Você está na página 1de 199

CÓD: OP-094JL-23

7908403539154

SESPA
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE PÚBLICA DO PARÁ

Enfermeiro
EDITAL Nº 01/SEPLAD-SESPA, DE 6 DE JULHO DE 2023.
• A Opção não está vinculada às organizadoras de Concurso Público. A aquisição do material não garante sua inscrição ou ingresso na
carreira pública,

• Sua apostila aborda os tópicos do Edital de forma prática e esquematizada,

• Dúvidas sobre matérias podem ser enviadas através do site: www.apostilasopção.com.br/contatos.php, com retorno do professor
no prazo de até 05 dias úteis.,

• É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, de acordo com o Artigo 184 do Código Penal.

Apostilas Opção, a Opção certa para a sua realização.


ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos. .................................................................................................................................... 7
2. Denotação e conotação. Significação das palavras...................................................................................................................... 14
3. Figuras de linguagem. ................................................................................................................................................................. 15
4. Coesão e coerência. .................................................................................................................................................................... 17
5. Tipologia textual. ........................................................................................................................................................................ 18
6. Cargo das classes de palavras...................................................................................................................................................... 20
7. Sintaxe da oração e do período. ................................................................................................................................................. 28
8. Pontuação.................................................................................................................................................................................... 30
9. Concordância verbal e nominal. ........................................................................................................................................ 31
10. Estudo da crase. ................................................................................................................................................................ 34
11. Semântica e estilística........................................................................................................................................................ 34

Legislação e Ética no Serviço Público


1. Lei Estadual nº 5.810/1994 e alterações (Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis da Administração Direta, das
Autarquias e das Fundações Públicas do Estado do Pará)........................................................................................................... 43
2. Lei Complementar Estadual nº 052, de 30 de janeiro de 2006 e suas alterações....................................................................... 64
3. Lei Federal nº 13.853/2019 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais)...................................................................................... 64
4. Lei Federal 8.429/1992 e suas alterações.................................................................................................................................... 68
5. Decreto Federal nº 11.129/2022................................................................................................................................................. 77
6. Lei Federal nº 12.846/2013 e suas alterações............................................................................................................................. 86
7. Lei Federal nº 7.716, de 05 de janeiro de 1989, e suas alterações.............................................................................................. 89
8. Lei Estadual nº 9.341, de 11 de novembro de 2021, e suas alterações. Ética e moral................................................................ 91
9. Ética, princípios, valores e a lei.................................................................................................................................................... 97
10. Ética e democracia: exercício da cidadania. Conduta ética.......................................................................................................... 98
11. Ética profissional.......................................................................................................................................................................... 99
12. Ética e responsabilidade social.................................................................................................................................................... 101
13. Ética e função pública.................................................................................................................................................................. 104
14. Ética no setor público.................................................................................................................................................................. 105

Noções de Informática
1. Conhecimentos básicos de microcomputadores PC – Hardware................................................................................................. 109
2. Noções de Sistemas Operacionais. ............................................................................................................................................. 109
3. MS-DOS. ...................................................................................................................................................................................... 111
4. Noções de sistemas de Windows. ............................................................................................................................................... 112
5. Noções do processador de texto MS-Word para Windows. Noções da planilha de cálculo MS-Excel........................................ 119
6. Noções básicas de Bancos de dados. .......................................................................................................................................... 124
7. Comunicação de dados................................................................................................................................................................ 126
8. Conceitos Gerais de Equipamentos e Operacionalização............................................................................................................ 127
9. Conceitos básicos de Internet...................................................................................................................................................... 129
ÍNDICE

Legislação
1. Legislação da Saúde: Constituição Federal de 1988 (Título VIII – Capítulo II – Seção II).............................................................. 139
2. Lei Federal nº 8.142/90 e suas alterações................................................................................................................................... 140
3. Lei Federal nº 8.080/90 e suas alterações................................................................................................................................... 141
4. Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde – NOB-SUS/1996.................................................................................. 151
5. Norma Operacional da Assistência à Saúde – NOAS – SUS/2001................................................................................................ 165
6. Lei Federal nº 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) e suas alterações................................................................ 177
7. Lei Federal nº 10.741/2003 (Estatuto da Pessoa Idosa) e suas alterações.................................................................................. 214
8. Lei Federal nº 12.764/2012 (Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista) e suas
alterações.................................................................................................................................................................................... 225
9. Lei Federal nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) e suas alterações.................................................................. 226

Políticas de Saúde Pública


1. Organização dos serviços de saúde no Brasil: Sistema Único de Saúde – Princípios e diretrizes, controle social. Indicadores
de saúde...................................................................................................................................................................................... 247
2. Sistema de notificação e de vigilância epidemiológica e sanitária.............................................................................................. 254
3. Endemias/epidemias: situação atual, medidas de controle e tratamento.................................................................................. 256
4. Planejamento e programação local de saúde, distritos sanitários e enfoque estratégico........................................................... 257
5. Portarias e Leis do SUS................................................................................................................................................................. 273
6. Políticas Públicas de Saúde.......................................................................................................................................................... 274
7. Pacto pela Saúde.......................................................................................................................................................................... 297

Conhecimentos específicos
Enfermeiro
1. Fundamentos e exercício da enfermagem................................................................................................................................. 321
2. Lei do exercício profissional – análise crítica;............................................................................................................................ 329
3. Código de Ética – análise crítica;................................................................................................................................................ 331
4. Epidemiologia e enfermagem.................................................................................................................................................... 336
5. Estatística e enfermagem........................................................................................................................................................... 338
6. Teorias em enfermagem............................................................................................................................................................ 339
7. Enfermeiro como líder e agente de mudança............................................................................................................................ 339
8. Concepções teórico-práticas da assistência de enfermagem.................................................................................................... 341
9. Administração dos serviços de enfermagem: Políticas públicas em saúde e sua evolução histórica....................................... 344
10. Lei orgânica de saúde a partir da Constituição de 1988............................................................................................................ 346
11. Processo social de mudança das práticas sanitárias no SUS e na enfermagem......................................................................... 346
12. Administração de materiais e enfermagem............................................................................................................................... 348
13. Normas, rotinas e manuais, elaboração e utilização na enfermagem....................................................................................... 355
14. Teorias administrativas e enfermagem...................................................................................................................................... 356
15. Organização dos serviços de enfermagem................................................................................................................................. 358
ÍNDICE

16. Estrutura e funcionamento dos serviços de enfermagem......................................................................................................... 362


17. Planejamento na administração e na assistência de enfermagem em nível ambulatorial........................................................ 363
18. Enfermagem e recursos humanos – recrutamento e seleção.................................................................................................... 365
19. Enfermagem em equipe – dimensionamento dos recursos humanos....................................................................................... 367
20. Enfermagem, enfermeiro, tomada de decisão na administração da assistência e do serviço................................................... 373
21. Enfermagem na auditoria dos serviços e da assistência............................................................................................................ 374
22. Administração do processo de cuidar em enfermagem: Normas do Ministério da Saúde para atuação: programa nacional
de imunizações.......................................................................................................................................................................... 376
23. programa da mulher.................................................................................................................................................................. 389
24. programa da criança.................................................................................................................................................................. 420
25. programa do adolescente.......................................................................................................................................................... 437
26. programa do idoso..................................................................................................................................................................... 441
27. programa DST e AIDS................................................................................................................................................................. 447
28. programa de hanseníase............................................................................................................................................................ 450
29. programa de pneumologia sanitária.......................................................................................................................................... 454
30. programa de hipertensão. programa de diabético.................................................................................................................... 455
31. Planejamento da assistência de enfermagem: Processo de enfermagem – teoria e práticA.................................................... 461
32. Consulta de enfermagem........................................................................................................................................................... 462
33. Medidas de higiene e de segurança nos serviços de enfermagem e para o trabalhador: Participação do enfermeiro na
CIPA............................................................................................................................................................................................ 463
34. Emergências clínico cirúrgicas e a assistência de enfermagem................................................................................................. 465
35. Primeiros socorros..................................................................................................................................................................... 484
36. Assistência integral por meio do trabalho em equipes: de enfermagem, multiprofissional e interdisciplinar.......................... 501
37. Políticas de Saúde do Sistema Único de Saúde.......................................................................................................................... 503
38. Noções de Controle, avaliação e Regulação em saúde (Portaria nº 1.559, de 1º de agosto de 2008)...................................... 503
39. Noções gerais dos Sistemas de Informação da Saúde (TABWIN, SISREG, SISAB, SINAN, SIM, SINASC, SIH/SUS, SISVAN, SI-PNI,
SISAGUA, HIPERDIA, SISPRENATAL, SIA/SUS)............................................................................................................................. 505
40. Vigilância em Saúde (Vigilância Sanitária e Epidemiológica e Endemias)................................................................................. 505
41. Noções de Planejamento e Gestão das Políticas de Saúde do SUS............................................................................................ 506
42. Noções de Judicialização na área da saúde............................................................................................................................... 506
LÍNGUA PORTUGUESA

Uma pessoa que conhece todas as palavras do texto, mas não


COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS. compreende o universo dos discursos, as relações extratextuais
desse texto, não entende o significado do mesmo. Por isso, é preci-
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO so colocá-lo dentro do universo discursivo a que ele pertence e no
Cada vez mais, é comprovada a dificuldade dos estudantes, de interior do qual ganha sentido.
qualquer idade, e para qualquer finalidade em compreender o que
se pede em textos, e também os enunciados. Qual a importância Compreensão
em se entender um texto? Alguns teóricos chamam o universo discursivo de “conhecimen-
Para a efetiva compreensão precisa-se, primeiramente, enten- to de mundo”, mas chamaremos essa operação de compreensão.
der o que um texto não é, conforme diz Platão e Fiorin: A palavra compreender vem da união de duas palavras grega:
“Não é amontoando os ingredientes que se prepara uma re- cum que significa ‘junto’ e prehendere que significa ‘pegar’. Dessa
ceita; assim também não é superpondo frases que se constrói um forma, a compreensão envolve além da decodificação das estrutu-
texto”.1 ras linguísticas e das partes do texto presentes na apreensão, mas
uma junção disso com todo o conhecimento de mundo que você já
Ou seja, ele não é um aglomerado de frases, ele tem um come- possui. Ela envolve entender os significados das palavras juntamen-
ço, meio, fim, uma mensagem a transmitir, tem coerência, e cada te com todo o contexto de discursos e conhecimentos em torno do
frase faz parte de um todo. Na verdade, o texto pode ser a questão leitor e do próprio texto. Dessa maneira a compreensão envolve
em si, a leitura que fazemos antes de resolver o exercício. E como uma série de etapas:
é possível cometer um erro numa simples leitura de enunciado?
Mais fácil de acontecer do que se imagina. Se na hora da leitura, 1. Decodificação do código linguístico: conhecer a língua em
deixamos de prestar atenção numa só palavra, como um “não”, já que o texto foi escrito para decodificar os significados das palavras
alteramos a interpretação e podemos perder algum dos sentidos ali ali empregadas.
presentes. Veja a diferença: 2. A montagem das partes do texto: relacionar as palavras, fra-
ses e parágrafos dentro do texto, compreendendo as ideias constru-
Qual opção abaixo não pertence ao grupo? ídas dentro do texto
Qual opção abaixo pertence ao grupo? 3. Recuperação do saber do leitor: aliar as informações ob-
Isso já muda totalmente a questão, e se o leitor está desatento, tidas na leitura do texto com os conhecimentos que ele já possui,
vai marcar a primeira opção que encontrar correta. Pode parecer procurando em sua memória os saberes que ele tem relacionados
exagero pelo exemplo dado, mas tenha certeza que isso acontece ao que é lido.
mais do que imaginamos, ainda mais na pressão da prova, tempo 4. Planejamento da leitura: estabelecer qual seu objetivo ao
curto e muitas questões. ler o texto. Quais informações são relevantes dentro do texto para o
Partindo desse princípio, se podemos errar num simples enun- leitor naquele momento? Quais são as informações ele precisa para
ciado, que é um texto curto, imagine os erros que podemos come- responder uma determinada questão? Para isso utilizamos várias
ter ao ler um texto maior, sem prestar a devida atenção aos de- técnicas de leitura como o escaneamento geral das informações
talhes. É por isso que é preciso melhorar a capacidade de leitura, contidas no texto e a localização das informações procuradas.
compreensão e interpretação.
E assim teremos:
Apreender X Compreensão X Interpretação2 Apreensão + Compreensão = Entendimento do texto
Há vários níveis na leitura e no entendimento de um texto. O
processo completo de interpretação de texto envolve todos esses Interpretação
níveis. Envolve uma dissecação do texto, na qual o leitor além de com-
preender e relacionar os possíveis sentidos presentes ali, posicio-
Apreensão na-se em relação a eles. O processo interpretativo envolve uma es-
Captação das relações que cada parte mantém com as outras pécie de conversa entre o leitor e o texto, na qual o leitor identifica
no interior do texto. No entanto, ela não é suficiente para entender e questiona a intenção do autor do texto, deduz sentidos e realiza
o sentido integral. conclusões, formando opiniões.

1 PLATÃO, Fiorin, Lições sobre o texto. Ática 2011.


2 LEFFA, Vilson. Interpretar não é compreender: um estudo preliminar sobre a
interpretação de texto.

7
LÍNGUA PORTUGUESA

Elementos envolvidos na interpretação textual3


Toda interpretação de texto envolve alguns elementos, os quais precisam ser levados em consideração para uma interpretação completa
a) Texto: é a manifestação da linguagem. O texto4 é uma unidade global de comunicação que expressa uma ideia ou trata de um assunto
determinado, tendo como referência a situação comunicativa concreta em que foi produzido, ou seja, o contexto. São enunciados constituídos de
diferentes formas de linguagem (verbal, vocal, visual) cujo objetivo é comunicar. Todo texto se constrói numa relação entre essas linguagens, as in-
formações, o autor e seus leitores. Ao pensarmos na linguagem verbal, ele se estrutura no encadeamento de frases que se ligam por mecanismos
de coesão (relação entre as palavras e frases) e coerência (relação entre as informações). Essa relação entre as estruturas linguísticas e a organiza-
ção das ideias geram a construção de diferentes sentidos. O texto constitui-se na verdade em um espaço de interação entre autores e leitores de
contextos diversos. 5Dizemos que o texto é um todo organizado de sentido construído pela relação de sentido entre palavras e frases interligadas.
b) Contexto: é a unidade maior em que uma menor se insere. Pode ser extra ou intralinguístico. O primeiro refere-se a tudo mais
que possa estar relacionado ao ato da comunicação, como época, lugar, hábitos linguísticos, grupo social, cultural ou etário dos falantes
aos tempos e lugares de produção e de recepção do texto. Toda fala ou escrita ocorre em situações sociais, históricas e culturais. A con-
sideração desses espaços de circulação do texto leva-nos a descobrir sentidos variados durante a leitura. O segundo se refere às relações
estabelecidas entre palavras e ideias dentro do texto. Muitas vezes, o entendimento de uma palavra ou ideia só ocorre se considerarmos
sua posição dentro da frase e do parágrafo e a relação que ela estabelece com as palavras e com as informações que a precedem ou a
sucedem. Vamos a dois exemplos para entendermos esses dois contextos, muito necessários à interpretação de um texto.
Observemos o primeiro texto

https://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/01/o-mundo-visto-bpor-mafaldab.html

Na tirinha anterior, a personagem Mafalda afirma ao Felipe que há um doente na casa dela. Quando pensamos na palavra doente, já pensamos
em um ser vivo com alguma enfermidade. Entretanto, ao adentrar o quarto, o leitor se depara com o globo terrestre deitado sobre a cama. A inter-
pretação desse texto, constituído de linguagem verbal e visual, ocorre pela relação que estabelecemos entre o texto e o contexto extralinguístico. Se
pensarmos nas possíveis doenças do mundo, há diversas possibilidades de sentido de acordo com o contexto relacionado, dentre as quais listamos:
problemas ambientais, corrupção, problemas ditatoriais (relacionados ao contexto de produção das tiras da Mafalda), entre outros.
Observemos agora um exemplo de intralinguístico

https://www.imagemwhats.com.br/tirinhas-do-calvin-e-haroldo-para-compartilhar-143/
3 https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/o-que-texto.htm
KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Vanda M. Ler e Compreender os Sentidos do Texto. São Paulo: Contexto, 2006.
4 https://www.enemvirtual.com.br/o-que-e-texto-e-contexto/
5 PLATÃO, Fiorin, Lições sobre o texto. Ática 2011.

8
LÍNGUA PORTUGUESA

Nessa tirinha anterior, podemos observar que, no segundo das com menor ou maior facilidade. Nossos conhecimentos não são
quadrinho, a frase “eu acho que você vai” só pode ser compreendi- estáticos, pois o cérebro está captando novas informações a cada
da se levarmos em consideração o contexto intralinguístico. Ao con- momento, assim como há informações que se perdem. Um conhe-
siderarmos o primeiro quadrinho, conseguimos entender a mensa- cimento muito utilizado será sempre recuperado mais facilmente,
gem completa do verbo “ir”, já que obstemos a informação que ele assim como um pouco usado precisará de um grande esforço para
não vai ou vai à escola ser recuperado. Existem alguns tipos de conhecimento prévio: o in-
tuitivo, o científico, o linguístico, o enciclopédico, o procedimental,
c) Intertexto/Intertextualidade: ocorre quando percebemos a entre outros. No decorrer de uma leitura, por exemplo, o conheci-
presença de marcas de outro(s) texto(s) dentro daquele que esta- mento prévio é criado e utilizado. Por exemplo, um livro científico
mos lendo. Observemos o exemplo a seguir que explica um conceito e depois fala sobre a utilização desse con-
ceito. É preciso ter o conhecimento prévio sobre o conceito para
se aprofundar no tema, ou seja, é algo gradativo. Em leitura, o co-
nhecimento prévio são informações que a pessoa que está lendo
necessita possuir para ler o texto e compreendê-lo sem grandes
dificuldades. Isso é muito importante para a criação de inferências,
ou seja, a construção de informações que não são apresentadas no
texto de forma explícita e para a pessoa que lê conectar partes do
texto construindo sua coerência.

Conhecimento linguístico: conhecimento da linguagem; Capa-


cidade de decodificar o código linguístico utilizado; Saber acerca do
funcionamento do sistema linguístico utilizado (verbal, visual, vo-
cal).
Conhecimento genérico: saber relacionado ao gênero textu-
al utilizado. Para compreender um texto é importante conhecer a
estrutura e funcionamento do gênero em que ele foi escrito, es-
pecialmente a função social em que esse gênero é usualmente em-
pregado.
Conhecimento interacional: relacionado à situação de produ-
ção e circulação do texto. Muitas vezes, para entender os sentidos
presente no texto, é importante nos atentarmos para os diversos
participantes da interação social (autor, leitor, texto e contexto de
produção).

Diferentes Fases de Leitura8


https://priscilapantaleao.wordpress.com/2013/06/26/tipos-de-inter- Um texto se constitui de diferentes camadas. Há as mais super-
textualidade/ ficiais, relacionadas à organização das estruturas linguísticas, e as
mais profundas, relacionadas à organização das informações e das
Na capa do gibi anterior, vemos a Magali na atuação em uma ideias contidas no texto. Além disso, existem aqueles sentidos que
peça de teatro. Ao pronunciar a frase “comer ou não comer”, pela não estão imediatamente acessíveis ao leitor, mas requerem uma
estrutura da frase e pelos elementos visuais que remetem ao teatro ativação de outros saberes ou relações com outros textos.
e pelas roupas, percebemos marca do texto de Shakespeare, cuja Para um entendimento amplo e profundo do texto é necessário
frase seria “ser ou não”. Esse é um bom exemplo de intertexto. passar por todas essas camadas. Por esse motivo, dizemos que há
diferentes fases da leitura de um texto.
Conhecimentos necessários à interpretação de texto6
Na leitura de um texto são mobilizados muitos conhecimentos Leitura de reconhecimento ou pré-leitura: classificada como
para uma ampla compreensão. São eles: leitura prévia ou de contato. É a primeira fase de leitura de um
Conhecimento enciclopédico: conhecimento de mundo; co- texto, na qual você faz um reconhecimento do “território” do tex-
nhecimento prévio que o leitor possui a partir das vivências e lei- to. Nesse momento identificamos os elementos que compõem o
turas realizadas ao longo de suas trajetórias. Esses conhecimentos enunciado. Observamos o título, subtítulos, ilustrações, gráficos. É
são essenciais à interpretação da variedade de sentidos possíveis nessa fase que entramos em contato pela primeira vez com o as-
em um texto. sunto, com as opiniões e com as informações discutidas no texto.
O conceito de conhecimento Prévio7 refere-se a uma informa- Leitura seletiva: leitura com vistas a localizar e selecionar in-
ção guardada em nossa mente e que pode ser acionada quando formações específicas. Geralmente utilizamos essa fase na busca de
for preciso. Em nosso cérebro, as informações não possuem locais alguma informação requerida em alguma questão de prova. A lei-
exatos onde serão armazenadas, como gavetas. As memórias são tura seletiva seleciona os períodos e parágrafos que possivelmente
complexas e as informações podem ser recuperadas ou reconstruí- contém uma determinada informação procurada.
6 KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Vanda M. Ler e Compreender os Sentidos do 8 CAVALCANTE FILHO, U. ESTRATÉGIAS DE LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO
Texto. São Paulo: Contexto, 2006. DE TEXTOS NA UNIVERSIDADE: DA DECODIFICAÇÃO À LEITURA CRÍTICA. In:
7 https://bit.ly/2P415JM. ANAIS DO XV CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA

9
LÍNGUA PORTUGUESA

Leitura crítica ou reflexiva: leitura com vistas a analisar infor- Observemos mais um exemplo:
mações. Análise e reflexão das intenções do autor no texto. Muito “Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um desses cra-
utilizada para responder àquelas questões que requerem a identifi- ques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé), mas ainda tem
cação de algum ponto de vista do autor. Analisamos, comparamos e um longo caminho a trilhar (...).”
julgamos as informações discutidas no texto. (Veja São Paulo,1990)
Leitura interpretativa: leitura mais completa, um aprofunda-
mento nas ideias discutidas no texto. Relacionamos as informações Esse texto diz explicitamente que:
presentes no texto com diferentes contextos e com problemáticas - Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé são craques;
em geral. Nessa fase há um posicionamento do leitor quanto ao - Neto não tem o mesmo nível desses craques;
que foi lido e criam-se opiniões que concordam ou se contrapõem - Neto tem muito tempo de carreira pela frente.

Os sentidos no texto O texto deixa implícito que:


Interpretar é lidar com diferentes sentidos construídos dentro - Existe a possibilidade de Neto um dia aproximar-se dos cra-
do texto. Alguns desses sentidos são mais literais enquanto outros ques citados;
são mais figurados, e exigem um esforço maior de compreensão - Esses craques são referência de alto nível em sua especialida-
por parte do leitor. Outros são mais imediatos e outros estão mais de esportiva;
escondidos e precisam se localizados. - Há uma oposição entre Neto e esses craques no que diz res-
peito ao tempo disponível para evoluir.
Sentidos denotativo ou próprio
O sentido próprio é aquele sentido usual da palavra, o sentido Há dois tipos de informações implícitas: os pressupostos e os
em estado de dicionário. O sentido geral que ela tem na maioria dos subentendidos
contextos em que ocorre. No exemplo “A flor é bela”, a palavra flor
está em seu sentido denotativo, uma vez que esse é o sentido lite- A) Pressupostos: são sentidos implícitos que decorrem logica-
ral dessa palavra (planta). O sentido próprio, na acepção tradicional mente a partir de ideias e palavras presentes no texto. Apesar do
não é próprio ao contexto, mas ao termo. pressuposto não estar explícito, sua interpretação ocorre a partir
da relação com marcas linguísticas e informações explícitas. Obser-
Sentido conotativo ou figurado vemos um exemplo:
O sentido conotativo é aquele sentido figurado, o qual é muito Maria está bem melhor hoje
presente em metáforas e a interpretação é geralmente subjetiva e
relacionada ao contexto. É o sentido da palavra desviado do usual, Na leitura da frase acima, é possível compreender a seguinte
isto é, aquele que se distancia do sentido próprio e costumeiro. As- informação pressuposta: Maria não estava bem nos dias passados.
sim, em “Maria é uma flor” diz-se que “flor” tem um sentido figura- Consideramos essa informação um pressuposto pois ela pode ser
do, pois significa delicadeza e beleza. deduzida a partir da presença da palavra “hoje”.

Sentidos explícitos e implícitos9 Marcadores de Pressupostos


Os sentidos podem estar expressos linguisticamente no texto - Adjetivos ou palavras similares modificadoras do substan-
ou podem ser compreendidos por uma inferência (uma dedução) a tivo
partir da relação com os contextos extra e intralinguísticos. Frente Ex.: Julinha foi minha primeira filha.
a isso, afirmamos que há dois tipos de informações: as explícitas e “Primeira” pressupõe que tenho outras filhas e que as outras
as implícitas. nasceram depois de Julinha.
As informações explícitas são aquelas que estão verbalizadas
dentro de um texto, enquanto as implícitas são aquelas informa- Ex.: Destruíram a outra igreja do povoado.
ções contidas nas “entrelinhas”, as quais precisam ser interpretadas “Outra” pressupõe a existência de pelo menos uma igreja além
a partir de relações com outras informações e conhecimentos pré- da usada como referência.
vios do leitor.
- Certos verbos
Observemos o exemplo abaixo Ex.: Renato continua doente.
Maria é mãe de Joana e Luzia. O verbo “continua” indica que Renato já estava doente no mo-
Na frase anterior, podemos encontrar duas informações: uma mento anterior ao presente.
explícita e uma implícita. A explícita refere-se ao fato de Maria ter
duas filhas, Joana e Luzia. Essa informação já acessamos instanta- Ex.: Nossos dicionários já aportuguesaram a palavra copydesk.
neamente, em um primeiro nível de leitura. Já a informação implí- O verbo “aportuguesar” estabelece o pressuposto de que copi-
cita, que é o fato de Joana ser irmã de Luzia, só é compreendida a desque não existia em português.
medida que o leitor entende previamente que duas pessoas que
possuem a mesma mãe são irmãs. - Certos advérbios
Ex.: A produção automobilística brasileira está totalmente nas
mãos das multinacionais.
O advérbio “totalmente” pressupõe que não há no Brasil indús-
9 http://educacao.globo.com/portugues/assunto/estudo-do-texto/implicitos-e- tria automobilística nacional.
-pressupostos.html

10
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Você conferiu o resultado da loteria? Segue abaixo uma ilustração para análise exemplificação:
Hoje não.
A negação precedida de um advérbio de tempo de âmbito limi-
tado estabelece o pressuposto de que apenas nesse intervalo (hoje)
é que o interrogado não praticou o ato de conferir o resultado da
loteria.

- Orações adjetivas
Ex.: Os brasileiros, que não se importam com a coletividade,
só se preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua,
fecham os cruzamentos, etc.
O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se importam
com a coletividade.

Ex.: Os brasileiros que não se importam com a coletividade só


se preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua, fe-
cham os cruzamentos, etc.
Nesse caso, o pressuposto é outro: “alguns” brasileiros não se
importam com a coletividade.

No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, é restriti- https://esteeomeusangue.wordpress.com/2010/09/28/cristo-re-


va. As explicativas pressupõem que o que elas expressam se refere à dentor-e-eleito-uma-das-maravilhas-do-mundo
totalidade dos elementos de um conjunto; as restritivas, que o que
elas dizem concerne apenas a parte dos elementos de um conjun- Na imagem há uma combinação de linguagem verbal e não ver-
to. O produtor do texto escreverá uma restritiva ou uma explicativa bal, juntas elas fornecem o insumo necessário para o bom entendi-
segundo o pressuposto que quiser comunicar. mento e compreensão da temática.
Em uma leitura superficial, uma leitura sem inferências, o leitor
B) Subentendidos: são sentidos e valorações entendidos que poderia cair no erro de não perceber a intenção real do autor, a
não estão marcados linguisticamente no texto. A compreensão do denúncia sobre a violência. Portanto, para realizar uma boa inter-
subentendido se dá a partir de relações que você estabelece com pretação é necessário atentar-se aos detalhes e fazer certos ques-
seus conhecimentos prévios e fatos extralinguísticos. Observemos tionamentos como:
o exemplo a seguir: - Por que o Cristo Redentor sente-se “incomodado” e “exposto
a riscos”?
Uma visita, em um dia muito quente e ensolarado, chega em - O que significam as balas que o cercam por todos os lados?
sua casa. Após sentar em seu sofá, ela diz: - Por que o Cristo Redentor está usando colete à prova de ba-
- Nossa! Esse calor dá uma sede. las?

A partir dessa frase, você pode interpretar que a pessoa precisa A partir de questionamentos como os citados acima é possível
ou quer água, o que poderia levá-lo a oferecer água para a visita. adentrar no contexto social, Rio de Janeiro violento, que instaura
Essa interpretação não ocorre pela presença de uma palavra expres- críticas e denúncias a determinada realidade.
sa, mas pela relação entre a frase e o contexto de produção dela. Portanto, ao inferir, o leitor é capaz de constatar os detalhes
ocultos que transformam a leitura simples em uma leitura reflexiva.
Inferência
A inferência é um processo de dedução dos sentidos contidos Ampliação de Sentido
no texto. Ela consiste em descobrir os significados que estão nas Fala-se em ampliação de sentido quando a palavra passa a de-
entrelinhas. Por meio de relações intra e extratextuais, podemos signar uma quantidade mais ampla de objetos ou noções do que
compreender e interpretar aqueles sentidos que não estão linguis- originariamente.
ticamente materializados no texto. Toda vez que uma questão de “Embarcar”, por exemplo, que originariamente era usada para
prova pedir para você inferir sobre um determinado sentido, você designar o ato de viajar em um barco, ampliou consideravelmente
deverá deduzir os sentidos baseados na relação que essa palavra ou o sentido e passou a designar a ação de viajar em outros veículos.
frase estabelece com as outras ao seu redor (contexto intralinguís- Hoje se diz, por ampliação de sentido, que um passageiro:
tico) e nas relações estabelecidas com os contextos sócio-histórico- - embarcou num ter.
-cultural (contexto extralinguístico). - embarcou no ônibus dás dez.
- embarcou no avião da força aérea.
- embarcou num transatlântico.

“Alpinista”, na origem, era usado para indicar aquele que esca-


la os Alpes (cadeia montanhosa europeia). Depois, por ampliação
de sentido, passou a designar qualquer tipo de praticante do espor-
te de escalar montanhas.

11
LÍNGUA PORTUGUESA

Restrição de Sentido tenção. E, nesse processo fundamental de ordenar e expressar-se,


Ao lado da ampliação de sentido, existe o movimento inverso, ela se revela igualmente arte plástica, porquanto nos inumeráveis
isto é, uma palavra passa a designar uma quantidade mais restrita problemas com que se defronta o arquiteto desde a germinação do
de objetos ou noções do que originariamente. É o caso, por exem- projeto até a conclusão efetiva da obra, há sempre, para cada caso
plo, das palavras que saem da língua geral e passam a ser usadas específico, certa margem final de opção entre os limites — máximo
com sentido determinado, dentro de um universo restrito do co- e mínimo —determinados pelo cálculo, preconizados pela técnica,
nhecimento. condicionados pelo meio, reclamados pela função ou impostos pelo
A palavra aglutinação, por exemplo, na nomenclatura grama- programa, — cabendo então ao sentimento individual do arquiteto,
tical, é bom exemplo de especialização de sentido. Na língua geral, no que ele tem de artista, portanto, escolher, na escala dos valores
ela significa qualquer junção de elementos para formar um todo, contidos entre dois valores extremos, a forma plástica apropriada a
porém em Gramática designa apenas um tipo de formação de pa- cada pormenor em função da unidade última da obra idealizada.”
lavras por composição em que a junção dos elementos acarreta al-
teração de pronúncia, como é o caso de pernilongo (perna + longa). COSTA, Lúcio (1902-1998). Considerações sobre arte contemporâ-
Se não houver alteração de pronúncia, já não se diz mais aglu- nea (1940). In: Lúcio Costa. Registro de uma vivência. São Paulo:
tinação, mas justaposição. A palavra Pernalonga, por exemplo, que Empresa das Artes, 1995 (fragmento), com adaptações.
designa uma personagem de desenhos animados, não se formou
por aglutinação, mas por justaposição. Todo texto dissertativo-argumentativo desenvolve-se em torno
Em linguagem científica é muito comum restringir-se o signifi- de uma ideia principal. No texto anterior podemos observar que
cado das palavras para dar precisão à comunicação. toda construção de frases e parágrafos se faz em torno da ideia de
A palavra girassol, formada de gira (do verbo girar) + sol, não se conceituar arquitetura. Essa discussão em um texto argumentati-
pode ser usada para designar, por exemplo, um astro que gira em vo não é desordenada, mas há um padrão de estruturação da ideia
torno do Sol: seu sentido sofreu restrição, e ela serve para designar central e das ideias secundárias.
apenas um tipo de flor que tem a propriedade de acompanhar o As ideias discutidas são estruturadas entre os parágrafos que
movimento do Sol. constituem o texto. Cada parágrafo se constrói em torno de uma
ideia diferente. Porém, todas elas apontam para a ideia central.
Há certas palavras que, além do significado explícito, contêm Dentre os vários períodos que compõem o parágrafo, um traz a
outros implícitos (ou pressupostos). ideia principal, denominado tópico-frasal. Para localizar as ideias
Os exemplos são muitos. É o caso do adjetivo outro, por exem- principais do texto, é necessário encontrar cada um deles nos pa-
plo, que indica certa pessoa ou coisa, pressupondo necessariamen- rágrafos.
te a existência de ao menos uma além daquela indicada. No texto acima possuímos dois parágrafos. Cada um deles é
Prova disso é que não faz sentido, para um escritor que nunca construído em torno de uma ideia núcleo. No primeiro parágrafo
lançou um livro, dizer que ele estará autografando seu outro livro. podemos perceber que a ideia principal está expressa já no primei-
O uso de outro pressupõe necessariamente ao menos um livro além ro período “Definir o que seja arquitetura, tal como ela significa na
daquele que está sendo autografado. atualidade, é como tentar fazê-lo para as demais artes técnicas ou
ciências”. Por ser a introdução desse parágrafo, sabemos que essa
A interpretação e a organização do texto e a ideia central também é a ideia principal do texto. Dessa forma, concluímos que
Em muitas questões de prova, é requerido ao candidato a iden- todo o texto se construirá em torno da definição do conceito de
tificação da ideia principal do texto e do ponto de vista defendido arquitetura. Já no segundo parágrafo, também temos uma ideia
pelo autor. Isso exige de você a capacidade de localizar, selecionar principal, expressa no período “Arquitetura é antes de mais nada
e resumir informações dentro do texto. Para isso é necessário um construção, mas construção concebida com o propósito primordial
conhecimento acerca da forma como um texto é construído e como de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e vi-
as ideias são organizadas. sando a determinada intenção”. Todas as informações que apare-
Geralmente, esse tipo de questão aborda, predominantemen- cem no restante de cada um desses parágrafos apontam para as
te, o tipo argumentativo. Dessa forma, abordaremos essa organiza- respectivas ideias principais, com vistas a desenvolvê-la, justificá-la,
ção das informações dentro de um texto argumentativo e as formas exemplificá-la, entre outros propósitos.
de como encontrar as ideias principais bem como as opiniões de- Para compreender as temáticas bem como as opiniões discuti-
fendidas pelo autor. das é importante encontrar cada uma dessas ideias núcleos como
Observemos o seguinte exemplo veremos no exemplo abaixo

O que é arquitetura? “Incalculável é a contribuição do famoso neurologtista aus-


Definir o que seja arquitetura, tal como ela significa na atu- tríaco no tocante aos estudos sobre a formação da personalidade
alidade, é como tentar fazê-lo para as demais artes, técnicas ou humana. Sigmund Freud (1859-1939) conseguiu acender luzes nas
ciências, pois, em um mundo complexo e sujeito a mudanças tão camadas mais profundas da psique humana: o inconsciente e sub-
aceleradas, a dinâmica da vida toma indispensável um constante consciente. Começou estudando casos clínicos de comportamentos
reexame do pensamento teórico e prático. Entretanto, há um notá- anômalos ou patológicos, com a ajuda da hipnose e em colabora-
vel consenso acerca da definição dada a seguir, conforme foi sugeri- ção com os colegas Joseph Breuer e Martin Charcot (Estudos sobre
da, já em 1940, pelo arquiteto e urbanista Lúcio Costa (1902-1998): a histeria, 1895). Insatisfeito com os resultados obtidos pelo hipno-
“Arquitetura é antes de mais nada construção, mas constru- tismo, inventou o método que até hoje é usado pela psicanálise: o
ção concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar das ‘livres associações’ de ideias e de sentimentos, estimuladas pela
o espaço para determinada finalidade e visando a determinada in- terapeuta por palavras dirigidas ao paciente com o fim de descobrir

12
LÍNGUA PORTUGUESA

a fonte das perturbações mentais. Para este caminho de regresso às uma ordem que faça sentido, de modo que o leitor possa acompa-
origens de um trauma, Freud se utilizou especialmente da lingua- nhar o raciocínio do autor e compreender a mensagem de maneira
gem onírica dos pacientes, considerando os sonhos como compen- efetiva.
sação dos desejos insatisfeitos na fase de vigília. Vale ressaltar que a relação entre as ideias não se limita apenas
Mas a grande novidade de Freud, que escandalizou o mundo à conexão entre frases e parágrafos, mas também envolve a relação
cultural da época, foi a apresentação da tese de que toda neurose entre o tema do texto e as informações apresentadas. É fundamen-
é de origem sexual.” tal que o autor mantenha o foco no assunto abordado e estabeleça
(Salvatore D’Onofrio) uma relação clara entre as ideias e o tema central do texto.
Portanto, para produzir um texto de qualidade e eficiente, é
Primeiro Conceito do Texto: “Incalculável é a contribuição do necessário dominar a habilidade de estabelecer relações entre as
famoso neurologista austríaco no tocante aos estudos sobre a ideias apresentadas. Essa habilidade é essencial para garantir que
formação da personalidade humana. Sigmund Freud (1859-1939) o texto seja coeso, coerente e capaz de transmitir a mensagem de
conseguiu acender luzes nas camadas mais profundas da psique forma clara e objetiva ao leitor.
humana: o inconsciente e subconsciente.” O autor do texto afirma,
inicialmente, que Sigmund Freud ajudou a ciência a compreender Outras dicas para Interpretar um Texto
os níveis mais profundos da personalidade humana, o inconsciente - Faça uma primeira leitura superficial, para identificar a ideia cen-
e subconsciente. tral do texto, e assim, levantar hipóteses e saber sobre o que se fala.
Segundo Conceito do Texto: “Começou estudando casos clíni- - Leia as questões antes de fazer uma segunda leitura mais de-
cos de comportamentos anômalos ou patológicos, com a ajuda da talhada. Assim, você economiza tempo se no meio da leitura identi-
hipnose e em colaboração com os colegas Joseph Breuer e Martin ficar uma possível resposta.
Charcot (Estudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com os resul- - Preste atenção nas informações não verbais. Tudo que vem
tados obtidos pelo hipnotismo, inventou o método que até hoje junto com o texto, é para ser usado ao seu favor. Por isso, imagens,
é usado pela psicanálise: o das ‘livres associações’ de ideias e de gráficos, tabelas, etc., servem para facilitar nossa leitura.
sentimentos, estimuladas pela terapeuta por palavras dirigidas ao - Use o texto. Rabisque, anote, grife, circule... enfim, procure a
paciente com o fim de descobrir a fonte das perturbações mentais.” melhor forma para você, pois cada um tem seu jeito de resumir e
A segunda ideia núcleo mostra que Freud deu início a sua pesquisa pontuar melhor os assuntos de um texto.
estudando os comportamentos humanos anormais ou doentios por - Durante a interpretação grife palavras-chave, passagens im-
meio da hipnose. Insatisfeito com esse método, criou o das “livres portantes; tente localizar a ideia central de cada parágrafo.
associações de ideias e de sentimentos”. - Marque palavras como não, exceto, respectivamente, etc.,
pois fazem diferença na escolha adequada.
Terceiro Conceito do Texto: “Para este caminho de regresso às - Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia
origens de um trauma, Freud se utilizou especialmente da lingua- a frase anterior e posterior para ter ideia do sentido global proposto
gem onírica dos pacientes, considerando os sonhos como compen- pelo autor.
sação dos desejos insatisfeitos na fase de vigília.” Aqui, está explici- - Leia bastantes textos de diversas áreas, assuntos distintos nos
tado que a descoberta das raízes de um trauma se faz por meio da trazem diferentes formas de pensar. Leia textos de bom nível.
compreensão dos sonhos, que seriam uma linguagem metafórica - Pratique com exercícios de interpretação. Questões simples,
dos desejos não realizados ao longo da vida do dia a dia. mas que nos ajudam a ter certeza que estamos prestando atenção
na leitura.
Quarto Conceito do Texto: “Mas a grande novidade de Freud, - Cuidado com o “olho ninja”, aquele que quando damos conta,
que escandalizou o mundo cultural da época, foi a apresentação da já está no final da página, e nem lembra o que lemos no meio dela.
tese de que toda neurose é de origem sexual.” Por fim, o texto afir- Talvez seja hora de descansar um pouco, ou voltar a ler aquele pon-
ma que Freud escandalizou a sociedade de seu tempo, afirmando to no qual estávamos mais atentos.
a novidade de que todo o trauma psicológico é de origem sexual. - Ative seu conhecimento prévio antes de iniciar o texto. Qual-
quer informação, mínima que seja, nos ajuda a compreender me-
Relação entre ideias lhor o assunto do texto.
A relação entre ideias é um dos elementos mais importantes na
construção de um texto coeso e coerente. A capacidade de conec- Além dessas dicas importantes, você também pode grifar pa-
tar pensamentos e conceitos de forma lógica é fundamental para lavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vocabu-
que o leitor possa compreender a mensagem que o autor deseja lário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma
transmitir. distração, mas também um aprendizado.
Essa conexão pode ser estabelecida de diversas maneiras, Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compre-
como por exemplo através de palavras-chave que indicam uma ensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula nossa
relação de causa e efeito, comparação, contraste, exemplificação, imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nos-
entre outras. Também é possível utilizar recursos de coesão textual, so foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de
como pronomes e conectivos, para indicar a relação entre as ideias. melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória.
Além disso, é importante que as ideias apresentadas no texto
estejam organizadas de forma coerente e estruturada. Isso significa
que as informações devem ser apresentadas de forma clara e em

13
LÍNGUA PORTUGUESA

Erros de Interpretação Parágrafo


Existem alguns erros de interpretação que podem prejudicar a Se caracteriza como um pequeno recuo em relação à margem
seleção e compreensão das ideias presentes no texto: esquerda da folha. Conceitualmente, o parágrafo completo deve
1. Desatenção: Todo tipo de linguagem e toda informação, por conter introdução, desenvolvimento e conclusão.
menor que pareça, deve ser levada em consideração. Às vezes uma - Introdução – apresentação da ideia principal, feita de maneira
pequena desatenção a um dos aspectos do texto pode gerar uma sintética de acordo com os objetivos do autor.
falha na interpretação. - Desenvolvimento – ampliação do tópico frasal (introdução),
2. Extrapolação10: É uma superinterpretação do texto. A partir atribuído pelas ideias secundárias, a fim de reforçar e dar credibili-
de relações excessivas com outras ideias e contextos, você pode fa- dade na discussão.
zer conclusões e entendimentos sem fundamento no texto. Ocorre - Conclusão – retomada da ideia central ligada aos pressupos-
quando encontramos informações nas entrelinhas que não estão tos citados no desenvolvimento, procurando arrematá-los.
sugeridas ou motivadas pelo texto.
3. Redução: Oposto à extrapolação. É atentar-se apenas a al- Exemplo de um parágrafo bem estruturado (com introdução,
guns aspectos e ideias do texto, deixando de lado outras que pa- desenvolvimento e conclusão):
recem irrelevantes. Tudo o que está no texto é importante e con-
siderável. “Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha. Pro-
4. Contradição: a contradição às vezes pode ser um recurso vocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá
de argumentação dentro do texto. A fim de defender um ponto de o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e
vista, o autor coloca opiniões em contradição. É necessário tomar nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura
cuidado para não interpretar erroneamente e confundir a opinião suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o caos. ”
defendida pelo autor. (Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)
5. Atenção: mesmo que você tenha sua opinião, na hora de
discutir as ideias do texto, você deve considerar a opiniões do autor, Elemento relacionador: Nesse contexto.
materializadas e defendidas no texto. Tópico frasal: é um grave erro a liberação da maconha.
Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do
ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TEXTO E DOS consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce
PARÁGRAFOS sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação
São três os elementos essenciais para a composição de um tex- de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.
to: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Vamos estudar Conclusão: Enfim, viveremos o caos.
cada uma de forma isolada a seguir:

Introdução DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO. SIGNIFICAÇÃO DAS


É a apresentação direta e objetiva da ideia central do texto. A PALAVRAS
introdução é caracterizada por ser o parágrafo inicial.
Este é um estudo da semântica, que pretende classificar os
Desenvolvimento sentidos das palavras, as suas relações de sentido entre si. Conheça
Quando tratamos de estrutura, é a maior parte do texto. O as principais relações e suas características:
desenvolvimento estabelece uma conexão entre a introdução e a
conclusão, pois é nesta parte que as ideias, argumentos e posicio- Sinonímia e antonímia
namento do autor vão sendo formados e desenvolvidos com a fina- As palavras sinônimas são aquelas que apresentam significado
lidade de dirigir a atenção do leitor para a conclusão. semelhante, estabelecendo relação de proximidade. Ex: inteligente
Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e ap- <—> esperto
tas a fazer com que o leitor anteceda qual será a conclusão. Já as palavras antônimas são aquelas que apresentam signifi-
cados opostos, estabelecendo uma relação de contrariedade. Ex:
São três principais erros que podem ser cometidos na elabora- forte <—> fraco
ção do desenvolvimento:
- Distanciar-se do texto em relação ao tema inicial. Parônimos e homônimos
- Focar em apenas um tópico do tema e esquecer dos outros. As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pro-
- Falar sobre muitas informações e não conseguir organizá-las, núncia semelhantes, porém com significados distintos.
dificultando a linha de compreensão do leitor. Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfe-
go (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
Conclusão As palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma
Ponto final de todas as argumentações discorridas no desen- grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
volvimento, ou seja, o encerramento do texto e dos questionamen- “rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).
tos levantados pelo autor. As palavras homófonas são aquelas que possuem a mesma
Ao fazermos a conclusão devemos evitar expressões como: pronúncia, mas com escrita e significado diferentes. Ex: cem (nu-
“Concluindo...”, “Em conclusão, ...”, “Como já dissemos antes...”. meral) X sem (falta); conserto (arrumar) X concerto (musical).
As palavras homógrafas são aquelas que possuem escrita igual,
10 http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/extra- porém som e significado diferentes. Ex: colher (talher) X colher (ver-
polacao-na-leitura bo); acerto (substantivo) X acerto (verbo).

14
LÍNGUA PORTUGUESA

Polissemia e monossemia Comparação: é a comparação entre dois elementos comuns;


As palavras polissêmicas são aquelas que podem apresentar semelhantes. Normalmente se emprega uma conjunção comparati-
mais de um significado, a depender do contexto em que ocorre a va: como, tal qual, assim como.
frase. Ex: cabeça (parte do corpo humano; líder de um grupo). “Sejamos simples e calmos
Já as palavras monossêmicas são aquelas apresentam apenas Como os regatos e as árvores”
um significado. Ex: eneágono (polígono de nove ângulos). Fernando Pessoa

Denotação e conotação Metonímia: consiste em empregar um termo no lugar de ou-


Palavras com sentido denotativo são aquelas que apresentam tro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido.
um sentido objetivo e literal. Ex:Está fazendo frio. / Pé da mulher. Observe os exemplos abaixo:
Palavras com sentido conotativo são aquelas que apresentam um -autor ou criador pela obra. Exemplo: Gosto de ler Machado de
sentido simbólico, figurado. Ex: Você me olha com frieza. / Pé da cadeira. Assis. (Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis.)

Hiperonímia e hiponímia -efeito pela causa e vice-versa. Exemplo: Vivo do meu trabalho.
Esta classificação diz respeito às relações hierárquicas de signi- (o trabalho é causa e está no lugar do efeito ou resultado).
ficado entre as palavras.
Desse modo, um hiperônimo é a palavra superior, isto é, que - continente pelo conteúdo. Exemplo: Ela comeu uma caixa de
tem um sentido mais abrangente. Ex: Fruta é hiperônimo de limão. bombons. (a palavra caixa, que designa o continente ou aquilo que
Já o hipônimo é a palavra que tem o sentido mais restrito, por- contém, está sendo usada no lugar da palavra bombons).
tanto, inferior, de modo que o hiperônimo engloba o hipônimo. Ex:
Limão é hipônimo de fruta. -abstrato pelo concreto e vice-versa. Exemplos: A gravidez deve
ser tranquila. (o abstrato gravidez está no lugar do concreto, ou
Formas variantes seja, mulheres grávidas).
São as palavras que permitem mais de uma grafia correta, sem
que ocorra mudança no significado. Ex: loiro – louro / enfarte – in- - instrumento pela pessoa que o utiliza. Exemplo: Os microfo-
farto / gatinhar – engatinhar. nes foram atrás dos jogadores. (Os repórteres foram atrás dos jo-
gadores.)
Arcaísmo
São palavras antigas, que perderam o uso frequente ao longo do tem- - lugar pelo produto. Exemplo: Fumei um saboroso havana.
po, sendo substituídas por outras mais modernas, mas que ainda podem ser (Fumei um saboroso charuto.).
utilizadas. No entanto, ainda podem ser bastante encontradas em livros an-
tigos, principalmente. Ex: botica <—> farmácia / franquia <—> sinceridade. - símbolo ou sinal pela coisa significada. Exemplo: Não te afas-
tes da cruz. (Não te afastes da religião.).
FIGURAS DE LINGUAGEM. - a parte pelo todo. Exemplo: Não há teto para os desabrigados.
(a parte teto está no lugar do todo, “o lar”).
As figuras de linguagem são recursos especiais usados por
quem fala ou escreve, para dar à expressão mais força, intensidade - indivíduo pela classe ou espécie. Exemplo: O homem foi à Lua.
e beleza. (Alguns astronautas foram à Lua.).
São três tipos:
Figuras de Palavras (tropos); - singular pelo plural. Exemplo: A mulher foi chamada para ir às
Figuras de Construção (de sintaxe); ruas. (Todas as mulheres foram chamadas, não apenas uma)
Figuras de Pensamento.
- gênero ou a qualidade pela espécie. Exemplo: Os mortais so-
Figuras de Palavra frem nesse mundo. (Os homens sofrem nesse mundo.)
É a substituição de uma palavra por outra, isto é, no emprego
figurado, simbólico, seja por uma relação muito próxima (contigui- - matéria pelo objeto. Exemplo: Ela não tem um níquel. (a ma-
dade), seja por uma associação, uma comparação, uma similaridade. téria níquel é usada no lugar da coisa fabricada, que é “moeda”).

São as seguintes as figuras de palavras: Atenção: Os últimos 5 exemplos podem receber também o
Metáfora: consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão nome de Sinédoque.
em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em virtude
da circunstância de que o nosso espírito as associa e depreende Perífrase: substituição de um nome por uma expressão para
entre elas certas semelhanças. Observe o exemplo: facilitar a identificação. Exemplo: A Cidade Maravilhosa (= Rio de
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pessoa) Janeiro) continua atraindo visitantes do mundo todo.

Nesse caso, a metáfora é possível na medida em que o poeta


estabelece relações de semelhança entre um rio subterrâneo e seu
pensamento.

15
LÍNGUA PORTUGUESA

Obs.: quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o nome de Silepse: concordância de gênero, número ou pessoa é feita
antonomásia. com ideias ou termos subentendidos na frase e não claramente ex-
Exemplos: pressos. A silepse pode ser:
O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida praticando o - de gênero. Exemplo: Vossa Majestade parece desanimado. (o
bem. adjetivo desanimado concorda não com o pronome de tratamento
O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções. Vossa Majestade, de forma feminina, mas com a pessoa a quem
esse pronome se refere – pessoa do sexo masculino).
Sinestesia: Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as - de número. Exemplo: O pessoal ficou apavorado e saíram cor-
sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido. Exemplo: rendo. (o verbo sair concordou com a ideia de plural que a palavra
No silêncio negro do seu quarto, aguardava os acontecimentos. (si- pessoal sugere).
lêncio = auditivo; negro = visual) - de pessoa. Exemplo: Os brasileiros amamos futebol. (o sujeito
os brasileiros levaria o verbo na 3ª pessoa do plural, mas a concor-
Catacrese: A catacrese costuma ocorrer quando, por falta de dância foi feita com a 1ª pessoa do plural, indicando que a pessoa
um termo específico para designar um conceito, toma-se outro que fala está incluída em os brasileiros).
“emprestado”. Passamos a empregar algumas palavras fora de seu
sentido original. Exemplos: “asa da xícara”, “maçã do rosto”, “braço Onomatopeia: Ocorre quando se tentam reproduzir na forma
da cadeira” . de palavras os sons da realidade.
Exemplos: Os sinos faziam blem, blem, blem, blem.
Figuras de Construção Miau, miau. (Som emitido pelo gato)
Ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade ao Tic-tac, tic-tac fazia o relógio da sala de jantar.
significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela maior expres-
sividade que se dá ao sentido. São as mais importantes figuras de As onomatopeias, como no exemplo abaixo, podem resultar da
construção: Aliteração (repetição de fonemas nas palavras de uma frase ou de
Elipse: consiste na omissão de um termo da frase, o qual, no um verso).
entanto, pode ser facilmente identificado. Exemplo: No fim da co- “Vozes veladas, veludosas vozes,
memoração, sobre as mesas, copos e garrafas vazias. (Omissão do volúpias dos violões, vozes veladas,
verbo haver: No fim da festa comemoração, sobre as mesas, copos vagam nos velhos vórtices velozes
e garrafas vazias). dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”

Pleonasmo: consiste no emprego de palavras redundantes (Cruz e Sousa)


para reforçar uma ideia. Exemplo: Ele vive uma vida feliz.
Deve-se evitar os pleonasmos viciosos, que não têm valor de Repetição: repetir palavras ou orações para enfatizar a afirma-
reforço, sendo antes fruto do desconhecimento do sentido das pa- ção ou sugerir insistência, progressão:
lavras, como por exemplo, as construções “subir para cima”, “entrar “E o ronco das águas crescia, crescia, vinha pra dentro da ca-
para dentro”, etc. sona.” (Bernardo Élis)
“O mar foi ficando escuro, escuro, até que a última lâmpada se
Polissíndeto: repetição enfática do conectivo, geralmente o “e”. apagou.” (Inácio de Loyola Brandão)
Exemplo: Felizes, eles riam, e cantavam, e pulavam, e dançavam.
Zeugma: omissão de um ou mais termos anteriormente enun-
Inversão ou Hipérbato: alterar a ordem normal dos termos ou ciados. Exemplo: Ele gosta de geografia; eu, de português. (na se-
orações com o fim de lhes dar destaque: gunda oração, faltou o verbo “gostar” = Ele gosta de geografia; eu
“Justo ela diz que é, mas eu não acho não.” (Carlos Drummond gosto de português.).
de Andrade)
“Por que brigavam no meu interior esses entes de sonho não Assíndeto: quando certas orações ou palavras, que poderiam
sei.” (Graciliano Ramos) se ligar por um conectivo, vêm apenas justapostas. Exemplo: Vim,
Observação: o termo deseja realçar é colocado, em geral, no vi, venci.
início da frase.
Anáfora: repetição de uma palavra ou de um segmento do
Anacoluto: quebra da estrutura sintática da oração. O tipo mais texto com o objetivo de enfatizar uma ideia. É uma figura de cons-
comum é aquele em que um termo parece que vai ser o sujeito da trução muito usada em poesia. Exemplo: Este amor que tudo nos
oração, mas a construção se modifica e ele acaba sem função sintá- toma, este amor que tudo nos dá, este amor que Deus nos inspira,
tica. Essa figura é usada geralmente para pôr em relevo a ideia que e que um dia nos há de salvar
consideramos mais importante, destacando-a do resto. Exemplo:
O Alexandre, as coisas não lhe estão indo muito bem. Paranomásia: palavras com sons semelhantes, mas de signi-
A velha hipocrisia, recordo-me dela com vergonha. (Camilo ficados diferentes, vulgarmente chamada de trocadilho. Exemplo:
Castelo Branco) Comemos fora todos os dias! A gente até dispensa a despensa.

Neologismo: criação de novas palavras. Exemplo: Estou a fim


do João. (estou interessado). Vou fazer um bico. (trabalho tempo-
rário).

16
LÍNGUA PORTUGUESA

Figuras de Pensamento
Utilizadas para produzir maior expressividade à comunicação, as figuras de pensamento trabalham com a combinação de ideias, pensamentos.
Antítese: Corresponde à aproximação de palavras contrárias, que têm sentidos opostos. Exemplo: O ódio e o amor andam de mãos dadas.

Apóstrofe: interrupção do texto para se chamar a atenção de alguém ou de coisas personificadas. Sintaticamente, a apóstrofe corres-
ponde ao vocativo. Exemplo: Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres.

Eufemismo: Atenua o sentido das palavras, suavizando as expressões do discurso Exemplo: Ele foi para o céu. (Neste caso, a expressão
“para a céu”, ameniza o discurso real: ele morreu.)

Gradação: os termos da frase são fruto de hierarquia (ordem crescente ou decrescente). Exemplo: As pessoas chegaram à festa, sen-
taram, comeram e dançaram.

Hipérbole: baseada no exagero intencional do locutor, isto é, expressa uma ideia de forma exagerada.
Exemplo: Liguei para ele milhões de vezes essa tarde. (Ligou várias vezes, mas não literalmente 1 milhão de vezes ou mais).

Ironia: é o emprego de palavras que, na frase, têm o sentido oposto ao que querem dizer. É usada geralmente com sentido sarcástico.
Exemplo: Quem foi o inteligente que usou o computador e apagou o que estava gravado?

Paradoxo: Diferente da antítese, que opõem palavras, o paradoxo corresponde ao uso de ideias contrárias, aparentemente absurdas.
Exemplo: Esse amor me mata e dá vida. (Neste caso, o mesmo amor traz alegrias (vida) e tristeza (mata) para a pessoa.)

Personificação ou Prosopopéia ou Animismo: atribuição de ações, sentimentos ou qualidades humanas a objetos, seres irracionais
ou outras coisas inanimadas. Exemplo: O vento suspirou essa manhã. (Nesta frase sabemos que o vento é algo inanimado que não suspira,
sendo esta uma “qualidade humana”.)

Reticência: suspender o pensamento, deixando-o meio velado. Exemplo:


“De todas, porém, a que me cativou logo foi uma... uma... não sei se digo.” (Machado de Assis)

Retificação: consiste em retificar uma afirmação anterior. Exemplos: O médico, aliás, uma médica muito gentil não sabia qual seria o
procedimento.

COESÃO E COERÊNCIA.

A coerência e a coesão são essenciais na escrita e na interpretação de textos. Ambos se referem à relação adequada entre os compo-
nentes do texto, de modo que são independentes entre si. Isso quer dizer que um texto pode estar coeso, porém incoerente, e vice-versa.
Enquanto a coesão tem foco nas questões gramaticais, ou seja, ligação entre palavras, frases e parágrafos, a coerência diz respeito ao
conteúdo, isto é, uma sequência lógica entre as ideias.

Coesão
A coesão textual ocorre, normalmente, por meio do uso de conectivos (preposições, conjunções, advérbios). Ela pode ser obtida a
partir da anáfora (retoma um componente) e da catáfora (antecipa um componente).
Confira, então, as principais regras que garantem a coesão textual:

REGRA CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Pessoal (uso de pronomes pessoais ou possessivos) – anafórica João e Maria são crianças. Eles são irmãos.
Demonstrativa (uso de pronomes demonstrativos e advér- Fiz todas as tarefas, exceto esta: colonização afri-
REFERÊNCIA
bios) – catafórica cana.
Comparativa (uso de comparações por semelhanças) Mais um ano igual aos outros...
SUBSTITUIÇÃO Substituição de um termo por outro, para evitar repetição Maria está triste. A menina está cansada de ficar em casa.
No quarto, apenas quatro ou cinco convidados.
ELIPSE Omissão de um termo
(omissão do verbo “haver”)
CONJUNÇÃO Conexão entre duas orações, estabelecendo relação entre elas Eu queria ir ao cinema, mas estamos de quarentena.
Utilização de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos ou
COESÃO A minha casa é clara. Os quartos, a sala e a cozinha
palavras que possuem sentido aproximado e pertencente a
LEXICAL têm janelas grandes.
um mesmo grupo lexical.

17
LÍNGUA PORTUGUESA

Coerência
Nesse caso, é importante conferir se a mensagem e a conexão de ideias fazem sentido, e seguem uma linha clara de raciocínio.
Existem alguns conceitos básicos que ajudam a garantir a coerência. Veja quais são os principais princípios para um texto coerente:
• Princípio da não contradição: não deve haver ideias contraditórias em diferentes partes do texto.
• Princípio da não tautologia: a ideia não deve estar redundante, ainda que seja expressa com palavras diferentes.
• Princípio da relevância: as ideias devem se relacionar entre si, não sendo fragmentadas nem sem propósito para a argumentação.
• Princípio da continuidade temática: é preciso que o assunto tenha um seguimento em relação ao assunto tratado.
• Princípio da progressão semântica: inserir informações novas, que sejam ordenadas de maneira adequada em relação à progressão
de ideias.

Para atender a todos os princípios, alguns fatores são recomendáveis para garantir a coerência textual, como amplo conhecimento
de mundo, isto é, a bagagem de informações que adquirimos ao longo da vida; inferências acerca do conhecimento de mundo do leitor;
e informatividade, ou seja, conhecimentos ricos, interessantes e pouco previsíveis.

TIPOLOGIA TEXTUAL.

Tipologia Textual
A partir da estrutura linguística, da função social e da finalidade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele pertence.
Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas classificações.

Tipos textuais
A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finalidade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se apre-
senta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão específico para se fazer a enunciação.
Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas características:

Apresenta um enredo, com ações e relações entre personagens, que ocorre em determinados espaço e tempo. É
TEXTO NARRATIVO
contado por um narrador, e se estrutura da seguinte maneira: apresentação > desenvolvimento > clímax > desfecho
TEXTO
Tem o objetivo de defender determinado ponto de vista, persuadindo o leitor a partir do uso de argumentos
DISSERTATIVO
sólidos. Sua estrutura comum é: introdução > desenvolvimento > conclusão.
ARGUMENTATIVO
Procura expor ideias, sem a necessidade de defender algum ponto de vista. Para isso, usa-se comparações,
TEXTO EXPOSITIVO
informações, definições, conceitualizações etc. A estrutura segue a do texto dissertativo-argumentativo.
Expõe acontecimentos, lugares, pessoas, de modo que sua finalidade é descrever, ou seja, caracterizar algo ou
TEXTO DESCRITIVO
alguém. Com isso, é um texto rico em adjetivos e em verbos de ligação.
Oferece instruções, com o objetivo de orientar o leitor. Sua maior característica são os verbos no modo
TEXTO INJUNTIVO
imperativo.

Gêneros textuais
Existem diferentes nomenclaturas11 relacionadas à questão dos gêneros, porém nem todas se referem a mesma coisa. É essencial sa-
ber distinguir o que é gênero textual, gênero literário e tipo textual. Cada uma dessas classificações é referente aos textos, porém é preciso
ter atenção, cada uma possui um significado totalmente diferente da outra. Veja uma breve descrição do que é um gênero literário e um
tipo textual:
Gênero Textuais: referem-se às formas de organização dos textos de acordo com as diferentes situações de comunicação. Podem
ocorrer nas diferentes esferas de comunicação (literária, jornalística, digital, judiciária, entre outras). São exemplos de gêneros textuais:
romance, conto, receita, notícia, bula de remédio.
Gênero Literário – são os gêneros textuais em que a constituição da forma, a aplicação do estilo autoral e a organização da linguagem
possuem uma preocupação estética. São classificados de acordo com a sua forma, podendo ser do gênero lírico, dramático ou épico. Po-
de-se afirmar que todo gênero literário é um gênero textual, mas nem todo gênero textual é um gênero literário.
Tipo Textual - é a forma como a linguagem se estrutura dentro de cada um dos gêneros. Refere-se ao emprego dos verbos, podendo
ser classificado como narrativo, descritivo, expositivo, dissertativo-argumentativo, injuntivo, preditivo e dialogal. Cada uma dessas classifi-
cações varia de acordo como o texto se apresenta e com a finalidade para o qual foi escrito.
Exporemos abaixo os gêneros discursivos mais comuns. Cada um dos gêneros são agrupados segundo a predominância do tipo textual.

11 O gênero textual também pode ser denominado de gênero discursivo. Essa nomenclatura se altera de acordo com a perspectiva teórica, sendo que em uma as
questões discursivas ideológicas e sociais são levadas mais em consideração, enquanto em outra há um enfoque maior na forma. Nesse momento não trabalharemos
com essa diferença.

18
LÍNGUA PORTUGUESA

A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe- Ode (ou hino)


cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir É o poema lírico em que o emissor faz uma homenagem à
da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo pátria (e aos seus símbolos), às divindades, à mulher amada, ou a
não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual, alguém ou algo importante para ele. O hino é uma ode com acom-
podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o panhamento musical.
padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as-
sim como a própria língua e a comunicação, no geral. Idílio (ou écloga)
Alguns exemplos de gêneros textuais: Poema lírico em que o emissor expressa uma homenagem à
• Artigo natureza, às belezas e às riquezas que ela dá ao homem. É o poema
• Bilhete bucólico, ou seja, que expressa o desejo de desfrutar de tais belezas
• Bula e riquezas ao lado da amada (pastora), que enriquece ainda mais
• Carta a paisagem, espaço ideal para a paixão. A écloga é um idílio com
• Conto diálogos (muito rara).
• Crônica
• E-mail Sátira
• Lista É o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a alguém
• Manual ou a algo, em tom sério ou irônico. Tem um forte sarcasmo, pode
• Notícia abordar críticas sociais, a costumes de determinada época, assun-
• Poema tos políticos, ou pessoas de relevância social.
• Propaganda
• Receita culinária Acalanto
• Resenha Canção de ninar.
• Seminário
Acróstico
Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em Composição lírica na qual as letras iniciais de cada verso for-
determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex- mam uma palavra ou frase. Ex.:
to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária,
por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali- Amigos são
dade e à função social de cada texto analisado. Muitas vezes os
Irmãos que escolhemos.
Gêneros Textuais e Gêneros Literários Zelosos, eles nos
Conforme o próprio nome indica, os gêneros textuais se refe- Ajudam e
rem a qualquer tipo de texto, enquanto os gêneros literários se re- Dedicam-se por nós, para que nossa relação seja verdadeira e
ferem apenas aos textos literários. Eterna
Os gêneros literários são divisões feitas segundo características https://www.todamateria.com.br/acrostico/
formais comuns em obras literárias, agrupando-as conforme crité-
rios estruturais, contextuais e semânticos, entre outros. Balada
- Gênero lírico; Uma das mais primitivas manifestações poéticas, são cantigas
- Gênero épico ou narrativo; de amigo (elegias) com ritmo característico e refrão vocal que se
- Gênero dramático. destinam à dança.

Gênero Lírico Canção (ou Cantiga, Trova)


É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no po- Poema oral com acompanhamento musical.
ema e que nem sempre corresponde à do autor) exprime suas emo-
ções, ideias e impressões em face do mundo exterior. Normalmente Gazal (ou Gazel)
os pronomes e os verbos estão em 1ª pessoa e há o predomínio da Poesia amorosa dos persas e árabes; odes do oriente médio.
função emotiva da linguagem.
Soneto
Elegia É um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quarte-
Um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a mor- tos e dois tercetos.
te é elevada como o ponto máximo do texto. O emissor expressa
tristeza, saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É um poema Vilancete
melancólico. Um bom exemplo é a peça Roan e Yufa, de William São as cantigas de autoria dos poetas vilões (cantigas de escár-
Shakespeare. nio e de maldizer); satíricas, portanto.

Epitalâmia Gênero Épico ou Narrativo


Um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites ro-
mânticas com poemas e cantigas. Um bom exemplo de epitalâmia é
a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais.

19
LÍNGUA PORTUGUESA

Na Antiguidade Clássica, os padrões literários reconhecidos eram apenas o épico, o lírico e o dramático. Com o passar dos anos, o
gênero épico passou a ser considerado apenas uma variante do gênero literário narrativo, devido ao surgimento de concepções de prosa
com características diferentes: o romance, a novela, o conto, a crônica, a fábula.

Épico (ou Epopeia)


Os textos épicos são geralmente longos e narram histórias de um povo ou de uma nação, envolvem aventuras, guerras, viagens, gestos
heroicos, etc. Normalmente apresentam um tom de exaltação, isto é, de valorização de seus heróis e seus feitos. Dois exemplos são Os
Lusíadas, de Luís de Camões, e Odisseia, de Homero.

Ensaio
É um texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo ideias, críticas e reflexões morais e filosóficas a respeito de
certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado.
Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófico, político, social, cultural,
moral, comportamental, etc.), sem que se paute em formalidades como documentos ou provas empíricas ou dedutivas de caráter científi-
co. Exemplo: Ensaio sobre a tolerância, de John Locke.

Gênero Dramático
Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse tipo de texto, não há um narrador contando a história. Ela “acontece” no
palco, ou seja, é representada por atores, que assumem os papéis das personagens nas cenas.

Tragédia
É a representação de um fato trágico, suscetível de provocar compaixão e terror. Aristóteles afirmava que a tragédia era “uma repre-
sentação duma ação grave, de alguma extensão e completa, em linguagem figurada, com atores agindo, não narrando, inspirando dó e
terror”. Ex.: Romeu e Julieta, de Shakespeare.

Farsa
A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao emprego de processos como o absurdo, as incongruências, os equívocos, a caricatura,
o humor primário, as situações ridículas e, em especial, o engano.

Comédia
É a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento comum, de riso fácil. Sua origem grega está ligada às festas populares.

Tragicomédia
Modalidade em que se misturam elementos trágicos e cômicos. Originalmente, significava a mistura do real com o imaginário.

Poesia de cordel
Texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forte apelo linguístico e cultural nordestinos, fatos diversos da sociedade e da
realidade vivida por este povo.

CARGO DAS CLASSES DE PALAVRAS.

Classes de Palavras
Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos
Roupa azul-marinho...
ADJETIVO seres
Brincadeira de criança...
Sofre variação em número, gênero e grau
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.

20
LÍNGUA PORTUGUESA

Determina os substantivos (de modo definido ou inde- A galinha botou um ovo.


ARTIGO finido) Uma menina deixou a mochila no ôni-
Varia em gênero e número bus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como co- Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO nectivos) Eu vou para a praia ou para a cachoei-
Não sofre variação ra?
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!
Atribui quantidade e indica posição em alguma sequên-
Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL cia
Três é a metade de seis.
Varia em gênero e número
Posso ajudar, senhora?
Ela me ajudou muito com o meu tra-
Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo
PRONOME balho.
Varia em gênero e número
Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares
A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO etc.
A matilha tinha muita coragem.
Flexionam em gênero, número e grau.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza Ana se exercita pela manhã.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, Todos parecem meio bobos.
VERBO tempo, número, pessoa e voz. Chove muito em Manaus.
Verbos não significativos são chamados verbos de liga- A cidade é muito bonita quando vista
ção do alto.

Substantivo
Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; cachor-
ro; praça...
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designando sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede;
imaginação...
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: livro; água; noite...
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedreiro; livraria; noturno...
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radical). Ex: casa; pessoa; cheiro...
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol...

Flexão de gênero
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino.
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente o final
da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / acentuação
(Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou presença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora).
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma forma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto ao gêne-
ro a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epiceno (refere-se
aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo).
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, trazen-
do alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fruto X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao órgão
que protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é o termo popular para um tipo específico de fruto.

21
LÍNGUA PORTUGUESA

Flexão de número
No português, é possível que o substantivo esteja no singular, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar (Ex: bola;
escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último representado, geral-
mente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra.
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do contexto,
pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis).

Variação de grau
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumentativo
e diminutivo.
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
pequeno).
Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou diminuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).

Novo Acordo Ortográfico


De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, as letras maiúsculas devem ser usadas em nomes próprios de
pessoas, lugares (cidades, estados, países, rios), animais, acidentes geográficos, instituições, entidades, nomes astronômicos, de festas e
festividades, em títulos de periódicos e em siglas, símbolos ou abreviaturas.
Já as letras minúsculas podem ser usadas em dias de semana, meses, estações do ano e em pontos cardeais.
Existem, ainda, casos em que o uso de maiúscula ou minúscula é facultativo, como em título de livros, nomes de áreas do saber,
disciplinas e matérias, palavras ligadas a alguma religião e em palavras de categorização.

Adjetivo
Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e o singular (bonito) e o plural (bonitos).
Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua nacionali-
dade (brasileiro; mineiro).
É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjunto de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo. São
formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
• de criança = infantil
• de mãe = maternal
• de cabelo = capilar

Variação de grau
Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfases), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e superlativo.
• Normal: A Bruna é inteligente.
• Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente que o Lucas.
• Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente que a Bruna.
• Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto a Maria.
• Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inteligente da turma.
• Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos inteligente da turma.
• Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
• Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.

Adjetivos de relação
São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem sofrer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo, isto
é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufixação de um
substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).

22
LÍNGUA PORTUGUESA

Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:

CLASSIFICAÇÃO ADVÉRBIOS LOCUÇÕES ADVERBIAIS


DE MODO bem; mal; assim; melhor; depressa ao contrário; em detalhes
ontem; sempre; afinal; já; agora; doravante; logo mais; em breve; mais tarde, nunca mais,
DE TEMPO
primeiramente de noite
Ao redor de; em frente a; à esquerda; por
DE LUGAR aqui; acima; embaixo; longe; fora; embaixo; ali
perto
DE INTENSIDADE muito; tão; demasiado; imenso; tanto; nada em excesso; de todos; muito menos
DE AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente; certo; decerto; deveras com certeza; de fato; sem dúvidas
nunca mais; de modo algum; de jeito ne-
DE NEGAÇÃO não; nunca; jamais; tampouco; nem
nhum
DE DÚVIDA Possivelmente; acaso; será; talvez; quiçá Quem sabe

Advérbios interrogativos
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para introduzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de:
• Lugar: onde, aonde, de onde
• Tempo: quando
• Modo: como
• Causa: por que, por quê

Grau do advérbio
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que
• Superlativo analítico: muito cedo
• Superlativo sintético: cedíssimo

Curiosidades
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o uso
de alguns prefixos (supercedo).
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) e
ordem (ultimamente; depois; primeiramente).
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um sentido
próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designação (eis); de
realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou melhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí).

Pronomes
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no enunciado,
ele pode ser classificado da seguinte maneira:
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e podem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...).
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, nossos...)
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...)
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questionamentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...)
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...)
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...)
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...)

23
LÍNGUA PORTUGUESA

Colocação pronominal Tipos de verbos


Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal.
pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, Desse modo, os verbos se dividem em:
la, no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar,
verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo). vender, abrir...)
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles: • Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas termina-
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; ções quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demons- • Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados
trativos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no (ser, ir...)
gerúndio antecedidos por “em”. • Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais
Nada me faria mais feliz. (falir, banir, colorir, adequar...)
• Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sem-
• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da pre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerún- • Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre
dio não acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal. conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho. acontecer...)
• Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular
• Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração. e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
Orgulhar-me-ei de meus alunos. • Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos
átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se,
DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou ora- pentear-se...)
ções, nem após ponto-e-vírgula. • Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções
verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
Verbos • Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si pró-
Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito prios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
(passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro • De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao
possuem subdivisões. sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)
Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo
(certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é Vozes verbais
passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando). As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação,
• Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito per- podendo ser três tipos diferentes:
feito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do • Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
presente, futuro do pretérito. • Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
• Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito im- • Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo
perfeito, futuro. do lago)

Os tempos verbais compostos são formados por um verbo Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a
auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja
flexão em tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no parti- equivalente ao verbo “ser”.
cípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”.
• Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito, Conjugação de verbos
pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do preté- Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de ou-
rito. tros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados
• Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito, são aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo
pretérito mais-que-perfeito, futuro. que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de ori-
As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem, gem.
aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando, • 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, ima-
fazendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função ginar, jogar...)
de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particí- • 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr,
pio) ou advérbio (gerúndio). erguer...)
• 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ou-
vir...)

24
LÍNGUA PORTUGUESA

Confira os exemplos de conjugação apresentados abaixo:

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar

25
LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor

Preposições
As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas entre
essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (palavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como preposição
em determinadas sentenças).

26
LÍNGUA PORTUGUESA

Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, • Comparativas: como, tal como, assim como.
para, per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, en- • Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que.
tre. • Finais: a fim de que, para que.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, du- • Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que.
rante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc. • Temporais: quando, enquanto, agora.
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de,
defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc. Formação de Palavras
A formação de palavras se dá a partir de processos morfológi-
Ao conectar os termos das orações, as preposições estabele- cos, de modo que as palavras se dividem entre:
cem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de: • Palavras primitivas: são aquelas que não provêm de outra
• Causa: Morreu de câncer. palavra. Ex: flor; pedra
• Distância: Retorno a 3 quilômetros. • Palavras derivadas: são originadas a partir de outras pala-
• Finalidade: A filha retornou para o enterro. vras. Ex: floricultura; pedrada
• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura. • Palavra simples: são aquelas que possuem apenas um radi-
• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila. cal (morfema que contém significado básico da palavra). Ex: cabelo;
• Lugar: O vírus veio de Portugal. azeite
• Companhia: Ela saiu com a amiga. • Palavra composta: são aquelas que possuem dois ou mais
• Posse: O carro de Maria é novo. radicais. Ex: guarda-roupa; couve-flor
• Meio: Viajou de trem. Entenda como ocorrem os principais processos de formação de
palavras:
Combinações e contrações
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras pa- Derivação
lavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e A formação se dá por derivação quando ocorre a partir de uma
havendo perda fonética (contração). palavra simples ou de um único radical, juntando-se afixos.
• Combinação: ao, aos, aonde • Derivação prefixal: adiciona-se um afixo anteriormente à pa-
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso lavra ou radical. Ex: antebraço (ante + braço) / infeliz (in + feliz)
• Derivação sufixal: adiciona-se um afixo ao final da palavra ou
Conjunção radical. Ex: friorento (frio + ento) / guloso (gula + oso)
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabe- • Derivação parassintética: adiciona-se um afixo antes e outro
lecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante depois da palavra ou radical. Ex: esfriar (es + frio + ar) / desgoverna-
de conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois do (des + governar + ado)
reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e • Derivação regressiva (formação deverbal): reduz-se a pala-
interpretação de textos, além de ser um grande diferencial no mo- vra primitiva. Ex: boteco (botequim) / ataque (verbo “atacar”)
mento de redigir um texto. • Derivação imprópria (conversão): ocorre mudança na classe
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e gramatical, logo, de sentido, da palavra primitiva. Ex: jantar (verbo
conjunções subordinativas. para substantivo) / Oliveira (substantivo comum para substantivo
próprio – sobrenomes).
Conjunções coordenativas
As orações coordenadas não apresentam dependência sintáti- Composição
ca entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma A formação por composição ocorre quando uma nova palavra
função gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em se origina da junção de duas ou mais palavras simples ou radicais.
cinco grupos: • Aglutinação: fusão de duas ou mais palavras simples, de
• Aditivas: e, nem, bem como. modo que ocorre supressão de fonemas, de modo que os elemen-
• Adversativas: mas, porém, contudo. tos formadores perdem sua identidade ortográfica e fonológica. Ex:
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer. aguardente (água + ardente) / planalto (plano + alto)
• Conclusivas: logo, portanto, assim. • Justaposição: fusão de duas ou mais palavras simples, man-
• Explicativas: que, porque, porquanto. tendo a ortografia e a acentuação presente nos elementos forma-
dores. Em sua maioria, aparecem conectadas com hífen. Ex: beija-
Conjunções subordinativas -flor / passatempo.
As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação
de dependência entre a oração principal e a oração subordinada. Abreviação
Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido) Quando a palavra é reduzida para apenas uma parte de sua
se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada. totalidade, passando a existir como uma palavra autônoma. Ex: foto
Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes: (fotografia) / PUC (Pontifícia Universidade Católica).
• Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas
substantivas, definidas pelas palavras que e se. Hibridismo
• Causais: porque, que, como. Quando há junção de palavras simples ou radicais advindos de
• Concessivas: embora, ainda que, se bem que. línguas distintas. Ex: sociologia (socio – latim + logia – grego) / binó-
• Condicionais: e, caso, desde que. culo (bi – grego + oculus – latim).
• Conformativas: conforme, segundo, consoante.

27
LÍNGUA PORTUGUESA

Combinação O sujeito é classificado em determinado (facilmente identificá-


Quando ocorre junção de partes de outras palavras simples ou vel, podendo ser simples, composto ou implícito) e indeterminado,
radicais. Ex: portunhol (português + espanhol) / aborrecente (abor- podendo, ainda, haver a oração sem sujeito (a mensagem se con-
recer + adolescente). centra no verbo impessoal):
Lúcio dormiu cedo.
Intensificação Aluga-se casa para réveillon.
Quando há a criação de uma nova palavra a partir do alarga- Choveu bastante em janeiro.
mento do sufixo de uma palavra existente. Normalmente é feita
adicionando o sufixo -izar. Ex: inicializar (em vez de iniciar) / proto- Quando o sujeito aparece no início da oração, dá-se o nome de
colizar (em vez de protocolar). sujeito direto. Se aparecer depois do predicado, é o caso de sujeito
inverso. Há, ainda, a possibilidade de o sujeito aparecer no meio
Neologismo da oração:
Quando novas palavras surgem devido à necessidade do falan- Lívia se esqueceu da reunião pela manhã.
te em contextos específicos, podendo ser temporárias ou perma- Esqueceu-se da reunião pela manhã, Lívia.
nentes. Existem três tipos principais de neologismos: Da reunião pela manhã, Lívia se esqueceu.
• Neologismo semântico: atribui-se novo significado a uma pa-
lavra já existente. Ex: amarelar (desistir) / mico (vergonha) Os predicados se classificam em: predicado verbal (núcleo do
• Neologismo sintático: ocorre a combinação de elementos já predicado é um verbo que indica ação, podendo ser transitivo, in-
existentes no léxico da língua. Ex: dar um bolo (não comparecer ao transitivo ou de ligação); predicado nominal (núcleo da oração é
compromisso) / dar a volta por cima (superar). um nome, isto é, substantivo ou adjetivo); predicado verbo-nomi-
• Neologismo lexical: criação de uma nova palavra, que tem nal (apresenta um predicativo do sujeito, além de uma ação mais
um novo conceito. Ex: deletar (apagar) / escanear (digitalizar) uma qualidade sua)
As crianças brincaram no salão de festas.
Onomatopeia Mariana é inteligente.
Quando uma palavra é formada a partir da reprodução aproxi- Os jogadores venceram a partida. Por isso, estavam felizes.
mada do seu som. Ex: atchim; zum-zum; tique-taque.
Termos integrantes da oração
Os complementos verbais são classificados em objetos diretos
SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO. (não preposicionados) e objetos indiretos (preposicionado).
A menina que possui bolsa vermelha me cumprimentou.
A sintaxe estuda o conjunto das relações que as palavras esta- O cão precisa de carinho.
belecem entre si. Dessa maneira, é preciso ficar atento aos enuncia-
dos e suas unidades: frase, oração e período. Os complementos nominais podem ser substantivos, adjetivos
Frase é qualquer palavra ou conjunto de palavras ordenadas ou advérbios.
que apresenta sentido completo em um contexto de comunicação A mãe estava orgulhosa de seus filhos.
e interação verbal. A frase nominal é aquela que não contém verbo. Carlos tem inveja de Eduardo.
Já a frase verbal apresenta um ou mais verbos (locução verbal). Bárbara caminhou vagarosamente pelo bosque.
Oração é um enunciado organizado em torno de um único ver-
bo ou locução verbal, de modo que estes passam a ser o núcleo Os agentes da passiva são os termos que tem a função de pra-
da oração. Assim, o predicativo é obrigatório, enquanto o sujeito é ticar a ação expressa pelo verbo, quando este se encontra na voz
opcional. passiva. Costumam estar acompanhados pelas preposições “por”
Período é uma unidade sintática, de modo que seu enuncia- e “de”.
do é organizado por uma oração (período simples) ou mais orações Os filhos foram motivo de orgulho da mãe.
(período composto). Eles são iniciados com letras maiúsculas e fina- Eduardo foi alvo de inveja de Carlos.
lizados com a pontuação adequada. O bosque foi caminhado vagarosamente por Bárbara.

Análise sintática Termos acessórios da oração


A análise sintática serve para estudar a estrutura de um perío- Os termos acessórios não são necessários para dar sentido à
do e de suas orações. Os termos da oração se dividem entre: oração, funcionando como complementação da informação. Desse
• Essenciais (ou fundamentais): sujeito e predicado modo, eles têm a função de caracterizar o sujeito, de determinar
• Integrantes: completam o sentido (complementos verbais e o substantivo ou de exprimir circunstância, podendo ser adjunto
nominais, agentes da passiva) adverbial (modificam o verbo, adjetivo ou advérbio), adjunto adno-
• Acessórios: função secundária (adjuntos adnominais e adver- minal (especifica o substantivo, com função de adjetivo) e aposto
biais, apostos) (caracteriza o sujeito, especificando-o).
Os irmãos brigam muito.
Termos essenciais da oração A brilhante aluna apresentou uma bela pesquisa à banca.
Os termos essenciais da oração são o sujeito e o predicado. Pelé, o rei do futebol, começou sua carreira no Santos.
O sujeito é aquele sobre quem diz o resto da oração, enquanto o
predicado é a parte que dá alguma informação sobre o sujeito, logo,
onde o verbo está presente.

28
LÍNGUA PORTUGUESA

Tipos de Orações
Levando em consideração o que foi aprendido anteriormente sobre oração, vamos aprender sobre os dois tipos de oração que existem
na língua portuguesa: oração coordenada e oração subordinada.

Orações coordenadas
São aquelas que não dependem sintaticamente uma da outra, ligando-se apenas pelo sentido. Elas aparecem quando há um período
composto, sendo conectadas por meio do uso de conjunções (sindéticas), ou por meio da vírgula (assindéticas).
No caso das orações coordenadas sindéticas, a classificação depende do sentido entre as orações, representado por um grupo de
conjunções adequadas:

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS CONJUNÇÕES


ADITIVAS Adição da ideia apresentada na oração anterior e, nem, também, bem como, não só, tanto...
Oposição à ideia apresentada na oração anterior
ADVERSATIVAS mas, porém, todavia, entretanto, contudo...
(inicia com vírgula)
Opção / alternância em relação à ideia apresenta-
ALTERNATIVAS ou, já, ora, quer, seja...
da na oração anterior
CONCLUSIVAS Conclusão da ideia apresentada na oração anterior logo, pois, portanto, assim, por isso, com isso...
EXPLICATIVAS Explicação da ideia apresentada na oração anterior que, porque, porquanto, pois, ou seja...

Orações subordinadas
São aquelas que dependem sintaticamente em relação à oração principal. Elas aparecem quando o período é composto por duas ou
mais orações.
A classificação das orações subordinadas se dá por meio de sua função: orações subordinadas substantivas, quando fazem o papel
de substantivo da oração; orações subordinadas adjetivas, quando modificam o substantivo, exercendo a função do adjetivo; orações
subordinadas adverbiais, quando modificam o advérbio.
Cada uma dessas sofre uma segunda classificação, como pode ser observado nos quadros abaixo.

SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS FUNÇÃO EXEMPLOS


APOSITIVA aposto Esse era meu receio: que ela não discursasse outra vez.
COMPLETIVA NOMINAL complemento nominal Tenho medo de que ela não discurse novamente.
OBJETIVA DIRETA objeto direto Ele me perguntou se ela discursaria outra vez.
OBJETIVA INDIRETA objeto indireto Necessito de que você discurse de novo.
PREDICATIVA predicativo Meu medo é que ela não discurse novamente.
SUBJETIVA sujeito É possível que ela discurse outra vez.

SUBORDINADAS
CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS
ADJETIVAS
Esclarece algum detalhe, adicionando uma informação. O candidato, que é do partido socialista,
EXPLICATIVAS
Aparece sempre separado por vírgulas. está sendo atacado.
Restringe e define o sujeito a que se refere.
As pessoas que são racistas precisam rever
RESTRITIVAS Não deve ser retirado sem alterar o sentido.
seus valores.
Não pode ser separado por vírgula.
Introduzidas por conjunções, pronomes e locuções
Ele foi o primeiro presidente que se preocu-
DESENVOLVIDAS conjuntivas.
pou com a fome no país.
Apresentam verbo nos modos indicativo ou subjuntivo.
Não são introduzidas por pronomes, conjunções sou
locuções conjuntivas. Assisti ao documentário denunciando a
REDUZIDAS
Apresentam o verbo nos modos particípio, gerúndio ou corrupção.
infinitivo

29
LÍNGUA PORTUGUESA

SUBORDINADAS ADVERBIAIS FUNÇÃO PRINCIPAIS CONJUNÇÕES


CAUSAIS Ideia de causa, motivo, razão de efeito porque, visto que, já que, como...
COMPARATIVAS Ideia de comparação como, tanto quanto, (mais / menos) que, do que...
CONCESSIVAS Ideia de contradição embora, ainda que, se bem que, mesmo...
CONDICIONAIS Ideia de condição caso, se, desde que, contanto que, a menos que...
CONFORMATIVAS Ideia de conformidade como, conforme, segundo...
CONSECUTIVAS Ideia de consequência De modo que, (tal / tão / tanto) que...
FINAIS Ideia de finalidade que, para que, a fim de que...
quanto mais / menos... mais /menos, à medida que,
PROPORCIONAIS Ideia de proporção
na medida em que, à proporção que...
TEMPORAIS Ideia de momento quando, depois que, logo que, antes que...

PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são recursos gráficos que se encontram na linguagem escrita, e suas funções são demarcar unidades e sinalizar
limites de estruturas sintáticas. É também usado como um recurso estilístico, contribuindo para a coerência e a coesão dos textos.
São eles: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto e vírgula (;), os dois pontos (:), o ponto de exclamação (!), o ponto de interrogação (?), as
reticências (...), as aspas (“”), os parênteses ( ( ) ), o travessão (—), a meia-risca (–), o apóstrofo (‘), o asterisco (*), o hífen (-), o colchetes
([]) e a barra (/).
Confira, no quadro a seguir, os principais sinais de pontuação e suas regras de uso.

SINAL NOME USO EXEMPLOS


Indicar final da frase declarativa Meu nome é Pedro.
. Ponto Separar períodos Fica mais. Ainda está cedo
Abreviar palavras Sra.
A princesa disse:
Iniciar fala de personagem - Eu consigo sozinha.
Antes de aposto ou orações apositivas, enumerações Esse é o problema da pandemia:
: Dois-pontos ou sequência de palavras para resumir / explicar ideias as pessoas não respeitam a
apresentadas anteriormente quarentena.
Antes de citação direta Como diz o ditado: “olho por olho,
dente por dente”.
Indicar hesitação
Sabe... não está sendo fácil...
... Reticências Interromper uma frase
Quem sabe depois...
Concluir com a intenção de estender a reflexão
Isolar palavras e datas A Semana de Arte Moderna (1922)
() Parênteses Frases intercaladas na função explicativa (podem Eu estava cansada (trabalhar e
substituir vírgula e travessão) estudar é puxado).
Indicar expressão de emoção Que absurdo!
Ponto de
! Final de frase imperativa Estude para a prova!
Exclamação
Após interjeição Ufa!
Ponto de
? Em perguntas diretas Que horas ela volta?
Interrogação
A professora disse:
Iniciar fala do personagem do discurso direto e indicar — Boas férias!
— Travessão mudança de interloculor no diálogo — Obrigado, professora.
Substituir vírgula em expressões ou frases explicativas O corona vírus — Covid-19 —
ainda está sendo estudado.

30
LÍNGUA PORTUGUESA

Vírgula
A vírgula é um sinal de pontuação com muitas funções, usada para marcar uma pausa no enunciado. Veja, a seguir, as principais regras
de uso obrigatório da vírgula.
• Separar termos coordenados: Fui à feira e comprei abacate, mamão, manga, morango e abacaxi.
• Separar aposto (termo explicativo): Belo Horizonte, capital mineira, só tem uma linha de metrô.
• Isolar vocativo: Boa tarde, Maria.
• Isolar expressões que indicam circunstâncias adverbiais (modo, lugar, tempo etc): Todos os moradores, calmamente, deixaram o
prédio.
• Isolar termos explicativos: A educação, a meu ver, é a solução de vários problemas sociais.
• Separar conjunções intercaladas, e antes dos conectivos “mas”, “porém”, “pois”, “contudo”, “logo”: A menina acordou cedo, mas não
conseguiu chegar a tempo na escola. Não explicou, porém, o motivo para a professora.
• Separar o conteúdo pleonástico: A ela, nada mais abala.

No caso da vírgula, é importante saber que, em alguns casos, ela não deve ser usada. Assim, não há vírgula para separar:
• Sujeito de predicado.
• Objeto de verbo.
• Adjunto adnominal de nome.
• Complemento nominal de nome.
• Predicativo do objeto do objeto.
• Oração principal da subordinada substantiva.
• Termos coordenados ligados por “e”, “ou”, “nem”.

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL.

Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser verbal
— refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal — refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Concordância em número: flexão em singular e plural
• Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa

Concordância nominal
Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos, artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gênero,
de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar atento,
também, aos casos específicos.
Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo, o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
• A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e japonesa.

Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo, a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o substantivo mais próximo:
• Linda casa e bairro.

Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substantivos
(sendo usado no plural):
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arrumada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arrumados.

Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros.

31
LÍNGUA PORTUGUESA

Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• O operário e sua família estavam preocupados com as consequências do acidente.

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


É PROIBIDO Deve concordar com o substantivo quando há presença
É proibida a entrada.
É PERMITIDO de um artigo. Se não houver essa determinação, deve
É proibido entrada.
É NECESSÁRIO permanecer no singular e no masculino.
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala. Mulheres dizem “obrigada” Homens dizem “obrigado”.
As bastantes crianças ficaram doentes com a volta
Quando tem função de adjetivo para um substantivo, às aulas.
BASTANTE concorda em número com o substantivo. Bastante criança ficou doente com a volta às aulas.
Quando tem função de advérbio, permanece invariável. O prefeito considerou bastante a respeito da suspen-
são das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” não Havia menos mulheres que homens na fila para a
MENOS
existe na língua portuguesa. festa.
MESMO Devem concordar em gênero e número com a pessoa a As crianças mesmas limparam a sala depois da aula.
PRÓPRIO que fazem referência. Eles próprios sugeriram o tema da formatura.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve concor-
dar com o substantivo. Adicione meia xícara de leite.
MEIO / MEIA
Quando tem função de advérbio, modificando um Manuela é meio artista, além de ser engenheira.
adjetivo, o termo é invariável.
Segue anexo o orçamento.
Seguem anexas as informações adicionais
ANEXO INCLUSO Devem concordar com o substantivo a que se referem.
As professoras estão inclusas na greve.
O material está incluso no valor da mensalidade.

Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um subs-
tantivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.

Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.

Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.

32
LÍNGUA PORTUGUESA

Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.

Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje

Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.

Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quanto com
o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa.

Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer.

Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Ex-
ceto caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram.

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL

A regência estuda as relações de concordâncias entre os termos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. Dessa
maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa relação
é sempre intermediada com o uso adequado de alguma preposição.

Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma preposição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras que
pedem seu complemento:

PREPOSIÇÃO NOMES
acessível; acostumado; adaptado; adequado; agradável; alusão; análogo; anterior; atento; benefício;
comum; contrário; desfavorável; devoto; equivalente; fiel; grato; horror; idêntico; imune; indiferente; inferior;
A
leal; necessário; nocivo; obediente; paralelo; posterior; preferência; propenso; próximo; semelhante; sensível; útil;
visível...
amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo; convicto; cúmplice; descendente; destituído; devoto; diferente;
DE dotado; escasso; fácil; feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno; inimigo; inseparável; isento; junto; longe; medo;
natural; orgulhoso; passível; possível; seguro; suspeito; temeroso...
opinião; discurso; discussão; dúvida; insistência; influência; informação; preponderante; proeminência;
SOBRE
triunfo...
acostumado; amoroso; analogia; compatível; cuidadoso; descontente; generoso; impaciente; ingrato;
COM
intolerante; mal; misericordioso; ocupado; parecido; relacionado; satisfeito; severo; solícito; triste...
abundante; bacharel; constante; doutor; erudito; firme; hábil; incansável; inconstante; indeciso; morador;
EM
negligente; perito; prático; residente; versado...
atentado; blasfêmia; combate; conspiração; declaração; fúria; impotência; litígio; luta; protesto; reclamação;
CONTRA
representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...

33
LÍNGUA PORTUGUESA

Regência verbal • Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regi- a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras.
do poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto • Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha
um objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado fica a 50 metros da esquina.
também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre tran- Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo
sitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do • Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha filha.
verbo vai depender do seu contexto. / Dei um picolé à minha filha.
• Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei
Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que minha avó até à feira.
fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado • Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado):
de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à
modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser Ana da faculdade.
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática:
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem. DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em
caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no
Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto dire- masculino. Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos
to), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo: à escola / Amanhã iremos ao colégio.
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo.

Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto in- SEMÂNTICA E ESTILÍSTICA.


direto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer
o sentido completo: Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da cam- em tópicos anteriores.
panha eleitoral.

Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o QUESTÕES


verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposi-
ção) e de um objeto indireto (com preposição): 1. (FMPA – MG)
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda Assinale o item em que a palavra destacada está incorretamen-
à senhora. te aplicada:
(A) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes.
(B) A justiça infligiu pena merecida aos desordeiros.
ESTUDO DA CRASE. (C) Promoveram uma festa beneficiente para a creche.
(D) Devemos ser fieis aos cumprimentos do dever.
Crase é o nome dado à contração de duas letras “A” em uma (E) A cessão de terras compete ao Estado.
só: preposição “a” + artigo “a” em palavras femininas. Ela é de-
marcada com o uso do acento grave (à), de modo que crase não 2. (UEPB – 2010)
é considerada um acento em si, mas sim o fenômeno dessa fusão. Um debate sobre a diversidade na escola reuniu alguns, dos
Veja, abaixo, as principais situações em que será correto o em- maiores nomes da educação mundial na atualidade.
prego da crase:
• Palavras femininas: Peça o material emprestado àquela alu- Carlos Alberto Torres
na. 1
O tema da diversidade tem a ver com o tema identidade. Por-
• Indicação de horas, em casos de horas definidas e especifica- tanto, 2quando você discute diversidade, um tema que cabe muito no
das: Chegaremos em Belo Horizonte às 7 horas. 3
pensamento pós-modernista, está discutindo o tema da 4diversida-
• Locuções prepositivas: A aluna foi aprovada à custa de muito de não só em ideias contrapostas, mas também em 5identidades que
estresse. se mexem, que se juntam em uma só pessoa. E 6este é um processo
• Locuções conjuntivas: À medida que crescemos vamos dei- de aprendizagem. Uma segunda afirmação é 7que a diversidade está
xando de lado a capacidade de imaginar. relacionada com a questão da educação 8e do poder. Se a diversidade
• Locuções adverbiais de tempo, modo e lugar: Vire na próxima fosse a simples descrição 9demográfica da realidade e a realidade fos-
à esquerda. se uma boa articulação 10dessa descrição demográfica em termos de
constante articulação 11democrática, você não sentiria muito a pre-
Veja, agora, as principais situações em que não se aplica a cra- sença do tema 12diversidade neste instante. Há o termo diversidade
se: porque há 13uma diversidade que implica o uso e o abuso de poder,
• Palavras masculinas: Ela prefere passear a pé. de uma 14perspectiva ética, religiosa, de raça, de classe.
• Palavras repetidas (mesmo quando no feminino): Melhor ter- […]
mos uma reunião frente a frente.
• Antes de verbo: Gostaria de aprender a pintar.
• Expressões que sugerem distância ou futuro: A médica vai te
atender daqui a pouco.

