transmitirá maior confiança em seu currículo e em suas
15. Conheça o código de conduta da empresa experiências anteriores.
Além dos preceitos éticos universais que todos devem seguir, Existem diversas vantagens de praticar a ética no ambiente
é importante lembrar que o código de conduta de cada instituição corporativo, portanto, não hesite em dar o seu melhor e obter des-
pode ter variações que os colaboradores precisam conhecer e obe- taque diante da companhia. Lembre-se de que um bom compor-
decer. Por isso, não deixe de ler o código e colocar em prática as tamento promove a melhoria de seu desenvolvimento pessoal e
atitudes que a sua empresa recomenda. interpessoal.1
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Para uma empresa tornar-se ética é preciso ter persuasão so- Ética Social
bre seus colaboradores e possuir competências para transformar As empresas podem ser entendidas, em um contexto global,
suas ações em fatos concretos e objetivos, evitando e diminuindo como unidades fundamentais as necessidades humanas, porém im-
os obstáculos, dando mais atenção aos valores que defende, não pactos: ambientais, sociais, diretos e indiretos, tornam-se cada vez
deixando-se influenciar por fatores externos. mais, um desafio a ser enfrentado pelas organizações na atualidade.
Algumas empresas até possuem um código de ética que deve Até pouco tempo atrás, empresários se preocupavam apenas
ser seguido rigorosamente pelos funcionários, no qual muitas em- com assuntos e atividades que lhes traziam lucros ou com o pró-
presas obtêm a confiança e o respeito deles, além de assumir um prio bem estar da empresa, hoje já se pode observar uma grande
compromisso com parceiros e clientes e em muitos casos, em virtu- mudança nesse perfil organizacional, em razão destes, estarem as-
de do grande comprometimento da equipe, adquirem o tão sonha- sumindo um novo modelo ético com virtudes sérias a respeito das
do certificado de reconhecimento. consequências relacionadas as questões ambientais e sociais viven-
Uma empresa com uma política ética, só tem a ganhar, isso ciadas pela população e pelo planeta.
porque ao agir corretamente e respeitar o próximo, ganham tam- A partir desta realidade não é mais possível se limitar a uma
bém confiança, credibilidade, clientes, funcionários mais motiva- visão estreita, quanto aos interesses particulares da empresa, ao
dos e envolvidos com os projetos da empresa, e enfim o lucro tão ponto que estas se veem obrigadas a desenvolver critérios éticos
esperado. específicos fazendo jus à sua realidade, isto é, considerando não
Aplicada pelo gestor, a ética pode ser percebida por meio da somente fatores econômicos, mas também os fatores políticos, as
abertura para criatividade, delegação de tarefas, fornecimento de exigências legais e os impactos socioambientais, entre outros as-
informações necessárias, observação e fornecimento de feedback, pectos associados às suas atividades.
estabelecimento de canais de comunicação, entre outros. Neste sentido várias empresas já estão de adequando a este
A ética se destina em realizar o bem comum, ou seja não preju- novo modelo, agregando valores éticos a seus produtos e serviços e
dicar ninguém e não permitir que ninguém o prejudique. obtendo resultados positivos por meio de marcas mais valorizadas.
Nos negócios, em razão dos vários relacionamentos com for- Pois os consumidores preferem pagar um pouco mais pelo produto
necedores e clientes de diferentes perfis, não há conduta sem que em troca do valor agregado.
alguém saia prejudicado, em razão disso foi adotado um modelo de Com isso vale ressaltar que a ética sobre uma perceptiva social,
ética baseado na responsabilidade, convicção e virtude. também contribui para o desenvolvimento econômico e ao mesmo
tempo colabora com a preservação ambiental, melhora da qualida-
Modelo de Ética de de vida dos colaboradores, familiares da empresa e da comuni-
Responsabilidade: o indivíduo precisa ter consciência que toda dade local.
ação da organização afetará as pessoas com as quais têm contato. De certa forma a ética, também pode ser entendida como um
Convicção: aquisição de valores que limitam a busca dos resul- maior compromisso das empresas em proporcionar maior clareza
tados planejados e a ambição da empresa. quanto ao gerenciamento dos recursos, processos, produção e re-
Virtude: é a tendência para prática do bem e as pessoas partici- síduos.
pam das decisões da organização. Destacando por fim, que ser uma empresa socialmente ética
também significa ser uma empresa que se preocupa com os proble-
Lembre-se: que a ética organizacional não se limita a cada um mas sociais da população, como por exemplo se preocupar com as
desses modelos individualmente, mas sim na sua junção. condições de miséria da sociedade e tomar atitudes para que essas
pessoas retomem seu convívio social com dignidade.
Ética como estratégia de Mercado
A globalização e os novos padrões de mercado, tem levado as Lembre-se: A ética social é praticada pela empresa de forma
empresas a se auto avaliar constantemente. Com isso várias organi- interna, recrutando e formando profissionais e executivos que com-
zações passarão a adotar valores éticos rigorosos para manter uma partilham desta filosofia, privilegiando a diversidade e o pluralismo,
boa imagem de mercado, como é o caso da Natura, O Boticário, e relacionando-se de maneira democrática com os diversos públicos,
de alguns bancos como Banco Real, Unibanco/Itaú e Bradesco. adotando o consumo responsável, respeitando as diferenças, culti-
Estas empresas têm associado valores éticos à sua marca, para vando a liberdade de expressão e a lisura nas relações comerciais.
a obtenção de um diferencial em seus produtos e serviços, afim de
alcançar melhores resultados, garantir sua permanência no merca- Responsabilidade Social nas Empresas3
do e atrair/ preservar clientes que também buscam pelos mesmos Várias definições podem ser atribuídas a responsabilidade so-
ideais. cial, no enteando a mais comum é conceituada como o conjunto
A estratégia da empresa então se traduz em reproduzir ao con- das atitudes dos cidadãos e organizações públicas ligadas a ética
sumidor as ações empregadas por seus gestores e profissionais, no e direcionadas para o desenvolvimento sustentável da sociedade,
qual é feita por meio de campanhas de marketing, com o intuito de preservando o meio ambiente para futuras gerações e impulsionan-
promover a imagem institucional da empresa. do a diminuição das desigualdades sociais.
As empresas sentem o dever de se tornarem responsáveis, uma
Lembre-se: A ética empresarial deve que ser entendida como vez que questionadas sobre o futuro da sociedade e da economia,
um valor da organização que assegura sua sobrevivência, sua percebem os efeitos causados pelas suas atividades e reconhecem
reputação e, consequentemente, seus bons resultados. a necessidade de reparar seu comportamento. Com isso se veem a
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
frente de um desafio, o de modificar sua identidade para uma que as empresas divulguem seus valores pela cadeia de fornecedores,
agregue responsabilidade social à áreas financeira, logística, comer- empresas parceiros e serviços terceirizados. Pode-se adotar como
cial e operacional. critério de seleção de parceiros a exigência de valores semelhantes.
Dessa forma, uma empresa com responsabilidade social, além 5. Proteger Clientes e Consumidores - É importante promover o
de participar de forma mais direta das ações comunitárias nos lo- uso do produto com segurança e responsabilidade; Oferecer infor-
cais onde estão inseridas e reduzirem os danos ambientais resultan- mações específicas, corretas e justas; Proibir o uso de técnicas co-
tes de suas atividades, tornam-se parceiras e corresponsáveis pelo merciais antiéticas. Deve-se oferece qualidade não apenas durante
desenvolvimento social. o processo de venda, mas em todo a sua rotina de trabalho.
6. Promover sua Comunidade - A relação que uma empresa
Sendo assim Silva, considera que: Responsabilidade social em- tem com sua comunidade de entorno é um dos principais exemplos
presarial é o comprometimento permanente dos empresários de dos seus valores. Respeito aos costumes e à cultura local, contribui-
adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvi- ção em projetos educacionais, em ONGs ou organizações comuni-
mento econômico, melhorando simultaneamente, a qualidade de tárias, destinação de verbas a instituições socais e a divulgação de
vida de seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e princípios que aproximam o empreendimento das pessoas ao redor
da sociedade como um todo. e são algumas das ações que demonstram o valor da comunidade
para a empresa.
Toda empresa responsavelmente social possui deveres mo- 7. Comprometer-se com o Bem Comum - O relacionamento
rais junto à sociedade. Tais deveres podem ser do tipo reparador ético com o poder público, assim como o cumprimento das leis,
ou preventivo. Reparador, quando a empresa recupera o meio am- faz parte da gestão de uma empresa socialmente responsável. Ser
biente após prejudicá-lo com suas atividades e preventivo, quando ético, nesse caso, significa: Cumprir as obrigações de recolhimento
a empresa se esforça para não causar danos à ele. de impostos e tributos; Alinhar os interesses da empresa com os da
sociedade; Comprometer-se formalmente com o combate à corrup-
As Sete Diretrizes da Responsabilidade Social ção; Contribuir para projetos e ações governamentais voltadas para
A responsabilidade social é muito mais do que um conceito, o aperfeiçoamento de políticas públicas na área sócia, etc.
pois deve-se compreender que ela é um valor pessoal e institucio-
nal que se reflete nas atitudes das empresas, dos empresários e de Sendo assim, as ações movidas pela ética são de longo prazo,
todos os seus funcionários. Para muitas empresas exercer responsa- intensamente participativas e transparentes em todos os níveis da
bilidade social é simplesmente fazer doações e desempenhar ações empresa. Tais iniciativas diferem significativamente daquelas que
de filantropia. Tais empresas apenas praticam ações de responsabi- originam decisões oportunistas, que visam exclusivamente enrique-
lidade social e, em muitos anos, de forma esporádica e casual. cer a imagem da empresa, com resultados de lucro a curto prazo e
Neste sentido o Instituto Ethos4, propõem sete diretrizes para a decisões centralizadas.
implantação da Responsabilidade Social nas organizações, vejamos:
1. Adote valores e trabalhe com transparência - O passo inicial O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, ainda
para se tornar uma empresa socialmente responsável é avaliar os afirma que a responsabilidade social empresarial está além do que
seus valores éticos e transmiti-los aos seus públicos através de um a empresa deve fazer por obrigação legal. A relação e os projetos
documento formal. Além disso, a empresa tem que praticar o que com a comunidade ou os benefícios para o público interno são ele-
ela se propõe e agir da forma mais transparente possível. mentos fundamentais e estratégias para a prática da Responsabili-
2. Valorize empregados e colaboradores - É prioritário que, mi- dade Social Empresarial.
nimamente, a empresa cumpra as leis trabalhistas, pois empresas
que valorizam seus funcionários valorizam, na verdade, a si mes- Mas não é só isso. Incorporar critérios de Responsabilidade
mas. Importante também que a organização encoraje novas ideias Social na gestão estratégica do negócio é traduzir as políticas de in-
(criar um incentivo a isso), além de incorporar a diversidade como clusão social e de promoção da qualidade ambiental, entre outras,
um valor essencial, incentivar e recompensar o desenvolvimento de em metas que possam ser computadas na sua avaliação de desem-
talentos e assegurar saúde, bem-estar e segurança aos funcioná- penho é o grande desafio.
rios.
3. Faça sempre mais pelo meio ambiente - Procurar reduzir as É a nova forma de gestão empresarial, onde existe um compro-
agressões ao meio ambiente e promover a melhoria das condições misso da empresa em relação à sociedade em geral. E, para uma
ambientais. As empresas, de um modo ou de outro, dependem de empresa ter sucesso, para conquistar e ampliar mercado, para ter
insumos do meio ambiente para realizar suas atividades, então, mi- competitividade, a prática da responsabilidade social e a prestação
nimamente devem reduzir o desperdício de tais insumos (energia, de contas de seu desempenho são indispensáveis.
matérias-primas em geral e água). A Responsabilidade Social está sendo vista, como um compro-
4. Envolver Parceiros e Fornecedores - Estabelecer um diálogo misso da empresa com relação à sociedade e a humanidade em ge-
com seus fornecedores, sendo transparente em suas ações, cum- ral, compreendendo que o papel atual das empresas vai muito além
prindo os contratos estabelecidos, contribuindo para o seu desen- da obtenção de lucro.
volvimento e incentivando os fornecedores para que também assu- Sendo assim Responsabilidade Social é entendida como o com-
mam compromissos de responsabilidade social. É importante que promisso que uma empresa tem com o desenvolvimento, bem-es-
tar e melhoramento da qualidade de vida dos empregados, suas
famílias e comunidade em geral. A base da responsabilidade social
4 MOYA, Ana Lucia de Melo. Indicadores Ethos de Responsabilidade corporativa está na concepção de que a entidade responde a crité-
Social empresarial. São Paulo: Instituto Ethos, 2007. rios éticos de comportamento.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
– A atuação pública deve estar guiada pelos princípios da igual- Assim sendo, pode-se dizer que a atual Administração Pública
dade e não discriminação. Ademais a atuação de acordo com o in- está caminhando no rumo de quebrar velhos paradigmas consubs-
teresse público deve ser o “normal” sem que seja moral receber tanciados em uma burocracia viciosa eivada de corrupção e desvio
retribuições diferentes da oficial que se recebe no organismo em de finalidade. Atualmente se está avançando para uma gestão pú-
que se trabalha; blica comprometida com a ética e a eficiência.
– O funcionário deve atuar sempre como servidor público e Para isso, deve-se levar em conta os ensinamentos de Andrés
não deve transmitir informação privilegiada ou confidencial. O fun- Sanz Mulas que em artigo publicado pela Escuela de Relaciones
cionário como qualquer outro profissional, deve guardar o sigilo de Laborales da Espanha, descreve algumas tarefas importantes que
ofício; devem ser desenvolvidas para se possa atingir ética nas Adminis-
– O interesse coletivo no Estado social e democrático de Direito trações.
existe para ofertar aos cidadãos um conjunto de condições que tor- “Para desenhar uma ética das Administrações seria necessário
ne possível seu aperfeiçoamento integral e lhes permita um exer- realizar as seguintes tarefas, entre outras:
cício efetivo de todos os seus direitos fundamentais. Para tanto, os – Definir claramente qual é o fim específico pelo qual se cobra
funcionários devem ser conscientes de sua função promocional dos a legitimidade social;
poderes públicos e atuar em consequência disto. (tradução livre).” – Determinar os meios adequados para alcançar esse fim e
quais valores é preciso incorporar para alcançá-lo;
Por outro lado, a nova gestão pública procura colocar à dis- – Descobrir que hábitos a organização deve adquirir em seu
posição do cidadão instrumentos eficientes para possibilitar uma conjunto e os membros que a compõem para incorporar esses va-
fiscalização dos serviços prestados e das decisões tomadas pelos lores e gerar, assim, um caráter que permita tomar decisões acerta-
governantes. As ouvidorias instituídas nos Órgãos da Administração damente em relação à meta eleita;
Pública direta e indireta, bem como junto aos Tribunais de Contas – Ter em conta os valores da moral cívica da sociedade em que
e os sistemas de transparência pública que visam a prestar infor- se está imerso;
mações aos cidadãos sobre a gestão pública são exemplos desses – Conhecer quais são os direitos que a sociedade reconhece às
instrumentos fiscalizatórios. pessoas.” (tradução livre).
Tais instrumentos têm possibilitado aos Órgãos Públicos res-
ponsáveis pela fiscalização e tutela da ética na Administração ÉTICA NO SETOR PÚBLICO.
apresentar resultados positivos no desempenho de suas funções,
cobrando atitudes coadunadas com a moralidade pública por parte
dos agentes públicos. Ressaltando-se que, no sistema de controle Dimensões da qualidade nos deveres dos servidores públicos
atual, a sociedade tem acesso às informações acerca da má gestão Os direitos e deveres dos servidores públicos estão descritos
por parte de alguns agentes públicos ímprobos. na Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
Entretanto, para que o sistema funcione de forma eficaz é ne- Entre os deveres (art. 116), há dois que se encaixam no para-
cessário despertar no cidadão uma consciência política alavancada digma do atendimento e do relacionamento que tem como foco
pelo conhecimento de seus direitos e a busca da ampla democracia. principal o usuário.
Tal objetivo somente será possível através de uma profunda São eles:
mudança na educação, onde os princípios de democracia e as no- - “atender com presteza ao público em geral, prestando as in-
ções de ética e de cidadania sejam despertados desde a infância, formações requeridas” e
antes mesmo de o cidadão estar apto a assumir qualquer função - “tratar com urbanidade as pessoas”.
pública ou atingir a plenitude de seus direitos políticos.
Presteza e urbanidade nem sempre são fáceis de avaliar, uma
Pode-se dizer que a atual Administração Pública está desper- vez que não têm o mesmo sentido para todas as pessoas, como
tando para essa realidade, uma vez que tem investido fortemente demonstram as situações descritas a seguir.
na preparação e aperfeiçoamento de seus agentes públicos para • Serviços realizados em dois dias úteis, por exemplo, podem
que os mesmos atuem dentro de princípios éticos e condizentes não corresponder às reais necessidades dos usuários quanto ao
com o interesse social. prazo.
Além, dos investimentos em aprimoramento dos agentes pú- • Um atendimento cortês não significa oferecer ao usuário
blicos, a Administração Pública passou a instituir códigos de ética aquilo que não se pode cumprir. Para minimizar as diferentes inter-
para balizar a atuação de seus agentes. Dessa forma, a cobrança de pretações para esses procedimentos, uma das opções é a utilização
um comportamento condizente com a moralidade administrativa é do bom senso:
mais eficaz e facilitada. • Quanto à presteza, o estabelecimento de prazos para a en-
Outra forma eficiente de moralizar a atividade administrativa trega dos serviços tanto para os usuários internos quanto para os
tem sido a aplicação da Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº externos pode ajudar a resolver algumas questões.
8.429/92) e da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº • Quanto à urbanidade, é conveniente que a organização inclua
101/00) pelo Poder Judiciário, onde o agente público que desvia sua tal valor entre aqueles que devem ser potencializados nos setores
atividade dos princípios constitucionais a que está obrigado respon- em que os profissionais que ali atuam ainda não se conscientizaram
de pelos seus atos, possibilitando à sociedade resgatar uma gestão sobre a importância desse dever.
sem vícios e voltada ao seu objetivo maior que é o interesse social.
105
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Não é à toa que as organizações estão exigindo habilidades abertamente nos meios de comunicação, seja pelo rádio, televisão,
intelectuais e comportamentais dos seus profissionais, além de jornais e revistas, que este é um dos principais problemas que cer-
apurada determinação estratégica. Entre outros requisitos, essas cam o setor público, afetando assim, a ética que deveria estar aci-
habilidades incluem: ma de seus interesses.
- atualização constante; Não podemos falar de ética, impessoalidade (sinônimo de
- soluções inovadoras em resposta à velocidade das mudanças; igualdade), sem falar de moralidade. Esta também é um dos prin-
- decisões criativas, diferenciadas e rápidas; cipais valores que define a conduta ética, não só dos servidores
- flexibilidade para mudar hábitos de trabalho; públicos, mas de qualquer indivíduo. Invocando novamente o or-
- liderança e aptidão para manter relações pessoais e profis- denamento jurídico podemos identificar que a falta de respeito ao
sionais; padrão moral, implica, portanto, numa violação dos direitos do ci-
- habilidade para lidar com os usuários internos e externos. dadão, comprometendo inclusive, a existência dos valores dos bons
costumes em uma sociedade.
Encerramos esse tópico com o trecho de um texto de Andrés A falta de ética na Administração Publica encontra terreno fér-
Sanz Mulas: til para se reproduzir, pois o comportamento de autoridades pú-
“Para desenhar uma ética das Administrações seria necessário blicas está longe de se basearem em princípios éticos e isto ocorre
realizar as seguintes tarefas, entre outras: devido a falta de preparo dos funcionários, cultura equivocada e
- Definir claramente qual é o fim específico pelo qual se cobra especialmente, por falta de mecanismos de controle e responsabi-
a legitimidade social; lização adequada dos atos antiéticos.
- Determinar os meios adequados para alcançar esse fim e A sociedade por sua vez, tem sua parcela de responsabilidade
quais valores é preciso incorporar para alcançá-lo; nesta situação, pois não se mobilizam para exercer os seus direitos
- Descobrir que hábitos a organização deve adquirir em seu e impedir estes casos vergonhosos de abuso de poder por parte do
conjunto e os membros que a compõem para incorporar esses va- Pode Público.
lores e gerar, assim, um caráter que permita tomar decisões acer- Um dos motivos para esta falta de mobilização social se dá, de-
tadamente em relação à meta eleita; vido á falta de uma cultura cidadã, ou seja, a sociedade não exerce
- Ter em conta os valores da moral cívica da sociedade em que sua cidadania. A cidadania Segundo Milton Santos “é como uma
se está imerso; lei”, isto é, ela existe, mas precisa ser descoberta, aprendida, utili-
- Conhecer quais são os direitos que a sociedade reconhece às zada e reclamada e só evolui através de processos de luta. Essa evo-
pessoas.” lução surge quando o cidadão adquire esse status, ou seja, quando
passa a ter direitos sociais. A luta por esses direitos garante um
Quando falamos sobre ética pública, logo pensamos em cor- padrão de vida mais decente. O Estado, por sua vez, tenta refrear
rupção, extorsão, ineficiência, etc, mas na realidade o que devemos os impulsos sociais e desrespeitar os indivíduos, nessas situações a
ter como ponto de referência em relação ao serviço público, ou na cidadania deve se valer contra ele, e imperar através de cada pessoa.
vida pública em geral, é que seja fixado um padrão a partir do qual Porém Milton Santos questiona se “há cidadão neste país”? Pois para
possamos, em seguida julgar a atuação dos servidores públicos ou ele desde o nascimento as pessoas herdam de seus pais e ao lon-
daqueles que estiverem envolvidos na vida pública, entretanto não go da vida e também da sociedade, conceitos morais que vão sendo
basta que haja padrão, tão somente, é necessário que esse padrão contestados posteriormente com a formação de ideias de cada um,
seja ético, acima de tudo . porém a maioria das pessoas não sabe se são ou não cidadãos.
O fundamento que precisa ser compreendido é que os padrões A educação seria o mais forte instrumento na formação de ci-
éticos dos servidores públicos advêm de sua própria natureza, ou dadão consciente para a construção de um futuro melhor.
seja, de caráter público, e sua relação com o público. A questão No âmbito Administrativo, funcionários mal capacitados e sem
da ética pública está diretamente relacionada aos princípios fun- princípios éticos que convivem todos os dias com mandos e desman-
damentais, sendo estes comparados ao que chamamos no Direito, dos, atos desonestos, corrupção e falta de ética tendem a assimilar por
de “Norma Fundamental”, uma norma hipotética com premissas este rol “cultural” de aproveitamento em beneficio próprio.
ideológicas e que deve reger tudo mais o que estiver relacionado
ao comportamento do ser humano em seu meio social, aliás, pode- QUESTÕES
mos invocar a Constituição Federal. Esta ampara os valores morais
da boa conduta, a boa fé acima de tudo, como princípios básicos
e essenciais a uma vida equilibrada do cidadão na sociedade, lem- 1. CESPE / CEBRASPE - 2019 - MPC-PA - Analista Ministerial -
brando inclusive o tão citado, pelos gregos antigos, “bem viver”. Controle Externo
Outro ponto bastante controverso é a questão da impessoali- Acerca do Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis
dade. Ao contrário do que muitos pensam, o funcionalismo público da Administração Direta, das Autarquias e das Fundações Públicas
e seus servidores devem primar pela questão da “impessoalidade”, do Estado do Pará, estabelecido pela Lei n.º 5.810/1994, assinale a
deixando claro que o termo é sinônimo de “igualdade”, esta sim é a opção correta.
questão chave e que eleva o serviço público a níveis tão ineficazes, (A) Não há limitação etária para a prestação de concurso públi-
não se preza pela igualdade. No ordenamento jurídico está claro e co, em obediência ao entendimento do STF.
expresso, “todos são iguais perante a lei”. (B) Via de regra, a duração da jornada diária de trabalho será
E também a ideia de impessoalidade, supõe uma distinção de oito horas ininterruptas, salvo as jornadas especiais estabe-
entre aquilo que é público e aquilo que é privada (no sentido do lecidas em lei.
interesse pessoal), que gera portanto o grande conflito entre os in-
teresses privados acima dos interesses públicos. Podemos verificar
106
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
(C) O afastamento decorrente de processo administrativo, no 5. FURB - 2023 - Prefeitura de Tijucas - SC - Assistente Social de
caso de o servidor ter sido declarado inocente, será computado Saneamento
como efetivo exercício. Considere as afirmativas relacionadas aos deveres do assisten-
(D) Após cada triênio de exercício, o servidor fará jus à licen- te social nas Relações com Assistentes Sociais e outros/as Profissio-
ça-prêmio, independentemente de ter havido interrupção no nais, previstos no Código de Ética do/a Assistente Social:
mesmo período. I.ser solidário/a com outros/as profissionais, sem, todavia, exi-
(E) Após a reforma da Lei n.º 5.810/1994, o cônjuge sobrevi- mir-se de denunciar atos que contrariem os postulados éticos con-
vente não possui mais direito ao auxílio-funeral. tidos neste Código.
II.repassar ao seu substituto as informações necessárias à con-
2. MPE-GO - 2019 - MPE-GO - Auxiliar Administrativo tinuidade do trabalho.
Segundo o disposto na Constituição Federal, na Constituição III.incentivar, sempre que possível, a prática profissional inter-
Estadual, na Lei Complementar Estadual nº 025/98 e em outras leis, disciplinar.
são atribuições dos Promotores de Justiça, exceto: IV.respeitar as normas e princípios éticos das outras profissões.
(A) Impetrar mandado de segurança e requerer correição par- V.ao realizar crítica pública a colega e outros/as profissionais,
cial, inclusive perante o Tribunal de Justiça. fazê-lo sempre de maneira objetiva, construtiva e comprovável, as-
(B) Oficiar perante a Justiça Eleitoral de primeira instância, com sumindo sua inteira responsabilidade.
as atribuições previstas na Lei Orgânica do Ministério Público
da União e outras estabelecidas na legislação eleitoral e par- É correto o que se afirma em:
tidária. (A) III, apenas.
(C) Oficiar perante a Justiça do Trabalho nas comarcas em que (B) I e V, apenas.
houver Varas do Trabalho. (C) I, III, IV e V apenas.
(D) Solicitar o auxílio de serviços médicos, educacionais e assis- (D) II, III, IV, apenas.
tenciais públicos ou conveniados. (E) I, II, III, IV e V.
(E) Requisitar a cartórios, repartições ou autoridade competen-
te certidões, exames e esclarecimentos necessários ao exercí- 6. FGV - 2022 - Senado Federal - Consultor Legislativo - Comu-
cio de suas funções. nicação e Tecnologia da Informação
A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais – LGPD, em seu Art.
3. Quadrix - 2022 - CRC-AC - Contador 58 A, incluído pela Lei nº 13.853, de 2019, estabelece que o Conse-
Acerca da ética no Setor Público, assinale a alternativa correta. lho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade será
(A) O servidor público pode se valer da função pública para lo- composto de 23 (vinte e três) representantes, titulares e suplentes.
grar proveito pessoal.
(B) Deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu Nele, depois do Poder Executivo Federal, os órgãos que têm a
alcance ou do seu conhecimento para o atendimento do seu maior representatividade numérica são
mister é facultado ao servidor público. (A) Senado Federal, Câmara dos Deputados e Conselho Nacio-
(C) Divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe so- nal do Ministério Público.
bre a existência do Código de Ética, estimulando o seu integral (B) Comitê Gestor da Internet no Brasil, entidades representa-
cumprimento, constitui uma incumbência do servidor público. tivas do setor empresarial relacionado à área de tratamento de
(D) A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de Ética dados pessoais e Conselho Nacional de Justiça.
é a de suspensão por até noventa dias, com prejuízo da remu- (C) Senado Federal, Comitê Gestor da Internet no Brasil e insti-
neração. tuições científicas, tecnológicas e de inovação.
(D) Confederações sindicais representativas das categorias eco-
4. FUNDATEC - 2022 - IPE Saúde - Analista de Gestão em Saúde nômicas do setor produtivo, entidades da sociedade civil com
- Jornalismo atuação relacionada a proteção de dados pessoais e institui-
O Capítulo III do Código de Ética dos Jornalistas trata da respon- ções científicas, tecnológicas e de inovação.
sabilidade profissional. O jornalista deve “___________ alterações (E) Entidades representativas do setor laboral, entidades da
nas imagens captadas que deturpem a realidade, sempre informan- sociedade civil com atuação relacionada a proteção de dados
do ___________ o eventual uso de recursos de fotomontagem, pessoais e Conselho Nacional do Ministério Público.
edição de imagem, reconstituição de áudio ou quaisquer outras
____________”. 7. Prefeitura de Rio de Janeiro - RJ Prova: Prefeitura do Rio de
Janeiro - RJ - 2019 - Prefeitura de Rio de Janeiro - RJ - Terapeuta
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamen- Ocupacional
te, as lacunas do trecho acima. A Federação Mundial de Terapeutas Ocupacionais (WFOT) defi-
(A) Rejeitar – aos colegas – criações ne a terapia ocupacional como uma profissão:
(B) Fazer – ao público– manipulações (A) Da área da saúde, envolvida com a promoção da saúde e
(C) Aceitar – à empresa – criações bem-estar
(D) Rejeitar – ao público – manipulações (B) Da área social, envolvida com a saúde
(E) Aceitar – aos colegas – divulgações (C) Da saúde, envolvida com a educação
(D) Da área social, envolvida com educação e saúde
107
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
108
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Tipos:
PERIFÉRICOS
Utilizados para a entrada de dados;
DE ENTRADA
PERIFÉRICOS
Utilizados para saída/visualização de dados
DE SAÍDA
109
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Linux Ubuntu em modo gráfico (Área de trabalho): No caso do Linux temos que criar um lançador que funciona
como um atalho, isto é, ele vai chamar o item indicado.
Conceito de pastas e diretórios Perceba que usamos um comando para criar um lançador, mas
Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas- nosso objetivo aqui não é detalhar comandos, então a forma mais
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze- rápida de pesquisa de aplicativos, pastas e arquivos é através do
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos botão:
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Área de transferência
Perceba que usando a interface gráfica funciona da mesma for-
ma que o Windows.
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos. gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.
110
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
C: > DIR/?
111
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
WINDOWS 7
112
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc. Programas e aplicativos
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, • Media Player
estamos copiando dados para esta área intermediária. • Media Center
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, • Limpeza de disco
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na • Desfragmentador de disco
área de transferência. • Os jogos do Windows.
• Ferramenta de captura
Manipulação de arquivos e pastas • Backup e Restore
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos Interação com o conjunto de aplicativos
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas- Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
tas, criar atalhos etc. tendermos melhor as funções categorizadas.
Facilidades
113
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas
e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente expe-
riência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas
de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar
playlists e etc., isso também é válido para o media center.
Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.
114
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
WINDOWS 8
Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.
115
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Jogos
Temos também jogos anexados ao Windows 8.
Programas e aplicativos
Transferência
O recurso de transferência fácil do Windows 8 é muito impor-
tante, pois pode ajudar na escolha de seus arquivos para serem sal-
vos, tendo assim uma cópia de segurança.
Facilidades
116
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
WINDOWS 10
Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.
117
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Inicialização e finalização
– Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.
118
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Microsoft Office
• Alinhamentos
Ao digitar um texto, frequentemente temos que alinhá-lo para
atender às necessidades. Na tabela a seguir, verificamos os alinha-
mentos automáticos disponíveis na plataforma do Word.
O Microsoft Office é um conjunto de aplicativos essenciais para
uso pessoal e comercial, ele conta com diversas ferramentas, mas GUIA PÁGINA TECLA DE
em geral são utilizadas e cobradas em provas o Editor de Textos – ALINHAMENTO
INICIAL ATALHO
Word, o Editor de Planilhas – Excel, e o Editor de Apresentações –
PowerPoint. A seguir verificamos sua utilização mais comum: Justificar (arruma a direito
e a esquerda de acordo Ctrl + J
Word com a margem
O Word é um editor de textos amplamente utilizado. Com ele
podemos redigir cartas, comunicações, livros, apostilas, etc. Vamos Alinhamento à direita Ctrl + G
então apresentar suas principais funcionalidades.
Centralizar o texto Ctrl + E
• Área de trabalho do Word
Nesta área podemos digitar nosso texto e formata-lo de acordo Alinhamento à esquerda Ctrl + Q
com a necessidade.
• Formatação de letras (Tipos e Tamanho)
Presente em Fonte, na área de ferramentas no topo da área de
trabalho, é neste menu que podemos formatar os aspectos básicos de
nosso texto. Bem como: tipo de fonte, tamanho (ou pontuação), se
será maiúscula ou minúscula e outros itens nos recursos automáticos.
Tipo de letra
Tamanho
119
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
- Inserir Tabelas
Inserir
- Inserir Imagens
– Para inserirmos dados, basta posicionarmos o cursor na cé-
lula, selecionarmos e digitarmos. Assim se dá a iniciação básica de
uma planilha.
Verificação e cor-
Revisão • Formatação células
reção ortográfica
Arquivo Salvar
Excel
O Excel é um editor que permite a criação de tabelas para cál-
culos automáticos, análise de dados, gráficos, totais automáticos,
dentre outras funcionalidades importantes, que fazem parte do dia
a dia do uso pessoal e empresarial.
São exemplos de planilhas:
– Planilha de vendas;
– Planilha de custos.
120
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
PowerPoint
O PowerPoint é um editor que permite a criação de apresenta-
ções personalizadas para os mais diversos fins. Existem uma série
de recursos avançados para a formatação das apresentações, aqui
veremos os princípios para a utilização do aplicativo.
121
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Percebemos agora que temos uma apresentação com quatro • Atualizações no PowerPoint
slides padronizados, bastando agora editá-lo com os textos que se – O visual teve melhorias significativas, o PowerPoint do Offi-
fizerem necessários. Além de copiar podemos mover cada slide de ce2013 tem um grande número de templates para uso de criação
uma posição para outra utilizando o mouse. de apresentações profissionais;
As Transições são recursos de apresentação bastante utilizados – O recurso de uso de múltiplos monitores foi aprimorado;
no PowerPoint. Servem para criar breves animações automáticas – Um recurso de zoom de slide foi incorporado, permitindo o
para passagem entre elementos das apresentações. destaque de uma determinada área durante a apresentação;
– No modo apresentador é possível visualizar o próximo slide
antecipadamente;
– Estão disponíveis também o recurso de edição colaborativa
de apresentações.
Office 2016
O Office 2016 foi um sistema concebido para trabalhar junta-
mente com o Windows 10. A grande novidade foi o recurso que
permite que várias pessoas trabalhem simultaneamente em um
mesmo projeto. Além disso, tivemos a integração com outras fer-
Tendo passado pelos aspectos básicos da criação de uma apre- ramentas, tais como Skype. O pacote Office 2016 também roda em
sentação, e tendo a nossa pronta, podemos apresentá-la bastando smartfones de forma geral.
clicar no ícone correspondente no canto inferior direito.
• Atualizações no Word
– No Word 2016 vários usuários podem trabalhar ao mesmo
tempo, a edição colaborativa já está presente em outros produtos,
mas no Word agora é real, de modo que é possível até acompanhar
quando outro usuário está digitando;
– Integração à nuvem da Microsoft, onde se pode acessar os
documentos em tablets e smartfones;
– É possível interagir diretamente com o Bing (mecanismo de
pesquisa da Microsoft, semelhante ao Google), para utilizar a pes-
quisa inteligente;
Um último recurso para chamarmos atenção é a possibilidade – É possível escrever equações como o mouse, caneta de to-
de acrescentar efeitos sonoros e interativos às apresentações, le- que, ou com o dedo em dispositivos touchscreen, facilitando assim
vando a experiência dos usuários a outro nível. a digitação de equações.
• Atualizações no Excel
– Além de ter uma navegação simplificada, um novo conjunto
de gráficos e tabelas dinâmicas estão disponíveis, dando ao usuário
melhores formas de apresentar dados.
– Também está totalmente integrado à nuvem Microsoft.
122
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Atualizações no Word
– Houve o acréscimo de ícones, permitindo assim um melhor
desenvolvimento de documentos;
• Atualizações no PowerPoint
– Foram adicionadas a ferramenta transformar e a ferramenta
de zoom facilitando assim o desenvolvimento de apresentações;
– Inclusão de imagens 3D na apresentação.
• Atualizações no Excel
– Foram adicionadas novas fórmulas e gráficos. Tendo como
destaque o gráfico de mapas que permite criar uma visualização de
algum mapa que deseja construir.
Office 365
O Office 365 é uma versão que funciona como uma assinatura
semelhante ao Netflix e Spotif. Desta forma não se faz necessário
sua instalação, basta ter uma conexão com a internet e utilizar o
Word, Excel e PowerPoint.
Observações importantes:
– Ele é o mais atualizado dos OFFICE(s), portanto todas as me-
lhorias citadas constam nele;
– Sua atualização é frequente, pois a própria Microsoft é res-
ponsável por isso;
– No nosso caso o Word, Excel e PowerPoint estão sempre
atualizados.
123
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Banco de Dados ou Base de Dados é a organização de um determinado assunto, isto é, a separação das entidades e seus relaciona-
mentos. Dentro deste conceito temos os SGBD (Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados), que permitem o controle total do Banco
(Segurança, armazenamento, gestão, etc.)
Vejamos um exemplo do banco de dados NorthWind, que foi disponibilizado pela Microsoft para fins de estudo. Este banco de dados
trata de uma loja comercial.
De acordo com a análise do banco, foram separadas as tabelas (entidades) abaixo:
Essas entidades são chamadas “tabelas” (Categorias, Clientes, Produtos, Pedidos, etc.)
Perceba que este banco de dados é focado na gestão de vendas, portanto através de ferramentas de análise podemos extrair infor-
mações operacionais e gerenciais.
Vejamos um exemplo da tabela de produtos:
Perceba que dentro desta tabela temos várias colunas (campos), isso nos indica que podemos aplicar a mesma analogia do EXCEL para
montagem das tabelas de um banco de dados.
124
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Exemplo:
COMPUTADOR INFORMÁTICA
Mouse Informática
Teclado Dell Informática
Chaves e relacionamentos
Como vimos acima, existe um relacionamento entre a tabela
“produto” e a tabela “categoria”, isto se dá por meio de uma “Pri-
mary Key” (PK) e uma Foreign key (FK) segundo a figura acima.
• Primary Key (FK) é chamada chave primária.
• Foreign Key (PK) é chamada chave estrangeira
Esta Primary key (PK) deverá ser única para a linha (Registro).
Ela é um identificador único e não pode ser nula.
CPF NOME
Neste contexto foi feita uma análise funcional e administrativa
90980980808080 José
para a construção deste modelo (MER).
90897979799999 João
Dados estruturados e não estruturados
Vimos acima que a diagramação “ER” depende dos dados es- Além disso uma tabela pode conter mais regras e outros índi-
truturados. Por exemplo: A tabela de produtos foi definida de acor- ces, vamos olhar as figuras abaixo:
do com a documentação prévia.
• No caso dos bancos de dados estruturados, temos a tabela e
suas colunas definidas conforme a documentação.
• Agora, no caso do banco de dados não estruturados, existe
uma certa flexibilidade, visto que não sabemos o teor dos dados,
pois eles são obtidos de fontes distintas.
125
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
No caso das regras, temos uma regra (Constraint) quanto a co- Tipos de enlace
luna “Preço Unitário”, a mesma tem que ser maior ou igual a zero, De acordo com a figura anterior vemos que existem camadas
conforme a figura abaixo: internas ao transmitirmos uma informação. A camada enlace é
a responsável pela conferência dos dados e controle do fluxo de
dados. Dentro deste contexto o enlace pode trabalhar de maneira
ponto a ponto (computador para computador), ou broadcast (uso
da rede para transmissão simultânea de dados), possibilitando as-
sim o acesso ao meio.
Códigos
Os dados transmitidos pelo computador são codificados de tal
forma que ele consiga trabalhar dento do explicado.
Por exemplo, uma imagem pode ser representada da seguinte
forma:
126
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Camada enlace
É dividida em duas subcamadas:
• LCC (Logical Link Control): responsável por incluir informa-
ções do quadro que dizem respeito ao protocolo de rede utilizado.
Está mais próxima da camada de rede.
• Controle de Acesso ao meio (MAC): endereça a camada de
enlace de acordo com a tecnologia utilizada, e inclui início e fim do
quadro de acordo com a exigência da tecnologia.
HD (Hard Disk - Disco Rígido)1 Os HDs externos são discos rígidos portáteis com alta capacida-
de de armazenamento, chegando facilmente à casa dos Terabytes.
Eles, normalmente, funcionam a partir de qualquer entrada USB do
computador.
As grandes vantagens destes dispositivos são:
Alta capacidade de armazenamento;
Facilidade de instalação;
Mobilidade, ou seja, pode-se levá-lo para qualquer lugar sem
necessidade de abrir o computador.
SSD2
127
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O SSD ainda tem o peso menor em relação aos discos rígidos, Blu-Ray
mesmo os mais portáteis; possui um consumo reduzido de ener- O Blu-Ray é o sucessor do DVD. Sua capacidade varia entre 25 e
gia; consegue trabalhar em ambientes mais quentes do que os HDs 50 GB. O de maior capacidade contém duas camadas de gravação.
(cerca de 70°C); e, por fim, realiza leituras e gravações de forma Seu processo de fabricação segue os padrões do CD e DVD co-
mais rápida, com dispositivos apresentando 250 MB/s na gravação muns, com a diferença de que o feixe de laser usado para leitura é
e 700 MB/s na leitura. ainda menor que o do DVD, o que possibilita armazenagem maior
Mas nem tudo são flores para o SSD. Os pequenos velozes de dados no disco.
ainda custam muito caro, com valores muito superiores que o dos O nome do disco refere-se à cor do feixe de luz do leitor ótico
HDs. A capacidade de armazenamento também é uma desvanta- que, na verdade, para o olho humano, apresenta uma cor violeta
gem, pois é menor em relação aos discos rígidos. De qualquer for- azulada. O “e” da palavra blue (azul) foi retirado do nome por fins
ma, eles são vistos como a tecnologia do futuro, pois esses dois jurídicos, já que muitos países não permitem que se registre co-
fatores negativos podem ser suprimidos com o tempo. mercialmente uma palavra comum. O Blu-Ray foi introduzido no
Obviamente, é apenas uma questão de tempo para que as em- mercado no ano de 2006.
presas que estão investindo na tecnologia consigam baratear seus
custos e reduzir os preços. Diversas companhias como IBM, Toshiba Pen Drive
e OCZ trabalham para aprimorar a produção dos SSDs, e fica cada
vez mais evidente que os HDs comuns estão com seus dias conta-
dos.
128
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Os formatos mais conhecidos são: • MAN: Rede Metropolitana, abrange uma cidade, por exem-
- Memory Stick Duo. plo.
- SD (Secure Digital Card).
- Mini SD.
- Micro SD.
Unidade de Disquete
As unidades de disquete armazenam informações em discos,
também chamados discos flexíveis ou disquetes. Comparado a
CDs e DVDs, os disquetes podem armazenar apenas uma pequena
quantidade de dados. Eles também recuperam informações de for-
ma mais lenta e são mais vulneráveis a danos. Por esses motivos,
as unidades de disquete são cada vez menos usadas, embora ainda
sejam incluídas em alguns computadores.
Disquete.
Por que estes discos são chamados de “disquetes”? Apesar
de a parte externa ser composta de plástico rígido, isso é apenas
a capa. O interior do disco é feito de um material de vinil fino e
flexível.
• Internet
É conhecida como a rede das redes. A internet é uma coleção
global de computadores, celulares e outros dispositivos que se co-
municam.
129
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Sites
Uma coleção de páginas associadas a um endereço www. é chamada web site. Através de navegadores, conseguimos acessar web
sites para operações diversas.
• Links
O link nada mais é que uma referência a um documento, onde o usuário pode clicar. No caso da internet, o Link geralmente aponta
para uma determinada página, pode apontar para um documento qualquer para se fazer o download ou simplesmente abrir.
Dentro deste contexto vamos relatar funcionalidades de alguns dos principais navegadores de internet: Microsoft Internet Explorer,
Mozilla Firefox e Google Chrome.
Internet Explorer 11
• Identificar o ambiente
O Internet Explorer é um navegador desenvolvido pela Microsoft, no qual podemos acessar sites variados. É um navegador simplifi-
cado com muitos recursos novos.
Desta forma o Internet Explorer 11, torna a navegação da internet muito mais agradável, com textos, elementos gráficos e vídeos que
possibilitam ricas experiências para os usuários.
130
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização, além de percebemos que a barra de ferramentas fica automa-
ticamente desativada, possibilitando uma maior área de exibição.
2. Barra de Endereços
Esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página procurada;
4. Abas de Conteúdo
São mostradas as abas das páginas carregadas.
Mozila Firefox
131
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
5 Barra de Endereços
132
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Favoritos • Downloads
No Chrome é possível adicionar sites aos favoritos. Para adi- Fazer um download é quando se copia um arquivo de algum
cionar uma página aos favoritos, clique na estrela que fica à direita site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). Nes-
da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido, e te caso, o Chrome possui um item no menu, onde podemos ver o
pronto. progresso e os downloads concluídos.
Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de Fa-
voritos, mas você pode criar pastas para organizar melhor sua lista.
Para removê-lo, basta clicar em excluir.
• Histórico
O Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao • Sincronização
Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados e, para aces- Uma nota importante sobre este tema: A sincronização é im-
sá-lo, podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar atalho do portante para manter atualizadas nossas operações, desta forma,
teclado Ctrl + H. Neste caso o histórico irá abrir em uma nova aba, se por algum motivo trocarmos de computador, nossos dados esta-
onde podemos pesquisá-lo por parte do nome do site ou mesmo rão disponíveis na sua conta Google.
dia a dia se preferir. Por exemplo:
– Favoritos, histórico, senhas e outras configurações estarão
disponíveis.
– Informações do seu perfil são salvas na sua Conta do Google.
• Pesquisar palavras
Muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso, utilizamos
o atalho do teclado Ctrl + F para abrir uma caixa de texto na qual
podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado.
133
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Safari
• Guias
4 Barra de Endereço.
5 Adicionar Favoritos
6 Ajustes Gerais
8 Lista de Leitura
134
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
QUESTÕES
• Histórico e Favoritos
135
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
2. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) João comprou um 8. (FGV – SEDUC -AM) Um Assistente Técnico recebe um e-mail
novo jogo para seu computador e o instalou sem que ocorressem com arquivo anexo em seu computador e o antivírus acusa existên-
erros. No entanto, o jogo executou de forma lenta e apresentou cia de vírus.
baixa resolução. Considerando esse contexto, selecione a alterna- Assinale a opção que indica o procedimento de segurança a ser
tiva que contém a placa de expansão que poderá ser trocada ou adotado no exemplo acima.
adicionada para resolver o problema constatado por João. (A) Abrir o e-mail para verificar o conteúdo, antes de enviá-lo
(A) Placa de som ao administrador de rede.
(B) Placa de fax modem (B) Executar o arquivo anexo, com o objetivo de verificar o tipo
(C) Placa usb de vírus.
(D) Placa de captura (C) Apagar o e-mail, sem abri-lo.
(E) Placa de vídeo (D) Armazenar o e-mail na área de backup, para fins de moni-
toramento.
3. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) Há vários tipos de pe- (E) Enviar o e-mail suspeito para a pasta de spam, visando a
riféricos utilizados em um computador, como os periféricos de saída analisá-lo posteriormente.
e os de entrada. Dessa forma, assinale a alternativa que apresenta
um exemplo de periférico somente de entrada. 9. (CESPE – PEFOCE) Entre os sistemas operacionais Windows
(A) Monitor 7, Windows Vista e Windows XP, apenas este último não possui ver-
(B) Impressora são para processadores de 64 bits.
(C) Caixa de som ( ) Certo
(D) Headphone ( ) Errado
(E) Mouse
10. (CPCON – PREF, PORTALEGRE) Existem muitas versões do
4. (VUNESP-2019 – SEDUC-SP) Na rede mundial de computado- Microsoft Windows disponíveis para os usuários. No entanto, não é
res, Internet, os serviços de comunicação e informação são disponi- uma versão oficial do Microsoft Windows
bilizados por meio de endereços e links com formatos padronizados (A) Windows 7
URL (Uniform Resource Locator). Um exemplo de formato de ende- (B) Windows 10
reço válido na Internet é: (C) Windows 8.1
(A) http:@site.com.br (D) Windows 9
(B) HTML:site.estado.gov (E) Windows Server 2012
(C) html://www.mundo.com
(D) https://meusite.org.br 11. (MOURA MELO – CAJAMAR) É uma versão inexistente do
(E) www.#social.*site.com Windows:
(A) Windows Gold.
5. (IBASE PREF. DE LINHARES – ES) Quando locamos servido- (B) Windows 8.
res e armazenamento compartilhados, com software disponível e (C) Windows 7.
localizados em Data-Centers remotos, aos quais não temos acesso (D) Windows XP.
presencial, chamamos esse serviço de:
(A) Computação On-Line. 12. (QUADRIX CRN) Nos sistemas operacionais Windows 7 e
(B) Computação na nuvem. Windows 8, qual, destas funções, a Ferramenta de Captura não exe-
(C) Computação em Tempo Real. cuta?
(D) Computação em Block Time. (A) Capturar qualquer item da área de trabalho.
(E) Computação Visual (B) Capturar uma imagem a partir de um scanner.
(C) Capturar uma janela inteira
6. (CESPE – SEDF) Com relação aos conceitos básicos e modos (D) Capturar uma seção retangular da tela.
de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimen- (E) Capturar um contorno à mão livre feito com o mouse ou
tos associados à Internet, julgue o próximo item. uma caneta eletrônica
Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na Inter-
net para diversas finalidades, ainda não é possível extrair apenas o 13. (IF-PB) Acerca dos sistemas operacionais Windows 7 e 8,
áudio de um vídeo armazenado na Internet, como, por exemplo, no assinale a alternativa INCORRETA:
Youtube (http://www.youtube.com). (A) O Windows 8 é o sucessor do 7, e ambos são desenvolvidos
( ) Certo pela Microsoft.
( ) Errado (B) O Windows 8 apresentou uma grande revolução na interfa-
ce do Windows. Nessa versão, o botão “iniciar” não está sem-
7. (CESP-MEC WEB DESIGNER) Na utilização de um browser, a pre visível ao usuário.
execução de JavaScripts ou de programas Java hostis pode provocar (C) É possível executar aplicativos desenvolvidos para Windows
danos ao computador do usuário. 7 dentro do Windows 8.
( ) Certo (D) O Windows 8 possui um antivírus próprio, denominado
( ) Errado Kapersky.
(E) O Windows 7 possui versões direcionadas para computado-
res x86 e 64 bits.
136
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
14. (CESPE BANCO DA AMAZÔNIA) O Linux, um sistema multi- 20. (CESPE – CAIXA) O PowerPoint permite adicionar efeitos so-
tarefa e multiusuário, é disponível em várias distribuições, entre as noros à apresentação em elaboração.
quais, Debian, Ubuntu, Mandriva e Fedora. ( ) Certo
( ) Certo ( ) Errado
( ) Errado
GABARITO
15. (FCC – DNOCS) - O comando Linux que lista o conteúdo de
um diretório, arquivos ou subdiretórios é o
(A) init 0. 1 C
(B) init 6.
(C) exit 2 E
(D) ls. 3 E
(E) cd.
4 D
16. (SOLUÇÃO) O Linux faz distinção de letras maiúsculas ou 5 B
minúsculas
6 ERRADO
( ) Certo
( ) Errado 7 CERTO
8 C
17. (CESP -UERN) Na suíte Microsoft Office, o aplicativo
(A) Excel é destinado à elaboração de tabelas e planilhas eletrô- 9 CERTO
nicas para cálculos numéricos, além de servir para a produção 10 D
de textos organizados por linhas e colunas identificadas por nú-
meros e letras. 11 A
(B) PowerPoint oferece uma gama de tarefas como elaboração 12 B
e gerenciamento de bancos de dados em formatos .PPT.
13 D
(C) Word, apesar de ter sido criado para a produção de texto, é
útil na elaboração de planilhas eletrônicas, com mais recursos 14 CERTO
que o Excel. 15 D
(D) FrontPage é usado para o envio e recebimento de mensa-
gens de correio eletrônico. 16 CERTO
(E) Outlook é utilizado, por usuários cadastrados, para o envio 17 A
e recebimento de páginas web.
18 D
18. (FUNDEP – UFVJM-MG) Assinale a alternativa que apresen- 19 CERTO
ta uma ação que não pode ser realizada pelas opções da aba “Pági- 20 CERTO
na Inicial” do Word 2010.
(A) Definir o tipo de fonte a ser usada no documento.
(B) Recortar um trecho do texto para incluí-lo em outra parte
do documento.
ANOTAÇÕES
(C) Definir o alinhamento do texto.
(D) Inserir uma tabela no texto ______________________________________________________
19. (CESPE – TRE-AL) Considerando a janela do PowerPoint ______________________________________________________
2002 ilustrada abaixo julgue os itens a seguir, relativos a esse apli-
cativo. ______________________________________________________
A apresentação ilustrada na janela contém 22 slides ?.
______________________________________________________
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______________________________________________________
______________________________________________________
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( ) Certo ______________________________________________________
( ) Errado
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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LEGISLAÇÃO
LEGISLAÇÃO DA SAÚDE: CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE II – os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à
1988 (TÍTULO VIII – CAPÍTULO II – SEÇÃO II) saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivan-
do a progressiva redução das disparidades regionais; (Incluído pela
SEÇÃO II Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
DA SAÚDE III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das des-
pesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e munici-
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garanti- pal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
do mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do IV - (revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitá- nº 86, de 2015)
rio às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. § 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão ad-
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saú- mitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às ende-
de, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua mias por meio de processo seletivo público, de acordo com a nature-
regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser za e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para
feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa sua atuação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006)
física ou jurídica de direito privado. § 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a
rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e
organizado de acordo com as seguintes diretrizes: (Vide ADPF agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos
672) da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao
I - descentralização, com direção única em cada esfera de go- Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido
verno; piso salarial. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 63, de
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades 2010) Regulamento
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; § 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º
III - participação da comunidade. do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que exerça funções
§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de
do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da combate às endemias poderá perder o cargo em caso de descum-
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de primento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu exer-
outras fontes. (Parágrafo único renumerado para § 1º pela Emenda cício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006)
Constitucional nº 29, de 2000) § 7º O vencimento dos agentes comunitários de saúde e dos
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios agentes de combate às endemias fica sob responsabilidade da
aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde re- União, e cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
cursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados estabelecer, além de outros consectários e vantagens, incentivos,
sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) auxílios, gratificações e indenizações, a fim de valorizar o trabalho
I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo desses profissionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120,
exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por cen- de 2022)
to); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015) § 8º Os recursos destinados ao pagamento do vencimento dos
II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da ar- agentes comunitários de saúde e dos agentes de combate às ende-
recadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de mias serão consignados no orçamento geral da União com dotação
que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas própria e exclusiva. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120,
as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; (In- de 2022)
cluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) § 9º O vencimento dos agentes comunitários de saúde e dos
III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da agentes de combate às endemias não será inferior a 2 (dois) salários
arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos mínimos, repassados pela União aos Municípios, aos Estados e ao
de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º.(Incluído Distrito Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, de
pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 2022)
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada § 10. Os agentes comunitários de saúde e os agentes de comba-
cinco anos, estabelecerá:(Incluído pela Emenda Constitucional nº te às endemias terão também, em razão dos riscos inerentes às fun-
29, de 2000) Regulamento ções desempenhadas, aposentadoria especial e, somado aos seus
I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º; (Re- vencimentos, adicional de insalubridade. (Incluído pela Emenda
dação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015) Constitucional nº 120, de 2022)
139
LEGISLAÇÃO
§ 11. Os recursos financeiros repassados pela União aos Esta- V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento
dos, ao Distrito Federal e aos Municípios para pagamento do ven- científico e tecnológico e a inovação; (Redação dada pela Emen-
cimento ou de qualquer outra vantagem dos agentes comunitários da Constitucional nº 85, de 2015)
de saúde e dos agentes de combate às endemias não serão objeto VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle
de inclusão no cálculo para fins do limite de despesa com pesso- de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo
al. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, de 2022) humano;
§ 12. Lei federal instituirá pisos salariais profissionais nacionais VII - participar do controle e fiscalização da produção, trans-
para o enfermeiro, o técnico de enfermagem, o auxiliar de enfer- porte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos,
magem e a parteira, a serem observados por pessoas jurídicas de tóxicos e radioativos;
direito público e de direito privado. (Incluído pela Emenda Consti- VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreen-
tucional nº 124, de 2022) dido o do trabalho.
§ 13. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, até
o final do exercício financeiro em que for publicada a lei de que trata
o § 12 deste artigo, adequarão a remuneração dos cargos ou dos LEI FEDERAL Nº 8.142/90 E SUAS ALTERAÇÕES
respectivos planos de carreiras, quando houver, de modo a atender
aos pisos estabelecidos para cada categoria profissional. (Incluído Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n°
pela Emenda Constitucional nº 124, de 2022) 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de go-
§ 14. Compete à União, nos termos da lei, prestar assistência verno, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as se-
financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu- guintes instâncias colegiadas:
nicípios e às entidades filantrópicas, bem como aos prestadores de I - a Conferência de Saúde; e
serviços contratualizados que atendam, no mínimo, 60% (sessen- II - o Conselho de Saúde.
ta por cento) de seus pacientes pelo sistema único de saúde, para § 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos
o cumprimento dos pisos salariais de que trata o § 12 deste arti- com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a si-
go. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 127, de 2022) tuação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política
§ 15. Os recursos federais destinados aos pagamentos da as- de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Execu-
sistência financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal tivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde.
e aos Municípios e às entidades filantrópicas, bem como aos pres- § 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e delibe-
tadores de serviços contratualizados que atendam, no mínimo, 60% rativo, órgão colegiado composto por representantes do governo,
(sessenta por cento) de seus pacientes pelo sistema único de saúde, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na
para o cumprimento dos pisos salariais de que trata o § 12 deste ar- formulação de estratégias e no controle da execução da política de
tigo serão consignados no orçamento geral da União com dotação saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômi-
própria e exclusiva. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 127, cos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do
de 2022) poder legalmente constituído em cada esfera do governo.
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. § 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o
§ 1º As instituições privadas poderão participar de forma com- Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems)
plementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, me- terão representação no Conselho Nacional de Saúde.
diante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as § 4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e
entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. Conferências será paritária em relação ao conjunto dos demais seg-
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios mentos.
ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. § 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas sua organização e normas de funcionamento definidas em regimen-
ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos to próprio, aprovadas pelo respectivo conselho.
casos previstos em lei. Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facili- alocados como:
tem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins I - despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus
de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, proces- órgãos e entidades, da administração direta e indireta;
samento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado II - investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do
todo tipo de comercialização. Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso Nacional;
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras III - investimentos previstos no Plano Qüinqüenal do Ministério
atribuições, nos termos da lei: da Saúde;
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem implemen-
de interesse para a saúde e participar da produção de medicamen- tados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal.
tos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insu- Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste arti-
mos; go destinar-se-ão a investimentos na rede de serviços, à cobertura
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais ações de saúde.
bem como as de saúde do trabalhador; Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta lei
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; serão repassados de forma regular e automática para os Municí-
IV - participar da formulação da política e da execução das pios, Estados e Distrito Federal, de acordo com os critérios previstos
ações de saneamento básico; no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990.
140
LEGISLAÇÃO
§ 1° Enquanto não for regulamentada a aplicação dos critérios Art. 3º A saúde tem como fatores determinantes e condicionan-
previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, tes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico,
será utilizado, para o repasse de recursos, exclusivamente o critério o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o
estabelecido no § 1° do mesmo artigo. (Vide Lei nº 8.080, de 1990) lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde
§ 2° Os recursos referidos neste artigo serão destinados, pelo da população expressam a organização social e econômica do País.
menos setenta por cento, aos Municípios, afetando-se o restante Art. 3o Os níveis de saúde expressam a organização social e
aos Estados. econômica do País, tendo a saúde como determinantes e condicio-
§ 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execu- nantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento bá-
ção de ações e serviços de saúde, remanejando, entre si, parcelas de sico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade
recursos previstos no inciso IV do art. 2° desta lei. física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essen-
Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° desta ciais. (Redação dada pela Lei nº 12.864, de 2013)
lei, os Municípios, os Estados e o Distrito Federal deverão contar Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que,
com: por força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às
I - Fundo de Saúde; pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e so-
II - Conselho de Saúde, com composição paritária de acordo cial.
com o Decreto n° 99.438, de 7 de agosto de 1990;
III - plano de saúde; TÍTULO II
IV - relatórios de gestão que permitam o controle de que trata DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
o § 4° do art. 33 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990; DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
V - contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orça-
mento; Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por
VI - Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Sa- órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da
lários (PCCS), previsto o prazo de dois anos para sua implantação. Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Po-
Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou pelos der Público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS).
Estados, ou pelo Distrito Federal, dos requisitos estabelecidos neste § 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições
artigo, implicará em que os recursos concernentes sejam adminis- públicas federais, estaduais e municipais de controle de qualidade,
trados, respectivamente, pelos Estados ou pela União. pesquisa e produção de insumos, medicamentos, inclusive de san-
Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do Ministro gue e hemoderivados, e de equipamentos para saúde.
de Estado, autorizado a estabelecer condições para aplicação desta § 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de
lei. Saúde (SUS), em caráter complementar.
Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário. CAPÍTULO I
Brasília, 28 de dezembro de 1990; 169° da Independência e DOS OBJETIVOS E ATRIBUIÇÕES
102° da República.
Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS:
LEI FEDERAL Nº 8.080/90 E SUAS ALTERAÇÕES I - a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e de-
terminantes da saúde;
II - a formulação de política de saúde destinada a promover,
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR nos campos econômico e social, a observância do disposto no § 1º
do art. 2º desta lei;
Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promo-
e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em ca- ção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada
ráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de das ações assistenciais e das atividades preventivas.
direito Público ou privado. Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema
Único de Saúde (SUS):
TÍTULO I I - a execução de ações:
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS a) de vigilância sanitária;
b) de vigilância epidemiológica;
Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, de- c) de saúde do trabalhador; e
vendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;
exercício. II - a participação na formulação da política e na execução de
§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formula- ações de saneamento básico;
ção e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redu- III - a ordenação da formação de recursos humanos na área de
ção de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento saúde;
de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar;
e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compre-
§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das endido o do trabalho;
empresas e da sociedade. VI - a formulação da política de medicamentos, equipamentos,
imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e a par-
ticipação na sua produção;
141
LEGISLAÇÃO
142
LEGISLAÇÃO
III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de Art. 14-B. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Co-
Saúde ou órgão equivalente. nass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde
Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para de- (Conasems) são reconhecidos como entidades representativas dos
senvolver em conjunto as ações e os serviços de saúde que lhes cor- entes estaduais e municipais para tratar de matérias referentes à
respondam. saúde e declarados de utilidade pública e de relevante função so-
§ 1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o cial, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.466, de
princípio da direção única, e os respectivos atos constitutivos dispo- 2011).
rão sobre sua observância. § 1o O Conass e o Conasems receberão recursos do orçamento
§ 2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde (SUS), pode- geral da União por meio do Fundo Nacional de Saúde, para auxiliar
rá organizar-se em distritos de forma a integrar e articular recur- no custeio de suas despesas institucionais, podendo ainda celebrar
sos, técnicas e práticas voltadas para a cobertura total das ações convênios com a União. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
de saúde. § 2o Os Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Co-
Art. 11. (Vetado). sems) são reconhecidos como entidades que representam os entes
Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio- municipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes
nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos à saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na
Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas forma que dispuserem seus estatutos. (Incluído pela Lei nº
da sociedade civil. 12.466, de 2011).
Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a finalidade
de articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja CAPÍTULO IV
execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema DA COMPETÊNCIA E DAS ATRIBUIÇÕES
Único de Saúde (SUS).
Art. 13. A articulação das políticas e programas, a cargo das SEÇÃOI
comissões intersetoriais, abrangerá, em especial, as seguintes ati- DAS ATRIBUIÇÕES COMUNS
vidades:
I - alimentação e nutrição; Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
II - saneamento e meio ambiente; exercerão, em seu âmbito administrativo, as seguintes atribuições:
III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia; I - definição das instâncias e mecanismos de controle, avaliação
IV - recursos humanos; e de fiscalização das ações e serviços de saúde;
V - ciência e tecnologia; e II - administração dos recursos orçamentários e financeiros des-
VI - saúde do trabalhador. tinados, em cada ano, à saúde;
Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes de inte- III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de saú-
gração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino profis- de da população e das condições ambientais;
sional e superior. IV - organização e coordenação do sistema de informação de
Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por finali- saúde;
dade propor prioridades, métodos e estratégias para a formação V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa-
e educação continuada dos recursos humanos do Sistema Único de drões de qualidade e parâmetros de custos que caracterizam a as-
Saúde (SUS), na esfera correspondente, assim como em relação à sistência à saúde;
pesquisa e à cooperação técnica entre essas instituições. VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa-
Art. 14-A. As Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite são drões de qualidade para promoção da saúde do trabalhador;
reconhecidas como foros de negociação e pactuação entre gesto- VII - participação de formulação da política e da execução das
res, quanto aos aspectos operacionais do Sistema Único de Saúde ações de saneamento básico e colaboração na proteção e recupera-
(SUS). (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). ção do meio ambiente;
Parágrafo único. A atuação das Comissões Intergestores Bipar- VIII - elaboração e atualização periódica do plano de saúde;
tite e Tripartite terá por objetivo: (Incluído pela Lei nº 12.466, IX - participação na formulação e na execução da política de
de 2011). formação e desenvolvimento de recursos humanos para a saúde;
I - decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e admi- X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema Único de
nistrativos da gestão compartilhada do SUS, em conformidade com Saúde (SUS), de conformidade com o plano de saúde;
a definição da política consubstanciada em planos de saúde, apro- XI - elaboração de normas para regular as atividades de servi-
vados pelos conselhos de saúde; (Incluído pela Lei nº 12.466, ços privados de saúde, tendo em vista a sua relevância pública;
de 2011). XII - realização de operações externas de natureza financeira de
II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e intermu- interesse da saúde, autorizadas pelo Senado Federal;
nicipal, a respeito da organização das redes de ações e serviços de XIII - para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e
saúde, principalmente no tocante à sua governança institucional e transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de cala-
à integração das ações e serviços dos entes federados; (Incluído midade pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade compe-
pela Lei nº 12.466, de 2011). tente da esfera administrativa correspondente poderá requisitar
III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito sanitário, bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, sendo-
integração de territórios, referência e contrarreferência e demais -lhes assegurada justa indenização; (Vide ADIN 3454)
aspectos vinculados à integração das ações e serviços de saúde en- XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componentes
tre os entes federados. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). e Derivados;
143
LEGISLAÇÃO
XV - propor a celebração de convênios, acordos e protocolos XIV - elaborar normas para regular as relações entre o Sistema
internacionais relativos à saúde, saneamento e meio ambiente; Único de Saúde (SUS) e os serviços privados contratados de assis-
XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, prote- tência à saúde;
ção e recuperação da saúde; XV - promover a descentralização para as Unidades Federadas
XVII - promover articulação com os órgãos de fiscalização do e para os Municípios, dos serviços e ações de saúde, respectivamen-
exercício profissional e outras entidades representativas da socieda- te, de abrangência estadual e municipal;
de civil para a definição e controle dos padrões éticos para pesquisa, XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Nacio-
ações e serviços de saúde; nal de Sangue, Componentes e Derivados;
XVIII - promover a articulação da política e dos planos de saúde; XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de
XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde; saúde, respeitadas as competências estaduais e municipais;
XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e fiscaliza- XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito
ção inerentes ao poder de polícia sanitária; do SUS, em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Dis-
XXI - fomentar, coordenar e executar programas e projetos es- trito Federal;
tratégicos e de atendimento emergencial. XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a
avaliação técnica e financeira do SUS em todo o Território Nacional
SEÇÃOII em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Fede-
DA COMPETÊNCIA ral. (Vide Decreto nº 1.651, de 1995)
Parágrafo único. A União poderá executar ações de vigilância
Art. 16. A direção nacional do Sistema Único da Saúde (SUS) epidemiológica e sanitária em circunstâncias especiais, como na
compete: ocorrência de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do
I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutri- controle da direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) ou
ção; que representem risco de disseminação nacional.
II - participar na formulação e na implementação das políticas: § 1º A União poderá executar ações de vigilância epidemio-
a) de controle das agressões ao meio ambiente; lógica e sanitária em circunstâncias especiais, como na ocorrência
b) de saneamento básico; e de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do controle da
c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho; direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) ou que represen-
III - definir e coordenar os sistemas: tem risco de disseminação nacional. (Renumerado do parágrafo
a) de redes integradas de assistência de alta complexidade; único pela Lei nº 14.141, de 2021)
b) de rede de laboratórios de saúde pública; § 2º Em situações epidemiológicas que caracterizem emergên-
c) de vigilância epidemiológica; e cia em saúde pública, poderá ser adotado procedimento simplifica-
d) vigilância sanitária; do para a remessa de patrimônio genético ao exterior, na forma do
IV - participar da definição de normas e mecanismos de con- regulamento. (Incluído pela Lei nº 14.141, de 2021)
trole, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente ou dele § 3º Os benefícios resultantes da exploração econômica de pro-
decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana; duto acabado ou material reprodutivo oriundo de acesso ao patri-
V - participar da definição de normas, critérios e padrões para mônio genético de que trata o § 2º deste artigo serão repartidos nos
o controle das condições e dos ambientes de trabalho e coordenar a termos da Lei nº 13.123, de 20 de maio de 2015. (Incluído pela
política de saúde do trabalhador; Lei nº 14.141, de 2021)
VI - coordenar e participar na execução das ações de vigilância Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS)
epidemiológica; compete:
VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de I - promover a descentralização para os Municípios dos serviços
portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser comple- e das ações de saúde;.
mentada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios; II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do
VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o con- Sistema Único de Saúde (SUS);
trole da qualidade sanitária de produtos, substâncias e serviços de III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e executar
consumo e uso humano; supletivamente ações e serviços de saúde;
IX - promover articulação com os órgãos educacionais e de fis- IV - coordenar e, em caráter complementar, executar ações e
calização do exercício profissional, bem como com entidades repre- serviços:
sentativas de formação de recursos humanos na área de saúde; a) de vigilância epidemiológica;
X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução b) de vigilância sanitária;
da política nacional e produção de insumos e equipamentos para a c) de alimentação e nutrição; e
saúde, em articulação com os demais órgãos governamentais; d) de saúde do trabalhador;
XI - identificar os serviços estaduais e municipais de referência V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agra-
nacional para o estabelecimento de padrões técnicos de assistência vos do meio ambiente que tenham repercussão na saúde humana;
à saúde; VI - participar da formulação da política e da execução de ações
XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substân- de saneamento básico;
cias de interesse para a saúde; VII - participar das ações de controle e avaliação das condições
XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao e dos ambientes de trabalho;
Distrito Federal e aos Municípios para o aperfeiçoamento da sua VIII - em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar
atuação institucional; e avaliar a política de insumos e equipamentos para a saúde;
144
LEGISLAÇÃO
IX - identificar estabelecimentos hospitalares de referência e Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção à Saúde Indí-
gerir sistemas públicos de alta complexidade, de referência estadu- gena, componente do Sistema Único de Saúde – SUS, criado e defi-
al e regional; nido por esta Lei, e pela Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990,
X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública com o qual funcionará em perfeita integração. (Incluído pela Lei
e hemocentros, e gerir as unidades que permaneçam em sua orga- nº 9.836, de 1999)
nização administrativa; Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos próprios, financiar
XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o con- o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. (Incluído pela Lei nº
trole e avaliação das ações e serviços de saúde; 9.836, de 1999)
XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter suple- Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do Subsistema insti-
mentar, de procedimentos de controle de qualidade para produtos tuído por esta Lei com os órgãos responsáveis pela Política Indígena
e substâncias de consumo humano; do País. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
XIII - colaborar com a União na execução da vigilância sanitária Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras instituições governa-
de portos, aeroportos e fronteiras; mentais e não-governamentais poderão atuar complementarmente
XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos indica- no custeio e execução das ações. (Incluído pela Lei nº 9.836, de
dores de morbidade e mortalidade no âmbito da unidade federada. 1999)
Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) com- § 1º A União instituirá mecanismo de financiamento específico
pete: para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, sempre que hou-
I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços ver necessidade de atenção secundária e terciária fora dos territó-
de saúde e gerir e executar os serviços públicos de saúde; rios indígenas. (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020)
II - participar do planejamento, programação e organização § 2º Em situações emergenciais e de calamidade públi-
da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema Único de Saúde ca: (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020)
(SUS), em articulação com sua direção estadual; I - a União deverá assegurar aporte adicional de recursos não
III - participar da execução, controle e avaliação das ações refe- previstos nos planos de saúde dos Distritos Sanitários Especiais Indí-
rentes às condições e aos ambientes de trabalho; genas (Dseis) ao Subsistema de Atenção à Saúde Indígena; (Inclu-
IV - executar serviços: ído pela Lei nº 14.021, de 2020)
a) de vigilância epidemiológica; II - deverá ser garantida a inclusão dos povos indígenas nos pla-
b) vigilância sanitária; nos emergenciais para atendimento dos pacientes graves das Secre-
c) de alimentação e nutrição; tarias Municipais e Estaduais de Saúde, explicitados os fluxos e as
d) de saneamento básico; e referências para o atendimento em tempo oportuno. (Incluído
e) de saúde do trabalhador; pela Lei nº 14.021, de 2020)
V - dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em consideração a
equipamentos para a saúde; realidade local e as especificidades da cultura dos povos indígenas
VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente e o modelo a ser adotado para a atenção à saúde indígena, que
que tenham repercussão sobre a saúde humana e atuar, junto aos se deve pautar por uma abordagem diferenciada e global, contem-
órgãos municipais, estaduais e federais competentes, para contro- plando os aspectos de assistência à saúde, saneamento básico, nu-
lá-las; trição, habitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação
VII - formar consórcios administrativos intermunicipais; sanitária e integração institucional. (Incluído pela Lei nº 9.836,
VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros; de 1999)
IX - colaborar com a União e os Estados na execução da vigilân- Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena deve-
cia sanitária de portos, aeroportos e fronteiras; rá ser, como o SUS, descentralizado, hierarquizado e regionaliza-
X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar contratos do. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de saú- § 1o O Subsistema de que trata o caput deste artigo terá como
de, bem como controlar e avaliar sua execução; base os Distritos Sanitários Especiais Indígenas. (Incluído pela
XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços priva- Lei nº 9.836, de 1999)
dos de saúde; § 1º-A. A rede do SUS deverá obrigatoriamente fazer o registro
XII - normatizar complementarmente as ações e serviços públi- e a notificação da declaração de raça ou cor, garantindo a identi-
cos de saúde no seu âmbito de atuação. ficação de todos os indígenas atendidos nos sistemas públicos de
Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições reservadas saúde. (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020)
aos Estados e aos Municípios. § 1º-B. A União deverá integrar os sistemas de informação da
rede do SUS com os dados do Subsistema de Atenção à Saúde Indí-
CAPÍTULO V gena. (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020)
DO SUBSISTEMA DE ATENÇÃO À SAÚDE INDÍGENA § 2o O SUS servirá de retaguarda e referência ao Subsistema de
(Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) Atenção à Saúde Indígena, devendo, para isso, ocorrer adaptações
na estrutura e organização do SUS nas regiões onde residem as po-
Art. 19-A. As ações e serviços de saúde voltados para o atendi- pulações indígenas, para propiciar essa integração e o atendimento
mento das populações indígenas, em todo o território nacional, co- necessário em todos os níveis, sem discriminações. (Incluído pela
letiva ou individualmente, obedecerão ao disposto nesta Lei. (In- Lei nº 9.836, de 1999)
cluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
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LEGISLAÇÃO
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LEGISLAÇÃO
Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão ou a alteração pelo SUS I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de medica-
de novos medicamentos, produtos e procedimentos, bem como a mento, produto e procedimento clínico ou cirúrgico experimental,
constituição ou a alteração de protocolo clínico ou de diretriz tera- ou de uso não autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sani-
pêutica, são atribuições do Ministério da Saúde, assessorado pela tária - ANVISA; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. (In- II - a dispensação, o pagamento, o ressarcimento ou o reembol-
cluído pela Lei nº 12.401, de 2011) so de medicamento e produto, nacional ou importado, sem registro
§ 1o A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no na Anvisa. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
SUS, cuja composição e regimento são definidos em regulamento, Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo: (In-
contará com a participação de 1 (um) representante indicado pelo cluído pela Lei nº 14.313, de 2022)
Conselho Nacional de Saúde e de 1 (um) representante, especialista I - medicamento e produto em que a indicação de uso seja dis-
na área, indicado pelo Conselho Federal de Medicina. (Incluído tinta daquela aprovada no registro na Anvisa, desde que seu uso
pela Lei nº 12.401, de 2011) tenha sido recomendado pela Comissão Nacional de Incorporação
§ 2o O relatório da Comissão Nacional de Incorporação de Tec- de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), demonstradas
nologias no SUS levará em consideração, necessariamente: (In- as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efetividade e
cluído pela Lei nº 12.401, de 2011) a segurança, e esteja padronizado em protocolo estabelecido pelo
I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efe- Ministério da Saúde; (Incluído pela Lei nº 14.313, de 2022)
tividade e a segurança do medicamento, produto ou procedimento II - medicamento e produto recomendados pela Conitec e ad-
objeto do processo, acatadas pelo órgão competente para o regis- quiridos por intermédio de organismos multilaterais internacionais,
tro ou a autorização de uso; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) para uso em programas de saúde pública do Ministério da Saúde e
II - a avaliação econômica comparativa dos benefícios e dos suas entidades vinculadas, nos termos do § 5º do art. 8º da Lei nº
custos em relação às tecnologias já incorporadas, inclusive no que 9.782, de 26 de janeiro de 1999. (Incluído pela Lei nº 14.313,
se refere aos atendimentos domiciliar, ambulatorial ou hospitalar, de 2022)
quando cabível. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Art. 19-U. A responsabilidade financeira pelo fornecimento de
§ 3º As metodologias empregadas na avaliação econômica a medicamentos, produtos de interesse para a saúde ou procedimen-
que se refere o inciso II do § 2º deste artigo serão dispostas em regu- tos de que trata este Capítulo será pactuada na Comissão Interges-
lamento e amplamente divulgadas, inclusive em relação aos indica- tores Tripartite. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
dores e parâmetros de custo-efetividade utilizados em combinação
com outros critérios. (Incluído pela Lei nº 14.313, de 2022) TÍTULO III
Art. 19-R. A incorporação, a exclusão e a alteração a que se DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÙDE
refere o art. 19-Q serão efetuadas mediante a instauração de pro-
cesso administrativo, a ser concluído em prazo não superior a 180 CAPÍTULO I
(cento e oitenta) dias, contado da data em que foi protocolado o DO FUNCIONAMENTO
pedido, admitida a sua prorrogação por 90 (noventa) dias corridos,
quando as circunstâncias exigirem. (Incluído pela Lei nº 12.401, Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde caracteri-
de 2011) zam-se pela atuação, por iniciativa própria, de profissionais liberais,
§ 1o O processo de que trata o caput deste artigo observará, legalmente habilitados, e de pessoas jurídicas de direito privado na
no que couber, o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, promoção, proteção e recuperação da saúde.
e as seguintes determinações especiais: (Incluído pela Lei nº Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
12.401, de 2011) Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistência à saú-
I - apresentação pelo interessado dos documentos e, se cabível, de, serão observados os princípios éticos e as normas expedidas
das amostras de produtos, na forma do regulamento, com informa- pelo órgão de direção do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto às
ções necessárias para o atendimento do disposto no § 2o do art. condições para seu funcionamento.
19-Q; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Art. 23. É vedada a participação direta ou indireta de empresas
II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) ou de capitais estrangeiros na assistência à saúde, salvo através de
III - realização de consulta pública que inclua a divulgação do doações de organismos internacionais vinculados à Organização
parecer emitido pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecno- das Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e de finan-
logias no SUS; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) ciamento e empréstimos.
IV - realização de audiência pública, antes da tomada de deci- § 1° Em qualquer caso é obrigatória a autorização do órgão de
são, se a relevância da matéria justificar o evento. (Incluído pela direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), submetendo-se a
Lei nº 12.401, de 2011) seu controle as atividades que forem desenvolvidas e os instrumen-
V - distribuição aleatória, respeitadas a especialização e a com- tos que forem firmados.
petência técnica requeridas para a análise da matéria; (Incluí- § 2° Excetuam-se do disposto neste artigo os serviços de saúde
do pela Lei nº 14.313, de 2022) mantidos, sem finalidade lucrativa, por empresas, para atendimen-
VI - publicidade dos atos processuais. (Incluído pela Lei nº to de seus empregados e dependentes, sem qualquer ônus para a
14.313, de 2022) seguridade social.
§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Art. 23. É permitida a participação direta ou indireta, inclusi-
Art. 19-S. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) ve controle, de empresas ou de capital estrangeiro na assistência à
Art. 19-T. São vedados, em todas as esferas de gestão do saúde nos seguintes casos: (Redação dada pela Lei nº 13.097,
SUS: (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) de 2015)
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LEGISLAÇÃO
I - doações de organismos internacionais vinculados à Organi- III - direito de recusa ao atendimento na modalidade telessaú-
zação das Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e de de, com a garantia do atendimento presencial sempre que solicita-
financiamento e empréstimos; (Incluído pela Lei nº 13.097, de do; (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
2015) IV - dignidade e valorização do profissional de saúde; (Incluí-
II - pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacionalizar ou do pela Lei nº 14.510, de 2022)
explorar: (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) V - assistência segura e com qualidade ao paciente; (Incluído
a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especializado, pela Lei nº 14.510, de 2022)
policlínica, clínica geral e clínica especializada; e (Incluído pela VI - confidencialidade dos dados; (Incluído pela Lei nº 14.510,
Lei nº 13.097, de 2015) de 2022)
b) ações e pesquisas de planejamento familiar; (Incluído VII - promoção da universalização do acesso dos brasileiros às
pela Lei nº 13.097, de 2015) ações e aos serviços de saúde; (Incluído pela Lei nº 14.510, de
III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por 2022)
empresas, para atendimento de seus empregados e dependentes, VIII - estrita observância das atribuições legais de cada profis-
sem qualquer ônus para a seguridade social; e (Incluído pela Lei são; (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
nº 13.097, de 2015) IX - responsabilidade digital. (Incluído pela Lei nº 14.510, de
IV - demais casos previstos em legislação específica. (In- 2022)
cluído pela Lei nº 13.097, de 2015) Art. 26-B. Para fins desta Lei, considera-se telessaúde a moda-
lidade de prestação de serviços de saúde a distância, por meio da
CAPÍTULO II utilização das tecnologias da informação e da comunicação, que
DA PARTICIPAÇÃO COMPLEMENTAR envolve, entre outros, a transmissão segura de dados e informações
de saúde, por meio de textos, de sons, de imagens ou outras formas
Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficientes adequadas. (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
para garantir a cobertura assistencial à população de uma deter- Parágrafo único. Os atos do profissional de saúde, quando pra-
minada área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos ticados na modalidade telessaúde, terão validade em todo o territó-
serviços ofertados pela iniciativa privada. rio nacional. (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
Parágrafo único. A participação complementar dos serviços Art. 26-C. Ao profissional de saúde são asseguradas a liberdade
privados será formalizada mediante contrato ou convênio, observa- e a completa independência de decidir sobre a utilização ou não da
das, a respeito, as normas de direito público. telessaúde, inclusive com relação à primeira consulta, atendimento
Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades filantró- ou procedimento, e poderá indicar a utilização de atendimento pre-
picas e as sem fins lucrativos terão preferência para participar do sencial ou optar por ele, sempre que entender necessário. (Incluí-
Sistema Único de Saúde (SUS). do pela Lei nº 14.510, de 2022)
Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de serviços Art. 26-D. Compete aos conselhos federais de fiscalização do
e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos pela exercício profissional a normatização ética relativa à prestação dos
direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados no serviços previstos neste Título, aplicando-se os padrões normati-
Conselho Nacional de Saúde. vos adotados para as modalidades de atendimento presencial, no
§ 1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e de que não colidirem com os preceitos desta Lei. (Incluído pela Lei nº
pagamento da remuneração aludida neste artigo, a direção nacio- 14.510, de 2022)
nal do Sistema Único de Saúde (SUS) deverá fundamentar seu ato Art. 26-E. Na prestação de serviços por telessaúde, serão obser-
em demonstrativo econômico-financeiro que garanta a efetiva qua- vadas as normas expedidas pelo órgão de direção do Sistema Único
lidade de execução dos serviços contratados. de Saúde (SUS) quanto às condições para seu funcionamento, ob-
§ 2° Os serviços contratados submeter-se-ão às normas técni- servada a competência dos demais órgãos reguladores. (Incluído
cas e administrativas e aos princípios e diretrizes do Sistema Único pela Lei nº 14.510, de 2022)
de Saúde (SUS), mantido o equilíbrio econômico e financeiro do con- Art. 26-F. O ato normativo que pretenda restringir a prestação
trato. de serviço de telessaúde deverá demonstrar a imprescindibilidade
§ 3° (Vetado). da medida para que sejam evitados danos à saúde dos pacien-
§ 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de entida- tes. (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
des ou serviços contratados é vedado exercer cargo de chefia ou Art. 26-G. A prática da telessaúde deve seguir as seguintes de-
função de confiança no Sistema Único de Saúde (SUS). terminações: (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
I - ser realizada por consentimento livre e esclarecido do pacien-
TÍTULO III-A te, ou de seu representante legal, e sob responsabilidade do profis-
(Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022) sional de saúde; (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
DA TELESSAÚDE II - prestar obediência aos ditames das Leis nºs 12.965, de 23
de abril de 2014 (Marco Civil da Internet), 12.842, de 10 de julho de
Art. 26-A. A telessaúde abrange a prestação remota de serviços 2013 (Lei do Ato Médico), 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Ge-
relacionados a todas as profissões da área da saúde regulamenta- ral de Proteção de Dados), 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Códi-
das pelos órgãos competentes do Poder Executivo federal e obede- go de Defesa do Consumidor) e, nas hipóteses cabíveis, aos ditames
cerá aos seguintes princípios: (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022) da Lei nº 13.787, de 27 de dezembro de 2018 (Lei do Prontuário
I - autonomia do profissional de saúde; (Incluído pela Lei nº Eletrônico). (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
14.510, de 2022)
II - consentimento livre e informado do paciente;
148
LEGISLAÇÃO
Art. 26-H. É dispensada a inscrição secundária ou complemen- § 1° Ao Sistema Único de Saúde (SUS) caberá metade da receita
tar do profissional de saúde que exercer a profissão em outra juris- de que trata o inciso I deste artigo, apurada mensalmente, a qual
dição exclusivamente por meio da modalidade telessaúde. (Incluí- será destinada à recuperação de viciados.
do pela Lei nº 14.510, de 2022) § 2° As receitas geradas no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS) serão creditadas diretamente em contas especiais, movimen-
TÍTULO IV tadas pela sua direção, na esfera de poder onde forem arrecadadas.
DOS RECURSOS HUMANOS § 3º As ações de saneamento que venham a ser executadas su-
pletivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), serão financiadas
Art. 27. A política de recursos humanos na área da saúde será por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados, Dis-
formalizada e executada, articuladamente, pelas diferentes esferas trito Federal, Municípios e, em particular, do Sistema Financeiro da
de governo, em cumprimento dos seguintes objetivos: Habitação (SFH).
I - organização de um sistema de formação de recursos huma- § 4º (Vetado).
nos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-graduação, além § 5º As atividades de pesquisa e desenvolvimento científico e
da elaboração de programas de permanente aperfeiçoamento de tecnológico em saúde serão co-financiadas pelo Sistema Único de
pessoal; Saúde (SUS), pelas universidades e pelo orçamento fiscal, além de
II - (Vetado) recursos de instituições de fomento e financiamento ou de origem
III - (Vetado) externa e receita própria das instituições executoras.
IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do Sistema § 6º (Vetado).
Único de Saúde (SUS).
Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o Sistema CAPÍTULO II
Único de Saúde (SUS) constituem campo de prática para ensino e DA GESTÃO FINANCEIRA
pesquisa, mediante normas específicas, elaboradas conjuntamente
com o sistema educacional. Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde
Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e assessoramen- (SUS) serão depositados em conta especial, em cada esfera de sua
to, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), só poderão ser exer- atuação, e movimentados sob fiscalização dos respectivos Conse-
cidas em regime de tempo integral. lhos de Saúde.
§ 1° Os servidores que legalmente acumulam dois cargos ou § 1º Na esfera federal, os recursos financeiros, originários do
empregos poderão exercer suas atividades em mais de um estabe- Orçamento da Seguridade Social, de outros Orçamentos da União,
lecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). além de outras fontes, serão administrados pelo Ministério da Saú-
§ 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também aos de, através do Fundo Nacional de Saúde.
servidores em regime de tempo integral, com exceção dos ocupan- § 2º (Vetado).
tes de cargos ou função de chefia, direção ou assessoramento. § 3º (Vetado).
Art. 29. (Vetado). § 4º O Ministério da Saúde acompanhará, através de seu siste-
Art. 30. As especializações na forma de treinamento em serviço ma de auditoria, a conformidade à programação aprovada da apli-
sob supervisão serão regulamentadas por Comissão Nacional, ins- cação dos recursos repassados a Estados e Municípios. Constatada
tituída de acordo com o art. 12 desta Lei, garantida a participação a malversação, desvio ou não aplicação dos recursos, caberá ao Mi-
das entidades profissionais correspondentes. nistério da Saúde aplicar as medidas previstas em lei.
Art. 34. As autoridades responsáveis pela distribuição da re-
TÍTULO V ceita efetivamente arrecadada transferirão automaticamente ao
DO FINANCIAMENTO Fundo Nacional de Saúde (FNS), observado o critério do parágrafo
único deste artigo, os recursos financeiros correspondentes às do-
CAPÍTULO I tações consignadas no Orçamento da Seguridade Social, a projetos
DOS RECURSOS e atividades a serem executados no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS).
Art. 31. O orçamento da seguridade social destinará ao Sistema Parágrafo único. Na distribuição dos recursos financeiros da
Único de Saúde (SUS) de acordo com a receita estimada, os recursos Seguridade Social será observada a mesma proporção da despesa
necessários à realização de suas finalidades, previstos em proposta prevista de cada área, no Orçamento da Seguridade Social.
elaborada pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem transferidos
da Previdência Social e da Assistência Social, tendo em vista as me- a Estados, Distrito Federal e Municípios, será utilizada a combina-
tas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias. ção dos seguintes critérios, segundo análise técnica de programas
Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos prove- e projetos:
nientes de: I - perfil demográfico da região;
I - (Vetado) II - perfil epidemiológico da população a ser coberta;
II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da assistên- III - características quantitativas e qualitativas da rede de saúde
cia à saúde; na área;
III - ajuda, contribuições, doações e donativos; IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no período
IV - alienações patrimoniais e rendimentos de capital; anterior;
V - taxas, multas, emolumentos e preços públicos arrecadados V - níveis de participação do setor saúde nos orçamentos esta-
no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); e duais e municipais;
VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais. VI - previsão do plano qüinqüenal de investimentos da rede;
149
LEGISLAÇÃO
VII - ressarcimento do atendimento a serviços prestados para § 8º O acesso aos serviços de informática e bases de dados,
outras esferas de governo. mantidos pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério do Trabalho e
§ 1º Metade dos recursos destinados a Estados e Municípios da Previdência Social, será assegurado às Secretarias Estaduais e
será distribuída segundo o quociente de sua divisão pelo número Municipais de Saúde ou órgãos congêneres, como suporte ao pro-
de habitantes, independentemente de qualquer procedimento pré- cesso de gestão, de forma a permitir a gerencia informatizada das
vio. (Revogado pela Lei Complementar nº 141, de 2012) (Vide contas e a disseminação de estatísticas sanitárias e epidemiológicas
Lei nº 8.142, de 1990) médico-hospitalares.
§ 2º Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a notório pro- Art. 40. (Vetado)
cesso de migração, os critérios demográficos mencionados nesta lei Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das Pioneiras
serão ponderados por outros indicadores de crescimento populacio- Sociais e pelo Instituto Nacional do Câncer, supervisionadas pela
nal, em especial o número de eleitores registrados. direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), permanecerão
§ 3º (Vetado). como referencial de prestação de serviços, formação de recursos
§ 4º (Vetado). humanos e para transferência de tecnologia.
§ 5º (Vetado). Art. 42. (Vetado).
§ 6º O disposto no parágrafo anterior não prejudica a atuação Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica preser-
dos órgãos de controle interno e externo e nem a aplicação de pena- vada nos serviços públicos contratados, ressalvando-se as cláusulas
lidades previstas em lei, em caso de irregularidades verificadas na dos contratos ou convênios estabelecidos com as entidades priva-
gestão dos recursos transferidos. das.
Art. 44. (Vetado).
CAPÍTULO III Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários e de
DO PLANEJAMENTO E DO ORÇAMENTO ensino integram-se ao Sistema Único de Saúde (SUS), mediante con-
vênio, preservada a sua autonomia administrativa, em relação ao
Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do Sistema patrimônio, aos recursos humanos e financeiros, ensino, pesquisa
Único de Saúde (SUS) será ascendente, do nível local até o federal, e extensão nos limites conferidos pelas instituições a que estejam
ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as necessi- vinculados.
dades da política de saúde com a disponibilidade de recursos em § 1º Os serviços de saúde de sistemas estaduais e municipais
planos de saúde dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e de previdência social deverão integrar-se à direção correspondente
da União. do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme seu âmbito de atuação,
§ 1º Os planos de saúde serão a base das atividades e progra- bem como quaisquer outros órgãos e serviços de saúde.
mações de cada nível de direção do Sistema Único de Saúde (SUS), § 2º Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os servi-
e seu financiamento será previsto na respectiva proposta orçamen- ços de saúde das Forças Armadas poderão integrar-se ao Sistema
tária. Único de Saúde (SUS), conforme se dispuser em convênio que, para
§ 2º É vedada a transferência de recursos para o financiamento esse fim, for firmado.
de ações não previstas nos planos de saúde, exceto em situações Art. 46. o Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecerá mecanis-
emergenciais ou de calamidade pública, na área de saúde. mos de incentivos à participação do setor privado no investimento
Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as dire- em ciência e tecnologia e estimulará a transferência de tecnologia
trizes a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, em das universidades e institutos de pesquisa aos serviços de saúde nos
função das características epidemiológicas e da organização dos Estados, Distrito Federal e Municípios, e às empresas nacionais.
serviços em cada jurisdição administrativa. Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com os níveis es-
Art. 38. Não será permitida a destinação de subvenções e auxí- taduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS), organizará,
lios a instituições prestadoras de serviços de saúde com finalidade no prazo de dois anos, um sistema nacional de informações em saú-
lucrativa. de, integrado em todo o território nacional, abrangendo questões
epidemiológicas e de prestação de serviços.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS Art. 48. (Vetado).
Art. 49. (Vetado).
Art. 39. (Vetado). Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os Municípios,
§ 1º (Vetado). celebrados para implantação dos Sistemas Unificados e Descentra-
§ 2º (Vetado). lizados de Saúde, ficarão rescindidos à proporção que seu objeto for
§ 3º (Vetado). sendo absorvido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
§ 4º (Vetado). Art. 51. (Vetado).
§ 5º A cessão de uso dos imóveis de propriedade do Inamps Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, constitui crime
para órgãos integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS) será feita de emprego irregular de verbas ou rendas públicas (Código Penal,
de modo a preservá-los como patrimônio da Seguridade Social. art. 315) a utilização de recursos financeiros do Sistema Único de
§ 6º Os imóveis de que trata o parágrafo anterior serão inven- Saúde (SUS) em finalidades diversas das previstas nesta lei.
tariados com todos os seus acessórios, equipamentos e outros bens Art. 53. (Vetado).
móveis e ficarão disponíveis para utilização pelo órgão de direção Art. 53-A. Na qualidade de ações e serviços de saúde, as ati-
municipal do Sistema Único de Saúde - SUS ou, eventualmente, pelo vidades de apoio à assistência à saúde são aquelas desenvolvidas
estadual, em cuja circunscrição administrativa se encontrem, me- pelos laboratórios de genética humana, produção e fornecimento
diante simples termo de recebimento. de medicamentos e produtos para saúde, laboratórios de analises
§ 7º (Vetado).
150
LEGISLAÇÃO
clínicas, anatomia patológica e de diagnóstico por imagem e são As Normas Operacionais Básicas, por sua vez, a partir da ava-
livres à participação direta ou indireta de empresas ou de capitais liação do estágio de implantação e desempenho do SUS, se voltam,
estrangeiros. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) mais direta e imediatamente, para a definição de estratégias e mo-
Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. vimentos táticos, que orientam a operacionalidade deste Sistema.
Art. 55. São revogadas a Lei nº. 2.312, de 3 de setembro de
1954, a Lei nº. 6.229, de 17 de julho de 1975, e demais disposições 2. FINALIDADE
em contrário.
Brasília, 19 de setembro de 1990; 169º da Independência e A presente Norma Operacional Básica tem por finalidade pri-
102º da República. mordial promover e consolidar o pleno exercício, por parte do po-
der público municipal e do Distrito Federal, da função de gestor da
NORMA OPERACIONAL BÁSICA DO SISTEMA ÚNICO atenção à saúde dos seus munícipes (Artigo 30, incisos V e VII, e Ar-
DE SAÚDE – NOB-SUS/1996 tigo 32, Parágrafo 1º, da Constituição Federal), com a conseqüente
redefinição das responsabilidades dos Estados, do Distrito Federal e
da União, avançando na consolidação dos princípios do SUS.
PORTARIA Nº 2.203, DE 5 DE NOVEMBRO DE 1996. Esse exercício, viabilizado com a imprescindível cooperação téc-
nica e financeira dos poderes públicos estadual e federal, compre-
O Ministro de Estado da Saúde, no uso de suas atribuições, e ende, portanto, não só a responsabilidade por algum tipo de pres-
considerando que está expirado o prazo para apresentação de con- tação de serviços de saúde (Artigo 30, inciso VII), como, da mesma
tribuições ao aperfeiçoamento da Norma Operacional Básica – NOB forma, a responsabilidade pela gestão de um sistema que atenda,
1/96 do Sistema Único de Saúde (SUS), o qual foi definido pela Por- com integralidade, à demanda das pessoas pela assistência à saúde
taria nº 1.742, de 30 de agosto de 1996, e prorrogado por recomen- e às exigências sanitárias ambientais (Artigo 30, inciso V).
dação da Plenária da 10ª Conferência Nacional de Saúde, resolve: Busca-se, dessa forma, a plena responsabilidade do poder pú-
Art. 1º Aprovar, nos termos do texto anexo a esta Portaria, a blico municipal. Assim, esse poder se responsabiliza como também
NOB 1/96, a qual redefine o modelo de gestão do Sistema Único de pode ser responsabilizado, ainda que não isoladamente. Os poderes
Saúde, constituindo, por conseguinte, instrumento imprescindível à públicos estadual e federal são sempre co-responsáveis, na respec-
viabilização da atenção integral à saúde da população e ao discipli- tiva competência ou na ausência da função municipal (inciso II do
namento das relações entre as três esferas de gestão do Sistema. Artigo 23, da Constituição Federal). Essa responsabilidade, no en-
Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. tanto, não exclui o papel da família, da comunidade e dos próprios
indivíduos, na promoção, proteção e recuperação da saúde.
ADIB D. JATENE Isso implica aperfeiçoar a gestão dos serviços de saúde no país
e a própria organização do Sistema, visto que o município passa a
ANEXO ser, de fato, o responsável imediato pelo atendimento das necessi-
1. INTRODUÇÃO dades e demandas de saúde do seu povo e das exigências de inter-
venções saneadoras em seu território.
Os ideais históricos de civilidade, no âmbito da saúde, conso- Ao tempo em que aperfeiçoa a gestão do SUS, esta NOB aponta
lidados na Constituição de 1988, concretizam-se, na vivência coti- para uma reordenação do modelo de atenção à saúde, na medida
diana do povo brasileiro, por intermédio de um crescente entendi- em que redefine:
mento e incorporação de seus princípios ideológicos e doutrinários, a) os papéis de cada esfera de governo e, em especial, no to-
como, também, pelo exercício de seus princípios organizacionais. cante à direção única;
Esses ideais foram transformados, na Carta Magna, em direito b) os instrumentos gerenciais para que municípios e estados su-
à saúde, o que significa que cada um e todos os brasileiros devem perem o papel exclusivo de prestadores de serviços e assumam seus
construir e usufruir de políticas públicas − econômicas e sociais − respectivos papéis de gestores do SUS;
que reduzam riscos e agravos à saúde. Esse direito significa, igual- c) os mecanismos e fluxos de financiamento, reduzindo pro-
mente, o acesso universal (para todos) e equânime (com justa igual- gressiva e continuamente a remuneração por produção de serviços
dade) a serviços e ações de promoção, proteção e recuperação da e ampliando as transferências de caráter global, fundo a fundo, com
saúde (atendimento integral). base em programações ascendentes, pactuadas e integradas;
A partir da nova Constituição da República, várias iniciativas d) a prática do acompanhamento, controle e avaliação no SUS,
institucionais, legais e comunitárias foram criando as condições de superando os mecanismos tradicionais, centrados no faturamento
viabilização plena do direito à saúde. Destacam-se, neste sentido, de serviços produzidos, e valorizando os resultados advindos de
no âmbito jurídico institucional, as chamadas Leis Orgânicas da programações com critérios epidemiológicos e desempenho com
Saúde (Nº. 8.080/90 e 8.142/90), o Decreto Nº.99.438/90 e as Nor- qualidade;
mas Operacionais Básicas (NOB), editadas em 1991 e 1993. e) os vínculos dos serviços com os seus usuários, privilegiando
Com a Lei Nº 8.080/90, fica regulamentado o Sistema Único de os núcleos familiares e comunitários, criando, assim, condições para
Saúde - SUS, estabelecido pela Constituição Federal de 1988, que uma efetiva participação e controle social.
agrega todos os serviços estatais − das esferas federal, estadual e
municipal − e os serviços privados (desde que contratados ou conve-
niados) e que é responsabilizado, ainda que sem exclusividade, pela
concretização dos princípios constitucionais.
151
LEGISLAÇÃO
3. CAMPOS DA ATENÇÃO À SAÚDE instâncias de poder. Assim, nesta NOB gerência é conceituada como
sendo a administração de uma unidade ou órgão de saúde (ambu-
A atenção à saúde, que encerra todo o conjunto de ações leva- latório, hospital, instituto, fundação etc.), que se caracteriza como
das a efeito pelo SUS, em todos os níveis de governo, para o aten- prestador de serviços ao Sistema. Por sua vez, gestão é a ativida-
dimento das demandas pessoais e das exigências ambientais, com- de e a responsabilidade de dirigir um sistema de saúde (municipal,
preende três grandes campos, a saber: estadual ou nacional), mediante o exercício de funções de coorde-
a) o da assistência, em que as atividades são dirigidas às pesso- nação, articulação, negociação, planejamento, acompanhamento,
as, individual ou coletivamente, e que é prestada no âmbito ambu- controle, avaliação e auditoria. São, portanto, gestores do SUS os
latorial e hospitalar, bem como em outros espaços, especialmente Secretários Municipais e Estaduais de Saúde e o Ministro da Saúde,
no domiciliar; que representam, respectivamente, os governos municipais, esta-
b) o das intervenções ambientais, no seu sentido mais amplo, duais e federal.
incluindo as relações e as condições sanitárias nos ambientes de A criação e o funcionamento desse sistema municipal possibili-
vida e de trabalho, o controle de vetores e hospedeiros e a operação tam uma grande responsabilização dos municípios, no que se refere
de sistemas de saneamento ambiental (mediante o pacto de inte- à saúde de todos os residentes em seu território. No entanto, pos-
resses, as normalizações, as fiscalizações e outros); e sibilitam, também, um elevado risco de atomização desordenada
c) o das políticas externas ao setor saúde, que interferem nos dessas partes do SUS, permitindo que um sistema municipal se de-
determinantes sociais do processo saúde-doença das coletividades, senvolva em detrimento de outro, ameaçando, até mesmo, a uni-
de que são partes importantes questões relativas às políticas ma- cidade do SUS. Há que se integrar, harmonizar e modernizar, com
croeconômicas, ao emprego, à habitação, à educação, ao lazer e à eqüidade, os sistemas municipais.
disponibilidade e qualidade dos alimentos. A realidade objetiva do poder público, nos municípios brasi-
Convém ressaltar que as ações de política setorial em saúde, leiros, é muito diferenciada, caracterizando diferentes modelos de
bem como as administrativas − planejamento, comando e controle organização, de diversificação de atividades, de disponibilidade de
− são inerentes e integrantes do contexto daquelas envolvidas na recursos e de capacitação gerencial, o que, necessariamente, confi-
assistência e nas intervenções ambientais. Ações de comunicação e gura modelos distintos de gestão.
de educação também compõem, obrigatória e permanentemente, O caráter diferenciado do modelo de gestão é transitório, vez
a atenção à saúde. que todo e qualquer município pode ter uma gestão plenamente
Nos três campos referidos, enquadra-se, então, todo o espectro desenvolvida, levando em conta que o poder constituído, neste ní-
de ações compreendidas nos chamados níveis de atenção à saúde, vel, tem uma capacidade de gestão intrinsecamente igual e os seus
representados pela promoção, pela proteção e pela recuperação, segmentos populacionais dispõem dos mesmos direitos.
nos quais deve ser sempre priorizado o caráter preventivo. A operacionalização das condições de gestão, propostas por
É importante assinalar que existem, da mesma forma, conjun- esta NOB, considera e valoriza os vários estágios já alcançados pe-
tos de ações que configuram campos clássicos de atividades na área los estados e pelos municípios, na construção de uma gestão plena.
da saúde pública, constituídos por uma agregação simultânea de Já a redefinição dos papéis dos gestores estadual e federal, con-
ações próprias do campo da assistência e de algumas próprias do soante a finalidade desta Norma Operacional, é, portanto, funda-
campo das intervenções ambientais, de que são partes importantes mental para que possam exercer as suas competências específicas
as atividades de vigilância epidemiológica e de vigilância sanitária. de gestão e prestar a devida cooperação técnica e financeira aos
municípios.
4. SISTEMA DE SAÚDE MUNICIPAL O poder público estadual tem, então, como uma de suas res-
ponsabilidades nucleares, mediar a relação entre os sistemas muni-
A totalidade das ações e de serviços de atenção à saúde, no cipais; o federal de mediar entre os sistemas estaduais. Entretanto,
âmbito do SUS, deve ser desenvolvida em um conjunto de estabe- quando ou enquanto um município não assumir a gestão do sistema
lecimentos, organizados em rede regionalizada e hierarquizada, municipal, é o Estado que responde, provisoriamente, pela gestão
e disciplinados segundo subsistemas, um para cada município - o de um conjunto de serviços capaz de dar atenção integral àquela
SUS-Municipal - voltado ao atendimento integral de sua própria po- população que necessita de um sistema que lhe é próprio.
pulação e inserido de forma indissociável no SUS, em suas abran- As instâncias básicas para a viabilização desses propósitos inte-
gências estadual e nacional. gradores e harmonizadores são os fóruns de negociação, integrados
Os estabelecimentos desse subsistema municipal, do SUS-Mu- pelos gestores municipal, estadual e federal − a Comissão Interges-
nicipal, não precisam ser, obrigatoriamente, de propriedade da tores Tripartite (CIT) − e pelos gestores estadual e municipal − a Co-
prefeitura, nem precisam ter sede no território do município. Suas missão Intergestores Bipartite (CIB). Por meio dessas instâncias e
ações, desenvolvidas pelas unidades estatais (próprias, estaduais dos Conselhos de Saúde, são viabilizados os princípios de unicidade
ou federais) ou privadas (contratadas ou conveniadas, com priori- e de eqüidade.
dade para as entidades filantrópicas), têm que estar organizadas Nas CIB e CIT são apreciadas as composições dos sistemas
e coordenadas, de modo que o gestor municipal possa garantir à municipais de saúde, bem assim pactuadas as programações en-
população o acesso aos serviços e a disponibilidade das ações e dos tre gestores e integradas entre as esferas de governo. Da mesma
meios para o atendimento integral. forma, são pactuados os tetos financeiros possíveis − dentro das
Isso significa dizer que, independentemente da gerência dos disponibilidades orçamentárias conjunturais − oriundos dos recur-
estabelecimentos prestadores de serviços ser estatal ou privada, a sos das três esferas de governo, capazes de viabilizar a atenção às
gestão de todo o sistema municipal é, necessariamente, da compe- necessidades assistenciais e às exigências ambientais. O pacto e a
tência do poder público e exclusiva desta esfera de governo, respei- integração das programações constituem, fundamentalmente, a
tadas as atribuições do respectivo Conselho e de outras diferentes conseqüência prática da relação entre os gestores do SUS.
152
LEGISLAÇÃO
A composição dos sistemas municipais e a ratificação dessas e integrada entre gestores, que, conforme já referido, é mediada
programações, nos Conselhos de Saúde respectivos, permitem a pelo estado e aprovada na CIB regional e estadual e no respectivo
construção de redes regionais que, certamente, ampliam o acesso, Conselho de Saúde.
com qualidade e menor custo. Essa dinâmica contribui para que Quando um município, que demanda serviços a outro, ampliar
seja evitado um processo acumulativo injusto, por parte de alguns a sua própria capacidade resolutiva, pode requerer, ao gestor es-
municípios (quer por maior disponibilidade tecnológica, quer por tadual, que a parte de recursos alocados no município vizinho seja
mais recursos financeiros ou de informação), com a conseqüente realocada para o seu município.
espoliação crescente de outros. Esses mecanismos conferem um caráter dinâmico e permanen-
As tarefas de harmonização, de integração e de modernização te ao processo de negociação da programação integrada, em parti-
dos sistemas municipais, realizadas com a devida eqüidade (admiti- cular quanto à referência intermunicipal.
do o princípio da discriminação positiva, no sentido da busca da jus-
tiça, quando do exercício do papel redistributivo), competem, por- 6. PAPEL DO GESTOR ESTADUAL
tanto, por especial, ao poder público estadual. Ao federal, incumbe
promovê-las entre as Unidades da Federação. São identificados quatro papéis básicos para o estado, os quais
O desempenho de todos esses papéis é condição para a conso- não são, necessariamente, exclusivos e seqüenciais. A explicitação
lidação da direção única do SUS, em cada esfera de governo, para a a seguir apresentada tem por finalidade permitir o entendimento
efetivação e a permanente revisão do processo de descentralização da função estratégica perseguida para a gestão neste nível de Go-
e para a organização de redes regionais de serviços hierarquizados. verno.
O primeiro desses papéis é exercer a gestão do SUS, no âmbito
5. RELAÇÕES ENTRE OS SISTEMAS MUNICIPAIS estadual.
O segundo papel é promover as condições e incentivar o poder
Os sistemas municipais de saúde apresentam níveis diferentes municipal para que assuma a gestão da atenção a saúde de seus
de complexidade, sendo comum estabelecimentos ou órgãos de munícipes, sempre na perspectiva da atenção integral.
saúde de um município atenderem usuários encaminhados por ou- O terceiro é assumir, em caráter transitório (o que não significa
tro. Em vista disso, quando o serviço requerido para o atendimento caráter complementar ou concorrente), a gestão da atenção à saú-
da população estiver localizado em outro município, as negociações de daquelas populações pertencentes a municípios que ainda não
para tanto devem ser efetivadas exclusivamente entre os gestores tomaram para si esta responsabilidade.
municipais. As necessidades reais não atendidas são sempre a força motriz
Essa relação, mediada pelo estado, tem como instrumento de para exercer esse papel, no entanto, é necessário um esforço do ges-
garantia a programação pactuada e integrada na CIB regional ou tor estadual para superar tendências históricas de complementar a
estadual e submetida ao Conselho de Saúde correspondente. A dis- responsabilidade do município ou concorrer com esta função, o que
cussão de eventuais impasses, relativos à sua operacionalização, exige o pleno exercício do segundo papel.
deve ser realizada também no âmbito dessa Comissão, cabendo, ao Finalmente, o quarto, o mais importante e permanente papel
gestor estadual, a decisão sobre problemas surgidos na execução do estado é ser o promotor da harmonização, da integração e da
das políticas aprovadas. No caso de recurso, este deve ser apresen- modernização dos sistemas municipais, compondo, assim, o SUSEs-
tado ao Conselho Estadual de Saúde (CES). tadual.
Outro aspecto importante a ser ressaltado é que a gerência O exercício desse papel pelo gestor requer a configuração de
(comando) dos estabelecimentos ou órgãos de saúde de um muni- sistemas de apoio logístico e de atuação estratégica que envolvem
cípio é da pessoa jurídica que opera o serviço, sejam estes estatais responsabilidades nas três esferas de governo e são sumariamente
(federal, estadual ou municipal) ou privados. Assim, a relação desse caracterizados como de:
gerente deve ocorrer somente com o gestor do município onde o seu a) informação informatizada;
estabelecimento está sediado, seja para atender a população local, b) financiamento;
seja para atender a referenciada de outros municípios. c) programação, acompanhamento, controle e avaliação;
O gestor do sistema municipal é responsável pelo controle, pela d) apropriação de custos e avaliação econômica;
avaliação e pela auditoria dos prestadores de serviços de saúde (es- e) desenvolvimento de recursos humanos;
tatais ou privados) situados em seu município. No entanto, quando f) desenvolvimento e apropriação de ciência e tecnologias; e
um gestor municipal julgar necessário uma avaliação específica ou g) comunicação social e educação em saúde.
auditagem de uma entidade que lhe presta serviços, localizada em O desenvolvimento desses sistemas, no âmbito estadual, de-
outro município, recorre ao gestor estadual. pende do pleno funcionamento do CES e da CIB, nos quais se via-
Em função dessas peculiaridades, o pagamento final a um esta- bilizam a negociação e o pacto com os diversos atores envolvidos.
belecimento pela prestação de serviços requeridos na localidade ou Depende, igualmente, da ratificação das programações e decisões
encaminhados de outro município é sempre feito pelo poder público relativas aos tópicos a seguir especificados:
do município sede do estabelecimento. a) plano estadual de saúde, contendo as estratégias, as prio-
Os recursos destinados ao pagamento das diversas ações de ridades e as respectivas metas de ações e serviços resultantes, so-
atenção à saúde prestadas entre municípios são alocados, previa- bretudo, da integração das programações dos sistemas municipais;
mente, pelo gestor que demanda esses serviços, ao município sede b) estruturação e operacionalização do componente estadual
do prestador. Este município incorpora os recursos ao seu teto finan- do Sistema Nacional de Auditoria;
ceiro. A orçamentação é feita com base na programação pactuada c) estruturação e operacionalização dos sistemas de processa-
mento de dados, de informação epidemiológica, de produção de
serviços e de insumos críticos;
153
LEGISLAÇÃO
d) estruturação e operacionalização dos sistemas de vigilância a) a elaboração do Plano Nacional de Saúde, contendo as es-
epidemiológica, de vigilância sanitária e de vigilância alimentar e tratégias, as prioridades nacionais e as metas da programação inte-
nutricional; grada nacional, resultante, sobretudo, das programações estaduais
e) estruturação e operacionalização dos sistemas de recursos e dos demais órgãos governamentais, que atuam na prestação de
humanos e de ciência e tecnologia; serviços, no setor saúde;
f) elaboração do componente estadual de programações de b) a viabilização de processo permanente de articulação das
abrangência nacional, relativas a agravos que constituam riscos de políticas externas ao setor, em especial com os órgãos que detém,
disseminação para além do seu limite territorial; no seu conjunto de atribuições, a responsabilidade por ações ati-
g) elaboração do componente estadual da rede de laboratórios nentes aos determinantes sociais do processo saúde-doença das
de saúde pública; coletividades;
h) estruturação e operacionalização do componente estadual c) o aperfeiçoamento das normas consubstanciadas em dife-
de assistência farmacêutica; rentes instrumentos legais, que regulamentam, atualmente, as
i) responsabilidade estadual no tocante à prestação de serviços transferências automáticas de recursos financeiros, bem como as
ambulatoriais e hospitalares de alto custo, ao tratamento fora do modalidades de prestação de contas;
domicílio e à disponibilidade de medicamentos e insumos especiais, d) a definição e a explicitação dos fluxos financeiros próprios
sem prejuízo das competências dos sistemas municipais; do SUS, frente aos órgãos governamentais de controle interno e ex-
j) definição e operação das políticas de sangue e hemoderiva- terno e aos Conselhos de Saúde, com ênfase na diferenciação entre
dos; e as transferências automáticas a estados e municípios com função
k) manutenção de quadros técnicos permanentes e compatíveis gestora;
com o exercício do papel de gestor estadual; e) a criação e a consolidação de critérios e mecanismos de alo-
l) implementação de mecanismos visando a integração das po- cação de recursos federais e estaduais para investimento, fundados
líticas e das ações de relevância para a saúde da população, de que em prioridades definidas pelas programações e pelas estratégias
são exemplos aquelas relativas a saneamento, recursos hídricos, ha- das políticas de reorientação do Sistema;
bitação e meio ambiente. f) a transformação nos mecanismos de financiamento federal
das ações, com o respectivo desenvolvimento de novas formas de
7. PAPEL DO GESTOR FEDERAL informatização, compatíveis à natureza dos grupos de ações, espe-
cialmente as básicas, de serviços complementares e de procedimen-
No que respeita ao gestor federal, são identificados quatro pa- tos de alta e média complexidade, estimulando o uso dos mesmos
péis básicos, quais sejam: pelos gestores estaduais e municipais;
a) exercer a gestão do SUS, no âmbito nacional; g) o desenvolvimento de sistemáticas de transferência de re-
b) promover as condições e incentivar o gestor estadual com cursos vinculada ao fornecimento regular, oportuno e suficiente de
vistas ao desenvolvimento dos sistemas municipais, de modo a con- informações específicas, e que agreguem o conjunto de ações e ser-
formar o SUS-Estadual; viços de atenção à saúde, relativo a grupos prioritários de eventos
c) fomentar a harmonização, a integração e a modernização vitais ou nosológicos;
dos sistemas estaduais compondo, assim, o SUS-Nacional; e h) a adoção, como referência mínima, das tabelas nacionais de
d) exercer as funções de normalização e de coordenação no que valores do SUS, bem assim a flexibilização do seu uso diferenciado
se refere à gestão nacional do SUS. pelos gestores estaduais e municipais, segundo prioridades locais e
Da mesma forma que no âmbito estadual, o exercício dos pa- ou regionais;
péis do gestor federal requer a configuração de sistemas de apoio i) o incentivo aos gestores estadual e municipal ao pleno exer-
logístico e de atuação estratégica, que consolidam os sistemas es- cício das funções de controle, avaliação e auditoria, mediante o
taduais e propiciam, ao SUS, maior eficiência com qualidade, quais desenvolvimento e a implementação de instrumentos operacionais,
sejam: para o uso das esferas gestoras e para a construção efetiva do Siste-
a) informação informatizada; ma Nacional de Auditoria;
b) financiamento; j) o desenvolvimento de atividades de educação e de comuni-
c) programação, acompanhamento, controle e avaliação; cação social;
d) apropriação de custos e avaliação econômica; k) o incremento da capacidade reguladora da direção nacional
e) desenvolvimento de recursos humanos; do SUS, em relação aos sistemas complementares de prestação de
f) desenvolvimento e apropriação de ciência e tecnologias; e serviços ambulatoriais e hospitalares de alto custo, de tratamento
g) comunicação social e educação em saúde. fora do domicílio, bem assim de disponibilidade de medicamentos e
O desenvolvimento desses sistemas depende, igualmente, da insumos especiais;
viabilização de negociações com os diversos atores envolvidos e da l) a reorientação e a implementação dos sistemas de vigilância
ratificação das programações e decisões, o que ocorre mediante o epidemiológica, de vigilância sanitária, de vigilância alimentar e nu-
pleno funcionamento do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e da CIT. tricional, bem como o redimensionamento das atividades relativas
Depende, além disso, do redimensionamento da direção nacio- à saúde do trabalhador e às de execução da vigilância sanitária de
nal do Sistema, tanto em termos da estrutura, quanto de agilidade portos, aeroportos e fronteiras;
e de integração, como no que se refere às estratégias, aos meca- m) a reorientação e a implementação dos diversos sistemas de
nismos e aos instrumentos de articulação com os demais níveis de informações epidemiológicas, bem assim de produção de serviços e
gestão, destacando-se: de insumos críticos;
154
LEGISLAÇÃO
n) a reorientação e a implementação do sistema de redes de 9. BASES PARA UM NOVO MODELO DE ATENÇÃO À SAÚDE
laboratórios de referência para o controle da qualidade, para a vigi-
lância sanitária e para a vigilância epidemiológica; A composição harmônica, integrada e modernizada do SUS
o) a reorientação e a implementação da política nacional de visa, fundamentalmente, atingir a dois propósitos essenciais à con-
assistência farmacêutica; cretização dos ideais constitucionais e, portanto, do direito à saúde,
p) o apoio e a cooperação a estados e municípios para a imple- que são:
mentação de ações voltadas ao controle de agravos, que constitu- a) a consolidação de vínculos entre diferentes segmentos so-
am risco de disseminação nacional; ciais e o SUS; e
q) a promoção da atenção à saúde das populações indígenas, b) a criação de condições elementares e fundamentais para a
realizando, para tanto, as articulações necessárias, intra e interse- eficiência e a eficácia gerenciais, com qualidade.
torial; O primeiro propósito é possível porque, com a nova formulação
r) a elaboração de programação nacional, pactuada com os es- dos sistemas municipais, tanto os segmentos sociais, minimamente
tados, relativa à execução de ações específicas voltadas ao controle agregados entre si com sentimento comunitário − os munícipes −,
de vetores responsáveis pela transmissão de doenças, que consti- quanto a instância de poder político-administrativo, historicamente
tuem risco de disseminação regional ou nacional, e que exijam a reconhecida e legitimada − o poder municipal − apropriam-se de
eventual intervenção do poder federal; um conjunto de serviços bem definido, capaz de desenvolver uma
s) a identificação dos serviços estaduais e municipais de refe- programação de atividades publicamente pactuada. Com isso, fica
rência nacional, com vistas ao estabelecimento dos padrões técni- bem caracterizado o gestor responsável; as atividades são gerencia-
cos da assistência à saúde; das por pessoas perfeitamente identificáveis; e os resultados mais
t) a estimulação, a indução e a coordenação do desenvolvimen- facilmente usufruídos pela população.
to científico e tecnológico no campo da saúde, mediante interlo- O conjunto desses elementos propicia uma nova condição de
cução crítica das inovações científicas e tecnológicas, por meio da participação com vínculo, mais criativa e realizadora para as pesso-
articulação intra e intersetorial; as, e que acontece não-somente nas instâncias colegiadas formais
u) a participação na formulação da política e na execução das − conferências e conselhos − mas em outros espaços constituídos
ações de saneamento básico. por atividades sistemáticas e permanentes, inclusive dentro dos
próprios serviços de atendimento.
8. DIREÇÃO E ARTICULAÇÃO Cada sistema municipal deve materializar, de forma efetiva, a
vinculação aqui explicitada. Um dos meios, certamente, é a institui-
A direção do Sistema Único de Saúde (SUS), em cada esfera de ção do cartão SUS-MUNICIPAL, com numeração nacional, de modo
governo, é composta pelo órgão setorial do poder executivo e pelo a identificar o cidadão com o seu sistema e agregá-lo ao sistema
respectivo Conselho de Saúde, nos termos das Leis Nº 8.080/90 e nacional. Essa numeração possibilita uma melhor referência inter-
Nº 8.142/1990. municipal e garante o atendimento de urgência por qualquer servi-
O processo de articulação entre os gestores, nos diferentes ní- ço de saúde, estatal ou privado, em todo o País. A regulamentação
veis do Sistema, ocorre, preferencialmente, em dois colegiados de desse mecanismo de vinculação será objeto de discussão e apro-
negociação: a Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e a Comissão vação pelas instâncias colegiadas competentes, com conseqüente
Intergestores Bipartite (CIB). formalização por ato do MS.
A CIT é composta, paritariamente, por representação do Minis- O segundo propósito é factível, na medida em que estão perfei-
tério da Saúde (MS), do Conselho Nacional de Secretários Estaduais tamente identificados os elementos críticos essenciais a uma gestão
de Saúde (CONASS) e do Conselho Nacional de Secretários Munici- eficiente e a uma produção eficaz, a saber:
pais de Saúde (CONASEMS). a) a clientela que, direta e imediatamente, usufrui dos serviços;
A CIB, composta igualmente de forma paritária, é integrada por b) o conjunto organizado dos estabelecimentos produtores des-
representação da Secretaria Estadual de Saúde (SES) e do Conselho ses serviços; e
Estadual de Secretários Municipais de Saúde (COSEMS) ou órgão c) a programação pactuada, com a correspondente orçamen-
equivalente. Um dos representantes dos municípios é o Secretário tação participativa.
de Saúde da Capital. A Bipartite pode operar com subcomissões re- Os elementos, acima apresentados, contribuem para um geren-
gionais. ciamento que conduz à obtenção de resultados efetivos, a despeito
As conclusões das negociações pactuadas na CIT e na CIB são da indisponibilidade de estímulos de um mercado consumidor es-
formalizadas em ato próprio do gestor respectivo. Aquelas referen- pontâneo. Conta, no entanto, com estímulos agregados, decorren-
tes a matérias de competência dos Conselhos de Saúde, definidas tes de um processo de gerenciamento participativo e, sobretudo, da
por força da Lei Orgânica, desta NOB ou de resolução específica concreta possibilidade de comparação com realidades muito próxi-
dos respectivos Conselhos são submetidas previamente a estes mas, representadas pelos resultados obtidos nos sistemas vizinhos.
para aprovação. As demais resoluções devem ser encaminhadas, A ameaça da ocorrência de gastos exagerados, em decorrência
no prazo máximo de 15 dias decorridos de sua publicação, para de um processo de incorporação tecnológica acrítico e desregulado,
conhecimento, avaliação e eventual recurso da parte que se julgar é um risco que pode ser minimizado pela radicalização na reorgani-
prejudicada, inclusive no que se refere à habilitação dos estados e zação do SUS: um Sistema regido pelo interesse público e balizado,
municípios às condições de gestão desta Norma. por um lado, pela exigência da universalização e integralidade com
eqüidade e, por outro, pela própria limitação de recursos, que deve
ser programaticamente respeitada.
155
LEGISLAÇÃO
Esses dois balizamentos são objeto da programação elaborada Nessa nova relação, a pessoa é estimulada a ser agente da sua
no âmbito municipal, e sujeita à ratificação que, negociada e pactu- própria saúde e da saúde da comunidade que integra. Na interven-
ada nas instâncias estadual e federal, adquire a devida racionalida- ção ambiental, o SUS assume algumas ações específicas e busca a
de na alocação de recursos em face às necessidades. articulação necessária com outros setores, visando a criação das
Assim, tendo como referência os propósitos anteriormente ex- condições indispensáveis à promoção, à proteção e à recuperação
plicitados, a presente Norma Operacional Básica constitui um im- da saúde.
portante mecanismo indutor da conformação de um novo modelo
de atenção à saúde, na medida em que disciplina o processo de or- 10.FINANCIAMENTO DAS AÇÕES E SERVIÇOS DE SAÚDE
ganização da gestão desta atenção, com ênfase na consolidação da
direção única em cada esfera de governo e na construção da rede 10.1.RESPONSABILIDADES
regionalizada e hierarquizada de serviços.
Essencialmente, o novo modelo de atenção deve resultar na O financiamento do SUS é de responsabilidade das três esferas
ampliação do enfoque do modelo atual, alcançando-se, assim, a de governo e cada uma deve assegurar o aporte regular de recur-
efetiva integralidade das ações. Essa ampliação é representada sos, ao respectivo fundo de saúde.
pela incorporação, ao modelo clínico dominante (centrado na doen- Conforme determina o Artigo 194 da Constituição Federal, a
ça), do modelo epidemiológico, o qual requer o estabelecimento de Saúde integra a Seguridade Social, juntamente com a Previdência e
vínculos e processos mais abrangentes. a Assistência Social. No inciso VI do parágrafo único desse mesmo
O modelo vigente, que concentra sua atenção no caso clínico, Artigo, está determinado que a Seguridade Social será organizada
na relação individualizada entre o profissional e o paciente, na in- pelo poder público, observada a “diversidade da base de financia-
tervenção terapêutica armada (cirúrgica ou medicamentosa) espe- mento”.
cífica, deve ser associado, enriquecido, transformado em um mode- Já o Artigo 195 determina que a Seguridade Social será finan-
lo de atenção centrado na qualidade de vida das pessoas e do seu ciada com recursos provenientes dos orçamentos da União, dos
meio ambiente, bem como na relação da equipe de saúde com a Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e de Contribuições
comunidade, especialmente, com os seus núcleos sociais primários Sociais.
– as famílias. Essa prática, inclusive, favorece e impulsiona as mu-
danças globais, intersetoriais. 10.2. FONTES
O enfoque epidemiológico atende ao compromisso da integra-
lidade da atenção, ao incorporar, como objeto das ações, a pessoa, As principais fontes específicas da Seguridade Social incidem
o meio ambiente e os comportamentos interpessoais. Nessa cir- sobre a Folha de Salários (Fonte 154), o Faturamento (Fonte 153 -
cunstância, o método para conhecimento da realidade complexa e COFINS) e o Lucro (Fonte 151 - Lucro Líquido).
para a realização da intervenção necessária fundamenta-se mais Até 1992, todas essas fontes integravam o orçamento do Mi-
na síntese do que nas análises, agregando, mais do que isolando, nistério da Saúde e ainda havia aporte significativo de fontes fiscais
diferentes fatores e variáveis. (Fonte 100 - Recursos Ordinários, provenientes principalmente da
Os conhecimentos − resultantes de identificações e compre- receita de impostos e taxas). A partir de 1993, deixou de ser repas-
ensões − que se faziam cada vez mais particularizados e isolados sada ao MS a parcela da Contribuição sobre a Folha de Salários
(com grande sofisticação e detalhamento analítico) devem possibi- (Fonte 154, arrecadada pelo Instituto Nacional de Seguridade Social
litar, igualmente, um grande esforço de visibilidade e entendimento - INSS).
integrador e globalizante, com o aprimoramento dos processos de Atualmente, as fontes que asseguram o maior aporte de re-
síntese, sejam lineares, sistêmicos ou dialéticos. cursos ao MS são a Contribuição sobre o Faturamento (Fonte 153
Além da ampliação do objeto e da mudança no método, o mo- - COFINS) e a Contribuição sobre o Lucro Líquido (Fonte 151), sendo
delo adota novas tecnologias, em que os processos de educação e que os aportes provenientes de Fontes Fiscais são destinados prati-
de comunicação social constituem parte essencial em qualquer nível camente à cobertura de despesas com Pessoal e Encargos Sociais.
ou ação, na medida em que permitem a compreensão globalizadora Dentro da previsibilidade de Contribuições Sociais na esfera fe-
a ser perseguida, e fundamentam a negociação necessária à mu- deral, no âmbito da Seguridade Social, uma fonte específica para
dança e à associação de interesses conscientes. É importante, nesse financiamento do SUS -a Contribuição Provisória sobre Movimen-
âmbito, a valorização da informação informatizada. tações Financeiras - está criada, ainda que em caráter provisório.
Além da ampliação do objeto, da mudança do método e da tec- A solução definitiva depende de uma reforma tributária que reveja
nologia predominantes, enfoque central deve ser dado à questão da esta e todas as demais bases tributárias e financeiras do Governo,
ética. O modelo vigente – assentado na lógica da clínica – baseia-se, da Seguridade e, portanto, da Saúde.
principalmente, na ética do médico, na qual a pessoa (o seu objeto) Nas esferas estadual e municipal, além dos recursos oriundos
constitui o foco nuclear da atenção. do respectivo Tesouro, o financiamento do SUS conta com recursos
O novo modelo de atenção deve perseguir a construção da transferidos pela União aos Estados e pela União e Estados aos Mu-
ética do coletivo que incorpora e transcende a ética do individual. nicípios. Esses recursos devem ser previstos no orçamento e iden-
Dessa forma é incentivada a associação dos enfoques clínico e epi- tificados nos fundos de saúde estadual e municipal como receita
demiológico. Isso exige, seguramente, de um lado, a transformação operacional proveniente da esfera federal e ou estadual e utilizados
na relação entre o usuário e os agentes do sistema de saúde (resta- na execução de ações previstas nos respectivos planos de saúde e
belecendo o vínculo entre quem presta o serviço e quem o recebe) na PPI.
e, de outro, a intervenção ambiental, para que sejam modificados
fatores determinantes da situação de saúde.
156
LEGISLAÇÃO
157
LEGISLAÇÃO
para a realização das atividades, consolidar as informações neces- O elenco de procedimentos custeados pelo PAB, assim como o
sárias, analisar os resultados obtidos em decorrência de suas ações, valor per capita nacional único − base de cálculo deste Piso − são
propor medidas corretivas e interagir com outras áreas da adminis- propostos pela CIT e votados no CNS. Nessas definições deve ser
tração, visando o pleno exercício, pelo gestor, de suas atribuições, observado o perfil de serviços disponíveis na maioria dos municí-
de acordo com a legislação que regulamenta o Sistema Nacional de pios, objetivando o progressivo incremento desses serviços, até que
Auditoria no âmbito do SUS. a atenção integral à saúde esteja plenamente organizada, em todo
11.2.4. As ações de controle devem priorizar os procedimentos o País. O valor per capita nacional único é reajustado com a mesma
técnicos e administrativos prévios à realização de serviços e à or- periodicidade, tendo por base, no mínimo, o incremento médio da
denação dos respectivos pagamentos, com ênfase na garantia da tabela de procedimentos do Sistema de Informações Ambulatoriais
autorização de internações e procedimentos ambulatoriais − tendo do SUS (SIA/SUS).
como critério fundamental a necessidade dos usuários − e o rigoro- A transferência total do PAB será suspensa no caso da não-ali-
so monitoramento da regularidade e da fidedignidade dos registros mentação, pela SMS junto à SES, dos bancos de dados de interesse
de produção e faturamento de serviços. nacional, por mais de dois meses consecutivos.
11.2.5. O exercício da função gestora no SUS, em todos os níveis 12.1.2. Incentivo aos Programas de Saúde da Família (PSF) e de
de governo, exige a articulação permanente das ações de progra- Agentes Comunitários de Saúde (PACS)
mação, controle, avaliação e auditoria; a integração operacional Fica estabelecido um acréscimo percentual ao montante do
das unidades organizacionais, que desempenham estas atividades, PAB, de acordo com os critérios a seguir relacionados, sempre que
no âmbito de cada órgão gestor do Sistema; e a apropriação dos estiverem atuando integradamente à rede municipal, equipes de
seus resultados e a identificação de prioridades, no processo de de- saúde da família, agentes comunitários de saúde, ou estratégias si-
cisão política da alocação dos recursos. milares de garantia da integralidade da assistência, avaliadas pelo
11.2.6. O processo de reorientação do modelo de atenção e de órgão do MS (SAS/MS) com base em normas da direção nacional
consolidação do SUS requer o aperfeiçoamento e a disseminação do SUS.
dos instrumentos e técnicas de avaliação de resultados e do impac- a) Programa de Saúde da Família (PSF):
to das ações do Sistema sobre as condições de saúde da população, acréscimo de 3% sobre o valor do PAB para cada 5% da po-
priorizando o enfoque epidemiológico e propiciando a permanente pulação coberta, até atingir 60% da população total do município;
seleção de prioridade de intervenção e a reprogramação contínua acréscimo de 5% para cada 5% da população coberta entre
da alocação de recursos. O acompanhamento da execução das 60% e 90% da população total do município; e
ações programadas é feito permanentemente pelos gestores e pe- acréscimo de 7% para cada 5% da população coberta entre
riodicamente pelos respectivos Conselhos de Saúde, com base em 90% e 100% da população total do município.
informações sistematizadas, que devem possibilitar a avaliação Esses acréscimos têm, como limite, 80% do valor do PAB origi-
qualitativa e quantitativa destas ações. A avaliação do cumprimen- nal do município.
to das ações programadas em cada nível de governo deve ser feita b) Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS):
em Relatório de Gestão Anual, cujo roteiro de elaboração será apre- acréscimo de 1% sobre o valor do PAB para cada 5% da po-
sentado pelo MS e apreciado pela CIT e pelo CNS. pulação coberta até atingir 60% da população total do município;
acréscimo de 2% para cada 5% da população coberta entre
12.CUSTEIO DA ASSISTÊNCIA HOSPITALAR E AMBULATORIAL 60% e 90% da população total do município; e
acréscimo de 3% para cada 5% da população coberta entre
Os recursos de custeio da esfera federal destinados à assistên- 90% e 100% da população total do município.
cia hospitalar e ambulatorial, conforme mencionado anteriormente, Esses acréscimos têm, como limite, 30% do valor do PAB origi-
configuram o TFA, e os seus valores podem ser executados segundo nal do município.
duas modalidades: Transferência Regular e Automática (Fundo a c) Os percentuais não são cumulativos quando a população co-
Fundo) e Remuneração por Serviços Produzidos. berta pelo PSF e pelo PACS ou por estratégias similares for a mesma.
12.1. Transferência Regular e Automática Fundo a Fundo Os percentuais acima referidos são revistos quando do incre-
Consiste na transferência de valores diretamente do Fundo Na- mento do valor per capita nacional único, utilizado para o cálculo
cional de Saúde aos fundos estaduais e municipais, independente de do PAB e do elenco de procedimentos relacionados a este Piso. Essa
convênio ou instrumento congênere, segundo as condições de ges- revisão é proposta na CIT e votada no CNS. Por ocasião da incorpo-
tão estabelecidas nesta NOB. Esses recursos podem corresponder a ração desses acréscimos, o teto financeiro da assistência do estado
uma ou mais de uma das situações descritas a seguir. é renegociado na CIT e apreciado pelo CNS.