34
LÍNGUA PORTUGUESA

Rosa Maria Torres Dentre todos os sinônimos apresentados no texto para o vo-
15
O tema da diversidade, como tantos outros, hoje em dia, abre cábulo indiferença, o que melhor se aplica a ele, considerando-se
16
muitas versões possíveis de projeto educativo e de projeto 17po- o contexto, é
lítico e social. É uma bandeira pela qual temos que reivindicar, 18e (A) ceticismo.
pela qual temos reivindicado há muitos anos, a necessidade 19de (B) desdém.
reconhecer que há distinções, grupos, valores distintos, e 20que a (C) apatia.
escola deve adequar-se às necessidades de cada grupo. 21Porém, o (D) desinteresse.
tema da diversidade também pode dar lugar a uma 22série de coisas (E) negligência.
indesejadas.
[…] 4. (CASAN – 2015) Observe as sentenças.
I. Com medo do escuro, a criança ascendeu a luz.
Adaptado da Revista Pátio, Diversidade na educação: limites e possibi- II. É melhor deixares a vida fluir num ritmo tranquilo.
lidades. Ano V, nº 20, fev./abr. 2002, p. 29. III. O tráfico nas grandes cidades torna-se cada dia mais difícil
para os carros e os pedestres.
Do enunciado “O tema da diversidade tem a ver com o tema
identidade.” (ref. 1), pode-se inferir que Assinale a alternativa correta quanto ao uso adequado de ho-
I – “Diversidade e identidade” fazem parte do mesmo campo mônimos e parônimos.
semântico, sendo a palavra “identidade” considerada um hiperôni- (A) I e III.
mo, em relação à “diversidade”. (B) II e III.
II – há uma relação de intercomplementariedade entre “diversi- (C) II apenas.
dade e identidade”, em função do efeito de sentido que se instaura (D) Todas incorretas.
no paradigma argumentativo do enunciado.
III – a expressão “tem a ver” pode ser considerada de uso co- 5. (UFMS – 2009)
loquial e indica nesse contexto um vínculo temático entre “diversi- Leia o artigo abaixo, intitulado “Uma questão de tempo”, de
dade e identidade”. Miguel Sanches Neto, extraído da Revista Nova Escola Online, em
30/09/08. Em seguida, responda.
Marque a alternativa abaixo que apresenta a(s) proposi- “Demorei para aprender ortografia. E essa aprendizagem con-
ção(ões) verdadeira(s). tou com a ajuda dos editores de texto, no computador. Quando eu
(A) I, apenas cometia uma infração, pequena ou grande, o programa grifava em
(B) II e III vermelho meu deslize. Fui assim me obrigando a escrever minima-
(C) III, apenas mente do jeito correto.
(D) II, apenas Mas de meu tempo de escola trago uma grande descoberta,
(E) I e II a do monstro ortográfico. O nome dele era Qüeqüi Güegüi. Sim,
esse animal existiu de fato. A professora de Português nos disse que
3. (UNIFOR CE – 2006) devíamos usar trema nas sílabas qüe, qüi, güe e güi quando o u é
Dia desses, por alguns momentos, a cidade parou. As televi- pronunciado. Fiquei com essa expressão tão sonora quanto enig-
sões hipnotizaram os espectadores que assistiram, sem piscar, ao mática na cabeça.
resgate de uma mãe e de uma filha. Seu automóvel caíra em um Quando meditava sobre algum problema terrível – pois na pré-
rio. Assisti ao evento em um local público. Ao acabar o noticiário, o -adolescência sempre temos problemas terríveis –, eu tentava me
silêncio em volta do aparelho se desfez e as pessoas retomaram as libertar da coisa repetindo em voz alta: “Qüeqüi Güegüi”. Se numa
suas ocupações habituais. Os celulares recomeçaram a tocar. Per- prova de Matemática eu não conseguia me lembrar de uma fórmu-
guntei-me: indiferença? Se tomarmos a definição ao pé da letra, la, lá vinham as palavras mágicas.
indiferença é sinônimo de desdém, de insensibilidade, de apatia e Um desses problemas terríveis, uma namorada, ouvindo minha
de negligência. Mas podemos considerá-la também uma forma de evocação, quis saber o que era esse tal de Qüeqüi Güegüi.
ceticismo e desinteresse, um “estado físico que não apresenta nada – Você nunca ouviu falar nele? – perguntei.
de particular”; enfim, explica o Aurélio, uma atitude de neutralida- – Ainda não fomos apresentados – ela disse.
de. – É o abominável monstro ortográfico – fiz uma falsa voz de
Conclusão? Impassíveis diante da emoção, imperturbáveis terror.
diante da paixão, imunes à angústia, vamos hoje burilando nossa – E ele faz o quê?
indiferença. Não nos indignamos mais! À distância de tudo, segui- – Atrapalha a gente na hora de escrever.
mos surdos ao barulho do mundo lá fora. Dos movimentos de mas- Ela riu e se desinteressou do assunto. Provavelmente não sabia
sa “quentes” (lembram-se do “Diretas Já”?) onde nos fundíamos na usar trema nem se lembrava da regrinha.
igualdade, passamos aos gestos frios, nos quais indiferença e dis- Aos poucos, eu me habituei a colocar as letras e os sinais no
tância são fenômenos inseparáveis. Neles, apesar de iguais, somos lugar certo. Como essa aprendizagem foi demorada, não sei se con-
estrangeiros ao destino de nossos semelhantes. […] seguirei escrever de outra forma – agora que teremos novas regras.
Por isso, peço desde já que perdoem meus futuros erros, que servi-
(Mary Del Priore. Histórias do cotidiano. São Paulo: Contexto, 2001. rão ao menos para determinar minha idade.
p.68) – Esse aí é do tempo do trema.”

35
LÍNGUA PORTUGUESA

Assinale a alternativa correta. 11. (UFRJ) Esparadrapo


(A) As expressões “monstro ortográfico” e “abominável mons- Há palavras que parecem exatamente o que querem dizer. “Es-
tro ortográfico” mantêm uma relação hiperonímica entre si. paradrapo”, por exemplo. Quem quebrou a cara fica mesmo com
(B) Em “– Atrapalha a gente na hora de escrever”, conforme a cara de esparadrapo. No entanto, há outras, aliás de nobre sentido,
norma culta do português, a palavra “gente” pode ser substitu- que parecem estar insinuando outra coisa. Por exemplo, “incuná-
ída por “nós”. bulo*”.
(C) A frase “Fui-me obrigando a escrever minimamente do jeito
correto”, o emprego do pronome oblíquo átono está correto de QUINTANA, Mário. Da preguiça como método de trabalho. Rio de
acordo com a norma culta da língua portuguesa. Janeiro, Globo. 1987. p. 83.
(D) De acordo com as explicações do autor, as palavras pregüiça
e tranqüilo não serão mais grafadas com o trema. *Incunábulo: [do lat. Incunabulu; berço]. Adj. 1- Diz-se do livro
(E) A palavra “evocação” (3° parágrafo) pode ser substituída no impresso até o ano de 1500./ S.m. 2 – Começo, origem.
texto por “recordação”, mas haverá alteração de sentido.
A locução “No entanto” tem importante papel na estrutura do
6. (FMU) Leia as expressões destacadas na seguinte passagem: texto. Sua função resume-se em:
“E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero (A) ligar duas orações que querem dizer exatamente a mesma
na salada – o meu jeito de querer bem.” coisa.
Tais expressões exercem, respectivamente, a função sintática (B) separar acontecimentos que se sucedem cronologicamen-
de: te.
(A) objeto indireto e aposto (C) ligar duas observações contrárias acerca do mesmo assun-
(B) objeto indireto e predicativo do sujeito to.
(C) complemento nominal e adjunto adverbial de modo (D) apresentar uma alternativa para a primeira ideia expressa.
(D) complemento nominal e aposto (E) introduzir uma conclusão após os argumentos apresenta-
(E) adjunto adnominal e adjunto adverbial de modo dos.

7. (PUC-SP) Dê a função sintática do termo destacado em: “De- 12. (IBFC – 2013) Leia as sentenças:
pressa esqueci o Quincas Borba”. É preciso que ela se encante por mim!
(A) objeto direto Chegou à conclusão de que saiu no prejuízo.
(B) sujeito
(C) agente da passiva Assinale abaixo a alternativa que classifica, correta e respecti-
(D) adjunto adverbial vamente, as orações subordinadas substantivas (O.S.S.) destacadas:
(E) aposto (A) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. objetiva indireta.
(B) O.S.S. subjetiva e O.S.S. completiva nominal
8. (MACK-SP) Aponte a alternativa que expressa a função sintá- (C) O.S.S. subjetiva e O.S.S. objetiva indireta.
tica do termo destacado: “Parece enfermo, seu irmão”. (D) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. completiva nominal.
(A) Sujeito
(B) Objeto direto 13. (ADVISE-2013) Todos os enunciados abaixo correspondem
(C) Predicativo do sujeito a orações subordinadas substantivas, exceto:
(D) Adjunto adverbial (A) Espero sinceramente isto: que vocês não faltem mais.
(E) Adjunto adnominal (B) Desejo que ela volte.
(C) Gostaria de que todos me apoiassem.
9. (OSEC-SP) “Ninguém parecia disposto ao trabalho naquela (D) Tenho medo de que esses assessores me traiam.
manhã de segunda-feira”. (E) Os jogadores que foram convocados apresentaram-se on-
(A) Predicativo tem.
(B) Complemento nominal
(C) Objeto indireto 14. (PUC-SP) “Pode-se dizer que a tarefa é puramente formal.”
(D) Adjunto adverbial No texto acima temos uma oração destacada que é ________e
(E) Adjunto adnominal um “se” que é . ________.
(A) substantiva objetiva direta, partícula apassivadora
10. (MACK-SP) “Não se fazem motocicletas como antigamen- (B) substantiva predicativa, índice de indeterminação do sujeito
te”. O termo destacado funciona como: (C) relativa, pronome reflexivo
(A) Objeto indireto (D) substantiva subjetiva, partícula apassivadora
(B) Objeto direto (E) adverbial consecutiva, índice de indeterminação do sujeito
(C) Adjunto adnominal
(D) Vocativo
(E) Sujeito

36
LÍNGUA PORTUGUESA

15. (UEMG) “De repente chegou o dia dos meus setenta anos. 17. (ITA - 1997) Assinale a opção que completa corretamente
Fiquei entre surpresa e divertida, setenta, eu? Mas tudo parece as lacunas do texto a seguir:
ter sido ontem! No século em que a maioria quer ter vinte anos “Todas as amigas estavam _______________ ansiosas
(trinta a gente ainda aguenta), eu estava fazendo setenta. Pior: du- _______________ ler os jornais, pois foram informadas de que as crí-
vidando disso, pois ainda escutava em mim as risadas da menina ticas foram ______________ indulgentes ______________ rapaz, o
que queria correr nas lajes do pátio quando chovia, que pescava qual, embora tivesse mais aptidão _______________ ciências exatas,
lambaris com o pai no laguinho, que chorava em filme do Gordo e demonstrava uma certa propensão _______________ arte.”
Magro, quando a mãe a levava à matinê. (Eu chorava alto com pena
dos dois, a mãe ficava furiosa.) (A) meio - para - bastante - para com o - para - para a
A menina que levava castigo na escola porque ria fora de hora, (B) muito - em - bastante - com o - nas - em
porque se distraía olhando o céu e nuvens pela janela em lugar de (C) bastante - por - meias - ao - a - à
prestar atenção, porque devagarinho empurrava o estojo de lápis (D) meias - para - muito - pelo - em - por
até a beira da mesa, e deixava cair com estrondo sabendo que os (E) bem - por - meio - para o - pelas – na
meninos, mais que as meninas, se botariam de quatro catando lá-
pis, canetas, borracha – as tediosas regras de ordem e quietude se- 18. (Mackenzie) Há uma concordância inaceitável de acordo
riam rompidas mais uma vez. com a gramática:
Fazendo a toda hora perguntas loucas, ela aborrecia os profes- I - Os brasileiros somos todos eternos sonhadores.
sores e divertia a turma: apenas porque não queria ser diferente, II - Muito obrigadas! – disseram as moças.
queria ser amada, queria ser natural, não queria que soubessem III - Sr. Deputado, V. Exa. Está enganada.
que ela, doze anos, além de histórias em quadrinhos e novelinhas IV - A pobre senhora ficou meio confusa.
açucaradas, lia teatro grego – sem entender – e achava emocionan- V - São muito estudiosos os alunos e as alunas deste curso.
te.
(E até do futuro namorado, aos quinze anos, esconderia isso.) (A) em I e II
O meu aniversário: primeiro pensei numa grande celebração, (B) apenas em IV
eu que sou avessa a badalações e gosto de grupos bem pequenos. (C) apenas em III
Mas pensei, setenta vale a pena! Afinal já é bastante tempo! Logo (D) em II, III e IV
me dei conta de que hoje setenta é quase banal, muita gente com (E) apenas em II
oitenta ainda está ativo e presente.
Decidi apenas reunir filhos e amigos mais chegados (tarefa difí- 19. (CESCEM–SP) Já ___ anos, ___ neste local árvores e flores.
cil, escolher), e deixar aquela festona para outra década.” Hoje, só ___ ervas daninhas.
(A) fazem, havia, existe
LUFT, 2014, p.104-105 (B) fazem, havia, existe
(C) fazem, haviam, existem
Leia atentamente a oração destacada no período a seguir: (D) faz, havia, existem
“(...) pois ainda escutava em mim as risadas da menina que (E) faz, havia, existe
queria correr nas lajes do pátio (...)”
20. (IBGE) Indique a opção correta, no que se refere à concor-
Assinale a alternativa em que a oração em negrito e sublinhada dância verbal, de acordo com a norma culta:
apresenta a mesma classificação sintática da destacada acima. (A) Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova.
(A) “A menina que levava castigo na escola porque ria fora de (B) Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha.
hora (...)” (C) Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui.
(B) “(...) e deixava cair com estrondo sabendo que os meninos, (D) Bateu três horas quando o entrevistador chegou.
mais que as meninas, se botariam de quatro catando lápis, ca- (E) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo.
netas, borracha (...)”
(C) “(...) não queria que soubessem que ela (...)” 21. (FUVEST – 2001) A única frase que NÃO apresenta desvio em
(D) “Logo me dei conta de que hoje setenta é quase banal (...)” relação à regência (nominal e verbal) recomendada pela norma culta é:
(A) O governador insistia em afirmar que o assunto principal
16. (FUNRIO – 2012) “Todos querem que nós seria “as grandes questões nacionais”, com o que discordavam
____________________.” líderes pefelistas.
(B) Enquanto Cuba monopolizava as atenções de um clube, do
Apenas uma das alternativas completa coerente e adequada- qual nem sequer pediu para integrar, a situação dos outros pa-
mente a frase acima. Assinale-a. íses passou despercebida.
(A) desfilando pelas passarelas internacionais. (C) Em busca da realização pessoal, profissionais escolhem a
(B) desista da ação contra aquele salafrário. dedo aonde trabalhar, priorizando à empresas com atuação
(C) estejamos prontos em breve para o trabalho. social.
(D) recuperássemos a vaga de motorista da firma. (D) Uma família de sem-teto descobriu um sofá deixado por um
(E) tentamos aquele emprego novamente. morador não muito consciente com a limpeza da cidade.
(E) O roteiro do filme oferece uma versão de como consegui-
mos um dia preferir a estrada à casa, a paixão e o sonho à regra,
a aventura à repetição.

37
LÍNGUA PORTUGUESA

22. (FUVEST) Assinale a alternativa que preenche corretamen- 27. (ALTERNATIVE CONCURSOS/2016 – CÂMARA DE BANDEI-
te as lacunas correspondentes. RANTES-SC) Algumas palavras são usadas no nosso cotidiano de
A arma ___ se feriu desapareceu. forma incorreta, ou seja, estão em desacordo com a norma culta
Estas são as pessoas ___ lhe falei. padrão. Todas as alternativas abaixo apresentam palavras escritas
Aqui está a foto ___ me referi. erroneamente, exceto em:
Encontrei um amigo de infância ___ nome não me lembrava. (A) Na bandeija estavam as xícaras antigas da vovó.
Passamos por uma fazenda ___ se criam búfalos. (B) É um privilégio estar aqui hoje.
(C) Fiz a sombrancelha no salão novo da cidade.
(A) que, de que, à que, cujo, que. (D) A criança estava com desinteria.
(B) com que, que, a que, cujo qual, onde. (E) O bebedoro da escola estava estragado.
(C) com que, das quais, a que, de cujo, onde.
(D) com a qual, de que, que, do qual, onde. 28. (SEDUC/SP – 2018) Preencha as lacunas das frases abaixo
(E) que, cujas, as quais, do cujo, na cuja. com “por que”, “porque”, “por quê” ou “porquê”. Depois, assinale a
alternativa que apresenta a ordem correta, de cima para baixo, de
23. (FESP) Observe a regência verbal e assinale a opção falsa: classificação.
(A) Avisaram-no que chegaríamos logo. “____________ o céu é azul?”
(B) Informei-lhe a nota obtida. “Meus pais chegaram atrasados, ____________ pegaram trân-
(C) Os motoristas irresponsáveis, em geral, não obedecem aos sito pelo caminho.”
sinais de trânsito. “Gostaria muito de saber o ____________ de você ter faltado
(D) Há bastante tempo que assistimos em São Paulo. ao nosso encontro.”
(E) Muita gordura não implica saúde. “A Alemanha é considerada uma das grandes potências mun-
diais. ____________?”
24. (IBGE) Assinale a opção em que todos os adjetivos devem
ser seguidos pela mesma preposição: (A) Porque – porquê – por que – Por quê
(A) ávido / bom / inconsequente (B) Porque – porquê – por que – Por quê
(B) indigno / odioso / perito (C) Por que – porque – porquê – Por quê
(C) leal / limpo / oneroso (D) Porquê – porque – por quê – Por que
(D) orgulhoso / rico / sedento (E) Por que – porque – por quê – Porquê
(E) oposto / pálido / sábio
29. (CEITEC – 2012) Os vocábulos Emergir e Imergir são parô-
25. (TRE-MG) Observe a regência dos verbos das frases reescri- nimos: empregar um pelo outro acarreta grave confusão no que
tas nos itens a seguir: se quer expressar. Nas alternativas abaixo, só uma apresenta uma
I - Chamaremos os inimigos de hipócritas. Chamaremos aos ini- frase em que se respeita o devido sentido dos vocábulos, selecio-
migos de hipócritas; nando convenientemente o parônimo adequado à frase elaborada.
II - Informei-lhe o meu desprezo por tudo. Informei-lhe do meu Assinale-a.
desprezo por tudo; (A) A descoberta do plano de conquista era eminente.
III - O funcionário esqueceu o importante acontecimento. O (B) O infrator foi preso em flagrante.
funcionário esqueceu-se do importante acontecimento. (C) O candidato recebeu despensa das duas últimas provas.
(D) O metal delatou ao ser submetido à alta temperatura.
A frase reescrita está com a regência correta em: (E) Os culpados espiam suas culpas na prisão.
(A) I apenas
(B) II apenas 30. (FMU) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão
(C) III apenas grafadas corretamente.
(D) I e III apenas (A) paralisar, pesquisar, ironizar, deslizar
(E) I, II e III (B) alteza, empreza, francesa, miudeza
(C) cuscus, chimpazé, encharcar, encher
26. (INSTITUTO AOCP/2017 – EBSERH) Assinale a alternativa (D) incenso, abcesso, obsessão, luxação
em que todas as palavras estão adequadamente grafadas. (E) chineza, marquês, garrucha, meretriz
(A) Silhueta, entretenimento, autoestima.
(B) Rítimo, silueta, cérebro, entretenimento.
(C) Altoestima, entreterimento, memorização, silhueta.
(D) Célebro, ansiedade, auto-estima, ritmo.
(E) Memorização, anciedade, cérebro, ritmo.

38
LÍNGUA PORTUGUESA

31. (VUNESP/2017 – TJ-SP) Assinale a alternativa em que todas 36. (IFAL - 2011)
as palavras estão corretamente grafadas, considerando-se as regras
de acentuação da língua padrão. Parágrafo do Editorial “Nossas crianças, hoje”.
(A) Remígio era homem de carater, o que surpreendeu D. Firmi- “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão impor-
na, que aceitou o matrimônio de sua filha. tante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos sentimos
(B) O consôlo de Fadinha foi ver que Remígio queria desposa-la na pele e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento da
apesar de sua beleza ter ido embora depois da doença. infância mais pobre. Nosso Estado e nossa região padece de índices
(C) Com a saúde de Fadinha comprometida, Remígio não con- vergonhosos no tocante à mortalidade infantil, à educação básica e
seguia se recompôr e viver tranquilo. tantos outros indicadores terríveis.” (Gazeta de Alagoas, seção Opi-
(D) Com o triúnfo do bem sobre o mal, Fadinha se recuperou, nião, 12.10.2010)
Remígio resolveu pedí-la em casamento.
(E) Fadinha não tinha mágoa por não ser mais tão bela; agora, O primeiro período desse parágrafo está corretamente pontua-
interessava-lhe viver no paraíso com Remígio. do na alternativa:
(A) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
32. (PUC-RJ) Aponte a opção em que as duas palavras são acen- importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos,
tuadas devido à mesma regra: sentimos na pele e na alma a dor dos mais altos índices de so-
(A) saí – dói frimento da infância mais pobre.”
(B) relógio – própria (B) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão
(C) só – sóis importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos
(D) dá – custará sentimos, na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
(E) até – pé sofrimento da infância mais pobre.”
(C) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
33. (UEPG ADAPTADA) Sobre a acentuação gráfica das palavras importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos,
agradável, automóvel e possível, assinale o que for correto. sentimos na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
(A) Em razão de a letra L no final das palavras transferir a toni- sofrimento da infância mais pobre.”
cidade para a última sílaba, é necessário que se marque grafi- (D) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão
camente a sílaba tônica das paroxítonas terminadas em L, se importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos
isso não fosse feito, poderiam ser lidas como palavras oxítonas. sentimos, na pele e na alma a dor dos mais altos índices de
(B) São acentuadas porque são proparoxítonas terminadas em sofrimento, da infância mais pobre.”
L. (E) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
(C) São acentuadas porque são oxítonas terminadas em L. importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos,
(D) São acentuadas porque terminam em ditongo fonético – sentimos, na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
eu. sofrimento da infância mais pobre.”
(E) São acentuadas porque são paroxítonas terminadas em L.
37. (F.E. BAURU) Assinale a alternativa em que há erro de pon-
34. (IFAL – 2016 ADAPTADA) Quanto à acentuação das palavras, tuação:
assinale a afirmação verdadeira. (A) Era do conhecimento de todos a hora da prova, mas, alguns
(A) A palavra “tendem” deveria ser acentuada graficamente, se atrasaram.
como “também” e “porém”. (B) A hora da prova era do conhecimento de todos; alguns se
(B) As palavras “saíra”, “destruída” e “aí” acentuam-se pela atrasaram, porém.
mesma razão. (C) Todos conhecem a hora da prova; não se atrasem, pois.
(C) O nome “Luiz” deveria ser acentuado graficamente, pela (D) Todos conhecem a hora da prova, portanto não se atrasem.
mesma razão que a palavra “país”. (E) N.D.A
(D) Os vocábulos “é”, “já” e “só” recebem acento por constituí-
rem monossílabos tônicos fechados. 38. (VUNESP – 2020) Assinale a alternativa correta quanto à
(E) Acentuam-se “simpática”, “centímetros”, “simbólica” por- pontuação.
que todas as paroxítonas são acentuadas. (A) Colaboradores da Universidade Federal do Paraná afirma-
ram: “Os cristais de urato podem provocar graves danos nas
35. (MACKENZIE) Indique a alternativa em que nenhuma pala- articulações.”.
vra é acentuada graficamente: (B) A prescrição de remédios e a adesão, ao tratamento, por
(A) lapis, canoa, abacaxi, jovens parte dos pacientes são baixas.
(B) ruim, sozinho, aquele, traiu (C) É uma inflamação, que desencadeia a crise de gota; diag-
(C) saudade, onix, grau, orquídea nosticada a partir do reconhecimento de intensa dor, no local.
(D) voo, legua, assim, tênis (D) A ausência de dor não pode ser motivo para a interrupção
(E) flores, açucar, album, virus do tratamento conforme o editorial diz: – (é preciso que o do-
ente confie em seu médico).
(E) A qualidade de vida, do paciente, diminui pois a dor no local
da inflamação é bastante intensa!

39
LÍNGUA PORTUGUESA

39. (ENEM – 2018)

Física com a boca


Por que nossa voz fica tremida ao falar na frente do ventilador?
Além de ventinho, o ventilador gera ondas sonoras. Quando você não tem mais o que fazer e fica falando na frente dele, as ondas da voz se
propagam na direção contrária às do ventilador. Davi Akkerman – presidente da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica – diz que isso causa
o mismatch, nome bacana para o desencontro entre as ondas. “O vento também contribui para a distorção da voz, pelo fato de ser uma vibração
que influencia no som”, diz. Assim, o ruído do ventilador e a influência do vento na propagação das ondas contribuem para distorcer sua bela voz.

Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado).

Sinais de pontuação são símbolos gráficos usados para organizar a escrita e ajudar na compreensão da mensagem. No texto, o sentido
não é alterado em caso de substituição dos travessões por
(A) aspas, para colocar em destaque a informação seguinte
(B) vírgulas, para acrescentar uma caracterização de Davi Akkerman.
(C) reticências, para deixar subetendida a formação do especialista.
(D) dois-pontos, para acrescentar uma informação introduzida anteriormente.
(E) ponto e vírgula, para enumerar informações fundamentais para o desenvolvimento temático.

40. (FUNDATEC – 2016)

Sobre fonética e fonologia e conceitos relacionados a essas áreas, considere as seguintes afirmações, segundo Bechara:
I. A fonologia estuda o número de oposições utilizadas e suas relações mútuas, enquanto a fonética experimental determina a natu-
reza física e fisiológica das distinções observadas.
II. Fonema é uma realidade acústica, opositiva, que nosso ouvido registra; já letra, também chamada de grafema, é o sinal empregado
para representar na escrita o sistema sonoro de uma língua.
III. Denominam-se fonema os sons elementares e produtores da significação de cada um dos vocábulos produzidos pelos falantes da
língua portuguesa.

Quais estão INCORRETAS?


(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas I e II
(E) Apenas II e III.

40
LÍNGUA PORTUGUESA

41. (CEPERJ) Na palavra “fazer”, notam-se 5 fonemas. O mesmo 46. (UNIFESP - 2015) Leia o seguinte texto:
número de fonemas ocorre na palavra da seguinte alternativa: Você conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook?
(A) Tatuar Uma organização não governamental holandesa está propondo
(B) Quando um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias
(C) Doutor sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o
(D) Ainda grau de felicidade dos usuários longe da rede social.
(E) Além O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológi-
cos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que
42. (OSEC) Em que conjunto de signos só há consoantes sono- o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder par-
ras? ticipar, o usuário deve trocar a foto do perfil no Facebook e postar
(A) rosa, deve, navegador; um contador na rede social.
(B) barcos, grande, colado; Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade
(C) luta, após, triste; dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da abstinência.
(D) ringue, tão, pinga; Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam
(E) que, ser, tão. em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso,
a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, 2que poderiam
43. (UFRGS – 2010) No terceiro e no quarto parágrafos do tex- ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”.
to, o autor faz referência a uma oposição entre dois níveis de análi-
se de uma língua: o fonético e o gramatical. (http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.)
Verifique a que nível se referem as características do português
falado em Portugal a seguir descritas, identificando-as com o núme- Após ler o texto acima, examine as passagens do primeiro pa-
ro 1 (fonético) ou com o número 2 (gramatical). rágrafo: “Uma organização não governamental holandesa está pro-
( ) Construções com infinitivo, como estou a fazer, em lugar de pondo um desafio” “O objetivo é medir o grau de felicidade dos
formas com gerúndio, como estou fazendo. usuários longe da rede social.”
( ) Emprego frequente da vogal tônica com timbre aberto em A utilização dos artigos destacados justifica-se em razão:
palavras como académico e antónimo, (A) da retomada de informações que podem ser facilmente de-
( ) Uso frequente de consoante com som de k final da sílaba, preendidas pelo contexto, sendo ambas equivalentes seman-
como em contacto e facto. ticamente.
( ) Certos empregos do pretérito imperfeito para designar fu- (B) de informações conhecidas, nas duas ocorrências, sendo
turo do pretérito, como em Eu gostava de ir até lá por Eu gostaria possível a troca dos artigos nos enunciados, pois isso não alte-
de ir até lá. raria o sentido do texto.
(C) da generalização, no primeiro caso, com a introdução de
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de informação conhecida, e da especificação, no segundo, com
cima para baixo, é: informação nova.
(A) 2 – 1 – 1 – 2. (D) da introdução de uma informação nova, no primeiro caso,
(B) 2 – 1 – 2 – 1. e da retomada de uma informação já conhecida, no segundo.
(C) 1 – 2 – 1 – 2. (E) de informações novas, nas duas ocorrências, motivo pelo
(D) 1 – 1 – 2 – 2. qual são introduzidas de forma mais generalizada
(E) 1 – 2 – 2 – 1.
47. (UFMG-ADAPTADA) As expressões em negrito correspon-
44. (FUVEST-SP) Foram formadas pelo mesmo processo as se- dem a um adjetivo, exceto em:
guintes palavras: (A) João Fanhoso anda amanhecendo sem entusiasmo.
(A) vendavais, naufrágios, polêmicas (B) Demorava-se de propósito naquele complicado banho.
(B) descompõem, desempregados, desejava (C) Os bichos da terra fugiam em desabalada carreira.
(C) estendendo, escritório, espírito (D) Noite fechada sobre aqueles ermos perdidos da caatinga
(D) quietação, sabonete, nadador sem fim.
(E) religião, irmão, solidão (E) E ainda me vem com essa conversa de homem da roça.

45. (FUVEST) Assinale a alternativa em que uma das palavras 48. (UMESP) Na frase “As negociações estariam meio abertas
não é formada por prefixação: só depois de meio período de trabalho”, as palavras destacadas são,
(A) readquirir, predestinado, propor respectivamente:
(B) irregular, amoral, demover (A) adjetivo, adjetivo
(C) remeter, conter, antegozar (B) advérbio, advérbio
(D) irrestrito, antípoda, prever (C) advérbio, adjetivo
(E) dever, deter, antever (D) numeral, adjetivo
(E) numeral, advérbio

41
LÍNGUA PORTUGUESA

49. (ITA-SP)
25 E
Beber é mal, mas é muito bom.
26 A
(FERNANDES, Millôr. Mais! Folha de S. Paulo, 5 ago. 2001, p. 28.) 27 B
A palavra “mal”, no caso específico da frase de Millôr, é: 28 C
(A) adjetivo 29 B
(B) substantivo
30 A
(C) pronome
(D) advérbio 31 E
(E) preposição 32 B
50. (PUC-SP) “É uma espécie... nova... completamente nova! 33 E
(Mas já) tem nome... Batizei-(a) logo... Vou-(lhe) mostrar...”. Sob o 34 B
ponto de vista morfológico, as palavras destacadas correspondem
pela ordem, a: 35 B
(A) conjunção, preposição, artigo, pronome 36 E
(B) advérbio, advérbio, pronome, pronome
37 A
(C) conjunção, interjeição, artigo, advérbio
(D) advérbio, advérbio, substantivo, pronome 38 A
(E) conjunção, advérbio, pronome, pronome 39 B
40 C
GABARITO
41 B
42 D
1 C
43 A
2 B
44 D
3 D
45 E
4 C
46 D
5 C
47 B
6 A
48 B
7 D
49 B
8 C
50 E
9 B
10 E
11 C
ANOTAÇÕES
12 B
______________________________________________________
13 E
14 B ______________________________________________________
15 A ______________________________________________________
16 C
______________________________________________________
17 A
______________________________________________________
18 C
19 D ______________________________________________________
20 C ______________________________________________________
21 E
______________________________________________________
22 C
23 A ______________________________________________________

24 D ______________________________________________________

42
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO
PÚBLICO

II - cargo público é o criado por lei, com denominação pró-


LEI ESTADUAL Nº 5.810/1994 E ALTERAÇÕES (REGIME pria, quantitativo e vencimento certos, com o conjunto de atribui-
JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS ções e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que
DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA, DAS AUTARQUIAS E DAS devem ser cometidas a um servidor;
FUNDAÇÕES PÚBLICAS DO ESTADO DO PARÁ) III - categoria funcional é o conjunto de cargos da mesma na-
tureza de trabalho;
LEI N° 5.810, DE 24 DE JANEIRO DE 1994* (RJU) IV - grupo ocupacional é o conjunto de categorias funcionais
da mesma natureza, escalonadas segundo a escolaridade, o nível de
Dispõe sobre o Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos complexidade e o grau de responsabilidade;
Civis da Administração Direta, das Autarquias e das Fundações Pú- Parágrafo único. Os cargos públicos serão acessíveis aos brasi-
blicas do Estado do Pará. leiros que preencham os requisitos do art. 17, desta lei.
Art. 3° É vedado cometer ao servidor atribuições e responsa-
bilidades diversas das inerentes ao seu cargo, exceto participação
*Republicada no DOE Nº 3.103, de 08/02/2008, conforme a assentida em órgão colegiado e em comissões legais.
Lei Complementar Nº 033, de 4/11/97, com as alterações introdu- Art. 4° Os cargos referentes a profissões regulamentadas serão
zidas pelas Leis Nº 5.942, de 15/1/96; 5.995, de 2/9/96; 6.161, de providos unicamente por quem satisfizer os requisitos legais res-
25/11/98; e pelas Leis Complementares Nº 044, de 23/1/2003; e pectivos.
051, de 25/1/2006; e pelas Leis Nº 6.891, de 13/7/2006; 7.071, de
24-12-2007; e 7.084, de 14-1-2008. TÍTULO II
* Incluída as alterações feitas pela Lei nº 7.267, de DO PROVIMENTO, DO EXERCÍCIO, DA CARREIRA E DA
05/05/2009. VACÂNCIA CAPÍTULO I DO PROVIMENTO
* Incluída as alterações feitas pela Lei nº 7.391, de
07/04/2010. Art. 5° Os cargos públicos serão providos por:
* Republicada no DOE Nº 31.660, de 06/05/2010, conforme I – nomeação;
a Lei Complementar Nº 033, de 4/11/97, com as alterações intro- II – promoção;
duzidas pelas Leis Nº 5.942, de 15/1/96; 5.995, de 2/9/96; 6.161, III – reintegração;
de 25/11/98; e pelas Leis Complementares Nº 044, de 23/1/2003; IV – transferência;
e 051, de 25/1/2006; e pelas Leis Nº 6.891, de 13/7/2006; 7.071, V – reversão;
de 24-12-2007; e 7.084, de 14-1-2008, 7. 267, de 5-6-09 e 7.391, de VI – aproveitamento; VII – readaptação;
7-4-10. VIII – recondução.
*Alterada pela Lei nº 8.745 de 14 de agosto de 2018, publicada
no DOE nº 33.681 de 17 de agosto de 2018. CAPÍTULO II
*Alterada pela Lei nº 8.975, de 13 de janeiro de 2020, publica- DA NOMEAÇÃO SEÇÃO I DAS FORMAS DE NOMEAÇÃO
da no DOE nº 34.089, de 14 de janeiro de 2020.
*Alterada pela Lei nº 9.230, de 24 de março de 2021, publicada Art. 6° A nomeação será feita:
no DOE nº 34.534, de 26 de março de 2021. I - em caráter efetivo, quando exigida a prévia habilitação
em concurso público, para essa forma de provimento;
A Assembleia Legislativa do Estado do Pará estatui e eu sancio- II - em comissão, para cargo de livre nomeação e exonera-
no a seguinte lei: ção, declarado em lei.
Parágrafo único. A designação para o exercício de função grati-
TÍTULO I ficada recairá, exclusivamente, em servidor efetivo.
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 7° Compete aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário,
ao Ministério Público e aos Tribunais de Contas na área de sua com-
Art. 1° Esta lei institui o Regime Jurídico Único e define os direi- petência, prover, por ato singular, os cargos públicos. Art. 8° O ato
tos, deveres, garantias e vantagens dos Servidores Públicos Civis do de provimento conterá, necessariamente, as seguintes indicações,
Estado, das Autarquias e das Fundações Públicas. sob pena de nulidade e responsabilidade de quem der a posse:
Parágrafo único. As suas disposições aplicam-se aos servidores I - modalidade de provimento e nome completo do interessa-
dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, do Ministério Públi- do; II - denominação de cargo e forma de nomeação; III - funda-
co e dos Tribunais de Contas. Art. 2° Para os fins desta lei: mento legal.
I - servidor é a pessoa legalmente investida em cargo públi-
co;

43
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

SEÇÃO II § 2º Os candidatos com deficiência aprovados e incluídos na


DO CONCURSO lista reservada aos deficientes serão chamados e convocados alter-
nadamente a cada convocação de um dos candidatos chamados da
Art. 9° A investidura em cargo de provimento efetivo depende lista geral até preenchimento do percentual reservado às pessoas
de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e com deficiência no edital do concurso.
títulos, observado o disposto no art. 4°. desta lei. Art. 10. A apro- (Incluído pela Lei nº 7.071, de 2007).
vação em concurso público gera o direito à nomeação, respeitada a § 3º Equipe multiprofissional avaliará a compatibilidade entre
ordem de classificação dos candidatos habilitados. as atribuições do cargo e a deficiência do candidato durante o está-
§ 1° Terá preferência para a ordem de classificação o candidato gio probatório. (Incluído pela Lei nº 7.071, de 2007). Art. 15. A ad-
já pertencente ao serviço público estadual e, persistindo a igual- ministração proporcionará aos portadores de deficiência, condições
dade, aquele que contar com maior tempo de serviço público ao para a participação em concurso de provas ou de provas e títulos.
Estado. Parágrafo único. Às pessoas portadoras de deficiência é assegu-
§ 2° Se ocorrer empate de candidatos não pertencentes ao ser- rado o direito de inscrever-se em concurso público para provimento
viço público do Estado, decidir-se-á em favor do mais idoso. de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de
Art. 11. A instrumentação e execução dos concursos serão cen- que são portadoras, às quais serão reservadas até 20% (vinte por
tralizadas na Secretaria de Estado de Administração, no âmbito do cento), das vagas oferecidas no concurso.
Poder Executivo, e nos órgãos competentes dos Poderes Legislativo
e Judiciário, do Ministério Público, e dos Tribunais de Contas. SEÇÃO III
§ 1° O conteúdo programático, para preenchimento de cargo DA POSSE
técnico de nível superior poderá ser elaborado pelo órgão solicitan-
te do concurso. Art. 16. Posse é o ato de investidura em cargo público ou fun-
§ 2° O concurso público será realizado, preferencialmente, na ção gratificada.
sede do Município, ou na região onde o cargo será provido. Parágrafo único. Não haverá posse nos casos de promoção e
§ 3° Fica assegurada a fiscalização do concurso público, em to- reintegração.
das as suas fases, pelas entidades sindicais representativas de ser- Art. 17. São requisitos cumulativos para a posse em cargo pú-
vidores públicos. blico:
Art. 12. As provas serão avaliadas na escala de zero a dez pon- I - ser brasileiro, nos termos da Constituição;
tos, e aos títulos, quando afins, serão atribuídos, no máximo, cinco II - ter completado 18 (dezoito) anos;
pontos. III - estar em pleno exercício dos direitos políticos;
Parágrafo único. As provas de título, quando constantes do Edi- IV - ser julgado apto em inspeção de saúde realizada em ór-
tal, terão caráter meramente classificatório. gão médico oficial do Estado do Pará; V - possuir a escolaridade
Art. 13. O Edital do concurso disciplinará os requisitos para a exigida para o exercício do cargo;
inscrição, o processo de realização, os critérios de classificação, o VI - não exercer outro cargo ou emprego caracterizante de acu-
número de vagas, os recursos e a homologação. Art. 14. Na reali- mulação proibida
zação dos concursos, serão adotadas as seguintes normas gerais: VI - declarar expressamente o exercício ou não de cargo, em-
I - não se publicará Edital, na vigência do prazo de validade prego ou função pública nos órgãos e entidades da Administração
de concurso anterior, para o mesmo cargo, se ainda houver candi- Pública Estadual, Federal ou Municipal, para fins de verificação do
dato aprovado e não convocado para a investidura, ou enquanto acúmulo de cargos. (Redação dada pela Lei nº 7.071, de 2007).
houver servidor de igual categoria em disponibilidade; VII - a quitação com as obrigações eleitorais e militares;
II - poderão inscrever-se candidatos até 69 anos de idade; VIII - não haver sofrido sanção impeditiva do exercício de car-
III - os concursos terão a validade de 2 (dois) anos, a contar go público.
da publicação da homologação do resultado, no Diário Oficial, pror- Art. 18. A compatibilidade das pessoas portadoras de defici-
rogável expressamente uma única vez por igual período; III - Os ência, de que trata o art. 15, parágrafo único, será declarada por
concursos terão a validade de até dois anos, a contar da publicação junta especial, constituída por médicos especializados na área da
da homologação do resultado, no Diário Oficial, prorrogável expres- deficiência diagnosticada.
samente uma única vez por igual período. (Redação dada pela Lei nº Parágrafo único. Caso o candidato seja considerado inapto para
7.071, de 2007). o exercício do cargo, perde o direito à nomeação. (Incluído pela Lei
IV - comprovação, no ato da inscrição, dos requisitos previs- nº 7.071, de 2007).
tos no Edital. Art. 19. São competentes para dar posse:
IV - Comprovação, no ato da posse, dos requisitos previstos I - No Poder Executivo:
no edital. (Redação dada pela Lei nº 7.071, de 2007). a) o Governador, aos nomeados para cargos de Direção ou
V - participação de um representante do Sindicato dos Tra- Assessoramento que lhe sejam diretamente subordinados;
balhadores ou de Conselho Regional de Classe das categorias afins b) os Secretários de Estado e dirigentes de Autarquias e Fun-
na comissão organizadora do concurso público ou processo seleti- dações, ou a quem seja delegada competência, aos nomeados para
vo. os respectivos órgãos, inclusive, colegiados;
(Incluído pela Lei nº 7.071, de 2007). II - No Poder Legislativo, no Poder Judiciário, no Ministério Pú-
§ 1º Será publicada lista geral de classificação contendo todos blico e nos Tribunais de Contas, conforme dispuser a legislação es-
os candidatos aprovados e, paralela e concomitantemente, lista pecífica de cada Poder ou órgão.
própria para os candidatos que concorreram às vagas reservadas Art. 20. O ato de posse será transcrito em livro especial, assina-
aos deficientes. (Incluído pela Lei nº 7.071, de 2007). do pela autoridade competente e pelo servidor empossado.

44
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Parágrafo único. Em casos especiais, a critério da autoridade Art. 29. O servidor preso em flagrante, pronunciado por crime
competente, a posse poderá ser tomada por procuração específica. comum, denunciado por crime administrativo, ou condenado por
Art. 21. A autoridade que der posse verificará, sob pena de crime inafiançável, será afastado do exercício do cargo, até senten-
responsabilidade, se foram observados os requisitos legais para a ça final transitada em julgado.
investidura no cargo ou função. § 1°Durante o afastamento, o servidor perceberá dois terços
Art. 22. A posse ocorrerá no prazo de 30 (trinta) dias, contados do vencimento ou remuneração, tendo direito à diferença, se ab-
da publicação do ato de provimento no Diário Oficial do Estado. solvido.
§ 1° O prazo para a posse poderá ser prorrogado por mais § 1º Durante o afastamento, o servidor perceberá dois terços
30(trinta) dias, a requerimento do interessado. da remuneração, excluídas as vantagens devidas em razão do efeti-
§ 1º O prazo para a posse poderá ser prorrogado por mais quin- vo exercício do cargo, tendo direito à diferença, se absolvido.
ze dias, em existindo necessidade comprovada para o preenchi- (Redação dada pela Lei nº 7.071, de 2007).
mento dos requisitos para posse, conforme juízo da Administração. § 2° Em caso de condenação criminal, transitada em julgado,
(Redação dada pela Lei nº 7.071, de 2007). não determinante da demissão, continuará o servidor afastado até
§ 2° O prazo do servidor em férias, licença, ou afastado por o cumprimento total da pena, com direito a um terço do vencimen-
qualquer outro motivo legal, será contado do término do impedi- to ou remuneração.
mento. § 2º Em caso de condenação criminal, transitada em julgado,
§ 3° Se a posse não se concretizar dentro do prazo, o ato de pro- não determinante da demissão, continuará o servidor afastado até
vimento será tornado sem efeito. § 4° No ato da posse, o servidor o cumprimento total da pena, com direito a um terço do venci-
apresentará declaração de bens e valores que constituam seu pa- mento ou remuneração, excluídas as vantagens devidas em razão
trimônio, e declaração quanto ao exercício, ou não, de outro cargo, do efetivo exercício do cargo. (Redação dada pela Lei nº 7.071, de
emprego ou função pública. 2007).
(Regulamentado pelo Decreto nº 2.094, de 2010). Art. 30. Ao servidor da administração direta, das Autarquias
Art. 22-A. Ao interessado é permitida a renúncia da posse, no e das Fundações Públicas ou dos Poderes Legislativo e Judiciário,
prazo legal, sendo-lhe garantida a última colocação dentre os clas- do Ministério Público e dos Tribunais de Contas, diplomado para o
sificados no correspondente concurso público. (Incluído pela Lei nº exercício de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, aplica-
7.071, de 2007). -se o disposto no Título III, Capítulo V, Seção VII, desta lei.
Art. 31. O servidor no exercício de cargo de provimento efetivo,
SEÇÃO IV mediante a sua concordância poderá ser colocado à disposição de
DO EXERCÍCIO qualquer órgão da administração direta ou indireta, da União, do
Estado, do Distrito Federal e dos Municípios, com ou sem ônus para
Art. 23. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições e res- o Estado do Pará, desde que observada a reciprocidade. (Vide De-
ponsabilidade do cargo. creto nº 795, de 2020). (Vide Instruções Normativas nº 02, de 1997
Art. 24. Compete ao titular do órgão para onde for nomeado o e nº 001, de 2003).
servidor, dar-lhe o exercício.
Art. 25. O exercício do cargo terá início dentro do prazo de 30 SEÇÃO V
(trinta) dias, contados: DO ESTÁGIO PROBATÓRIO
Art. 25. O exercício do cargo terá início dentro do prazo de (Regulamentado pelo Decreto nº 1.945, de 2005).
quinze dias, contados: (Redação dada pela Lei nº 7.071, de 2007).
I - da data da posse, no caso de nomeação; Art. 32. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo
II - da data da publicação oficial do ato, nos demais casos. de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por perí-
§ 1°Os prazos poderão ser prorrogados, a requerimento do in- odo de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e
teressado, por 30 (trinta) dias. § 1º Os prazos poderão ser prorro- capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo,
gados por mais quinze dias, em existindo necessidade comprovada observados os seguintes fatores: Art. 32. Ao entrar em exercício, o
para o preenchimento dos requisitos para posse, conforme juízo da servidor nomeado para o cargo de provimento efetivo ficará sujeito
Administração. (Redação dada pela Lei nº 7.071, de 2007). a estágio probatório por período de três anos, durante os quais a
§ 2° Será exonerado o servidor empossado que não entrar em sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o desem-
exercício nos prazos previstos neste artigo. penho do cargo, observados os seguintes fatores: (Redação dada
Art. 26. O servidor poderá ausentar-se do Estado, para estudo, pela Lei nº 7.071, de 2007). I – assiduidade;
ou missão de qualquer natureza, com ou sem vencimento, median- II – disciplina;
te prévia autorização ou designação do titular do órgão em que ser- III - capacidade de iniciativa;
vir. Art. 27. O servidor autorizado a afastar-se para estudo em área IV – produtividade;
do interesse do serviço público, fora do Estado do Pará, com ônus V – responsabilidade;
para os cofres do Estado, deverá, sequentemente, prestar serviço, § 1° Quatro meses antes do findo período do estágio proba-
por igual período, ao Estado. tório, será submetida à homologação da autoridade competente
Art. 28. O afastamento do servidor para participação em con- a avaliação do desempenho do servidor, realizada de acordo com
gressos e outros eventos culturais, esportivos, técnicos e científicos o que dispuser a lei ou regulamento do sistema de carreira, sem
será estabelecido em regulamento. prejuízo da continuidade de apuração dos fatores enumerados nos
incisos I a V deste artigo.

45
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

§ 2° O servidor não aprovado no estágio probatório será exo- cargo houver sido extinto, a reintegração dar-se-á em cargo equiva-
nerado, observado o devido processo legal. § 3º O disposto no lente, respeitada a habilitação profissional, ou, não sendo possível,
“caput” deste artigo não se aplica aos servidores que já tenham en- ficará o reintegrado em disponibilidade no cargo que exercia.
trado em exercício na data de publicação desta Lei, que se sujeitam Art. 41. O ato de reintegração será expedido no prazo máximo
ao regime anterior. (Incluído pela Lei nº 7.071, de 2007). de 30 (trinta) dias do pedido, reportando-se sempre à decisão ad-
Art. 33. O término do estágio probatório importa no reconhe- ministrativa definitiva ou à sentença judicial, transitada em julgado.
cimento da estabilidade de ofício. Art. 34. O servidor estável apro- Art. 42. O servidor reintegrado será submetido à inspeção de
vado em outro concurso público fica sujeito a estágio probatório no saúde na instituição pública competente e aposentado, quando in-
novo cargo. capaz.
Parágrafo único. Ficará dispensado do estágio probatório o ser-
vidor que tiver exercido o mesmo cargo público em que já tenha CAPÍTULO V
sido avaliado. (Redação dada pela Lei nº 7.071, de 2007). DA TRANSFERÊNCIA E DA REMOÇÃO CAPÍTULO V DA
TRANSFERÊNCIA, DA REMOÇÃO E DA REDISTRIBUIÇÃO
CAPÍTULO III (Redação dada pela Lei nº 5.942, de 1996).
DA PROMOÇÃO
Art. 43. Transferência é a movimentação do servidor ocupante
Art. 35. A promoção é a progressão funcional do servidor está- de cargo de provimento efetivo, para outro cargo de igual denomi-
vel a uma posição que lhe assegure maior vencimento base, dentro nação e provimento, de outro órgão, mas no mesmo Poder. Art. 44.
da mesma categoria funcional, obedecidos os critérios de antigui- Caberá a transferência:
dade e merecimento, alternadamente. I - a pedido do servidor;
Art. 36. A promoção por antiguidade dar-se-á pela progressão II - por permuta, a requerimento de ambos os servidores in-
à referência imediatamente superior, observado o interstício de 2 teressados.
(dois) anos de efetivo exercício. Art. 45. A transferência será processada atendendo a conveni-
Art. 37. A promoção por merecimento dar-se-á pela progressão ência do servidor desde que no órgão pretendido exista cargo vago,
à referência imediatamente superior, mediante a avaliação do de- de igual denominação.
sempenho a cada interstício de 02 (dois) anos de efetivo exercício. Art. 46. O servidor transferido somente poderá renovar o pe-
Parágrafo único. No critério de merecimento será obedecido o dido, após decorridos 2 (dois) anos de efetivo exercício no cargo.
que dispuser a lei do sistema de carreira, considerando-se, em es- Art. 47. Não será concedida a transferência:
pecial, na avaliação do desempenho, os cursos de capacitação pro- I - para cargos que tenham candidatos aprovados em concurso,
fissional realizados, e assegurada, no processo, a plena participação com prazo de validade não esgotado; II - para órgãos da adminis-
das entidades de classe dos servidores. tração indireta ou fundacional cujo regime jurídico não seja o esta-
Art. 38. O servidor que não estiver no exercício do cargo, res- tutário; III - do servidor em estágio probatório.
salvadas as hipóteses consideradas como de efetivo exercício, não Art. 48. A transferência dos membros da Magistratura, Ministé-
concorrerá à promoção. rio Público, Magistério e da Polícia Civil, será definida no âmbito de
§ 1° Não poderá ser promovido o servidor que se encontre cada Poder, por regime próprio.
cumprindo o estágio probatório. § 2° O servidor, em exercício de Art. 49. A remoção é a movimentação do servidor ocupante de
mandato eletivo, somente terá direito à promoção por antigüidade cargo de provimento efetivo, para outro cargo de igual denomina-
na forma da Constituição, obedecidas as exigências legais e regula- ção e forma de provimento, no mesmo Poder e no mesmo órgão
mentares. em que é lotado.
Art. 39. No âmbito de cada Poder ou órgão, o setor competen- Parágrafo único. A remoção, a pedido ou ex-officio, do servidor
te de pessoal processará as promoções que serão efetivadas por estável, poderá ser feita: (Incluído pela Lei nº 5.942, de 1996).
atos específicos no prazo de 60 (sessenta) dias, contados da data de I - de uma para outra unidade administrativa da mesma Se-
abertura da vaga. cretaria, Autarquia, Fundação ou órgão análogo dos Poderes Legis-
Parágrafo único. O critério adotado para promoção deverá lativo e Judiciário, do Ministério Público e dos Tribunais de Contas.
constar obrigatoriamente do ato que a determinar. (Incluído pela Lei nº 5.942, de 1996).
II - de um para outro setor, na mesma unidade administrati-
CAPÍTULO IV va. (Incluído pela Lei nº 5.942, de 1996).
DA REINTEGRAÇÃO Art. 50 - A Remoção, a pedido ou ex-officio, do servidor estável
poderá ser feita:
Art. 40. Reintegração é o reingresso do servidor na adminis- I - de uma para outra unidade administrativa da mesma Se-
tração pública, em decorrência de decisão administrativa definitiva cretaria, Autarquia, Fundação ou órgão análogo dos Poderes Legis-
ou sentença judicial transitada em julgado, com ressarcimento de lativo e Judiciário, do Ministério Público e dos Tribunais de Contas.
prejuízos resultantes do afastamento. II - de um para outro setor, na mesma unidade administrati-
§ 1° A reintegração será feita no cargo anteriormente ocupado va.
e, se este houver sido transformado, no cargo resultante. Art. 50. A redistribuição é o deslocamento do servidor, com o
§ 2° Encontrando-se regularmente provido o cargo, o seu ocu- respectivo cargo ou função, para o quadro de outro órgão ou enti-
pante será deslocado para cargo equivalente, ou, se ocupava outro dade do mesmo Poder, sempre no interesse da Administração.
cargo, a este será reconduzido, sem direito à indenização. § 3° Se o (Redação dada pela Lei nº 5.942, de 1996).

46
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

§ 1° A redistribuição será sempre ex-officio, ouvidos os respec- CAPÍTULO VIII


tivos órgãos ou entidades interessados na movimentação. (Incluído DA READAPTAÇÃO
pela Lei nº 5.492, de 1996).
§ 2° A redistribuição dar-se-á exclusivamente para o ajusta- Art. 56. Readaptação é a forma de provimento, em cargo mais
mento do quadro de pessoal às necessidades dos serviços, inclusive compatível, pelo servidor que tenha sofrido limitação, em sua capa-
nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ou entida- cidade física ou mental, verificada em inspeção médica oficial. § 1°
de. (Incluído pela Lei nº 5.492, de 1996). A readaptação ex-officio ou a pedido, será efetivada em cargo vago,
§ 3° Nos casos de extinção de órgão ou entidade, os servidores de atribuições afins, respeitada a habilitação exigida.
estáveis que não puderam ser redistribuídos, na forma deste artigo, § 2° A readaptação não acarretará diminuição ou aumento da
serão colocados em disponibilidade até seu aproveitamento. (Inclu- remuneração.
ído pela Lei nº 5.492, de 1996). § 3° Ressalvada a incapacidade definitiva para o serviço públi-
co, quando será aposentado, é direito do servidor renovar pedido
CAPÍTULO VI de readaptação.
DA REVERSÃO
CAPÍTULO IX
Art. 51. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposenta- DA RECONDUÇÃO
do por invalidez, quando, por junta médica oficial, forem declarados
insubsistentes os motivos da aposentadoria. Art. 57. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo
Art. 51. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposenta- anteriormente ocupado e decorrerá de: I - inabilitação em estágio
do: (Redação dada pela Lei nº 8.975, de 2020). probatório relativo a outro cargo; II - reintegração do anterior ocu-
I - por incapacidade permanente, quando, por junta médica pante.
oficial, foram declarados insubsistentes os motivos da aposentado- Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o
ria; ou (Incluído pela Lei nº 8.975, de 2020). servidor será aproveitado em outro, observado o que dispõe a pre-
II - voluntariamente, a pedido, desde que haja interesse da sente lei nos casos de disponibilidade e aproveitamento.
Administração devidamente fundamentado e a aposentadoria te-
nha ocorrido nos cinco anos anteriores à solicitação. (Incluído pela CAPÍTULO X
Lei nº 8.975, de 2020). DA VACÂNCIA
§ 1° A reversão, ex-officio ou a pedido, dar-se-á no mesmo car-
go ou no cargo resultante de sua transformação. (Incluído pela Lei Art. 58. A vacância do cargo decorrerá de:
nº 8.975, de 2020). I – exoneração;
§ 2° A reversão, a pedido, dependerá da existência de cargo II – demissão;
vago. (Incluído pela Lei nº 8.975, de 2020). III – promoção;
§ 3° Não poderá reverter o aposentado que já tiver alcançado o IV – aposentadoria;
limite da idade para aposentadoria compulsória. (Incluído pela Lei V – readaptação;
nº 8.975, de 2020). VI – falecimento;
Art. 52. Será tornada sem efeito a reversão ex-officio, e cassada VII – transferência; VIII – destituição.
a aposentadoria do servidor que não tomar posse e entrar no exer- Parágrafo único. A vaga ocorrerá na data:
cício do cargo. I - do falecimento;
II - da publicação do decreto que exonerar, demitir, promo-
CAPÍTULO VII ver, aposentar, readaptar, transferir, destituir e da posse em outro
DO APROVEITAMENTO cargo inacumulável.
Art. 59. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do ser-
Art. 53. O aproveitamento é o reingresso, no serviço público, vidor ou de ofício.
do servidor em disponibilidade, em cargo de natureza e padrão de Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
vencimento correspondente ao que ocupava. I - quando não satisfeitas as condições do estágio probató-
Art. 54. O aproveitamento será obrigatório quando: rio;
I - restabelecido o cargo de cuja extinção decorreu a disponi- II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em
bilidade; II - deva ser provido cargo anteriormente declarado des- exercício no prazo legal.
necessário. Art. 60. A exoneração de cargo em comissão dar-se-á: I - a juízo
Art. 55. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada da autoridade competente; II - a pedido do próprio servidor.
a disponibilidade de servidor que, aproveitado, não tomar posse e Art. 61. A vacância de função gratificada dar-se-á por dispensa,
não entrar em exercício dentro do prazo legal. a pedido ou de ofício, ou por destituição.
Art. 62. Na vacância do cargo de titular de Autarquia ou Funda-
ção Pública, poderá o mesmo ser provido com a nomeação tempo-
rária, ressalvado no ato de provimento o disposto no art. 92, XX da
Constituição do Estado.

47
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

TÍTULO III II - casamento, até 8 (oito) dias;


DOS DIREITOS E VANTAGENS CAPÍTULO I DA DURAÇÃO DO III - falecimento do cônjuge, companheira ou companheiro,
TRABALHO filhos e irmãos, até 8 (oito) dias; III - falecimento do cônjuge, com-
panheira ou companheiro, pai, mãe, filhos e irmãos, até 8 (oito)
Art. 63. A duração da jornada diária de trabalho será de 6(seis) dias; (Redação dada pela Lei nº 5.995, de 1996).
horas ininterruptas, salvo as jornadas especiais estabelecidas em IV - serviços obrigatórios por lei;
lei. V - desempenho de cargo ou emprego em órgão da adminis-
§ 1° Nas atividades de atendimento público que exijam jornada tração direta ou indireta de Municípios,
superior, serão adotados turnos de revezamento. Estados, Distrito Federal e União, quando colocado regular-
§ 2° A duração normal da jornada, em caso de comprovada ne- mente à disposição; VI - missão oficial de qualquer natureza, ainda
cessidade, poderá ser antecipada ou prorrogada pela administra- que sem vencimento, durante o tempo da autorização ou designa-
ção. ção;
Art. 64. A frequência será apurada diariamente: VII - estudo, em área do interesse do serviço público, durante
I - pelo ponto de entrada e saída; o período da autorização;
II - pela forma determinada quanto aos servidores cujas ati- VIII - processo administrativo, se declarado inocente;
vidades sejam permanentemente exercidas externamente, ou que, IX - desempenho de mandato eletivo, exceto para promoção
por sua natureza, não possam ser mensuradas por unidade de tem- por merecimento;
po. X - participação em congressos ou outros eventos culturais,
Art. 65. Na antecipação ou prorrogação da duração da jornada esportivos, técnicos, científicos ou sindicais, durante o período au-
de trabalho, será também remunerado o trabalho suplementar, na torizado.
forma prevista neste Estatuto. XI – licença-prêmio;
Art. 66. O servidor ocupante de cargo comissionado, indepen- XII - licença- maternidade com a duração de 120 (cento e vin-
dentemente de jornada de trabalho, atenderá às convocações de- te) dias;
correntes da necessidade do serviço de interesse da Administração. XII - licença maternidade com a duração de cento e oitenta
dias; (Redação dada pela Lei nº 7.627, de 2009).
CAPÍTULO II XIII – licença-paternidade;
DA ESTABILIDADE XIV - licença para tratamento de saúde;
XV - licença por motivo de doença em pessoa da família;
Art. 67. O servidor habilitado em concurso público e empossa- XVI - faltas abonadas, no máximo de 3 (três) ao mês; XVII -
do em cargo de provimento efetivo, adquirirá estabilidade no servi- doação de sangue, 1 (um) dia; XVIII - desempenho de mandato
ço público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício. classista.
Art. 68. O servidor estável só perderá o cargo em virtude de § 1° Será contado em dobro o tempo de serviço prestado às
sentença judicial transitada em julgado, ou de processo administra- Forças Armadas em operações de guerra.
tivo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa. § 2° As férias e a licença-prêmio serão contadas em dobro para
Art. 69. É vedada a exoneração, a suspensão ou a demissão de efeito de aposentadoria a partir da expressa renúncia do servidor.
servidor sindicalizado, a partir do registro da candidatura a cargo de Art. 73. É vedada a contagem acumulada de tempo de servi-
direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, ço simultaneamente prestado em mais de um cargo, emprego ou
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave, função.
devidamente apurada em processo administrativo. Parágrafo único. Em regime de acumulação legal, o Estado não
contará o tempo de serviço do outro cargo ou emprego, para o re-
CAPÍTULO III conhecimento de vantagem pecuniária.
DO TEMPO DE SERVIÇO
CAPÍTULO IV
Art. 70. Considera-se como tempo de serviço público o exclu- DAS FÉRIAS
sivamente prestado à União, Estados, Distrito Federal, Municípios,
Autarquias e Fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público. Art. 74. O servidor, após cada 12 (doze) meses de exercício ad-
§ 1° Constitui tempo de serviço público, para todos os efeitos legais, quire direito a férias anuais, de 30 (trinta) dias consecutivos.
salvo para estabilidade, o anteriormente prestado pelo servidor, § 1° É vedado levar, à conta das férias, qualquer falta ao serviço.
qualquer que tenha sido a forma de admissão ou de pagamento. § 2° As férias somente são interrompidas por motivo de calami-
§ 2° Para efeito de aposentadoria e disponibilidade é assegu- dade pública, comoção interna, convocação para júri, serviço militar
rada, ainda, a contagem do tempo de contribuição financeira dos ou eleitoral, ou por motivo de superior interesse público; podendo
sistemas previdenciários, segundo os critérios estabelecidos em lei. ser acumuladas, pelo prazo máximo de dois anos consecutivos.
Art. 71. A apuração do tempo de serviço será feita em dias. § 3° O disposto neste artigo se estende aos Secretários de Esta-
§ 1° O número de dias será convertido em anos, considerados do. (Incluído pela Lei nº 6.161, de 1998).
sempre como de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias. Art. 75. As férias serão de:
§ 2° Para efeito de aposentadoria, feita a conversão, os dias I - 30 (trinta) dias consecutivos, anualmente;
restantes, até 182, não serão computados, arredondando-se para II - 20 (vinte) dias consecutivos, semestralmente, para os
um ano quando excederem a esse número. servidores que operem, direta e permanentemente, com Raios X
Art. 72. Considera-se como de efetivo exercício, para todos os ou substâncias radioativas.
fins, o afastamento decorrente de: I – férias;

48
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Art. 76. Durante as férias, o servidor terá direito a todas as van- Parágrafo único. Sempre que necessário, a inspeção médica
tagens do exercício do cargo. § 1° As férias serão remuneradas com será realizada na residência do servidor ou no estabelecimento hos-
um terço a mais do que a remuneração normal, pagas antecipada- pitalar onde se encontrar internado.
mente, independente de solicitação. Art. 82. A licença superior a 60 (sessenta) dias só poderá ser
§ 2° VETADO concedida mediante inspeção realizada por junta médica oficial.
§ 3º O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão, § 1° Em casos excepcionais, a prova da doença poderá ser fei-
perceberá indenização relativa ao período das férias a que tiver di- ta por atestado médico particular se, a juízo da administração, for
reito e ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês de inconveniente ou impossível a ida da junta médica à localidade de
efetivo exercício, ou fração superior a quatorze dias. (Incluído pela residência do servidor.
Lei nº 7.391, de 2010). § 2° Nos casos referidos no § anterior, o atestado só produzirá
§ 4º A indenização será calculada com base na remuneração efeito depois de homologado pelo serviço médico oficial do Estado.
do mês em que ocorrer a exoneração. (Incluído pela Lei nº 7.391, § 3° Verificando-se, a qualquer tempo, ter ocorrido má-fé na
de 2010). expedição do atestado ou do laudo, a administração promoverá a
punição dos responsáveis.
CAPÍTULO V Art. 83. Findo o prazo da licença, o servidor será submetido
DAS LICENÇAS SEÇÃO I à nova inspeção médica, que concluirá pela volta ao serviço, pela
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS prorrogação da licença ou pela aposentadoria.
Art. 84. O atestado e o laudo da junta médica não se referirão
Art. 77. O servidor terá direito à licença: ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões
I - para tratamento de saúde; produzidas por acidente em serviço e doença profissional.
II - por motivo de doença em pessoa da família;
III – maternidade; SEÇÃO III
IV – paternidade; DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PESSOA DA
V - para o serviço militar e outras obrigações previstas em FAMÍLIA
lei;
VI - para tratar de interesse particular; Art. 85. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo
VII - para atividade política ou classista, na forma da lei; VIII de doença do cônjuge, companheiro ou companheira, padrasto ou
- por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; IX - a madrasta; ascendente, descendente, enteado, menor sob guarda,
título de prêmio por assiduidade. tutela ou adoção, e colateral consanguíneo ou afim até o segundo
§ 1° As licenças previstas nos incisos I e II dependerão de inspe- grau civil, mediante comprovação médica.
ção médica, realizada pelo órgão competente. Parágrafo único. Nas hipóteses de tutela, guarda e adoção, de-
§ 2° Ao servidor ocupante de cargo em comissão não serão verá o servidor instruir o pedido com documento legal comproba-
concedidas as licenças previstas nos incisos VI, VII e VIII. tório de tal condição.
§ 3° A licença - da mesma espécie - concedida dentro 60 (ses- Art. 86. A licença para tratamento de saúde em pessoa da fa-
senta) dias, do término da anterior, será considerada como prorro- mília será concedida:
gação. I - com remuneração integral, no primeiro mês;
§ 4° Expirada a licença, o servidor assumirá o cargo no primeiro II - com 2/3 (dois terços) da remuneração, quando exceder
dia útil subseqüente. § 5° O servidor não poderá permanecer em de 1 (um) até 6 (seis) meses; III - com 1/3 (um terço) da remunera-
licença da mesma espécie por período superior a 24 (vinte e quatro) ção quando exceder a 6 (seis) meses até 12 (doze) meses; IV - sem
meses, salvo os casos previstos nos incisos V, VII e VIII. remuneração, a partir do 12°. (décimo segundo) e até o 24°. (vigé-
Art. 78. A licença poderá ser prorrogada de ofício ou mediante simo quarto) mês. Parágrafo único. O órgão oficial poderá opinar
solicitação. pela concessão da licença pelo prazo máximo de 30 (trinta) dias,
§ 1° O pedido de prorrogação deverá ser apresentado pelo me- renováveis por períodos iguais e sucessivos, até o limite de 2 (dois)
nos 8 (oito) dias antes de findo o prazo. anos. Art. 87. Nos mesmos parâmetros do artigo anterior será con-
§ 2° O disposto neste artigo não se aplica às licenças previstas cedida licença para o pai, a mãe, ou responsável legal de excepcio-
no art. 77, incisos III, IV, VI e IX. Art. 79. É vedado o exercício de nal em tratamento.
atividade remunerada durante o período das licenças previstas nos
incisos I e II do art. 77. SEÇÃO IV
Art. 80.O servidor notificado que se recusar a submeter-se à DAS LICENÇAS MATERNIDADE E PATERNIDADE
inspeção médica, quando julgada necessária, terá sua licença can-
celada automaticamente. Art. 88. Será concedida licença à servidora gestante, por 120
(cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração.
SEÇÃO II Art. 88. Será concedida licença à servidora gestante, por cento
DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE e oitenta dias consecutivos, sem prejuízo de remuneração. (Reda-
ção dada pela Lei nº 7.267, de 2009).
Art. 81. A licença para tratamento de saúde será concedida a § 1° A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de
pedido ou de ofício, com base em inspeção médica, realizada pelo gestação, salvo antecipação por prescrição médica.
órgão competente, sem prejuízo da remuneração. § 2° No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a
partir do parto.

49
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

§ 3° No caso de aborto, atestado por médico oficial, a servidora Art. 95. É assegurado ao servidor o direito à licença para de-
terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado. sempenho de mandato em confederação, federação, associação de
§ 4º O benefício previsto no caput deste artigo alcançará a ser- classe de âmbito nacional, sindicato representativo da categoria,
vidora que já se encontre no gozo da referida licença. (Incluído pela com a remuneração do cargo efetivo.
Lei nº 7.267, de 2009). Art. 95. É assegurado ao servidor o direito à licença para de-
Art. 89. Para amamentar o próprio filho, até a idade de 6 (seis) sempenho de mandato em confederação, federação, sindicato re-
meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de traba- presentativo da categoria, associação de classe de âmbito local e/ou
lho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em 2 (dois) nacional, sem prejuízo de remuneração do cargo efetivo. (Redação
períodos de meia hora. dada pela Lei nº 6.981, de 2006). Art. 95. É assegurado ao servidor
Art. 90. À servidora que adotar ou obtiver a guarda judicial de o direito à licença para desempenho de mandato em confedera-
criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias ção, federação, sindicato representativo da categoria, associação de
de licença remunerada. classe de âmbito local e/ou nacional, sem prejuízo de remuneração
Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de crian- do cargo efetivo. (Redação dada pela Lei nº 8.975, de 2020). § 1º.
ça com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este artigo Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos para cargos
será de 30 (trinta) dias. de direção ou representação nas referidas entidades, até o máximo
Art. 91. Ao servidor será concedida licença-paternidade de 10 de quatro por entidade constituída em conformidade com o art. 5º,
(dez) dias consecutivos, mediante a apresentação do registro civil, inciso LXX, alínea “b”, da Constituição Federal. (Redação dada pela
retroagindo esta à data do nascimento. Lei nº 8.975, de 2020). § 2.º A licença terá duração igual ao man-
dato, podendo ser prorrogada, no caso de reeleição, por uma única
SEÇÃO V vez. (Redação dada pela Lei nº 8.975, de 2020).
DA LICENÇA PARA O SERVIÇO MILITAR E OUTRAS § 3º. O período de licença de que trata esse artigo será contado
OBRIGATÓRIAS POR LEI para todos os feitos legais, exceto para a promoção por merecimen-
to. (Redação dada pela Lei nº 8.975, de 2020).
Art. 92. O servidor será licenciado, quando:
a) convocado para o serviço militar na forma e condições es- SEÇÃO VIII
tabelecidas em lei; DA LICENÇA PARA ACOMPANHAR CÔNJUGE
b) requisitado pela Justiça Eleitoral;
c) sorteado para o trabalho do Júri; Art. 96. Ao servidor estável, será concedida licença sem remu-
d) em outras hipóteses previstas em legislação federal espe- neração, quando o cônjuge ou companheiro, servidor civil ou mili-
cífica; tar:
Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá até I - assumir mandato conquistado em eleição majoritária ou
30 (trinta) dias, sem remuneração, para reassumir o exercício do proporcional para exercício de cargo em local diverso do da lotação
cargo. do acompanhante;
II - for designado para servir fora do Estado ou no exterior.
SEÇÃO VI Art. 97. A licença será concedida pelo prazo da duração do
DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES PARTICULARES mandato, ou nos demais casos por prazo indeterminado.
§ 1° A licença será instruída com a prova da eleição, posse ou
Art. 93. A critério da administração, poderá ser concedida ao designação.
servidor estável, licença para o trato de assuntos particulares, pelo § 2° Na hipótese do deslocamento de que trata este artigo, o
prazo de até 2 (dois) anos consecutivos, sem remuneração. § 1° A servidor poderá ser lotado, provisoriamente, em repartição da Ad-
licença poderá ser interrompida, a qualquer tempo, a pedido do ministração Estadual direta, autárquica ou fundacional, desde que
servidor ou no interesse do serviço. para o exercício de atividade compatível com o seu cargo.
§ 2° Não se concederá nova licença antes de decorrido 2 (dois)
anos do término da anterior. SEÇÃO IX
DA LICENÇA-PRÊMIO
SEÇÃO VII
DA LICENÇA PARA ATIVIDADE POLÍTICA OU CLASSISTA Art. 98. Após cada triênio ininterrupto de exercício, o servidor
fará jus à licença de 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remunera-
Art. 94. O servidor terá direito à licença para atividade política, ção e outras vantagens.
obedecido o disposto na legislação federal específica. Art. 99. A licença será:
Parágrafo único. Ao servidor investido em mandato eletivo apli- I - a requerimento do servidor:
cam-se as seguintes disposições: I - tratando-se de mandato federal a) gozada integralmente, ou em duas parcelas de 30 (trinta)
ou estadual ficará afastado do cargo ou função; dias;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo b) convertida integralmente em tempo de serviço, contado
ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração; em dobro;
III - investido no mandato de Vereador: c) VETADO
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vanta- II - convertida, obrigatoriamente, em remuneração adicional,
gens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo; na aposentadoria ou falecimento, sempre que a fração de tempo
b) não havendo compatibilidade de horários, será afastado for igual ou superior a 1/3 (um terço) do período exigido para o gozo
do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração. da licença-prêmio.

50
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Parágrafo único. Decorridos 30 (trinta) dias do pedido de licen- CAPÍTULO VII


ça, não havendo manifestação expressa do Poder Público, é per- DA APOSENTADORIA
mitido ao servidor iniciar o gozo de sua licença. Art. 100. Para os (Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020).
efeitos da assiduidade, não se consideram interrupção do exercício
os afastamentos enumerados no art. 72. Art. 110. O servidor será aposentado: (Revogado pela Lei nº
8.975, de 2020).
CAPÍTULO VI I - por invalidez permanente, com proventos integrais,
DO DIREITO DE PETIÇÃO quando decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional,
ou doença grave ou incurável especificada em lei, e proporcionais
Art. 101. É assegurado ao servidor: nos demais casos; (Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020).
I - o direito de petição em defesa de direitos ou contra ile- II - compulsoriamente, aos 70 (setenta) anos de idade, com
galidade ou abuso de poder; proventos proporcionais ao tempo de serviço; (Revogado pela Lei
II - a obtenção de certidões em defesa de direitos e esclare- nº 8.975, de 2020).
cimento de situações de interesse pessoal. III – voluntariamente: (Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020).
Art. 102. O direito de peticionar abrange o requerimento, a re- a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos 30
consideração e o recurso. Parágrafo único. Em qualquer das hipó- (trinta), se mulher, com proventos integrais; (Revogado pela Lei nº
teses, o prazo para decidir será de 30 (trinta) dias; não havendo a 8.975, de 2020).
autoridade competente, prolatado a decisão, considerar-se-á como b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções do
indeferida a petição. Art. 103. O requerimento será dirigido à au- magistério, se professor, e aos 25 (vinte e cinco) anos, se professora,
toridade competente para decidir sobre ele e encaminhálo à que com proventos integrais; (Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020). c)
estiver imediatamente subordinado o requerente. aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 (vinte e cinco)
Art. 104. Cabe pedido de reconsideração à autoridade que hou- anos, se mulher, com proventos proporcionais a esse tempo; (Revo-
ver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não podendo gado pela Lei nº 8.975, de 2020).
ser renovado. d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e aos 60
Art. 105. Caberá recurso: (sessenta), se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de
I - do indeferimento do pedido de reconsideração; serviço. (Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020).
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente interpos- § 1° No caso do exercício de atividades consideradas penosas,
tos. insalubres ou perigosas, o disposto no inciso III, a e c obedecerá
§ 1° O recurso será dirigido à autoridade imediatamente supe- ao que dispuser lei complementar federal. (Revogado pela Lei nº
rior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e, sucessiva- 8.975, de 2020).
mente, em escala ascendente, às demais autoridades. § 2° O recur- § 2° A aposentadoria em cargos ou empregos temporários ob-
so será encaminhado por intermédio da autoridade à que estiver servará o disposto na lei federal.
imediatamente subordinado o requerente. (Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020).
Art. 106. O prazo para interposição de pedido de reconsidera- Art. 111. A aposentadoria compulsória será automática e o ser-
ção ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da publicação ou da vidor afastar-se-á do serviço ativo no dia imediato àquele em que
ciência, pelo interessado, da decisão recorrida. atingir a idade-limite, e o ato que a declarar terá vigência a partir
Art. 107. O recurso quando tempestivo terá efeito suspensivo e da data em que o servidor tiver completado 70 (setenta) anos de
interrompe a prescrição. idade. (Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020).
Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de reconsi- Art. 112. A aposentadoria voluntária ou por invalidez vigorará
deração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do a partir da data da publicação do respectivo ato. (Revogado pela Lei
ato impugnado. nº 8.975, de 2020).
Art. 108. O direito de requerer prescreve: § 1° A aposentadoria por invalidez será precedida de licença
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de cassa- para tratamento de saúde, por período não excedente a 24 (vinte e
ção de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse quatro) meses. (Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020).
patrimonial e créditos resultantes das relações funcionais; II - em § 2° Expirado o período de licença e não estando em condições
120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo quando outro pra- de reassumir o cargo, ou de ser readaptado, o servidor será aposen-
zo por fixado em lei. Parágrafo único. O prazo de prescrição será tado. (Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020).
contado da data da publicação do ato impugnado ou da data da § 3° O lapso de tempo compreendido entre o término da licen-
ciência pelo interessado, quando o ato não for publicado. ça para tratamento de saúde e a publicação do ato da aposentado-
Art. 109. Para o exercício do direito de petição, é assegurada ria será considerado como de prorrogação da licença. (Revogado
vista do processo ou documento, na repartição, ao servidor ou a pela Lei nº 8.975, de 2020).
procurador por ele constituído. § 4° Nos casos de aposentadoria voluntária ao servidor que a
Parágrafo único. Os prazos contam-se continuamente a partir requerer, fica assegurado o direito de não comparecer ao trabalho a
da publicação ou ciência do ato, excluído o dia do começo e incluin- partir do 91°. (nonagésimo primeiro) dia subseqüente ao do proto-
do o do vencimento. colo do requerimento da aposentadoria, sem prejuízo da percepção
de sua remuneração, caso não seja antes cientificado do indeferi-
mento. (Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020).
Art. 113. VETADO

51
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Art. 114. Será aposentado, com os proventos correspondentes § 1° Entre o maior e o menor vencimento, a relação de valores
à remuneração do cargo em comissão ou da função gratificada, o será de um para vinte.
servidor que o tenha exercido por 5 (cinco) anos consecutivos. § 2° No Ministério Público, o limite máximo é o valor percebido
(Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020). como remuneração, em espécie, a qualquer título, pelos Procura-
§ 1° As vantagens definidas neste artigo são extensivas ao servi- dores de Justiça.
dor que, à época da aposentadoria, contar ou perfizer 10 (dez) anos § 3° Os acréscimos pecuniários, percebidos pelo servidor pú-
consecutivos ou não, em cargos de comissão ou função gratificada, blico, não serão computados nem acumulados, para fins de con-
mesmo que, ao aposentar-se, se ache fora do exercício do cargo ou cessão de acréscimos ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico
da função gratificada. fundamento.
(Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020). Art. 122. É assegurada isonomia de vencimentos para cargos
§ 2° Quando mais de um cargo ou função tenha sido exerci- de atribuições iguais ou assemelhados, aos servidores do Poder
do, serão atribuídos os proventos de maior padrão desde que lhe Executivo, ou entre os servidores do Poder Executivo, Legislativo e
corresponda o exercício mínimo de 2(dois) anos consecutivos; ou Judiciário, ressalvadas as vantagens de caráter individual e as rela-
padrão imediatamente inferior, se menor o lapso de tempo desses tivas à natureza ou local de trabalho. (Revogado pela Lei nº 7.071,
exercícios. (Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020). de 2007).
§ 3° A aplicação do disposto neste artigo exclui as vantagens Parágrafo Único. Os vencimentos dos cargos do Poder Legisla-
previstas no artigo anterior, bem como os adicionais pelo exercí- tivo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos do Poder
cio de cargo de direção ou assessoramento, ressalvado o direito de Executivo. (Revogado pela Lei nº 7.071, de 2007).
opção. Art. 123. O 13° (décimo terceiro) salário será pago com base na
(Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020). remuneração ou proventos integrais do mês de dezembro.
Art. 115. Os proventos da aposentadoria serão revistos, na § 1° O 13° (décimo terceiro) salário corresponderá a um doze
mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a re- avos por mês de serviço, e a fração igual ou superior a 15 (quinze)
muneração dos servidores em atividade, sendo, também, estendi- dias será considerada como mês integral.
dos aos inativos quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente § 2° Na exoneração e na demissão, o 13° (décimo terceiro) sa-
concedidos aos servidores em atividade, inclusive quando decor- lário será pago no mês dessas ocorrências.
rentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função em Art. 124. O servidor perderá:
que se deu a aposentadoria, independente de requerimento. (Re- I - no caso de ausência e impontualidade:
vogado pela Lei nº 8.975, de 2020). a) o vencimento ou remuneração do dia, quando não com-
parecer ao serviço;
CAPÍTULO VIII b) VETADO
DOS DIREITOS E VANTAGENS FINANCEIRAS II - metade da remuneração na hipótese de suspensão disci-
plinar convertida em multa; III - o vencimento, a remuneração, ou
SEÇÃO I parte deles, nos demais casos previstos nesta lei.
DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO Parágrafo único. As faltas ao serviço, em razão de causa rele-
vante, poderão ser abonadas pelo titular do órgão, quando reque-
Art. 116. O vencimento é a retribuição pecuniária mensal devi- rido abono no dia útil subseqüente, obedecido o disposto no art.
da ao servidor, correspondente ao padrão fixado em lei. 72, inciso XVI.
Parágrafo único. Nenhum servidor receberá, a título de venci- Art. 125. As reposições devidas e as indenizações por prejuízos
mento, importância inferior ao salário mínimo. que o servidor causar, poderão ser descontadas em parcelas men-
Art. 117. A revisão geral dos vencimentos dos servidores civis sais monetariamente corrigidas, não excedentes à décima parte da
será feita, pelo menos, nos meses de abril e outubro, com vigência remuneração ou provento.
a partir desses meses. Parágrafo único. A faculdade de reposição ou indenização par-
Parágrafo único. Abonos e antecipação, à conta da revisão, fi- celadas não se estende ao servidor exonerado, demitido ou licen-
cam condicionados ao limite de despesas, definido na Lei de Dire- ciado sem vencimento.
trizes Orçamentárias. Art. 126. As consignações em folha, para efeito de desconto,
Art. 118. Remuneração é o vencimento acrescido das demais não poderão, em somatória com os decorrentes de disposição em
vantagens de caráter permanente, atribuídas ao servidor pelo exer- lei, exceder a 1\3 (um terço) do vencimento ou da remuneração.
cício do cargo público. Art. 126. As consignações em folha de pagamento, para efeito de
Parágrafo único. As indenizações, auxílios e demais vantagens, desconto, não poderão, as facultativas, exceder a 1/3 (um terço) do
ou gratificações de caráter eventual não integram a remuneração. vencimento ou da remuneração. (Redação dada pela Lei nº 7.084,
Art. 119. Proventos são rendimentos atribuídos ao servidor em de 2008). (Regulamentado pelo Decreto nº 2.071, de 2006).
razão da aposentadoria ou disponibilidade. Parágrafo único. A consignação em folha, servirá, unicamente,
Art. 120. O vencimento, a remuneração e os proventos não se- como garantia de:
rão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de I - débito à Fazenda Pública;
prestação de alimentos resultante de decisão judicial. II - contribuições para as associações ou sindicatos repre-
Art. 121. A remuneração do servidor não excederá, no âmbito sentantes das categorias de servidores públicos estaduais;
do respectivo Poder, os valores percebidos como remuneração, em III - dívidas para cônjuge, ascendente ou descendente, em
espécie, a qualquer título, pelos Deputados Estaduais, Secretários cumprimento de decisão judicial;
de Estado e Desembargadores. IV - contribuições para aquisição de casa própria, negociada
através de órgão oficial;

52
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

V - empréstimos contraídos junto ao órgão previdenciário IX - aos vinte e sete anos, 5% - 45%;
do Estado do Pará; X - aos trinta anos, 5% - 50%; XI - aos trinta e três anos, 5%
VI - autorização do servidor a favor de terceiros, a critério da - 55%; XII - após trinta e quatro anos, 5% - 60%.
administração, com a reposição de custos definida em regulamen- § 2° O servidor fará jus ao adicional a partir do mês em que
to. completar o triênio, independente de solicitação.

SEÇÃO II SEÇÃO IV
DAS VANTAGENS DAS GRATIFICAÇÕES

Art. 127. Além do vencimento, o servidor poderá perceber as Art. 132. Ao servidor serão concedidas gratificações:
seguintes vantagens: I – adicionais; I - pela prestação de serviço extraordinário;
II – gratificações; II - a título de representação;
III – diárias; III - pela participação em órgão colegiado;
IV - ajuda de custo; V – salário-família; IV - pela elaboração de trabalho técnico, científico ou de uti-
VI – indenizações; lidade para o serviço público;
VII - outras vantagens e concessões previstas em lei. V - pelo regime especial de trabalho;
Parágrafo único. Excetuados os casos expressamente previstos VI - pela participação em comissão, ou grupo especial de tra-
neste artigo, o servidor não poderá perceber, a qualquer título ou balho;
forma de pagamento, nenhuma outra vantagem financeira. VII - pela escolaridade;
VIII - pela docência, em atividade de treinamento;
SEÇÃO III IX - pela produtividade;
DOS ADICIONAIS X - pela interiorização;
XI - pelo exercício de atividade na área de educação especial;
Art. 128. Ao servidor serão concedidos adicionais: XII - Pelo exercício da função.
I - pelo exercício do trabalho em condições penosas, insalubres Parágrafo único. Os casos considerados como de efetivo exer-
ou perigosas; II - pelo exercício de cargo em comissão ou função cício pelo art. 72, excetuados os incisos V, IX e XVI não implicam a
gratificada; III - por tempo de serviço. perda das gratificações previstas neste artigo, salvo a do inciso
Art. 129. O adicional pelo exercício de atividades penosas, in- I.
salubres ou perigosas será devido na forma prevista em lei federal. Art. 133. O serviço extraordinário será pago com acréscimo de
(Regulamentado pelo Decreto nº 2.485, de 1994). 50% (cinquenta por cento) em relação à hora normal de trabalho.
Parágrafo único. Os adicionais de insalubridade, periculosida- (Vide Decreto nº 005, de 1995).
de, ou pelo exercício em condições penosas são inacumuláveis e o § 1° Somente será permitido serviço extraordinário para aten-
seu pagamento cessará com a eliminação das causas geradoras, não der a situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite má-
se incorporando ao vencimento, sob nenhum fundamento. ximo de 2 (duas) horas por jornada.
Art. 130. Ao servidor será devido o adicional pelo exercício de § 2° Será considerado serviço extraordinário aquele que exce-
cargo em comissão ou função gratificada. (Revogado pela Lei Com- der, por antecipação ou prorrogação, à jornada normal diária de
plementar nº 44, de 2003). trabalho.
§ 1º O adicional corresponderá a 10% (dez por cento) da grati- § 3° A prestação de serviço extraordinário não poderá exceder
ficação pelo exercício do cargo ou função, em cada ano de efetivo ao limite de 60 (sessenta) horas mensais, salvo para os servidores
exercício, até o limite de 100% (cem por cento). (Revogado pela Lei integrantes de categorias funcionais com horário diferenciados em
Complementar nº 44, de 2003). legislação própria.
§ 2° O adicional será automático, a partir da exoneração do car- Art. 134. O serviço noturno, prestado em horário compreendi-
go comissionado ou da dispensa da função gratificada. (Revogado do entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5(cinco) horas do dia
pela Lei Complementar nº 44, de 2003). seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por cen-
§ 3° VETADO to) computando-se cada hora como 52 (cinquenta e dois) minutos
§ 4° Não fará jus ao adicional o servidor enquanto no exercício e 30 (trinta segundos). Parágrafo único. Em se tratando de serviço
de cargo em comissão ou função gratificada, salvo direito de opção, extraordinário, o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a
sendo inacumulável com a vantagem prevista no art. 114. gratificação prevista no artigo anterior.
(Revogado pela Lei Complementar nº 44, de 2003). Art. 135. A gratificação de representação será atribuída aos ser-
Art. 131. O adicional por tempo de serviço será devido por triê- vidores ocupantes de cargos comissionados de Direção e Assesso-
nios de efetivo exercício, até o máximo de 12 (doze). ramento Superior. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 2018). Parágrafo
§ 1° Os adicionais serão calculados sobre a remuneração do único. A gratificação de representação incidirá sobre o padrão do
cargo, nas seguintes proporções: I - aos três anos, 5%; cargo, nos seguintes percentuais: (Revogado pela Lei nº 8.745, de
II - aos seis anos, 5% - 10%; 2018).
III - aos nove anos, 5% - 15%; a) GEP-DAS.6 - 100% (cem por cento); (Revogado pela Lei nº
IV - aos doze anos, 5% - 20%; 8.745, de 2018).
V - aos quinze anos, 5% - 25%; b) GEP-DAS.5 - 95% (noventa e cinco por cento); (Revogado
VI - aos dezoito anos, 5% - 30%; pela Lei nº 8.745, de 2018).
VII - aos vinte e um anos, 5% - 35%; c) GEP-DAS.4 - 90% (noventa por cento); (Revogado pela Lei
VIII - aos vinte e quatro anos, 5% - 40%; nº 8.745, de 2018).

53
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

d) GEP-DAS.3 - 85% (oitenta e cinco por cento); (Revogado Art. 141. A gratificação pela docência, em atividade de treina-
pela Lei nº 8.745, de 2018). mento, será atribuída ao servidor, no regime hora-aula, desde que
e) GEP-DAS.2 - 80% (oitenta por cento); (Revogado pela Lei esta atividade não seja inerente ao exercício do cargo e seja desem-
nº 8.745, de 2018). penhada fora da jornada normal de trabalho.
f) GEP-DAS.1 - 80% (oitenta por cento). (Revogado pela Lei Art. 142. A gratificação de produtividade destina-se a estimu-
nº 8.745, de 2018). lar as atividades dos servidores ocupantes de cargos nas áreas de
Art. 136. A gratificação pela participação em órgão colegiado tributação, arrecadação e fiscalização fazendária, extensiva aos ser-
será fixada através de regulamento. Art. 137. A gratificação por vidores de apoio técnico operacional e administrativo da Secretaria
regime especial de trabalho é a retribuição pecuniária mensal des- de Estado da Fazenda, observados os critérios, prazos e percentuais
tinada aos ocupantes dos cargos que, por sua natureza, exijam a previstos em regulamento. (Regulamentado pelo Decreto nº 2.595,
prestação do serviço em tempo integral ou de dedicação exclusiva. de 1994).
§ 1° As gratificações devidas aos funcionários convocados para Art. 143. A gratificação de interiorização é devida aos servido-
prestarem serviço em regime de tempo integral ou de dedicação res que, tendo domicílio na região metropolitana de Belém, sejam
exclusiva obedecerão escala variável, fixada em regulamento, res- lotados, transferidos, ou removidos para outros Municípios, en-
peitados os seguintes limites percentuais: quanto perdurar essa lotação ou movimentação. (Vide Lei nº 5.657,
a) pelo tempo integral, a gratificação variará entre 20% (vinte de 1991).
por cento) e 70% (setenta por cento) do vencimento atribuído ao Parágrafo único. A gratificação de interiorização será calculada
cargo; (Regulamentado pelos Decretos nº 2.538, de 1994, nº 1.048, sobre o valor do vencimento, não podendo exceder-lhe e será pro-
de porcional ao grau de dificuldade de acesso ao Município, observa-
1996 e nº 4.000, de 2000) dos os percentuais fixados em regulamento. (Vide Lei nº 5.657, de
b) pela dedicação exclusiva, a gratificação variará entre 50% 1991).
(cinquenta por cento) e 100% (cem por cento) do vencimento atri- Art. 144. A gratificação de função será devida por encargo de
buído ao cargo. chefia e outros que a lei determinar.
§ 2° A concessão da gratificação por regime especial de tra-
balho, de que trata este artigo, dependerá, em cada caso, de ato SEÇÃO V
expresso das autoridades referidas no art. 19 da presente lei. Art. DAS DIÁRIAS
138. As gratificações por prestação de serviço extraordinário e por
regime especial de trabalho excluem-se mutuamente. Art. 145. Ao servidor que, em missão oficial ou de estudos,
§ 1° Ao servidor sujeito ao regime de dedicação exclusiva é ve- afastar-se temporariamente da sede em que seja lotado, serão con-
dado o exercício de outro cargo ou emprego. cedidas, além do transporte, diárias a título de indenização das des-
§ 2° A gratificação, em regime de tempo integral, não se coadu- pesas de alimentação, hospedagem e locomoção urbana.
na com a mesma vantagem percebida em outro cargo, de qualquer § 1° A diária será concedida por dia de afastamento, sendo de-
esfera administrativa, exercido cumulativamente no serviço públi- vida pela metade, quando o deslocamento não exigir pernoite fora
co. da sede.
Art. 139. A gratificação pela participação em comissão ou gru- § 2° As diárias serão pagas antecipadamente e isentam o ser-
po especial de trabalho e pela elaboração ou execução de trabalho vidor da posterior prestação de contas. Art. 146. No arbitramento
técnico ou científico, em decorrência de formal designação ou auto- das diárias será considerado o local para o qual foi deslocado o fun-
rização, será arbitrada previamente, não podendo exceder ao ven- cionário.
cimento ou remuneração do servidor. (Vide Lei nº 4.573, de 1995 e Art. 147. Não caberá a concessão de diárias, quando o desloca-
Decretos nº 442, de 1995 e nº 390, de 2003). § 1° O percentual da mento do servidor constituir exigência permanente do cargo.
gratificação será fixado, considerando-se a duração da atividade e o Art. 148. O servidor que não se afastar da sede, por qualquer
vencimento ou remuneração do servidor, sendo idêntico para todos motivo, fica obrigado a restituir integralmente o valor das diárias
os membros quando se tratar de comissão ou grupo de trabalho. e custos de transporte recebidos, no prazo de 05 (cinco) dias. Pa-
§ 2° O pagamento da gratificação cessará na data da conclusão rágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede, no prazo
do trabalho, e esta não será incorporada à remuneração, sob ne- menor do que o previsto para o
nhuma hipótese. seu afastamento, restituirá as diárias recebidas em excesso, no
§ 3° Não havendo concluído o trabalho no prazo fixado ou pror- prazo previsto no caput deste artigo.
rogado, o servidor fica obrigado a ressarcir mensalmente, no mes- Art. 149. Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor
mo percentual recebido, o valor da gratificação de que trata este que realizar despesas com a utilização de meio de locomoção, con-
artigo. forme se dispuser em regulamento.
§ 4° Esta gratificação não substitui nem impede o reconheci-
mento do direito autoral, quando a atribuição não for inerente ao SEÇÃO VI
cargo. DAS AJUDAS DE CUSTO
Art. 140. A gratificação de escolaridade, calculada sobre o ven-
cimento, será devida nas seguintes proporções: I – VETADO Art. 150. A ajuda de custo será concedida ao servidor que, no
II – VETADO interesse do serviço público, passar a ter exercício em nova sede
III - na quantia correspondente a 80% (oitenta por cento), ao com mudança de domicílio.
titular de cargo para cujo exercício a lei exija habilitação correspon- § 1° A ajuda de custo destina-se a compensar o servidor pelas
dente à conclusão do grau universitário. despesas realizadas com seu transporte e de sua família, compreen-
dendo passagem, bagagem e bens pessoais.

54
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

§ 2° Não será concedida ajuda de custo ao servidor que: II - verificada a inexatidão dos documentos apresentados;
a) afastar-se do cargo ou reassumi-lo em virtude do exercício III - um dos cônjuges já perceba esse direito.
ou término de mandato eletivo; Art. 159. O salário-família será pago no valor correspondente a
b) for colocado à disposição de outro Poder, ou esfera de Go- 10% (dez por cento) do salário mínimo por dependente do servidor.
verno; (Revogado pela Lei Complementar nº 044, de 2003). § 1° Sendo
c) for removido ou transferido, a pedido. inválido o dependente, o salário-família será pago em dobro. (Revo-
§ 3° À família do servidor que falecer na nova sede, serão as- gado pela Lei Complementar nº 044, de 2003).
segurados ajuda de custo e transporte para a localidade de origem, § 2° Falecendo o servidor, o salário-família será pago ao côn-
dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito. juge, ou representante legal dos dependentes. (Revogado pela Lei
Art. 151. Caberá, também, ajuda de custo ao servidor desig- Complementar nº 044, de 2003).
nado para serviço ou estudo no exterior, a qual será arbitrada pela § 3° O salário-família não será objeto de tributo ou desconto
autoridade que efetuar a designação. de qualquer natureza. (Revogado pela Lei Complementar nº 044,
Art. 152. A ajuda de custo será calculada sobre a remuneração de 2003).
do servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo
exceder à importância correspondente a 3 (três) meses. CAPÍTULO IX
(Regulamentado pelo Decreto nº 411, de 1995). OUTRAS VANTAGENS E CONCESSÕES
Art. 153. As ajudas de custo serão restituídas, quando:
I - o servidor não se apresentar na nova sede no prazo de 30 Art. 160. Além das demais vantagens previstas nesta lei, será
(trinta) dias; II - o servidor solicitar exoneração; III - a designação concedido:
for tornada sem efeito. I - Ao servidor:
a) participação no Programa de Formação do Patrimônio do
SEÇÃO VII Servidor Público;
DO SALÁRIO-FAMÍLIA b) vale-transporte, nos termos da Legislação Federal;
c) auxílio-natalidade, correspondente a um salário mínimo,
Art. 154. O salário-família é devido ao servidor ativo ou inativo, após a apresentação da certidão de nascimento para a inscrição do
por dependente econômico. dependente;
(Revogado pela Lei Complementar nº 051, de 2006). d) auxílio-doença, correspondente a um mês de remunera-
§1º Considera-se dependente econômico, para efeito de per- ção, após cada período consecutivo de 6
cepção de salário-família: (Revogado pela Lei Complementar nº (seis) meses de licença para tratamento de saúde;
044, de 2003). e) custeio do tratamento de saúde, quando laudo de junta
I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os ente- médica oficial atestar tratar-se de lesão produzida por acidente em
ados a tutelados até 21 (vinte e um) anos de idade ou se estudante, serviço ou doença profissional;
até 24 (vinte e quatro) anos, e, se inválido, de qualquer idade; (Re- f) quando estudante, e mediante comprovação, regime de
vogado pela Lei Complementar nº 044, de 2003). compensação para realização de provas e abono de faltas para exa-
II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante guarda me vestibular;
ou adoção, na forma da lei, viver na companhia e a expensas do g) transporte ou indenização correspondente, quando licen-
servidor ou inativo; (Revogado pela Lei Complementar nº 044, de ciado para tratamento de saúde, estando impossibilitado de loco-
2003). mover-se, na forma do regulamento;
III - a mãe e o pai sem economia própria. (Revogado pela Lei h) seguro contra acidente de trabalho, para os que exerçam
Complementar nº 044, de 2003). atividades com risco de vida. II - Ao cônjuge, companheiro ou de-
§ 2° REVOGADO pendentes:
§ 3° REVOGADO a) custeio das despesas de translado do corpo, quando o ser-
Art. 155 Quando o pai e a mãe tiverem a condição de servidor vidor, no desempenho de suas atribuições, falecer fora da sede do
público e viverem em comum, o salário-família será concedido a um exercício;
deles. (Revogado pela Lei Complementar nº 051, de 2006). § 1° Se b) auxílio-funeral, correspondente a 2 (dois) meses de remu-
não viverem em comum, o salário-família será percebido pelo que neração ou provento, aos dependentes ou, na ausência destes, a
mantiver os dependentes sob sua guarda, ou a ambos, de acordo quem realizar as despesas do sepultamento;
com a distribuição dos dependentes. (Revogado pela Lei Comple- b) auxílio-funeral, correspondente ao total das despesas com
mentar nº 051, de 2006). o funeral do servidor falecido, limitado ao maior valor dos benefí-
§ 2° Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a madrasta e, na cios pagos pelo Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada
falta destes, o representante legal. pela Lei nº 8.975, de 2020).
(Revogado pela Lei Complementar nº 051, de 2006). c) pensão especial, no valor integral do vencimento ou re-
Art. 156. O salário-família é devido, a partir do início do exercí- muneração, quando o servidor falecer em decorrência de acidente
cio do cargo e comprovação da dependência. em serviço ou moléstia profissional;
Art. 157. O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração, d) vantagens pecuniárias que o servidor deixou de perceber
não acarreta a suspensão do pagamento do salário-família. em decorrência de seu falecimento.
Art. 158. Será suspenso definitivamente o pagamento do salá- § 1° Consideram-se dependentes, para os fins do inciso II,
rio-família quando: alínea “b”, deste artigo, os beneficiários de que cuida o art. 6º da
I - cessada a dependência; Lei Complementar nº 039, de 2002. (Incluído pela Lei nº 8.975, de
2020).