12.1.1. Piso Assistencial Básico (PAB) A ausência de informações que comprovem a produção mensal
O PAB consiste em um montante de recursos financeiros desti- das equipes, durante dois meses consecutivos ou quatro alternados
nado ao custeio de procedimentos e ações de assistência básica, de em um ano, acarreta a suspensão da transferência deste acréscimo.
responsabilidade tipicamente municipal. Esse Piso é definido pela 12.1.3. Fração Assistencial Especializada (FAE)
multiplicação de um valor per capita nacional pela população de É um montante que corresponde a procedimentos ambulato-
cada município (fornecida pelo IBGE), e transferido regular e auto- riais de média complexidade, medicamentos e insumos excepcio-
maticamente ao fundo de saúde ou conta especial dos municípios nais, órteses e próteses ambulatoriais e Tratamento Fora do Domi-
e, transitoriamente, ao fundo estadual, conforme condições estipu- cílio (TFD), sob gestão do estado.
ladas nesta NOB. As transferências do PAB aos estados correspon- O órgão competente do MS formaliza, por portaria, esse elenco
dem, exclusivamente, ao valor para cobertura da população resi- a partir de negociação na CIT e que deve ser objeto da programação
dente em municípios ainda não habilitados na forma desta Norma integrada quanto a sua oferta global no estado.
Operacional.
158
LEGISLAÇÃO
A CIB explicita os quantitativos e respectivos valores desses pro- 12.2.2. Remuneração de Procedimentos Ambulatoriais de Alto
cedimentos, que integram os tetos financeiros da assistência dos Custo/ Complexidade
municípios em gestão plena do sistema de saúde e os que perma- Consiste no pagamento dos valores apurados por intermédio
necem sob gestão estadual. Neste último, o valor programado da do SIA/SUS, com base na Autorização de Procedimentos de Alto Cus-
FAE é transferido, regular e automaticamente, do Fundo Nacional to (APAC), documento este que identifica cada paciente e assegura a
ao Fundo Estadual de Saúde, conforme as condições de gestão das prévia autorização e o registro adequado dos serviços que lhe foram
SES definidas nesta NOB. Não integram o elenco de procedimentos prestados. Compreende procedimentos ambulatoriais integrantes
cobertos pela FAE aqueles relativos ao PAB e os definidos como de do SIA/SUS definidos na CIT e formalizados por portaria do órgão
alto custo/complexidade por portaria do órgão competente do Mi- competente do Ministério (SAS/MS).
nistério (SAS/MS). 12.2.3. Remuneração Transitória por Serviços Produzidos
12.1.4. Teto Financeiro da Assistência do Município (TFAM) O MS é responsável pela remuneração direta, por serviços pro-
É um montante que corresponde ao financiamento do conjunto duzidos, dos procedimentos relacionados ao PAB e à FAE, enquanto
das ações assistenciais assumidas pela SMS. O TFAM é transferido, houver municípios que não estejam na condição de gestão semiple-
regular e automaticamente, do Fundo Nacional ao Fundo Municipal na da NOB 01/93 ou nas condições de gestão municipal definidas
de Saúde, de acordo com as condições de gestão estabelecidas por nesta NOB naqueles estados em condição de gestão convencional.
esta NOB e destina-se ao custeio dos serviços localizados no territó- 12.2.4. Fatores de Incentivo e Índices de Valorização
rio do município (exceção feita àqueles eventualmente excluídos da O Fator de Incentivo ao Desenvolvimento do Ensino e da Pes-
gestão municipal por negociação na CIB). quisa em Saúde (FIDEPS) e o Índice de Valorização Hospitalar de
12.1.5. Teto Financeiro da Assistência do Estado (TFAE) Emergência (IVH-E), bem como outros fatores e ou índices que inci-
É um montante que corresponde ao financiamento do conjunto dam sobre a remuneração por produção de serviços, eventualmente
das ações assistenciais sob a responsabilidade da SES. O TFAE cor- estabelecidos, estão condicionados aos critérios definidos em nível
responde ao TFA fixado na CIT e formalizado em portaria do órgão federal e à avaliação da CIB em cada Estado. Esses fatores e índices
competente do Ministério (SAS/MS). integram o teto financeiro da assistência do município e do respec-
Esses valores são transferidos, regular e automaticamente, do tivo estado.
Fundo Nacional ao Fundo Estadual de Saúde, de acordo com as con-
dições de gestão estabelecidas por esta NOB, deduzidos os valores 13. CUSTEIO DAS AÇÕES DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA
comprometidos com as transferências regulares e automáticas ao
conjunto de municípios do estado (PAB e TFAM). Os recursos da esfera federal destinados à vigilância sanitá-
12.1.6. Índice de Valorização de Resultados (IVR) ria configuram o Teto Financeiro da Vigilância Sanitária (TFVS) e
Consiste na atribuição de valores adicionais equivalentes a até os seus valores podem ser executados segundo duas modalidades:
2% do teto financeiro da assistência do estado, transferidos, regular Transferência Regular e Automática Fundo a Fundo e Remuneração
e automaticamente, do Fundo Nacional ao Fundo Estadual de Saú- de Serviços Produzidos.
de, como incentivo à obtenção de resultados de impacto positivo so- 13.1. Transferência Regular e Automática Fundo a Fundo
bre as condições de saúde da população, segundo critérios definidos Consiste na transferência de valores diretamente do Fundo Na-
pela CIT e fixados em portaria do órgão competente do Ministério cional de Saúde aos fundos estaduais e municipais, independente de
(SAS/MS). Os recursos do IVR podem ser transferidos pela SES às convênio ou instrumento congênere, segundo as condições de ges-
SMS, conforme definição da CIB. tão estabelecidas nesta NOB. Esses recursos podem corresponder a
12.2. Remuneração por Serviços Produzidos uma ou mais de uma das situações descritas a seguir.
Consiste no pagamento direto aos prestadores estatais ou pri- 13.1.1. Piso Básico de Vigilância Sanitária (PBVS)
vados contratados e conveniados, contra apresentação de faturas, Consiste em um montante de recursos financeiros destinado ao
referente a serviços realizados conforme programação e mediante custeio de procedimentos e ações básicas da vigilância sanitária, de
prévia autorização do gestor, segundo valores fixados em tabelas responsabilidade tipicamente municipal. Esse Piso é definido pela
editadas pelo órgão competente do Ministério (SAS/MS). multiplicação de um valor per capita nacional pela população de
Esses valores estão incluídos no TFA do estado e do município cada município (fornecida pelo IBGE), transferido, regular e auto-
e são executados mediante ordenação de pagamento por parte do maticamente, ao fundo de saúde ou conta especial dos municípios
gestor. Para municípios e estados que recebem transferências de e, transitoriamente, dos estados, conforme condições estipuladas
tetos da assistência (TFAM e TFAE, respectivamente), conforme as nesta NOB. O PBVS somente será transferido a estados para cober-
condições de gestão estabelecidas nesta NOB, os valores relativos à tura da população residente em municípios ainda não habilitados
remuneração por serviços produzidos estão incluídos nos tetos da na forma desta Norma Operacional.
assistência, definidos na CIB. O elenco de procedimentos custeados pelo PBVS, assim como
A modalidade de pagamento direto, pelo gestor federal, a pres- o valor per capita nacional único − base de cálculo deste Piso − ,
tadores de serviços ocorre apenas nas situações em que não fazem são definidos em negociação na CIT e formalizados por portaria do
parte das transferências regulares e automáticas fundo a fundo, órgão competente do Ministério (Secretaria de Vigilância Sanitária
conforme itens a seguir especificados. - SVS/MS), previamente aprovados no CNS. Nessa definição deve
12.2.1. Remuneração de Internações Hospitalares ser observado o perfil de serviços disponíveis na maioria dos muni-
Consiste no pagamento dos valores apurados por intermédio cípios, objetivando o progressivo incremento das ações básicas de
do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), englo- vigilância sanitária em todo o País. Esses procedimentos integram
bando o conjunto de procedimentos realizados em regime de in- o Sistema de Informação de Vigilância Sanitária do SUS (SIVS/SUS).
ternação, com base na Autorização de Internação Hospitalar (AIH), 13.1.2. Índice de Valorização do Impacto em Vigilância Sanitá-
documento este de autorização e fatura de serviços. ria (IVISA)
159
LEGISLAÇÃO
Consiste na atribuição de valores adicionais equivalentes a até 14.2. Remuneração por Serviços Produzidos
2% do teto financeiro da vigilância sanitária do estado, a serem Consiste no pagamento direto às SES e SMS, pelas ações de
transferidos, regular e automaticamente, do Fundo Nacional ao epidemiologia e controle de doenças, conforme tabela de procedi-
Fundo Estadual de Saúde, como incentivo à obtenção de resultados mentos discutida na CIT e aprovada no CNS, editada pelo MS, obser-
de impacto significativo sobre as condições de vida da população, vadas as condições de gestão estabelecidas nesta NOB, contra apre-
segundo critérios definidos na CIT, e fixados em portaria do órgão sentação de demonstrativo de atividades realizadas, encaminhado
competente do Ministério (SVS/MS), previamente aprovados no pela SES ou SMS ao MS.
CNS. Os recursos do IVISA podem ser transferidos pela SES às SMS, 14.3. Transferência por Convênio
conforme definição da CIB. Consiste na transferência de recursos oriundos do órgão espe-
13.2. Remuneração Transitória por Serviços Produzidos cífico do MS (FNS/MS), por intermédio do Fundo Nacional de Saúde,
13.2.1. Programa Desconcentrado de Ações de Vigilância Sani- mediante programação e critérios discutidos na CIT e aprovados
tária (PDAVS) pelo CNS, para:
Consiste no pagamento direto às SES e SMS, pela prestação de a) estímulo às atividades de epidemiologia e controle de do-
serviços relacionados às ações de competência exclusiva da SVS/ enças;
MS, contra a apresentação de demonstrativo de atividades realiza- b) custeio de operações especiais em epidemiologia e controle
das pela SES ao Ministério. Após negociação e aprovação na CIT e de doenças;
prévia aprovação no CNS, e observadas as condições estabelecidas c) financiamento de projetos de cooperação técnico-científica
nesta NOB, a SVS/MS publica a tabela de procedimentos do PDAVS na área de epidemiologia e controle de doenças, quando encami-
e o valor de sua remuneração. nhados pela CIB.
13.2.2. Ações de Média e Alta Complexidade em Vigilância Sa-
nitária 15. CONDIÇÕES DE GESTÃO DO MUNICÍPIO
Consiste no pagamento direto às SES e às SMS, pela execução
de ações de média e alta complexidade de competência estadual As condições de gestão, estabelecidas nesta NOB, explicitam
e municipal contra a apresentação de demonstrativo de atividades as responsabilidades do gestor municipal, os requisitos relativos às
realizadas ao MS. Essas ações e o valor de sua remuneração são modalidades de gestão e as prerrogativas que favorecem o seu de-
definidos em negociação na CIT e formalizados em portaria do ór- sempenho.
gão competente do Ministério (SVS/MS), previamente aprovadas no A habilitação dos municípios às diferentes condições de gestão
CNS. significa a declaração dos compromissos assumidos por parte do
gestor perante os outros gestores e perante a população sob sua
14. CUSTEIO DAS AÇÕES DE EPIDEMIOLOGIA E DE CONTROLE responsabilidade.
DE DOENÇAS A partir desta NOB, os municípios podem habilitar-se em duas
condições:
Os recursos da esfera federal destinados às ações de epidemio- a) GESTÃO PLENA DA ATENÇÃO BÁSICA; e
logia e controle de doenças não contidas no elenco de procedimen- b) GESTÃO PLENA DO SISTEMA MUNICIPAL.
tos do SIA/SUS e SIH/SUS configuram o Teto Financeiro de Epidemio- Os municípios que não aderirem ao processo de habilitação
logia e Controle de Doenças (TFECD). permanecem, para efeito desta Norma Operacional, na condição de
O elenco de procedimentos a serem custeados com o TFECD é prestadores de serviços ao Sistema, cabendo ao estado a gestão do
definido em negociação na CIT, aprovado pelo CNS e formalizado SUS naquele território municipal, enquanto for mantida a situação
em ato próprio do órgão específico do MS (Fundação Nacional de de não-habilitado.
Saúde -FNS/MS). As informações referentes ao desenvolvimento 15.1. GESTÃO PLENA DA ATENÇÃO BÁSICA
dessas ações integram sistemas próprios de informação definidos 15.1.1. Responsabilidades
pelo Ministério da Saúde. a) Elaboração de programação municipal dos serviços básicos,
O valor desse Teto para cada estado é definido em negociação inclusive domiciliares e comunitários, e da proposta de referência
na CIT, com base na PPI, a partir das informações fornecidas pelo ambulatorial especializada e hospitalar para seus munícipes, com
Comitê Interinstitucional de Epidemiologia e formalizado em ato incorporação negociada à programação estadual.
próprio do órgão específico do MS (FNS/MS). b) Gerência de unidades ambulatoriais próprias.
Esse Comitê, vinculado ao Secretário Estadual de Saúde, arti- c) Gerência de unidades ambulatoriais do estado ou da União,
culando os órgãos de epidemiologia da SES, do MS no estado e de salvo se a CIB ou a CIT definir outra divisão de responsabilidades.
outras entidades que atuam no campo da epidemiologia e contro- d) Reorganização das unidades sob gestão pública (estatais,
le de doenças, é uma instância permanente de estudos, pesquisas, conveniadas e contratadas), introduzindo a prática do cadastra-
análises de informações e de integração de instituições afins. mento nacional dos usuários do SUS, com vistas à vinculação de
Os valores do TFECD podem ser executados por ordenação do clientela e à sistematização da oferta dos serviços.
órgão específico do MS, conforme as modalidades apresentadas a e) Prestação dos serviços relacionados aos procedimentos co-
seguir. bertos pelo PAB e acompanhamento, no caso de referência interna
14.1. Transferência Regular e Automática Fundo a Fundo ou externa ao município, dos demais serviços prestados aos seus
Consiste na transferência de valores diretamente do Fundo Na- munícipes, conforme a PPI, mediado pela relação gestor-gestor com
cional de Saúde aos Fundos Estaduais e Municipais, independente- a SES e as demais SMS.
mente de convênio ou instrumento congênere, segundo as condi- f) Contratação, controle, auditoria e pagamento aos prestado-
ções de gestão estabelecidas nesta NOB e na PPI, aprovada na CIT res dos serviços contidos no PAB.
e no CNS.
160
LEGISLAÇÃO
g) Operação do SIA/SUS quanto a serviços cobertos pelo PAB, a) Elaboração de toda a programação municipal, contendo,
conforme normas do MS, e alimentação, junto à SES, dos bancos de inclusive, a referência ambulatorial especializada e hospitalar, com
dados de interesse nacional. incorporação negociada à programação estadual.
h) Autorização, desde que não haja definição em contrário da b) Gerência de unidades próprias, ambulatoriais e hospitalares,
CIB, das internações hospitalares e dos procedimentos ambulato- inclusive as de referência.
riais especializados, realizados no município, que continuam sendo c) Gerência de unidades ambulatoriais e hospitalares do estado
pagos por produção de serviços. e da União, salvo se a CIB ou a CIT definir outra divisão de respon-
i) Manutenção do cadastro atualizado das unidades assisten- sabilidades.
ciais sob sua gestão, segundo normas do MS. d) Reorganização das unidades sob gestão pública (estatais,
j) Avaliação permanente do impacto das ações do Sistema so- conveniadas e contratadas), introduzindo a prática do cadastra-
bre as condições de saúde dos seus munícipes e sobre o seu meio mento nacional dos usuários do SUS, com vistas à vinculação da
ambiente. clientela e sistematização da oferta dos serviços.
k) Execução das ações básicas de vigilância sanitária, incluídas e) Garantia da prestação de serviços em seu território, inclusive
no PBVS. os serviços de referência aos não-residentes, no caso de referência
l) Execução das ações básicas de epidemiologia, de controle de interna ou externa ao município, dos demais serviços prestados aos
doenças e de ocorrências mórbidas, decorrentes de causas exter- seus munícipes, conforme a PPI, mediado pela relação gestor-gestor
nas, como acidentes, violências e outras, incluídas no TFECD. com a SES e as demais SMS.
m) Elaboração do relatório anual de gestão e aprovação pelo f) Normalização e operação de centrais de controle de procedi-
CMS. mentos ambulatoriais e hospitalares relativos à assistência aos seus
15.1.2. Requisitos munícipes e à referência intermunicipal.
a) Comprovar o funcionamento do CMS. g) Contratação, controle, auditoria e pagamento aos prestado-
b) Comprovar a operação do Fundo Municipal de Saúde. res de serviços ambulatoriais e hospitalares, cobertos pelo TFGM.
c) Apresentar o Plano Municipal de Saúde e comprometer-se h) Administração da oferta de procedimentos ambulatoriais de
a participar da elaboração e da implementação da PPI do estado, alto custo e procedimentos hospitalares de alta complexidade con-
bem assim da alocação de recursos expressa na programação. forme a PPI e segundo normas federais e estaduais.
d) Comprovar capacidade técnica e administrativa e condições i) Operação do SIH e do SIA/SUS, conforme normas do MS, e ali-
materiais para o exercício de suas responsabilidades e prerrogati- mentação, junto às SES, dos bancos de dados de interesse nacional.
vas quanto à contratação, ao pagamento, ao controle e à auditoria j) Manutenção do cadastro atualizado de unidades assisten-
dos serviços sob sua gestão. ciais sob sua gestão, segundo normas do MS.
e) Comprovar a dotação orçamentária do ano e o dispêndio re- k) Avaliação permanente do impacto das ações do Sistema so-
alizado no ano anterior, correspondente à contrapartida de recursos bre as condições de saúde dos seus munícipes e sobre o meio am-
financeiros próprios do Tesouro Municipal, de acordo com a legisla- biente.
ção em vigor. l) Execução das ações básicas, de média e alta complexidade em
f) Formalizar junto ao gestor estadual, com vistas à CIB, após vigilância sanitária, bem como, opcionalmente, as ações do PDAVS.
aprovação pelo CMS, o pleito de habilitação, atestando o cumpri- m) Execução de ações de epidemiologia, de controle de do-
mento dos requisitos relativos à condição de gestão pleiteada. enças e de ocorrências mórbidas, decorrentes de causas externas,
g) Dispor de médico formalmente designado como responsável como acidentes, violências e outras incluídas no TFECD.
pela autorização prévia, controle e auditoria dos procedimentos e 15.2.2. Requisitos
serviços realizados. a) Comprovar o funcionamento do CMS.
h) Comprovar a capacidade para o desenvolvimento de ações b) Comprovar a operação do Fundo Municipal de Saúde.
de vigilância sanitária. c) Participar da elaboração e da implementação da PPI do esta-
i) Comprovar a capacidade para o desenvolvimento de ações de do, bem assim da alocação de recursos expressa na programação.
vigilância epidemiológica. d) Comprovar capacidade técnica e administrativa e condições
j) Comprovar a disponibilidade de estrutura de recursos huma- materiais para o exercício de suas responsabilidades e prerrogati-
nos para supervisão e auditoria da rede de unidades, dos profissio- vas quanto à contratação, ao pagamento, ao controle e à auditoria
nais e dos serviços realizados. dos serviços sob sua gestão, bem como avaliar o impacto das ações
15.1.3. Prerrogativas do Sistema sobre a saúde dos seus munícipes.
a) Transferência, regular e automática, dos recursos correspon- e) Comprovar a dotação orçamentária do ano e o dispêndio no
dentes ao Piso da Atenção Básica (PAB). ano anterior correspondente à contrapartida de recursos financei-
b) Transferência, regular e automática, dos recursos correspon- ros próprios do Tesouro Municipal, de acordo com a legislação em
dentes ao Piso Básico de Vigilância Sanitária (PBVS). vigor.
c) Transferência, regular e automática, dos recursos correspon- f) Formalizar, junto ao gestor estadual com vistas à CIB, após
dentes às ações de epidemiologia e de controle de doenças. aprovação pelo CMS, o pleito de habilitação, atestando o cumpri-
d) Subordinação, à gestão municipal, de todas as unidades bá- mento dos requisitos específicos relativos à condição de gestão plei-
sicas de saúde, estatais ou privadas (lucrativas e filantrópicas), es- teada.
tabelecidas no território municipal. g) Dispor de médico formalmente designado pelo gestor como
15.2. GESTÃO PLENA DO SISTEMA MUNICIPAL responsável pela autorização prévia, controle e auditoria dos proce-
15.2.1. Responsabilidades dimentos e serviços realizados.
161
LEGISLAÇÃO
h) Apresentar o Plano Municipal de Saúde, aprovado pelo CMS, por esta NOB, exceto ao PDAVS nos termos definidos pela SVS/MS.
que deve conter as metas estabelecidas, a integração e articula- Essa condição corresponde ao exercício de funções mínimas de ges-
ção do município na rede estadual e respectivas responsabilidades tão do Sistema, que foram progressivamente incorporadas pelas
na programação integrada do estado, incluindo detalhamento da SES, não estando sujeita a procedimento específico de habilitação
programação de ações e serviços que compõem o sistema munici- nesta NOB.
pal, bem como os indicadores mediante dos quais será efetuado o 16.1. Responsabilidades comuns às duas condições de gestão
acompanhamento. estadual
i) Comprovar o funcionamento de serviço estruturado de vigi- a) Elaboração da PPI do estado, contendo a referência inter-
lância sanitária e capacidade para o desenvolvimento de ações de municipal e coordenação da negociação na CIB para alocação dos
vigilância sanitária. recursos, conforme expresso na programação.
j) Comprovar a estruturação de serviços e atividades de vigilân- b) Elaboração e execução do Plano Estadual de Prioridades de
cia epidemiológica e de controle de zoonoses. Investimentos, negociado na CIB e aprovado pelo CES.
k) Apresentar o Relatório de Gestão do ano anterior à solicita- c) Gerência de unidades estatais da hemorrede e de laborató-
ção do pleito, devidamente aprovado pelo CMS. rios de referência para controle de qualidade, para vigilância sani-
l) Assegurar a oferta, em seu território, de todo o elenco de tária e para a vigilância epidemiológica.
procedimentos cobertos pelo PAB e, adicionalmente, de serviços de d) Formulação e execução da política de sangue e hemoterapia.
apoio diagnóstico em patologia clínica e radiologia básicas. e) Organização de sistemas de referência, bem como a normali-
m) Comprovar a estruturação do componente municipal do Sis- zação e operação de câmara de compensação de AIH, procedimen-
tema Nacional de Auditoria (SNA). tos especializados e de alto custo e ou alta complexidade.
n) Comprovar a disponibilidade de estrutura de recursos huma- f) Formulação e execução da política estadual de assistência
nos para supervisão e auditoria da rede de unidades, dos profissio- farmacêutica, em articulação com o MS.
nais e dos serviços realizados. g) Normalização complementar de mecanismos e instrumen-
15.2.3. Prerrogativas tos de administração da oferta e controle da prestação de serviços
a) Transferência, regular e automática, dos recursos referentes ambulatoriais, hospitalares, de alto custo, do tratamento fora do
ao Teto Financeiro da Assistência (TFA). domicílio e dos medicamentos e insumos especiais.
b) Normalização complementar relativa ao pagamento de pres- h) Manutenção do cadastro atualizado de unidades assisten-
tadores de serviços assistenciais em seu território, inclusive quanto ciais sob sua gestão, segundo normas do MS.
a alteração de valores de procedimentos, tendo a tabela nacional i) Cooperação técnica e financeira com o conjunto de municí-
como referência mínima, desde que aprovada pelo CMS e pela CIB. pios, objetivando a consolidação do processo de descentralização,
c) Transferência regular e automática fundo a fundo dos recur- a organização da rede regionalizada e hierarquizada de serviços, a
sos correspondentes ao Piso Básico de Vigilância Sanitária (PBVS). realização de ações de epidemiologia, de controle de doenças, de vi-
d) Remuneração por serviços de vigilância sanitária de média gilância sanitária, bem assim o pleno exercício das funções gestoras
e alta complexidade e, remuneração pela execução do Programa de planejamento, controle, avaliação e auditoria.
Desconcentrado de Ações de Vigilância Sanitária (PDAVS), quando j) Implementação de políticas de integração das ações de sane-
assumido pelo município. amento às de saúde.
e) Subordinação, à gestão municipal, do conjunto de todas as k) Coordenação das atividades de vigilância epidemiológica e
unidades ambulatoriais especializadas e hospitalares, estatais ou de controle de doenças e execução complementar conforme previs-
privadas (lucrativas e filantrópicas), estabelecidas no território mu- to na Lei nº 8.080/90.
nicipal. l) Execução de operações complexas voltadas ao controle de
f) Transferência de recursos referentes às ações de epidemiolo- doenças que possam se beneficiar da economia de escala.
gia e controle de doenças, conforme definição da CIT. m) Coordenação das atividades de vigilância sanitária e execu-
ção complementar conforme previsto na Lei nº 8.080/90.
16. CONDIÇÕES DE GESTÃO DO ESTADO n) Execução das ações básicas de vigilância sanitária referente
aos municípios não habilitados nesta NOB.
As condições de gestão, estabelecidas nesta NOB, explicitam o) Execução das ações de média e alta complexidade de vigilân-
as responsabilidades do gestor estadual, os requisitos relativos às cia sanitária, exceto as realizadas pelos municípios habilitados na
modalidades de gestão e as prerrogativas que favorecem o seu de- condição de gestão plena de sistema municipal.
sempenho. p) Execução do PDAVS nos termos definidos pela SVS/MS.
A habilitação dos estados às diferentes condições de gestão q) Apoio logístico e estratégico às atividades à atenção à saúde
significa a declaração dos compromissos assumidos por parte do das populações indígenas, na conformidade de critérios estabeleci-
gestor perante os outros gestores e perante a população sob sua dos pela CIT.
responsabilidade.
A partir desta NOB, os estados poderão habilitar-se em duas
condições de gestão:
a) GESTÃO AVANÇADA DO SISTEMA ESTADUAL; e
b) GESTÃO PLENA DO SISTEMA ESTADUAL.
Os estados que não aderirem ao processo de habilitação, per-
manecem na condição de gestão convencional, desempenhando as
funções anteriormente assumidas ao longo do processo de implan-
tação do SUS, não fazendo jus às novas prerrogativas introduzidas
162
LEGISLAÇÃO
16.2. Requisitos comuns às duas condições de gestão estadual b) Dispor de 60% dos municípios do estado habilitados nas
a) Comprovar o funcionamento do CES. condições de gestão estabelecidas nesta NOB, independente do seu
b) Comprovar o funcionamento da CIB. contingente populacional; ou 40% dos municípios habilitados, des-
c) Comprovar a operação do Fundo Estadual de Saúde. de que, nestes, residam 60% da população.
d) Apresentar o Plano Estadual de Saúde, aprovado pelo CES, c) Dispor de 30% do valor do TFA comprometido com transfe-
que deve conter: rências regulares e automáticas aos municípios.
as metas pactuadas; 16.3.3. Prerrogativas
a programação integrada das ações ambulatoriais, hospita- a) Transferência regular e automática dos recursos correspon-
lares e de alto custo, de epidemiologia e de controle de doenças dentes à Fração Assistencial Especializada (FAE) e ao Piso Assisten-
– incluindo, entre outras, as atividades de vacinação, de controle cial Básico (PAB) relativos aos municípios nãohabilitados.
de vetores e de reservatórios – de saneamento, de pesquisa e de- b) Transferência regular e automática do Piso Básico de Vigilân-
senvolvimento tecnológico, de educação e de comunicação em saú- cia Sanitária (PBVS) referente aos municípios não habilitados nesta
de, bem como as relativas às ocorrências mórbidas decorrentes de NOB.
causas externas; c) Transferência regular e automática do Índice de Valorização
as estratégias de descentralização das ações de saúde para do Impacto em Vigilância Sanitária (IVISA).
municípios; d) Remuneração por serviços produzidos na área da vigilância
as estratégias de reorganização do modelo de atenção; e sanitária.
os critérios utilizados e os indicadores por meio dos quais é e) Transferência de recursos referentes às ações de epidemiolo-
efetuado o acompanhamento das ações. gia e controle de doenças.
e) Apresentar relatório de gestão aprovado pelo CES, relativo 16.4. GESTÃO PLENA DO SISTEMA ESTADUAL
ao ano anterior à solicitação do pleito. 16.4.1. Responsabilidades Específicas
f) Comprovar a transferência da gestão da atenção hospitalar a) Contratação, controle, auditoria e pagamento aos prestado-
e ambulatorial aos municípios habilitados, conforme a respectiva res do conjunto dos serviços sob gestão estadual, conforme defini-
condição de gestão. ção da CIB.
g) Comprovar a estruturação do componente estadual do SNA. b) Operação do SIA/SUS e do SIH/SUS, conforme normas do MS,
h) Comprovar capacidade técnica e administrativa e condições e alimentação dos bancos de dados de interesse nacional.
materiais para o exercício de suas responsabilidades e prerroga- 16.4.2. Requisitos Específicos
tivas, quanto a contratação, pagamento, controle e auditoria dos a) Comprovar a implementação da programação integrada das
serviços sob sua gestão e quanto à avaliação do impacto das ações ações ambulatoriais, hospitalares e de alto custo, contendo a refe-
do Sistema sobre as condições de saúde da população do estado. rência intermunicipal e os critérios para a sua elaboração.
i) Comprovar a dotação orçamentária do ano e o dispêndio no b) Comprovar a operacionalização de mecanismos de controle
ano anterior, correspondente à contrapartida de recursos financei- da prestação de serviços ambulatoriais e hospitalares, tais como:
ros próprios do Tesouro Estadual, de acordo com a legislação em centrais de controle de leitos e internações, de procedimentos am-
vigor. bulatoriais e hospitalares de alto/custo e ou complexidade e de
j) Apresentar à CIT a formalização do pleito, devidamente apro- marcação de consultas especializadas.
vado pelo CES e pela CIB, atestando o cumprimento dos requisitos c) Dispor de 80% dos municípios habilitados nas condições de
gerais e específicos relativos à condição de gestão pleiteada. gestão estabelecidas nesta NOB, independente do seu contingente
k) Comprovar a criação do Comitê Interinstitucional de Epide- populacional; ou 50% dos municípios, desde que, nestes, residam
miologia, vinculado ao Secretário Estadual de Saúde. 80% da população.
l) Comprovar o funcionamento de serviço de vigilância sanitária d) Dispor de 50% do valor do TFA do estado comprometido com
no estado, organizado segundo a legislação e capacidade de desen- transferências regulares e automáticas aos municípios.
volvimento de ações de vigilância sanitária. 16.4.3. Prerrogativas
m) Comprovar o funcionamento de serviço de vigilância epide- a) Transferência regular e automática dos recursos correspon-
miológica no estado. dentes ao valor do Teto Financeiro da Assistência (TFA), deduzidas
16.3. GESTÃO AVANÇADA DO SISTEMA ESTADUAL as transferências fundo a fundo realizadas a municípios habilitados.
16.3.1. Responsabilidades Específicas b) Transferência regular e automática dos recursos correspon-
a) Contratação, controle, auditoria e pagamento do conjunto dentes ao Índice de Valorização de Resultados (IVR).
dos serviços, sob gestão estadual, contidos na FAE; c) Transferência regular e automática do Piso Básico de Vigilân-
b) Contratação, controle, auditoria e pagamento dos prestado- cia Sanitária (PBVS) referente aos municípios não habilitados nesta
res de serviços incluídos no PAB dos municípios não habilitados; NOB.
c) Ordenação do pagamento dos demais serviços hospitalares e d) Transferência regular e automática do Índice de valorização
ambulatoriais, sob gestão estadual; do Impacto em Vigilância Sanitária (IVISA).
d) Operação do SIA/SUS, conforme normas do MS, e alimenta- e) Remuneração por serviços produzidos na área da vigilância
ção dos bancos de dados de interesse nacional. sanitária.
16.3.2. Requisitos Específicos f) Normalização complementar, pactuada na CIB e aprovada
a) Apresentar a programação pactuada e integrada ambulato- pelo CES, relativa ao pagamento de prestadores de serviços assis-
rial, hospitalar e de alto custo, contendo a referência intermunicipal tenciais sob sua contratação, inclusive alteração de valores de pro-
e os critérios para a sua elaboração. cedimentos, tendo a tabela nacional como referência mínima.
g) Transferência de recursos referentes às ações de epidemiolo-
gia e de controle de doenças.
163
LEGISLAÇÃO
17. DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS disponibilidades financeiras para a efetivação das transferências re-
gulares e automáticas pertinentes. No que se refere à gestão plena
17. 1. As responsabilidades que caracterizam cada uma das do sistema municipal, a habilitação dos municípios é decidida na
condições de gestão definidas nesta NOB constituem um elenco mí- CIT, com base em relatório da CIB e formalizada em ato da SAS/
nimo e não impedem a incorporação de outras pactuadas na CIB e MS. No caso dos estados categorizados na condição de gestão con-
aprovadas pelo CES, em especial aquelas já assumidas em decor- vencional, a habilitação dos municípios a qualquer das condições
rência da NOB-SUS Nº 01/93. de gestão será decidida na CIT, com base no processo de avaliação
17.2. No processo de habilitação às condições de gestão es- elaborado e encaminhado pela CIB, e formalizada em ato do MS.
tabelecidas nesta NOB, são considerados os requisitos já cumpri- 17.4. A habilitação de estados a qualquer das condições de ges-
dos para habilitação nos termos da NOB-SUS Nº 01/93, cabendo tão é decidida na CIT e formalizada em ato do MS, cabendo recurso
ao município ou ao estado pleiteante a comprovação exclusiva do ao CNS.
cumprimento dos requisitos introduzidos ou alterados pela presente 17.5. Os instrumentos para a comprovação do cumprimento
Norma Operacional, observando os seguintes procedimentos: dos requisitos para habilitação ao conjunto das condições de gestão
17.2.1.para que os municípios habilitados atualmente nas con- de estados e municípios, previsto nesta NOB, estão sistematizados
dições de gestão incipiente e parcial possam assumir a condição no ANEXO I.
plena da atenção básica definida nesta NOB, devem apresentar à 17.6. Os municípios e estados habilitados na forma da NOB-SUS
CIB os seguintes documentos, que completam os requisitos para ha- Nº 01/93 permanecem nas respectivas condições de gestão até sua
bilitação: habilitação em uma das condições estabelecidas por esta NOB, ou
17.2.1.1. ofício do gestor municipal pleiteando a alteração na até a data limite a ser fixada pela CIT.
condição de gestão; 17.7. A partir da data da publicação desta NOB, não serão pro-
17.2.1.2. ata do CMS aprovando o pleito de mudança de habi- cedidas novas habilitações ou alterações de condição de gestão na
litação; forma da NOB-SUS Nº 01/93. Ficam excetuados os casos já aprova-
17.2.1.3. ata das três últimas reuniões do CMS; 17.2.1.4. extra- dos nas CIB, que devem ser protocolados na CIT, no prazo máximo
to de movimentação bancária do Fundo Municipal de Saúde relativo de 30 dias.
ao trimestre anterior à apresentação do pleito; 17.8. A partir da publicação desta NOB, ficam extintos o Fator
17.2.1.5. comprovação, pelo gestor municipal, de condições de Apoio ao Estado, o Fator de Apoio ao Município e as transferên-
técnicas para processar o SIA/SUS; cias dos saldos de teto financeiro relativos às condições de gestão
17.2.1.6. declaração do gestor municipal comprometendo-se a municipal e estadual parciais, previstos, respectivamente, nos itens
alimentar, junto à SES, o banco de dados nacional do SIA/SUS; 3.1.4; 3.2; 4.1.2 e 4.2.1 da NOBSUS Nº 01/93.
17.2.1.7. proposta aprazada de estruturação do serviço de con- 17.9. A permanência do município na condição de gestão a que
trole e avaliação municipal; for habilitado, na forma desta NOB, está sujeita a processo perma-
17.2.1.8. comprovação da garantia de oferta do conjunto de nente de acompanhamento e avaliação, realizado pela SES e sub-
procedimentos coberto pelo PAB; e metido à apreciação da CIB, tendo por base critérios estabelecidos
17.2.1.9. ata de aprovação do relatório de gestão no CMS; pela CIB e pela CIT, aprovados pelos respectivos Conselhos de Saúde.
17.2.2. para que os municípios habilitados atualmente na con- 17.10. De maneira idêntica, a permanência do estado na condi-
dição de gestão semiplena possam assumir a condição de gestão ção de gestão a que for habilitado, na forma desta NOB, está sujeita
plena do sistema municipal definida nesta NOB, devem comprovar a processo permanente de acompanhamento e avaliação, realizado
à CIB: pelo MS e submetido à apreciação da CIT, tendo por base critérios
17.2.2.1. a aprovação do relatório de gestão pelo CMS, median- estabelecidos por esta Comissão e aprovados pelo CNS.
te apresentação da ata correspondente; 17.11. O gestor do município habilitado na condição de Gestão
17.2.2.2. a existência de serviços que executem os procedimen- Plena da Atenção Básica que ainda não dispõe de serviços suficien-
tos cobertos pelo PAB no seu território, e de serviços de apoio diag- tes para garantir, à sua população, a totalidade de procedimentos
nóstico em patologia clínica e radiologia básica simples, oferecidos cobertos pelo PAB, pode negociar, diretamente, com outro gestor
no próprio município ou contratados de outro gestor municipal; municipal, a compra dos serviços não disponíveis, até que essa ofer-
17.2.2.3.a estruturação do componente municipal do SNA; e ta seja garantida no próprio município.
17.2.2.4.a integração e articulação do município na rede esta- 17.12. Para implantação do PAB, ficam as CIB autorizadas a es-
dual e respectivas responsabilidades na PPI. Caso o município não tabelecer fatores diferenciados de ajuste até um valor máximo fixa-
atenda a esse requisito, pode ser enquadrado na condição de ges- do pela CIT e formalizado por portaria do Ministério (SAS/MS). Esses
tão plena da atenção básica até que disponha de tais condições, fatores são destinados aos municípios habilitados, que apresentam
submetendo-se, neste caso, aos mesmos procedimentos referidos gastos per capita em ações de atenção básica superiores ao valor
no item 17.2.1; per capita nacional único (base de cálculo do PAB), em decorrência
17.2.3. os estados habilitados atualmente nas condições de de avanços na organização do sistema. O valor adicional atribuído
gestão parcial e semiplena devem apresentar a comprovação dos a cada município é formalizado em ato próprio da SES.
requisitos adicionais relativos à nova condição pleiteada na presen- 17.13. O valor per capita nacional único, base de cálculo do
te NOB. PAB, é aplicado a todos os municípios, habilitados ou não nos ter-
17.3. A habilitação de municípios à condição de gestão plena mos desta NOB. Aos municípios não habilitados, o valor do PAB é
da atenção básica é decidida na CIB dos estados habilitados às con- limitado ao montante do valor per capita nacional multiplicado pela
dições de gestão avançada e plena do sistema estadual, cabendo população e pago por produção de serviço.
recurso ao CES. A SES respectiva deve informar ao MS a habilitação
procedida, para fins de formalização por portaria, observando as
164
LEGISLAÇÃO
17.14. Num primeiro momento, em face da inadequação dos TFA - Teto Financeiro da Assistência
sistemas de informação de abrangência nacional para aferição de TFAE - Teto Financeiro da Assistência do Estado
resultados, o IVR é atribuído aos estados a título de valorização de TFAM - Teto Financeiro da Assistência do Município
desempenho na gestão do Sistema, conforme critérios estabeleci- TFECD - Teto Financeiro da Epidemiologia e Controle de Do-
dos pela CIT e formalizados por portaria do Ministério (SAS/MS). enças
17.15. O MS continua efetuando pagamento por produção TFG - Teto Financeiro Global
de serviços (relativos aos procedimentos cobertos pelo PAB) dire- TFGE - Teto Financeiro Global do Estado
tamente aos prestadores, somente no caso daqueles municípios TFGM - Teto Financeiro Global do Município
nãohabilitados na forma desta NOB, situados em estados em ges- TFVS - Teto Financeiro da Vigilância Sanitária
tão convencional.
17.16. Também em relação aos procedimentos cobertos pela NORMA OPERACIONAL DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE –
FAE, o MS continua efetuando o pagamento por produção de ser- NOAS – SUS/2001
viços diretamente a prestadores, somente no caso daqueles mu-
nicípios habilitados em gestão plena da atenção básica e os não
habilitados, na forma desta NOB, situados em estados em gestão PORTARIA Nº 95, DE 26 DE JANEIRO DE 2001
convencional.
17.17. As regulamentações complementares necessárias à ope- O Ministro de Estado da Saúde, no uso de suas atribuições,
racionalização desta NOB são objeto de discussão e negociação na Considerando os princípios do Sistema Único de Saúde de uni-
CIT, observadas as diretrizes estabelecidas pelo CNS, com posterior versalidade do acesso e de integralidade da atenção;
formalização, mediante portaria do MS. Considerando o disposto no Artigo 198 da Constituição Federal
de 1998, que estabelece que as ações e serviços públicos de saúde
SIGLAS UTILIZADAS integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um
AIH - Autorização de Internação Hospitalar sistema único;
CES - Conselho Estadual de Saúde Considerando a necessidade de dar continuidade ao processo
CIB - Comissão Intergestores Bipartite de descentralização e organização do Sistema Único de Saúde –
CIT - Comissão Intergestores Tripartite SUS, fortalecido com a implementação da Norma Operacional Bási-
CMS - Conselho Municipal de Saúde ca –SUS 01/96, de 05 de novembro de 1996;
CNS - Conselho Nacional de Saúde Considerando que um sistema de saúde equânime, integral,
COFINS - Contribuição Social para o Financiamento da Segu- universal, resolutivo e de boa qualidade concebe a atenção bási-
ridade Social ca como parte imprescindível de um conjunto de ações necessárias
CONASEMS - Conselho Nacional de Secretários Municipais de para o atendimento dos problemas de saúde da população, indis-
Saúde sociável dos demais níveis de complexidade da atenção à saúde e
CONASS - Conselho Nacional de Secretários Estaduais de indutora da reorganização do Sistema, e
Saúde Considerando as contribuições do Conselho de Secretários Esta-
FAE - Fração Assistencial Especializada duais de Saúde – CONASS e Conselho Nacional de Secretários Muni-
FIDEPS - Fator de Incentivo ao Desenvolvimento do Ensino e cipais de Saúde – CONASEMS, seguidas da aprovação da Comissão
da Pesquisa Intergestores Tripartite–CIT - e Conselho Nacional de Saúde – CNS,
FNS - Fundação Nacional de Saúde em 15 de dezembro de 2000, resolve:
INSS - Instituto Nacional de Seguridade Social Art. 1º Aprovar, na forma do Anexo desta Portaria, a Norma
IVH-E - Índice de Valorização Hospitalar de Emergência Operacional da Assistência à Saúde – NOAS-SUS 01/2001 que am-
IVISA - Índice de Valorização do Impacto em Vigilânica Sani- plia as responsabilidades dos municípios na Atenção Básica; define
tária o processo de regionalização da assistência; cria mecanismos para
IVR - Índice de Valorização de Resultados o fortalecimento da capacidade de gestão do Sistema Único de Saú-
MS - Ministério da Saúde de e procede à atualização dos critérios de habilitação de estados
NOB - Norma Operacional Básica e municípios.
PAB - Piso Assistencial Básico. Art. 2° Ficam mantidas as disposições constantes da Portaria
PACS - Programa de Agentes Comunitários de Saúde GM/MS N° 1.882, de 18 de dezembro de 1997, que estabelece o
PBVS - Piso Básico de Vigilância Sanitária Piso da Atenção Básica – PAB, bem como aquelas que fazem parte
PDAVS - Programa Desconcentrado de Ações de Vigilância dos demais atos normativos deste Ministério da Saúde relativos aos
Sanitária incentivos às ações de assistência na Atenção Básica.
PPI - Programação Pactuada e Integrada Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação,
PSF - Programa de Saúde da Família revogando-se as disposições em contrário.
SAS - Secretaria de Assistência à Saúde JOSÉ SERRA
SES - Secretaria Estadual de Saúde
SIA/SUS - Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS
SIH/SUS - Sistema de Informações Hospitalares do SUS
SMS - Secretaria Municipal de Saúde
SNA - Sistema Nacional de Auditoria
SUS - Sistema Único de Saúde
SVS - Secretaria de Vigilância Sanitária
165
LEGISLAÇÃO
ANEXO são pólos de atração regional. Da mesma forma, nas áreas contí-
NORMA OPERACIONAL DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE / SUS guas às divisas interestaduais, é freqüente que a rede de serviços de
NOAS-SUS 01/2001 saúde deva se organizar com unidades situadas em ambos os lados
da demarcação político-administrativa. Qualquer solução para es-
INTRODUÇÃO ses problemas tem que superar as restrições burocráticas de acesso
e garantir a universalidade e a integralidade do SUS, envitando a
A implantação das Normas Operacionais Básicas do SUS - NO- desintegração organizacional e a competição entre órgãos gestores
B-SUS 91, em especial das NOB-SUS 93 e 96 -, além de promover e a conseqüente atomização do SUS em milhares de sistemas locais
uma integração de ações entre as três esferas de governo, desen- ineficientes, iníquos e não resolutivos.
cadeou um processo de descentralização intenso, transferindo para Assim, para o aprofundamento do processo de descentraliza-
os estados e, principalmente, para os municípios, um conjunto de ção, deve-se ampliar a ênfase na regionalização e no aumento da
responsabilidades e recursos para a operacionalização do Sistema eqüidade, buscando a organização de sistemas de saúde funcionais
Único de Saúde, antes concentradas no nível federal. com todos os níveis de atenção, não necessariamente confinados
A partir da implementação do Piso de Atenção Básica, iniciou- aos territórios municipais e, portanto, sob responsabilidade coor-
-se um importante processo de ampliação do acesso à atenção bá- denadora da SES. Além da lógica político-administrativa de delimi-
sica. A estratégia da Saúde da Família encontra-se em expansão e, tação dos sistemas de saúde, que assegura a indivisibilidade dos
cada vez mais, consolida-se como eixo estruturante para a organi- territórios municipais e estadual no planejamento da rede e a au-
zação da atenção à saúde. tonomia dos entes governamentais na gestão, é fundamental con-
Ao final do ano de 2000, a habilitação nas condições de ges- siderar, para a definição do papel da SES e de cada SMS no sistema
tão previstas na NOB-SUS 01/96 atingia mais de 99% do total dos funcional, as noções de territorialidade na identificação de priori-
municípios do país. A disseminação desse processo possibilitou o dades de intervenção e de organização de redes de assistência re-
desenvolvimento de experiências municipais exitosas e a formação gionalizadas e resolutivas, além das capacidades técnico-operacio-
de um contingente de profissionais qualificados em diferentes áreas nais necessárias ao exercício das funções de alocação de recursos,
da gestão do SUS. programação físico-financeira, regulação do acesso, contratação de
No que diz respeito aos estados, houve avanços significativos prestadores de serviço, controle e avaliação.
na organização de redes articuladas e resolutivas de serviços, me- O conjunto de estratégias apresentadas nesta Norma Opera-
diante o desenvolvimento do processo de programação integrada, a cional da Assistência à Saúde articula-se em torno do pressuposto
implantação de centrais de regulação, o fortalecimento do controle de que, no atual momento da implantação do SUS, a ampliação das
e avaliação, a organização de consórcios intermunicipais ou, ainda responsabilidades dos municípios na garantia de acesso aos servi-
de forma mais explícita, por meio da formulação e progressiva im- ços de atenção básica, a regionalização e a organização funcional
plementação de planos de regionalização promovidos pelas Secre- do sistema são elementos centrais para o avanço do processo.
tarias de Estado da Saúde/SES. Neste sentido, esta NOAS-SUS atualiza a regulamentação da
A experiência acumulada, à medida em que o processo de ges- assistência, considerando os avanços já obtidos e enfocando os de-
tão descentralizada do sistema amadurece, evidencia um conjun- safios a serem superados no processo permanente de consolidação
to de problemas/obstáculos em relação a aspectos críticos para a e aprimoramento do Sistema Único de Saúde.
consolidação do Sistema Único de Saúde / SUS. Alguns desses já se
manifestavam de forma incipiente quando do processo de discus- CAPÍTULO I –
são da NOB 96, entre dezembro de 1995 e novembro de 1996, mas REGIONALIZAÇÃO
situavam-se em um estágio de baixo consenso e pouca maturidade
nos debates entre o Ministério da Saúde – MS , o Conselho de Secre- 1 - Estabelecer o processo de regionalização como estratégia
tários Estaduais de Saúde - CONASS e o Conselho Nacional de Secre- de hierarquização dos serviços de saúde e de busca de maior eqüi-
tários Municipais de Saúde - CONASEMS, em face da inexistência dade.
de um volume significativo de experiências concretas de gestão e de 1.1 - O processo de regionalização deverá contemplar uma
análises da descentralização, em curso há pouco tempo. lógica de planejamento integrado, compreendendo as noções de
Agregava-se a este cenário a peculiar complexidade da estrutu- territorialidade na identificação de prioridades de intervenção e de
ra político-administrativa estabelecida pela Constituição Federal de conformação de sistemas funcionais de saúde, não necessariamen-
1988, em que os três níveis de governo são autônomos, sem vincu- te restritos à abrangência municipal, mas respeitando seus limites
lação hierárquica. Tal característica do arranjo federativo brasileiro como unidade indivisível, de forma a garantir o acesso dos cidadãos
torna bastante complexo o processo de construção de um sistema a todas as ações e serviços necessários para a resolução de seus
funcional de saúde. Os estados, e mais ainda os municípios, são ex- problemas de saúde, otimizando os recursos disponíveis.
tremamente heterogêneos e será sempre mera casualidade que o I . 1 – DA ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR DE REGIONALIZA-
espaço territorial-populacional e a área de abrangência político-ad- ÇÃO
ministrativa de um município correspondam a uma rede regionali- 2 - Instituir o Plano Diretor de Regionalização como instrumen-
zada e resolutiva de serviços com todos os níveis de complexidade, to de ordenamento do processo de regionalização da assistência em
ou mesmo que esta se localize dentro de um estado sem exercer cada estado e no Distrito Federal, baseado nos objetivos de defini-
poder de atração para além de suas fronteiras legais. ção de prioridades de intervenção coerentes com as necessidades
Existem, no Brasil, milhares de municípios pequenos demais de saúde da população e garantia de acesso dos cidadãos a todos
para gerirem, em seu território, um sistema funcional completo, as- os níveis de atenção.
sim como existem dezenas que demandam a existência de mais de
um sistema em sua área de abrangência, mas, simultaneamente,
166
LEGISLAÇÃO
2.1 - Cabe às Secretarias de Estado da Saúde e do Distrito Fe- C - Município-sede do módulo assistencial – município existente
deral a elaboração do Plano Diretor de Regionalização, em conso- em um módulo assistencial que apresente a capacidade de ofertar
nância com o Plano Estadual de Saúde, sua submissão à aprovação a totalidade dos serviços de que trata o Item 7 - Capítulo I, corres-
da Comissão Intergestores Bipartite - CIB e do Conselho Estadual de pondente ao primeiro nível de referência intermunicipal, com sufici-
Saúde – CES e o encaminhamento ao Ministério da Saúde. ência, para sua população e para a população de outros municípios
3 - No que diz respeito à assistência, o Plano Diretor de Regio- a ele adscritos.
nalização deverá ser elaborado na perspectiva de garantir: D - Município-pólo – município que, de acordo com a definição
A - O acesso aos cidadãos, o mais próximo possível de sua resi- da estratégia de regionalização de cada estado, apresente papel de
dência, a um conjunto de ações e serviços vinculados às seguintes referência para outros municípios, em qualquer nível de atenção.
responsabilidades mínimas: E - Unidade territorial de qualificação na assistência à saúde
- assistência pré-natal, parto e puerpério; – representa a base territorial mínima a ser submetida à aprova-
- acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil; ção do Ministério da Saúde e Comissão Intergestores Tripartite para
- cobertura universal do esquema preconizado pelo Programa qualificação na assistência à saúde, que deve ser a menor base ter-
Nacional de Imunizações, para todas as faixas etárias; ritorial de planejamento regionalizado de cada Unidade da Federa-
- ações de promoção da saúde e prevenção de doenças; ção acima do módulo assistencial, seja uma microrregião de saúde
- tratamento das intercorrências mais comuns na infância; ou uma região de saúde (nas UF em que o modelo de regionalização
- atendimento de afecções agudas de maior incidência; adotado não admitir microrregiões de saúde).
- acompanhamento de pessoas com doenças crônicas de alta 5 - Determinar que o Plano Diretor de Regionalização contenha,
prevalência; no que diz respeito à assistência, no mínimo:
- tratamento clínico e cirúrgico de casos de pequenas urgências A - a descrição da organização do território estadual em regi-
ambulatoriais; ões/microrregiões de saúde e módulos assistenciais, com a identifi-
- tratamento dos distúrbios mentais e psicossociais mais fre- cação dos muncípios-sede e municípios-pólo e dos demais municí-
qüentes; pios abrangidos;
- controle das doenças bucais mais comuns; B - a identificação das prioridades de intervenção em cada re-
- suprimento / dispensação dos medicamentos da Farmácia Bá- gião/microrregião;
sica. C - o Plano Diretor de Investimentos para atender as priorida-
B – O acesso de todos os cidadãos aos serviços necessários à des identificadas e conformar um sistema resolutivo e funcional de
resolução de seus problemas de saúde, em qualquer nível de aten- atenção à saúde;
ção, diretamente ou mediante o estabelecimento de compromissos D - a inserção e o papel de todos os municípios nas regiões/
entre gestores para o atendimento de referências intermunicipais. microrregiões de saúde, com identificação dos municípios sede, de
4 - Definir os seguintes conceitos-chaves para a organização sua área de abrangência e dos fluxos de referência;
da assistência no âmbito estadual, que deverão ser observados no E - os mecanismos de relacionamento intermunicipal com or-
Plano Diretor de Regionalização: ganização de fluxos de referência e contra referência e implantação
A – Região de saúde – base territorial de planejamento da de estratégias de regulação visando à garantia do acesso da popu-
atenção à saúde, não necessariamente coincidente com a divisão lação aos serviços;
administrativa do estado, a ser definida pela Secretaria de Estado F - a proposta de estruturação de redes de referência especiali-
da Saúde, de acordo com as especificidades e estratégias de regio- zada em áreas específicas;
nalização da saúde em cada estado, considerando as características G - a identificação das necessidades e a proposta de fluxo de
demográficas, sócio-econômicas, geográficas, sanitárias, epidemio- referência para outros estados, no caso de serviços não disponíveis
lógicas, oferta de serviços, relações entre municípios, entre outras. no território estadual.
Dependendo do modelo de regionalização adotado, um estado 5.1 – A Secretaria de Assistência à Saúde/SAS publicará, no pra-
pode se dividir em regiões e/ou microrregiões de saúde. Por sua vez, zo de 30 (trinta) dias, a contar da publicação desta Norma, a regu-
a menor base territorial de planejamento regionalizado, seja uma lamentação específica sobre o Plano Diretor de Regionalização, no
região ou uma microrregião de saúde, pode compreender um ou que diz respeito à organização da assistência.
mais módulos assistenciais. I.2 – DA AMPLIAÇÃO DO ACESSO E DA QUALIDADE DA ATENÇÃO
B - Módulo assistencial – módulo territorial com resolubilidade BÁSICA
correspondente ao primeiro nível de referência, definida no Item 7 - 6 - Instituir a Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada –
Capítulo I desta Norma, constituído por um ou mais municípios, com GPABA.
área de abrangência mínima a ser estabelecida para cada Unidade 6.1 - Definir como áreas de atuação estratégicas mínimas
da Federação, em regulamentação específica, e com as seguintes para habilitação na condição de Gestão Plena da Atenção Básica
características: Ampliada: o controle da tuberculose, a eliminação da hanseníase,
- conjunto de municípios, entre os quais há um município-sede, o controle da hipertensão arterial, o controle da diabetes mellitus,
habilitado em Gestão Plena do Sistema Municipal/GPSM com capa- a saúde da criança, a saúde da mulher e a saúde bucal, conforme
cidade de ofertar a totalidade dos serviços de que trata o Item 7 - detalhamento apresentado no ANEXO 1 desta Norma.
Capítulo I desta Norma, com suficiência, para sua população e para 6.2 - As ações de que trata o ANEXO 1 desta Norma devem
a população de outros municípios a ele adscritos; ou município em ser assumidas por todos os municípios brasileiros, de acordo com o
Gestão Plena do Sistema Municipal, com capacidade de ofertar com seu perfil epidemiológico, como um componente essencial e mínimo
suficiência a totalidade dos serviços de que trata o Item 7 - Capítulo para o cumprimento das metas do Pacto da Atenção Básica, insti-
I para sua própria população, quando não necessitar desempenhar tuído pela Portaria GM/MS nº 3.925, de 13 de novembro de 1998.
o papel de referência para outros municípios.
167
LEGISLAÇÃO
6.3 - O conjunto de procedimentos assistenciais que compõem 9 - O repasse dos recursos de que trata o Subitem 8.1 - Item
as ações de Atenção Básica Ampliada é compreendido por aqueles 8 - Capítulo I desta Norma, para a cobertura da população de uma
atualmente cobertos pelo Piso de Atenção Básica – PAB, acrescidos dada microrregião estará condicionado à aprovação pela CIT da
dos procedimentos relacionados no ANEXO 2 desta Norma. qualificação da referida microrregião na assistência à saúde.
6.4 - Para o financiamento do elenco de procedimentos da 9.1 - Nas Unidades da Federação cujo modelo de regionaliza-
Atenção Básica Ampliada, será instituído o PAB-Ampliado, e seu va- ção não compreenda microrregiões de saúde, a unidade territorial
lor definido, no prazo de 60 (sessenta) dias, em Portaria Conjunta da de qualificação na assistência à saúde será a menor base territorial
Secretaria Executiva/SE e da Secretaria de Políticas de Saúde/SPS, de planejamento regionalizado acima do módulo assistencial, ou
sendo que os municípios que hoje já recebem o PAB fixo em valor seja, a região de saúde, desde que essa atenda a todos os critérios
superior ao PAB-Ampliado não terão acréscimo no valor per capita. requeridos para o reconhecimento da consistência do Plano Diretor
6.5 - Os municípios já habilitados nas condições de gestão da de Regionalização e às mesmas condições exigidas para a qualifica-
NOB 01/96 estarão aptos a receber o PAB-Ampliado, após avaliação ção das microrregiões descritas nesta Norma e na regulamentação
das Secretarias de Estado da Saúde, aprovação da CIB, e homologa- complementar.
ção da CIT, em relação aos seguintes aspectos: 9.2 - A Secretaria de Assistência à Saúde é a estrutura do MS
a) Plano Municipal de Saúde vinculado à programação físico- responsável pela análise técnica das propostas de qualificação das
-financeira; microrregiões na assistência à saúde, a serem submetidas à apro-
b) alimentação regular dos bancos de dados nacionais do SUS; vação da CIT, de acordo com as regras estabelecidas nesta Norma.
c) desempenho dos indicadores de avaliação da atenção básica 9.3 - O processo de qualificação das microrregiões na assis-
no ano anterior; tência à saúde será detalhado em regulamentação complementar
d) estabelecimento do pacto de melhoria dos indicadores de da Secretaria de Assistência à Saúde, a ser submetida à Comissão
atenção básica no ano subsequente; e Intergestores Tripartite, no prazo de 30 (trinta) dias após a publica-
e) capacidade de assumir as responsabilidades mínimas defini- ção desta Norma.
das no Subitem 6.1 deste Item. 10 - A qualificação de cada microrregião, no âmbito da assis-
6.6 - A Secretaria de Políticas de Saúde/SPS é a estrutura do tência à saúde, estará condicionada a:
Ministério da Saúde responsável pela regulamentação de critérios, A - apresentação pelo gestor estadual do Plano Diretor de Re-
fluxos e instrumentos do processo referido no Subitem 6.5, e deverá, gionalização do estado, aprovado na CIB e CES incluindo o desenho
no prazo de 30 (trinta) dias, apresentá-los à Comissão Intergestores de todas as microrregiões;
Tripartite para deliberação. B - apresentação, para cada microrregião a ser qualificada,
I. 3 – DA QUALIFICAÇÃO DAS MICRORREGIÕES NA ASSISTÊNCIA de: (i) municípios que compõem a microrregião; (ii) definição dos
À SAÚDE módulos assistenciais existentes, com explicitação de sua área de
7 - Definir um conjunto mínimo de procedimentos de média abrangência e do município-sede de cada módulo; (iii) vinculação
complexidade como primeiro nível de referência intermunicipal, de toda a população de cada município da microrregião a um único
com acesso garantido a toda a população no âmbito microrregio- município-sede de módulo assistencial, de forma que cada municí-
nal, ofertados em um ou mais módulos assistenciais. pio integre somente um módulo assistencial e os módulos assisten-
7.1 - Esse conjunto mínimo de serviços de média complexida- ciais existentes cubram toda a população do estado.
de compreende as atividades ambulatoriais, de apoio diagnóstico C - habilitação do(s) município(s)-sede de módulo assistencial
e terapêutico e de internação hospitalar, detalhadas no ANEXO 3 em Gestão Plena do Sistema Municipal e de todos os demais mu-
desta Norma. nicípios da microrregião na condição de Gestão Plena da Atenção
8 - O financiamento federal do conjunto de serviços de que tra- Básica Ampliada.
ta o Item 7 - Capítulo I desta Norma adotará a seguinte lógica: D - comprovação da Programação Pactuada e Integrada im-
8.1 - o financiamento das ações ambulatoriais será feito com plantada, sob a coordenação do gestor estadual, com definição de
base em um valor per capita nacional, a ser definido em portaria limites financeiros para todos os municípios do estado, com separa-
conjunta da Secretaria Executiva/SE e Secretaria de Assistência à ção das parcelas financeiras correspondentes à própria população e
Saúde/SAS, a ser submetida à Comissão Intergestores Tripartite, no à população referenciada;
prazo de 60 (sessenta) dias após a publicação desta Norma. E - apresentação do Termo de Compromisso para Garantia de
8.2 - o financiamento das internações hospitalares será feito Acesso firmado entre cada município-sede e o estado, em relação
de acordo com o processo de Programação Pactuada e Integrada, ao atendimento da população referenciada por outros municípios
conduzido pelo gestor estadual, respeitado o Teto Financeiro da As- a ele adscritos.
sistência/TFA de cada Unidade da Federação. 11- Após a qualificação de uma microrregião, o montante de
8.3 - ao longo do processo de qualificação das microrregiões, recursos correspondente aos procedimentos listados no ANEXO 3
o Ministério da Saúde deverá adicionar recursos ao Teto Financeiro desta Norma destinados à cobertura de sua população, e o mon-
dos Estados para cobrir a diferença entre os gastos atuais com esses tante de recursos referentes à cobertura da população residente
procedimentos e o montante correspondente ao per capita nacional nos municípios a ele adscritos, passam a ser transferidos fundo a
multiplicado pela população. fundo ao município sede de cada módulo assistencial, sendo que
8.4 - nas microrregiões não qualificadas, o financiamento dos a parcela relativa à população residente nos municípios adscritos
procedimentos constantes do ANEXO 3 desta Norma continuará estará condicionada ao cumprimento de Termo de Compromisso
sendo feito de acordo com a lógica de pagamento por produção. para a Garantia de Acesso, conforme normatizado nos Itens 30 e
31 – Capítulo II desta Norma.
168
LEGISLAÇÃO
11.1 - Caso exista na microrregião qualificada um município ha- 14.3 - A programação de internações hospitalares deve com-
bilitado em Gestão Plena da Atenção Básica que disponha em seu preender: a utilização de critérios objetivos que considerem a esti-
território de laboratório de patologia clínica ou serviço de radiolo- mativa de internações necessárias para a população, a distribuição
gia ou ultra-sonografia gineco-obstétrica, em quantidade suficiente e complexidade dos hospitais, o valor médio das Autorizações de
e com qualidade adequada para o atendimento de sua própria po- Internação Hospitalar/AIH, bem como os fluxos de referência entre
pulação, mas que não tenha o conjunto de serviços requeridos para municípios para internações hospitalares.
ser habilitado em Gestão Plena do Sistema Municipal, esse muni- 14.4 - A alocação de recursos correspondentes às referências
cípio poderá celebrar um acordo com o município-sede do módulo intermunicipais, ambulatoriais e hospitalares, decorre do processo
assistencial para, provisoriamente, atender sua própria população de programação integrada entre gestores e do estabelecimento de
no referido serviço. Termo de Compromisso de Garantia de Acesso, tratado no Item 30
I. 4 - DA ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE MÉDIA COMPLEXI- – Capítulo II desta Norma implicando a separação da parcela cor-
DADE respondente às referências no limite financeiro do município.
12 - A Atenção de Média Complexidade – MC – compreende 15 - Diferentemente do exigido para a organização das refe-
um conjunto de ações e serviços ambulatoriais e hospitalares que rências intermunicipais no módulo assistencial, abordada na seção
visam atender os principais problemas de saúde da população, cuja I.3 – Capítulo I desta Norma, no caso das demais ações de média
prática clínica demande a disponibilidade de profissionais especiali- complexidade, quando os serviços estiverem dispersos por vários
zados e a utilização de recursos tecnológicos de apoio diagnóstico e municípios, admite-se que um mesmo município encaminhe refe-
terapêutico, que não justifique a sua oferta em todos os municípios rências para mais de um pólo de média complexidade, dependendo
do país. da disponibilidade de oferta, condições de acesso e fluxos estabele-
13 - Excetuando as ações mínimas da média complexidade cidos na PPI.
de que trata o Item 7 - Capítulo I desta Norma desta Norma, que 15.1 - O gestor estadual, ao coordenar um processo de plane-
devem ser garantidas no âmbito microrregional, as demais ações jamento global no estado, deve adotar critérios para evitar a super-
assistenciais de média complexidade, tanto ambulatoriais como posição e proliferação indiscriminada e desordenada de serviços,
hospitalares, podem ser garantidas no âmbito microrregional, re- levando sempre em consideração as condições de acessibilidade,
gional ou mesmo estadual, de acordo com o tipo de serviço, a dispo- qualidade e racionalidade na organização de serviços.
nibilidade tecnológica, as características do estado e a definição no 15.2 - Deve-se buscar estabelecer as referências para a média
Plano Diretor de Regionalização do estado. complexidade em um fluxo contínuo, dos municípios de menor com-
13.1 - O gestor estadual deve adotar critérios para a organiza- plexidade para os de maior complexidade, computando, no municí-
ção regionalizada das ações de média complexidade que conside- pio de referência, as parcelas físicas e financeiras correspondentes
rem: necessidade de qualificação e especialização dos profissionais ao atendimento da população dos municípios de origem, conforme
para o desenvolvimento das ações, correspondência entre a prática acordado no processo de Programação Pactuada e Integrada entre
clínica e capacidade resolutiva diagnóstica e terapêutica, comple- os gestores.
xidade e custo dos equipamentos, abrangência recomendável para I. 5- DA POLÍTICA DE ATENÇÃO DE ALTA COMPLEXIDADE/CUSTO
cada tipo de serviço, métodos e técnicas requeridos para a realiza- NO SUS
ção das ações. 16 - A responsabilidade do Ministério da Saúde sobre a política
13.2 - A Secretaria de Assistência à Saúde elaborará, em 30 de alta complexidade/custo se traduz na definição de normas nacio-
(trinta) dias, instrumentos de subsídio à organização e programa- nais, no controle do cadastro nacional de prestadores de serviços,
ção da média complexidade, compreendendo grupos de programa- na vistoria de serviços quando lhe couber, de acordo com as normas
ção e critérios de classificação das ações desse nível de atenção, de cadastramento estabelecidas pelo próprio Ministério da Saúde,
cuja regulamentação específica será submetida à aprovação da CIT. na definição de incorporação dos procedimentos a serem ofertados
14 - O processo de Programação Pactuada e Integrada/PPI, à população pelo SUS, na definição do elenco de procedimentos de
coordenado pelo gestor estadual, cujas diretrizes são apresentadas alta complexidade, no estabelecimento de estratégias que possibili-
nos Itens 24 a 27 – Capítulo II desta Norma representa o principal tem o acesso mais equânime diminuindo as diferenças regionais na
instrumento para garantia de acesso da população aos serviços de alocação dos serviços, na definição de mecanismos de garantia de
média complexidade não disponíveis em seu município de residên- acesso para as referências interestaduais, na busca de mecanismos
cia, devendo orientar a alocação de recursos e definição de limites voltados à melhoria da qualidade dos serviços prestados, no finan-
financeiros para todos os municípios do estado, independente de ciamento das ações.
sua condição de gestão. 16.1 - A garantia de acesso aos procedimentos de alta comple-
14.1 - A programação das ações ambulatoriais de média com- xidade é de responsabilidade solidária entre o Ministério da Saúde e
plexidade deve compreender: identificação das necessidades de as Secretarias de Estado da Saúde e do Distrito Federal.
saúde de sua população, definição de prioridades, aplicação de pa- 17 - O gestor estadual é responsável pela gestão da política de
râmetros físicos e financeiros definidos pelas Secretarias Estaduais alta complexidade/custo no âmbito do estado, mantendo vincula-
de Saúde para os diferentes grupos de ações assistenciais - respei- ção com a política nacional, sendo consideradas intransferíveis as
tados os limites financeiros estaduais - e estabelecimento de fluxos funções de definição de prioridades assistenciais e programação da
de referências entre municípios. alta complexidade, incluindo:
14.2 - A alocação de recursos referentes a cada grupo de pro- A - a definição da alocação de recursos orçamentários do Teto
gramação de ações ambulatoriais de média complexidade para a Financeiro da Assistência/ TFA do estado para cada área de alta
população própria de um dado município terá como limite financei- complexidade;
ro o valor per capita estadual definido para cada grupo, multiplica-
do pela população do município.
169
LEGISLAÇÃO
B - a definição de prioridades de investimentos para garantir o A - parte das ações de alta complexidade será financiada com
acesso da população a serviços de boa qualidade, o que pode, de- recursos do Teto Financeiro da Assistência das unidades da federa-
pendendo das características do estado, requerer desconcentração ção;
ou concentração para a otimização da oferta de serviços, tendo B - parte das ações de alta complexidade será financiada com
em vista a melhor utilização dos recursos disponíveis, a garantia de recursos oriundos do Fundo de Ações Estratégicas e Compensa-
economia de escala e melhor qualidade; ção – FAEC, ou de outro mecanismo que venha a substituí-lo com a
C - a delimitação da área de abrangência dos serviços de alta mesma finalidade e que será gerenciado pelo Ministério da Saúde,
complexidade; de acordo com a regulamentação específica, a ser estabelecida, no
D - a coordenação do processo de garantia de acesso para a prazo de 60 (sessenta) dias, em ato conjunto da SE e SAS.
população de referência entre municípios; 21 - O Ministério da Saúde/MS definirá os valores de recursos
E – a definição de limites financeiros para a alta complexida- destinados ao custeio da assistência de alta complexidade para
de, com explicitação da parcela correspondente ao atendimento da cada estado e estes, de acordo com a PPI e dentro do limite financei-
população do município onde está localizado o serviço e da parcela ro estadual, deverão prever a parcela dos recursos a serem gastos
correspondente a referências de outros municípios; em cada município para cada área de alta complexidade, destacan-
F - a condução dos remanejamentos necessários na progra- do a parcela a ser utilizada com a população do próprio município e
mação da alta complexidade, inclusive com mudanças nos limites a parcela a ser gasta com a população de referência.
municipais; 22 - A assistência de alta complexidade será programada no
G - os processos de vistoria para inclusão de novos serviços no âmbito regional/estadual, e em alguns casos macrorregional, tendo
que lhe couber, em conformidade com as normas de cadastramento em vista as características especiais desse grupo – alta densidade
do MS; tecnológica e alto custo, economia de escala, escassez de profissio-
H - a implementação de mecanismos de regulação da assistên- nais especializados e concentração de oferta em poucos municípios.
cia em alta complexidade (centrais de regulação, implementação de 22.1 - A programação deve prever, quando necessário, a refe-
protocolos clínicos, entre outros), podendo delegar aos municípios a rência de pacientes para outros estados, assim como reconhecer o
operação desses mecanismos; fluxo programado de pacientes de outros estados, sendo que esta
I - o controle e a avaliação do sistema, quanto à sua resolubili- programação será consolidada pela SAS/MS.
dade e acessibilidade; 23 - A programação da Atenção de Alta Complexidade deverá
J - a otimização da oferta de serviços, tendo em vista a otimi- ser precedida de estudos da distribuição regional de serviços e da
zação dos recursos disponíveis, a garantia de economia de escala e proposição pela Secretaria de Estado da Saúde/SES de um limite fi-
melhor qualidade. nanceiro claro para seu custeio, sendo que Plano Diretor de Regio-
18 - Os municípios que tiverem em seu território serviços de alta nalização apontará as áreas de abrangência dos municípios-pólo e
complexidade/custo, quando habilitados em Gestão Plena do Siste- dos serviços de referência na Atenção de Alta Complexidade.
ma Municipal, deverão desempenhar as funções referentes à orga-
nização dos serviços de alta complexidade em seu território, visando CAPÍTULO II –
assegurar o comando único sobre os prestadores, destacando-se: FORTALECIMENTO DA CAPACIDADE DE GESTÃO NO SUS
A - a programação das metas físicas e financeiras dos presta-
dores de serviços, garantindo a possibilidade de acesso para a sua II. 1 - DO PROCESSO DE PROGRAMAÇÃO DA ASSISTÊNCIA
população e para a população referenciada conforme o acordado 24 - Cabe ao Ministério da Saúde a coordenação do processo de
na PPI e no Termo de Garantia de Acesso assinado com o estado; programação da assistência à saúde em âmbito nacional.
B - realização de vistorias no que lhe couber, de acordo com as 24.1 - As unidades da federação deverão encaminhar ao Minis-
normas do Ministério da Saúde; tério da Saúde uma versão consolidada da Programação Pactuada
C - condução do processo de contratação; e Integrada/PPI, cujo conteúdo será apresentado em regulamenta-
D - autorização para realização dos procedimentos e a efetiva- ção específica.
ção dos pagamentos (créditos bancários); 24.2 - As unidades da federação poderão dispor de instrumen-
E - definição de fluxos e rotinas intramunicipais compatíveis tos próprios de programação adequados às suas especificidades e
com as estaduais; de informações detalhadas acerca da PPI, respeitados os princípios
F - controle, a avaliação e a auditoria de serviços. gerais e os requisitos da versão consolidada a ser enviada ao Minis-
18.1 – Nos municípios habilitados em Gestão Plena da Aten- tério da Saúde.
ção Básica/GPAB ou Gestão Plena da Atenção Básica-Ampliada/ 24.3 - A Secretaria de Assistência à Saúde, por intermédio do
GPBA que tenham serviços de alta complexidade em seu território, Departamento de Descentralização da Gestão da Assistência, deve-
as funções de gestão e relacionamento com os prestadores de alta rá apresentar à Comissão Intergestores Tripartite, no prazo de 30
complexidade, são de responsabilidade do gestor estadual, poden- (trinta) dias, documento de proposição das diretrizes e princípios
do este delegar tais funções aos gestores municipais. orientadores, metodologia e parâmetros referenciais de cobertura
19 - Os procedimentos ambulatoriais e hospitalares que com- e outros instrumentos específicos de apoio à programação da assis-
põem a atenção de alta complexidade/custo foram definidos por tência ambulatorial e hospitalar.
meio da Portaria SAS nº 96, de 27 de março de 2000, publicada no 25 - Cabe à SES a coordenação da programação pactuada e
Diário Oficial de 01 de junho de 2000. integrada no âmbito do estado, por meio do estabelecimento de
20 - O financiamento da alta complexidade se dará de duas processos e métodos que assegurem:
formas: A - que as diretrizes, objetivos e prioridades da política esta-
dual de saúde e os parâmetros de programação, em sintonia com a
Agenda de Compromissos e Metas Nacionais, sejam discutidos com
170
LEGISLAÇÃO
os gestores municipais, aprovados pelos Conselhos Estaduais e im- A - Publicação no Diário Oficial do Estado do limite financeiro
plementados em fóruns regionais e/ou microrregionais de negocia- global da assistência por municípios do estado, independente de
ção entre gestores; sua condição de gestão, composto por uma parcela destinada ao
B - a alocação de recursos centrada em uma lógica de atendi- atendimento da população do próprio município e uma parcela cor-
mento às reais necessidades da população e jamais orientada pelas respondente às referências intermunicipais;
necessidades dos prestadores de serviços; B - Definição de periodicidade e métodos de revisão dos limi-
C - a operacionalização do Plano Diretor de Regionalização e tes financeiros municipais aprovados, que pode se dar em função
de estratégias de regulação do sistema, mediante a adequação dos de: incorporação de novos recursos ao limite financeiro estadual,
critérios e instrumentos de pactuação e alocação dos recursos as- mudanças na capacidade instalada de municípios, remanejamento
sistenciais e a adoção de mecanismos que visem regular a oferta e de referências entre municípios; imposição pelo município-pólo de
a demanda de serviços, organizar os fluxos e garantir o acesso às barreiras ao acesso da população encaminhada por outros municí-
referências; pios, que colidam com as referências intermunicipais negociadas,
D - a explicitação do modelo de gestão com a definição das entre outros motivos.
responsabilidades sobre as diversas unidades assistenciais de forma II. 2 - DAS RESPONSABILIDADES DE CADA NÍVEL DE GOVERNO
coerente com as condições de habilitação e qualificação. NA GARANTIA DE ACESSO DA POPULAÇÃO REFERENCIADA
26 - A Programação Pactuada e Integrada, aprovada pela Co- 28 - O Ministério da Saúde assume, de forma solidária com as
missão Intergestores Bipartite, deverá nortear a alocação de recur- Secretarias de Estado da Saúde e do Distrito Federal, a responsabi-
sos federais da assistência entre municípios pelo gestor estadual, lidade pelo atendimento a pacientes referenciados entre estados.
resultando na definição de limites financeiros claros para todos os 29 - A garantia de acesso da população aos serviços não dis-
municípios do estado, independente da sua condição de habilitação. poníveis em seu município de residência é de responsabilidade do
26.1 - Define-se limite financeiro da assistência por município gestor estadual, de forma solidária com os municípios de referência,
como o limite máximo de recursos federais que poderá ser gasto observados os limites financeiros, devendo o mesmo organizar o sis-
com o conjunto de serviços existentes em cada território municipal, tema de referência utilizando mecanismos e instrumentos necessá-
sendo composto por duas parcelas separadas: recursos destinados rios, compatíveis com a condição de gestão do município onde os
ao atendimento da população própria e recursos destinados ao serviços estiverem localizados.
atendimento da população referenciada de acordo com as negocia- 30 - Nos casos em que os serviços de referência estiverem loca-
ções expressas na PPI. lizados em municípios habilitados em GPSM, os mesmos devem se
26.2 - Os limites financeiros da assistência por município de- comprometer com o atendimento da população referenciada subs-
vem ser definidos globalmente em cada estado a partir da aplicação crevendo com o estado um Termo de Compromisso para Garantia
de critérios e parâmetros de programação ambulatorial e hospita- de Acesso, cuja forma é apresentada no ANEXO 4 desta Norma .
lar, respeitado o limite financeiro estadual, bem como da definição 30.1 - O Termo de Compromisso de Garantia de Acesso tem
de referências intermunicipais na PPI. Dessa forma, o limite finan- como base o processo de programação e contém as metas físicas
ceiro por município deve ser gerado pela programação para o aten- e orçamentárias das ações definidas na PPI a serem ofertadas nos
dimento da própria população, deduzida da necessidade de encami- municípios pólo, os compromissos assumidos pela SES e SMS, os
nhamento para outros municípios e acrescida da programação para mecanismos de garantia de acesso, processo de acompanhamento
atendimento de referências recebidas de outros municípios. e revisão do Termo e sanções previstas.
26.3 - Os municípios habilitados ou que vierem se habilitar 30.2 – A padronização dos instrumentos que correspondem aos
na condição de Gestão Plena do Sistema Municipal devem receber anexos integrantes do Termo de Compromisso de Garantia de Aces-
diretamente, em seu Fundo Municipal de Saúde, o montante total so será disponibilizadas aos gestores pela SAS/SAS, no prazo de 30
de recursos federais correspondente ao limite financeiro programa- (trinta) dias, após a publicação desta Norma
do para aquele município, compreendendo a parcela destinada ao 31 - A SES poderá alterar a parcela de recursos correspondente
atendimento da população própria e, condicionada ao cumprimen- às referências intermunicipais no limite financeiro do município em
to do Termo de Compromisso para Garantia de Acesso celebrado GPSM, nas seguintes situações, detalhadas no Termo de Compro-
com o gestor estadual, a parcela destinada ao atendimento da po- misso para Garantia de Acesso:
pulação referenciada, conforme detalhado no Item 30 – Capítulo II A - periodicamente (período não superior a 12 meses), em fun-
e no ANEXO 4 desta Norma. ção da revisão global da PPI, conduzida pela SES e aprovada pela
26.4 - Os limites financeiros da assistência por município es- CIB;
tão sujeitos a reprogramação em função da revisão periódica da B - trimestralmente, em decorrência do acompanhamento da
PPI, coordenada pelo gestor estadual. Particularmente, a parcela execução do Termo e do fluxo de atendimento das referências, de
correspondente às referências intermunicipais, poderá ser alterada forma a promover os ajustes necessários, a serem informados à CIB
pelo gestor estadual, trimestralmente, em decorrência de ajustes no em sua reunião subsequente;
Termo de Compromisso e pontualmente, em uma série de situações C - pontualmente, por meio de alteração direta pela SES (res-
específicas, detalhadas nos Itens 31 e 32 – Capítulo II e no ANEXO peitados os prazos de comunicação aos gestores estabelecidos no
4 desta Norma. Termo de Compromisso, conforme detalhado no ANEXO 4 desta
27 - A SES deverá obrigatoriamente encaminhar ao Ministério Norma), a ser informada à CIB em sua reunião subsequente, nos se-
da Saúde, em prazo a ser estabelecido pela SAS/MS, os seguintes guintes casos: abertura de novo serviço em município que anterior-
produtos do processo de programação da assistência: mente encaminhava sua população para outro; redirecionamento
do fluxo de referência da população de um município pólo para
outro, solicitado pelo gestor municipal; problemas no atendimento
171
LEGISLAÇÃO
da população referenciada ou descumprimento pelo município em 37.4 - Os procedimentos técnico-administrativos prévios à re-
GPSM dos acordos estabelecidos no Termo de Compromisso para alização de serviços e à ordenação dos respectivos pagamentos,
Garantia de Acesso. especialmente a autorização de internações e de procedimentos
32 - Quaisquer alterações nos limites financeiros dos municí- ambulatoriais de alta complexidade e/ou alto custo, devem ser or-
pios em Gestão Plena do Sistema Municipal, decorrentes de ajuste ganizados de forma a facilitar o acesso dos usuários e permitir o
ou revisão da programação e do Termo de Compromisso para Ga- monitoramento adequado da produção e faturamento de serviços.
rantia do Acesso serão comunicadas pelas SES a SAS/MS, para que 37.5 - Outros mecanismos de controle e avaliação devem ser
esta altere os valores a serem transferidos ao Fundo Municipal de adotados pelo gestor público, como o acompanhamento dos orça-
Saúde correspondente. mentos públicos em saúde, a análise da coerência entre a progra-
33 - Para habilitar-se ou permanecer habilitado na condição de mação, a produção e o faturamento apresentados e a implementa-
GPSM, o município deverá participar do processo de programação ção de críticas possibilitadas pelos sistemas informatizados quanto
e assumir, quando necessário, o atendimento à população de refe- à consistência e confiabilidade das informações disponibilizadas
rência, conforme acordado na PPI e consolidado por meio da assina- pelos prestadores.
tura do referido Termo de Compromisso para a Garantia do Acesso. 38 - A avaliação da qualidade da atenção pelos gestores deve
II.3 - DO PROCESSO DE CONTROLE, AVALIAÇÃO E REGULAÇÃO envolver tanto a implementação de indicadores objetivos baseados
DA ASSISTÊNCIA em critérios técnicos, como a adoção de instrumentos de avaliação
34 - As funções de controle e avaliação devem ser coerentes da satisfação dos usuários do sistema, que considerem a acessibili-
com os processos de planejamento, programação e alocação de re- dade, a integralidade da atenção, a resolubilidade e qualidade dos
cursos em saúde tendo em vista sua importância para a revisão de serviços prestados.
prioridades e diretrizes, contribuindo para o alcance de melhores 39 - A avaliação dos resultados da atenção e do impacto na saú-
resultados em termos de impacto na saúde da população. de deve envolver o acompanhamento dos resultados alcançados
35 - O fortalecimento das funções de controle e avaliação dos em função dos objetivos, indicadores e metas apontados no plano
gestores do SUS deve se dar principalmente, nas seguintes dimen- de saúde, voltados para a melhoria do nível de saúde da população.
sões: 40 - Ao gestor do SUS responsável pelo relacionamento com
A - avaliação da organização do sistema e do modelo de ges- cada unidade, conforme sua condição de habilitação e qualificação,
tão; cabe programar e regular a oferta de serviços e seu acesso de acor-
B - relação com os prestadores de serviços; do com as necessidades identificadas.
C - qualidade da assistência e satisfação dos usuários; 40.1 – A regulação da assistência deverá ser efetivada por meio
D - resultados e impacto sobre a saúde da população. da implantação de complexos reguladores que congreguem unida-
36 - Todos os níveis de governo devem avaliar o funcionamen- des de trabalho responsáveis pela regulação das urgências, consul-
to do sistema de saúde, no que diz respeito ao desempenho nos tas, leitos e outros que se fizerem necessários.
processos de gestão, formas de organização e modelo de atenção, 41 - A regulação da assistência, voltada para a disponibilização
tendo como eixo orientador a promoção da equidade no acesso e na da alternativa assistencial mais adequada à necessidade do cida-
alocação dos recursos, e como instrumento básico para o acompa- dão, de forma equânime, ordenada, oportuna e qualificada, pres-
nhamento e avaliação dos sistemas de saúde o Relatório de Gestão; supõe:
37 - O controle e a avaliação dos prestadores de serviços, a ser A - a realização prévia de um processo de avaliação das neces-
exercido pelo gestor do SUS responsável de acordo com a condição sidades de saúde e de planejamento/programação, que considere
de habilitação e modelo de gestão adotado, compreende o conhe- aspectos epidemiológicos, os recursos assistenciais disponíveis e
cimento global dos estabelecimentos de saúde localizados em seu condições de acesso às unidades de referência;
território, o cadastramento de serviços, a condução de processos B – a definição da estratégia de regionalização que explicite a
de compra e contratualização de serviços de acordo com as necessi- responsabilização e papel dos vários municípios, bem como a inser-
dades identificadas e regras legais, o acompanhamento do fatura- ção das diversas unidades assistenciais na rede;
mento, quantidade e qualidade dos serviços prestados, entre outras C – a delegação de autoridade sanitária ao médico regulador,
atribuições. para que exerça a responsabilidade sobre a regulação da assistên-
37.1 - O cadastro completo e fidedigno de unidades prestado- cia, instrumentalizada por protocolos técnico-operacionais;
ras de serviços de saúde é um requisito básico para programação D – a definição das interfaces da estratégia da regulação da
de serviços assistenciais, competindo ao gestor do SUS responsável assistência com o processo de planejamento, programação e outros
pelo relacionamento com cada unidade, seja própria, contratada instrumentos de controle e avaliação.
ou conveniada, a garantia da atualização permanente dos dados II . 4 - DOS HOSPITAIS PÚBLICOS SOB GESTÃO DE OUTRO NÍVEL
cadastrais e de alimentação dos bancos de dados nacionais do SUS. DE GOVERNO:
37.2 - O interesse público e a identificação de necessidades as- 42 - Definir que unidades hospitalares públicas sob gerência de
sistenciais devem pautar o processo de compra de serviços na rede um nível de governo e gestão de outro, habilitado em gestão plena
privada, que deve seguir a legislação, as normas administrativas do sistema, preferencialmente deixem de ser remunerados por pro-
específicas e os fluxos de aprovação definidos na Comissão Inter- dução de serviços e passem a receber recursos correspondentes à
gestores Bipartite, quando a disponibilidade da rede pública for in- realização de metas estabelecidas de comum acordo.
suficiente para o atendimento da população. 43 - Aprovar, na forma do Anexo 5 desta Norma, modelo con-
37.3 - Os contratos de prestação de serviços devem representar tendo cláusulas mínimas do Termo de Compromisso a ser firmado
instrumentos efetivos de responsabilização dos prestadores com os entre as partes envolvidas, com o objetivo de regular a contratuali-
objetivos, atividades e metas estabelecidas pelos gestores de acor- zação dos serviços oferecidos e a forma de pagamento das unidades
do com as necessidades de saúde identificadas. hospitalares.
172
LEGISLAÇÃO
44 - Os recursos financeiros para cobrir o citado Termo de i) Realização do cadastro, contratação, controle, avaliação, au-
Compromisso devem ser subtraídos das parcelas correspondentes ditoria e pagamento aos prestadores dos serviços contidos no PABA,
à população própria e à população referenciada do teto financeiro localizados em seu território e vinculados ao SUS;
do (município/estado), e repassado diretamente ao ente público ge- j) Operação do SIA/SUS e o SIAB, quando aplicável, conforme
rente da unidade, em conta específica para esta finalidade aberta normas do Ministério da Saúde, e alimentação junto à Secretaria
em seu fundo de saúde. Estadual de Saúde, dos bancos de dados nacionais;
CAPÍTULO III . CRITÉRIOS DE HABILITAÇÃO E DESABILITAÇÃO DE k) Autorização, desde que não haja definição contrária por par-
MUNICÍPIOS E ESTADOS te da CIB, das internações hospitalares e dos procedimentos am-
III . 1 - CONDIÇÕES DE HABILITAÇÃO DE MUNICÍPIOS E ESTADOS bulatoriais especializados, realizados no município, que continuam
A presente Norma atualiza as condições de gestão estabele- sendo pagos por produção de serviços;
cidas na NOB SUS 01/96, explicitando as responsabilidades, os re- l) Manutenção do cadastro atualizado das unidades assisten-
quisitos relativos às modalidades de gestão e as prerrogativas dos ciais sob sua gestão, segundo normas do MS;
gestores municipais e estaduais. m) Realização de avaliação permanente do impacto das ações
45 - A habilitação dos municípios e estados às diferentes condi- do Sistema sobre as condições de saúde dos seus munícipes e sobre
ções de gestão significa a declaração dos compromissos assumidos o seu meio ambiente, incluindo o cumprimento do pacto de indica-
por parte do gestor perante os outros gestores e perante a popula- dores da atenção básica;
ção sob sua responsabilidade. n) Execução das ações básicas de vigilância sanitária, de acordo
III .1.1 - Do processo de habilitação dos municípios: com a legislação em vigor e a normatização da Agência Nacional de
46 - A partir da publicação desta Norma, e considerando o Vigilância Sanitária / ANVISA;
prazo previsto no seu Item 59 – Capítulo IV, os municípios poderão o) Execução das ações básicas de epidemiologia, de controle
habilitar-se em duas condições: de doenças e de ocorrências mórbidas, decorrentes de causas ex-
GESTÃO PLENA DA ATENÇÃO BÁSICA AMPLIADA; e ternas, como acidentes, violências e outras, de acordo com norma-
GESTÃO PLENA DO SISTEMA MUNICIPAL. tização vigente;
46.1 - Todos os municípios que vierem a ser habilitados em Ges- p) Elaboração do relatório anual de gestão e aprovação pelo
tão Plena do Sistema Municipal, de acordo com as normas do Item Conselho Municipal de Saúde/CMS.
48 – Capítulo II desta Norma, estarão também habilitados em Ges- Requisitos
tão Plena da Atenção Básica Ampliada. a) Comprovar o funcionamento do CMS;
46.2 - Cabe à Secretaria Estadual de Saúde a gestão do SUS nos b) Comprovar a operação do Fundo Municipal de Saúde;
municípios não habilitados, enquanto for mantida a situação de não c) Apresentar o Plano Municipal de Saúde do período em curso,
habilitação. aprovado pelo respectivo Conselho Municipal de Saúde, contendo a
47 - Os municípios, para se habilitarem à Gestão Plena da Aten- programação física e financeira dos recursos assistenciais destina-
ção Básica Ampliada, deverão assumir as responsabilidades, cum- dos ao município;
prir os requisitos e gozar das prerrogativas definidas a seguir: d) Comprovar a disponibilidade de serviços, com qualidade e
Responsabilidades quantidade suficientes, em seu território, para executar todo o elen-
a) Elaboração do Plano Municipal de Saúde, a ser submetido à co de procedimentos constantes Subitem 6.3 – Item 6 – Capítulo I
aprovação do Conselho Municipal de Saúde, que deve contemplar a desta Norma;
Agenda de Compromissos Municipal, harmonizada com as agendas e) Comprovar capacidade técnica e administrativa e condições
nacional e estadual, a integração e articulação do município na rede materiais para o exercício de suas responsabilidades e prerrogati-
estadual e respectivas responsabilidades na PPI do estado, incluindo vas quanto à contratação, ao pagamento, ao controle, avaliação e
detalhamento da programação de ações e serviços que compõem o à auditoria dos serviços sob sua gestão;
sistema municipal, bem como o Quadro de Metas, mediante o qual f) Comprovar, por meio da alimentação do Sistema de Informa-
será efetuado o acompanhamento dos Relatórios de Gestão; ções sobre Orçamentos Públicos em Saúde/SIOPS, a dotação orça-
b) Gerência de unidades ambulatoriais próprias; mentária do ano e o dispêndio realizado no ano anterior, correspon-
c) Gerência de unidades ambulatoriais transferidas pelo estado dente à contrapartida de recursos financeiros próprios do Tesouro
ou pela União: Municipal, de acordo com a Emenda Constitucional 29, de 14 de
d) Organização da rede de atenção básica, incluída a gestão de setembro de 2000;
prestadores privados, caso haja neste nível de atenção; g) Dispor de médico(s) formalmente designado(s) pelo gestor
e) Cumprimento das responsabilidades definidas no Subitem como responsável(is) pela autorização prévia (quando for o caso),
6.1 – Item 6 – Capítulo I desta Norma ; controle, avaliação e auditoria dos procedimentos e serviços realiza-
f) Disponibilização, em qualidade e quantidade suficiente para dos, em número adequado para assumir essas responsabilidades;
a sua população, de serviços capazes de oferecer atendimento con- h) Comprovar a capacidade para o desenvolvimento de ações
forme descrito no Subitem 6.3 – Item 6 – Capítulo I desta Norma; de vigilância sanitária, conforme normatização da ANVISA;
g) Desenvolvimento do cadastramento nacional dos usuários i) Comprovar a capacidade para o desenvolvimento de ações de
do SUS, segundo a estratégia de implantação do Cartão Nacional vigilância epidemiológica;
de Saúde, com vistas à vinculação de clientela e à sistematização da j) Comprovar a disponibilidade de estrutura de recursos huma-
oferta dos serviços; nos para supervisão e auditoria da rede de unidades, dos profissio-
h) Prestação dos serviços relacionados aos procedimentos co- nais e dos serviços realizados;
bertos pelo PAB ampliado e acompanhamento, no caso de referên-
cia interna ou externa ao município, dos demais serviços prestados
aos seus munícipes, conforme a PPI, mediado pela SES;
173
LEGISLAÇÃO
k) Submeter-se à avaliação pela SES em relação à capacida- k) Avaliação permanente do impacto das ações do Sistema so-
de de oferecer todo o Elenco de Procedimentos Básicos Ampliado bre as condições de saúde dos seus munícipes e sobre o meio am-
- EPBA e ao estabelecimento do Pacto de AB para o ano 2001 e sub- biente;
seqüentes; l) Execução das ações básicas, de média e alta complexidade
l) Formalizar, junto ao gestor estadual, com vistas à CIB, após em vigilância sanitária, pactuadas na CIB;
aprovação pelo CMS, o pleito de habilitação, atestando o cumpri- m) Execução de ações de epidemiologia, de controle de do-
mento dos requisitos relativos à condição de gestão pleiteada. enças e de ocorrências mórbidas, decorrentes de causas externas,
Prerrogativas como acidentes, violências e outras pactuadas na CIB.
a) Transferência regular e automática dos recursos referentes Requisitos
ao Piso de Atenção Básica Ampliado - PABA, correspondente ao fi- a) Comprovar o funcionamento do CMS;
nanciamento do Elenco de Procedimentos Básicos e do incentivo de b) Comprovar a operação do Fundo Municipal de Saúde;
vigilância sanitária; c) Apresentar o Plano Municipal de Saúde, aprovado pelo CMS,
b) Gestão municipal de todas as unidades básicas de saúde, que deve contemplar a Agenda de Compromissos Municipal, har-
públicas ou privadas (lucrativas e filantrópicas), localizadas no ter- monizada com as agendas nacional e estadual, a integração e ar-
ritório municipal; ticulação do município na rede estadual e respectivas responsabili-
c) Transferência regular e automática dos recursos referentes dades na PPI do estado, incluindo detalhamento da programação
ao PAB variável, desde que qualificado conforme as normas vigen- de ações e serviços que compõem o sistema municipal, bem como
tes. o Quadro de Metas, mediante o qual será efetuado o acompanha-
48 - Os municípios, para se habilitarem à Gestão Plena do Sis- mento dos Relatórios de Gestão;
tema Municipal, deverão assumir as responsabilidades, cumprir os d) Demonstrar desempenho satisfatório nos indicadores cons-
requisitos e gozar das prerrogativas definidas a seguir: tantes do Pacto da Atenção Básica, de acordo com normatização
Responsabilidades da SPS;
a) Elaboração do Plano Municipal de Saúde, a ser submetido à e) Demonstrar desempenho satisfatório na gestão da atenção
aprovação do Conselho Municipal de Saúde, que deve contemplar a básica, conforme avaliação descrita no Subitem 6.5 – Item 6 – Capí-
Agenda de Compromissos Municipal, harmonizada com as agendas tulo I desta Norma;
nacional e estadual, a integração e articulação do município na rede f) Comprovar a oferta com qualidade e em quantidade suficien-
estadual e respectivas responsabilidades na PPI do estado, incluindo te, em seu território, de todo o elenco de procedimentos cobertos
detalhamento da programação de ações e serviços que compõem o pelo PABA e daqueles definidos no Anexo 3 desta Norma, bem como
sistema municipal, bem como o Quadro de Metas, mediante o qual de leitos hospitalares para realização, no mínimo, de parto normal e
será efetuado o acompanhamento dos Relatórios de Gestão; primeiro atendimento nas clínicas médica e pediátrica;
b) Gerência de unidades próprias, ambulatoriais e hospitalares; g) Firmar Termo de Compromisso para Garantia de Acesso com
c) Gerência de unidades assistenciais transferidas pelo estado a Secretaria de Estado da Saúde;
e pela União; h) Comprovar a estruturação do componente municipal do Sis-
d) Gestão de todo o sistema municipal, incluindo a gestão sobre tema Nacional de Auditoria/SNA;
os prestadores de serviços de saúde vinculados ao SUS, indepen- i) Participar da elaboração e da implementação da PPI do esta-
dente da sua natureza jurídica ou nível de complexidade, exercendo do, bem assim da alocação de recursos expressa na programação;
o mando único, ressalvado as unidades estatais de hemonúcleos/ j) Comprovar capacidade técnica e administrativa e condições
hemocentros e os laboratórios de saúde pública, em consonância materiais para o exercício de suas responsabilidades e prerrogativas
com o disposto no Item 50 – Capítulo III desta Norma; quanto ao cadastro, à contratação, ao controle, avaliação, à audito-
e) Desenvolvimento do cadastramento nacional dos usuários ria e ao pagamento dos serviços sob sua gestão, bem como avaliar
do SUS segundo a estratégia de implantação do Cartão Nacional o impacto das ações do Sistema sobre a saúde dos seus munícipes;
de Saúde, com vistas à vinculação da clientela e sistematização da k) Comprovar, por meio da alimentação do SIOPS, a dotação
oferta dos serviços; orçamentária do ano e o dispêndio no ano anterior correspondente
f) Garantia do atendimento em seu território para sua popula- à contrapartida de recursos financeiros próprios do Tesouro Munici-
ção e para a população referenciada por outros municípios, dispo- pal, de acordo com a Emenda Constitucional 29, de 14 de setembro
nibilizando serviços necessários, conforme definido na PPI, e trans- de 2000;
formado em Termo de Compromisso para a Garantia de Acesso, l) Dispor de médico(s) formalmente designado(s) pelo gestor,
assim como organização do encaminhamento das referências para como responsável(is) pela autorização prévia (quando for o caso),
garantir o acesso de sua população a serviços não disponíveis em controle, avaliação e auditoria dos procedimentos e serviços realiza-
seu território; dos, em número adequado para assumir essas responsabilidades;
g) Integração dos serviços existentes no município às centrais m) Comprovar o funcionamento de serviço estruturado de vigi-
de regulação ambulatoriais e hospitalares; lância sanitária e capacidade para o desenvolvimento de ações de
h) Cadastro, contratação, controle, avaliação, auditoria e pa- vigilância sanitária, de acordo com a legislação em vigor e a pactu-
gamento aos prestadores de serviços ambulatoriais e hospitalares ação estabelecida com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária;
localizados em seu território e vinculados ao SUS; n) Comprovar a estruturação de serviços e atividades de vigi-
i) Operação do SIH e do SIA/SUS, conforme normas do MS, e lância epidemiológica e de controle de zoonoses, de acordo com a
alimentação, junto a SES, dos bancos de dados de interesse nacional pactuação estabelecida com a Fundação Nacional de Saúde.
e estadual; o) Apresentar o Relatório de Gestão do ano anterior à solicita-
j) Manutenção do cadastro atualizado de unidades assisten- ção do pleito, devidamente aprovado pelo CMS;
ciais em seu território, segundo normas do MS;
174
LEGISLAÇÃO
p) Comprovar a organização do componente municipal do Sis- i)Manutenção do cadastro atualizado de unidades assistenciais
tema Nacional de Auditoria e de mecanismos de controle e avalia- sob sua gestão, segundo normas do MS, e coordenação do cadastro
ção; estadual de prestadores;
q) Comprovar disponibilidade orçamentária suficiente e me- j) Cooperação técnica e financeira com o conjunto de municí-
canismos para pagamento de prestadores públicos e privados de pios, objetivando a consolidação do processo de descentralização,
saúde; a organização da rede regionalizada e hierarquizada de serviços, a
r) Formalizar, junto ao gestor estadual com vistas à CIB, após realização de ações de epidemiologia, de controle de doenças, de
aprovação pelo CMS, o pleito de habilitação, atestando o cumpri- vigilância sanitária, assim como o pleno exercício das funções ges-
mento dos requisitos específicos relativos à condição de gestão plei- toras de planejamento, controle, avaliação e auditoria;
teada. k) Estruturação e operação do Componente Estadual do SNA;
Prerrogativas l) Implementação de políticas de integração das ações de sane-
a) Transferência, regular e automática, dos recursos referentes amento às de saúde;
ao valor per capita definido para o financiamento dos procedimen- m) Coordenação das atividades de vigilância epidemiológica e
tos constantes do Anexo 3 desta Norma , após qualificação da mi- de controle de doenças e execução complementar conforme pactu-
crorregião na qual está inserido, para sua própria população e, caso ação estabelecida com a Fundação Nacional de Saúde.
seja sede de módulo assistencial, para a sua própria população e n) Execução de operações complexas voltadas ao controle de
população dos municípios abrangidos; doenças que possam se beneficiar da economia de escala;
b) Receber, diretamente no Fundo Municipal de Saúde, o mon- o) Coordenação das atividades de vigilância sanitária e execu-
tante total de recursos federais correspondente ao limite financeiro ção complementar conforme a legislação em vigor e pactuação es-
programado para o município, compreendendo a parcela destinada tabelecida com a ANVISA;
ao atendimento da população própria e aquela destinada ao aten- p) Execução das ações básicas de vigilância sanitária referentes
dimento à população referenciada, de acordo com o Termo de Com- aos municípios não habilitados nas condições de gestão estabeleci-
promisso para Garantia de Acesso firmado; das nesta Norma ;
c) Gestão do conjunto das unidades ambulatoriais especializa- q) Execução das ações de média e alta complexidade de vigilân-
das e hospitalares, estatais ou privadas, estabelecidas no território cia sanitária, exceto as realizadas pelos municípios habilitados na
municipal. condição de Gestão Plena de Sistema Municipal;
III.1.2 - Do processo de habilitação dos Estados r) apoio logístico e estratégico às atividades de atenção à saúde
49 - A partir da publicação desta Norma, os estados podem das populações indígenas, na conformidade de critérios estabeleci-
habilitar-se em duas condições: dos pela CIT.
GESTÃO AVANÇADA DO SISTEMA ESTADUAL Requisitos
GESTÃO PLENA DO SISTEMA ESTADUAL. a) Apresentar o Plano Estadual de Saúde, aprovado pelo CES,
50 – São atributos comuns as duas condições de gestão esta- contendo minimamente:
dual: - Quadro de Metas, compatível com a Agenda de Compromis-
Responsabilidades sos, por meio do qual a execução do Plano será acompanhada anu-
a) Elaboração do Plano Estadual de Saúde, e do Plano Diretor almente nos relatórios de gestão;
de Regionalização conforme previsto no Item 2 – Capítulo I desta - programação integrada das ações ambulatoriais, hospitalares
Norma; e de alto custo, de epidemiologia e de controle de doenças – incluin-
b) Coordenação da PPI do estado, contendo a referência in- do, entre outras, as atividades de vacinação, de controle de vetores
termunicipal e pactos de negociação na CIB para alocação dos re- e de reservatórios – de saneamento, de pesquisa e desenvolvimento
cursos, conforme expresso no item que descreve a PPI, nos termos tecnológico, de educação e de comunicação em saúde, bem como as
desta Norma; relativas às ocorrências mórbidas decorrentes de causas externas;
c) Gestão e gerência de unidades estatais de hemonúcleos/he- - estratégias de descentralização das ações de saúde para mu-
mocentros e de laboratórios de referência para controle de qualida- nicípios;
de, vigilância sanitária e vigilância epidemiológica; - estratégias de reorganização do modelo de atenção;
d) Formulação e execução da política de sangue e hemoterapia, - Plano Diretor de Regionalização, explicitando: módulos assis-
de acordo com a política nacional; tenciais, microrregiões e regiões, com a identificação dos núcleos
e) Coordenação do sistema de referências intermunicipais, dos módulos assistenciais e dos pólos microrregionais e regionais
organizando o acesso da população, bem como a normalização e de média complexidade; os prazos para qualificação das microrregi-
operação de câmara de compensação para internações, procedi- ões; o plano diretor de investimento para a formação e expansão de
mentos especializados e de alto custo e ou alta complexidade, via- módulos assistenciais; proposição de estratégias de monitoramento
bilizando com os municípios-pólo os Termos de Compromisso para e garantia de referências intermunicipais e critérios de revisão peri-
a Garantia de Acesso; ódica dos tetos financeiros dos municípios;
f) Gestão dos sistemas municipais nos municípios não habili- b) Apresentar a Programação Pactuação Integrada, baseada
tados; no Plano de Regionalização, conforme definido no Item 5 – Capítulo
g) Formulação e execução da política estadual de assistência I e Seção II.1 Capítulo II desta Norma;
farmacêutica, de acordo com a política nacional; c) Alimentar com os dados financeiros do Estado no Sistema de
h) Normalização complementar de mecanismos e instrumen- Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde – SIOPS;
tos de administração da oferta e controle da prestação de serviços d) Comprovar o funcionamento da CIB;
ambulatoriais, hospitalares, de alto custo, do tratamento fora do e) Comprovar a operação do Fundo Estadual de Saúde;
domicílio e dos medicamentos e insumos especiais;
175
LEGISLAÇÃO
f) Apresentar relatório de gestão aprovado pelo CES, relativo ao a) Cadastro, contratação, controle, avaliação e auditoria e pa-
ano anterior à solicitação do pleito; gamento aos prestadores do conjunto dos serviços sob gestão es-
g) Comprovar a transferência da gestão da atenção hospitalar tadual;
e ambulatorial aos municípios habilitados, conforme a respectiva b) Operação do SIA/SUS e do SIH/SUS, conforme normas do MS,
condição de gestão; e alimentação dos bancos de dados de interesse nacional.
h) Comprovar a estruturação do componente estadual do SNA; Requisitos
i) Comprovar capacidade técnica e administrativa e condições a) Comprovar a implementação da programação integrada das
materiais para o exercício de suas responsabilidades e prerrogati- ações ambulatoriais, hospitalares e de alto custo, contendo a refe-
vas, quanto à contratação, pagamento, controle, avaliação e audi- rência intermunicipal e os critérios para a sua elaboração;
toria dos serviços sob sua gestão e quanto à avaliação do impacto b) Comprovar a operacionalização de mecanismos e instrumen-
das ações do Sistema sobre as condições de saúde da população do tos de regulação dos serviços ambulatoriais e hospitalares;
estado. c) Dispor de 80% dos municípios habilitados nas condições de
j) Comprovar, por meio de alimentação do SIOPS, a dotação or- gestão estabelecidas nesta Norma, independente do seu contingen-
çamentária do ano e o dispêndio no ano anterior, correspondente à te populacional; ou 50% dos municípios, desde que, nestes, residam
contrapartida de recursos financeiros próprios do Tesouro Estadual, 80% da população;
de acordo com a Emenda Constitucional nº 29, de 14 de setembro d) Dispor de 50% do valor do Teto Financeiro da Assistência/TFA
de 2000; do estado comprometido com transferências regulares e automáti-
k) Comprovar a Certificação do processo de descentralização cas aos municípios;
das ações de epidemiologia e controle de doenças; e) Comprovar disponibilidade orçamentária e mecanismos de
l) Comprovar o funcionamento de serviço de vigilância sanitária pagamento aos prestadores públicos e privados, bem como de re-
no estado, organizado segundo a legislação e capacidade de desen- passe aos fundos municipais de saúde.
volvimento de ações de vigilância sanitária; f) Comprovar descentralização para os municípios habilitados
m) Apresentar à CIT a formalização do pleito, devidamente da rede de Unidades Assistenciais Básicas.
aprovado pelo CES e pela CIB, atestando o cumprimento dos requi- Prerrogativas
sitos gerais e específicos relativos à condição de gestão pleiteada. a) Transferência regular e automática dos recursos correspon-
51 - Além dos atributos comuns as duas condições de gestão dentes ao valor do TFA, deduzidas as transferências fundo a fundo
estadual, ficam estabelecidos os seguintes atributos específicos à realizadas a municípios habilitados;
Gestão Avançada do Sistema Estadual: b) Transferência regular e automática referente às ações reali-
Responsabilidades zadas na área de Vigilância Sanitária;
a) Contratação, controle, avaliação, auditoria e ordenação do c) Remuneração por serviços produzidos na área da vigilância
pagamento do conjunto dos serviços sob gestão estadual; sanitária;
b) Contratação, controle, avaliação, auditoria e pagamento d) Normalização complementar, pactuada na CIB e aprovada
dos prestadores de serviços incluídos no PAB dos municípios não pelo CES, relativa ao pagamento de prestadores de serviços assis-
habilitados; tenciais sob sua gestão, inclusive alteração de valores de procedi-
c) Operação do SIA/SUS, conforme normas do MS, e alimenta- mentos, tendo a tabela nacional como referência mínima;
ção dos bancos de dados de interesse nacional. e) Transferência de recursos referentes às ações de epidemiolo-
Requisitos gia e de controle de doenças.
a) Apresentar a programação pactuada e integrada ambulato- III . 2 - DA DESABILITAÇÃO
rial, hospitalar e de alto custo, contendo a referência intermunicipal III.2.1 - Da desabilitação dos municípios
e os critérios para sua elaboração; 53 - Cabe à Comissão Intergestores Bipartite Estadual a desa-
b) Dispor de 60% dos municípios do estado habilitados nas con- bilitação dos municípios, que deverá ser homologada pela Comissão
dições de gestão estabelecidas nesta Norma, independente do seu Intergestores Tripartite.
contingente populacional; ou 40% dos municípios habilitados, des- III.2.1.1 - Da condição de Gestão Plena da Atenção Básica Am-
de que, nestes, residam 60% da população; pliada
c) Dispor de 30% do valor do limite financeiro programado 54 - Os municípios habilitados em gestão plena da atenção bá-
comprometido com transferências regulares e automáticas aos mu- sica ampliada serão desabilitados quando:
nicípios. A - descumprirem as responsabilidades assumidas na habilita-
Prerrogativas ção do município;
a) Transferência regular e automática dos recursos correspon- B - apresentarem situação irregular na alimentação dos Bancos
dentes ao Piso Assistencial Básico/PAB relativos aos municípios não de Dados Nacionais por mais de 04 (quatro) meses consecutivos;
habilitados; C - a cobertura vacinal for menor do que 70% do preconizado
b) Transferência de recursos referentes às ações de vigilância pelo PNI para as vacinas: BCG, contra a poliomielite, contra o sa-
sanitária; rampo e DPT;
c) Transferência de recursos referentes às ações de epidemiolo- D - apresentarem produção de serviços insuficiente, segundo
gia e controle de doenças. parâmetros definidos pelo MS e aprovados pela CIT, de alguns pro-
52 - Além dos atributos comuns as duas condições de gestão cedimentos básicos estratégicos;
estadual, ficam estabelecidos os seguintes atributos específicos à E - não firmarem o Pacto de Indicadores da Atenção Básica;
Gestão Plena do Sistema Estadual: F - apresentarem irregularidades que comprometam a gestão
Responsabilidades municipal, identificadas pelo componente estadual e/ou nacional
do SNA.
176
LEGISLAÇÃO
55 - São motivos de suspensão imediata, pelo Ministério da 60 - Os municípios atualmente habilitados em Gestão Plena
Saúde, dos repasses financeiros transferidos mensalmente, Fundo a Atenção Básica e os que se habilitarem conforme previsto no Item
Fundo, para os municípios: 59, deste Capítulo, deverão se adequar às condições estabelecidas
A - Não pagamento aos prestadores de serviços sob sua ges- para a habilitação em Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada.
tão, públicos ou privados, até 60 (sessenta) dias após a apresenta- 61 - Os municípios atualmente habilitados em Gestão Plena
ção da fatura pelo prestador; do Sistema Municipal e os que se habilitarem conforme previsto no
B - Falta de alimentação dos bancos de dados nacionais por 02 Item 59, deste Capítulo, deverão se adequar, no prazo de 180 (cen-
(dois) meses consecutivos ou 03 (três) meses alternados; to e oitenta) dias, às condições estabelecidas para a habilitação
C - Indicação de suspensão por Auditoria realizada pelos com- em Gestão Plena do Sistema Municipal definidas nesta Norma, sob
ponentes estadual ou nacional do SNA, respeitado o prazo de defesa pena de desabilitação na modalidade.
do município envolvido. 61.1 – Estes municípios poderão se manter habilitados na Ges-
III.2.1.2 - Da condição de Gestão Plena do Sistema Municipal: tão Plena da Atenção Básica ou Atenção Básica Ampliada, de acor-
56 - Os municípios habilitados na gestão Plena do Sistema Mu- do com a avaliação descrita nos Subitens 6.5 e 6.6 – Item 6 Capítulo
nicipal serão desabilitados quando: I desta Norma.
A - não cumprirem as responsabilidades definidas para a ges- 62 - Os estados, cujos processos de habilitação já se encontram
tão Plena do Sistema Municipal; ou tramitando no Ministério da Saúde, terão 60 (sessenta) dias a partir
B - se enquadrarem na situação de desabilitação prevista no da data de publicação desta Norma, para resolver as pendências,
Item 54 - Capítulo III desta Norma; ou de forma a poder se habilitar de acordo com as regras da NOB-SUS
C - não cumprirem Termo de Compromisso para Garantia do 01/96.
Acesso. 63 - As responsabilidades, fluxos e prazos para melhor opera-
56.1 - São motivos de suspensão imediata, pelo MS, dos repas- cionalização dos processos de habilitação e desabilitação serão de-
ses financeiros a serem transferidos, mensalmente, fundo a fundo, finidas em portaria da SAS/MS, dentro de 30 (trinta) dias, a partir
para os municípios: da data de publicação desta Norma.
a) Não pagamento dos prestadores de serviços sob sua ges- 64 – Os estados deverão elaborar, 120 (cento e vinte) dias após
tão, públicos ou privados, em período até 60 (sessenta) dias após a a publicação da regulamentação dos planos de regionalização e da
apresentação da fatura pelo prestador. PPI prevista nesta Norma os respectivos planos diretores de regio-
b) Falta de alimentação dos bancos de dados nacionais por 02 nalização e PPI.
(dois) meses consecutivos ou 03 (três) meses alternados; 64.1 - Os municípios localizados em estados que não cumpri-
c) Indicação de suspensão por Auditoria realizada pelos compo- rem o prazo de que trata este item poderão, enquanto persistir esta
nentes estadual ou nacional do SNA, respeitado o prazo de defesa situação, habilitar-se de acordo com as regras de habilitação previs-
do município envolvido. tas na NOB-SUS 01/96.
III .2.2 - Da desabilitação dos estados 65 – No que concerne à regulamentação da assistência à saúde,
57 - Os Estados que não cumprirem as responsabilidades de- o disposto nesta NOAS-SUS atualiza as definições constantes da Por-
finidas para a forma de gestão à qual encontrarem-se habilitados taria GM/MS N° 2.203, de 05 de novembro de 1996, no que couber.
serão desabilitados pela CIT.
57.1 - São motivos de suspensão imediata pelo MS dos repasses LEI FEDERAL Nº 8.069/1990 (ESTATUTO DA CRIANÇA E
financeiros a serem transferidos, mensalmente, fundo a fundo, para DO ADOLESCENTE) E SUAS ALTERAÇÕES
os estados:
a) não pagamento dos prestadores de serviços sob sua gestão,
públicos ou privados, até 60 (sessenta) dias após a apresentação da TÍTULOI
fatura pelo prestador; DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
b) indicação de suspensão por auditoria realizada pelos compo-
nentes nacional do SNA, homologada pela CIT, apontando irregula- Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao
ridades graves. adolescente.
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pes-
CAPÍTULO IV - soa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excep-
58 - Os municípios habilitados segundo a NOB-SUS 01/96 na cionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um
Gestão Plena da Atenção Básica, após avaliados conforme o descri- anos de idade.
to no Subitem 6.5 – Item 6 – Capítulo I desta Norma, estarão habili- Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos
tados na Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada. fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da prote-
59 - Os municípios terão os seguintes prazos, a partir da publi- ção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou
cação desta Norma, para se habilitarem de acordo com o estabele- por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes
cido pela NOB-SUS 01/96: facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social,
- 30 (trinta) dias após a publicação desta Norma para dar en- em condições de liberdade e de dignidade.
trada no processo de habilitação junto à Comissão Intergestores Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a
Bipartite; todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento,
- 60 (sessenta) dias para homologação da habilitação pela Co- situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença,
missão Intergestores Tripartite. deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem,
177
LEGISLAÇÃO
condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou § 5 o A assistência referida no § 4 o deste artigo deverá ser
outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comuni- prestada também a gestantes e mães que manifestem interesse em
dade em que vivem. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) entregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em se encontrem em situação de privação de liberdade. (Redação dada
geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a pela Lei nº 13.257, de 2016)
efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, § 6 o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompa-
à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à nhante de sua preferência durante o período do pré-natal, do traba-
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comu- lho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído pela Lei nº 13.257,
nitária. de 2016)
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: § 7 o A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer cir- materno, alimentação complementar saudável e crescimento e de-
cunstâncias; senvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a cria-
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de re- ção de vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento integral
levância pública; da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais § 8 o A gestante tem direito a acompanhamento saudável du-
públicas; rante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, estabelecendo-
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas rela- -se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por
cionadas com a proteção à infância e à juventude. motivos médicos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qual- § 9 o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante
quer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré-natal, bem
crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto. (In-
por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. cluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins § 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher
sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos com filho na primeira infância que se encontrem sob custódia em
e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às normas
do adolescente como pessoas em desenvolvimento. sanitárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhi-
mento do filho, em articulação com o sistema de ensino competen-
TÍTULOII te, visando ao desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de Prevenção da
CAPÍTULO I Gravidez na Adolescência, a ser realizada anualmente na semana
DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE que incluir o dia 1º de fevereiro, com o objetivo de disseminar in-
formações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida para a redução da incidência da gravidez na adolescência. (Incluído
e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que pela Lei nº 13.798, de 2019)
permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o disposto
em condições dignas de existência. no caput deste artigo ficarão a cargo do poder público, em conjunto
Art. 8 o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos progra- com organizações da sociedade civil, e serão dirigidas prioritaria-
mas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reproduti- mente ao público adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.798, de 2019)
vo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gra- Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores pro-
videz, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e piciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive
pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. (Redação aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade.
dada pela Lei nº 13.257, de 2016) § 1 o Os profissionais das unidades primárias de saúde desen-
§ 1 o O atendimento pré-natal será realizado por profissionais volverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas, visando ao
da atenção primária. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) planejamento, à implementação e à avaliação de ações de pro-
§ 2 o Os profissionais de saúde de referência da gestante garan- moção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à alimentação
tirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao estabele- complementar saudável, de forma contínua. (Incluído pela Lei nº
cimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção 13.257, de 2016)
da mulher. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) § 2 o Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal de-
§ 3 o Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegu- verão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta de leite
rarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta hospitalar humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como o Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à
acesso a outros serviços e a grupos de apoio à amamentação. (Re- saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a:
dação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de
§ 4 o Incumbe ao poder público proporcionar assistência psi- prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;
cológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua im-
como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado pressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem preju-
puerperal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa
competente;
178
LEGISLAÇÃO
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de § 4º Durante os atendimentos de pré-natal e de puerpério ime-
anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como pres- diato, os profissionais de saúde devem informar a gestante e os
tar orientação aos pais; acompanhantes sobre a importância do teste do pezinho e sobre as
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem neces- eventuais diferenças existentes entre as modalidades oferecidas no
sariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do Sistema Único de Saúde e na rede privada de saúde. (Incluído pela
neonato; Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado vol-
permanência junto à mãe. tadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sis-
VI - acompanhar a prática do processo de amamentação, pres- tema Único de Saúde, observado o princípio da equidade no acesso
tando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a mãe per- a ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saú-
manecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já exis- de. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
tente. (Incluído pela Lei nº 13.436, de 2017) (Vigência) § 1 o A criança e o adolescente com deficiência serão atendi-
§ 1º Os testes para o rastreamento de doenças no recém-nas- dos, sem discriminação ou segregação, em suas necessidades gerais
cido serão disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde, no âmbito de saúde e específicas de habilitação e reabilitação. (Redação dada
do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), na forma da pela Lei nº 13.257, de 2016)
regulamentação elaborada pelo Ministério da Saúde, com imple- § 2 o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, àque-
mentação de forma escalonada, de acordo com a seguinte ordem les que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e outras
de progressão: (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou rea-
I – etapa 1: (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência bilitação para crianças e adolescentes, de acordo com as linhas de
a) fenilcetonúria e outras hiperfenilalaninemias; (Incluída pela cuidado voltadas às suas necessidades específicas. (Redação dada
Lei nº 14.154, de 2021) Vigência pela Lei nº 13.257, de 2016)
b) hipotireoidismo congênito; (Incluída pela Lei nº 14.154, de § 3 o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou frequente
2021) Vigência de crianças na primeira infância receberão formação específica e
c) doença falciforme e outras hemoglobinopatias; (Incluída permanente para a detecção de sinais de risco para o desenvolvi-
pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência mento psíquico, bem como para o acompanhamento que se fizer
d) fibrose cística; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vi- necessário. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
gência Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive
e) hiperplasia adrenal congênita; (Incluída pela Lei nº 14.154, as unidades neonatais, de terapia intensiva e de cuidados interme-
de 2021) Vigência diários, deverão proporcionar condições para a permanência em
f) deficiência de biotinidase; (Incluída pela Lei nº 14.154, de tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de inter-
2021) Vigência nação de criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº 13.257,
g) toxoplasmose congênita; (Incluída pela Lei nº 14.154, de de 2016)
2021) Vigência Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico,
II – etapa 2: (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança
a) galactosemias; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vi- ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho
gência Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providên-
b) aminoacidopatias; (Incluída pela Lei nº 14.154, de cias legais. (Redação dada pela Lei nº 13.010, de 2014)
2021) Vigência § 1 o As gestantes ou mães que manifestem interesse em entre-
c) distúrbios do ciclo da ureia; (Incluída pela Lei nº 14.154, de gar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente encaminhadas,
2021) Vigência sem constrangimento, à Justiça da Infância e da Juventude. (Incluí-
d) distúrbios da betaoxidação dos ácidos graxos; (Incluída do pela Lei nº 13.257, de 2016)
pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência § 2 o Os serviços de saúde em suas diferentes portas de entra-
III – etapa 3: doenças lisossômicas; (Incluído pela Lei nº 14.154, da, os serviços de assistência social em seu componente especia-
de 2021) Vigência lizado, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social
IV – etapa 4: imunodeficiências primárias; (Incluído pela Lei nº (Creas) e os demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da
14.154, de 2021) Vigência Criança e do Adolescente deverão conferir máxima prioridade ao
V – etapa 5: atrofia muscular espinhal. (Incluído pela Lei nº atendimento das crianças na faixa etária da primeira infância com
14.154, de 2021) Vigência suspeita ou confirmação de violência de qualquer natureza, formu-
§ 2º A delimitação de doenças a serem rastreadas pelo teste lando projeto terapêutico singular que inclua intervenção em rede
do pezinho, no âmbito do PNTN, será revisada periodicamente, com e, se necessário, acompanhamento domiciliar. (Incluído pela Lei nº
base em evidências científicas, considerados os benefícios do ras- 13.257, de 2016)
treamento, do diagnóstico e do tratamento precoce, priorizando as Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de
doenças com maior prevalência no País, com protocolo de trata- assistência médica e odontológica para a prevenção das enfermida-
mento aprovado e com tratamento incorporado no Sistema Único des que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas
de Saúde. (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência de educação sanitária para pais, educadores e alunos.
§ 3º O rol de doenças constante do § 1º deste artigo poderá ser § 1 o É obrigatória a vacinação das crianças nos casos reco-
expandido pelo poder público com base nos critérios estabelecidos mendados pelas autoridades sanitárias. (Renumerado do parágrafo
no § 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vi- único pela Lei nº 13.257, de 2016)
gência
179
LEGISLAÇÃO
§ 2 o O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à saúde II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de
bucal das crianças e das gestantes, de forma transversal, integral e tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: (Incluído
intersetorial com as demais linhas de cuidado direcionadas à mu- pela Lei nº 13.010, de 2014)
lher e à criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
§ 3 o A atenção odontológica à criança terá função educativa b) ameace gravemente; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de
protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o bebê nascer, por 2014)
meio de aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no sexto e c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
no décimo segundo anos de vida, com orientações sobre saúde bu- Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os res-
cal. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) ponsáveis, os agentes públicos executores de medidas socioeducati-
§ 4 o A criança com necessidade de cuidados odontológicos es- vas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de ado-
peciais será atendida pelo Sistema Único de Saúde. (Incluído pela lescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo
Lei nº 13.257, de 2016) físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de correção,
§ 5 º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos seus disciplina, educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos,
primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou outro instrumen- sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que
to construído com a finalidade de facilitar a detecção, em consulta serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso: (Incluído pela
pediátrica de acompanhamento da criança, de risco para o seu de- Lei nº 13.010, de 2014)
senvolvimento psíquico. (Incluído pela Lei nº 13.438, de 2017) (Vi- I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de pro-
gência) teção à família; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátri-
CAPÍTULO II co; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; (In-
cluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especiali-
respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de de- zado; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
senvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
garantidos na Constituição e nas leis. VI - garantia de tratamento de saúde especializado à víti-
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspec- ma. (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
tos: Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão apli-
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitá- cadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências
rios, ressalvadas as restrições legais; legais. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
II - opinião e expressão;
III - crença e culto religioso; CAPÍTULO III
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA
V - participar da vida familiar e comunitária, sem discrimina-
ção; SEÇÃO I
VI - participar da vida política, na forma da lei; DISPOSIÇÕES GERAIS
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da inte- Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e edu-
gridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abran- cado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substi-
gendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos tuta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente
valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. que garanta seu desenvolvimento integral. (Redação dada pela Lei
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do nº 13.257, de 2016)
adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, § 1 o Toda criança ou adolescente que estiver inserido em pro-
violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. grama de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação re-
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educa- avaliada, no máximo, a cada 3 (três) meses, devendo a autoridade
dos e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe
ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamenta-
qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família da pela possibilidade de reintegração familiar ou pela colocação em
ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art.
medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de 28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. (Incluído pela Lei § 2 o A permanência da criança e do adolescente em progra-
nº 13.010, de 2014) ma de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 18
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: (Incluído (dezoito meses), salvo comprovada necessidade que atenda ao seu
pela Lei nº 13.010, de 2014) superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade ju-
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva apli- diciária. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
cada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que § 3 o A manutenção ou a reintegração de criança ou adolescen-
resulte em: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) te à sua família terá preferência em relação a qualquer outra pro-
a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) vidência, caso em que será esta incluída em serviços e programas
b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
180
LEGISLAÇÃO
de proteção, apoio e promoção, nos termos do § 1 o do art. 23, dos § 9 o É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o nascimen-
incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. to, respeitado o disposto no art. 48 desta Lei. (Incluído pela Lei nº
129 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) 13.509, de 2017)
§ 4 o Será garantida a convivência da criança e do adolescente § 10. Serão cadastrados para adoção recém-nascidos e crian-
com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas perió- ças acolhidas não procuradas por suas famílias no prazo de 30 (trin-
dicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimen- ta) dias, contado a partir do dia do acolhimento. (Incluído pela Lei
to institucional, pela entidade responsável, independentemente de nº 13.509, de 2017)
autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de acolhi-
§ 5 o Será garantida a convivência integral da criança com a mento institucional ou familiar poderão participar de programa de
mãe adolescente que estiver em acolhimento institucional. (Incluído apadrinhamento. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
pela Lei nº 13.509, de 2017) § 1 o O apadrinhamento consiste em estabelecer e proporcio-
§ 6 o A mãe adolescente será assistida por equipe especializada nar à criança e ao adolescente vínculos externos à instituição para
multidisciplinar. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) fins de convivência familiar e comunitária e colaboração com o seu
Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse em en- desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cognitivo, edu-
tregar seu filho para adoção, antes ou logo após o nascimento, será cacional e financeiro. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude. (Incluído pela Lei § 2º Podem ser padrinhos ou madrinhas pessoas maiores de
nº 13.509, de 2017) 18 (dezoito) anos não inscritas nos cadastros de adoção, desde que
§ 1 o A gestante ou mãe será ouvida pela equipe interprofissio- cumpram os requisitos exigidos pelo programa de apadrinhamento
nal da Justiça da Infância e da Juventude, que apresentará relatório de que fazem parte. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
à autoridade judiciária, considerando inclusive os eventuais efeitos § 3 o Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou adolescen-
do estado gestacional e puerperal. (Incluído pela Lei nº 13.509, de te a fim de colaborar para o seu desenvolvimento. (Incluído pela Lei
2017) nº 13.509, de 2017)
§ 2 o De posse do relatório, a autoridade judiciária poderá de- § 4 o O perfil da criança ou do adolescente a ser apadrinha-
terminar o encaminhamento da gestante ou mãe, mediante sua ex- do será definido no âmbito de cada programa de apadrinhamento,
pressa concordância, à rede pública de saúde e assistência social com prioridade para crianças ou adolescentes com remota possibili-
para atendimento especializado. (Incluído pela Lei nº 13.509, de dade de reinserção familiar ou colocação em família adotiva. (Inclu-
2017) ído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 3 o A busca à família extensa, conforme definida nos termos § 5 o Os programas ou serviços de apadrinhamento apoiados
do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará o prazo máximo pela Justiça da Infância e da Juventude poderão ser executados por
de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual período. (Incluído pela órgãos públicos ou por organizações da sociedade civil. (Incluído
Lei nº 13.509, de 2017) pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 4 o Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de § 6 o Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento, os res-
não existir outro representante da família extensa apto a receber a ponsáveis pelo programa e pelos serviços de acolhimento deverão
guarda, a autoridade judiciária competente deverá decretar a ex- imediatamente notificar a autoridade judiciária competente. (Inclu-
tinção do poder familiar e determinar a colocação da criança sob a ído pela Lei nº 13.509, de 2017)
guarda provisória de quem estiver habilitado a adotá-la ou de enti- Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento,
dade que desenvolva programa de acolhimento familiar ou institu- ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas
cional. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
§ 5 o Após o nascimento da criança, a vontade da mãe ou de Art. 21. O pátrio poder poder familiar será exercido, em igual-
ambos os genitores, se houver pai registral ou pai indicado, deve ser dade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser
manifestada na audiência a que se refere o § 1 o do art. 166 desta a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso
Lei, garantido o sigilo sobre a entrega. (Incluído pela Lei nº 13.509, de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a
de 2017) solução da divergência. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010,
§ 6º Na hipótese de não comparecerem à audiência nem o ge- de 2009) Vigência
nitor nem representante da família extensa para confirmar a inten- Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e edu-
ção de exercer o poder familiar ou a guarda, a autoridade judiciária cação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes,
suspenderá o poder familiar da mãe, e a criança será colocada sob a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
a guarda provisória de quem esteja habilitado a adotá-la. (Incluído Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm di-
pela Lei nº 13.509, de 2017) reitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cui-
§ 7 o Os detentores da guarda possuem o prazo de 15 (quinze) dado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito
dias para propor a ação de adoção, contado do dia seguinte à data de transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados
do término do estágio de convivência. (Incluído pela Lei nº 13.509, os direitos da criança estabelecidos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº
de 2017) 13.257, de 2016)
§ 8 o Na hipótese de desistência pelos genitores - manifesta- Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não cons-
da em audiência ou perante a equipe interprofissional - da entrega titui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do pátrio po-
da criança após o nascimento, a criança será mantida com os geni- der poder familiar . (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
tores, e será determinado pela Justiça da Infância e da Juventude 2009) Vigência
o acompanhamento familiar pelo prazo de 180 (cento e oitenta)
dias. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
181
LEGISLAÇÃO
§ 1 o Não existindo outro motivo que por si só autorize a decre- § 4 o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela
tação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada
família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em existência de risco de abuso ou outra situação que justifique plena-
serviços e programas oficiais de proteção, apoio e promoção. (Re- mente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em
dação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos frater-
§ 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a nais. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação por § 5 o A colocação da criança ou adolescente em família subs-
crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem igualmente tituta será precedida de sua preparação gradativa e acompanha-
titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro des- mento posterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço
cendente. (Redação dada pela Lei nº 13.715, de 2018) da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com o
Art. 24. A perda e a suspensão do pátrio poder poder fami- apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal
liar serão decretadas judicialmente, em procedimento contraditó- de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº
rio, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de 12.010, de 2009) Vigência
descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude § 6 o Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou
o art. 22. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda
gência obrigatório: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e
SEÇÃO II cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições,
DA FAMÍLIA NATURAL desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais
reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal; (Incluído pela
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia; (Incluído
aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal
criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e responsável pela política indigenista, no caso de crianças e adoles-
afetividade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência centes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofis-
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reco- sional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso. (Incluído pela
nhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro docu- Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pes-
mento público, qualquer que seja a origem da filiação. soa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a natu-
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimen- reza da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado.
to do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes. Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá trans-
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito per- ferência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades gover-
sonalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado namentais ou não-governamentais, sem autorização judicial.
contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui
o segredo de Justiça. medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção.
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável presta-
SEÇÃO III rá compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, me-
DA FAMÍLIA SUBSTITUTA diante termo nos autos.
SUBSEÇÃO I SUBSEÇÃO II
DISPOSIÇÕES GERAIS DA GUARDA
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material,
guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu de-
da criança ou adolescente, nos termos desta Lei. tentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. (Vide Lei nº
§ 1 o Sempre que possível, a criança ou o adolescente será pre- 12.010, de 2009) Vigência
viamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu estágio § 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo
de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tu-
da medida, e terá sua opinião devidamente considerada. (Redação tela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros.
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de
§ 2 o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será ne- tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a fal-
cessário seu consentimento, colhido em audiência. (Redação dada ta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de representação para a prática de atos determinados.
§ 3 o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de § 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de
parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evi- dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previ-
tar ou minorar as consequências decorrentes da medida. (Incluído denciários.
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
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LEGISLAÇÃO
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LEGISLAÇÃO
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar § 4 o Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá cons-
o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o tar nas certidões do registro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
curatelado. 2009) Vigência
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do § 5 o A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e,
representante legal do adotando. a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do
§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança ou prenome. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido desti- § 6 o Caso a modificação de prenome seja requerida pelo ado-
tuídos do pátrio poder poder familiar . (Expressão substituída pela tante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o disposto nos
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010,
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, de 2009) Vigência
será também necessário o seu consentimento. § 7 o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julga-
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência do da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no § 6 o do
com a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90 (noventa) art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do óbi-
dias, observadas a idade da criança ou adolescente e as peculiarida- to. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
des do caso. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) § 8 o O processo relativo à adoção assim como outros a ele
§ 1 o O estágio de convivência poderá ser dispensado se o ado- relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu arma-
tando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante duran- zenamento em microfilme ou por outros meios, garantida a sua
te tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência conservação para consulta a qualquer tempo. (Incluído pela Lei nº
da constituição do vínculo. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 12.010, de 2009) Vigência
2009) Vigência § 9º Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em
§ 2 o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispen- que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com
sa da realização do estágio de convivência. (Redação dada pela Lei doença crônica. (Incluído pela Lei nº 12.955, de 2014)
nº 12.010, de 2009) Vigência § 10. O prazo máximo para conclusão da ação de adoção será
§ 2 o -A. O prazo máximo estabelecido no caput deste artigo de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma única vez por igual
pode ser prorrogado por até igual período, mediante decisão fun- período, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciá-
damentada da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, ria. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
de 2017) Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem biológi-
§ 3 o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domi- ca, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medi-
ciliado fora do País, o estágio de convivência será de, no mínimo, 30 da foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (de-
(trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e cinco) dias, prorrogável zoito) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
por até igual período, uma única vez, mediante decisão fundamen- Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser
tada da autoridade judiciária. (Redação dada pela Lei nº 13.509, também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pe-
de 2017) dido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica. (In-
§ 3 o -A. Ao final do prazo previsto no § 3 o deste artigo, deverá cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ser apresentado laudo fundamentado pela equipe mencionada no § Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o pátrio po-
4 o deste artigo, que recomendará ou não o deferimento da adoção der poder familiar dos pais naturais. (Expressão substituída pela Lei
à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 4 o O estágio de convivência será acompanhado pela equi- Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca
pe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em con-
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela exe- dições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na ado-
cução da política de garantia do direito à convivência familiar, que ção. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do deferi- § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta
mento da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público.