55
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

§ 2° O pagamento do benefício de que trata a alínea “b” do inci- TÍTULO IV


so II deste artigo depende da efetiva comprovação da realização das DA SEGURIDADE SOCIAL CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES
despesas pelo beneficiário. (Incluído pela Lei nº 8.975, de 2020). GERAIS
§ 3° O benefício de que trata a alínea “b” do inciso II deste arti-
go poderá ser pago a terceiro que comprovadamente tenha realiza- Art. 166. A seguridade social compreende um conjunto de
do as despesas com o funeral, na ausência de cônjuge, companhei- ações do Estado destinadas a assegurar os direitos à saúde, à pre-
ro ou dependentes. (Incluído pela Lei nº 8.975, de 2020). vidência e à assistência social do servidor e de seus dependentes.
§ 4° Caso as despesas com o funeral sejam comprovadas por Parágrafo único. Na seguridade social prevalecem os seguintes
mais de uma pessoa, o benefício de que trata a alínea “b” do inciso objetivos:
II deste artigo poderá ser rateado na proporção dos gastos, median- I - universalidade da cobertura do atendimento;
te requerimento dos interessados, sempre observado o limite do II - uniformidade dos benefícios;
maior valor dos benefícios pagos pelo Regime Geral de Previdência III - irredutibilidade do valor dos benefícios;
Social. (Incluído pela Lei nº 8.975, de 2020). IV - caráter democrático da gestão administrativa, com parti-
§ 5° No caso de impossibilidade do rateio proporcional do be- cipação paritária do servidor estável e do aposentado eleitos para o
nefício de que trata o parágrafo anterior, em razão de prévio paga- colegiado do órgão previdenciário do Estado do Pará.
mento integral a um primeiro requerente, o requerente remanes- Art. 167. O Município que não dispuser de sistema previdenci-
cente fará jus apenas a eventual saldo do que restar para atingir ário próprio poderá aderir, mediante convênio, ao órgão de seguri-
limite dos benefícios pagos pelo Regime Geral de Previdência So- dade do Estado do Pará para garantir aos seus servidores a seguri-
cial. (Incluído pela Lei nº 8.975, de 2020). dade, na forma da lei.
§ 6° O benefício de que trata a alínea “b” do inciso II somen- Art. 168. A seguridade social será financiada através das se-
te pode ser pago uma vez, ainda que o servidor falecido estivesse guintes contribuições:
em acumulação regular de cargos na atividade. (Incluído pela Lei nº I - contribuição incidente sobre a folha de vencimento e re-
8.975, de 2020). munerações;
§ 7° O benefício de que trata a alínea “b” do inciso II deste arti- II - dos servidores de qualquer quadro funcional;
go poderá ser pago em razão do falecimento de servidor exclusiva- III - de outras fontes estabelecidas em lei destinadas a garan-
mente comissionado. (Incluído pela Lei nº 8.975, de 2020). § 8° São tir a manutenção ou expansão da seguridade social.
consideradas despesas com funeral, para os fins da alínea “b” do Parágrafo único. As receitas destinadas à seguridade social
inciso II deste artigo: (Incluído pela Lei nº 8.975, de 2020). constarão do orçamento do Estado do Pará.
I - os gastos essenciais para a realização de velório, enterro Art. 169. As metas e prioridades caracterizadoras dos progra-
e cremação; e (Incluído pela Lei nº 8.975, de 2020). mas, projetos e atividades estabelecidas no orçamento, manterão
II - os gastos com traslado do corpo, excluídos o interestadu- absoluta fidelidade à finalidade e ao objetivo do órgão de Previdên-
al e o internacional. (Incluído pela Lei nº 8.975, de 2020). cia e Assistência dos Servidores do Estado do Pará.
Art. 161. Garantido o direito de opção, é vedada a percepção
cumulativa de duas ou mais pensões, ressalvadas a diretriz constitu- CAPÍTULO II
cional da acumulação remunerada de cargos públicos. DA SAÚDE

CAPÍTULO X Art. 170. A assistência à saúde será prestada pelo órgão estadu-
DAS ACUMULAÇÕES REMUNERADAS al competente e, de forma complementar, por instituições públicas
e privadas.
Art. 162. É vedada a acumulação remunerada de cargos pú- Art. 171. Nas situações de urgência e emergência o setor de
blicos, exceto quando houver compatibilidade de horários, nos se- Recursos Humanos comunicará formalmente ao órgão de segurida-
guintes casos: a) a de 2 (dois) cargos de professor; de social, no primeiro dia útil seguinte, o atendimento médico do
b) a de 1 (um) cargo de professor com outro técnico ou cien- servidor ou de seus dependentes.
tífico, de nível médio ou superior; § 1° A assistência à saúde fora do domicílio do servidor depen-
c) a de 2 (dois) cargos privativos de médico. de da manifestação favorável do órgão de seguridade social do Es-
Parágrafo único. A proibição de acumular estende-se a em- tado do Pará.
pregos e funções e abrange autarquias, fundações mantidas pelo § 2° O atendimento de urgência e emergência fora do domicílio
Poder Público, empresas públicas, sociedades de economia mista, do servidor obedecerá ao que dispuser o regulamento.
da União, Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Muni-
cípios, não se aplicando, porém, ao aposentado, quando investido CAPÍTULO III
em cargo comissionado. DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
Art. 163. A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condi-
cionada à comprovação da compatibilidade de horários. Art. 172. Os planos de Previdência Social atenderão, nos ter-
Parágrafo único. O servidor não poderá exercer mais de um car- mos da legislação pertinente: I - à cobertura dos eventos de doen-
go em comissão. ça, invalidez, morte, incluindo os resultantes de acidentes de traba-
Art. 164. A acumulação será havida de boa-fé, até final con- lho, velhice e reclusão;
clusão de processo administrativo. (Revogado pela Lei nº 9.230, de II - à pensão por morte de segurado, homem ou mulher, ao
2021). cônjuge e dependente.
Art. 165. VETADO

56
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

§ 1° A contribuição previdenciária incidirá sobre a remuneração a) às requisições para a defesa do Estado;


total do servidor, exceto saláriofamília, com a consequente reper- b) às informações, documentos e providências solicitadas
cussão em benefícios. por autoridades judiciárias ou administrativas;
§ 2° É assegurado o reajustamento de benefícios para preser- c) à expedição de certidões para a defesa de direitos, para a
var-lhes, em caráter permanente, o valor real da época da conces- argüição de ilegalidade ou abuso de autoridade.
são.
§ 3° O 13° (décimo terceiro) salário dos aposentados e pensio- CAPÍTULO II
nistas terá por base o valor dos proventos do mês de dezembro de DAS PROIBIÇÕES
cada ano.
Art. 178. É vedado ao servidor:
CAPÍTULO IV I - acumular inconstitucionalmente cargos ou empregos na
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL administração pública;
II - revelar fato de que tem ciência em razão do cargo, e que
Art. 173. A assistência social será prestada ao servidor e de- deve permanecer em sigilo, ou facilitar sua revelação;
pendentes. III - pleitear como intermediário ou procurador junto ao ser-
Art. 174. A assistência social tem por objetivo: viço público, exceto quando se tratar de interesse do cônjuge ou
I - proteção ao servidor, sobretudo nos trabalhos penosos, dependente;
insalubres e perigosos; IV - deixar de comparecer ao serviço, sem causa justificada,
II - proteção à família, à maternidade e à infância; por 30 (trinta) dias consecutivos; V - valer-se do exercício do cargo
III - amparo às crianças, em creche; para auferir proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dig-
IV - a cultura, o esporte, a recreação e o lazer. nidade da função;
VI - cometer encargo legítimo de servidor público à pessoa
TÍTULO V estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei;
DA ASSOCIAÇÃO SINDICAL VII - participar de gerência ou administração de empresa pri-
vada, de sociedade civil, ou exercer o comércio, exceto na qualidade
Art. 175. É garantido ao servidor público civil do Estado do Pará de acionista, cotista ou comanditário;
o direito à livre associação, como também, entre outros, os seguin- VIII - aceitar contratos com a Administração Estadual, quando
tes direitos, dela decorrentes: vedado em lei ou regulamento;
a) de ser representado pelos sindicatos, na forma da legisla- IX - participar da gerência ou administração de associação ou
ção processual civil; sociedade subvencionada pelo
b) de inamovibilidade dos dirigentes dos sindicatos até 1 Estado, exceto entidades comunitárias e associação profissio-
(um) ano após o final do mandato; nal ou sindicato;
c) de descontar em folha, mediante autorização do servidor, X - tratar de interesses particulares ou desempenhar ativi-
sem ônus para a entidade sindical a que for filiado, o valor das men- dade estranha ao cargo, no recinto da repartição;
salidades e contribuições definidas em Assembleia Geral da catego- XI - referir-se, de modo ofensivo, a servidor público e a ato
ria. Art. 176. É assegurada a participação permanente do servidor da Administração;
nos colegiados dos órgãos do Estado do Pará em que seus interes- XII - utilizar-se do anonimato, ou de provas obtidas ilicita-
ses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e de- mente;
liberação. XIII - permutar ou abandonar serviço essencial, sem expressa
autorização;
TÍTULO VI XIV - omitir-se no zelo e conservação dos bens e documentos
DOS DEVERES, DAS PROIBIÇÕES E DAS públicos;
RESPONSABILIDADES XV - desrespeitar ou procrastinar o cumprimento de decisão
judicial;
CAPÍTULO I XVI - deixar, sem justa causa, de observar prazos legais admi-
DOS DEVERES nistrativos ou judiciais;
XVII - praticar ato lesivo ao patrimônio Estadual;
Art. 177. São deveres do servidor: XVIII - solicitar, aceitar ou exigir vantagem indevida pela absten-
I - assiduidade e pontualidade; ção ou prática regular de ato de ofício;
II – urbanidade; XIX - aceitar representação de Estado estrangeiro, sem autori-
III – discrição; zação legal;
IV - obediência às ordens superiores, exceto quando mani- XX - exercer atribuições sob as ordens imediatas de parentes
festamente ilegais; até o segundo grau, salvo em cargo comissionado;
V - exercício pessoal das atribuições; XXI - praticar atos, tipificados em lei como crime, contra a ad-
VI - observância aos princípios éticos, morais, às leis e regu- ministração pública;
lamentos; XXII - exercer a advocacia fora das atribuições institucionais, se
VII - atualização de seus dados pessoais e de seus dependen- ocupante do cargo incompatível; XXIII - retardar, injustificadamen-
tes; te, a nomeação de classificado em concurso público.
VIII - representação contra as ordens manifestamente ilegais e
contra irregularidades; IX - atender com presteza:

57
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Parágrafo único. Não se compreende na proibição do inciso VIII § 1° O servidor, enquanto suspenso, perderá os direitos e van-
o exercício de cargo ou função na Administração Indireta, quando tagens de natureza pecuniária, exceto o salário-família.
regularmente colocado à disposição. § 2° Quando licenciado, a penalidade será aplicada após o re-
torno do servidor ao exercício. § 3° Quando houver conveniência
CAPÍTULO III para o serviço, a autoridade que aplicar a pena de suspensão pode-
DAS RESPONSABILIDADES rá convertê-la em multa, na base de 50% (cinqüenta por cento) por
dia de vencimento ou remuneração, permanecendo o servidor em
Art. 179. O servidor responde civil, penal e administrativamen- exercício. Art. 190. A pena de demissão será aplicada nos casos de:
te pelo exercício irregular de suas atribuições. I - crime contra a Administração Pública, nos termos da lei
Art. 180. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou penal;
comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou II - abandono de cargo;
a terceiros. III - faltas ao serviço, sem causa justificada, por 60 (sessenta)
§ 1° A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário dias intercaladamente, durante o período de 12 (doze) meses;
somente será liquidada na forma prevista no art. 125, na falta de III - inassiduidade habitual, configurada por faltas ao serviço,
outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial. sem causa justificada, por 60 (sessenta) dias, intercaladamente, no
§ 2° Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o servidor período de 12 (doze) meses; (Redação dada pela Lei nº 9.230, de
perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. 2021).
§ 3° A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores IV - improbidade administrativa;
e contra eles será executada, até o limite do valor da herança rece- V - incontinência pública e conduta escandalosa, na reparti-
bida. ção;
Art. 181. As sanções civis, penais e administrativas poderão VI - insubordinação grave em serviço;
cumular-se, sendo independentes entre si. VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo
Art. 182. A absolvição judicial somente repercute na esfera ad- em legítima defesa própria ou de outrem;
ministrativa, se negar a existência do fato ou afastar do servidor a VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
autoria. IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do
cargo;
CAPÍTULO IV X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio es-
DAS PENALIDADES E SUA APLICAÇÃO tadual; XI – corrupção;
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públi-
Art. 183. São penas disciplinares: cas;
I – repreensão; XIII - lograr proveito pessoal ou de outrem, valendo-se do car-
II – suspensão; III – demissão: go, em detrimento da dignidade da função pública;
IV - destituição de cargo em comissão ou de função gratificada; XIV - participação em gerência ou administração de empre-
V - cassação de aposentadoria ou de disponibilidade. sa privada, de sociedade civil, ou exercício do comércio, exceto na
Art. 184. Na aplicação das penalidades serão considerados qualidade de acionista, cotista ou comanditário;
cumulativamente: XV - atuação, como procurador ou intermediário, junto a re-
I - os danos decorrentes do fato para o serviço público; partições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenci-
II - a natureza e a gravidade da infração e as circunstâncias ários ou assistenciais a parentes até o segundo grau, e de cônjuge
em que foi praticada; III - a repercussão do fato; ou companheiro;
IV - os antecedentes funcionais. XVI - recebimento de propina, comissão, presente ou vanta-
Art. 185. As penas disciplinares serão aplicadas através de: gem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
I - portaria, no caso de repreensão e suspensão; XVII - aceitação de comissão, emprego ou pensão de Estado
II - decreto, no caso de demissão, destituição de cargo em estrangeiro;
comissão ou de função gratificada, cassação de aposentadoria ou XVIII - prática de usura sob qualquer de suas formas;
de disponibilidade. XIX - procedimento desidioso;
Parágrafo único. A portaria ou o decreto indicará a penalidade XX - utilização de pessoal ou recursos materiais de repartição
e o fundamento legal, com a devida inscrição nos assentamentos em serviços ou atividades particulares.
do servidor. § 1° O servidor indiciado em processo administrativo não po-
Art. 186. Na aplicação de penalidade, serão inadmissíveis as derá ser exonerado, salvo se comprovada a sua inocência ao final
provas obtidas por meios ilícitos. Art. 187. Aos acusados e litigan- do processo.
tes, em processo administrativo, são assegurados o contraditório e § 2° O abandono de cargo só se configura pela ausência inten-
a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. cional do servidor ao serviço, por mais de 30 (trinta) dias consecuti-
Parágrafo único. Ao servidor punido com pena disciplinar é as- vos e injustificados. (Revogado pela Lei nº 9.230, de 2021).
segurado o direito de pedir reconsideração e recorrer da decisão. Art. 191. Verificada, em processo disciplinar, a acumulação
Art. 188. A pena de repreensão será aplicada nas infrações de proibida e provada a boa-fé, o servidor optará por um dos cargos.
natureza leve, em caso de falta de cumprimento dos deveres ou das § 1° Provada a má-fé, perderá também o cargo que exercia há
proibições, na forma que dispuser o regulamento. mais tempo e restituirá o que tiver percebido indevidamente.
Art. 189. A pena de suspensão, que não exceder a 90 (noventa) § 2° Na hipótese do parágrafo anterior, sendo um dos cargos,
dias, será aplicada em caso de falta grave, reincidência, ou infração função ou emprego exercido em outro órgão ou entidade, a demis-
ao disposto no art. 178, VII, XI, XII, XIV e XVII. são lhe será comunicada.

58
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Art. 191. Verificada, a qualquer tempo, a acumulação ilegal § 8° No prazo de 10 (dez) dias, contado do recebimento dos au-
de cargos, empregos ou funções públicos, a autoridade a que se tos do PADS, a autoridade julgadora proferirá sua decisão, aplican-
refere o art. 199 desta Lei notificará pessoalmente o servidor, por do-se, quando for o caso, o disposto no § 3° do art. 223 desta Lei.
intermédio de sua chefia imediata, para apresentar opção por um (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
dos cargos, empregos ou funções em acúmulo ilegal, no prazo im- § 9° A opção feita pelo servidor indiciado até o último dia do
prorrogável de 10 (dez) dias, contados da data do recebimento da prazo para defesa poderá afastar a máfé na acumulação ilegal, hipó-
notificação. (Redação dada pela Lei nº 9.230, de 2021). tese na qual a manifestação será automaticamente convertida em
§ 1° Utilizando-se do direito de opção por um dos cargos, em- pedido de exoneração do cargo indicado pelo optante, se estadual,
pregos ou funções públicos acumulados indevidamente, a escolha ou, de outra forma, observar-se-á o disposto no § 1° deste artigo.
do servidor deverá ser comprovada, independentemente de nova (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
notificação, no prazo subsequente de 15 (quinze) dias, prorrogável § 10. Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé,
por igual período e uma única vez, a critério da Administração Pú- aplicar-se-á ao servidor indiciado a pena de demissão, destituição
blica e mediante pedido motivado do interessado. de cargo comissionado ou cassação de aposentadoria ou disponi-
(Redação dada pela Lei nº 9.230, de 2021). bilidade em relação aos cargos, empregos ou funções públicos em
§ 2° Na hipótese de o servidor não comprovar a opção a que se regime de acumulação, hipótese na qual deverão ser comunicados
referem o caput e o § os órgãos ou entidades de vinculação. (Incluído pela Lei nº 9.230,
1° deste artigo, deverá a autoridade competente instaurar Pro- de 2021).
cesso Administrativo § 11. O prazo para conclusão do PADS não excederá 30 (trinta)
Disciplinar Simplificado (PADS), sob o rito sumário, para apura- dias, contado da data de publicação do ato que constituir a comis-
ção e regularização da acumulação ilegal. (Redação dada pela Lei nº são processante, admitida a prorrogação por até 15 (quinze) dias,
9.230, de 2021). quando as circunstâncias assim o exigirem e mediante decisão fun-
§ 3° O PADS, de rito sumário, desenvolver-se-á nas seguintes damentada. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
fases: (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). § 12. O procedimento sumário ou simplificado deve seguir as
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a co- disposições deste artigo, observando-
missão processante, composta por 2 (dois) servidores estáveis, o se, no que couber, as disposições dos Capítulos V a IX do Título
qual deve indicar a materialidade e autoria da transgressão objeto VI desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
de apuração; (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). Art. 191-A. Na apuração de abandono de cargo ou de inassi-
II - instrução sumária, que compreende a juntada de provas duidade habitual será adotado o procedimento sumário a que se
objetivas da infração, em poder da Administração Pública, indicia- referem os §§ 3° a 12 do art. 191 desta Lei, observando-se especial-
ção, citação, defesa e relatório conclusivo da comissão processante; mente o seguinte: (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). I - a indica-
e (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). ção da materialidade dar-se-á: (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
III - julgamento pela autoridade competente para aplicar a a) na hipótese de abandono de cargo, pela juntada de prova
pena de demissão. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). documental precisa do período de ausência injustificada do servi-
§ 4° A indicação da autoria e da materialidade referidas no in- dor ao serviço, quando superior a 30 (trinta) dias consecutivos; e
ciso I do § 3o deste artigo dar-se-á, respectivamente, pela identifi- (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
cação do nome e da matrícula do servidor acusado e pela descrição b) no caso de inassiduidade habitual, pela juntada de prova
dos cargos, empregos ou funções públicos em acúmulo ilegal, dos documental precisa dos dias de falta ao serviço sem causa justifica-
órgãos ou entidades de vinculação, em quaisquer esferas de Poder da, por período igual ou superior a 60 (sessenta) dias intercalados,
ou Governo, das datas de ingresso, horários de trabalho e do cor- no prazo de 12 (doze) meses. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
respondente regime jurídico em cada vínculo. (Incluído pela Lei nº II - após a apresentação de defesa escrita, a comissão pro-
9.230, de 2021). § 5° A comissão processante lavrará, em até 3 cessante elaborará relatório conclusivo quanto à inocência ou res-
(três) dias contados da publicação do ato que a constituir, termo de ponsabilidade do servidor indiciado, resumindo as principais peças
indiciação do servidor em situação de acúmulo ilegal, considerando dos autos, deliberando sobre a ausência de justificativa para as fal-
as informações exigidas no § 4o deste artigo, após o que deverá tas ao serviço indicadas nas alíneas “a” e “b” do inciso I deste artigo,
promover a citação pessoal do servidor indiciado para, no prazo de se ocorreram de modo intencional ou mediante dolo eventual, bem
5 (cinco) dias, apresentar defesa escrita e os documentos que julgar como indicando os dispositivos legais infringidos e a penalidade
necessários, assegurada vista dos autos junto à comissão proces- proposta; e (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
sante, na forma dos arts. 219 e 220 desta Lei. (Incluído pela Lei nº III - após a elaboração do relatório conclusivo, a comissão
9.230, de 2021). processante encaminhará os autos do PADS à autoridade instaura-
§ 6° Apresentada a defesa escrita, a comissão processante ela- dora, para providências cabíveis ao julgamento, na forma do inciso
borará relatório conclusivo, no prazo de 5 (cinco) dias, com resumo III do § 3° do art. 191 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
das principais peças dos autos, deliberando sobre a ilicitude da acu- Parágrafo único. Na configuração do dolo eventual a que se re-
mulação apurada e concluindo sobre a inocência ou responsabili- fere o inciso II deste artigo, deve a comissão processante comprovar
dade do servidor indiciado, inclusive sua boa ou má-fé, indicando que o servidor faltoso, embora sem intenção expressa de abando-
os dispositivos legais infringidos e a penalidade proposta. (Incluído nar o cargo, assumiu o risco de produzir esse resultado. (Incluído
pela Lei nº 9.230, de 2021). pela Lei nº 9.230, de 2021).
§ 7° Elaborado o relatório conclusivo, a comissão processan- Art. 192. A destituição de cargo em comissão ou de função gra-
te encaminhará os autos do PADS à autoridade instauradora, para tificada será aplicada nos casos de infração, sujeita à penalidade de
providências cabíveis ao julgamento, na forma do inciso III do § 3° demissão.
deste artigo. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).

59
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este artigo, CAPÍTULO V


a exoneração efetuada, nos termos do artigo 60, será convertida DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
em destituição de cargo em comissão ou de função gratificada. Art. (Regulamentado pela Lei nº 8.972, de 2020).
193. A demissão ou destituição de cargo em comissão ou de função
gratificada, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 190, implica a Art. 199. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuí- serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata,
zo da ação penal cabível. mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, asse-
Art. 194. A pena de demissão será aplicada com a nota “a bem gurada ao acusado ampla defesa.
do serviço público”, sempre que o ato fundamentar-se no art. 190, Art. 200. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de
incisos I, IV, VII, X e XI. apuração, desde que contenham a identificação e o endereço do
Parágrafo único. O servidor demitido ou destituído do cargo em denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a auten-
comissão ou da função gratificada, na hipótese prevista neste arti- ticidade.
go, não poderá retornar ao serviço estadual. Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar eviden-
Art. 195. A demissão ou a destituição de cargo em comissão ou te infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada,
de função gratificada, nas hipóteses do art. 190, incisos XIII e XV, por falta de objeto.
incompatibiliza o servidor para nova investidura em cargo público
estadual, pelo prazo de 5 (cinco) anos. Art. 201. Da sindicância poderá resultar:
Art. 196. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do I - arquivamento do processo;
inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com a de- II - aplicação de penalidade de repreensão ou suspensão de
missão. até 30 (trinta) dias; III - instauração de processo disciplinar.
§ 1° A cassação da aposentadoria ou da disponibilidade será IV - a celebração de Termo de Ajustamento Disciplinar (TAD),
precedida do competente processo administrativo. nos casos sujeitos à repreensão.
§ 2° Aplica-se, ainda, a pena de cassação de aposentadoria ou (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
de disponibilidade se ficar provado que o inativo: Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não ex-
I - aceitou ilegalmente cargo ou função pública; cederá a 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual período,
II - aceitou ilegalmente representação, comissão, emprego a critério da autoridade superior.
ou pensão de Estado estrangeiro;
III - praticou a usura em qualquer de suas formas; Art. 201-A. Fica instituído o Termo de Ajustamento Disciplinar
IV - não assumiu no prazo legal o exercício do cargo em que (TAD), no âmbito da
foi aproveitado. Administração Pública Estadual, como instrumento substituti-
Art. 197. As penalidades disciplinares serão aplicadas, observa- vo da penalidade de repreensão, nos termos do art. 188 e demais
da a vinculação do servidor ao respectivo Poder, órgão ou entidade: disposições da Lei Estadual no 5.810, de 1994. (Incluído pela Lei nº
I - pela autoridade competente para nomear em qualquer 9.230, de 2021).
caso, e privativamente, nos casos de demissão, destituição e cassa- § 1° No TAD, o servidor interessado assume a responsabilidade
ção de aposentadoria ou disponibilidade; pela irregularidade a que deu causa, comprometendo-se a ajustar
II - pelos Secretários de Estado e dirigentes de órgão a estes sua conduta e a observar os deveres e proibições previstos na legis-
equiparados, nos casos de suspensão superiores a 30 (trinta) dias; lação vigente. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades, na forma § 2° O TAD poderá ser proposto pelo servidor ou de ofício pela
dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de repre- autoridade instauradora da sindicância ou pela comissão proces-
ensão ou de suspensão até 30 (trinta) dias. sante de sindicância, desde a fase inicial da sindicância e antes do
Art. 198. A ação disciplinar prescreverá: relatório final da comissão, quando se tratar de infração disciplinar
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com de- leve. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
missão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destitui- § 3° A celebração do TAD dependerá sempre da aceitação for-
ção; mal do servidor, implicando sua recusa ou silêncio no prossegui-
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; mento da apuração. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à repreensão. § 4° No caso de propositura do TAD pelo servidor, a decisão
§ 1° O prazo de prescrição começa a correr da data em que o quanto à celebração do TAD caberá à autoridade instauradora da
fato se tornou conhecido. sindicância. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
§ 2° Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às § 5° Em qualquer caso, a homologação do TAD caberá à autori-
infrações disciplinares capituladas também como crime. dade instauradora da sindicância, no prazo de 10 (dez) dias, conta-
§ 3° A abertura de sindicância ou a instauração de processo dos do recebimento dos respectivos autos, não constituindo direito
disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por subjetivo do interessado. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
autoridade competente. § 6° A homologação do TAD impõe o sobrestamento da sindi-
cância e suspende o fluxo da prescrição da ação disciplinar, até seu
. integral cumprimento. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). § 7°
Competirá à unidade de gestão de pessoas do Poder, órgão ou enti-
dade o acompanhamento e a fiscalização do cumprimento das obri-
gações estabelecidas no TAD. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).

60
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

§ 8° A celebração do TAD não constitui direito subjetivo do in- Art. 202. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor, ensejar a
teressado, somente podendo ocorrer em conformidade com os ter- imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) dias,
mos previstos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). § 9° A de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou
Secretaria de Estado de Planejamento e Administração poderá edi- destituição, será obrigatória a instauração de processo disciplinar.
tar atos normativos visando estabelecer procedimentos relativos à
celebração do TAD. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). CAPÍTULO VI
DO AFASTAMENTO PREVENTIVO
Art. 201-B. O TAD não poderá ser celebrado nas seguintes hipó-
teses: (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). Art. 203. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não
I - em caso de prejuízo ao Erário ou grave dano ao serviço; venha a influir na apuração da irregularidade, a autoridade instau-
(Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). radora do processo disciplinar poderá determinar o seu afastamen-
II - indício de crime ou improbidade administrativa; (Incluí- to do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem
do pela Lei nº 9.230, de 2021). III - existência de outra sindicância prejuízo da remuneração.
ou processo administrativo disciplinar em curso para apurar infra- Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por
ção punível com repreensão ou outra penalidade mais grave; (Inclu- igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não
ído pela Lei nº 9.230, de 2021). concluído o processo.
IV - quando a celebração do TAD importar em solução capaz
de violar a equidade da disciplina aplicada aos demais agentes pú- CAPÍTULO VII
blicos, a critério da Administração Pública; e (Incluído pela Lei nº DO PROCESSO DISCIPLINAR
9.230, de 2021).
V - no caso de servidor que esteja em estágio probatório ou Art. 204. O processo disciplinar é o instrumento destinado a
que, nos últimos 2 (dois) anos, tenha se utilizado do instrumento apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no exer-
estabelecido neste artigo ou possua registro válido de penalidade cício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribuições
disciplinar em seus assentamentos funcionais. (Incluído pela Lei nº do cargo em que se encontre investido.
9.230, de 2021). Art. 205. O processo disciplinar será conduzido por comissão
Art. 201-C. O TAD deverá conter: (Incluído pela Lei nº 9.230, composta de 3 (três) servidores estáveis, designados pela autori-
de 2021). dade competente, que indicará, dentre eles, o seu presidente. §
I - identificação completa das partes, advogado, se houver, 1° A Comissão terá como secretário, servidor designado pelo seu
testemunhas, data e respectivas assinaturas; (Incluído pela Lei nº presidente, podendo a indicação recair em um de seus membros.
9.230, de 2021). § 2° Não poderá participar de comissão de sindicância ou de
II - os fundamentos de fato e de direito para sua celebração; inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusado, consan-
(Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). III - especificação da infração güíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau. Art.
imputada ao agente público, referindo a capitulação legal; (Incluído 206. A Comissão exercerá suas atividades com independência e im-
pela Lei nº 9.230, de 2021). parcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucidação do fato ou
IV - a descrição das obrigações assumidas; (Incluído pela Lei exigido pelo interesse da administração.
nº 9.230, de 2021). Parágrafo único - As reuniões e as audiências das comissões
V - o prazo e o modo para o cumprimento das obrigações; terão caráter reservado. Art. 207. O processo disciplinar se desen-
(Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). volve nas seguintes fases:
VI - a forma de fiscalização das obrigações pactuadas; e (In- I - instauração, com a publicação do ato que constituir a co-
cluído pela Lei nº 9.230, de 2021). missão; II - inquérito administrativo, que compreende instrução,
VII - os efeitos, em caso de descumprimento. (Incluído pela defesa e relatório; III – julgamento.
Lei nº 9.230, de 2021). Art. 208. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não
§ 1° O prazo de cumprimento do TAD não excederá 180 (cen- excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do ato
to e oitenta) dias, devendo ser fixado de modo compatível com os que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual pra-
compromissos assumidos pelo agente público. (Incluído pela Lei nº zo, quando as circunstâncias o exigirem.
9.230, de 2021). § 1° Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo inte-
§ 2° No caso de descumprimento do TAD, cuja comunicação gral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do pon-
competirá à unidade de gestão de pessoas do Poder, órgão ou en- to, até a entrega do relatório final.
tidade, a autoridade competente adotará imediatamente as provi- § 2° As reuniões da comissão serão registradas em atas que
dências necessárias à instauração ou continuidade do respectivo deverão detalhar as deliberações adotadas.
procedimento disciplinar, sem prejuízo da apuração relativa à ino-
bservância das obrigações descumpridas, voltando a fluir a prescri- CAPÍTULO VIII
ção incidente. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). DO INQUÉRITO
§ 3° Decorrido o prazo previsto no TAD e não ocorrendo qual-
quer comunicação de descumprimento dos seus termos, a unidade Art. 209. O inquérito administrativo obedecerá ao princípio do
de gestão de pessoas do Poder, órgão ou entidade, enquanto res- contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a utiliza-
ponsável por sua fiscalização, comunicará o cumprimento ao res- ção dos meios e recursos admitidos em direito.
pectivo titular, para declaração da extinção de punibilidade e arqui- Art. 210. Os autos da sindicância integrarão o processo discipli-
vamento dos autos. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). nar, como peça informativa da instrução.

61
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicância con- contar-se-á da data declarada, em termo próprio, pelo membro da
cluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a autoridade comissão que fez a citação, com a assinatura de 2 (duas) testemu-
competente encaminhará cópia dos autos ao Ministério Público, in- nhas.
dependentemente da imediata instauração do processo disciplinar. Art. 218. O indiciado que mudar de residência fica obrigado a
Art. 211. Na fase do inquérito, a comissão promoverá a tomada comunicar à comissão o local onde poderá ser encontrado.
de depoimentos, acareações, investigações e diligências cabíveis, Art. 219. Achando-se o indiciado em local incerto e não sabido,
objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessário, a será citado por Edital, publicado no Diário Oficial do Estado e em
técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação dos jornal de grande circulação na localidade do último domicílio co-
fatos. nhecido, para apresentar defesa.
Art. 212. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa
processo, pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e será de 15 (quinze) dias, a partir da última publicação do Edital.
reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular Art. 220. Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente
quesitos, quando se tratar de prova pericial. citado, não apresentar defesa no prazo legal.
§ 1° O presidente da comissão poderá denegar pedidos con- § 1° A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo
siderados impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum e devolverá o prazo para a defesa. § 2° Para defender o indiciado re-
interesse para o esclarecimento dos fatos. vel, a autoridades instauradora do processo designará um servidor
§ 2° Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a com- como defensor dativo, ocupante de cargo de nível igual ou superior
provação do fato independer de conhecimento especial de perito. ao do indiciado.
Art. 213. As testemunhas serão intimadas a depor mediante Art. 221. Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório
mandato expedido pelo presidente da comissão, devendo a segun- minucioso, em que resumirá as peças principais dos autos e men-
da via, com o ciente do intimado, ser anexada aos autos. cionará as provas nas quais se baseou para formar a sua convicção.
Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público, a expe- § 1° O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou à
dição do mandato será imediatamente comunicada ao chefe da re- responsabilidade do servidor. § 2° Reconhecida a responsabilidade
partição onde serve, com a indicação do dia e hora marcados para do servidor, a comissão indicará o dispositivo legal ou regulamentar
a inquirição. transgredido, bem como as circunstâncias agravantes ou atenuan-
Art. 214. O depoimento será prestado oralmente e reduzido a tes.
termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito. Art. 222. O processo disciplinar, com o relatório da comissão,
§ 1° As testemunhas serão inquiridas separadamente. será remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para
§ 2° Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se infir- julgamento.
mem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes.
Art. 215. Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão CAPÍTULO IX
promoverá o interrogatório do acusado, observados os procedi- DO JULGAMENTO
mentos previstos nos arts. 213 e 214.
§ 1° No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvido Art. 223. A autoridade julgadora proferirá a sua decisão, no pra-
separadamente, e sempre que divergirem em suas declarações so- zo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do processo.
bre fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação entre eles. § 1° Se a penalidade a ser aplicada exceder à alçada da autori-
§ 2° O procurador do acusado poderá assistir ao interrogatório, dade instauradora do processo, este será encaminhado à autorida-
bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado inter- de competente, que decidirá em igual prazo.
ferir nas perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém, reinquiri- § 2° Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções,
-las, por intermédio do presidente da comissão. o julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da
Art. 216. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do pena mais grave.
acusado, a comissão proporá à autoridade competente que ele seja § 3° Se a penalidade prevista for a demissão, cassação de apo-
submetido, a exame por junta médica oficial, da qual participe, pelo sentadoria ou disponibilidade, ou destituição o julgamento caberá
menos, um médico psiquiatra. às autoridades de que trata o inciso I do art. 197.
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será processa- Art. 224. O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo
do em auto apartado e apenso ao processo principal, após a expe- quando contrário às provas dos autos. Parágrafo único. Quando o
dição do laudo pericial. relatório da comissão contrariar as provas dos autos, a autoridade
Art. 217. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a indi- julgadora poderá, motivadamente, agravar a penalidade proposta,
cação do servidor, com a especificação dos fatos a ele imputados e abrandá-la ou isentar o servidor de responsabilidade.
das respectivas provas. Art. 225. Verificada a existência de vício insanável, a autoridade
§ 1° O indiciado será citado por mandato expedido pelo presi- julgadora declarará a nulidade total ou parcial do processo e orde-
dente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de 10 nará a constituição de outra comissão, para instauração de novo
(dez) dias, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição. processo.
§ 2° Havendo 2 (dois) ou mais indiciados, o prazo será comum § 1° O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do
e de 20 (vinte) dias. processo.
§ 3° O prazo de defesa poderá ser prorrogado em dobro, para § 2° A autoridade julgadora que der causa à prescrição de que
diligências reputadas indispensáveis. § 4° No caso de recusa do in- trata o art. 198, § 2°, será responsabilizada na forma da presente lei.
diciado em apor o ciente na cópia da citação, o prazo para defesa Art. 226. Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade
julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos indivi-
duais do servidor.

62
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Art. 227. Quando a infração estiver capitulada como crime, o TÍTULO VII
processo disciplinar será remetido ao Ministério Público para ins- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
tauração da ação penal, ficando trasladado na repartição.
Art. 228. Serão assegurados transporte e diárias: Art. 238. O dia 28 de outubro é consagrado ao servidor público
I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora da estadual.
sede de sua repartição, na condição de testemunha, denunciado ou Art. 239. O tempo de serviço gratuito será contado para todos
indiciado; os fins, quando prestado à autarquia profissional, ou aos que te-
II - aos membros da comissão e ao secretário, quando obri- nham exercido gratuitamente mandato de Vereador, sendo vedada
gados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a realização de a contagem quando for simultâneo com o exercício de cargo, em-
missão essencial ao esclarecimento dos fatos. prego ou função pública.
Art. 240. É assegurado o direito de greve, na forma da lei com-
CAPÍTULO X plementar federal.
DA REVISÃO DO PROCESSO Art. 240. É assegurado o direito de greve, na forma de lei espe-
cífica. (Redação dada pela Lei nº 7.071, de 2007).
Art. 229. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer Art. 241. O servidor de nível superior ou equiparado ao mesmo,
tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou sujeito à fiscalização da autarquia profissional, ou entidade análoga,
circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a suspenso do exercício profissional não poderá desempenhar ativi-
inadequação da penalidade aplicada. dade que envolva responsabilidade técnico-profissional, enquanto
§ 1° Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do perdurar a medida disciplinar.
servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão do Art. 242. Fica assegurada a participação de 1 (um) represen-
processo. tante dos sindicatos de servidores públicos no Conselho de Política
§ 2° No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão será de Cargos e Salários do Estado do Pará, na forma do regulamento.
requerida pelo respectivo curador.
Art. 230. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao re- TÍTULO VIII
querente. DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Art. 231. A simples alegação de injustiça da penalidade não
constitui fundamento para a revisão, que requer elementos novos Art. 243. VETADO
ainda não apreciados no processo originário. Art. 244. Aos servidores da administração direta, autarquias e
Art. 232. O requerimento de revisão do processo será dirigido fundações públicas, contratados por prazo indeterminado, pelo re-
ao Secretário de Estado ou autoridade equivalente que, se autorizar gime da Consolidação das Leis do Trabalho ou como serviços presta-
a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade dos é assegurado até que seja promovido concurso público para fins
onde se originou o processo disciplinar. de provimento dos cargos por eles ocupados, ou que venham a ser
Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade competente criados, as mesmas obrigações e vantagens atribuídas aos demais
providenciará a constituição de comissão, na forma do art. 205. servidores considerados estáveis por força do artigo 19 do Ato das
Art. 233. A revisão correrá em apenso ao processo originário. Disposições Transitórias da Constituição Federal.
Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia e Art. 245. VETADO
hora para a produção de provas e inquirição das testemunhas que Parágrafo único. VETADO
arrolar. Art. 246. Aos servidores em atividade na área de educação es-
Art. 234. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a con- pecial fica atribuída a gratificação de cinqüenta por cento (50%) do
clusão dos trabalhos. vencimento.
Art. 235. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no Art. 247. É assegurada ao servidor a contagem da soma do tem-
que couber, as normas e procedimentos próprios da comissão do po de serviço prestado à União, Estados, Distrito Federal, Territórios
processo disciplinar. e Municípios, desde que ininterrupta e sucessivamente, para efeito
Art. 236. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a pe- de aferição da estabilidade nas condições previstas no art. 19 do
nalidade, nos termos do art. 197. Parágrafo único. O prazo para Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Fe-
julgamento será de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do deral. Art. 248. VETADO
processo, no curso do qual a autoridade julgadora poderá deter- Art. 249. Esta lei entra em vigor na data da sua promulgação.
minar diligências. Art. 237. Julgada procedente a revisão, será de- Art. 250. VETADO
clarada sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos
os direitos do servidor, exceto em relação à destituição, que será
convertida em exoneração.
Parágrafo único. Da revisão não poderá resultar agravamento
de penalidade.

63
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

....................................................................................................
LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL Nº 052, DE 30 DE .....................
JANEIRO DE 2006 E SUAS ALTERAÇÕES § 4º Em nenhum caso a totalidade dos dados pessoais de banco
de dados de que trata o inciso III do caput deste artigo poderá ser
Prezado(a), tratada por pessoa de direito privado, salvo por aquela que possua
A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico capital integralmente constituído pelo poder público.” (NR)
será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área é re- “Art. 5º ......................................................................................
servada para a inclusão de materiais que complementam a apostila, ..................
sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos relaciona- ....................................................................................................
dos a este material, e que, devido a seu formato ou tamanho, não ......................
cabem na estrutura de nossas apostilas. VIII - encarregado: pessoa indicada pelo controlador e opera-
Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são dor para atuar como canal de comunicação entre o controlador, os
organizados de acordo com o título do tópico a que se referem e po- titulares dos dados e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados
dem ser acessados seguindo os passos indicados na página 2 deste (ANPD);
material, ou por meio de seu login e senha na Área do Aluno. ....................................................................................................
Visto a importância das leis indicadas, lá você acompanha me- .......................
lhor quaisquer atualizações que surgirem depois da publicação da XVIII - órgão de pesquisa: órgão ou entidade da administração
apostila. pública direta ou indireta ou pessoa jurídica de direito privado sem
Se preferir, indicamos também acesso direto ao arquivo fins lucrativos legalmente constituída sob as leis brasileiras, com
pelo link a seguir: file:///C:/Users/Nova%20Concursos/Downlo- sede e foro no País, que inclua em sua missão institucional ou em
ads/Lei%20Complementar%20n%C2%BA%20052.2006%20-%20 seu objetivo social ou estatutário a pesquisa básica ou aplicada de
Santa%20Casa.pdf caráter histórico, científico, tecnológico ou estatístico; e
XIX - autoridade nacional: órgão da administração pública res-
Bons estudos! ponsável por zelar, implementar e fiscalizar o cumprimento desta
Lei em todo o território nacional.” (NR)
“Art. 7º ......................................................................................
LEI FEDERAL Nº 13.853/2019 (LEI GERAL DE PROTEÇÃO ..................
DE DADOS PESSOAIS). ....................................................................................................
.......................
LEI Nº 13.853, DE 8 DE JULHO DE 2019 VIII - para a tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento
realizado por profissionais de saúde, serviços de saúde ou autori-
Altera a Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, para dis- dade sanitária;
por sobre a proteção de dados pessoais e para criar a Autoridade ....................................................................................................
Nacional de Proteção de Dados; e dá outras providências. .......................
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- § 1º (Revogado).
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: § 2º (Revogado).
....................................................................................................
Art. 1º A ementa da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, ......................
passa a vigorar com a seguinte redação: § 7º O tratamento posterior dos dados pessoais a que se refe-
“Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).” rem os §§ 3º e 4º deste artigo poderá ser realizado para novas fina-
Art. 2º A Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, passa a vigorar lidades, desde que observados os propósitos legítimos e específicos
com as seguintes alterações: para o novo tratamento e a preservação dos direitos do titular, as-
“Art. 1º ...................................................................................... sim como os fundamentos e os princípios previstos nesta Lei.” (NR)
................... “Art. 11. ....................................................................................
Parágrafo único. As normas gerais contidas nesta Lei são de in- ...................
teresse nacional e devem ser observadas pela União, Estados, Dis- ....................................................................................................
trito Federal e Municípios.” (NR) .......................
“Art. 3º ...................................................................................... II - ...............................................................................................
................... ..................
.................................................................................................... ....................................................................................................
....................... .......................
II - a atividade de tratamento tenha por objetivo a oferta ou f) tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento realizado
o fornecimento de bens ou serviços ou o tratamento de dados de por profissionais de saúde, serviços de saúde ou autoridade sani-
indivíduos localizados no território nacional; ou tária; ou
.................................................................................................... ....................................................................................................
......................” (NR) ......................
“Art. 4º ...................................................................................... § 4º É vedada a comunicação ou o uso compartilhado entre
................ controladores de dados pessoais sensíveis referentes à saúde com
objetivo de obter vantagem econômica, exceto nas hipóteses rela-
tivas a prestação de serviços de saúde, de assistência farmacêutica

64
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

e de assistência à saúde, desde que observado o § 5º deste artigo, Parágrafo único. A informação à autoridade nacional de que
incluídos os serviços auxiliares de diagnose e terapia, em benefício trata o caput deste artigo será objeto de regulamentação.” (NR)
dos interesses dos titulares de dados, e para permitir: “Art. 29. A autoridade nacional poderá solicitar, a qualquer mo-
I - a portabilidade de dados quando solicitada pelo titular; ou mento, aos órgãos e às entidades do poder público a realização de
II - as transações financeiras e administrativas resultantes do operações de tratamento de dados pessoais, informações específi-
uso e da prestação dos serviços de que trata este parágrafo. cas sobre o âmbito e a natureza dos dados e outros detalhes do tra-
§ 5º É vedado às operadoras de planos privados de assistência tamento realizado e poderá emitir parecer técnico complementar
à saúde o tratamento de dados de saúde para a prática de seleção para garantir o cumprimento desta Lei.” (NR)
de riscos na contratação de qualquer modalidade, assim como na “Art. 41. ....................................................................................
contratação e exclusão de beneficiários.” (NR) ................
“Art. 18. .................................................................................... ....................................................................................................
................... ....................
.................................................................................................... § 4º (VETADO).” (NR)
...................... “Art. 52. ....................................................................................
V - portabilidade dos dados a outro fornecedor de serviço ou .................
produto, mediante requisição expressa, de acordo com a regula- X - suspensão parcial do funcionamento do banco de dados a
mentação da autoridade nacional, observados os segredos comer- que se refere a infração pelo período máximo de 6 (seis) meses,
cial e industrial; prorrogável por igual período, até a regularização da atividade de
.................................................................................................... tratamento pelo controlador;
...................... XI - suspensão do exercício da atividade de tratamento dos da-
§ 6º O responsável deverá informar, de maneira imediata, aos dos pessoais a que se refere a infração pelo período máximo de 6
agentes de tratamento com os quais tenha realizado uso comparti- (seis) meses, prorrogável por igual período;
lhado de dados a correção, a eliminação, a anonimização ou o blo- XII - proibição parcial ou total do exercício de atividades relacio-
queio dos dados, para que repitam idêntico procedimento, exceto nadas a tratamento de dados.
nos casos em que esta comunicação seja comprovadamente impos- § 2º O disposto neste artigo não substitui a aplicação de san-
sível ou implique esforço desproporcional. ções administrativas, civis ou penais definidas na Lei nº 8.078, de 11
.................................................................................................... de setembro de 1990, e em legislação específica.
..............” (NR) § 3º O disposto nos incisos I, IV, V, VI, X, XI e XII do caput deste
“Art. 20. O titular dos dados tem direito a solicitar a revisão de artigo poderá ser aplicado às entidades e aos órgãos públicos, sem
decisões tomadas unicamente com base em tratamento automa- prejuízo do disposto na Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990,
tizado de dados pessoais que afetem seus interesses, incluídas as na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, e na Lei nº 12.527, de 18 de
decisões destinadas a definir o seu perfil pessoal, profissional, de novembro de 2011.
consumo e de crédito ou os aspectos de sua personalidade. ....................................................................................................
.................................................................................................... .....................
...................... § 5º O produto da arrecadação das multas aplicadas pela ANPD,
§ 3º (VETADO).” (NR) inscritas ou não em dívida ativa, será destinado ao Fundo de Defesa
“Art. 23. .................................................................................... de Direitos Difusos de que tratam o art. 13 da Lei nº 7.347, de 24 de
.................. julho de 1985, e a Lei nº 9.008, de 21 de março de 1995.
.................................................................................................... § 6º As sanções previstas nos incisos X, XI e XII do caput deste
..................... artigo serão aplicadas:
III - seja indicado um encarregado quando realizarem opera- I - somente após já ter sido imposta ao menos 1 (uma) das san-
ções de tratamento de dados pessoais, nos termos do art. 39 desta ções de que tratam os incisos II, III, IV, V e VI do caput deste artigo
Lei; e para o mesmo caso concreto; e
IV - (VETADO). II - em caso de controladores submetidos a outros órgãos e
.................................................................................................... entidades com competências sancionatórias, ouvidos esses órgãos.
............” (NR) “Art. 55-B. É assegurada autonomia técnica e decisória à ANPD.”
“Art. 26. .................................................................................... “Art. 55-C. A ANPD é composta de:
................ I - Conselho Diretor, órgão máximo de direção;
§ 1º ........................................................................................... II - Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Pri-
................. vacidade;
.................................................................................................... III - Corregedoria;
..................... IV - Ouvidoria;
IV - quando houver previsão legal ou a transferência for res-
paldada em contratos, convênios ou instrumentos congêneres; ou § 7º Os vazamentos individuais ou os acessos não autorizados
V - na hipótese de a transferência dos dados objetivar exclusi- de que trata o caput do art. 46 desta Lei poderão ser objeto de con-
vamente a prevenção de fraudes e irregularidades, ou proteger e ciliação direta entre controlador e titular e, caso não haja acordo, o
resguardar a segurança e a integridade do titular dos dados, desde controlador estará sujeito à aplicação das penalidades de que trata
que vedado o tratamento para outras finalidades.” (NR) este artigo.” (NR)
“Art. 27. .................................................................................... VI - unidades administrativas e unidades especializadas neces-
................ sárias à aplicação do disposto nesta Lei.”

65
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

“Art. 55-D. O Conselho Diretor da ANPD será composto de 5 IV - fiscalizar e aplicar sanções em caso de tratamento de da-
(cinco) diretores, incluído o Diretor-Presidente. dos realizado em descumprimento à legislação, mediante processo
§ 1º Os membros do Conselho Diretor da ANPD serão escolhi- administrativo que assegure o contraditório, a ampla defesa e o di-
dos pelo Presidente da República e por ele nomeados, após apro- reito de recurso;
vação pelo Senado Federal, nos termos da alínea ‘f’ do inciso III do V - apreciar petições de titular contra controlador após com-
art. 52 da Constituição Federal, e ocuparão cargo em comissão do provada pelo titular a apresentação de reclamação ao controlador
Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, no mínimo, de não solucionada no prazo estabelecido em regulamentação;
nível 5. VI - promover na população o conhecimento das normas e das
políticas públicas sobre proteção de dados pessoais e das medidas
§ 2º Os membros do Conselho Diretor serão escolhidos dentre
de segurança;
brasileiros que tenham reputação ilibada, nível superior de educa-
VII - promover e elaborar estudos sobre as práticas nacionais e
ção e elevado conceito no campo de especialidade dos cargos para internacionais de proteção de dados pessoais e privacidade;
os quais serão nomeados. VIII - estimular a adoção de padrões para serviços e produtos
§ 3º O mandato dos membros do Conselho Diretor será de 4 que facilitem o exercício de controle dos titulares sobre seus dados
(quatro) anos. pessoais, os quais deverão levar em consideração as especificidades
§ 4º Os mandatos dos primeiros membros do Conselho Diretor das atividades e o porte dos responsáveis;
nomeados serão de 2 (dois), de 3 (três), de 4 (quatro), de 5 (cinco) e IX - promover ações de cooperação com autoridades de prote-
de 6 (seis) anos, conforme estabelecido no ato de nomeação. ção de dados pessoais de outros países, de natureza internacional
§ 5º Na hipótese de vacância do cargo no curso do mandato de ou transnacional;
membro do Conselho Diretor, o prazo remanescente será comple- X - dispor sobre as formas de publicidade das operações de tra-
tado pelo sucessor.” tamento de dados pessoais, respeitados os segredos comercial e
“Art. 55-E. Os membros do Conselho Diretor somente perderão industrial;
seus cargos em virtude de renúncia, condenação judicial transitada XI - solicitar, a qualquer momento, às entidades do poder pú-
em julgado ou pena de demissão decorrente de processo adminis- blico que realizem operações de tratamento de dados pessoais in-
trativo disciplinar. forme específico sobre o âmbito, a natureza dos dados e os demais
§ 1º Nos termos do caput deste artigo, cabe ao Ministro de detalhes do tratamento realizado, com a possibilidade de emitir pa-
Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República instaurar o recer técnico complementar para garantir o cumprimento desta Lei;
XII - elaborar relatórios de gestão anuais acerca de suas ativi-
processo administrativo disciplinar, que será conduzido por comis-
dades;
são especial constituída por servidores públicos federais estáveis. XIII - editar regulamentos e procedimentos sobre proteção de
§ 2º Compete ao Presidente da República determinar o afas- dados pessoais e privacidade, bem como sobre relatórios de impac-
tamento preventivo, somente quando assim recomendado pela to à proteção de dados pessoais para os casos em que o tratamento
comissão especial de que trata o § 1º deste artigo, e proferir o jul- representar alto risco à garantia dos princípios gerais de proteção
gamento.” de dados pessoais previstos nesta Lei;
“Art. 55-F. Aplica-se aos membros do Conselho Diretor, após o XIV - ouvir os agentes de tratamento e a sociedade em maté-
exercício do cargo, o disposto no art. 6º da Lei nº 12.813, de 16 de rias de interesse relevante e prestar contas sobre suas atividades e
maio de 2013. planejamento;
Parágrafo único. A infração ao disposto no caput deste artigo XV - arrecadar e aplicar suas receitas e publicar, no relatório de
caracteriza ato de improbidade administrativa.” gestão a que se refere o inciso XII do caput deste artigo, o detalha-
“Art. 55-G. Ato do Presidente da República disporá sobre a es- mento de suas receitas e despesas;
trutura regimental da ANPD. XVI - realizar auditorias, ou determinar sua realização, no âm-
§ 1º Até a data de entrada em vigor de sua estrutura regimen- bito da atividade de fiscalização de que trata o inciso IV e com a
tal, a ANPD receberá o apoio técnico e administrativo da Casa Civil devida observância do disposto no inciso II do caput deste artigo,
da Presidência da República para o exercício de suas atividades. sobre o tratamento de dados pessoais efetuado pelos agentes de
§ 2º O Conselho Diretor disporá sobre o regimento interno da tratamento, incluído o poder público;
XVII - celebrar, a qualquer momento, compromisso com agen-
ANPD.”
tes de tratamento para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou
“Art. 55-H. Os cargos em comissão e as funções de confiança
situação contenciosa no âmbito de processos administrativos, de
da ANPD serão remanejados de outros órgãos e entidades do Poder acordo com o previsto no Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro
Executivo federal.” de 1942;
“Art. 55-I. Os ocupantes dos cargos em comissão e das funções XVIII - editar normas, orientações e procedimentos simplifica-
de confiança da ANPD serão indicados pelo Conselho Diretor e no- dos e diferenciados, inclusive quanto aos prazos, para que microem-
meados ou designados pelo Diretor-Presidente.” presas e empresas de pequeno porte, bem como iniciativas empre-
“Art. 55-J. Compete à ANPD: sariais de caráter incremental ou disruptivo que se autodeclarem
I - zelar pela proteção dos dados pessoais, nos termos da le- startups ou empresas de inovação, possam adequar-se a esta Lei;
gislação; XIX - garantir que o tratamento de dados de idosos seja efetu-
II - zelar pela observância dos segredos comercial e industrial, ado de maneira simples, clara, acessível e adequada ao seu enten-
observada a proteção de dados pessoais e do sigilo das informações dimento, nos termos desta Lei e da Lei nº 10.741, de 1º de outubro
quando protegido por lei ou quando a quebra do sigilo violar os de 2003 (Estatuto do Idoso);
fundamentos do art. 2º desta Lei; XX - deliberar, na esfera administrativa, em caráter terminativo,
III - elaborar diretrizes para a Política Nacional de Proteção de sobre a interpretação desta Lei, as suas competências e os casos
Dados Pessoais e da Privacidade; omissos;

66
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

XXI - comunicar às autoridades competentes as infrações pe- VII - o produto da venda de publicações, material técnico, da-
nais das quais tiver conhecimento; dos e informações, inclusive para fins de licitação pública.”
XXII - comunicar aos órgãos de controle interno o descumpri- “Art. 58-A. O Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais
mento do disposto nesta Lei por órgãos e entidades da administra- e da Privacidade será composto de 23 (vinte e três) representantes,
ção pública federal; titulares e suplentes, dos seguintes órgãos:
XXIII - articular-se com as autoridades reguladoras públicas I - 5 (cinco) do Poder Executivo federal;
para exercer suas competências em setores específicos de ativida- II - 1 (um) do Senado Federal;
des econômicas e governamentais sujeitas à regulação; e III - 1 (um) da Câmara dos Deputados;
XXIV - implementar mecanismos simplificados, inclusive por IV - 1 (um) do Conselho Nacional de Justiça;
meio eletrônico, para o registro de reclamações sobre o tratamento V - 1 (um) do Conselho Nacional do Ministério Público;
de dados pessoais em desconformidade com esta Lei. VI - 1 (um) do Comitê Gestor da Internet no Brasil;
§ 1º Ao impor condicionantes administrativas ao tratamento VII - 3 (três) de entidades da sociedade civil com atuação rela-
de dados pessoais por agente de tratamento privado, sejam eles
cionada a proteção de dados pessoais;
limites, encargos ou sujeições, a ANPD deve observar a exigência
VIII - 3 (três) de instituições científicas, tecnológicas e de ino-
de mínima intervenção, assegurados os fundamentos, os princípios
vação;
e os direitos dos titulares previstos no art. 170 da Constituição Fe-
deral e nesta Lei. IX - 3 (três) de confederações sindicais representativas das ca-
§ 2º Os regulamentos e as normas editados pela ANPD devem tegorias econômicas do setor produtivo;
ser precedidos de consulta e audiência públicas, bem como de aná- X - 2 (dois) de entidades representativas do setor empresarial
lises de impacto regulatório. relacionado à área de tratamento de dados pessoais; e
§ 3º A ANPD e os órgãos e entidades públicos responsáveis pela XI - 2 (dois) de entidades representativas do setor laboral.
regulação de setores específicos da atividade econômica e gover- § 1º Os representantes serão designados por ato do Presidente
namental devem coordenar suas atividades, nas correspondentes da República, permitida a delegação.
esferas de atuação, com vistas a assegurar o cumprimento de suas § 2º Os representantes de que tratam os incisos I, II, III, IV, V e
atribuições com a maior eficiência e promover o adequado funcio- VI do caput deste artigo e seus suplentes serão indicados pelos titu-
namento dos setores regulados, conforme legislação específica, e o lares dos respectivos órgãos e entidades da administração pública.
tratamento de dados pessoais, na forma desta Lei. § 3º Os representantes de que tratam os incisos VII, VIII, IX, X e
§ 4º A ANPD manterá fórum permanente de comunicação, in- XI do caput deste artigo e seus suplentes:
clusive por meio de cooperação técnica, com órgãos e entidades da I - serão indicados na forma de regulamento;
administração pública responsáveis pela regulação de setores espe- II - não poderão ser membros do Comitê Gestor da Internet no
cíficos da atividade econômica e governamental, a fim de facilitar as Brasil;
competências regulatória, fiscalizatória e punitiva da ANPD. III - terão mandato de 2 (dois) anos, permitida 1 (uma) recon-
§ 5º No exercício das competências de que trata o caput deste dução.
artigo, a autoridade competente deverá zelar pela preservação do § 4º A participação no Conselho Nacional de Proteção de Dados
segredo empresarial e do sigilo das informações, nos termos da lei. Pessoais e da Privacidade será considerada prestação de serviço pú-
§ 6º As reclamações colhidas conforme o disposto no inciso V blico relevante, não remunerada.”
do caput deste artigo poderão ser analisadas de forma agregada, e “Art. 58-B. Compete ao Conselho Nacional de Proteção de Da-
as eventuais providências delas decorrentes poderão ser adotadas dos Pessoais e da Privacidade:
de forma padronizada.” I - propor diretrizes estratégicas e fornecer subsídios para a ela-
“Art. 55-K. A aplicação das sanções previstas nesta Lei compe- boração da Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da
te exclusivamente à ANPD, e suas competências prevalecerão, no
Privacidade e para a atuação da ANPD;
que se refere à proteção de dados pessoais, sobre as competências
II - elaborar relatórios anuais de avaliação da execução das
correlatas de outras entidades ou órgãos da administração pública.
ações da Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Pri-
Parágrafo único. A ANPD articulará sua atuação com outros
órgãos e entidades com competências sancionatórias e normativas vacidade;
afetas ao tema de proteção de dados pessoais e será o órgão central III - sugerir ações a serem realizadas pela ANPD;
de interpretação desta Lei e do estabelecimento de normas e dire- IV - elaborar estudos e realizar debates e audiências públicas
trizes para a sua implementação.” sobre a proteção de dados pessoais e da privacidade; e
“Art. 55-L. Constituem receitas da ANPD: V - disseminar o conhecimento sobre a proteção de dados pes-
I - as dotações, consignadas no orçamento geral da União, os soais e da privacidade à população.”
créditos especiais, os créditos adicionais, as transferências e os re- “Art. 65. Esta Lei entra em vigor:
passes que lhe forem conferidos; I - dia 28 de dezembro de 2018, quanto aos arts. 55-A, 55-B, 55-
II - as doações, os legados, as subvenções e outros recursos que C, 55-D, 55-E, 55-F, 55-G, 55-H, 55-I, 55-J, 55-K, 55-L, 58-A e 58-B; e
lhe forem destinados; II - 24 (vinte e quatro) meses após a data de sua publicação,
III - os valores apurados na venda ou aluguel de bens móveis e quanto aos demais artigos.” (NR)
imóveis de sua propriedade; Art. 3º Ficam revogados os §§ 1º e 2º do art. 7º da Lei nº 13.709,
IV - os valores apurados em aplicações no mercado financeiro de 14 de agosto de 2018.
das receitas previstas neste artigo; Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação
V - (VETADO); Brasília, 8 de julho de 2019; 198o da Independência e 131o da
VI - os recursos provenientes de acordos, convênios ou contra- República.
tos celebrados com entidades, organismos ou empresas, públicos
ou privados, nacionais ou internacionais;

67
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

mente prevalecente nas decisões dos órgãos de controle ou dos


LEI FEDERAL 8.429/1992 E SUAS ALTERAÇÕES. tribunais do Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
2021) (Vide ADI 7236)
LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992 Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se agente público
o agente político, o servidor público e todo aquele que exerce, ain-
Dispõe sobre as sanções aplicáveis em virtude da prática da que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nome-
de atos de improbidade administrativa, de que trata o § 4º do art. ação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investi-
37 da Constituição Federal; e dá outras providências. (Redação dura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades
dada pela Lei nº 14.230, de 2021) referidas no art. 1º desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.230,
de 2021)
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Na- Parágrafo único. No que se refere a recursos de origem pública,
cional decreta e eu sanciono a seguinte lei: sujeita-se às sanções previstas nesta Lei o particular, pessoa física
ou jurídica, que celebra com a administração pública convênio, con-
CAPÍTULO I trato de repasse, contrato de gestão, termo de parceria, termo de
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS cooperação ou ajuste administrativo equivalente. (Incluído pela
Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 1º O sistema de responsabilização por atos de improbidade Art. 3º As disposições desta Lei são aplicáveis, no que couber,
administrativa tutelará a probidade na organização do Estado e no àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra
exercício de suas funções, como forma de assegurar a integridade dolosamente para a prática do ato de improbidade. (Redação
do patrimônio público e social, nos termos desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
dada pela Lei nº 14.230, de 2021) § 1º Os sócios, os cotistas, os diretores e os colaboradores de
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº pessoa jurídica de direito privado não respondem pelo ato de im-
14.230, de 2021) probidade que venha a ser imputado à pessoa jurídica, salvo se,
§ 1º Consideram-se atos de improbidade administrativa as con- comprovadamente, houver participação e benefícios diretos, caso
dutas dolosas tipificadas nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, ressalvados em que responderão nos limites da sua participação. (Incluído
tipos previstos em leis especiais. (Incluído pela Lei nº 14.230, de pela Lei nº 14.230, de 2021)
2021) § 2º As sanções desta Lei não se aplicarão à pessoa jurídica,
§ 2º Considera-se dolo a vontade livre e consciente de alcançar caso o ato de improbidade administrativa seja também sanciona-
o resultado ilícito tipificado nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, não bas- do como ato lesivo à administração pública de que trata a Lei nº
tando a voluntariedade do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, 12.846, de 1º de agosto de 2013. (Incluído pela Lei nº 14.230,
de 2021) de 2021)
§ 3º O mero exercício da função ou desempenho de compe- Art. 4° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021)
tências públicas, sem comprovação de ato doloso com fim ilícito, Art. 5° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021)
afasta a responsabilidade por ato de improbidade administrativa. Art. 6° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Art. 7º Se houver indícios de ato de improbidade, a autoridade
§ 4º Aplicam-se ao sistema da improbidade disciplinado nesta que conhecer dos fatos representará ao Ministério Público compe-
Lei os princípios constitucionais do direito administrativo sanciona- tente, para as providências necessárias. (Redação dada pela Lei
dor. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) nº 14.230, de 2021)
§ 5º Os atos de improbidade violam a probidade na organiza- Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
ção do Estado e no exercício de suas funções e a integridade do 14.230, de 2021)
patrimônio público e social dos Poderes Executivo, Legislativo e Ju- Art. 8º O sucessor ou o herdeiro daquele que causar dano ao
diciário, bem como da administração direta e indireta, no âmbito da erário ou que se enriquecer ilicitamente estão sujeitos apenas à
União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. (Inclu- obrigação de repará-lo até o limite do valor da herança ou do patri-
ído pela Lei nº 14.230, de 2021) mônio transferido. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 6º Estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbida- Art. 8º-A A responsabilidade sucessória de que trata o art. 8º
de praticados contra o patrimônio de entidade privada que receba desta Lei aplica-se também na hipótese de alteração contratual, de
subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de entes pú- transformação, de incorporação, de fusão ou de cisão societária.
blicos ou governamentais, previstos no § 5º deste artigo. (Inclu- (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
ído pela Lei nº 14.230, de 2021) Parágrafo único. Nas hipóteses de fusão e de incorporação, a
§ 7º Independentemente de integrar a administração indireta, responsabilidade da sucessora será restrita à obrigação de repara-
estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbidade prati- ção integral do dano causado, até o limite do patrimônio transferi-
cados contra o patrimônio de entidade privada para cuja criação do, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas nesta Lei
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra no seu patrimônio decorrentes de atos e de fatos ocorridos antes da data da fusão
ou receita atual, limitado o ressarcimento de prejuízos, nesse caso, ou da incorporação, exceto no caso de simulação ou de evidente
à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. intuito de fraude, devidamente comprovados. (Incluído pela Lei
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) nº 14.230, de 2021)
§ 8º Não configura improbidade a ação ou omissão decorren-
te de divergência interpretativa da lei, baseada em jurisprudência,
ainda que não pacificada, mesmo que não venha a ser posterior-

68
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

CAPÍTULO II XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens,


DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das en-
tidades mencionadas no art. 1° desta lei;
SEÇÃO I XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no
IMPORTAM ENRIQUECIMENTO ILÍCITO art. 1° desta lei.

Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importan- SEÇÃO II


do em enriquecimento ilícito auferir, mediante a prática de ato do- DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE
loso, qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do CAUSAM PREJUÍZO AO ERÁRIO
exercício de cargo, de mandato, de função, de emprego ou de ati-
vidade nas entidades referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente: Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) lesão ao erário qualquer ação ou omissão dolosa, que enseje, efe-
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou tiva e comprovadamente, perda patrimonial, desvio, apropriação,
imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indire- malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades
ta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente: (Redação dada
quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido pela Lei nº 14.230, de 2021)
ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do I - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a indevida
agente público; incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica,
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para fa- de bens, de rendas, de verbas ou de valores integrantes do acervo
cilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou patrimonial das entidades referidas no art. 1º desta Lei; (Reda-
a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por ção dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
preço superior ao valor de mercado; II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica pri-
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para fa- vada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
cilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o forne- patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a
cimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
mercado; à espécie;
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, qualquer bem móvel, III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente desper-
de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades referidas sonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens, ren-
no art. 1º desta Lei, bem como o trabalho de servidores, de empre- das, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades
gados ou de terceiros contratados por essas entidades; (Redação mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades
dada pela Lei nº 14.230, de 2021) legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de
ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas
de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qual- no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas,
quer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem; por preço inferior ao de mercado;
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem
ou indireta, para fazer declaração falsa sobre qualquer dado técni- ou serviço por preço superior ao de mercado;
co que envolva obras públicas ou qualquer outro serviço ou sobre VI - realizar operação financeira sem observância das normas
quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercado- legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidô-
rias ou bens fornecidos a qualquer das entidades referidas no art. nea;
1º desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a obser-
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de manda- vância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à es-
to, de cargo, de emprego ou de função pública, e em razão deles, pécie;
bens de qualquer natureza, decorrentes dos atos descritos no caput VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo
deste artigo, cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimô- seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins lucra-
nio ou à renda do agente público, assegurada a demonstração pelo tivos, ou dispensá-los indevidamente, acarretando perda patrimo-
agente da licitude da origem dessa evolução; (Redação dada nial efetiva; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
pela Lei nº 14.230, de 2021) IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autoriza-
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de con- das em lei ou regulamento;
sultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que te- X - agir ilicitamente na arrecadação de tributo ou de renda,
nha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio públi-
omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a co; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
atividade; XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a libera- pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irre-
ção ou aplicação de verba pública de qualquer natureza; gular;
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enri-
ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declara- queça ilicitamente;
ção a que esteja obrigado;

69
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veí- SEÇÃO II-A
culos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021)
de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencio-
nadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, Art. 10-A. (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021)
empregados ou terceiros contratados por essas entidades.
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por SEÇÃO III
objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associa- DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE
da sem observar as formalidades previstas na lei; (Incluído pela ATENTAM CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO
Lei nº 11.107, de 2005) PÚBLICA
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem su-
ficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as forma- Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta
lidades previstas na lei. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005) contra os princípios da administração pública a ação ou omissão
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorpo- dolosa que viole os deveres de honestidade, de imparcialidade e de
ração, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica, de bens, legalidade, caracterizada por uma das seguintes condutas: (Re-
rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração dação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
pública a entidades privadas mediante celebração de parcerias, sem I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência) III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica das atribuições e que deva permanecer em segredo, propiciando
privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos beneficiamento por informação privilegiada ou colocando em risco
pela administração pública a entidade privada mediante celebração a segurança da sociedade e do Estado; (Redação dada pela Lei
de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regula- nº 14.230, de 2021)
mentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em razão de sua
2014) (Vigência) imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado ou
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entida- de outras hipóteses instituídas em lei; (Redação dada pela Lei
des privadas sem a observância das formalidades legais ou regula- nº 14.230, de 2021)
mentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial
2014) (Vigência) de concurso público, de chamamento ou de procedimento licitató-
XIX - agir para a configuração de ilícito na celebração, na fisca- rio, com vistas à obtenção de benefício próprio, direto ou indireto,
lização e na análise das prestações de contas de parcerias firmadas ou de terceiros; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
pela administração pública com entidades privadas; (Redação VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo,
dada pela Lei nº 14.230, de 2021) desde que disponha das condições para isso, com vistas a ocultar
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração irregularidades; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
pública com entidades privadas sem a estrita observância das nor- VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de tercei-
mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação ro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou
irregular. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014, com a redação econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
dada pela Lei nº 13.204, de 2015) VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização
XXI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de e aprovação de contas de parcerias firmadas pela administração pú-
2021) blica com entidades privadas. (Vide Medida Provisória nº 2.088-
XXII - conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tribu- 35, de 2000) (Redação dada pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vi-
tário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei gência)
Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela IX - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Lei nº 14.230, de 2021) X - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 1º Nos casos em que a inobservância de formalidades legais XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,
ou regulamentares não implicar perda patrimonial efetiva, não colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autori-
ocorrerá imposição de ressarcimento, vedado o enriquecimento dade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido
sem causa das entidades referidas no art. 1º desta Lei. (Incluído em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de
pela Lei nº 14.230, de 2021) cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada
§ 2º A mera perda patrimonial decorrente da atividade econô- na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes
mica não acarretará improbidade administrativa, salvo se compro- da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com-
vado ato doloso praticado com essa finalidade. (Incluído pela Lei preendido o ajuste mediante designações recíprocas; (Incluído
nº 14.230, de 2021) pela Lei nº 14.230, de 2021)
XII - praticar, no âmbito da administração pública e com recur-
sos do erário, ato de publicidade que contrarie o disposto no § 1º
do art. 37 da Constituição Federal, de forma a promover inequívoco
enaltecimento do agente público e personalização de atos, de pro-
gramas, de obras, de serviços ou de campanhas dos órgãos públi-
cos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

70
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

§ 1º Nos termos da Convenção das Nações Unidas contra a diretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual
Corrupção, promulgada pelo Decreto nº 5.687, de 31 de janeiro seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 4 (quatro) anos;
de 2006, somente haverá improbidade administrativa, na aplica- (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
ção deste artigo, quando for comprovado na conduta funcional do IV - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
agente público o fim de obter proveito ou benefício indevido para si Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
ou para outra pessoa ou entidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, 14.230, de 2021)
de 2021) § 1º A sanção de perda da função pública, nas hipóteses dos in-
§ 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo a quaisquer atos cisos I e II do caput deste artigo, atinge apenas o vínculo de mesma
de improbidade administrativa tipificados nesta Lei e em leis espe- qualidade e natureza que o agente público ou político detinha com
ciais e a quaisquer outros tipos especiais de improbidade adminis- o poder público na época do cometimento da infração, podendo o
trativa instituídos por lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) magistrado, na hipótese do inciso I do caput deste artigo, e em ca-
§ 3º O enquadramento de conduta funcional na categoria de ráter excepcional, estendê-la aos demais vínculos, consideradas as
que trata este artigo pressupõe a demonstração objetiva da prática circunstâncias do caso e a gravidade da infração. (Incluído pela
de ilegalidade no exercício da função pública, com a indicação das Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI 7236)
normas constitucionais, legais ou infralegais violadas. (Incluído § 2º A multa pode ser aumentada até o dobro, se o juiz conside-
pela Lei nº 14.230, de 2021) rar que, em virtude da situação econômica do réu, o valor calculado
§ 4º Os atos de improbidade de que trata este artigo exigem na forma dos incisos I, II e III do caput deste artigo é ineficaz para
lesividade relevante ao bem jurídico tutelado para serem passíveis reprovação e prevenção do ato de improbidade. (Incluído pela
de sancionamento e independem do reconhecimento da produção Lei nº 14.230, de 2021)
de danos ao erário e de enriquecimento ilícito dos agentes públicos. § 3º Na responsabilização da pessoa jurídica, deverão ser con-
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) siderados os efeitos econômicos e sociais das sanções, de modo a
§ 5º Não se configurará improbidade a mera nomeação ou indi- viabilizar a manutenção de suas atividades. (Incluído pela Lei
cação política por parte dos detentores de mandatos eletivos, sen- nº 14.230, de 2021)
do necessária a aferição de dolo com finalidade ilícita por parte do § 4º Em caráter excepcional e por motivos relevantes devida-
agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) mente justificados, a sanção de proibição de contratação com o
poder público pode extrapolar o ente público lesado pelo ato de
CAPÍTULO III improbidade, observados os impactos econômicos e sociais das
DAS PENAS sanções, de forma a preservar a função social da pessoa jurídica,
conforme disposto no § 3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº
Art. 12. Independentemente do ressarcimento integral do dano 14.230, de 2021)
patrimonial, se efetivo, e das sanções penais comuns e de respon- § 5º No caso de atos de menor ofensa aos bens jurídicos tute-
sabilidade, civis e administrativas previstas na legislação específica, lados por esta Lei, a sanção limitar-se-á à aplicação de multa, sem
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes co- prejuízo do ressarcimento do dano e da perda dos valores obtidos,
minações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, quando for o caso, nos termos do caput deste artigo. (Incluído
de acordo com a gravidade do fato: (Redação dada pela Lei nº pela Lei nº 14.230, de 2021)
14.230, de 2021) § 6º Se ocorrer lesão ao patrimônio público, a reparação do
I - na hipótese do art. 9º desta Lei, perda dos bens ou valores dano a que se refere esta Lei deverá deduzir o ressarcimento ocorri-
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, perda da função pública, sus- do nas instâncias criminal, civil e administrativa que tiver por objeto
pensão dos direitos políticos até 14 (catorze) anos, pagamento de os mesmos fatos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
multa civil equivalente ao valor do acréscimo patrimonial e proibi- § 7º As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com base nesta
ção de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou Lei e na Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, deverão observar
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que o princípio constitucional do non bis in idem. (Incluído pela Lei
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, nº 14.230, de 2021)
pelo prazo não superior a 14 (catorze) anos; (Redação dada pela § 8º A sanção de proibição de contratação com o poder público
Lei nº 14.230, de 2021) deverá constar do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Sus-
II - na hipótese do art. 10 desta Lei, perda dos bens ou valores pensas (CEIS) de que trata a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013,
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstân- observadas as limitações territoriais contidas em decisão judicial,
cia, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos até 12 conforme disposto no § 4º deste artigo. (Incluído pela Lei nº
(doze) anos, pagamento de multa civil equivalente ao valor do dano 14.230, de 2021)
e proibição de contratar com o poder público ou de receber bene- § 9º As sanções previstas neste artigo somente poderão ser
fícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, executadas após o trânsito em julgado da sentença condenatória.
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio ma- (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
joritário, pelo prazo não superior a 12 (doze) anos; (Redação § 10. Para efeitos de contagem do prazo da sanção de suspen-
dada pela Lei nº 14.230, de 2021) são dos direitos políticos, computar-se-á retroativamente o inter-
III - na hipótese do art. 11 desta Lei, pagamento de multa civil valo de tempo entre a decisão colegiada e o trânsito em julgado da
de até 24 (vinte e quatro) vezes o valor da remuneração percebida sentença condenatória. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
pelo agente e proibição de contratar com o poder público ou de (Vide ADI 7236)
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou in-

71
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

CAPÍTULO IV § 2º Quando for o caso, o pedido de indisponibilidade de bens a


DA DECLARAÇÃO DE BENS que se refere o caput deste artigo incluirá a investigação, o exame e
o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras man-
Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicio- tidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados
nados à apresentação de declaração de imposto de renda e proven- internacionais. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
tos de qualquer natureza, que tenha sido apresentada à Secretaria § 3º O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere o
Especial da Receita Federal do Brasil, a fim de ser arquivada no ser- caput deste artigo apenas será deferido mediante a demonstração
viço de pessoal competente. (Redação dada pela Lei nº 14.230, no caso concreto de perigo de dano irreparável ou de risco ao re-
de 2021) sultado útil do processo, desde que o juiz se convença da probabili-
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de dade da ocorrência dos atos descritos na petição inicial com funda-
2021) mento nos respectivos elementos de instrução, após a oitiva do réu
§ 2º A declaração de bens a que se refere o caput deste arti- em 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
go será atualizada anualmente e na data em que o agente público § 4º A indisponibilidade de bens poderá ser decretada sem a
deixar o exercício do mandato, do cargo, do emprego ou da função. oitiva prévia do réu, sempre que o contraditório prévio puder com-
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) provadamente frustrar a efetividade da medida ou houver outras
§ 3º Será apenado com a pena de demissão, sem prejuízo de circunstâncias que recomendem a proteção liminar, não podendo a
outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar a urgência ser presumida. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
declaração dos bens a que se refere o caput deste artigo dentro do § 5º Se houver mais de um réu na ação, a somatória dos valores
prazo determinado ou que prestar declaração falsa. (Redação declarados indisponíveis não poderá superar o montante indicado
dada pela Lei nº 14.230, de 2021) na petição inicial como dano ao erário ou como enriquecimento ilí-
§ 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de cito. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
2021) § 6º O valor da indisponibilidade considerará a estimativa de
dano indicada na petição inicial, permitida a sua substituição por
CAPÍTULO V caução idônea, por fiança bancária ou por seguro-garantia judicial,
DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E DO PROCESSO a requerimento do réu, bem como a sua readequação durante a
JUDICIAL instrução do processo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 7º A indisponibilidade de bens de terceiro dependerá da de-
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade ad- monstração da sua efetiva concorrência para os atos ilícitos apu-
ministrativa competente para que seja instaurada investigação des- rados ou, quando se tratar de pessoa jurídica, da instauração de
tinada a apurar a prática de ato de improbidade. incidente de desconsideração da personalidade jurídica, a ser pro-
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e cessado na forma da lei processual. (Incluído pela Lei nº 14.230,
assinada, conterá a qualificação do representante, as informações de 2021)
sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha § 8º Aplica-se à indisponibilidade de bens regida por esta Lei,
conhecimento. no que for cabível, o regime da tutela provisória de urgência da
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
despacho fundamentado, se esta não contiver as formalidades es- (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
tabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a represen- § 9º Da decisão que deferir ou indeferir a medida relativa à in-
tação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei. disponibilidade de bens caberá agravo de instrumento, nos termos
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
determinará a imediata apuração dos fatos, observada a legislação (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
que regula o processo administrativo disciplinar aplicável ao agen- § 10. A indisponibilidade recairá sobre bens que assegurem
te. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) exclusivamente o integral ressarcimento do dano ao erário, sem in-
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Minis- cidir sobre os valores a serem eventualmente aplicados a título de
tério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência de multa civil ou sobre acréscimo patrimonial decorrente de atividade
procedimento administrativo para apurar a prática de ato de im- lícita. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
probidade. § 11. A ordem de indisponibilidade de bens deverá priorizar ve-
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho ículos de via terrestre, bens imóveis, bens móveis em geral, semo-
de Contas poderá, a requerimento, designar representante para ventes, navios e aeronaves, ações e quotas de sociedades simples
acompanhar o procedimento administrativo. e empresárias, pedras e metais preciosos e, apenas na inexistência
Art. 16. Na ação por improbidade administrativa poderá ser desses, o bloqueio de contas bancárias, de forma a garantir a sub-
formulado, em caráter antecedente ou incidente, pedido de indis- sistência do acusado e a manutenção da atividade empresária ao
ponibilidade de bens dos réus, a fim de garantir a integral recom- longo do processo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
posição do erário ou do acréscimo patrimonial resultante de enri- § 12. O juiz, ao apreciar o pedido de indisponibilidade de bens
quecimento ilícito. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) do réu a que se refere o caput deste artigo, observará os efeitos
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de práticos da decisão, vedada a adoção de medida capaz de acarretar
2021) prejuízo à prestação de serviços públicos. (Incluído pela Lei nº
§ 1º-A O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere 14.230, de 2021)
o caput deste artigo poderá ser formulado independentemente da
representação de que trata o art. 7º desta Lei. (Incluído pela Lei
nº 14.230, de 2021)

72
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

§ 13. É vedada a decretação de indisponibilidade da quantia de § 9º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
até 40 (quarenta) salários mínimos depositados em caderneta de 2021)
poupança, em outras aplicações financeiras ou em conta-corrente. § 9º-A Da decisão que rejeitar questões preliminares suscitadas
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) pelo réu em sua contestação caberá agravo de instrumento. (In-
§ 14. É vedada a decretação de indisponibilidade do bem de cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
família do réu, salvo se comprovado que o imóvel seja fruto de van- § 10. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
tagem patrimonial indevida, conforme descrito no art. 9º desta Lei. 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 10-A. Havendo a possibilidade de solução consensual, pode-
Art. 17. A ação para a aplicação das sanções de que trata esta rão as partes requerer ao juiz a interrupção do prazo para a contes-
Lei será proposta pelo Ministério Público e seguirá o procedimento tação, por prazo não superior a 90 (noventa) dias. (Incluído pela
comum previsto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código Lei nº 13.964, de 2019)
de Processo Civil), salvo o disposto nesta Lei. (Redação dada § 10-B. Oferecida a contestação e, se for o caso, ouvido o autor,
pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI 7042) (Vide ADI 7043) o juiz: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de I - procederá ao julgamento conforme o estado do processo,
2021) observada a eventual inexistência manifesta do ato de improbida-
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de de; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
2021) II - poderá desmembrar o litisconsórcio, com vistas a otimizar
§ 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de a instrução processual. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
2021) § 10-C. Após a réplica do Ministério Público, o juiz proferirá
§ 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) decisão na qual indicará com precisão a tipificação do ato de im-
§ 4º-A A ação a que se refere o caput deste artigo deverá ser probidade administrativa imputável ao réu, sendo-lhe vedado mo-
proposta perante o foro do local onde ocorrer o dano ou da pessoa dificar o fato principal e a capitulação legal apresentada pelo autor.
jurídica prejudicada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI 7042) (Vide ADI
§ 5º A propositura da ação a que se refere o caput deste ar- 7043)
tigo prevenirá a competência do juízo para todas as ações poste- § 10-D. Para cada ato de improbidade administrativa, deverá
riormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o necessariamente ser indicado apenas um tipo dentre aqueles pre-
mesmo objeto. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) vistos nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230,
§ 6º A petição inicial observará o seguinte: (Redação dada de 2021)
pela Lei nº 14.230, de 2021) § 10-E. Proferida a decisão referida no § 10-C deste artigo, as
I - deverá individualizar a conduta do réu e apontar os elemen- partes serão intimadas a especificar as provas que pretendem pro-
tos probatórios mínimos que demonstrem a ocorrência das hipóte- duzir. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
ses dos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei e de sua autoria, salvo impossibili- § 10-F. Será nula a decisão de mérito total ou parcial da ação de
dade devidamente fundamentada; (Incluído pela Lei nº 14.230, improbidade administrativa que: (Incluído pela Lei nº 14.230,
de 2021) de 2021)
II - será instruída com documentos ou justificação que con- I - condenar o requerido por tipo diverso daquele definido na
tenham indícios suficientes da veracidade dos fatos e do dolo petição inicial; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
imputado ou com razões fundamentadas da impossibilidade de II - condenar o requerido sem a produção das provas por ele
apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação vi- tempestivamente especificadas. (Incluído pela Lei nº 14.230,
gente, inclusive as disposições constantes dos arts. 77 e 80 da Lei nº de 2021)
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (In- § 11. Em qualquer momento do processo, verificada a inexis-
cluído pela Lei nº 14.230, de 2021) tência do ato de improbidade, o juiz julgará a demanda improce-
§ 6º-A O Ministério Público poderá requerer as tutelas provi- dente. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
sórias adequadas e necessárias, nos termos dos arts. 294 a 310 da § 12. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021), (Vide ADI 7042) (Vide § 13. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
ADI 7043) 2021)
§ 6º-B A petição inicial será rejeitada nos casos do art. 330 da § 14. Sem prejuízo da citação dos réus, a pessoa jurídica in-
Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), teressada será intimada para, caso queira, intervir no processo.
bem como quando não preenchidos os requisitos a que se referem (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI 7042) (Vide ADI
os incisos I e II do § 6º deste artigo, ou ainda quando manifestamen- 7043)
te inexistente o ato de improbidade imputado. (Incluído pela § 15. Se a imputação envolver a desconsideração de pessoa ju-
Lei nº 14.230, de 2021) rídica, serão observadas as regras previstas nos arts. 133, 134, 135,
§ 7º Se a petição inicial estiver em devida forma, o juiz mandará 136 e 137 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de
autuá-la e ordenará a citação dos requeridos para que a contestem Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
no prazo comum de 30 (trinta) dias, iniciado o prazo na forma do § 16. A qualquer momento, se o magistrado identificar a exis-
art. 231 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Pro- tência de ilegalidades ou de irregularidades administrativas a se-
cesso Civil). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) rem sanadas sem que estejam presentes todos os requisitos para
§ 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de a imposição das sanções aos agentes incluídos no polo passivo da
2021) demanda, poderá, em decisão motivada, converter a ação de im-

73
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

probidade administrativa em ação civil pública, regulada pela Lei II - de aprovação, no prazo de até 60 (sessenta) dias, pelo ór-
nº 7.347, de 24 de julho de 1985. (Incluído pela Lei nº 14.230, gão do Ministério Público competente para apreciar as promoções
de 2021) de arquivamento de inquéritos civis, se anterior ao ajuizamento da
§ 17. Da decisão que converter a ação de improbidade em ação ação; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
civil pública caberá agravo de instrumento. (Incluído pela Lei nº III - de homologação judicial, independentemente de o acordo
14.230, de 2021) ocorrer antes ou depois do ajuizamento da ação de improbidade
§ 18. Ao réu será assegurado o direito de ser interrogado sobre administrativa. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
os fatos de que trata a ação, e a sua recusa ou o seu silêncio não § 2º Em qualquer caso, a celebração do acordo a que se refere
implicarão confissão. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) o caput deste artigo considerará a personalidade do agente, a natu-
§ 19. Não se aplicam na ação de improbidade administrativa: reza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do ato de
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) improbidade, bem como as vantagens, para o interesse público, da
I - a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor em rápida solução do caso. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
caso de revelia; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 3º Para fins de apuração do valor do dano a ser ressarcido,
II - a imposição de ônus da prova ao réu, na forma dos §§ 1º e deverá ser realizada a oitiva do Tribunal de Contas competente, que
2º do art. 373 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de se manifestará, com indicação dos parâmetros utilizados, no prazo
Processo Civil); (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) de 90 (noventa) dias. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide
III - o ajuizamento de mais de uma ação de improbidade admi- ADI 7236)
nistrativa pelo mesmo fato, competindo ao Conselho Nacional do § 4º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá ser
Ministério Público dirimir conflitos de atribuições entre membros celebrado no curso da investigação de apuração do ilícito, no curso
de Ministérios Públicos distintos; (Incluído pela Lei nº 14.230, da ação de improbidade ou no momento da execução da sentença
de 2021) condenatória. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
IV - o reexame obrigatório da sentença de improcedência ou de § 5º As negociações para a celebração do acordo a que se re-
extinção sem resolução de mérito. (Incluído pela Lei nº 14.230, fere o caput deste artigo ocorrerão entre o Ministério Público, de
de 2021) um lado, e, de outro, o investigado ou demandado e o seu defensor.
§ 20. A assessoria jurídica que emitiu o parecer atestando a (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI 7042) (Vide ADI
legalidade prévia dos atos administrativos praticados pelo adminis- 7043)
trador público ficará obrigada a defendê-lo judicialmente, caso este § 6º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá con-
venha a responder ação por improbidade administrativa, até que templar a adoção de mecanismos e procedimentos internos de in-
a decisão transite em julgado. (Incluído pela Lei nº 14.230, de tegridade, de auditoria e de incentivo à denúncia de irregularidades
2021) (Vide ADI 7042) (Vide ADI 7043) e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito
§ 21. Das decisões interlocutórias caberá agravo de instrumen- da pessoa jurídica, se for o caso, bem como de outras medidas em
to, inclusive da decisão que rejeitar questões preliminares suscita- favor do interesse público e de boas práticas administrativas. (In-
das pelo réu em sua contestação. (Incluído pela Lei nº 14.230, cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
de 2021) § 7º Em caso de descumprimento do acordo a que se refere o
Art. 17-A. (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) caput deste artigo, o investigado ou o demandado ficará impedido
I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) de celebrar novo acordo pelo prazo de 5 (cinco) anos, contado do
II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) conhecimento pelo Ministério Público do efetivo descumprimento.
III - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI 7042) (Vide ADI
§ 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 7043)
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 17-C. A sentença proferida nos processos a que se refere
§ 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) esta Lei deverá, além de observar o disposto no art. 489 da Lei nº
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil): (In-
§ 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 17-B. O Ministério Público poderá, conforme as circuns- I - indicar de modo preciso os fundamentos que demonstram
tâncias do caso concreto, celebrar acordo de não persecução civil, os elementos a que se referem os arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, que
desde que dele advenham, ao menos, os seguintes resultados: não podem ser presumidos; (Incluído pela Lei nº 14.230, de
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI 7042) (Vide ADI 2021)
7043) II - considerar as consequências práticas da decisão, sempre
I - o integral ressarcimento do dano; (Incluído pela Lei nº que decidir com base em valores jurídicos abstratos; (Incluído
14.230, de 2021) pela Lei nº 14.230, de 2021)
II - a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida III - considerar os obstáculos e as dificuldades reais do gestor
obtida, ainda que oriunda de agentes privados. (Incluído pela e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos
Lei nº 14.230, de 2021) direitos dos administrados e das circunstâncias práticas que houve-
§ 1º A celebração do acordo a que se refere o caput deste arti- rem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente; (Inclu-
go dependerá, cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 14.230, ído pela Lei nº 14.230, de 2021)
de 2021) IV - considerar, para a aplicação das sanções, de forma isolada
I - da oitiva do ente federativo lesado, em momento anterior ou ou cumulativa: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
posterior à propositura da ação; (Incluído pela Lei nº 14.230, a) os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade; (In-
de 2021) cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

74
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

b) a natureza, a gravidade e o impacto da infração cometida; § 2º Caso a pessoa jurídica prejudicada não adote as providên-
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) cias a que se refere o § 1º deste artigo no prazo de 6 (seis) meses,
c) a extensão do dano causado; (Incluído pela Lei nº 14.230, contado do trânsito em julgado da sentença de procedência da
de 2021) ação, caberá ao Ministério Público proceder à respectiva liquidação
d) o proveito patrimonial obtido pelo agente; (Incluído pela do dano e ao cumprimento da sentença referente ao ressarcimento
Lei nº 14.230, de 2021) do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens, sem pre-
e) as circunstâncias agravantes ou atenuantes; (Incluído pela juízo de eventual responsabilização pela omissão verificada. (In-
Lei nº 14.230, de 2021) cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
f) a atuação do agente em minorar os prejuízos e as consequ- § 3º Para fins de apuração do valor do ressarcimento, deverão
ências advindas de sua conduta omissiva ou comissiva; (Incluído ser descontados os serviços efetivamente prestados. (Incluído
pela Lei nº 14.230, de 2021) pela Lei nº 14.230, de 2021)
g) os antecedentes do agente; (Incluído pela Lei nº 14.230, § 4º O juiz poderá autorizar o parcelamento, em até 48 (qua-
de 2021) renta e oito) parcelas mensais corrigidas monetariamente, do débi-
V - considerar na aplicação das sanções a dosimetria das san- to resultante de condenação pela prática de improbidade adminis-
ções relativas ao mesmo fato já aplicadas ao agente; (Incluído trativa se o réu demonstrar incapacidade financeira de saldá-lo de
pela Lei nº 14.230, de 2021) imediato. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
VI - considerar, na fixação das penas relativamente ao terceiro, Art. 18-A. A requerimento do réu, na fase de cumprimento da
quando for o caso, a sua atuação específica, não admitida a sua sentença, o juiz unificará eventuais sanções aplicadas com outras
responsabilização por ações ou omissões para as quais não tiver já impostas em outros processos, tendo em vista a eventual con-
concorrido ou das quais não tiver obtido vantagens patrimoniais tinuidade de ilícito ou a prática de diversas ilicitudes, observado o
indevidas; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) seguinte: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
VII - indicar, na apuração da ofensa a princípios, critérios objeti- I - no caso de continuidade de ilícito, o juiz promoverá a maior
vos que justifiquem a imposição da sanção. (Incluído pela Lei nº sanção aplicada, aumentada de 1/3 (um terço), ou a soma das pe-
14.230, de 2021) nas, o que for mais benéfico ao réu; (Incluído pela Lei nº 14.230,
§ 1º A ilegalidade sem a presença de dolo que a qualifique não de 2021)
configura ato de improbidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de II - no caso de prática de novos atos ilícitos pelo mesmo sujeito,
2021) o juiz somará as sanções. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º Na hipótese de litisconsórcio passivo, a condenação ocor- Parágrafo único. As sanções de suspensão de direitos políticos
rerá no limite da participação e dos benefícios diretos, vedada qual- e de proibição de contratar ou de receber incentivos fiscais ou cre-
quer solidariedade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) ditícios do poder público observarão o limite máximo de 20 (vinte)
§ 3º Não haverá remessa necessária nas sentenças de que trata anos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
esta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 17-D. A ação por improbidade administrativa é repressiva, CAPÍTULO VI
de caráter sancionatório, destinada à aplicação de sanções de ca- DAS DISPOSIÇÕES PENAIS
ráter pessoal previstas nesta Lei, e não constitui ação civil, vedado
seu ajuizamento para o controle de legalidade de políticas públicas Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbida-
e para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente de contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor
e de outros interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos. da denúncia o sabe inocente.
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
Parágrafo único. Ressalvado o disposto nesta Lei, o controle Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está su-
de legalidade de políticas públicas e a responsabilidade de agentes jeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à
públicos, inclusive políticos, entes públicos e governamentais, por imagem que houver provocado.
danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, a qualquer ou- políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença con-
tro interesse difuso ou coletivo, à ordem econômica, à ordem urba- denatória.
nística, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos § 1º A autoridade judicial competente poderá determinar o
e ao patrimônio público e social submetem-se aos termos da Lei nº afastamento do agente público do exercício do cargo, do emprego
7.347, de 24 de julho de 1985. (Incluído pela Lei nº 14.230, de ou da função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida for
2021) necessária à instrução processual ou para evitar a iminente prática
Art. 18. A sentença que julgar procedente a ação fundada nos de novos ilícitos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
arts. 9º e 10 desta Lei condenará ao ressarcimento dos danos e à § 2º O afastamento previsto no § 1º deste artigo será de até
perda ou à reversão dos bens e valores ilicitamente adquiridos, con- 90 (noventa) dias, prorrogáveis uma única vez por igual prazo, me-
forme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito. diante decisão motivada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:
§ 1º Se houver necessidade de liquidação do dano, a pessoa I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo
jurídica prejudicada procederá a essa determinação e ao ulterior quanto à pena de ressarcimento e às condutas previstas no art. 10
procedimento para cumprimento da sentença referente ao ressar- desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
cimento do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens. II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.

75
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

§ 1º Os atos do órgão de controle interno ou externo serão con- I - pelo ajuizamento da ação de improbidade administrativa;
siderados pelo juiz quando tiverem servido de fundamento para a (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
conduta do agente público. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) II - pela publicação da sentença condenatória; (Incluído
§ 2º As provas produzidas perante os órgãos de controle e as pela Lei nº 14.230, de 2021)
correspondentes decisões deverão ser consideradas na formação III - pela publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de Jus-
da convicção do juiz, sem prejuízo da análise acerca do dolo na con- tiça ou Tribunal Regional Federal que confirma sentença condena-
duta do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) tória ou que reforma sentença de improcedência; (Incluído pela
§ 3º As sentenças civis e penais produzirão efeitos em relação à Lei nº 14.230, de 2021)
ação de improbidade quando concluírem pela inexistência da con- IV - pela publicação de decisão ou acórdão do Superior Tribu-
duta ou pela negativa da autoria. (Incluído pela Lei nº 14.230, nal de Justiça que confirma acórdão condenatório ou que reforma
de 2021) acórdão de improcedência; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 4º A absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fa- V - pela publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal
tos, confirmada por decisão colegiada, impede o trâmite da ação da Federal que confirma acórdão condenatório ou que reforma acór-
qual trata esta Lei, havendo comunicação com todos os fundamen- dão de improcedência. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
tos de absolvição previstos no art. 386 do Decreto-Lei nº 3.689, de § 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do
3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). (Incluído pela dia da interrupção, pela metade do prazo previsto no caput deste
Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI 7236) artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 5º Sanções eventualmente aplicadas em outras esferas deve- § 6º A suspensão e a interrupção da prescrição produzem efei-
rão ser compensadas com as sanções aplicadas nos termos desta tos relativamente a todos os que concorreram para a prática do ato
Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) de improbidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta Lei, o Minis- § 7º Nos atos de improbidade conexos que sejam objeto do
tério Público, de ofício, a requerimento de autoridade administrati- mesmo processo, a suspensão e a interrupção relativas a qualquer
va ou mediante representação formulada de acordo com o disposto deles estendem-se aos demais. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
no art. 14 desta Lei, poderá instaurar inquérito civil ou procedimen- 2021)
to investigativo assemelhado e requisitar a instauração de inquérito § 8º O juiz ou o tribunal, depois de ouvido o Ministério Público,
policial. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) deverá, de ofício ou a requerimento da parte interessada, reconhe-
Parágrafo único. Na apuração dos ilícitos previstos nesta Lei, cer a prescrição intercorrente da pretensão sancionadora e decre-
será garantido ao investigado a oportunidade de manifestação por tá-la de imediato, caso, entre os marcos interruptivos referidos no
escrito e de juntada de documentos que comprovem suas alega- § 4º, transcorra o prazo previsto no § 5º deste artigo. (Incluído
ções e auxiliem na elucidação dos fatos. (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 14.230, de 2021)
14.230, de 2021) Art. 23-A. É dever do poder público oferecer contínua capacita-
ção aos agentes públicos e políticos que atuem com prevenção ou
CAPÍTULO VII repressão de atos de improbidade administrativa. (Incluído pela
DA PRESCRIÇÃO Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 23-B. Nas ações e nos acordos regidos por esta Lei, não
Art. 23. A ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei haverá adiantamento de custas, de preparo, de emolumentos, de
prescreve em 8 (oito) anos, contados a partir da ocorrência do fato honorários periciais e de quaisquer outras despesas. (Incluído
ou, no caso de infrações permanentes, do dia em que cessou a per- pela Lei nº 14.230, de 2021)
manência. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) § 1º No caso de procedência da ação, as custas e as demais
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) despesas processuais serão pagas ao final. (Incluído pela Lei nº
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) 14.230, de 2021)
III - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) § 2º Haverá condenação em honorários sucumbenciais em
§ 1º A instauração de inquérito civil ou de processo administra- caso de improcedência da ação de improbidade se comprovada
tivo para apuração dos ilícitos referidos nesta Lei suspende o curso má-fé. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
do prazo prescricional por, no máximo, 180 (cento e oitenta) dias Art. 23-C. Atos que ensejem enriquecimento ilícito, perda patri-
corridos, recomeçando a correr após a sua conclusão ou, caso não monial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação de re-
concluído o processo, esgotado o prazo de suspensão. (Incluído cursos públicos dos partidos políticos, ou de suas fundações, serão
pela Lei nº 14.230, de 2021) responsabilizados nos termos da Lei nº 9.096, de 19 de setembro
§ 2º O inquérito civil para apuração do ato de improbidade será de 1995. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Vide ADI 7236)
concluído no prazo de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias corri-
dos, prorrogável uma única vez por igual período, mediante ato fun- CAPÍTULO VIII
damentado submetido à revisão da instância competente do órgão DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. (Inclu-
ído pela Lei nº 14.230, de 2021) Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
§ 3º Encerrado o prazo previsto no § 2º deste artigo, a ação Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de
deverá ser proposta no prazo de 30 (trinta) dias, se não for caso de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais disposições
arquivamento do inquérito civil. (Incluído pela Lei nº 14.230, de em contrário.
2021) Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da Independência e
§ 4º O prazo da prescrição referido no caput deste artigo inter- 104° da República.
rompe-se: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

76
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

§ 2º A investigação preliminar será conduzida diretamente


DECRETO FEDERAL Nº 11.129/2022. pela corregedoria da entidade ou unidade competente, na forma
estabelecida em regulamento, ou por comissão composta por dois
DECRETO Nº 11.129, DE 11 DE JULHO DE 2022 ou mais membros, designados entre servidores efetivos ou empre-
gados públicos.
Vigência § 3º Na investigação preliminar, serão praticados os atos ne-
Regulamenta a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, que cessários à elucidação dos fatos sob apuração, compreendidas to-
dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas das as diligências admitidas em lei, notadamente:
jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacio- I - proposição à autoridade instauradora da suspensão cautelar
nal ou estrangeira. dos efeitos do ato ou do processo objeto da investigação;
II - solicitação de atuação de especialistas com conhecimentos
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe técnicos ou operacionais, de órgãos e entidades públicos ou de ou-
confere o art. 84, caput, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista tras organizações, para auxiliar na análise da matéria sob exame;
o disposto na Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, III - solicitação de informações bancárias sobre movimentação
de recursos públicos, ainda que sigilosas, nesta hipótese, em sede
DECRETA: de compartilhamento do sigilo com órgãos de controle;
IV - requisição, por meio da autoridade competente, do com-
CAPÍTULO I partilhamento de informações tributárias da pessoa jurídica inves-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES tigada, conforme previsto no inciso II do § 1º do art. 198 da Lei nº
5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional;
Art. 1º Este Decreto regulamenta a responsabilização objetiva V - solicitação, ao órgão de representação judicial ou equiva-
administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra lente dos órgãos ou das entidades lesadas, das medidas judiciais
a administração pública, nacional ou estrangeira, de que trata a Lei necessárias para a investigação e para o processamento dos atos
nº 12.846, de 1º de agosto de 2013. lesivos, inclusive de busca e apreensão, no Brasil ou no exterior; ou
§ 1º A Lei nº 12.846, de 2013, aplica-se aos atos lesivos prati- VI - solicitação de documentos ou informações a pessoas físicas
cados: ou jurídicas, de direito público ou privado, nacionais ou estrangei-
I - por pessoa jurídica brasileira contra administração pública ras, ou a organizações públicas internacionais.
estrangeira, ainda que cometidos no exterior; § 4º O prazo para a conclusão da investigação preliminar não
II - no todo ou em parte no território nacional ou que nele pro- excederá cento e oitenta dias, admitida a prorrogação, mediante
duzam ou possam produzir efeitos; ou ato da autoridade a que se refere o caput.
III - no exterior, quando praticados contra a administração pú- § 5º Ao final da investigação preliminar, serão enviadas à auto-
blica nacional. ridade competente as peças de informação obtidas, acompanhadas
§ 2º São passíveis de responsabilização nos termos do disposto de relatório conclusivo acerca da existência de indícios de autoria e
na Lei nº 12.846, de 2013, as pessoas jurídicas que tenham sede, materialidade de atos lesivos à administração pública federal, para
filial ou representação no território brasileiro, constituídas de fato decisão sobre a instauração do PAR.
ou de direito.
Art. 2º A apuração da responsabilidade administrativa de pes- SEÇÃO II
soa jurídica, decorrente do exercício do poder sancionador da ad- DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DE RESPONSABILIZAÇÃO
ministração pública, será efetuada por meio de Processo Adminis-
trativo de Responsabilização - PAR ou de acordo de leniência. Art. 4º A competência para a instauração e para o julgamento
do PAR é da autoridade máxima da entidade em face da qual foi
CAPÍTULO II praticado o ato lesivo ou, em caso de órgão da administração públi-
DA RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA ca federal direta, do respectivo Ministro de Estado.
Parágrafo único. A competência de que trata o caput será exer-
SEÇÃO I cida de ofício ou mediante provocação e poderá ser delegada, ve-
DA INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR dada a subdelegação.
Art. 5º No ato de instauração do PAR, a autoridade designará
Art. 3º O titular da corregedoria da entidade ou da unidade comissão, composta por dois ou mais servidores estáveis.
competente, ao tomar ciência da possível ocorrência de ato lesivo à § 1º Em entidades da administração pública federal cujos qua-
administração pública federal, em sede de juízo de admissibilidade dros funcionais não sejam formados por servidores estatutários, a
e mediante despacho fundamentado, decidirá: comissão a que se refere o caput será composta por dois ou mais
I - pela abertura de investigação preliminar; empregados permanentes, preferencialmente com, no mínimo,
II - pela recomendação de instauração de PAR; ou três anos de tempo de serviço na entidade.
III - pela recomendação de arquivamento da matéria. § 2º A comissão a que se refere o caput exercerá suas ativida-
§ 1º A investigação de que trata o inciso I do caput terá cará- des com imparcialidade e observará a legislação, os regulamentos e
ter sigiloso e não punitivo e será destinada à apuração de indícios as orientações técnicas vigentes.
de autoria e materialidade de atos lesivos à administração pública § 3º Será assegurado o sigilo do PAR, sempre que necessário
federal. à elucidação do fato ou quando exigido pelo interesse da adminis-
tração pública, garantido à pessoa jurídica processada o direito à
ampla defesa e ao contraditório.

77
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

§ 4º O prazo para a conclusão dos trabalhos da comissão de II - lavrar nova indiciação ou indiciação complementar, caso as
PAR não excederá cento e oitenta dias, admitida a prorrogação, me- novas provas juntadas aos autos justifiquem alterações na nota de
diante solicitação justificada do presidente da comissão à autorida- indiciação inicial, devendo ser observado o disposto no caput do
de instauradora, que decidirá de maneira fundamentada. art. 6º.
Art. 6º Instaurado o PAR, a comissão avaliará os fatos e as cir- § 2º Caso a pessoa jurídica apresente em sua defesa informa-
cunstâncias conhecidas e indiciará e intimará a pessoa jurídica pro- ções e documentos referentes à existência e ao funcionamento de
cessada para, no prazo de trinta dias, apresentar defesa escrita e programa de integridade, a comissão processante deverá examiná-
especificar eventuais provas que pretenda produzir. -lo segundo os parâmetros indicados no Capítulo V, para a dosime-
§ 1º A intimação prevista no caput: tria das sanções a serem aplicadas.
I - facultará expressamente à pessoa jurídica a possibilidade de Art. 9º A pessoa jurídica poderá acompanhar o PAR por meio
apresentar informações e provas que subsidiem a análise da comis- de seus representantes legais ou procuradores, sendo-lhes assegu-
são de PAR no que se refere aos elementos que atenuam o valor da rado amplo acesso aos autos.
multa, previstos no art. 23; e Parágrafo único. É vedada a retirada de autos físicos da repar-
II - solicitará a apresentação de informações e documentos, tição pública, sendo autorizada a obtenção de cópias, preferencial-
nos termos estabelecidos pela Controladoria-Geral da União, que mente em meio digital, mediante requerimento.
permitam a análise do programa de integridade da pessoa jurídica. Art. 10. A comissão, para o devido e regular exercício de suas
§ 2º O ato de indiciação conterá, no mínimo: funções, poderá praticar os atos necessários à elucidação dos fatos
I - a descrição clara e objetiva do ato lesivo imputado à pessoa sob apuração, compreendidos todos os meios probatórios admiti-
jurídica, com a descrição das circunstâncias relevantes; dos em lei, inclusive os previstos no § 3º do art. 3º.
II - o apontamento das provas que sustentam o entendimento Art. 11. Concluídos os trabalhos de apuração e análise, a co-
da comissão pela ocorrência do ato lesivo imputado; e missão elaborará relatório a respeito dos fatos apurados e da even-
III - o enquadramento legal do ato lesivo imputado à pessoa tual responsabilidade administrativa da pessoa jurídica, no qual su-
jurídica processada. gerirá, de forma motivada:
§ 3º Caso a intimação prevista no caput não tenha êxito, será I - as sanções a serem aplicadas, com a respectiva indicação da
feita nova intimação por meio de edital publicado na imprensa ofi- dosimetria, ou o arquivamento do processo;
cial e no sítio eletrônico do órgão ou da entidade pública respon- II - o encaminhamento do relatório final à autoridade compe-
sável pela condução do PAR, hipótese em que o prazo para apre- tente para instrução de processo administrativo específico para
sentação de defesa escrita será contado a partir da última data de reparação de danos, quando houver indícios de que do ato lesivo
publicação do edital. tenha resultado dano ao erário;
§ 4º Caso a pessoa jurídica processada não apresente sua de- III - o encaminhamento do relatório final à Advocacia-Geral da
fesa escrita no prazo estabelecido no caput, contra ela correrão os União, para ajuizamento da ação de que trata o art. 19 da Lei nº
demais prazos, independentemente de notificação ou intimação, 12.846, de 2013, com sugestão, de acordo com o caso concreto,
podendo intervir em qualquer fase do processo, sem direito à repe- da aplicação das sanções previstas naquele artigo, como retribuição
tição de qualquer ato processual já praticado. complementar às do PAR ou para a prevenção de novos ilícitos;
Art. 7º As intimações serão feitas por qualquer meio físico ou IV - o encaminhamento do processo ao Ministério Público, nos
eletrônico que assegure a certeza de ciência da pessoa jurídica pro- termos do disposto no art. 15 da Lei nº 12.846, de 2013; e
cessada. V - as condições necessárias para a concessão da reabilitação,
§ 1º Os prazos começam a correr a partir da data da cientifica- quando cabível.
ção oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluindo- Art. 12. Concluído o relatório final, a comissão lavrará ata de
-se o dia do vencimento, observado o disposto no Capítulo XVI da encerramento dos seus trabalhos, que formalizará sua desconsti-
Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. tuição, e encaminhará o PAR à autoridade instauradora, que deter-
§ 2º Na hipótese prevista no § 4º do art. 6º, dispensam-se as minará a intimação da pessoa jurídica processada do relatório final
demais intimações processuais, até que a pessoa jurídica interessa- para, querendo, manifestar-se no prazo máximo de dez dias.
da se manifeste nos autos. Parágrafo único. Transcorrido o prazo previsto no caput, a au-
§ 3º A pessoa jurídica estrangeira poderá ser notificada e in- toridade instauradora determinará à corregedoria da entidade ou à
timada de todos os atos processuais, independentemente de pro- unidade competente que analise a regularidade e o mérito do PAR.
curação ou de disposição contratual ou estatutária, na pessoa do Art. 13. Após a análise de regularidade e mérito, o PAR será
gerente, representante ou administrador de sua filial, agência, su- encaminhado à autoridade competente para julgamento, o qual
cursal, estabelecimento ou escritório instalado no Brasil. será precedido de manifestação jurídica, elaborada pelo órgão de
Art. 8º Recebida a defesa escrita, a comissão avaliará a perti- assistência jurídica competente.
nência de produzir as provas eventualmente requeridas pela pes- Parágrafo único. Na hipótese de decisão contrária ao relatório
soa jurídica processada, podendo indeferir de forma motivada os da comissão, esta deverá ser fundamentada com base nas provas
pedidos de produção de provas que sejam ilícitas, impertinentes, produzidas no PAR.
desnecessárias, protelatórias ou intempestivas. Art. 14. A decisão administrativa proferida pela autoridade jul-
§ 1º Caso sejam produzidas provas após a nota de indiciação, gadora ao final do PAR será publicada no Diário Oficial da União e no
a comissão poderá: sítio eletrônico do órgão ou da entidade pública responsável pelo
I - intimar a pessoa jurídica para se manifestar, no prazo de dez julgamento do PAR.
dias, sobre as novas provas juntadas aos autos, caso tais provas não Art. 15. Da decisão administrativa sancionadora cabe pedido
justifiquem a alteração da nota de indiciação; ou de reconsideração com efeito suspensivo, no prazo de dez dias, con-
tado da data de publicação da decisão.

78
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

§ 1º A pessoa jurídica contra a qual foram impostas sanções no e necessários à apuração ou à comprovação dos fatos, sem prejuízo
PAR e que não apresentar pedido de reconsideração deverá cumpri- do envio de documentação complementar, na hipótese de novas
-las no prazo de trinta dias, contado do fim do prazo para interposi- provas ou informações relevantes, sob pena de responsabilização.
ção do pedido de reconsideração.
§ 2º A autoridade julgadora terá o prazo de trinta dias para CAPÍTULO III
decidir sobre a matéria alegada no pedido de reconsideração e pu- DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DOS
blicar nova decisão. ENCAMINHAMENTOS JUDICIAIS
§ 3º Mantida a decisão administrativa sancionadora, será con-
cedido à pessoa jurídica novo prazo de trinta dias para o cumpri- SEÇÃO I
mento das sanções que lhe foram impostas, contado da data de DISPOSIÇÕES GERAIS
publicação da nova decisão.
Art. 16. Os atos previstos como infrações administrativas à Lei Art. 19. As pessoas jurídicas estão sujeitas às seguintes san-
nº 14.133, de 1º de abril de 2021, ou a outras normas de licitações ções administrativas, nos termos do disposto no art. 6º da Lei nº
e contratos da administração pública que também sejam tipifica- 12.846, de 2013:
dos como atos lesivos na Lei nº 12.846, de 2013, serão apurados I - multa; e
e julgados conjuntamente, nos mesmos autos, aplicando-se o rito II - publicação extraordinária da decisão administrativa sancio-
procedimental previsto neste Capítulo. nadora.
§ 1º Concluída a apuração de que trata o caput e havendo au- Parágrafo único. Caso os atos lesivos apurados envolvam infra-
toridades distintas competentes para o julgamento, o processo será ções administrativas à Lei nº 14.133, de 2021, ou a outras normas
encaminhado primeiramente àquela de nível mais elevado, para de licitações e contratos da administração pública e tenha ocorrido
que julgue no âmbito de sua competência, tendo precedência o jul- a apuração conjunta prevista no art. 16, a pessoa jurídica também
gamento pelo Ministro de Estado competente. estará sujeita a sanções administrativas que tenham como efeito a
§ 2º Para fins do disposto no caput, o chefe da unidade res- restrição ao direito de participar em licitações ou de celebrar con-
ponsável no órgão ou na entidade pela gestão de licitações e con- tratos com a administração pública, a serem aplicadas no PAR.
tratos deve comunicar à autoridade a que se refere o caput do art.
3º eventuais fatos que configurem atos lesivos previstos no art. 5º SEÇÃO II
da Lei nº 12.846, de 2013. DA MULTA
Art. 17. A Controladoria-Geral da União possui, no âmbito do
Poder Executivo federal, competência: Art. 20. A multa prevista no inciso I do caput do art. 6º da Lei
I - concorrente para instaurar e julgar PAR; e nº 12.846, de 2013, terá como base de cálculo o faturamento bruto
II - exclusiva para avocar os processos instaurados para exame da pessoa jurídica no último exercício anterior ao da instauração do
de sua regularidade ou para lhes corrigir o andamento, inclusive PAR, excluídos os tributos.
promovendo a aplicação da penalidade administrativa cabível. § 1º Os valores que constituirão a base de cálculo de que trata
§ 1º A Controladoria-Geral da União poderá exercer, a qual- o caput poderão ser apurados, entre outras formas, por meio de:
quer tempo, a competência prevista no caput, se presentes quais- I - compartilhamento de informações tributárias, na forma do
quer das seguintes circunstâncias: disposto no inciso II do § 1º do art. 198 da Lei nº 5.172, de 1966 -
I - caracterização de omissão da autoridade originariamente Código Tributário Nacional;
competente; II - registros contábeis produzidos ou publicados pela pessoa
II - inexistência de condições objetivas para sua realização no jurídica acusada, no Brasil ou no exterior;
órgão ou na entidade de origem; III - estimativa, levando em consideração quaisquer informa-
III - complexidade, repercussão e relevância da matéria; ções sobre a sua situação econômica ou o estado de seus negócios,
IV - valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o tais como patrimônio, capital social, número de empregados, con-
órgão ou com a entidade atingida; ou tratos, entre outras; e
V - apuração que envolva atos e fatos relacionados com mais de IV - identificação do montante total de recursos recebidos pela
um órgão ou entidade da administração pública federal. pessoa jurídica sem fins lucrativos no ano anterior ao da instaura-
§ 2º Ficam os órgãos e as entidades da administração pública ção do PAR, excluídos os tributos incidentes sobre vendas.
obrigados a encaminhar à Controladoria-Geral da União todos os § 2º Os fatores previstos nos art. 22 e art. 23 deste Decreto se-
documentos e informações que lhes forem solicitados, incluídos os rão avaliados em conjunto para os atos lesivos apurados no mesmo
autos originais dos processos que eventualmente estejam em cur- PAR, devendo-se considerar, para o cálculo da multa, a consolidação
so. dos faturamentos brutos de todas as pessoas jurídicas pertencentes
Art. 18. Compete à Controladoria-Geral da União instaurar, de fato ou de direito ao mesmo grupo econômico que tenham pra-
apurar e julgar PAR pela prática de atos lesivos a administração pú- ticado os ilícitos previstos no art. 5º da Lei nº 12.846, de 2013, ou
blica estrangeira, o qual seguirá, no que couber, o rito procedimen- concorrido para a sua prática.
tal previsto neste Capítulo. Art. 21. Caso a pessoa jurídica comprovadamente não tenha
Parágrafo único. Os órgãos e as entidades da administração tido faturamento no último exercício anterior ao da instauração do
pública federal direta e indireta deverão comunicar à Controlado- PAR, deve-se considerar como base de cálculo da multa o valor do
ria-Geral da União os indícios da ocorrência de atos lesivos a ad- último faturamento bruto apurado pela pessoa jurídica, excluídos
ministração pública estrangeira, identificados no exercício de suas os tributos incidentes sobre vendas, que terá seu valor atualizado
atribuições, juntando à comunicação os documentos já disponíveis até o último dia do exercício anterior ao da instauração do PAR.

79
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput, o valor da mul- Parágrafo único. Somente poderão ser atribuídos os percentu-
ta será estipulado observando-se o intervalo de R$ 6.000,00 (seis ais máximos, quando observadas as seguintes condições:
mil reais) a R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais) e o limite I - na hipótese prevista na alínea “a” do inciso II do caput, quan-
mínimo da vantagem auferida, quando for possível sua estimação. do ocorrer a devolução integral dos valores ali referidos;
Art. 22. O cálculo da multa se inicia com a soma dos valores II - na hipótese prevista no inciso IV do caput, quando a admis-
correspondentes aos seguintes percentuais da base de cálculo: são ocorrer antes da instauração do PAR; e
I - até quatro por cento, havendo concurso dos atos lesivos; III - na hipótese prevista no inciso V do caput, quando o plano
II - até três por cento para tolerância ou ciência de pessoas do de integridade for anterior à prática do ato lesivo.
corpo diretivo ou gerencial da pessoa jurídica; Art. 24. A existência e quantificação dos fatores previstos nos
III - até quatro por cento no caso de interrupção no forneci- art. 22 e art. 23 deverá ser apurada no PAR e evidenciada no relató-
mento de serviço público, na execução de obra contratada ou na rio final da comissão, o qual também conterá a estimativa, sempre
entrega de bens ou serviços essenciais à prestação de serviços pú- que possível, dos valores da vantagem auferida e da pretendida.
blicos ou no caso de descumprimento de requisitos regulatórios; Art. 25. Em qualquer hipótese, o valor final da multa terá como
IV - um por cento para a situação econômica do infrator que limite:
apresente índices de solvência geral e de liquidez geral superiores I - mínimo, o maior valor entre o da vantagem auferida, quando
a um e lucro líquido no último exercício anterior ao da instauração for possível sua estimativa, e:
do PAR; a) um décimo por cento da base de cálculo; ou
V - três por cento no caso de reincidência, assim definida a b) R$ 6.000,00 (seis mil reais), na hipótese prevista no art. 21; e
ocorrência de nova infração, idêntica ou não à anterior, tipificada II - máximo, o menor valor entre:
como ato lesivo pelo art. 5º da Lei nº 12.846, de 2013, em menos a) três vezes o valor da vantagem pretendida ou auferida, o que
de cinco anos, contados da publicação do julgamento da infração for maior entre os dois valores;
anterior; e b) vinte por cento do faturamento bruto do último exercício
VI - no caso de contratos, convênios, acordos, ajustes e outros anterior ao da instauração do PAR, excluídos os tributos incidentes
instrumentos congêneres mantidos ou pretendidos com o órgão ou sobre vendas; ou
com as entidades lesadas, nos anos da prática do ato lesivo, serão c) R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais), na hipótese
considerados os seguintes percentuais: prevista no art. 21, desde que não seja possível estimar o valor da
a) um por cento, no caso de o somatório dos instrumentos to- vantagem auferida.
talizar valor superior a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais); § 1º O limite máximo não será observado, caso o valor resul-
b) dois por cento, no caso de o somatório dos instrumentos tante do cálculo desse parâmetro seja inferior ao resultado calcula-
totalizar valor superior a R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos do para o limite mínimo.
mil reais); § 2º Na ausência de todos os fatores previstos nos art. 22 e art.
c) três por cento, no caso de o somatório dos instrumentos to- 23 ou quando o resultado das operações de soma e subtração for
talizar valor superior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais); igual ou menor que zero, o valor da multa corresponderá ao limite
d) quatro por cento, no caso de o somatório dos instrumentos mínimo estabelecido no caput.
totalizar valor superior a R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de Art. 26. O valor da vantagem auferida ou pretendida corres-
reais); ou ponde ao equivalente monetário do produto do ilícito, assim enten-
e) cinco por cento, no caso de o somatório dos instrumentos dido como os ganhos ou os proveitos obtidos ou pretendidos pela
totalizar valor superior a R$ 250.000.000,00 (duzentos e cinquenta pessoa jurídica em decorrência direta ou indireta da prática do ato
milhões de reais). lesivo.
Parágrafo único. No caso de acordo de leniência, o prazo cons- § 1º O valor da vantagem auferida ou pretendida poderá ser
tante do inciso V do caput será contado a partir da data de celebra- estimado mediante a aplicação, conforme o caso, das seguintes me-
ção até cinco anos após a declaração de seu cumprimento. todologias:
Art. 23. Do resultado da soma dos fatores previstos no art. 22 I - pelo valor total da receita auferida em contrato administrati-
serão subtraídos os valores correspondentes aos seguintes percen- vo e seus aditivos, deduzidos os custos lícitos que a pessoa jurídica
tuais da base de cálculo: comprove serem efetivamente atribuíveis ao objeto contratado, na
I - até meio por cento no caso de não consumação da infração; hipótese de atos lesivos praticados para fins de obtenção e execu-
II - até um por cento no caso de: ção dos respectivos contratos;
a) comprovação da devolução espontânea pela pessoa jurídica II - pelo valor total de despesas ou custos evitados, inclusive
da vantagem auferida e do ressarcimento dos danos resultantes do os de natureza tributária ou regulatória, e que seriam imputáveis à
ato lesivo; ou pessoa jurídica caso não houvesse sido praticado o ato lesivo pela
b) inexistência ou falta de comprovação de vantagem auferida pessoa jurídica infratora; ou
e de danos resultantes do ato lesivo; III - pelo valor do lucro adicional auferido pela pessoa jurídica
III - até um e meio por cento para o grau de colaboração da decorrente de ação ou omissão na prática de ato do Poder Público
pessoa jurídica com a investigação ou a apuração do ato lesivo, in- que não ocorreria sem a prática do ato lesivo pela pessoa jurídica
dependentemente do acordo de leniência; infratora.
IV - até dois por cento no caso de admissão voluntária pela pes- § 2º Os valores correspondentes às vantagens indevidas pro-
soa jurídica da responsabilidade objetiva pelo ato lesivo; e metidas ou pagas a agente público ou a terceiros a ele relacionados
V - até cinco por cento no caso de comprovação de a pessoa não poderão ser deduzidos do cálculo estimativo de que trata o §
jurídica possuir e aplicar um programa de integridade, conforme os 1º.
parâmetros estabelecidos no Capítulo V.

80
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Art. 27. Com a assinatura do acordo de leniência, a multa apli- SEÇÃO V


cável será reduzida conforme a fração nele pactuada, observado o DOS ENCAMINHAMENTOS JUDICIAIS
limite previsto no § 2º do art. 16 da Lei nº 12.846, de 2013.
§ 1º O valor da multa prevista no caput poderá ser inferior ao Art. 30. As medidas judiciais, no Brasil ou no exterior, como a
limite mínimo previsto no art. 6º da Lei nº 12.846, de 2013. cobrança da multa administrativa aplicada no PAR, a promoção da
§ 2º No caso de a autoridade signatária declarar o descumpri- publicação extraordinária, a persecução das sanções previstas no
mento do acordo de leniência por falta imputável à pessoa jurídica caput do art. 19 da Lei nº 12.846, de 2013 , a reparação integral dos
colaboradora, o valor integral encontrado antes da redução de que danos e prejuízos, além de eventual atuação judicial para a finali-
trata o caput será cobrado na forma do disposto na Seção IV, des- dade de instrução ou garantia do processo judicial ou preservação
contando-se as frações da multa eventualmente já pagas. do acordo de leniência, serão solicitadas ao órgão de representação
judicial ou equivalente dos órgãos ou das entidades lesadas.
SEÇÃO III Art. 31. No âmbito da administração pública federal direta, in-
DA PUBLICAÇÃO EXTRAORDINÁRIA DA DECISÃO clusive nas hipóteses de que tratam os art. 17 e art. 18, a atuação
ADMINISTRATIVA SANCIONADORA judicial será exercida pela Procuradoria-Geral da União, observadas
as atribuições da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional para ins-
Art. 28. A pessoa jurídica sancionada administrativamente pela crição e cobrança de créditos da União inscritos em Dívida Ativa.
prática de atos lesivos contra a administração pública, nos termos Parágrafo único. No âmbito das autarquias e das fundações
da Lei nº 12.846, de 2013, publicará a decisão administrativa san- públicas federais, a atuação judicial será exercida pela Procurado-
cionadora na forma de extrato de sentença, cumulativamente: ria-Geral Federal, inclusive no que se refere à cobrança da multa
I - em meio de comunicação de grande circulação, física ou ele- administrativa aplicada no PAR, respeitadas as competências da
trônica, na área da prática da infração e de atuação da pessoa jurídi- Procuradoria-Geral do Banco Central.
ca ou, na sua falta, em publicação de circulação nacional;
II - em edital afixado no próprio estabelecimento ou no local CAPÍTULO IV
de exercício da atividade, em localidade que permita a visibilidade DO ACORDO DE LENIÊNCIA
pelo público, pelo prazo mínimo de trinta dias; e
III - em seu sítio eletrônico, pelo prazo mínimo de trinta dias e Art. 32. O acordo de leniência é ato administrativo negocial
em destaque na página principal do referido sítio. decorrente do exercício do poder sancionador do Estado, que visa
Parágrafo único. A publicação a que se refere o caput será feita à responsabilização de pessoas jurídicas pela prática de atos lesivos
a expensas da pessoa jurídica sancionada. contra a administração pública nacional ou estrangeira.
Parágrafo único. O acordo de leniência buscará, nos termos
SEÇÃO IV da lei:
DA COBRANÇA DA MULTA APLICADA I - o incremento da capacidade investigativa da administração
pública;
Art. 29. A multa aplicada será integralmente recolhida pela II - a potencialização da capacidade estatal de recuperação de
pessoa jurídica sancionada no prazo de trinta dias, observado o dis- ativos; e
posto no art. 15. III - o fomento da cultura de integridade no setor privado.
§ 1º Feito o recolhimento, a pessoa jurídica sancionada apre- Art. 33. O acordo de leniência será celebrado com as pessoas
sentará ao órgão ou à entidade que aplicou a sanção documento jurídicas responsáveis pela prática dos atos lesivos previstos na Lei
que ateste o pagamento integral do valor da multa imposta. nº 12.846, de 2013, e dos ilícitos administrativos previstos na Lei nº
§ 2º Decorrido o prazo previsto no caput sem que a multa te- 14.133, de 2021, e em outras normas de licitações e contratos, com
nha sido recolhida ou não tendo ocorrido a comprovação de seu pa- vistas à isenção ou à atenuação das respectivas sanções, desde que
gamento integral, o órgão ou a entidade que a aplicou encaminhará colaborem efetivamente com as investigações e o PAR, devendo re-
o débito para inscrição em Dívida Ativa da União ou das autarquias sultar dessa colaboração:
e fundações públicas federais. I - a identificação dos demais envolvidos nos ilícitos, quando
§ 3º Caso a entidade que aplicou a multa não possua Dívida couber; e
Ativa, o valor será cobrado independentemente de prévia inscrição. II - a obtenção célere de informações e documentos que com-
§ 4º A multa aplicada pela Controladoria-Geral da União em provem a infração sob apuração.
acordos de leniência ou nas hipóteses previstas nos art.17 e art. 18 Art. 34. Compete à Controladoria-Geral da União celebrar
será destinada à União e recolhida à conta única do Tesouro Nacio- acordos de leniência no âmbito do Poder Executivo federal e nos
nal. casos de atos lesivos contra a administração pública estrangeira.
§ 5º Os acordos de leniência poderão pactuar prazo distinto do Art. 35. Ato conjunto do Ministro de Estado da Controladoria-
previsto no caput para recolhimento da multa aplicada ou de qual- -Geral da União e do Advogado-Geral da União:
quer outra obrigação financeira imputada à pessoa jurídica. I - disciplinará a participação de membros da Advocacia-Geral
da União nos processos de negociação e de acompanhamento do
cumprimento dos acordos de leniência; e
II - disporá sobre a celebração de acordos de leniência pelo Mi-
nistro de Estado da Controladoria-Geral da União conjuntamente
com o Advogado-Geral da União.

81
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Parágrafo único. A participação da Advocacia-Geral da União § 3º A proposta apresentada receberá tratamento sigiloso e o
nos acordos de leniência, consideradas as condições neles estabe- acesso ao seu conteúdo será restrito no âmbito da Controladoria-
lecidas e observados os termos da Lei Complementar nº 73, de 10 -Geral da União.
de fevereiro de 1993, e da Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015, § 4º A proponente poderá divulgar ou compartilhar a existên-
poderá ensejar a resolução consensual das penalidades previstas cia da proposta ou de seu conteúdo, desde que haja prévia anuên-
no art. 19 da Lei nº 12.846, de 2013. cia da Controladoria-Geral da União.
Art. 36. A Controladoria-Geral da União poderá aceitar delega- § 5º A análise da proposta de acordo de leniência será instru-
ção para negociar, celebrar e monitorar o cumprimento de acordos ída em processo administrativo específico, que conterá o registro
de leniência relativos a atos lesivos contra outros Poderes e entes dos atos praticados na negociação.
federativos. Art. 39. A proposta de celebração de acordo de leniência será
Art. 37. A pessoa jurídica que pretenda celebrar acordo de le- submetida à análise de juízo de admissibilidade, para verificação da
niência deverá: existência dos elementos mínimos que justifiquem o início da ne-
I - ser a primeira a manifestar interesse em cooperar para a gociação.
apuração de ato lesivo específico, quando tal circunstância for re- § 1º Admitida a proposta, será firmado memorando de enten-
levante; dimentos com a pessoa jurídica proponente, definindo os parâme-
II - ter cessado completamente seu envolvimento no ato lesivo tros da negociação do acordo de leniência.
a partir da data da propositura do acordo; § 2º O memorando de entendimentos poderá ser resilido a
III - admitir sua responsabilidade objetiva quanto aos atos le- qualquer momento, a pedido da pessoa jurídica proponente ou a
sivos; critério da administração pública federal.
IV - cooperar plena e permanentemente com as investigações e § 3º A assinatura do memorando de entendimentos:
o processo administrativo e comparecer, sob suas expensas e sem- I - interrompe a prescrição; e
pre que solicitada, aos atos processuais, até o seu encerramento; II - suspende a prescrição pelo prazo da negociação, limitado,
V - fornecer informações, documentos e elementos que com- em qualquer hipótese, a trezentos e sessenta dias.
provem o ato ilícito; Art. 40. A critério da Controladoria-Geral da União, o PAR ins-
VI - reparar integralmente a parcela incontroversa do dano cau- taurado em face de pessoa jurídica que esteja negociando a cele-
sado; e bração de acordo de leniência poderá ser suspenso.
VII - perder, em favor do ente lesado ou da União, conforme o Parágrafo único. A suspensão ocorrerá sem prejuízo:
caso, os valores correspondentes ao acréscimo patrimonial indevi- I - da continuidade de medidas investigativas necessárias para
do ou ao enriquecimento ilícito direta ou indiretamente obtido da o esclarecimento dos fatos; e
infração, nos termos e nos montantes definidos na negociação. II - da adoção de medidas processuais cautelares e assecurató-
§ 1º Os requisitos de que tratam os incisos III e IV do caput se- rias indispensáveis para se evitar perecimento de direito ou garantir
rão avaliados em face da boa-fé da pessoa jurídica proponente em a instrução processual.
reportar à administração a descrição e a comprovação da integrali- Art. 41. A Controladoria-Geral da União poderá avocar os autos
dade dos atos ilícitos de que tenha ou venha a ter ciência, desde o de processos administrativos em curso em outros órgãos ou enti-
momento da propositura do acordo até o seu total cumprimento. dades da administração pública federal relacionados com os fatos
§ 2º A parcela incontroversa do dano de que trata o inciso VI objeto do acordo em negociação.
do caput corresponde aos valores dos danos admitidos pela pessoa Art. 42. A negociação a respeito da proposta do acordo de leni-
jurídica ou àqueles decorrentes de decisão definitiva no âmbito do ência deverá ser concluída no prazo de cento e oitenta dias, conta-
devido processo administrativo ou judicial. do da data da assinatura do memorando de entendimentos.
§ 3º Nas hipóteses em que de determinado ato ilícito decor- Parágrafo único. O prazo de que trata o caput poderá ser pror-
ra, simultaneamente, dano ao ente lesado e acréscimo patrimonial rogado, caso presentes circunstâncias que o exijam.
indevido à pessoa jurídica responsável pela prática do ato, e haja Art. 43. A desistência da proposta de acordo de leniência ou a
identidade entre ambos, os valores a eles correspondentes serão: sua rejeição não importará em reconhecimento da prática do ato
I - computados uma única vez para fins de quantificação do va- lesivo.
lor a ser adimplido a partir do acordo de leniência; e § 1º Não se fará divulgação da desistência ou da rejeição da
II - classificados como ressarcimento de danos para fins contá- proposta do acordo de leniência, ressalvado o disposto no § 4º do
beis, orçamentários e de sua destinação para o ente lesado. art. 38.
Art. 38. A proposta de celebração de acordo de leniência deve- § 2º Na hipótese prevista no caput, a administração pública
rá ser feita de forma escrita, oportunidade em que a pessoa jurídica federal não poderá utilizar os documentos recebidos durante o pro-
proponente declarará expressamente que foi orientada a respeito cesso de negociação de acordo de leniência.
de seus direitos, garantias e deveres legais e de que o não atendi- § 3º O disposto no § 2º não impedirá a apuração dos fatos re-
mento às determinações e às solicitações durante a etapa de nego- lacionados com a proposta de acordo de leniência, quando decorrer
ciação importará a desistência da proposta. de indícios ou provas autônomas que sejam obtidos ou levados ao
§ 1º A proposta deverá ser apresentada pelos representantes conhecimento da autoridade por qualquer outro meio.
da pessoa jurídica, na forma de seu estatuto ou contrato social, ou Art. 44. O acordo de leniência estipulará as condições para as-
por meio de procurador com poderes específicos para tal ato, ob- segurar a efetividade da colaboração e o resultado útil do processo
servado o disposto no art. 26 da Lei nº 12.846, de 2013. e conterá as cláusulas e obrigações que, diante das circunstâncias
§ 2º A proposta poderá ser feita até a conclusão do relatório a do caso concreto, reputem-se necessárias.
ser elaborado no PAR. Art. 45. O acordo de leniência conterá, entre outras disposi-
ções, cláusulas que versem sobre:

82
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

I - o compromisso de cumprimento dos requisitos previstos nos III - redução do valor final da multa aplicável, observado o dis-
incisos II a VII do caput do art. 37; posto no art. 27; ou
II - a perda dos benefícios pactuados, em caso de descumpri- IV - isenção ou atenuação das sanções administrativas previs-
mento do acordo; tas no art. 156 da Lei nº 14.133, de 2021, ou em outras normas de
III - a natureza de título executivo extrajudicial do instrumento licitações e contratos.
do acordo, nos termos do disposto no inciso II do caput do art. 784 § 1º No acordo de leniência poderá ser pactuada a resolução
da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo Civil; de ações judiciais que tenham por objeto os fatos que componham
IV - a adoção, a aplicação ou o aperfeiçoamento de programa o escopo do acordo.
de integridade, conforme os parâmetros estabelecidos no Capítulo § 2º Os efeitos do acordo de leniência serão estendidos às pes-
V, bem como o prazo e as condições de monitoramento; soas jurídicas que integrarem o mesmo grupo econômico, de fato
V - o pagamento das multas aplicáveis e da parcela a que se ou de direito, desde que tenham firmado o acordo em conjunto,
refere o inciso VI do caput do art. 37; e respeitadas as condições nele estabelecidas.
VI - a possibilidade de utilização da parcela a que se refere o Art. 51. O monitoramento das obrigações de adoção, imple-
inciso VI do caput do art. 37 para compensação com outros valo- mentação e aperfeiçoamento do programa de integridade de que
res porventura apurados em outros processos sancionatórios ou de trata o inciso IV do caput do art. 45 será realizado, direta ou indire-
prestação de contas, quando relativos aos mesmos fatos que com- tamente, pela Controladoria-Geral da União, podendo ser dispen-
põem o escopo do acordo. sado, a depender das características do ato lesivo, das medidas de
Art. 46. A Controladoria-Geral da União poderá conduzir e jul- remediação adotadas pela pessoa jurídica e do interesse público.
gar os processos administrativos que apurem infrações administra- § 1º O monitoramento a que se refere o caput será realizado,
tivas previstas na Lei nº 12.846, de 2013, na Lei nº 14.133, de 2021, dentre outras formas, pela análise de relatórios, documentos e in-
e em outras normas de licitações e contratos, cujos fatos tenham formações fornecidos pela pessoa jurídica, obtidos de forma inde-
sido noticiados por meio do acordo de leniência. pendente ou por meio de reuniões, entrevistas, testes de sistemas
Art. 47. O percentual de redução do valor da multa aplicável e de conformidade com as políticas e visitas técnicas.
de que trata o § 2º do art. 16 da Lei nº 12.846, de 2013, levará em § 2º As informações relativas às etapas do processo de monito-
consideração os seguintes critérios: ramento serão publicadas em transparência ativa no sítio eletrônico
I - a tempestividade da autodenúncia e o ineditismo dos atos da Controladoria-Geral da União, respeitados os sigilos legais e o
lesivos; interesse das investigações.
II - a efetividade da colaboração da pessoa jurídica; e Art. 52. Cumprido o acordo de leniência pela pessoa jurídica
III - o compromisso de assumir condições relevantes para o colaboradora, a autoridade competente declarará:
cumprimento do acordo. I - o cumprimento das obrigações nele constantes;
Parágrafo único. Os critérios previstos no caput serão objeto II - a isenção das sanções previstas no inciso II do caput do art.
de ato normativo a ser editado pelo Ministro de Estado da Contro- 6º e no inciso IV do caput do art. 19 da Lei nº 12.846, de 2013, bem
ladoria-Geral da União. como das demais sanções aplicáveis ao caso;
Art. 48. O acesso aos documentos e às informações comercial- III - o cumprimento da sanção prevista no inciso I do caput do
mente sensíveis da pessoa jurídica será mantido restrito durante a art. 6º da Lei nº 12.846, de 2013; e
negociação e após a celebração do acordo de leniência. IV - o atendimento dos compromissos assumidos de que tra-
§ 1º Até a celebração do acordo de leniência, a identidade da tam os incisos II a VII do caput do art. 37 deste Decreto.
pessoa jurídica signatária do acordo não será divulgada ao público, Art. 53. Declarada a rescisão do acordo de leniência pela au-
ressalvado o disposto no § 4º do art. 38. toridade competente, decorrente do seu injustificado descumpri-
§ 2º As informações e os documentos obtidos em decorrência mento:
da celebração de acordos de leniência poderão ser compartilhados I - a pessoa jurídica perderá os benefícios pactuados e ficará
com outras autoridades, mediante compromisso de sua não utiliza- impedida de celebrar novo acordo pelo prazo de três anos, contado
ção para sancionar a própria pessoa jurídica em relação aos mes- da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa que
mos fatos objeto do acordo de leniência, ou com concordância da julgar rescindido o acordo;
própria pessoa jurídica. II - haverá o vencimento antecipado das parcelas não pagas e
Art. 49. A celebração do acordo de leniência interrompe o pra- serão executados:
zo prescricional da pretensão punitiva em relação aos atos ilícitos a) o valor integral da multa, descontando-se as frações eventu-
objeto do acordo, nos termos do disposto no § 9º do art. 16 da Lei almente já pagas; e
nº 12.846, de 2013, que permanecerá suspenso até o cumprimento b) os valores integrais referentes aos danos, ao enriquecimento
dos compromissos firmados no acordo ou até a sua rescisão, nos indevido e a outros valores porventura pactuados no acordo, des-
termos do disposto no art. 34 da Lei nº 13.140, de 2015. contando-se as frações eventualmente já pagas; e
Art. 50. Com a celebração do acordo de leniência, serão con- III - serão aplicadas as demais sanções e as consequências pre-
cedidos em favor da pessoa jurídica signatária, nos termos previa- vistas nos termos dos acordos de leniência e na legislação aplicável.
mente firmados no acordo, um ou mais dos seguintes efeitos: Parágrafo único. O descumprimento do acordo de leniência
I - isenção da publicação extraordinária da decisão administra- será registrado pela Controladoria-Geral da União, pelo prazo de
tiva sancionadora; três anos, no Cadastro Nacional de Empresas Punidas - CNEP.
II - isenção da proibição de receber incentivos, subsídios, sub- Art. 54. Excepcionalmente, as autoridades signatárias poderão
venções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicos deferir pedido de alteração ou de substituição de obrigações pac-
e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo Poder Pú- tuadas no acordo de leniência, desde que presentes os seguintes
blico; requisitos:

83
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

I - manutenção dos resultados e requisitos originais que funda- VII - controles internos que assegurem a pronta elaboração e a
mentaram o acordo de leniência, nos termos do disposto no art. 16 confiabilidade de relatórios e demonstrações financeiras da pessoa
da Lei nº 12.846, de 2013; jurídica;
II - maior vantagem para a administração, de maneira que se- VIII - procedimentos específicos para prevenir fraudes e ilícitos
jam alcançadas melhores consequências para o interesse público no âmbito de processos licitatórios, na execução de contratos admi-
do que a declaração de descumprimento e a rescisão do acordo; nistrativos ou em qualquer interação com o setor público, ainda que
III - imprevisão da circunstância que dá causa ao pedido de intermediada por terceiros, como pagamento de tributos, sujeição
modificação ou à impossibilidade de cumprimento das condições a fiscalizações ou obtenção de autorizações, licenças, permissões e
originalmente pactuadas; certidões;
IV - boa-fé da pessoa jurídica colaboradora em comunicar a IX - independência, estrutura e autoridade da instância interna
impossibilidade do cumprimento de uma obrigação antes do ven- responsável pela aplicação do programa de integridade e pela fisca-
cimento do prazo para seu adimplemento; e lização de seu cumprimento;
V - higidez das garantias apresentadas no acordo. X - canais de denúncia de irregularidades, abertos e amplamen-
Parágrafo único. A análise do pedido de que trata o caput con- te divulgados a funcionários e terceiros, e mecanismos destinados
siderará o grau de adimplência da pessoa jurídica com as demais ao tratamento das denúncias e à proteção de denunciantes de bo-
condições pactuadas, inclusive as de adoção ou de aperfeiçoamen- a-fé;
to do programa de integridade. XI - medidas disciplinares em caso de violação do programa de
Art. 55. Os acordos de leniência celebrados serão publicados integridade;
em transparência ativa no sítio eletrônico da Controladoria-Geral da XII - procedimentos que assegurem a pronta interrupção de ir-
União, respeitados os sigilos legais e o interesse das investigações. regularidades ou infrações detectadas e a tempestiva remediação
dos danos gerados;
CAPÍTULO V XIII - diligências apropriadas, baseadas em risco, para:
DO PROGRAMA DE INTEGRIDADE a) contratação e, conforme o caso, supervisão de terceiros, tais
como fornecedores, prestadores de serviço, agentes intermediá-
Art. 56. Para fins do disposto neste Decreto, programa de in- rios, despachantes, consultores, representantes comerciais e asso-
tegridade consiste, no âmbito de uma pessoa jurídica, no conjunto ciados;
de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria b) contratação e, conforme o caso, supervisão de pessoas ex-
e incentivo à denúncia de irregularidades e na aplicação efetiva de postas politicamente, bem como de seus familiares, estreitos cola-
códigos de ética e de conduta, políticas e diretrizes, com objetivo boradores e pessoas jurídicas de que participem; e
de: c) realização e supervisão de patrocínios e doações;
I - prevenir, detectar e sanar desvios, fraudes, irregularidades e XIV - verificação, durante os processos de fusões, aquisições e
atos ilícitos praticados contra a administração pública, nacional ou reestruturações societárias, do cometimento de irregularidades ou
estrangeira; e ilícitos ou da existência de vulnerabilidades nas pessoas jurídicas
II - fomentar e manter uma cultura de integridade no ambiente envolvidas; e
organizacional. XV - monitoramento contínuo do programa de integridade
Parágrafo único. O programa de integridade deve ser estrutu- visando ao seu aperfeiçoamento na prevenção, na detecção e no
rado, aplicado e atualizado de acordo com as características e os combate à ocorrência dos atos lesivos previstos no art. 5º da Lei nº
riscos atuais das atividades de cada pessoa jurídica, a qual, por sua 12.846, de 2013.
vez, deve garantir o constante aprimoramento e a adaptação do re- § 1º Na avaliação dos parâmetros de que trata o caput, serão
ferido programa, visando garantir sua efetividade. considerados o porte e as especificidades da pessoa jurídica, por
Art. 57. Para fins do disposto no inciso VIII do caput do art. 7º meio de aspectos como:
da Lei nº 12.846, de 2013, o programa de integridade será avaliado, I - a quantidade de funcionários, empregados e colaboradores;
quanto a sua existência e aplicação, de acordo com os seguintes II - o faturamento, levando ainda em consideração o fato de
parâmetros: ser qualificada como microempresa ou empresa de pequeno porte;
I - comprometimento da alta direção da pessoa jurídica, inclu- III - a estrutura de governança corporativa e a complexidade de
ídos os conselhos, evidenciado pelo apoio visível e inequívoco ao unidades internas, tais como departamentos, diretorias ou setores,
programa, bem como pela destinação de recursos adequados; ou da estruturação de grupo econômico;
II - padrões de conduta, código de ética, políticas e procedi- IV - a utilização de agentes intermediários, como consultores
mentos de integridade, aplicáveis a todos os empregados e admi- ou representantes comerciais;
nistradores, independentemente do cargo ou da função exercida; V - o setor do mercado em que atua;
III - padrões de conduta, código de ética e políticas de integri- VI - os países em que atua, direta ou indiretamente;
dade estendidas, quando necessário, a terceiros, tais como fornece- VII - o grau de interação com o setor público e a importância
dores, prestadores de serviço, agentes intermediários e associados; de contratações, investimentos e subsídios públicos, autorizações,
IV - treinamentos e ações de comunicação periódicos sobre o licenças e permissões governamentais em suas operações; e
programa de integridade; VIII - a quantidade e a localização das pessoas jurídicas que in-
V - gestão adequada de riscos, incluindo sua análise e reavalia- tegram o grupo econômico.
ção periódica, para a realização de adaptações necessárias ao pro- § 2º A efetividade do programa de integridade em relação ao
grama de integridade e a alocação eficiente de recursos; ato lesivo objeto de apuração será considerada para fins da avalia-
VI - registros contábeis que reflitam de forma completa e preci- ção de que trata o caput.
sa as transações da pessoa jurídica;

84
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

CAPÍTULO VI II - número de inscrição da pessoa jurídica no Cadastro Nacio-


DO CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS INIDÔNEAS E nal da Pessoa Jurídica - CNPJ ou da pessoa física no Cadastro de
SUSPENSAS E DO CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS Pessoas Físicas - CPF;
PUNIDAS III - tipo de sanção;
IV - fundamentação legal da sanção;
Art. 58. O Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspen- V - número do processo no qual foi fundamentada a sanção;
sas - CEIS conterá informações referentes às sanções administrati- VI - data de início de vigência do efeito limitador ou impeditivo
vas impostas a pessoas físicas ou jurídicas que impliquem restrição da sanção ou data de aplicação da sanção;
ao direito de participar de licitações ou de celebrar contratos com a VII - data final do efeito limitador ou impeditivo da sanção,
administração pública de qualquer esfera federativa, entre as quais: quando couber;
I - suspensão temporária de participação em licitação e impedi- VIII - nome do órgão ou da entidade sancionadora;
mento de contratar com a administração pública, conforme dispos- IX - valor da multa, quando couber; e
to no inciso III do caput do art. 87 da Lei nº 8.666, de 21 de junho X - escopo de abrangência da sanção, quando couber.
de 1993; Art. 61. Os registros no CEIS e no CNEP deverão ser realizados
II - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a imediatamente após o transcurso do prazo para apresentação do
administração pública, conforme disposto no inciso IV do caput do pedido de reconsideração ou recurso cabível ou da publicação de
art. 87 da Lei nº 8.666, de 1993, e no inciso IV do caput do art. 156 sua decisão final, quando lhe for atribuído efeito suspensivo pela
da Lei nº 14.133, de 2021; autoridade competente.
III - impedimento de licitar e contratar com a União, os Estados, Art. 62. A exclusão dos dados e das informações constantes do
o Distrito Federal ou os Municípios, conforme disposto no art. 7º da CEIS ou do CNEP se dará:
Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, no art. 47 da Lei nº 12.462, I - com o fim do prazo do efeito limitador ou impeditivo da san-
de 4 de agosto de 2011, e no inciso III do caput do art. 156 da Lei nº ção ou depois de decorrido o prazo previamente estabelecido no
14.133, de 2021; ato sancionador; ou
IV - suspensão temporária de participação em licitação e im- II - mediante requerimento da pessoa jurídica interessada,
pedimento de contratar com a administração pública, conforme após cumpridos os seguintes requisitos, quando aplicáveis:
disposto no inciso IV do caput do art. 33 da Lei nº 12.527, de 18 de a) publicação da decisão de reabilitação da pessoa jurídica san-
novembro de 2011; cionada;
V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a b) cumprimento integral do acordo de leniência;
administração pública, conforme disposto no inciso V do caput do c) reparação do dano causado;
art. 33 da Lei nº 12.527, de 2011; d) quitação da multa aplicada; e
VI - declaração de inidoneidade para participar de licitação com e) cumprimento da pena de publicação extraordinária da deci-
a administração pública federal, conforme disposto no art. 46 da Lei são administrativa sancionadora.
nº 8.443, de 16 de julho de 1992; Art. 63. O fornecimento dos dados e das informações de que
VII - proibição de contratar com o Poder Público, conforme dis- trata este Capítulo pelos órgãos e pelas entidades dos Poderes Exe-
posto no art. 12 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992; cutivo, Legislativo e Judiciário de cada uma das esferas de governo
VIII - proibição de contratar e participar de licitações com o Po- será disciplinado pela Controladoria-Geral da União.
der Público, conforme disposto no art. 10 da Lei nº 9.605, de 12 de Parágrafo único. O registro e a exclusão dos registros no CEIS
fevereiro de 1998; e e no CNEP são de competência e responsabilidade do órgão ou da
IX - declaração de inidoneidade, conforme disposto no inciso V entidade sancionadora.
do caput do art. 78-A combinado com o art. 78-I da Lei nº 10.233,
de 5 de junho de 2001. CAPÍTULO VII
Parágrafo único. Poderão ser registradas no CEIS outras san- DISPOSIÇÕES FINAIS
ções que impliquem restrição ao direito de participar em licitações
ou de celebrar contratos com a administração pública, ainda que Art. 64. As informações referentes ao PAR instaurado no âm-
não sejam de natureza administrativa. bito dos órgãos e das entidades do Poder Executivo federal serão
Art. 59. O CNEP conterá informações referentes: registradas no sistema de gerenciamento eletrônico de processos
I - às sanções impostas com fundamento na Lei nº 12.846, de administrativos sancionadores mantido pela Controladoria-Geral
2013; e da União, conforme ato do Ministro de Estado da Controladoria-
II - ao descumprimento de acordo de leniência celebrado com -Geral da União.
fundamento na Lei nº 12.846, de 2013. Art. 65. Os órgãos e as entidades da administração pública, no
Parágrafo único. As informações sobre os acordos de leniên- exercício de suas competências regulatórias, disporão sobre os efei-
cia celebrados com fundamento na Lei nº 12.846, de 2013, serão tos da Lei nº 12.846, de 2013, no âmbito das atividades reguladas,
registradas em relação específica no CNEP, após a celebração do inclusive no caso de proposta e celebração de acordo de leniência.
acordo, exceto se sua divulgação causar prejuízos às investigações Art. 66. O processamento do PAR ou a negociação de acordo
ou ao processo administrativo. de leniência não interfere no seguimento regular dos processos ad-
Art. 60. Constarão do CEIS e do CNEP, sem prejuízo de outros ministrativos específicos para apuração da ocorrência de danos e
a serem estabelecidos pela Controladoria-Geral da União, dados e prejuízos à administração pública federal resultantes de ato lesivo
informações referentes a: cometido por pessoa jurídica, com ou sem a participação de agente
I - nome ou razão social da pessoa física ou jurídica sancionada; público.

85
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Art. 67. Compete ao Ministro de Estado da Controladoria-Ge- Art. 2º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetiva-
ral da União editar orientações, normas e procedimentos comple- mente, nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos pre-
mentares para a execução deste Decreto, notadamente no que diz vistos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo
respeito a: ou não.
I - fixação da metodologia para a apuração do faturamento bru- Art. 3º A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a res-
to e dos tributos a serem excluídos para fins de cálculo da multa a ponsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores ou
que se refere o art. 6º da Lei nº 12.846, de 2013; de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato
II - forma e regras para o cumprimento da publicação extraordi- ilícito.
nária da decisão administrativa sancionadora; § 1º A pessoa jurídica será responsabilizada independentemen-
III - avaliação do programa de integridade, inclusive sobre a for- te da responsabilização individual das pessoas naturais referidas no
ma de avaliação simplificada no caso de microempresas e empresas caput .
de pequeno porte; e § 2º Os dirigentes ou administradores somente serão responsa-
IV - gestão e registro dos procedimentos e sanções aplicadas bilizados por atos ilícitos na medida da sua culpabilidade.
em face de pessoas jurídicas e entes privados. Art. 4º Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica na hipó-
Art. 68. O Ministério da Justiça e Segurança Pública, a Advoca- tese de alteração contratual, transformação, incorporação, fusão ou
cia-Geral da União e a Controladoria-Geral da União: cisão societária.
I - estabelecerão canais de comunicação institucional: § 1º Nas hipóteses de fusão e incorporação, a responsabilidade
a) para o encaminhamento de informações referentes à prática da sucessora será restrita à obrigação de pagamento de multa e re-
de atos lesivos contra a administração pública nacional ou estran- paração integral do dano causado, até o limite do patrimônio trans-
geira ou derivadas de acordos de colaboração premiada e acordos ferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas nesta
de leniência; e Lei decorrentes de atos e fatos ocorridos antes da data da fusão ou
b) para a cooperação jurídica internacional e recuperação de incorporação, exceto no caso de simulação ou evidente intuito de
ativos; e fraude, devidamente comprovados.
II - poderão, por meio de acordos de colaboração técnica, ar- § 2º As sociedades controladoras, controladas, coligadas ou, no
ticular medidas para o enfrentamento da corrupção e de delitos âmbito do respectivo contrato, as consorciadas serão solidariamen-
conexos. te responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei, restringin-
Art. 69. As disposições deste Decreto se aplicam imediatamen- do-se tal responsabilidade à obrigação de pagamento de multa e
te aos processos em curso, resguardados os atos praticados antes reparação integral do dano causado.
de sua vigência.
Art. 70. Fica revogado o Decreto nº 8.420, de 18 de março de CAPÍTULO II
2015. DOS ATOS LESIVOS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 71. Este Decreto entra em vigor em 18 de julho de 2022. NACIONAL OU ESTRANGEIRA
Brasília, 11 de julho de 2022; 201º da Independência e 134º da
República. Art. 5º Constituem atos lesivos à administração pública, nacio-
nal ou estrangeira, para os fins desta Lei, todos aqueles praticados
pelas pessoas jurídicas mencionadas no parágrafo único do art. 1º
LEI FEDERAL Nº 12.846/2013 E SUAS ALTERAÇÕES. , que atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro,
contra princípios da administração pública ou contra os compromis-
LEI Nº 12.846, DE 1º DE AGOSTO DE 2013. sos internacionais assumidos pelo Brasil, assim definidos:
I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vanta-
Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de gem indevida a agente público, ou a terceira pessoa a ele relacio-
pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração públi- nada;
ca, nacional ou estrangeira, e dá outras providências. II - comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- qualquer modo subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: nesta Lei;
III - comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física
CAPÍTULO I ou jurídica para ocultar ou dissimular seus reais interesses ou a
DISPOSIÇÕES GERAIS identidade dos beneficiários dos atos praticados;
IV - no tocante a licitações e contratos:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva ad- a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qual-
ministrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a quer outro expediente, o caráter competitivo de procedimento li-
administração pública, nacional ou estrangeira. citatório público;
Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei às sociedades b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato
empresárias e às sociedades simples, personificadas ou não, in- de procedimento licitatório público;
dependentemente da forma de organização ou modelo societário c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou
adotado, bem como a quaisquer fundações, associações de entida- oferecimento de vantagem de qualquer tipo;
des ou pessoas, ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, filial d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente;
ou representação no território brasileiro, constituídas de fato ou de e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para
direito, ainda que temporariamente. participar de licitação pública ou celebrar contrato administrativo;

86
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, Art. 7º Serão levados em consideração na aplicação das san-
de modificações ou prorrogações de contratos celebrados com a ções:
administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório I - a gravidade da infração;
da licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou II - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator;
g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos III - a consumação ou não da infração;
contratos celebrados com a administração pública; IV - o grau de lesão ou perigo de lesão;
V - dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, V - o efeito negativo produzido pela infração;
entidades ou agentes públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive VI - a situação econômica do infrator;
no âmbito das agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização do VII - a cooperação da pessoa jurídica para a apuração das in-
sistema financeiro nacional. frações;
§ 1º Considera-se administração pública estrangeira os órgãos VIII - a existência de mecanismos e procedimentos internos de
e entidades estatais ou representações diplomáticas de país estran- integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e
geiro, de qualquer nível ou esfera de governo, bem como as pessoas a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da
jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público pessoa jurídica;
de país estrangeiro. IX - o valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o
§ 2º Para os efeitos desta Lei, equiparam-se à administração órgão ou entidade pública lesados; e
pública estrangeira as organizações públicas internacionais. X - (VETADO).
§ 3º Considera-se agente público estrangeiro, para os fins desta Parágrafo único. Os parâmetros de avaliação de mecanismos e
Lei, quem, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, exerça procedimentos previstos no inciso VIII do caput serão estabelecidos
cargo, emprego ou função pública em órgãos, entidades estatais ou em regulamento do Poder Executivo federal.
em representações diplomáticas de país estrangeiro, assim como
em pessoas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo po- CAPÍTULO IV
der público de país estrangeiro ou em organizações públicas inter- DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DE RESPONSABILIZAÇÃO
nacionais.
Art. 8º A instauração e o julgamento de processo administrati-
CAPÍTULO III vo para apuração da responsabilidade de pessoa jurídica cabem à
DA RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA autoridade máxima de cada órgão ou entidade dos Poderes Execu-
tivo, Legislativo e Judiciário, que agirá de ofício ou mediante provo-
Art. 6º Na esfera administrativa, serão aplicadas às pessoas ju- cação, observados o contraditório e a ampla defesa.
rídicas consideradas responsáveis pelos atos lesivos previstos nesta § 1º A competência para a instauração e o julgamento do pro-
Lei as seguintes sanções: cesso administrativo de apuração de responsabilidade da pessoa
I - multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20% (vinte jurídica poderá ser delegada, vedada a subdelegação.
por cento) do faturamento bruto do último exercício anterior ao § 2º No âmbito do Poder Executivo federal, a Controladoria-
da instauração do processo administrativo, excluídos os tributos, a -Geral da União - CGU terá competência concorrente para instaurar
qual nunca será inferior à vantagem auferida, quando for possível processos administrativos de responsabilização de pessoas jurídicas
sua estimação; e ou para avocar os processos instaurados com fundamento nesta Lei,
II - publicação extraordinária da decisão condenatória. para exame de sua regularidade ou para corrigir-lhes o andamento.
§ 1º As sanções serão aplicadas fundamentadamente, isolada Art. 9º Competem à Controladoria-Geral da União - CGU a apu-
ou cumulativamente, de acordo com as peculiaridades do caso con- ração, o processo e o julgamento dos atos ilícitos previstos nesta
creto e com a gravidade e natureza das infrações. Lei, praticados contra a administração pública estrangeira, obser-
§ 2º A aplicação das sanções previstas neste artigo será prece- vado o disposto no Artigo 4 da Convenção sobre o Combate da
dida da manifestação jurídica elaborada pela Advocacia Pública ou Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações
pelo órgão de assistência jurídica, ou equivalente, do ente público. Comerciais Internacionais, promulgada pelo Decreto nº 3.678, de
§ 3º A aplicação das sanções previstas neste artigo não exclui, 30 de novembro de 2000.
em qualquer hipótese, a obrigação da reparação integral do dano Art. 10. O processo administrativo para apuração da responsa-
causado. bilidade de pessoa jurídica será conduzido por comissão designada
§ 4º Na hipótese do inciso I do caput , caso não seja possível pela autoridade instauradora e composta por 2 (dois) ou mais ser-
utilizar o critério do valor do faturamento bruto da pessoa jurídica, vidores estáveis.
a multa será de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a R$ 60.000.000,00 (ses- § 1º O ente público, por meio do seu órgão de representação
senta milhões de reais). judicial, ou equivalente, a pedido da comissão a que se refere o
§ 5º A publicação extraordinária da decisão condenatória ocor- caput , poderá requerer as medidas judiciais necessárias para a in-
rerá na forma de extrato de sentença, a expensas da pessoa jurídi- vestigação e o processamento das infrações, inclusive de busca e
ca, em meios de comunicação de grande circulação na área da prá- apreensão.
tica da infração e de atuação da pessoa jurídica ou, na sua falta, em § 2º A comissão poderá, cautelarmente, propor à autoridade
publicação de circulação nacional, bem como por meio de afixação instauradora que suspenda os efeitos do ato ou processo objeto da
de edital, pelo prazo mínimo de 30 (trinta) dias, no próprio esta- investigação.
belecimento ou no local de exercício da atividade, de modo visível
ao público, e no sítio eletrônico na rede mundial de computadores.
§ 6º (VETADO).

87
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

§ 3º A comissão deverá concluir o processo no prazo de 180 § 4º O acordo de leniência estipulará as condições necessárias
(cento e oitenta) dias contados da data da publicação do ato que a para assegurar a efetividade da colaboração e o resultado útil do
instituir e, ao final, apresentar relatórios sobre os fatos apurados e processo.
eventual responsabilidade da pessoa jurídica, sugerindo de forma § 5º Os efeitos do acordo de leniência serão estendidos às pes-
motivada as sanções a serem aplicadas. soas jurídicas que integram o mesmo grupo econômico, de fato e
§ 4º O prazo previsto no § 3º poderá ser prorrogado, mediante de direito, desde que firmem o acordo em conjunto, respeitadas as
ato fundamentado da autoridade instauradora. condições nele estabelecidas.
Art. 11. No processo administrativo para apuração de respon- § 6º A proposta de acordo de leniência somente se tornará pú-
sabilidade, será concedido à pessoa jurídica prazo de 30 (trinta) dias blica após a efetivação do respectivo acordo, salvo no interesse das
para defesa, contados a partir da intimação. investigações e do processo administrativo.
Art. 12. O processo administrativo, com o relatório da comis- § 7º Não importará em reconhecimento da prática do ato ilícito
são, será remetido à autoridade instauradora, na forma do art. 10, investigado a proposta de acordo de leniência rejeitada.
para julgamento. § 8º Em caso de descumprimento do acordo de leniência, a
Art. 13. A instauração de processo administrativo específico de pessoa jurídica ficará impedida de celebrar novo acordo pelo prazo
reparação integral do dano não prejudica a aplicação imediata das de 3 (três) anos contados do conhecimento pela administração pú-
sanções estabelecidas nesta Lei. blica do referido descumprimento.
Parágrafo único. Concluído o processo e não havendo paga- § 9º A celebração do acordo de leniência interrompe o prazo
mento, o crédito apurado será inscrito em dívida ativa da fazenda prescricional dos atos ilícitos previstos nesta Lei.
pública. § 10. A Controladoria-Geral da União - CGU é o órgão compe-
Art. 14. A personalidade jurídica poderá ser desconsiderada tente para celebrar os acordos de leniência no âmbito do Poder Exe-
sempre que utilizada com abuso do direito para facilitar, encobrir cutivo federal, bem como no caso de atos lesivos praticados contra
ou dissimular a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei ou para a administração pública estrangeira.
provocar confusão patrimonial, sendo estendidos todos os efeitos Art. 17. A administração pública poderá também celebrar acor-
das sanções aplicadas à pessoa jurídica aos seus administradores e do de leniência com a pessoa jurídica responsável pela prática de
sócios com poderes de administração, observados o contraditório e ilícitos previstos na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, com vistas
a ampla defesa. à isenção ou atenuação das sanções administrativas estabelecidas
Art. 15. A comissão designada para apuração da responsabili- em seus arts. 86 a 88.
dade de pessoa jurídica, após a conclusão do procedimento admi-
nistrativo, dará conhecimento ao Ministério Público de sua existên- CAPÍTULO VI
cia, para apuração de eventuais delitos. DA RESPONSABILIZAÇÃO JUDICIAL

CAPÍTULO V Art. 18. Na esfera administrativa, a responsabilidade da pessoa


DO ACORDO DE LENIÊNCIA jurídica não afasta a possibilidade de sua responsabilização na es-
fera judicial.
Art. 16. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade pú- Art. 19. Em razão da prática de atos previstos no art. 5º desta
blica poderá celebrar acordo de leniência com as pessoas jurídicas Lei, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por meio
responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei que colabo- das respectivas Advocacias Públicas ou órgãos de representação ju-
rem efetivamente com as investigações e o processo administrativo, dicial, ou equivalentes, e o Ministério Público, poderão ajuizar ação
sendo que dessa colaboração resulte: com vistas à aplicação das seguintes sanções às pessoas jurídicas
I - a identificação dos demais envolvidos na infração, quando infratoras:
couber; e I - perdimento dos bens, direitos ou valores que representem
II - a obtenção célere de informações e documentos que com- vantagem ou proveito direta ou indiretamente obtidos da infração,
provem o ilícito sob apuração. ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé;
§ 1º O acordo de que trata o caput somente poderá ser celebra- II - suspensão ou interdição parcial de suas atividades;
do se preenchidos, cumulativamente, os seguintes requisitos: III - dissolução compulsória da pessoa jurídica;
I - a pessoa jurídica seja a primeira a se manifestar sobre seu IV - proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, do-
interesse em cooperar para a apuração do ato ilícito; ações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de insti-
II - a pessoa jurídica cesse completamente seu envolvimento tuições financeiras públicas ou controladas pelo poder público, pelo
na infração investigada a partir da data de propositura do acordo; prazo mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos.
III - a pessoa jurídica admita sua participação no ilícito e coo- § 1º A dissolução compulsória da pessoa jurídica será determi-
pere plena e permanentemente com as investigações e o processo nada quando comprovado:
administrativo, comparecendo, sob suas expensas, sempre que soli- I - ter sido a personalidade jurídica utilizada de forma habitual
citada, a todos os atos processuais, até seu encerramento. para facilitar ou promover a prática de atos ilícitos; ou
§2º A celebração do acordo de leniência isentará a pessoa ju- II - ter sido constituída para ocultar ou dissimular interesses ilí-
rídica das sanções previstas no inciso II do art. 6º e no inciso IV do citos ou a identidade dos beneficiários dos atos praticados.
art. 19 e reduzirá em até 2/3 (dois terços) o valor da multa aplicável. § 2º (VETADO).
§ 3º O acordo de leniência não exime a pessoa jurídica da obri- § 3º As sanções poderão ser aplicadas de forma isolada ou
gação de reparar integralmente o dano causado. cumulativa.

88
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

§ 4º O Ministério Público ou a Advocacia Pública ou órgão de Art. 25. Prescrevem em 5 (cinco) anos as infrações previstas
representação judicial, ou equivalente, do ente público poderá re- nesta Lei, contados da data da ciência da infração ou, no caso de
querer a indisponibilidade de bens, direitos ou valores necessários infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.
à garantia do pagamento da multa ou da reparação integral do dano Parágrafo único. Na esfera administrativa ou judicial, a prescri-
causado, conforme previsto no art. 7º , ressalvado o direito do ter- ção será interrompida com a instauração de processo que tenha por
ceiro de boa-fé. objeto a apuração da infração.
Art. 20. Nas ações ajuizadas pelo Ministério Público, poderão Art. 26. A pessoa jurídica será representada no processo admi-
ser aplicadas as sanções previstas no art. 6º , sem prejuízo daque- nistrativo na forma do seu estatuto ou contrato social.
las previstas neste Capítulo, desde que constatada a omissão das § 1º As sociedades sem personalidade jurídica serão represen-
autoridades competentes para promover a responsabilização admi- tadas pela pessoa a quem couber a administração de seus bens.
nistrativa. § 2º A pessoa jurídica estrangeira será representada pelo ge-
Art. 21. Nas ações de responsabilização judicial, será adotado o rente, representante ou administrador de sua filial, agência ou su-
rito previsto na Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. cursal aberta ou instalada no Brasil.
Parágrafo único. A condenação torna certa a obrigação de re- Art. 27. A autoridade competente que, tendo conhecimento
parar, integralmente, o dano causado pelo ilícito, cujo valor será das infrações previstas nesta Lei, não adotar providências para a
apurado em posterior liquidação, se não constar expressamente da apuração dos fatos será responsabilizada penal, civil e administrati-
sentença. vamente nos termos da legislação específica aplicável.
Art. 28. Esta Lei aplica-se aos atos lesivos praticados por pessoa
CAPÍTULO VII jurídica brasileira contra a administração pública estrangeira, ainda
DISPOSIÇÕES FINAIS que cometidos no exterior.
Art. 29. O disposto nesta Lei não exclui as competências do
Art. 22. Fica criado no âmbito do Poder Executivo federal o Ca- Conselho Administrativo de Defesa Econômica, do Ministério da
dastro Nacional de Empresas Punidas - CNEP, que reunirá e dará Justiça e do Ministério da Fazenda para processar e julgar fato que
publicidade às sanções aplicadas pelos órgãos ou entidades dos constitua infração à ordem econômica.
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todas as esferas de Art. 30. A aplicação das sanções previstas nesta Lei não afeta
governo com base nesta Lei. os processos de responsabilização e aplicação de penalidades de-
§ 1º Os órgãos e entidades referidos no caput deverão informar correntes de:
e manter atualizados, no Cnep, os dados relativos às sanções por I - ato de improbidade administrativa nos termos da Lei nº
eles aplicadas. 8.429, de 2 de junho de 1992 ; e
§ 2º O Cnep conterá, entre outras, as seguintes informações II - atos ilícitos alcançados pela Lei nº 8.666, de 21 de junho de
acerca das sanções aplicadas: 1993, ou outras normas de licitações e contratos da administração
I - razão social e número de inscrição da pessoa jurídica ou en- pública, inclusive no tocante ao Regime Diferenciado de Contrata-
tidade no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ; ções Públicas - RDC instituído pela Lei nº 12.462, de 4 de agosto de
II - tipo de sanção; e 2011.
III - data de aplicação e data final da vigência do efeito limitador Art. 31. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após
ou impeditivo da sanção, quando for o caso. a data de sua publicação.
§ 3º As autoridades competentes, para celebrarem acordos Brasília, 1º de agosto de 2013; 192º da Independência e 125º
de leniência previstos nesta Lei, também deverão prestar e manter da República.
atualizadas no Cnep, após a efetivação do respectivo acordo, as in-
formações acerca do acordo de leniência celebrado, salvo se esse
procedimento vier a causar prejuízo às investigações e ao processo LEI FEDERAL Nº 7.716, DE 05 DE JANEIRO DE 1989, E
administrativo. SUAS ALTERAÇÕES.
§ 4º Caso a pessoa jurídica não cumpra os termos do acordo
de leniência, além das informações previstas no § 3º , deverá ser O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na-
incluída no Cnep referência ao respectivo descumprimento. cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:  
§ 5º Os registros das sanções e acordos de leniência serão ex-
cluídos depois de decorrido o prazo previamente estabelecido no Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes
ato sancionador ou do cumprimento integral do acordo de leniência de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou pro-
e da reparação do eventual dano causado, mediante solicitação do cedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
órgão ou entidade sancionadora. Art. 2º (Vetado).
Art. 23. Os órgãos ou entidades dos Poderes Executivo, Legisla- Art. 2º-A Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o de-
tivo e Judiciário de todas as esferas de governo deverão informar e coro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional.(Incluído
manter atualizados, para fins de publicidade, no Cadastro Nacional pela Lei nº 14.532, de 2023)
de Empresas Inidôneas e Suspensas - CEIS, de caráter público, ins- Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído
tituído no âmbito do Poder Executivo federal, os dados relativos às pela Lei nº 14.532, de 2023)
sanções por eles aplicadas, nos termos do disposto nos arts. 87 e 88 Parágrafo único. A pena é aumentada de metade se o crime for
da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993. cometido mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas. (Incluído
Art. 24. A multa e o perdimento de bens, direitos ou valores pela Lei nº 14.532, de 2023)
aplicados com fundamento nesta Lei serão destinados preferencial-
mente aos órgãos ou entidades públicas lesadas.

89
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente ha- Pena: reclusão de dois a quatro anos.
bilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta, bem Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casa-
como das concessionárias de serviços públicos. mento ou convivência familiar e social.
Pena: reclusão de dois a cinco anos. Pena: reclusão de dois a quatro anos.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de Art. 15. (Vetado).
discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou
obstar a promoção funcional. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) função pública, para o servidor público, e a suspensão do funcio-
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada. namento do estabelecimento particular por prazo não superior a
Pena: reclusão de dois a cinco anos. três meses.
§ 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de discrimi- Art. 17. (Vetado).
nação de raça ou de cor ou práticas resultantes do preconceito de Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei não
descendência ou origem nacional ou étnica: (Incluído pela Lei nº são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sen-
12.288, de 2010) tença.
I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao empre- Art. 19. (Vetado).
gado em igualdade de condições com os demais trabalhadores; (In- Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou precon-
cluído pela Lei nº 12.288, de 2010) ceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação
II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar ou- dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
tra forma de benefício profissional; (Incluído pela Lei nº 12.288, de Pena: reclusão de um a três anos e multa. (Redação dada pela
2010) Lei nº 9.459, de 15/05/97)
III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no § 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, em-
ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário. (Incluído blemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz
pela Lei nº 12.288, de 2010) suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. (Redação
§ 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de servi- dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
ços à comunidade, incluindo atividades de promoção da igualdade Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei
racial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamen- nº 9.459, de 15/05/97)
to de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça § 2º Se qualquer dos crimes previstos neste artigo for cometido
ou etnia para emprego cujas atividades não justifiquem essas exi- por intermédio dos meios de comunicação social, de publicação em
gências. redes sociais, da rede mundial de computadores ou de publicação
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comer- de qualquer natureza:(Redação dada pela Lei nº 14.532, de 2023)
cial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador. Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei
Pena: reclusão de um a três anos. nº 9.459, de 15/05/97)
Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de § 2º-A Se qualquer dos crimes previstos neste artigo for co-
aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qual- metido no contexto de atividades esportivas, religiosas, artísticas
quer grau. ou culturais destinadas ao público: (Incluído pela Lei nº 14.532, de
Pena: reclusão de três a cinco anos. 2023)
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de de- Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e proibição de fre-
zoito anos a pena é agravada de 1/3 (um terço). quência, por 3 (três) anos, a locais destinados a práticas esportivas,
Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, artísticas ou culturais destinadas ao público, conforme o caso.(In-
pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar. cluído pela Lei nº 14.532, de 2023)
Pena: reclusão de três a cinco anos. § 2º-B Sem prejuízo da pena correspondente à violência, incor-
Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restauran- re nas mesmas penas previstas no caput deste artigo quem obstar,
tes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público. impedir ou empregar violência contra quaisquer manifestações ou
Pena: reclusão de um a três anos. práticas religiosas.(Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023)
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabele- § 3º No caso do § 2º deste artigo, o juiz poderá determinar,
cimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes sociais abertos ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do in-
ao público. quérito policial, sob pena de desobediência:(Redação dada pela Lei
Pena: reclusão de um a três anos. nº 14.532, de 2023)
Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos
cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de massagem ou estabe- exemplares do material respectivo;(Incluído pela Lei nº 9.459, de
lecimento com as mesmas finalidades. 15/05/97)
Pena: reclusão de um a três anos. II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, tele-
Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públi- visivas, eletrônicas ou da publicação por qualquer meio;(Redação
cos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso aos mesmos: dada pela Lei nº 12.735, de 2012)
Pena: reclusão de um a três anos. III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de in-
Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como formação na rede mundial de computadores. (Incluído pela Lei nº
aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou qualquer ou- 12.288, de 2010)
tro meio de transporte concedido. § 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após
Pena: reclusão de um a três anos. o trânsito em julgado da decisão, a destruição do material apreen-
Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em dido. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
qualquer ramo das Forças Armadas.

90
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Art. 20-A. Os crimes previstos nesta Lei terão as penas aumen- II - desigualdade racial: toda situação injustificada de dife-
tadas de 1/3 (um terço) até a metade, quando ocorrerem em con- renciação de acesso e fruição de bens, serviçose oportunidades,
texto ou com intuito de descontração, diversão ou recreação.(Inclu- nas esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência
ído pela Lei nº 14.532, de 2023) ou origem nacional ou étnica;
Art. 20-B. Os crimes previstos nos arts. 2º-A e 20 desta Lei terão III - desigualdade de gênero e raça: assimetria existente no
as penas aumentadas de 1/3 (um terço) até a metade, quando pra- âmbito da sociedade que acentua a distânciasocial entre mulheres
ticados por funcionário público, conforme definição prevista no De- negras e os demais segmentos sociais;
creto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), no IV - população negra: o conjunto de pessoas que se autode-
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las.(Incluído pela claram pretas e pardas, conforme o quesitocor ou raça usado pela
Lei nº 14.532, de 2023) Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou
Art. 20-C. Na interpretação desta Lei, o juiz deve considerar que adotam autodefinição análoga;
como discriminatória qualquer atitude ou tratamento dado à pes- V - políticas públicas: as ações, iniciativas e programas ado-
soa ou a grupos minoritários que cause constrangimento, humilha- tados pelo Estado no cumprimento de suasatribuições institucio-
ção, vergonha, medo ou exposição indevida, e que usualmente não nais;
se dispensaria a outros grupos em razão da cor, etnia, religião ou VI - ações afirmativas: os programas e medidas especiais
procedência.(Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023) adotados pelo Estado e pela iniciativa privadapara a correção das
Art. 20-D. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportuni-
vítima dos crimes de racismo deverá estar acompanhada de advo- dades.
gado ou defensor público.(Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023) Art. 2° É dever do Estado e da sociedade garantir a igualdade de
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. (Re- oportunidades, reconhecendo a todo cidadão brasileiro, indepen-
numerado pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990) dentemente da etnia ou da cor da pele, o direito à participação na
Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário. (Renumerado comunidade, especialmente nas atividades políticas, econômicas,
pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990) empresariais, educacionais, culturais e esportivas e ambientais de-
Brasília, 5 de janeiro de 1989; 168º da Independência e 101º fendendo sua dignidade e seus valores religiosos e culturais.
da República. Art. 3° Além das normas constitucionais relativas aos princípios
fundamentais, aos direitos e garantias fundamentais e aos direitos
sociais, econômicos e culturais, ambientais e políticos, o Estatuto da
LEI ESTADUAL Nº 9.341, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2021, Equidade Racial adota como diretriz político-jurídica a inclusão das
E SUAS ALTERAÇÕES. ÉTICA E MORAL vítimas de desigualdade racial, a valorização da igualdade étnica e o
fortalecimento da identidade nacional brasileira.
LEI Nº 9.341, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2021 Art. 4° A participação da população negra, em condição de
igualdade de oportunidade, na vida econômica, social, política e
DOE Nº 34764, DE 12/11/2021 cultural, ambiental do país será promovida, prioritariamente, por
Institui o Estatuto da Equidade Racial no Estado do meio de:
Pará, adota os preceitos da Lei Federal n° 12.288, de 20 de julho I - inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento eco-
de 2010, e altera a Lei Estadual n° 6.941, de 17 de janeiro de 2007. nômico e social;
A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARÁ, estatui e eu II - adoção de medidas, programas e políticas de ação afir-
sanciono a seguinte Lei: mativa;
III - modificação das estruturas institucionais do Estado para
TÍTULO I o adequado enfrentamento e a superaçãodas desigualdades decor-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES rentes do preconceito e da discriminação racial;
IV - promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o com-
Art. 1° Esta Lei institui o Estatuto da Equidade Racial no Esta- bate à discriminação racial e àsdesigualdades étnicas em todas as
do do Pará, adota os preceitos da Lei Federal n° 12.288, de 20 de suas manifestações individuais, institucionais e estruturais;
julho de 2010, e altera a Lei Estadual n° 6.941, de 17 de janeiro de V - eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e
2007, com a finalidade de garantir à população negra a efetivação institucionais que impedem a representação dadiversidade racial
da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos raciais indivi- nas esferas pública e privada;
duais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais VI - estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas
formas de intolerância étnico-racial. da sociedade civil direcionadas à promoçãoda igualdade de oportu-
Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se: nidades e ao combate às desigualdades raciais, inclusive mediante
I - discriminação racial: toda distinção, exclusão, restrição a implementação de incentivos e critérios de condicionamento e
ou preferência baseada em raça, cor,descendência ou origem nacio- prioridade no acesso aos recursos públicos;
nal ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhe- VII - implementação de programas de ação afirmativa des-
cimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos tinados ao enfrentamento das desigualdadesraciais no tocante à
humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômi- educação, cultura, esporte e lazer, saúde, segurança, trabalho, mo-
co, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou radia, meios de comunicação de massa, financiamentos públicos,
privada; acesso à terra, à Justiça, e outros.
Parágrafo único. Os programas de ação afirmativa constituir-se-
-ão em políticas públicas destinadas a

91
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

reparar as distorções e desigualdades sócio-raciais e de gênero Parágrafo único. Os membros das comunidades de remanes-
e demais práticas discriminatórias adotadas, nas esferas pública e centes de quilombos serão beneficiários de incentivos específicos
privada, durante o processo de formação social do Estado do Pará para a garantia do direito à saúde, incluindo melhorias nas condi-
e do País. ções ambientais, no saneamento básico, na segurança alimentar e
Art. 5° Para a consecução dos objetivos desta Lei, poderá ser nutricional e na atenção integral à saúde.
instituído o Sistema Estadual de Promoção da Igualdade Racial
(SEPIR), conforme estabelecido no Título III. CAPÍTULO II
DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO
TÍTULO II LAZER
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
SEÇÃO I
CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS
DO DIREITO À SAÚDE
Art. 9° A população negra tem direito a participar de atividades
Art. 6° O direito à saúde da população negra será garantido educacionais, culturais, esportivas e de lazer adequadas a seus inte-
pelo Poder Público mediante políticas e programas universais, so- resses e condições, de modo a contribuir para o patrimônio cultural
ciais e econômicas e específicas destinadas à redução do risco de de sua comunidade, do Estado e da sociedade brasileira.
doenças e de outros agravos. Art. 10. Para o cumprimento do disposto no art. 9°, sem pre-
§ 1° O acesso universal e igualitário ao Sistema Único de Saúde juízo de participação em iniciativas do governo federal, o governo
(SUS) para promoção, proteção e recuperação da saúde da popula- estadual e as prefeituras municipais adotarão as seguintes provi-
ção negra, sem prejuízo das atribuições das entidades públicas fe- dências:
derais, será de responsabilidade dos órgãos e instituições estaduais I - promoção de ações para viabilizar e ampliar o acesso da
e municipais, da administração direta e indireta. população negra ao ensino gratuito e àsatividades esportivas e de
§ 2° O Poder Público garantirá que o segmento da população lazer;
negra vincu lado aos seguros privados de saúde seja tratado sem II - apoio à iniciativa de entidades que mantenham espaço
discriminação. para promoção social e cultural da populaçãonegra;
Art. 7° O conjunto de ações de saúde voltadas à população III - desenvolvimento de campanhas educativas, inclusive
negra constitui a Política Estadual de Saúde Integral da População nas escolas, para que a solidariedade aosmembros da população
Negra, organizada de acordo com as diretrizes abaixo especificadas: negra faça parte da cultura de toda a sociedade;
I - ampliação e fortalecimento da participação de lideranças IV - implementação de políticas públicas para o fortaleci-
dos movimentos sociais em defesa da saúdeda população negra nas mento da juventude negra paraense.
instâncias de participação e controle social do SUS;
II - produção de conhecimento científico e tecnológico em SEÇÃO II
saúde da população negra; DA EDUCAÇÃO
III - desenvolvimento de processos de informação, comuni-
cação e educação para contribuir com aredução das vulnerabilida- Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de en-
des da população negra; sino médio, públicos e privados, é obrigatório o estudo da história
IV - fortalecimento do programa voltado para saúde da po- geral da África e da história da população negra no Estado do Pará
pulação negra e quilombolas com ampliação eaprimoramento do e no Brasil, observado o disposto na Lei Federal n° 9.394, de 20 de
atendimento a pacientes com Anemia Falciforme e fortalecimento dezembro de 1996.
do SUS; § 1° Os conteúdos referentes à história da população negra no
V - fortalecimento das ações de saúde mental a população Estado do Pará e no Brasil serão ministrados no âmbito de todo o
negra vítima do racismo e da discriminaçãoracial. currículo escolar, resgatando sua contribuição decisiva para o de-
Art. 8° Constituem objetivos da Política Estadual de Saúde Inte- senvolvimento social, econômico, político e cultural e ambiental do
gral da População Negra: País.
I - a promoção da saúde integral da população negra, prio- § 2° O órgão competente do Poder Executivo fomentará a for-
rizando a redução das desigualdades raciais e o mação inicial e continuada de professores e a elaboração de mate-
combate à discriminação nas instituições e serviços do SUS; rial didático específico para o cumprimento do disposto no caput
II - a melhoria da qualidade dos sistemas de informação do deste artigo.
SUS no que tange à coleta, ao processamentoe à análise dos dados § 3° Nas datas comemorativas de caráter cívico, os órgãos res-
desagregados por cor, etnia e gênero; ponsáveis pela educação incentivarão a participação de intelectuais
III - o fomento à realização de estudos e pesquisas sobre ra- e representantes do movimento negro para debater com os estu-
cismo e saúde da população negra; dantes suas vivências relativas ao tema em comemoração.
IV - a inclusão do conteúdo da saúde da população negra nos Art. 12. Os órgãos estaduais de fomento à pesquisa e à pós-
processos de formação e educaçãopermanente dos trabalhadores -graduação poderão criar incentivos a pesquisas e a programas de
da saúde; estudo voltados para temas referentes às relações étnicas, aos qui-
V - a inclusão da temática saúde da população negra nos lombos e às questões pertinentes à população negra.
processos de formação política das liderançasde movimentos so-
ciais para o exercício da participação e controle social no SUS.

92
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Parágrafo único. Em cumprimento ao disposto no caput os ór- Art. 20. O Poder Público incentivará a celebração das personali-
gãos estaduais de fomento à pesquisa e à pós-graduação em coope- dades e das datas comemorativas relacionadas à trajetória do sam-
ração ou associação aos congêneres federais poderão participar do ba, samba de cacete, carimbó, marambiré, boi bumbá, siriá, lundu,
desenvolvimento de pesquisas e programas de estudos nacionais. e de outras manifestações culturais de matriz africana, bem como
Art. 13. O Poder Executivo Estadual, por meio dos órgãos com- sua comemoração nas instituições de ensino públicas e privadas.
petentes, incentivará as instituições de ensino superior públicas e Art. 21. O Poder Público garantirá o registro e a proteção da
privadas, sem prejuízo da legislação em vigor a: capoeira, em todas as suas modalidades, como bem de natureza
I - resguardar os princípios da ética em pesquisa e apoiar imaterial e de formação da identidade cultural brasileira, nos ter-
grupos, núcleos e centros de pesquisa, nosdiversos programas de mos do art. 216 da Constituição Federal.
pós-graduação que desenvolvam temáticas de interesse da popula- Parágrafo único. O Poder Público buscará garantir, por meio dos
ção negra; atos normativos necessários, a preservação dos elementos forma-
II - incorporar nas matrizes curriculares dos cursos de for- dores tradicionais da capoeira nas suas relações internacionais.
mação de professores temas que incluamvalores concernentes à
pluralidade racial e cultural da sociedade brasileira; SEÇÃO IV
III - formação continuada para professores que já estejam DO ESPORTE E LAZER
atuando na rede de ensino estadual, a fim deque possam trabalhar
com a Lei Federal n° 10.639/2003; Art. 22. O Poder Público Estadual fomentará o pleno acesso da
IV - desenvolver programas de extensão universitária desti- população negra às práticas desportivas, consolidando o esporte e
nados a aproximar jovens negros detecnologias avançadas, assegu- o lazer como direitos sociais, sem prejuízo das iniciativas do ente
rado o princípio da proporcionalidade de gênero entre os benefici- federal.
ários; § 1° A atividade de capoeirista será reconhecida em todas as
V - estabelecer programas de cooperação técnica, nos esta- modalidades em que a capoeira se manifesta, seja como esporte,
belecimentos de ensino públicos, privados ecomunitários, com as luta, dança ou música, sendo livre o exercício em todo o território
escolas de educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e nacional.
ensino técnico, para a formação docente baseada em princípios de § 2° É facultado o ensino da capoeira nas instituições públicas e
equidade, de tolerância e de respeito às diferenças étnicas. privadas pelos capoeiristas e mestres tradicionais, pública e formal-
Art. 14. O Poder Público estimulará e apoiará ações socioedu- mente reconhecidos.
cacionais realizadas por entidades do movimento negro que desen- Art. 23. O Poder Público Estadual garantirá políticas de ação
volvam atividades voltadas para a inclusão social, mediante coope- afirmativa com bolsas para atletas negros paraolímpicos e bolsa
ração técnica, intercâmbios, convênios e incentivos, entre outros atleta para jovens negros em diversas modalidades.
mecanismos.
Art. 15. O Poder Público adotará programas de ação afirmativa, CAPÍTULO III
reservando em escolas técnicas estaduais e instituições de ensino DO DIREITO À LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA
superior por ele mantidas no mínimo 40% (quarenta por cento) das E AO LIVRE EXERCÍCIO DOS CULTOS RELIGIOSOS
vagas a candidatos negros que se submetam a processo seletivo
pelo critério cor, preta ou parda. Art. 24. É inviolável a liberdade de consciência e de crença,
Art. 16. VETADO. sendo assegurado o livre exercício dos cultos de religiões de matriz
Parágrafo único. VETADO. africana e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto
Art. 17. O Poder Executivo Estadual, por meio dos seus órgãos e a suas liturgias.
competentes, acompanhará e avaliará os programas de que trata Art. 25. O direito à liberdade de consciência e de crença e ao
esta Seção. livre exercício dos cultos religiosos de matriz africana compreende:
I - a prática de cultos, a celebração de reuniões relaciona-
SEÇÃO III das à religiosidade e a fundação e manutenção,por iniciativa priva-
DA CULTURA da, de lugares reservados para tais fins e a suas liturgias;
II - a celebração de festividades e cerimônias de acordo com
Art. 18. Sem prejuízo das atribuições do ente federal, o Poder preceitos das respectivas religiões;
Público Estadual garantirá o reconhecimento das sociedades ne- III - a fundação e a manutenção, por iniciativa privada, de
gras, clubes e outras formas de manifestação coletiva da popula- instituições beneficentes ligadas às respectivasconvicções religio-
ção negra, com trajetória histórica comprovada, como patrimônio sas;
histórico e cultural, nos termos dos arts. 215 e 216 da Constituição IV - a produção, a comercialização, a aquisição e o uso de
Federal e Constituição do Estado do Pará, arts. 277/ VII -1° e 286 - § artigos e materiais religiosos adequados aoscostumes e às práticas
1°, -b. fundadas na respectiva religiosidade, ressalvadas as condutas veda-
Art. 19. É assegurado aos remanescentes das comunidades dos das por legislação específica;
quilombos o direito à preservação de seus usos, costumes, tradi- V - a produção e a divulgação de publicações relacionadas
ções e manifestos religiosos, sob a proteção do Estado. ao exercício e à difusão das religiões de matrizafricana;
Parágrafo único. A preservação dos documentos e dos sítios VI - a coleta de contribuições financeiras de pessoas naturais
detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos, e jurídicas de natureza privada para amanutenção das atividades
tombados nos termos do § 5° do art. 216 da Constituição Federal, religiosas e sociais das respectivas religiões;
receberá especial atenção do Poder Público Estadual, sem prejuízo VII - o acesso aos órgãos e aos meios de comunicação para
das atribuições das instituições federais. divulgação das respectivas religiões;

93
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

VIII - a comunicação ao Ministério Público para abertura de Art. 33. O Poder Executivo Estadual, em colaboração com o
ação penal em face de atitudes e práticas deracismo e intolerância ente federal ou por iniciativa própria, elaborará e desenvolverá po-
religiosa nos meios de comunicação e em quaisquer outros locais. líticas públicas especiais voltadas para o desenvolvimento sustentá-
Art. 26. É garantida a assistência religiosa aos praticantes de re- vel dos remanescentes das comunidades dos quilombos, respeitan-
ligiões de matrizes africanas internados em hospitais ou em outras do as tradições de proteção ambiental das comunidades.
instituições de internação coletiva, inclusive àqueles submetidos à Art. 34. Para fins de política agrícola, os remanescentes das co-
pena privativa de liberdade. munidades dos quilombos receberão dos órgãos competentes tra-
Art. 27. O Poder Público Estadual adotará as medidas neces- tamento especial diferenciado, assistência técnica e linhas especiais
sárias para o combate à intolerância com as religiões de matrizes de financiamento público, destinados à realização de suas ativida-
africanas e à discriminação de seus seguidores, especialmente com des produtivas e de infraestrutura.
o objetivo de: Art. 35. Os remanescentes das comunidades dos quilombos se
I - coibir a utilização dos meios de comunicação social para beneficiarão de todas as iniciativas previstas nesta e em outras leis
a difusão de proposições, imagens ouabordagens que exponham para a promoção da equidade racial.
pessoa ou grupo ao ódio ou ao desprezo por motivos fundados na
religiosidade de matrizes africanas; SEÇÃO II
II - inventariar, restaurar e proteger os documentos, obras DA MORADIA
e outros bens de valor artístico e cultural, osmonumentos, manan-
ciais, flora e sítios arqueológicos vinculados às religiões de matrizes Art. 36. O Poder Público Estadual garantirá a implementação
africanas; de políticas públicas para assegurar o direito à moradia adequada
III - assegurar a participação proporcional de representantes da população negra que vive em favelas, cortiços, áreas urbanas
das religiões de matrizes africanas, ao ladoda representação das de- subutilizadas, degradadas ou em processo de degradação, a fim de
mais religiões, em comissões, conselhos, órgãos e outras instâncias reintegrá-las à dinâmica urbana e promover melhorias no ambiente
de deliberação vinculadas ao Poder Público; e na qualidade de vida, sem prejuízo das atribuições de entes fede-
IV - assegurar que as políticas públicas voltadas para a po- rais e das políticas que desenvolvam de idêntica finalidade.
pulação negra, sejam estendidas aos povos ecomunidades tradicio- Parágrafo único. O direito à moradia adequada, para os efeitos
nais de matriz africana (POTMAS), considerando que são territórios desta Lei, inclui não apenas o provimento habitacional, mas tam-
de negritude. bém a garantia da infraestrutura urbana e dos equipamentos comu-
nitários associados à função habitacional, bem como a Assistência
CAPÍTULO IV Técnica e Jurídica para a construção, a reforma ou a regularização
DO ACESSO À TERRA E À MORADIA ADEQUADA fundiária da habitação em área urbana.
Art. 37. Os programas, projetos e outras ações no Estado do
SEÇÃO I Pará devem estar articuladas e realizadas no âmbito do Sistema Na-
DO ACESSO À TERRA cional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), regulado pela Lei n°
11.124, de 16 de junho de 2005, devendo considerar as peculiarida-
Art. 28. O Poder Público Estadual elaborará e implementará po- des sociais, econômicas e culturais da população negra.
líticas públicas capazes de promover o acesso da população negra à Parágrafo único. O Estado do Pará e os Municípios estimularão
terra e às atividades produtivas no campo, sem prejuízo das atribui- e facilitarão a participação de organizações e movimentos repre-
ções do ente federal. sentativos da população negra na composição dos conselhos cons-
Art. 29. Para incentivar o desenvolvimento das atividades pro- tituídos para fins de aplicação do Fundo Nacional de Habitação de
dutivas da população negra no campo, o Interesse Social (FNHIS).
Poder Público Estadual promoverá ações para viabilizar e am- Art. 38. Os agentes financeiros, públicos ou privados, promove-
pliar o seu acesso ao financiamento agrícola, sem prejuízo do ente rão ações para viabilizar o acesso da população negra aos financia-
federal. mentos habitacionais.
Art. 30. Serão assegurados à população negra a Assistência Téc-
nica Rural, a simplificação do acesso ao crédito agrícola e o forta- CAPÍTULO V
lecimento da infraestrutura de logística para a comercialização da DO TRABALHO
produção, sem prejuízo das responsabilidades e ações dos entes
federais. Art. 39. A implementação de políticas voltadas para a inclusão da
Art. 31. O Poder Público Estadual promoverá a educação e a população negra no mercado de trabalho será de responsabilidade
orientação profissional agrícola para os trabalhadores negros e as do Poder Público, sem prejuízo das atribuições da União Federal,
comunidades negras rurais, sem prejuízo das atribuições do ente observando-se:
federal. I - o instituído neste Estatuto;
Art. 32. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos II - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a
que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade de- Convenção Internacional sobre a Eliminação deTodas as Formas de
finitiva, devendo o Estado do Pará emitir-lhes os títulos respectivos Discriminação Racial, de 1965;
quando couber ou em acordo com a União Federal e seus órgãos III - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a
fundiários, observado o art. 322 da Constituição Estadual. Convenção n° 111, de 1958, da OrganizaçãoInternacional do Traba-
Parágrafo único. VETADO. lho (OIT), que trata da discriminação no emprego e na profissão;
IV - os demais compromissos formalmente assumidos pelo
Brasil perante a comunidade internacional.