§ 5 o O estágio de convivência será cumprido no território na- § 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não satisfi-
cional, preferencialmente na comarca de residência da criança ou zer os requisitos legais, ou verificada qualquer das hipóteses previs-
adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe, respeitada, tas no art. 29.
em qualquer hipótese, a competência do juízo da comarca de resi- § 3 o A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um
dência da criança. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equi-
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, pe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente
que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política mu-
fornecerá certidão. nicipal de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
bem como o nome de seus ascendentes. § 4 o Sempre que possível e recomendável, a preparação referi-
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o regis- da no § 3 o deste artigo incluirá o contato com crianças e adolescen-
tro original do adotado. tes em acolhimento familiar ou institucional em condições de serem
§ 3 o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado adotados, a ser realizado sob a orientação, supervisão e avaliação
no Cartório do Registro Civil do Município de sua residência. (Reda- da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, com apoio
ção dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento e pela
execução da política municipal de garantia do direito à convivência
familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
184
LEGISLAÇÃO
§ 5 o Serão criados e implementados cadastros estaduais e na- Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual o
cional de crianças e adolescentes em condições de serem adotados pretendente possui residência habitual em país-parte da Convenção
e de pessoas ou casais habilitados à adoção. (Incluído pela Lei nº de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças
12.010, de 2009) Vigência e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, promulgada
§ 6 o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais resi- pelo Decreto n o 3.087, de 21 junho de 1999 , e deseja adotar
dentes fora do País, que somente serão consultados na inexistência criança em outro país-parte da Convenção. (Redação dada pela Lei
de postulantes nacionais habilitados nos cadastros mencionados no nº 13.509, de 2017)
§ 5 o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 1 o A adoção internacional de criança ou adolescente bra-
§ 7 o As autoridades estaduais e federais em matéria de ado- sileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar
ção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de comprovado: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
informações e a cooperação mútua, para melhoria do sistema. (In- I - que a colocação em família adotiva é a solução adequada ao
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência caso concreto; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 8 o A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48 II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação
(quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes em da criança ou adolescente em família adotiva brasileira, com a
condições de serem adotados que não tiveram colocação familiar comprovação, certificada nos autos, da inexistência de adotantes
na comarca de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferi- habilitados residentes no Brasil com perfil compatível com a crian-
da sua habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional refe- ça ou adolescente, após consulta aos cadastros mencionados nesta
ridos no § 5 o deste artigo, sob pena de responsabilidade. (Incluído Lei; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi con-
§ 9 o Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela manu- sultado, por meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e
tenção e correta alimentação dos cadastros, com posterior comuni- que se encontra preparado para a medida, mediante parecer elabo-
cação à Autoridade Central Federal Brasileira. (Incluído pela Lei nº rado por equipe interprofissional, observado o disposto nos §§ 1 o e
12.010, de 2009) Vigência 2 o do art. 28 desta Lei. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
§ 10. Consultados os cadastros e verificada a ausência de pre- gência
tendentes habilitados residentes no País com perfil compatível e § 2 o Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos
interesse manifesto pela adoção de criança ou adolescente inscri- estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou ado-
to nos cadastros existentes, será realizado o encaminhamento da lescente brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
criança ou adolescente à adoção internacional. (Redação dada pela gência
Lei nº 13.509, de 2017) § 3 o A adoção internacional pressupõe a intervenção das Auto-
§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado em ridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção interna-
sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível e re- cional. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
comendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em § 4º (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
programa de acolhimento familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento
2009) Vigência previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adapta-
§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos ções: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público. (In- I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar crian-
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ça ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de candi- à adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção in-
dato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos ternacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está
desta Lei quando: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência situada sua residência habitual; (Incluída pela Lei nº 12.010, de
I - se tratar de pedido de adoção unilateral; (Incluído pela Lei nº 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que
II - for formulada por parente com o qual a criança ou adoles- os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um re-
cente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; (Incluído pela latório que contenha informações sobre a identidade, a capacidade
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pes-
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal soal, familiar e médica, seu meio social, os motivos que os animam e
de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso sua aptidão para assumir uma adoção internacional; (Incluída pela
de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qual- III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório
quer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. (Incluído à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato IV - o relatório será instruído com toda a documentação ne-
deverá comprovar, no curso do procedimento, que preenche os re- cessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe inter-
quisitos necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei. (Incluído profissional habilitada e cópia autenticada da legislação pertinente,
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência acompanhada da respectiva prova de vigência; (Incluída pela Lei nº
§ 15. Será assegurada prioridade no cadastro a pessoas inte- 12.010, de 2009) Vigência
ressadas em adotar criança ou adolescente com deficiência, com
doença crônica ou com necessidades específicas de saúde, além de
grupo de irmãos. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
185
LEGISLAÇÃO
V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do ór-
autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e gão federal competente; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradu- gência
ção, por tradutor público juramentado; (Incluída pela Lei nº 12.010, III - estar submetidos à supervisão das autoridades competen-
de 2009) Vigência tes do país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive
VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e quanto à sua composição, funcionamento e situação financeira; (In-
solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulan- cluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
te estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida; (Incluída IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como relató-
VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade Central rio de acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no
Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacio- período, cuja cópia será encaminhada ao Departamento de Polícia
nal, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida Federal; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimen- V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade
to, tanto à luz do que dispõe esta Lei como da legislação do país de Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Bra-
acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção internacio- sileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório
nal, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano; (Incluída pela Lei será mantido até a juntada de cópia autenticada do registro civil,
nº 12.010, de 2009) Vigência estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o adotado; (In-
VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será auto- cluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
rizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os adotan-
da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente, tes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia da
conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual. (In- certidão de registro de nascimento estrangeira e do certificado de
cluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos. (Incluída pela Lei nº
§ 1 o Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar, ad- 12.010, de 2009) Vigência
mite-se que os pedidos de habilitação à adoção internacional sejam § 5 o A não apresentação dos relatórios referidos no § 4 o deste
intermediados por organismos credenciados. (Incluída pela Lei nº artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a suspensão
12.010, de 2009) Vigência de seu credenciamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
§ 2 o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o cre- gência
denciamento de organismos nacionais e estrangeiros encarregados § 6 o O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro
de intermediar pedidos de habilitação à adoção internacional, com encarregado de intermediar pedidos de adoção internacional terá
posterior comunicação às Autoridades Centrais Estaduais e publi- validade de 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
cação nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio próprio da inter- gência
net. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 7 o A renovação do credenciamento poderá ser concedida
§ 3 o Somente será admissível o credenciamento de organismos mediante requerimento protocolado na Autoridade Central Federal
que: (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do respectivo
I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de prazo de validade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central § 8 o Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu
do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando a adoção internacional, não será permitida a saída do adotando do
para atuar em adoção internacional no Brasil; (Incluída pela Lei nº território nacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência § 9 o Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciá-
II - satisfizerem as condições de integridade moral, competên- ria determinará a expedição de alvará com autorização de viagem,
cia profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos paí- bem como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoria-
ses respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluí- mente, as características da criança ou adolescente adotado, como
da pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como
III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação foto recente e a aposição da impressão digital do seu polegar di-
e experiência para atuar na área de adoção internacional; (Incluída reito, instruindo o documento com cópia autenticada da decisão
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência e certidão de trânsito em julgado. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídi- 2009) Vigência
co brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade Central § 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a qual-
Federal Brasileira. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência quer momento, solicitar informações sobre a situação das crianças
§ 4 o Os organismos credenciados deverão ainda: (Incluído pela e adolescentes adotados (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência gência
I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e § 11. A cobrança de valores por parte dos organismos creden-
dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do país ciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade Central
onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade Federal Brasileira e que não estejam devidamente comprovados, é
Central Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- causa de seu descredenciamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
gência 2009) Vigência
II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de § 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser re-
reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou ex- presentados por mais de uma entidade credenciada para atuar na
periência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas cooperação em adoção internacional. (Incluído pela Lei nº 12.010,
pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade de 2009) Vigência
186
LEGISLAÇÃO
§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado da, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente
fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o
renovada. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional. (Incluído
§ 14. É vedado o contato direto de representantes de organis- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
mos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigentes de pro-
gramas de acolhimento institucional ou familiar, assim como com CAPÍTULO IV
crianças e adolescentes em condições de serem adotados, sem a de- DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO
vida autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- LAZER
gência
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, vi-
ou suspender a concessão de novos credenciamentos sempre que sando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o
julgar necessário, mediante ato administrativo fundamentado. (In- exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, asseguran-
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência do-se-lhes:
Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e descre- I - igualdade de condições para o acesso e permanência na es-
denciamento, o repasse de recursos provenientes de organismos cola;
estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de adoção inter- II - direito de ser respeitado por seus educadores;
nacional a organismos nacionais ou a pessoas físicas. (Incluído pela III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência às instâncias escolares superiores;
Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser efe- IV - direito de organização e participação em entidades estu-
tuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e estarão dantis;
sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de Direitos da Crian- V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua residên-
ça e do Adolescente (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cia, garantindo-se vagas no mesmo estabelecimento a irmãos que
Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em país frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação bási-
ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha ca. (Redação dada pela Lei nº 13.845, de 2019)
sido processado em conformidade com a legislação vigente no país Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência
de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da do processo pedagógico, bem como participar da definição das pro-
referida Convenção, será automaticamente recepcionada com o postas educacionais.
reingresso no Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 53-A. É dever da instituição de ensino, clubes e agremia-
§ 1 o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do ções recreativas e de estabelecimentos congêneres assegurar medi-
Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser homologada das de conscientização, prevenção e enfrentamento ao uso ou de-
pelo Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de pendência de drogas ilícitas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
2009) Vigência Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:
§ 2 o O pretendente brasileiro residente no exterior em país não I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os
ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil, que a ele não tiveram acesso na idade própria;
deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Su- II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao
perior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- ensino médio;
gência III - atendimento educacional especializado aos portadores de
Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero
origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autori- a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016)
dade Central Estadual que tiver processado o pedido de habilita- V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da
ção dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central criação artística, segundo a capacidade de cada um;
Federal e determinará as providências necessárias à expedição do VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do
Certificado de Naturalização Provisório. (Incluído pela Lei nº 12.010, adolescente trabalhador;
de 2009) Vigência VII - atendimento no ensino fundamental, através de progra-
§ 1 o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Pú- mas suplementares de material didático-escolar, transporte, ali-
blico, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão se mentação e assistência à saúde.
restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à or- § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público
dem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do subjetivo.
adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder pú-
§ 2 o Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista blico ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autorida-
no § 1 o deste artigo, o Ministério Público deverá imediatamente re- de competente.
querer o que for de direito para resguardar os interesses da criança § 3º Compete ao poder público recensear os educandos no en-
ou do adolescente, comunicando-se as providências à Autoridade sino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou
Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central Fe- responsável, pela freqüência à escola.
deral Brasileira e à Autoridade Central do país de origem. (Incluído Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino funda-
país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de ori- mental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
gem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ain- I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
187
LEGISLAÇÃO
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgo- § 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho
tados os recursos escolares; efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho
III - elevados níveis de repetência. não desfigura o caráter educativo.
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências e Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à pro-
novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo, meto- teção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre outros:
dologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças e I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento;
adolescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório. II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores cul-
turais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança TÍTULOIII
e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o DA PREVENÇÃO
acesso às fontes de cultura.
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, esti- CAPÍTULO I
mularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para pro- DISPOSIÇÕES GERAIS
gramações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância
e a juventude. Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou
violação dos direitos da criança e do adolescente.
CAPÍTULO V Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO NO pios deverão atuar de forma articulada na elaboração de políticas
TRABALHO públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo
físico ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas não
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze violentas de educação de crianças e de adolescentes, tendo como
anos de idade, salvo na condição de aprendiz. (Vide Constituição principais ações: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Federal) I - a promoção de campanhas educativas permanentes para a
Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada divulgação do direito da criança e do adolescente de serem educa-
por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei. dos e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-pro- ou degradante e dos instrumentos de proteção aos direitos huma-
fissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de nos; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
educação em vigor. II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do Ministério
Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguin- Público e da Defensoria Pública, com o Conselho Tutelar, com os Con-
tes princípios: selhos de Direitos da Criança e do Adolescente e com as entidades não
I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino regu- governamentais que atuam na promoção, proteção e defesa dos direi-
lar; tos da criança e do adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescen- III - a formação continuada e a capacitação dos profissionais
te; de saúde, educação e assistência social e dos demais agentes que
III - horário especial para o exercício das atividades. atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegura- adolescente para o desenvolvimento das competências necessárias
da bolsa de aprendizagem. à prevenção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e ao en-
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são frentamento de todas as formas de violência contra a criança e o
assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários. adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica de
trabalho protegido. conflitos que envolvam violência contra a criança e o adolescen-
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime fa- te; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
miliar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a garan-
governamental ou não-governamental, é vedado trabalho: tir os direitos da criança e do adolescente, desde a atenção pré-natal,
I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as e de atividades junto aos pais e responsáveis com o objetivo de pro-
cinco horas do dia seguinte; mover a informação, a reflexão, o debate e a orientação sobre alter-
II - perigoso, insalubre ou penoso; nativas ao uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante
III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu no processo educativo; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
desenvolvimento físico, psíquico, moral e social; VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a articula-
IV - realizado em horários e locais que não permitam a freqüên- ção de ações e a elaboração de planos de atuação conjunta focados
cia à escola. nas famílias em situação de violência, com participação de profis-
Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho edu- sionais de saúde, de assistência social e de educação e de órgãos de
cativo, sob responsabilidade de entidade governamental ou não-go- promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescen-
vernamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescente te. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
que dele participe condições de capacitação para o exercício de ati- VII - a promoção de estudos e pesquisas, de estatísticas e de
vidade regular remunerada. outras informações relevantes às consequências e à frequência das
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em formas de violência contra a criança e o adolescente para a siste-
que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pesso- matização de dados nacionalmente unificados e a avaliação perió-
al e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo. dica dos resultados das medidas adotadas; (Incluído pela Lei nº
14.344, de 2022) Vigência
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LEGISLAÇÃO
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LEGISLAÇÃO
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo IV - serviço de identificação e localização de pais, responsável,
seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano crianças e adolescentes desaparecidos;
físico em caso de utilização indevida; V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos
V - revistas e publicações a que alude o art. 78; da criança e do adolescente.
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes. VI - políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em período de afastamento do convívio familiar e a garantir o efetivo
hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se auto- exercício do direito à convivência familiar de crianças e adolescen-
rizado ou acompanhado pelos pais ou responsável. tes; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de
SEÇÃO III guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar
DA AUTORIZAÇÃO PARA VIAJAR e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças maiores ou de
adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com de-
Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de 16 (dezes- ficiências e de grupos de irmãos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
seis) anos poderá viajar para fora da comarca onde reside desacom- 2009) Vigência
panhado dos pais ou dos responsáveis sem expressa autorização ju- Parágrafo único. A linha de ação da política de atendimento a
dicial. (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019) que se refere o inciso IV do caput deste artigo será executada em
§ 1º A autorização não será exigida quando: cooperação com o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas,
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança ou criado pela Lei nº 13.812, de 16 de março de 2019, com o Cadastro
do adolescente menor de 16 (dezesseis) anos, se na mesma unidade Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos, criado pela Lei
da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana; (Reda- nº 12.127, de 17 de dezembro de 2009, e com os demais cadastros,
ção dada pela Lei nº 13.812, de 2019) sejam eles nacionais, estaduais ou municipais. (Incluído pela Lei nº
b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) anos es- 14.548, de 2023)
tiver acompanhado: (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019) Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, com- I - municipalização do atendimento;
provado documentalmente o parentesco; II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e contro-
ou responsável. ladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação po-
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou res- pular paritária por meio de organizações representativas, segundo
ponsável, conceder autorização válida por dois anos. leis federal, estaduais e municipais;
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização III - criação e manutenção de programas específicos, observada
é dispensável, se a criança ou adolescente: a descentralização político-administrativa;
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável; IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressa- vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do
mente pelo outro através de documento com firma reconhecida. adolescente;
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério
criança ou adolescente nascido em território nacional poderá sair Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, pre-
do País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no ferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do
exterior. atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de ato
infracional;
PARTE ESPECIAL VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério
Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da execução
TÍTULOI das políticas sociais básicas e de assistência social, para efeito de
DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO agilização do atendimento de crianças e de adolescentes inseridos
em programas de acolhimento familiar ou institucional, com vista
CAPÍTULO I na sua rápida reintegração à família de origem ou, se tal solução
DISPOSIÇÕES GERAIS se mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em família
substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do Lei; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações VII - mobilização da opinião pública para a indispensável parti-
governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do cipação dos diversos segmentos da sociedade. (Incluído pela Lei nº
Distrito Federal e dos municípios. 12.010, de 2009) Vigência
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: VIII - especialização e formação continuada dos profissionais
I - políticas sociais básicas; que trabalham nas diferentes áreas da atenção à primeira infância,
II - serviços, programas, projetos e benefícios de assistência incluindo os conhecimentos sobre direitos da criança e sobre desen-
social de garantia de proteção social e de prevenção e redução de volvimento infantil; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
violações de direitos, seus agravamentos ou reincidências; (Reda- IX - formação profissional com abrangência dos diversos direi-
ção dada pela Lei nº 13.257, de 2016) tos da criança e do adolescente que favoreça a intersetorialidade
III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico e no atendimento da criança e do adolescente e seu desenvolvimento
psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, integral; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
abuso, crueldade e opressão;
190
LEGISLAÇÃO
X - realização e divulgação de pesquisas sobre desenvolvimento III - em se tratando de programas de acolhimento institucio-
infantil e sobre prevenção da violência. (Incluído pela Lei nº 13.257, nal ou familiar, serão considerados os índices de sucesso na reinte-
de 2016) gração familiar ou de adaptação à família substituta, conforme o
Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos conse- caso. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
lhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente Art. 91. As entidades não-governamentais somente poderão
é considerada de interesse público relevante e não será remunera- funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos Direi-
da. tos da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o registro ao
Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da respectiva localidade.
CAPÍTULO II § 1 o Será negado o registro à entidade que: (Incluído pela Lei
DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO nº 12.010, de 2009) Vigência
a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas de
SEÇÃO I habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
DISPOSIÇÕES GERAIS b) não apresente plano de trabalho compatível com os princí-
pios desta Lei;
Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela c) esteja irregularmente constituída;
manutenção das próprias unidades, assim como pelo planejamento d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.
e execução de programas de proteção e sócio-educativos destina- e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e delibe-
dos a crianças e adolescentes, em regime de: (Vide) rações relativas à modalidade de atendimento prestado expedidas
I - orientação e apoio sócio-familiar; pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, em todos
II - apoio sócio-educativo em meio aberto; os níveis. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - colocação familiar; § 2 o O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, ca-
IV - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº bendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adoles-
12.010, de 2009) Vigência cente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua renovação,
V - prestação de serviços à comunidade; (Redação dada pela Lei observado o disposto no § 1 o deste artigo. (Incluído pela Lei nº
nº 12.594, de 2012) (Vide) 12.010, de 2009) Vigência
VI - liberdade assistida; (Redação dada pela Lei nº 12.594, de Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de acolhi-
2012) (Vide) mento familiar ou institucional deverão adotar os seguintes princí-
VII - semiliberdade; e (Redação dada pela Lei nº 12.594, de pios: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
2012) (Vide) I - preservação dos vínculos familiares e promoção da reinte-
VIII - internação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) gração familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
§ 1º As entidades governamentais e não governamentais deve- cia
rão proceder à inscrição de seus programas, especificando os regi- II - integração em família substituta, quando esgotados os
mes de atendimento, na forma definida neste artigo, no Conselho recursos de manutenção na família natural ou extensa; (Redação
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual manterá dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
registro das inscrições e de suas alterações, do que fará comunica- III - atendimento personalizado e em pequenos grupos;
ção ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-educação;
nº 12.010, de 2009) Vigência V - não desmembramento de grupos de irmãos;
§ 2º Os recursos destinados à implementação e manutenção VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras en-
dos programas relacionados neste artigo serão previstos nas dota- tidades de crianças e adolescentes abrigados;
ções orçamentárias dos órgãos públicos encarregados das áreas de VII - participação na vida da comunidade local;
Educação, Saúde e Assistência Social, dentre outros, observando-se VIII - preparação gradativa para o desligamento;
o princípio da prioridade absoluta à criança e ao adolescente preco- IX - participação de pessoas da comunidade no processo edu-
nizado pelo caput do art. 227 da Constituição Federal e pelo caput cativo.
e parágrafo único do art. 4 o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, § 1 o O dirigente de entidade que desenvolve programa de aco-
de 2009) Vigência lhimento institucional é equiparado ao guardião, para todos os efei-
§ 3º Os programas em execução serão reavaliados pelo Con- tos de direito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
selho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no máxi- § 2 o Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas
mo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios para renovação de acolhimento familiar ou institucional remeterão à autoridade ju-
da autorização de funcionamento: (Incluído pela Lei nº 12.010, de diciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório circunstanciado
2009) Vigência acerca da situação de cada criança ou adolescente acolhido e sua
I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem como família, para fins da reavaliação prevista no § 1 o do art. 19 desta
às resoluções relativas à modalidade de atendimento prestado ex- Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, § 3 o Os entes federados, por intermédio dos Poderes Executivo
em todos os níveis; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência e Judiciário, promoverão conjuntamente a permanente qualificação
II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, atesta- dos profissionais que atuam direta ou indiretamente em programas
das pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela Justiça da de acolhimento institucional e destinados à colocação familiar de
Infância e da Juventude; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- crianças e adolescentes, incluindo membros do Poder Judiciário, Mi-
gência nistério Público e Conselho Tutelar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência
191
LEGISLAÇÃO
§ 4 o Salvo determinação em contrário da autoridade judiciá- XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
ria competente, as entidades que desenvolvem programas de aco- XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de
lhimento familiar ou institucional, se necessário com o auxílio do acordo com suas crenças;
Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência social, estimularão o XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
contato da criança ou adolescente com seus pais e parentes, em XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máxi-
cumprimento ao disposto nos incisos I e VIII do caput deste arti- mo de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade com-
go. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência petente;
§ 5 o As entidades que desenvolvem programas de acolhimento XV - informar, periodicamente, o adolescente internado sobre
familiar ou institucional somente poderão receber recursos públicos sua situação processual;
se comprovado o atendimento dos princípios, exigências e finalida- XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos de
des desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência adolescentes portadores de moléstias infecto-contagiosas;
§ 6 o O descumprimento das disposições desta Lei pelo dirigen- XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos ado-
te de entidade que desenvolva programas de acolhimento familiar lescentes;
ou institucional é causa de sua destituição, sem prejuízo da apura- XVIII - manter programas destinados ao apoio e acompanha-
ção de sua responsabilidade administrativa, civil e criminal. (Incluí- mento de egressos;
do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício da
§ 7 o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) anos em cidadania àqueles que não os tiverem;
acolhimento institucional, dar-se-á especial atenção à atuação de XX - manter arquivo de anotações onde constem data e circuns-
educadores de referência estáveis e qualitativamente significativos, tâncias do atendimento, nome do adolescente, seus pais ou respon-
às rotinas específicas e ao atendimento das necessidades básicas, sável, parentes, endereços, sexo, idade, acompanhamento da sua
incluindo as de afeto como prioritárias. (Incluído pela Lei nº 13.257, formação, relação de seus pertences e demais dados que possibili-
de 2016) tem sua identificação e a individualização do atendimento.
Art. 93. As entidades que mantenham programa de acolhi- § 1 o Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes deste
mento institucional poderão, em caráter excepcional e de urgência, artigo às entidades que mantêm programas de acolhimento insti-
acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação da auto- tucional e familiar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
ridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24 (vinte gência
e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de § 2º No cumprimento das obrigações a que alude este artigo as
responsabilidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- entidades utilizarão preferencialmente os recursos da comunidade.
gência Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que abriguem ou
Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade judi- recepcionem crianças e adolescentes, ainda que em caráter tempo-
ciária, ouvido o Ministério Público e se necessário com o apoio do rário, devem ter, em seus quadros, profissionais capacitados a reco-
Conselho Tutelar local, tomará as medidas necessárias para promo- nhecer e reportar ao Conselho Tutelar suspeitas ou ocorrências de
ver a imediata reintegração familiar da criança ou do adolescente maus-tratos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
ou, se por qualquer razão não for isso possível ou recomendável,
para seu encaminhamento a programa de acolhimento familiar, ins- SEÇÃO II
titucional ou a família substituta, observado o disposto no § 2 o do DA FISCALIZAÇÃO DAS ENTIDADES
art. 101 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de interna- Art. 95. As entidades governamentais e não-governamentais
ção têm as seguintes obrigações, entre outras: referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério
I - observar os direitos e garantias de que são titulares os ado- Público e pelos Conselhos Tutelares.
lescentes; Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas serão
II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de apresentados ao estado ou ao município, conforme a origem das
restrição na decisão de internação; dotações orçamentárias.
III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas unida- Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendimento
des e grupos reduzidos; que descumprirem obrigação constante do art. 94, sem prejuízo da
IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos:
dignidade ao adolescente; I - às entidades governamentais:
V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação a) advertência;
dos vínculos familiares; b) afastamento provisório de seus dirigentes;
VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os ca- c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
sos em que se mostre inviável ou impossível o reatamento dos vín- d) fechamento de unidade ou interdição de programa.
culos familiares; II - às entidades não-governamentais:
VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas de a) advertência;
habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os objetos ne- b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas;
cessários à higiene pessoal; c) interdição de unidades ou suspensão de programa;
VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados d) cassação do registro.
à faixa etária dos adolescentes atendidos; § 1 o Em caso de reiteradas infrações cometidas por entida-
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e des de atendimento, que coloquem em risco os direitos assegurados
farmacêuticos; nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao Ministério Público ou re-
X - propiciar escolarização e profissionalização;
192
LEGISLAÇÃO
presentado perante autoridade judiciária competente para as pro- VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades compe-
vidências cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou dissolução tentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo seja conhe-
da entidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cida; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 2 o As pessoas jurídicas de direito público e as organizações VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida exclu-
não governamentais responderão pelos danos que seus agentes sivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja indispen-
causarem às crianças e aos adolescentes, caracterizado o descum- sável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da criança e do
primento dos princípios norteadores das atividades de proteção es- adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pecífica. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser a
necessária e adequada à situação de perigo em que a criança ou o
TÍTULOII adolescente se encontram no momento em que a decisão é toma-
DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO da; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada
CAPÍTULO I de modo que os pais assumam os seus deveres para com a criança e
DISPOSIÇÕES GERAIS o adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
X - prevalência da família: na promoção de direitos e na prote-
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são ção da criança e do adolescente deve ser dada prevalência às me-
aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ame- didas que os mantenham ou reintegrem na sua família natural ou
açados ou violados: extensa ou, se isso não for possível, que promovam a sua integração
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; em família adotiva; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o adolescente,
III - em razão de sua conduta. respeitado seu estágio de desenvolvimento e capacidade de com-
preensão, seus pais ou responsável devem ser informados dos seus
CAPÍTULO II direitos, dos motivos que determinaram a intervenção e da forma
DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO como esta se processa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
gência
Art. 99. As medidas previstas neste CAPÍTULO poderão ser apli- XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o adoles-
cadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qual- cente, em separado ou na companhia dos pais, de responsável ou
quer tempo. de pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou responsável,
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as ne- têm direito a ser ouvidos e a participar nos atos e na definição da
cessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao forta- medida de promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião
lecimento dos vínculos familiares e comunitários. devidamente considerada pela autoridade judiciária competente,
Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação observado o disposto nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. (Incluído
das medidas: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de direi- Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98,
tos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos previstos a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as se-
nesta e em outras Leis, bem como na Constituição Federal; (Incluído guintes medidas:
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo
II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de responsabilidade;
de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser voltada à pro- II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
teção integral e prioritária dos direitos de que crianças e adoles- III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento
centes são titulares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência oficial de ensino fundamental;
III - responsabilidade primária e solidária do poder público: a IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários
plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e a adolescen- de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adoles-
tes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo nos casos por esta cente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
expressamente ressalvados, é de responsabilidade primária e soli- V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátri-
dária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da municipaliza- co, em regime hospitalar ou ambulatorial;
ção do atendimento e da possibilidade da execução de programas VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
por entidades não governamentais; (Incluído pela Lei nº 12.010, de orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
2009) Vigência VII - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº
IV - interesse superior da criança e do adolescente: a inter- 12.010, de 2009) Vigência
venção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos da VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; (Redação
criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
devida a outros interesses legítimos no âmbito da pluralidade dos IX - colocação em família substituta. (Incluído pela Lei nº
interesses presentes no caso concreto; (Incluído pela Lei nº 12.010, 12.010, de 2009) Vigência
de 2009) Vigência § 1 o O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são
V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de tran-
e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela intimidade, di- sição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para
reito à imagem e reserva da sua vida privada; (Incluído pela Lei nº colocação em família substituta, não implicando privação de liber-
12.010, de 2009) Vigência dade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
193
LEGISLAÇÃO
§ 2 o Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para § 8 o Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o res-
proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das providên- ponsável pelo programa de acolhimento familiar ou institucional
cias a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da criança ou fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que dará vista
adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva da au- ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em
toridade judiciária e importará na deflagração, a pedido do Minis- igual prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento § 9 o Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração
judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável da criança ou do adolescente à família de origem, após seu enca-
legal o exercício do contraditório e da ampla defesa. (Incluído pela minhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação,
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado ao
§ 3 o Crianças e adolescentes somente poderão ser encami- Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das
nhados às instituições que executam programas de acolhimento providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos
institucional, governamentais ou não, por meio de uma Guia de técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da política mu-
Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária, na qual obriga- nicipal de garantia do direito à convivência familiar, para a destitui-
toriamente constará, dentre outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de ção do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda. (Incluído
2009) Vigência pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou § 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo
de seu responsável, se conhecidos; (Incluído pela Lei nº 12.010, de de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de destituição do
2009) Vigência poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos
II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com complementares ou de outras providências indispensáveis ao ajui-
pontos de referência; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên- zamento da demanda. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
cia § 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou
III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-los foro regional, um cadastro contendo informações atualizadas sobre
sob sua guarda; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência as crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar e ins-
IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio titucional sob sua responsabilidade, com informações pormenoriza-
familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência das sobre a situação jurídica de cada um, bem como as providências
§ 4 o Imediatamente após o acolhimento da criança ou do ado- tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em família
lescente, a entidade responsável pelo programa de acolhimento substituta, em qualquer das modalidades previstas no art. 28 desta
institucional ou familiar elaborará um plano individual de atendi- Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
mento, visando à reintegração familiar, ressalvada a existência de § 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Con-
ordem escrita e fundamentada em contrário de autoridade judiciá- selho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os Conselhos
ria competente, caso em que também deverá contemplar sua colo- Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Assis-
cação em família substituta, observadas as regras e princípios desta tência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a implementação
Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de políticas públicas que permitam reduzir o número de crianças
§ 5 o O plano individual será elaborado sob a responsabilida- e adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar o período
de da equipe técnica do respectivo programa de atendimento e le- de permanência em programa de acolhimento. (Incluído pela Lei nº
vará em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a 12.010, de 2009) Vigência
oitiva dos pais ou do responsável. (Incluído pela Lei nº 12.010, de Art. 102. As medidas de proteção de que trata este CAPÍTULO
2009) Vigência serão acompanhadas da regularização do registro civil. (Vide Lei nº
§ 6 o Constarão do plano individual, dentre outros: (Incluído 12.010, de 2009) Vigência
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento de
I - os resultados da avaliação interdisciplinar; (Incluído pela Lei nascimento da criança ou adolescente será feito à vista dos elemen-
nº 12.010, de 2009) Vigência tos disponíveis, mediante requisição da autoridade judiciária.
II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; e (In- § 2º Os registros e certidões necessários à regularização de que
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência trata este artigo são isentos de multas, custas e emolumentos, go-
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a zando de absoluta prioridade.
criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou responsável, § 3 o Caso ainda não definida a paternidade, será deflagra-
com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por do procedimento específico destinado à sua averiguação, conforme
expressa e fundamentada determinação judicial, as providências a previsto pela Lei n o 8.560, de 29 de dezembro de 1992. (Incluído
serem tomadas para sua colocação em família substituta, sob dire- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ta supervisão da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, § 4 o Nas hipóteses previstas no § 3 o deste artigo, é dispensável
de 2009) Vigência o ajuizamento de ação de investigação de paternidade pelo Ministé-
§ 7 o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local rio Público se, após o não comparecimento ou a recusa do suposto
mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, como parte pai em assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for encami-
do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a ne- nhada para adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
cessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais § 5 o Os registros e certidões necessários à inclusão, a qualquer
de orientação, de apoio e de promoção social, sendo facilitado e tempo, do nome do pai no assento de nascimento são isentos de
estimulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhi- multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade. (In-
do. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
194
LEGISLAÇÃO
§ 6 o São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação requeri- V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade com-
da do reconhecimento de paternidade no assento de nascimento petente;
e a certidão correspondente. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável
2016) em qualquer fase do procedimento.
TÍTULOIII CAPÍTULO IV
DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL DAS MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS
CAPÍTULO I SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade
crime ou contravenção penal. competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito I - advertência;
anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei. II - obrigação de reparar o dano;
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada III - prestação de serviços à comunidade;
a idade do adolescente à data do fato. IV - liberdade assistida;
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponde- V - inserção em regime de semi-liberdade;
rão as medidas previstas no art. 101. VI - internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
CAPÍTULO II § 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua
DOS DIREITOS INDIVIDUAIS capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infra-
ção.
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade § 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a
senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e funda- prestação de trabalho forçado.
mentada da autoridade judiciária competente. § 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência men-
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos tal receberão tratamento individual e especializado, em local ade-
responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de quado às suas condições.
seus direitos. Art. 113. Aplica-se a este CAPÍTULO o disposto nos arts. 99 e
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde 100.
se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI
judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes da autoria
indicada. e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão,
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de res- nos termos do art. 127.
ponsabilidade, a possibilidade de liberação imediata. Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determina- houver prova da materialidade e indícios suficientes da autoria.
da pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear- SEÇÃO II
-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada DA ADVERTÊNCIA
a necessidade imperiosa da medida.
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será sub- Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que
metido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de prote- será reduzida a termo e assinada.
ção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida
fundada. SEÇÃO III
DA OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO
CAPÍTULO III
DAS GARANTIAS PROCESSUAIS Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patri-
moniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o ado-
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade lescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por
sem o devido processo legal. outra forma, compense o prejuízo da vítima.
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as se- Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida
guintes garantias: poderá ser substituída por outra adequada.
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracio-
nal, mediante citação ou meio equivalente;
II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se
com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias
à sua defesa;
III - defesa técnica por advogado;
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados,
na forma da lei;
195
LEGISLAÇÃO
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na re- Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade,
alização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à
excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em pro- § 1º Será permitida a realização de atividades externas, a cri-
gramas comunitários ou governamentais. tério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as apti- judicial em contrário.
dões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada má- § 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua
xima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no
em dias úteis, de modo a não prejudicar a freqüência à escola ou à máximo a cada seis meses.
jornada normal de trabalho. § 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação
excederá a três anos.
SEÇÃO V § 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o ado-
DA LIBERDADE ASSISTIDA lescente deverá ser liberado, colocado em regime de semi-liberdade
ou de liberdade assistida.
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afi- § 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.
gurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar § 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de
e orientar o adolescente. autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompa- § 7 o A determinação judicial mencionada no § 1 o poderá ser
nhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou pro- revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária. (Incluído pela
grama de atendimento. Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quan-
seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada do:
ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave amea-
Público e o defensor. ça ou violência a pessoa;
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
autoridade competente, a realização dos seguintes encargos, entre III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida
outros: anteriormente imposta.
I - promover socialmente o adolescente e sua família, forne- § 1 o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo
cendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada
oficial ou comunitário de auxílio e assistência social; judicialmente após o devido processo legal. (Redação dada pela Lei
II - supervisionar a freqüência e o aproveitamento escolar do nº 12.594, de 2012) (Vide)
adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula; § 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, haven-
III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente do outra medida adequada.
e de sua inserção no mercado de trabalho; Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclu-
IV - apresentar relatório do caso. siva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abri-
go, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição
SEÇÃO VI física e gravidade da infração.
DO REGIME DE SEMI-LIBERDADE Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive
provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas.
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, en-
desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto, pos- tre outros, os seguintes:
sibilitada a realização de atividades externas, independentemente I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Minis-
de autorização judicial. tério Público;
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, de- II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
vendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes na III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
comunidade. IV - ser informado de sua situação processual, sempre que so-
§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, licitada;
no que couber, as disposições relativas à internação. V - ser tratado com respeito e dignidade;
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela
mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável;
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pes-
soal;
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e
salubridade;
XI - receber escolarização e profissionalização;
196
LEGISLAÇÃO
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos inci-
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social; sos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24.
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e des- Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou
de que assim o deseje; abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judi-
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local ciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do
seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porven- agressor da moradia comum.
tura depositados em poder da entidade; Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a fixa-
XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos ção provisória dos alimentos de que necessitem a criança ou o ado-
pessoais indispensáveis à vida em sociedade. lescente dependentes do agressor. (Incluído pela Lei nº 12.415, de
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade. 2011)
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamen-
te a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos TÍTULOV
sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adoles- DO CONSELHO TUTELAR
cente.
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e men- CAPÍTULO I
tal dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de con- DISPOSIÇÕES GERAIS
tenção e segurança.
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo,
CAPÍTULO V não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumpri-
DA REMISSÃO mento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.
Art. 132. Em cada Município e em cada Região Administrati-
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apura- va do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar
ção de ato infracional, o representante do Ministério Público poderá como órgão integrante da administração pública local, composto de
conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, aten- 5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para mandato
dendo às circunstâncias e conseqüências do fato, ao contexto social, de 4 (quatro) anos, permitida recondução por novos processos de
bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor escolha. (Redação dada pela Lei nº 13.824, de 2019)
participação no ato infracional. Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar,
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da re- serão exigidos os seguintes requisitos:
missão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou extin- I - reconhecida idoneidade moral;
ção do processo. II - idade superior a vinte e um anos;
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhe- III - residir no município.
cimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e
efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto à
de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em remuneração dos respectivos membros, aos quais é assegurado o
regime de semi-liberdade e a internação. direito a: (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº 12.696, de
revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expres- 2012)
so do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 (um
Público. terço) do valor da remuneração mensal; (Incluído pela Lei nº 12.696,
de 2012)
TÍTULOIV III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
DAS MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU RESPONSÁVEL IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável: Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal e da
I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comu- do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao funciona-
nitários de proteção, apoio e promoção da família; (Redação dada mento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação continuada
dada pela Lei nº 13.257, de 2016) dos conselheiros tutelares. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de
II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, 2012)
orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro constitui-
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; rá serviço público relevante e estabelecerá presunção de idoneidade
IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; moral. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua
freqüência e aproveitamento escolar;
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a trata-
mento especializado;
VII - advertência;
VIII - perda da guarda;
IX - destituição da tutela;
X - suspensão ou destituição do pátrio poder poder fami-
liar . (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
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LEGISLAÇÃO
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LEGISLAÇÃO
CAPÍTULO V SEÇÃO II
DOS IMPEDIMENTOS DO JUIZ
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da Infân-
e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, ir- cia e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na forma da lei
mãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou de organização judiciária local.
madrasta e enteado. Art. 147. A competência será determinada:
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro, na I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
forma deste artigo, em relação à autoridade judiciária e ao repre- II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta
sentante do Ministério Público com atuação na Justiça da Infância dos pais ou responsável.
e da Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou distrital. § 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a autorida-
de do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão,
TÍTULOVI continência e prevenção.
DO ACESSO À JUSTIÇA § 2º A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade
competente da residência dos pais ou responsável, ou do local onde
CAPÍTULO I sediar-se a entidade que abrigar a criança ou adolescente.
DISPOSIÇÕES GERAIS § 3º Em caso de infração cometida através de transmissão si-
multânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma comarca,
Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à será competente, para aplicação da penalidade, a autoridade judi-
Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por ciária do local da sede estadual da emissora ou rede, tendo a sen-
qualquer de seus órgãos. tença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras do
§ 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela respectivo estado.
necessitarem, através de defensor público ou advogado nomeado. Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente
§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Infância para:
e da Juventude são isentas de custas e emolumentos, ressalvada a I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério
hipótese de litigância de má-fé. Público, para apuração de ato infracional atribuído a adolescente,
Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão representados aplicando as medidas cabíveis;
e os maiores de dezesseis e menores de vinte e um anos assistidos II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção
por seus pais, tutores ou curadores, na forma da legislação civil ou do processo;
processual. III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador especial IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais,
à criança ou adolescente, sempre que os interesses destes colidirem difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado o
com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer de represen- disposto no art. 209;
tação ou assistência legal ainda que eventual. V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em enti-
Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e ad- dades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis;
ministrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a que se VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações
atribua autoria de ato infracional. contra norma de proteção à criança ou adolescente;
Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não pode- VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar,
rá identificar a criança ou adolescente, vedando-se fotografia, refe- aplicando as medidas cabíveis.
rência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive, Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adolescente
iniciais do nome e sobrenome. (Redação dada pela Lei nº 10.764, nas hipóteses do art. 98, é também competente a Justiça da Infância
de 12.11.2003) e da Juventude para o fim de:
Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se refe- a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
re o artigo anterior somente será deferida pela autoridade judiciária b) conhecer de ações de destituição do pátrio poder poder fa-
competente, se demonstrado o interesse e justificada a finalidade. miliar , perda ou modificação da tutela ou guarda; (Expressão subs-
tituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
CAPÍTULO II c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento;
DA JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna
ou materna, em relação ao exercício do pátrio poder poder fami-
SEÇÃO I liar ; (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
DISPOSIÇÕES GERAIS e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando fal-
tarem os pais;
Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas f) designar curador especial em casos de apresentação de quei-
especializadas e exclusivas da infância e da juventude, cabendo ao xa ou representação, ou de outros procedimentos judiciais ou extra-
Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por número de judiciais em que haja interesses de criança ou adolescente;
habitantes, dotá-las de infra-estrutura e dispor sobre o atendimen- g) conhecer de ações de alimentos;
to, inclusive em plantões. h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos
registros de nascimento e óbito.
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, através
de portaria, ou autorizar, mediante alvará:
199
LEGISLAÇÃO
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, desa- § 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos seus
companhado dos pais ou responsável, em: procedimentos são contados em dias corridos, excluído o dia do
a) estádio, ginásio e campo desportivo; começo e incluído o dia do vencimento, vedado o prazo em dobro
b) bailes ou promoções dançantes; para a Fazenda Pública e o Ministério Público. (Incluído pela Lei nº
c) boate ou congêneres; 13.509, de 2017)
d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas; Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não corresponder
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão. a procedimento previsto nesta ou em outra lei, a autoridade judici-
II - a participação de criança e adolescente em: ária poderá investigar os fatos e ordenar de ofício as providências
a) espetáculos públicos e seus ensaios; necessárias, ouvido o Ministério Público.
b) certames de beleza. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica para
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade judiciá- o fim de afastamento da criança ou do adolescente de sua família
ria levará em conta, dentre outros fatores: de origem e em outros procedimentos necessariamente contencio-
a) os princípios desta Lei; sos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
b) as peculiaridades locais; Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
c) a existência de instalações adequadas;
d) o tipo de freqüência habitual ao local; SEÇÃO II
e) a adequação do ambiente a eventual participação ou fre- DA PERDA E DA SUSPENSÃO DO PÁTRIO PODER PODER
qüência de crianças e adolescentes; FAMILIAR
f) a natureza do espetáculo. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo deve-
rão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as determinações de Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão do pá-
caráter geral. trio poder poder familiar terá início por provocação do Ministério
Público ou de quem tenha legítimo interesse. (Expressão substituída
SEÇÃO III pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
DOS SERVIÇOS AUXILIARES Art. 156. A petição inicial indicará:
I - a autoridade judiciária a que for dirigida;
Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua pro- II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do reque-
posta orçamentária, prever recursos para manutenção de equipe rente e do requerido, dispensada a qualificação em se tratando de
interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da Infância e da pedido formulado por representante do Ministério Público;
Juventude. III - a exposição sumária do fato e o pedido;
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o
atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer rol de testemunhas e documentos.
subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audiên- Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judici-
cia, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento, orien- ária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão do pátrio
tação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata poder poder familiar , liminar ou incidentalmente, até o julgamen-
subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre manifesta- to definitivo da causa, ficando a criança ou adolescente confiado
ção do ponto de vista técnico. a pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade. (Expressão
Parágrafo único. Na ausência ou insuficiência de servidores pú- substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
blicos integrantes do Poder Judiciário responsáveis pela realização § 1 o Recebida a petição inicial, a autoridade judiciária deter-
dos estudos psicossociais ou de quaisquer outras espécies de ava- minará, concomitantemente ao despacho de citação e independen-
liações técnicas exigidas por esta Lei ou por determinação judicial, temente de requerimento do interessado, a realização de estudo
a autoridade judiciária poderá proceder à nomeação de perito, nos social ou perícia por equipe interprofissional ou multidisciplinar
termos do art. 156 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Códi- para comprovar a presença de uma das causas de suspensão ou
go de Processo Civil) . (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) destituição do poder familiar, ressalvado o disposto no § 10 do art.
101 desta Lei, e observada a Lei n o 13.431, de 4 de abril de
CAPÍTULO III 2017 . (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
DOS PROCEDIMENTOS § 2 o Em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas,
é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe interprofissional
SEÇÃO I ou multidisciplinar referida no § 1 o deste artigo, de representantes
DISPOSIÇÕES GERAIS do órgão federal responsável pela política indigenista, observado o
disposto no § 6 o do art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.509,
Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-se de 2017)
subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação proces- § 3º A concessão da liminar será, preferencialmente, precedida
sual pertinente. de entrevista da criança ou do adolescente perante equipe multidis-
§ 1º É assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade ciplinar e de oitiva da outra parte, nos termos da Lei nº 13.431, de 4
absoluta na tramitação dos processos e procedimentos previstos de abril de 2017. (Incluído pela Lei nº 14.340, de 2022)
nesta Lei, assim como na execução dos atos e diligências judiciais § 4º Se houver indícios de ato de violação de direitos de criança
a eles referentes. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ou de adolescente, o juiz comunicará o fato ao Ministério Público
e encaminhará os documentos pertinentes. (Incluído pela Lei nº
14.340, de 2022)
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LEGISLAÇÃO
Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez dias, § 1º (Revogado) . (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e § 2 o Na audiência, presentes as partes e o Ministério Público,
oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos. serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer
§ 1 o A citação será pessoal, salvo se esgotados todos os meios técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se su-
para sua realização. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) cessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público, pelo
§ 2 o O requerido privado de liberdade deverá ser citado pesso- tempo de 20 (vinte) minutos cada um, prorrogável por mais 10 (dez)
almente. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) minutos. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 3 o Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver pro- § 3 o A decisão será proferida na audiência, podendo a auto-
curado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, ridade judiciária, excepcionalmente, designar data para sua leitura
deverá, havendo suspeita de ocultação, informar qualquer pessoa no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 13.509, de
da família ou, em sua falta, qualquer vizinho do dia útil em que vol- 2017)
tará a fim de efetuar a citação, na hora que designar, nos termos § 4 o Quando o procedimento de destituição de poder fami-
do art. 252 e seguintes da Lei n o 13.105, de 16 de março de 2015 liar for iniciado pelo Ministério Público, não haverá necessidade de
(Código de Processo Civil) . (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) nomeação de curador especial em favor da criança ou adolescen-
§ 4 o Na hipótese de os genitores encontrarem-se em local in- te. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
certo ou não sabido, serão citados por edital no prazo de 10 (dez) Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedimento
dias, em publicação única, dispensado o envio de ofícios para a lo- será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá ao juiz, no caso de notória
calização. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) inviabilidade de manutenção do poder familiar, dirigir esforços para
Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de constituir ad- preparar a criança ou o adolescente com vistas à colocação em fa-
vogado, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, poderá mília substituta. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
requerer, em cartório, que lhe seja nomeado dativo, ao qual incum- Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a suspen-
birá a apresentação de resposta, contando-se o prazo a partir da são do poder familiar será averbada à margem do registro de nas-
intimação do despacho de nomeação. cimento da criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010,
Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de liberda- de 2009) Vigência
de, o oficial de justiça deverá perguntar, no momento da citação
pessoal, se deseja que lhe seja nomeado defensor. (Incluído pela Lei SEÇÃO III
nº 12.962, de 2014) DA DESTITUIÇÃO DA TUTELA
Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária requisitará
de qualquer repartição ou órgão público a apresentação de docu- Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o procedimen-
mento que interesse à causa, de ofício ou a requerimento das partes to para a remoção de tutor previsto na lei processual civil e, no que
ou do Ministério Público. couber, o disposto na seção anterior.
Art. 161. Se não for contestado o pedido e tiver sido concluído
o estudo social ou a perícia realizada por equipe interprofissional SEÇÃO IV
ou multidisciplinar, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao DA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA
Ministério Público, por 5 (cinco) dias, salvo quando este for o reque-
rente, e decidirá em igual prazo. (Redação dada pela Lei nº 13.509, Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de coloca-
de 2017) ção em família substituta:
§ 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das I - qualificação completa do requerente e de seu eventual côn-
partes ou do Ministério Público, determinará a oitiva de testemu- juge, ou companheiro, com expressa anuência deste;
nhas que comprovem a presença de uma das causas de suspensão II - indicação de eventual parentesco do requerente e de seu
ou destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente, especifi-
Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) , ou no art. cando se tem ou não parente vivo;
24 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) III - qualificação completa da criança ou adolescente e de seus
§ 2 o (Revogado) . (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) pais, se conhecidos;
§ 3 o Se o pedido importar em modificação de guarda, será IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, anexan-
obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança ou do, se possível, uma cópia da respectiva certidão;
adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou rendimen-
compreensão sobre as implicações da medida. (Incluído pela Lei nº tos relativos à criança ou ao adolescente.
12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-ão
§ 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles forem iden- também os requisitos específicos.
tificados e estiverem em local conhecido, ressalvados os casos de Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido destituídos ou
não comparecimento perante a Justiça quando devidamente cita- suspensos do poder familiar, ou houverem aderido expressamente
dos. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) ao pedido de colocação em família substituta, este poderá ser for-
§ 5 o Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, a auto- mulado diretamente em cartório, em petição assinada pelos pró-
ridade judicial requisitará sua apresentação para a oitiva. (Incluído prios requerentes, dispensada a assistência de advogado. (Redação
pela Lei nº 12.962, de 2014) dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará § 1 o Na hipótese de concordância dos pais, o juiz: (Redação
vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
este for o requerente, designando, desde logo, audiência de instru-
ção e julgamento.
201
LEGISLAÇÃO
I - na presença do Ministério Público, ouvirá as partes, devi- Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescente sob
damente assistidas por advogado ou por defensor público, para a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento familiar
verificar sua concordância com a adoção, no prazo máximo de 10 será comunicada pela autoridade judiciária à entidade por este res-
(dez) dias, contado da data do protocolo da petição ou da entrega ponsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº
da criança em juízo, tomando por termo as declarações; e (Incluído 12.010, de 2009) Vigência
pela Lei nº 13.509, de 2017)
II - declarará a extinção do poder familiar. (Incluído pela Lei nº SEÇÃO V
13.509, de 2017) DA APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL ATRIBUÍDO A
§ 2 o O consentimento dos titulares do poder familiar será pre- ADOLESCENTE
cedido de orientações e esclarecimentos prestados pela equipe in-
terprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, em especial, Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem judicial
no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da medida. (Incluído será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato infra-
§ 3 o São garantidos a livre manifestação de vontade dos deten- cional será, desde logo, encaminhado à autoridade policial compe-
tores do poder familiar e o direito ao sigilo das informações. (Reda- tente.
ção dada pela Lei nº 13.509, de 2017) Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada
§ 4 o O consentimento prestado por escrito não terá validade para atendimento de adolescente e em se tratando de ato infra-
se não for ratificado na audiência a que se refere o § 1 o deste arti- cional praticado em co-autoria com maior, prevalecerá a atribuição
go. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) da repartição especializada, que, após as providências necessárias
§ 5 o O consentimento é retratável até a data da realização da e conforme o caso, encaminhará o adulto à repartição policial pró-
audiência especificada no § 1 o deste artigo, e os pais podem exer- pria.
cer o arrependimento no prazo de 10 (dez) dias, contado da data de Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido me-
prolação da sentença de extinção do poder familiar. (Redação dada diante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade policial,
pela Lei nº 13.509, de 2017) sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107, de-
§ 6 o O consentimento somente terá valor se for dado após o verá:
nascimento da criança. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o ado-
gência lescente;
§ 7 o A família natural e a família substituta receberão a devida II - apreender o produto e os instrumentos da infração;
orientação por intermédio de equipe técnica interprofissional a ser- III - requisitar os exames ou perícias necessários à comprovação
viço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com da materialidade e autoria da infração.
apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a lavra-
de garantia do direito à convivência familiar. (Redação dada pela Lei tura do auto poderá ser substituída por boletim de ocorrência cir-
nº 13.509, de 2017) cunstanciada.
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o
das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de adolescente será prontamente liberado pela autoridade policial,
estudo social ou, se possível, perícia por equipe interprofissional, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação
decidindo sobre a concessão de guarda provisória, bem como, no ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo
caso de adoção, sobre o estágio de convivência. impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela gravi-
Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda provisória ou dade do ato infracional e sua repercussão social, deva o adolescente
do estágio de convivência, a criança ou o adolescente será entregue permanecer sob internação para garantia de sua segurança pessoal
ao interessado, mediante termo de responsabilidade. (Incluído pela ou manutenção da ordem pública.
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial enca-
Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, e minhará, desde logo, o adolescente ao representante do Ministério
ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-se-á Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou boletim de
vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias, deci- ocorrência.
dindo a autoridade judiciária em igual prazo. § 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade
Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a perda policial encaminhará o adolescente à entidade de atendimento, que
ou a suspensão do pátrio poder poder familiar constituir pressupos- fará a apresentação ao representante do Ministério Público no pra-
to lógico da medida principal de colocação em família substituta, zo de vinte e quatro horas.
será observado o procedimento contraditório previsto nas Seções II § 2º Nas localidades onde não houver entidade de atendi-
e III deste CAPÍTULO. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de mento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial. À falta de
2009) Vigência repartição policial especializada, o adolescente aguardará a apre-
Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda poderá sentação em dependência separada da destinada a maiores, não
ser decretada nos mesmos autos do procedimento, observado o dis- podendo, em qualquer hipótese, exceder o prazo referido no pará-
posto no art. 35. grafo anterior.
Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o dis- Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial
posto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. 47. encaminhará imediatamente ao representante do Ministério Públi-
co cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.
202
LEGISLAÇÃO
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver indícios § 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade judici-
de participação de adolescente na prática de ato infracional, a auto- ária expedirá mandado de busca e apreensão, determinando o so-
ridade policial encaminhará ao representante do Ministério Público brestamento do feito, até a efetiva apresentação.
relatório das investigações e demais documentos. § 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a sua
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato infra- apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou responsável.
cional não poderá ser conduzido ou transportado em compartimen- Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autoridade
to fechado de veículo policial, em condições atentatórias à sua dig- judiciária, não poderá ser cumprida em estabelecimento prisional.
nidade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou mental, § 1º Inexistindo na comarca entidade com as características de-
sob pena de responsabilidade. finidas no art. 123, o adolescente deverá ser imediatamente trans-
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do Minis- ferido para a localidade mais próxima.
tério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão, boletim § 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente aguar-
de ocorrência ou relatório policial, devidamente autuados pelo car- dará sua remoção em repartição policial, desde que em seção isolada
tório judicial e com informação sobre os antecedentes do adoles- dos adultos e com instalações apropriadas, não podendo ultrapassar o
cente, procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, em sendo prazo máximo de cinco dias, sob pena de responsabilidade.
possível, de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas. Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou responsá-
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o represen- vel, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos mesmos, poden-
tante do Ministério Público notificará os pais ou responsável para do solicitar opinião de profissional qualificado.
apresentação do adolescente, podendo requisitar o concurso das § 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a remissão,
polícias civil e militar. ouvirá o representante do Ministério Público, proferindo decisão.
Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo ante- § 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de inter-
rior, o representante do Ministério Público poderá: nação ou colocação em regime de semi-liberdade, a autoridade judici-
I - promover o arquivamento dos autos; ária, verificando que o adolescente não possui advogado constituído,
II - conceder a remissão; nomeará defensor, designando, desde logo, audiência em continuação,
III - representar à autoridade judiciária para aplicação de me- podendo determinar a realização de diligências e estudo do caso.
dida sócio-educativa. § 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no prazo
Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou concedida a de três dias contado da audiência de apresentação, oferecerá defe-
remissão pelo representante do Ministério Público, mediante termo sa prévia e rol de testemunhas.
fundamentado, que conterá o resumo dos fatos, os autos serão con- § 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas ar-
clusos à autoridade judiciária para homologação. roladas na representação e na defesa prévia, cumpridas as diligên-
§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a autoridade cias e juntado o relatório da equipe interprofissional, será dada a
judiciária determinará, conforme o caso, o cumprimento da medida. palavra ao representante do Ministério Público e ao defensor, suces-
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos au- sivamente, pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável
tos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho fundamen- por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em seguida
tado, e este oferecerá representação, designará outro membro do proferirá decisão.
Ministério Público para apresentá-la, ou ratificará o arquivamento Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não com-
ou a remissão, que só então estará a autoridade judiciária obrigada parecer, injustificadamente à audiência de apresentação, a autori-
a homologar. dade judiciária designará nova data, determinando sua condução
Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Ministério coercitiva.
Público não promover o arquivamento ou conceder a remissão, ofe- Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão do
recerá representação à autoridade judiciária, propondo a instaura- processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento,
ção de procedimento para aplicação da medida sócio-educativa que antes da sentença.
se afigurar a mais adequada. Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer medida,
§ 1º A representação será oferecida por petição, que conterá o desde que reconheça na sentença:
breve resumo dos fatos e a classificação do ato infracional e, quan- I - estar provada a inexistência do fato;
do necessário, o rol de testemunhas, podendo ser deduzida oral- II - não haver prova da existência do fato;
mente, em sessão diária instalada pela autoridade judiciária. III - não constituir o fato ato infracional;
§ 2º A representação independe de prova pré-constituída da IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para o ato
autoria e materialidade. infracional.
Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o adoles-
procedimento, estando o adolescente internado provisoriamente, cente internado, será imediatamente colocado em liberdade.
será de quarenta e cinco dias. Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de inter-
Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária nação ou regime de semi-liberdade será feita:
designará audiência de apresentação do adolescente, decidindo, I - ao adolescente e ao seu defensor;
desde logo, sobre a decretação ou manutenção da internação, ob- II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais ou
servado o disposto no art. 108 e parágrafo. responsável, sem prejuízo do defensor.
§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão cientifica- § 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á unica-
dos do teor da representação, e notificados a comparecer à audiên- mente na pessoa do defensor.
cia, acompanhados de advogado. § 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deverá
§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a autori- este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença.
dade judiciária dará curador especial ao adolescente.
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LEGISLAÇÃO
SEÇÃO V-A Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de ob-
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) servar a estrita finalidade da investigação responderá pelos exces-
DA INFILTRAÇÃO DE AGENTES DE POLÍCIA PARA A sos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
INVESTIGAÇÃO DE CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL DE Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público poderão
CRIANÇA E DE ADOLESCENTE” incluir nos bancos de dados próprios, mediante procedimento sigi-
loso e requisição da autoridade judicial, as informações necessá-
Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet com rias à efetividade da identidade fictícia criada. (Incluído pela Lei nº
o fim de investigar os crimes previstos nos arts. 240 , 241 , 241- 13.441, de 2017)
A , 241-B , 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A , 217- Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata esta Se-
A , 218 , 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro ção será numerado e tombado em livro específico. (Incluído pela Lei
de 1940 (Código Penal) , obedecerá às seguintes regras: (Incluído nº 13.441, de 2017)
pela Lei nº 13.441, de 2017) Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos
I – será precedida de autorização judicial devidamente circuns- praticados durante a operação deverão ser registrados, gravados,
tanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites da infiltração armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público, jun-
para obtenção de prova, ouvido o Ministério Público; (Incluído pela tamente com relatório circunstanciado. (Incluído pela Lei nº 13.441,
Lei nº 13.441, de 2017) de 2017)
II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público ou Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados
representação de delegado de polícia e conterá a demonstração de no caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e apen-
sua necessidade, o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou sados ao processo criminal juntamente com o inquérito policial,
apelidos das pessoas investigadas e, quando possível, os dados de assegurando-se a preservação da identidade do agente policial
conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas pesso- infiltrado e a intimidade das crianças e dos adolescentes envolvi-
as; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) dos. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem pre-
juízo de eventuais renovações, desde que o total não exceda a 720 SEÇÃO VI
(setecentos e vinte) dias e seja demonstrada sua efetiva necessida- DA APURAÇÃO DE IRREGULARIDADES EM ENTIDADE DE
de, a critério da autoridade judicial. (Incluído pela Lei nº 13.441, de ATENDIMENTO
2017)
§ 1 º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão requi- Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades em
sitar relatórios parciais da operação de infiltração antes do término entidade governamental e não-governamental terá início median-
do prazo de que trata o inciso II do § 1 º deste artigo. (Incluído pela te portaria da autoridade judiciária ou representação do Ministério
Lei nº 13.441, de 2017) Público ou do Conselho Tutelar, onde conste, necessariamente, re-
§ 2 º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1 º deste artigo, sumo dos fatos.
consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a autorida-
I – dados de conexão: informações referentes a hora, data, iní- de judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o
cio, término, duração, endereço de Protocolo de Internet (IP) utili- afastamento provisório do dirigente da entidade, mediante decisão
zado e terminal de origem da conexão; (Incluído pela Lei nº 13.441, fundamentada.
de 2017) Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de
II – dados cadastrais: informações referentes a nome e ende- dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documentos e
reço de assinante ou de usuário registrado ou autenticado para a indicar as provas a produzir.
conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário ou código Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo necessário, a
de acesso tenha sido atribuído no momento da conexão. autoridade judiciária designará audiência de instrução e julgamen-
§ 3 º A infiltração de agentes de polícia na internet não será ad- to, intimando as partes.
mitida se a prova puder ser obtida por outros meios. (Incluído pela § 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério
Lei nº 13.441, de 2017) Público terão cinco dias para oferecer alegações finais, decidindo a
Art. 190-B. As informações da operação de infiltração serão autoridade judiciária em igual prazo.
encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela autorização da § 2º Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo de
medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária oficia-
2017) rá à autoridade administrativa imediatamente superior ao afasta-
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso aos do, marcando prazo para a substituição.
autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado § 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade ju-
de polícia responsável pela operação, com o objetivo de garantir o diciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades
sigilo das investigações. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem
Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua julgamento de mérito.
identidade para, por meio da internet, colher indícios de autoria § 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da
e materialidade dos crimes previstos nos arts. 240 , 241 , 241- entidade ou programa de atendimento.
A , 241-B , 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A , 217-
A , 218 , 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
de 1940 (Código Penal) . (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
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LEGISLAÇÃO
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LEGISLAÇÃO
Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será inscrito Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. 149
nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua convocação caberá recurso de apelação.
para a adoção feita de acordo com ordem cronológica de habilita- Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz efeito desde
ção e conforme a disponibilidade de crianças ou adolescentes ado- logo, embora sujeita a apelação, que será recebida exclusivamente
táveis. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência no efeito devolutivo, salvo se se tratar de adoção internacional ou
§ 1 o A ordem cronológica das habilitações somente poderá se houver perigo de dano irreparável ou de difícil reparação ao ado-
deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas hipóteses tando. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando comprovado ser essa Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer dos
a melhor solução no interesse do adotando. (Incluído pela Lei nº genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que deverá ser
12.010, de 2009) Vigência recebida apenas no efeito devolutivo. (Incluído pela Lei nº 12.010,
§ 2 o A habilitação à adoção deverá ser renovada no mínimo de 2009) Vigência
trienalmente mediante avaliação por equipe interprofissional. (Re- Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção e de des-
dação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) tituição de poder familiar, em face da relevância das questões, serão
§ 3 o Quando o adotante candidatar-se a uma nova adoção, processados com prioridade absoluta, devendo ser imediatamente
será dispensável a renovação da habilitação, bastando a avaliação distribuídos, ficando vedado que aguardem, em qualquer situação,
por equipe interprofissional. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) oportuna distribuição, e serão colocados em mesa para julgamento
§ 4 o Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo habilitado, à ado- sem revisão e com parecer urgente do Ministério Público. (Incluído
ção de crianças ou adolescentes indicados dentro do perfil escolhi- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
do, haverá reavaliação da habilitação concedida. (Incluído pela Lei Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em mesa para
nº 13.509, de 2017) julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da sua
§ 5 o A desistência do pretendente em relação à guarda para conclusão. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
fins de adoção ou a devolução da criança ou do adolescente depois Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da data do
do trânsito em julgado da sentença de adoção importará na sua julgamento e poderá na sessão, se entender necessário, apresentar
exclusão dos cadastros de adoção e na vedação de renovação da oralmente seu parecer. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
habilitação, salvo decisão judicial fundamentada, sem prejuízo das gência
demais sanções previstas na legislação vigente. (Incluído pela Lei nº Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a instauração
13.509, de 2017) de procedimento para apuração de responsabilidades se constatar
Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão da habilitação à o descumprimento das providências e do prazo previstos nos artigos
adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável por igual perí- anteriores. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
odo, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária. (In-
cluído pela Lei nº 13.509, de 2017) CAPÍTULO V
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
CAPÍTULO IV
DOS RECURSOS Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta Lei
serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica.
Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e da Art. 201. Compete ao Ministério Público:
Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas socioedu- I - conceder a remissão como forma de exclusão do processo;
cativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei n o 5.869, de 11 de II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às in-
janeiro de 1973 (Código de Processo Civil) , com as seguintes adap- frações atribuídas a adolescentes;
tações: (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os proce-
I - os recursos serão interpostos independentemente de prepa- dimentos de suspensão e destituição do pátrio poder poder fami-
ro; liar , nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem
II - em todos os recursos, salvo nos embargos de declaração, o como oficiar em todos os demais procedimentos da competência da
prazo para o Ministério Público e para a defesa será sempre de 10 Justiça da Infância e da Juventude; (Expressão substituída pela Lei
(dez) dias; (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) nº 12.010, de 2009) Vigência
III - os recursos terão preferência de julgamento e dispensarão IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interessados, a
revisor; especialização e a inscrição de hipoteca legal e a prestação de con-
IV - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência tas dos tutores, curadores e quaisquer administradores de bens de
V - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência crianças e adolescentes nas hipóteses do art. 98;
VI - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a prote-
VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior instân- ção dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos à infân-
cia, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso de agravo, a cia e à adolescência, inclusive os definidos no art. 220, § 3º inciso II,
autoridade judiciária proferirá despacho fundamentado, mantendo da Constituição Federal ;
ou reformando a decisão, no prazo de cinco dias; VI - instaurar procedimentos administrativos e, para instruí-los:
VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão reme- a) expedir notificações para colher depoimentos ou esclareci-
terá os autos ou o instrumento à superior instância dentro de vinte e mentos e, em caso de não comparecimento injustificado, requisitar
quatro horas, independentemente de novo pedido do recorrente; se condução coercitiva, inclusive pela polícia civil ou militar;
a reformar, a remessa dos autos dependerá de pedido expresso da b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de au-
parte interessada ou do Ministério Público, no prazo de cinco dias, toridades municipais, estaduais e federais, da administração direta ou
contados da intimação. indireta, bem como promover inspeções e diligências investigatórias;
206
LEGISLAÇÃO
207
LEGISLAÇÃO
§ 1 o As hipóteses previstas neste artigo não excluem da prote- § 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado
ção judicial outros interesses individuais, difusos ou coletivos, pró- da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que
prios da infância e da adolescência, protegidos pela Constituição se houver configurado o descumprimento.
e pela Lei. (Renumerado do Parágrafo único pela Lei nº 11.259, de Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo
2005) Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo
§ 2 o A investigação do desaparecimento de crianças ou adoles- município.
centes será realizada imediatamente após notificação aos órgãos § 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito em
competentes, que deverão comunicar o fato aos portos, aeroportos, julgado da decisão serão exigidas através de execução promovida
Polícia Rodoviária e companhias de transporte interestaduais e in- pelo Ministério Público, nos mesmos autos, facultada igual iniciati-
ternacionais, fornecendo-lhes todos os dados necessários à identifi- va aos demais legitimados.
cação do desaparecido. (Incluído pela Lei nº 11.259, de 2005) § 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro fica-
§ 3º A notificação a que se refere o § 2º deste artigo será ime- rá depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com
diatamente comunicada ao Cadastro Nacional de Pessoas Desapa- correção monetária.
recidas e ao Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Desa- Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos,
parecidos, que deverão ser prontamente atualizados a cada nova para evitar dano irreparável à parte.
informação. (Incluído pela Lei nº 14.548, de 2023) Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser con-
Art. 209. As ações previstas neste CAPÍTULO serão propostas denação ao poder público, o juiz determinará a remessa de peças à
no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, autoridade competente, para apuração da responsabilidade civil e
cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressal- administrativa do agente a que se atribua a ação ou omissão.
vadas a competência da Justiça Federal e a competência originária Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da
dos tribunais superiores. sentença condenatória sem que a associação autora lhe promova a
Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses coletivos execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual inicia-
ou difusos, consideram-se legitimados concorrentemente: tiva aos demais legitimados.
I - o Ministério Público; Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao réu
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal e os os honorários advocatícios arbitrados na conformidade do § 4º do
territórios; art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Pro-
III - as associações legalmente constituídas há pelo menos um cesso Civil) , quando reconhecer que a pretensão é manifestamente
ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interes- infundada.
ses e direitos protegidos por esta Lei, dispensada a autorização da Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação
assembléia, se houver prévia autorização estatutária. autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios solidariamente condenados ao décuplo das custas, sem prejuízo de
Públicos da União e dos estados na defesa dos interesses e direitos responsabilidade por perdas e danos.
de que cuida esta Lei. Art. 219. Nas ações de que trata este CAPÍTULO, não have-
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por asso- rá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e
ciação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado poderá quaisquer outras despesas.
assumir a titularidade ativa. Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá
Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe informa-
interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exi- ções sobre fatos que constituam objeto de ação civil, e indicando-
gências legais, o qual terá eficácia de título executivo extrajudicial. -lhe os elementos de convicção.
Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos por Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e tribunais
esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações pertinentes. tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura
§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste CAPÍTULO as normas de ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as provi-
do Código de Processo Civil. dências cabíveis.
§ 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública ou Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá re-
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder públi- querer às autoridades competentes as certidões e informações que
co, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei, caberá ação julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de quinze dias.
mandamental, que se regerá pelas normas da lei do mandado de Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presi-
segurança. dência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, organismo
Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obri- público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no
gação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a dez dias úteis.
obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado § 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as dili-
prático equivalente ao do adimplemento. gências, se convencer da inexistência de fundamento para a propo-
§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo situra da ação cível, promoverá o arquivamento dos autos do inqué-
justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz rito civil ou das peças informativas, fazendo-o fundamentadamente.
conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citando § 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação ar-
o réu. quivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave,
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na no prazo de três dias, ao Conselho Superior do Ministério Público.
sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido
do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando
prazo razoável para o cumprimento do preceito.
208
LEGISLAÇÃO
§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de ar- Parágrafo único. Se o crime é culposo:
quivamento, em sessão do Conselho Superior do Ministério público, Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas ou Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabele-
documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou anexa- cimento de atenção à saúde de gestante de identificar corretamente
dos às peças de informação. o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar
§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a exame e de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei:
deliberação do Conselho Superior do Ministério Público, conforme Pena - detenção de seis meses a dois anos.
dispuser o seu regimento. Parágrafo único. Se o crime é culposo:
§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
de arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do Ministério Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade,
Público para o ajuizamento da ação. procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infra-
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as dispo- cional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária com-
sições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985 . petente:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
TÍTULOVII Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à
DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS apreensão sem observância das formalidades legais.
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apre-
CAPÍTULO I ensão de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à
DOS CRIMES autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à
pessoa por ele indicada:
SEÇÃO I Pena - detenção de seis meses a dois anos.
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade,
guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:
Art. 225. Este CAPÍTULO dispõe sobre crimes praticados contra Pena - detenção de seis meses a dois anos.
a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :
disposto na legislação penal. Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo
da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo, as perti- tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão:
nentes ao Código de Processo Penal. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
§ 1º Aos crimes cometidos contra a criança e o adolescente, Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, em benefício de adolescente privado de liberdade:
de 26 de setembro de 1995. (Incluído pela Lei nº 14.344, de Pena - detenção de seis meses a dois anos.
2022) Vigência Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judici-
§ 2º Nos casos de violência doméstica e familiar contra a crian- ária, membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério
ça e o adolescente, é vedada a aplicação de penas de cesta básica Público no exercício de função prevista nesta Lei:
ou de outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de Pena - detenção de seis meses a dois anos.
pena que implique o pagamento isolado de multa. (Incluído pela Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o
Lei nº 14.344, de 2022) Vigência tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública in- de colocação em lar substituto:
condicionada. Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.
Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no inciso I Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a
do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de terceiro, mediante paga ou recompensa:
1940 (Código Penal), para os crimes previstos nesta Lei, praticados Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.
por servidores públicos com abuso de autoridade, são condiciona- Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou
dos à ocorrência de reincidência. (Incluído pela Lei nº 13.869. de efetiva a paga ou recompensa.
2019) Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao
Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da função, envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância
nesse caso, independerá da pena aplicada na reincidência. (In- das formalidades legais ou com o fito de obter lucro:
cluído pela Lei nº 13.869. de 2019) Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou
SEÇÃO II fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
DOS CRIMES EM ESPÉCIE Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena corres-
pondente à violência.
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de es- Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou re-
tabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter registro gistrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfi-
das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 ca, envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº
desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, 11.829, de 2008)
por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde cons- Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Reda-
tem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato: ção dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
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LEGISLAÇÃO
§ 1 o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua,
coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o processa-
ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda mento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste
quem com esses contracena. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de parágrafo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
2008) III – representante legal e funcionários responsáveis de prove-
§ 2 o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete dor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de computado-
o crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) res, até o recebimento do material relativo à notícia feita à autori-
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de dade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário. (Incluído
exercê-la; (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) pela Lei nº 11.829, de 2008)
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou § 3 o As pessoas referidas no § 2 o deste artigo deverão manter
de hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído pela Lei nº 11.829, de
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consangüíneo 2008)
ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, pre- Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente
ceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro título, em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adultera-
tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento. (Incluído ção, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer
pela Lei nº 11.829, de 2008) outra forma de representação visual: (Incluído pela Lei nº 11.829,
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro de 2008)
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envol- Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído
vendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, pela Lei nº 11.829, de 2008)
de 2008) Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, ex-
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Reda- põe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer
ção dada pela Lei nº 11.829, de 2008) meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na forma
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de siste- Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qual-
ma de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro quer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar
que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo ato libidinoso: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
pela Lei nº 11.829, de 2008) Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído
§ 1 o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 11.829, de 2008)
11.829, de 2008) I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar
fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo; (In- ato libidinoso; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
cluído pela Lei nº 11.829, de 2008) II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de compu- fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexual-
tadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste mente explícita. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expres-
§ 2 o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1 o deste são “cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer
artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação do situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais
serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de
conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais. (In-
nº 11.829, de 2008) cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entre-
fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de gar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição
sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescen- ou explosivo:
te: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
pela Lei nº 11.829, de 2008) Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda
§ 1 o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente,
pequena quantidade o material a que se refere o caput deste arti- bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos com-
go. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) ponentes possam causar dependência física ou psíquica: (Redação
§ 2 o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a fi- dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
nalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato
das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, não constitui crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº 13.106,
quando a comunicação for feita por: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2015)
de 2008) Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entre-
I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído pela gar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampi-
Lei nº 11.829, de 2008) do ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial,
sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utili-
zação indevida:
210
LEGISLAÇÃO
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. a suspensão da programação da emissora até por dois dias, bem
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais defi- como da publicação do periódico até por dois números. (Expressão
nidos no caput do art. 2 o desta Lei, à prostituição ou à exploração declarada inconstitucional pela ADIN 869).
sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) Art. 248. (Revogado pela Lei nº 13.431, de 2017) (Vigência)
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres
de bens e valores utilizados na prática criminosa em favor do Fundo inerentes ao pátrio poder poder familiar ou decorrente de tutela
dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Federação ou guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou
(Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado Conselho Tutelar: (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
o direito de terceiro de boa-fé. (Redação dada pela Lei nº 13.440, 2009) Vigência
de 2017) Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
§ 1 o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o dobro em caso de reincidência.
o responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompanhado
ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo. (Incluído dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou da
pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere: (Re-
§ 2 o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da dação dada pela Lei nº 12.038, de 2009).
licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. (In- Pena – multa. (Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009).
cluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) § 1 º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de multa,
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do esta-
(dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a belecimento por até 15 (quinze) dias. (Incluído pela Lei nº 12.038,
praticá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) de 2009).
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei § 2 º Se comprovada a reincidência em período inferior a 30
nº 12.015, de 2009) (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fechado e terá
§ 1 o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem sua licença cassada. (Incluído pela Lei nº 12.038, de 2009).
pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer
eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. (Incluído pela meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei:
Lei nº 12.015, de 2009) Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
§ 2 o As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas o dobro em caso de reincidência.
de um terço no caso de a infração cometida ou induzida estar incluí- Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo públi-
da no rol do art. 1 o da Lei n o 8.072, de 25 de julho de 1990 . (In- co de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de
cluído pela Lei nº 12.015, de 2009) exibição, informação destacada sobre a natureza da diversão ou es-
petáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação:
CAPÍTULO II Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS o dobro em caso de reincidência.
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer represen-
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabe- tações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade a que não se
lecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola recomendem:
ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada
tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus- em caso de reincidência, aplicável, separadamente, à casa de espe-
-tratos contra criança ou adolescente: táculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade.
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetácu-
o dobro em caso de reincidência. lo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua classifica-
Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade de ção: (Expressão declarada inconstitucional pela ADI 2.404).
atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos II, III, VII, Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada
VIII e XI do art. 124 desta Lei: em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá determinar
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se a suspensão da programação da emissora por até dois dias.
o dobro em caso de reincidência. Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere clas-
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devi- sificado pelo órgão competente como inadequado às crianças ou
da, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento de adolescentes admitidos ao espetáculo:
procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a criança Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na reincidên-
ou adolescente a que se atribua ato infracional: cia, a autoridade poderá determinar a suspensão do espetáculo ou
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
o dobro em caso de reincidência. Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de pro-
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, gramação em vídeo, em desacordo com a classificação atribuída
fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato infracional, pelo órgão competente:
ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de
lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fecha-
ou indiretamente. mento do estabelecimento por até quinze dias.
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 des-
de rádio ou televisão, além da pena prevista neste artigo, a auto- ta Lei:
ridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação ou
211
LEGISLAÇÃO
Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando- II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado pelas
-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual, observado o disposto
revista ou publicação. no art. 22 da Lei n o 9.532, de 10 de dezembro de 1997 . (Redação
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o em- dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
presário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso de criança § 1º - (Revogado pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efei-
ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua participação no to)
espetáculo: § 1 o -A. Na definição das prioridades a serem atendidas com
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais e municipais
reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fecha- dos direitos da criança e do adolescente, serão consideradas as
mento do estabelecimento por até quinze dias. disposições do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de providenciar Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comuni-
a instalação e operacionalização dos cadastros previstos no art. tária e as do Plano Nacional pela Primeira Infância. (Redação dada
50 e no § 11 do art. 101 desta Lei: (Incluído pela Lei nº 12.010, de dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
2009) Vigência § 2 o Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos direi-
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil tos da criança e do adolescente fixarão critérios de utilização, por
reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência meio de planos de aplicação, das dotações subsidiadas e demais
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade que receitas, aplicando necessariamente percentual para incentivo ao
deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de adolescentes acolhimento, sob a forma de guarda, de crianças e adolescentes e
em condições de serem adotadas, de pessoas ou casais habilitados para programas de atenção integral à primeira infância em áreas
à adoção e de crianças e adolescentes em regime de acolhimento de maior carência socioeconômica e em situações de calamida-
institucional ou familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- de. (Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
gência § 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da Eco-
Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de esta- nomia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a comprovação
belecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar imediato das doações feitas aos fundos, nos termos deste artigo. (Incluído
encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que tenha co- pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
nhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho § 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a for-
para adoção: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Municipal dos Direitos
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil da Criança e do Adolescente, dos incentivos fiscais referidos neste
reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência artigo. (Incluído pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de pro- § 5 o Observado o disposto no § 4 o do art. 3 o da Lei
grama oficial ou comunitário destinado à garantia do direito à con- n o 9.249, de 26 de dezembro de 1995 , a dedução de que trata o
vivência familiar que deixa de efetuar a comunicação referida no inciso I do caput : (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência I - será considerada isoladamente, não se submetendo a limite
Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso II do em conjunto com outras deduções do imposto; e (Incluído pela Lei
art. 81: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015) nº 12.594, de 2012) (Vide)
Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00 (dez II - não poderá ser computada como despesa operacional na
mil reais); (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015) apuração do lucro real. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Medida Administrativa - interdição do estabelecimento comer- Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário de
cial até o recolhimento da multa aplicada. (Redação dada pela Lei 2009, a pessoa física poderá optar pela doação de que trata o inciso
nº 13.106, de 2015) II do caput do art. 260 diretamente em sua Declaração de Ajuste
Anual. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS § 1 o A doação de que trata o caput poderá ser deduzida até os
seguintes percentuais aplicados sobre o imposto apurado na decla-
Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da publi- ração: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
cação deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo sobre a cria- I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
ção ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da política de atendi- II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
mento fixadas no art. 88 e ao que estabelece o TÍTULOV do Livro II. III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012. (Incluído
Parágrafo único. Compete aos estados e municípios promove- pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
rem a adaptação de seus órgãos e programas às diretrizes e princí- § 2 o A dedução de que trata o caput : (Incluído pela Lei nº
pios estabelecidos nesta Lei. 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos Fundos I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto sobre
dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital, esta- a renda apurado na declaração de que trata o inciso II do caput do
duais ou municipais, devidamente comprovadas, sendo essas inte- art. 260; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
gralmente deduzidas do imposto de renda, obedecidos os seguintes II - não se aplica à pessoa física que: (Incluído pela Lei nº 12.594,
limites: (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) de 2012) (Vide)
I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido apurado a) utilizar o desconto simplificado; (Incluído pela Lei nº 12.594,
pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real; e (Reda- de 2012) (Vide)
ção dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) b) apresentar declaração em formulário; ou (Incluído pela Lei
nº 12.594, de 2012) (Vide)
212
LEGISLAÇÃO
c) entregar a declaração fora do prazo; (Incluído pela Lei nº § 2 o No caso de doação em bens, o comprovante deve conter
12.594, de 2012) (Vide) a identificação dos bens, mediante descrição em campo próprio ou
III - só se aplica às doações em espécie; e (Incluído pela Lei nº em relação anexa ao comprovante, informando também se houve
12.594, de 2012) (Vide) avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e endereço dos avaliadores. (Incluí-
IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções em vi- do pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
gor. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador deve-
§ 3 o O pagamento da doação deve ser efetuado até a data rá: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
de vencimento da primeira quota ou quota única do imposto, ob- I - comprovar a propriedade dos bens, mediante documentação
servadas instruções específicas da Secretaria da Receita Federal do hábil; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) II - baixar os bens doados na declaração de bens e direitos,
§ 4 o O não pagamento da doação no prazo estabelecido no quando se tratar de pessoa física, e na escrituração, no caso de pes-
§ 3 o implica a glosa definitiva desta parcela de dedução, ficando soa jurídica; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
a pessoa física obrigada ao recolhimento da diferença de impos- III - considerar como valor dos bens doados: (Incluído pela Lei
to devido apurado na Declaração de Ajuste Anual com os acrésci- nº 12.594, de 2012) (Vide)
mos legais previstos na legislação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de a) para as pessoas físicas, o valor constante da última declara-
2012) (Vide) ção do imposto de renda, desde que não exceda o valor de merca-
§ 5 o A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado na do; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no respectivo ano- b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens. (Incluído
-calendário, aos fundos controlados pelos Conselhos dos Direitos da pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Criança e do Adolescente municipais, distrital, estaduais e nacional Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não será
concomitantemente com a opção de que trata o caput , respeitado considerado na determinação do valor dos bens doados, exceto se
o limite previsto no inciso II do art. 260. (Incluído pela Lei nº 12.594, o leilão for determinado por autoridade judiciária. (Incluído pela Lei
de 2012) (Vide) nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260 poderá Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260-D e
ser deduzida: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um prazo de 5 (cin-
I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas jurídicas que co) anos para fins de comprovação da dedução perante a Receita
apuram o imposto trimestralmente; e (Incluído pela Lei nº 12.594, Federal do Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
de 2012) (Vide) Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração das
II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, para as contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacio-
pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmente. (Incluído pela nal, estaduais, distrital e municipais devem: (Incluído pela Lei nº
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 12.594, de 2012) (Vide)
Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro do pe- I - manter conta bancária específica destinada exclusivamen-
ríodo a que se refere a apuração do imposto. (Incluído pela Lei nº te a gerir os recursos do Fundo; (Incluído pela Lei nº 12.594, de
12.594, de 2012) (Vide) 2012) (Vide)
Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei podem II - manter controle das doações recebidas; e (Incluído pela Lei
ser efetuadas em espécie ou em bens. (Incluído pela Lei nº 12.594, nº 12.594, de 2012) (Vide)
de 2012) (Vide) III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal do
Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie devem ser Brasil as doações recebidas mês a mês, identificando os seguintes
depositadas em conta específica, em instituição financeira pública, dados por doador: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
vinculadas aos respectivos fundos de que trata o art. 260. (Incluído a) nome, CNPJ ou CPF; (Incluído pela Lei nº 12.594, de
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 2012) (Vide)
Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração das b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie ou em
contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente na- bens. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
cional, estaduais, distrital e municipais devem emitir recibo em fa- Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obrigações pre-
vor do doador, assinado por pessoa competente e pelo presidente vistas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do Brasil dará
do Conselho correspondente, especificando: (Incluído pela Lei nº conhecimento do fato ao Ministério Público. (Incluído pela Lei nº
12.594, de 2012) (Vide) 12.594, de 2012) (Vide)
I - número de ordem; (Incluído pela Lei nº 12.594, de Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adoles-
2012) (Vide) cente nacional, estaduais, distrital e municipais divulgarão ampla-
II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e ende- mente à comunidade: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
reço do emitente; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) I - o calendário de suas reuniões; (Incluído pela Lei nº 12.594,
III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do doa- de 2012) (Vide)
dor; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de atendi-
IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e (Incluído mento à criança e ao adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.594, de
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 2012) (Vide)
V - ano-calendário a que se refere a doação. (Incluído pela Lei III - os requisitos para a apresentação de projetos a serem be-
nº 12.594, de 2012) (Vide) neficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do
§ 1 o O comprovante de que trata o caput deste artigo pode ser Adolescente nacional, estaduais, distrital ou municipais; (Incluído
emitido anualmente, desde que discrimine os valores doados mês a pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
mês. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
213
LEGISLAÇÃO
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-calendário § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado
e o valor dos recursos previstos para implementação das ações, por contra pessoa menor de catorze anos.
projeto; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 4) Art. 213 ..................................................................
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação, por Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos:
projeto atendido, inclusive com cadastramento na base de dados do Pena - reclusão de quatro a dez anos.
Sistema de Informações sobre a Infância e a Adolescência; e (Incluí- 5) Art. 214...................................................................
do pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos:
VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados com Pena - reclusão de três a nove anos.»
recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacio- Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro de
nal, estaduais, distrital e municipais. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 1973 , fica acrescido do seguinte item:
2012) (Vide) “Art. 102 ....................................................................
Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada Comarca, 6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. “
a forma de fiscalização da aplicação dos incentivos fiscais referidos Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União, da
no art. 260 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e
Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos arts. 260- mantidas pelo poder público federal promoverão edição popular
G e 260-I sujeitará os infratores a responder por ação judicial pro- do texto integral deste Estatuto, que será posto à disposição das
posta pelo Ministério Público, que poderá atuar de ofício, a requeri- escolas e das entidades de atendimento e de defesa dos direitos da
mento ou representação de qualquer cidadão. (Incluído pela Lei nº criança e do adolescente.
12.594, de 2012) (Vide) Art. 265-A. O poder público fará periodicamente ampla divul-
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da gação dos direitos da criança e do adolescente nos meios de comu-
República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria da Receita Federal do nicação social. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Brasil, até 31 de outubro de cada ano, arquivo eletrônico contendo Parágrafo único. A divulgação a que se refere o caput será vei-
a relação atualizada dos Fundos dos Direitos da Criança e do Ado- culada em linguagem clara, compreensível e adequada a crianças
lescente nacional, distrital, estaduais e municipais, com a indicação e adolescentes, especialmente às crianças com idade inferior a 6
dos respectivos números de inscrição no CNPJ e das contas bancá- (seis) anos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
rias específicas mantidas em instituições financeiras públicas, desti- Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua publi-
nadas exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos. (Incluído pela cação.
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão ser
Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil expedirá as promovidas atividades e campanhas de divulgação e esclarecimen-
instruções necessárias à aplicação do disposto nos arts. 260 a 260- tos acerca do disposto nesta Lei.
K. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964 , e 6.697, de 10
Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da crian- de outubro de 1979 (Código de Menores), e as demais disposições
ça e do adolescente, os registros, inscrições e alterações a que se em contrário.
referem os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão efetuados Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e 102º da
perante a autoridade judiciária da comarca a que pertencer a enti- República.
dade.
Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos esta- LEI FEDERAL Nº 10.741/2003 (ESTATUTO DA PESSOA
dos e municípios, e os estados aos municípios, os recursos referen- IDOSA) E SUAS ALTERAÇÕES
tes aos programas e atividades previstos nesta Lei, tão logo estejam
criados os conselhos dos direitos da criança e do adolescente nos
seus respectivos níveis. TÍTULO I
Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tutelares, as DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
atribuições a eles conferidas serão exercidas pela autoridade judi-
ciária. Art. 1º É instituído o Estatuto da Pessoa Idosa, destinado a re-
Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940 gular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou supe-
(Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações: rior a 60 (sessenta) anos.(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
1) Art. 121 ............................................................ Art. 2º A pessoa idosa goza de todos os direitos fundamentais
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de
se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios,
arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saú-
vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge de física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiri-
para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é tual e social, em condições de liberdade e dignidade.(Redação dada
aumentada de um terço, se o crime é praticado contra pessoa me- pela Lei nº 14.423, de 2022)
nor de catorze anos. Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade
2) Art. 129 ............................................................... e do poder público assegurar à pessoa idosa, com absoluta priori-
§ 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das dade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à edu-
hipóteses do art. 121, § 4º. cação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comu-
3) Art. 136................................................................. nitária.(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
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§ 3oSe a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu representante § 3oNo caso das pessoas compreendidas na faixa etária entre
legal firmar o contrato a que se refere ocaputdeste artigo. 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, ficará a critério da legis-
Art. 36. O acolhimento de pessoas idosas em situação de risco lação local dispor sobre as condições para exercício da gratuidade
social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a dependência eco- nos meios de transporte previstos nocaputdeste artigo.
nômica, para os efeitos legais.(Vigência)(Redação dada pela Lei nº Art. 40.No sistema de transporte coletivo interestadual obser-
14.423, de 2022) var-se-á, nos termos da legislação específica:(Regulamento)(Vide
Decreto nº 5.934, de 2006)
CAPÍTULO IX I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para pes-
DA HABITAÇÃO soas idosas com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários míni-
mos;(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 37. A pessoa idosa tem direito a moradia digna, no seio da II – desconto de 50% (cinquenta por cento), no mínimo, no va-
família natural ou substituta, ou desacompanhada de seus familia- lor das passagens, para as pessoas idosas que excederem as vagas
res, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários mínimos.
privada.(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
§ 1oA assistência integral na modalidade de entidade de longa Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes definir os
permanência será prestada quando verificada inexistência de gru- mecanismos e os critérios para o exercício dos direitos previstos nos
po familiar, casa-lar, abandono ou carência de recursos financeiros incisos I e II.
próprios ou da família. Art. 41. É assegurada a reserva para as pessoas idosas, nos
§ 2º Toda instituição dedicada ao atendimento à pessoa idosa termos da lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nos estacio-
fica obrigada a manter identificação externa visível, sob pena de namentos públicos e privados, as quais deverão ser posicionadas
interdição, além de atender toda a legislação pertinente.(Redação de forma a garantir a melhor comodidade à pessoa idosa.(Redação
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
§ 3º As instituições que abrigarem pessoas idosas são obriga- Art. 42. São asseguradas a prioridade e a segurança da pessoa
das a manter padrões de habitação compatíveis com as necessida- idosa nos procedimentos de embarque e desembarque nos veículos
des delas, bem como provê-las com alimentação regular e higiene do sistema de transporte coletivo.(Redação dada pela Lei nº 14.423,
indispensáveis às normas sanitárias e com estas condizentes, sob as de 2022)
penas da lei.(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados TÍTULO III
com recursos públicos, a pessoa idosa goza de prioridade na aqui- DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO
sição de imóvel para moradia própria, observado o seguinte:(Reda-
ção dada pela Lei nº 14.423, de 2022) CAPÍTULO I
I - reserva de pelo menos 3% (três por cento) das unidades ha- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
bitacionais residenciais para atendimento às pessoas idosas;(Reda-
ção dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Art. 43. As medidas de proteção à pessoa idosa são aplicáveis
II – implantação de equipamentos urbanos comunitários vol- sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou
tados à pessoa idosa;(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) violados:(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
III – eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, para I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
garantia de acessibilidade à pessoa idosa;(Redação dada pela Lei II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade
nº 14.423, de 2022) de atendimento;
IV – critérios de financiamento compatíveis com os rendimen- III – em razão de sua condição pessoal.
tos de aposentadoria e pensão.
Parágrafo único. As unidades residenciais reservadas para CAPÍTULO II
atendimento a pessoas idosas devem situar-se, preferencialmente, DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO
no pavimento térreo.(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 44. As medidas de proteção à pessoa idosa previstas nes-
CAPÍTULO X ta Lei poderão ser aplicadas, isolada ou cumulativamente, e leva-
DO TRANSPORTE rão em conta os fins sociais a que se destinam e o fortalecimento
dos vínculos familiares e comunitários.(Redação dada pela Lei nº
Art. 39.Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica asse- 14.423, de 2022)
gurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 43,
e semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando o Ministério Público ou o Poder Judiciário, a requerimento daquele,
prestados paralelamente aos serviços regulares. poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
§ 1º Para ter acesso à gratuidade, basta que a pessoa idosa I – encaminhamento à família ou curador, mediante termo de
apresente qualquer documento pessoal que faça prova de sua ida- responsabilidade;
de.(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;
§ 2º Nos veículos de transporte coletivo de que trata este arti- III – requisição para tratamento de sua saúde, em regime am-
go, serão reservados 10% (dez por cento) dos assentos para as pes- bulatorial, hospitalar ou domiciliar;
soas idosas, devidamente identificados com a placa de reservado
preferencialmente para pessoas idosas.(Redação dada pela Lei nº
14.423, de 2022)
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LEGISLAÇÃO
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LEGISLAÇÃO
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LEGISLAÇÃO
ízo da iniciativa e das providências que vierem a ser adotadas pelo § 1oO interessado na obtenção da prioridade a que alude este
Ministério Público ou pelas demais instituições legitimadas para a artigo, fazendo prova de sua idade, requererá o benefício à autori-
fiscalização. dade judiciária competente para decidir o feito, que determinará
as providências a serem cumpridas, anotando-se essa circunstância
CAPÍTULO VI em local visível nos autos do processo.
DA APURAÇÃO JUDICIAL DE IRREGULARIDADES EM § 2oA prioridade não cessará com a morte do beneficiado, es-
ENTIDADE DE ATENDIMENTO tendendo-se em favor do cônjuge supérstite, companheiro ou com-
panheira, com união estável, maior de 60 (sessenta) anos.
Art. 64.Aplicam-se, subsidiariamente, ao procedimento ad- § 3oA prioridade se estende aos processos e procedimentos na
ministrativo de que trata este Capítulo as disposições dasLeis Administração Pública, empresas prestadoras de serviços públicos e
nos 6.437, de 20 de agosto de 1977, e9.784, de 29 de janeiro de instituições financeiras, ao atendimento preferencial junto à Defen-
1999. soria Publica da União, dos Estados e do Distrito Federal em relação
Art. 65. O procedimento de apuração de irregularidade em aos Serviços de Assistência Judiciária.
entidade governamental e não governamental de atendimento à § 4º Para o atendimento prioritário, será garantido à pessoa
pessoa idosa terá início mediante petição fundamentada de pessoa idosa o fácil acesso aos assentos e caixas, identificados com a desti-
interessada ou iniciativa do Ministério Público.(Redação dada pela nação a pessoas idosas em local visível e caracteres legíveis.(Reda-
Lei nº 14.423, de 2022) ção dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 66. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, § 5º Dentre os processos de pessoas idosas, dar-se-á prioridade
ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o afastamento especial aos das maiores de 80 (oitenta) anos.(Redação dada pela
provisório do dirigente da entidade ou outras medidas que julgar Lei nº 14.423, de 2022)
adequadas, para evitar lesão aos direitos da pessoa idosa, mediante
decisão fundamentada.(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) CAPÍTULO II
Art. 67.O dirigente da entidade será citado para, no prazo de DO MINISTÉRIO PÚBLICO
10 (dez) dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documentos
e indicar as provas a produzir. Art. 72.(VETADO)
Art. 68.Apresentada a defesa, o juiz procederá na conformida- Art. 73.As funções do Ministério Público, previstas nesta Lei,
de do art. 69 ou, se necessário, designará audiência de instrução e serão exercidas nos termos da respectiva Lei Orgânica.
julgamento, deliberando sobre a necessidade de produção de ou- Art. 74. Compete ao Ministério Público:
tras provas. I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a prote-
§ 1oSalvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério ção dos direitos e interesses difusos ou coletivos, individuais indis-
Público terão 5 (cinco) dias para oferecer alegações finais, decidin- poníveis e individuais homogêneos da pessoa idosa;(Redação dada
do a autoridade judiciária em igual prazo. pela Lei nº 14.423, de 2022)
§ 2oEm se tratando de afastamento provisório ou definitivo de II – promover e acompanhar as ações de alimentos, de inter-
dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária oficia- dição total ou parcial, de designação de curador especial, em cir-
rá a autoridade administrativa imediatamente superior ao afasta- cunstâncias que justifiquem a medida e oficiar em todos os feitos
do, fixando-lhe prazo de 24 (vinte e quatro) horas para proceder à em que se discutam os direitos das pessoas idosas em condições de
substituição. risco;(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
§ 3oAntes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade ju- III – atuar como substituto processual da pessoa idosa em si-
diciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades tuação de risco, conforme o disposto no art. 43 desta Lei;(Redação
verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
julgamento do mérito. IV – promover a revogação de instrumento procuratório da
§ 4oA multa e a advertência serão impostas ao dirigente da pessoa idosa, nas hipóteses previstas no art. 43 desta Lei, quando
entidade ou ao responsável pelo programa de atendimento. necessário ou o interesse público justificar;(Redação dada pela Lei
nº 14.423, de 2022)
TÍTULO V V – instaurar procedimento administrativo e, para instruí-lo:
DO ACESSO À JUSTIÇA a) expedir notificações, colher depoimentos ou esclarecimen-
tos e, em caso de não comparecimento injustificado da pessoa no-
CAPÍTULO I tificada, requisitar condução coercitiva, inclusive pela Polícia Civil
DISPOSIÇÕES GERAIS ou Militar;
b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de
Art. 69.Aplica-se, subsidiariamente, às disposições deste Capí- autoridades municipais, estaduais e federais, da administração di-
tulo, o procedimento sumário previsto no Código de Processo Civil, reta e indireta, bem como promover inspeções e diligências investi-
naquilo que não contrarie os prazos previstos nesta Lei. gatórias;
Art. 70. O poder público poderá criar varas especializadas e ex- c) requisitar informações e documentos particulares de insti-
clusivas da pessoa idosa.(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) tuições privadas;
Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos VI – instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigató-
e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em rias e a instauração de inquérito policial, para a apuração de ilícitos
que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou ou infrações às normas de proteção à pessoa idosa;(Redação dada
superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância. pela Lei nº 14.423, de 2022)
221
LEGISLAÇÃO
VII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses difusos,
assegurados à pessoa idosa, promovendo as medidas judiciais e coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, consideram-se
extrajudiciais cabíveis;(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) legitimados, concorrentemente:
VIII – inspecionar as entidades públicas e particulares de aten- I – o Ministério Público;
dimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de pronto II – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de III – a Ordem dos Advogados do Brasil;
irregularidades porventura verificadas; IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos
IX – requisitar força policial, bem como a colaboração dos ser- 1 (um) ano e que incluam entre os fins institucionais a defesa dos
viços de saúde, educacionais e de assistência social, públicos, para o interesses e direitos da pessoa idosa, dispensada a autorização da
desempenho de suas atribuições; assembléia, se houver prévia autorização estatutária.
X – referendar transações envolvendo interesses e direitos § 1oAdmitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios
das pessoas idosas previstos nesta Lei.(Redação dada pela Lei nº Públicos da União e dos Estados na defesa dos interesses e direitos
14.423, de 2022) de que cuida esta Lei.
§ 1oA legitimação do Ministério Público para as ações cíveis § 2oEm caso de desistência ou abandono da ação por asso-
previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipó- ciação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado deverá
teses, segundo dispuser a lei. assumir a titularidade ativa.
§ 2oAs atribuições constantes deste artigo não excluem outras, Art. 82.Para defesa dos interesses e direitos protegidos por
desde que compatíveis com a finalidade e atribuições do Ministério esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ação pertinentes.
Público. Parágrafo único. Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade
§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício de suas pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições de
funções, terá livre acesso a toda entidade de atendimento à pessoa Poder Público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei,
idosa.(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) caberá ação mandamental, que se regerá pelas normas da lei do
Art. 75.Nos processos e procedimentos em que não for parte, mandado de segurança.
atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos Art. 83.Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obri-
e interesses de que cuida esta Lei, hipóteses em que terá vista dos gação de fazer ou não-fazer, o juiz concederá a tutela específica da
autos depois das partes, podendo juntar documentos, requerer dili- obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado
gências e produção de outras provas, usando os recursos cabíveis. prático equivalente ao adimplemento.
Art. 76.A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, § 1oSendo relevante o fundamento da demanda e havendo
será feita pessoalmente. justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz
Art. 77. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, na for-
nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a reque- ma doart. 273 do Código de Processo Civil.
rimento de qualquer interessado. § 2oO juiz poderá, na hipótese do § 1oou na sentença, impor
multa diária ao réu, independentemente do pedido do autor, se for
CAPÍTULO III suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável
DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES DIFUSOS, para o cumprimento do preceito.
COLETIVOS E INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS OU HOMOGÊNEOS § 3oA multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado
da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que
Art. 78.As manifestações processuais do representante do Mi- se houver configurado.
nistério Público deverão ser fundamentadas. Art. 84. Os valores das multas previstas nesta Lei reverterão ao
Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de res- Fundo da Pessoa Idosa, onde houver, ou na falta deste, ao Fundo
ponsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à pessoa idosa, Municipal de Assistência Social, ficando vinculados ao atendimento
referentes à omissão ou ao oferecimento insatisfatório de:(Redação à pessoa idosa.(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Parágrafo único. As multas não recolhidas até 30 (trinta) dias
I – acesso às ações e serviços de saúde; após o trânsito em julgado da decisão serão exigidas por meio de
II – atendimento especializado à pessoa idosa com deficiência execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos, fa-
ou com limitação incapacitante;(Redação dada pela Lei nº 14.423, cultada igual iniciativa aos demais legitimados em caso de inércia
de 2022) daquele.
III – atendimento especializado à pessoa idosa com doença in- Art. 85.O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos,
fectocontagiosa;(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) para evitar dano irreparável à parte.
IV – serviço de assistência social visando ao amparo da pessoa Art. 86.Transitada em julgado a sentença que impuser conde-
idosa.(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) nação ao Poder Público, o juiz determinará a remessa de peças à
Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo não ex- autoridade competente, para apuração da responsabilidade civil e
cluem da proteção judicial outros interesses difusos, coletivos, in- administrativa do agente a que se atribua a ação ou omissão.
dividuais indisponíveis ou homogêneos, próprios da pessoa idosa, Art. 87. Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito em julgado da
protegidos em lei.(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) sentença condenatória favorável à pessoa idosa sem que o autor lhe
Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada
foro do domicílio da pessoa idosa, cujo juízo terá competência abso- igual iniciativa aos demais legitimados, como assistentes ou assu-
luta para processar a causa, ressalvadas as competências da Justiça mindo o polo ativo, em caso de inércia desse órgão.(Redação dada
Federal e a competência originária dos Tribunais Superiores.(Reda- pela Lei nº 14.423, de 2022)
ção dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
222
LEGISLAÇÃO
Art. 88. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá adian- CAPÍTULO II
tamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer DOS CRIMES EM ESPÉCIE
outras despesas.
Parágrafo único. Não se imporá sucumbência ao Ministério Art. 95.Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pública
Público. incondicionada, não se lhes aplicando osarts. 181e182 do Código
Art. 89.Qualquer pessoa poderá, e o servidor deverá, provocar Penal.
a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe informações sobre Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando
os fatos que constituam objeto de ação civil e indicando-lhe os ele- seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao di-
mentos de convicção. reito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento ne-
Art. 90. Os agentes públicos em geral, os juízes e tribunais, no cessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade:
exercício de suas funções, quando tiverem conhecimento de fatos Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
que possam configurar crime de ação pública contra a pessoa idosa § 1oNa mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, me-
ou ensejar a propositura de ação para sua defesa, devem encami- nosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo.
nhar as peças pertinentes ao Ministério Público, para as providên- § 2oA pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se
cias cabíveis.(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do agente.
Art. 91.Para instruir a petição inicial, o interessado poderá re- § 3º Não constitui crime a negativa de crédito motivada por
querer às autoridades competentes as certidões e informações que superendividamento da pessoa idosa.(Redação dada pela Lei nº
julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de 10 (dez) dias. 14.423, de 2022)
Art. 92.O Ministério Público poderá instaurar sob sua presi- Art. 97. Deixar de prestar assistência à pessoa idosa, quando
dência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, organismo possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente perigo,
público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa
prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias. causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de autoridade públi-
§ 1oSe o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as di- ca:(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
ligências, se convencer da inexistência de fundamento para a pro- Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
positura da ação civil ou de peças informativas, determinará o seu Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omis-
arquivamento, fazendo-o fundamentadamente. são resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta
§ 2oOs autos do inquérito civil ou as peças de informação ar- a morte.
quivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, Art. 98. Abandonar a pessoa idosa em hospitais, casas de saú-
no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Público de, entidades de longa permanência, ou congêneres, ou não pro-
ou à Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público. ver suas necessidades básicas, quando obrigado por lei ou manda-
§ 3oAté que seja homologado ou rejeitado o arquivamento, do:(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
pelo Conselho Superior do Ministério Público ou por Câmara de Co- Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.
ordenação e Revisão do Ministério Público, as associações legitima- Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psí-
das poderão apresentar razões escritas ou documentos, que serão quica, da pessoa idosa, submetendo-a a condições desumanas ou
juntados ou anexados às peças de informação. degradantes ou privando-a de alimentos e cuidados indispensáveis,
§ 4oDeixando o Conselho Superior ou a Câmara de Coordena- quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-a a trabalho excessivo ou
ção e Revisão do Ministério Público de homologar a promoção de inadequado:(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
arquivamento, será designado outro membro do Ministério Público Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.
para o ajuizamento da ação. § 1oSe do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
TÍTULO VI § 2oSe resulta a morte:
DOS CRIMES Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Art. 100.Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) meses
CAPÍTULO I a 1 (um) ano e multa:
DISPOSIÇÕES GERAIS I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por
motivo de idade;
Art. 93.Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as dispo- II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou traba-
sições daLei no 7.347, de 24 de julho de 1985. lho;
Art. 94.Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima pri- III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de
vativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o pro- prestar assistência à saúde, sem justa causa, a pessoa idosa;
cedimento previsto naLei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e, IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo,
subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e a execução de ordem judicial expedida na ação civil a que alude
do Código de Processo Penal.(Vide ADIN 3.096-5 - STF) esta Lei;
V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à
propositura da ação civil objeto desta Lei, quando requisitados pelo
Ministério Público.
Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo mo-
tivo, a execução de ordem judicial expedida nas ações em que for
parte ou interveniente a pessoa idosa:(Redação dada pela Lei nº
14.423, de 2022)
223
LEGISLAÇÃO
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. III –se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.” (NR)
Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou “Art. 140. ............................................................................
qualquer outro rendimento da pessoa idosa, dando-lhes aplicação ............................................................................
diversa da de sua finalidade:(Redação dada pela Lei nº 14.423, de § 3oSe a injúria consiste na utilização de elementos referentes
2022) a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa. portadora de deficiência:
Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência da pessoa ido- ............................................................................ (NR)
sa, como abrigada, por recusa desta em outorgar procuração à en- “Art. 141. ............................................................................
tidade de atendimento:(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) ............................................................................
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. IV –contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de
Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária relativa a deficiência, exceto no caso de injúria.
benefícios, proventos ou pensão da pessoa idosa, bem como qual- .............................................................................” (NR)
quer outro documento com objetivo de assegurar recebimento ou “Art. 148. ............................................................................
ressarcimento de dívida:(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) ............................................................................
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa. § 1o............................................................................
Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de comunicação, I –se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge do agente ou
informações ou imagens depreciativas ou injuriosas à pessoa ido- maior de 60 (sessenta) anos.
sa:(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) ............................................................................” (NR)
Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. “Art. 159............................................................................
Art. 106.Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos ............................................................................
a outorgar procuração para fins de administração de bens ou deles § 1oSe o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se
dispor livremente: o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta)
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.
Art. 107. Coagir, de qualquer modo, a pessoa idosa a doar, con- ............................................................................” (NR)
tratar, testar ou outorgar procuração:(Redação dada pela Lei nº “Art. 183............................................................................
14.423, de 2022) ............................................................................
Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. III –se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou
Art. 108.Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem dis- superior a 60 (sessenta) anos.” (NR)
cernimento de seus atos, sem a devida representação legal: “Art. 244.Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o
trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos,
TÍTULO VII não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada
ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou
Art. 109.Impedir ou embaraçar ato do representante do Minis- ascendente, gravemente enfermo:
tério Público ou de qualquer outro agente fiscalizador: ............................................................................” (NR)
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. Art. 111.OO art. 21 do Decreto-Lei no 3.688, de 3 de outubro
Art. 110.O Decreto-Lei no2.848, de 7 de dezembro de 1940, Có- de 1941, Lei das Contravenções Penais, passa a vigorar acrescido do
digo Penal, passa a vigorar com as seguintes alterações: seguinte parágrafo único:
“Art. 61. ............................................................................ “Art. 21............................................................................
............................................................................ ............................................................................
II - ............................................................................ Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a
............................................................................ metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.” (NR)
h)contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mu- Art. 112.O inciso II do § 4o do art. 1o da Lei no 9.455, de 7 de
lher grávida; abril de 1997, passa a vigorar com a seguinte redação:
.............................................................................” (NR) “Art. 1o............................................................................
“Art. 121. ............................................................................ ............................................................................
............................................................................ § 4o............................................................................
§ 4oNo homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um ter- II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de
ço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profis- deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
são, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro ............................................................................” (NR)
à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge Art. 113.Oinciso III do art. 18 da Lei no 6.368, de 21 de outubro
para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é de 1976, passa a vigorar com a seguinte redação:
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa “Art. 18............................................................................
menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. ............................................................................
.............................................................................” (NR) III –se qualquer deles decorrer de associação ou visar a meno-
“Art. 133. ............................................................................ res de 21 (vinte e um) anos ou a pessoa com idade igual ou superior
............................................................................ a 60 (sessenta) anos ou a quem tenha, por qualquer causa, diminu-
§ 3o............................................................................ ída ou suprimida a capacidade de discernimento ou de autodeter-
............................................................................ minação:
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LEGISLAÇÃO
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LEGISLAÇÃO
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LEGISLAÇÃO
IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou compor- necessidades da pessoa acolhida, destinadas a jovens e adultos com
tamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem deficiência, em situação de dependência, que não dispõem de con-
como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, dições de autossustentabilidade e com vínculos familiares fragiliza-
à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao aces- dos ou rompidos;
so à informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre XI - moradia para a vida independente da pessoa com deficiên-
outros, classificadas em: cia: moradia com estruturas adequadas capazes de proporcionar
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços serviços de apoio coletivos e individualizados que respeitem e am-
públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo; pliem o grau de autonomia de jovens e adultos com deficiência;
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos XII - atendente pessoal: pessoa, membro ou não da família,
e privados; que, com ou sem remuneração, assiste ou presta cuidados básicos e
c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios essenciais à pessoa com deficiência no exercício de suas atividades
de transportes; diárias, excluídas as técnicas ou os procedimentos identificados com
d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer en- profissões legalmente estabelecidas;
trave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou impos- XIII - profissional de apoio escolar: pessoa que exerce atividades
sibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de informa- de alimentação, higiene e locomoção do estudante com deficiência
ções por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia da e atua em todas as atividades escolares nas quais se fizer neces-
informação; sária, em todos os níveis e modalidades de ensino, em instituições
e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos que im- públicas e privadas, excluídas as técnicas ou os procedimentos iden-
peçam ou prejudiquem a participação social da pessoa com defici- tificados com profissões legalmente estabelecidas;
ência em igualdade de condições e oportunidades com as demais XIV - acompanhante: aquele que acompanha a pessoa com de-
pessoas; ficiência, podendo ou não desempenhar as funções de atendente
f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem o aces- pessoal.
so da pessoa com deficiência às tecnologias;
V - comunicação: forma de interação dos cidadãos que abran- CAPÍTULO II
ge, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de DA IGUALDADE E DA NÃO DISCRIMINAÇÃO
Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sinali-
zação ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, os disposi- Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de
tivos multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e oral, os oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma es-
sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados e os modos, meios pécie de discriminação.
e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, incluindo § 1º Considera-se discriminação em razão da deficiência toda
as tecnologias da informação e das comunicações; forma de distinção, restrição ou exclusão, por ação ou omissão, que
VI - adaptações razoáveis: adaptações, modificações e ajustes tenha o propósito ou o efeito de prejudicar, impedir ou anular o re-
necessários e adequados que não acarretem ônus desproporcional conhecimento ou o exercício dos direitos e das liberdades funda-
e indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar que mentais de pessoa com deficiência, incluindo a recusa de adapta-
a pessoa com deficiência possa gozar ou exercer, em igualdade de ções razoáveis e de fornecimento de tecnologias assistivas.
condições e oportunidades com as demais pessoas, todos os direitos § 2º A pessoa com deficiência não está obrigada à fruição de
e liberdades fundamentais; benefícios decorrentes de ação afirmativa.
VII - elemento de urbanização: quaisquer componentes de Art. 5º A pessoa com deficiência será protegida de toda forma
obras de urbanização, tais como os referentes a pavimentação, sa- de negligência, discriminação, exploração, violência, tortura, cruel-
neamento, encanamento para esgotos, distribuição de energia elé- dade, opressão e tratamento desumano ou degradante.
trica e de gás, iluminação pública, serviços de comunicação, abas- Parágrafo único. Para os fins da proteção mencionada
tecimento e distribuição de água, paisagismo e os que materializam no caput deste artigo, são considerados especialmente vulneráveis
as indicações do planejamento urbanístico; a criança, o adolescente, a mulher e o idoso, com deficiência.
VIII - mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes nas vias Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pes-
e nos espaços públicos, superpostos ou adicionados aos elemen- soa, inclusive para:
tos de urbanização ou de edificação, de forma que sua modifica- I - casar-se e constituir união estável;
ção ou seu traslado não provoque alterações substanciais nesses II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
elementos, tais como semáforos, postes de sinalização e similares, III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter
terminais e pontos de acesso coletivo às telecomunicações, fontes acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento
de água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, quiosques e quaisquer familiar;
outros de natureza análoga; IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização
IX - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, por compulsória;
qualquer motivo, dificuldade de movimentação, permanente ou V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comu-
temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilida- nitária; e
de, da coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso, ges- VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção,
tante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso; como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com
X - residências inclusivas: unidades de oferta do Serviço de Aco- as demais pessoas.
lhimento do Sistema Único de Assistência Social (Suas) localizadas Art. 7º É dever de todos comunicar à autoridade competente
em áreas residenciais da comunidade, com estruturas adequadas, qualquer forma de ameaça ou de violação aos direitos da pessoa
que possam contar com apoio psicossocial para o atendimento das com deficiência.
227
LEGISLAÇÃO
Parágrafo único. Se, no exercício de suas funções, os juízes e os Parágrafo único. O consentimento da pessoa com deficiência
tribunais tiverem conhecimento de fatos que caracterizem as viola- em situação de curatela poderá ser suprido, na forma da lei.
ções previstas nesta Lei, devem remeter peças ao Ministério Público Art. 12. O consentimento prévio, livre e esclarecido da pessoa
para as providências cabíveis. com deficiência é indispensável para a realização de tratamento,
Art. 8º É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à procedimento, hospitalização e pesquisa científica.
pessoa com deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos re- § 1º Em caso de pessoa com deficiência em situação de cura-
ferentes à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à materni- tela, deve ser assegurada sua participação, no maior grau possível,
dade, à alimentação, à habitação, à educação, à profissionalização, para a obtenção de consentimento.
ao trabalho, à previdência social, à habilitação e à reabilitação, ao § 2º A pesquisa científica envolvendo pessoa com deficiência
transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao em situação de tutela ou de curatela deve ser realizada, em cará-
lazer, à informação, à comunicação, aos avanços científicos e tecno- ter excepcional, apenas quando houver indícios de benefício direto
lógicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar para sua saúde ou para a saúde de outras pessoas com deficiência e
e comunitária, entre outros decorrentes da Constituição Federal, da desde que não haja outra opção de pesquisa de eficácia comparável
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Pro- com participantes não tutelados ou curatelados.
tocolo Facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu Art. 13. A pessoa com deficiência somente será atendida sem
bem-estar pessoal, social e econômico. seu consentimento prévio, livre e esclarecido em casos de risco de
morte e de emergência em saúde, resguardado seu superior interes-
SEÇÃO ÚNICA se e adotadas as salvaguardas legais cabíveis.
DO ATENDIMENTO PRIORITÁRIO
CAPÍTULO II
Art. 9º A pessoa com deficiência tem direito a receber atendi- DO DIREITO À HABILITAÇÃO E À REABILITAÇÃO
mento prioritário, sobretudo com a finalidade de:
I - proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; Art. 14. O processo de habilitação e de reabilitação é um direito
II - atendimento em todas as instituições e serviços de atendi- da pessoa com deficiência.
mento ao público; Parágrafo único. O processo de habilitação e de reabilitação
III - disponibilização de recursos, tanto humanos quanto tec- tem por objetivo o desenvolvimento de potencialidades, talentos,
nológicos, que garantam atendimento em igualdade de condições habilidades e aptidões físicas, cognitivas, sensoriais, psicossociais,
com as demais pessoas; atitudinais, profissionais e artísticas que contribuam para a con-
IV - disponibilização de pontos de parada, estações e terminais quista da autonomia da pessoa com deficiência e de sua partici-
acessíveis de transporte coletivo de passageiros e garantia de segu- pação social em igualdade de condições e oportunidades com as
rança no embarque e no desembarque; demais pessoas.
V - acesso a informações e disponibilização de recursos de co- Art. 15. O processo mencionado no art. 14 desta Lei baseia-se
municação acessíveis; em avaliação multidisciplinar das necessidades, habilidades e po-
VI - recebimento de restituição de imposto de renda; tencialidades de cada pessoa, observadas as seguintes diretrizes:
VII - tramitação processual e procedimentos judiciais e admi- I - diagnóstico e intervenção precoces;
nistrativos em que for parte ou interessada, em todos os atos e di- II - adoção de medidas para compensar perda ou limitação fun-
ligências. cional, buscando o desenvolvimento de aptidões;
§ 1º Os direitos previstos neste artigo são extensivos ao acom- III - atuação permanente, integrada e articulada de políticas
panhante da pessoa com deficiência ou ao seu atendente pessoal, públicas que possibilitem a plena participação social da pessoa com
exceto quanto ao disposto nos incisos VI e VII deste artigo. deficiência;
§ 2º Nos serviços de emergência públicos e privados, a priori- IV - oferta de rede de serviços articulados, com atuação inter-
dade conferida por esta Lei é condicionada aos protocolos de aten- setorial, nos diferentes níveis de complexidade, para atender às ne-
dimento médico. cessidades específicas da pessoa com deficiência;
V - prestação de serviços próximo ao domicílio da pessoa com
TÍTULO II deficiência, inclusive na zona rural, respeitadas a organização das
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Redes de Atenção à Saúde (RAS) nos territórios locais e as normas
do Sistema Único de Saúde (SUS).
CAPÍTULO I Art. 16. Nos programas e serviços de habilitação e de reabilita-
DO DIREITO À VIDA ção para a pessoa com deficiência, são garantidos:
I - organização, serviços, métodos, técnicas e recursos para
Art. 10. Compete ao poder público garantir a dignidade da pes- atender às características de cada pessoa com deficiência;
soa com deficiência ao longo de toda a vida. II - acessibilidade em todos os ambientes e serviços;
Parágrafo único. Em situações de risco, emergência ou estado III - tecnologia assistiva, tecnologia de reabilitação, materiais
de calamidade pública, a pessoa com deficiência será considerada e equipamentos adequados e apoio técnico profissional, de acordo
vulnerável, devendo o poder público adotar medidas para sua pro- com as especificidades de cada pessoa com deficiência;
teção e segurança. IV - capacitação continuada de todos os profissionais que parti-
Art. 11. A pessoa com deficiência não poderá ser obrigada a cipem dos programas e serviços.
se submeter a intervenção clínica ou cirúrgica, a tratamento ou a
institucionalização forçada.
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LEGISLAÇÃO
Art. 17. Os serviços do SUS e do Suas deverão promover ações Art. 19. Compete ao SUS desenvolver ações destinadas à pre-
articuladas para garantir à pessoa com deficiência e sua família a venção de deficiências por causas evitáveis, inclusive por meio de:
aquisição de informações, orientações e formas de acesso às polí- I - acompanhamento da gravidez, do parto e do puerpério, com
ticas públicas disponíveis, com a finalidade de propiciar sua plena garantia de parto humanizado e seguro;
participação social. II - promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis,
Parágrafo único. Os serviços de que trata o caput deste artigo vigilância alimentar e nutricional, prevenção e cuidado integral
podem fornecer informações e orientações nas áreas de saúde, de dos agravos relacionados à alimentação e nutrição da mulher e da
educação, de cultura, de esporte, de lazer, de transporte, de previ- criança;
dência social, de assistência social, de habitação, de trabalho, de III - aprimoramento e expansão dos programas de imunização
empreendedorismo, de acesso ao crédito, de promoção, proteção e e de triagem neonatal;
defesa de direitos e nas demais áreas que possibilitem à pessoa com IV - identificação e controle da gestante de alto risco.
deficiência exercer sua cidadania. V - aprimoramento do atendimento neonatal, com a oferta de
ações e serviços de prevenção de danos cerebrais e sequelas neuro-
CAPÍTULO III lógicas em recém-nascidos, inclusive por telessaúde.(Incluído pela
DO DIREITO À SAÚDE Lei nº 14.510, de 2022)
Art. 20. As operadoras de planos e seguros privados de saúde
Art. 18. É assegurada atenção integral à saúde da pessoa com são obrigadas a garantir à pessoa com deficiência, no mínimo, to-
deficiência em todos os níveis de complexidade, por intermédio do dos os serviços e produtos ofertados aos demais clientes.
SUS, garantido acesso universal e igualitário. Art. 21. Quando esgotados os meios de atenção à saúde da
§ 1º É assegurada a participação da pessoa com deficiência na pessoa com deficiência no local de residência, será prestado atendi-
elaboração das políticas de saúde a ela destinadas. mento fora de domicílio, para fins de diagnóstico e de tratamento,
§ 2º É assegurado atendimento segundo normas éticas e téc- garantidos o transporte e a acomodação da pessoa com deficiência
nicas, que regulamentarão a atuação dos profissionais de saúde e e de seu acompanhante.
contemplarão aspectos relacionados aos direitos e às especificida- Art. 22. À pessoa com deficiência internada ou em observação
des da pessoa com deficiência, incluindo temas como sua dignidade é assegurado o direito a acompanhante ou a atendente pessoal,
e autonomia. devendo o órgão ou a instituição de saúde proporcionar condições
§ 3º Aos profissionais que prestam assistência à pessoa com adequadas para sua permanência em tempo integral.
deficiência, especialmente em serviços de habilitação e de reabilita- § 1º Na impossibilidade de permanência do acompanhante
ção, deve ser garantida capacitação inicial e continuada. ou do atendente pessoal junto à pessoa com deficiência, cabe ao
§ 4º As ações e os serviços de saúde pública destinados à pes- profissional de saúde responsável pelo tratamento justificá-la por
soa com deficiência devem assegurar: escrito.
I - diagnóstico e intervenção precoces, realizados por equipe § 2º Na ocorrência da impossibilidade prevista no § 1º deste ar-
multidisciplinar; tigo, o órgão ou a instituição de saúde deve adotar as providências
II - serviços de habilitação e de reabilitação sempre que neces- cabíveis para suprir a ausência do acompanhante ou do atendente
sários, para qualquer tipo de deficiência, inclusive para a manuten- pessoal.
ção da melhor condição de saúde e qualidade de vida; Art. 23. São vedadas todas as formas de discriminação contra
III - atendimento domiciliar multidisciplinar, tratamento ambu- a pessoa com deficiência, inclusive por meio de cobrança de valores
latorial e internação; diferenciados por planos e seguros privados de saúde, em razão de
IV - campanhas de vacinação; sua condição.
V - atendimento psicológico, inclusive para seus familiares e Art. 24. É assegurado à pessoa com deficiência o acesso aos
atendentes pessoais; serviços de saúde, tanto públicos como privados, e às informações
VI - respeito à especificidade, à identidade de gênero e à orien- prestadas e recebidas, por meio de recursos de tecnologia assistiva
tação sexual da pessoa com deficiência; e de todas as formas de comunicação previstas no inciso V do art.
VII - atenção sexual e reprodutiva, incluindo o direito à fertili- 3º desta Lei.
zação assistida; Art. 25. Os espaços dos serviços de saúde, tanto públicos quan-
VIII - informação adequada e acessível à pessoa com deficiência to privados, devem assegurar o acesso da pessoa com deficiência,
e a seus familiares sobre sua condição de saúde; em conformidade com a legislação em vigor, mediante a remoção
IX - serviços projetados para prevenir a ocorrência e o desenvol- de barreiras, por meio de projetos arquitetônico, de ambientação
vimento de deficiências e agravos adicionais; de interior e de comunicação que atendam às especificidades das
X - promoção de estratégias de capacitação permanente das pessoas com deficiência física, sensorial, intelectual e mental.
equipes que atuam no SUS, em todos os níveis de atenção, no aten- Art. 26. Os casos de suspeita ou de confirmação de violência
dimento à pessoa com deficiência, bem como orientação a seus praticada contra a pessoa com deficiência serão objeto de notifi-
atendentes pessoais; cação compulsória pelos serviços de saúde públicos e privados à
XI - oferta de órteses, próteses, meios auxiliares de locomoção, autoridade policial e ao Ministério Público, além dos Conselhos dos
medicamentos, insumos e fórmulas nutricionais, conforme as nor- Direitos da Pessoa com Deficiência.
mas vigentes do Ministério da Saúde. Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, considera-se violên-
§ 5º As diretrizes deste artigo aplicam-se também às institui- cia contra a pessoa com deficiência qualquer ação ou omissão, pra-
ções privadas que participem de forma complementar do SUS ou ticada em local público ou privado, que lhe cause morte ou dano ou
que recebam recursos públicos para sua manutenção. sofrimento físico ou psicológico.
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LEGISLAÇÃO
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LEGISLAÇÃO
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LEGISLAÇÃO
§ 6º A habilitação profissional pode ocorrer em empresas por Art. 40. É assegurado à pessoa com deficiência que não possua
meio de prévia formalização do contrato de emprego da pessoa meios para prover sua subsistência nem de tê-la provida por sua
com deficiência, que será considerada para o cumprimento da re- família o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos
serva de vagas prevista em lei, desde que por tempo determinado e da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 .
concomitante com a inclusão profissional na empresa, observado o
disposto em regulamento. CAPÍTULO VIII
§ 7º A habilitação profissional e a reabilitação profissional DO DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL
atenderão à pessoa com deficiência.
Art. 41. A pessoa com deficiência segurada do Regime Geral de
SEÇÃO III Previdência Social (RGPS) tem direito à aposentadoria nos termos
DA INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO TRABALHO da Lei Complementar nº 142, de 8 de maio de 2013 .
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LEGISLAÇÃO
§ 3º Os espaços e assentos a que se refere este artigo devem § 2º Os veículos estacionados nas vagas reservadas devem exi-
situar-se em locais que garantam a acomodação de, no mínimo, 1 bir, em local de ampla visibilidade, a credencial de beneficiário, a ser
(um) acompanhante da pessoa com deficiência ou com mobilidade confeccionada e fornecida pelos órgãos de trânsito, que disciplina-
reduzida, resguardado o direito de se acomodar proximamente a rão suas características e condições de uso.
grupo familiar e comunitário. § 3º A utilização indevida das vagas de que trata este artigo
§ 4º Nos locais referidos no caput deste artigo, deve haver, sujeita os infratores às sanções previstas no inciso XVII do art. 181
obrigatoriamente, rotas de fuga e saídas de emergência acessíveis, da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de Trânsito
conforme padrões das normas de acessibilidade, a fim de permitir a Brasileiro) .
saída segura da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzi- § 3º A utilização indevida das vagas de que trata este artigo
da, em caso de emergência. sujeita os infratores às sanções previstas no inciso XX do art. 181 da
§ 5º Todos os espaços das edificações previstas no caput deste Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de Trânsito Bra-
artigo devem atender às normas de acessibilidade em vigor. sileiro) . (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
§ 6º As salas de cinema devem oferecer, em todas as sessões, § 4º A credencial a que se refere o § 2º deste artigo é vinculada
recursos de acessibilidade para a pessoa com deficiência. (Vigência) à pessoa com deficiência que possui comprometimento de mobili-
§ 7º O valor do ingresso da pessoa com deficiência não poderá dade e é válida em todo o território nacional.
ser superior ao valor cobrado das demais pessoas. Art. 48. Os veículos de transporte coletivo terrestre, aquaviário
Art. 45. Os hotéis, pousadas e similares devem ser construídos e aéreo, as instalações, as estações, os portos e os terminais em
observando-se os princípios do desenho universal, além de adotar operação no País devem ser acessíveis, de forma a garantir o seu
todos os meios de acessibilidade, conforme legislação em vigor. (Vi- uso por todas as pessoas.
gência) (Reglamento) § 1º Os veículos e as estruturas de que trata o caput deste arti-
§ 1º Os estabelecimentos já existentes deverão disponibilizar, go devem dispor de sistema de comunicação acessível que disponi-
pelo menos, 10% (dez por cento) de seus dormitórios acessíveis, ga- bilize informações sobre todos os pontos do itinerário.
rantida, no mínimo, 1 (uma) unidade acessível. § 2º São asseguradas à pessoa com deficiência prioridade e se-
§ 2º Os dormitórios mencionados no § 1º deste artigo deverão gurança nos procedimentos de embarque e de desembarque nos
ser localizados em rotas acessíveis. veículos de transporte coletivo, de acordo com as normas técnicas.
§ 3º Para colocação do símbolo internacional de acesso nos veí-
CAPÍTULO X culos, as empresas de transporte coletivo de passageiros dependem
DO DIREITO AO TRANSPORTE E À MOBILIDADE da certificação de acessibilidade emitida pelo gestor público respon-
sável pela prestação do serviço.
Art. 46. O direito ao transporte e à mobilidade da pessoa com Art. 49. As empresas de transporte de fretamento e de turismo,
deficiência ou com mobilidade reduzida será assegurado em igual- na renovação de suas frotas, são obrigadas ao cumprimento do dis-
dade de oportunidades com as demais pessoas, por meio de iden- posto nos arts. 46 e 48 desta Lei. (Vigência)
tificação e de eliminação de todos os obstáculos e barreiras ao seu Art. 50. O poder público incentivará a fabricação de veículos
acesso. acessíveis e a sua utilização como táxis e vans , de forma a garantir
§ 1º Para fins de acessibilidade aos serviços de transporte cole- o seu uso por todas as pessoas.
tivo terrestre, aquaviário e aéreo, em todas as jurisdições, conside- Art. 51. As frotas de empresas de táxi devem reservar 10%
ram-se como integrantes desses serviços os veículos, os terminais, (dez por cento) de seus veículos acessíveis à pessoa com deficiên-
as estações, os pontos de parada, o sistema viário e a prestação do cia. (Vide Decreto nº 9.762, de 2019) (Vigência)
serviço. § 1º É proibida a cobrança diferenciada de tarifas ou de valores
§ 2º São sujeitas ao cumprimento das disposições desta Lei, adicionais pelo serviço de táxi prestado à pessoa com deficiência.
sempre que houver interação com a matéria nela regulada, a ou- § 2º O poder público é autorizado a instituir incentivos fiscais
torga, a concessão, a permissão, a autorização, a renovação ou a com vistas a possibilitar a acessibilidade dos veículos a que se refere
habilitação de linhas e de serviços de transporte coletivo. o caput deste artigo.
§ 3º Para colocação do símbolo internacional de acesso nos veí- Art. 52. As locadoras de veículos são obrigadas a oferecer 1
culos, as empresas de transporte coletivo de passageiros dependem (um) veículo adaptado para uso de pessoa com deficiência, a cada
da certificação de acessibilidade emitida pelo gestor público respon- conjunto de 20 (vinte) veículos de sua frota. (Vide Decreto nº 9.762,
sável pela prestação do serviço. de 2019) (Vigência)
Art. 47. Em todas as áreas de estacionamento aberto ao pú- Parágrafo único. O veículo adaptado deverá ter, no mínimo,
blico, de uso público ou privado de uso coletivo e em vias públicas, câmbio automático, direção hidráulica, vidros elétricos e comandos
devem ser reservadas vagas próximas aos acessos de circulação de manuais de freio e de embreagem.
pedestres, devidamente sinalizadas, para veículos que transportem
pessoa com deficiência com comprometimento de mobilidade, des-
de que devidamente identificados.
§ 1º As vagas a que se refere o caput deste artigo devem equi-
valer a 2% (dois por cento) do total, garantida, no mínimo, 1 (uma)
vaga devidamente sinalizada e com as especificações de desenho
e traçado de acordo com as normas técnicas vigentes de acessibi-
lidade.
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V - facilitar e agilizar o processo de inclusão de novos recursos § 3º Deve ser fomentada a capacitação tecnológica de institui-
de tecnologia assistiva no rol de produtos distribuídos no âmbito do ções públicas e privadas para o desenvolvimento de tecnologias as-
SUS e por outros órgãos governamentais. sistiva e social que sejam voltadas para melhoria da funcionalidade
Parágrafo único. Para fazer cumprir o disposto neste artigo, os e da participação social da pessoa com deficiência.
procedimentos constantes do plano específico de medidas deverão § 4º As medidas previstas neste artigo devem ser reavaliadas
ser avaliados, pelo menos, a cada 2 (dois) anos. periodicamente pelo poder público, com vistas ao seu aperfeiçoa-
mento.