94
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Art. 40. O Poder Público Estadual promoverá ações que assegu- go para atores, figurantes e técnicos negros, sendo vedada toda e
rem a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para a qualquer discriminação de natureza política, ideológica, racial ou
população negra, inclusive mediante a implementação de medidas artística.
visando à promoção da igualdade nas contratações do setor públi- Art. 46. Aplica-se à produção de peças publicitárias destinadas
co e de economia mista, além do incentivo de adoção de medidas à veiculação pelas emissoras de televisão e em salas cinematográfi-
similares nas empresas e organizações privadas. cas o disposto no art. 43.
§ 1° A igualdade de oportunidades será lograda mediante a Art. 47. Os órgãos e entidades da administração pública direta,
adoção de políticas e programas de formação profissional, de em- autárquica ou fundacional, as empresas públicas e as sociedades de
prego e de geração de renda voltados para a população negra. economia mista do Estado do Pará, deverão incluir cláusulas de par-
§ 2° As ações visando a promover a igualdade de oportunida- ticipação de artistas negros nos contratos de realização de filmes,
des na esfera da administração pública farse-ão por meio de nor- programas ou quaisquer outras peças de caráter publicitário.
mas estabelecidas ou a serem estabelecidas em legislação específi- § 1° Os órgãos e entidades de que trata este artigo incluirão,
ca e em seus regulamentos. nas especificações para contratação de serviços de consultoria,
§ 3° O Poder Público Estadual estimulará, por meio de incenti- conceituação, produção e realização de filmes, programas ou peças
vos, a adoção de iguais medidas pelo setor privado. publicitárias, a obrigatoriedade da prática de iguais oportunidades
§ 4° As ações de que trata o caput deste artigo assegurarão o de emprego para as pessoas relacionadas com o projeto ou serviço
princípio da paridade de gênero entre os beneficiários. contratado.
§ 5° Será assegurado o acesso ao crédito para a pequena pro- § 2° Entende-se por prática de iguais oportunidades de empre-
dução, nos meios rural e urbano, com ações afirmativas para mu- go o conjunto de medidas sistemáticas executadas com a finalidade
lheres negras. de garantir a diversidade racial, de sexo e de idade na equipe vincu-
§ 6° O Poder Executivo, por meio de seus órgãos competentes, lada ao projeto ou serviço contratado.
promoverá campanhas de sensibilização contra a marginalização da § 3° A autoridade contratante poderá, se considerar necessário
mulher negra no trabalho artístico e cultural, respeitando sua iden- para garantir a prática de iguais oportunidades de emprego, reque-
tidade de gênero. rer auditoria por órgão do Poder Público Estadual.
§ 7° O Poder Público promoverá ações com o objetivo de ele- § 4° A exigência disposta no caput não se aplica às produções
var a escolaridade e a qualificação profissional nos setores da eco- publicitárias quando abordarem especificidades de grupos étnicos
nomia que contem com alto índice de ocupação por trabalhadores determinados.
negros de baixa escolarização. Art. 48. Deverá ser assegurado nos territórios quilombolas o
§ 8° VETADO. acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s), princi-
§ 9° O Poder Público incentivará parcerias com cursos técnicos palmente da informática e da internet no Estado do Pará, propor-
do Sistemas para pessoas negras de baixa renda (até dois salários cionando à população quilombola paraense melhores oportunida-
mínimos) e do mercado informal. des no mercado de trabalho e a apropriação do conhecimento para
§ 10. VETADO. o benefício da comunidade.
§ 11. O Estado, por meio de seus órgãos competentes, deverá
conceder Selo de Equidade Racial, que deverá ser criado por lei es- TÍTULO III
pecífica, para empresas que possuam políticas de ação afirmativa DO SISTEMA ESTADUAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE
para pessoas negras nos seus processos de recrutamento e seleção. RACIAL (SIEPIR)
Art. 41. O Poder Executivo Estadual formulará políticas, pro-
gramas e projetos voltados para a inclusão da população negra no CAPÍTULO I
mercado de trabalho e orientará a destinação de recursos para seu DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
financiamento.
Art. 42. As ações de emprego e renda, promovidas por meio de Art. 49. É instituído o Sistema Estadual de Promoção da Igual-
financiamento para constituição e ampliação de pequenas e médias dade Racial (SIEPIR) como forma de organização e de articulação
empresas e de programas de geração de renda, contemplarão o es- voltadas à implementação do conjunto de políticas e serviços des-
tímulo à promoção de empresários negros. tinados a superar as desigualdades étnicas existentes no Estado do
Parágrafo único. O Poder Público estimulará as atividades vol- Pará.
tadas ao turismo com o enfoque na valorização da cultura racial § 1° O Estado do Pará poderá aderir ao Sistema Nacional de
com enfoque nos locais, monumentos e cidades que retratem a cul- Promoção de Igualdade Racial e mediante adesão os Municípios
tura, os usos e os costumes da população negra. poderão participar do Sistema Estadual.
Art. 43. VETADO. § 2° O Poder Público Estadual incentivará a sociedade e a inicia-
tiva privada a participar do SIEPIR.
CAPÍTULO VI
DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO CAPÍTULO II
DOS OBJETIVOS
Art. 44. A produção veiculada pelos órgãos de comunicação va-
lorizará a herança cultural e a participação da população negra na Art. 50. São objetivos do SIEPIR:
história do Pará. I - promover a igualdade racial e o combate às desigualda-
Art. 45. Na produção de filmes e programas destinados à vei- des sociais resultantes do racismo, inclusivemediante adoção de
culação pelas emissoras de televisão e em salas cinematográficas, ações afirmativas;
deverá ser adotada a prática de conferir oportunidades de empre-

95
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

II - formular políticas destinadas a combater os fatores de Art. 54. É assegurado às vítimas de discriminação racial o aces-
marginalização e a promover a integraçãosocial da população ne- so aos órgãos de Ouvidoria Permanente, à Defensoria Pública, ao
gra; Ministério Público e ao Poder Judiciário, em todas as suas instân-
III - descentralizar a implementação de ações afirmativas pe- cias, para a garantia do cumprimento de seus direitos.
los governos estaduais, distrital e municipais; Parágrafo único. O Estado assegurará atenção às mulheres
IV - articular planos, ações e mecanismos voltados à promo- negras, respeitando sua identidade de gênero, em situação de vio-
ção da igualdade racial; lência, garantida a assistência física, psíquica, social e jurídica bem
V - garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos criados como assegurará que sejam atendidas, de forma especifica, nas
para a implementação das ações afirmativase o cumprimento das demais questões jurídicas, considerando a situação de vulnerabi-
metas a serem estabelecidas. lidade.
Art. 55. O Estado adotará medidas especiais para coibir a vio-
CAPÍTULO III lência policial incidente sobre a população negra, com medidas es-
DA ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA pecíficas para combater o extermínio da juventude negra.
Parágrafo único. O Estado implementará ações de ressocializa-
Art. 51. O Poder Executivo, por meio de seus órgãos compe- ção e proteção da juventude negra em conflito com a lei e exposta
tentes, elaborará plano estadual de promoção da igualdade racial a experiências de exclusão social.
contendo as metas, princípios e diretrizes para a implementação da Art. 56. O Estado adotará medidas para coibir atos de discrimi-
Política Estadual de Promoção da Igualdade Racial (PEPIR). nação e preconceito praticados por servidores públicos em detri-
§ 1° A elaboração, implementação, coordenação, avaliação e mento da população negra, observado, no que couber, o disposto
acompanhamento da PEPIR, bem como a organização, articulação na Lei n° 7.716, de 5 de janeiro de 1989.
e coordenação do SIEPIR, serão efetivados pelo órgão responsável Art. 57. Para a apreciação judicial das lesões e das ameaças de
pela política de promoção da igualdade racial em âmbito estadual. lesão aos interesses da população negra decorrentes de situações
§ 2° O Poder Executivo Estadual, por meio de seus órgãos com- de desigualdade racial, recorrer-se-á, entre outros instrumentos, à
petentes, instituirá fórum intergovernamental de promoção da ação civil pública, disciplinada na Lei Federal n° 7.347, de 24 de ju-
igualdade racial, com o objetivo de implementar estratégias que vi- lho de 1985.
sem à incorporação da política nacional de promoção da igualdade Art. 58. Deverá ser assegurado, pelos órgãos competentes do
racial nas ações governamentais de Estados e Municípios. Poder Executivo, nos cursos de capacitação de servidores do Siste-
§ 3° As diretrizes das políticas nacional e regional de promoção ma de Segurança Pública, disciplinas curriculares específicas de en-
da igualdade étnica serão elaboradas por órgão colegiado que asse- frentamento ao racismo e outras práticas discriminatórias, e sobre
gure a participação da sociedade civil. o direito de igualdade racial, previstos no art. 3°, inciso IV da Cons-
Art. 52. Os Poderes Executivos Estadual e Municipal, no âmbito tituição Federal e Decreto n° 65.810, de 8 de dezembro de 1969.
das respectivas esferas de competência, poderão instituir conselhos Parágrafo único. Considera-se cursos de capacitação, todo e
de promoção da equidade racial, de caráter permanente, delibera- qualquer curso realizado de formação ou de qualificação profissio-
tivo e consultivo, compostos por igual número de representantes nal dos servidores que trata o caput deste artigo.
de órgãos e entidades públicas e de organizações da sociedade civil Art. 59. Os relatórios do Conselho Estadual de Segurança Pú-
representativas da população negra. blica sobre violência e homicídios, deverão conter o recorte racial
§ 1° O Poder Executivo Estadual, por meio de seus órgãos com- contra a população negra.
petentes, captará os recursos que lhe foram destinados em decor- Art. 60. Deverá constar em qualquer concurso público, de qual-
rência de programas e atividades previstos na Lei Federal aos Es- quer dos Poderes do Estado do Pará, conteúdos sobre a legislação
tados e Municípios que tenham criado conselhos de promoção da antirracista e de promoção da igualdade racial, em especial o Esta-
equidade étnico-racial. tuto da Igualdade Racial Federal, Lei Federal n° 7.716/89 e Estadual
§ 2° Será assegurado no Conselho de que trata o caput a fun- quando houver.
ção de elaboração, implementação, monitoramento e avaliação de
Programas e ações de equidade raciais na área de educação, saúde, CAPÍTULO V
esportes e lazer sob responsabilidade dos Movimentos Negro do DO FINANCIAMENTO DAS INICIATIVAS DE PROMOÇÃO DA
Pará para garantir a transversalidade com verba assegurada no or- IGUALDADE RACIAL
çamento anual do Estado do Pará.
Art. 61. Na implementação dos programas e das ações constan-
CAPÍTULO IV tes dos Planos Plurianuais e dos Orçamentos Anuais do Estado do
DAS OUVIDORIAS PERMANENTES E DO ACESSO À JUSTIÇA Pará, deverão ser observadas as políticas de ação afirmativa a que
E À SEGURANÇA se refere o inciso VII do art. 4° desta Lei e outras políticas públicas
que tenham como objetivo promover a igualdade de oportunidades
Art. 53. O Poder Público poderá instituir, na forma da lei e no e a inclusão social da população negra, especialmente no que tange
âmbito dos Poderes Legislativo e Executivo, Ouvidorias Permanen- a:
tes em Defesa da Equidade Racial, para receber e encaminhar de- I - promoção da igualdade de oportunidades em educação,
núncias de preconceito e discriminação com base em cor e acompa- emprego, geração de renda, moradia esaneamento básico;
nhar a implementação de medidas para a promoção da igualdade. II - financiamento de pesquisas, nas áreas de educação, saú-
de e emprego, voltadas para a melhoria daqualidade de vida da po-
pulação negra;

96
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

III - incentivo à criação de programas e veículos de comuni- Art. 66. O parágrafo único do art. 1° da Lei n° 6.941, de 17 de
cação destinados à divulgação de matériasrelacionadas aos interes- janeiro de 2007, passa a viger com a seguinte redação:
ses da população negra; “Art.1° .........................................................................
IV - incentivo à criação e à manutenção de microempresas Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, considera-se popu-
administradas por pessoas autodeclaradasnegras; lação negra o
V - iniciativas que incrementem o acesso e a permanência conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, con-
das pessoas negras na educação fundamental,média, técnica e su- forme o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasilei-
perior; ro de Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam autodefinição
VI - apoio a programas e projetos do Governo Estadual e Mu- análoga e sejam socialmente reconhecidas como tal.”
nicipal e de entidades da sociedade civilvoltados para a promoção Art. 67. Ficam mantidos os efeitos das Leis n°s 6.457, de 30 de
da igualdade de oportunidades para a população negra; abril de 2002, 6.938, de 28 de agosto de 2006, e 6.941, de 17 de
VII - apoio a iniciativas em defesa da cultura, da memória e janeiro de 2007, não havendo oposição à presente Lei.
das tradições africanas e brasileiras. Art. 68. Os direitos e garantias expressos neste Estatuto não ex-
§ 1° O Poder Executivo Estadual deverá adotar medidas que ga- cluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ele adota-
rantam, em cada exercício, a transparência na alocação e na execu- dos, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa
ção dos recursos necessários ao financiamento das ações previstas do Brasil seja parte (Art. 5°, LXXVIII, § 2° da Constituição Federal/88)
neste Estatuto, explicitando, entre outros, a proporção dos recursos (preâmbulo).
orçamentários destinados aos programas de promoção da igualda- Art. 69. VETADO.
de, especialmente nas áreas de educação, saúde, emprego e renda, Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
desenvolvimento agrário, habitação popular, desenvolvimento re-
gional, cultura, esporte e lazer. GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
§ 2° Durante os 10 (dez) primeiros anos, a contar do exercício SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILI-
subsequente à publicação deste Estatuto, os órgãos do Poder Exe- DADE
cutivo Estadual que desenvolvem políticas e programas nas áreas PALÁCIO DO GOVERNO, 11 de novembro de 2021
referidas no § 1° deste artigo, discriminarão em seus orçamentos
anuais a participação nos programas de ação afirmativa referidos
no inciso VII do art. 4° desta Lei. ÉTICA, PRINCÍPIOS, VALORES E A LEI
§ 3° O Poder Executivo Estadual poderá adotar as medidas ne-
cessárias para a adequada implementação do disposto neste artigo, Princípios, Valores e Virtudes
podendo estabelecer patamares de participação crescente dos pro- Princípios são preceitos, leis ou pressupostos considerados
gramas de ação afirmativa nos orçamentos anuais a que se refere o universais que definem as regras pela qual uma sociedade civiliza-
§ 2° deste artigo. da deve se orientar.
§ 4° O Poder Executivo Estadual, por meio de seus órgãos com- Em qualquer lugar do mundo, princípios são incontestáveis,
petentes, acompanhará e avaliará a programação das ações referi- pois, quando adotados não oferecem resistência alguma. Enten-
das neste artigo nas propostas orçamentárias do Estado. de-se que a adoção desses princípios está em consonância com o
Art. 62. Sem prejuízo da destinação de recursos ordinários, po- pensamento da sociedade e vale tanto para a elaboração da consti-
derão ser consignados nos Orçamentos Fiscal e da Seguridade So- tuição de um país quanto para acordos políticos entre as nações ou
cial para financiamento das ações de que trata o art. 55: estatutos de condomínio.
I - transferências voluntárias da União Federal; O princípios se aplicam em todas as esferas, pessoa, profissio-
II - doações voluntárias de particulares; nal e social, eis alguns exemplos: amor, felicidade, liberdade, paz e
III - doações de empresas privadas e organizações não gover- plenitude são exemplos de princípios considerados universais.
namentais, nacionais ou internacionais; Como cidadãos – pessoas e profissionais -, esses princípios fa-
IV - doações voluntárias de fundos nacionais ou internacio- zem parte da nossa existência e durante uma vida estaremos lutan-
nais; do para torná-los inabaláveis. Temos direito a todos eles, contudo,
V - doações de Estados estrangeiros, por meio de convênios, por razões diversas, eles não surgem de graça. A base dos nossos
tratados e acordos internacionais; princípios é construída no seio da família e, em muitos casos, eles
VI – VETADO. se perdem no meio do caminho.
De maneira geral, os princípios regem a nossa existência e são
TÍTULO IV comuns a todos os povos, culturas, eras e religiões, queiramos ou
DISPOSIÇÕES FINAIS não. Quem age diferente ou em desacordo com os princípios uni-
versais acaba sendo punido pela sociedade e sofre todas as conse-
Art. 63. As medidas instituídas nesta Lei não excluem outras em quências.
prol da população negra que tenham sido ou venham a ser adota- Valores são normas ou padrões sociais geralmente aceitos ou
das no âmbito da União Federal ou dos Municípios. mantidos por determinado indivíduo, classe ou sociedade, portan-
Art. 64. O Poder Executivo Estadual criará instrumentos para to, em geral, dependem basicamente da cultura relacionada com o
aferir a eficácia social das medidas previstas nesta Lei e efetuará ambiente onde estamos inseridos. É comum existir certa confusão
seu monitoramento constante, com a emissão e a divulgação de entre valores e princípios, todavia, os conceitos e as aplicações são
relatórios periódicos, inclusive pela rede mundial de computadores. diferentes.
Art. 65. VETADO.
Parágrafo único. VETADO.

97
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Diferente dos princípios, os valores são pessoais, subjetivos e, Durante o período em que o país viveu uma ditadura militar e
acima de tudo, contestáveis. O que vale para você não vale neces- a democracia foi colocada de lado, tivemos a suspensão do ensino
sariamente para os demais colegas de trabalho. Sua aplicação pode de filosofia e, consequentemente, de ética, nas escolas e universi-
ou não ser ética e depende muito do caráter ou da personalidade dades. Aliados a isso tivemos os direitos políticos do cidadão sus-
da pessoa que os adota. pensos, a liberdade de expressão caçada e o medo da repressão.
Na prática, é muito mais simples ater-se aos valores do que Como consequência dessa série de medidas arbitrárias e auto-
aos princípios, pois este último exige muito de nós. Os valores com- ritárias, nossos valores morais e sociais foram se perdendo, levando
pletamente equivocados da nossa sociedade – dinheiro, sucesso, a sociedade a uma “apatia” social, mantendo, assim, os valores que
luxo e riqueza – estão na ordem do dia, infelizmente. Todos os dias o Estado queria impor ao povo.
somos convidados a negligenciar os princípios e adotar os valores Nos dias atuais estamos presenciando uma “nova era” em nos-
ditados pela sociedade. so país no que tange à aplicabilidade das leis e da ética no poder:
Virtudes, segundo o Aurélio, são disposições constantes do es- os crimes de corrupção e de desvio de dinheiro estão sendo mais
investigados e a polícia tem trabalhado com mais liberdade de
pírito, as quais, por um esforço da vontade, inclinam à prática do
atuação em prol da moralidade e do interesse público, o que tem
bem. Aristóteles afirmava que há duas espécies de virtudes: a inte-
levado os agentes públicos a refletir mais sobre seus atos antes de
lectual e a moral. A primeira deve, em grande parte, sua geração e
cometê-los.
crescimento ao ensino, e por isso requer experiência e tempo; ao Essa nova fase se deve principalmente à democracia implanta-
passo que a virtude moral é adquirida com o resultado do hábito. da como regime político com a Constituição de 1988.
Segundo Aristóteles, nenhuma das virtudes morais surge em Etimologicamente, o termo democracia vem do grego de-
nós por natureza, visto que nada que existe por natureza pode ser mokratía, em que demo significa povo e kratía, poder. Logo, a defi-
alterado pela força do hábito, portanto, virtudes nada mais são do nição de democracia é “poder do povo”.
que hábitos profundamente arraigados que se originam do meio A democracia confere ao povo o poder de influenciar na ad-
onde somos criados e condicionados através de exemplos e com- ministração do Estado. Por meio do voto, o povo é que determina
portamentos semelhantes. quem vai ocupar os cargos de direção do Estado. Logo, insere-se
Uma pessoa pode ter valores e não ter princípios. Hitler, por nesse contexto a responsabilidade tanto do povo, que escolhe seus
exemplo, conhecia os princípios, mas preferiu ignorá-los e adotar dirigentes, quanto dos escolhidos, que deverão prestar contas de
valores como a supremacia da raça ariana, a aniquilação da oposi- seus atos no poder.
ção e a dominação pela força.
No mundo corporativo não é diferente. Embora a convivência A ética tem papel fundamental em todo esse processo, regula-
seja, por vezes, insuportável, deparamo-nos com profissionais que mentando e exigindo dos governantes o comportamento adequa-
atropelam os princípios, como se isso fosse algo natural, um meio do à função pública que lhe foi confiada por meio do voto, e confe-
de sobrevivência, e adotam valores que nada tem a ver com duas rindo ao povo as noções e os valores necessários para o exercício
grandes necessidades corporativas: a convivência pacífica e o espí- de seus deveres e cobrança dos seus direitos.
rito de equipe. Nesse caso, virtude é uma palavra que não faz parte E por meio dos valores éticos e morais – determinados pela
do seu vocabulário e, apesar da falta de escrúpulo, leva tempo para sociedade – que podemos perceber se os atos cometidos pelos
destituí-los do poder. ocupantes de cargos públicos estão visando ao bem comum ou ao
Valores e virtudes baseados em princípios universais são ine- interesse público.
gociáveis e, assim como a ética e a lealdade, ou você tem, ou não
tem. Entretanto, conceitos como liberdade, felicidade ou riqueza EXERCÍCIO DA CIDADANIA
não podem ser definidos com exatidão. Cada pessoa tem recorda- Todo cidadão tem direito a exercer a cidadania, isto é, seus di-
reitos de cidadão; direitos esses que são garantidos constitucional-
ções, experiências, imagens internas e sentimentos que dão um
mente nos princípios fundamentais.
sentido especial e particular a esses conceitos.
Exercer os direitos de cidadão, na verdade, está vinculado a exer-
O importante é que você não perca de vista esses conceitos
cer também os deveres de cidadão. Por exemplo, uma pessoa que
e tenha em mente que a sua contribuição, no universo pessoal e deixa de votar não pode cobrar nada do governante que está no po-
profissional, depende da aplicação mais próxima possível do senso der, afinal ela se omitiu do dever de participar do processo de escolha
de justiça. E a justiça é uma virtude tão difícil, e tão negligenciada, dessa pessoa, e com essa atitude abriu mão também dos seus direitos.
que a própria justiça sente dificuldades em aplicá-la, portanto, lute Direitos e deveres andam juntos no que tange ao exercício da
pelos princípios que os valores e as virtudes fluirão naturalmente. cidadania. Não se pode conceber um direito sem que antes este
seja precedido de um dever a ser cumprido; é uma via de mão du-
ÉTICA E DEMOCRACIA: EXERCÍCIO DA CIDADANIA. pla, seus direitos aumentam na mesma proporção de seus deveres
CONDUTA ÉTICA. perante a sociedade.
Constitucionalmente, os direitos garantidos, tanto individuais
quanto coletivos, sociais ou políticos, são precedidos de responsa-
ÉTICA E DEMOCRACIA bilidades que o cidadão deve ter perante a sociedade. Por exemplo,
O Brasil ainda caminha a passos lentos no que diz respeito à a Constituição garante o direito à propriedade privada, mas exige-
ética, principalmente no cenário político que se revela a cada dia, -se que o proprietário seja responsável pelos tributos que o exercí-
porém é inegável o fato de que realmente a moralidade tem avan- cio desse direito gera, como o pagamento do IPTU.
çado. Exercer a cidadania por consequência é também ser probo,
Vários fatores contribuíram para a formação desse quadro caó- agir com ética assumindo a responsabilidade que advém de seus
tico. Entre eles os principais são os golpes de estados – Golpe de deveres enquanto cidadão inserido no convívio social.
1930 e Golpe de 1964.

98
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Autoconhecimento
ÉTICA PROFISSIONAL. Ao assumir um compromisso que você não vai dar conta, você
não está agindo de maneira ética.
Antes de abordarmos o tema, diretamente, vamos à concepção Afinal de contas, sua possível falta de entrega vai se revelar uma
de ética, cuja palavra tem origem no significado grego de caráter — falha grave na relação com quem você assumiu a responsabilidade.
éthos, e que significa a propriedade do caráter. Portanto, o autoconhecimento é, sim, uma forma de manter a
Nesse contexto, a propriedade e o caráter estão associados aos ética profissional em dia.
padrões convencionais da sociedade, mas também intrínsecos no
cuidado em não prejudicar o próximo. Humildade
Portanto, sua percepção pode variar com a de outra pessoa, Arrogância não combina com ética profissional. Por sua vez,
dentro de determinados valores pessoais, mas a ética tem uma raiz pessoas humildes agregam mais, no ambiente de trabalho, não de-
mais abrangente, que acomoda a todas as visões. bocham dos outros e sabem ouvir e transmitir críticas e sugestões
sem ofender os outros.
E a ética profissional?
Aplicando a ideia acima ao ambiente corporativo, temos a ética Educação
profissional como uma pauta de tudo aquilo (pensamentos, com- Respeito, acima de tudo. Entenda e compreenda as diferenças
portamentos e atitudes) que podem ferir o bom convívio. entre as pessoas — e em todos os níveis, dos morais aos pessoais e
Acontece que são situações que acabam mais banalizadas do de acordo com as escolhas de vida de cada um.
que muita gente imagina. Em busca de alcançar seus objetivos Isso significa que você também não perde a calma, age com
profissionais, por exemplo, as pessoas tendem a flexionar a ética razão antes de se prender a alguma emoção para tomar decisões e
— sendo que se trata de um conjunto de valores inflexíveis. Entre que a sua opinião é bem-vinda e respeitada.
outros exemplos que podem prejudicar os valores morais e éticos
dentro da empresa. Privacidade
Pessoas bisbilhoteiras, que falam de outras pessoas quando
Quais são as vantagens em estimular a ética profissional? não estão presentes e mexem na propriedade alheia não respeitam
Quando o RH da empresa, a gestão e os colaboradores olham a privacidade.
os seus propósitos na mesma direção, a ética profissional agrega E isso não é nem um pouco ético. Aprenda a respeitar o espaço
uma série de benefícios na rotina produtiva. Entre os principais, do próximo, para evitar conflitos internos que apenas minam a con-
destacamos os seguintes fiança, harmonia e produtividade da equipe.
–mais facilidade na construção e manutenção dos relaciona-
mentos interpessoais; Responsabilidade
– mais motivação interna para o desenvolvimento — individual Falamos disso, em um exemplo anterior: tenha a responsabili-
e coletivo; dade para assumir somente aquilo que você tem a certeza de que
–aprimoramento da comunicação interna e externa da empre- vai dar conta.
sa, na qual todos os valores são facilmente expressos, absorvidos e Não é nem um pouco errado, inclusive, também ter humildade
transmitidos; para compartilhar essa responsabilidade com outras pessoas — se
– contínuo exercício do autoconhecimento; possível. Assim, você também estabelece novos patamares de um
– respeito coletivo; espaço colaborativo e em que todos crescem juntos dentro da em-
– valorização dos pilares institucionais da empresa, contribuin- presa.
do com a retenção e a atração de novos talentos.
Reconhecimento
Vale perceber que são benefícios que se colhem tanto em uma Nada de egoísmo, falsidade e descrença. Quem carrega os va-
escala individual quanto coletiva, e para o colaborador e a empresa lores de ética profissional no seu dia a dia sabe reconhecer, e enal-
também. tecer, os méritos dos colegas. Mesmo que isso signifique que o seu
Pois então, vamos avaliar quais atitudes o nosso manual da éti- trabalho não foi reconhecido de imediato. Afinal de contas, todos
ca profissional estão reunidas, logo abaixo, para você se inspirar em devem ter a oportunidade de crescimento.
replicá-las no seu dia a dia?
Autocrítica
Quais posturas podem promover a ética profissional? Por fim, a ética profissional também estabelece um paralelo in-
Quer aumentar o seu autoconhecimento e influenciar as pes- teressante com aquilo que tendemos a fazer: culpar os outros pelos
soas a terem mais ética profissional? Essas são as atitudes que mais nossos insucessos.
contribuem com a promoção de um ambiente justo e moral: E isso pode ser uma poderosa arma contra a motivação na em-
presa, tendo em vista que a pessoa não fez aquilo que deveria ter
Honestidade feito desde o princípio: ter autocrítica.
Tenha a sinceridade inserida no seu vocabulário diário. Por Com ela, você aprende mais sobre os motivos pelos quais um
meio dela, você exprime os seus pensamentos com clareza e impar- resultado desejado não foi alcançado. E permite que você trabalhe,
cialidade, sem visar o prejuízo aos outros. cada vez mais, para reforçar esses pontos de melhoria.

99
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Quais atitudes antiéticas devem ser evitadas? 5. Seja honesto


Por fim, vamos falar de quais atitudes devem ser evitadas, se Honestidade e sinceridade são atitudes que ganham a con-
você pretende garantir mais ética profissional em suas atitudes. fiança dos que convivem com você. Nesse caso, não trapaceie, não
Perceba que algumas delas já foram destacadas, previamente, finja ser o que não é, não tente levar vantagens indevidas e não
mas vale reforçá-las para que passem bem longe dos seus hábitos manipule pessoas ou situações para se beneficiar, por exemplo. A
cotidianos. São elas: desonestidade é o caminho mais curto para arruinar sua reputação.
– falta de pontualidade;
–apresentação inadequada e fora dos valores de sua empresa; 6. Reconheça o mérito do outro
– posturas e atitudes de brincadeiras com os colegas de traba- Não tente levar créditos por ideias ou projetos que não são de
lho; sua autoria. Plagiar trabalhos alheios e tentar levar mérito pelo que
–falta de respeito com o próximo; não fez é um dos comportamentos antiéticos que podem levar ao
– fofocas — tenham elas um fundo de verdade ou não; fracasso profissional. Por outro lado, reconhecer e elogiar o traba-
– mentiras, sejam elas para se preservar ou a outra pessoa, e lho dos colegas é ser ético e contribui para um ambiente saudável.
também aquelas com a intenção de prejudicar um ou mais colegas;
– todo tipo e forma de assédio; 7. Seja discreto
–desequilíbrio emocional As confidências e assuntos particulares dos colegas não devem
– intimidades excessivas e não permitidas pelos outros. ser motivo de fofocas na empresa. Do mesmo modo, evite expor
sua vida e assuntos íntimos no ambiente de trabalho. Saiba separar
Tudo isso está intimamente ligado a um conjunto de pensa- a vida pessoal da profissional. Confidências e conversas particulares
mentos, ações e comportamentos que se refletem no profissional só no happy-hour de sexta-feira, depois do horário de trabalho.
de sucesso que você é e pode ser ainda mais!
Para obter destaque no trabalho, é preciso ter um comporta- 8. Evite reclamações e críticas
mento que transmita confiança aos líderes da empresa. Dessa ma- Não seja aquela pessoa que só reclama e critica sem nunca ofe-
neira, torna-se fundamental agir eticamente, construindo relações recer soluções. Observou falhas em algum processo? Viu situações
de qualidade, inclusive entre os seus colegas. que precisam ser aprimoradas? Em vez de só reclamar e criticar co-
Por isso mesmo, separamos 18 dicas valiosas que contribuirão legas e superiores, ofereça sugestões para melhorias. Assim, você
para o seu bom rendimento na equipe. Confira quais são elas: vai se destacar pela colaboração, e não pelas reclamações.

1. Aja com educação e respeito 9. Assuma seus erros


Isso significa adotar uma atitude amigável, bem-educada e res- Ninguém é perfeito, então você também está sujeito a falhas. O
peitosa com todos no ambiente de trabalho — desde os servidores mérito, aqui, está em reconhecer e assumir seus erros, sem fugir de
mais humildes até os ocupantes de cargos de chefia. Não importa responsabilidades e nem tentar colocar a culpa no outro. Admitir os
a posição hierárquica, todos merecem ser tratados com gentileza e próprios erros é mais um exemplo de ética profissional.
respeito.
10. Ofereça feedback
2. Respeite a confidencialidade Seja na posição de chefia, seja entre colegas, fazer críticas cons-
Nunca divulgue informações confidenciais sobre a organização. trutivas sobre a atuação do outro é uma maneira de aperfeiçoar
A não ser que você seja o porta-voz autorizado por seus emprega- processos e promover uma convivência baseada na confiança. Por
dores a divulgar informações, não fale em nome da empresa. isso, dê feedbacks de modo educado e discreto. Lembre-se: elogie
Seja discreto e respeite o sigilo profissional. Assuntos que di- em público, mas corrija em particular.
zem respeito ao ambiente corporativo não devem vir a público sem
autorização. 11. Mantenha a boa comunicação com a equipe
Em caso de conflitos ou mal-entendidos com algum colega,
3. Seja confiável fale com ele em particular e esclareça o assunto. Cortar relações ou
Cumprir horários, entregar o trabalho no prazo, dar o seu me- deixar de conversar com alguém só servirá para deixar o ambien-
lhor ao executar uma tarefa e manter a palavra dada são exemplos te tenso e criar polaridade entre colegas. Sendo assim, contribua
de atitudes que mostram aos superiores e aos colegas que podem para manter as relações cordiais e a boa comunicação dentro da
confiar em você. Por isso, nunca prometa o que não poderá cumprir. empresa.

4. Tenha autocrítica 12. Obedeça os regulamentos


É importante ter a humildade de admitir que não domina de- As empresas adotam políticas próprias e estabelecem normas
terminado assunto ou que não reúne as qualificações para certas de conduta e de ética profissional que devem ser seguidas por seus
tarefas. É melhor informar sobre os seus pontos fracos e pedir para colaboradores. Sua obrigação, como funcionário, é obedecer ao re-
aprender, em vez de inventar competências que ainda não tem e gulamento e sempre adotar uma postura adequada aos preceitos
colocar todo o trabalho em risco. morais e éticos no ambiente de trabalho.

100
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

13. Respeite a hierarquia Ter uma atitude ética no âmbito profissional é contar, inclusive,
Assim como os regulamentos, a hierarquia da empresa deve ser com melhores possibilidades de promoção dentro da empresa. Isso
respeitada. Tentar desqualificar ou “passar por cima” de seu supe- permite o favorecimento de seu engajamento diante do crescimen-
rior para obter vantagens pessoais é um comportamento antiético, to da companhia e da sua carreira.
por exemplo. Atitudes de desrespeito à hierarquia contaminam o Ser reconhecido por um comportamento ético é fundamental
ambiente de trabalho e trazem reflexos negativos para sua carreira. para um bom profissional, e isso é aplicável em qualquer tipo de ati-
vidade. Nesse caso, é importante garantir que o espaço considere
14. Invista em seu desenvolvimento pessoal as características pessoais de cada indivíduo, respeitando as ideias
Investir em si mesmo para crescer pessoal e profissionalmente e opiniões distintas.
e, assim, oferecer o melhor para a empresa também é um compor- É preciso entender como funcionam as regras e normas rela-
tamento ético muito valorizado por empregadores. cionadas ao clima organizacional, pois isso possibilitará desenvolver
Estudar e se qualificar, tanto como ser humano quanto como um trabalho muito mais alinhado, favorecendo a parceria e o res-
profissional, fará a diferença em sua vida pessoal e contará pontos peito mútuo entre toda a equipe.
a seu favor no caso de um eventual corte de pessoal na empresa, No futuro, caso você deseje conquistar um cargo em outra em-
por exemplo. presa, esses detalhes serão valorizados pela equipe de Recursos Hu-
manos, que transmitirá maior confiança em seu currículo e em suas
15. Conheça o código de conduta da empresa experiências anteriores.
Além dos preceitos éticos universais que todos devem seguir, Existem diversas vantagens de praticar a ética no ambiente
é importante lembrar que o código de conduta de cada instituição corporativo, portanto, não hesite em dar o seu melhor e obter des-
pode ter variações que os colaboradores precisam conhecer e obe- taque diante da companhia. Lembre-se de que um bom compor-
decer. Por isso, não deixe de ler o código e colocar em prática as tamento promove a melhoria de seu desenvolvimento pessoal e
atitudes que a sua empresa recomenda. interpessoal.1

16. Tenha comprometimento com a sua carreira ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL.


Um bom profissional geralmente apresenta responsabilidade e
comprometimento com tudo o que diz respeito ao seu trabalho. As-
sim, é preciso contar com uma dose extra de engajamento, cumprin- ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL
do a sua função com empenho e transparência. Isso contribui para a
valorização da carreira e também para atingir destaque profissional. Ética2
A palavra Ética (do grego ethos/etheia) pode ser traduzida por
17. Prometa apenas o que pode cumprir “modo de ser”, ou “caráter”. Os romanos traduziram-na para o latim
Outro ponto fundamental é ser responsivo e prometer apenas mos – plural mores – com o significado de “costume”, vocábulo do
o que pode cumprir. Com isso, o colaborador deve estar atento aos qual se origina a palavra Moral.
prazos e alinhar o seu trabalho visando sempre o cumprimento das Estes conceitos referem-se a um tipo de comportamento que
metas da empresa. Com o tempo, essa atitude contribuirá para a não é natural, mas adquirido por hábito.
melhora da sua credibilidade diante da equipe, demonstrando que Assim temos que Ética e Moral referem-se a uma realidade
você é honesto com as suas obrigações. humana, construída histórica e socialmente, fundamentadas nas
relações coletivas dos seres humanos, nas sociedades onde nascem
18. Evite fofoca e vivem, e definem o melhor modo de viver e conviver.
Por fim, evite sempre fazer ou alimentar fofoca dentro do am-
biente profissional. Isso também vale para comentários ofensivos A ética possui caráter crítico e reflexivo e nos leva a uma refle-
ou julgamentos direcionados aos seus colegas. Mesmo que pareça xão crítica sobre a moral.
brincadeira, esse tipo de comportamento pode trazer desenten-
dimentos e problemas, magoando e prejudicando as pessoas que A ética pode ser definida como um conjunto de modelos mo-
convivem diariamente com você. rais que guiam o comportamento no meio dos negócios e na socie-
dade, construindo o próprio caráter em prol do bem-estar de todos.
Como é possível se beneficiar com a ética profissional? Ou como o estudo do comportamento dos indivíduos, julgan-
Todo o ambiente de trabalho pode ser beneficiado quando os do-os adequado ou não, perante a sociedade ou a organização.
colaboradores compartilham do comprometimento com as respon- Em razão disso devemos considerar a existência de dois tipos
sabilidades e com os objetivos da empresa. Dessa maneira, cultivar de ética, ao qual veremos a seguir.
bons relacionamentos é vital para a melhoria da sua comunicação
interpessoal, motivando-o a adquirir mais capacitação profissional. Ética Empresarial
Com isso, os líderes da organização devem promover um cenário A ética empresarial é fundamentada no relacionamento, entre
que permita o desenvolvimento técnico e pessoal de seus funcionários, funcionários, clientes, fornecedores entre outros, atentando-se aos
oferecendo espaço para exercitar o autoconhecimento e o respeito dian- valores humanísticos de cada um.
te da equipe. Naturalmente, os resultados tendem a ser cada vez me-
lhores, já que as relações serão mais valorizadas e positivas para todos. 1 Fonte: www.febracis.com.br/www.blog.unyleya.edu.br
2 COELHO. Daniela. Ética e Responsabilidade Social. INSTITUTO ETHOS
de empresa e Responsabilidade Social. Responsabilidade social para
Micro e pequenas empresas. São Paulo: 2003.

101
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Para uma empresa tornar-se ética é preciso ter persuasão so- Ética Social
bre seus colaboradores e possuir competências para transformar As empresas podem ser entendidas, em um contexto global,
suas ações em fatos concretos e objetivos, evitando e diminuindo como unidades fundamentais as necessidades humanas, porém im-
os obstáculos, dando mais atenção aos valores que defende, não pactos: ambientais, sociais, diretos e indiretos, tornam-se cada vez
deixando-se influenciar por fatores externos. mais, um desafio a ser enfrentado pelas organizações na atualidade.
Algumas empresas até possuem um código de ética que deve Até pouco tempo atrás, empresários se preocupavam apenas
ser seguido rigorosamente pelos funcionários, no qual muitas em- com assuntos e atividades que lhes traziam lucros ou com o pró-
presas obtêm a confiança e o respeito deles, além de assumir um prio bem estar da empresa, hoje já se pode observar uma grande
compromisso com parceiros e clientes e em muitos casos, em virtu- mudança nesse perfil organizacional, em razão destes, estarem as-
de do grande comprometimento da equipe, adquirem o tão sonha- sumindo um novo modelo ético com virtudes sérias a respeito das
do certificado de reconhecimento. consequências relacionadas as questões ambientais e sociais viven-
Uma empresa com uma política ética, só tem a ganhar, isso ciadas pela população e pelo planeta.
porque ao agir corretamente e respeitar o próximo, ganham tam- A partir desta realidade não é mais possível se limitar a uma
bém confiança, credibilidade, clientes, funcionários mais motiva- visão estreita, quanto aos interesses particulares da empresa, ao
dos e envolvidos com os projetos da empresa, e enfim o lucro tão ponto que estas se veem obrigadas a desenvolver critérios éticos
esperado. específicos fazendo jus à sua realidade, isto é, considerando não
Aplicada pelo gestor, a ética pode ser percebida por meio da somente fatores econômicos, mas também os fatores políticos, as
abertura para criatividade, delegação de tarefas, fornecimento de exigências legais e os impactos socioambientais, entre outros as-
informações necessárias, observação e fornecimento de feedback, pectos associados às suas atividades.
estabelecimento de canais de comunicação, entre outros. Neste sentido várias empresas já estão de adequando a este
A ética se destina em realizar o bem comum, ou seja não preju- novo modelo, agregando valores éticos a seus produtos e serviços e
dicar ninguém e não permitir que ninguém o prejudique. obtendo resultados positivos por meio de marcas mais valorizadas.
Nos negócios, em razão dos vários relacionamentos com for- Pois os consumidores preferem pagar um pouco mais pelo produto
necedores e clientes de diferentes perfis, não há conduta sem que em troca do valor agregado.
alguém saia prejudicado, em razão disso foi adotado um modelo de Com isso vale ressaltar que a ética sobre uma perceptiva social,
ética baseado na responsabilidade, convicção e virtude. também contribui para o desenvolvimento econômico e ao mesmo
tempo colabora com a preservação ambiental, melhora da qualida-
Modelo de Ética de de vida dos colaboradores, familiares da empresa e da comuni-
Responsabilidade: o indivíduo precisa ter consciência que toda dade local.
ação da organização afetará as pessoas com as quais têm contato. De certa forma a ética, também pode ser entendida como um
Convicção: aquisição de valores que limitam a busca dos resul- maior compromisso das empresas em proporcionar maior clareza
tados planejados e a ambição da empresa. quanto ao gerenciamento dos recursos, processos, produção e re-
Virtude: é a tendência para prática do bem e as pessoas partici- síduos.
pam das decisões da organização. Destacando por fim, que ser uma empresa socialmente ética
também significa ser uma empresa que se preocupa com os proble-
Lembre-se: que a ética organizacional não se limita a cada um mas sociais da população, como por exemplo se preocupar com as
desses modelos individualmente, mas sim na sua junção. condições de miséria da sociedade e tomar atitudes para que essas
pessoas retomem seu convívio social com dignidade.
Ética como estratégia de Mercado
A globalização e os novos padrões de mercado, tem levado as Lembre-se: A ética social é praticada pela empresa de forma
empresas a se auto avaliar constantemente. Com isso várias organi- interna, recrutando e formando profissionais e executivos que com-
zações passarão a adotar valores éticos rigorosos para manter uma partilham desta filosofia, privilegiando a diversidade e o pluralismo,
boa imagem de mercado, como é o caso da Natura, O Boticário, e relacionando-se de maneira democrática com os diversos públicos,
de alguns bancos como Banco Real, Unibanco/Itaú e Bradesco. adotando o consumo responsável, respeitando as diferenças, culti-
Estas empresas têm associado valores éticos à sua marca, para vando a liberdade de expressão e a lisura nas relações comerciais.
a obtenção de um diferencial em seus produtos e serviços, afim de
alcançar melhores resultados, garantir sua permanência no merca- Responsabilidade Social nas Empresas3
do e atrair/ preservar clientes que também buscam pelos mesmos Várias definições podem ser atribuídas a responsabilidade so-
ideais. cial, no enteando a mais comum é conceituada como o conjunto
A estratégia da empresa então se traduz em reproduzir ao con- das atitudes dos cidadãos e organizações públicas ligadas a ética
sumidor as ações empregadas por seus gestores e profissionais, no e direcionadas para o desenvolvimento sustentável da sociedade,
qual é feita por meio de campanhas de marketing, com o intuito de preservando o meio ambiente para futuras gerações e impulsionan-
promover a imagem institucional da empresa. do a diminuição das desigualdades sociais.
As empresas sentem o dever de se tornarem responsáveis, uma
Lembre-se: A ética empresarial deve que ser entendida como vez que questionadas sobre o futuro da sociedade e da economia,
um valor da organização que assegura sua sobrevivência, sua percebem os efeitos causados pelas suas atividades e reconhecem
reputação e, consequentemente, seus bons resultados. a necessidade de reparar seu comportamento. Com isso se veem a

3 HONÓRIO, Camila Cristina S.; FERREIRA, Maristela Perpétu; SANTOS,


Rosecleia Perpétua Gomes dos. Ética e Responsabilidade Social, 2017.

102
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

frente de um desafio, o de modificar sua identidade para uma que as empresas divulguem seus valores pela cadeia de fornecedores,
agregue responsabilidade social à áreas financeira, logística, comer- empresas parceiros e serviços terceirizados. Pode-se adotar como
cial e operacional. critério de seleção de parceiros a exigência de valores semelhantes.
Dessa forma, uma empresa com responsabilidade social, além 5. Proteger Clientes e Consumidores - É importante promover o
de participar de forma mais direta das ações comunitárias nos lo- uso do produto com segurança e responsabilidade; Oferecer infor-
cais onde estão inseridas e reduzirem os danos ambientais resultan- mações específicas, corretas e justas; Proibir o uso de técnicas co-
tes de suas atividades, tornam-se parceiras e corresponsáveis pelo merciais antiéticas. Deve-se oferece qualidade não apenas durante
desenvolvimento social. o processo de venda, mas em todo a sua rotina de trabalho.
6. Promover sua Comunidade - A relação que uma empresa
Sendo assim Silva, considera que: Responsabilidade social em- tem com sua comunidade de entorno é um dos principais exemplos
presarial é o comprometimento permanente dos empresários de dos seus valores. Respeito aos costumes e à cultura local, contribui-
adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvi- ção em projetos educacionais, em ONGs ou organizações comuni-
mento econômico, melhorando simultaneamente, a qualidade de tárias, destinação de verbas a instituições socais e a divulgação de
vida de seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e princípios que aproximam o empreendimento das pessoas ao redor
da sociedade como um todo. e são algumas das ações que demonstram o valor da comunidade
para a empresa.
Toda empresa responsavelmente social possui deveres mo- 7. Comprometer-se com o Bem Comum - O relacionamento
rais junto à sociedade. Tais deveres podem ser do tipo reparador ético com o poder público, assim como o cumprimento das leis,
ou preventivo. Reparador, quando a empresa recupera o meio am- faz parte da gestão de uma empresa socialmente responsável. Ser
biente após prejudicá-lo com suas atividades e preventivo, quando ético, nesse caso, significa: Cumprir as obrigações de recolhimento
a empresa se esforça para não causar danos à ele. de impostos e tributos; Alinhar os interesses da empresa com os da
sociedade; Comprometer-se formalmente com o combate à corrup-
As Sete Diretrizes da Responsabilidade Social ção; Contribuir para projetos e ações governamentais voltadas para
A responsabilidade social é muito mais do que um conceito, o aperfeiçoamento de políticas públicas na área sócia, etc.
pois deve-se compreender que ela é um valor pessoal e institucio-
nal que se reflete nas atitudes das empresas, dos empresários e de Sendo assim, as ações movidas pela ética são de longo prazo,
todos os seus funcionários. Para muitas empresas exercer responsa- intensamente participativas e transparentes em todos os níveis da
bilidade social é simplesmente fazer doações e desempenhar ações empresa. Tais iniciativas diferem significativamente daquelas que
de filantropia. Tais empresas apenas praticam ações de responsabi- originam decisões oportunistas, que visam exclusivamente enrique-
lidade social e, em muitos anos, de forma esporádica e casual. cer a imagem da empresa, com resultados de lucro a curto prazo e
Neste sentido o Instituto Ethos4, propõem sete diretrizes para a decisões centralizadas.
implantação da Responsabilidade Social nas organizações, vejamos:
1. Adote valores e trabalhe com transparência - O passo inicial O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, ainda
para se tornar uma empresa socialmente responsável é avaliar os afirma que a responsabilidade social empresarial está além do que
seus valores éticos e transmiti-los aos seus públicos através de um a empresa deve fazer por obrigação legal. A relação e os projetos
documento formal. Além disso, a empresa tem que praticar o que com a comunidade ou os benefícios para o público interno são ele-
ela se propõe e agir da forma mais transparente possível. mentos fundamentais e estratégias para a prática da Responsabili-
2. Valorize empregados e colaboradores - É prioritário que, mi- dade Social Empresarial.
nimamente, a empresa cumpra as leis trabalhistas, pois empresas
que valorizam seus funcionários valorizam, na verdade, a si mes- Mas não é só isso. Incorporar critérios de Responsabilidade
mas. Importante também que a organização encoraje novas ideias Social na gestão estratégica do negócio é traduzir as políticas de in-
(criar um incentivo a isso), além de incorporar a diversidade como clusão social e de promoção da qualidade ambiental, entre outras,
um valor essencial, incentivar e recompensar o desenvolvimento de em metas que possam ser computadas na sua avaliação de desem-
talentos e assegurar saúde, bem-estar e segurança aos funcioná- penho é o grande desafio.
rios.
3. Faça sempre mais pelo meio ambiente - Procurar reduzir as É a nova forma de gestão empresarial, onde existe um compro-
agressões ao meio ambiente e promover a melhoria das condições misso da empresa em relação à sociedade em geral. E, para uma
ambientais. As empresas, de um modo ou de outro, dependem de empresa ter sucesso, para conquistar e ampliar mercado, para ter
insumos do meio ambiente para realizar suas atividades, então, mi- competitividade, a prática da responsabilidade social e a prestação
nimamente devem reduzir o desperdício de tais insumos (energia, de contas de seu desempenho são indispensáveis.
matérias-primas em geral e água). A Responsabilidade Social está sendo vista, como um compro-
4. Envolver Parceiros e Fornecedores - Estabelecer um diálogo misso da empresa com relação à sociedade e a humanidade em ge-
com seus fornecedores, sendo transparente em suas ações, cum- ral, compreendendo que o papel atual das empresas vai muito além
prindo os contratos estabelecidos, contribuindo para o seu desen- da obtenção de lucro.
volvimento e incentivando os fornecedores para que também assu- Sendo assim Responsabilidade Social é entendida como o com-
mam compromissos de responsabilidade social. É importante que promisso que uma empresa tem com o desenvolvimento, bem-es-
tar e melhoramento da qualidade de vida dos empregados, suas
famílias e comunidade em geral. A base da responsabilidade social
4 MOYA, Ana Lucia de Melo. Indicadores Ethos de Responsabilidade corporativa está na concepção de que a entidade responde a crité-
Social empresarial. São Paulo: Instituto Ethos, 2007. rios éticos de comportamento.

103
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

A GESTÃO PÚBLICA NA BUSCA DE UMA ATIVIDADE ADMINIS-


ÉTICA E FUNÇÃO PÚBLICA. TRATIVA ÉTICA
Com a vigência da Carta Constitucional de 1988, a Administra-
Função pública é a competência, atribuição ou encargo para o ção Pública em nosso país passou a buscar uma gestão mais eficaz e
exercício de determinada função. Ressalta-se que essa função não moralmente comprometida com o bem comum, ou seja, uma ges-
é livre, devendo, portanto, estar o seu exercício sujeito ao interesse tão ajustada aos princípios constitucionais insculpidos no artigo 37
público, da coletividade ou da Administração. Segundo Maria Sylvia da Carta Magna.
Z. Di Pietro, função “é o conjunto de atribuições às quais não corres- Para isso a Administração Pública vem implementando políti-
ponde um cargo ou emprego”. cas públicas com enfoque em uma gestão mais austera, com revisão
No exercício das mais diversas funções públicas, os servidores, de métodos e estruturas burocráticas de governabilidade.
além das normatizações vigentes nos órgão e entidades públicas Aliado a isto, temos presenciado uma nova gestão preocupada
que regulamentam e determinam a forma de agir dos agentes pú- com a preparação dos agentes públicos para uma prestação de ser-
blicos, devem respeitar os valores éticos e morais que a sociedade viços eficientes que atendam ao interesse público, o que engloba
impõe para o convívio em grupo. A não observação desses valores uma postura governamental com tomada de decisões políticas res-
acarreta uma série de erros e problemas no atendimento ao públi- ponsáveis e práticas profissionais responsáveis por parte de todo o
co e aos usuários do serviço, o que contribui de forma significativa funcionalismo público.
para uma imagem negativa do órgão e do serviço. Neste sentido, Cristina Seijo Suárez e Noel Añez Tellería, em ar-
Um dos fundamentos que precisa ser compreendido é o de que tigo publicado pela URBE, descrevem os princípios da ética pública,
o padrão ético dos servidores públicos no exercício de sua função que, conforme afirmam, devem ser positivos e capazes de atrair ao
pública advém de sua natureza, ou seja, do caráter público e de sua serviço público, pessoas capazes de desempenhar uma gestão vol-
relação com o público. tada ao coletivo. São os seguintes os princípios apresentados pelas
O servidor deve estar atento a esse padrão não apenas no exer- autoras:
cício de suas funções, mas 24 horas por dia durante toda a sua vida. – Os processos seletivos para o ingresso na função pública de-
O caráter público do seu serviço deve se incorporar à sua vida priva- vem estar ancorados no princípio do mérito e da capacidade, e não
da, a fim de que os valores morais e a boa-fé, amparados constitu- só o ingresso como carreira no âmbito da função pública;
cionalmente como princípios básicos e essenciais a uma vida equili- – A formação continuada que se deve proporcionar aos funcio-
brada, se insiram e seja uma constante em seu relacionamento com nários públicos deve ser dirigida, entre outras coisas, para transmi-
os colegas e com os usuários do serviço. tir a ideia de que o trabalho a serviço do setor público deve realizar-
O Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Po- -se com perfeição, sobretudo porque se trata de trabalho realizado
der Executivo Federal estabelece no primeiro capítulo valores que em benefícios de “outros”;
vão muito além da legalidade. – A chamada gestão de pessoal e as relações humanas na Ad-
II – O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ministração Pública devem estar presididas pelo bom propósito e
ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o uma educação esmerada. O clima e o ambiente laboral devem ser
legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, positivos e os funcionários devem se esforçar para viver no cotidia-
o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e no esse espírito de serviço para a coletividade que justifica a própria
o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e§ 4°, existência da Administração Pública;
da Constituição Federal. – A atitude de serviço e interesse visando ao coletivo deve ser
Cumprir as leis e ser ético em sua função pública. Se ele cum- o elemento mais importante da cultura administrativa. A mentali-
prir a lei e for antiético, será considerada uma conduta ilegal, ou dade e o talento se encontram na raiz de todas as considerações
seja, para ser irrepreensível tem que ir além da legalidade. sobre a ética pública e explicam por si mesmos, a importância do
Os princípios constitucionais devem ser observados para que trabalho administrativo;
a função pública se integre de forma indissociável ao direito. Esses – Constitui um importante valor deontológico potencializar o
princípios são: orgulho são que provoca a identificação do funcionário com os fins
– Legalidade – todo ato administrativo deve seguir fielmente os do organismo público no qual trabalha. Trata-se da lealdade ins-
meandros da lei. titucional, a qual constitui um elemento capital e uma obrigação
– Impessoalidade – aqui é aplicado como sinônimo de igualda- central para uma gestão pública que aspira à manutenção de com-
de: todos devem ser tratados de forma igualitária e respeitando o portamentos éticos;
que a lei prevê. – A formação em ética deve ser um ingrediente imprescindí-
– Moralidade – respeito ao padrão moral para não comprome- vel nos planos de formação dos funcionários públicos. Ademais se
ter os bons costumes da sociedade. devem buscar fórmulas educativas que tornem possível que esta
– Publicidade – refere-se à transparência de todo ato público, disciplina se incorpore nos programas docentes prévios ao acesso à
salvo os casos previstos em lei. função pública. Embora, deva estar presente na formação contínua
– Eficiência – ser o mais eficiente possível na utilização dos do funcionário. No ensino da ética pública deve-se ter presente que
meios que são postos a sua disposição para a execução do seu tra- os conhecimentos teóricos de nada servem se não se interiorizam
balho. na práxis do servidor público;
– O comportamento ético deve levar o funcionário público à
busca das fórmulas mais eficientes e econômicas para levar a cabo
sua tarefa;

104
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

– A atuação pública deve estar guiada pelos princípios da igual- Assim sendo, pode-se dizer que a atual Administração Pública
dade e não discriminação. Ademais a atuação de acordo com o in- está caminhando no rumo de quebrar velhos paradigmas consubs-
teresse público deve ser o “normal” sem que seja moral receber tanciados em uma burocracia viciosa eivada de corrupção e desvio
retribuições diferentes da oficial que se recebe no organismo em de finalidade. Atualmente se está avançando para uma gestão pú-
que se trabalha; blica comprometida com a ética e a eficiência.
– O funcionário deve atuar sempre como servidor público e Para isso, deve-se levar em conta os ensinamentos de Andrés
não deve transmitir informação privilegiada ou confidencial. O fun- Sanz Mulas que em artigo publicado pela Escuela de Relaciones
cionário como qualquer outro profissional, deve guardar o sigilo de Laborales da Espanha, descreve algumas tarefas importantes que
ofício; devem ser desenvolvidas para se possa atingir ética nas Adminis-
– O interesse coletivo no Estado social e democrático de Direito trações.
existe para ofertar aos cidadãos um conjunto de condições que tor- “Para desenhar uma ética das Administrações seria necessário
ne possível seu aperfeiçoamento integral e lhes permita um exer- realizar as seguintes tarefas, entre outras:
cício efetivo de todos os seus direitos fundamentais. Para tanto, os – Definir claramente qual é o fim específico pelo qual se cobra
funcionários devem ser conscientes de sua função promocional dos a legitimidade social;
poderes públicos e atuar em consequência disto. (tradução livre).” – Determinar os meios adequados para alcançar esse fim e
quais valores é preciso incorporar para alcançá-lo;
Por outro lado, a nova gestão pública procura colocar à dis- – Descobrir que hábitos a organização deve adquirir em seu
posição do cidadão instrumentos eficientes para possibilitar uma conjunto e os membros que a compõem para incorporar esses va-
fiscalização dos serviços prestados e das decisões tomadas pelos lores e gerar, assim, um caráter que permita tomar decisões acerta-
governantes. As ouvidorias instituídas nos Órgãos da Administração damente em relação à meta eleita;
Pública direta e indireta, bem como junto aos Tribunais de Contas – Ter em conta os valores da moral cívica da sociedade em que
e os sistemas de transparência pública que visam a prestar infor- se está imerso;
mações aos cidadãos sobre a gestão pública são exemplos desses – Conhecer quais são os direitos que a sociedade reconhece às
instrumentos fiscalizatórios. pessoas.” (tradução livre).
Tais instrumentos têm possibilitado aos Órgãos Públicos res-
ponsáveis pela fiscalização e tutela da ética na Administração ÉTICA NO SETOR PÚBLICO.
apresentar resultados positivos no desempenho de suas funções,
cobrando atitudes coadunadas com a moralidade pública por parte
dos agentes públicos. Ressaltando-se que, no sistema de controle Dimensões da qualidade nos deveres dos servidores públicos
atual, a sociedade tem acesso às informações acerca da má gestão Os direitos e deveres dos servidores públicos estão descritos
por parte de alguns agentes públicos ímprobos. na Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
Entretanto, para que o sistema funcione de forma eficaz é ne- Entre os deveres (art. 116), há dois que se encaixam no para-
cessário despertar no cidadão uma consciência política alavancada digma do atendimento e do relacionamento que tem como foco
pelo conhecimento de seus direitos e a busca da ampla democracia. principal o usuário.
Tal objetivo somente será possível através de uma profunda São eles:
mudança na educação, onde os princípios de democracia e as no- - “atender com presteza ao público em geral, prestando as in-
ções de ética e de cidadania sejam despertados desde a infância, formações requeridas” e
antes mesmo de o cidadão estar apto a assumir qualquer função - “tratar com urbanidade as pessoas”.
pública ou atingir a plenitude de seus direitos políticos.
Presteza e urbanidade nem sempre são fáceis de avaliar, uma
Pode-se dizer que a atual Administração Pública está desper- vez que não têm o mesmo sentido para todas as pessoas, como
tando para essa realidade, uma vez que tem investido fortemente demonstram as situações descritas a seguir.
na preparação e aperfeiçoamento de seus agentes públicos para • Serviços realizados em dois dias úteis, por exemplo, podem
que os mesmos atuem dentro de princípios éticos e condizentes não corresponder às reais necessidades dos usuários quanto ao
com o interesse social. prazo.
Além, dos investimentos em aprimoramento dos agentes pú- • Um atendimento cortês não significa oferecer ao usuário
blicos, a Administração Pública passou a instituir códigos de ética aquilo que não se pode cumprir. Para minimizar as diferentes inter-
para balizar a atuação de seus agentes. Dessa forma, a cobrança de pretações para esses procedimentos, uma das opções é a utilização
um comportamento condizente com a moralidade administrativa é do bom senso:
mais eficaz e facilitada. • Quanto à presteza, o estabelecimento de prazos para a en-
Outra forma eficiente de moralizar a atividade administrativa trega dos serviços tanto para os usuários internos quanto para os
tem sido a aplicação da Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº externos pode ajudar a resolver algumas questões.
8.429/92) e da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº • Quanto à urbanidade, é conveniente que a organização inclua
101/00) pelo Poder Judiciário, onde o agente público que desvia sua tal valor entre aqueles que devem ser potencializados nos setores
atividade dos princípios constitucionais a que está obrigado respon- em que os profissionais que ali atuam ainda não se conscientizaram
de pelos seus atos, possibilitando à sociedade resgatar uma gestão sobre a importância desse dever.
sem vícios e voltada ao seu objetivo maior que é o interesse social.

105
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Não é à toa que as organizações estão exigindo habilidades abertamente nos meios de comunicação, seja pelo rádio, televisão,
intelectuais e comportamentais dos seus profissionais, além de jornais e revistas, que este é um dos principais problemas que cer-
apurada determinação estratégica. Entre outros requisitos, essas cam o setor público, afetando assim, a ética que deveria estar aci-
habilidades incluem: ma de seus interesses.
- atualização constante; Não podemos falar de ética, impessoalidade (sinônimo de
- soluções inovadoras em resposta à velocidade das mudanças; igualdade), sem falar de moralidade. Esta também é um dos prin-
- decisões criativas, diferenciadas e rápidas; cipais valores que define a conduta ética, não só dos servidores
- flexibilidade para mudar hábitos de trabalho; públicos, mas de qualquer indivíduo. Invocando novamente o or-
- liderança e aptidão para manter relações pessoais e profis- denamento jurídico podemos identificar que a falta de respeito ao
sionais; padrão moral, implica, portanto, numa violação dos direitos do ci-
- habilidade para lidar com os usuários internos e externos. dadão, comprometendo inclusive, a existência dos valores dos bons
costumes em uma sociedade.
Encerramos esse tópico com o trecho de um texto de Andrés A falta de ética na Administração Publica encontra terreno fér-
Sanz Mulas: til para se reproduzir, pois o comportamento de autoridades pú-
“Para desenhar uma ética das Administrações seria necessário blicas está longe de se basearem em princípios éticos e isto ocorre
realizar as seguintes tarefas, entre outras: devido a falta de preparo dos funcionários, cultura equivocada e
- Definir claramente qual é o fim específico pelo qual se cobra especialmente, por falta de mecanismos de controle e responsabi-
a legitimidade social; lização adequada dos atos antiéticos.
- Determinar os meios adequados para alcançar esse fim e A sociedade por sua vez, tem sua parcela de responsabilidade
quais valores é preciso incorporar para alcançá-lo; nesta situação, pois não se mobilizam para exercer os seus direitos
- Descobrir que hábitos a organização deve adquirir em seu e impedir estes casos vergonhosos de abuso de poder por parte do
conjunto e os membros que a compõem para incorporar esses va- Pode Público.
lores e gerar, assim, um caráter que permita tomar decisões acer- Um dos motivos para esta falta de mobilização social se dá, de-
tadamente em relação à meta eleita; vido á falta de uma cultura cidadã, ou seja, a sociedade não exerce
- Ter em conta os valores da moral cívica da sociedade em que sua cidadania. A cidadania Segundo Milton Santos “é como uma
se está imerso; lei”, isto é, ela existe, mas precisa ser descoberta, aprendida, utili-
- Conhecer quais são os direitos que a sociedade reconhece às zada e reclamada e só evolui através de processos de luta. Essa evo-
pessoas.” lução surge quando o cidadão adquire esse status, ou seja, quando
passa a ter direitos sociais. A luta por esses direitos garante um
Quando falamos sobre ética pública, logo pensamos em cor- padrão de vida mais decente. O Estado, por sua vez, tenta refrear
rupção, extorsão, ineficiência, etc, mas na realidade o que devemos os impulsos sociais e desrespeitar os indivíduos, nessas situações a
ter como ponto de referência em relação ao serviço público, ou na cidadania deve se valer contra ele, e imperar através de cada pessoa.
vida pública em geral, é que seja fixado um padrão a partir do qual Porém Milton Santos questiona se “há cidadão neste país”? Pois para
possamos, em seguida julgar a atuação dos servidores públicos ou ele desde o nascimento as pessoas herdam de seus pais e ao lon-
daqueles que estiverem envolvidos na vida pública, entretanto não go da vida e também da sociedade, conceitos morais que vão sendo
basta que haja padrão, tão somente, é necessário que esse padrão contestados posteriormente com a formação de ideias de cada um,
seja ético, acima de tudo . porém a maioria das pessoas não sabe se são ou não cidadãos.
O fundamento que precisa ser compreendido é que os padrões A educação seria o mais forte instrumento na formação de ci-
éticos dos servidores públicos advêm de sua própria natureza, ou dadão consciente para a construção de um futuro melhor.
seja, de caráter público, e sua relação com o público. A questão No âmbito Administrativo, funcionários mal capacitados e sem
da ética pública está diretamente relacionada aos princípios fun- princípios éticos que convivem todos os dias com mandos e desman-
damentais, sendo estes comparados ao que chamamos no Direito, dos, atos desonestos, corrupção e falta de ética tendem a assimilar por
de “Norma Fundamental”, uma norma hipotética com premissas este rol “cultural” de aproveitamento em beneficio próprio.
ideológicas e que deve reger tudo mais o que estiver relacionado
ao comportamento do ser humano em seu meio social, aliás, pode- QUESTÕES
mos invocar a Constituição Federal. Esta ampara os valores morais
da boa conduta, a boa fé acima de tudo, como princípios básicos
e essenciais a uma vida equilibrada do cidadão na sociedade, lem- 1. CESPE / CEBRASPE - 2019 - MPC-PA - Analista Ministerial -
brando inclusive o tão citado, pelos gregos antigos, “bem viver”. Controle Externo
Outro ponto bastante controverso é a questão da impessoali- Acerca do Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis
dade. Ao contrário do que muitos pensam, o funcionalismo público da Administração Direta, das Autarquias e das Fundações Públicas
e seus servidores devem primar pela questão da “impessoalidade”, do Estado do Pará, estabelecido pela Lei n.º 5.810/1994, assinale a
deixando claro que o termo é sinônimo de “igualdade”, esta sim é a opção correta.
questão chave e que eleva o serviço público a níveis tão ineficazes, (A) Não há limitação etária para a prestação de concurso públi-
não se preza pela igualdade. No ordenamento jurídico está claro e co, em obediência ao entendimento do STF.
expresso, “todos são iguais perante a lei”. (B) Via de regra, a duração da jornada diária de trabalho será
E também a ideia de impessoalidade, supõe uma distinção de oito horas ininterruptas, salvo as jornadas especiais estabe-
entre aquilo que é público e aquilo que é privada (no sentido do lecidas em lei.
interesse pessoal), que gera portanto o grande conflito entre os in-
teresses privados acima dos interesses públicos. Podemos verificar

106
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

(C) O afastamento decorrente de processo administrativo, no 5. FURB - 2023 - Prefeitura de Tijucas - SC - Assistente Social de
caso de o servidor ter sido declarado inocente, será computado Saneamento
como efetivo exercício. Considere as afirmativas relacionadas aos deveres do assisten-
(D) Após cada triênio de exercício, o servidor fará jus à licen- te social nas Relações com Assistentes Sociais e outros/as Profissio-
ça-prêmio, independentemente de ter havido interrupção no nais, previstos no Código de Ética do/a Assistente Social:
mesmo período. I.ser solidário/a com outros/as profissionais, sem, todavia, exi-
(E) Após a reforma da Lei n.º 5.810/1994, o cônjuge sobrevi- mir-se de denunciar atos que contrariem os postulados éticos con-
vente não possui mais direito ao auxílio-funeral. tidos neste Código.
II.repassar ao seu substituto as informações necessárias à con-
2. MPE-GO - 2019 - MPE-GO - Auxiliar Administrativo tinuidade do trabalho.
Segundo o disposto na Constituição Federal, na Constituição III.incentivar, sempre que possível, a prática profissional inter-
Estadual, na Lei Complementar Estadual nº 025/98 e em outras leis, disciplinar.
são atribuições dos Promotores de Justiça, exceto: IV.respeitar as normas e princípios éticos das outras profissões.
(A) Impetrar mandado de segurança e requerer correição par- V.ao realizar crítica pública a colega e outros/as profissionais,
cial, inclusive perante o Tribunal de Justiça. fazê-lo sempre de maneira objetiva, construtiva e comprovável, as-
(B) Oficiar perante a Justiça Eleitoral de primeira instância, com sumindo sua inteira responsabilidade.
as atribuições previstas na Lei Orgânica do Ministério Público
da União e outras estabelecidas na legislação eleitoral e par- É correto o que se afirma em:
tidária. (A) III, apenas.
(C) Oficiar perante a Justiça do Trabalho nas comarcas em que (B) I e V, apenas.
houver Varas do Trabalho. (C) I, III, IV e V apenas.
(D) Solicitar o auxílio de serviços médicos, educacionais e assis- (D) II, III, IV, apenas.
tenciais públicos ou conveniados. (E) I, II, III, IV e V.
(E) Requisitar a cartórios, repartições ou autoridade competen-
te certidões, exames e esclarecimentos necessários ao exercí- 6. FGV - 2022 - Senado Federal - Consultor Legislativo - Comu-
cio de suas funções. nicação e Tecnologia da Informação
A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais – LGPD, em seu Art.
3. Quadrix - 2022 - CRC-AC - Contador 58 A, incluído pela Lei nº 13.853, de 2019, estabelece que o Conse-
Acerca da ética no Setor Público, assinale a alternativa correta. lho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade será
(A) O servidor público pode se valer da função pública para lo- composto de 23 (vinte e três) representantes, titulares e suplentes.
grar proveito pessoal.
(B) Deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu Nele, depois do Poder Executivo Federal, os órgãos que têm a
alcance ou do seu conhecimento para o atendimento do seu maior representatividade numérica são
mister é facultado ao servidor público. (A) Senado Federal, Câmara dos Deputados e Conselho Nacio-
(C) Divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe so- nal do Ministério Público.
bre a existência do Código de Ética, estimulando o seu integral (B) Comitê Gestor da Internet no Brasil, entidades representa-
cumprimento, constitui uma incumbência do servidor público. tivas do setor empresarial relacionado à área de tratamento de
(D) A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de Ética dados pessoais e Conselho Nacional de Justiça.
é a de suspensão por até noventa dias, com prejuízo da remu- (C) Senado Federal, Comitê Gestor da Internet no Brasil e insti-
neração. tuições científicas, tecnológicas e de inovação.
(D) Confederações sindicais representativas das categorias eco-
4. FUNDATEC - 2022 - IPE Saúde - Analista de Gestão em Saúde nômicas do setor produtivo, entidades da sociedade civil com
- Jornalismo atuação relacionada a proteção de dados pessoais e institui-
O Capítulo III do Código de Ética dos Jornalistas trata da respon- ções científicas, tecnológicas e de inovação.
sabilidade profissional. O jornalista deve “___________ alterações (E) Entidades representativas do setor laboral, entidades da
nas imagens captadas que deturpem a realidade, sempre informan- sociedade civil com atuação relacionada a proteção de dados
do ___________ o eventual uso de recursos de fotomontagem, pessoais e Conselho Nacional do Ministério Público.
edição de imagem, reconstituição de áudio ou quaisquer outras
____________”. 7. Prefeitura de Rio de Janeiro - RJ Prova: Prefeitura do Rio de
Janeiro - RJ - 2019 - Prefeitura de Rio de Janeiro - RJ - Terapeuta
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamen- Ocupacional
te, as lacunas do trecho acima. A Federação Mundial de Terapeutas Ocupacionais (WFOT) defi-
(A) Rejeitar – aos colegas – criações ne a terapia ocupacional como uma profissão:
(B) Fazer – ao público– manipulações (A) Da área da saúde, envolvida com a promoção da saúde e
(C) Aceitar – à empresa – criações bem-estar
(D) Rejeitar – ao público – manipulações (B) Da área social, envolvida com a saúde
(E) Aceitar – aos colegas – divulgações (C) Da saúde, envolvida com a educação
(D) Da área social, envolvida com educação e saúde

107
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

8. Prova: IBFC - 2019 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Especialista


em Desenvolvimento Social - Terapeuta Ocupacional GABARITO
A respeito da legislação norteadora da profissão, a qual nos
traz a definição do que é o profissional terapeuta ocupacional e 1 C
onde este está inserido, assinale a alternativa correta.
(A) Fase de suas ações compreende abordagens e/ou condutas 2 C
fundamentadas em critérios avaliativos com eixo referencial 3 C
pessoal, familiar, coletivo e social, coordenadas de acordo com
o processo terapêutico implementado 4 D
(B) Este profissional está inserido prioritariamente nas áreas da 5 E
Educação e Saúde, atuando na prevenção e tratamento de indi-
6 D
víduos portadores de alterações físicas, sociais e psicomotoras
(C) Buscar alterações nas Atividades Básicas de Vida Diária (AB- 7 A
VDs) e Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVDs) é a prin- 8 A
cipal atuação desse profissional, o qual está inserido na Aten-
ção Básica, de média complexidade e na de alta complexidade 9 D
(D) Esse profissional deve ser capaz de avaliar o paciente e pro- 10 A
duzir um Projeto Terapêutico Singular (PTS) capaz de favorecer
o desenvolvimento e/ou aprimoramento das capacidades psi-
co-ocupacionais ANOTAÇÕES
9. CEPUERJ - 2021 - UERJ - Atendimento e Suporte Técnico
O principal objetivo das práticas do CobiT (control objectives ______________________________________________________
for information and related technologies) é contribuir para o suces-
so da entrega de produtos e serviços de TI a partir da perspectiva ______________________________________________________
das necessidades do negócio, com foco mais acentuado no controle
do que na execução. Nesse sentido, em relação ao CobiT, é correto ______________________________________________________
afirmar que:
______________________________________________________
(A) Identifica os principais recursos de TI, nos quais deve haver
menos investimento ______________________________________________________
(B) Define os objetivos de controle que não devem ser conside-
rados para a gestão ______________________________________________________
(C) Desorganiza as atividades de TI em um modelo de proces-
sos genérico ______________________________________________________
(D) Estabelece relacionamento com os requisitos do negócio
______________________________________________________
10. CESPE - 2020 - TJ-PA - Analista Judiciário - Análise de Siste-
mas (Desenvolvimento) ______________________________________________________
No que se refere ao processo para identificação, avaliação e
______________________________________________________
controle de riscos em uma organização, assinale a opção correta, à
luz da ITIL v3 e do COBIT 5. ______________________________________________________
(A) No COBIT, há processo específico para identificar, avaliar
e reduzir continuamente os riscos relacionados à TI alinhados ______________________________________________________
aos direcionamentos da organização. Diferentemente, a ITIL
não possui um processo específico para o mesmo fim na tran- ______________________________________________________
sição de serviços.
(B) Na ITIL, há o processo gerenciar riscos no desenho de servi- ______________________________________________________
ços, e, no COBIT, há processo de mesmo nome no domínio APO
______________________________________________________
(alinhar, planejar e organizar).
(C) Na ITIL, especificamente na estratégia, há o processo geren- ______________________________________________________
ciamento da segurança da informação, cujo objetivo é identifi-
car, avaliar e reduzir continuamente os riscos relacionados à TI. ______________________________________________________
No COBIT, não há processo com esse objetivo.
(D) Tanto a ITIL quanto o COBIT possuem processo para geren- ______________________________________________________
ciar os riscos: no COBIT, chama-se garantir a otimização de ris-
cos; na ITIL, chama-se gerenciamento de riscos da TI. Ambos ______________________________________________________
encontram-se na publicação referente à estratégia.
(E) Não há no COBIT nem na ITIL processo específico que trate ______________________________________________________
de risco; o que há em ambos são processos que gerenciam a
______________________________________________________
segurança da informação alinhados aos objetivos da TI.

108
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Periféricos de entrada mais comuns.


CONHECIMENTOS BÁSICOS DE – O teclado é o dispositivo de entrada mais popular e é um item
MICROCOMPUTADORES PC – HARDWARE essencial. Hoje em dia temos vários tipos de teclados ergonômicos
para ajudar na digitação e evitar problemas de saúde muscular;
Hardware – Na mesma categoria temos o scanner, que digitaliza dados
Hardware refere-se a parte física do computador, isto é, são os para uso no computador;
dispositivos eletrônicos que necessitamos para usarmos o compu- – O mouse também é um dispositivo importante, pois com ele
tador. Exemplos de hardware são: CPU, teclado, mouse, disco rígi- podemos apontar para um item desejado, facilitando o uso do com-
do, monitor, scanner, etc. putador.

Software • Periféricos de saída populares mais comuns


Software, na verdade, são os programas usados para fazer ta- – Monitores, que mostra dados e informações ao usuário;
refas e para fazer o hardware funcionar. As instruções de software – Impressoras, que permite a impressão de dados para mate-
são programadas em uma linguagem de computador, traduzidas rial físico;
em linguagem de máquina e executadas por computador. – Alto-falantes, que permitem a saída de áudio do computador;
O software pode ser categorizado em dois tipos: – Fones de ouvido.
– Software de sistema operacional
– Software de aplicativos em geral Sistema Operacional
O software de sistema operacional é o responsável pelo funcio-
• Software de sistema operacional namento do computador. É a plataforma de execução do usuário.
O software de sistema é o responsável pelo funcionamento do Exemplos de software do sistema incluem sistemas operacionais
computador, é a plataforma de execução do usuário. Exemplos de como Windows, Linux, Unix , Solaris etc.
software do sistema incluem sistemas operacionais como Windo-
ws, Linux, Unix , Solaris etc. • Aplicativos e Ferramentas
São softwares utilizados pelos usuários para execução de tare-
• Software de aplicação fas específicas. Exemplos: Microsoft Word, Excel, PowerPoint, Ac-
O software de aplicação é aquele utilizado pelos usuários para cess, além de ferramentas construídas para fins específicos.
execução de tarefas específicas. Exemplos de software de aplicati-
vos incluem Microsoft Word, Excel, PowerPoint, Access, etc.
NOÇÕES DE SISTEMAS OPERACIONAIS.
Para não esquecer:
LINUX
HARDWARE É a parte física do computador O Linux não é um ambiente gráfico como o Windows, mas po-
demos carregar um pacote para torná-lo gráfico assumindo assim
São os programas no computador (de uma interface semelhante ao Windows. Neste caso vamos carregar
SOFTWARE
funcionamento e tarefas) o pacote Gnome no Linux. Além disso estaremos também usando a
distribuição Linux Ubuntu para demonstração, pois sabemos que o
Periféricos Linux possui várias distribuições para uso.
Periféricos são os dispositivos externos para serem utilizados
no computador, ou mesmo para aprimora-lo nas suas funcionali-
dades. Os dispositivos podem ser essenciais, como o teclado, ou
aqueles que podem melhorar a experiencia do usuário e até mesmo
melhorar o desempenho do computador, tais como design, qualida-
de de som, alto falantes, etc.

Tipos:

PERIFÉRICOS
Utilizados para a entrada de dados;
DE ENTRADA
PERIFÉRICOS
Utilizados para saída/visualização de dados
DE SAÍDA

109
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vamos olhar abaixo o Arquivos e atalhos


Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
Linux Ubuntu em modo texto: vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

Linux Ubuntu em modo gráfico (Área de trabalho): No caso do Linux temos que criar um lançador que funciona
como um atalho, isto é, ele vai chamar o item indicado.

Conceito de pastas e diretórios Perceba que usamos um comando para criar um lançador, mas
Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas- nosso objetivo aqui não é detalhar comandos, então a forma mais
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze- rápida de pesquisa de aplicativos, pastas e arquivos é através do
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos botão:
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).

Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

Desta forma já vamos direto ao item desejado

Área de transferência
Perceba que usando a interface gráfica funciona da mesma for-
ma que o Windows.
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos. gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.

110
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Manipulação de arquivos e pastas


No caso da interface gráfica as funcionalidades são semelhan- MS-DOS.
tes ao Windows como foi dito no tópico acima. Entretanto, pode-
mos usar linha de comando, pois já vimos que o Linux originalmen- MS-DOS é um sistema operacional desenvolvido pela Microsoft
te não foi concebido com interface gráfica. para ser usado na linha de computadores IBM-PC. Este produto foi
o que definiu a diretriz da Microsoft. A partir daí tivemos o lança-
mento de sucessivos produtos Windows NT, e uma série de versões
do Windows.
Inicialmente os computadores IBM-PC vinham apenas com o
MS-DOS e eram necessários vários aplicativos para que a platafor-
ma pudesse ser utilizada pelo usuário.
O usuário por meio de comandos texto consegue trabalhar
Na figura acima utilizamos o comando ls e são listadas as pastas com arquivos de uma forma geral., (movendo, copiando, apagando,
na cor azul e os arquivos na cor branca. desenvolvendo documentos, planilhas, etc.

Uso dos menus Comandos principais do MS-DOS


Como estamos vendo, para se ter acesso aos itens do Linux são Os comandos MS-DOS são digitados diretamente em modo
necessários diversos comandos. Porém, se utilizarmos uma inter- texto, como no exemplo a seguir:
face gráfica a ação fica mais intuitiva, visto que podemos utilizar o No caso, ao entrarmos no MS-DOS nos deparamos com o
mouse como no Windows. Estamos utilizando para fins de aprendi- prompt “ C: > ”, a partir daí o sistema já fica esperando os coman-
zado a interface gráfica “GNOME”, mas existem diversas disponíveis dos, por exemplo, abaixo temos o comando DIR que mostra uma
para serem utilizadas. lista de arquivos e diretórios (pastas) disponíveis:
C: > DIR

Para sabermos mais detalhes sobre os comandos basta digitar


“/?” após o comando, por exemplo:

C: > DIR/?

A seguir segue uma lista dos principais comandos do MS-DOS

COMANDO FUNÇÃO EXEMPLO


Mostra a data do
DATE sistema e permite al- C: > DATE
tera-la se necessário
Mostra a hora do
TIME sistema e permite al- C: >TIME
tera-la se necessário
Mostra a versão do
VER C: > VER
MS-DOS instalado
Mostra uma lista de
DIR C: > DIR
arquivos e pastas
CLS Limpa a tela C: > CLS
Programas e aplicativos
Dependendo da distribuição Linux escolhida, esta já vem com Cria um diretório
MD OU MKDIR C: >MD estudo
alguns aplicativos embutidos, por isso que cada distribuição tem (pasta)
um público alvo. O Linux em si é puro, mas podemos destacar duas Muda para o diretó-
bem comuns: CD OU CHDIR rio (Se desloca para a C: >CD estudo
• Firefox (Navegador para internet); pasta especificada)
• Pacote LibreOffice (Pacote de aplicativos semelhante ao Mi-
crosoft Office). Apaga o diretório
RD OU RMDIR C: >RD estudo
(pasta) especificado
Exibe os diretórios
TREE mostrando as pastas C: >TREE
e subpastas
Faz uma checagem
CHKDSK C: >CHKDSK
no disco

111
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Exibe informações da Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.


MEM C: >MEM
memória RAM
REN OU RENA- C >Ren teste1.txt
Renomeia um arquivo
ME teste2.txt
Copia um determina- C: >copy teste1.txt
COPY
do arquivo c:\temp
Copia um disco intei-
DISKCOPY
ro para outro
Move um arquivo de
C: >move teste1.txt
MOVE um diretório (pasta)
c:\temp
para outra
Mostra o conteúdo
TYPE C: >TYPE teste1.txt No caso da figura acima, temos quatro pastas e quatro arquivos.
interno de um disco
Formata o disco espe- Arquivos e atalhos
FORMAT C: >Format d:
cificado Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
Apaga o arquivo vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
DEL OU DELETE C: >Del teste1.txt • Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
especificado
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
Apara uma pasta vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
DELTREE C: >Deltree temp
inteira • Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.
NOÇÕES DE SISTEMAS DE WINDOWS.

WINDOWS 7

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.

112
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Área de trabalho do Windows 7 Uso dos menus

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc. Programas e aplicativos
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, • Media Player
estamos copiando dados para esta área intermediária. • Media Center
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, • Limpeza de disco
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na • Desfragmentador de disco
área de transferência. • Os jogos do Windows.
• Ferramenta de captura
Manipulação de arquivos e pastas • Backup e Restore
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos Interação com o conjunto de aplicativos
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas- Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
tas, criar atalhos etc. tendermos melhor as funções categorizadas.

Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o Cap-


turador de Tela , simplesmente podemos, com o mouse, recortar a
parte desejada e colar em outro lugar.

113
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas
e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente expe-
riência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas
de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar
playlists e etc., isso também é válido para o media center.

Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor-


tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi-
que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

114
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• O recurso de backup e restauração do Windows é muito importan- Arquivos e atalhos


te pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mesmo escolher Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma cópia de segurança. vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

WINDOWS 8

Área de trabalho do Windows 8

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

115
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Manipulação de arquivos e pastas Música e Vídeo


A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e pastas e Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas
outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos executar tare- e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente expe-
fas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pastas, criar atalhos etc. riência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas
de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar
playlists e etc., isso também é válido para o media center.

Uso dos menus

Jogos
Temos também jogos anexados ao Windows 8.

Programas e aplicativos

Transferência
O recurso de transferência fácil do Windows 8 é muito impor-
tante, pois pode ajudar na escolha de seus arquivos para serem sal-
vos, tendo assim uma cópia de segurança.

Interação com o conjunto de aplicativos


Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
tendermos melhor as funções categorizadas.

Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o Cap-


turador de Tela, simplesmente podemos, com o mouse, recortar a
parte desejada e colar em outro lugar.

116
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A lista de aplicativos é bem intuitiva, talvez somente o Skydrive Área de trabalho


mereça uma definição:
• Skydrive é o armazenamento em nuvem da Microsoft, hoje
portanto a Microsoft usa o termo OneDrive para referenciar o ar-
mazenamento na nuvem (As informações podem ficar gravadas na
internet).

WINDOWS 10

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais. Área de transferência
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas. A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas


A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
tas, criar atalhos etc.

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

117
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Uso dos menus • O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor-


tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi-
que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

Programas e aplicativos e interação com o usuário


Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
tendermos melhor as funções categorizadas.
– Música e Vídeo: Temos o Media Player como player nativo • O recurso de backup e restauração do Windows é muito im-
para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes-
excelente experiência de entretenimento, nele pode-se administrar mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có-
bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar pia de segurança.
CDs, criar playlists e etc., isso também é válido para o media center.

Inicialização e finalização

– Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.

Quando fizermos login no sistema, entraremos direto no Win-


dows, porém para desligá-lo devemos recorrer ao e:

118
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Iniciando um novo documento


NOÇÕES DO PROCESSADOR DE TEXTO MS-WORD
PARA WINDOWS. NOÇÕES DA PLANILHA DE CÁLCULO
MS-EXCEL

Microsoft Office

A partir deste botão retornamos para a área de trabalho do


Word, onde podemos digitar nossos textos e aplicar as formatações
desejadas.

• Alinhamentos
Ao digitar um texto, frequentemente temos que alinhá-lo para
atender às necessidades. Na tabela a seguir, verificamos os alinha-
mentos automáticos disponíveis na plataforma do Word.
O Microsoft Office é um conjunto de aplicativos essenciais para
uso pessoal e comercial, ele conta com diversas ferramentas, mas GUIA PÁGINA TECLA DE
em geral são utilizadas e cobradas em provas o Editor de Textos – ALINHAMENTO
INICIAL ATALHO
Word, o Editor de Planilhas – Excel, e o Editor de Apresentações –
PowerPoint. A seguir verificamos sua utilização mais comum: Justificar (arruma a direito
e a esquerda de acordo Ctrl + J
Word com a margem
O Word é um editor de textos amplamente utilizado. Com ele
podemos redigir cartas, comunicações, livros, apostilas, etc. Vamos Alinhamento à direita Ctrl + G
então apresentar suas principais funcionalidades.
Centralizar o texto Ctrl + E
• Área de trabalho do Word
Nesta área podemos digitar nosso texto e formata-lo de acordo Alinhamento à esquerda Ctrl + Q
com a necessidade.
• Formatação de letras (Tipos e Tamanho)
Presente em Fonte, na área de ferramentas no topo da área de
trabalho, é neste menu que podemos formatar os aspectos básicos de
nosso texto. Bem como: tipo de fonte, tamanho (ou pontuação), se
será maiúscula ou minúscula e outros itens nos recursos automáticos.

GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO

Tipo de letra

Tamanho

Aumenta / diminui tamanho

119
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Mas como é uma planilha de cálculo?


Recursos automáticos de caixa-altas
– Quando inseridos em alguma célula da planilha, os dados são
e baixas
calculados automaticamente mediante a aplicação de fórmulas es-
pecíficas do aplicativo.
Limpa a formatação
– A unidade central do Excel nada mais é que o cruzamento
entre a linha e a coluna. No exemplo coluna A, linha 2 ( A2 )
• Marcadores
Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da se-
guinte forma:

Podemos então utilizar na página inicial os botões para operar


diferentes tipos de marcadores automáticos:

– Podemos também ter o intervalo A1..B3


• Outros Recursos interessantes:

GUIA ÍCONE FUNÇÃO


- Mudar Forma
- Mudar cor de
Página inicial Fundo
- Mudar cor do
texto

- Inserir Tabelas
Inserir
- Inserir Imagens
– Para inserirmos dados, basta posicionarmos o cursor na cé-
lula, selecionarmos e digitarmos. Assim se dá a iniciação básica de
uma planilha.
Verificação e cor-
Revisão • Formatação células
reção ortográfica

Arquivo Salvar

Excel
O Excel é um editor que permite a criação de tabelas para cál-
culos automáticos, análise de dados, gráficos, totais automáticos,
dentre outras funcionalidades importantes, que fazem parte do dia
a dia do uso pessoal e empresarial.
São exemplos de planilhas:
– Planilha de vendas;
– Planilha de custos.

Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados au-


tomaticamente.

120
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Fórmulas básicas Perceba que a formatação dos textos é padronizada. O mesmo


tipo de padrão é encontrado para utilizarmos entre o PowerPoint, o
ADIÇÃO =SOMA(célulaX;célulaY) Word e o Excel, o que faz deles programas bastante parecidos, no que
diz respeito à formatação básica de textos. Confira no tópico referente
SUBTRAÇÃO =(célulaX-célulaY) ao Word, itens de formatação básica de texto como: alinhamentos, ti-
MULTIPLICAÇÃO =(célulaX*célulaY) pos e tamanhos de letras, guias de marcadores e recursos gerais.
Especificamente sobre o PowerPoint, um recurso amplamente
DIVISÃO =(célulaX/célulaY)
utilizado a guia Design. Nela podemos escolher temas que mudam
a aparência básica de nossos slides, melhorando a experiência no
• Fórmulas de comum interesse trabalho com o programa.

MÉDIA (em um intervalo de células) =MEDIA(célula X:célulaY)


MÁXIMA (em um intervalo de células) =MAX(célula X:célulaY)
MÍNIMA (em um intervalo de células) =MIN(célula X:célulaY)

PowerPoint
O PowerPoint é um editor que permite a criação de apresenta-
ções personalizadas para os mais diversos fins. Existem uma série
de recursos avançados para a formatação das apresentações, aqui
veremos os princípios para a utilização do aplicativo.

• Área de Trabalho do PowerPoint

Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo, obtendo vários


no mesmo formato. Assim liberamos uma série de miniaturas, pe-
las quais podemos navegador, alternando entre áreas de trabalho.
A edição em cada uma delas, é feita da mesma maneira, como já
apresentado anteriormente.
Nesta tela já podemos aproveitar a área interna para escre-
ver conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas ou até
mesmo excluí-las. No exemplo a seguir, perceba que já movemos as
caixas, colocando um título na superior e um texto na caixa inferior,
também alinhamos cada caixa para ajustá-las melhor.

121
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Percebemos agora que temos uma apresentação com quatro • Atualizações no PowerPoint
slides padronizados, bastando agora editá-lo com os textos que se – O visual teve melhorias significativas, o PowerPoint do Offi-
fizerem necessários. Além de copiar podemos mover cada slide de ce2013 tem um grande número de templates para uso de criação
uma posição para outra utilizando o mouse. de apresentações profissionais;
As Transições são recursos de apresentação bastante utilizados – O recurso de uso de múltiplos monitores foi aprimorado;
no PowerPoint. Servem para criar breves animações automáticas – Um recurso de zoom de slide foi incorporado, permitindo o
para passagem entre elementos das apresentações. destaque de uma determinada área durante a apresentação;
– No modo apresentador é possível visualizar o próximo slide
antecipadamente;
– Estão disponíveis também o recurso de edição colaborativa
de apresentações.

Office 2016
O Office 2016 foi um sistema concebido para trabalhar junta-
mente com o Windows 10. A grande novidade foi o recurso que
permite que várias pessoas trabalhem simultaneamente em um
mesmo projeto. Além disso, tivemos a integração com outras fer-
Tendo passado pelos aspectos básicos da criação de uma apre- ramentas, tais como Skype. O pacote Office 2016 também roda em
sentação, e tendo a nossa pronta, podemos apresentá-la bastando smartfones de forma geral.
clicar no ícone correspondente no canto inferior direito.
• Atualizações no Word
– No Word 2016 vários usuários podem trabalhar ao mesmo
tempo, a edição colaborativa já está presente em outros produtos,
mas no Word agora é real, de modo que é possível até acompanhar
quando outro usuário está digitando;
– Integração à nuvem da Microsoft, onde se pode acessar os
documentos em tablets e smartfones;
– É possível interagir diretamente com o Bing (mecanismo de
pesquisa da Microsoft, semelhante ao Google), para utilizar a pes-
quisa inteligente;
Um último recurso para chamarmos atenção é a possibilidade – É possível escrever equações como o mouse, caneta de to-
de acrescentar efeitos sonoros e interativos às apresentações, le- que, ou com o dedo em dispositivos touchscreen, facilitando assim
vando a experiência dos usuários a outro nível. a digitação de equações.

Office 2013 • Atualizações no Excel


A grande novidade do Office 2013 foi o recurso para explorar – O Excel do Office 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
a navegação sensível ao toque (TouchScreen), que está disponível riores, mas agora com uma maior integração com dispositivos mó-
nas versões 32 e 64. Em equipamentos com telas sensíveis ao toque veis, além de ter aumentado o número de gráficos e melhorado a
(TouchScreen) pode-se explorar este recurso, mas em equipamen- questão do compartilhamento dos arquivos.
tos com telas simples funciona normalmente.
O Office 2013 conta com uma grande integração com a nuvem, • Atualizações no PowerPoint
desta forma documentos, configurações pessoais e aplicativos po- – O PowerPoint 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
dem ser gravados no Skydrive, permitindo acesso através de smart- riores, agora com uma maior integração com dispositivos moveis,
fones diversos. além de ter aumentado o número de templates melhorado a ques-
tão do compartilhamento dos arquivos;
• Atualizações no Word – O PowerPoint 2016 também permite a inserção de objetos
– O visual foi totalmente aprimorado para permitir usuários 3D na apresentação.
trabalhar com o toque na tela (TouchScreen);
– As imagens podem ser editadas dentro do documento; Office 2019
– O modo leitura foi aprimorado de modo que textos extensos O OFFICE 2019 manteve a mesma linha da Microsoft, não hou-
agora ficam disponíveis em colunas, em caso de pausa na leitura; ve uma mudança tão significativa. Agora temos mais modelos em
– Pode-se iniciar do mesmo ponto parado anteriormente; 3D, todos os aplicativos estão integrados como dispositivos sensí-
– Podemos visualizar vídeos dentro do documento, bem como veis ao toque, o que permite que se faça destaque em documentos.
editar PDF(s).

• Atualizações no Excel
– Além de ter uma navegação simplificada, um novo conjunto
de gráficos e tabelas dinâmicas estão disponíveis, dando ao usuário
melhores formas de apresentar dados.
– Também está totalmente integrado à nuvem Microsoft.

122
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Atualizações no Word
– Houve o acréscimo de ícones, permitindo assim um melhor
desenvolvimento de documentos;

• Atualizações no PowerPoint
– Foram adicionadas a ferramenta transformar e a ferramenta
de zoom facilitando assim o desenvolvimento de apresentações;
– Inclusão de imagens 3D na apresentação.

– Outro recurso que foi implementado foi o “Ler em voz alta”.


Ao clicar no botão o Word vai ler o texto para você.

• Atualizações no Excel
– Foram adicionadas novas fórmulas e gráficos. Tendo como
destaque o gráfico de mapas que permite criar uma visualização de
algum mapa que deseja construir.

Office 365
O Office 365 é uma versão que funciona como uma assinatura
semelhante ao Netflix e Spotif. Desta forma não se faz necessário
sua instalação, basta ter uma conexão com a internet e utilizar o
Word, Excel e PowerPoint.

Observações importantes:
– Ele é o mais atualizado dos OFFICE(s), portanto todas as me-
lhorias citadas constam nele;
– Sua atualização é frequente, pois a própria Microsoft é res-
ponsável por isso;
– No nosso caso o Word, Excel e PowerPoint estão sempre
atualizados.

123
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

NOÇÕES BÁSICAS DE BANCOS DE DADOS.

Banco de Dados ou Base de Dados é a organização de um determinado assunto, isto é, a separação das entidades e seus relaciona-
mentos. Dentro deste conceito temos os SGBD (Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados), que permitem o controle total do Banco
(Segurança, armazenamento, gestão, etc.)
Vejamos um exemplo do banco de dados NorthWind, que foi disponibilizado pela Microsoft para fins de estudo. Este banco de dados
trata de uma loja comercial.
De acordo com a análise do banco, foram separadas as tabelas (entidades) abaixo:

Essas entidades são chamadas “tabelas” (Categorias, Clientes, Produtos, Pedidos, etc.)
Perceba que este banco de dados é focado na gestão de vendas, portanto através de ferramentas de análise podemos extrair infor-
mações operacionais e gerenciais.
Vejamos um exemplo da tabela de produtos:

Perceba que dentro desta tabela temos várias colunas (campos), isso nos indica que podemos aplicar a mesma analogia do EXCEL para
montagem das tabelas de um banco de dados.

124
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Diagrama MER Através do diagrama “DER” (diagrama de entidade relaciona-


O diagrama MER (Modelo entidade relacionamento) nada mais mento), podemos visualizar o relacionamento entre as tabelas:
é que a relação entre as entidades. Por exemplo: Percebemos que
N produtos podem pertencer a 1 categoria, segundo a figura do mo-
delo “MER” abaixo:

Exemplo:

COMPUTADOR INFORMÁTICA
Mouse Informática
Teclado Dell Informática

Chaves e relacionamentos
Como vimos acima, existe um relacionamento entre a tabela
“produto” e a tabela “categoria”, isto se dá por meio de uma “Pri-
mary Key” (PK) e uma Foreign key (FK) segundo a figura acima.
• Primary Key (FK) é chamada chave primária.
• Foreign Key (PK) é chamada chave estrangeira
Esta Primary key (PK) deverá ser única para a linha (Registro).
Ela é um identificador único e não pode ser nula.

CPF NOME
Neste contexto foi feita uma análise funcional e administrativa
90980980808080 José
para a construção deste modelo (MER).
90897979799999 João
Dados estruturados e não estruturados
Vimos acima que a diagramação “ER” depende dos dados es- Além disso uma tabela pode conter mais regras e outros índi-
truturados. Por exemplo: A tabela de produtos foi definida de acor- ces, vamos olhar as figuras abaixo:
do com a documentação prévia.
• No caso dos bancos de dados estruturados, temos a tabela e
suas colunas definidas conforme a documentação.
• Agora, no caso do banco de dados não estruturados, existe
uma certa flexibilidade, visto que não sabemos o teor dos dados,
pois eles são obtidos de fontes distintas.

Atualmente é muito comum empresas que coletam dados da


internet de vários entes. Elas trabalham com banco de dados não
estruturados (MONGODB, CASSANDRA), desta forma dados de fon-
tes diversas são armazenados.

Banco de dados relacionais


Bancos de dados Relacionais são bancos de dados estruturados
conforme planejamento prévio. O banco de dados relacional é pro-
jetado seguindo o modelo conceitual estabelecido.
Desta forma percebemos que teremos a tabela produto, a ta-
bela categoria e seu relacionamento. Estas tabelas terão colunas,
índices e regras para a sua implementação. No Caso na figura acima, temos um índice pelo nome do pro-
duto.
A finalidade de um índice é agilizar a busca da informação.
Igualmente um índice de um livro; desta forma ele busca rapida-
mente uma informação específica.

125
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No caso das regras, temos uma regra (Constraint) quanto a co- Tipos de enlace
luna “Preço Unitário”, a mesma tem que ser maior ou igual a zero, De acordo com a figura anterior vemos que existem camadas
conforme a figura abaixo: internas ao transmitirmos uma informação. A camada enlace é
a responsável pela conferência dos dados e controle do fluxo de
dados. Dentro deste contexto o enlace pode trabalhar de maneira
ponto a ponto (computador para computador), ou broadcast (uso
da rede para transmissão simultânea de dados), possibilitando as-
sim o acesso ao meio.

Códigos
Os dados transmitidos pelo computador são codificados de tal
forma que ele consiga trabalhar dento do explicado.
Por exemplo, uma imagem pode ser representada da seguinte
forma:

Podemos nos referir as regras como “Constraint” ou “Restri-


cões”. Desta forma os conceitos de conferência, correção, redundân-
cia, controle de requisição são executados na transmissão dos ar-
quivos em geral (imagens, vídeos, e-mail, etc.).
COMUNICAÇÃO DE DADOS.
Modos e meios de transmissão
Uma rede é um ambiente que visa o acesso e o compartilha- Modos de transmissão: Existem três modos, conforme figura
mento de recursos aumentando assim a colaboração entre seus abaixo:
membros. Estes membros colaboram entre si por meio de mensa-
gens de áudio, vídeo e utilização de recursos estabelecendo assim • Modo Simplex: Simplex é um modo de comunicação em que
uma efetiva comunicação. há um transmissor e um receptor da mensagem e esses papéis
nunca se invertem no período da comunicação.
Noções básicas de transmissão de dados • Modo Half-Duplex: é um modo de comunicação em que há
Para entendermos os conceitos, abaixo vamos analisar a figura: um transmissor e um receptor da mensagem e ambos podem en-
viar e receber mensagens, mas nunca simultaneamente
• Modo Full-Duplex: é um modo de comunicação em que há
um transmissor e um receptor da mensagem e ambos podem en-
viar e receber mensagens simultaneamente.

Notamos que ao modo Full-Duplex é uma comunicação bidire-


cional, muito usada na sociedade por meio do Smartphones, vídeos
conferências, etc.
Meio de transmissão é a utilização de uma forma de “trans-
porte” da informação, no caso temos os guiados e os não guiados,
conforme abaixo:

MEIO DE TRANSMISSÃO DESCRIÇÃO


São por meios de fios e cabos,
pelos quais os dados são
transmitidos via pulsos elétricos
GUIADOS e entregues ao destino. São
A figura acima representa o modelo “OSI”. Este modelo relata exemplos desta tecnologia cabos
a transmissão de um conteúdo de um ponto A para um ponto B. coaxiais, cabos par trançado, fibra
Percebemos que para sair da origem e chegar no destino, um óptica, etc.
pacote (conteúdo) passa por várias camadas que conferem e vali- São aqueles que não dependem
dam os dados. de Fios ou cabos por exemplo:
NÃO GUIADO
Wi-Fi, bluetooth, satélite,
antenas, tecnologias 3G, 4G, 5G.

126
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Camada física Geralmente é ligado à placa-mãe por meio de um cabo, que


A camada física na verdade diz respeito aos cabos, fibra óptica, pode ser padrão IDE, SATA, SATA II ou SATA III.
roteador, repetidor, modem, conversores, etc. A camada física são
os meios de conexão por onde irão trafegar os dados. HD Externo

Camada enlace
É dividida em duas subcamadas:
• LCC (Logical Link Control): responsável por incluir informa-
ções do quadro que dizem respeito ao protocolo de rede utilizado.
Está mais próxima da camada de rede.
• Controle de Acesso ao meio (MAC): endereça a camada de
enlace de acordo com a tecnologia utilizada, e inclui início e fim do
quadro de acordo com a exigência da tecnologia.

CONCEITOS GERAIS DE EQUIPAMENTOS E


OPERACIONALIZAÇÃO

HD (Hard Disk - Disco Rígido)1 Os HDs externos são discos rígidos portáteis com alta capacida-
de de armazenamento, chegando facilmente à casa dos Terabytes.
Eles, normalmente, funcionam a partir de qualquer entrada USB do
computador.
As grandes vantagens destes dispositivos são:
Alta capacidade de armazenamento;
Facilidade de instalação;
Mobilidade, ou seja, pode-se levá-lo para qualquer lugar sem
necessidade de abrir o computador.

SSD2

O HD é o item responsável pelo armazenamento de dados per-


manentes (os dados armazenados no HD não são perdidos quando
o computador é desligado, como é o caso da memória RAM). O HD
é o local onde é instalado e mantido o sistema operacional, todos
os outros programas que são instalados no computador e todos os
arquivos que do usuário.
O armazenamento do HD é contado normalmente em GB
(Gigabytes), porem atualmente já existe discos rígidos com
capacidade de TB (Tera Bytes - 1024 GB). Para se ter acesso aos
dados do HD, é necessário um Sistema operacional.
Atualmente os sistemas operacionais conseguem utilizar o HD
como uma extensão da memória, na chamada Gestão de memória
Virtual. Porém esta função é utilizada somente quando a memória
principal (memória RAM) está sobrecarregada. O SSD (solid-state drive) é uma nova tecnologia de armazena-
Os HD’s Externos são uma grande evolução. Estes podem ser mento considerada a evolução do disco rígido (HD). Ele não possui
carregados em mochilas, pastas, no bolso ou mesmo na mão sem partes móveis e é construído em torno de um circuito integrado
problema algum. semicondutor, o qual é responsável pelo armazenamento, diferen-
Os dados do HD são guardados em uma mídia magnética, temente dos sistemas magnéticos (como os HDs).
parecida com um DVD. Esta é muito sensível, se receber muitas Mas o que isso representa na prática? Muita evolução em re-
batidas pode se deslocar e o HD perde a utilidade. Nestes casos é lação aos discos rígidos. Por exemplo, a eliminação das partes me-
quase impossível recuperar dados do HD. cânicas reduz as vibrações e tornam os SSDs completamente silen-
ciosos.
Obs: Um GB Equivale a 1024 MB(Mega Bytes), e cada TB Outra vantagem é o tempo de acesso reduzido à memória flash
equivale a 1024GB. presente nos SSDs em relação aos meios magnéticos e ópticos. O
SSD também é mais resistente que os HDs comuns devido à ausên-
O número 1024 parece estranho, porém as unidades cia de partes mecânicas – um fator muito importante quando se
de armazenamento utilizam códigos binários para gravar as trata de computadores portáteis.
informações (portanto, sempre múltiplo de 2).

1 Fonte: http://www.infoescola.com/informatica/disco-rigido/ 2 Fonte: https://www.tecmundo.com.br/memoria/202-o-que-e-ssd-.htm

127
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O SSD ainda tem o peso menor em relação aos discos rígidos, Blu-Ray
mesmo os mais portáteis; possui um consumo reduzido de ener- O Blu-Ray é o sucessor do DVD. Sua capacidade varia entre 25 e
gia; consegue trabalhar em ambientes mais quentes do que os HDs 50 GB. O de maior capacidade contém duas camadas de gravação.
(cerca de 70°C); e, por fim, realiza leituras e gravações de forma Seu processo de fabricação segue os padrões do CD e DVD co-
mais rápida, com dispositivos apresentando 250 MB/s na gravação muns, com a diferença de que o feixe de laser usado para leitura é
e 700 MB/s na leitura. ainda menor que o do DVD, o que possibilita armazenagem maior
Mas nem tudo são flores para o SSD. Os pequenos velozes de dados no disco.
ainda custam muito caro, com valores muito superiores que o dos O nome do disco refere-se à cor do feixe de luz do leitor ótico
HDs. A capacidade de armazenamento também é uma desvanta- que, na verdade, para o olho humano, apresenta uma cor violeta
gem, pois é menor em relação aos discos rígidos. De qualquer for- azulada. O “e” da palavra blue (azul) foi retirado do nome por fins
ma, eles são vistos como a tecnologia do futuro, pois esses dois jurídicos, já que muitos países não permitem que se registre co-
fatores negativos podem ser suprimidos com o tempo. mercialmente uma palavra comum. O Blu-Ray foi introduzido no
Obviamente, é apenas uma questão de tempo para que as em- mercado no ano de 2006.
presas que estão investindo na tecnologia consigam baratear seus
custos e reduzir os preços. Diversas companhias como IBM, Toshiba Pen Drive
e OCZ trabalham para aprimorar a produção dos SSDs, e fica cada
vez mais evidente que os HDs comuns estão com seus dias conta-
dos.