CAPÍTULO IV Art. 78. Devem ser estimulados a pesquisa, o desenvolvimen-
DO DIREITO À PARTICIPAÇÃO NA VIDA PÚBLICA E POLÍTICA to, a inovação e a difusão de tecnologias voltadas para ampliar o
acesso da pessoa com deficiência às tecnologias da informação e
Art. 76. O poder público deve garantir à pessoa com deficiência comunicação e às tecnologias sociais.
todos os direitos políticos e a oportunidade de exercê-los em igual- Parágrafo único. Serão estimulados, em especial:
dade de condições com as demais pessoas. I - o emprego de tecnologias da informação e comunicação
§ 1º À pessoa com deficiência será assegurado o direito de vo- como instrumento de superação de limitações funcionais e de bar-
tar e de ser votada, inclusive por meio das seguintes ações: reiras à comunicação, à informação, à educação e ao entretenimen-
I - garantia de que os procedimentos, as instalações, os mate- to da pessoa com deficiência;
riais e os equipamentos para votação sejam apropriados, acessíveis II - a adoção de soluções e a difusão de normas que visem a am-
a todas as pessoas e de fácil compreensão e uso, sendo vedada a pliar a acessibilidade da pessoa com deficiência à computação e aos
instalação de seções eleitorais exclusivas para a pessoa com defi- sítios da internet, em especial aos serviços de governo eletrônico.
ciência;
II - incentivo à pessoa com deficiência a candidatar-se e a de- LIVRO II
sempenhar quaisquer funções públicas em todos os níveis de go- PARTE ESPECIAL
verno, inclusive por meio do uso de novas tecnologias assistivas,
quando apropriado; TÍTULO I
III - garantia de que os pronunciamentos oficiais, a propaganda DO ACESSO À JUSTIÇA
eleitoral obrigatória e os debates transmitidos pelas emissoras de
televisão possuam, pelo menos, os recursos elencados no art. 67 CAPÍTULO I
desta Lei; DISPOSIÇÕES GERAIS
IV - garantia do livre exercício do direito ao voto e, para tanto,
sempre que necessário e a seu pedido, permissão para que a pes- Art. 79. O poder público deve assegurar o acesso da pessoa com
soa com deficiência seja auxiliada na votação por pessoa de sua deficiência à justiça, em igualdade de oportunidades com as demais
escolha. pessoas, garantindo, sempre que requeridos, adaptações e recursos
§ 2º O poder público promoverá a participação da pessoa com de tecnologia assistiva.
deficiência, inclusive quando institucionalizada, na condução das § 1º A fim de garantir a atuação da pessoa com deficiência em
questões públicas, sem discriminação e em igualdade de oportuni- todo o processo judicial, o poder público deve capacitar os membros
dades, observado o seguinte: e os servidores que atuam no Poder Judiciário, no Ministério Públi-
I - participação em organizações não governamentais relacio- co, na Defensoria Pública, nos órgãos de segurança pública e no sis-
nadas à vida pública e à política do País e em atividades e adminis- tema penitenciário quanto aos direitos da pessoa com deficiência.
tração de partidos políticos; § 2º Devem ser assegurados à pessoa com deficiência subme-
II - formação de organizações para representar a pessoa com tida a medida restritiva de liberdade todos os direitos e garantias a
deficiência em todos os níveis; que fazem jus os apenados sem deficiência, garantida a acessibili-
III - participação da pessoa com deficiência em organizações dade.
que a representem. § 3º A Defensoria Pública e o Ministério Público tomarão as me-
didas necessárias à garantia dos direitos previstos nesta Lei.
TÍTULO IV Art. 80. Devem ser oferecidos todos os recursos de tecnologia
DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA assistiva disponíveis para que a pessoa com deficiência tenha ga-
rantido o acesso à justiça, sempre que figure em um dos polos da
Art. 77. O poder público deve fomentar o desenvolvimento cien- ação ou atue como testemunha, partícipe da lide posta em juízo,
tífico, a pesquisa e a inovação e a capacitação tecnológicas, volta- advogado, defensor público, magistrado ou membro do Ministério
dos à melhoria da qualidade de vida e ao trabalho da pessoa com Público.
deficiência e sua inclusão social. Parágrafo único. A pessoa com deficiência tem garantido o
§ 1º O fomento pelo poder público deve priorizar a geração de acesso ao conteúdo de todos os atos processuais de seu interesse,
conhecimentos e técnicas que visem à prevenção e ao tratamento inclusive no exercício da advocacia.
de deficiências e ao desenvolvimento de tecnologias assistiva e so- Art. 81. Os direitos da pessoa com deficiência serão garantidos
cial. por ocasião da aplicação de sanções penais.
§ 2º A acessibilidade e as tecnologias assistiva e social devem Art. 82. (VETADO).
ser fomentadas mediante a criação de cursos de pós-graduação, a
formação de recursos humanos e a inclusão do tema nas diretrizes
de áreas do conhecimento.
236
LEGISLAÇÃO
Art. 83. Os serviços notariais e de registro não podem negar ou II - interdição das respectivas mensagens ou páginas de infor-
criar óbices ou condições diferenciadas à prestação de seus serviços mação na internet.
em razão de deficiência do solicitante, devendo reconhecer sua ca- § 4º Na hipótese do § 2º deste artigo, constitui efeito da con-
pacidade legal plena, garantida a acessibilidade. denação, após o trânsito em julgado da decisão, a destruição do
Parágrafo único. O descumprimento do disposto no caput deste material apreendido.
artigo constitui discriminação em razão de deficiência. Art. 89. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão,
benefícios, remuneração ou qualquer outro rendimento de pessoa
CAPÍTULO II com deficiência:
DO RECONHECIMENTO IGUAL PERANTE A LEI Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se o
Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao crime é cometido:
exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com I - por tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testa-
as demais pessoas. menteiro ou depositário judicial; ou
§ 1º Quando necessário, a pessoa com deficiência será subme- II - por aquele que se apropriou em razão de ofício ou de pro-
tida à curatela, conforme a lei. fissão.
§ 2º É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo Art. 90. Abandonar pessoa com deficiência em hospitais, casas
de tomada de decisão apoiada. de saúde, entidades de abrigamento ou congêneres:
§ 3º A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.
medida protetiva extraordinária, proporcional às necessidades e às Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem não prover as
circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível. necessidades básicas de pessoa com deficiência quando obrigado
§ 4º Os curadores são obrigados a prestar, anualmente, contas por lei ou mandado.
de sua administração ao juiz, apresentando o balanço do respectivo Art. 91. Reter ou utilizar cartão magnético, qualquer meio ele-
ano. trônico ou documento de pessoa com deficiência destinados ao re-
Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados cebimento de benefícios, proventos, pensões ou remuneração ou à
aos direitos de natureza patrimonial e negocial. realização de operações financeiras, com o fim de obter vantagem
§ 1º A definição da curatela não alcança o direito ao próprio indevida para si ou para outrem:
corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
saúde, ao trabalho e ao voto. Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se o
§ 2º A curatela constitui medida extraordinária, devendo cons- crime é cometido por tutor ou curador.
tar da sentença as razões e motivações de sua definição, preserva-
dos os interesses do curatelado. TÍTULO III
§ 3º No caso de pessoa em situação de institucionalização, ao DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
nomear curador, o juiz deve dar preferência a pessoa que tenha vín-
culo de natureza familiar, afetiva ou comunitária com o curatelado. Art. 92. É criado o Cadastro Nacional de Inclusão da Pessoa com
Art. 86. Para emissão de documentos oficiais, não será exigida Deficiência (Cadastro-Inclusão), registro público eletrônico com a fi-
a situação de curatela da pessoa com deficiência. nalidade de coletar, processar, sistematizar e disseminar informa-
Art. 87. Em casos de relevância e urgência e a fim de proteger ções georreferenciadas que permitam a identificação e a caracte-
os interesses da pessoa com deficiência em situação de curatela, rização socioeconômica da pessoa com deficiência, bem como das
será lícito ao juiz, ouvido o Ministério Público, de oficio ou a reque- barreiras que impedem a realização de seus direitos.
rimento do interessado, nomear, desde logo, curador provisório, o § 1º O Cadastro-Inclusão será administrado pelo Poder Execu-
qual estará sujeito, no que couber, às disposições do Código de Pro- tivo federal e constituído por base de dados, instrumentos, procedi-
cesso Civil . mentos e sistemas eletrônicos.
§ 2º Os dados constituintes do Cadastro-Inclusão serão obtidos
TÍTULO II pela integração dos sistemas de informação e da base de dados de
DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS todas as políticas públicas relacionadas aos direitos da pessoa com
deficiência, bem como por informações coletadas, inclusive em cen-
Art. 88. Praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em sos nacionais e nas demais pesquisas realizadas no País, de acordo
razão de sua deficiência: com os parâmetros estabelecidos pela Convenção sobre os Direitos
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo.
§ 1º Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se a vítima encon- § 3º Para coleta, transmissão e sistematização de dados, é fa-
trar-se sob cuidado e responsabilidade do agente. cultada a celebração de convênios, acordos, termos de parceria ou
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput deste artigo é contratos com instituições públicas e privadas, observados os requi-
cometido por intermédio de meios de comunicação social ou de pu- sitos e procedimentos previstos em legislação específica.
blicação de qualquer natureza: § 4º Para assegurar a confidencialidade, a privacidade e as li-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. berdades fundamentais da pessoa com deficiência e os princípios
§ 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o juiz poderá determinar, éticos que regem a utilização de informações, devem ser observa-
ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inqué- das as salvaguardas estabelecidas em lei.
rito policial, sob pena de desobediência: § 5º Os dados do Cadastro-Inclusão somente poderão ser utili-
I - recolhimento ou busca e apreensão dos exemplares do ma- zados para as seguintes finalidades:
terial discriminatório;
237
LEGISLAÇÃO
I - formulação, gestão, monitoramento e avaliação das políticas § 8º Para o aprendiz com deficiência com 18 (dezoito) anos ou
públicas para a pessoa com deficiência e para identificar as barrei- mais, a validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação
ras que impedem a realização de seus direitos; na CTPS e matrícula e frequência em programa de aprendizagem
II - realização de estudos e pesquisas. desenvolvido sob orientação de entidade qualificada em formação
§ 6º As informações a que se refere este artigo devem ser disse- técnico-profissional metódica.” (NR)
minadas em formatos acessíveis. “Art. 433. ..................................................................
Art. 93. Na realização de inspeções e de auditorias pelos órgãos ...........................................................................................
de controle interno e externo, deve ser observado o cumprimento da I - desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz, salvo
legislação relativa à pessoa com deficiência e das normas de aces- para o aprendiz com deficiência quando desprovido de recursos de
sibilidade vigentes. acessibilidade, de tecnologias assistivas e de apoio necessário ao
Art. 94. Terá direito a auxílio-inclusão, nos termos da lei, a pes- desempenho de suas atividades;
soa com deficiência moderada ou grave que: ..................................................................................” (NR)
I - receba o benefício de prestação continuada previsto no art. Art. 98. A Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989 , passa a
20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 , e que passe a exer- vigorar com as seguintes alterações:
cer atividade remunerada que a enquadre como segurado obriga- “Art. 3º As medidas judiciais destinadas à proteção de interes-
tório do RGPS; ses coletivos, difusos, individuais homogêneos e individuais indis-
II - tenha recebido, nos últimos 5 (cinco) anos, o benefício de poníveis da pessoa com deficiência poderão ser propostas pelo Mi-
prestação continuada previsto no art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de nistério Público, pela Defensoria Pública, pela União, pelos Estados,
dezembro de 1993 , e que exerça atividade remunerada que a en- pelos Municípios, pelo Distrito Federal, por associação constituída
quadre como segurado obrigatório do RGPS. há mais de 1 (um) ano, nos termos da lei civil, por autarquia, por
Art. 95. É vedado exigir o comparecimento de pessoa com de- empresa pública e por fundação ou sociedade de economia mista
ficiência perante os órgãos públicos quando seu deslocamento, em que inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção dos inte-
razão de sua limitação funcional e de condições de acessibilidade, resses e a promoção de direitos da pessoa com deficiência.
imponha-lhe ônus desproporcional e indevido, hipótese na qual se- .................................................................................” (NR)
rão observados os seguintes procedimentos: “Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de 2 (dois) a 5
I - quando for de interesse do poder público, o agente promo- (cinco) anos e multa:
verá o contato necessário com a pessoa com deficiência em sua re- I - recusar, cobrar valores adicionais, suspender, procrastinar,
sidência; cancelar ou fazer cessar inscrição de aluno em estabelecimento de
II - quando for de interesse da pessoa com deficiência, ela apre- ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, em razão de
sentará solicitação de atendimento domiciliar ou fará representar- sua deficiência;
-se por procurador constituído para essa finalidade. II - obstar inscrição em concurso público ou acesso de alguém
Parágrafo único. É assegurado à pessoa com deficiência aten- a qualquer cargo ou emprego público, em razão de sua deficiência;
dimento domiciliar pela perícia médica e social do Instituto Nacio- III - negar ou obstar emprego, trabalho ou promoção à pessoa
nal do Seguro Social (INSS), pelo serviço público de saúde ou pelo em razão de sua deficiência;
serviço privado de saúde, contratado ou conveniado, que integre o IV - recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar de pres-
SUS e pelas entidades da rede socioassistencial integrantes do Suas, tar assistência médico-hospitalar e ambulatorial à pessoa com de-
quando seu deslocamento, em razão de sua limitação funcional e ficiência;
de condições de acessibilidade, imponha-lhe ônus desproporcional V - deixar de cumprir, retardar ou frustrar execução de ordem
e indevido. judicial expedida na ação civil a que alude esta Lei;
Art. 96. O § 6º -A do art. 135 da Lei nº 4.737, de 15 de julho de VI - recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis
1965 (Código Eleitoral) , passa a vigorar com a seguinte redação: à propositura da ação civil pública objeto desta Lei, quando requi-
“Art. 135. ................................................................. sitados.
........................................................................................ § 1º Se o crime for praticado contra pessoa com deficiência me-
§ 6º -A. Os Tribunais Regionais Eleitorais deverão, a cada elei- nor de 18 (dezoito) anos, a pena é agravada em 1/3 (um terço).
ção, expedir instruções aos Juízes Eleitorais para orientá-los na es- § 2º A pena pela adoção deliberada de critérios subjetivos
colha dos locais de votação, de maneira a garantir acessibilidade para indeferimento de inscrição, de aprovação e de cumprimento
para o eleitor com deficiência ou com mobilidade reduzida, inclusive de estágio probatório em concursos públicos não exclui a responsa-
em seu entorno e nos sistemas de transporte que lhe dão acesso. bilidade patrimonial pessoal do administrador público pelos danos
....................................................................................” (NR) causados.
Art. 97. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada § 3º Incorre nas mesmas penas quem impede ou dificulta o in-
pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 , passa a vigorar gresso de pessoa com deficiência em planos privados de assistência
com as seguintes alterações: à saúde, inclusive com cobrança de valores diferenciados.
“Art. 428. .................................................................. § 4º Se o crime for praticado em atendimento de urgência e
........................................................................................... emergência, a pena é agravada em 1/3 (um terço).” (NR)
§ 6º Para os fins do contrato de aprendizagem, a comprova- Art. 99. O art. 20 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990 , passa
ção da escolaridade de aprendiz com deficiência deve considerar, a vigorar acrescido do seguinte inciso XVIII:
sobretudo, as habilidades e competências relacionadas com a pro- “Art. 20. ......................................................................
fissionalização. ..............................................................................................
...........................................................................................
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LEGISLAÇÃO
XVIII - quando o trabalhador com deficiência, por prescrição, § 3º Para a reserva de cargos será considerada somente a con-
necessite adquirir órtese ou prótese para promoção de acessibilida- tratação direta de pessoa com deficiência, excluído o aprendiz com
de e de inclusão social. deficiência de que trata a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
..................................................................................” (NR) aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.
Art. 100. A Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de § 4º (VETADO).” (NR)
Defesa do Consumidor) , passa a vigorar com as seguintes altera- “Art. 110-A. No ato de requerimento de benefícios operacio-
ções: nalizados pelo INSS, não será exigida apresentação de termo de
“Art. 6º ....................................................................... curatela de titular ou de beneficiário com deficiência, observados os
............................................................................................ procedimentos a serem estabelecidos em regulamento.”
Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III Art. 102. O art. 2º da Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991 ,
do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, passa a vigorar acrescido do seguinte § 3º :
observado o disposto em regulamento.” (NR) “Art. 2º .........................................................................
“Art. 43. ...................................................................... .............................................................................................
............................................................................................ § 3º Os incentivos criados por esta Lei somente serão conce-
§ 6º Todas as informações de que trata o caput deste artigo didos a projetos culturais que forem disponibilizados, sempre que
devem ser disponibilizadas em formatos acessíveis, inclusive para a tecnicamente possível, também em formato acessível à pessoa com
pessoa com deficiência, mediante solicitação do consumidor.” (NR) deficiência, observado o disposto em regulamento.” (NR)
Art. 101. A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 , passa a vigo- Art. 103. O art. 11 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992 ,
rar com as seguintes alterações: passa a vigorar acrescido do seguinte inciso IX:
“Art. 16. ...................................................................... “Art. 11. .....................................................................
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não ............................................................................................
emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibilida-
ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou defi- de previstos na legislação.” (NR)
ciência grave; Art. 104. A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 , passa a vigo-
............................................................................................ rar com as seguintes alterações:
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de “Art. 3º .....................................................................
21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ..........................................................................................
ou mental ou deficiência grave; § 2º ...........................................................................
.................................................................................” (NR) ..........................................................................................
“Art. 77. ..................................................................... V - produzidos ou prestados por empresas que comprovem
............................................................................................ cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para pessoa com
§ 2º .............................................................................. deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que atendam
............................................................................................ às regras de acessibilidade previstas na legislação.
II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de am- ...........................................................................................
bos os sexos, pela emancipação ou ao completar 21 (vinte e um) § 5º Nos processos de licitação, poderá ser estabelecida mar-
anos de idade, salvo se for inválido ou tiver deficiência intelectual gem de preferência para:
ou mental ou deficiência grave; I - produtos manufaturados e para serviços nacionais que aten-
................................................................................... dam a normas técnicas brasileiras; e
§ 4º (VETADO). II - bens e serviços produzidos ou prestados por empresas que
...................................................................................” (NR) comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para
“Art. 93. (VETADO): pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e
I - (VETADO); que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação.
II - (VETADO); ...................................................................................” (NR)
III - (VETADO); “Art. 66-A. As empresas enquadradas no inciso V do § 2º e no
IV - (VETADO); inciso II do § 5º do art. 3º desta Lei deverão cumprir, durante todo o
V - (VETADO). período de execução do contrato, a reserva de cargos prevista em lei
§ 1º A dispensa de pessoa com deficiência ou de beneficiário para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência So-
reabilitado da Previdência Social ao final de contrato por prazo de- cial, bem como as regras de acessibilidade previstas na legislação.
terminado de mais de 90 (noventa) dias e a dispensa imotivada em Parágrafo único. Cabe à administração fiscalizar o cumprimen-
contrato por prazo indeterminado somente poderão ocorrer após a to dos requisitos de acessibilidade nos serviços e nos ambientes de
contratação de outro trabalhador com deficiência ou beneficiário trabalho.”
reabilitado da Previdência Social. Art. 105. O art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 ,
§ 2º Ao Ministério do Trabalho e Emprego incumbe estabelecer passa a vigorar com as seguintes alterações:
a sistemática de fiscalização, bem como gerar dados e estatísticas “Art. 20. ......................................................................
sobre o total de empregados e as vagas preenchidas por pessoas .............................................................................................
com deficiência e por beneficiários reabilitados da Previdência So- § 2º Para efeito de concessão do benefício de prestação conti-
cial, fornecendo-os, quando solicitados, aos sindicatos, às entidades nuada, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impe-
representativas dos empregados ou aos cidadãos interessados. dimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou
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LEGISLAÇÃO
sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode § 1º O material didático audiovisual utilizado em aulas teóricas
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade dos cursos que precedem os exames previstos no art. 147 desta Lei
de condições com as demais pessoas. deve ser acessível, por meio de subtitulação com legenda oculta as-
............................................................................................ sociada à tradução simultânea em Libras.
§ 9º Os rendimentos decorrentes de estágio supervisionado e § 2º É assegurado também ao candidato com deficiência audi-
de aprendizagem não serão computados para os fins de cálculo da tiva requerer, no ato de sua inscrição, os serviços de intérprete da
renda familiar per capita a que se refere o § 3º deste artigo. Libras, para acompanhamento em aulas práticas e teóricas.”
............................................................................................. “Art. 154. (VETADO).”
§ 11. Para concessão do benefício de que trata o caput deste “Art. 181. ...................................................................
artigo, poderão ser utilizados outros elementos probatórios da con- ..........................................................................................
dição de miserabilidade do grupo familiar e da situação de vulnera- XVII - .........................................................................
bilidade, conforme regulamento.” (NR) Infração - grave;
Art. 106. (VETADO). .................................................................................” (NR)
Art. 107. A Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995 , passa a vigorar Art. 110. O inciso VI e o § 1º do art. 56 da Lei nº 9.615, de 24 de
com as seguintes alterações: março de 1998 , passam a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 1º É proibida a adoção de qualquer prática discriminató- “Art. 56. ....................................................................
ria e limitativa para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de ...........................................................................................
sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, VI - 2,7% (dois inteiros e sete décimos por cento) da arrecada-
situação familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade, entre ção bruta dos concursos de prognósticos e loterias federais e simila-
outros, ressalvadas, nesse caso, as hipóteses de proteção à criança res cuja realização estiver sujeita a autorização federal, deduzindo-
e ao adolescente previstas no inciso XXXIII do art. 7º da Constituição -se esse valor do montante destinado aos prêmios;
Federal. ” (NR) .............................................................................................
“Art. 3º Sem prejuízo do prescrito no art. 2º desta Lei e nos dis- § 1º Do total de recursos financeiros resultantes do percentual
positivos legais que tipificam os crimes resultantes de preconceito de que trata o inciso VI do caput , 62,96% (sessenta e dois inteiros
de etnia, raça, cor ou deficiência, as infrações ao disposto nesta Lei e noventa e seis centésimos por cento) serão destinados ao Comitê
são passíveis das seguintes cominações: Olímpico Brasileiro (COB) e 37,04% (trinta e sete inteiros e quatro
..................................................................................” (NR) centésimos por cento) ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), de-
“Art. 4º ........................................................................ vendo ser observado, em ambos os casos, o conjunto de normas
I - a reintegração com ressarcimento integral de todo o perío- aplicáveis à celebração de convênios pela União.
do de afastamento, mediante pagamento das remunerações devi- ..................................................................................” (NR)
das, corrigidas monetariamente e acrescidas de juros legais; Art. 111. O art. 1º da Lei nº 10.048, de 8 de novembro de 2000 ,
....................................................................................” (NR) passa a vigorar com a seguinte redação:
Art. 108. O art. 35 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995 , “Art. 1º As pessoas com deficiência, os idosos com idade igual
passa a vigorar acrescido do seguinte § 5º : ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactantes, as pes-
“Art. 35. ...................................................................... soas com crianças de colo e os obesos terão atendimento prioritá-
............................................................................................. rio, nos termos desta Lei.” (NR)
§ 5º Sem prejuízo do disposto no inciso IX do parágrafo único Art. 112. A Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000 , passa a
do art. 3º da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 , a pessoa vigorar com as seguintes alterações:
com deficiência, ou o contribuinte que tenha dependente nessa con- “Art. 2º .......................................................................
dição, tem preferência na restituição referida no inciso III do art. 4º I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para uti-
e na alínea “c” do inciso II do art. 8º .” (NR) lização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equi-
Art. 109. A Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de pamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comuni-
Trânsito Brasileiro) , passa a vigorar com as seguintes alterações: cação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros
“Art. 2º ........................................................... serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados
Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são considera- de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa
das vias terrestres as praias abertas à circulação pública, as vias com deficiência ou com mobilidade reduzida;
internas pertencentes aos condomínios constituídos por unidades II - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou compor-
autônomas e as vias e áreas de estacionamento de estabelecimen- tamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem
tos privados de uso coletivo.” (NR) como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade,
“Art. 86-A. As vagas de estacionamento regulamentado de que à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao aces-
trata o inciso XVII do art. 181 desta Lei deverão ser sinalizadas com so à informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre
as respectivas placas indicativas de destinação e com placas infor- outros, classificadas em:
mando os dados sobre a infração por estacionamento indevido.” a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços
“Art. 147-A. Ao candidato com deficiência auditiva é assegura- públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo;
da acessibilidade de comunicação, mediante emprego de tecnolo- b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos
gias assistivas ou de ajudas técnicas em todas as etapas do processo e privados;
de habilitação. c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios
de transportes;
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“Art. 1º É assegurado à pessoa com deficiência visual acom- III - os incisos II e III do art. 228 da Lei nº 10.406, de 10 de janei-
panhada de cão-guia o direito de ingressar e de permanecer com ro de 2002 (Código Civil);
o animal em todos os meios de transporte e em estabelecimentos IV - o inciso I do art. 1.548 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de
abertos ao público, de uso público e privados de uso coletivo, desde 2002 (Código Civil);
que observadas as condições impostas por esta Lei. V - o inciso IV do art. 1.557 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro
............................................................................................. de 2002 (Código Civil);
§ 2º O disposto no caput deste artigo aplica-se a todas as mo- VI - os incisos II e IV do art. 1.767 da Lei nº 10.406, de 10 de
dalidades e jurisdições do serviço de transporte coletivo de passa- janeiro de 2002 (Código Civil);
geiros, inclusive em esfera internacional com origem no território VII - os arts. 1.776 e 1.780 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de
brasileiro.” (NR) 2002 (Código Civil).
Art. 118. O inciso IV do art. 46 da Lei nº 11.904, de 14 de janeiro Art. 124. O § 1º do art. 2º desta Lei deverá entrar em vigor em
de 2009 , passa a vigorar acrescido da seguinte alínea “k”: até 2 (dois) anos, contados da entrada em vigor desta Lei.
“Art. 46. ...................................................................... Art. 125. Devem ser observados os prazos a seguir discrimina-
........................................................................................... dos, a partir da entrada em vigor desta Lei, para o cumprimento dos
IV - .............................................................................. seguintes dispositivos:
........................................................................................... I - incisos I e II do § 2º do art. 28 , 48 (quarenta e oito) meses;
k) de acessibilidade a todas as pessoas. II - § 6º do art. 44 , 48 (quarenta e oito) meses;
.................................................................................” (NR) II - § 6º do art. 44, 60 (sessenta) meses;(Redação dada pela
Art. 119. A Lei nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012 , passa a Medida Provisória nº 917, de 2019)
vigorar acrescida do seguinte art. 12-B: II - § 6º do art. 44, 60 (sessenta) meses; (Redação dada pela Lei
“Art. 12-B. Na outorga de exploração de serviço de táxi, re- nº 14.009, de 2020)
servar-se-ão 10% (dez por cento) das vagas para condutores com II - § 6º do art. 44, 84 (oitenta e quatro) meses; (Redação dada
deficiência. pela Medida Provisória nº 1.025, de 2020)
§ 1º Para concorrer às vagas reservadas na forma do caput des- II - § 6º do art. 44, 84 (oitenta e quatro) meses;(Redação dada
te artigo, o condutor com deficiência deverá observar os seguintes pela Lei nº 14.159, de 2021)
requisitos quanto ao veículo utilizado: III - art. 45 , 24 (vinte e quatro) meses;
I - ser de sua propriedade e por ele conduzido; e IV - art. 49 , 48 (quarenta e oito) meses.
II - estar adaptado às suas necessidades, nos termos da legis- Art. 126. Prorroga-se até 31 de dezembro de 2021 a vigência
lação vigente. da Lei nº 8.989, de 24 de fevereiro de 1995 .
§ 2º No caso de não preenchimento das vagas na forma esta- Art. 127. Esta Lei entra em vigor após decorridos 180 (cento e
belecida no caput deste artigo, as remanescentes devem ser dispo- oitenta) dias de sua publicação oficial .
nibilizadas para os demais concorrentes.” Brasília, 6 de julho de 2015; 194º da Independência e 127º da
Art. 120. Cabe aos órgãos competentes, em cada esfera de go- República.
verno, a elaboração de relatórios circunstanciados sobre o cumpri-
mento dos prazos estabelecidos por força das Leis nº 10.048, de 8 de QUESTÕES
novembro de 2000 , e nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000 , bem
como o seu encaminhamento ao Ministério Público e aos órgãos de
regulação para adoção das providências cabíveis. 1. : VUNESP - 2020 - Prefeitura de Morro Agudo - SP - Dentista
Parágrafo único. Os relatórios a que se refere o caput deste ar- - Periodontista
tigo deverão ser apresentados no prazo de 1 (um) ano a contar da O lema “Saúde é direito de todos e dever do Estado” e que
entrada em vigor desta Lei. transformou o Sistema Único de Saúde brasileiro em um dos maio-
Art. 121. Os direitos, os prazos e as obrigações previstos nesta res do mundo, foi implantado a partir da constituição de
Lei não excluem os já estabelecidos em outras legislações, inclusive (A) 1934.
em pactos, tratados, convenções e declarações internacionais apro- (B) 1947.
vados e promulgados pelo Congresso Nacional, e devem ser apli- (C) 1967.
cados em conformidade com as demais normas internas e acordos (D) 1988.
internacionais vinculantes sobre a matéria. (E) 1991.
Parágrafo único. Prevalecerá a norma mais benéfica à pessoa
com deficiência.
Art. 122. Regulamento disporá sobre a adequação do disposto
nesta Lei ao tratamento diferenciado, simplificado e favorecido a
ser dispensado às microempresas e às empresas de pequeno porte,
previsto no § 3º do art. 1º da Lei Complementar nº 123, de 14 de
dezembro de 2006 .
Art. 123. Revogam-se os seguintes dispositivos: (Vigência)
I - o inciso II do § 2º do art. 1º da Lei nº 9.008, de 21 de março
de 1995 ;
II - os incisos I, II e III do art. 3º da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro
de 2002 (Código Civil);
243
LEGISLAÇÃO
2. VUNESP - 2019 - Prefeitura de Dois Córregos - SP - Médico 5. VUNESP - 2021 - Prefeitura de Bertioga - SP - Procurador Mu-
Cardiologista nicipal
Em relação aos Conselhos de Saúde, assinale a alternativa que Assinale a alternativa correta, que corresponde ao que está
está de acordo com a Lei n° 8.142/90. previsto na Lei no 8.080/90.
(A) A representação nos Conselhos de Saúde é paritária, e entre (A) A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de
seus membros obrigatórios estão: os sindicatos de trabalhado- Saúde (SUS), em caráter complementar.
res, os sindicatos patronais e os usuários, mediados por repre- (B) As ações e os serviços de saúde, executados pelo Sistema
sentante designado da câmara de vereadores do município. Único de Saúde (SUS), seja diretamente ou mediante participa-
(B) Os Conselhos de Saúde são veículos de fortalecimento do ção complementar da iniciativa privada, serão organizados de
controle social no SUS, por meio da participação efetiva da so- forma regionalizada e hierarquizada em níveis de complexida-
ciedade organizada nas políticas públicas e na administração de decrescente.
da saúde. (C) Os Estados deverão executar ações de vigilância epidemio-
(C) O Conselho de Saúde não tem autonomia administrativa e lógica e sanitária em circunstâncias especiais, como na ocor-
subordina-se à Conferência de Saúde, que é a instância cole- rência de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do
giada, com poder deliberativo, para referendar suas decisões. controle da direção Municipal do Sistema Único de Saúde (SUS)
(D) Cabe ao Conselho de Saúde atuar na formulação e no con- ou que representem risco de disseminação nacional.
trole da execução da política de saúde, com exceção dos aspec- (D) Os serviços de saúde dos hospitais universitários e de en-
tos econômicos e financeiros. sino se integram ao Sistema Único de Saúde (SUS), mediante
(E) As atribuições do Conselho de Saúde e suas estratégias de convênio, sem preservar a sua autonomia administrativa.
atuação são, por determinação legal, direcionadas exclusiva- (E) É permitida a destinação de subvenções e auxílios a institui-
mente ao setor público. ções prestadoras de serviços de saúde com finalidade lucrativa.
3. VUNESP - 2019 - Prefeitura de Campinas - SP - Psicólogo 6. VUNESP - 2023 - Prefeitura de Palmas - TO - Guarda Metro-
Nos termos do que dispõe a Lei Federal n° 8.142/90, assinale a politano
alternativa correta. Tendo em conta as disposições legais do Estatuto do Idoso, as-
(A) O SUS contará, na esfera federal de governo, com prejuízo sinale a alternativa correta.
das funções do Poder Legislativo, com as instâncias colegiadas (A) É assegurada prioridade especial aos maiores de 80 anos,
da Conferência de Saúde e do Conselho de Saúde. atendendo suas necessidades sempre preferencialmente em
(B) A cobertura das ações e serviços de saúde, a ser implemen- relação às demais pessoas idosas.
tada pelos Municípios, Estados e Distrito Federal, destinará (B) É crime lavrar ata notarial que envolva pessoa idosa, maior
seus recursos, entre outras, à cobertura assistencial ambula- de 80 anos, sem a devida representação.
torial e hospitalar. (C) É crime deixar de cumprir a execução de ordem judicial ex-
(C) As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão pedida em ações em que for parte a pessoa idosa.
suas normas e sua organização de funcionamento definidas por (D) É considerada pessoa idosa aquela com idade superior a
Decreto a ser expedido pelo Ministro da Saúde e Previdência 60 anos.
Social.
(D) Os recursos do Fundo Nacional de Saúde serão alocados 7. VUNESP - 2023 - CAMPREV - SP - Assistente Social
como investimentos previstos no Plano Bianual do Ministério Os determinantes biológicos do ciclo natural de vida, expres-
da Saúde. sos em idades cronológicas, são tomados como generalizadores do
(E) Os recursos do Fundo Nacional de Saúde serão destinados modo de envelhecer. Assim é explicado o envelhecimento, indepen-
em 50% (cinquenta por cento) aos Municípios, e o restante di- dentemente das condições de existência em determinado tipo de
vidido entre os Estados e o Distrito Federal. sociedade, do modo como as pessoas idosas vivem e da dialética
da trajetória individual e social. Entretanto, a Lei nº 10.741/2003
4. VUNESP - 2023 - Câmara de Marília - SP - Procurador Jurídico traz implícita a noção de envelhecimento como processo, histórico
Assinale a alternativa que está de acordo com a Lei n° 8.080/90. e social, cujo entendimento envolve aspectos cronológicos, bioló-
(A) Caberá à União e aos Estados, com dotações próprias, fi- gicos, mas também psicológicos e sociais. Considera o envelheci-
nanciar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. mento como um direito personalíssimo e define um amplo elenco
(B) No âmbito do Sistema Único de Saúde, é vedada a interna- de direitos fundamentais ao/à idoso/a, inerentes à pessoa humana,
ção domiciliar. sem prejuízo
(C) À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) compete (A) de seus interesses pessoais.
gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros. (B) dos benefícios que dispõem.
(D) A vigilância nutricional e a orientação alimentar são áreas (C) da sua efetiva contribuição.
que não estão expressamente incluídas no campo de atuação (D) da sua proteção integral.
do Sistema Único de Saúde. (E) de sua experiência estratégica.
(E) Em situações epidemiológicas que caracterizem emergência
em saúde pública, deve ser adotado procedimento padrão para
a remessa de patrimônio genético ao exterior, sob pena de co-
metimento de improbidade administrativa.
244
LEGISLAÇÃO
8. VUNESP - 2022 - Prefeitura de Sorocaba - SP - Terapeuta Ocu- 11. VUNESP - 2023 - TJ-SP - Escrevente
pacional Considere que Alice tem 25 anos, é considerada uma pessoa
De acordo com o Estatuto do Idoso (Lei n⁰ 10.741, de1⁰ de ou- com deficiência e há cinco anos namora com Jackson, que não tem
tubro de 2003), deficiência física, mental, intelectual ou sensorial. Eles desejam se
(A) é obrigação do Município garantir à pessoa idosa a prote- casar em seis meses. Com base na situação hipotética e no disposto
ção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais no Estatuto da Pessoa com Deficiência, é correto afirmar que
públicas que permitam um envelhecimento saudável e em con- (A) Jackson deve solicitar autorização para o casamento ao res-
dições de dignidade. ponsável legal de Alice, devendo formalizar o pedido com firma
(B) é dever do Estado prevenir a ameaça ou violação aos direi- reconhecida em cartório.
tos do idoso. (B) a deficiência não afeta a plena capacidade civil de Alice, in-
(C) é obrigação da família assegurar ao idoso a efetivação do clusive para se casar e exercer seus direitos sexuais e reprodu-
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, tivos.
ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à (C) como Jackson não é uma pessoa com deficiência, apenas
dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. poderá se casar com Alice depois que obter do cartório de re-
(D) é dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colocando-o gistro civil competente autorização para tanto.
a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrori- (D) eles devem pedir autorização expressa ao juízo competente
zante, vexatório ou constrangedor. pelo menos 120 dias antes do casamento.
(E) é obrigação da sociedade assegurar à pessoa idosa a liber- (E) o casamento apenas poderá ser realizado depois que a mãe
dade, o respeito e a dignidade, como pessoa humana e sujeito e o pai de Alice emitirem autorização expressa, com firma reco-
de direitos civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na nhecida em cartório.
Constituição e nas leis.
12. VUNESP - 2023 - TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário
9. VUNESP - 2016 - Prefeitura de Alumínio - SP - Procurador De acordo com a Lei nº 13.146/15 (Estatuto da Pessoa com De-
Jurídico ficiência), a colocação competitiva da pessoa com deficiência pode
A respeito da Lei Federal n° 12.764/2012, que institui a Política ocorrer por meio de trabalho com apoio, constituindo diretriz dessa
Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Es- atividade:
pectro Autista, cabe asseverar que (A) igualdade no atendimento à pessoa considerada deficiente,
(A) a pessoa com transtorno do espectro autista não será sub- ainda que os graus de deficiência sejam distintos.
metida a tratamento desumano ou degradante, não será priva- (B) provisão de suportes individualizados que atendam a ne-
da de sua liberdade ou do convívio familiar nem sofrerá discri- cessidades específicas da pessoa com deficiência, excetuada a
minação por motivo da deficiência. disponibilização de recursos de tecnologia assistiva.
(B) à pessoa com transtorno do espectro autista preexistente (C) respeito ao perfil vocacional e ao interesse da pessoa com
poderá ser negada a participação em planos privados de assis- deficiência.
tência à saúde, garantido, porém, o amplo e irrestrito acesso a (D) necessidade de participação de organizações da sociedade
qualquer unidade de saúde da rede pública. civil.
(C) o gestor escolar, ou autoridade competente, que recusar (E) realização de avaliação permanente.
a matrícula de aluno com transtorno do espectro autista, ou
qualquer outro tipo de deficiência, será punido com multa de 2 13. VUNESP - 2023 - TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário
(dois) a 20 (vinte) salários-mínimos. Considere que João é pessoa com deficiência e, acompanhado
(D) a pessoa com transtorno do espectro autista, incluída nas por sua irmã, Maria, dirigiu-se ao balcão de uma Vara Cível para
classes comuns de ensino regular, terá direito a acompanhante obter informações sobre processos judiciais de que é parte. Diante
especializado. da situação hipotética e do disposto na Lei nº 13.146/15 (Estatuto
(E) para cumprimento das diretrizes da Política Nacional de da Pessoa com Deficiência), é correto afirmar que
Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro (A) o Estatuto da Pessoa com Deficiência confere expressamen-
Autista, o poder público poderá firmar convênio com pessoas te a João o direito de ser atendido de forma prioritária e fora do
jurídicas de direito privado, desde que de caráter associativo. horário regular de funcionamento da Vara.
(B) João e Maria deverão ter atendimento prioritário no balcão
10. VUNESP - 2023 - TJ-SP - Escrevente e em qualquer serviço de atendimento ao público.
De acordo com o Estatuto da Pessoa com Deficiência, garantir (C) Maria, apesar de ser acompanhante de João, não terá direi-
ambientes de trabalho acessíveis e inclusivos é obrigação to a qualquer tipo de prioridade.
(A) exclusiva das fundações e pessoas jurídicas de direito pú- (D) João deverá ter atendimento prioritário no atendimento no
blico. balcão, bem como gozará de prioridade na tramitação do pro-
(B) exclusiva dos órgãos públicos. cesso judicial.
(C) expressa apenas das pessoas de direito privado. (E) João não terá direito a atendimento prioritário, pois a nor-
(D) das pessoas jurídicas de direito público, privado ou de qual- ma não se aplica a atendimentos ao público promovidos pelo
quer natureza. Poder Judiciário.
(E) exclusiva das associações e fundações.
245
LEGISLAÇÃO
______________________________________________________
1 D
______________________________________________________
2 B
3 B ______________________________________________________
4 C ______________________________________________________
5 A
______________________________________________________
6 A
_____________________________________________________
7 D
8 D _____________________________________________________
9 A ______________________________________________________
10 D
______________________________________________________
11 B
246
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
247
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
metade dos recursos. O Ministério da Saúde formula políticas na- mentada a política de Ações Integradas de Saúde (AIS), em 1983.
cionais de saúde, mas não realiza as ações. Para a realização dos Essas constituíram uma estratégia de extrema importância para o
projetos, depende de seus parceiros (estados, municípios, ONGs, processo de descentralização da saúde.
fundações, empresas, etc.). Também tem a função de planejar, ela- A 8ª Conferência Nacional da Saúde, realizada em março de
birar normas, avaliar e utilizar instrumentos para o controle do SUS. 1986, considerada um marco histórico, consagra os princípios pre-
conizados pelo Movimento da Reforma Sanitária.
Estados e Distrito Federal Em 1987 é implementado o Sistema Unificado e Descentrali-
Os estados possuem secretarias específicas para a gestão de zado de Saúde (SUDS), como uma consolidação das Ações Integra-
saúde. O gestor estadual deve aplicar recursos próprios, inclusive das de Saúde (AIS), que adota como diretrizes a universalização e
nos municípios, e os repassados pela União. Além de ser um dos a equidade no acesso aos serviços, à integralidade dos cuidados, a
parceiros para a aplicação de políticas nacionais de saúde, o estado regionalização dos serviços de saúde e implementação de distritos
formula suas próprias políticas de saúde. Ele coordena e planeja o sanitários, a descentralização das ações de saúde, o desenvolvi-
SUS em nível estadual, respeitando a normatização federal. Os ges- mento de instituições colegiadas gestoras e o desenvolvimento de
tores estaduais são responsáveis pela organização do atendimento uma política de recursos humanos.
à saúde em seu território. O capítulo dedicado à saúde na nova Constituição Federal, pro-
mulgada em outubro de 1988, retrata o resultado de todo o proces-
Municípios so desenvolvido ao longo dessas duas décadas, criando o Sistema
São responsáveis pela execução das ações e serviços de saúde Único de Saúde (SUS) e determinando que “a saúde é direito de
no âmbito do seu território.O gestor municipal deve aplicar recur- todos e dever do Estado” (art. 196).
sos próprios e os repassados pela União e pelo estado. O município Entre outros, a Constituição prevê o acesso universal e igua-
formula suas próprias políticas de saúde e também é um dos par- litário às ações e serviços de saúde, com regionalização e hierar-
ceiros para a aplicação de políticas nacionais e estaduais de saú- quização, descentralização com direção única em cada esfera de
de. Ele coordena e planeja o SUS em nível municipal, respeitando a governo, participação da comunidade e atendimento integral, com
normatização federal. Pode estabelecer parcerias com outros mu- prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos servi-
nicípios para garantir o atendimento pleno de sua população, para ços assistenciais.
procedimentos de complexidade que estejam acima daqueles que A Lei nº 8.080, promulgada em 1990, operacionaliza as disposi-
pode oferecer. ções constitucionais. São atribuições do SUS em seus três níveis de
governo, além de outras, “ordenar a formação de recursos huma-
História do sistema único de saúde (SUS) nos na área de saúde” (CF, art. 200, inciso III).
As duas últimas décadas foram marcadas por intensas transfor-
mações no sistema de saúde brasileiro, intimamente relacionadas Princípios do SUS
com as mudanças ocorridas no âmbito político-institucional. Simul- São conceitos que orientam o SUS, previstos no artigo 198 da
taneamente ao processo de redemocratização iniciado nos anos Constituição Federal de 1988 e no artigo 7º do Capítulo II da Lei n.º
80, o país passou por grave crise na área econômico-financeira. 8.080/1990. Os principais são:
No início da década de 80, procurou-se consolidar o processo Universalidade: significa que o SUS deve atender a todos, sem
de expansão da cobertura assistencial iniciado na segunda metade distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção necessária,
dos anos 70, em atendimento às proposições formuladas pela OMS sem qualquer custo;
na Conferência de Alma-Ata (1978), que preconizava “Saúde para Integralidade: o SUS deve oferecer a atenção necessária à saú-
Todos no Ano 2000”, principalmente por meio da Atenção Primária de da população, promovendo ações contínuas de prevenção e tra-
à Saúde. tamento aos indivíduos e às comunidades, em quaisquer níveis de
Nessa mesma época, começa o Movimento da Reforma Sa- complexidade;
nitária Brasileira, constituído inicialmente por uma parcela da in- Equidade: o SUS deve disponibilizar recursos e serviços com
telectualidade universitária e dos profissionais da área da saúde. justiça, de acordo com as necessidades de cada um, canalizando
Posteriormente, incorporaram-se ao movimento outros segmentos maior atenção aos que mais necessitam;
da sociedade, como centrais sindicais, movimentos populares de Participação social: é um direito e um dever da sociedade par-
saúde e alguns parlamentares. ticipar das gestões públicas em geral e da saúde pública em par-
As proposições desse movimento, iniciado em pleno regime ticular; é dever do Poder Público garantir as condições para essa
autoritário da ditadura militar, eram dirigidas basicamente à cons- participação, assegurando a gestão comunitária do SUS; e
trução de uma nova política de saúde efetivamente democráti- Descentralização: é o processo de transferência de responsabi-
ca, considerando a descentralização, universalização e unificação lidades de gestão para os municípios, atendendo às determinações
como elementos essenciais para a reforma do setor. constitucionais e legais que embasam o SUS, definidor de atribui-
Várias foram às propostas de implantação de uma rede de ser- ções comuns e competências específicas à União, aos estados, ao
viços voltada para a atenção primária à saúde, com hierarquização, Distrito Federal e aos municípios.
descentralização e universalização, iniciando-se já a partir do Pro-
grama de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS), Principais leis
em 1976. Constituição Federal de 1988: Estabelece que “a saúde é direi-
Em 1980, foi criado o Programa Nacional de Serviços Básicos to de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais
de Saúde (PREV-SAÚDE) - que, na realidade, nunca saiu do papel -, e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
logo seguida pelo plano do Conselho Nacional de Administração da agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços
Saúde Previdenciária (CONASP), em 1982 a partir do qual foi imple- para sua promoção, proteção e recuperação”. Determina ao Poder
248
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
249
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Regionalização: consensos e estratégias - As ações e os serviços Níveis de atenção à saúde: O SUS ordena o cuidado com a saú-
de saúde não podem ser estruturados apenas na escala dos municí- de em níveis de atenção, que são de básica, média e alta complexi-
pios. Existem no Brasil milhares de pequenas municipalidades que dade. Essa estruturação visa à melhor programação e planejamento
não possuem em seus territórios condições de oferecer serviços das ações e dos serviços do sistema de saúde. Não se deve, porém,
de alta e média complexidade; por outro lado, existem municípios desconsiderar algum desses níveis de atenção, porque a atenção à
que apresentam serviços de referência, tornando-se polos regio- saúde deve ser integral.
nais que garantem o atendimento da sua população e de municí- A atenção básica em saúde constitui o primeiro nível de aten-
pios vizinhos. Em áreas de divisas interestaduais, são frequentes os ção à saúde adotada pelo SUS. É um conjunto de ações que engloba
intercâmbios de serviços entre cidades próximas, mas de estados promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. De-
diferentes. Por isso mesmo, a construção de consensos e estraté- senvolve-se por meio de práticas gerenciais e sanitárias, democrá-
gias regionais é uma solução fundamental, que permitirá ao SUS ticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas
superar as restrições de acesso, ampliando a capacidade de atendi- a populações de territórios delimitados, pelos quais assumem res-
mento e o processo de descentralização. ponsabilidade.
Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade,
O Sistema Hierarquizado e Descentralizado: As ações e serviços objetivando solucionar os problemas de saúde de maior frequência
de saúde de menor grau de complexidade são colocadas à disposi- e relevância das populações. É o contato preferencial dos usuários
ção do usuário em unidades de saúde localizadas próximas de seu com o sistema de saúde. Deve considerar o sujeito em sua singu-
domicílio. As ações especializadas ou de maior grau de complexida- laridade, complexidade, inteireza e inserção sociocultural, além de
de são alcançadas por meio de mecanismos de referência, organi- buscar a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de do-
zados pelos gestores nas três esferas de governo. Por exemplo: O enças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam compro-
usuário é atendido de forma descentralizada, no âmbito do muni- meter suas possibilidades de viver de modo saudável.
cípio ou bairro em que reside. Na hipótese de precisar ser atendi- As Unidades Básicas são prioridades porque, quando as Unida-
do com um problema de saúde mais complexo, ele é referenciado, des Básicas de Saúde funcionam adequadamente, a comunidade
isto é, encaminhado para o atendimento em uma instância do SUS consegue resolver com qualidade a maioria dos seus problemas de
mais elevada, especializada. Quando o problema é mais simples, o saúde. É comum que a primeira preocupação de muitos prefeitos
cidadão pode ser contrarreferenciado, isto é, conduzido para um se volte para a reforma ou mesmo a construção de hospitais. Para o
atendimento em um nível mais primário. SUS, todos os níveis de atenção são igualmente importantes, mas a
prática comprova que a atenção básica deve ser sempre prioritária,
Plano de saúde fixa diretriz e metas à saúde municipal porque possibilita melhor organização e funcionamento também
É responsabilidade do gestor municipal desenvolver o proces- dos serviços de média e alta complexidade.
so de planejamento, programação e avaliação da saúde local, de Estando bem estruturada, ela reduzirá as filas nos prontos so-
modo a atender as necessidades da população de seu município corros e hospitais, o consumo abusivo de medicamentos e o uso
com eficiência e efetividade. O Plano Municipal de Saúde (PMS) indiscriminado de equipamentos de alta tecnologia. Isso porque
deve orientar as ações na área, incluindo o orçamento para a sua os problemas de saúde mais comuns passam a ser resolvidos nas
execução. Um instrumento fundamental para nortear a elaboração Unidades Básicas de Saúde, deixando os ambulatórios de especiali-
do PMS é o Plano Nacional de Saúde. Cabe ao Conselho Municipal dades e hospitais cumprirem seus verdadeiros papéis, o que resul-
de Saúde estabelecer as diretrizes para a formulação do PMS, em ta em maior satisfação dos usuários e utilização mais racional dos
função da análise da realidade e dos problemas de saúde locais, recursos existentes.
assim como dos recursos disponíveis. No PMS, devem ser descritos
os principais problemas da saúde pública local, suas causas, con- Saúde da Família: é a saúde mais perto do cidadão. É parte da
sequências e pontos críticos. Além disso, devem ser definidos os estratégia de estruturação eleita pelo Ministério da Saúde para re-
objetivos e metas a serem atingidos, as atividades a serem execu- organização da atenção básica no País, com recursos financeiros
tadas, os cronogramas, as sistemáticas de acompanhamento e de específicos para o seu custeio. Cada equipe é composta por um
avaliação dos resultados. conjunto de profissionais (médico, enfermeiro, auxiliares de enfer-
magem e agentes comunitários de saúde, podendo agora contar
Sistemas de informações ajudam a planejar a saúde: O SUS com profissional de saúde bucal) que se responsabiliza pela situa-
opera e/ou disponibiliza um conjunto de sistemas de informações ção de saúde de determinada área, cuja população deve ser de no
estratégicas para que os gestores avaliem e fundamentem o pla- mínimo 2.400 e no máximo 4.500 pessoas. Essa população deve
nejamento e a tomada de decisões, abrangendo: indicadores de ser cadastrada e acompanhada, tornando-se responsabilidade das
saúde; informações de assistência à saúde no SUS (internações equipes atendê-la, entendendo suas necessidades de saúde como
hospitalares, produção ambulatorial, imunização e atenção básica); resultado também das condições sociais, ambientais e econômicas
rede assistencial (hospitalar e ambulatorial); morbidade por local em que vive. Os profissionais é que devem ir até suas casas, porque
de internação e residência dos atendidos pelo SUS; estatísticas o objetivo principal da Saúde da Família é justamente aproximar as
vitais (mortalidade e nascidos vivos); recursos financeiros, infor- equipes das comunidades e estabelecer entre elas vínculos sólidos.
mações demográficas, epidemiológicas e socioeconômicas. Cami- A saúde municipal precisa ser integral. O município é respon-
nha-se rumo à integração dos diversos sistemas informatizados de sável pela saúde de sua população integralmente, ou seja, deve
base nacional, que podem ser acessados no site do Datasus. Nesse garantir que ela tenha acessos à atenção básica e aos serviços es-
processo, a implantação do Cartão Nacional de Saúde tem papel pecializados (de média e alta complexidade), mesmo quando locali-
central. Cabe aos prefeitos conhecer e monitorar esse conjunto de zados fora de seu território, controlando, racionalizando e avalian-
informações essenciais à gestão da saúde do seu município. do os resultados obtidos.
250
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Só assim estará promovendo saúde integral, como determina Desafios públicos, responsabilidades compartilhadas: A legis-
a legislação. É preciso que isso fique claro, porque muitas vezes o lação brasileira – Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e legislação
gestor municipal entende que sua responsabilidade acaba na aten- sanitária, incluindo as Leis n.º 8.080/1990 e 8.142/1990 – estabe-
ção básica em saúde e que as ações e os serviços de maior comple- lece prerrogativas, deveres e obrigações a todos os governantes. A
xidade são responsabilidade do Estado ou da União – o que não é Constituição Federal define os gastos mínimos em saúde, por es-
verdade. fera de governo, e a legislação sanitária, os critérios para as trans-
A promoção da saúde é uma estratégia por meio da qual os ferências intergovernamentais e alocação de recursos financeiros.
desafios colocados para a saúde e as ações sanitárias são pensa- Essa vinculação das receitas objetiva preservar condições mínimas
dos em articulação com as demais políticas e práticas sanitárias e e necessárias ao cumprimento das responsabilidades sanitárias e
com as políticas e práticas dos outros setores, ampliando as pos- garantir transparência na utilização dos recursos disponíveis.
sibilidades de comunicação e intervenção entre os atores sociais A responsabilização fiscal e sanitária de cada gestor e servi-
envolvidos (sujeitos, instituições e movimentos sociais). A promo- dor público deve ser compartilhada por todos os entes e esferas
ção da saúde deve considerar as diferenças culturais e regionais, governamentais, resguardando suas características, atribuições e
entendendo os sujeitos e as comunidades na singularidade de suas competências. O desafio primordial dos governos, sobretudo na
histórias, necessidades, desejos, formas de pertencer e se relacio- esfera municipal, é avançar na transformação dos preceitos cons-
nar com o espaço em que vivem. Significa comprometer-se com os titucionais e legais que constituem o SUS em serviços e ações que
sujeitos e as coletividades para que possuam, cada vez mais, auto- assegurem o direito à saúde, como uma conquista que se realiza
nomia e capacidade para manejar os limites e riscos impostos pela cotidianamente em cada estabelecimento, equipe e prática sani-
doença, pela constituição genética e por seu contexto social, polí- tária. É preciso inovar e buscar, coletiva e criativamente, soluções
tico, econômico e cultural. A promoção da saúde coloca, ainda, o novas para os velhos problemas do nosso sistema de saúde. A cons-
desafio da intersetorialidade, com a convocação de outros setores trução de espaços de gestão que permitam a discussão e a crítica,
sociais e governamentais para que considerem parâmetros sanitá- em ambiente democrático e plural, é condição essencial para que o
rios, ao construir suas políticas públicas específicas, possibilitando SUS seja, cada vez mais, um projeto que defenda e promova a vida.
a realização de ações conjuntas. Muitos municípios operam suas ações e serviços de saúde em
condições desfavoráveis, dispondo de recursos financeiros e equi-
Vigilância em saúde: expande seus objetivos. Em um país com pes insuficientes para atender às demandas dos usuários, seja em
as dimensões do Brasil, com realidades regionais bastante diver- volume, seja em complexidade – resultado de uma conjuntura so-
sificadas, a vigilância em saúde é um grande desafio. Apesar dos cial de extrema desigualdade. Nessas situações, a gestão pública
avanços obtidos, como a erradicação da poliomielite, desde 1989, em saúde deve adotar condução técnica e administrativa compa-
e com a interrupção da transmissão de sarampo, desde 2000, con- tível com os recursos existentes e criativa em sua utilização. Deve
vivemos com doenças transmissíveis que persistem ou apresentam estabelecer critérios para a priorização dos gastos, orientados por
incremento na incidência, como a AIDS, as hepatites virais, as me- análises sistemáticas das necessidades em saúde, verificadas junto
ningites, a malária na região amazônica, a dengue, a tuberculose à população. É um desafio que exige vontade política, propostas
e a hanseníase. Observamos, ainda, aumento da mortalidade por inventivas e capacidade de governo.
causas externas, como acidentes de trânsito, conflitos, homicídios
e suicídios, atingindo, principalmente, jovens e população em idade A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios compar-
produtiva. Nesse contexto, o Ministério da Saúde com o objetivo tilham as responsabilidades de promover a articulação e a intera-
de integração, fortalecimento da capacidade de gestão e redução ção dentro do Sistema Único de Saúde – SUS, assegurando o acesso
da morbimortalidade, bem como dos fatores de risco associados universal e igualitário às ações e serviços de saúde.
à saúde, expande o objeto da vigilância em saúde pública, abran- O SUS é um sistema de saúde, regionalizado e hierarquizado,
gendo as áreas de vigilância das doenças transmissíveis, agravos e que integra o conjunto das ações de saúde da União, Estados, Dis-
doenças não transmissíveis e seus fatores de riscos; a vigilância am- trito Federal e Municípios, onde cada parte cumpre funções e com-
biental em saúde e a análise de situação de saúde. petências específicas, porém articuladas entre si, o que caracteriza
os níveis de gestão do SUS nas três esferas governamentais.
Competências municipais na vigilância em saúde Criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado
Compete aos gestores municipais, entre outras atribuições, as pela Lei nº 8.080/90, conhecida como a Lei Orgânica da Saúde, e
atividades de notificação e busca ativa de doenças compulsórias, pela Lei nº 8.142/90, que trata da participação da comunidade na
surtos e agravos inusitados; investigação de casos notificados em gestão do Sistema e das transferências intergovernamentais de re-
seu território; busca ativa de declaração de óbitos e de nascidos vi- cursos financeiros, o SUS tem normas e regulamentos que discipli-
vos; garantia a exames laboratoriais para o diagnóstico de doenças nam as políticas e ações em cada Subsistema.
de notificação compulsória; monitoramento da qualidade da água A Sociedade, nos termos da Legislação, participa do planeja-
para o consumo humano; coordenação e execução das ações de mento e controle da execução das ações e serviços de saúde. Essa
vacinação de rotina e especiais (campanhas e vacinações de blo- participação se dá por intermédio dos Conselhos de Saúde, presen-
queio); vigilância epidemiológica; monitoramento da mortalidade tes na União, nos Estados e Municípios.
infantil e materna; execução das ações básicas de vigilância sanitá-
ria; gestão e/ou gerência dos sistemas de informação epidemioló-
gica, no âmbito municipal; coordenação, execução e divulgação das
atividades de informação, educação e comunicação de abrangência
municipal; participação no financiamento das ações de vigilância
em saúde e capacitação de recursos.
251
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE O SUS deve atuar em campo demarcado pela lei, em razão do
Pela dicção dos arts. 196 e 198 da CF, podemos afirmar que disposto no art. 200 da CF e porque o enunciado constitucional de
somente da segunda parte do art. 196 se ocupa o Sistema Único de que saúde é direito de todos e dever do Estado, não tem o condão
Saúde, de forma mais concreta e direta, sob pena de a saúde, como de abranger as condicionantes econômico-sociais da saúde, tam-
setor, como uma área da Administração Pública, se ver obrigada a pouco compreender, de forma ampla e irrestrita, todas as possíveis
cuidar de tudo aquilo que possa ser considerado como fatores que e imagináveis ações e serviços de saúde, até mesmo porque haverá
condicionam e interferem com a saúde individual e coletiva. Isso sempre um limite orçamentário e um ilimitado avanço tecnológico
seria um arrematado absurdo e deveríamos ter um super Minis- a criar necessidades infindáveis e até mesmo questionáveis sob o
tério e super Secretarias da Saúde responsáveis por toda política ponto de vista ético, clínico, familiar, terapêutico, psicológico.
social e econômica protetivas da saúde. Será a lei que deverá impor as proporções, sem, contudo, é
Se a Constituição tratou a saúde sob grande amplitude, isso obvio, cercear o direito à promoção, proteção e recuperação da
não significa dizer que tudo o que está ali inserido corresponde a saúde. E aqui o elemento delimitador da lei deverá ser o da digni-
área de atuação do Sistema Único de Saúde. dade humana.
Repassando, brevemente, aquela seção do capítulo da Seguri- Lembramos, por oportuno que, o Projeto de Lei Complementar
dade Social, temos que: -- o art. 196, de maneira ampla, cuida do n. 01/2003 -- que se encontra no Congresso Nacional para regu-
direito à saúde; -- o art. 197 trata da relevância pública das ações lamentar os critérios de rateio de transferências dos recursos da
e serviços de saúde, públicos e privados, conferindo ao Estado o União para Estados e Municípios – busca disciplinar, de forma mais
direito e o dever de regulamentar, fiscalizar e controlar o setor (pú- clara e definitiva, o que são ações e serviços de saúde e estabe-
blico e privado); -- o art. 198 dispõe sobre as ações e os serviços lecer o que pode e o que não pode ser financiado com recursos
públicos de saúde que devem ser garantidos a todos cidadãos para dos fundos de saúde. Esses parâmetros também servirão para cir-
a sua promoção, proteção e recuperação, ou seja, dispõe sobre o cunscrever o que deve ser colocado à disposição da população, no
Sistema Único de Saúde; -- o art. 199, trata da liberdade da inicia- âmbito do SUS, ainda que o art. 200 da CF e o art. 6º da LOS tenham
tiva privada, suas restrições (não pode explorar o sangue, por ser definido o campo de atuação do SUS, fazendo pressupor o que são
bem fora do comércio; deve submeter-se à lei quanto à remoção de ações e serviços públicos de saúde, conforme dissemos acima. (O
órgãos e tecidos e partes do corpo humano; não pode contar com Conselho Nacional de Saúde e o Ministério da Saúde também dis-
a participação do capital estrangeiro na saúde privada; não pode ciplinaram o que são ações e serviços de saúde em resoluções e
receber auxílios e subvenções, se for entidade de fins econômicos portarias).
etc.) e a possibilidade de o setor participar, complementarmente,
do setor público; -- e o art. 200, das atribuições dos órgãos e enti- O QUE FINANCIAR COM OS RECURSOS DA SAÚDE?
dades que compõem o sistema público de saúde. O SUS é mencio- De plano, excetuam-se da área da saúde, para efeito de finan-
nado somente nos arts. 198 e 200. ciamento, (ainda que absolutamente relevantes como indicadores
A leitura do art. 198 deve sempre ser feita em consonância epidemiológicos da saúde) as condicionantes econômico-sociais.
com a segunda parte do art. 196 e com o art. 200. O art. 198 estatui Os órgãos e entidades do SUS devem conhecer e informar à socie-
que todas as ações e serviços públicos de saúde constituem um úni- dade e ao governo os fatos que interferem na saúde da população
co sistema. Aqui temos o SUS. E esse sistema tem como atribuição com vistas à adoção de políticas públicas, sem, contudo, estarem
garantir ao cidadão o acesso às ações e serviços públicos de saúde obrigados a utilizar recursos do fundo de saúde para intervir nessas
(segunda parte do art. 196), conforme campo demarcado pelo art. causas.
200 e leis específicas. Quem tem o dever de adotar políticas sociais e econômicas
O art. 200 define em que campo deve o SUS atuar. As atribui- que visem evitar o risco da doença é o Governo como um todo (po-
ções ali relacionadas não são taxativas ou exaustivas. Outras po- líticas de governo), e não a saúde, como setor (políticas setoriais).
derão existir, na forma da lei. E as atribuições ali elencadas depen- A ela, saúde, compete atuar nos campos demarcados pelos art. 200
dem, também, de lei para a sua exequibilidade. da CF e art. 6º da Lei n. 8.080/90 e em outras leis específicas.
Em 1990, foi editada a Lei n. 8.080/90 que, em seus arts. 5º e Como exemplo, podemos citar os servidores da saúde que de-
6º, cuidou dos objetivos e das atribuições do SUS, tentando melhor vem ser pagos com recursos da saúde, mas o seu inativo, não; não
explicitar o art. 200 da CF (ainda que, em alguns casos, tenha repe- porque os inativos devem ser pagos com recursos da Previdência
tido os incisos daquele artigo, tão somente). Social. Idem quanto as ações da assistência social, como bolsa-a-
São objetivos do SUS: limentação, bolsa-família, vale-gás, renda mínima, fome zero, que
a) a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e de- devem ser financiadas com recursos da assistência social, setor ao
terminantes da saúde; qual incumbe promover e prover as necessidades das pessoas ca-
b) a formulação de políticas de saúde destinadas a promover, rentes visando diminuir as desigualdades sociais e suprir suas ca-
nos campos econômico e social, a redução de riscos de doenças e rências básicas imediatas. Isso tudo interfere com a saúde, mas não
outros agravos; e pode ser administrada nem financiada pelo setor saúde.
c) execução de ações de promoção, proteção e recuperação O saneamento básico é outro bom exemplo. A Lei n. 8.080/90,
da saúde, integrando as ações assistenciais com as preventivas, de em seu art. 6º, II, dispõe que o SUS deve participar na formulação
modo a garantir às pessoas a assistência integral à sua saúde. da política e na execução de ações de saneamento básico. Por sua
vez, o § 3º do art. 32, reza que as ações de saneamento básico que
O art. 6º, estabelece como competência do Sistema a execução venham a ser executadas supletivamente pelo SUS serão financia-
de ações e serviços de saúde descritos em seus 11 incisos. das por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados,
DF e Municípios e não com os recursos dos fundos de saúde.
252
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Nesse ponto gostaríamos de abrir um parêntese para comen- com recursos que não os do fundo de saúde. Não podemos mais
tar o Parecer do Sr. Procurador Geral da República, na ADIn n. confundir assistência social com saúde. A alimentação interessa à
3087-6/600-RJ, aqui mencionado. saúde, mas não está em seu âmbito de atuação.
O Governo do Estado do Rio de Janeiro, pela Lei n. 4.179/03, Tanto isso é fato que a Lei n. 8.080/90, em seu art. 12, estabe-
instituiu o Programa Estadual de Acesso à Alimentação – PEAA, leceu que “serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio-
determinando que suas atividades correrão à conta do orçamento nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos
do Fundo Estadual da Saúde , vinculado à Secretaria de Estado da Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas
Saúde. O PSDB, entendendo ser a lei inconstitucional por utilizar da sociedade civil”, dispondo seu parágrafo único que “as comis-
recursos da saúde para uma ação que não é de responsabilidade sões intersetoriais terão a finalidade de articular políticas e progra-
da área da saúde, moveu ação direta de inconstitucionalidade, com mas de interesse para a saúde, cuja execução envolva áreas não
pedido de cautelar. compreendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde”. Já o seu
O Sr. Procurador da República (Parecer n. 5147/CF), opinou art. 13, destaca, algumas dessas atividades, mencionando em seu
pela improcedência da ação por entender que o acesso à alimenta- inciso I a “alimentação e nutrição”.
ção é indissociável do acesso à saúde, assim como os medicamen- O parâmetro para o financiamento da saúde deve ser as atri-
tos o são e que as pessoas de baixa renda devem ter atendidas a buições que foram dadas ao SUS pela Constituição e por leis espe-
necessidade básica de alimentar-se. cíficas e não a 1º parte do art. 196 da CF, uma vez que os fatores
Infelizmente, mais uma vez confundiu-se “saúde” com “assis- que condicionam a saúde são os mais variados e estão inseridos
tência social”, áreas da Seguridade Social, mas distintas entre si. nas mais diversas áreas da Administração Pública, não podendo ser
A alimentação é um fator que condiciona a saúde tanto quanto o considerados como competência dos órgãos e entidades que com-
saneamento básico, o meio ambiente degradado, a falta de renda põe o Sistema Único de Saúde.
e lazer, a falta de moradia, dentre tantos outros fatores condicio-
nantes e determinantes, tal qual mencionado no art. 3º da Lei n. DA INTEGRALIDADE DA ASSISTÊNCIA
8.080/90. Vencida esta etapa, adentramos em outra, no interior do setor
A Lei n. 8.080/90 ao dispor sobre o campo de atuação do SUS saúde - SUS, que trata da integralidade da assistência à saúde. O
incluiu a vigilância nutricional e a orientação alimentar, atividades art. 198 da CF determina que o Sistema Único de Saúde deve ser or-
complexas que não tem a ver com o fornecimento, puro e simples, ganizado de acordo com três diretrizes, dentre elas, o atendimento
de bolsa-alimentação, vale-alimentação ou qualquer outra forma integral que pressupõe a junção das atividades preventivas, que de-
de garantia de mínimos existenciais e sociais, de atribuição da assis- vem ser priorizadas, com as atividades assistenciais, que também
tência social ou de outras áreas da Administração Pública voltadas não podem ser prejudicadas.
para corrigir as desigualdades sociais. A vigilância nutricional deve A Lei n. 8.080/90, em seu art. 7º (que dispõe sobre os princí-
ser realizada pelo SUS em articulação com outros órgãos e setores pios e diretrizes do SUS), define a integralidade da assistência como
governamentais em razão de sua interface com a saúde. São ativi- “o conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos
dades que interessam a saúde, mas as quais, a saúde como setor, e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em to-
não as executa. Por isso a necessidade das comissões intersetoriais dos os níveis de complexidade do sistema”.
previstas na Lei n. 8.080/90. A integralidade da assistência exige que os serviços de saúde
A própria Lei n. 10.683/2003, que organiza a Presidência da sejam organizados de forma a garantir ao indivíduo e à coletividade
República, estatuiu em seu art. 27, XX ser atribuição do Ministério a proteção, a promoção e a recuperação da saúde, de acordo com
da Saúde: as necessidades de cada um em todos os níveis de complexidade
a) política nacional de saúde; do sistema.
b) coordenação e fiscalização do Sistema Único de Saúde; c) Vê-se, pois, que a assistência integral não se esgota nem se
saúde ambiental e ações de promoção, proteção e recuperação da completa num único nível de complexidade técnica do sistema,
saúde individual e coletiva, inclusive a dos trabalhadores e dos ín- necessitando, em grande parte, da combinação ou conjugação de
dios; serviços diferenciados, que nem sempre estão à disposição do cida-
d) informações em saúde; dão no seu município de origem. Por isso a lei sabiamente definiu
e) insumos críticos para a saúde; a integralidade da assistência como a satisfação de necessidades
f) ação preventiva em geral, vigilância e controle sanitário de individuais e coletivas que devem ser realizadas nos mais diversos
fronteiras e de portos marítimos, fluviais e aéreos; patamares de complexidade dos serviços de saúde, articulados pe-
g) vigilância em saúde, especialmente quanto às drogas, medi- los entes federativos, responsáveis pela saúde da população.
camentos e alimentos; A integralidade da assistência é interdependente; ela não se
h) pesquisa científica e tecnológica na área da saúde. completa nos serviços de saúde de um só ente da federação. Ela
só finaliza, muitas vezes, depois de o cidadão percorrer o caminho
Ao Ministério da Saúde compete a vigilância sobre alimentos traçado pela rede de serviços de saúde, em razão da complexidade
(registro, fiscalização, controle de qualidade) e não a prestação de da assistência
serviços que visem fornecer alimentos às pessoas de baixa renda. E para a delimitação das responsabilidades de cada ente da fe-
O fornecimento de cesta básica, merenda escolar, alimentação deração quanto ao seu comprometimento com a integralidade da
a crianças em idade escolar, idosos, trabalhadores rurais temporá- assistência, foram criados instrumentos de gestão, como o plano de
rios, portadores de moléstias graves, conforme previsto na Lei do saúde e as formas de gestão dos serviços de saúde.
Estado do Rio de Janeiro, são situações de carência que necessitam Desse modo, devemos centrar nossas atenções no plano de
de apoio do Poder Público, sem sombra de dúvida, mas no âmbito saúde, por ser ele a base de todas as atividades e programações da
da assistência socialou de outro setor da Administração Pública e saúde, em cada nível de governo do Sistema Único de Saúde, o qual
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POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
254
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
A partir da Constituição Federal de 1988, a Vigilância Sanitária Missão - Promover e proteger a saúde da população por meio
passa a ser definida: de ações integradas e articuladas de coordenação, normatização,
“§ 1o do art. 6o da Lei no 8.080/90 como um conjunto de ações capacitação, educação, informação, apoio técnico, fiscalização, su-
capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir pervisão e avaliação em Vigilância Sanitária.
nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produ- Visão - Ser um centro de referência, coordenador da rede esta-
ção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da dual de Vigilância Sanitária, garantindo a inclusão social e a constru-
ção da cidadania para a proteção da vida.
saúde, abrangendo:
I – o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamen- A Vigilância Sanitária atua:
te, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e
processos, da produção ao consumo; 1. Nos locais de produção, transporte e comercialização de
II – o controle da prestação de serviços que se relacionam dire- alimentos
ta ou indiretamente com a saúde.” (BRASIL, 1988). Bares, restaurantes, mercados, frutarias, açougues, peixarias,
frigoríficos, indústrias e rotulagem de alimentos, transportadoras,
Essa nova definição torna a Vigilância Sanitária uma prática embaladoras, importadoras, exportadoras e armazenadoras de ali-
com “poder de interferir em toda a reprodução das condições eco- mentos, etc.;
nômico-sociais e de vida, em todos os setores determinantes do
pro- cesso saúde-doença” (EDUARDO, 1988), mas mantém suas 2. Nos locais de produção, distribuição, comercialização de
características mais antigas, relacionadas às atribuições de fiscaliza- medicamentos, produtos de interesse para a saúde
ção, à observação dos fatos, ao licenciamento dos estabelecimen- Farmácias, drogarias, perfumarias, saneantes, produtos de
higiene, produtos hospitalares (indústria, comércio e rotulagem)
tos, ao julgamento de irregularidades e à aplicação de penalidades.
importadora, exportadora, distribuidora, transportadora, armaze-
As características normativas e educativas demonstram o seu papel nadora de medicamentos, cosméticos e saneantes.
em prol da cidadania e da defesa do consumidor.
Esse novo papel da Vigilância Sanitária advém diretamente do 3. Nos locais de serviços de saúde
Código de Defesa do Consumi- dor, que passa a considerar como Hospitais, clínicas médicas e odontológicas, laboratórios, asi-
direitos básicos do consumidor a proteção, a saúde e a segurança los, presídios, profissionais de saúde, etc.
contra riscos decorrentes do consumo de produtos ou de serviços
perigosos ou nocivos – estabelece uma nova relação entre Estado, 4. No meio ambiente
sociedade e vigilância Sanitária. A participação da comunidade na Controla a qualidade da água, ar, solo, saneamento básico, ca-
gestão do SUS é outro mecanismo importante no controle de quali- lamidades públicas, transporte de produtos perigosos, monitora os
dade dos serviços de saúde, através dos conselhos. ambientes que causam danos à saúde, entre outros.
A intervenção do Estado é voltada para o controle das práticas
de produção por meio de normas e padrões de produção, exercen- 5. Nos ambientes e processos do trabalho/saúde do trabalha-
dor
do a fiscalização para o cumprimento das normas e dos padrões
Identificação e intervenção dos locais de trabalho das pessoas
para evitar o dano e disponibilização do Estado a seu serviço. Essas como lojas, fábricas, transportes, escritórios, etc.
noções determinam a necessidade de garantir a qualidade do pro-
duto ou serviço, com a responsabilidade do produtor/fornece- dor 6. Na pós-comercialização
para efetuar o controle interno e responder pelo produto final, e a Investiga situações que envolvem reações adversas a medica-
responsabilidade do Estado para controle desses processos de con- mentos, sangue e produtos para saúde, intoxicação por produtos
trole externo. químicos, etc.
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POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
256
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
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POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
• Passo 2 – Definição da situação atual da saúde da população A partir da “árvore de problemas” é gerada então a árvore de
adscrita objetivos, dos quais derivam as ações a serem realizadas nos terri-
Só é possível planejar tendo conhecimento da população e do tórios considerados em uma perspectiva intersetorial. Ou seja, as
contexto em que ela se insere. A epidemiologia é uma ferramenta ações e serviços a serem desenvolvidos não se restringem àqueles
bastante utilizada para definir as necessidades de saúde e auxiliar o que já são tradicionalmente ofertados pelas unidades de saúde,
planejamento dos serviços. Seu emprego permite a sistematização envolvendo um esforço adicional de mobilização e articulação de
de dados demográficos, de morbidade e mortalidade, permitindo outros órgãos governamentais e não governamentais que atuam na
análise capaz de alimentar o processo de planejamento e tomada área, inclusive a mobilização e envolvimento dos indivíduos, das fa-
de decisões da equipe. mílias e das coletividades que vivem e trabalham neste local.
A informação gerada em dados é transformada em indicadores
de saúde, geralmente disponibilizados por meio dos Sistemas de • Passo 5 – Levantamento de recursos
Informação em Saúde (SIS), que abordaremos na próxima Unidade. O estabelecimento de prioridades se baseia no fato de que o
recurso em saúde nunca é suficiente para a realização de todas as
• Passo 3 – Identificação dos principais problemas de saúde ações necessárias. Basicamente, quando se fala em planejamento
da população que se quer abordar para a ação em saúde são definidos os pontos mais importantes e
A partir da informação gerada e estudada, é possível identificar estes incluem priorizar tanto ações quanto recursos. É aconselhável
os principais problemas de saúde desta população, os grupos de lidar com um ou dois problemas de cada vez, evitando-se esforços
risco, o acesso dos pacientes ao sistema de saúde e a cobertura por em múltiplos problemas que acabam por pulverizar as ações e pro-
programas de saúde, bem como a organização e gerenciamento dos telar resultados. É da sabedoria popular que vem o ditado: “quem
programas da atenção básica. tem uma prioridade (ou objetivo), tem uma; quem tem duas, tem
meia; e quem tem três não tem nenhuma”.
Sugere-se que se aponte dentro dos problemas a serem en-
frentados aqueles que possam ser classificados como críticos de O conhecimento dos recursos de saúde disponíveis, bem como
acordo com os critérios de: de toda a rede de apoio não só da saúde, mas intersetorial, é tão
• frequência do problema; importante quanto o conhecimento dos problemas de saúde.
• morbidade e mortalidade relacionadas ao problema;
• efetividade das intervenções (pouco, moderada, muito); Nessa etapa é importante que as equipes de Saúde da Famí-
• custos da intervenção (alto, moderado, baixo); lia, para exercício da intersetorialidade, considerem como recursos
• intencionalidade em priorizar “grupos” de maior risco: mu- todo o equipamento público possível de acesso pela população da
lheres em idade fértil, crianças, idosos; área de abrangência, não se limitando aos recursos do Setor Saúde.
• impacto econômico: grupos de trabalhadores ou por caracte- Isso implica em parcerias com escolas, igrejas, associações comuni-
rísticas socioeconômicas etc. tárias e organizações não governamentais, além de estreita relação
com diferentes Secretarias de Governo, para ampliação da resoluti-
Nessa etapa, torna-se útil incorporar algum conhecimento so- vidade das ações empreendidas.
bre a situação de saúde de outras localidades e grupos populacio-
nais, bem como referências das instituições responsáveis pelas polí- • Passo 6 – Programação das ações
ticas e ações (Município, Estado, União, organismos internacionais), Por fim, é desejável a adequação das ações aos oito elementos
para organização da base da investigação. essenciais da programação da atenção básica:
• educação sobre os principais problemas – controle e preven-
• Passo 4 – Análise dos determinantes do problema: a árvore ção;
explicativa • conhecimento da disponibilidade de alimentos e promoção
Aqui destacam-se duas ordens de questões. Por um lado, as da nutrição adequada;
diferentes formas de representação, valoração e compreensão dos • suprimento de água potável e provisão de saneamento bá-
problemas de saúde, seja pelo olhar dos profissionais ou pela óti- sico;
ca dos diversos grupos sociais envolvidos, incluindo a população; o • saúde materno-infantil, incluindo planejamento familiar;
que apresenta, como um dos principais desafios, a necessidade de • imunização contra as principais doenças infecciosas;
articulação das diferentes racionalidades envolvidas em um proces- • prevenção e controle das principais doenças endêmicas e epi-
so concreto de planejamento. dêmicas;
• tratamento apropriado para as doenças e lesões comuns;
E leis que caracterizam a realidade sanitária apontam para di- • previsão de medicamentos e materiais essenciais.
versas possibilidades de ‘recorte’ desses problemas, em termos de
unidades de análise e intervenção. Cada uma dessas possibilidades Os gestores do SUS vêm se empenhando continuamente em
de recorte apresenta distintas implicações operacionais sobre a ca- planejar, monitorar e avaliar as ações e serviços de saúde. Tais es-
pacidade de apreensão e compreensão das necessidades de saúde, forços têm contribuído, certamente, para os importantes avanços
bem como de cumprimento dos princípios de equidade e integra- registrados pelo SUS nestes 20 anos de sua criação. É importante
lidade. reconhecer, contudo, que os desafios atuais e o estágio alcançado
Assim, a árvore de problemas deve ser desenhada de maneira exigem um novo posicionamento do planejamento no âmbito do
clara, sintética e precisa, a partir da identificação das causas do pro- SUS, capaz de favorecer a aplicação de toda a sua potencialidade,
blema e da forma como estão relacionadas entre si. corroborando de forma plena e efetiva para a consolidação deste
Sistema.
258
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Nesse sentido, é necessário elaborar instrumentos que contri- É importante destacar igualmente as Portarias Nº 399, de 22
buam para um melhor aproveitamento das oportunidades e para de fevereiro de 2006, e de Nº 699, de 30 de março subsequente,
a superação de desafios, entre os quais aqueles que possibilitem o editadas pelo Ministério da Saúde: a primeira “divulga o Pacto pela
desenvolvimento de rotinas de monitoramento e avaliação nas três Saúde 2006 - Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes Operacio-
esferas de governo. Entre os desafios presentes, cabe destacar a nais do referido pacto” (BRASIL, 2006a) e, a outra, “regulamenta as
importância do financiamento pleno do SUS, o que envolve a regu- Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Vida e de Gestão” (BRASIL,
lamentação e o cumprimento da Emenda Constitucional 29, assim 2006b). O Pacto pela Saúde envolve três componentes: o Pacto pela
como a manutenção de processo contínuo de planejamento. Vida, o Pacto em Defesa do SUS e o Pacto de Gestão.
O Sistema de Planejamento do SUS – PlanejaSUS – busca apro- No Pacto de Gestão, os eixos são a descentralização, a regio-
priar-se da experiência acumulada pela área nas três esferas de ges- nalização, o financiamento, a programação pactuada e integrada,
tão que, no tocante à direção nacional, tem como exemplo impor- a regulação, a participação e o controle social, o planejamento, a
tante a formulação do Plano Nacional de Saúde – PNS 2004- 2007 –, gestão do trabalho e a educação na saúde.
cujo processo evidenciou a necessidade de uma ação permanente- O Sistema de Planejamento do SUS é objeto do item 4 do ane-
mente articulada, nos moldes de uma atuação sistêmica. xo da Portaria Nº 399/2006, estando nele contidos o seu conceito,
O planejamento – e instrumentos resultantes de seu processo, princípios e objetivos principais, na conformidade do presente do-
como planos e relatórios – é objeto de grande parte do arcabouço cumento. Destaque, também, que o Pacto estabelece cinco pontos
legal do SUS, quer indicando processos e métodos de formulação, prioritários de pactuação para o planejamento, que são:
quer como requisitos para fins de repasse de recursos e de contro- i) a adoção das necessidades de saúde da população como cri-
le e auditoria. Em relação ao planejamento e a instrumentos que tério para o processo de planejamento no âmbito do SUS;
lhe dão expressão concreta, destacam-se, inicialmente, as Leis Nº ii) a integração dos instrumentos de planejamento, tanto no
8.080/1990 e Nº 8.142/1990 (Leis Orgânicas da Saúde). A primeira contexto de cada esfera de gestão, quanto do SUS como um todo;
– Lei Nº 8.080/90 – atribui à direção nacional do SUS a responsabi- iii) a institucionalização e o fortalecimento do PlanejaSUS, com
lidade de “elaborar o planejamento estratégico nacional no âmbito adoção do processo de planejamento, neste incluído o monitora-
do SUS em cooperação com os estados, municípios e o Distrito Fe- mento e a avaliação, como instrumento estratégico de gestão do
deral” (BRASIL, 1990a). SUS;
A referida Lei dedica o seu Capítulo III ao planejamento e orça- iv) a revisão e a adoção de um elenco de instrumentos de pla-
mento. No primeiro artigo desse Capítulo, é estabelecido o proces- nejamento – tais como planos, relatórios e programações – a serem
so de planejamento e orçamento do SUS, que “será ascendente, do adotados pelas três esferas de gestão, com adequação dos instru-
nível local até o federal, ouvidos seus órgãos deliberativos, compa- mentos legais do SUS no tocante a este processo e instrumentos
tibilizando-se as necessidades da política de saúde com a disponibi- dele resultantes; e
lidade de recursos em planos de saúde dos municípios, dos estados, v) a cooperação entre as três esferas de gestão para o fortaleci-
do Distrito Federal e da União” (BRASIL, 1990a). Essa lógica de for- mento e a equidade do processo de planejamento no SUS. (BRASIL,
mulação ascendente é um dos mecanismos relevantes na observân- 2006a).
cia do princípio de unicidade do SUS. O seu cumprimento é desafio Em relação ao financiamento, introduz e estabelece blocos
importante, tendo em conta as peculiaridades e necessidades pró- específicos: atenção básica; atenção de média e alta complexida-
prias de cada município, estado e região do País, o que dificulta a de; vigilância em saúde; assistência farmacêutica e gestão do SUS.
adoção de um modelo único aplicável a todas as instâncias Configuram-se eixos prioritários para a aplicação de recursos (in-
Nos parágrafos 1º e 2º do Art. 36, são definidos a aplicabilidade vestimentos): o estímulo à regionalização e os investimentos para
dos planos de saúde e o financiamento das ações dele resultantes. a atenção básica.
O primeiro parágrafo estabelece que “os planos de saúde serão a No contexto da regionalização, define que os principais instru-
base das atividades e programações de cada nível de direção do mentos de planejamento para tanto são o PDR (Plano Diretor de
SUS e seu financiamento será previsto na respectiva proposta or- Regionalização), o PDI (Plano Diretor de Investimento) e a PPI (Pro-
çamentária” (BRASIL, 1990a). Já o segundo veta a “transferência de grama Pactuada e Integrada), a qual “deve estar inserida no pro-
recursos para o financiamento de ações não previstas nos planos cesso de planejamento e deve considerar as prioridades definidas
de saúde” (BRASIL, 1990a), salvo em situações emergenciais ou de nos planos de saúde em cada esfera de gestão” (BRASIL, 2006a).
calamidade pública de saúde. No Art. 37, a Lei atribui ao Conse- Segundo o Anexo II da Portaria, o planejamento regional expressará
lho Nacional de Saúde a responsabilidade pelo estabelecimento de as responsabilidades dos gestores para com a saúde da população
diretrizes para a elaboração dos planos de saúde, “em função das do território e o conjunto de objetivos e ações, cujas prioridades –
características epidemiológicas e da organização dos serviços em estabelecidas regionalmente – deverão estar refletidas no plano de
cada jurisdição administrativa” (BRASIL, 1990a). saúde de cada município e do estado. Cria também o Colegiado de
Já a Lei Nº 8.142/90 (BRASIL, 1990b), no seu Art. 4º, entre os Gestão Regional com a função de “instituir um processo dinâmico
requisitos para o recebimento dos recursos provenientes do Fundo de planejamento regional”. (BRASIL, 2006a).
Nacional de Saúde, fixa que os municípios, estados e o Distrito Fe- No item 3 do capítulo relativo à responsabilidade sanitária, es-
deral devem contar com plano de saúde e relatório de gestão “que tão estabelecidos os compromissos de cada esfera no que concerne
permitam o controle de que trata o §4º do artigo 33 da Lei Nº 8.080, ao planejamento e programação. Destacam-se como responsabili-
de 19 de setembro de 1990” (esse parágrafo refere-se ao acom- dades comuns aos entes federados:
panhamento, pelo Ministério da Saúde, da aplicação de recursos
repassados na conformidade da programação aprovada, a ser reali-
zado por meio de seu sistema de auditoria).
259
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
i) formular, gerenciar, implementar e avaliar o processo perma- sem a oportuna e efetiva melhoria da gestão do Sistema, da aten-
nente de planejamento participativo e integrado, de base local e ção e da vigilância em saúde, inclusive no tocante à reorientação
ascendente, orientado por problemas e necessidades em saúde ..., das ações. Tratava-se, na realidade, da insuficiência de um processo
construindo nesse processo o plano de saúde e submetendo-o à de planejamento do Sistema Único de Saúde, em seu sentido amplo
aprovação do Conselho de Saúde correspondente; – neste compreendido o monitoramento e a avaliação –, que con-
ii) formular, no plano de saúde, a política de atenção em saúde, tribuísse para a sua consolidação que, conforme assinalado, é uma
incluindo ações intersetoriais voltadas para a promoção da saúde; competência legal do gestor federal, em cooperação com as demais
iii) elaborar relatório de gestão anual, a ser apresentado e sub- instâncias de direção do Sistema.
metido à aprovação do Conselho de Saúde correspondente. (BRA- O Ministério da Saúde e as Secretarias Estaduais de Saúde re-
SIL, 2006b). cebem frequentemente, da parte de gestores e técnicos do SUS,
Cabe destacar também as portarias que norteiam a organiza- solicitação de orientações e cooperação técnica para a elaboração
ção e a implementação do Sistema de Planejamento do SUS – pac- de instrumentos de planejamento, em especial planos de saúde
tuadas na CIT –, a saber: e relatórios de gestão. Observa-se, por outro lado, que estados e
•Portaria Nº 3.085, de 1º de dezembro de 2006, que regula- municípios têm se esforçado para formulá-los, quer para fins de
menta esse Sistema; habilitação em uma condição de gestão – e, após o Pacto pela Saú-
•Portaria Nº 3.332, do dia 28 subsequente, que aprova orien- de, para a formalização do Termo de Compromisso de Gestão –,
tações gerais relativas aos instrumentos do PlanejaSUS e revoga a quer para subsidiar auditorias e controles, a cargo das instâncias
Portaria N.º 548/2001 (”Orientações Federais para a Elaboração e incumbidas destas atividades. Como um instrumento essencial de
Aplicação da Agenda de Saúde, do Plano de Saúde, dos Quadros gestão, cabe ao planejamento contribuir para que o SUS responda,
de Metas e do Relatório de Gestão como Instrumentos de Gestão com qualidade, às demandas e necessidades de saúde, avançando
do SUS”); de forma ágil rumo a sua consolidação.
•Portaria Nº 1.229, de 24 de maio de 2007, que aprova orienta- O processo ascendente de planejamento definido pela Lei Or-
ções gerais para o fluxo do Relatório Anual de Gestão do SUS. gânica da Saúde configura-se relevante desafio para os responsá-
Registrem-se ainda as Portarias: Nº 376, de 16 de fevereiro de veis por sua condução, em especial aqueles das esferas estadual
2007; Nº 1.510, de 25 de junho de 2007; e Nº 1.885, de 9 de setem- e nacional, tendo em conta a complexidade do perfil epidemioló-
bro de 2008, que institui incentivo financeiro para o PlanejaSUS; gico brasileiro, aliada à quantidade e diversidade dos municípios,
que desvincula o seu repasse da adesão ao Pacto pela Saúde; e que além da grande desigualdade em saúde ainda prevalente, tanto em
estabelece o incentivo de 2008, respectivamente. A íntegra dessas relação ao acesso, quanto à integralidade e à qualidade da aten-
portarias específicas do Sistema de Planejamento do SUS consta do ção prestada. Em relação à gestão, é importante levar em conta o
item Portarias relativas ao Sistema de Planejamento do SUS, página fato de que cerca de 90% dos municípios têm menos de 50 mil ha-
34. bitantes e que 48% menos de 10 mil (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2004). Particularmente no tocante ao
Planejamento no SUS planejamento, a organização das ações ainda é bastante precária,
No âmbito do Ministério da Saúde, até o final de 2005 – quan- principalmente nos municípios de médio e pequeno portes, o que
do tomou a iniciativa de propor a construção do PlanejaSUS, como dificulta o exercício eficiente e efetivo de seu papel fundamental na
mencionado na apresentação –, o planejamento pautava as suas conformação do SUS neste nível.
ações principalmente no atendimento às demandas interna e ex- Cabe ressaltar que, apesar dos esforços empreendidos desde
terna, esta última oriunda da coordenação do correspondente a criação do SUS e os avanços logrados, a área de planejamento do
sistema federal, exercida pelo Ministério do Planejamento, Orça- Sistema ainda carece, nas três esferas de gestão, de recursos hu-
mento e Gestão (MP). Ao MP cabe, assim, conduzir o planejamento manos em quantidade e qualidade. Observa-se que falta, não raro,
estratégico do governo federal. As demandas internas referem-se infraestrutura e atualização contínua nas técnicas e métodos do
sobretudo a informações para o atendimento de necessidades téc- planejamento em si – sobretudo em se tratando de monitoramento
nico-políticas. e avaliação, no seu sentido mais amplo –, assim como o domínio ne-
O Sistema Federal de Planejamento tem uma agenda estabe- cessário das características e peculiaridades que cercam o próprio
lecida, mediante a qual responde também às exigências constitu- SUS e do quadro epidemiológico do território em que atuam. Tais
cionais e legais, entre as quais figuram a elaboração do Plano Plu- condições são estratégicas para a coordenação do processo de pla-
rianual – a cada quatro anos – e as suas revisões, das propostas nejamento e, portanto, para o funcionamento harmônico do Plane-
anuais de diretrizes orçamentárias e do orçamento, que balizam a jaSUS. É oportuno reiterar, nesse particular, os pontos essenciais de
aprovação das respectivas leis – LDO e LOA –, do Balanço Geral da pactuação para o Sistema de Planejamento do SUS – PlanejaSUS –,
União e da Mensagem do Executivo ao Legislativo. Além dessas de- definidos no Pacto pela Saúde 2006, em especial a institucionaliza-
terminações legais, o Sistema requer também o acompanhamento, ção e o fortalecimento deste Sistema, “com adoção do processo de
o monitoramento, a atualização e a avaliação das ações. Mesmo planejamento, neste incluído o monitoramento e a avaliação, como
reconhecendo os avanços na alocação dos recursos públicos – base- instrumento estratégico de gestão do SUS”. (BRASIL, 2006a).
ados em objetivos de médio e longo prazos, com melhor associação
às necessidades de saúde –, é importante considerar que deman-
das contingenciais de curto prazo ainda prejudicam o processo de
estruturação e consolidação do SUS.
Embora responda às necessidades internas e externas, até en-
tão o sistema de planejamento no MS não dispunha de medidas
que viabilizem o aperfeiçoamento do trabalho e que possibilitas-
260
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Conceito e caracterização em planejamento no SUS, para o que deve também ser buscada a
Define-se como Sistema de Planejamento do Sistema Único de contribuição, por exemplo, de organismos internacionais – como as
Saúde – PlanejaSUS – a atuação contínua, articulada, integrada e Organizações Pan-Americana e Mundial da Saúde –, de instituições
solidária das áreas de planejamento das três esferas de gestão do de ensino, de pesquisa e entidades afins.
SUS. Tal forma de atuação deve possibilitar a consolidação da cultu- Outra condição importante é a adesão institucional mediante a
ra de planejamento de forma transversal às demais ações desenvol- observância da regulamentação do PlanejaSUS, expressa nas referi-
vidas no Sistema Único de Saúde. Nesse sentido, o PlanejaSUS deve das Portarias Nº 3.085/2006 e Nº 3.332/2006, e outras decorrentes
ser entendido como estratégia relevante à efetivação do SUS. Para o de pactuação tripartite, de que são exemplos processos de moni-
seu funcionamento, são claramente definidos os objetivos e as res- toramento e de avaliação dos instrumentos básicos, consoante às
ponsabilidades das áreas de planejamento de cada uma das esferas definições contidas nas Leis Orgânicas da Saúde. Constituem igual-
de gestão, de modo a conferir efetiva direcionalidade ao processo mente condições essenciais para a institucionalização do Planeja-
de planejamento que, vale reiterar, compreende o monitoramento SUS nas três esferas de gestão: a capacitação de recursos humanos
e a avaliação. para o processo de planejamento do SUS; a geração de informações
Na condição de sistema, e consoante à diretriz relativa à dire- gerenciais para a tomada de decisão; a adequação do arcabouço
ção única do SUS em cada esfera de gestão, o PlanejaSUS não envol- legal relativo ao planejamento; a cooperação técnica e financeira
ve nenhuma forma de subordinação entre as respectivas áreas de para o planejamento no SUS; e o provimento de estrutura e infra-
planejamento. Nesse sentido, a sua organização e operacionaliza- -estrutura para o desenvolvimento da atividade de planejamento.
ção baseiam-se em processos que permitam o seu funcionamento
harmônico entre todas as esferas do SUS. Para tanto, tais processos Objetivo geral
deverão ser objeto de pactos objetivamente definidos, com estri- O PlanejaSUS tem por objetivo geral coordenar o processo de
ta observância dos papéis específicos de cada um, assim como das planejamento no âmbito do SUS, tendo em conta as diversidades
respectivas peculiaridades, necessidades e realidades sanitárias. O existentes nas três esferas de governo, de modo a contribuir – opor-
desenvolvimento de papéis específicos visa, principalmente, poten- tuna e efetivamente – para a sua consolidação e, consequentemen-
cializar e conferir celeridade e resolubilidade ao PlanejaSUS, tanto te, para a resolubilidade e qualidade da gestão e da atenção à saú-
na sua implantação, quanto no seu funcionamento, monitoramento de.
e avaliação contínuos.
Como parte integrante do ciclo de gestão, o PlanejaSUS deve Objetivos específicos
estar próximo dos níveis de decisão do SUS, buscando permanen- São objetivos específicos do Sistema de Planejamento do SUS:
temente, de forma tripartite, a pactuação de bases funcionais de a) formular propostas e pactuar diretrizes gerais para o proces-
planejamento, monitoramento e avaliação do SUS, bem como pro- so de planejamento no âmbito do SUS e seu contínuo aperfeiçoa-
movendo a participação social e a integração intra e intersetorial, mento;
considerando os determinantes e condicionantes de saúde. Essa b) propor metodologias e modelos de instrumentos básicos
integração deve buscar o envolvimento de todos os profissionais. do processo de planejamento, englobando o monitoramento e a
Tal entendimento explicita o caráter transversal dessa função e, por avaliação, que traduzam as diretrizes do SUS, com capacidade de
conseguinte, o papel das áreas de planejamento nas três esferas adaptação às particularidades de cada esfera administrativa;
que, em síntese, é de: c) apoiar a implementação de instrumentos permanentes de
•coordenar os processos de formulação, monitoramento e ava- planejamento para as três esferas de gestão do SUS, que sirvam de
liação dos instrumentos básicos do PlanejaSUS; e parâmetro mínimo para o processo de monitoramento, avaliação e
•prover as demais áreas técnicas de mecanismos - como mé- regulação do SUS;
todos e processos - para que possam formular, monitorar e avaliar d) apoiar a implementação de processo permanente e siste-
os seus respectivos instrumentos, segundo as suas especificidades mático de planejamento nas três esferas de gestão do SUS, neste
e necessidades. compreendido o planejamento propriamente dito, o monitoramen-
Para o alcance do êxito esperado com o PlanejaSUS, estão iden- to e a avaliação;
tificadas algumas condições e medidas importantes. Tais condições e) promover a institucionalização, fortalecendo e reconhecen-
e medidas – ou eixos norteadores – podem gerar duplo benefício. do as áreas de planejamento no âmbito do SUS, nas três esferas de
De um lado, dariam celeridade ao atendimento de necessidades governo, como instrumento estratégico de gestão do SUS;
importantes da gestão do SUS, de que são exemplos a formulação f) apoiar e participar da avaliação periódica relativa à situação
ou a revisão de planos, programações e relatórios gerenciais. De de saúde da população e ao funcionamento do SUS, provendo os
outro, viabilizariam a conformação ágil do PlanejaSUS, tendo em gestores de informações que permitam o seu aperfeiçoamento e/
vista o caráter concreto de algumas medidas indicadas no presente ou redirecionamento;
documento. g) implementar e difundir uma cultura de planejamento que in-
Entre as condições necessárias, estão o apoio ao PlanejaSUS, tegre e qualifique as ações do SUS nas três esferas de governo, com
sobretudo por parte dos gestores e representantes do controle so- vistas a subsidiar a tomada de decisão por parte de seus gestores;
cial, incorporando o planejamento como instrumento estratégico h) promover a educação permanente em planejamento para os
para a gestão do SUS. Esse apoio deverá ser buscado principalmen- profissionais que atuam neste âmbito no SUS;
te junto aos Colegiados de Gestão Regionais, às Comissões Inter- i) promover a eficiência dos processos compartilhados de pla-
gestores (CIB e CIT), aos Conselhos Nacionais de Secretários Esta- nejamento e a eficácia dos resultados;
duais e Municipais de Saúde (Conass e Conasems) e aos Conselhos j) incentivar a participação social como elemento essencial dos
de Secretários Municipais de Saúde (Cosems). Trata-se de tarefa a processos de planejamento;
ser assumida, inicialmente, por todos os profissionais que atuam
261
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
k) promover a análise e a formulação de propostas destinadas i) apoio aos grupos de trabalho e demais fóruns da CIT em
a adequar o arcabouço legal no tocante ao planejamento no SUS; questões relativas ao planejamento no âmbito do SUS;
l) implementar uma rede de cooperação entre os três entes fe- j) organização de sistema informatizado que agregue informa-
derados, que permita amplo compartilhamento de informações e ções gerenciais em saúde de interesse do planejamento, valendo-se
experiências; dos sistemas já existentes;
m)identificar, sistematizar e divulgar informações e resultados k) implantação, monitoramento e avaliação sistemática do pro-
decorrentes das experiências em planejamento, sobretudo no âm- cesso de planejamento do SUS no âmbito federal e apoio a este
bito das três esferas de gestão do SUS, assim como da produção processo nos estados e municípios;
científica; l) utilização dos Planos Estaduais e Municipais de Saúde como
n) fomentar e promover a intersetorialidade no processo de subsídio prioritário na formulação do Plano Nacional de Saúde, ob-
planejamento do SUS; servada a Política Nacional de Saúde;
o) promover a integração do ciclo de planejamento e gestão no m)sensibilização dos gestores para incorporação do planeja-
âmbito do SUS, nas três esferas de governo; mento como instrumento estratégico de gestão do SUS;
p) monitorar, avaliar e manter atualizado o processo de pla- n) assessoria aos estados na definição de estratégias voltadas
nejamento e as ações implementadas, divulgando os resultados ao fortalecimento e à organização do processo de planejamento es-
alcançados, de modo a fortalecer o PlanejaSUS e a contribuir para a tadual.
transparência do processo de gestão do SUS;
q) promover a adequação, a integração e a compatibilização No âmbito estadual
entre os instrumentos de planejamento do SUS e os de governo; a) Organização e coordenação do PlanejaSUS no âmbito esta-
r) promover a discussão visando o estabelecimento de política dual e apoio a este processo nos municípios;
de informação em saúde; e b) apoio ao MS na implementação e aperfeiçoamento do Pla-
s) promover a discussão e a inclusão do planejamento na pro- nejaSUS em âmbito nacional;
posta de planos de carreira, cargo e salários do SUS. c) implementação das diretrizes, metodologias, processos e
instrumentos pactuados no âmbito do PlanejaSUS;
Responsabilidades d) assessoria aos municípios na definição de estratégias volta-
As áreas e profissionais que atuam em planejamento nas três das ao fortalecimento e organização do processo de planejamento
esferas de gestão do SUS assumirão compromissos e responsabi- local e regional;
lidades voltadas à implantação, implementação, aperfeiçoamento e) utilização de Planos Regionais/Municipais de Saúde como
e consolidação do PlanejaSUS. A seguir, são descritas as responsa- subsídio prioritário na formulação do Plano Estadual de Saúde, ob-
bilidades nos âmbitos federal, estadual e municipal, identificadas servada a Política de Saúde respectiva;
pelos profissionais participantes das oficinas macrorregionais e dos f) coordenação do processo de planejamento regional de forma
encontros do Sistema de Planejamento do SUS. articulada, integrada e participativa, com a aplicação e adaptação –
às realidades locais – das metodologias, processos e instrumentos
No âmbito federal pactuados no âmbito do PlanejaSUS;
a) Coordenação do processo nacional de planejamento do SUS, g) apoio à organização e funcionamento dos Colegiados de
em cooperação com os estados e municípios; Gestão Regionais;
b) organização, implantação e implementação do PlanejaSUS h) estímulo à criação e/ou apoio a câmaras específicas e grupos
em âmbito nacional; de trabalho dos CGR e CIB em questões relativas ao planejamento
c) cooperação técnica e financeira na implantação e implemen- no âmbito do SUS;
tação do Planejasus em cada esfera de governo, bem como para a i) fortalecimento das áreas de planejamento do estado e apoio
formulação, monitoramento e avaliação dos instrumentos básicos às referidas áreas municipais;
definidos para este Sistema; j) monitoramento e avaliação das ações de planejamento no
d) implementação de rede, no âmbito do planejamento, volta- âmbito estadual e apoio aos municípios para o desenvolvimento
da à articulação e integração das três esferas de gestão do SUS e à deste processo;
divulgação de informações e experiências de interesse do Planeja- k) estímulo ao estabelecimento de políticas públicas de saúde
SUS, bem como à disseminação do conhecimento técnicocientífico de forma articulada e intersetorial;
na área; l) desenvolvimento da cooperação técnica e financeira aos mu-
e) promoção da educação permanente em planejamento para nicípios no âmbito do PlanejaSUS;
os profissionais que atuam em planejamento no SUS; m)promoção e apoio à educação permanente em planejamen-
f) participação no Grupo de Planejamento da Secretaria Técnica to para os profissionais que atuam no contexto do planejamento no
da Comissão Intergestores Tripartite (CIT); SUS, em parceria com o MS e municípios;
g) formulação e apresentação, para análise e deliberação da n) participação na implementação de rede, no âmbito do pla-
CIT, de propostas relativas ao funcionamento e aperfeiçoamento do nejamento, voltada à articulação e integração das três esferas de
PlanejaSUS e dos seus instrumentos básicos; gestão do SUS e à divulgação de informações e experiências de in-
h) mobilização e coordenação do grupo de colaboradores, teresse do PlanejaSUS, bem como à disseminação do conhecimento
composto por especialistas e profissionais que atuam nas áreas de técnico-científico na área;
planejamento do SUS, no processo de planejamento e orçamento o) apresentação, para análise e deliberação da Comissão Inter-
na esfera federal e em instituições de ensino e pesquisa, com vistas gestores Bipartite – CIB –, de propostas relativas ao funcionamento
a apoiar o MS no cumprimento de suas responsabilidades junto ao e aperfeiçoamento do PlanejaSUS no respectivo âmbito;
PlanejaSUS;
262
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
p) apoio às câmaras e grupos de trabalho da CIB em questões melhores resultados, reduzir conflitos e incertezas. Neste sentido,
relativas ao planejamento no âmbito do SUS; programação guarda semelhança com o planejamento, embora
q) sensibilização dos gestores para incorporação do planeja- seja uma expressão associada a objetivos delimitados e pontuais.
mento como instrumento estratégico de gestão do SUS. Planejar ações políticas, definir estratégias econômicas, esquemas
regulatórios, modelos de administração de empresas e negócios
No âmbito municipal em geral fazem parte do cotidiano da ordem política e social. Como
a) Coordenação, execução e avaliação do processo de planeja- especialidade em seus diferentes ramos, o tema do planejamento
mento do SUS no âmbito municipal, consoante aos pactos estabe- é tratado por especialistas renomados em vasta literatura especiali-
lecidos no âmbito do PlanejaSUS; zada das disciplinas aqui assinaladas.
b) apoio ao estado e ao MS na implementação e aperfeiçoa- Pode-se afirmar que planejar é reduzir incertezas. Logo, implica
mento do PlanejaSUS; em algum grau de intervenção na economia, associa-se a práticas
c) implementação das diretrizes, metodologias, processos e regulatórias, orienta investimentos e está diretamente vinculado à
instrumentos definidos de forma pactuada no âmbito do Planeja- alocação eficiente de recursos. No setor saúde, as práticas de pla-
SUS; nejamento estão presentes em todo o processo que é conhecido
d) sensibilização dos gestores e gerentes locais para incorpora- como Gestão do SUS.
ção do planejamento como instrumento estratégico de gestão do Para esses objetivos, tratar-se-á planejamento e programação
SUS; como áreas de conhecimento e atividades referidas ao setor saú-
e) elaboração dos instrumentos básicos de planejamento de de, no qual o tema tem ampla utilização e grande diversidade de
forma articulada, integrada e participativa, com a aplicação e adap- abordagens entre pesquisadores e dirigentes nas áreas pública e
tação – às realidades locais – das metodologias, processos e instru- privada. Definir metas, estabelecer objetivos e planejar ou progra-
mentos pactuados no âmbito do PlanejaSUS; mar ações representam o dia-a-dia dos gestores do setor público
f) participação na implementação de rede, no âmbito do pla- em saúde. As atividades regulatórias, sejam por meio de auditoria
nejamento, voltada à articulação e integração das três esferas de de processos ou de resultados, são afetadas por tais definições de
gestão do SUS e à divulgação de informações e experiências de in- objetivos e de metas.
teresse do PlanejaSUS, bem como à disseminação do conhecimento Este capítulo abordará noções estabelecidas entre especialis-
técnico-científico na área; tas, sem a preocupação de cobrir todo o debate. Mais adiante serão
g) participação e promoção de capacitação em planejamento, referenciados alguns autores e textos que podem ser consultados
monitoramento e avaliação, na perspectiva da política da educação para aprofundamento no tema e para conhecer o modo como são
permanente; operadas no cotidiano do planejamento as diferentes técnicas aqui
h) promoção de mecanismos de articulação entre as diversas discutidas.
áreas da SMS e com outros setores do município; Em termos atuais, muito do que se discute sobre planejamen-
i) estímulo ao estabelecimento de políticas públicas de saúde to e técnicas de programação está associado à noção de contrato.
de forma articulada e intersetorial; O estabelecimento de contratos de entes públicos entre si e com
j) implementação do planejamento local com monitoramento agentes privados tem se tornado uma realidade cada vez mais for-
e avaliação das ações propostas, bem como divulgação dos resulta- te no SUS, seguindo uma tendência internacional. Isto tem trazido
dos alcançados; para as arenas decisórias os interesses de atores, com ou sem fins
k) coordenação de ações participativas visando a identificação lucrativos.
de necessidades da população, tendo em vista a melhoria das ações Buscando desconstruir a ideia usual de contrato de mercado
e serviços de saúde; strictu sensu, tem-se trabalhado esta interação de atores públicos e
l) operacionalização, monitoramento e avaliação dos instru- privados, muitas vezes de forma controversa, como um dos aspec-
mentos de gestão do SUS e retroalimentação de informações ne- tos da governança. Antes de tratar do planejamento e da programa-
cessárias às três esferas; ção como parte dos diferentes mecanismos de governança presen-
m)promoção da estruturação, institucionalização e fortaleci- tes na política de saúde será apresentado o modo como se instituiu
mento do PlanejaSUS no município, com vistas a legitimá-lo como no setor saúde o tema do planejamento para o desenvolvimento
instrumento estratégico de gestão do SUS; social. Em seguida, serão discutidos aspectos da programação em
n) participação no processo de planejamento regional de forma saúde e o modo como essa se consolidou no Brasil. Há uma longa
articulada, integrada e participativa, com a aplicação e adaptação – história do planejamento em saúde na experiência internacional e,
às realidades locais – das metodologias, processos e instrumentos especialmente, na América Latina. Um grande número de autores
pactuados no âmbito do PlanejaSUS; tratou deste tema orientado à construção de sistemas públicos de
o) apoio à organização e funcionamento dos Colegiados de saúde e às reformas sanitárias.
Gestão Regionais.
Assim, foi criada uma sólida tradição em associar o planeja-
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E NORMATIVO mento às políticas de saúde. Em diversos casos, a produção dos au-
A noção de planejamento é aplicada, fundamentalmente, em tores principais foi aceita e praticada por agências de cooperação
diferentes áreas do conhecimento como Administração, Economia internacional na América Latina e, em particular, no Brasil. A seguir,
e Política. Um dos pontos essenciais do planejamento é sua natu- uma resumida apresentação de algumas das principais abordagens
reza estratégica, muito influenciada pelo uso nas ações militares. sobre o assunto, sem a preocupação de abranger todo o tema.
Na geopolítica, o planejamento estratégico pertence à própria
natureza da diplomacia e das relações internacionais. No senso co-
mum, a ideia costuma estar associada a organizar atividades, buscar
263
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Método CENDES/OPAS dois temas antes de entrar no item hoje dominante em termos de
Uma das mais antigas estratégias de planejamento em saúde planejamento e que se refere aos mecanismos de governança e à
na América Latina foi o desenho do método conhecido como CEN- entrada em cena da Nova Gerência Pública.
DES/ OPAS, que surge em um ambiente favorável à intervenção do
Estado na economia como forma de reduzir ou compensar as crises Planejamento estratégico
econômicas por meio do planejamento e do estabelecimento de O planejamento estratégico é uma concepção geral que implica
incentivos específicos. Fundamentalmente a partir da década de em dar à dimensão política o centro da elaboração de modelos. As
1920, a noção do planejamento foi entendida na América Latina relações entre atores políticos e instituições, tratadas como arenas,
como uma ferramenta do Estado para a promoção do desenvolvi- são analisadas e as orientações e estratégias são definidas a partir
mento social e econômico. Na Comissão Econômica para a América de conjunturas e equilíbrios de poder (MATUS, 1993). Muitos auto-
Latina (CEPAL), por exemplo, um setor da Organização das Nações res e instituições de saúde no Brasil utilizaram, desde a década de
Unidas (ONU) criado em 1948, o planejamento econômico é vis- 1980, modelos diretamente definidos por Carlos Matus e por Mario
to como uma atividade governamental orientada a romper com a Testa ou fizeram adaptações ou desenvolvimentos a partir de suas
dependência dos países latino-americanos frente às economias de- ideias (TEIXEIRA, 1993; RIVERA; HARTMANN, 2003; PAIM, TEIXEIRA,
senvolvidas e estimular o crescimento econômico. As relações entre 2006). Especificamente com relação às concepções de planejamen-
o pensamento cepalino, suas conexões com as técnicas de planeja- to situacional, Giovanella (1991) afirma que o planejamento estra-
mento e a emergência do planejamento estratégico no contexto da tégico situacional é uma evolução do pensamento crítico dos anos
América Latina foram tratadas por muitos especialistas. Giovanella sessenta em relação ao planejamento econômico.
(1991) apresenta uma análise minuciosa de todo o processo e de O Planejamento Estratégico Situacional (PES) se caracteriza
suas lacunas, a qual inclui a descrição da formação e dos conteúdos por tentar conciliar a ação sobre uma realidade complexa, com um
do método CENDES/OPAS e a emergência do planejamento estraté- olhar estratégico e situacional, considerando a visão de múltiplos
gico sob a influência de formuladores relevantes para a cultura téc- atores e a utilização de ferramentas operacionais para o enfrenta-
nica da saúde pública no Brasil, como Mario Testa e Carlos Matus. mento de problemas. Pode ser considerado, conforme assinalado
Como analisado por Giovanella (1991), esse método aplica os por Giovanella (1991), como uma vertente do planejamento estra-
fundamentos do planejamento da CEPAL no setor saúde para otimi- tégico de saúde, pois o pensamento de Matus, pelo seu frequente
zar ganhos econômicos e diminuir custos, sendo a escolha de prio- trabalho como assessor da OPAS, tem sofrido adaptações para a
ridades feita a partir da relação custo/benefício. saúde. O PES se divide em quatro momentos, a saber: Explicativo:
O objetivo era orientar investimentos em programas com me- seleção e análise dos problemas relevantes para os atores chaves e
nores custos para mortes evitadas em um modelo de planejamento sobre os quais se deseja atuar. Normativo: construção do plano de
de caráter normativo. intervenção, a situação objetivo que se deseja alcançar. Estratégico:
Esse método foi muito difundido no Brasil e ensinado nas esco- análise de viabilidade das ações e a construção de sua viabilidade
las de saúde, em cursos acadêmicos e em treinamento de gestores. quando consideradas essenciais. Tático-operacional: implementa-
A estrutura era em forma de planilha, onde informações de recur- ção do plano.
sos utilizados, custos por absorção e agravos evitados eram cruza- O enfoque estratégico foi adotado, como dito, de modo direto
das com o objetivo de orientar as decisões alocativas ou analisar ou adaptado para a cultura técnica do setor saúde no Brasil. Uma
o desempenho de sistemas e programas. A dificuldade estava na grande variedade de livros, artigos e teses foi produzida, assim
obtenção de informações consistentes e, principalmente, em esta- como relatórios e consultorias a governos municipais, estaduais e
belecer os benefícios esperados. ao Ministério da Saúde, desde o fim da década de 1980 e ao longo
Embora seja difícil especificar quando e onde o planejamen- da implantação do SUS, nos anos 1990.
to central tenha começado no setor saúde, certamente o Método Embora haja uma ênfase em atores políticos, as matrizes fun-
CENDES/OPAS representou o modelo institucional e oficial de busca dadoras e as diversas correntes políticas que animaram o debate
de racionalidade burocrática no âmbito de estruturas administrati- entre correntes de planejamento situacional e estratégico na Amé-
vas (ministérios, institutos e secretarias de saúde) que operavam de rica Latina se fundamentavam na concepção marxista de estruturas
modo predominante por meio de hierarquias, comando e contro- de classes sociais (GIORDANI, 1979).
le. Ao longo de décadas, estruturas híbridas de cooperação entre A emergência dessa concepção de planejamento converge his-
Estado e mercado, que hoje podem ser trabalhadas no âmbito da toricamente com a construção do movimento de reforma da saúde
governança, não estiveram presentes na agenda política do sistema pública nos países latinos e a luta pela redemocratização dos países
público de saúde. Uma série de soluções de planejamento em saú- que estavam sobre regimes ditatoriais.
de se desenvolveu enquanto o método patrocinado pela Organiza- O pensamento marxista era muito presente na construção das
ção Pan-Americana de Saúde (OPAS) perdia importância. A perda políticas de saúde e de seus mecanismos estratégicos de desen-
de relevância pode ser atribuída a um conjunto de fatores, dentre volvimento. Vale assinalar que a importância e relevância destes
os quais a dificuldade na obtenção de informações adequadas e o enfoques do planejamento, que acabam por ampliar a sua base
foco na produtividade e eficiência econômica em uma área espe- cognitiva e que se tornaram influentes nas instituições de saúde na
cial, como a de saúde, contribuindo para a perda de consenso entre América Latina e Brasil, em particular, ocorrem simultaneamente a
os especialistas, dirigentes e lideranças setoriais. enfoques bastante distintos já em curso em outros países. Na déca-
Em seu lugar, duas importantes estratégias se disseminaram da de 1980, começa a se desenvolver o modelo da Nova Gerência
em nosso país no que diz respeito à difusão de ideias de especialis- Pública, oriundo da cultura técnica britânica que se dissemina pela
tas em planejamento para os dirigentes setoriais. São elas as abor- Comunidade Europeia.
dagens de planejamento estratégico-situacional e as diferentes prá-
ticas de programação em saúde. Tratar-se-á resumidamente destes
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POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Além disso, com tradições fortemente arraigadas nos Estados Unidos, e de desenvolvimento anterior, os modelos de Teoria dos Jogos
tratam de problemas semelhantes aos dos conflitos de atores e instituições do planejamento estratégico, apesar de orientações políticas
bem diferentes e de modelos de análise fortemente matematizados.
Essas orientações chegam com maior força política ao Brasil apenas em meados da década de 1990 e por meio de instituições fora do
eixo da saúde pública.
O planejamento estratégico no Brasil foi adotado em sua abordagem técnico-política, influenciando o desenho dos distritos sanitários
e a organização dos serviços de saúde. Paim (1993) contesta a adoção desse planejamento situacional para a organização dos distritos, de-
vido às limitações do método no que concerne à compreensão integral da realidade e dos sujeitos. Essa visão mais abrangente preconizada
por Paim, que considera os elementos da promoção da saúde, da produção social da saúde e da visão de território vivo de Milton Santos
(1978), ficou hegemônica no que se convencionou chamar movimento de Saúde Coletiva.
As reformas de saúde nos anos 1970 foram influenciadas por uma série de movimentos populares e políticos de redemocratização
na América Latina, o que resultou numa outra forma de entender e construir planejamento em saúde e contribuiu com a construção – na
academia –, do campo de Saúde Coletiva no Brasil.
Em consonância com a disseminação de abordagens do planejamento em saúde a partir de enfoques estratégicos, outra tradição se
formou no setor saúde brasileiro e se relaciona à programação em saúde, o que passaremos a tratar na seção seguinte.
265
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Os princípios gerais para o planejamento no Estado Brasileiro, com foco no setor saúde, estão dispostos ao longo de um conjunto de
normas de diversas naturezas, editadas ao longo de quase três décadas9. A legislação a ser observada no campo da saúde é composta tan-
to por normas gerais aplicáveis ao planejamento governamental, quanto pelas normas específicas editadas no âmbito do SUS, conforme
pode ser visto nos Quadros.
Assim, o planejamento no SUS deve observar ambos os conjuntos de normas de forma a articular o planejamento setorial com o ciclo
geral de planejamento governamental da Federação.
As regras gerais de planejamento são orientações que devem ser seguidas por todas as áreas desenvolvedoras de políticas públicas e
estão expressas, em sua maior parte, nos art. 165 a 169 e 195, § 2°, da Constituição de 1988, e na Lei Complementar n° 101, de 2000, além
das normas de Direito Financeiro estabelecidas anteriormente pela Lei n° 4.320, de 1964.
O setor saúde deve se orientar primeiramente por essas regras e, subsidiariamente, pelas disposições constantes das regras setoriais
ou específicas que abrangem um conjunto mais amplo de normas, desde as Leis Orgânicas até as publicações infralegais, como portarias
e resoluções mais recentes, com pode ser visto no Quadro.
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POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
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POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Princípio 2: o planejamento no SUS deve ser integrado à Seguridade Social e ao planejamento governamental geral
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu que as políticas de saúde, previdência e assistência devem estar articuladas no âmbito
da Seguridade Social, criando sincronia entre os programas e ações voltados para a inclusão social. Essa articulação, do ponto de vista
operacional, deve ocorrer nos processos de planejamento e orçamento, sendo necessário que os planos e os orçamentos do SUS estejam
integrados com os das áreas de previdência e assistência. O orçamento da Seguridade Social é o instrumento de planejamento e orçamen-
tação que articula e integra os programas dessas três áreas de política social e junto com o Orçamento Fiscal compõe o Orçamento Geral
de cada ente da Federação.
Além disso, os instrumentos de planejamento da saúde — o Plano de Saúde e suas respectivas Programações Anuais e o Relatório
de Gestão — devem orientar, no que se refere à política de saúde, a elaboração dos instrumentos de planejamento de governo — Plano
Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA), definidos a partir do art. 165 da CF.
A Constituição Federal de 1988 define a integração entre as funções de planejamento estatal e as de orçamentação como sendo o
fundamento do modelo orçamentário brasileiro, definido pela necessidade do estabelecimento de uma conexão coerente entre os respec-
tivos instrumentos adotados.
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POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Do mesmo modo, tal conexão institui uma relação intrínseca As instâncias permanentes de negociação e pactuação inter-
entre os planos de curto e médio prazo e as programações anuais de gestores são os espaços federativos de construção de consenso po-
gastos governamentais. Dada esta forma de estruturação orçamen- lítico e de desenvolvimento de estratégias intergovernamentais que
tária, o PPA consiste no ponto de partida que define as diretrizes possibilitam a ação conjunta e articulada do Ministério da Saúde e
gerais de ação do Estado nas três esferas de governo da Federação. das secretarias estaduais e municipais de saúde.
De acordo com o texto constitucional, cabe ao PPA a definição Assim, no processo de planejamento no SUS devem ser con-
das diretrizes, objetivos e metas da Administração Pública relativas sideradas como essenciais as pactuações realizadas nas comissões
às despesas de capital e aos gastos correntes delas derivados, ou intergestores — CIR, CIB e CIT —, uma vez que esses espaços de go-
seja, o PPA sintetiza as estratégias de médio prazo e as operaciona- vernança têm a competência de discutir e pactuar de forma perma-
liza por meio dos programas que o constituem. nente a política de saúde e sua execução na construção da gestão
O PPA se estrutura em duas partes fundamentais que são a compartilhada do SUS.
base estratégica e os programas. A base estratégica consiste no Portanto, todo o processo de planejamento integrado segue a
conjunto de análises de cenário e de prospecção estratégica que lógica federativa clássica em que, apesar de cada uma das esferas
orientará o planejamento governamental. A base estratégica deve ter suas responsabilidades específicas, as principais decisões sobre
contemplar a análise da situação econômica e social, as diretrizes, o ciclo de planejamento são tomadas a partir de consensos. Essa
objetivos e metas estabelecidas pelo chefe do Poder Executivo, a dinâmica de trabalho coletivo é típica de ambientes federativos e
previsão dos recursos orçamentários e sua distribuição entre os tem como objetivo conferir legitimidade às decisões e estimular o
setores ou entre os programas e diretrizes, objetivos e metas dos trabalho conjunto entre a União, os Estados e os Municípios.
demais órgãos compatíveis com a orientação estratégica do chefe Como resultado, um amplo conjunto de questões relativas ao
do Poder Executivo. processo de planejamento no SUS passa por negociações interges-
Os programas consistem na sistematização das ações que se- tores nos fóruns federativos do SUS.
rão implementadas de acordo com as orientações definidas na base Assim, as pactuações tripartites abrangem: as diretrizes gerais
estratégica. para a composição do conjunto de ações e serviços de saúde e de
O detalhamento anual dos gastos relativos a cada etapa das es- medicamentos essenciais a serem ofertados no SUS (Renases e Re-
tratégias adotadas é realizado pela LOA, cujo conteúdo deve guar- name); as etapas e os prazos do processo de planejamento no SUS;
dar plena compatibilidade com as diretrizes expressas nos progra- as diretrizes nacionais para a organização das regiões de saúde;
mas definidos no PPA. Enquanto o PPA compreende o planejamento os critérios para o planejamento no SUS nas regiões de saúde; as
governamental de médio prazo, para quatro anos, a LOA contém o normas de elaboração e fluxos do COAP; as regras de continuidade
detalhamento anual desse planejamento na forma das ações que do acesso para o atendimento da integralidade da assistência nas
deverão ser implementadas e dos recursos orçamentários que esta- regiões de saúde; as diretrizes, objetivos, metas e indicadores de
rão disponíveis para o financiamento das políticas. Assim sendo, a abrangência nacional, buscando orientar e integrar o planejamento
LOA consiste na expressão anual do planejamento governamental, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos Municípios, entre
quando são previstos com maior detalhamento o volume de recur- outras.
sos arrecadados e como esses serão alocados ao longo do conjunto No âmbito estadual, as pactuações a serem realizadas nas CIB,
de programas e projetos que serão executados no exercício fiscal entre os gestores estaduais e municipais, são relativas: às etapas
correspondente. e aos prazos do planejamento municipal em consonância com os
A integração entre o PPA e a LOA é função da LDO, consistin- planejamentos estadual e nacional; às diretrizes estaduais sobre re-
do no instrumento inovador instituído pela Constituição Federal giões de saúde e demais aspectos vinculados à integração das ações
de 1988 em matéria de organização orçamentária. Segundo esta e serviços de saúde dos entes federados; à conformação e à ava-
última, cabe à LDO estabelecer, para cada exercício fiscal, as me- liação do funcionamento das regiões de saúde em cada estado; à
tas e as prioridades da Administração Pública e os parâmetros de continuidade do acesso às ações e aos serviços de saúde da rede de
elaboração da LOA, além de dispor sobre um amplo conjunto de atenção à saúde, mediante referenciamento em regiões de saúde
questões adicionais consideradas essenciais para que o planeja- intraestaduais; à metodologia de alocação dos recursos estaduais; e
mento de médio prazo, expresso no PPA, possa se traduzir em ação à previsão anual de repasse de recursos aos Municípios (constantes
eficiente e eficaz de curto prazo. Esse conjunto abrange disposições dos planos estaduais de saúde), entre outras.
relativas a possíveis alterações na legislação tributária e na política Finalmente, no âmbito das CIR10, as principais pactuações
de pessoal da Administração Pública, a fixação de limites de gastos abrangem: o rol de ações e serviços e o elenco de medicamentos
para os três poderes, as condições para que o equilíbrio fiscal seja que serão ofertados na Região de Saúde (tomando como base a
obtido, o estabelecimento de critérios para limitação de empenho, Renases e a Rename); os critérios de acessibilidade e escala para
a definição de medidas a serem adotadas em caso de redução dos a conformação dos serviços; as diretrizes regionais sobre a organi-
montantes de endividamento, definição das condições e exigências zação das redes de atenção à saúde; a gestão institucional regional
específicas para transferências de recursos a entidades públicas e e a integração das ações e serviços dos entes federados na Região
privadas, entre outras. de Saúde11; as responsabilidades individuais e solidárias de cada
Princípio 3: o planejamento deve respeitar os resultados das ente federativo na Região de Saúde (a serem incluídas no COAP); e
pactuações entre os gestores nas comissões intergestores regio- a elaboração, a pactuação, o monitoramento e a avaliação de todo
nais, bipartite e tripartite o processo de planejamento regional integrado nas respectivas re-
giões de saúde, entre outras.
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POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Princípio 4: o planejamento deve estar articulado constante- Portanto, é essencial que o conjunto de diretrizes, objetivos,
mente com o monitoramento, a avaliação e a gestão do SUS metas e indicadores estabelecidos em âmbito nacional seja em-
O planejamento não consiste apenas em um simples exercício pregado pelas três esferas de governo para o desenho de seus ins-
de projeção de metas futuras, mas em uma ação estratégica da trumentos de planejamento, o que permitirá tanto criar uma ação
gestão pública que tem por objetivo reorientar os programas e os sincronizada da administração pública em torno das grandes prio-
projetos governamentais de forma a ampliar a eficiência, a eficácia ridades nacionais quanto uniformizar o formato e a linguagem do
e a efetividade da ação das políticas de saúde. Portanto, o planeja- planejamento em todo o País.
mento está intrinsecamente relacionado à gestão do SUS. A integração do planejamento no SUS requer também que as
Para que as ações de planejamento possam contribuir para o três esferas da Federação orientem suas atividades de maneira fun-
aperfeiçoamento da gestão do SUS, os entes federados devem com- cional entre si para que haja complementaridade e organicidade,
prometer-se a realizar o monitoramento e a avaliação, visando ana- evitando a duplicação de ações e projetos em algumas áreas e a
lisar os resultados alcançados e as estratégias empregadas para tal. ausência em outras.
O monitoramento e a avaliação devem ser processos periódi- Entretanto, o caráter integrado das atividades de planejamen-
cos, orientados pelas diretrizes, objetivos, metas e indicadores as- to no SUS valoriza a autonomia dos entes federados, uma vez que
sumidos em cada esfera de gestão. todo o processo deve ser conduzido de maneira ascendente desde
No âmbito do planejamento no SUS, o monitoramento e a ava- os Municípios até a esfera federal. Assim, os planos municipais de
liação devem ser executados de forma individual e conjunta entre saúde, elaborados a partir das definições estabelecidas nas confe-
os entes federados, tendo como referência as respectivas regiões rências municipais de saúde, são a base para o planejamento das
de saúde. regiões de saúde, que por sua vez, orientam o planejamento em
O monitoramento compreende o acompanhamento regular âmbito estadual. Da mesma forma, a esfera federal deve levar em
das metas e indicadores, que expressam as diretrizes e os objetivos consideração o escopo das atividades planejadas pelas unidades da
da política de saúde em um determinado período e o seu coteja- Federação.
mento com o planejado; enquanto a avaliação envolve a apreciação O Decreto n° 7.508, de 2011, introduz duas inovações essen-
dos resultados obtidos, considerando um conjunto amplo de fato- ciais para o aperfeiçoamento do planejamento no SUS e estabelece
res. A escolha desses fatores ou critérios que irão orientar a avalia- o planejamento regional em saúde como a base para a definição
ção depende do tipo de apreciação que se pretende realizar, uma das metas e indicadores do planejamento da política de saúde, vi-
vez que toda avaliação consiste na emissão de um juízo de valor sando conferir maior complementaridade entre as ações a serem
sobre as características, a dinâmica e o resultado de programas e desenvolvidas de forma integrada pelas três esferas de governo.
políticas. Essas inovações consistem em estabelecer o conceito de metas
Os tipos mais comuns e empregados na avaliação são os que regionais, que fazem interface com as metas municipais, estaduais
consideram: os efeitos sobre a saúde da população (avaliação de e federais e introduzir a necessidade de formalização dos compro-
impacto ou de efetividade); a obtenção das prioridades e os objeti- missos assumidos entre os gestores por meio de um instrumento
vos iniciais estabelecidos (avaliação dos objetivos ou da eficácia); a jurídico-executivo, o COAP.
racionalidade no uso dos recursos (avaliação da eficiência); as mu- Desta forma, a integração do planejamento no SUS se organiza
danças ocorridas no contexto econômico, político e social (avalia- em torno do planejamento realizado nas regiões de saúde, onde
ção de cenário); as disposições constantes da legislação (avaliação são estabelecidas as metas e as responsabilidades específicas de
de legalidade ou de conformidade); a qualidade da estratégia de cada uma das três esferas da Federação para que os resultados se-
implantação das políticas e programas (avaliação da implementa- jam obtidos. Assim, a integração do planejamento no SUS ocorre
ção); a análise e a apreciação de instâncias oficiais (avaliação ofi- por meio da ação complementar entre o trabalho dos gestores mu-
cial ou institucional); o aperfeiçoamento da capacidade de gestão nicipais, estaduais e federal em cada região de saúde.
dos quadros e das unidades da administração pública (avaliação de
aprendizagem), entre outros. Princípio 6: o planejamento deve contribuir para a transpa-
A legislação do SUS busca induzir os gestores das três esferas rência e a visibilidade da gestão da saúde
a privilegiar as atividades de monitoramento e de avaliação de im- Dentre outras normativas, a LC n° 141, de 2012, dá ênfase à
pacto ou de efetividade, combinando-as com algumas das outras transparência e à visibilidade da gestão da saúde, demandando que
modalidades de avaliação mencionadas acima. os gestores da saúde deem ampla divulgação, inclusive por meios
As principais normas relacionadas ao planejamento no SUS res- eletrônicos de acesso público, das prestações de contas periódi-
saltam que a avaliação deve apreciar em que medida as políticas, cas da saúde, para consulta e acesso da sociedade. Nesse sentido,
programas, ações e serviços de saúde implementados no período sugere que a transparência e a visibilidade sejam asseguradas no
considerado promoveram a melhoria das condições de saúde da processo de elaboração e discussão do Plano de Saúde, da Progra-
população. mação Anual de Saúde e do Relatório de Gestão, devendo ser sub-
metidos à apreciação do respectivo Conselho de Saúde e realização
Princípio 5: o planejamento deve ser ascendente e integrado de audiências públicas.
O planejamento ascendente e integrado na saúde, além de re- Portanto, o planejamento no SUS adquire também um caráter
quisito legal, é um dos mecanismos relevantes para assegurar a uni- de instrumento de ampliação da transparência das ações governa-
cidade e os princípios constitucionais do SUS. O planejamento ex- mentais, uma vez que a definição detalhada e clara das metas e
pressa as responsabilidades dos gestores de cada esfera de governo das respectivas responsabilidades de cada um dos entes federados
em relação à saúde da população do território quanto à integração possibilita que a sociedade acompanhe o processo de implantação
da organização sistêmica do SUS. e gestão das políticas e programas e discuta seus resultados com
os gestores.
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POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
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POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
escassos para objetivos básicos e não se propõem a resolver, pelas — o nível 2 da determinação da combinação de atividades por
estratégias de planejamento e de programação, todos os problemas nível de complexidade a partir dos grupos populacionais e seus pro-
da atenção à saúde (SCHRAIBER, 1999). blemas de saúde;
Os conflitos latentes entre a lógica da prática médica e a pro- — o nível 3 da programação de atividades por unidade caracte-
gramação preconizada pelo planejamento foram objetos de algu- rística de cada nível de complexidade.
mas escolas em nosso País, por exemplo, em Schraiber (1999).