CD, CD-R e CD-RW


O Compact Disc (CD) foi criado no começo da década de 80 e
é hoje um dos meios mais populares de armazenar dados digital-
mente. É um dispositivo de armazenamento de dados em memória
Sua composição é geralmente formada por quatro camadas: flash e conecta-se ao computador por uma porta USB. Ele
- Uma camada de policarbonato (espécie de plástico), onde fi- combina diversas tecnologias antigas com baixo custo, baixo
cam armazenados os dados. consumo de energia e tamanho reduzido, graças aos avanços nos
- Uma camada refletiva metálica, com a finalidade de refletir microprocessadores. Funciona, basicamente, como um HD externo
o laser. e quando conectado ao computador pode ser visualizado como um
- Uma camada de acrílico, para proteger os dados. drive. O pen drive também é conhecido como thumbdrive (por ter o
- Uma camada superficial, onde são impressos os rótulos. tamanho aproximado de um dedo polegar - thumb), flashdrive (por
Na camada de gravação existe uma grande espiral que tem um usar uma memória flash) ou, ainda, disco removível.
relevo de partes planas e partes baixas que representam os bits. Ele tem a mesma função dos antigos disquetes e dos CDs, ou
Um feixe de laser “lê” o relevo e converte a informação. Temos seja, armazenar dados para serem transportados, porém, com uma
hoje, no mercado, três tipos principais de CDs: capacidade maior, chegando a 256 GB.
1. CD Comercial: que já vem gravado com música ou dados.
2. CD-R: que vem vazio e pode ser gravado uma única vez. Cartão de Memória
3. CD-RW: que pode ter seus dados apagados e regravados.

Atualmente, a capacidade dos CDs é armazenar cerca de 700


MB ou 80 minutos de música.

DVD, DVD-R e DVD-RW


O Digital Vídeo Disc ou Digital Versatille Disc (DVD) é hoje o
formato mais comum para armazenamento de vídeo digital. Foi
inventado no final dos anos 90, mas só se popularizou depois do
ano 2000. Assim como o CD, é composto por quatro camadas, com
a diferença de que o feixe de laser que lê e grava as informações é
menor, possibilitando uma espiral maior no disco, o que proporcio- Assim como o pen drive, o cartão de memória é um tipo de
na maior capacidade de armazenamento. dispositivo de armazenamento de dados com memória flash, muito
Também possui as versões DVD-R e DVD-RW, sendo R de gra- encontrado em máquinas fotográficas digitais e aparelhos celulares
vação única e RW que possibilita a regravação de dados. A capa- smartphones.
cidade dos DVDs é de 120 minutos de vídeo ou 4,7 GB de dados, Nas máquinas digitais registra as imagens capturadas e nos
existindo ainda um tipo de DVD chamado Dual Layer, que contém telefones é utilizado para armazenar vídeos, fotos, ringtones, ende-
duas camadas de gravação, cuja capacidade de armazenamento reços, números de telefone etc.
chega a 8,5 GB. O cartão de memória funciona, basicamente, como o pen dri-
ve, mas, ao contrário dele, nem sempre fica aparente no dispositivo
e é bem mais compacto.

128
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os formatos mais conhecidos são: • MAN: Rede Metropolitana, abrange uma cidade, por exem-
- Memory Stick Duo. plo.
- SD (Secure Digital Card).
- Mini SD.
- Micro SD.

Unidade de Disquete
As unidades de disquete armazenam informações em discos,
também chamados discos flexíveis ou disquetes. Comparado a
CDs e DVDs, os disquetes podem armazenar apenas uma pequena
quantidade de dados. Eles também recuperam informações de for-
ma mais lenta e são mais vulneráveis a danos. Por esses motivos,
as unidades de disquete são cada vez menos usadas, embora ainda
sejam incluídas em alguns computadores.

• WAN: É uma rede com grande abrangência física, maior que


a MAN, Estado, País; podemos citar até a INTERNET para entender-
mos o conceito.

Disquete.
Por que estes discos são chamados de “disquetes”? Apesar
de a parte externa ser composta de plástico rígido, isso é apenas
a capa. O interior do disco é feito de um material de vinil fino e
flexível.

CONCEITOS BÁSICOS DE INTERNET.

Tipos de rede de computadores


• LAN: Rele Local, abrange somente um perímetro definido.
Exemplos: casa, escritório, etc.
Navegação e navegadores da Internet

• Internet
É conhecida como a rede das redes. A internet é uma coleção
global de computadores, celulares e outros dispositivos que se co-
municam.

129
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Procedimentos de Internet e intranet


Através desta conexão, usuários podem ter acesso a diversas informações, para trabalho, laser, bem como para trocar mensagens,
compartilhar dados, programas, baixar documentos (download), etc.

• Sites
Uma coleção de páginas associadas a um endereço www. é chamada web site. Através de navegadores, conseguimos acessar web
sites para operações diversas.

• Links
O link nada mais é que uma referência a um documento, onde o usuário pode clicar. No caso da internet, o Link geralmente aponta
para uma determinada página, pode apontar para um documento qualquer para se fazer o download ou simplesmente abrir.

Dentro deste contexto vamos relatar funcionalidades de alguns dos principais navegadores de internet: Microsoft Internet Explorer,
Mozilla Firefox e Google Chrome.

Internet Explorer 11

• Identificar o ambiente

O Internet Explorer é um navegador desenvolvido pela Microsoft, no qual podemos acessar sites variados. É um navegador simplifi-
cado com muitos recursos novos.

Dentro deste ambiente temos:


– Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções que protegem e controlam seus dados pessoais coletados por sites;
– Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um endereço do site desejado. Na figura temos como exemplo: https://www.
gov.br/pt-br/
– Guias de navegação: São guias separadas por sites aberto. No exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.gov.br/
pt-br/ está aberta.
– Favoritos: São pastas onde guardamos nossos sites favoritos
– Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais como: imprimir, acessar o histórico de navegação, configurações, dentre ou-
tras.

Desta forma o Internet Explorer 11, torna a navegação da internet muito mais agradável, com textos, elementos gráficos e vídeos que
possibilitam ricas experiências para os usuários.

130
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Características e componentes da janela principal do Internet Explorer

À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização, além de percebemos que a barra de ferramentas fica automa-
ticamente desativada, possibilitando uma maior área de exibição.

Vamos destacar alguns pontos segundo as indicações da figura:


1. Voltar/Avançar página
Como o próprio nome diz, clicando neste botão voltamos página visitada anteriormente;

2. Barra de Endereços
Esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página procurada;

3. Ícones para manipulação do endereço da URL


Estes ícones são pesquisar, atualizar ou fechar, dependendo da situação pode aparecer fechar ou atualizar.

4. Abas de Conteúdo
São mostradas as abas das páginas carregadas.

5. Página Inicial, favoritos, ferramentas, comentários

6. Adicionar à barra de favoritos

Mozila Firefox

131
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vamos falar agora do funcionamento geral do Firefox, objeto Vejamos:


de nosso estudo:
• Sobre as abas
No Chrome temos o conceito de abas que são conhecidas tam-
bém como guias. No exemplo abaixo temos uma aba aberta, se qui-
sermos abrir outra para digitar ou localizar outro site, temos o sinal
(+).
A barra de endereços é o local em que se digita o link da página
visitada. Uma outra função desta barra é a de busca, sendo que ao
digitar palavras-chave na barra, o mecanismo de busca do Google é
acionado e exibe os resultados.

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Voltar para a página inicial do Firefox

5 Barra de Endereços

6 Ver históricos e favoritos Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

Mostra um painel sobre os favoritos (Barra,


7 1 Botão Voltar uma página
Menu e outros)
Sincronização com a conta FireFox (Vamos 2 Botão avançar uma página
8
detalhar adiante)
Mostra menu de contexto com várias op- 3 Botão atualizar a página
9
ções
4 Barra de Endereço.
– Sincronização Firefox: Ato de guardar seus dados pessoais na
internet, ficando assim disponíveis em qualquer lugar. Seus dados 5 Adicionar Favoritos
como: Favoritos, históricos, Endereços, senhas armazenadas, etc.,
sempre estarão disponíveis em qualquer lugar, basta estar logado 6 Usuário Atual
com o seu e-mail de cadastro. E lembre-se: ao utilizar um computa- Exibe um menu de contexto que iremos relatar
dor público sempre desative a sincronização para manter seus da- 7
seguir.
dos seguros após o uso.
O que vimos até aqui, são opções que já estamos acostuma-
Google Chrome dos ao navegar na Internet, mesmo estando no Ubuntu, percebe-
mos que o Chrome é o mesmo navegador, apenas está instalado
em outro sistema operacional. Como o Chrome é o mais comum
atualmente, a seguir conferimos um pouco mais sobre suas funcio-
nalidades.

O Chrome é o navegador mais popular atualmente e disponi-


biliza inúmeras funções que, por serem ótimas, foram implementa-
das por concorrentes.

132
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Favoritos • Downloads
No Chrome é possível adicionar sites aos favoritos. Para adi- Fazer um download é quando se copia um arquivo de algum
cionar uma página aos favoritos, clique na estrela que fica à direita site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). Nes-
da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido, e te caso, o Chrome possui um item no menu, onde podemos ver o
pronto. progresso e os downloads concluídos.
Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de Fa-
voritos, mas você pode criar pastas para organizar melhor sua lista.
Para removê-lo, basta clicar em excluir.

• Histórico
O Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao • Sincronização
Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados e, para aces- Uma nota importante sobre este tema: A sincronização é im-
sá-lo, podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar atalho do portante para manter atualizadas nossas operações, desta forma,
teclado Ctrl + H. Neste caso o histórico irá abrir em uma nova aba, se por algum motivo trocarmos de computador, nossos dados esta-
onde podemos pesquisá-lo por parte do nome do site ou mesmo rão disponíveis na sua conta Google.
dia a dia se preferir. Por exemplo:
– Favoritos, histórico, senhas e outras configurações estarão
disponíveis.
– Informações do seu perfil são salvas na sua Conta do Google.

No canto superior direito, onde está a imagem com a foto do


usuário, podemos clicar no 1º item abaixo para ativar e desativar.

• Pesquisar palavras
Muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso, utilizamos
o atalho do teclado Ctrl + F para abrir uma caixa de texto na qual
podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado.

• Salvando Textos e Imagens da Internet


Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.

133
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Safari

O Safari é o navegador da Apple, e disponibiliza inúmeras funções implementadas.


Vejamos:

• Guias

– Para abrirmos outras guias podemos simplesmente teclar CTRL + T ou

Vejamos os comandos principais de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Ajustes Gerais

7 Menus para a página atual.

8 Lista de Leitura

Perceba que o Safari, como os outros, oferece ferramentas bastante comuns.

134
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vejamos algumas de suas funcionalidades: • Pesquisar palavras


Muitas vezes, ao acessar um determinado site, estamos em
• Lista de Leitura e Favoritos busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso utilizamos o
No Safari é possível adicionar sites à lista de leitura para pos- atalho do teclado Ctrl + F, para abrir uma caixa de texto na qual po-
terior consulta, ou aos favoritos, caso deseje salvar seus endere- demos digitar parte do que procuramos, e será localizado.
ços. Para adicionar uma página, clique no “+” a que fica à esquerda
da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido e • Salvando Textos e Imagens da Internet
pronto. Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
Por padrão, o Safari salva seus sites na lista de leitura, mas você direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.
pode criar pastas para organizar melhor seus favoritos. Para remo-
vê-lo, basta clicar em excluir. • Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de um al-
gum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.).
Neste caso, o Safari possui um item no menu onde podemos ver o
progresso e os downloads concluídos.

QUESTÕES
• Histórico e Favoritos

1. (FGV-SEDUC -AM) O dispositivo de hardware que tem como


principal função a digitalização de imagens e textos, convertendo as
versões em papel para o formato digital, é denominado
(A) joystick.
(B) plotter.
(C) scanner.
(D) webcam.
(E) pendrive.

135
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

2. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) João comprou um 8. (FGV – SEDUC -AM) Um Assistente Técnico recebe um e-mail
novo jogo para seu computador e o instalou sem que ocorressem com arquivo anexo em seu computador e o antivírus acusa existên-
erros. No entanto, o jogo executou de forma lenta e apresentou cia de vírus.
baixa resolução. Considerando esse contexto, selecione a alterna- Assinale a opção que indica o procedimento de segurança a ser
tiva que contém a placa de expansão que poderá ser trocada ou adotado no exemplo acima.
adicionada para resolver o problema constatado por João. (A) Abrir o e-mail para verificar o conteúdo, antes de enviá-lo
(A) Placa de som ao administrador de rede.
(B) Placa de fax modem (B) Executar o arquivo anexo, com o objetivo de verificar o tipo
(C) Placa usb de vírus.
(D) Placa de captura (C) Apagar o e-mail, sem abri-lo.
(E) Placa de vídeo (D) Armazenar o e-mail na área de backup, para fins de moni-
toramento.
3. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) Há vários tipos de pe- (E) Enviar o e-mail suspeito para a pasta de spam, visando a
riféricos utilizados em um computador, como os periféricos de saída analisá-lo posteriormente.
e os de entrada. Dessa forma, assinale a alternativa que apresenta
um exemplo de periférico somente de entrada. 9. (CESPE – PEFOCE) Entre os sistemas operacionais Windows
(A) Monitor 7, Windows Vista e Windows XP, apenas este último não possui ver-
(B) Impressora são para processadores de 64 bits.
(C) Caixa de som ( ) Certo
(D) Headphone ( ) Errado
(E) Mouse
10. (CPCON – PREF, PORTALEGRE) Existem muitas versões do
4. (VUNESP-2019 – SEDUC-SP) Na rede mundial de computado- Microsoft Windows disponíveis para os usuários. No entanto, não é
res, Internet, os serviços de comunicação e informação são disponi- uma versão oficial do Microsoft Windows
bilizados por meio de endereços e links com formatos padronizados (A) Windows 7
URL (Uniform Resource Locator). Um exemplo de formato de ende- (B) Windows 10
reço válido na Internet é: (C) Windows 8.1
(A) http:@site.com.br (D) Windows 9
(B) HTML:site.estado.gov (E) Windows Server 2012
(C) html://www.mundo.com
(D) https://meusite.org.br 11. (MOURA MELO – CAJAMAR) É uma versão inexistente do
(E) www.#social.*site.com Windows:
(A) Windows Gold.
5. (IBASE PREF. DE LINHARES – ES) Quando locamos servido- (B) Windows 8.
res e armazenamento compartilhados, com software disponível e (C) Windows 7.
localizados em Data-Centers remotos, aos quais não temos acesso (D) Windows XP.
presencial, chamamos esse serviço de:
(A) Computação On-Line. 12. (QUADRIX CRN) Nos sistemas operacionais Windows 7 e
(B) Computação na nuvem. Windows 8, qual, destas funções, a Ferramenta de Captura não exe-
(C) Computação em Tempo Real. cuta?
(D) Computação em Block Time. (A) Capturar qualquer item da área de trabalho.
(E) Computação Visual (B) Capturar uma imagem a partir de um scanner.
(C) Capturar uma janela inteira
6. (CESPE – SEDF) Com relação aos conceitos básicos e modos (D) Capturar uma seção retangular da tela.
de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimen- (E) Capturar um contorno à mão livre feito com o mouse ou
tos associados à Internet, julgue o próximo item. uma caneta eletrônica
Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na Inter-
net para diversas finalidades, ainda não é possível extrair apenas o 13. (IF-PB) Acerca dos sistemas operacionais Windows 7 e 8,
áudio de um vídeo armazenado na Internet, como, por exemplo, no assinale a alternativa INCORRETA:
Youtube (http://www.youtube.com). (A) O Windows 8 é o sucessor do 7, e ambos são desenvolvidos
( ) Certo pela Microsoft.
( ) Errado (B) O Windows 8 apresentou uma grande revolução na interfa-
ce do Windows. Nessa versão, o botão “iniciar” não está sem-
7. (CESP-MEC WEB DESIGNER) Na utilização de um browser, a pre visível ao usuário.
execução de JavaScripts ou de programas Java hostis pode provocar (C) É possível executar aplicativos desenvolvidos para Windows
danos ao computador do usuário. 7 dentro do Windows 8.
( ) Certo (D) O Windows 8 possui um antivírus próprio, denominado
( ) Errado Kapersky.
(E) O Windows 7 possui versões direcionadas para computado-
res x86 e 64 bits.

136
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

14. (CESPE BANCO DA AMAZÔNIA) O Linux, um sistema multi- 20. (CESPE – CAIXA) O PowerPoint permite adicionar efeitos so-
tarefa e multiusuário, é disponível em várias distribuições, entre as noros à apresentação em elaboração.
quais, Debian, Ubuntu, Mandriva e Fedora. ( ) Certo
( ) Certo ( ) Errado
( ) Errado
GABARITO
15. (FCC – DNOCS) - O comando Linux que lista o conteúdo de
um diretório, arquivos ou subdiretórios é o
(A) init 0. 1 C
(B) init 6.
(C) exit 2 E
(D) ls. 3 E
(E) cd.
4 D
16. (SOLUÇÃO) O Linux faz distinção de letras maiúsculas ou 5 B
minúsculas
6 ERRADO
( ) Certo
( ) Errado 7 CERTO
8 C
17. (CESP -UERN) Na suíte Microsoft Office, o aplicativo
(A) Excel é destinado à elaboração de tabelas e planilhas eletrô- 9 CERTO
nicas para cálculos numéricos, além de servir para a produção 10 D
de textos organizados por linhas e colunas identificadas por nú-
meros e letras. 11 A
(B) PowerPoint oferece uma gama de tarefas como elaboração 12 B
e gerenciamento de bancos de dados em formatos .PPT.
13 D
(C) Word, apesar de ter sido criado para a produção de texto, é
útil na elaboração de planilhas eletrônicas, com mais recursos 14 CERTO
que o Excel. 15 D
(D) FrontPage é usado para o envio e recebimento de mensa-
gens de correio eletrônico. 16 CERTO
(E) Outlook é utilizado, por usuários cadastrados, para o envio 17 A
e recebimento de páginas web.
18 D
18. (FUNDEP – UFVJM-MG) Assinale a alternativa que apresen- 19 CERTO
ta uma ação que não pode ser realizada pelas opções da aba “Pági- 20 CERTO
na Inicial” do Word 2010.
(A) Definir o tipo de fonte a ser usada no documento.
(B) Recortar um trecho do texto para incluí-lo em outra parte
do documento.
ANOTAÇÕES
(C) Definir o alinhamento do texto.
(D) Inserir uma tabela no texto ______________________________________________________
19. (CESPE – TRE-AL) Considerando a janela do PowerPoint ______________________________________________________
2002 ilustrada abaixo julgue os itens a seguir, relativos a esse apli-
cativo. ______________________________________________________
A apresentação ilustrada na janela contém 22 slides ?.
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

( ) Certo ______________________________________________________
( ) Errado
______________________________________________________

137
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

______________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________

138
LEGISLAÇÃO

LEGISLAÇÃO DA SAÚDE: CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE II – os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à
1988 (TÍTULO VIII – CAPÍTULO II – SEÇÃO II) saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivan-
do a progressiva redução das disparidades regionais; (Incluído pela
SEÇÃO II Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
DA SAÚDE III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das des-
pesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e munici-
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garanti- pal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
do mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do IV - (revogado).    (Redação dada pela Emenda Constitucional
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitá- nº 86, de 2015)
rio às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. § 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão ad-
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saú- mitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às ende-
de, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua mias por meio de processo seletivo público, de acordo com a nature-
regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser za e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para
feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa sua atuação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006)
física ou jurídica de direito privado. § 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a
rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e
organizado de acordo com as seguintes diretrizes:      (Vide ADPF agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos
672) da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao
I - descentralização, com direção única em cada esfera de go- Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido
verno; piso salarial. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 63, de
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades 2010) Regulamento
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; § 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º
III - participação da comunidade. do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que exerça funções
§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de
do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da combate às endemias poderá perder o cargo em caso de descum-
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de primento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu exer-
outras fontes. (Parágrafo único renumerado para § 1º pela Emenda cício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006)
Constitucional nº 29, de 2000) § 7º O vencimento dos agentes comunitários de saúde e dos
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios agentes de combate às endemias fica sob responsabilidade da
aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde re- União, e cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
cursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados estabelecer, além de outros consectários e vantagens, incentivos,
sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) auxílios, gratificações e indenizações, a fim de valorizar o trabalho
I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo desses profissionais.      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120,
exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por cen- de 2022)
to);          (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015) § 8º Os recursos destinados ao pagamento do vencimento dos
II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da ar- agentes comunitários de saúde e dos agentes de combate às ende-
recadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de mias serão consignados no orçamento geral da União com dotação
que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas própria e exclusiva. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120,
as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; (In- de 2022)
cluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) § 9º O vencimento dos agentes comunitários de saúde e dos
III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da agentes de combate às endemias não será inferior a 2 (dois) salários
arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos mínimos, repassados pela União aos Municípios, aos Estados e ao
de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º.(Incluído Distrito Federal.   (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, de
pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 2022)
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada § 10. Os agentes comunitários de saúde e os agentes de comba-
cinco anos, estabelecerá:(Incluído pela Emenda Constitucional nº te às endemias terão também, em razão dos riscos inerentes às fun-
29, de 2000)     Regulamento ções desempenhadas, aposentadoria especial e, somado aos seus
I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º;          (Re- vencimentos, adicional de insalubridade.    (Incluído pela Emenda
dação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015) Constitucional nº 120, de 2022)

139
LEGISLAÇÃO

§ 11. Os recursos financeiros repassados pela União aos Esta- V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento
dos, ao Distrito Federal e aos Municípios para pagamento do ven- científico e tecnológico e a inovação;          (Redação dada pela Emen-
cimento ou de qualquer outra vantagem dos agentes comunitários da Constitucional nº 85, de 2015)
de saúde e dos agentes de combate às endemias não serão objeto VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle
de inclusão no cálculo para fins do limite de despesa com pesso- de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo
al.      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, de 2022) humano;
§ 12. Lei federal instituirá pisos salariais profissionais nacionais VII - participar do controle e fiscalização da produção, trans-
para o enfermeiro, o técnico de enfermagem, o auxiliar de enfer- porte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos,
magem e a parteira, a serem observados por pessoas jurídicas de tóxicos e radioativos;
direito público e de direito privado.   (Incluído pela Emenda Consti- VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreen-
tucional nº 124, de 2022) dido o do trabalho.
§ 13. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, até
o final do exercício financeiro em que for publicada a lei de que trata
o § 12 deste artigo, adequarão a remuneração dos cargos ou dos LEI FEDERAL Nº 8.142/90 E SUAS ALTERAÇÕES
respectivos planos de carreiras, quando houver, de modo a atender
aos pisos estabelecidos para cada categoria profissional.    (Incluído Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n°
pela Emenda Constitucional nº 124, de 2022) 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de go-
§ 14. Compete à União, nos termos da lei, prestar assistência verno, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as se-
financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu- guintes instâncias colegiadas:
nicípios e às entidades filantrópicas, bem como aos prestadores de I - a Conferência de Saúde; e
serviços contratualizados que atendam, no mínimo, 60% (sessen- II - o Conselho de Saúde.
ta por cento) de seus pacientes pelo sistema único de saúde, para § 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos
o cumprimento dos pisos salariais de que trata o § 12 deste arti- com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a si-
go.    (Incluído pela Emenda Constitucional nº 127, de 2022) tuação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política
§ 15. Os recursos federais destinados aos pagamentos da as- de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Execu-
sistência financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal tivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde.
e aos Municípios e às entidades filantrópicas, bem como aos pres- § 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e delibe-
tadores de serviços contratualizados que atendam, no mínimo, 60% rativo, órgão colegiado composto por representantes do governo,
(sessenta por cento) de seus pacientes pelo sistema único de saúde, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na
para o cumprimento dos pisos salariais de que trata o § 12 deste ar- formulação de estratégias e no controle da execução da política de
tigo serão consignados no orçamento geral da União com dotação saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômi-
própria e exclusiva.     (Incluído pela Emenda Constitucional nº 127, cos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do
de 2022) poder legalmente constituído em cada esfera do governo.
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. § 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o
§ 1º As instituições privadas poderão participar de forma com- Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems)
plementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, me- terão representação no Conselho Nacional de Saúde.
diante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as § 4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e
entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. Conferências será paritária em relação ao conjunto dos demais seg-
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios mentos.
ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. § 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas sua organização e normas de funcionamento definidas em regimen-
ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos to próprio, aprovadas pelo respectivo conselho.
casos previstos em lei. Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facili- alocados como:
tem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins I - despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus
de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, proces- órgãos e entidades, da administração direta e indireta;
samento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado II - investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do
todo tipo de comercialização. Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso Nacional;
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras III - investimentos previstos no Plano Qüinqüenal do Ministério
atribuições, nos termos da lei: da Saúde;
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem implemen-
de interesse para a saúde e participar da produção de medicamen- tados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal.
tos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insu- Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste arti-
mos; go destinar-se-ão a investimentos na rede de serviços, à cobertura
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais ações de saúde.
bem como as de saúde do trabalhador; Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta lei
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; serão repassados de forma regular e automática para os Municí-
IV - participar da formulação da política e da execução das pios, Estados e Distrito Federal, de acordo com os critérios previstos
ações de saneamento básico; no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990.

140
LEGISLAÇÃO

§ 1° Enquanto não for regulamentada a aplicação dos critérios Art. 3º A saúde tem como fatores determinantes e condicionan-
previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, tes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico,
será utilizado, para o repasse de recursos, exclusivamente o critério o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o
estabelecido no § 1° do mesmo artigo. (Vide Lei nº 8.080, de 1990) lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde
§ 2° Os recursos referidos neste artigo serão destinados, pelo da população expressam a organização social e econômica do País.
menos setenta por cento, aos Municípios, afetando-se o restante Art. 3o Os níveis de saúde expressam a organização social e
aos Estados. econômica do País, tendo a saúde como determinantes e condicio-
§ 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execu- nantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento bá-
ção de ações e serviços de saúde, remanejando, entre si, parcelas de sico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade
recursos previstos no inciso IV do art. 2° desta lei. física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essen-
Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° desta ciais.         (Redação dada pela Lei nº 12.864, de 2013)
lei, os Municípios, os Estados e o Distrito Federal deverão contar Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que,
com: por força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às
I - Fundo de Saúde; pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e so-
II - Conselho de Saúde, com composição paritária de acordo cial.
com o Decreto n° 99.438, de 7 de agosto de 1990;
III - plano de saúde; TÍTULO II
IV - relatórios de gestão que permitam o controle de que trata DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
o § 4° do art. 33 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990; DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
V - contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orça-
mento; Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por
VI - Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Sa- órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da
lários (PCCS), previsto o prazo de dois anos para sua implantação. Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Po-
Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou pelos der Público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS).
Estados, ou pelo Distrito Federal, dos requisitos estabelecidos neste § 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições
artigo, implicará em que os recursos concernentes sejam adminis- públicas federais, estaduais e municipais de controle de qualidade,
trados, respectivamente, pelos Estados ou pela União. pesquisa e produção de insumos, medicamentos, inclusive de san-
Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do Ministro gue e hemoderivados, e de equipamentos para saúde.
de Estado, autorizado a estabelecer condições para aplicação desta § 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de
lei. Saúde (SUS), em caráter complementar.
Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário. CAPÍTULO I
Brasília, 28 de dezembro de 1990; 169° da Independência e DOS OBJETIVOS E ATRIBUIÇÕES
102° da República.
Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS:
LEI FEDERAL Nº 8.080/90 E SUAS ALTERAÇÕES I - a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e de-
terminantes da saúde;
II - a formulação de política de saúde destinada a promover,
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR nos campos econômico e social, a observância do disposto no § 1º
do art. 2º desta lei;
Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promo-
e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em ca- ção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada
ráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de das ações assistenciais e das atividades preventivas.
direito Público ou privado. Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema
Único de Saúde (SUS):
TÍTULO I I - a execução de ações:
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS a) de vigilância sanitária;
b) de vigilância epidemiológica;
Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, de- c) de saúde do trabalhador; e
vendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;
exercício. II - a participação na formulação da política e na execução de
§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formula- ações de saneamento básico;
ção e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redu- III - a ordenação da formação de recursos humanos na área de
ção de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento saúde;
de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar;
e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compre-
§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das endido o do trabalho;
empresas e da sociedade. VI - a formulação da política de medicamentos, equipamentos,
imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e a par-
ticipação na sua produção;

141
LEGISLAÇÃO

VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substân- CAPÍTULO II


cias de interesse para a saúde; DOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES
VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas
para consumo humano; Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços pri-
IX - a participação no controle e na fiscalização da produção, vados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único
transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoati- de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes pre-
vos, tóxicos e radioativos; vistas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos
X - o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento seguintes princípios:
científico e tecnológico; I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os
XI - a formulação e execução da política de sangue e seus de- níveis de assistência;
rivados. II - integralidade de assistência, entendida como conjunto arti-
§ 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações culado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, in-
capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir dividuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de
nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produ- complexidade do sistema;
ção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua
saúde, abrangendo: integridade física e moral;
I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou pri-
se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e pro- vilégios de qualquer espécie;
cessos, da produção ao consumo; e V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;
II - o controle da prestação de serviços que se relacionam direta VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos servi-
ou indiretamente com a saúde. ços de saúde e a sua utilização pelo usuário;
§ 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de
ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática;
de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes VIII - participação da comunidade;
de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e IX - descentralização político-administrativa, com direção única
adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. em cada esfera de governo:
§ 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;
um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vi- b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saú-
gilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e prote- de;
ção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio am-
e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e biente e saneamento básico;
agravos advindos das condições de trabalho, abrangendo: XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, mate-
I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho riais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
ou portador de doença profissional e do trabalho; Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da po-
II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único pulação;
de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos ris- XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis
cos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de trabalho; de assistência; e
III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar dupli-
de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e controle das con- cidade de meios para fins idênticos.
dições de produção, extração, armazenamento, transporte, distri- XIV – organização de atendimento público específico e espe-
buição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de cializado para mulheres e vítimas de violência doméstica em geral,
equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador; que garanta, entre outros, atendimento, acompanhamento psicoló-
IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde; gico e cirurgias plásticas reparadoras, em conformidade com a Lei
V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sin- nº 12.845, de 1º de agosto de 2013.           (Redação dada pela Lei
dical e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença nº 13.427, de 2017)
profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações,
avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos CAPÍTULO III
e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional; DA ORGANIZAÇÃO, DA DIREÇÃO E DA GESTÃO
VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos
serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas públi- Art. 8º As ações e serviços de saúde, executados pelo Sistema
cas e privadas; Único de Saúde (SUS), seja diretamente ou mediante participação
VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas complementar da iniciativa privada, serão organizados de forma
no processo de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração regionalizada e hierarquizada em níveis de complexidade crescente.
das entidades sindicais; e Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é única, de
VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao acordo com o inciso I do art. 198 da Constituição Federal, sendo
órgão competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou exercida em cada esfera de governo pelos seguintes órgãos:
de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco imi- I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde;
nente para a vida ou saúde dos trabalhadores. II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectiva
Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e

142
LEGISLAÇÃO

III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de Art. 14-B. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Co-
Saúde ou órgão equivalente. nass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde
Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para de- (Conasems) são reconhecidos como entidades representativas dos
senvolver em conjunto as ações e os serviços de saúde que lhes cor- entes estaduais e municipais para tratar de matérias referentes à
respondam. saúde e declarados de utilidade pública e de relevante função so-
§ 1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o cial, na forma do regulamento.        (Incluído pela Lei nº 12.466, de
princípio da direção única, e os respectivos atos constitutivos dispo- 2011).
rão sobre sua observância. § 1o O Conass e o Conasems receberão recursos do orçamento
§ 2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde (SUS), pode- geral da União por meio do Fundo Nacional de Saúde, para auxiliar
rá organizar-se em distritos de forma a integrar e articular recur- no custeio de suas despesas institucionais, podendo ainda celebrar
sos, técnicas e práticas voltadas para a cobertura total das ações convênios com a União.           (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
de saúde. § 2o Os Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Co-
Art. 11. (Vetado). sems) são reconhecidos como entidades que representam os entes
Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio- municipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes
nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos à saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na
Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas forma que dispuserem seus estatutos.          (Incluído pela Lei nº
da sociedade civil. 12.466, de 2011).
Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a finalidade
de articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja CAPÍTULO IV
execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema DA COMPETÊNCIA E DAS ATRIBUIÇÕES
Único de Saúde (SUS).
Art. 13. A articulação das políticas e programas, a cargo das SEÇÃOI
comissões intersetoriais, abrangerá, em especial, as seguintes ati- DAS ATRIBUIÇÕES COMUNS
vidades:
I - alimentação e nutrição; Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
II - saneamento e meio ambiente; exercerão, em seu âmbito administrativo, as seguintes atribuições:
III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia; I - definição das instâncias e mecanismos de controle, avaliação
IV - recursos humanos; e de fiscalização das ações e serviços de saúde;
V - ciência e tecnologia; e II - administração dos recursos orçamentários e financeiros des-
VI - saúde do trabalhador. tinados, em cada ano, à saúde;
Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes de inte- III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de saú-
gração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino profis- de da população e das condições ambientais;
sional e superior. IV - organização e coordenação do sistema de informação de
Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por finali- saúde;
dade propor prioridades, métodos e estratégias para a formação V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa-
e educação continuada dos recursos humanos do Sistema Único de drões de qualidade e parâmetros de custos que caracterizam a as-
Saúde (SUS), na esfera correspondente, assim como em relação à sistência à saúde;
pesquisa e à cooperação técnica entre essas instituições. VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa-
Art. 14-A. As Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite são drões de qualidade para promoção da saúde do trabalhador;
reconhecidas como foros de negociação e pactuação entre gesto- VII - participação de formulação da política e da execução das
res, quanto aos aspectos operacionais do Sistema Único de Saúde ações de saneamento básico e colaboração na proteção e recupera-
(SUS).         (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). ção do meio ambiente;
Parágrafo único. A atuação das Comissões Intergestores Bipar- VIII - elaboração e atualização periódica do plano de saúde;
tite e Tripartite terá por objetivo:         (Incluído pela Lei nº 12.466, IX - participação na formulação e na execução da política de
de 2011). formação e desenvolvimento de recursos humanos para a saúde;
I - decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e admi- X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema Único de
nistrativos da gestão compartilhada do SUS, em conformidade com Saúde (SUS), de conformidade com o plano de saúde;
a definição da política consubstanciada em planos de saúde, apro- XI - elaboração de normas para regular as atividades de servi-
vados pelos conselhos de saúde;           (Incluído pela Lei nº 12.466, ços privados de saúde, tendo em vista a sua relevância pública;
de 2011). XII - realização de operações externas de natureza financeira de
II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e intermu- interesse da saúde, autorizadas pelo Senado Federal;
nicipal, a respeito da organização das redes de ações e serviços de XIII - para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e
saúde, principalmente no tocante à sua governança institucional e transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de cala-
à integração das ações e serviços dos entes federados;        (Incluído midade pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade compe-
pela Lei nº 12.466, de 2011). tente da esfera administrativa correspondente poderá requisitar
III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito sanitário, bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, sendo-
integração de territórios, referência e contrarreferência e demais -lhes assegurada justa indenização;       (Vide ADIN 3454)
aspectos vinculados à integração das ações e serviços de saúde en- XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componentes
tre os entes federados.         (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). e Derivados;

143
LEGISLAÇÃO

XV - propor a celebração de convênios, acordos e protocolos XIV - elaborar normas para regular as relações entre o Sistema
internacionais relativos à saúde, saneamento e meio ambiente; Único de Saúde (SUS) e os serviços privados contratados de assis-
XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, prote- tência à saúde;
ção e recuperação da saúde; XV - promover a descentralização para as Unidades Federadas
XVII - promover articulação com os órgãos de fiscalização do e para os Municípios, dos serviços e ações de saúde, respectivamen-
exercício profissional e outras entidades representativas da socieda- te, de abrangência estadual e municipal;
de civil para a definição e controle dos padrões éticos para pesquisa, XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Nacio-
ações e serviços de saúde; nal de Sangue, Componentes e Derivados;
XVIII - promover a articulação da política e dos planos de saúde; XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de
XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde; saúde, respeitadas as competências estaduais e municipais;
XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e fiscaliza- XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito
ção inerentes ao poder de polícia sanitária; do SUS, em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Dis-
XXI - fomentar, coordenar e executar programas e projetos es- trito Federal;
tratégicos e de atendimento emergencial. XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a
avaliação técnica e financeira do SUS em todo o Território Nacional
SEÇÃOII em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Fede-
DA COMPETÊNCIA ral.        (Vide Decreto nº 1.651, de 1995)
Parágrafo único. A União poderá executar ações de vigilância
Art. 16. A direção nacional do Sistema Único da Saúde (SUS) epidemiológica e sanitária em circunstâncias especiais, como na
compete: ocorrência de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do
I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutri- controle da direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) ou
ção; que representem risco de disseminação nacional.
II - participar na formulação e na implementação das políticas: § 1º   A União poderá executar ações de vigilância epidemio-
a) de controle das agressões ao meio ambiente; lógica e sanitária em circunstâncias especiais, como na ocorrência
b) de saneamento básico; e de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do controle da
c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho; direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) ou que represen-
III - definir e coordenar os sistemas: tem risco de disseminação nacional.      (Renumerado do parágrafo
a) de redes integradas de assistência de alta complexidade; único pela Lei nº 14.141, de 2021)
b) de rede de laboratórios de saúde pública; § 2º Em situações epidemiológicas que caracterizem emergên-
c) de vigilância epidemiológica; e cia em saúde pública, poderá ser adotado procedimento simplifica-
d) vigilância sanitária; do para a remessa de patrimônio genético ao exterior, na forma do
IV - participar da definição de normas e mecanismos de con- regulamento.      (Incluído pela Lei nº 14.141, de 2021)
trole, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente ou dele § 3º Os benefícios resultantes da exploração econômica de pro-
decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana; duto acabado ou material reprodutivo oriundo de acesso ao patri-
V - participar da definição de normas, critérios e padrões para mônio genético de que trata o § 2º deste artigo serão repartidos nos
o controle das condições e dos ambientes de trabalho e coordenar a termos da Lei nº 13.123, de 20 de maio de 2015.         (Incluído pela
política de saúde do trabalhador; Lei nº 14.141, de 2021)
VI - coordenar e participar na execução das ações de vigilância Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS)
epidemiológica; compete:
VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de I - promover a descentralização para os Municípios dos serviços
portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser comple- e das ações de saúde;.
mentada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios; II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do
VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o con- Sistema Único de Saúde (SUS);
trole da qualidade sanitária de produtos, substâncias e serviços de III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e executar
consumo e uso humano; supletivamente ações e serviços de saúde;
IX - promover articulação com os órgãos educacionais e de fis- IV - coordenar e, em caráter complementar, executar ações e
calização do exercício profissional, bem como com entidades repre- serviços:
sentativas de formação de recursos humanos na área de saúde; a) de vigilância epidemiológica;
X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução b) de vigilância sanitária;
da política nacional e produção de insumos e equipamentos para a c) de alimentação e nutrição; e
saúde, em articulação com os demais órgãos governamentais; d) de saúde do trabalhador;
XI - identificar os serviços estaduais e municipais de referência V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agra-
nacional para o estabelecimento de padrões técnicos de assistência vos do meio ambiente que tenham repercussão na saúde humana;
à saúde; VI - participar da formulação da política e da execução de ações
XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substân- de saneamento básico;
cias de interesse para a saúde; VII - participar das ações de controle e avaliação das condições
XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao e dos ambientes de trabalho;
Distrito Federal e aos Municípios para o aperfeiçoamento da sua VIII - em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar
atuação institucional; e avaliar a política de insumos e equipamentos para a saúde;

144
LEGISLAÇÃO

IX - identificar estabelecimentos hospitalares de referência e Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção à Saúde Indí-
gerir sistemas públicos de alta complexidade, de referência estadu- gena, componente do Sistema Único de Saúde – SUS, criado e defi-
al e regional; nido por esta Lei, e pela Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990,
X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública com o qual funcionará em perfeita integração.        (Incluído pela Lei
e hemocentros, e gerir as unidades que permaneçam em sua orga- nº 9.836, de 1999)
nização administrativa; Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos próprios, financiar
XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o con- o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena.       (Incluído pela Lei nº
trole e avaliação das ações e serviços de saúde; 9.836, de 1999)
XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter suple- Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do Subsistema insti-
mentar, de procedimentos de controle de qualidade para produtos tuído por esta Lei com os órgãos responsáveis pela Política Indígena
e substâncias de consumo humano; do País.       (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
XIII - colaborar com a União na execução da vigilância sanitária Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras instituições governa-
de portos, aeroportos e fronteiras; mentais e não-governamentais poderão atuar complementarmente
XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos indica- no custeio e execução das ações.        (Incluído pela Lei nº 9.836, de
dores de morbidade e mortalidade no âmbito da unidade federada. 1999)
Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) com- § 1º A União instituirá mecanismo de financiamento específico
pete: para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, sempre que hou-
I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços ver necessidade de atenção secundária e terciária fora dos territó-
de saúde e gerir e executar os serviços públicos de saúde; rios indígenas.       (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020)
II - participar do planejamento, programação e organização § 2º Em situações emergenciais e de calamidade públi-
da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema Único de Saúde ca:        (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020)
(SUS), em articulação com sua direção estadual; I - a União deverá assegurar aporte adicional de recursos não
III - participar da execução, controle e avaliação das ações refe- previstos nos planos de saúde dos Distritos Sanitários Especiais Indí-
rentes às condições e aos ambientes de trabalho; genas (Dseis) ao Subsistema de Atenção à Saúde Indígena;     (Inclu-
IV - executar serviços: ído pela Lei nº 14.021, de 2020)
a) de vigilância epidemiológica; II - deverá ser garantida a inclusão dos povos indígenas nos pla-
b) vigilância sanitária; nos emergenciais para atendimento dos pacientes graves das Secre-
c) de alimentação e nutrição; tarias Municipais e Estaduais de Saúde, explicitados os fluxos e as
d) de saneamento básico; e referências para o atendimento em tempo oportuno.        (Incluído
e) de saúde do trabalhador; pela Lei nº 14.021, de 2020)
V - dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em consideração a
equipamentos para a saúde; realidade local e as especificidades da cultura dos povos indígenas
VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente e o modelo a ser adotado para a atenção à saúde indígena, que
que tenham repercussão sobre a saúde humana e atuar, junto aos se deve pautar por uma abordagem diferenciada e global, contem-
órgãos municipais, estaduais e federais competentes, para contro- plando os aspectos de assistência à saúde, saneamento básico, nu-
lá-las; trição, habitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação
VII - formar consórcios administrativos intermunicipais; sanitária e integração institucional.        (Incluído pela Lei nº 9.836,
VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros; de 1999)
IX - colaborar com a União e os Estados na execução da vigilân- Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena deve-
cia sanitária de portos, aeroportos e fronteiras; rá ser, como o SUS, descentralizado, hierarquizado e regionaliza-
X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar contratos do.       (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de saú- § 1o O Subsistema de que trata o caput deste artigo terá como
de, bem como controlar e avaliar sua execução; base os Distritos Sanitários Especiais Indígenas.        (Incluído pela
XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços priva- Lei nº 9.836, de 1999)
dos de saúde; § 1º-A. A rede do SUS deverá obrigatoriamente fazer o registro
XII - normatizar complementarmente as ações e serviços públi- e a notificação da declaração de raça ou cor, garantindo a identi-
cos de saúde no seu âmbito de atuação. ficação de todos os indígenas atendidos nos sistemas públicos de
Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições reservadas saúde.        (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020)
aos Estados e aos Municípios. § 1º-B. A União deverá integrar os sistemas de informação da
rede do SUS com os dados do Subsistema de Atenção à Saúde Indí-
CAPÍTULO V gena.       (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020)
DO SUBSISTEMA DE ATENÇÃO À SAÚDE INDÍGENA § 2o O SUS servirá de retaguarda e referência ao Subsistema de
(Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) Atenção à Saúde Indígena, devendo, para isso, ocorrer adaptações
na estrutura e organização do SUS nas regiões onde residem as po-
Art. 19-A. As ações e serviços de saúde voltados para o atendi- pulações indígenas, para propiciar essa integração e o atendimento
mento das populações indígenas, em todo o território nacional, co- necessário em todos os níveis, sem discriminações.        (Incluído pela
letiva ou individualmente, obedecerão ao disposto nesta Lei.       (In- Lei nº 9.836, de 1999)
cluído pela Lei nº 9.836, de 1999)

145
LEGISLAÇÃO

§ 3o As populações indígenas devem ter acesso garantido ao CAPÍTULO VIII


SUS, em âmbito local, regional e de centros especializados, de acor- (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
do com suas necessidades, compreendendo a atenção primária, se- DA ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA E DA INCORPORAÇÃO DE
cundária e terciária à saúde.       (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) TECNOLOGIA EM SAÚDE”
Art. 19-H. As populações indígenas terão direito a participar
dos organismos colegiados de formulação, acompanhamento e Art. 19-M. A assistência terapêutica integral a que se refere a
avaliação das políticas de saúde, tais como o Conselho Nacional de alínea d do inciso I do art. 6o consiste em:      (Incluído pela Lei nº
Saúde e os Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, quando for 12.401, de 2011)
o caso.      (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) I - dispensação de medicamentos e produtos de interesse para
a saúde, cuja prescrição esteja em conformidade com as diretrizes
CAPÍTULO VI terapêuticas definidas em protocolo clínico para a doença ou o
DO SUBSISTEMA DE ATENDIMENTO E INTERNAÇÃO agravo à saúde a ser tratado ou, na falta do protocolo, em confor-
DOMICILIAR midade com o disposto no art. 19-P;        (Incluído pela Lei nº 12.401,
(Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) de 2011)
II - oferta de procedimentos terapêuticos, em regime domiciliar,
Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito do Sistema Único de ambulatorial e hospitalar, constantes de tabelas elaboradas pelo
Saúde, o atendimento domiciliar e a internação domiciliar.        (In- gestor federal do Sistema Único de Saúde - SUS, realizados no terri-
cluído pela Lei nº 10.424, de 2002) tório nacional por serviço próprio, conveniado ou contratado.
§ 1o Na modalidade de assistência de atendimento e inter- Art. 19-N. Para os efeitos do disposto no art. 19-M, são adota-
nação domiciliares incluem-se, principalmente, os procedimentos das as seguintes definições:       (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
médicos, de enfermagem, fisioterapêuticos, psicológicos e de assis- I - produtos de interesse para a saúde: órteses, próteses, bolsas
tência social, entre outros necessários ao cuidado integral dos pa- coletoras e equipamentos médicos;      (Incluído pela Lei nº 12.401,
cientes em seu domicílio.       (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) de 2011)
§ 2o O atendimento e a internação domiciliares serão realiza- II - protocolo clínico e diretriz terapêutica: documento que esta-
dos por equipes multidisciplinares que atuarão nos níveis da medi- belece critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à saúde;
cina preventiva, terapêutica e reabilitadora.        (Incluído pela Lei o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais produ-
nº 10.424, de 2002) tos apropriados, quando couber; as posologias recomendadas; os
§ 3o O atendimento e a internação domiciliares só poderão ser mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e a verifica-
realizados por indicação médica, com expressa concordância do pa- ção dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos gestores do
ciente e de sua família.         (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) SUS.         (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
Art. 19-O. Os protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas
CAPÍTULO VII deverão estabelecer os medicamentos ou produtos necessários nas
DO SUBSISTEMA DE ACOMPANHAMENTO DURANTE O diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde de que
TRABALHO DE PARTO, PARTO E PÓS-PARTO IMEDIATO tratam, bem como aqueles indicados em casos de perda de eficácia
(Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) e de surgimento de intolerância ou reação adversa relevante, pro-
vocadas pelo medicamento, produto ou procedimento de primeira
Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - SUS, escolha.        (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
da rede própria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a pre- Parágrafo único. Em qualquer caso, os medicamentos ou pro-
sença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante todo o dutos de que trata o caput deste artigo serão aqueles avaliados
período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato.          (In- quanto à sua eficácia, segurança, efetividade e custo-efetividade
cluído pela Lei nº 11.108, de 2005) para as diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde
§ 1o O acompanhante de que trata o caput deste artigo será de que trata o protocolo.         (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
indicado pela parturiente.        (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) Art. 19-P. Na falta de protocolo clínico ou de diretriz terapêuti-
§ 2o As ações destinadas a viabilizar o pleno exercício dos direi- ca, a dispensação será realizada:         (Incluído pela Lei nº 12.401,
tos de que trata este artigo constarão do regulamento da lei, a ser de 2011)
elaborado pelo órgão competente do Poder Executivo.       (Incluído I - com base nas relações de medicamentos instituídas pelo
pela Lei nº 11.108, de 2005) gestor federal do SUS, observadas as competências estabelecidas
§ 3o Ficam os hospitais de todo o País obrigados a manter, em nesta Lei, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactuada na
local visível de suas dependências, aviso informando sobre o direito Comissão Intergestores Tripartite;       (Incluído pela Lei nº 12.401,
estabelecido no caput deste artigo.        (Incluído pela Lei nº 12.895, de 2011)
de 2013) II - no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de forma
Art. 19-L. (VETADO)          (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) suplementar, com base nas relações de medicamentos instituídas
pelos gestores estaduais do SUS, e a responsabilidade pelo forneci-
mento será pactuada na Comissão Intergestores Bipartite;        (In-
cluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
III - no âmbito de cada Município, de forma suplementar, com
base nas relações de medicamentos instituídas pelos gestores mu-
nicipais do SUS, e a responsabilidade pelo fornecimento será pac-
tuada no Conselho Municipal de Saúde.        (Incluído pela Lei nº
12.401, de 2011)

146
LEGISLAÇÃO

Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão ou a alteração pelo SUS I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de medica-
de novos medicamentos, produtos e procedimentos, bem como a mento, produto e procedimento clínico ou cirúrgico experimental,
constituição ou a alteração de protocolo clínico ou de diretriz tera- ou de uso não autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sani-
pêutica, são atribuições do Ministério da Saúde, assessorado pela tária - ANVISA;         (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS.        (In- II - a dispensação, o pagamento, o ressarcimento ou o reembol-
cluído pela Lei nº 12.401, de 2011) so de medicamento e produto, nacional ou importado, sem registro
§ 1o A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no na Anvisa.     (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
SUS, cuja composição e regimento são definidos em regulamento, Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo:         (In-
contará com a participação de 1 (um) representante indicado pelo cluído pela Lei nº 14.313, de 2022)
Conselho Nacional de Saúde e de 1 (um) representante, especialista I - medicamento e produto em que a indicação de uso seja dis-
na área, indicado pelo Conselho Federal de Medicina.        (Incluído tinta daquela aprovada no registro na Anvisa, desde que seu uso
pela Lei nº 12.401, de 2011) tenha sido recomendado pela Comissão Nacional de Incorporação
§ 2o O relatório da Comissão Nacional de Incorporação de Tec- de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), demonstradas
nologias no SUS levará em consideração, necessariamente:        (In- as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efetividade e
cluído pela Lei nº 12.401, de 2011) a segurança, e esteja padronizado em protocolo estabelecido pelo
I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efe- Ministério da Saúde;         (Incluído pela Lei nº 14.313, de 2022)
tividade e a segurança do medicamento, produto ou procedimento II - medicamento e produto recomendados pela Conitec e ad-
objeto do processo, acatadas pelo órgão competente para o regis- quiridos por intermédio de organismos multilaterais internacionais,
tro ou a autorização de uso; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) para uso em programas de saúde pública do Ministério da Saúde e
II - a avaliação econômica comparativa dos benefícios e dos suas entidades vinculadas, nos termos do § 5º do art. 8º da Lei nº
custos em relação às tecnologias já incorporadas, inclusive no que 9.782, de 26 de janeiro de 1999.          (Incluído pela Lei nº 14.313,
se refere aos atendimentos domiciliar, ambulatorial ou hospitalar, de 2022)
quando cabível.         (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Art. 19-U. A responsabilidade financeira pelo fornecimento de
§ 3º As metodologias empregadas na avaliação econômica a medicamentos, produtos de interesse para a saúde ou procedimen-
que se refere o inciso II do § 2º deste artigo serão dispostas em regu- tos de que trata este Capítulo será pactuada na Comissão Interges-
lamento e amplamente divulgadas, inclusive em relação aos indica- tores Tripartite.          (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
dores e parâmetros de custo-efetividade utilizados em combinação
com outros critérios.      (Incluído pela Lei nº 14.313, de 2022) TÍTULO III
Art. 19-R. A incorporação, a exclusão e a alteração a que se DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÙDE
refere o art. 19-Q serão efetuadas mediante a instauração de pro-
cesso administrativo, a ser concluído em prazo não superior a 180 CAPÍTULO I
(cento e oitenta) dias, contado da data em que foi protocolado o DO FUNCIONAMENTO
pedido, admitida a sua prorrogação por 90 (noventa) dias corridos,
quando as circunstâncias exigirem.        (Incluído pela Lei nº 12.401, Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde caracteri-
de 2011) zam-se pela atuação, por iniciativa própria, de profissionais liberais,
§ 1o O processo de que trata o caput deste artigo observará, legalmente habilitados, e de pessoas jurídicas de direito privado na
no que couber, o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, promoção, proteção e recuperação da saúde.
e as seguintes determinações especiais:          (Incluído pela Lei nº Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
12.401, de 2011) Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistência à saú-
I - apresentação pelo interessado dos documentos e, se cabível, de, serão observados os princípios éticos e as normas expedidas
das amostras de produtos, na forma do regulamento, com informa- pelo órgão de direção do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto às
ções necessárias para o atendimento do disposto no § 2o do art. condições para seu funcionamento.
19-Q;  (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Art. 23. É vedada a participação direta ou indireta de empresas
II - (VETADO);        (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) ou de capitais estrangeiros na assistência à saúde, salvo através de
III - realização de consulta pública que inclua a divulgação do doações de organismos internacionais vinculados à Organização
parecer emitido pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecno- das Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e de finan-
logias no SUS;        (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) ciamento e empréstimos.
IV - realização de audiência pública, antes da tomada de deci- § 1° Em qualquer caso é obrigatória a autorização do órgão de
são, se a relevância da matéria justificar o evento.       (Incluído pela direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), submetendo-se a
Lei nº 12.401, de 2011) seu controle as atividades que forem desenvolvidas e os instrumen-
V - distribuição aleatória, respeitadas a especialização e a com- tos que forem firmados.
petência técnica requeridas para a análise da matéria;        (Incluí- § 2° Excetuam-se do disposto neste artigo os serviços de saúde
do pela Lei nº 14.313, de 2022) mantidos, sem finalidade lucrativa, por empresas, para atendimen-
VI - publicidade dos atos processuais.        (Incluído pela Lei nº to de seus empregados e dependentes, sem qualquer ônus para a
14.313, de 2022) seguridade social.
§ 2o  (VETADO).        (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Art. 23. É permitida a participação direta ou indireta, inclusi-
Art. 19-S.  (VETADO).          (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) ve controle, de empresas ou de capital estrangeiro na assistência à
Art. 19-T. São vedados, em todas as esferas de gestão do saúde nos seguintes casos:        (Redação dada pela Lei nº 13.097,
SUS:           (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) de 2015)

147
LEGISLAÇÃO

I - doações de organismos internacionais vinculados à Organi- III - direito de recusa ao atendimento na modalidade telessaú-
zação das Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e de de, com a garantia do atendimento presencial sempre que solicita-
financiamento e empréstimos;        (Incluído pela Lei nº 13.097, de do;     (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
2015) IV - dignidade e valorização do profissional de saúde;     (Incluí-
II - pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacionalizar ou do pela Lei nº 14.510, de 2022)
explorar:         (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) V - assistência segura e com qualidade ao paciente;     (Incluído
a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especializado, pela Lei nº 14.510, de 2022)
policlínica, clínica geral e clínica especializada; e        (Incluído pela VI - confidencialidade dos dados;     (Incluído pela Lei nº 14.510,
Lei nº 13.097, de 2015) de 2022)
b) ações e pesquisas de planejamento familiar;        (Incluído VII - promoção da universalização do acesso dos brasileiros às
pela Lei nº 13.097, de 2015) ações e aos serviços de saúde;     (Incluído pela Lei nº 14.510, de
III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por 2022)
empresas, para atendimento de seus empregados e dependentes, VIII - estrita observância das atribuições legais de cada profis-
sem qualquer ônus para a seguridade social; e         (Incluído pela Lei são;    (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
nº 13.097, de 2015) IX - responsabilidade digital.    (Incluído pela Lei nº 14.510, de
IV - demais casos previstos em legislação específica.          (In- 2022)
cluído pela Lei nº 13.097, de 2015) Art. 26-B. Para fins desta Lei, considera-se telessaúde a moda-
lidade de prestação de serviços de saúde a distância, por meio da
CAPÍTULO II utilização das tecnologias da informação e da comunicação, que
DA PARTICIPAÇÃO COMPLEMENTAR envolve, entre outros, a transmissão segura de dados e informações
de saúde, por meio de textos, de sons, de imagens ou outras formas
Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficientes adequadas.    (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
para garantir a cobertura assistencial à população de uma deter- Parágrafo único. Os atos do profissional de saúde, quando pra-
minada área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos ticados na modalidade telessaúde, terão validade em todo o territó-
serviços ofertados pela iniciativa privada. rio nacional.    (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
Parágrafo único. A participação complementar dos serviços Art. 26-C. Ao profissional de saúde são asseguradas a liberdade
privados será formalizada mediante contrato ou convênio, observa- e a completa independência de decidir sobre a utilização ou não da
das, a respeito, as normas de direito público. telessaúde, inclusive com relação à primeira consulta, atendimento
Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades filantró- ou procedimento, e poderá indicar a utilização de atendimento pre-
picas e as sem fins lucrativos terão preferência para participar do sencial ou optar por ele, sempre que entender necessário.    (Incluí-
Sistema Único de Saúde (SUS). do pela Lei nº 14.510, de 2022)
Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de serviços Art. 26-D. Compete aos conselhos federais de fiscalização do
e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos pela exercício profissional a normatização ética relativa à prestação dos
direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados no serviços previstos neste Título, aplicando-se os padrões normati-
Conselho Nacional de Saúde. vos adotados para as modalidades de atendimento presencial, no
§ 1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e de que não colidirem com os preceitos desta Lei.    (Incluído pela Lei nº
pagamento da remuneração aludida neste artigo, a direção nacio- 14.510, de 2022)
nal do Sistema Único de Saúde (SUS) deverá fundamentar seu ato Art. 26-E. Na prestação de serviços por telessaúde, serão obser-
em demonstrativo econômico-financeiro que garanta a efetiva qua- vadas as normas expedidas pelo órgão de direção do Sistema Único
lidade de execução dos serviços contratados. de Saúde (SUS) quanto às condições para seu funcionamento, ob-
§ 2° Os serviços contratados submeter-se-ão às normas técni- servada a competência dos demais órgãos reguladores.   (Incluído
cas e administrativas e aos princípios e diretrizes do Sistema Único pela Lei nº 14.510, de 2022)
de Saúde (SUS), mantido o equilíbrio econômico e financeiro do con- Art. 26-F. O ato normativo que pretenda restringir a prestação
trato. de serviço de telessaúde deverá demonstrar a imprescindibilidade
§ 3° (Vetado). da medida para que sejam evitados danos à saúde dos pacien-
§ 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de entida- tes.    (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
des ou serviços contratados é vedado exercer cargo de chefia ou Art. 26-G. A prática da telessaúde deve seguir as seguintes de-
função de confiança no Sistema Único de Saúde (SUS). terminações:    (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
I - ser realizada por consentimento livre e esclarecido do pacien-
TÍTULO III-A te, ou de seu representante legal, e sob responsabilidade do profis-
(Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022) sional de saúde;    (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
DA TELESSAÚDE II - prestar obediência aos ditames das Leis nºs 12.965, de 23
de abril de 2014 (Marco Civil da Internet), 12.842, de 10 de julho de
Art. 26-A. A telessaúde abrange a prestação remota de serviços 2013 (Lei do Ato Médico), 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Ge-
relacionados a todas as profissões da área da saúde regulamenta- ral de Proteção de Dados), 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Códi-
das pelos órgãos competentes do Poder Executivo federal e obede- go de Defesa do Consumidor) e, nas hipóteses cabíveis, aos ditames
cerá aos seguintes princípios:    (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022) da Lei nº 13.787, de 27 de dezembro de 2018 (Lei do Prontuário
I - autonomia do profissional de saúde;     (Incluído pela Lei nº Eletrônico).    (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
14.510, de 2022)
II - consentimento livre e informado do paciente;

148
LEGISLAÇÃO

Art. 26-H. É dispensada a inscrição secundária ou complemen- § 1° Ao Sistema Único de Saúde (SUS) caberá metade da receita
tar do profissional de saúde que exercer a profissão em outra juris- de que trata o inciso I deste artigo, apurada mensalmente, a qual
dição exclusivamente por meio da modalidade telessaúde.    (Incluí- será destinada à recuperação de viciados.
do pela Lei nº 14.510, de 2022) § 2° As receitas geradas no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS) serão creditadas diretamente em contas especiais, movimen-
TÍTULO IV tadas pela sua direção, na esfera de poder onde forem arrecadadas.
DOS RECURSOS HUMANOS § 3º As ações de saneamento que venham a ser executadas su-
pletivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), serão financiadas
Art. 27. A política de recursos humanos na área da saúde será por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados, Dis-
formalizada e executada, articuladamente, pelas diferentes esferas trito Federal, Municípios e, em particular, do Sistema Financeiro da
de governo, em cumprimento dos seguintes objetivos: Habitação (SFH).
I - organização de um sistema de formação de recursos huma- § 4º (Vetado).
nos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-graduação, além § 5º As atividades de pesquisa e desenvolvimento científico e
da elaboração de programas de permanente aperfeiçoamento de tecnológico em saúde serão co-financiadas pelo Sistema Único de
pessoal; Saúde (SUS), pelas universidades e pelo orçamento fiscal, além de
II - (Vetado) recursos de instituições de fomento e financiamento ou de origem
III - (Vetado) externa e receita própria das instituições executoras.
IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do Sistema § 6º (Vetado).
Único de Saúde (SUS).
Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o Sistema CAPÍTULO II
Único de Saúde (SUS) constituem campo de prática para ensino e DA GESTÃO FINANCEIRA
pesquisa, mediante normas específicas, elaboradas conjuntamente
com o sistema educacional. Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde
Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e assessoramen- (SUS) serão depositados em conta especial, em cada esfera de sua
to, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), só poderão ser exer- atuação, e movimentados sob fiscalização dos respectivos Conse-
cidas em regime de tempo integral. lhos de Saúde.
§ 1° Os servidores que legalmente acumulam dois cargos ou § 1º Na esfera federal, os recursos financeiros, originários do
empregos poderão exercer suas atividades em mais de um estabe- Orçamento da Seguridade Social, de outros Orçamentos da União,
lecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). além de outras fontes, serão administrados pelo Ministério da Saú-
§ 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também aos de, através do Fundo Nacional de Saúde.
servidores em regime de tempo integral, com exceção dos ocupan- § 2º (Vetado).
tes de cargos ou função de chefia, direção ou assessoramento. § 3º (Vetado).
Art. 29. (Vetado). § 4º O Ministério da Saúde acompanhará, através de seu siste-
Art. 30. As especializações na forma de treinamento em serviço ma de auditoria, a conformidade à programação aprovada da apli-
sob supervisão serão regulamentadas por Comissão Nacional, ins- cação dos recursos repassados a Estados e Municípios. Constatada
tituída de acordo com o art. 12 desta Lei, garantida a participação a malversação, desvio ou não aplicação dos recursos, caberá ao Mi-
das entidades profissionais correspondentes. nistério da Saúde aplicar as medidas previstas em lei.
Art. 34. As autoridades responsáveis pela distribuição da re-
TÍTULO V ceita efetivamente arrecadada transferirão automaticamente ao
DO FINANCIAMENTO Fundo Nacional de Saúde (FNS), observado o critério do parágrafo
único deste artigo, os recursos financeiros correspondentes às do-
CAPÍTULO I tações consignadas no Orçamento da Seguridade Social, a projetos
DOS RECURSOS e atividades a serem executados no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS).
Art. 31. O orçamento da seguridade social destinará ao Sistema Parágrafo único. Na distribuição dos recursos financeiros da
Único de Saúde (SUS) de acordo com a receita estimada, os recursos Seguridade Social será observada a mesma proporção da despesa
necessários à realização de suas finalidades, previstos em proposta prevista de cada área, no Orçamento da Seguridade Social.
elaborada pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem transferidos
da Previdência Social e da Assistência Social, tendo em vista as me- a Estados, Distrito Federal e Municípios, será utilizada a combina-
tas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias. ção dos seguintes critérios, segundo análise técnica de programas
Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos prove- e projetos:
nientes de: I - perfil demográfico da região;
I - (Vetado) II - perfil epidemiológico da população a ser coberta;
II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da assistên- III - características quantitativas e qualitativas da rede de saúde
cia à saúde; na área;
III - ajuda, contribuições, doações e donativos; IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no período
IV - alienações patrimoniais e rendimentos de capital; anterior;
V - taxas, multas, emolumentos e preços públicos arrecadados V - níveis de participação do setor saúde nos orçamentos esta-
no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); e duais e municipais;
VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais. VI - previsão do plano qüinqüenal de investimentos da rede;

149
LEGISLAÇÃO

VII - ressarcimento do atendimento a serviços prestados para § 8º O acesso aos serviços de informática e bases de dados,
outras esferas de governo. mantidos pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério do Trabalho e
§ 1º Metade dos recursos destinados a Estados e Municípios da Previdência Social, será assegurado às Secretarias Estaduais e
será distribuída segundo o quociente de sua divisão pelo número Municipais de Saúde ou órgãos congêneres, como suporte ao pro-
de habitantes, independentemente de qualquer procedimento pré- cesso de gestão, de forma a permitir a gerencia informatizada das
vio.           (Revogado pela Lei Complementar nº 141, de 2012)        (Vide contas e a disseminação de estatísticas sanitárias e epidemiológicas
Lei nº 8.142, de 1990) médico-hospitalares.
§ 2º Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a notório pro- Art. 40. (Vetado)
cesso de migração, os critérios demográficos mencionados nesta lei Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das Pioneiras
serão ponderados por outros indicadores de crescimento populacio- Sociais e pelo Instituto Nacional do Câncer, supervisionadas pela
nal, em especial o número de eleitores registrados. direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), permanecerão
§ 3º (Vetado). como referencial de prestação de serviços, formação de recursos
§ 4º (Vetado). humanos e para transferência de tecnologia.
§ 5º (Vetado). Art. 42. (Vetado).
§ 6º O disposto no parágrafo anterior não prejudica a atuação Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica preser-
dos órgãos de controle interno e externo e nem a aplicação de pena- vada nos serviços públicos contratados, ressalvando-se as cláusulas
lidades previstas em lei, em caso de irregularidades verificadas na dos contratos ou convênios estabelecidos com as entidades priva-
gestão dos recursos transferidos. das.
Art. 44. (Vetado).
CAPÍTULO III Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários e de
DO PLANEJAMENTO E DO ORÇAMENTO ensino integram-se ao Sistema Único de Saúde (SUS), mediante con-
vênio, preservada a sua autonomia administrativa, em relação ao
Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do Sistema patrimônio, aos recursos humanos e financeiros, ensino, pesquisa
Único de Saúde (SUS) será ascendente, do nível local até o federal, e extensão nos limites conferidos pelas instituições a que estejam
ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as necessi- vinculados.
dades da política de saúde com a disponibilidade de recursos em § 1º Os serviços de saúde de sistemas estaduais e municipais
planos de saúde dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e de previdência social deverão integrar-se à direção correspondente
da União. do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme seu âmbito de atuação,
§ 1º Os planos de saúde serão a base das atividades e progra- bem como quaisquer outros órgãos e serviços de saúde.
mações de cada nível de direção do Sistema Único de Saúde (SUS), § 2º Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os servi-
e seu financiamento será previsto na respectiva proposta orçamen- ços de saúde das Forças Armadas poderão integrar-se ao Sistema
tária. Único de Saúde (SUS), conforme se dispuser em convênio que, para
§ 2º É vedada a transferência de recursos para o financiamento esse fim, for firmado.
de ações não previstas nos planos de saúde, exceto em situações Art. 46. o Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecerá mecanis-
emergenciais ou de calamidade pública, na área de saúde. mos de incentivos à participação do setor privado no investimento
Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as dire- em ciência e tecnologia e estimulará a transferência de tecnologia
trizes a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, em das universidades e institutos de pesquisa aos serviços de saúde nos
função das características epidemiológicas e da organização dos Estados, Distrito Federal e Municípios, e às empresas nacionais.
serviços em cada jurisdição administrativa. Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com os níveis es-
Art. 38. Não será permitida a destinação de subvenções e auxí- taduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS), organizará,
lios a instituições prestadoras de serviços de saúde com finalidade no prazo de dois anos, um sistema nacional de informações em saú-
lucrativa. de, integrado em todo o território nacional, abrangendo questões
epidemiológicas e de prestação de serviços.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS Art. 48. (Vetado).
Art. 49. (Vetado).
Art. 39. (Vetado). Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os Municípios,
§ 1º (Vetado). celebrados para implantação dos Sistemas Unificados e Descentra-
§ 2º (Vetado). lizados de Saúde, ficarão rescindidos à proporção que seu objeto for
§ 3º (Vetado). sendo absorvido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
§ 4º (Vetado). Art. 51. (Vetado).
§ 5º A cessão de uso dos imóveis de propriedade do Inamps Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, constitui crime
para órgãos integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS) será feita de emprego irregular de verbas ou rendas públicas (Código Penal,
de modo a preservá-los como patrimônio da Seguridade Social. art. 315) a utilização de recursos financeiros do Sistema Único de
§ 6º Os imóveis de que trata o parágrafo anterior serão inven- Saúde (SUS) em finalidades diversas das previstas nesta lei.
tariados com todos os seus acessórios, equipamentos e outros bens Art. 53. (Vetado).
móveis e ficarão disponíveis para utilização pelo órgão de direção Art. 53-A. Na qualidade de ações e serviços de saúde, as ati-
municipal do Sistema Único de Saúde - SUS ou, eventualmente, pelo vidades de apoio à assistência à saúde são aquelas desenvolvidas
estadual, em cuja circunscrição administrativa se encontrem, me- pelos laboratórios de genética humana, produção e fornecimento
diante simples termo de recebimento. de medicamentos e produtos para saúde, laboratórios de analises
§ 7º (Vetado).

150
LEGISLAÇÃO

clínicas, anatomia patológica e de diagnóstico por imagem e são As Normas Operacionais Básicas, por sua vez, a partir da ava-
livres à participação direta ou indireta de empresas ou de capitais liação do estágio de implantação e desempenho do SUS, se voltam,
estrangeiros.           (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) mais direta e imediatamente, para a definição de estratégias e mo-
Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. vimentos táticos, que orientam a operacionalidade deste Sistema.
Art. 55. São revogadas a Lei nº. 2.312, de 3 de setembro de
1954, a Lei nº. 6.229, de 17 de julho de 1975, e demais disposições 2. FINALIDADE
em contrário.
Brasília, 19 de setembro de 1990; 169º da Independência e A presente Norma Operacional Básica tem por finalidade pri-
102º da República. mordial promover e consolidar o pleno exercício, por parte do po-
der público municipal e do Distrito Federal, da função de gestor da
NORMA OPERACIONAL BÁSICA DO SISTEMA ÚNICO atenção à saúde dos seus munícipes (Artigo 30, incisos V e VII, e Ar-
DE SAÚDE – NOB-SUS/1996 tigo 32, Parágrafo 1º, da Constituição Federal), com a conseqüente
redefinição das responsabilidades dos Estados, do Distrito Federal e
da União, avançando na consolidação dos princípios do SUS.
PORTARIA Nº 2.203, DE 5 DE NOVEMBRO DE 1996. Esse exercício, viabilizado com a imprescindível cooperação téc-
nica e financeira dos poderes públicos estadual e federal, compre-
O Ministro de Estado da Saúde, no uso de suas atribuições, e ende, portanto, não só a responsabilidade por algum tipo de pres-
considerando que está expirado o prazo para apresentação de con- tação de serviços de saúde (Artigo 30, inciso VII), como, da mesma
tribuições ao aperfeiçoamento da Norma Operacional Básica – NOB forma, a responsabilidade pela gestão de um sistema que atenda,
1/96 do Sistema Único de Saúde (SUS), o qual foi definido pela Por- com integralidade, à demanda das pessoas pela assistência à saúde
taria nº 1.742, de 30 de agosto de 1996, e prorrogado por recomen- e às exigências sanitárias ambientais (Artigo 30, inciso V).
dação da Plenária da 10ª Conferência Nacional de Saúde, resolve: Busca-se, dessa forma, a plena responsabilidade do poder pú-
Art. 1º Aprovar, nos termos do texto anexo a esta Portaria, a blico municipal. Assim, esse poder se responsabiliza como também
NOB 1/96, a qual redefine o modelo de gestão do Sistema Único de pode ser responsabilizado, ainda que não isoladamente. Os poderes
Saúde, constituindo, por conseguinte, instrumento imprescindível à públicos estadual e federal são sempre co-responsáveis, na respec-
viabilização da atenção integral à saúde da população e ao discipli- tiva competência ou na ausência da função municipal (inciso II do
namento das relações entre as três esferas de gestão do Sistema. Artigo 23, da Constituição Federal). Essa responsabilidade, no en-
Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. tanto, não exclui o papel da família, da comunidade e dos próprios
indivíduos, na promoção, proteção e recuperação da saúde.
ADIB D. JATENE Isso implica aperfeiçoar a gestão dos serviços de saúde no país
e a própria organização do Sistema, visto que o município passa a
ANEXO ser, de fato, o responsável imediato pelo atendimento das necessi-
1. INTRODUÇÃO dades e demandas de saúde do seu povo e das exigências de inter-
venções saneadoras em seu território.
Os ideais históricos de civilidade, no âmbito da saúde, conso- Ao tempo em que aperfeiçoa a gestão do SUS, esta NOB aponta
lidados na Constituição de 1988, concretizam-se, na vivência coti- para uma reordenação do modelo de atenção à saúde, na medida
diana do povo brasileiro, por intermédio de um crescente entendi- em que redefine:
mento e incorporação de seus princípios ideológicos e doutrinários, a) os papéis de cada esfera de governo e, em especial, no to-
como, também, pelo exercício de seus princípios organizacionais. cante à direção única;
Esses ideais foram transformados, na Carta Magna, em direito b) os instrumentos gerenciais para que municípios e estados su-
à saúde, o que significa que cada um e todos os brasileiros devem perem o papel exclusivo de prestadores de serviços e assumam seus
construir e usufruir de políticas públicas − econômicas e sociais − respectivos papéis de gestores do SUS;
que reduzam riscos e agravos à saúde. Esse direito significa, igual- c) os mecanismos e fluxos de financiamento, reduzindo pro-
mente, o acesso universal (para todos) e equânime (com justa igual- gressiva e continuamente a remuneração por produção de serviços
dade) a serviços e ações de promoção, proteção e recuperação da e ampliando as transferências de caráter global, fundo a fundo, com
saúde (atendimento integral). base em programações ascendentes, pactuadas e integradas;
A partir da nova Constituição da República, várias iniciativas d) a prática do acompanhamento, controle e avaliação no SUS,
institucionais, legais e comunitárias foram criando as condições de superando os mecanismos tradicionais, centrados no faturamento
viabilização plena do direito à saúde. Destacam-se, neste sentido, de serviços produzidos, e valorizando os resultados advindos de
no âmbito jurídico institucional, as chamadas Leis Orgânicas da programações com critérios epidemiológicos e desempenho com
Saúde (Nº. 8.080/90 e 8.142/90), o Decreto Nº.99.438/90 e as Nor- qualidade;
mas Operacionais Básicas (NOB), editadas em 1991 e 1993. e) os vínculos dos serviços com os seus usuários, privilegiando
Com a Lei Nº 8.080/90, fica regulamentado o Sistema Único de os núcleos familiares e comunitários, criando, assim, condições para
Saúde - SUS, estabelecido pela Constituição Federal de 1988, que uma efetiva participação e controle social.
agrega todos os serviços estatais − das esferas federal, estadual e
municipal − e os serviços privados (desde que contratados ou conve-
niados) e que é responsabilizado, ainda que sem exclusividade, pela
concretização dos princípios constitucionais.

151
LEGISLAÇÃO

3. CAMPOS DA ATENÇÃO À SAÚDE instâncias de poder. Assim, nesta NOB gerência é conceituada como
sendo a administração de uma unidade ou órgão de saúde (ambu-
A atenção à saúde, que encerra todo o conjunto de ações leva- latório, hospital, instituto, fundação etc.), que se caracteriza como
das a efeito pelo SUS, em todos os níveis de governo, para o aten- prestador de serviços ao Sistema. Por sua vez, gestão é a ativida-
dimento das demandas pessoais e das exigências ambientais, com- de e a responsabilidade de dirigir um sistema de saúde (municipal,
preende três grandes campos, a saber: estadual ou nacional), mediante o exercício de funções de coorde-
a) o da assistência, em que as atividades são dirigidas às pesso- nação, articulação, negociação, planejamento, acompanhamento,
as, individual ou coletivamente, e que é prestada no âmbito ambu- controle, avaliação e auditoria. São, portanto, gestores do SUS os
latorial e hospitalar, bem como em outros espaços, especialmente Secretários Municipais e Estaduais de Saúde e o Ministro da Saúde,
no domiciliar; que representam, respectivamente, os governos municipais, esta-
b) o das intervenções ambientais, no seu sentido mais amplo, duais e federal.
incluindo as relações e as condições sanitárias nos ambientes de A criação e o funcionamento desse sistema municipal possibili-
vida e de trabalho, o controle de vetores e hospedeiros e a operação tam uma grande responsabilização dos municípios, no que se refere
de sistemas de saneamento ambiental (mediante o pacto de inte- à saúde de todos os residentes em seu território. No entanto, pos-
resses, as normalizações, as fiscalizações e outros); e sibilitam, também, um elevado risco de atomização desordenada
c) o das políticas externas ao setor saúde, que interferem nos dessas partes do SUS, permitindo que um sistema municipal se de-
determinantes sociais do processo saúde-doença das coletividades, senvolva em detrimento de outro, ameaçando, até mesmo, a uni-
de que são partes importantes questões relativas às políticas ma- cidade do SUS. Há que se integrar, harmonizar e modernizar, com
croeconômicas, ao emprego, à habitação, à educação, ao lazer e à eqüidade, os sistemas municipais.
disponibilidade e qualidade dos alimentos. A realidade objetiva do poder público, nos municípios brasi-
Convém ressaltar que as ações de política setorial em saúde, leiros, é muito diferenciada, caracterizando diferentes modelos de
bem como as administrativas − planejamento, comando e controle organização, de diversificação de atividades, de disponibilidade de
− são inerentes e integrantes do contexto daquelas envolvidas na recursos e de capacitação gerencial, o que, necessariamente, confi-
assistência e nas intervenções ambientais. Ações de comunicação e gura modelos distintos de gestão.
de educação também compõem, obrigatória e permanentemente, O caráter diferenciado do modelo de gestão é transitório, vez
a atenção à saúde. que todo e qualquer município pode ter uma gestão plenamente
Nos três campos referidos, enquadra-se, então, todo o espectro desenvolvida, levando em conta que o poder constituído, neste ní-
de ações compreendidas nos chamados níveis de atenção à saúde, vel, tem uma capacidade de gestão intrinsecamente igual e os seus
representados pela promoção, pela proteção e pela recuperação, segmentos populacionais dispõem dos mesmos direitos.
nos quais deve ser sempre priorizado o caráter preventivo. A operacionalização das condições de gestão, propostas por
É importante assinalar que existem, da mesma forma, conjun- esta NOB, considera e valoriza os vários estágios já alcançados pe-
tos de ações que configuram campos clássicos de atividades na área los estados e pelos municípios, na construção de uma gestão plena.
da saúde pública, constituídos por uma agregação simultânea de Já a redefinição dos papéis dos gestores estadual e federal, con-
ações próprias do campo da assistência e de algumas próprias do soante a finalidade desta Norma Operacional, é, portanto, funda-
campo das intervenções ambientais, de que são partes importantes mental para que possam exercer as suas competências específicas
as atividades de vigilância epidemiológica e de vigilância sanitária. de gestão e prestar a devida cooperação técnica e financeira aos
municípios.
4. SISTEMA DE SAÚDE MUNICIPAL O poder público estadual tem, então, como uma de suas res-
ponsabilidades nucleares, mediar a relação entre os sistemas muni-
A totalidade das ações e de serviços de atenção à saúde, no cipais; o federal de mediar entre os sistemas estaduais. Entretanto,
âmbito do SUS, deve ser desenvolvida em um conjunto de estabe- quando ou enquanto um município não assumir a gestão do sistema
lecimentos, organizados em rede regionalizada e hierarquizada, municipal, é o Estado que responde, provisoriamente, pela gestão
e disciplinados segundo subsistemas, um para cada município - o de um conjunto de serviços capaz de dar atenção integral àquela
SUS-Municipal - voltado ao atendimento integral de sua própria po- população que necessita de um sistema que lhe é próprio.
pulação e inserido de forma indissociável no SUS, em suas abran- As instâncias básicas para a viabilização desses propósitos inte-
gências estadual e nacional. gradores e harmonizadores são os fóruns de negociação, integrados
Os estabelecimentos desse subsistema municipal, do SUS-Mu- pelos gestores municipal, estadual e federal − a Comissão Interges-
nicipal, não precisam ser, obrigatoriamente, de propriedade da tores Tripartite (CIT) − e pelos gestores estadual e municipal − a Co-
prefeitura, nem precisam ter sede no território do município. Suas missão Intergestores Bipartite (CIB). Por meio dessas instâncias e
ações, desenvolvidas pelas unidades estatais (próprias, estaduais dos Conselhos de Saúde, são viabilizados os princípios de unicidade
ou federais) ou privadas (contratadas ou conveniadas, com priori- e de eqüidade.
dade para as entidades filantrópicas), têm que estar organizadas Nas CIB e CIT são apreciadas as composições dos sistemas
e coordenadas, de modo que o gestor municipal possa garantir à municipais de saúde, bem assim pactuadas as programações en-
população o acesso aos serviços e a disponibilidade das ações e dos tre gestores e integradas entre as esferas de governo. Da mesma
meios para o atendimento integral. forma, são pactuados os tetos financeiros possíveis − dentro das
Isso significa dizer que, independentemente da gerência dos disponibilidades orçamentárias conjunturais − oriundos dos recur-
estabelecimentos prestadores de serviços ser estatal ou privada, a sos das três esferas de governo, capazes de viabilizar a atenção às
gestão de todo o sistema municipal é, necessariamente, da compe- necessidades assistenciais e às exigências ambientais. O pacto e a
tência do poder público e exclusiva desta esfera de governo, respei- integração das programações constituem, fundamentalmente, a
tadas as atribuições do respectivo Conselho e de outras diferentes conseqüência prática da relação entre os gestores do SUS.

152
LEGISLAÇÃO

A composição dos sistemas municipais e a ratificação dessas e integrada entre gestores, que, conforme já referido, é mediada
programações, nos Conselhos de Saúde respectivos, permitem a pelo estado e aprovada na CIB regional e estadual e no respectivo
construção de redes regionais que, certamente, ampliam o acesso, Conselho de Saúde.
com qualidade e menor custo. Essa dinâmica contribui para que Quando um município, que demanda serviços a outro, ampliar
seja evitado um processo acumulativo injusto, por parte de alguns a sua própria capacidade resolutiva, pode requerer, ao gestor es-
municípios (quer por maior disponibilidade tecnológica, quer por tadual, que a parte de recursos alocados no município vizinho seja
mais recursos financeiros ou de informação), com a conseqüente realocada para o seu município.
espoliação crescente de outros. Esses mecanismos conferem um caráter dinâmico e permanen-
As tarefas de harmonização, de integração e de modernização te ao processo de negociação da programação integrada, em parti-
dos sistemas municipais, realizadas com a devida eqüidade (admiti- cular quanto à referência intermunicipal.
do o princípio da discriminação positiva, no sentido da busca da jus-
tiça, quando do exercício do papel redistributivo), competem, por- 6. PAPEL DO GESTOR ESTADUAL
tanto, por especial, ao poder público estadual. Ao federal, incumbe
promovê-las entre as Unidades da Federação. São identificados quatro papéis básicos para o estado, os quais
O desempenho de todos esses papéis é condição para a conso- não são, necessariamente, exclusivos e seqüenciais. A explicitação
lidação da direção única do SUS, em cada esfera de governo, para a a seguir apresentada tem por finalidade permitir o entendimento
efetivação e a permanente revisão do processo de descentralização da função estratégica perseguida para a gestão neste nível de Go-
e para a organização de redes regionais de serviços hierarquizados. verno.
O primeiro desses papéis é exercer a gestão do SUS, no âmbito
5. RELAÇÕES ENTRE OS SISTEMAS MUNICIPAIS estadual.
O segundo papel é promover as condições e incentivar o poder
Os sistemas municipais de saúde apresentam níveis diferentes municipal para que assuma a gestão da atenção a saúde de seus
de complexidade, sendo comum estabelecimentos ou órgãos de munícipes, sempre na perspectiva da atenção integral.
saúde de um município atenderem usuários encaminhados por ou- O terceiro é assumir, em caráter transitório (o que não significa
tro. Em vista disso, quando o serviço requerido para o atendimento caráter complementar ou concorrente), a gestão da atenção à saú-
da população estiver localizado em outro município, as negociações de daquelas populações pertencentes a municípios que ainda não
para tanto devem ser efetivadas exclusivamente entre os gestores tomaram para si esta responsabilidade.
municipais. As necessidades reais não atendidas são sempre a força motriz
Essa relação, mediada pelo estado, tem como instrumento de para exercer esse papel, no entanto, é necessário um esforço do ges-
garantia a programação pactuada e integrada na CIB regional ou tor estadual para superar tendências históricas de complementar a
estadual e submetida ao Conselho de Saúde correspondente. A dis- responsabilidade do município ou concorrer com esta função, o que
cussão de eventuais impasses, relativos à sua operacionalização, exige o pleno exercício do segundo papel.
deve ser realizada também no âmbito dessa Comissão, cabendo, ao Finalmente, o quarto, o mais importante e permanente papel
gestor estadual, a decisão sobre problemas surgidos na execução do estado é ser o promotor da harmonização, da integração e da
das políticas aprovadas. No caso de recurso, este deve ser apresen- modernização dos sistemas municipais, compondo, assim, o SUSEs-
tado ao Conselho Estadual de Saúde (CES). tadual.
Outro aspecto importante a ser ressaltado é que a gerência O exercício desse papel pelo gestor requer a configuração de
(comando) dos estabelecimentos ou órgãos de saúde de um muni- sistemas de apoio logístico e de atuação estratégica que envolvem
cípio é da pessoa jurídica que opera o serviço, sejam estes estatais responsabilidades nas três esferas de governo e são sumariamente
(federal, estadual ou municipal) ou privados. Assim, a relação desse caracterizados como de:
gerente deve ocorrer somente com o gestor do município onde o seu a) informação informatizada;
estabelecimento está sediado, seja para atender a população local, b) financiamento;
seja para atender a referenciada de outros municípios. c) programação, acompanhamento, controle e avaliação;
O gestor do sistema municipal é responsável pelo controle, pela d) apropriação de custos e avaliação econômica;
avaliação e pela auditoria dos prestadores de serviços de saúde (es- e) desenvolvimento de recursos humanos;
tatais ou privados) situados em seu município. No entanto, quando f) desenvolvimento e apropriação de ciência e tecnologias; e
um gestor municipal julgar necessário uma avaliação específica ou g) comunicação social e educação em saúde.
auditagem de uma entidade que lhe presta serviços, localizada em O desenvolvimento desses sistemas, no âmbito estadual, de-
outro município, recorre ao gestor estadual. pende do pleno funcionamento do CES e da CIB, nos quais se via-
Em função dessas peculiaridades, o pagamento final a um esta- bilizam a negociação e o pacto com os diversos atores envolvidos.
belecimento pela prestação de serviços requeridos na localidade ou Depende, igualmente, da ratificação das programações e decisões
encaminhados de outro município é sempre feito pelo poder público relativas aos tópicos a seguir especificados:
do município sede do estabelecimento. a) plano estadual de saúde, contendo as estratégias, as prio-
Os recursos destinados ao pagamento das diversas ações de ridades e as respectivas metas de ações e serviços resultantes, so-
atenção à saúde prestadas entre municípios são alocados, previa- bretudo, da integração das programações dos sistemas municipais;
mente, pelo gestor que demanda esses serviços, ao município sede b) estruturação e operacionalização do componente estadual
do prestador. Este município incorpora os recursos ao seu teto finan- do Sistema Nacional de Auditoria;
ceiro. A orçamentação é feita com base na programação pactuada c) estruturação e operacionalização dos sistemas de processa-
mento de dados, de informação epidemiológica, de produção de
serviços e de insumos críticos;

153
LEGISLAÇÃO

d) estruturação e operacionalização dos sistemas de vigilância a) a elaboração do Plano Nacional de Saúde, contendo as es-
epidemiológica, de vigilância sanitária e de vigilância alimentar e tratégias, as prioridades nacionais e as metas da programação inte-
nutricional; grada nacional, resultante, sobretudo, das programações estaduais
e) estruturação e operacionalização dos sistemas de recursos e dos demais órgãos governamentais, que atuam na prestação de
humanos e de ciência e tecnologia; serviços, no setor saúde;
f) elaboração do componente estadual de programações de b) a viabilização de processo permanente de articulação das
abrangência nacional, relativas a agravos que constituam riscos de políticas externas ao setor, em especial com os órgãos que detém,
disseminação para além do seu limite territorial; no seu conjunto de atribuições, a responsabilidade por ações ati-
g) elaboração do componente estadual da rede de laboratórios nentes aos determinantes sociais do processo saúde-doença das
de saúde pública; coletividades;
h) estruturação e operacionalização do componente estadual c) o aperfeiçoamento das normas consubstanciadas em dife-
de assistência farmacêutica; rentes instrumentos legais, que regulamentam, atualmente, as
i) responsabilidade estadual no tocante à prestação de serviços transferências automáticas de recursos financeiros, bem como as
ambulatoriais e hospitalares de alto custo, ao tratamento fora do modalidades de prestação de contas;
domicílio e à disponibilidade de medicamentos e insumos especiais, d) a definição e a explicitação dos fluxos financeiros próprios
sem prejuízo das competências dos sistemas municipais; do SUS, frente aos órgãos governamentais de controle interno e ex-
j) definição e operação das políticas de sangue e hemoderiva- terno e aos Conselhos de Saúde, com ênfase na diferenciação entre
dos; e as transferências automáticas a estados e municípios com função
k) manutenção de quadros técnicos permanentes e compatíveis gestora;
com o exercício do papel de gestor estadual; e) a criação e a consolidação de critérios e mecanismos de alo-
l) implementação de mecanismos visando a integração das po- cação de recursos federais e estaduais para investimento, fundados
líticas e das ações de relevância para a saúde da população, de que em prioridades definidas pelas programações e pelas estratégias
são exemplos aquelas relativas a saneamento, recursos hídricos, ha- das políticas de reorientação do Sistema;
bitação e meio ambiente. f) a transformação nos mecanismos de financiamento federal
das ações, com o respectivo desenvolvimento de novas formas de
7. PAPEL DO GESTOR FEDERAL informatização, compatíveis à natureza dos grupos de ações, espe-
cialmente as básicas, de serviços complementares e de procedimen-
No que respeita ao gestor federal, são identificados quatro pa- tos de alta e média complexidade, estimulando o uso dos mesmos
péis básicos, quais sejam: pelos gestores estaduais e municipais;
a) exercer a gestão do SUS, no âmbito nacional; g) o desenvolvimento de sistemáticas de transferência de re-
b) promover as condições e incentivar o gestor estadual com cursos vinculada ao fornecimento regular, oportuno e suficiente de
vistas ao desenvolvimento dos sistemas municipais, de modo a con- informações específicas, e que agreguem o conjunto de ações e ser-
formar o SUS-Estadual; viços de atenção à saúde, relativo a grupos prioritários de eventos
c) fomentar a harmonização, a integração e a modernização vitais ou nosológicos;
dos sistemas estaduais compondo, assim, o SUS-Nacional; e h) a adoção, como referência mínima, das tabelas nacionais de
d) exercer as funções de normalização e de coordenação no que valores do SUS, bem assim a flexibilização do seu uso diferenciado
se refere à gestão nacional do SUS. pelos gestores estaduais e municipais, segundo prioridades locais e
Da mesma forma que no âmbito estadual, o exercício dos pa- ou regionais;
péis do gestor federal requer a configuração de sistemas de apoio i) o incentivo aos gestores estadual e municipal ao pleno exer-
logístico e de atuação estratégica, que consolidam os sistemas es- cício das funções de controle, avaliação e auditoria, mediante o
taduais e propiciam, ao SUS, maior eficiência com qualidade, quais desenvolvimento e a implementação de instrumentos operacionais,
sejam: para o uso das esferas gestoras e para a construção efetiva do Siste-
a) informação informatizada; ma Nacional de Auditoria;
b) financiamento; j) o desenvolvimento de atividades de educação e de comuni-
c) programação, acompanhamento, controle e avaliação; cação social;
d) apropriação de custos e avaliação econômica; k) o incremento da capacidade reguladora da direção nacional
e) desenvolvimento de recursos humanos; do SUS, em relação aos sistemas complementares de prestação de
f) desenvolvimento e apropriação de ciência e tecnologias; e serviços ambulatoriais e hospitalares de alto custo, de tratamento
g) comunicação social e educação em saúde. fora do domicílio, bem assim de disponibilidade de medicamentos e
O desenvolvimento desses sistemas depende, igualmente, da insumos especiais;
viabilização de negociações com os diversos atores envolvidos e da l) a reorientação e a implementação dos sistemas de vigilância
ratificação das programações e decisões, o que ocorre mediante o epidemiológica, de vigilância sanitária, de vigilância alimentar e nu-
pleno funcionamento do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e da CIT. tricional, bem como o redimensionamento das atividades relativas
Depende, além disso, do redimensionamento da direção nacio- à saúde do trabalhador e às de execução da vigilância sanitária de
nal do Sistema, tanto em termos da estrutura, quanto de agilidade portos, aeroportos e fronteiras;
e de integração, como no que se refere às estratégias, aos meca- m) a reorientação e a implementação dos diversos sistemas de
nismos e aos instrumentos de articulação com os demais níveis de informações epidemiológicas, bem assim de produção de serviços e
gestão, destacando-se: de insumos críticos;

154
LEGISLAÇÃO

n) a reorientação e a implementação do sistema de redes de 9. BASES PARA UM NOVO MODELO DE ATENÇÃO À SAÚDE
laboratórios de referência para o controle da qualidade, para a vigi-
lância sanitária e para a vigilância epidemiológica; A composição harmônica, integrada e modernizada do SUS
o) a reorientação e a implementação da política nacional de visa, fundamentalmente, atingir a dois propósitos essenciais à con-
assistência farmacêutica; cretização dos ideais constitucionais e, portanto, do direito à saúde,
p) o apoio e a cooperação a estados e municípios para a imple- que são:
mentação de ações voltadas ao controle de agravos, que constitu- a) a consolidação de vínculos entre diferentes segmentos so-
am risco de disseminação nacional; ciais e o SUS; e
q) a promoção da atenção à saúde das populações indígenas, b) a criação de condições elementares e fundamentais para a
realizando, para tanto, as articulações necessárias, intra e interse- eficiência e a eficácia gerenciais, com qualidade.
torial; O primeiro propósito é possível porque, com a nova formulação
r) a elaboração de programação nacional, pactuada com os es- dos sistemas municipais, tanto os segmentos sociais, minimamente
tados, relativa à execução de ações específicas voltadas ao controle agregados entre si com sentimento comunitário − os munícipes −,
de vetores responsáveis pela transmissão de doenças, que consti- quanto a instância de poder político-administrativo, historicamente
tuem risco de disseminação regional ou nacional, e que exijam a reconhecida e legitimada − o poder municipal − apropriam-se de
eventual intervenção do poder federal; um conjunto de serviços bem definido, capaz de desenvolver uma
s) a identificação dos serviços estaduais e municipais de refe- programação de atividades publicamente pactuada. Com isso, fica
rência nacional, com vistas ao estabelecimento dos padrões técni- bem caracterizado o gestor responsável; as atividades são gerencia-
cos da assistência à saúde; das por pessoas perfeitamente identificáveis; e os resultados mais
t) a estimulação, a indução e a coordenação do desenvolvimen- facilmente usufruídos pela população.
to científico e tecnológico no campo da saúde, mediante interlo- O conjunto desses elementos propicia uma nova condição de
cução crítica das inovações científicas e tecnológicas, por meio da participação com vínculo, mais criativa e realizadora para as pesso-
articulação intra e intersetorial; as, e que acontece não-somente nas instâncias colegiadas formais
u) a participação na formulação da política e na execução das − conferências e conselhos − mas em outros espaços constituídos
ações de saneamento básico. por atividades sistemáticas e permanentes, inclusive dentro dos
próprios serviços de atendimento.
8. DIREÇÃO E ARTICULAÇÃO Cada sistema municipal deve materializar, de forma efetiva, a
vinculação aqui explicitada. Um dos meios, certamente, é a institui-
A direção do Sistema Único de Saúde (SUS), em cada esfera de ção do cartão SUS-MUNICIPAL, com numeração nacional, de modo
governo, é composta pelo órgão setorial do poder executivo e pelo a identificar o cidadão com o seu sistema e agregá-lo ao sistema
respectivo Conselho de Saúde, nos termos das Leis Nº 8.080/90 e nacional. Essa numeração possibilita uma melhor referência inter-
Nº 8.142/1990. municipal e garante o atendimento de urgência por qualquer servi-
O processo de articulação entre os gestores, nos diferentes ní- ço de saúde, estatal ou privado, em todo o País. A regulamentação
veis do Sistema, ocorre, preferencialmente, em dois colegiados de desse mecanismo de vinculação será objeto de discussão e apro-
negociação: a Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e a Comissão vação pelas instâncias colegiadas competentes, com conseqüente
Intergestores Bipartite (CIB). formalização por ato do MS.
A CIT é composta, paritariamente, por representação do Minis- O segundo propósito é factível, na medida em que estão perfei-
tério da Saúde (MS), do Conselho Nacional de Secretários Estaduais tamente identificados os elementos críticos essenciais a uma gestão
de Saúde (CONASS) e do Conselho Nacional de Secretários Munici- eficiente e a uma produção eficaz, a saber:
pais de Saúde (CONASEMS). a) a clientela que, direta e imediatamente, usufrui dos serviços;
A CIB, composta igualmente de forma paritária, é integrada por b) o conjunto organizado dos estabelecimentos produtores des-
representação da Secretaria Estadual de Saúde (SES) e do Conselho ses serviços; e
Estadual de Secretários Municipais de Saúde (COSEMS) ou órgão c) a programação pactuada, com a correspondente orçamen-
equivalente. Um dos representantes dos municípios é o Secretário tação participativa.
de Saúde da Capital. A Bipartite pode operar com subcomissões re- Os elementos, acima apresentados, contribuem para um geren-
gionais. ciamento que conduz à obtenção de resultados efetivos, a despeito
As conclusões das negociações pactuadas na CIT e na CIB são da indisponibilidade de estímulos de um mercado consumidor es-
formalizadas em ato próprio do gestor respectivo. Aquelas referen- pontâneo. Conta, no entanto, com estímulos agregados, decorren-
tes a matérias de competência dos Conselhos de Saúde, definidas tes de um processo de gerenciamento participativo e, sobretudo, da
por força da Lei Orgânica, desta NOB ou de resolução específica concreta possibilidade de comparação com realidades muito próxi-
dos respectivos Conselhos são submetidas previamente a estes mas, representadas pelos resultados obtidos nos sistemas vizinhos.
para aprovação. As demais resoluções devem ser encaminhadas, A ameaça da ocorrência de gastos exagerados, em decorrência
no prazo máximo de 15 dias decorridos de sua publicação, para de um processo de incorporação tecnológica acrítico e desregulado,
conhecimento, avaliação e eventual recurso da parte que se julgar é um risco que pode ser minimizado pela radicalização na reorgani-
prejudicada, inclusive no que se refere à habilitação dos estados e zação do SUS: um Sistema regido pelo interesse público e balizado,
municípios às condições de gestão desta Norma. por um lado, pela exigência da universalização e integralidade com
eqüidade e, por outro, pela própria limitação de recursos, que deve
ser programaticamente respeitada.