Consoante a tais enfoques, Nemes (1996) define a ação pro- Estes níveis compõem processos inter-relacionados de um
gramática como uma proposição de organizar o trabalho em saúde mesmo modelo teórico (apresentado), em que se resgata uma de-
fundamentada na integração sanitária e em tecnologias de base finição macro (fiel à definição do primeiro pressuposto), e, em que
epidemiológica. se incorpora, todavia, o requisito da sincronicidade entre programa-
A possibilidade e a necessidade de observar a clínica como ção regional e local.
um espaço de decisão compartilhada, tema recorrente da Filoso-
fia Aplicada à Medicina como na tradição fundada por clássicos A CRÍTICA DA PROGRAMAÇÃO LOCAL TRADICIONAL
como Canguilhem (2009), estimularam especialistas de diferentes A crítica da programação local está dirigida invariavelmente ao
enfoques a pensar práticas de planejamento das ações em saúde método CENDES/OPS (1965), por ser esse método talvez a única
na forma de métodos bem delineados. Assim como a ação progra- expressão acabada de um enfoque normativo da programação no
mática se firmou como uma tradição no setor saúde, outros autores setor saúde. No entanto, essa crítica deve ser aplicada a todas as
buscaram caminhos próprios com os mesmos objetivos de articular variantes que compartilham com o Método da visão normativa do
na clínica mecanismos de decisão cooperada com implicações para Planejamento, cujas características limitativas são enumeradas a
a organização de serviços de saúde. Um destes métodos foi pro- seguir.
posto por Campos, G. (2006) com o foco nos indivíduos (usuários, 1. O enfoque normativo reduz a programação à dimensão ex-
profissionais de saúde, dirigentes) e em sua capacidade de atuar clusiva de uma técnica de estimativa de recursos e de otimização
sobre as organizações. Este método (denominado paidéia) segue di- econômica. Este privilegiamento do critério de eficiência econômi-
versas tradições caracterizadas como de cogestão de organizações ca na utilização de recursos escassos (tal como acontece na fun-
e de projetos, embora com elementos discursivos e práticas bem damentação doutrinária do Método), aproxima a metodologia de
próprias e envoltas na noção de gestão compartilhada da clínica e programação local do campo dos enfoques programáticos basea-
da saúde coletiva. dos na mera oferta de recursos, em detrimento das necessidades
Métodos participativos de avaliação foram cada vez mais in- de saúde. Essa acepção da programação local implica o predomínio
tegrados à gestão dos programas e dos serviços de saúde. Diver- paradigmático do ideal do crescimento e da produtividade sobre a
sos manuais foram produzidos de modo a orientar a montagem de equidade, que se expressa, operacionalmente, na utilização de indi-
sistemas de monitoramento e diferentes escolasde planejamento cadores de pouca sensibilidade para captar as desigualdades entre
cooperativo se formaram na experiência internacional e com reper- grupos sociais. A relação de custo-benefício, que embasa as técni-
cussõesem experiências aqui no Brasil. As noções de participação cas de programação local de corte tradicional, comporta apenas in-
na gestão do sistema público no Brasil e a determinação de que dicadores sobre os custos econômicos e sobre os parâmetros de re-
órgãos colegiados tenham assento na tomada de decisões e no pla- solutividade tecnológica; no máximo, indicadores epidemiológicos
nejamentono SUS pertence à legislação constitucional e infracons- relacionados com a mortalidade por danos específicos e população
titucional e a atuação dos conselhos de saúde no planejamento de inespecífica. Por via de consequência, a metodologia de programa-
objetivos e procedimentos da política pública tem sido amplamente ção local não tem considerado devidamente as possibilidades redis-
estudada na literatura setorial (MOREIRA et al., 2009). tributivas da regulação sanitária.
Alguns dos métodos mais recentes e aqui também difundidos a 2. A programação local tem sido considerada como um nível
partir de experiências europeias convergem para abordagens parti- de menor agregação da função Planejamento, em que prevalece
cipativas de planejamento e de avaliação de resultados e de proces- quase que exclusivamente a factibilidade dos recursos. Colocada
sos. Uma série de modelos sucedeu as tradições do CENDES/OPAS em uma situação de posterioridade na seqüência temporal que ca-
e do PES, em tempos distintos. Vários deles foram aqui difundidos racteriza o Planejamento Tradicional (posterioridade que é definida
tais como o logframe, desde 1969, o ZOPP8, da década de 1980, e pela menor agregação e pela localização em um âmbito mais baixo
uma versão mais flexível conhecida como da organização institucional), à programação local é atribuída uma
Project Cycle Management – em comum, representam certa função predominantemente técnica, à que não cabe se importar
evolução para um conjunto diversificado de técnicas denominadas com a viabilidade política. O político é definido como um dado que
de metodologias rápidas de avaliação (BURSZTYN; RIBEIRO, 2005). antecede e se superpõe à programação, condicionando seus parâ-
Embora o Planejamento Estratégico Situacionaltenha sido apli- metros. Esse reducionismo tecnocrático da programação se pren-
cado em outros locais, em linhas gerais, as estratégias do PES são de ao uso rígido do conceito de etapa e de sequência, uso que no
orientadas para aplicação nos níveis centrais. Planejamento Tradicional equivale a visão de fases que acontecem
antes e depois, em um espaço temporal absoluto.
A Programação local deve ser entendida como um enfoque Do anterior se deduz que a programação, assim como se sepa-
metodológico que contém 3 níveis: ra do político, também se separa da gerência. Conclusivamente, a
— o nível 1 da determinação dos problemas, dos nós críticos programação tradicional assume como dados externos ao modelo
dos problemas, da responsabilidade institucional pelo enfrenta- programático os dados políticos, institucionais e tecnológicos (no
mento dos mesmos e das operações necessárias (desdobradas em sentido da armação tecnológica da rede e dos condicionamentos
ações); industriais), ou como referências preexistentes.
272
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
3. A programação local tradicional, quando tenta-se aproximar 9. A excessiva centralização técnica que acompanha as experi-
das necessidades, o faz a partir dos danos de saúde, negligencian- ências de programação é um sucedâneo das experiências políticas
do as condições de vida ou as condições de reprodução social das vividas, mas pode ser imputada também, a título parcial, à metodo-
mesmas, de forma que reduz as necessidades ao plano setorial ou logia ou ao enfoque programático, na medida em que os enfoques
das condições de saúde. Essa operação, que invalida a aproximação, tradicionais de planejamento/programação não incorporam a pro-
explica-se pela ausência de um modelo de determinação causal que blemática organizacional ou a incorporam na forma reprodutória de
permita a compreensão da realidade pela mediação de níveis de
departamentos de planejamento situados no ápice organizacional,
determinação essencial. A permanência no nível epifenomênico da
realidade permite apenas que se percebam fenômenos sanitários, ou seja, não se tem dado a necessária prioridade à criação de um
mas não permite conhecer ou explicar. sistema absolutamente descentralizado de programação, que pos-
4. A programação local, ao voltar-se sobre recursos abstratos sibilite a participação efetiva da população na geração da informa-
(a organização otimizada dos mesmos através da normatização ção e da linguagem dos programas.
instrumental), promove a descaracterização político-institucional 10. A própria linguagem elaborada no interior dos sistemas de
do atendimento. Esta visão histórica dos recursos contribui para planejamento, consentânea aos critérios de quantidade com que
uniformizar a priori as diferentes instâncias institucionais que con- trabalha, destaca-se pela ausência de informação qualitativa ou de
formam o sistema e dificulta a explicação do seu movimento e a afirmações de qualidade (que traduzam conceitos sobre o político e
atuação eficaz. o social), o que tende a empobrecê-la e a “viesá-la”. À centralização
5. Enquanto técnica de estimativa de recursos, a programação organizacional corresponde uma concentração do nível informacio-
local tem sido aplicada divorciada da “programação regional” (ou nal em espaços “ arquetípicos” exclusivamente preenchidos pela
da programação de rede), isto é, tem assumido preferencialmente tecnocracia. A maior qualificação da linguagem e sua simplificação
como objeto, as unidades locais de saúde, considerando, em se-
(o que subentende uma tarefa cultural) foram exigências escamote-
parado, os níveis de complexidade tecnológica que compõem um
sistema local ou regional. Esses níveis são assumidos, como já se adas pela técnica programática, na medida em que não havia uma
insinuou, como dados preexistentes, ou não são considerados abso- compreensão do planejamento enquanto um sistema comunicacio-
lutamente, o que pode resultar em uma asincronicidade estrutural nal (que abre ou fecha espaços de participação e de conhecimento/
da rede (dos diversos componentes) e em uma limitação séria da ação).
eficiência. A falta de integração e a duplicidade é a consequência
natural de uma falta de formulação simultânea dos âmbitos de rede Esta listagem de elementos de uma crítica da programação
e de unidade local. local, poderia ser ampliada; mas, ela representa, em uma aproxi-
6. A sistemática da programação falha ao concentrar-se na aná- mação a uma síntese, uma lista suficiente das limitações não só da
lise e instrumentalização de problemas sanitários exclusivamente programação quanto do planejamento normativo como um todo.
programáveis no âmbito setorial, isto é, em objetos parciais que são E que, em nenhuma circunstância, justifica-se a separação entre
passíveis de transmutar-se em ações sanitárias. O ponto de partida planejamento e programação, como em geral se patrocina, e, jus-
único da programação (ou a abertura programática) está represen- tamente é isso que tem-se procurado questionar aqui. A ideia de
tado pelos critérios de morbidade, composição populacional (por
uma sequência temporal rígida, junto com a noção de um nível su-
sexo e idade) ou pelas ações sanitárias (bastante desagregadas).
Esse ponto de vista esquece que os problemas atravessam os se- perior (apanágio da política) que predomina sobre um nível inferior
tores e que, portanto, o predomínio do conceito operacional de (apanágio do técnico), em uma escala hierárquico-organizacional,
programa setorial sobre o conceito amplo de problema abstrai um compõem algumas das “epistemes” mais controvertidas do discur-
espaço extenso de imbricações que fazem parte do conceito am- so normativo.
pliado de saúde.
7. A abstração do nível político se acompanha de uma com-
preensão “cientificista” do nível da programação, que se expressa PORTARIAS E LEIS DO SUS
no desconhecimento do papel dos atores sociais na formulação e
implementação de tal nível. Esse desconhecimento leva a uma for- Prezado candidato, o edital não especifica quais Portarias e
mulação rígida e egocêntrica dos programas de atuação, que limita Leis exigidas à respeito do SUS, portanto, disponibilizaremos tópi-
a viabilidade. A presunção de que um único ator programa e que cos relevantes, frequentemente abordados em certames públicos,
esse ator o faz apoiado na objetividade da ciência, o que provo- e pertinentes ao cargo em questão, além das leis já abordadas an-
ca um alheamento do ator da realidade que programa, tem como
teriormentes.
resultado uma abordagem do diagnóstico e das outras “fases” da
programação que se destaca pelo monolitismo e a inflexibilidade.
Esta rigidez normativa é a causa talvez mais importante do fracasso Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 – Participação da comuni-
dos documentos de programação. dade na gestão do SUS: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
8. A indefinição de uma intencionalidade que tenha como alvo l8142.htm
o sistema de serviços (justificada em grande parte pela falta de co-
municação entre o político e o técnico, ou pela colocação em sepa- Portaria 1.820 de 13 de agosto de 2009 – Direitos e deveres
rado de ambos os fatores), ou o emprego exclusivo e implícito de dos usuários da Saúde: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudele-
uma situação-objetivo no espaço das condições de saúde (como no gis/gm/2009/prt1820_13_08_2009.html
Método a prevenção do maior número de mortes ao menor preço),
colocam-se como obstáculos à definição e priorização dos proble- Decreto 7508 de 28 de junho de 2011- Regulamenta a Lei Or-
mas, de maneira que ocorre uma dificuldade prática para reconhe- gânica do SUS: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
cer os problemas relativos aos meios fundamentais e, por conse-
2014/2011/decreto/d7508.htm
guinte, para encaminhar uma mudança dos mesmos que venha a
ensejar melhores condições de saúde, enquanto critério de eficácia.
273
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
274
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
O SUS foi regulamentado em 1990, com a Lei Orgânica de Saúde de resposta às doenças emergentes e endêmicas, com ênfase na
(LOS), a Lei Nº 8.080 e a Lei Nº 8.142 onde se deu destaque para dengue, hanseníase, tuberculose, malária e influenza; Promoção da
a construção de um modelo de atenção fundamentado na epide- Saúde; Fortalecimento da Atenção Básica.
miologia, controle social, descentralização e regionalização com Em 2008 a Portaria do MS Nº 325\08 criou mais cinco priori-
base municipal. A primeira LOS regulamenta o SUS em todo o país dades no Pacto pela Vida passando a totalizar onze prioridades. As
definindo seus princípios e diretrizes, que contemplam a universa- cinco prioridades estabelecidas foram: Saúde do Trabalhador; Saú-
lidade, a integralidade da assistência, equidade, descentralização e de Mental; Fortalecimento da capacidade de resposta do sistema
a participação da comunidade. Estabelece condições para o nortea- de saúde às pessoas com deficiência; Atenção integral às pessoas
mento do gerenciamento e sobre as condições para a promoção, em situação ou risco de violência; Saúde do Homem. O Pacto em
proteção, recuperação da saúde, organização e funcionamento dos Defesa do SUS expressa os compromissos entre os gestores com a
serviços de saúde. A segunda regulamenta a participação da socie- consolidação do processo da Reforma Sanitária Brasileira e o Pacto
dade na formulação das políticas de saúde, dispõe sobre as transfe- de Gestão do SUS estabelece as responsabilidades dos entes fede-
rências intergovernamentais de recursos através do Fundo Nacional rados para o fortalecimento da gestão em seus eixos de ação.
de Saúde, que faria o repasse de forma regular e automática para Já em 2011 com o Decreto Nº 7.508\2011 o TCG foi substituído
cada esfera. pelo Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde (COAP) tendo
As Normas Operacionais Básicas (NOB’s) foram instituídas para como objetivo a organização e a integração das ações e serviços de
nortear a operacionalização do sistema, sendo a mais importante a saúde, sob responsabilidade dos entes federativos com a finalidade
NOB\SUS 01-96, pois a partir dela o município tornou-se o principal de garantir a integralidade das ações e serviços de saúde a partir da
responsável por atender às necessidades do cidadão com requisitos definição de responsabilidades, indicadores e metas de saúde, de-
de Gestão Plena da Atenção Básica e Gestão Plena do Sistema Mu- sempenho, recursos financeiros. Reconhece a atenção básica como
nicipal, onde o Município passou a ser responsável, dentre outras, porta de entrada do sistema e como eixo principal das Redes de
pela elaboração da programação municipal dos serviços básicos de Atenção a Saúde (RAS) que constitui um conjunto de ações e servi-
saúde bem como pelos serviços de referência ambulatorial especia- ços de saúde articulados em níveis de complexidade crescente com
lizada e hospitalar; executar ações básicas de vigilância sanitária e o intuito de garantir a integralidade tendo como porta de entrada
epidemiológica, de média e alta complexidade; manter os sistemas para tais ações a atenção primária; urgência e emergência; atenção
de cadastros atualizados e avaliar o impacto das ações do sistema psicossocial e serviços especiais de acesso aberto e a partir destes
sobre as condições de saúde da população e do meio ambiente. partem as referências para serviços de atenção ambulatorial e hos-
A União passou a normalizar e financiar e os Municípios a exe- pitalar especializado.
cutar as ações. Criou a Programação Pactuada e Integrada (PPI), Por fim, o SUS representa o maior projeto de inclusão social no
que tinha como objetivo alocar recursos de assistência à saúde nos Brasil, proporcionando aos que antes eram excluídos pelo sistema
estados e municípios, como forma de universalizar o acesso da po- garantia de assistência à saúde. Entretanto a despeito da mesma im-
pulação a todo tipo de assistência nos três níveis de complexidade. ponência do projeto gigantescas dificuldades são encontradas em
Também foi criado o Piso de Atenção Básica (PAB), que alterou o fi- sua implementação relacionadas ao financiamento, regulação inci-
nanciamento das ações básicas, tornando necessário uma avaliação piente, precárias condições de trabalho falhas na descentralização.
da aplicação dos recursos e impactos. Necessitando de um fortalecimento no que se refere à regulação da
A NOAS – SUS 01\2001 transformou o modelo vigente de gestão assistência a saúde no país que apesar dos avanços obtidos com a
em Gestão Plena da Atenção Básica – Ampliada (GPAB-A), amplian- descentralização explicita problemas como leitos insuficientes para
do o debate sobre a municipalização egionalização e instituindo o atender a demanda da população que necessita de atendimentos,
Plano Diretor de Regionalização (PDR), que estabeleceu as diretri- principalmente de média e alta complexidade, que em sua maioria
zes para uma assistência regionalizada, organizada, de forma que o estão sob o poder do setor privado complementar e filantrópico
território estadual foi dividido em regiões e microrregiões de saúde
tendo como base critérios sanitários, epidemiológicos, geográficos, Políticas de saúde no SUS
sociais, a oferta de serviços e a acessibilidade que a população tem
aos mesmos, bem como o diagnóstico dos problemas de saúde Política Nacional de Atenção Básica
mais frequentes e das prioridades de intervenção. E o Plano Diretor
de Investimentos (PDI), que define as prioridades e estabelece as Breve contextualização histórica
estratégias no que se refere a investimentos dos recursos de modo A Atenção Primária à Saúde (APS) tem sido pensada, interna-
que seja prestada assistência em todos os níveis de complexidade. cionalmente, desde o início do século XX, com destaque para o seu
Em 2006 com o Pacto pela Saúde, foram extintas essas formas desenho no relatório Dawson de 1922, materializando- -a na figura
de habilitação, através da Portaria Nº 399\2006 passando a vigorar do médico geral, no contexto de uma rede territorial de serviços nu-
o Termo de Compromisso e Gestão (TCG) que contemplava atribui- cleada a partir dos centros primários, com autoridade sanitária re-
ções dos entes federados bem como os indicadores de monitora- gional. Esta formulação serviu de base para a construção do Serviço
mento e avaliação dos Pactos. Nas suas três dimensões, Pacto pela Nacional de Saúde inglês, importante referência de sistema público
Vida, em Defesa do SUS e Gestão do SUS, foram estabelecidas no e universal de saúde.
primeiro seis prioridades representando o compromisso entre os A conferência internacional de Alma Ata, no final dos anos
gestores do SUS em torno de prioridades que apresentem impacto 1970, influenciada pelo cenário político econômico dos países e pe-
sobre a situação de saúde da população brasileira, que são: Saúde los custos do setor saúde, incorporou elementos dessas experiên-
do Idoso; Controle do câncer de colo do útero e da mama; Redução cias, propondo os cuidados primários em saúde como elemento
da mortalidade infantil e materna; Fortalecimento da capacidade central para mudanças no setor saúde e na vida social.
275
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Uma importante formulação concebeu a APS a partir da ideia trabalho em equipe multiprofissional, as ações individuais e coleti-
de atributos, destacando-se: o primeiro contato, a abordagem inte- vas e a retaguarda do apoio matricial. Salientam-se as característi-
gral, a continuidade e longitudinalidade, a coordenação, a aborda- cas de porta de entrada preferencial da APS, centro de comunicação
gem familiar e comunitária, referindo-se ao grau de busca da APS e base de ordenamento nas Redes de Atenção à Saúde (RAS).
pelas pessoas, ao grau de vinculação e relacionamento entre APS e
pessoas sob seus cuidados, à capacidade resolutiva e ao poder para Edições da PNAB e a revisão atual
coordenar casos e fluxos assistenciais. A primeira edição de uma Política Nacional de Atenção Básica
Diferentes países do mundo têm APS no seu sistema de saúde. (PNAB) oficial data de 2006, com a segunda edição em 2011 e a
O ideário de Alma Ata é frequentemente destacado como marco terceira em 2017. Em 2006, no contexto do Pacto pela Saúde, foi
fundamental para a APS, com traduções e incorporações hetero- publicada a primeira edição da PNAB. Esta ampliou o escopo e a
gêneas nos países, ora como APS seletiva, ora como APS ampliada, concepção da AB ao incorporar os atributos da atenção primária
com forte influência de organismos internacionais. à saúde abrangente, reconheceu a Saúde da Família como modelo
substitutivo e de reorganização da AB. Além disso, revisou as fun-
APS no Brasil ções das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e reconheceu a existên-
As primeiras experiências de APS no Brasil datam da primeira cia de diferentes modalidades segundo o modelo de organização
metade do século XX. Desde 1990, com base na nova ordem social predominante – UBS com ou sem ESF.
definida na Constituição de 1988, que assumiu a saúde como direi- Os anos 2000 estiveram fortemente marcados pela expansão
to de cidadania e criou o Sistema Único de Saúde (SUS), busca-se da ESF nos grandes centros urbanos, pela incorporação e ampliação
implementar os princípios e diretrizes formulados pelo movimento das Equipes de Saúde Bucal (ESB) e pela criação dos Núcleos de
da reforma sanitária. Nesse período, o esforço de construção de um Apoio à Saúde da Família (Nasf). A despeito disso, importantes nós
novo modelo assistencial se materializou, na APS, com a implan- críticos persistiram, tais como a infraestrutura inadequada, o sub-
tação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (Pacs), do financiamento, o modelo assistencial e a dificuldade de atração de
Programa de Saúde da Família (PSF), em um contexto e conjuntura profissionais médicos.
política e econômica desfavoráveis a políticas universalistas. A par- Em 2011, iniciou-se um movimento de mudança da PNAB, em
tir de 1996, o PSF passou a ser apresentado como estratégia de mu- boa parte baseado no enfrentamento desses nós críticos. De fato,
dança do modelo assistencial, superando o conceito de programa podemos reconhecer na PNAB de 2011, no Requalifica UBS (refor-
vinculado a uma noção de verticalidade e transitoriedade, sendo mas, ampliações, construções e informatização), no Programa de
a Estratégia Saúde da Família (ESF) uma certa fusão do Pacs com Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ) e no Programa Mais
o PSF. Inicialmente com caráter seletivo, as Equipes de Saúde da Médicos (PMM) expressões desse esforço. Nesse período também
Família (EqSF) tiveram crescimento marcante em cidades pequenas foi criado o e-SUS AB, incluindo a oferta de prontuário eletrônico
e em regiões mais pobres, expandindo-se com maior força para os gratuito para os municípios, e foram alteradas normativas visando à
grandes centros nos anos 2000. sua ampliação e ao aprimoramento. Destaca-se ainda a criação de
diferentes modalidades de equipes (consultórios na rua, ribeirinhas
A introdução dos Pisos de Atenção Básica (PAB) fixo e variável e fluviais, por exemplo). Suportando tais iniciativas, observou-se
na década de 1990, operados por meio de repasse financeiro fundo incremento no orçamento federal da AB, notadamente no PAB Va-
a fundo, facilitou a implantação da ESF e superou a lógica de finan- riável e em recursos de investimento. O PMM (no seu componen-
ciamento por convênio e produção (procedimentos), tendo caráter te provimento), por exemplo, possibilitou maior permanência dos
relativamente redistributivo e tipo de repasse mais global por meio médicos nas EqSF em áreas de maior vulnerabilização social, bem
do PAB Fixo (per capita) e do PAB-Variável (por adesão a componen- como o crescimento da cobertura da ESF, em um processo de dis-
tes da ESF). puta com a categoria médica e que provocou debates na sociedade,
Com evolução progressiva ao longo dos anos, em 2017, havia para além do SUS e da saúde coletiva. Em 2013, havia 34.724 EqSF
42.467 EqSF implantadas no Brasil, cobrindo uma população esti- implantadas no Brasil, passando a 40.162 EqSF em 2015, com esta
mada de 131.349.487 pessoas ou 63.73%. Há evidências de impac- velocidade de crescimento do número de equipes provavelmente
tos da APS no Brasil, com destaque para a mortalidade infantil.A se devendo ao PMM. Essas iniciativas, no entanto, não foram sufi-
APS no Brasil conta com a particularidade de ter em suas equipes o cientes para o enfrentamento do subfinanciamento, da precariza-
Agente Comunitário de Saúde (ACS) como membro de uma equipe ção das relações de trabalho, da formação profissional, da integra-
multiprofissional. Diversos estudos abordam a singularidade do ACS ção da AB com os demais componentes das redes de atenção, entre
na experiência brasileira e a importância do seu trabalho, sobretu- outros, em parte pelo tempo de sua implantação, em parte por seus
do em áreas mais pobres. limites.
No Brasil, além de formulações internacionais, também têm É sabido que houve aumento da carga de responsabilidade
sido agregados outras perspectivas, conceitos e diretrizes – a APS dos municípios no financiamento do SUS ao longo dos anos e, no
é também chamada de Atenção Básica (AB), como significante de caso da AB, a baixa participação do ente estadual. A isso se somam
resistência à APS seletiva. Neste artigo, tais termos serão utilizados reivindicações dos gestores municipais por mais autonomia, apoio
como equivalentes. Nas formulações do Pacs e do PSF, tanto a vigi- financeiro e provimento de médicos, em parte, contempladas, no
lância em saúde como as práticas de promoção à saúde (incluindo âmbito da AB, com as mudanças na PNAB a partir de 2011. Ainda
a intersetorialidade) e prevenção de doenças tiveram centralidade, assim, há evidências que apontam que a maior parte da responsa-
com pouca relevância dada às práticas clínicas, subsumidas por bilidade pelo custeio das EqSF tem se concentrado nos municípios.
ações programáticas em saúde com destacada normatividade. Des- Os anos 2014 e 2015, por sua vez, foram marcados pelo início
tacam-se no Brasil, também, as noções de acolhimento, vínculo e de grave crise política e econômica no País, com impacto sobre o
adscrição de clientela, territorialização e responsabilidade sanitária, SUS. No plano da AB, destaca-se também a aprovação, em 2014,
276
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
da lei federal com definição de piso salarial e obrigatoriedade de teve a primeira revisão (PT 2488), havia o objetivo de atender às
contratação apenas por vínculos diretos, para os ACS e Agentes representações dos municípios, principalmente do estado de São
de Combate às Endemias (ACE), recaindo mais fortemente sobre Paulo, para que o MS [Ministério da Saúde] financiasse outras mo-
os municípios, em virtude da responsabilidade pela contratação de dalidades, principalmente com outras conformações das especiali-
profissionais. Em 2016, ganha destaque na agenda nacional a revi- dades médicas e suas cargas horárias. Foram criadas mais de sete
são da PNAB, precedida por uma portaria que facultava a presença modalidades de financiamento distintas, sem nenhum efeito. Ou
de ACS nas equipes e incorporação de mais técnicos de enferma- seja, se mudou a proposta inicial da exigência da carga horária inte-
gem, em pouco tempo revogada diante das repercussões políticas. gral dos médicos e não houve crescimento no número de equipes
Houve também mudança nas regras do financiamento federal do nessas diferentes modalidades”, ponderou.
SUS em 2017, encaminhando-se para o fim dos seis blocos de finan- Em entrevista ao OAPS, Claunara explicou que a nova porta-
ciamento do SUS (um deles da AB) e para a adoção de dois grandes ria implicará no enfraquecimento da Estratégia de Saúde da Famí-
blocos, de custeio e investimento. Além disso, foi aprovada a Emen- lia (ESF) como modo de organização da Atenção Primária à Saúde
da Constitucional nº 9520 em 2016, congelando os gastos com saú- (APS) no Brasil. “Ao chegar perto de 40 mil equipes de Saúde da
de e educação por 20 anos, prevendo reajustes apenas com base na Família no país, o momento era de verificar a baixa resolutividade
inflação. Nesse período, o então ministro da saúde adotou o discur- dessas equipes por não fazerem parte da rede de atenção, esta-
so de eficiência econômica, defendeu a criação de planos privados rem isoladas e sem capacidade de integrar o cuidado da APS com o
populares de saúde, bem como a desregulação do setor de saúde restante da rede. Era o momento de avançar nos mecanismos que
suplementar. Em meio a esse cenário e diante de muitos protestos, garantissem a regulação do acesso ao SUS a partir das equipes de
foi pactuada na Comissão Intergestores Tripartite (CIT) do SUS, em ESF. Com a atual proposta, voltamos a não ter um modelo de APS
2017, uma mudança instituindo uma nova PNAB. para o Brasil”, criticou.
Entidades que atuam em defesa da saúde também criticaram
O que muda com a nova PNAB as alterações introduzidas pela reformulação da PNAB. Em nota
Até o processo de reformulação, a Atenção Básica (AB) era conjunta, Cebes, Abrasco e Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio
orientada pela política aprovada pela Portaria nº 2.488, de 21 de Arouca – ENSP/Fiocruz repudiaram o rompimento da centralidade
outubro de 2011, e publicada em 2012, tendo na Saúde da Família da ESF na organização do SUS, com a instituição de financiamento
sua estratégia prioritária para expansão e consolidação da AB. Para específico para outros modelos que não contemplam a composição
Ana Luiza Queiroz Vilasbôas (ISC/UFBA), coordenadora do eixo de de equipes multiprofissionais com a presença de agentes comunitá-
Estudos e Pesquisas em Atenção Primária e Promoção da Saúde do rios de saúde; “a implantação de modo simplificado, ou reducionis-
OAPS, a principal mudança com a nova portaria está justamente ta, de uma ‘relação nacional de ações e serviços essenciais e estra-
na possibilidade de financiamento federal de outras modalidades tégicos da AB’”; e a ameaça à presença do Agente Comunitário de
de atenção básica. “É contraditório com o próprio texto da nova Saúde como integrante e profissional da atenção básica.
portaria que afirma a ‘prioridade’ para a Estratégia Saúde da Fa- O Conselho Nacional de Saúde (CNS), a Sociedade Brasileira de
mília. Prioridade significa financiamento diferenciado para garantia Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) e o Cofen – Conselho
de equipe em tempo integral na unidade de saúde, o que facilita a Federal de Enfermagem, além de pesquisadores/as como Ligia Gio-
construção de vínculo entre profissionais e os usuários. Isso é muito vanella, Luiz Augusto Facchini e José Gomes Temporão também ex-
importante para médicos/as, enfermeiros/as e dentistas”, avalia. puseram, ao longo do processo de reformulação, os riscos dos no-
vos termos da PNAB. Em entrevista ao OAPS no mês de outubro, a
A pesquisadora apontou as principais fragilidades do novo tex- pesquisadora Rosana Aquino destacou que o modelo da ESF – para
to da política, que classificou como “ambíguo”. Entre os problemas ela, “uma das grandes inovações do SUS” – traz melhores indica-
identificados está a integração do trabalho dos Agentes Comunitá- dores de saúde, quando comparado a outros modelos de Atenção
rios de Saúde (ACS) com o dos Agentes de Endemias, que não são Básica, e os resultados positivos mostrados por diversas pesquisas
obrigatórios nas equipes de Saúde da Família, o que pode levar ao estão agora sob ameaça de uma redução ainda maior de financia-
aumento das atribuições dos ACS, sem redução da média de famí- mento. “Quando o ministro da Saúde diz que ‘é para financiar o
lias sob sua responsabilidade; a falta de determinação na portaria mundo real’, o mundo real dele provavelmente é o mundo da aten-
do número de ACS por equipe – “na crise de financiamento que vi- ção à saúde de menor qualidade e uma Atenção Primária focalizada
vemos, o mínimo tende a ser o máximo”; a definição de atribuições e seletiva, então estamos realmente bastante apreensivos”.
de “regulação” de filas para consultas e exames especializados de Já marcado por polêmicas, o cenário foi sacudido ainda pela
usuários/as da AB ao Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf); e ação movida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e acatada
ainda a não obrigatoriedade da presença de profissionais de saúde pelo juiz Renato Borelli, da 20ª Vara Federal de Brasília, que estabe-
bucal na composição das equipes de Atenção Básica. lece restrições à atuação de enfermeiros/as, impedindo a realização
“São necessárias mudanças na atual PNAB para fazer avançar a de consultas e solicitação de exames sem prévia autorização médi-
ampliação da cobertura e promover a melhoria da qualidade do cui- ca. Na avaliação do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e do
dado. Entretanto, a ‘nova’ PNAB parece ir na direção contrária, pois Ministério da Saúde, a liminar prejudica o trabalho de Atenção Bá-
não amplia a composição das equipes de atenção básica tradicional, sica, com impactos diretos no funcionamento das unidades básicas
pois o ACS não é obrigatório nesse formato. No caso das equipes de de saúde e na garantia do acesso da população. Por outro lado, o
Saúde da Família, também não há avanço, pois a equipe de saúde CFM argumenta que a decisão judicial não compromete o funciona-
bucal é opcional”, critica Ana Luiza. mento dos programas de saúde pública orientados pela PNAB por
Já a professora Claunara Schilling Mendonça, ex-diretora do não impedir a realização de práticas terapêuticas, procedimentos e
Departamento de Atenção Básica/Ministério da Saúde, acredita exames, desde que solicitados previamente por médicos/as.
que a portaria de 2011 prescindia de revisão. “Em 2011, quando
277
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
A PNAB completa está disponível em: anos, sendo que este limite etário pode ser alterado conforme as
http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/pnab.pdf normas e rotinas do estabelecimento de saúde responsável pelo
atendimento.
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança
A PNAISC está estruturada em princípios, diretrizes e eixos Dos princípios:
estratégicos. Tem como objetivo promover e proteger a saúde da 1) Direito à vida e à saúde – Princípio fundamental garantido
criança e o aleitamento materno, mediante atenção e cuidados in- mediante o acesso universal e igualitário às ações e aos serviços
tegrais e integrados, da gestação aos nove anos de vida, com espe- para a promoção, proteção integral e recuperação da saúde, por
cial atenção à primeira infância e às populações de maior vulnera- meio da efetivação de políticas públicas que permitam o nascimen-
bilidade, visando à redução da morbimortalidade e um ambiente to, crescimento e desenvolvimento sadios e harmoniosos, em con-
facilitador à vida com condições dignas de existência e pleno de- dições dignas de existência, livre de qualquer forma de violência
senvolvimento. (BRASIL, 1988; 1990b).
Os princípios que orientam esta política afirmam a garantia do 2) Prioridade absoluta da criança – Princípio constitucional que
direito à vida e à saúde, o acesso universal de todas as crianças à compreende a primazia da criança de receber proteção e cuidado
saúde, a equidade, a integralidade do cuidado, a humanização da em quaisquer circunstâncias, ter precedência de atendimento nos
atenção e a gestão participativa. Propõe diretrizes norteadoras para serviços de saúde e preferência nas políticas sociais e em toda a
a elaboração de planos e projetos de saúde voltados às crianças, rede de cuidado e de proteção social existente no território, assim
como a gestão interfederativa, a organização de ações e os servi- como a destinação privilegiada de recursos em todas as políticas
ços de saúde ofertados pelos diversos níveis e redes temáticas de públicas (BRASIL, 1988; 1990b).
atenção à saúde; promoção da saúde, qualificação de gestores e 3) Acesso universal à saúde – Direito de toda criança receber
trabalhadores; fomento à autonomia do cuidado e corresponsabili- atenção e cuidado necessários e dever da política de saúde, por
zação de trabalhadores e familiares; intersetorialidade; pesquisa e meio dos equipamentos de saúde, de atender às demandas da
produção de conhecimento e monitoramento e avaliação das ações comunidade, propiciando o acolhimento, a escuta qualificada dos
implementadas. Os sete eixos estratégicos que compõem a políti- problemas e a avaliação com classificação de risco e vulnerabilida-
ca têm a finalidade de orientar gestores e trabalhadores sobre as des sociais, propondo o cuidado singularizado e o encaminhamento
ações e serviços de saúde da criança no território, a partir dos de- responsável, quando necessário, para a rede de atenção (BRASIL,
terminantes sociais e condicionantes para garantir o direito à vida e 2005a).
à saúde, visando à efetivação de medidas que permitam a integrali- 4) Integralidade do cuidado – Princípio do SUS que trata da
dade da atenção e o pleno desenvolvimento da criança e a redução atenção global da criança, contemplando todas as ações de promo-
de vulnerabilidades e riscos. Suas ações se organizam a partir das ção, de prevenção, de tratamento, de reabilitação e de cuidado, de
Redes de Atenção à Saúde (RAS), com ênfase para as redes temá- modo a prover resposta satisfatória na produção do cuidado, não
ticas, em especial à Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil se restringindo apenas às demandas apresentadas. Compreende,
e tendo a Atenção Básica (AB) como ordenadora e coordenadora ainda, a garantia de acesso a todos os níveis de atenção, mediante
das ações e do cuidado no território, e servirão de fio condutor do a integração dos serviços, da Rede de Atenção à Saúde, coordenada
cuidado, transversalizando a Rede de Atenção à Saúde, com ações e pela Atenção Básica, com o acompanhamento de toda a trajetória
estratégias voltadas à criança, na busca da integralidade, por meio da criança em uma rede de cuidados e proteção social, por meio de
de linhas de cuidado e metodologias de intervenção, o que pode estratégias como linhas de cuidado e outras, envolvendo a família e
se constituir em um grande diferencial a favor da saúde da criança. as políticas sociais básicas no território (BRASIL, 2005a).
A normativa busca integrar diversas ações já existentes para 5) Equidade em saúde – Igualdade da atenção à saúde, sem
atendimento a essa população. O objetivo é promover o aleitamen- privilégios ou preconceitos, mediante a definição de prioridades
to materno e a saúde da criança, a partir da gestação aos nove anos de ações e serviços de acordo com as demandas de cada um, com
de vida, com especial atenção à primeira infância (zero a cinco anos) maior alocação dos recursos onde e para aqueles com maior neces-
e às populações de maior vulnerabilidade, como crianças com defi- sidade. Dá-se por meio de mecanismo de indução de políticas ou
ciência, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, e em situação de rua. programas para populações vulneráveis, em condição de iniquida-
des em saúde, por meio do diálogo entre governo e sociedade ci-
Eixos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da vil, envolvendo integrantes dos diversos órgãos e setores da Saúde,
Criança pesquisadores e lideranças de movimentos sociais (BRASIL, 2005a;
Os sete eixos estratégicos da Política são: atenção humanizada BRASIL; CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS MUNICIPAIS DE
e qualificada à gestação, parto, nascimento e recém-nascido; alei- SAÚDE, 2009).
tamento materno e alimentação complementar saudável; promo- 6) Ambiente facilitador à vida – Princípio que se refere ao es-
ção e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento inte- tabelecimento e à qualidade do vínculo entre criança e sua mãe/fa-
gral; atenção a crianças com agravos prevalentes na infância e com mília/cuidadores e também destes com os profissionais que atuam
doenças crônicas; atenção à criança em situação de violências, pre- em diferentes espaços que a criança percorre em seus territórios
venção de acidentes e promoção da cultura de paz; atenção à saúde vivenciais para a conquista do desenvolvimento integral (PENEL-
de crianças com deficiência ou em situações específicas e de vulne- LO, 2013). Esse ambiente se constitui a partir da compreensão da
rabilidade; vigilância e prevenção do óbito infantil, fetal e materno. relação entre indivíduo e sociedade, interagindo por um desen-
A Política considera como criança a pessoa na faixa etária de volvimento permeado pelo cuidado essencial, abrangendo toda
zero a nove anos e a primeira infância, de zero a cinco anos. Para a comunidade em que vive. Este princípio é a nova mentalidade
atendimento em serviços de pediatria no Sistema Único de Saúde que aporta, sustenta e dá suporte à ação de todos os implicados na
(SUS), são contempladas crianças e adolescentes menores de 16 Atenção Integral à Saúde da Criança.
278
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
7) Humanização da atenção – Princípio que busca qualificar as 5) Qualificação da força de trabalho – Qualificação da força de
práticas do cuidado, mediante soluções concretas para os proble- trabalho para a prática de cuidado, da cogestão e da participação
mas reais vividos no processo de produção de saúde, de forma cria- nos espaços de controle social, do trabalho em equipe e da arti-
tiva e inclusiva, com acolhimento, gestão participativa e cogestão, culação dos diversos saberes e intervenções dos profissionais, efe-
clínica ampliada, valorização do trabalhador, defesa dos direitos dos tivando-se o trabalho solidário e compartilhado para produção de
usuários e ambiência, estabelecimento de vínculos solidários entre resposta qualificada às necessidades em saúde da família.
humanos, valorização dos diferentes sujeitos implicados, desde eta- 6) Planejamento no desenvolvimento de ações – Aperfeiçoa-
pas iniciais da vida, buscando a corresponsabilidade entre usuários, mento das estratégias de planejamento na execução das ações da
trabalhadores e gestores neste processo, a construção de redes de Pnaisc, a partir das evidências epidemiológicas, definição de indi-
cooperação e a participação coletiva, fomentando a transversalida- cadores e metas, com articulação necessária entre as diversas po-
de e a grupalidade, assumindo a relação indissociável entre atenção líticas sociais, iniciativas de setores e da comunidade, de forma a
e gestão no cuidado em saúde (BRASIL, 2006a). tornar mais efetivas as intervenções no território, que extrapolem
8) Gestão participativa e controle social – Preceito constitucio- as questões específicas de saúde.
nal e um princípio do SUS, com o papel de fomentar a democracia 7) Incentivo à pesquisa e à produção de conhecimento – In-
representativa e criar as condições para o desenvolvimento da cida- centivo à pesquisa e à produção de conhecimento para o desen-
dania ativa. São canais institucionais, de diálogo social, as audiên- volvimento de conhecimento com apoio à pesquisa, à inovação
cias públicas, as conferências e os conselhos de saúde em todas as e à tecnologia no campo da Atenção Integral à Saúde da Criança,
esferas de governo que conferem à gestão do SUS realismo, trans- possibilitando a geração de evidências e instrumentos necessários
parência, comprometimento coletivo e efetividade dos resultados. para a implementação da Pnaisc, sempre respeitando a diversida-
No caso da saúde da criança, o Brasil possui um extenso leque de de étnico-cultural, aplicada ao processo de formulação de políticas
entidades da sociedade civil que militam pela causa da infância e do públicas.
aleitamento materno e que podem potencializar a implementação 8) Monitoramento e avaliação – Fortalecimento do monitora-
deste princípio (BRASIL; CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS mento e avaliação das ações e das estratégias da Pnaisc, com apri-
MUNICIPAIS DE SAÚDE, 2009; MARTINS, 2010). moramento permanente dos sistemas de informação e instrumen-
tos de gestão, que garantam a verificação a qualquer tempo, em
Das Diretrizes: que medida os objetivos estão sendo alcançados, a que custo, quais
1) Gestão interfederativa das ações de saúde da criança – Fo- os processos ou efeitos (previstos ou não, desejáveis ou não), indi-
mento à gestão para implementação da Pnaisc, por meio da viabili- cando novos rumos, mais efetividade e satisfação.
zação de parcerias e articulação interfederativa, com instrumentos 9) Intersetorialidade – Promoção de ações intersetoriais para a
necessários para fortalecer a convergência dela com os planos de superação da fragmentação das políticas sociais no território, me-
saúde e os planos intersetoriais e específicos que dizem respeito à diante a articulação entre agentes, setores e instituições para am-
criança. pliar a interação, favorecendo espaços compartilhados de decisões,
2) Organização das ações e dos serviços em Redes de Atenção que gerem efeitos positivos na produção de saúde e de cidadania.
à Saúde – Fomento e apoio à organização de ações e aos serviços
da Rede de Atenção à Saúde, com a articulação de profissionais e Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa
serviços de saúde, mediante estratégias como o estabelecimento Atualmente o aumento da população idosa constitui tema de
de linhas de cuidado, a troca de informações e saberes, a tomada debate entre pesquisadores, gestores sociais e políticos de vários
horizontal de decisões, baseada na solidariedade e na colaboração, países do mundo. Como evidenciado por diversos estudos, a popu-
garantindo a continuidade do cuidado com a criança e a completa lação brasileira, também, vem envelhecendo de forma rápida. Essa
resolução dos problemas colocados, de forma a contribuir para a mudança na estrutura da população é caracterizada pela transição
integralidade da atenção e a proteção da criança. demográfica, ou seja, o processo de alteração de uma situação com
3) Promoção da Saúde – Reconhecimento da Promoção da altas taxas de fecundidade e mortalidade para outra com baixas
Saúde como conjunto de estratégias e forma de produzir saúde na taxas desses indicadores. Outro fator a interferir na estrutura da
busca da equidade, da melhoria da qualidade de vida e saúde, com população é o migratório, sobretudo com a entrada de estrangei-
ações intrassetoriais e intersetoriais, voltadas para o desenvolvi- ros, no final dos séculos XIX e XX, no Brasil. Nesta nova realidade,
mento da pessoa humana, do ambiente e hábitos de vida saudáveis a redução das taxas de fecundidade e a diminuição da mortalidade
e o enfrentamento da morbimortalidade por doenças crônicas não geram maior expectativa de vida, e levam a nova configuração da
transmissíveis, envolvendo o trabalho em rede em todos os espaços população no país. Surge, assim, a transição epidemiológica, defi-
de produção de saberes e práticas do cuidado nas dimensões indivi- nida pelo declínio das doenças infecto-parasitárias e aumento das
duais, coletivas e sociais (BRASIL, 2014h). doenças crônicas não-transmissíveis.
4) Fomento à autonomia e corresponsabilidade da família – Neste sentido, os dados demográficos mostram a necessidade
Fomento à autonomia e corresponsabilidade da família, princípio urgente dos gestores e políticos brasileiros observarem o panorama
constitucional, que deve ser estimulado e apoiado pelo poder pú- dessa transição, e, em conjunto com a sociedade, num breve espa-
blico, com informações qualificadas sobre os principais problemas ço de tempo, discutirem as políticas públicas de atenção ao idoso.
de saúde e orientações sobre o processo de educação dos filhos, Urge serem estas implementadas em todas as esferas sociais, por
o estabelecimento de limites educacionais sem violência e os cui- técnicos e profissionais que atendem essa parcela populacional,
dados com a criança, com especial foco nas etapas iniciais da vida, particularmente os da área de enfermagem.O processo de enve-
para a efetivação de seus direitos. lhecimento populacional tem sido discutido e acompanhado por
medidas, destinadas a proteger os idosos, como cidadãos cada vez
mais presentes nas sociedades mundiais. Até a década de 70, do
279
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
século XX, no Brasil, os idosos recebiam, principalmente, atenção das transformações indicadas por essa política. E, por fim, cabe aos
de cunho caritativo de instituições não-governamentais, tais como poderes públicos e à sociedade em geral a aplicação dessa lei, con-
entidades religiosas e filantrópicas. No aspecto legislativo, os idosos siderando as diferenças econômicas, sociais, além das regionais.
foram mencionados em alguns artigos, decretos-leis, leis, portarias, De acordo com o estabelecido, a mencionada lei determinou
entre outras. Sobressaem artigos do Código Civil (1916),4 do Código a articulação e integração de setores ministeriais e uma secretaria
Penal (1940),4 do Código Eleitoral (1965), além da Lei Nº 6.179 de para a elaboração de um Plano de Ação Governamental para a In-
1974,4 que criou a Renda Mensal Vitalícia, e de outros decretos-leis tegração da Política Nacional do Idoso (PNI). Esse Plano de Ação foi
e portarias relacionadas, particularmente, com as questões da apo- composto por nove órgãos: Ministério da Previdência e Assistência
sentadoria. Porém, a primeira Assembleia Mundial sobre o Envelhe- Social; Educação e Desporto; Justiça; Cultura; Trabalho e Emprego;
cimento, da Organização das Nações Unidas (ONU), pode ser citada Saúde; Esporte e Turismo; Planejamento, Orçamento e Gestão e Se-
como o marco mundial que iniciou as discussões direcionadas aos cretaria de Desenvolvimento Urbano.
idosos. Este fórum ocorreu em Viena - Áustria, no período de 26 de Para colocar em prática as ações preconizadas pela PNI, foi ela-
julho a 6 de agosto de 1982, com representação de 124 países de borado o Plano de Ação Conjunta, que trata de ações preventivas,
todo o mundo, incluindo o Brasil. Neste fórum foi estabelecido um curativas e promocionais, com vistas à melhor qualidade de vida
Plano de Ação para o Envelhecimento, posteriormente publicado do idoso.
em Nova Iorque, em 1983. O referido Plano de Ação norteia ações integradas de forma a
O Plano de Ação para o Envelhecimento foi considerado um viabilizar a implementação da PNI. Neste sentido, define ações e
importante documento de estratégias e recomendações prioritá- estratégias para cada órgão setorial, negocia recursos financeiros
rias nos aspectos econômicos, sociais e culturais do processo de entre as três esferas de governo e acompanha, controla e avalia as
envelhecimento de uma população, e deveria ser baseado na De- ações. Para isto, foram traçadas as seguintes diretrizes:
claração Universal dos Direitos Humanos. Estabeleceram-se, então, - Viabilizar formas alternativas de participação, ocupação e con-
alguns princípios para a implementação de políticas para o envelhe- vívio do idoso, proporcionando-lhe integração às demais gerações;
cimento sob responsabilidade de cada país. Destes princípios, des- - Promover a participação e a integração do idoso, por inter-
tacam-se os seguintes: a estipulação da família, nas suas diversas médio de suas organizações representativas na formulação, imple-
formas e estruturas, como a unidade fundamental mantenedora mentação e avaliação das políticas, planos, programas e projetos a
e protetora dos idosos; cabe ainda às políticas sociais prepararem serem desenvolvidos;
as populações para os estágios mais tardios da vida, assegurando - Priorizar o atendimento ao idoso por intermédio de suas pró-
assistência integral de ordem física, psicológica, cultural, religiosa/ prias famílias, em detrimento do atendimento asilar, à exceção dos
espiritual, econômica, de saúde, entre outros aspectos. Ainda como idosos que não possuam condições de garantir sua sobrevivência;
estabelecido, aos idosos deve ser proporcionada a oportunidade de - Descentralizar as ações político-administrativas;
contribuição para o desenvolvimento dos seus países, bem como a - Capacitar e reciclar os recursos humanos nas áreas de geria-
participação ativa na formulação e implementação de políticas, in- tria e gerontologia;
cluindo aquelas a eles direcionadas; os órgãos governamentais, não - Implementar o sistema de informações com vistas à divulga-
governamentais e todos que têm responsabilidades com os idosos ção da política, dos serviços oferecidos, dos planos e programas em
devem dispensar atenção especial aos grupos vulneráveis, particu- cada nível de governo;
larmente aos mais pobres, mulheres e residentes em áreas rurais. - Estabelecer mecanismos que favoreçam a divulgação de infor-
Este Plano de Ação almejou sensibilizar os governos e socie- mações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais do
dades para a necessidade de direcionar políticas públicas voltadas envelhecimento;
para os idosos, bem como alertar para o desenvolvimento de estu- - Priorizar o atendimento ao idoso em órgãos públicos e priva-
dos futuros sobre os aspectos do envelhecimento. dos prestadores de serviço;
Em reconhecimento à importância do envelhecimento popu- - Apoiar estudos e pesquisas sobre as questões do envelheci-
lacional no Brasil, em 4 de janeiro de 1994 foi aprovada a Lei Nº mento.
8.842/1994, que estabelece a Política Nacional do Idoso, posterior-
mente regulamentada pelo Decreto Nº 1.948/96.6 Esta Lei tem por De acordo com o Plano de Ação, os órgãos setoriais, usando
finalidade assegurar direitos sociais que garantam a promoção da de suas atribuições e baseados na PNI, realizam as ações conforme
autonomia, integração e participação efetiva do idoso na socieda- as demandas da população de idosos. Na busca da implementação
de, de modo a exercer sua cidadania. Como previsto nesta lei, esti- desta política, têm ocorrido vários fóruns, formais e informais, de
pula-se o limite de 60 anos e mais, de idade, para uma pessoa ser discussão a respeito dos direitos dos idosos de forma a efetivá-la e
considerada idosa. ampliá-la.
Como parte de suas estratégias, referida política estabelece, Como observado, a referida política apresenta ações inovado-
entre suas diretrizes, a descentralização de suas ações por intermé- ras usadas como referência na abordagem do idoso. Entretanto, a
dio dos órgãos setoriais nos estados e municípios, em parceria com garantia dos direitos sociais para este ator não tem se concretizado
entidades governamentais e não-governamentais. efetivamente, pois esta vem sendo implementada no Brasil de for-
A Lei em discussão rege-se por determinados princípios, tais ma lenta e gradativa. Diante desta situação, cabe, pois aos idosos,
como: assegurar ao idoso todos os direitos de cidadania, sendo a às famílias e à sociedade em geral a conscientização e participação
família, a sociedade e o Estado os responsáveis em garantir sua par- política na busca da justiça social para a garantia plena dos direitos
ticipação na comunidade, defender sua dignidade, bem-estar e di- teoricamente assegurados.
reito à vida. O processo de envelhecimento diz respeito à sociedade Inserida neste contexto, a enfermagem tem atuado efetiva-
de forma geral e o idoso não deve sofrer discriminação de nenhuma mente para mudar esta realidade, sobretudo no referido à saúde
natureza, bem como deve ser o principal agente e o destinatário e educação. Na área da saúde, a enfermagem tem contribuído na
280
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
abordagem do cuidado em aspectos do processo de envelhecimen- As mulheres em idade reprodutiva, ou seja, de 10 a 49 anos,
to (capacidade funcional, independência e autonomia, fragilidade, representam 65% da população feminina brasileira. Apesar dessa
avaliação cognitiva, engajamento social, qualidade de vida, promo- predominância ainda são observadas importantes diferenças de gê-
ção de saúde, prevenção de doenças, entre outros); e da senilidade nero. As diferenças se traduzem nas discrepâncias salariais entre os
(condições crônicas de saúde, situações de urgências e emergên- sexos, na maior ocupação de cargos de chefias pelo sexo masculino
cias, atenção domiciliar, entre outros). e na violência contra a mulher, e se refletem, também, nas leis, po-
Também na área da educação, a enfermagem se destaca. Por líticas e práticas sociais que repercutem desigualdades de classe,
exemplo, em cumprimento à PNI, tem propiciado relevante contri- idade, dentre outras.
buição sobretudo em pesquisas científicas. Atualmente os cursos Nesse contexto, a necessidade da integralização da atenção é
de Graduação em Enfermagem abrangem temas sobre gerontologia percebida, sendo fortalecida com as discussões sobre a “promoção
e geriatria, com a finalidade de capacitar e qualificar enfermeiros da saúde”, como norte para as práticas, organização e gestão da
para atender/cuidar de idosos. Da mesma forma, cursos de Pós- saúde no Brasil. O termo promoção da saúde, definido em 1986,
-Graduação lato e stricto sensu têm sido direcionados para a área durante a I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde em
de conhecimento na atenção ao idoso, bem como na realização de Ottawa, no Canadá, estava associado aos elementos da atenção pri-
pesquisas científicas cada vez mais ampliadas nos últimos anos. En- mária. A responsabilidade pela saúde era exclusivamente desse se-
fim, a enfermagem desempenha papel determinante na execução e tor e se baseava no modelo biomédico, voltado à atividade curativa,
cumprimento das leis direcionadas aos idosos, promovendo a inclu- de forma individualizada e, portanto, de baixo impacto. Mais tarde,
são social indiscriminada (sexo, cor, raça, religião, classe social) dos o termo Promoção da Saúde passou a ser associado à qualidade de
idosos, respeitando suas capacidades e limitações. Contudo, ainda vida e o sujeito passou a ter autonomia sobre seu estado de saúde.
há muito a conquistar nessa área de conhecimento. Assim, tornou-se urgente a necessidade de elaboração de polí-
Com base nestas considerações, o estudo ora elaborado busca ticas públicas que atendessem a mulher em todos os aspectos e não
descrever e avaliar a Política Nacional de Atenção ao Idoso no Brasil apenas no aspecto reprodutivo. Com a crescente consolidação das
e sua relação com a enfermagem. Para isto procedeu-se a uma re- ações de promoção da saúde, o cenário mundial vem sendo trans-
visão bibliográfica do tema, o que permitiu sua caracterização sob formado e uma ênfase é dada à visão integral dos indivíduos. Logo,
a forma de leis, decretos, textos e artigos em periódicos e livros. vislumbrando a influência desse tema nas políticas públicas nacio-
nais voltadas à saúde da mulher, decidiu-se pela realização deste
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Mulheres estudo que objetiva analisar, epistemologicamente, os pressupos-
A partir das primeiras décadas do século XX, a atenção à saúde tos da promoção da saúde na atual Política Nacional de Atenção
da mulher passou a fazer parte das políticas públicas de saúde no Integral à Saúde da Mulher (PNAISM).
Brasil. No entanto, nas décadas de 30, 40 e 50 a mulher era vista Trata-se de uma reflexão baseada nos princípios e diretrizes
basicamente como mãe e “dona de casa”. Na década de 60, diver- da PNAISM, lançada em 2004 e nos pressupostos da promoção da
sos países se voltaram para controlar a natalidade e destacou-se a saúde apresentados nas sete cartas resultantes das conferências
atenção do Estado às mulheres em idade fértil. Assim, os programas mundiais sobre promoção da saúde (cinco de caráter internacional:
de “controle da natalidade” ganharam destaque no final da década Ottawa, Adelaide, Sundsvall, Jakarta e México e uma de caráter de
de 70, negando atenção às reais necessidades ou preferências das caráter sub-regional: Bogotá). As referidas fontes foram identifi-
mulheres, que ficavam relegadas em segundo plano. cadas, lidas, fichadas e interpretadas pelas autoras no período de
Ainda na década de 60, o movimento feminista brasileiro des- maio a julho de 2007, que se utilizaram um raciocínio crítico, ba-
contente com as diferenças de gênero e com o enfoque reducio- seado em suas próprias experiências como profissionais de saúde
nista dado à mulher, reivindicou a não-hierarquização das especi- atuantes na área da saúde da mulher e como mulheres, bem como
ficidades de homens e mulheres, propondo igualdade social que adotando ideias de outros autores.
reconhecesse as diferenças, hoje expressa na ideia de “equidade
de gênero”. Assim, emergiu um novo conceito de saúde da mulher, Resgate histórico
rompendo com o paradigma vigente centrado na função controlista No início do século XX e até meados da década de 70, a mulher
da reprodução, pontuando a saúde sexual e reprodutiva como um era assistida de forma restrita, reducionista e fragmentada, com
direito. ações voltadas ao ciclo gravídico-puerperal. As ações eram verti-
Esse engajamento das mulheres na luta pelos seus direitos e calizadas e centralizadoras, o que distanciava as medidas adotadas
por melhores condições de vida impulsionou a adoção das primei- das reais necessidades dessa população-alvo. Nesse sentido, o mo-
ras medidas oficiais do Ministério da Saúde voltadas para a assis- vimento feminista iniciou uma série de reivindicações com o obje-
tência integral à saúde da mulher. Apesar das limitações impostas tivo de incorporar às políticas de saúde da mulher outras questões
pelo governo militar da época, o movimento feminista se reorgani- como gênero, trabalho, desigualdade, sexualidade, anticoncepção e
zou incitando debates que denunciavam a precariedade da saúde prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.
da mulher brasileira. Na década de 70, foi então lançado o Programa de Saúde Ma-
Tal precariedade referia-se, principalmente, à redução de ações terno-Infantil, no qual o planejamento familiar figurava sob o enfo-
que contemplavam à mulher sob um único aspecto, relacionado que da paternidade responsável, objetivando reduzir as elevadas
ao seu estado gravídico-puerperal, tendo em vista que apenas em taxas de morbidade e de mortalidade infantil e materna. Em 1983,
meados da década de 80 é que foram incorporadas ações de caráter o governo brasileiro lançou o Programa de Assistência Integral
integral à saúde da mulher. Na atualidade, o conceito de saúde da à Saúde da Mulher (PAISM) que adotava, com dificuldade, políti-
mulher é amplo, contemplando os direitos humanos e a cidadania cas e medidas para permitir o acesso da população aos meios de
como necessidades de atenção. contracepção e buscava integralizar essa assistência, incorporando
medidas educativas, preventivas, de promoção, diagnóstico, trata-
281
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
mento e recuperação nos âmbitos da ginecologia; pré-natal, parto e Nota-se que as políticas de incentivo e apoio à saúde da mulher
puerpério; climatério; planejamento familiar; doenças sexualmente representaram temáticas importantes em várias das Conferências
transmissíveis e câncer de mama e colo de útero. de Saúde, apesar da valorização da fase reprodutiva observada nas
primeiras discussões.
O Movimento da Reforma Sanitária, iniciado na década de 80, in- Essa retrospectiva traz à tona o olhar reducionista do conceito
fluenciou a implementação do PAISM que se caracterizou pelas propos- de saúde baseado no modelo biomédico, como ausência de enfer-
tas de descentralização, hierarquização e regionalização dos serviços. midades, e o conceito de doença como uma fatalidade. Assim, o
Uma análise das ações de atenção à saúde da mulher realizada advento da Promoção da Saúde propõe o surgimento de um novo
de 1998 a 2002 afirmou que apesar do discurso integralizador, ain- paradigma que objetiva romper com a visão fatalista da doença, ar-
da assim, as políticas públicas voltadas a essa área do cuidado, man- raigada culturalmente, e aprofundar o conceito de saúde sob uma
tiveram a ênfase na resolução de problemas de ordem reprodutiva. nova ótica.
Por outro lado, pôde ser observada a incorporação de um novo Esse novo paradigma rompe a visão curativa e centralizadora
tema, a redução da violência sexual, demonstrando a preocupação do modelo biomédico até então vigente, o que por atuar com en-
dessas políticas em atender a mulher em seus aspectos mais gerais. foque individualista, curativo e baseado na doença é de alto custo
Em 2004, o Ministério da Saúde elaborou o documento da Po- e baixo impacto. O novo paradigma proposto baseia-se na promo-
lítica Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher – Princípios ção da saúde e não na cura de doenças, tem caráter coletivo, de
e Diretrizes (PNAISM). Este reflete o compromisso com a imple- autonomia e corresponsabilidade dos sujeitos, e atua por meio de
mentação de ações em saúde da mulher, garantindo seus direitos parcerias com educação, ação social e trabalho.
e reduzindo agravos por causas preveníveis e evitáveis, enfocando,
principalmente, a atenção obstétrica, o planejamento familiar, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher ver-
atenção ao abortamento inseguro e o combate à violência domés- sus Promoção da Saúde
tica e sexual. Tendo em vista a necessidade de mudanças no cenário nacional
referente às políticas voltadas à saúde da mulher, que englobe os
A promoção da saúde no contexto da saúde da mulher pressupostos da promoção da saúde, foi formulada a PNAISM para
O modelo de Promoção da Saúde surgiu na década de 70 no nortear as ações de atenção à saúde da mulher de 2004 a 2007.
Canadá, baseando-se em quatro polos: a biologia humana; o siste- Os princípios e diretrizes dessa nova proposta foram discuti-
ma de organização dos serviços; o ambiente social, psicológico e fí- dos em parceria com diversos segmentos da sociedade, em especial
sico; e o estilo de vida, que está em amplo processo de construção. com o movimento de mulheres, o movimento negro e o de traba-
A Conferência de Alma-Ata, realizada em 1978, estabeleceu em lhadores rurais, sociedades científicas, pesquisadores e estudiosos
sua Declaração a atenção à assistência materno-infantil como prio- da área, organizações não-governamentais, gestores do SUS e agên-
ridade, com inclusão do planejamento familiar, relacionado não só cias de cooperação internacional. Esta foi uma iniciativa importante
a aspectos procriativos, mas abrangendo o conjunto das necessida- do Governo e que se baseia nos princípios da promoção, respei-
des de uma família, tais como: saúde, educação, moradia e lazer. A II tando a autonomia dos sujeitos em questão e tornando-os coauto-
Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, realizada em res de um processo decisório relevante para a categoria. Também
Adelaide em 1988, teve como tema central políticas públicas vol- demonstra a preocupação em adotar políticas consoantes às ne-
tadas para a saúde. Foram apresentadas quatro áreas prioritárias cessidades das mulheres brasileiras e, assim, reduzir os índices de
para promoção de ações, e o apoio à saúde da mulher foi considera- morbidade e de mortalidade por causas preveníveis e evitáveis, o
do como uma destas áreas, com destaque para a valorização da mu- que não aconteceu na gênese das políticas anteriores.
lher trabalhadora e a igualdade de direitos na divisão do trabalho. Além disso, este documento consolida avanços no campo dos
No entanto, somente em 1986 foi estabelecido o conceito de direitos sexuais e reprodutivos, com ênfase na melhoria da atenção
Promoção da Saúde, durante a Conferência de Ottawa, como sendo obstétrica, no planejamento familiar, na atenção ao abortamento
o processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria inseguro e no combate à violência doméstica e sexual. Propõem-se
da qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no também a contemplar áreas como: prevenção e tratamento de mu-
controle desse processo. lheres vivendo com HIV/aids e as portadoras de doenças crônicas
A Conferência de Sundsvall (1991) que teve como tema central não transmissíveis e de câncer ginecológico.
a criação de Ambientes Saudáveis à Saúde, reconheceu a mulher Esta nova política foi formulada tendo por base a avaliação
como peça importante para a sua construção ao considerar o cresci- das políticas anteriores e, a partir de então, buscou preencher as
mento populacional uma ameaça ao desenvolvimento sustentável, lacunas deixadas, como: climatério/menopausa; queixas gineco-
tendo em vista a superpovoação de ambientes insalubres e o au- lógicas; infertilidade e reprodução assistida; saúde da mulher na
mento da pobreza, o que incrementou a discussão sobre políticas adolescência; doenças crônico-degenerativas; saúde ocupacional;
de saúde da mulher e sobre o planejamento familiar. saúde mental; doenças infectocontagiosas, bem como, a atenção
Com o objetivo de adaptar os princípios, estratégias e compro- às mulheres rurais, com deficiência, negras, indígenas, presidiárias
missos relacionados ao sucesso da saúde da população à realidade e lésbicas.
dos países latinos, aconteceu a Declaração de Bogotá (1992). Par- Embora tenham sido observados avanços em relação à imple-
tindo dos pressupostos já estabelecidos pelas conferências anterio- mentação dessas políticas, percebe-se ainda a exclusão de certos
res, este evento estabeleceu como compromisso para a promoção segmentos da sociedade, tendo em vista, que grupos como o das
da saúde, a eliminação dos efeitos diferenciais da iniquidade sobre prostitutas, que representa uma população extremamente vulne-
a mulher, considerando-a como um elo indispensável na promoção rável a vários agravos, como: doenças sexualmente transmissíveis,
da saúde na América Latina. violência sexual e a própria marginalização da sociedade, conti-
nuam alijados das propostas de atenção à saúde.
282
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
283
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Política Nacional para a População em Situação de Rua V - desenvolver ações educativas permanentes que contribuam
Os direitos humanos tem sido um assunto cada vez mais re- para a formação de cultura de respeito, ética e solidariedade en-
corrente mundialmente, buscando-se formas de por em prática a tre a população em situação de rua e os demais grupos sociais, de
igualdade e assegurar os direitos coletivos e individuais de cada modo a resguardar a observância aos direitos humanos;
pessoa. Dentro desse assunto encontra-se a população em situação VI - incentivar a pesquisa, produção e divulgação de conheci-
de rua em situação de desamparo. Neste trabalho tentou-se anali- mentos sobre a população em situação de rua, contemplando a di-
sar a Política Pública para População de Rua e a elaboração de uma versidade humana em toda a sua amplitude étnico-racial, sexual, de
proposta de monitoramento da política na visão da SDH e outra na gênero e geracional, nas diversas áreas do conhecimento;
visão do Movimento Nacional da População em Situação de Rua. VII - implantar centros de defesa dos direitos humanos para a
Este relatório é resultado de uma pesquisa qualitativa segun- população em situação de rua;
do as observações participantes e pesquisa documental. O objetivo VIII - incentivar a criação, divulgação e disponibilização de ca-
desta análise é uma tentativa de desenho de um monitoramento nais de comunicação para o recebimento de denúncias de violência
adequado para a melhor implementação da PNPSR. contra a população em situação de rua, bem como de sugestões
Para a melhor formulação de monitoramento da política é ne- para o aperfeiçoamento e melhoria das políticas públicas voltadas
cessário primeiramente situar a política em contexto de inserção. para este segmento;
Esta política se encontra em âmbito nacional dentro da Secretaria IX - proporcionar o acesso das pessoas em situação de rua aos
de Direitos Humanos da Presidência da República, sendo a SDH a benefícios previdenciários e assistenciais e aos programas de trans-
sua formuladora, e nesse contexto o Poder Federativo pode firmar ferência de renda, na forma da legislação específica; .
convênios entre entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos X - criar meios de articulação entre o Sistema Único de Assis-
para alcançar os objetivos da política. Os ministérios colaboradores tência Social e o Sistema Único de Saúde para qualificar a oferta de
da PNPSR são: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à serviços;
Fome, Ministério da Justiça, Ministério das Cidades, Ministério da XI - adotar padrão básico de qualidade, segurança e conforto
Educação, Ministério da Cultura, Ministério do Trabalho e Emprego na estruturação e reestruturação dos serviços de acolhimento tem-
e Ministério da Saúde. porários, de acordo com o disposto no art. 8º;
A SDH/PR tem como principais funções: coordenar a Política XII - implementar centros de referência especializados para
Nacional de Direitos Humanos; prestar assessoria à Presidência da atendimento da população em situação de rua, no âmbito da pro-
Republica na formulação de Políticas Públicas para cidadania, crian- teção social especial do Sistema Único de Assistência Social;
ça, idoso, adolescente, minorias e da pessoa com deficiência; arti- XIII - implementar ações de segurança alimentar e nutricional
cular e promover projetos sobre direitos humanos e exerce função suficientes para proporcionar acesso permanente à alimentação
de ouvidoria da cidadania, criança, adolescente, idosos, minorias e pela população em situação de rua à alimentação, com qualidade; e
pessoa com deficiência. XIV - disponibilizar programas de qualificação profissional para
Já na PNPR a SDH/PR tem como função assegurar o cumpri- as pessoas em situação de rua, com o objetivo de propiciar o seu
mento das ações e alcance de objetivos da política, coordenar a im- acesso ao mercado de trabalho.
plementação das ações com os órgãos que participam da política, O programa ocorre entre a União, por meio da SDH/PR e os
elaborar plano de trabalho . detalhado e cronograma de execução demais entes federativos que decidirem aderir ao programa públi-
a ser seguido pela política, monitorar a política juntamente com o co. As funções dos estados são garantir sustentabilidade das ações,
Comitê de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacio- elaborar política distrital junto com o comitê para população em
nal para a População em Situação de Rua e o Comitê Gestor Inter- situação de rua, promover constituição e fortalecimento da rede
setorial e por fim dar publicidade às ações da Política Nacional para de atendimento à população em situação de rua em situação de
População em Situação de Rua. violência na área distrital, instituir comitê gestor intersetorial com
representantes desse segmento da população e implementar o pla-
A Política Nacional para População em Situação de Rua foi de- no de trabalho com detalhamento das ações políticas que devem
cretada no dia 23 de dezembro de 2009 por meio do decreto núme- ser implementadas de acordo com o cronograma de execução.
ro 7.053, encontrada na área de assistência social da federação. Os Segundo a Revista Direitos Humanos, o massacre de morado-
objetivos da Política são apontados no artigo 7º a seguir: res de rua na Praça da Sé, em São Paulo, foi o ponto de reflexão para
I - assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos serviços o início da articulação e organização das pessoas em situação de
e programas que integram as políticas públicas de saúde, educação, rua em âmbito nacional. Ocorreram inúmeros casos de violência e
previdência, assistência social, moradia, segurança, cultura, espor- massacre de pessoas em situação de rua em todo o país, a partir daí
te, lazer, trabalho e renda; o Movimento Nacional da População em Situação de Rua começou
II - garantir a formação e capacitação permanente de profissio- a pressionar a Presidência da República para que fosse formulada
nais e gestores para atuação no desenvolvimento de políticas públi- uma política de assistência e proteção à população em situação de
cas intersetoriais, transversais e intergovernamentais direcionadas rua, então em 2009 surge a PNPSR. (REVISTA DIREITOS HUMANOS,
às pessoas em situação de rua; 2012).
III - instituir a contagem oficial da população em situação de A Política Nacional para População em Situação de Rua consi-
rua; dera pessoa em situação de rua quem estiver em nível de pobreza
IV - produzir, sistematizar e disseminar dados e indicadores so- extrema, vinculo familiares interrompidos ou fragilizados ou com
ciais, econômicos e culturais sobre a rede existente de cobertura de moradia convencional regular inexistente. Essa política é descentra-
serviços públicos à população em situação de rua; lizada e articulada entre a União e os entes federativos que aderi-
rem a política. Os entes federativos que aderirem a política devem
constituir comitês intersetoriais de acompanhamento e monito-
284
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
ramento para o acompanhamento da execução das ações estabe- A estruturação da rede de atenção às urgências tem se mos-
lecidas pela política e avaliação delas. O comitê intersetorial terá trado organizada, como previsto nas normas da PNAU, porém as
as seguintes atribuições: elaborar planos de ação para a política, unidades de urgência estão sobrecarregadas em suas atividades
acompanhar e monitorar a política, propor formas de divulgação da (Granja et al., 2013). A PNAU exige ação coordenada, pactuada e
política, acompanhar os Estados na implementação desta e avaliar com a presença de comissões intergestores. No entanto, alguns es-
a política. tudos vêm indicando as discrepâncias na condução da política entre
Deve-se construir também os chamados Centros Pop, ou seja, os estados que compõem as regiões brasileiras (Albuquerque; Sá;
Centros de Referência Especializado para População em Situação Araújo Júnior, 2016; Machado et al., 2014). Os estados do Norte e
de Rua. Esses constituem centros de atendimento à população em Nordeste do país foram apontados como os de menor capacidade
situação de rua, onde a população de rua tem oportunidade de to- de gestão.
mar banho, lavar roupas, fazer dois lanches diários e participar de Outros estudos têm mostrado que a abrangência e o alcance
oficinas manuais, como por exemplo, artesanato. Porém não po- do planejamento não coincidem necessariamente com os limites
dem pernoitar nos Centros Pop. No DF já existem dois Centros Pop do município (Albuquerque; Sá; Araújo Júnior, 2016; Duarte et al.,
em funcionamento. 2015), o que envolve questões de federalismo, cuja base é a coope-
Como a população em situação de rua não tem acesso à saúde, ração entre entes federados (Arretche, 2010).
cultura, lazer, educação e empregos, a política deseja alcançar esses No federalismo brasileiro, os municípios tiveram aumento de
pontos principais. suas funções a partir da Constituição de 1988 (Arretche, 2010). En-
A PNPSR é uma política de adesão, assim, nem todos os esta- tretanto, o que se manifestou foi uma eficiência técnica abaixo do
dos do país participam dela, somente os que assim desejarem. De- necessário para os novos papéis assumidos, tanto na gestão dos
vido a isso houve um grande período de tempo até que o primeiro serviços quanto na capacidade de financiamento, continuando de-
estado brasileiro percebesse a grande importância desta política e pendentes das transferências federais (Arretche; Marques, 2014).
a aderisse. A primeira adesão foi feita pela DF no dia 16 de Abril A PNAU foi criada de forma regionalizada em regime de coges-
de 2013, seguida por São Paulo, Alagoas e Pernambuco. Esses fo- tão (pacto entre os três entes da federação). A baixa capacidade de
ram os estados que aderiram até o momento em que a pesquisa gestão dos municípios e a pouca cooperação entre as três esferas
foi realizada, portanto a política é recente e está em fase inicial de de governo têm comprometido os resultados dessa política (Duarte
implementação. et al., 2015). Isto dificulta o alcance dos objetivos, que é atender aos
princípios da universalidade e da equidade.
O decreto que institui a Política Nacional para a População em A baixa capacidade técnica e financeira dos municípios tem
Situação de Rua está disponível em: gerado comportamentos de maximização de benefícios individuais
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/ (município), mesmo em arenas decisórias que discutem e decidem
d7053.htm sobre bens públicos e coletivos. Tal comportamento pode revelar
um modelo federalista com influência negativa nos resultados da
Política Nacional de Urgência e Emergência política pública. É um modelo que ao mesmo tempo em que trans-
Os sistemas públicos de caráter universalista têm como princi- fere responsabilidades aos entes subnacionais, com autonomia
pal função garantir direitos; a saúde é um destes sistemas. No Bra- para gestão de suas políticas, centraliza as principais decisões na
sil, consiste um dos grandes desafios aos formuladores e gestores esfera federal (Abrucio, 2005; Almeida, 2005; Arretche, 2010). Isso
das políticas públicas. A ineficiência dos serviços oferecidos dificulta pode apontar para a maior presença de conflitos do que de coope-
a garantia dos direitos previstos constitucionalmente, entre outros ração federativa nas relações entre os entes federados.
fatores, pelas grandes disparidades entre as regiões do país (econô- A PNAU é uma política baseada em serviços descentralizados,
micas, sociais e logísticas). em regime de gestão pactuada entre as três esferas de governo, ten-
No intuito de reduzir os vazios assistenciais e servir como in- do os municípios autonomia relativa (Granja et al., 2013; Uchimu-
terface entre a atenção básica e a média e alta complexidade, em ra et al., 2015). Nesse contexto, surge a questão que direcionou a
2003, foi criada a Política Nacional de Atenção às Urgências – PNAU pesquisa: quais as principais dificuldades de coordenação federati-
(Brasil, 2003b). Esta também busca atender outras necessidades, va na gestão da PNAU em municípios da Região Metropolitana de
como implantação dos sistemas de regulação e estruturação de Belém-PA?
uma rede regionalizada e hierarquizada. Tal regulamentação visa Parte da literatura que trata sobre política pública de saúde
garantir atendimento integral aos pacientes, desde atenção básica (Duarte et al., 2015; Gomes et al., 2014), especialmente sobre a
até serviços de maior complexidade e meios adicionais de atenção, PNAU, tem voltado atenção para seus principais entraves e descon-
como o atendimento domiciliar (Granja et al., 2013; Uchimura et sidera tanto a influência das decisões tomadas nas arenas políticas
al., 2015). quanto as perspectivas de gestores e executores desta política, nas
Trabalho recente sobre política de urgência comparou o que três esferas (Albuquerque; Sá; Arruda Junior, 2016). A relevância da
foi planejado e o que foi executado, as características estruturais, pesquisa é buscar revelar papéis e funções dos gestores, nas três
o planejamento das unidades de pronto atendimento, o perfil dos esferas responsáveis pela gestão da política, além das dificuldades
usuários, a demanda, a capacidade de atendimento e os tipos de do formato dessa gestão (pactuação) e os conflitos políticos em seu
encaminhamento para a retaguarda hospitalar (Uchimura et al., interior. Estes são fatores a que a literatura nacional ainda tem dado
2015). Os resultados indicaram que a falta de integração das Unida- pouca atenção.
des de Pronto Atendimento 24 horas (UPA) com a rede de urgência
estadual afeta diretamente a resolutividade das mesmas. O PNAU completo está disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nac_urgencias.
pdf
285
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares apoiar os Estados Membros no aproveitamento da potencial con-
A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares tribuição das Terapias e Medicinas Complementares (T&CM) para a
(PNPIC) foi criada no Brasil em 2006, após aprovação unânime pelo saúde, o bem-estar e os cuidados de saúde centrados nas pessoas
Conselho Nacional de Saúde. e promover o uso seguro e eficaz do T&CM através da regulamen-
Seu o objetivo é implementar tratamentos alternativos à me- tação de produtos, práticas e profissionais. Ainda segundo esta pro-
dicina baseada em evidências na rede de saúde pública do Brasil, posição, esses objetivos serão alcançados com a implementação de
através do Sistema Único de Saúde (SUS). A princípio contava com três objetivos estratégicos:
apenas 5 procedimentos. Mas em 2017 foram implementados 14 1) construção da base de conhecimento e formulação de polí-
tipos de procedimentos. Em 2018 houve uma nova expansão do ticas nacionais;
programa, quando foram incluídos 10 novos procedimentos. 2) fortalecimento da segurança, qualidade e eficácia através da
O campo das práticas integrativas e complementares contem- regulamentação; e,
pla os sistemas médicos complexos e os recursos terapêuticos, tam- 3) promoção da cobertura universal de saúde, integrando servi-
bém chamado de medicina tradicional e complementar/alternativa ços de T&CM e assistência à saúde em sistemas nacionais de saúde.
(MT/MCA) pela Organização Mundial da Saúde (OMS). As catego-
rias «medicina alternativa», «medicina tradicional» de certo modo O PNPIC completo está disponível em:
se sobrepõem. Considerando o processo histórico da formação da http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_prati-
medicina cosmopolita ocidental, a partir do momento que alguma cas_integrativas_complementares_2ed.pdf
conquista ou prática específica possui evidência comprovada, tende
a ser incorporada e passa a fazer parte da medicina hegemônica ou Política Nacional para Prevenção e Controle do Câncer
convencional, perdendo o status de «alternativa». Os historiadores O número de casos de câncer vem crescendo anualmente, re-
Lyons e Petrucelli (1997) assim descrevem o acontecido às diversas presentando a segunda causa de morte no Brasil e no mundo. “Res-
conquistas de cada povo ou etnias, tornado mais compreensíveis as ponde por 20% dos óbitos na Europa, com mais de três milhões de
razões de sua permanência ou extinção. novos casos e 1,7 milhões de óbitos por ano” (INCA, 2012, P. 15).
Os aspectos pseudocientíficos e as violações do código de ética O câncer constitui-se numa importante questão de saúde pública,
médica das práticas promovidas pela PNPIC foram duramente criti- tanto nos países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvi-
cados pelo médico e popularizador da ciência Drauzio Varella, pelo mento, em virtude de seu crescente impacto sobre a rede de servi-
Conselho Federal de Medicina e pelo Conselho Regional de Medici- ços e sobre a agenda de ações que atendam à exigibilidade da aten-
na do Estado de São Paulo. ção. Diante de estimativas de redução da ocorrência de câncer em
Em 2017, 1,4 milhão de procedimentos individuais foram re- até 30% dos casos, por meio de medidas preventivas, evidencia-se
gistrados como práticas integrativas e complementares pelo SUS, a necessidade de políticas sanitárias mais abrangentes e robustas
sendo estimado que 5 milhões de procedimentos desse tipo são (FIOCRUZ, 2012). Inclusive, em algumas situações, o câncer pode
realizados anualmente se somados os atendimentos coletivos. A ser totalmente prevenível, caso do mesotelioma de origem ocupa-
acupuntura era o método mais empregado no SUS, com cerca de cional, conforme assinala o documento ‘Diretrizes para a vigilância
707 mil atendimentos em 2017. Além da ampla difusão dos mé- do câncer relacionado ao trabalho’ (INCA, 2012).
todos, cerca de 30 mil profissionais foram capacitados na área em Chama a atenção a desigualdade dessa situação, uma vez que
2017. mais de 70% de todas as mortes por câncer ocorrem nos países em
Ricardo Barros, ministro da saúde à época da ampliação do pro- vias de desenvolvimento. A carga do câncer continuará aumentan-
grama em 2018, declarou que o Brasil é o país que oferece mais su- do nos países em desenvolvimento e crescerá ainda mais em paí-
porte a essa modalidade: “Somos, agora, o país que oferece o maior ses desenvolvidos se medidas preventivas não forem amplamente
número de práticas integrativas disponíveis na atenção básica. O aplicadas. Nestes, os tipos de câncer mais frequentes na população
SUS financia esse trabalho com a transferência para os municípios, masculina são os de próstata, pulmão, cólon e reto; e mama, có-
e nós passamos então a caminhar um pouco na direção do fazer e lon e reto e pulmão entre as mulheres. Nos países em desenvolvi-
não cuidar da doença.” mento, os três cânceres mais frequentes em homens são pulmão,
A proposição de inclusão das práticas complementares de saú- estômago e fígado; e mama, colo do útero e pulmão nas mulheres
de derivadas, ou não, da medicina tradicional, no Brasil pode tomar (INCA, 2014).
como marco histórico as resoluções da VIII Conferência Nacional Segundo estimativas de incidência de câncer do projeto Globo-
de Saúde que deliberou em seu relatório final pela “introdução de can 2012, da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC
práticas alternativas de assistência à saúde no âmbito dos serviços – International Agency for Research on Cancer), da Organização
de saúde. Mundial da Saúde (OMS), houve 14,1 milhões de casos novos de
A Organização Mundial da Saúde - OMS considera que a medi- câncer e um total de 8,2 milhões de mortes por câncer em todo o
cina tradicional (TM) é o principal pilar da prestação de serviços de mundo, em 2012. A OMS estima, ainda, para o ano de 2030, 21,4
saúde ou serve como complemento. Como já visto aqui e expresso milhões de casos incidentes, 13,2 milhões de mortes e 75 milhões
em documentos da OMS, em alguns países, a medicina tradicional de pessoas vivas, anualmente, com câncer (INCA, 2014).
ou a medicina não convencional pode ser denominada medicina No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Go-
complementar (CM). A atual proposição desta instituição publica- mes da Silva (Inca), que é o responsável pela política nacional in-
da como recomendações na publicação «Estratégia de Medicina tegrada para o controle e a prevenção do câncer, estimou para o
Tradicional da OMS para 2014-2023» pretende informar e auxi- biênio de 2014/2015 a ocorrência de 576 mil casos novos. O câncer
liar os líderes da assistência à saúde a desenvolver soluções que de pele do tipo não melanoma (182 mil casos novos) é o mais inci-
contribuam para uma visão mais ampla da melhoria da saúde e da dente na população brasileira, seguido pelos tumores da próstata
autonomia do paciente. A estratégia tem dois objetivos principais: (69 mil), mama feminina (57 mil), cólon e reto (33 mil), pulmão (27
286
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
mil), estômago (20 mil) e colo do útero (15 mil), acompanhando o grupos vulneráveis, como os idosos e os de baixas escolaridade e
mesmo perfil da magnitude observada para a América Latina (INCA, renda. O plano tem como objetivo principal ações que visam ao for-
2014). Segundo o IBGE (2009), o aumento da expectativa de vida, talecimento da capacidade de resposta do Sistema Único de Saúde
o envelhecimento e a mudança do comportamento da densidade (SUS) e à ampliação das ações de cuidado integral para a prevenção
demográfica do Brasil projetam estimativas de que o grupo etário e o controle das DCNT (BRASIL, 2011).
de 60 anos ou mais, duplicará em termos absolutos no período de Com relação à questão específica do câncer, a atenção oncoló-
2000 a 2020, ao passar de 13,9 para 28,3 milhões, elevando-se, em gica no Brasil, de 2005 a 2013, foi norteada pela Portaria nº 2.439/
2050, para 64 milhões. GM, de 08/12/2005, que instituiu a Política Nacional de Atenção
O envelhecimento populacional constitui um dos maiores de- Oncológica. Para dar-lhe cumprimento, nesse período, o SUS es-
safios para a saúde pública contemporânea, especialmente em paí- truturou respostas para melhor organizar a atenção ao câncer, le-
ses em desenvolvimento, onde esse fenômeno ocorre em ambien- vando-se em conta as dimensões e as heterogeneidades cultural
tes de pobreza e grande desigualdade social. Em 2025, estima-se e socioeconômica do Brasil. Nesse sentido, o Ministério da Saúde
que, dos dez países do mundo com o maior número de idosos, cinco publicou, além da Portaria citada, a de nº 741, de 19/12/2005. En-
serão países em desenvolvimento, entre eles, o Brasil (LIMA-COSTA, quanto a primeira adotava os parâmetros da instituição da política:
2003). promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e cui-
Em recente documento sobre a prospecção estratégica do dados paliativos, a ser implantada em todas as unidades federadas,
sistema de saúde brasileiro para 2030, elaborado pela Fundação respeitadas as competências das três esferas de gestão (BRASIL,
Oswaldo Cruz, em parceria com outras instituições brasileiras, é 2005A), a segunda determinava novas classificações e requisitos
assinalado que envelhecimento e doenças crônicas, em determi- para os estabelecimentos que tratam câncer (Centros e Unidades
nado momento, para uma determinada população, acionam todos de Alta Complexidade em Oncologia), além de propor parâmetros
os níveis de assistência, “e nenhum deles poderia ser chamado de para o planejamento e a avaliação da Rede de Alta Complexidade
‘resolutivo’ no sentido clássico associado à ideia de cura” (FIOCRUZ, em Oncologia e de estabelecer procedimentos para melhoria das
2012, P. 141). O fato requer a intervenção de distintas especialida- informações sobre a atenção ao câncer (Registro Hospitalar de Cân-
des do campo da saúde em todos os níveis. Além disso, especial- cer – RHC) (BRASIL, 2005B).
mente no nível primário, frequentemente, ultrapassam-se as fron- Coerente com a relevância da questão do câncer, na perspecti-
teiras dos serviços de saúde, abrangendo as áreas sociais e de apoio va da sua atenção integral foi instituída a Lei Presidencial nº 12.732
comunitário. O mesmo documento ainda observa que as demais (22/11/2012), que dispõe sobre o primeiro tratamento de paciente
formas de cuidados em saúde, muitas delas utilizadas em países com neoplasia maligna comprovada e estabelece prazo para seu iní-
desenvolvidos, “como assistência domiciliar, centros de cuidados cio. Para tentar diminuir o retardamento do diagnóstico do câncer,
prolongados e de cuidados paliativos, crescem em importância a lei estabelece prazo para o paciente ser tratado no SUS. Em seu
[...]”, e, apesar desse fato, “[...] sua utilização carece de avaliação e Art. 2º, assegura que o paciente com neoplasia maligna tem direito
planejamento no Brasil”(FIOCRUZ, 2012 P. 141). ao primeiro tratamento no SUS no prazo de até 60 dias, contados a
Atualmente, a doença crônica, progressiva e incurável é a prin- partir do dia em que for firmado o diagnóstico em laudo patológico
cipal causa de incapacidades funcionais, sofrimento e morte, como ou em prazo menor, conforme a necessidade terapêutica do caso,
é o caso do câncer, da Aids e de outras enfermidades que acome- registrada em prontuário único.
tem os diversos órgãos vitais. No caso específico do câncer, que tem E, em 2013, considerando sua importância epidemiológica e
seu crescimento progressivo em todas as faixas etárias e é desco- sua magnitude como problema de saúde pública e a necessidade
berto em estadiamento tardio, no Brasil, com taxas de incidência de redução da mortalidade e da incapacidade, foi editada a nova
crescentes e de incapacidades de toda ordem para os pacientes, Portaria, que trata da política nacional de atenção ao câncer. Guar-
há uma tendência a ocorrerem grandes demandas ao sistema de dando coerência com o eixo III do mencionado Plano de Ações Es-
saúde (FIOCRUZ, 2012; HENNEMANN-KRAUSE, 2012; LIMACOSTA, tratégicas para o Enfrentamento das DCNT, a Portaria nº 874, de
2003). 16/05/2013, (BRASIL, 2013, P. 129) “institui a Política Nacional para
Segundo dados do IBGE (2009), as mais recentes informações a Prevenção e Controle do Câncer na Rede de Atenção à Saúde das
da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) que tratam Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do Sistema Único de Saú-
do tema mostram que, do total da população residente brasileira, de (SUS)” (PNPCC-RAS), sendo da responsabilidade do Ministério
31,3% afirmaram ter pelo menos uma doença crônica, correspon- da Saúde estabelecer diretrizes nacionais para a prevenção e o
dendo a 59,5 milhões de pessoas. O percentual de mulheres com controle do câncer, estimulando a atenção integral e articulando as
doenças crônicas (35,2%) é maior do que o de homens (27,2%), e diversas ações nos três níveis de gestão do SUS. O objetivo central
aumenta com a idade: 45% para a população de 40 a 49 anos de da política é contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos
idade e 79,1% na população de 65 anos ou mais de idade. A doen- usuários com câncer, por meio de ações de promoção, prevenção,
ça crônica mais frequentemente relatada foi a hipertensão arterial detecção precoce, tratamento oportuno e cuidados paliativos. 3
(14,1%), seguida de doenças da coluna (13,5%).
Recentemente, no Brasil, foi lançado o Plano de Ações Estra- A Portaria completa está disponível em:
tégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas não Transmis- http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/
síveis (DCNT), para o decênio 2011-2022, que as aponta como um prt0874_16_05_2013.html
problema de saúde de grande magnitude. São responsáveis por
72% das causas de morte, com destaque para doenças do aparelho 3 Fonte: www.scielo.br/*www.analisepoliticaemsaude.org/www.
circulatório (31,3%), câncer (16,3%), diabetes (5,2%) e doença res- portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/www.biblioteca.cofen.gov.br/www.
piratória crônica (5,8%), e atingem indivíduos de todas as camadas saude.pr.gov.br/www.scielo.br/www.fen.ufg.br/www.unfpa.org.br/
socioeconômicas e, de forma mais intensa, aqueles pertencentes a www.saude.gov.br/www.bdm.unb.br/www.pt.wikipedia.org
287
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Política Nacional de Atenção às Urgências é utilizada até os dias de hoje, e normatiza as ações em âmbito pré
As doenças vêm passando por transformações em seu perfil e intra-hospitalar, definindo e bem caracterizando as atividades de
epidemiológico, tanto em relação à clientela como a sua prevalên- regulação médica de urgência, tanto no aspecto técnico como ges-
cia, tendo-se hoje, no Brasil, o que Mendes denomina como tríplice tor, definindo papéis e pré-requisitos, assim como estabelecendo
carga de doenças. Por um lado temos ainda as doenças de países um treinamento mínimo para o exercício das atividades de regula-
subdesenvolvidos, tais como diarréias, desidratação, doenças tro- ção e de atendimento às situações de urgência e emergência.
picais como a dengue, entre outras, em segundo lugar temos um Em 2003, foi instituída a Política Nacional de Atenção às Ur-
aumento de casos crônicos, como as doenças cardiovasculares, gências, através da PORTARIA Nº 1863/GM e no mesmo dia de sua
predominantemente isquêmicas cardíacas e acidentes vasculares publicação outra portaria, a PORTARIA 1864/GM instituiu o com-
cerebrais, que acompanham ao incremento de expectativa de vida ponente pré-hospitalar móvel da Política Nacional de Atenção às
da população e em terceiro lugar vemos um aumento da violência Urgências, o SAMU – 192.
urbana, tanto interpessoal como de trânsito, com um aumento das Seguiu-se a estas duas portarias uma ampla discussão nacional
taxas de morbi mortalidade nas causas externas. com a estruturação de vários serviços de atendimento móvel de ur-
gência, SAMU-192, em todo o Brasil, com características na maioria
Com este perfil epidemiológico os casos/situações podem ser das vezes municipais, e alguns poucos estaduais, sendo que apenas
considerados (as) crônicos (as), crônicos (as) agudizados (as) e agu- no Estado de Santa Catarina foram implantados, em todo o Esta-
dos (as). Entretanto, embora as situações crônicas representem a do, sete SAMU-192 regionais, com cobertura de 100% do Estado e
maioria das situações, persiste ainda um direcionamento na maio- interligados, através de uma pactuação de investimento e custeio
ria das vezes à resposta aos casos agudos principalmente na rede tripartite.
hospitalar. Coube à atenção básica trabalhar as condições crôni- Entretanto o modelo municipal adotado na Portaria 1863 e
cas, tanto por um enfoque promocional assim como assistencial. 1864 não atendia às necessidades de organização, escala e rede-
Entretanto, na agudização dos casos crônicos acompanhados pela finição de fluxos que se davam na maioria das vezes por pactos
mesma ou nos casos agudos que chegam à atenção básica, outra regionalizados ou estadualizados, traduzidos no Plano Diretor de
esfera deve responder à demanda, desarticulada de todo o trabalho Regionalização e no Plano Pactuado e Integrado. Além disto, as ex-
anteriormente realizado pela estratégia de saúde da família e da periências exitosas de regionalização do SAMU em Santa Catarina
atenção básica. e do Sistema Regional de Atenção às Urgências no Norte de Minas
Embora se creia que a atenção básica, como afirmada na Tese Gerais, racionalizando custos e aumentando a eficiência da respos-
do CONASEMS 2010-2011 tenha a capacidade de ordenação do res- ta às situações de urgência, reforçavam a necessidade de uma legis-
tante do sistema de saúde, dirigida por valores de dignidade huma- lação própria que amparasse as ações regionais.
na, equidade, solidariedade e ética profissional, os casos agudos ou Seguindo-se às discussões em todo o país e os exemplos exi-
agudizações de casos crônicos levam a um ordenamento por outra tosos, em dezembro de 2008, foi publicada a PORTARIA 2.970, que
rede, a rede de atenção às urgências, distinta da primeira, de cará- instituiu diretrizes técnicas e financeiras de fomento à regionaliza-
ter regional, que deve dar respostas ágeis e num tempo muito curto ção da Rede Nacional SAMU 192.
e que deve estar articulada com a rede de atenção básica para sua Até aquele momento, a atenção pré-hospitalar fixa havia ficado
qualidade de resposta. Nesta rede, o ordenamento se faz a partir à margem do avanço da atenção móvel, levando a uma confronta-
de centrais de regulação de urgência regionais que devem executar ção diária entre as organizações móveis que haviam se estruturado
idealmente linhas guia previamente pactuadas e fornecer a respos- e a atenção fixa, desarticulada e sem incentivos para sua estrutu-
ta mais adaptada possível às necessidades agudas. ração.
Assim, dentro da discussão de redes de atenção identifica-se Neste caminho, em 13 de maio de 2009, através da Portaria
que a estruturação paralela de dois eixos (redes) são componentes GM 1020, foram estabelecidas diretrizes para a implantação do
estruturantes para que se atinjam os objetivos de integralidade e componente pré-hospitalar fixo para a organização de redes loco
equidade propostos no SUS: as redes de atenção básica e as redes regionais de atenção integral às urgências em conformidade com a
de atenção às urgências. Política Nacional de Atenção às Urgências.
Faremos aqui uma reflexão do desenvolvimento da Política Na- Entretanto, até o momento não temos ainda no país uma legis-
cional de Atenção às Urgências e Emergências, com seus avanços, lação específica e de amparo tanto legal como financeiro para que a
fragilidades e desafios assim como discorreremos sobre a estrutu- rede hospitalar tenha, além do papel definido e importante na rede
ração da rede de urgência. de atenção às urgências, um fomento a sua organização e melhoria
através de redefinição de papéis e incentivo à educação permanen-
Estruturação legal da Atenção às Urgências te, sendo integrada à rede de atenção às urgências.
A atenção às urgências vem, ao longo dos últimos anos, pas- De maneira semelhante não temos ainda definido uma legisla-
sando por reformulações e sendo estruturada a partir de discussões ção que ampare as ações pós-hospitalares, em relação às urgências,
governamentais e não governamentais, por entidades de classe, re- como as de reabilitação e reinserção social.
presentações sociais, associações focadas nas urgências, emergên- Por último, trabalhando dentro de uma visão de atenção inte-
cias e traumas. gral, o amparo legal para a articulação entre as redes de atenção
A partir de 1998 iniciou-se no Brasil a estruturação de níveis de básica e de urgência ainda carece de debates e legislação própria.
complexidade hospitalares, que incluíam as urgências, na tentativa
inicial de se ter uma resposta aos casos complexos.
No ano de 2002, o Ministério da Saúde publicou a Portaria nº
2048, instituindo o regulamento técnico dos Sistemas deUrgência e
Emergência. Esta portaria, ampla em seu conteúdo e abrangência,
288
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Dentro da atual Política Nacional de Atenção às Urgências te- nem uma definição de estruturas administrativas regionais como
mos: modelo de gestão e financiamento assim como uma legislação pró-
- Componente pré – hospitalar pria para repasses de investimento e custeio regionalizados.
-FIXO funções definidas pela 2048/02 Por último, um mecanismo de governança regional, ligado às
-UBS (ESF) e outros: acolhimento, capacitação, estruturação fí- esferas regionais do SUS se fazem necessários.
sica e grade de referência Principais fragilidades na Política Nacional de Atenção às Ur-
-UPA: estrutura intermediária gências
-MÓVEL: SAMU 192 Podemos agora discorrer um pouco sobre as principais fragili-
-Regulação médica dades na Política Nacional de Atenção às Urgências
-APH
-Transporte e transferência de pacientes graves 1) Quanto à Governança
-Componente Hospitalar a. Se necessitarmos incrementar estruturas regionais que
-Constituído das portas de entradas hospitalares definidos no deem resposta efetiva às urgências igualmente necessitamos de
regulamento técnico uma estruturação de instrumentos de governança regionais que se
-Componente Pós-Hospitalar ocupem do acompanhamento e monitoramento da rede regional,
-Modalidades de Atenção Domiciliar da avaliação, proposição de mudanças e repactuações assim como
-Hospitais-Dia que possam auditar regularmente a rede. As estruturas colegiadas
-Projetos de Reabilitação Integral com componente de reabili- regionais tem papel importante nesta função, mas uma estrutura
tação de base comunitária ligada a mesma, o Comitê Gestor Regional de Urgências, necessa-
riamente funcionando como câmara técnica de uma CIB macrorre-
A rede de atenção gional ou na inexistência da mesma, da CIB estadual, fornece espe-
Vemos que para a concretização das redes de urgência persis- cificidade técnica e gestora, autoridade e facilita o monitoramento
te a necessidade de fortalecimento da atenção básica a partir de e todo o trabalho a ser realizado em relação à rede de urgências.
um melhor financiamento que permita o cumprimento das funções b.Cabe às regulações de urgência do SAMU e, quando existir,
previstas na 2048/02: acolhimento, estruturação física e técnica, ca- a regulação de leitos, ser corresponsável na governança e fornecer
pacitação, integração na rede hierarquizada. dados precisos do funcionamento da rede de forma cotidiana.
Além disto deve-se garantir que as UPAS e SE exerçam o seu 2)Quanto aos pontos de atenção
papel na integração da política de urgência e emergência através de a. Atenção Básica:
uma efetiva regulação médica, evitando-se assim a competição com
o acesso a rede de atenção básica e que estejam conectadas ou I.Deficiências no acolhimento
interligadas a um componente hospitalar da rede, garantindo assim As deficiências no acolhimento se devem a não inserção dos
sua retaguarda nos casos em que se fizerem necessários. Na rede casos agudos ou de agudização dos casos crônicos dentro de uma
de urgência e emergência os hospitais definidos como de apoio de- perspectiva de acolhimento e tratamento pela atenção básica. A
veriam ter salas de estabilização estruturadas e funcionais. atenção básica vem-se pautando por ações promocionais, essen-
O componente pós-hospitalar, ainda pouco desenvolvido e des- ciais para a melhoria de qualidade de saúde e vida da população,
conectado da rede de urgência, deve ser fortalecido e estar incluído desconsiderando muitas vezes que sua população necessita de uma
dentro de uma concepção de rede integral às urgências, favorecen- resposta próxima e pouco complexa aos casos agudos ou agudiza-
do tanto a diminuição de leitos hospitalares como promovendo o ções de casos crônicos.
retorno o mais breve possível do paciente/vítima ao convívio dos
familiares e da sociedade. II. Unidades básicas sem a devida estruturação física e capaci-
O financiamento tripartite da urgência e emergência, com dade técnica para o acolhimento das urgências
aporte de recursos para os pronto-atendimentos, unidades de ur- Existe despreparo para realização de acolhimento e classifica-
gência/emergência, hospitais de pequeno porte e sala de estabiliza- ção de risco da clientela atendida assim como inexistência, na maior
ção, com participação e pactuação dos três entes federativos deve parte das vezes, de estrutura para prestar o primeiro atendimento
ser sempre perseguido, primeiramente evitando-se de autorizar assim como resolver casos de menor complexidade.
abertura de novos componentes sem uma efetiva política estadual
de implementação das redes, estimulando o papel do estado como III. Desintegração das Unidades básicas na rede de urgência e
locomotiva propulsora, tanto em nível de gestão como de financia- emergência
mento, das redes de atenção em cada estado. Tanto no planejamento da rede de urgência como no cotidia-
Acrescente-se a isto a necessidade de uma política de co-finan- no, a atenção básica não tem, em sua maior parte, participado da
ciamento na estruturação da rede de urgência hospitalar fixa, e a discussão de papel e fluxos da rede de urgência, levando a uma per-
sua organização,(mudanças da portaria 478 e mudanças na forma sistência da não integralidade do atendimento, retardando acessos
de pagamento por procedimento). e dificultando tanto o referenciamento como o contra-referencia-
Por outro lado, a indefinição de territórios e populações de mento.
abrangência de uma rede levando-se em conta igualmente a escala
para a resposta a mesma, devem estabelecer que as regiões com IV.Falta de flexibilidade nos horários de funcionamento das
resposta nos três níveis de atenção devam ser as escolhidas, nor- Unidades
malmente de caráter macrorregional não se tendo até o momento
289
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
A atenção básica vêm-se mantendo com horários rígidos, não III..Rotatividade dos profissionais principalmente dos regulado-
compatíveis com trabalhadores assim como com as situações agu- res (vínculo e atividade fim)
das, que não escolhem hora para acontecer. Isto tem dificultado A atividade extenuante e altamente especializada do médico
que a população abrangida pela atenção básica tenha como refe- regulador requer um vínculo trabalhista regular e uma autorização
rência inicial para o atendimento as suas necessidades, situações legal com pré-requisitos avaliados, para a função de médico regu-
agudas ou situações crônicas, seja, atendidas. lador.
Na prática vínculos temporários e frágeis são estabelecidos
V. Exames de menor complexidade não agregados à atenção com médicos reguladores, sem estímulo ao seu trabalho, sem edu-
básica cação permanente e sem retaguarda institucional frequente, levan-
Até o momento ainda não existe claramente uma política de do a uma grande rotatividade destes profissionais.
distribuição e incentivo à instalação de exames de menor complexi- IV.Educação permanente ineficaz (NEU e NEP)
dade na atenção básica, retardando e dificultando diagnósticos sim- A educação permanente encontra-se ineficaz tanto pelo não
ples, de baixa complexidade, e levando com que a população veja comprimento do previsto nas portarias ministeriais, caracterizando
as unidades hospitalares como a porta de referência na qual poderá até o momento uma ação individual e não institucional. Os Núcleos
ser atendida, realizar exames e sair com o tratamento, mesmo em de Educação em Urgência e os Núcleos de Educação Permanente
situações de baixíssima complexidade, sobrecarregando a rede hos- carecem até o momento tanto de legislação específica como de in-
pitalar com esta conduta. centivo financeiro para a execução de suas tarefas.
V.Manutenção e renovação da frotas
b. SAMU O critério de renovação de frota com 300.000 km rodados tem
levado a um sucateamento de grande parte da frota e a gastos des-
I. Regulação ineficaz necessários de manutenção das unidades. Caso isto fosse reduzido
Ausência ou insuficiente treinamento dos reguladores e au- para 200.000 km rodados, poderíamos ter um custo menor, uma
sência de protocolos de regulação assim como de linhas guias pac- frota mais nova e uma segurança para as equipes maior.
tuadas na rede e disponíveis para serem executadas pelos médicos
reguladores. c. Componente Hospitalar:
II.Financiamento em desacordo com as portarias (1864/03 e I. Financiamento insuficiente e inexistentes para as Unidades
2970/08) de Urgência
O financiamento das atividades educativas até o momento não O pagamento por procedimento, realizado pelo SUS, leva a uma
foi liberado pelo Ministério da Saúde. Embora as Portarias estabe- cultura de quanto mais, melhor, estimula o reembolso dos procedi-
leçam que 50% do custeio cabe ao Ministério da Saúde, a base de mentos e é contraproducente para a organização de uma rede que
cálculo que definiu os valores é totalmente inadequada à realidade deve garantir a resposta aos casos realmente urgentes e emergen-
dos salários praticados no Brasil. Assim sendo, enquanto uma Cen- tes. Assim, tem-se de ter uma ampla discussão de incentivo finan-
tral de regulação mínima, tendo um médico regulador, um Técnico ceiro para as portas de entrada da rede de urgência, abolindo-se o
Auxiliar de Regulação Médica e um Radioperador e Operador de pagamento por procedimento mas garantindo a resposta às neces-
Frota, custa mensalmente em torno de R$ 110.000,00(cento e dez sidades regionais. Minas Gerais tem tido, a partir da Secretaria de
mil reais) a base de cálculo utilizada nas portarias é de um valor Estado da Saúde uma experiência exitosa neste sentido carecendo
mensal de R$ 38.000,00 (trinta e oito mil reais) cabendo ao Minis- até o momento de qualquer apoio federal para tal.
tério da Saúde um repasse de R$ 19.000,00 (dezenove mil reais) o
que em tese representaria os 50% do Ministério da Saúde mas na II.Dificuldade na contra referência
realidade corresponde a 17,2%. Em relação às unidades de suporte Se não temos referências bem delimitadas e que por muitas
avançado o mesmo se repete pois uma unidade móvel composta vezes impõem dificuldades para o acolhimento das urgências, ine-
por médico, enfermeiro e condutor-socorrista não custa menos de xiste, por outro lado, um contra-referenciamento discutido e pac-
R$ 100.000,00 (cem mil reais) mensais, incluindo salários, combus- tuado na maior parte do país. Isto leva a uma retenção maior dos
tível e manutenção. O Ministério da Saúde calculou que cada uni- clientes na rede hospitalar assim como uma descontinuidade de
dade de suporte avançado custaria mensalmente R$ 55.000,00(cin- tratamento posterior a uma internação.
quenta e cinco mil reais), repassando apenas R$ 27.500,00(vinte e
sete mil reais) mensalmente o que, na realidade representa ape- III.Leitos de retaguarda em número insuficiente e com comple-
nas 27,5% do custeio mensal e não 50% como previsto em porta- xidade de assistência incompatível com as necessidades dos pacien-
ria. Por último, em relação às unidades de suporte básico de vida, tes atendidos nas grandes emergências
o estimado de custo mensal previsto pela portaria ministerial de A rede de urgência não tem sido na maior parte das vezes dis-
R$ 25.000,00 se aproxima mais da realidade pois se tem um custo cutida e planejada, com seus pontos de atenção tendo papéis de-
real que normalmente gira em torno de 32.000,00(trinta e dois mil finidos, com fluxos pactuados além de leitos de retaguarda assim
reais) ao mês, sendo que com o repasse de R$ 12.500,00(doze mil como leitos de unidades semi-intensiva que poderiam desafogar
e quinhentos reais ao mês) repassados pelo Ministério da Saúde, os hospitais de referência não tem sido implantados. Isto mantém
tem-se um percentual de 39% ao mês. a situação de superlotação nestes hospitais e dificultando o refe-
Estas verbas subdimensionadas de custeio estão também sub- renciamento dos casos que necessitam do aporte especializado do
dimensionadas quando é repassado o percentual de investimento hospital de referência.
pelo ministério da Saúde, que representa apenas uma pequena par-
te do investimento a ser realizado.
290
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
IV.Necessidade de implantação de equipe para classificação de Uma das maiores dificuldades é definir-se a prioridade para
risco o atendimento e de que esta prioridade seja, dentro da rede de
Igualmente necessitamos, dentro da rede hospitalar assim atenção, vista e compreendida da mesma maneira, dentro de uma
como na atenção básica, de capacitação e estruturação para reali- mesma linguagem.
zação de classificação de risco objetiva, tal como a de Manchester,
para termos uma linguagem única na rede assim como podermos Sugestões de Pontos para Discussão e Aprimoramento
dar equidade e resolução à distribuição das situações nos pontos
de atenção. -Quanto a atenção básica
-O fortalecimento da atenção básica e de suas ações, como
d. Outras Fragilidades: diretriz apontada pela TESE do CONASEMS 2010/2011, vem sendo
realizada e deve ser aprofundada, sendo que em relação à estru-
I. Fragilidade no processo de acolhimento/humanização na alta turação das redes, os parâmetros legais a discussão sobre a instru-
hospitalar mentalização dos trabalhadores e das unidades de atenção básica,
Outra fragilidade da política de urgência que podemos apontar através de capacitação específica e estruturação mínima para o
é o processo de humanização na alta hospitalar, fazendo com que o atendimento às situações agudas deve ser perseguida.
paciente que egresse de uma unidade ter descontinuidade de seu
tratamento e não aderindo aos cuidados que deveriam ser preconi- -Quanto ao planejamento análise e aprovação de projetos
zados. Acrescente-se a isto a dificuldade até o momento, por falta -Sugere-se que para o planejamento das redes de urgências to-
de legislação própria, de internação domiciliar. dos os atores, sejam eles gestores nos diversos níveis e técnicos de
portas hospitalares e da atenção básica participem das discussões
II. Processo de regulação da urgência e emergência insuficiente e modelagem da rede, incluindo definição dos pontos de atenção,
tanto na referência quanto na contra referência fluxos e normas. Além disto, o planejamento deve sempre vislum-
Com já dito, sem um planejamento com pontos de atenção e brar uma gestão e financiamento tripartite, de sonde sugere-se que
papéis na rede definidos assim como fluxos pactuados, criando uma cabe ao Ministério da Saúde aprovar somente projetos com esta
linha guia de ação, cabe aos médicos reguladores, a partir de sua envergadura: tripartite, de caráter regional e com a aprovação dos
experiência e contatos pessoais, definir o fluxo e o ponto de aten- colegiados gestores (CIB e CES).
ção para o atendimento de uma necessidade.
-Quanto à governança
III.Baixo nível de organização e de resolutividade dos pronto -A governança deve ser discutida na ótica de estruturação re-
atendimentos em nível local presentativa tripartite, atribuindo-se aos Comitês Gestores de Ur-
Os pronto-atendimentos em nível local tem baixa resolutivida- gência um papel de câmara técnica seja das CIBs macrorregionais
de em parte podendo ser devida ao isolamento deste tipo de uni- ou estaduais com o acompanhamento de estruturas federais.
dade dentro de uma rede assim como o não apoio direto de uma -Para isto, além dos Comitês Gestores Regionais e Estaduais de
unidade hospitalar. Podemos dizer que o ideal seria que cada pron- Atenção às Urgências propõe-se a reativação do Reativação do Co-
to-atendimento deveria ser uma porta avançada de uma unidade mitê Gestor Nacional das urgências e Emergências
hospitalar, se possível com um corpo clínico que trabalhasse em
ambas, comprometendo-se com os resultados em cada uma das -Quanto à estrutura administrativa e financeira regional
unidades. -Sugere-se uma discussão para elaboração de arcabouço jurídi-
co que dê retaguarda à regionalização, autorizando assim a estru-
IV.Financiamento insuficiente e inexistentes para os Pronto So- turação e financiamento regional com repasse direto dos fundos
corros nacionais e estaduais para estas estruturas regionalizadas.
Não existe até o momento qualquer incentivo financeiro para -Além disto a participação dos entes gestores na composição
as portas hospitalares (unidades de urgência ou prontos-socorros), do ente administrativo regional, como por exemplo os consórcios
mantendo a mesma sem estrutura, perspectiva e servindo não públicos, é de importância indiscutível para o sucesso do processo.
para o trabalho dos mais experientes mas sim para o trabalho dos Cabe à gestão estadual conduzir, no âmbito regional, a rede (sempre
iniciantes, que tem a porta da emergência como possibilidade de regional) de atenção às urgências devendo, junto a representantes
entrada no hospital para seu trabalho atual e futuro. Além disto, de todos os municípios abrangidos e do nível federal, realizarem a
sem identidade, os próprios trabalhadores destas unidades não gestão e financiamento da rede/
se interessam em organizá-la como igualmente não buscam capa-
citação específica visto que sua atividade principal e foco é outra. -Quanto à implantação de um critério único de priorização
Acrescente-se a isto que o financiamento é feito por procedimento (classificação) dos casos e introdução de uma linguagem única na
o que estimula a produção, independente da necessidade real ou rede.
não de ser atendido em uma porta hospitalar, sobrecarregando as -Sugere-se a introdução de uma classificação de risco objetiva,
unidades de urgência e deixando muitas vezes para trás um caso tal como a preconizada por Manchester, que além da objetividade
realmente urgente. para priorizar os casos mais graves separando-os dos menos graves,
pode ser utilizado como um mecanismo de gestão importante pois
V.Ausência de linguagem única e distribuição dos pacientes de ao realizar a classificação temos uma “vitrine” precisa da demanda
acordo com a gravidade podendo assim estabelecer mecanismos para o atendimento desta
demanda de maneira racional equitativa e de acordo com a com-
plexidade e prioridade de cada caso. Além disto fornece à rede de
291
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
atenção às urgências uma linguagem única de comunicação dos ca- O reconhecimento de que os homens adentram o sistema de
sos, entre todos os pontos de atenção, sejam eles fixos e móveis, saúde por meio da atenção especializada tem como conseqüência o
facilitando assim o prosseguimento do atendimento de acordo com agravo da morbidade pelo retardamento na atenção e maior custo
as linhas guias pactuadas para o SUS. É necessário fortalecer e qualificar a atenção primária
garantindo, assim, a promoção da saúde e a prevenção aos agravos
-Quanto ao financiamento do SAMU evitáveis.
-Sugere-se uma readequação de valores de repasse tanto de in- Vários estudos comparativos, entre homens e mulheres, têm
vestimento como de custeio, levando-se em conta a média nacional comprovado o fato de que os homens são mais vulneráveis às doen-
de salários praticados no mercado e não estimados como o que se ças, sobretudo às enfermidades graves e crônicas, e que morrem
encontra na portaria 1864, em caráter de vínculo empregatício de mais precocemente que as mulheres (Nardi et all, 2007; Courtenay,
CLT e não vínculo precário. 2007; IDB, 2006 Laurenti et all, 2005; Luck et all, 2000). A despeito
da maior vulnerabilidade e das altas taxas de morbimortalidade, os
-Quanto ao financiamento da rede hospitalar homens não buscam, como as mulheres, os serviços de atenção bá-
-Sugere-se a discussão, seguindo o modelo adotado em Minas sica. (Figueiredo, 2005; Pinheiro et all, 2002).
Gerais, de um incentivo de custeio, sem pagamento por procedi- Muitos agravos poderiam ser evitados caso os homens reali-
mentos, para a implementação dos níveis hospitalares necessários zassem, com regularidade, as medidas de prevenção primária. A
para o êxito da rede de urgência. O controle dos contratos e repas- resistência masculina à atenção primária aumenta não somente a
ses realizados deve ser realizado em nível regional a partir do Comi- sobrecarga financeira da sociedade, mas também, e, sobretudo, o
tê Gestor Regional de Urgência e de dados provenientes do SAMU e sofrimento físico e emocional do paciente e de sua família, na luta
da Central de Regulação de Leitos. pela conservação da saúde e da qualidade de vida dessas pessoas.
-Quanto aos indicadores de resultados e qualidade Tratamentos crônicos ou de longa duração têm, em geral, me-
-Propõe-se o estabelecimento de indicadores de produção, nor adesão, visto que os esquemas terapêuticos exigem um grande
resultados e qualidade homogêneos e implementados em todo o empenho do paciente que, em algumas circunstâncias, necessita
Brasil para a avaliação das redes de atenção as urgências modificar seus hábitos de vida para cumprir seu tratamento. Tal
afirmação também é válida para ações de promoção e prevenção à
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem saúde que requer, na maioria das vezes, mudanças comportamen-
O Ministério da Saúde, nos 20 anos do Sistema Único de Saú- tais.
de (SUS), apresenta uma das prioridades desse governo, a Política As pesquisas qualitativas apontam várias razões, mas, de um
Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, desenvolvida em modo geral, podemos agrupar as causas da baixa adesão em dois
parceria entre gestores dos SUS, sociedades científicas, sociedade grupos principais de determinantes, que se estruturam como bar-
civil organizada, pesquisadores, acadêmicos e agências de coope- reiras entre o homem e os serviços e ações de saúde (Gomes, 2003;
ração internacional. A pluralidade das instituições envolvidas nessa Keijzer, 2003; Schraiber et all, 2000) a saber: barreiras sócioculturais
construção é um convite e um desafio à consideração da saúde do e barreiras institucionais.
homem brasileiro nas suas idiossincrasias e similaridades nos 5.561 Grande parte da não-adesão às medidas de atenção integral,
municípios, 26 estados e no Distrito Federal. Nesse sentido, a políti- por parte do homem, decorre das variáveis culturais. Os estereóti-
ca traduz um longo anseio da sociedade ao reconhecer que os agra- pos de gênero, enraizados há séculos em nossa cultura patriarcal,
vos do sexo masculino constituem verdadeiros problemas de saúde potencializam práticas baseadas em crenças e valores do que é ser
pública. Um dos principais objetivos desta Política é promover ações masculino. A doença é considerada como um sinal de fragilidade
de saúde que contribuam significativamente para a compreensão que os homens não reconhecem como inerentes à sua própria con-
da realidade singular masculina nos seus diversos contextos socio- dição biológica. O homem julga-se invulnerável, o que acaba por
culturais e político-econômicos; outro, é o respeito aos diferentes contribuir para que ele cuide menos de si mesmo e se exponha mais
níveis de desenvolvimento e organização dos sistemas locais de às situações de risco (Keijzer, 2003; Schraiber et 6 all, 2000; Sabo,
saúde e tipos de gestão. Este conjunto possibilita o aumento da ex- 2002; Bozon, 2004). A isto se acresce o fato de que o indivíduo tem
pectativa de vida e a redução dos índices de morbimortalidade por medo que o médico descubra que algo vai mal com a sua saúde, o
causas preveníveis e evitáveis nessa população. Para isso, a Política que põe em risco sua crença de invulnerabilidade.
Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem está alinhada com Os homens têm dificuldade em reconhecer suas necessidades,
a Política Nacional de Atenção Básica – porta de entrada do Sistema cultivando o pensamento mágico que rejeita a possibilidade de
Único de Saúde - com as estratégias de humanização, e em con- adoecer. Além disso, os serviços e as estratégias de comunicação
sonância com os princípios do SUS, fortalecendo ações e serviços privilegiam as ações de saúde para a criança, o adolescente, a mu-
em redes e cuidados da saúde. O Ministério da Saúde vem cumprir lher e o idoso.
seu papel ao formular a Política que deve nortear as ações de aten- Uma questão apontada pelos homens para a não procura pelos
ção integral à saúde do homem, visando estimular o autocuidado serviços de saúde está ligada a sua posição de provedor. Alegam
e, sobretudo, o reconhecimento de que a saúde é um direito social que o horário do funcionamento dos serviços coincide com a carga
básico e de cidadania de todos os homens brasileiros. horária do trabalho. Não se pode negar que na preocupação mascu-
A proposição da Política Nacional de Atenção Integral à Saú- lina a atividade laboral tem um lugar destacado, sobretudo em pes-
de do Homem visa qualificar a saúde da população masculina na soas de baixa condição social o que reforça o papel historicamente
perspectiva de linhas de cuidado que resguardem a integralidade atribuído ao homem de ser responsável pelo sustento da família.
da atenção. Ainda que isso possa se constituir, em muitos casos, uma barreira
importante, há de se destacar que grande parte das mulheres, de
292
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
todas as categorias sócio-econômicas, faz hoje parte da força pro- outros bens destinados às atividades de assistência à saúde da FU-
dutiva, inseridas no mercado de trabalho, e nem por isso deixam de NAI para a FUNASA, e pela Lei nº 9.836/99, de 23 de setembro de
procurar os serviços de saúde. 1999, que estabelece o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena no
Outro ponto igualmente assinalado é a dificuldade de aces- âmbito do SUS.
so aos serviços assistenciais, alegando-se que, para marcação de A implementação da Política Nacional de Atenção à Saúde dos
consultas, há de se enfrentar filas intermináveis que, muitas vezes, Povos Indígenas requer a adoção de um modelo complementar e
causam a “perda” de um dia inteiro de trabalho, sem que necessa- diferenciado de organização dos serviços – voltados para a prote-
riamente tenham suas demandas resolvidas em uma única consulta ção, promoção e recuperação da saúde -, que garanta aos índios o
(Gomes et all, 2007; Kalckmann et all, 2005; Schraiber, 2005). exercício desua cidadania nesse campo. Para sua efetivação, deve-
Ainda que o conceito de masculinidade venha sendo atualmen- rá ser criada uma rede de serviços nas terras indígenas, de forma
te contestado e tenha perdido seu rigor original na dinâmica do pro- a superar as deficiências de cobertura, acesso e aceitabilidade do
cesso cultural (Welzer-Lang, 2001), a concepção ainda prevalente Sistema Único de Saúde para essa população. É indispensável, por-
de uma masculinidade hegemônica é o eixo estruturante pela não tanto, a adoção de medidas que viabilizem o aperfeiçoamento do
procura aos serviços de saúde. Em nossa sociedade, o “cuidado” é funcionamento e a adequação da capacidade do Sistema, tornan-
papel considerado como sendo feminino e as mulheres são educa- do factível e eficaz a aplicação dos princípios e diretrizes da des-
das, desde muito cedo, para desempenhar e se responsabilizar por centralização, universalidade, eqüidade, participação comunitária
este papel (WelzerLang, 2004; Lyra-da-Fonseca et all, 2003; Tellería, e controle social. Para que esses princípios possam ser efetivados,
2003; Hardy e Jimenez, 2000; Medrado et all, 2005). é necessário que a atenção à saúde se dê de forma diferenciada,
A compreensão das barreiras sócio-culturais e institucionais é levando-se em consideração as especificidades culturais, epidemio-
importante para a proposição estratégica de medidas que venham lógicas e operacionais desses povos. Assim, dever-se-á desenvolver
a promover o acesso dos homens aos serviços de atenção primária, e fazer uso de tecnologias apropriadas por meio da adequação das
a fim de resguardar a prevenção e a promoção como eixos necessá- formas ocidentais convencionais de organização de serviços.
rios e fundamentais de intervenção. Com base nesses preceitos, foi formulada a Política Nacional de
A Política de Atenção Integral à Saúde do Homem deve con- Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, cuja elaboração contou com
siderar a heterogeneidade das possibilidades de ser homem. As a participação de representantes dos órgãos responsáveis pelas po-
masculinidades são construídas historicamente e sócio-cultural- líticas de saúde e pela política e ação indigenista do governo, bem
mente, sendo a significação da masculinidade um processo em per- como de organizações da sociedade civil com trajetória reconhecida
manente construção e transformação. O ser homem, assim como no campo da atenção e da formação de recursos humanos para a
o ser mulher é 7 constituído tanto a partir do masculino como do saúde dos povos indígenas. Com o propósito de garantir participa-
feminino. Masculino e feminino são modelos culturais de gênero ção indígena em todas as etapas de formulação, implantação, ava-
que convivem no imaginário dos homens e das mulheres. Essa con- liação e aperfeiçoamento da Política, a elaboração desta proposta
sideração é fundamental para a promoção da equidade na atenção contou com a participação de representante das organizações indí-
a essa população, que deve ser considerada em suas diferenças por genas, com experiência de execução de projetos no campo da aten-
idade, condição sócioeconômica, étnico-racial, por local de moradia ção à saúde junto a seu povo.
urbano ou rural, pela situação carcerária, pela deficiência física e/
ou mental e pelas orientações sexuais e identidades de gênero não Antecedentes
hegemônicas. A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do No Brasil, a população indígena, estimada em cerca de 5 mi-
Homem, portanto, além de evidenciar os principais fatores de mor- lhões de pessoas no início do século XVI, comparável à da Euro-
bimortalidade explicita o reconhecimento de determinantes so- pa nesta mesma época, foi dizimada pelas expedições punitivas às
ciais que resultam na vulnerabilidade da população masculina aos suas manifestações religiosas e aos seus movimentos de resistên-
agravos à saúde, considerando que representações sociais sobre a cia, mas, principalmente, pelas epidemias de doenças infecciosas,
masculinidade vigente comprometem o acesso à atenção integral, cujo impacto era favorecido pelas mudanças no seu modo de vida
bem como repercutem de modo crítico na vulnerabilidade dessa impostas pela colonização e cristianização (como escravidão, traba-
população à situações de violência e de risco para a saúde. lho forçado, maus tratos, confinamento e sedentarização compul-
Mobilizar a população masculina brasileira pela luta e garantia sória em aldeamentos e internatos).
de seu direito social à saúde é um dos desafios dessa política. Ela A perda da auto-estima, a desestruturação social, econômica e
pretende tornar os homens protagonistas de suas demandas, con- dos valores coletivos (muitas vezes da própria língua, cujo uso che-
solidando seus direitos de cidadania. gava a ser punido com a morte) também tiveram um papel impor-
tante na diminuição da população indígena. Até hoje há situações
Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas regionais de conflito, em que se expõe toda a trama de interesses
A Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas econômicos e sociais que configuram as relações entre os povos in-
integra a Política Nacional de Saúde, compatibilizando as determi- dígenas e demais segmentos da sociedade nacional, especialmente
nações das Leis Orgânicas da Saúde com as da Constituição Federal, no que se refere à posse da terra, exploração de recursos naturais
que reconhecem aos povos indígenas suas especificidades étnicas e e implantação de grandes projetos de desenvolvimento. Desde o
culturais e seus direitos territoriais. início da colonização portuguesa, os povos indígenas foram assis-
Esta proposta foi regulamentada pelo Decreto n.º 3.156, de 27 tidos pelos missionários de forma integrada às políticas dos gover-
de agosto de 1999, que dispõe sobre as condições de assistência à nos. No início do século XX, a expansão das fronteiras econômicas
saúde dos povos indígenas, e pela Medida Provisória n.º 1.911-8, para o Centro-Oeste e a construção de linhas telegráficas e ferrovias
que trata da organização da Presidência da República e dos Minis- provocaram numerosos massacres de índios e elevados índices de
térios, onde está incluída a transferência de recursos humanos e mortalidade por doenças transmissíveis que levaram, em 1910, à
293
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
criação do Serviço de Proteção ao Índio e Trabalhadores Nacionais riormente regulamentados pela Lei 8.080/90, e estabeleceu que a
(SPI). O órgão, vinculado ao Ministério da Agricultura, destinava-se direção única e a responsabilidade da gestão federal do Sistema são
à proteger os índios, procurando o seu enquadramento progressivo do Ministério da Saúde.
e o de suas terras no sistema produtivo nacional. Para debater a saúde indígena, especificamente, foram realiza-
Uma política indigenista começou a se esboçar com inspiração das, em 1986 e 1993, a I Conferência Nacional de Proteção à Saúde
positivista, em que os índios, considerados num estágio infantil da do Índio e a II Conferência Nacional de Saúde para os Povos Indí-
humanidade, passaram a ser vistos como passíveis de “evolução” e genas, por indicação da VIII e IX Conferências Nacionais de Saúde,
integração na sociedade nacional por meio de projetos educacio- respectivamente. Essas duas Conferências propuseram a estrutura-
nais e agrícolas. A assistência à saúde dos povos indígenas, no en- ção de um modelo de atenção diferenciada, baseado na estratégia
tanto, continuou desorganizada e esporádica. Mesmo após a cria- de Distritos Sanitários Especiais Indígenas, como forma de garantir
ção do SPI, não se instituiu qualquer forma de prestação de serviços aos povos indígenas o direito ao acesso universal e integral à saúde,
sistemática, restringindo-se a ações emergenciais ou inseridas em atendendo às necessidades percebidas pelas comunidades e en-
processos de “pacificação”. volvendo a população indígena em todas as etapas do processo de
Na década de 50, foi criado o Serviço de Unidades Sanitárias planejamento, execução e avaliação das ações.
Aéreas (SUSA), no Ministério da Saúde, com o objetivo de levar Em fevereiro de 1991, o Decreto Presidencial nº 23 transferiu
ações básicas de saúde às populações indígena e rural em áreas de para o Ministério da Saúde a responsabilidade pela coordenação
difícil acesso. Essas ações eram essencialmente voltadas para a va- das ações de saúde destinadas aos povos indígenas, estabelecen-
cinação, atendimento odontológico, controle de tuberculose e ou- do os Distritos Sanitários Especiais Indígenas como base da orga-
tras doenças transmissíveis. nização dos serviços de saúde. Foi então criada, no Ministério da
Em 1967, com a extinção do SPI, foi criada a Fundação Nacio- Saúde, a Coordenação de Saúde do Índio - COSAI, subordinada ao
nal do Índio (FUNAI), que, baseando-se no modelo de atenção do Departamento de Operações - DEOPE - da Fundação Nacional de
SUSA, criou as Equipes Volantes de Saúde (EVS). Essas equipes reali- Saúde, com a atribuição de implementar o novo modelo de atenção
zavam atendimentos esporádicos às comunidades indígenas de sua à saúde indígena.
área de atuação, prestando assistência médica, aplicando vacinas e No mesmo ano, a Resolução 11, de 13 de outubro de 1991, do
supervisionando o trabalho do pessoal de saúde local, geralmente Conselho Nacional de Saúde (CNS), criou a Comissão Intersetorial
auxiliares ou atendentes de enfermagem. de Saúde do Índio (CISI), tendo como principal atribuição assessorar
A FUNAI, após a crise financeira do Estado brasileiro pós-mi- o CNS na elaboração de princípios e diretrizes de políticas gover-
lagre econômico da década de 70, teve dificuldades de diversas namentais no campo da saúde indígena. Inicialmente sem repre-
ordens para a organização de serviços de atenção à saúde que con- sentação indígena, os próprios membros da CISI reformularam sua
templassem a grande diversidade e dispersão geográfica das comu- composição e, com a saída espontânea de representantes do CNS,
nidades: carência de suprimentos e capacidade administrativa de da Secretaria de Meio Ambiente, dentre outros, abriu-se 4 das 11
recursos financeiros, precariedade da estrutura básica de saúde, vagas para representantes de organizações indígenas.
falta de planejamento das ações e organização de um sistema de Em sentido oposto ao processo de construção da política de
informações em saúde adequado, além da falta de investimento na atenção à saúde indígena no âmbito do SUS, em 19 de maio de
qualificação de seus funcionários para atuarem junto a comunida- 1994 o Decreto Presidencial n° 1.141/94 constitui uma Comissão
des culturalmente diferenciadas. Intersetorial de Saúde - CIS, com a participação de vários Ministé-
Com o passar do tempo, os profissionais das EVS foram se fi- rios relacionados com a questão indígena, sob a coordenação da
xando nos centros urbanos, nas sedes das administrações regionais, FUNAI. O decreto devolve, na prática, a coordenação das ações de
e a sua presença nas aldeias se tornava cada vez mais esporádica, saúde à FUNAI. A CIS aprovou, por intermédio da Resolução n° 2,
até não mais ocorrer. Alguns deles, em geral pouco qualificados, de outubro de 1994, o “Modelo de Atenção Integral à Saúde do
ficaram lotados em postos indígenas, executando ações assisten- Índio”, que atribuía a um órgão do Ministério da Justiça, a FUNAI, a
ciais curativas e emergenciais sem qualquer acompanhamento. Era responsabilidade sobre a recuperação da saúde dos índios doentes,
freqüente funcionários sem qualificação alguma na área da saúde e a prevenção, ao Ministério da Saúde, que seria responsável pelas
prestar atendimentos de primeiros socorros ou até de maior com- ações de imunização, saneamento, formação de recursos humanos
plexidade, devido à situação de isolamento no campo. e controle de endemias.
As iniciativas de atenção à saúde indígena geralmente ignora- Desde então, a FUNASA e a FUNAI dividiram a responsabilidade
vam os sistemas de representações, valores e práticas relativas ao sobre a atenção à saúde indígena, passando a executar, cada uma,
adoecer e buscar tratamento dos povos indígenas, bem como seus parte das ações, de forma fragmentada e conflituosa. Ambas já ti-
próprios especialistas. Estes sistemas tradicionais de saúde se apre- nham estabelecido parcerias com municípios, organizações indíge-
sentam numa grande diversidade de formas, sempre considerando nas e não-governamentais, universidades, instituições de pesquisa
as pessoas integradas ao contexto de suas relações sociais e com o e missões religiosas. Os convênios celebrados, no entanto, tinham
ambiente natural, consistindo ainda num recurso precioso para a pouca definição de objetivos e metas a serem alcançados e de indi-
preservação ou recuperação de sua saúde. cadores de impacto sobre a saúde da população indígena.
Em 1988, a Constituição Federal estipulou o reconhecimento e
respeito das organizações socioculturais dos povos indígenas, asse-
gurando-lhes a capacidade civil plena - tornando obsoleta a institui-
ção da tutela - e estabeleceu a competência privativa da União para
legislar e tratar sobre a questão indígena. A Constituição também
definiu os princípios gerais do Sistema Único de Saúde (SUS), poste-
294
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Política Nacional de atenção à saúde dos povos indígenas Existem diferentes problemas encontrados na saúde do ho-
O propósito desta política é garantir aos povos indígenas o mem quando leva-se em conta o ambiente rural e o ambiente ur-
acesso à atenção integral à saúde, de acordo com os princípios e bano.
diretrizes do Sistema Único de Saúde, contemplando a diversidade No ambiente rural um dos grandes problemas atuais é o uso
social, cultural, geográfica, histórica e política de modo a favorecer de agrotóxicos , também denominados produtos de uso agrícolas
a superação dos fatores que tornam essa população mais vulnerá- e pesticidas que visam eliminar “pragas” que diminuem a produ-
vel aos agravos à saúde de maior magnitude e transcendência entre ção de alimentos, mesmo com o estudo de produtos que tem um
os brasileiros, reconhecendo a eficácia de sua medicina e o direito impacto menor ao meio o uso de forma inadequada destes produ-
desses povos à sua cultura. tos vem causando um grande impacto sobre a fauna, flora , água e
solo e consequentemente sendo um risco para a saúde dos seres
Diretrizes humanos, uma outra problemática é o grande número de suicídios
Para o alcance desse propósito são estabelecidas as seguintes ocorridos entre trabalhadores do campo.
diretrizes, que devem orientar a definição de instrumentos de pla- No ambiente urbano uma das questões mais estudadas é a po-
nejamento, implementação, avaliação e controle das ações de aten- luição do ar que causa milhares de internações e óbitos a cada ano,
ção à saúde dos povos indígenas: estando principalmente relacionadas com doenças respiratórias,
• organização dos serviços de atenção à saúde dos povos in- cardíacas e vários tipos de câncer.
dígenas na forma de Distritos Sanitários Especiais e Pólos-Base, no Ainda persistem no ambiente rural e urbano problemas de
nível local, onde a atenção primária e os serviços de referência se doenças relacionadas ao não tratamento da água consumida pela
situam; população, pois a água não tratada é um ambiente adequado para
•preparação de recursos humanos para atuação em contexto vida de parasitas, vírus e bactérias além da presença de minerais e
intercultural; vários elementos químico.
•monitoramento das ações de saúde dirigidas aos povos indí-
genas; Fonte: https://ambientedomeio.com
•articulação dos sistemas tradicionais indígenas de saúde;
•promoção do uso adequado e racional de medicamentos; Um fator importante na questão da Saúde ambiental é a sua
•promoção de ações específicas em situações especiais; relação com as mudanças do clima que resultam em um ambiente
•promoção da ética na pesquisa e nas ações de atenção à saú- com temperaturas elevadas e baixa umidade do ar.
de envolvendo comunidades indígenas; Temperaturas elevadas segundo pesquisas causam impacto na
•promoção de ambientes saudáveis e proteção da saúde indí- saúde humana influenciando em problemas Psicológicos, ocasio-
gena; nando alterações do sistema imune, sobrecarga renal e problemas
•controle social cardíacos dentre outros.
Em um ambiente urbano a causa de males a saúde humana
Saúde Ambiental; ainda é decorrente de crimes ambientais realizados por indústrias
“Saúde ambiental são todos aqueles aspectos da saúde hu- que causam impacto no solo por meio de descarte inadequado de
mana, incluindo a qualidade de vida, que estão determinados por resíduos, no ar quando não ocorre a devida utilização de filtros em
fatores físicos, químicos, biológicos, sociais e psicológicos no meio chaminés e na água quando produtos são lançados em esgotos,
ambiente. Também se refere teoria e prática de valorar, corrigir, córregos e rios sem o devido tratamento.
controlar e evitar aqueles fatores do meio ambiente que, poten- Medidas importantes devem ser tomadas, portanto pelos go-
cialmente, possam prejudicar a saúde de gerações atuais e futuras vernos de todos os países, como o fortalecimento de pessoas trei-
“; ainda segundo a OMS: “Saúde ambiental abrange os fatores fí- nadas para o estudo e a realização de ações minimizadoras destes
sicos, químicos e biológicos externos às pessoas, e os fatores que impactos, bem como a elaborações de Políticas Públicas e Leis que
impactam seus comportamentos. Ela engloba a avaliação e o con- insiram e definam melhor as questões de saúde ambiental.
trole daqueles fatores ambientais que podem afetar a saúde. Ela
é direcionada à prevenção de doenças e melhoria da saúde nos Práticas Integrativas e Complementares em Saúde
ambientes. Esta definição exclui comportamentos não relacionados
com o ambiente, bem como o comportamento relacionado com o O que são as Práticas Integrativas e Complementares (PICS)?
ambiente social e cultural, e genético”. As Práticas Integrativas e Complementares (PICS) são trata-
mentos que utilizam recursos terapêuticos baseados em conheci-
De acordo com a Organização Pan-americana de Saúde: mentos tradicionais, voltados para prevenir diversas doenças como
“Os problemas de saúde ambiental da América Latina e Caribe depressão e hipertensão. Em alguns casos, também podem ser usa-
estão dominados tanto por necessidades não atendidas, enquanto das como tratamentos paliativos em algumas doenças crônicas.
saneamento ambiental tradicional, como por necessidades cres- Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece, de for-
centes de proteção ambiental, que têm se tornado mais graves de- ma integral e gratuita, 29 procedimentos de Práticas Integrativas
vido à urbanização intensiva em um entorno caracterizado por um e Complementares (PICS) à população. Os atendimentos começam
desenvolvimento econômico lento” na Atenção Básica, principal porta de entrada para o SUS.
Evidências científicas têm mostrado os benefícios do tratamen-
A Saúde Ambiental de uma forma geral, portanto é relacionada to integrado entre medicina convencional e práticas integrativas e
com o Meio Ambiente habitado pelo homem sendo totalmente de- complementares. Além disso, há crescente número de profissionais
pendente da interação do homem e este meio. capacitados e habilitados e maior valorização dos conhecimentos
tradicionais de onde se originam grande parte dessas práticas.
295
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Onde tem Práticas Integrativas e Complementares (PICS)? • 14 práticas incluídas em 2017: Ayurveda, Arteterapia, Bio-
Considerando a atenção básica e os serviços de média e alta dança, Meditação, Dança Circular, Musicoterapia, Naturopatia, Os-
complexidade, existem atualmente 9.350 estabelecimentos de saú- teopatia, Reiki, Yoga, Quiropraxia, Reflexologia, Shantala e Terapia
de no país ofertando 56% dos atendimentos individuais e coletivos Comunitária Integrativa.
em Práticas Integrativas e Complementares nos municípios brasi- • 10 práticas incluídas em 2018: Aromaterapia, Apiterapia,
leiros, compondo 8.239 (19%) estabelecimentos na Atenção Básica Constelação Familiar, Cromoterapia, Geoterapia, Ozonioterapia, Im-
que ofertam PICS, distribuídos em 3.173 municípios. posição de Mãos, Terapia de Florais, Hipnoterapia e Bioenergética.
As Práticas Integrativas e Complementares estão presentes em
quase 54% dos municípios brasileiros, distribuídos pelos 27 estados Como implantar as Práticas Integrativas e Complementares?
e Distrito Federal e todas as capitais brasileiras. A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares
(PNPIC), publicada em 2006, instituiu no SUS abordagens de cuida-
Brasil é referência mundial do integral à população por meio de outras práticas que envolvem
O Brasil é referência mundial na área de práticas integrativas e recursos terapêuticos diversos. Desde a implantação, o acesso dos
complementares na atenção básica. É uma modalidade que invete usuários tem crescido.
em prevenção e promoção à saúde com o objetivo de evitar que as A política traz diretrizes gerais para a incorporação das práticas
pessoas fiquem doentes. nos serviços e compete ao gestor municipal elaborar normas para
Além disso, quando necessário, as PICS também podem ser inserção da PNPIC na rede municipal de saúde. Os recursos para as
usadas para aliviar sintomas e tratar pessoas que já estão com al- PICS integram o Piso da Atenção Básica (PAB) de cada município,
gum tipo de enfermidade. podendo o gestor local aplicá-los de acordo com sua prioridade.
Alguns tratamentos específicos, como acupuntura recebem outro
Histórico - Práticas Integrativas e Complementares tipo de financiamento, que compõe o bloco de média e alta comple-
No Brasil, o debate sobre as práticas integrativas e complemen- xidade. Estados e municípios também podem instituir sua própria
tares começou a despontar no final de década de 70, após a decla- política, considerando suas necessidades locais, sua rede e proces-
ração de Alma Ata e validada, principalmente, em meados dos anos sos de trabalho.
As práticas integrativas e complementares são ações de cuida-
80 com a 8ª Conferência Nacional de Saúde, um espaço legítimo de
do transversais, podendo ser realizadas na atenção básica, na mé-
visibilidade das demandas e necessidades da população por uma
dia e alta complexidade. Não existe uma adesão à PNPIC: a política
nova cultura de saúde que questionasse o ainda latente modelo he-
traz diretrizes gerais para a incorporação das práticas nos diversos
gemônico de ofertar cuidado, que excluía outras formas de produzir
serviços.
e legitimar saberes e práticas.
Com esse cenário, tanto sociedade civil quanto governo federal
Compete ao gestor municipal elaborar normas técnicas para
iniciaram um movimento, até então tímido, por busca e oferta de
inserção da PNPIC na rede municipal de Saúde e definir recursos
outros jeitos de praticar o cuidado e o autocuidado, considerando orçamentários e financeiros para a implementação das práticas in-
o bem-estar físico, mental e social, como fatores determinantes e tegrativas. Dessa maneira, é de competência exclusiva do município
condicionantes da saúde. a contratação dos profissionais e a definição das práticas a serem
Em vista disso, ao Governo Federal, garantir a atenção integral ofertadas.
à saúde através das práticas integrativas e complementares impli- Mesmo com todo avanço da PNPIC na última década, continua
cou pensar - em conjunto com gestores de saúde, entidades de clas- sendo condição fundamental para sua efetiva implantação, estimu-
se, conselhos, academia e usuários do SUS - uma política pública lar, nos territórios, espaços de fortalecimento do debate sobre as
permanente que considerasse não só os mecanismos naturais de práticas e trocar experiências com gestores de outros municípios/
prevenção de agravos e recuperação da saúde, mas a abordagem estados que tenham as PICS ofertadas pelo SUS.
ampliada do processo saúde-doença e a promoção global do cui- Na Atenção Básica, o pagamento é realizado pelo piso da aten-
dado humano. ção básica (PAB) fixo (per capita), ou por PAB variável, que corres-
A partir de então, à medida que os debates se aprofundavam ponde ao pagamento por equipes de saúde da família, agentes
acerca das dificuldades impostas à efetiva implementação desse comunitários e núcleos de saúde da família, ou ainda o programa
novo modelo de produzir saúde, o Departamento de Atenção Bási- de melhoria do acesso e da qualidade (PMAQ). Dessa forma, os pro-
ca elaborava um documento normatizador para institucionalizar as cedimentos ofertados através da Portaria nº145/2017 estão dentro
experiências com essas práticas na rede pública e induzir políticas, do financiamento do PAB e não geram recursos por produção. Al-
programas e legislação nas três instâncias de governo. guns outros, específicos, são financiados pelo bloco da Média e Alta
Assim, sob um olhar atento e consensual e respaldado pelas Complexidade
diretrizes da OMS , o Ministério da Saúde aprova, então, através da
Portaria GM/MS no 971, de 3 de maio de 2006, a Política Nacional Cooperação Brasil e México
de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PNPIC). A institucionalização das Práticas Integrativas e Complementa-
res no SUS pela Política Nacional de Práticas Integrativas (PNPIC)
Quais são as Práticas Integrativas e Complementares? ampliou o acesso a serviços e produtos antes restritos à área priva-
Abaixo estão listadas as 29 Práticas Integrativas e Complemen- da, assim como trouxe o desafio de integrar saberes e práticas nas
tares oferecidas, de forma integral e gratuita, por meio do Sistema diversas áreas do conhecimento para desenvolvimento de projetos
Único de Saúde (SUS). Para ler a descrição de cada uma delas, basta humanizados, integrais e transdisciplinares. Neste aspecto, a PNPIC
clicar sobre o nome. contempla, entre suas diretrizes, a promoção de cooperação nacio-
• 5 práticas incluídas em 2006: Acupuntura, Termalismo, Antro- nal e internacional para troca de experiências nos campos da aten-
posofia, Fitoterapia e Homeopatia. ção, da educação permanente e da pesquisa em saúde.
296
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Assim, firmou-se, em 2009, o projeto de cooperação Brasil/ 3. Divulgação e informação dos conhecimentos básicos da PIC
México para intercâmbio de experiências sobre PICs e competên- para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS, consideran-
cia intercultural na oferta de serviços de saúde. Entre as atividades do as metodologias participativas e o saber popular e tradicional.
realizadas destacam-se a missão técnica brasileira ao México para 4. Estímulo às ações intersetoriais, buscando parcerias que pro-
troca de experiências, o curso à distância sobre “Competência In- piciem o desenvolvimento integral das ações.
tercultural na oferta de serviços de saúde”, além do seminário de 5. Fortalecimento da participação social.
capacitação presencial sobre competência intercultural, promovido 6. Provimento do acesso a medicamentos homeopáticos e fi-
pelo DAB, com a presença dos representantes mexicanos. toterápicos na perspectiva da ampliação da produção pública, as-
Na consolidação da cooperação, levantou-se a necessidade de segurando as especificidades da assistência farmacêutica nestes
aprofundamento e intercâmbio junto às áreas de Saúde da Mulher, âmbitos na regulamentação sanitária.
Humanização, Alimentação e Nutrição e Saúde do Homem além de 7. Garantia do acesso aos demais insumos estratégicos da
conhecer mais profundamente as experiências locais, municipais PNPIC, com qualidade e segurança das ações.
ou estaduais, sobre a inserção e ofertas das PICs no SUS. Diante dis- 8. Incentivo à pesquisa em PIC com vistas ao aprimoramento da
so, em 2011 teve início a pactuação de novo termo de cooperação atenção à saúde, avaliando eficiência, eficácia, efetividade e segu-
incluindo as áreas demandadas. rança dos cuidados prestados.
9. Desenvolvimento de ações de acompanhamento e avaliação
Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares da PIC, para instrumentalização de processos de gestão.
Em virtude da crescente demanda da população brasileira, por 10. Promoção de cooperação nacional e internacional das ex-
meio das Conferências Nacionais de Saúde e das recomendações da periências da PIC nos campos da atenção, da educação permanente
Organização Mundial da Saúde (OMS) aos Estados membros para e da pesquisa em saúde.
formulação de políticas visando a integração de sistemas médicos 11. Garantia do monitoramento da qualidade dos fitoterápicos
complexos e recursos terapêuticos (também chamados de Medi- pelo Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.
cina Tradicional e Complementar/Alternativa MT/MCA ou Práticas
Integrativas e Complementares) aos Sistemas Oficiais de Saúde,
PACTO PELA SAÚDE
além da necessidade de normatização das experiências existentes
no SUS, o Ministério da Saúde aprovou a Política Nacional de Práti-
cas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS, contemplando PORTARIA Nº 399, DE 22 DE FEVEREIRO DE 2006
as áreas de homeopatia, plantas medicinais e fitoterapia, medicina
tradicional chinesa/acupuntura, medicina antroposófica e termalis- Divulga o Pacto pela Saúde 2006 – Consolidação do SUS e apro-
mo social – crenoterapia, promovendo a institucionalização destas va as Diretrizes Operacionais do Referido Pacto.
práticas no Sistema Único de Saúde (SUS). O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, INTERINO, no uso de suas
atribuições, e
Objetivos Considerando o disposto no art. 198 da Constituição Federal
de 1988, que estabelece as ações e serviços públicos que integram
A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem o Sistema
tem como objetivos: Único de Saúde - SUS;
1. Incorporar e implementar as Práticas Integrativas e Com- Considerando o art. 7º da Lei nº 8080/90 dos princípios e dire-
plementares no SUS, na perspectiva da prevenção de agravos e da trizes do SUS de universalidade do acesso, integralidade da atenção
promoção e recuperação da saúde, com ênfase na atenção básica, e descentralização político-administrativa com direção única em
voltada ao cuidado continuado, humanizado e integral em saúde. cada esfera de governo;
2. Contribuir ao aumento da resolubilidade do Sistema e am- Considerando a necessidade de qualificar e implementar o
pliação do acesso à PNPIC, garantindo qualidade, eficácia, eficiência processo de descentralização, organização e gestão do SUS à luz da
e segurança no uso. evolução do processo de pactuação intergestores;
3. Promover a racionalização das ações de saúde, estimulando Considerando a necessidade do aprimoramento do processo
alternativas inovadoras e socialmente contributivas ao desenvolvi- de pactuação intergestores objetivando a qualificação, o aperfeiço-
mento sustentável de comunidades. amento e a definição das responsabilidades sanitárias e de gestão
4. Estimular as ações referentes ao controle/participação so- entre os entes federados no âmbito do SUS;
cial, promovendo o envolvimento responsável e continuado dos Considerando a necessidade de definição de compromisso en-
usuários, gestores e trabalhadores nas diferentes instâncias de efe- tre os gestores do SUS em torno de prioridades que apresentem
tivação das políticas de saúde. impacto sobre a situação de saúde da população brasileira;
Considerando o compromisso com a consolidação e o avanço
Diretrizes do processo de Reforma Sanitária Brasileira, explicitada na defesa
dos princípios do SUS;
Entre suas diretrizes, destacam-se: Considerando a aprovação das Diretrizes Operacionais do Pac-
1. Estruturação e fortalecimento da atenção em PIC no SUS. to pela Saúde em 2006 – Consolidação do SUS na reunião da Comis-
2. Desenvolvimento de estratégias de qualificação em PIC para são Intergestores Tripartite realizada no dia 26 de janeiro de 2006; e
profissionais o SUS, em conformidade com os princípios e diretrizes Considerando a aprovação das Diretrizes Operacionais do Pac-
estabelecidos para educação permanente. to pela Saúde em 2006 – Consolidação do SUS, na reunião do Con-
selho Nacional de Saúde realizada no dia 9 de fevereiro de 2006,
resolve:
297
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Art. 1º - Dar divulgação ao Pacto pela Saúde 2006 – Consolida- I – O PACTO PELA VIDA:
ção do SUS, na forma do Anexo I a esta portaria. O Pacto pela Vida está constituído por um conjunto de compro-
Art 2º - Aprovar as Diretrizes Operacionais do Pacto pela Saúde missos sanitários, expressos em objetivos de processos e resultados
em 2006 – Consolidação do SUS com seus três componentes: Pac- e derivados da análise da situação de saúde do País e das priorida-
tos Pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão, na forma do Anexo II des definidas pelos governos federal, estaduais e municipais.
a esta Portaria. Significa uma ação prioritária no campo da saúde que deverá
Art. 3º - Ficam mantidas, até a assinatura do Termo de Com- ser executada com foco em resultados e com a explicitação inequí-
promisso de Gestão constante nas Diretrizes Operacionais do Pacto voca dos compromissos orçamentários e financeiros para o alcance
pela Saúde 2006, as mesmas prerrogativas e responsabilidades dos desses resultados.
municípios e estados que estão habilitados em Gestão Plena do Sis-
tema, conforme estabelecido na Norma Operacional Básica - NOB As prioridades do PACTO PELA VIDA e seus objetivos para
SUS 01/96 e na Norma Operacional da Assistência à Saúde - NOAS 2006 são:
SUS 2002.
Art. 4º - Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. SAÚDE DO IDOSO:
JOSÉ AGENOR ÁLVARES DA SILVA Implantar a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, bus-
cando a atenção integral.
ANEXO I
PACTO PELA SAÚDE 2006 CÂNCER DE COLO DE ÚTERO E DE MAMA:
CONSOLIDAÇÃO DO SUS Contribuir para a redução da mortalidade por câncer de colo
do útero e de mama.
O Sistema Único de Saúde - SUS é uma política pública que aca-
ba de completar uma década e meia de existência. Nesses poucos MORTALIDADE INFANTIL E MATERNA:
anos, foi construído no Brasil, um sólido sistema de saúde que pres- Reduzir a mortalidade materna, infantil neonatal, infantil por
ta bons serviços à população brasileira. doença diarréica e por pneumonias.
O SUS tem uma rede de mais de 63 mil unidades ambulato-
riais e de cerca de 6 mil unidades hospitalares, com mais de 440 DOENÇAS EMERGENTES E ENDEMIAS, COM ÊNFASE NA DEN-
mil leitos. Sua produção anual é aproximadamente de 12 milhões GUE, HANSENÍASE, TUBERCULOSE, MALÁRIA E INFLUENZA
de internações hospitalares; 1 bilhão de procedimentos de atenção Fortalecer a capacidade de resposta do sistema de saúde às
primária à saúde; 150 milhões de consultas médicas; 2 milhões de doenças emergentes e endemias.
partos; 300 milhões de exames laboratoriais; 132 milhões de aten-
dimentos de alta complexidade e 14 mil transplantes de órgãos. PROMOÇÃO DA SAÚDE:
Além de ser o segundo país do mundo em número de transplan- Elaborar e implantar a Política Nacional de Promoção da Saúde,
tes, o Brasil é reconhecido internacionalmente pelo seu progresso com ênfase na adoção de hábitos saudáveis por parte da população
no atendimento universal às Doenças Sexualmente Transmissíveis/ brasileira, de forma a internalizar a responsabilidade individual da
AIDS, na implementação do Programa Nacional de Imunização e no prática de atividade física regula,r alimentação saudável e combate
atendimento relativo à Atenção Básica. O SUS é avaliado positiva- ao tabagismo.
mente pelos que o utilizam rotineiramente e está presente em todo ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE
território nacional. Consolidar e qualificar a estratégia da Saúde da Família como
Ao longo de sua história houve muitos avanços e também desa- modelo de atenção básica à saúde e como centro ordenador das
fios permanentes a superar. Isso tem exigido, dos gestores do SUS, redes de atenção à saúde do SUS.
um movimento constante de mudanças, pela via das reformas in-
crementais. Contudo, esse modelo parece ter se esgotado, de um II – O PACTO EM DEFESA DO SUS:
lado, pela dificuldade de imporem-se normas gerais a um país tão O Pacto em Defesa do SUS envolve ações concretas e articula-
grande e desigual; de outro, pela sua fixação em conteúdos norma- das pelas três instâncias federativas no sentido de reforçar o SUS
tivos de caráter técnico-processual, tratados, em geral, com deta- como política de Estado mais do que política de governos; e de de-
lhamento excessivo e enorme complexidade. fender, vigorosamente, os princípios basilares dessa política públi-
Na perspectiva de superar as dificuldades apontadas, os gesto- ca, inscritos na Constituição Federal.
res do SUS assumem o compromisso público da construção do PAC- A concretização desse Pacto passa por um movimento de re-
TO PELA SAÚDE 2006, que será anualmente revisado, com base nos politização da saúde, com uma clara estratégia de mobilização so-
princípios constitucionais do SUS, ênfase nas necessidades de saú- cial envolvendo o conjunto da sociedade brasileira, extrapolando
de da população e que implicará o exercício simultâneo de defini- os limites do setor e vinculada ao processo de instituição da saúde
ção de prioridades articuladas e integradas nos três componentes: como direito de cidadania, tendo o financiamento público da saúde
Pacto pela Vida, Pacto em Defesa do SUS e Pacto de Gestão do SUS. como um dos pontos centrais.
Estas prioridades são expressas em objetivos e metas no Termo
de Compromisso de Gestão e estão detalhadas no documento Dire-
trizes Operacionais do Pacto pela Saúde 2006
298
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
299
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
300
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Assumir a estratégia de saúde da família como estratégia prio- Regulamentação da EC nº 29 pelo Congresso Nacional, com
ritária para o fortalecimento da atenção básica, devendo seu desen- aprovação do PL nº 01/03, já aprovado e aprimorado em três co-
volvimento considerar as diferenças loco-regionais. missões da Câmara dos Deputados;
Desenvolver ações de qualificação dos profissionais da atenção Aprovação do orçamento do SUS, composto pelos orçamen-
básica por meio de estratégias de educação permanente e de ofer- tos das três esferas de gestão, explicitando o compromisso de cada
ta de cursos de especialização e residência multiprofissional e em uma delas em ações e serviços de saúde de acordo com a Consti-
medicina da família. tuição Federal.
Consolidar e qualificar a estratégia de saúde da família nos pe-
quenos e médios municípios. III - PACTO DE GESTÃO
Ampliar e qualificar a estratégia de saúde da família nos gran- Estabelece Diretrizes para a gestão do sistema nos aspectos da
des centros urbanos. Descentralização; Regionalização; Financiamento; Planejamento;
Garantir a infra-estrutura necessária ao funcionamento das Programação Pactuada e Integrada – PPI; Regulação; Participação
Unidades Básicas de Saúde, dotando-as de recursos materiais, equi- Social e Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde.
pamentos e insumos suficientes para o conjunto de ações propos-
tas para esses serviços. DIRETRIZES PARA A GESTÃO DO SUS
Garantir o financiamento da Atenção Básica como responsabi-
lidade das três esferas de gestão do SUS. Premissas da descentralização
Aprimorar a inserção dos profissionais da Atenção Básica nas Buscando aprofundar o processo de descentralização, com ên-
redes locais de saúde, por meio de vínculos de trabalho que favore- fase numa descentralização compartilhada, são fixadas as seguintes
çam o provimento e fixação dos profissionais. premissas, que devem orientar este processo:
Implantar o processo de monitoramento e avaliação da Aten- Cabe ao Ministério da Saúde a proposição de políticas, partici-
ção Básica nas três esferas de governo, com vistas à qualificação da pação no co-financiamento, cooperação técnica, avaliação, regula-
gestão descentralizada. ção, controle e fiscalização, além da mediação de conflitos;
Apoiar diferentes modos de organização e fortalecimento da Descentralização dos processos administrativos relativos à ges-
Atenção Básica que considere os princípios da estratégia de Saúde tão para as Comissões Intergestores Bipartite;
da Família, respeitando as especificidades loco-regionais. As Comissões Intergestores Bipartite são instâncias de pactua-
ção e deliberação para a realização dos pactos intraestaduais e a de-
II - PACTO EM DEFESA DO SUS finição de modelos organizacionais, a partir de diretrizes e normas
A – DIRETRIZES pactuadas na Comissão Intergestores Tripartite;
O trabalho dos gestores das três esferas de governo e dos ou- As deliberações das Comissões Intergestores Bipartite e Tripar-
tros atores envolvidos dentro deste Pacto deve considerar as se- tite devem ser por consenso;
guintes diretrizes: A Comissão Intergestores Tripartite e o Ministério da Saúde
Expressar os compromissos entre os gestores do SUS com a promoverão e apoiarão processo de qualificação permanente para
consolidação da Reforma Sanitária Brasileira, explicitada na defesa as Comissões Intergestores Bipartite;
dos princípios do Sistema Único de Saúde estabelecidos na Consti- O detalhamento deste processo, no que se refere à descentra-
tuição Federal. lização de ações realizadas hoje pelo Ministério da Saúde, será ob-
Desenvolver e articular ações, no seu âmbito de competência jeto de portaria específica.
e em conjunto com os demais gestores, que visem qualificar e asse-
gurar o Sistema Único de Saúde como política pública. Regionalização
2 - O Pacto em Defesa do SUS deve se firmar através de inicia- A Regionalização é uma diretriz do Sistema Único de Saúde e
tivas que busquem: um eixo estruturante do Pacto de Gestão e deve orientar a descen-
A repolitização da saúde, como um movimento que retoma a tralização das ações e serviços de saúde e os processos de negocia-
Reforma Sanitária Brasileira aproximando-a dos desafios atuais do ção e pactuação entre os gestores.
SUS; Os principais instrumentos de planejamento da Regionalização
A Promoção da Cidadania como estratégia de mobilização so- são o Plano Diretor de Regionalização – PDR, o Plano Diretor de In-
cial tendo a questão da saúde como um direito; vestimento – PDI e a Programação Pactuada e Integrada da Atenção
A garantia de financiamento de acordo com as necessidades em Saúde – PPI, detalhados no corpo deste documento.
do Sistema; O PDR deverá expressar o desenho final do processo de identi-
3 – Ações do Pacto em Defesa do SUS: ficação e reconhecimento das regiões de saúde, em suas diferentes
As ações do Pacto em Defesa do SUS devem contemplar: formas, em cada estado e no Distrito Federal, objetivando a garan-
Articulação e apoio à mobilização social pela promoção e de- tia do acesso, a promoção da equidade, a garantia da integralidade
senvolvimento da cidadania, tendo a questão da saúde como um da atenção, a qualificação do processo de descentralização e a ra-
direito; cionalização de gastos e otimização de recursos.
Estabelecimento de diálogo com a sociedade, além dos limites Para auxiliar na função de coordenação do processo de regio-
institucionais do SUS; nalização, o PDR deverá conter os desenhos das redes regionaliza-
Ampliação e fortalecimento das relações com os movimentos das de atenção à saúde, organizadas dentro dos territórios das re-
sociais, em especial os que lutam pelos direitos da saúde e cida- giões e macrorregiões de saúde, em articulação com o processo da
dania; Programação Pactuada Integrada.
Elaboração e publicação da Carta dos Direitos dos Usuários do
SUS;
301
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
O PDI deve expressar os recursos de investimentos para aten- Quando a suficiência em atenção básica e parte da média com-
der as necessidades pactuadas no processo de planejamento re- plexidade não forem alcançadas deverá ser considerada no planeja-
gional e estadual. No âmbito regional deve refletir as necessidades mento regional a estratégia para o seu estabelecimento, junto com
para se alcançar a suficiência na atenção básica e parte da média a definição dos investimentos, quando necessário;
complexidade da assistência, conforme desenho regional e na ma- O planejamento regional deve considerar os parâmetros de
crorregião no que se refere à alta complexidade. Deve contemplar incorporação tecnológica que compatibilizem economia de escala
também as necessidades da área da vigilância em saúde e ser de- com eqüidade no acesso;
senvolvido de forma articulada com o processo da PPI e do PDR. Para garantir a atenção na alta complexidade e em parte da
2.1- Objetivos da Regionalização: média, as Regiões devem pactuar entre si arranjos inter-regionais,
Garantir acesso, resolutividade e qualidade às ações e serviços com agregação de mais de uma Região em uma macrorregião;
de saúde cuja complexidade e contingente populacional transcenda O ponto de corte da média complexidade que deve estar na
a escala local/municipal; Região ou na macrorregião deve ser pactuado na CIB, a partir da re-
Garantir o direito à saúde, reduzir desigualdades sociais e ter- alidade de cada estado. Em alguns estados com mais adensamento
ritoriais e promover a eqüidade, ampliando a visão nacional dos tecnológico, a alta complexidade pode estar contemplada dentro
problemas, associada à capacidade de diagnóstico e decisão loco- de uma Região.
-regional, que possibilite os meios adequados para a redução das
desigualdades no acesso às ações e serviços de saúde existentes As regiões podem ter os seguintes formatos:
no país; Regiões intraestaduais, compostas por mais de um município,
Garantir a integralidade na atenção a saúde, ampliando o con- dentro de um mesmo estado;
ceito de cuidado à saúde no processo de reordenamento das ações Regiões Intramunicipais, organizadas dentro de um mesmo
de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação com garantia município de grande extensão territorial e densidade populacional;
de acesso a todos os níveis de complexidade do sistema; Regiões Interestaduais, conformadas a partir de municípios li-
Potencializar o processo de descentralização, fortalecendo es- mítrofes em diferentes estados;
tados e municípios para exercerem papel de gestores e para que Regiões Fronteiriças, conformadas a partir de municípios limí-
as demandas dos diferentes interesses loco-regionais possam ser trofes com países vizinhos.
organizadas e expressadas na região; Nos casos de regiões fronteiriças o Ministério da Saúde deve
Racionalizar os gastos e otimizar os recursos, possibilitando envidar esforços no sentido de promover articulação entre os paí-
ganho em escala nas ações e serviços de saúde de abrangência re- ses e órgãos envolvidos, na perspectiva de implementação do siste-
gional. ma de saúde e conseqüente organização da atenção nos municípios
fronteiriços, coordenando e fomentando a constituição dessas Re-
- Regiões de Saúde giões e participando do colegiado de gestão regional.
As Regiões de Saúde são recortes territoriais inseridos em um - Mecanismos de Gestão Regional
espaço geográfico contínuo, identificadas pelos gestores municipais Para qualificar o processo de regionalização, buscando a garan-
e estaduais a partir de identidades culturais, econômicas e sociais, tia e o aprimoramento dos princípios do SUS, os gestores de saúde
de redes de comunicação e infra-estrutura de transportes compar- da Região deverão constituir um espaço permanente de pactuação
tilhados do território; e co-gestão solidária e cooperativa através de um Colegiado de Ges-
A Região de Saúde deve organizar a rede de ações e serviços tão Regional. A denominação e o funcionamento do Colegiado de-
de saúde a fim de assegurar o cumprimento dos princípios consti- vem ser acordados na CIB;
tucionais de universalidade do acesso, eqüidade e integralidade do O Colegiado de Gestão Regional se constitui num espaço de de-
cuidado; cisão através da identificação, definição de prioridades e de pactu-
A organização da Região de Saúde deve favorecer a ação coo- ação de soluções para a organização de uma rede regional de ações
perativa e solidária entre os gestores e o fortalecimento do controle e serviços de atenção à saúde, integrada e resolutiva;
social; O Colegiado deve ser formado pelos gestores municipais de
Para a constituição de uma rede de atenção à saúde regionali- saúde do conjunto de municípios e por representantes do(s) ges-
zada em uma determinada região, é necessário a pactuação entre tor(es) estadual(ais), sendo as suas decisões sempre por consenso,
todos os gestores envolvidos, do conjunto de responsabilidades pressupondo o envolvimento e comprometimento do conjunto de
não compartilhadas e das ações complementares; gestores com os compromissos pactuados.
O conjunto de responsabilidades não compartilhadas se refere Nos casos onde as CIB regionais estão constituídas por repre-
à atenção básica e às ações básicas de vigilância em saúde, que de- sentação e não for possível a imediata incorporação de todos os
verão ser assumidas por cada município; municípios da Região de Saúde deve ser pactuado um cronograma
As ações complementares e os meios necessários para viabili- de adequação, no menor prazo possível, para a inclusão de todos os
zá-las deverão ser compartilhados e integrados a fim de garantir a municípios nos respectivos colegiados regionais.
resolutividade e a integralidade de acesso; O Colegiado deve instituir processo de planejamento regional,
Os estados e a união devem apoiar os municípios para que es- que defina as prioridades, as responsabilidades de cada ente, as ba-
tes assumam o conjunto de responsabilidades; ses para a programação pactuada integrada da atenção a saúde, o
O corte no nível assistencial para delimitação de uma Região de desenho do processo regulatório, as estratégias de qualificação do
Saúde deve estabelecer critérios que propiciem certo grau de reso- controle social, as linhas de investimento e o apoio para o processo
lutividade àquele território, como suficiência em atenção básica e de planejamento local.
parte da média complexidade;
302
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
O planejamento regional, mais que uma exigência formal, de- Estimular estratégias de qualificação do controle social
verá expressar as responsabilidades dos gestores com a saúde da Apoiar o processo de planejamento local
população do território e o conjunto de objetivos e ações que con- Constituir um processo dinâmico de avaliação e monitoramen-
tribuirão para a garantia do acesso e da integralidade da atenção, to regional
devendo as prioridades e responsabilidades definidas regionalmen- - Reconhecimento das Regiões
te estar refletidas no plano de saúde de cada município e do estado; As Regiões Intramunicipais deverão ser reconhecidas como tal,
Os colegiados de gestão regional deverão ser apoiados através não precisando ser homologadas pelas Comissões Intergestores.
de câmaras técnicas permanentes que subsidiarão com informa- As Regiões Intraestaduais deverão ser reconhecidas nas Comis-
ções e análises relevantes. sões Intergestores Bipartite e encaminhadas para conhecimento e
- Etapas do Processo de Construção da Regionalização acompanhamento do MS.
- Critérios para a composição da Região de Saúde, expressa no As Regiões Interestaduais deverão ser reconhecidas nas res-
PDR: pectivas Comissões Intergestores Bipartite e encaminhadas para
Contigüidade entre os municípios; homologação da Comissão Intergestores Tripartite.
Respeito à identidade expressa no cotidiano social, econômico As Regiões Fronteiriças deverão ser reconhecidas nas respecti-
e cultural; vas Comissões Intergestores Bipartite e encaminhadas para homo-
Existência de infra-estrutura de transportes e de redes de co- logação na Comissão Intergestores Tripartite.
municação, que permita o trânsito das pessoas entre os municípios; O desenho das Regiões intra e interestaduais deve ser subme-
Existência de fluxos assistenciais que devem ser alterados, se tida a aprovação pelos respectivos Conselhos Estaduais de Saúde.
necessário, para a organização da rede de atenção à saúde; Financiamento do Sistema Único de Saúde
Considerar a rede de ações e serviços de saúde, onde: 3.1 - São princípios gerais do financiamento para o Sistema Úni-
Todos os municípios se responsabilizam pela atenção básica e co de Saúde:
pelas ações básicas de vigilância em saúde; Responsabilidade das três esferas de gestão – União, Estados e
O desenho da região propicia relativo grau de resolutividade Municípios pelo financiamento do Sistema Único de Saúde;
àquele território, como a suficiência em Atenção Básica e parte da Redução das iniqüidades macrorregionais, estaduais e regio-
Média Complexidade. nais, a ser contemplada na metodologia de alocação de recursos,
A suficiência está estabelecida ou a estratégia para alcançá-la considerando também as dimensões étnico-racial e social;
está explicitada no planejamento regional, contendo, se necessário, Repasse fundo a fundo, definido como modalidade preferen-
a definição dos investimentos. cial de transferência de recursos entre os gestores;
O desenho considera os parâmetros de incorporação tecno- Financiamento de custeio com recursos federais constituído,
lógica que compatibilizem economia de escala com eqüidade no organizados e transferidos em blocos de recursos;
acesso. O uso dos recursos federais para o custeio fica restrito a cada
O desenho garante a integralidade da atenção e para isso as bloco, atendendo as especificidades previstas nos mesmos, confor-
Regiões devem pactuar entre si arranjos inter-regionais, se neces- me regulamentação específica;
sário com agregação de mais de uma região em uma macrorregião; As bases de cálculo que formam cada Bloco e os montantes fi-
o ponto de corte de média e alta-complexidade na região ou na nanceiros destinados para os Estados, Municípios e Distrito Federal
macroregião deve ser pactuado na CIB, a partir da realidade de cada devem compor memórias de cálculo, para fins de histórico e moni-
estado. toramento.
- Constituição, Organização e Funcionamento do Colegiado de - Os blocos de financiamento para o custeio são:
Gestão Regional: Atenção básica
A constituição do colegiado de gestão regional deve assegurar Atenção de média e alta complexidade
a presença de todos os gestores de saúde dos municípios que com- Vigilância em Saúde
põem a Região e da representação estadual. Assistência Farmacêutica
Nas CIB regionais constituídas por representação, quando não Gestão do SUS
for possível a imediata incorporação de todos os gestores de saúde
dos municípios da Região de saúde, deve ser pactuado um crono- Bloco de financiamento para a Atenção Básica
grama de adequação, com o menor prazo possível, para a inclusão O financiamento da Atenção Básica é de responsabilidade das
de todos os gestores nos respectivos colegiados de gestão regio- três esferas de gestão do SUS, sendo que os recursos federais com-
nais; porão o Bloco Financeiro da Atenção Básica dividido em dois com-
Constituir uma estrutura de apoio ao colegiado, através de câ- ponentes: Piso da Atenção Básica e Piso da Atenção Básica Variável
mara técnica e eventualmente, grupos de trabalho formados com e seus valores serão estabelecidos em Portaria específica, com me-
técnicos dos municípios e do estado; mórias de cálculo anexas.
Estabelecer uma agenda regular de reuniões; O Piso de Atenção Básica - PAB consiste em um montante de
O funcionamento do Colegiado deve ser organizado de modo a recursos financeiros, que agregam as estratégias destinadas ao cus-
exercer as funções de: teio de ações de atenção básica à saúde;
Instituir um processo dinâmico de planejamento regional Os recursos financeiros do PAB serão transferidos mensalmen-
Atualizar e acompanhar a programação pactuada integrada de te, de forma regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde aos
atenção em saúde Fundos de Saúde dos Municípios e do Distrito Federal.
Desenhar o processo regulatório, com definição de fluxos e O Piso da Atenção Básica Variável - PAB Variável consiste em um
protocolos montante financeiro destinado ao custeio de estratégias específicas
Priorizar linhas de investimento desenvolvidas no âmbito da Atenção Básica em Saúde.
303
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
O PAB Variável passa a ser composto pelo financiamento das O Limite Financeiro de Vigilância em Saúde será transferido
seguintes estratégias: em parcelas mensais e o valor da transferência mensal para cada
Saúde da Família; um dos Estados, Municípios e Distrito Federal, bem como o Limite
Agentes Comunitários de Saúde; Financeiro respectivo será estabelecido em Portaria específica e de-
Saúde Bucal; talhará os diferentes componentes que o formam, com memórias
Compensação de especificidades regionais de cálculo anexas.
Fator de incentivo da Atenção Básica aos Povos Indígenas Comporão ainda, o bloco do financiamento da Vigilância em
Incentivo à Saúde no Sistema Penitenciário Saúde – Sub-bloco Vigilância Epidemiológica, os recursos que se
Os recursos do PAB Variável serão transferidos ao Município destinam às seguintes finalidades, com repasses específicos:
que aderir e implementar as estratégias específicas a que se destina Fortalecimento da Gestão da Vigilância em Saúde em Estados e
e a utilização desses recursos deve estar definida no Plano Munici- Municípios (VIGISUS II)
pal de Saúde; Campanhas de Vacinação
O PAB Variável da Assistência Farmacêutica e da Vigilância em Incentivo do Programa DST/AIDS
Saúde passam a compor os seus Blocos de Financiamento respec- Os recursos alocados tratados pela Portaria MS/GM nº
tivos. 1349/2002, deverão ser incorporados ao Limite Financeiro de Vigi-
Compensação de Especificidades Regionais é um montante fi- lância em Saúde do Município quando o mesmo comprovar a efeti-
nanceiro igual a 5% do valor mínimo do PAB fixo multiplicado pela va contratação dos agentes de campo.
população do Estado, para que as CIBs definam a utilização do re- No Componente da Vigilância Sanitária, os recursos do Termo
curso de acordo com as especificidades estaduais, podendo incluir de Ajuste e Metas – TAM, destinados e não transferidos aos estados
sazonalidade, migrações, dificuldade de fixação de profissionais, e municípios, nos casos de existência de saldo superior a 40% dos
IDH, indicadores de resultados. Os critérios definidos devem ser in- recursos repassados no período de um semestre, constituem um
formados ao plenário da CIT. Fundo de Compensação em VISA, administrado pela ANVISA e des-
b) Bloco de financiamento para a Atenção de Média e Alta tinado ao financiamento de gestão e descentralização da Vigilância
Complexidade Sanitária.
Os recursos correspondentes ao financiamento dos procedi- Em Estados onde o valor per cápita que compõe o TAM não
mentos relativos à média e alta complexidade em saúde compõem atinge o teto orçamentário mínimo daquele Estado, a União asse-
o Limite Financeiro da Média e Alta Complexidade Ambulatorial e gurará recurso financeiro para compor o Piso Estadual de Vigilância
Hospitalar do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios. Sanitária – PEVISA.
Os recursos destinados ao custeio dos procedimentos pagos d) Bloco de financiamento para a Assistência Farmacêutica
atualmente através do Fundo de Ações Estratégicas e Compensa- A Assistência Farmacêutica será financiada pelos três gestores
ção – FAEC serão incorporados ao Limite Financeiro de cada Esta- do SUS devendo agregar a aquisição de medicamentos e insumos e
do, Município e do Distrito Federal, conforme pactuação entre os a organização das ações de assistência farmacêutica necessárias, de
gestores. acordo com a organização de serviços de saúde.
O Fundo de Ações Estratégicas e Compensação – FAEC se des- O Bloco de financiamento da Assistência Farmacêutica se orga-
tina, assim, ao custeio de procedimentos, conforme detalhado a niza em três componentes: Básico, Estratégico e Medicamentos de
seguir: Dispensação Excepcional.
Procedimentos regulados pela CNRAC – Central Nacional de O Componente Básico da Assistência Farmacêutica consiste em
Regulação da Alta Complexidade; financiamento para ações de assistência farmacêutica na atenção
Transplantes; básica em saúde e para agravos e programas de saúde específicos,
Ações Estratégicas Emergenciais, de caráter temporário, imple- inseridos na rede de cuidados da atenção básica, sendo de respon-
mentadas com prazo pré-definido; sabilidade dos três gestores do SUS.
Novos procedimentos: cobertura financeira de aproximada- O Componente Básico é composto de uma Parte Fixa e de uma
mente seis meses, quando da inclusão de novos procedimentos, Parte Variável, sendo:
sem correlação à tabela vigente, até a formação de série histórica Parte Fixa: valor com base per capita para ações de assistência
para a devida agregação ao MAC. farmacêutica para a Atenção Básica, transferido Municípios, Distrito
c) Bloco de financiamento para a Vigilância em Saúde Federal e Estados, conforme pactuação nas CIB e com contrapartida
Os recursos financeiros correspondentes às ações de Vigilân- financeira dos estados e dos municípios.
cia em Saúde comporão o Limite Financeiro de Vigilância em Saú- Parte Variável: valor com base per capita para ações de assis-
de dos Estados, Municípios e do Distrito Federal e representam o tência farmacêutica dos Programas de Hipertensão e Diabetes, ex-
agrupamento das ações da Vigilância Epidemiológica, Ambiental e ceto insulina; Asma e Rinite; Saúde Mental; Saúde da Mulher; Ali-
Sanitária; mentação e Nutrição e Combate ao Tabagismo.
O Limite Financeiro da Vigilância em Saúde é composto por A parte variável do Componente Básico será transferida ao mu-
dois componentes: da Vigilância Epidemiológica e Ambiental em nicípio ou estado, conforme pactuação na CIB, à medida que este
Saúde e o componente da Vigilância Sanitária em Saúde; implementa e organiza os serviços previstos pelos Programas espe-
O financiamento para as ações de vigilância sanitária deve cíficos.
consolidar a reversão do modelo de pagamento por procedimen- O Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica con-
to, oferecendo cobertura para o custeio de ações coletivas visando siste em financiamento para ações de assistência farmacêutica de
garantir o controle de riscos sanitários inerentes ao objeto de ação, programas estratégicos.
avançando em ações de regulação, controle e avaliação de produtos
e serviços associados ao conjunto das atividades.
304
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
305
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Promover a institucionalização e fortalecer as áreas de planeja- A tabela unificada de procedimentos deve orientar a progra-
mento no âmbito do SUS, nas três esferas de governo, com vistas a mação das ações que não estão organizadas por áreas de atuação,
legitimá-lo como instrumento estratégico de gestão do SUS; considerando seus níveis de agregação, para formar as aberturas
Apoiar e participar da avaliação periódica relativa à situação programáticas;
de saúde da população e ao funcionamento do SUS, provendo os A programação da assistência devera buscar a integração com
gestores de informações que permitam o seu aperfeiçoamento e a programação da vigilância em saúde;
ou redirecionamento; Os recursos financeiros das três esferas de governo devem ser
Promover a capacitação contínua dos profissionais que atuam visualizados na programação.
no contexto do planejamento no SUS; O processo de programação deve contribuir para a garantia de
Promover a eficiência dos processos compartilhados de pla- acesso aos serviços de saúde, subsidiando o processo regulatório
nejamento e a eficácia dos resultados, bem como da participação da assistência;
social nestes processos; A programação deve ser realizada a cada gestão, revisada pe-
Promover a integração do processo de planejamento e orça- riodicamente e sempre que necessário, em decorrência de altera-
mento no âmbito do SUS, bem como a sua intersetorialidade, de ções de fluxo no atendimento ao usuário; de oferta de serviços; na
forma articulada com as diversas etapas do ciclo de planejamento; tabela de procedimentos; e no teto financeiro, dentre outras.
Monitorar e avaliar o processo de planejamento, as ações im- A programação pactuada e integrada deve subsidiar a progra-
plementadas e os resultados alcançados, de modo a fortalecer o mação física financeira dos estabelecimentos de saúde.
planejamento e a contribuir para a transparência do processo de A programação pactuada e integrada deve guardar relação com
gestão do SUS. o desenho da regionalização naquele estado.
4.3 - Pontos de pactuação priorizados para o Planejamento Regulação da Atenção à Saúde e Regulação Assistencial
Considerando a conceituação, caracterização e objetivos pre- Para efeitos destas diretrizes, serão adotados os seguintes con-
conizados para o sistema de planejamento do SUS, configuram-se ceitos:
como pontos essenciais de pactuação: Regulação da Atenção à Saúde - tem como objeto a produção
Adoção das necessidades de saúde da população como critério de todas as ações diretas e finais de atenção à saúde, dirigida aos
para o processo de planejamento no âmbito do SUS; prestadores de serviços de saúde, públicos e privados. As ações
Integração dos instrumentos de planejamento, tanto no con- da Regulação da Atenção à Saúde compreendem a Contratação,
texto de cada esfera de gestão, quanto do SUS como um todo; a Regulação do Acesso à Assistência ou Regulação Assistencial, o
Institucionalização e fortalecimento do Sistema de Planeja- Controle Assistencial, a Avaliação da Atenção à Saúde, a Auditoria
mento do SUS, com adoção do processo planejamento, neste inclu- Assistencial e as regulamentações da Vigilância Epidemiológica e
ído o monitoramento e a avaliação, como instrumento estratégico Sanitária.
de gestão do SUS; Contratação - o conjunto de atos que envolvem desde a habi-
Revisão e adoção de um elenco de instrumentos de planeja- litação dos serviços/prestadores até a formalização do contrato na
mento – tais como planos, relatórios, programações – a serem ado- sua forma jurídica.
tados pelas três esferas de gestão, com adequação dos instrumen- Regulação do Acesso à Assistência ou Regulação Assistencial
tos legais do SUS no tocante a este processo e instrumentos dele - conjunto de relações, saberes, tecnologias e ações que interme-
resultantes; deiam a demanda dos usuários por serviços de saúde e o acesso a
Cooperação entre as três esferas de gestão para o fortaleci- estes.
mento e a eqüidade no processo de planejamento no SUS. Complexos Reguladores - uma das estratégias de Regulação
Programação Pactuada e Integrada da Atenção em Saúde – PPI Assistencial, consistindo na articulação e integração de Centrais de
A PPI é um processo que visa definir a programação das ações Atenção Pré-hospitalar e Urgências, Centrais de Internação, Centrais
de saúde em cada território e nortear a alocação dos recursos fi- de Consultas e Exames, Protocolos Assistenciais com a contratação,
nanceiros para saúde a partir de critérios e parâmetros pactuados controle assistencial e avaliação, assim como com outras funções
entre os gestores. da gestão como programação e regionalização. Os complexos re-
A PPI deve explicitar os pactos de referencia entre municípios, guladores podem ter abrangência intra-municipal, municipal, micro
gerando a parcela de recursos destinados à própria população e à ou macro regional, estadual ou nacional, devendo esta abrangência
população referenciada. e respectiva gestão, serem pactuadas em processo democrático e
As principais diretrizes norteadoras do processo de programa- solidário, entre as três esferas de gestão do SUS.
ção pactuada são: Auditoria Assistencial ou clínica – processo regular que visa afe-
A programação deve estar inserida no processo de planeja- rir e induzir qualidade do atendimento amparada em procedimen-
mento e deve considerar as prioridades definidas nos planos de tos, protocolos e instruções de trabalho normatizados e pactuados.
saúde em cada esfera de gestão; Deve acompanhar e analisar criticamente os históricos clínicos com
Os gestores estaduais e municipais possuem flexibilidade na vistas a verificar a execução dos procedimentos e realçar as não
definição de parâmetros e prioridades que irão orientar a progra- conformidades.
mação, ressalvados os parâmetros pactuados nacional e estadual- Como princípios orientadores do processo de regulação, fica
mente. estabelecido que:
A programação é realizada prioritariamente, por áreas de atua- Cada prestador responde apenas a um gestor;
ção a partir das ações básicas de saúde para compor o rol de ações A regulação dos prestadores de serviços deve ser preferencial-
de maior complexidade; mente do município conforme desenho da rede da assistência pac-
tuado na CIB, observado o Termo de Compromisso de Gestão do
Pacto e os seguintes princípios:
306
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
da descentralização, municipalização e comando único; O Ministério da Saúde deve formular diretrizes de cooperação
da busca da escala adequada e da qualidade; técnica para a gestão do trabalho no SUS;
considerar a complexidade da rede de serviços locais; Desenvolver, pelas três esferas de gestão, estudos quanto às
considerar a efetiva capacidade de regulação; estratégias e financiamento tripartite de política de reposição da
considerar o desenho da rede estadual da assistência; força de trabalho descentralizada;
a primazia do interesse e da satisfação do usuário do SUS. As Diretrizes para Planos de Cargos e Carreira do SUS devem
A regulação das referencias intermunicipais é responsabilidade ser um instrumento que visa regular as relações de trabalho e o
do gestor estadual, expressa na coordenação do processo de cons- desenvolvimento do trabalhador, bem como a consolidação da car-
trução da programação pactuada e integrada da atenção em saúde, reira como instrumento estratégico para a política de recursos hu-
do processo de regionalização, do desenho das redes; manos no Sistema;
A operação dos complexos reguladores no que se refere a refe- Promover relações de trabalho que obedeçam a exigências do
rencia intermunicipal deve ser pactuada na CIB, podendo ser ope- princípio de legalidade da ação do Estado e de proteção dos direitos
rada nos seguintes modos: associados ao trabalho;
Pelo gestor estadual que se relacionará com a central municipal Desenvolver ações voltadas para a adoção de vínculos de tra-
que faz a gestão do prestador. balho que garantam os direitos sociais e previdenciários dos traba-
Pelo gestor estadual que se relacionará diretamente com o lhadores de saúde, promovendo ações de adequação de vínculos,
prestador quando este estiver sob gestão estadual. onde for necessário, nas três esferas de governo, com o apoio téc-
Pelo gestor municipal com co-gestão do estado e representa- nico e financeiro aos Municípios, pelos Estados e União, conforme
ção dos municípios da região; legislação vigente;
Modelos que diferem do item ‘d’ acima devem ser pactuados Os atores sociais envolvidos no desejo de consolidação dos SUS
pela CIB e homologados na CIT. atuarão solidariamente na busca do cumprimento deste item, ob-
São metas para este Pacto, no prazo de um ano: servadas as responsabilidades legais de cada segmento;
Contratualização de todos os prestadores de serviço; Estimular processos de negociação entre gestores e trabalha-
Colocação de todos os leitos e serviços ambulatoriais contratu- dores através da instalação de Mesas de Negociação junto às esfe-
alizados sob regulação; ras de gestão estaduais e municipais do SUS;
Extinção do pagamento dos serviços dos profissionais médicos As Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde devem envidar
por meio do código 7. esforços para a criação ou fortalecimento de estruturas de Recur-
sos Humanos, objetivando cumprir um papel indutor de mudanças,
Participação e Controle Social tanto no campo da gestão do trabalho, quanto no campo da edu-
A participação social no SUS é um princípio doutrinário e está cação na saúde;
assegurado na Constituição e nas Leis Orgânicas da Saúde (8080/90 8.2 - Serão priorizados os seguintes componentes na estrutura-
e 8142/90), e é parte fundamental deste pacto. ção da Gestão do Trabalho no SUS:
7.1 - As ações que devem ser desenvolvidas para fortalecer o Estruturação da Gestão do Trabalho no SUS - Esse componente
processo de participação social, dentro deste pacto são: trata das necessidades exigidas para a estruturação da área de Ges-
Apoiar os conselhos de saúde, as conferências de saúde e os tão do Trabalho integrado pelos seguintes eixos: base jurídico-legal;
movimentos sociais que atuam no campo da saúde, com vistas ao atribuições específicas; estrutura e dimensionamento organizacio-
seu fortalecimento para que os mesmos possam exercer plenamen- nal e estrutura física e equipamentos. Serão priorizados para este
te os seus papéis; Componente, Estados, Capitais, Distrito Federal e nos Municípios
Apoiar o processo de formação dos conselheiros; com mais de 500 empregos públicos, desde que possuam ou ve-
Estimular a participação e avaliação dos cidadãos nos serviços nham a criar setores de Gestão do Trabalho e da Educação nas se-
de saúde; cretarias estaduais e municipais de saúde;
Apoiar os processos de educação popular em saúde, para am- Capacitação de Recursos Humanos para a Gestão do Trabalho
pliar e qualificar a participação social no SUS; no SUS - Esse componente trata da qualificação dos gestores e téc-
Apoiar a implantação e implementação de ouvidorias nos es- nicos na perspectiva do fortalecimento da gestão do trabalho em
tados e municípios, com vistas ao fortalecimento da gestão estra- saúde. Estão previstos, para seu desenvolvimento, a elaboração de
tégica do SUS; material didático e a realização de oficinas, cursos presenciais ou à
Apoiar o processo de mobilização social e institucional em de- distância, por meio das estruturas formadoras existentes;
fesa do SUS e na discussão do pacto; Sistema Gerencial de Informações - Esse componente propõe
proceder à análise de sistemas de informação existentes e desen-
Gestão do Trabalho volver componentes de otimização e implantação de sistema infor-
8.1 - As diretrizes para a Gestão do Trabalho no SUS são as se- matizado que subsidie a tomada de decisão na área de Gestão do T
guintes: rabalho.
A política de recursos humanos para o SUS é um eixo estrutu- Educação na Saúde
rante e deve buscar a valorização do trabalho e dos trabalhadores 9.1 – A - As diretrizes para o trabalho na Educação na Saúde
de saúde, o tratamento dos conflitos, a humanização das relações são:
de trabalho; Avançar na implementação da Política Nacional de Educação
Estados, Municípios e União são entes autônomos para suprir Permanente por meio da compreensão dos conceitos de formação
suas necessidades de manutenção e expansão dos seus próprios e educação permanente para adequá-los às distintas lógicas e es-
quadros de trabalhadores de saúde; pecificidades;
307
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Considerar a educação permanente parte essencial de uma promover a eqüidade na atenção à saúde, considerando as di-
política de formação e desenvolvimento dos trabalhadores para a ferenças individuais e de grupos populacionais, por meio da ade-
qualificação do SUS e que comporta a adoção de diferentes me- quação da oferta às necessidades como princípio de justiça social, e
todologias e técnicas de ensino-aprendizagem inovadoras, entre ampliação do acesso de populações em situação de desigualdade,
outras coisas; respeitadas as diversidades locais;
Considerar a Política Nacional de Educação Permanente em participar do financiamento tripartite do Sistema Único de Saú-
Saúde uma estratégia do SUS para a formação e o desenvolvimento de;
de trabalhadores para o setor, tendo como orientação os princípios assumir a gestão e executar as ações de atenção básica, incluin-
da educação permanente; do as ações de promoção e proteção, no seu território;
Assumir o compromisso de discutir e avaliar os processos e assumir integralmente a gerência de toda a rede pública de
desdobramentos da implementação da Política Nacional de Educa- serviços de atenção básica, englobando as unidades próprias e as
ção Permanente para ajustes necessários, atualizando-a conforme transferidas pelo estado ou pela união;
as experiências de implementação, assegurando a inserção dos mu- com apoio dos estados, identificar as necessidades da popu-
nicípios e estados neste processo; lação do seu território, fazer um reconhecimento das iniqüidades,
Buscar a revisão da normatização vigente que institui a Políti- oportunidades e recursos;
ca Nacional de Educação Permanente em Saúde, contemplando a desenvolver, a partir da identificação das necessidades, um
conseqüente e efetiva descentralização das atividades de planeja- processo de planejamento, regulação, programação pactuada e in-
mento, monitoramento, avaliação e execução orçamentária da Edu- tegrada da atenção à saúde, monitoramento e avaliação;
cação Permanente para o trabalho no SUS; formular e implementar políticas para áreas prioritárias, con-
Centrar, o planejamento, programação e acompanhamento forme definido nas diferentes instâncias de pactuação;
das atividades educativas e conseqüentes alocações de recursos na organizar o acesso a serviços de saúde resolutivos e de qualida-
lógica de fortalecimento e qualificação do SUS e atendimento das de na atenção básica, viabilizando o planejamento, a programação
necessidades sociais em saúde; pactuada e integrada da atenção à saúde e a atenção à saúde no
Considerar que a proposição de ações para formação e desen- seu território, explicitando a responsabilidade, o compromisso e o
volvimento dos profissionais de saúde para atender às necessida- vínculo do serviço e equipe de saúde com a população do seu terri-
des do SUS deve ser produto de cooperação técnica, articulação e tório, desenhando a rede de atenção e promovendo a humanização
diálogo entre os gestores das três esferas de governo, as institui- do atendimento;
ções de ensino, os serviços e controle social e podem contemplar organizar e pactuar o acesso a ações e serviços de atenção es-
ações no campo da formação e do trabalho. pecializada a partir das necessidades da atenção básica, configu-
B - RESPONSABILIDADE SANITÁRIA rando a rede de atenção, por meio dos processos de integração e
Este capítulo define as Responsabilidades Sanitárias e atribui- articulação dos serviços de atenção básica com os demais níveis do
ções do Município, do Distrito Federal, do Estado e da União. A ges- sistema, com base no processo da programação pactuada e integra-
tão do Sistema Único de Saúde é construída de forma solidária e da da atenção à saúde;
cooperada, com apoio mútuo através de compromissos assumidos pactuar e fazer o acompanhamento da referência da atenção
nas Comissões Intergestores Bipartite (CIB) e Tripartite (CIT). que ocorre fora do seu território, em cooperação com o estado,
Algumas responsabilidades atribuídas aos municípios devem Distrito Federal e com os demais municípios envolvidos no âmbito
ser assumidas por todos os municípios. As outras responsabilidades regional e estadual, conforme a programação pactuada e integrada
serão atribuídas de acordo com o pactuado e/ou com a complexida- da atenção à saúde;
de da rede de serviços localizada no território municipal. garantir estas referências de acordo com a programação pactu-
No que se refere às responsabilidades atribuídas aos estados ada e integrada da atenção à saúde, quando dispõe de serviços de
devem ser assumidas por todos eles. referência intermunicipal;
Com relação à gestão dos prestadores de serviço fica mantida a garantir a estrutura física necessária para a realização das ações
normatização estabelecida na NOAS SUS 01/2002. As referências na de atenção básica, de acordo com as normas técnicas vigentes;
NOAS SUS 01/2002 às condições de gestão de estados e municípios promover a estruturação da assistência farmacêutica e garan-
ficam substituídas pelas situações pactuadas no respectivo Termo tir, em conjunto com as demais esferas de governo, o acesso da
de Compromisso de Gestão. população aos medicamentos cuja dispensação esteja sob sua res-
ponsabilidade, promovendo seu uso racional, observadas as nor-
RESPONSABILIDADES GERAIS DA GESTÃO DO SUS mas vigentes e pactuações estabelecidas;
assumir a gestão e execução das ações de vigilância em saúde
– MUNICÍPIOS realizadas no âmbito local, compreendendo as ações de vigilância
Todo município é responsável pela integralidade da atenção à epidemiológica, sanitária e ambiental, de acordo com as normas vi-
saúde da sua população, exercendo essa responsabilidade de forma gentes e pactuações estabelecidas;
solidária com o estado e a união; elaborar, pactuar e implantar a política de promoção da saúde,
Todo município deve: considerando as diretrizes estabelecidas no âmbito nacional.
garantir a integralidade das ações de saúde prestadas de for-
ma interdisciplinar, por meio da abordagem integral e contínua do – ESTADOS
indivíduo no seu contexto familiar, social e do trabalho; engloban- Responder, solidariamente com municípios, Distrito Federal e
do atividades de promoção da saúde, prevenção de riscos, danos e união, pela integralidade da atenção à saúde da população;
agravos; ações de assistência, assegurando o acesso ao atendimen- Participar do financiamento tripartite do Sistema Único de Saú-
to às urgências; de;
308
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
309
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Elaborar, pactuar e implantar a política de promoção da saúde, Apoiar e coordenar os laboratórios de saúde pública – Rede
considerando as diretrizes estabelecidas no âmbito nacional; Nacional de laboratórios de saúde Pública/RNLSP - nos aspectos re-
Assumir a gestão e execução das ações de vigilância em saúde lativos à vigilância em saúde;
realizadas no âmbito do seu território, compreendendo as ações de Assumir transitoriamente, quando necessário, a execução das
vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental, de acordo com as ações de vigilância em saúde nos estados, Distrito Federal e mu-
normas vigentes e pactuações estabelecidas; nicípios, comprometendo-se em cooperar para que assumam, no
Executar e coordenar as ações de vigilância em saúde, com- menor prazo possível, suas responsabilidades;
preendendo as ações de média e alta complexidade desta área, de Apoiar técnica e financeiramente os estados, o Distrito Federal
acordo com as normas vigentes e pactuações estabelecidas; e os municípios para que executem com qualidade as ações de vigi-
Coordenar, normatizar e gerir os laboratórios de saúde pública; lância em saúde, compreendendo as ações de vigilância epidemio-
Assumir a gestão e a gerência de unidades públicas de hemo- lógica, sanitária e ambiental, de acordo com as normas vigentes e
núcleos / hemocentros e elaborar normas complementares para a pactuações estabelecidas;
organização e funcionamento desta rede de serviço. Elaborar, pactuar e implementar a política de promoção da saú-
de.
– UNIÃO
Responder, solidariamente com os municípios, o Distrito Fede- RESPONSABILIDADES NA REGIONALIZAÇÃO
ral e os estados, pela integralidade da atenção à saúde da popula-
ção; – MUNICÍPIOS
Participar do financiamento tripartite do Sistema Único de Saú- Todo município deve:
de; contribuir para a constituição e fortalecimento do processo de
Formular e implementar políticas para áreas prioritárias, con- regionalização solidária e cooperativa, assumindo os compromissos
forme definido nas diferentes instâncias de pactuação; pactuados;
Coordenar e acompanhar, no âmbito nacional, a pactuação participar da constituição da regionalização, disponibilizando
e avaliação do Pacto de Gestão e Pacto pela Vida e seu Termo de de forma cooperativa os recursos humanos, tecnológicos e finan-
Compromisso; ceiros, conforme pactuação estabelecida;
Apoiar o Distrito Federal, os estados e conjuntamente com es- participar dos colegiados de gestão regionais, cumprindo suas
tes, os municípios, para que assumam integralmente as suas res- obrigações técnicas e financeiras. Nas CIB regionais constituídas por
ponsabilidades de gestores da atenção à saúde; representação, quando não for possível a imediata incorporação de
Apoiar financeiramente o Distrito Federal e os municípios, em todos os gestores de saúde dos municípios da região de saúde, de-
conjunto com os estados, para que garantam a estrutura física ne- ve-se pactuar um cronograma de adequação, no menor prazo pos-
cessária para a realização das ações de atenção básica; sível, para a inclusão de todos os municípios nos respectivos cole-
Prestar cooperação técnica e financeira aos estados, ao Distrito giados de gestão regionais.
Federal e aos municípios para o aperfeiçoamento das suas atuações participar dos projetos prioritários das regiões de saúde, con-
institucionais na gestão da atenção básica; forme definido no plano municipal de saúde, no plano diretor de
Exercer de forma pactuada as funções de normatização e de regionalização, no planejamento regional e no plano regional de
coordenação no que se refere à gestão nacional da atenção básica investimento;
no SUS; A responsabilidade a seguir será atribuída de acordo com o
Identificar, em articulação com os estados, Distrito Federal e pactuado e/ou com a complexidade da rede de serviços localizada
municípios, as necessidades da população para o âmbito nacional, no território municipal
fazendo um reconhecimento das iniqüidades, oportunidades e re- Executar as ações de referência regional sob sua responsabili-
cursos; e cooperar técnica e financeiramente com os gestores, para dade em conformidade com a programação pactuada e integrada
que façam o mesmo nos seus territórios; da atenção à saúde acordada nos colegiados de gestão regionais.
Desenvolver, a partir da identificação de necessidades, um pro-
cesso de planejamento, regulação, programação pactuada e inte- – ESTADOS
grada da atenção à saúde, monitoramento e avaliação; Contribuir para a constituição e fortalecimento do processo de
Promover a estruturação da assistência farmacêutica e garan- regionalização solidária e cooperativa, assumindo os compromissos
tir, em conjunto com as demais esferas de governo, o acesso da pactuados;
população aos medicamentos que estejam sob sua responsabilida- Coordenar a regionalização em seu território, propondo e pac-
de, fomentando seu uso racional, observadas as normas vigentes e tuando diretrizes e normas gerais sobre a regionalização, observan-
pactuações estabelecidas; do as normas vigentes e pactuações na CIB;
Definir e pactuar as diretrizes para a organização das ações e Coordenar o processo de organização, reconhecimento e atu-
serviços de média e alta complexidade, a partir da atenção básica; alização das regiões de saúde, conformando o plano diretor de re-
Coordenar e executar as ações de vigilância em saúde, com- gionalização;
preendendo as ações de média e alta complexidade desta área, de Participar da constituição da regionalização, disponibilizando
acordo com as normas vigentes e pactuações estabelecidas; de forma cooperativa os recursos humanos, tecnológicos e finan-
Coordenar, nacionalmente, as ações de prevenção e controle ceiros, conforme pactuação estabelecida;
da vigilância em saúde que exijam ação articulada e simultânea en- Apoiar técnica e financeiramente as regiões de saúde, promo-
tre os estados, Distrito Federal e municípios; vendo a eqüidade inter-regional;
Proceder investigação complementar ou conjunta com os de- Participar dos colegiados de gestão regional, cumprindo suas
mais gestores do SUS em situação de risco sanitário; obrigações técnicas e financeiras;
310
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Participar dos projetos prioritários das regiões de saúde, con- operar os sistemas de informação referentes à atenção básica,
forme definido no plano estadual de saúde, no plano diretor de conforme normas do Ministério da Saúde, e alimentar regularmen-
regionalização, no planejamento regional e no plano regional de te os bancos de dados nacionais, assumindo a responsabilidade
investimento. pela gestão, no nível local, dos sistemas de informação: Sistema de
Informação sobre Agravos de Notificação – SINAN, Sistema de In-
– DISTRITO FEDERAL formação do Programa Nacional de Imunizações - SI-PNI, Sistema
Contribuir para a constituição e fortalecimento do processo de de Informação sobre Nascidos Vivos – SINASC, Sistema de Informa-
regionalização solidária e cooperativa, assumindo os compromissos ção Ambulatorial - SIA e Cadastro Nacional de Estabelecimentos e
pactuados; Profissionais de Saúde – CNES; e quando couber, os sistemas: Siste-
Coordenar o processo de organização, reconhecimento e atu- ma de Informação Hospitalar – SIH e Sistema de Informação sobre
alização das regiões de saúde, conformando o plano diretor de re- Mortalidade – SIM, bem como de outros sistemas que venham a
gionalização; ser introduzidos;
Apoiar técnica e financeiramente as regiões de saúde, promo- assumir a responsabilidade pela coordenação e execução das
vendo a eqüidade inter-regional; atividades de informação, educação e comunicação, no âmbito lo-
Participar dos colegiados de gestão regional, cumprindo suas cal;
obrigações técnicas e financeiras, conforme pactuação estabeleci- elaborar a programação da atenção à saúde, incluída a assis-
da; tência e vigilância em saúde, em conformidade com o plano muni-
Participar dos projetos prioritários das regiões de saúde, con- cipal de saúde, no âmbito da Programação Pactuada e Integrada da
forme definido no plano estadual de saúde, no plano diretor de Atenção à Saúde;
regionalização, no planejamento regional e no plano regional de A responsabilidade a seguir será atribuída de acordo com o
investimento; pactuado e/ou com a complexidade da rede de serviços localizada
Propor e pactuar diretrizes e normas gerais sobre a regionaliza- no território municipal
ção, observando as normas vigentes, participando da sua constitui- Gerir os sistemas de informação epidemiológica e sanitária,
ção, disponibilizando de forma cooperativa os recursos humanos, bem como assegurar a divulgação de informações e análises.
tecnológicos e financeiros, conforme pactuação estabelecida.
– ESTADOS
– UNIÃO Formular, gerenciar, implementar e avaliar o processo perma-
Contribuir para a constituição e fortalecimento do processo de nente de planejamento participativo e integrado, de base local e
regionalização solidária e cooperativa, assumindo os compromissos ascendente, orientado por problemas e necessidades em saúde,
pactuados; com a constituição de ações para a promoção, a proteção, a recu-
Coordenar o processo de regionalização no âmbito nacional, peração e a reabilitação em saúde, construindo nesse processo o
propondo e pactuando diretrizes e normas gerais sobre a regionali- plano estadual de saúde, submetendo-o à aprovação do Conselho
zação, observando as normas vigentes e pactuações na CIT; Estadual de Saúde;
Cooperar técnica e financeiramente com as regiões de saúde, Formular, no plano estadual de saúde, e pactuar no âmbito da
por meio dos estados e/ou municípios, priorizando as regiões mais Comissão Intergestores Bipartite - CIB, a política estadual de aten-
vulneráveis, promovendo a eqüidade inter-regional e interestadual; ção em saúde, incluindo ações intersetoriais voltadas para a pro-
Apoiar e participar da constituição da regionalização, disponi- moção da saúde;
bilizando de forma cooperativa os recursos humanos, tecnológicos Elaborar relatório de gestão anual, a ser apresentado e subme-
e financeiros, conforme pactuação estabelecida; tido à aprovação do Conselho Estadual de Saúde;
Fomentar a constituição das regiões de saúde fronteiriças, par- Coordenar, acompanhar e apoiar os municípios na elaboração
ticipando do funcionamento de seus colegiados de gestão regionais. da programação pactuada e integrada da atenção à saúde, no âm-
bito estadual, regional e interestadual;
RESPONSABILIDADES NO PLANEJAMENTO E PROGRAMAÇÃO Apoiar, acompanhar, consolidar e operar quando couber, no
âmbito estadual e regional, a alimentação dos sistemas de informa-
– MUNICÍPIOS ção, conforme normas do Ministério da Saúde;
Todo município deve: Operar os sistemas de informação epidemiológica e sanitária
formular, gerenciar, implementar e avaliar o processo perma- de sua competência, bem como assegurar a divulgação de informa-
nente de planejamento participativo e integrado, de base local e ções e análises e apoiar os municípios naqueles de responsabilida-
ascendente, orientado por problemas e necessidades em saúde, de municipal.
com a constituição de ações para a promoção, a proteção, a recu-
peração e a reabilitação em saúde, construindo nesse processo o – DISTRITO FEDERAL
plano de saúde e submetendo-o à aprovação do Conselho de Saúde Formular, gerenciar, implementar e avaliar o processo perma-
correspondente; nente de planejamento participativo e integrado, de base local e as-
formular, no plano municipal de saúde, a política municipal de cendente, orientado por problemas e necessidades em saúde, com
atenção em saúde, incluindo ações intersetoriais voltadas para a a constituição de ações para a promoção, a proteção, a recuperação
promoção da saúde; e a reabilitação em saúde, construindo nesse processo o plano es-
elaborar relatório de gestão anual, a ser apresentado e subme- tadual de saúde, submetendo-o à aprovação do Conselho de Saúde
tido à aprovação do Conselho de Saúde correspondente; do Distrito Federal;
311
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Formular, no plano estadual de saúde, a política estadual de RESPONSABILIDADES NA REGULAÇÃO, CONTROLE, AVALIA-
atenção em saúde, incluindo ações intersetoriais voltadas para a ÇÃO E AUDITORIA
promoção da saúde;
Elaborar relatório de gestão anual, a ser apresentado e subme- 4.1- MUNICÍPIOS
tido à aprovação do Conselho Estadual de Saúde; Todo município deve:
Operar os sistemas de informação epidemiológica e sanitária monitorar e fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros pro-
de sua competência, bem como assegurar a divulgação de informa- venientes de transferência regular e automática (fundo a fundo) e
ções e análises; por convênios;
Operar os sistemas de informação referentes à atenção básica, realizar a identificação dos usuários do SUS, com vistas à vincu-
conforme normas do Ministério da Saúde, e alimentar regularmen- lação de clientela e à sistematização da oferta dos serviços;
te os bancos de dados nacionais, assumindo a responsabilidade monitorar e avaliar as ações de vigilância em saúde, realizadas
pela gestão, no nível local, dos sistemas de informação: Sistema de em seu território, por intermédio de indicadores de desempenho,
Informação sobre Agravos de Notificação – SINAN, Sistema de Infor- envolvendo aspectos epidemiológicos e operacionais;
mação do Programa Nacional de Imunizações - SI-PNI, Sistema de manter atualizado o Sistema Nacional de Cadastro de Estabe-
Informação sobre Nascidos Vivos – SINASC, Sistema de Informação lecimentos e Profissionais de Saúde no seu território, segundo nor-
Ambulatorial - SIA e Cadastro Nacional de Estabelecimentos e Pro- mas do Ministério da Saúde;
fissionais de Saúde – CNES; Sistema de Informação Hospitalar – SIH adotar protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, em conso-
e Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM, bem como de nância com os protocolos e diretrizes nacionais e estaduais;
outros sistemas que venham a ser introduzidos; adotar protocolos de regulação de acesso, em consonância
Assumir a responsabilidade pela coordenação e execução das com os protocolos e diretrizes nacionais, estaduais e regionais;
atividades de informação, educação e comunicação, no âmbito do controlar a referência a ser realizada em outros municípios,
seu território; de acordo com a programação pactuada e integrada da atenção à
Elaborar a programação da atenção à saúde, incluída a assis- saúde, procedendo à solicitação e/ou autorização prévia, quando
tência e vigilância em saúde, em conformidade com o plano esta- couber;
dual l de saúde, no âmbito da Programação Pactuada e Integrada As responsabilidades a seguir serão atribuídas de acordo com o
da Atenção à Saúde. pactuado e/ou com a complexidade da rede de serviços localizada
no território municipal
– UNIÃO Definir a programação físico-financeira por estabelecimento de
Formular, gerenciar, implementar e avaliar o processo perma- saúde; observar as normas vigentes de solicitação e autorização dos
nente de planejamento participativo e integrado, de base local e procedimentos hospitalares e ambulatoriais; processar a produção
ascendente, orientado por problemas e necessidades em saúde, dos estabelecimentos de saúde próprios e contratados e realizar o
com a constituição de ações para a promoção, a proteção, a recu- pagamento dos prestadores de serviços;
peração e a reabilitação em saúde, construindo nesse processo o Operar o complexo regulador dos serviços presentes no seu
plano nacional de saúde, submetendo-o à aprovação do Conselho território, de acordo com a pactuação estabelecida, realizando a
Nacional de Saúde; co-gestão com o Estado e outros Municípios, das referências inter-
Formular, no plano nacional de saúde, e pactuar no âmbito da municipais.
Comissão Intergestores Tripartite – CIT, a política nacional de aten- Executar o controle do acesso do seu munícipe aos leitos dis-
ção em saúde, incluindo ações intersetoriais voltadas para a pro- poníveis, às consultas, terapias e exames especializados, disponí-
moção da saúde; veis no seu território, que pode ser feito por meio de centrais de
Elaborar relatório de gestão anual, a ser apresentado e subme- regulação;
tido à aprovação do Conselho Nacional de Saúde; Planejar e executar a regulação médica da atenção pré-hospi-
Formular, pactuar no âmbito a CIT e aprovar no Conselho Na- talar às urgências, conforme normas vigentes e pactuações estabe-
cional de Saúde, a política nacional de atenção à saúde dos povos lecidas;
indígenas e executá-la, conforme pactuação com Estados e Municí- Elaborar contratos com os prestadores de acordo com a políti-
pios, por meio da Fundação Nacional de Saúde – FUNASA; ca nacional de contratação de serviços de saúde e em conformida-
Coordenar, acompanhar e apoiar os municípios, os estados e de com o planejamento e a programação pactuada e integrada da
Distrito Federal na elaboração da programação pactuada e integra- atenção à saúde;
da da atenção em saúde, no âmbito nacional; Monitorar e fiscalizar os contratos e convênios com prestado-
Gerenciar, manter, e elaborar quando necessário, no âmbito res contratados e conveniados, bem como das unidades públicas;
nacional, os sistemas de informação, conforme normas vigentes e Monitorar e fiscalizar a execução dos procedimentos realizados
pactuações estabelecidas, incluindo aqueles sistemas que garan- em cada estabelecimento por meio das ações de controle e avalia-
tam a solicitação e autorização de procedimentos, o processamento ção hospitalar e ambulatorial;
da produção e preparação para a realização de pagamentos; Monitorar e fiscalizar e o cumprimento dos critérios nacionais,
Desenvolver e gerenciar sistemas de informação epidemioló- estaduais e municipais de credenciamento de serviços;
gica e sanitária, bem como assegurar a divulgação de informações Implementar a avaliação das ações de saúde nos estabeleci-
e análises. mentos de saúde, por meio de análise de dados e indicadores e
verificação de padrões de conformidade;
312
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Implementar a auditoria sobre toda a produção de serviços de Credenciar os serviços de acordo com as normas vigentes e
saúde, públicos e privados, sob sua gestão, tomando como referên- com a regionalização e coordenar este processo em relação aos
cia as ações previstas no plano municipal de saúde e em articulação municípios;
com as ações de controle, avaliação e regulação assistencial; Fiscalizar e monitorar o cumprimento dos critérios estaduais e
Realizar auditoria assistencial da produção de serviços de saú- nacionais de credenciamento de serviços pelos prestadores;
de, públicos e privados, sob sua gestão; Monitorar o cumprimento, pelos municípios, das programa-
Elaborar normas técnicas, complementares às das esferas esta- ções físico-financeira definidas na programação pactuada e integra-
dual e federal, para o seu território. da da atenção à saúde;
Fiscalizar e monitorar o cumprimento, pelos municípios, das
– ESTADOS normas de solicitação e autorização das internações e dos procedi-
Elaborar as normas técnicas complementares à da esfera fede- mentos ambulatoriais especializados;
ral, para o seu território; Estabelecer e monitorar a programação físico-financeira dos
Monitorar a aplicação dos recursos financeiros recebidos por estabelecimentos de saúde sob sua gestão; observar as normas
meio de transferência regular e automática (fundo a fundo) e por vigentes de solicitação e autorização dos procedimentos hospita-
convênios; lares e ambulatoriais, monitorando e fiscalizando a sua execução
Monitorar e fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros por meio de ações de controle, avaliação e auditoria; processar a
transferidos aos fundos municipais; produção dos estabelecimentos de saúde próprios e contratados e
Monitorar o cumprimento pelos municípios: dos planos de saú- realizar o pagamento dos prestadores de serviços;
de, dos relatórios de gestão, da operação dos fundos de saúde, in- Monitorar e avaliar o funcionamento dos Consórcios Intermu-
dicadores e metas do pacto de gestão, da constituição dos serviços nicipais de Saúde;
de regulação, controle avaliação e auditoria e da participação na Monitorar e avaliar o desempenho das redes regionais hierar-
programação pactuada e integrada da atenção à saúde; quizadas estaduais;
Apoiar a identificação dos usuários do SUS no âmbito estadual, Implementar avaliação das ações de saúde nos estabelecimen-
com vistas à vinculação de clientela e à sistematização da oferta dos tos, por meio de análise de dados e indicadores e verificação de
serviços; padrões de conformidade;
Manter atualizado o cadastramento no Sistema Nacional de Monitorar e avaliar as ações de vigilância em saúde, realizadas
Cadastro de Estabelecimentos e Profissionais de Saúde, bem como pelos municípios e pelo gestor estadual;
coordenar e cooperar com os municípios nesta atividade; Supervisionar a rede de laboratórios públicos e privados que
Elaborar e pactuar protocolos clínicos e de regulação de acesso, realizam análises de interesse da saúde pública;
no âmbito estadual, em consonância com os protocolos e diretrizes Elaborar normas complementares para a avaliação tecnológica
nacionais, apoiando os Municípios na implementação dos mesmos; em saúde;
Controlar a referência a ser realizada em outros estados, de Avaliar e auditar os sistemas de saúde municipais de saúde;
acordo com a programação pactuada e integrada da atenção à Implementar auditoria sobre toda a produção de serviços de
saúde, procedendo a solicitação e/ou autorização prévia, quando saúde, pública e privada, sob sua gestão e em articulação com as
couber; ações de controle, avaliação e regulação assistencial;
Operar a central de regulação estadual, para as referências in- Realizar auditoria assistencial da produção de serviços de saú-
terestaduais pactuadas, em articulação com as centrais de regula- de, públicos e privados, sob sua gestão.
ção municipais;
Coordenar e apoiar a implementação da regulação da atenção – DISTRITO FEDERAL
pré-hospitalar às urgências de acordo com a regionalização e con- Elaborar as normas técnicas complementares à da esfera fede-
forme normas vigentes e pactuações estabelecidas; ral, para o seu território;
Estimular e apoiar a implantação dos complexos reguladores Monitorar a aplicação dos recursos financeiros recebidos por
municipais; meio de transferência regular e automática (fundo a fundo) e por
Participar da co-gestão dos complexos reguladores municipais, convênios;
no que se refere às referências intermunicipais; Realizar a identificação dos usuários do SUS no âmbito do Dis-
Operar os complexos reguladores no que se refere no que se trito Federal, com vistas à vinculação de clientela e à sistematização
refere à referencia intermunicipal, conforme pactuação; da oferta dos serviços;
Monitorar a implementação e operacionalização das centrais Manter atualizado o cadastramento no Sistema Nacional de
de regulação; Cadastro de Estabelecimentos e Profissionais de Saúde no seu terri-
Cooperar tecnicamente com os municípios para a qualificação tório, segundo normas do Ministério da Saúde;
das atividades de cadastramento, contratação, controle, avaliação, Monitorar e avaliar as ações de vigilância em saúde, realizadas
auditoria e pagamento aos prestadores dos serviços localizados no em seu território, por intermédio de indicadores de desempenho,
território municipal e vinculados ao SUS; envolvendo aspectos epidemiológicos e operacionais;
Monitorar e fiscalizar contratos e convênios com prestadores Elaborar e implantar protocolos clínicos, terapêuticos e de re-
contratados e conveniados, bem como das unidades públicas; gulação de acesso, no âmbito do Distrito Federal, em consonância
Elaborar contratos com os prestadores de acordo com a políti- com os protocolos e diretrizes nacionais;
ca nacional de contratação de serviços de saúde, em conformidade Controlar a referência a ser realizada em outros estados, de
com o planejamento e a programação da atenção; acordo com a programação pactuada e integrada da atenção à saú-
de, procedendo a solicitação e/ou autorização prévia;
313
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Operar a central de regulação do Distrito Federal, para as refe- Definir e pactuar a política nacional de contratação de serviços
rências interestaduais pactuadas, em articulação com as centrais de de saúde;
regulação estaduais e municipais; Propor e pactuar os critérios de credenciamento dos serviços
Implantar e operar o complexo regulador dos serviços presen- de saúde;
tes no seu território, de acordo com a pactuação estabelecida; Propor e pactuar as normas de solicitação e autorização das
Coordenar e apoiar a implementação da regulação da atenção internações e dos procedimentos ambulatoriais especializados, de
pré-hospitalar às urgências de acordo com a regionalização e con- acordo com as Políticas de Atenção Especializada;
forme normas vigentes e pactuações estabelecidas Elaborar, pactuar e manter as tabelas de procedimentos en-
Executar o controle do acesso do seu usuário aos leitos disponí- quanto padrão nacional de utilização dos mesmos e de seus preços;
veis, às consultas, terapias e exames especializados, disponíveis no Estruturar a política nacional de regulação da atenção à saúde,
seu território, que pode ser feito por meio de centrais de regulação; conforme pactuação na CIT, contemplando apoio financeiro, tecno-
Definir a programação físico-financeira por estabelecimento de lógico e de educação permanente;
saúde; observar as normas vigentes de solicitação e autorização dos Estimular e apoiar a implantação dos complexos reguladores;
procedimentos hospitalares e ambulatoriais; processar a produção Cooperar na implantação e implementação dos complexos re-
dos estabelecimentos de saúde próprios e contratados e realizar o guladores;
pagamento dos prestadores de serviços; Coordenar e monitorar a implementação e operacionalização
Monitorar e fiscalizar contratos e convênios com prestadores das centrais de regulação interestaduais, garantindo o acesso às re-
contratados e conveniados, bem como das unidades públicas; ferências pactuadas;
Elaborar contratos com os prestadores de acordo com a políti- Coordenar a construção de protocolos clínicos e de regulação
ca nacional de contratação de serviços de saúde, em conformidade de acesso nacionais, em parceria com os estados, o Distrito Federal
com o planejamento e a programação da atenção; e os municípios, apoiando–os na utilização dos mesmos;
Credenciar os serviços de acordo com as normas vigentes e Acompanhar, monitorar e avaliar a atenção básica, nas demais
com a regionalização; esferas de gestão, respeitadas as competências estaduais, munici-
Monitorar e avaliar o funcionamento dos Consórcios de Saúde; pais e do Distrito Federal;
Monitorar e avaliar o desempenho das redes regionais hierar- Monitorar e avaliar as ações de vigilância em saúde, realizadas
quizadas; pelos municípios, Distrito Federal, estados e pelo gestor federal,
Implementar avaliação das ações de saúde nos estabelecimen- incluindo a permanente avaliação dos sistemas de vigilância epide-
tos, por meio de análise de dados e indicadores e verificação de miológica e ambiental em saúde;
padrões de conformidade; Normatizar, definir fluxos técnico-operacionais e supervisionar
Monitorar e fiscalizar a execução dos procedimentos realizados a rede de laboratórios públicos e privados que realizam análises de
em cada estabelecimento por meio das ações de controle e avalia- interesse em saúde pública;
ção hospitalar e ambulatorial; Avaliar o desempenho das redes regionais e de referências in-
Supervisionar a rede de laboratórios públicos e privados que terestaduais;
realizam análises de interesse da saúde pública; Responsabilizar-se pela avaliação tecnológica em saúde;
Elaborar normas complementares para a avaliação tecnológica Avaliar e auditar os sistemas de saúde estaduais e municipais.
em saúde;
Implementar auditoria sobre toda a produção de serviços de 5 – RESPONSABILIDADES NA GESTÃO DO TRABALHO
saúde, pública e privada, em articulação com as ações de controle,
avaliação e regulação assistencial. 5.1 - MUNICÍPIOS
Todo município deve:
– UNIÃO promover e desenvolver políticas de gestão do trabalho, consi-
Cooperar tecnicamente com os estados, o Distrito Federal e os derando os princípios da humanização, da participação e da demo-
municípios para a qualificação das atividades de cadastramento, cratização das relações de trabalho;
contratação, regulação, controle, avaliação, auditoria e pagamento adotar vínculos de trabalho que garantam os direitos sociais e
aos prestadores dos serviços vinculados ao SUS; previdenciários dos trabalhadores de saúde na sua esfera de gestão
Monitorar e fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros e de serviços, promovendo ações de adequação de vínculos, onde
transferidos fundo a fundo e por convênio aos fundos de saúde dos for necessário, conforme legislação vigente;
estados, do Distrito Federal e dos municípios; As responsabilidades a seguir serão atribuídas de acordo com o
Monitorar o cumprimento pelos estados, Distrito Federal e mu- pactuado e/ou com a complexidade da rede de serviços localizada
nicípios dos planos de saúde, dos relatórios de gestão, da operação no território municipal
dos fundos de saúde, dos pactos de indicadores e metas, da cons- Estabelecer, sempre que possível, espaços de negociação per-
tituição dos serviços de regulação, controle avaliação e auditoria e manente entre trabalhadores e gestores;
da realização da programação pactuada e integrada da atenção à Desenvolver estudos e propor estratégias e financiamento tri-
saúde; partite com vistas à adoção de política referente aos recursos hu-
Coordenar, no âmbito nacional, a estratégia de identificação manos descentralizados;
dos usuários do SUS; Considerar as diretrizes nacionais para Planos de Carreiras,
Coordenar e cooperar com os estados, o Distrito Federal e os Cargos e Salários para o SUS – PCCS/SUS, quando da elaboração,
municípios no processo de cadastramento de Estabelecimentos e implementação e/ou reformulação de Planos de Cargos e Salários
Profissionais de Saúde; no âmbito da gestão local;
314
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Implementar e pactuar diretrizes para políticas de educação e Adotar vínculos de trabalho que garantam os direitos sociais e
gestão do trabalho que favoreçam o provimento e a fixação de tra- previdenciários dos trabalhadores de saúde na sua esfera de gestão
balhadores de saúde, no âmbito municipal, notadamente em regi- e de serviços, promovendo ações de adequação de vínculos, onde
ões onde a restrição de oferta afeta diretamente a implantação de for necessário, conforme legislação vigente e apoiando técnica e fi-
ações estratégicas para a atenção básica. nanceiramente os estados e municípios na mesma direção;
5.2 – ESTADOS Formular, propor, pactuar e implementar as Diretrizes Nacio-
Promover e desenvolver políticas de gestão do trabalho, consi- nais para Planos de Carreiras, Cargos e Salários no âmbito do Siste-
derando os princípios da humanização, da participação e da demo- ma Único de Saúde – PCCS/SUS;
cratização das relações de trabalho; Propor e pactuar diretrizes para políticas de educação e de
Desenvolver estudos e propor estratégias e financiamento tri- gestão do trabalho que favoreçam o provimento e a fixação de tra-
partite com vistas à adoção de política referente aos recursos hu- balhadores de saúde, no âmbito nacional, notadamente em regi-
manos descentralizados; ões onde a restrição de oferta afeta diretamente a implantação de
Promover espaços de negociação permanente entre trabalha- ações estratégicas para a atenção básica.
dores e gestores, no âmbito estadual e regional;
Adotar vínculos de trabalho que garantam os direitos sociais e RESPONSABILIDADES NA EDUCAÇÃO NA SAÚDE
previdenciários dos trabalhadores de saúde na sua esfera de gestão
e de serviços, promovendo ações de adequação de vínculos, onde 6.1 - MUNICÍPIOS
for necessário, conforme legislação vigente e apoiando técnica e fi- Todo município deve:
nanceiramente os municípios na mesma direção; formular e promover a gestão da educação permanente em
Considerar as diretrizes nacionais para Planos de Carreiras, saúde e processos relativos à mesma, orientados pela integralidade
Cargos e Salários para o SUS – PCCS/SUS, quando da elaboração, da atenção à saúde, criando quando for o caso, estruturas de coor-
implementação e/ou reformulação de Planos de Cargos e Salários denação e de execução da política de formação e desenvolvimento,
no âmbito da gestão estadual; participando no seu financiamento;
Propor e pactuar diretrizes para políticas de educação e gestão promover diretamente ou em cooperação com o estado, com
do trabalho que favoreçam o provimento e a fixação de trabalhado- os municípios da sua região e com a união, processos conjuntos de
res de saúde, no âmbito estadual, notadamente em regiões onde a educação permanente em saúde;
restrição de oferta afeta diretamente a implantação de ações estra- apoiar e promover a aproximação dos movimentos de educa-
tégicas para a atenção básica. ção popular em saúde na formação dos profissionais de saúde, em
5.3 – DISTRITO FEDERAL consonância com as necessidades sociais em saúde;
Desenvolver estudos quanto às estratégias e financiamento incentivar junto à rede de ensino, no âmbito municipal, a reali-
tripartite de política de reposição da força de trabalho descentra- zação de ações educativas e de conhecimento do SUS;
lizada; As responsabilidades a seguir serão atribuídas de acordo com o
Implementar espaços de negociação permanente entre traba- pactuado e/ou com a complexidade da rede de serviços localizada
lhadores e gestores, no âmbito do Distrito Federal e regional; no território municipal
Adotar vínculos de trabalho que garantam os direitos sociais e Articular e cooperar com a construção e implementação de ini-
previdenciários dos trabalhadores de saúde na sua esfera de gestão ciativas políticas e práticas para a mudança na graduação das profis-
e de serviços, promovendo ações de adequação de vínculos, onde sões de saúde, de acordo com as diretrizes do SUS;
for necessário, conforme legislação vigente; Promover e articular junto às Escolas Técnicas de Saúde uma
Considerar as diretrizes nacionais para Planos de Carreiras, nova orientação para a formação de profissionais técnicos para o
Cargos e Salários para o SUS – PCCS/SUS, quando da elaboração, SUS, diversificando os campos de aprendizagem;
implementação e/ou reformulação de Planos de Cargos e Salários 6.2 – ESTADOS
no âmbito da gestão do Distrito Federal; Formular, promover e apoiar a gestão da educação permanen-
Propor e pactuar diretrizes para políticas de educação e de ges- te em saúde e processos relativos à mesma no âmbito estadual;
tão do trabalho que favoreçam o provimento e a fixação de traba- Promover a integração de todos os processos de capacitação e
lhadores de saúde, no âmbito do Distrito Federal, notadamente em desenvolvimento de recursos humanos à política de educação per-
regiões onde a restrição de oferta afeta diretamente a implantação manente, no âmbito da gestão estadual do SUS;
de ações estratégicas para a atenção básica. Apoiar e fortalecer a articulação com os municípios e entre os
5.4 – UNIÃO mesmos, para os processos de educação e desenvolvimento de tra-
Promover, desenvolver e pactuar políticas de gestão do traba- balhadores para o SUS;
lho considerando os princípios da humanização, da participação e Articular o processo de vinculação dos municípios às referên-
da democratização das relações de trabalho, apoiando os gestores cias para o seu processo de formação e desenvolvimento;
estaduais e municipais na implementação das mesmas; Articular e participar das políticas regulatórias e de indução de
Desenvolver estudos e propor estratégias e financiamento tri- mudanças no campo da graduação e da especialização das profis-
partite com vistas à adoção de políticas referentes à força de traba- sões de saúde;
lho descentralizada; Articular e pactuar com o Sistema Estadual de Educação, pro-
Fortalecer a Mesa Nacional de Negociação Permanente do SUS cessos de formação de acordo com as necessidades do SUS, coope-
como um espaço de negociação entre trabalhadores e gestores e rando com os demais gestores, para processos na mesma direção;
contribuir para o desenvolvimento de espaços de negociação no Desenvolver ações e estruturas formais de educação técnica
âmbito estadual, regional e/ou municipal; em saúde com capacidade de execução descentralizada no âmbito
estadual;
315
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
6.3 – DISTRITO FEDERAL Apoiar os processos de educação popular em saúde, com vistas
Formular e promover a gestão da educação permanente em ao fortalecimento da participação social do SUS;
saúde e processos relativos à mesma, orientados pela integralidade A responsabilidade a seguir será atribuída de acordo com o
da atenção à saúde, criando quando for o caso, estruturas de coor- pactuado e/ou com a complexidade da rede de serviços localizada
denação e de execução da política de formação e desenvolvimento, no território municipal
participando no seu financiamento; Implementar ouvidoria municipal com vistas ao fortalecimento
Promover a integração de todos os processos de capacitação e da gestão estratégica do SUS, conforme diretrizes nacionais.
desenvolvimento de recursos humanos à política de educação per- 7.2 – ESTADOS
manente; Apoiar o processo de mobilização social e institucional em de-
Articular e participar das políticas regulatórias e de indução de fesa do SUS;
mudanças no campo da graduação e da especialização das profis- Prover as condições materiais, técnicas e administrativas ne-
sões de saúde; cessárias ao funcionamento do Conselho Estadual de Saúde, que
Articular e cooperar com a construção e implementação de ini- deverá ser organizado em conformidade com a legislação vigente;
ciativas políticas e práticas para a mudança na graduação das profis- Organizar e prover as condições necessárias à realização de
sões de saúde, de acordo com as diretrizes do SUS; Conferências Estaduais de Saúde;
Articular e pactuar com o Sistema Estadual de Educação, pro- Estimular o processo de discussão e controle social no espaço
cessos de formação de acordo com as necessidades do SUS, coope- regional;
rando com os demais gestores, para processos na mesma direção; Apoiar o processo de formação dos conselheiros de saúde;
Desenvolver ações e estruturas formais de educação técnica Promover ações de informação e conhecimento acerca do SUS,
em saúde com capacidade de execução descentralizada no âmbito junto à população em geral;
do Distrito Federal; Apoiar os processos de educação popular em saúde, com vistas
Promover e articular junto às Escolas Técnicas de Saúde uma ao fortalecimento da participação social do SUS;
nova orientação para a formação de profissionais técnicos para o Implementar ouvidoria estadual, com vistas ao fortalecimento
SUS, diversificando os campos de aprendizagem; da gestão estratégica do SUS, conforme diretrizes nacionais.
Apoiar e promover a aproximação dos movimentos de educa- 7.3 – DISTRITO FEDERAL
ção popular em saúde da formação dos profissionais de saúde, em Apoiar o processo de mobilização social e institucional em de-
consonância com as necessidades sociais em saúde; fesa do SUS;
Incentivar, junto à rede de ensino, a realização de ações educa- Prover as condições materiais, técnicas e administrativas ne-
tivas e de conhecimento do SUS; cessárias ao funcionamento do Conselho Estadual de Saúde, que
6.4 – UNIÃO deverá ser organizado em conformidade com a legislação vigente;
Formular, promover e pactuar políticas de educação perma- Organizar e prover as condições necessárias à realização de
nente em saúde, apoiando técnica e financeiramente estados e Conferências Estaduais de Saúde;
municípios no desenvolvimento das mesmas; Estimular o processo de discussão e controle social no espaço
Promover a integração de todos os processos de capacitação e regional;
desenvolvimento de recursos humanos à política de educação per- Apoiar o processo de formação dos conselheiros de saúde;
manente, no âmbito da gestão nacional do SUS; Promover ações de informação e conhecimento acerca do SUS,
Propor e pactuar políticas regulatórias no campo da graduação junto à população em geral;
e da especialização das profissões de saúde; Apoiar os processos de educação popular em saúde, com vistas
Articular e propor políticas de indução de mudanças na gradu- ao fortalecimento da participação social do SUS;
ação das profissões de saúde; Implementar ouvidoria estadual, com vistas ao fortalecimento
Propor e pactuar com o sistema federal de educação, processos da gestão estratégica do SUS, conforme diretrizes nacionais
de formação de acordo com as necessidades do SUS, articulando os 7.4 - UNIÃO
demais gestores na mesma direção; Apoiar o processo de mobilização social e institucional em de-
fesa do SUS;
RESPONSABILIDADES NA PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL Prover as condições materiais, técnicas e administrativas ne-
cessárias ao funcionamento do Conselho Nacional de Saúde, que
7.1 - MUNICÍPIOS deverá ser organizado em conformidade com a legislação vigente;
Todo município deve: Organizar e prover as condições necessárias à realização de
apoiar o processo de mobilização social e institucional em de- Conferências Nacionais de Saúde;
fesa do SUS; Apoiar o processo de formação dos conselheiros de saúde;
prover as condições materiais, técnicas e administrativas ne- Promover ações de informação e conhecimento acerca do SUS,
cessárias ao funcionamento do Conselho Municipal de Saúde, que junto à população em geral;
deverá ser organizado em conformidade com a legislação vigente; Apoiar os processos de educação popular em saúde, com vistas
organizar e prover as condições necessárias à realização de ao fortalecimento da participação social do SUS;
Conferências Municipais de Saúde; Apoiar o fortalecimento dos movimentos sociais, aproximan-
estimular o processo de discussão e controle social no espaço do-os da organização das práticas da saúde e com as instâncias de
regional; controle social da saúde;
apoiar o processo de formação dos conselheiros de saúde; Formular e pactuar a política nacional de ouvidoria e imple-
promover ações de informação e conhecimento acerca do SUS, mentar o componente nacional, com vistas ao fortalecimento da
junto à população em geral; gestão estratégica do SUS.
316
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
V - IMPLANTAÇÃO E MONITORAMENTO DOS PACTOS PELA O processo de articulação entre os gestores, nos diferentes ní-
VIDA E DE GESTÃO veis do Sistema, ocorre, preferencialmente, em dois colegiados de
A - PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO negociação: a Comissão Intergestores Tripartite - CIT e a Comissão
Para a implantação destes Pactos ficam acordados os seguintes Intergestores Bipartite - CIB, que pactuarão sobre a organização, di-
pontos: reção e gestão da saúde.
A implantação dos Pactos pela Vida e de Gestão, enseja uma A CIT é composta, paritariamente, por representação do Mi-
revisão normativa em várias áreas que serão regulamentadas em nistério da Saúde, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde
portarias específicas, pactuadas na CIT. - CONASS e do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saú-
Fica definido o Termo de Compromisso de Gestão, Federal, Es- de – CONASEMS, sendo um espaço tripartite para a elaboração de
tadual, do DF e Municipal, como o documento de formalização des- propostas para a implantação e operacionalização do SUS.
te Pacto nas suas dimensões Pela Vida e de Gestão. A CIB, composta igualmente de forma paritária, é integrada por
O Termo de Compromisso de Gestão, a ser regulamentado em representação da Secretaria Estadual de Saúde (SES) e do Conse-
normatização específica, contém as metas e objetivos do Pacto pela lho Estadual de Secretários Municipais de Saúde (COSEMS) ou ór-
Vida, referidas no item I deste documento; as responsabilidades e gão equivalente é a instância privilegiada de negociação e decisão
atribuições de cada gestor, constantes do item III e os indicadores quanto aos aspectos operacionais do SUS. Um dos representantes
de monitoramento. dos municípios é, necessariamente, o Secretário de Saúde da Capi-
Os Termos de Compromisso de Gestão devem ser aprovados tal. Como parte do processo de constituição das regiões de saúde
nos respectivos Conselhos de Saúde. devem ser constituídos Colegiados de Gestão Regionais.
Nos Termos de Compromisso de Gestão Estadual e Municipal, A definição sobre o número de membros de cada CIB deve con-
podem ser acrescentadas as metas municipais, regionais e estadu- siderar as diferentes situações de cada estado, como número de
ais, conforme pactuação; municípios, número de regiões de saúde, buscando a maior repre-
Anualmente, no mês de março, devem ser revistas as metas, sentatividade possível.
os objetivos e os indicadores do Termo de Compromisso de Gestão. As decisões da CIB e CIT serão tomadas sempre por consenso.
O Termo de Compromisso de Gestão substitui o atual processo As conclusões das negociações pactuadas na CIT e na CIB serão
formalizadas em ato próprio do gestor respectivo.
de habilitação, conforme detalhamento em portaria específica.
As decisões das Comissões Intergestores que versarem sobre
Fica extinto o processo de habilitação para estados e municí-
matéria da esfera de competência dos Conselhos de Saúde deverão
pios, conforme estabelecido na NOB SUS 01/– 96 e na NOAS SUS
ser submetidas à apreciação do Conselho respectivo.
2002.
Ficam mantidas, até a assinatura do Termo de Compromisso de
Gestão constante nas Diretrizes Operacionais do Pacto pela Saúde QUESTÕES
2006, as mesmas prerrogativas e responsabilidades dos municípios
e estados que estão habilitados em Gestão Plena do Sistema, con- 1. Instituto Consulplan - 2020 - Prefeitura de Formiga - MG -
forme estabelecido na Norma Operacional Básica - NOB SUS 01/96 Auxiliar em Farmácia
e na Norma Operacional da Assistência à Saúde - NOAS SUS 2002.
B - PROCESSO DE MONITORAMENTO A Lei nº 8.080/90 e suas atualizações prevê os princípios do
O processo de monitoramento dos Pactos deve seguir as se- SUS em seu Art. 7º. NÃO constitui um princípio estabelecido
guintes diretrizes: por essa lei:
Ser um processo permanente, de cada ente com relação ao (A) Direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde.
seu próprio âmbito, dos estados com relação aos municípios do seu (B) Capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis
território, dos municípios com relação ao estado, dos municípios e de assistência.
estado com relação à União e da união com relação aos estados, (C) A iniciativa privada tem preferência pelo fornecimento de
municípios e Distrito Federal; serviços de saúde.
Ser orientado pelos indicadores, objetivos, metas e responsa- (D) Integração em nível executivo das ações de saúde, meio
bilidades que compõem o respectivo Termo de Compromisso de ambiente e saneamento básico.
Gestão;
Estabelecer um processo de monitoramento dos cronogramas 2. Instituto Consulplan - 2019 - Prefeitura de Pitangueiras - SP -
pactuados nas situações onde o município, estado e DF não tenham Técnico em Enfermagem
condições de assumir plenamente suas responsabilidades no mo-
mento da assinatura do Termo de Compromisso de Gestão; Em relação à Lei Orgânica da Saúde, Lei nº 8.080/90, é INCOR-
Desenvolver ações de apoio para a qualificação do processo de RETO afirmar que:
gestão. (A) A colaboração na proteção do meio ambiente faz parte do
A operacionalização do processo de monitoramento deve ser campo de atuação do SUS.
objeto de regulamentação específica em cada esfera de governo, (B) As execuções das ações de saúde do trabalhador são de res-
considerando as pactuações realizadas. ponsabilidade do Ministério do Trabalho.
VI - DIREÇÃO E ARTICULAÇÃO DO SUS (C) A internação domiciliar é estabelecida no âmbito do SUS,
A direção do SUS, em cada esfera de governo, é composta pelo incluindo, entre outros, os procedimentos psicológicos e de as-
órgão setorial do poder executivo e pelo respectivo Conselho de sistência social.
Saúde, nos termos das Leis Nº 8.080/90 e Nº 8.142/1990. (D) Os municípios podem constituir consórcios administrativos,
para que as ações e os serviços de saúde que lhes correspon-
dam possam ser desenvolvidos em conjunto.
317
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
318
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
9. CONSULPLAN - 2022 - Prefeitura de Caeté - MG - Advogado 12. Instituto Consulplan - 2022 - Prefeitura de Formiga - MG -
- CREAS Agente Comunitário de Saúde
O que é definido como único na Constituição é um conjunto A Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de ações de
de elementos doutrinários e de organização do Sistema Único de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a
Saúde (SUS), um núcleo comum (único) que concentra os princípios proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o trata-
doutrinários e uma forma de organização e operacionalização, os mento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde
princípios organizativos. São considerados princípios organizativos com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte
do SUS, somente: na situação de saúde e na autonomia das pessoas e nos determi-
(A) Equidade e Descentralização. nantes e condicionantes de saúde das coletividades. É desenvolvida
(B) Regionalização e Hierarquização. por meio do exercício de práticas de cuidado e gestão, democráticas
(C) Descentralização e Universalidade. e participativas, sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a popu-
(D) Participação Social a Integralidade. lações de territórios definidos, pelas quais assume a responsabili-
dade sanitária, considerando a dinamicidade existente no território
10. CONSULPLAN - 2020 - Prefeitura de Capanema - PA - Agente em que vivem essas populações.
de Combate às Endemias
Epidemias e endemias têm como fatores determinantes e con- (Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br. Acesso em: 01/2023.)
dicionantes diversas situações econômicas, culturais, ecológicas,
psicossociais e biológicas. São considerados fatores econômicos: São consideradas atribuições específicas dos Agentes Comuni-
(A) Estresse, uso de drogas, ausência de atividades e locais para tários de Saúde na Atenção Básica, EXCETO:
lazer. (A) Realizar atividades programadas e de atenção à demanda
(B) Indivíduos suscetíveis, mutação do agente infeccioso, trans- espontânea.
missibilidade do agente. (B) Direcionar, quando necessário, usuários a outros pontos de
(C) Poluição atmosférica, condições climáticas e ambientais fa- atenção, respeitando fluxos locais, mantendo sua responsabili-
voráveis à proliferação de vetores. dade pelo acompanhamento do plano terapêutico do usuário
(D )Hábito de defecar próximo de mananciais, hábitos alimen- (C) Desenvolver ações que busquem a integração entre a equi-
tares de risco como ingestão de peixe cru ou ostras. pe de saúde e a população adscrita à Unidade Básica de Saúde
(E) Miséria, privações resultando em habitações precárias, falta (UBS), considerando as características e as finalidades do tra-
de saneamento básico e de água tratada e ocupação do territó- balho de acompanhamento de indivíduos e grupos sociais ou
rio de forma desordenada. coletividade.
(D) Estar em contato permanente com as famílias, desenvolven-
11. : Instituto Consulplan - 2023 - ISGH - Maqueiro do ações educativas, visando à promoção da saúde, prevenção
A Região de Saúde é instituída pelo Estado de forma articula- das doenças e acompanhamento das pessoas com problemas
da com o Município, resguardando as diretrizes gerais pactuadas de saúde, bem como ao acompanhamento das condicionalida-
na Comissão Intergestores Tripartite (CIT). Em relação às ações e des do Programa Bolsa Família, ou de qualquer outro programa
serviços mínimos exigidos para a constituição da Região de Saúde, similar de transferência de renda e enfrentamento de vulnera-
analise as alternativas a seguir. bilidades implantado pelo Governo Federal, estadual e munici-
I. Atenção Primária. pal, de acordo com o planejamento da equipe.
II. Urgência e emergência.
III. Atenção ambulatorial especializada e hospitalar. 13. Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Eixo Tecnológico:
IV. Vigilância em Saúde. Ambiente e Saúde
Dentre os diversos benefícios previstos aos idosos estão o direi-
Está correto o que se afirma em to à saúde e à habitação. Em relação ao transporte, marque V para
(A) I, II, III e IV. as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
(B) II, apenas. ( ) É assegurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos
(C) I e II, apenas. urbanos e semiurbanos para os maiores de sessenta anos.
(D) II e III, apenas. ( ) As empresas de transporte coletivo público urbanos e se-
miurbanos devem reservar 10% dos assentos para os idosos.
( ) As empresas de transporte coletivo interestadual devem re-
servar duas vagas gratuitas por veículo para os idosos com renda
igual ou inferior a dois salários mínimos.
( ) Para ter acesso à gratuidade, os idosos devem se cadastrar
nas empresas de transporte coletivo público urbanos e semiurba-
nos bastando, para isso, a apresentação de qualquer documento
pessoal que faça prova de sua idade.
319
POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
320
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente Administrativo
• Vantagens do Planejamento
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL: — Dar um “norte” – direcionamento;
PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO, — Ajudar a focar esforços;
CONTROLE, SISTEMAS E MÉTODOS — Definir parâmetro de controle;
— Ajuda na motivação;
Funções de administração — Auxilia no autoconhecimento da organização.
— Processo de planejamento
• Planejamento, organização, direção e controle
• Planejamento estratégico ou institucional
Estratégia é o caminho escolhido para que a organização possa
chegar no destino desejado pela visão estratégica. É o nível mais
amplo de planejamento, focado a longo prazo. É desdobrado no
Planejamento Tático, e o Planejamento Tático é desdobrado no Pla-
nejamento Operacional.
— Global
— Objetivos gerais e genéricos
• PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E CONTROLE — Diretrizes estratégicas
— Longo prazo
— Visão forte do ambiente externo.
— Planejamento
Processo desenvolvido para o alcance de uma situação futura Fases do Planejamento Estratégico:
desejada. A organização estabelece num primeiro momento, atra- — Definição do negócio, missão, visão e valores organizacio-
vés de um processo de definição de situação atual, de oportunida- nais;
des, ameaças, forças e fraquezas, que são os objetos do processo de — Diagnóstico estratégico (análise interna e externa);
planejamento. O planejamento não é uma tarefa isolada, é um proces- — Formulação da estratégia;
so, uma sequência encadeada de atividades que trará um plano. — Implantação;
• Ele é o passo inicial; — Controle.
• É uma maneira de ampliar as chances de sucesso;
• Reduzir a incerteza, jamais eliminá-la; • Planejamento tático ou intermediário
• Lida com o futuro: Porém, não se trata de adivinhar o futuro; Complexidade menor que o nível estratégico e maior que o
• Reconhece como o presente pode influenciar o futuro, como operacional, de média complexidade e compõe uma abrangência
as ações presentes podem desenhar o futuro; departamental, focada em médio prazo.
• Organização ser PROATIVA e não REATIVA; — Observa as diretrizes do Planejamento Estratégico;
• Onde a Organização reconhecerá seus limites e suas compe- — Determina objetivos específicos de cada unidade ou depar-
tências; tamento;
• O processo de Planejamento é muito mais importante do que — Médio prazo.
seu produto final (assertiva);
• Passos do Planejamento
— Definição dos objetivos: O que quer, onde quer chegar.
— Determinar a situação atual: Situar a Organização.
— Desenvolver possibilidades sobre o futuro: Antecipar even-
tos.
— Analisar e escolher entre as alternativas.
— Implementar o plano e avaliar o resultado.
321
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• Análise SWOT
Strenghs – Weaknesses – Opportunities – Threats.
Ou FFOA
Forças – Fraquezas – Oportunidades – Ameaças.
322
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• Matriz GUT
Gravidade + Urgência + Tendência
Gravidade: Pode afetar os resultados da Organização.
Urgência: Quando ocorrerá o problema.
Tendência: Irá se agravar com o passar do tempo.
Determinar essas 3 métricas plicando uma nota de 1-5, sendo 5 mais crítico, impactante e 1 menos crítico e com menos impacto.
Somando essas notas. Levando em consideração o problema que obtiver maior total.
• Ferramenta 5W2H
Ferramenta que ajuda o gestor a construir um Plano de Ação. Facilitando a definição das tarefas e dos responsáveis por cada uma
delas. Funciona para todos os tipos de negócio, visando atingir objetivos e metas.
5W: What? – O que será feito? - Why? Porque será feito? - Where? Onde será feito? - When? Quando será feito? – Who? Quem fará?
2H: How? Como será feito? – How much? Quanto irá custar para fazer?
Não é uma ferramenta para buscar causa de problemas, mas sim elaborar o Plano de Ação.
• As 5 forças Estratégicas
Chamada de as 5 Forças de Porter (Michael Porter) – é uma análise em relação a determinado mercado, levando em consideração 5
elementos, que vão descrever como aquele mercado funciona.
1. Grau de Rivalidade entre os concorrentes: com que intensidade eles competem pelos clientes e consumidores. Essa força tenciona
as demais forças.
2. Ameaça de Produtos substitutos: ameaça de que novas tecnologias venham a substituir o produto ou serviço que o mercado ofe-
rece.
3. Ameaça de novos entrantes: ameaças de que novas organizações, ou pessoas façam aquilo que já está sendo feito.
4. Poder de Barganha dos Fornecedores: Capacidade negocial das empresas que oferecem matéria-prima à organização, poder de
negociar preços e condições.
5. Poder de Barganha dos Clientes: Capacidade negocial dos clientes, poder de negociar preços e condições.
323
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
pois há confiança entre os membros. Além disso, não existem re- Liderança
gras e regulamentos rígidos dentro das organizações informais; Fenômeno social, depende da relação das pessoas. Aspecto
regras e regulamentos são responsivos e adaptáveis às mudanças. ligado a relação dos indivíduos. Capacidade de exercer liderança
Ambos os conceitos de organização estão inter-relacionados. – influência: fazer com que as pessoas façam aquilo que elas não
Existem muitas organizações informais dentro de organizações for- fariam sem a presença do líder. Importante utilização do poder
mais, portanto, eles são mutuamente exclusivos. para influenciar o comportamento de outras pessoas, ocorrendo
em uma dada situação.
• Cultura organizacional — Liderança precisa de pessoas.
A cultura organizacional é responsável por reunir os hábitos, — Influência: capacidade de fazer com que o indivíduo mude
comportamentos, crenças, valores éticos e morais e as políticas in- de comportamento.
ternas e externas da organização. — Poder: que não está relacionado ao cargo, pode ser por via
informal.
— Direção — Situação: em determinadas situações a liderança pode apa-
Direção essencialmente como uma função humana, apêndice recer.
de psicologia organizacional. Recrutar e ajustar os esforços para
que os indivíduos consigam alcançar os resultados pretendidos pela Não confunda: Chefia (posição formal) – Autoridade (dada por
organização. algum aspecto) – Liderança – Poder.
Direção = Rota – Intensidade = Grau – Persistência = Capacida- A influência acontece e gera a liderança, o poder é por onde
de de sobrevivência (gatilhos da motivação) essa influência acontece. Esse poder pode ser formal ou informal.
Segundo Max Weber: “Poder é a capacidade de algo ou alguém
• Motivação fazer com que um indivíduo ou algo, faça alguma coisa, mesmo que
“Pode ser entendido como o conjunto de razões, causa e mo- este ofereça resistência. ” – Exemplo: votação, alistamento militar
tivos que são responsáveis pela direção, intensidade e persistência para homens.
do comportamento humano em busca de resultados. ” É o que des- — Poderes formais são aqueles que estão relacionados ao car-
perta no ser a vontade de alcançar os objetivos pretendidos. Algo go e ficam no cargo independente de quem o ocupe. Já poderes
acontece no indivíduo e ele reage. Estímulos: quanto mais atingível informais são aqueles que ficam com a pessoa, independente do
parecer o resultado maior a motivação e vice-e-versa. cargo que o indivíduo ocupe.
A (Razão, Causas, Motivos) pode ser: Intrínseca (Interna): do — Autoridade: Direito formal e legítimo, que algo ou alguém
próprio ser ou, Extrínseca (Externa): algo que vem do meio. tem, para te dar ordens, alocar recursos, tomar decisões e de con-
Porém a motivação é sempre um processo do indivíduo, sem- duzir ações.
pre uma resposta interna aos estímulos. — Dilema chefia e liderança: Chefe é aquele que toma ações
baseadas em seu cargo, onde sofre a influência dos poderes for-
mais. E o líder é aquele que toma as decisões, recebe e consegue
liderar os indivíduos, através de seu poder informal, independente
do cargo que ocupe.
• Tipos de Liderança:
Transacional: Baseada na troca. Liderança tradicional, incenti-
vos materiais. Funciona bem em ambientes estáveis, pois líderes e
liderados precisam estar “satisfeitos” com o negócio em si.
Transformacional: Baseada na mudança. Liderança atual: Ins-
pira seus subordinados. Quando construída, gera resultados acima
da transacional, já que os subordinados alcançam uma posição de
agentes de mudança e inovação.
• Comunicação
É a ligação entre a liderança e a motivação. Para motivar é ne-
cessário comunicar-se bem. A comunicação é essencial para o todo
dentro da organização. A organização que possui uma boa comuni-
cação, tende a ser valorizada pelos indivíduos, consequentemente
gera melhores resultados.
A comunicação organizacional eficiente é fundamental para o
êxito na organização. Caso a comunicação seja deficiente, acarreta-
rá um grau de incompreensão no ambiente organizacional, dificul-
tando a organização de atingir seus objetivos.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Através da comunicação a organização, bem como sua lide- — Simultâneo: Controle reativo. Acontece durante a execução
rança, obtém maior engajamento de seus colaboradores de forma das tarefas. Controle estatístico da produção, verificar as margens
mais efetiva. de erro de produção. Avaliação, monitoramento.
A comunicação interna tem como objetivo manter os indiví- — Posterior (ex-post): Controle reativo. Inspeção no final do
duos informados quanto as diretrizes, filosofia, cultura, valores e processo produtivo se avalia o resultado dado. Acontece após.
resultados obtidos pela organização. Agregando valor e tornando a
organização competitiva no mercado. • Sistema de medição de desempenho organizacional
Faz parte das etapas do Processo de Controle os sistemas de
• Descentralização e delegação medição de desempenho, onde pode-se:
Centralização ocorre quando uma organização decide que a — Estabelecer padrões: definição de objetivos, metas e de-
maioria das decisões deve ser tomadas pelos ocupantes dos car- sempenho esperado.
gos no topo somente. Descentralização ocorre quando o contrário — Monitorar desempenho: acompanhar, coletar informação,
acontece, ou seja, quando a autoridade para tomar as decisões está andar simultaneamente ao processo. Determinar o que medir,
dispersa pela empresa, na base, através dos diversos setores. como medir e quando medir.
Delegação é o processo usado para transferir autoridade e res- — Comparação com o padrão: análise dos resultados reais em
ponsabilidade para os membros organizacionais em níveis hierár- comparação com o objetivo previamente estabelecido.
quicos inferiores. — Medidas Corretivas: tomar as decisões que levem a orga-
nização a atingir os resultados desejados. Caminhos: Não mudar
— Controle nada. Corrigir desempenho. Alterar padrões.
No processo administrativo o controle aparece como a etapa As principais funções da administração financeira
final, porém, o controle acontece durante todas as fases do proces- – A administração financeira tem como uma de suas principais
so, é contínua. funções a análise detalhada dos resultados financeiros do negócio;
– Gestão e controle dos pagamentos de impostos e despesas
• Objetivo: operacionais (gestão tributária);
— Identificar os problemas, falhas, erros e desvios. – Análise e planejamento financeiro: analisar os resultados
— Fazer com que os resultados obtidos estejam próximos dos financeiros e planejar ações necessárias para obter melhorias;
resultados esperados. – A boa utilização dos recursos financeiros: analisar e negociar
— Fazer com que a organização trabalhe de forma mais adequada. a captação dos recursos financeiros necessários, bem como a
— Proporcionar informações gerenciais periódicas. aplicação dos recursos financeiros disponíveis;
— Redefinir e retroalimentar os objetivos (feedback). – Crédito e cobrança: analisar a concessão de crédito aos
clientes e administrar o recebimento dos créditos concedidos;
• Características – Caixa: efetuar os recebimentos e os pagamentos, controlando
- Monitorar e avaliar ações. o saldo de caixa;
- Verificar desvios (positivos e negativos) – Contas a receber e a pagar: controlar as contas a receber
- Promover mudanças (correção e aprimoramento) relativas às vendas a prazo e contas a pagar relativas às compras a
prazo, impostos e despesas operacionais.
• Tipos, vantagens e desvantagens.
— Preventivo (ex-ante): Controle proativo. Objetiva prevenir,
evitar e identificar possíveis problemas, antes que eles aconteçam.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
— Finanças
Arte e a ciência de administrar fundos, praticamente todos os indivíduos e organizações obtêm receitas ou levantam fundos, gastam
ou investem. As finanças ocupam-se do processo, instituições, mercados e instrumentos envolvidos na transferência de fundos entre
pessoas, empresas e governos. É a aplicação de uma série de princípios econômicos e financeiros objetivando a maximização da riqueza
da empresa e do valor das suas ações.
— Patrimônio
É um conjunto de bens, direitos e obrigações de uma pessoa ou de uma empresa. Bens são as coisas capazes de satisfazer as necessi-
dades humanas ou da empresa e suscetíveis de avaliação econômica. Podem ser:
– Bens Materiais, corpóreos ou tangíveis são os objetos que a empresa tem para uso (armários, prateleiras, computadores, máquinas
veículos, vitrinas etc.), troca (mercadorias para revenda) ou consumo (material de limpeza, expediente e embalagem).
– Bens imateriais, incorpóreos ou intangíveis correspondem a determinados gastos que, por sua natureza, a legislação brasileira de-
termina que façam parte do patrimônio.
Informação
Ao final de cada período contábil, a companhia fará as seguintes demonstrações, com o objetivo de fornecer informações aos seus
usuários.
I – Balanço patrimonial;
II – Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados ou demonstração das mutações do patrimônio líquido;
III – Demonstração do resultado do exercício;
IV – Demonstração dos fluxos de caixa; e
V – Se companhia aberta, demonstração do valor adicionado.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Liquidez Geral (LG) |Ativo Circulante + Ativo real. L.P Capacitação: é tornar capaz, habilitar, mudar o comportamen-
to, fazer com que as pessoas adquiram novos conhecimentos, e no-
— Rentabilidade vas habilidades. É ensiná-las a mudar de atitudes, com o objetivo de
É a capacidade de o Administrador Financeiro investir recursos buscarem o verdadeiro sentido da educação, que é desenvolver a
do sistema do Fluxo de Caixa, em outro tipo de bem (estoque de capacidade física, intelectual, e moral do ser humano, levando este
mercadoria) e conseguir fazer com que este estoque se transforme a uma integração e interação com o meio que o cerca. Assim, as
em dinheiro novamente e retorne com os lucros desejados para pessoas podem refletir criticamente sobre as mudanças ocorridas
dentro do sistema do fluxo de caixa. em sua volta e dessa reflexão podem tomar decisões eficazes a res-
peito do rumo a ser seguido.
Maximização da riqueza Para Chiavenato1, capacitação é um processo de longo prazo
O objetivo da empresa e administradores é maximizar a riqueza e propõe o desenvolvimento de habilidades e competências por
de seus proprietários. É a escolha de investimentos que oferece a meio de novos hábitos, atitudes, conhecimentos e destrezas, o que
melhor compensação entre o riso e retorno e aumenta o valor da resulta em uma mudança de comportamento dos líderes perante
empresa devido à incorporação dos juros ao capital empregado. A seus liderados e dentro da organização.
capacidade de gerar lucros de investimentos determina o valor de Além do mais, seus objetivos perseguem prazos mais longos,
mercado de uma empresa. Quanto maior o investimento maior o visando dar ao homem aqueles conhecimentos que transcendem
risco. o que é exigido no cargo atual, preparando-o para assumir funções
mais complexas. Assim, é um conceito entendido como similar ao
desenvolvimento.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE PESSOAS:
TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO Educação: é o conjunto holístico das experiências de aprendi-
zagem que preparam a pessoa para enfrentar a vida e se adaptar
O fator humano é uma das principais razões pelas quais a im- aos desafios do mundo atual.
plementação de mudanças tem sucesso em alcançar seus objeti-
vos e benefícios potenciais nas organizações, isso porque, pessoas Atenção: Vale ressaltar a diferença entre desenvolvimento e
trata-se de um fator crítico de sucesso para qualquer organização. treinamento (questão muito cobrada nos concursos). Ambos cons-
As organizações estão investindo cada vez mais em seus fun- tituem processos de aprendizagem.
cionários dando importância aos interesses individuais das pessoas,
pois assegurará a sobrevivência da empresa. Por outro lado, essa Treinamento: é um processo educacional de curto prazo e
mudança de mentalidade afeta o próprio funcionário também, uma aplicado de maneira sistemática e organizada por meio do qual as
vez que ele adquire vontade de aprender e desenvolver suas habili- pessoas aprendem conhecimentos, atitudes e competências em
dades para evoluir em sua carreira. função de objetivos previamente definidos, e foca o cargo atual.
Os impactos do treinamento e do desenvolvimento são funda-
mentais tanto para indivíduo quanto para as organizações, garan- Desenvolvimento: é orientado para ampliar as habilidades dos
tindo a produtividade e competitividade, tornam-se desafiadoras indivíduos para responsabilidades futuras, ele foca os cargos a se-
quando se considera o complexo processo no mundo do trabalho, rem ocupados futuramente na organização, novas habilidades e
onde as mudanças colocam novos desafios para o desenvolvimento competências que serão requeridas.
das pessoas. Veja a seguir os conceitos que ajudarão no entendi-
mento do tema: Segundo Robbins2, os líderes competentes não permanecem
Desenvolvimento Organizacional (DO): é o conjunto de ações competentes para sempre, pois as habilidades se deterioram e
focadas na aprendizagem (intencionais e propositais) em função podem se tornar obsoletas.
das experiências passadas e atuais, proporcionadas pela organiza- Sendo as pessoas que conduzem e impulsionam os negócios,
ção, dentro de um específico período, para oferecer a oportunida- é imprescindível que as organizações promovam capacitações e as
de de melhoria do desempenho e/ou crescimento humano, inclui o vejam como investimento e não como despesas, é preciso pensar
treinamento, educação e desenvolvimento. no longo prazo e no desenvolvimento pessoal de cada colaborador.
Na visão de Chiavenato3, antigamente quando surgiam vagas
Desenvolvimento Gerencial: é o conjunto organizado de ações nas organizações para qualquer função e em especial para cargos
educacionais no sentido de desenvolver habilidades e competên- de liderança, pensava-se em captar do mercado profissionais
cias gerenciais, como liderança, motivação, condução de equipes e, com educação formal ou experiências adquiridas em outras
sobretudo, gestão dos processos de gestão de pessoas. organizações.
Atualmente, as empresas que acreditam que seus funcionários
Desenvolvimento Pessoal: são as experiências não necessa- são seus maiores ativos preocupam-se em capacitá-los de forma
riamente relacionadas com o cargo atual, mas que proporcionam constante e permanente, haja vista que, agregando valores a eles
oportunidades para desenvolvimento e crescimento profissional. incrementam qualidade e produtividade à organização.
1 CHIAVENATO, I.; Treinamento e Desenvolvimento de Recursos
Treinamento: são as experiências organizadas de aprendiza- Humanos: Como incrementar talentos na Empresa. São Paulo: Atlas,
gem e centradas na posição atual da organização, ele deve aumen- 2003.
tar a possibilidade de o funcionário desempenhar melhor suas res- 2 ROBBINS, Stephen P. Comportamento Organizacional. São Paulo:
ponsabilidades. Pearson Prentice Hall, 2007.
3 Idem.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Desenvolvimento de Pessoas
Todas as pessoas, independentemente de suas diferenças individuais, podem e devem se desenvolver. Na abordagem tradicional, o
desenvolvimento era reservado apenas para uma pequena fatia do pessoal, as que faziam parte dos níveis mais elevados da organização.
Porém, mais recentemente, houve redução de níveis hierárquicos e formação de equipes de trabalho e os funcionários passaram a
ter maior participação nos objetivos dos seus cargos e maior preocupação com a qualidade e com clientes. Assim, as organizações estão
exigindo novas habilidades, conhecimentos e competências, assim o desenvolvimento passou a envolver a totalidade de funcionários.
Para Dutra4, em geral, as organizações estão percebendo a necessidade de estimular e apoiar o contínuo desenvolvimento das pes-
soas, como forma de manter suas vantagens competitivas. O processo de desenvolvimento de pessoas inclui treinamento e vai além:
compreende o autodesenvolvimento, processo esse que é intrínseco a cada indivíduo.
Segundo Milkovich e Boudreau5, desenvolvimento permite aperfeiçoar as capacidades e motivações dos empregados a fim de torná-
-los futuros membros valiosos da organização.
Dessa forma, o colaborador é valorizado e visto como parceiro da organização, tendo a possibilidade de crescer, não somente no
cargo em que ocupa, mas tendo a possibilidade de se desenvolver em outro cargo.
O desenvolvimento dentro da organização serve de ferramenta de apoio e estímulo para o autodesenvolvimento, pois muito depen-
de do próprio colaborador querer se empenhar e crescer dentro da empresa.
Treinamento de Pessoas
De acordo com Chiavenato6, treinamento se conceitua como o processo de desenvolver qualidades nos recursos humanos das or-
ganizações para habilitá-los a serem mais produtivos e contribuir melhor para o alcance dos objetivos organizacionais. O propósito do
treinamento é aumentar a produtividade dos indivíduos em seus cargos, influenciando seus comportamentos.
É definido também como o processo de ensinar aos novos empregados as habilidades básicas que eles necessitam para desempenhar
seus cargos.
Antes, o treinamento era um meio de adequar cada pessoa a seu cargo e desenvolver força de trabalho da organização a partir do
preenchimento dos cargos, mas recentemente, o conceito foi ampliado e é visto como meio para alavancar o desempenho no cargo.
4 DUTRA, Joel Souza. Gestão de pessoas: modelo, processos, tendências e perspectiva. São Paulo: Atlas, 2009.
5 MILKOVICH, George T.; BOUDREAU, Jown W. Administração de Recursos Humanos. São Paulo: Atlas, 2000.
6 CHIAVENATO, I.; Gestão de Pessoas – O novo papel dos recursos humanos nas organizações. RJ: Campus, 1999.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O Treinamento não é simplesmente realizar cursos e proporcionar informação. É necessário que haja uma cultura interna favorável ao
aprendizado e comprometida com a mudança.
Tipos de Treinamento
Para Milkovich8, há diferentes tipos de treinamento:
Treinamento de Integração: objetiva adaptar as pessoas à organização (novos colaboradores).
Treinamento Técnico-operacional: busca a capacitação do indivíduo para o desempenho das tarefas específicas a serem realizadas.
Treinamento Gerencial: procura desenvolver a competência técnica, administrativa e comportamental.
Treinamento Comportamental: tem como intuito solucionar os problemas das inter-relações no contexto do trabalho.
2. Desenho do
1. Necessidades a Satisfazer 3. Condução do Treinamento 4. Avaliação dos Resultados
Treinamento
Decisão quanto à
Diagnóstico da Situação Implementação ou Ação Avaliação e Controle
Estratégia
Programação do
- Objetivos da organização Condução e aplicação do Programa
Treinamento - Monitoração do Processo
- Competências necessárias de Treinamento por meio de
- Quem treinar - Avaliação e Medição de Resultados
- Problemas de produção * Gerente de linha
- Como treinar - Comparação da situação atual com
- Problemas de pessoal * Assessoria de RH
- Em que treinar a situação anterior
- Resultados da Avaliação do * Por ambos
- Onde treinar - Análise do custo/beneficio
Desempenho * Por terceiros
- Quando treinar
7 CARVALHO, L. C. F. de.; T&D estratégicos. Manual de treinamento e desenvolvimento: um guia de operações. SP: Makron Books, 1999.
8 MILKOVICH, Jorge T. Administração de Recursos Humanos: Treinamento. São Paulo: Editora Atlas, 2000.
9 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. 3.ed, 2009.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
b) Indicadores a posteriori (depois): são problemas provocados por necessidades de treinamento ainda não atendidas, “carências”, como:
1. Problemas de produção:
- Baixa qualidade de produção;
- Baixa produtividade;
- Avarias frequentes em equipamentos e instalações;
- Comunicações deficientes, etc.
2. Problemas de pessoal:
- Relações deficientes entre o pessoal;
- Número excessivo de queixas;
- Mau atendimento ao cliente;
- Pouco interesse pelo trabalho;
- Falta de cooperação;
- Erros na execução de ordens.
b) Levantamento de necessidades (LN): para que um programa de treinamento tenha o resultado esperado, tem-se que ajustar as
ações da área de treinamento com as necessidades da instituição.
O LN trará à tona a “carência observada no indivíduo ou no grupo, diante do padrão de qualificação necessário para a boa execução
das tarefas de uma função”, segundo Toledo e Milioni10.
Os resultados aqui traçados definirão as ações a serem tomadas posteriormente.
10 TOLEDO, Flávio e MILIONI, B. Dicionário de Recursos Humanos. 3ª edição. São Paulo: Atlas, 1986.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Chiavenato sugere a análise dos três níveis da organização namento. Isto se dá porque os resultados concretos obtidos em um
para o LN: programa de treinamento não são fáceis de se alcançar e de de-
1. Análise organizacional - o sistema organizacional: a análise monstrar, por isso temos que definir os objetivos com algumas ca-
organizacional envolve não só o estudo de toda a empresa, racterísticas essenciais: ter desempenho final a ser alcançado (ela-
envolvendo sua missão, seus objetivos, seus recursos, suas borar folha de pagamento); ter um período determinado (mensal);
competências e sua distribuição para a consecução dos objetivos, ter um padrão de satisfação (sem erros). Desta forma os objetivos
mas também o ambiente socioeconômico e tecnológico no qual a serão facilmente atingidos com a realização do treinamento.
organização está inserida. Essa análise ajuda a responder à questão Definição dos temas: ao se estabelecer os objetivos a serem
sobre o que deve ser ensinado e aprendido em termos de um plano alcançados, podemos definir quais temas serão abordados e quais
e estabelece a filosofia de treinamento para toda a empresa. Con- assuntos serão levantados dentro deste tema, para melhor atingir
siste em uma análise em longo prazo. aos resultados.
2. Análise dos recursos humanos - o sistema de treinamento: Metodologia: é a forma utilizada para o desenvolvimento do
procura verificar se os recursos humanos são suficientes quantita- programa de treinamento. Levando em consideração as necessida-
tiva e qualitativamente para as atividades atuais e futuras da orga- des estabelecidas pelo cliente será possível escolher a metodologia
nização. Consiste em uma análise da força de trabalho: o funciona- a ser utilizada. Vejamos exemplos dos métodos mais utilizados: Sala
mento organizacional pressupõe que os empregados possuam as de aula; Treinamento à distância; Internet...
habilidades, os conhecimentos e as atitudes desejados pela orga- Processos e técnicas: vários fatores do treinamento podem
nização. influir na escolha da técnica, tais como nível do treinando, forma do
3. Análise das operações e tarefas - o sistema de aquisição de ha- treinamento, tipo de necessidades, duração dos cursos, recursos
bilidades: é o nível de abordagem mais restrito no levantamento de humanos e materiais, condições físicas e ambientais, segundo Fon-
necessidades de treinamento: a análise é feita em nível do cargo, ten- tes11.
do como fundamento os requisitos exigidos pelo cargo ao seu ocupan- Tendo escolhido a metodologia a ser desenvolvida e as técni-
te. Além da organização e das pessoas, o treinamento deve também cas a serem utilizadas, o instrutor poderá contar com recursos di-
considerar os cargos para os quais as pessoas devem ser treinadas. dáticos que servem para esclarecer uma demonstração, motivar o
grupo para uma reflexão e favorece a memorização dos assuntos
Para levantar as necessidades e poder montar um plano de apresentados, segundo Feullette12.
capacitação de uma empresa, há diversas ferramentas: Vejamos agora quais são os recursos mais conhecidos: televi-
- Avaliação de desempenho; sor; gravador/aparelho de som; cartazes; retroprojetor/slides, ma-
- Relatório do Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC); terial apostilado; quadro negro; flip-chart; computador.