155
LEGISLAÇÃO

Esses dois balizamentos são objeto da programação elaborada Nessa nova relação, a pessoa é estimulada a ser agente da sua
no âmbito municipal, e sujeita à ratificação que, negociada e pactu- própria saúde e da saúde da comunidade que integra. Na interven-
ada nas instâncias estadual e federal, adquire a devida racionalida- ção ambiental, o SUS assume algumas ações específicas e busca a
de na alocação de recursos em face às necessidades. articulação necessária com outros setores, visando a criação das
Assim, tendo como referência os propósitos anteriormente ex- condições indispensáveis à promoção, à proteção e à recuperação
plicitados, a presente Norma Operacional Básica constitui um im- da saúde.
portante mecanismo indutor da conformação de um novo modelo
de atenção à saúde, na medida em que disciplina o processo de or- 10.FINANCIAMENTO DAS AÇÕES E SERVIÇOS DE SAÚDE
ganização da gestão desta atenção, com ênfase na consolidação da
direção única em cada esfera de governo e na construção da rede 10.1.RESPONSABILIDADES
regionalizada e hierarquizada de serviços.
Essencialmente, o novo modelo de atenção deve resultar na O financiamento do SUS é de responsabilidade das três esferas
ampliação do enfoque do modelo atual, alcançando-se, assim, a de governo e cada uma deve assegurar o aporte regular de recur-
efetiva integralidade das ações. Essa ampliação é representada sos, ao respectivo fundo de saúde.
pela incorporação, ao modelo clínico dominante (centrado na doen- Conforme determina o Artigo 194 da Constituição Federal, a
ça), do modelo epidemiológico, o qual requer o estabelecimento de Saúde integra a Seguridade Social, juntamente com a Previdência e
vínculos e processos mais abrangentes. a Assistência Social. No inciso VI do parágrafo único desse mesmo
O modelo vigente, que concentra sua atenção no caso clínico, Artigo, está determinado que a Seguridade Social será organizada
na relação individualizada entre o profissional e o paciente, na in- pelo poder público, observada a “diversidade da base de financia-
tervenção terapêutica armada (cirúrgica ou medicamentosa) espe- mento”.
cífica, deve ser associado, enriquecido, transformado em um mode- Já o Artigo 195 determina que a Seguridade Social será finan-
lo de atenção centrado na qualidade de vida das pessoas e do seu ciada com recursos provenientes dos orçamentos da União, dos
meio ambiente, bem como na relação da equipe de saúde com a Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e de Contribuições
comunidade, especialmente, com os seus núcleos sociais primários Sociais.
– as famílias. Essa prática, inclusive, favorece e impulsiona as mu-
danças globais, intersetoriais. 10.2. FONTES
O enfoque epidemiológico atende ao compromisso da integra-
lidade da atenção, ao incorporar, como objeto das ações, a pessoa, As principais fontes específicas da Seguridade Social incidem
o meio ambiente e os comportamentos interpessoais. Nessa cir- sobre a Folha de Salários (Fonte 154), o Faturamento (Fonte 153 -
cunstância, o método para conhecimento da realidade complexa e COFINS) e o Lucro (Fonte 151 - Lucro Líquido).
para a realização da intervenção necessária fundamenta-se mais Até 1992, todas essas fontes integravam o orçamento do Mi-
na síntese do que nas análises, agregando, mais do que isolando, nistério da Saúde e ainda havia aporte significativo de fontes fiscais
diferentes fatores e variáveis. (Fonte 100 - Recursos Ordinários, provenientes principalmente da
Os conhecimentos − resultantes de identificações e compre- receita de impostos e taxas). A partir de 1993, deixou de ser repas-
ensões − que se faziam cada vez mais particularizados e isolados sada ao MS a parcela da Contribuição sobre a Folha de Salários
(com grande sofisticação e detalhamento analítico) devem possibi- (Fonte 154, arrecadada pelo Instituto Nacional de Seguridade Social
litar, igualmente, um grande esforço de visibilidade e entendimento - INSS).
integrador e globalizante, com o aprimoramento dos processos de Atualmente, as fontes que asseguram o maior aporte de re-
síntese, sejam lineares, sistêmicos ou dialéticos. cursos ao MS são a Contribuição sobre o Faturamento (Fonte 153
Além da ampliação do objeto e da mudança no método, o mo- - COFINS) e a Contribuição sobre o Lucro Líquido (Fonte 151), sendo
delo adota novas tecnologias, em que os processos de educação e que os aportes provenientes de Fontes Fiscais são destinados prati-
de comunicação social constituem parte essencial em qualquer nível camente à cobertura de despesas com Pessoal e Encargos Sociais.
ou ação, na medida em que permitem a compreensão globalizadora Dentro da previsibilidade de Contribuições Sociais na esfera fe-
a ser perseguida, e fundamentam a negociação necessária à mu- deral, no âmbito da Seguridade Social, uma fonte específica para
dança e à associação de interesses conscientes. É importante, nesse financiamento do SUS -a Contribuição Provisória sobre Movimen-
âmbito, a valorização da informação informatizada. tações Financeiras - está criada, ainda que em caráter provisório.
Além da ampliação do objeto, da mudança do método e da tec- A solução definitiva depende de uma reforma tributária que reveja
nologia predominantes, enfoque central deve ser dado à questão da esta e todas as demais bases tributárias e financeiras do Governo,
ética. O modelo vigente – assentado na lógica da clínica – baseia-se, da Seguridade e, portanto, da Saúde.
principalmente, na ética do médico, na qual a pessoa (o seu objeto) Nas esferas estadual e municipal, além dos recursos oriundos
constitui o foco nuclear da atenção. do respectivo Tesouro, o financiamento do SUS conta com recursos
O novo modelo de atenção deve perseguir a construção da transferidos pela União aos Estados e pela União e Estados aos Mu-
ética do coletivo que incorpora e transcende a ética do individual. nicípios. Esses recursos devem ser previstos no orçamento e iden-
Dessa forma é incentivada a associação dos enfoques clínico e epi- tificados nos fundos de saúde estadual e municipal como receita
demiológico. Isso exige, seguramente, de um lado, a transformação operacional proveniente da esfera federal e ou estadual e utilizados
na relação entre o usuário e os agentes do sistema de saúde (resta- na execução de ações previstas nos respectivos planos de saúde e
belecendo o vínculo entre quem presta o serviço e quem o recebe) na PPI.
e, de outro, a intervenção ambiental, para que sejam modificados
fatores determinantes da situação de saúde.

156
LEGISLAÇÃO

10.3.TRANSFERÊNCIAS INTERGOVERNAMENTAIS E sos e de explicitação do pacto estabelecido entre as três esferas de


CONTRAPARTIDAS governo. Essa Programação traduz as responsabilidades de cada
município com a garantia de acesso da população aos serviços de
As transferências, regulares ou eventuais, da União para es- saúde, quer pela oferta existente no próprio município, quer pelo
tados, municípios e Distrito Federal estão condicionadas à contra- encaminhamento a outros municípios, sempre por intermédio de
partida destes níveis de governo, em conformidade com as normas relações entre gestores municipais, mediadas pelo gestor estadual.
legais vigentes (Lei de Diretrizes Orçamentárias e outras). 11.1.2. O processo de elaboração da Programação Pactuada
O reembolso das despesas, realizadas em função de atendi- entre gestores e Integrada entre esferas de governo deve respeitar a
mentos prestados por unidades públicas a beneficiários de planos autonomia de cada gestor: o município elabora sua própria progra-
privados de saúde, constitui fonte adicional de recursos. Por isso, e mação, aprovando-a no CMS; o estado harmoniza e compatibiliza
consoante à legislação federal específica, estados e municípios de- as programações municipais, incorporando as ações sob sua res-
vem viabilizar estrutura e mecanismos operacionais para a arreca- ponsabilidade direta, mediante negociação na CIB, cujo resultado é
dação desses recursos e a sua destinação exclusiva aos respectivos deliberado pelo CES.
fundos de saúde. 11.1.3. A elaboração da PPI deve se dar num processo ascen-
Os recursos de investimento são alocados pelo MS, mediante dente, de base municipal, configurando, também, as responsabili-
a apresentação pela SES da programação de prioridades de inves- dades do estado na busca crescente da eqüidade, da qualidade da
timentos, devidamente negociada na CIB e aprovada pelo CES, até atenção e na conformação da rede regionalizada e hierarquizada
o valor estabelecido no orçamento do Ministério, e executados de de serviços.
acordo com a legislação pertinente. 11.1.4. A Programação observa os princípios da integralidade
das ações de saúde e da direção única em cada nível de governo,
10.4.TETOS FINANCEIROS DOS RECURSOS FEDERAIS traduzindo todo o conjunto de atividades relacionadas a uma po-
pulação específica e desenvolvidas num território determinado, in-
Os recursos de custeio da esfera federal, destinados às ações e dependente da vinculação institucional do órgão responsável pela
serviços de saúde, configuram o Teto Financeiro Global (TFG), cujo execução destas atividades. Os órgãos federais, estaduais e munici-
valor, para cada estado e cada município, é definido com base na pais, bem como os prestadores conveniados e contratados têm suas
PPI. O teto financeiro do estado contém os tetos de todos os muni- ações expressas na programação do município em que estão locali-
cípios, habilitados ou não a qualquer uma das condições de gestão. zados, na medida em que estão subordinados ao gestor municipal.
O Teto Financeiro Global do Estado (TFGE) é constituído, para 11.1.5. A União define normas, critérios, instrumentos e prazos,
efeito desta NOB, pela soma dos Tetos Financeiros da Assistência aprova a programação de ações sob seu controle − inscritas na pro-
(TFA), da Vigilância Sanitária (TFVS) e da Epidemiologia e Controle gramação pelo estado e seus municípios − incorpora as ações sob
de Doenças (TFECD). sua responsabilidade direta e aloca os recursos disponíveis, segun-
O TFGE, definido com base na PPI, é submetido pela SES ao MS, do os valores apurados na programação e negociados na CIT, cujo
após negociação na CIB e aprovação pelo CES. O valor final do teto resultado é deliberado pelo CNS.
e suas revisões são fixados com base nas negociações realizadas no 11.1.6.A elaboração da programação observa critérios e parâ-
âmbito da CIT − observadas as reais disponibilidades financeiras do metros definidos pelas Comissões Intergestores e aprovados pelos
MS − e formalizado em ato do Ministério. respectivos Conselhos. No tocante aos recursos de origem federal,
O Teto Financeiro Global do Município (TFGM), também defi- os critérios, prazos e fluxos de elaboração da programação integra-
nido consoante à programação integrada, é submetido pela SMS à da e de suas reprogramações periódicas ou extraordinárias são fixa-
SES, após aprovação pelo CMS. O valor final desse Teto e suas revi- dos em ato normativo do MS e traduzem as negociações efetuadas
sões são fixados com base nas negociações realizadas no âmbito da na CIT e as deliberações do CNS.
CIB − observados os limites do TFGE − e formalizado em ato próprio 11.2. Controle, Avaliação e Auditoria
do Secretário Estadual de Saúde.. 11.2.1. O cadastro de unidades prestadoras de serviços de saú-
Todos os valores referentes a pisos, tetos, frações, índices, bem de (UPS), completo e atualizado, é requisito básico para programar
como suas revisões, são definidos com base na PPI, negociados nas a contratação de serviços assistenciais e para realizar o controle da
Comissões Intergestores (CIB e CIT), formalizados em atos dos ges- regularidade dos faturamentos. Compete ao órgão gestor do SUS
tores estadual e federal e aprovados previamente nos respectivos responsável pelo relacionamento com cada UPS, seja própria, con-
Conselhos (CES e CNS). tratada ou conveniada, a garantia da atualização permanente dos
As obrigações que vierem a ser assumidas pelo Ministério da dados cadastrais, no banco de dados nacional.
Saúde, decorrentes da implantação desta NOB e que gerem aumen- 11.2.2. Os bancos de dados nacionais, cujas normas são defi-
to de despesa, serão previamente discutidas com o Ministério do nidas pelos órgãos do MS, constituem instrumentos essenciais ao
Planejamento e Orçamento e o Ministério da Fazenda. exercício das funções de controle, avaliação e auditoria. Por conse-
guinte, os gestores municipais e estaduais do SUS devem garantir a
11. PROGRAMAÇÃO, CONTROLE, AVALIAÇÃO E AUDITORIA alimentação permanente e regular desses bancos, de acordo com a
relação de dados, informações e cronogramas previamente estabe-
11.1. PROGRAMAÇÃO PACTUADA E INTEGRADA - PPI lecidos pelo MS e pelo CNS.
11.2.3. As ações de auditoria analítica e operacional consti-
11.1.1. A PPI envolve as atividades de assistência ambulatorial tuem responsabilidades das três esferas gestoras do SUS, o que exi-
e hospitalar, de vigilância sanitária e de epidemiologia e controle de ge a estruturação do respectivo órgão de controle, avaliação e audi-
doenças, constituindo um instrumento essencial de reorganização toria,incluindo a definição dos recursos e da metodologia adequada
do modelo de atenção e da gestão do SUS, de alocação dos recur- de trabalho. É função desse órgão definir, também, instrumentos

157
LEGISLAÇÃO

para a realização das atividades, consolidar as informações neces- O elenco de procedimentos custeados pelo PAB, assim como o
sárias, analisar os resultados obtidos em decorrência de suas ações, valor per capita nacional único − base de cálculo deste Piso − são
propor medidas corretivas e interagir com outras áreas da adminis- propostos pela CIT e votados no CNS. Nessas definições deve ser
tração, visando o pleno exercício, pelo gestor, de suas atribuições, observado o perfil de serviços disponíveis na maioria dos municí-
de acordo com a legislação que regulamenta o Sistema Nacional de pios, objetivando o progressivo incremento desses serviços, até que
Auditoria no âmbito do SUS. a atenção integral à saúde esteja plenamente organizada, em todo
11.2.4. As ações de controle devem priorizar os procedimentos o País. O valor per capita nacional único é reajustado com a mesma
técnicos e administrativos prévios à realização de serviços e à or- periodicidade, tendo por base, no mínimo, o incremento médio da
denação dos respectivos pagamentos, com ênfase na garantia da tabela de procedimentos do Sistema de Informações Ambulatoriais
autorização de internações e procedimentos ambulatoriais − tendo do SUS (SIA/SUS).
como critério fundamental a necessidade dos usuários − e o rigoro- A transferência total do PAB será suspensa no caso da não-ali-
so monitoramento da regularidade e da fidedignidade dos registros mentação, pela SMS junto à SES, dos bancos de dados de interesse
de produção e faturamento de serviços. nacional, por mais de dois meses consecutivos.
11.2.5. O exercício da função gestora no SUS, em todos os níveis 12.1.2. Incentivo aos Programas de Saúde da Família (PSF) e de
de governo, exige a articulação permanente das ações de progra- Agentes Comunitários de Saúde (PACS)
mação, controle, avaliação e auditoria; a integração operacional Fica estabelecido um acréscimo percentual ao montante do
das unidades organizacionais, que desempenham estas atividades, PAB, de acordo com os critérios a seguir relacionados, sempre que
no âmbito de cada órgão gestor do Sistema; e a apropriação dos estiverem atuando integradamente à rede municipal, equipes de
seus resultados e a identificação de prioridades, no processo de de- saúde da família, agentes comunitários de saúde, ou estratégias si-
cisão política da alocação dos recursos. milares de garantia da integralidade da assistência, avaliadas pelo
11.2.6. O processo de reorientação do modelo de atenção e de órgão do MS (SAS/MS) com base em normas da direção nacional
consolidação do SUS requer o aperfeiçoamento e a disseminação do SUS.
dos instrumentos e técnicas de avaliação de resultados e do impac- a) Programa de Saúde da Família (PSF):
to das ações do Sistema sobre as condições de saúde da população, acréscimo de 3% sobre o valor do PAB para cada 5% da po-
priorizando o enfoque epidemiológico e propiciando a permanente pulação coberta, até atingir 60% da população total do município;
seleção de prioridade de intervenção e a reprogramação contínua acréscimo de 5% para cada 5% da população coberta entre
da alocação de recursos. O acompanhamento da execução das 60% e 90% da população total do município; e
ações programadas é feito permanentemente pelos gestores e pe- acréscimo de 7% para cada 5% da população coberta entre
riodicamente pelos respectivos Conselhos de Saúde, com base em 90% e 100% da população total do município.
informações sistematizadas, que devem possibilitar a avaliação Esses acréscimos têm, como limite, 80% do valor do PAB origi-
qualitativa e quantitativa destas ações. A avaliação do cumprimen- nal do município.
to das ações programadas em cada nível de governo deve ser feita b) Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS):
em Relatório de Gestão Anual, cujo roteiro de elaboração será apre- acréscimo de 1% sobre o valor do PAB para cada 5% da po-
sentado pelo MS e apreciado pela CIT e pelo CNS. pulação coberta até atingir 60% da população total do município;
acréscimo de 2% para cada 5% da população coberta entre
12.CUSTEIO DA ASSISTÊNCIA HOSPITALAR E AMBULATORIAL 60% e 90% da população total do município; e
acréscimo de 3% para cada 5% da população coberta entre
Os recursos de custeio da esfera federal destinados à assistên- 90% e 100% da população total do município.
cia hospitalar e ambulatorial, conforme mencionado anteriormente, Esses acréscimos têm, como limite, 30% do valor do PAB origi-
configuram o TFA, e os seus valores podem ser executados segundo nal do município.
duas modalidades: Transferência Regular e Automática (Fundo a c) Os percentuais não são cumulativos quando a população co-
Fundo) e Remuneração por Serviços Produzidos. berta pelo PSF e pelo PACS ou por estratégias similares for a mesma.
12.1. Transferência Regular e Automática Fundo a Fundo Os percentuais acima referidos são revistos quando do incre-
Consiste na transferência de valores diretamente do Fundo Na- mento do valor per capita nacional único, utilizado para o cálculo
cional de Saúde aos fundos estaduais e municipais, independente de do PAB e do elenco de procedimentos relacionados a este Piso. Essa
convênio ou instrumento congênere, segundo as condições de ges- revisão é proposta na CIT e votada no CNS. Por ocasião da incorpo-
tão estabelecidas nesta NOB. Esses recursos podem corresponder a ração desses acréscimos, o teto financeiro da assistência do estado
uma ou mais de uma das situações descritas a seguir. é renegociado na CIT e apreciado pelo CNS.
12.1.1. Piso Assistencial Básico (PAB) A ausência de informações que comprovem a produção mensal
O PAB consiste em um montante de recursos financeiros desti- das equipes, durante dois meses consecutivos ou quatro alternados
nado ao custeio de procedimentos e ações de assistência básica, de em um ano, acarreta a suspensão da transferência deste acréscimo.
responsabilidade tipicamente municipal. Esse Piso é definido pela 12.1.3. Fração Assistencial Especializada (FAE)
multiplicação de um valor per capita nacional pela população de É um montante que corresponde a procedimentos ambulato-
cada município (fornecida pelo IBGE), e transferido regular e auto- riais de média complexidade, medicamentos e insumos excepcio-
maticamente ao fundo de saúde ou conta especial dos municípios nais, órteses e próteses ambulatoriais e Tratamento Fora do Domi-
e, transitoriamente, ao fundo estadual, conforme condições estipu- cílio (TFD), sob gestão do estado.
ladas nesta NOB. As transferências do PAB aos estados correspon- O órgão competente do MS formaliza, por portaria, esse elenco
dem, exclusivamente, ao valor para cobertura da população resi- a partir de negociação na CIT e que deve ser objeto da programação
dente em municípios ainda não habilitados na forma desta Norma integrada quanto a sua oferta global no estado.
Operacional.

158
LEGISLAÇÃO

A CIB explicita os quantitativos e respectivos valores desses pro- 12.2.2. Remuneração de Procedimentos Ambulatoriais de Alto
cedimentos, que integram os tetos financeiros da assistência dos Custo/ Complexidade
municípios em gestão plena do sistema de saúde e os que perma- Consiste no pagamento dos valores apurados por intermédio
necem sob gestão estadual. Neste último, o valor programado da do SIA/SUS, com base na Autorização de Procedimentos de Alto Cus-
FAE é transferido, regular e automaticamente, do Fundo Nacional to (APAC), documento este que identifica cada paciente e assegura a
ao Fundo Estadual de Saúde, conforme as condições de gestão das prévia autorização e o registro adequado dos serviços que lhe foram
SES definidas nesta NOB. Não integram o elenco de procedimentos prestados. Compreende procedimentos ambulatoriais integrantes
cobertos pela FAE aqueles relativos ao PAB e os definidos como de do SIA/SUS definidos na CIT e formalizados por portaria do órgão
alto custo/complexidade por portaria do órgão competente do Mi- competente do Ministério (SAS/MS).
nistério (SAS/MS). 12.2.3. Remuneração Transitória por Serviços Produzidos
12.1.4. Teto Financeiro da Assistência do Município (TFAM) O MS é responsável pela remuneração direta, por serviços pro-
É um montante que corresponde ao financiamento do conjunto duzidos, dos procedimentos relacionados ao PAB e à FAE, enquanto
das ações assistenciais assumidas pela SMS. O TFAM é transferido, houver municípios que não estejam na condição de gestão semiple-
regular e automaticamente, do Fundo Nacional ao Fundo Municipal na da NOB 01/93 ou nas condições de gestão municipal definidas
de Saúde, de acordo com as condições de gestão estabelecidas por nesta NOB naqueles estados em condição de gestão convencional.
esta NOB e destina-se ao custeio dos serviços localizados no territó- 12.2.4. Fatores de Incentivo e Índices de Valorização
rio do município (exceção feita àqueles eventualmente excluídos da O Fator de Incentivo ao Desenvolvimento do Ensino e da Pes-
gestão municipal por negociação na CIB). quisa em Saúde (FIDEPS) e o Índice de Valorização Hospitalar de
12.1.5. Teto Financeiro da Assistência do Estado (TFAE) Emergência (IVH-E), bem como outros fatores e ou índices que inci-
É um montante que corresponde ao financiamento do conjunto dam sobre a remuneração por produção de serviços, eventualmente
das ações assistenciais sob a responsabilidade da SES. O TFAE cor- estabelecidos, estão condicionados aos critérios definidos em nível
responde ao TFA fixado na CIT e formalizado em portaria do órgão federal e à avaliação da CIB em cada Estado. Esses fatores e índices
competente do Ministério (SAS/MS). integram o teto financeiro da assistência do município e do respec-
Esses valores são transferidos, regular e automaticamente, do tivo estado.
Fundo Nacional ao Fundo Estadual de Saúde, de acordo com as con-
dições de gestão estabelecidas por esta NOB, deduzidos os valores 13. CUSTEIO DAS AÇÕES DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA
comprometidos com as transferências regulares e automáticas ao
conjunto de municípios do estado (PAB e TFAM). Os recursos da esfera federal destinados à vigilância sanitá-
12.1.6. Índice de Valorização de Resultados (IVR) ria configuram o Teto Financeiro da Vigilância Sanitária (TFVS) e
Consiste na atribuição de valores adicionais equivalentes a até os seus valores podem ser executados segundo duas modalidades:
2% do teto financeiro da assistência do estado, transferidos, regular Transferência Regular e Automática Fundo a Fundo e Remuneração
e automaticamente, do Fundo Nacional ao Fundo Estadual de Saú- de Serviços Produzidos.
de, como incentivo à obtenção de resultados de impacto positivo so- 13.1. Transferência Regular e Automática Fundo a Fundo
bre as condições de saúde da população, segundo critérios definidos Consiste na transferência de valores diretamente do Fundo Na-
pela CIT e fixados em portaria do órgão competente do Ministério cional de Saúde aos fundos estaduais e municipais, independente de
(SAS/MS). Os recursos do IVR podem ser transferidos pela SES às convênio ou instrumento congênere, segundo as condições de ges-
SMS, conforme definição da CIB. tão estabelecidas nesta NOB. Esses recursos podem corresponder a
12.2. Remuneração por Serviços Produzidos uma ou mais de uma das situações descritas a seguir.
Consiste no pagamento direto aos prestadores estatais ou pri- 13.1.1. Piso Básico de Vigilância Sanitária (PBVS)
vados contratados e conveniados, contra apresentação de faturas, Consiste em um montante de recursos financeiros destinado ao
referente a serviços realizados conforme programação e mediante custeio de procedimentos e ações básicas da vigilância sanitária, de
prévia autorização do gestor, segundo valores fixados em tabelas responsabilidade tipicamente municipal. Esse Piso é definido pela
editadas pelo órgão competente do Ministério (SAS/MS). multiplicação de um valor per capita nacional pela população de
Esses valores estão incluídos no TFA do estado e do município cada município (fornecida pelo IBGE), transferido, regular e auto-
e são executados mediante ordenação de pagamento por parte do maticamente, ao fundo de saúde ou conta especial dos municípios
gestor. Para municípios e estados que recebem transferências de e, transitoriamente, dos estados, conforme condições estipuladas
tetos da assistência (TFAM e TFAE, respectivamente), conforme as nesta NOB. O PBVS somente será transferido a estados para cober-
condições de gestão estabelecidas nesta NOB, os valores relativos à tura da população residente em municípios ainda não habilitados
remuneração por serviços produzidos estão incluídos nos tetos da na forma desta Norma Operacional.
assistência, definidos na CIB. O elenco de procedimentos custeados pelo PBVS, assim como
A modalidade de pagamento direto, pelo gestor federal, a pres- o valor per capita nacional único − base de cálculo deste Piso − ,
tadores de serviços ocorre apenas nas situações em que não fazem são definidos em negociação na CIT e formalizados por portaria do
parte das transferências regulares e automáticas fundo a fundo, órgão competente do Ministério (Secretaria de Vigilância Sanitária
conforme itens a seguir especificados. - SVS/MS), previamente aprovados no CNS. Nessa definição deve
12.2.1. Remuneração de Internações Hospitalares ser observado o perfil de serviços disponíveis na maioria dos muni-
Consiste no pagamento dos valores apurados por intermédio cípios, objetivando o progressivo incremento das ações básicas de
do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), englo- vigilância sanitária em todo o País. Esses procedimentos integram
bando o conjunto de procedimentos realizados em regime de in- o Sistema de Informação de Vigilância Sanitária do SUS (SIVS/SUS).
ternação, com base na Autorização de Internação Hospitalar (AIH), 13.1.2. Índice de Valorização do Impacto em Vigilância Sanitá-
documento este de autorização e fatura de serviços. ria (IVISA)

159
LEGISLAÇÃO

Consiste na atribuição de valores adicionais equivalentes a até 14.2. Remuneração por Serviços Produzidos
2% do teto financeiro da vigilância sanitária do estado, a serem Consiste no pagamento direto às SES e SMS, pelas ações de
transferidos, regular e automaticamente, do Fundo Nacional ao epidemiologia e controle de doenças, conforme tabela de procedi-
Fundo Estadual de Saúde, como incentivo à obtenção de resultados mentos discutida na CIT e aprovada no CNS, editada pelo MS, obser-
de impacto significativo sobre as condições de vida da população, vadas as condições de gestão estabelecidas nesta NOB, contra apre-
segundo critérios definidos na CIT, e fixados em portaria do órgão sentação de demonstrativo de atividades realizadas, encaminhado
competente do Ministério (SVS/MS), previamente aprovados no pela SES ou SMS ao MS.
CNS. Os recursos do IVISA podem ser transferidos pela SES às SMS, 14.3. Transferência por Convênio
conforme definição da CIB. Consiste na transferência de recursos oriundos do órgão espe-
13.2. Remuneração Transitória por Serviços Produzidos cífico do MS (FNS/MS), por intermédio do Fundo Nacional de Saúde,
13.2.1. Programa Desconcentrado de Ações de Vigilância Sani- mediante programação e critérios discutidos na CIT e aprovados
tária (PDAVS) pelo CNS, para:
Consiste no pagamento direto às SES e SMS, pela prestação de a) estímulo às atividades de epidemiologia e controle de do-
serviços relacionados às ações de competência exclusiva da SVS/ enças;
MS, contra a apresentação de demonstrativo de atividades realiza- b) custeio de operações especiais em epidemiologia e controle
das pela SES ao Ministério. Após negociação e aprovação na CIT e de doenças;
prévia aprovação no CNS, e observadas as condições estabelecidas c) financiamento de projetos de cooperação técnico-científica
nesta NOB, a SVS/MS publica a tabela de procedimentos do PDAVS na área de epidemiologia e controle de doenças, quando encami-
e o valor de sua remuneração. nhados pela CIB.
13.2.2. Ações de Média e Alta Complexidade em Vigilância Sa-
nitária 15. CONDIÇÕES DE GESTÃO DO MUNICÍPIO
Consiste no pagamento direto às SES e às SMS, pela execução
de ações de média e alta complexidade de competência estadual As condições de gestão, estabelecidas nesta NOB, explicitam
e municipal contra a apresentação de demonstrativo de atividades as responsabilidades do gestor municipal, os requisitos relativos às
realizadas ao MS. Essas ações e o valor de sua remuneração são modalidades de gestão e as prerrogativas que favorecem o seu de-
definidos em negociação na CIT e formalizados em portaria do ór- sempenho.
gão competente do Ministério (SVS/MS), previamente aprovadas no A habilitação dos municípios às diferentes condições de gestão
CNS. significa a declaração dos compromissos assumidos por parte do
gestor perante os outros gestores e perante a população sob sua
14. CUSTEIO DAS AÇÕES DE EPIDEMIOLOGIA E DE CONTROLE responsabilidade.
DE DOENÇAS A partir desta NOB, os municípios podem habilitar-se em duas
condições:
Os recursos da esfera federal destinados às ações de epidemio- a) GESTÃO PLENA DA ATENÇÃO BÁSICA; e
logia e controle de doenças não contidas no elenco de procedimen- b) GESTÃO PLENA DO SISTEMA MUNICIPAL.
tos do SIA/SUS e SIH/SUS configuram o Teto Financeiro de Epidemio- Os municípios que não aderirem ao processo de habilitação
logia e Controle de Doenças (TFECD). permanecem, para efeito desta Norma Operacional, na condição de
O elenco de procedimentos a serem custeados com o TFECD é prestadores de serviços ao Sistema, cabendo ao estado a gestão do
definido em negociação na CIT, aprovado pelo CNS e formalizado SUS naquele território municipal, enquanto for mantida a situação
em ato próprio do órgão específico do MS (Fundação Nacional de de não-habilitado.
Saúde -FNS/MS). As informações referentes ao desenvolvimento 15.1. GESTÃO PLENA DA ATENÇÃO BÁSICA
dessas ações integram sistemas próprios de informação definidos 15.1.1. Responsabilidades
pelo Ministério da Saúde. a) Elaboração de programação municipal dos serviços básicos,
O valor desse Teto para cada estado é definido em negociação inclusive domiciliares e comunitários, e da proposta de referência
na CIT, com base na PPI, a partir das informações fornecidas pelo ambulatorial especializada e hospitalar para seus munícipes, com
Comitê Interinstitucional de Epidemiologia e formalizado em ato incorporação negociada à programação estadual.
próprio do órgão específico do MS (FNS/MS). b) Gerência de unidades ambulatoriais próprias.
Esse Comitê, vinculado ao Secretário Estadual de Saúde, arti- c) Gerência de unidades ambulatoriais do estado ou da União,
culando os órgãos de epidemiologia da SES, do MS no estado e de salvo se a CIB ou a CIT definir outra divisão de responsabilidades.
outras entidades que atuam no campo da epidemiologia e contro- d) Reorganização das unidades sob gestão pública (estatais,
le de doenças, é uma instância permanente de estudos, pesquisas, conveniadas e contratadas), introduzindo a prática do cadastra-
análises de informações e de integração de instituições afins. mento nacional dos usuários do SUS, com vistas à vinculação de
Os valores do TFECD podem ser executados por ordenação do clientela e à sistematização da oferta dos serviços.
órgão específico do MS, conforme as modalidades apresentadas a e) Prestação dos serviços relacionados aos procedimentos co-
seguir. bertos pelo PAB e acompanhamento, no caso de referência interna
14.1. Transferência Regular e Automática Fundo a Fundo ou externa ao município, dos demais serviços prestados aos seus
Consiste na transferência de valores diretamente do Fundo Na- munícipes, conforme a PPI, mediado pela relação gestor-gestor com
cional de Saúde aos Fundos Estaduais e Municipais, independente- a SES e as demais SMS.
mente de convênio ou instrumento congênere, segundo as condi- f) Contratação, controle, auditoria e pagamento aos prestado-
ções de gestão estabelecidas nesta NOB e na PPI, aprovada na CIT res dos serviços contidos no PAB.
e no CNS.

160
LEGISLAÇÃO

g) Operação do SIA/SUS quanto a serviços cobertos pelo PAB, a) Elaboração de toda a programação municipal, contendo,
conforme normas do MS, e alimentação, junto à SES, dos bancos de inclusive, a referência ambulatorial especializada e hospitalar, com
dados de interesse nacional. incorporação negociada à programação estadual.
h) Autorização, desde que não haja definição em contrário da b) Gerência de unidades próprias, ambulatoriais e hospitalares,
CIB, das internações hospitalares e dos procedimentos ambulato- inclusive as de referência.
riais especializados, realizados no município, que continuam sendo c) Gerência de unidades ambulatoriais e hospitalares do estado
pagos por produção de serviços. e da União, salvo se a CIB ou a CIT definir outra divisão de respon-
i) Manutenção do cadastro atualizado das unidades assisten- sabilidades.
ciais sob sua gestão, segundo normas do MS. d) Reorganização das unidades sob gestão pública (estatais,
j) Avaliação permanente do impacto das ações do Sistema so- conveniadas e contratadas), introduzindo a prática do cadastra-
bre as condições de saúde dos seus munícipes e sobre o seu meio mento nacional dos usuários do SUS, com vistas à vinculação da
ambiente. clientela e sistematização da oferta dos serviços.
k) Execução das ações básicas de vigilância sanitária, incluídas e) Garantia da prestação de serviços em seu território, inclusive
no PBVS. os serviços de referência aos não-residentes, no caso de referência
l) Execução das ações básicas de epidemiologia, de controle de interna ou externa ao município, dos demais serviços prestados aos
doenças e de ocorrências mórbidas, decorrentes de causas exter- seus munícipes, conforme a PPI, mediado pela relação gestor-gestor
nas, como acidentes, violências e outras, incluídas no TFECD. com a SES e as demais SMS.
m) Elaboração do relatório anual de gestão e aprovação pelo f) Normalização e operação de centrais de controle de procedi-
CMS. mentos ambulatoriais e hospitalares relativos à assistência aos seus
15.1.2. Requisitos munícipes e à referência intermunicipal.
a) Comprovar o funcionamento do CMS. g) Contratação, controle, auditoria e pagamento aos prestado-
b) Comprovar a operação do Fundo Municipal de Saúde. res de serviços ambulatoriais e hospitalares, cobertos pelo TFGM.
c) Apresentar o Plano Municipal de Saúde e comprometer-se h) Administração da oferta de procedimentos ambulatoriais de
a participar da elaboração e da implementação da PPI do estado, alto custo e procedimentos hospitalares de alta complexidade con-
bem assim da alocação de recursos expressa na programação. forme a PPI e segundo normas federais e estaduais.
d) Comprovar capacidade técnica e administrativa e condições i) Operação do SIH e do SIA/SUS, conforme normas do MS, e ali-
materiais para o exercício de suas responsabilidades e prerrogati- mentação, junto às SES, dos bancos de dados de interesse nacional.
vas quanto à contratação, ao pagamento, ao controle e à auditoria j) Manutenção do cadastro atualizado de unidades assisten-
dos serviços sob sua gestão. ciais sob sua gestão, segundo normas do MS.
e) Comprovar a dotação orçamentária do ano e o dispêndio re- k) Avaliação permanente do impacto das ações do Sistema so-
alizado no ano anterior, correspondente à contrapartida de recursos bre as condições de saúde dos seus munícipes e sobre o meio am-
financeiros próprios do Tesouro Municipal, de acordo com a legisla- biente.
ção em vigor. l) Execução das ações básicas, de média e alta complexidade em
f) Formalizar junto ao gestor estadual, com vistas à CIB, após vigilância sanitária, bem como, opcionalmente, as ações do PDAVS.
aprovação pelo CMS, o pleito de habilitação, atestando o cumpri- m) Execução de ações de epidemiologia, de controle de do-
mento dos requisitos relativos à condição de gestão pleiteada. enças e de ocorrências mórbidas, decorrentes de causas externas,
g) Dispor de médico formalmente designado como responsável como acidentes, violências e outras incluídas no TFECD.
pela autorização prévia, controle e auditoria dos procedimentos e 15.2.2. Requisitos
serviços realizados. a) Comprovar o funcionamento do CMS.
h) Comprovar a capacidade para o desenvolvimento de ações b) Comprovar a operação do Fundo Municipal de Saúde.
de vigilância sanitária. c) Participar da elaboração e da implementação da PPI do esta-
i) Comprovar a capacidade para o desenvolvimento de ações de do, bem assim da alocação de recursos expressa na programação.
vigilância epidemiológica. d) Comprovar capacidade técnica e administrativa e condições
j) Comprovar a disponibilidade de estrutura de recursos huma- materiais para o exercício de suas responsabilidades e prerrogati-
nos para supervisão e auditoria da rede de unidades, dos profissio- vas quanto à contratação, ao pagamento, ao controle e à auditoria
nais e dos serviços realizados. dos serviços sob sua gestão, bem como avaliar o impacto das ações
15.1.3. Prerrogativas do Sistema sobre a saúde dos seus munícipes.
a) Transferência, regular e automática, dos recursos correspon- e) Comprovar a dotação orçamentária do ano e o dispêndio no
dentes ao Piso da Atenção Básica (PAB). ano anterior correspondente à contrapartida de recursos financei-
b) Transferência, regular e automática, dos recursos correspon- ros próprios do Tesouro Municipal, de acordo com a legislação em
dentes ao Piso Básico de Vigilância Sanitária (PBVS). vigor.
c) Transferência, regular e automática, dos recursos correspon- f) Formalizar, junto ao gestor estadual com vistas à CIB, após
dentes às ações de epidemiologia e de controle de doenças. aprovação pelo CMS, o pleito de habilitação, atestando o cumpri-
d) Subordinação, à gestão municipal, de todas as unidades bá- mento dos requisitos específicos relativos à condição de gestão plei-
sicas de saúde, estatais ou privadas (lucrativas e filantrópicas), es- teada.
tabelecidas no território municipal. g) Dispor de médico formalmente designado pelo gestor como
15.2. GESTÃO PLENA DO SISTEMA MUNICIPAL responsável pela autorização prévia, controle e auditoria dos proce-
15.2.1. Responsabilidades dimentos e serviços realizados.

161
LEGISLAÇÃO

h) Apresentar o Plano Municipal de Saúde, aprovado pelo CMS, por esta NOB, exceto ao PDAVS nos termos definidos pela SVS/MS.
que deve conter as metas estabelecidas, a integração e articula- Essa condição corresponde ao exercício de funções mínimas de ges-
ção do município na rede estadual e respectivas responsabilidades tão do Sistema, que foram progressivamente incorporadas pelas
na programação integrada do estado, incluindo detalhamento da SES, não estando sujeita a procedimento específico de habilitação
programação de ações e serviços que compõem o sistema munici- nesta NOB.
pal, bem como os indicadores mediante dos quais será efetuado o 16.1. Responsabilidades comuns às duas condições de gestão
acompanhamento. estadual
i) Comprovar o funcionamento de serviço estruturado de vigi- a) Elaboração da PPI do estado, contendo a referência inter-
lância sanitária e capacidade para o desenvolvimento de ações de municipal e coordenação da negociação na CIB para alocação dos
vigilância sanitária. recursos, conforme expresso na programação.
j) Comprovar a estruturação de serviços e atividades de vigilân- b) Elaboração e execução do Plano Estadual de Prioridades de
cia epidemiológica e de controle de zoonoses. Investimentos, negociado na CIB e aprovado pelo CES.
k) Apresentar o Relatório de Gestão do ano anterior à solicita- c) Gerência de unidades estatais da hemorrede e de laborató-
ção do pleito, devidamente aprovado pelo CMS. rios de referência para controle de qualidade, para vigilância sani-
l) Assegurar a oferta, em seu território, de todo o elenco de tária e para a vigilância epidemiológica.
procedimentos cobertos pelo PAB e, adicionalmente, de serviços de d) Formulação e execução da política de sangue e hemoterapia.
apoio diagnóstico em patologia clínica e radiologia básicas. e) Organização de sistemas de referência, bem como a normali-
m) Comprovar a estruturação do componente municipal do Sis- zação e operação de câmara de compensação de AIH, procedimen-
tema Nacional de Auditoria (SNA). tos especializados e de alto custo e ou alta complexidade.
n) Comprovar a disponibilidade de estrutura de recursos huma- f) Formulação e execução da política estadual de assistência
nos para supervisão e auditoria da rede de unidades, dos profissio- farmacêutica, em articulação com o MS.
nais e dos serviços realizados. g) Normalização complementar de mecanismos e instrumen-
15.2.3. Prerrogativas tos de administração da oferta e controle da prestação de serviços
a) Transferência, regular e automática, dos recursos referentes ambulatoriais, hospitalares, de alto custo, do tratamento fora do
ao Teto Financeiro da Assistência (TFA). domicílio e dos medicamentos e insumos especiais.
b) Normalização complementar relativa ao pagamento de pres- h) Manutenção do cadastro atualizado de unidades assisten-
tadores de serviços assistenciais em seu território, inclusive quanto ciais sob sua gestão, segundo normas do MS.
a alteração de valores de procedimentos, tendo a tabela nacional i) Cooperação técnica e financeira com o conjunto de municí-
como referência mínima, desde que aprovada pelo CMS e pela CIB. pios, objetivando a consolidação do processo de descentralização,
c) Transferência regular e automática fundo a fundo dos recur- a organização da rede regionalizada e hierarquizada de serviços, a
sos correspondentes ao Piso Básico de Vigilância Sanitária (PBVS). realização de ações de epidemiologia, de controle de doenças, de vi-
d) Remuneração por serviços de vigilância sanitária de média gilância sanitária, bem assim o pleno exercício das funções gestoras
e alta complexidade e, remuneração pela execução do Programa de planejamento, controle, avaliação e auditoria.
Desconcentrado de Ações de Vigilância Sanitária (PDAVS), quando j) Implementação de políticas de integração das ações de sane-
assumido pelo município. amento às de saúde.
e) Subordinação, à gestão municipal, do conjunto de todas as k) Coordenação das atividades de vigilância epidemiológica e
unidades ambulatoriais especializadas e hospitalares, estatais ou de controle de doenças e execução complementar conforme previs-
privadas (lucrativas e filantrópicas), estabelecidas no território mu- to na Lei nº 8.080/90.
nicipal. l) Execução de operações complexas voltadas ao controle de
f) Transferência de recursos referentes às ações de epidemiolo- doenças que possam se beneficiar da economia de escala.
gia e controle de doenças, conforme definição da CIT. m) Coordenação das atividades de vigilância sanitária e execu-
ção complementar conforme previsto na Lei nº 8.080/90.
16. CONDIÇÕES DE GESTÃO DO ESTADO n) Execução das ações básicas de vigilância sanitária referente
aos municípios não habilitados nesta NOB.
As condições de gestão, estabelecidas nesta NOB, explicitam o) Execução das ações de média e alta complexidade de vigilân-
as responsabilidades do gestor estadual, os requisitos relativos às cia sanitária, exceto as realizadas pelos municípios habilitados na
modalidades de gestão e as prerrogativas que favorecem o seu de- condição de gestão plena de sistema municipal.
sempenho. p) Execução do PDAVS nos termos definidos pela SVS/MS.
A habilitação dos estados às diferentes condições de gestão q) Apoio logístico e estratégico às atividades à atenção à saúde
significa a declaração dos compromissos assumidos por parte do das populações indígenas, na conformidade de critérios estabeleci-
gestor perante os outros gestores e perante a população sob sua dos pela CIT.
responsabilidade.
A partir desta NOB, os estados poderão habilitar-se em duas
condições de gestão:
a) GESTÃO AVANÇADA DO SISTEMA ESTADUAL; e
b) GESTÃO PLENA DO SISTEMA ESTADUAL.
Os estados que não aderirem ao processo de habilitação, per-
manecem na condição de gestão convencional, desempenhando as
funções anteriormente assumidas ao longo do processo de implan-
tação do SUS, não fazendo jus às novas prerrogativas introduzidas

162
LEGISLAÇÃO

16.2. Requisitos comuns às duas condições de gestão estadual b) Dispor de 60% dos municípios do estado habilitados nas
a) Comprovar o funcionamento do CES. condições de gestão estabelecidas nesta NOB, independente do seu
b) Comprovar o funcionamento da CIB. contingente populacional; ou 40% dos municípios habilitados, des-
c) Comprovar a operação do Fundo Estadual de Saúde. de que, nestes, residam 60% da população.
d) Apresentar o Plano Estadual de Saúde, aprovado pelo CES, c) Dispor de 30% do valor do TFA comprometido com transfe-
que deve conter: rências regulares e automáticas aos municípios.
as metas pactuadas; 16.3.3. Prerrogativas
a programação integrada das ações ambulatoriais, hospita- a) Transferência regular e automática dos recursos correspon-
lares e de alto custo, de epidemiologia e de controle de doenças dentes à Fração Assistencial Especializada (FAE) e ao Piso Assisten-
– incluindo, entre outras, as atividades de vacinação, de controle cial Básico (PAB) relativos aos municípios nãohabilitados.
de vetores e de reservatórios – de saneamento, de pesquisa e de- b) Transferência regular e automática do Piso Básico de Vigilân-
senvolvimento tecnológico, de educação e de comunicação em saú- cia Sanitária (PBVS) referente aos municípios não habilitados nesta
de, bem como as relativas às ocorrências mórbidas decorrentes de NOB.
causas externas; c) Transferência regular e automática do Índice de Valorização
as estratégias de descentralização das ações de saúde para do Impacto em Vigilância Sanitária (IVISA).
municípios; d) Remuneração por serviços produzidos na área da vigilância
as estratégias de reorganização do modelo de atenção; e sanitária.
os critérios utilizados e os indicadores por meio dos quais é e) Transferência de recursos referentes às ações de epidemiolo-
efetuado o acompanhamento das ações. gia e controle de doenças.
e) Apresentar relatório de gestão aprovado pelo CES, relativo 16.4. GESTÃO PLENA DO SISTEMA ESTADUAL
ao ano anterior à solicitação do pleito. 16.4.1. Responsabilidades Específicas
f) Comprovar a transferência da gestão da atenção hospitalar a) Contratação, controle, auditoria e pagamento aos prestado-
e ambulatorial aos municípios habilitados, conforme a respectiva res do conjunto dos serviços sob gestão estadual, conforme defini-
condição de gestão. ção da CIB.
g) Comprovar a estruturação do componente estadual do SNA. b) Operação do SIA/SUS e do SIH/SUS, conforme normas do MS,
h) Comprovar capacidade técnica e administrativa e condições e alimentação dos bancos de dados de interesse nacional.
materiais para o exercício de suas responsabilidades e prerroga- 16.4.2. Requisitos Específicos
tivas, quanto a contratação, pagamento, controle e auditoria dos a) Comprovar a implementação da programação integrada das
serviços sob sua gestão e quanto à avaliação do impacto das ações ações ambulatoriais, hospitalares e de alto custo, contendo a refe-
do Sistema sobre as condições de saúde da população do estado. rência intermunicipal e os critérios para a sua elaboração.
i) Comprovar a dotação orçamentária do ano e o dispêndio no b) Comprovar a operacionalização de mecanismos de controle
ano anterior, correspondente à contrapartida de recursos financei- da prestação de serviços ambulatoriais e hospitalares, tais como:
ros próprios do Tesouro Estadual, de acordo com a legislação em centrais de controle de leitos e internações, de procedimentos am-
vigor. bulatoriais e hospitalares de alto/custo e ou complexidade e de
j) Apresentar à CIT a formalização do pleito, devidamente apro- marcação de consultas especializadas.
vado pelo CES e pela CIB, atestando o cumprimento dos requisitos c) Dispor de 80% dos municípios habilitados nas condições de
gerais e específicos relativos à condição de gestão pleiteada. gestão estabelecidas nesta NOB, independente do seu contingente
k) Comprovar a criação do Comitê Interinstitucional de Epide- populacional; ou 50% dos municípios, desde que, nestes, residam
miologia, vinculado ao Secretário Estadual de Saúde. 80% da população.
l) Comprovar o funcionamento de serviço de vigilância sanitária d) Dispor de 50% do valor do TFA do estado comprometido com
no estado, organizado segundo a legislação e capacidade de desen- transferências regulares e automáticas aos municípios.
volvimento de ações de vigilância sanitária. 16.4.3. Prerrogativas
m) Comprovar o funcionamento de serviço de vigilância epide- a) Transferência regular e automática dos recursos correspon-
miológica no estado. dentes ao valor do Teto Financeiro da Assistência (TFA), deduzidas
16.3. GESTÃO AVANÇADA DO SISTEMA ESTADUAL as transferências fundo a fundo realizadas a municípios habilitados.
16.3.1. Responsabilidades Específicas b) Transferência regular e automática dos recursos correspon-
a) Contratação, controle, auditoria e pagamento do conjunto dentes ao Índice de Valorização de Resultados (IVR).
dos serviços, sob gestão estadual, contidos na FAE; c) Transferência regular e automática do Piso Básico de Vigilân-
b) Contratação, controle, auditoria e pagamento dos prestado- cia Sanitária (PBVS) referente aos municípios não habilitados nesta
res de serviços incluídos no PAB dos municípios não habilitados; NOB.
c) Ordenação do pagamento dos demais serviços hospitalares e d) Transferência regular e automática do Índice de valorização
ambulatoriais, sob gestão estadual; do Impacto em Vigilância Sanitária (IVISA).
d) Operação do SIA/SUS, conforme normas do MS, e alimenta- e) Remuneração por serviços produzidos na área da vigilância
ção dos bancos de dados de interesse nacional. sanitária.
16.3.2. Requisitos Específicos f) Normalização complementar, pactuada na CIB e aprovada
a) Apresentar a programação pactuada e integrada ambulato- pelo CES, relativa ao pagamento de prestadores de serviços assis-
rial, hospitalar e de alto custo, contendo a referência intermunicipal tenciais sob sua contratação, inclusive alteração de valores de pro-
e os critérios para a sua elaboração. cedimentos, tendo a tabela nacional como referência mínima.
g) Transferência de recursos referentes às ações de epidemiolo-
gia e de controle de doenças.

163
LEGISLAÇÃO

17. DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS disponibilidades financeiras para a efetivação das transferências re-
gulares e automáticas pertinentes. No que se refere à gestão plena
17. 1. As responsabilidades que caracterizam cada uma das do sistema municipal, a habilitação dos municípios é decidida na
condições de gestão definidas nesta NOB constituem um elenco mí- CIT, com base em relatório da CIB e formalizada em ato da SAS/
nimo e não impedem a incorporação de outras pactuadas na CIB e MS. No caso dos estados categorizados na condição de gestão con-
aprovadas pelo CES, em especial aquelas já assumidas em decor- vencional, a habilitação dos municípios a qualquer das condições
rência da NOB-SUS Nº 01/93. de gestão será decidida na CIT, com base no processo de avaliação
17.2. No processo de habilitação às condições de gestão es- elaborado e encaminhado pela CIB, e formalizada em ato do MS.
tabelecidas nesta NOB, são considerados os requisitos já cumpri- 17.4. A habilitação de estados a qualquer das condições de ges-
dos para habilitação nos termos da NOB-SUS Nº 01/93, cabendo tão é decidida na CIT e formalizada em ato do MS, cabendo recurso
ao município ou ao estado pleiteante a comprovação exclusiva do ao CNS.
cumprimento dos requisitos introduzidos ou alterados pela presente 17.5. Os instrumentos para a comprovação do cumprimento
Norma Operacional, observando os seguintes procedimentos: dos requisitos para habilitação ao conjunto das condições de gestão
17.2.1.para que os municípios habilitados atualmente nas con- de estados e municípios, previsto nesta NOB, estão sistematizados
dições de gestão incipiente e parcial possam assumir a condição no ANEXO I.
plena da atenção básica definida nesta NOB, devem apresentar à 17.6. Os municípios e estados habilitados na forma da NOB-SUS
CIB os seguintes documentos, que completam os requisitos para ha- Nº 01/93 permanecem nas respectivas condições de gestão até sua
bilitação: habilitação em uma das condições estabelecidas por esta NOB, ou
17.2.1.1. ofício do gestor municipal pleiteando a alteração na até a data limite a ser fixada pela CIT.
condição de gestão; 17.7. A partir da data da publicação desta NOB, não serão pro-
17.2.1.2. ata do CMS aprovando o pleito de mudança de habi- cedidas novas habilitações ou alterações de condição de gestão na
litação; forma da NOB-SUS Nº 01/93. Ficam excetuados os casos já aprova-
17.2.1.3. ata das três últimas reuniões do CMS; 17.2.1.4. extra- dos nas CIB, que devem ser protocolados na CIT, no prazo máximo
to de movimentação bancária do Fundo Municipal de Saúde relativo de 30 dias.
ao trimestre anterior à apresentação do pleito; 17.8. A partir da publicação desta NOB, ficam extintos o Fator
17.2.1.5. comprovação, pelo gestor municipal, de condições de Apoio ao Estado, o Fator de Apoio ao Município e as transferên-
técnicas para processar o SIA/SUS; cias dos saldos de teto financeiro relativos às condições de gestão
17.2.1.6. declaração do gestor municipal comprometendo-se a municipal e estadual parciais, previstos, respectivamente, nos itens
alimentar, junto à SES, o banco de dados nacional do SIA/SUS; 3.1.4; 3.2; 4.1.2 e 4.2.1 da NOBSUS Nº 01/93.
17.2.1.7. proposta aprazada de estruturação do serviço de con- 17.9. A permanência do município na condição de gestão a que
trole e avaliação municipal; for habilitado, na forma desta NOB, está sujeita a processo perma-
17.2.1.8. comprovação da garantia de oferta do conjunto de nente de acompanhamento e avaliação, realizado pela SES e sub-
procedimentos coberto pelo PAB; e metido à apreciação da CIB, tendo por base critérios estabelecidos
17.2.1.9. ata de aprovação do relatório de gestão no CMS; pela CIB e pela CIT, aprovados pelos respectivos Conselhos de Saúde.
17.2.2. para que os municípios habilitados atualmente na con- 17.10. De maneira idêntica, a permanência do estado na condi-
dição de gestão semiplena possam assumir a condição de gestão ção de gestão a que for habilitado, na forma desta NOB, está sujeita
plena do sistema municipal definida nesta NOB, devem comprovar a processo permanente de acompanhamento e avaliação, realizado
à CIB: pelo MS e submetido à apreciação da CIT, tendo por base critérios
17.2.2.1. a aprovação do relatório de gestão pelo CMS, median- estabelecidos por esta Comissão e aprovados pelo CNS.
te apresentação da ata correspondente; 17.11. O gestor do município habilitado na condição de Gestão
17.2.2.2. a existência de serviços que executem os procedimen- Plena da Atenção Básica que ainda não dispõe de serviços suficien-
tos cobertos pelo PAB no seu território, e de serviços de apoio diag- tes para garantir, à sua população, a totalidade de procedimentos
nóstico em patologia clínica e radiologia básica simples, oferecidos cobertos pelo PAB, pode negociar, diretamente, com outro gestor
no próprio município ou contratados de outro gestor municipal; municipal, a compra dos serviços não disponíveis, até que essa ofer-
17.2.2.3.a estruturação do componente municipal do SNA; e ta seja garantida no próprio município.
17.2.2.4.a integração e articulação do município na rede esta- 17.12. Para implantação do PAB, ficam as CIB autorizadas a es-
dual e respectivas responsabilidades na PPI. Caso o município não tabelecer fatores diferenciados de ajuste até um valor máximo fixa-
atenda a esse requisito, pode ser enquadrado na condição de ges- do pela CIT e formalizado por portaria do Ministério (SAS/MS). Esses
tão plena da atenção básica até que disponha de tais condições, fatores são destinados aos municípios habilitados, que apresentam
submetendo-se, neste caso, aos mesmos procedimentos referidos gastos per capita em ações de atenção básica superiores ao valor
no item 17.2.1; per capita nacional único (base de cálculo do PAB), em decorrência
17.2.3. os estados habilitados atualmente nas condições de de avanços na organização do sistema. O valor adicional atribuído
gestão parcial e semiplena devem apresentar a comprovação dos a cada município é formalizado em ato próprio da SES.
requisitos adicionais relativos à nova condição pleiteada na presen- 17.13. O valor per capita nacional único, base de cálculo do
te NOB. PAB, é aplicado a todos os municípios, habilitados ou não nos ter-
17.3. A habilitação de municípios à condição de gestão plena mos desta NOB. Aos municípios não habilitados, o valor do PAB é
da atenção básica é decidida na CIB dos estados habilitados às con- limitado ao montante do valor per capita nacional multiplicado pela
dições de gestão avançada e plena do sistema estadual, cabendo população e pago por produção de serviço.
recurso ao CES. A SES respectiva deve informar ao MS a habilitação
procedida, para fins de formalização por portaria, observando as

164
LEGISLAÇÃO

17.14. Num primeiro momento, em face da inadequação dos TFA - Teto Financeiro da Assistência
sistemas de informação de abrangência nacional para aferição de TFAE - Teto Financeiro da Assistência do Estado
resultados, o IVR é atribuído aos estados a título de valorização de TFAM - Teto Financeiro da Assistência do Município
desempenho na gestão do Sistema, conforme critérios estabeleci- TFECD - Teto Financeiro da Epidemiologia e Controle de Do-
dos pela CIT e formalizados por portaria do Ministério (SAS/MS). enças
17.15. O MS continua efetuando pagamento por produção TFG - Teto Financeiro Global
de serviços (relativos aos procedimentos cobertos pelo PAB) dire- TFGE - Teto Financeiro Global do Estado
tamente aos prestadores, somente no caso daqueles municípios TFGM - Teto Financeiro Global do Município
nãohabilitados na forma desta NOB, situados em estados em ges- TFVS - Teto Financeiro da Vigilância Sanitária
tão convencional.
17.16. Também em relação aos procedimentos cobertos pela NORMA OPERACIONAL DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE –
FAE, o MS continua efetuando o pagamento por produção de ser- NOAS – SUS/2001
viços diretamente a prestadores, somente no caso daqueles mu-
nicípios habilitados em gestão plena da atenção básica e os não
habilitados, na forma desta NOB, situados em estados em gestão PORTARIA Nº 95, DE 26 DE JANEIRO DE 2001
convencional.
17.17. As regulamentações complementares necessárias à ope-   O Ministro de Estado da Saúde, no uso de suas atribuições,
racionalização desta NOB são objeto de discussão e negociação na Considerando os princípios do Sistema Único de Saúde de uni-
CIT, observadas as diretrizes estabelecidas pelo CNS, com posterior versalidade do acesso e de integralidade da atenção;
formalização, mediante portaria do MS. Considerando o disposto no Artigo 198 da Constituição Federal
de 1998, que estabelece que as ações e serviços públicos de saúde
SIGLAS UTILIZADAS integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um
AIH - Autorização de Internação Hospitalar sistema único;
CES - Conselho Estadual de Saúde Considerando a necessidade de dar continuidade ao processo
CIB - Comissão Intergestores Bipartite de descentralização e organização do Sistema Único de Saúde –
CIT - Comissão Intergestores Tripartite SUS, fortalecido com a implementação da Norma Operacional Bási-
CMS - Conselho Municipal de Saúde ca –SUS 01/96, de 05 de novembro de 1996;
CNS - Conselho Nacional de Saúde Considerando que um sistema de saúde equânime, integral,
COFINS - Contribuição Social para o Financiamento da Segu- universal, resolutivo e de boa qualidade concebe a atenção bási-
ridade Social ca como parte imprescindível de um conjunto de ações necessárias
CONASEMS - Conselho Nacional de Secretários Municipais de para o atendimento dos problemas de saúde da população, indis-
Saúde sociável dos demais níveis de complexidade da atenção à saúde e
CONASS - Conselho Nacional de Secretários Estaduais de indutora da reorganização do Sistema, e
Saúde Considerando as contribuições do Conselho de Secretários Esta-
FAE - Fração Assistencial Especializada duais de Saúde – CONASS e Conselho Nacional de Secretários Muni-
FIDEPS - Fator de Incentivo ao Desenvolvimento do Ensino e cipais de Saúde – CONASEMS, seguidas da aprovação da Comissão
da Pesquisa Intergestores Tripartite–CIT - e Conselho Nacional de Saúde – CNS,
FNS - Fundação Nacional de Saúde em 15 de dezembro de 2000, resolve:
INSS - Instituto Nacional de Seguridade Social Art. 1º Aprovar, na forma do Anexo desta Portaria, a Norma
IVH-E - Índice de Valorização Hospitalar de Emergência Operacional da Assistência à Saúde – NOAS-SUS 01/2001 que am-
IVISA - Índice de Valorização do Impacto em Vigilânica Sani- plia as responsabilidades dos municípios na Atenção Básica; define
tária o processo de regionalização da assistência; cria mecanismos para
IVR - Índice de Valorização de Resultados o fortalecimento da capacidade de gestão do Sistema Único de Saú-
MS - Ministério da Saúde de e procede à atualização dos critérios de habilitação de estados
NOB - Norma Operacional Básica e municípios.
PAB - Piso Assistencial Básico. Art. 2° Ficam mantidas as disposições constantes da Portaria
PACS - Programa de Agentes Comunitários de Saúde GM/MS N° 1.882, de 18 de dezembro de 1997, que estabelece o
PBVS - Piso Básico de Vigilância Sanitária Piso da Atenção Básica – PAB, bem como aquelas que fazem parte
PDAVS - Programa Desconcentrado de Ações de Vigilância dos demais atos normativos deste Ministério da Saúde relativos aos
Sanitária incentivos às ações de assistência na Atenção Básica.
PPI - Programação Pactuada e Integrada Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação,
PSF - Programa de Saúde da Família revogando-se as disposições em contrário.
SAS - Secretaria de Assistência à Saúde   JOSÉ SERRA
SES - Secretaria Estadual de Saúde
SIA/SUS - Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS
SIH/SUS - Sistema de Informações Hospitalares do SUS
SMS - Secretaria Municipal de Saúde
SNA - Sistema Nacional de Auditoria
SUS - Sistema Único de Saúde
SVS - Secretaria de Vigilância Sanitária

165
LEGISLAÇÃO

  ANEXO são pólos de atração regional. Da mesma forma, nas áreas contí-
  NORMA OPERACIONAL DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE / SUS guas às divisas interestaduais, é freqüente que a rede de serviços de
  NOAS-SUS 01/2001 saúde deva se organizar com unidades situadas em ambos os lados
da demarcação político-administrativa. Qualquer solução para es-
INTRODUÇÃO ses problemas tem que superar as restrições burocráticas de acesso
e garantir a universalidade e a integralidade do SUS, envitando a
A implantação das Normas Operacionais Básicas do SUS - NO- desintegração organizacional e a competição entre órgãos gestores
B-SUS 91, em especial das NOB-SUS 93 e 96 -, além de promover e a conseqüente atomização do SUS em milhares de sistemas locais
uma integração de ações entre as três esferas de governo, desen- ineficientes, iníquos e não resolutivos.
cadeou um processo de descentralização intenso, transferindo para Assim, para o aprofundamento do processo de descentraliza-
os estados e, principalmente, para os municípios, um conjunto de ção, deve-se ampliar a ênfase na regionalização e no aumento da
responsabilidades e recursos para a operacionalização do Sistema eqüidade, buscando a organização de sistemas de saúde funcionais
Único de Saúde, antes concentradas no nível federal. com todos os níveis de atenção, não necessariamente confinados
A partir da implementação do Piso de Atenção Básica, iniciou- aos territórios municipais e, portanto, sob responsabilidade coor-
-se um importante processo de ampliação do acesso à atenção bá- denadora da SES. Além da lógica político-administrativa de delimi-
sica. A estratégia da Saúde da Família encontra-se em expansão e, tação dos sistemas de saúde, que assegura a indivisibilidade dos
cada vez mais, consolida-se como eixo estruturante para a organi- territórios municipais e estadual no planejamento da rede e a au-
zação da atenção à saúde. tonomia dos entes governamentais na gestão, é fundamental con-
Ao final do ano de 2000, a habilitação nas condições de ges- siderar, para a definição do papel da SES e de cada SMS no sistema
tão previstas na NOB-SUS 01/96 atingia mais de 99% do total dos funcional, as noções de territorialidade na identificação de priori-
municípios do país. A disseminação desse processo possibilitou o dades de intervenção e de organização de redes de assistência re-
desenvolvimento de experiências municipais exitosas e a formação gionalizadas e resolutivas, além das capacidades técnico-operacio-
de um contingente de profissionais qualificados em diferentes áreas nais necessárias ao exercício das funções de alocação de recursos,
da gestão do SUS. programação físico-financeira, regulação do acesso, contratação de
No que diz respeito aos estados, houve avanços significativos prestadores de serviço, controle e avaliação.
na organização de redes articuladas e resolutivas de serviços, me- O conjunto de estratégias apresentadas nesta Norma Opera-
diante o desenvolvimento do processo de programação integrada, a cional da Assistência à Saúde articula-se em torno do pressuposto
implantação de centrais de regulação, o fortalecimento do controle de que, no atual momento da implantação do SUS, a ampliação das
e avaliação, a organização de consórcios intermunicipais ou, ainda responsabilidades dos municípios na garantia de acesso aos servi-
de forma mais explícita, por meio da formulação e progressiva im- ços de atenção básica, a regionalização e a organização funcional
plementação de planos de regionalização promovidos pelas Secre- do sistema são elementos centrais para o avanço do processo.
tarias de Estado da Saúde/SES. Neste sentido, esta NOAS-SUS atualiza a regulamentação da
A experiência acumulada, à medida em que o processo de ges- assistência, considerando os avanços já obtidos e enfocando os de-
tão descentralizada do sistema amadurece, evidencia um conjun- safios a serem superados no processo permanente de consolidação
to de problemas/obstáculos em relação a aspectos críticos para a e aprimoramento do Sistema Único de Saúde.
consolidação do Sistema Único de Saúde / SUS. Alguns desses já se
manifestavam de forma incipiente quando do processo de discus- CAPÍTULO I –
são da NOB 96, entre dezembro de 1995 e novembro de 1996, mas REGIONALIZAÇÃO
situavam-se em um estágio de baixo consenso e pouca maturidade
nos debates entre o Ministério da Saúde – MS , o Conselho de Secre- 1 - Estabelecer o processo de regionalização como estratégia
tários Estaduais de Saúde - CONASS e o Conselho Nacional de Secre- de hierarquização dos serviços de saúde e de busca de maior eqüi-
tários Municipais de Saúde - CONASEMS, em face da inexistência dade.
de um volume significativo de experiências concretas de gestão e de 1.1 - O processo de regionalização deverá contemplar uma
análises da descentralização, em curso há pouco tempo. lógica de planejamento integrado, compreendendo as noções de
Agregava-se a este cenário a peculiar complexidade da estrutu- territorialidade na identificação de prioridades de intervenção e de
ra político-administrativa estabelecida pela Constituição Federal de conformação de sistemas funcionais de saúde, não necessariamen-
1988, em que os três níveis de governo são autônomos, sem vincu- te restritos à abrangência municipal, mas respeitando seus limites
lação hierárquica. Tal característica do arranjo federativo brasileiro como unidade indivisível, de forma a garantir o acesso dos cidadãos
torna bastante complexo o processo de construção de um sistema a todas as ações e serviços necessários para a resolução de seus
funcional de saúde. Os estados, e mais ainda os municípios, são ex- problemas de saúde, otimizando os recursos disponíveis.
tremamente heterogêneos e será sempre mera casualidade que o I . 1 – DA ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR DE REGIONALIZA-
espaço territorial-populacional e a área de abrangência político-ad- ÇÃO
ministrativa de um município correspondam a uma rede regionali- 2 - Instituir o Plano Diretor de Regionalização como instrumen-
zada e resolutiva de serviços com todos os níveis de complexidade, to de ordenamento do processo de regionalização da assistência em
ou mesmo que esta se localize dentro de um estado sem exercer cada estado e no Distrito Federal, baseado nos objetivos de defini-
poder de atração para além de suas fronteiras legais. ção de prioridades de intervenção coerentes com as necessidades
Existem, no Brasil, milhares de municípios pequenos demais de saúde da população e garantia de acesso dos cidadãos a todos
para gerirem, em seu território, um sistema funcional completo, as- os níveis de atenção.
sim como existem dezenas que demandam a existência de mais de
um sistema em sua área de abrangência, mas, simultaneamente,

166
LEGISLAÇÃO

2.1 - Cabe às Secretarias de Estado da Saúde e do Distrito Fe- C - Município-sede do módulo assistencial – município existente
deral a elaboração do Plano Diretor de Regionalização, em conso- em um módulo assistencial que apresente a capacidade de ofertar
nância com o Plano Estadual de Saúde, sua submissão à aprovação a totalidade dos serviços de que trata o Item 7 - Capítulo I, corres-
da Comissão Intergestores Bipartite - CIB e do Conselho Estadual de pondente ao primeiro nível de referência intermunicipal, com sufici-
Saúde – CES e o encaminhamento ao Ministério da Saúde. ência, para sua população e para a população de outros municípios
3 - No que diz respeito à assistência, o Plano Diretor de Regio- a ele adscritos.
nalização deverá ser elaborado na perspectiva de garantir: D - Município-pólo – município que, de acordo com a definição
A - O acesso aos cidadãos, o mais próximo possível de sua resi- da estratégia de regionalização de cada estado, apresente papel de
dência, a um conjunto de ações e serviços vinculados às seguintes referência para outros municípios, em qualquer nível de atenção.
responsabilidades mínimas: E - Unidade territorial de qualificação na assistência à saúde
- assistência pré-natal, parto e puerpério; – representa a base territorial mínima a ser submetida à aprova-
- acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil; ção do Ministério da Saúde e Comissão Intergestores Tripartite para
- cobertura universal do esquema preconizado pelo Programa qualificação na assistência à saúde, que deve ser a menor base ter-
Nacional de Imunizações, para todas as faixas etárias; ritorial de planejamento regionalizado de cada Unidade da Federa-
- ações de promoção da saúde e prevenção de doenças; ção acima do módulo assistencial, seja uma microrregião de saúde
- tratamento das intercorrências mais comuns na infância; ou uma região de saúde (nas UF em que o modelo de regionalização
- atendimento de afecções agudas de maior incidência; adotado não admitir microrregiões de saúde).
- acompanhamento de pessoas com doenças crônicas de alta 5 - Determinar que o Plano Diretor de Regionalização contenha,
prevalência; no que diz respeito à assistência, no mínimo:
- tratamento clínico e cirúrgico de casos de pequenas urgências A - a descrição da organização do território estadual em regi-
ambulatoriais; ões/microrregiões de saúde e módulos assistenciais, com a identifi-
- tratamento dos distúrbios mentais e psicossociais mais fre- cação dos muncípios-sede e municípios-pólo e dos demais municí-
qüentes; pios abrangidos;
- controle das doenças bucais mais comuns; B - a identificação das prioridades de intervenção em cada re-
- suprimento / dispensação dos medicamentos da Farmácia Bá- gião/microrregião;
sica. C - o Plano Diretor de Investimentos para atender as priorida-
B – O acesso de todos os cidadãos aos serviços necessários à des identificadas e conformar um sistema resolutivo e funcional de
resolução de seus problemas de saúde, em qualquer nível de aten- atenção à saúde;
ção, diretamente ou mediante o estabelecimento de compromissos D - a inserção e o papel de todos os municípios nas regiões/
entre gestores para o atendimento de referências intermunicipais. microrregiões de saúde, com identificação dos municípios sede, de
4 - Definir os seguintes conceitos-chaves para a organização sua área de abrangência e dos fluxos de referência;
da assistência no âmbito estadual, que deverão ser observados no E - os mecanismos de relacionamento intermunicipal com or-
Plano Diretor de Regionalização: ganização de fluxos de referência e contra referência e implantação
A – Região de saúde – base territorial de planejamento da de estratégias de regulação visando à garantia do acesso da popu-
atenção à saúde, não necessariamente coincidente com a divisão lação aos serviços;
administrativa do estado, a ser definida pela Secretaria de Estado F - a proposta de estruturação de redes de referência especiali-
da Saúde, de acordo com as especificidades e estratégias de regio- zada em áreas específicas;
nalização da saúde em cada estado, considerando as características G - a identificação das necessidades e a proposta de fluxo de
demográficas, sócio-econômicas, geográficas, sanitárias, epidemio- referência para outros estados, no caso de serviços não disponíveis
lógicas, oferta de serviços, relações entre municípios, entre outras. no território estadual.
Dependendo do modelo de regionalização adotado, um estado 5.1 – A Secretaria de Assistência à Saúde/SAS publicará, no pra-
pode se dividir em regiões e/ou microrregiões de saúde. Por sua vez, zo de 30 (trinta) dias, a contar da publicação desta Norma, a regu-
a menor base territorial de planejamento regionalizado, seja uma lamentação específica sobre o Plano Diretor de Regionalização, no
região ou uma microrregião de saúde, pode compreender um ou que diz respeito à organização da assistência.
mais módulos assistenciais. I.2 – DA AMPLIAÇÃO DO ACESSO E DA QUALIDADE DA ATENÇÃO
B - Módulo assistencial – módulo territorial com resolubilidade BÁSICA
correspondente ao primeiro nível de referência, definida no Item 7 - 6 - Instituir a Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada –
Capítulo I desta Norma, constituído por um ou mais municípios, com GPABA.
área de abrangência mínima a ser estabelecida para cada Unidade 6.1 - Definir como áreas de atuação estratégicas mínimas
da Federação, em regulamentação específica, e com as seguintes para habilitação na condição de Gestão Plena da Atenção Básica
características: Ampliada: o controle da tuberculose, a eliminação da hanseníase,
- conjunto de municípios, entre os quais há um município-sede, o controle da hipertensão arterial, o controle da diabetes mellitus,
habilitado em Gestão Plena do Sistema Municipal/GPSM com capa- a saúde da criança, a saúde da mulher e a saúde bucal, conforme
cidade de ofertar a totalidade dos serviços de que trata o Item 7 - detalhamento apresentado no ANEXO 1 desta Norma.
Capítulo I desta Norma, com suficiência, para sua população e para 6.2 - As ações de que trata o ANEXO 1 desta Norma devem
a população de outros municípios a ele adscritos; ou município em ser assumidas por todos os municípios brasileiros, de acordo com o
Gestão Plena do Sistema Municipal, com capacidade de ofertar com seu perfil epidemiológico, como um componente essencial e mínimo
suficiência a totalidade dos serviços de que trata o Item 7 - Capítulo para o cumprimento das metas do Pacto da Atenção Básica, insti-
I para sua própria população, quando não necessitar desempenhar tuído pela Portaria GM/MS nº 3.925, de 13 de novembro de 1998.
o papel de referência para outros municípios.

167
LEGISLAÇÃO

6.3 - O conjunto de procedimentos assistenciais que compõem 9 - O repasse dos recursos de que trata o Subitem 8.1 - Item
as ações de Atenção Básica Ampliada é compreendido por aqueles 8 - Capítulo I desta Norma, para a cobertura da população de uma
atualmente cobertos pelo Piso de Atenção Básica – PAB, acrescidos dada microrregião estará condicionado à aprovação pela CIT da
dos procedimentos relacionados no ANEXO 2 desta Norma. qualificação da referida microrregião na assistência à saúde.
6.4 - Para o financiamento do elenco de procedimentos da 9.1 - Nas Unidades da Federação cujo modelo de regionaliza-
Atenção Básica Ampliada, será instituído o PAB-Ampliado, e seu va- ção não compreenda microrregiões de saúde, a unidade territorial
lor definido, no prazo de 60 (sessenta) dias, em Portaria Conjunta da de qualificação na assistência à saúde será a menor base territorial
Secretaria Executiva/SE e da Secretaria de Políticas de Saúde/SPS, de planejamento regionalizado acima do módulo assistencial, ou
sendo que os municípios que hoje já recebem o PAB fixo em valor seja, a região de saúde, desde que essa atenda a todos os critérios
superior ao PAB-Ampliado não terão acréscimo no valor per capita. requeridos para o reconhecimento da consistência do Plano Diretor
6.5 - Os municípios já habilitados nas condições de gestão da de Regionalização e às mesmas condições exigidas para a qualifica-
NOB 01/96 estarão aptos a receber o PAB-Ampliado, após avaliação ção das microrregiões descritas nesta Norma e na regulamentação
das Secretarias de Estado da Saúde, aprovação da CIB, e homologa- complementar.
ção da CIT, em relação aos seguintes aspectos: 9.2 - A Secretaria de Assistência à Saúde é a estrutura do MS
a) Plano Municipal de Saúde vinculado à programação físico- responsável pela análise técnica das propostas de qualificação das
-financeira; microrregiões na assistência à saúde, a serem submetidas à apro-
b) alimentação regular dos bancos de dados nacionais do SUS; vação da CIT, de acordo com as regras estabelecidas nesta Norma.
c) desempenho dos indicadores de avaliação da atenção básica 9.3 - O processo de qualificação das microrregiões na assis-
no ano anterior; tência à saúde será detalhado em regulamentação complementar
d) estabelecimento do pacto de melhoria dos indicadores de da Secretaria de Assistência à Saúde, a ser submetida à Comissão
atenção básica no ano subsequente; e Intergestores Tripartite, no prazo de 30 (trinta) dias após a publica-
e) capacidade de assumir as responsabilidades mínimas defini- ção desta Norma.
das no Subitem 6.1 deste Item. 10 - A qualificação de cada microrregião, no âmbito da assis-
6.6 - A Secretaria de Políticas de Saúde/SPS é a estrutura do tência à saúde, estará condicionada a:
Ministério da Saúde responsável pela regulamentação de critérios, A - apresentação pelo gestor estadual do Plano Diretor de Re-
fluxos e instrumentos do processo referido no Subitem 6.5, e deverá, gionalização do estado, aprovado na CIB e CES incluindo o desenho
no prazo de 30 (trinta) dias, apresentá-los à Comissão Intergestores de todas as microrregiões;
Tripartite para deliberação. B - apresentação, para cada microrregião a ser qualificada,
I. 3 – DA QUALIFICAÇÃO DAS MICRORREGIÕES NA ASSISTÊNCIA de: (i) municípios que compõem a microrregião; (ii) definição dos
À SAÚDE módulos assistenciais existentes, com explicitação de sua área de
7 - Definir um conjunto mínimo de procedimentos de média abrangência e do município-sede de cada módulo; (iii) vinculação
complexidade como primeiro nível de referência intermunicipal, de toda a população de cada município da microrregião a um único
com acesso garantido a toda a população no âmbito microrregio- município-sede de módulo assistencial, de forma que cada municí-
nal, ofertados em um ou mais módulos assistenciais. pio integre somente um módulo assistencial e os módulos assisten-
7.1 - Esse conjunto mínimo de serviços de média complexida- ciais existentes cubram toda a população do estado.
de compreende as atividades ambulatoriais, de apoio diagnóstico C - habilitação do(s) município(s)-sede de módulo assistencial
e terapêutico e de internação hospitalar, detalhadas no ANEXO 3 em Gestão Plena do Sistema Municipal e de todos os demais mu-
desta Norma. nicípios da microrregião na condição de Gestão Plena da Atenção
8 - O financiamento federal do conjunto de serviços de que tra- Básica Ampliada.
ta o Item 7 - Capítulo I desta Norma adotará a seguinte lógica: D - comprovação da Programação Pactuada e Integrada im-
8.1 - o financiamento das ações ambulatoriais será feito com plantada, sob a coordenação do gestor estadual, com definição de
base em um valor per capita nacional, a ser definido em portaria limites financeiros para todos os municípios do estado, com separa-
conjunta da Secretaria Executiva/SE e Secretaria de Assistência à ção das parcelas financeiras correspondentes à própria população e
Saúde/SAS, a ser submetida à Comissão Intergestores Tripartite, no à população referenciada;
prazo de 60 (sessenta) dias após a publicação desta Norma. E - apresentação do Termo de Compromisso para Garantia de
8.2 - o financiamento das internações hospitalares será feito Acesso firmado entre cada município-sede e o estado, em relação
de acordo com o processo de Programação Pactuada e Integrada, ao atendimento da população referenciada por outros municípios
conduzido pelo gestor estadual, respeitado o Teto Financeiro da As- a ele adscritos.
sistência/TFA de cada Unidade da Federação. 11- Após a qualificação de uma microrregião, o montante de
8.3 - ao longo do processo de qualificação das microrregiões, recursos correspondente aos procedimentos listados no ANEXO 3
o Ministério da Saúde deverá adicionar recursos ao Teto Financeiro desta Norma destinados à cobertura de sua população, e o mon-
dos Estados para cobrir a diferença entre os gastos atuais com esses tante de recursos referentes à cobertura da população residente
procedimentos e o montante correspondente ao per capita nacional nos municípios a ele adscritos, passam a ser transferidos fundo a
multiplicado pela população. fundo ao município sede de cada módulo assistencial, sendo que
8.4 - nas microrregiões não qualificadas, o financiamento dos a parcela relativa à população residente nos municípios adscritos
procedimentos constantes do ANEXO 3 desta Norma continuará estará condicionada ao cumprimento de Termo de Compromisso
sendo feito de acordo com a lógica de pagamento por produção. para a Garantia de Acesso, conforme normatizado nos Itens 30 e
31 – Capítulo II desta Norma.

168
LEGISLAÇÃO

11.1 - Caso exista na microrregião qualificada um município ha- 14.3 - A programação de internações hospitalares deve com-
bilitado em Gestão Plena da Atenção Básica que disponha em seu preender: a utilização de critérios objetivos que considerem a esti-
território de laboratório de patologia clínica ou serviço de radiolo- mativa de internações necessárias para a população, a distribuição
gia ou ultra-sonografia gineco-obstétrica, em quantidade suficiente e complexidade dos hospitais, o valor médio das Autorizações de
e com qualidade adequada para o atendimento de sua própria po- Internação Hospitalar/AIH, bem como os fluxos de referência entre
pulação, mas que não tenha o conjunto de serviços requeridos para municípios para internações hospitalares.
ser habilitado em Gestão Plena do Sistema Municipal, esse muni- 14.4 - A alocação de recursos correspondentes às referências
cípio poderá celebrar um acordo com o município-sede do módulo intermunicipais, ambulatoriais e hospitalares, decorre do processo
assistencial para, provisoriamente, atender sua própria população de programação integrada entre gestores e do estabelecimento de
no referido serviço. Termo de Compromisso de Garantia de Acesso, tratado no Item 30
I. 4 - DA ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE MÉDIA COMPLEXI- – Capítulo II desta Norma implicando a separação da parcela cor-
DADE   respondente às referências no limite financeiro do município.
12 - A Atenção de Média Complexidade – MC – compreende 15 - Diferentemente do exigido para a organização das refe-
um conjunto de ações e serviços ambulatoriais e hospitalares que rências intermunicipais no módulo assistencial, abordada na seção
visam atender os principais problemas de saúde da população, cuja I.3 – Capítulo I desta Norma, no caso das demais ações de média
prática clínica demande a disponibilidade de profissionais especiali- complexidade, quando os serviços estiverem dispersos por vários
zados e a utilização de recursos tecnológicos de apoio diagnóstico e municípios, admite-se que um mesmo município encaminhe refe-
terapêutico, que não justifique a sua oferta em todos os municípios rências para mais de um pólo de média complexidade, dependendo
do país. da disponibilidade de oferta, condições de acesso e fluxos estabele-
13 - Excetuando as ações mínimas da média complexidade cidos na PPI.
de que trata o Item 7 - Capítulo I desta Norma desta Norma, que 15.1 - O gestor estadual, ao coordenar um processo de plane-
devem ser garantidas no âmbito microrregional, as demais ações jamento global no estado, deve adotar critérios para evitar a super-
assistenciais de média complexidade, tanto ambulatoriais como posição e proliferação indiscriminada e desordenada de serviços,
hospitalares, podem ser garantidas no âmbito microrregional, re- levando sempre em consideração as condições de acessibilidade,
gional ou mesmo estadual, de acordo com o tipo de serviço, a dispo- qualidade e racionalidade na organização de serviços.
nibilidade tecnológica, as características do estado e a definição no 15.2 - Deve-se buscar estabelecer as referências para a média
Plano Diretor de Regionalização do estado. complexidade em um fluxo contínuo, dos municípios de menor com-
13.1 - O gestor estadual deve adotar critérios para a organiza- plexidade para os de maior complexidade, computando, no municí-
ção regionalizada das ações de média complexidade que conside- pio de referência, as parcelas físicas e financeiras correspondentes
rem: necessidade de qualificação e especialização dos profissionais ao atendimento da população dos municípios de origem, conforme
para o desenvolvimento das ações, correspondência entre a prática acordado no processo de Programação Pactuada e Integrada entre
clínica e capacidade resolutiva diagnóstica e terapêutica, comple- os gestores.
xidade e custo dos equipamentos, abrangência recomendável para I. 5- DA POLÍTICA DE ATENÇÃO DE ALTA COMPLEXIDADE/CUSTO
cada tipo de serviço, métodos e técnicas requeridos para a realiza- NO SUS
ção das ações. 16 - A responsabilidade do Ministério da Saúde sobre a política
13.2 - A Secretaria de Assistência à Saúde elaborará, em 30 de alta complexidade/custo se traduz na definição de normas nacio-
(trinta) dias, instrumentos de subsídio à organização e programa- nais, no controle do cadastro nacional de prestadores de serviços,
ção da média complexidade, compreendendo grupos de programa- na vistoria de serviços quando lhe couber, de acordo com as normas
ção e critérios de classificação das ações desse nível de atenção, de cadastramento estabelecidas pelo próprio Ministério da Saúde,
cuja regulamentação específica será submetida à aprovação da CIT. na definição de incorporação dos procedimentos a serem ofertados
14 - O processo de Programação Pactuada e Integrada/PPI, à população pelo SUS, na definição do elenco de procedimentos de
coordenado pelo gestor estadual, cujas diretrizes são apresentadas alta complexidade, no estabelecimento de estratégias que possibili-
nos Itens 24 a 27 – Capítulo II desta Norma representa o principal tem o acesso mais equânime diminuindo as diferenças regionais na
instrumento para garantia de acesso da população aos serviços de alocação dos serviços, na definição de mecanismos de garantia de
média complexidade não disponíveis em seu município de residên- acesso para as referências interestaduais, na busca de mecanismos
cia, devendo orientar a alocação de recursos e definição de limites voltados à melhoria da qualidade dos serviços prestados, no finan-
financeiros para todos os municípios do estado, independente de ciamento das ações.
sua condição de gestão. 16.1 - A garantia de acesso aos procedimentos de alta comple-
14.1 - A programação das ações ambulatoriais de média com- xidade é de responsabilidade solidária entre o Ministério da Saúde e
plexidade deve compreender: identificação das necessidades de as Secretarias de Estado da Saúde e do Distrito Federal.
saúde de sua população, definição de prioridades, aplicação de pa- 17 - O gestor estadual é responsável pela gestão da política de
râmetros físicos e financeiros definidos pelas Secretarias Estaduais alta complexidade/custo no âmbito do estado, mantendo vincula-
de Saúde para os diferentes grupos de ações assistenciais - respei- ção com a política nacional, sendo consideradas intransferíveis as
tados os limites financeiros estaduais - e estabelecimento de fluxos funções de definição de prioridades assistenciais e programação da
de referências entre municípios. alta complexidade, incluindo:
14.2 - A alocação de recursos referentes a cada grupo de pro- A - a definição da alocação de recursos orçamentários do Teto
gramação de ações ambulatoriais de média complexidade para a Financeiro da Assistência/ TFA do estado para cada área de alta
população própria de um dado município terá como limite financei- complexidade;
ro o valor per capita estadual definido para cada grupo, multiplica-
do pela população do município.

169
LEGISLAÇÃO

B - a definição de prioridades de investimentos para garantir o A - parte das ações de alta complexidade será financiada com
acesso da população a serviços de boa qualidade, o que pode, de- recursos do Teto Financeiro da Assistência das unidades da federa-
pendendo das características do estado, requerer desconcentração ção;
ou concentração para a otimização da oferta de serviços, tendo B - parte das ações de alta complexidade será financiada com
em vista a melhor utilização dos recursos disponíveis, a garantia de recursos oriundos do Fundo de Ações Estratégicas e Compensa-
economia de escala e melhor qualidade;    ção – FAEC, ou de outro mecanismo que venha a substituí-lo com a
C - a delimitação da área de abrangência dos serviços de alta mesma finalidade e que será gerenciado pelo Ministério da Saúde,
complexidade; de acordo com a regulamentação específica, a ser estabelecida, no
D - a coordenação do processo de garantia de acesso para a prazo de 60 (sessenta) dias, em ato conjunto da SE e SAS.
população de referência entre municípios; 21 - O Ministério da Saúde/MS definirá os valores de recursos
E – a definição de limites financeiros para a alta complexida- destinados ao custeio da assistência de alta complexidade para
de, com explicitação da parcela correspondente ao atendimento da cada estado e estes, de acordo com a PPI e dentro do limite financei-
população do município onde está localizado o serviço e da parcela ro estadual, deverão prever a parcela dos recursos a serem gastos
correspondente a referências de outros municípios; em cada município para cada área de alta complexidade, destacan-
F - a condução dos remanejamentos necessários na progra- do a parcela a ser utilizada com a população do próprio município e
mação da alta complexidade, inclusive com mudanças nos limites a parcela a ser gasta com a população de referência.
municipais; 22 - A assistência de alta complexidade será programada no
G - os processos de vistoria para inclusão de novos serviços no âmbito regional/estadual, e em alguns casos macrorregional, tendo
que lhe couber, em conformidade com as normas de cadastramento em vista as características especiais desse grupo – alta densidade
do MS; tecnológica e alto custo, economia de escala, escassez de profissio-
H - a implementação de mecanismos de regulação da assistên- nais especializados e concentração de oferta em poucos municípios.
cia em alta complexidade (centrais de regulação, implementação de 22.1 - A programação deve prever, quando necessário, a refe-
protocolos clínicos, entre outros), podendo delegar aos municípios a rência de pacientes para outros estados, assim como reconhecer o
operação desses mecanismos; fluxo programado de pacientes de outros estados, sendo que esta
I - o controle e a avaliação do sistema, quanto à sua resolubili- programação será consolidada pela SAS/MS.
dade e acessibilidade; 23 - A programação da Atenção de Alta Complexidade deverá
J - a otimização da oferta de serviços, tendo em vista a otimi- ser precedida de estudos da distribuição regional de serviços e da
zação dos recursos disponíveis, a garantia de economia de escala e proposição pela Secretaria de Estado da Saúde/SES de um limite fi-
melhor qualidade. nanceiro claro para seu custeio, sendo que Plano Diretor de Regio-
18 - Os municípios que tiverem em seu território serviços de alta nalização apontará as áreas de abrangência dos municípios-pólo e
complexidade/custo, quando habilitados em Gestão Plena do Siste- dos serviços de referência na Atenção de Alta Complexidade.
ma Municipal, deverão desempenhar as funções referentes à orga-
nização dos serviços de alta complexidade em seu território, visando CAPÍTULO II –
assegurar o comando único sobre os prestadores, destacando-se: FORTALECIMENTO DA CAPACIDADE DE GESTÃO NO SUS
A - a programação das metas físicas e financeiras dos presta-
dores de serviços, garantindo a possibilidade de acesso para a sua II. 1 - DO PROCESSO DE PROGRAMAÇÃO DA ASSISTÊNCIA
população e para a população referenciada conforme o acordado 24 - Cabe ao Ministério da Saúde a coordenação do processo de
na PPI e no Termo de Garantia de Acesso assinado com o estado; programação da assistência à saúde em âmbito nacional.
B - realização de vistorias no que lhe couber, de acordo com as 24.1 - As unidades da federação deverão encaminhar ao Minis-
normas do Ministério da Saúde; tério da Saúde uma versão consolidada da Programação Pactuada
C - condução do processo de contratação; e Integrada/PPI, cujo conteúdo será apresentado em regulamenta-
D - autorização para realização dos procedimentos e a efetiva- ção específica.
ção dos pagamentos (créditos bancários); 24.2 - As unidades da federação poderão dispor de instrumen-
E - definição de fluxos e rotinas intramunicipais compatíveis tos próprios de programação adequados às suas especificidades e
com as estaduais; de informações detalhadas acerca da PPI, respeitados os princípios
F - controle, a avaliação e a auditoria de serviços. gerais e os requisitos da versão consolidada a ser enviada ao Minis-
18.1 – Nos municípios habilitados em Gestão Plena da Aten- tério da Saúde.
ção Básica/GPAB ou Gestão Plena da Atenção Básica-Ampliada/ 24.3 - A Secretaria de Assistência à Saúde, por intermédio do
GPBA que tenham serviços de alta complexidade em seu território, Departamento de Descentralização da Gestão da Assistência, deve-
as funções de gestão e relacionamento com os prestadores de alta rá apresentar à Comissão Intergestores Tripartite, no prazo de 30
complexidade, são de responsabilidade do gestor estadual, poden- (trinta) dias, documento de proposição das diretrizes e princípios
do este delegar tais funções aos gestores municipais. orientadores, metodologia e parâmetros referenciais de cobertura
19 - Os procedimentos ambulatoriais e hospitalares que com- e outros instrumentos específicos de apoio à programação da assis-
põem a atenção de alta complexidade/custo foram definidos por tência ambulatorial e hospitalar.
meio da Portaria SAS nº 96, de 27 de março de 2000, publicada no 25 - Cabe à SES a coordenação da programação pactuada e
Diário Oficial de 01 de junho de 2000. integrada no âmbito do estado, por meio do estabelecimento de
20 - O financiamento da alta complexidade se dará de duas processos e métodos que assegurem:
formas: A - que as diretrizes, objetivos e prioridades da política esta-
dual de saúde e os parâmetros de programação, em sintonia com a
Agenda de Compromissos e Metas Nacionais, sejam discutidos com

170
LEGISLAÇÃO

os gestores municipais, aprovados pelos Conselhos Estaduais e im- A - Publicação no Diário Oficial do Estado do limite financeiro
plementados em fóruns regionais e/ou microrregionais de negocia- global da assistência por municípios do estado, independente de
ção entre gestores; sua condição de gestão, composto por uma parcela destinada ao
B - a alocação de recursos centrada em uma lógica de atendi- atendimento da população do próprio município e uma parcela cor-
mento às reais necessidades da população e jamais orientada pelas respondente às referências intermunicipais;
necessidades dos prestadores de serviços; B - Definição de periodicidade e métodos de revisão dos limi-
C - a operacionalização do Plano Diretor de Regionalização e tes financeiros municipais aprovados, que pode se dar em função
de estratégias de regulação do sistema, mediante a adequação dos de: incorporação de novos recursos ao limite financeiro estadual,
critérios e instrumentos de pactuação e alocação dos recursos as- mudanças na capacidade instalada de municípios, remanejamento
sistenciais e a adoção de mecanismos que visem regular a oferta e de referências entre municípios; imposição pelo município-pólo de
a demanda de serviços, organizar os fluxos e garantir o acesso às barreiras ao acesso da população encaminhada por outros municí-
referências; pios, que colidam com as referências intermunicipais negociadas,
D - a explicitação do modelo de gestão com a definição das entre outros motivos.
responsabilidades sobre as diversas unidades assistenciais de forma II. 2 - DAS RESPONSABILIDADES DE CADA NÍVEL DE GOVERNO
coerente com as condições de habilitação e qualificação. NA GARANTIA DE ACESSO DA POPULAÇÃO REFERENCIADA
26 - A Programação Pactuada e Integrada, aprovada pela Co- 28 - O Ministério da Saúde assume, de forma solidária com as
missão Intergestores Bipartite, deverá nortear a alocação de recur- Secretarias de Estado da Saúde e do Distrito Federal, a responsabi-
sos federais da assistência entre municípios pelo gestor estadual, lidade pelo atendimento a pacientes referenciados entre estados.
resultando na definição de limites financeiros claros para todos os 29 - A garantia de acesso da população aos serviços não dis-
municípios do estado, independente da sua condição de habilitação. poníveis em seu município de residência é de responsabilidade do
26.1 - Define-se limite financeiro da assistência por município gestor estadual, de forma solidária com os municípios de referência,
como o limite máximo de recursos federais que poderá ser gasto observados os limites financeiros, devendo o mesmo organizar o sis-
com o conjunto de serviços existentes em cada território municipal, tema de referência utilizando mecanismos e instrumentos necessá-
sendo composto por duas parcelas separadas: recursos destinados rios, compatíveis com a condição de gestão do município onde os
ao atendimento da população própria e recursos destinados ao serviços estiverem localizados.
atendimento da população referenciada de acordo com as negocia- 30 - Nos casos em que os serviços de referência estiverem loca-
ções expressas na PPI. lizados em municípios habilitados em GPSM, os mesmos devem se
26.2 - Os limites financeiros da assistência por município de- comprometer com o atendimento da população referenciada subs-
vem ser definidos globalmente em cada estado a partir da aplicação crevendo com o estado um Termo de Compromisso para Garantia
de critérios e parâmetros de programação ambulatorial e hospita- de Acesso, cuja forma é apresentada no ANEXO 4 desta Norma .
lar, respeitado o limite financeiro estadual, bem como da definição 30.1 - O Termo de Compromisso de Garantia de Acesso tem
de referências intermunicipais na PPI. Dessa forma, o limite finan- como base o processo de programação e contém as metas físicas
ceiro por município deve ser gerado pela programação para o aten- e orçamentárias das ações definidas na PPI a serem ofertadas nos
dimento da própria população, deduzida da necessidade de encami- municípios pólo, os compromissos assumidos pela SES e SMS, os
nhamento para outros municípios e acrescida da programação para mecanismos de garantia de acesso, processo de acompanhamento
atendimento de referências recebidas de outros municípios. e revisão do Termo e sanções previstas.
26.3 - Os municípios habilitados ou que vierem se habilitar 30.2 – A padronização dos instrumentos que correspondem aos
na condição de Gestão Plena do Sistema Municipal devem receber anexos integrantes do Termo de Compromisso de Garantia de Aces-
diretamente, em seu Fundo Municipal de Saúde, o montante total so será disponibilizadas aos gestores pela SAS/SAS, no prazo de 30
de recursos federais correspondente ao limite financeiro programa- (trinta) dias, após a publicação desta Norma
do para aquele município, compreendendo a parcela destinada ao 31 - A SES poderá alterar a parcela de recursos correspondente
atendimento da população própria e, condicionada ao cumprimen- às referências intermunicipais no limite financeiro do município em
to do Termo de Compromisso para Garantia de Acesso celebrado GPSM, nas seguintes situações, detalhadas no Termo de Compro-
com o gestor estadual, a parcela destinada ao atendimento da po- misso para Garantia de Acesso:
pulação referenciada, conforme detalhado no Item 30 – Capítulo II A - periodicamente (período não superior a 12 meses), em fun-
e no ANEXO 4 desta Norma. ção da revisão global da PPI, conduzida pela SES e aprovada pela
26.4 - Os limites financeiros da assistência por município es- CIB;
tão sujeitos a reprogramação em função da revisão periódica da B - trimestralmente, em decorrência do acompanhamento da
PPI, coordenada pelo gestor estadual. Particularmente, a parcela execução do Termo e do fluxo de atendimento das referências, de
correspondente às referências intermunicipais, poderá ser alterada forma a promover os ajustes necessários, a serem informados à CIB
pelo gestor estadual, trimestralmente, em decorrência de ajustes no em sua reunião subsequente;
Termo de Compromisso e pontualmente, em uma série de situações C - pontualmente, por meio de alteração direta pela SES (res-
específicas, detalhadas nos Itens 31 e 32 – Capítulo II e no ANEXO peitados os prazos de comunicação aos gestores estabelecidos no
4 desta Norma. Termo de Compromisso, conforme detalhado no ANEXO 4 desta
27 - A SES deverá obrigatoriamente encaminhar ao Ministério Norma), a ser informada à CIB em sua reunião subsequente, nos se-
da Saúde, em prazo a ser estabelecido pela SAS/MS, os seguintes guintes casos: abertura de novo serviço em município que anterior-
produtos do processo de programação da assistência: mente encaminhava sua população para outro; redirecionamento
do fluxo de referência da população de um município pólo para
outro, solicitado pelo gestor municipal; problemas no atendimento

171
LEGISLAÇÃO

da população referenciada ou descumprimento pelo município em 37.4 - Os procedimentos técnico-administrativos prévios à re-
GPSM dos acordos estabelecidos no Termo de Compromisso para alização de serviços e à ordenação dos respectivos pagamentos,
Garantia de Acesso. especialmente a autorização de internações e de procedimentos
32 - Quaisquer alterações nos limites financeiros dos municí- ambulatoriais de alta complexidade e/ou alto custo, devem ser or-
pios em Gestão Plena do Sistema Municipal, decorrentes de ajuste ganizados de forma a facilitar o acesso dos usuários e permitir o
ou revisão da programação e do Termo de Compromisso para Ga- monitoramento adequado da produção e faturamento de serviços.
rantia do Acesso serão comunicadas pelas SES a SAS/MS, para que 37.5 - Outros mecanismos de controle e avaliação devem ser
esta altere os valores a serem transferidos ao Fundo Municipal de adotados pelo gestor público, como o acompanhamento dos orça-
Saúde correspondente. mentos públicos em saúde, a análise da coerência entre a progra-
33 - Para habilitar-se ou permanecer habilitado na condição de mação, a produção e o faturamento apresentados e a implementa-
GPSM, o município deverá participar do processo de programação ção de críticas possibilitadas pelos sistemas informatizados quanto
e assumir, quando necessário, o atendimento à população de refe- à consistência e confiabilidade das informações disponibilizadas
rência, conforme acordado na PPI e consolidado por meio da assina- pelos prestadores.
tura do referido Termo de Compromisso para a Garantia do Acesso. 38 - A avaliação da qualidade da atenção pelos gestores deve
II.3 - DO PROCESSO DE CONTROLE, AVALIAÇÃO E REGULAÇÃO envolver tanto a implementação de indicadores objetivos baseados
DA ASSISTÊNCIA em critérios técnicos, como a adoção de instrumentos de avaliação
34 - As funções de controle e avaliação devem ser coerentes da satisfação dos usuários do sistema, que considerem a acessibili-
com os processos de planejamento, programação e alocação de re- dade, a integralidade da atenção, a resolubilidade e qualidade dos
cursos em saúde tendo em vista sua importância para a revisão de serviços prestados.
prioridades e diretrizes, contribuindo para o alcance de melhores 39 - A avaliação dos resultados da atenção e do impacto na saú-
resultados em termos de impacto na saúde da população. de deve envolver o acompanhamento dos resultados alcançados
35 - O fortalecimento das funções de controle e avaliação dos em função dos objetivos, indicadores e metas apontados no plano
gestores do SUS deve se dar principalmente, nas seguintes dimen- de saúde, voltados para a melhoria do nível de saúde da população.
sões: 40 - Ao gestor do SUS responsável pelo relacionamento com
A - avaliação da organização do sistema e do modelo de ges- cada unidade, conforme sua condição de habilitação e qualificação,
tão; cabe programar e regular a oferta de serviços e seu acesso de acor-
B - relação com os prestadores de serviços; do com as necessidades identificadas.
C - qualidade da assistência e satisfação dos usuários; 40.1 – A regulação da assistência deverá ser efetivada por meio
D - resultados e impacto sobre a saúde da população. da implantação de complexos reguladores que congreguem unida-
36 - Todos os níveis de governo devem avaliar o funcionamen- des de trabalho responsáveis pela regulação das urgências, consul-
to do sistema de saúde, no que diz respeito ao desempenho nos tas, leitos e outros que se fizerem necessários.
processos de gestão, formas de organização e modelo de atenção, 41 - A regulação da assistência, voltada para a disponibilização
tendo como eixo orientador a promoção da equidade no acesso e na da alternativa assistencial mais adequada à necessidade do cida-
alocação dos recursos, e como instrumento básico para o acompa- dão, de forma equânime, ordenada, oportuna e qualificada, pres-
nhamento e avaliação dos sistemas de saúde o Relatório de Gestão; supõe:
37 - O controle e a avaliação dos prestadores de serviços, a ser A - a realização prévia de um processo de avaliação das neces-
exercido pelo gestor do SUS responsável de acordo com a condição sidades de saúde e de planejamento/programação, que considere
de habilitação e modelo de gestão adotado, compreende o conhe- aspectos epidemiológicos, os recursos assistenciais disponíveis e
cimento global dos estabelecimentos de saúde localizados em seu condições de acesso às unidades de referência;
território, o cadastramento de serviços, a condução de processos B – a definição da estratégia de regionalização que explicite a
de compra e contratualização de serviços de acordo com as necessi- responsabilização e papel dos vários municípios, bem como a inser-
dades identificadas e regras legais, o acompanhamento do fatura- ção das diversas unidades assistenciais na rede;
mento, quantidade e qualidade dos serviços prestados, entre outras C – a delegação de autoridade sanitária ao médico regulador,
atribuições. para que exerça a responsabilidade sobre a regulação da assistên-
37.1 - O cadastro completo e fidedigno de unidades prestado- cia, instrumentalizada por protocolos técnico-operacionais;
ras de serviços de saúde é um requisito básico para programação D – a definição das interfaces da estratégia da regulação da
de serviços assistenciais, competindo ao gestor do SUS responsável assistência com o processo de planejamento, programação e outros
pelo relacionamento com cada unidade, seja própria, contratada instrumentos de controle e avaliação.
ou conveniada, a garantia da atualização permanente dos dados II . 4 - DOS HOSPITAIS PÚBLICOS SOB GESTÃO DE OUTRO NÍVEL
cadastrais e de alimentação dos bancos de dados nacionais do SUS. DE GOVERNO:
37.2 - O interesse público e a identificação de necessidades as- 42 - Definir que unidades hospitalares públicas sob gerência de
sistenciais devem pautar o processo de compra de serviços na rede um nível de governo e gestão de outro, habilitado em gestão plena
privada, que deve seguir a legislação, as normas administrativas do sistema, preferencialmente deixem de ser remunerados por pro-
específicas e os fluxos de aprovação definidos na Comissão Inter- dução de serviços e passem a receber recursos correspondentes à
gestores Bipartite, quando a disponibilidade da rede pública for in- realização de metas estabelecidas de comum acordo.
suficiente para o atendimento da população. 43 - Aprovar, na forma do Anexo 5 desta Norma, modelo con-
37.3 - Os contratos de prestação de serviços devem representar tendo cláusulas mínimas do Termo de Compromisso a ser firmado
instrumentos efetivos de responsabilização dos prestadores com os entre as partes envolvidas, com o objetivo de regular a contratuali-
objetivos, atividades e metas estabelecidas pelos gestores de acor- zação dos serviços oferecidos e a forma de pagamento das unidades
do com as necessidades de saúde identificadas. hospitalares.

172
LEGISLAÇÃO

44 - Os recursos financeiros para cobrir o citado Termo de i) Realização do cadastro, contratação, controle, avaliação, au-
Compromisso devem ser subtraídos das parcelas correspondentes ditoria e pagamento aos prestadores dos serviços contidos no PABA,
à população própria e à população referenciada do teto financeiro localizados em seu território e vinculados ao SUS;
do (município/estado), e repassado diretamente ao ente público ge- j) Operação do SIA/SUS e o SIAB, quando aplicável, conforme
rente da unidade, em conta específica para esta finalidade aberta normas do Ministério da Saúde, e alimentação junto à Secretaria
em seu fundo de saúde. Estadual de Saúde, dos bancos de dados nacionais;
CAPÍTULO III . CRITÉRIOS DE HABILITAÇÃO E DESABILITAÇÃO DE k) Autorização, desde que não haja definição contrária por par-
MUNICÍPIOS E ESTADOS te da CIB, das internações hospitalares e dos procedimentos am-
III . 1 - CONDIÇÕES DE HABILITAÇÃO DE MUNICÍPIOS E ESTADOS bulatoriais especializados, realizados no município, que continuam
A presente Norma atualiza as condições de gestão estabele- sendo pagos por produção de serviços;
cidas na NOB SUS 01/96, explicitando as responsabilidades, os re- l) Manutenção do cadastro atualizado das unidades assisten-
quisitos relativos às modalidades de gestão e as prerrogativas dos ciais sob sua gestão, segundo normas do MS;
gestores municipais e estaduais. m) Realização de avaliação permanente do impacto das ações
45 - A habilitação dos municípios e estados às diferentes condi- do Sistema sobre as condições de saúde dos seus munícipes e sobre
ções de gestão significa a declaração dos compromissos assumidos o seu meio ambiente, incluindo o cumprimento do pacto de indica-
por parte do gestor perante os outros gestores e perante a popula- dores da atenção básica;
ção sob sua responsabilidade. n) Execução das ações básicas de vigilância sanitária, de acordo
III .1.1 - Do processo de habilitação dos municípios: com a legislação em vigor e a normatização da Agência Nacional de
46 - A partir da publicação desta Norma, e considerando o Vigilância Sanitária / ANVISA;
prazo previsto no seu Item 59 – Capítulo IV, os municípios poderão o) Execução das ações básicas de epidemiologia, de controle
habilitar-se em duas condições: de doenças e de ocorrências mórbidas, decorrentes de causas ex-
GESTÃO PLENA DA ATENÇÃO BÁSICA AMPLIADA; e ternas, como acidentes, violências e outras, de acordo com norma-
GESTÃO PLENA DO SISTEMA MUNICIPAL. tização vigente;
46.1 - Todos os municípios que vierem a ser habilitados em Ges- p) Elaboração do relatório anual de gestão e aprovação pelo
tão Plena do Sistema Municipal, de acordo com as normas do Item Conselho Municipal de Saúde/CMS.
48 – Capítulo II desta Norma, estarão também habilitados em Ges- Requisitos
tão Plena da Atenção Básica Ampliada. a) Comprovar o funcionamento do CMS;
46.2 - Cabe à Secretaria Estadual de Saúde a gestão do SUS nos b) Comprovar a operação do Fundo Municipal de Saúde;
municípios não habilitados, enquanto for mantida a situação de não c) Apresentar o Plano Municipal de Saúde do período em curso,
habilitação. aprovado pelo respectivo Conselho Municipal de Saúde, contendo a
47 - Os municípios, para se habilitarem à Gestão Plena da Aten- programação física e financeira dos recursos assistenciais destina-
ção Básica Ampliada, deverão assumir as responsabilidades, cum- dos ao município;
prir os requisitos e gozar das prerrogativas definidas a seguir: d) Comprovar a disponibilidade de serviços, com qualidade e
Responsabilidades quantidade suficientes, em seu território, para executar todo o elen-
a) Elaboração do Plano Municipal de Saúde, a ser submetido à co de procedimentos constantes Subitem 6.3 – Item 6 – Capítulo I
aprovação do Conselho Municipal de Saúde, que deve contemplar a desta Norma;
Agenda de Compromissos Municipal, harmonizada com as agendas e) Comprovar capacidade técnica e administrativa e condições
nacional e estadual, a integração e articulação do município na rede materiais para o exercício de suas responsabilidades e prerrogati-
estadual e respectivas responsabilidades na PPI do estado, incluindo vas quanto à contratação, ao pagamento, ao controle, avaliação e
detalhamento da programação de ações e serviços que compõem o à auditoria dos serviços sob sua gestão;
sistema municipal, bem como o Quadro de Metas, mediante o qual f) Comprovar, por meio da alimentação do Sistema de Informa-
será efetuado o acompanhamento dos Relatórios de Gestão; ções sobre Orçamentos Públicos em Saúde/SIOPS, a dotação orça-
b) Gerência de unidades ambulatoriais próprias; mentária do ano e o dispêndio realizado no ano anterior, correspon-
c) Gerência de unidades ambulatoriais transferidas pelo estado dente à contrapartida de recursos financeiros próprios do Tesouro
ou pela União: Municipal, de acordo com a Emenda Constitucional 29, de 14 de
d) Organização da rede de atenção básica, incluída a gestão de setembro de 2000;
prestadores privados, caso haja neste nível de atenção; g) Dispor de médico(s) formalmente designado(s) pelo gestor
e) Cumprimento das responsabilidades definidas no Subitem como responsável(is) pela autorização prévia (quando for o caso),
6.1 – Item 6 – Capítulo I desta Norma ; controle, avaliação e auditoria dos procedimentos e serviços realiza-
f) Disponibilização, em qualidade e quantidade suficiente para dos, em número adequado para assumir essas responsabilidades;
a sua população, de serviços capazes de oferecer atendimento con- h) Comprovar a capacidade para o desenvolvimento de ações
forme descrito no Subitem 6.3 – Item 6 – Capítulo I desta Norma; de vigilância sanitária, conforme normatização da ANVISA;
g) Desenvolvimento do cadastramento nacional dos usuários i) Comprovar a capacidade para o desenvolvimento de ações de
do SUS, segundo a estratégia de implantação do Cartão Nacional vigilância epidemiológica;
de Saúde, com vistas à vinculação de clientela e à sistematização da j) Comprovar a disponibilidade de estrutura de recursos huma-
oferta dos serviços; nos para supervisão e auditoria da rede de unidades, dos profissio-
h) Prestação dos serviços relacionados aos procedimentos co- nais e dos serviços realizados;
bertos pelo PAB ampliado e acompanhamento, no caso de referên-
cia interna ou externa ao município, dos demais serviços prestados
aos seus munícipes, conforme a PPI, mediado pela SES;

173
LEGISLAÇÃO

k) Submeter-se à avaliação pela SES em relação à capacida- k) Avaliação permanente do impacto das ações do Sistema so-
de de oferecer todo o Elenco de Procedimentos Básicos Ampliado bre as condições de saúde dos seus munícipes e sobre o meio am-
- EPBA e ao estabelecimento do Pacto de AB para o ano 2001 e sub- biente;
seqüentes; l) Execução das ações básicas, de média e alta complexidade
l) Formalizar, junto ao gestor estadual, com vistas à CIB, após em vigilância sanitária, pactuadas na CIB;
aprovação pelo CMS, o pleito de habilitação, atestando o cumpri- m) Execução de ações de epidemiologia, de controle de do-
mento dos requisitos relativos à condição de gestão pleiteada. enças e de ocorrências mórbidas, decorrentes de causas externas,
Prerrogativas como acidentes, violências e outras pactuadas na CIB.
a) Transferência regular e automática dos recursos referentes Requisitos
ao Piso de Atenção Básica Ampliado - PABA, correspondente ao fi- a) Comprovar o funcionamento do CMS;
nanciamento do Elenco de Procedimentos Básicos e do incentivo de b) Comprovar a operação do Fundo Municipal de Saúde;
vigilância sanitária; c) Apresentar o Plano Municipal de Saúde, aprovado pelo CMS,
b) Gestão municipal de todas as unidades básicas de saúde, que deve contemplar a Agenda de Compromissos Municipal, har-
públicas ou privadas (lucrativas e filantrópicas), localizadas no ter- monizada com as agendas nacional e estadual, a integração e ar-
ritório municipal; ticulação do município na rede estadual e respectivas responsabili-
c) Transferência regular e automática dos recursos referentes dades na PPI do estado, incluindo detalhamento da programação
ao PAB variável, desde que qualificado conforme as normas vigen- de ações e serviços que compõem o sistema municipal, bem como
tes. o Quadro de Metas, mediante o qual será efetuado o acompanha-
48 - Os municípios, para se habilitarem à Gestão Plena do Sis- mento dos Relatórios de Gestão;
tema Municipal, deverão assumir as responsabilidades, cumprir os d) Demonstrar desempenho satisfatório nos indicadores cons-
requisitos e gozar das prerrogativas definidas a seguir: tantes do Pacto da Atenção Básica, de acordo com normatização
Responsabilidades da SPS;
a) Elaboração do Plano Municipal de Saúde, a ser submetido à e) Demonstrar desempenho satisfatório na gestão da atenção
aprovação do Conselho Municipal de Saúde, que deve contemplar a básica, conforme avaliação descrita no Subitem 6.5 – Item 6 – Capí-
Agenda de Compromissos Municipal, harmonizada com as agendas tulo I desta Norma;
nacional e estadual, a integração e articulação do município na rede f) Comprovar a oferta com qualidade e em quantidade suficien-
estadual e respectivas responsabilidades na PPI do estado, incluindo te, em seu território, de todo o elenco de procedimentos cobertos
detalhamento da programação de ações e serviços que compõem o pelo PABA e daqueles definidos no Anexo 3 desta Norma, bem como
sistema municipal, bem como o Quadro de Metas, mediante o qual de leitos hospitalares para realização, no mínimo, de parto normal e
será efetuado o acompanhamento dos Relatórios de Gestão; primeiro atendimento nas clínicas médica e pediátrica;
b) Gerência de unidades próprias, ambulatoriais e hospitalares; g) Firmar Termo de Compromisso para Garantia de Acesso com
c) Gerência de unidades assistenciais transferidas pelo estado a Secretaria de Estado da Saúde;
e pela União; h) Comprovar a estruturação do componente municipal do Sis-
d) Gestão de todo o sistema municipal, incluindo a gestão sobre tema Nacional de Auditoria/SNA;
os prestadores de serviços de saúde vinculados ao SUS, indepen- i) Participar da elaboração e da implementação da PPI do esta-
dente da sua natureza jurídica ou nível de complexidade, exercendo do, bem assim da alocação de recursos expressa na programação;
o mando único, ressalvado as unidades estatais de hemonúcleos/ j) Comprovar capacidade técnica e administrativa e condições
hemocentros e os laboratórios de saúde pública, em consonância materiais para o exercício de suas responsabilidades e prerrogativas
com o disposto no Item 50 – Capítulo III desta Norma; quanto ao cadastro, à contratação, ao controle, avaliação, à audito-
e) Desenvolvimento do cadastramento nacional dos usuários ria e ao pagamento dos serviços sob sua gestão, bem como avaliar
do SUS segundo a estratégia de implantação do Cartão Nacional o impacto das ações do Sistema sobre a saúde dos seus munícipes;
de Saúde, com vistas à vinculação da clientela e sistematização da k) Comprovar, por meio da alimentação do SIOPS, a dotação
oferta dos serviços; orçamentária do ano e o dispêndio no ano anterior correspondente
f) Garantia do atendimento em seu território para sua popula- à contrapartida de recursos financeiros próprios do Tesouro Munici-
ção e para a população referenciada por outros municípios, dispo- pal, de acordo com a Emenda Constitucional 29, de 14 de setembro
nibilizando serviços necessários, conforme definido na PPI, e trans- de 2000;
formado em Termo de Compromisso para a Garantia de Acesso, l) Dispor de médico(s) formalmente designado(s) pelo gestor,
assim como organização do encaminhamento das referências para como responsável(is) pela autorização prévia (quando for o caso),
garantir o acesso de sua população a serviços não disponíveis em controle, avaliação e auditoria dos procedimentos e serviços realiza-
seu território; dos, em número adequado para assumir essas responsabilidades;
g) Integração dos serviços existentes no município às centrais m) Comprovar o funcionamento de serviço estruturado de vigi-
de regulação ambulatoriais e hospitalares; lância sanitária e capacidade para o desenvolvimento de ações de
h) Cadastro, contratação, controle, avaliação, auditoria e pa- vigilância sanitária, de acordo com a legislação em vigor e a pactu-
gamento aos prestadores de serviços ambulatoriais e hospitalares ação estabelecida com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária;
localizados em seu território e vinculados ao SUS; n) Comprovar a estruturação de serviços e atividades de vigi-
i) Operação do SIH e do SIA/SUS, conforme normas do MS, e lância epidemiológica e de controle de zoonoses, de acordo com a
alimentação, junto a SES, dos bancos de dados de interesse nacional pactuação estabelecida com a Fundação Nacional de Saúde.
e estadual; o) Apresentar o Relatório de Gestão do ano anterior à solicita-
j) Manutenção do cadastro atualizado de unidades assisten- ção do pleito, devidamente aprovado pelo CMS;
ciais em seu território, segundo normas do MS;

174
LEGISLAÇÃO

p) Comprovar a organização do componente municipal do Sis- i)Manutenção do cadastro atualizado de unidades assistenciais
tema Nacional de Auditoria e de mecanismos de controle e avalia- sob sua gestão, segundo normas do MS, e coordenação do cadastro
ção; estadual de prestadores;
q) Comprovar disponibilidade orçamentária suficiente e me- j) Cooperação técnica e financeira com o conjunto de municí-
canismos para pagamento de prestadores públicos e privados de pios, objetivando a consolidação do processo de descentralização,
saúde; a organização da rede regionalizada e hierarquizada de serviços, a
r) Formalizar, junto ao gestor estadual com vistas à CIB, após realização de ações de epidemiologia, de controle de doenças, de
aprovação pelo CMS, o pleito de habilitação, atestando o cumpri- vigilância sanitária, assim como o pleno exercício das funções ges-
mento dos requisitos específicos relativos à condição de gestão plei- toras de planejamento, controle, avaliação e auditoria;
teada. k) Estruturação e operação do Componente Estadual do SNA;
Prerrogativas l) Implementação de políticas de integração das ações de sane-
a) Transferência, regular e automática, dos recursos referentes amento às de saúde;
ao valor per capita definido para o financiamento dos procedimen- m) Coordenação das atividades de vigilância epidemiológica e
tos constantes do Anexo 3 desta Norma , após qualificação da mi- de controle de doenças e execução complementar conforme pactu-
crorregião na qual está inserido, para sua própria população e, caso ação estabelecida com a Fundação Nacional de Saúde.
seja sede de módulo assistencial, para a sua própria população e n) Execução de operações complexas voltadas ao controle de
população dos municípios abrangidos; doenças que possam se beneficiar da economia de escala;
b) Receber, diretamente no Fundo Municipal de Saúde, o mon- o) Coordenação das atividades de vigilância sanitária e execu-
tante total de recursos federais correspondente ao limite financeiro ção complementar conforme a legislação em vigor e pactuação es-
programado para o município, compreendendo a parcela destinada tabelecida com a ANVISA;
ao atendimento da população própria e aquela destinada ao aten- p) Execução das ações básicas de vigilância sanitária referentes
dimento à população referenciada, de acordo com o Termo de Com- aos municípios não habilitados nas condições de gestão estabeleci-
promisso para Garantia de Acesso firmado; das nesta Norma ;
c) Gestão do conjunto das unidades ambulatoriais especializa- q) Execução das ações de média e alta complexidade de vigilân-
das e hospitalares, estatais ou privadas, estabelecidas no território cia sanitária, exceto as realizadas pelos municípios habilitados na
municipal. condição de Gestão Plena de Sistema Municipal;
III.1.2 - Do processo de habilitação dos Estados r) apoio logístico e estratégico às atividades de atenção à saúde
49 - A partir da publicação desta Norma, os estados podem das populações indígenas, na conformidade de critérios estabeleci-
habilitar-se em duas condições: dos pela CIT.
GESTÃO AVANÇADA DO SISTEMA ESTADUAL Requisitos
GESTÃO PLENA DO SISTEMA ESTADUAL. a) Apresentar o Plano Estadual de Saúde, aprovado pelo CES,
50 – São atributos comuns as duas condições de gestão esta- contendo minimamente:
dual: - Quadro de Metas, compatível com a Agenda de Compromis-
Responsabilidades sos, por meio do qual a execução do Plano será acompanhada anu-
a) Elaboração do Plano Estadual de Saúde, e do Plano Diretor almente nos relatórios de gestão;
de Regionalização conforme previsto no Item 2 – Capítulo I desta - programação integrada das ações ambulatoriais, hospitalares
Norma; e de alto custo, de epidemiologia e de controle de doenças – incluin-
b) Coordenação da PPI do estado, contendo a referência in- do, entre outras, as atividades de vacinação, de controle de vetores
termunicipal e pactos de negociação na CIB para alocação dos re- e de reservatórios – de saneamento, de pesquisa e desenvolvimento
cursos, conforme expresso no item que descreve a PPI, nos termos tecnológico, de educação e de comunicação em saúde, bem como as
desta Norma; relativas às ocorrências mórbidas decorrentes de causas externas;
c) Gestão e gerência de unidades estatais de hemonúcleos/he- - estratégias de descentralização das ações de saúde para mu-
mocentros e de laboratórios de referência para controle de qualida- nicípios;
de, vigilância sanitária e vigilância epidemiológica; - estratégias de reorganização do modelo de atenção;
d) Formulação e execução da política de sangue e hemoterapia, - Plano Diretor de Regionalização, explicitando: módulos assis-
de acordo com a política nacional; tenciais, microrregiões e regiões, com a identificação dos núcleos
e) Coordenação do sistema de referências intermunicipais, dos módulos assistenciais e dos pólos microrregionais e regionais
organizando o acesso da população, bem como a normalização e de média complexidade; os prazos para qualificação das microrregi-
operação de câmara de compensação para internações, procedi- ões; o plano diretor de investimento para a formação e expansão de
mentos especializados e de alto custo e ou alta complexidade, via- módulos assistenciais; proposição de estratégias de monitoramento
bilizando com os municípios-pólo os Termos de Compromisso para e garantia de referências intermunicipais e critérios de revisão peri-
a Garantia de Acesso; ódica dos tetos financeiros dos municípios;
f) Gestão dos sistemas municipais nos municípios não habili- b) Apresentar a Programação Pactuação Integrada, baseada
tados; no Plano de Regionalização, conforme definido no Item 5 – Capítulo
g) Formulação e execução da política estadual de assistência I e Seção II.1 Capítulo II desta Norma;
farmacêutica, de acordo com a política nacional; c) Alimentar com os dados financeiros do Estado no Sistema de
h) Normalização complementar de mecanismos e instrumen- Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde – SIOPS;
tos de administração da oferta e controle da prestação de serviços d) Comprovar o funcionamento da CIB;
ambulatoriais, hospitalares, de alto custo, do tratamento fora do e) Comprovar a operação do Fundo Estadual de Saúde;
domicílio e dos medicamentos e insumos especiais;

175
LEGISLAÇÃO

f) Apresentar relatório de gestão aprovado pelo CES, relativo ao a) Cadastro, contratação, controle, avaliação e auditoria e pa-
ano anterior à solicitação do pleito; gamento aos prestadores do conjunto dos serviços sob gestão es-
g) Comprovar a transferência da gestão da atenção hospitalar tadual;
e ambulatorial aos municípios habilitados, conforme a respectiva b) Operação do SIA/SUS e do SIH/SUS, conforme normas do MS,
condição de gestão; e alimentação dos bancos de dados de interesse nacional.
h) Comprovar a estruturação do componente estadual do SNA; Requisitos
i) Comprovar capacidade técnica e administrativa e condições a) Comprovar a implementação da programação integrada das
materiais para o exercício de suas responsabilidades e prerrogati- ações ambulatoriais, hospitalares e de alto custo, contendo a refe-
vas, quanto à contratação, pagamento, controle, avaliação e audi- rência intermunicipal e os critérios para a sua elaboração;
toria dos serviços sob sua gestão e quanto à avaliação do impacto b) Comprovar a operacionalização de mecanismos e instrumen-
das ações do Sistema sobre as condições de saúde da população do tos de regulação dos serviços ambulatoriais e hospitalares;
estado. c) Dispor de 80% dos municípios habilitados nas condições de
j) Comprovar, por meio de alimentação do SIOPS, a dotação or- gestão estabelecidas nesta Norma, independente do seu contingen-
çamentária do ano e o dispêndio no ano anterior, correspondente à te populacional; ou 50% dos municípios, desde que, nestes, residam
contrapartida de recursos financeiros próprios do Tesouro Estadual, 80% da população;
de acordo com a Emenda Constitucional nº 29, de 14 de setembro d) Dispor de 50% do valor do Teto Financeiro da Assistência/TFA
de 2000; do estado comprometido com transferências regulares e automáti-
k) Comprovar a Certificação do processo de descentralização cas aos municípios;
das ações de epidemiologia e controle de doenças; e) Comprovar disponibilidade orçamentária e mecanismos de
l) Comprovar o funcionamento de serviço de vigilância sanitária pagamento aos prestadores públicos e privados, bem como de re-
no estado, organizado segundo a legislação e capacidade de desen- passe aos fundos municipais de saúde.
volvimento de ações de vigilância sanitária; f) Comprovar descentralização para os municípios habilitados
m) Apresentar à CIT a formalização do pleito, devidamente da rede de Unidades Assistenciais Básicas.
aprovado pelo CES e pela CIB, atestando o cumprimento dos requi- Prerrogativas
sitos gerais e específicos relativos à condição de gestão pleiteada. a) Transferência regular e automática dos recursos correspon-
51 - Além dos atributos comuns as duas condições de gestão dentes ao valor do TFA, deduzidas as transferências fundo a fundo
estadual, ficam estabelecidos os seguintes atributos específicos à realizadas a municípios habilitados;
Gestão Avançada do Sistema Estadual: b) Transferência regular e automática referente às ações reali-
Responsabilidades zadas na área de Vigilância Sanitária;
a) Contratação, controle, avaliação, auditoria e ordenação do c) Remuneração por serviços produzidos na área da vigilância
pagamento do conjunto dos serviços sob gestão estadual; sanitária;
b) Contratação, controle, avaliação, auditoria e pagamento d) Normalização complementar, pactuada na CIB e aprovada
dos prestadores de serviços incluídos no PAB dos municípios não pelo CES, relativa ao pagamento de prestadores de serviços assis-
habilitados; tenciais sob sua gestão, inclusive alteração de valores de procedi-
c) Operação do SIA/SUS, conforme normas do MS, e alimenta- mentos, tendo a tabela nacional como referência mínima;
ção dos bancos de dados de interesse nacional. e) Transferência de recursos referentes às ações de epidemiolo-
Requisitos gia e de controle de doenças.
a) Apresentar a programação pactuada e integrada ambulato- III . 2 - DA DESABILITAÇÃO
rial, hospitalar e de alto custo, contendo a referência intermunicipal III.2.1 - Da desabilitação dos municípios
e os critérios para sua elaboração; 53 - Cabe à Comissão Intergestores Bipartite Estadual a desa-
b) Dispor de 60% dos municípios do estado habilitados nas con- bilitação dos municípios, que deverá ser homologada pela Comissão
dições de gestão estabelecidas nesta Norma, independente do seu Intergestores Tripartite.
contingente populacional; ou 40% dos municípios habilitados, des- III.2.1.1 - Da condição de Gestão Plena da Atenção Básica Am-
de que, nestes, residam 60% da população; pliada
c) Dispor de 30% do valor do limite financeiro programado 54 - Os municípios habilitados em gestão plena da atenção bá-
comprometido com transferências regulares e automáticas aos mu- sica ampliada serão desabilitados quando:
nicípios. A - descumprirem as responsabilidades assumidas na habilita-
Prerrogativas ção do município;
a) Transferência regular e automática dos recursos correspon- B - apresentarem situação irregular na alimentação dos Bancos
dentes ao Piso Assistencial Básico/PAB relativos aos municípios não de Dados Nacionais por mais de 04 (quatro) meses consecutivos;
habilitados; C - a cobertura vacinal for menor do que 70% do preconizado
b) Transferência de recursos referentes às ações de vigilância pelo PNI para as vacinas: BCG, contra a poliomielite, contra o sa-
sanitária; rampo e DPT;
c) Transferência de recursos referentes às ações de epidemiolo- D - apresentarem produção de serviços insuficiente, segundo
gia e controle de doenças. parâmetros definidos pelo MS e aprovados pela CIT, de alguns pro-
52 - Além dos atributos comuns as duas condições de gestão cedimentos básicos estratégicos;
estadual, ficam estabelecidos os seguintes atributos específicos à E - não firmarem o Pacto de Indicadores da Atenção Básica;
Gestão Plena do Sistema Estadual: F - apresentarem irregularidades que comprometam a gestão
Responsabilidades municipal, identificadas pelo componente estadual e/ou nacional
do SNA.

176
LEGISLAÇÃO

55 - São motivos de suspensão imediata, pelo Ministério da 60 - Os municípios atualmente habilitados em Gestão Plena
Saúde, dos repasses financeiros transferidos mensalmente, Fundo a Atenção Básica e os que se habilitarem conforme previsto no Item
Fundo, para os municípios: 59, deste Capítulo, deverão se adequar às condições estabelecidas
A - Não pagamento aos prestadores de serviços sob sua ges- para a habilitação em Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada.
tão, públicos ou privados, até 60 (sessenta) dias após a apresenta- 61 - Os municípios atualmente habilitados em Gestão Plena
ção da fatura pelo prestador; do Sistema Municipal e os que se habilitarem conforme previsto no
B - Falta de alimentação dos bancos de dados nacionais por 02 Item 59, deste Capítulo, deverão se adequar, no prazo de 180 (cen-
(dois) meses consecutivos ou 03 (três) meses alternados; to e oitenta) dias, às condições estabelecidas para a habilitação
C - Indicação de suspensão por Auditoria realizada pelos com- em Gestão Plena do Sistema Municipal definidas nesta Norma, sob
ponentes estadual ou nacional do SNA, respeitado o prazo de defesa pena de desabilitação na modalidade.
do município envolvido. 61.1 – Estes municípios poderão se manter habilitados na Ges-
III.2.1.2 - Da condição de Gestão Plena do Sistema Municipal: tão Plena da Atenção Básica ou Atenção Básica Ampliada, de acor-
56 - Os municípios habilitados na gestão Plena do Sistema Mu- do com a avaliação descrita nos Subitens 6.5 e 6.6 – Item 6 Capítulo
nicipal serão desabilitados quando: I desta Norma.
A - não cumprirem as responsabilidades definidas para a ges- 62 - Os estados, cujos processos de habilitação já se encontram
tão Plena do Sistema Municipal; ou tramitando no Ministério da Saúde, terão 60 (sessenta) dias a partir
B - se enquadrarem na situação de desabilitação prevista no da data de publicação desta Norma, para resolver as pendências,
Item 54 - Capítulo III desta Norma; ou de forma a poder se habilitar de acordo com as regras da NOB-SUS
C - não cumprirem Termo de Compromisso para Garantia do 01/96.
Acesso. 63 - As responsabilidades, fluxos e prazos para melhor opera-
56.1 - São motivos de suspensão imediata, pelo MS, dos repas- cionalização dos processos de habilitação e desabilitação serão de-
ses financeiros a serem transferidos, mensalmente, fundo a fundo, finidas em portaria da SAS/MS, dentro de 30 (trinta) dias, a partir
para os municípios: da data de publicação desta Norma.
a) Não pagamento dos prestadores de serviços sob sua ges- 64 – Os estados deverão elaborar, 120 (cento e vinte) dias após
tão, públicos ou privados, em período até 60 (sessenta) dias após a a publicação da regulamentação dos planos de regionalização e da
apresentação da fatura pelo prestador. PPI prevista nesta Norma os respectivos planos diretores de regio-
b) Falta de alimentação dos bancos de dados nacionais por 02 nalização e PPI.
(dois) meses consecutivos ou 03 (três) meses alternados; 64.1 - Os municípios localizados em estados que não cumpri-
c) Indicação de suspensão por Auditoria realizada pelos compo- rem o prazo de que trata este item poderão, enquanto persistir esta
nentes estadual ou nacional do SNA, respeitado o prazo de defesa situação, habilitar-se de acordo com as regras de habilitação previs-
do município envolvido.   tas na NOB-SUS 01/96.
III .2.2 - Da desabilitação dos estados 65 – No que concerne à regulamentação da assistência à saúde,
57 - Os Estados que não cumprirem as responsabilidades de- o disposto nesta NOAS-SUS atualiza as definições constantes da Por-
finidas para a forma de gestão à qual encontrarem-se habilitados taria GM/MS N° 2.203, de 05 de novembro de 1996, no que couber.
serão desabilitados pela CIT.
57.1 - São motivos de suspensão imediata pelo MS dos repasses LEI FEDERAL Nº 8.069/1990 (ESTATUTO DA CRIANÇA E
financeiros a serem transferidos, mensalmente, fundo a fundo, para DO ADOLESCENTE) E SUAS ALTERAÇÕES
os estados:
a) não pagamento dos prestadores de serviços sob sua gestão,
públicos ou privados, até 60 (sessenta) dias após a apresentação da TÍTULOI
fatura pelo prestador; DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
b) indicação de suspensão por auditoria realizada pelos compo-
nentes nacional do SNA, homologada pela CIT, apontando irregula- Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao
ridades graves.   adolescente.
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pes-
CAPÍTULO IV - soa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excep-
58 - Os municípios habilitados segundo a NOB-SUS 01/96 na cionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um
Gestão Plena da Atenção Básica, após avaliados conforme o descri- anos de idade.
to no Subitem 6.5 – Item 6 – Capítulo I desta Norma, estarão habili- Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos
tados na Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada. fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da prote-
59 - Os municípios terão os seguintes prazos, a partir da publi- ção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou
cação desta Norma, para se habilitarem de acordo com o estabele- por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes
cido pela NOB-SUS 01/96: facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social,
- 30 (trinta) dias após a publicação desta Norma para dar en- em condições de liberdade e de dignidade.
trada no processo de habilitação junto à Comissão Intergestores Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a
Bipartite; todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento,
- 60 (sessenta) dias para homologação da habilitação pela Co- situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença,
missão Intergestores Tripartite. deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem,

177
LEGISLAÇÃO

condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou § 5 o A assistência referida no § 4 o deste artigo deverá ser
outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comuni- prestada também a gestantes e mães que manifestem interesse em
dade em que vivem. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) entregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em se encontrem em situação de privação de liberdade. (Redação dada
geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a pela Lei nº 13.257, de 2016)
efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, § 6 o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompa-
à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à nhante de sua preferência durante o período do pré-natal, do traba-
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comu- lho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído pela Lei nº 13.257,
nitária. de 2016)
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: § 7 o A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer cir- materno, alimentação complementar saudável e crescimento e de-
cunstâncias; senvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a cria-
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de re- ção de vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento integral
levância pública; da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais § 8 o A gestante tem direito a acompanhamento saudável du-
públicas; rante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, estabelecendo-
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas rela- -se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por
cionadas com a proteção à infância e à juventude. motivos médicos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qual- § 9 o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante
quer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré-natal, bem
crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto. (In-
por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. cluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins § 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher
sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos com filho na primeira infância que se encontrem sob custódia em
e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às normas
do adolescente como pessoas em desenvolvimento. sanitárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhi-
mento do filho, em articulação com o sistema de ensino competen-
TÍTULOII te, visando ao desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de Prevenção da
CAPÍTULO I Gravidez na Adolescência, a ser realizada anualmente na semana
DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE que incluir o dia 1º de fevereiro, com o objetivo de disseminar in-
formações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida para a redução da incidência da gravidez na adolescência. (Incluído
e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que pela Lei nº 13.798, de 2019)
permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o disposto
em condições dignas de existência. no caput deste artigo ficarão a cargo do poder público, em conjunto
Art. 8 o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos progra- com organizações da sociedade civil, e serão dirigidas prioritaria-
mas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reproduti- mente ao público adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.798, de 2019)
vo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gra- Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores pro-
videz, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e piciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive
pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. (Redação aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade.
dada pela Lei nº 13.257, de 2016) § 1 o Os profissionais das unidades primárias de saúde desen-
§ 1 o O atendimento pré-natal será realizado por profissionais volverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas, visando ao
da atenção primária. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) planejamento, à implementação e à avaliação de ações de pro-
§ 2 o Os profissionais de saúde de referência da gestante garan- moção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à alimentação
tirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao estabele- complementar saudável, de forma contínua. (Incluído pela Lei nº
cimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção 13.257, de 2016)
da mulher. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) § 2 o Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal de-
§ 3 o Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegu- verão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta de leite
rarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta hospitalar humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como o Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à
acesso a outros serviços e a grupos de apoio à amamentação. (Re- saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a:
dação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de
§ 4 o Incumbe ao poder público proporcionar assistência psi- prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;
cológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua im-
como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado pressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem preju-
puerperal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa
competente;

178
LEGISLAÇÃO

III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de § 4º Durante os atendimentos de pré-natal e de puerpério ime-
anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como pres- diato, os profissionais de saúde devem informar a gestante e os
tar orientação aos pais; acompanhantes sobre a importância do teste do pezinho e sobre as
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem neces- eventuais diferenças existentes entre as modalidades oferecidas no
sariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do Sistema Único de Saúde e na rede privada de saúde.    (Incluído pela
neonato; Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado vol-
permanência junto à mãe. tadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sis-
VI - acompanhar a prática do processo de amamentação, pres- tema Único de Saúde, observado o princípio da equidade no acesso
tando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a mãe per- a ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saú-
manecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já exis- de. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
tente. (Incluído pela Lei nº 13.436, de 2017) (Vigência) § 1 o A criança e o adolescente com deficiência serão atendi-
§ 1º Os testes para o rastreamento de doenças no recém-nas- dos, sem discriminação ou segregação, em suas necessidades gerais
cido serão disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde, no âmbito de saúde e específicas de habilitação e reabilitação. (Redação dada
do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), na forma da pela Lei nº 13.257, de 2016)
regulamentação elaborada pelo Ministério da Saúde, com imple- § 2 o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, àque-
mentação de forma escalonada, de acordo com a seguinte ordem les que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e outras
de progressão:   (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou rea-
I – etapa 1:   (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência bilitação para crianças e adolescentes, de acordo com as linhas de
a) fenilcetonúria e outras hiperfenilalaninemias;    (Incluída pela cuidado voltadas às suas necessidades específicas. (Redação dada
Lei nº 14.154, de 2021) Vigência pela Lei nº 13.257, de 2016)
b) hipotireoidismo congênito;     (Incluída pela Lei nº 14.154, de § 3 o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou frequente
2021) Vigência de crianças na primeira infância receberão formação específica e
c) doença falciforme e outras hemoglobinopatias;     (Incluída permanente para a detecção de sinais de risco para o desenvolvi-
pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência mento psíquico, bem como para o acompanhamento que se fizer
d) fibrose cística;    (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vi- necessário. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
gência Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive
e) hiperplasia adrenal congênita;    (Incluída pela Lei nº 14.154, as unidades neonatais, de terapia intensiva e de cuidados interme-
de 2021) Vigência diários, deverão proporcionar condições para a permanência em
f) deficiência de biotinidase;    (Incluída pela Lei nº 14.154, de tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de inter-
2021) Vigência nação de criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº 13.257,
g) toxoplasmose congênita;    (Incluída pela Lei nº 14.154, de de 2016)
2021) Vigência Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico,
II – etapa 2:   (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança
a) galactosemias;    (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vi- ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho
gência Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providên-
b) aminoacidopatias;     (Incluída pela Lei nº 14.154, de cias legais. (Redação dada pela Lei nº 13.010, de 2014)
2021) Vigência § 1 o As gestantes ou mães que manifestem interesse em entre-
c) distúrbios do ciclo da ureia;    (Incluída pela Lei nº 14.154, de gar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente encaminhadas,
2021) Vigência sem constrangimento, à Justiça da Infância e da Juventude. (Incluí-
d) distúrbios da betaoxidação dos ácidos graxos;     (Incluída do pela Lei nº 13.257, de 2016)
pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência § 2 o Os serviços de saúde em suas diferentes portas de entra-
III – etapa 3: doenças lisossômicas;   (Incluído pela Lei nº 14.154, da, os serviços de assistência social em seu componente especia-
de 2021) Vigência lizado, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social
IV – etapa 4: imunodeficiências primárias;   (Incluído pela Lei nº (Creas) e os demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da
14.154, de 2021) Vigência Criança e do Adolescente deverão conferir máxima prioridade ao
V – etapa 5: atrofia muscular espinhal.   (Incluído pela Lei nº atendimento das crianças na faixa etária da primeira infância com
14.154, de 2021) Vigência suspeita ou confirmação de violência de qualquer natureza, formu-
§ 2º A delimitação de doenças a serem rastreadas pelo teste lando projeto terapêutico singular que inclua intervenção em rede
do pezinho, no âmbito do PNTN, será revisada periodicamente, com e, se necessário, acompanhamento domiciliar. (Incluído pela Lei nº
base em evidências científicas, considerados os benefícios do ras- 13.257, de 2016)
treamento, do diagnóstico e do tratamento precoce, priorizando as Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de
doenças com maior prevalência no País, com protocolo de trata- assistência médica e odontológica para a prevenção das enfermida-
mento aprovado e com tratamento incorporado no Sistema Único des que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas
de Saúde.    (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência de educação sanitária para pais, educadores e alunos.
§ 3º O rol de doenças constante do § 1º deste artigo poderá ser § 1 o É obrigatória a vacinação das crianças nos casos reco-
expandido pelo poder público com base nos critérios estabelecidos mendados pelas autoridades sanitárias. (Renumerado do parágrafo
no § 2º deste artigo.    (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vi- único pela Lei nº 13.257, de 2016)
gência

179
LEGISLAÇÃO

§ 2 o O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à saúde II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de
bucal das crianças e das gestantes, de forma transversal, integral e tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: (Incluído
intersetorial com as demais linhas de cuidado direcionadas à mu- pela Lei nº 13.010, de 2014)
lher e à criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
§ 3 o A atenção odontológica à criança terá função educativa b) ameace gravemente; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de
protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o bebê nascer, por 2014)
meio de aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no sexto e c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
no décimo segundo anos de vida, com orientações sobre saúde bu- Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os res-
cal. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) ponsáveis, os agentes públicos executores de medidas socioeducati-
§ 4 o A criança com necessidade de cuidados odontológicos es- vas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de ado-
peciais será atendida pelo Sistema Único de Saúde. (Incluído pela lescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo
Lei nº 13.257, de 2016) físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de correção,
§ 5 º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos seus disciplina, educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos,
primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou outro instrumen- sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que
to construído com a finalidade de facilitar a detecção, em consulta serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso: (Incluído pela
pediátrica de acompanhamento da criança, de risco para o seu de- Lei nº 13.010, de 2014)
senvolvimento psíquico. (Incluído pela Lei nº 13.438, de 2017) (Vi- I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de pro-
gência) teção à família; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátri-
CAPÍTULO II co; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; (In-
cluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especiali-
respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de de- zado; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
senvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
garantidos na Constituição e nas leis. VI - garantia de tratamento de saúde especializado à víti-
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspec- ma.      (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)     Vigência
tos: Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão apli-
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitá- cadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências
rios, ressalvadas as restrições legais; legais. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
II - opinião e expressão;
III - crença e culto religioso; CAPÍTULO III
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA
V - participar da vida familiar e comunitária, sem discrimina-
ção; SEÇÃO I
VI - participar da vida política, na forma da lei; DISPOSIÇÕES GERAIS
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da inte- Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e edu-
gridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abran- cado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substi-
gendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos tuta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente
valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. que garanta seu desenvolvimento integral. (Redação dada pela Lei
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do nº 13.257, de 2016)
adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, § 1 o Toda criança ou adolescente que estiver inserido em pro-
violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. grama de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação re-
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educa- avaliada, no máximo, a cada 3 (três) meses, devendo a autoridade
dos e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe
ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamenta-
qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família da pela possibilidade de reintegração familiar ou pela colocação em
ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art.
medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de 28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. (Incluído pela Lei § 2 o A permanência da criança e do adolescente em progra-
nº 13.010, de 2014) ma de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 18
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: (Incluído (dezoito meses), salvo comprovada necessidade que atenda ao seu
pela Lei nº 13.010, de 2014) superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade ju-
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva apli- diciária. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
cada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que § 3 o A manutenção ou a reintegração de criança ou adolescen-
resulte em: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) te à sua família terá preferência em relação a qualquer outra pro-
a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) vidência, caso em que será esta incluída em serviços e programas
b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)

180
LEGISLAÇÃO

de proteção, apoio e promoção, nos termos do § 1 o do art. 23, dos § 9 o É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o nascimen-
incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. to, respeitado o disposto no art. 48 desta Lei. (Incluído pela Lei nº
129 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) 13.509, de 2017)
§ 4 o Será garantida a convivência da criança e do adolescente § 10. Serão cadastrados para adoção recém-nascidos e crian-
com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas perió- ças acolhidas não procuradas por suas famílias no prazo de 30 (trin-
dicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimen- ta) dias, contado a partir do dia do acolhimento. (Incluído pela Lei
to institucional, pela entidade responsável, independentemente de nº 13.509, de 2017)
autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de acolhi-
§ 5 o Será garantida a convivência integral da criança com a mento institucional ou familiar poderão participar de programa de
mãe adolescente que estiver em acolhimento institucional. (Incluído apadrinhamento. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
pela Lei nº 13.509, de 2017) § 1 o O apadrinhamento consiste em estabelecer e proporcio-
§ 6 o A mãe adolescente será assistida por equipe especializada nar à criança e ao adolescente vínculos externos à instituição para
multidisciplinar. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) fins de convivência familiar e comunitária e colaboração com o seu
Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse em en- desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cognitivo, edu-
tregar seu filho para adoção, antes ou logo após o nascimento, será cacional e financeiro. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude. (Incluído pela Lei § 2º Podem ser padrinhos ou madrinhas pessoas maiores de
nº 13.509, de 2017) 18 (dezoito) anos não inscritas nos cadastros de adoção, desde que
§ 1 o A gestante ou mãe será ouvida pela equipe interprofissio- cumpram os requisitos exigidos pelo programa de apadrinhamento
nal da Justiça da Infância e da Juventude, que apresentará relatório de que fazem parte. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
à autoridade judiciária, considerando inclusive os eventuais efeitos § 3 o Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou adolescen-
do estado gestacional e puerperal. (Incluído pela Lei nº 13.509, de te a fim de colaborar para o seu desenvolvimento. (Incluído pela Lei
2017) nº 13.509, de 2017)
§ 2 o De posse do relatório, a autoridade judiciária poderá de- § 4 o O perfil da criança ou do adolescente a ser apadrinha-
terminar o encaminhamento da gestante ou mãe, mediante sua ex- do será definido no âmbito de cada programa de apadrinhamento,
pressa concordância, à rede pública de saúde e assistência social com prioridade para crianças ou adolescentes com remota possibili-
para atendimento especializado. (Incluído pela Lei nº 13.509, de dade de reinserção familiar ou colocação em família adotiva. (Inclu-
2017) ído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 3 o A busca à família extensa, conforme definida nos termos § 5 o Os programas ou serviços de apadrinhamento apoiados
do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará o prazo máximo pela Justiça da Infância e da Juventude poderão ser executados por
de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual período. (Incluído pela órgãos públicos ou por organizações da sociedade civil. (Incluído
Lei nº 13.509, de 2017) pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 4 o Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de § 6 o Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento, os res-
não existir outro representante da família extensa apto a receber a ponsáveis pelo programa e pelos serviços de acolhimento deverão
guarda, a autoridade judiciária competente deverá decretar a ex- imediatamente notificar a autoridade judiciária competente. (Inclu-
tinção do poder familiar e determinar a colocação da criança sob a ído pela Lei nº 13.509, de 2017)
guarda provisória de quem estiver habilitado a adotá-la ou de enti- Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento,
dade que desenvolva programa de acolhimento familiar ou institu- ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas
cional. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
§ 5 o Após o nascimento da criança, a vontade da mãe ou de Art. 21. O pátrio poder poder familiar será exercido, em igual-
ambos os genitores, se houver pai registral ou pai indicado, deve ser dade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser
manifestada na audiência a que se refere o § 1 o do art. 166 desta a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso
Lei, garantido o sigilo sobre a entrega. (Incluído pela Lei nº 13.509, de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a
de 2017) solução da divergência. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010,
§ 6º Na hipótese de não comparecerem à audiência nem o ge- de 2009) Vigência
nitor nem representante da família extensa para confirmar a inten- Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e edu-
ção de exercer o poder familiar ou a guarda, a autoridade judiciária cação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes,
suspenderá o poder familiar da mãe, e a criança será colocada sob a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
a guarda provisória de quem esteja habilitado a adotá-la. (Incluído Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm di-
pela Lei nº 13.509, de 2017) reitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cui-
§ 7 o Os detentores da guarda possuem o prazo de 15 (quinze) dado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito
dias para propor a ação de adoção, contado do dia seguinte à data de transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados
do término do estágio de convivência. (Incluído pela Lei nº 13.509, os direitos da criança estabelecidos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº
de 2017) 13.257, de 2016)
§ 8 o Na hipótese de desistência pelos genitores - manifesta- Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não cons-
da em audiência ou perante a equipe interprofissional - da entrega titui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do pátrio po-
da criança após o nascimento, a criança será mantida com os geni- der poder familiar . (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
tores, e será determinado pela Justiça da Infância e da Juventude 2009) Vigência
o acompanhamento familiar pelo prazo de 180 (cento e oitenta)
dias. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)

181
LEGISLAÇÃO

§ 1 o Não existindo outro motivo que por si só autorize a decre- § 4 o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela
tação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada
família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em existência de risco de abuso ou outra situação que justifique plena-
serviços e programas oficiais de proteção, apoio e promoção. (Re- mente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em
dação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos frater-
§ 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a nais. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação por § 5 o A colocação da criança ou adolescente em família subs-
crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem igualmente tituta será precedida de sua preparação gradativa e acompanha-
titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro des- mento posterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço
cendente. (Redação dada pela Lei nº 13.715, de 2018) da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com o
Art. 24. A perda e a suspensão do pátrio poder poder fami- apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal
liar serão decretadas judicialmente, em procedimento contraditó- de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº
rio, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de 12.010, de 2009) Vigência
descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude § 6 o Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou
o art. 22. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda
gência obrigatório: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e
SEÇÃO II cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições,
DA FAMÍLIA NATURAL desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais
reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal; (Incluído pela
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia; (Incluído
aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal
criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e responsável pela política indigenista, no caso de crianças e adoles-
afetividade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência centes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofis-
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reco- sional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso. (Incluído pela
nhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro docu- Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pes-
mento público, qualquer que seja a origem da filiação. soa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a natu-
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimen- reza da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado.
to do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes. Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá trans-
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito per- ferência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades gover-
sonalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado namentais ou não-governamentais, sem autorização judicial.
contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui
o segredo de Justiça. medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção.
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável presta-
SEÇÃO III rá compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, me-
DA FAMÍLIA SUBSTITUTA diante termo nos autos.

SUBSEÇÃO I SUBSEÇÃO II
DISPOSIÇÕES GERAIS DA GUARDA

Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material,
guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu de-
da criança ou adolescente, nos termos desta Lei. tentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. (Vide Lei nº
§ 1 o Sempre que possível, a criança ou o adolescente será pre- 12.010, de 2009) Vigência
viamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu estágio § 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo
de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tu-
da medida, e terá sua opinião devidamente considerada. (Redação tela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros.
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de
§ 2 o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será ne- tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a fal-
cessário seu consentimento, colhido em audiência. (Redação dada ta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de representação para a prática de atos determinados.
§ 3 o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de § 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de
parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evi- dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previ-
tar ou minorar as consequências decorrentes da medida. (Incluído denciários.
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

182
LEGISLAÇÃO

§ 4 o Salvo expressa e fundamentada determinação em contrá- SUBSEÇÃO IV


rio, da autoridade judiciária competente, ou quando a medida for DA ADOÇÃO
aplicada em preparação para adoção, o deferimento da guarda de
criança ou adolescente a terceiros não impede o exercício do direito Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segun-
de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos, que do o disposto nesta Lei.
serão objeto de regulamentação específica, a pedido do interessado § 1 o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se
ou do Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção
gência da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na forma
Art. 34. O poder público estimulará, por meio de assistência do parágrafo único do art. 25 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010,
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma de 2009) Vigência
de guarda, de criança ou adolescente afastado do convívio fami- § 2 o É vedada a adoção por procuração. (Incluído pela Lei nº
liar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência
§ 1 o A inclusão da criança ou adolescente em programas de § 3 o Em caso de conflito entre direitos e interesses do adotan-
acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento institucio- do e de outras pessoas, inclusive seus pais biológicos, devem pre-
nal, observado, em qualquer caso, o caráter temporário e excepcio- valecer os direitos e os interesses do adotando. (Incluído pela Lei nº
nal da medida, nos termos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, 13.509, de 2017)
de 2009) Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos
§ 2 o Na hipótese do § 1 o deste artigo a pessoa ou casal cadas- à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos
trado no programa de acolhimento familiar poderá receber a crian- adotantes.
ça ou adolescente mediante guarda, observado o disposto nos arts. Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com
28 a 33 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de
§ 3 o A União apoiará a implementação de serviços de acolhi- qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos ma-
mento em família acolhedora como política pública, os quais de- trimoniais.
verão dispor de equipe que organize o acolhimento temporário de § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro,
crianças e de adolescentes em residências de famílias selecionadas, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou
capacitadas e acompanhadas que não estejam no cadastro de ado- concubino do adotante e os respectivos parentes.
ção. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus des-
§ 4 o Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, distri- cendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e colaterais
tais e municipais para a manutenção dos serviços de acolhimento até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária.
em família acolhedora, facultando-se o repasse de recursos para a Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, inde-
própria família acolhedora. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) pendentemente do estado civil. (Redação dada pela Lei nº 12.010,
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, me- de 2009) Vigência
diante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público. § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do ado-
tando.
SUBSEÇÃO III § 2 o Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes
DA TUTELA sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprova-
da a estabilidade da família. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa 2009) Vigência
de até 18 (dezoito) anos incompletos. (Redação dada pela Lei nº § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais
12.010, de 2009) Vigência velho do que o adotando.
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia § 4 o Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-com-
decretação da perda ou suspensão do pátrio poder poder familiar e panheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem
implica necessariamente o dever de guarda. (Expressão substituída sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de con-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência vivência tenha sido iniciado na constância do período de convivên-
Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer docu- cia e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e
mento autêntico, conforme previsto no parágrafo único do art. afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a
1.729 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil , excepcionalidade da concessão. (Redação dada pela Lei nº 12.010,
deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da sucessão, in- de 2009) Vigência
gressar com pedido destinado ao controle judicial do ato, observan- § 5 o Nos casos do § 4 o deste artigo, desde que demonstrado
do o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei. (Redação efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda comparti-
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência lhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei n o 10.406, de 10 de
Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão observados janeiro de 2002 - Código Civil . (Redação dada pela Lei nº 12.010,
os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente sendo de- de 2009) Vigência
ferida a tutela à pessoa indicada na disposição de última vontade, § 6 o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após ine-
se restar comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e que quívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do pro-
não existe outra pessoa em melhores condições de assumi-la. (Re- cedimento, antes de prolatada a sentença. (Incluído pela Lei nº
dação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art. 24. Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vanta-
gens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos.

183
LEGISLAÇÃO

Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar § 4 o Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá cons-
o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o tar nas certidões do registro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
curatelado. 2009) Vigência
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do § 5 o A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e,
representante legal do adotando. a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do
§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança ou prenome. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido desti- § 6 o Caso a modificação de prenome seja requerida pelo ado-
tuídos do pátrio poder poder familiar . (Expressão substituída pela tante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o disposto nos
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010,
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, de 2009) Vigência
será também necessário o seu consentimento. § 7 o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julga-
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência do da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no § 6 o do
com a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90 (noventa) art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do óbi-
dias, observadas a idade da criança ou adolescente e as peculiarida- to. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
des do caso. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) § 8 o O processo relativo à adoção assim como outros a ele
§ 1 o O estágio de convivência poderá ser dispensado se o ado- relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu arma-
tando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante duran- zenamento em microfilme ou por outros meios, garantida a sua
te tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência conservação para consulta a qualquer tempo. (Incluído pela Lei nº
da constituição do vínculo. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 12.010, de 2009) Vigência
2009) Vigência § 9º Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em
§ 2 o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispen- que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com
sa da realização do estágio de convivência. (Redação dada pela Lei doença crônica. (Incluído pela Lei nº 12.955, de 2014)
nº 12.010, de 2009) Vigência § 10. O prazo máximo para conclusão da ação de adoção será
§ 2 o -A. O prazo máximo estabelecido no caput deste artigo de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma única vez por igual
pode ser prorrogado por até igual período, mediante decisão fun- período, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciá-
damentada da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, ria. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
de 2017) Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem biológi-
§ 3 o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domi- ca, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medi-
ciliado fora do País, o estágio de convivência será de, no mínimo, 30 da foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (de-
(trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e cinco) dias, prorrogável zoito) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
por até igual período, uma única vez, mediante decisão fundamen- Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser
tada da autoridade judiciária. (Redação dada pela Lei nº 13.509, também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pe-
de 2017) dido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica. (In-
§ 3 o -A. Ao final do prazo previsto no § 3 o deste artigo, deverá cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ser apresentado laudo fundamentado pela equipe mencionada no § Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o pátrio po-
4 o deste artigo, que recomendará ou não o deferimento da adoção der poder familiar dos pais naturais. (Expressão substituída pela Lei
à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 4 o O estágio de convivência será acompanhado pela equi- Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca
pe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em con-
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela exe- dições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na ado-
cução da política de garantia do direito à convivência familiar, que ção. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do deferi- § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta
mento da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público.
§ 5 o O estágio de convivência será cumprido no território na- § 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não satisfi-
cional, preferencialmente na comarca de residência da criança ou zer os requisitos legais, ou verificada qualquer das hipóteses previs-
adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe, respeitada, tas no art. 29.
em qualquer hipótese, a competência do juízo da comarca de resi- § 3 o A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um
dência da criança. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equi-
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, pe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente
que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política mu-
fornecerá certidão. nicipal de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
bem como o nome de seus ascendentes. § 4 o Sempre que possível e recomendável, a preparação referi-
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o regis- da no § 3 o deste artigo incluirá o contato com crianças e adolescen-
tro original do adotado. tes em acolhimento familiar ou institucional em condições de serem
§ 3 o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado adotados, a ser realizado sob a orientação, supervisão e avaliação
no Cartório do Registro Civil do Município de sua residência. (Reda- da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, com apoio
ção dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento e pela
execução da política municipal de garantia do direito à convivência
familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

184
LEGISLAÇÃO

§ 5 o Serão criados e implementados cadastros estaduais e na- Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual o
cional de crianças e adolescentes em condições de serem adotados pretendente possui residência habitual em país-parte da Convenção
e de pessoas ou casais habilitados à adoção. (Incluído pela Lei nº de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças
12.010, de 2009) Vigência e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, promulgada
§ 6 o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais resi- pelo Decreto n o 3.087, de 21 junho de 1999 , e deseja adotar
dentes fora do País, que somente serão consultados na inexistência criança em outro país-parte da Convenção. (Redação dada pela Lei
de postulantes nacionais habilitados nos cadastros mencionados no nº 13.509, de 2017)
§ 5 o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 1 o A adoção internacional de criança ou adolescente bra-
§ 7 o As autoridades estaduais e federais em matéria de ado- sileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar
ção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de comprovado: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
informações e a cooperação mútua, para melhoria do sistema. (In- I - que a colocação em família adotiva é a solução adequada ao
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência caso concreto; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 8 o A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48 II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação
(quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes em da criança ou adolescente em família adotiva brasileira, com a
condições de serem adotados que não tiveram colocação familiar comprovação, certificada nos autos, da inexistência de adotantes
na comarca de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferi- habilitados residentes no Brasil com perfil compatível com a crian-
da sua habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional refe- ça ou adolescente, após consulta aos cadastros mencionados nesta
ridos no § 5 o deste artigo, sob pena de responsabilidade. (Incluído Lei; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi con-
§ 9 o Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela manu- sultado, por meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e
tenção e correta alimentação dos cadastros, com posterior comuni- que se encontra preparado para a medida, mediante parecer elabo-
cação à Autoridade Central Federal Brasileira. (Incluído pela Lei nº rado por equipe interprofissional, observado o disposto nos §§ 1 o e
12.010, de 2009) Vigência 2 o do art. 28 desta Lei. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
§ 10. Consultados os cadastros e verificada a ausência de pre- gência
tendentes habilitados residentes no País com perfil compatível e § 2 o Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos
interesse manifesto pela adoção de criança ou adolescente inscri- estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou ado-
to nos cadastros existentes, será realizado o encaminhamento da lescente brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
criança ou adolescente à adoção internacional. (Redação dada pela gência
Lei nº 13.509, de 2017) § 3 o A adoção internacional pressupõe a intervenção das Auto-
§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado em ridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção interna-
sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível e re- cional. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
comendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em § 4º (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
programa de acolhimento familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento
2009) Vigência previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adapta-
§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos ções: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público. (In- I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar crian-
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ça ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de candi- à adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção in-
dato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos ternacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está
desta Lei quando: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência situada sua residência habitual; (Incluída pela Lei nº 12.010, de
I - se tratar de pedido de adoção unilateral; (Incluído pela Lei nº 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que
II - for formulada por parente com o qual a criança ou adoles- os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um re-
cente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; (Incluído pela latório que contenha informações sobre a identidade, a capacidade
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pes-
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal soal, familiar e médica, seu meio social, os motivos que os animam e
de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso sua aptidão para assumir uma adoção internacional; (Incluída pela
de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qual- III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório
quer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. (Incluído à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato IV - o relatório será instruído com toda a documentação ne-
deverá comprovar, no curso do procedimento, que preenche os re- cessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe inter-
quisitos necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei. (Incluído profissional habilitada e cópia autenticada da legislação pertinente,
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência acompanhada da respectiva prova de vigência; (Incluída pela Lei nº
§ 15. Será assegurada prioridade no cadastro a pessoas inte- 12.010, de 2009) Vigência
ressadas em adotar criança ou adolescente com deficiência, com
doença crônica ou com necessidades específicas de saúde, além de
grupo de irmãos. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)

185
LEGISLAÇÃO

V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do ór-
autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e gão federal competente; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradu- gência
ção, por tradutor público juramentado; (Incluída pela Lei nº 12.010, III - estar submetidos à supervisão das autoridades competen-
de 2009) Vigência tes do país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive
VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e quanto à sua composição, funcionamento e situação financeira; (In-
solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulan- cluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
te estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida; (Incluída IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como relató-
VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade Central rio de acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no
Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacio- período, cuja cópia será encaminhada ao Departamento de Polícia
nal, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida Federal; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimen- V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade
to, tanto à luz do que dispõe esta Lei como da legislação do país de Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Bra-
acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção internacio- sileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório
nal, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano; (Incluída pela Lei será mantido até a juntada de cópia autenticada do registro civil,
nº 12.010, de 2009) Vigência estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o adotado; (In-
VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será auto- cluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
rizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os adotan-
da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente, tes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia da
conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual. (In- certidão de registro de nascimento estrangeira e do certificado de
cluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos. (Incluída pela Lei nº
§ 1 o Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar, ad- 12.010, de 2009) Vigência
mite-se que os pedidos de habilitação à adoção internacional sejam § 5 o A não apresentação dos relatórios referidos no § 4 o deste
intermediados por organismos credenciados. (Incluída pela Lei nº artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a suspensão
12.010, de 2009) Vigência de seu credenciamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
§ 2 o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o cre- gência
denciamento de organismos nacionais e estrangeiros encarregados § 6 o O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro
de intermediar pedidos de habilitação à adoção internacional, com encarregado de intermediar pedidos de adoção internacional terá
posterior comunicação às Autoridades Centrais Estaduais e publi- validade de 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
cação nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio próprio da inter- gência
net. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 7 o A renovação do credenciamento poderá ser concedida
§ 3 o Somente será admissível o credenciamento de organismos mediante requerimento protocolado na Autoridade Central Federal
que: (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do respectivo
I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de prazo de validade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central § 8 o Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu
do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando a adoção internacional, não será permitida a saída do adotando do
para atuar em adoção internacional no Brasil; (Incluída pela Lei nº território nacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência § 9 o Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciá-
II - satisfizerem as condições de integridade moral, competên- ria determinará a expedição de alvará com autorização de viagem,
cia profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos paí- bem como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoria-
ses respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluí- mente, as características da criança ou adolescente adotado, como
da pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como
III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação foto recente e a aposição da impressão digital do seu polegar di-
e experiência para atuar na área de adoção internacional; (Incluída reito, instruindo o documento com cópia autenticada da decisão
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência e certidão de trânsito em julgado. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídi- 2009) Vigência
co brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade Central § 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a qual-
Federal Brasileira. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência quer momento, solicitar informações sobre a situação das crianças
§ 4 o Os organismos credenciados deverão ainda: (Incluído pela e adolescentes adotados (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência gência
I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e § 11. A cobrança de valores por parte dos organismos creden-
dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do país ciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade Central
onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade Federal Brasileira e que não estejam devidamente comprovados, é
Central Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- causa de seu descredenciamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
gência 2009) Vigência
II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de § 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser re-
reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou ex- presentados por mais de uma entidade credenciada para atuar na
periência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas cooperação em adoção internacional. (Incluído pela Lei nº 12.010,
pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade de 2009) Vigência

186
LEGISLAÇÃO

§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado da, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente
fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o
renovada. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional. (Incluído
§ 14. É vedado o contato direto de representantes de organis- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
mos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigentes de pro-
gramas de acolhimento institucional ou familiar, assim como com CAPÍTULO IV
crianças e adolescentes em condições de serem adotados, sem a de- DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO
vida autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- LAZER
gência
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, vi-
ou suspender a concessão de novos credenciamentos sempre que sando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o
julgar necessário, mediante ato administrativo fundamentado. (In- exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, asseguran-
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência do-se-lhes:
Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e descre- I - igualdade de condições para o acesso e permanência na es-
denciamento, o repasse de recursos provenientes de organismos cola;
estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de adoção inter- II - direito de ser respeitado por seus educadores;
nacional a organismos nacionais ou a pessoas físicas. (Incluído pela III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência às instâncias escolares superiores;
Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser efe- IV - direito de organização e participação em entidades estu-
tuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e estarão dantis;
sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de Direitos da Crian- V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua residên-
ça e do Adolescente (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cia, garantindo-se vagas no mesmo estabelecimento a irmãos que
Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em país frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação bási-
ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha ca. (Redação dada pela Lei nº 13.845, de 2019)
sido processado em conformidade com a legislação vigente no país Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência
de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da do processo pedagógico, bem como participar da definição das pro-
referida Convenção, será automaticamente recepcionada com o postas educacionais.
reingresso no Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 53-A. É dever da instituição de ensino, clubes e agremia-
§ 1 o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do ções recreativas e de estabelecimentos congêneres assegurar medi-
Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser homologada das de conscientização, prevenção e enfrentamento ao uso ou de-
pelo Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de pendência de drogas ilícitas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
2009) Vigência Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:
§ 2 o O pretendente brasileiro residente no exterior em país não I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os
ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil, que a ele não tiveram acesso na idade própria;
deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Su- II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao
perior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- ensino médio;
gência III - atendimento educacional especializado aos portadores de
Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero
origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autori- a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016)
dade Central Estadual que tiver processado o pedido de habilita- V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da
ção dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central criação artística, segundo a capacidade de cada um;
Federal e determinará as providências necessárias à expedição do VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do
Certificado de Naturalização Provisório. (Incluído pela Lei nº 12.010, adolescente trabalhador;
de 2009) Vigência VII - atendimento no ensino fundamental, através de progra-
§ 1 o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Pú- mas suplementares de material didático-escolar, transporte, ali-
blico, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão se mentação e assistência à saúde.
restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à or- § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público
dem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do subjetivo.
adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder pú-
§ 2 o Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista blico ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autorida-
no § 1 o deste artigo, o Ministério Público deverá imediatamente re- de competente.
querer o que for de direito para resguardar os interesses da criança § 3º Compete ao poder público recensear os educandos no en-
ou do adolescente, comunicando-se as providências à Autoridade sino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou
Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central Fe- responsável, pela freqüência à escola.
deral Brasileira e à Autoridade Central do país de origem. (Incluído Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino funda-
país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de ori- mental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
gem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ain- I - maus-tratos envolvendo seus alunos;

187
LEGISLAÇÃO

II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgo- § 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho
tados os recursos escolares; efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho
III - elevados níveis de repetência. não desfigura o caráter educativo.
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências e Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à pro-
novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo, meto- teção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre outros:
dologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças e I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento;
adolescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório. II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores cul-
turais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança TÍTULOIII
e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o DA PREVENÇÃO
acesso às fontes de cultura.
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, esti- CAPÍTULO I
mularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para pro- DISPOSIÇÕES GERAIS
gramações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância
e a juventude. Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou
violação dos direitos da criança e do adolescente.
CAPÍTULO V Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO NO pios deverão atuar de forma articulada na elaboração de políticas
TRABALHO públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo
físico ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas não
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze violentas de educação de crianças e de adolescentes, tendo como
anos de idade, salvo na condição de aprendiz. (Vide Constituição principais ações: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Federal) I - a promoção de campanhas educativas permanentes para a
Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada divulgação do direito da criança e do adolescente de serem educa-
por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei. dos e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-pro- ou degradante e dos instrumentos de proteção aos direitos huma-
fissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de nos; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
educação em vigor. II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do Ministério
Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguin- Público e da Defensoria Pública, com o Conselho Tutelar, com os Con-
tes princípios: selhos de Direitos da Criança e do Adolescente e com as entidades não
I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino regu- governamentais que atuam na promoção, proteção e defesa dos direi-
lar; tos da criança e do adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescen- III - a formação continuada e a capacitação dos profissionais
te; de saúde, educação e assistência social e dos demais agentes que
III - horário especial para o exercício das atividades. atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegura- adolescente para o desenvolvimento das competências necessárias
da bolsa de aprendizagem. à prevenção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e ao en-
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são frentamento de todas as formas de violência contra a criança e o
assegurados os direitos trabalhistas e      previdenciários. adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica de
trabalho protegido. conflitos que envolvam violência contra a criança e o adolescen-
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime fa- te; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
miliar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a garan-
governamental ou não-governamental, é vedado trabalho: tir os direitos da criança e do adolescente, desde a atenção pré-natal,
I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as e de atividades junto aos pais e responsáveis com o objetivo de pro-
cinco horas do dia seguinte; mover a informação, a reflexão, o debate e a orientação sobre alter-
II - perigoso, insalubre ou penoso; nativas ao uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante
III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu no processo educativo; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
desenvolvimento físico, psíquico, moral e social; VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a articula-
IV - realizado em horários e locais que não permitam a freqüên- ção de ações e a elaboração de planos de atuação conjunta focados
cia à escola. nas famílias em situação de violência, com participação de profis-
Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho edu- sionais de saúde, de assistência social e de educação e de órgãos de
cativo, sob responsabilidade de entidade governamental ou não-go- promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescen-
vernamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescente te. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
que dele participe condições de capacitação para o exercício de ati- VII - a promoção de estudos e pesquisas, de estatísticas e de
vidade regular remunerada. outras informações relevantes às consequências e à frequência das
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em formas de violência contra a criança e o adolescente para a siste-
que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pesso- matização de dados nacionalmente unificados e a avaliação perió-
al e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo. dica dos resultados das medidas adotadas;      (Incluído pela Lei nº
14.344, de 2022)     Vigência

188
LEGISLAÇÃO

VIII - o respeito aos valores da dignidade da pessoa humana, CAPÍTULO II


de forma a coibir a violência, o tratamento cruel ou degradante e DA PREVENÇÃO ESPECIAL
as formas violentas de educação, correção ou disciplina;     (Incluído
pela Lei nº 14.344, de 2022)     Vigência SEÇÃO I
IX - a promoção e a realização de campanhas educativas di- DA INFORMAÇÃO, CULTURA, LAZER, ESPORTES, DIVERSÕES E
recionadas ao público escolar e à sociedade em geral e a difusão ESPETÁCULOS
desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das
crianças e dos adolescentes, incluídos os canais de denúncia existen- Art. 74. O poder público, através do órgão competente, regula-
tes;     (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)     Vigência rá as diversões e espetáculos públicos, informando sobre a natureza
X - a celebração de convênios, de protocolos, de ajustes, de ter- deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários
mos e de outros instrumentos de promoção de parceria entre ór- em que sua apresentação se mostre inadequada.
gãos governamentais ou entre estes e entidades não governamen- Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e espetáculos
tais, com o objetivo de implementar programas de erradicação da públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada
violência, de tratamento cruel ou degradante e de formas violentas do local de exibição, informação destacada sobre a natureza do es-
de educação, correção ou disciplina;     (Incluído pela Lei nº 14.344, petáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação.
de 2022)     Vigência Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões
XI - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da e espetáculos públicos classificados como adequados à sua faixa
Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros, dos profissionais nas es- etária.
colas, dos Conselhos Tutelares e dos profissionais pertencentes aos Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente po-
órgãos e às áreas referidos no inciso II deste caput, para que identi- derão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou exibi-
fiquem situações em que crianças e adolescentes vivenciam violên- ção quando acompanhadas dos pais ou responsável.
cia e agressões no âmbito familiar ou institucional;     (Incluído pela Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão,
Lei nº 14.344, de 2022)     Vigência no horário recomendado para o público infanto juvenil, programas
XII - a promoção de programas educacionais que disseminem com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas.
valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana, Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou
bem como de programas de fortalecimento da parentalidade po- anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua transmissão,
sitiva, da educação sem castigos físicos e de ações de prevenção e apresentação ou exibição.
enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a criança e Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de
o adolescente;     (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)     Vigência empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de programa-
XIII - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ção em vídeo cuidarão para que não haja venda ou locação em de-
ensino, dos conteúdos relativos à prevenção, à identificação e à res- sacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente.
posta à violência doméstica e familiar.     (Incluído pela Lei nº 14.344, Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão exibir,
de 2022)     Vigência no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a faixa etária
Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes com a que se destinam.
deficiência terão prioridade de atendimento nas ações e políticas Art. 78. As revistas e publicações contendo material impróprio
públicas de prevenção e proteção. (Incluído pela Lei nº 13.010, de ou inadequado a crianças e adolescentes deverão ser comercializa-
2014) das em embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo.
Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem nas áre- Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que
as da saúde e da educação, além daquelas às quais se refere o art. contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam protegi-
71 desta Lei, entre outras, devem contar, em seus quadros, com pes- das com embalagem opaca.
soas capacitadas a reconhecer e a comunicar ao Conselho Tutelar Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público infan-
suspeitas ou casos de crimes praticados contra a criança e o ado- to-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias, legendas,
lescente.      (Redação dada pela Lei nº 14.344, de 2022)     Vigência crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e muni-
Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela comunica- ções, e deverão respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da
ção de que trata este artigo, as pessoas encarregadas, por razão de família.
cargo, função, ofício, ministério, profissão ou ocupação, do cuidado, Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que explorem
assistência ou guarda de crianças e adolescentes, punível, na forma comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por casas de jogos,
deste Estatuto, o injustificado retardamento ou omissão, culposos assim entendidas as que realizem apostas, ainda que eventualmen-
ou dolosos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) te, cuidarão para que não seja permitida a entrada e a permanência
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação, cul- de crianças e adolescentes no local, afixando aviso para orientação
tura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços do público.
que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimen-
to. SEÇÃO II
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da pre- DOS PRODUTOS E SERVIÇOS
venção especial outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção importará Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:
em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos termos desta I - armas, munições e explosivos;
Lei. II - bebidas alcoólicas;
III - produtos cujos componentes possam causar dependência
física ou psíquica ainda que por utilização indevida;

189
LEGISLAÇÃO

IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo IV - serviço de identificação e localização de pais, responsável,
seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano crianças e adolescentes desaparecidos;
físico em caso de utilização indevida; V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos
V - revistas e publicações a que alude o art. 78; da criança e do adolescente.
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes. VI - políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em período de afastamento do convívio familiar e a garantir o efetivo
hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se auto- exercício do direito à convivência familiar de crianças e adolescen-
rizado ou acompanhado pelos pais ou responsável. tes; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de
SEÇÃO III guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar
DA AUTORIZAÇÃO PARA VIAJAR e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças maiores ou de
adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com de-
Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de 16 (dezes- ficiências e de grupos de irmãos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
seis) anos poderá viajar para fora da comarca onde reside desacom- 2009) Vigência
panhado dos pais ou dos responsáveis sem expressa autorização ju- Parágrafo único. A linha de ação da política de atendimento a
dicial. (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019) que se refere o inciso IV do caput deste artigo será executada em
§ 1º A autorização não será exigida quando: cooperação com o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas,
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança ou criado pela Lei nº 13.812, de 16 de março de 2019, com o Cadastro
do adolescente menor de 16 (dezesseis) anos, se na mesma unidade Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos, criado pela Lei
da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana; (Reda- nº 12.127, de 17 de dezembro de 2009, e com os demais cadastros,
ção dada pela Lei nº 13.812, de 2019) sejam eles nacionais, estaduais ou municipais.   (Incluído pela Lei nº
b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) anos es- 14.548, de 2023)
tiver acompanhado: (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019) Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, com- I - municipalização do atendimento;
provado documentalmente o parentesco; II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e contro-
ou responsável. ladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação po-
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou res- pular paritária por meio de organizações representativas, segundo
ponsável, conceder autorização válida por dois anos. leis federal, estaduais e municipais;
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização III - criação e manutenção de programas específicos, observada
é dispensável, se a criança ou adolescente: a descentralização político-administrativa;
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável; IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressa- vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do
mente pelo outro através de documento com firma reconhecida. adolescente;
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério
criança ou adolescente nascido em território nacional poderá sair Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, pre-
do País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no ferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do
exterior. atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de ato
infracional;
PARTE ESPECIAL VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério
Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da execução
TÍTULOI das políticas sociais básicas e de assistência social, para efeito de
DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO agilização do atendimento de crianças e de adolescentes inseridos
em programas de acolhimento familiar ou institucional, com vista
CAPÍTULO I na sua rápida reintegração à família de origem ou, se tal solução
DISPOSIÇÕES GERAIS se mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em família
substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do Lei; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações VII - mobilização da opinião pública para a indispensável parti-
governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do cipação dos diversos segmentos da sociedade. (Incluído pela Lei nº
Distrito Federal e dos municípios. 12.010, de 2009) Vigência
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: VIII - especialização e formação continuada dos profissionais
I - políticas sociais básicas; que trabalham nas diferentes áreas da atenção à primeira infância,
II - serviços, programas, projetos e benefícios de assistência incluindo os conhecimentos sobre direitos da criança e sobre desen-
social de garantia de proteção social e de prevenção e redução de volvimento infantil; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
violações de direitos, seus agravamentos ou reincidências; (Reda- IX - formação profissional com abrangência dos diversos direi-
ção dada pela Lei nº 13.257, de 2016) tos da criança e do adolescente que favoreça a intersetorialidade
III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico e no atendimento da criança e do adolescente e seu desenvolvimento
psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, integral; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
abuso, crueldade e opressão;

190
LEGISLAÇÃO

X - realização e divulgação de pesquisas sobre desenvolvimento III - em se tratando de programas de acolhimento institucio-
infantil e sobre prevenção da violência. (Incluído pela Lei nº 13.257, nal ou familiar, serão considerados os índices de sucesso na reinte-
de 2016) gração familiar ou de adaptação à família substituta, conforme o
Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos conse- caso. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
lhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente Art. 91. As entidades não-governamentais somente poderão
é considerada de interesse público relevante e não será remunera- funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos Direi-
da. tos da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o registro ao
Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da respectiva localidade.
CAPÍTULO II § 1 o Será negado o registro à entidade que: (Incluído pela Lei
DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO nº 12.010, de 2009) Vigência
a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas de
SEÇÃO I habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
DISPOSIÇÕES GERAIS b) não apresente plano de trabalho compatível com os princí-
pios desta Lei;
Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela c) esteja irregularmente constituída;
manutenção das próprias unidades, assim como pelo planejamento d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.
e execução de programas de proteção e sócio-educativos destina- e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e delibe-
dos a crianças e adolescentes, em regime de: (Vide) rações relativas à modalidade de atendimento prestado expedidas
I - orientação e apoio sócio-familiar; pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, em todos
II - apoio sócio-educativo em meio aberto; os níveis. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - colocação familiar; § 2 o O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, ca-
IV - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº bendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adoles-
12.010, de 2009) Vigência cente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua renovação,
V - prestação de serviços à comunidade; (Redação dada pela Lei observado o disposto no § 1 o deste artigo. (Incluído pela Lei nº
nº 12.594, de 2012) (Vide) 12.010, de 2009) Vigência
VI - liberdade assistida; (Redação dada pela Lei nº 12.594, de Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de acolhi-
2012) (Vide) mento familiar ou institucional deverão adotar os seguintes princí-
VII - semiliberdade; e (Redação dada pela Lei nº 12.594, de pios: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
2012) (Vide) I - preservação dos vínculos familiares e promoção da reinte-
VIII - internação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) gração familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
§ 1º As entidades governamentais e não governamentais deve- cia
rão proceder à inscrição de seus programas, especificando os regi- II - integração em família substituta, quando esgotados os
mes de atendimento, na forma definida neste artigo, no Conselho recursos de manutenção na família natural ou extensa; (Redação
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual manterá dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
registro das inscrições e de suas alterações, do que fará comunica- III - atendimento personalizado e em pequenos grupos;
ção ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-educação;
nº 12.010, de 2009) Vigência V - não desmembramento de grupos de irmãos;
§ 2º Os recursos destinados à implementação e manutenção VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras en-
dos programas relacionados neste artigo serão previstos nas dota- tidades de crianças e adolescentes abrigados;
ções orçamentárias dos órgãos públicos encarregados das áreas de VII - participação na vida da comunidade local;
Educação, Saúde e Assistência Social, dentre outros, observando-se VIII - preparação gradativa para o desligamento;
o princípio da prioridade absoluta à criança e ao adolescente preco- IX - participação de pessoas da comunidade no processo edu-
nizado pelo caput do art. 227 da Constituição Federal e pelo caput cativo.
e parágrafo único do art. 4 o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, § 1 o O dirigente de entidade que desenvolve programa de aco-
de 2009) Vigência lhimento institucional é equiparado ao guardião, para todos os efei-
§ 3º Os programas em execução serão reavaliados pelo Con- tos de direito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
selho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no máxi- § 2 o Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas
mo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios para renovação de acolhimento familiar ou institucional remeterão à autoridade ju-
da autorização de funcionamento: (Incluído pela Lei nº 12.010, de diciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório circunstanciado
2009) Vigência acerca da situação de cada criança ou adolescente acolhido e sua
I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem como família, para fins da reavaliação prevista no § 1 o do art. 19 desta
às resoluções relativas à modalidade de atendimento prestado ex- Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, § 3 o Os entes federados, por intermédio dos Poderes Executivo
em todos os níveis; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência e Judiciário, promoverão conjuntamente a permanente qualificação
II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, atesta- dos profissionais que atuam direta ou indiretamente em programas
das pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela Justiça da de acolhimento institucional e destinados à colocação familiar de
Infância e da Juventude; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- crianças e adolescentes, incluindo membros do Poder Judiciário, Mi-
gência nistério Público e Conselho Tutelar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência

191
LEGISLAÇÃO

§ 4 o Salvo determinação em contrário da autoridade judiciá- XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
ria competente, as entidades que desenvolvem programas de aco- XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de
lhimento familiar ou institucional, se necessário com o auxílio do acordo com suas crenças;
Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência social, estimularão o XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
contato da criança ou adolescente com seus pais e parentes, em XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máxi-
cumprimento ao disposto nos incisos I e VIII do caput deste arti- mo de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade com-
go. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência petente;
§ 5 o As entidades que desenvolvem programas de acolhimento XV - informar, periodicamente, o adolescente internado sobre
familiar ou institucional somente poderão receber recursos públicos sua situação processual;
se comprovado o atendimento dos princípios, exigências e finalida- XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos de
des desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência adolescentes portadores de moléstias infecto-contagiosas;
§ 6 o O descumprimento das disposições desta Lei pelo dirigen- XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos ado-
te de entidade que desenvolva programas de acolhimento familiar lescentes;
ou institucional é causa de sua destituição, sem prejuízo da apura- XVIII - manter programas destinados ao apoio e acompanha-
ção de sua responsabilidade administrativa, civil e criminal. (Incluí- mento de egressos;
do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício da
§ 7 o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) anos em cidadania àqueles que não os tiverem;
acolhimento institucional, dar-se-á especial atenção à atuação de XX - manter arquivo de anotações onde constem data e circuns-
educadores de referência estáveis e qualitativamente significativos, tâncias do atendimento, nome do adolescente, seus pais ou respon-
às rotinas específicas e ao atendimento das necessidades básicas, sável, parentes, endereços, sexo, idade, acompanhamento da sua
incluindo as de afeto como prioritárias. (Incluído pela Lei nº 13.257, formação, relação de seus pertences e demais dados que possibili-
de 2016) tem sua identificação e a individualização do atendimento.
Art. 93. As entidades que mantenham programa de acolhi- § 1 o Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes deste
mento institucional poderão, em caráter excepcional e de urgência, artigo às entidades que mantêm programas de acolhimento insti-
acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação da auto- tucional e familiar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
ridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24 (vinte gência
e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de § 2º No cumprimento das obrigações a que alude este artigo as
responsabilidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- entidades utilizarão preferencialmente os recursos da comunidade.
gência Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que abriguem ou
Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade judi- recepcionem crianças e adolescentes, ainda que em caráter tempo-
ciária, ouvido o Ministério Público e se necessário com o apoio do rário, devem ter, em seus quadros, profissionais capacitados a reco-
Conselho Tutelar local, tomará as medidas necessárias para promo- nhecer e reportar ao Conselho Tutelar suspeitas ou ocorrências de
ver a imediata reintegração familiar da criança ou do adolescente maus-tratos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
ou, se por qualquer razão não for isso possível ou recomendável,
para seu encaminhamento a programa de acolhimento familiar, ins- SEÇÃO II
titucional ou a família substituta, observado o disposto no § 2 o do DA FISCALIZAÇÃO DAS ENTIDADES
art. 101 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de interna- Art. 95. As entidades governamentais e não-governamentais
ção têm as seguintes obrigações, entre outras: referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério
I - observar os direitos e garantias de que são titulares os ado- Público e pelos Conselhos Tutelares.
lescentes; Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas serão
II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de apresentados ao estado ou ao município, conforme a origem das
restrição na decisão de internação; dotações orçamentárias.
III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas unida- Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendimento
des e grupos reduzidos; que descumprirem obrigação constante do art. 94, sem prejuízo da
IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos:
dignidade ao adolescente; I - às entidades governamentais:
V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação a) advertência;
dos vínculos familiares; b) afastamento provisório de seus dirigentes;
VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os ca- c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
sos em que se mostre inviável ou impossível o reatamento dos vín- d) fechamento de unidade ou interdição de programa.
culos familiares; II - às entidades não-governamentais:
VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas de a) advertência;
habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os objetos ne- b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas;
cessários à higiene pessoal; c) interdição de unidades ou suspensão de programa;
VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados d) cassação do registro.
à faixa etária dos adolescentes atendidos; § 1 o Em caso de reiteradas infrações cometidas por entida-
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e des de atendimento, que coloquem em risco os direitos assegurados
farmacêuticos; nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao Ministério Público ou re-
X - propiciar escolarização e profissionalização;

192
LEGISLAÇÃO

presentado perante autoridade judiciária competente para as pro- VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades compe-
vidências cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou dissolução tentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo seja conhe-
da entidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cida; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 2 o As pessoas jurídicas de direito público e as organizações VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida exclu-
não governamentais responderão pelos danos que seus agentes sivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja indispen-
causarem às crianças e aos adolescentes, caracterizado o descum- sável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da criança e do
primento dos princípios norteadores das atividades de proteção es- adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pecífica. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser a
necessária e adequada à situação de perigo em que a criança ou o
TÍTULOII adolescente se encontram no momento em que a decisão é toma-
DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO da; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada
CAPÍTULO I de modo que os pais assumam os seus deveres para com a criança e
DISPOSIÇÕES GERAIS o adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
X - prevalência da família: na promoção de direitos e na prote-
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são ção da criança e do adolescente deve ser dada prevalência às me-
aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ame- didas que os mantenham ou reintegrem na sua família natural ou
açados ou violados: extensa ou, se isso não for possível, que promovam a sua integração
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; em família adotiva; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o adolescente,
III - em razão de sua conduta. respeitado seu estágio de desenvolvimento e capacidade de com-
preensão, seus pais ou responsável devem ser informados dos seus
CAPÍTULO II direitos, dos motivos que determinaram a intervenção e da forma
DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO como esta se processa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
gência
Art. 99. As medidas previstas neste CAPÍTULO poderão ser apli- XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o adoles-
cadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qual- cente, em separado ou na companhia dos pais, de responsável ou
quer tempo. de pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou responsável,
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as ne- têm direito a ser ouvidos e a participar nos atos e na definição da
cessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao forta- medida de promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião
lecimento dos vínculos familiares e comunitários. devidamente considerada pela autoridade judiciária competente,
Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação observado o disposto nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. (Incluído
das medidas: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de direi- Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98,
tos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos previstos a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as se-
nesta e em outras Leis, bem como na Constituição Federal; (Incluído guintes medidas:
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo
II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de responsabilidade;
de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser voltada à pro- II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
teção integral e prioritária dos direitos de que crianças e adoles- III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento
centes são titulares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência oficial de ensino fundamental;
III - responsabilidade primária e solidária do poder público: a IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários
plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e a adolescen- de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adoles-
tes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo nos casos por esta cente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
expressamente ressalvados, é de responsabilidade primária e soli- V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátri-
dária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da municipaliza- co, em regime hospitalar ou ambulatorial;
ção do atendimento e da possibilidade da execução de programas VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
por entidades não governamentais; (Incluído pela Lei nº 12.010, de orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
2009) Vigência VII - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº
IV - interesse superior da criança e do adolescente: a inter- 12.010, de 2009) Vigência
venção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos da VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; (Redação
criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
devida a outros interesses legítimos no âmbito da pluralidade dos IX - colocação em família substituta. (Incluído pela Lei nº
interesses presentes no caso concreto; (Incluído pela Lei nº 12.010, 12.010, de 2009) Vigência
de 2009) Vigência § 1 o O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são
V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de tran-
e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela intimidade, di- sição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para
reito à imagem e reserva da sua vida privada; (Incluído pela Lei nº colocação em família substituta, não implicando privação de liber-
12.010, de 2009) Vigência dade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

193
LEGISLAÇÃO

§ 2 o Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para § 8 o Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o res-
proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das providên- ponsável pelo programa de acolhimento familiar ou institucional
cias a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da criança ou fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que dará vista
adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva da au- ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em
toridade judiciária e importará na deflagração, a pedido do Minis- igual prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento § 9 o Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração
judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável da criança ou do adolescente à família de origem, após seu enca-
legal o exercício do contraditório e da ampla defesa. (Incluído pela minhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação,
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado ao
§ 3 o Crianças e adolescentes somente poderão ser encami- Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das
nhados às instituições que executam programas de acolhimento providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos
institucional, governamentais ou não, por meio de uma Guia de técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da política mu-
Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária, na qual obriga- nicipal de garantia do direito à convivência familiar, para a destitui-
toriamente constará, dentre outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de ção do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda. (Incluído
2009) Vigência pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou § 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo
de seu responsável, se conhecidos; (Incluído pela Lei nº 12.010, de de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de destituição do
2009) Vigência poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos
II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com complementares ou de outras providências indispensáveis ao ajui-
pontos de referência; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên- zamento da demanda. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
cia § 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou
III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-los foro regional, um cadastro contendo informações atualizadas sobre
sob sua guarda; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência as crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar e ins-
IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio titucional sob sua responsabilidade, com informações pormenoriza-
familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência das sobre a situação jurídica de cada um, bem como as providências
§ 4 o Imediatamente após o acolhimento da criança ou do ado- tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em família
lescente, a entidade responsável pelo programa de acolhimento substituta, em qualquer das modalidades previstas no art. 28 desta
institucional ou familiar elaborará um plano individual de atendi- Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
mento, visando à reintegração familiar, ressalvada a existência de § 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Con-
ordem escrita e fundamentada em contrário de autoridade judiciá- selho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os Conselhos
ria competente, caso em que também deverá contemplar sua colo- Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Assis-
cação em família substituta, observadas as regras e princípios desta tência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a implementação
Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de políticas públicas que permitam reduzir o número de crianças
§ 5 o O plano individual será elaborado sob a responsabilida- e adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar o período
de da equipe técnica do respectivo programa de atendimento e le- de permanência em programa de acolhimento. (Incluído pela Lei nº
vará em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a 12.010, de 2009) Vigência
oitiva dos pais ou do responsável. (Incluído pela Lei nº 12.010, de Art. 102. As medidas de proteção de que trata este CAPÍTULO
2009) Vigência serão acompanhadas da regularização do registro civil. (Vide Lei nº
§ 6 o Constarão do plano individual, dentre outros: (Incluído 12.010, de 2009) Vigência
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento de
I - os resultados da avaliação interdisciplinar; (Incluído pela Lei nascimento da criança ou adolescente será feito à vista dos elemen-
nº 12.010, de 2009) Vigência tos disponíveis, mediante requisição da autoridade judiciária.
II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; e (In- § 2º Os registros e certidões necessários à regularização de que
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência trata este artigo são isentos de multas, custas e emolumentos, go-
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a zando de absoluta prioridade.
criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou responsável, § 3 o Caso ainda não definida a paternidade, será deflagra-
com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por do procedimento específico destinado à sua averiguação, conforme
expressa e fundamentada determinação judicial, as providências a previsto pela Lei n o 8.560, de 29 de dezembro de 1992. (Incluído
serem tomadas para sua colocação em família substituta, sob dire- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ta supervisão da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, § 4 o Nas hipóteses previstas no § 3 o deste artigo, é dispensável
de 2009) Vigência o ajuizamento de ação de investigação de paternidade pelo Ministé-
§ 7 o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local rio Público se, após o não comparecimento ou a recusa do suposto
mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, como parte pai em assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for encami-
do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a ne- nhada para adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
cessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais § 5 o Os registros e certidões necessários à inclusão, a qualquer
de orientação, de apoio e de promoção social, sendo facilitado e tempo, do nome do pai no assento de nascimento são isentos de
estimulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhi- multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade. (In-
do. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016)

194
LEGISLAÇÃO

§ 6 o São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação requeri- V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade com-
da do reconhecimento de paternidade no assento de nascimento petente;
e a certidão correspondente. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável
2016) em qualquer fase do procedimento.

TÍTULOIII CAPÍTULO IV
DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL DAS MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS

CAPÍTULO I SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade
crime ou contravenção penal. competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito I - advertência;
anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei. II - obrigação de reparar o dano;
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada III - prestação de serviços à comunidade;
a idade do adolescente à data do fato. IV - liberdade assistida;
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponde- V - inserção em regime de semi-liberdade;
rão as medidas previstas no art. 101. VI - internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
CAPÍTULO II § 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua
DOS DIREITOS INDIVIDUAIS capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infra-
ção.
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade § 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a
senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e funda- prestação de trabalho forçado.
mentada da autoridade judiciária competente. § 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência men-
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos tal receberão tratamento individual e especializado, em local ade-
responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de quado às suas condições.
seus direitos. Art. 113. Aplica-se a este CAPÍTULO o disposto nos arts. 99 e
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde 100.
se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI
judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes da autoria
indicada. e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão,
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de res- nos termos do art. 127.
ponsabilidade, a possibilidade de liberação imediata. Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determina- houver prova da materialidade e indícios suficientes da autoria.
da pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear- SEÇÃO II
-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada DA ADVERTÊNCIA
a necessidade imperiosa da medida.
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será sub- Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que
metido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de prote- será reduzida a termo e assinada.
ção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida
fundada. SEÇÃO III
DA OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO
CAPÍTULO III
DAS GARANTIAS PROCESSUAIS Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patri-
moniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o ado-
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade lescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por
sem o devido processo legal. outra forma, compense o prejuízo da vítima.
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as se- Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida
guintes garantias: poderá ser substituída por outra adequada.
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracio-
nal, mediante citação ou meio equivalente;
II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se
com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias
à sua defesa;
III - defesa técnica por advogado;
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados,
na forma da lei;

195
LEGISLAÇÃO

SEÇÃO IV SEÇÃO VII


DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE DA INTERNAÇÃO

Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na re- Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade,
alização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à
excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em pro- § 1º Será permitida a realização de atividades externas, a cri-
gramas comunitários ou governamentais. tério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as apti- judicial em contrário.
dões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada má- § 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua
xima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no
em dias úteis, de modo a não prejudicar a freqüência à escola ou à máximo a cada seis meses.
jornada normal de trabalho. § 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação
excederá a três anos.
SEÇÃO V § 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o ado-
DA LIBERDADE ASSISTIDA lescente deverá ser liberado, colocado em regime de semi-liberdade
ou de liberdade assistida.
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afi- § 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.
gurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar § 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de
e orientar o adolescente. autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompa- § 7 o A determinação judicial mencionada no § 1 o poderá ser
nhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou pro- revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária. (Incluído pela
grama de atendimento. Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quan-
seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada do:
ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave amea-
Público e o defensor. ça ou violência a pessoa;
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
autoridade competente, a realização dos seguintes encargos, entre III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida
outros: anteriormente imposta.
I - promover socialmente o adolescente e sua família, forne- § 1 o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo
cendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada
oficial ou comunitário de auxílio e assistência social; judicialmente após o devido processo legal. (Redação dada pela Lei
II - supervisionar a freqüência e o aproveitamento escolar do nº 12.594, de 2012) (Vide)
adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula; § 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, haven-
III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente do outra medida adequada.
e de sua inserção no mercado de trabalho; Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclu-
IV - apresentar relatório do caso. siva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abri-
go, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição
SEÇÃO VI física e gravidade da infração.
DO REGIME DE SEMI-LIBERDADE Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive
provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas.
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, en-
desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto, pos- tre outros, os seguintes:
sibilitada a realização de atividades externas, independentemente I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Minis-
de autorização judicial. tério Público;
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, de- II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
vendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes na III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
comunidade. IV - ser informado de sua situação processual, sempre que so-
§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, licitada;
no que couber, as disposições relativas à internação. V - ser tratado com respeito e dignidade;
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela
mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável;
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pes-
soal;
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e
salubridade;
XI - receber escolarização e profissionalização;

196
LEGISLAÇÃO

XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos inci-
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social; sos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24.
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e des- Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou
de que assim o deseje; abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judi-
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local ciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do
seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porven- agressor da moradia comum.
tura depositados em poder da entidade; Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a fixa-
XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos ção provisória dos alimentos de que necessitem a criança ou o ado-
pessoais indispensáveis à vida em sociedade. lescente dependentes do agressor. (Incluído pela Lei nº 12.415, de
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade. 2011)
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamen-
te a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos TÍTULOV
sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adoles- DO CONSELHO TUTELAR
cente.
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e men- CAPÍTULO I
tal dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de con- DISPOSIÇÕES GERAIS
tenção e segurança.
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo,
CAPÍTULO V não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumpri-
DA REMISSÃO mento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.
Art. 132. Em cada Município e em cada Região Administrati-
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apura- va do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar
ção de ato infracional, o representante do Ministério Público poderá como órgão integrante da administração pública local, composto de
conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, aten- 5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para mandato
dendo às circunstâncias e conseqüências do fato, ao contexto social, de 4 (quatro) anos, permitida recondução por novos processos de
bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor escolha. (Redação dada pela Lei nº 13.824, de 2019)
participação no ato infracional. Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar,
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da re- serão exigidos os seguintes requisitos:
missão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou extin- I - reconhecida idoneidade moral;
ção do processo. II - idade superior a vinte e um anos;
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhe- III - residir no município.
cimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e
efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto à
de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em remuneração dos respectivos membros, aos quais é assegurado o
regime de semi-liberdade e a internação. direito a: (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº 12.696, de
revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expres- 2012)
so do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 (um
Público. terço) do valor da remuneração mensal; (Incluído pela Lei nº 12.696,
de 2012)
TÍTULOIV III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
DAS MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU RESPONSÁVEL IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável: Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal e da
I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comu- do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao funciona-
nitários de proteção, apoio e promoção da família; (Redação dada mento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação continuada
dada pela Lei nº 13.257, de 2016) dos conselheiros tutelares. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de
II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, 2012)
orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro constitui-
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; rá serviço público relevante e estabelecerá presunção de idoneidade
IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; moral. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua
freqüência e aproveitamento escolar;
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a trata-
mento especializado;
VII - advertência;
VIII - perda da guarda;
IX - destituição da tutela;
X - suspensão ou destituição do pátrio poder poder fami-
liar . (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

197
LEGISLAÇÃO

CAPÍTULO II XVII - representar ao Ministério Público para requerer a pro-


DAS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO positura de ação cautelar de antecipação de produção de prova
nas causas que envolvam violência contra a criança e o adolescen-
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: te;   (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)     Vigência
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas XVIII - tomar as providências cabíveis, na esfera de sua compe-
nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a tência, ao receber comunicação da ocorrência de ação ou omissão,
VII; praticada em local público ou privado, que constitua violência do-
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as méstica e familiar contra a criança e o adolescente;     (Incluído pela
medidas previstas no art. 129, I a VII; Lei nº 14.344, de 2022)     Vigência
III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto: XIX - receber e encaminhar, quando for o caso, as informações
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, reveladas por noticiantes ou denunciantes relativas à prática de
serviço social, previdência, trabalho e segurança; violência, ao uso de tratamento cruel ou degradante ou de formas
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de des- violentas de educação, correção ou disciplina contra a criança e o
cumprimento injustificado de suas deliberações. adolescente;     (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)     Vigência
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que cons- XX - representar à autoridade judicial ou ao Ministério Público
titua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança para requerer a concessão de medidas cautelares direta ou indire-
ou adolescente; tamente relacionada à eficácia da proteção de noticiante ou denun-
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua compe- ciante de informações de crimes que envolvam violência doméstica
tência; e familiar contra a criança e o adolescente.     (Incluído pela Lei nº
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judi- 14.344, de 2022)     Vigência
ciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conse-
autor de ato infracional; lho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio familiar,
VII - expedir notificações; comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou informações sobre os motivos de tal entendimento e as providências
adolescente quando necessário; tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da famí-
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da pro- lia. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
posta orçamentária para planos e programas de atendimento dos Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser
direitos da criança e do adolescente; revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a viola- interesse.
ção dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição
Federal ; CAPÍTULO III
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de DA COMPETÊNCIA
perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibili-
dades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de competência
natural. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência constante do art. 147.
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profis-
sionais, ações de divulgação e treinamento para o reconhecimento CAPÍTULO IV
de sintomas de maus-tratos em crianças e adolescentes. (Incluído DA ESCOLHA DOS CONSELHEIROS
pela Lei nº 13.046, de 2014)
XIII - adotar, na esfera de sua competência, ações articuladas Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho
e efetivas direcionadas à identificação da agressão, à agilidade no Tutelar será estabelecido em lei municipal e realizado sob a respon-
atendimento da criança e do adolescente vítima de violência do- sabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Ado-
méstica e familiar e à responsabilização do agressor;      (Incluído lescente, e a fiscalização do Ministério Público. (Redação dada pela
pela Lei nº 14.344, de 2022)     Vigência Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
XIV - atender à criança e ao adolescente vítima ou testemu- § 1 o O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar
nha de violência doméstica e familiar, ou submetido a tratamen- ocorrerá em data unificada em todo o território nacional a cada 4
to cruel ou degradante ou a formas violentas de educação, corre- (quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano sub-
ção ou disciplina, a seus familiares e a testemunhas, de forma a sequente ao da eleição presidencial. (Incluído pela Lei nº 12.696,
prover orientação e aconselhamento acerca de seus direitos e dos de 2012)
encaminhamentos necessários;     (Incluído pela Lei nº 14.344, de § 2 o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de
2022)     Vigência janeiro do ano subsequente ao processo de escolha. (Incluído pela
XV - representar à autoridade judicial ou policial para requerer o Lei nº 12.696, de 2012)
afastamento do agressor do lar, do domicílio ou do local de convivência § 3 o No processo de escolha dos membros do Conselho Tute-
com a vítima nos casos de violência doméstica e familiar contra a crian- lar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao
ça e o adolescente;   (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)     Vigência eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive
XVI - representar à autoridade judicial para requerer a conces- brindes de pequeno valor. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
são de medida protetiva de urgência à criança ou ao adolescente
vítima ou testemunha de violência doméstica e familiar, bem como
a revisão daquelas já concedidas;  (Incluído pela Lei nº 14.344, de
2022)     Vigência

198

Você também pode gostar