- Pesquisa de clima; ` Plano de aula: com todas as etapas anteriores preenchidas de-
- Entrevista de desligamento; ve-se elaborar um plano de aula. Este é um instrumento que irá
- Formulários apropriados; auxiliar o instrutor na realização do treinamento. No plano devem
- Gestão e planejamento estratégico; conter as seguintes informações: tema central do treinamento, as-
- Pesquisa de satisfação de clientes; suntos a serem abordados, horários, técnicas e recursos didáticos.
- Questionário;
- Discussão em grupo; Tempo e custo: devemos levar em consideração estes dois
- Reuniões interdepartamentais; fatores antes de terminarmos a elaboração de um programa de
- Solicitação de supervisores e gerentes. treinamento. O tempo deve ser determinado a partir das neces-
sidades e características do cliente e do público-alvo, assim como
Seja qual for o instrumento utilizado não podemos abrir mão a importância do tema a ser abordado. O mau planejamento do
da criatividade, tendo sempre em mente os objetivos da empresa. tempo pode causar a perda de informações essenciais no término
do programa.
c) Diagnosticar o problema: nesta etapa o profissional de trei- Custo: deve ser levado em consideração e este deve ser con-
namento, irá analisar o desvio encontrado e assim verificar se o frontado com os benefícios que o treinamento irá proporcionar ao
problema é solucionável através de um programa de treinamento. cliente. Podemos identificar como custo os seguintes pontos: sa-
lários dos instrutores ou consultores externos, despesa com local,
Elaborando um Programa de Treinamento/Capacitação refeições, passagens, estadias, materiais, entre outros.
A elaboração de um programa de treinamento sempre será
realizada com base em uma perfeita identificação e interpretação Executando um Programa de Treinamento
das necessidades reais de treinamento. Terminada a fase de elaboração do programa de treinamento,
Para definirmos com exatidão o que faremos no treinamento, entramos na fase de execução, que envolve a convocação dos trei-
será fundamental identificarmos os seguintes pontos: nandos e a execução do treinamento propriamente dito.
Público-alvo: a correta identificação e análise da população
que será atingida pelo programa garantirá um percentual do su-
cesso do treinamento. Isto porque, um treinamento voltado para
os técnicos não poderá ser o mesmo utilizado para os gerentes e
vice-versa. 11 FONTES, Lauro Barreto. Manual de treinamento na empresa. São
Objetivos: é o que se pretende alcançar com um programa de Paulo: Atlas,1975.
treinamento. Hoje quando as empresas passam por dificuldades 12 FEUILLETTE, Isolde. Recursos Humanos, o novo perfil do treinador.
financeiras o primeiro corte de verbas é realizado na área de trei- São Paulo: Nobel, 1991.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
13 TOLEDO, Flávio e MILIONI, B. Dicionário de Recursos Humanos. 3ª 14 KIRKPATRICK, D. L. Evaluating Training Programs – The Four Levels.
edição. São Paulo: Atlas, 1986. San Francisco: Berrett - Koehler Publishers, Inc, 1998.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Segundo Wagner Siqueira, o processo de avaliação de desem- - Auto-avaliação: é a avaliação feita pelo próprio avaliado com
penho de um colaborador inclui, dentre outras, as expectativas de- relação a sua performance. O ideal é que esse sistema seja utilizado
sejadas e os resultados reais. Sendo divida em algumas etapas: conjuntamente a outros sistemas para minimizar o forte viés e falta
- Apreciação diária do comportamento do colaborador, seus de sinceridade que podem ocorrer.
progressos e limitações, êxitos e insucessos, com oferecimento per- - Relatório de performance: também chamada de avaliação
manente de feedback instantâneo; por escrito ou avaliação da experiência, trata-se de uma descrição
- Identificação e equacionamento imediato dos problemas mais livre acerca das características do avaliado, seus pontos fortes,
emergentes, procurando manter continuamente um alto padrão fracos, potencialidades e dimensões de comportamento, entre ou-
de motivação e de obtenção de resultados; tros aspectos. Sua desvantagem está na dificuldade de se combinar
- Entrevistas formais periódicas de avaliação de desempenho, ou comparar as classificações atribuídas e por isso exige a suple-
em que avaliador e avaliado analisam os resultados obtidos no pe- mentação de um outro método, mais formal.
ríodo considerado e redefinem novas orientações, compromissos - Avaliação por resultados: é um método de avaliação basea-
recíprocos e ações corretivas, se for o caso. do na comparação entre os resultados previstos e realizados. É um
método prático, mas que depende somente do ponto de vista do
Neste processo, o gestor precisa avaliar as fraquezas e limita- supervisor a respeito do desempenho avaliado.
ções dos funcionários, buscando identificar pontos de melhoria, - Avaliação por objetivos: baseia-se numa avaliação do alcan-
necessidade de treinamento ou até mesmo remanejamento do in- ce de objetivos específicos, mensuráveis, alinhados aos objetivos
divíduo para outras funções em que poderia render melhor. organizacionais e negociados previamente entre cada colaborador
Assim, o papel principal da avaliação de desempenho é identi- e seu superior. É importante ressaltar que durante a avaliação não
ficar e trabalhar de forma sistêmica as diferenças de desempenho devem ser levados em consideração aspectos que não estavam
entre os muitos funcionários da organização. Tendo sempre como previstos nos objetivos, ou não tivessem sido comunicados ao cola-
base a interação constante entre avaliador e avaliado. borador. E ainda, deve-se permitir ao colaborador sua autoavalia-
ção para discussão com seu gestor.
Formas de avaliação de desempenho – Listamos abaixo os mé- - Padrões de desempenho: também chamada de padrões de
todos mais tradicionais de avaliação: trabalho é quando há estabelecimento de metas somente por par-
- Escalas gráficas de classificação: é o método mais utilizado te da organização, mas que devem ser comunicadas às pessoas que
nas empresas. Avalia o desempenho por meio de indicadores defi- serão avaliadas.
nidos, graduados através da descrição de desempenho numa varia- - Frases descritivas: trata-se de uma avaliação através de com-
ção de ruim a excepcional. Para cada graduação pode haver exem- portamentos descritos como ideais ou negativos. Assim, assinala-se
plos de comportamentos esperados para facilitar a observação da “sim” quando o comportamento do colaborador corresponde ao
existência ou não do indicador. Permite a elaboração de gráficos comportamento descrito, e “não” quando não corresponde. É di-
que facilitarão a avaliação e acompanhamento do desempenho his- ferente do método da Escolha e distribuição forçada no sentido da
tórico do avaliado. não obrigatoriedade na escolha das frases.
- Escolha e distribuição forçada: consiste na avaliação dos in- - Avaliação 360 graus: neste método o avaliado recebe feedba-
divíduos através de frases descritivas de determinado tipo de de- cks (retornos) de todas as pessoas com quem ele tem relação, tam-
sempenho em relação às tarefas que lhe foram atribuídas, entre bém chamados de stakeholders, como pares, superior imediato,
as quais o avaliador é forçado a escolher a mais adequada para subordinados, clientes, entre outros.
descrever os comportamentos do avaliado. Este método busca mi- - Avaliação de competências: trata-se da identificação de com-
nimizar a subjetividade do processo de avaliação de desempenho. petências conceituais (conhecimento teórico), técnicas (habilida-
- Pesquisa de campo: baseado na realização de reuniões entre des) e interpessoais (atitudes) necessárias para que determinado
um especialista em avaliação de desempenho da área de Recursos desempenho seja obtido.
Humanos com cada líder, para avaliação do desempenho de cada - Avaliação de competências e resultados: é a conjugação das
um dos subordinados, levantando-se os motivos de tal desempe- avaliações de competências e resultados, ou seja, é a verificação da
nho por meio de análise de fatos e situações. Este método permite existência ou não das competências necessárias de acordo com o
um diagnóstico padronizado do desempenho, minimizando a sub- desempenho apresentado.
jetividade da avaliação. Ainda possibilita o planejamento, conjun- - Avaliação de potencial: com ênfase no desempenho futuro,
tamente com o líder, do desenvolvimento profissional de cada um. identifica as potencialidades do avaliado que facilitarão o desenvol-
- Incidentes críticos: enfoca as atitudes que representam de- vimento de tarefas e atividades que lhe serão atribuídas. Possibilita
sempenhos altamente positivos (sucesso), que devem ser realça- a identificação de talentos que estejam trabalhando aquém de suas
dos e estimulados, ou altamente negativos (fracassos), que devem capacidades, fornecendo base para a recolocação dessas pessoas.
ser corrigidos através de orientação constante. O método não se - Balanced Scorecard: sistema desenvolvido por Robert S.
preocupa em avaliar as situações normais. No entanto, para haver Kaplan e David P. Norton na década de 90, avalia o desempenho
sucesso na utilização desse método, é necessário o registro cons- sob quatro perspectivas: financeira, do cliente, dos processos in-
tante dos fatos para que estes não passem despercebidos. ternos e do aprendizado e crescimento. São definidos objetivos
- Comparação de pares: também conhecida como comparação estratégicos para cada uma das perspectivas e tarefas para o aten-
binária, faz uma comparação entre o desempenho de dois colabo- dimento da meta em cada objetivo estratégico.
radores ou entre o desempenho de um colaborador e sua equipe,
podendo fazer o uso de fatores para isso. É um processo muito sim-
ples e pouco eficiente, mas que se torna muito difícil de ser realiza-
do quanto maior for o número de pessoas avaliadas.
336
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
337
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
338
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A terceira parte consiste na realização de entrevistas periódi- Evolução da Administração de Recursos Materiais e Patrimo-
cas, que permitem analisar a evolução do funcionário e, se necessá- niais
rio, adotar medidas, que servem como termômetro para entender A evolução da Administração de Materiais processou-se em
se há condições de evolução ou reversão de alguma situação fora várias fases:
do padrão. - A Atividade exercida diretamente pelo proprietário da empre-
A avaliação concede um raio X da empresa para os líderes. Vale sa, pois comprar era a essência do negócio;
salientar que não é indicado que esses líderes sejam autoritários. - Atividades de compras como apoio às atividades produtivas
O processo de avaliação não consiste em punir ou demitir um fun- se, portanto, integradas à área de produção;
cionário que apresente desvios, mas avaliar o que ele tem de bom - Condenação dos serviços envolvendo materiais, começando
e, se for o caso, orientá-lo a mudar de postura quanto ao que pode com o planejamento das matérias-primas e a entrega de produtos
ser melhorado. Dessa forma, será gasto muito menos com troca de acabados, em uma organização independente da área produtiva;
pessoal e os funcionários responderão positivamente ao desafio. - Agregação à área logística das atividades de suporte à área
de marketing.
Momento certo para a avaliação de desempenho
A Avaliação de Desempenho pode ser feita a qualquer momen- Com a mecanização, racionalização e automação, o excedente
to e sempre que o empreendedor achar necessário. O ideal é que de produção se torna cada vez menos necessário, e nesse caso a
seja realizada uma avaliação mensal para melhor análise da evo- Administração de Materiais é uma ferramenta fundamental para
lução coletiva da empresa e de seus colaboradores. Apesar de ser manter o equilíbrio dos estoques, para que não falte a matéria-pri-
apenas um item em diversos outros para a formação de um negócio ma, porém não haja excedentes.
de sucesso, uma avaliação de desempenho efetiva, que consegue Essa evolução da Administração de Materiais ao longo dessas
trazer aprimoramentos, pode se tornar uma ação muito positiva fases produtivas baseou-se principalmente, pela necessidade de
para o crescimento de todo o corpo profissional.15 produzir mais, com custos mais baixos. Atualmente a Administração
de Materiais tem como função principal o controle de produção e
O Processo de Avaliação Institucional apresenta as seguintes estoque, como também a distribuição dos mesmos.
diretrizes:
- Consiste em uma atividade intrínseca ao processo de plane- As Três Fases da Administração de Recursos Materiais e Pa-
jamento, sendo um processo contínuo, geral, específico, buscando trimoniais
integrar ações. 1 – Aumentar a produtividade. Busca pela eficiência.
- Elabora críticas às suas ações e aos resultados obtidos. 2 – Aumentar a qualidade sem preocupação em prejudicar ou-
- Busca conhecer e registrar as limitações e possibilidades do tras áreas da Organização. Busca pela eficácia.
trabalho avaliado. 3 – Gerar a quantidade certa, no momento certo par atender
- É um processo democrático, apresentando, em princípio, os bem o cliente, sem desperdício. Busca pela efetividade.
aspectos a serem avaliados envolvendo a participação dos sujeitos.
- É um processo transparente e ético em relação a seus funda- Visão Operacional e Visão Estratégica
mentos, enfoque e, principalmente, no que se refere à utilização e Na visão operacional busca-se a melhoria relacionada a ativida-
divulgação dos seus resultados. des específicas. Melhorar algo que já existe.
Na visão estratégica busca-se o diferencial. Fazer as coisas de
um modo novo. Aqui se preocupa em garantir a alta performance
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS de maneira sistêmica. Ou seja, envolvendo toda a organização de
MATERIAIS: PLANEJAMENTO E CONTROLE DE maneira interrelacional.
ESTOQUES; PLANEJAMENTO E CONTROLE DOS BENS Com relação à Fábula de La Fontaine, a preocupação do autor
PATRIMONIAIS era, conforme sua época, garantir a melhoria quantitativa das ações
dos empregados. Aqueles que mantêm uma padronização de são
Recurso – Conceito = É aquele que gera, potencialmente ou de recompensados pela Organização. Na moderna interpretação da
forma efetiva, riqueza. Fábula a autora passa a idéia de que precisamos além de trabalhar
Administração de Recursos - Conceitos - Atividade que planeja, investir no nosso talento de maneira diferencial. Assim, poderemos
executa e controla, nas condições mais eficientes e econômicas, o não só garantir a sustentabilidade da Organização para os diversos
fluxo de material, partindo das especificações dos artigos e comprar invernos como, também, fazê-los em Paris.
até a entrega do produto terminado para o cliente.
É um sistema integrado com a finalidade de prover à adminis- Historicamente, a administração de recursos materiais e patri-
tração, de forma contínua, recursos, equipamentos e informações moniais tem seu foco na eficiência de processos – visão operacio-
essenciais para a execução de todas as atividades da Organização. nal. Hoje em dia, a administração de materiais passa a ser chamada
de área de logística dentro das Organizações devido à ênfase na
melhor maneira de facilitar o fluxo de produtos entre produtores
e consumidores, de forma a obter o melhor nível de rentabilidade
para a organização e maior satisfação dos clientes.
15 Fonte: www.endeavor.org.br
339
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A Administração de Materiais possui hoje uma Visão Estraté- inclusive compras, o recebimento, a armazenagem dos materiais, o
gica. Ou seja, foco em ser a melhor por meio da INOVAÇÃO e não fornecimento dos mesmos aos órgãos requisitantes, até as opera-
baseado na melhor no que já existe. A partir da visão estratégica a ções gerais de controle de estoques etc.
Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais passa ser co- A Administração de Materiais destina-se a dotar a administra-
nhecida por LOGISTICA. ção dos meios necessários ao suprimento de materiais imprescin-
díveis ao funcionamento da organização, no tempo oportuno, na
Sendo assim: quantidade necessária, na qualidade requerida e pelo menor custo.
A oportunidade, no momento certo para o suprimento de
materiais, influi no tamanho dos estoques. Assim, suprir antes do
VISÃO OPERACIONAL VISÃO ESTRATÉGICA
momento oportuno acarretará, em regra, estoques altos, acima das
EFICIENCIA EFETIVIDADE necessidades imediatas da organização. Por outro lado, a providên-
ESPECIFICA SISTEMICA cia do suprimento após esse momento poderá levar a falta do ma-
terial necessário ao atendimento de determinada necessidade da
QUANTITATIVA E administração.
QUANTITATIVA
QUALITATIVA
MELHORAR O QUE JÁ EXISTE INOVAÇÃO São tarefas da Administração de Materiais:
- Controle da produção;
QUANTO QUANDO
- Controle de estoque;
- Compras;
Princípios da Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais - Recepção;
- Qualidade do material; - Inspeção das entradas;
- Quantidade necessária; - Armazenamento;
- Prazo de entrega - Movimentação;
- Preço; - Inspeção de saída
- Condições de pagamento. - Distribuição.
Qualidade do Material Sem o estoque de certas quantidades de materiais que aten-
O material deverá apresentar qualidade tal que possibilite sua dam regularmente às necessidades dos vários setores da organiza-
aceitação dentro e fora da empresa (mercado). ção, não se pode garantir um bom funcionamento e um padrão de
atendimento desejável. Estes materiais, necessários à manutenção,
Quantidade aos serviços administrativos e à produção de bens e serviços, for-
Deverá ser estritamente suficiente para suprir as necessidades mam grupos ou classes que comumente constituem a classificação
da produção e estoque, evitando a falta de material para o abasteci- de materiais. Estes grupos recebem denominação de acordo com o
mento geral da empresa bem como o excesso em estoque. serviço a que se destinam (manutenção, limpeza, etc.), ou à nature-
za dos materiais que neles são relacionados (tintas, ferragens, etc.),
Prazo de Entrega ou do tipo de demanda, estocagem, etc.
Deverá ser o menor possível, a fim de levar um melhor atendi-
mento aos consumidores e evitar falta do material. Classificação de Materiais
Classificar um material então é agrupá-lo segundo sua forma,
Menor Preço dimensão, peso, tipo, uso etc. A classificação não deve gerar confu-
O preço do produto deverá ser tal que possa situá-lo em posi- são, ou seja, um produto não poderá ser classificado de modo que
ção da concorrência no mercado, proporcionando à empresa um seja confundido com outro, mesmo sendo semelhante. A classifica-
lucro maior. ção, ainda, deve ser feita de maneira que cada gênero de material
ocupe seu respectivo local.
Condições de pagamento Por exemplo: produtos químicos poderão estragar produtos
Deverão ser as melhores possíveis para que a empresa tenha alimentícios se estiverem próximos entre si. Classificar material,
maior flexibilidade na transformação ou venda do produto. em outras palavras, significa ordená-lo segundo critérios adotados,
agrupando-o de acordo com a semelhança, sem, contudo, causar
Diferença Básica entre Administração de Materiais e Adminis- confusão ou dispersão no espaço e alteração na qualidade.
tração Patrimonial O objetivo da classificação de materiais é definir uma catalo-
A diferença básica entre Administração de Materiais e Admi- gação, simplificação, especificação, normalização, padronização
nistração Patrimonial é que a primeira se tem por produto final a e codificação de todos os materiais componentes do estoque da
distribuição ao consumidor externo e a área patrimonial é respon- empresa.
sável, apenas, pela parte interna da logística. Seu produto final é a O sistema de classificação é primordial para qualquer Departa-
conservação e manutenção de bens. mento de Materiais, pois sem ele não poderia existir um controle
A Administração de Materiais é, portanto um conjunto de ativi- eficiente dos estoques, armazenagem adequada e funcionamento
dades desenvolvidas dentro de uma empresa, de forma centralizada correto do almoxarifado.
ou não, destinadas a suprir as diversas unidades, com os materiais
necessários ao desempenho normal das respectivas atribuições.
Tais atividades abrangem desde o circuito de reaprovisionamento,
340
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O princípio da classificação de materiais está relacionado à: O sistema classificatório permite identificar e decidir priorida-
des referentes a suprimentos na empresa. Uma eficiente gestão de
Catalogação estoques, em que os materiais necessários ao funcionamento da
A Catalogação é a primeira fase do processo de classificação de empresa não faltam, depende de uma boa classificação dos mate-
materiais e consiste em ordenar, de forma lógica, todo um conjun- riais.
to de dados relativos aos itens identificados, codificados e cadas- Para Viana um bom método de classificação deve ter algumas
trados, de modo a facilitar a sua consulta pelas diversas áreas da características: ser abrangente, flexível e prático.
empresa. - Abrangência: deve tratar de um conjunto de características,
Simplificar material é, por exemplo, reduzir a grande diversi- em vez de reunir apenas materiais para serem classificados;
dade de um item empregado para o mesmo fim. Assim, no caso - Flexibilidade: deve permitir interfaces entre os diversos tipos
de haver duas peças para uma finalidade qualquer, aconselha-se a de classificação de modo que se obtenha ampla visão do gerencia-
simplificação, ou seja, a opção pelo uso de uma delas. Ao simplifi- mento do estoque;
carmos um material, favorecemos sua normalização, reduzimos as - Praticidade: a classificação deve ser simples e direta.
despesas ou evitamos que elas oscilem. Por exemplo, cadernos com
capa, número de folhas e formato idênticos contribuem para que Para atender às necessidades de cada empresa, é necessária
haja a normalização. uma divisão que norteie os vários tipos de classificação.
Ao requisitar uma quantidade desse material, o usuário irá for- Dentro das empresas existem vários tipos de classificação de
necer todos os dados (tipo de capa, número de folhas e formato), o materiais.
que facilitará sobremaneira não somente sua aquisição, como tam-
bém o desempenho daqueles que se servem do material, pois a não Para o autor Viana os principais tipos de classificação são:
simplificação (padronização) pode confundir o usuário do material, - Por tipo de demanda
se este um dia apresentar uma forma e outro dia outra forma de - Materiais críticos
maneira totalmente diferente. - Pericibilidade
- Quanto à periculosidade
- Possibilidade de fazer ou comprar
Especificação
- Tipos de estocagem
Aliado a uma simplificação é necessária uma especificação do
- Dificuldade de aquisição
material, que é uma descrição minuciosa para possibilitar melhor
- Mercado fornecedor.
entendimento entre consumidor e o fornecedor quanto ao tipo de
material a ser requisitado.
- Por tipo de demanda: A classificação por tipo de demanda se
divide em materiais não de estoque e materiais de estoque. Mate-
Normalização
riais não de estoque: são materiais de demanda imprevisível para
A normalização se ocupa da maneira pela qual devem ser utili- os quais não são definidos parâmetros para o ressuprimento. Esses
zados os materiais em suas diversas finalidades e da padronização materiais são utilizados imediatamente, ou seja, a inexistência de
e identificação do material, de modo que o usuário possa requisitar regularidade de consumo faz com que a compra desses materiais
e o estoquista possa atender os itens utilizando a mesma termino- somente seja feita por solicitação direta do usuário, na ocasião em
logia. A normalização é aplicada também no caso de peso, medida que isso se faça necessário. O usuário é que solicita sua aquisição
e formato. quando necessário. Devem ser comprados para uso imediato e se
forem utilizados posteriormente, devem ficar temporariamente no
Codificação estoque. A outra divisão são os Materiais de estoques: são mate-
É a apresentação de cada item através de um código, com as riais que devem sempre existir nos estoques para uso futuro e para
informações necessárias e suficientes, por meio de números e/ou que não haja sua falta são criadas regras e critérios de ressuprimen-
letras. É utilizada para facilitar a localização de materiais armazena- to automático. Deve existir no estoque, seu ressuprimento deve ser
dos no estoque, quando a quantidade de itens é muito grande. Em automático, com base na demanda prevista e na importância para
função de uma boa classificação do material, poderemos partir para a empresa.
a codificação do mesmo, ou seja, representar todas as informações
necessárias, suficientes e desejadas por meios de números e/ou le- Os materiais de estoque se subdividem ainda;
tras. Os sistemas de codificação mais comumente usados são: o al- Quanto à aplicação eles podem ser: Materiais produtivos que
fabético (procurando aprimorar o sistema de codificação, passou-se compreendem todo material ligado direta ou indiretamente ao
a adotar de uma ou mais letras o código numérico), alfanumérico e processo produtivo. Matéria prima que são materiais básicos e in-
numérico, também chamado “decimal”. A escolha do sistema utili- sumos que constituem os itens iniciais e fazem parte do processo
zado deve estar voltada para obtenção de uma codificação clara e produtivo. Produtos em fabricação que são também conhecidos
precisa, que não gere confusão e evite interpretações duvidosas a como materiais em processamento que estão sendo processados
respeito do material. Este processo ficou conhecido como “código ao longo do processo produtivo. Não estão mais no estoque por-
alfabético”. Entre as inúmeras vantagens da codificação está a de que já não são mais matérias-primas, nem no estoque final porque
afastar todos os elementos de confusão que porventura se apresen- ainda não são produtos acabados. Produtos acabados: produtos já
tarem na pronta identificação de um material. prontos. Materiais de manutenção: materiais aplicados em manu-
tenção com utilização repetitiva. Materiais improdutivos: materiais
não incorporados ao produto no processo produtivo da empresa.
Materiais de consumo geral: materiais de consumo, aplicados em
diversos setores da empresa.
341
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Quanto ao valor de consumo: Para que se alcance a eficácia na Para simplificar a construção de uma curva ABC, separamos o
gestão de estoque é necessário que se separe de forma clara, aquilo processo em 6 etapas a seguir:
que é essencial do que é secundário em termos de valor de consu- 1º) Definir a variável a ser analisada: A análise dos estoques
mo. Para fazer essa separação nós contamos com uma ferramenta pode ter vários objetivos e a variável deverá ser adequada para cada
chamada de Curva ABC ou Curva de Pareto, ela determina a im- um deles. No nosso caso, a variável a ser considerada é o custo do
portância dos materiais em função do valor expresso pelo próprio estoque médio, mas poderia ser: o giro de vendas, o mark-up, etc.
consumo em determinado período. Curva ABC é um importante 2º) Coleta de dados: Os dados necessários neste caso são:
instrumento para se examinar estoques, permitindo a identifica- quantidade de cada item em estoque e o seu custo unitário. Com
ção daqueles itens que justificam atenção e tratamento adequados esses dados obtemos o custo total de cada item, multiplicando a
quanto à sua administração. Ela consiste na verificação, em certo quantidade pelo custo unitário.
espaço de tempo (normalmente 6 meses ou 1 ano), do consumo 3º) Ordenar os dados: Calculado o custo total de cada item, é
em valor monetário, ou quantidade dos itens do estoque, paraque preciso organizá-los em ordem decrescente de valor.
eles possam ser classificados em ordem decrescente de importân- 4º) Calcular os percentuais: Na tabela a seguir, os dados foram
cia. organizados pela coluna “Ordem” e calcula-se o custo total acumu-
lado e os percentuais do custo total acumulado de cada item em
Os materiais são classificados em: relação ao total.
- Classe A: Grupo de itens mais importante que devem ser tra- 5º) Construir a curva ABC
balhados com uma atenção especial pela administração. Os dados Desenha-se um plano cartesiano, onde no eixo “x” são distri-
aqui classificados correspondem, em média, a 80% do valor mone- buídos os itens do estoque e no eixo “y”, os percentuais do custo
tário total e no máximo 20% dos itens estudados (esses valores são total acumulado.
orientativos e não são regra).
- Classe B: São os itens intermediários que deverão ser tratados
logo após as medidas tomadas sobre os itens de classe A; são os se-
gundos em importância. Os dados aqui classificados correspondem
em média, a 15% do valor monetário total do estoque e no máximo
30% dos itens estudados (esses valores são orientadores e não são
regra).
- Classe C: Grupo de itens menos importantes em termos de
movimentação, no entanto, requerem atenção pelo fato de gera-
rem custo de manter estoque. Deverão ser tratados, somente, após
todos os itens das classes A e B terem sido avaliados. Em geral, so-
mente 5% do valor monetário total representam esta classe, po-
rém, mais de 50% dos itens formam sua estrutura (esses valores são
orientadores e não são regra).
Valor
Classe % itens Importância
acumulado
A 20 80% Grande
B 30 15% Intermediária
C 50 5% Pequena
342
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Valor Itens em
Classe Nº itens % itens
acumulado estoque
A 2 16,7% 80,1% Faca, Jarro
Apontador,
B 3 25,0% 15,6%
Esquadro, Dado
Key, Livro,
C 7 58,3% 4,3% Herói, Caixa, Bola, Giz,
Isqueiro.
A aplicação prática dessa classificação ABC pode ser vista quando, por exemplo, reduzimos 20% do valor em estoque dos itens A
(apenas 2 itens), representando uma redução de 16% no valor total, enquanto que uma redução de 50% no valor em estoque dos itens C
(sete itens), impactará no total em apenas 2,2%. Logo, reduzir os estoques do grupo A, desde que calculadamente, seria uma ação mais
rentável para a empresa do nosso exemplo.
Quanto à importância operacional: Esta classificação leva em conta a imprescindibilidade ou ainda o grau de dificuldade para se obter
o material.
Os materiais são classificados em materiais:
- Materiais X: materiais de aplicação não importante, com similares na empresa;
- Materiais Y: materiais de média importância para a empresa, com ou sem similar;
- Materiais Z: materiais de importância vital, sem similar na empresa, e sua falta ocasiona paralisação da produção.
Quando ocorre a falta no estoque de materiais classificados como “Z”, eles provocam a paralisação de atividades essenciais e podem
colocar em risco o ambiente, pessoas e patrimônio da empresa. São do tipo que não possuem substitutos em curto prazo. Os materiais
classificados como “Y” são também imprescindíveis para as atividades da organização. Entretanto podem ser facilmente substituídos em
curto prazo. Os itens “X” por sua vez são aqueles que não paralisam atividades essenciais, não oferecem riscos à segurança das pessoas,
ao ambiente ou ao patrimônio da organização e são facilmente substituíveis por equivalentes e ainda são fáceis de serem encontrados.
Para a identificação dos itens críticos devem ser respondidas as seguintes perguntas: O material é imprescindível à empresa? Pode ser
adquirido com facilidade? Existem similares? O material ou seu similar podem ser encontrados facilmente?
- Perecibilidade: Os materiais também podem ser classificados de acordo com a possibilidade de extinção de suas propriedades físi-
co-químicas. Muitas vezes, o fator tempo influencia na classificação; assim, quando a empresa adquire um material para ser usado em um
período, e nesse período o consumo não ocorre, sua utilização poderá não ser mais necessária, o que inviabiliza a estocagem por longos
períodos. Ex. alimentos, remédios;
- Quanto à periculosidade: O uso dessa classificação permite a identificação de materiais que devido a suas características físico-quí-
micas, podem oferecer risco à segurança no manuseio, transporte, armazenagem. Ex. líquidos inflamáveis.
- Possibilidade de fazer ou comprar: Esta classificação visa determinar quais os materiais que poderão ser recondicionados, fabricados
internamente ou comprados:
- Fazer internamente: fabricados na empresa;
- Comprar: adquiridos no mercado;
- Decisão de comprar ou fazer: sujeito à análise de custos;
- Recondicionar: materiais passíveis de recuperação sujeitos a análise de custos.
- Tipos de estocagem: Os materiais podem ser classificados em materiais de estocagem permanente e temporária.
- Permanente: materiais para os quais foram aprovados níveis de estoque e que necessitam de ressuprimento constantes.
343
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Temporária: materiais de utilização imediata e sem ressupri- - Cadastramento no sistema das informações referentes a com-
mento, ou seja, é um material não de estoque. pras autorizadas, para as quais se inicia o processo de recebimento;
- O encaminhamento desses veículos para a descarga;
- Dificuldade de aquisição: Os materiais podem ser classificados
por suas dificuldades de compra em materiais de difícil aquisição e As compras não autorizadas ou em desacordo com a programa-
materiais de fácil aquisição. As dificuldades podem advir de: Fabri- ção de entrega devem ser recusadas, transcrevendo-se os motivos
cação especial: envolve encomendas especiais com cronograma de no verso da Nota Fiscal. Outro documento que serve para as opera-
fabricação longo; Escassez no mercado: há pouca oferta no mer- ções de análise de avarias e conferência de volumes é o “Conheci-
cado e pode colocar em risco o processo produtivo; Sazonalidade: mento de Transporte Rodoviário de Carga”, que é emitido quando
há alteração da oferta do material em determinados períodos do do recebimento da mercadoria a ser transportada.
ano; Monopólio ou tecnologia exclusiva: dependência de um único As divergências e irregularidades insanáveis constatadas em
fornecedor; Logística sofisticada: material de transporte especial, relação às condições de contrato devem motivar a recusa do rece-
ou difícil acesso; Importações: os materiais sofrer entraves burocrá- bimento, anotando-se no verso da 1a via da Nota Fiscal as circuns-
ticos, liberação de verbas ou financiamentos externos. tâncias que motivaram a recusa, bem como nos documentos do
transportador. O exame para constatação das avarias é feito através
- Mercado fornecedor: Esta classificação está intimamente liga- da análise da disposição das cargas, da observação das embalagens,
da à anterior e a complementa. Assim temos: Materiais do mercado quanto a evidências de quebras, umidade e amassados.
nacional: materiais fabricados no próprio país; Materiais do merca- Os materiais que passaram por essa primeira etapa devem ser
do estrangeiro: materiais fabricados fora do país; Materiais em pro- encaminhados ao Almoxarifado. Para efeito de descarga do mate-
cesso de nacionalização: materiais aos quais estão desenvolvendo rial no Almoxarifado, a recepção é voltada para a conferência de vo-
fornecedores nacionais. lumes, confrontando-se a Nota Fiscal com os respectivos registros
e controles de compra. Para a descarga do veículo transportador
Recebimento e Armazenagem é necessária a utilização de equipamentos especiais, quais sejam:
Recebimento é a atividade intermediária entre as tarefas de paleteiras, talhas, empilhadeiras e pontes rolantes.
compra e pagamento ao fornecedor, sendo de sua responsabilidade O cadastramento dos dados necessários ao registro do rece-
a conferência dos materiais destinados à empresa. bimento do material compreende a atualização dos seguintes sis-
As atribuições básicas do Recebimento são: temas:
- Coordenar e controlar as atividades de recebimento e devo- - Sistema de Administração de Materiais e gestão de estoques:
lução de materiais; dados necessários à entrada dos materiais em estoque, visando ao
- Analisar a documentação recebida, verificando se a compra seu controle;
está autorizada; - Sistema de Contas a pagar : dados referentes à liberação de
- Controlar os volumes declarados na nota fiscal e no manifesto pendências com fornecedores, dados necessários à atualização da
de transporte com os volumes a serem efetivamente recebidos; posição de fornecedores;
- Proceder a conferência visual, verificando as condições de - Sistema de Compras : dados necessários à atualização de sal-
embalagem quanto a possíveis avarias na carga transportada e, se dos e baixa dos processos de compras;
for o caso, apontando as ressalvas de praxe nos respectivos docu-
mentos; 2a fase - Conferência Quantitativa
- Proceder a conferência quantitativa e qualitativa dos mate- É a atividade que verifica se a quantidade declarada pelo forne-
riais recebidos; cedor na Nota Fiscal corresponde efetivamente à recebida. A confe-
- Decidir pela recusa, aceite ou devolução, conforme o caso; rência por acusação também conhecida como “contagem cega “ é
- Providenciar a regularização da recusa, devolução ou da libe- aquela no qual o conferente aponta a quantidade recebida, desco-
ração de pagamento ao fornecedor; nhecendo a quantidade faturada pelo fornecedor. A confrontação
- Liberar o material desembaraçado para estoque no almoxa- do recebido versus faturado é efetuada a posteriori por meio do Re-
rifado; gularizador que analisa as distorções e providencia a recontagem.
Dependendo da natureza dos materiais envolvidos, estes po-
A análise do Fluxo de Recebimento de Materiais permite dividir dem ser contados utilizando os seguintes métodos:
a função em quatro fases: - Manual: para o caso de pequenas quantidades;
- Por meio de cálculos: para o caso que envolve embalagens
1a fase - Entrada de Materiais padronizadas com grandes quantidades;
A recepção dos veículos transportadores efetuada na portaria - Por meio de balanças contadoras pesadoras: para casos que
da empresa representa o início do processo de Recebimento e tem envolvem grande quantidade de pequenas peças como parafusos,
os seguintes objetivos: porcas, arruelas;
- A recepção dos veículos transportadores; - Pesagem: para materiais de maior peso ou volume, a pesa-
- A triagem da documentação suporte do recebimento; gem pode ser feita através de balanças rodoviárias ou ferroviárias;
- Constatação se a compra, objeto da nota fiscal em análise, - Medição: em geral as medições são feitas por meio de trenas;
está autorizada pela empresa;
- Constatação se a compra autorizada está no prazo de entrega
contratual;
- Constatação se o número do documento de compra consta
na nota fiscal;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
prador e o vendedor, conforme ocorre nas vendas por meio de ca- GESTÃO DAS RELAÇÕES NO CANAL DE DISTRIBUIÇÃO
tálogos ou mala direta. Pode-se considerar que os canais diretos
são mais importantes no mercado empresarial (B2B), onde a maior Conflitos no Canal
parte dos equipamentos, peças e matéria-prima são vendidas por Conflito é um fenômeno que resulta da natureza social dos
meio de contatos diretos entre vendedores e compradores. Esse relacionamentos. Especificamente, no caso dos canais de distribui-
canal é requisitado quando o fabricante prefere não utilizar os in- ção, o conflito surge quando um membro do canal crê que outro
termediários disponíveis no mercado, optando pela força de venda membro esteja impedindo a realização de seus objetivos especí-
própria e providenciando a movimentação física dos produtos até ficos. Diversos fatores podem favorecer o surgimento de conflito
o cliente final. O mesmo oferece às empresas a vantagem de maior entre os membros do canal:
controle das funções de Marketing a serem desempenhadas, sem - Incongruência de papéis entre os membros;
a necessidade de motivar intermediários e depender de resultados - Escassez de recursos e discordância na sua alocação;
de terceiros. Uma das desvantagens é a exigência de maiores inves- - Diferenças de percepção e interpretação dos estímulos am-
timentos, uma vez que as funções mercadológicas são assumidas. bientais;
- Diferenças de expectativas em relação ao comportamento es-
FabricanteVarejistaCliente Final (NÍVEL UM) - é um dos canais perado dos outros membros;
mais utilizados pelos fabricantes de produtos de escolha, como - Discordância no domínio da decisão;
alimentação, vestuário, livros, eletrodomésticos. Nesse caso, o fa- - Incompatibilidade de metas específicas dos membros;
bricante transfere ao intermediário grande parte das funções mer- - Dificuldades de comunicação.
cadológicas (venda, transporte, crédito, embalagens). Ex.: Lojas
Bahia, Supermercado Extra, etc. Há três principais tipos de conflitos que podem ocorrer nos ca-
nal de distribuição:
FabricanteAtacadista Varejista Cliente Final (NÍVEL DOIS) - esse - O conflito Vertical – tipo de conflito que ocorre entre mem-
tipo de canal é utilizado no mercado de bens de consumo, quando bros de diferentes níveis no canal. Ex.: Fabricantes versus Ataca-
a distribuição visa atingir um número muito grande e disperso de distas ou Varejistas. Quando um fabricante vende seus produtos
clientes (ampliar capilaridade). diretamente aos clientes via internet, poderá gerar algum tipo de
Uma empresa que visa cobrir um mercado de forma intensiva conflito vertical entre esse e seus varejistas.
pode utilizar esse canal que, além das vendas, oferece financiamen- - O conflito Horizontal, conflito que envolve divergências entre
to, transportes, promoções, etc. É um dos sistemas mais tradicio- membros do mesmo nível no canal, como Atacadistas versus Ata-
nais para alguns tipos de produtos como bebidas, limpeza, etc. cadistas ou franqueados (lojas) pertencentes a uma certa franquia
competindo em uma mesma região. Esses conflitos podem ocorrer,
FabricanteAgente(Atacadista) Varejista Cliente Final (NÍVEL devido as diferenças quanto aos limites de território ou em termos
TRES): Nesse sistema, o agente (broker) desempenha a função de dos preços praticados.
reunir o comprador e o vendedor. O agente é na verdade, um inter- - Conflito Multicanal – é o conflito que surge quando um fabri-
mediário que não compra produtos, apenas representa o fabricante cante utiliza dois ou mais canais simultâneos que vendem para o
ou o atacadista (aqueles que realmente compram os bens) na busca mesmo mercado. Ex. loja virtual versus loja física ou uso de repre-
de mercados à produção dos fabricantes ou na localização de fontes sentantes.
de suprimento para esses fabricantes.
Poder no canal
Prestador de Serviço Usuário Final: A distribuição de serviços Poder é a capacidade que um dos membros do canal tem de
para usuários finais ou empresariais é mais simples e direta do que influenciar as variáveis do mix mercadológico de um outro membro.
a distribuição de bens tangíveis, em função das características dos Nesse sentido, o membro que exerce Poder está interferindo ou até
serviços. O profissional de Marketing de Serviços está menos preo- modificando os objetivos mercadológicos do outro membro. De
cupado com a armazenagem, transporte e controle do estoque e, uma forma mais geral, conceito de Poder está associado à capaci-
normalmente usa canais mais curtos. Outra consideração é a contí- dade de um membro particular do canal de controlar ou influenciar
nua necessidade de manutenção de relacionamentos pessoais en- o comportamento de outro(s) membro(s) do canal.
tre produtores e usuários de serviços.
Prestador de ServiçoAgente Usuário Final: Na prestação de ser- Fontes de Poder no canal
viços também há a possibilidade da utilização de agentes, os quais Em geral, existem cinco tipos de fontes de poder que são exer-
nesse caso são denominados de corretores. Os exemplos mais co- cidos no canal:
muns incluem os corretores de seguro, corretores de fundo de in- - Recompensa: é a capacidade de um agente recompensar um
vestimentos, agentes de viagem, etc. outro quando esse último conforma-se à influência do primeiro. A
recompensa, normalmente está associada com fontes econômicas.
- Coerção: é o oposto do Poder de recompensa, onde o exer-
cício do Poder está associado à expectativa de um dos agentes em
relação à capacidade de retaliação do outro, caso esse não se sub-
meta às tentativas de influência do primeiro.
- Legítimo: deriva de normas internalizadas em um membro
(contrato) e que estabelecem que outro membro tem o direito de
influenciá-lo, existindo a obrigação de aceitar essa influência.
348
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Informacional: origina-se pela posse de um membro de infor- A definição mais detalhada dos objetivos dos canais de dis-
mações valorizadas por outros membros do canal. tribuição depende essencialmente de cada organização, da forma
- Experiência: deriva do conhecimento (know-how) que um com que ela compete no mercado e da estrutura geral da cadeia
membro detem em relação a outro membro. de suprimentos. Porém, é possível identificar alguns fatores gerais,
comum na maioria deles:
Liderança do canal - Assegurar a rápida disponibilidade do produto no mercado
Quando os conflitos se reduzem e há um aumento de coo- identificado como prioritários, ou seja, o produto precisa estar dis-
peração entre os membros do canal, essas características podem ponível para a venda nos estabelecimentos varejistas do tipo cor-
resultar no surgimento de membros que, devido a fatores como, reto;
alto poder de barganha, poder legítimo, poder de informação, tor- - Intensificar ao máximo o potencial de vendas do produto sob
nam-se líderes do canal.Por ouro lado, alguns autores identificaram enfoque, isto é buscar parcerias entre fabricante e varejista que
um padrão consistente de condições que determinam o surgimento possibilitem a exposição mais adequada da mercadoria nas lojas;
de uma liderança no canal: o líder do canal tende emergir quando - Promover cooperação entre os participantes da cadeia de su-
o canal de distribuição enfrenta ambientes ameaçadores, aqueles primentos, principalmente relacionada aos fatores mais significati-
onde a demanda é declinante, a concorrência aumenta e a incer- vos associados à distribuição física, ou seja, buscar lotes mínimos
teza é elevada. dos pedidos, uso ou não de paletização ou de tipos especiais de
acondicionamentos em embalagens, condições de descarga, restri-
Construindo a confiança no canal ções de tempo de espera, etc.
Muitos canais estão rumando para a construção da confiança - Assegurar nível de serviço estabelecido previamente pelos
mútua como base para o sucesso das relações entre os membros parceiros da cadeia de suprimentos;
do canal. Geralmente essa confiança requer que esses membros re- - Garantir rápido e preciso fluxo de informações entre os par-
conheçam sua interdependência e saibam compartilhar processos ceiros; e
e informações. - Procurar redução de custos, de maneira integrada, atuando
em conjunto com os parceiros, analisando a cadeia de suprimentos
ESTRATÉGIAS DE DISTRIBUIÇÃO na sua totalidade.
Em termos gerais, existem três tipos de estratégias de distri-
buição: Os canais de distribuição podem desempenhar quatro funções
- Distribuição intensiva – essa estratégia torna um certo produ- básicas, segundo as modernas concepções trazidas pelo supply
to disponível no maior número de estabelecimentos de uma região, chain management:
visando obter maior exposição e ampliar a oportunidade de venda. - Indução da demanda – as empresas da cadeia de suprimentos
Produtos com baixo valor unitário e alta frequência de compra são necessitam gerar ou induzir a demanda de seus serviços ou merca-
vendidos intensivamente, de modo que os clientes considerem con- dorias;
veniente comprá-los. Assim, por meio da distribuição intensiva, os - Satisfação da demanda – é necessário comercializar os servi-
clientes podem encontrar os produtos no maior número de locais ços ou mercadorias para satisfazer a demanda;
possíveis. - Serviço de pós-venda – uma vez comercializados os serviços
- Distribuição seletiva – estratégia que consiste no fato do fa- ou mercadorias, precisa-se oferecer os serviços de pós-venda; e
bricante vender produtos por meio de mais de um dos intermediá- - Troca de informações – o canal viabiliza a troca de informa-
rios disponíveis em uma região, mas não em todos. Sendo assim, os ções ao longo de toda a cadeia de suprimentos, acrescendo-se tam-
intermediários escolhidos são considerados osmelhores para ven- bém os consumidores que disponibilizam um retorno importante
der os produtos com base em sua localização, reputação, clientela tanto para os fabricantes quanto para os varejistas.
e outros pontos fortes. A distribuição seletiva é empregada quan-
do osclientes buscam produtos de compra comparada. Cabe ain- Entre fatores estratégicos importantes no sistema distributivo
da destacar que, nesse caso, havendo menos “parceiros” de canal, podem ser levantadas as seguintes questões:
torna-se possível desenvolver relacionamentos mais estreitos com - Se o número, o tamanho e a localização das unidades fabris
cada um desses, permitindo que o fabricante obtenha boa cobertu- atendem às necessidades de mercado,
ra do mercado com mais controle e menos custos, comparado com - Se a localização geográfica dos mercados e os seus respectivos
a distribuição intensiva. custos de abastecimento são compatíveis,
- Distribuição exclusiva - ocorre quando o fabricante vende seus - Se a frequência de compras dos clientes, o número e o tama-
produtos por meio de um único intermediário em uma determina- nho dos pedidos justificam o esforço distributivo,
da região, onde esserecebe o direito exclusivo de distribuir tais pro- - Se o custo do pedido e o custo de distribuição estão em bases
dutos. Esse tipo de estratégia é utilizada quando um determinado compatíveis com o mercado,
produto requer um esforço especializado de venda ou investimen- - Se os métodos de armazenagem e os seus custos são justificá-
tos em estoques e instalações específicas. A distribuição exclusiva é veis com os resultados operacionais gerados,
oposta à distribuição intensiva, sendo mais adequada à medida em - Se os métodos de transporte adotados são adequados,
que se deseja operar apenas com “parceiros” exclusivos de canal
que possam apoiar ou servir o produto de forma adequada, ou seja, Em conformidade com o potencial do mercado, é importante
enfatizando uma determinada imagem que possa caraterizar luxo analisar a demanda de cada mercado atendido pela empresa e se o
ou exclusividade. tipo de sistema de distribuição adotado é adequado.
349
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
a. Nível Estratégico
Neste nível, a alta administração da empresa decide o modo
que deve ter a configuração do sistema de distribuição. Podem ser
relacionadas às seguintes preocupações:
• Localização dos armazéns;
• Seleção dos modais de transportes;
• Sistema de processamento de pedidos etc.
350
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Transporte Rodoviário
É aquele que se realiza em estradas, com utilização de caminhões e carretas. Trata-se do transporte mais utilizado no Brasil, apesar do
custo operacional e do alto consumo de óleo diesel.
Vantagens Desvantagens
• Capacidade de tráfego por qualquer rodovia (flexibilidade
• Menor capacidade de cargas entre todos os modais;
operacional)
• Usado em qualquer tipo de carga. • Alto custo de operação
• Agilidade no transporte e no acesso às cargas • Alto risco de roubo/Frota antiga- acidentes
• Vias com gargalos gerando gastos extras e maior tempo para
• Não necessita de entrepostos especializados
entrega.
• Amplamente disponível • Alto grau de poluição
• Fácil contratação e gerenciamento. • Alto valor de transporte.
• Adequado para curtas e médias distâncias • Menos competitivo à longa distância;
Quando usar o Transporte Rodoviário - Mercadorias perecíveis, mercadorias de alto valor agregado, pequenas distâncias (até 400 Km),
trajetos exclusivos onde não há vias para outros modais, quando o tempo de trânsito for valor agregado.
Transporte Ferroviário
Transporte ferroviário é aquele realizado sobre linhas férreas, para transportar pessoas e mercadorias. As mercadorias transportadas
neste modal são de baixo valor agregado e em grandes quantidades como: minério, produtos agrícolas, fertilizantes, carvão, derivados de
petróleo, etc.
Vantagens Desvantagens
Quando usar o Transporte Ferroviário - Grandes volumes de cargas / Grandes distâncias a transportar (800 km) / Trajetos exclusivos
(não há vias para outros modais)
351
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Transporte Aquaviário
Realizado por meio de barcos, navios ou balsas. Engloba tanto o transporte marítimo, utilizando como via de comunicação os mares
abertos, como o transporte fluvial, por lagos e rios. É o transporte mais utilizado no comércio internacional.
Vantagens Desvantagens
• Maior capacidade de carga • Necessidade de transbordo nos portos
• Menor custo de transporte (Frete de custo relativamente
• Longas distâncias dos centros de produção
baixo)
• Apesar de limitado às zonas costeiras, registra grande • Menor flexibilidade nos serviços aliado a frequentes con-
competitividade para longas distâncias gestionamentos nos portos
• É de gerenciamento complexo, exigindo muitos
• Mercadoria de baixo valor agregado.
documentos.
Quando usar o Transporte Aquaviário- Grandes volumes de carga / Grandes distâncias a transportar / Trajetos exclusivos (não há vias
para outros modais) / Tempo de trânsito não é importante / Encontra-se uma redução de custo de frete.
Tipos de navios:
Navios para cargas gerais ou convencionais:
Navios dotados de porões (holds) e pisos (decks), utilizados para carga seca ou refrigerada, embaladas ou não.
Navios especializados:
Graneleiros (bulk vessels): carga a granél (líquido, gasoso e sólido), sem decks.
Ro-ro (roll-on roll-off): cargas rolantes, veículos entram por rampa, vários decks de diversas alturas.
Navios Multipropósito:
Transportam cargas de navios de cargas gerais e especializados ao mesmo tempo.
Granel sólido + líquido
Minério + óleo
Ro-ro + container
Navios porta-container:
Transportam exclusivamente cargas em container.
Sólido, líquido, gasoso
Desde que seja em container
Tem apenas 01 (um) deck (o principal)
Transporte Aéreo
O transporte aéreo é aquele realizado através de aeronaves e pode ser dividido em Nacional e Internacional.
Vantagens Desvantagens
• Não necessita embalagem mais reforçada (manuseio mais • Valor do frete mais elevado em relação aos outros
cuidadoso); modais
Quando usar o Transporte Ferroviário - Pequenos volumes de cargas / Mercadorias com curto prazo de validade e/ou frágeis / Grandes
distâncias a transportar / Trajetos exclusivos (não há via para outros modais) / Tempo de trânsito é muito importante.
352
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
354
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
pressupostos básicos do OPT foram originados por formulações ma- Sistema de Estoque Mínimo - É usado principalmente quando
temáticas. Nesse sistema, as ordens de fabricação são vistas como a separação entre as duas partes do estoque não é feita fisicamen-
tendo de passar por filas de espera de atendimento nos diversos te, mas apenas registrada na ficha de controle de estoque, com o
postos de trabalho na fábrica. O conjunto de postos de trabalho ponto de separação entre as partes. Enquanto o estoque mínimo
forma então uma rede de filas de espera. estiver sendo utilizado, o Departamento de Compras terá prazo su-
O sistema OPT usa um conjunto de coeficientes gerenciais para ficiente para adquirir e repor o material no estoque.
ajudar a determinar o Lote ótimo para cada componente ou sub-
montagem a ser processado em cada posto de trabalho. Muita ên- Sistema de Renovação Periódica - Consiste em fazer pedidos
fase é dedicada aos pontos de gargalo da produção. para reposição dos estoques em intervalos de tempo pré-estabe-
lecidos para cada item. Estes intervalos, para minimizar o custo de
5. Sistema KANBAN-JIT estoque, devem variar de item para item. A quantidade a ser com-
O sistema Kanban foi desenvolvido para ser utilizado onde os prada em cada encomenda é tal que, somada com a quantidade
empregados possuem motivação e mobilização, com grande liber- existente em estoque, seja suficiente para atender a demanda até
dade de ação. Nessas fábricas, na certeza de que os empregados o recebimento da encomenda seguinte. Logicamente, este siste-
trabalham com dedicação e responsabilidade, é legítimo um traba- ma obriga a manutenção de um estoque reserva. Deve-se adotar
lhador parar a linha de montagem ou produção porque achou algo períodos iguais para um grande número de itens em estoque pois,
errado, os empregados mantém-se ocupados todo o tempo, aju- procedendo a compra simultânea de diversos itens, pode-se obter
dando-se mutuamente ou trocando de tarefas conforme as neces- condições vantajosas na transação (compra e transporte).
sidades. O sistema Kanban-JIT é um sistema que “puxa” a produção
da fábrica, inclusive até o nível de compras, pelas necessidades ge- Sistema de Estocagem para um Fim Específico - Apresenta
radas na montagem final. As peças ou submontagens são colocadas duas subdivisões:
em caixa feitas especialmente para cada uma dessas partes, que, ao a) Estocagem para atender a um programa de produção pré-
serem esvaziadas na montagem, são remetidas ao posto de traba- -determinado:
lho que faz a última operação a essa remessa, que funciona como É utilizada nas indústrias de tipo contínuo ou semicontínuo que
uma ordem de produção. estabelece, com antecedência de vários meses, os níveis de produ-
ção. A programação (para vários períodos, semanas e meses) elabo-
6. Sistema Just in Time rada pelo P.C.P. deverá ser coerente para todos os segmentos, des-
É preciso que haja um sistema integrado de planejamento de de o recebimento do material até o embarque do produto acabado.
distribuição. É assim que surge o Just in Time, que é derivado do
sistema Kanban. De acordo com Henrique Corrêa e Irineu Gianesi, a Vantagens:
responsável pela implantação do Just in Time foi a Toyota, criando * Estoques menores, sem riscos de se esgotarem, objetivamen-
esse sistema em 1970 e impondo-o para quem quisesse trabalhar te controlados por se conhecer a demanda futura.
em parceria. Com isso, diminuiu muito seu estoque, passando a res- * Melhores condições de compra de materiais, pois pode-se
ponsabilidade e o comprometimento de não parar sua produção aceitarcontratos de grandes volumes para entregas parceladas. Aa-
para seus terceirizados. tividade de compra fica reduzida, sem a necessidade de emitirpedi-
O Just in Time visa o “estoque zero”. O objetivo principal é dos de fornecimento para cada lote de material.
suprir produtos para a linha de produção e clientes da empresa,
somente quando for necessário. Ao longo da cadeia logística, as re- b) Estocagem para atender especificamente a uma ordem de
lações entre as empresas - inclusive com o emprego de recursos de produção ou a uma requisição: É o método empregado nas produ-
comunicação e tecnologias de informação, devem ser garantidas de ções do tipo intermitente, onde a indústria fabrica sob encomenda,
tal forma que os resultados, e, portanto, os serviços prestados pela sendo justificável no caso de materiais especiais ou necessários es-
logística obedeçam exatamente às necessidades de serviços ex- poradicamente. Os pedidos de material neste sistema são baseadas
pressas pelos clientes. É muito importante, portanto que haja uma principalmente na lista material (“ROW MATERIAL”) e na programa-
cooperação, um bom relacionamento entre a empresa e seus for- ção geral (AP = “ANNUAL PLANNING”). Existem casos em que o pe-
necedores externos e internos. Um ponto muito favorável no Just dido para compra precisa ser feito mesmo antes do projeto do pro-
in Time é que ele diminui a probabilidade de que ocorram perdas duto estar detalhado, ou seja, antes da listagem do material estar
de produtos. pronta, pois os itens necessários podem ter um ciclo de fabricação
excessivamente longo. Ex.: grandes motores, turbinas e navios.
Outros sistemas de estoques
Sistema de Duas Gavetas - Consiste na separação física em duas Enfim, o controle de estoques exerce influência muito grande
partes. Uma parte será utilizada totalmente até a data da encomen- na rentabilidade da empresa. Eles absorvem capital que poderia
da de um novo lote e a outra será utilizada entre a data da enco- estar sendo investido de outras maneiras. Portanto, aumentar a ro-
menda e a data do recebimento do novo lote. A grande vantagem tatividade do estoque auxilia a liberar ativos e economiza o custo
deste sistema está na substancial redução do processo burocrático de manutenção e controle que podem absorver de 25 a 40% dos
de reposição de material (bujão de gás). A denominação “DUAS GA- custos totais, conforme mencionado anteriormente.
VETAS” decorre da ideia de guardar um mesmo lote em duas gave-
tas distintas.
355
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
356
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
357
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assim, como técnica administrativa de organização da execu- Por sua vez, a desconcentração está sempre referida a uma úni-
ção das atividades administrativas, o exercício do serviço público ca pessoa, pois a distribuição de competência se dará internamen-
poderá ser por: te, mantendo a particularidade da hierarquia.
Centralização: Quando a execução do serviço estiver sendo
feita pela Administração direta do Estado, ou seja, utilizando-se do CRIAÇÃO, EXTINÇÃO E CAPACIDADE PROCESSUAL DOS ÓR-
conjunto orgânico estatal para atingir as demandas da sociedade. GÃOS PÚBLICOS
(ex.: Secretarias, Ministérios, departamentos etc.).
Dessa forma, o ente federativo será tanto o titular como o pres- Conceito
tador do serviço público, o próprio estado é quem centraliza a exe- Órgãos Públicos, de acordo com a definição do jurista adminis-
cução da atividade. trativo Celso Antônio Bandeira de Mello “são unidade abstratas que
sintetizam os vários círculos de atribuição do Estado.”
Descentralização: Quando estiver sendo feita por terceiros que Por serem caracterizados pela abstração, não tem nem vonta-
não se confundem com a Administração direta do Estado. Esses ter- de e nem ação próprias, sendo os órgão públicos não passando de
ceiros poderão estar dentro ou fora da Administração Pública (são mera repartição de atribuições, assim entendidos como uma uni-
sujeitos de direito distinto e autônomo). dade que congrega atribuições exercidas por seres que o integram
Se os sujeitos que executarão a atividade estatal estiverem vin- com o objetivo de expressar a vontade do Estado.
culadas a estrutura centra da Administração Pública, poderão ser Desta forma, para que sejam empoderados de dinamismo e
autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de econo- ação os órgãos públicos necessitam da atuação de seres físicos, su-
mia mista (Administração indireta do Estado). Se estiverem fora da jeitos que ocupam espaço de competência no interior dos órgãos
Administração, serão particulares e poderão ser concessionários, para declararem a vontade estatal, denominados agentes públicos.
permissionários ou autorizados.
Assim, descentralizar é repassar a execução de das atividades Criação e extinção
administrativas de uma pessoa para outra, não havendo hierarquia. A criação e a extinção dos órgãos públicos ocorre por meio de
Pode-se concluir que é a forma de atuação indireta do Estado por lei, conforme se extrai da leitura conjugada dos arts. 48, XI, e 84,
meio de sujeitos distintos da figura estatal VI, a, da Constituição Federal, com alteração pela EC n.º 32/2001.6
Desconcentração: Mera técnica administrativa que o Estado Em regra, a iniciativa para o projeto de lei de criação dos órgãos
utiliza para a distribuição interna de competências ou encargos de públicos é do Chefe do Executivo, na forma do art. 61, § 1.º, II da
sua alçada, para decidir de forma desconcentrada os assuntos que Constituição Federal.
lhe são competentes, dada a multiplicidade de demandas e interes- “Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe
ses coletivos. a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do
Ocorre desconcentração administrativa quando uma pessoa Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da Re-
política ou uma entidade da administração indireta distribui com- pública, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao
petências no âmbito de sua própria estrutura a fim de tornar mais Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos
ágil e eficiente a prestação dos serviços. previstos nesta Constituição.
Desconcentração envolve, obrigatoriamente, uma só pessoa § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as
jurídica, pois ocorre no âmbito da mesma entidade administrativa. leis que:
Surge relação de hierarquia de subordinação entre os órgãos [...]
dela resultantes. No âmbito das entidades desconcentradas temos
controle hierárquico, o qual compreende os poderes de comando, II - disponham sobre:
fiscalização, revisão, punição, solução de conflitos de competência, [...]
delegação e avocação.
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração
Diferença entre Descentralização e Desconcentração pública, observado o disposto no art. 84, VI;
As duas figuras técnicas de organização administrativa do Esta-
do não podem ser confundidas tendo em vista que possuem con- Entretanto, em alguns casos, a iniciativa legislativa é atribuída,
ceitos completamente distintos. pelo texto constitucional, a outros agentes públicos, como ocorre,
A Descentralização pressupõe, por sua natureza, a existência por exemplo, em relação aos órgãos do Poder Judiciário (art. 96, II,
de pessoas jurídicas diversas sendo: c e d, da Constituição Federal) e do Ministério Público (127, § 2.º),
a) o ente público que originariamente tem a titularidade sobre cuja iniciativa pertence aos representantes daquelas instituições.
a execução de certa atividade, e; Trata-se do princípio da reserva legal aplicável às técnicas de
b) pessoas/entidades administrativas ou particulares as quais organização administrativa (desconcentração para órgãos públicos
foi atribuído o desempenho da atividade em questão. e descentralização para pessoas físicas ou jurídicas).
Atualmente, no entanto, não é exigida lei para tratar da orga-
Importante ressaltar que dessa relação de descentralização não nização e do funcionamento dos órgãos públicos, já que tal matéria
há que se falar em vínculo hierárquico entre a Administração Cen- pode ser estabelecida por meio de decreto do Chefe do Executivo.
tral e a pessoa descentralizada, mantendo, no entanto, o controle De forma excepcional, a criação de órgãos públicos poderá ser
sobre a execução das atividades que estão sendo desempenhadas. instrumentalizada por ato administrativo, tal como ocorre na insti-
tuição de órgãos no Poder Legislativo, na forma dos arts. 51, IV, e
52, XIII, da Constituição Federal.
358
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Neste contexto, vemos que os órgãos são centros de compe- PESSOAS ADMINISTRATIVAS
tência instituídos para praticar atos e implementar políticas por in-
termédio de seus agentes, cuja conduta é imputada à pessoa jurídi- Pessoas Políticas
ca. Esse é o conceito administrativo de órgão. É sempre um centro
de competência, que decorre de um processo de desconcentração Autarquias
dentro da Administração Pública. As autarquias são pessoas jurídicas de direito público criadas
por lei para a prestação de serviços públicos e executar as ativida-
Capacidade Processual dos Órgãos Públicos des típicas da Administração Pública, contando com capital exclusi-
Como visto, órgão público pode ser definido como uma unida- vamente público.
de que congrega atribuições exercidas pelos agentes públicos que o O Decreto-lei 200/67 assim conceitua as autarquias:
integram com o objetivo de expressar a vontade do Estado. Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
Na realidade, o órgão não se confunde com a pessoa jurídica, I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com perso-
embora seja uma de suas partes integrantes; a pessoa jurídica é o nalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar ati-
todo, enquanto os órgãos são parcelas integrantes do todo. vidades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu
O órgão também não se confunde com a pessoa física, o agente melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descen-
público, porque congrega funções que este vai exercer. Conforme tralizada.
estabelece o artigo 1º, § 2º, inciso I, da Lei nº 9.784/99, que disci-
plina o processo administrativo no âmbito da Administração Públi- As autarquias são regidas integralmente por regras de direito
ca Federal, órgão é “a unidade de atuação integrante da estrutura público, podendo, tão-somente, serem prestadoras de serviços e
da Administração direta e da estrutura da Administração indireta”. contando com capital oriundo da Administração Direta (ex.: INCRA,
Isto equivale a dizer que o órgão não tem personalidade jurídica INSS, DNER, Banco Central etc.).
própria, já que integra a estrutura da Administração Direta, ao con-
trário da entidade, que constitui “unidade de atuação dotada de Características: Temos como principais características das au-
personalidade jurídica” (inciso II do mesmo dispositivo); é o caso tarquias:
das entidades da Administração Indireta (autarquias, fundações, - Criação por lei: é exigência que vem desde o Decreto-lei nº 6
empresas públicas e sociedades de economia mista). 016/43, repetindo-se no Decreto-lei nº 200/67 e no artigo 37, XIX,
Nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello, os órgãos: da Constituição;
“nada mais significam que círculos de atribuições, os feixes indivi- - Personalidade jurídica pública: ela é titular de direitos e obri-
duais de poderes funcionais repartidos no interior da personalidade gações próprios, distintos daqueles pertencentes ao ente que a ins-
estatal e expressados através dos agentes neles providos”. tituiu: sendo pública, submete-se a regime jurídico de direito públi-
Embora os órgãos não tenham personalidade jurídica, eles po- co, quanto à criação, extinção, poderes, prerrogativas, privilégios,
dem ser dotados de capacidade processual. A doutrina e a jurispru- sujeições;
dência têm reconhecido essa capacidade a determinados órgãos - Capacidade de autoadministração: não tem poder de criar o
públicos, para defesa de suas prerrogativas. próprio direito, mas apenas a capacidade de se auto administrar a
Nas palavras de Hely Lopes Meirelles, “embora despersonaliza- respeito das matérias especificas que lhes foram destinadas pela
dos, os órgãos mantêm relações funcionais entre si e com terceiros, pessoa pública política que lhes deu vida. A outorga de patrimônio
das quais resultam efeitos jurídicos internos e externos, na forma próprio é necessária, sem a qual a capacidade de autoadministra-
legal ou regulamentar. E, a despeito de não terem personalidade ção não existiria.
jurídica, os órgãos podem ter prerrogativas funcionais próprias que, Pode-se compreender que ela possui dirigentes e patrimônio
quando infringidas por outro órgão, admitem defesa até mesmo próprios.
por mandado de segurança”. - Especialização dos fins ou atividades: coloca a autarquia entre
Por sua vez, José dos Santos Carvalho Filho, depois de lembrar as formas de descentralização administrativa por serviços ou fun-
que a regra geral é a de que o órgão não pode ter capacidade pro- cional, distinguindo-a da descentralização territorial; o princípio da
cessual, acrescenta que “de algum tempo para cá, todavia, tem evo- especialização impede de exercer atividades diversas daquelas para
luído a ideia de conferir capacidade a órgãos públicos para certos as quais foram instituídas; e
tipos de litígio. Um desses casos é o da impetração de mandado de - Sujeição a controle ou tutela: é indispensável para que a au-
segurança por órgãos públicos de natureza constitucional, quando tarquia não se desvie de seus fins institucionais.
se trata da defesa de sua competência, violada por ato de outro - Liberdade Financeira: as autarquias possuem verbas próprias
órgão”. Admitindo a possibilidade do órgão figurar como parte pro- (surgem como resultado dos serviços que presta) e verbas orça-
cessual. mentárias (são aquelas decorrentes do orçamento). Terão liberdade
Desta feita é inafastável a conclusão de que órgãos públicos para manejar as verbas que recebem como acharem conveniente,
possuem personalidade judiciária. Mais do que isso, é lícito dizer dentro dos limites da lei que as criou.
que os órgãos possuem capacidade processual (isto é, legitimidade - Liberdade Administrativa: as autarquias têm liberdade para
para estar em juízo), inclusive mediante procuradoria própria, desenvolver os seus serviços como acharem mais conveniente
Ainda por meio de construção jurisprudencial, acompanhando (comprar material, contratar pessoal etc.), dentro dos limites da lei
a evolução jurídica neste aspecto tem reconhecido capacidade pro- que as criou.
cessual a órgãos públicos, como Câmaras Municipais, Assembleias
Legislativas, Tribunal de Contas. Mas a competência é reconhecida
apenas para defesa das prerrogativas do órgão e não para atuação
em nome da pessoa jurídica em que se integram.
359
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Patrimônio: as autarquias são constituídas por bens públicos, - Prescrição quinquenal: dívidas e direitos em favor de terceiros
conforme dispõe o artigo 98, Código Civil e têm as seguintes carac- contra autarquias prescrevem em 5 anos.
terísticas: - Créditos sujeitos à execução fiscal: os créditos autárquicos são
a) São alienáveis inscritos como dívida ativa e podem ser cobrados pelo processo es-
b) impenhoráveis; pecial das execuções fiscais.
c) imprescritíveis
d) não oneráveis. Contratos: os contratos celebrados pelas autarquias são de
caráter administrativo e possuem as cláusulas exorbitantes, que
Pessoal: em conformidade com o que estabelece o artigo 39 garantem à administração prerrogativas que o contratado comum
da Constituição, em sua redação vigente, as pessoas federativas não tem, assim, dependem de prévia licitação, exceto nos casos de
(União, Estados, DF e Municípios) ficaram com a obrigação de insti- dispensa ou inexigibilidade e precisam respeitar os trâmites da lei
tuir, no âmbito de sua organização, regime jurídico único para todos 8.666/1993, além da lei 10.520/2002, que institui a modalidade lici-
os servidores da administração direta, das autarquias e das funda- tatória do pregão para os entes públicos.
ções públicas. Isto acontece pelo fato de que por terem qualidade de pessoas
jurídicas de direito público, as entidades autárquicas relacionam-se
Controle Judicial: as autarquias, por serem dotadas de persona- com os particulares com grau de supremacia, gozando de todas as
lidade jurídica de direito público, podem praticar atos administrati- prerrogativas estatais.
vos típicos e atos de direito privado (atípicos), sendo este último,
controlados pelo judiciário, por vias comuns adotadas na legislação Empresas Públicas
processual, tal como ocorre com os atos jurídicos normais pratica- Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado, e
dos por particulares. tem sua criação por meio de autorização legal, isso significa dizer
que não são criadas por lei, mas dependem de autorização legis-
Foro dos litígios judiciais: a fixação da competência varia de lativa.
acordo com o nível federativo da autarquia, por exemplo, os litígios
comuns, onde as autarquias federais figuram como autoras, rés, as- O Decreto-lei 200/67 assim conceitua as empresas públicas:
sistentes ou oponentes, têm suas causas processadas e julgadas na Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
Justiça Federal, o mesmo foro apropriado para processar e julgar [...]
mandados de segurança contra agentes autárquicos.
Quanto às autarquias estaduais e municipais, os processos em II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurí-
que encontramos como partes ou intervenientes terão seu curso na dica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo
Justiça Estadual comum, sendo o juízo indicado pelas disposições da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica
da lei estadual de divisão e organização judiciárias. que o Governo seja levado a exercer por fôrça de contingência ou
Nos litígios decorrentes da relação de trabalho, o regime po- de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer
derá ser estatutário ou trabalhista. Sendo estatutário, o litígio será das formas admitidas em direito.
de natureza comum, as eventuais demandas deverão ser processa-
das e julgadas nos juízos fazendários. Porém, se o litígio decorrer As empresas públicas têm seu próprio patrimônio e seu capital
de contrato de trabalho firmado entre a autarquia e o servidor, a é integralmente detido pela União, Estados, Municípios ou pelo Dis-
natureza será de litígio trabalhista (sentido estrito), devendo ser re- trito Federal, podendo contar com a participação de outras pessoas
solvido na Justiça do Trabalho, seja a autarquia federal, estadual ou jurídicas de direito público, ou também pelas entidades da admi-
municipal. nistração indireta de qualquer das três esferas de governo, porém,
Responsabilidade civil: prevê a Constituição Federal que as pes- a maioria do capital deve ser de propriedade da União, Estados,
soas jurídicas de direito público respondem pelos danos que seus Municípios ou do Distrito Federal.
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.
A regra contida no referido dispositivo, consagra a teoria da Foro Competente
responsabilidade objetiva do Estado, aquela que independe da in- A Justiça Federal julga as empresas públicas federais, enquanto
vestigação sobre a culpa na conduta do agente. a Justiça Estadual julga as empresas públicas estaduais, distritais e
municipais.
Prerrogativas autárquicas: as autarquias possuem algumas
prerrogativas de direito público, sendo elas: Objetivo
- Imunidade tributária: previsto no art. 150, § 2 º, da CF, veda É a exploração de atividade econômica de produção ou comer-
a instituição de impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços cialização de bens ou de prestação de serviços, ainda que a ativida-
das autarquias, desde que vinculados às suas finalidades essenciais de econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou
ou às que delas decorram. Podemos, assim, dizer que a imunidade preste serviço público.
para as autarquias tem natureza condicionada.
- Impenhorabilidade de seus bens e de suas rendas: não pode Regime Jurídico
ser usado o instrumento coercitivo da penhora como garantia do Se a empresa pública é prestadora de serviços públicos, por
credor. consequência está submetida a regime jurídico público. Se a empre-
- Imprescritibilidade de seus bens: caracterizando-se como sa pública é exploradora de atividade econômica, estará submetida
bens públicos, não podem ser eles adquiridos por terceiros através a regime jurídico privado igual ao da iniciativa privada.
de usucapião.
360
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
361
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
As fundações que integram a Administração indireta, quando as entidades que preencherem os requisitos legais possuem sim-
forem dotadas de personalidade de direito público, serão regidas ples expectativa de direito à obtenção da qualificação, nunca direito
integralmente por regras de Direito Público. Quando forem dotadas adquirido.
de personalidade de direito privado, serão regidas por regras de di- Evidentemente, o caráter discricionário dessa decisão, permi-
reito público e direito privado, dada sua relevância para o interesse tindo outorgar a qualificação a uma entidade e negar a outro que
coletivo. igualmente atendeu aos requisitos legais, viola o princípio da iso-
O patrimônio da fundação pública é destacado pela Adminis- nomia, devendo-se considerar inconstitucional o art. 2º, II, da Lei
tração direta, que é o instituidor para definir a finalidade pública. n. 9.637/98.
Como exemplo de fundações, temos: IBGE (Instituto Brasileiro Geo- Na verdade, as organizações sociais representam uma espécie
gráfico Estatístico); Universidade de Brasília; Fundação CASA; FU- de parceria entre a Administração e a iniciativa privada, exercen-
NAI; Fundação Padre Anchieta (TV Cultura), entre outras. do atividades que, antes da Emenda 19/98, eram desempenhadas
por entidades públicas. Por isso, seu surgimento no Direito Brasi-
Características: leiro está relacionado com um processo de privatização lato sensu
- Liberdade financeira; realizado por meio da abertura de atividades públicas à iniciativa
- Liberdade administrativa; privada.
- Dirigentes próprios; O instrumento de formalização da parceria entre a Administra-
- Patrimônio próprio: ção e a organização social é o contrato de gestão, cuja aprovação
deve ser submetida ao Ministro de Estado ou outra autoridade su-
As fundações governamentais, sejam de personalidade de di- pervisora da área de atuação da entidade.
reito público, sejam de direito privado, integram a Administração O contrato de gestão discriminará as atribuições, responsabi-
Pública. Importante esclarecer que não existe hierarquia ou subor- lidades e obrigações do Poder Público e da organização social, de-
dinação entre a fundação e a Administração direta. O que existe é vendo obrigatoriamente observar os seguintes preceitos:
um controle de legalidade, um controle finalístico. I - especificação do programa de trabalho proposto pela organi-
As fundações são dotadas dos mesmos privilégios que a Admi- zação social, a estipulação das metas a serem atingidas e os respec-
nistração direta, tanto na área tributária (ex.: imunidade prevista no tivos prazos de execução, bem como previsão expressa dos critérios
art. 150 da CF/88), quanto na área processual (ex.: prazo em dobro). objetivos de avaliação de desempenho a serem utilizados, median-
As fundações respondem pelas obrigações contraídas junto a te indicadores de qualidade e produtividade;
terceiros. A responsabilidade da Administração é de caráter subsi- II - a estipulação dos limites e critérios para despesa com re-
diário, independente de sua personalidade. muneração e vantagens de qualquer natureza a serem percebidas
As fundações governamentais têm patrimônio público. Se ex- pelos dirigentes e empregados das organizações sociais, no exercí-
tinta, o patrimônio vai para a Administração indireta, submetendo- cio de suas funções;
-se as fundações à ação popular e mandado de segurança. As par- III - os Ministros de Estado ou autoridades supervisoras da área
ticulares, por possuírem patrimônio particular, não se submetem de atuação da entidade devem definir as demais cláusulas dos con-
à ação popular e mandado de segurança, sendo estas fundações tratos de gestão de que sejam signatários.
fiscalizadas pelo Ministério Público.
A fiscalização do contrato de gestão será exercida pelo órgão ou
DELEGAÇÃO SOCIAL entidade supervisora da área de atuação correspondente à ativida-
de fomentada, devendo a organização social apresentar, ao término
Organizações sociais de cada exercício, relatório de cumprimento das metas fixadas no
Criada pela Lei n. 9.637/98, organização social é uma qualifica- contrato de gestão.
ção especial outorgada pelo governo federal a entidades da inicia- Se descumpridas as metas previstas no contrato de gestão, o
tiva privada, sem fins lucrativos, cuja outorga autoriza a fruição de Poder Executivo poderá proceder à desqualificação da entidade
vantagens peculiares, como isenções fiscais, destinação de recursos como organização social, desde que precedida de processo admi-
orçamentários, repasse de bens públicos, bem como empréstimo nistrativo com garantia de contraditório e ampla defesa.
temporário de servidores governamentais. Por fim, convém relembrar que o art. 24, XXIV, da Lei n.
As áreas de atuação das organizações sociais são ensino, pes- 8.666/93 prevê hipótese de dispensa de licitação para a celebração
quisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preserva- de contratos de prestação de serviços com a s organizações sociais,
ção do meio ambiente, cultura e saúde. Desempenham, portanto, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para
atividades de interesse público, mas que não se caracterizam como atividades contempladas no contrato de gestão. Excessivamente
serviços públicos stricto sensu, razão pela qual é incorreto afirmar abrangente, o art. 24, XXIV, da Lei n. 8.666/93, tem a sua consti-
que as organizações sociais são concessionárias ou permissionárias. tucionalidade questionada perante o Supremo Tribunal Federal na
Nos termos do art. 2º da Lei n. 9.637/98, a outorga da qualifica- ADIn 1.923/98. Recentemente, foi indeferida a medida cautelar que
ção constitui decisão discricionária, pois, além da entidade preen- suspendia a eficácia da norma, de modo que o dispositivo voltou a
cher os requisitos exigidos na lei, o inciso II do referido dispositi- ser aplicável.
vo condiciona a atribuição do título a “haver aprovação, quanto à
conveniência e oportunidade de sua qualificação como organização
social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da
área de atividade correspondente ao seu objeto social e do Ministro
de Estado da Administração Federal e Reforma do Estado”. Assim,
362
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratui-
As Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, popu- to e suas mantenedoras;
larmente denominadas OSCIP é um título fornecido pelo Ministério IX - as organizações sociais;
da Justiça do Brasil, cuja finalidade é facilitar a viabilidade de parce- X - as cooperativas;
rias e convênios com todos os níveis de governo e órgãos públicos XI - as fundações públicas;
(federal, estadual e municipal). XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito
OSCIPs são ONGs criadas por iniciativa privada, que obtêm um privado criadas por órgão público ou por fundações públicas;
certificado emitido pelo poder público federal ao comprovar o cum- XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de
primento de certos requisitos, especialmente aqueles derivados de vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere o art.
normas de transparência administrativas. Em contrapartida, podem 192 da Constituição Federal.
celebrar com o poder público os chamados termos de parceria, que Art. 3o A qualificação instituída por esta Lei, observado em qual-
são uma alternativa interessante aos convênios para ter maior agili- quer caso, o princípio da universalização dos serviços, no respecti-
dade e razoabilidade em prestar contas. vo âmbito de atuação das Organizações, somente será conferida às
Uma ONG (Organização Não-Governamental), essencialmente pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos ob-
é uma OSCIP, no sentido representativo da sociedade, OSCIP é uma jetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:
qualificação dada pelo Ministério da Justiça no Brasil. I - promoção da assistência social;
A lei que regula as OSCIPs é a nº 9.790/1999. Esta lei traz a II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio
possibilidade das pessoas jurídicas (grupos de pessoas ou profissio- histórico e artístico;
nais) de direito privado sem fins lucrativos serem qualificadas, pelo III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma
Poder Público, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse complementar de participação das organizações de que trata esta
Público - OSCIPs e poderem com ele relacionar-se por meio de par- Lei;
ceria, desde que os seus objetivos sociais e as normas estatutárias IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma com-
atendam os requisitos da lei. plementar de participação das organizações de que trata esta Lei;
Um grupo privado recebe a qualificação de OSCIP depois que o V - promoção da segurança alimentar e nutricional;
estatuto da instituição, que se pretende formar, tenha sido analisa- VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e
do e aprovado pelo Ministério da Justiça. Para tanto, é necessário promoção do desenvolvimento sustentável;
que o estatuto atenda a certos pré-requisitos que estão descritos VII - promoção do voluntariado;
nos artigos 1º, 2º, 3º e 4º da Lei nº 9.790/1999. Vejamos: VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social e com-
Art. 1º Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade bate à pobreza;
Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de direito privado IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-
sem fins lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem -produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, em-
em funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos, desde que prego e crédito;
os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos
requisitos instituídos por esta Lei. direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;
§ 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se sem fins lucrativos XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos huma-
a pessoa jurídica de direito privado que não distribui, entre os seus nos, da democracia e de outros valores universais;
sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou doa- XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias al-
dores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, divi- ternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos
dendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas
auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplica neste artigo.
integralmente na consecução do respectivo objeto social. XIII - estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibi-
§ 2o A outorga da qualificação prevista neste artigo é ato vincu- lização e a implementação de tecnologias voltadas à mobilidade de
lado ao cumprimento dos requisitos instituídos por esta Lei. pessoas, por qualquer meio de transporte.
Art. 2o Não são passíveis de qualificação como Organizações Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedicação às ati-
da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de vidades nele previstas configura-se mediante a execução direta
qualquer forma às atividades descritas no art. 3o desta Lei: de projetos, programas, planos de ações correlatas, por meio da
I - as sociedades comerciais; doação de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda pela
II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação prestação de serviços intermediários de apoio a outras organiza-
de categoria profissional; ções sem fins lucrativos e a órgãos do setor público que atuem em
III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação áreas afins.
de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais; Art. 4o Atendido o disposto no art. 3o, exige-se ainda, para qua-
IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas lificarem-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Pú-
fundações; blico, que as pessoas jurídicas interessadas sejam regidas por esta-
V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar tutos cujas normas expressamente disponham sobre:
bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios; I - a observância dos princípios da legalidade, impessoalidade,
VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saú- moralidade, publicidade, economicidade e da eficiência;
de e assemelhados; II - a adoção de práticas de gestão administrativa, necessárias e
VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas suficientes a coibir a obtenção, de forma individual ou coletiva, de
mantenedoras; benefícios ou vantagens pessoais, em decorrência da participação
no respectivo processo decisório;
363
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
III - a constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente, dota- Entidades de utilidade pública
do de competência para opinar sobre os relatórios de desempenho Figuram ainda como entidades privadas de utilidade pública:
financeiro e contábil, e sobre as operações patrimoniais realizadas,
emitindo pareceres para os organismos superiores da entidade; Serviços sociais autônomos
IV - a previsão de que, em caso de dissolução da entidade, o São pessoas jurídicas de direito privado, criados por intermé-
respectivo patrimônio líquido será transferido a outra pessoa jurídi- dio de autorização legislativa. Tratam-se de entes paraestatais de
ca qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que tenha o cooperação com o Poder Público, possuindo administração e patri-
mesmo objeto social da extinta; mônio próprios.
V - a previsão de que, na hipótese de a pessoa jurídica perder a Para ficar mais fácil de compreender, basta pensar no sistema
qualificação instituída por esta Lei, o respectivo acervo patrimonial “S”, cujo o qual resulta do fato destas entidades ligarem-se à es-
disponível, adquirido com recursos públicos durante o período em trutura sindical e terem sua denominação iniciada com a letra “S”
que perdurou aquela qualificação, será transferido a outra pessoa – SERVIÇO.
jurídica qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que te- Integram o Sistema “S:” SESI, SESC, SENAC, SEST, SENAI, SENAR
nha o mesmo objeto social; e SEBRAE.
VI - a possibilidade de se instituir remuneração para os diri- Estas entidades visam ministrar assistência ou ensino a algu-
gentes da entidade que atuem efetivamente na gestão executiva mas categorias sociais ou grupos profissionais, sem fins lucrativos.
e para aqueles que a ela prestam serviços específicos, respeitados, São mantidas por dotações orçamentárias e até mesmo por contri-
em ambos os casos, os valores praticados pelo mercado, na região buições parafiscais.
correspondente a sua área de atuação; Ainda que sejam oficializadas pelo Estado, não são partes inte-
VII - as normas de prestação de contas a serem observadas pela grantes da Administração direta ou indireta, porém trabalham ao
entidade, que determinarão, no mínimo: lado do Estado, seja cooperando com os diversos setores as ativida-
a) a observância dos princípios fundamentais de contabilidade des e serviços que lhes são repassados.
e das Normas Brasileiras de Contabilidade;
b) que se dê publicidade por qualquer meio eficaz, no encerra- Entidades de Apoio
mento do exercício fiscal, ao relatório de atividades e das demons- As entidades de apoio fazem parte do Terceiro Setor e são pes-
trações financeiras da entidade, incluindo-se as certidões negativas soas jurídicas de direito privado, criados por servidores públicos
de débitos junto ao INSS e ao FGTS, colocando-os à disposição para para a prestação de serviços sociais não exclusivos do Estado, pos-
exame de qualquer cidadão; suindo vínculo jurídico com a Administração direta e indireta.
c) a realização de auditoria, inclusive por auditores externos Atualmente são prestadas no Brasil através dos serviços de lim-
independentes se for o caso, da aplicação dos eventuais recursos peza, conservação, concursos vestibulares, assistência técnica de
objeto do termo de parceria conforme previsto em regulamento; equipamentos, administração em restaurantes e hospitais univer-
d) a prestação de contas de todos os recursos e bens de origem sitários.
pública recebidos pelas Organizações da Sociedade Civil de Interes- O bom motivo da criação das entidades de apoio é a eficiência
se Público será feita conforme determina o parágrafo único do art. na utilização desses entes. Através delas, convênios são firmados
70 da Constituição Federal. com a Administração Pública, de modo muito semelhante com a
Parágrafo único. É permitida a participação de servidores pú- celebração de um contrato
blicos na composição de conselho ou diretoria de Organização da
Sociedade Civil de Interesse Público. Associações Públicas
Tratam-se de pessoas jurídicas de direito público, criadas por
Pode-se dizer que as OSCIPs são o reconhecimento oficial e le- meio da celebração de um consórcio público com entidades fede-
gal mais próximo do que modernamente se entende por ONG, es- rativas.
pecialmente porque são marcadas por uma extrema transparência Quando as entidades federativas fazem um consórcio público,
administrativa. Contudo ser uma OSCIP é uma opção institucional, elas terão a faculdade de decidir se essa nova pessoa criada será de
não uma obrigação. direito privado ou de direito público. Caso se trate de direito públi-
Em geral, o poder público sente-se muito à vontade para se co, caracterizar-se-á como Associação Pública. No caso de direito
relacionar com esse tipo de instituição, porque divide com a socie- privado, não se tem um nome específico.
dade civil o encargo de fiscalizar o fluxo de recursos públicos em A finalidade da associação pública é estabelecer finalidades
parcerias. de interesse comum entre as entidades federativas, estabelecendo
A OSCIP, portanto, é uma organização da sociedade civil que, uma meta a ser atingida.
em parceria com o poder público, utilizará também recursos públi- Faz parte da administração indireta de todas as entidades fede-
cos para suas finalidades, dividindo dessa forma o encargo adminis- rativas consorciadas.
trativo e de prestação de contas.
Conselhos Profissionais
Trata-se de entidades que são destinadas ao controle e fiscali-
zação de algumas profissões regulamentadas. Eis que tem-se uma
grande controvérsia, quanto à sua natureza jurídica.
364
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O STF considera que como se trata de função típica do Estado, são tratados como instituições. Mas, quando se trata do Conselho
o controle e fiscalização do exercício de atividades profissionais não de Defesa Nacional e da República, a Constituição usa a expressão
poderia ser delegado a entidades privadas, em decorrência disso, “órgão”.
chegou-se ao entendimento que os conselhos profissionais pos- Deste modo, podemos observar que a Constituição não permite
suem natureza autárquica. o estabelecimento de um conceito jurídico de órgãos, pois é desuni-
Assim, não estamos diante de entes de colaboraçao, mas sim forme nesse aspecto. As únicas ocasiões em que se usa a expressão
de pessoas jurídicas de direito público. “órgão” ou “órgãos” são para o Conselho da República, para o Con-
Fazendo-se um comparativo, a Constituição Federal não admite selho de Defesa Nacional, e no Título do Poder Judiciário, no art. 92.
que esses conselhos tenham personalidade jurídica de direito pri- No Direito Financeiro, damos uma conceituação diferente. Ór-
vado, gozando de prerrogativas que são conferidas ao Estado. Os gãos são somente as instituições que integram o mais alto grau e
conselhos profissionais com natureza autárquica é uma forma de nível hierárquico dos poderes. O conceito de órgão para fins de
descentralizar a atividade administrativa que não pode mais ser de- orçamento é mais restrito. Presidência da República e Ministérios,
legada a associações profissionais de caráter privado. por exemplo, na área do Poder Executivo. Na área do Poder Legis-
lativo temos: a Câmara dos Deputados, Senado Federal e Tribunal
de Contas da União no Legislativo, e no Judiciário temos: os juízes
ÓRGÃOS PÚBLICOS: CONCEITO; CARACTERÍSTICAS; e Tribunais.
CAPACIDADE PROCESSUAL; CLASSIFICAÇÃO Contudo, para o Direito Administrativo, o juiz é, na realidade,
agente público, e não órgão! Constitucionalmente, entretanto, é
Dentro do conceito de Administração Pública Direta, temos os tratado como se órgão fosse.
órgãos públicos. Mas o que são esses órgãos? Temos vários signifi- Assim mostramos a desuniformidade na expressão “órgão” nas
cados, até chegar ao conceito de órgão para o Direito Administrati- normas positivas. Todavia o que nos interessa aqui é o conceito de
vo brasileiro. Vejamos: órgão para efeito de Direito Administrativo.
Em sentido corriqueiro, as pessoas entendem como órgão qual- Pode-se definir o órgão público como uma unidade que congre-
quer instituição que faça parte da Administração Pública. Ministério ga atribuições exercidas pelos agentes públicos que o integram com
é um órgão, o Supremo Tribunal Federal é outro, a Petrobras é ou- o objetivo de expressar a vontade do Estado.
tro, a ECT, o BRB... Na realidade, o órgão não se confunde com a pessoa jurídica,
O cidadão comum não tem a noção técnica e entende por ór- embora seja uma de suas partes integrantes; a pessoa jurídica é o
gão qualquer instituição que faça parte da estrutura administrativa, todo, enquanto os órgãos são parcelas integrantes do todo. O ór-
independentemente de sua posição dentro dessa estrutura. O cida- gão também não se confunde com a pessoa física, o agente público,
dão não tem esse discernimento de estabelecer o que são órgãos porque congrega funções que este vai exercer. Conforme estabele-
para o exercício das funções administrativas. Então ele usa um con- ce o artigo 1º, § 2º, inciso I, da Lei nº 9.784/99, que disciplina o pro-
ceito de órgão em sentido amplo. cesso administrativo no âmbito da Administração Pública Federal,
Se buscarmos em nossa Constituição, veremos uma curiosida- órgão é “a unidade de atuação integrante da estrutura da Adminis-
de: quando trata da estrutura do Poder Legislativo, ela não fala em tração direta e da estrutura da Administração indireta”. Isto equi-
órgãos. Fala que a função legislativa é exercida através do Congres- vale a dizer que o órgão não tem personalidade jurídica própria, já
so Nacional, mas não o chama de órgão. Igualmente menciona que que integra a estrutura da Administração Direta, ao contrário da en-
o Tribunal de Contas da União exerce a função constitucional de tidade, que constitui “unidade de atuação dotada de personalidade
fiscalização orçamentária, financeira, contábil, patrimonial e opera- jurídica” (inciso II do mesmo dispositivo); é o caso das entidades da
cional, mas sem chamá-lo de órgão. Administração Indireta (autarquias, fundações, empresas públicas e
Com o Poder Executivo, a Constituição não fala também em ór- sociedades de economia mista).
gãos, se limita a mencionar apenas Presidência da República e os Nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello, os órgãos:
Ministérios. “nada mais significam que círculos de atribuições, os feixes indivi-
Entretanto, com relação ao Poder Judiciário há sim menção aos duais de poderes funcionais repartidos no interior da personalidade
órgãos! É o que dispõe o art. 92 da CF/88: estatal e expressados através dos agentes neles providos”.
Embora os órgãos não tenham personalidade jurídica, eles po-
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: dem ser dotados de capacidade processual. A doutrina e a jurispru-
I - o Supremo Tribunal Federal; dência têm reconhecido essa capacidade a determinados órgãos
I-A o Conselho Nacional de Justiça; públicos, para defesa de suas prerrogativas.
II - o Superior Tribunal de Justiça; Nas palavras de Hely Lopes Meirelles, “embora despersonaliza-
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; dos, os órgãos mantêm relações funcionais entre si e com terceiros,
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; das quais resultam efeitos jurídicos internos e externos, na forma
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; legal ou regulamentar. E, a despeito de não terem personalidade
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; jurídica, os órgãos podem ter prerrogativas funcionais próprias que,
VI - os Tribunais e Juízes Militares; quando infringidas por outro órgão, admitem defesa até mesmo
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e por mandado de segurança”.
Territórios. [...] Por sua vez, José dos Santos Carvalho Filho, depois de lembrar
que a regra geral é a de que o órgão não pode ter capacidade pro-
Inclui até os juízes como órgãos. Assim, Juiz, na concepção cons- cessual, acrescenta que “de algum tempo para cá, todavia, tem evo-
titucional, é tratado como órgão do Poder Judiciário. Curiosamen- luído a ideia de conferir capacidade a órgãos públicos para certos
te, o Ministério Público, a Defensoria Pública e a Advocacia Pública tipos de litígio. Um desses casos é o da impetração de mandado de
365
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
segurança por órgãos públicos de natureza constitucional, quando implicaria na impossibilidade da responsabilização do Estado em
se trata da defesa de sua competência, violada por ato de outro função de sua incapacidade. Não dá para colocar essa relação como
órgão”. sendo de representação equiparada ao direito privado em função
Também a jurisprudência tem reconhecido capacidade pro- daquilo que se faz para que os atos da vida civil daqueles que não
cessual a órgãos públicos, como Câmaras Municipais, Assembleias podem se representar, que são submetidos à tutela e curatela, a ser
Legislativas, Tribunal de Contas. Mas a competência é reconhecida desempenhada por outra pessoa, em regra por designação judicial.
apenas para defesa das prerrogativas do órgão e não para atuação No Estado não há nenhuma designação judicial para que agentes
em nome da pessoa jurídica em que se integram. públicos representem a Administração Pública.
A criação e a extinção dos órgãos públicos ocorre por meio de A teoria que ganhou importância foi a da imputação, vinda da
de lei, conforme se extrai da leitura conjugada dos arts. 48, XI, e 84, Alemanha. É a teoria do órgão. Diz que a conduta dos agentes públi-
VI, a, da Constituição Federal, com alteração pela EC n.º 32/2001.6 cos são imputadas sempre à pessoa jurídica a que pertencem, para
E, em regra, a iniciativa para o projeto de lei de criação dos órgãos que a responsabilização se faça contra o próprio Estado, e, se for o
públicos é do Chefe do Executivo, na forma do art. 61, § 1.º, II, e, da caso, depois por ação de regresso contra o próprio agente público.
CRFB, também alterada pela citada Emenda Constitucional. É a teoria que está na base da teoria da responsabilidade objetiva
Entretanto, em alguns casos, a iniciativa legislativa é atribuída, do Estado, no art. 37, § 6º da nossa Constituição.
pelo texto constitucional, a outros agentes públicos, como ocorre,
por exemplo, em relação aos órgãos do Poder Judiciário (art. 96, II, § 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
c e d, da CRFB) e do Ministério Público (127, § 2.º), cuja iniciativa privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
pertence aos representantes daquelas instituições. 16 danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
Trata-se do princípio da reserva legal aplicável às técnicas de or- assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos
ganização administrativa (desconcentração para órgãos públicos e de dolo ou culpa.
descentralização para pessoas físicas ou jurídicas). Atualmente, no
entanto, não é exigida lei para tratar da organização e do funciona- É a chamada teoria da responsabilidade objetiva do Estado, em
mento dos órgãos públicos, já que tal matéria pode ser estabelecida que a conduta do agente público é imputada ao próprio Estado. Isso
por meio de decreto do Chefe do Executivo (art. 84, VI, a, da CRFB). é praticamente sacramentado na doutrina.
Excepcionalmente, a criação de órgãos públicos poderá ser ins- Assim, chegamos ao conceito técnico-doutrinário de órgão:
trumentalizada por ato administrativo, tal como ocorre na institui- centros de competência instituídos para o desempenho de funções
ção de órgãos no Poder Legislativo, na forma dos arts. 51, IV, e 52, estatais, por intermédio de seus agentes, cuja atuação é imputada
XIII, da CRFB. à pessoa jurídica que pertencem.
Neste contexto, vemos que os órgãos são centros de competên- Resumindo todo o exposto, vamos repassar as teorias explicati-
cia instituídos para praticar atos e implementar políticas por inter- vas da relação entre os agentes e órgãos públicos.
médio de seus agentes, cuja conduta é imputada à pessoa jurídica. - Teoria do contrato ou do mandato, segundo a qual o Estado
Esse é o conceito administrativo de órgão. É sempre um centro de conferiria mandato para que o agente atue em seu nome; não é
competência, que decorre de um processo de desconcentração aceita porque o Estado não tem vontade própria;
dentro da Administração Pública. - Teoria da representação, segundo a qual o Estado seria repre-
sentado pelos seus agentes, numa relação como se fosse de tutela
Natureza dos Órgãos ou curatela, com consequente irresponsabilidade do Estado, moti-
Temos algumas teorias para responder. A teoria subjetiva con- vo pelo qual não é aceita;
funde órgãos com agentes. Os órgãos são os próprios agentes. Sig- - Teoria da Imputação, pela qual a conduta dos agentes públicos
nifica que, uma vez morto o agente, morto o órgão. A teoria obje- é sempre imputada à pessoa jurídica a que pertencem.
tiva, por sua vez, confunde órgão com funções, um complexo de Dessa observação, podemos estabelecer algumas característi-
funções. Mas o órgão não tem vontade própria, então não poderia, cas que se colocam para órgão público. O importante é que tenha-
por si mesmo, traduzir as funções. A teoria mista, que é uma com- mos em vista que o conceito de órgão público em Direito Adminis-
binação das duas anteriores, peca pelas próprias críticas dirigidas trativo é referente à Administração Pública direta.
às teorias anteriores. Se os agentes desaparecem e os órgãos não
têm vontade própria para serem realizadas, não há que se falar em Características dos órgãos públicos
teoria subjetiva ou objetiva. Órgãos, se tomados no sentido de Administração Direta ou in-
A outra questão é: qual seria a natureza jurídica da relação que tegrante da Administração, não são pessoas jurídicas, portanto não
se processa entre agentes e os órgãos públicos? Aqui temos outras têm patrimônio público, e suas receitas não são próprias. Muitas
três teorias: do mandato ou do contrato, em que o Estado confere vezes se fala em receitas públicas, que pertencem aos órgãos a que
mandato para que os agentes façam seus trabalhos, o que é uma estão relacionados. União, estados, municípios e Distrito Federal.
teoria não aceita porque os órgãos não têm vontade própria, en- Órgão da Administração Direta não tem nem patrimônio próprio.
tão não podem estabelecer procuração para que os agentes ajam O que é adquirido irá integrar um patrimônio que pertence ao ente
em seu nome. Há também a teoria da representação, que vem do jurídico, e não é dele. O órgão não pode dispor daquele patrimônio.
Direito Civil, Direito que fornece várias bases para o Direito Admi- Portanto a alienação de bens tem que ser precedida de autorização
nistrativo. Essa teoria equipara o funcionamento dos órgãos aos legislativa, com avaliação dos bens.
incapazes no Direito Civil. Tutores e curadores são representados. Os órgãos atuam através de mandato, com relação interpessoal
Não tem mais sustentação pelo fato de que, se acontecesse, isso entre vários deles.
16 Oliveira, Rafael Carvalho Rezende, Administração Pública, Concessões e
Terceiro Setor, editora: Método, 3ª edição, 2015.
366
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Outra característica que tiramos dos órgãos públicos em con- Uma segunda classificação, quanto ao poder decisório, coloca-
sequência disso é a incapacidade processual do órgão. Não pode da pela doutrina também. Nela, temos os órgãos independentes,
propor ações em juízo, e, em regra, existe sempre algum órgão que com poderes harmônicos e independentes entre si. Art. 2º da Cons-
irá defendê-lo. É o caso das Advocacias Públicas. Advocacia-Geral tituição:
da União, por exemplo. O órgão por si mesmo não tem capacidade
processual. Então as ações têm que ser propostas contra o ente po- Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos en-
lítico a que pertencem. tre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Terceira observação: os órgãos obedecem ao princípio da hie-
rarquia, e estão colocados por desconcentração, representados por Congresso Nacional é constituído pela Câmara dos Deputados e
uma pirâmide, com um chefe que é o comandante em função da pelo Senado Federal. O Tribunal de Contas da União também pode
hierarquia. Temos, portanto, avocação e delegação de competên- ser colocado aqui, muito embora não seja, administrativamente, ór-
cia, possibilidade de punição, estabelecimento de sanções, tudo gão integrante do Poder Legislativo. Às vezes existe essa confusão,
decorrente do princípio da hierarquia. Há, entre os órgãos da Admi- pois a Constituição de 1967 dizia que o TCU era órgão auxiliar do
nistração Pública, a observância rigorosa desse princípio. São essas Poder Legislativo. A Constituição atual não fala isso; O Tribunal de
algumas características principais que, em geral, a doutrina apre- Contas exerce uma função de auxiliar o Poder Legislativo na tarefa
senta para os órgãos. Há outra questão que é relacionada à possibi- de fiscalização dos atos do Poder Executivo e dos demais poderes.
lidade de alguns órgãos possuírem, por disposição legal, autonomia
administrativa, financeira, e orçamentária. No Poder Judiciário são órgãos independentes os Tribunais.
O Decreto-lei 200/67 estabelece, no art. 172, a possibilidade Dentro do Poder Executivo o órgão independente é só a Presi-
de alguns órgãos da Administração Pública gozarem de autonomia dência da República. Uma coisa curiosa é que, no Direito Financeiro,
financeira e orçamentária. Eram órgãos autônomos, essa era a de- em termos de lei orçamentária atual, a Advocacia-Geral da União
nominação. Os órgãos em posição hierárquica superior podem bai- pertence à Presidência da República.
xar regimentos, mas nem todos têm autonomia administrativa. E Temos a classificação quanto à posição que os órgãos ocupam
financeira no sentido de terem receitas próprias sem que passem, na estrutura estatal. De acordo com ela, os órgãos podem ser:
necessariamente, pelo ente político.
- Independentes;
- Autônomos;
Art. 172. O Poder Executivo assegurará autonomia administra-
- Superiores;
tiva e financeira, no grau conveniente aos serviços, institutos e es-
- Subalternos.
tabelecimentos incumbidos da execução de atividades de pesquisa
ou ensino ou de caráter industrial, comercial ou agrícola, que por
Os independentes são os órgãos cuja competência deriva da
suas peculiaridades de organização e funcionamento, exijam tra-
norma constitucional e não estão subordinados a nenhum outro.
tamento diverso do aplicável aos demais órgãos da administração
direta, observada sempre a supervisão ministerial. Os órgãos autônomos são os que estão abaixo dos indepen-
dentes, têm grande poder de decisão, e exercem as atribuições de
Foi esse dispositivo que, concedia, no passado, por decreto, fixação de diretrizes políticas, como os Ministérios, Secretarias dos
autonomia a alguns órgãos em função de suas peculiaridades, estados e municípios e do Distrito Federal.
principalmente na década de 70, ao lado da descentralização ad- Depois temos os órgãos chamados superiores, que são os que
ministrativa pela que passou o poder na área federal. Exemplo: De- também têm uma grande parcela de poder decisório, porém abaixo
partamento de Imprensa Nacional. Essas receitas são da União, mas dos órgãos autônomos. Então, em geral, são as divisões e departa-
era revertido ao próprio departamento que não as recolhia. Tinha mentos. Toda Administração tem uma divisão em departamentos.
autonomia financeira. Hoje as agências e empresas estatais usam gerências, como as de
Outro exemplo que acontecia no passado eram as antigas rádios recursos humanos, de finanças, etc.
e TVs nacionais, que depois passaram a fazer parte da Radiobrás e É curioso observar que a expressão órgão superior aparece
da TV Brasil. Existe ali pagamento de cachês a artistas, e esses veí- designada especificamente para o Conselho de Defesa Nacional. É
culos geram receita própria pela atividade comercial. Infelizmente o único caso em que se tem a expressão órgão superior. Art. 89 da
esse tipo de situação desapareceu. A gráfica do Senado Federal ven- Constituição.
de publicações técnicas. O art. 172 não está prejudicado, e continua Aparece aqui o Conselho da República, ao contrário do Conse-
vigorando para a área federal. lho de Defesa, que é órgão de consulta.
Hoje são apenas os Poderes, estes com autonomia garantida
pela Constituição, além de poucas exceções em que os órgãos da Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta
Administração Direta gozam de autonomia financeira. do Presidente da República, e dele participam:
I - o Vice-Presidente da República;
Demais classificações dos órgãos públicos II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
Há outras classificações dos órgãos colocadas pela doutrina, III - o Presidente do Senado Federal;
mas não há nenhuma disposição de Direito Administrativo. IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputa-
Temos um critério que tem em vista a localização institucional dos;
do órgão junto às suas pessoas jurídicas políticas. Podem ser: V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;
- Federais; VI - o Ministro da Justiça;
- Municipais;
- Estaduais;
- do Distrito Federal.
367
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco Também não pode o Presidente da República chamar as Forças
anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, Armadas para defender sua fazenda, que é propriedade particular,
dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos De- contra invasores. A AGU defende o ente político, e não a pessoa do
putados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução. Presidente da República.
Em resumo, as classificações dos órgãos públicos podem ser as-
Os órgãos subalternos são os que, via de regra, não tem poder sim discutidas:
decisório, e estão no final da hierarquia administrativa. São aqueles
de atendimento ao público, portarias, bibliotecas, protocolos. Só Quanto à localização institucional do órgão junto às pessoas
cumprem decisões. jurídicas políticas:
De uma maneira geral, levando-se em conta a situação do ór- - Federais;
gão ou da estrutura estatal podemos classifica-los em: diretivos e - Municipais;
subordinados. Sendo os diretivos, aqueles que detêm funções de - Estaduais;
comando e direção; e os subordinados, os incumbidos das funções - do Distrito Federal.
rotineiras de execução.
Outra classificação, bastante encontrada, é quanto ao número Quanto à posição que os órgãos ocupam na estrutura estatal:
de órgãos. - Independentes
Em regra os órgãos são compostos e não simples. O Ministé- - Autônomos
rios são compostos de vários órgãos. A seção de protocolo não tem, - Superiores
abaixo dela, nenhuma divisão. Mas, nos Ministérios, podemos ter - Subalternos
a consultoria jurídica, por exemplo. Geralmente, podemos afirmar
que os órgãos subalternos são simples, justamente por não terem Quanto ao número de órgãos:
subdivisões. - Simples
Quanto à composição, os órgãos podem ser singulares ou cole- - Compostos
giados. Os singulares são aqueles em que as decisões são tomadas
por um único agente público. Ele tem a responsabilidade de tomar Quanto à composição:
decisões. Nos órgãos colegiados temos decisões tomadas pela - Singulares
maioria de seus membros, o que leva à consequência de que deva - Colegiados
haver um regimento interno. Congresso Nacional, Tribunal de Con-
tas da União, Tribunais. Os Conselhos, como o Conselho Nacional de Quanto à duração:
Justiça, o Conselho Nacional do Ministério Público, o Conselho da - Temporários
República e o Conselho da Defesa, claro que são órgão colegiados, - Permanentes
então há um regimento interno. Pode haver decisões por maioria
simples ou por maioria absoluta. Como no Congresso Nacional, lei Quanto à origem da competência:
ordinária é aprovada por maioria simples, e lei complementar é - Primários
aprovada por maioria absoluta. O órgão colegiado, então, tem que - Secundários
ter um regimento interno que contém as regras decisórias. - Vicários
Há mais classificações. Os órgãos públicos podem ser temporá-
rios ou permanentes. Normalmente a regra é que o órgão seja per- Quanto ao poder:
manente. Exceção são os temporários, como as CPIs e comissões - Ativos
específicas de licitações, além das comissões de concursos públicos. - Consultivos
Outra classificação encontrada é aquela entre órgãos primários, - De controle
secundários e vicários. Os órgãos primários são os cuja atividade
decorre da própria lei. Os secundários desempenham funções por
delegação. E os vicários, que exercem competência substituindo AGENTES PÚBLICOS: AGENTES POLÍTICOS; AGENTES
outros órgãos. Vicário significa aquilo que se faz no lugar de outra ADMINISTRATIVOS; AGENTES HONORÍFICOS;
coisa ou pessoa. AGENTES DELEGADOS; AGENTES CREDENCIADOS
Por último, uma outra classificação encontrada pela doutrina
é entre órgãos ativos, consultivos e de controle. Órgãos ativos são CONCEITO
os que têm poder decisório. Os consultivos são os de consulta e Em seu conceito mais amplo Agente Público é a pessoa física
assessoramento, sem poder decisório. Como os Conselhos da Re- que presta serviços às Pessoas Jurídicas da Administração Pública
pública e de Defesa Nacional. Advocacia-Geral da União desenvolve Direta ou Indireta, também são aqueles que exercem função públi-
atividades jurídicas de consulta e assessoramento do Poder Execu- ca, seja qual for a modalidade (mesário, jurado, servidor público,
tivo Federal. Na verdade, representa a União judicial e extrajudicial- etc.).
mente, e ajuda o Poder Executivo e não o Presidente da República. A Lei de Improbidade Administrativa (8.429/92) conceitua
Não cabe à AGU defender o Presidente da República fora de suas Agente Público:
atribuições, como na ocasião em que ele aparece antecipadamente “Artigo 2° - Reputa-se agente público, para os efeitos desta
defendendo sua candidata na eleição por vir. Defende a União, e lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
não o Presidente da República. remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior”.
368
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cargo público: unidade de atribuições e competências funcio- Posse: é o ato pelo qual uma pessoa assume, de maneira efe-
nais. É o lugar dentro da organização funcional da Administração tiva, o exercício das funções para que foi nomeada, designada ou
Direta de suas autarquias e fundações públicas que, ocupado por eleita, ou seja, é sua investidura no cargo público. O ato da posse
servidor público, submetidos ao regime estatuário. determina a concordância e a vontade do sujeito em entrar no exer-
Possui funções específicas e remuneração fixada em lei ou di- cício, além de cumprir a exigência regulamentar.
ploma a ela equivalente. Todo cargo tem uma função, porém, nem
toda função pressupõe a existência de um cargo. Exercício: é o momento em que o servidor dá início ao desem-
Para Celso Antônio Bandeira de Mello são as mais simples e penho de suas atribuições de trabalho. A data do efetivo exercício
indivisíveis unidades de competência a serem titularizadas por um é considerada como o marco inicial para a produção de todos os
agente. São criados por lei, previstos em número certo e com deno- efeitos jurídicos da vida funcional do servidor público e ainda para
minação própria. o início do período do estágio probatório, da contagem do tempo
Com efeito, as várias competências previstas na Constituição de contribuição para aposentadoria, período aquisitivo para a per-
para a União, Estados e Municípios são distribuídas entre seus res- cepção de férias e outras vantagens remuneratórias.
pectivos órgãos, cada qual dispondo de determinado número de São formas de provimento: nomeação, promoção, readapta-
cargos criados por lei, que lhes confere denominação própria, defi- ção, reversão, aproveitamento, reintegração e recondução.
ne suas atribuições e fixa o padrão de vencimento ou remuneração. a) Nomeação: é o único caso de provimento originário, já que o
servidor dependerá da aprovação prévia em concurso público e não
Empregos públicos: são núcleos de encargos de trabalho per- possuirá relação anterior com o Estado;
manentes a serem preenchidos por pessoas contratadas para de- b) Promoção: é forma de provimento derivado (neste caso o
sempenhá-los, sob relação jurídica trabalhista (CLT) de natureza agente público já se encontra ocupando o cargo) onde o servidor
contratual e somente podem ser criados por lei. passará a exercer um cargo mais elevado dentro da carreira exer-
cida.
Função pública: é a atividade em si mesma, é a atribuição, as c) Readaptação: espécie de transferência efetuada com a finali-
tarefas desenvolvidas pelos servidores. São espécies: dade de prover o servidor em outro cargo compatível com eventual
a) Funções de confiança, exercidas exclusivamente por servi- limitação de capacidade física ou mental, condicionada a inspeção
dores ocupantes de cargo efetivo, e destinadas ás atribuições de médica.
chefia, direção e assessoramento; d) Reversão: trata-se do reingresso de servidor aposentado de
b) Funções exercidas por contratados por tempo determinado seu ofício por não subsistirem mais as razões que lhe determinarão
para atender a necessidade temporária de excepcional interesse a aposentadoria por invalidez.
público, nos termos da lei autorizadora, que deve advir de cada e) Aproveitamento: relaciona-se com a retomada do servidor
ente federado. posto em disponibilidade (ato pelo qual se transfere o servidor à
inatividade remunerada de servidor estável em razão de extinção
REGIME JURÍDICO do cargo ocupado ou destinado a reintegração de servidor), seja
Regime jurídico dos servidores públicos é o conjunto de nor- no mesmo cargo anteriormente ocupado ou em cargo equivalente
mas e princípios referentes a direitos, deveres e demais regras ju- quanto as atribuições e vencimentos.
rídicas normas que regem a vida funcional do servidor. A lei que f) Reintegração: retorno de servidor ilegalmente desligado de
reúne estas regras é denominada de Estatuto e o regime jurídico seu cargo. O reconhecimento do direito a reintegração pode decor-
passa a ser chamado de regime jurídico Estatutário. rer de decisão proferida na esfera administrativa ou judicial.
No âmbito de cada pessoa política - União, Estados, Distrito Fe- g) Recondução: retorno de servidor estável ao cargo que an-
deral e Municípios - há um Estatuto. A Lei nº 8.112 de 11/12/1990 teriormente ocupava, seja por não ter sido habilitado no estágio
(por exemplo) estabeleceu que o regime jurídico Estatutário é o probatório relativo a outro cardo para o qual tenha sido nomeado
aplicável aos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e ou por ter sido desalojado do cargo em razão de reintegração do
fundações públicas federais, ocupantes de cargos públicos. servidor que ocupava o cargo anteriormente.
Vacância
A vacância é a situação jurídica atribuída a um cargo que está
sem ocupante. Vários fatos levam à vacância, entre os quais:
- o servidor pediu o desligamento (exoneração a pedido);
- o servidor foi desligado do cargo em comissão ou não iniciou
exercício (exoneração ex officio);
370
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- o servidor foi punido com a perda do cargo (demissão); A estabilidade é a prerrogativa atribuída ao servidor que preen-
- o servidor passou a exercer outro cargo ante limitações em cher os requisitos estabelecidos na Constituição Federal que lhe ga-
sua capacidade física ou mental (readaptação); rante a permanência no serviço.
- aposentadoria ou falecimento do servidor; O servidor estável, que tiver seu cargo extinto, não estará fora
- acesso ou promoção. da Administração Pública, porque a norma constitucional lhe garan-
te estabilidade no serviço e não no cargo. Nesta hipótese o servidor
Para Di Pietro17, vacância é o ato administrativo pelo qual o ser- é colocado em disponibilidade remunerada, seguindo o disposto no
vidor é destituído do cargo, emprego ou função. art. 41, § 3.º, da Constituição sendo sua remuneração calculada de
Decorre de exoneração, demissão, aposentadoria, promoção e forma proporcional ao tempo de serviço.
falecimento. O artigo 33 da Lei 8.112/90 prevê ainda a readaptação O servidor aprovado em concurso público de cargo regido pela
e a posse em outro cargo inacumulável. Mas a ascensão e a trans- lei 8112/90 e consequentemente nomeado passará por um período
formação deixaram de existir por força da Lei 9.527/97. de avaliação, terá o novo servidor que comprovar no estágio proba-
A exoneração não é penalidade; ela se dá a pedido ou ex offi- tório que tem aptidão para exercer as atividades daquele cargo para
cio, neste caso quando se tratar de cargo em comissão ou função o qual foi nomeado em tais fatores:
de confiança; no caso de cargo efetivo, quando não satisfeitas as a) Assiduidade;
exigências do estágio probatório ou quando, tendo tomado posse, b) Disciplina;
o servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido. c) Capacidade de iniciativa;
Já a demissão constitui penalidade decorrente da prática de ilí- d) Produtividade;
cito administrativo; tem por efeito desligar o servidor dos quadros e) Responsabilidade.
do funcionalismo.
A promoção é, ao mesmo tempo, ato de provimento no cargo Atualmente o prazo mencionado de 3 anos de efetivo exercício
superior e vacância no cargo inferior. para o servidor público (de forma geral), adquirir estabilidade é o
A readaptação, segundo artigo 24 da 8.112/90, “é a investidura que está previsto na Constituição, que foi alterado após a Emenda
do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades compatí- nº 19/98.
veis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou Muito embora, a Lei nº 8.112/90, no artigo 20 cite o prazo de 2
mental verificada em inspeção médica”. anos, para que o servidor adquira estabilidade devemos considerar
que o correto é o texto inserido na Constituição Federal, repita-se 3
Efetividade, estabilidade e vitaliciedade anos de efetivo exercício.
Efetividade: cargos efetivos são aqueles que se revestem de ca- Como não houve uma revogação expressa de tais normas elas
ráter de permanência, constituindo a maioria absoluta dos cargos permanecem nos textos legais, mesmo que na prática não são apli-
integrantes dos diversos quadros funcionais. cadas, pois ferem a CF (existe uma revogação tácita dessas normas).
Com efeito, se o cargo não é vitalício ou em comissão, terá que
ser necessariamente efetivo. Embora em menor escala que nos - Requisitos para adquirir estabilidade:
cargos vitalícios, os cargos efetivos também proporcionam segu- a) estágio probatório de três anos;
rança a seus titulares; a perda do cargo, segundo art. 41, §1º da b) nomeação em caráter efetivo;
Constituição Federal, só poderá ocorrer, quando estáveis, se houver c) aprovação em avaliação especial de desempenho.
sentença judicial ou processo administrativo em que se lhes faculte
ampla defesa, e agora também em virtude de avaliação negativa de Vitaliciedade: Cargos vitalícios são aqueles que oferecem a
desempenho durante o período de estágio probatório. maior garantia de permanência a seus ocupantes. Somente através
de processo judicial, como regra, podem os titulares perder seus
Estabilidade: confere ao servidor público a efetiva permanên- cargos (art. 95, I, CF). Desse modo, torna-se inviável a extinção do
cia no serviço após três anos de estágio probatório, após os quais vínculo por exclusivo processo administrativo (salvo no período ini-
só perderá o cargo se caracterizada uma das hipóteses previstas no cial de dois anos até a aquisição da prerrogativa). A vitaliciedade
artigo 41, § 1º, ou artigo 169, ambos da CF. configura-se como verdadeira prerrogativa para os titulares dos
cargos dessa natureza e se justifica pela circunstância de que é ne-
Hipóteses: cessária para tornar independente a atuação desses agentes, sem
a) em razão de sentença judicial com trânsito em julgado (art. que sejam sujeitos a pressões eventuais impostas por determina-
41, §1º, I, da CF); dos grupos de pessoas.
b) por meio de processo administrativo em que lhe seja assegu-
rada a ampla defesa (art. 41, § 1º, II, da CF); Existem três cargos públicos vitalícios no Brasil:
c) mediante procedimento de avaliação periódica de desempe- - Magistrados (Art. 95, I, CF);
nho, na forma da lei complementar, assegurada ampla defesa (art. - Membros do Ministério Público (Art. 128, § 5º, I, “a”, CF);
41, § 1º, III, da CF); - Membros dos Tribunais de Contas (Art. 73, §3º).
d) em virtude de excesso de despesas com o pessoal ativo e
inativo, desde que as medidas previstas no art. 169, § 3º, da CF, não Por se tratar de prerrogativa constitucional, em função da qual
surtam os efeitos esperados (art. 169, § 4º, da CF). cabe ao Constituinte aferir a natureza do cargo e da função para
atribuí-la, não podem Constituições Estaduais e Leis Orgânicas mu-
nicipais, nem mesmo lei de qualquer esfera, criar outros cargos com
17 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo, 31ª edição, a garantia da vitaliciedade. Consequentemente, apenas Emenda à
2018 Constituição Federal poderá fazê-lo.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O art. 97 da Lei nº 8.112/90 elenca as hipóteses de concessão, Uma vez constatada a prática do ilícito administrativo, ficará
vejamos: o servidor sujeito à sanção administrativa adequada ao caso, que
- por um dia para doação de sangue, poderá ser advertência, suspensão, demissão, cassação de aposen-
- pelo período comprovadamente necessário para alistamen- tadoria ou disponibilidade, destituição de cargo em comissão ou
to ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer caso a dois destituição de função comissionada.
dias,
- por oito dias consecutivos em razão de casamento, falecimen- A penalidade deve sempre ser motivada pela autoridade com-
to de cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou padrasto, filhos, en- petente para sua aplicação, sob pena de nulidade.
teados, menor sob guarda ou tutela ou irmãos. Se durante a apuração da responsabilidade administrativa a
autoridade competente verificar que o ilícito administrativo tam-
Direito de Petição: o direito de petição existe para a defesa do bém está capitulado como ilícito penal, deve encaminhar cópia do
direito ou interesse legítimo. É instrumento utilizado pelo servidor processo administrativo ao Ministério Público, que irá mover ação
e dirigido à autoridade competente que deve decidir. penal contra o servidor
373
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A essa vedação existe duas exceções, já que o servidor pode- Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
rá: dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
I - participação nos conselhos de administração e fiscal de em- cípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mo-
presas ou entidades em que a União detenha, direta ou indireta- ralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
mente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
constituída para prestar serviços a seus membros; brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim
II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na como aos estrangeiros, na forma da lei;
forma do art. 91 (8.112), observada a legislação sobre conflito de
interesses.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos inci-
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou em- sos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153,
prego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para car- § 2º, I;
go em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em
anos, prorrogável uma vez, por igual período; qualquer caso o disposto no inciso XI:
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo- a) a de dois cargos de professor;
cação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro- b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa- c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
dos para assumir cargo ou emprego, na carreira; saúde, com profissões regulamentadas;
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por ser- XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e fun-
vidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a se- ções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, socieda-
rem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e des de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas,
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atri- direta ou indiretamente, pelo poder público;
buições de direção, chefia e assessoramento; XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais te-
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre asso- rão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência
ciação sindical; sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
definidos em lei específica; autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de eco-
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos nomia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste úl-
para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de timo caso, definir as áreas de sua atuação;
sua admissão; XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de- de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim
terminado para atender a necessidade temporária de excepcional como a participação de qualquer delas em empresa privada;
interesse público; XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro-
trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a
lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegu- todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações
rada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter-
de índices; mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun- técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e obrigações.
fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcio-
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, namento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específi-
pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativa- cas, terão recursos prioritários para a realização de suas atividades
mente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer ou- e atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento
tra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como li- § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e cam-
mite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no panhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informa-
Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do tivo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes,
Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de auto-
âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do ridades ou servidores públicos.
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco cen- § 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a
tésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos
Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável da lei.
este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e § 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na
aos Defensores Públicos; administração pública direta e indireta, regulando especialmente:
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos
Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu- em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento
tivo; ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es- dos serviços;
pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor-
serviço público; mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor públi- e XXXIII;
co não serão computados nem acumulados para fins de concessão III - a disciplina da representação contra o exercício negligente
de acréscimos ulteriores; ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.
375
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a sus- § 15. É vedada a complementação de aposentadorias de ser-
pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indispo- vidores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que
nibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e grada- não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que
ção previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. não seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos pra- social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica
ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as se-
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito priva- guintes disposições:
do prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital,
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocu- emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remune-
pante de cargo ou emprego da administração direta e indireta que ração;
possibilite o acesso a informações privilegiadas. III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili-
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego
órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não
ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administra- havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
dores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício
desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos
I - o prazo de duração do contrato; os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direi- V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previdên-
tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; cia social, permanecerá filiado a esse regime, no ente federativo
III - a remuneração do pessoal. de origem. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às 2019)
sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem
recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Muni- SEÇÃO II
cípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em DOS SERVIDORES PÚBLICOS
geral.
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de apo- Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
sentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a re- instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único
muneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os e planos de carreira para os servidores da administração pública
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos direta, das autarquias e das fundações públicas. (Vide ADIN nº
e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e 2.135-4)
exoneração. Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remunera- instituirão conselho de política de administração e remuneração de
tórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Po-
caráter indenizatório previstas em lei. deres. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, 1998) (Vide ADIN nº 2.135-4)
fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais compo-
mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como nentes do sistema remuneratório observará:
limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco cen- cargos componentes de cada carreira;
tésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo II - os requisitos para a investidura;
Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos III - as peculiaridades dos cargos.
subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores. § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas
§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser rea- de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores
daptado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabilida- públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisi-
des sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua tos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração
capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição, de convênios ou contratos entre os entes federados.
desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o dis-
para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de ori- posto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX,
gem.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de
§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo admissão quando a natureza do cargo o exigir.
de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública, § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o rom- Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão
pimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição. remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela úni-
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) ca, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória,
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
376
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- § 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
cípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor remu- pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferencia-
neração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o dos para aposentadoria de servidores com deficiência, previamente
disposto no art. 37, XI. submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multi-
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão profissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda Constitucional
anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e nº 103, de 2019)
empregos públicos. § 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferencia-
cípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários provenien- dos para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente peniten-
tes da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia ciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de que
e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art.
qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, mo- 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela Emenda
dernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público, Constitucional nº 103, de 2019)
inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade. § 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferen-
carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. ciados para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter tempo- exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e bio-
rário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de cargo lógicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada
em comissão à remuneração do cargo efetivo. (Incluído pela Emen- a caracterização por categoria profissional ou ocupação. (Incluído
da Constitucional nº 103, de 2019) pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores § 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima
titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da
mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem
ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei comple-
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) mentar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência Constitucional nº 103, de 2019)
social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos
nº 103, de 2019) acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de previdên-
que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese cia social, aplicando-se outras vedações, regras e condições para a
em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no Regime
verificação da continuidade das condições que ensejaram a conces- Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda Constitu-
são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federa- cional nº 103, de 2019)
tivo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se tratar
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o be-
de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta nefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do
e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente
se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação
e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Cons- § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preser-
tituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os var-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios
demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo estabelecidos em lei.
ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, § 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou
de 2019) municipal será contado para fins de aposentadoria, observado o
§ 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço corres-
ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201 ou superiores pondente será contado para fins de disponibilidade. (Redação dada
ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Social, obser vado o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela § 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de conta-
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) gem de tempo de contribuição fictício.
§ 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria se- § 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos
rão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. (Redação proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumu-
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) lação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras ativi-
§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados dades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência
para concessão de benefícios em regime próprio de previdência so- social, e ao montante resultante da adição de proventos de inativi-
cial, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação dade com remuneração de cargo acumulável na forma desta Cons-
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) tituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração, e de cargo eletivo.
377
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em re- § 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de previ-
gime próprio de previdência social, no que couber, os requisitos e dência social, lei complementar federal estabelecerá, para os que
critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social. (Reda- já existam, normas gerais de organização, de funcionamento e de
ção dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros aspectos,
sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera- Regime Geral de Previdência Social; (Incluído pela Emenda Consti-
ção, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de tucional nº 103, de 2019)
emprego público, o Regime Geral de Previdência Social. (Redação II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos re-
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) cursos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ins- III - fiscalização pela União e controle externo e social; (Incluído
tituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
de previdência complementar para servidores públicos ocupantes IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído pela
de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do Re- Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
gime Geral de Previdência Social para o valor das aposentadorias e V - condições para instituição do fundo com finalidade previ-
das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado denciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele dos recursos
o disposto no § 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de qualquer
103, de 2019) natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § VI - mecanismos de equacionamento do deficit atuarial; (Incluí-
14 oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contribui- do pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ção definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, ob-
intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou servados os princípios relacionados com governança, controle in-
de entidade aberta de previdência complementar. (Redação dada terno e transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103,
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) de 2019)
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o dis- VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles
posto nos § § 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver in- que desempenhem atribuições relacionadas, direta ou indireta-
gressado no serviço público até a data da publicação do ato de ins- mente, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda Constitucio-
tituição do correspondente regime de previdência complementar. nal nº 103, de 2019)
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cál- IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído pela
culo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados, Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
na forma da lei. X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentado- de alíquota de contribuições ordinárias e extraordinárias. (Incluído
rias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser-
geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. concurso público.
§ 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo que I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado
tenha completado as exigências para a aposentadoria voluntária e II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu-
que opte por permanecer em atividade poderá fazer jus a um abo- rada ampla defesa;
no de permanência equivalente, no máximo, ao valor da sua con- III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem-
tribuição previdenciária, até completar a idade para aposentadoria penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
compulsória. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
2019) estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se es-
§ 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de tável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
previdência social e de mais de um órgão ou entidade gestora des- aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com re-
se regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes, muneração proporcional ao tempo de serviço.
órgãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão responsá- § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser-
veis pelo seu financiamento, observados os critérios, os parâmetros vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração propor-
e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em
§ 22. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) outro cargo.
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá ape- § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obriga-
nas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão tória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída
que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os bene- para essa finalidade.
fícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201
desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for por-
tador de doença incapacitante (Incluído pela Emenda Constitucio-
nal nº 47, de 2005) (Revogado pela Emenda Constitucional nº 103,
de 2019) (Vigência) (Vide Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
378
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA POR SERVIDORES CELETISTA REGIME CONSTITUCIONAL DOS SERVIDORES PÚBLICOS
A Polícia Administrativa é manifestada por meio de atos norma-
tivos e de alcance geral, bem como de atos concretos e específicos. Concurso público
Além disso, outra característica marcante dos atos expedidos Via de regra, para que ocorra a legal investidura em cargou ou
por força da Polícia Administrativa são os atos revestidos de contro- emprego público é necessária prévia aprovação em concurso de
le e fiscalização. prova ou de provas e títulos, levando em consideração a natureza e
A atividade administrativa que envolve atos fiscalizadores e de a complexidade do cargo ou emprego.Quanto as normas constitu-
controle , os quais a Administração Pública pretende a prevenção cionais acerca da obrigatoriedade de concurso para o preenchimen-
de atos lesivos ao bem estar social ou saúde pública não podem ser to de cargos públicos
proferidos por servidores com regime contratual – CLT. A jurisprudência é pacífica quanto a necessidade de aprovação
Esta é a grande polêmica envolvendo a prática de atos admi- previa em concurso público para ocupar cargo na estrutura admi-
nistrativos revestidos de Poder de Polícia quando praticados por nistrativa.
servidores celetistas. Súmula Vinculante 43 É inconstitucional toda modalidade de
Conforme ressaltado pela melhor doutrina, Celso António Ban- provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia apro-
deira de Mello afirma que “o regime normal dos servidores públicos vação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo
teria mesmo de ser o estatutário, pois este (ao contrário do regime que não integra a carreira na qual anteriormente investido.
trabalhista) é o concebido para atender a peculiaridades de um vín-
culo no qual não estão em causa tão-só interesses empregatícios, Exceção: As nomeação efetuadas pela Administração Pública
mas onde avultam interesses públicos são os próprios instrumentos para preenchimento de cargo em comissão declarado em lei de li-
de atuacão do Estado”. vre nomeação e exoneração dispensa a realização e aprovação em
A jurisprudência já se manifestou neste sentido no julgamento concurso público.
da cautelar da ADin no 2.310, o Supremo examinou a lei que trata O concurso público terá prazo de validade de até dois anos,
dos agentes públicos de agências reguladoras (Lei no 9.985/2000), podendo ser prorrogável uma única vez por igual período. Em ho-
e ali se posicionou contrário à contratação de servidores em regime menagem ao princípio constitucional da impessoalidade, durante o
celetista para a execução de atos revestidos com o Poder de Polícia prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele que
no ato de fiscalização. De acordo com o ministro Marco Aurélio, re- for aprovado será convocado com prioridade sobre novos concursa-
lator: dos para assumir cargo ou emprego.
“...prescindir, no caso, da ocupação de cargos públicos, com os
direitos e garantias a eles inerentes, é adotar flexibilidade incom- Direito de acesso aos cargos, empregos e funções públicas.
patível com a natureza dos serviços a serem prestados, igualizando A Constituição Federal estabelece o Princípio da Ampla Aces-
os servidores das agências a prestadores de serviços subalternos, sibilidade aos cargos, funções e empregos públicos aos brasileiros
dos quais não se exige, até mesmo, escolaridade maior, como são que preencham os requisitos estabelecidos em lei específica, bem
serventes, artífices, mecanógrafos, entre outros. Atente-se para as como aos estrangeiros, na forma da lei.
espécies. Está-se diante de atividade na qual o poder de fiscaliza- Tal princípio que garante a ampla acessibilidade tem por objeti-
ção, o poder de polícia fazem- se com envergadura ímpar, exigindo, vo proporcionar iguais oportunidades de disputar, por meio de con-
por isso mesmo, que aquele que a desempenhe sinta-se seguro, curso público, o preenchimento em cargos ou empregos públicos
atue sem receios outros, e isso pressupõe a ocupação de cargo pú- na Administração Direta ou Indireta.
blico (…). Em suma, não se coaduna com os objetivos precípuos das
agências reguladoras, verdadeiras autarquias, embora de caráter Requisito de inscrição e requisitos de cargos
especial, a flexibilidade inerente aos empregos públicos, impondo- Nas regras gerais constantes nos editais de concursos públicos
-se a adoção da regra que é revelada pelo regime de cargo público, é vedada a inclusão de cláusulas discriminatórias entre brasileiros
tal como ocorre em relação a outras atividades fiscalizadoras — fis- natos e naturalizados, salvo para preenchimento de cargos específi-
cais do trabalho, de renda, servidores do Banco Central, dos Tribu- cos mencionados no artigo 12, § 3º da Constituição Federal.
nais de Contas etc.” Artigo 12.
[...]
Portanto, muito embora não tenha previsão legal, o entendi- § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
mento construído pela doutrina e jurisprudência entende que o I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
emprego público, de natureza contratual (CLT) é incompatível com II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
a atividade a ser desenvolvida quando se exige a incidência de ato III - de Presidente do Senado Federal;
com poder de polícia. O cargo público, sim, é cercado de garantias IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
institucionais, destinadas a dar proteção e independência ao servi- V - da carreira diplomática;
dor para prestar a manifestação do Estado quando no exercício do VI - de oficial das Forças Armadas.
Poder de Polícia. VII - de Ministro de Estado da Defesa.
379
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
a natureza do cargo assim exigir. Exemplo: Teste de Aptidão Física A jurisprudência dos nossos Tribunais tem-se orientado no sen-
– TAF - permite exigência sequência de exercícios fisicos diferencia- tido de que só são passíveis de reexame judicial as questões cuja
dos entre homens e mulheres. impugnação se funda na ilegalidade da avaliação ou dos graus con-
Quanto aos requisitos específicos para investidura em cargos feridos pelos examinadores ou ainda a ausência de impessoalidade
públicos, a Lei 8.112/90, em seu artigo 5º assim determina: dedicada nas provas com privilégios exorbitantes a determinados
Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo público: candidatos, com a exclusão arbitrária de outros.
I - a nacionalidade brasileira; Nos Estados de Direito, em que vige o princípio da legalidade,
II - o gozo dos direitos políticos; não há espaço para arbitrariedades estatais, ao impor a Ordem Jurí-
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; dica, não ficando de toda sorte excluída da apreciação judicial toda
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; lesão ou ameaça a direito, inclusive quanto ao possível reexame
V - a idade mínima de dezoito anos; judicial de atos praticados durante os concursos públicos ou pro-
VI - aptidão física e mental. cessos de seleção.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Falta de motivação:
A falta de motivação leva à invalidação, à ilegitimidade do ato, pois não há o que falar em ampla defesa e contraditório se não há mo-
tivação. Os atos inválidos por falta de motivação estarão sujeitos também a um controle pelo Poder Judiciário.
“Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, po-
dendo a lei, se o interesse público o exigir, limitar em determinados atos às próprias partes e seus advogados, ou somente a estes” (art.
93, IX da CF).
“As decisões administrativas dos tribunais serão motivadas, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus
membros” (art. 93, X da CF).
Princípio da Autotutela
A Administração Pública tem possibilidade de revisar (rever) seus próprios atos, devendo anulá-los por razões de ilegalidade (quando
nulos) e podendo revogá-los por razões de conveniência ou oportunidade (quando inoportunos ou inconvenientes).
Anulação: Tanto a Administração como o Judiciário podem anular um ato administrativo. A anulação gera efeitos “ex tunc”, isto é,
retroage até o momento em que o ato foi editado, com a finalidade de eliminar todos os seus efeitos até então.
“A Administração pode declarar a nulidade dos seus próprios atos” (súmula 346 STF).
Revogação: Somente a Administração pode fazê-la. Caso o Judiciário pudesse rever os atos por razões de conveniência ou oportuni-
dade estaria ofendendo a separação dos poderes. A revogação gera efeitos “ex nunc”, pois até o momento da revogação o ato era válido.
Anulação Revogação
Por razões de
Por razões de
Fundamento conveniência e
ilegalidade
oportunidade
Administração e
Competência Administração
Judiciário
Gera efeitos “ex
Efeitos Gera efeitos “ex tunc”
nunc”
Não será descontinuidade do serviço público: Serviço público interrompido por situação emergencial (art. 6º, §3º da lei 8987/95): In-
terrupção resultante de uma imprevisibilidade. A situação emergencial deve ser motivada, pois resulta de ato administrativo. Se a situação
emergencial decorrer de negligência do fornecedor, o serviço público não poderá ser interrompido.
Serviço público interrompido, após aviso prévio, por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações (art. 6º, §3º, I da lei
8987/95).
383
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Serviço público interrompido, após aviso prévio, no caso de ina- Para Hely Lopes Meirelles: “toda manifestação unilateral de
dimplência do usuário, considerado o interesse da coletividade (art. vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, te-
6º, §3º, II da lei 8987/95): Cabe ao fornecedor provar que avisou nha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, ex-
e não ao usuário, por força do Código de Defesa do Consumidor. tinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados
Se não houver comunicação, o corte será ilegal e o usuário poderá ou a si própria”.
invocar todos os direitos do consumidor, pois o serviço público é Para Maria Sylvia Zanella di Pietro ato administrativo é a “de-
uma relação de consumo, já que não deixa de ser serviço só porque claração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos
é público. jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de
direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário”.
Há várias posições sobre esta hipótese: Conforme se verifica dos conceitos elaborados por juristas
• Há quem entenda que o serviço público pode ser interrom- administrativos, esse ato deve alcançar a finalidade pública, onde
pido nesta hipótese pois, caso contrário, seria um convite aberto à serão definidas prerrogativas, que digam respeito à supremacia do
inadimplência e o serviço se tornaria inviável à concessionária, por- interesse público sobre o particular, em virtude da indisponibilidade
tanto autoriza-se o corte para preservar o interesse da coletividade do interesse público.
(Posição das Procuradorias). Os atos administrativos podem ser delegados, assim os parti-
• O fornecedor do serviço tem que provar que avisou por força culares recebem a delegação pelo Poder Público para prática dos
do Código de Defesa do Consumidor, já que serviço público é uma referidos atos.
relação de consumo. Se não houver comunicação o corte será ilegal. Dessa forma, os atos administrativos podem ser praticados pelo
• Há quem entenda que o corte não pode ocorrer em razão da Estado ou por alguém que esteja em nome dele. Logo, pode-se con-
continuidade do serviço. O art. 22 do CDC dispõe que “os órgãos pú- cluir que os atos administrativos não são definidos pela condição
blicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias, da pessoa que os realiza. Tais atos são regidos pelo Direito Público.
ou sob qualquer outra forma de empreendimento são obrigados a
fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e quanto aos es- REQUISITOS
senciais contínuos”. “Nos casos de descumprimento, total ou par- São as condições necessárias para a existência válida do ato. Os
cial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas requisitos dos atos administrativos são cinco:
compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma - Competência: o ato deve ser praticado por sujeito capaz. Tra-
prevista neste Código” (art. 22, parágrafo único do CDC). ta-se de requisito vinculado, ou seja, para que um ato seja válido
deve-se verificar se foi praticado por agente competente.
Princípio da Razoabilidade O ato deve ser praticado por agente público, assim considerado
O Poder Público está obrigado, a cada ato que edita, a mostrar todo aquele que atue em nome do Estado, podendo ser de qual-
a pertinência (correspondência) em relação à previsão abstrata em quer título, mesmo que não ganhe remuneração, por prazo deter-
lei e os fatos em concreto que foram trazidos à sua apreciação. Este minado ou vínculo de natureza permanente.
princípio tem relação com o princípio da motivação. Além da competência para a prática do ato, se faz necessário
Se não houver correspondência entre a lei o fato, o ato não que não exista impedimento e suspeição para o exercício da ativi-
será proporcional. Ex: Servidor chegou atrasado no serviço. Embora dade.
nunca tenha faltado, o administrador, por não gostar dele, o demi- Deve-se ter em mente que toda a competência é limitada, não
tiu. Há previsão legal para a demissão, mas falta correspondência sendo possível um agente que contenha competência ilimitada,
para com a única falta apresentada ao administrador.19 tendo em vista o dever de observância da lei para definir os critérios
de legitimação para a prática de atos.
SERVIDORES PÚBLICOS: DISPOSIÇÕES - Finalidade: O ato administrativo deve ser editado pela Admi-
CONSTITUCIONAIS GERAIS RELATIVAS AOS AGENTES nistração Pública em atendimento a uma finalidade maior, que é a
PÚBLICOS; LEI Nº 5.810, DE 24/01/1994 pública; se o ato praticado não tiver essa finalidade, ocorrerá abuso
de poder.
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado Em outras palavras, o ato administrativo deve ter como fina-
na matéria de Legislação e Ética no Serviço Público lidade o atendimento do interesse coletivo e do atendimento das
Não deixe de conferir! demandas da sociedade.
19 Fonte: www.webjur.com.br
384
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
se dá pelo fato de que os atos administrativos decorrem de um pro- A autoexecutoriedade é atributo de alguns atos administrati-
cesso administrativo prévio, que se caracterize por uma série de vos, ou seja, não existe em todos os atos. Poderá ocorrer quando
atos concatenados, com um propósito certo. a lei expressamente prever ou quando estiver tacitamente prevista
em lei sendo exigido para tanto situação de urgência; e inexistência
- Motivo: O motivo será válido, sem irregularidades na prática de meio judicial idôneo capaz de, a tempo, evitar a lesão.
do ato administrativo, exigindo-se que o fato narrado no ato prati-
cado seja real e tenha acontecido da forma como estava descrito na CLASSIFICAÇÃO
conduta estatal. Os atos administrativos podem ser objeto de várias classifica-
Difere-se de motivação, pois este é a explicação por escrito das ções, conforme o critério em função do qual seja agrupados. Men-
razões que levaram à prática do ato. cionaremos os agrupamentos de classificação mais comuns entre
os doutrinadores administrativos.
- Objeto lícito: É o conteúdo ato, o resultado que se visa rece-
ber com sua expedição. Todo e qualquer ato administrativo tem por Quanto à composição da vontade produtora do ato:
objeto a criação, modificação ou comprovação de situações jurídi- Simples: depende da manifestação jurídica de um único órgão,
cas referentes a pessoas, coisas ou atividades voltadas à ação da mesmo que seja de órgão colegiado, torna o ato perfeito, portan-
Administração Pública. to, a vontade para manifestação do ato deve ser unitária, obtida
Entende-se por objeto, aquilo que o ato dispõe, o efeito causa- através de votação em órgão colegiado ou por manifestação de um
do pelo ato administrativo, em decorrência de sua prática. Trata-se agente em órgãos singulares.
do objeto como a disposição da conduta estatal, aquilo que fica de- Complexo: resulta da manifestação conjugada de vontades de
cidido pela prática do ato. órgãos diferentes. É necessária a manifestação de vontade de dois
ou mais órgãos para formar um único ato.
ATRIBUTOS Composto: manifestação de dois ou mais órgãos, em que um
Atributos são qualidades, prerrogativas ou poderes especiais edita o ato principal e o outro será acessório. Como se nota, é com-
que revestem os atos administrativos para que eles alcancem os posto por dois atos, geralmente decorrentes do mesmo órgão pú-
fins almejados pelo Estado. blico, em patamar de desigualdade, de modo que o segundo ato
Existem por conta dos interesses que a Administração repre- deve contar com o que ocorrer com o primeiro.
senta, são as qualidades que permitem diferenciar os atos adminis-
trativos dos outros atos jurídicos. Decorrem do princípio da supre- Quanto a formação do ato:
macia do interesse público sobre o privado. Atos unilaterais: Dependem de apenas a vontade de uma das
São atributos dos atos administrativos: partes. Exemplo: licença
Atos bilaterais: Dependem da anuência de ambas as partes.
a) Presunção de Legitimidade/Legitimidade: É a presunção de Exemplo: contrato administrativo;
que os atos administrativos devem ser considerados válidos, até Atos multilaterais: Dependem da vontade de várias partes.
que se demonstre o contrário, a bem da continuidade da prestação Exemplo: convênios.
dos serviços públicos.
A presunção de legitimidade não pressupõe no entanto que Ios Quanto aos destinatários do ato:
atos administrativos não possam ser combatidos ou questionados, Individuais: são aqueles destinados a um destinatário certo e
no entanto, o ônus da prova é de quem alega. determinado, impondo a norma abstrata ao caso concreto. Nesse
O atributo de presunção de legitimidade confere maior cele- momento, seus destinatários são individualizados, pois a norma é
ridade à atuação administrativa, já que depois da prática do ato, geral restringindo seu âmbito de atuação.
estará apto a produzir efeitos automaticamente, como se fosse vá- Gerais: são os atos que têm por destinatário final uma catego-
lido, até que se declare sua ilegalidade por decisão administrativa ria de sujeitos não especificados. Os atos gerais tem a finalidade
ou judicial. de normatizar suas relações e regulam uma situação jurídica que
abrange um número indeterminado de pessoas, portanto abrange
b) Imperatividade: É a prerrogativa que os atos administrativos todas as pessoas que se encontram na mesma situação, por tratar-
possuem de gerar unilateralmente obrigações aos administrados, -se de imposição geral e abstrata para determinada relação.
independente da concordância destes. É o atributo que a Adminis-
tração possui para impor determinado comportamento a terceiros. Quanto à posição jurídica da Administração:
c) Exigibilidade ou Coercibilidade: É a prerrogativa que pos- Atos de império: Atos onde o poder público age de forma impe-
suem os atos administrativos de serem exigidos quanto ao seu cum- rativa sobre os administrados, impondo-lhes obrigações. São atos
primento sob ameaça de sanção. A imperatividade e a exigibilidade, praticados sob as prerrogativas de autoridade estatal. Ex. Interdição
em regra, nascem no mesmo momento. de estabelecimento comercial.
Caso não seja cumprida a obrigação imposta pelo administrati- Atos de gestão: são aqueles realizados pelo poder público, sem
vo, o poder público, se valerá dos meios indiretos de coação, reali- as prerrogativas do Estado (ausente o poder de comando estatal),
zando, de modo indireto o ato desrespeitado. sendo que a Administração irá atuar em situação de igualdade com
o particular. Nesses casos, a atividade será regulada pelo direito pri-
d) Autoexecutoriedade: É o poder de serem executados mate- vado, de modo que o Estado não irá se valer das prerrogativas que
rialmente pela própria administração, independentemente de re- tenham relação com a supremacia do interesse público.
curso ao Poder Judiciário. Exemplo: a alienação de um imóvel público inservível ou alu-
guel de imóvel para instalar uma Secretaria Municipal.
385
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Quanto à natureza das situações jurídicas que o ato cria: Anulável: É o ato que contém defeitos, porém, que podem ser
Atos-regra: Criam situações gerais, abstratas e impessoais.Tra- sanados, convalidados. Ressalte-se que, se mantido o defeito, o
çam regras gerais (regulamentos). ato será nulo; se corrigido, poderá ser “salvo” e passar a ser válido.
Atos subjetivos: Referem-se a situações concretas, de sujeito Atente-se que nem todos os defeitos são sanáveis, mas sim aqueles
determinado. Criam situações particulares e geram efeitos indivi- expressamente previstos em lei.
duais. Inexistente: É aquele que apenas aparenta ser um ato admi-
Atos-condição: Somente surte efeitos caso determinada condi- nistrativo, mas falta a manifestação de vontade da Administração
ção se cumpra. Pública. São produzidos por alguém que se faz passar por agente
público, sem sê-lo, ou que contém um objeto juridicamente impos-
Quanto ao grau de liberdade da Administração para a prática sível.
do ato:
Atos vinculados: Possui todos seus elementos determinados Quanto à exequibilidade:
em lei, não existindo possibilidade de apreciação por parte do ad- Perfeito: É aquele que completou seu processo de formação,
ministrador quanto à oportunidade ou à conveniência. Cabe ao ad- estando apto a produzir seus efeitos. Perfeição não se confunde
ministrador apenas a verificação da existência de todos os elemen- com validade. Esta é a adequação do ato à lei; a perfeição refere-se
tos expressos em lei para a prática do ato. às etapas de sua formação.
Atos discricionários: O administrador pode decidir sobre o mo- Imperfeito: Não completou seu processo de formação, portan-
tivo e sobre o objeto do ato, devendo pautar suas escolhas de acor- to, não está apto a produzir seus efeitos, faltando, por exemplo, a
do com as razões de oportunidade e conveniência. A discricionarie- homologação, publicação, ou outro requisito apontado pela lei.
dade é sempre concedida por lei e deve sempre estar em acordo Pendente: Para produzir seus efeitos, sujeita-se a condição ou
com o princípio da finalidade pública. O poder judiciário não pode termo, mas já completou seu ciclo de formação, estando apenas
avaliar as razões de conveniência e oportunidade (mérito), apenas a aguardando o implemento desse acessório, por isso não se confun-
legalidade, os motivos e o conteúdo ou objeto do ato. de com o imperfeito. Condição é evento futuro e incerto, como o
casamento. Termo é evento futuro e certo, como uma data espe-
Quanto aos efeitos: cífica.
Constitutivo: Gera uma nova situação jurídica aos destinatá- Consumado: É o ato que já produziu todos os seus efeitos, nada
rios. Pode ser outorgado um novo direito, como permissão de uso mais havendo para realizar. Exemplifique-se com a exoneração ou a
de bem público, ou impondo uma obrigação, como cumprir um pe- concessão de licença para doar sangue.
ríodo de suspensão.
ESPÉCIES
Declaratório: Simplesmente afirma ou declara uma situação já a) Atos normativos: São aqueles que contém um comando ge-
existente, seja de fato ou de direito. Não cria, transfere ou extingue ral do Executivo visando o cumprimento de uma lei. Podem apre-
a situação existente, apenas a reconhece. sentar-se com a característica de generalidade e abstração (decreto
Modificativo: Altera a situação já existente, sem que seja extin- geral que regulamenta uma lei), ou individualidade e concreção
ta, não retirando direitos ou obrigações. A alteração do horário de (decreto de nomeação de um servidor).
atendimento da repartição é exemplo desse tipo de ato. Os atos normativos se subdividem em:
Extintivo: Pode também ser chamado desconstitutivo, é o ato - Regulamentos: São atos normativos posteriores aos decretos,
que põe termo a um direito ou dever existente. Cite-se a demissão que visam especificar as disposições de lei, assim como seus man-
do servidor público. damentos legais. As leis que não forem executáveis, dependem de
regulamentos, que não contrariem a lei originária. Já as leis auto-
Quanto à situação de terceiros: -executáveis independem de regulamentos para produzir efeitos.
Internos: Destinados a produzir seus efeitos no âmbito interno 1. Regulamentos executivos: são os editados para a fiel execu-
da Administração Pública, não atingindo terceiros, como as circula- ção da lei, é um ato administrativo que não tem o foto de inovar o
res e pareceres. ordenamento jurídico, sendo praticado para complementar o texto
Externos: Destinados a produzir efeitos sobre terceiros, e, por- legal. Os regulamentos executivos são atos normativos que comple-
tanto, necessitam de publicidade para que produzam adequada- mentam os dispositivos legais, sem que ivovem a ordem jurídica,
mente seus efeitos. com a criação de direitos e obrigações.
2. Regulamentos autônomos: agem em substituição a lei e vi-
Quanto à validade do ato: sam inovar o ordenamento jurídico, determinando normas sobre
Válido: É o que atende a todos os requisitos legais: competên- matérias não disciplinadas em previsão legislativa. Assim, podem
cia, finalidade, forma, motivo e objeto. Pode estar perfeito, pronto ser considerados atos expedidos como substitutos da lei e não fa-
para produzir seus efeitos ou estar pendente de evento futuro. cilitadores de sua aplicação, já que são editados sem contemplar
Nulo: É o que nasce com vício insanável, ou seja, um defeito qualquer previsão anterior.
que não pode ser corrigido. Não produz qualquer efeito entre as
partes. No entanto, em face dos atributos dos atos administrativos, Nosso ordenamento diverge acercada da possibilidade ou não
ele deve ser observado até que haja decisão, seja administrativa, de serem expedidos regulamentos autônomos, em decorrência do
seja judicial, declarando sua nulidade, que terá efeito retroativo, ex princípio da legalidade.
tunc, entre as partes. Por outro lado, deverão ser respeitados os - Instruções normativas – Possuem previsão expressa na Cons-
direitos de terceiros de boa-fé que tenham sido atingidos pelo ato tituição Federal, em seu artigo 87, inciso II. São atos administrativos
nulo. privativos dos Ministros de Estado.
386
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Regimentos – São atos administrativos internos que emanam - Renúncia - ato administrativo em que o poder Público extin-
do poder hierárquico do Executivo ou da capacidade de auto-orga- gue de forma unilateral um direito próprio, liberando definitiva-
nização interna das corporações legislativas e judiciárias. Desta ma- mente a pessoa obrigada perante a Administração Pública.
neira, se destinam à disciplina dos sujeitos do órgão que o expediu.
- Resoluções – São atos administrativos inferiores aos regimen- d) Atos enunciativos: São todos aqueles em que a Administra-
tos e regulamentos, expedidos pelas autoridades do executivo. ção se limita a certificar ou a atestar um fato, ou emitir uma opinião
- Deliberações – São atos normativos ou decisórios que ema- sobre determinado assunto, constantes de registros, processos e
nam de órgãos colegiados provenientes de acordo com os regula- arquivos públicos, sendo sempre, por isso, vinculados quanto ao
mentos e regimentos das organizações coletivas. Geram direitos motivo e ao conteúdo.
para seus beneficiários, sendo via de regra, vinculadas para a Ad- - Atestado - são atos pelos quais a Administração Pública com-
ministração. prova um fato ou uma situação de que tenha conhecimento por
meio dos órgãos competentes;
b) Atos ordinatórios: São os que visam a disciplinar o funcio- - Certidão – tratam-se de cópias ou fotocópias fiéis e autentica-
namento da Administração e a conduta funcional de seus agentes. das de atos ou fatos existentes em processos, livros ou documentos
Emanam do poder hierárquico, isto é, podem ser expedidos por que estejam na repartição pública;
chefes de serviços aos seus subordinados. Logo, não obrigam aos - Pareceres - são manifestações de órgãos técnicos referentes a
particulares. assuntos submetidos à sua consideração.
São eles:
- Instruções – orientação do subalterno pelo superior hierár- e) Atos punitivos: São aqueles que contêm uma sanção imposta
quico em desempenhar determinada função; pela lei e aplicada pela Administração, visando punir as infrações
- Circulares – ordem uniforme e escrita expedida para determi- administrativas ou condutas irregulares de servidores ou de parti-
nados funcionários ou agentes; culares perante a Administração.
- Avisos – atos de titularidade de Ministros em relação ao Mi- Esses atos são aplicados para aqueles que desrespeitam as dispo-
nistério; sições legais, regulamentares ou ordinatórias dos bens ou serviços.
- Portarias – atos emanados pelos chefes de órgãos públicos Quanto à sua atuação os atos punitivos podem ser de atuação
aos seus subalternos que determinam a realização de atos especiais externa e interna. Quando for interna, compete à Administração
ou gerais; punir disciplinarmente seus servidores e corrigir os serviços que
- Ordens de serviço – determinações especiais dirigidas aos res- contenham defeitos, por meio de sanções previstas nos estatutos,
ponsáveis por obras ou serviços públicos; fazendo com que se respeite as normas administrativas.
- Provimentos – atos administrativos intermos, com determina-
ções e instruções em que a Corregedoria ou os Tribunais expedem EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO.
para regularização ou uniformização dos serviços; Os atos administrativos são produzidos e editados com a fina-
- Ofícios – comunicações oficiais que são feitas pela Adminis- lidade de produzir efeitos jurídicos. Cumprida a finalidade a qual
tração a terceiros; fundamenta a edição do ato o mesmo deve ser extinto.
- Despachos administrativos – são decisões tomadas pela auto- Outras vezes, fatos ou atos posteriores interferem diretamente
ridade executiva (ou legislativa e judiciária, quando no exercício da no ato e geram sua suspensão ou elimina definitivamente seus efei-
função administrativa) em requerimentos e processos administrati- tos, causando sua extinção.
vos sujeitos à sua administração. Ademais, diversas são as causas que determinam a extinção
dos atos adminsitrativos ou de seus efeitos, vejamos:
c) Atos negociais: São todos aqueles que contêm uma declara-
ção de vontade da Administração apta a concretizar determinado Cassação: Ocorre a extinção do ato administrativo quando o
negócio jurídico ou a deferir certa faculdade ao particular, nas con- administrado deixa de preencher condição necessária para perma-
dições impostas ou consentidas pelo Poder Público. nência da vantagem, ou seja, o beneficiário descumpre condição
- Licença – ato definitivo e vinculado (não precário) em que a indispensável para manutenção do ato administrativo.
Administração concede ao Administrado a faculdade de realizar de- Anulação ou invalidação (desfazimento): É a retirada, o desfazi-
terminada atividade. mento do ato administrativo em decorrência de sua invalidade, ou
- Autorização – ato discricionário e precário em que a Adminis- seja, é a extinção de um ato ilegal, determinada pela Administração
tração confere ao administrado a faculdade de exercer determinada ou pelo judiciário, com eficácia retroativa – ex tunc.
atividade. A anulação pode acontecer por via judicial ou por via admi-
- Permissão - ato discricionário e precário em que a Administra- nistrativa. Ocorrerá por via judicial quando alguém solicita ao Ju-
ção confere ao administrado a faculdade de promover certa ativida- diciário a anulação do ato. Ocorrerá por via administrativa quando
de nas situações determinadas por ela; a própria Administração expede um ato anulando o antecedente,
- Aprovação - análise pela própria administração de atividades utilizando-se do princípio da autotutela, ou seja, a Administração
prestadas por seus órgãos; tem o poder de rever seus atos sempre que eles forem ilegais ou
- Visto - é a declaração de legitimidade de deerminado ato pra- inconvenientes. Quando a anulação é feita por via administrativa,
ticado pela própria Administração como maneira de exequibilidade; pode ser realizada de ofício ou por provocação de terceiros.
- Homologação - análise da conveniência e legalidade de ato De acordo com entendimento consolidado pelo Supremo Tri-
praticado pelos seus órgãos como meio de lhe dar eficácia; bunal Federal, a anulação de um ato não pode prejudicar terceiro
- Dispensa - ato administrativo que exime o particular do cum- de boa-fé.
primento de certa obrigação até então conferida por lei.
387
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Vejamos o que consta nas Súmulas 346 e 473 do STF: DECADÊNCIA ADMINISTRATIVA
- SÚMULA 346: A administração pública pode declarar a nulida- A decadência (art. 207 do Código Civil), incide sobre direitos
de dos seus próprios atos. potestativos, que “são poderes que a lei confere a determinadas
- SÚMULA 473: A administração pode anular seus próprios pessoas de influírem, com uma declaração de vontade, sobre si-
atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles tuações jurídicas de outras, sem o concurso da vontade destas”,
não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou seja, quando a lei ou a vontade fixam determinado prazo para
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, serem exercidos e se não o forem, extingue-se o próprio direito ma-
em todos os casos, a apreciação judicial. terial.
O instituto da decadência tem a finalidade de garantir a segu-
Revogação: É a retirada do ato administrativo em decorrência rança jurídica. A decadência que decorre de prazo legal é de ordem
da sua inconveniência ou inoportunidade em face dos interesses pública, não podendo ser renunciada. Entretanto, se o prazo deca-
públicos. Somente se revoga ato válido que foi praticado de acordo dencial for ajustado, por declaração unilateral de vontade ou por
com a lei. A revogação somente poderá ser feita por via adminis- convenção entre as partes, pode ser renunciado, que correspon-
trativa. derá a uma revogação da condição para o exercício de um direito
Quando se revoga um ato, diz-se que a Administração perdeu dentro de determinado tempo.
o interesse na manutenção deste, ainda que não exista vício que o Para Hely Lopes Meirelles mais adequado seria considerar-se
tome. Trata-se de ato discricionário, referente ao mérito adminis- como de decadência administrativa os prazos estabelecidos por
trativo, por set um ato legal, todos os atos já foram produzidos de diversas leis, para delimitar no tempo as atividades da Adminis-
forma lícita, de modo que a revogação não irá retroagir, contudo tração. E isso porque a prescrição, como instituto jurídico, pressu-
mantem-se os efeitos já produzidos (ex nunc). põe a existência de uma ação judicial apta à defesa de um direito.
Não há limite temporal para a revogação de atos administrati- Contudo, a legislação, ao estabelecer os prazos dentro dos quais o
vos, não se configurando a decadência, no prazo quinquenal, tendo administrado pode interpor recursos administrativos ou pode a Ad-
em vista o entendimento que o interesse público pode ser alterado ministração manifestar-se, seja pela prática de atos sobre a conduta
a qualquer tempo. de seus servidores, sobre obrigações fiscais dos contribuintes, ou
Não existe efeito repristinatório, ou seja, a retirada do ato, por outras obrigações com os administrados, refere-se a esses prazos
razões de conveniência e oportunidade. denominando-os de prescricionais.
Em suma, decadência administrativa ocorre com o transcurso do
Convalidação ou Sanatória: É o ato administrativo que, com prazo, impedindo a prática de um ato pela própria Administração.
efeitos retroativos, sana vício de ato antecedente, de modo a torná-
-lo válido desde o seu nascimento, ou seja, é um ato posterior que
sana um vício de um ato anterior, transformando-o em válido desde SERVIÇOS PÚBLICOS: CONCEITO; CLASSIFICAÇÃO;
o momento em que foi praticado. Alguns autores, ao se referir à REQUISITOS; CONCESSÃO; PERMISSÃO
convalidação, utilizam a expressão sanatória.
O ato convalidatório tem natureza vinculada (corrente majori- CONCEITO
tária), constitutiva, secundária, e eficácia ex tunc. Serviços públicos são aqueles serviços prestados pela Adminis-
Há alguns autores que não aceitam a convalidação dos atos, tração, ou por quem lhe faça às vezes, mediante regras previamente
sustentando que os atos administrativos somente podem ser nu- estipuladas por ela para a preservação do interesse público.
los. Os únicos atos que se ajustariam à convalidação seriam os atos A titularidade da prestação de um serviço público sempre será
anuláveis. da Administração Pública, somente podendo ser transferido a um
Existem três formas de convalidação: particular a prestação do serviço público. As regras serão sempre
a) Ratificação: É a convalidação feita pela própria autoridade fixadas unilateralmente pela Administração, independentemente
que praticou o ato; de quem esteja executando o serviço público. Qualquer contrato
b) Confirmação: É a convalidação feita por autoridade superior administrativo aos olhos do particular é contrato de adesão.
àquela que praticou o ato; Para distinguir quais serviços são públicos e quais não, deve-se
c) Saneamento: É a convalidação feita por ato de terceiro, ou utilizar as regras de competência dispostas na Constituição Federal.
seja, não é feita nem por quem praticou o ato nem por autoridade Quando não houver definição constitucional a respeito, deve-se ob-
superior. servar as regras que incidem sobre aqueles serviços, bem como o
regime jurídico ao qual a atividade se submete. Sendo regras de di-
Verificado que um determinado ato é anulável, a convalidação reito público, será serviço público; sendo regras de direito privado,
será discricionária, ou seja, a Administração convalidará ou não o será serviço privado.
ato de acordo com a conveniência. Alguns autores, tendo por base O fato de o Ente Federado ser o titular dos serviços não signifi-
o princípio da estabilidade das relações jurídicas, entendem que a ca que deva obrigatoriamente prestá-los por si. Assim, tanto poderá
convalidação deverá ser obrigatória, visto que, se houver como sa- prestá-los por si mesmo, como poderá promover-lhes a prestação,
nar o vício de um ato, ele deverá ser sanado. É possível, entretanto, conferindo à entidades estranhas ao seu aparelho administrativo,
que existam obstáculos ao dever de convalidar, não havendo outra titulação para que os prestem, segundo os termos e condições fixa-
alternativa senão anular o ato. das, e, ainda, enquanto o interesse público aconselhar tal solução.
Dessa forma, esses serviços podem ser delegados a outras entida-
des públicas ou privadas, na forma de concessão, permissão ou au-
torização.
388
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assim, em sentido amplo, pode-se dizer que serviço público é Regulamentação e controle
a atividade ou organização abrangendo todas as funções do Estado; A regulamentação e o controle competem ao serviço público,
já em sentido estrito, são as atividades exercidas pela administra- independente da forma de prestação de serviço público ao usuário.
ção pública. Caso o serviço não esteja sendo prestado de forma correta, o
Poder Público poderá intervir e retirar a prestação do terceiro que
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS se responsabilizou pelo serviço. Deverá ainda exigir eficiência para
Os serviços públicos possuem quatro caracteres jurídicos funda- o cumprimento do contrato.
mentais que configuram seus elementos constitutivos, quais sejam: Como a Administração goza de poder discricionário, poderão
- Generalidade: o serviço público deve ser prestado a todos, ou ter as cláusulas contratuais modificadas ou a delegação do serviço
seja à coletividade. público revogada, atendendo ao interesse público.
- Uniformidade: exige a igualdade entre os usuários do serviço O caráter do serviço público não é a produção de lucros, mas
público, assim todos eles devem ser tratados uniformemente. sim servir ao público donde nasce o direito indeclinável da Adminis-
- Continuidade: não se pode suspender ou interromper a pres- tração de regulamentar, fiscalizar, intervir, se não estiver realizando
tação do serviço público. a sua obrigação.
- Regularidade: todos os serviços devem obedecer às normas
técnicas. Características jurídicas:
- Modicidade: o serviço deve ser prestado da maneira mais ba- As características do serviço público envolvem alguns elemen-
rata possível, de acordo com a tarifa mínima. Deve-se considerar a tos, tais quais: elemento subjetivo, elemento formal e elemento
capacidade econômica do usuário com as exigências do mercado, material.
evitando que o usuário deixe de utilizá-lo por motivos de ausência - Elemento Subjetivo – o serviço público compete ao Estado
de condições financeiras. que poderá delegar determinados serviços públicos, através de lei
- Eficiência: para que o Estado preste seus serviços de maneira e regime de concessão ou permissão por meio de licitação. O Es-
eficiente é necessário que o Poder Público atualize-se com novos tado é responsável pela escolha dos serviços que em determinada
processos tecnológicos, devendo a execução ser mais proveitosa ocasião serão conhecidos como serviços públicos. Exemplo: energia
com o menos dispêndio. elétrica; navegação aérea e infraestrutura portuária; transporte fer-
roviário e marítimo entre portos brasileiros e fronteiras nacionais;
Em caso de descumprimento de um dos elementos supra men- transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;
cionado, o usuário do serviço tem o direito de recorrer ao Judiciário portos fluviais e lacustres; serviços oficiais de estatística, geografia
e exigir a correta prestação. e geologia
- Elemento Material – o serviço público deve corresponder a
REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE uma atividade de interesse público.
- Elemento Formal – a partir do momento em que os particula-
A regulação de serviços públicos res prestam serviço com o Poder Público, estamos diante do regime
Pode ser definida como sendo a atividade administrativa de- jurídico híbrido, podendo prevalecer o Direito Público ou o Direito
sempenhada por pessoa jurídica de direito público que consiste no Privado, dependendo do que dispuser a lei. Para ambos os casos, a
disciplinamento, na regulamentação, na fiscalização e no controle responsabilidade é objetiva. (os danos causados pelos seus agentes
do serviço prestado por outro ente da Administração Pública ou serão indenizados pelo Estado)
por concessionário ou permissionário do serviço público, à luz de
poderes que lhe tenham sido, por lei, atribuídos para a busca da FORMAS DE PRESTAÇÃO E MEIOS DE EXECUÇÃO
adequação daquele serviço, do respeito às regras fixadoras da po-
lítica tarifária, da harmonização, do equilíbrio e da composição dos Titularidade
interesses de todos os envolvidos na prestação deste serviço, assim A titularidade da prestação de um serviço público sempre será
como da aplicação de penalidades pela inobservância das regras da Administração Pública, somente podendo ser transferido a um
condutoras da sua execução. particular a execução do serviço público.
A regulação do serviço público pode ocorrer sobre serviços As regras serão sempre fixadas de forma unilateral pela Admi-
executados de forma direta, outorgados a entes da administração nistração, independentemente de quem esteja executando o servi-
indireta ou para serviços objeto de delegação por concessão, per- ço público.
missão ou autorização. Em qualquer um desses casos, a atividade Para distinguir quais serviços são públicos e quais não, deve-se
regulatória é diversa e independente da prestação dos serviços. utilizar as regras de competência dispostas na Constituição Federal.
Desta forma é necessário que o órgão executor do serviço seja di- Quando não houver definição constitucional a respeito, de-
verso do órgão regulador, do contrário, haverá uma tendência na- ve-se observar as regras que incidem sobre aqueles serviços, bem
tural a que a atividade de regulação seja deixada de lado, em detri- como o regime jurídico ao qual a atividade se submete. Sendo re-
mento da execução, ou que aquela seja executada sem a isenção, gras de direito público, será serviço público; sendo regras de direito
indispensável a sua adequada realização. privado, será serviço privado.
Desta forma, os instrumentos normativos de delegação de ser-
viços públicos, como concessão e permissão, transferem apenas a
prestação temporária do serviço, mas nunca delegam a titularidade
do serviço público.
389
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assim, em sentido amplo, pode-se dizer que serviço público é § 3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir
a atividade ou organização abrangendo todas as funções do Estado; regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
já em sentido estrito, são as atividades exercidas pela administra- constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para inte-
ção pública. grar a organização, o planejamento e a execução de funções públi-
Portanto, a execução de serviços públicos poderá ser realizada cas de interesse comum.
pela administração direta, indireta ou por particulares. Oportuno
lembrar que a administração direta é composta por órgãos, que não Ao Distrito Federal:
têm personalidade jurídica, que não podem estar, em regra, em juí- Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios,
zo para propor ou sofrer medidas judiciais. reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício
A administração indireta é composta por pessoas, surgindo mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legisla-
como exemplos: autarquias, fundações, empresas públicas, socie- tiva, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
dades de economia mista. Constituição.
Por outro lado, o serviço público também pode ser executado § 1º - Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legis-
por particulares, por meio de concessão, permissão, autorização. lativas reservadas aos Estados e Municípios.
[...]
Competência
São de competência exclusiva do Estado, não podendo delegar O artigo 30 da Constituição Federal, traz os serviços de compe-
a prestação à iniciativa privada: os serviços postais e correio aéreo tência dos municípios, destacando-se o disposto no inciso V
nacional.
Art. 21, CF Compete à União: Art. 30. Compete aos Municípios:
() I - legislar sobre assuntos de interesse local;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem
Além desses casos, veja estes incisos ainda trazidos no mesmo como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres-
artigo constitucional: tar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
Art. 21, CF Compete à União: IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação
() estadual;
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces-
ou permissão: são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (Re- de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
dação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:) VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveita- do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamen-
mento energético dos cursos de água, em articulação com os Esta- tal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
dos onde se situam os potenciais hidroenergéticos; VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeropor- do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
tuária; VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento terri-
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre por- torial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento
tos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limi- e da ocupação do solo urbano;
tes de Estado ou Território; IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local,
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e interna- observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
cional de passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; Formas de prestação do serviço público
a). Prestação Direta: É a prestação do serviço pela Administra-
Titularidade não-exclusiva do Estado: os particulares podem ção Pública Direta, que pode se realizar de duas maneiras:
prestar, independentemente de concessão, são os serviços sociais. - pessoalmente pelo Estado: quando for realizada por órgãos
Ex: serviços de saúde, educação, assistência social. públicos da administração direta.
- com auxílio de particulares: quando for realizada licitação,
De acordo com nossa Lei maior compete aos Estados e ao Dis- celebrando contrato de prestação de serviços. Apesar de feita por
trito Federal: particulares, age sempre em nome do Estado, motivo pelo qual a
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constitui- reparação de eventual dano é de responsabilidade do Estado.
ções e leis que adotarem, observados os princípios desta Consti-
tuição. b) Prestação Indireta por outorga: nesse caso a prestação de
§ 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes serviços públicos pode ser realizada por pessoa jurídica especializa-
sejam vedadas por esta Constituição. da criada pelo Estado, se houver lei específica. Este tipo de presta-
§ 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante ção é feita pela Administração Pública Indireta, ou seja, pelas autar-
concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, quias, fundações públicas, associações públicas, empresas públicas
vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. e sociedades de economia mista. A responsabilidade pela reparação
de danos decorrentes da prestação de serviços, neste caso, é objeti-
va e do próprio prestador do serviço, mas o Estado (Administração
390
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Direta) tem responsabilidade subsidiária, caso a Administração In- cela do serviço público concedido a outra empresa ou consórcio
direta não consiga suprir a reparação do dano. A remuneração paga de empresas. É o contrato firmado por interesse da concessionária
pelo usuário tem natureza de taxa. para a execução parcial do objeto do serviço concedido.
c) Prestação Indireta por delegação: é realizada por conces- Extinção da concessão de serviço público e reversão dos bens
sionários e permissionários, após regular licitação. Se a delegação São formas de extinção do contrato de concessão:
tiver previsão em lei específica, é chamada de concessão de servi- - Advento do termo contratual (art. 35, I da Lei 8987/95).
ço público e se depender de autorização legislativa, é chamada de - Encampação (art. 35, II da Lei 8987/95).
permissão de serviço público. - Caducidade (art. 35, III da Lei 8987/95).
A prestação indireta por delegação só pode ocorrer nos cha- - Rescisão (art. 35, IV da Lei 8987/95).
mados serviços públicos uti singuli e a responsabilidade por danos - Anulação (art. 35, V da Lei 8987/95).
causados é objetiva e direta das concessionárias e permissionárias, - Falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento
podendo o Estado responder apenas subsidiariamente. A natureza ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual (art. 35,
da remuneração para pelo usuário é de tarifa ou preço público. VI da Lei 8987/95).
Importante lembrar, que o poder de fiscalização da prestação
de serviços públicos é sempre do Poder Concedente. Assunção (reassunção): é a retomada do serviço público pelo
poder concedente assim que extinta a concessão.
DELEGAÇÃO Nos termos do que estabelece o artigo 35 §2º da Lei 8.987/75:
As formas de delegação por concessões de serviços públicos e “Art. 35, § 2º - Extinta a concessão, haverá a imediata assunção
de obras públicas e as permissões de serviços públicos reger-se-ão do serviço pelo poder concedente, procedendo-se aos levantamen-
pelos termos do art. 175 da Constituição Federal, pela lei 8.987/95, tos, avaliações e liquidações necessários).
pelas normas legais pertinentes e pelas cláusulas dos indispensá-
veis contratos. Reversão: é o retorno de bens reversíveis (previstos no edital e
Vamos conferir a redação do artigo 175 da Constituição Fede- no contrato) usados durante a concessão.
ral: Nos termos do que estabelece o artigo 35 §1º da Lei 8.987/75:
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, direta- “Art. 35, § 1º - Extinta a concessão, retornam ao poder conce-
mente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através dente todos os bens reversíveis, direitos e privilégios transferidos
de licitação, a prestação de serviços públicos. ao concessionário conforme previsto no edital e estabelecido no
Parágrafo único. A lei disporá sobre: contrato”.
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias a) Advento do termo contratual: É uma forma de extinção dos
de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua contratos de concessão por força do término do prazo inicial previs-
prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e to. Esta é a única forma de extinção natural.
rescisão da concessão ou permissão; b) Encampação: É uma forma de extinção dos contratos de con-
II - os direitos dos usuários; cessão, mediante autorização de lei específica, durante sua vigên-
III - política tarifária; cia, por razões de interesse público. Tem fundamento na suprema-
IV - a obrigação de manter serviço adequado. cia do interesse público sobre o particular.
O poder concedente tem a titularidade para promovê-la e o
Note-se que o dispositivo não faz referência à autorização de fará de forma unilateral, pois um dos atributos do ato administra-
serviço público, talvez porque os chamados serviços públicos auto- tivo é a autoexecutoriedade. - O concessionário terá direito à inde-
rizados não sejam prestados a terceiros, mas aos próprios particu- nização.
lares beneficiários da autorização; são chamados serviços públicos,
porque atribuídos à titularidade exclusiva do Estado, que pode, dis- Nos termos do que estabelece o artigo 37 da Lei 8.987/75:
cricionariamente, atribuir a sua execução ao particular que queira “Art. 37 - Considera-se encampação a retomada do serviço pelo
prestá-lo, não para atender à coletividade, mas às suas próprias ne- poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de in-
cessidades. teresse público, mediante lei autorizativa específica e após prévio
pagamento da indenização na forma do artigo anterior”
Concessão de serviço público:
É a delegação da prestação do serviço público feita pelo poder c) Caducidade: É uma forma de extinção dos contratos de con-
concedente, mediante licitação na modalidade concorrência, à pes- cessão durante sua vigência, por descumprimento de obrigações
soa jurídica ou consórcio de empresas que demonstrem capacidade contratuais pelo concessionário.
de desempenho por sua conta e risco, com prazo determinado. O poder concedente tem a titularidade para promovê-la e o
Essa capacidade de desempenho é averiguada na fase de habi- fará de forma unilateral, sem a necessidade de ir ao Poder Judiciá-
litação da licitação. Qualquer prejuízo causado a terceiros, no caso rio.
de concessão, será de responsabilidade do concessionário – que O concessionário não terá direito a indenização, pois cometeu
responde de forma objetiva (art. 37, § 6.º, da Constituição Federal) uma irregularidade, mas tem direito a um procedimento adminis-
tendo em vista a atividade estatal desenvolvida, respondendo a Ad- trativo no qual será garantido contraditório e ampla defesa.
ministração Direta subsidiariamente.
É admitida a subconcessão, nos termos previstos no contrato
de concessão, desde que expressamente autorizada pelo poder
concedente. A subconcessão corresponde à transferência de par-
391
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Nos termos do que estabelece o artigo 38 da Lei 8.987/75: Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste artigo, os
Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, serviços prestados pela concessionária não poderão ser interrom-
a critério do poder concedente, a declaração de caducidade da pidos ou paralisados, até a decisão judicial transitada em julgado.
concessão ou a aplicação das sanções contratuais, respeitadas as
disposições deste artigo, do art. 27, e as normas convencionadas O artigo 78 da Lei 8.666/93 traz motivos que levam à rescisão
entre as partes. do contrato, tais como:
§ 1o A caducidade da concessão poderá ser declarada pelo po- XV- Atraso superior a 90 dias do pagamento devido pela Ad-
der concedente quando: ministração, decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou
I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de cala-
deficiente, tendo por base as normas, critérios, indicadores e parâ- midade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, as-
metros definidores da qualidade do serviço; segurado ao contratado o direito de optar pela suspensão do cum-
II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou dispo- primento de suas obrigações até que seja normalizada a situação;
sições legais ou regulamentares concernentes à concessão; XIV- Suspensão da execução do serviço público pela Adminis-
III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tan- tração Pública por prazo superior a 120 dias, sem a concordância do
to, ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito ou força concessionário, salvo em caso de calamidade pública, grave pertur-
maior; bação da ordem interna ou guerra.
IV - a concessionária perder as condições econômicas, técni-
cas ou operacionais para manter a adequada prestação do serviço O artigo 79 da Lei 8.666/93 prevê três formas de rescisão dos
concedido; contratos administrativo, sendo elas:
V - a concessionária não cumprir as penalidades impostas por 1. Rescisão por ato unilateral da Administração;
infrações, nos devidos prazos; 2. Rescisão amigável,
VI - a concessionária não atender a intimação do poder conce- 3. Rescisão judicial.
dente no sentido de regularizar a prestação do serviço; e
VII - a concessionária não atender a intimação do poder conce- Entretanto, na lei de concessão é diferente, existindo apenas
dente para, em 180 (cento e oitenta) dias, apresentar a documenta- uma forma de rescisão do contrato, ou seja, aquela promovida pelo
ção relativa a regularidade fiscal, no curso da concessão, na forma concessionário no caso de descumprimento das obrigações pelo
do art. 29 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. poder concedente.
§ 2o A declaração da caducidade da concessão deverá ser pre- e) Anulação: É uma forma de extinção os contratos de conces-
cedida da verificação da inadimplência da concessionária em pro- são, durante sua vigência, por razões de ilegalidade.
cesso administrativo, assegurado o direito de ampla defesa. Tanto o Poder Público com o particular podem promover esta
§ 3o Não será instaurado processo administrativo de inadim- espécie de extinção da concessão, diferenciando-se apenas quanto
plência antes de comunicados à concessionária, detalhadamente, à forma de promovê-la. Assim, o Poder Público pode fazê-lo unilate-
os descumprimentos contratuais referidos no § 1º deste artigo, ralmente e o particular tem que buscar o poder Judiciário.
dando-lhe um prazo para corrigir as falhas e transgressões aponta- A administração pode anular seus próprios atos, quando eiva-
das e para o enquadramento, nos termos contratuais. dos de vícios que os tornem ilegais, porque deles não originam di-
§ 4o Instaurado o processo administrativo e comprovada a ina- reitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
dimplência, a caducidade será declarada por decreto do poder con- respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos,
cedente, independentemente de indenização prévia, calculada no a apreciação judicial, é o que dispõe a Súmula do STF nº 473.
decurso do processo.
§ 5o A indenização de que trata o parágrafo anterior, será devi- f) Falência ou extinção da empresa concessionária e falecimen-
da na forma do art. 36 desta Lei e do contrato, descontado o valor to ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual:
das multas contratuais e dos danos causados pela concessionária. - Falência: É uma forma de extinção dos contratos de conces-
§ 6o Declarada a caducidade, não resultará para o poder con- são, durante sua vigência, por falta de condições financeiras do
cedente qualquer espécie de responsabilidade em relação aos en- concessionário. - Tanto o Poder Público com o particular podem
cargos, ônus, obrigações ou compromissos com terceiros ou com promover esta espécie de extinção da concessão.
empregados da concessionária. - Incapacidade do titular, no caso de empresa individual: É uma
forma de extinção dos contratos de concessão, durante sua vigên-
d) Rescisão é uma forma de extinção dos contratos de conces- cia, por falta de condições financeiras ou jurídicas por parte do con-
são, durante sua vigência, por descumprimento de obrigações pelo cessionário.
poder concedente.
O concessionário tem a titularidade para promovê-la, mas pre- Permissão de Serviço Público:
cisa ir ao Poder Judiciário. Nesta hipótese, os serviços prestados É a delegação a título precário, mediante licitação feita pelo po-
pela concessionária não poderão ser interrompidos ou paralisados der concedente à pessoa física ou jurídica que demonstrem capaci-
até decisão judicial transitada em julgado dade de desempenho por sua conta e risco.
Nos termos do que estabelece o artigo 39 da Lei 8.987/75:
“Art. 39 - O contrato de concessão poderá ser rescindido por A Lei n. 8.987/95 é contraditória quando se refere à natureza
iniciativa da concessionária, no caso de descumprimento das nor- jurídica da permissão, pois muito embora afirma que seja “precá-
mas contratuais pelo poder concedente, mediante ação judicial es- ria”, mas exige que seja precedida de “licitação”, o que pressupõe
pecialmente intentada para esse fim” um contrato e um contrato de natureza não precária.
392
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Em razão disso, diverge a doutrina administrativa majoritária b) Serviços administrativos e de utilidade pública:
entende que concessão é uma espécie de contrato administrativo O chamado serviço de utilidade pública é o elenco de serviços
destinado a transferir a execução de um serviço público para tercei- prestados à população ou postos à sua disposição, pelo Estado e
ros enquanto permissão é ato administrativo unilateral e precário. seus agentes, basicamente de infraestrutura e de uso geral, como
Nada obstante, a Constituição Federal iguala os institutos correios e telecomunicações, fornecimento de energia, dentre ou-
quando a eles se refere tros.
Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar con- Ex: imprensa oficial
cessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão so-
nora e de sons e imagens, observado o princípio da complementa- c) Serviços coletivos e singulares:
ridade dos sistemas privado, público e estatal. - Coletivo (uti universi): São serviços gerais, prestados pela Ad-
[...] ministração à sociedade como um todo, sem destinatário determi-
§ 4º O cancelamento da concessão ou permissão, antes de ven- nado e são mantidos pelo pagamento de impostos.
cido o prazo, depende de decisão judicial. - Serviços singulares (uti singuli): são os individuais onde os
§ 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para usuários são determinados e são remunerados pelo pagamento de
as emissoras de rádio e de quinze para as de televisão. taxa ou tarifa.
Ex: serviço de telefonia domiciliar
Autorização:
É um ato administrativo unilateral, discricionário e precário, d) Serviços sociais e econômicos:
pelo qual o Poder Público transfere por delegação a execução de - Serviços sociais: são os que o Estado executa para atender aos
um serviço público para terceiros. O ato é precário porque não tem reclamos sociais básicos e representam; ou uma atividade propicia-
prazo certo e determinado, possibilitando o seu desfazimento a dora de comodidade relevante; ou serviços assistenciais e proteti-
qualquer momento. vos. Ex: serviços de educação e saúde.
O que diferencia, basicamente, a autorização da permissão é o - Serviços econômicos: são aqueles que, por sua possibilidade
grau de precariedade. A autorização de serviço público tem preca- de lucro, representam atividades de caráter industrial ou comercial.
riedade acentuada e não está disciplinada na Lei n. 8.987/95. É apli- Ex: serviço de fornecimento de gás canalizado.
cada para execução de serviço público emergencial ou transitório
Relativamente à permissão de serviço público, as suas caracte- e). Serviços próprios
rísticas assim se resumem: Compreendem os que se relacionam intimamente com as atri-
a) é contrato de adesão, precário e revogável unilateralmente buições do Poder Público (Ex.: segurança, polícia, higiene e saúde
pelo poder concedente, embora tradicionalmente seja tratada pela públicas etc.) devendo ser usada a supremacia sobre os administra-
doutrina como ato unilateral, discricionário e precário, gratuito ou dos para a execução da Administração Pública. Em razão disso não
oneroso, intuitu personae. podem ser delegados a particulares. Devido a sua essência, são na
b) depende sempre de licitação, conforme artigo 175 da Cons- maioria das vezes gratuitos ou de baixa remuneração.
tituição;
c) seu objeto é a execução d e serviço público, continuando a f). Serviços impróprios
titularidade do serviço com o Poder Público; Por não afetarem substancialmente as necessidades da socie-
d) o serviço é executado e m nome d o permissionário, por sua dade, apenas irá satisfazer alguns de seus membros, devendo ser
conta e risco; remunerado pelos seus órgãos ou entidades administrativas, como
e) o permissionário sujeita-se à s condições estabelecidas pela é o caso das autarquias, sociedades de economia mista ou ainda
Administração e a sua fiscalização; por delegação.
f) como ato precário, pode ser alterado ou revogado a qualquer
momento pela Administração, por motivo de interesse público; PRINCÍPIOS
g) não obstante seja de sua natureza a outorga sem prazo, tem Vamos conferir os princípios fundamentais que ditam as dire-
a doutrina admitido a possibilidade de fixação de prazo, hipótese trizes do serviço público:
em que a revogação antes do termo estabelecido dará ao permis- a) Princípio da continuidade da prestação do serviço público:
sionário direito à indenização. Em se tratando de serviço público, o princípio mais importante é o
da continuidade de sua prestação.
CLASSIFICAÇÃO Na vigência de contrato administrativo, quando o particular
A doutrina administrativa assim classifica os Serviços Públicos: descumpre suas obrigações, há rescisão contratual. Se a Adminis-
a) Serviços delegáveis e indelegáveis: tração, entretanto, que descumpre suas obrigações, o particular
Serviços delegáveis são aqueles que por sua natureza, ou pelo não pode rescindir o contrato, tendo em vista o princípio da conti-
fato de assim dispor o ordenamento jurídico, comportam ser execu- nuidade da prestação.
tados pelo estado ou por particulares colaboradores. Ex: serviço de Essa é a chamada “cláusula exorbitante”, que visa dar à Admi-
abastecimento de água e energia elétrica nistração Pública uma prerrogativa que não existe para o particular,
Serviços indelegáveis são aqueles que só podem ser prestados colocando-a em uma posição superior em razão da supremacia do
pelo Estado diretamente, por seus órgãos ou agentes. Ex: serviço de interesse público.
segurança nacional.
393
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
b) Princípio da mutabilidade: Fica estabelecido que a execução A Administração tem o dever de anular seus próprios atos,
do serviço público pode ser alterada, desde que para atender o in- quando eivados de nulidade, podendo revogá-los ou alterá-los, por
teresse público. Assim, nem os servidores, nem os usuários de ser- conveniência e oportunidade, respeitados, nessa hipótese, os direi-
viços públicos, nem os contratados pela administração pública, têm tos adquiridos.
direito adquirido à manutenção de determinado regime jurídico. É o poder de fiscalização e correção que a Administração Pública
c) Princípio da igualdade dos usuários: Esse princípio estipula (em sentido amplo) exerce sobre sua própria atuação, sob os aspectos
que não haverá distinção entre as pessoas interessadas em con- de legalidade e mérito, por iniciativa própria ou mediante provocação.
tratar com a administração pública. Dessa forma, se tais pessoas O controle sobre os órgãos da Administração Direta é um con-
possuírem condições legais de contratação, não poderão ser dife- trole interno e decorre do poder de autotutela que permite à Admi-
renciadas. nistração Pública rever os próprios atos quando ilegais, inoportunos
d) Princípio da adequação: na própria Lei 8.897/95, resta claro ou inconvenientes, sendo amplamente reconhecido pelo Poder Ju-
que o serviço adequado é aquele que preenche as condições de re- diciário (Súmulas 346 e 473 do STF).
gularidade, continuidade, eficiência, segurança, entre outros. Dessa
forma, se nota que à Administração Pública e aos seus delegados é Controle Administrativo Exercitado de Ofício:
necessário que se respeite o que a legislação exige. O controle é exercitado de ofício, pela própria Administração,
e) Princípio da obrigatoriedade: o Estado não tem a faculdade ou por provocação. Na primeira hipótese, pode decorrer de: fiscali-
discricionária em prestar o serviço público, ele é obrigado a fazer, zação hierárquica; supervisão superior; controle financeiro; parece-
sendo, dessa maneira, um dever jurídico. res vinculantes; ouvidoria; e recursos administrativos hierárquicos
f) Princípio da modicidade das tarifas: significa que o valor exi- ou de ofício.
gido do usuário a título de remuneração pelo uso do serviço deve a) fiscalização hierárquica: Procede do poder hierárquico, que
ser o menor possível, reduzindo-se ao estritamente necessário para faculta à Administração a possibilidade de escalonar sua estrutura,
remunerar o prestador com acréscimo de pequena margem de lu- vinculando uns a outros e permitindo a ordenação, coordenação,
cro. Daí o nome “modicidade”, que vem de “módico”, isto é, algo orientação de suas atividades.
barato, acessível. b) supervisão superior: Difere da fiscalização hierárquica por-
Como o princípio é aplicável também na hipótese de serviço que não pressupõe o vínculo de subordinação, ficando limitada a
remunerado por meio de taxa, o mais apropriado seria denominá-lo hipóteses em que a lei expressamente admite a sua realização. No
princípio da modicidade da remuneração. âmbito da Administração Pública Federal é nominada de “supervi-
são ministerial” e aplicável às entidades vinculadas aos ministérios
g) Princípio da transparência: o usuário tem direito de receber c) controle financeiro: O art. 74 da Constituição Federal de-
do poder concedente e da concessionária informações para defesa termina que os Poderes mantenham sistema de controle interno
de interesses individuais ou coletivos. com a finalidade de “avaliar o cumprimento das metas previstas no
plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orça-
mentos da União; comprovar a legalidade e avaliar os resultados,
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: CONCEITO; quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e
CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS DE CONTROLE; patrimonial nos órgãos e entidades da Administração Federal, bem
CONTROLE LEGISLATIVO; CONTROLE JUDICIÁRIO como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito
privado; exercer o controle das operações de crédito, avais e garan-
INTRODUÇÃO tias, bem como dos direitos e haveres da União; apoiar o controle
A Administração Pública se sujeita a controle por parte dos Po- externo no exercício de sua missão institucional”.
deres Legislativo e Judiciário, além de exercer, ela mesma, o contro- d) pareceres vinculantes: Trata-se de controle preventivo sobre
le sobre os próprios atos. determinados atos e contratos administrativos realizado por órgão
Com base nesses elementos, Maria Sylvia Zanella di Pietro con- técnico integrante da Administração ou por órgão do Poder Execu-
ceitua “o controle da Administração Pública como o poder de fis- tivo.
calização e correção que sobre ela exercem os órgãos dos Poderes e) ouvidoria: limita-se a receber e proceder ao encaminhamen-
Judiciário, Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a con- to das reclamações que recebe. Ouvidoria, assim entendido como
formidade de sua atuação com os princípios que lhe são impostos um canal de comunicação, tem-se dedicado a receber reclamações
pelo ordenamento jurídico”. de populares e usuários dos serviços públicos.
Embora o controle seja atribuição estatal, há possibilidade cons- f) recursos administrativos hierárquicos ou de ofício: por ve-
titucional do administrado participar dele à medida que pode e deve zes a lei condiciona a decisão ao reexame superior, carecendo ser
provocar o procedimento de controle, não apenas na defesa de seus conhecida e eventualmente revista por agente hierarquicamente
interesses individuais, mas também na proteção do interesse coletivo. superior àquele que decidiu.
O controle abrange a fiscalização e a correção dos atos ilegais e,
em certa medida, dos inconvenientes ou inoportunos. Controle Administrativo Exercitado Por Provocação: Nesta hi-
pótese de controle interno, ou administrativo (por provocação),
CONTROLE EXERCIDO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (CON- pode decorrer das seguintes formas:
TROLE INTERNO) a) direito de petição: A Constituição Federal assegura a todos,
O controle administrativo é o que decorre da aplicação do prin- independentemente do pagamento de taxas, “o direito de petição
cípio do autocontrole, ou autotutela, do qual emerge o poder com aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou
idêntica designação (poder de autotutela). abuso de poder” (art. 5º, XXXIV, a).
394
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O direito individual consagrado no inciso XXXIV é amplo, e seu Na decisão do recurso, o órgão ou autoridade competente tem
exercício não exige legitimidade ou interesse comprovado. Pode, amplo poder de revisão, podendo confirmar, desfazer ou modificar
assim, ser a petição individual ou coletiva subscrita por brasileiro ou o ato impugnado. Entretanto, a reforma não pode impor ao recor-
estrangeiro, pessoa física ou jurídica, e ser endereçada a qualquer rente um maior gravame (reformatio in pejus).
dos Poderes do Estado.
Enquanto o direito de petição é utilizado para possibilitar o e) Pedido de revisão é o recurso utilizado pelo servidor público
acesso a informações de interesse coletivo, o direito de certidão punido pela Administração, visando ao reexame da decisão, no caso
é utilizado para a obtenção de informações que dizem respeito ao de surgirem fatos novos suscetíveis de demonstrar a sua inocência.
próprio requerente. Pode ser interposto pelo próprio interessado, por seu procurador
b) pedido de reconsideração: O pedido de reconsideração abri- ou por terceiros, conforme dispuser a lei estatutária. É admissível
ga requerimento que objetiva a revisão de determinada decisão até mesmo após o falecimento do interessado.
administrativa.
Exige a demonstração de interesse daquele que o subscreve, Coisa julgada administrativa:
podendo ser exercido por pessoa física ou jurídica, brasileira ou Quando inexiste, no âmbito administrativo, possibilidade de
estrangeira, desde que detentora de interesse. O prazo para sua reforma da decisão oferecida pela Administração Pública, está-se
interposição deve estar previsto na lei que autoriza o ato; no seu diante da coisa julgada administrativa. Esta não tem o alcance da
silêncio, a prescrição opera-se em um ano, contado da data do ato coisa julgada judicial, porque o ato jurisdicional da Administração
ou decisão. Pública é tão-só um ato administrativo decisório, destituído do po-
c) reclamação administrativa: Esta modalidade de recurso ad- der de dizer do direito em caráter definitivo. Tal prerrogativa, no
ministrativo tem a finalidade de conferir à oportunidade do cidadão Brasil, é só do Judiciário.
questionar a realização de algum ato administrativo. A imodificabilidade da decisão da Administração Pública só en-
Trata-se de pedido de revisão que impugna ato ou atividade contra consistência na esfera administrativa. Perante o Judiciário,
administrativa. É a oposição solene, escrita e assinada, a ato ou qualquer decisão administrativa pode ser modificada, salvo se tam-
atividade pública que afete direitos ou interesses legítimos do re- bém essa via estiver prescrita.
clamante. Dessas reclamações são exemplos a que impugna lança- Portanto, a expressão “coisa julgada”, no Direito Administrati-
mentos tributários e a que se opõe a determinada medida punitiva. vo, não tem o mesmo sentido que no Direito Judiciário. Ela significa
d) recurso administrativo: Recurso é instrumento de defesa, apenas que a decisão se tornou irretratável pela própria Adminis-
meio hábil de impugnação ou ferramenta jurídica que possibilita o tração.
reexame de decisão da Administração. Os recursos administrativos
podem ser: CONTROLE JUDICIAL
1. provocados ou voluntários: é o interposto pelo interessado, O ordenamento jurídico brasileiro adotou o sistema de juris-
pelo particular, devendo ser dirigido à autoridade competente para dição una processar e julgar suas lides, pelo qual o Poder Judiciá-
rever a decisão, contendo a exposição dos fatos e fundamentos ju- rio tem o monopólio da função jurisdicional, ou seja, do poder de
rídicos da irresignação. apreciar, com força de coisa julgada, a lesão ou ameaça de lesão a
Nada impede, ainda, que, presente o recurso, julgue o admi- direitos individuais e coletivos (art. 5º, XXXV CF/88).
nistrador conveniente a revogação da decisão, ou a sua anulação, Neste aspecto afastou o sistema da dualidade de jurisdição,
ainda que o recurso não objetive tal providência. Os recursos sem- em que, paralelamente ao Poder Judiciário, existem os órgãos de
pre produzem efeitos devolutivos, permitindo o reexame da maté- Contencioso Administrativo, que exercem, como aquele, função
ria decidida (devolve à Administração a possibilidade de decidir), e jurisdicional sobre lides de que a Administração Pública seja parte
excepcionalmente produzirão efeitos suspensivos, obstando a exe- interessada.
cução da decisão impugnada. O Poder Judiciário possui como prerrogativa inerente a função
típica que exerce examinar os atos da Administração Pública, de
2. hierárquicos ou Administrativo: é o pedido de reexame do qualquer natureza, sejam gerais ou individuais, unilaterais ou bila-
ato dirigido à autoridade superior à que o proferiu. Só podem recor- terais, vinculados ou discricionários, mas sempre sob o aspecto da
rer os legitimados, que, segundo o artigo 58 da Lei federal 9784/99, legalidade e da moralidade (art. 5º, LXXIII, e art. 37).
são: Quanto aos atos discricionários, sujeitam-se à apreciação judi-
-. Os titulares de direitos e interesses que forem parte no pro- cial, desde que não invadam os aspectos reservados à apreciação
cesso; subjetiva da Administração, conhecidos sob a denominação de mé-
-. Aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afe- rito (oportunidade e conveniência).
tados pela decisão recorrida; No entanto, não há invasão do mérito quando o Judiciário
-. Organizações e associações representativas, no tocante a di- aprecia os motivos, ou seja, os fatos que precedem a elaboração
reitos e interesses coletivos; do ato; a ausência ou falsidade do motivo caracteriza ilegalidade,
-. Os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses suscetível de invalidação pelo Poder Judiciário.
difusos. Nos casos concretos, poderá o Poder Judiciário apreciar a le-
galidade ou constitucionalidade dos atos normativos do Poder
Pode-se, em tese, recorrer de qualquer ato ou decisão, salvo os Executivo, mas a decisão produzirá efeitos apenas entre as partes,
atos de mero expediente ou preparatórios de decisões. devendo ser observada a norma do art. 97 da Constituição Federal,
O recurso hierárquico tem sempre efeito devolutivo e pode ter que exige maioria absoluta dos membros dos Tribunais para a de-
efeito suspensivo, se previsto em lei. claração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
Público.
395
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Com relação aos atos políticos, é possível também a sua apre- Constituição Federal:
ciação pelo Poder Judiciário, desde que causem lesão a direitos in- Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qual-
dividuais ou coletivos. quer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou
Quanto aos atos interna corporis (atos administrativos que pro- quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presi-
duzem efeitos internos), em regra, não são apreciados pelo Poder dência da República para prestarem, pessoalmente, informações
Judiciário, porque se limitam a estabelecer normas sobre o funcio- sobre assunto previamente determinado, importando crime de res-
namento interno dos órgãos; no entanto, se exorbitarem em seu ponsabilidade a ausência sem justificação adequada.
conteúdo, ferindo direitos individuais e coletivos, poderão também
ser apreciados pelo Poder Judiciário. Nos Estados e Municípios, a Constituição Estadual e as Leis
Orgânicas também disciplinam, invariavelmente, a convocação de
CONTROLE LEGISLATIVO secretários municipais e dos dirigentes de autarquias, fundações,
O controle legislativo, ou parlamentar, é exercido pelo Poder sociedades de economia mista, empresas públicas ou outras enti-
Legislativo em todas as suas esferas de atuação como: dades. Não há previsão constitucional para a convocação do chefe
a) Federal: Congresso Nacional composto pelo Senado Federal, do Executivo.
Câmara dos Deputados,
b) Estadual: Assembleias Legislativas, Fiscalização pelo Tribunal de Contas: A função desempenhada
c) Municipal: Câmara de Vereadores pelo Tribunal de Contas é técnica, administrativa, e não jurisdicio-
d) Distrital: Câmara Distrital nal. Apesar de auxiliar o Legislativo, detém autonomia e não integra
a estrutura organizacional daquele Poder.
O controle que o Poder Legislativo exerce sobre a Administra- A fiscalização não se restringe ao “controle financeiro”, mas in-
ção Pública limita-se às hipóteses previstas na Constituição Federal. clui a fiscalização contábil, orçamentária, operacional e patrimonial
Alcança os órgãos do Poder Executivo, as entidades da Administra- da Administração Pública direta e indireta, bem como de qualquer
ção Indireta e o próprio Poder Judiciário, quando executa função pessoa física ou jurídica que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou
administrativa. administre dinheiros, bens e valores públicos (CF, art. 70, parágrafo
O exercício do controle constitui uma das funções típicas do único).
Poder Legislativo, ao lado da função de legislar.
CONTROLE PELOS TRIBUNAIS DE CONTAS
Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI): As Comissões O Tribunal de Contas é competente para realizar a fiscalização
Parlamentares de Inquérito são constituídas pelo Senado ou pela contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial dos
Câmara, em conjunto ou separadamente, para investigar fato deter- entes federativos, da Administração Pública direta e indireta, além
minado e por prazo certo. Exige-se que o requerimento para a insta- das empresas públicas e sociedades de economia mista que tam-
lação contenha um terço de adesão dos membros que compõem as bém estão sujeitas à fiscalização dos Tribunais de Contas.
Casas Legislativas, sendo suas conclusões encaminhadas, quando O Tribunal de Contas auxilia o Poder Legislativo mas não o inte-
for o caso, ao Ministério Público. gra de forma direta. Embora o nome sugira que faça parte do Poder
As Comissões detêm poderes de investigação, mas não com- Judiciário, o Tribunal de Contas está administrativamente enqua-
petência para atos judiciais. Assim, investigam com amplitude, mas drado no Poder Legislativo. Essa é a posição adotada no Brasil, pois
não julgam e submetem suas conclusões ao Ministério Público. em outros países essa corte pode integrar qualquer dos outros dois
poderes. Sua situação é de órgão auxiliar do Congresso Nacional, e
Pedido de Informações: O controle exercido por “pedido de como tal exerce competências de assessoria do Parlamento, bem
informações” está previsto no art. 50, § 2º, da Constituição Fede- como outras privativas.
ral, podendo ser dirigido a ministro de Estado ou a qualquer agente Os Tribunais de Contas têm natureza jurídica de órgãos públi-
público subordinado à Presidência da República, a fim de aclarar cos primários despersonalizados. São chamados de órgãos “pri-
matéria que lhe seja afeta. mários” ou “independentes” porque seu fundamento e estrutura
encontram-se na própria Constituição Federal, não se sujeitando
Tal pedido somente pode ser formulado pelas Mesas da Câ- a qualquer tipo de subordinação hierárquica ou funcional a outras
mara e do Senado, devendo ser atendido no prazo de trinta dias, autoridades estatais
sujeitando o agente, no caso de descumprimento, a crime de res-
ponsabilidade. A norma é aplicável, por simetria, aos Estados e Mu- Composição dos Tribunais de Contas: O Tribunal de Contas da
nicípios. União é composto por nove ministros que possuem as mesmas ga-
rantias, prerrogativas, vencimentos e impedimentos dos ministros
Convocação de Autoridades: A Constituição Federal permite às do STJ.
Casas Legislativas e às suas Comissões a convocação de ministros de Os Tribunais de Contas dos Estados são formados conforme
Estado para prestarem esclarecimentos sobre matéria previamente previsto nas Constituições Estaduais, respeitando sempre a Cons-
definida. Tais esclarecimentos, ou informações, deverão ser pres- tituição Federal. É integrado por sete conselheiros, sendo quatro
tados pessoalmente e o descumprimento, repetimos, pode corres- escolhidos pela Assembleia Legislativa e três pelo Governador do
ponder à prática de crime de responsabilidade. Estado (súmula 653 do STF).
Quanto à criação de Tribunais, Conselhos e órgãos de contas
municipais, a Constituição Federal veda a sua criação, no entanto,
os municípios que possuíam estas instituições antes da Constituição
de 1988 poderão mantê-las. Já para os municípios posteriores a ela
396
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder NOÇÕES GERAIS
Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas Bens Públicos são todos aqueles que integram o patrimônio da
de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei. Administração Pública direta e indireta. Todos os demais são consi-
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com derados particulares.
o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou Bens públicos abrangem o patrimônio das entidades estatais
dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver. dotadas de personalidade jurídica de direito privado. Seguindo esta
linha, domínio público é o conjunto de bens públicos, não impor-
Competências: Os Tribunais de contas têm competência fisca- tando se o bem pertence realmente ao Estado, pois, bens particu-
lizadora e a exercem por meio da realização de auditorias e inspe- lares que estejam ligados à realização de serviços públicos também
ções em entidades e órgãos da Administração Pública. são considerados bens públicos.
A competência de controle exercido pelos Tribunais de conta
atinge a: legalidade, legitimidade, economicidade e aplicação de ESPÉCIES
subvenções e renúncia de receitas A Constituição Federal ampliou As espécies de Bens Públicos podem ser agrupadas de acordo
significativamente as atribuições das Cortes de Contas, dentre as com vários critérios, entretanto as mais de maior relevância e vultu-
quais se destacam: osidade diz respeito à titularidade e destinação do bem.
a) oferecer parecer prévio sobre contas prestadas anualmente
pelo chefe do Poder Executivo; A) Quanto à sua titularidade: os bens são classificados em fe-
b) examinar, julgando, as contas dos agentes públicos e admi- derais, estaduais, municipais ou distritais, pertencendo, portanto à
nistradores de dinheiros, bens e valores públicos; União Federal, Estados, Municípios ou Distrito Federal e as entida-
c) aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa des de direito público que compõem sua administração indireta.
ou irregularidade de contas, sanções previstas em lei; O artigo 20 da Constituição Federal trata dos bens que perten-
d) fiscalizar repasses de recursos efetuados pela União a Esta- cem à União;
dos, Distrito Federal ou a Municípios, mediante convênio, acordo, O artigo 27 da Constituição Federal trata dos bens que perten-
ajuste ou outros instrumentos congêneres; cem aos Estados Federados e também aos entes federados;
e) conceder prazo para a correção de irregularidade ou ilega- Com relação aos bens municipais, não há previsão constitucio-
lidade; nal expressa, abrangendo os bens de utilização local, que são as
f) realizar auditorias e inspeções de natureza contábil, financei- praças, vias e logradouros públicos.
ra, orçamentária, operacional e patrimonial em qualquer unidade
administrativa dos três Poderes, seja da Administração direta, seja B) Quanto à sua destinação: sem dúvidas, esse tipo de classifi-
da indireta. cação é a que mais é cobrada em concursos públicos.
Quanto à classificação dos bens públicos, a primeira classifica-
O Supremo Tribunal Federal reconheceu a competência do Tri- ção aconteceu no Código Civil de 1916. No Código Civil de 2002,
bunal de Contas para apreciar a inconstitucionalidade de leis e atos manteve-se a mesma classificação, que são os bens de uso comum
do poder público, dessa forma suas atribuições não dizem respeito do povo, os de uso especial, os dominicais, com a diferença que
somente à apreciação da legalidade, mas também da legitimidade nesse novo instituo inclui-se entre os bens públicos os pertencentes
do órgão e do princípio da economicidade. Segue a súmula: às pessoas jurídicas de direito público
Súmula 347, STF. O Tribunal de Contas, no exercício de suas O art. 99 do Código Civil utilizou o critério da destinação ou
atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos afetação do bem para classifica-los:
do poder público.
- Bens de uso comum: São aqueles destinados ao uso indistin-
É ainda competente para fiscalizar os procedimentos de licita- to de toda a comunidade, bens que não devem ser submetidos à
ções e, nesse caso, possui prerrogativa para adotar medidas caute- fruição privada de ninguém. Exemplo: Mar, rio, rua, praça, estradas,
lares com a finalidade de evitar futura lesão ao erário, bem como parques.
para garantir o cumprimento de suas decisões. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou oneroso,
Cabe destacar que é da alçada do Tribunal de Contas julgar as conforme for estabelecido por meio da lei da pessoa jurídica a qual
contas anuais dos administradores e outros responsáveis pelo erá- o bem pertencer (art. 103 CC). Ex: Zona azul nas ruas e zoológico. O
rio público. uso desses bens públicos é oneroso.
Tem ainda o Tribunal a chamada competência sancionatória,
ou seja, o poder de aplicar sanções em caso de ilegalidades nas des- - Bens de uso especial: São aqueles destinados a uma finalida-
pesas e nas contas. Suas decisões tem natureza de título executivo. de específica. Exemplo: Bibliotecas, teatros, escolas, fóruns, quar-
tel, museu, repartições públicas em geral.
397
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ou real, de cada uma dessas entidades” (art. 99, III do CC). Os bens dições convencionadas com a Administração concedente. A concessão
dominicais representam o patrimônio disponível do Estado, pois de uso gera direitos ao concessionário, inclusive à indenização pelos
não estão destinados a nenhuma finalidade, e em razão disso o investimentos realizados e não amortizados.
Estado figura como proprietário desses bens. Exemplo: Terras
devolutas. - Concessão comum de uso ou Concessão administrativa de uso:
Esses bens apenas possuem a qualidade de bem público por per- É o contrato por meio do qual delega-se o uso de um bem público ao
tencerem a determinada pessoa jurídica de direito público. concessionário por prazo determinado. Por ser direito pessoal não
Estes bens podem ser alienados, se forem respeitadas as pecu- pode ser transferida, “inter vivos” (entre pessoas vivas) ou “causa mor-
liaridades encontradas no artigo 17 da Lei 8.666/1993 – Lei Geral de tis” (relações que produzem efeitos somente após a morte), a tercei-
Licitações. ros. Ex: Área para parque de diversão; Área para restaurantes em
Aeroportos; Instalação de lanchonetes em zoológico.
AFETAÇÃO E DESAFETAÇÃO - Concessão de direito real de uso ou de domínio pleno: É o
Esses dois institutos acontecem pelo fato do bem público desafe- contrato por meio do qual delega-se se o uso em imóvel não
tado passar a ter destinação pública específica, que ocorre por afeta- edificado para fins de edificação; urbanização; industrialização;
ção, assim como um bem que tem destinação pública específica que cultivo da terra ou destinado a moradia, devidamente regulamenta-
pode deixar de ostentar a qualidade de bem afetado, por meio de de- da peço Decreto-lei 271/67. Delega-se o direito real de uso do bem.
safetação.
Na afetação, dar-se-á destinação pública a um bem dominical, já - Cessão de uso: É o contrato administrativo através do qual
na desafetação será suprimida a destinação do bem que estava atrela- transfere-se o uso de bem público de um órgão da Administração
do ao interesse público para outro na mesma esfera de governo ou em outra.
A partir da afetação, o bem público se torna inalienável, destina-
do a utilização específica. Assim, a maioria da doutrina defende que a Aforamento: É o instituto que permite à Administração atribuir
afetação é livre, não depende de lei ou ato administrativo específico, já ao particular o domínio útil de um imóvel público mediante paga-
que o fato da utilização do bem, com finalidade pública, confere-lhe a mento de valor certo, invariável e anual, que recebe o nome de foro
qualidade de bem afetado. ou pensão. Por meio do aforamento, também chamado enfiteuse,
Nada impede que o bem que foi afetado, seja desafetado pos- transfere-se a posse plena e o uso e gozo da coisa, podendo o enfi-
teriormente, desde que não haja mais interesse público em utilizar o teuta alienar e transmitir hereditariamente o bem.
bem. Ocorrendo a desafetação, o bem fica passível de alienação, já que Não se confunde com a concessão de direito real de uso, que
retirou-se a sua destinação pública, deixando de ser comum ou espe- exige finalidade específica.
cial, passando a ser dominical. É um instituto civil (art. 678 a 694 do Código Civil e art. 99 a
O simples desuso do bem, não autoriza a desafetação, depen- 124 do Decreto-lei 9760/46) que permite ao proprietário (no caso
dendo de lei específica ou manifestação do Poder Público, mediante a Administração Pública) atribuir a outrem (no caso o particular) o
ato administrativo expresso. Haverá a possibilidade de desafetação de domínio útil de imóvel de sua propriedade, mediante o pagamento
bens de uso especial por fatores da natureza, como é o caso do incên- de uma importância certa, invariável e anual, chamada foro ou
dio em escola pública. pensão.
Trata-se, portanto, de um direito real sobre coisa alheia, em
USO DE BENS PÚBLICOS. que se confere ao titular do direito - foreiro ou enfiteuta - a plena
O uso dos bens públicos pode ser feito pela própria pessoa que de- posse, uso e gozo da coisa, sem fins específicos, com poderes, inclu-
tém a propriedade ou por particulares, quando for transferido o uso do sive, de aliená-la e transmiti-la hereditariamente, desde que pague
bem público. Tal transferência se dá através de autorização, concessão anualmente ao senhorio direto (proprietário) chamada de foro ou
e permissão de uso. pensão anual.
398
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Os principais institutos da alienação de bens públicos são: Ao se dizer que o bem de uso especial está afetado à realiza-
a) venda (art. 17 da Lei nº 8.666/93); ção de um serviço, deve-se pensar em serviço no sentido amplo,
b) doação a outro órgão ou entidade da Administração Pública de modo que atinja toda coletividade de interesse geral exercida
(art. 17, I, b, da Lei nº 8.666/93); sob autoridade ou fiscalização do poder público, nem sempre se
c) permuta (artigo 17, I, c, da Lei nº 8.666/93); destinando ao uso direto da Administração, podendo ter por objeto
d) dação em pagamento (art. 356 do CC); o uso por particular, como acontece com cemitérios, aeroportos.
e) concessão de domínio ( art. 17, §2º, da nº Lei 8.666/93); Exemplos: imóveis onde estão instaladas as repartições públi-
f) investidura (art. 17, § 3º, da Lei nº 8.666/93); cas, os bens que são usados pelas bibliotecas, museus, as terras
g) incorporação; devolutas ou arrecadadas pelos Estados.
h) retrocessão (art. 519 do CC);
i) legitimação de posse (art. 1º da Lei nº 6.383/76). Quanto à via pública: Trata-se de bem de uso comum do povo,
uma vez que pode ser utilizada por todas as pessoas. Contudo, vale
Aquisição legal ou por fenômenos da natureza: em alguns ca- frisar um aspecto importante a respeito desse tema.
sos, a aquisição de bens pelo Poder Público depende de previsão Caso grandes veículos tenham que transitar em via pública,
em lei ou na constituição. como por exemplo em algumas cidades quando se pretende ho-
São exemplos: menagear um jogador que ganhou uma importante partida é ne-
- desapropriação; cessária a comunicação e autorização do poder público, tendo em
- usucapião; vista que a função essencial da via pública não seria esta necessa-
- acessão natural; riamente.
- testamento e herança jacente; Outros exemplos podem ser citados, como a instalação de ban-
- reversão dos bens; cas de revista em passeio público e “carrinhos de cachorro quente”.
- pena de perdimento de bens; Quanto aos portos: Conforme o artigo 2º da lei 121.815/2013,
- perda de bens. o porto organizado trata-se de bem público construído e aparelhado
para atender a necessidades de navegação, de movimentação de pas-
Requisitos da Alienação: sageiros ou de movimentação e armazenagem de mercadorias, e cujo
a) Bens imóveis: tráfego e operações portuárias estejam sob jurisdição de autoridade
- autorização legislativa; portuária;
- interesse público devidamente justificado; A Lei nº 121.815/2013 dispõe sobre a exploração direta e indireta
- avaliação prévia; e pela União de portos e instalações portuárias e sobre as atividades de-
- licitação sobre a modalidade de concorrência, dispensada nos sempenhadas pelos operadores portuários.
casos de: dação em pagamento, doação, permuta, investidura, ven-
da a outro órgão ou entidade da Administração Pública, alienação Quanto aos terrenos da Marinha: Os terrenos da marinha perten-
gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, cem aos bens da União e são medidos a partir da linha do preamar
locação ou permissão de uso de bens imóveis residenciais construí- médio de 1831 a 33 metros para o continente ou para o interior das
dos, destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas ilhas costeiras com sede de município. São também considerados ter-
habitacionais ou de regularização fundiária, procedimentos de legi- renos de marinha as margens de rios e lagoas que sofrem a influência
timação de posse. das marés.
Os terrenos de marinha são determinados por meio de estudos
b) Bens imóveis adquiridos por meio de procedimentos judi- técnicos com base em plantas, mapas, documentos históricos, dados
ciais ou de dação em pagamento: de ondas e marés.
- interesse público devidamente justificado;
- avaliação prévia; Consagra a Constituição Federal:
- licitação sobre a modalidade de concorrência ou leilão. Art. 20. São bens da União:
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
c) Bens Móveis: atribuídos;
- interesse público devidamente justificado; II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das
- avaliação prévia; fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação
- licitação. e à preservação ambiental, definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de
MEIOS DE UTILIZAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites
Os bens podem ser de uso comum do povo ou de uso especial. com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele pro-
Os de uso comum do povo são aqueles que podem ser utilizados venham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
por todos, sem distinção ou necessidade de consentimento por par- IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros paí-
te da Administração. São exemplos: ruas, praças, lagos. ses; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas,
Os bens de uso especial compreendem todas as coisas, corpó- destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas
reas ou incorpóreas, móveis ou imóveis, que são utilizados pela Ad- afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referi-
ministração para realização de suas atividades para que se chegue das no art. 26, II;
a um fim a ser atingido. V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona eco-
nômica exclusiva;
VI - o mar territorial;
399
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
400
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Dessa forma, o ente público jamais pode oferecer um bem público como garantia real dos débitos por eles contraídos, até mesmo
porque essa garantia não poderia ser executada, havendo inadimplemento da obrigação estatal.
GESTÃO PATRIMONIAL
A gestão ou administração dos bens públicos é feita pelo Estado, que tem o chamado domínio público, que é o poder de senhorio que
o Estado exerce sobre os bens públicos, bem como a capacidade de regulação estatal sobre os bens do patrimônio privado.
Para Hely Lopes Meirelles, em seu livro, Direito Administrativo Brasileiro, o domínio público é composto por diversos subdomínios:
- domínio terrestre;
- domínio hídrico;
- domínio mineral;
- domínio florestal;
- domínio da fauna;
- domínio espacial;
- domínio do patrimônio histórico;
- domínio do patrimônio genético;
- domínio ambiental.
A expressão domínio público se refere ao poder que tem o Estado de regulamentar os seus próprios bens e os particulares de interes-
se público. Pode-se dizer que, por meio do domínio público o Estado pode interferir em todos os bens que representem interesse para a
coletividade.
A interferência estatal pode se dar por meio de proteção, como no exemplo das florestas ou de imposições de limitações.
— Classificação de Sistemas
401
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Objetivo: Todo sistema tem algum objetivo que define um arranjo para alcançar essa finalidade.
O sistema sempre reagirá globalmente (todas as partes e outros sistemas) a qualquer alteração feita em uma das partes. O ajustamento
é contínuo.
— Teoria dos Sistemas – Sistema Aberto
– Está constantemente e de forma dual (entrega e recebimento) interagindo com o ambiente.
– É capacitado para o crescimento, mudanças, adaptações ao ambiente, podendo também ser autor reprodutor sob certas condições.
– É contingência do sistema aberto competir com outros sistemas.
São ferramentas que pretendem sistematizar os processos internos da empresa, gerenciando as informações.
Planejamento – Conceito
Processo desenvolvido para o alcance de uma situação futura desejada. A organização estabelece num primeiro momento, através
de um processo de definição de situação atual, de oportunidades, ameaças, forças e fraquezas, que são os objetos do processo de
planejamento. O planejamento não é uma tarefa isolada, é um processo, uma sequência encadeada de atividades que trará um plano.
– Ele é o passo inicial;
– É uma maneira de ampliar as chances de sucesso.
– Reduzir a incerteza, jamais eliminá-la;
– Lida com o futuro: Porém, não se trata de adivinhar o future
– Reconhece como o presente pode influenciar o futuro, como as ações presentes podem desenhar o future;
– Organização ser PROATIVA e não REATIVA;
– Onde a Organização reconhecerá seus limites e suas competências;
– O processo de Planejamento é muito mais importante do que seu produto final (assertiva).
Idalberto Chiavenato: “Planejamento é um processo de estabelecer objetivos e definir a maneira como alcança-los”.
– Processo: Sequência de etapas que levam a um determinado fim. O resultado final do processo de planejamento é o PLANO.
– Estabelecer objetivos: Processo de estabelecer um fim.
– Definir a maneira: um meio, maneira de como alcançar.
Passos do Planejamento
– Definição dos objetivos: O que quer, onde quer chegar.
– Determinar a situação atual: Situar a Organização.
– Desenvolver possibilidades sobre o futuro: Antecipar eventos.
– Analisar e escolher entre as alternativas.
– Implementar o plano e avaliar o resultado.
402
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
403
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Porém, não há consenso na literatura se a departamentalização matricial de fato é um critério de departamentalização, ou um tipo de
estrutura organizacional.
Desvantagens: filiais, ou projetos, possuírem grande autonomia para realizar seu trabalho, dificultando o processo administrativo geral
da empresa. Além disso, a dupla subordinação a que os empregados são submetidos pode gerar ambiguidade de decisões e dificuldade
de coordenação.
Organização informal
Refere-se a uma estrutura social interligada que rege como as pessoas trabalham juntas na vida real. É possível formar organizações
informais dentro das organizações. Além disso, esta organização consiste em compreensão mútua, ajuda e amizade entre os membros
devido ao relacionamento interpessoal que constroem entre si. Normas sociais, conexões e interações governam o relacionamento entre
os membros, ao contrário da organização formal.
Embora os membros de uma organização informal tenham responsabilidades oficiais, é mais provável que eles se relacionem com seus
próprios valores e interesses pessoais sem discriminação.
A estrutura de uma organização informal é plana. Além disso, as decisões são tomadas por todos os membros de forma coletiva. A
unidade é a melhor característica de uma organização informal, pois há confiança entre os membros. Além disso, não existem regras e
regulamentos rígidos dentro das organizações informais; regras e regulamentos são responsivos e adaptáveis às mudanças.
Ambos os conceitos de organização estão inter-relacionados. Existem muitas organizações informais dentro de organizações formais.
Portanto, eles são mutuamente exclusivos.
– Cultura organizacional: A cultura organizacional é responsável por reunir os hábitos, comportamentos, crenças, valores éticos e mo-
rais e as políticas internas e externas da organização.
– Direção: Direção essencialmente como uma função humana, apêndice de psicologia organizacional. Recrutar e ajustar os esforços
para que os indivíduos consigam alcançar os resultados pretendidos pela organização.
Direção = Rota – Intensidade = Grau – Persistência = Capacidade de sobrevivência (gatilhos da motivação).
– Motivação: “Pode ser entendido como o conjunto de razões, causa e motivos que são responsáveis pela direção, intensidade e per-
sistência do comportamento humano em busca de resultados. ” É o que desperta no ser a vontade de alcançar os objetivos pretendidos.
Algo acontece no indivíduo e ele reage. Estímulos: quanto mais atingível parecer o resultado maior a motivação e vice-e-versa.
A (Razão, Causas, Motivos) pode ser: Intrínseca (Interna): do próprio ser ou, Extrínseca (Externa): algo que vem do meio.
Porém a motivação é sempre um processo do indivíduo, sempre uma resposta interna aos estímulos.
404
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
— Liderança
Fenômeno social, depende da relação das pessoas. Aspecto ligado a relação dos indivíduos. Capacidade de exercer liderança –
influência: fazer com que as pessoas façam aquilo que elas não fariam sem a presença do líder. Importante utilização do poder para
influenciar o comportamento de outras pessoas, ocorrendo em uma dada situação.
– Liderança precisa de pessoas.
– Influência: capacidade de fazer com que o indivíduo mude de comportamento.
– Poder: que não está relacionado ao cargo, pode ser por via informal.
– Situação: em determinadas situações a liderança pode aparecer.
Não confunda: Chefia (posição formal) – Autoridade (dada por algum aspecto) – Liderança – Poder.
A influência acontece e gera a liderança, o poder é onde essa influência acontece. Esse poder pode ser formal ou informal.
Segundo Max Weber: “Poder é a capacidade de algo ou alguém fazer com que um indivíduo ou algo, faça alguma coisa, mesmo que
este ofereça resistência.” Exemplo: votação, alistamento militar para homens.
Poderes formais são aqueles que estão relacionados ao cargo e ficam no cargo independente de quem o ocupe.
Poderes informais são aqueles que ficam com a pessoa, independente do cargo que o indivíduo ocupe.
Autoridade: Direito formal e legítimo, que algo ou alguém tem, para te dar ordens, alocar recursos, tomar decisões e de conduzir
ações.
Dilema chefia e liderança: Chefe é aquele que toma ações baseadas em seu cargo, onde sofre a influência dos poderes formais. E o
líder é aquele que toma as decisões, recebe e consegue liderar os indivíduos, através de seu poder informal, independente do cargo que
ocupe.
Conceito de Poder, segundo o Dilema chefia e liderança: é o que consegue agrupar os dois distintos tipos de poder, os poderes formais
e informais.
Tipos de Liderança:
Transacional: Baseada na troca. Liderança tradicional, incentivos materiais. Funciona bem em ambientes estáveis, pois líderes e lide-
rados precisam estar “satisfeitos” com o negócio em si.
Transformacional: Baseada na mudança. Liderança atual: Inspira seus subordinados. Quando construída, gera resultados acima da
transacional, já que os subordinados alcançam uma posição de agentes de mudança e inovação.
Comunicação:
É a ligação entre a liderança e a motivação. Para motivar é necessário comunicar-se bem. A comunicação é essencial para o todo
dentro da organização.
A organização que possui uma boa comunicação, tende a ser valorizada pelos indivíduos, consequentemente gera melhores resulta-
dos.
A comunicação organizacional eficiente é fundamental para o êxito na organização. Caso a comunicação seja deficiente, acarretará um
grau de incompreensão no ambiente organizacional, dificultando a organização de atingir seus objetivos.
Através da comunicação a organização, bem como sua liderança, obtém maior engajamento de seus colaboradores de forma mais
efetiva.
A comunicação interna tem como objetivo manter os indivíduos informados quanto as diretrizes, filosofia, cultura, valores e resulta-
dos obtidos pela organização. Agregando valor e tornando a organização competitiva no mercado.
Descentralização e delegação:
Centralização ocorre quando uma organização decide que a maioria das decisões deve ser tomadas pelos ocupantes dos cargos no
topo somente.
Descentralização ocorre quando o contrário acontece, ou seja, quando a autoridade para tomar as decisões está dispersa pela empre-
sa, na base, através dos diversos setores.
Delegação é o processo usado para transferir autoridade e responsabilidade para os membros organizacionais em níveis hierárquicos
inferiores.
405
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Gerenciamento de Processo ou Gestão de Processos é o entendimento de como funciona a organização. A série de atividades estru-
turadas para a produção do produto/serviço. Anteriormente à compreensão desses processos, setorizava-se os trabalhos com base na
departamentalização, onde os procedimentos existentes dentro de cada setor da organização eram separados por departamentos e cada
área pensava separadamente, sem sinergia umas com as outras. Focada em cilos verticais separados.
QUESTÕES
01. (Prefeitura de Jataí/GO - Auditor de Controladoria - Quadrix /2019) A cúpula diretiva investida de poder político para a condução
dos interesses nacionais consiste
(A) no Estado.
(B) na Administração Pública.
(C) no Poder Executivo.
(D) no governo.
(E) nos agentes políticos.
02. (CRO-GO - Assistente Administrativo – Quadrix/2019) No que se refere ao Estado e a seus Poderes, julgue o item.
A noção de Estado de direito baseia‐se na regra de que, ao mesmo tempo em que o Estado cria o direito, deve sujeitar‐se a ele.
( ) CERTO
( ) ERRADO
03. (CRO-GO - CRO-GO - Fiscal Regional - Quadrix – 2019) No que se refere ao Estado e a seus Poderes, julgue o item.
Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário exercem suas respectivas funções com absoluta exclusividade.
( ) CERTO
( ) ERRADO
04. (CRF-PR - Analista de RH – Quadrix/2019) A supremacia do interesse público sobre o privado, também chamada simplesmente de
princípio do interesse público ou da finalidade pública, princípio implícito na atual ordem jurídica, significa que os interesses da coletivida-
de são mais importantes que os interesses individuais, razão pela qual a Administração, como defensora dos interesses públicos, recebe
da lei poderes especiais não extensivos aos particulares.
Alexandre Mazza. Manual de direito administrativo. 8.ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
406
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
(D) Não permite que a Administração Pública transforme com- (C) judiciário: responsável pela regulação da administração dos
pulsoriamente propriedade privada em pública. interesses públicos.
(E) Estará presente em todos os atos de gestão da Administra- (D) legislativo: poder exercido pelos secretários do Estado.
ção Pública. (E) executivo: sua principal tarefa é a de controle de constitu-
cionalidade.
05. (TRT /8ª Região - Analista Judiciário – CESPE/2016). A res-
peito dos elementos do Estado, assinale a opção correta. 10. (CONRERP 2ª Região - Assistente Administrativo - Qua-
(A) Povo, território e governo soberano são elementos indisso- drix/2019) Quanto à Administração Pública, julgue o item.
À Administração Pública é facultado fazer tudo o que a lei não
ciáveis do Estado.
proíbe.
(B) O Estado é um ente despersonalizado.
( ) CERTO
(C) São elementos do Estado o Poder Legislativo, o Poder Judi- ( ) ERRADO
ciário e o Poder Executivo.
(D) Os elementos do Estado podem se dividir em presidencia- 11. (MPE-CE - Técnico Ministerial - CESPE – 2020) No que diz
lista ou parlamentarista. respeito à administração pública direta, à administração pública in-
(E) A União, o estado, os municípios e o Distrito Federal são direta e aos agentes públicos, julgue o item que se segue.
elementos do Estado brasileiro. A administração pública indireta é composta por órgãos e agen-
tes públicos que, no âmbito federal, constituem serviços integrados
06. (IF/AP - Auxiliar em Administração – FUNIVERSA/2016). No na estrutura administrativa da presidência da República e dos mi-
sistema de governo brasileiro, os chefes do Poder Executivo (presi- nistérios.
dente da República, governadores e prefeitos) exercem, ao mesmo ( ) CERTO
tempo, as funções administrativa (Administração Pública) e política ( ) ERRADO
(governo). No entanto, são funções distintas, com conceitos e ob-
jetivos bem definidos. Acerca de Administração Pública e governo, 12. (AL-AP - Analista Legislativo - FCC – 2020) A organização
assinale a alternativa correta. administrativa pode implicar desconcentração e descentralização.
(A) Administração Pública e governo são considerados sinôni- A criação de empresas estatais
mos, visto que ambos têm como objetivo imediato a busca da (A) depende da edição de lei instituidora dos entes, da qual
também deverão constar as competências próprias atribuídas
satisfação do interesse coletivo.
a essas pessoas jurídicas dotadas de personalidade jurídica de
(B) As ações de Administração Pública têm como objetivo a direito privado ou de direito público.
satisfação do interesse público e são voltadas à execução das (B) difere da instituição de autarquias e fundações, pessoas
políticas públicas. jurídicas que expressam a desconcentração da Administração
(C) Administração Pública é a atividade responsável pela fixa- pública.
ção dos objetivos do Estado, ou seja, nada mais é que o Estado (C) indica a desconcentração da organização administrativa,
desempenhando sua função política. que se caracteriza pela criação de pessoas jurídicas com com-
(D) Governo é o conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídi- petências próprias.
cas de que o Estado dispõe para colocar em prática as políticas (D) é expressão da descentralização administrativa, que implica
públicas. a criação de pessoas jurídicas com atribuições previstas em lei
(E) A Administração pratica tanto atos de governo (políticos) e em seus atos constitutivos.
como atos de execução das políticas públicas. (E) e de outras pessoas jurídicas com personalidade jurídica de
direito público configura forma híbrida de organização admi-
07. (UFAL - Auxiliar em Administração – COPEVE-UFAL). O ter- nistrativa.
mo Administração Pública, em sentido estrito e objetivo, equivale
(A) às funções típicas dos Poderes Executivo, Legislativo e Ju- 13. (FITO – Advogado - VUNESP – 2020) De acordo com o orde-
diciário. namento jurídico brasileiro, uma fundação pública
(A) poderá celebrar parcerias com organizações da sociedade
(B) à noção de governo.
civil, em regime de mútua cooperação, para a consecução de
(C) ao conceito de Estado.
finalidades de interesse público e recíproco, mediante a exe-
(D) ao conceito de função administrativa. cução de atividades ou de projetos previamente estabelecidos
(E) ao Poder Executivo. em planos de trabalho inseridos em termos de colaboração,
em termos de fomento ou em acordos de cooperação.
08. (CESPE – INSS - Perito Médico Previdenciário – CESPE). (B) poderá consorciar-se com outras fundações públicas que in-
Acerca do direito administrativo, julgue os itens a seguir. tegrem a Administração indireta de outros entes da federação,
Povo, território e governo soberano são elementos do Estado. para estabelecer relações de cooperação federativa, inclusive a
( ) CERTO realização de objetivos de interesse comum, passando a cons-
( ) ERRADO tituir consórcio público com personalidade jurídica de direito
público.
09. (JARU-PREVI - RO - Assistente Administrativo – IBADE/2019) (C) criada por lei, poderá representar a Administração direta
Com base nos três poderes do estado e nas suas funções, afirma-se na celebração de acordos de cooperação técnica com outros
que ao: órgãos ou entidades integrantes da Administração indireta dos
(A) legislativo: cabe a ele criar leis em cada uma das três esferas demais entes federados, com a finalidade de expandir o alcan-
e fiscalizar e controlar os atos do poder executivo. ce das finalidades de interesse público que justificaram sua
(B) executivo: estabelece normas que regem a sociedade. criação.
407
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
(D) cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa cien- Quais estão corretas?
tífica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preserva- (A) Apenas III.
ção do meio ambiente, à cultura e à saúde, serão qualificadas (B) Apenas I e II.
como organizações da sociedade civil de interesse público, (C) Apenas I e III.
podendo celebrar contrato de gestão com dispensa de chama- (D) Apenas II e III.
mento público, com o poder público.
(E) que tenha sido constituída e esteja em funcionamento regu- 18. (SPPREV - Analista em Gestão Previdenciária - FCC – 2019)
lar há, no mínimo, três anos, poderá qualificar-se como organi- As autarquias são pessoas jurídicas integrantes da Administração
zação da sociedade civil de interesse público com fundamento
pública indireta, que podem ter receitas próprias e receber recur-
no princípio da universalização dos serviços de interesse públi-
sos orçamentários e financeiros do erário público. No caso de uma
co que autorizaram sua criação.
autarquia auferir receitas próprias em montante suficiente para su-
14. (AL-AP - Assistente Legislativo - FCC – 2020) A amplitude portar todas as despesas e investimentos do ente,
da Administração pública considera dois grupos de instituições, que (A) fica excepcionada a aplicação do regime jurídico de direito
são classificados em Administração direta e indireta. Considera-se público durante o período em que perdurar a condição de pes-
Administração Direta, soa jurídica não dependente.
(A) as Fundações públicas. (B) poderá realizar contratações efetivas sem a necessidade de
(B) as Autarquias. prévio concurso público, diante da não incidência da regra para
(C) as Empresas públicas. os entes da Administração pública indireta que não sejam de-
(D) as Sociedades de Economia mista. pendentes.
(E) a Casa Civil. (C) permanece sujeita aos princípios e regras que regem a Ad-
ministração pública, tais como a impenhorabilidade de seus
15. (TRE-PA - Analista Judiciário – Administrativa - IBFC – 2020) bens, exigência de autorização legislativa para alienação de
Assinale a alternativa que apresenta corretamente um conceito de bens imóveis e realização de concurso público para admissão
Desconcentração Administrativa. de servidores, com exceção de comissionados.
(A) Distribuição de competências de uma para outra pessoa, (D) permanecerá obrigada à regra geral de licitação para firmar
física ou jurídica contratos administrativos, com exceção das hipóteses de alie-
(B) Distribuição interna de competências, ou seja, uma distri-
nação de bens imóveis, porque geram receita como resultado.
buição de competências dentro da mesma pessoa jurídica
(C) Distribuição de competências de uma pessoa jurídica inte- (E) ficará equiparada, em direitos e obrigações, às empresas
grante da Administração Pública para uma pessoa física estatais não dependentes, que podem adquirir bens e serviços
(D) Distribuição de competências de uma pessoa física inte- sem prévia realização de licitação, mas têm patrimônio sujeito
grante da Administração Pública para uma pessoa jurídica à penhorabilidade e prescritibilidade.
16. (TRF - 1ª REGIÃO - Estagiário – Direito - COPESE – UFPI/2019) 19. (Prefeitura de Aracruz - ES – Contador - IBADE – 2019) Os
Considere o seguinte conceito. órgãos públicos representam compartimentos internos da pessoa
“Pessoa jurídica de direito privado composta por capital exclu- pública, podendo ser criados ou extintos por meio de lei. Já a es-
sivamente público, criada para a prestação de serviços públicos ou truturação e as atribuições dos órgãos podem ser processadas por:
exploração de atividades econômicas, sob qualquer modalidade (A) lei, apenas.
empresarial.” (B) lei em tese do Chefe do Judiciário.
(C) decreto do Chefe do Executivo.
MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, (D) resolução legislativa.
2016. (E) ofício da Presidência da República.
Esse conceito aplica-se à:
(A) Empresa pública. 20. (IF Baiano - Assistente em Administração - IF-BA – 2019)
(B) Autarquia.
No que se refere à organização administrativa do Estado, assinale a
(C) Agência executiva.
afirmativa incorreta.
(D) Sociedade de economia mista.
(A) Compreende-se como Administração Pública Direta ou Cen-
17. (Prefeitura de Porto Alegre /RS - Auditor Fiscal da Receita tralizada aquela constituída a partir de um conjunto de órgãos
Municipal – FUNDATEC/2019) Acerca da administração pública in- públicos despersonalizados, através dos quais o Estado desem-
direta e do regime jurídico das empresas públicas e sociedades de penha diretamente a atividade administrativa.
economia mista, analise as seguintes assertivas: (B) Somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
I. Empresa pública é a entidade com criação autorizada por lei e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido pelo economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar,
poder público, dotada de personalidade jurídica de direito público. neste último caso, definir as áreas de sua atuação.
II. A criação de subsidiárias de empresa pública e de sociedade (C) Compreende-se como Administração Pública Indireta ou
de economia mista independe de autorização legislativa. Descentralizada aquela constituída a partir de um conjunto de
III. Sociedade de economia mista é a entidade com criação au- entidades dotadas de personalidade jurídica própria, algumas
torizada por lei sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com de direito público, outras de direito privado, responsáveis pelo
direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao exercício, em caráter especializado e descentralizado, de certa
Distrito Federal, aos Municípios ou à entidade da administração in- e determinada atividade administrativa.
direta, dotada de personalidade jurídica de direito privado.
408
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
(D) As empresas públicas e as sociedades de economia mista 23. (CREFONO-5° Região - Assistente Administrativo - Quadrix
fazem parte da Administração Pública Direta. – 2020) Acerca da Administração Pública e dos servidores públicos,
(E) As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, cria- julgue o item conforme o texto constitucional.
das por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser readap-
próprios, para executar atividades típicas da Administração Pú- tado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabilidades
blica. sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capa-
cidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição, des-
21. (Prefeitura de São Roque - SP – Advogado - VUNESP – 2020) de que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos para
A respeito dos servidores públicos estatutários, assinale a alterna- o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de origem.
tiva correta. ( ) CERTO
(A) O regime jurídico dos servidores estatutários não pode ser ( ) ERRADO
alterado de forma prejudicial aos agentes públicos que estejam
24. (CREFONO-5° Região - Assistente Administrativo - Quadrix
no exercício da função pública.
– 2020) Acerca da Administração Pública e dos servidores públicos,
(B) Os ocupantes de empregos públicos não dispõem de estabi-
julgue o item conforme o texto constitucional.
lidade no serviço público.
A investidura em cargo ou emprego público independe de apro-
(C) A estabilidade garante ao agente público a permanência no vação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos,
serviço público, de modo que o vínculo somente poderá ser de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego,
desconstituído por decisão judicial com trânsito em julgado. na forma prevista em lei, exceto para nomeações para cargo em
(D) É constitucional lei que propicie ao servidor investir-se em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.
cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investi- ( ) CERTO
do, sem prévia aprovação em concurso público. ( ) ERRADO
(E) O candidato aprovado em concurso público dentro do nú-
mero de vagas previstos no edital possui expectativa de direito 25. (TRE-PA - Analista Judiciário – Administrativa - IBFC – 2020)
à nomeação. O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercí-
cio irregular de suas atribuições. Analise o texto abaixo e assinale
22. (AL-AP - Assistente Legislativo - FCC – 2020) Ricardo Reis, a alternativa que preencha correta e respectivamente as lacunas.
servidor público, foi acusado, em processo disciplinar, de haver “A responsabilidade _____ abrange os crimes e contravenções
subtraído da repartição um aparelho de ar condicionado, falta que imputadas ao servidor, nessa qualidade.” “A responsabilidade _____
ensejaria sua demissão a bem do serviço público. Em processo cri- decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resul-
minal instaurado concomitantemente, o juiz absolveu Ricardo, con- te em prejuízo ao erário ou a terceiros.” A responsabilidade _____
cluindo que Bernardo Soares, pessoa totalmente estranha à reparti- do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue
ção, era o verdadeiro responsável pelo furto. Constatou-se, todavia, a existência do fato ou sua autoria.” “As sanções civis, penais e ad-
que Ricardo Reis havia se ausentado da repartição sem acionar os ministrativas poderão cumular-se, sendo _____ entre si.”
alarmes antifurto, providência de sua exclusiva responsabilidade. (A) penal / civil / administrativa / independentes
Tal comportamento não gerou punição na esfera criminal, por se (B) civil / administrativa / penal / independentes
tratar de conduta criminalmente atípica. (C) penal / administrativa / civil / dependentes
Diante do relato hipotético, conclui-se que Ricardo Reis (D) penal / civil / administrativa / dependentes
(A) será absolvido da conduta que lhe foi inicialmente imputa-
da, mas ainda poderá ser punido pela conduta omissiva, pois, 26. (TRE-PA - Analista Judiciário – Administrativa - IBFC – 2020)
Acerca do Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União
embora considerada criminalmente atípica, pode configurar
(Lei nº 8.112/1990), analise as afirmativas abaixo e dê valores Ver-
falta disciplinar residual.
dadeiro (V) ou Falso (F).
(B) deve pedir a inclusão de Bernardo Soares no processo dis-
( ) Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são cria-
ciplinar, na qualidade de corréu, de maneira a diminuir sua res- dos por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos co-
ponsabilidade no incidente. fres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão.
(C) não sofrerá punições em âmbito administrativo, visto que a ( ) Os requisitos básicos para investidura em cargo público es-
decisão criminal é vinculante na esfera administrativa. tão contidos no artigo 5º e portanto, as atribuições do cargo não po-
(D) pode ser demitido pela subtração do equipamento, visto dem justificar a exigência de outros requisitos estabelecidos em lei.
que as conclusões da decisão proferida na esfera criminal não ( ) O servidor estável só perderá o cargo em virtude de sentença
vinculam a Administração. judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disci-
(E) será indenizado pela injusta submissão a processo discipli- plinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa.
nar, o que é suficiente para configurar dano moral. ( ) A posse em cargo público dependerá de prévia inspeção mé-
dica oficial. Só poderá ser empossado aquele que for julgado apto
física e mentalmente para o exercício do cargo.
409
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
27. (UFRJ – Administrador - CESGRANRIO – 2019) O servidor 32. (MPE-CE - Técnico Ministerial - CESPE – 2020) Cada um do
público W foi demitido do serviço público, após processo adminis- item a seguir apresenta uma situação hipotética seguida de uma
trativo disciplinar. Inconformado, ele propôs ação judicial, buscan- assertiva a ser julgada, acerca dos poderes administrativos.
do o retorno ao serviço público, tendo obtido decisão favorável, O corpo de bombeiros de determinada cidade, em busca da
após dez anos de duração do processo. garantia de máximo benefício da coletividade, interditou uma esco-
Nos termos da Lei no 8.112/1990, quando invalidada a demis- la privada, por falta de condições adequadas para a evacuação em
caso de incêndio. Nesse caso, a atuação do corpo de bombeiros de-
são por decisão judicial, ocorre a denominada
corre imediatamente do poder disciplinar, ainda que o proprietário
(A) reinclusão da escola tenha direito ao prédio e a exercer o seu trabalho.
(B) reintegração ( ) CERTO
(C) recondução ( ) ERRADO
(D) revisão
(E) repristinação 33. (SPPREV - Técnico em Gestão Previdenciária - FCC – 2019)
Um agente público, em regular diligência de fiscalização a es-
28. (CRN - 2° Região (RS) - Assistente Administrativo - Quadrix tabelecimentos de ensino, constatou potencial irregularidade no
– 2020) Texto associado. procedimento de matrícula de determinado nível de escolaridade
Considera‐se como agente público aquele que, mesmo que por e determinou a interdição do estabelecimento. Considerando os
período determinado e sem remuneração, exerce mandato, cargo, fatos descritos, uma das possíveis conclusões para a atuação do
emprego ou função pública. agente público é
(A) atuação com excesso de poder disciplinar, pois este somen-
te incide na esfera hierárquica do quadro de servidores de ór-
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo. Direito administrativo descom-
gão da Administração direta ou pessoa jurídica integrante da
plicado. 16.ª ed. 2008. p. 122. Administração indireta.
(B) a regularidade da conduta, considerando o princípio da su-
Com relação aos agentes públicos, julgue o item. premacia do interesse público, cabendo ao responsável pelo
Agentes políticos têm sua competência extraída da Constitui- estabelecimento regularizar o procedimento apontado e, após,
ção Federal e normalmente são investidos em seus cargos por elei- pleitear a reabertura da unidade de ensino.
ção, nomeação ou designação. (C) a viabilidade jurídica da conduta, considerando que será
( ) CERTO oportunizado contraditório e ampla defesa ao responsável pela
( ) ERRADO escola, com possibilidade de reposição das aulas no caso de
procedência de suas alegações.
29. CRN - 2° Região (RS) - Assistente Administrativo - Quadrix – (D) ter agido com abuso de poder no exercício do poder de po-
2020) Com relação aos agentes públicos, julgue o item. lícia inerente à sua atuação, não se mostrando razoável a me-
Agentes administrativos consistem naqueles agentes públicos dida adotada, que prejudicou o cronograma de aulas de todos
os alunos da instituição.
que exercem funções de alta direção e orientação da Administração
(E) que o poder regulamentar confere ao representante da Ad-
Pública e, por isso, possuem prerrogativas pessoais para garantir li- ministração pública o poder de baixar atos normativos dotados
berdade para suas tomadas de decisão. de autoexecutoriedade, protegendo o direito à educação em
( ) CERTO detrimento do direito individual dos alunos.
( ) ERRADO
34. (IF Baiano - Contador IF-BA -2019) A respeito dos poderes
30. (CREFONO - 1ª Região - Agente Fiscal - Quadrix – 2020) Jul- administrativos da Administração Pública, assinale a alternativa cor-
gue o item no que se refere à Administração Pública. reta.
Os requisitos para acesso a cargos públicos mediante concurso (A) O Poder Normativo ou regulamentar se traduz no poder
devem estar claramente estabelecidos na lei e(ou) no edital. conferido à Administração Pública de expedir atos administra-
( ) CERTO tivos gerais e abstratos, com efeitos erga omnes, podendo, in-
( ) ERRADO clusive, inovar no ordenamento jurídico, criando e extinguindo
direitos e obrigações a todos os cidadãos.
(B) O Poder Hierárquico é característica que integra a estrutura
31. (Valiprev - SP - Analista de Benefícios Previdenciários VU-
das pessoas jurídicas da Administração Pública, sejam os entes
NESP – 2020) É o de que dispõe a Administração para distribuir e da Administração Direta ou Indireta. Trata-se de atribuição con-
escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de cedida ao administrador para organizar, distribuir e escalonar
seus agentes estabelecendo a relação de subordinação entre os ser- as funções de seus órgãos.
vidores de seu quadro de pessoal. Dele decorrem algumas prerro- (C) O Poder Disciplinar é a atribuição de aplicar sanções àque-
gativas: delegar e avocar atribuições, dar ordens, fiscalizar e rever les que estejam sujeitos à disciplina do ente estatal. Podem ser
atividades de órgãos inferiores. aplicadas sanções aos particulares, mesmo não possuindo vín-
culo.
É correto afirmar que o texto do enunciado se refere ao poder (D) O Poder de Polícia, segundo doutrina majoritária, não é ad-
(A) disciplinar. mitido no ordenamento jurídico brasileiro, por ferir o Estado
(B) hierárquico. Democrático de Direito.
(C) de delegação. (E) O Poder Discricionário se verifica quando a lei cria um ato
administrativo estabelecendo todos os elementos de forma ob-
(D) regulamentar.
jetiva, sem que a autoridade pública possa valorar acerca da
(E) de polícia. conduta exigida legalmente.
410
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
35. (SEAP-GO - Agente de Segurança Prisional - IADES/2019) 39. (MPE/RN -Técnico do Ministério Público Estadual - COM-
C. L. V., agente de segurança prisional, estava realizando sua ronda PERVE/2017) Os poderes inerentes à Administração Pública são
habitual durante o respectivo turno, quando observou que dois de- necessários para que ela sobreponha a vontade da lei à vontade
tentos – R. M. V. e J. O. M. – estavam em vias de fato no momento individual, o interesse público ao privado. Nessa perspectiva,
do “banho de sol”. Ao tentar separá-los, utilizou-se de força des- (A) no exercício do poder disciplinar, são apuradas infrações
proporcional, amarrando os dois detentos com uma corda, a qual e aplicadas penalidades aos servidores públicos sempre por
causou lesões contusas em ambos os detentos. Essa situação hipo- meio de procedimento em que sejam asseguradas a ampla de-
tética representa caso de fesa e o contraditório.
(A) desvio de poder. (B) no exercício do poder normativo, são editados decretos re-
(B) desvio de finalidade. gulamentares estabelecendo normas ultra legem, inovando na
(C) estrito cumprimento do dever legal. ordem jurídica para criar direitos e obrigações.
(D) excesso de poder. (C) o poder de polícia, apesar de possuir o atributo da coerci-
(E) abuso de direito. bilidade, carece do atributo da autoexecutoriedade, de modo
que a Administração Pública deve sempre recorrer ao judiciário
36. (CFESS - Assistente Técnico Administrativo - CONSUL- para executar suas decisões.
PLAN/2017) Quando a Administração Pública aplica penalidade de (D) o poder conferido à Administração Pública é uma faculdade
cassação da carteira de motorista ao particular que descumpre as que a Constituição e a lei colocam à disposição do administra-
regras de direção de veículos configura-se o exercício do poder dor, que o exercerá de acordo com sua livre convicção.
(A) de polícia.
(B) disciplinar. 40. (ANS - Técnico em Regulação de Saúde Suplementar - FUN-
(C) ordinatório. CAB/2016) No tocante aos poderes administrativos pode-se afirmar
(D) regulamentar que a delegação e avocação decorrem do poder:
(A) hierárquico.
37. (PC/SE - Delegado de Polícia – CESPE/2018) Acerca do po- (B) discricionário.
der de polícia — poder conferido à administração pública para im- (C) disciplinar.
por limites ao exercício de direitos e de atividades individuais em (D) regulamentar.
função do interesse público —, julgue o próximo item. (E) de polícia.
O poder de polícia é indelegável.
( ) CERTO 41. (Valiprev - SP - Analista de Benefícios Previdenciários - VU-
( ) ERRADO NESP/2020) É correto afirmar que o ato administrativo do Analista
de Benefícios Previdenciários é dotado de
38. (PC/AC - Escrivão de Polícia Civil - IBADE/2017) Consideran- (A) autoexecutoriedade, ante a inevitabilidade de sua execu-
do os Poderes e Deveres da Administração Pública e dos administra- ção, porquanto reúne sempre poder de coercibilidade para
dores públicos, é correta a seguinte afirmação: aqueles a que se destina, havendo a possibilidade de ser revo-
(A) O dever-poder normativo viabiliza que o Chefe do Poder gado pela própria Administração e pelo Poder Judiciário, quan-
Executivo expeça regulamentos para a fiel execução de leis. do sua manutenção deixar de ser conveniente e oportuna.
(B) O dever-poder de polícia, também denominado de dever- (B) imperatividade, ante a inevitabilidade de sua execução, por-
-poder disciplinar ou dever-poder da supremacia da admi- quanto reúne sempre poder de coercibilidade para aqueles a
nistração perante os súditos, é a atividade da administração que se destina, havendo a possibilidade de ser revogado pela
pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou li- própria Administração quando sua manutenção deixar de ser
berdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão conveniente e oportuna.
de interesse público concernente à segurança, à higiene, à or- (C) presunção de legitimidade, de legalidade e veracidade, por-
dem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao que se presume legal a atividade administrativa, por conta da
exercício de atividades econômicas dependentes de concessão inteira submissão ao princípio da legalidade, havendo a pos-
ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao sibilidade de ser revogado pela própria Administração e pelo
respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Poder Judiciário, quando sua manutenção deixar de ser conve-
(C) Verificado que um agente público integrante da estrutura niente e oportuna.
organizacional da Administração Pública praticou uma infração (D) imperatividade, uma vez que será executado, quando ne-
funcional, o dever-poder de polícia autoriza que seu superior cessário e possível, ainda que sem o consentimento do seu des-
hierárquico aplique as sanções previstas para aquele agente. tinatário, havendo a possibilidade de ser revogado pelo Poder
(D) O dever-poder de polícia pressupõe uma prévia relação en- Judiciário, em razão de sua eventual ilegalidade.
tre a Administração Pública e o administrado. Esta é a razão (E) presunção de legitimidade, de legalidade e veracidade, por-
pela qual este dever-poder possui por fundamento a suprema- que se presume legal a atividade administrativa, por conta da
cia especial. inteira submissão ao princípio da legalidade, havendo a possi-
(E) A possibilidade do chefe de um órgão público emitir ordens bilidade de ser revogado pelo Poder Judiciário, em razão de sua
e punir servidores que desrespeitem o ordenamento jurídico eventual ilegalidade.
não possui arrimo no dever-poder de polícia, mas sim no de-
ver-poder normativo.
411
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
42. (EBSERH - Assistente Administrativo - VUNESP/2020) O re- (C) praticou ato administrativo motivado por fatores apresenta-
vestimento exteriorizador do ato administrativo normal é a escrita, dos por terceiros que correspondem à realidade e foram apre-
embora existam atos consubstanciados em ordens verbais e até sentados formalmente.
mesmo em sinais convencionais. Esse requisito do ato é denomi- (D) praticou ato administrativo formalmente, para contraste
nado com a lei e aferido, pela própria Administração ou pelo Judiciá-
(A) objeto. rio, que foi considerado estranho às vontades do gestor máxi-
(B) motivo. mo da instituição pública.
(C) forma.
(D) mérito. 47. (SPPREV - Técnico em Gestão Previdenciária – FCC/2019) A
(E) finalidade. edição de um ato administrativo de natureza vinculada acarreta ou
pressupõe, para a Administração pública, o dever
43. (CRN - 2° Região - Assistente Administrativo - Quadrix – (A) de ter observado o preenchimento dos requisitos legais
2020) Atos administrativos são atos jurídicos que constituem ma- para a edição, tendo em vista que nos atos vinculados a legis-
nifestações unilaterais de vontade. A respeito dos atos administra- lação indica os elementos constitutivos do direito à prática do
tivos, julgue o item. ato.
A Administração pode anular seus próprios atos quando eiva- (B) subjetivo de emissão do mesmo, este que, em razão da na-
dos de vícios que os tornem ilegais ou revogá‐los, por motivo de tureza, não admite anulação ou revogação.
conveniência e oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e (C) de observar as opções legalmente disponíveis para decisão
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. do administrador, que deverá fundamentá-la em razão de con-
( ) CERTO veniência e interesse público.
( ) ERRADO (D) do administrado destinatário do ato exercer o direito que
lhe fora concedido, tendo em vista que os atos administrativos
44. (MPE-CE - Promotor de Justiça de Entrância Inicial – CES- são vinculantes para os particulares, que não têm opção de não
PE/2020) Com o fim de assegurar a adequação na prestação do ser- realizar o objeto ou finalidade do mesmo.
viço e o fiel cumprimento das normas previstas em contrato de con- (E) de submeter o ato ao controle externo do Tribunal de Con-
cessão de serviço público, o poder público concedente, mesmo sem tas competente e do Poder Judiciário, sob o prisma da legalida-
autorização judicial, interveio na concessão por meio de resolução de, conveniência e oportunidade.
que previu a designação de interventor, o prazo da intervenção e os
objetivos e limites da medida interventiva. 48. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário – NUCEPE/2017). Sobre a
Nessa situação hipotética, o ato administrativo de intervenção revogação dos atos administrativos, assinale a alternativa INCOR-
encontra-se eivado de vício quanto RETA.
(A) ao objeto. (A) Nem todos os atos administrativos podem ser revogados.
(B) ao motivo. (B) A revogação de ato administrativo é realizada, ordinaria-
(C) à finalidade. mente, pelo Poder Judiciário, cabendo-lhe ainda examinar os
(D) à competência. aspectos de validade do ato revogador.
(E) à forma. (C) Considerando que a revogação atinge um ato que foi pra-
ticado em conformidade com a lei, seus efeitos são ex nunc.
45. (TJ-PA - Auxiliar Judiciário - CESPE – 2020) A propriedade da (D) Pode a Administração Pública se arrepender da revogação
administração de, por meios próprios, pôr em execução suas deci- de determinado ato.
sões decorre do atributo denominado (E) O fundamento jurídico da revogação reside no poder discri-
(A) exigibilidade. cionário da Administração Pública
(B) autoexecutoriedade.
(C) vinculação. 49. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário – NUCEPE/2017). Assinale
(D) discricionariedade. a alternativa CORRETA sobre os atos administrativos.
(E) E medidas preventivas. (A) Atos individuais, também chamados de normativos, são
aqueles que se voltam para a regulação de situações jurídicas
46. (UEPA - Técnico de Nível Superior – Administração – FA- concretas, com destinatários individualizados, como instruções
DESP/2020) Um ato administrativo é o ato jurídico praticado, segun- normativas e regulamentos.
do o Direito Administrativo, pelas pessoas administrativas, ou a Ad- (B) Em razão do formalismo que o caracteriza, o ato administra-
ministração Pública, por intermédio de seus agentes, no exercício tivo deve sempre ser escrito, sendo juridicamente insubsisten-
de suas competências funcionais, capaz de produzir efeitos com fim tes comandos administrativos verbais.
público. Os atos administrativos podem ser invalidados pela própria (C) Aprovação é o ato unilateral e vinculado pelo qual a Ad-
Administração Pública ou pelo Poder Judiciário. O ato administrati- ministração Pública reconhece a legalidade de um ato jurídico.
vo pode vir a ser invalidado, quando o agente público (D) Tanto os atos vinculados como os atos discricionários po-
(A) foi empossado recentemente em cargo que lhe atribuiu a dem ser objeto de controle pelo Poder Judiciário.
competência para o ato administrativo. (E) Os provimentos são exclusivos dos órgãos colegiados, ser-
(B) praticou ato administrativo de modo a melhorar o ambiente vindo especificamente para demonstrar sua organização e seu
organizacional de que faz parte, sem que, seja considerado um funcionamento.
ato com fim público.
412
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
50. (CONFERE - Assistente Administrativo VII - INSTITUTO CIDA- 53. (UEPA - Técnico de Nível Superior – Administração - FADESP
DES/2016). A anulação do ato administrativo: – 2020) O controle da administração pública é realizado por meio
(A) Pode ser decretada à revelia pelo administrador público. de um conjunto de mecanismos que permitem a vigilância, a orien-
(B) Pode ser decretada somente pelo poder judiciário, desde tação e a correção da atuação administrativa. Esse controle pode
que exista base legal para isso. ser classificado como interno ou externo. É considerado um tipo de
(C) Pode ser decretada tanto pelo poder judiciário como pela controle interno
administração pública competente. (A) análises do Tribunal de Contas da União – TCU.
(D) Não pode ser decretada em hipótese alguma, pois o ato (B) apuração de irregularidades em Comissão Parlamentar de
administrativo tem força de lei. Inquérito – CPI.
(C) controle administrativo por autotutela.
51.(TRE-PA - Técnico Judiciário – Administrativa - IBFC – 2020) O (D) controle judicial mediante provocação.
controle administrativo pode ser conceituado como “o conjunto de
instrumentos definidos pelo ordenamento jurídico a fim de permitir 54. (DPE-AM - Assistente Técnico de Defensoria - FCC - 2019)
a fiscalização da atuação estatal por órgãos e entidades da própria Determinado órgão da Administração Estadual está sofrendo um
Administração Pública, dos Poderes Legislativos e Judiciário, assim processo de tomada de contas especial pelo Tribunal de Contas do
como pelo povo”. Nesse sentido, analise as afirmativas abaixo e dê Estado. Nesse caso, a tomada de contas é uma manifestação de
valores Verdadeiro (V) ou Falso (F). controle
( ) O Brasil adota o sistema de jurisdição única quanto ao con- (A) prévio.
trole da Administração Pública, razão pela qual não é possível a pro- (B) interno.
vocação do Poder Judiciário para análise de controvérsias antes do (C) jurisdicional.
esgotamento das instâncias administrativas. (D) político.
( ) O controle administrativo decorre do poder de autotutela (E) externo.
conferido à Administração Pública que deve efetivar a fiscalização
e revisão de seus atos, mediante provocação ou de ofício, com a 55. (TCE-RO - Auditor de Controle Externo - CESPE – 2019) A
competência para o julgamento das contas do chefe do Executivo
finalidade de verificar os aspectos de ilegalidade ou inconveniência
é do:
do ato.
(A) Poder Legislativo, que deve ser precedido de parecer vincu-
( ) O controle legislativo, realizado no âmbito do parlamento e
lativo emitido pelo tribunal de contas.
dos órgãos auxiliares do Poder Legislativo, inclui o controle político
(B) Poder Judiciário, que deve ser precedido de parecer prévio
sobre o próprio exercício da função administrativa e o controle fi-
e vinculativo do tribunal de contas.
nanceiro sobre a gestão dos gastos públicos dos três poderes.
(C) Poder Legislativo, que deve ser precedido de parecer prévio
( ) A ação popular é considerada pela doutrina como remédio
e apenas opinativo emitido pelo tribunal de contas.
constitucional que pode ser utilizado por pessoas físicas ou jurídicas (D) Poder Judiciário, que deve ser precedido de parecer prévio
para provocar o controle judicial, visando a anulação de ato lesivo e apenas opinativo emitido pelo tribunal de contas.
ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à (E) Tribunal de Contas da União (TCU), exclusivamente.
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio his-
tórico e cultural. 56. (MPE-CE - Técnico Ministerial – CESPE/2020) Acerca da res-
ponsabilidade civil do Estado e de improbidade administrativa, jul-
Assinale a alternativa que representa a sequência correta de gue o item seguinte.
cima para baixo: A responsabilidade civil da pessoa jurídica de direito público
(A) V, F, V, F pelos atos causados por seus agentes é objetiva, enquanto a res-
(B) V, V, V, F ponsabilidade civil dos agentes públicos é subjetiva.
(C) F, V, V, F ( ) CERTO
(D) F, F, F, V ( ) ERRADO
52. (TJ-PA - Oficial de Justiça Avaliador - CESPE – 2020) Acerca 57. (TRE-PA - Técnico Judiciário – Administrativa – IBFC/2020)
do controle da administração pública, julgue os itens a seguir. A responsabilidade civil do Estado brasileiro pelos danos causados
I Em nenhuma hipótese é possível a revogação, pelo Poder Ju- a terceiros encontra-se disciplinada no artigo 37, parágrafo 6º, da
diciário, de atos praticados pelo Poder Executivo. Constituição Federal de 1988 (CF/88). Sobre o tema, assinale a al-
II A reclamação para anulação de ato administrativo em des- ternativa correta.
conformidade com súmula vinculante é uma modalidade de contro- (A) Segundo a teoria do risco integral, o ente público deve ser
le externo da atividade administrativa. responsabilizado objetivamente pelos danos que seus agentes
III Nenhuma lei pode criar uma modalidade inovadora de con- causarem a terceiros, sendo, contudo, admitida a exclusão da
trole externo não prevista constitucionalmente. responsabilidade em determinadas situações, tais como culpa
exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior, h aja vista ser
Assinale a opção correta. o Estado garantidor universal de seus subordinados
(A) Apenas o item I está certo. (B) A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito pú-
(B) Apenas o item II está certo. blico e das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de
(C) Apenas os itens I e III estão certos. serviços públicos não depende da comprovação de elementos
(D) Apenas os itens II e III estão certos. subjetivos ou da ilicitude do ato
(E) Todos os itens estão certos.
413
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
(C) A Constituição Federal de 1988 admite ação de regresso do 61. (METRÔ-SP - Analista Desenvolvimento Gestão Júnior - FCC
Estado em face do agente público que, nessa qualidade, causar – 2019) Considere a seguinte situação.
danos a terceiros, cujo direito ao ressarcimento será aferido Em uma determinada metrópole, há duas linhas de trem me-
por meio da responsabilidade objetiva do agressor tropolitano: uma é operada por uma empresa privada, mediante
(D) As empresas públicas e sociedades de economia mista, en- regime contratual de concessão, e o sistema de condução dos trens
quanto exploradoras de atividade econômica, estão submeti- é totalmente automatizado, sem maquinistas ou operadores ma-
das aos ditames da responsabilidade objetiva prevista no artigo nuais; na outra linha, gerida por empresa estatal, os trens são con-
37, parágrafo 6º, da CF/88, uma vez que gozam das prerrogati- duzidos por maquinistas.
vas e sujeições inerentes ao regime jurídico administrativo Em caso de ocorrência de acidentes envolvendo usuários em
cada uma dessas linhas, é correto concluir que será aplicado o regi-
58. (TJ-PA - Analista Judiciário - Área Administração – CES- me de responsabilidade
PE/2020) Acerca da responsabilidade civil do Estado, assinale a op- (A) subjetivo, em ambas as situações.
(B) objetivo, em ambas as situações.
ção correta.
(C) subjetivo na linha gerida pela concessionária e objetivo na
(A) É vedado ao Estado realizar pagamento administrativo de-
linha gerida pela empresa estatal.
dano causado a terceiro, devendo aguardar eventual condena-
(D) objetivo na linha gerida pela concessionária e subjetivo na
ção em ação judicial para proceder ao pagamento mediante linha gerida pela empresa estatal.
precatório. (E) integral, em ambas as situações.
(B) O Estado não deve indenizar prejuízos oriundos de altera-
ção de política econômico-tributária caso não se tenha com- 62. (IF Baiano – Contador - IF-BA/2019) Em relação à responsa-
prometido previamente por meio de planejamento específico. bilidade civil do Estado, assinale a alternativa correta.
(C) A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso (A) A responsabilidade civil do Estado prevista no art. 37, §6º
público gera direito a indenização caso se comprove cabalmen- da CF/88 é subjetiva.
te erro da administração pública. (B) A teoria do risco administrativo não admite excludente da
(D) A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito pri- responsabilidade.
vado prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a (C) O Brasil adotou como regra geral a teoria do risco integral.
terceiros usuários, mas subsidiária para não usuários. (D) O Brasil adotou como regra geral a teoria do risco adminis-
(E) O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos emprega- trativo.
dos de empresa terceirizada não gera responsabilidade solidá- (E) Não se admite a responsabilidade por omissão do Estado,
ria do poder público, mas tão somente subsidiária. segundo a doutrina majoritária e a jurisprudência consolidada
dos Tribunais Superiores.
59. (UEPA - Técnico de Nível Superior – Administração – FA-
DESP/2020) A responsabilidade civil do Estado é decorrente de ação 63. (CRO-GO - Fiscal Regional - Quadrix – 2019) Com relação à
ou omissão estatal lícita ou ilícita que cause dano a alguém. São responsabilidade civil do Estado, julgue o item.
considerados excludentes de responsabilização civil do Estado Para a teoria da responsabilidade objetiva, a responsabilização
(A) força maior e caso fortuito. do Estado prescinde da demonstração de culpa quanto ao fato da-
(B) culpa exclusiva da vítima e danos exclusivamente morais. noso, bastando que esteja presente a relação causal entre o fato e
(C) dano não intencional e culpa exclusiva de terceiros. o dano.
(D) força maior e culpa de agentes públicos terceirizados. ( ) CERTO
( ) ERRADO
60. (Prefeitura de Contagem - MG - Procurador Municipal –
64. (CRO-GO - Assistente Administrativo - Quadrix – 2019) Com
FUNDEP/ 2019) Analise a situação a seguir.
relação à responsabilidade civil do Estado, julgue o item.
Dirigindo a serviço um veículo oficial, um motorista servidor
É objetiva a responsabilidade das fundações públicas de natu-
público municipal colide em um carro particular, ocasionando estra- reza autárquica.
gos em ambos os carros, sem que haja vítimas. ( ) CERTO
Nessa situação hipotética, analisando a responsabilidade civil ( ) ERRADO
do estado em relação ao particular, é correto afirmar:
(A) Não se aplica a responsabilidade objetiva prevista no art. 65 (TRF - 3ª REGIÃO - Técnico Judiciário – Administrativa - FCC
37, §6º, da Constituição da República, pois o dano não foi cau- – 2019) Julio exerce cargo público efetivo de motorista em uma
sado por um ato administrativo, mas sim por um fato. autarquia federal e, durante o exercício funcional, envolveu-se em
(B) A responsabilidade é subjetiva e recai sobre o servidor pú- acidente que causou danos patrimoniais a terceiros. Nesse caso, no
blico motorista, que agiu com imprudência e imperícia no de- tocante ao regime de responsabilidade civil, o referido servidor
sempenho da função. (A) responderá de forma objetiva e solidária com a autarquia.
(C) O município responde de maneira objetiva pelo prejuízo de- (B) não responderá em hipótese alguma, pois se trata de hipó-
corrente da colisão, sofrido pelo particular podendo cobrar do tese de responsabilidade integral da União.
servidor o valor desembolsado em ação de regresso. (C) responderá de forma subjetiva apenas se incluído no polo
(D) Aplica-se a teoria do risco administrativo, pois o servidor passivo da ação pelo terceiro afetado.
condutor do veículo estava dirigindo a serviço e não pode ser (D) responderá de forma objetiva e subsidiária em relação à
responsabilizado pelo exercício de suas funções. autarquia.
(E) responderá de forma subjetiva e por meio de ação regres-
siva.
414
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
GABARITO 40 A
41 B
1 D 42 C
2 CERTO 43 CERTO
3 ERRADO 44 E
4 B 45 B
5 A 46 B
6 B 47 A
7 D 48 B
8 CERTO 49 D
9 A 50 C
10 ERRADO 51 C
11 ERRADO 52 E
12 D 53 C
13 A 54 E
14 E 55 C
15 B 56 CERTO
16 A 57 B
17 A 58 B
18 C 59 A
19 C 60 C
20 D 61 B
21 B 62 D
22 A 63 CERTO
23 CERTO 64 CERTO
24 ERRADO 65 E
25 A
26 D ANOTAÇÕES
27 B
28 CERTO ______________________________________________________
29 ERRADO ______________________________________________________
30 ERRADO
______________________________________________________
31 B
32 ERRADO ______________________________________________________
33 D ______________________________________________________
34 B
______________________________________________________
35 D
______________________________________________________
36 A
37 ERRADO ______________________________________________________
38 A ______________________________________________________
39 A
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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